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Higiene Ocupacional INeverton Hofstadler Peixoto
Leandro Silveira Ferreira
2012Santa Maria - RS
RIO GRANDEDO SUL
INSTITUTOFEDERAL
Presidncia da Repblica Federativa do Brasil
Ministrio da Educao
Secretaria de Educao Profissional e Tecnolgica
Equipe de Acompanhamento e ValidaoColgio Tcnico Industrial de Santa Maria CTISM
Coordenao InstitucionalPaulo Roberto Colusso/CTISM
Professor-autorNeverton Hofstadler Peixoto/CTISMLeandro Silveira Ferreira/CTISM
Coordenao TcnicaIza Neuza Teixeira Bohrer/CTISM
Coordenao de DesignErika Goellner/CTISM
Reviso Pedaggica Andressa Rosemrie de Menezes Costa/CTISMFabiane Sarmento Oliveira Fruet/CTISM Janana da Silva Marinho/CTISMMarcia Migliore Freo/CTISM
Reviso TextualTatiana Rehbein/UNOCHAPEC
Reviso TcnicaJos Carlos Lorentz Aita/CTISM
IlustraoGabriel La Rocca Cser/CTISMMarcel Santos Jacques/CTISMRafael Cavalli Viapiana/CTISMRicardo Antunes Machado/CTISM
DiagramaoCssio Fernandes Lemos/CTISMLeandro Felipe Aguilar Freitas/CTISM
Colgio Tcnico Industrial de Santa MariaEste caderno foi elaborado pelo Colgio Tcnico Industrial da Universidade Federal de Santa Maria para a Rede e-Tec Brasil.
P379h Peixoto, Neverton HofstadlerHigiene ocupacional I / Neverton Hofstadler, Leandro Silveira
Ferreira. Santa Maria : UFSM, CTISM ; Rede e-Tec Brasil, 2012.92 p. : il. ; 28 cmInclui referncias
1. Segurana do trabalho 2. Higiene ocupacional 3. Riscosocupacionais 4. Riscos ambientais I. Ferreira, Leandro SilveiraII. Universidade Federal de Santa Maria. Colgio Tcnico Industrial de Santa Maria III. Escola Tcnica Aberta do Brasil IV. Ttulo.
CDU 331.45 331.47 613.6
Ficha catalogrfica elaborada por Alenir Incio Goularte CRB 10/990Biblioteca Central da UFSM
e-Tec Brasil3
Apresentao e-Tec Brasil
Prezado estudante,
Bem-vindo ao e-Tec Brasil!
Voc faz parte de uma rede nacional pblica de ensino, a Escola Tcnica Aberta
do Brasil, instituda pelo Decreto n 6.301, de 12 de dezembro 2007, com o
objetivo de democratizar o acesso ao ensino tcnico pblico, na modalidade
a distncia. O programa resultado de uma parceria entre o Ministrio da
Educao, por meio das Secretarias de Educao a Distncia (SEED) e de Edu-
cao Profissional e Tecnolgica (SETEC), as universidades e escolas tcnicas
estaduais e federais.
A educao a distncia no nosso pas, de dimenses continentais e grande
diversidade regional e cultural, longe de distanciar, aproxima as pessoas ao
garantir acesso educao de qualidade, e promover o fortalecimento da
formao de jovens moradores de regies distantes dos grandes centros
geograficamente ou economicamente.
O e-Tec Brasil leva os cursos tcnicos a locais distantes das instituies de
ensino e para a periferia das grandes cidades, incentivando os jovens a concluir
o ensino mdio. Os cursos so ofertados pelas instituies pblicas de ensino
e o atendimento ao estudante realizado em escolas-polo integrantes das
redes pblicas municipais e estaduais.
O Ministrio da Educao, as instituies pblicas de ensino tcnico, seus
servidores tcnicos e professores acreditam que uma educao profissional
qualificada integradora do ensino mdio e educao tcnica, capaz
de promover o cidado com capacidades para produzir, mas tambm com
autonomia diante das diferentes dimenses da realidade: cultural, social,
familiar, esportiva, poltica e tica.
Ns acreditamos em voc!
Desejamos sucesso na sua formao profissional!
Ministrio da Educao
Janeiro de 2010
Nosso contato
e-Tec Brasil5
Indicao de cones
Os cones so elementos grficos utilizados para ampliar as formas de
linguagem e facilitar a organizao e a leitura hipertextual.
Ateno: indica pontos de maior relevncia no texto.
Saiba mais: oferece novas informaes que enriquecem o assunto ou curiosidades e notcias recentes relacionadas ao
tema estudado.
Glossrio: indica a definio de um termo, palavra ou expresso utilizada no texto.
Mdias integradas: sempre que se desejar que os estudantes desenvolvam atividades empregando diferentes mdias: vdeos,
filmes, jornais, ambiente AVEA e outras.
Atividades de aprendizagem: apresenta atividades em diferentes nveis de aprendizagem para que o estudante possa realiz-las e
conferir o seu domnio do tema estudado.
e-Tec Brasil 6
e-Tec Brasil
Sumrio
Palavra do professor-autor 9
Apresentao da disciplina 11
Projeto instrucional 13
Aula 1 Conceituando a higiene ocupacional 151.1 Trabalho riscos 15
1.2 Conceituao 16
1.3 O que preciso para trabalhar com a higiene ocupacional? 22
Aula 2 Avaliao da exposio aos agentes ambientais 252.1 Classificao dos riscos ambientais 25
2.2 Fatores determinantes de uma exposio 26
2.3 Caractersticas das avaliaes ambientais 27
2.4 Estratgias de avaliao ambiental 29
2.5 Limites de tolerncia 30
2.6 Nvel de Ao (NA) 32
2.7 Valor Teto (VT) 33
2.8 Nexo causal 33
2.9 Medidas gerais de higiene ocupacional 33
Aula 3 Riscos fsicos: presses anormais, radiaes ionizantes e no ionizantes 39
3.1 Riscos fsicos 39
Aula 4 Riscos fsicos: rudo, temperaturas extremas, vibraes e umidade 51
4.1 Rudo 51
4.2 Temperaturas extremas 54
4.3 Vibraes 57
4.4 Umidade 58
Aula 5 Riscos qumicos: agentes qumicos 595.1 Agentes qumicos 59
5.2 As unidades de medida 61
5.3 Classificao dos agentes qumicos 62
5.4 Efeitos no organismo 69
Aula 6 Riscos qumicos: limites de tolerncia 736.1 Os limites de tolerncia 73
6.2 Adaptao dos limites de tolerncia 76
Aula 7 Riscos biolgicos 817.1 Agentes biolgicos 81
7.2 Formas de transmisso dos agentes biolgicos 82
7.3 Vias de penetrao dos agentes biolgicos 82
7.4 Classes de risco dos agentes biolgicos 84
7.5 Agentes biolgicos na NR 15, em seu Anexo 14 87
Referncias 90
Currculo do professor-autor 92
e-Tec Brasil
e-Tec Brasil9
Palavra do professor-autor
Quando estudamos a Segurana do Trabalho, na etapa anterior, podemos
perceber que a preveno uma ao essencial para a reduo dos acidentes
do trabalho. Estudamos sobre os riscos ambientais e sua diviso, bem como a
importncia das inspees de segurana. Mas como reconhecer e quantificar
os riscos ocupacionais?
A Higiene Ocupacional a disciplina que vai embasar essas aes, pois for-
necer os conhecimentos necessrios para que o Tcnico em Segurana do
Trabalho possa pautar suas aes tanto qualitativas como quantitativas. O
estudo dos riscos ocupacionais, suas subdivises, suas unidades de medida, a
instrumentao necessria e as normas envolvidas nesse trabalho so essen-
ciais para o bom desempenho profissional.
As aes principais de identificao e reduo dos riscos passam pelas etapas
de antecipao, reconhecimento, avaliao e controle, para tanto, necessrio
que compreendamos cada uma delas.
Comeamos aqui uma caminhada que culminar na disciplina de Instrumen-
tao, na ltima etapa do curso. Lembre-se de que, como disciplina bsica,
fundamental que voc estude e entenda as informaes apresentadas, pois
elas sero muito importantes, principalmente, para as disciplinas de Higiene
Ocupacional II, Higiene Ocupacional III e Toxicologia, alm de outras, no
decorrer do curso.
Voc, a partir de agora, estar comeando a aprender sobre uma das reas
fundamentais do exerccio profissional e, portanto, necessrio muito empe-
nho e dedicao. No se esquea de fazer as atividades propostas e desenvol-
ver seus conhecimentos com leituras e pesquisas nos diversos sites da rea.
Acreditamos no seu sucesso como prevencionista, mas reforamos que, o que
diferencia um bom profissional dos outros , sem dvida, o conhecimento.
Estaremos ao seu lado colaborando com seu desenvolvimento.
Neverton Hofstadler Peixoto
Leandro Silveira Ferreira
e-Tec Brasil11
Apresentao da disciplina
A disciplina de Higiene Ocupacional I tem como objetivo apresentar ao aluno
os riscos que podem estar presentes em um ambiente ocupacional, analisando
os aspectos tcnicos envolvidos, introduzindo a legislao e algumas definies
bsicas para o desenvolvimento da disciplina.
Sero apresentados conceitos iniciais sobre a higiene ocupacional e, na sequn-
cia, apresentaremos, resumidamente, os riscos fsicos, qumicos e biolgicos
com suas subdivises, unidades de medida e instrumentao.
Nessa etapa, estudaremos apenas os aspectos bsicos dos referidos riscos,
pois os aprofundamentos tcnicos necessrios merecero ateno especial e
detalhada nas etapas seguintes do curso.
No atrase estudos, realize exerccios, navegue em sites indicados para fazer leituras extras. Lembre-se de que necessrio estudar regularmente e acom-
panhar as atividades propostas. Para um bom aproveitamento ser preciso
muita disciplina, comprometimento, organizao e responsabilidade. Planeje
corretamente seus estudos, se concentre nas leituras, crie estratgias de estudo,
interaja com o ambiente virtual e administre seu tempo, s assim, ser possvel
obtermos o sucesso necessrio na aprendizagem.
Esperamos atender s suas expectativas e o convidamos a participar conosco
na construo, desenvolvimento e aperfeioamento desse curso, visto que a
sua colaborao atravs de perguntas, exposio de dvidas e exemplos, com
certeza, contribuir para torn-lo cada vez mais completo.
Seja bem-vindo!
Bons estudos!
e-Tec Brasil
Disciplina: Higiene Ocupacional I (carga horria: 60h).
Ementa: Introduo. Conceituao. Classificao dos riscos ambientais. Fato-res determinantes de uma exposio. Caracterstica fsico-qumica do agente
qumico ou natureza do agente fsico. Tempo de exposio. Concentrao
ou intensidade do agente. Suscetibilidade individual. Caractersticas das ava-
liaes ambientais. Avaliao qualitativa. Avaliao quantitativa. Estratgias
de avaliao ambiental. Limites de tolerncia. Nvel de ao. Medidas gerais
de higiene ocupacional. Riscos fsicos: definies bsicas. Presses anormais.
