guia captura carbono

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    Guia para Determinao

    de Carbono em Pequenas

    Propriedades Rurais

    Manual Tcnico 11

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    Marcos Rgnitz Tito

    Mario Chacn Len

    Roberto Porro

    Guia para Determinaode Carbono em PequenasPropriedades Rurais

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    Rgnitz, M. T.; Chacn, M. L.; Porro R. Guia para Determinao de Carbono em PequenasPropriedades Rurais -- 1. ed. -- Belm, Brasil.: Centro Mundial Agroflorestal (ICRAF)/ Consrcio Iniciativa Amaznica (IA). 2009. 81 p.

    1. Medio de carbono. 2. Biomassa. 3. Carbono orgnico. 4. Equaes alomtricas. 5.Projetos florestais.

    A srie Manuais Tcnicos sintetiza implicaes prticas e resultados de pesquisas e de projetos nomarco da cincia agroflorestal que estejam aptos para serem disseminados. Alm dos ManuaisTcnicos, outras edies do Centro Mundial Agroflorestal (ICRAF) incluem AgroforestryPerspectives, Occasional Papers, e Working Papers.

    2009 World Agroforestry Centre (ICRAF)ICRAF Technical Manual no.11World Agroforestry Centre Amazon Regional ProgrammeICRAF/ Consrcio Iniciativa Amaznica (IA)Trav. Dr. Enas Pinheiro S/N. Belm, PA. 66.095-780Tel. e Fax: +55 (91) 3204-1108E-mail: [email protected]: hp://www.iamazonica.org.br/

    Para melhor refletir seu alcance global e uma agenda que integra pesquisa e desenvolvimento,em 2002 nossa instituio passou a ser designada como World Agroforestry Centre (CentroMundial Agroflorestal). International Centre for Research in Agroforestry (Centro Internacionalde Pesquisas Agroflorestais) e ICRAF permanecem respectivamente como nosso nome legal,e nosso acrnimo.

    ISBN: 978-92-9059-248-8

    Revisores tcnicos: lvaro Vallejo, Niro Higuhi, Lou Verchot.Ilustraes: Joao Henrique Lopes de SouzaFotografias: Marcos Rugnitz Tito e Mario Chacon Len.Colaboraes fotograficas Corporacin Educativa para el Desarrollo Costarricense, SociedadCivil CEDECO (foto capa), e Experincia do projeto Enfoques Silvopastoriles Integrados parael Manejo de Ecosistemas, Grupo Ganaderia y ambiente CATIE.Desenho Grafico: Milton HidalgoImpresso: Grfica Alves

    Autoriza-se a reproduo desta publicao com finalidades educativas e outros fins nocomerciais sem a prvia permisso escrita de quem detenha os direitos de autor contanto que

    se mencione a fonte.

    Proibe-se a reproduo desta publicao para venda ou para outrasfinalidades comerciais sema prvia permisso escrita de quem detenha os direitos de autor.

    O ICRAF certifica que, ao seu entender, a informao apresentada nesta publicao verdica.As recomendaes e tecnologias apresentadas devem ser consideradas como orientaes queo usurio deve adaptar de acordo com as caractersticas especficas de sua localidade.

    Esta publicao contou com recursos provenientes do apoio financeiro institucionalproporcionado ao ICRAF pelos Governos da Dinamarca, Irlanda, Holanda, Noruga, Sucia,Estados Unidos, e Finlndia, assim como pela Mars Inc. A responsabilidade integral pelo

    contedo apresentado nesta publicao contudo do ICRAF.

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    I n d i c e

    INTRODUO .......................................................................................................... ix

    I. NOES BSICAS SOBRE O CICLO DO CARBONO ..................................... 1

    II. PLANEJAMENTO PARA DETERMINAO NO CAMPO DE ESTOQUESDE CARBONO .................................................................................................... 3II.1. Definio da rea de abrangncia do projeto .............................................. 4II.2. Estratificao da rea do projeto ................................................................. 6II.3. Deciso sobre qual depsito de carbono medir .......................................... 11II.4. Determinao do tipo e nmero de parcelas de amostragem .................... 13

    II.4.a. Tipo de parcelas ............................................................................... 14II.4.b. Tamanho da parcela ........................................................................ 14II.4.c. Passos para determinar o nmero de parcelas ............................... 15II.4.d. Passos para definir a localizao e marcao dos limites das

    parcelas ........................................................................................... 18II.5. Determinao da freqncia de medies ................................................ 20II.6. Cuidados a serem tomados antes e durante a etapa de campo ............... 21

    II.6.a. Coleta e armazenamento das amostras .......................................... 22II.7. Medio de dimetro e altura de rvores ................................................... 22

    II.7.a. Medio de dimetro de rvores ...................................................... 22II.7.b. Medio de altura de rvores .......................................................... 24

    III. MEDIO E ESTIMACO DE BIOMASSA ACIMA DO SOLO ........................ 28III.1. Biomassa arbrea ..................................................................................... 28

    III.1.a. Inventrio de biomassa em plantaes florestais ........................... 29III.1.b. Inventrio de biomassa florestal em capoeira e bosque

    natural e sistemas agroflorestais ..................................................... 31III.1.c. Inventrio de rvores dispersas ...................................................... 33

    III.1.d. Clculo do estoque de carbono na biomassa arbrea .................... 34III.2. Biomassa de vegetao no arbrea ........................................................ 35III.3. Clculo do estoque de carbono na biomassa acima do solo .................... 37III.4. Material e equipamentos para medio de biomassa de vegetao

    arbrea e no arbrea ............................................................................... 37

    IV. MEDIO DE BIOMASSA SUBTERRNEA .................................................... 39IV.1. Biomassa de razes arbreas ................................................................... 39IV.2. Biomassa de razes de vegetao no arbrea ....................................... 39

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    V. MEDIO DE BIOMASSA EM MATRIA ORGNICA MORTA ...................... 41V.1. Serrapilheira e detritos ............................................................................... 41V.2. Troncos cados, rvores mortas em p e tocos maiores de

    10 cm de dimetro. .................................................................................... 41

    VI. MEDIO DE CARBONO NO SOLO ............................................................... 44VI.1. Carbono orgnico ..................................................................................... 44

    VI.1.a. Mtodos de laboratrio para anlises de carbono do solo ............. 44VI.1.b. Mtodo para amostragens de solo em campo ................................ 44VI.1.c. Profundidade das amostragens ....................................................... 44VI.1.d. Coleta de amostras para medio de carbono orgnico ................ 45VI.1.e. Coleta de amostras para medio de densidade aparente ............. 46

    VI.2. Biomassa de razes finas ........................................................................... 47VI.2.a. Coleta de amostras para medio de biomassa de razes finas ..... 47

    VI.3. Material e equipamentos para medio de carbono orgnicoe de razes finas ........................................................................................ 48

    VII. CLCULO DO CARBONO DA REA DO PROJETO ..................................... 49VII.1. Clculo de carbono para um determinado estrato ................................... 49VII.2. Clculo do incremento de carbono do projeto ......................................... 49VII.3. Clculo do carbono equivalente (CO

    2e) .................................................. 50

    VIII. PROCEDIMENTOS PARA SELEO E GERAO DE EQUAESALOMTRICAS DE BIOMASSA .................................................................... 51VIII.1. O que uma equao alomtrica de biomassa? .................................... 51VIII.2. Que tipos de equaes alomtricas existem? ........................................ 52VIII.3. Como selecionar uma equao alomtrica para estimar biomassa? ..... 53VIII.4. Como desenvolver uma equao alomtrica? ........................................ 55

    VIII.4.a. Procedimentos para o desenvolvimento de umaequao alomtrica .................................................................. 55

    VIII.4.b. Seleo de rvores .................................................................. 56

    VIII.4.c. Medio de variveis ................................................................ 57VIII.4.d. Corte das rvores, separao de partes .................................. 57VIII.4.e Pesagem das partes ................................................................. 58VIII.4.f Secagem em laboratrio .......................................................... 59VIII.4.g Determinao de biomassa seca ............................................. 59VIII.4.h Gerao de equao de biomassa ........................................... 59

    IX. RESUMO .......................................................................................................... 63

    X. BIBLIOGRAFIA .................................................................................................. 65

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    XI. ANEXOS ........................................................................................................... 71Anexo 1. Quadro de correo de inclinao ..................................................... 71Anexo 2. Formulrio de Inventrio Florestal ..................................................... 72Anexo 3. Formulrio para coleta de informao de biomassa area ............... 73Anexo 4. Equaes Alomtricas para especies agroflorestais ......................... 74

    Anexo 5. Programas computacionais ................................................................ 75Anexo 6. Transformaes de equaes alomtricas ........................................ 77Anexo 7. Formato clinmetro de papel ............................................................. 79

    Lista de Caixas

    Caixa 1. Protocolo de Quioto e o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo .............. ixCaixa 2. Relao Biomassa - C - CO

    2...................................................................... 3

    Caixa 3. Princpios bsicos da amostragem ........................................................... 7

    Caixa 4. Projeto MDL F/R de pequena escala ....................................................... 13Caixa 5. Relao entre nmero de parcelas e grau de preciso ............................ 16Caixa 6. Exemplo de clculo de nmero de parcelas requeridas............................ 17Caixa 7. Clculo de biomassa arbrea acima do solo utilizando

    equao alomtrica genrica ................................................................... 29Caixa 8. Clculo do estoque de carbono na biomassa arbrea ............................ 34Caixa 9. Clculo do estoque de carbono em vegetao no arbrea ................... 36Caixa 10. Clculo do estoque de carbono na biomassa acima do solo ................. 37Caixa 11. Equaes alomtricas para estimar a biomassa de razes

    de bosques ............................................................................................. 39Caixa 12. Clculo do estoque de carbono na biomassa subterrnea ................... 40Caixa 13. Clculo do estoque de carbono em troncos cados ............................... 42Caixa 14. Clculo do estoque de carbono em biomassa de matria

    orgnica morta ....................................................................................... 43Caixa 15. Clculo de carbono orgnico no solo .................................................... 45Caixa 16. Clculo para determinar densidade aparente do solo ........................... 47Caixa 17. ndice de Valor de Importncia - IVI ...................................................... 56

    Lista de Quadros

    Quadro 1. Descrio dos distintos tipos de depsitos de carbono .........................11Quadro 2. Matriz de recomendaes de depsitos de carbono a medir,

    por tipo de projeto. ................................................................................. 12Quadro 3. Exemplo de formulrio com identificao de amostras de solo

    para orientar a anlise de laboratrio para determinar a densidadeaparente utilizando trincheiras. ............................................................. 22

    Quadro 4. Equaes alomtricas para estimar a biomassa acima dosolo (kg de matria seca por rvore) em plantaes florestais

    comerciais (monocultivo) ...................................................................... 30

