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Higiene Ocupacional I Neverton Hofstadler Peixoto Leandro Silveira Ferreira 2012 Santa Maria - RS

higiene_ocupacional_1

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  • Higiene Ocupacional INeverton Hofstadler Peixoto

    Leandro Silveira Ferreira

    2012Santa Maria - RS

  • RIO GRANDEDO SUL

    INSTITUTOFEDERAL

    Presidncia da Repblica Federativa do Brasil

    Ministrio da Educao

    Secretaria de Educao Profissional e Tecnolgica

    Equipe de Acompanhamento e ValidaoColgio Tcnico Industrial de Santa Maria CTISM

    Coordenao InstitucionalPaulo Roberto Colusso/CTISM

    Professor-autorNeverton Hofstadler Peixoto/CTISMLeandro Silveira Ferreira/CTISM

    Coordenao TcnicaIza Neuza Teixeira Bohrer/CTISM

    Coordenao de DesignErika Goellner/CTISM

    Reviso Pedaggica Andressa Rosemrie de Menezes Costa/CTISMFabiane Sarmento Oliveira Fruet/CTISM Janana da Silva Marinho/CTISMMarcia Migliore Freo/CTISM

    Reviso TextualTatiana Rehbein/UNOCHAPEC

    Reviso TcnicaJos Carlos Lorentz Aita/CTISM

    IlustraoGabriel La Rocca Cser/CTISMMarcel Santos Jacques/CTISMRafael Cavalli Viapiana/CTISMRicardo Antunes Machado/CTISM

    DiagramaoCssio Fernandes Lemos/CTISMLeandro Felipe Aguilar Freitas/CTISM

    Colgio Tcnico Industrial de Santa MariaEste caderno foi elaborado pelo Colgio Tcnico Industrial da Universidade Federal de Santa Maria para a Rede e-Tec Brasil.

    P379h Peixoto, Neverton HofstadlerHigiene ocupacional I / Neverton Hofstadler, Leandro Silveira

    Ferreira. Santa Maria : UFSM, CTISM ; Rede e-Tec Brasil, 2012.92 p. : il. ; 28 cmInclui referncias

    1. Segurana do trabalho 2. Higiene ocupacional 3. Riscosocupacionais 4. Riscos ambientais I. Ferreira, Leandro SilveiraII. Universidade Federal de Santa Maria. Colgio Tcnico Industrial de Santa Maria III. Escola Tcnica Aberta do Brasil IV. Ttulo.

    CDU 331.45 331.47 613.6

    Ficha catalogrfica elaborada por Alenir Incio Goularte CRB 10/990Biblioteca Central da UFSM

  • e-Tec Brasil3

    Apresentao e-Tec Brasil

    Prezado estudante,

    Bem-vindo ao e-Tec Brasil!

    Voc faz parte de uma rede nacional pblica de ensino, a Escola Tcnica Aberta

    do Brasil, instituda pelo Decreto n 6.301, de 12 de dezembro 2007, com o

    objetivo de democratizar o acesso ao ensino tcnico pblico, na modalidade

    a distncia. O programa resultado de uma parceria entre o Ministrio da

    Educao, por meio das Secretarias de Educao a Distncia (SEED) e de Edu-

    cao Profissional e Tecnolgica (SETEC), as universidades e escolas tcnicas

    estaduais e federais.

    A educao a distncia no nosso pas, de dimenses continentais e grande

    diversidade regional e cultural, longe de distanciar, aproxima as pessoas ao

    garantir acesso educao de qualidade, e promover o fortalecimento da

    formao de jovens moradores de regies distantes dos grandes centros

    geograficamente ou economicamente.

    O e-Tec Brasil leva os cursos tcnicos a locais distantes das instituies de

    ensino e para a periferia das grandes cidades, incentivando os jovens a concluir

    o ensino mdio. Os cursos so ofertados pelas instituies pblicas de ensino

    e o atendimento ao estudante realizado em escolas-polo integrantes das

    redes pblicas municipais e estaduais.