Radiaes ionizantes. Radiaes no ionizantes. Rudo. Temperaturas extre-
mas. Umidade. Vibraes. Riscos qumicos: definies bsicas. Classificao
dos agentes qumicos. Efeitos no organismo humano. Vias de penetrao no
organismo. Legislao em higiene ocupacional. Norma Regulamentadora N
15 (NR 15). Normas de Higiene Ocupacional NHO, ACGIH, NIOSH, OSHA.
AULA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM MATERIAISCARGA
HORRIA(horas)
1. Conceituando a higiene ocupacional
Conhecer as definies sobre higiene ocupacional.Conhecer instituies de pesquisa na rea, em mbito nacional e internacional.Conhecer as etapas de antecipao, reconhecimento e avaliao dos riscos ocupacionais.
Ambiente virtual:plataforma Moodle.Apostila didtica.Recursos de apoio: links, exerccios.
10
2. Avaliao da exposio aos agentes ambientais
Conhecer a classificao dos riscos ambientais (ocupacionais).Conhecer os fatores determinantes de uma exposio, as caractersticas e as estratgias de avaliao.
Ambiente virtual:plataforma Moodle.Apostila didtica.Recursos de apoio: links, exerccios.
10
3. Riscos fsicos: presses anormais, radiaes ionizantes e no ionizantes
Conhecer as presses anormais (hiper e hipobricas), bem como sobre os tipos de radiaes, suas unidades de medida e legislao bsica.
Ambiente virtual:plataforma Moodle.Apostila didtica.Recursos de apoio: links, exerccios.
08
4. Riscos fsicos: rudo, temperaturas extremas, vibraes e umidade
Desenvolver conhecimentos sobre rudo, temperaturas extremas, vibraes e umidade, suas unidades de medida e legislao bsica.
Ambiente virtual:plataforma Moodle.Apostila didtica.Recursos de apoio: links, exerccios.
08
Projeto instrucional
e-Tec Brasil13
AULA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM MATERIAISCARGA
HORRIA(horas)
5. Riscos qumicos: agentes qumicos
Conhecer os tipos de agentes qumicos, unidades de medida e classificao, bem como seus efeitos sobre o organismo humano.
Ambiente virtual:plataforma Moodle.Apostila didtica.Recursos de apoio: links, exerccios.
08
6. Riscos qumicos: limites de tolerncia
Conhecer os agentes qumicos, seus limites de tolerncia e a converso para a jornada de trabalho brasileira a partir de limites de tolerncia internacionais.
Ambiente virtual:plataforma Moodle.Apostila didtica.Recursos de apoio: links, exerccios.
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7. Riscos biolgicos
Conhecer os riscos biolgicos, sua classificao, suas vias de transmisso e ingresso no organismo e a legislao bsica.
Ambiente virtual:plataforma Moodle.Apostila didtica.Recursos de apoio: links, exerccios.
08
e-Tec Brasil 14
e-Tec Brasil
Aula 1 Conceituando a higiene ocupacional
Objetivos
Conhecer as definies sobre higiene ocupacional.
Conhecer instituies de pesquisa na rea, em mbito nacional e
internacional.
Conhecer as etapas de antecipao, reconhecimento e avaliao
dos riscos ocupacionais.
1.1 Trabalho riscosO desenvolvimento tecnolgico proporcionou enormes benefcios e conforto
para o homem. Apesar das grandes vantagens advindas, o progresso tambm
exps os trabalhadores a diversos agentes potencialmente nocivos que, sob
certas condies, podem provocar doenas ocupacionais ou desajustes no
organismo decorrentes das condies de trabalho.
A higiene ocupacional, com seu carter prevencionista, tem como objetivo
fundamental atuar nos ambientes de trabalho (e em ambientes afetados),
aplicando princpios administrativos, de engenharia e de medicina do traba-
lho no controle e preveno das doenas ocupacionais. Objetiva, tambm,
detectar os agentes nocivos, quantificando sua intensidade ou concentrao e
propondo medidas de controle necessrias para assegurar condies seguras
para realizao de atividades laborais.
A higiene ocupacional tambm denominada higiene industrial ou higiene
do trabalho. a rea onde os profissionais de segurana exercero grande
parte de suas atividades prevencionistas.
e-Tec BrasilAula 1 - Conceituando a higiene ocupacional 15
Figura 1.1: Higiene ocupacional atuando como proteo ao trabalhador Fonte: CTISM
1.2 ConceituaoConceituamos higiene do trabalho como a cincia e arte que se dedica ao
reconhecimento, avaliao e controle dos riscos ambientais (qumicos, fsicos,
biolgicos e ergonmicos) presentes nos locais de trabalho. Abaixo, apresen-
tamos outras definies estabelecidas por importantes rgos internacionais
de pesquisa na rea.
Segundo a American Conference of Governmental Industrial Hygienists (ACGIH Conferncia Americana de Higienistas Industriais Governamentais, 2012),
a higiene industrial uma cincia e uma arte que objetiva a antecipao, o
reconhecimento, a avaliao e o controle dos fatores ambientais e estresses,
originados nos locais de trabalho. Esses podem provocar doenas, prejuzos
sade ou ao bem-estar, desconforto significativo e ineficincia nos trabalhadores
ou entre as pessoas da comunidade.
Segundo a American Industrial Hygiene Association (AIHA Associao Americana de Higiene Industrial, 2012), a cincia e arte dedicadas ao reco-
nhecimento, avaliao, preveno e controle dos fatores ambientais, tenses
emanadas ou provocadas pelo local de trabalho que podem ocasionar enfer-
Para saber mais sobreACGIH, acesse:
http://www.acgih.org
Para saber mais sobre:AIHA, acesse:
http://www.aiha.org/aboutaiha/Pages/WhatIsanIH.aspx
Higiene Ocupacional Ie-Tec Brasil 16
midades, prejudicar a sade e o bem-estar ou desconforto significativo entre
os trabalhadores ou os cidados da comunidade.
Segundo o National Safety Council (NSC Conselho Nacional de Segurana, 2012), USA, a cincia e arte devotadas antecipao, reconhecimento,
avaliao e controle dos fatores ou sobrecargas ambientais, originadas nos locais
de trabalho que podem causar doenas, prejudicando sade e o bem-estar
ou gerando considervel desconforto e ineficincia entre trabalhadores ou
cidados da comunidade.
Segundo a British Occupational Hygiene Society (BOHS Sociedade Britnica de Higiene Ocupacional, 2012), a preveno de problemas de sade do
trabalho, atravs do reconhecimento, avaliao e controle dos riscos.
Segundo a International Occupational Hygiene Association (IOHA Associao Internacional de Higiene Ocupacional, 2012), a antecipao, reconhecimento,
avaliao e controle de riscos para a sade, no ambiente de trabalho, com
o objetivo de proteger a integridade fsica e o bem-estar do trabalhador e
salvaguardar a comunidade em geral.
A IOHA (2012) tambm define a higiene do ocupacional como a prtica de
identificao de riscos qumicos, fsicos e biolgicos, no local de trabalho,
que poderiam causar a doena ou desconforto. Tambm avalia a extenso
do risco devido exposio a estes agentes perigosos e seu controle, para
prevenir problemas de sade a longo ou curto prazo.
Segundo a Occupational Safety and Health Administration (OSHA Segurana Ocupacional e Administrao de Sade, 2012), a cincia da antecipao,
reconhecimento, avaliao e controle das condies de trabalho que podem
causar leso nos trabalhadores ou doena. Higienistas industriais usam moni-
toramento ambiental e mtodos analticos para detectar o grau de exposio
dos trabalhadores e empregam engenharia, controles de prtica profissional
e outros mtodos para conter riscos potenciais sade.
As definies de higiene podem conter uma ou outra variao conceitual,
mas todas elas, essencialmente, visam ao mesmo objetivo que proteger e
promover a sade, o bem-estar dos trabalhadores como tambm do meio
ambiente em geral, atravs de aes preventivas no ambiente de trabalho.
Para saber mais sobreNSC, acesse:http://www.nsc.org/Pages/Home.aspx
Para saber mais sobreBOHS, acesse:http://www.bohs.org/NewsItem.aspx?id=1750&terms=writing %20guidance%20for%20occupational%20hygienists
IOHA, acesse:http://ioha.net/faqs.html#on
Para saber mais sobreOSHA, acesse:http://www.osha.gov/dte/library/industrial_hygiene/industrial_hygiene.html
e-Tec BrasilAula 1 - Conceituando a higiene ocupacional 17
Figura 1.2: Instituies de pesquisa na rea de higiene ocupacionalFonte: Adaptado pelos autores
Como podemos observar, quatro so as palavras que esto presentes na
maioria das definies: antecipao, reconhecimento, avaliao e controle.
Agora, vamos saber um pouco mais sobre essas etapas.
1.2.1 AntecipaoA antecipao consiste em aes realizadas antes da concepo e instala-
o de qualquer novo local de trabalho. Envolve a anlise de projetos de
novas instalaes (impacto ambiental, sade ocupacional), equipamentos,
ferramentas, mtodos ou processos de trabalho, matrias-primas, ou ainda,
de modificaes. Visa identificar riscos potenciais, procurando alternativas
de eliminao e/ou neutralizao, ainda na fase de planejamento e projeto
(seleo de tecnologias mais seguras, menos poluentes, envolvendo, inclusive,
o descarte dos efluentes e resduos resultantes). A antecipao constitui-se de
normas, instrues e procedimentos para correto funcionamento dos processos,
visando reduzir ou eliminar riscos que possam surgir, ou seja, assegurar que
sejam tomadas medidas eficazes para evit-los. Isso pode requerer a criao de
normas ou procedimentos para compradores, projetistas e para a contratao
de prestadores de servio, de modo a reduzir-se, ao mximo, a probabilidade
de que surjam novos riscos aos processos. Nessa etapa qualitativa pode se
fazer o uso de tcnicas de anlise de riscos, como por exemplo, a APR (Anlise
Preliminar de Riscos) no projeto de novas instalaes. Exemplo: na compra
de novos equipamentos podemos especificar nveis de rudo mximos e a
obrigatoriedade de dispositivos de proteo instalados.
Higiene Ocupacional Ie-Tec Brasil 18
Figura 1.3: Antecipao aquisio de grupo gerador com cabine acsticaFonte: http://www.acusticateoria.com.br/imagem/produtos/geradores.jpg
Lembre-seSe possvel no adicione novos problemas e sim novas solues.
1.2.2 ReconhecimentoVisa identificar os diversos fatores ambientais relacionados aos processos
de trabalho, suas caractersticas intrnsecas (etapas, subprodutos, rejeitos,
produtos finais, insumos) e compreender a natureza e extenso de seus efeitos
no organismo dos trabalhadores e/ou meio ambiente. Analisa as diferentes
operaes e processos, identificando a presena de agentes fsicos, qumicos,
biolgicos e/ou ergonmicos que possam prejudicar a sade do trabalhador,
estimando o grau de risco. O reconhecimento um levantamento preliminar
qualitativo dos riscos ocupacionais e vai exigir um conhecimento extenso e
cuidadoso de processos, operaes, matrias-primas utilizadas ou geradas e
eventuais subprodutos. O PPRA (Programa de Preveno de Riscos Ambientais
NR 09), o Mapa de Riscos Ambientais (Comisso Interna de Preveno de
Acidentes NR 05) e tcnicas de anlise de riscos industriais so importantes
ferramentas de informao nessa etapa.
