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Sumário: 1) Apresentação do comitê: História da OTAN A Organização do Tratado do Atlântico Norte foi fundada na ocasião da assinatura do Tratado do Atlântico Norte. A reunião para o tratado aconteceu em 4 de abril de 1949 e contava com 11 membros de Estados da América do Norte e Europa. A Aliança (como também é conhecida a OTAN) nasceu com 3 principais finalidades: deter o expansionismo soviético, impedir o renascimento do militarismo nacionalista através de uma forte presença norte americana e promover a integração política europeia. (OTAN, 2012, p.1) O tratado criou aliados, mas as ações da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), como a detonação da bomba atômica em 1949 e a Guerra da Coreia em 1950, forçaram a Aliança a criar uma estrutura para uma coordenação efetiva de ações militares. O primeiro comandante Supremo Comandante Aliado da Europa foi o general americano Dwight D. Eisenhower. Neste contexto de Guerra Fria, no qual as duas principais potências dividiam o mundo em polos antagônicos (capitalista e socialista), a OTAN adotou a doutrina estratégica da Retaliação em Massa, que consistia na seguinte ideia: se a URSS atacasse a Aliança responderia com armas nucleares. Com o lançamento do satélite Sputnik a organização começou a ampliar a sua gama de ação, criando o programa de ciência da OTAN. A Aliança pautava a suas ações focando-se no inimigo soviético, procurando se antecipar e responder de maneira eficiente aos

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Page 1: Guia de Estudos OTAN

Sumário:

1) Apresentação do comitê:

História da OTAN

A Organização do Tratado do Atlântico Norte foi fundada na ocasião da assinatura do Tratado

do Atlântico Norte. A reunião para o tratado aconteceu em 4 de abril de 1949 e contava com

11 membros de Estados da América do Norte e Europa. A Aliança (como também é

conhecida a OTAN) nasceu com 3 principais finalidades: deter o expansionismo soviético,

impedir o renascimento do militarismo nacionalista através de uma forte presença norte

americana e promover a integração política europeia. (OTAN, 2012, p.1) O tratado criou

aliados, mas as ações da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), como a

detonação da bomba atômica em 1949 e a Guerra da Coreia em 1950, forçaram a Aliança a

criar uma estrutura para uma coordenação efetiva de ações militares. O primeiro comandante

Supremo Comandante Aliado da Europa foi o general americano Dwight D. Eisenhower.

Neste contexto de Guerra Fria, no qual as duas principais potências dividiam o mundo em

polos antagônicos (capitalista e socialista), a OTAN adotou a doutrina estratégica da

Retaliação em Massa, que consistia na seguinte ideia: se a URSS atacasse a Aliança

responderia com armas nucleares. Com o lançamento do satélite Sputnik a organização

começou a ampliar a sua gama de ação, criando o programa de ciência da OTAN. A Aliança

pautava a suas ações focando-se no inimigo soviético, procurando se antecipar e responder de

maneira eficiente aos desafios de segurança impostos pelo inimigo. Esta situação permaneceu

até o dia 9 de novembro de 1989, data marcada pela derrubada do muro de Berlin. A máxima

cuidado com o que se deseja nunca fez tanto sentido para a OTAN. O inimigo estava vencido

e disto veio a pergunta: a Aliança Atlântica ainda era necessária? (OTAN, 2012, p.4).

A União Soviética chegou ao fim

(1991 até 2001 - falar das operações da OTAN e o papel dela na nova ordem mundial)

2001 – 2008 e atuação da OTAN( diversificação das atividades)

Page 2: Guia de Estudos OTAN

(Colocar fonte e traduzir)

O Comitê Militar

O Comité Militar é a mais alta autoridade militar e o órgão permanente mais antigo da Aliança depois do Conselho do Atlântico Norte, sendo que, ambos foram formados meses após a constituição da OTAN. Além disso, é nesta instância que acontece o aconselhamento militar às instâncias civis de tomada de decisões, a saber: Conselho do Atlântico Norte e Grupo de Planejamento Nuclear.

