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Outubro 2009 – Este suplemento faz parte integrante da Vida Económica nº 1314, de 25.09.2009 Fiscalidade p. 18 Legislação torna fusões e cisões mais rápidas e baratas O afastamento dos representantes das organizações profissionais de inscrição não obrigatória da nova estrutura da Comissão de Normalização Contabilística (CNC) não é compreensível e resulta na falta de democraticidade num órgão im- portante para a actividade contabilística. O fiscalista Rogério Fernandes Ferreira lamenta esta atitude e também é crítico quanto à passagem da Câmara dos Téc- nicos Oficiais de Contas a Ordem. Com o novo modelo funcional da CNC, considera que sai prejudicado o próprio Sistema de Normalização Contabilística, com uma clara redução do grau de parti- cipação. Desta forma, a CNC passou a ser “mais pobre”, referiu Rogério Fernandes Ferreira à “Contabilidade & Empresas”. Quanto à passagem da câmara a ordem, mantêm-se as dúvidas em termos de compatibilidade com a Lei nº 6/2008, acreditação de cursos ou responsabili- dades acrescidas dos técnicos oficiais de contas. Também se revela preocupado com os desacordos que existem no seio dos profissionais, numa altura em que é essencial juntar esforços. Contabilidade p. 5 TOC exerce uma função de alto risco O técnico oficial de contas exerce uma função de alto risco. Tem obri- gações cada vez maiores perante as partes, o mercado em que opera é complexo e as responsabilidades são acrescidas. Esta a perspectiva de Pereira Silvão, presidente do Conselho Disciplinar da CTOC. Quanto à passagem da câmara a ordem, considera que é um passo de extrema importância para o sector. O profissional terá mais importância e visibilidade, o que resultará em claras mais-valias a todos os níveis. Sectores p. 10 SNC implica riscos acrescidos para os ROC O Sistema de Normalização Contabi- lística terá um impacto significativo na profissão dos revisores oficiais de contas. A Ordem está a proceder às alterações tidas como necessárias, mas admite que se colocam novos e difíceis desafios aos profissionais. A OROC está em processo de reformu- lação dos regulamentos, será publica- do um novo Código de Ética e serão incrementadas as acções de formação. A entidade está também decidida a acompanhar a nova supervisão. Fica o aviso para que os revisores não contem com facilidades e que não esperem ser justamente recompensados pela sua actividade. p. 4 Análise p. 12 A redução de custos e o uso das novas ferramentas de gestão Há falta de democraticidade na composição da CNC Rogério Fernandes Ferreira

Há falta de democraticidade

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Democracia

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Page 1: Há falta de democraticidade

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Fiscalidade p.18Legislação torna fusões e cisões mais rápidas e baratas

O afastamento dos representantes das organizações profissionais de inscrição não obrigatória da nova estrutura da Comissão de Normalização Contabilística (CNC) não é compreensível e resulta na falta de democraticidade num órgão im-portante para a actividade contabilística. O fiscalista Rogério Fernandes Ferreira lamenta esta atitude e também é crítico quanto à passagem da Câmara dos Téc-nicos Oficiais de Contas a Ordem.Com o novo modelo funcional da CNC, considera que sai prejudicado o próprio Sistema de Normalização Contabilística,

com uma clara redução do grau de parti-cipação. Desta forma, a CNC passou a ser “mais pobre”, referiu Rogério Fernandes Ferreira à “Contabilidade & Empresas”. Quanto à passagem da câmara a ordem, mantêm-se as dúvidas em termos de compatibilidade com a Lei nº 6/2008, acreditação de cursos ou responsabili-dades acrescidas dos técnicos oficiais de contas. Também se revela preocupado com os desacordos que existem no seio dos profissionais, numa altura em que é essencial juntar esforços.

Contabilidade p.5TOC exerce uma funçãode alto risco

O técnico oficial de contas exerce uma função de alto risco. Tem obri-gações cada vez maiores perante as partes, o mercado em que opera é complexo e as responsabilidades são acrescidas.Esta a perspectiva de Pereira Silvão, presidente do Conselho Disciplinar da CTOC. Quanto à passagem da câmara a ordem, considera que é um passo de extrema importância para o sector. O profissional terá mais importância e visibilidade, o que resultará em claras mais-valias a todos os níveis.

Sectores p.10SNC implica riscos acrescidos para os ROC

O Sistema de Normalização Contabi-lística terá um impacto significativo na profissão dos revisores oficiais de contas. A Ordem está a proceder às alterações tidas como necessárias, mas admite que se colocam novos e difíceis desafios aos profissionais.A OROC está em processo de reformu-lação dos regulamentos, será publica-do um novo Código de Ética e serão incrementadas as acções de formação. A entidade está também decidida a acompanhar a nova supervisão. Fica o aviso para que os revisores não contem com facilidades e que não esperem ser justamente recompensados pela sua actividade.

p.4

Análise p.12A redução de custos e o usodas novas ferramentas de gestão

HáfaltadedemocraticidadenacomposiçãodaCNC

Rogério Fernandes Ferreira

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Page 3: Há falta de democraticidade

Sumário

Contabilidade & Empresas - Outubro 2009 - 3

Guilherme Osswald

Contabilidade & EmpresasRua Gonçalo Cristóvão, 111 - 6º Esq.4049-037 PortoTel.: 223 399 400 • Fax: 222 058 098

Editorial

Guilherme Osswald

EntrevistaHá falta de democraticidadena composição da CNC

ContabilidadeTOC exerce uma função de alto risco

APOTEC diz que lei foi desrespeitadana passagem da CTOC a Ordem

SectoresAdministração tributária acede directamente a contas bancárias

SNC implica riscos acrescidospara os revisores ofi ciais de contas

Impostos sobre imóveis“estrangulam” indústria da construção

Informáticana ContabilidadeBoa gestão do parque informático permite poupança energética de 75%

Internet está menos segurado que nunca

FiscalidadeComissão restringe fraudee evasão de IVA

Legislação torna fusões e cisõesmais rápidas e baratas

Consultório

4

5

8

Muita parra e pouca uvaO Governo aprovou algumas medidas de derrogação do sigilo bancá-

rio, a par da tributação a uma taxa especial especial sobre os acrés-

cimos injustifi cados superiores a 100 mil euros. Desde logo, importa

distinguir claramente as duas áreas que estão em causa. Depois,

parece evidente que se poderia ter ido bastante longe no combate à

fraude e à evasão fi scais. E fi ca por esclarecer até que ponto a admi-

nistração fi scal poderá ir para além das suas competências.

Têm razão os especialistas e fi scalistas que afi rmam que o levanta-

mento do sigilo bancário tem que ir mais longe. É um facto que estão

a ser dados passos importantes, só que continuam a ser bastante

tímidos. Existem instrumentos e condições para tornar o combate

mais assertivo. Trata-se de uma “guerra” que só faz sentido quando

existir uma concertação a nível europeu. Depois, os governos nacio-

nais têm que avançar com medidas objectivas.

O cruzamento de dados pode ser utilizado para se ir bastante mais

longe. Os sinais exteriores de riqueza são outro aspecto ainda muito

mal esclarecido. Também haveria que justifi car a proveniência de

depósitos a partir de uma quantia relativamente baixa, como sucede

nos Estados Unidos. Finalmente, os “paraísos fi scais”, ainda que fora

de acordos, podem ser mais controlados. Muito depende da forma de

operar das entidades bancárias. E, como é sabido, estas ainda gozam

de uma certa liberdade de movimentos que não se justifi ca.

Quanto ao segundo aspecto, chega a ser caricato o facto de alguém

obter 100 mil euros de forma ilegal e, em “recompensa”, ser tributado

a uma taxa de 60%. Se se trata de ganhos ilegais, pura e simplesmente

deveriam estar sujeitos aos cânones da Justiça Criminal. Mais não

é que uma forma encapotada de garantir mais receita para os cofres

do Estado. Mais uma vez, há uma inversão de princípios que não se

entende e que pode abrir precedentes de risco.

17

14

20

Page 4: Há falta de democraticidade

4 - Contabilidade & Empresas - Outubro 2009

Actualidade

NORMALIZAÇÃO

A recomposição da Comissão de Normalização Contabilística (CNC) merece críticas por parte do fi scalista Rogério Fernandes Ferreira. Em causa o afastamento dos representantes das organizações profi ssionais de inscrição não obrigatória da nova estrutura. Quanto ao Sistema de Normalização Contabilística (SNC), independentemente do mérito das soluções apresentadas, “a assimilação do novo normativo contabilístico e das novas regras fi scais conformes ao mesmo, por parte dos diversos intervenientes, carece de tempo para a sua integral compreensão, criando inevitáveis dúvidas de interpretação”.

A reformulação da CnC peca por defeito, sem necessi-dade, na óptica de rogério

Fernandes Ferreira. Com o afas-tamento de algumas organizações da comissão, é o próprio snC que sai prejudicado. acontece que diminuiu o grau de participação, de democraticidade, de abertura e, porventura, de “cientifi cidade” da nova comissão. “É, portanto, a todos os níveis – e sem desprestí-gio para quem passa a integrá-la – uma CnC mais pobre.” ainda no âmbito das várias al-terações verifi cadas no sector da Contabilidade, o fi scalista revela preocupações quanto à passagem da CtoC a ordem. isto porque continua a suscitar desacordos no seio dos profi ssionais do sec-tor, nomeadamente quanto à sua

compatibilidade com o disposto na lei anterior (nº 6/2008), quanto ao acesso à profi ssão, à acreditação de cursos, à inscrição de profi ssio-nais de outros países ou quanto às responsabilidades acrescidas dos técnicos ofi ciais de contas.relativamente ao snC, rogério Fernandes Ferreira admite que as normas determinam, de modo desenvolvido, os vários procedi-mentos a adoptar em matéria de reconhecimento, mensuração, apresentação e divulgação das contas das empresas. “Procura-se que as demonstrações fi nanceiras de empresas estrangeiras e por-tuguesas sejam mais facilmente comparáveis, transparentes e legí-veis, o que poderá contribuir para mais investimento e fi nanciamento por parte de bancos e investidores estrangeiros. e promoverá uma melhor integração nos perímetros de consolidação internacionais.”avisa, todavia, que essa aproxima-ção pode fi car algo comprometida, na medida em que as normas con-tabilísticas de relato fi nanceiro têm por base as niC, as quais foram sofrendo muitas revisões. Mas não

seria possível a contínua alteração das nCrF, em consequência das adaptações das niC. até porque isso implicaria também contínuas alterações das regras fi scais, que serão agora adaptadas ao novo nor-mativo contabilístico nacional.

