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2015 HIGIENE DO TRABALHO Prof.ª Tathyane Lucas Simão Prof.ª Jovania Regina Formighieri

Higiene do TrabalHo - UNIASSELVI

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2015

Higiene do TrabalHo

Prof.ª Tathyane Lucas Simão Prof.ª Jovania Regina Formighieri

Page 2: Higiene do TrabalHo - UNIASSELVI

Copyright © UNIASSELVI 2015

Elaboração:

Tathyane Lucas Simão

Jovania Regina Formighieri

Revisão, Diagramação e Produção:

Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri

UNIASSELVI – Indaial.

363.11 S588h Simão, Tathyane Lucas Higiene do trabalho /Tathyane Lucas Simão, Jovania Regina

Formighieri. Indaial : UNIASSELVI, 2015. 207 p. : il. ISBN 978-85-7830-877-3

1. Higiene no trabalho. 2. Segurança no trabalho I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.

Impresso por:

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III

apresenTaçãoAntes da Revolução Industrial, pouco se estudou sobre a saúde dos

trabalhadores e seus ambientes de trabalho. Têm-se relatos que, no século IV a.C., Hipócrates reconheceu e registrou a toxicidade do chumbo em minas, porém nenhuma medida preventiva foi adotada. 500 anos depois, Plínio descreveu os perigos relacionados à utilização do zinco e do enxofre, além da aparência dos trabalhadores expostos ao chumbo, mercúrio e poeiras. Ele descreveu, também, as primeiras “máscaras” utilizadas, isto é, os escravos colocavam panos ou membranas sobre o rosto para minimizar a inalação de poeiras (FUNDACENTRO, 2004).

Em 1473, um panfleto sobre doenças ocupacionais foi publicado, no qual havia instruções sobre a higiene ocupacional. Em seguida, a obra De re metallica (Dos Metais), em 1556, do pesquisador alemão Georgius Agricola, que publicou a precariedade com que os mineradores desenvolviam suas atividades e alguns dos métodos de prevenção de doenças utilizando a ventilação.

Após certo tempo estagnada, a higiene ocupacional ganhou nova publicação, em 1700, com a obra De morbis artificum diatriba (As doenças dos trabalhadores) do médico italiano Bernardino Ramazzini, que descreveu uma variedade de doenças provenientes dos ambientes de trabalho. Este médico é considerado, hoje, o “pai da higiene ocupacional”.

Durante o século XVIII, inúmeros problemas relacionados à higiene ocupacional foram descobertos. As mudanças ocorridas nesta época na economia e tecnologia resultaram na Revolução Industrial, aumentando consideravelmente as doenças relacionadas ao trabalho, devido ao ritmo de trabalho acelerado e sem as mínimas condições de higiene.

Nas décadas de 1930 e 1940, muitos empregadores foram influenciados pelo médico Robert Baker a contratar médicos do trabalho para analisar os problemas de saúde dos seus trabalhadores, além de ajudar no cumprimento das legislações. Esta atitude foi o passo inicial para os serviços de saúde dentro das indústrias.

Ainda durante a Revolução Industrial, Charles Dickens descreveu as diversas alterações nos processos produtivos, as quais geravam mais riscos à integridade física e à saúde dos trabalhadores. Suas descrições serviram como base para a legislação sobre higiene ocupacional, legislação esta que até hoje vigora na Inglaterra.

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IV

Já no Brasil, o impulso industrial ocorreu no final do século XIX com grandes semelhanças com a Revolução Industrial de cem anos antes na Inglaterra. Não diferente da Europa, as condições de trabalho nas indústrias brasileiras da época eram péssimas, jornadas de trabalho longas, mão de obra feminina e infantil e várias ocorrências de acidentes e doenças profissionais (FUNDACENTRO, 2004).

Semelhante ao que ocorreu na Europa e nos Estados Unidos, após denúncias de trabalhadores, jornais e estudos em universidades é que houve maior preocupação com a saúde do trabalhador. A partir disso, o Estado começou a intervir nas relações de trabalho através de legislações específicas, aprovando, em 1919, o Decreto nº 3.754 (primeira lei sobre acidentes de trabalho).

A atuação do Ministério do Trabalho no campo da higiene e segurança do trabalho iniciou no governo de Getúlio Vargas e, assim, influenciou a formação de profissionais nesta área.

Diante da importância da Higiene Ocupacional para os trabalhadores e para a sociedade em geral, este Caderno de Estudos trará uma apresentação sobre os agentes físicos, químicos e biológicos. Apresentará as doenças relacionadas a estes agentes, bem como os processos para caracterizá-los, os métodos de avaliação de cada agente, os equipamentos para essa avaliação e como interpretar os resultados encontrados nas avaliações ambientais. Trará, ainda, as normas, nacionais e internacionais, sobre os agentes, os programas de prevenção para estes agentes e como selecionar os equipamentos de proteção adequados.

Este caderno será dividido da seguinte forma: na primeira unidade serão abordados os agentes físicos, na segunda unidade serão abordados os agentes químicos e para finalizar, a terceira unidade trará tudo sobre os agentes biológicos.

Bons estudos!

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V

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material.

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O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.  Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE.  Bons estudos!

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UNI

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VI

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VII

UNIDADE 1 – AGENTES FÍSICOS ..................................................................................................... 1

TÓPICO 1 – RUÍDO E VIBRAÇÃO ..................................................................................................... 31 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 32 RUÍDO .................................................................................................................................................... 3

2.1 CONCEITOS GERAIS RELACIONADOS AO RUÍDO .............................................................. 42.2 DOENÇAS E SINTOMAS QUE O RUÍDO CAUSA NO ORGANISMO ................................. 42.3 AVALIAÇÃO DO RUÍDO ............................................................................................................... 52.4 PROCESSOS PARA CARACTERIZAÇÃO DE EXPOSIÇÃO AO RUÍDO .............................. 62.5 INSTRUMENTOS PARA AVALIAÇÃO DO RUÍDO ................................................................. 62.6 NORMA REGULAMENTADORA Nº 15 – ANEXOS 1 E 2 ....................................................... 7

2.6.1 Anexo 1 ..................................................................................................................................... 72.6.2 Anexo 2 ..................................................................................................................................... 9

2.7 NORMA DE HIGIENE OCUPACIONAL – NHO 01 ................................................................. 92.8 PROGRAMA DE CONSERVAÇÃO AUDITIVA – PCA ............................................................. 102.9 SELEÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAIS E COLETIVOS .............. 11

2.9.1 Equipamentos de Proteção Individual – EPI ...................................................................... 112.9.2 Equipamentos de Proteção Coletivos – EPC ...................................................................... 122.9.2.1 Medidas de controle na fonte ............................................................................................. 122.9.2.2 Medidas de controle na trajetória ...................................................................................... 12

3 VIBRAÇÕES .......................................................................................................................................... 133.1 DOENÇAS E SINTOMAS QUE A VIBRAÇÃO DE CORPO INTEIRO CAUSA NO ORGANISMO ............................................................................................................ 143.2 DOENÇAS E SINTOMAS QUE A VIBRAÇÃO LOCALIZADA OU DE MÃO E BRAÇO CAUSAM NO ORGANISMO ...................................................................................... 143.3 PROCESSO PARA CARACTERIZAÇÃO DE EXPOSIÇÃO À VIBRAÇÃO ........................... 153.4 INSTRUMENTOS PARA AVALIAÇÃO DA VIBRAÇÃO ......................................................... 153.5 NORMA REGULAMENTADORA Nº 15 – ANEXO Nº 8 .......................................................... 173.6 NORMA DE HIGIENE OCUPACIONAL – NHO 09 E 10 ......................................................... 17

3.6.1 Norma de Higiene Ocupacional – NHO 09: avaliação da exposição ocupacional a vibrações de corpo inteiro ............................................................................ 183.6.2 Norma de Higiene Ocupacional – NHO 10: avaliação da exposição ocupacional a vibrações em mãos e braços ......................................................................... 18

3.7 SELEÇÃO DE EQUIPAMENTOS DEPROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVA .................. 183.7.1 Equipamento de Proteção Individual – EPI ........................................................................ 193.7.2 Equipamento de Proteção Coletiva – EPC .......................................................................... 19

LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 20RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 21AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 22

TÓPICO 2 – TEMPERATURAS EXTREMAS E PRESSÕES ANORMAIS ................................... 231 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 232 TEMPERATURAS EXTREMAS ......................................................................................................... 23

2.1 CALOR ............................................................................................................................................. 23

sumário

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VIII

2.1.1 Doenças e sintomas que o calor causa no organismo ........................................................ 242.1.2 Processo para caracterização de exposição ao calor .......................................................... 242.1.3 Instrumentos para avaliação do calor .................................................................................. 252.1.4 Norma Regulamentadora nº 15 – Anexo nº 3 ..................................................................... 262.1.5 Norma de Higiene Ocupacional – NHO 06 ........................................................................ 282.1.6 Seleção de Equipamentos de Proteção Individual e Coletivo .......................................... 292.1.6.1 Equipamentos de Proteção Individuais - EPI ................................................................. 292.1.6.2 Equipamentos de Proteção Coletivos – EPC ................................................................... 29

2.2 FRIO ................................................................................................................................................... 302.2.1 Doenças e sintomas que o frio causa no organismo ......................................................... 302.2.2 Processo para caracterização de exposição ao frio............................................................. 312.2.3 Instrumentos para avaliação do frio .................................................................................... 322.2.4 Norma Regulamentadora nº 15 – Anexo nº 9 ..................................................................... 342.2.5 ACGIH – Limites de tolerância ............................................................................................. 352.2.6 Seleção de Equipamentos de Proteção Individuais e Coletivos ...................................... 362.2.6.1 Equipamento de Proteção Individual ............................................................................... 362.2.6.2 Equipamento de Proteção Coletivo ................................................................................... 37

3 PRESSÕES ANORMAIS ..................................................................................................................... 383.1 TRABALHOS SOB CONDIÇÕES DE ALTA PRESSÃO – HIPERBÁRICA ............................. 38

3.1.1 Doenças e sintomas que a alta pressão causa no organismo ............................................ 383.1.2 Norma Regulamentadora nº 15 – Anexo nº 6 ..................................................................... 38

3.2 TRABALHOS SOB CONDIÇÕES DE BAIXA PRESSÃO – HIPOBÁRICA ............................. 393.2.1 Doenças e sintomas que a pressão hipobárica causa no organismo ............................... 40

RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 41AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 42

TÓPICO 3 – RADIAÇÕES IONIZANTES E NÃO IONIZANTES, INFRASSOM E ULTRASSOM E UMIDADE........................................................................................ 431 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 432 RADIAÇÕES IONIZANTES .............................................................................................................. 43

2.1 DOENÇAS E SINTOMAS QUE A RADIAÇÃO IONIZANTE CAUSA NO ORGANISMO 442.2 PROCESSO PARA CARACTERIZAÇÃO DE EXPOSIÇÃO À RADIAÇÃO IONIZANTE .. 442.3 INSTRUMENTOS PARA AVALIAÇÃO DA RADIAÇÃO IONIZANTE ................................ 452.4 NORMA REGULAMENTADORA Nº 15 – ANEXO Nº 5 .......................................................... 472.5 NORMA REGULAMENTADORA Nº 16 – PERICULOSIDADE ............................................. 472.6 CNEN-NE-3.01 – DIRETRIZES BÁSICAS DE RADIOPROTEÇÃO ......................................... 482.7 NORMA DE HIGIENE OCUPACIONAL – NHO 05 ................................................................. 482.8 ACGIH – LIMITES DE TOLERÂNCIA ......................................................................................... 492.9 SELEÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVO ................. 49

2.9.1 Equipamentos de Proteção Individual – EPI ...................................................................... 502.9.2 Equipamentos de Proteção Coletiva – EPC ........................................................................ 50

3 RADIAÇÕES NÃO IONIZANTES ................................................................................................... 523.2 DOENÇAS E SINTOMAS QUE A RADIAÇÃO NÃO IONIZANTE CAUSA NO ORGANISMO ........................................................................................................... 533.2 PROCESSO PARA CARACTERIZAÇÃO DE EXPOSIÇÃO À RADIAÇÃO NÃO

IONIZANTE ..................................................................................................................................... 543.3 NORMA REGULAMENTADORA Nº 15 – ANEXO Nº 7 .......................................................... 543.4 SELEÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVO ................. 54

3.4.1 Equipamento de Proteção Individual – EPI ........................................................................ 543.4.2 Equipamento de Proteção Coletiva – EPC .......................................................................... 55

4 INFRASSOM E ULTRASSOM ........................................................................................................... 565 UMIDADE .............................................................................................................................................. 56

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IX

5.1 DOENÇAS E SINTOMAS QUE A UMIDADE CAUSA NO ORGANISMO........................... 575.2 PROCESSO PARA CARACTERIZAÇÃO DE EXPOSIÇÃO À UMIDADE ............................ 575.3 NORMA REGULAMENTADORA Nº 15 – ANEXO Nº 10 ........................................................ 585.4 SELEÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVO ................. 59

5.4.1 Equipamentos de Proteção Individual – EPI ...................................................................... 595.4.2 Equipamentos de Proteção Coletiva – EPC ........................................................................ 59

RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 61AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 62

UNIDADE 2 – AGENTES QUÍMICOS ................................................................................................ 63

TÓPICO 1 – CONCEITOS, FORMAS DE ABSORÇÃO E DOENÇAS RELACIONADAS ....................................................................................... 651 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 652 CONCEITOS .......................................................................................................................................... 65

2.1 GASES E VAPORES ......................................................................................................................... 652.2 AERODISPERSOIDES ..................................................................................................................... 66

3 VIAS DE ABSORÇÃO DOS AGENTES QUÍMICOS NO ORGANISMO ............................... 684 DOENÇAS RELACIONADAS AOS AGENTES QUÍMICOS ..................................................... 69

4.1 PNEUMOCONIOSES ...................................................................................................................... 694.1.1 Silicose ...................................................................................................................................... 714.1.2 Asbestose .................................................................................................................................. 714.1.3 Pneumoconiose dos trabalhadores de carvão (PTC) ......................................................... 724.1.4 Prevenção da Pneumoconiose .............................................................................................. 73

4.2 ASMA OCUPACIONAL ................................................................................................................. 754.3 SATURNISMO .................................................................................................................................. 754.4 HIDRARGIRISMO ........................................................................................................................... 774.5 DOENÇA CAUSADA PELA EXPOSIÇÃO AO CROMO .......................................................... 784.6 DOENÇAS CAUSADAS PELA EXPOSIÇÃO A SOLVENTES ORGÂNICOS........................ 794.7 BENZENISMO ................................................................................................................................. 804.8 DERMATITE ..................................................................................................................................... 81

4.8.1 Dermatite de contato por irritantes ...................................................................................... 824.8.1.1 Dermatite irritativa de contato forte (DICF) .................................................................... 824.8.2 Dermatites alérgicas de contato (DAC) ............................................................................... 83

4.9 ULCERAÇÕES ................................................................................................................................. 844.9.1 Úlcera crônica da pele não classificada em outra parte .................................................... 84

4.10 CÂNCER CUTÂNEO OCUPACIONAL .................................................................................... 854.11 PREVENÇÃO DAS DERMATITES ............................................................................................. 86

4.11.1 Prevenção primária: promoção da saúde .......................................................................... 864.11.2 Prevenção secundária .......................................................................................................... 864.11.3 Prevenção terciária .............................................................................................................. 86

LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 87RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 90AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 91

TÓPICO 2 – CARACTERIZAÇÃO, MÉTODOS E INSTRUMENTAÇÃO ................................. 931 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 932 CARACTERIZAÇÃO DOS AGENTES QUÍMICOS ..................................................................... 933 AVALIAÇÃO QUALITATIVA DOS AGENTES QUÍMICOS ...................................................... 954 AVALIAÇÃO QUANTITATIVA DOS AGENTES QUÍMICOS .................................................. 97

4.1 TIPOS DE AMOSTRAGEM ............................................................................................................ 984.2 DURAÇÃO E NÚMERO DE AMOSTRAS ................................................................................... 99

Page 10: Higiene do TrabalHo - UNIASSELVI

X

4.3 INSTRUMENTAÇÃO ..................................................................................................................... 994.3.1 Avaliação de gases e vapores ..............................................................................................1004.3.2 Avaliação de Aerodispersoides ...........................................................................................103

RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................106AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................107

TÓPICO 3 – NORMAS E RESULTADOS .........................................................................................1091 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................1092 INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS ..........................................................................................1093 NORMAS NACIONAIS E INTERNACIONAIS ..........................................................................110

3.1 NR 15: ANEXO 11 ..........................................................................................................................1123.2 NR 15: ANEXO 12 ..........................................................................................................................1143.3 NR 15: ANEXO 13 ..........................................................................................................................1153.4 ACGIH .............................................................................................................................................116

4 MEDIDAS DE CONTROLE .............................................................................................................1194.1 MEDIDAS RELATIVAS AO AMBIENTE ...................................................................................1194.2 MEDIDAS RELATIVAS AO HOMEM ........................................................................................119

5 PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA ..........................................................................................................1225.1 PROGRAMA DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA E SELEÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO ............................................................................................122

5.1.1 Administração do programa ...............................................................................................1235.1.2 Procedimentos operacionais escritos .................................................................................1235.1.3 Seleção, limitação e uso de respiradores ...........................................................................1245.1.3.1 Treinamento........................................................................................................................1275.1.3.2 Ensaio de vedação..............................................................................................................1275.1.3.3 Manutenção, Inspeção e Guarda .....................................................................................128

RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................129AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................130

UNIDADE 3 –AGENTES BIOLÓGICOS ..........................................................................................131

TÓPICO 1 – CONCEITOS BÁSICOS SOBRE AGENTES BIOLÓGICOS .................................1331 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................1332 AGENTES BIOLÓGICOS .................................................................................................................1333 CLASSIFICAÇÃO E FORMAS DE DISPERSÃO NO AMBIENTE ..........................................1364 CONTRAÇÃO DOS AGENTES PELO ORGANISMO ..............................................................1395 DOENÇAS RELACIONADAS .........................................................................................................140

5.1 HUMAN IMMUNODEFICIENCY VIRUS - HIV (AIDS) ........................................................1425.2 VHA - HEPATITE A ......................................................................................................................1425.3 VHB – HEPATITE B .......................................................................................................................1435.4 VHC – HEPATITE C ......................................................................................................................1435.5 VHD – HEPATITE D ......................................................................................................................1445.6 MYCOBACTERIUM TUBERCULOSIS – TUBERCULOSE ......................................................1445.7 ORTOMIXOVIRUS INFLUENZA – INFLUENZA ....................................................................1455.8 FLAVIRIDAE – DENGUE CLÁSSICA .........................................................................................145

RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................147AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................148

TÓPICO 2 – HIGIENE DO TRABALHO MÉTODOS E INSTRUMENTAÇÃO .......................1491 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................1493 FUNDAMENTOS DA AVALIAÇÃO ..............................................................................................1524 INSTRUMENTAÇÃO PARA AVALIAÇÃO DOS RISCOS AMBIENTAIS ............................153

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XI

5 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE EXPOSIÇÃO AOS RISCOS AMBIENTAIS .....................155RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................160AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................161

TÓPICO 4 – NORMAS E RESULTADOS .........................................................................................1631 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................1632 LEGISLAÇÃO E NORMAS REGULAMENTADORAS .............................................................1633 NR 32 – SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM SERVIÇOS DE SAÚDE ................1654 NORMAS INTERNACIONAIS .......................................................................................................1765 INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS DAS AVALIAÇÕES ................................................1786 RELAÇÃO DOS RESULTADOS COM PROGRAMAS DE SEGURANÇA DO TRABALHO .....................................................................................................1807 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVO ..........................................186LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................193RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................196AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................197

REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................199

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XII

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1

UNIDADE 1

AGENTES FÍSICOS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir desta unidade, você será capaz de:

• compreender os agentes físicos e suas formas de energia;

• compreender quais são as doenças relacionadas ao agente físico;

• definição dos instrumentos e métodos de medição e caracterização dos agen-tes físicos ligados às Normas Regulamentadoras e Normas Internacionais;

• apresentação dos limites de tolerância exigidos pela Norma Regulamenta-dora nº 15;

• apresentação de Normas Internacionais relacionadas aos agentes físicos;

• definição dos equipamentos de proteção individual para cada agente físico.

Esta unidade de ensino está dividida em 3 tópicos, sendo que, ao final de cada um deles, você encontrará atividades que contribuirão para a apropriação dos conteúdos.

TÓPICO 1 – RUÍDO E VIBRAÇÃO

TÓPICO 2 – TEMPERATURAS EXTREMAS E PRESSÕES ANORMAIS

TÓPICO 3 – RADIAÇÕES IONIZANTES E NÃO IONIZANTES, INFRASSOM E ULTRASSOM E UMIDADE

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TÓPICO 1UNIDADE 1

RUÍDO E VIBRAÇÃO

1 INTRODUÇÃOCaro(a) acadêmico(a)! Neste tópico você irá estudar sobre os agentes

físicos ruído e vibração. Vai estudar todos os itens que compõem o entendimento desses itens. Os riscos físicos expõem uma troca de energia surpreendente entre o organismo e o ambiente, mas, se a quantia for excedente ao que o organismo pode resistir, as doenças podem aparecer.

2 RUÍDOTodos os dias acontecem várias situações que envolvem som ou ruído,

mas nunca percebemos ou paramos para decifrar o que está acontecendo. E esse é o problema quando o assunto é ruído no ambiente de trabalho, onde, hoje em dia, passamos a maior parte do nosso tempo.

Segundo Russo, Toise e Pereira (1984), o ruído é uma superposição de vários movimentos vibratórios, com frequências e intensidades diferentes. Seus componentes não são harmônicos entre si, comportando-se como um todo único. Geralmente, a sensação auditiva subjetiva provocada por ele é desagradável e perturbadora, principalmente quando se apresenta intenso e inesperado.

Leal (2008, S.P) relata que os riscos físicos se caracterizam por:

a) Exigirem um meio de transmissão (em geral o ar) para propagarem sua nocividade. b) Agirem mesmo sobre pessoas que não têm contato direto com a fonte do risco. c) Em geral ocasiona lesões crônicas, mediatas.

Com isso podemos ter uma noção do quanto o ruído é um problema na vida dos empregados e dos empregadores, porque ele não prejudica apenas quem está operando a máquina ou outro equipamento, pois, por ser o meio de transmissão o ar, o ambiente todo apresenta o ruído, afetando todos os empregados que estão lá.

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UNIDADE 1 | AGENTES FÍSICOS

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2.1 CONCEITOS GERAIS RELACIONADOS AO RUÍDO

Existem algumas explicações que precisam ser entendidas para que fique mais fácil compreender o ruído.

Som: é uma vibração que se dissemina através do ar em forma de ondas e é compreendida pelo ouvido humano. O som é confortável aos nossos ouvidos. Dependendo da frequência e da intensidade, ele pode ser relativamente danoso.

Ruído: é uma vibração que se dissemina através do ar em forma de ondas e é compreendida pelo ouvido humano. Ao contrário do som, o ruído é insuportável aos nossos ouvidos. Dependendo da frequência e da intensidade, ele pode ser relativamente danoso.

Frequência: é a quantia de ondas de um som difuso no período de 1 segundo. Os sons agudos são considerados os de alta frequência, já os sons graves são considerados os de baixa frequência. Nossos ouvidos são mais vulneráveis em algumas frequências do que em outras. A forma de medida da frequência é o Hertz (Hz).

Intensidade: é a ação ou pressão que o som desempenha em nossos ouvidos. É chamado como altura ou volume. Podemos diferenciar os sons de alta e baixa intensidade da seguinte forma: um sítio onde só existe a tranquilidade do mato e nada mais tem sons de baixa intensidade, enquanto uma fábrica onde tem máquinas ruidosas tem sons de alta intensidade. Então, conhecendo a diferença, conseguimos entender que quanto maior os valores da intensidade, mais o ruído torna-se uma ameaça para o empregado. A forma de medida da intensidade é o decibel (dB).

2.2 DOENÇAS E SINTOMAS QUE O RUÍDO CAUSA NO ORGANISMO

O ruído, sem que notem, causa uma série de problemas à saúde. Brito (1999, p. 16) deixa claro em seu estudo sobre o assunto:

O corpo humano começa a responder aos ruídos a partir de 85 dB. Essa reação ao ruído leva nosso organismo a ter diferentes respostas, como: dilatação da pupila; aumento da produção de hormônios da tireoide; aumento de batimento cardíaco; contração dos vasos sanguíneos; aumento da produção de adrenalina; baixo rendimento no trabalho; ansiedade; tensão; irritabilidade; insônia; alteração nos ciclos menstruais; impotência; nervosismo; baixa concentração; cansaço; aumento da pressão sanguínea; acidentes e outros.Os efeitos do ruído são inúmeros, mas existe um facilmente demonstrável, que é a interferência com a comunicação oral. Esta acontece principalmente nas frequências de 500, 1000 e 2000 Hz, as denominadas bandas de oitava. Quando existe um som que possui níveis semelhantes aos da voz humana, e este é emitido nas frequências da voz, ocorre uma espécie de “mascaramento” que pode dificultar a comunicação oral, propiciando, assim, um aumento do número de acidentes de trabalho.

Page 17: Higiene do TrabalHo - UNIASSELVI

TÓPICO 1 | RUÍDO E VIBRAÇÃO

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A vulnerabilidade da orelha humana à ação do ruído pode desencadear uma perda auditiva.Quando ocorre uma lesão auditiva neurossensorial, surge a possibilidade de vários outros sintomas, entre eles:· Zumbidos.· Dificuldade no entendimento da fala.· Outros (algiacusia; sensação de plenitude auricular; dificuldade de localização da fonte sonora).Na audição, os efeitos podem ser:Perda Auditiva Temporária (TTS) – ocorre quando o indivíduo é exposto a ruído intenso mesmo que por pouco tempo, e faz com que o limiar auditivo sofra alteração. Essa redução é temporária, e a audição volta ao normal após um período de repouso auditivo.Trauma Acústico – é considerado como uma perda auditiva repentina, quando ocorre uma única exposição de ruído de impacto como explosões, produzindo lesões irreversíveis na cóclea, pois os níveis sonoros excedem os limites fisiológicos dessa estrutura.Perda Auditiva Permanente (PAIR) – é decorrente da exposição a ruídos de alta intensidade por longos períodos. É também irreversível, pois há destruição de células auditivas.A PAIR pode acarretar dificuldades para perceber sons agudos, como telefone, campainhas, relógio e outros. Rapidamente a lesão também começa a comprometer as frequências das áreas de conversação, afetando, assim, o reconhecimento da fala.

Pôde perceber, acadêmico(a), como é importante você entender tudo sobre ruído? O quanto ele é prejudicial e silencioso na vida das pessoas? O ruído não demonstra que está chegando à vida das pessoas, por isso precisa ser tratado com muita cautela.

2.3 AVALIAÇÃO DO RUÍDO

Conforme Saliba (2013, p. 205), a avaliação do ruído pode ser feita com os seguintes objetivos:

Avaliação Ocupacional: Esse tipo de controle visa constatar os possíveis riscos de dano auditivo e seu controle.Avaliação do ruído para caracterização da insalubridade: A perícia visando à possível caracterização da insalubridade tem como base legal a NR 15, Anexos 1 e 2, e na maioria das vezes é realizada em perícias judiciais.Avaliação para fins de aposentadoria especial: Essa avaliação é realizada para fins de comprovação junto ao INSS da exposição a níveis de ruído prejudiciais à saúde. O critério utilizado são as normas da NR 15, ACGIH, e da Previdência Social (Decreto nº 3.048/99).Avaliação para fins de conforto: O critério utilizado nessa avaliação está regulamentado na NR 17 da Portaria nº 3.214/78 e nas normas da ABNT, em especial, NBR 10152, que serão mais detalhadas no capítulo VII – Ergonomia.Avaliação da perturbação do sossego público: Nessa avaliação, a regulamentação em legislação municipal, estadual ou federal e as normas técnicas pertinentes encontram-se, em especial, nas normas da NBR 10151 e 10152 da ABNT, que sugerimos aos leitores que fossem consultadas.

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2.4 PROCESSOS PARA CARACTERIZAÇÃO DE EXPOSIÇÃO AO RUÍDO

Para ser constatada a exposição ao ruído de um trabalhador, precisa ser realizado o levantamento do ambiente de trabalho englobando a função do trabalhador, o que ele faz durante sua jornada de trabalho, quais são as máquinas e os equipamentos que ele opera, quais são os EPIs que ele utiliza, entre outras informações necessárias. Depois de realizado o levantamento de informações, são efetuadas as medições em cada operador ou em cada grupo homogêneo, que é um grupo de trabalhadores que realiza a mesma atividade. Após as medições concluídas, são expostos os resultados e é averiguado o que precisa ser feito para melhorar o ambiente de trabalho e quais são os tipos de EPI que o operador terá que utilizar caso o ruído passe do seu limite de tolerância estabelecido pela NR 15.

2.5 INSTRUMENTOS PARA AVALIAÇÃO DO RUÍDO

Os homens são capazes de detectar de onde vêm as ondas sonoras e distingui-las, mas com o aumento repentino de barulho em todos os lugares não é possível fazer afirmações precisas sobre um determinado som. Foi justamente pensando nisso que o mercado de aparelhos de medidas e precisão passaram a oferecer aparelhos, cuja função é medir a intensidade do som, como o decibelímetro e o dosímetro de ruído (SANCHES, 2012).

O decibelímetro dá o resultado do nível de pressão sonora na hora em seu leitor digital. Esse aparelho é o mais utilizado para comprovar a existência do som no ambiente de trabalho.

FIGURA 1 - MEDIDOR DE NÍVEL DE PRESSÃO SONORA – DECIBELÍMETRO

FONTE: Disponível em: <http://www.ferramentaskennedy.com.br/loja/produto/31/8644/decibelimetro-digital-35-a-130-decibeis-calibracao-interna-de460-instrutherm>. Acesso em: 24 fev. 2015.

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O dosímetro de ruído é colocado no cinto ou no cós da calça do trabalhador, e próximo ao seu ouvido fica o microfone conectado a um cabo que leva as informações até o dosímetro. Esse aparelho pode ser utilizado em diversos trabalhadores em um dia, contando que as medições realizadas em cada trabalhador seja o suficiente de informações necessárias do seu dia de trabalho.

FIGURA 2 - DOSÍMETRO DE RUÍDO

FONTE: Disponível em: <http://www.segrad.com.br/locacao-detalhes.php?id=1462&titulo=Dos%C3%ADmetro%20de%20Ruido%20/%20Calibrador%20Ac%C3%BAstico>. Acesso em: 24 fev. 2015.

Lembrando que a calibração de todos os aparelhos de medição é importante e as aferições precisam ser realizadas periodicamente. Essas aferições, depois de realizadas, devem ser certificadas pelo fabricante, assistência técnica autorizada ou laboratórios credenciados para esse objetivo.

2.6 NORMA REGULAMENTADORA Nº 15 – ANEXOS 1 E 2

A Norma Regulamentadora nº 15, em seus anexos 1 e 2, traz os limites de tolerância para os ruídos contínuos ou intermitentes e de impacto.

2.6.1 Anexo 1

QUADRO 1 - LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA RUÍDO CONTÍNUO OU INTERMITENTE

NÍVEL DE RUÍDO dB (A) MÁXIMA EXPOSIÇÃO DIÁRIA PERMISSÍVEL85 8 horas86 7 horas87 6 horas88 5 horas89 4 horas e 30 minutos90 4 horas

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FONTE: Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C816A47594D040147D14EAE840951/NR-15%20(atualizada%202014).pdf>. Acesso em: 23 fev. 2015.

Veja o que diz a Norma Regulamentadora nº 15 (2014) sobre o ruído contínuo ou intermitente:

1) Entende-se por Ruído Contínuo ou Intermitente, para os fins de aplicação de Limites de Tolerância, o ruído que não seja ruído de impacto. 2) Os níveis de ruído contínuo ou intermitente devem ser medidos em decibéis (dB) com instrumento de nível de pressão sonora operando no circuito de compensação "A" e circuito de resposta lenta (SLOW). As leituras devem ser feitas próximas ao ouvido do trabalhador. 3) Os tempos de exposição aos níveis de ruído não devem exceder os limites de tolerância fixados no Quadro deste anexo. 4) Para os valores encontrados de nível de ruído intermediário será considerada a máxima exposição diária permissível relativa ao nível imediatamente mais elevado. 5) Não é permitida exposição a níveis de ruído acima de 115 dB(A) para indivíduos que não estejam adequadamente protegidos. 6) Se durante a jornada de trabalho ocorrerem dois ou mais períodos de exposição a ruído de diferentes níveis, devem ser considerados os seus efeitos combinados, de forma que, se a soma das seguintes frações:C1 + C2 + C3 + CnT1 T2 T3 TnExceder a unidade, a exposição estará acima do limite de tolerância. Na equação acima, Cn indica o tempo total que o trabalhador fica exposto a um nível de ruído específico, e Tn indica a máxima exposição diária permissível a este nível, segundo o quadro deste anexo. 7) As atividades ou operações que exponham os trabalhadores a níveis de ruído, contínuo ou intermitente, superiores a 115 dB(A), sem proteção adequada, oferecerão risco grave e iminente.

91 3 horas e 30 minutos92 3 horas93 2 horas e 40 minutos94 2 horas e 15 minutos95 2 horas

96 1 hora e 45 minutos

98 1 hora e 15 minutos100 1 hora102 45 minutos104 35 minutos105 30 minutos106 25 minutos108 20 minutos

110 15 minutos

112 10 minutos114 8 minutos115 7 minutos

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2.6.2 Anexo 2

O anexo 2 da Norma Regulamentadora nº 15 (2014) trata sobre o ruído de impacto:

1) Entende-se por ruído de impacto aquele que apresenta picos de energia acústica de duração inferior a 1 (um) segundo, a intervalos superiores a 1 (um) segundo. 2) Os níveis de impacto deverão ser avaliados em decibéis (dB), com medidor de nível de pressão sonora operando no circuito linear e circuito de resposta para impacto. As leituras devem ser feitas próximas ao ouvido do trabalhador. O limite de tolerância para ruído de impacto será de 130 dB (linear). Nos intervalos entre os picos, o ruído existente deverá ser avaliado como ruído contínuo. 3) Em caso de não se dispor de medidor do nível de pressão sonora com circuito de resposta para impacto, será válida a leitura feita no circuito de resposta rápida (FAST) e circuito de compensação "C". Neste caso, o limite de tolerância será de 120 dB(C). 4) As atividades ou operações que exponham os trabalhadores, sem proteção adequada, a níveis de ruído de impacto superiores a 140 dB(LINEAR), medidos no circuito de resposta para impacto, ou superiores a 130 dB(C), medidos no circuito de resposta rápida (FAST), oferecerão risco grave e iminente.

O grau de insalubridade afixado para os ruídos contínuos ou intermitentes e de impacto é de 20%.

Acadêmico(a)! Verifique na Norma Regulamentadora nº 15 todas as informações importantes sobre o ruído, a qual está disponível no site oficial do Ministério do Trabalho e Emprego: <http://portal.mte.gov.br/>.

IMPORTANTE

2.7 NORMA DE HIGIENE OCUPACIONAL – NHO 01

A NHO 01 tem por objetivo estabelecer critérios e procedimentos para a avaliação da exposição ocupacional ao ruído, que implique risco potencial de surdez ocupacional. Ela se aplica à exposição ocupacional a ruído contínuo ou intermitente e a ruído de impacto, em quaisquer situações de trabalho, contudo não está voltada para a caracterização das condições de conforto acústico (FUNDACENTRO, 2001).

Vamos ver o que diz a Norma de Higiene Ocupacional NHO 01 (FUNDACENTRO, 2001) referente aos ruídos contínuos, intermitentes e de impacto:

Ruído contínuo ou intermitente: todo e qualquer ruído que não está classificado como ruído de impacto ou impulsivo.

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Acadêmico(a)! Verifique na Norma de Higiene Ocupacional – NHO 01 – todas as informações importantes sobre o ruído. Disponível no site oficial da FUNDACENTRO: <http://www.fundacentro.gov.br/>.

IMPORTANTE

2.8 PROGRAMA DE CONSERVAÇÃO AUDITIVA – PCA

O programa de Proteção Auditiva traz benefício a quem é portador de perda auditiva ou não. Tem como objetivo prevenir as perdas auditivas e até estabilizar as perdas já acentuadas em decorrência da exposição ocupacional ao ruído (NETO, 2014).

O ponto inicial do PCA é a inspeção no ambiente de trabalho, verificando cada função e analisando cada posto de trabalho, identificando onde possa existir o ruído.

Na fase de avaliação ocupacional do ruído será feita uma avaliação sistemática e repetitiva dos níveis de ruído, definindo a dose e o LEQ em cada posto de trabalho (grupo homogêneo da exposição) (SALIBA, 2013).

Conforme Saliba (2013, p. 463), vamos entender agora como proceder nos casos de cada dose:

Dose > 0,5 < 1,0Nesse caso, a NR 9 exige “Nível de Ação”. Segundo o subitem 9.3.6.1, esse nível representa o valor acima do qual devem ser iniciadas as ações preventivas, de forma a minimizar a probabilidade de que as exposições a ruído ultrapassem os limites. As ações devem incluir o monitoramento periódico da exposição, a informação ao trabalhador e o controle médico.Dose > 1,0Nesse caso, devem-se, prioritariamente, estudar medidas de controle na fonte e na trajetória. Se essas medidas forem suficientes para reduzir a intensidade do ruído abaixo do limite (dose < 0,50), devem-se apenas monitorar os riscos periodicamente. Se essas medidas não forem suficientes para reduzir a dose a < 1, devem-se adotar medidas de controle no homem, tais como limitação do tempo de exposição e o uso de EPIs. No caso dos EPIs, após a seleção deve-se calcular sua atenuação, conforme explicado anteriormente. Caso sua atenuação reduza a intensidade abaixo do Limite de Tolerância, deve ser implantado o seu uso. O treinamento para o uso correto,

Ruído de impacto ou impulsivo: ruído que apresenta picos de energia acústica de duração inferior a 1 (um) segundo, a intervalos superiores a 1 (um) segundo.

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a substituição periódica, a higienização, a obrigatoriedade do uso efetivo, entre outros, são medidas necessárias na busca da eficiência de EPIs. Lembramos que o uso parcial do protetor auricular reduz significativamente sua atenuação. Caso o EPI não seja suficiente para reduzir a exposição à dose < 1,0, deve-se limitar o tempo de exposição ou adotar medidas de controle na fonte ou trajetória.

O controle médico, especialmente os exames audiométricos, irá verificar a eficiência das medidas de controle adotadas. A audiometria deve ser realizada na admissão, na demissão, nas mudanças de função e, periodicamente, conforme preceitua a NR 7 da Portaria nº 3.214 (SALIBA, 2013).

2.9 SELEÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAIS E COLETIVOS

Chegamos ao final do estudo sobre o ruído. A seleção dos equipamentos e medidas de controle deve ser feita conforme os resultados obtidos e o que melhor encaixa.

As medidas de controle do ruído podem ser consideradas basicamente de 3 (três) maneiras distintas: na fonte, na trajetória e no homem. As medidas na fonte e na trajetória deverão ser prioritárias, quando viáveis tecnicamente (SALIBA, 2013).

Vamos verificar, agora, os Equipamentos de Proteção Individual e os Equipamentos de Proteção Coletivos para eliminação ou neutralização do ruído.

2.9.1 Equipamentos de Proteção Individual – EPI

Os profissionais de segurança no trabalho e empregadores devem entender que o controle no homem, que é a utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), é a última saída que deve ser tomada. Os EPIs podem servir de complemento para as medidas adotadas na fonte e na trajetória, e também quando essas adotadas não forem o bastante para reparar o problema.

FIGURA 3 - EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL PARA RUÍDO

FONTE: Disponível em: <http://www.cenciseg.com.br/>. Acesso em: 24 fev. 2015.

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2.9.2 Equipamentos de Proteção Coletivos – EPC

Os EPCs, ou medidas de controle, são mais eficientes do que os EPIs e também não geram tantos transtornos ao trabalhador.

2.9.2.1 Medidas de controle na fonte

Saliba (2013, p. 206) relata que são várias as medidas de controle na fonte que podem ser adotadas a fim de evitar que o ruído faça parte do dia a dia do trabalhador:

- Substituir equipamento por outro mais silencioso;- Balancear e equilibrar partes móveis;- Lubrificar eficazmente rolamentos, mancais etc.;- Reduzir impactos, na medida do possível;- Alterar o processo;- Programar as operações, de forma que permaneça o menor número de máquinas funcionando simultaneamente;- Aplicar material de modo a atenuar as vibrações;- Regular os motores;- Reapertar as estruturas;- Substituir engrenagens metálicas por outras de plástico ou celeron.

2.9.2.2 Medidas de controle na trajetória

Quando as medidas de controle na fonte foram estudadas, mas chega-se à conclusão de que não será viável, entra-se no processo de verificação de medidas de controle no meio.

Vamos entender melhor o processo de medidas de controle na trajetória que Saliba (2013, p. 207) demonstra:

- Evitar a propagação – por meio de isolamento.- Conseguir um máximo de perdas energéticas por absorção.O isolamento acústico pode ser feito das seguintes formas:1 – Evitando que o som se propague a partir da fonte;2 – Evitando que o som chegue ao receptor.Isolar a fonte: Significa a construção de barreira que separe a causa do ruído do meio que o rodeia, para evitar que esse som se propague.Isolar o receptor: Construção de barreiras que separem a causa e o meio do indivíduo exposto ao ruído.

Deve-se ressaltar que a simples utilização do EPI não implica a eliminação de o risco do trabalhador vir a sofrer diminuição da capacidade auditiva. Os protetores auriculares, para serem eficazes, deverão ser usados de forma correta e obedecer aos requisitos mínimos de qualidade representada pela capacidade de atenuação, que deverá ser devidamente testada por órgão competente. O uso constante do protetor é importante para garantir a eficácia da proteção (SALIBA, 2013).

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3 VIBRAÇÕESA vibração no meio industrial é bem comum e seu acompanhamento deve ser

levado em conta, assim como qualquer outro agente. As consequências que ele gera na saúde humana são significativas, sendo essencial avaliação e monitoramento.

A vibração é um deslocamento oscilatório de um corpo em razão de forças desequilibradas de elementos rotativos e movimentos intermitentes de uma máquina ou equipamento. É representado um movimento oscilatório e periódico caso o corpo vibre, abrangendo deslocamento em um determinado tempo.

Vamos entender dois tipos de vibrações ocupacionais que são muito presentes nos ambientes industriais: vibração de corpo inteiro e vibração localizada ou de mão e braço.

• Vibração ocupacional de corpo inteiro: Essas vibrações são passadas ao corpo em uma totalidade, frequentemente por meio da superfície de sustentação, como os pés, costas, nádegas de um indivíduo assentado. Normalmente, ocorrem em trabalho com máquinas pesadas: tratores, caminhões, ônibus, aeronaves, máquinas de terraplanagem, grandes compressores, máquinas industriais. • Vibração ocupacional localizada ou de mão e braço: Essas vibrações abrangem certas partes do corpo, em especial mãos e braços. Normalmente, ocorrem em operações com ferramentas manuais vibratórios: marteletes, britadores, rebitadeiras, compactadores, politrizes, motosserras, lixadeiras, peneiras vibratórias, furadeiras (HABRA, 2015, p. 5).

Os materiais mais utilizados para fazer o isolamento acústico são cortiça e lã de vidro, que são absorventes de som. Esses materiais devem ser utilizados para envolver as barreiras isolantes de som.

Percebem como vários dos tipos de medidas de controle são os EPCs que auxiliam a empresa a não terem gastos com os EPIs, e não ter o desgaste dos profissionais de segurança no trabalho e lideranças na imposição ao seu uso faz toda a diferença?

Sempre devemos ter em mente que os EPCs e as medidas de controle precisam estar sempre em primeiro lugar. Só salvo quando estes saem muito caro financeiramente ou deem muito trabalho para a sua instalação, aí sim, entra o uso do EPI.

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3.1 DOENÇAS E SINTOMAS QUE A VIBRAÇÃO DE CORPO INTEIRO CAUSA NO ORGANISMO

Um indivíduo exposto à vibração de corpo inteiro pode apresentar vários problemas de saúde físicos definitivos ou também alterações no sistema nervoso. A região espinhal, o sistema circulatório e urológico e o sistema nervoso central são afetados se o trabalhador tem exposição frequente à vibração. Sintomas de alteração constantemente ocorrem ao longo da exposição ou após, que são insônia, dor de cabeça, tremores e cansaço, mas após um período de descanso os sintomas devem desaparecer.

De acordo com Saliba (2013, p. 214), os efeitos constatados em grupos sujeitos a circunstâncias rigorosas de vibração foram os seguintes: “Problemas na região dorsal e lombar, gastrointestinais, sistema reprodutivo, desordens no sistema visual, problemas nos discos intervertebrais, degeneração na coluna vertebral”.

3.2 DOENÇAS E SINTOMAS QUE A VIBRAÇÃO LOCALIZADA OU DE MÃO E BRAÇO CAUSAM NO ORGANISMO

Os efeitos predominantes da exposição à vibração nas mãos e braços podem ser de ordem neurológica, osteoarticular, muscular e vascular.

O desenvolvimento da doença nas suas múltiplas fases em decorrência da exposição diária, em vários meses, pode ser notado por meio da apresentação demonstrada a seguir por Saliba (2013, p. 224):

- Formigamento ou adormecimento leve e intermitente, ou ambos, são frequentemente ignorados pelo paciente porque não interferem no trabalho ou em outras atividades. São os primeiros sintomas da síndrome.- Mais tarde, o paciente pode experimentar ataques de branqueamento de dedos, confinados primeiramente às pontas; entretanto, com a continuidade da exposição, os ataques podem se estender à base do dedo.- O frio frequente provoca os ataques, mas há outros fatores envolvidos com o mecanismo de disparo, como a temperatura central do corpo, a taxa metabólica, o tônus vascular (especialmente cedo, pela manhã) e o estado emocional.- Os ataques de branqueamento geralmente duram de 15 a 60 minutos, mas, nos casos avançados, podem durar uma ou duas horas. A recuperação se inicia com um rubor, uma hiperemia reativa, especialmente vista na palma da mão, avançando do pulso para os dedos.- Nos casos avançados, devido aos repetidos ataques isquêmicos, o tato e a sensibilidade à temperatura ficam comprometidos. Há perda de destreza e incapacidade para a realização de trabalhos minuciosos. - Prosseguindo a exposição, o número de ataques de branqueamento se reduz, sendo substituído por uma aparência cianótica dos dedos.- Finalmente, pequenas áreas de necrose da pele aparecem na ponta dos dedos (acrocianose).

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3.3 PROCESSO PARA CARACTERIZAÇÃO DE EXPOSIÇÃO À VIBRAÇÃO

No passado, até poucos anos atrás, a avaliação de vibração no corpo humano era pouco realizada, visto que, normalmente, quando se está num ambiente com vibrações elevadas, o nível de pressão sonora é bastante elevado. A avaliação da atividade por meio da dosimetria de ruído já caracterizava a atividade como insalubre (HABRA, 2015).

Para os dois tipos de vibração existentes, temos os instrumentos de medição, que fazem os levantamentos de valores que precisamos para obter os valores a indicar se existe mesmo a exposição à vibração ou não.

Deve ser feita uma antecipação de quais máquinas ou ferramentas que o operador usa; quais são suas atividades; quanto tempo o trabalhador fica exposto em cada procedimento que executa; verificar qual o tempo das pausas que ele faz e o tempo de exposição integral diário.

Depois de fazer o levantamento, deve ser instalado o instrumento de medição no trabalhador para evitar a influência do trabalho rotineiro do operador. É importante ressaltar que o trabalhador precisa estar ciente do que esse aparelho mede, o porquê que ele vai ser controlado e a importância de ele executar suas atividades normalmente, como faz todos os dias para evitar que a medição não tenha problemas e que seja realmente como o trabalhador está exposto.

Quando as medições forem encerradas, os valores da medição serão comparados aos limites de exposição que são indicados na NR 15 em seu anexo nº 8, que será estudado logo abaixo.

3.4 INSTRUMENTOS PARA AVALIAÇÃO DA VIBRAÇÃO

Para que a medição seja realizada dentro do solicitado pelas Normas NHO 09 e NHO 10, devem ser analisados os procedimentos de medição e tudo o que está relacionado aos aparelhos conforme essas Normas, pois a NR 15, no seu anexo nº 8, deixa claro que todos os procedimentos técnicos devem ser acompanhados nas normas da FUNDACENTRO.

A seguir, vamos conhecer quais são os equipamentos de medição para cada tipo de vibração:

A NHO 10 (FUNDACENTRO, 2013) deixa claro que:

Os medidores a serem utilizados na avaliação da exposição ocupacional à vibração em mãos e braços devem atender aos requisitos constantes da Norma ISO 8041 (2005) ou de suas futuras revisões e complementações e estarem ajustados de forma a atender aos seguintes parâmetros:- circuito de ponderação para mãos e braços (Wh);

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FIGURA 4 - MEDIDOR DE VIBRAÇÃO ACOPLADO AO ACELERÔMETRO DE MÃO E BRAÇO

FONTE: Disponível em: <http://www.aiqloja.com.br/medidor-de-vibracao-mod-mv-100-digital-para-o-corpo-humano.html> Acesso em: 20 fev. 2015.

A NHO 09 (FUNDACENTRO, 2013) diz que:

Os medidores a serem utilizados na avaliação da exposição ocupacional à vibração de corpo inteiro devem ser integradores, atender aos requisitos constantes da Norma ISO 8041 (2005) ou de suas futuras revisões e complementações e estar ajustados de forma a atender aos seguintes parâmetros:- circuitos de ponderação para corpo inteiro;• Wk para o eixo “z”;• Wd para os eixos “x” e “y”;- fator de multiplicação “fj” em função do eixo considerado;• fx = 1,4;• fy = 1,4;• fz = 1,0;- medição em rms.

FIGURA 5 - MEDIDOR DE VIBRAÇÃO ACOPLADO AO ACELERÔMETRO DE ASSENTO

FONTE: Disponível em: <http://www.moset.com.br/seg_trabalho.htm>. Acesso em: 20 fev. 2015.