    O Ministrio da Educao, as instituies pblicas de ensino tcnico, seus

    servidores tcnicos e professores acreditam que uma educao profissional

    qualificada integradora do ensino mdio e educao tcnica, capaz

    de promover o cidado com capacidades para produzir, mas tambm com

    autonomia diante das diferentes dimenses da realidade: cultural, social,

    familiar, esportiva, poltica e tica.

    Ns acreditamos em voc!

    Desejamos sucesso na sua formao profissional!

    Ministrio da Educao

    Janeiro de 2010

    Nosso contato

    [email protected]

  • e-Tec Brasil5

    Indicao de cones

    Os cones so elementos grficos utilizados para ampliar as formas de

    linguagem e facilitar a organizao e a leitura hipertextual.

    Ateno: indica pontos de maior relevncia no texto.

    Saiba mais: oferece novas informaes que enriquecem o assunto ou curiosidades e notcias recentes relacionadas ao

    tema estudado.

    Glossrio: indica a definio de um termo, palavra ou expresso utilizada no texto.

    Mdias integradas: sempre que se desejar que os estudantes desenvolvam atividades empregando diferentes mdias: vdeos,

    filmes, jornais, ambiente AVEA e outras.

    Atividades de aprendizagem: apresenta atividades em diferentes nveis de aprendizagem para que o estudante possa realiz-las e

    conferir o seu domnio do tema estudado.

  • e-Tec Brasil 6

  • e-Tec Brasil

    Sumrio

    Palavra do professor-autor 9

    Apresentao da disciplina 11

    Projeto instrucional 13

    Aula 1 Conceituando a higiene ocupacional 151.1 Trabalho riscos 15

    1.2 Conceituao 16

    1.3 O que preciso para trabalhar com a higiene ocupacional? 22

    Aula 2 Avaliao da exposio aos agentes ambientais 252.1 Classificao dos riscos ambientais 25

    2.2 Fatores determinantes de uma exposio 26

    2.3 Caractersticas das avaliaes ambientais 27

    2.4 Estratgias de avaliao ambiental 29

    2.5 Limites de tolerncia 30

    2.6 Nvel de Ao (NA) 32

    2.7 Valor Teto (VT) 33

    2.8 Nexo causal 33

    2.9 Medidas gerais de higiene ocupacional 33

    Aula 3 Riscos fsicos: presses anormais, radiaes ionizantes e no ionizantes 39

    3.1 Riscos fsicos 39

    Aula 4 Riscos fsicos: rudo, temperaturas extremas, vibraes e umidade 51

    4.1 Rudo 51

    4.2 Temperaturas extremas 54

    4.3 Vibraes 57

    4.4 Umidade 58

    Aula 5 Riscos qumicos: agentes qumicos 595.1 Agentes qumicos 59

    5.2 As unidades de medida 61

  • 5.3 Classificao dos agentes qumicos 62

    5.4 Efeitos no organismo 69

    Aula 6 Riscos qumicos: limites de tolerncia 736.1 Os limites de tolerncia 73

    6.2 Adaptao dos limites de tolerncia 76

    Aula 7 Riscos biolgicos 817.1 Agentes biolgicos 81

    7.2 Formas de transmisso dos agentes biolgicos 82

    7.3 Vias de penetrao dos agentes biolgicos 82

    7.4 Classes de risco dos agentes biolgicos 84

    7.5 Agentes biolgicos na NR 15, em seu Anexo 14 87

    Referncias 90

    Currculo do professor-autor 92

    e-Tec Brasil

  • e-Tec Brasil9

    Palavra do professor-autor

    Quando estudamos a Segurana do Trabalho, na etapa anterior, podemos

    perceber que a preveno uma ao essencial para a reduo dos acidentes

    do trabalho. Estudamos sobre os riscos ambientais e sua diviso, bem como a

    importncia das inspees de segurana. Mas como reconhecer e quantificar

    os riscos ocupacionais?