Contabilidade “versus” fi scalidade

o processo acarreta problemas que não podem ser colocados de parte, na opinião do fi scalista. “Continua-rá a existir a necessidade de se es-tabelecerem regras fi scais próprias que se afastam das contabilísticas e que implicam ajustes fi scais ao lucro tributável, apurado de acor-do com o normativo contabilístico, porque nem sempre a aproximação entre uma e outra serão possíveis nem aconselháveis.”se, muitas vezes, o entendimento relativamente aos ajustamentos dos normativos fiscais que são necessários efectuar não é pacífi co entre administração tributária e contribuinte, perante a importa-ção de conceitos e valores que não são tradicionais da nossa cultura contabilística e perante um CirC ainda com algumas alterações signifi cativas, é expectável que a confl itualidade aumente.Com efeito – e independentemente do mérito das soluções apresenta-das – “a assimilação deste novo normativo contabilístico e das novas regras fi scais conformes ao mesmo por parte dos diversos inter-venientes carece de tempo para a sua integral compreensão, criando inevitáveis dúvidas de interpreta-ção”, conclui rogério Fernandes Ferreira.

Rogério Fernandes Ferreira lamenta

Há falta de democraticidadena composição da CNC

Page 5: Há falta de democraticidade

Contabilidade & Empresas - Outubro 2009 - 5

Contabilidade

CD

O técnico ofi cial de contas tem uma função de alto risco. As suas obrigações perante as partes são cada vez mais, opera num mercado complexo e tem responsabilidades acrescidas. Com a agravante que está numa profi ssão em que não há garantias de estabilidade. É o mercado que dita o seu futuro. Esta a perspectiva de Pereira Silvão, presidente do Conselho Disciplinar da Câmara dos Técnicos Ofi ciais de Contas, que, em trabalho publicado da revista “TOC”, refere a importância de que se reveste a passagem da instituição a Ordem. O profi ssional terá mais importância e visibilidade, o que lhe poderá trazer mais-valias.

O toC tem uma função de alto risco. de facto, tem a responsabilidade criminal,

é obrigado a participar crimes pú-blicos, como o não pagamento de impostos. está também obrigado a participar as fugas ao fi sco, bran-queamento de capitais e crimes de corrupção. “o toC está numa situação nevrálgica para detectar estas situações. a que há que acrescentar a responsabilidade contra-ordenacional, já que é res-ponsável solidário ou subsidiário nas penas que têm que ser pagas pelas empresas.”Para além do mais, tem ainda a responsabilidade disciplinar, o que signifi ca que pode fi car sem trabalho de um momento para o outro. a que se junta a responsa-bilidade civil. se prejudicar patri-monialmente, tem que pagar com

Presidente do Conselho Disciplinar da CTOC considera

TOC exerce uma função de alto risco

bens. “estamos a falar de uma profi ssão de alto risco. ora, segun-do a Constituição, para funções de alto risco, tem que haver uma remuneração correspondente.”. Perante este cenário, é opinião do responsável do Conselho disci-plinar que a passagem a ordem é um passo muito importante para a profi ssão.a questão dos honorários consti-tui, de facto, uma preocupação. o toC desenvolve funções de interesse público, pelo que é uma profi ssão que deve ser protegida. a realidade é que, se os toC se regulassem pelo mercado, seria a selva. “no caso em que não há lei nem regulação, vence sempre o mais forte. o mercado difi cilmente conseguirá diferenciar a qualida-de neste tipo de actividade. não se podem fazer contabilidades a metro. o estado ou o privado não podem ser induzidos em erro por uma profi ssão mal exercida.”

Ordem é “Câmara adulta”

“a ordem é uma Câmara adulta”, diz Pereira silvão. a importân-cia da profissão vai aumentar e acarretar maior responsabilidade.

a ordem vai dar importância à profi ssão e poderá mesmo permitir que as remunerações subam, desde que seja feito um bom trabalho nesse sentido. É evidente, na idade adulta da instituição, a necessidade que os utilizadores têm dos técnicos ofi ciais de contas.relativamente à possibilidade de o sistema de normalização Con-tabilística aumentar o número de processos junto do Conselho disciplinar, pelo facto de introdu-zir alguma subjectividade, fi ca a garantia que será feita a distinção quanto às infracções que são “pro-venientes de uma difi culdade de interpretação ou de fazer saber ou se têm origem em quaisquer outras causas”. no âmbito do novo esta-tuto, Pereira silvão acredita que haverá um melhor enquadramento de determinadas penas, como é o caso, por exemplo, das expulsões. estas passarão a ser permitidas em condições que não o eram. a nova versão torna mais claros alguns normativos.

CONSELHO DISCIPLINAR É COMO UM BARÓMETROO presidente do Conselho Disciplinar está satisfeito com o trabalho desen-volvido e considera que este órgão é um seguro que os TOC têm e que não alinhará em injustiças. Funciona como um barómetro. “A análise sociológica das situações indica de que lado está o vento, quais as causas e razões para determinada infracção”.Pereira Silvão admite que têm surgido infracções mais elaboradas, os profi ssionais estão mais criativos. No entanto, o CD está atento e tenta resolver os problemas o melhor possível. Sobretudo, insiste que haverá que distinguir sempre muito bem as situações de incumprimento. De notar que já se verifi caram mais de 14 mil acórdãos e destes houve recursos para os tribunais administrativos. Apenas em três casos não foi dada razão ao Conselho Disciplinar.

Page 6: Há falta de democraticidade

6 - Contabilidade & Empresas - Outubro 2009

Contabilidade

ESTATUTO

A Associação Portuguesa dos Técnicos de Contabilidade (APOTEC) não se conforma com o facto de o Estatuto e da passagem da Câmara a Ordem terem sido aprovados. Manuel Patuleia, presidente daquela associação, considera que não foi respeitada a Lei 6/2008, pelo que se verifi cou um confl ito de interesses, dado que a legislação em vigor não permitia a apresentação de uma proposta de lei, como o que veio a suceder. Por outro lado, a associação contesta a desadequação da proposta apresentada à realidade dos TOC. Do outro lado da “barricada” está Domingues de Azevedo, presidente da câmara, que interpreta a alteração do Estatuto como “o culminar de um processo e o reconhecimento público do crédito dos profi ssionais”.

Esperava a aPoteC que fosse apresentada uma proposta de lei que adequasse o esta-

tuto dos técnicos ofi ciais de Contas aos desafi os que se lhes colocam. “Há um alheamento relativamente às profi ssões congéneres europeias, atendendo unicamente ao aumento da responsabilidade para estes profi ssionais, numa tentativa de os transformar em cobradores de impostos.” Patuleia vai ainda mais longe nas suas críticas ao referido modelo: “não está só em causa a dignidade de uma classe profis-sional, como a de uma associação que pretende continuar a regular um profi ssão de interesse público, sujeitando os TOC a interesses

APOTEC diz que lei foi desrespeitada na passagem da CTOC a Ordem

alheios, duvidosos e promíscuos, num claro desrespeito pela ordem, pela democracia e pela liberdade e garantias dos cidadãos.”o dirigente associativo acha que deveria ter sido promovido um debate alargado no âmbito das pro-fi ssões contabilísticas, um estudo aprofundado sobre a situação e o futuro da profi ssão, bem como a adequada estruturação da profi ssão e do organismo regulamentador. além disso, considera que ficou por realizar a clara defi nição dos requisitos de acesso à profi ssão e dos pressupostos exigíveis para o exercício de cargos sociais.está também a suscitar grandes preocupações a entrada em vigor do snC em Janeiro. ora, fi caram por se conhecer de imediato os modelos de demonstrações financeiras, o Código das Contas, as normas con-tabilísticas e de relato fi nanceiro gerais e as das pequenas empresas, o mesmo tendo sucedido com as normas interpretativas.

Associaçãofora da Comissãode Normalização Contabilística

Mas as críticas não se fi cam por aqui. o novo regime jurídico e de organização e funcionamento da Comissão de normalização Contabilística é tido como muito negativo. “da leitura do decreto resulta a interpretação de que outra composição estaria – e bem – pensada, tendo resultado a esco-lha de entidades a integrar a CnC de um manifesto desconhecimento do funcionamento de décadas daquela organização, bem como das entidades representadas e do trabalho por elas desenvolvidas, que culminaram no sistema de normalização Contabilística.”a aPoteC não compreende que, tendo sido sempre reconhecido o seu trabalho em prol da profi ssão, detendo o estatuto de utilidade pública, seja agora afastada da

Manuel Patuleia, presidente da APOTEC.

Page 7: Há falta de democraticidade

Contabilidade & Empresas - Outubro 2009 - 7

Contabilidade

ESTATUTO

composição da CnC. Para mais, a associação, garante Manuel Patu-leia, teve sempre um papel activo no seio daquela Comissão. de facto, com o novo diploma é negligenciada a sua participação na entidade ao longo de vários anos.Perante este cenário, conclui o presidente da aPoteC: “de uma assentada, ao querer-se, em si-multâneo, uma nova normalização contabilística, uma nova comissão normalizadora e a alteração dos es-tatutos dos técnicos de contas, con-seguiu-se uma proposta de lei que levantou suspeitas de inconstitu-cionalidade, um elenco desajustado de uma comissão de normalização e espera-se, por milagre, que, num curto espaço de tempo, os profi ssio-nais e as empresas promovam uma verdadeira revolução contabilística e fi scal.”

Ordem é patamar máximode organização profi ssional

domingues de azevedo, natural-mente, tem um visão oposta àquela do presidente da aPoteC. Con-sidera que a “organização numa ordem profi ssional coloca os toC no patamar máximo da estrutura das profissões reconhecidas de interesse público”. Mas também representa um aumento das res-

ponsabilidades dos profi ssionais. ora, lamenta que ainda existam profi ssionais que continuam a pen-sar que os toC são uma “profi ssão de base”, a quem não se pode pedir quaisquer responsabilidades, pois a sua missão começa e termina quando debitam e creditam.as críticas são evidentes no “dis-curso” do dirigente da CtoC: “o que aconteceu na Comissão de trabalho, segurança social e administração Pública, aquando da discussão da proposta de lei de alteração do estatuto, e que causou sérias interrogações nos deputados foi bem o espelho da difi culdade que alguns profi ssionais têm em viver e conviver numa profi ssão com regras e conceitos previamente defi nidos.” defende que os contes-tatários apresentaram soluções “manifestamente más” para os pro-fi ssionais e para a profi ssão”, refere em artigo de opinião publicado na revista da câmara.a sujeição da CtoC à lei 6/2008, de acordo com domingues de azevedo, criaria realidades muito complexas, “cujo resultado poderia redundar numa quebra muito sig-nifi cativa da qualidade e da nossa credibilidade”. É que, se a câmara fi casse sujeita a tal legislação, não mais poderia realizar exames de avaliação profi ssional, o que agudi-

zaria a concorrência e diminuiria, de forma drástica,a qualidade dos serviços prestados.Por outro lado, também se revela contrário à criação do provedor do utente dos toC, que, na sua opi-nião, “constituiria um injustifi cável elemento de perversão”. refere a este propósito: “os clientes têm, para além dos tribunais, diversos veículos e meios para fazerem chegar à entidade reguladora as situações em que se sintam lesados com os serviços dos toC. não se vislumbra qualquer vantagem nem benefício na introdução desta fi gu-ra, que, ainda por cima, não poderia ser um profi ssional do sector.”