- fator de multiplicação em função do eixo considerado: f j = 1,0 para os eixos “x”, “y” e “z”;- medição em rms.

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3.5 NORMA REGULAMENTADORA Nº 15 – ANEXO Nº 8

A Norma Regulamentadora nº 15 (2014), no seu anexo nº 8, referente a vibrações, diz que deve:

Estabelecer critérios para caracterização da condição de trabalho insalubre decorrente da exposição às Vibrações de Mãos e Braços (VMB) e Vibrações de Corpo Inteiro (VCI). Os procedimentos técnicos para a avaliação quantitativa das VCI e VMB são os estabelecidos nas Normas de Higiene Ocupacional da FUNDACENTRO. Caracterização e classificação da insalubridade Caracteriza-se a condição insalubre caso seja superado o limite de exposição ocupacional diária a VMB correspondente a um valor de aceleração resultante de exposição normalizada (aren) de 5 m/s2. Caracteriza-se a condição insalubre caso sejam superados quaisquer dos limites de exposição ocupacional diária a VCI: a) valor da aceleração resultante de exposição normalizada (aren) de 1,1 m/s2; b) valor da dose de vibração resultante (VDVR) de 21,0 m/s1,75.Para fins de caracterização da condição insalubre, o empregador deve comprovar a avaliação dos dois parâmetros acima descritos. As situações de exposição a VMB e VCI superiores aos limites de exposição ocupacional são caracterizadas como insalubres em grau médio. A avaliação quantitativa deve ser representativa da exposição, abrangendo aspectos organizacionais e ambientais que envolvam o trabalhador no exercício de suas funções. A caracterização da exposição deve ser objeto de laudo técnico que contemple, no mínimo, os seguintes itens: a) Objetivo e datas em que foram desenvolvidos os procedimentos; b) Descrição e resultado da avaliação preliminar da exposição, realizada de acordo com o item 3 do Anexo 1 da NR-9 do MTE; c) Metodologia e critérios empregados, inclusas a caracterização da exposição e representatividade da amostragem; d) Instrumentais utilizados, bem como o registro dos certificados de calibração; e) Dados obtidos e respectiva interpretação; f) Circunstâncias específicas que envolveram a avaliação; g) Descrição das medidas preventivas e corretivas eventualmente existentes e indicação das necessárias, bem como a comprovação de sua eficácia; h) Conclusão.

O grau de insalubridade para vibração, conforme inspeção em local de trabalho, tem o percentual de 20%.

3.6 NORMA DE HIGIENE OCUPACIONAL – NHO 09 E 10

Vamos verificar, agora, o que dizem as Normas de Higiene Ocupacional (NHO) da FUNDACENTRO sobre as vibrações.

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3.6.1 Norma de Higiene Ocupacional – NHO 09:avaliação da exposição ocupacional a vibrações de corpo inteiroa

Esta norma técnica tem por objetivo estabelecer critérios e procedimentos para a avaliação da exposição ocupacional a vibrações de corpo inteiro (VCI), que impliquem possibilidade de ocorrência de problemas diversos à saúde do trabalhador, entre os quais aqueles relacionados à coluna vertebral (FUNDACENTRO, 2013).

Acadêmico(a)! Verifique na íntegra a NHO 09, com todas as especificações e recomendações para avaliação e exposição ocupacional a vibrações de corpo inteiro. Site oficial da FUNDACENTRO: <http://www.fundacentro.gov.br/>.

IMPORTANTE

3.6.2 Norma de Higiene Ocupacional – NHO 10:avaliação da exposição ocupacional a vibrações em mãos e braços

Esta norma técnica tem por objetivo estabelecer critérios e procedimentos para avaliação da exposição ocupacional a vibrações em mãos e braços que implique risco à saúde do trabalhador, entre os quais a ocorrência da síndrome da vibração em mãos e braços (SVMB) (FUNDACENTRO, 2013).

Acadêmico(a)! Verifique na íntegra a NHO 10, com todas as especificações e recomendações para avaliação e exposição ocupacional a vibrações em mãos e braços. Site oficial da FUNDACENTRO: <http://www.fundacentro.gov.br/>.

IMPORTANTE

3.7 SELEÇÃO DE EQUIPAMENTOS DEPROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVA

Chegamos, agora, ao ponto de escolher as melhores maneiras e opções de proteger o trabalhador em suas atividades que são expostas à vibração. Vejamos a seguir algumas opções para auxiliar o trabalhador em sua jornada.

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3.7.1 Equipamento de Proteção Individual – EPI

O EPI mais conhecido e mais utilizado para vibração é a luva antivibração, mas devemos lembrar que só o uso da luva não é indicado, pois ela auxiliará na diminuição do impacto do equipamento transmitido à mão. É importante ressaltar que a vibração acaba deixando o trabalhador exposto a outros riscos, que deverão ser analisados e levantados os tipos de EPI, como o ruído e a poeira.

FIGURA 6 - UTILIZAÇÃO DE LUVA ANTIVIBRAÇÃO

FONTE: Disponível em: <http://segurancasaude.blogspot.com.br/2013/03/riscos-fisicos-no-trabalho-sao.html> Acesso em: 21 fev. 2015.

3.7.2 Equipamento de Proteção Coletiva – EPC

Saliba (2013, p. 230) selecionou algumas medidas de controle que são eficientes no combate à vibração:

Medidas de controle para vibrações de corpo inteiro:- assentos com suspensão a ar;- cabines com suspensão;- calibração adequada do pneu;- utilização de bancos com descanso para os braços, apoio lombar e ajuste do assento e do apoio das costas;- limitação do tempo de exposição;- implantação de programa de supervisão médica.Medidas de controle para vibrações de mão e braço:- usar ferramentas com características antivibratórias;- utilizar luvas antivibração;- executar práticas adequadas de trabalho que permitam manter as mãos e o corpo do trabalhador aquecidos bem como minimizar o acoplamento mecânico entre o trabalhador e a ferramenta vibratória;- limitar o tempo de exposição;- implantar programa de supervisão médica.

Entre outras medidas de prevenção, podemos sempre colocar em pauta os treinamentos com os operadores, sua conscientização sobre os riscos que estão expostos, quais os problemas que podem causar à sua saúde e também à implantação de sinalizações de segurança.

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UNIDADE 1 | AGENTES FÍSICOS

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POR QUE OUVIMOS E COMO FUNCIONA A AUDIÇÃO

O sistema auditivo é composto de 3 compartimentos:

☛ O ouvido externo - formado pela orelha e o canal auditivo (local onde às vezes acumula cera), que tem a função de facilitar a captação do som e o amplifica nas frequências mais altas. Este fato é uma das principais razões do porquê, embora o ruído predominante nas fábricas tenha frequência entre 1000 e 2000 hz, a lesão observada no trabalhador compromete primeiro a audição de sons de 3000 a 6000 hz. O ouvido externo funciona como um amplificador para frequências altas, chegando a aumentar a pressão sonora na frequência de 3000 Hz em até 20 decibéis.

☛ O ouvido médio - composto pela membrana timpânica (o tímpano) e de 3 ossículos (ossos pequenos) chamados de estribo, martelo e bigorna e dois músculos, um chamado estapédio e o outro tensor do tímpano. Os 3 ossos têm a função de facilitar a transmissão da energia sonora que chega na membrana para o interior de canais cheios de líquido, onde a energia sonora é convertida em hidráulica. A maneira como eles estão organizados tem a função de compensar a perda de energia que ocorre quando a energia passa do ar para um meio líquido. Os dois músculos, quando estimulados, se contraem, tendo a função de proteger o ouvido contra efeito de som muito elevado.

☛ O ouvido interno - formado pela cóclea, que contém os elementos sensoriais para a audição e o sistema vestibular responsável pelo nosso equilíbrio (este, quando alterado, a pessoa pode apresentar vertigens, como ocorre na labirintite).

COMO PERCEBEMOS OS SONS?

A onda sonora atinge a cabeça, penetra no canal auditivo e atinge a membrana timpânica, vibrando-a. Esta membrana, ao vibrar, pela pressão dos sons, movimenta os 3 ossinhos que pressionam um líquido que existe dentro de canais chamados escalas, que fazem parte da cóclea. Este líquido pressionado se movimenta e estimula as células ciliadas existentes numa estrutura da cóclea, chamada órgão de Corti, que transformam a energia mecânica da onda sonora em impulsos elétricos e os transmitem ao cérebro, através do nervo acústico, informando da chegada de um determinado som. Isto ocorre, por exemplo, quando algum barulho ocorre inesperadamente perto de nós. Se um cão late, o ouvido capta a energia sonora emitida pelo latido, processa a energia e informa o cérebro, que aprendeu desde criança, que aquele é o som de um cão, de maneira a identificar rapidamente não apenas a existência do som mas sua localização e até quem o produziu.

FONTE: Disponível em: <http://www.cerest.piracicaba.sp.gov.br/site/images/caderno7_ruido.pdf>. Acesso em: 31 mar. 2014.

LEITURA COMPLEMENTAR

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Neste tópico, você viu que:

• O ruído é uma superposição de vários movimentos vibratórios, com frequências e intensidades diferentes. Seus componentes não são harmônicos entre si, comportando-se como um todo único. Geralmente, a sensação auditiva subjetiva provocada por ele é desagradável e perturbadora, principalmente quando se apresenta intenso e inesperado.

• A vibração é um deslocamento oscilatório de um corpo em razão de forças desequilibradas de elementos rotativos e movimentos intermitentes de uma máquina ou um equipamento. É representado um movimento oscilatório e periódico caso o corpo vibre, abrangendo deslocamento em um determinado tempo.

• Vibração ocupacional de corpo inteiro: essas vibrações são passadas ao corpo em uma totalidade, frequentemente por meio da superfície de sustentação, como os pés, costas e nádegas de um indivíduo assentado.

• Vibração ocupacional localizada ou de mão e braço: essas vibrações abrangem certas partes do corpo, em especial mãos e braços.

RESUMO DO TÓPICO 1

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1 Quais são os instrumentos utilizados para medir a quantidade de ruído presente em um ambiente?

a) ( ) Acelerômetro e Decibelímetro.b) ( ) Anemômetro e Decibelímetro.c) ( ) Decibelímetro e Dosímetro.d) ( ) Dosímetro e Termômetro.

2 Qual o grau de insalubridade que é indicado pela Norma Regulamentadora nº 15 para trabalhadores que são expostos à vibração?

a) ( ) 10%.b) ( ) 20%.c) ( ) 30%.d) ( ) 40%.

3 Quantas horas um trabalhador pode ficar exposto a um ruído contínuo de 85dB (A)?

a) ( ) 8 horas.b) ( ) 9 horas.c) ( ) 10 horas.d) ( ) 11 horas.

AUTOATIVIDADE

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TÓPICO 2

TEMPERATURAS EXTREMAS E PRESSÕES ANORMAIS

UNIDADE 1

1 INTRODUÇÃONeste tópico serão estudadas as temperaturas extremas, que são o calor e

o frio, e as pressões anormais, que são as hiperbáricas e as hipobáricas. E referente a cada item, serão abordadas as legislações pertinentes e outras informações importantes para o entendimento de cada item.

2 TEMPERATURAS EXTREMASAs temperaturas extremas são situações térmicas que exigem muito dos

trabalhadores em seus afazeres profissionais. Elas podem ser identificadas em vários locais de trabalho, que podem ser em ambientes internos ou externos, mas que ambos podem acarretar muitos problemas aos trabalhadores.

As temperaturas extremas são divididas em calor e frio. Vamos, a seguir, entender sobre essas duas extremidades da temperatura.

2.1 CALOR

Calor é uma forma de energia que se transfere de um sistema para outro em virtude de uma diferença de temperatura entre eles (ALMEIDA, 2015).

A exposição ao calor é comum em indústrias de fundição, metalúrgicas, papel, vidro, siderurgias, olarias, entre outros. E também em ambientes externos comuns em épocas do ano que são quentes.

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UNIDADE 1 | AGENTES FÍSICOS

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2.1.1 Doenças e sintomas que o calor causa no organismo

No organismo sujeito a uma sobrecarga térmica, várias reações fisiológicas ocorrem visando manter o equilíbrio, porém, essas reações provocam outras alterações que, somadas, podem resultar em distúrbio fisiológico. Uma das reações do organismo é a vasodilatação periférica, que tem a finalidade de aumentar a circulação sanguínea na superfície do corpo, através da qual se fazem as trocas de calor com o ambiente, pelos mecanismos mencionados. Oura reação é a ativação das glândulas sudoríparas, ou seja, há aumento do intercâmbio de calor por mudança do suor do estado líquido para vapor. A evaporação do calor tende a equilibrar as trocas de calor entre o organismo e o ambiente. Todavia, há limitações fisiológicas na perda de calor pelo suor (SALIBA, 2013).

As quatro principais doenças que a exposição ao calor causa são:

Exaustão: Os vasos sanguíneos dilatam e acontece uma falta de sangue do córtex cerebral, onde resulta na baixa de pressão arterial.Desidratação: Reduz o volume do sangue, onde resulta a exaustão do calor.Câimbras: Com o suor excessivo, o trabalhador perde água e sais minerais, principalmente o cloreto de sódio, que tem consequência de ocorrer espasmos musculares e câimbras.Choque térmico: Quando a temperatura do corpo chega a certa temperatura, coloca em risco algum tecido vital que não pode ser atingido.

2.1.2 Processo para caracterização de exposição ao calor

Para a caracterização do calor, deve-se realizar uma inspeção no local de trabalho, acompanhando:

- Todo o procedimento de trabalho.- Quais são as máquinas e os equipamentos que o trabalhador utiliza em sua

jornada de trabalho.- Se o trabalhador está exposto à carga solar ou não.- Qual o seu ciclo de trabalho contando tempo trabalhado e tempo de descanso.- Outras informações que apontem necessárias.

Após a inspeção e anotação de todas as informações pertinentes ao processo de exposição, vão ser realizadas as medições necessárias, seguindo todas as recomendações existentes na NR 15 e na NHO 06.

Depois de realizadas as medições e levantados os valores, é hora de comparar os valores obtidos aos expostos na NR 15 em seu anexo nº 3. Somente assim será caracterizada ou não a insalubridade.

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TÓPICO 2 | TEMPERATURAS EXTREMAS E PRESSÕES ANORMAIS

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2.1.3 Instrumentos para avaliação do calor

Para sabermos qual a temperatura que o ambiente de trabalho possui, devemos fazer as medições com os instrumentos a seguir:

Termômetro de globo (Tg): O termômetro de mercúrio deve ser fixado no interior do orifício da rolha, e ambos devem ser inseridos no globo. A rolha deve ser fixada no globo com certa pressão a fim de não se soltar durante o uso. A posição relativa entre termômetro e rolha deve ser tal que, após montado no globo, o bulbo do termômetro fique posicionado no centro da esfera.Termômetro de bulbo úmido natural (tbn): O termômetro de mercúrio deve ser montado na posição vertical e revestido com uma camisa de algodão branca que deverá envolver totalmente o bulbo de mercúrio. Na montagem, verificar que a distância entre a extremidade do bulbo (revestido pela camisa) e a lâmina d’água destilada contida no erlenmeyer deve ser de 25 mm ou de 2,5 cm. No momento da utilização do sistema, umedecer o pano totalmente com água destilada e encher o erlenmeyer até a extremidade com água destilada.Termômetro de bulbo seco (tbs): Esses termômetros devem ser montados em um tripé e devem ficar no mesmo plano horizontal (SALIBA, 2013, p. 237 - 239).

FIGURA 7 - TERMÔMETROS DE GLOBO, BULBO SECO E BULBO ÚMIDO

Termômetrode Globo

Termômetrode Bulbo Seco

Termômetrode Bulbo

Úmido

FONTE: Disponível em: <http://www.cursosegurancadotrabalho.net/2013/07/Calculando-temperaturas-Instrumentos-de-medida-de-calor-e-umidade.html>. Acesso em: 16 fev. 2015.

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UNIDADE 1 | AGENTES FÍSICOS

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2.1.4 Norma Regulamentadora nº 15 – Anexo nº 3

A Norma Regulamentadora nº15 (2014), em seu Anexo nº 3, expõe todos os parâmetros e cálculos para definição de um trabalhador estar exposto ou não ao agente físico calor, sabendo assim se terá direito ou não à insalubridade. Vamos verificar a seguir o Anexo nº 3 na íntegra:

1) A exposição ao calor deve ser avaliada através do Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo – IBUTG, definido pelas equações que se seguem:

Ambientes internos ou externos sem carga solar: IBUTG = 0,7 tbn + 0,3 tg Ambientes externos com carga solar: IBUTG = 0,7 tbn + 0,1 tbs + 0,2 tg onde: tbn = temperatura de bulbo úmido natural tg = temperatura de globo tbs = temperatura de bulbo seco.

2) Os aparelhos que devem ser usados nesta avaliação são: termômetro de bulbo úmido natural, termômetro de globo e termômetro de mercúrio comum.

3) As medições devem ser efetuadas no local onde permanece o trabalhador, à altura da região do corpo mais atingida.

Limites de Tolerância para exposição ao calor, em regime de trabalho intermitente com períodos de descanso no próprio local de prestação de serviço.

1) Em função do índice obtido, o regime de trabalho intermitente será definido no Quadro nº 1.

QUADRO Nº 1

REGIME DE TRABALHO INTERMITENTE COM

DESCANSO NO PRÓPRIO LOCAL DE TRABALHO

(por hora)

TIPO DE ATIVIDADE

LEVE MODERADA PESADA

Trabalho contínuo até 30,0 até 26,7 até 25,045 minutos trabalho15 minutos descanso 30,1 a 30,5 26,8 a 28,0 25,1 a 25,9

30 minutos trabalho30 minutos descanso 30,7 a 31,4 28,1 a 29,4 26,0 a 27,9

15 minutos trabalho45 minutos descanso 31,5 a 32,2 29,5 a 31,1 28,0 a 30,0

Não é permitido o trabalho, sem a adoção de medidas

adequedas de controleacima de 32,2 acima de 31,1 acima de 30,0

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TÓPICO 2 | TEMPERATURAS EXTREMAS E PRESSÕES ANORMAIS

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2) Os períodos de descanso serão considerados tempo de serviço para todos os efeitos legais.

3) A determinação do tipo de atividade (Leve, Moderada ou Pesada) é feita consultando-se o Quadro nº 3.

Limites de Tolerância para exposição ao calor, em regime de trabalho intermitente com período de descanso em outro local (local de descanso).

1) Para os fins deste item, considera-se como local de descanso ambiente termicamente mais ameno, com o trabalhador em repouso ou exercendo atividade leve.

2) Os limites de tolerância são dados segundo o Quadro nº 2.

QUADRO Nº 2

M (Kcal/h) MÁXIMO IBUTG175200250300

30,530,028,527,5

350400450500

26,526,025,525,0

Onde: M é a taxa de metabolismo média ponderada para uma hora, determinada pela seguinte fórmula:

M = Mt x Tt + Md x Td 60

Sendo: Mt - taxa de metabolismo no local de trabalho. Tt - soma dos tempos, em minutos, em que se permanece no local de trabalho. Md - taxa de metabolismo no local de descanso. Td - soma dos tempos, em minutos, em que se permanece no local de descanso.

_____IBUTG é o valor IBUTG médio ponderado para uma hora, determinado pela seguinte fórmula:_____IBUTG = IBUTGt x Tt + IBUTGd x Td 60Sendo: IBUTGt = valor do IBUTG no local de trabalho. IBUTGd = valor do IBUTG no local de descanso.

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UNIDADE 1 | AGENTES FÍSICOS

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Tt e Td = como anteriormente definidos. Os tempos Tt e Td devem ser tomados no período mais desfavorável do ciclo de trabalho, sendo Tt + Td = 60 minutos corridos. 3) As taxas de metabolismo Mt e Md serão obtidas consultando-se o Quadro nº 3. 4) Os períodos de descanso serão considerados tempo de serviço para todos os

efeitos legais.

QUADRO Nº 3 - TAXAS DE METABOLISMO POR TIPO DE ATIVIDADE

TIPO DE ATIVIDADE Kcal/hSENTADO EM REPOUSO 100TRABALHO LEVESentado, movimentos moderados com braços e tronco (ex.: datilografia). 125Sentado, movimentos moderados com braços e pernas (ex.: dirigir). 150De pé, trabalho leve, em máquina ou bancada, principalmente com os braços. 150TRABALHO MODERADOSentado, movimentos vigorosos com braços e pernas. 180De pé, trabalho leve em máquina ou bancada, com alguma movimentação. 175De pé, trabalho moderado em máquina ou bancada, com alguma movimentação. 220Em movimento, trabalho moderado de levantar ou empurrar. 300TRABALHO PESADOTrabalho intermitente de levnatar, empurrar ou arrastar pesos (ex.: remoção com pá). 440Trabalho fatigante. 550

O grau de insalubridade para exposição ao calor com valores de IBUTG, que são maiores do que os limites de tolerância fixados nos Quadros 1 e 2, será de 20%.

2.1.5 Norma de Higiene Ocupacional – NHO 06

Esta Norma Técnica tem por objetivo o estabelecimento de critérios e procedimentos para a avaliação da exposição ocupacional ao calor, que implique sobrecarga térmica ao trabalhador, com consequente risco potencial de dano à saúde. É aplicada à exposição ocupacional ao calor em ambientes internos ou externos, com ou sem carga solar direta, em quaisquer situações de trabalho, não estando, no entanto, voltada para a caracterização de conforto térmico (FUNDACENTRO, 2002).

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TÓPICO 2 | TEMPERATURAS EXTREMAS E PRESSÕES ANORMAIS

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Acadêmico(a)! Verifique na íntegra a NHO 06, com todas as especificações e recomendações para avaliação e exposição ocupacional ao calor. Acessem o site oficial da FUNDACENTRO: <http://www.fundacentro.gov.br/>.

IMPORTANTE

2.1.6 Seleção de Equipamentos de Proteção Individual e Coletivo

São vários os tipos de Equipamentos de Proteção Individuais para os trabalhos com calor, pois variam muito do tipo de ambiente de trabalho e se o trabalho é em ambiente interno ou externo. Lembramos, porém, que o EPI deve ser escolhido sempre com o objetivo de ter a maior eficiência e conforto.

FIGURA 8 - VESTIMENTAS RESISTENTES À TEMPERATURA

FONTE: Disponível em: <http://sao-paulo.all.biz/aluminizados-aramidas-g68030#.VPD_5_nF-mg>. Acesso em: 27 fev. 2015.

2.1.6.2 Equipamentos de Proteção Coletivos – EPC

Devemos lembrar que a melhoria no ambiente de trabalho deve vir antes do uso dos EPIs, pois todo agente deve ser controlado primeiramente na fonte ou na trajetória. Só serão aplicados os EPIs depois que verificadas as razões de por que os EPCs não são viáveis ou se não dão total proteção solicitada.

Vamos, agora, entender sobre os Equipamentos de Proteção Individuais e Coletivos para trabalhos que tenham exposição ao calor.

2.1.6.1 Equipamentos de Proteção Individuais – EPI

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UNIDADE 1 | AGENTES FÍSICOS

30

2.2 FRIO

No frio ocorre o oposto de quando estamos expostos ao calor extremo com o nosso corpo. Acontece um estreitamento dos vasos sanguíneos da pele e extremidades (orelhas, nariz e dedos da mão e do pé) para segurar a perda de calor do ambiente, que traz a consequência de queda repentina de temperatura. Assim sendo, mais sangue é remetido aos órgãos indispensáveis à nossa vida, como o cérebro e o coração.

FIGURA 9 - TRABALHO EM CÂMARA FRIGORÍFICA

FONTE: Disponível em: <http://www.concurseirosligadosnotrt.com/2012/10/trabalhador-submetido-frio-continuo-em.html>. Acesso em: 6 fev. 2015.

É muito comum o trabalho que envolva situações com exposição ao frio, que pode ser desde um trabalho a céu aberto com temperatura baixa até uma indústria que possua em seu interior câmaras frigoríficas, como as indústrias alimentícias, enlatados, sorvete, pescados, entre outros.

2.2.1 Doenças e sintomas que o frio causa no organismo

A vasoconstrição periférica é a primeira resposta do organismo para tentar uma regularização entre perda e ganho de calor, ou seja, o fluxo sanguíneo é reduzido na mesma proporção que o abaixamento da temperatura. Esse

São várias as medidas que podem ser tomadas para evitar o agente físico calor. Entre elas estão: barreiras, ventilação, aclimatização, pausas para descanso e hidratação, entre outras, que podem ser consideradas por um profissional especializado.

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TÓPICO 2 | TEMPERATURAS EXTREMAS E PRESSÕES ANORMAIS

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abaixamento acarretará, quando a temperatura corpórea chegar a 35°C, em uma diminuição gradual de todas as atividades fisiológicas, tais como frequência do pulso, pressão arterial e taxa metabólica. Em contrapartida, o corpo reage de forma que o indivíduo começa a tremer compulsivamente de maneira a produzir calor (aumento da atividade muscular). Se isso não for suficiente para produzir o calor necessário, o corpo continuará a perder calor e, por volta dos 29°C, o hipotálamo perderá sua capacidade termorreguladora; as células cerebrais irão deprimir-se, consequentemente, o indivíduo poderá entrar em sonolência e posterior coma, ou seja, o indivíduo adquire o quadro de hipotermia (SALIBA, 2013).

São várias as lesões e os sintomas que a exposição ao frio pode causar ao trabalhador, porém existem algumas que são as mais comuns:

Hipotermia: Acontece quando a temperatura interna do corpo reduz abaixo do que a temperatura considerável estável ao nosso corpo que é 37,5°C. Os primeiros sintomas podem ser calafrios, amnésia, desorientação, entre outros. A temperatura corporal, quando alcança o valor de 26°C até 30°C, faz com que a pessoa corra um grande risco de vida, podendo ela ter fibrilação ventricular, parada respiratória, arritmia e até sua morte.Congelamento: Acontece quando a temperatura do tecido atinge seu ponto de congelamento. As mãos e os pés são mais suscetíveis ao congelamento, pois ficam mais expostas. O que causa o congelamento é a falta de circulação sanguínea e produção de cristais de gelo no tecido. As células das superfícies congeladas morrem, dependendo da dimensão do congelamento o tecido pode restabelecer-se ou necrosar. Doença nos pés: Acontece em funções onde exijam o trabalho com os pés dentro da água fria ou apenas úmidos por ciclos extensos, o que faz o trabalhador ficar com pernas e pés paralisados e interrompe a circulação do sangue.Problemas na pele: Devido ao frio excessivo, o trabalhador poderá apresentar gangrenas, rachaduras, fissuras, machucados, entre outros.

Além disso, o frio interfere na eficiência do trabalho e na incidência de acidentes, além de desencadear inúmeras doenças reumáticas e respiratórias (SALIBA, 2013).

2.2.2 Processo para caracterização de exposição ao frio

A Norma Regulamentadora nº 15 não deixa parâmetros de limite de tolerância para fazermos uma avaliação e, com o resultado, descobrir se o ambiente de trabalho é insalubre ou não. O único método é realizar uma avaliação qualitativa no ambiente de trabalho, caracterizando assim se o ambiente é insalubre ou não.

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UNIDADE 1 | AGENTES FÍSICOS

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FIGURA 10 - TERMÔMETROS DE GLOBO, BULBO SECO E BULBO ÚMIDO

Termômetrode Globo

Termômetrode Bulbo Seco

Termômetrode Bulbo

Úmido

FONTE: Disponível em: <http://www.cursosegurancadotrabalho.net/2013/07/Calculando-temperaturas-Instrumentos-de-medida-de-calor-e-umidade.html>. Acesso em: 16 fev. 2015.

2.2.3 Instrumentos para avaliação do frio

Mesmo não possuindo os limites de tolerância estabelecidos pela Norma Regulamentadora nº 15, pode utilizar equipamentos que nos dão resultados significativos na hora de avaliar se o ambiente é insalubre ou não.

Existem dois equipamentos que podem ser utilizados nesse tipo de medição: termômetro de bulbo seco e anemômetro.

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TÓPICO 2 | TEMPERATURAS EXTREMAS E PRESSÕES ANORMAIS

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FIGURA 11 - ANEMÔMETRO

FONTE: Disponível em: <http://www.impac.com.br/anemometro/digitallutron/anemometrodigitaltipoconcha.html>. Acesso em: 16 fev. 2015.

A gravidade da exposição ocupacional ao frio deve levar em consideração a temperatura do ar e a velocidade do vento e da atividade física. A velocidade do ar proporciona um agravamento significativo na exposição a baixas temperaturas. A combinação entre a velocidade do ar e a temperatura de bulbo seco é denominada de temperatura equivalente. Quanto maior for a velocidade do vento e menor a temperatura do local de trabalho, maior deverá ser o isolamento da roupa protetora, e menor o tempo no qual o trabalhador pode ficar exposto. A temperatura do ar é medida com um termômetro de bulbo seco comum em graus Celsius com graduação negativa suficiente para a temperatura utilizada (preferencialmente -50°C). A velocidade do vento deve ser medida por meio de anemômetros, que devem medir na escala de quilômetro por hora (km/h) (MATOS, 2007).

O local de trabalho deve ser monitorado da seguinte forma:

a) todo local de trabalho com temperatura ambiente inferior a 16°C deverá dispor de termômetro adequado para permitir total cumprimento dos limites estabelecidos;

b) sempre que a temperatura do ar no local de trabalho cair abaixo de -1°C a temperatura deve ser medida e registrada a cada quatro horas;

c) sempre que a velocidade do vento exceder a 2 m/s em ambientes fechados deve ser medida e registrada a cada quatro horas;

d) em situações de trabalho a céu aberto, a velocidade do vento deve ser medida e registrada junto à temperatura do ar quando esta for inferior a -1°C;

e) em todas as situações que forem necessárias, a medição de movimentação do ar e a temperatura equivalente de resfriamento (TER) devem ser obtidas por meio da Tabela 1, e registrada com outros dados sempre que a resultante for inferior a -7°C (MATOS, 2007).

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UNIDADE 1 | AGENTES FÍSICOS

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2.2.4 Norma Regulamentadora nº 15 – Anexo nº 9

O Anexo nº 9 da Norma Regulamentadora nº 15 (2014) deixa claro que:

As atividades ou operações executadas no interior de câmaras frigoríficas, ou em locais que apresentem condições similares, que exponham os trabalhadores ao frio, sem a proteção adequada, serão consideradas insalubres em decorrência de laudo de inspeção realizada no local de trabalho.

Não existem limites de tolerância para atividades expostas ao frio na Norma Regulamentadora nº 15.

A Norma Regulamentadora nº 15 (2014) apresenta o grau de insalubridade de 20% para locais onde a inspeção foi realizada e o frio constatado.

TABELA 1 - PODER DE RESFRIAMENTO DO VENTO SOBRE O CORPO EXPOSTO, EXPRESSO COMO TEMPERATURA EQUIVALENTE

FONTE: Disponível em: <http://www.higieneocupacional.com.br/download/frio-paiva.pdf>. Acesso em: 16 fev. 2015.

Velocidadedo vento

Temperatura do ar/temperatura de bulbo seco (°C)

10 4 -1 -7 -12 -18 -23 -29 -34 -40 -46 -51

m/s km/h Temperatura de esfriamento equivalente

calmo 10 4 -1 -7 -12 -18 -23 -29 -34 -40 -46 -51

2,24 8 9 3 -3 -9 -14 -21 -26 -32 -37 -44 -49 -56

4,47 16 4 -2 -9 -16 -23 -31 -36 -43 -50 -57 -64 -71

6,71 24 2 -6 -13 -21 -28 -36 -42 -50 -58 -65 -73 -80

8,94 32 0 -8 -16 -23 -32 -39 -47 -55 -63 -71 -79 -85

11,18 40 -1 -9 -18 -26 -34 -42 -50 -59 -67 -76 -83 -92

13,41 48 -2 -11 -19 -28 -36 -44 -52 -67 -70 -78 -87 -96

15,65 56 -3 -12 -20 -29 -37 -46 -55 -63 -72 -81 -89 98

17,88 64 -3 -12 -21 -29 -38 -47 -56 -65 -73 -82 -91 -100

Velocidade do vento acima de 17,88 m/s ou 64,37 km/h quase não alteram as situações já descritas

Pouco riscoPara exposições menores que 1 hora com a pele seca. O maior risco está na falsa sensação de segurança.

Aumenta o riscoRisco de congelamento da parte exposta em 1 minuto

Muito riscoA parte exposta pode congelar em 30 segundos.

Pés de trincheira e pés de imersão podem ocorrer em qualquer ponto deste gráfico.

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TÓPICO 2 | TEMPERATURAS EXTREMAS E PRESSÕES ANORMAIS

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2.2.5 ACGIH – Limites de tolerância

Como já sabemos, a Norma Regulamentadora nº 15 não demonstra limites de tolerância para o frio.

A ACGIH (American Conference of Governmental Industrial Hygienists) estabelece limites para exposição ao frio em função da velocidade do ar, da temperatura de bulbo seco, obtendo-se índice de temperatura equivalente de resfriamento, valor esse que determina o grau de risco da exposição. Além disso, a ACGIH estabelece alternância trabalho/descanso, em um período de quatro horas, em função de velocidade do ar, temperatura e tipo de atividades (SALIBA, 2013).

Conforme Saliba (2013), além dos limites estabelecidos pela ACGIH, poderá ser utilizado como parâmetro o quadro a seguir, que leva em consideração a temperatura de bulbo seco, zona climática onde atua o trabalhador e fornece a máxima exposição diária permissível, de acordo com o estabelecido no art. 253 da CLT.

QUADRO 3 - PARÂMETROS ESTABELECIDOS NO ART. 253 DA CLT

Faixa de temperatura de bulbo seco (ºC) Faixa de temperatura de bulbo seco (ºC)

15,0 a -17,9 (*) Tempo total de trabalho no ambiente frio de 6 (seis) horas e 40 (quarenta) minutos, sendo quatro períodos de 1 (uma) hora e 40

(quarenta minutos), alternados com 20 (vinte) minutos de repouso e recuperação térmica, fora do ambiente frio.

12,0 a -17,9 (**)

10,0 a -17,9 (***)

18,0 a -33,9Tempo total de trabalho no ambiente frio de 4 (quatro) horas,

alternando-se 1 (uma) hora de trabalho com 1 (uma) hora para recuperação térmica fora do ambiente frio.

34,0 a -56,9Tempo total de trabalho no ambiente frio de 1 (uma) hora, sendo dois períodos de 30 (trinta) minutos com separação mínima de 4 (quatro)

horas para recuperação térmica fora do ambiente frio.

57,0 a -73,0 Tempo total de trabalho no ambiente frio de 5 (cinco) minutos, sendo restante da jornada cumprida obrigatoriamente fora do ambiente frio.

Abaixo de -73,0 Não é permitida exposição ao ambiente frio, seja qual for a vestimenta utilizada.

(*) Faixa de temperatura válida para trabalhos em zona climática quente, de acordo com o mapa oficial do IBGE.

(**) Faixa de temperatura válida para trabalhos em zona climática subquente, de acordo com o mapa oficial do IBGE.

(***) Faixa de temperatura válida para trabalhos em zona climática mesotérmica, de acordo com o mapa oficial do IBGE.

FONTE: Saliba (2013, p. 245)

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UNIDADE 1 | AGENTES FÍSICOS

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A American Conference of Governmental Industrial Hygienists (ACGIH) é uma instituição não governamental, privada, sem fins lucrativos, cujos membros são higienistas ocupacionais ou profissionais de segurança e saúde ocupacional dedicados a promover a saúde e a segurança dentro de um local de trabalho. A ACGIH publica guias de orientação, denominados Threshold Limit Values (TLVs) e Biological Exposure Indices (BEls), para a utilização por higienistas ocupacionais na tomada de decisões em relação a níveis de exposição seguros de vários agentes químicos e físicos encontrados no ambiente de trabalho. Ao usar essas diretrizes, os higienistas devem estar cientes de que os TLVs e os BEIs são somente um dos múltiplos fatores a serem levados em conta na avaliação de um determinado local de trabalho e de determinadas condições deste (MEIO AMBIENTE E CIDADANIA, 2011).

IMPORTANTE

2.2.6 Seleção de Equipamentos de Proteção Individuais e Coletivos

Como estudamos nos itens anteriores sobre o trabalho exposto ao frio, os danos que ele causa são extremamente preocupantes à saúde dos trabalhadores. Por esse motivo, os Equipamentos de Proteção Individuais e Coletivos devem ser bem analisados e escolhidos para que o dano não seja tão grande.

2.2.6.1 Equipamento de Proteção Individual

É necessário que o isolamento do corpo pela vestimenta de trabalho seja satisfatório e que a camada de ar compreendida entre a pele e a roupa elimine parcialmente a transpiração para que haja uma troca regular de temperatura (SALIBA, 2013).

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TÓPICO 2 | TEMPERATURAS EXTREMAS E PRESSÕES ANORMAIS

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FIGURA 12 - VESTIMENTA PARA TRABALHO EM CÂMARAS FRIGORÍFICAS

FONTE: Disponível em: <http://www.jmarseg.com.br/linhafrigorifica.php>. Acesso em: 6 fev. 2015.

2.2.6.2 Equipamento de Proteção Coletivo

Para a proteção do trabalhador coletivamente, não existe um EPC preciso para auxiliar, reduzir ou tirar o agente agressor do ambiente. Mas existem medidas de controle que podem ser adotadas com o intuito de amenizar a situação.

Conforme Saliba (2013, p. 246), podem ser adotadas as seguintes medidas de controle:

Aclimatização: É uma medida que, para a exposição ao frio, não foi ainda muito estudada, mas sabe-se que alguns indivíduos conseguem respostas termorreguladoras satisfatórias, quando gradualmente são expostos a ambientes frios, ou seja, segundo determinados gradientes térmicos e sob controle da velocidade do ar, alguns indivíduos têm boa adaptação.Regime de trabalho: Quando a exposição ao frio é intensa, o trabalhador deve ter em mente que será necessário intercalar períodos de descanso em local termicamente superior ao local do frio, de forma a manter uma resposta termorreguladora satisfatória do corpo humano.Exames médicos: Na seleção de pessoal para execução de trabalhos em locais de frio intenso, devem-se realizar exames médicos pré-admissionais para se conhecer o histórico ocupacional do indivíduo e saber se ele é portador de diabetes, epilepsia, se é fumante, alcoólatra, ou se já sofreu lesões por exposição ao frio, ou se apresentam problema no sistema circulatório etc. Tais trabalhadores em hipótese alguma deverão se expor a trabalho sob frio intenso. Rotineiramente, deverão ser realizados exames médicos periódicos para controle e verificação com antecedência de problemas ou ruídos da exposição ao frio.

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UNIDADE 1 | AGENTES FÍSICOS

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3 PRESSÕES ANORMAISAs pressões anormais são conhecidas assim pelo fato de serem operações

praticadas com pressões acima (hiperbárica) e abaixo (hipobárica) da pressão atmosférica normal.

3.1 TRABALHOS SOB CONDIÇÕES DE ALTA PRESSÃO – HIPERBÁRICA

As condições em pressões hiperbáricas significam que o trabalhador está sujeito a pressões acima da pressão atmosférica. São eles os trabalhos sob ar comprimido e trabalhos submersos.

3.1.1 Doenças e sintomas que a alta pressão causa no organismo

Barotrauma Pulmonar: É uma lesão pulmonar que é ocasionada por alteração de pressão barométrica. É acometida pela subida rápida, onde não é respirado corretamente.Barotrauma de Ouvido: É quando se tem a sensação de pressão no ouvido, dor de ouvido, diminuição da audição, entre outros.Doença Descompressiva: É causada pela produção de bolhas de nitrogênio no corpo depois do mergulho.

3.1.2 Norma Regulamentadora nº 15 – Anexo nº 6

O Anexo nº 6 da Norma Regulamentadora nº 15 trata dos trabalhos sob condições hiperbáricas, que são os trabalhos sob ar comprimido e trabalhos submersos.

Trabalho sob ar comprimido: são os efetuados em ambientes onde o trabalhador é obrigado a suportar pressões maiores que a atmosférica e onde se exige cuidadosa descompressão, de acordo com as tabelas anexas (MTE – NR 15, 2014, p. 6). Alguns exemplos de exposição ao ar comprimido são os túneis pressurizados e os tubulões pneumáticos.

Cada carga horária de trabalho deve adotar as seguintes obrigações:

• 8 horas: 0 a 1,0 kgf/cm².• 6 horas: 1,1 a 2,5 kgf/cm².• 4 horas: 2,6 a 3,4 kgf/cm².

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TÓPICO 2 | TEMPERATURAS EXTREMAS E PRESSÕES ANORMAIS

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O trabalho em ar comprimido deve ser realizado somente após uma avaliação médica, para a verificação da saúde do trabalhador, especialmente se apresenta algum problema respiratório. Após o período de descompressão, o trabalhador deve permanecer durante duas horas para ter certeza que ele está bem.

Trabalho submerso: é qualquer trabalho realizado ou conduzido por mergulhador em meio líquido (MTE – NR 15, 2014, p. 17). O planejamento do trabalho submerso deve ser realizado, analisando os riscos, assegurando a saúde do trabalhador. Esta avaliação de riscos conta as condições da água, envolvendo temperatura da água, visibilidade, movimento das ondas, entre outros.

O grau de insalubridade para as pressões hiperbáricas é de 40%.

Acadêmico(a)! Verifique na íntegra do Anexo nº 6, da NR 15, todas as especificações e recomendações que os trabalhos sob ar comprimido e submersos exigem. Acesse o site oficial do Ministério do Trabalho e Emprego: <http://portal.mte.gov.br/>.

IMPORTANTE

3.2 TRABALHOS SOB CONDIÇÕES DE BAIXA PRESSÃO – HIPOBÁRICA

Pode ser considerada uma pressão hipobárica quando o trabalhador vai exercer suas atividades a pressões menores que a pressão atmosférica. Essa circunstância pode ocorrer quando o trabalhador vai trabalhar em altitudes elevadas. Um exemplo é trabalhadores de um arranha-céu.

No Brasil, situações de atividades envolvendo baixa pressão são raras. Na condição hipobárica, o aumento na altitude faz com que a pressão atmosférica diminua, reduzindo também a pressão parcial do oxigênio no ar.

Conforme Peixoto (2012, p. 40):

Com a queda na pressão parcial, o processo de difusão do oxigênio dos alvéolos pulmonares para as hemácias, e destas para os tecidos, é afetado negativamente, diminuindo a porcentagem de O2 na hemoglobina (o transporte de oxigênio para os tecidos). Então, uma menor pressão parcial de oxigênio (pO2) produz uma diminuição no número de moléculas de oxigênio por unidade de volume, ou seja, se respira menos quantidade de oxigênio que na pressão normal.

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UNIDADE 1 | AGENTES FÍSICOS

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3.2.1 Doenças e sintomas que a pressão hipobárica causa no organismo

Essa falta de oxigênio pode ocasionar ao trabalhador dores de cabeça, perda de percepção mental, perda de coordenação, perda de estabilidade física e problemas com movimentação do corpo.

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RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você viu que:

• As temperaturas extremas são situações térmicas que exigem muito dos trabalhadores em seus afazeres profissionais. Elas podem ser identificadas em vários locais de trabalho, que podem ser em ambientes internos ou externos, mas que ambos podem acarretar muitos problemas aos trabalhadores.

• Calor é uma forma de energia que se transfere de um sistema para outro em virtude de uma diferença de temperatura entre eles (ALMEIDA, 2015).

• A exposição ao calor é comum em indústrias de fundição, metalúrgicas, papel, vidro, siderurgias, olarias, entre outros. E também em ambientes externos comum em épocas do ano que são quentes.

• No frio ocorre o oposto de quando estamos expostos ao calor extremo com o nosso corpo. Acontece um estreitamento dos vasos sanguíneos da pele e extremidades (orelhas, nariz e dedos da mão e do pé) para segurar a perda de calor do ambiente, que traz a consequência de queda repentina de temperatura. Assim sendo, mais sangue é remetido aos órgãos indispensáveis à nossa vida, como o cérebro e o coração.

• A exposição ao frio é comum desde um trabalho a céu aberto com temperatura baixa até uma indústria que possua em seu interior câmaras frigoríficas, como as indústrias alimentícias, enlatados, sorvete, pescados, entre outros.

• As pressões anormais são conhecidas assim pelo fato de serem operações praticadas com pressões acima (hiperbárica) e abaixo (hipobárica) da pressão atmosférica normal.

• As condições em pressões hiperbáricas significam que o trabalhador está sujeito a pressões acima da pressão atmosférica. São eles os trabalhos sob ar comprimido e trabalhos submersos.

• Pode ser considerada uma pressão hipobárica quando o trabalhador vai exercer suas atividades a pressões menores que a pressão atmosférica. Essa circunstância pode ocorrer quando o trabalhador vai trabalhar em altitudes elevadas. Um exemplo é trabalhadores de um arranha-céu.

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1 A Norma Regulamentadora nº 15 tem um anexo que trata somente sobre trabalhos que tenham exposição ao calor. Conforme estudamos nesse capítulo, qual é este anexo?

a) ( ) Anexo nº 1.b) ( ) Anexo nº 2.c) ( ) Anexo nº 3.d) ( ) Anexo nº 4.

2 As pressões hiperbáricas são aquelas que estão acima da pressão atmosférica. Quais são as atividades que estão expostas a essas pressões? E qual o grau de insalubridade que um trabalhador poderá receber se estiver exposto a essas atividades?

3 O frio, considerado uma temperatura extrema, deve ser muito bem analisado e estudado para que não venha a interferir no bem-estar do trabalhador e causar doenças para ele. Depois de feitos os levantamentos e as medições e chegado ao resultado, quais são as medidas de controle que podem ser aplicadas?

AUTOATIVIDADE

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TÓPICO 3

RADIAÇÕES IONIZANTES E NÃO IONIZANTES, INFRASSOM

E ULTRASSOM E UMIDADE

UNIDADE 1

1 INTRODUÇÃONeste tópico, você, acadêmico(a), vai conhecer e entender melhor o

que são radiações ionizantes, radiações não ionizantes, infrassom, ultrassom e umidade. Cada item terá sua explicação devida e minuciosa sobre cada questão levantada. A legislação pertinente continua neste tópico, assim como as outras informações que serão necessárias para o seu estudo ficar completo.

2 RADIAÇÕES IONIZANTESA radiação ionizante é a radiação eletromagnética que tem energia

satisfatória para ocasionar transformação nos átomos em que se acomete – ionização –, que é a condição dos raios X, alfa, beta e gama e dos materiais radioativos. A seguir, os conceitos de raio X, alfa, beta e gama.

Raio X: Para caracterização de um raio X, uma máquina estimula os elétrons e faz com que eles se choquem contra uma placa de chumbo ou algum material diferente. Nesse choque, os elétrons deixam a energia cinética, onde acontece uma alteração em calor – próximo da integralidade – e uma pequena quantidade de raios X. Os raios transpassam corpos, por isso tiramos um raio X quando queremos ver nossos ossos ou órgãos internos.

Alfa: As partículas alfa têm sua massa e carga elétrica moderadamente maior, fazendo com isso que sejam facilmente retidos – até por uma folha de papel –, essas partículas em geral não conseguem transpassar as camadas externas das células mortas da pele de um ser humano fazendo com que ela seja quase inócua.

Beta: As partículas beta podem adentrar, aproximadamente, um centímetro nos tecidos, onde causa detrimento à pele, mas não chega a afetar os órgãos internos, somente se for ingerido ou aspirado.

Gama: Igualmente aos raios X, os raios gama são imensamente penetrantes, onde são segurados apenas por uma parede de concreto ou metal. De maneira oposta às radiações alfa e beta, que são compostas por partículas, a radiação gama é composta por ondas eletromagnéticas transmitidas por núcleos instáveis após a emissão de uma partícula alfa ou beta.

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UNIDADE 1 | AGENTES FÍSICOS

Acadêmico(a)! Verifique na Norma Regulamentadora nº 15 todas as informações importantes sobre as radiações ionizantes; estude, também, o anexo nº 5, que trata sobre os limites de tolerância para os trabalhos que envolvam radiações ionizantes. Acesse o site oficial do Ministério do Trabalho e Emprego: <http://portal.mte.gov.br/>.

IMPORTANTE

2.1 DOENÇAS E SINTOMAS QUE A RADIAÇÃO IONIZANTE CAUSA NO ORGANISMO

Segundo Dimenstein (2001), a exposição da radiação ionizante pode induzir a efeitos biológicos em órgãos ou tecidos pela produção de íons e disposição da energia, que podem danificar moléculas importantes como o DNA.

Neste caso, pode suceder à formação de radicais livres – moléculas quimicamente reativas com elétrons desirmanados –, que são formados pela relação da radiação ionizante com os tecidos, onde impulsionam a rupturas cromossômicas e desordens de múltiplas formas. O tamanho da lesão biológica decorre da dose que a pessoa recebeu de radiação.

Conforme Saliba (2013, p. 248), são várias as alterações que as radiações ionizantes causam ao organismo:

A resposta dos diferentes órgãos e tecidos à radiação é variável tanto em relação ao tempo de aparecimento quanto à gravidade dos sintomas. Assim, poderão ocorrer alterações no sistema hematopoiético (perda de leucócitos, diminuição do número de plaquetas, anemia), no aparelho digestivo (inibição da proliferação celular, diminuição ou supressão de secreções), na pele (inflamação, eritema e descamação), no sistema reprodutor (redução da fertilidade ou esterilidade), nos olhos, no sistema cardiovascular (pericardites), no sistema urinário (fibrose renal) e no fígado (hepatite de radiação).

2.2 PROCESSO PARA CARACTERIZAÇÃO DE EXPOSIÇÃO À RADIAÇÃO IONIZANTE

Para caracterização da radiação ionizante em um ambiente de trabalho, deve ser realizada a avaliação quantitativa, onde é relatada a exposição com os equipamentos indicados: contador Geiger ou dosímetros fotográficos.

O quadro da CNEN-NE-3.01 mostra os limites primários anuais de dose equivalente, onde será verificado conforme os resultados das medições.