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    Quadro 5. Equaes alomtricas para estimar a biomassa acimado solo (kg de matria seca por rvore) em bosques naturaise capoeiras ........................................................................................... 32

    Quadro 6. Equaes alomtricas para estimar a biomassa acima do solo(kg de matria seca por rvore) em rvores isoladas (dispersas) ........ 33

    Quadro 7. Equipamento e quantidade de pessoal necessrio paraamostragem de biomassa acima do solo ............................................. 37

    Quadro 8. Ferramentas necessrias para realizar inventrios de carbonono solo ................................................................................................... 48

    Quadro 9. Critrios de seleo de equaes alomtricas ...................................... 54Quadro 10. Parmetros estatsticos de seleo de equaes alomtricas............ 61

    Lista de Figuras

    Figura 1. Esquema do fluxo de carbono ............................................................... 1Figura 2. Fluxo de carbono simplificado ................................................................ 3Figura 3. Tipos de rea de abrangncia de projeto .............................................. 5Figura 4. Elaborao de mapa de forma conjunta com a comunidade ................. 5Figura 5. Elaborao de mapa durante o trajeto em campo ................................. 5Figura 6. Exemplo de imagem de satlite ............................................................... 6Figura 7. Exemplo de foto area ................................................................................ 6Figura 8. Ilustrao de populao, amostra e unidade amostral ........................... 7Figura 9. Ilustrao de populao, amostra e unidade amostral utilizando

    como referencia uma floresta ................................................................. 7Figura 10. Representao grfica de diferenas entre exatido e preciso ........... 9Figura 11. Exemplos de mapas de vegetao, solos e aptido agrcola

    de uma determinada regio .................................................................. 10Figura 12. Exemplo de estratificao de um projeto ........................................ 11Figura 13. Representao de distribuio aleatria (lado esquerdo)

    e sistemtica (lado direito) .................................................................... 19Figura 14. Equipamentos utilizados para demarcar os limites das parcelas ......... 20Figura 15. Exemplo de armazenamento de amostras de solo ............................... 22

    Figura 16. Medio correta de dimetro. ................................................................ 23Figura 17. Instrumentos de medio de dimetro ................................................... 23Figura 18. Medio de dimetro altura do peito utilizando suta .......................... 24Figura 19. Ilustrao de dimetro e circunferncia ................................................ 24Figura 20. Medio com suta de uma rvore de seco no-circular ................... 24Figura 21. Clinmetros e hipsmetros comerciais ................................................. 25Figura 22. Medio de altura utilizando o clinmetro eletrnico Vertex ................. 25Figura 23. Medio de altura utilizando clinmetro de papel ................................. 25Figura 24. Medio de distncia da rvore ............................................................ 26

    Figura 25. Ilustrao sobre correo de inclinao ................................................ 26

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    Figura 26. Observao e medio do ngulo base da rvore utilizandoclinmetro de papel ............................................................................... 27

    Figura 27. Observao e medio do ngulo ao topo da rvore utilizandoclinmetro de papel ............................................................................... 27

    Figura 28. Clculo das medies de altura ............................................................ 27

    Figura 29. Ilustrao sobre medio de altura ....................................................... 27Figura 30. Corte de rvore em segmentos para medio de um tronco

    para desenvolvimento de equao alomtrica ..................................... 28Figura 31. Plantaes florestais comerciais de Bombacopsis quinata

    e Tectona grandis ................................................................................. 29Figura 32. Representao grfica de formato de parcela para o inventrio de

    capoeira e bosques .............................................................................. 31Figura 33. Medio de altura e dimetro basal, plantao comercial de palmito

    (Bactris gasipaes), Costa Rica.............................................................. 33Figura 34. Representao grfica do formato de parcela circular para o inventrio

    de rvores dispersas. ........................................................................... 33Figura 35. Exemplo ilustrativo da forma de arremessar aleatoriamente

    o marco, e a forma de coletar vegetao herbcea e gramneaem campo. ............................................................................................ 35

    Figura 36. Trado para razes .................................................................................. 40Figura 37. Medio do dimetro do tronco cado ......................................................... 42Figura 38. Diferentes tipos de trados ..................................................................... 44

    Figura 39. Parcela para amostragem de solo ........................................................ 45Figura 40. Sequncia tomada de amostra para densidade aparenteem trincheira .......................................................................................... 46

    Figura 41. Processo de peneiragem e lavagem de razes finas em laboratrio .... 47Figura 42. Materiais e ferramentas para medio de carbono e razes ................. 48Figura 43. Procedimentos para o desenvolvimento de equao alomtrica .......... 56Figura 44. Medio do dap utilizando fita diamtrica ............................................. 57Figura 45. Corte da rvore ..................................................................................... 58Figura 46. Medio do tronco segmentado ............................................................ 58

    Figura 47. Pesagem de ramas cortadas ................................................................ 58Figura 48. Linha de regresso e nuvem de pontos de pares de mediespara a regresso alomtrica simples ht = (dap) nos sajalesdos bosques de guandal no delta do rio Patia, Pacificosul colombiano. ..................................................................................... 60

    Figura 49. Relao da biomassa total por rvore e o dap de 300 rvoresde um bosque da reserva de biosfera Maya, Petn, Guatemala ......... 62

    Figura 50. Disperso dos dados de biomassa area seca de cadacomponente e as curvas dos modelos selecionados em funo

    do dap para Calophyllum brasiliense .................................................... 62

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    Figura 51. Procedimentos para o planejamento de medies em campo ............. 63Figura 52. Diagrama dos procedimentos utilizados para a medio

    de biomassa e determinao de carbono nos componentesdo sistema ............................................................................................. 64

    Figura 53. Resultado grfico de estoques de carbono em diferentes

    compartimentos .................................................................................... 75Figura 54. Mdulo de Equaes Silvia ................................................................... 75Figura 55. Mdulo seletor de metodologas MDL aprovadas ................................. 76Figura 56. Mdulo financeiro TARAM .................................................................... 76Figura 57. Planilha para determinao de tamanho de amostras Winrock ........... 77Figura 58. A biomassa em funo do dimetro e a altura, sem e com

    transformao logartmica. .................................................................... 77Figura 59. Exemplo de grfico de disperso de resduos sem e com anomalia .... 78

    Lista de acrnimos

    CE - Comrcio de EmissesCREs - Certificados de Reduo de EmissesCQNUMC - Conveno-Quadro das Naes Unidas sobre Mudana do Clima

    (United Nations Framework Convention on Climate Change UNFCCC)GBP UTMUTF - Guia de Boas Prticas do Uso da Terra, Mudana do Uso

    da Terra e Florestas

    GEE - Gases de Efeito Estufa (Greenhouse Gases - GHG)IA - Consrcio Iniciativa AmaznicaIC - Implementao ConjuntaICRAF - Centro Mundial AgroflorestalIPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change

    (Painel Intergovernamental sobre Mudana Climtica)MDL - Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (Clean Development

    Mechanism - CDM)SIG - Sistemas de Informao Geogrfica

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    I n t r o d u o

    Intervenes produtivas que tenham como meta o sequestro de carbono tm opotencial de contribuir com a gerao de renda em comunidades rurais e de produtores

    familiares. Quando realizadas de forma correta, aes voltadas ao sequestro decarbono, alm de contribuir para a mitigao dos efeitos negativos de mudanasclimticas devem promover o uso sustentvel dos recursos naturais e a melhoria dobem-estar de comunidades rurais. Tais intervenes ocorrem atravs da utilizaode sistemas de uso da terra com maior produo de biomassa, e que resultam emestoques mais elevados de carbono. Com efeito, agricultores familiares e comunidadestradicionais podem de fato, desempenhar um servio ambiental atravs de atividadesflorestais e agroflorestais que contribuam com o armazenamento de carbono.Contudo, at o momento tem sido irrisrios os benefcios financeiros recebidos por

    este segmento, resultantes do acesso a mercados de carbono.

    Com a entrada em vigor do Protocolo de Quioto em 2005, o mercado internacionalde carbono passou a ser uma realidade jurdica e prtica. Alm do mercadoassociado ao cumprimento do Protocolo de Quioto, outros mecanismos (voluntriose paralelos) geram oportunidades para complementar receitas provenientes dasatividades florestais atravs da renda derivada de certificados de crditos de carbono.Entretanto, as metodologias e procedimentos exigidos para comprovar a captura earmazenamento de carbono por projetos florestais so considerados restritivos, sendo

    que a maioria destes mercados ainda no negocia certificados originados a partir dareduo de emisses por desmatamento e degradao.

    Caixa 1. Protocolo de Quioto e o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo

    O Protocolo de Quioto um tratado internacional em vigor desde 2005 visandoa reduo da emisso dos gases que provocam o efeito estufa (GEE, verseo I). O Protocolo determina que pases desenvolvidos (consideradosas Partes constituintes do Anexo I) devem reduzir pelo menos 5,2% de suas

    emisses de GEE em relao aos nveis de 1990, no perodo entre 2008 e2012 (primeiro perodo de compromissos). Cada pas signatrio do Anexo Idefine suas metas individuais de reduo. Pases em desenvolvimento comoo Brasil no pertencem ao Anexo I e, portanto, no tm a obrigao de reduzirsuas emisses de GEE.

    Trs mecanismos de flexibilizao auxiliam os pases do Anexo I a atingiremsuas metas de reduo previstas no Protocolo: Implementao Conjunta (IC),Comrcio de Emisses (CE) e Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).

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    Destes trs mecanismos1, apenas o MDL tem aplicabilidade em pases emdesenvolvimento. Tal mecanismo permite que pases Parte do Anexo I possamfinanciar ou desenvolver projetos de reduo de GEE (eficincia energticaou seqestro de carbono) fora de seu territrio. As redues de emisses

    resultantes da atividade de projeto so contabilizadas na forma de Certificadosde Reduo de Emisses (CREs)2 e negociadas em mercados internacionais.Para isso, as redues de emisses devem ser adicionais s que ocorreriamna ausncia da atividade certificada do projeto, e trazer benefcios reais,mensurveis e de longo prazo, relacionados com a mitigao da mudanado clima. Alm de reduzir as emisses de GEE, o MDL visa promover asustentabilidade em geral, principalmente nos pases em desenvolvimento.

    Tais limitaes para acessar mercados de carbono tornam-se ainda maiores no

    caso de pequenos e mdios produtores rurais que desconhecem o potencial paraseqestro de carbono de suas reas, assim como as modalidades de projetos ecomponentes elegveis para cada tipo de mercado, e os procedimentos necessriospara negociar crditos de carbono nos respectivos mercados. Nesse sentido, considera-se que os principais desafios que limitam a adoo de intervenes para viabilizar oacesso de agricultores e comunidades rurais aos mercados de carbono incluem: (1)a necessidade de mecanismos para uma correta quantificao e monitoramento deestoques de carbono; (2) o insuficiente conhecimento de tcnicas e prticas de manejoagroflorestal e agroecolgico; (3) polticas pblicas inadequadas para promover tais

    investimentos; (4) o tamanho mnimo recomendado para viabilizar financeiramenteum projeto de carbono e a difficuldade de agrupar pequenos produtores em projetosde escala adequada; e (5) a inexistncia de instituies e mecanismos que promovamvnculos equitativos destes produtores com mercados de carbono.