O Comitê Militar serve como elo entre o processo civil e militar da Aliança, sendo imprescindível a sua consulta antes da aprovação de qualquer decisão relativa a assuntos militares no âmbito do Conselho do Atlântico Norte. É de sua responsabilidade recomendar medidas para a defesa comum dos membros e para a implementação das missões e operações, auxiliar no desenvolvimento de conceitos estratégicos globais e preparar relatórios anuais sobre capacidades e força de regiões e países que sejam considerados de risco para os interesses da OTAN.

Em situações extremas, como tensões, crises e guerras, o comitê militar desempenha papel principal, elaborando recomendações sobre o uso da força militar, a implementação de planos de contigência, o engajamento e na própria avaliação da situação, como demonstrado na atuação da Aliança no Kosovo e no Afeganistão.

O CM é composto por altos oficiais militares (geralmente generais de três estrelas) dos países membros, que atuam como representantes militares dos países de origem. O representante

Page 3: Guia de Estudos OTAN

militar tem como função representar os interesses de cada membro, para que ocorra o debate de assuntos vitais por um corpo especializado, buscando-se alcançar o consenso. Em um nível superior estão os chefes das Forças Armadas, que diferente dos representantes que se reúnem constantemente, que se juntam apenas três vezes ao ano, sendo duas em Bruxelas e a terceira em bases rotativas.

Evolução dos conceitos estratégicos

O princípio do consenso

O artigo 5°

O artigo 5° do Tratado do Atlântico Norte evidencia a maior característica da OTAN, a

segurança comum.

As Partes concordam em que um ataque armado contra uma ou várias delas na Europa ou na América do Norte será considerado um ataque a todas, e, consequentemente, concordam em que, se um tal ataque armado se verificar, cada uma, no exercício do direito de legítima defesa, individual ou coletiva, reconhecido pelo artigo 51.° da Carta dias Nações Unidas, prestará assistência à Parte ou Partes assim atacadas, praticando sem demora, individualmente e de acordo com as restantes Partes, a ação que considerar necessária, inclusive o emprego da força armada, para restaurar e garantir a segurança na região do Atlântico Norte.Qualquer ataque armado desta natureza e todas mais providências tomadas em consequência desse ataque são imediatamente comunicados ao Conselho de Segurança. Essas providências terminarão logo que o Conselho de Segurança tiver tomado as medidas necessárias para restaurar e manter a paz e a segurança internacionais. (OTAN, 1945)

Este artigo foi invocado apenas uma vez em toda a história da OTAN, na ocasião dos

atentados de 11 de setembro, que vitimaram os Estados Unidos da América. Através dele,

estava assegurada a participação da Aliança na guerra ao terror.

Comando da Isaf

A Força Internacional de Assistência para Segurança (ISAF) é uma missão de imposição da

paz, realizada através da resolução 1386 do Conselho de Segurança das Nações (UNSC), em

20 de dezembro de 2001. A missão tinha como finalidade a manutenção da segurança em

Cabul e áreas próximas, prevista no anexo I do Acordo de Bonn. O objetivo era prover ajuda à

autoridade interina afegã na estabilização do país.

Em 2003, a Aliança aceitou o pedido da Organização das Nações Unidas e do governo da

República Islâmica do Afeganistão para liderar a ISAF, tendo em vista a expansão das

operações de manutenção da segurança nas áreas externas à Cabul e os esforços humanitários

e de reconstrução do território afegão.

Page 4: Guia de Estudos OTAN

2) Apresentação do tema

Afeganistão

Um histórico de conflitos

A insurgência não é novidade no Afeganistão. Em 1978, Hafizullah Amin ascendeu ao poder

através de um golpe de Estado e conduziu o país se baseando em uma ideologia marxista. As

reformas promovidas no Estado afegão se mostraram impopulares e neste contexto, que ainda

contava com a teocracia islâmica do Irã ao lado, dois grupos fundamentalistas se destacaram:

Jamiat-i-Islami (Sociedade Islâmica) e Hizb-i-Islami (Partido Islâmico). Estes grupos, mas

não apenas eles, decidiram enfrentar o novo governo através da força e revoltas eclodiram por

todo o território afegão. Os confrontos se intensificaram, dando a oportunidade perfeita para

que a URSS avançasse mais passo em seu processo de expansionismo, intervindo no

Afeganistão com o pretexto de salvar o regime lá instalado. No final de 1979,

aproximadamente 115 mil homens desembarcaram em território afegão, depuseram Amin e

entregaram o governo para Babrad Karmal.