Figura 1.4: Observao de uma atividade para reconhecimento dos riscosFonte: CTISM
e-Tec BrasilAula 1 - Conceituando a higiene ocupacional 19
1.2.3 Avaliao o processo de avaliar e dimensionar a exposio dos trabalhadores e a
magnitude dos fatores ambientais. Nessa etapa, sero obtidas as informaes
necessrias para determinar as prioridades de monitoramento e controle
ambiental, com a interpretao dos resultados das medies representativas
das exposies, de forma a subsidiar o equacionamento das medidas de
controle. Nessa etapa, se estabelece o plano de monitoramento (estratgia de
amostragem) para avaliar quantitativamente as fontes potenciais de exposio
e a eficincia das medidas de controle. A avaliao objetiva determinar a expo-
sio, ou seja, quantas vezes e por quanto tempo o trabalhador fica exposto.
Figura 1.5: Avaliao de riscos de um espao confinado Fonte: CTISM
1.2.4 ControleSelecionar meios, medidas e aes (procedimentos de trabalho) para eliminar,
neutralizar, controlar ou reduzir, a um nvel aceitvel, os riscos ambientais, a
fim de atenuar os seus efeitos a valores compatveis com a preservao da
sade, do bem-estar e do conforto.
As medidas de controle podem estar relacionadas ao ambiente de trabalho
ou ao trabalhador. A hierarquia dos controles deve ser:hierarquia
a ordenao em ordem de importncia e/ou prioridade.
Higiene Ocupacional Ie-Tec Brasil 20
a) Controle na fonte do risco melhor forma de controle. Deve ser a pri-meira opo, envolve substituio de materiais e/ou produtos, manuten-
o, substituio ou modificao de processos e/ou equipamentos.
b) Controle na trajetria do risco (entre a fonte e o receptor) quando no for possvel o controle na fonte, podemos utilizar barreiras na trans-
misso do agente, tais como: barreiras isolantes, refletoras, sistemas de
exausto, etc.
c) Controle no receptor (trabalhador) as medidas de controle no traba-lhador s devem ser implantadas quando as medidas de controle na fon-
te e na trajetria forem inviveis, ou em situaes emergenciais. Como
exemplo, podemos citar: educao, treinamento, equipamentos de pro-
teo individual, higiene, limitao da exposio, rodzio de tarefas, etc.
Figura 1.6: Controle: ventilao local exaustora de processoFonte: CTISM
importante ressaltar o carter multidisciplinar da higiene do trabalho, que
envolve no apenas medidas de engenharia e questes estritamente tcnicas,
mas tambm, as informaes advindas de estudos mdicos do trabalhador
exposto (exames peridicos). Pretende-se, assim, determinar e identificar
possveis alteraes no seu organismo, provocadas pelos agentes agressivos, as
quais podem ter passado despercebidas ou, at mesmo, como comprovantes
de que as medidas de controle adotadas foram eficazes ou ineficazes.
e-Tec BrasilAula 1 - Conceituando a higiene ocupacional 21
Quanto mais cedo for eliminado o risco, melhor.
1.3 O que preciso para trabalhar com a higiene ocupacional?Basicamente necessrio um excelente embasamento terico, pois preci-samos conhecer processos, equipamentos e matria-prima, assim como, as
relaes exposio/dose/resposta, as metodologias de avaliao (nacionais e
internacionais), a literatura tcnica associada e o que existe em termos de
legislao e preveno j estabelecido. Na sequncia, so necessrios os conhe-cimentos prticos nos quais sero estudadas as situaes dos ambientes de trabalho, com a anlise de postos de trabalho, a deteco de contaminantes
e tempos de exposio, medies e coleta de amostras. De posse dos dados
obtidos sero necessrios os conhecimentos analticos, ou seja, a anlise dos resultados qualitativos e quantitativos dos contaminantes presentes nos
ambientes de trabalho, para comparao com padres normatizados (limites
de tolerncia). Aps o domnio desse conjunto de informaes e anlises, so
necessrios conhecimentos operacionais, ou seja, com base nas avaliaes tericas e prticas, pode-se recomendar os mtodos de controle que devem
ser implantados para eliminar e/ou reduzir os nveis de intensidade (concen-
trao) dos agentes presentes no ambiente de trabalho, bem como verificar
a eficincia das solues propostas.
Alm de tudo isso, o profissional higienista deve ser capaz de trabalhar efeti-
vamente em uma equipe multidisciplinar que envolva profissionais de outras
reas, participando da anlise de risco global e gesto de risco. Deve, ainda,
incluir-se nos processos de educao, conscientizao, informao e controle
de prticas prevencionistas que envolvam todos os nveis da empresa.
Muitas vezes, a complexidade da avaliao, ou ainda, os equipamentos
requeridos para realiz-la, iro exigir a contratao de profissionais externos
empresa com capacitao suficiente para executar tal demanda.
Lembre-sePara a excelncia na rea de higiene ocupacional necessrio muito estudo
e constante atualizao, associado ao uso de equipamentos e estratgias de
avaliao adequadas.
Higiene Ocupacional Ie-Tec Brasil 22
ResumoNesta aula, podemos conhecer um pouco sobre a higiene ocupacional, sua
conceituao e a instituies de estudo na rea, bem com estudar sobre
as etapas de antecipao, reconhecimento, avaliao e controle dos riscos
ocupacionais.
Atividades de aprendizagem1. Leia atentamente o texto abaixo e identifique aes de antecipao,
reconhecimento, avaliao e controle em segurana do trabalho. Cada
item recebeu uma numerao para voc poder conferir suas respostas.
Uma empresa metalrgica pretende comprar um estampo de corte de chapas
de ao e encaminhou ao Servio Especializado em Engenharia de Segurana e
Medicina do Trabalho (SESMT) a especificao para que avaliasse as questes
de segurana. O SESMT recomendou que fossem includas nas especificaes
proteo tipo cortina de luz eletrnica para as mos e treinamento de operao
prvio pelo fabricante.
Na chegada do equipamento, o Tcnico em Segurana do Trabalho (TST)
realizou uma anlise preliminar de risco e determinou os procedimentos
necessrios ao descarregamento3.
Com o equipamento em funcionamento, iniciou-se o treinamento prvio
(antes da mquina entrar em operao normal)4 com a participao do ins-
trutor designado pelo fornecedor, SESMT e Comisso Interna de Preveno
de Acidentes (CIPA).
Durante a operao plena do equipamento (em ritmo de produo) o TST
ao analisar as atividades detectou itens e procedimentos inseguros5 e foram
realizadas as correes necessrias6. Outro aspecto detectado pelos opera-
dores foi a posio de trabalho desconfortvel7. O SESMT acompanhou um
profissional no levantamento ergonmico8 que comprovou as anormalidades.
Instalados os novos postos de trabalho9 o SESMT verificou a nova situao
(novo levantamento realizado) e comprovou a eficcia das medidas10.
Passadas algumas semanas da operao, ocorreu um problema com a cortina
de luz protetora das mos. Para evitar a entrada em zona de perigo, este
dispositivo foi tornado inoperante, uma vez que, havendo um incidente, ele
e-Tec BrasilAula 1 - Conceituando a higiene ocupacional 23
poderia interromper a produo. Em funo da investigao do incidente11,
o SESMT determinou novo treinamento12, para que ficasse clara a prioridade
da segurana do trabalho sobre a produo. Ficou estabelecido pelo SESMT
que inspees regulares13 seriam realizadas para avaliao dos procedimentos
de trabalho no equipamento.
Fonte: Autores
Higiene Ocupacional Ie-Tec Brasil 24
e-Tec Brasil
Aula 2 Avaliao da exposio aos agentes ambientais
Objetivos
Conhecer a classificao dos riscos ambientais (ocupacionais).
Conhecer os fatores determinantes de uma exposio, as caracte-
rsticas e as estratgias de avaliao.
2.1 Classificao dos riscos ambientaisNa maioria das atividades industriais existem processos capazes de gerarem,
no ambiente de trabalho, substncias e fenmenos fsicos que, em funo de
sua natureza, concentrao ou intensidade, ao entrarem em contato com o
organismo dos trabalhadores, podem produzir molstias ou danos sua sade.
Na higiene ocupacional, dividimos os riscos presentes no ambiente de trabalho em:
Riscos fsicos.
Riscos qumicos.
Riscos biolgicos.
Riscos ergonmicos.
Cada um destes grupos subdivide-se de acordo com as consequncias fisiol-
gicas que podem provocar, quer em funo das caractersticas fsico-qumicas,
concentrao ou intensidade dos agentes, quer segundo sua ao sobre o
organismo. Mais adiante estudaremos com maiores detalhes cada um desses
riscos ambientais.
Os riscos ergonmicos, apesar de fazerem parte da higiene ocupacional, por
suas caractersticas especiais tm sido, na maioria dos casos, estudados em
separado, como parte integrante da cincia chamada de ergonomia, que voc estudar no decorrer de seu curso.
ergonomia a cincia que visaestabelecer parmetros que permitam a adaptao das condies de trabalho s caractersticas psicofisiolgicas dos trabalhadores, e de modoa proporcionar um mximode conforto, segurana e desempenho eficiente(BRASIL, 1978a).
e-Tec BrasilAula 2 - Avaliao da exposio aos agentes ambientais 25
2.2 Fatores determinantes de uma exposioNa prtica da higiene ocupacional, os resultados de avaliao da exposio
so, frequentemente, comparados com os limites de exposio ocupacional
(limites de tolerncia). Esses fornecem orientaes para estabelecer nveis
aceitveis de exposio e seu controle. Exposio acima dos limites requer
medidas corretivas imediatas. Para os profissionais prevencionistas a interveno
ser no nvel de ao, que geralmente a metade do limite de tolerncia.
Em funo das dificuldades em se realizar uma avaliao representativa da
exposio, recomenda-se, sempre, uma anlise criteriosa dos resultados, pois
muitas variveis esto presentes.
2.2.1 Caractersticas fsico-qumicas do agente qumico ou natureza do agente fsicoO conhecimento das caractersticas especficas de cada agente fundamental
na definio de seu potencial de agressividade e, inclusive, na proposio de
medidas tcnicas para a sua neutralizao. Cada agente ambiental tem carac-
tersticas e efeitos especficos de acordo com sua natureza. O primeiro passo
na avaliao de uma exposio a identificao do(s) agente(s) presente(s) e
as possveis consequncias desta exposio. Como exemplo, podemos citar a
densidade de um gs ou vapor de um agente qumico que ir afetar a distri-
buio e concentrao no ambiente (os gases mais densos que o ar tendem
a se acumular ao nvel do solo e, consequentemente, tero a sua disperso
dificultada quando comparada disperso dos gases com densidade prxima
ou inferior densidade do ar).