Tribunal de Contas“fora” da CTOC

o presidente da ainda câmara, no seu escrito, defende que esta não deve apresentar contas ao tribu-nal de Contas. acha mesmo que tal pretensão não faz qualquer sentido e justifi ca: “não há razões objectivas para que os toC tenham que prestar contas ao tC. este tri-bunal avalia, analisa e autoriza as despesas estatais ou que recebem dotação estatal. no caso da CtoC, trata-se de uma pessoa colectiva de interesse privado, que não recebe qualquer valor do estado nem dota-ção orçamental. as únicas receitas da câmara são provenientes das quotas ou dos serviços prestados aos profi ssionais.”domingues de azevedo insiste que a alteração estatutária implica um maior domínio dos temas que inte-ragem com a profi ssão, bem como um conhecimento de matérias que parecem, por vezes, acessórias. e avisa: “Com a introdução do snC, o conhecimento das situações en-quadráveis e a opção pelo sistema a optar vai exigir que se conheçam e dominem não só as questões, mas também o universo da sua aplicação.”

Domingues de Azevedo, presidente da CTOC

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8 - Contabilidade & Empresas - Outubro 2009

Sectores

BANCA

O Governo aprovou medidas de derrogação do sigilo bancário, bem como a tributação a uma taxa especial dos acréscimos patrimoniais injustifi cados superiores a 100 mil euros.No âmbito do levantamentodo sigilo bancário, as entidades fi nanceiras passam a ter mais obrigações perante a administração fi scal.A administração tributária, por seu lado, passa a ter acesso directo aos documentos bancários. O mesmo sucede relativamente a familiaresou terceiros que tenhamuma relação especialcom o contribuinte.

Ainda que tenha sido dado um passo importante no combate à fraude e à eva-

são fi scais, os fi scalistas são de opinião que se poderia ter ido mais longe em termos legislativos. Para o sector da Contabilidade, é evidente que os profissionais terão que estar ainda mais aten-tos, para mais tendo em conta o alargamento da responsabilidade subsidiária. gradualmente, a administração tributária tende a apertar a malha, facto que também é possibilitado pelo cru-zamento de dados, no âmbito das tecnologias informáticas.a legislação implica alguns aspec-tos que importa notar, já que terão um alcance considerável, desde que aplicados na prática. desde logo, as instituições de crédito, as sociedades fi nanceiras e as demais entidades passam a ser obrigadas a permitirem o acesso a elementos

Combate à fraude e à evasão fi scais

Administração tributáriaacede directamente a contas bancárias

cobertos pelo dever de sigilo a que estejam vinculadas, no caso em que exista a possibilidade legal de a administração tributária exigir a sua derrogação. tal é possível com a apresentação da cópia da decisão pelo director-geral dos impostos ou pelo responsável das alfândegas.as instituições de crédito e socie-dades fi nanceiras estão obrigadas a comunicarem à dgCi, até ao fi nal do mês de Julho de cada ano, as transferências fi nanceiras que tenham como destinatário entida-de localizada em país, território ou região com regime de tributação privilegiada mais favorável que não sejam relativas a pagamentos de rendimentos sujeitos a alguns dos regimes de comunicação para efeitos fi scais. os contribuintes de irs são obrigados a mencionarem na declaração de rendimentos a existência e a identifi cação de

contas de depósitos ou de títulos abertas em instituição fi nanceira não residente em território na-cional.

Alteração no âmbito do IRS

a administração tributária tem ainda o poder de aceder directa-mente aos documentos bancários, nas situações de recusa da sua exibição ou de autorização para a sua consulta, quando se trate de familiares ou terceiros que se encontrem numa relação especial com o contribuinte. as decisões da administração tributária devem ser fundamentadas com a menção expressa dos motivos concretos que as justifi cam e notifi cadas aos interessados num prazo de 30 dias após a sua emissão.ainda no âmbito do combate à evasão fi scal, o governo procedeu a uma alteração no Cirs. neste

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Contabilidade & Empresas - Outubro 2009 - 9

IDENTIFICAÇÃO DE APLICAÇÕESFORA DO TERRITÓRIO NACIONAL

O conhecimento do fl uxo de transferências transfronteiriças permitirá à admi-nistração tributária identifi car aplicações fora do território nacional e eventuais factos tributários não declarados. As instituições de crédito e as sociedades fi nanceiras passarão a transmitir à administração fi scal informação referente às transferências transfronteiriças efectuadas ao longo do ano.As informações incluem o número de identifi cação bancária da conta do ordenante, o número de identifi cação fi scal do ordenante, a identifi cação do benefi ciário da transferência e da respectiva conta, a data-valor da operação, o montante da transferência, o motivo da transferência e o país da conta do benefi ciário.

Sectores

BANCA

caso, os acréscimos patrimoniais não justifi cados de valor superior a 100 mil euros são tributados à taxa especial de 60%. este aspec-to tem sido, em particular, alvo de críticas, na medida em que, tratando-se de ganhos ilícitos (eventualmente), o contribuinte ainda permanece com 40% dos mesmos. trata-se de acréscimo de património ou despesa efectuada, incluindo liberalidades, verifi ca-dos simultaneamente com a falta de declaração de rendimentos ou com a existência, no mesmo período de tributação, de uma divergência não justifi cada com os rendimentos declarados. neste caso, cabe ao sujeito passivo a comprovação de que correspon-dem à realidade os rendimentos declarados e de que é outra a fonte das manifestações de fortuna, do acréscimo de património ou da despesa efectuada. a avaliação indirecta deve ser feita no âmbito de um procedimento que inclua a investigação das contas bancárias, podendo no seu decurso o con-tribuinte regularizar a situação tributária, identifi cando e justifi -cando a natureza dos rendimentos omitidos e corrigindo as declara-ções dos respectivos períodos.

“Paraísos fi scais”mais controlados

ainda no âmbito da luta contra a fraude e a evasão fiscais, os acordos agora estabelecidos sobre

a troca de informações a nível internacional poderão represen-tar um avanço importante numa área que se tem revelado bastante sensível e que tem permanecido quase intocável. Portugal adere aos textos dos acordos sobre troca de informações em Matéria Fiscal, da responsabilidade da oCde. nesta primeira fase, os acordos respeitam às jurisdições de Jer-sey, guernsey, ilha de Man, ilhas Caimão, Bermudas, gibraltar e ilhas virgens Britânicas.naturalmente, muitas jurisdições fi cam ainda de fora – apesar das pressões internacionais a que têm estado sujeitas – mas é um primeiro passo importante para colocar regras aos “paraísos fi s-cais”. estas são também algumas das jurisdições mais utilizadas pelos contribuintes europeus, daí a importância de que se reveste todo este processo.explica o Ministério das Finan-ças que os acordos sobre troca de informações “constituem um instrumento legal que habilitará as autoridades fi scais nacionais a solicitarem às autoridades compe-tentes daquelas jurisdições os ele-

mentos que considere relevantes para a correcta avaliação da situa-ção tributária de um contribuinte específi co, incluindo informações sobre a movimentação de fundos, bem como sobre a titularidade de sociedades, fundações, trusts, fundos de investimento ou outras entidades”.

Intensifi cação da cooperação entre autoridades fi scais

Perante este novo cenário, o qual se reveste de especial importân-cia, na sequência da crise gerada pelo sector financeiro, há uma justifi cada expectativa de que a entrada em vigor dos acordos so-bre troca de informações estenda e aprofunde a cooperação entre as autoridades fi scais em variados domínios, “para além de abrir a possibilidade tanto do fornecimen-to de dados e documentos sem as restrições impostas pelas regras do sigilo bancário, bem como da revelação dos benefícios efectivos dos fundos movimentados, através de sociedade ou outros tipos de veículos criados em determinadas jurisdições”, adianta o organismo tutelado por teixeira dos santos.ou seja, por esta via serão propor-cionadas formas mais efi cazes de combate às práticas correntes de fraude e evasão fi scais. É uma re-alidade que estas têm contribuído para uma forte erosão das receitas fi scais, em especial em sede dos impostos sobre o rendimento. de notar que foi ainda assinada uma portaria que regulamenta o nº 2 do artigo 63º-a da lei geral tributá-ria, alterado pela lei nº 94/2009, publicada a 1 de setembro.

Cabe ao sujeito passivo a comprovação de que correspondemà realidade os rendimentos declarados e de que é outra a fontedas manifestações de fortuna, do acréscimo de patrimónioou da despesa efectuada.

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10 - Contabilidade & Empresas - Outubro 2009

Sectores

AUDITORIA

O Sistema de Normalização Contabilística terá um impacto signifi cativo na actividade dos revisores ofi ciais de contas. A Ordem está a proceder às necessárias alterações, mas admite que se adivinham tempos de novos desafi os. A OROC está a reformular os regulamentos, vai ser publicado um novo código de ética e serão incrementadas as acções de formação. A entidade reguladora está a decidida também a acompanhar a nova supervisão. Através do SNC serão impostas mais responsabilidade e uma maior supervisão. Fica o aviso que não será fácil os revisores serem justamente recompensados pelos seus trabalhos.

O ambiente de crise tem im-pactes negativos na activi-dade dos revisores, tendo

em conta o aumento do risco de auditoria, a necessidade acresci-da de vigilância, o incremento da responsabilidade, a redução da ac-tividade e o atraso no recebimento de honorários. a tudo isto acresce a entrada em vigor, a partir de Janeiro, do sistema de normali-zação Contabilística, que obrigará a cuidados redobrados e implicará exigências acrescidas. a oroC chama a atenção para a necessidade de ajudar as empresas na implantação do modelo, a par de uma relação com o técnico ofi cial de contas mais próxima e intensa. tendo em conta a escassez do tem-po de implantação, a cooperação terá que ser rápida e muito bem

articulada. o que está em causa é a modernização da informação fi nanceira e contabilística. de notar que a transformação para o snC impõe custos. o snC não vigora apenas a partir do ano que vem, obriga a refazer as contas desde o fi nal de 2008. implica ainda riscos acrescidos de auditoria e vem acompanhado de um sistema sancionatório, em paralelo com a modificação dos códigos fi scais. o que signifi ca que haverá alterações nas expectativas do trabalho do revisor, desde uma maior exposição dos profi ssionais e uma acentuada responsabilização social. o revisor deverá ter uma ex-plicação conveniente da sua inter-venção, até porque há uma maior exposição mediática dos auditores, no âmbito da crise internacional. além disso, a actividade do revisor deve ser diversifi cada.