    A Higiene Ocupacional a disciplina que vai embasar essas aes, pois for-

    necer os conhecimentos necessrios para que o Tcnico em Segurana do

    Trabalho possa pautar suas aes tanto qualitativas como quantitativas. O

    estudo dos riscos ocupacionais, suas subdivises, suas unidades de medida, a

    instrumentao necessria e as normas envolvidas nesse trabalho so essen-

    ciais para o bom desempenho profissional.

    As aes principais de identificao e reduo dos riscos passam pelas etapas

    de antecipao, reconhecimento, avaliao e controle, para tanto, necessrio

    que compreendamos cada uma delas.

    Comeamos aqui uma caminhada que culminar na disciplina de Instrumen-

    tao, na ltima etapa do curso. Lembre-se de que, como disciplina bsica,

    fundamental que voc estude e entenda as informaes apresentadas, pois

    elas sero muito importantes, principalmente, para as disciplinas de Higiene

    Ocupacional II, Higiene Ocupacional III e Toxicologia, alm de outras, no

    decorrer do curso.

    Voc, a partir de agora, estar comeando a aprender sobre uma das reas

    fundamentais do exerccio profissional e, portanto, necessrio muito empe-

    nho e dedicao. No se esquea de fazer as atividades propostas e desenvol-

    ver seus conhecimentos com leituras e pesquisas nos diversos sites da rea.

    Acreditamos no seu sucesso como prevencionista, mas reforamos que, o que

    diferencia um bom profissional dos outros , sem dvida, o conhecimento.

    Estaremos ao seu lado colaborando com seu desenvolvimento.

    Neverton Hofstadler Peixoto

    Leandro Silveira Ferreira

  • e-Tec Brasil11

    Apresentao da disciplina

    A disciplina de Higiene Ocupacional I tem como objetivo apresentar ao aluno

    os riscos que podem estar presentes em um ambiente ocupacional, analisando

    os aspectos tcnicos envolvidos, introduzindo a legislao e algumas definies

    bsicas para o desenvolvimento da disciplina.

    Sero apresentados conceitos iniciais sobre a higiene ocupacional e, na sequn-

    cia, apresentaremos, resumidamente, os riscos fsicos, qumicos e biolgicos

    com suas subdivises, unidades de medida e instrumentao.

    Nessa etapa, estudaremos apenas os aspectos bsicos dos referidos riscos,

    pois os aprofundamentos tcnicos necessrios merecero ateno especial e

    detalhada nas etapas seguintes do curso.

    No atrase estudos, realize exerccios, navegue em sites indicados para fazer leituras extras. Lembre-se de que necessrio estudar regularmente e acom-

    panhar as atividades propostas. Para um bom aproveitamento ser preciso

    muita disciplina, comprometimento, organizao e responsabilidade. Planeje

    corretamente seus estudos, se concentre nas leituras, crie estratgias de estudo,

    interaja com o ambiente virtual e administre seu tempo, s assim, ser possvel

    obtermos o sucesso necessrio na aprendizagem.

    Esperamos atender s suas expectativas e o convidamos a participar conosco

    na construo, desenvolvimento e aperfeioamento desse curso, visto que a

    sua colaborao atravs de perguntas, exposio de dvidas e exemplos, com

    certeza, contribuir para torn-lo cada vez mais completo.

    Seja bem-vindo!

    Bons estudos!

  • e-Tec Brasil

    Disciplina: Higiene Ocupacional I (carga horria: 60h).

    Ementa: Introduo. Conceituao. Classificao dos riscos ambientais. Fato-res determinantes de uma exposio. Caracterstica fsico-qumica do agente

    qumico ou natureza do agente fsico. Tempo de exposio. Concentrao

    ou intensidade do agente. Suscetibilidade individual. Caractersticas das ava-

    liaes ambientais. Avaliao qualitativa. Avaliao quantitativa. Estratgias

    de avaliao ambiental. Limites de tolerncia. Nvel de ao. Medidas gerais

    de higiene ocupacional. Riscos fsicos: definies bsicas. Presses anormais.