2.2.2 Tempo de exposioQuanto maior o tempo de exposio, maiores sero as possibilidades de se
produzir uma doena ocupacional. O tempo real de exposio ser determi-
nado considerando-se a anlise da tarefa desenvolvida pelo trabalhador. Essa
anlise deve incluir estudos tais como: tipo de atividade e suas particularidades,
movimento do trabalhador ao efetuar o seu servio, jornada de trabalho e
descanso. Devem ser consideradas todas as suas possveis variaes durante
a jornada de trabalho, de forma a subsidiar o dimensionamento da avaliao
quantitativa da exposio.
2.2.3 Concentrao ou intensidade do agenteQuanto maior a concentrao ou intensidade dos agentes agressivos presentes
no ambiente de trabalho, maior ser a possibilidade de efeitos nocivos sade
dos trabalhadores. A concentrao dos agentes qumicos ou a intensidade
Higiene Ocupacional Ie-Tec Brasil 26
dos agentes fsicos devem ser avaliadas, mediante amostragem nos locais de
trabalho, de maneira tal que elas sejam as mais representativas possveis da
exposio real do trabalhador a esses agentes agressivos. Esse cuidado na
avaliao, faz-se necessrio, pois, muitas variveis esto envolvidas e influem
diretamente na representatividade. Como exemplo, podemos citar a tempe-
ratura em uma exposio a um determinado agente qumico.
2.2.4 Suscetibilidade individualA complexidade do organismo humano implica em que a resposta do organismo
a um determinado agente possa variar de indivduo para indivduo. Portanto,
a suscetibilidade individual um fator importante e os limites de tolerncia
no devem ser considerados como 100% seguros. Os controles fixados a
50% dos limites de tolerncia devem ser prioritrios.
2.2.5 SinergismoNos locais de trabalho pode haver a exposio simultnea a mais de um agente,
originando exposies combinadas e interaes entre eles, modificando os
agentes. As consequncias para a sade da exposio a um determinado
agente s pode diferir, consideravelmente, das consequncias da exposio a
este mesmo agente em combinao com os outros, particularmente se houver
sinergismo ou potenciao dos efeitos. Exemplo: duas ou mais substncias
perigosas com efeitos toxicolgicos devem ter, prioritariamente, analisados
seus efeitos combinados e no os efeitos produzidos individualmente.
2.3 Caractersticas das avaliaes ambientaisEm todo o estudo de um ambiente de trabalho o mais importante estabelecer
as relaes entre o ambiente, seus riscos, suas especificidades e os possveis
danos sade dos trabalhadores. A amostragem, que a etapa inicial da
avaliao ambiental, envolve grande responsabilidade, devendo ser feita
criteriosamente, pois todo o trabalho subsequente estar na dependncia
direta dos procedimentos corretos utilizados na efetivao da avaliao.
Lembre-seO grau de incerteza na avaliao de uma exposio ser diminudo com o
aumento no nmero de avaliaes.
2.3.1 Avaliao qualitativaO estudo qualitativo o estudo prvio das condies de trabalho, visando
coletar o maior nmero possvel de informaes e dados necessrios, das
SinergismoAo combinada entre doisou mais fatores que contribuem para o resultado final de um processo.
e-Tec BrasilAula 2 - Avaliao da exposio aos agentes ambientais 27
condies relacionadas aos trabalhadores e ambientes, a fim de fixarem-se
as diretrizes do levantamento quantitativo.
O reconhecimento qualitativo inclui estudos minuciosos da planta atualizada
do local, do fluxograma dos processos, dos agentes presentes, do nmero
de trabalhadores, dos horrios de trabalho, das atividades realizadas, das
movimentaes de trabalhadores e materiais, das matrias-primas, dos equi-
pamentos e processos, dos ritmos de produo, das condies ambientais,
do tipo de iluminao e estado das luminrias, da identificao dos riscos e
ponto de origem da disperso, do uso de Equipamentos de Proteo Individual
(EPI) por parte dos trabalhadores, da existncia ou no de Equipamentos de
Proteo Coletiva (EPC), do estado em que se encontram os equipamentos,
dentre outros. Todo esse levantamento, necessrio para estabelecer a forma
correta de proceder ao levantamento quantitativo.
importante o assessoramento de um profissional que esteja familiarizado com
os processos, mtodos de trabalho e demais atividades realizadas normalmente,
a fim de se obterem dados fidedignos e esclarecer as dvidas que possam
surgir durante o levantamento. Essas informaes devem ficar contidas em
um documento tcnico.
Em algumas atividades, com riscos para a sade conhecidos, a ao preventiva
bvia e deve ser tomada de imediato, sem a necessidade de levantamento
quantitativo prvio como, por exemplo, os trabalhos na fabricao e mani-
pulao de compostos orgnicos de mercrio.
2.3.2 Avaliao quantitativaCom base na avaliao qualitativa, que deve representar as condies reais nas
quais se encontra o ambiente de trabalho (representatividade), dimensionam-se
as estratgias de amostragem adequadas que fornecero informaes sobre
os diferentes agentes agressivos presentes nos locais, ou seja, a intensidade
dos agentes fsicos ou a concentrao dos agentes qumicos existentes no
local analisado.
Uma vez realizado o levantamento qualitativo, esto reunidas as condies
necessrias para traar os planos de controle das exposies.
A avaliao quantitativa fornece valores para o dimensionamento das medidas
de controle que, uma vez adotadas, devem passar por um novo levantamento
quantitativo para se verificar a eficcia das medidas implantadas.
Higiene Ocupacional Ie-Tec Brasil 28
Reconhecer e identificar qualitativo Medir quantitativo
2.4 Estratgias de avaliao ambientalAvaliao o conjunto de aes necessrias para se realizar uma caracterizao
mais completa e representativa possvel de um determinado ambiente ou
exposio ocupacional.
Uma estratgia de avaliao compreende as seguintes definies:
a) Do objetivo da avaliao importante a definio do que vai ser avaliado, se a exposio do trabalhador, a operao, uma funo espe-
cfica ou a verificao da eficincia de algum sistema de proteo coletiva
(exausto, ventilao), pois so bsicos para a definio dos mtodos de
amostragem, que podem ser individuais ou fixos (coletivos).
b) Dos mtodos de amostragem (medio ou coleta) baseados em nor-mas nacionais (NBR, NR, NHO) e internacionais (OSHA, NIOSH, ACGIH), de modo a se compararem resultados obtidos com resultados de estudos
cientficos, que indicam valores mximos aceitveis para determinada ex-
posio ocupacional.
c) Do tempo de amostragem deve cobrir um ciclo de trabalho (carac-tersticas e variaes sobre durao e condies de exposio, tarefas
desempenhadas, tempo de permanncia no local contaminado, pausas
e movimentos efetuados), isto necessrio para que a amostragem seja
representativa da exposio (baseado em normas ou estudos qualitativos
da exposio). Pode englobar amostragens instantneas, de minutos, de
horas, de turnos e, at mesmo, de vrios turnos em dias alternados.
d) Dos perodos para realizao das coletas/medies a amostragem deve ser realizada em condies normais de trabalho, em perodos de
efetiva realizao das atividades a serem avaliadas, considerando suas
especificidades.
e) Do nmero mnimo de amostragens a quantidade de amostragens deve permitir um estudo que possibilite a representatividade da exposi-
o, pois podem estar presentes flutuaes na concentrao ou intensi-
dade dos agentes, devido a modificaes ambientais, e ainda, flutuaes
no ritmo do processo industrial e atividades.
NBRNormas Brasileiras estabelecidas pela Associao Brasileira de Normas Tcnicas ABNT.
NRNormas regulamentadoras.
NHONormas de Higiene Ocupacional estabelecidas pela FUNDACENTRO.
e-Tec BrasilAula 2 - Avaliao da exposio aos agentes ambientais 29
f) Dos grupos homogneos de exposio quando possvel, para gru-pos de trabalhadores que exeram atividades a condies semelhantes de
exposio, pode-se realizar uma avaliao caracterstica para esse grupo.
Na avaliao da exposio dos trabalhadores aos agentes presentes no ambiente
de trabalho, considerando-se normas amparadas por estudos cientficos,
realiza-se uma exposio estimada, que uma aproximao da exposio real
baseada em uma amostragem no tempo e no espao a qual, se considera,
representativa da exposio.
importante ressaltar que a exposio real a que o trabalhador est submetido,
somente poderia ser conhecida atravs da medio, de forma instantnea e
contnua, durante toda sua vida laboral, dentro e fora do ambiente de trabalho,
o que invivel tanto tcnica como economicamente.
O profissional responsvel pela avaliao da exposio deve estabelecer uma
estratgia de amostragem que contorne as dificuldades at aqui apontadas.
Deve-se coletar as amostras de forma tal que se consiga, alm da representa-
tividade da exposio do trabalhador, um nmero de amostras com durao,
frequncia e condies de coleta estatisticamente aceitveis. Neste ponto
h necessidade de um bom conhecimento tcnico em higiene ocupacional
e, sobretudo, bom senso para ponderar e utilizar uma estratgia adequada,
compatvel com o que tecnicamente necessrio e o praticamente realizvel.
2.5 Limites de tolernciaOs Limites de Tolerncia (LT), ou Limites de Exposio Ocupacional (LEO),
referem-se s concentraes ou intensidades dos agentes ambientais aos
quais, se acreditam, que a maioria dos trabalhadores possa estar exposta, repetidamente, dia aps dia, sem sofrer efeitos adversos sade.
Na NR 15 (1978c), temos a seguinte definio: Entende-se por Limite de
Tolerncia a concentrao ou intensidade mxima ou mnima relacionada
com a natureza e o tempo de exposio ao agente, que no causar dano sade do trabalhador, durante a sua vida laboral. Como a fronteira entre
o LT e o dano no pode ser 100% estabelecida, essa definio carrega uma
impreciso que, com a reviso da norma, certamente, ser corrigida.
Os limites de exposio so baseados em informaes cientficas oriundas da
combinao de experincias industriais, experincias em humanos e estudos
em animais.
A Portaria n 281, de 1 de novembro de 2011, do
Ministrio do Trabalho e Emprego (MTE) constitui
grupo tcnico com o objetivo de elaborar minuta de texto tcnico bsico para reviso
da Norma Regulamentadora n 15: atividades e operaes
insalubres (1978c).
Higiene Ocupacional Ie-Tec Brasil 30
importante ressaltar que, devido susceptibilidade individual, uma pequena
porcentagem de trabalhadores pode apresentar desconforto em relao a certas
concentraes ou intensidades inferiores aos limites de exposio. Portanto, os
limites de exposio so recomendaes e devem ser utilizados como guias nas
prticas de avaliao, no devendo ser considerados uma linha divisria entre
concentraes seguras e perigosas. O correto se manter as concentraes
ou as intensidades de qualquer agente no nvel mais baixo possvel.
No Brasil, os limites de tolerncia esto estabelecidos em: NBR (Norma Brasi-
leira); NR (Norma Regulamentadora); NHO (Norma de Higiene Ocupacional).
O quadro abaixo apresenta os principais limites de tolerncia internacionais
que servem como base de avaliao e comparao nas atividades de avaliao
ocupacional.