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TÓPICO 3 | RADIAÇÕES IONIZANTES E NÃO IONIZANTES, INFRASSOM E ULTRASSOM E UMIDADE

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QUADRO 4 – LIMITES PRIMÁRIOS ANUAIS DE DOSE EQUIVALENTE

DOSE EQUIVALENTE TRABALHADOR INDIVÍDUO PÚBLICODose equivalente efetiva 50 mSv (5 rem) 1 mSv (0,1 rem)

Dose equivalente para órgão ou tecido T 500 mSv (50 rem) 1 mSv/wT (0,1 rem/wT)**

Dose equivalente para pele 500 mSv (50 rem) 50 mSv (5 rem)Dose equivalente para

cristalino 150 mSv (15 rem) 50 mSv (5 rem)

Dose equivalente para extremidades* 500 mSv (50 rem) 50 mSv (5rem)

* Extremidades são: mãos, antebraços, pés e tornozelos.

** wT → fator de ponderação para o tecido ou órgão T.

FONTE: Disponível em: <http://www.lpr-den.com.br/ne301.pdf>. Acesso em: 17 fev. 2015.

2.3 INSTRUMENTOS PARA AVALIAÇÃO DA RADIAÇÃO IONIZANTE

São dois equipamentos que podem ser utilizados para medição de radiação ionizante no ambiente de trabalho: contador Geiger ou em cada trabalhador utilizando os dosímetros fotográficos.

FIGURA 13 - DOSÍMETRO FOTOGRÁFICO

Filtros metálicos

Filtros metálicos

Filme docimétrico

123456

FONTE: Disponível em: <http://tecnicoderadiologia.blogspot.com.br/2013/05/epi-e-dosimetros.html>. Acesso em: 17 fev. 2015.

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UNIDADE 1 | AGENTES FÍSICOS

Conforme Marcel (2013), os dosímetros fotográficos:

Podem ser classificados como de leitura indireta, acumulam os efeitos da interação da radiação para posterior leitura (ex.: TLD, filmes dosimétricos) ou de leitura direta que possibilitam a visualização imediata das interações ocorridas (ex.: caneta dosimétrica e dosímetros eletrônicos).

FIGURA 14 - CONTADOR GEIGER

FONTE: Disponível em: <http://www.brasilescola.com/quimica/contador-geiger.htm>. Acesso em: 17 fev. 2015.

A química Fogaça (2015) faz uma breve explicação sobre o contador Geiger:

O físico alemão Johannes Hans Geiger (1882-1945) era apenas assistente do químico neozelandês Ernest Rutherford (1871-1937), quando inventou o Contador Geiger – um aparelho utilizado para detectar o nível de radiação na atmosfera.No início ele era apenas um tubo cilíndrico com gás argônio à baixa pressão, um amplificador e uma fonte de alta voltagem.O contador Geiger funciona da seguinte maneira: quando a radiação entra pelo tubo contendo argônio, este gás é ionizado.Ao ser ionizado, o argônio fecha o circuito elétrico do aparelho, que é composto de eletrodos de cargas elétricas opostas. Com a formação dos íons, conduz-se eletricidade entre o cátodo e o ânodo, acionando, assim, um contador ou alto-falante. O sinal que indica a presença de radiação pode ser sonoro, uma luz ou a deflexão do ponteiro do medidor. Normalmente, ouvem-se estalos no contador, o que permite a contagem das partículas radioativas.Hoje em dia este aparelho é um grande aliado das pessoas que trabalham com material radioativo; principalmente quando ocorrem acidentes nucleares, pois as substâncias que se desintegram são capazes de ionizar o ar e assim contaminar outros corpos no ambiente.

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TÓPICO 3 | RADIAÇÕES IONIZANTES E NÃO IONIZANTES, INFRASSOM E ULTRASSOM E UMIDADE

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2.4 NORMA REGULAMENTADORA Nº 15 – ANEXO Nº 5

O anexo nº 5 da Norma Regulamentadora nº 15 expõe que:

Nas atividades ou operações onde trabalhadores possam ser expostos a radiações ionizantes, os limites de tolerância, os princípios, as obrigações e controles básicos para a proteção do homem e do seu meio ambiente contra possíveis efeitos indevidos causados pela radiação ionizante, são os constantes da Norma CNEN-NE-3.01: ‘Diretrizes Básicas de Radioproteção’, de julho de 1988, aprovada, em caráter experimental, pela Resolução CNEN nº 12/88, ou daquela que venha a substituí-la.

A Norma Regulamentadora nº 15 (2014) diz que o grau de insalubridade é de 40% para níveis de radiação ionizantes com radioatividade superior aos limites de tolerância fixados no anexo nº 5.

2.5 NORMA REGULAMENTADORA Nº 16 – PERICULOSIDADE

A Norma Regulamentadora nº 16 possui um anexo que trata só sobre as atividades e operações perigosas com radiações ionizantes ou substâncias radioativas.

A Portaria nº 3.393/1987, que foi editada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, prevê o direito ao adicional de periculosidade por exposição à radiação ionizante e substâncias radioativas. Revogada pela Portaria MTE nº 496/2002 (GUIA TRABALHISTA, 2015).

Conforme Vendrame (2015), as atividades e operações perigosas com radiações ionizantes ou substâncias radioativas – atividades/área de risco envolvem as seguintes tarefas:

Produção, utilização, processamento, transporte, guarda, estocagem e manuseio de materiais radioativos, selados e não selados, de estado físico e forma química quaisquer, naturais ou artificiais;Atividades de operação e manutenção de reatores nucleares;Atividades de operação e manutenção de aceleradores de partículas;Atividades de operação com aparelhos de raios X, com irradiadores de radiação gama, radiação beta ou radiação de nêutrons;Atividades de medicina nuclear;Descomissionamento de instalações nucleares e radioativas;Descomissionamento de minas, moinhos e usinas de tratamento de minerais radioativos.

A Norma Regulamentadora nº 16 (2015) diz que o exercício de trabalho em condições de periculosidade assegura ao trabalhador a percepção de adicional de 30% (trinta por cento), incidente sobre o salário, sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participação nos lucros da empresa.

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UNIDADE 1 | AGENTES FÍSICOS

Os trabalhadores que recebem o adicional de insalubridade podem optar por esse em vez da periculosidade, pois ele só receberá um dos dois adicionais. Então, fica a critério do trabalhador decidir qual adicional ele quer receber.

Acadêmico(a), verifique na íntegra da NR 16 tudo o que diz respeito ao adicional de periculosidade para os trabalhadores que estão expostos à radiação ionizante no site: <http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C816A4B277C09014B4A45540355EF/NR-16%20(atualizada%202015).pdf>.

IMPORTANTE

2.6 CNEN-NE-3.01 – DIRETRIZES BÁSICAS DE RADIOPROTEÇÃO

O objetivo desta Norma é estabelecer as Diretrizes Básicas de Radioproteção, abrangendo os princípios, limites, obrigações e controles básicos para a proteção do homem e do seu meio ambiente contra possíveis efeitos indevidos causados pela radiação ionizante (CNEN, 1988).

Acadêmico(a), verifique na íntegra as Diretrizes Básicas de Radioproteção CNEN-NE-3.01 no site: <http://www.lpr-den.com.br/ne301.pdf>.

DICAS

2.7 NORMA DE HIGIENE OCUPACIONAL – NHO 05

A NHO 05 trata sobre a avaliação da exposição ocupacional aos raios X nos serviços de radiologia.

Esta Norma estabelece procedimentos para a realização de levantamento radiométrico das salas de equipamentos emissores de raios X diagnóstico e para a medição da radiação de fuga do cabeçote desses equipamentos (FUNDACENTRO, 2001).

No procedimento de avaliação de raio X, conforme a NHO 05, devem ser empregadas câmaras de ionização como instrumento de medida.

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TÓPICO 3 | RADIAÇÕES IONIZANTES E NÃO IONIZANTES, INFRASSOM E ULTRASSOM E UMIDADE

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FIGURA 15 - CÂMARA DE IONIZAÇÃO

FONTE: Disponível em: <http://www.dfn.if.usp.br/pesq/dosimetria/id114.htm>. Acesso em: 17 fev. 2015.

Acadêmico(a), verifique na íntegra todos os procedimentos indicados na NHO 05 sobre a radiação ionizante no site oficial da FUNDACENTRO: <http://www.fundacentro.gov.br/>.

DICAS

2.8 ACGIH – LIMITES DE TOLERÂNCIA

A ACGIH estabelece limites de tolerância para as radiações ionizantes, estabelecendo doses efetivas e equivalentes anuais em função da parte do corpo atingida, evitando sempre qualquer exposição desnecessária à radiação. Segundo a ACGIH, as radiações ionizantes incluem radiação corpuscular e radiação eletromagnética com energia superior a 12,4 eletron-volts (eV), correspondendo a um comprimento de onda inferior a aproximadamente 100nm (SALIBA, 2013).

2.9 SELEÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVO

Sabemos que as radiações ionizantes são muito prejudiciais à saúde de quem está exposto a elas. Para fazer uma correta seleção de equipamentos que auxiliam a não ficar exposto à radiação, temos que ter muita atenção, estudar todas as normas disponíveis, verificar todas as fontes seguras de pesquisa, para termos a total certeza de que o que estamos fazendo é totalmente seguro e correto.

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UNIDADE 1 | AGENTES FÍSICOS

2.9.1 Equipamentos de Proteção Individual – EPI

No caso das radiações ionizantes, os equipamentos de proteção individual são utilizados se a radiação não é retida por algum meio técnico de segurança. Também pode ser utilizado se o cotidiano do trabalhador é desarranjado por alguma irregularidade, onde exija o uso dos EPIs pelos trabalhadores.

Conforme descrito na NHO 05 (FUNDACENTRO, 2001), os equipamentos de proteção individual que devem ser utilizados pelos trabalhadores expostos ao raio X são: aventais plumbíferos, protetores de tireoide, protetores de gônadas, luvas, óculos e outras blindagens de contato, utilizadas para a proteção de pacientes, de acompanhantes autorizados ou de profissionais durante a exposição.

FIGURA 16 - EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL PARA TRABALHOS DE RADIOLOGIA

FONTE: Disponível em: <http://radiologia.blog.br/radioprotecao/radioprotecao-ou-protecao-radiologica-o-que-e>. Acesso em: 17 fev. 2015.

Acadêmico(a), acesse o site do Ministério do Trabalho e Emprego e verifique a Convenção nº 115 que fala sobre a Proteção contra as Radiações Ionizantes: <http://portal.mte.gov.br/legislacao/convencao-n-115.htm>.

IMPORTANTE

2.9.2 Equipamentos de Proteção Coletiva – EPC

Para as radiações ionizantes, podemos considerar medidas de controle para evitar o contato maior com o agente agressor.

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TÓPICO 3 | RADIAÇÕES IONIZANTES E NÃO IONIZANTES, INFRASSOM E ULTRASSOM E UMIDADE

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Conforme Torreira (1999, p. 395), vários são os tipos de controle da radiação, constituídos usualmente pela limitação das emissões radioativas na sua origem, pela limitação do tempo de exposição ou aumento da distância à fonte emissora. Vejamos a seguir alguns dos tipos de controle:

- Limitação das fontes de radiação: Uma das formas mais eficientes de eliminar os eventuais perigos consiste na limitação da quantidade de material ionizante.- Tempo: Uma outra forma é a de limitar os tempos de exposição. Pode-se evitar o acesso aos locais que apresentarem elevadas radiações, prevenindo as pessoas sobre as eventuais radiações existentes no ambiente. Devido às exposições serem consideradas de efeito cumulativo e pelo fato de que a radiação pode ser sensoriada, sempre se deverá executar a sua medição e dosimetria, determinando esta última a duração à exposição.- Distância: Geralmente as partículas transportadas pelo ar e outros gases contaminados sofrerão uma diluição proporcional à distância. As partículas mais pesadas separar-se-ão do ar ou gases, sendo que desta forma a probabilidade de exposição aos materiais radioativos reduzir-se-á também proporcionalmente com o aumento da distância. Os níveis de radiação diminuem com o quadrado da distância. A uma distância dupla de outra anteriormente considerada, a quantidade de radiação será de 1/4 da existente na primeira posição. Pelo exposto, a manutenção de uma distância adequada é uma solução apropriada para determinados tipos de exposição.- Blindagem: Uma outra forma de proteção é a constituída pela interposição de blindagens ou proteções concordantes com o tipo de emissão. O ar apresenta uma atenuação efetiva aos Raios Beta, não o sendo igualmente para outros tipos de radiação. O hidrogênio, por sua vez, é um elemento efetivo na atenuação da radiação devido a nêutrons com baixos níveis de energia. As propriedades de atenuação medem-se conforme a espessura média dos elementos de proteção.- Barreiras divisórias: Estas constituem uma outra forma de proteção contra as fontes de radiação. As paredes, piso e teto construídos com materiais apropriados, colocados em volta de fontes de radiação, constituem elementos protetores. Forros apropriados, colocados na parte inferior de depósitos com material contaminante, podem evitar infiltrações nas camadas superficiais da Terra e lençol freático.

Outro ponto que pode ser utilizado como medida de controle são as advertências, os avisos que indicam que em determinado local de trabalho existem materiais ionizantes radioativos. A seguir, o símbolo internacional de material radioativo e o símbolo complementar de radiação ionizante.

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UNIDADE 1 | AGENTES FÍSICOS

FIGURA 17 - SÍMBOLO INTERNACIONAL DE MATERIAIS RADIOATIVOS

FONTE: Disponível em: <http://conhecerparadebater.blogspot.com.br/2011/07/entenda-os-simbolos-associados-radiacao.html>. Acesso em: 17 fev. 2015.

FIGURA 18 - SÍMBOLO COMPLEMENTAR DE RADIAÇÃO IONIZANTE

FONTE: Disponível em: <http://conhecerparadebater.blogspot.com.br/2011/07/entenda-os-simbolos-associados-radiacao.html>. Acesso em: 17 fev. 2015.

3 RADIAÇÕES NÃO IONIZANTESRadiação não ionizante abrange todas as radiações e os campos do espectro

eletromagnético que não possuem energia o bastante a ponto de causar alterações nos átomos em que atinge. O traço de divisão entre as radiações ionizantes – altas frequências – e as radiações não ionizantes – baixas frequências – é a frequência da luz do sol que para nós é considerada a luz perceptível.

Conforme o espectro eletromagnético, as radiações não ionizantes são: ultravioleta, infravermelho, micro-ondas, radiofrequências, laser, campos magnéticos estáticos, campos magnéticos de subfrequência e campo eletrostático (SALIBA, 2013).

Vamos, agora, entender de quais fontes vêm as principais radiações não ionizantes, conforme Saliba (2013, p. 250):

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TÓPICO 3 | RADIAÇÕES IONIZANTES E NÃO IONIZANTES, INFRASSOM E ULTRASSOM E UMIDADE

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Radiações ultravioletas: A principal fonte natural é o sol, e a artificial as operações de soldagem e arco elétrico.Radiação infravermelha: A principal fonte natural é o sol, e entre as artificiais podemos citar os corpos incandescentes e as superfícies muito quentes, por exemplo: fornos; as chamas entre outras.Micro-ondas e radiofrequências: A radiação de micro-onda e radiofrequência se produz de forma natural, principalmente pela eletricidade atmosférica, que é estática, embora de intensidade muito baixa. As fontes de MO e RF artificiais podem estar presentes nas estações de rádio e televisão, nos radares e nos sistemas de telecomunicação, além de nos fornos de micro-ondas e nos equipamentos utilizados em processos de soldagem, fusão e esterilização.Laser: Os equipamentos a laser são utilizados no tratamento de doenças e em cirurgias. As emissões estimuladas produzem uma superposição de ondas, resultando outra onda perfeita, muito estreita e de larga duração.

3.1 DOENÇAS E SINTOMAS QUE A RADIAÇÃO NÃO IONIZANTE CAUSA NO ORGANISMO

Radiações ultravioletas: o estágio de penetração da R-UV decorre da extensão da onda e do grau de coloração da pele. Já pelos olhos a radiação é exaurida pelas córneas e pelo cristalino. As radiações UV-B e UV-C adentram apenas pela epiderme e as radiações UV-A alcançam a derme, o que faz o provável aparecimento de lesões nas terminações nervosas do organismo.Os efeitos das R-UV pode ser escurecimento da pele, eritemas, pigmentação retardada, interferência no crescimento celular, perda de elasticidade da pele, queratose actínica e até mesmo câncer de pele. A ação mais frequente das R-UV sobre os olhos é a fotoqueratose (SALIBA, 2013).A chance de desenvolver um câncer de pele decorre de diversas causas, como: coloração da pele; histórico de queimaduras solares; dose concentrada de UV; sensibilidade genética, entre outros.

Radiações infravermelhas: Pode remeter à perda da acuidade visual, turvação na córnea, lesões, intensificação de pigmentação da pele e queimaduras pelo fato de o trabalhador estar exposto a altos níveis de brilho causado pela radiação.

Micro-ondas e radiofrequências: Elevação da temperatura corporal, mas dependendo de qual parte do corpo que foi mais exposta à radiação. As micro-ondas que elevam os 3.000 mHz são exauridas pela pele muito facilmente.

Laser: Os riscos da radiação laser estão limitados aos olhos, variando os efeitos adversos produzidos em diferentes regiões espectrais. Mesmo assim, podem atingir, de maneira leve, a pele (SALIBA, 2013).

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UNIDADE 1 | AGENTES FÍSICOS

3.2 PROCESSO PARA CARACTERIZAÇÃO DE EXPOSIÇÃO À RADIAÇÃO NÃO IONIZANTE

Não existem limites de tolerância indicados pela Norma Regulamentadora para exposição às radiações não ionizantes. Então, para o ambiente de trabalho ser considerado um ambiente danoso, ele precisa passar por uma inspeção para comprovação da existência do agente.

3.3 NORMA REGULAMENTADORA Nº 15 – ANEXO Nº 7

O anexo nº 7 da Norma Regulamentadora nº 15 diz que:

Para os efeitos desta norma, são radiações não ionizantes as micro-ondas, ultravioletas e laser. As operações ou atividades que exponham os trabalhadores às radiações não ionizantes, sem a proteção adequada, serão consideradas insalubres, em decorrência de laudo de inspeção realizada no local de trabalho. As atividades ou operações que exponham os trabalhadores às radiações da luz negra (ultravioleta na faixa - 400-320 nanômetros) não serão consideradas insalubres.

A Norma Regulamentadora nº 15 (2014) expõe que o grau de insalubridade para radiações não ionizantes consideradas insalubres em decorrência de inspeção realizada no local de trabalho é de 20%.

3.4 SELEÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVO

Vamos estudar a seguir quais são os Equipamentos de Proteção Individual e Coletiva que os trabalhadores devem aderir ao seu processo de trabalho.

3.4.1 Equipamento de Proteção Individual – EPI

Vários são os Equipamentos de Proteção Individual que devem ser utilizados em processos que envolvam radiações não ionizantes: avental de raspa, perneiras, mangotes, luvas de raspa, máscara de solda, respirador PFF2, calçado com sola isolante, protetor auricular, entre outros que podem ser indicados na inspeção.

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TÓPICO 3 | RADIAÇÕES IONIZANTES E NÃO IONIZANTES, INFRASSOM E ULTRASSOM E UMIDADE

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FIGURA 19 - EPI PARA PROCESSOS COM RADIAÇÃO NÃO IONIZANTE

FONTE: Disponível em: <http://boqueiraodopiaui.blogspot.com/2010/10/boqueirao-do-piaui-escola-de-solda.html>. Acesso em: 4 fev. 2015.

Esses Equipamentos de Proteção Individual acima beneficiarão o trabalhador a não ficar exposto ao agente agressor.

3.4.2 Equipamento de Proteção Coletiva – EPC

Devemos lembrar a importância da utilização de Equipamentos de Proteção Coletiva onde as atividades com radiação ionizante existirem, pois o Equipamento de Proteção Individual protegem apenas o trabalhador que utilizará. O perigo de queimaduras nos olhos e no corpo também pode ser ocasionado nas pessoas que utilizam o mesmo local de trabalho ou até mesmo as que transitam pelo local.

FIGURA 20 - EPC PARA PROCESSOS COM RADIAÇÃO NÃO IONIZANTE

FONTE: Disponível em: <http://www.decaflexpvc.com.br/cortina-de-pvc/cortina-de-pvc-solda/>. Acesso em: 4 fev. 2015.

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UNIDADE 1 | AGENTES FÍSICOS

4 INFRASSOM E ULTRASSOMUm ser humano, normalmente, consegue discernir ou escutar sons na

faixa de frequência dos 20Hz aos 20.000Hz. Acima desse espaço, os sons são chamados de ultrassons e abaixo de infrassons.

Ultrassom é um som que está em uma frequência excedente ao que nossa audição pode perceber.

Os infrassons podem se estender por enormes longitudes, porque eles são parcamente suscetíveis às intercessões e perturbações, diferente das frequências que são mais altas.

Infrassom são ondas excessivamente graves, com frequências inferiores ao que nossa audição pode perceber. Os infrassons podem ser gerados pelo vento e também por alguns tipos de terremotos.

Apesar de não conseguirmos ouvir os infrassons e os ultrassons, existem alguns seres no reino animal, como o morcego e o golfinho, que são capazes de perceber esses sons. Isso acontece porque o sistema auditivo deles é sensibilizado por essas frequências sonoras. Outro exemplo de animal capaz de ouvir frequências ultrassônicas são os cachorros, os quais conseguem ouvir sons com frequências que chegam até 50 000 hertz. É por esse motivo que esses animais conseguem ouvir os apitos de ultrassons e os seres humanos não.Os morcegos não são cegos, eles são animais que emitem e ouvem sons com frequências que chegam até 120 000 Hz. É através dessas frequências ultrassônicas que eles conseguem se locomover no escuro. O  sonar  é um aparelho que, assim como os morcegos, consegue captar e localizar objetos e medir a distância até ele. Tanto esse aparelho quanto os morcegos emitem uma onda que, ao encontrar um determinado obstáculo, retorna à fonte emissora, possibilitando, dessa forma, calcular e medir a distância e localizar os objetos. Os navios e submarinos utilizam esse mesmo princípio para encontrar objetos no fundo do mar, como cardumes de peixes, por exemplo (SILVA, 2014).

UNI

5 UMIDADEA umidade pode ser caracterizada pela quantia de vapor d’água que

se encontra em suspensão na atmosfera. Assim como qualquer outro agente, a umidade pode ser favorável ou desfavorável para nós, pois vai depender da quantidade que vamos estar expostos e como a umidade vai atuar no local.

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TÓPICO 3 | RADIAÇÕES IONIZANTES E NÃO IONIZANTES, INFRASSOM E ULTRASSOM E UMIDADE

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Conforme Neto (2013), os locais com mais incidência de umidade são:

Lavanderias: Nas lavanderias a umidade sempre está presente de forma bem evidente. Lembro que quando trabalhei em lavanderia hospitalar não era raro ficar bem molhado e ter que trocar de roupa. Em lavanderias hospitalares a umidade está presente tanto na área suja quanto na limpa.Lava a Jato: E nesse segmento ainda temos o agravante dos produtos químicos que são usados na lavagem e muitos entram em contato direto com a pele.Frigoríficos: Juntamente com o frio a umidade é um dos grandes riscos dos frigoríficos.Cozinhas: Na parte de lavagem de panelas e outros a umidade que é uma solução para a limpeza se torna um risco a mais para a segurança.Pesca: No segmento de pesca a umidade é bem presente quanto no ato da pesca quanto no processo de limpeza do pescado.Areais: No processo de dragagem de areia em areais em que se usa jato de água e draga o operador da draga e do jato estão sempre em contato com a água.

5.1 DOENÇAS E SINTOMAS QUE A UMIDADE CAUSA NO ORGANISMO

O trabalhador pode apresentar algumas doenças, ficando exposto aos trabalhos que tenham umidade, como: doenças no aparelho respiratório, na pele e circulatórias.

A umidade também pode gerar acidente de trabalho, pois em um local úmido, que não tenha o acompanhamento correto, o trabalhador pode acabar escorregando e sofrer uma queda.

5.2 PROCESSO PARA CARACTERIZAÇÃO DE EXPOSIÇÃO À UMIDADE

Não existem limites de tolerância para exposição à umidade. Então, para o ambiente de trabalho ser considerado um ambiente úmido, ele precisa passar por uma inspeção, na qual será feita uma avaliação qualitativa.

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UNIDADE 1 | AGENTES FÍSICOS

FIGURA 21 - TRABALHO QUE ENVOLVE A UMIDADE

FONTE: Disponível em: <http://www.docol.com.br/planetaagua/consumo/o-brasil-e-um-dos-maiores-compradores-de-agrotoxicos-do-mundo/>. Acesso em: 4 fev. 2015.

Mas existem alguns pontos que podemos levar em conta na avaliação do ambiente de trabalho:

• Os sapatos dos trabalhadores não podem estar encharcados quando forem exercer suas funções.

• Verificar se as vestimentas dos trabalhadores estão úmidas ou molhadas.• Quanto tempo os trabalhadores estão expostos ao ambiente com umidade.• Equipamentos de Proteção Individual e Coletiva que os trabalhadores fazem uso.

Acadêmico (a), Lembra o que é uma avaliação qualitativa? É a avaliação ou inspeção do local de trabalho, na qual serão verificadas características exclusivas e quais são as funções exercidas.

DICAS

5.3 NORMA REGULAMENTADORA Nº 15 – ANEXO Nº 10

O anexo nº 10 da Norma Regulamentadora nº 15 diz que:

As atividades ou operações executadas em locais alagados ou encharcados, com umidade excessiva, capazes de produzir danos à saúde dos trabalhadores, serão consideradas insalubres em decorrência de laudo de inspeção realizada no local de trabalho.

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TÓPICO 3 | RADIAÇÕES IONIZANTES E NÃO IONIZANTES, INFRASSOM E ULTRASSOM E UMIDADE

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A Norma Regulamentadora nº 15 (2014) expõe que o grau de insalubridade para umidade considerada insalubre em decorrência de inspeção realizada no local de trabalho é de 20%.

5.4 SELEÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVO

Devemos ter em mente que a exposição do trabalhador à umidade pode ser controlada se medidas de proteção individual e coletiva forem tomadas.

5.4.1 Equipamentos de Proteção Individual – EPI

A Norma Regulamentadora nº 6 (2014) aponta as medidas de controle individual que podemos incluir ao dia a dia do trabalhador:

Vestimentas e macacão de corpo todo para proteção do tronco contra umidade proveniente de operações com uso de água, luvas, mangas, calçados e perneiras para proteção contra umidade proveniente de operações com uso de água.

Esses Equipamentos de Proteção Individual citados acima auxiliarão o trabalhador a não entrar em contato com o agente agressor.

5.4.2 Equipamentos de Proteção Coletiva – EPC

A seguir, alguns tipos de Equipamentos de Proteção Coletiva que auxiliarão os trabalhadores a não ter contato direto com a umidade.

FIGURA 22 - ESTRADOS QUE EVITARÃO O CONTATO DIRETO DO TRABALHADOR COM A UMIDADE

FONTE: Disponível em: <http://equipamento-profissional-usado.vivanuncios.com/artigo-profissional-usado+centro/estrado-plasticos--fabricante-atacado--preco-r--6-00/76444996>. Acesso em: 31 jan. 2015.

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UNIDADE 1 | AGENTES FÍSICOS

FIGURA 23 - RALOS QUE SERVIRÃO DE ESCOAMENTO DA ÁGUA

FONTE: Disponível em: <http://casaeimoveis.uol.com.br/tire-suas-duvidas/arquitetura/como-faco-para-dimensionar-o-escoamento-e-nao-acumular-agua-na-laje-de-minha-casa.jhtm>. Acesso em: 31 jan. 2015.

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RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você viu que:

• A radiação ionizante é a radiação eletromagnética que tem energia satisfatória para ocasionar transformação nos átomos em que se acomete – ionização –, que é a condição dos raios X, alfa, beta e gama e dos materiais radioativos.

• Radiação não ionizante abrange todas as radiações e campos do espectro eletromagnético que não possuem energia o bastante a ponto de causar alterações nos átomos em que atinge. O traço de divisão entre as radiações ionizantes – altas frequências – e as radiações não ionizantes – baixas frequências – é a frequência da luz do sol que para nós é considerada a luz perceptível.

• Ultrassom é um som que está em uma frequência excedente ao que nossa audição pode perceber.

• Os infrassons podem se estender por enormes longitudes porque eles são parcamente suscetíveis às intercessões e perturbações, diferente das frequências que são mais altas.

• Infrassom são ondas excessivamente graves, com frequências inferiores ao que nossa audição pode perceber. Os infrassons podem ser gerados pelo vento e também por alguns tipos de terremotos.

• A umidade pode ser caracterizada pela quantia de vapor d’água que se encontra em suspensão na atmosfera. Assim como qualquer outro agente, a umidade pode ser favorável ou desfavorável para nós, pois vai depender da quantidade que vamos estar expostos e como a umidade vai atuar no local.

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1 Conforme o que estudamos sobre infrassom e ultrassom, qual a faixa de frequência que o ser humano consegue escutar?

a) ( ) 10Hz aos 10.000Hz.b) ( ) 20Hz aos 20.000Hz.c) ( ) 30Hz aos 30.000Hz.d) ( ) 40Hz aos 40.000Hz.

2 As radiações não ionizantes são divididas em: radiações ultravioletas, infravermelhas, micro-ondas e radiofrequência e laser. Sendo assim, referente aos tipos de radiação não ionizante, avalie as sentenças abaixo:

I– Radiações ultravioletas.II– Radiações infravermelhas.III– Micro-ondas e radiofrequência.IV– Laser.

( ) Estão presentes nas estações de radares, rádios e televisões.( ) Estão presentes na área da saúde, no tratamento de doenças e em cirurgias.( ) Estão presentes nas atividades que contenham soldagem.( ) Estão presentes nas atividades que contenham fornos e chamas.

Assinale a alternativa que contenha a resposta CORRETA:

a) ( ) III – IV – I – II.b) ( ) II – I – III – IV.c) ( ) I – II – IV – III.d) ( ) IV – III – II – I.

3 Conforme o que estudamos sobre a umidade, qual o grau de insalubridade que um trabalhador pode receber caso seja comprovada sua exposição a este agente físico?

a) ( ) 10%.b) ( ) 20%.c) ( ) 30%.d) ( ) 40%.

AUTOATIVIDADE

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UNIDADE 2

AGENTES QUÍMICOS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir desta unidade você será capaz de:

• definir o que é agente químico;

• compreender as vias de absorção destes agentes;

• discutir as doenças relacionadas aos agentes químicos;

• identificar os processos de caracterização dos agentes químicos;

• identificar os métodos de avaliação dos agentes;

• ilustrar os equipamentos de avaliação dos agentes;

• interpretar os resultados obtidos destas avaliações;

• relatar as normas nacionais e internacionais;

• esboçar os programas de segurança para agentes químicos;

• selecionar os equipamentos de proteção.

Esta unidade de ensino está dividida em três tópicos, sendo que, ao final de cada um deles, você encontrará atividades que contribuirão para a apropria-ção dos conteúdos.

TÓPICO 1 – CONCEITOS, FORMAS DE ABSORÇÃO E DOENÇAS RELA-CIONADAS

TÓPICO 2 – CARACTERIZAÇÃO, MÉTODOS E INSTRUMENTAÇÃO

TÓPICO 3 – NORMAS E RESULTADOS

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TÓPICO 1

CONCEITOS, FORMAS DE ABSORÇÃO E DOENÇAS

RELACIONADAS

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃOPara iniciarmos este tópico, o que você acha de relembrarmos alguns

conceitos? Você se lembra qual é a definição de vapor e gás, por exemplo? Não? Então, vamos relembrar.

2 CONCEITOS

2.1 GASES E VAPORES

Vapor: é o estado gasoso de substâncias que em condições normais de temperatura e pressão (25ºC e 760mmHg), se encontram no estado líquido ou sólido. Ex.: Vapor de água.

Gás: em condições normais de temperatura e pressão, a substância já se encontra no estado gasoso. Ex.: Oxigênio.

Como se pode observar, gás e vapor não são sinônimos, porém apresentam comportamento similar. Outro ponto importante a se destacar é que quando do aumento da temperatura, a concentração do vapor tende a aumentar, porém, existe um ponto de saturação que corresponde ao valor máximo de concentração, no qual, seja qual for o acréscimo, o vapor se converterá em líquido ou sólido.

Quando se trata de Higiene Ocupacional, gases e vapores são estudados em conjunto, uma vez que se trabalha com concentrações inferiores às concentrações de saturação, que é o que basicamente os diferencia.

Os gases e vapores podem ser classificados em irritantes, anestésicos e asfixiantes, e uma substância pode ser enquadrada em mais de um tipo ao mesmo tempo. Por exemplo, um gás pode ser anestésico e asfixiante. Esta classificação é baseada no efeito que o agente causa no organismo humano.

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UNIDADE 2 | AGENTES QUÍMICOS

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Irritantes: são gases e vapores que irritam as mucosas assim que entram em contato direto. Esses se dividem em irritantes primários e irritantes secundários. Aqueles caracterizam-se pela ação apenas irritante no local em que o contato ocorre; não afetam o organismo como um todo. Já estes, além de irritarem o local de contato, o organismo como um todo é atingido. O grau de irritação dependerá da solubilidade da substância.

Anestésicos: estes atuam sobre o sistema nervoso central, possuem efeito narcótico ou depressivo. Os gases e vapores anestésicos podem ainda ser classificados como anestésico primário, anestésico de efeito sobre o fígado e rins, anestésico de efeito sobre o sistema formador do sangue e anestésico de efeito sobre o sistema nervoso central. Vale ressaltar que esses agentes penetram o organismo através das vias respiratórias e quando atingem os pulmões são transferidos para o sangue e, consequentemente, para o restante do corpo, podendo também penetrar o organismo através da pele.

Asfixiantes: sabe-se que o ar deve possuir 19,5% a 23,5% de oxigênio, onde concentrações superiores a 23,5% configuram risco de explosão devido à alta concentração de oxigênio e valores inferiores a 19,5% configuram riscos iminentes à saúde do trabalhador. Os asfixiantes são divididos em: asfixiantes simples, que são aqueles capazes de deslocar o oxigênio do ambiente, não atuam dentro do organismo do trabalhador; e asfixiante químico, que atua no organismo do trabalhador, dificultando a entrada de oxigênio nos tecidos.

Além dos gases e vapores, é de suma importância mencionar os agentes químicos que possuem penetração através da pele, que é o caso dos solventes químicos, que são empregados em muitos processos industriais. O solvente orgânico, por exemplo, é responsável por causar dermatites de contato devido à irritação causada. Assim como os gases e vapores irritantes, os solventes terão seu grau de irritação associado à solubilidade desses com os lipídeos. Outro ponto que interfere na ação irritante é o ponto de ebulição (P.E.), quanto mais baixo o P.E., mais irritante é o solvente. Solventes aromáticos são mais irritantes que os alifáticos.

IMPORTANTE

2.2 AERODISPERSOIDESSão partículas sólidas ou líquidas que possuem diâmetro menor, em

média, 100μm, ficando em suspensão na atmosfera. O tempo em que o agente fica em suspensão irá depender basicamente da densidade, do tamanho da partícula e da velocidade de movimentação no ar. Os aerodispersoides podem ser classificados quanto à sua formação em: poeiras, fumos, névoas, neblinas e fibras; e quanto ao seu efeito no organismo são classificados como: pneumoconiótico, tóxico, alérgico e inerte.

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TÓPICO 1 | CONCEITOS, FORMAS DE ABSORÇÃO E DOENÇAS RELACIONADAS

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Quanto à sua formação:

Poeira: são partículas sólidas produzidas mecanicamente através de processo de ruptura, seja pela simples limpeza de um móvel, ou através de uma operação mecânica, como a moagem, trituração, entre outros. Seu diâmetro é de, aproximadamente, 0,1 μm a 25 μm. Após longos períodos de exposição a estes particulados, o trabalhador pode apresentar endurecimento dos tecidos pulmonares (pneumoconiose).

Fumos: são partículas sólidas oriundas da condensação de vapores metálicos. Estes vapores são produzidos em processos como fundição e soldagem, processos que envolvam a fusão de metais. A exposição prolongada e sem medidas de proteção adequadas a estes fumos metálicos pode gerar ulcerações no septo nasal.

Fibras: assim como as poeiras, as fibras são partículas sólidas produzidas através de ruptura mecânica de sólidos. A fibra se diferencia da poeira por suas características físicas. A fibra possui um formato mais alongado, com comprimento de 3 a 5 vezes maior que seu diâmetro. A exposição prolongada a este tipo de aerodispersoides também provoca agressões aos pulmões.

Fumaça: São partículas sólidas provenientes de processos de combustão incompleta. Em geral, possuem tamanhos inferiores a 0,1 micra.

Neblinas: são partículas líquidas oriundas da condensação de vapores de substâncias que em condições normais de temperatura e pressão são líquidas. Este tipo de aerodispersoide é raro de ser encontrado na indústria, uma vez que para sua formação é necessária uma atmosfera saturada de vapor para que ocorra a condensação, ficando mais associada a fenômenos climáticos.

Névoas: assim como a neblina, a névoa é uma partícula líquida que fica em suspensão no ar atmosférico, porém, as névoas são geradas através de rupturas mecânicas de líquidos.

Os aerodispersoides podem ser classificados conforme o tamanho de suas partículas. O quadro a seguir representa esta classificação.

QUADRO 5 - CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO TAMANHO DAS PARTÍCULAS

Tipo de particulado Tamanho aproximado do diâmetro (µm)Sedimentável 10 < Ø < 150

Visível Ø > 50Inalável Ø < 10

Respirável Ø < 5

FONTE: Adaptado de Peixoto e Ferreira (2012)

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UNIDADE 2 | AGENTES QUÍMICOS

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As avaliações ocupacionais se concentram nos particulados denominados respiráveis, uma vez que estes permanecem mais tempo em suspensão e facilitam a sua penetração no organismo através do sistema respiratório. Lembrando sempre que, para que os agentes químicos causem danos à saúde do trabalhador, eles devem estar em concentração prejudicial e o trabalhador precisa ficar exposto por determinado tempo.

Como se pode observar, a maior parte dos agentes químicos contamina o ar e a principal via de penetração no organismo é o sistema respiratório. A seguir, serão abordadas as principais vias de penetração dos agentes químicos no organismo.

3 VIAS DE ABSORÇÃO DOS AGENTES QUÍMICOS NO ORGANISMO

Existindo um agente químico no ambiente laboral, seja em suspensão ou não, o trabalhador está vulnerável a esta exposição. Ocorrendo a exposição, o agente nocivo pode penetrar no organismo através de uma ou mais vias, seja via respiratória, cutânea ou digestiva.

Via respiratória: corresponde ao sistema composto por nariz, boca,

faringe, laringe, bronquíolos e pulmões. É a via de absorção mais significativa para os contaminantes químicos. Nem toda substância inalada poderá gerar danos à saúde do trabalhador. A concentração da substância, o tempo de exposição e a ventilação dos pulmões são fatores que interferem na intoxicação.

Alguns particulados inalados são filtrados pela mucosa da traqueia e expelidos posteriormente. Uma parte desses particulados pode ser ingerida junto à mucosa e poderá ocorrer a absorção por via digestiva. Outros particulados podem ser absorvidos por algumas células e, posteriormente, alcançar a corrente sanguínea, ou se acumular em tecidos, ou até mesmo em órgãos. Os gases possuem passagem livre até os pulmões e, consequentemente, para a corrente sanguínea.

Via cutânea: corresponde a toda superfície que envolve o nosso corpo.

Apesar de alguns metais serem absorvidos pela pele, são os solventes orgânicos os responsáveis por grande parte das intoxicações através dessa via. Estas substâncias atravessam a barreira cutânea atingindo a corrente sanguínea. Existem substâncias associadas a outras que também são capazes de penetrar a derme.

Via digestiva: corresponde ao sistema formado pela boca, faringe, esôfago, estômago e intestinos. O grau de absorção está diretamente ligado à solubilidade da substância, isto é, quanto menor a solubilidade, menor será a capacidade de absorção pelo organismo. O hábito de comer e beber no posto de trabalho é um dos grandes vilões desta via de absorção.

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TÓPICO 1 | CONCEITOS, FORMAS DE ABSORÇÃO E DOENÇAS RELACIONADAS

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4 DOENÇAS RELACIONADAS AOS AGENTES QUÍMICOSA doença do trabalho é desencadeada pelas condições do ambiente do

trabalho. Podem se manifestar de forma lenta, levando até vários anos, o que dificulta a ligação da doença com o trabalho desenvolvido. Quando se realiza a investigação de uma doença do trabalho, é necessário avaliar todos os fatores presentes no local de trabalho, uma vez que esses podem estar interligados ao agravo de incidentes à saúde do trabalhador.

A seguir, serão apresentadas as doenças consideradas pela Área Técnica de Saúde do Trabalhador, do Ministério da Saúde, como principais para investigações epidemiológicas, tendo como objetivo a sua prevenção.

4.1 PNEUMOCONIOSES

Como já mencionado anteriormente, as vias respiratórias são as mais comuns no ambiente laboral. Elas estão diretamente associadas às substâncias inaladas, lembrando que a absorção das substâncias depende das propriedades físico-químicas, da susceptibilidade individual e do local de deposição das partículas (nariz, traqueia, brônquios ou parênquima pulmonar).

Deposição no nariz: geralmente, provoca rinite, perfuração septal ou câncer nasal.

Deposição na traqueia ou brônquios: podem provocar broncoconstricção, devido à reação antígeno x anticorpo ou induzida por reflexo irritativo.

Deposição no parênquima pulmonar: pode provocar alveolite alérgica extrínseca (poeiras orgânicas), pneumoconiose (poeiras minerais) ou lesão pulmonar aguda, bronquiolite e edema pulmonar.

Quando da presença de poeiras e gases radioativos no ambiente laboral, o

câncer pulmonar pode ser uma das doenças desencadeadas.

Pneumoconioses são doenças originadas pela deposição de partículas sólidas no parênquima pulmonar, causando fibrose, que nada mais é do que o endurecimento intersticial do tecido pulmonar. As pneumoconioses mais comuns são as causadas pela poeira de sílica (silicose) e as causadas pelo asbesto (asbestose).

Dentre outras pneumoconioses, podemos citar: pneumoconiose do trabalhador do carvão (pulmão preto), siderose (por ferro), estanose (estanho), bagaçose (fibras vegetais), aluminíose (alumínio) e bissinose (algodão).

O quadro a seguir traz uma lista com algumas pneumoconioses com suas denominações, seus agentes causadores e suas consequências ao organismo.

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UNIDADE 2 | AGENTES QUÍMICOS

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QUADRO 6 - PNEUMOCONIOSES, POEIRAS CAUSADORAS E PROCESSOS ANATOMOPATOLÓGICOS SUBJACENTES

PNEUMOCONIOSE AGENTE(S) ETIOLÓGICO(S)

PROCESSO ANATOMOPATOLÓGICO

Silicose Sílica livre Fibrose nodular

Asbestose Todas as fibras asbesto ou amianto Fibrose difusa

Pneumoconiose do trabalhador do carvão (PTC)

Poeiras contendo carvão mineral e vegetal

Desposição macular sem fibrose ou com diferenciados graus de fibrose

Silicatose Silicatos variados Fibrose difusa ou mistaTalcose Talco mineral (silicato) Fibrose nodular e/ou difusaPneumoconiose por poeira mista

Poeiras variadas contendo menos que 7,5% de sílica livre

Fibrose nodular estrelada e/ou fibrose difusa

Siderose Óxidos de ferroDeposição macular de óxido de ferro associado ou não com fibrose nodular e/ou difusa

Estanose Óxido de estanho Deposição macular sem fibrose

Baritose Sulfato de bário (barita) Deposição macular sem fibrose

Antimoniose Óxidos de antimônio ou Sb metálico

Deposição macular sem fibrose

Pneumoconiose por rocha fosfática Poeira de rocha fosfáltica Desposição macular sem

fibrose

Pneumoconiose por abrasivos Carbeto de silício (SiC)Óxido de Alumínio (Al203) Fibrose nodular e/ou difusa

Beriliose BerílioGranulomatose tipo sarcoide.Fibrose durante evolução crônica

Pneumopatia por metais duros

Poeiras de metais duros (ligas de W. Ti, Ta contendo Co)

Pneumonia intersticial de células gigantes. Fibrose durante evolução.

Pneumonites por hipersensibilidade (alveolite alérgica extrínseca)

Poeiras orgânicas contendo fungos, proteínas de penas, pelos e fezes de animais

Pneumonia intersticial por hipersensibilidade (infiltração linfocitária, eosinofílica e neutrofílica na fase aguda e fibrose difusa na fase crônica

FONTE: Brasil (2006a)

Vamos conhecer um pouco mais de algumas dessas pneumoconioses?

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TÓPICO 1 | CONCEITOS, FORMAS DE ABSORÇÃO E DOENÇAS RELACIONADAS

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4.1.1 Silicose

É a mais comum no Brasil. Sua causa está associada à inalação de poeira de sílica livre cristalina (quartzo). Trabalhadores da indústria extrativa (mineração), de beneficiamento de minerais (corte de pedras, britagem, moagem, lapidação), fundições, cerâmicas, olarias, jateamento de areia, escavação de poços, polimentos e limpezas de pedras estão sujeitos à exposição à poeira de sílica. A silicose se caracteriza por um processo de fibrose intersticial, com o desenvolvimento de nódulos isolados ou aglomerados, posterior dificuldade respiratória.

Os sintomas podem demorar de 10 a 20 anos de exposição para surgirem. Inicialmente, o paciente é acometido de tosse e escarros e a doença não é detectada em exames como o raio X. Conforme a doença vai se agravando, o paciente passa a ter dispneia de esforço e astenia. Em estágios já avançados, a dispneia ocorre com o menor esforço ou até mesmo em repouso, caracterizando uma insuficiência respiratória. Sua evolução pode chegar à cor pulmonale crônico. A silicose é doença irreversível.

Raramente, pode ocorrer na sua forma aguda, para isso é necessária a exposição a elevadíssimas concentrações de poeira de sílica.

Para seu diagnóstico é necessário avaliar o histórico clínico-ocupacional do paciente, investigar o ambiente laboral, avaliar o exame físico e as alterações supostamente encontradas em radiografias de tórax. A análise destas radiografias deve seguir as técnicas descritas pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e deve ser realizada por três diferentes profissionais.

4.1.2 Asbestose

A asbestose é proveniente da exposição ao asbesto, também conhecido como amianto. Esta substância é cancerígena, o que levou à sua proibição na União Europeia e Austrália. No Brasil, ela foi parcialmente proibida, ainda sendo explorada a crisótila (amianto branco), porém Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco e Rio Grande do Sul baniram todas as formas de amianto.

O amianto é amplamente utilizado na fabricação de produtos de cimento-amianto, materiais de fricção, como pastilhas de freio, materiais de vedação, piso e produtos têxteis, como mantas e tecidos resistentes ao fogo. Encanadores, soldadores, zeladores, eletricistas, carpinteiros, trabalhadores da construção civil e naval, mineradores e pessoas que trabalham com materiais isolantes também estão expostos ao asbesto.

A asbestose é uma doença exclusivamente ocupacional, progressiva e irreversível. Os sintomas podem surgir após 20 ou 30 anos da exposição, por esta razão, em alguns países, o surgimento de casos é crescente, mesmo banida a utilização desta substância.

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Esta doença leva à fibrose pulmonar, enrijecendo o tecido pulmonar através de cicatrizes. Conforme Brasil (2001), os primeiros sintomas e sinais da asbestose são: falta de ar quando se realiza esforço físico, estertores crepitantes nas bases pulmonares, baqueteamento digital, alterações funcionais e pequenas opacidades irregulares na radiografia de tórax. Assim como na silicose, é necessário avaliar o histórico clínico-ocupacional do paciente, investigar o ambiente laboral, avaliar o exame físico e as alterações supostamente encontradas em radiografias de tórax para se chegar ao diagnóstico da asbestose, sempre considerando as técnicas descritas pela OIT para a leitura das radiografias.

A exposição ao amianto pode desencadear, além da asbestose, alterações pleurais benignas, o câncer de pulmão e os mesoteliomas malignos, que podem acometer a pleura, o pericárdio e o peritônio.

O mesotelioma maligno atinge o mesotélio, que é um tecido composto de finas membranas que envolvem alguns dos principais órgãos do nosso corpo. Esta doença é um tipo de câncer raro.

4.1.3 Pneumoconiose dos trabalhadores de carvão (PTC)

A pneumoconiose dos trabalhadores de carvão (PTC) é causada pela inalação da poeira de carvão mineral e sua deposição ocorre nos alvéolos pulmonares. Esta deposição inicia um processo inflamatório que provoca lesões no epitélio alveolar. Os mineiros de frente de lavra, detonadores, transporte e armazenamento de carvão mineral em locais confinados são exemplos de trabalhadores expostos à poeira de carvão mineral.

A PTC é uma doença crônica e irreversível. Possui um desenvolvimento lento e com poucos sintomas; quando já mais avançada (fibrose maciça progressiva), surgem sintomas como a dispneia de esforço e alterações respiratórias funcionais. Podem se fazer presente, isoladamente ou associadas, a bronquite crônica e o enfisema. Em rochas impuras com a presença de sílicas, a silicose pode ser desencadeada simultaneamente.

O diagnóstico é feito com o estudo das radiologias e do histórico ocupacional do paciente.

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A quantidade de poeira respirável varia com o tipo de carvão, sendo menor no betuminoso quando comparado ao antracitoso. Nas minas brasileiras em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, há uma alta concentração de sílica devida ao teor de contaminantes minerais existentes na rocha. É importante não confundir carvão mineral com carvão vegetal, este raramente associado à pneumoconiose.FONTE: BRASIL (2001)

IMPORTANTE

4.1.4 Prevenção da Pneumoconiose

Inicia-se o processo de prevenção com medidas simples de higiene pessoal e do local de trabalho, modificações do ambiente de trabalho a fim de torná-lo mais salubre, ações educativas e de controle médico dos trabalhadores expostos aos riscos químicos etc. Medidas de engenharia também podem ser adotadas para o controle de partículas respiráveis, e até mesmo na dispersão de particulados.