    Radiaes ionizantes. Radiaes no ionizantes. Rudo. Temperaturas extre-

    mas. Umidade. Vibraes. Riscos qumicos: definies bsicas. Classificao

    dos agentes qumicos. Efeitos no organismo humano. Vias de penetrao no

    organismo. Legislao em higiene ocupacional. Norma Regulamentadora N

    15 (NR 15). Normas de Higiene Ocupacional NHO, ACGIH, NIOSH, OSHA.

    AULA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM MATERIAISCARGA

    HORRIA(horas)

    1. Conceituando a higiene ocupacional

    Conhecer as definies sobre higiene ocupacional.Conhecer instituies de pesquisa na rea, em mbito nacional e internacional.Conhecer as etapas de antecipao, reconhecimento e avaliao dos riscos ocupacionais.

    Ambiente virtual:plataforma Moodle.Apostila didtica.Recursos de apoio: links, exerccios.

    10

    2. Avaliao da exposio aos agentes ambientais

    Conhecer a classificao dos riscos ambientais (ocupacionais).Conhecer os fatores determinantes de uma exposio, as caractersticas e as estratgias de avaliao.

    Ambiente virtual:plataforma Moodle.Apostila didtica.Recursos de apoio: links, exerccios.

    10

    3. Riscos fsicos: presses anormais, radiaes ionizantes e no ionizantes

    Conhecer as presses anormais (hiper e hipobricas), bem como sobre os tipos de radiaes, suas unidades de medida e legislao bsica.

    Ambiente virtual:plataforma Moodle.Apostila didtica.Recursos de apoio: links, exerccios.

    08

    4. Riscos fsicos: rudo, temperaturas extremas, vibraes e umidade

    Desenvolver conhecimentos sobre rudo, temperaturas extremas, vibraes e umidade, suas unidades de medida e legislao bsica.

    Ambiente virtual:plataforma Moodle.Apostila didtica.Recursos de apoio: links, exerccios.

    08

    Projeto instrucional

    e-Tec Brasil13

  • AULA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM MATERIAISCARGA

    HORRIA(horas)

    5. Riscos qumicos: agentes qumicos

    Conhecer os tipos de agentes qumicos, unidades de medida e classificao, bem como seus efeitos sobre o organismo humano.

    Ambiente virtual:plataforma Moodle.Apostila didtica.Recursos de apoio: links, exerccios.

    08

    6. Riscos qumicos: limites de tolerncia

    Conhecer os agentes qumicos, seus limites de tolerncia e a converso para a jornada de trabalho brasileira a partir de limites de tolerncia internacionais.

    Ambiente virtual:plataforma Moodle.Apostila didtica.Recursos de apoio: links, exerccios.

    08

    7. Riscos biolgicos

    Conhecer os riscos biolgicos, sua classificao, suas vias de transmisso e ingresso no organismo e a legislao bsica.

    Ambiente virtual:plataforma Moodle.Apostila didtica.Recursos de apoio: links, exerccios.

    08

    e-Tec Brasil 14

  • e-Tec Brasil

    Aula 1 Conceituando a higiene ocupacional

    Objetivos

    Conhecer as definies sobre higiene ocupacional.

    Conhecer instituies de pesquisa na rea, em mbito nacional e

    internacional.

    Conhecer as etapas de antecipao, reconhecimento e avaliao

    dos riscos ocupacionais.

    1.1 Trabalho riscosO desenvolvimento tecnolgico proporcionou enormes benefcios e conforto

    para o homem. Apesar das grandes vantagens advindas, o progresso tambm

    exps os trabalhadores a diversos agentes potencialmente nocivos que, sob

    certas condies, podem provocar doenas ocupacionais ou desajustes no

    organismo decorrentes das condies de trabalho.

    A higiene ocupacional, com seu carter prevencionista, tem como objetivo

    fundamental atuar nos ambientes de trabalho (e em ambientes afetados),

    aplicando princpios administrativos, de engenharia e de medicina do traba-

    lho no controle e preveno das doenas ocupacionais. Objetiva, tambm,

    detectar os agentes nocivos, quantificando sua intensidade ou concentrao e

    propondo medidas de controle necessrias para assegurar condies seguras

    para realizao de atividades laborais.