Quadro 2.1: Limites de tolernciaNorma Denominao Significado
ACGIH TLVThreshold Limit Values
(valor limite)
ACGIH BEIBiological Exposure Indice
(ndice de exposio biolgica)
OSHA PELPermissible Exposure Limit
(limite de exposio permissvel)
NIOSH RELRecommended Exposure Limit
(limite de exposio recomendado)
ACGIH: American Conference of Governmental Industrial Hygienist.OSHA: Occupational Safety and Health Administration.NIOSH: National Institute for Occupational Safety and Health.
Fonte: Autores
No momento em que estudamos agentes fsicos, qumicos e biolgicos, devemos
sempre fazer uma comparao entre os limites nacionais e internacionais,
pelo carter prevencionista da profisso. A atualizao anual dos limites de
tolerncia internacionais os transforma em referncia necessria para os
profissionais prevencionistas.
Embora os Limites de Tolerncia no sejam garantia absoluta de que os agentes
no produzam efeito adverso sade, so as melhores alternativas disponveis,
pois foram determinados dentro de critrios cientficos e esto sujeitos
contnua evoluo (normalmente so rebaixados os valores dos LT). Eles so
atualizados sempre que novos dados a respeito dos agentes sejam conhecidos
e novos agentes nocivos sejam acrescentados aos ambientes de trabalho.
e-Tec BrasilAula 2 - Avaliao da exposio aos agentes ambientais 31
2.6 Nvel de Ao (NA) definido pela NR 9 (1978b) como o valor acima do qual devem ser iniciadas
as aes preventivas, de forma a minimizar a probabilidade de que as exposies
a agentes ambientais ultrapassem os limites de exposio. Normalmente o
nvel de ao estabelecido como metade do LT.
O nvel de ao o referencial para a tomada de decises dos profissionais
prevencionistas, uma vez que procura prevenir, com uma margem segura, a
exposio dos trabalhadores aos agentes ambientais, ou seja, as medidas de
segurana devem manter as concentraes e intensidades em nveis inferiores
ao nvel de ao.
Em uma exposio possvel apresentar uma dose/resposta atravs da curva
gaussiana, ou seja, ao se observar o efeito de uma exposio para uma
determinada populao, vamos perceber que nem todos os membros dela
respondero de maneira uniforme a uma dose D. Esta no uniformidade
devida s diferenas na susceptibilidade individual, ou seja, variao biolgica
dentro de uma espcie. Podemos observar na Figura 2.1 a distribuio normal
da frequncia, ou seja, existe uma grande parte da populao amostrada que
ir ser afetada pela dose D com o efeito E. H tambm um pequeno nmero
que responder a uma dose menor que D com o mesmo efeito e outro pequeno
nmero que s responder com este efeito E a uma dose maior que D.
Estes extremos so os indivduos hipersensveis (ou hipersucetveis) e os resistentes (ou hiposucetveis).
Figura 2.1: Relao dose/frequncia de resposta para uma substncia hipottica em uma populao homogneaFonte: CTISM
Higiene Ocupacional Ie-Tec Brasil 32
A adoo do limite de tolerncia propicia que a grande maioria dos traba-
lhadores expostos no tenha afeitos nocivos em valores abaixo dos limites. A
adoo do nvel de ao garante uma proteo mais ampla.
2.7 Valor Teto (VT) o valor que no pode ser ultrapassado, em hiptese alguma, pois oferece
risco iminente sade do trabalhador.
2.8 Nexo causalNa execuo de suas atividades os trabalhadores esto expostos a riscos e,
dessa exposio, podem aparecer as doenas ocupacionais. O nexo causal
a comprovao da relao direta entre a doena e o exerccio do trabalho. O
aparecimento da doena ocupacional pode indicar uma deficincia na eficcia
de uma medida de proteo fornecida pelo empregador, isto , uma falha nas
medidas adotadas que no conseguiram, efetivamente, eliminar, ou atenuar
a exposio aos riscos ambientais.
2.9 Medidas gerais de higiene ocupacionalUma vez realizados os levantamentos ambientais e detectadas anormalida-
des, devemos executar medidas que eliminem, reduzam ou neutralizem as
exposies. Os estudos oriundos das anlises dos ambientes de trabalho,
pela higiene ocupacional, podem conduzir a vrias medidas de controle que
podem incluir:
Limitao da utilizao ou substituio do agente. Exemplo: a substi-tuio, na indstria automobilstica, de tintas a base de solventes por tintas
a base de gua ou com maiores teores de slidos e, consequentemente,
com menos solventes (pintura eletrosttica a p, Figura 2.2). So menos
txicas, possuem baixo nvel de composto orgnico voltil e so menos
inflamveis, reduzindo a emisso de poluentes, melhorando a sade e a
segurana do trabalhador.
Limitao da utilizao ou substituio do processo. Exemplos: tampar recipientes que envolvam materiais que possam se dispersar no ambiente;
substituir um processo de pintura pistola por pintura spray eletrosttica a
p; reduzir a temperatura de um processo para reduzir evaporao, reduzir
a quantidade utilizada e/ou armazenada, usar empilhadeiras com motores
eltricos em substituio aos motores de combusto interna.
e-Tec BrasilAula 2 - Avaliao da exposio aos agentes ambientais 33
Figura 2.2: Pintura a pFonte: CTISM
Utilizao de medidas tcnicas preventivas. Exemplo: compra de produtos qumicos j misturados, nas quantidades certas, para evitar mani-
pulao desnecessria.
Estabelecimento de valores limites, mtodos de amostragem, medi-o e avaliao. Exemplo: utilizao dos equipamentos portteis de avaliao em ambientes que possam conter atmosferas perigosas (H2S em
esgotos, CO2, gases combustveis e O2 em espaos confinados).
Adoo de medidas de proteo que impliquem na aplicao de procedimentos e mtodos de trabalho apropriados. Exemplo: evitar que o trabalhador se incline sobre uma fonte de contaminante voltil para
no agravar a exposio.
Medidas de proteo coletiva. Exemplos: ventilao local exaustora, barreiras na transmisso ou propagao.
Medidas de proteo pessoal, quando no for possvel evitar por outros meios. Exemplo: uso de equipamentos de proteo individual adequado.
Higiene Ocupacional Ie-Tec Brasil 34
Medidas de higiene pessoal. Exemplo: alertar para os trabalhadores lavarem as mos aps manipulao de produtos nocivos.
Informar aos trabalhadores sobre os riscos relativos exposio a um agente, sobre as medidas tcnicas de preveno e, ainda, sobre as precaues a tomar. Exemplo: treinamento adequado.
Sinalizao de advertncia e segurana. Exemplo: rotulagem e sinais de advertncia para ajudar os trabalhadores nas prticas seguras.
Vigilncia da sade dos trabalhadores atravs de exames peridicos. Exemplo: execuo completa e adequada do Programa de Controle Mdico
e de Sade Ocupacional (PCMSO) NR 7 (1978a).
Registro de dados relativos a nveis de exposio, trabalhadores expostos e resultados de vigilncia da sade. Exemplo: elaborao de estatsticas de acidentes e incidentes.
Planos de emergncia em caso de exposies anormais. Exemplos: procedimentos de emergncia, plano de evacuao, plano de ao e
emergncia, plano de auxlio mtuo.
ResumoNesta aula, podemos conhecer um pouco sobre classificao dos agentes
ambientais e conhecer fatores que influenciam na exposio ocupacional,
bem como estratgias de avaliao.
Atividades de aprendizagem1. Relacione as colunas.
(1) Agente fsico. ( ) Adoo de medidas corretivas imediatas.
(2) Agente qumico. ( ) Resposta de cada indivduo ao agente.
(3) Sinergismo. ( ) Intervalo de ateno para a exposio.
(4) Susceptibilidade. ( ) Efeito combinado de mais de um agente.
e-Tec BrasilAula 2 - Avaliao da exposio aos agentes ambientais 35
(5) Concentrao > LT. ( ) Nvel aceitvel de exposio.
(6) NA < concentrao < LT. ( ) Concentrao.
(7) Concentrao < LT. ( ) Intensidade.
2. Relacione as colunas.
(1) NIOSH ( ) PEL
(2) ACGIH ( ) REL
(3) OSHA ( ) BEI
(4) NR 15 ( ) TLV
( ) LT
3. Dadas as afirmativas.
I. Uma exposio acima do LT ser sempre considerada insalubre, independente
do tempo de exposio.
II. Para a determinao de uma estratgia de avaliao ambiental, devemos
estabelecer uma amostragem o mais representativa possvel, j que, devido
as variveis inerentes, muito difcil uma avaliao 100% real.
III. Uma exposio abaixo do limite de tolerncia estabelecido por norma
garantia absoluta de proteo sade do trabalhador.
IV. Uma doena ocupacional caracterizada quando estabelecido um nexo
causal entre a doena e o exerccio do trabalho.
Est(o) correta(s):
a) II apenas.
b) I e II apenas.
c) I e IV apenas.
Higiene Ocupacional Ie-Tec Brasil 36
d) II e III apenas.
e) II e IV apenas.
4. Pode ser considerada uma medida de higiene ocupacional do tipo subs-tituio do processo:
a) Automatizao da operao.
b) Treinamento adequado.
c) Enclausuramento do equipamento.
d) Ventilao local exaustora.
e) Cortinas de luz para evitar acesso zona de perigo.
e-Tec BrasilAula 2 - Avaliao da exposio aos agentes ambientais 37
e-Tec Brasil
Aula 3 Riscos fsicos: presses anormais, radiaes ionizantes e no ionizantes
Objetivos
Conhecer as presses anormais (hiper e hipobricas), bem como sobre
os tipos de radiaes, suas unidades de medida e legislao bsica.
3.1 Riscos fsicosOs riscos fsicos representam diversas formas de energia que podem estar presentes
em um ambiente de trabalho, em quantidade considerada superior quela que
o organismo capaz de suportar, podendo conduzir a uma doena profissional.
Entre os mais importantes podemos citar:
Presses anormais.
Radiaes ionizantes raios X, raios alfa, raios beta, raios gama.
Radiaes no ionizantes infravermelho, luz visvel, ultravioleta, laser, micro-ondas.
Rudo.
Temperaturas extremas: calor e frio.
Vibraes.
Umidade.
Nesta disciplina, voc ter noes bsicas sobre os riscos fsicos. Existem disci-
plinas especficas, ao longo das etapas, que dedicaro ateno mais especfica
sobre esses riscos, para que voc obtenha os conhecimentos necessrios para
tornar-se um bom profissional prevencionista.
3.1.1 Presses anormaisAtividades exercidas a presses acima (hiperbrica) e abaixo (hipobrica) da
atmosfrica normal so denominadas atividades sob presses anormais. Elas
e-Tec BrasilAula 3 - Riscos fsicos: presses anormais, radiaes ionizantes e no ionizantes 39
so muito especficas e exigem treinamento especializado, equipamentos
sofisticados, pessoal e infraestrutura de apoio. A legislao bsica encontra-se
na NR 15 (1978c) em seu Anexo 6.