Esta invasão e posterior ocupação, fizeram com que corresse no mundo islâmico um apelo

pela defesa do islã, que resultou no engajamento direto de milhares de muçulmanos, que se

deslocaram para o Estado afegão com o objetivo de derrubar o governo. Os muçulmanos

engajados nesta jihad ficaram conhecidos como mujahidin. Desta maneira, “a sólida

identidade cultural do Islã sobrepôs-se ao materialismo histórico da ideologia proletária”.

(VISACRO, 2009).

Apesar da ocupação do território afegão, a invasão soviética não conseguiu impedir que

diversos grupos armados continuassem a se insurgir contra o regime instalado, pelo contrário,

a invasão fez com que diversas tribos e classes sociais se engajassem ainda mais no objetivo

de expulsar o invasor. O inimigo em comum do povo afegão não foi suficiente para unir os

diversos grupos.

A fragmentação da luta armada, sem dúvida, permaneceu como uma das principais características da resistência afegã. Se, por um lado, o grande número de grupos e facções guerrilheiras, muitas delas com um longo histórico de antagonismo e divergências, comprometia a sinergia e o máximo desempenho da resistência, por outro, entretanto, impedia que os soviéticos obtivessem uma vitória decisiva, defrontando-se contra uma única ameaça (VISACRO, 2009, p 205)

O exército vermelho lutava contra vários inimigos, em várias frentes dentro do Afeganistão e

isso tornava a insurgência afegã difícil de combater. Mas este não foi o único ponto favorável

Page 5: Guia de Estudos OTAN

aos mujahidin, havia também o envolvimento de outros Estados neste conflito, ainda que

indiretamente (com o envio de material bélico e ajuda financeira), como Estados Unidos da

América, Reino Unido, Arábia Saudita, Egito, Irã, Paquistão e China.

O exército soviético estava engajado em uma luta totalmente diferente das batalhas na Europa

na Segunda Guerra Mundial, o inimigo usava táticas de guerra irregular como atacar e fugir,

sabotagem da estrutura, emboscadas de pequenas guarnições, dentre outras. Além de enfrentar

um inimigo diferente do costumeiro, os soviéticos ainda padeciam de um problema interno: a

organização rígida do exército vermelho. Com formações extensas, apoiadas por grandes

divisões mecanizadas, com pouca liberdade de ação nos níveis mais baixos da hierarquia, os

soviéticos se viam incapazes de lidar com o inimigo que se movia rápido, que usava da

surpresa como grande arma e principalmente poderia atacar qualquer lugar.

Incapazes de lidar com esse tipo de ameaça os soviéticos passaram a usar de artilharia pesada

em suas incursões, usar de armas químicas e biológicas em lugares onde eles acreditavam que

os rebeldes estariam escondidos para disseminar o medo e acabar com o apoio da população

afegã. Há, também, diversos relatos de estupros, roubos, tortura e diversos outros crimes de

guerra cometidos pelos soviéticos. Todos estes fatores fortaleceram a luta dos mujahidin (que

contavam com meios limitados e contingente bem inferior ao do exército vermelho) e fez com

que o grande exército vermelho se retirasse completamente do território afegão em 15 de

fevereiro de 1989.

Após a retirada do exército vermelho o Afeganistão se voltou para as disputas internas, com

as divergências entre os líderes tribais, os comunistas nativos e lideranças criadas no conflito

com os soviéticos. Burhanuddin Rabbani conseguiu juntar diversos comandantes mujahidin e

realizou a tomada de Cabul. Rabbani conseguiu manter seu controle de parte do território

afegão até meados de 1996, quando Mulá Omar Akhund e seus seguidores tomaram o poder.