Sistema sancionatóriomais exigente

a ordem avisa que a nova oitava directiva implica uma acrescida

diversidade de obrigações. são os casos das exigências que se colocam no acesso à profi ssão, a formação intensa e evidenciada, a apertada obediência a códigos de ética e o controlo de qualida-de. os profi ssionais terão ainda que estar atentos ao sistema sancionatório extremamente supervisionado e ao facto de a actividade fi car sujeita a objecto de apreciação por parte da nova entidade de supervisão.Perante este cenário, as implica-ções passam por um acréscimo dos cuidados que a profi ssão tem que incluir nos seus trabalhos, a maior exposição a que fi ca sujeita, a maior disponibilidade para formação e a um constante apuramento dos comportamentos.apesar da crise, a oroC considera que é possível um eventual apro-veitamento de oportunidades de trabalho, designadamente reestru-turações empresariais, recupera-ção de empresas, racionalização de custos, realização de concentrações empresariais ou acordos com credo-res em situações privilegiadas. os revisores deverão manter padrões elevados de qualidade, aprovei-tarem o manancial de aptidões proporcionadas pela sua formação e adaptarem o melhor possível a organização às adversidades e oportunidades.de salientar ainda que a credibili-dade exige elevados padrões de qua-lidade, a qual tem que ser demons-trada e percebida pelos clientes. até porque é evidente que as empresas têm um custo com a revisão das contas. Pelo que é importante a capacidade de saber disponibilizar os serviços dos revisores.

SNC implica riscos acrescidospara os revisores ofi ciais de contas

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Contabilidade & Empresas - Outubro 2009 - 11

Sectores

CONSTRUÇÃO

A fi leira da construção contesta com vigor os impostos sobre as transmissões onerosas de imóveis (IMT)e municipal sobre imóveis (IMI). Perante o actual cenário de crise, a Federação Portuguesa da Indústria da Construção e Obras Públicas (Fepicop) e a Associação dos Comerciantes de Materiais de Construção (APCMC) pretendem um ajustamentoda carga fi scal que recai sobre a sua actividade.E chamam a atenção para situações que consideram injustas e fortemente gravosas para o sector. É quase uma certeza que, no fi nal do ano,o sector terá assistidoà perda de cerca de 95 mil postos de trabalho.

A federação, liderada por reis Campos, avisa para a necessidade de escoar o

produto em stock, pelo que é neces-sário adoptar medidas legislativas que permitam reajustar à actual realidade os prazos de isenção previstos no CiMt e não são su-jeição estabelecido no CiMi. Mas há uma outra situação que está a preocupar a entidade, considerada “injusta e gravosa”.estão em causa as empresas que se dedicam à aquisição de prédios para revenda. está a ser exigido o pagamento de iMt pela cedência de terrenos que as em-presas são obrigadas a efectuar à Câmara Municipal, no âmbito de um processo de loteamento, “quando ainda está a decorrer o prazo de isenção daquele imposto, concedido nos termos do CiMt”,

Impostos sobre imóveis“estrangulam” indústria da construção

referem os responsáveis daquela federação.de acordo com o Código, as aquisi-ções de prédios para revenda estão isentas de iMt, desde que tenha sido apresentada, antes da respec-tiva aquisição, a declaração rela-tiva ao exercício da actividade de comprador de prédios para reven-da. “nestes termos, a liquidação e o pagamento do imposto não terão lugar se se reconhecer, nos termos do CiMt, que o adquirente exerce, normal e habitualmente, a acti-vidade de comprador de prédios para revenda, sendo a operação de loteamento efectuada sobre um terreno irrelevante para efeitos de caducidade daquela isenção.”admite a entidade aglutinado-ra das associações do sector da construção que o cumprimento da lei não pode ser penalizado. a situação em causa resulta do facto de a administração fiscal considerar que é devido it se, como contrapartida do licencia-mento do loteamento, vierem a ser cedidas parcelas de terreno à Câmara Municipal, uma vez que tal cedência constitui um desvio ao requisito essencial da isenção, isto é, revenda dos prédios, “um entendimento que remonta já aos tempos do imposto de sisa”.

a Fepicop pretende a alteração desta posição, passando a per-mitir-se que não haja lugar à liquidação do iMt, relativamente às parcelas de terreno cedidas às câmaras municipais no âmbito de processos de loteamento, “uma vez que não está a ser dado aos terrenos cedidos um fi m diferente do inicialmente previsto, mas tão--só a ser cumprida uma exigência da lei, indispensável para que o terreno possa ser transaccionado ou revendido”.

Dedução do IMIna colecta do IRS

a posição da associação Portugue-sa dos Comerciantes de Materiais de Construção segue uma linha idêntica àquela da federação. Há muito que a instituição pede alterações fi scais, no sentido de evitar uma situação ainda mais grave para o segmento dos ma-teriais de construção. de facto, estas empresas atravessam sérias difi culdades, arrastadas pelo que se passa a montante.Como medidas emblemáticas e ur-gentes propõe a redução do iMt, a dedução do iMi na colecta do irs, bem como a aplicação de uma taxa liberatória de 20% aos rendimen-tos do arrendamento. a associação defende também a criação de um fundo fi nanceiro utilizável pelas sru para acções de expropriação e a garantia do estado até 20% do valor do empréstimo no crédito à habitação. também pretende que seja facilitado o despejo no caso de incumprimento ao nível do ar-rendamento e tornado o processo de actualização das rendas mais simples.

Reis Campos,presidente

da Fepicop.

José de Matos,secretário-geral

da APCMC.

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12 - Contabilidade & Empresas - Outubro 2009

A redução de custos e o usodas novas ferramentas de gestão

AGOST INHO COSTA

Análise

6ª Parte

«Não creio que possa fazer o trabalho de hoje com os métodos de ontem e manter-se amanhã nos negócios».

Nelson Jackson,líder empresarial norte-americano

terminámos o último artigo, refe-rindo que, “os custos desnecessá-rios instalam-se nas organizações, se não estivermos atentos”. o ideal será termos medidas preventivas e não apenas medidas curativas para a sua redução. se conhecermos as principais causas que contribuem para a criação duma cultura em-presarial gorda, talvez possamos actuar sobre as mesmas, de forma oportuna e não tardiamente.as principais causas relacionadas com quatro princípios simples: 1. a envolvente externa propor-ciona mais oportunidades para a engorda a algumas empresas do que a outras. 2. deixar-se engordar é a escolha mais fácil.3. a gordura toma-se um hábito difícil de quebrar. 4. os indivíduos têm uma predispo-sição natural para a sobrevivência. se considerarem que as mudanças irão colocar em risco algo conquis-tado anteriormente, certamente irão criar resistência ás mudanças. essa resistência pode ser feita de forma clara ou não. Criam-se então

situações de retardar a mudança, mantendo o mais possível os pro-cedimentos habituados, criando assim gordura numa empresa.Todas as empresas enfrentam mu-danças. Por vezes, essas mudanças criam uma envolvente benéfica para a empresa. Quando as envol-ventes favoráveis se mantêm por períodos de tempo mais ou menos longos, criam-se então oportunida-des para alcançar o êxito. Mas ocor-re também que, face ao ambiente de alguma euforia e de relativa facilidade que se vive em tais mo-mentos, a gestão de rigor, a procura da excelência, o lançamento duma sementeira que permita uma forte colheita posterior parecem aspectos desnecessários. em tais circunstâncias, o êxito pode conter as oportunidades para engordar e permite criar as sementes da sua própria destruição.tomamos decisões todos os dias. Às vezes optamos pelo trabalho mais fácil. o trabalho fácil torna a vida mais agradável e reduz o “stress”. Porque deveremos tomar decisões que seriam apanágio duma gestão de rigor, duma cultura empresarial de excelência, dum bom planea-mento fi nanceiro, num período de conjuntura favorável?nestas ocasiões, mesmo sem gran-de rigor, a empresa consegue ganhar dinheiro. Parece que não há necessidade de maior rigor na gestão. É lógico que a empresa pode acomo-dar-se, com determinado nível de desempenho. o problema é que de que tais comportamentos interiori-zados pela equipa empresarial re-sultam hábitos que são um espécie de segunda natureza, e que serão difíceis de mudar, nos períodos de conjuntura desfavorável, em que a competitividade aumenta.a falta de rigor pode levar à me-

diocridade, aos hábitos de esban-jamento, à gordura. a gordura aumenta com o passar do tempo. uma vez instalada a gordura, tor-na-se difícil negá-la e muito fácil introduzir ainda mais gordura. na maior parte das empresas, o processo de engordar tende a seguir um padrão previsível. a envolvente ajuda a alimentar o seu êxito. os resultados são bons. o moral dos empregados é elevado. os accionis-tas estão satisfeitos. se a empresa está de boa saúde económica e fi nanceira e a envolvente externa é favorável, é comum que o rigor da gestão tenda a abrandar. o controlo de custos é cada vez menos rigoroso. a inefi ciência é tolerada e cada vez mais se vai tornando norma. esta repetição de compor-tamentos cria maus hábitos. numa envolvente favorável, os procedimentos de acção corrente só marginalmente são melhorados. neste ambiente, porque existe ca-pacidade de endividamento, ocorre a realização de investi mentos que não trazem valor adicional à or-ganização e que noutro contexto nunca seriam efectuados. Mas esta envolvente não continu-ará assim para sempre. ocorrem abrandamentos da actividade sec-toriais, motivados por conjunturas externas desfavoráveis.

Como enfrentar entãoestas novas situações?

a empresa que criou hábitos de inefi ciência nos períodos de conjun-tura favorável está mal equipada para lidar com as novas exigências de mercado. Multiplica-se a gordu-ra numa empresa. toda a equipa se torna inefi caz. os gestores da empresa deixaram-se adormecer e prendem-se por vezes com estra-tégias obsoletas. não se apercebem

agostinHo Costa

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Contabilidade & Empresas - Outubro 2009 - 13

medidas, continuamos a ter uma empresa ineficiente, embora de menor dimensão. A resposta reside pois, nas pessoas, na cultura e nos processos de orga-nização da empresa. as pessoas estão no centro de qual-quer empresa. os comportamentos dos elementos que constituem as equipas das nossas organizações, podem produzir efeitos positivos ou negativos. as actividades desem-penhadas pelas pessoas e o grau de efi ciência com que as executam determinam o êxito duma empresa. elementos com valores e atitudes negativos contribuem para o apare-cimento de gordura na empresa.a produtividade ressente-se quan-do, persistem atitudes negativas entre os elementos das equipas.Ora, para poder sobreviver, a em-presa tem de melhorar os hábitos e as atitudes dos elementos de toda a equipa, criar uma nova cultura. equipas motivadas, com valores positivos, têm desempenho mais elevado. o contrário contribui de forma signifi cativa para o aumento da inefi ciência. nestes momentos é crucial o papel do líder.

