HIDROTERAPIA

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Terapia através das propriedades físicas da água.

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HIDROTERAPIA

PROFA. MAHYRA MOTA ________________________________________ HISTRICO Por volta de 500 a.C. a civilizao grega j no via mais a gua do ponto de vista do misticismo e comeou a us-la para tratamentos fsicos especficos. Escolas de medicina foram criadas nas proximidades de muitas estaes de banhos pela civilizao grega. Adaptada por povos em todo o mundo, o recurso hdrico como forma de obter prazer e bem-estar foi proibido, uma proibio que se prolongou ao longo de toda a Idade Mdia. A partir do sculo XV, porm, a hidroterapia voltou a ganhar fora (assim como todas as terapias naturais), tendo a publicao do primeiro livro sobre hidroterapia em 1647 Uma forma fcil e natural de curar a maioria das doenas" da autoria de John Wesley, ter contribudo fortemente para esta nova divulgao. O estudo sobre esta prtica ganhou um novo flego e os trabalhos publicados sucederam-se: "Um inqurito sobre a utilizao correta e o uso e abuso dos banhos quentes, frios e temperados" (por Sir John Floyer, 1697); e ainda um estudo sobre o uso de gua fria no tratamento da varola, escrito pelo Dr.Whright em 1779. Hipcrates (460-375 a.C.) j utilizava o contraste entre banhos quentes e frios para a cura de doenas Mas Johann S. Hahn (1696-1773) quem ficou conhecido como o pai da hidroterapia moderna, tendo dedicado grande parte da sua prtica medicinal ao estudo e aplicao desta teraputica nos seus prprios pacientes. Seguiram-lhe as pisadas muitos outros estudiosos de renome Vicent Pressnitz, Dr. Joel Shaw, Wilhelm Winternitz, Dr. Simon Baruch que contriburam para a solidificao e reconhecimento pblico da hidroterapia como a conhecemos hoje. Porm foi um monge alemo no sculo XIX chamado Sebastian Kneipp (1821-1897), um dos principais precursores da Hidroterapia tal como hoje divulgada e praticada em todo o mundo. A hidroginstica ou os exerccios aquticos s comearam a ser sistematicamente desenvolvidos aps a primeira construo do primeiro tanque de Hubbard na dcada de 1920. Com as duas guerras mundiais, alimentaram o uso da gua para a manuteno do condicionamento e agiram como precursores para o surgimento atual do uso da piscina de hidroterapia e utilizao da imerso total como forma de reabilitao para uma ampla faixa de doenas. Fisioterapia aqutica hoje o termo mais conhecido para exerccios teraputicos realizados em piscina aquecida e coberta, com orientao total e restrita ao profissional de fisioterapia onde, atravs do uso de inmeras tcnicas de reabilitao, como o Watsu, Bad Ragaz, e outras tcnicas associadas s propriedades fsicas da gua, principalmente a presso hidrosttica, flutuao, viscosidade e aos efeitos do calor, proporcionam aos pacientes efeitos fisiolgicos que surgem imediatamente aps a imerso. DEFINIO O termo hidroterapia derivado das palavras gregas hydro (gua) e therapea (cura). Seu efeito curativo baseia-se nos princpios mecnicos e trmicos da gua aquecida, que atravs do toque na pele e das respostas corporais pela presso da gua, provocam diversos estmulos ativando o sistema imunolgico, aumentando a circulao e diminuindo a sensao dolorosa. A hidroterapia um mtodo teraputico que utiliza os princpios fsicos da gua em conjunto com a cinesioterapia. um trabalho especfico e individual para cada paciente para melhor conforto e segurana do mesmo. Trabalha a parte aerbica ao mesmo tempo, trabalha grandes grupos musculares e vrias articulaes ao mesmo