    A higiene ocupacional tambm denominada higiene industrial ou higiene

    do trabalho. a rea onde os profissionais de segurana exercero grande

    parte de suas atividades prevencionistas.

    e-Tec BrasilAula 1 - Conceituando a higiene ocupacional 15

  • Figura 1.1: Higiene ocupacional atuando como proteo ao trabalhador Fonte: CTISM

    1.2 ConceituaoConceituamos higiene do trabalho como a cincia e arte que se dedica ao

    reconhecimento, avaliao e controle dos riscos ambientais (qumicos, fsicos,

    biolgicos e ergonmicos) presentes nos locais de trabalho. Abaixo, apresen-

    tamos outras definies estabelecidas por importantes rgos internacionais

    de pesquisa na rea.

    Segundo a American Conference of Governmental Industrial Hygienists (ACGIH Conferncia Americana de Higienistas Industriais Governamentais, 2012),

    a higiene industrial uma cincia e uma arte que objetiva a antecipao, o

    reconhecimento, a avaliao e o controle dos fatores ambientais e estresses,

    originados nos locais de trabalho. Esses podem provocar doenas, prejuzos

    sade ou ao bem-estar, desconforto significativo e ineficincia nos trabalhadores

    ou entre as pessoas da comunidade.

    Segundo a American Industrial Hygiene Association (AIHA Associao Americana de Higiene Industrial, 2012), a cincia e arte dedicadas ao reco-

    nhecimento, avaliao, preveno e controle dos fatores ambientais, tenses

    emanadas ou provocadas pelo local de trabalho que podem ocasionar enfer-

    Para saber mais sobreACGIH, acesse:

    http://www.acgih.org

    Para saber mais sobre:AIHA, acesse:

    http://www.aiha.org/aboutaiha/Pages/WhatIsanIH.aspx

    Higiene Ocupacional Ie-Tec Brasil 16

  • midades, prejudicar a sade e o bem-estar ou desconforto significativo entre

    os trabalhadores ou os cidados da comunidade.

    Segundo o National Safety Council (NSC Conselho Nacional de Segurana, 2012), USA, a cincia e arte devotadas antecipao, reconhecimento,

    avaliao e controle dos fatores ou sobrecargas ambientais, originadas nos locais

    de trabalho que podem causar doenas, prejudicando sade e o bem-estar

    ou gerando considervel desconforto e ineficincia entre trabalhadores ou

    cidados da comunidade.

    Segundo a British Occupational Hygiene Society (BOHS Sociedade Britnica de Higiene Ocupacional, 2012), a preveno de problemas de sade do

    trabalho, atravs do reconhecimento, avaliao e controle dos riscos.

    Segundo a International Occupational Hygiene Association (IOHA Associao Internacional de Higiene Ocupacional, 2012), a antecipao, reconhecimento,

    avaliao e controle de riscos para a sade, no ambiente de trabalho, com

    o objetivo de proteger a integridade fsica e o bem-estar do trabalhador e

    salvaguardar a comunidade em geral.

    A IOHA (2012) tambm define a higiene do ocupacional como a prtica de

    identificao de riscos qumicos, fsicos e biolgicos, no local de trabalho,

    que poderiam causar a doena ou desconforto. Tambm avalia a extenso

    do risco devido exposio a estes agentes perigosos e seu controle, para

    prevenir problemas de sade a longo ou curto prazo.

    Segundo a Occupational Safety and Health Administration (OSHA Segurana Ocupacional e Administrao de Sade, 2012), a cincia da antecipao,

    reconhecimento, avaliao e controle das condies de trabalho que podem

    causar leso nos trabalhadores ou doena. Higienistas industriais usam moni-

    toramento ambiental e mtodos analticos para detectar o grau de exposio

    dos trabalhadores e empregam engenharia, controles de prtica profissional

    e outros mtodos para conter riscos potenciais sade.