Medidas como adoção de operações a úmido, lavagem do ambiente laboral constantemente, instalação de ventilação exaustora localizada, bem como a ventilação geral do ambiente, enclausuramento da fonte produtora de poeira, isolamento de processos como polimentos e mudança de layout são medidas indicadas quando viável. Com a vasta disponibilidade de matérias-primas e produtos, a substituição de algumas substâncias é de grande valia: o uso de outros abrasivos em operações de jateamento com areia e a utilização de fibras alternativas em produtos de cimento-amianto, materiais de fricção e outros são exemplos desta medida de prevenção. É de suma importância o estudo e conhecimento de todas as propriedades físico-químicas das substâncias que se desejam utilizar em substituições.

Após aplicadas todas as medidas administrativas e coletivas possíveis e ainda assim persistir o problema, devem-se adotar medidas de proteção individuais com a adoção de Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs). Para o uso de máscaras, deve-se fazer uma análise de qual é a mais indicada para o tipo de particulado em suspensão. Esses equipamentos devem estar em boas condições de uso, ter boa qualidade, serem eficientes, de fácil adaptação no rosto do trabalhador, possuírem manutenção periódica, limpeza e troca de filtros sempre que for necessário.

Quando as roupas estiverem contaminadas com poeiras, elas devem ser lavadas na empresa, evitando levar para casa sob o risco de contaminação da família.

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Como em todo processo de prevenção, seja de acidentes ou de doenças ocupacionais, a conscientização tem papel primordial. Sendo assim, as ações educativas devem conter informações sobre os riscos aos quais os trabalhadores estão expostos, o tipo de poeira que possa estar em suspensão, bem como seus possíveis danos e agravos à saúde do trabalhador e como se proteger de tais danos. Os programas preventivos da empresa devem ser claros e os colaboradores devem estar cientes de como proceder no ambiente de trabalho, levando, assim, os programas preventivos ao sucesso.

Como sempre falamos em prevenção, o diagnóstico das doenças ocupacionais devem ocorrer ainda em sua fase inicial para que o tratamento seja eficaz. Diante disso, o controle médico exerce papel fundamental neste diagnóstico. Questionários de sintomas, exames físicos, radiografias, espirometrias periódicas são exemplos de um controle médico. Através destas repostas é que serão identificadas as medidas que estão funcionando, bem como aquelas que necessitam de alterações, até mesmo o afastamento de um funcionário. Para os exames complementares e periódicos, a NR 7 traz em seu texto o que é preciso, sempre baseado em uma leitura especializada e de bom senso clínico.

Resumidamente, a prevenção deve seguir a seguinte hierarquia de controle:

Na fonte do risco (que deve ser a primeira escolha):

− Substituição da areia, como abrasivo, por materiais menos perigosos.− Utilização de materiais numa forma menos poeirenta. − Modificação de processos de modo a produzir menos poeira. − Utilização de métodos úmidos.

Na transmissão do risco (entre a fonte e o receptor): uma vez gerada a poeira, sua disseminação no local de trabalho deve ser evitada ou controlada por meio de medidas como:

− Isolamento, enclausuramento de operações. − Ventilação local exaustora. − Limpeza nos locais de trabalho.

No trabalhador:

Utilização de proteção respiratória de boa qualidade, eficiente, que se adapte ao rosto do trabalhador, e bem utilizada dentro de um programa que inclua manutenção, higienização e reposição de filtros.

Todo cuidado é pouco quanto se trata da saúde do trabalhador!

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4.2 ASMA OCUPACIONAL

Atualmente, a asma vem crescendo significativamente como doença respiratória relacionada ao trabalho.

A asma ocupacional se caracteriza com a obstrução generalizada e aguda das vias respiratórias ocasionada pela inalação de alergênicos de origem biológica, poeiras, gases ou vapores no ambiente de trabalho. A asma é uma doença de caráter reversível. Segundo Brasil (2001), os sintomas são: falta de ar, tosse, aperto e chiado no peito, acompanhados de rinorreia, espirros e lacrimejamento. Os sintomas surgem logo após a exposição ao agente nocivo e desaparecem após alguns dias de suspensa a exposição.

A asma ocupacional pode ser subdividida em dois grupos: asma alérgica ocupacional e síndrome da disfunção reativa das vias aéreas (RADS). Observa-se que a RADS também pode ser chamada de asma induzida por irritantes.

O diagnóstico da asma ocupacional não pode ser baseado apenas no histórico clínico do paciente. Hoje, o método mais utilizado para diagnosticar a doença é o teste de provocação específico em laboratório ou no próprio local de trabalho, que deve ser supervisionado por um médico habilitado.

A síndrome da disfunção reativa das vias aéreas (RADS) foi descrita por Brooks em 1985. Foram descritos dez casos de indivíduos que desenvolveram sintomas de asma após uma única exposição (geralmente, acidental) a altos níveis de vapores, fumaça ou gases irritantes, sem que nenhum apresentasse história prévia de sintomas respiratórios. A sintomatologia da asma persistiu em média por três anos. O tempo de exposição ao agente variou de alguns minutos até 12 horas (média de 9 horas). Outra característica é que a reexposição ao agente não reproduz a doença. FONTE: Disponível em: <http://www.higieneocupacional.com.br/download/asma-ocupacional-1.pdf>. Acesso em: 24 fev. 2015.

IMPORTANTE

4.3 SATURNISMO

O chumbo está presente no meio industrial, na água, no solo, no ar e até mesmo no organismo humano, porém, em pequenas quantidades, o que não acarreta danos à saúde.

No ambiente ocupacional, atividades como mineração, fundição, refino, reciclagem de acumuladores, utilização de tintas, esmaltes, betumes e cores com chumbo, construção e reparação automóvel, trabalho em joalheria, entre outros, são exemplos de atividades com exposição ao chumbo. O chumbo se apresenta na forma de vapor, fumo ou poeira.

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O chumbo pode penetrar no organismo humano através das três vias de absorção (respiratória, digestiva e cutânea), porém, cerca de 35 a 50% do chumbo inalado atinge a corrente sanguínea, enquanto apenas 10% do chumbo ingerido chega ao sangue.

A doença oriunda da intoxicação por chumbo recebe o nome de saturnismo. Intoxicações agudas são mais raras de ocorrer, caracterizando o saturnismo como uma intoxicação em longo prazo (crônica) e pode atingir o sistema nervoso, renal, cardiovascular e hematológico. Podem ocorrer dermatites e úlceras na epiderme quando existir o contato com os compostos de chumbo.

Segundo Brasil (2001), os sinais e sintomas mais comuns da intoxicação crônica por chumbo são: cefaleia, astenia, cansaço fácil, alterações do comportamento (irritabilidade, hostilidade, agressividade, redução da capacidade de controle racional), alterações do estado mental (apatia, obtusidade, hipoexcitabilidade, redução da memória), alteração da habilidade psicomotora, redução da força muscular, dor e parestesia nos membros. Modificação da frequência e do volume urinário, das características da urina, aparecimento de edema e hipertensão arterial também são sintomas e sinais dessa intoxicação.

Como já mencionado, as intoxicações agudas são mais raras de ocorrer e, quando ocorrem, geralmente são acidentais. Os sintomas dessa intoxicação são: náuseas, vômitos, às vezes de aspecto leitoso, dores abdominais, gosto metálico na boca e fezes escuras.

O diagnóstico de intoxicação por chumbo deve se basear nas evidências de exposição ocupacional ao metal, evidências laboratoriais de exposição e efeitos biológicos associados à exposição ao chumbo, sinais e sintomas compatíveis com o saturnismo.

A prevenção quanto à exposição ao chumbo requer medidas que busquem a eliminação ou redução a essa exposição. Essas medidas são as boas práticas nos locais de trabalho, técnicas de engenharia e, mesmo assim, se ainda existir a exposição, adotam-se as proteções individuais dos trabalhadores. Uma vez detectada a exposição ao chumbo, o controle médico deve ser realizado individualmente, tratando cada trabalhador exposto.

Segundo Brasil (2006a), as principais medidas de prevenção primária da exposição excessiva ao chumbo metálico são:

Medidas de engenharia:

• Substituição do chumbo por outros agentes menos tóxicos. • Isolamento das operações que utilizam chumbo. • Enclausuramento das operações que utilizam chumbo. • Instalação de sistema de exaustão. • Adequado tratamento de efluentes.

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TÓPICO 1 | CONCEITOS, FORMAS DE ABSORÇÃO E DOENÇAS RELACIONADAS

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Uso de Equipamentos de Proteção Individuais (EPI):

• Uso de máscaras de filtro químico. • Uso de luvas. • Uso de uniformes que devem ser lavados pela empresa (evitar o carreamento

de chumbo para o espaço domiciliar).

Boas práticas de trabalho:

• Manutenção da limpeza da área de trabalho por via úmida (evitar varrição). • Adequada deposição de rejeitos contendo chumbo. • Evitar consumo de bebidas, alimentos e tabagismo no local de trabalho. • Proteger depósitos de água para consumo da possibilidade de contaminação

pelo chumbo. • Informação dos trabalhadores quanto aos riscos decorrentes da exposição,

manifestações da intoxicação por chumbo e formas de prevenção da absorção do metal.

• Informação aos trabalhadores dos resultados de exames toxicológicos. • Divulgação dos resultados das avaliações ambientais.

Para maiores informações sobre o saturnismo, acesse:Legislação Trabalhista Brasileira: <http://www.met.gov.br>Center for Disease Control: <http://www.cdc.gov>Regulamentação da Occupational Safety Hygiene Association (USA): <http://www.osha-slc.gov> Regulamentação da Environmetal Protection Agency – EPA (USA): <http://www.epa.gov>National Institute of Occupational and Safety Health – NIOSH (USA): <http://www.cdc.gov/niosh/homepage.html>

DICAS

4.4 HIDRARGIRISMO

Hidrargirismo é o nome da doença causada pela exposição ao mercúrio. A principal via de penetração é a via respiratória.

Em garimpos, por exemplo, é utilizado o mercúrio metálico; em células eletrolíticas para produção de cloro e soda, na fabricação de termômetros, barômetros, aparelhos elétricos e em amálgamas para uso odontológico também se emprega este metal. O mercúrio inorgânico e seus compostos são utilizados nas indústrias de compostos elétricos, eletrodos, polímeros sintéticos e como agentes antissépticos. Já os compostos orgânicos são utilizados como fungicidas fumigantes e inseticidas. Indústrias de fabricação de tintas e lâmpadas também fazem uso do

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mercúrio em seus processos, expondo, assim, seus trabalhadores a essa substância nociva. Existem casos de intoxicação por mercúrio na área de saúde, principalmente em processos de esterilização de materiais, e no setor odontológico, pois, como já mencionado, utiliza-se mercúrio na composição das amálgamas.

O mercúrio, quando lançado na natureza, pode contaminar rios devido à sua precipitação e, consequentemente, os peixes, afetando a cadeia alimentar.

Na pele e mucosas, ele possui efeito irritante e sua intoxicação aguda age nos pulmões provocando intersticial aguda, bronquite e bronquiolite. Por ele agir sobre o sistema nervoso central, o hidrargirismo causa tremores e aumento da excitabilidade. Já na exposição crônica (longos períodos a baixas concentrações), segundo Brasil (2006a), os sintomas são: cefaleia, redução da memória, instabilidade emocional, parestesias, diminuição da atenção, tremores, fadiga, debilidade, perda de apetite, perda de peso, insônia, diarreia, distúrbios de digestão, sabor metálico, sialorreia, irritação na garganta e afrouxamento dos dentes. Gengivite, sialorreia, irritabilidade e tremores são os quatro principais sintomas.

O diagnóstico de hidrargirismo deve-se basear na história da exposição ocupacional e no quadro clínico do paciente.

A prevenção à exposição do mercúrio é basicamente medidas de engenharia, alterando os locais de trabalho de forma a neutralizar ou eliminar a exposição do trabalhador e, se ainda necessário, o emprego de Equipamentos de Proteção Individuais adequados ao risco.

Vale ressaltar que, em caso de doenças do trabalho diagnosticadas, se o trabalhador possua carteira de trabalho assinada, deve-se emitir uma CAT e encaminhar o trabalhador ao INSS.

4.5 DOENÇA CAUSADA PELA EXPOSIÇÃO AO CROMO

A exposição ao cromo ocorre, principalmente, em galvanoplastias, indústria do cimento, produção de ligas metálicas, soldagem de aço inoxidável, produção e utilização de pigmentos na indústria têxtil, de cerâmica, vidro e borracha, indústria fotográfica e em curtumes. Geralmente, ele ocorre na forma de névoas ácidas dispersas no ambiente laboral.

As vias de absorção são cutânea e respiratória, onde o composto apresenta características irritantes e alergênicas.

Segundo Brasil (2006a), uma vez ocorrida a intoxicação, os sintomas são: prurido nasal, rinorreia, epistaxe, que evoluem com ulceração e perfuração de septo nasal; irritação de conjuntiva com lacrimejamento e irritação de garganta; na pele, observa-se prurido cutâneo nas regiões de contato, erupções eritematosas ou vesiculares e ulcerações de aspecto circular com dupla borda, a externa rósea

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e a interna escura (necrose), o que lhe dá um aspecto característico de "olho de pombo"; a irritação das vias aéreas superiores também pode manifestar-se com dispneia, tosse, expectoração e dor no peito. O câncer pulmonar é, porém, o efeito mais importante sobre a saúde do trabalhador.

O diagnóstico de intoxicação ao cromo deve-se basear na história da exposição ocupacional e no quadro clínico do paciente, assim como nas demais doenças.

A prevenção à exposição ao cromo é basicamente medidas de engenharia, alterando os locais de trabalho de forma a neutralizar ou eliminar a exposição do trabalhador e, se ainda necessário, o emprego de Equipamentos de Proteção Individual adequados ao risco.

4.6 DOENÇAS CAUSADAS PELA EXPOSIÇÃO A SOLVENTES ORGÂNICOS

Inúmeros são os produtos químicos utilizados, atualmente, como solventes. Estas substâncias são líquidas à temperatura ambiente, são voláteis e lipossolúveis. São produtos amplamente utilizados em processos industriais, no meio rural, em laboratórios químicos como solubilizante, dispersante ou diluente em sua forma pura ou misturada.

Podemos citar como exemplo os hidrocarbonetos alifáticos, os hidrocarbonetos aromáticos, os hidrocarbonetos halogenados, os álcoois, as cetonas e os ésteres.

Sua entrada no organismo humano é através da via respiratória e cutânea, sendo a respiratória a mais significante, pois os solventes são altamente voláteis, o que facilita a inalação do produto.

Segundo Brasil (2006a), após a penetração e biotransformação e excreção podem se manifestar efeitos tóxicos a nível hepático, pulmonar, renal, hemático e do sistema nervoso. Estes efeitos podem ser favorecidos por fatores de ordem ambiental (temperatura), individual (dieta, tabagismo, etilismo, enzimáticos, peso, idade, genéticos etc.), além da comum interação entre os diversos solventes na maioria dos processos industriais.

Além disso, é importante frisar que algumas destas substâncias possuem efeito ototóxico, causando problemas funcionais e degeneração celular dos tecidos da orelha interna, especialmente nos órgãos sensoriais e neurônios da cóclea e aparelho vestibular. Para que isso ocorra é necessário que o trabalhador esteja exposto ao solvente orgânico e ao ruído em doses prejudiciais e sem a devida proteção.

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Para compreender mais sobre os solventes ototóxicos e seus efeitos, não deixe de ler a dissertação: Efeitos da Exposição Ocupacional a Solventes Orgânicos no Sistema Auditivo, escrita por Lígia Bertoncello.

DICAS

4.7 BENZENISMO

Antigamente, o benzeno possuía o seu uso deliberado, porém, atualmente, existe uma legislação que regulamenta seu uso nas indústrias brasileiras.

A intoxicação por benzeno recebe o nome de benzenismo, um conjunto de manifestações ou alterações hematológicas resultantes da exposição a esta substância.

Siderurgia, refinaria de petróleo, indústrias que utilizam benzeno como solvente e atividades que empregam tintas, verniz, selador, tíner expõem seus trabalhadores ao benzeno.

Sua absorção pode ocorrer pelas três vias (respiratória, digestiva e cutânea), porém, a via respiratória é a mais importante. Em caso de intoxicação aguda, o benzeno é retido no sistema nervoso central e, quando da intoxicação crônica, ele permanece na medula óssea, fígado e tecidos gordurosos.

Segundo Brasil (2006b), os sintomas clínicos não são típicos, mas pode haver queixas relacionadas às alterações hematológicas, como fadiga, palidez cutânea e de mucosas, infecções frequentes, sangramentos gengivais e epistaxe. Pode encontrar-se sinais neuropsíquicos, como astenia, irritabilidade, cefaleia e alterações da memória. Hoje, existem vários estudos epidemiológicos que demonstram a relação do benzeno com as leucemias mieloide aguda, mieloide crônica, linfocítica crônica, com a doença de Hodgkin e com a hemoglobinúria paroxística noturna.

O diagnóstico do benzenismo é realizado através da análise do histórico clínico e ocupacional e exames complementares. Mais uma vez, é importante lembrar que o acompanhamento médico dos trabalhadores que estiveram expostos ao benzeno durante o tempo em que seu uso era permitido é de suma relevância.

A forma mais eficaz de prevenção à exposição ao benzeno é a substituição desta substância por outra mais segura, ou investir em tecnologias capazes de assegurar a não exposição ao benzeno. O benzeno é uma substância que não possui limite de exposição seguro.

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A Portaria Nº 776/GM, de 28 de abril de 2004, dispõe sobre a regulamentação dos procedimentos relativos à vigilância da saúde dos trabalhadores expostos ao benzeno. Que tal você realizar a leitura deste material?

DICAS

Para conhecer um maior número de doenças do trabalho, bem como seus sintomas e sinais, acesse: <http://www4.seg-social.pt/documents/10152/156134/lista_doencas_profissionais>.

DICAS

4.8 DERMATITE

Dentre as doenças ocupacionais mais importantes temos a dermatite. Porém, ela não chega a entrar nas estatísticas, uma vez que em inúmeros casos o próprio paciente a trata sem auxílio médico ou ela é tratada no próprio ambulatório da empresa.

Mas o que é a dermatite ocupacional? É toda alteração das mucosas, pele e seus anexos que seja direta ou indiretamente causada, condicionada, mantida ou agravada por agentes presentes na atividade ocupacional ou no ambiente de trabalho (ALI, 1995).

As dermatites ocupacionais, geralmente, são causadas por agentes biológicos, físicos e químicos e provocam desconforto, dor, prurido, queimação, reações psicossomáticas e outras que geram até a perda do posto de trabalho. Dentre os agentes químicos, os principais responsáveis por provocar dermatite são: irritantes (cimento, solventes, detergentes, ácidos, álcalis, entre outros) e alérgenos (aditivos da borracha, níquel, cromo e cobalto, resinas, entre outros).

Para se obter o diagnóstico que a dermatite é ocupacional, deve-se avaliar o quadro clínico, o histórico ocupacional, a localização das lesões e realizar exames específicos. As dermatites ocupacionais apresentam melhoras com o afastamento do trabalhador do seu posto de trabalho e com o retorno elas pioram.

Vamos conhecer quais são as principais dermatites ocupacionais?

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UNIDADE 2 | AGENTES QUÍMICOS

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4.8.1 Dermatite de contato por irritantes

Ocorre através do contato com substâncias irritantes em concentrações acima das toleráveis, com tempo grande de exposição, e o trabalhador é exposto com frequência a esta substância. Manter o contato com água, sabão e detergente favorece a ocorrência de irritações.

Segundo Brasil (2006b, p. 25):

O quadro clínico varia de acordo com o irritante, podendo aparecer sob a forma de dermatites indistinguíveis das dermatites de contato alérgicas agudas, até ulcerações vermelhas profundas, nas queimaduras químicas. A dermatite irritativa crônica é mais frequente que a aguda ou acidental. Agressões repetidas, por irritantes de baixo grau, ocorrem ao longo do tempo. Nesses casos, a secura da pele e o aparecimento de fissuras são, frequentemente, os primeiros sinais, que evoluem para eritema, descamação, pápulas, vesículas e espessamento gradual da pele. As dermatites de contato irritativas podem ser facilmente diagnosticadas pelas histórias clínica e ocupacional. Os testes epicutâneos ou patch test não estão indicados para o diagnóstico. Mas para dermatites de contato por irritantes crônicas, que não respondem bem ao tratamento pode ser realizado o teste de contato para investigar sensibilização às vezes ao medicamento usado.

A dermatite de contato por irritantes (DCI) pode se dividir em:

4.8.1.1 Dermatite irritativa de contato forte (DICF)

Etiopatogenia

Quando a substância química, em contato com a pele, provocar graves lesões inflamatórias já no primeiro contato, estas são consideradas irritantes fortes.

O contato com cimento, que é abrasivo, alcalino, altamente higroscópico, causa ulcerações (rasas ou profundas). Estas lesões irão aparecer devido ao tempo de contato com a massa de cimento associado ao atrito gerado pelo calçado e vestimentas na pele do trabalhador, podendo chegar à necrose da região atingida. Por exemplo, após 12 horas de contato com o cimento úmido podem surgir ulcerações profundas na região atingida.

Quadro Clinico: após algumas horas de uma determinada região estar em contato com o cimento, podem surgir eritema com prurido, ardor, queimação. Após 24h, podem ser observadas lesões em fase ativa, exulceradas, ulceradas ou necrosadas, dependendo somente do tempo de contato e da alcalinidade do cimento ou concreto.

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Segundo Brasil (2006b, p. 27, grifo do autor), os principais aspectos clínicos das principais dermatites de contato são:

Dermatite irritativa de contato (DIC). Ressecamento da pele na área de contato. Descamação com ou sem eritema. Pode evoluir com fissuras e sangramentos. É importante salientar que o processo irritativo irá depender do agente causal (vide abaixo a classificação dos irritantes conforme CID 10).Dermatite irritativa forte de contato (DIFC). Surge ulceração na área de contato com posterior necrose. Ardor, queimação e dor são sintomas presentes. O contato com ácidos, álcalis fortes são os principais agentes responsáveis. Outro agente importante é a queda de massa de cimento ou concreto dentro da bota, calçado ou luvas.Dermatite Alérgica de Contato (DAC). Presença de eritema, edema, vesiculação e prurido. Ao se cronificar, verifica-se a formação de crostas serosas às vezes com infecção secundária às vezes ocorre liquenificação (espessamento da pele). Observação: prurido, juntamente com os demais achados clínicos, é um bom indicador de Dermatite Alérgica de Contato (DAC).

Ainda segundo Brasil (2006b, p. 27), os agentes que causam as principais dermatites de contato por irritantes são:

Dermatite de contato por irritantes devido a detergentes.Dermatite de contato por irritantes devido a óleos e gorduras.Dermatite de contato por irritantes devido a solventes: cetonas, ciclohexano, compostos de cloro, ésteres, glicol, hidrocarbonetos.Dermatite de contato por irritantes devido a cosméticosDermatite de contato por irritantes devido a drogas em contato com a pele.Dermatite de contato por irritantes devido a outros produtos químicos: arsênio, berílio, bromo, cromo, cimento, flúor, fósforo, inseticidas.Dermatite de contato por irritantes devido a alimentos em contato com a pele.Dermatite de contato por irritantes devido a plantas, exceto alimentos.Dermatite de contato por irritantes devido a outros agentes químicos: corantes.

4.8.2 Dermatites alérgicas de contato (DAC)

Atualmente, existem cerca 5 mil substâncias que estão classificadas como alergênicas. Os sinais da dermatite alérgica de contato são eczemas agudos ou crônicos. Em sua fase aguda, os eczemas vêm acompanhados de prurido intenso, já na fase crônica surgem descamações e fissuras na pele. Este tipo de substância é capaz de penetrar a pele e estimular o sistema imunológico do indivíduo a produzir linfócitos T que liberam várias citocinas, provocando uma reação inflamatória.

Após a exposição inicial, os primeiros sintomas podem aparecer entre 5 e 21 dias. Caso o trabalhador já tenha sensibilidade ao agente, os sintomas aparecem em até 3 dias da nova exposição.

Caso o trabalhador seja afastado do agente, poderá haver uma diminuição no quadro ou até sua total cura, porém a hipersensibilidade latente permanece e reexposições voltam a desencadeá-lo.

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Segundo Brasil (2006b, p. 29), os agentes que causam as principais dermatites alérgicas de contato são:

Dermatite alérgica de contato devido a metais.Dermatite alérgica de contato devido a adesivos.Dermatite alérgica de contato devido a cosméticos (fabricação/manipulação).Dermatite alérgica de contato devido a drogas em contato com a pele.Dermatite alérgica de contato devido a corantes.Dermatite alérgica de contato devido a outros produtos químicos.Dermatite alérgica de contato devido a alimentos em contato com a pele (fabricação/manipulação). Dermatite alérgica de contato devido a plantas (não inclui plantas usadas como alimentos).Dermatite alérgica de contato devido a outros agentes (causa externa especificada).

De acordo com Brasil (2006b), os quadros crônicos são caracterizados por pele espessada, com fissuras, e podem piorar nas reexposições ao antígeno. O diagnóstico é feito baseado na história clínico-ocupacional e no exame clínico. A identificação das substâncias alergênicas (para fins de diagnóstico e para prevenção de novos contatos e reexposição) pode ser auxiliada pelos testes epicutâneos ou patch tests.

4.9 ULCERAÇÕES

4.9.1 Úlcera crônica da pele não classificada em outra parte

Segundo Brasil (2006c), o contato da pele com ácidos ou álcalis fortes pode provocar ulceração da pele em curto prazo (forma aguda) ou em longo prazo (forma crônica).

Entre as substâncias químicas irritantes capazes de produzir úlceras crônicas de pele de origem ocupacional temos o cromo e seus compostos, como o ácido crômico, os cromatos de sódio ou o potássio e os dicromatos de amônio, entre outros.

A exposição ao cromo pode provocar, além das úlceras crônicas de pele, a dermatite de contato irritativa, irritação e ulceração da mucosa nasal, levando à perfuração do septo nasal, principalmente em trabalhadores expostos a névoas de ácido crômico, nas galvanoplastias. Entretanto, o surgimento de dermatite de contato alérgica também é comum. A exposição em longo prazo pode provocar câncer das fossas nasais e câncer de pulmão.

As úlceras causadas por exposição ao cromo desenvolvem-se, geralmente, em áreas úmidas, como a mucosa nasal, ou em pontos da pele que apresentam feridas. As úlceras podem aparecer sobre a junção das falanges dos dedos da mão, nos pontos mais proeminentes ou próximos às unhas, entre outras localizações (BRASIL, 2006c).

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TÓPICO 1 | CONCEITOS, FORMAS DE ABSORÇÃO E DOENÇAS RELACIONADAS

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As úlceras são bastante sensíveis e dolorosas e podem ser cobertas por uma crosta, podendo aparecer infecções bacterianas secundárias. A evolução é lenta e pode deixar cicatriz. A continuidade da exposição pode levar à necrose da pele em torno da úlcera, com aumento de suas dimensões.

O cromo hexavalente sobre as mucosas e vias aéreas superiores pode provocar: lesões periungueais, ulceração e perfuração do septo nasal, coloração marrom na língua e nos dentes, rinites e crises asmáticas e câncer dos brônquios.

O diagnóstico é feito baseado no quadro clínico e no histórico ocupacional de exposição ao cromo ou a outro agente irritativo. Quando o agente causador da doença for o cromo, devem ser investigados outros efeitos lesivos, como ulceração, perfuração de septo nasal, câncer de septo nasal e efeitos crônicos sobre o pulmão (BRASIL, 2006c).

4.10 CÂNCER CUTÂNEO OCUPACIONAL

Além da exposição à radiação solar, alguns agentes químicos são capazes de causar câncer de pele. É fundamental que a exposição seja habitual para que se chegue neste quadro clínico.

O Quadro 7 descreve os principais agentes químicos carcinogênicos ocupacionais.

QUADRO 7 - AGENTES QUÍMICOS CARCINOGÊNICOS OCUPACIONAIS

Grupo I Carcinôgenos para seres humanso

Órgão-Alvo em seres humanos Principais usos

Ársênico e seus compostos Pulmões, pele Indústria do vidro, metais e pesticidas.

Cromo VI e seus compostos Pulmões, cavidade nasal, peleEletrodeposição de metais, corantes, indústria de couro, cimento e outros.

Coaltar, peixe, fuligem Pulmões, pele, bexiga Conservante de madeiras, construção de estradas

Óleo mineral impuro Pele Lubrificantes usados ou reciclados

Óleo de baleia Pele Combustível, lubrificante

Pó de algumas madeiras Cavidade nasalIndústria madeireira, carpintaria, marcenaria, indústria moveleira.

Grupo 2 A - Carcinógenos prováveis para seres humanos

Órgão-Alvo em seres humanos Principais usos

Creosoto PeleIndústria de plásticos, têxteis, borracha, componentes elétricos, preservativo de madeiras.

FONTE: Brasil (2006c)

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UNIDADE 2 | AGENTES QUÍMICOS

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4.11 PREVENÇÃO DAS DERMATITES

4.11.1 Prevenção primária: promoção da saúde

A prevenção deve iniciar-se no ambiente de trabalho, onde as regras de conforto, bem-estar e segurança no trabalho estabelecidas devem ser cumpridas.

Brasil (2006c, p. 53) traz ainda outras medidas preventivas:

• Estrutura sanitária de fácil acesso e que permita boa higiene pessoal.• Restaurante com alimentação apropriada para o clima e a atividade exercida.• Centro de treinamento.• Orientação sobre riscos específicos atinentes à atividade.Metodologia segura de trabalho.• Orientação sobre doenças gerais: tuberculose, aids, diabetes, hipertensão, estresse e outras.• Males sociais: tabagismo, alcoolismo, drogas, medicamentos, ansiolíticos psicotrópicos, outros.• Normas de higiene e imunização.

4.11.2 Prevenção secundária

Conforme Brasil (2006c, p. 53), após observadas possíveis lesões que estejam afetando o trabalhador, a prevenção ocorrerá por:

• Por meio do atendimento no ambulatório da empresa.• Mediante inspeção periódica aos locais de trabalho.• Por meio dos exames periódicos e do tratamento precoce.

Nesta etapa da prevenção podemos agir de forma imediata, neutralizando ou minimizando os riscos, e evitando que a dermatose se instale e atinja os trabalhadores expostos.

4.11.3 Prevenção terciária

Quando o trabalhador apresenta lesões em fase crônica ou se sentir sensibilizado a algum agente presente no ambiente de trabalho, é fundamental a adoção de medidas terapêuticas adequadas, como: retirada do ambiente de trabalho, testes epicutâneos a fim de se detectar a presença de possíveis alérgenos etc. (BRASIL, 2006c).

No caso específico de alergia por cimento (cromatos e cobalto), o trabalhador será impedido de retornar à mesma atividade; neste caso, o trabalhador deverá ser reabilitado para outro tipo de atividade, onde possa atuar afastado do risco

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TÓPICO 1 | CONCEITOS, FORMAS DE ABSORÇÃO E DOENÇAS RELACIONADAS

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LEITURA COMPLEMENTAR

HIPOACUSIA OTOTÓXICA

1 DEFINIÇÃO DA DOENÇA – DESCRIÇÃO Hipoacusia ototóxica ou perda da audição ototóxica é a perda auditiva, do

tipo neurossensorial, induzida por substâncias químicas de origem endógena ou exógena. O efeito ototóxico pode alcançar, também, com frequência, o aparelho do equilíbrio.

2 EPIDEMIOLOGIA – FATORES DE RISCO DE NATUREZA OCUPACIONAL CONHECIDOS

As ototoxinas endógenas incluem toxinas bacterianas e metabólitos tóxicos de distúrbios metabólicos, tais como no diabetes e em nefropatias. As ototoxinas exógenas incluem drogas, tais como aminoglicosídeos (estreptomicina, kanamicina, gentamicina, tobracinina, amicacina etc.) e diuréticos, substâncias químicas de origem ocupacional, fumo e álcool.

Listam-se, entre as muitas substâncias químicas ototóxicas a que se expõem os trabalhadores em seus ambientes de trabalho, as seguintes:

• arsênio e seus compostos;• monóxido de carbono;• aldeído fórmico;• organofosforados;• chumbo e seus compostos;• sulfeto de carbono;• estireno;• tolueno;• etileno glicol;• tricloroetileno;• gás sulfídrico (H2 S);• trinitrotoluol;• mercúrio e seus compostos;• xileno;• mistura de solventes.

Segundo Morata e colaboradores (1993), existe uma superposição dos efeitos das exposições ocupacionais a ruído excessivo e a distintos solventes, fazendo com que a exposição combinada a ambos os agentes patogênicos sobre a audição sejam sinérgicos.

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UNIDADE 2 | AGENTES QUÍMICOS

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3 QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO

Os sintomas da lesão tóxica da audição e do aparelho do equilíbrio caracterizam-se por:

• tinido (geralmente é o primeiro sintoma); • perda auditiva: surdez neurossensorial pura progressiva. Inicialmente, a

perda é para tons agudos, mas, posteriormenWte, há estreitamento do campo auditivo, evoluindo das frequências altas para as médias e inferiores. A surdez é sempre bilateral;

• vertigem posicional e associada a náuseas; • distúrbios do equilíbrio, com vertigem persistente e instabilidade de marcha; • osciloscopia, isto é, uma fraqueza de fixação devida a um distúrbio do reflexo

vestibulococlear.

O diagnóstico de perda auditiva ototóxica baseia-se em:

• anamnese clínica e ocupacional;• exame físico, com otoscopia; • audiometria tonal e exame otoneurológico. A audiometria mostra uma surdez

neurossensorial progressiva pura para tons agudos, bilateral, semelhante à observada na PAIR. Segundo McCunney (1992), os achados audiométricos em casos de ototoxicidade tendem a ser semelhantes aos da presbiacusia, mostrando perdas em 8.000 Hz maiores que em 4.000 Hz. Os testes vestibulares podem mostrar um nistagmo espontâneo, depressão da reação térmica labiríntica e reflexos vestibuloespinhais normais.

O diagnóstico de perdas auditivas neurossensoriais ototóxicas é facilitado quando o médico tem acesso ao histórico das exposições do paciente a ruído e a outros agentes ototóxicos ao longo de sua vida laboral. O médico que atende ao trabalhador no serviço de saúde pode solicitar ao colega responsável pelo PCMSO da empresa os exames audiométricos e outros resultados de exames, com a autorização do paciente. Cabe ainda ao médico saber avaliar a qualidade técnica das avaliações de exposições e exames complementares realizados na ou a pedido da empresa.

O diagnóstico diferencial mais importante é com a PAIR, que pode resultar

de exposições combinadas a ruído e solventes ototóxicos. O prognóstico da hipoacusia ototóxica é reservado, dada a irreversibilidade da lesão neurossensorial, exceto nos casos devido a medicamentos, por exemplo, salicilatos, que tendem a ser reversíveis.

4 PREVENÇÃO

Na vigilância da exposição às substâncias químicas ototóxicas relacionadas no item 2, as medidas de controle ambiental visam à eliminação ou à manutenção de níveis de exposição considerados aceitáveis, por meio de:

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TÓPICO 1 | CONCEITOS, FORMAS DE ABSORÇÃO E DOENÇAS RELACIONADAS

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• enclausuramento de processos e isolamento de setores de trabalho, se possível utilizando sistemas hermeticamente fechados;

• normas de higiene e segurança rigorosas, incluindo sistemas de ventilação exaustora adequados e eficientes;

• monitoramento sistemático das concentrações no ar ambiente;• adoção de formas de organização do trabalho que permitam diminuir o número

de trabalhadores expostos e o tempo de exposição;• medidas de limpeza geral dos ambientes de trabalho e facilidades para higiene

pessoal, recursos para banhos, lavagem das mãos, braços, rosto e troca de vestuário;

• fornecimento, pelo empregador, de equipamentos de proteção individual adequados, de modo complementar às medidas de proteção coletiva.

Recomenda-se observar a adequação e o cumprimento, pelo empregador, do PPRA (NR 9) e do PCMSO (NR 7), da Portaria/MTb nº 3.214/78, além de outros regulamentos – sanitários e ambientais – existentes nos estados e municípios. O Anexo nº 11 da NR 15 define os LT das concentrações em ar ambiente de várias substâncias químicas, para jornadas de até 48 horas semanais. Esses parâmetros devem ser revisados periodicamente, e sua manutenção dentro dos limites estabelecidos não exclui a possibilidade de ocorrerem danos para a saúde.

O exame médico periódico objetiva a identificação de sinais e sintomas para a detecção precoce da doença, por meio de:

• avaliação clínica com pesquisa de sinais e sintomas otoneurológicos, por meio de protocolo padronizado e exame físico criterioso;

• exames complementares orientados pela exposição ocupacional;• informações epidemiológicas;• análises toxicológicas.

Suspeita ou confirmada a relação da doença com o trabalho deve-se:

• informar ao trabalhador; • examinar os expostos, visando a identificar outros casos; • notificar o caso aos sistemas de informação em saúde (epidemiológica, sanitária

e/ou de saúde do trabalhador), por meio dos instrumentos próprios, à DRT/MTE e ao sindicato da categoria;

• providenciar a emissão da CAT, caso o trabalhador seja segurado pelo SAT da Previdência Social;

• orientar o empregador para que adote os recursos técnicos e gerenciais adequados para eliminação ou controle dos fatores de risco.

FONTE: DOENÇAS DO OUVIDO RELACIONADAS AO TRABALHO. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/partes/doencas_trabalho2.pdf>. Acesso em: 03 abr. 2015.

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RESUMO DO TÓPICO 1Neste tópico, você aprendeu que:

• Os agentes químicos são classificados em gases, vapores e aerodispersoides, e esses podem se apresentar na forma de poeiras, fumos, névoas, neblinas e de fibras.

• Os gases são classificados como irritantes, anestésicos e asfixiantes.

• Os aerodispersoides podem ser classificados conforme o tamanho da partícula em respirável, visível, sedimentável e inalável.

• As vias de penetração dos agentes no organismo são as vias respiratórias, digestiva e cutânea, sendo a principal delas a respiratória.

• Os agentes químicos são capazes de provocar inúmeras doenças.

• As principais pneumoconioses ocupacionais.

• Cada substância química é capaz de provocar uma doença específica e, para que isso não ocorra, são necessárias adoções de medidas de prevenção.

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AUTOATIVIDADE

1 Os agentes químicos podem ser classificados em gases, vapores e aerodispersoides. Associe cada agente à sua definição:

I– Poeiras.II– Névoas.III– Fibras.

( ) São partículas líquidas produzidas através de processos mecânicos.( ) São partículas sólidas produzidas através de processos mecânicos.( ) São partículas sólidas produzidas através de processos mecânicos e

possuem um formato mais alongado.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) II – I – IV.b) ( ) II – IV – I.c) ( ) I – II – IV.d) ( ) IV – I – II.

2 Os gases e vapores, muitas vezes, são confundidos, porém eles possuem uma particularidade que os diferencia. Que particularidade seria essa?

3 Existem três vias de penetração do agente químico no organismo humano, porém, uma possui destaque entre as demais. Qual é esta via e por que ela merece destaque?

4 Os agentes químicos são capazes de provocar inúmeras doenças ao trabalhador. Cite três doenças e seu respectivo agente causador.

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TÓPICO 2

CARACTERIZAÇÃO, MÉTODOS E INSTRUMENTAÇÃO

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃOA higiene do trabalho é composta por quatro etapas: antecipação,

reconhecimento, avaliação e controle do agente que possa a vir causar danos à saúde do trabalhador.

A etapa de antecipação visa prever os riscos aos quais o trabalhador está submetido e que possam vir a causar danos à sua saúde e integridade física. Na etapa de reconhecimento, é necessário conhecer todas as fontes de exposição que os trabalhadores possam estar expostos ao realizar suas atividades.

A etapa de avaliação, a qual será abordada mais precisamente neste tópico, corresponde à identificação das concentrações ambientais dos agentes químicos e se estes estão ou não dentro dos limites de tolerância. Por fim, temos a etapa de controle, que é onde serão definidos quais os melhores métodos para manter as concentrações de agentes dentro dos limites de tolerância.

A avaliação da exposição a agentes químicos é de suma importância para manutenção de um ambiente salubre para execução das atividades laborais.

2 CARACTERIZAÇÃO DOS AGENTES QUÍMICOSO objetivo da caracterização é a definição de um plano de avaliação da

exposição ocupacional. Uma vez caracterizado o agente de exposição, é hora de realizar a avaliação desta exposição para que as medidas de controle adequadas sejam tomadas.

Segundo Vendrame (2007), para a identificação da exposição é necessário identificar o processo, a operação, as atividades e um inventário completo dos agentes químicos utilizados e seus respectivos limites de tolerância.

Como já dito, a contração de uma doença ocupacional irá depender da concentração do agente no ambiente, do tempo de exposição, das características físico-químicas desse agente e da susceptibilidade de cada trabalhador. Logo, para caracterizar uma exposição, deve-se determinar qual é a concentração deste agente no ambiente mais precisamente possível, e o tempo em que o trabalhador executa determinada atividade que envolva a utilização do agente químico.

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UNIDADE 2 | AGENTES QUÍMICOS

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Segundo a AIHA (2015), a caracterização básica é composta por quatro etapas: caracterização do ambiente de trabalho, caracterização das atividades realizadas, caracterização do agente e formação do GHE.

Na caracterização do ambiente de trabalho, devem-se descrever os processos e as operações envolvidas, bem como as reações químicas pertinentes, os subprodutos gerados e os catalisadores utilizados. O objetivo desta caracterização é a identificação de todas as fontes de exposição, a localização de todos os produtos químicos e as tarefas envolvidas, as medidas de controle, como a ventilação, e outros métodos.

A caracterização das atividades realizadas vem com o objetivo de entender como é a relação do trabalhador com o processo de produção, de forma a compreender os procedimentos e as práticas de trabalho. Esta etapa caracteriza-se pela análise documental de cargo/função/subfunção por área/departamento/setor para os estudos epidemiológicos. Além disso, deve-se observar a execução de cada atividade, para que seja levantada a frequência, a duração, a forma de interação com o agente químico, entre outros fatores pertinentes.

Em um processo produtivo são inúmeros as funções e os ambientes de trabalho, sendo necessário classificar cada um de forma a se caracterizar qual é o que apresenta maior risco. Esta classificação deve se basear nos efeitos nocivos dos agentes empregados em cada uma delas. A caracterização desses agentes químicos é dada pelas propriedades físico-químicas dos produtos químicos presentes, a quantidade que é manuseada, os dados toxicológicos, entre outros fatores significativos a esta caracterização.

Para finalizarmos nossa caracterização básica, é necessário estabelecer os grupos homogêneos de exposição (GHE) prévios. Mas o que é o GHE?

Grupo Homogêneo de Exposição – GHE: segundo a Instrução Normativa nº 1, de 20 de dezembro de 1995, grupo homogêneo de exposição corresponde:

a um grupo de trabalhadores que experimentam exposição semelhante, de forma que o resultado fornecido pela avaliação da exposição de qualquer trabalhador do grupo seja representativo da exposição do restante dos trabalhadores do mesmo grupo.” (BRASIL, 1995).

Ou seja, o GHE é um grupo de trabalhadores que possuem a mesma probabilidade de exposição a um determinado agente, de forma que qualquer trabalhador do grupo apresente o mesmo resultado na avaliação de exposição. Isto significa que a exposição ao agente não precisa ser a mesma para todos os trabalhadores ao longo de uma jornada de trabalho, porém a probabilidade de exposição sim.

Os GHE são definidos na etapa básica de caracterização e a seleção de amostragem de trabalhadores deve seguir o quadro de amostragem (GHE) da NIOSH.

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TÓPICO 2 | CARACTERIZAÇÃO, MÉTODOS E INSTRUMENTAÇÃO

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QUADRO 8 - AMOSTRAGEM EM GHE

Tamanho do Grupo - Nº Número de amostras exigidas - n8 79 810 9

11 - 12 1013 - 14 1115 - 17 1218 - 20 1321 - 24 1425 - 29 1530 - 37 1638 - 49 17

50 18Acima de 50 22

FONTE: Adaptado de Moraes (2014)

Se o grupo for formado por sete ou menos trabalhadores, todos os trabalhadores devem fazer parte da amostra. O ideal seria que todos os trabalhadores expostos fizessem parte da avaliação, porém, por questões de viabilidade econômica ficou designada a porcentagem a ser amostrada para cada GHE. A escolha dos trabalhadores amostrados deve ser aleatória e imparcial.

A avaliação dos agentes químicos pode ser qualitativa ou quantitativa dependendo da situação. Quando um determinado agente encontra-se em grandes concentrações em um ambiente de forma que fique visível, ou que apenas se deseja saber se existe um agente e qual seus efeitos, utiliza-se a avaliação qualitativa, porém terá ambientes que, embora pareçam limpos, os agentes nocivos estarão presentes, sendo necessária a realização de uma avaliação quantitativa para sua caracterização.

3 AVALIAÇÃO QUALITATIVA DOS AGENTES QUÍMICOSA avaliação qualitativa é caracterizada pela classificação da exposição

aos agentes químicos que se baseia em informações sobre o tipo de substância utilizada, como ela é utilizada e seus efeitos sobre a saúde do trabalhador. Este tipo de avaliação é falha uma vez que dependerá do consenso sobre um determinado risco.

A avaliação qualitativa visa à classificação dos efeitos nocivos à saúde do trabalhador, bem como à exposição a cada agente de forma a estipular o grau de prioridade para monitoração dos grupos homogêneos de exposição.

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UNIDADE 2 | AGENTES QUÍMICOS

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E como isso é realizado? Vamos começar pela classificação da exposição ao agente de risco. Todos os GHE devem ser monitorados quanto à sua exposição. Para classificar a exposição, podemos construir nossa tabela de critérios conforme julgarmos mais apropriados para a atividade. Podemos utilizar “indicadores”, como frequência de exposição, limites de tolerância, entre outros.

QUADRO 9 - EXEMPLO DE CLASSIFICAÇÃO QUALITATIVA DE EXPOSIÇÃO

Categoria DescriçãoNão exposto Sem contato com o agente

Pouco exposto Contato raro com o agente a baixas concentrações

Moderamente expostoContato frequente com o agente a baixas

concentrações ou contato raro a altas concentrações

Muito exposto Contato frequente com o agente a altas concentrações

Altamente exposto Contato frequente com o agente a concentrações muito altas

FONTE: AIHA (2015)

Classificada a exposição do trabalhador, é hora de classificar os efeitos nocivos das substâncias. Esta classificação deve se basear na gravidade dos efeitos causados no organismo do trabalhador devido à exposição deliberada a estes agentes. O Quadro 6 traz um exemplo de classificação de efeito, lembrando que outras classificações podem ser adotadas, como enfatizar o efeito cancerígeno.

QUADRO 10 - EXEMPLO DE CLASSIFICAÇÃO QUALITATIVA QUANTO AO EFEITO NOCIVO

Categoria Efeitos à saúde

0 Efeitos reversíveis pouco preocupantes ou sem efeitos adversos conhecidos

1 Efeitos reversíveis preocupantes

2 Efeitos reversíveis severos

3 Efeitos irreversíveis4 Risco da vida ou doença incapacitante

FONTE: AIHA (2015)

De posse de todos os dados de exposição e efeitos nocivos à saúde, determina-se qual é a atividade que necessita de maior preocupação e consequente monitoração. Informações como número de trabalhadores nos GHE, grupos com exposições próximas ao Limite de Tolerância, frequência de exposição, agentes cuja exposição é controlada apenas com EPIs devem ser levados em consideração (AIHA, 2015).

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TÓPICO 2 | CARACTERIZAÇÃO, MÉTODOS E INSTRUMENTAÇÃO

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Uma vez definida a ordem de prioridade de monitoramento dos agentes químicos, faz-se necessária avaliação quantitativa, sobre a qual veremos a seguir.

4 AVALIAÇÃO QUANTITATIVA DOS AGENTES QUÍMICOSA Norma Regulamentadora nº 9 (BRASIL, 2014), em seu item 9.3.4, traz que:

A avaliação quantitativa deverá ser realizada sempre que necessária para:a) comprovar o controle da exposição ou a inexistência riscos identificados na etapa de reconhecimento; b) dimensionar a exposição dos trabalhadores; c) subsidiar o equacionamento das medidas de controle.

A avaliação quantitativa refere-se às medições de concentração dos agentes aos quais os trabalhadores ficam expostos por um determinado período e é o principal elemento para o planejamento da implantação de medidas de controle. É uma análise mais precisa, onde as concentrações das substâncias serão quantificadas. Para cada agente existe um método de coleta e análise que utiliza equipamentos específicos, o que necessita de certo investimento financeiro.

A avaliação quantitativa realiza coletas ou medições dentro da zona respiratória do trabalhador, para casos de agentes particulados, e o tempo de amostragem deve ser maior que um ciclo de trabalho para que se possa avaliar a atividade como um todo. Estas avaliações não podem interferir no processo, nem mesmo no conforto do trabalhador durante a execução de suas atividades, os equipamentos devem ficar presos na cintura e o coletor próximo à zona respiratória, conforme Figura 24.

FIGURA 24 - EXEMPLO DE UM SISTEMA DE AMOSTRAGEM

FONTE: Adaptado de FUNDACENTRO (2007)

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UNIDADE 2 | AGENTES QUÍMICOS

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Zona Respiratória: é a região próxima às narinas, que sofre influência da respiração.Ciclo de Trabalho: é o conjunto de atividades desenvolvidas de forma repetida e contínua durante a jornada de trabalho.

NOTA

Normalmente, as amostragens ocorrem durante 3 dias e abrangem 75% da jornada de trabalho. O número de amostra dependerá do tempo de amostragem de cada coleta, bem como os níveis de concentração ambiental e o volume máximo e mínimo de cada método.

4.1 TIPOS DE AMOSTRAGEM

As amostragens podem ser pessoal, ambiental, instantânea ou contínua. As amostragens pessoais são aquelas cujo coletor estará preso ao trabalhador, acompanhando-o durante sua jornada de trabalho. Este tipo é o mais indicado para caracterização de exposição.

A amostragem ambiental tem como objetivo caracterizar os níveis de agente poluente do ambiente, o coletor fica fixo em um determinado ponto. O coletor deve ficar posicionado no centro do posto de trabalho e de maneira que não fique exposto à trajetória do poluente. Este tipo serve para auxiliar no dimensionamento de sistemas de controle de poluição.