tempo. Vale ressaltar que os pacientes no precisam saber nadar. A Hidroterapia ou fisioterapia aqutica consiste em exerccios teraputicos realizados em piscinas, com orientao restrita de um profissional de fisioterapia onde, atravs do uso de inmeras tcnicas de reabilitao associadas s propriedades fsicas da gua, principalmente a presso hidrosttica, flutuao, viscosidade e aos efeitos do calor, proporcionam aos pacientes efeitos fisiolgicos que surgem imediatamente aps a imerso. A hidroterapia eficaz no tratamento de inmeras patologias, pois busca, atravs da gua e de exerccios teraputicos, a recuperao funcional e a reeducao motora. PRINCPIOS FSICOS DA GUA 1. Temperatura: Considerando para o devido protocolo uma variao da temperatura entre 32 a 33 graus. A gua aquecida diminui a dor, espasmo muscular, rigidez.distrai a dor, bombardeando o sistema nervoso; durante a imerso em gua aquecida, os estmulos sensoriais esto competindo com os estmulos da dor. 2. Presso Hidrosttica: A lei de Pascal estabelece que a presso do fluido exercida igualmente sobre todas as reas do corpo imerso a uma dada profundidade. A diferena de presso hidrosttica na posio vertical precipitar um movimento dos fluidos corporais da regio distal para a proximal; uma reao diurtica ocorrer na imerso em decorrncia da expanso do volume central que suprimir o hormnio antidiurtico e a combinao de presso hidrosttica e exerccios apropriados do membro aumentar a circulao. Todas esses fatores contribuiro para a reabsoro de edemas. A presso hidrosttica proporciona aos pacientes maiores perodos de reao antes que percam o equilbrio, o que beneficia a reeducao de equilbrio, o treino de marcha e a confiana do paciente. Oferece resistncia na musculatura Respiratria. 3. Flutuao: Fora que reage contra a fora de gravidade, amenizando seus efeitos proporcionais ao nvel da gua. Pode ser de assistncia, resistncia ou de apoio. Essa fora assiste qualquer movimento em direo a superfcie da gua. Quando a flutuao equivale fora de gravidade, qualquer movimento na horizontal considerado de apoio. E de resistncia se o corpo movido para o fundo da piscina, ou em outras direes com velocidade ou flutuadores maiores. A flutuabilidade diminuir a carga sobre as articulaes sustentadoras, o que auxiliar na diminuio da dor. Alm de auxiliar o movimento das articulaes rgidas em amplitudes maiores com um aumento mnimo de dor. O sistema nervoso simptico suprimido pela imerso, e conseqentemente, diminuir a percepo da dor. 4. Turbulncia: Ocorre um movimento desordenado das molculas do fluido, que causa redemoinhos reduzidos a presso atrs do objeto em movimento que tende a segur-lo. A turbulncia ocorre quando um objeto desalinhado do ponto de vista hidrodinmico move-se atravs de um fluido ou quando um objeto alinhado move-se atravs de fluido em velocidade maior do que sua velocidade crtica. A fora de arrasto de um corpo proporcional ao quadrado da velocidade, importante compreender como pequenas modificaes no tamanho, forma e velocidade de um relaxamento e propriocepo do paciente. 5. Densidade: O corpo humano possui densidade quase igual ao da gua, o que permite uma flutuao parcial do ser humano. Ento, para melhorar a flutuao e oferecer maior segurana e conforto, e diminuir a tenso do paciente, ser necessrio o uso de flutuadores.

6. Viscosidade: o atrito entre as molculas de um lquido e que causa uma resistncia a um corpo em movimento. Esse fator aumenta em 800 vezes a resistncia em relao ao ar. importante para o incio da reeducao muscular, onde grupos musculares podem estar debilitados necessitando graduar a resistncia. 7. Tenso superficial: Fora por unidade de comprimento que atua atravs de qualquer linha em uma superfcie e tende a atrair as molculas de uma superfcie de gua exposta. Este no um fato importante se o corpo estiver totalmente submerso, mas um fator significante quando o membro quebra a superfcie da gua, principalmente em fraqueza muscular excessiva. EFEITOS FISIOLGICOS DA HIDROTERAPIA Vasoconstrio perifrica, que aumenta o retorno do sangue venoso; o aumento da presso sobre os vasos linfticos, que facilita a drenagem linftica ajudando no processo de resoluo de edemas. Aumento do suporte sangneo muscular, Retirada da carga das articulaes imersas progressivamente, permitindo a interveno reabilitadora quando o movimento articular sujeito carga condicionada pela gravidade for proibido. Nos casos de leses com restries de descarga de peso corporal no solo, facilita a movimentao sem que haja descarga total ou parcial do peso corporal. Alivia a dor e os espasmos musculares. Melhora a circulao sangunea. Aperfeioa o equilbrio corporal e a coordenao motora. Favorece a manuteno ou aumento das amplitudes de movimento, direta e indiretamente. Promove o relaxamento muscular e emocional. Diminui os edemas, favorecendo o retorno venoso. Estimula o trabalho respiratrio, melhorando a capacidade pulmonar. Facilita o treinamento muscular e o condicionamento cardiovascular. Oferece oportunidade para a recreao e a socializao enquanto se realiza a terapia. Facilita a execuo de movimentos que so difceis de serem realizadas no solo. Fortalecimento muscular e treino de resistncia; Reeducao dos msculos paralisados; Manuteno e melhora do equilbrio, propriocepo, coordenao e postura; alm de haver um encorajamento das atividades da vida diria e uma sensao de bem estar fsico e psicolgico.