    As definies de higiene podem conter uma ou outra variao conceitual,

    mas todas elas, essencialmente, visam ao mesmo objetivo que proteger e

    promover a sade, o bem-estar dos trabalhadores como tambm do meio

    ambiente em geral, atravs de aes preventivas no ambiente de trabalho.

    Para saber mais sobreNSC, acesse:http://www.nsc.org/Pages/Home.aspx

    Para saber mais sobreBOHS, acesse:http://www.bohs.org/NewsItem.aspx?id=1750&terms=writing %20guidance%20for%20occupational%20hygienists

    IOHA, acesse:http://ioha.net/faqs.html#on

    Para saber mais sobreOSHA, acesse:http://www.osha.gov/dte/library/industrial_hygiene/industrial_hygiene.html

    e-Tec BrasilAula 1 - Conceituando a higiene ocupacional 17

  • Figura 1.2: Instituies de pesquisa na rea de higiene ocupacionalFonte: Adaptado pelos autores

    Como podemos observar, quatro so as palavras que esto presentes na

    maioria das definies: antecipao, reconhecimento, avaliao e controle.

    Agora, vamos saber um pouco mais sobre essas etapas.

    1.2.1 AntecipaoA antecipao consiste em aes realizadas antes da concepo e instala-

    o de qualquer novo local de trabalho. Envolve a anlise de projetos de

    novas instalaes (impacto ambiental, sade ocupacional), equipamentos,

    ferramentas, mtodos ou processos de trabalho, matrias-primas, ou ainda,

    de modificaes. Visa identificar riscos potenciais, procurando alternativas

    de eliminao e/ou neutralizao, ainda na fase de planejamento e projeto

    (seleo de tecnologias mais seguras, menos poluentes, envolvendo, inclusive,

    o descarte dos efluentes e resduos resultantes). A antecipao constitui-se de

    normas, instrues e procedimentos para correto funcionamento dos processos,

    visando reduzir ou eliminar riscos que possam surgir, ou seja, assegurar que

    sejam tomadas medidas eficazes para evit-los. Isso pode requerer a criao de

    normas ou procedimentos para compradores, projetistas e para a contratao

    de prestadores de servio, de modo a reduzir-se, ao mximo, a probabilidade

    de que surjam novos riscos aos processos. Nessa etapa qualitativa pode se

    fazer o uso de tcnicas de anlise de riscos, como por exemplo, a APR (Anlise

    Preliminar de Riscos) no projeto de novas instalaes. Exemplo: na compra

    de novos equipamentos podemos especificar nveis de rudo mximos e a

    obrigatoriedade de dispositivos de proteo instalados.

    Higiene Ocupacional Ie-Tec Brasil 18

  • Figura 1.3: Antecipao aquisio de grupo gerador com cabine acsticaFonte: http://www.acusticateoria.com.br/imagem/produtos/geradores.jpg

    Lembre-seSe possvel no adicione novos problemas e sim novas solues.

    1.2.2 ReconhecimentoVisa identificar os diversos fatores ambientais relacionados aos processos

    de trabalho, suas caractersticas intrnsecas (etapas, subprodutos, rejeitos,

    produtos finais, insumos) e compreender a natureza e extenso de seus efeitos

    no organismo dos trabalhadores e/ou meio ambiente. Analisa as diferentes

    operaes e processos, identificando a presena de agentes fsicos, qumicos,

    biolgicos e/ou ergonmicos que possam prejudicar a sade do trabalhador,

    estimando o grau de risco. O reconhecimento um levantamento preliminar

    qualitativo dos riscos ocupacionais e vai exigir um conhecimento extenso e

    cuidadoso de processos, operaes, matrias-primas utilizadas ou geradas e

    eventuais subprodutos. O PPRA (Programa de Preveno de Riscos Ambientais

    NR 09), o Mapa de Riscos Ambientais (Comisso Interna de Preveno de

    Acidentes NR 05) e tcnicas de anlise de riscos industriais so importantes

    ferramentas de informao nessa etapa.

