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memoria
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAISFaculdade de Filosofia e Cincias Humanas
Departamento de HistriaTextos e documentos
A conquista grega da histria: Herdoto a memria e sua celebrao
Philippe Ttart
A obra do pai da histria (segundo Ccero) tem a marca de uma fatura arcaica: senso
desenvolvido do trgico, gosto pelo anedtico, pelas digresses, desejo evidente de seduzir o leitor.
portanto excessivo falar a respeito de uma pesquisa puramente histrica do verdadeiro.
Herdoto escreve, alis: Para mim, se tenho o dever de relatar o que me dizem, no tenho
certamente obrigao de acreditar nisso que se leve em conta esta reserva de uma ponta a outra de
minha obra.
Todavia, sua histria das Guerras Mdicas, redigida uma gerao aps os fatos, confirma uma
conscincia at ento desconhecida da importncia decisiva das guerras na histria do mundo
mediterrneo. Esta evoluo sublinha um distanciamento ntido entre o conceito de histria e a
tradio escrita e oral do relato das origens mticas.
Herdoto estabelece, aqui, uma demarcao tanto mais fundamental quanto ele diz querer
reconstruir a histria para que o tempo no apague os trabalhos dos homens e que os grandes atos
realizados seja pelos gregos, seja pelos brbaros, no caiam no esquecimento. Entre manuteno e
celebrao da memria grega e abertura ao mundo (os brbaros), Herdoto assinala, portanto, a
importncia que atribui ao dever de memria. Alm disso, recusando o helenocentrismo, destaca a
necessidade do conhecimento do outro, elevando assim a histria posio de saber patrimonial e
universalista.
Fonte: TETART, Philippe. Pequena histria dos historiadores. So Paulo: EDUSC, 200, p. 13-14.Traduo: Maria Leonor LoureiroA reproduo para fins educacionais no comerciais permitida desde que citada a fonte.
A conquista grega da histria: Herdoto a memria e sua celebrao