Estava estabelecido ai o governo Talibã, que nesta época controlava cerca de 80% do

território afegã, sendo desafiado apenas por Ahmad Shah Massoud, que controlava a região

do vale do Panjshir.

O talibã

O Talibã (traduzido como estudante islâmico) teve seu início em Kandahar como um

movimento estudantil que era orientado pelo madrassas. Desde seu início ele tinha o apoio do

serviço interno de inteligência (ISI) do Paquistão. Após a tomada da região de Kandahar “o

ISI virou-se contra o primeiro-ministro do governo Rabbani, em Cabul, e começou a apoiar e

armar o Talibã” (ATWAN, 2008, p.93)

Page 6: Guia de Estudos OTAN

O governo Talibã tinha por principal característica o ultraconservadorismo baseado no islã. O

Mulá Omar promoveu diversas mudanças no Afeganistão baseadas em seu

ultraconservadorismo, afastando o país do resto do mundo, e usando da força para concretizá-

las.

A invasão (até 2003)

A situação atual (2003 até 2008) (colocar os mapas de localização das atividades da OTAN)

3) A guerra irregular

Escrever sobre cada característica:

Necessidade de um ambiente político, social, histórico e cultural favorável

Menor relevância dos aspectos militares

Preponderância dos processos indiretos

Estratégia prolongada

Ações táticas efêmeras

Não-linearidade

Difícil detectabilidade

Busca de resultados psicológicos nas ações de combate

Ausência de padrões rígidos de planejamento e execução

Insurbodinação a restrições legais

Individualidade

Maior proximidade entre os níveis políticos estratétigo e tático

Economia de forças

Desenvolvimento em fases

Indefinição entre campos de segurança interna e da segurança pública

Dicotomia dos parâmetros operacionais

Subordinação dos objetivos militares aos objetivos políticos

Forças irregulares

Força de guerrilha Força de sustentação Força subterrânea

Ambiente

operacionalUrbano ou rural

Forma de atuação Ostensiva Clandestina

Organização Paramilitar Compartimentada em

comitês,

normalmente

Compartimentada em

células

Page 7: Guia de Estudos OTAN

definidos segundo

bases político

administrativas e/ou

territoriais

Localização Sobrepostas geograficamente

Desdobrada em áreas

interditadas às

unidades de guerrilha

AutonomiaDependente direta do

apoio da populaçãoSegmento de apoio Autossuficiente

Atividades principaisOperações de

combate

Apoio à força de

guerrilha

Subversão sabotagem

e terrorismo

(visacro, p 264)

Guerrilha

A guerrilha é uma forma de guerra irregular que “fundamenta-se na surpresa, rapidez, ataque

a pontos fracos, familiaridade com o terreno e, sobretudo, no apoio da população.”

(VISACRO, 2009, p. 261).

A guerrilha é um tema recorrente quando de guerra assimétrica. A relação desigual de forças

entre os exércitos regulares e a guerrilha obriga os últimos à se orientar por uma série de

princípios descritos em diversos manuais ou guias sobre a guerrilha. Dentre os autores mais

conhecidos desta modalidade de guerra irregular pode-se citar: Ernesto “Che” Guevara,

Carlos Mariguella, Thomas Edward Lawrence (ou Lawrence da arábia), Vo Nguyen Giap e

Mao Tsé-tung. É recorrente entre estes autores com experiência de campo considerar a

guerrilha como uma fase para se chegar à guerra convencional, podendo-se citar um trecho

selecionado do livro guerra de guerrilhas, manual elaborado por Che Guevara: “que fique bem

estabelecido que a guerra de guerrilhas é uma fase que não tem por si só, oportunidade de

chegar à vitória, é uma das fases primárias da guerra” (GUEVARA, 1968, p.6).