Porquê?

Porque uma empresa com uma liderança fraca não vai conse-guir enfrentar as necessidades de mudança. exige-se pois uma boa liderança. um bom líder é um bom

AGOST INHO COSTA

durante algum tempo, dos compor-tamentos gordos e indisciplinados na organização. só acordam para a realidade quando vêm os resul-tados a fi carem no vermelho. Mas reagir apenas nesta situação é já reagir tarde.− onde estavam os sinais de aler-ta?− Como interpretámos esses sinais de alerta?− Como reagimos perante esses sinais?estes aspectos vão fazer toda a diferença. É lógico que perante uma situação de prejuízos, não vão fi car parados.Constata-se fi nalmente, que se está perante um empresa gorda, pouco ágil, perante os acontecimentos. Estamos perante uma empresa inchada, em que o desperdício e a inefi ciência é visível nas várias áreas do negócio. se até há algum tempo atrás o cliente pagava tudo isto, agora deixou de estar disposto a pagar, ou dito de outra forma, deixou de estar interessado em fazer negócio connosco, pois a concorrencia oferece-lhe outras contrapartidas. a empresa vê-se então confrontada com a necessi-dade de tomar algumas medidas mais drásticas.

O que sucedeperante esta situação?

assistimos, então, a muitas em-presas procederem ao “downsizing” num esforço de redução da gordura. Mas acontece que em inúmeros casos, a gordura é medida apenas pela quantidade. no entanto, o nível de gordura duma empresa, depende quer do número de pesso-as quer da sua efi ciência. o downsi-zing, o outsourcing e a redefi nição dos processos, são apenas algumas das medidas possíveis para ema-grecer, contudo não resolvem na maior parte das vezes, o verdadeiro problema da empresa. estes remédios são apenas parte da resposta necessária. se proce-dermos apenas com esses tipo de (Continua no próximo número)

comunicador. Partilha com toda a organização uma visão para a empresa e expressa a estratégia de modo claro. As empresas juntam pessoas para alcançar objectivos comuns. os objectivos às vezes são claros, outras vezes são ambíguos. o bom líder define responsabilidades e objectivos claros. Para além destes aspectos, um bom líder é um bom motivador. Constrói confi ança e o envolvimento empe-nhado de toda a equipa. Procura mobilizar a equipa. Cria um am-biente de trabalho positivo. defi ne padrões de desempenho elevados. um bom líder aumenta continua-mente a produtividade. vemos pois que gestão não é matemática pura, nem é mera contabilidade. tais elementos po-derão ser ferramentas auxilares no processo de gestão. Mas a com-ponente humana está presente em todo este processo.da mesma forma, os programas para redução de custos nem sem-pre atingem êxito, porque, inva-riavelmente, dependem do fac-tor humano. esta componente é muitas vezes esquecida. a falta de envolvimento duma equipa na procura dum objectivo comum condiciona claramente o alcance desse objectivo.

Análise

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14 - Contabilidade & Empresas - Outubro 2009

CASO DE ESTUDO

Informáticana Contabilidade

Boa gestão do parque informático permite poupança energética de 75%

A Faculdade de Engenharia do Porto (FEUP) tem um rigoroso plano de gestão do seu parque informático. Um plano que, nos últimos anos, tem vindo a permitir a esta instituição de ensino obter estupendos ganhos quer na negociação dos contratos com os fornecedores quer na poupança energética. A estratégia é “simples”. De quatro em quatro anos, todas as máquinas são substituídas. Faz-se um caderno de encargos, escolhem-se os equipamentos e lança-se um concurso ao mercado para escolher o fornecedor. António Viana, responsável pelo CICA, em entrevista à “Contabilidade & Empresas”, garante que desta forma tem obtido poupanças reais para a FEUP na ordem dos 45%. Mas foram mais longe. E desenvolveram um software, o EcoEnergy, que elevou esta percentagem para os 75%. Um exemplo que pode claramente ser aproveitado por todas as empresas.

são cerca de 600 os compu-tadores que o Centro de informática Prof. Correia de

araújo (CiCa), um departamento da Faculdade de engenharia do Porto, tem a seu cargo. e desde 2000 que resolveram optar por uma rigorosa gestão do seu par-que informático. antónio viana, responsável pelo CiCa/FeuP, explicou à “Contabilidade & em-presas” que a estratégia passa por, de quatro em quatro anos,

precisamente o tempo de garantia dado às máquinas pelo fornecedor, proceder à renovação total do par-que informático. “Porque a partir daí os equipamentos começam a dar problemas e uma vez já não estarem cobertos pela garantia pareceu-nos a melhor opção. isto para além de que somos uma faculdade de engenharia e temos por objectivo que o hardware seja compatível com as aplicações uti-lizadas pelos alunos. o que quere-mos é que os estudantes tenham à sua disposição equipamentos que repliquem o que vão experienciar lá fora no mercado de trabalho”.o que antónio viana procura é que nas salas de informática os

computadores estejam a funcionar todos a 100%. “não admitimos que um docente chegue à sala e tenha três ou quatro computadores ava-riados. Por norma, temos duas ou três máquinas que funcionam como suplentes e, quando algum equipa-mento avaria, substituímos. o que interessa é que o docente tenha a sala disponível e a trabalhar na sua plenitude. e dadas as carac-terísticas de instituição de ensino superior, a troca das máquinas tem de ocorrer entre 15 de Julho e 15 de agosto, ou seja, após terminarem os exames e antes de começarem as aulas. “desde que estamos nestas instalações, desde 2000, temos tido por política trocar de quatro

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Contabilidade & Empresas - Outubro 2009 - 15

Basicamente, a poupança de energia eléctricaconseguida é sufi ciente para pagar o investimentoem novos equipamentos informáticos de quatroem quatro anos.

SOFTWARE

Informáticana Contabilidade

em quatro anos. Comprámos em 2000, trocámos em 2004 e tivemos de comprar em 2008. É claro que isto tem sido possível porque a instituição tem verbas. Quando se aproxima o ano da troca, o que temos é de começar a preparar para efectuarmos a mudança, até porque movimentar naqueles dias mais de mil máquinas não é pro-priamente fácil…” os ganhos obtidos começam desde logo pelo poder de negociação face ao fabricante, em 2008 a atM informática. Comprar quase mil máquinas não é propriamente o mesmo do que comprar uma dezena. Face a esta estratégia, a instituição resolveu “abrir” a oferta quer a alunos quer a funcionários. “o que temos realizado é um ca-derno de encargos para o número de máquinas de que precisamos para equipar as salas que estão à responsabilidade do CICA e depois publicitamos internamente, na FeuP, explicando termos disponí-veis máquinas com determinadas características a determinado pre-ço. o que normalmente acontece é que começamos por encomendar cerca de 600 e a encomenda fi nal fi ca perto das mil. nomeadamente disponibilizamos este sistema a alunos e funcionários que particu-larmente queiram ter uma máqui-na com estas características”.

Consumo energéticoestava a aumentar

um dos problemas com que a antónio viana se tinha vindo a debater era o consumo energético das máquinas. em 2000, aquando da primeira renovação do parque informático, o consumo do PC centrava-se em 75 W e o moni-tor 90 W. Mas passados quatro anos, quando reconverteram os equipamentos, o PC passou a con-sumir 110 W. “tivemos de andar a substituir alguns circuitos dos disjuntores para aguentarem com carga. Por isso, agora em 2008, um dos nossos grandes objectivos foi

precisamente a redução do consu-mo energético”. os entraves que basicamente an-tónio viana encontrou foi o facto de as salas serem muitos quentes no verão, uma vez não terem ar condicionado, e os monitores Crt 17 ‘’ ocuparem grande parte da secretária disponível para os alunos.daí que os requisitos para a reno-vação que foi efectuada em agosto do ano passado tenha contempla-do não só a performance da má-quina mas também a ergonomia dos monitores, a segurança dos equipamentos e, mais importante, a obrigatoriedade de as máquinas terem menores consumos.de todos os equipamentos testa-dos, o departamento gerido por antónio viana acabou por optar por um HP Worksation xw 4600, com consumos reais de 65 W e monitor tFt 19’’ wide com con-sumos de 45 W. ou seja, feitas as contas, face aos equipamentos adquiridos em 2000, a diminuição em termos de energia eléctrica foi de 45%.

Factura deduziu24 mil euros/ano

Mas o que é que isto representa em termos de factura ao fi nal do mês? se considerarmos 750 com-putadores a um custo de 0,08 euros por KW, e se estiverem ligados 12 horas por dia, a factura passou de 52 560 euros por ano na solução de 2004 para 28 908 euros com os equipamentos escolhidos em 2008. “só pelo facto de termos mudado de máquinas”, explicou este res-ponsável.

Mas para tornar o departamento ainda mais eficiente, em 2004 os engenheiros desenvolveram uma aplicação, denominada eco-energy, que lhes permite, entre outras coisas, ligar e desligar remotamente todos os computa-dores, assim como programar au-tomaticamente o desligar dos PC. “desta forma foi possível garantir que a partir de determinada hora se desligavam os computadores não necessários, no nosso caso às 22 horas”.ou seja, se com a actualização do parque informático houve uma redução em cerca de 45% os consu-mos energéticos, se se considerar o software desenvolvido na FeuP/CiCa, o ecoenergy, os ganhos energéticos totais estimam-se em cerca de 75%, relativamente à situação inicial. Mesmo ao nível da capacidade de intervenção, o software desenvolvido permitiu importantes ganhos de efi ciência ao nível da manutenção do parque tecnológico, sendo agora possível programar centralmente as inter-venções (que geralmente ocorrem durante a noite) de forma a se efectivarem no menor período de tempo possível. desta forma con-ciliam-se as necessidades tecnoló-gicas com a efi ciência dos recursos, em particular a energia.ou seja, basicamente, a poupança de energia eléctrica conseguida é sufi ciente para pagar o inves-timento em novos equipamentos informáticos dos tais quatro em quatro anos.