Uma das grandes aplicações das amostragens instantâneas é indicar a localização de uma fonte poluidora utilizando equipamentos de leitura direta. Este tipo de amostragem tem como finalidade estimar o nível de exposição de forma mais simplificada, além de avaliar picos de concentrações. As amostragens instantâneas possuem duração que variam de segundos até 10 minutos. A amostragem instantânea possui a vantagem de imediata leitura de sua medição. Após várias medições a concentração será dada por:

Cm = (C1 * t1) + (C2 * t2) +...+ (Cn * tn)8 horas

Onde:C = Concentraçãot = Tempo

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TÓPICO 2 | CARACTERIZAÇÃO, MÉTODOS E INSTRUMENTAÇÃO

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Quando se deseja realizar a comparação com os limites de tolerância, indicando se o ambiente é salubre ou não, a amostragem contínua é mais indicada. Esta amostragem possui duração que varia de 10 a 15 minutos até várias horas. O resultado da amostragem contínua representa a média dos níveis de agente durante a jornada de trabalho, não indica flutuações de níveis ou picos existentes. Em alguns casos, as amostras devem ser encaminhadas a laboratórios para se conhecer as medições, caracterizando assim sua desvantagem.

Para ter uma maior eficiência nas amostragens, estas devem ser realizadas em condições normais de trabalho.

4.2 DURAÇÃO E NÚMERO DE AMOSTRAS

A duração de uma amostragem deve ser escolhida levando em consideração a existência de limites (de oito horas, TWA, ou STEL, 15 minutos, por exemplo) e os efeitos da exposição ao agente de forma a adequar o tempo de amostragem. As amostragens podem ter durações diferentes para um mesmo agente, devido aos seus efeitos à saúde (AIHA, 2015).

Conforme AIHA (2015), o número de amostras pode variar entre 6 e 10, sendo que abaixo de seis existe muita incerteza e, acima de dez, o ganho em confiabilidade é pequeno.

Já para Fundacentro (2007),

O número de amostras a serem coletadas está relacionado com o dispositivo de coleta a ser utilizado e a capacidade de retenção do filtro de membrana, variando conforme o tipo de amostra, podendo ser:a) Amostra única de período completoUma única amostra de ar é coletada continuamente, cobrindo um período de coleta correspondente à jornada diária de trabalho.b) Amostras consecutivas de período completoVárias amostras de ar são coletadas, sendo que o período de coleta deverá corresponder à jornada diária de trabalho.c) Amostras de período parcialUma única amostra de ar é coletada continuamente ou várias amostras são coletadas com iguais ou diferentes tempos de coleta. O período total de coleta deverá corresponder a, pelo menos, 70% da jornada diária de trabalho.

4.3 INSTRUMENTAÇÃO

Equipamentos de leitura direta, amostradores de ar total e amostradores de separação de contaminantes são exemplos de equipamentos a serem utilizados nas avaliações quantitativas.

Para selecionar os instrumentos, devem-se observar os seguintes fatores:

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UNIDADE 2 | AGENTES QUÍMICOS

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− Facilidade de transporte e operação do aparelho.− Confiabilidade no aparelho, independente da condição de uso.− Tipo de informação que se deseja obter.− Métodos de avaliação disponíveis no aparelho.− Oferta do aparelho no mercado.− Indicação ou experiência com o aparelho.

Existem equipamentos de leitura direta que são aparelhos que coletam e analisam a amostra no próprio local de trabalho. Estes aparelhos avaliam amostras de gases, vapores ou aerodispersoides e podem utilizar métodos químicos ou físicos em suas análises. Os equipamentos que utilizam métodos químicos baseiam os resultados em reações químicas, já os que se baseiam em fenômenos físicos são os que utilizem métodos físicos. Apesar de haver esta divisão, a maioria dos equipamentos utiliza ambos os métodos simultaneamente.

Existem também equipamentos de leitura indireta, sendo que, após a coleta do material a ser analisado, a amostra é encaminhada a um laboratório para análise. Este método é mais demorado e necessita de maiores cuidados para não contaminar a amostra no momento da coleta até a sua análise, que pode levar dias.

4.3.1 Avaliação de gases e vapores

Dentre os equipamentos de amostragem, temos:

Tubos Colorimétricos: estes equipamentos utilizam métodos químicos e suas avaliações e através da alteração de sua coloração é que a concentração do poluente é indicada. É um equipamento de leitura direta.

Tubos indicadores são utilizados para analisar concentrações de gases e vapores dispersos no ambiente através de uma substância química impregnada no sólido constante em seu interior. Já para a análise de aerodispersoides são utilizados os filtros de papel que são quimicamente tratados. Gases ácidos ou alcalinos são analisados através de líquidos reagentes.

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TÓPICO 2 | CARACTERIZAÇÃO, MÉTODOS E INSTRUMENTAÇÃO

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FIGURA 25 - TUBOS INDICADORES

FONTE: Vestuário Laboral (2015)

Este equipamento possui um método bem simplificado, baseia-se na passagem de uma quantidade conhecida de ar através do tubo que contém reagente. Se o ar estiver contaminado, ocorrerá uma reação química e o reagente mudará sua coloração. A passagem de ar é forçada através de uma bomba aspiradora tipo fole ou pistão. A concentração deste poluente será determinada através da comparação da intensidade da cor obtida com uma escala padronizada. Outra forma de se chegar à concentração de contaminante é verificar o número de bombadas necessárias para que se chegue à cor-padrão.

Antes de se iniciar uma amostragem é necessária a verificação do equipamento, se existe algum tipo de vazamento ou bloqueio da passagem de ar, conforme indicação do fabricante. Algumas substâncias podem interferir na análise de outras devido a reações semelhantes a da substância em questão (contaminante), pensando nisso muitos dos tubos possuem uma pré-camada de retenção para as substâncias que possam vir a interferir no resultado.

Apesar de ser um método simples, a margem de erro fica na casa de 25% ou mais, sendo assim, as concentrações que ficarem próximas ao limite de tolerância deverão ser descartadas e devem-se utilizar métodos mais precisos. Este método deve ser aplicado por profissionais qualificados. Outro ponto relevante é a utilização sempre da bomba e dos tubos de mesma marca a fim de não gerar mais erros na medição.

Este tipo de equipamento sofre influência da temperatura e pressão ambiente.

Tubos de carvão ativado, sílica gel, entre outros meios de retenção: neste método, um volume conhecido de ar passa por um tubo de carvão ativado ou sílica gel com o auxílio de uma bomba gravimétrica. Posteriormente, a amostra coletada é encaminhada a um laboratório para análise, caracterizando assim um método de leitura indireta. Tubos de carvão ativado podem ser utilizados para

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UNIDADE 2 | AGENTES QUÍMICOS

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benzeno, tolueno, acetonas, entre outros. Tubos de sílica gel são empregados para anilina, ácidos, aminas, entre outras.

Dosimetria Passiva: Neste método, amostras de ar são coletadas sem o auxílio de bombas, fazendo uso do princípio da difusão de gases e vapores. Esse é um método de análise indireta e são conhecidos, também, por motores passivos (OVM).

Segundo Vendrame (2007), difusão consiste na passagem de moléculas através de uma barreira semipermeável, as moléculas tendem a se movimentar das áreas de maiores concentrações para as de menores. O método utilizado no dosímetro passivo consiste na adsorção sobre um suporte sólido (carvão ativado ou solução adequada) e, quanto maior o tempo de amostragem, maior será a precisão. Sua utilização deve ser na zona respiratória e sua precisão gira em torno de 25%, segundo a NIOSH.

FIGURA 26 - DOSÍMETROS PASSIVOS

Collar clip

DNPH - treated tape(contained behinddiffusion barrier)

Sample blank/correction(contained within housing)

Sliding coverin sampling position

Diffusion barrier exposed

FONTE: Faster (2015)

Amostradores de Ar Total: são coletados volumes conhecidos de ar contaminado e encaminhado para análise laboratorial. A coleta pode ser realizada através de deslocamento de ar, que consiste na coleta através de um frasco com vácuo que é aberto no local da amostragem e o ar contaminado irá ocupar o frasco. Deve-se observar o material do frasco e o tipo de contaminante a fim que esses não reajam entre si. Este deslocamento pode ser feito com o auxílio de bombas de vácuo.

A coleta pode ser efetuada através de deslocamento de líquido que consiste no esvaziamento de um frasco cheio de líquido e ocupação deste espaço com ar contaminado. Deve-se atentar para a solubilidade do agente contaminante para que erros não sejam gerados.

Amostradores de separação dos contaminantes do ar: o ar contaminado passa em um meio coletor que irá separar os contaminantes do ar. A coleta é encaminhada a um laboratório para análise. Estes aparelhos podem ser utilizados para gases, vapores ou aerodispersoides.

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TÓPICO 2 | CARACTERIZAÇÃO, MÉTODOS E INSTRUMENTAÇÃO

103

Cada substância ou conjunto de substâncias possuem um método de avaliação diferente, sendo necessário consultar os métodos do NIOSH, onde você encontrará toda a metodologia de amostragem de campo (vazão, tempo de coleta, tipo de meio de retenção) e análise laboratorial para cada substância. Você pode acessar o site <www.cdc.gov/niosh> para realizar suas consultas.

DICAS

4.3.2 Avaliação de Aerodispersoides

Os equipamentos disponíveis são:

Bombas de Sucção — Amostradores para Poeiras e Fumos:

Hoje, no mercado, existem vários modelos desses equipamentos que são de pequeno porte e podem ser levados individualmente pelo trabalhador na sua cintura quando se deseja coletar amostras pessoais. Os equipamentos mais modernos têm introduzido reguladores eletrônicos de fluxo, com capacidade de vazão de 1 litro/min a 4 litros/min. As bombas são alimentadas por baterias de níquel-cádmio recarregáveis e possuem regulação eletrônica de fluxo, conseguindo-se variações pequenas de vazão e, portanto, volumes de ar coletados mais precisos, o que é de grande importância numa amostragem.

A vazão de amostragem dependerá do volume de ar necessário para se coletar uma massa de material particulado suficiente para efetuar as análises.

FIGURA 27 - BOMBA DE SUCÇÃO

FONTE: Disponível em: <http://www.environ.com.br/images/impinger.jpg>. Acesso em: 21 fev. 2015.

Bomba

Amostrador

Vazio

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UNIDADE 2 | AGENTES QUÍMICOS

104

Sistema Filtrante (Filtros, Porta-Filtros e Suportes):

Filtros: os filtros devem ser de malha rígida, uniforme e contínua, de material polímero, com tamanhos de poro determinados precisamente durante a fabricação.

Para coleta de sílica, por exemplo, utiliza-se filtro de PVC (cloreto de polivinila), com 5 μm de poro e 37 mm de diâmetro, pois permitem a captação de partículas de retenção no tecido pulmonar (0,5μm a 10μm). Já para a coleta de poeiras metálicas ou fumos metálicos, utiliza-se como sistema filtrante um filtro de éster de celulose tipo AA, com 0,8 μm de poro e 37 mm de diâmetro.

Porta-Filtros ou “cassetes”: são constituídos de poliestireno, podendo ter duas ou três partes que deverão ser bem vedadas após a preparação dos filtros. Esta vedação pode ser realizada com bandas de celulose ou teflon, de modo a evitar contaminação das amostras.

Suportes: são placas de prata ou papelão de 25 mm ou 37 mm de diâmetro, utilizadas para apoiar os filtros dentro do cassete. Os de papelão deverão ser descartados após as coletas para evitar a contaminação. Os suportes de prata já não são muito utilizados, atualmente, e devem passar por um processo de limpeza após a sua utilização (SALIBA, 2013).

FIGURA 28 - DISPOSITIVO DE COLETA PARA PARTICULADO RESPIRÁVEL (ALUMÍNIO)

A) Suporte para o dispositivo de coletaB) Parte inferior do porta-filtroC) Suporte do filtroD) Filtro de membranaE) Anel central do porta-filtroF) Separador de partículasG) Porta-resíduos

FONTE: Adaptado de Fundacentro (2007)

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TÓPICO 2 | CARACTERIZAÇÃO, MÉTODOS E INSTRUMENTAÇÃO

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Separadores de Partículas:

São utilizados para separação das partículas por tamanho. O miniciclone é o utilizado para separação de partículas onde as partículas maiores que 10 μm não passam pelo filtro. O mais utilizado é o ciclone de nylon de 10 mm de diâmetro.

FIGURA 29 - CICLONE DE NYLON

FONTE: Disponível em: <http://www.zefon.com/store/zefon-10mm-conductive-nylon-cyclone.html> Acesso em: 21 fev. 2015.

Calibração de Bombas de Amostragem:

Método da Bolha de Sabão: apesar de existirem modernos calibradores de bombas gravimétricas de calibração rápida e precisa, o método de calibração tipo bolha de sabão ainda é bastante utilizado devido ao seu baixo custo e a resultados satisfatórios. A vazão é calculada através da cronometragem do tempo de percurso da bolha de sabão na bureta.

Calibradores eletrônicos: possuem o mesmo princípio de funcionamento do método de bolha de sabão, porém o resultado já é dado no display do equipamento.

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106

RESUMO DO TÓPICO 2Neste tópico, discutimos:

• Que a caracterização básica da exposição é composta por quatro etapas: caracterização do ambiente de trabalho, caracterização das atividades realizadas, caracterização do agente e formação do GHE.

• O que são e como são formados os grupos de exposição homogêneos.

• A caracterização da avaliação qualitativa que se baseia em informações sobre o tipo de substância utilizada, como essa é utilizada e seus efeitos sobre a saúde do trabalhador.

• Que a avaliação qualitativa visa classificar os efeitos nocivos à saúde do trabalhador, bem como a exposição a cada agente de forma a estipular o grau de prioridade para monitoração dos grupos homogêneos de exposição.

• Os tipos de amostragem: instantânea, contínua, pessoal e ambiental e suas aplicações.

• Quais os instrumentos que devem ser utilizados para cada tipo de amostragem.

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107

AUTOATIVIDADE

1 Sabe-se que em um determinado setor da empresa os trabalhadores estão expostos a um tipo de agente químico e que é necessário realizar uma avaliação do local para caracterizar o tipo de exposição. Sabe-se que neste setor trabalham 28 pessoas realizando a mesma função. Qual é a quantidade de trabalhadores selecionados para a amostragem?

2 Explique o que é uma amostragem instantânea e pessoal.

3 Associe o método de leitura ao respectivo tipo de instrumento.

I– Leitura direta.II– Leitura indireta.

( ) Tubos colorimétricos.( ) Sistema de filtros.( ) Amostradores de ar total.( ) Tubos de carvão ativado.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) I – II – II – II.b) ( ) II – I – II – I.c) ( ) I – II – II – I.d) ( ) I – II – I – II.

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TÓPICO 3

NORMAS E RESULTADOS

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃOApós realizar as avaliações necessárias e mensurar a exposição dos

trabalhadores ao agente químico é necessário analisar essa exposição. Esta análise deve ser feita baseada nas normas regulamentadoras vigentes quando falamos de caracterização de um ambiente (salubre ou não), porém, quando tratamos da prevenção contra esse agente, utilizamos outras normas como parâmetro de exposição. No que tange à prevenção, podem ser utilizadas normas internacionais, as quais serão tratadas ao longo deste tópico.

Mas o que devemos observar nestas normas? Os limites de tolerância de cada agente presente. E você se lembra do que são esses limites? Limites de Tolerância: segundo a NR-15 (2014) “é a concentração ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não causará danos à saúde do trabalhador, durante a sua vida laboral”.

A Norma Regulamentadora nº 15 do Ministério do Trabalho e Emprego é responsável pela caracterização das atividades e operações insalubres e traz em seu texto os limites de tolerância de vários agentes físicos, químicos e biológicos.

Não deixe de conferir na íntegra a Norma Regulamentadora nº 15 e seus anexos acessando <http://portal.mte.gov.br/legislacao/norma-regulamentadora-n-15-1.htm>.

DICAS

2 INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOSUma vez definido o grupo de exposição homogêneo e realizadas todas

as avaliações qualitativas e quantitativas é hora de tomar uma decisão quanto ao grau de exposição deste grupo aos agentes presentes. Esta decisão pode ser baseada no julgamento profissional (qualitativo), ou nas medições realizadas in loco (quantitativas), ou ainda na combinação de ambos os métodos.

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110

UNIDADE 2 | AGENTES QUÍMICOS

Unindo o conhecimento do processo com as amostragens realizadas no local de trabalho é possível decidir se a exposição está dentro dos limites aceitáveis, se ela ultrapassa os limites aceitáveis sendo necessária a adoção de medidas de controle, ou se os dados não são suficientes para tomar uma decisão.

Os dados coletados in loco devem ser comparados aos limites de exposição existentes na legislação para definir se o ambiente é ou não insalubre. Para adoção de medidas de prevenção, os valores das amostras não podem ultrapassar os valores de ação que normalmente são os valores descritos na ACGIH (American Conference of Governmental Industrial Hygienists).

Caso seja constatado que a exposição está acima dos limites aceitáveis,

é necessário realizar uma investigação mais detalhada para descobrir como é a fonte de emissão desses agentes para que as medidas de controle sejam adotadas. O processo de avaliação ambiental não para no momento da implantação dessas medidas, são necessárias novas amostragens após a implantação para o monitoramento do ambiente.

Vale ressaltar que devem ser adotados os métodos de amostragem adequados para cada tipo de substância química para que a avaliação seja válida.

Quando a análise utilizar da estatística para julgamento, é imprescindível que a amostragem tenha sido realizada de forma aleatória, que durante a amostragem o processo tenha se mantido inalterado e que as amostragens tenham sido realizadas de maneiras similares, não podendo misturar dados de coleta de curta duração com métodos de média ou longa duração.

3 NORMAS NACIONAIS E INTERNACIONAISNa Unidade 1 deste caderno, você já teve a oportunidade de conhecer um

pouco mais sobre os agentes físicos e, nesta unidade, iremos tratar dos limites de tolerância dos agentes químicos.

Como já dito, a NR 15 é a norma que caracteriza as atividades como salubres ou não, trazendo em seus anexos os limites de tolerância dos agentes ambientais. Em seus anexos 11 e 12, o anexo 11 trata dos limites de tolerância válidos para absorção por via respiratória e para algumas substâncias que podem ser absorvidas pela pele, e o anexo 12 trata de poeiras minerais contendo sílica livre. Outras substâncias prejudiciais à saúde dos trabalhadores foram abordadas no anexo 13 da referida norma.

A NR 9 é destinada à elaboração do PPRA das empresas, visando à prevenção, e adota os limites de tolerância da NR 15, ou os da ACGIH, ou outros valores, desde que mais rigorosos.

Hoje, no Brasil, são aceitáveis os seguintes limites de exposição:

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TÓPICO 3 | NORMAS E RESULTADOS

111

Para exposições ao longo das 8h de trabalho:

- Média Ponderada no Tempo (LT – MPT): 8h/dia e 48h/semana (NR 15, anexos 11 e 12);

- TLV® - TWA: 8h/dia e 40h/semana (ACGIH);- TLV® para misturas que se baseia no TLV® - TWA da ACGIH.

As medições para este tipo de exposição devem ser representativas da média ponderada no tempo para a jornada de trabalho inteira.

Para exposições de curto prazo:

- Valor Teto: para até 48h/semana (Anexo 11 da NR 15);- TLV® - Ceiling: 8h/dia e 40h/semana (ACGIH);- TLV – STEL (15min.): média ponderada de 15 minutos (ACGIH);- TLV® para misturas que se baseia no TLV® - Ceiling e STEL da ACGIH.

As medições deste tipo de exposição devem ser instantâneas.

A Norma Regulamentadora nº 15 baseou-se nos valores da ACGIH para definição dos limites de tolerância, sendo necessário aplicar um fator de redução para adequá-los à jornada de trabalho brasileira.

Quando a jornada de trabalho exceder 40 h/semana, deve-se aplicar a seguinte fórmula para obtenção do fator de redução:

Fator de redução (TR) = 40 x 168 – h h 128

Onde:h – horas de exposição por semana.

Este FR será aplicado ao limite de exposição ocupacional da seguinte forma:LEO reduzido = FR X LEO (40 horas)

Para jornadas superiores a 8 horas diárias, a fórmula ficará:

Fator de redução (TR) = 8 x 24 – h h 16

Onde:h – horas efetivamente trabalhadas por dia.

Este FR será aplicado ao limite de exposição ocupacional da seguinte forma:LEO reduzido = FR X LEO (8 horas)

Vamos conhecer mais um pouco da nossa Norma Regulamentadora nº 15 e seus anexos 11 e 12?

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112

UNIDADE 2 | AGENTES QUÍMICOS

3.1 NR 15: ANEXO 11

Lembrando mais uma vez que a NR 15 serve para caracterizar um ambiente como insalubre ou não, e isto está bem claro no item 1 do Anexo 11. Os valores de limite de tolerância são pertinentes à absorção via respiratória, sendo que algumas substâncias apresentaram valores apropriados para absorção cutânea.

Algumas substâncias serão indicadas como asfixiantes e, para estes casos, deve-se observar a concentração de oxigênio, que deverá ser de, no mínimo, 18% em volume. Situações cujo valor não for alcançado serão consideradas de risco grave e iminente.

Quando o campo do Valor Teto estiver assinalado, o valor do limite de tolerância não poderá ser ultrapassado em nenhum momento da jornada de trabalho, em nenhuma das amostras.

O item 6 do Anexo 11 da NR 15 traz como a amostragem deve ser realizada para que sejam significativas.

A avaliação das concentrações dos agentes químicos através de métodos de amostragem instantânea, de leitura direta ou não, deverá ser feita pelo menos em 10 (dez) amostragens, para cada ponto - ao nível respiratório do trabalhador. Entre cada uma das amostragens deverá haver um intervalo de, no mínimo, 20 (vinte) minutos (BRASIL, 2014).

Ainda segundo a NR 15, anexo 11, uma situação pode ser considerada de risco grave e iminente quando uma das concentrações, obtida nas amostragens, ultrapassar o valor máximo.

Este valor máximo é obtido através da multiplicação do limite de tolerância e o fator de desvio.

Valor máximo = L.T. x F. D. Onde: L.T. = limite de tolerância para o agente químico, segundo o Quadro nº 1

do anexo 11. F.D. = fator de desvio, segundo definido no Quadro nº 2 do anexo 11.

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TÓPICO 3 | NORMAS E RESULTADOS

113

FIGURA 30 - QUADRO Nº 1 DO ANEXO 11 DA NR 15

AGENTES QUÍMICOS Valor tetoAbsorção também p/ pele

Até 47 horas/semas

Grau de insalubridade a ser considerado no caso de sua caracterização

ppm* mg/m3**

Acetaldeío 78 140 máximo

Acetato de cellosolve + 78 420 médio

Acetato de éter monoetílico de etileno glicol (vide acetado de cellsolve) - - -

Acetato de etila 310 1090 mínimo

Acetato de 2-etóxi etila (vide acetato de cellosolve) - - -

Acetileno Asfixiante simples -

Acetona 780 1870 mínimo

Acetonitrila 30 55 máximo

Ácido acético 8 20 médio

Ácido cianídrico + 8 9 máximo

Ácido clorídrico + 4 5,5 máximo

Ácido crômico (névoa) - 0,04 máximo

Ácido etanóico (vide ácido acético) - - -

Ácido fluorídrico 2,5 1,5 máximo

Ácido fórmico 4 7 médio

Ácido metanóico (vide ácido fórmico) - - -

Acrilato de metila + 8 27 máximo

Acrilonitrila + 16 35 máximo

Álcool isoamílico 78 280 mínimo

Álcool n-butílico + + 40 115 máximo

Álcool isobutílico 40 115 médio

Álcool sec-butílico (2-butanol) 115 350 médio

Álcool terc-butílico 78 235 médio

Álcool etílico 780 1480 mínimo

Álcool furfurílico + 4 15,5 médio

Álcool metil amílico (vide metil isobutil carbinol) - - -

FONTE: Adaptado de: Brasil (2014)

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114

UNIDADE 2 | AGENTES QUÍMICOS

FIGURA 31 - QUADRO Nº 2 DO ANEXO 11 DA NR 15

QUADRO Nº 2L.T. F.D.

(pp, ou mg/m3)0 a 1 31 a 10 2

10 a 100 1,5100 a 1000 1,25

acima de 1000 1,1

FONTE: Adaptado de: Brasil (2014)

Para efeito desta norma, quando a média aritmética exceder os valores fixados no Quadro 1, o limite de tolerância será excedido, sendo necessária a adoção de medidas de controle.

3.2 NR 15: ANEXO 12

O Anexo 12 da NR 15 trata dos limites de tolerância para poeiras minerais, sendo aplicado para atividades em que os trabalhadores estão expostos ao asbesto.

Segundo esse anexo:

Entende-se por ‘asbesto’, também denominado amianto, a forma fibrosa dos silicatos minerais pertencentes aos grupos de rochas metamórficas das serpentinas, isto é, a crisotila (asbesto branco), e dos anfibólios, isto é, a actinolita, a amosita (asbesto marrom), a antofilita, a crocidolita (asbesto azul), a tremolita ou qualquer mistura que contenha um ou vários destes minerais (BRASIL, 2014).

Este anexo traz em seu texto, além dos cálculos dos limites de tolerância para algumas poeiras minerais, disposições sobre toda e qualquer exposição ao amianto. Vale ressaltar a importância da leitura da Norma Regulamentadora nº 15, anexos 11 e 12 em sua íntegra através do site do MTE.

Sobre o manganês e seus compostos, o anexo 12 estabelece que:

1) O limite de tolerância para as operações com manganês e seus compostos referente à extração, tratamento, moagem, transporte do minério, ou ainda a outras operações com exposição a poeiras do manganês ou de seus compostos é de até 5mg/m3 no ar, para jornada de até 8 (oito) horas por dia. 2) O limite de tolerância para as operações com manganês e seus compostos referente à metalurgia de minerais de manganês, fabricação de compostos de manganês, fabricação de baterias e pilhas secas, fabricação de vidros especiais e cerâmicas, fabricação

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TÓPICO 3 | NORMAS E RESULTADOS

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e uso de eletrodos de solda, fabricação de produtos químicos, tintas e fertilizantes, ou ainda outras operações com exposição a fumos de manganês ou de seus compostos é de até 1mg/m3 no ar, para jornada de até 8 (oito) horas por dia.

Para a sílica livre cristalizada é necessário realizar o cálculo do limite de tolerância, uma vez que, dependendo do tamanho da poeira e da quantidade de quartzo, será um limite de tolerância diferente.

Para amostras tomadas com impactador (impinger) no nível da zona respiratória, deverá ser utilizada a seguinte fórmula:

L.T. = 8,5 mppdc (milhões de partículas por decímetro cúbico) % quartzo + 10

Quando se tratar de poeiras respiráveis, a fórmula utilizada será:

L.T. = 8,5 mg/m3 % quartzo + 2

Para poeiras totais (respiráveis e não respiráveis), a fórmula a ser utilizada é:

L.T. = 24 mg/m3 % quartzo + 3

A norma proíbe o processo de trabalho de jateamento que utilize areia seca ou úmida como abrasivo. E para finalizar diz que:

As máquinas e ferramentas utilizadas nos processos de corte e acabamento de rochas ornamentais devem ser dotadas de sistema de umidificação capaz de minimizar ou eliminar a geração de poeira decorrente de seu funcionamento.

3.3 NR 15: ANEXO 13

Traz em seu texto a relação das atividades e operações que envolvem agentes químicos, considerados, insalubres em decorrência de inspeção realizada no local de trabalho. Os agentes relacionados nos Anexos 11 e 12 devem ser desconsiderados neste anexo.

O anexo 13-A tem como principal objetivo regulamentar ações, atribuições e procedimentos de prevenção da exposição ocupacional ao benzeno, visando à proteção da saúde do trabalhador, visto tratar-se de um produto comprovadamente cancerígeno (BRASIL, 2014).

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UNIDADE 2 | AGENTES QUÍMICOS

A partir de 1º de janeiro de 1997 fica proibida a utilização do benzeno, exceto nas indústrias e nos laboratórios que o produzem o utilizarem em processos de síntese química, o empregar em combustíveis derivados de petróleo ou em trabalhos de análise, ou investigação realizados em laboratório, quando não for possível sua substituição (BRASIL, 2014).

Sobre os valores de referência tecnológicos (VRT), esse anexo 13- A diz:

6.2 Para fins de aplicação deste Anexo, é definida uma categoria de VRT. VRT-MPT que corresponde à concentração média de benzeno no ar ponderada pelo tempo, para uma jornada de trabalho de 8 (oito) horas, obtida na zona de respiração dos trabalhadores, individualmente ou de Grupos Homogêneos de Exposição - GHE, conforme definido na Instrução Normativa n.º 01. 6.2.1 Os valores Limites de Concentração - LC a serem utilizados na IN n.º 01, para o cálculo do Índice de Julgamento "I", são os VRT-MPT estabelecidos a seguir. 7 Os valores estabelecidos para os VRT-MPT são: - 1,0 (um) ppm para as empresas abrangidas por este Anexo (com exceção das empresas siderúrgicas, as produtoras de álcool anidro e aquelas que deverão substituir o benzeno a partir de 1º.01.97). - 2,5 (dois e meio) ppm para as empresas siderúrgicas.

3.4 ACGIH

Quando falamos de ACGIH e seus limites de tolerância, devemos lembrar que esses devem ser aplicados para fins de prevenção, como na elaboração do PPRA. Esta é apenas uma recomendação e não deve ser utilizada como documento legal.

Anualmente, alguns limites de tolerância são revisados e você encontra informações a respeito desta norma em <www.acgih.org>.

NOTA

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TÓPICO 3 | NORMAS E RESULTADOS

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FIGURA 32 - RECORTE DA TABELA COM OS VALORES ADOTADOS PELA ACGIH

VALORES ADOTADOSSubstância (Nº CAS) TWA STEL Notações Peso Mol. Base do TLV®

Acetato de 2-metoxietila (EGMEA) [110-49-6] (2005) 0,1 ppm – Pele 118,13 Efe hematológico; efe reprodutivoAcetato de n-propila [109-60-4] (1962) 200 ppm 250 ppm – 102,13 Irr olhos e TRSAcetato de pentila, todos isômeros[628-63-7; 626-38-0; 123-92-2;625-16-1; 624-41-9; 620-11-1] (1997) 50 ppm 100 ppm – 130,20 Irr TRS

Acetato de vinila [108-05-4] (1992) 10 ppm 15 ppm A3 86,09 Irr olhos, pele e TRS; compr SNC

Acetileno [74-86-2] (1990) asfixiante simples(D) – 26,02 Asfixia

Acetofenona [98-86-2] (1990) 10 ppm – – 120,15 Irr olhos

Acetona [67-64-1] (1996) 500 ppm 750 ppm A4; BEI 58,05 Irr TRS e olhos; compr CNS, efe hematológico

Acetona cianidrina [75-86-5], como CN (1991) – C 5 mg/m3 Pele 85,10 Irr TRS; dor de cabeça; hipoxia; cianose

Acetonitrila (75-05-8) (1996) 20 ppm – Pele; A4 41,05 Irr TRI

Ácido acético [64-19-7] (2003) 10 ppm 15 ppm – 60,00 Irr TRS e olhos, func pulm

Ácido acetilsalicílico (Aspirina) [50-78-2] (1977) 5 mg/m3 – – 180,15 Irr pele e olhosÁcido acrílico [79-10-7] (1986) 2 ppm – Pele; A4 72,06 Irr TRS

FONTE: Adaptado de ACGIH (2008)

A utilização desta tabela é similar à do Quadro nº 1, do anexo 11, da NR 15, na qual cada substância possui os valores de TWA e STEL fixados.

Quando se fala em uma mistura de substâncias químicas, a ACGIH diz que se deve considerar os efeitos combinados e que, caso não se tenha informações suficientes, deve-se considerar os efeitos como aditivos, ou seja, o efeito resultante é igual à soma dos efeitos de cada uma das substâncias envolvidas.

Logo, para o cálculo da concentração para jornada integral deve-se utilizar a seguinte fórmula:

C1/T1 + C2/T2 + ... + Cn/Tn ≤ 1Onde:C = concentração encontradaT = limite de exposição correspondente (TWA, STEL ou Teto)

Caso o resultado seja maior que 1 (uma unidade), significa que a mistura excede o limite de tolerância.

Por exemplo: A exposição de um trabalhador a solventes dispersos foi monitorada em uma jornada de trabalho completa e os resultados foram 350 ppm para acetona, 50 ppm para acetato de n-propila e 2 ppm para o ácido acético.

O cálculo será: 350/500 + 50/200 + 2/10 = 0,7 + 0,25 + 0,2 = 1,15.

Logo, a exposição ultrapassa a unidade, considerando-se, então, acima do limite de exposição.

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118

UNIDADE 2 | AGENTES QUÍMICOS

Caso as medições fossem realizadas para exposição de curta duração, a fórmula empregada será:

C1 + C2 + C3 ≤ 1 T1STEL (T2)*(5) T3STEL

Supondo em um monitoramento de curta duração que os resultados obtidos fossem 450 ppm para acetona, 100 ppm para acetato de n-propila e 1,5 ppm para o ácido acético, o cálculo seria:

450 + 100 + 1,5 = 0,6 + 0,08 + 0,1 = 0,78 750 (250)*(5) 15

Logo, a exposição de curta duração não excedeu ao limite de tolerância.

Segundo a ACGIH, os materiais particulados (PNOS) não devem conter asbesto e o teor de sílica cristalizada deve ser inferior a 1%. Apesar de não possuir limites de tolerância para os PNOS, a ACGIH recomenda que as concentrações sejam mantidas abaixo de 10 mg/m³ para frações inaláveis e de 3 mg/m³ para frações respiráveis.

A ACGIH possui um anexo (ANEXO A) que trata das substâncias carcinogênicas e na tabela dos valores de limites de tolerância no campo Notações estará marcando a sigla A1, A2 e A3. Quando A1 não possuir valor de TLV®, os trabalhadores devem possuir proteção adequada para eliminar ao máximo a exposição. A1, A2 e A3 com TLV® o ambiente deve ser monitorado de maneira que os níveis destas substâncias sejam mantidos os mais baixos possíveis.

O IARC (International Agency for Research on Cancer) é uma organização que trata de substâncias carcinogênicas, classificando-as e realizando estudos pertinentes.

Ainda dentro das normas e recomendações, temos o NIOSH, onde são apresentados métodos de amostragem para cada substância. Acesse <http://www.asho.com.br/wp-content/uploads/Manual-de-Estrat%C3%A9gia-de-Amostragem-do-NIOSH2.pdf> para baixar o Manual de Amostragem do NIOSH.

DICAS

Page 131: Higiene do TrabalHo - UNIASSELVI

TÓPICO 3 | NORMAS E RESULTADOS

119

4 MEDIDAS DE CONTROLEAs medidas de prevenção à exposição à agentes químicos podem ser

tanto relativas ao homem como também ao ambiente. Como já é de nosso conhecimento, sempre devemos tentar intervir, primeiramente, no ambiente e, só quando todas as possibilidades estiverem esgotadas, é que a interferência no homem deverá ser estudada.

4.1 MEDIDAS RELATIVAS AO AMBIENTE

Dentre as medidas relativas ao ambiente, temos:

- Substituição do produto tóxico ou nocivo.- Mudança ou alteração do processo ou operação.- Encerramento ou enclausuramento da operação.- Segregação da operação ou do processo.- Umidificação do processo.- Ventilação geral diluidora.- Ventilação local exaustora.- Ordem e limpeza do ambiente laboral.

4.2 MEDIDAS RELATIVAS AO HOMEM

Dentre as medidas relativas ao homem, podemos citar:

- Limitação do tempo de exposição.- Educação e Treinamento.- Equipamentos de Proteção Individuais.- Controle médico.

Dentre os equipamentos de proteção individuais, temos:

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120

UNIDADE 2 | AGENTES QUÍMICOS

QUADRO 11 - EXEMPLOS DE EPIs PARA AGENTES QUÍMICOS

NOME DO EPI UTILIZAÇÃO

ÓCULOS DE PROTEÇÃO AMPLA VISÃOUtilizados para proteção dos olhos em trabalhos onde haja risco de respingos de produtos químicos (com ou sem ventilação)

PROTETOR FACIAL

Utilizado para proteção da face, em trabalhos onde haja risco de projeção de partículas (serralheria, corte de grama etc.), contra respingos de tintas, soluções e produtos químicos em geral

PROTETOR RESPIRATÓRIO SEM MANUTENÇÃO PFF 1 (DESCARTÁVEL) Poeiras e nevoas (baixa concentração)

PROTETOR RESPIRATÓRIO SEM MANUTENÇÃO PFF 1 - VO (COM VÁLVULA E DESCARTÁVEL)

Poeiras e vapores orgânicos (tintas, vernizes, solventes, baixa concentração)

RESPIRADOR PURIFICADOR DE AR TIPO PEÇA SEMIFACIAL FILTRANTE PARA PARTÍCULAS PFF 2/PFF 3 (SEM MANUTENÇÃO)

Proteção contra poeiras, névoas, fumos, radionuclídeos e particulados altamente tóxicos

PFF 2/N 95 (N 95 SERVIÇOS DE SAÚDE) Proteção contra poeiras, névoas, fumos, vírus, bactérias e baixas concentrações de vapores orgânicos

RESPIRADOR PURIFICADOR DE AR TIPO PEÇA FACIAL INTEIRA

Proteção do sistema respiratório contra partículas (poeiras, névoas, fumos e radionuclídeos) e gases emanados de produtos químicos. PARA CADA TIPO DE CONTAMINIDADE DEVE-SE ESCOLHER UM FILTRO APROPRIADO

RESPIRADOR PURIFICADOR DE AR TIPO PEÇA SEMIFACIAL

Proteção do sistema respiratório contra partículas (poeiras, névoas, fumos e radionuclídeos) e gases amanados de produtos químicos. PARA CADA TIPO DE CONTAMINANTE DEVE-SE ESCOLHER UM FILTRO APROPRIADO

RESPIRADOR DE ADUÇÃO DE AR TIPO MÁSCARA AUTÔNOMA

Utilizado para proteção respiratóriaa em atividades e locais que apresentem tal necessidade (emergência, salvamento, espaço confinado ou em atmosfera IPVS - Imediatamente Perigosa à Vida e à Saúde).

LUVA DE PROTEÇÃO EM LÁTEXUtilizada para proteção das mãos contra umidade, e produtos químicos (cozinha, laboratórios, construção civil etc)

LUVA DE PROTEÇÃO DE NITRÍLICAUtilizada para proteção das mãos e punhos contra agentes químicos (solvente, tintas) e biológicos (vírus)

LUVA DE PROTEÇÃO EM PVC (HEXANOL)

Utilizada para proteção das mãos e punhos contra recipientes contendo óleo, graxa e solvente

CREME PROTETOR PARA A PELE Utilizados para proteção das mãos e braços

FONTE: Adaptado de: USP (2010)

Dentre os protetores respiratórios, temos:

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TÓPICO 3 | NORMAS E RESULTADOS

121

QUADRO 12 - EXEMPLOS DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA COM AS RESPECTIVAS ESPECIFICAÇÕES, APLICAÇÕES E MANUTENÇÃO

Tipo de equipamento Especificação Aplicação Manutenção

Cartucho químico - classe 1 –p3

Filtro combinado para uso no respirador facial de 2 filtros –

Filtro msa-gmc-h p/n 10-297343

Contra vapores orgânicos e gases ácidos

Descartável

Nota observar a validade

Respirador contra poeira – classe 2

Respirador Semifacial, de 2 filtros

Partículas de poeiras tipo p1 p2, névoas não tóxicas e fumaças

Limpeza e conservação:

Lavar com água a 48ºc e sabão em pó. Trocar o filtro quando saturado

Respirador contra gases e vapores classe 2

Respirador Semifacial para produtos químicos

Vapores, nevoas,

Pode ser usado em concentração de gases e vapores acima de 1000ppm

Uso de filtros: mecânicos, químicos e combinados

Limpeza e conservação:

Lavar com água a 48 °C e sabão em pó. Trocar o filtro quando saturado

Máscara contra poeira classe – p1

Respirador, purificador de ar, facial filtrante. Com uma camada em poliéster e uma camada no meio em polipropileno

Contra partículas tóxicas de poeiras (sílica, fibras têxteis, pó de chumbo, cimento, manuseio de ferro, carvão, talco, cal etc.

Descartável

Máscaras de alta eficiência – classe p3

Máscara Semifacial Poeiras, fumos névoas e radionuclídeos

Descartável

Filtro combinado Cartucho para mascara Semifacial de 1 filtro

Contra vapores orgânicos e gases ácidos

Descartável

Nota - observar validade

Respirador Semifacial químico – classe p1

Respirador Semifacial

Contra névoas, poeiras, fumos, radionuclídeos, vapores orgânicos, odores de gases ácidos.

Limpeza e conservação:

Lavar com água a 48 °C e sabão em pó. Trocar o filtro quando saturado

Filtro mecânico para respirador Semifacial – classe p2

Filtro mecânicoContra poeiras, fumos, radionuclídeos

Descartável

Respirador contra gases e vapores classe 2

Respirador Semifacial, de 2 filtros

Partículas de poeiras tipo p1 p2, névoas não tóxicas e fumaças

Limpeza e conservação:

Lavar com água a 48 °C e sabão neutro. Trocar o filtro quando saturado

FONTE: Adaptado de Programa de Proteção Respiratória (2015)

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122

UNIDADE 2 | AGENTES QUÍMICOS

5 PROTEÇÃO RESPIRATÓRIAQuando falamos em agentes químicos, sabemos que a via de absorção

mais comum é a respiratória, logo, os programas de segurança do trabalho voltados a agentes químicos remetem-se à proteção respiratória. A fundacentro criou uma espécie de manual sobre o Programa de Proteção Respiratória.

Existe, ainda, a Instrução Normativa SSST/MTB nº 1, de 11 de abril de 1994 (DOU de 15/04/1994), que estabelece o Regulamento Técnico sobre o uso de equipamentos para proteção respiratória.

5.1 PROGRAMA DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA E SELEÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO

O objetivo principal deste programa é a minimização da exposição dos trabalhadores ao ar contaminado com poeiras, névoas, fumos, gases e vapores de forma a controlar o surgimento de doenças ocupacionais. Vale lembrar que a adoção de medidas preventivas deve-se iniciar pelas medidas coletivas (administrativas e de engenharia) e apenas quando todas essas possibilidades estiverem esgotadas inicia-se o processo de escolha dos equipamentos de proteção individual.

Segundo Torloni (2002, p. 13), os empregadores possuem responsabilidades para que a saúde do trabalhador esteja assegurada, tais como:

a) Fornecer o respirador, quando necessário, para proteger a saúde do trabalhador.b) Fornecer o respirador conveniente e apropriado para o fim desejado.c) Ser responsável pelo estabelecimento e manutenção de um programa de uso de respiradores para proteção respiratória, cujo conteúdo mínimo está no item 1.2.4.d) Permitir ao empregado que usa o respirador deixar a área de risco por qualquer motivo relacionado com o seu uso. Essas razões podem incluir, mas não se limitam as seguintes:- falha do respirador que altere a proteção proporcionada pelo mesmo;- mau funcionamento do respirador;- detecção de penetração de ar contaminado dentro do respirador;- aumento da resistência à respiração;- grande desconforto devido ao uso do respirador;- mal-estar sentido pelo usuário do respirador, tais como náusea, fraqueza, tosse, espirro, dificuldade para respirar, calafrio, tontura, vômito, febre;- lavar o rosto e a peça facial do respirador, sempre que necessário, para diminuir a irritação da pele;- trocar o filtro ou outros componentes, sempre que necessário;- descanso periódico em área não contaminada.e) Investigar a causa do mau funcionamento do respirador e tomar providências para saná-la. Se o defeito for de fabricação, o empregador deverá comunicá-lo ao fabricante e ao órgão oficial de competência na área de EPI.

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TÓPICO 3 | NORMAS E RESULTADOS

123

Quanto às responsabilidades do empregado para garantir o bom funcionamento do programa, Torloni (2002, p. 14) traz:

a) Usar o respirador fornecido de acordo com as instruções e treinamento recebidos.b) Guardar o respirador, quando não estiver em uso, de modo conveniente para que não se danifique ou deforme.c) Se observar que o respirador não está funcionando bem deverá deixar imediatamente a área contaminada e comunicar o defeito à pessoa responsável indicada pelo empregador nos "Procedimentos operacionais escritos".d) Comunicar à pessoa responsável qualquer alteração do seu estado de saúde que possa influir na sua capacidade de usar o respirador de modo seguro.

O Programa de Proteção Respiratória deve conter, no mínimo, os seguintes itens:

5.1.1 Administração do programa

Apenas uma pessoa deve ter responsabilidade e autoridade sobre o programa. Para uma boa administração do programa, a pessoa designada para tal deve ter conhecimentos satisfatórios sobre proteção respiratória.

5.1.2 Procedimentos operacionais escritos

A pessoa designada para administrar o programa deve instituir os procedimentos operacionais para o uso correto dos respiradores para quaisquer situações, e esses devem ficar acessíveis aos trabalhadores. Os procedimentos devem ser lidos e revisados periodicamente ou quando se julgar necessário pelo administrador do programa.

Os procedimentos operacionais rotineiros devem conter, segundo Torloni (2002, p. 20):

a) política da empresa na área de proteção respiratória;b) seleção;c) ensaios de vedação;d) treinamento dos usuários;e) distribuição dos respiradores;f) limpeza, guarda e manutenção;g) monitoramento do uso;h) monitoramento do risco.

Para os procedimentos operacionais para uso em situações de emergência, devem-se levantar todos os possíveis riscos da operação e prever todas as possíveis situações de emergência.

Page 136: Higiene do TrabalHo - UNIASSELVI

124

UNIDADE 2 | AGENTES QUÍMICOS

5.1.3 Seleção, limitação e uso de respiradores

Para a seleção dos respiradores, deve ser analisada a atividade a ser desenvolvida, o local de execução da atividade (na área de risco), o tempo de uso deste respirador (uso rotineiro, de emergência ou de salvamento), o nível de esforço do trabalhador na execução da atividade e as características do próprio respirador.

Os respiradores devem possuir o CA (certificado de Aprovação) emitido pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Cada atividade deve ser analisada detalhadamente, determinando os riscos existentes para, assim, selecionar um respirador cujo tipo e classe sejam apropriados.

Torloni (2002), no livro Programa de Proteção Respiratória: Seleção e uso de Respiradores, descreve todas as etapas de seleção de respiradores, tanto para uso rotineiro quanto para uso em atmosferas IPVS (Imediatamente Perigoso à Vida ou à Saúde), espaço confinado ou atmosferas com pressão reduzida, além de operações de jateamento.

A NBR 13696 trata dos equipamentos de proteção respiratória no que diz respeito aos filtros químicos e combinados. A Figura 33 traz um fragmento da norma, no qual são descritas as classes dos filtros e as respectivas concentrações máximas de uso.

FIGURA 33 - MÁXIMA CONCENTRAÇÃO DE USO (MCU) DOS FILTROS QUÍMICOS1

Filtro TipoMáxima

concentração de uso (ppm)

Tipo de peça facial compatível

Cla

sse

FBC FBC-1 Vapor orgânico2)

Cloro502)

10

Semifacial filtrante, quarto facial,

semifacial

FBC-2 Vapor orgânico2) 1000 Semifacial filtrante, semifacial,

Cla

sse

1

Cartucho pequeno

Vapor orgânico 2)

AmôniaMetilamina

Gases ácido2)

Ácido clorídricoCloro

100030010010005010

Quarto facialsemifacial

facial inteira ouconjunto bocal

Page 137: Higiene do TrabalHo - UNIASSELVI

TÓPICO 3 | NORMAS E RESULTADOS

125

Cla

sse

2Cartucho médio

Vapor orgânico2)

AmôniaGases ácidos2)

50004)

50004)

50004)Facial inteira

Cla

sse

3

Cartucho grandeVapor orgânico2)

AmôniaGases ácidos2)

1 0004)

1 0004)

1 0004)Facial inteira

1) A máxima concentração de uso dos respiradores em situações rotineiras que incorporem filtro químico, para um dado gás ou vapor, deve ser: 1) menor que o valor IPVS; 2) menor que o valor indicado na tabela para o referido gás ou vapor; 3) menor que o produto: fator de proteção atribuído do respirador purificador utilizado x limite de exposição. Dos três valores obtidos, o que for menor.

4) Essas máximas concentrações de uso (MCU) se referem a filtros classe 2 ou 3 utilizados em respiradores de fuga em situções IPVS. A MCU dos filtros classe 2 ou 3 pode ser superior aos valores indicados, desde que satisfaça os requisitos estabelecidos em norma adequada norte-americana ou da Comunidade Européia.

3) 50 ppm ou abaixo do Limite de Exposição Ocupacional, o valor que for menor.

2) O uso contra vapores orgânicos ou gases ácidos com fracas propriedades de alerta, ou que gerem alto calor de reação com o conteúdo do cartucho, deve obdecer ao exigido no Item Seleção de Respiradores para Uso Rotineiro da publicação Programa de Proteção Respiratória, Recomendações, Seleção e Uso de Respiradores, da Fundacentro.

FONTE: Adaptado de: ABNT NBR 13696 (2005)

A Instrução Normativa SSST/MTB nº 1, de 11 de abril de 1994, é uma norma que estabelece o Regulamento Técnico sobre o uso de equipamentos para proteção respiratória e traz algumas recomendações de EPR. Na Figura 34, são descritas as recomendações de EPI para sílica cristalina e, na Figura 35, recomendações para asbestos.

FIGURA 34 - RECOMENDAÇÕES DE EPI PARA SÍLICA CRISTALINA

Nível de exposição Equipamento

Até 10 vezes o lmite de tolerância

Respirador purificador de ar com peça semifacial com filtro P1, P2 ou P3, ou peça semifacial filtrante (PFF1, PFF2 ou PFF3), de acordo com o diâmetro aerodinâmico das particulas(a).

Até 50 vezes o limite de tolerância

Respirador purificador de ar com peça facial inteira com filtro P2 ou P3(a).Respirador purificador motorizado com peça semifacial e filtro P2.Respirador de linha de ar comprimido com fluxo contínuo e peça semifacial.Respirador de linha de ar comprimido de demanda com pressão positiva e peça semifacial.