Mas, como em qualquer assunto relativo à guerra, é preciso se ter cuidado e, neste ponto em

específico a guerrilha no Afeganistão teve suas particularidades. Na luta contra os soviéticos a

resistência afegã não chegou a estabelecer um exército e muito menos a lutar a guerra

convencional. Foi utilizada a tática da guerra de atrito, onde eleva-se os custos da manutenção

do conflito, ou seja, ou afegãos não precisavam ganhar a guerra, elas apenas precisavam não

perde-la. Os mujahidin tinham que continuar lutando mesmo sem se engajar em uma batalha

decisiva, pois a tática empregada naquele momento consistia em tornar a continuação do

Page 8: Guia de Estudos OTAN

conflito mais custoso do que a retirada, dando a impressão que as hostilidades continuariam

por muito tempo sem que lado nenhum vencesse.

Não cabe aqui a análise de todas as particularidades das diversas guerrilhas, mas é importante

ressaltar que cada conflito exige a análise do contexto e de suas características, e lembrando

dos escritos de Sun Tzu, no livro a arte da guerra: Se conheceres o inimigo e a ti mesmo, não

temas o resultados de cem batalhas. Se conheceres a ti mesmo, mas não o inimigo, para cada

vitória também sofrerás uma derrota. Se não conheceres a ti mesmo nem o inimigo,

sucumbirás a todas as batalhas.(TZU, 2011, p.58)

Fase Ações Observação

Preparação

- Conspiração política

- Subversão

- treinamento de quadros.

- Obtenção e estocagem de suprimentos

- Ausência de ações armadas

Combate

subterrâneo

- Emprego de violência sem caracterizar

ações de combate.

- Emprego da “propaganda armada”

- Realização de incursões armadas,

emboscadas, assassinatos, sequestros,

atos de terrorismo e sabotagem.

- Não caracteriza

formalmente um conflito

militar, pois para pelo menos

uma das partes é conveniente

negar a existência da

beligerância

- Emprego de pequenos

grupos ou células.

- Os grupos irregulares detêm

a iniciativa.

- A maior parcela da

população ainda é neutra em

relação ao conflito.

Transição para o

combate aberto

- Ampliação das formações irregulares

com a criação de unidades e grandes

unidades de guerrilha.

- Aquisição de capacidade de realizar

ataques sucessivos contra posições

inimigas

- Não significa o fim do

combate subterrâneo

- As forças irregulares

passam a contar com a

simpatia popular, exercendo

o controle direto sobre

Page 9: Guia de Estudos OTAN

- Realização de combates de maior

envergadura, sem oferecer às forças

convencionais batalhas decisivas.

parcela da população.

- Ocorrência de áreas

liberadas.

Combate aberto

- Combates convencionais de grande

envergadura, com a realização de

batalhas decisivas.

- Caracteriza o “conflito

armado não internacional”

(Heydte, 1990) colocar fonte completa

(colocar esta imagem em forma de texto, Peu (04/05)) (colocar fonte Visacro)

A importância da população

Para uma guerrilha é essencial que haja o apoio da população, tanto que “Mao, com muita

propriedade, comparou os guerrilheiros a peixes e a população, às águas do mar” (VISACRO,

2009, p.83). Neste quadro pode-se entender as diferentes possíveis contribuições da

população civil.

Apoio da população

Sistema operacional Contribuição no nível tático

Manobra - Permite compensar a grande mobilidade tática das

Page 10: Guia de Estudos OTAN

unidades convencionais decorrente de sua superioridade

tecnológica.

- Proporciona liberdade de movimento aos militantes das

forças irregulares, sobretudo no combate subterrâneo.

-Oferece guias nativos, conhecimento detalhado e prévia

preparação do terreno.

-Oferece locais de esconderijo inusitados e refúgios

ativos às forças irregulares

Inteligência

- Proporciona informações atualizadas sobre o inimigo e

terreno.

- Apoia os esforços de coleta e busca de dados sobre o

inimigo e a área de operações.

- Apoia os esforços de contrainteligência: proporciona

segurança e alerta as forças irregulares; permite a

disseminação de falsos boatos; torna difícil a

identificação de agentes subversivos, guerrilheiros,

terroristas ocultos entre os habitantes locais.