    A falta de acesso a mtodos precisos e de baixo custo para a quantificao emonitoramento de estoques de carbono de fato constitui-se num dos principaisobstculos para a implementao de projetos voltados insero de comunidadesde produtores familiares nos mercados de carbono. Alguns dos reservatrios de

    carbono em projetos florestais e agroflorestais so de mensurao difcil ou custosa,como o caso do solo e de razes arbreas, o que frequentemente impede suautilizao, resultando na subestimao dos estoques. A maioria dos mtodos, almde custosos e de demandarem muito tempo, inclusive de tcnicos qualificados,foram concebidos para situaes de monocultivos florestais comerciais, ou para

    1 O Comrcio de Emisses e a Implementao Conjunta possibilitam a um pas signatrio do Anexo Icontabilizar reduo de emisses de outro pas atravs de compra e venda de ttulos gerados por essasatividades, respectivamente, a Unidade de Reduo de Emisses (ERU) ou a Unidade Permitida deRedues (AAU).2

    Um CRE corresponde a uma tonelada mtrica de dixido de carbono equivalente (CO2e), calculada apartir do uso dos potenciais de aquecimento global.

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    pequenos lotes homogneos individuais. Em muito menor intensidade tem sidodelineados mtodos adequados s situaes de extensas paisagens heterogneasque caracterizam a agricultura familiar, particularmente na Amaznia. Abordagensparticipativas para a quantificao de estoques de carbono associadas a tcnicaseficazes no monitoramento em escala de paisagem so necessrias para a reduo

    dos custos e para uma maior atratividade desta categoria de projetos.

    Levando em conta tais consideraes, esta publicao representa um esforoinicial para contribuir na superao deste desafio, realizado pelo Centro MundialAgroflorestal (ICRAF) no mbito do Consrcio Iniciativa Amaznica. A publicaoconsiste num guia prtico para tcnicos e agentes de desenvolvimento envolvidos emprojetos que promovem a insero de comunidades rurais e produtores familiares emmercados de carbono, com nfase para a regio Amaznica. A publicao baseadanas recomendaes do Guia de Boas Prticas do Uso da Terra, Mudana do Uso

    da Terra e Florestas (UTMUTF), no Sourcebook para UTMUTF e Projetos Florestaisproduzido pelo BioCarbon Fund do Banco Mundial e Winrock, e nas experincias decampo do Grupo Ganadera y Ambiente (CATIE). O guia apresenta os procedimentosutilizados para a medio em campo de biomassa e carbono orgnico do solo. Taisprocedimentos so necessrios para a determinao da situao inicial (linha debase) quanto aos estoques de carbono, assim como para o monitoramento dosmesmos ao longo da implementao de aes voltadas ao seqestro de carbono,comparando-os situao que ocorreria sem considerar a interveno do projeto. Osprocedimentos e protocolos apresentados neste manual podem ser posteriormente

    integrados a softwares e utilizao de sensoriamento remoto, que permitiro maiorrapidez e eficincia nos processos de monitoramento de carbono utilizados poragncias pblicas e investidores privados.

    A primeira seo do manual apresenta noes bsicas sobre o ciclo de carbono.Na segunda seo descrevem-se os cinco procedimentos necessrios para oplanejamento de medies em campo de biomassa e carbono orgnico do solo.Posteriormente, so apresentados os procedimentos para a medio das cincomodalidades de depsitos (reservatrios) de carbono presentes na biomassa acima do

    solo, matria orgnica morta e matria orgnica do solo. Na ultima seo apresenta-seos procedimentos para a seleo e gerao de equaes alomtricas de biomassa. Naseo de anexos proporcionam-se os formulrios para registrar os dados de campoe indicaes de programas computacionais de utilidade para projetos que tm comoobjetivo a obteno de certificados de crdito de carbono.

    Neste momento em que a utilizao sustentvel de reas abertas na Amaznia adquirecarter de urgncia, espera-se que esta publicao possa ser de uso efetivo paraassociaes de produtores, comunidades e demais grupos informais engajados na

    busca de alternativas agroflorestais para a melhoria de seu bem-estar.

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    3 A atmosfera uma camada, constituda de vrios gases, que envolve o planeta. Os principais gasesso o nitrognio (N

    2) e o oxignio (O

    2) que, juntos, compem cerca de 99% da atmosfera. Alguns outros

    gases encontram-se presentes em pequenas quantidades, incluindo os denominados Gases de EfeitoEstufa (GEE). Dentre estes, esto o dixido de carbono (CO2), o metano (CH4), o xido nitroso (N2O),perfluorcarbonetos (PFCs), hidrofluorocarbonos (HFC), e o hexaflureto de enxofre (SF6).4 O efeito estufa um processo que ocorre quando uma parte da radiao solar refletida pela superfcieterrestre absorvida por determinados gases presentes na atmosfera. Como conseqncia, o calorfica retido, no sendo liberado ao espao. O efeito estufa de vital importncia, pois sem ele o planeta

    congelaria. Entretanto, o excesso da concentrao de GEE causa o aquecimento global.

    Figura 1. Esquema do fluxo de carbono

    I. NOES BSICAS SOBRE O

    CICLO DO CARBONO

    O carbono o elemento qumico fundamental dos compostos orgnicos, que circulaatravs dos oceanos, da atmosfera, do solo, e subsolo. Estes so consideradosdepsitos (reservatrios) de carbono. O carbono passa de um depsito a outroatravs de processos qumicos, fsicos e biolgicos.

    A atmosfera3 o menor e o mais dinmico dos reservatrios do ciclo do carbono.Entretanto, todas as mudanas que ocorrem neste reservatrio tm uma estreita relao

    com as mudanas do ciclo global de carbono (Figura 1) e do clima. Grande parte docarbono presente na atmosfera ocorre na forma de dixido de carbono (CO2, tambmconhecido como gs carbnico). Em menor proporo, ocarbono atmosfrico apresenta-se na forma demetano (CH

    4), perfluorcarbonetos (PFCs) e

    hidrofluorocarbonos (HFC). Todos estesso considerados Gases do EfeitoEstufa (GEE)4, que contribuem para oequilbrio trmico da terra. Qualquer

    atividade relacionada ao uso dosolo que modifique a quantidadede biomassa na vegetao e nosolo tem o potencial de alterar aquantidade de carbono armazenadae emitida para a atmosfera, o queinfluencia diretamente a dinmica do climada terra.

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    A troca de carbono entre o reservatrio terrestre e o atmosfrico o resultado deprocessos naturais da fotossntese e respirao, e da emisso de gases causadospela ao humana. A captura de carbono atravs da fotossntese ocorre quando asplantas absorvem energia solar e CO2 da atmosfera, produzindo oxignio e hidratos

    de carbono (acares como a glicose), que servem de base para seu crescimento.Atravs deste processo as plantas fixam o carbono na biomassa da vegetao, econsequentemente constituem, junto com seus residuos (madeira morta e serapilheira),um estoque natural de carbono. O processo inverso ocorre com a emisso de carbonoatravs da respirao das plantas, animais, e pela decomposio orgnica (forma derespirao das bactrias e fungos). A esta somam-se as emisses de GEE devidoao desmatamento, incndios, gases industriais, e queima de combustveis: aesantrpicas que contribuem com o desequilbrio do ciclo de carbono.

    O carbono presente no solo est amplamente relacionado ao processo dedecomposio da biomassa pelas atividades bacterianas. Parte do carbono presenteno solo volta atmosfera atravs do processo de mineralizao do carbono orgnico.De forma natural, outra parte do carbono orgnico levada pelos rios at chegar aosoceanos, onde se deposita sob a forma de carbonatos (CO

    3). Este processo tambm

    pode ser acentuado pela ao humana. A troca de carbono entre o reservatrioocenico e o atmosfrico ocorre atravs de processos qumicos que estabelecem umequilbrio entre as camadas superficiais dos oceanos e as concentraes no ar acimada superfcie. A quantidade de CO

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    que o oceano absorve depende da temperaturado mesmo e da concentrao j presente, sendo que temperaturas mais altas dagua podem causar a emisso de CO2.

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    II. PLANEJAMENTO PARA DETERMINAO

    NO CAMPO DE ESTOQUES DE CARBONO

    O inventrio de biomassa um requisito bsico para desenvolver projetos quetenham como objetivo a obteno de certificados de crdito de carbono. O inventrioquantifica o armazenamento de carbono em diferentes depsitos5 presentes emdistintos usos da terra ou ecossistemas, permitindo tambm medir o impacto de umdeterminado projeto na remoo (seqestro) do dixido de carbono (CO2) presentena atmosfera, atravs de sua fixao na biomassa existente (Figura 2).

    Caixa 2.Relao Biomassa - C - CO2

    Uma tonelada de carbono equivalea 3,67 toneladas (t) de CO2 (obtidoem razo dos pesos moleculares docarbono e do CO2, de 12 / 44). Parasaber a quantidade de CO

    2emitido

    ou armazenado a partir da quantidade

    carbono de um determinado depsitodeve-se multiplicar esta por 3,67. Porsua vez, uma tonelada de biomassaflorestal possui aproximadamente 0,5tonelada de carbono. Resumindo:

    1 t biomassa +/- 0,5 t C

    1 t C 3,67 t de CO2

    Para realizar o inventrio no mbito de um projeto de carbono necessrioidentificar uma metodologia que contemple o levantamento do cenrio de referncia,no qual no se considera a interveno causada pelo projeto (tambm conhecido como

    Figura 2. Fluxo de carbonosimplificado

    5 Os depsitos tambm so usualmente denominados de reservatrios

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    linha de base6), e as prticas de monitoramento7. A metodologia a ser selecionadadeve estar de acordo com as exigncias do agente comprador (mercado) com o qualse pretende negociar os crditos de carbono, assim como com as diretrizes e regrasnacionais e internacionais. No Brasil, para o caso do mercado estabelecido pelo MDL,

    os procedimentos e informaes necessrias podem ser consultados no Manualpara Submisso de Projetos de MDL para aprovao da Comisso Interministerialde Mudana Global do Clima8.

    Nesta seo sero apresentados cinco procedimentos bsicos recomendados porPearson et al. (2005) necessrios para o planejamento de medies em campo debiomassa e carbono orgnico do solo:

    1. Definio da rea de abrangncia do projeto;

    2. Estratificao da rea do projeto;3. Deciso sobre quais depsitos de carbono medir;4. Determinao do tipo e nmero de parcelas de amostragem;5. Determinao da freqncia de medies.