BENEFCIOS DO EXERCCIO EM GUA AQUECIDA Aumento de freqncia respiratria e cardaca; Aumento da circulao perifrica o que leva a um maior suprimento de sangue para o msculo; Aumenta o metabolismo muscular e taxa metablica; Aumenta a quantidade de sangue retorno ao corao o que diminui a presso arterial; Diminuio de edema pela presso hidrosttica; Reduo da sensibilidade dos terminais nervosos que somadas com todas as outras causam um relaxamento muscular geral. Promove relaxamento muscular, Reduz a sensibilidade dor e espasmos musculares; Diminui a atuao da fora de gravidade o que facilita o movimento articular;

Aumenta a fora e resistncia muscular nos casos de fraqueza excessiva; Melhora a musculatura respiratria simples imerso; Melhora a conscincia corporal, o equilbrio e a estabilidade do tronco e contribui para a moral e autoconfiana do paciente. EFEITOS PSICOLGICOS Entrar na gua uma experincia nica que fornece a todos uma oportunidade de ampliar fsica, mental e psicologicamente seus conhecimentos e habilidades. A habilidade de ser independente na gua de atingir as habilidades que podem ser impossveis e isso pode ser transferida para vida interna. A facilidade na execuo do movimento permite ao paciente conquistar muito mais em terra e d confiana a ele, o que ajuda reabilitao. Diminui o medo de queda ou de se machucar ou lesionar partes doloridas. Quando os exerccios so executados em grupo, encorajam a interao social e trazem apoio a motivao para pacientes com leses nas vrias fases da recuperao. Os fisioterapeutas e especialistas em exerccios aquticos tm usado a gua para a reabilitao, pois permite a realizao precoce de exerccios. GRADUAO DA FORA NA PISCINA TERAPUTICA A graduao da fora na piscina teraputica se d: aumentando o tamanho do brao de alavanca, movimentando um flutuador da posio proximal posio distal ou em direo ao fundo da piscina, aumentando o tamanho ou o nmero de flutuadores, movimentando-se pela gua em uma posio menos alinhada e aumentando a velocidade e mudando a direo do movimento. QUENTE VS. FRIA Na Hidroterapia, a gua utilizada tanto pode ser quente, como fria ou ento uma combinao das duas. Se, por um lado, o calor gerado por guas aquecidas acalma e relaxa o corpo, a frescura das guas geladas o ideal para estimular e revigorar o organismo. A prpria gua pode ser aplicada no corpo de vrias maneiras: imerses completas ou parciais, jactos de gua, duchas, massagens (turbilhes), movimentos realizados dentro de piscinas ou tanques, compressas ou inalaes. INDICAES As principais indicaes so das reas de ortopedia e traumatologia, medicina esportiva, reumatologia, neurologia e pneumologia. Dentre as principais esto: Reabilitaes cirrgicas ortopdicas (leses traumato-ortopdicas) Doenas reumatolgicas (Artrites e artroses, dentre outras) Entorses, leses musculares e articulares (medicina esportiva) Ortopedia e Traumatologia - problemas da coluna vertebral, fraturas, pr e ps-operatrios, inflamaes, praticantes de esportes de diversas modalidades, etc. Neurologia (adulto e infantil) - AVC, pr e ps-operatrio, atraso no desenvolvimento motor, paralisia cerebral, Sndrome de Down, etc. Ginecologia e Obstetrcia - Pr e ps parto, gestantes, etc. Respiratria (adulto e infantil) - asma, DPOC, pr e ps operatrio de lobotomia, etc. Geriatria - patologias diversas decorrentes ou no do envelhecimento. Sndromes Dolorosas e Sndromes Raras Manuteno e melhoramento do equilbrio corporal, coordenao e postura Estimulao da percepo visual Relaxamento fsico e emocional Combate ao stress. CONTRA INDICAES DA HIDROTERAPIA Relativas: Feridas abertas e doenas da pele erupes (uso de curativos a prova de gua); Hipertenso (medicada e controlada no ter problemas);