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16 - Contabilidade & Empresas - Outubro 2009

Informáticana Contabilidade

SEGURANÇA

Internet está menos segura do que nunca

A internet está num estado de insegurança sem preceden-tes à medida que as ame-

aças aos sistemas e conteúdos da Web convergem e criam um nível de risco insustentável, revelou a iBM no relatório X-Force 2009 Mid – Year trend and risk report. de acordo com o documento, o au-mento de novos links maliciosos da web foi de 508% na primeira metade de 2009. o problema não está, por isso, limitado aos domí-nios maliciosos ou aos sites da internet inseguros. o relatório X-Force notou um aumento de conteúdos maliciosos em sites se-guros, incluindo motores de busca populares, blogues, páginas pesso-ais Web, revistas online e outros sítios generalistas. a capacidade de aceder e manipular informação privada mantém-se como uma das consequências primárias da explo-ração de vulnerabilidades. o relatório X-Force revelou tam-bém que o nível de exploração de vulnerabilidades na Internet, sobretudo fi cheiros PdF, estão no topo da sofi sticação dos atacantes. as vulnerabilidades dos fi cheiros PdF encontradas na primeira metade de 2009 ultrapassaram as do mesmo período em 2008. só no primeiro e segundo trimestres, a quantidade de conteúdos suspeitos, encobertos ou não, monitorizados pela equipa da iBM iss Managed security services quase duplicou. “as tendências evidenciadas neste relatório parecem indicar que a internet assumiu características do Wild Wild West, onde ninguém merece confi ança”, afi rmou Kris lamb, director do X-Force. “a navegação segura é algo que não existe hoje e a luz vermelha não é já só para os conhecidos sites respon-sáveis por malware. atingimos um ponto em que cada site de internet deveria ser encarado como suspeito e cada utilizador está em risco. a ameaça da convergência do ecossis-

tema da internet está a criar uma perfeita tempestade de actividade criminal”, concluiu. a segurança da internet não é já apenas uma questão relacionada com browsers ou PC; os criminosos estão a subir o nível de insegurança da internet ao atingirem os utiliza-dores de sites seguros. o relatório X-Force encontrou um aumento sig-nifi cativo de ataques a aplicações web com a intenção de extorquir e manipular informação e controlar os computadores infectados. Por exemplo, ataques de injecção sQl – ataques em que os criminosos injectam códigos maliciosos em sites legítimos para infectarem os visitantes – cresceram 50% entre o último trimestre de 2008 e o pri-meiro de 2009 e quase duplicaram entre o primeiro e segundo trimes-tres deste ano. “dois dos temas dominantes na pri-meira metade de 2009 são o aumen-to de sites que alojam malware e a duplicação de ataques ofuscados”, afi rmou lamb em comunicado de imprensa. “as tendências parecem revelar uma fraqueza na segurança do ecossistema da internet onde a interoperabilidade entre browsers, plugins, conteúdos e aplicações de servidores viu aumentar dra-maticamente a complexidade e o

risco. os criminosos estão a tirar partido do facto de não existir um ambiente seguro de browsing e estão a aumentar a insegurança nas aplicações Web para atingirem utilizadores de sites legítimos”, concluiu. o relatório Midyear X-Force de 2009 concluiu ainda que as vulne-rabilidades atingiram um “planal-to”. Foram registadas 3240 novas vulnerabilidades na primeira metade de 2009, uma descida de 8% em relação ao mesmo perído de 2008. a taxa de vulnerabilidade dos anos anteriores parecem ter atingido um limite mais elevado. em 2007, o nível de vulnerabilida-de desceu pela primeira vez, tendo depois subido em 2008 e atingido um recorde. a taxa anual parece fl utuar entre seis e sete mil novas descobertas a cada ano.Por outro lado, as vulnerabilidades dos fi cheiros PdF aumentaram. as vulnerabilidades encontradas na primeira metade de 2009 ultra-passaram já todas as referentes a 2008. Já os trojans representam mais de metade de todo o novo malwa-re. seguindo a tendência, na pri-meira metade de 2009, os Trojan compreendem 55% de todo o novo malware, um aumento de 9% em relação à primeira metade de 2008. a categoria de extorsão de infor-mação é a categoria de malware dominante. relativamente ao phishing, decres-ceu dramaticamente. os analistas acreditam que os trojans dedicados à banca estão a tomar o lugar dos ataques de phishing. na primeira metade de 2009, 66% do phishing foi dirigido à indústria fi nanceira, descendo de 90% em 2008. os pa-gamentos online representam 31% do share.

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Contabilidade & Empresas - Outubro 2009 - 17

Fiscalidade

LEGISLAÇÃO

No seguimento da estratégia de combate à fraude e à evasão fi scais, a Comissão Europeia adoptou uma proposta de reformulação do regulamento relativo à cooperação administrativa, no domínio do IVA. A intenção é alargar e reforçar o quadro jurídico para a troca de informação e cooperação entre as autoridades tributárias. Um dos elementos centrais da proposta é a criação de uma base jurídica para a implementação do Eurofi sc.

O que está em causa é a exis-tência de uma estrutura operacional comum, a qual

permite aos Estados-membros tomarem medidas imediatas na luta contra a fraude de iva nas operações entre os países da união. este é um problema que há muito custa demasiados milhões aos cofres estatais. Bruxelas adoptou um relatório sobre o funcionamento da cooperação administrativa, no âmbito do imposto sobre o valor acrescentado.a Comissão considera que o comba-te assume especial importância na actual situação económica, pelo que se torna essencial a cooperação en-tre as várias administrações fi scais. Como tal, cabe a Bruxelas assegu-rar que as autoridades fi scais têm todos os meios necessários para tomarem as necessárias acções contra os prevaricadores. É neste cenário que surge o eurofi sc, um veículo que a Comissão europeia já tem em mente há algum tempo.Consiste numa estrutura operacio-nal em que os países combatem em

conjunto a fraude. a ideia passa por possibilitar a rápida troca de informação entre os países, bem como desenvolver uma análise estratégica comum e de risco. este veículo tem como objectivo reagir rapidamente para travar a fraude e tornar mais difícil o surgimento de novos esquemas de fraude.

Cooperação mais estreita

a proposta agora apresentada caracteriza-se pelo facto de alte-rar a abordagem no que se refere às receitas em sede de iva. Para além de dar aos estados-membros ferramentas no sentido de uma cooperação mais estreita e trocar informações mais rapidamente, o regulamento estabelece que os pa-íses são, juntamente, responsáveis

pela protecção das receitas de iva em todos os Estados-membros.a realidade é que os governos nacionais detêm um vasto volume de informação sobre os seus con-tribuintes. um acesso rápido às respectivas bases de dados pode ser determinante para detectar even-tuais fraudes. Ou seja, trata-se de trocar informação directa entre as bases de dados. no entanto, a Comissão garante que os direitos e as garantias dos contribuintes serão sempre salvaguardados. Mais, será uma forma de evitar que os contribuintes, inadvertidamen-te, sejam envolvidos em fraudes fi scais. também vai determinar uma maior segurança nas trocas intracomunitárias, na óptica dos responsáveis da Comissão.

Apresentado último pacote de medidas

Comissão restringe fraudee evasão de IVA

PROBLEMA DRAMÁTICO POR RESOLVER HÁ ANOSEvitar ao máximo a fraude e a evasão em sede de IVA é um objectivo da Comis-são Europeia já com alguns anos. Bruxelas quer agora avançar com medidas efectivas. Em 2003 foram estabelecidas as actuais condições em vigor nesta área. Três anos depois, a Comissão lançou a discussão sobre a necessidade de desenvolver uma estratégia coordenada neste combate.Em Dezembro do ano passado, foi defi nido um plano de acção de curto prazo, com uma lista de medidas legislativas futuras, tendo em conta o desenvolvi-mento das capacidades das administrações fi scais para prevenir e detectar a fraude no IVA. A presente regulamentação constitui o último pacote de medidas anunciada na anterior comunicação.

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18 - Contabilidade & Empresas - Outubro 2009

Fiscalidade

CÓDIGO

Foi publicada a legislação que adopta medidas de simplifi cação do regime de fusões e cisões. O que faz sentido, face ao contexto de crise económica internacional. As operações passarão a ser mais simples, mais rápidas e mais baratas. O Governo pretendeu, com as medidas em causa, dar resposta a confederações e associações empresariais. Considera o legislador que é essencial favorecer a rapidez e a simplicidade dos processos de fusão e de reestruturação empresariais. Também está em causa a criação e a manutenção de postos de trabalho. O Executivo considera que esta legislação é um passo importante no sentido de impulsionar a actividade empresarial.

As inovações introduzidas viabilizam a conclusão dos processos de fusão entre

empresas de forma mais rápida, em apenas um mês. esta redução de prazos resulta da prática, em simultâneo, de todos os actos pre-liminares necessários à fusão ou à cisão, correndo a partir daí o prazo de um mês para que os credores se pronunciem. Com o registo de pro-jecto de fusão ou cisão, a publicação do aviso aos credores passa a ser feita de forma ofi ciosa, automática e gratuita e sempre que o projecto tenha que ser apreciado pelos só-cios das sociedades intervenientes permite-se que a convocatória tenha lugar em simultâneo com

o registo do projecto de fusão ou cisão, também gratuitamente.um segundo aspecto importante prende-se com o facto de serem aprovadas medidas que tornam mais fácil a realização de uma fusão ou cisão. É permitida a aplicação do regime simplifi cado de fusão por incorporação de sociedade detida a 90% por outra, com garantia de que os sócios detentores de 10% ou menos do capital social da empresa incorporada, que tenham votado contra o projecto de fusão em as-sembleia convocada para o efeito, se possam exonerar da sociedade.assim, o regime simplifi cado de fusão passa a poder aplicar-se, potencialmente, a um número mais vasto de situações, benefi ciando mais empresas e trabalhadores, cuja viabilidade do projecto em-presarial ou manutenção do posto de trabalho possam depender da fusão. Por outro lado, criam-se con-dições para a disponibilização de modelos electrónicos de projectos de fusão ou cisão. Por este meio, é reduzido em metade o valor cobra-do ao balcão das conservatórias de registo comercial, através dos serviços online.

Decisão mais célere por parte da administração fi scal

em matéria de concessão de be-nefícios fiscais à reestruturação

empresarial, são estabelecidos mecanismos mais eficientes e mais ágeis para uma mais rápida decisão da administração fiscal quando, associado ao processo de fusão, existe um pedido relativo a estes. a via electrónica passa a ser a forma preferencial para o envio do pedido de parecer prévio sobre a substância da operação de reorga-nização empresarial e a respectiva emissão pelo ministério da tutela da actividade da empresa, o qual deve ser emitido no prazo máximo de dez dias. Caso não seja emitido o parecer, então é considerado positivo, nos termos apresentados pela empresa.Para diminuir o prazo de decisão da administração fiscal é elimi-nada a necessidade de solicitar e obter pareceres da autoridade da Concorrência e dos institutos dos registos e notariado para a con-cessão do benefício fi scal e para a dispensa das taxas de registo. Para além da celeridade, são eliminados actos administrativos que implica-vam encargos desproporcionados sobre o investimento e a criação de emprego.É ainda introduzida a possibili-dade de as empresas solicitarem a concessão de benefícios fi scais à reestruturação empresarial no mo-mento do pedido de registo do pro-jecto, quando promovido através da internet. As empresas podem realizar todas as formalidades num só momento. as publicações que sejam necessárias realizar passam a ser gratuitas. a taxa desses re-gistos passa a incluir os registos de prédios, veículos e navios, deixando de representar um custo.