    II.1. Definio da rea de abrangncia do projeto

    Em termos gerais, um projeto com vistas obteno de certificados de crdito decarbono apresenta trs possibilidades quanto sua rea de abrangncia: (a) podeabranger uma parte, ou (b) a rea total de uma propriedade rural; ou (c) abrangerparte ou rea total de um conjunto de propriedades, podendo ocorrer em reascontinuas ou fracionadas.

    7 O monitoramento realizado atravs de medies peridicas que avaliam e descrevem mudanas nos

    diferentes componentes do projeto.8 http://www.mct.gov.br/upd_blob/0025/25268.pdf

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    Para definir a abrangncia de um determinado projeto necessrio contar commapas das reas onde se pretende estabelecer o mesmo. Num primeiro momento,o mapeamento pode ser realizado manualmente e de forma conjunta com osprodutores que sero beneficiados pelo projeto (Figura 4). Tambm, pode ser realizadodiretamente em campo (Figura 5).

    Figura 3. Tipos de rea de abrangncia de projetoFonte: Experincia do projeto Enfoques Silvopastoriles Integrados para el Manejo de Ecosistemas,CATIE.

    Figura 4. Elaborao de mapa de forma conjuntacom a comunidadeFonte: Adaptado de Carvalheiro et al. 2008.

    Figura 5. Elaborao de mapadurante o trajeto em campoFonte: Experincia do projetoEnfoques Silvopastoriles Integradospara el Manejo de Ecosistemas,CATIE.

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    Numa etapa posterior ao mapeamento realizado manualmente e de forma conjuntacom os produtores necessrio definir os limites (permetro de cada rea) atravs dogeoreferenciamento, utilizando ferramentas de Sistemas de Informao Geogrfica(SIG9) e Cartografia, tais como aparelhos GPS10, interpretao de imagens de satlites

    (Figura 6) ou fotos areas (Figura 7).

    Figura 6. Exemplo de imagem de satliteFonte: ENGESAT 2008

    Figura 7. Exemplo de foto areaFonte: Embrapa Meio Ambiente 2008

    II.2. Estratificao da rea do projeto

    As reas de um projeto so normalmente heterogneas em termos de microclima,tipo e condio de uso do solo, cobertura e estados de conservao e perturbaoda vegetao, o que pode resultar em distintas quantidades de biomassa (estoquede carbono) para cada uma destas sub-reas. Desta forma, necessrio estratificara rea do projeto, permitindo a expresso de tais diferenas. A estratificao, oudefinio de sub-reas que representem a tipologia existente de acordo com suaparticipao proporcional, aumenta a exatido e preciso da amostragem.

    Em algumas ocasies, dependendo das exigncias do mercado de crditos decarbono (comprador, certificadora), assim como do estado de diversificao daspropriedades, no ser necessrio a estratificao de pequenas unidades produtivas,realizando-se a estratificao a uma escala de projeto (ex. entre diferentes tipos deunidades produtivas).

    9 O Sistema de Informaes Geogrficas (SIG) pode ser definido como sendo um conjunto de mduloscomputacionais utilizados para coletar, armazenar, recuperar, transformar e apresentar dados espaciaissobre o mundo real para um conjunto particular de objetos (Burrough 1986).

    10 Sistema de Posicionamento Global, vulgarmente conhecido por GPS, pelo acrnimo do ingls GlobalPositioning System.

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    Caixa 3. Princpios bsicos da amostragem

    Na determinao do estoque de carbono praticamente impossvel medir toda

    biomassa presente neste, seja por motivos de limitaes de tempo, recursoseconmicos, ou restrio na locomoo para registro dos dados.

    Portanto, recorre-se tcnica de amostragem, onde um sistema pr-estabelecido de amostras considerado idneo para representar o universopesquisado (populao), com margem de erro amostral aceitvel (normalmentede +/- 10%, ver seo II.4.c.). De forma mais simples, amostragem o processopelo qual se obtm informao sobre um todo (populao), examinando-se apenas uma parte do mesmo(amostra). Define-se amostra comoum subconjunto de indivduos,denominados unidades amostrais,apresentando caractersticascomuns que identificam a populaoa que pertencem (Figura 8).

    Com isso, define-se como populaoum con jun to de ind iv duosque apresentam determinadas

    carac te r s t icas em comum,localizados em uma determinada rea, num espao de tempo definido parao estudo. No nosso caso a populao pode tanto ser uma unidade produtiva(fazenda, sitio, etc.), um conjunto destas, ou unidades de paisagem (comouma floresta, plantao, etc.). A amostragem proporciona meios para projetara informao medida ao nvel geogrfico selecionado. Por exemplo, amedio de carbono na biomassa de rvores de uma determinada florestapode ser estimada a partir doinventrio florestal utilizando um

    nmero limitado de parcelas deamostragem (Figura 9).

    Existem dois mtodos para obtenoda amostra: probabilstico e noprobabilstico. Na amostragemprobabilstica as unidades amostraisso escolhidas por mecanismos desorteio, e cada unidade amostralpossui a mesma probabilidade de

    Figura 8. Ilustrao de populao, amostrae unidade amostral

    Figura 9. Ilustrao de populao, amostrae unidade amostral utilizando comoreferencia uma floresta

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    ser selecionada. Na amostragem no probabilstica a variabilidade amostralno pode ser estabelecida com preciso pois no se conhece a probabilidadede cada unidade amostral pertencer amostra. Isto faz com que algumas

    unidades tenham probabilidade zero de pertencer amostra. De modo geral,busca-se garantir a imparcialidade escolhendo aleatoriamente os elementosque participaro das amostras, ou seja, utilizando amostras probabilsticas.Nesse sentido, o guia constantemente refere-se a trs tipos de amostragemprobabilstica (aleatria): simples, sistemtica e estratificada.

    A amostragem aleatria simples o processo mais elementar e freqentementeutilizado. Cada elemento da amostra retirado aleatoriamente de toda apopulao (com ou sem reposio), possibilitando que cada amostra tenha a

    mesma probabilidade de ser recolhida. Quando os elementos da populaose apresentarem de forma ordenada, utiliza-se a amostragem do tipo aleatriasistemtica. Esta apresenta caractersticas semelhantes com a amostraaleatria simples, mas a seleo dos elementos ocorre de forma sistemticae seqencial a partir de uma lista dos elementos da populao. Neste caso, aseleo dos elementos que constituiro a amostra pode ser feita por um sistemadirigido pelo produtor. No caso de populaes heterogneas, como unidadesprodutivas com diferentes usos do solo, florestas ou plantaes florestais, nose recomenda a amostra aleatria simples para toda a populao, devido

    baixa preciso das estimativas obtidas. Neste caso, deve-se dividir a populaoem sub-populaes homogneas. Este processo denomina-se estratificaoda populao, sendo cada sub-populao um estrato. A amostra obtidadenomina-se amostra aleatria estratificada. Esta tcnica de amostragem usainformao existente sobre a populao para tornar mais eficiente o processode amostragem.

    A utilizao de uma amostra implica na aceitao de uma margem de erro, ouerro amostral, que nada mais do que a diferena entre a estimativa a partir daamostra e o verdadeiro resultado populacional. No se pode evitar a ocorrncia

    do erro amostral, porm pode-se limitar seu valor atravs da escolha de umaamostra de tamanho adequado. Quanto maior o tamanho da amostra (seoII.4.b.), menor o erro cometido e vice-versa. No entanto, podem-se evitarerros no-amostrais que ocorrem principalmente quando os dados amostraisso coletados, registrados ou analisados incorretamente, ou quando h umautilizao de um instrumento defeituoso durante a realizao de mensuraes.Em algumas situaes no possvel medir uma amostra (ex. depsito decarbono, ver seo II.3) com a exatido e preciso (Figura 10) necessrias.Dentro do possvel, o estabelecimento das parcelas para realizar amostragem

    deve ser exata, precisa e conservadora.

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    A estimao estatstica de um erro est associada a um nvel de confiana queindica a probabilidade de que o valor verdadeiro (desconhecido) se encontredentro de uma margem, chamada intervalo de confiana11, gerado ao subtrair-

    se e somar-se o erro estimado ao valor medido (Cardona 2004). Para o nossocaso, importante obter valores de estoque de carbono que representemcom confiana o conjunto da populao, sendo aconselhvel uma abordagemconservadora quanto ao resultado final (Pearson et al. 2005). Uma abordagemconservadora consiste em utilizar um intervalo de confiana menor que 95 %(ver seo II.4.c.), o que resulta em um menor valor de carbono armazenadopelo depsito medido.

    A prvia caracterizao da rea otimiza o trabalho de campo, propiciando maioragilidade, reduzindo os custos de medies, alm de conferir uma maior confiabilidadena apresentao dos resultados. Para tanto, recomenda-se realizar uma pr-estratificao de acordo com os seguintes seis passos:

    Passo 1: Avaliar os fatores essenciais que influenciam os estoques de carbononos reservatrios que sero medidos (ver prxima seo). Sempre que possvel,recomenda-se que a definio dos estratos considere os seguintes fatores: (a) reascom prticas de manejo e histria do uso do solo similar, (b) caractersticas do solo, (c)

    microclima, (d) relevo (por exemplo, elevao, gradiente de inclinao), (e) espciesde rvores existentes ou a serem plantadas, (f) ano do plantio, etc. A observaodestes fatores ainda mais importante no caso de projetos que representem parteou a rea total de um conjunto de propriedades.

    Figura 10. Representao grfica de diferenas entre exatido e preciso(a) Inexato mas preciso; (b) Inexato e Impreciso; (c) Exato mas impreciso; (d) Exato e precisoFonte: IPCC 2006c

    11Para um melhor entendimento do conceito, nos submetemos ao exemplo proposto por Cardona (2004):caso uma medida de 100 m apresentar um erro padro de 0,01 m pode-se confirmar com um nvel deconfiana de 68% (se os dados se distribuem como uma normal) que o valor correto encontra-se entre99,99 e 100,01. Igualmente, possvel confirmar com um nvel de confiana de 95%, que o mesmo maiorou igual que 99,98 e menor ou igual que 100,02.

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    Passo 2: Coletar informaes locais sobre os fatores essenciais identificados nopasso anterior, considerando as seguintes variveis:

    n Tipo de uso do solo (ex.: florestas, plantaes florestais, sistemas agroflorestais,cultivos, pastagens);

    n Tipo de vegetao (ex.: espcies, grupos ecolgicos, etc.);n Tipo de solo e topografia (ex.: argiloso ou arenoso; ondulado ou plano);n Tipo de manejo agronmico do sistema (ex.: monocultivo ou cultivos

    associados);n Histrico da rea (ex: tempo de uso do solo, tipo de preparao, uso do fogo ou

    fertilizaes). Cabe ressaltar que as atividades humanas e outras perturbaesalteram a dinmica do carbono nos solos;

    n Ocorrncia de reas protegidas por lei (ex.: Reserva Legal e reas dePreservao Permanente - APPs), entre outras.