Condies cognitivas (podem afetar a concentrao, a orientao o aprendizado, a memria e as habilidades perceptuais); Audio deficiente (cuidar com uso de aparelhos); Viso deficiente (uso de lentes corretivas ); Uso de medicamentos controlados (que alteram a presso diurese contra indicado ao exerccio). Absolutas: Ps-operatrio imediato, Pacientes portadores de hidrofobias, e alguns outros casos. Doenas transmissveis pela gua, como tifo, clera e disenteria; Febre alta acima de 38 graus; Insuficincia cardaca; Doenas infecciosas; Incontinncia de fezes ou urina; Epilepsia; Insuficincia respiratria. FILOSOFIAS DE REABILITAO AQUTICA 1. Mtodo dos anis de Bad Ragaz: O mtodo dos anis de Bad Ragaz uma coleo de tcnicas teraputicas efetuadas na gua que foram desenvolvidas atravs dos anos nas guas termais de bad Ragas, na Sua. Ainda em evoluo, o mtodo usado internacionalmente para reeducao muscular, fortalecimento, trao/ alongamento espinhal, relaxamento e inibio do tnus na gua. Em 1957, avanos tcnicos desenvolvidos pelo Dr.Knupfer, de Wilbard, na Alemanha, foram introduzidos em Bad Ragaz por Nele Ipsen. Os exerccios de Knupfer refinaram o mtodo para uma tcnica de tratamento horizontal na qual o paciente era suportado flutuando sobre suas costas por meio de anis de flutuao em torno do pescoo e regio plvica e embaixo dos joelhos e tornozelos. Atualmente, o mtodo de bad ragaz incorpora tcnicas de movimentos com padres em planos anatmicos e diagonais, com resistncia e estabilizao fornecidos pelo terapeuta. O paciente ainda mantido em decbito dorsal utilizando flutuadores nos mesmos segmentos anatmicos. As tcnicas so usadas para pacientes ortopdicos ou com comprometimento neurolgico. Tanto tcnicas ativas quanto passivas so incorporadas com vrios objetivos teraputicos, incluindo reduo do tnus, prtreinamento de marcha, estabilizao do tronco e exerccio ativo e resistido. 2. Mtodo Halliwick: O mtodo Halliwick foi desenvolvido por McMillan em 1949 na Halliwick School for Girl, em Southgate, Londres. A principal finalidade das tcnicas de McMiIllan era ajudar as pacientes com incapacidades a tornarem-se mais independentes com treino para nadar. A nfase inicial do mtodo Halliwck era de natureza recreativa, com um objetivo de independncia individual na gua. Com o passar dos anos, McMillan manteve seus protocolos originais e adotou outras tcnicas protocolos originais e adotou outras tcnicas adicionadas ao seu mtodo original. Mais recentemente, essas tcnicas tm sido usadas terapeuticamente por muitos profissionais para tratar pacientes peditricos e adultos com diferentes alteraes de desenvolvimento e disfunes neurolgicas. O mtodo Halliwick enfatiza as habilidades dos pacientes na gua, e no as deficincias em terra. 3. WATSU (Shiatsu na gua): O Watsu foi criado como uma tcnica de massagem ou bemestar que no era necessariamente destinada a pacientes como so classicamente definidos. Entretanto, terapeutas de reabilitao aqutica aplicaram a abordagem pacientes com uma variedade de distrbios neuromusculares e msculo-esquelticos e relataram sucesso emprico.