3.1.1.1 Baixas pressesEsto sujeitos a baixas presses trabalhadores que exercem atividades em
grandes altitudes (raro no Brasil). Em condies hipobricas, com o aumento
na altitude, a presso atmosfrica reduzida e, portanto, diminui tambm,
a presso parcial de oxignio no ar. Muitas vezes se l que o percentual de
oxignio no ar diminui com a altitude, o que no verdadeiro. O que vai
variar a densidade do ar (as molculas se espalham).
Com a queda na presso parcial, o processo de difuso do oxignio dos
alvolos pulmonares para as hemcias, e destas para os tecidos, afetado
negativamente, diminuindo a porcentagem de O2 na hemoglobina (o trans-
porte de oxignio para os tecidos). Ento, uma menor presso parcial de
oxignio (pO2) produz uma diminuio no nmero de molculas de oxignio
por unidade de volume, ou seja, se respira menos quantidade de oxignio
que na presso normal.
O que significa essa presso parcial de O2?
Quanto maior a altitude de um lugar, menor a sua presso atmosfrica. Isso
porque a quantidade absoluta de ar diminui proporcionalmente altitude.
Desse modo, a baixa oxigenao resultado da diminuio do ar atmosfrico
como um todo, e no da porcentagem do oxignio especificamente. Tanto
assim que o teor de oxignio de 21% do ar atmosfrico, seja ele ao nvel
do mar ou na altitude. A diferena que na altitude h menos ar do que ao
nvel do mar e, consequentemente, menos oxignio.
Figura 3.1: O percentual de O2 em relao ao N2 permanece o mesmo, variam as quantidades no volume aspiradoFonte: CTISM
Para saber mais sobreNR 15, acesse:
http://portal.mte.gov.br/legislacao/norma-
regulamentadora-n-15-1.htm
Higiene Ocupacional Ie-Tec Brasil 40
A diminuio da presso atmosfrica provoca a expanso das molculas de
ar, o que faz com que um determinado volume de ar inspirado tenha menos
molculas de oxignio do que ao nvel do mar. A porcentagem de oxignio
mantm-se igual (cerca de 21%). No entanto, a presso parcial de O2 (quan-
tidade de molculas deste gs num determinado volume de ar) menor do
que ao nvel do mar.
A falta de oxignio pode levar a dores de cabea, perda de clareza mental,
dificuldades para movimentos, perda de coordenao e equilbrio.
Pessoas que moram em altitudes elevadas tm seu organismo aclimatado, ou
seja, basicamente h um aumento no nmero de hemcias (maior captao de
O2), aumento do nmero de vasos sanguneos (maior irrigao dos msculos)
e aumento no nmero de mitocndrias (responsveis pela respirao celular).
3.1.1.2 Altas pressesOcorrem em atividades executadas por mergulhadores e em trabalhos em
tubules de ar comprimido (escavaes abaixo do nvel do lenol de gua), onde a presso, acima do normal, tem a finalidade de evitar, principalmente,
a entrada de gua. Ocorre tambm em trabalhos em campnulas (compar-timentos estanques utilizados para trabalhos submersos).
Para os mergulhadores, por exemplo, a profundidade, o tempo de mergulho
e a velocidade de subida so parmetros de controle essenciais para evitar as
doenas descompressivas e os acidentes como os barotraumas, embolias, embriagus das profundidades (saturao por N2), afogamentos, intoxicao
pelo oxignio, intoxicao pelo gs carbnico. Portanto, o processo de des-
compresso fundamental e essencial na atividade de mergulho. Esse processo
cuidadoso segue o estabelecido nas tabelas de descompresso previstas na
legislao. Como regra simples e de fcil entendimento, poderamos dizer que
conforme mais se avana no tempo de durao do mergulho e na profundidade
atingida, maior ser o tempo necessrio para que o corpo consiga eliminar
as bolhas de nitrognio que se formam no sangue quando o ar respirado
sob presso e, portanto, maior ser o tempo necessrio de descompresso.
tubuloEstrutura vertical utilizadapara realizar fundaes (construo da base da ponte, por exemplo) abaixo da superfcie da gua ou solo, atravs da qual os trabalhadores devem descer, entrando pela campnula, para uma presso maior que atmosfrica. A atmosfera pressurizada ope-se presso da gua e permite que os homens trabalhem em seu interior. (NR 15, 1978e).
campnulasCmara atravs da qual o trabalhador passa do ar livre para a cmara de trabalhodo tubulo e vice-versa.(NR 15, Anexo 6, 1978e).
barotraumasSignifica traumatismo provocado pela presso como, por exemplo, a sensao de presso dentro do ouvido (dor de ouvido).
e-Tec BrasilAula 3 - Riscos fsicos: presses anormais, radiaes ionizantes e no ionizantes 41
Figura 3.2: Operao de soldagem subaquticaFonte: http://www.sitedasoldagem.com.br/Imagens/Soldagem%20subaquatica.jpeg
Figura 3.3: TubuloFonte: CTISM
Higiene Ocupacional Ie-Tec Brasil 42
3.1.2 Radiaes ionizantesCaracterizam-se por radiaes que produzem a ionizao do tomo, ou seja,
a radiao ao atingir um tomo tem a capacidade de subdividi-lo em duas
partes eltricas carregadas, chamadas ons. O perigo das radiaes ionizantes
que o organismo no tem mecanismo de percepo dessas radiaes. So
exemplos de radiaes ionizantes as partculas alfa, beta (eltrons e prtons),
o nutron, os raios X e gama ().
Alm da capacidade de ionizao, as radiaes ionizantes so bastante pene-
trantes, quando comparadas com as demais. So encontradas na natureza em
elementos radioativos (urnio 235, rdio, potssio 40), em istopos radioativos
(Co 60) em raios X e de uso medicinal (radiografias) e industrial (gamagrafia). As radiaes tm efeitos somticos (anemia, leucemia, catarata, cncer) e
genticos cumulativos e irreversveis (alteraes cromossmicas que podem
causar mutaes).
As radiaes eletromagnticas do tipo X e so mais penetrantes e, dependendo de sua energia, podem atravessar vrios centmetros do tecido humano (por
isso so utilizadas em radiografias mdicas).
Ao desligar uma mquina de raios X, ela deixa de produzir radiao e no torna
o material radioativo, ou seja, os locais onde so realizadas as radiografias
no ficam radioativos. O cuidado deve-se ao carter acumulativo da radiao
ionizante, por isso no se deve tirar radiografia sem necessidade.
As radiaes beta so pouco penetrantes, em relao s anteriores. Dependendo
de sua energia, podem atravessar milmetros e at centmetros de tecido
humano (permite aplicaes mdicas em superfcies da pele para acelerar a
cicatrizao).
J as partculas alfa so inofensivas por possurem um poder de penetrao
muito pequeno, no conseguindo atravessar a pele, podendo ser detidas, at
mesmo, por uma folha de papel. Podem causar danos maiores em situaes
de contaminao, por inalao ou ingesto, quando em grande quantidade,
em funo de sua toxicidade.
Os nutrons so muito penetrantes devido sua grande massa e ausncia
de carga eltrica. Das radiaes apresentadas so as que produzem maior
dano biolgico aos seres humanos. Podem, inclusive, tornar materiais expostos
radioativos. So produzidos em reatores nucleares.
gamagrafiaRadiografia de peas metlicas.
e-Tec BrasilAula 3 - Riscos fsicos: presses anormais, radiaes ionizantes e no ionizantes 43
Figura 3.4: O poder de penetrao das radiaesFonte: CTISM, adaptado de www.biomedicaltopics.net
As radiaes ionizantes, apesar de seu alto poder de contaminao, tm
muitas aplicaes em sade. A radioterapia visa eliminar tumores malignos
(cancergenos) utilizando radiao gama, raios X ou feixes de eltrons em
doses elevadas, mas controlada. A radiografia permite obter uma imagem
de uma determinada regio do corpo em estudo, aps um feixe de raios X
ou raios gama atravessar essa regio e interagir com dispositivo revelador, ou
ainda, mltiplas imagens computadorizadas (tomografia).
Outros exemplos de aplicao das radiaes ionizantes que podemos citar: a
datao de um animal ou planta com o C-14 (a quantidade de carbono-14
dos tecidos orgnicos mortos diminui a um ritmo constante com o passar do
tempo. Assim, a medio dos valores de carbono-14 em um objeto antigo
fornece informaes precisas dos anos decorridos desde sua morte).
As radiaes ionizantes podem ser avaliadas no ambiente ocupacional atravs
do contador Geiger ou, individualmente, atravs dos dosmetros de filme de
bolso.
Para saber mais sobre radiaes ionizantes e suas aplicaes,
acesse: www.cnen.gov.br/ensino/
apostilas.asp
Higiene Ocupacional Ie-Tec Brasil 44
Figura 3.5: (a) Dosmetro de radiao uma espcie de crach que mede a dose de radiao absorvida pelo trabalhador e (b) smbolo da radiao ionizanteFonte: (a) http://radiologistas.blogspot.com.br/2009/02/dosimetro.html (b) CTISM
Para avaliar a quantidade de exposio a radiaes ionizantes utilizamos o
coulomb/quilograma (C/kg) ou o roentgen (R), para avaliao da dose absorvida utilizamos o gray (Gy) ou o rad, para avaliao da dose equivalente o sievert (Sv) ou o rem, e para expressar a atividade de uma fonte utilizamos o becquerel (Bq) ou curie (Ci). O controle da exposio efetuado por isolamento da radiao (enclausuramento, barreiras de concreto ou chumbo).
As unidades grifadas referem-se s unidades do Sistema Internacional (SI).
Figura 3.6: Relaes entre as unidades de medida de radiao ionizante Fonte: CTISM
A radiao ionizante est presente na natureza, porm em valores muito baixos,
na ordem de 2,4 mSv/ano. Ao fazermos uma radiografia do trax estaremos
expostos a uma radiao de 0,1 mSv (PIRES, 2011). O limite estabelecido para
Para saber mais sobreradiao ionizante, acesse:http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/entenda-os-niveis-de-radiacao
No livro Limites de Exposio Ocupacional (TLVs) da ACGIH traduzido e comercializado no Brasil pela Associao Brasileira de Higienistas Ocupacionais (ABHO) (www.abho.org.br) tambm aparecem valores guias para exposio radiao ionizante.
radradiation absorbed dose(dose de radiao absorvida).
remroentgen equivalent man.
e-Tec BrasilAula 3 - Riscos fsicos: presses anormais, radiaes ionizantes e no ionizantes 45
corpo inteiro, para o ser humano ocupacionalmente exposto, anualmente,
de uma dose efetiva de 20 mSv/ano e para indivduo pblico 0,1 mSv/ano
(CNEN, 2011).
A CNEN a responsvel pela legislao e regulamentao de segurana
relativa ao uso da radiao ionizante. A legislao bsica encontra-se na NR
15 (1978c), em seu Anexo 5, que remete a uma norma CNEN.
3.1.3 Radiaes no ionizantesCaracterizam-se por radiaes de natureza eletromagntica que, quando
absorvidas, o efeito mais importante a excitao dos tomos, aumentando
sua energia interna. Produzem aquecimento do corpo, podendo conduzir
a efeitos eritmicos (queimaduras), catarata, fadiga, efeitos carcinognicos
(cncer de pele), conforme seu comprimento de onda.