    A utilizao de mapas da rea de abrangncia do projeto, assim comomapas da regio (solos, vegetao, clima, etc., Figura 11) fundamental para aestratificao.

    Figura 11.Exemplos de mapas de vegetao, solos e aptido agrcola de uma determinada regioFonte: Embrapa Pantanal 2008

    Mapa de Vegetao Mapa de Solos Mapa de Aptido Agrcola

    Passo 3: Estratificao preliminar: a estratificao deve ser conduzida de forma

    hierrquica, dependendo da importncia dos fatores essenciais em relao smudanas nos estoques de carbono ou do grau de diferena dos fatores essenciaisna rea do projeto. Somente depois de finalizada a estratificao no nvel mais alto que deve ter incio a estratificao no nvel inferior seguinte.

    Passo 4: Realizar amostragem para cada estrato preliminar. H situaes de projetosem que reas que primeira vista parecem ser homogneas acabam por demonstrarheterogeneidade, quando se realiza uma anlise mais detalhada. Deve-se analisar avariao dos fatores essenciais pesquisados. No caso de variao grande dentro de cada

    estrato preliminar, devem ser feitas pesquisas de campo mais intensas e/ou se considerara realizao de estratificaes adicionais, como mencionado no prximo passo (5).

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    Passo 5: Conduzir estratificao adicional com base nas informaes suplementaresobtidas no passo anterior (4), verificando se cada estrato preliminar suficientementehomogneo, ou se a diferena entre os estratos preliminares significativa.

    Passo 6: Criar um mapa de estratificao da rea (Figura 12).Finalmente, deve-se considerar umaadequao ou ps-estratificaoaps os resultados das primeirasmedies de campo. A definiodos estratos somente ter sentidose estes reduzirem os custos deamostragem e a complexidade daanlise. Neste sentido, estratos que

    no apresentem grandes diferenasentre os fatores essenciais, poderiamser agrupados.

    II.3. Deciso sobre qual depsitode carbono medir

    De acordo com o Guia de BoasPrticas do Uso da Terra, Mudana do Uso da Terra e Florestas (GBP UTMUTF)existem cinco tipos de depsitos (reservatrios) de carbono que podem ser medidos(Quadro 1).

    Quadro 1. Descrio dos distintos tipos de depsitos de carbono

    Tipo de Depsito Descrio

    Biomassaviva

    Biomassaacima do solo

    Toda a biomassa viva que se encontra acima do solo,incluindo troncos, tocos vivos, ramas, cascas, sementes efolhas.

    Para facilitar as medies avalia-se por separado abiomassa area arbrea, e a biomassa area no arbrea.

    Biomassasubterrnea

    Toda a biomassa de razes vivas. Excluem-se razes finasde menos de 2 mm de dimetro porque dificilmente sedistinguem da matria orgnica do solo (outro depsito, vejaa seguir).

    Matriaorgnicamorta

    Madeiramorta

    Toda biomassa florestal no viva: troncos cados, rvoresmortas em p, e tocos maiores de 10 cm de dimetro.

    Serrapilheira

    Toda a biomassa no viva acima do solo (folhas, ramos,caules e cascas de frutos) em diferentes estados dedecomposio. Compreende as capas de detritos e hmus.Pode-se estabelecer previamente um dimetro mnimo paradiferenciar de madeira morta (por exemplo, 10 cm).

    Figura 12. Exemplo de estratificao de umprojetoFonte: Vallejo 2005

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    Tipo de Depsito Descrio

    SolosMatriaorgnica dosolo

    Compreende o carbono orgnico nos solos minerais eorgnicos a uma profundidade especfica selecionada peloproponente do projeto.

    Razes finas vivas com dimetro menor de 2 mm.

    Fonte: IPCC 2005b

    Algumas vezes o custo de realizar a amostragem com o grau de preciso exigidoou estabelecido maior que o retorno que se receber pelo projeto. Este o caso,principalmente, da avaliao de razes e em alguns casos da biomassa da vegetaono arbrea. Sendo assim, a deciso sobre qual depsito de carbono medir depender

    do custo-benefcio de realizar as amostragens, estando-se de acordo com asexigncias do mercado no qual se visa negociar o projeto.

    Para facilitar a deciso, apresenta-se no quadro a seguir uma adaptao da matrizde deciso sobre os possveis critrios de seleo de depsitos que devero sermedidos e monitorados, recomendados pela UTMUTF:

    Quadro 2. Matriz de recomendaes de depsitos de carbono a medir, por tipo deprojeto.

    Objetivodo projeto

    Tipo deProjeto

    Tipo de depsitos de carbono

    Biomassa viva Biomassa morta

    Solorvores

    Vegetaono

    arbreaRazes

    MadeiraMorta

    Serrapilheira

    Reduo(evitar)

    emisso decarbono

    Conservaoda floresta

    S T R T S R

    Manejoflorestal

    sustentvel

    S T R T S T

    Refloresta-mento

    (Seqestrode

    carbono)

    Restaurarvegetao

    nativaS T R S S T

    Plantaesflorestais

    S N R T T R

    Plantaesagroflorestais

    S S T S S R

    Fonte:Modificado de Brown, 2002

    S: Sim, necessrio; R: Recomendado; N: No recomendado; T: Talvez, dependendo das exignciasdo mercado.

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    Para o caso de projetos florestais no mbito do MDL, os participantes do projetopodem eleger no incluir um ou mais reservatrios de carbono dentro do limite doprojeto, caso forneam informao verificvel, transparente, passvel de ser replicvele auditvel, de que a implementao do projeto no acarretar a diminuio dos

    estoques de carbono nesses reservatrios.

    Atualmente, existem trs metodologias de pequena escala desenvolvidas pelogrupo de trabalho de florestamento e reflorestamento (F/R) do CQNUMC quepermitem a converso de terras a bosques atravs de atividades de florestamento:(1) em reas de cultivos ou pastagens, (2) em reas de assentamentos; (3) em reasinundveis12 (brejos, pntanos e vrzeas). Devido necessidade de simplificacodas metodologas, em todas estas so considerados nicamente a contabilizao docarbono de depsitos de biomassa viva (acima do solo e subterrnea), no sendo

    considerados o carbono de depsitos de matria orgnica morta e solo.

    Caixa 4. Projeto MDL F/R de pequena escala

    Os projetos MDL F/R de pequena escala so projetos que absorvem at 16.00013toneladas de CO2e/ano (em mdia durante cinco anos) e cujas atividades sejamdesenvolvidas e implementadas por comunidades e indivduos de baixa renda.As atividades de pequena escala no podem ser o resultado do desagrupamento

    de uma atividade de grande escala.

    Tendo 16.000 toneladas de CO2e /ano como limite, um projeto florestal depequena escala que estime um seqestro mdio de 10 toneladas de carbonopor hectare (equivalente a 36,7 ton CO2-e / ha) dever utilizar uma rea mximade aproximadamente 436 hectares.

    II.4. Determinao do tipo e nmero de parcelas de amostragem

    A definio do tipo, nmero e dimenses das parcelas dever estar de acordo com otipo de uso do solo (ex. vegetao) a ser amostrado, preciso demandada, naturezadas informaes requeridas e custos de estabelecimento e medio. Recomenda-seum estudo preliminar sobre os custos necessrios para realizar todo o trabalho decampo, as anlises de laboratrio, e elaborao dos relatrios. Este estudo contribuir

    12 Incluem terras cobertas (saturadas) por gua durante todo ou parte do ano e que no se classifiquemna categoria de floresta, agrcolas, pastagens ou assentamentos. So excludas desta categoria as reasde cultivo de arroz (IPPC 2006).13 Redefinida durante 13a. sesso da Conferncia das Partes (COP13/MOP3) realizada em Bali emdezembro de 2007.

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    para definir a intensidade de amostragem de acordo com os recursos disponveis. Emum inventrio de prospeco de uma floresta estacional semidecdua submontana noestado de Minas Gerais, Freitas et al. (2005) apresentam que a estimativa do custoda abertura de picadas e do inventrio de prospeco foi de US$ 35,7 ha e US$

    89,4/ha, respectivamente.

    II.4.a. Tipo de parcelas

    Como vimos anteriormente, realizar medies em toda rea torna-se praticamenteinvivel por questes de tempo, custo e confiabilidade dos resultados e, portanto,recorre-se a tcnicas de amostragem. Assim, para avaliar a quantidade de biomassa(carbono) em cada depsito selecionado, e para estimar as mudanas registradasnos respectivos depsitos ao longo do tempo, utilizam-se parcelas de amostragemdo tipo temporal ou permanente. So consideradas amostragens temporais quandoas parcelas utilizadas na segunda ocasio de medio so diferentes da primeira,e, permanentes, quando as parcelas selecionadas na primeira ocasio so asmesmas utilizadas (medidas) na segunda ocasio e nas seguintes (Silva 1984). Emgeral, considera-se que o uso de amostragem permanente estatisticamente maiseficiente. Parcelas permanentes so comumente utilizadas em inventrio de espciesarbreas, quando cada rvore identificada e monitorada (quanto ao crescimento emortalidade) no tempo (anos). Para outros tipos de depsitos usualmente utilizam-separcelas temporais. Por sua vez, as parcelas temporais podem apresentar um menorcusto de estabelecimento.

    Uma desvantagem da utilizao das parcelas permanentes, ocorre quando algunstcnicos e produtores, ao saber que as parcelas permanentes sero visitadas pelosverificadores das certificadoras, de forma quase natural, realizam manejo diferenciado(maior ateno), proporcionando uma maior produo de biomassa, no representandoa realidade de toda rea do projeto.

    Mais detalhes sobre quais mtodos de amostragem utilizar sero apresentadosnas sees metodolgicas especficas a cada tipo de depsito.