Até 100 vezes o limite de tolerância

Respirador purificador de ar com filtro P2 ou P3(a).Respirador de linha de ar comprimido de demanda sem pressão positiva com peça facial inteira.Máscara autônoma de demanda sem pressão positiva com peça facial inteira.

Page 138: Higiene do TrabalHo - UNIASSELVI

126

UNIDADE 2 | AGENTES QUÍMICOS

Até 1000 vezes o limite de tolerância

Respiraador purificador de ar motorizado com peça facial inteira e filtro P3.Capuz ou capacete motorizado com filtro P3.Respirador de linha de ar comprimido com fluxo contínuo e peça facial inteira.Respirador de linha de ar comprimido de demanda com pressão positiva e peça facial inteira.Máscara autônoma de demanda com pressão positiva e peça facial inteira.

Maior que 1000vezes o limite de tolerância

Respirador de linha de ar comprimido de demanda com pressão positiva com cilindro auxiliar de fuga e peça facial inteira.Máscara autônoma de demnada com pressão positiva e peça facial inteira.

Observação sobre a Tabela 3:(a) Para diâmetro aerodinâmico médio mássico maior ou igual a 2 micra podem-se usar filtros classe P1, P2 ou P3. Para diâmetros menor que 2 micra deve-se usar o de classe P3.

FONTE: Brasil (1994)

FIGURA 35 - RECOMENDAÇÕES DE EPI PARA ASBESTO

Até 2 fibras/cm3 Respirador com peça semifacial com filtro P2 ou peça semifacial filtrante

Até 10 fibras/cm3

Respirador com peça semifacial com filtro P3.Respirador motorizado com peça semifacial e filtros P2.Linha de ar de demanda e peça semifacial com pressão positiva.

Até 100 fibras/cm3

Respirador com peça facial inteira com filtro P3.Linha de ar de demanda com fluxo contínuo com pela facial inteira.Linha de ar de demanda.Máscara autônoma de demanda.

Até 200 fibras/cm3

Respirador motorizado com peça facial inteira e filtro P3.Linha de ar de fluxo contínuo e peça facial inteira.Linha de ar de demanda e peça facial inteira com pressão positiva.Capuz ou capacete motorizado e filtro P3.Linha de ar fluxo contínuo com capuz ou capacete.

Maior que 200 fibras/cm3

Linha de ar fluxo contínuo com peça facial inteira e cilindro de escape.Linha de ar de demanda com peça facial inteira, pressão positiva e cilindro de escape.Máscara autônoma de demanda com pressão positiva.

FONTE: Instrução Normativa nº 1 (1994)

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TÓPICO 3 | NORMAS E RESULTADOS

127

Existem alguns fatores que podem interferir na eficiência dos respiradores, como: os pelos faciais interferem na vedação do EPR (Equipamento de Proteção Respiratória), a comunicação que pode deslocar o EPR, quando o operador fizer uso de outro tipo de proteção facial, ou ainda algum tipo óculos, esses não devem interferir na vedação do EPR, entre outros. Observa-se que a grande preocupação é com a vedação dos respiradores, por isso deve-se evitar o uso de qualquer adorno ou outro equipamento de proteção que interfira nela.

Além da escolha adequada dos respiradores, é necessário que o trabalhador passe por um treinamento adequado, e é sobre isso que abordaremos na sequência.

5.1.3.1 Treinamento

O principal objetivo do treinamento é garantir o uso correto dos respiradores. Os supervisores, trabalhadores, a pessoa que realiza a distribuição destes equipamentos e as equipes de salvamento e emergência devem receber treinamento apropriado, além de reciclagem periódica. Este treinamento deve ser ministrado por pessoa qualificada, sendo necessário registro por escrito contendo o nome das pessoas presentes, o assunto abordado, o nome de quem ministrou o treinamento e as datas de realização.

5.1.3.2 Ensaio de vedação

A adaptação do respirador ao rosto do trabalhador é um ponto a ser analisado antes de selecionar um EPR e é um ponto considerável na questão da vedação do equipamento. Todo tipo de respirador, seja de uso rotineiro ou de emergência e salvamento, deve ser submetido ao teste de vedação quantitativo e qualitativo.

Torloni (2002) traz em seu Anexo 5 os procedimentos para realização dos ensaios de vedação quali e quantitativos para alguns agentes químicos. Menciona, ainda, alguns critérios para aceitação de um respirador de pressão negativa e positiva, além de peças faciais.

5.1.3.3 Manutenção, Inspeção e Guarda

Os respiradores, quando utilizados apenas por uma pessoa, devem ser higienizados regularmente e, quando forem utilizados por mais de uma pessoa, ele deve ser higienizado após cada uso.

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128

UNIDADE 2 | AGENTES QUÍMICOS

É importante para a construção do seu conhecimento enquanto profissional da área da segurança do trabalho que leia o livro Programa de Proteção Respiratória: Seleção e uso de Respiradores. Você o encontra acessando o link: <http://www.fundacentro.gov.br/biblioteca/biblioteca-digital/publicacao/detalhe/2013/3/programa-de-protecao-respiratoria-recomendacoes-selecao-e-uso-de-respiradores>.

DICAS

Antes do início de uma atividade que necessite a utilização de um respirador, esse deve ser inspecionado imediatamente. Após a higienização e limpeza, ele requer nova inspeção com a finalidade de mantê-lo em boas condições de uso. Caso seja detectada a necessidade de algum reparo ou substituição de peça, o respirador deve ser encaminhado para uma pessoa treinada na manutenção dele para realização do serviço. Ajustes de válvulas, reguladores e alarmes devem ser realizados apenas pelo fabricante ou assistência técnica autorizada.

Os respiradores devem ser guardados longe da interferência de agentes químicos e físicos e de modo que não sofram deformações.

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RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, foram apresentados:

• Critérios para interpretação dos resultados das análises de exposição.

• Uma introdução às normas nacionais e internacionais sobre limites de exposição.

• O que são os limites de exposição e como calculá-los e interpretá-los em diversas situações.

• Critérios para a seleção de equipamentos de proteção para agentes químicos.

• Os tipos de EPIs e EPRs disponíveis no mercado.

• Como deve ser elaborado um Programa de Proteção Respiratória.

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1 Se em uma amostragem de aerodispersoides contendo sílica livre foram encontrados 54% de quartzo de poeira respirável, qual é o limite de tolerância para esta amostra?

2 Entre as normas citadas temos a NR 15 e a ACGIH. Qual é a aplicabilidade de cada uma destas normas?

3 Em um ambiente cuja concentração de vapor orgânico permanece em aproximadamente 7500 ppm de concentração, qual é o filtro mais indicado para prevenção?

AUTOATIVIDADE

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131

UNIDADE 3

AGENTES BIOLÓGICOS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

Esta unidade tem por objetivos:

• conhecer a definição de agentes biológicos;• identificar as formas de dispersão no ambiente e a classificação;• conhecer as formas de contração dos agentes pelo organismo;• identificar as doenças relacionadas aos agentes biológicos;• compreender os riscos envolvidos na exposição a agentes biológicos;• levantar os processos para caracterização de exposição aos agentes;• identificar métodos e instrumentos de avaliação dos riscos biológicos;• levantar e compreender as normas pertinentes aos agentes e profissionais

expostos;• conhecer as normas nacionais e internacionais que especificam requisitos

pertinentes ao tema;• analisar os dados das avaliações;• identificar medidas de segurança para prevenção de acidentes do trabalho

e riscos nos estabelecimentos de saúde;• identificar os equipamentos de proteção individual e coletivo.

Esta unidade está dividida em três tópicos. Ao final de cada um deles, você encontrará atividades que o(a) auxiliarão na apropriação dos conhecimentos.

TÓPICO 1 – CONCEITOS BÁSICOS SOBRE AGENTES BIOLÓGICOS

TÓPICO 2 – HIGIENE DO TRABALHO, MÉTODOS E INSTRUMENTAÇÃO

TÓPICO 3 – NORMAS E RESULTADOS

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Page 145: Higiene do TrabalHo - UNIASSELVI

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TÓPICO 1

CONCEITOS BÁSICOS SOBRE AGENTES BIOLÓGICOS

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃOCaro(a) acadêmico(a)! Este tópico traz uma contextualização sobre os

agentes biológicos, quais são considerados, as formas de dispersão desses agentes no ambiente, os profissionais que são acometidos por estes, bem como algumas doenças relacionadas e como estes agentes adentram no organismo do homem, ou seja, as vias de acesso.

Para os agentes biológicos é importante identificar as formas de transmissão (direta e indireta) e as vias de entrada, que podem ser: por via cutânea (por contato direto com a pele), parenteral (por inoculação intravenosa, intramuscular, subcutânea), por contato direto com as mucosas, por via respiratória (por inalação) e por via oral (por ingestão).

Acredita-se que a dificuldade maior em se identificar os agentes biológicos é a incerteza de quantificação, qualificação e a própria presença destes no ambiente de trabalho. Muito se tem discutido sobre o tema, mas a questão é tida como um inimigo oculto, pelas dificuldades apresentadas na sua identificação.

2 AGENTES BIOLÓGICOSSegundo Vilela (2008, p. 9), os riscos biológicos, no âmbito das Normas

Regulamentadoras de Segurança e Saúde no Trabalho – NR, incluem-se no conjunto dos riscos ambientais, junto aos riscos físicos e químicos, conforme pode ser observado pela transcrição do item 9.1.5 da Norma Regulamentadora nº 9 – Programas de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA:

9.1.5. Para efeito desta NR, consideram-se ris cos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do tra balhador.

A autora ainda cita que o reconhecimento dos riscos ambientais é uma etapa fundamental do processo que servirá de base para decisões quanto às ações de prevenção, eli minação ou controle desses riscos. Reconhecer o risco significa identificar, no ambiente de trabalho, fatores ou situações com potencial de dano à saúde do trabalhador ou, em outras palavras, se existe a possibilidade deste dano.

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UNIDADE 3 | AGENTES BIOLÓGICOS

134

Mas, afinal, você sabe o que são agentes biológicos? Agentes biológicos são aqueles oriundos da manipulação, transformação e modificação de seres vivos microscópicos, dentre eles: genes, bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus e outros.

A NR 32 considera agentes biológicos os mi crorganismos geneticamente modificados ou não; as culturas de células; os parasitas; as toxinas e os príons (BRASIL, 2011).

Segundo Vilela (2008), esses agentes são capazes de provocar danos à saúde humana, podendo causar infecções, efeitos tóxicos, efeitos alergênicos, doenças autoimunes e a formação de neoplasias e malformações. Podem ser assim subdivididos:

• Microrganismos, formas de vida de dimensões microscópicas, visíveis individualmente apenas ao microscópio - entre aqueles que causam dano à saúde humana, incluem-se bactérias, fungos, alguns parasitas (protozoários) e vírus.

• Microrganismos geneticamente modificados, que tiveram seu material genético alterado por meio de técnicas de biologia molecular.

• Culturas de células de organismos multicelulares, o crescimento in vitro de células derivadas de tecidos ou órgãos de organismos multicelulares em meio nutriente e em condições de esterilidade - podem causar danos à saúde humana quando contiverem agentes biológicos patogênicos.

• Parasitas, organismos que sobrevivem e se desenvolvem às expensas de um hospedeiro, unicelulares ou multicelulares - as parasitoses são causadas por protozoários, helmintos (vermes) e artrópodes (piolhos e pulgas).

• Toxinas, substâncias secretadas (exotoxinas) ou liberadas (endotoxinas) por alguns microrganismos e que causam danos à saúde humana, podendo até provocar a morte - como exemplo de exotoxina, temos a secretada pelo Clostridium tetani, responsável pelo tétano, e de endotoxinas, as liberadas por Meningococcus ou Salmonella.

• Príons, estruturas proteicas alteradas relacionadas como agentes etiológicos das diversas formas de encefalite espongiforme - exemplo: a forma bovina, vulgarmente conhecida por “mal da vaca louca”, que, atualmente, não é considerada de risco relevante para os trabalhadores dos serviços de saúde.

A autora ainda relata que não foram incluídos como agentes biológicos os organismos multicelulares, à exceção de parasitas e fungos. Diversos animais e plantas produzem ainda substâncias alergênicas, irritativas e tóxicas com as quais os trabalhadores entram em contato, como pelos e pólen, ou por picadas e mordeduras.

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TÓPICO 1 | CONCEITOS BÁSICOS SOBRE AGENTES BIOLÓGICOS

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Caro(a) acadêmico(a)! Segundo a Associação Brasileira de Prevenção de Acidentes (2005), a presença microbiana, no ambiente, apresenta algumas características, que são:

• Alta adaptação à biosfera.• Alguns se multiplicam em água destilada.• Um único micróbio em solução simples chega a um milhão em 18 horas.• Um micróbio pode se dividir em 10 minutos.• Presença na forma de células, esporos, toxinas e fragmentos moleculares.

NOTA

Quanto aos riscos biológicos, eles se referem ao contato do trabalhador com microrganismos (principalmente, vírus e bactérias) ou material infectocontagiante, os quais podem causar doenças, como: tuberculose, hepatite, rubéola, herpes, escabiose e AIDS (JANSEN, 1997 apud MARZIALE; RODRIGUES, 2002).

Para Bulhões (1998, p. 173, grifo da autora), alguns dos principais determinantes e condicionantes de insalubridade e periculosidade do trabalho hospitalar estão relacionados conforme o texto a seguir:

Biológicos – densa população microbiológica, infecções cruzadas, contato com sangue e outros fluidos corporais, manipulação de amostras patológicas, deficiência de higiene e de limpeza (inclui falta de água e sabão até para lavagem das mãos). Inadequados tratamento e eliminação do lixo. Insuficiência ou falta de material para se trabalhar com segurança. Falhas nos processos de desinfecção, esterilização e assepsia. Ocorrência de ferimentos, erupções e outras dermatoses entre os trabalhadores. Falta de identificação e sinalização de material infectado. Carência ou inadequação de programas de saúde ocupacional com atenção especial para a biossegurança. Inexistência de programas de imunização para os trabalhadores expostos.

O Manual do Sesi (SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA, 2007) define que os agentes biológicos são representados por todas as classes de microrganismos patogênicos (algumas vezes adicionados de organismos mais complexos, como insetos e animais peçonhentos): vírus, bactérias, fungos. Note que merecem uma ação bem diversa da dos outros agentes e que muitas formas de controle serão específicas.

Com relação aos riscos biológicos, a ocorrência do evento danoso está ligada à:

• Existência ou não de medidas preventivas “Níveis de Biossegurança”.• Existência ou não de medidas preventivas que garantam a execução dos

procedimentos respeitadas as normas de Biossegurança.

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UNIDADE 3 | AGENTES BIOLÓGICOS

136

A necessidade de proteção contra o risco biológico é definida:

• Pela fonte do material.• Pela natureza da operação.• Pela natureza do experimento a ser realizado.• Pelas condições ambientais de sua realização.

Mas, afinal, os agentes biológicos podem provocar doenças e causar danos à saúde dos trabalhadores, mas quais riscos são esses? Você saberia responder?

Os agentes biológicos são inerentes aos estabelecimentos de saúde, assim classificados como: qualquer edificação destinada à prestação de assistência à saúde da população, e todas as ações de promoção, recuperação, assistência, pesquisa e ensino em saúde em qualquer nível de complexidade (BRASIL, 2011).

Em termos práticos, a equipe de enfermagem, por estar presente em maior número nos estabelecimentos de saúde, principalmente hospitais, é a categoria que mais sofre com os acidentes e doenças ocupacionais causados por exposição aos riscos biológicos.

3 CLASSIFICAÇÃO E FORMAS DE DISPERSÃO NO AMBIENTEA NR 32 (BRASIL, 2011) trata da classificação dos agentes biológicos

no seu Anexo I e, segundo Vilela (2008), estes encontram-se resumidamente no Quadro 13:

QUADRO 13 - RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS DE CADA CLASSE DE RISCO

Classe de Risco Risco individual1 Risco de propagação á coletividade

Profilaxia ou tratamento eficaz

1 baixo baixo -2 moderado baixo existem3 elevado moderado nem sempre existem

4 elevado elevado atualmente não existem

1 O risco individual relaciona-se com a probabilidade do trabalhador contrair a doença e com a

gravidade dos danos à saúde que essa pode ocasionar.

FONTE: Adaptado de: Vilela (2008)

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TÓPICO 1 | CONCEITOS BÁSICOS SOBRE AGENTES BIOLÓGICOS

137

Vilela (2008) descreve que:

A classificação dos agentes biológicos, que distribui os agentes em clas ses de risco de 1 a 4, considera os riscos que representam para a saúde do traba-lhador, sua capacidade de propagação para a coletividade e a existência ou não de profilaxia e tratamento. Em função desses e outros fatores específicos, as classificações existentes nos vários países apresentam algumas variações, embo ra coincidam em relação à grande maioria dos agentes.

Para a Fiocruz (2005):

Os agentes biológicos patogênicos para o homem e animais são distribuídos em classes de risco biológico em função de diversos critérios tais como a gravidade da infecção, nível de capacidade de se disseminar no meio ambiente, estabilidade do agente, endemicidade, modo de transmissão, da existência ou não de medidas profiláticas, como vacinas e da existência ou não de tratamentos eficazes. Alguns outros fatores são também considerados como as perdas econômicas que possam gerar, vias de infecção, existência ou não do agente no país e sua capacidade de se implantar em uma nova área onde seja introduzido.

Por este motivo, as classificações existentes em vários países, embora concordem em relação à maioria dos agentes, apresentam algumas variações em função de fatores regionais específicos. As classes de risco biológico são assim definidas (FIOCRUZ, 2005):

• Classe de risco 1 (baixo risco individual e para a coletividade): incluem os agentes que não possuem capacidade comprovada de causar doença em pessoas ou animais sadios.

• Classe de risco 2 (moderado risco individual e limitado risco para a comunidade): incluem os agentes que podem causar doença no homem ou animais, porém não apresentam riscos sérios para os profissionais do laboratório, para a comunidade, para animais e para o meio ambiente. Os agentes desta classe, quando não existentes no país, devem ter sua importação restrita, sujeita à prévia autorização das autoridades competentes.

• Classe de risco 3 (alto risco individual e risco moderado para a comunidade): incluem os agentes que usualmente causam doenças humanas ou animais graves, as quais, no entanto, podem usualmente ser tratadas por medicamentos ou medidas terapêuticas gerais, representando risco moderado para a comunidade e para o meio ambiente. Os agentes desta classe, quando não existentes no país, devem ter sua importação restrita, sujeita à prévia autorização das autoridades competentes.

• Classe de risco 4 (alto risco individual e alto risco para a comunidade): incluem os agentes de alto risco biológico que causam doenças humanas e animais de alta gravidade capazes de se disseminar na comunidade e no meio ambiente. Esta classe inclui, principalmente, agentes virais. Os agentes desta classe, quando não existentes no país, devem ter sua importação proibida e, caso sejam identificados ou se tenha suspeita de sua presença no país, os materiais suspeitos de conter estes agentes devem ser manipulados com os níveis máximos de segurança disponíveis e devem ser destruídos por processos físicos (autoclavação), ou por processos químicos de reconhecida eficácia e, posteriormente, incinerados.

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UNIDADE 3 | AGENTES BIOLÓGICOS

138

E ainda que, em 2002, foi criada no Brasil a Comissão de Biossegurança em Saúde – CBS (Portaria nº 343/2002 do Ministério da Saúde). Entre as atribuições da Comissão, inclui-se a competência de elaborar, adaptar e revisar periodicamen te a classificação, considerando as características e peculiaridades do país (VILELA, 2008).

O Ministério da Saúde (BRASIL, 2010) classifica os agentes biológicos que afetam o homem, os animais e as plantas, os quais são distribuídos em classes de risco, assim definidas:

• Classe de risco 1 (baixo risco individual e para a comunidade): inclui os agentes biológicos conhecidos por não causarem doenças no homem ou nos animais adultos sadios. Exemplos: Lactobacillus sp. e Bacillus subtilis.

• Classe de risco 2 (moderado risco individual e limitado risco para a comunidade): inclui os agentes biológicos que provocam infecções no homem ou nos animais, cujo potencial de propagação na comunidade e de disseminação no meio ambiente é limitado, e para os quais existem medidas terapêuticas e profiláticas eficazes. Exemplos: Schistosoma mansoni e Vírus da Rubéola.

• Classe de risco 3 (alto risco individual e moderado risco para a comunidade): inclui os agentes biológicos que possuem capacidade de transmissão por via respiratória e que causam patologias humanas ou animais, potencialmente letais, para as quais existem, usualmente, medidas de tratamento e/ou de prevenção. Representam risco se disseminados na comunidade e no meio ambiente, podendo se propagar de pessoa a pessoa. Exemplos: Bacillus anthracis e Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV).

• Classe de risco 4 (alto risco individual e para a comunidade): inclui os agentes biológicos com grande poder de transmissibilidade por via respiratória ou de transmissão desconhecida. Até o momento não há nenhuma medida profilática ou terapêutica eficaz contra infecções ocasionadas por estes agentes. Causam doenças humanas e animais de alta gravidade, com alta capacidade de disseminação na comunidade e no meio ambiente. Esta classe inclui principalmente os vírus. Exemplos: Vírus Ebola e Vírus Lassa.

Acadêmico(a)! Você sabia que, quando a exposição é do tipo “com intenção deliberada”, devem ser aplicadas as normas estabelecidas para o trabalho em contenção, cujo nível é determinado pelo agente da maior classe de risco presente. Por exemplo, para um laboratório em que são manipulados agentes das classes de risco 2 e 3, o nível de contenção a ser adotado deverá ser o nível de contenção 3 (VILELA, 2008).

NOTA

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TÓPICO 1 | CONCEITOS BÁSICOS SOBRE AGENTES BIOLÓGICOS

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4 CONTRAÇÃO DOS AGENTES PELO ORGANISMOAs “vias de ingresso” ou de contato com o organismo, consideradas

tradicionalmente, são as vias respiratória (inalação), cutânea (por meio da pele intacta) e digestiva (ingestão). A respiratória é a de maior importância industrial, seguida da via dérmica (SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA, 2007).

A NR 32 (BRASIL, 2011) define como vias de transmissão o percurso feito pelo agente biológico a partir da fonte de exposição até o hospedeiro. A transmissão pode ocorrer das seguintes formas:

• Direta: transmissão do agente biológico, sem a intermediação de veículos ou vetores.

• Indireta: transmissão do agente biológico por meio de veículos ou vetores.

E as vias de entrada, como tecidos ou órgãos por onde um agente penetra em um organismo, podendo ocasionar uma doença. A entrada pode ser por via cutânea (por contato direto com a pele), percutânea (através da pele), parenteral (por inoculação intravenosa, intramuscular, subcutânea), por contato direto com as mucosas, por via respiratória (por inalação) e por via oral (por ingestão) (BRASIL, 2011).

Vilela (2008) cita que:

A identificação das vias de transmissão e de entrada determina quais as medidas de proteção que devem ser adotadas. Se a via de transmissão for sanguínea, devem ser adotadas medidas que evitem o contato do trabalhador com sangue. No caso de transmissão via aérea, gotículas ou aerossóis, as medidas de proteção consistem na utilização de barreiras ou obstáculos entre a fonte de exposição e o trabalhador (exemplos: adoção de sistema de ar com pressão negativa, isolamento do paciente e uso de máscaras).

Segundo a Associação Brasileira de Prevenção de Acidentes (2005), os riscos biológicos em serviços de saúde estão relacionados com a interação: vias de transmissão e doenças, conforme demonstrado no quadro a seguir.

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UNIDADE 3 | AGENTES BIOLÓGICOS

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QUADRO 14 - RELAÇÃO ENTRE AS VIAS DE CONTAMINAÇÃO E AS DOENÇAS

Riscos Biológicas em Serviços de SaúdeRelação entre vias de contaminação e doenças

▪ Via aérea: tuberculose, varicela, rubéola, sarampo, influeza, viroses respiratórias, doença meningocócica

▪ Exposição ao sangue e fluidos orgânicos: HIV, hepatites B e C, raiva.▪ Transmissão fecal-oral: hepatite A, poliomielite, gastroenterite, cólera.▪ Contato com o paciente: escabiose, pediculose, colonização por stafilococos.

FONTE: Associação Brasileira de Prevenção de Acidentes (2005). Disponível em: <http://www.higieneocupacional.com.br/download/riscos_boechat.ppt>. Acesso em: 10 mar. 2015

No próximo item, permearemos entre as doenças relacionadas aos agentes biológicos e que muito preocupam os gestores e profissionais da área da saúde, pois estes são os mais afetados, principalmente a equipe de enfermagem, por serem em maior número e estarem maior tempo em contato com os pacientes infectados e expostos nos ambientes de risco.

5 DOENÇAS RELACIONADASO nosso organismo está continuamente sujeito à ação de agentes

patológicos, nomeadamente vírus, bactérias, fungos, protozoários e vermes parasitas. Estes agentes são capazes de invadir o organismo, multiplicando-se nas células e nos tecidos do hospedeiro, com as consequentes infecções e alterações na função de órgãos vitais. Esta situação ocorre quando o organismo não consegue mobilizar as suas defesas de uma forma rápida e eficaz, de modo a impedir a atividade daqueles agentes (SOUSA, 2008).

Nos trabalhos em hospitais e laboratórios é comum o contato com os agentes biológicos e materiais orgânicos, pois são característicos da atividade do trabalhador. Nas indústrias de alimento, por exemplo, os trabalhadores têm contato com materiais orgânicos que podem estar contaminados.

Já os trabalhadores rurais estão expostos a várias doenças que os animais podem transmitir; por se situar numa área de reserva florestal, a indústria apresenta uma série de riscos aos seus trabalhadores, tanto nos alojamentos quanto nas agrovilas e no canavial, dentre eles a presença de animais peçonhentos. O aparecimento de cobras, escorpiões, aranhas, abelhas e ratos é uma constante (LUCENA; RODRIGUES; LIMA, 2004).

A seguir, um quadro com as principais doenças causadas pelos agentes biológicos, lembrando que são muitas doenças além das citadas.

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TÓPICO 1 | CONCEITOS BÁSICOS SOBRE AGENTES BIOLÓGICOS

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QUADRO 15 - DOENÇAS CAUSADAS PELOS AGENTES BIOLÓGICOS

Vírus Bactérias Fungos Protozoários Parasitas

Human Immunodeficiency Virus - HIV(AIDS/SIDA)

Mycobacterium tuberculosis(Tuberculose)

Cryptococcus neoformans(Criptococose)

Balantidium coli(Colite)

VHAHepatite A

Bacillus anthracis(Carbúnculo)

Aspergillus fumigatos(Aspergilose)

Giardia lamblia(Diarréia)

VHBHepatite B

Brucella(Brucelose)

Candida albicans(Candidíase)

Plasmodium falciparum(Malária)

VHCHepatite C

Leptospira(Leptospirose)

Histoplasma capsulatum(Histoplasmose)

Toxoplasma gondii(Toxoplasmose)

VHDHepatite D

Clostridium tetani(Tétano)

Epidermophyton floccosum(Dermatofitose)

Schistosoma mansoni(Bilharzíase)

Flaviridae(Dengue Clássica)

Streptococcus pneumoniae(Pneumonia)

Paracoccidioides brasiliensis(Blastomicose Brasileira)

Toxocara canis(Toxocaríase)

Ortomixovirus influenza(Influenza)

Shigella boydii(Disenteria)

Taenia solium(Teníases)

Flavivírus(Febre Amarela)

Neisseria meningitidis(Meningite)

Leishmania(Leishmaniose cutânea e cutâneo-mucosa)

Orthopoxvirus(Varíola)

Salmonela typhi(Febre Tifóide)

Morbillivirus(Sarampo)

Vibrio cholerae(Cólera)

Lyssavirus(Raiva)

Legionella spp(Legionelose)

Ebolavirus(Ebola)

Bacillus anthracis(Psitacose, Ornitose)

Enterovirus(Poliomielite)

Escherichia coli(Bactéria presente nas fezes)

FONTE: O autor

Vamos, agora, aprender um pouco mais de algumas doenças citadas, que são as mais comuns no meio de trabalho com contato direto aos agentes biológicos.

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UNIDADE 3 | AGENTES BIOLÓGICOS

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5.1 HUMAN IMMUNODEFICIENCY VIRUS - HIV (AIDS)

HIV é o causador da AIDS. O HIV ataca o sistema imunológico, que é o responsável por resguardar o corpo das doenças.

Ter o HIV não é a mesma coisa que ter a AIDS. Há muitos soropositivos que vivem anos sem apresentar sintomas e sem desenvolver a doença. Mas podem transmitir o vírus a outros pelas relações sexuais desprotegidas, pelo compartilhamento de seringas contaminadas ou de mãe para filho durante a gravidez e a amamentação (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015).

Materiais biológicos com risco de transmissão do HIV no ambiente de trabalho: sangue, qualquer fluido orgânico contendo sangue, secreção vaginal, sêmen, tecidos, líquido peritoneal, líquido pleural, líquido pericárdico, líquido amniótico, líquor, líquido articular, saliva (em ambientes odontológicos) e material concentrado de HIV (laboratório de pesquisa, com vírus em grande quantidade) (ABREU JUNIOR, 2002).

Os sintomas da AIDS, conforme o Ministério da Saúde (2003, p. 40), são:

Por ser um conjunto de doenças e vários tipos de mal-estar que aparecem juntos, a AIDS é chamada de síndrome. Entre seus sintomas mais comuns estão diarreia, vômito, gânglios inchados, ‘sapinhos’, perda de peso acentuada, ou doenças como sarcoma de Kaposi (um tipo de câncer visível em manchas na pele), tuberculose, toxoplasmose, herpes etc. Ou seja, são sintomas e doenças conhecidas – e cada uma por si não apresentaria muitos riscos para uma pessoa saudável. O problema é que elas podem aparecer juntas e se tornar graves. Essa falha nas defesas do organismo se chama imunodeficiência, isto é, aquilo que em estado saudável seria simples e relativamente inofensivo, torna-se, no caso da AIDS, muito mais complexo. Assim, a AIDS é uma doença do sistema imunológico o qual é descrito pelos cientistas como um conjunto de células organizadas para proteger o corpo das infecções. Com o sistema imunológico em falha, as infecções podem se tornar muito mais graves do que normalmente são. As infecções que se aproveitam das falhas do sistema imunológico são chamadas de infecções oportunistas.Muitos dos vírus que conhecemos causam uma infecção rápida e visível (como a gripe), enquanto outros podem passar despercebidos. O HIV tem características muito particulares: uma vez no corpo da pessoa, ele pode ficar muito tempo sem se manifestar; portanto, diz-se que sua infecção é ‘lenta’. Muitas vezes, a pessoa está infectada mas não sabe, porque não tem sintomas, sendo chamada na linguagem médica de ‘soropositiva assintomática’. Mesmo nesse caso, a pessoa pode transmitir o vírus.

5.2 VHA - HEPATITE A

A Hepatite A é contagiosa e é chamada de Hepatite infecciosa.

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TÓPICO 1 | CONCEITOS BÁSICOS SOBRE AGENTES BIOLÓGICOS

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A via de transmissão é a fecal-oral pelo próprio homem, com o contato de mãos sujas e, também, por água e comidas contaminadas.

Os sintomas mais presentes são: tonturas, febre, pele e olhos amarelados, urina escura, fezes claras, dor abdominal, cansaço, enjoo e vômitos.

5.3 VHB – HEPATITE B

A Hepatite B é infecciosa e é também intitulada de soro homóloga. Ela é classificada como uma doença sexualmente transmissível por apresentar-se no sangue, sêmen e leite materno.

A Hepatite B possui vacina, que é aplicada em três doses.

São causas de transmissão: por relações sexuais sem camisinha com uma pessoa infectada; da mãe infectada para o filho durante a gestação, o parto ou a amamentação; ao compartilhar material para uso de drogas (seringas, agulhas, cachimbos), de higiene pessoal (lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, alicates de unha ou outros objetos que furam ou cortam) ou de confecção de tatuagem e colocação de piercings; por transfusão de sangue contaminado (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015).

Os trabalhadores da área da saúde podem adquirir a doença sofrendo acidentes com materiais contaminados.

Os sintomas mais presentes são: tontura, febre, pele e olhos amarelados, urina escura, fezes claras, dor abdominal, cansaço, enjoo e vômitos.

5.4 VHC – HEPATITE C

A Hepatite C apresenta-se no sangue, e não tem vacina que combata a doença.

São causas de transmissão: transfusão de sangue; compartilhamento de material para uso de drogas (seringas, agulhas, cachimbos, entre outros), higiene pessoal (lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, alicates de unha ou outros objetos que furam ou cortam) ou para confecção de tatuagem e colocação de piercings; da mãe infectada para o filho durante a gravidez (mais rara); sexo sem camisinha com uma pessoa infectada (mais rara). A transmissão sexual do VHC entre parceiros heterossexuais é muito pouco frequente, principalmente nos casais monogâmicos. Sendo assim, a Hepatite C não é uma Doença Sexualmente Transmissível (DST), porém, entre homens que fazem sexo com homens (HSH) e na presença da infecção pelo HIV, a via sexual deve ser considerada para a transmissão do VHC (MINISTÉRIO DA SAUDE, 2015).

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UNIDADE 3 | AGENTES BIOLÓGICOS

144

Os sintomas mais presentes são: tontura, febre, pele e olhos amarelados, urina escura, fezes claras, dor abdominal, cansaço, enjoo e vômitos.

5.5 VHD – HEPATITE D

A Hepatite D só infecta uma pessoa quando ela possui o vírus do tipo B. Então, a aplicação da vacina contra a Hepatite B é importante.

São causas da transmissão: por relações sexuais sem camisinha com uma pessoa infectada; da mãe infectada para o filho durante a gestação, o parto ou a amamentação; compartilhamento de material para uso de drogas (seringas, agulhas, cachimbos etc.), de higiene pessoal (lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, alicates de unha ou outros objetos que furam ou cortam) ou de confecção de tatuagem e colocação de piercings; por transfusão de sangue infectado (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015).

Conforme o Ministério da Saúde (2015), a Hepatite D:

A gravidade da doença depende do momento da infecção pelo vírus D. Pode ocorrer ao mesmo tempo em que a contaminação pelo vírus B ou atacar portadores de hepatite B crônica (quando a infecção persiste por mais de seis meses).Infecção simultânea dos vírus D e B: Na maioria das vezes, manifesta-se da mesma forma que hepatite aguda B. Não há tratamento específico e a recomendação médica consiste em repouso e alimentação leve e proibição do consumo de bebidas alcoólicas por um ano.Infecção pelo vírus D em portadores do vírus B: Nesses casos, o fígado pode sofrer danos severos, como cirrose ou até mesmo formas fulminantes de hepatite. Pelo caráter grave dessa forma de hepatite, o diagnóstico deve ser feito o mais rápido possível e o tratamento só pode ser indicado por médico especializado. É a principal causa de cirrose hepática em crianças e adultos jovens na região amazônica do Brasil.

Os sintomas mais presentes são: tontura, febre, pele e olhos amarelados, urina escura, fezes claras, dor abdominal, cansaço, enjoo e vômitos.

5.6 MYCOBACTERIUM TUBERCULOSIS – TUBERCULOSE

A doença em referência é causada pelo Mycobacterium tuberculosis, um microrganismo que se propaga, sobretudo, por via aérea facilitada pela aglomeração humana, por meio de gotículas contendo bacilos expelidos por um doente com tuberculose pulmonar ao tossir, espirrar ou falar em voz alta. Os órgãos mais acometidos são os pulmões, gânglios, pleura, rins, cérebro e ossos, sendo que todos os órgãos podem ser acometidos pelo bacilo da tuberculose (TEIXEIRA, 2011).

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TÓPICO 1 | CONCEITOS BÁSICOS SOBRE AGENTES BIOLÓGICOS

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É uma doença de evolução crônica que acomete, principalmente, os pulmões através das partículas leves que entram nas vias aéreas, normalmente contendo dois a três bacilos viáveis, atingindo os alvéolos onde a infecção pode se iniciar. Após a infecção, a pessoa pode desenvolver a doença em qualquer fase da vida quando seu sistema imune não consegue mais manter os bacilos sobre controle (TEIXEIRA, 2011).

Os sintomas mais presentes são: febre, cansaço, tosse, catarro, falta de apetite, emagrecimento e catarro com sangue.

5.7 ORTOMIXOVIRUS INFLUENZA – INFLUENZA

Também conhecida como gripe, a influenza é uma infecção do sistema respiratório, cuja principal complicação são as pneumonias, que são responsáveis por um grande número de internações hospitalares no país (ANVISA, 2015).

São causas de transmissão: de forma direta, através das secreções das vias respiratórias de uma pessoa contaminada ao falar, espirrar, ou tossir; de forma indireta, por meio das mãos que, após contato com superfícies recentemente contaminadas por secreções respiratórias de um indivíduo infectado, podem carregar o agente infeccioso diretamente para a boca, nariz e olhos. A transmissão direta inter-humana (ou seja, de pessoa a pessoa) é a mais comum, mas já foi documentada a transmissão direta do vírus de aves e suínos para o homem (ANVISA, 2015).

A pessoa infectada pode transmitir a doença até sete dias após a acomodação da doença e também um dia antes de ter contato com os primeiros sintomas.

Os sintomas mais presentes são: febre alta (superior a 38ºC), tosse seca, dores musculares, dor de cabeça e garganta.

5.8 FLAVIRIDAE – DENGUE CLÁSSICA

A infecção pelo vírus é transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti, uma espécie hematófaga originária da África que chegou ao continente americano na época da colonização. Não há transmissão pelo contato de um doente ou suas secreções com uma pessoa sadia, nem fontes de água ou alimento (DENGUE, 2015).

Os sintomas mais presentes da dengue clássica são: febre alta com início súbito; forte dor de cabeça; dor atrás dos olhos, que piora com o movimento deles; perda do paladar e apetite; manchas e erupções na pele semelhantes ao sarampo, principalmente no tórax e membros superiores; náuseas e vômitos; tonturas; extremo cansaço; moleza e dor no corpo; muitas dores nos ossos e articulações (DENGUE, 2015).

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UNIDADE 3 | AGENTES BIOLÓGICOS

146

Como vimos acima, a maioria das doenças são transmitidas por contato direto de pessoa a pessoa ou com materiais orgânicos, por isso que os trabalhadores da área da saúde ou afins que tenham contato com pacientes ou seus materiais orgânicos precisam estar sempre atentos, seguir as recomendações diárias sobre as doenças, tomarem as vacinas, realizar os exames periódicos para acompanhar a sua saúde, realizar sempre treinamentos que sejam importantes para seu dia a dia de trabalho, usar os equipamentos de proteção individual, entre todas as outras medidas cabíveis para a sua proteção.

Acadêmico(a)! É importante o conhecimento de todas as doenças e sintomas que cada uma delas acomete. Pesquise e estude cada uma delas e também outras que não estão presentes na tabela acima.

DICAS

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Neste tópico, você viu que:

• Agentes biológicos são aqueles oriundos da manipulação, transformação e modificação de seres vivos microscópicos, dentre eles: genes, bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus e outros.

• Os agentes biológicos patogênicos para o homem e os animais são distribuídos em classes de risco biológico em função de diversos critérios, tais como gravidade da infecção, nível de capacidade de se disseminar no meio ambiente, estabilidade do agente, endemicidade, modo de transmissão, da existência ou não de medidas profiláticas, como vacinas, e da existência ou não de tratamentos eficazes. Alguns outros fatores são também considerados, como as perdas econômicas que possam gerar, vias de infecção, existência ou não do agente no país e sua capacidade de se implantar em uma nova área onde seja introduzido.

• A NR 32 (BRASIL, 2011) define como vias de transmissão o percurso feito pelo agente biológico a partir da fonte de exposição até o hospedeiro. A transmissão pode ocorrer das seguintes formas:

• Direta: transmissão do agente biológico, sem a intermediação de veículos ou vetores.

• Indireta: transmissão do agente biológico por meio de veículos ou vetores.

• E as vias de entrada, como: tecidos ou órgãos por onde um agente penetra em um organismo, podendo ocasionar uma doença. A entrada pode ser por via cutânea (por contato direto com a pele), percutânea (através da pele), parenteral (por inoculação intravenosa, intramuscular, subcutânea), por contato direto com as mucosas, por via respiratória (por inalação) e por via oral (por ingestão).

RESUMO DO TÓPICO 1

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1 Estudamos no Tópico 1 sobre as vias de ingresso ou de contato com o organismo. Quais são essas principais vias de ingresso?

a) ( ) Cutânea, digestiva e respiratória.b) ( ) Dérmica, digestiva e parenteral.c) ( ) Digestiva, parenteral e respiratória.d) ( ) Cutânea, parenteral e visual.

2 Os riscos biológicos em serviços de saúde possuem ligação direta em relação às vias de transmissão e as doenças. Sendo assim, referente aos tipos de vias de transmissão e doenças, avalie as sentenças abaixo:

I– Via aérea.II– Exposição ao sangue e fluídos orgânicos.III– Transmissão fecal-oral.IV– Contato com o paciente.

( ) Cólera e Hepatite A.( ) Escabiose e Pediculose.( ) HIV e Hepatite C.( ) Influenza e Tuberculose.

Assinale a alternativa que contenha a resposta CORRETA:

a) ( ) III – IV – I – II.b) ( ) II – I – III – IV.c) ( ) I – II – IV – III.d) ( ) III – IV – II – I.

3 Qual das outras Hepatites que uma pessoa só tem o contágio quando possui o vírus da Hepatite B?

a) ( ) Hepatite A.b) ( ) Hepatite C.c) ( ) Hepatite D.d) ( ) Hepatite E.

AUTOATIVIDADE

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TÓPICO 2

HIGIENE DO TRABALHO MÉTODOS E INSTRUMENTAÇÃO

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃONeste tópico, você será apresentado à temática dos processos para

caracterização da exposição aos agentes biológicos pelos trabalhadores, bem como fundamentos de medição, os métodos de avaliação de exposição desses riscos ambientais. Estes itens fazem parte do contexto e da problemática gerada pelos agentes biológicos e os riscos pertinentes a esses agentes.

Os métodos de avaliação, basicamente, são qualitativos, pois não se pode mensurar quantitativamente a presença destes no ambiente de trabalho, e consistem no conhecimento das atividades, a avaliação dos riscos e o controle, de forma a implementar medidas eficazes e a atuar preventivamente, para que os profissionais não sejam acometidos por doenças no seu ambiente laboral.

Em se tratando de riscos biológicos, é necessário atenção, conhecimento e implementação de medidas preventivas e de proteção, visando sempre antever os riscos antes que os acidentes aconteçam, permeando, assim, a saúde e a integridade física e mental dos profissionais frente ao inimigo oculto.

2 PROCESSOS PARA CARACTERIZAÇÃO DE EXPOSIÇÃO AOS AGENTES

Segundo a NR 32 (BRASIL, 2011) – norma do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) que trata da Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde –, a exposição ocupacional a agentes biológicos decorre da presença desses agentes no ambiente de trabalho, podendo-se distinguir duas categorias de exposição:

• Exposição derivada da atividade laboral que implique a utilização ou manipulação do agente biológico, que constitui o objeto principal do trabalho. É conhecida também como exposição com intenção de liberada.

Nesses casos, na maioria das vezes, a presença do agente já está estabelecida e determinada. O reconhecimento dos riscos será relativamente simples, pois as características do agente são conhecidas e os procedimentos de manipu lação estão bem determinados, assim como os riscos de exposição (VILELA, 2008).

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UNIDADE 3 | AGENTES BIOLÓGICOS

Vilela (2008) ainda relata que, na área de saúde, alguns exemplos poderiam ser: atividades de pesquisa ou desenvolvimento que envolvam a manipulação direta de agentes biológicos, atividades realizadas em laboratórios de diagnóstico microbiológico, atividades relacionadas à biotecnologia (desenvolvimento de antibióticos, enzimas e va cinas, entre outros).

• Exposição que decorre da atividade laboral sem que essa implique a manipulação direta deliberada do agente biológico como objeto principal do trabalho. Nesses casos, a exposição é considerada não deliberada.

Alguns exemplos de atividades: atendimento em saúde, laboratórios clí nicos (com exceção do setor de microbiologia), consultórios médicos e odon-tológicos, limpeza e lavanderia em serviços de saúde (VILELA, 2008).

Para Vilela (2008), a diferenciação desses dois tipos de exposição é importante porque con diciona o método de análise dos riscos e, consequentemente, as medidas de proteção a serem adotadas. Mas, afinal, é preciso identificar como se estabelece a exposição aos riscos biológicos:

Veículo ou material biológico:

• Sangue, secreção vaginal, sêmen e tecidos.• Líquidos de serosas (peritoneal, pleural, pericárdico), líquido amniótico, líquor,

líquido articular e saliva.• Suor, lágrima, fezes, urina, escarro.• Ar.

E o tipo de exposição, que pode ser:

• Perfurocortante.• Mucosa.• Pele íntegra.• Inalação de gotículas/aerossóis.

As fontes de exposição incluem pessoas, animais, objetos ou substâncias que abrigam agentes biológicos, a partir dos quais se torna possível a transmissão a um hospedeiro ou a um reservatório (VILELA, 2008).

A autora ainda cita que o reservatório é a pessoa, animal, objeto ou substância no qual um agente biológico pode persistir, manter sua viabilidade, crescer ou multiplicar-se, de modo a poder ser transmitido a um hospedeiro (VILELA, 2008).

A identificação da fonte de exposição e do reservatório é fundamental para se estabelecerem as medidas de proteção a serem adotadas. Exemplos: o uso de máscara de proteção para doentes portadores de tuberculose pulmonar, a higienização das mãos após procedimentos como a troca de fraldas em unidades de neonatologia para diminuir o risco de transmissão de hepatite A (VILELA, 2008).

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TÓPICO 2 | HIGIENE DO TRABALHO MÉTODOS E INSTRUMENTAÇÃO

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Preste atenção, caro(a) acadêmico(a), pois a possibilidade de exposição ocorre em função da situação de trabalho e das características de risco dos agentes biológicos mais prováveis (VILELA, 2008).

DICAS

Segundo Martins (2009), médica e fiscal do trabalho, os agentes biológicos precisam ser avaliados quanto às vias de transmissão e às medidas de proteção que devem ser tomadas, como podemos identificar na figura abaixo:

FIGURA 36 - AGENTES BIOLÓGICOS: VIAS DE TRANSMISSÃO E MEDIDAS DE PROTEÇÃO

FONTE: Martins (2009)

A Associação Brasileira de Prevenção (2004) alerta para a seguinte situação enfrentada pelos principais grupos expostos:

• Frequentemente, o acidente não é notificado.• Acidentes com perfurocortantes representam 1/3 de todos os acidentes envolvendo

profissionais de enfermagem. • Retirada de sangue, flebotomia, punção venosa periférica, sutura cirúrgica e

reencapamento de agulhas são os momentos de maior risco.

IMPORTANTE

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UNIDADE 3 | AGENTES BIOLÓGICOS

3 FUNDAMENTOS DA AVALIAÇÃOO objetivo da avaliação do local de trabalho e do trabalhador é conhecer

e descrever a situação de trabalho que pode influenciar na segurança, na saúde ou no bem-estar do trabalhador do serviço de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde e, para tanto, devem ser considerados (VILELA, 2008):

• aspectos físicos e de organização do local de trabalho; • aspectos psicológicos e sociais do grupo de trabalho, isto é, do conjunto de

pessoas de diferentes níveis hierárquicos.

O local de trabalho deve ter uma descrição física contendo, entre outros dados, a altura do piso ao teto, o tipo de paredes e do piso (laváveis ou não), os tipos e os sistemas de ventilação, a existência de janelas (com ou sem tela de proteção), o tipo de iluminação, o mobiliário existente (possibilidade de descontaminação), a presença de pia para higienização das mãos etc. (VILELA, 2008).

Quanto à organização do trabalho, é importante observar, de acordo com Vilela (2008, p. 21):

Os turnos, as escalas, as pausas para o descanso e as refeições, o relacionamento entre os membros da equipe e a chefia, bem como as distâncias a serem percorridas para a realização dos procedimentos, entre outros. Deve ser verificado ainda se existem procedimentos escritos e determinados para a realização das atividades, e em caso positivo, se os mesmos são adotados (diferença entre tarefa prescrita e real). A observação do procedimento de trabalho é fundamental para a avaliação do risco.

A descrição das atividades e funções de cada local de trabalho tem por objetivo:

Descrever as atividades e funções em cada local de trabalho. Por exemplo, as atividades desenvolvidas em um posto de enfermagem de uma enfermaria geral podem ser: preparo de medicação, anotações em prontuário e preparo de material para curativos. A função ou finalidade de todos os postos de enfermagem é a de prestar assistência. No entanto, é necessária a caracterização do tipo de paciente assistido (renais crônicos, idosos, em pós-operatório, em isolamento, gestantes), que tem papel relevante na avaliação do risco existente no local de trabalho (VILELA, 2008, p. 22).

Quanto às medidas preventivas aplicáveis e seu acompanhamento:

É importante analisarem-se as medidas já adotadas, verificando a sua pertinência, eficiência e eficácia. Após essa análise e a dos demais dados coletados anteriormente, devem ser determinadas as medidas de prevenção a serem implantadas, observando-se a hierarquia descrita na nota explicativa do item 32.2.4. Ao propor uma medida preventiva é fundamental que a informação seja completa, de forma a propiciar

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TÓPICO 2 | HIGIENE DO TRABALHO MÉTODOS E INSTRUMENTAÇÃO

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a aplicação correta. Por exemplo, não basta citar a necessidade de utilização de máscara, deve ser descrito qual o tipo de máscara. Pode-se dizer o mesmo para luvas, vestimentas, capelas químicas e cabines de segurança biológicas, entre outros (VILELA, 2008, p. 23).

Persistência no ambiente é a capacidade de o agente permanecer no ambiente, mantendo a possibilidade de causar doença. Exemplo: a persistência prolongada do vírus da Hepatite B quando comparada à do vírus HIV. A persistência é um fator importante na avaliação do risco de exposição e de proteção do trabalhador (VILELA, 2008).