- Facilita a avaliação de impacto das companhas de

operações psicológicas.

Logística

- Fornece gêneros de subsistência e outros itens logísticos

encontrados no interior da própria área de operações,

permitindo o uso de recursos locais e simplificando o

aparato logístico.

- Oferece suporte às atividades logísticas de suprimento,

saúde, manutenção e transporte, por meio da utilização de

uma rede de apoios locais.

- Oferece recursos humanos para o recrutamento de

novos militantes.

- Permite a obtenção de receita, por meio de exercícios de

atividades lícitas e ilícitas.

Comando e controle (C²) - Permite uso de mensageiros e processos expeditos,

cobertos e/ou clandestinos para a transmissão de

mensagens, ordens e alertas.

Page 11: Guia de Estudos OTAN

- Permite o uso da infraestrutura local de

telecomunicações (telefonia, estações de rádio, emissoras

de radiofusão, serviços postais e etc).

Mobilidade, contramobilidade e

proteção

- Facilita a execução de sabotagens e atos de destruição

contra a infraestrutura de transporte inimiga.

- Permite a interdição de áreas, o bloqueia de ruas,

estradas e vias de acesso, por meio da realização de

distúrbios civis, da construção de barricadas e obstáculos

( para a tropa de pé, viaturas e pouso de aeronaves) ou,

ainda, com a execução de destruições e outros trabalhos

de organização do terreno.

- Permite o uso da população local como “escudo

humano”, aumentando os riscos de baixas civis e

agravando os ditos “efeitos colaterais” dos bombardeios

de artilharia de forças regulares.

Apoio de fogo

_ Facilita a realização de atentados, por meio de emprego

de carros-bomba, homens-bomba e etc.

Facilita o transporte clandestino e o pré-posicionamento

de armas e munições de grosso calibre, morteiros e

canhões, antes de ataques guerrilheiros e/ou terroristas.

- Facilita a ocultação de armas pesadas, após a realização

dos ataques.

Defesa antiaérea

Permite o uso da população como “escudo humano”

também durante a execução de bombardeios inimigos.

- Facilita o monitoramento de aeródromos militares e

bases aéreas, oferecendo alerta oportuno sobre a

decolagem de aeronaves inimigas.

- Facilita a aproximação e a execução de ataques com

corteiros e rojões contra as pistas de pouso e decolagem,

hangares e os pátios de estacionamento de aeronaves.

- Facilita a aproximação de armas antiaéreas portáteis nas

cercanias dos aeródromos e seu emprego durante os

pousos e decolagens de aeronaves inimigas.

(visacro, p 239)

Page 12: Guia de Estudos OTAN

Terrorismo

O uso do terror como arma não é um fenômeno recente. A origem da expressão terrorismo se

deu na Revolução Francesa, onde Robespierre “acreditava que o terror era um meio

justificável de destruir os que se opunham ao seu domínio” (WILLIAMS E MEAD, 2010,

p.19). Mas a origem do fenômeno terrorismo remonta há tempos remotos, com grupos como

os sicários, zelotes e o clã dos Assassinos.

O terrorismo nos moldes atuais, de certa forma, foi inaugurado por Carlos Piscane, que

acreditava que o uso do terror é capaz de transmitir uma mensagem e angariar apoio para uma

certa causa. O terrorismo, ao longo do tempo, tem sido utilizado por diversos grupos com

diferentes motivações e, principalmente, com múltiplos tipos de ataque.