Os efeitos das radiaes no ionizantes sobre o organismo humano dependem
da intensidade, durao da exposio e do comprimento da onda de radiao.
A legislao bsica encontra-se na NR 15 (1978c), em seu Anexo 7. As mais
importantes radiaes no ionizantes so:
a) Micro-ondas produzidas em estaes de radar, radiotransmisso e em alguns processos industriais e medicinais. Causam aquecimento localiza-
do na pele. A exposio s micro-ondas resulta perigosa, principalmente,
quando so emitidas elevadas densidades de radiao.
b) Radiao infravermelha de origem natural (sol) ou artificial (fornos, metais incandescentes, solda). Tem como caracterstica ser pouco pene-
trante (alguns milmetros) e sua absoro causa, basicamente, o aque-
cimento superficial (pele). Quanto maior a temperatura, maior ser a
quantidade irradiada. Como medidas de controle, podemos citar o uso
de barreiras, reduo do tempo de exposio, uso de equipamentos de
proteo individual, etc.
Para saber mais sobre a Comisso Nacional de Energia
Nuclear (CNEN), acesse: http://www.cnen.gov.br/ensino/
apostilas/rad_ion.pdf
Higiene Ocupacional Ie-Tec Brasil 46
Figura 3.7: Solda por brasagemFonte: CTISM
c) Radiao ultravioleta de origem natural (sol UVA e UVB) ou artificial (arco voltaico em operaes de solda, lmpadas ultravioletas). A radiao
ultravioleta pouco penetrante e seus efeitos sero sempre superficiais,
normalmente envolvendo a pele e os olhos. Um efeito importante e re-
conhecido da radiao ultravioleta o cncer de pele. Como medidas de
controle, podemos citar barreiras e equipamentos de proteo individu-
ais (culos e protetor solar), etc.
Figura 3.8: Solda por arco eltrico com mscara eletrnicaFonte: CTISM
d) Radiao laser feixe de luz direcional altamente concentrado em um nico comprimento de onda. LASER uma sigla, cujo significado Am-
plificao de Luz por Emisso Estimulada de Radiao (Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation).
e-Tec BrasilAula 3 - Riscos fsicos: presses anormais, radiaes ionizantes e no ionizantes 47
O laser tem como caracterstica a grande quantidade de energia concentrada em uma rea muito pequena (grande perigo de queimaduras graves), a manu-
teno da intensidade com a distncia ( que a luz refletida em superfcies
polidas podem ser to perigosas quanto emisso principal, apresentando
risco de destruio de tecidos, queimadura).
Um laser comum (os vendidos para apresentaes) pode causar leses nos olhos, se apontado direta e frontalmente. Quanto maior a potncia do laser, mais perigosa sua radiao. Os lasers verdes vendidos em camels podem ter potncia cem vezes maior que os lasers vermelhos mais comuns.
Figura 3.9: Exemplos de indicadores de laserFonte: CTISM
e) Radiofrequncia radiao de grande comprimento de onda encon-tradas em radiofuso AM, ondas VHF, UHF, radioamadorismo, radiona-
vegao, radioastronomia e, normalmente, no apresentam problemas
ocupacionais. Os efeitos sade so predominantemente trmicos, ou
seja, aquecimento por absoro da radiao pelos tecidos.
Figura 3.10: Espectro das radiaesFonte: CTISM, adaptado de http://files.rtelemoveis.webnode.pt/200000048-af704afea7/grafico%20telemovel.gif
Higiene Ocupacional Ie-Tec Brasil 48
ResumoNesta aula, podemos conhecer, de maneira introdutria, um pouco sobre
presses anormais (hiper e hipobricas), bem como sobre os tipos de radiaes,
suas unidades de medida e legislao bsica.
Atividades de aprendizagem1. Relacione as colunas.
(1) Radiao no ionizante. ( ) sievert.
(2) Radiao ionizante. ( ) Trabalho em tubules de ar comprimido.
(3) Presses hiperbricas. ( ) CNEN.
(4) Presses hipobricas. ( ) Infravermelho.
( ) LASER.
( ) VHF.
( ) Trabalho em grandes altitudes.
( ) Trabalho com mergulho.
( ) gray.
( ) Micro-ondas (celular).
( ) Radiografias.
( ) Radiao UVA e UVB.
( ) Tomografias.
e-Tec BrasilAula 3 - Riscos fsicos: presses anormais, radiaes ionizantes e no ionizantes 49
e-Tec Brasil
Aula 4 Riscos fsicos: rudo, temperaturas extremas, vibraes e umidade
Objetivos
Desenvolver conhecimentos sobre rudo, temperaturas extremas,
vibraes e umidade, suas unidades de medida e legislao bsica.
4.1 RudoTalvez o principal risco dos ambientes de trabalho atuais, pois est presente
em qualquer espao industrial. O som uma variao da presso sonora do
ar que conduz a uma sensibilizao nos ouvidos. O rudo um conjunto de
vrios sons no coordenados (vrias frequncias), que causam incmodo e
desconforto.
A perda auditiva pelo rudo, normalmente, produzida pela exposio do
trabalhador a ambientes ruidosos (de carter progressivo) e manifesta-se aps
muitos anos de exposio.
O rudo classificado em:
a) Rudos contnuos so aqueles cuja variao de nvel de intensidade sonora muito pequena em funo do tempo. Exemplos: geladeiras,
ventiladores.
b) Rudos intermitentes so aqueles que apresentam grandes variaes de nvel em funo do tempo. So os tipos mais comuns. Exemplos: fala,
furadeira, esmerilhadeira.
c) Rudos impulsivos ou de impacto apresentam altos nveis de inten-sidade sonora, num intervalo de tempo muito pequeno. So os rudos
provenientes de exploses e impactos. So caractersticos de rebitadeiras,
prensas, etc.
O rudo ocupacional avaliado atravs de medidores de presso sonora,
tecnicamente denominados sonmetros e comumente conhecidos como
decibelmetros e dosmetros (Figura 4.1). A unidade de medida o decibel
(dB). Os decibelmetros so mais indicados para avaliao do rudo de um
e-Tec BrasilAula 4 - Riscos fsicos: rudo, temperaturas extremas, vibraes e umidade 51
determinado ambiente e os dosmetros para avaliao da exposio do traba-
lhador (uma vez que ficam afixados ao trabalhador durante toda a jornada).
A NR 15 Anexos 1 e 2 (1978c) e a NHO 01 (2001) estabelecem limites
mximos de exposio para vrios nveis de rudo, segundo os seguintes
parmetros normatizados:
a) Limiar de integrao valor a partir do qual sero contabilizados os nveis de presso sonora para fins de exposio ocupacional.
b) Nvel de critrio valor referncia para uma exposio de 8 horas.
c) Fator duplicativo de dose incremento em dB para o qual o tempo de exposio permitido ser reduzido metade.
d) Curva de compensao parmetros de ponderao para compensar a diferente sensibilidade do ouvido humano s diferentes frequncias.
Os nveis de presso sonora em ambientes pblicos so avaliados segundo
recomendaes das normas ABNT/NBR 10151 (Acstica Avaliao do rudo
em reas habitadas, visando o conforto da comunidade Procedimento) e
ABNT/NBR 10152 (Nveis de rudo para conforto acstico) e normas estaduais
e municipais especficas.
Figura 4.1: Medidor de nvel de presso sonora (decibelmetro) e dosmetro de rudoFonte: CTISM
Higiene Ocupacional Ie-Tec Brasil 52
Para o estudo de avaliaes do rudo, ser considerado um ciclo de exposio
onde ser avaliada uma dose diria (%) ou um nvel equivalente (decibis)
que sero comparados com critrios de referncia estabelecidos em normas.
No Brasil, o LT permitido para uma jornada de 8 horas de 85 dB(A). Eviden-
temente que um aumento no nvel de presso sonora (rudo) vai implicar na
diminuio do tempo de exposio. A legislao ainda prev o valor mximo,
acima do qual no permitida exposio em nenhum momento da jornada
de trabalho com ouvidos desprotegidos que de 115 dB(A). Vide Anexo 1
e 2 da NR 15 (1978c) e NHO 01 (2001) (Avaliao da exposio ocupacional
ao rudo).
Quadro 4.1: Limite de tolerncia para rudo contnuo ou intermitente da NR 15Nvel de rudo dB(A) Mxima exposio diria permissvel
85 8 horas
86 7 horas
87 6 horas
88 5 horas
89 4 horas e 30 minutos
90 4 horas
91 3 horas e 30 minutos
92 3 horas
93 2 horas e 40 minutos
94 2 horas e 40 minutos
95 2 horas
96 1 hora e 45 minutos
98 1 hora e 45 minutos
100 1 hora
102 45 minutos
104 35 minutos
105 30 minutos
106 25 minutos
108 20 minutos
110 15 minutos
112 10 minutos
114 8 minutos
115 7 minutos
Fonte: BRASIL, 1978c
O rudo pode ter ao sobre o sistema nervoso produzindo fadiga, perda de
memria, irritabilidade, hipertenso, perturbaes gastrointestinais, etc. Alm
disso, dependendo de sua intensidade, pode causar a perda temporria ou
definitiva da audio.
e-Tec BrasilAula 4 - Riscos fsicos: rudo, temperaturas extremas, vibraes e umidade 53
Como medidas de controle para evitar ou diminuir os danos provocados
pelo rudo no local de trabalho, podemos citar: enclausuramento da fonte e
barreiras na transmisso como medidas de proteo coletiva, o fornecimento
de EPIs e diminuio da jornada como medidas de proteo individuais.
muito importante a execuo dos exames peridicos (audiometrias) e as
medidas educacionais (orientao e conscientizao) para uso correto do
equipamento de proteo.
Na disciplina de Higiene Ocupacional II estudaremos a exposio ao rudo
mais detalhadamente.
4.2 Temperaturas extremasComo temperaturas extremas consideram-se o calor e o frio em intensidade
suficiente para causar desconforto, alteraes e prejuzos eficincia e sade
dos trabalhadores.
A exposio ao calor caracterstico de locais como: fundies, usinas, fbricas
de vidro, indstrias de papel, olarias, indstrias metalrgicas, siderrgicas, etc.
O calor pode estar ainda presente em trabalhos ao ar livre nas pocas quentes
do ano. Na avaliao devem ser considerados fatores tais como: tempera-
tura, velocidade e umidade relativa do ar, calor radiante e calor gerado pelo
metabolismo (atividade fsica). Os ndices de avaliao incluem: Temperatura
Efetiva (TE), Temperatura Efetiva Corrigida (TEC), ndice de Bulbo mido,
Termmetro de Globo (IBUTG) (NR 15, em seu Anexo 3, 1978c) e ndice de
Sobrecarga Trmica (IST).