    II.4.b. Tamanho da parcela

    O tamanho de parcela deve representar um equilbrio entre a exatido, a preciso,e o tempo (custo) da medio. Para o caso das medies do componente arbreo,o tamanho da parcela estar relacionado com a quantidade de rvores, dimetro evarincia do carbono armazenado entre as parcelas. Para plantaes de tamanhouniforme geralmente utiliza-se uma parcela de rea que varia entre 100 m2 (parauna densidade de plantio de aproximadamente 1.111 rvores/ha ou mais) at 1000

    m2 (para plantios pouco densos, como plantios de uso mltiplo). Entretanto, quantomenor for o tamanho da parcela, maior ser o nmero de parcelas necessrias. Esta

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    tendncia e confirmada por Higuchi et al. (1990) em seu estudo sobre tamanho idealde parcela amostral para inventrios de uma floresta tropical hmida de terra firme.Segundo os autores, quanto menor o nmero de parcelas menor ser o tempo dedeslocamento da equipe em campo e o establecimento de parcelas. Entretanto, o

    tempo de medio por parcela ser maior. Para situaes onde o acesso difcil avarivel tempo de deslocamento at a parcela assume importncia fundamental paraa definio do tamanho da parcela. De acordo com Higuchi (comunicaco pessoal)utilizar o tamanho recomendado significa racionalizar o custo dentro da incertezatolervel. Verificando a eficincia de diversos tamanhos e formas de parcelas emamostragem aleatria na Floresta Nacional do Tapajs, Silva (1980) cita que para avarivel volume e para as condies do estudo, o tamanho de 2500 m2 (50 X 50 m)foi mais eficiente em relao aos demais tamanhos testados. De acordo com Silva(1984), a metodologia de inventrio florestal contnuo adotado pela EMBRAPA-CPATU

    utiliza parcelas de um (1) ha para anotaes completas de rvores individuais com DAPsuperiores a 20 cm. Segundo o autor, este tamanho possibilita obter informaes maisprecisas sobre rvores de tamanho intermedirio que constituiro a prxima colheita.Entretando para estes casos recomenda-se a diviso em subparcelas de 100 m2 (10X 10 m) para as medies de todas as rvores com dimetros iguais ou maiores que5 cm e menores que 20 cm. Baseados nas experincias do programa Alternativasao Corte e Queima de Florestas - ASB (Alternatives to Slash and Burn), Hairiah etal, em seu guia de mtodos de amostragem de estoque de carbono recomendamparcelas retangulares de 20 x 100 m (2000 m2) para a medio de rvores com DAP

    superior a 30 cm, e subparcelas de 5 x 40 m (200 m2) para indivduos menores, comDAP entre 5 e 30 cm).

    A seguir, apresentam-se as etapas necessrias para determinar o nmero deparcelas e para definir a localizao e marcao dos limites destas parcelas.

    II.4.c. Passos para determinar o nmero de parcelas

    Passo 1. Selecionar o nvel de preciso desejadoA seleo do nvel de preciso est quase sempre relacionada com os recursosdisponveis e com a exigncia do comprador (mercado). O nvel de preciso exigidoter um efeito direto sobre os custos do inventrio. Usualmente, para projetos florestaisutiliza-se um nvel de preciso (erro de amostragem) de +/-10% do valor da mdiade carbono a um nvel de confiabilidade de 95%14. Entretanto, projetos do tipo MDLflorestal em pequena escala podem utilizar um nvel de preciso de at +/- 20 %(Emmer 2007). Contudo, nveis de preciso especficos podem ser definidos paracada tipo de componente do inventrio.

    14 Ou seja, quando o valor identificado for 80 ton de C/ha, significa que para 95% das situaes no universoamostrado a quantidade de carbono armazenado estar entre 72 ton (- 10%) e 88 ton (+10%).

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    Caixa 5. Relao entre nmero de parcelas e grau de preciso

    A figura a seguir ilustra a relao entre o nmero de parcelas e o nvel (grau) de

    preciso (+/- % do carbono total armazenado na biomassa viva e morta, com95% de confiana) para quatro tipos de depsitos combinados (biomassa acimado solo, subterrnea, serrapilheira e matria orgnica do solo) presentes emseis categorias de vegetao de um bosque tropical na Bolvia (Projeto PilotoNoel Kempff). Para informaes adicionais, consultar Winrock International(1999).

    Como ilustrado, para alcanar um nvel de preciso de 5% seriam necessrias452 parcelas; enquanto somente 81 parcelas confeririam nvel de preciso de10%. Este exemplo evidencia as implicaes (custo-benefcio) das exignciasde um maior ou menor nvel de preciso.

    Fonte: IPCC 2003

    Passo 2. Seleo da rea para a tomada de dados preliminaresAntes de determinar o nmero de parcelas requeridas para a medio e monitoramentodo carbono com determinado nvel de confiana, deve-se obter primeiro uma estimativada varincia existente para cada tipo de depsito (ex.: carbono no solo) em cadaestrato. Dependendo da ocorrncia de um mesmo estrato na rea do projeto, cadaestrato dever ter amostras de mais de uma rea (repetio), para que os resultadostenham validade estatstica. Recomenda-se inicialmente estabelecer entre quatro aoito repeties para cada estrato.

    Passo 3. Estimar mdia, desvio padro e varincia do estoque de carbono dedados preliminares

    Nvel de preciso (+/-) %

    Mdia Varincia Desvio Padro

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    Passo 4. Clculo do nmero de parcelas requeridasUma vez conhecida a varincia estimada em cada estrato, a superfcie de cada estrato,o nvel de preciso desejado e o erro de estimativa (baseado no nvel de confiabilidadeselecionado), pode-se calcular o nmero de parcelas necessrias. A frmula genrica

    para o clculo do nmero de parcelas apresentada a seguir:

    Frmula para um nico estrato Frmula para mais de um estratoOnde:n = nmero de parcelasE = erro permitido (mdia x nvel de preciso selecionado). Como visto no passo anterior, onvel de preciso recomendado de 10 % (0,1) da mdia, mas pode chegar a 20 % (0,2).

    t = amostra estatstica da distribuio t para um nvel de 95% de confiana (geralmente utiliza-se o 2 como nmero de amostra)N = nmero de parcelas na rea do estrato (rea do estrato dividido pelo tamanho da parcelaem ha)Nh= nmero de parcelas na rea do estrato h a ser amostrado (rea do estrato dividido portamanho da parcela em ha)s = desvio padro do estrato h

    Caixa 6. Exemplo de clculo de nmero de parcelas requeridas

    Atravs de amostragens preliminares de biomassa arbrea area utilizando parcelas

    de 20 X 20 m, determinou-se os seguintes valores:

    rea de estudo = 10.000 ha

    rea da parcela = 0,04 ha (20 X 20 m)

    Mdia de estoque de carbono = 120,3 tC/ha

    Desvio padro do estrato (s) = 18,1 tC/ha

    Amostra estatstica da distribuio t = 2

    Nvel de preciso selecionada = 10% (0,1)

    Com estas informaes pde-se calcular rea do extrato (N) e o erro permitido (E):

    rea do extrato (N) (rea do extrato x tamanho da parcela em ha = 10.000/0,04) =250.000

    Erro permitido (E) (mdia x nvel de preciso selecionado): 120,3 x 0,1 = 12,3

    Finalmente calculou-se nmero de parcelas requeridas para amostragem do estrato:

    Fonte: Adaptado de Person et al 2005

    = 28 parcelas

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    O guia UTMUTF recomenda estabelecer 10% a mais de parcelas do que aquantidade determinada (calculada), como precauo contra imprevistos futuros quepossam impedir a localizao de alguma das parcelas.

    Para facilitar a determinao de nmeros de parcelas requeridas, a organizaoWinrock International, desenvolveu a ferramenta Excel denominada Winrock TerrestrialSampling Calculator. Para mais detalhes sobre a ferramenta ver Anexo 5.4.

    II.4.d. Passos para definir a localizao e marcao dos limites dasparcelas

    Passo 1. Preparar o mapa do projeto com os limites (divises internas e externas)e seus estratos bem definidos

    Estabelecer a distncia recomendada do limite da rea de abrangncia do projeto paraevitar interferncia de outras atividades (mais conhecido como efeito bordadura). importante conhecer o histrico de uso da terra do local onde se estabelecer a parcela,evitando situar as parcelas em locais em que o uso do solo anterior foi totalmenteatpico ao restante da rea do estrato (ex.: devido ao acmulo de fertilizante).

    Passo 2. Decidir se as parcelas sero distribudas de forma aleatria simplesou sistemticaA localizao das parcelas pode ser realizada atravs da seleo aleatria simples

    ou sistemtica dos locais. Como j sabemos, a amostragem aleatria simples requerque todas as combinaes possveis de parcelas tenham igual chance de seremamostradas, sendo que a seleo deve ser livre de qualquer escolha e totalmenteindependente da seleo das demais parcelas (Ambiente Brasil 2008). Prodan ePeters (1997) recomendam a utilizao de amostragem aleatria simples quandonenhum outro tipo de desenho amostral garanta estimaes mais exatas e precisas(ver Figura 10). A amostragem sistemtica consiste na seleo de parcelas a partirde um esquema rgido e preestabelecido de sistematizao, com o propsito de cobrirtoda a extenso da rea do projeto.

    Em alguns casos especficos a localizao das parcelas pode ser mais fcil emuma amostra sistemtica do que em uma aleatria, uma vez que as unidades sodistribudas segundo uma orientao previamente determinada. Silva (1984) relataque o processo sistemtico pode, muitas vezes, superestimar o erro de amostragem,mas possibilita estimativa de mdia prxima do valor verdadeiro, visto que detecta amaior parte da variao populacional.

    Passo 3. Seleo dos locais e specficos para cada parcela

    A localizao das parcelas deve ser feita inicialmente no mapa da rea ou do estratoe aps na rea. Dividi-se o mapa em quadros ou polgonos, determinando um nmero

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    para cada quadrante. Para a seleo aleatria simples do local de uma parcela,realiza-se o sorteio de alguns destes nmeros. Tambm se pode realizar a localizaodiretamente em campo, como o caso da amostragem da vegetao de arbustosde pequeno porte, na qual o processo consiste em arremessar aleatoriamente omarco utilizado para demarcar a parcela. Entretanto, caso esta metodologia no sejaadequadamente empregada em campo, respeitando os critrios de probabilidade,

    esta pode passar a ser considerada um tipo de amostragem no aleatria por nopermitir que todas as parcelas tenham probabilidade de ser selecionadas. A seleoaleatria sistemtica consiste em localizar parcelas com um padro definido atravsda rea. Esta metodologia comumente utilizada por empresas florestais. Para ocaso de amostragens sistemticas que no sejam predefinidas utilizando um mapa,recomenda-se que as parcelas sejam posicionadas de forma ordenada a partir deum primeiro ponto determinado ao azar (aleatrio). O objetivo evitar a seleo dasmelhores reas (locais mais convenientes) para localizao das parcelas.

    De acordo com a metodologia florestal AR-AM0001 (Reflorestamento de TerrasDegradadas), deve-se assegurar que as parcelas amostrais estejam distribudas daforma mais uniforme possvel. Por exemplo, se um estrato consistir em mais de duasreas geograficamente separadas, prope-se que:

    n a rea total do estrato seja dividida pelo nmero de parcelas, obtendo-se area mdia por parcela;

    n a extenso de cada rea seja dividida por essa rea mdia por parcela, e a parteinteira do resultado atribuda a essa rea. Por exemplo, se a diviso resultarem 6,3 parcelas, ento 6 parcelas so atribudas a essa rea, a frao 0,3 passada para a prxima rea, e assim por diante.