Definições de terrorismo

O Atentado terrorista

Pode-se avaliar um ataque pelo material usado (bombas caseiras, armas químicas, explosivos

plásticos, dinamite e etc), pela forma do ataque (homem-bomba, carro-bomba, maletas

explosivas e etc), pelo número de vítimas e etc. Mas independente do material usado, forma

de ataque ou do número de vítimas, um atentado não se resume apenas ao momento em que

ele foi realizado. Há três fases em um atentado que podem ser compreendidas através do

quadro:

Fase preparatória (“antes’) Crise / Ataque (“durante”)Fase de consequências

(“depois”)

Atividades terroristas:

- desenvolvimento de

capacidades;

- recrutamento;

- treinamento;

- arrecadação de verbas;

- pesquisa e

desenvolvimento;

- aquisição de materiais;

- coleta de inteligência;

Deslocamento final

Reunião

Montagem do equipamento

Reconhecimento final

Execução

Extração

Exfiltração

Regeneração das

capacidades

Avaliação das

consequências

Análises das operações

Operações de informação

Page 13: Guia de Estudos OTAN

- planejamento;

- deslocamento;

estratégico/bases;

- estabelecimento de uma;

rede;

- reconhecimento;

- contra-inteligência;

- operações de informação

Quadro 1- Cronologia de um ataque terrorista.

Fonte: SMITH, 2003

A primeira fase do atentado demanda esforços no sentido da preparação do ataque.

Exemplificando com o caso dos atentados de 11 de setembro, foi preciso que os terroristas

aprendessem a pilotar um avião, se mantivessem fora de suspeita para a polícia, dinheiro para

todas as necessidades e etc.

A segunda fase, o durante, é onde todo o planejamento é executado. O momento de estacionar

o carro bomba ou do deslocamento do homem-bomba. Este é o momento crucial do atentado.

A terceira fase, serve para a avaliação, tanto do método usado, de como a mensagem foi

passada e recebida pela população e principalmente este é o momento da avaliação das

consequências. Abordando novamente os 11 de setembro, uma consequência direta do

atentado foi a invasão ao Afeganistão.

Há, ainda, atentados que não se submetem ao controle forte do grupo terrorista, como os lobos

solitários. Alguns grupos como a Al-Qaeda usam de treinamento pela internet e financiamento

e se limitam a isso, sendo os demais parâmetros do ataque de escolha do terrorista.

Terrorismo e mídia

Al-Qaeda

Líderes Osama bin Laden e Ayman al-Zawahiri

Fundação Década de 1980

Base

A Al-Qaeda é um grupo de células independentes, ou unidades,

operando em vários momentos em muitos países: Afeganistão,

Arábia Saudita, Bósnia, Sudão, Iraque, Estados Unidos e Reino

Unido.

Objetivo Formada inicialmente para apoiar o Mujahedin antisoviético no

Page 14: Guia de Estudos OTAN

Afeganistão, com bin Laden passando a se manifestar contra a

presença de tropas americanas na Arábia Saudita, lançando uma

“fatwa”, ou ordem religiosa, de matar todos os americanos e seus

aliados

Ataques

Responsável por dúzias de atentados terroristas no mundo todo a

partir de 1992. Os maiores foram: as bombas no World Trade

Center em 1993, bombas nas embaixadas americanas na África

em 1998, bombas no navio de guerra USS Cole em 2000 e, mas

espetacularmente, os ataques de 11 de setembro nos Estados

Unidos, em 2001. Desde então acredita-se que tenha planejado

muitos outros ataques, em união com outros grupos islâmicos,

incluindo bombas em Bali em 2002 e 2005, as bombas em Sharm

el-Sheikh em 2005 e as bombas em Londres em 7 de julho de

2005.

(Williams e Head, 2010) colocar fonte completa

Sabotagem

A guerra de 4ª geração

Redes de apoio

Táticas de combate à guerra irregular

Contrainsurreição

Práticas malsucedidas Práticas bem-sucedidas

- Supremacia da direção militar da

contrainsurreição.

-Priorização em “matar/capturar” o inimigo,

em vez de interagir com o povo.

- Priorização das operações conduzidas no

escalão batalhão

- Concentração de unidades militares em

grandes bases para serem protegidas.

- Priorização das forças especiais para

incursões.

-Ênfase nas operações de inteligência

- Enfoque na população

- Manutenção dos insurretos isolados da

população (controle da população)

- Adoção de uma autoridade central única

(líder carismático / dinâmico)

- Condução de operações psicológicas

amplas e eficazes.

- Concessão de anistia e reabilitação para

insurgentes.