Um dos resultados mais benficos do Watsu o alongamento eficaz. Atravs do alongamento, admite-se que os meridianos fiquem mais perto da superfcie do corpo, onde a energia que eles carregam pode ser liberada. Esses efeitos so embelezados por movimentos rotacionais que liberam energia bloqueada. O paciente permanece completamente passivo e muitas vezes experimenta um relaxamento profundo a partir da sustentao pela gua e um contnuo movimento rtmico dos vrios fluxos. ________________________________________ TERMALISMO (Extrado da Revista Brasileira de Reumatologia) HISTRICO DO TERMALISMO: Foram encontradas citaes do uso destas guas desde a antiguidade, entre os turcos e gregos. As obras de Homero descrevem situaes sugestivas de banhos termais, mas foi o povo romano que as popularizou como fonte de cura e prazer. Durante a Idade Mdia, esta prtica foi alvo de hostilidade por parte da Igreja Catlica, sendo considerada infame e um atentado contra a castidade, sendo abandonada. Aps o perodo medieval, a Igreja reformulou sua posio, passando o clero a organizar peregrinaes at as fontes, sobretudo na Frana, o que resultou na abertura de estabelecimentos termais, onde as guas eram consideradas santas e curativas. Nestes locais surgiram povoaes e lugares de culto, inicialmente destinados apenas aristocracia e burguesia, que os procuravam em busca de um milagre, ou apenas para mudana de ares. As termas eram recomendadas como um eptome da natureza salutar e foram assim difundidas, com maior nfase na sade ou na doena, de acordo com o discurso mdico, os interesses tursticos ou aos grupos a quem se dirigiam. No sculo XIX, por motivos econmicos e teraputicos, desenvolveu-se na Frana o termalismo, com a criao de uma especialidade chamada hidrologia mdica (crenologia), que teria a funo de pesquisar e desenvolver mtodos de tratamento com as guas termais. O crenologista seria o responsvel pelo balnerio. Nos peridicos editados pela Academia Real de Medicina Brasileira, no sculo XIX, as primeiras notcias sobre guas minerais referiam-se s fontes termais de Gois e utilizao da sua gua para o tratamento da morfia, em 1839. A partir da segunda metade do sculo, com o desenvolvimento da qumica e da prpria medicina, iniciaram-se pesquisas sobre suas propriedades teraputicas. No Brasil, a primeira de vrias teses sobre este tema foi defendida na Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, em 1841, por Antnio Maria de Miranda Castro. O autor falava das potencialidades das guas e da necessidade do Brasil investir neste campo, semelhana do que se passava na Europa, onde as guas minerais serviam de meio sanitrio e fundo precioso de interesse e prosperidade. Existem descries de pesquisas realizadas por mdicos crenlogos de Poos de Caldas, Arax, Caxambu, guas de So Pedro, guas de Lindia e tambm por Faculdades de Medicina de Belo Horizonte, So Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre. Com a descoberta de novos medicamentos, novos conceitos e prticas mdicas e pelo mecanismo de ao impreciso das guas, a partir da segunda metade do sculo XX, diminuram no Brasil as pesquisas e as prticas crenoterpicas. Os primeiros trabalhos que encontramos na literatura indexada so da dcada de 50, e a maior parte deles da dcada de 70 e 80, desenvolvidos principalmente na Frana, seguido pela Itlia, Rssia, Espanha e Portugal. Relatam-se bons resultados, mas a metodologia pobre. Vrias doenas foram includas nestes trabalhos e dentro da reumatologia so citadas gota, artrites, lombalgia, cervicalgia, osteoartrite e sndrome miofascial.