    Figura 13.Representaode distribuioaleatria (ladoesquerdo) esistemtica (ladodireito)

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    queles que tenham acesso a um aparelho receptor de GPS (Sistema dePosicionamento Global) recomenda-se utilizar esta ferramenta para facilitar alocalizao e o estabelecimento de cada parcela. Entretanto, a demarcao dasparcelas no dever ser realizada utilizando o receptor de GPS porque isso aumentar

    em muito o tempo estimado para a coleta de informao.

    Passo 4. Demarcao dos limites das parcelasIndependente do tipo (aleatria ou permanente) cada parcela dever sergeoreferenciada com GPS num dos vrtices previamente definido, e corretamentedemarcada e sinalizada15 de forma a favorecer sua localizao durante o perodo(anos) de monitoramento. Para o caso de parcelas permanentes retangulares(comumente utilizadas em inventrios de plantaes florestais), recomenda-se fixarcanos de PVC ou piquetes de madeira resistente (de 0,5 a 1,0 m de comprimento) nos

    quatro vrtices da parcela. Aps estabelecido o primeiro vrtice de forma aleatria,os demais vrtices sero localizados utilizando uma bssola (Figura 14 b, c, d) paraorientar cada vrtice, e uma fita mtrica (Figura 14 a) para medir as distncias entreos vrtices.

    d. Bssola DigitalNoma

    a. Fita Mtrica b. Bssolaranger Silva

    c. BssolaBrunton

    Figura 14. Equipamentos utilizados para demarcar os limites das parcelasFonte: Terra Ges 2008

    15 Porm, as metodologias MDL recomendam usar uma demarcao discreta, para que o pessoal doprojeto no d s amostras um tratamento ou manejo diferente do restante das reas.

    Passo 5. Definio dos critrios de inclusoRecomenda-se que toda rvore cuja base do tronco esteja em parte ou em suatotalidade dentro da parcela seja includa, mesmo que o fuste e a copa estejam fora.Se o fuste e a copa estiverem dentro da parcela, mas a base estiver fora, a rvoreno ser includa.

    II.5. Determinao da freqncia de medies

    A freqncia de amostragem ser determinada pelo objetivo (ex. pesquisa ou venda decrdito de carbono) e tipo do projeto (ex. florestal ou agroflorestal), tipo de componenteamostrado, tipo de manejo (ex. perodos de desbaste e corte), velocidade e magnitude

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    da mudana no estoque de carbono, e exigncia do comprador de crdito. Geralmenteas amostragens so realizadas durante a etapa de verificao para a venda do crdito(temporal) de carbono. Esta geralmente realizada a cada cinco anos aps o incioda implementao do projeto.

    Para o caso de projetos com finalidade de pesquisa, para gerar modelos decrescimento e equaes alomtricas para uma determinada espcie florestal,recomenda-se medir a biomassa viva area em intervalos de um (principalmentenos primeiros 10 anos) a cinco anos (idades mais avanadas, em que o crescimentono to significativo).

    Para processos mais lentos ou estveis de acumulao de carbono (caso docarbono no solo) e principalmente, quando os custos de medies de campo so

    elevados, o intervalo de amostragem pode ser superior a cinco anos. Para estes tiposde reservatrios recomenda-se somente a medio no estabelecimento do projeto ena ultima verificao.

    II.6. Cuidados a serem tomados antes e durante a etapa de campo

    n O processo de medies em campo somente deve ocorrer quando estiverembem definidos os objetivos e os aspectos administrativos e logsticos do projeto,e quando sua execuo for requerida por razes tcnicas ou normativas.

    n Recomenda-se estabelecer um cronograma de campo adequado etapa deanlise de dados, evitando armazenar amostras de solo, razes e serrapilheirapor muito tempo antes de enviar ao laboratrio. A base de dados para inseririnformao que ser coletada em campo deve estar definida com antecedncia.Usualmente utilizam-se programas como Excel e/ou Access para compor basesde dados.

    n A equipe de campo deve ser devidamente treinada, tanto para recolher ainformao como para manipular as amostras, tendo o pleno conhecimentodos procedimentos necessrios, e principalmente, da importncia de coletar

    dados com a maior preciso possvel.n Recomenda-se instalar parcelas de prova (pr-testes) medindo todos os

    componentes selecionados.n Recomenda-se evitar ao mximo a troca dos membros da equipe, principalmente

    os responsveis pelo levantamento de informao subjetiva, como o caso damedio de altura de espcies florestais. O inventrio deve realizar-se quandoa equipe de campo possa trabalhar de maneira eficiente e segura.

    n Deve-se evitar tomar amostras em distintos perodos do ano, reduzindo assimvariaes estacionais.

    n Finalmente, deve-se ter em considerao que os mapas da rea e o uso deGPS so indispensveis

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    II.6.a. Coleta e armazenamento dasamostrasCada amostra retirada deve ser colocadanum saco adequadamente etiquetado

    (identificado). A etiqueta deve possuir umnmero especfico para cada amostra.Por sua vez, este deve coincidir com osdados de procedncia da amostra e tipode anlises a realizar. Esta informao registrada num formulrio de campo,enviado junto com as amostras aolaboratrio. O formulrio (Quadro 3)deve conter as seguintes informaes:

    n Nmero da etiqueta do sacon Nome ou cdigo da propriedaden Tipo de amostra (ex. serrapilheira; densidade aparente do solo, razes, etc.)n Profundidade da amostra (para o caso de razes e solo)n Cdigo do tipo de estraton Nmero da repetion Cdigo do tipo da parcela

    Quadro 3. Exemplo de formulrio com identificao de amostras de solo paraorientar a anlise de laboratrio para determinar a densidade aparenteutilizando trincheiras.

    # etiquetado saco

    Tipo deanlise

    Profundidade #Trincheira Repetio Estrato PropriedadeCdigoparcela

    900 Densidade 0-10 1 3 Bosque Chico Silva 309

    901 Densidade 10-20 1 3 Bosque Chico Silva 309

    902 Qumico 0-10 1 3 Bosque Chico Silva 309

    903 Qumico 10-20 1 3 Bosque Chico Silva 309

    II.7. Medio de dimetro e altura de rvores

    Prvio descrio dos procedimentos necessrios para a quantificao e omonitoramento de biomassa em campo, apresenta-se a seguir algumas instruesbsicas para a medio de dimetro e altura das rvores.II.7.a. Medio de dimetro de rvores

    O dimetro das rvores medido com a casca, altura do peito (1,3 m.), sendo

    portanto designado DAP. A exceo so os casos particulares apresentados na Figura16. A medio pode ser realizada com fita diamtrica (fita flexvel usada para medir

    Figura 15. Exemplo de armazenamento deamostras de solo

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    a circunferncia, proporcionando o resultado diretamente em unidades de dimetroem centmetros (Figura 17 a) ou com uso de uma suta (Figuras 17 b, c). Em algunscasos, principalmente para pesquisa, utilizam-se equipamentos especficos como odendrmetro de cinta16 (Figura 17 d).

    Figura 16. Medio correta de dimetro.Nas situaes 4, 7 e 8 a posio (b) considerada correta paramedir o dimetro.Fonte: Schlegel et al. 2001

    a

    b

    c

    d

    Figura 17. Instrumentos de medio de dimetro:a. Fita de dimetro; b. Suta de medio; c. Suta de medio digital;

    d. Dendrmetros de cintaFonte: Terra Ges 2008

    16 Os dendrmetros de cinta so equipamentos que servem para determinar os perodos de crescimentoda diferentes rvores da populao e consistem em micrmetros de preciso que se ajustam s rvores

    mediante uma cinta de metal cujo funcionamento semelhante ao de uma fita de dimetro que estpermanentemente ajustada ao tronco.

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    Figura 18. Ilustrao de medio de dimetro alturado peito utilizando suta em um individuo de pequeno

    grossor

    Figura 19. Ilustrao de dimetro ecircunferncia

    Figura 20. Medio com suta de umarvore de seco no-circularFonte: FAO 2004

    17

    Na matemtica, o nmero que representa o quociente entre o permetro de uma circunfernciae o seu dimetro. Entenda melhor o valor assistindo o vdeo: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4a/Pi-unrolled_slow.gif

    No existindo a possibilidade de adquiriruma fita diamtrica ou suta a opo mediro dimetro utilizando uma fita mtricaconvencional (utilizada pelas costureiras).Entretanto, deve-se converter o valor dacircunferncia a dimetro (Figura 19).

    Essa converso feita atravs da divisoda circunferncia pelo (PI)17 : D = C /Onde:D o dimetroC a circunferncia e (PI) equivale a 3.1415

    Caso utilizem a suta para rvores compermetros diamtricos no circulares (Figura

    20) devem-se medir os dois dimetrosperpendiculares, som-los, e depois dividirpor dois.

    II.7.b. Medio de altura de rvores

    A medio da altura das rvores realiza-se atravs de aparelhos como clinmetros(Figuras 21 a, c) e hipsmetros (Figuras 21 b, d). Os clinmetros so aparelhos

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    a. Clinmetro Sunntob. HipsmetroBlume-Leiss

    c. ClinmetroEletrnico Haglf

    d. HipsmetroVertex.

    Aparelhos Manuais Aparelhos Digitais

    Figura 21. Clinmetros e hipsmetros comerciaisFonte: Terra Ges 2008

    utilizados para medir altura e inclinao, e geralmente demandam uma cinta mtrica

    para estabelecer a distncia entre a rvore e a pessoa que realiza a medio. Oshipsmetros so aparelhos utilizados especificamente para medir alturas de objetos.A maioria dos hipsmetros dispensa a utilizao de fita mtrica para medio dadistncia.

    Em alguns casos, os aparelhos digitaisapresentam resultados de mediode alturas e ngulos diretamente nummostrador, eliminando qualquer risco deerros de clculo. Dois exemplos deste tipode aparelho so os Clinmetro EletrnicoHaglf (Figura 21 c) e o Hipsmetro Vertex(Figura 21 d). A Figura 22, a seguir, ilustra amedio utilizando o clinmetro eletrnicoVertex.

    No existindo a possibilidade de adquirir aparelhoscomerciais a opo construir um clinmetro.

    Existem algumas formas de clinmetro artesanais18,entre estas o clinmetro de papel (Figura 23)construdo utilizando um transferidor. No anexo 7apresenta-se um formato de clinmetro de papelque pode ser utilizado para medio de altura dervores.

    Figura 22. Medio de altura utilizando oclinmetro eletrnico VertexFonte: Experincia do projeto EnfoquesSilvopastoriles Integrados para el Manejo deEcosistemas, CATIE.