A exposio ao calor regida pelo equilbrio trmico, ou seja, o organismo
ganha ou perde calor para o meio ambiente segundo a Equao 4.1:
Onde: M = calor produzido pelo metabolismo, sendo um calor sempre ganho (+)
C = calor ganho ou perdido por conduo/conveco (+/-)
R = calor ganho ou perdido por radiao (+/-)
E = calor perdido por evaporao (-)
Q = calor acumulado no organismo
Se: Q > 0 acmulo de calor (sobrecarga trmica)
Q < 0 perda de calor (hipotermia)
Higiene Ocupacional Ie-Tec Brasil 54
O limite de tolerncia para exposies ao calor (NR 15, 1978c) determinado
de dois modos: regime de trabalho com descanso no prprio local de trabalho,
regime de trabalho com descanso em outro local. Em ambos, a quantificao
do calor pelo IBUTG leva em conta a presena, ou no, de carga solar no
momento da medio, sendo calculada tanto em ambientes internos ou
externos sem carga solar IBUTG = 0,7 tbn + 0,3 tg como em ambientes
externos com carga solar IBUTG = 0,7 tbn + 0,2 + 0,1 tbs.
Onde: tbn = temperatura de bulbo mido natural
tg = temperatura de globo
tbs = temperatura de bulbo seco
Como consequncia do calor, podemos citar a desidratao, a exausto, a
hipertermia, as cibras, a insolao e os edemas.
As medidas de controle adotadas so: a blindagem das fontes radiantes, o
aumento da distncia entre o trabalhador e a fonte, a reduo das tempera-
turas, o uso de barreiras refletivas, o aumento da velocidade do ar, a reduo
da carga metablica, a mecanizao das atividades e o ajuste do tempo de
exposio e da relao trabalho/descanso trmico.
Figura 4.2: Monitor de stress trmico para avaliao do IBUTGFonte: CTISM
A exposio ao frio est presente, principalmente, na indstria frigorfica no
trabalho em cmaras frias. O frio excessivo, alm de interferir na eficincia
do trabalhador, pode produzir enregelamento dos membros, ulceraes,
e-Tec BrasilAula 4 - Riscos fsicos: rudo, temperaturas extremas, vibraes e umidade 55
problemas respiratrios, cardiovasculares e dificuldades na execuo dos
trabalhos. O objetivo, na avaliao do frio, de impedir que a temperatura
interna do corpo reduza a valores abaixo dos 36C e prevenir leses pelo frio
nas extremidades. Na avaliao do frio devem ser consideradas, principalmente,
a temperatura e a velocidade do ar (temperatura equivalente).
No caso de aumento de temperatura corprea, ocorre vasodilatao, mas no frio,
h vasoconstrio, pois o objetivo reduzir as perdas de calor e fluxo sanguneo
diminudo proporcionalmente queda de temperatura. Se a temperatura
corprea estiver abaixo de 35C, ocorrer uma diminuio das atividades
fisiolgicas, caindo a presso arterial, a frequncia dos batimentos cardacos e
diminuindo o metabolismo interno. Tremores ocorrem na tentativa de gerao
de calor metablico para compensar perdas. Se a queda permanecer, ao atingir
a temperatura interna de 29C, o mecanismo termoregulador localizado no
hipotlamo ser reprimido, podendo chegar a sonolncia e coma. A legislao
bsica encontra-se na NR 15 (1978c), em seu Anexo 9, que estabelece uma
caracterizao qualitativa baseada apenas na temperatura.
Como consequncias da exposio ao frio, podemos citar as feridas, rachaduras,
necroses, enregelamento, agravamento de doenas articulares e respiratrias.
Como medidas de controle, podemos citar a aclimatizao, o uso de vesti-
mentas adequadas, regimes de trabalho intercalados, exames mdicos prvios
e peridicos, educao e treinamento.
Figura 4.3: Exposio ao frio Fonte: CTISM
Na disciplina de Higiene Ocupacional II estudaremos a exposio ao calor e
ao frio com mais detalhes
No livro Limites de Exposio Ocupacional (TLVs) da ACGIH traduzido e comercializado no
Brasil pela Associao Brasileira de Higienistas Ocupacionais ABHO
(www.abho.org.br) tambm aparecem valores guias para
exposio ao frio.
Higiene Ocupacional Ie-Tec Brasil 56
4.3 Vibraes o movimento oscilatrio de um corpo produzido por foras desequilibra-
das de componentes de movimento rotativo ou alternativo de mquinas e
equipamentos. Dependendo da frequncia do movimento oscilatrio e sua
intensidade, as vibraes podem causar desde desconforto (formigamentos
e adormecimento leves) at comprometimentos no tato e sensibilidade
temperatura, perda de destreza e incapacidade para o trabalho (problemas
articulares).
A vibrao s acarretar problemas quando houver o contato fsico do traba-
lhador com a fonte da vibrao. Sua avaliao feita atravs de acelermetros
(acelerao do movimento m/s2 e frequncia Hz).
So exemplos de aplicaes sujeitas s vibraes trabalhos com motosserras,
furadeiras e socadores pneumticos. A legislao bsica encontra-se na NR
15 (1978c), em seu Anexo 8.
Figura 4.4: Exemplos de exposio a vibraes, (a) motosserra e (b) martelete pneumticoFonte: (a) CTISM (b) http://www.quickabc.com.br/alguel-de-andaimes-locacao-de-andaimes_marteletes.html
As vibraes podem ser:
a) Localizadas provocadas por ferramentas manuais com efeitos em cer-tas partes do corpo (articulaes de mos e braos).
b) Generalizadas leses de corpo inteiro, normalmente produzidas pelo trabalho em grandes equipamentos (caminhes, nibus e tratores), acar-
retando problemas na coluna vertebral e dores lombares.
Como medidas de controle, podemos citar o revezamento no trabalho, ou
seja, a diminuio no tempo de exposio e medidas tcnicas que reduzam
a intensidade das vibraes.
e-Tec BrasilAula 4 - Riscos fsicos: rudo, temperaturas extremas, vibraes e umidade 57
4.4 UmidadeOperaes realizadas em ambientes com umidade podem causar problemas
de pele e fuga de calor do organismo. A umidade est presente em ambientes
alagados ou encharcados. A legislao bsica encontra-se na NR 15 em seu
Anexo 10. As atividades ou operaes executadas em locais com umidade
excessiva, capazes de produzir danos sade dos trabalhadores (problemas
respiratrios, quedas, doenas de pele), devem ter a ateno dos prevencionistas
por meio de verificaes realizadas nesses locais para estudar a implantao
de medida de controle.
Como medidas de controle podemos citar: previso de escoamento da gua e EPIs.
ResumoNesta aula, podemos conhecer, de maneira introdutria, um pouco sobre
rudo, temperaturas extremas, vibraes e umidade, bem como suas unidades
de medida e legislao bsica.
Atividades de aprendizagem1. Relacione as colunas.
(1) Rudo. ( ) NHO 01.
(2) Frio. ( ) Temperatura efetiva.
(3) Calor. ( ) dB.
(4) Vibraes. ( ) m/s2.
( ) IBUTG.
( ) Temperatura equivalente.
( ) Acelermetro.
( ) Sonmetros.
Higiene Ocupacional Ie-Tec Brasil 58
e-Tec Brasil
Aula 5 Riscos qumicos: agentes qumicos
Objetivos
Conhecer os tipos de agentes qumicos, unidades de medida e
classificao, bem como seus efeitos sobre o organismo humano.
5.1 Agentes qumicosNesta disciplina, voc ter noes bsicas sobre os riscos qumicos. Existem
disciplinas especficas, ao longo das etapas, que dedicaro ateno especial a
esses riscos, para que voc obtenha os conhecimentos necessrios e torne-se
um bom profissional prevencionista.
Neste material, at o momento, voc estudou os agentes ambientais cor-
respondentes aos agentes fsicos, podendo perceber que h uma grande
variedade de tipos de energia (rudos, radiaes, temperaturas extremas,
vibraes, presses anormais, umidade).
No ambiente industrial alm de termos a possibilidade da presena dos agen-
tes fsicos, podem existir tambm os agentes qumicos. Na viso da higiene
ocupacional eles so substncias, elementos, compostos ou resduos qumicos
que, durante sua fabricao, armazenamento, manuseio e transporte com
capacidade de ao txica sobre o organismo ou que venha a contaminar o
ar do ambiente de trabalho.
A legislao brasileira apresenta uma definio para os agentes qumicos: a NR
09 - Programa de Preveno de Riscos Ambientais (1978b) considera-os como [...] as substncias, compostos ou produtos que possam penetrar no
organismo pela via respiratria, nas formas de poeiras, fumos, nvoas,
neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade da ex-
posio, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo atravs
da pele ou ingesto. (BRASIL/NR 09, 1978b).
e-Tec BrasilAula 5 - Riscos qumicos: agentes qumicos 59
Figura 5.1: Agentes qumicosFonte: CTISM
No mundo, so produzidos aproximadamente 70 mil produtos qumicos,
alguns deles so padronizados e usados na fabricao de uma vasta gama de
produtos. Devido inmera quantidade de substncias existentes nas inds-
trias que podem apresentar algum efeito txico, os procedimentos e critrios
para anlise e avaliao dos agentes qumicos podem variar de acordo com a
sua classificao, funes orgnicas ou inorgnicas e, at mesmo, mtodos
diferenciados para produtos especficos.
Esta grande variabilidade resulta em uma dificuldade maior para o reconhe-
cimento dos mesmos em comparao ao que feito para os agentes fsicos.
Isso ocorre, pois, cada produto tem suas prprias caractersticas qumicas
como, por exemplo, solubilidade (na gua ou ar), pH (indicao de acidez),
concentrao, propriedades de alerta (com ou sem odor, por exemplo), estado
fsico, volatilidade, reatividade e nveis de toxicidade, podendo este agir de
modo diferenciado em diversos rgos do organismo,variando de acordo com
via de penetrao (respiratria, pele ou ingesto) e o tempo de exposio a
que o trabalhador est submetido ao agente. Alm do fato de que a avaliao
de um agente qumico pode ser prejudicada pelas condies do clima como,
por exemplo, um dia de chuva ou dias frios.
O ar prprio para a respirao no ambiente ocupacional deve estar livre
de substncias agressivas ao organismo e ter quantidade de oxignio (O2)
Higiene Ocupacional Ie-Tec Brasil 60
apropriada. Uma atmosfera considerada normal quando apresenta um teor
aproximado de oxignio de 20,9% em volume. Contudo, para fins de proteo
da sade contra a deficincia de oxignio nos ambientes de trabalho, normas
brasileiras recomendam um teor mnimo de 18% de oxignio em volume e,
nos Estados Unidos, um percentual de 19,5% em volume.
Os agentes qumicos so classificados de acordo com a sua estrutura fsica, em
outras palavras, por estado fsico, como os aerodispersides (particulados na
forma slida ou lquida), gases e vapores. Cada um, tambm pode ser dividido
conforme o efeito causador de dano ao organismo humano. Eles so capazes
de produzir desde uma sensao de desconforto ou incmodo at um cncer.
5.2 As unidades de medidaAntes de estudarmos estes agentes, voc deve ter o conhecimento das unidades
de concentrao que so usadas para quantific-los no ambiente contaminado.
Inclusive, se