CONCEITO: Sculos antes, os benefcios da gua j eram bem conhecidos. Quem no ouviu falar j dos Banhos romanos? A palavra terma deriva do termo latim thermae, que significa "banho pblico". Para os romanos "ir a banhos" no significava apenas a limpeza do corpo, sendo as termas um local privilegiado de convvio, equipadas no s de trs tipos diferentes de banhos (um quente, um tpido e um frio), mas tambm com ginsios, estdios, bibliotecas e at algumas lojas. No nosso pas, o termalismo era uma atividade relacionada a idosos e a doentes. No entanto, este ponto de vista algo retrgrado tem vindo a alterar-se nos ltimos anos, sendo a prtica do termalismo utilizada, no s para o melhoramento de doenas fsicas, mas tambm para o tratamento de maleitas modernas como o stress, depresses e esgotamentos fsicos e/ou intelectuais. Alm disto, nos ltimos anos tem-se verificado uma preferncia turstica pela frequncia de termas. A prtica termal pode aliviar sintomas de doenas como o reumatismo (entre outras doenas locomotoras), doenas vasculares, infeces urinrias e ginecolgicas, litase renal, doenas respiratrias como a asma brnquica, bronquite crnica e enfisema pulmonar, doenas do fgado e biliares, diabetes e obesidade, doenas estomacais e intestinais, hipertenso arterial, dermatoses e alergias cutneas. Segundo as estatsticas, os clientes procuram as termas principalmente para o alvio de doenas reumticas e msculo-esquelticas - 51,42%) - seguido de doenas nas vias respiratrias e ORL (otorrinolaringologias) - 23,11% - e digestivas 12,26%. Empregamos a designao termalismo e crenoterapia, quando nos referimos ao conjunto de atividades teraputicas desenvolvidas no espao de um estabelecimento balnerio e que tem como agente teraputico a gua termal, com propriedades fsico-qumicas distintas das guas comuns. A composio das guas termais varia conforme a regio e o local de extrao e inclui minerais que formam vrios compostos como: sulfureto cido de sdio, sulfureto neutro de sdio, hiposulfito de sdio, sulfato de sdio, carbonato cido de amnio, carbonato cido de alumnio, nitrato de potssio, fosfato de ferro, arseniato cido de potssio, sulfato de clcio, sulfato de magnsio, cido silcico, carbonato cido de clcio, carbonato cido de sdio, carbonato cido de magnsio, cloreto de sdio, fosfato cido de alumnio, sulfato de potssio, fosfato cido de potssio, cido carbnico dissolvido e oxignio dissolvido. Algumas destas guas tambm so radioativas por atravessarem jazidas de rdio e trio, antes de aflorar, e ter estes elementos dissolvidos na sua composio. Essa heterogeneidade leva a pHs e propriedades fsico-qumicas diferentes, o que limita a realizao de experimentos cientficos. O mecanismo de ao ainda no est claro, mas considera-se que a melhora do paciente se baseie na vasodilatao perifrica pelas imerses em guas termais quentes, restabelecimento do equilbrio cido-bsico e mineral, ao sedativa levando a vaso-dilatao arterial e melhora da funo cardiovascular, melhora da secreo gastro-pancretica, do peristaltismo intestinal, da funo heptica com maior secreo de bile e da funo renal como diurtico, em dermatoses e alergias cutneas. Dentro da reumatologia as guas so usadas para ingesto, hidroterapia, reeducao postural e relaxamento muscular. Compressas com lama sulfurosa so usadas em artrites e osteoartrites. Pelo que se observa na histria do termalismo, existe uma relao ambgua entre turismo e prtica teraputica. Por vezes introduz-se o turismo para justificar a prtica termal e o desenvolvimento econmico e em outros momentos defendem-se as estncias termais como locais apenas para doentes. No entanto, na ltima dcada, o processo de afirmao do turismo de sade, no qual integrado o termalismo, tem vindo a mediar esta relao, pela mudana de nfase da doena para a sade, da cura para a preveno. Faltam dados cientficos consistentes sobre a eficcia do termalismo e trabalhos com metodologia precisa podero no futuro esclarec-la, porm, com base nos relatos de satisfao, bem estar e melhora subjetiva de vrios pacientes que

freqentam balnerios, pode-se ter na crenoterapia uma aliada da reumatologia, ajudando no restabelecimento da qualidade de vida do paciente reumatolgico, to valorizado na medicina atual. (Revista Brasileira de Reumatologia) REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS: CAMPION, M.R. Hidroterapia: princpios e prtica. So Paulo: Manole, 2000. RODRIGUES, E.M. GUIMARES, C.S. Manual de Recursos Teraputicos. So Paulo: Revinter, 1998. OSULLIVAN, Susan B. Fisioterapia: Avaliao e Tratamento. 2 Ed. So Paulo: Manole, 1993. KOTKE, F.G; LEHMANN, J.F. Krusen: Tratado de medicina fsica e reabilitao. So Paulo: Manole, 1994.