4 INSTRUMENTAÇÃO PARA AVALIAÇÃO DOS RISCOS AMBIENTAIS

A importância da avaliação de risco dos agentes biológicos está, não somente na estimativa do risco, mas também no dimensionamento da estrutura para a contenção e a tomada de decisão para o gerenciamento dos riscos. Para isso, consideram-se alguns critérios, que podem ser visualizados no Quadro 16, entre os quais se destacam (BRASIL, 2010):

QUADRO 16 - CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO DOS RISCOS POR AGENTES BIOLÓGICOS

Virulência

É a capacidade patogênica de um agente biológico, medida pela mortalidade que ele produz e/ou por seu poder de invadir tecidos do hospedeiro. A virulência pode ser avaliada por meio dos coeficientes de letalidade e de gravidade. O coeficiente de letalidade indica o percentual de casos da doença que são mortais, e o coeficiente de gravidade, o percentual dos casos considerados graves.

Modo de transmissão

É o percurso feito pelo agente biológico a partir da fonte de exposição até o hospedeiro. O conhecimento do modo de transmissão do agente biológico manipulado é de fundamental importância para a aplicação de medidas que visem conter a disseminação do patógeno.

Estabilidade

É a capacidade de manutenção do potencial infeccioso de um agente biológico no meio ambiente. Deve ser considerada a capacidade de manutenção do potencial infeccioso em condições ambientais adversas como a exposição à luz, à radiação ultravioleta, às temperaturas, à umidade relativa e aos agentes químicos.

Concentração e volume

A concentração está relacionada à quantidade de agentes patogênicos por unidade de volume. Assim, quanto maior a concentração, maior o risco. O volume do agente patogênico também é importante, pois na maioria dos casos, os fatores de risco aumentam proporcionalmente ao aumento do volume do agente presente no meio.

Origem do agente biológico potencialmente patogênico

Deve ser considerada a origem do hospedeiro do agente biológico (humano ou animal) como também a localização geográfica (áreas endêmicas) e a natureza do vetor.

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UNIDADE 3 | AGENTES BIOLÓGICOS

Disponibilidade de medidas profiláticas eficazes

Estas incluem profilaxia por vacinação, antissoros e globulinas eficazes. Inclui ainda, a adoção de medidas sanitárias, controle de vetores e medidas de quarentena em movimentos transfronteiriços. Quando estas estão disponíveis, o risco é drasticamente reduzido.

Disponibilidade de tratamento eficaz

Refere-se à disponibilidade de tratamento eficaz, capaz de prover a contenção do agravamento e a cura da doença causada pela exposição ao agente patogênico. Inclui a imunização e vacinação pós-exposição, o uso de antibióticos e medicamentos terapêuticos, levando em consideração a possibilidade de indução de resistência dos agentes patogênicos.

Dose infectanteConsiste no número mínimo de agentes patogênicos necessários para causar doença. Varia de acordo com a virulência do agente e com a susceptibilidade do indivíduo.

Manipulação do agente patogênico

A manipulação pode potencializar o risco, como por exemplo, a amplificação, sonicação ou centrifugação. Além disto, deve-se destacar que nos procedimentos de manipulação envolvendo a inoculação experimental em animais, os riscos irão variar de acordo com as espécies utilizadas e com a natureza do protocolo. Deve ser considerada ainda a possibilidade de infecções latentes que são mais comuns em animais capturados no campo.

Eliminação do agente

O conhecimento das vias de eliminação do agente é importante para a adoção de medidas de contingenciamento. A eliminação em altos títulos por excreções ou secreções de agentes patogênicos pelos organismos infectados, em especial, aqueles transmitidos por via respiratória, podem exigir medidas adicionais de contenção. As pessoas que lidam com animais experimentais infectados com agentes biológicos patogênicos apresentam um risco maior de exposição devido à possibilidade de mordidas, arranhões e inalação de aerossóis.

Fatores referentes ao trabalhador

Deve ser considerado o estado de saúde do indivíduo, assim como, idade, sexo, fatores genéticos, susceptibilidade individual (sensibilidade e resistência com relação aos agentes biológicos), estado imunológico, exposição prévia, gravidez, lactação, consumo de álcool, consumo de medicamentos, hábitos de higiene pessoal e uso de equipamentos de proteção individual. Cabe ressaltar a necessidade dos profissionais possuírem experiência e qualificação para o desenvolvimento das atividades.

FONTE: Adaptado de: BRASIL (2010)

O manual do Ministério da Saúde (BRASIL, 2010) ressalta que, além dos aspectos sanitários, devem ser considerados também os impactos socioeconômicos de uma disseminação de agentes patogênicos em novas áreas e regiões antes não habituais para o agente considerado.

Conforme o Manual do Sesi (SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA, 2007) sobre higiene ocupacional, o reconhecimento é um alerta; a adequada avaliação deve levar a uma decisão de tolerabilidade; os riscos intoleráveis devem sofrer uma ação de controle. Para se conhecer sobre a intolerabilidade, valores de referência devem existir. É o conceito dos limites de exposição (legalmente, limites de tolerância).

Por este motivo, as classificações dos agentes biológicos com potencial patogênico em diversos países, embora concordem em relação à maioria destes, variam em função de fatores regionais específicos (BRASIL, 2010).

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TÓPICO 2 | HIGIENE DO TRABALHO MÉTODOS E INSTRUMENTAÇÃO

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Os trabalhadores potencialmente expostos devem ter acompanhamento de saúde com especificidade para o risco a que estão submetidos. Esse compreende a avaliação clínica e ocupacional (anamnese clínica e ocupacional, exame físico e os exames complementares), a monitoração das condições de exposição e as ações necessárias resultantes do acompanhamento (VILELA, 2008). A autora ainda cita que as informações médicas individuais são confidenciais, respeitando sempre o direito à intimidade e à dignidade do trabalhador no que se refere ao seu estado de saúde.

Cabe ressaltar a importância da composição multiprofissional e da abordagem interdisciplinar nas análises de risco. Estas envolvem não apenas aspectos técnicos e agentes biológicos de risco, mas também seres humanos e animais, complexos e ricos em suas naturezas e relações (BRASIL, 2010).

5 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE EXPOSIÇÃO AOS RISCOS AMBIENTAIS

Para fins de aplicação da NR 32, considera-se risco biológico a probabilidade da exposição ocupacional a agentes biológicos (BRASIL, 2011).

Para bem realizar a antecipação, o reconhecimento, a avaliação e o controle dos agentes ambientais são necessárias múltiplas ciências, tecnologias e especialidades. Para a avaliação e o controle, é importante a engenharia; na avaliação, também se exige o domínio dos recursos instrumentais de laboratório (química analítica); no entendimento da interação dos agentes com o organismo, a bioquímica, a toxicologia e a medicina. A compreensão da exposição do trabalhador (esse termo é fundamental) a um certo agente passa pelas características físicas e/ou químicas dos agentes e pelo uso dessas ciências básicas (SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA, 2007).

E ainda é preciso ressaltar, segundo o Manual do Sesi (2007), que o reconhecimento é um alerta; a adequada avaliação deve levar a uma decisão de tolerabilidade; os riscos intoleráveis devem sofrer uma ação de controle.

Nem todos os agentes são medidos apenas por sua ação de longo prazo, sendo também importantes as exposições agudas (curto prazo). Pode-se perceber que devem variar aqui os objetivos e formas de avaliação da exposição (SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA, 2007).

Segundo a NR 32 (BRASIL, 2011), no item 32.2.4.11, os trabalhadores devem comunicar imediatamente todo acidente ou incidente, com possível exposição a agentes biológicos, ao responsável pelo local de trabalho e, quando houver, ao serviço de segurança e saúde do trabalho e à CIPA. E ainda temos outros itens desta NR que tratam:

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UNIDADE 3 | AGENTES BIOLÓGICOS

32.2.4.12 O empregador deve informar, imediatamente, aos trabalhadores e aos seus representantes qualquer acidente ou incidente grave que possa provocar a disseminação de um agente biológico suscetível de causar doenças graves nos seres humanos, as suas causas e as medidas adotadas ou a serem adotadas para corrigir a situação.32.2.4.13 Os colchões, colchonetes e demais almofadados devem ser revestidos de material lavável e impermeável, permitindo desinfecção e fácil higienização.32.2.4.13.1 O revestimento não pode apresentar furos, rasgos, sulcos ou reentrâncias.32.2.4.14 Os trabalhadores que utilizarem objetos perfurocortantes devem ser os responsáveis pelo seu descarte.32.2.4.15 São vedados o reencape e a desconexão manual de agulhas.32.2.4.16 O empregador deve elaborar e implementar Plano de Prevenção de Riscos de Acidentes com Materiais Perfurocortantes, conforme as diretrizes estabelecidas no Anexo III desta Norma Regulamentadora. (Alterado pela Portaria GM nº 1.748, de 30 de setembro de 2011)32.2.4.16.1 As empresas que produzem ou comercializam materiais perfurocortantes devem disponibilizar, para os trabalhadores dos serviços de saúde, capacitação sobre a correta utilização do dispositivo de segurança. (Alterado pela Portaria GM nº 1.748, de 30 de setembro de 2011)32.2.4.16.2 O empregador deve assegurar, aos trabalhadores dos serviços de saúde, a capacitação prevista no subitem 32.2.4.16.1. (Alterado pela Portaria GM nº 1.748, de 30 de setembro de 2011).

O Manual de Biossegurança do Departamento de Química (DQ-UA, 2013) especifica que a determinação do Risco Biológico pode ser abordada conforme o fluxograma para avaliação do risco, apresentado a seguir.

• 1º) Identificar os agentes perigosos: capacidade para infecção e doença, suscetibilidade do homem, agressividade da doença e avaliar a disponibilidade de medidas de prevenção e tratamentos efetivos.

• 2º) Identificar os procedimentos perigosos da amostra: concentração (do agente), volume da suspensão (no caso de culturas de células ou microrganismos), equipamento onde será manuseada.

• 3º) Determinar o nível de biossegurança e adotar as medidas adequadas pelo risco. Não se deve menosprezar que, na maioria das situações, o trabalho é realizado num laboratório onde coabitam outras pessoas que poderão evidenciar diferentes susceptibilidades.

• 4º) Descrever os procedimentos básicos de forma a salvaguardar as boas práticas e a integridade do equipamento que será utilizado.

O Manual do Sesi (SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA, 2007) retrata que:

O processo do conhecimento da exposição de trabalhadores envolve uma série de considerações, abordagens, planificação e desenvolvimento de um trabalho de obtenção e análise de dados, que, em seu conjunto, pode ser chamado de estratégia de amostragem. Estratégia de Amostragem é um processo, no qual adquirimos um conhecimento progressivo da exposição de trabalhadores, que se inicia com uma adequada abordagem do ambiente (processo,

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TÓPICO 2 | HIGIENE DO TRABALHO MÉTODOS E INSTRUMENTAÇÃO

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pessoas, tarefas, agentes) e termina com afirmações estatisticamente fundamentadas sobre essa exposição, para que o ciclo da higiene ocupacional possa prosseguir, a caminho do controle dos riscos.

A avaliação dos riscos deve ser efetuada por pessoas com formação na área, isto é, por pessoas experientes e familiarizadas com as características específicas dos microrganismos, normas, equipamentos e modelos animais a utilizar, bem como do equipamento de confinamento e instalações disponíveis. Um dos instrumentos disponíveis mais úteis para efetuar uma avaliação dos riscos microbiológicos é a elaboração de uma lista dos grupos de risco por agentes microbiológicos (IHMT, 2014).

As ações de controle devem prosseguir até que a exposição seja eliminada ou reduzida a valores toleráveis (SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA, 2007).

A avaliação de risco de agentes biológicos considera critérios que permitem o reconhecimento, a identificação e a probabilidade do dano decorrente destes, estabelecendo a sua classificação em classes de risco distintas de acordo com a severidade dos danos. Assim, a classificação dos agentes biológicos constantes nesta publicação teve foco básico nos agentes causadores de enfermidades em humanos e na taxa de fatalidade do agravo. Por outro lado, a análise de riscos deve ser orientada por parâmetros que dizem respeito não só ao agente biológico manipulado, mas também ao tipo de procedimento realizado e ao próprio trabalhador. Também, devem-se considerar as várias dimensões que envolvem a questão, sejam elas relativas a procedimentos (boas práticas padrão e especial), a infraestrutura (desenho, instalações físicas e equipamentos de proteção) e a qualificação de recursos humanos. Além disso, a organização do trabalho e as práticas gerenciais passaram a ser reconhecidas como importante foco de análise, pelos incidentes, ou mesmo como integrantes fundamentais de um programa de biossegurança institucional (BRASIL, 2010).

Acadêmico(a)! Chamamos atenção para um trecho citado acima, que é de suma importância para a questão de avaliação dos riscos biológicos e classificação dos agentes, que é a classificação dos agentes biológicos teve foco básico nos agentes causadores de enfermidades em humanos e na taxa de fatalidade do agravo. Por outro lado, a análise de riscos deve ser orientada por parâmetros que dizem respeito não só ao agente biológico manipulado, mas também ao tipo de procedimento realizado e ao próprio trabalhador (BRASIL, 2010).

NOTA

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UNIDADE 3 | AGENTES BIOLÓGICOS

O mesmo manual do Ministério da Saúde (BRASIL, 2010) relata que:

Os tipos, subtipos e variantes dos agentes biológicos patogênicos envolvendo vetores distintos; a dificuldade de determinar medidas de contenção; as possíveis recombinações genéticas e de organismos geneticamente modificados (OGM) são alguns dos desafios na condução segura de procedimentos com agentes biológicos. Assim, para cada análise ou procedimento diagnóstico, os profissionais deverão proceder a uma avaliação de risco, onde será discutido e definido o nível de contenção adequado para manejar as respectivas amostras. Neste processo há que se considerar os diferentes tipos de riscos envolvidos.

Quanto à necessidade do controle de riscos voltados para a questão de acidentes nos estabelecimentos de atenção à saúde, segundo a Secretaria Municipal de Saúde da cidade de São Paulo (SÃO PAULO, 2007), é referido que:

Os acidentes de trabalho configuram-se um grave problema de saúde pública, atingindo anualmente milhares de trabalhadores que perdem suas vidas ou comprometem sua capacidade produtiva em um evento potencialmente passível de prevenção. O acidente biológico é um tipo específico de acidente de trabalho, no qual os profissionais de saúde constituem o grupo de trabalhadores mais expostos – contudo não são os únicos. Os profissionais de limpeza também são bastante atingidos, devido principalmente aos descartes inadequados. Em se tratando de um tipo de acidente cujas consequências podem ser graves, com contaminação e evolução para doenças agressivas e/ou incuráveis, é importante reforçar os cuidados com a biossegurança e o cumprimento das recomendações, tanto quanto realizar a profilaxia pré-exposição (vacinação, uso de máscaras, luvas, lavagem de mãos etc.) e pós-exposição (lavagem da área contaminada, vacinação ou medicação profilática em tempo hábil etc.).

A Associação Brasileira de Prevenção de Acidentes (2005) dispõe, em seu material sobre os riscos biológicos, algumas características gerais dos agentes biológicos e seus riscos, conforme o Quadro 17.

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TÓPICO 2 | HIGIENE DO TRABALHO MÉTODOS E INSTRUMENTAÇÃO

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QUADRO 17 - CARACTERÍSTICAS GERAIS

Riscos Biológicas em Serviços de SaúdeCaracterísticas Gerais

▪ Principais agentes: bactérias, vírus, Rickétzias, protozoários, metazoários.▪ Presentes em aerossóis, poeiras, alimentos, instrumentos de laboratório,

água, culturas, amostras biológicas.▪ 18% dos trabalhadores são contaminados com amterial infectocontagioso

nas atividades relacionadas ao trabalho: 25% por inoculação percutanea; 27% por aerossóis e derramamentos; 16% por vidrarias e pérfurocortantes; 13% por aspiração por instrumentos; 13,5% por acidentes com animais e contato com ectoparasitas.

▪ As principais fontes de contaminação no local de trabalho podem estar relacionadas à inalação de aerossóis.

▪ Todos os procedimentos microbiológicos são potencialmente formadores de aerossóis.

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Neste tópico, você viu que:

• O objetivo da avaliação do local de trabalho e do trabalhador é conhecer e descrever a situação de trabalho que pode influenciar na segurança, na saúde ou no bem-estar do trabalhador do serviço de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde e, para tanto, devem ser considerados:

• aspectos físicos e de organização do local de trabalho; • aspectos psicológicos e sociais do grupo de trabalho, isto é, do conjunto de

pessoas de diferentes níveis hierárquicos.

• O local de trabalho deve ter uma descrição física contendo, entre outros dados, a altura do piso ao teto, o tipo de paredes e do piso (laváveis ou não), os tipos e os sistemas de ventilação, a existência de janelas (com ou sem tela de proteção), o tipo de iluminação, o mobiliário existente (possibilidade de descontaminação), a presença de pia para higienização das mãos.

• O processo do conhecimento da exposição de trabalhadores envolve uma série de considerações, abordagens, planificação e desenvolvimento de um trabalho de obtenção e análise de dados, que, em seu conjunto, pode ser chamado de estratégia de amostragem. Estratégia de Amostragem é um processo, no qual adquirimos um conhecimento progressivo da exposição de trabalhadores, que se inicia com uma adequada abordagem do ambiente (processo, pessoas, tarefas, agentes) e termina com afirmações estatisticamente fundamentadas sobre essa exposição para que o ciclo da higiene ocupacional possa prosseguir a caminho do controle dos riscos.

RESUMO DO TÓPICO 2

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AUTOATIVIDADE

1 Como é estabelecida a exposição aos riscos biológicos em ques-tão ao contato com o veículo ou material biológico?

2 Os trabalhadores potencialmente expostos devem ter, obrigato-riamente, acompanhamento de saúde com atenção e especifici-dade para o risco que eles estão expostos. Como é compreendi-da essa avaliação?

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TÓPICO 3

NORMAS E RESULTADOS

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃONeste tópico, veremos sobre o que a legislação dispõe sobre os agentes

biológicos, bem como os riscos inerentes aos trabalhadores que desenvolvem suas atividades laborais expostos a esses agentes. Faz parte deste contexto, ainda, os riscos de acidentes, muito comuns e amplamente discutidos no campo da saúde dos trabalhadores da área da saúde.

No campo das Normas Regulamentadoras, a NR 32, que trata da Saúde e Segurança dos Trabalhadores em Serviços de Saúde, é a principal ferramenta que se dispõe para a prevenção de acidentes e doenças ocupacionais nesse meio de trabalho.

A NR 32 trata da identificação de agentes biológicos para confecção do PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais). A importância dessa identificação pode auxiliar no estabelecimento de serviço de saúde na prevenção de doenças, com o uso adequado de equipamento de proteção individual, equipamento de proteção coletiva, vacinação etc.

2 LEGISLAÇÃO E NORMAS REGULAMENTADORASUm estudo realizado por Galon et al. (2011, p. 161) mostra que foram

encontradas 12 leis nacionais que regulamentam a saúde e a segurança ocupacional relacionadas aos agentes biológicos e aos trabalhadores de saúde. A maioria das leis brasileiras que regulamentam a saúde e segurança ocupacional é apresentada na forma de Normas Regulamentadoras (NRs), aprovadas pela Portaria nº 3.214, de 08 de junho de 1978, a saber.

QUADRO 18 - LEIS NACIONAIS QUE REGULAMENTAM A SAÚDE E A SEGURANÇA OCUPACIONAL DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE FRENTE AO RISCO BIOLÓGICO

Título Última atualização Ementa Fonte

Portaria nº 3.214, de 08 de junho de 1978

Portaria SIT nº 17, de 1º de agosto de 2007

Norma Regulamentadora (NR) 4 - Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT)

MTE

Portaria nº 3.214, de 08 de junho de 1978

Portaria SIT nº 16, de 10 de maio de 2001

NR 5 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho (CIPA)

MTE

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UNIDADE 3 | AGENTES BIOLÓGICOS

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FONTE: Adaptado de: Galon et al. (2011)

A Portaria MS nº 1.914/2011, de 11 de agosto de 2011, aprovou a Classificação de Risco dos Agentes Biológicos, na forma do Anexo a esta Portaria, elaborada em 2010 pela Comissão de Biossegurança em Saúde (CBS) do Ministério da Saúde, e revogou a Portaria nº 1.608/GM/MS, de 5 de julho 2007.

A Comissão Tripartite Permanente Nacional (CTPN) da NR 32 utiliza este documento emitido pela CBS para classificar os agentes biológicos no anexo I e II. Consta no item 32.2.1.2, que “a classificação dos agentes biológicos encontra-se no anexo I desta NR” (SINDHOSP, 2012).

A classificação dos agentes biológicos, que distribui os agentes em classes de risco de 1 a 4, considera o risco que representam para a saúde do trabalhador, sua capacidade de propagação para a coletividade e a existência ou não de profilaxia e tratamento. Em função desses e outros fatores específicos, as classificações existentes nos vários países apresentam algumas variações, embora coincidam em relação à maioria dos agentes (VILELA, 2008).

Título Última atualização Ementa Fonte

Portaria nº 3.214, de 08 de junho de 1978

Portaria nº 194, de 22 de dezembro de 2006

NR 6 - Equipamentos de Proteção Individual - EPI MTE

Portaria nº 3.214, de 08 de junho de 1978

Portaria SSST nº 19, de 09 de abril de 1998

NR 7 - Programa de Controle Médico em Saúde Ocupacional (PCMSO) MTE

Portaria nº 3.214, de 08 de junho de 1978

Portaria SSST nº 25, de 29 de dezembro de 1994

NR 9 - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) MTE

Portaria nº 3.214, de 08 de junho de 1978 NR 26 - Sinalização de Segurança MTE

Portaria nº 2616/GM, de 18 de novembro de 1999 CCIH - Comissão de Controle de

Infecção Hospitalar MS

Portaria nº 1339/GM, de 18 de novembro de 1999 Lista de Doenças Relacionadas ao

Trabalho MS

Portaria nº 1679/GM, de 19 de setembro de 2002

Dispõe sobre a estruturação da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador no Sistema Único de Saúde (SUS) - RENAST e dá outras providências

MS

Portaria nº 777/GM, de 28 de abril de 2004

Dispõe sobre os procedimentos técnicos para a notificação compulsória de agravos à saúde do trabalhador em rede de serviços sentinela específica no SUS

MS

Resolução RDC nº 306, de 07 de dezembro de 2004

Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde

MS

Portaria GM nº 485, de 11 de novembro de 2005

Portaria nº 939, de 18 de novembro de 2008

NR 32 - Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde MTE

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TÓPICO 3 | NORMAS E RESULTADOS

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Em 2002, foi criada no Brasil a Comissão de Biossegurança em Saúde (Portaria nº 343/2002 do Ministério da Saúde). “Entre as atribuições da comissão, inclui-se a competência de elaborar, adaptar e revisar periodicamente a classificação, considerando as características e peculiaridades do país” (SINDHOSP, 2012).

Comparando-se à atual Portaria de classificação de riscos dos agentes biológicos, com a relação que consta na NR 32, verifica-se uma explicação mais exemplificativa do que são os riscos (SINDHOSP, 2012).

Contudo, além de saber dos riscos a que está exposto no ambiente de trabalho, o trabalhador também precisa conhecer as legislações trabalhistas no sentido de identificar seus direitos e deveres e se integrar efetivamente no campo da saúde do trabalhador (GALON, 2011).

3 NR 32 – SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM SERVIÇOS DE SAÚDE

Preocupado com a questão da saúde do trabalhador e as doenças ocupacionais, o Ministério do Trabalho e Emprego criou a Norma Regulamentadora (NR) 32 através da Portaria nº 485, de 11 de novembro de 2005. Esta norma se remete à segurança e saúde no trabalho em estabelecimentos de saúde (WADA, 2006 apud OLIVEIRA et al., 2011).

Leis e normas existem para a nossa proteção, mas nenhuma norma fala tão diretamente aos profissionais de enfermagem como a Norma Regulamentadora 32 ou, simplesmente, NR 32. Criada para garantir a oferta de todas as condições de segurança, proteção e preservação da saúde dos profissionais que atuam em estabelecimentos de saúde, a NR 32 precisa ter sua aplicação cobrada pelos profissionais a quem ela é voltada, mas para existir a cobrança deve haver antes o conhecimento a respeito de seus artigos (FAMEMA, 2015).

A referida NR é a única que normatiza a saúde e segurança dos profissionais da área da saúde, esta que é importante e necessária, pois até então inexistia legislação específica que tratasse da segurança e saúde no trabalho. A implantação desta norma proporciona mudanças benéficas, e essas poderão ser alcançadas uma vez que as medidas de proteção deverão ser feitas com o intuito de promover a segurança no trabalho e a prevenção de acidentes e doenças ocupacionais (MARZIALE; ROBAZZI, 2004).

A NR 32 dispõe que:

A responsabilidade é solidária (ou seja, compartilhada) entre contratantes e contratados quanto ao cumprimento desta NR, o que significa que ela deve ser observada também para os trabalhadores das empresas contratadas inclusive cooperados. Importante para a sua efetiva aplicação, é a consciência e participação dos trabalhadores, através das Comissões Institucionais de caráter legal e técnico, entre

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UNIDADE 3 | AGENTES BIOLÓGICOS

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as quais, a CIPA (instituições privadas); COMSAT’S (instituições públicas), SESMT (Serviço Especializado em Engenharia e Segurança do Trabalho) e a CCIH (Comissão de Controle e Infecção Hospitalar), além dos eventos específicos, como as Semanas Internas de Prevenção de Acidentes de Trabalho – SIPATs (FAMEMA, 2015).

A NR 32 abrange as situações de exposição a riscos para a saúde do profissional, a saber: dos riscos biológicos; dos riscos químicos; da radiação ionizante. Abrange ainda a questão da obrigatoriedade da vacinação do profissional de enfermagem (tétano, hepatite e o que mais estiver contido no PCMSO), com reforços pertinentes, conforme recomendação do Ministério da Saúde, devidamente registrada em prontuário funcional com comprovante ao trabalhador. Determina, ainda, algumas situações na questão de vestuário e vestiários, refeitórios, resíduos, capacitação contínua e permanente na área específica de atuação, entre outras não menos importantes (FAMEMA, 2015).

Na sequência, veremos alguns itens específicos da NR 32 que não foram abordados ao longo dos demais tópicos dessa unidade, não se encaixando no conteúdo pertinente a estes. Vale lembrar que a leitura na íntegra da NR 32, e seus anexos, e o seu entendimento e aplicação, são de suma importância para os profissionais de segurança e saúde no trabalho, bem como para os profissionais da saúde.

O item 32.3 da NR 32, que trata dos Riscos Químicos, aborda os requisitos para manipulação, armazenagem, descarte dos resíduos e demais fatores relacionados aos agentes químicos pertinentes aos estabelecimentos de saúde e demais disposições, como podemos visualizar na sequência (BRASIL, 2011):

32.3.1 Deve ser mantida a rotulagem do fabricante na embalagem original dos produtos químicos utilizados em serviços de saúde.32.3.2 Todo recipiente contendo produto químico manipulado ou fracionado deve ser identificado, de forma legível, por etiqueta com o nome do produto, composição química, sua concentração, data de envase e de validade, e nome do responsável pela manipulação ou fracionamento.32.3.3 É vedado o procedimento de reutilização das embalagens de produtos químicos.32.3.4 Do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA32.3.4.1 No PPRA dos serviços de saúde deve constar inventário de todos os produtos químicos, inclusive intermediários e resíduos, com indicação daqueles que impliquem riscos à segurança e saúde do trabalhador.32.3.4.1.1 Os produtos químicos, inclusive intermediários e resíduos que impliquem riscos à segurança e saúde do trabalhador, devem ter uma ficha descritiva contendo, no mínimo, as seguintes informações:a) as características e as formas de utilização do produto;b) os riscos à segurança e saúde do trabalhador e ao meio ambiente, considerando as formas de utilização;c) as medidas de proteção coletiva, individual e controle médico da saúde dos trabalhadores;d) condições e local de estocagem;e) procedimentos em situações de emergência.32.3.4.1.2 Uma cópia da ficha deve ser mantida nos locais onde o produto é utilizado.32.3.5 Do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional -

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PCMSO32.3.5.1 Na elaboração e implementação do PCMSO, devem ser consideradas as informações contidas nas fichas descritivas citadas no subitem 32.3.4.1.1.32.3.6 Cabe ao empregador:32.3.6.1 Capacitar, inicialmente e de forma continuada, os trabalhadores envolvidos para a utilização segura de produtos químicos.32.3.6.1.1 A capacitação deve conter, no mínimo:a) a apresentação das fichas descritivas citadas no subitem 32.3.4.1.1, com explicação das informações nelas contidas;b) os procedimentos de segurança relativos à utilização;c) os procedimentos a serem adotados em caso de incidentes, acidentes e em situações de emergência.32.3.7 Das Medidas de Proteção32.3.7.1 O empregador deve destinar local apropriado para a manipulação ou fracionamento de produtos químicos que impliquem riscos à segurança e saúde do trabalhador.32.3.7.1.1 É vedada a realização destes procedimentos em qualquer local que não o apropriado para este fim.32.3.7.1.2 Excetuam-se a preparação e associação de medicamentos para administração imediata aos pacientes.32.3.7.1.3 O local deve dispor, no mínimo, de:a) sinalização gráfica de fácil visualização para identificação do ambiente, respeitando o disposto na NR-26;b) equipamentos que garantam a concentração dos produtos químicos no ar abaixo dos limites de tolerância estabelecidos nas NR-09 e NR-15 e observando-se os níveis de ação previstos na NR-09;c) equipamentos que garantam a exaustão dos produtos químicos de forma a não potencializar a exposição de qualquer trabalhador, envolvido ou não, no processo de trabalho, não devendo ser utilizado o equipamento tipo coifa;d) chuveiro e lava-olhos, os quais deverão ser acionados e higienizados semanalmente;e) equipamentos de proteção individual, adequados aos riscos, à disposição dos trabalhadores;f) sistema adequado de descarte.32.3.7.2 A manipulação ou fracionamento dos produtos químicos deve ser feito por trabalhador qualificado.32.3.7.3 O transporte de produtos químicos deve ser realizado considerando os riscos à segurança e saúde do trabalhador e ao meio ambiente.32.3.7.4 Todos os estabelecimentos que realizam, ou que pretendem realizar, esterilização, reesterilização ou reprocessamento por gás óxido de etileno, deverão atender o disposto na Portaria Interministerial n.º 482/MS/TEM de 16/04/1999.32.3.7.5 Nos locais onde se utilizam e armazenam produtos inflamáveis, o sistema de prevenção de incêndio deve prever medidas especiais de segurança e procedimentos de emergência.32.3.7.6 As áreas de armazenamento de produtos químicos devem ser ventiladas e sinalizadas.32.3.7.6.1 Devem ser previstas áreas de armazenamento próprias para produtos químicos incompatíveis.32.3.8 Dos Gases Medicinais32.3.8.1 Na movimentação, transporte, armazenamento, manuseio e utilização dos gases, bem como na manutenção dos equipamentos, devem ser observadas as recomendações do fabricante, desde que compatíveis com as disposições da legislação vigente.32.3.8.1.1 As recomendações do fabricante, em português, devem ser mantidas no local de trabalho à disposição dos trabalhadores e da inspeção do trabalho.

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32.3.8.2 É vedado:a) a utilização de equipamentos em que se constate vazamento de gás;b) submeter equipamentos a pressões superiores àquelas para as quais foram projetados;c) a utilização de cilindros que não tenham a identificação do gás e a válvula de segurança;d) a movimentação dos cilindros sem a utilização dos equipamentos de proteção individual adequados;e) a submissão dos cilindros a temperaturas extremas;f) a utilização do oxigênio e do ar comprimido para fins diversos aos que se destinam;g) o contato de óleos, graxas, hidrocarbonetos ou materiais orgânicos similares com gases oxidantes;h) a utilização de cilindros de oxigênio sem a válvula de retenção ou o dispositivo apropriado para impedir o fluxo reverso;i) a transferência de gases de um cilindro para outro, independentemente da capacidade dos cilindros;j) o transporte de cilindros soltos, em posição horizontal e sem capacetes.32.3.8.3 Os cilindros contendo gases inflamáveis, tais como hidrogênio e acetileno, devem ser armazenados a uma distância mínima de oito metros daqueles contendo gases oxidantes, tais como oxigênio e óxido nitroso, ou através de barreiras vedadas e resistentes ao fogo.32.3.8.4 Para o sistema centralizado de gases medicinais devem ser fixadas placas, em local visível, com caracteres indeléveis e legíveis, com as seguintes informações:a) nominação das pessoas autorizadas a terem acesso ao local e treinadas na operação e manutenção do sistema;b) procedimentos a serem adotados em caso de emergência;c) número de telefone para uso em caso de emergência;d) sinalização alusiva a perigo.32.3.9 Dos Medicamentos e das Drogas de Risco32.3.9.1 Para efeito desta NR, consideram-se medicamentos e drogas de risco aquelas que possam causar genotoxicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade e toxicidade séria e seletiva sobre órgãos e sistemas.32.3.9.2 Deve constar no PPRA a descrição dos riscos inerentes às atividades de recebimento, armazenamento, preparo, distribuição, administração dos medicamentos e das drogas de risco.32.3.9.3 Dos Gases e Vapores Anestésicos32.3.9.3.1 Todos os equipamentos utilizados para a administração dos gases ou vapores anestésicos devem ser submetidos à manutenção corretiva e preventiva, dando-se especial atenção aos pontos de vazamentos para o ambiente de trabalho, buscando sua eliminação.32.3.9.3.2 A manutenção consiste, no mínimo, na verificação dos cilindros de gases, conectores, conexões, mangueiras, balões, traqueias, válvulas, aparelhos de anestesia e máscaras faciais para ventilação pulmonar.32.3.9.3.2.1 O programa e os relatórios de manutenção devem constar de documento próprio que deve ficar à disposição dos trabalhadores diretamente envolvidos e da fiscalização do trabalho.32.3.9.3.3 Os locais onde são utilizados gases ou vapores anestésicos devem ter sistemas de ventilação e exaustão, com o objetivo de manter a concentração ambiental sob controle, conforme previsto na legislação vigente.32.3.9.3.4 Toda trabalhadora gestante só será liberada para o trabalho em áreas com possibilidade de exposição a gases ou vapores anestésicos após autorização por escrito do médico responsável pelo PCMSO, considerando as informações contidas no PPRA.32.3.9.4 Dos Quimioterápicos Antineoplásicos32.3.9.4.1 Os quimioterápicos antineoplásicos somente devem ser preparados em área exclusiva e com acesso restrito aos profissionais diretamente envolvidos. A área deve dispor no mínimo de:

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a) vestiário de barreira com dupla câmara;b) sala de preparo dos quimioterápicos;c) local destinado para as atividades administrativas;d) local de armazenamento exclusivo para estocagem.32.3.9.4.2 O vestiário deve dispor de:a) pia e material para lavar e secar as mãos;b) lava olhos, o qual pode ser substituído por uma ducha tipo higiênica;c) chuveiro de emergência;d) equipamentos de proteção individual e vestimentas para uso e reposição;e) armários para guarda de pertences;f) recipientes para descarte de vestimentas usadas.32.3.9.4.3 Devem ser elaborados manuais de procedimentos relativos à limpeza, descontaminação e desinfecção de todas as áreas, incluindo superfícies, instalações, equipamentos, mobiliário, vestimentas, EPI e materiais.32.3.9.4.3.1 Os manuais devem estar disponíveis a todos os trabalhadores e à fiscalização do trabalho.32.3.9.4.4 Todos os profissionais diretamente envolvidos devem lavar adequadamente as mãos, antes e após a retirada das luvas.32.3.9.4.5 A sala de preparo deve ser dotada de Cabine de Segurança Biológica Classe II B2 e na sua instalação devem ser previstos, no mínimo:a) suprimento de ar necessário ao seu funcionamento;b) local e posicionamento, de forma a evitar a formação de turbulência aérea.32.3.9.4.5.1 A cabine deve:a) estar em funcionamento no mínimo por 30 minutos antes do início do trabalho de manipulação e permanecer ligada por 30 minutos após a conclusão do trabalho;b) ser submetida periodicamente a manutenções e trocas de filtros absolutos e pré-filtros de acordo com um programa escrito, que obedeça às especificações do fabricante, e que deve estar à disposição da inspeção do trabalho;c) possuir relatório das manutenções, que deve ser mantido à disposição da fiscalização do trabalho;d) ter etiquetas afixadas em locais visíveis com as datas da última e da próxima manutenção;e) ser submetida a processo de limpeza, descontaminação e desinfecção, nas paredes laterais internas e superfície de trabalho, antes do início das atividades;f) ter a sua superfície de trabalho submetida aos procedimentos de limpeza ao final das atividades e no caso de ocorrência de acidentes com derramamentos e respingos.32.3.9.4.6 Com relação aos quimioterápicos antineoplásicos, compete ao empregador:a) proibir fumar, comer ou beber, bem como portar adornos ou maquiar-se;b) afastar das atividades as trabalhadoras gestantes e nutrizes;c) proibir que os trabalhadores expostos realizem atividades com possibilidade de exposição aos agentes ionizantes;d) fornecer aos trabalhadores avental confeccionado de material impermeável, com frente resistente e fechado nas costas, manga comprida e punho justo, quando do seu preparo e administração;e) fornecer aos trabalhadores dispositivos de segurança que minimizem a geração de aerossóis e a ocorrência de acidentes durante a manipulação e administração;f) fornecer aos trabalhadores dispositivos de segurança para a prevenção de acidentes durante o transporte.32.3.9.4.7 Além do cumprimento do disposto na legislação vigente, os Equipamentos de Proteção Individual – EPI devem atender as

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seguintes exigências:a) ser avaliados diariamente quanto ao estado de conservação e segurança;b) estar armazenados em locais de fácil acesso e em quantidade suficiente para imediata substituição, segundo as exigências do procedimento ou em caso de contaminação ou dano.32.3.9.4.8 Com relação aos quimioterápicos antineoplásicos é vedado:a) iniciar qualquer atividade na falta de EPI;b) dar continuidade às atividades de manipulação quando ocorrer qualquer interrupção do funcionamento da cabine de segurança biológica.32.3.9.4.9 Dos Procedimentos Operacionais em Caso de Ocorrência de Acidentes Ambientais ou Pessoais.32.3.9.4.9.1 Com relação aos quimioterápicos, entende-se por acidente:a) ambiental: contaminação do ambiente devido à saída do medicamento do envase no qual esteja acondicionado, seja por derramamento ou por aerodispersoides sólidos ou líquidos;b) pessoal: contaminação gerada por contato ou inalação dos medicamentos da terapia quimioterápica antineoplásica em qualquer das etapas do processo.32.3.9.4.9.2 As normas e os procedimentos, a serem adotados em caso de ocorrência de acidentes ambientais ou pessoais, devem constar em manual disponível e de fácil acesso aos trabalhadores e à fiscalização do trabalho.32.3.9.4.9.3 Nas áreas de preparação, armazenamento e administração e para o transporte deve ser mantido um “Kit” de derramamento identificado e disponível, que deve conter, no mínimo: luvas de procedimento, avental impermeável, compressas absorventes, proteção respiratória, proteção ocular, sabão, recipiente identificado para recolhimento de resíduos e descrição do procedimento.32.3.10 Da Capacitação32.3.10.1 Os trabalhadores envolvidos devem receber capacitação inicial e continuada que contenha, no mínimo:a) as principais vias de exposição ocupacional;b) os efeitos terapêuticos e adversos destes medicamentos e o possível risco à saúde, a longo e curto prazo;c) as normas e os procedimentos padronizados relativos ao manuseio, preparo, transporte, administração, distribuição e descarte dos quimioterápicos antineoplásicos;d) as normas e os procedimentos a serem adotadas no caso de ocorrência de acidentes.32.3.10.1.1 A capacitação deve ser ministrada por profissionais de saúde familiarizados com os riscos inerentes aos quimioterápicos antineoplásicos.

A NR 32 dedicou especial atenção ao tratamento de resíduos por suas implicações na biossegurança pessoal e no meio ambiente. Importante ressaltar que a NR 32 não desobriga o cumprimento da Resolução ANVISA RDC nº 306, de 7 de dezembro de 2004, e Resolução CONAMA nº 358, de 29 de abril de 2005 (FAMEMA, 2015).

Com relação aos resíduos dos serviços de saúde, o item 32.5 da NR 32 (BRASIL, 2011), que trata deste tema, dispõe:

32.5.1 Cabe ao empregador capacitar, inicialmente e de forma continuada, os trabalhadores nos seguintes assuntos:a) segregação, acondicionamento e transporte dos resíduos;b) definições, classificação e potencial de risco dos resíduos;c) sistema de gerenciamento adotado internamente no estabelecimento;

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d) formas de reduzir a geração de resíduos;e) conhecimento das responsabilidades e de tarefas;f) reconhecimento dos símbolos de identificação das classes de resíduos;g) conhecimento sobre a utilização dos veículos de coleta;h) orientações quanto ao uso de Equipamentos de Proteção Individual – EPIs.32.5.2 Os sacos plásticos utilizados no acondicionamento dos resíduos de saúde devem atender ao disposto na NBR 9191 e ainda ser:a) preenchidos até 2/3 de sua capacidade;b) fechados de tal forma que não se permita o seu derramamento, mesmo que virados com a abertura para baixo;c) retirados imediatamente do local de geração após o preenchimento e fechamento;d) mantidos íntegros até o tratamento ou a disposição final do resíduo.32.5.3 A segregação dos resíduos deve ser realizada no local onde são gerados, devendo ser observado que:a) sejam utilizados recipientes que atendam as normas da ABNT, em número suficiente para o armazenamento;b) os recipientes estejam localizados próximos da fonte geradora;c) os recipientes sejam constituídos de material lavável, resistente à punctura, ruptura e vazamento, com tampa provida de sistema de abertura sem contato manual, com cantos arredondados e que sejam resistentes ao tombamento;d) os recipientes sejam identificados e sinalizados segundo as normas da ABNT.32.5.3.1 Os recipientes existentes nas salas de cirurgia e de parto não necessitam de tampa para vedação.32.5.3.2 Para os recipientes destinados a coleta de material perfurocortante, o limite máximo de enchimento deve estar localizado 5 cm abaixo do bocal.32.5.3.2.1 O recipiente para acondicionamento dos perfurocortantes deve ser mantido em suporte exclusivo e em altura que permita a visualização da abertura para descarte.32.5.4 O transporte manual do recipiente de segregação deve ser realizado de forma que não exista o contato do mesmo com outras partes do corpo, sendo vedado o arrasto.32.5.5 Sempre que o transporte do recipiente de segregação possa comprometer a segurança e a saúde do trabalhador, devem ser utilizados meios técnicos apropriados, de modo a preservar a sua saúde e integridade física.32.5.6 A sala de armazenamento temporário dos recipientes de transporte deve atender, no mínimo, às seguintes características:I. ser dotada de:a) pisos e paredes laváveis;b) ralo sifonado;c) ponto de água;d) ponto de luz;e) ventilação adequada;f) abertura dimensionada de forma a permitir a entrada dos recipientes de transporte.II. ser mantida limpa e com controle de vetores;III. conter somente os recipientes de coleta, armazenamento ou transporte;IV.ser utilizada apenas para os fins a que se destina;V. estar devidamente sinalizada e identificada.32.5.7 O transporte dos resíduos para a área de armazenamento externo deve atender aos seguintes requisitos:a) ser feito através de carros constituídos de material rígido, lavável, impermeável, provido de tampo articulado ao próprio corpo do

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equipamento e cantos arredondados;b) ser realizado em sentido único com roteiro definido em horários não coincidentes com a distribuição de roupas, alimentos e medicamentos, períodos de visita ou de maior fluxo de pessoas.32.5.7.1 Os recipientes de transporte com mais de 400 litros de capacidade devem possuir válvula de dreno no fundo.32.5.8 Em todos os serviços de saúde deve existir local apropriado para o armazenamento externo dos resíduos, até que sejam recolhidos pelo sistema de coleta externa.32.5.8.1 O local, além de atender às características descritas no item 32.5.6, deve ser dimensionado de forma a permitir a separação dos recipientes conforme o tipo de resíduo.32.5.9 Os rejeitos radioativos devem ser tratados conforme disposto na Resolução CNEN NE-6.05.

Já no item 32.6 da NR, temos as Condições de Conforto por Ocasião das Refeições (BRASIL, 2011):

32.6.1 Os refeitórios dos serviços de saúde devem atender ao disposto na NR-24.32.6.2 Os estabelecimentos com até 300 trabalhadores devem ser dotados de locais para refeição, que atendam aos seguintes requisitos mínimos:a) localização fora da área do posto de trabalho;b) piso lavável;c) limpeza, arejamento e boa iluminação;d) mesas e assentos dimensionados de acordo com o número de trabalhadores por intervalo de descanso e refeição;e) lavatórios instalados nas proximidades ou no próprio local;f) fornecimento de água potável;g) possuir equipamento apropriado e seguro para aquecimento de refeições.32.6.3 Os lavatórios para higiene das mãos devem ser providos de papel toalha, sabonete líquido e lixeira com tampa, de acionamento por pedal.

O item 32.7 da NR aborda sobre as Lavanderias (BRASIL, 2011):

32.7.1 A lavanderia deve possuir duas áreas distintas, sendo uma considerada suja e outra limpa, devendo ocorrer na primeira o recebimento, classificação, pesagem e lavagem de roupas, e na segunda a manipulação das roupas lavadas.32.7.2 Independente do porte da lavanderia, as máquinas de lavar devem ser de porta dupla ou de barreira, em que a roupa utilizada é inserida pela porta situada na área suja, por um operador e, após lavada, retirada na área limpa, por outro operador.32.7.2.1 A comunicação entre as duas áreas somente é permitida por meio de visores ou intercomunicadores.32.7.3 A calandra deve ter:a) termômetro para cada câmara de aquecimento, indicando a temperatura das calhas ou do cilindro aquecido;b) termostato;c) dispositivo de proteção que impeça a inserção de segmentos corporais dos trabalhadores junto aos cilindros ou partes móveis da máquina.32.7.4 As máquinas de lavar, centrífugas e secadoras devem ser dotadas de dispositivos eletromecânicos que interrompam seu funcionamento quando da abertura de seus compartimentos.

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Da Limpeza e Conservação está identificada no item 32.8 (BRASIL, 2011):

32.8.1 Os trabalhadores que realizam a limpeza dos serviços de saúde devem ser capacitados, inicialmente e de forma continuada, quanto aos princípios de higiene pessoal, risco biológico, risco químico, sinalização, rotulagem, EPI, EPC e procedimentos em situações de emergência.32.8.1.1 A comprovação da capacitação deve ser mantida no local de trabalho, à disposição da inspeção do trabalho.32.8.2 Para as atividades de limpeza e conservação, cabe ao empregador, no mínimo:a) providenciar carro funcional destinado à guarda e transporte dos materiais e produtos indispensáveis à realização das atividades;b) providenciar materiais e utensílios de limpeza que preservem a integridade física do trabalhador;c) proibir a varrição seca nas áreas internas;d) proibir o uso de adornos.32.8.3 As empresas de limpeza e conservação que atuam nos serviços de saúde devem cumprir, no mínimo, o disposto nos itens 32.8.1 e 32.8.2.

Acadêmico(a), preste atenção que a NR 32 ainda dispõem de meios sobre a Manutenção de Máquinas e Equipamentos no item 32.9 (BRASIL, 2011):

32.9.1 Os trabalhadores que realizam a manutenção, além do treinamento específico para sua atividade, devem também ser submetidos à capacitação inicial e de forma continuada, com o objetivo de mantê-los familiarizados com os princípios de:a) higiene pessoal;b) riscos biológicos (precauções universais), físico e químico;c) sinalização;d) rotulagem preventiva;e) tipos de EPC e EPI, acessibilidade e seu uso correto.32.9.1.1 As empresas que prestam assistência técnica e manutenção nos serviços de saúde devem cumprir o disposto no item 32.9.1.32.9.2 Todo equipamento deve ser submetido à prévia descontaminação para realização de manutenção.32.9.2.1 Na manutenção dos equipamentos, quando a descontinuidade de uso acarrete risco à vida do paciente, devem ser adotados procedimentos de segurança visando a preservação da saúde do trabalhador.32.9.3 As máquinas, equipamentos e ferramentas, inclusive aquelas utilizadas pelas equipes de manutenção, devem ser submetidos à inspeção prévia e às manutenções preventivas de acordo com as instruções dos fabricantes, com a norma técnica oficial e legislação vigentes.32.9.3.1 A inspeção e a manutenção devem ser registradas e estar disponíveis aos trabalhadores envolvidos e à fiscalização do trabalho.32.9.3.2 As empresas que prestam assistência técnica e manutenção nos serviços de saúde devem cumprir o disposto no item 32.9.3.32.9.3.3 O empregador deve estabelecer um cronograma de manutenção preventiva do sistema de abastecimento de gases e das capelas, devendo manter um registro individual da mesma, assinado pelo profissional que a realizou.32.9.4 Os equipamentos e meios mecânicos utilizados para transporte devem ser submetidos periodicamente à manutenção, de forma a conservar os sistemas de rodízio em perfeito estado de funcionamento.32.9.5 Os dispositivos de ajuste dos leitos devem ser submetidos à manutenção preventiva, assegurando a lubrificação permanente, de forma a garantir sua operação sem sobrecarga para os trabalhadores.

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32.9.6 Os sistemas de climatização devem ser submetidos a procedimentos de manutenção preventiva e corretiva para preservação da integridade e eficiência de todos os seus componentes.32.9.6.1 O atendimento do disposto no item 32.9.6 não desobriga o cumprimento da Portaria GM/MS n.° 3.523 de 28/08/98 e demais dispositivos legais pertinentes.