Page 15: Guia de Estudos OTAN

-Baixa prioridade para a designação de

assessores.

- Criação e adestramento do exército nativo

nos moldes do Exército americano

- Procedimento do governo igual aos tempos

de paz.

- Abertura de fronteiras, espaço aéreo e

litorais

- Apoio militar às lideranças policiais.

- Aumento e diversificação da força policial.

- Reorientação das forças militares

convencionais para contrainsurreição.

- Estabelecimento de assessores das forças

especiais junto às forças nativas.

- Negação de refúgios para insurretos.

Military review, 2005

4) CONCEITOS:

Fatwa

GuerraA guerra é um ato de força para compelir o nosso inimigo a

fazer a nossa vontade.

Guerra de resistência:

Trata-se do conflito armado conduzido por nacionais contra

uma ocupação estrangeira. Tem por objeitovo restabeler as

garantias de sobrevivência da população, a integridade

territorial,a unidade política, a soberania e/ou a independência,

total ou parcialmente comprometidos pela intervenção externa

Guerra Não-Convencional

“Um amplo espectro de operações militares e paramilitares,

normalmente de longa duração, predominantemente conduzida

através, com ou por forças nativas ou subversivas, organizadas,

treinadas, equipadas, apoiadas, e direcionadas em vários graus

por fonte externa. Inclui, mas não se limita, a guerra de

guerrilhas, subversão, sabotagem, atividades de inteligência, e

recuperação assistida não-convencional.

Guerrilha

É um dos processos empregados pela insurreição ou subversão

para alcançar seus objetivos. Consta de operações de natureza

predominantemente militar, caracterizadas pelo grande emprego

de táticas não-ortodoxas, levadas a efeito por forças irregulares,

agindo seja independentemente, seja em conjunto com forças

regulares

Jihad

Page 16: Guia de Estudos OTAN

Missão de imposição da

paz

Imposição da paz envolve a aplicação de uma série de medidas

coercitivas, incluindo o uso da força militar. É necessária a

autorização explícita do Conselho de Segurança.

É usada para restaurar a paz e segurança internacionais em

situações em que o Conselho de Segurança decidiu agir em face

de uma ameaça à paz, ruptura da paz ou ato de agressão. O

Conselho pode utilizar, quando apropriado, de organizações

regionais e agências para uma ação coercitiva sob a sua

autoridade e em conformidade com a Carta das Nações Unidas.

Terrorismo

o uso ilegal ou ameaça de uso da força ou violência contra

pessoas ou bens na tentativa de coagir ou intimidar governos ou

sociedades para atingir o objetivo político, religioso ou

ideológico.

Guerra:

(CLAUSEWITZ, Da guerra, p 7)

Terrorismo: (OTAN)

Geuerra de resitência (VISACRO, p 223)

Guerra Não-Convencional Rafael àvila apud DOD Dictionary of Military and Associated Terms

Fatwa

Jihad

Engajamento

Guerrilha: Rafael ávila apud Manual de Guerrilha – Exército Brasileiro Gal. Meira Mattos

Extremismo

Missão de imposição da paz: http://www.un.org/en/peacekeeping/operations/peace.shtml

Page 17: Guia de Estudos OTAN

Bibliografia:

Organização do Tratado do Atlântico Norte, A short history of NATO. Bruxelas, 2012. Disponível em: <http://www.nato.int/nato_static/assets/pdf/pdf_publications/20120412_ShortHistory_en.pdf>

VISACRO, ALESSANDRO. Guerra irregular. São Paulo: Editora Contexto, 2009.

ATWAN, ABDEL BARI. A história secreta da Al-Qaeda. São Paulo: Editora Larousse do Brasil. 2008

WILLIAMS, ANNE e HEAD, VIVIAN. Ataques terroristas. São Paulo: editor Larousse do Brasil. 2010

CHE GUEVARA, Ernesto. Guerra de Guerrillas. Montevideo: Ediciones Provincias Unidas, 1968.

TZU, SUN. A arte da guerra. São Paulo: Hunter Books, 2011.