    Figura 23. Medio de alturautilizando clinmetro de papel

    18 Outra artesanal o clinmetro de madeira. Os procedimentospara a construo de um clinmetro de madeira podem ser

    encontrados no Websitehttp://hilaroad.com/camp/projects/clinometer/clinometer_use.html.

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    Passos para determinar a altura de rvores

    Passo 1. Tomar distncia suficiente darvore a ser medida (de 15 a 40 metros,

    dependendo da escala do aparelho e davisibilidade total que se tem da rvore).Realizar a medio da distncia (Figura24). Para reduzir erros de medio, adistncia deve ser aproximada alturada prpria rvore. O responsvel emregistrar os dados dever se posicionarna base da rvore a ser medida. O outromembro da equipe deve posicionar-sea uma distncia definida para realizaros prximos passos.

    Passo 2. Correo da inclinao doterreno (Figura 25, pontos a, b). Deve-se obter a distncia horizontal da rvoreselecionada apesar do grau de inclinaodo terreno (ex. 20 m). Quando o terreno plano, as distncias podem ser medidasdiretamente. Entretanto, se o terreno for

    inclinado ( 15 %), recomenda-se aplicarum fator de correo.

    A distncia entre dois pontos, medida em um terreno inclinado (d1) sempre sermaior que a distncia horizontal equivalente (h1). Desta forma, para obter a distnciacorreta, a distncia horizontal deve ser multiplicada por um fator correspondente inclinao. o ngulo entre a horizontal e a reta A-B: d1 = h1/coseno (). Paraagilizar as medies em campo pode-se utilizar o Quadro de Correo de Inclinao(Anexo 1).

    Figura 24. Medio de distncia da rvore

    Figura 25. Ilustrao sobre correo

    de inclinao

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    Figura 26. Observao e medio dongulo base da rvore utilizandoclinmetro de papel

    Figura 27. Observao e medio do nguloao topo da rvore utilizando clinmetro depapel

    Passo 3. Observao e medio dabase da rvore (Figura 26).

    Passo 4. Observao e medio do topo(ou altura comercial) da rvore (Figura 27).

    Passo 5. Clculo das medies (Figura 28): Soma(Figura 29 a) ou subtrao (Figura 29 b) dos resultadosde medio.

    Figura 29. Ilustrao sobremedio de alturaFonte: FAO 2004

    Figura 28. Clculo das medies de altura

    Passo 6. Correo da inclinaode rvores (Figura 29 d). Onde, H= Raiz (112+52)

    Para medir a altura de cada rvore utiliza-se a seguinte frmula:H = Tang.(X) * D

    Onde:

    H = altura em metros

    Tang. (X) = tangente de ngulo em grau

    D = distncia em metros.

    No Web site http://www.colouredchalk.co.uk/ideas/videos/clinometer.swf pode-seobservar um simples vdeo de como medir a altura de uma rvore.

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    III. MEDIO E ESTIMACO DE

    BIOMASSA ACIMA DO SOLO

    III.1. Biomassa arbrea

    Existem dois mtodos para medir eestimar a biomassa arbrea acimado solo: o mtodo direto e o indireto.O mtodo direto (ou destrutivo),utilizado para a construo deequaes alomtricas e fatores de

    expanso19 da biomassa, consisteem cortar um ou mais indivduos(rvores), determinar a biomassaatravs do peso direto de cadaum dos componentes (fuste,ramas e folhas) e extrapolar osresultados para a rea total. J omtodo indireto consiste em utilizarequaes ou fatores de expansoque permitam relacionar algumasdimenses bsicas obtidas emcampo (de fcil medio) com caractersticas de interesse, de forma que no sejanecessrio medir estas ltimas. Por exemplo, pode-se utilizar uma equao quepermita calcular a biomassa total de uma rvore atravs da medio de seu dimetro.Estas equaes so geradas por meio de uma tcnica estatstica chamada anlisede regresso.

    Neste guia descreveremos o mtodo indireto para estimar a biomassa acima dosolo de espcies arbreas e no arbreas, considerando equaes alomtricas jexistentes.

    As equaes alomtricas para estimar a biomassa arbrea acima do solo sofuno do tipo de vegetao e espcie medida (plantaes florestais em monocultivo,capoeira e bosques naturais, ou at mesmo para rvores dispersas) e tipo decomponente.

    19

    O fator de expanso de biomassa (FEB) multiplicado pelo volume do tronco de cada rvore permitindoestimar a biomassa area total. Este fator menos preciso, promovido e utilizado que as equaesalomtricas.

    Figura 30. Corte de rvore em segmentos para

    medio de um tronco para desenvolvimento deequao alomtrica

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    Caixa 7. Clculo de biomassa arbrea acima do soloutilizando equaoalomtrica genrica

    BASU = (dados dimensionais)Onde:BASU: a biomassa arbrea acima do solo de uma unidade, em kilogramas dematria seca por rvore (Kg. M.S./rvore); (dados dimensionais): uma equao alomtrica relacionando a biomassaacima do solo (Kg. M.S./rvore) aos dados dimencionais medidos em campo(ex. dimetro na altura do peito dap, e altura total da rvore ht, etc).

    Para mais detalhes consultar a seo VIII.

    Fonte: Adaptado de ARAM000121 2005

    III.1.a. Inventrio de biomassa em plantaes florestais

    Figura 31. Plantaes florestais comerciais de Bombacopsis quinatae Tectona grandis

    21 Metodologia revisada de linha de base de florestamento e reflorestamento:http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/51946.html

    Para o caso de plantaes florestais em monocultivo recomenda-se estabelecerparcelas quadrticas ou retangulares. O tamanho da parcela dever estar de acordocom o espaamento entre plantas (ex.: 2 x 2 m, 3 x 2 m) e o tamanho do DAP aser medido. Tendo em considerao o custo e tempo de estabelecer uma parcela,recomenda-se ter um mnimo de 20 rvores em cada parcela amostrada. Usualmente,para inventrios florestais de plantaes comerciais, utilizam-se parcelas de 10 X10 m (100 m2). Para facilitar a deciso sobre o tamanho da parcela pode-se utilizaras seguintes medidas: parcela de 2m x 2m para indivduos com dimetro menor ou

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    igual a 5 cm; 10 x 10 m para indiviuos com DAP entre 5 a 20 cm e, 25 x 25 m paraindiviuos com DAP maior a 20 cm de.

    Para estimar a biomassa total utilizam-se equaes alomtricas (Quadro 4) de

    acordo com a situao local (clima, ecossistema, espcie e dimetro).

    Quadro 4. Equaes alomtricas para estimar a biomassa acima do solo (kg dematria seca por rvore) em plantaes florestais comerciais(monocultivo)

    Equao alomtrica EspciesDimetros

    (cm)R2 Fontes

    Espcies Florestais Comerciais

    Y = 0,153 dap2,382 Tectona grandisb 10-59 0,98 1Y = 0,0908 dap2,575 Tectona grandisc 17-45 0,98 2

    Y = 0,0103 dap2,993 Bombacopsis quinhtum d 14-46 0,97 3

    Y = 1,22 dap2 HT 0,01 Eucalyptus sp. e 1-31 0,97 4

    Y = 0,08859 dap2,235 Pinus pinasterf 0-47 0,98 5

    Y = 0,97 + 0,078 SB 0,00094 SB2 +0,0000064 SB3

    Bactris gasipaesg 2-12 0,98 6

    Y = 3,84 + 0,528 SB + 0,001 SB2 Hevea brasiliensisg 6-20 0,99 6

    Y = 18,1 + 0,663 SB + 0,000384 SB2

    Bertholletia excelsag

    8-26 0,99 6Palmeiras

    Y = 0,182 + 0,498 HT + 0,049 (HT)2 Chrysophylla sp 0,5-10,0 0,94 7

    Y = 10,856 + 176,76 (HT) 6,898 (HT)2 Httalea cohune 0,5-15,7 0,94 7

    Y = 24,559 + 4,921 HT + 1,017 (HT)2 Sabal sp 0,2-14,5 0,82 7

    Y = 23,487 + 41,851 (ln(HT))2 Httalea phalerhta 1-11 0,62 7

    Y= 6,666 + 12,826 (HT0.5) ln(HT) Euterpe prechtoria 1-33 0,75 7

    Onde:

    Y = matria seca acima do solo, em kg de matria seca por rvoredap = dimetro altura do peito em cmHT = altura total da rvore, metros (nas palmeiras este o fuste principal, excluindo as folhas)SB = superfcie basimtrica, cm2

    e: 87 exemplares de 5 a 47 anos de idade.c: 9 exemplares de 20 anos de idade.d: 17 exemplares de 10 a 26 anos de idade.e: Valores agrupados para 458 exemplares de Eucalyptus ovhta, E. saligna, E. globuluse E. nitesde 2 a 5 anos deidade.f: 148 exemplares de 1 a 47 anos de idade.g: 7 a 10 exemplares de 7 anos de idade.Fontes: 1) Prez y Kanninen 2003; 2) Kraenzel et al. 2003; 3) Prez y Kanninen 2002; 4) Senelwa y Sims 1998;

    5) Ritson y Sochacki 2003; 6) Schroth et al. 2002.; 7) Delaney et al. 1999; Brown et al. 2001 Fonte: LUFUCF 2003

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    Caso utilizem-se equaes alomtricas retiradas da literatura recomenda-se verificara confiabilidade do modelo coletando de forma destrutiva indivduos (rvores) dediferentes tamanhos, dentro da rea do projeto, mas fora das parcelas de amostragem,estimando sua biomassa e comparando-a com o resultado da equao selecionada.

    A biomassa estimada deve estar dentro de uma margem de +/- 10% prevista pelaequao. A quantidade de rvores que devem ser coletadas para esta verificao deveestar, na medida do possvel, prxima ao nmero mnimo de rvores recomendadopelo modelo, ou, na sua ausncia desta informao, ao nmero de rvores utilizadopara construir o modelo. Esta verificao tambm depender da gama de categorias detamanhos e do nmero de espcies. Quanto maior for a heterogeneidade da floresta,maior ser a quantidade de rvores necessrias. Dentro do possvel, recomenda-setambm levar em considerao os seguintes critrios:

    n Utilizar equaes que tenham sido desenvolvidas em locais com condies

    climticas semelhantes rea do projeto;n Que parte das espcies utilizadas para desenvolver as equaes tambm esteja

    presente na rea do projeto; en Que as caractersticas (dimetro e altura) dos indivduos utilizados para

    desenvolver as equaes sejam semelhantes s caractersticas dos indivduosda rea do projeto.

    Caso contrrio, recomenda-se desenvolver equaes alomtricas locais. Osprocedimentos passo a passo para desenvolver equaes alomtricas de biomassasero apresentados na ltima seo deste guia.

    III.1.b. Inventrio de biomassa florestal em capoeira e bosque naturale sistemas agroflorestais