No âmbito de medidas de simplifi cação

Legislação torna fusões e cisõesmais rápidas e baratas

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Contabilidade & Empresas - Outubro 2009 - 19

Coluna do Técnico de Contas

POLÍTICA DE OPERETA

Quando este escrito for publicado, estaremos perto de saber quem será o futuro primeiro-ministro de Portugal. Mas estas reflexões não têm sequer a intenção de o

adivinhar, embora admita, que possam ter essa vocação. E o diacronismo entre uma e outra vem do princípiozinho de um homem com Ó grande, que dizia nos futebóis, que “prognós-

ticos só no fim do jogo”…Reeditam-se os tempos do defunto governo do doutor Santana Lopes nos idos de 2005?Na verdade temos vindo a assistir a uma degradação progressiva da representação da política em Portugal. O que não será para ad-mirar dado que há duas variáveis que confluem no mesmo sentido em Portugal: a personalidade desgastante do primeiro-ministro Sócrates e os tempos também desgastantes que se vivem. Tanto dá a ideia que este primeiro ministro não sabe viver senão em crise, em questiúnculas perma-nentes, atiçando fogos para depois ter o privilégio de os apagar, como os tempos que lhe couberam em

sorte –ou em azar- são demasiado complexos para a sua per-sonalidade demasiado linear e conflituosa. Claro que, quem semeia ventos colhe tempestades e não me custa nada a perceber que algumas histórias que têm acontecido a José Sócrates ganharam dimensão e vida própria, em grande parte pelo tipo de sujeito a quem se dirigem. Depois há também a dizer que o governo de José Sócrates tem conseguido passar a ideia de que quem está a ser exa-minado, não é o governo, mas sim a oposição, e isto devido à fragilidade de que esta tem dado mostras. Ora bem sabemos que não é assim, temos sim de pedir contas a quem, bem ou mal, nos governa. Também muitas vezes enaltecemos neste espectáculo narcísi-co da política actual, apenas os retóricos, os que falam bem, embora muitas vezes, sem curar de saber, em substância, do que falam. E se a eloquência é respeitável, mais respeitável ainda será a substância da eloquência, para aquilatarmos das concepções que a suportam. E convenhamos, traquejados já por trinta e tal anos de democracia, não é um José Sócrates ou um Santana Lopes, ou um Francisco Louçã ou um Paulo Portas qualquer, que engana os eleitores, os eleitores muitas vezes é que querem ser enganados por um qualquer político de meia tigela –o que não quer dizer que os políticos nomea-dos sejam todos de meia tijela; mas o que quer dizer que os eleitores gostam de ser enganados por quem lhes afaga o ego. E o ego de um eleitor tanto pode dar pelo nome de dinheiro como de prestígio, como de suposto desprendimento: na verdade haverá soberba maior do que proclamar aos quatro ventos: eu sou podre de rico mas até voto no PCP?... Tomara Jerónimo de Sousa muitos podres de ricos no PCP, embora o comunismo cristão nos diga que é mais difícil um rico entrar no reino dos céus do que um camelo passar pelo buraco de uma agulha… E tanto há falsos cristãos – de esquerda ou direita – a bater com a mão no peito, como falsos esquerdistas – de direita ou esquerda- a perorar sobre o seu desprendimento e bem--aventurança.

Manuel Benavente rodrigues

[email protected]

Pois, não perdendo de vista o cerne da questão –a descredi-bilização da representação da política nos últimos anos-, com todo o cortejo de promessas por cumprir, supostos escândalos a acontecer, demagogia a condizer, pelos mais diversos actores políticos, tudo parece entregue à capacidade de improviso do primeiro-ministro, o qual, embora sempre combativo e extremamente criativo, está definitivamente entregue a si próprio, e ao seu lugar-tenente, o ministro Augusto Santos Silva, e procurando esquecer o mais possível uns tais ministros Correia de Campos e Maria de Lurdes Rodrigues, que, aqui para nós, que ninguém nos ouve, puseram Portugal e meio contra o Governo…Resta dizer que, então, o Governo maioritário de José Sócrates, fazia o papel que o primeiro-ministro tanto gosta de interpretar: mal-encarado, mal-educado, cara de poucos amigos, com as costas quentes pela maioria absoluta.Mas eis que bastaram uns resultados adversos de umas eleições para o Parlamento Europeu para José Sócrates se apressar a compor uma nova caraça, esta agora de político humilde e arrependido e disposto a aprender com os próprios erros e dos seus acólitos – ou seja, o “doutor delicado” de que falou Paulo Portas.Admira que ninguém do seu staff lhe tenha feito perceber que a hipocrisia assim dá um bocado nas vistas, e que o “show must go on”, porém, com a bicicleta de cada um, e que para isto ter alguma seriedade há que interpretar os papéis até ao fim. Com certeza sem autismos, mas com a seriedade míni-ma que a política deve merecer a quem se dispõe a jogar o seu jogo.Assim o nosso homem, que até ganhou os debates em Se-tembro – talvez só tenha perdido para Portas –, fez algum dó durante o Verão, a compor – ou descompor – o papel de bom da fita, que coitado, não vai nada com a cara dele.Foi então que surgiu neste baile de máscaras tão mal inter-pretado valha-o Deus, a espanhola Prisa e o telejornal de 6ª feira da TVI!Claro que o nosso primeiro ministro que com amigos como estes espanhóis, não precisa de inimigos, parece metido numa camisa de onze varas – ou mais! –, com funeral a condizer e pagamento antecipado à “agência barata”. E quem o diz, é o nosso inefável professor Marcelo, que vai mesmo mais longe: José Sócrates, ao eleger no Congresso socialista como inimigo público número um Moura Guedes, tem responsabilidades em tudo o que de mal lhe possa acontecer… Se me é permitido, aconselho o primeiro-ministro a fazer já um seguro de vida, outro de acidentes pessoais e mais outro ainda de saúde, à jornalista, única forma de aplacar a cons-ciência sensível do professor Marcelo… e de caminho faça outros iguais para si, pois, embora pareça ter sete vidas como os gatos, é capaz de ter esticado a corda em demasia…Estou, pois, cheio de curiosidade de saber como o eleitorado respondeu a isto, vendo a mediocridade que grassa pelo nosso espectro partidário.Para acabar esta crónica deixem-me só dizer que precisa-se urgentemente em Portugal de políticos com dimensão. Que não procurem apenas a sobrevivência e que se lembrem do país, antes deles próprios. E que não se esqueçam que a democracia vai-se delapidando com a indiferença dos eleitores. Porque, quando votam contra nós, é porque ainda vale a pena qualquer coisa; mas muito pior é quando a política de opereta faz acelerar e aumentar o desprezo dos que não votam.

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Consultório

“Consultório” é um espaço onde se procura dar resposta, de forma clara e sucinta, às questões jurídico-fi scais que mais frequente-mente são colocadas pelos nossos leitores. Assim, os leitores poderão colocar questões do foro jurídico-fi scal que, pelo seu interesse e oportunidade, queiram ver esclarecidas nesta rubrica, as quais deverão ser dirigidas à “Contabilidade & Empresas”.

Como funciona o Programa de apoio ao empreen-dedorismo?

Já se encontra em vigor o Programa de apoio ao em-preendedorismo e à Criação do Próprio emprego (Pae-CPe), a promover e executar pelo instituto do emprego e Formação Profi ssional.o Programa aprovada pela Portaria nº 985/2009, de 4.9, inclui as seguintes medidas:- apoio à criação de empresas de pequena dimensão, com

fi ns lucrativos, independentemente da respectiva forma jurídica, abrangendo entidades que revistam a forma cooperativa, que originem a criação de emprego e con-tribuam para a dinamização das economias locais;

- apoio à criação do próprio emprego por benefi ciários de prestações de desemprego. apoios a atribuir para o desenvolvimento das medidas do PaeCPe revestem as seguintes modalidades:

- crédito com garantia e bonifi cação da taxa de juro;- apoio técnico à criação e consolidação dos projectos;- pagamento, por uma só vez, do montante global das

prestações de desemprego;- apoio complementar à modalidade anterior, sob a

forma de subsídio a fundo perdido.É destinatário das medidas de apoio à criação de empre-sas quem se encontre inscrito nos centros de emprego, com capacidade e disponibilidade para o trabalho, e que se encontre numa das seguintes situações:- desempregado inscrito há 9 meses ou menos, em situ-

ação de desemprego involuntário, ou desempregado inscrito há mais de 9 meses, independentemente do motivo da inscrição;

- jovem à procura do primeiro emprego, entendendo-se como tal a pessoa com idade compreendida entre os 18 e os 35 anos, inclusive, com o mínimo do ensino secundário completo ou nível 3 de qualifi cação ou a frequentar um processo de qualifi cação para a obten-ção desse nível de ensino ou qualifi cação, e que não tenha tido contrato de trabalho sem termo;

- nunca tenha exercido actividade profi ssional por conta de outrem ou por conta própria;

- trabalhador independente cujo rendimento médio mensal, aferido relativamente aos meses em que teve actividade no último ano, seja inferior ao valor do salário mínimo.

nota: a aferição da idade efectua-se à data da entrega do pedido de fi nanciamento. o projecto de criação de empresa não pode envolver, na sua fase de investimento e criação de postos de trabalho:- criação de mais de 10 postos de trabalho;- um investimento total superior a 200 000 euros,

considerando-se para o efeito as despesas em capital fi xo corpóreo e incorpóreo, juros durante a fase do investimento e fundo de maneio.

no projecto que inclua, no investimento a realizar, a

compra de capital social ou a cessão de estabelecimento, a empresa cujo capital é adquirido ou a empresa tres-passante do estabelecimento não pode ser detida em 25% ou mais, por cônjuge, unido de facto ou familiar do promotor até ao 2º grau em linha recta ou colateral.a empresa referida não pode, também, ser detida em 25% ou mais por outra empresa na qual aqueles sujeitos detenham 25% ou mais do respectivo capital.o projecto deve apresentar viabilidade económico-fi -nanceira.no projecto de criação de empresa não é considerado elegível:- as despesas com a aquisição de imóveis;- as despesas cuja relevância para a realização do pro-

jecto não seja fundamentada; - as operações que se destinem a reestruturação fi -

nanceira, consolidação ou substituição de créditos e saneamentos.