No item 32.10, temos as Disposições Gerais (BRASIL, 2011):

32.10.1 Os serviços de saúde devem:a) atender as condições de conforto relativas aos níveis de ruído previstas na NB 95 da ABNT;b) atender as condições de iluminação conforme NB 57 da ABNT;c) atender as condições de conforto térmico previstas na RDC 50/02 da ANVISA;d) manter os ambientes de trabalho em condições de limpeza e conservação.32.10.2 No processo de elaboração e implementação do PPRA e do PCMSO devem ser consideradas as atividades desenvolvidas pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar – CCIH do estabelecimento ou comissão equivalente.32.10.3 Antes da utilização de qualquer equipamento, os operadores devem ser capacitados quanto ao modo de operação e seus riscos.32.10.4 Os manuais do fabricante de todos os equipamentos e máquinas, impressos em língua portuguesa, devem estar disponíveis aos trabalhadores envolvidos.32.10.5 É vedada a utilização de material médico-hospitalar em desacordo com as recomendações de uso e especificações técnicas descritas em seu manual ou em sua embalagem.32.10.6 Em todo serviço de saúde deve existir um programa de controle de animais sinantrópicos, o qual deve ser comprovado sempre que exigido pela inspeção do trabalho.32.10.7 As cozinhas devem ser dotadas de sistemas de exaustão e outros equipamentos que reduzam a dispersão de gorduras e vapores, conforme estabelecido na NBR 14518.32.10.8 Os postos de trabalho devem ser organizados de forma a evitar deslocamentos e esforços adicionais.32.10.9 Em todos os postos de trabalho devem ser previstos dispositivos seguros e com estabilidade, que permitam aos trabalhadores acessar locais altos sem esforço adicional.32.10.10 Nos procedimentos de movimentação e transporte de pacientes deve ser privilegiado o uso de dispositivos que minimizem o esforço realizado pelos trabalhadores.32.10.11 O transporte de materiais que possa comprometer a segurança e a saúde do trabalhador deve ser efetuado com auxílio de meios mecânicos ou eletromecânicos.32.10.12 Os trabalhadores dos serviços de saúde devem ser:a) capacitados para adotar mecânica corporal correta, na movimentação de pacientes ou de materiais, de forma a preservar a sua saúde e integridade física;b) orientados nas medidas a serem tomadas diante de pacientes com distúrbios de comportamento.32.10.13 O ambiente onde são realizados procedimentos que provoquem odores fétidos deve ser provido de sistema de exaustão ou outro dispositivo que os minimizem.32.10.14 É vedado aos trabalhadores pipetar com a boca.

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32.10.15 Todos os lavatórios e pias devem:a) possuir torneiras ou comandos que dispensem o contato das mãos quando do fechamento da água;b) ser providos de sabão líquido e toalhas descartáveis para secagem das mãos.32.10.16 As edificações dos serviços de saúde devem atender ao disposto na RDC 50, de 21 de fevereiro de 2002, da ANVISA.

E no item 32.11 as Disposições Finais (BRASIL, 2011):

32.11.1 A observância das disposições regulamentares constantes dessa Norma Regulamentadora - NR, não desobriga as empresas do cumprimento de outras disposições que, com relação à matéria, sejam incluídas em códigos ou regulamentos sanitários dos Estados, Municípios e do Distrito Federal, e outras oriundas de convenções e acordos coletivos de trabalho, ou constantes nas demais NR e legislação federal pertinente à matéria.32.11.2 Todos os atos normativos mencionados nesta NR, quando substituídos ou atualizados por novos atos, terão a referência automaticamente atualizada em relação ao ato de origem.32.11.3 Ficam criadas a Comissão Tripartite Permanente Nacional da NR-32, denominada CTPN da NR-32, e as Comissões Tripartites Permanentes Regionais da NR-32, no âmbito das Unidades da Federação, denominadas CTPR da NR-32.32.11.3.1 As dúvidas e dificuldades encontradas durante a implantação e o desenvolvimento continuado desta NR deverão ser encaminhadas à CTPN.32.11.4 A responsabilidade é solidária entre contratantes e contratados quanto ao cumprimento desta NR.

A NR 32 ainda traz em seus anexos os critérios de classificação dos agentes biológicos e, no Anexo II, apresenta uma tabela de agentes biológicos, classificados nas classes de risco 2, 3 e 4, de acordo com os critérios citados no Anexo I.

Caro(a) acadêmico(a), como a NR 32 é a única NR que se refere especificamente aos serviços de saúde, torna-se ampla e abrange diversos temas que se relacionam a esses tipos de serviços, portanto, sua leitura na íntegra faz-se necessária, tendo em vista sua atual importância e considerando os riscos biológicos.

NOTA

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4 NORMAS INTERNACIONAISAs normas nacionais e internacionais definem funções que envolvem

adaptação do ambiente de trabalho, mudança das práticas e comportamento dos trabalhadores, fornecimento gratuito de materiais e equipamentos seguros, assistência médica, capacitação e vigilância (GALON et al, 2011).

O estudo realizado por Galon et al. (2011) agrupou os dados em cinco temas para melhor compreensão das informações, e faz a relação destes temas com o que especifica as normas internacionais. O quadro a seguir traz os temas e as normas internacionais que norteiam cada tema. Para saber: OIT – Organização Internacional do Trabalho; CDC - Centers for Disease Control and Prevention (US).

QUADRO 19 - RELAÇÃO DOS TEMAS E AS NORMAS INTERNACIONAIS PERTINENTES

Tema Normas internacionaisFunção dos empregadores • A Recomendação da OIT n° 97 trata desse aspecto,

preconizando que o empregador deve adotar medidas para que os resíduos não se acumulem, constituindo um risco para a saúde no ambiente de trabalho.• Bloodborne Pathogens Standard, nos Estados Unidos, preconiza que os empregadores devem vedar a utilização de pias de trabalho para outros fins não previstos, a proibição do ato de fumar, do uso de adornos e lentes de contato e do consumo de alimentos e bebidas nos postos de trabalho.• OIT também define que o empregador deve prever medidas para atuar frente a situações de urgência e emergência, proporcionando primeiros auxílios sem custo ao empregado.• Para o CDC, os materiais perfurocortantes com dispositivo de segurança, como agulhas retráteis, são de fundamental importância na redução dos acidentes de trabalho e os empregadores devem avaliá-los e implementá-los.• A OIT responsabiliza os empregadores quanto à capacitação dos trabalhadores, indicando que ela deve ser contínua e sem custo, e o CDC recomenda que a educação em saúde seja transmitida de forma clara, objetiva e de fácil acesso aos profissionais de saúde.• A OIT preconiza que os empregadores têm a obrigação de consultar os trabalhadores e cooperar com eles, um elemento essencial das medidas organizativas para cumprir as normas e promover a saúde no ambiente de trabalho.• A OIT acrescenta que o EPI não deve substituir a busca pela eliminação ou redução da exposição aos agentes biológicos patogênicos e pelas medidas ambientais e coletivas.• Os empregadores, segundo a OIT, devem assegurar a vigilância, a avaliação e a inspeção periódica do ambiente de trabalho.

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Função dos trabalhadores • O uso de EPIs pelos trabalhadores é definido em várias recomendações da OIT, nas quais é mencionada a importância do uso desses equipamentos para a proteção do trabalhador. • O CDC também trata desse aspecto, definindo que para prevenir os acidentes, é necessário o uso apropriado de barreiras, como luvas e óculos de proteção.• A importância do manejo correto dos resíduos e da adoção de medidas para prevenção da infecção hospitalar, como lavagem das mãos, é recomendada pelo CDC.• Para o CDC, além de todas as medidas citadas, é preciso que haja uma equipe adequada à proporção de pacientes.

Medidas de proteção materiais e ambientais • Para a norma americana Bloodborne Pathogens Standard é obrigatória a existência de lavatório exclusivo para higiene das mãos, com água corrente, torneiras ou comandos que dispensem a abertura manual, sabonete líquido, toalha descartável e lixeira com sistema de abertura sem contato das mãos.• Segundo o CDC, no início da década de 80 as medidas de prevenção incluíam programas de educação, o não re-encape de agulhas, e melhores dispositivos de agulhas.

Vigilância/Fiscalização • Recomendação n° 171, uma das ações de vigilância do ambiente de trabalho envolve as visitas de profissionais qualificados em saúde e segurança para examinar o local e as condições laborais, com o objetivo de detectar precocemente qualquer alteração que possa causar danos à saúde dos trabalhadores.• Com relação às estatísticas dos acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, OIT e o CDC as consideram medidas básicas e essenciais para o desenvolvimento de estratégias de prevenção dos acidentes de trabalho.

Treinamento/Capacitação • CDC preconiza a capacitação do quadro de funcionários e profissionais da instituição, no que diz respeito à prevenção e controle das infecções hospitalares. Essa norma internacional também orienta que as diretrizes e a educação em saúde devem ser transmitidas de forma objetiva, com linguagem clara, e de fácil acesso aos trabalhadores, o que condiz com as diretrizes da NR 32.• A recomendação n° 171 da OIT preconiza que os serviços de saúde no trabalho devem participar da elaboração e aplicação de programas de informação e educação dos trabalhadores sobre medidas preventivas de adoecimento e acidentes de trabalho.

FONTE: Adaptado de Galon et al. (2011, p.163-165)

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Após a identificação dos agentes e o levantamento das classes de riscos, dos grupos de profissionais expostos em cada ambiente laboral, se faz necessário o levantamento das medidas de contenção, que são tidas conforme o tipo de atividade desenvolvida e a patogenicidade dos organismos manipulados e/ou presentes no ambiente, conforme pré-avaliação.

A Fiocruz (2005) especifica que, para manipulação dos microrganismos pertencentes a cada uma das quatro classes de risco, devem ser atendidos alguns requisitos de segurança, conforme o nível de contenção necessário. Estes níveis de contenção são denominados de níveis de Biossegurança. Os níveis são designados em ordem crescente, pelo grau de proteção proporcionado ao pessoal do laboratório, meio ambiente e à comunidade.

O quadro a seguir faz uma relação dos níveis de biossegurança para cada classe de risco, bem como especificidades de cada nível.

QUADRO 20 - DEFINIÇÃO DOS NÍVEIS DE BIOSSEGURANÇA

Níveis de Biossegurança Definição dos níveis de Biossegurança

O nível de Biossegurança 1

É o nível de contenção laboratorial que se aplica aos laboratórios de ensino básico, onde são manipulados os microrganismos pertencentes a classe de risco 1. Não é requerida nenhuma característica de desenho, além de um bom planejamento espacial e funcional e a adoção de boas práticas laboratoriais.

O nível de Biossegurança 2

Diz respeito ao laboratório em contenção, onde são manipulados microrganismos da classe de risco 2. Aplica-se aos laboratórios clínicos ou hospitalares de níveis primários de diagnóstico, sendo necessário, além da adoção das boas práticas, o uso de barreiras físicas primárias (cabine de segurança biológica e equipamentos de proteção individual) e secundárias (desenho e organização do laboratório).

O nível de Biossegurança 3

É destinado ao trabalho com microrganismos da classe de risco 3 ou para manipulação de grandes volumes e altas concentrações de microrganismos da classe de risco 2. Para este nível de contenção são requeridos além dos itens referidos no nível 2, desenho e construção laboratoriais especiais. Deve ser mantido controle rígido quanto à operação, inspeção e manutenção das instalações e equipamentos e o pessoal técnico deve receber treinamento específico sobre procedimentos de segurança para a manipulação destes microrganismos.

5 INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS DAS AVALIAÇÕES

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FONTE: Adaptado de Fiocruz (2005)

Níveis de Biossegurança Definição dos níveis de Biossegurança

O nível de Biossegurança 4

Ou laboratório de contenção máxima, destina-se à manipulação de microrganismos da classe de risco 4, onde há o mais alto nível de contenção, além de representar uma unidade geográfica e funcionalmente independente de outras áreas. Esses laboratórios requerem, além dos requisitos físicos e operacionais dos níveis de contenção 1, 2 e 3, barreiras de contenção (instalações, desenho equipamentos de proteção) e procedimentos especiais de segurança.

Na sequência, temos uma representação dos níveis de biossegurança, os equipamentos de proteção coletivo e individual para as classes de riscos e os níveis de segurança no trabalho, conforme a figura a seguir.

FIGURA 37 - RELAÇÃO DOS NÍVEIS DE BIOSSEGURANÇA E OS EPIs/EPCs

Riscos Biológicas em Serviços de SaúdeNíveis de Segurança no Trabalho

Nível 1 Avental, proteção respiratória, luvas, óculos CSB Classe II ANível 2 Avental, proteção respiratória, luvas, óculos CSB Classe II B2

Nível 3 Aental fechado, proteção respiratória, luvas resistentes, óculos CSB Classe II B2

Classe 4 Roupa protetora completa, proteção respiratória, luvas, óculos CSB Classe III

FONTE: Associação Brasileira de Prevenção de Acidentes (2005)

A Figura 38 ilustra o sinal de aviso de perigo que, segundo a OMS, deverá ser colocado na porta dos laboratórios de nível de biossegurança 2, 3 ou 4.

FIGURA 38 - PLACA DE SINALIZAÇÃO DE ALERTA DE PRESENÇA DE MATERIAL BIOLÓGICO

FONTE: Disponível em: <http://www.visarty.com.br/?25,sinalizacao-de-risco-e-alerta.html>. Acesso em: 10 mar. 2015.

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Este símbolo é reconhecido internacionalmente e obrigatório para diferentes estabelecimentos de saúde, conforme especificações normativas, devendo, quando necessário, restringir o acesso de pessoas não autorizados aos ambientes de manipulação e/ou contaminação por agentes biológicos, conforme podemos visualizar na figura a seguir.

FIGURA 39 - PLACA DE SINALIZAÇÃO DE ALERTA DE ACESSO À PESSOA NÃO AUTORIZADA – RISCO BIOLÓGICO

ATENÇÃO

Somentepessoaautorizada.

Risco Biológico

FONTE: Disponível em: <http://www.seton.com.br/placas-e-etiquetas/etiquetas-de-advertencia/etiquetas-de-alerta-para-maquinarios/etiqueta-de-atenccedilatildeo-somente-pessoa-autorizada-risco-bioloacutegico-c6256.html>. Acesso em: 10 mar. 2015

6 RELAÇÃO DOS RESULTADOS COM PROGRAMAS DE SEGURANÇA DO TRABALHO

No item 32.2.2 da NR 32, que trata do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA –, temos as especificações do que deve conter este programa, como podemos identificar a seguir:

O PPRA, além do previsto na NR-09, na fase de reconhecimento, deve conter:I. Identificação dos riscos biológicos mais prováveis, em função da localização geográfica e da característica do serviço de saúde e seus setores, considerando:a) fontes de exposição e reservatórios;b) vias de transmissão e de entrada;c) transmissibilidade, patogenicidade e virulência do agente;d) persistência do agente biológico no ambiente;e) estudos epidemiológicos ou dados estatísticos;f) outras informações científicas.II. Avaliação do local de trabalho e do trabalhador, considerando:a) a finalidade e descrição do local de trabalho;b) a organização e procedimentos de trabalho;c) a possibilidade de exposição;d) a descrição das atividades e funções de cada local de trabalho;e) as medidas preventivas aplicáveis e seu acompanhamento.E ainda que o PPRA deve ser reavaliado 01 (uma) vez ao ano e:a) sempre que se produza uma mudança nas condições de trabalho, que possa alterar a exposição aos agentes biológicos;b) quando a análise dos acidentes e incidentes assim o determinar.Os documentos que compõem o PPRA deverão estar disponíveis aos trabalhadores (BRASIL, 2011).

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O controle de riscos descrito no PPRA tem como objetivo eliminar ou reduzir ao mínimo a exposição dos trabalhadores do serviço de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde, aos agentes biológicos (VILELA, 2008).

DICAS

Na publicação “Diretrizes Gerais para o Trabalho em Contenção com Material Biológico”, do Ministério da Saúde, encontram-se descritas as especificações de estrutura física e operacional, visando à proteção dos trabalhadores, usuários e meio ambiente. Esses níveis aplicam-se a laboratórios de microbiologia, de diagnóstico, de pesquisa, de ensino e de produção. A publicação está disponível na internet, nos seguintes links (VILELA, 2008):

• <http://www.saudepublica.bvs.br/>• <http://dtr2001.saude.gov.br/editora/produtos/livros/pdf/04_0408_M.pdf>• <http://www.anvisa.gov.br/reblas/diretrizes.pdf>

Segundo a apresentação de Auditora do Trabalho (MARTINS, 2009), temos a relação dos programas PPRA e PCMSO com as diretrizes constantes da NR 32, como podemos identificar na figura a seguir:

FIGURA 40 - IMPLANTAÇÃO DA NR 32 E A RELAÇÃO COM OS PROGRAMAS: PPRA E PCMSO

FONTE: Martins (2009)

Na sequência, veremos o que nos diz a NR 32 quanto ao item 32.2.3, que trata do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO. O PCMSO, além do previsto na NR 07, e observando o disposto no inciso I do item 32.2.2.1, deve contemplar (BRASIL, 2011):

a) o reconhecimento e a avaliação dos riscos biológicos;b) a localização das áreas de risco segundo os parâmetros do item 32.2.2;c) a relação contendo a identificação nominal dos trabalhadores, sua

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função, o local em que desempenham suas atividades e o risco a que estão expostos;d) a vigilância médica dos trabalhadores potencialmente expostos;e) o programa de vacinação.Sempre que houver transferência permanente ou ocasional de um trabalhador para um outro posto de trabalho, que implique mudança de risco, esta deve ser comunicada de imediato ao médico coordenador ou responsável pelo PCMSO.O item 32.2.3.3 aborda que com relação à possibilidade de exposição acidental aos agentes biológicos, deve constar do PCMSO:a) os procedimentos a serem adotados para diagnóstico, acompanhamento e prevenção da soroconversão e das doenças;b) as medidas para descontaminação do local de trabalho;c) o tratamento médico de emergência para os trabalhadores;d) a identificação dos responsáveis pela aplicação das medidas pertinentes;e) a relação dos estabelecimentos de saúde que podem prestar assistência aos trabalhadores;f) as formas de remoção para atendimento dos trabalhadores;g) a relação dos estabelecimentos de assistência à saúde depositários de imunoglobulinas, vacinas, medicamentos necessários, materiais e insumos especiais.O PCMSO deve estar à disposição dos trabalhadores, bem como da inspeção do trabalho.Em toda ocorrência de acidente envolvendo riscos biológicos, com ou sem afastamento do trabalhador, deve ser emitida a Comunicação de Acidente de Trabalho – CAT.Referente ao item 32.2.4, das Medidas de Proteção, estas devem ser adotadas a partir do resultado da avaliação, previstas no PPRA, observando o disposto no item 32.2.2.Em caso de exposição acidental ou incidental, medidas de proteção devem ser adotadas imediatamente, mesmo que não previstas no PPRA.A manipulação em ambiente laboratorial deve seguir as orientações contidas na publicação do Ministério da Saúde – Diretrizes Gerais para o Trabalho em Contenção com Material Biológico, correspondentes aos respectivos microrganismos.Todo local onde exista possibilidade de exposição ao agente biológico deve ter lavatório exclusivo para higiene das mãos provido de água corrente, sabonete líquido, toalha descartável e lixeira provida de sistema de abertura sem contato manual.Os quartos ou enfermarias destinados ao isolamento de pacientes portadores de doenças infectocontagiosas devem conter lavatório em seu interior.O uso de luvas não substitui o processo de lavagem das mãos, o que deve ocorrer, no mínimo, antes e depois do uso das mesmas.Os trabalhadores com feridas ou lesões nos membros superiores só podem iniciar suas atividades após avaliação médica obrigatória com emissão de documento de liberação para o trabalho.Segundo a NR, o empregador deve vedar:a) a utilização de pias de trabalho para fins diversos dos previstos;b) o ato de fumar, o uso de adornos e o manuseio de lentes de contato nos postos de trabalho;c) o consumo de alimentos e bebidas nos postos de trabalho;d) a guarda de alimentos em locais não destinados para este fim;e) o uso de calçados abertos.Todos trabalhadores com possibilidade de exposição a agentes biológicos devem utilizar vestimenta de trabalho adequada e em condições de conforto.A vestimenta deve ser fornecida sem ônus para o empregado.Os trabalhadores não devem deixar o local de trabalho com os

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equipamentos de proteção individual e as vestimentas utilizadas em suas atividades laborais.O empregador deve providenciar locais apropriados para fornecimento de vestimentas limpas e para deposição das usadas.A higienização das vestimentas utilizadas nos centros cirúrgicos e obstétricos, serviços de tratamento intensivo, unidades de pacientes com doença infectocontagiosa e quando houver contato direto da vestimenta com material orgânico, deve ser de responsabilidade do empregador.

Segundo o item 32.2.4.9 da NR 32 (BRASIL, 2011), o empregador deve assegurar capacitação aos trabalhadores antes do início das atividades e de forma continuada, devendo ser ministrada:

a) sempre que ocorra uma mudança das condições de exposição dos trabalhadores aos agentes biológicos;b) durante a jornada de trabalho;c) por profissionais de saúde familiarizados com os riscos inerentes aos agentes biológicos.A capacitação deve ser adaptada à evolução do conhecimento e à identificação de novos riscos biológicos e deve incluir:a) os dados disponíveis sobre riscos potenciais para a saúde;b) medidas de controle que minimizem a exposição aos agentes;c) normas e procedimentos de higiene;d) utilização de equipamentos de proteção coletiva, individual e vestimentas de trabalho;e) medidas para a prevenção de acidentes e incidentes;f) medidas a serem adotadas pelos trabalhadores no caso de ocorrência de incidentes e acidentes.O empregador deve comprovar para a inspeção do trabalho a realização da capacitação através de documentos que informem a data, o horário, a carga horária, o conteúdo ministrado, o nome e a formação ou capacitação profissional do instrutor e dos trabalhadores envolvidos.

Em todo local onde exista a possibilidade de exposição a agentes biológicos, devem ser fornecidas aos trabalhadores instruções escritas, em linguagem acessível, das rotinas realizadas no local de trabalho e medidas de prevenção de acidentes e de doenças relacionadas ao trabalho, conforme o item 32.2.4.10 (BRASIL, 2011). E as instruções devem ser entregues ao trabalhador, mediante recibo, devendo este ficar à disposição da inspeção do trabalho.

Os trabalhadores do serviço de saúde, bem como aqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde, irão aderir mais facilmente a um programa de prevenção de riscos se compreenderem suas premissas e objetivos. Assim, a capacitação dos trabalhadores é um elemento que contribui para a implementação do PPRA (VILELA, 2008).

E, ainda, é importante ressaltar que, como o risco biológico pode variar entre as diversas funções, a capacitação deve ter seu conteúdo planejado de acordo com o risco de cada uma, conforme identificado no PPRA (VILELA, 2008).

Ao propor medidas para o controle de riscos, deve-se observar a ordem de prioridade conforme o quadro a seguir.

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QUADRO 21 - ORDEM DE PRIORIDADES PARA MEDIDAS DE CONTROLE DE RISCOS

Ordem de prioridades para medidas de controle de riscos1 - Medidas para o controle de riscos na fonte, que eliminem ou reduzam a presença dos agentes biológicos, como:

• Redução do contato dos trabalhadores do serviço de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde com pacientes-fonte (potencialmente portadores de agentes biológicos), evitando-se procedimentos desnecessários;• Afastamento temporário dos trabalhadores do serviço de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde com possibilidade de transmitir agentes biológicos;• Eliminação de plantas presentes nos ambientes de trabalho;• Eliminação de outras fontes e reservatórios, não permitindo o acúmulo de resíduos e higienização, substituição ou descarte de equipamentos, instrumentos, ferramentas e materiais contaminados;• Restrição do acesso de visitantes e terceiros que possam representar fonte de exposição;• Manutenção do agente restrito à fonte de exposição ou ao seu ambiente imediato, por meio do uso de sistemas fechados e recipientes fechados, enclausuramento, ventilação local exaustora, cabines de segurança biológica, segregação de materiais e resíduos, dispositivos de segurança em perfurocortantes e recipientes adequados para descarte destes perfurocortantes.

2 - Medidas para o controle de riscos na trajetória entre a fonte de exposição e o receptor ou hospedeiro, que previnam ou diminuam a disseminação dos agentes biológicos ou que reduzam a concentração desses agentes no ambiente de trabalho, como:

• Planejamento e implantação dos processos e procedimentos de recepção, manipulação e transporte de materiais, visando a redução da exposição aos agentes;• Planejamento do fluxo de pessoas de forma a reduzir a possibilidade de exposição; • Redução da concentração do agente no ambiente: isolamento de pacientes, definição de enfermarias para pacientes com a mesma doença, concepção de ambientes com pressão negativa, instalação de ventilação geral diluidora;• Realização de procedimentos de higienização e desinfecção do ambiente, dos materiais e dos equipamentos;• Realização de procedimentos de higienização e desinfecção das vestimentas;• Implantação do gerenciamento de resíduos e do controle integrado de pragas e vetores.

3 - Medidas de proteção individual, como:

• Proteção das vias de entrada do organismo (por meio do uso de Equipamentos de Proteção Individual - EPIs): respiratória, pele, mucosas;• Implementação de medidas de proteção específicas e adaptadas aos trabalhadores do serviço de saúde, bem como àqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde com maior suscetibilidade: gestantes, trabalhadores alérgicos, portadores de doenças crônicas.

FONTE: Adaptado de: Vilela (2008)

Da Vacinação dos Trabalhadores, item 32.2.4.17 da NR 32 (BRASIL, 2011):

32.2.4.17.1 A todo trabalhador dos serviços de saúde deve ser fornecido, gratuitamente, programa de imunização ativa contra tétano, difteria, hepatite B e os estabelecidos no PCMSO.32.2.4.17.2 Sempre que houver vacinas eficazes contra outros agentes biológicos a que os trabalhadores estão, ou poderão estar, expostos, o empregador deve fornecê-las gratuitamente.

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QUADRO 22 - DOENÇAS PASSÍVEIS DE IMUNIZAÇÃO

Riscos Biológicas em Serviços de SaúdeImunização: doenças imunopreviníveis

Prevalência de doenças locais e riscos individuais de exposição

▪ Hepatite B▪ Varicela▪ Sarampo▪ Influenza▪ Caxumba▪ Rubéola▪ Tétano▪ Hepatite A

▪ Raiva▪ Febre amarela▪ Coqueluche▪ Febre tifóide▪ Poliomielite▪ Doença meningocócica▪ Varíola

FONTE: Associação Brasileira de Prevenção de Acidentes (2005)

32.2.4.17.3 O empregador deve fazer o controle da eficácia da vacinação sempre que for recomendado pelo Ministério da Saúde e seus órgãos, e providenciar, se necessário, seu reforço.32.2.4.17.4 A vacinação deve obedecer às recomendações do Ministério da Saúde.32.2.4.17.5 O empregador deve assegurar que os trabalhadores sejam informados das vantagens e dos efeitos colaterais, assim como dos riscos a que estarão expostos por falta ou recusa de vacinação, devendo, nestes casos, guardar documento comprobatório e mantê-lo disponível à inspeção do trabalho.32.2.4.17.6 A vacinação deve ser registrada no prontuário clínico individual do trabalhador, previsto na NR-07.32.2.4.17.7 Deve ser fornecido ao trabalhador comprovante das vacinas recebidas.

Segundo Vilela (2008), o endereço eletrônico do Programa Nacional de Imunizações deve ser sempre consultado, ele fornece base importante no campo de vacinação: <http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=25806>.

A Associação Brasileira de Prevenção de Acidentes (2005) dispõe, em seu material sobre os riscos biológicos, e de acordo com o Manual de Vacinação do Ministério da Saúde, as doenças que são passíveis de imunização e, inclusive, prevista na nossa NR 32. Veja no Quadro 22.

7 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVOOs Equipamentos de Proteção Individuais (EPI) são empregados quando

profissionais se expõem diretamente a riscos não controláveis por outros meios técnicos de segurança, ou quando a rotina do trabalho é alterada por qualquer anormalidade, exigindo o uso de proteção pelos profissionais envolvidos.

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QUADRO 23 - NÍVEIS DE RISCO DO TRABALHO

Riscos Biológicas em Serviços de SaúdeNíveis de risco do trabalho 1, 2, 3, 4

▪ Uso de EPC (cabine de segurança biológica classe I, II ou III

▪ Uso de EPIS (protetor respiratório, óculos, luvas, protetores)

▪ Vestuário (avental, touca)▪ Procedimentos operacionais descritos

FONTE: Associação Brasileira de Prevenção de Acidentes (2005). Disponível em: <http://www.higieneocupacional.com.br/download/riscos_boechat.ppt>. Acesso em: 10 mar. 2015.

O empregador ainda deve vetar a utilização de adornos nos postos de trabalho visando à prevenção da disseminação de contaminação por estes, e está previsto na NR 32, e também no Guia Técnico sobre Riscos Biológicos (VILELA, 2008, p. 33), a saber:

A proibição do uso de adornos deve ser observada para todo trabalhador do serviço de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde expostos a agente biológico, independentemente da sua função. O PPRA deve descrever as funções e os locais de trabalho onde haja exposição ao agente biológico, conforme previsto no item 32.2.2.1. São exemplos de

Segundo Gallas e Fontana (2010, p. 791), o “dimensionamento adequado de pessoal, EPI disponíveis ao funcionamento das atividades da enfermagem no local de trabalho e vigilância das condições sanitárias parecem ser, ações prioritárias para a promoção da saúde do trabalhador e do usuário”.

Ainda nesse contexto, “ao trabalhar sob condições inseguras, seja por não adesão às precauções universais, seja por sobrecarga de atividades, seja por condições físicas insalubres o trabalhador fragiliza-se, o que favorece o adoecimento” (GALLAS; FONTANA, 2010, p. 791).

Segundo a NR 32 (BRASIL, 2011),

Equipamentos de Proteção Individual - EPI, descartáveis ou não, deverão estar à disposição em número suficiente nos postos de trabalho, de forma que seja garantido o imediato fornecimento ou reposição. Para tanto o item 32.2.4.8 diz que o empregador deve: a) garantir a conservação e a higienização dos materiais e instrumentos de trabalho; e b) providenciar recipientes e meios de transporte adequados para materiais infectantes, fluidos e tecidos orgânicos.

A Associação Brasileira de Prevenção de Acidentes (2005) dispõe, em seu material sobre os riscos biológicos, os EPCs e EPIs necessários para o desenvolvimento de atividades em diferentes níveis de risco, conforme o Quadro 11, na sequência.

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FIGURA 41 - PROCESSO DE LAVAGEM DAS MÃOS

FONTE: Disponível em: <http://prosegonline.com.br/novidades/medidas-preventivas-de-protecao-individual-um-resumo-para-os-profissionais-da-area-de-saude/>. Acesso em: 10 mar. 2015.

FONTE: Disponível em: <http://www.mameluko.com.br/calcados-hospital-e-clinica-enfermagem.html>. Acesso em: 10 mar. 2015.

FIGURA 42 - EXEMPLO DE CALÇADO FECHADO PARA ÁREA SAÚDE

Deve ser vetado, ainda, pelo empregador o uso de calçado aberto, também previsto na NR 32 e especificado na obra de Vilela (2008, p. 34):

Entende-se por calçado aberto aquele que proporciona exposição da região do calcâneo (calcanhar), do dorso (‘peito’) ou das laterais do pé. A proibição aplica-se aos trabalhadores do serviço de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde potencialmente expostos, conforme definido no PPRA. O PPRA deve indicar as características dos calçados a serem utilizados nos diversos postos de trabalho. A proibição do uso de calçados abertos implica o fornecimento gratuito, pelo empregador, dos calçados fechados conforme definidos no PPRA.

adornos: alianças e anéis, pulseiras, relógios de uso pessoal, colares, brincos, broches e piercings expostos. Esta proibição estende-se a crachás pendurados com cordão e gravatas.

E ainda, a NR 32 define no item 32.2.4.3.2 que o uso de luvas não substitui o processo de lavagem das mãos, o que deve ocorrer, no mínimo, antes e depois do uso delas. Na figura a seguir, podemos identificar o processo de lavagem das mãos, vale ressaltar que esse procedimento amplamente preconizado nos serviços de saúde é um procedimento técnico, e os trabalhadores devem seguir os manuais para que a contaminação por agentes patológicos seja evitada. O procedimento de lavagem das mãos deve ocorrer sempre antes e após a utilização de luvas.

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A NR 32, no seu item 32.2.4.6, prevê que todos os trabalhadores com possibilidade de exposição a agentes biológicos devem utilizar vestimenta de trabalho adequada e em condições de conforto. Vilela (2008, p. 34) complementa que:

Vestimentas são os trajes de trabalho, que devem ser fornecidas pelo empregador, podendo compreender trajes completos ou peças, como aventais, jalecos e capotes. O PPRA deve definir a vestimenta mais apropriada a cada situação. Em todos os casos a vestimenta fornecida deve atender a condições mínimas de conforto, especialmente o conforto térmico. Todos os EPIs devem ser retirados ao se ausentar do posto de trabalho, para tanto, o trabalhador do serviço de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde, deverá retirar as vestimentas de trabalho ao final da jornada de trabalho ou quando for usufruir de intervalo para descanso ou alimentação fora das instalações, ou ainda para realizar outra atividade fora dessas instalações, não relacionada à atividade laboral.

FIGURA 43 - EXEMPLOS DE VESTIMENTAS NA ÁREA SAÚDE

FONTE: Disponível em: <http://www.roupasprofissionaisdortmund.com/uniformes.html>. Acesso em: 10 mar. 2015.

A NR 32 (BRASIL, 2011) prevê, inclusive, nos itens que seguem:

32.2.4.6.3 O empregador deve providenciar locais apropriados para fornecimento de vestimentas limpas e para deposição das usadas.32.2.4.6.4 A higienização das vestimentas utilizadas nos centros cirúrgicos e obstétricos, serviços de tratamento intensivo, unidades de pacientes com doenças infectocontagiosa e quando houver contato direto da vestimenta com material orgânico, deve ser de responsabilidade do empregador. 32.2.4.7 Os Equipamentos de Proteção Individual - EPI, descartáveis ou não, deverão estar à disposição em número suficiente nos postos de trabalho, de forma que seja garantido o imediato fornecimento ou reposição.

Na figura a seguir, podemos identificar a utilização de EPIs em serviços de saúde. É é importante ressaltar que na área da saúde os postos de trabalho são bastante diversificados, levando-se em conta os níveis de riscos a que os trabalhadores ficam expostos. O nível de risco e os EPIs inerentes a cada atividade dependem do tipo de atividade que é desenvolvida, o tipo de material manipulado, o grau de permanência e contato com o agente patológico e a classificação de patogenicidade desse agente. De um modo geral, os procedimentos e os EPIs pertinentes a cada atividade são definidos por manuais de biossegurança, bem como devem ser previstos no PPRA dos estabelecimentos.

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FIGURA 44 - EXEMPLOS DE EPIs NA ÁREA SAÚDE

FONTE: Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAA2HYAC/bioseguranca-na-saude>. Acesso em: 10 mar. 2015.

Com relação ao item 32.3.9.4.6, referente ao trabalho com os quimioterápicos antineoplásicos, compete ao empregador:

a) proibir fumar, comer ou beber, bem como portar adornos ou maquiar-se;b) afastar das atividades as trabalhadoras gestantes e nutrizes;c) proibir que os trabalhadores expostos realizem atividades com possibilidade de exposição aos agentes ionizantes;d) fornecer aos trabalhadores avental confeccionado de material impermeável, com frente resistente e fechado nas costas, manga comprida e punho justo, quando do seu preparo e administração;e) fornecer aos trabalhadores dispositivos de segurança que minimizem a geração de aerossóis e a ocorrência de acidentes durante a manipulação e administração;f) fornecer aos trabalhadores dispositivos de segurança para a prevenção de acidentes durante o transporte.

Os Equipamentos de Proteção Individual – EPI – devem atender às seguintes exigências, previstas no item 32.3.9.4.7 da NR 32 (BRASIL, 2011), além do cumprimento do disposto na legislação vigente.

a) ser avaliados diariamente quanto ao estado de conservação e segurança;b) estar armazenados em locais de fácil acesso e em quantidade suficiente para imediata substituição, segundo as exigências do procedimento ou em caso de contaminação ou dano.

O item 32.3.9.4.8 prevê que com relação aos quimioterápicos antineoplásicos é vedado:

a) iniciar qualquer atividade na falta de EPI;b) dar continuidade às atividades de manipulação quando ocorrer qualquer interrupção do funcionamento da cabine de segurança biológica.

Na sequência, podemos identificar um modelo de cabine de segurança biológica, para nível de biossegurança 3, utilizada pela trabalhadora com os referidos Equipamentos de Proteção Individual que são exigidos para realização da atividade.

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FIGURA 45 - EXEMPLO DE CABINE DE SEGURANÇA BIOLÓGICA – NÍVEL DE BIOSSEGURANÇA 3

FONTE: Disponível em: <http://biosafety-level.wikispaces.com N%C3%ADvel+de+biosseguran%C3%A7a+3>. Acesso em: 10 mar. 2015.

Na próxima figura temos um exemplo de cabine de segurança biológica utilizada no preparo e na manipulação de medicamentos que serão oferecidos aos pacientes de um estabelecimento hospitalar. Podemos identificar que, nessa cabine, diferente da cabine visualizada anteriormente, o nível de critérios nos EPIs e na própria cabine são de fácil percepção. Na anterior, por atender a um nível de risco maior, os EPIs e a cabine apresentam grau de cuidados e critérios bem mais avançados.

Como já discutimos anteriormente, no que compete à proteção da saúde dos trabalhadores nos serviços de saúde, esta se torna bastante complexa, devido aos diversos tipos de agentes patológicos, a dificuldade de quantificação desses agentes e a gama de equipamentos e cuidados que se deve atribuir às atividades de manipulação de agentes e pacientes acometidos por doenças infectocontagiosas.

FIGURA 46 - EXEMPLO DE CABINE DE SEGURANÇA BIOLÓGICA

FONTE: Disponível em: <http://hospitalparaguacu.com.br/noticias/santa-casa-recebe-equipamento-para-auxiliar-na-manipulacao-de-medicamentos/>. Acesso em: 10 mar. 2015.

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TÓPICO 3 | NORMAS E RESULTADOS

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No item 32.4.3, alínea d, é descrito que o trabalhador que realiza atividades em áreas onde existam fontes de radiações ionizantes deve usar os EPI adequados para a minimização dos riscos (BRASIL, 2011).

Os dosímetros são considerados monitores pessoais de radiação ionizante. Eles são classificados como de leitura indireta, sendo que seus efeitos de interação da radiação são acumulados para posterior leitura (ex.: TLD, filmes dosimétricos), ou de leitura direta que possibilita a visualização imediata das interações ocorridas (ex.: caneta dosimétrica e dosímetros eletrônicos).

Para a proteção dos profissionais e pacientes, são utilizadas roupas plumbíferas quando necessitam de exames, expondo-se a radiações ionizantes. Esses equipamentos devem ser obrigatoriamente utilizados, quando da realização de exames para proteção dos demais órgãos, que estão sujeitos a alterações devido à exposição.

A figura a seguir traz o modelo de placa de sinalização alertando sobre a presença de material radioativo. Deve ser colocada e confeccionada conforme as regras das normas e sempre onde existir a presença de radiação ionizante. Nos locais de realização de exames/tratamentos, devem ser afixadas nos locais de acesso placas de sinalização alertando sobre a restrição de entrada de pessoas não autorizadas.

FIGURA 47 - PLACA DE SINALIZAÇÃO DE ALERTA DE PRESENÇA DE MATERIAL RADIOATIVO

FONTE: Disponível em: <http://www.imeb.com.br/voce-tem-ciencia-dos-niveis-de-radiacao-que-voce-se-submete-ao-realizar-um-exame-diagnostico-por-imagem/>. Acesso em: 10 mar. 2015.

A Norma Regulamentadora nº 32 (BRASIL, 2011), do Ministério do Trabalho e Emprego, estabeleceu a obrigatoriedade do uso de dispositivos de segurança em todos os objetos perfurocortantes que ofereçam risco de contaminação aos profissionais da saúde. Alguns destes dispositivos podem ser visualizados na figura a seguir.

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UNIDADE 3 | AGENTES BIOLÓGICOS

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FIGURA 48 - EXEMPLOS DE EQUIPAMENTOS/MATERIAIS COM DISPOSITIVOS DE SEGURANÇA DE USO DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE

FONTE: Disponível em: <http://www.hospitalar.com/index.php?http://www.hospitalar.com/imprensa/not3236.html>. Acesso em: 10 mar. 2015.

O quarto destinado à internação de paciente, para administração de radiofármacos, deve possuir: blindagem; paredes e pisos com cantos arredondados, revestidos de materiais impermeáveis, que permitam sua descontaminação; sanitário privativo; biombo blindado junto ao leito; sinalização externa da presença de radiação ionizante; acesso controlado.

Os Serviços de Radioterapia devem adotar, no mínimo, os seguintes dispositivos de segurança: salas de tratamento possuindo portas com sistema de intertravamento, que previnam o acesso indevido de pessoas durante a operação do equipamento; indicadores luminosos de equipamento em operação, localizados na sala de tratamento e em seu acesso externo em posição visível.

Caro(a) acadêmico(a)! Vale ressaltar que cada setor dos estabelecimentos de saúde deve disponibilizar e conter a relação dos EPIs/EPCs necessários ao desenvolvimento das atividades neste local, pois, como já identificamos ao longo desta unidade, o serviço é muito dinâmico e os riscos biológicos envolvidos variam muito. Para tanto, foi discutida a necessidade de classificação e a identificação das classes de riscos conforme os organismos manipulados ou o tipo de atividade desenvolvida, e a possível exposição a agentes biológicos.

NOTA

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TÓPICO 3 | NORMAS E RESULTADOS

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LEITURA COMPLEMENTAR

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BRASIL, 2009), em sua Cartilha de Proteção Respiratória contra Agentes Biológicos para Trabalhadores de Saúde, apresenta alguns conceitos básicos referentes à proteção respiratória de profissionais da saúde, sendo de muita importância sua leitura para complementação do conhecimento, referente aos EPIs e medidas gerais de prevenção para agentes biológicos dispersos na forma de aerossóis.

Vejamos a seguir alguns conceitos importantes, mas sugere-se a leitura do material na íntegra, visando ao melhor aprofundamento do tema e à abrangência do conteúdo.

Esta cartilha inclui somente informações relativas ao uso de EPR, uma das medidas de proteção individual. O seu conteúdo não é conflitante com o das Normas Regulamentadoras de Segurança e Saúde no Trabalho, das quais aborda aspectos práticos das exigências nelas contidas. Também, estas recomendações devem ser entendidas como parte integrante das normas técnicas que visam à prevenção e ao controle de doenças de transmissão respiratória no âmbito dos Serviços de Saúde (BRASIL, 2009).

O objetivo desta cartilha é fornecer orientações ao Trabalhador de Saúde sobre especificação, uso correto, limitações da proteção, guarda, manutenção e descarte de EPR utilizado para proteção contra a inalação de agentes biológicos, bem como sobre as exigências legais relativas ao uso desses equipamentos (BRASIL, 2009).

• Quem é considerado Trabalhador de Saúde?

Trabalhador de Saúde é todo o trabalhador que se insere direta ou indiretamente na prestação de serviços de saúde, no interior dos estabelecimentos de saúde ou em atividades de saúde, podendo deter ou não formação específica para o desempenho de funções referentes ao setor. O vínculo de trabalho com atividades no setor saúde, independentemente da formação profissional ou da capacitação do indivíduo, é o aspecto mais importante na definição de Trabalhador de Saúde.

• Como pode ocorrer a exposição aos agentes biológicos dispersos por via aérea?

O doente ou portador, quando fala, tosse ou espirra, dispersa agentes etiológicos de doenças de transmissão aérea. Deste modo, qualquer pessoa pode ser exposta a esses agentes quando em contato com o doente ou portador, ao entrar em ambientes contaminados, ou ainda, ao realizar procedimentos nestas pessoas.

• Quais as vias de transmissão dos patógenos?

As principais vias de transmissão são a via de contato e a via respiratória. Esta cartilha está direcionada para as patologias e os mecanismos de proteção das doenças de transmissão respiratória (por gotículas e aerossóis).

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UNIDADE 3 | AGENTES BIOLÓGICOS

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• Qual é a diferença entre gotículas e aerossóis?

As gotículas têm tamanho maior que 5 μm e podem atingir a via respiratória alta, ou seja, mucosa das fossas nasais e mucosa da cavidade bucal. Nos aerossóis, as partículas são menores, permanecem suspensas no ar por longos períodos de tempo e, quando inaladas, podem penetrar mais profundamente no trato respiratório. Existem doenças de transmissão respiratória por gotículas e outras de transmissão respiratória por aerossóis, as quais requerem modos de proteção diferentes.

• O que são doenças de transmissão respiratória por gotícula?

São aquelas que ocorrem pela disseminação de gotículas (partículas maiores do que 5 μm), geradas durante tosse, espirro, conversação ou na realização de diversos procedimentos, tais como: inalação, aspiração etc.

• O que são doenças de transmissão respiratória por aerossóis?

São aquelas que ocorrem pela disseminação de partículas menores do que 5 μm, geradas durante tosse, espirro, conversação ou na realização de diversos procedimentos, entre os quais pode-se citar a broncoscopia, a indução de escarro, a nebulização ultrassônica, a necropsia etc.

• Quais medidas de precaução são indicadas para doenças transmitidas por gotículas?

Quando a proximidade com o paciente for igual ou inferior a um metro, deve ser utilizada, no mínimo, a máscara cirúrgica. Para melhor definição de rotina, orienta-se que seja utilizada máscara cirúrgica sempre que entrar em contato com o paciente. Outras medidas de precaução devem ser utilizadas: internação do paciente - quarto privativo ou, caso não seja possível, em quarto de paciente com infecção pelo mesmo microrganismo (coorte), sendo a distância mínima entre os leitos de um metro, transporte de paciente - limitado, mas, quando necessário, utilizar máscara cirúrgica no paciente; visitas - restritas e orientadas pelo profissional de enfermagem.

• Quais medidas de precaução são indicadas para doenças transmitidas por aerossóis?

No caso dos aerossóis, as partículas podem se dispersar por longas distâncias e, por isso, deve ser utilizado equipamento de proteção respiratória durante todo o período que o Trabalhador de Saúde estiver em contato com o paciente. Outras medidas de precaução devem ser utilizadas: internação do paciente - quarto privativo com pressão negativa, filtragem do ar com filtros de alta eficiência (caso seja reabsorvido para o ambiente), seis a doze trocas de ar

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TÓPICO 3 | NORMAS E RESULTADOS

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por hora e manter as portas do quarto sempre fechadas. Caso a instituição não tenha quartos com estas características, manter o paciente em quarto privativo, com as portas fechadas e janelas abertas, permitindo boa ventilação; transporte de paciente - limitado, mas, quando necessário, utilizar máscara cirúrgica no paciente; visitas - restritas e orientadas pelo profissional de enfermagem.

• O que é um procedimento de alto risco de exposição para o Trabalhador de Saúde?

Para a definição de procedimento de alto risco, devem-se considerar, simultaneamente, três aspectos: a patogenicidade do agente biológico, a quantidade dele disperso no ambiente e as condições de dispersão deste agente no local. Em relação à patogenicidade, deve-se levar em consideração a classificação de risco dos agentes biológicos. No caso de agentes em que a patogenicidade não é conhecida, considera-se o agente biológico como de risco. Quanto à quantidade de aerossóis de agentes biológicos gerados no procedimento envolvido, devem-se classificar como procedimentos de alto risco aqueles que geram elevada quantidade de aerossol do patógeno, tais como a broncoscopia, a entubação, a aspiração nasofaríngea, os cuidados em traqueostomia, a fisioterapia respiratória e a necropsia envolvendo tecido pulmonar. Em relação às condições de dispersão do agente biológico, é necessário considerar um ambiente com dimensões reduzidas e mal ventilado como de maior risco do que um de grandes dimensões e bem ventilado.

• Quais medidas devem ser adotadas quando o Trabalhador de Saúde ficou exposto sem proteção à pessoa infectada por agentes transmissíveis por gotículas?

Esta situação deve ser tratada como de uma transmissão direta, que é a transferência direta e imediata de agentes infecciosos a uma porta de entrada receptiva no hospedeiro (trabalhador de saúde), que pode ser a mucosa oral e/ou nasal. As medidas iniciais a serem adotadas pelo trabalhador de saúde frente a uma exposição ocupacional sem proteção são: identificar a doença de transmissão respiratória por gotícula que o paciente é portador e, a partir de então, adotar as medidas preventivas indicadas (Ex.: para meningite, coqueluche, difteria e rubéola as medidas estão descritas no Guia de Vigilância Epidemiológica, disponível na página do Ministério da Saúde na internet – <www.saude.gov.br/svs>).

FONTE: Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/48b0da00474588939240d63fbc4c6735/tecnovigilanca_cartilha_protecao_respiratoria.pdf?MOD=AJPERES> Acesso em: 10 Mar. 2015

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Neste tópico, você viu que:

• A NR 32 abrange as situações de exposição a riscos para a saúde do profissional, a saber: dos riscos biológicos; dos riscos químicos; da radiação ionizante. Abrange ainda a questão da obrigatoriedade da vacinação do profissional de enfermagem (tétano, hepatite e o que mais estiver contido no PCMSO), com reforços pertinentes, conforme recomendação do Ministério da Saúde, devidamente registrada em prontuário funcional com comprovante ao trabalhador. Determina, ainda, algumas situações na questão de vestuário e vestiários, refeitórios, resíduos, capacitação contínua e permanente na área específica de atuação, entre outras não menos importantes.

• As normas nacionais e internacionais definem funções que envolvem adaptação do ambiente de trabalho, mudança das práticas e do comportamento dos trabalhadores, fornecimento gratuito de materiais e equipamentos seguros, assistência médica, capacitação e vigilância.

• Os trabalhadores do serviço de saúde, bem como aqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde, irão aderir mais facilmente a um programa de prevenção de riscos se compreenderem suas premissas e objetivos. Assim, a capacitação dos trabalhadores é um elemento que contribui para a implementação do PPRA.

• Ao trabalhar sob condições inseguras, seja por não adesão às precauções universais, seja por sobrecarga de atividades, seja por condições físicas insalubres o trabalhador fragiliza-se, o que favorece o adoecimento.

RESUMO DO TÓPICO 3

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AUTOATIVIDADE

1 O Ministério do Trabalho e Emprego criou uma Norma Regulamentadora específica para segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde. Qual é essa Norma Regulamentadora?

a) ( ) NR 15.b) ( ) NR 18.c) ( ) NR 25.d) ( ) NR 32.

2 Por que é tão importante os empregadores vetarem a utilização de adornos nos postos de trabalho? Cite três exemplos de adornos.

3 A Norma Regulamentadora nº 32 trata também sobre a proteção dos profissionais e pacientes. Quando e por que os profissionais e pacientes devem utilizar as roupas plumbíferas?

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