as despesas relativas à elaboração do plano de negócio e ao processo de candidatura ao crédito são elegíveis até ao limite de 15% do investimento elegível, não podendo ser superior a 1,5 vezes o indexante dos apoios sociais (628,83 euros).as despesas de investimento são calculadas a preços correntes, deduzindo-se o iva sempre que a empresa seja sujeito passivo do mesmo e possa proceder à res-pectiva dedução.a nova empresa não pode estar constituída à data da entrega do pedido de fi nanciamento, com excepção do projecto que inclua, no investimento a realizar, a compra de capital social. desde a data da contratualização dos apoios e até à extinção das obrigações associadas à execução do pro-jecto, a nova empresa deve reunir, cumulativamente, os seguintes requisitos:- encontrar-se regularmente constituída e registada;- dispor de licenciamento e outros requisitos legais para

o exercício da actividade ou apresentar comprovativo de ter iniciado o respectivo processo;

- ter a situação regularizada perante a administração fi scal e a segurança social;

- não se encontrar em situação de incumprimento no que respeita a apoios fi nanceiros concedidos pelo instituto do emprego e Formação Profi ssional;

- não ter registo de incidentes no sistema bancário, no sistema de garantia mútua ou na Central de responsabilidades de Crédito do Banco de Portugal, salvo justifi cação aceite pela entidade bancária e pela sociedade de garantia mútua;

- dispor de contabilidade organizada, desde que legal-mente exigido.

o crédito ao investimento é concedido por instituições bancárias no quadro de instrumentos de acesso ao cré-dito, designadamente linhas de crédito a criar para o efeito, e benefi cia de garantia, no quadro do sistema de

omo funciona o Programa de apoio ao empreen- compra de capital social ou a cessão de estabelecimento, a empresa cujo capital é adquirido ou a empresa tres-

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garantia mútua, e de bonifi cação de taxa de juro e da comissão de garantia.os referidos instrumentos de acesso ao crédito contem-plam, designadamente, duas tipologias de operações de crédito:- MiCroinvest, para operações de crédito até 15 000

euros, para fi nanciamento de projectos de investimen-to até 15 000 euros;

- invest+, para operações de crédito de montante superior a 15 000 euros e até 100 000 euros, para fi nanciamento de projectos de investimento superior a 15 000 euros e até 200 000 euros.

o apoio fi nanceiro máximo a prestar pelo instituto do emprego e Formação Profi ssional às entidades creden-ciadas é de 8 vezes o ias (3353,76 euros), por projecto, nos 2 primeiros anos de actividade da empresa.apoio à criação do próprio emprego por benefi ciários de prestações de desemprego, há lugar ao pagamento, por uma só vez, do montante global das prestações de desemprego, deduzido das importâncias eventualmente já recebidas, sempre que o benefi ciário das prestações de desemprego apresente um projecto que origine, pelo menos, a criação de emprego, a tempo inteiro, do pro-motor destinatário. o montante das prestações de desemprego pode ser aplicado na aquisição de estabelecimento por cessão ou na aquisição de capital social de empresa preexistente, que decorra de aumento do capital social e que origine, pelo menos, a criação de emprego, a tempo inteiro, do promotor destinatário.o montante das prestações de desemprego deve ser aplicado, na sua totalidade, no fi nanciamento do pro-jecto, podendo ser aplicado em operações associadas ao projecto, designadamente na realização de capital social da empresa a constituir.a empresa benefi ciária, para além de outras obrigações previstas na lei, regulamentação, protocolos e contratos aplicáveis, deve, pelo menos até à extinção das obriga-ções associadas ao projecto:- manter a actividade da empresa;

- manter o requisito de que, pelo menos metade dos promotores sejam, cumulativamente, destinatários do programa, criem o respectivo posto de trabalho a tempo inteiro e possuam conjuntamente mais de 50% do capital social e dos direitos de voto;

- manter o número de postos de trabalho que foi con-tabilizado para efeito do limite defi nido por posto de trabalho;

- cumprir com os requisitos e obrigações inerentes aos apoios comunitários, caso o programa seja co-fi nan-ciado.

Já existe novo modelo de declaração recapitulativa?

sim. Por força das alterações produzidas pelas novas regras de localização das operações tributáveis em sede de iva, foi aprovado (Portaria n.º 987/2009, de 7.9) o novo modelo da declaração recapitulativa a que se refere o art. 29.º do Civa e o art. 30.º do riti, bem como as respectivas instruções de preenchimento.no início do mês de agosto de 2009 foram aprovadas e publicadas alterações ao regime das regras de localiza-ção das prestações dos serviços tributáveis em sede de iva, bem como o novo regime de reembolso do iva a sujeitos passivos não estabelecidos no estado membro de reembolso.no âmbito dessas alterações e como uma medida de combate à fraude e à evasão fi scal, com particular in-cidência no domínio das operações intracomunitárias, o decreto-lei então publicado transpôs para a ordem jurídica interna a directiva n.º 2008/117/Ce. nessa medida, em face das novas regras comunitárias relativas à periodicidade das declarações recapitula-tivas das operações intracomunitárias, que passam a abranger também as prestações de serviços de carácter intracomunitário, bem como da necessidade da sua desanexação das declarações periódicas de imposto, o mesmo decreto-lei procedeu à alteração do artigo 30.º do riti e introduziu ajustamentos noutras disposições desse regime e no n.º 16 do artigo 29.º do Civa.

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Breves

Regulamentadosos benefícios fi scais contratuais

está regulamentado o regi-me fi scal contratual aplicável aos projectos de investimento realizados pelas empresas portuguesas, com vista à in-ternacionalização. os bene-fícios fi scais consistem num crédito de imposto por um período de vigência até cinco anos a contar da conclusão do projecto de investimento e correspondente a 10% das aplicações relevantes.estabelece-se no novo regime uma ligação muito próxima com as actividades económi-cas associadas à criação e ao desenvolvimento de pólos de competitividade e tecnologia.

em simultâneo, as acções conjuntas de internaciona-lização são incentivadas, quer através da aceitação de candidaturas referentes a investimentos conjuntos, quer por via da majoração do crédito fi scal, que passa a corresponder, no mínimo, a 10% das aplicações relevan-tes, quer estas consubstan-ciem a criação de sucursais ou outros estabelecimentos estáveis no estrangeiro, a aquisição de participações de sociedades não residentes, a criação de sociedades no es-trangeiro ou a realização de campanhas plurianuais.

Têxtil apela a política fi scaladequada à crise

o sector têxtil e vestuário espera que as suas recomen-dações contidas no segundo relatório do grupo de traba-lho, no âmbito da assembleia da república sejam tidas em conta pelo poder político. a indústria passa por um mo-mento bastante complicado, face à conjugação de uma série de factores negativos.o sector considera essencial a existência de uma política fi scal e de encargos sociais especial e limitada no tem-po – dois a três anos – que, face à conjuntura mundial

e à forte concorrência de países com menores custos de produção, sustente a competitividade desta in-dústria aos ajustamentos de mercado. Por outro lado, sem descurar o rigor e o controlo do cumprimento das prestações sociais e obrigações fi scais por parte das empresas do sector, defende-se a necessidade de haver uma análise adequa-da, célere e concertada das diferentes entidades públi-cas envolvidas nos processos de apoio às empresas.

Livros

NOVA EDIÇÃOSOBRE DIREITO TRIBUTÁRIO

a nova edição da obra “direito tributário 2009 – Colectânea de legislação com notas e remissões” inclui as mais recentes alterações e o decreto-lei nº 159/2009, de 13 de Ju-lho, relativo às alterações ao Código do irC, no âmbito do novo sistema de normalização Contabilística (snC). inclui ainda oferta de Cd rom com todo o conteúdo da obra.a publicação, da responsabilidade do grupo editorial vida económi-ca, contém todos os códigos fi scais actualizados, extensa legislação complementar e doutrina adminis-trativa. actualizada até ao fi nal do passado mês de Julho, compila e sistematiza num só volume todo o sistema fi scal nacional. inclui também numerosa legislação fundamental administrativa e índices cronológico, alfabético e remissivo.Houve a preocupação de tornar a sua consulta o mais simples possível. o autor é o chefe de Finanças Joaquim ricardo e a obra tem o preço especial de 39 euros para técnicos ofi ciais de con-tas, assinantes da vida económica e trabalhadores dos impostos. o preço de venda ao público é de 45 euros, sendo que o livro tem um total de 1480 páginas.

TRANSPORTE COLECTIVODE CRIANÇAS E JOVENS

a obra “regime jurídico do transporte colectivo de crianças e jovens”, da autoria de adalberto Costa, pretende dar um contributo para a interpretação das normas que regulam o transporte de crianças e jovens, bem como trans-mitir uma opinião sobre a matéria.trata-se de mais uma publicação do grupo editorial vida económica e inclui o regime jurídico e a regula-mentação do transporte de crianças e jovens, o quadro sancionatório, a legislação conexa e complementar, os impressos e formulários, notas práticas e o índice sistemático. a obra tem prefácio de Maria Paula Bramão, secretária-geral da antroP. o transporte de crianças e jovens, tal como qual-quer outro transporte, não deixa de ser um ins-trumento que contribui para o desenvolvimento da sociedade. a particularidade é que este tipo de transporte exige requisitos e condições peculiares, que de modo algum podem obstar à economicida-de da actividade, principalmente quando esta é exercida como actividade económica e comercial. É importante pensar na prevenção e na segurança do transporte, em geral, como um princípio a pros-seguir, em particular no respeita ao transporte de crianças e jovens. o livro tem 392 páginas e o preço ao público é de 18 euros.

OROC faz revisão de regulamentosna sequência da transpo-sição para o ordenamento jurídico da directiva relati-va à revisão e auditoria das contas anuais e consolida-das, a ordem dos revisores ofi ciais de Contas (oroC) procedeu à revisão dos re-gulamentos do Curso de Preparação para revisores ofi ciais de Contas e de ins-crição e exame.trata-se de acolher as al-terações decorrentes da transposição da referida directiva e introduzir algu-mas melhorias, resultantes

da experiência adquirida. o regulamento de Prepara-ção para roC é concebido e estruturado de acordo com os níveis de conhecimento exigidos para o exercício da profi ssão. Quanto ao re-gulamento de inscrição, a ordem pretende que todos os membros que acedam à profi ssão sejam portadores de conhecimentos adequa-dos. Por outro lado, devem estar inscritos na lista de revisores ofi ciais de contas, no âmbito das disposições previstas na legislação.

– Colectânea de legislação com notas e remissões”

trativa. actualizada até ao fi nal do passado mês de

pretende dar um contributo para a interpretação

Bramão, secretária-geral da antroP.

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Nos negócios, como na alta competição,é necessário estar bem preparado.

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