    Figura 1.4: Observao de uma atividade para reconhecimento dos riscosFonte: CTISM

    e-Tec BrasilAula 1 - Conceituando a higiene ocupacional 19

  • 1.2.3 Avaliao o processo de avaliar e dimensionar a exposio dos trabalhadores e a

    magnitude dos fatores ambientais. Nessa etapa, sero obtidas as informaes

    necessrias para determinar as prioridades de monitoramento e controle

    ambiental, com a interpretao dos resultados das medies representativas

    das exposies, de forma a subsidiar o equacionamento das medidas de

    controle. Nessa etapa, se estabelece o plano de monitoramento (estratgia de

    amostragem) para avaliar quantitativamente as fontes potenciais de exposio

    e a eficincia das medidas de controle. A avaliao objetiva determinar a expo-

    sio, ou seja, quantas vezes e por quanto tempo o trabalhador fica exposto.

    Figura 1.5: Avaliao de riscos de um espao confinado Fonte: CTISM

    1.2.4 ControleSelecionar meios, medidas e aes (procedimentos de trabalho) para eliminar,

    neutralizar, controlar ou reduzir, a um nvel aceitvel, os riscos ambientais, a

    fim de atenuar os seus efeitos a valores compatveis com a preservao da

    sade, do bem-estar e do conforto.

    As medidas de controle podem estar relacionadas ao ambiente de trabalho

    ou ao trabalhador. A hierarquia dos controles deve ser:hierarquia

    a ordenao em ordem de importncia e/ou prioridade.

    Higiene Ocupacional Ie-Tec Brasil 20

  • a) Controle na fonte do risco melhor forma de controle. Deve ser a pri-meira opo, envolve substituio de materiais e/ou produtos, manuten-

    o, substituio ou modificao de processos e/ou equipamentos.

    b) Controle na trajetria do risco (entre a fonte e o receptor) quando no for possvel o controle na fonte, podemos utilizar barreiras na trans-

    misso do agente, tais como: barreiras isolantes, refletoras, sistemas de

    exausto, etc.

    c) Controle no receptor (trabalhador) as medidas de controle no traba-lhador s devem ser implantadas quando as medidas de controle na fon-

    te e na trajetria forem inviveis, ou em situaes emergenciais. Como

    exemplo, podemos citar: educao, treinamento, equipamentos de pro-

    teo individual, higiene, limitao da exposio, rodzio de tarefas, etc.

    Figura 1.6: Controle: ventilao local exaustora de processoFonte: CTISM

    importante ressaltar o carter multidisciplinar da higiene do trabalho, que

    envolve no apenas medidas de engenharia e questes estritamente tcnicas,

    mas tambm, as informaes advindas de estudos mdicos do trabalhador

    exposto (exames peridicos). Pretende-se, assim, determinar e identificar

    possveis alteraes no seu organismo, provocadas pelos agentes agressivos, as

    quais podem ter passado despercebidas ou, at mesmo, como comprovantes

    de que as medidas de controle adotadas foram eficazes ou ineficazes.

    e-Tec BrasilAula 1 - Conceituando a higiene ocupacional 21

  • Quanto mais cedo for eliminado o risco, melhor.

    1.3 O que preciso para trabalhar com a higiene ocupacional?Basicamente necessrio um excelente embasamento terico, pois preci-samos conhecer processos, equipamentos e matria-prima, assim como, as

    relaes exposio/dose/resposta, as metodologias de avaliao (nacionais e

    internacionais), a literatura tcnica associada e o que existe em termos de

    legislao e preveno j estabelecido. Na sequncia, so necessrios os conhe-cimentos prticos nos quais sero estudadas as situaes dos ambientes de trabalho, com a anlise de postos de trabalho, a deteco de contaminantes

    e tempos de exposio, medies e coleta de amostras. De posse dos dados

    obtidos sero necessrios os conhecimentos analticos, ou seja, a anlise dos resultados qualitativos e quantitativos dos contaminantes presentes nos

    ambientes de trabalho, para comparao com padres normatizados (limites

    de tolerncia). Aps o domnio desse conjunto de informaes e anlises, so

    necessrios conhecimentos operacionais, ou seja, com base nas avaliaes tericas e prticas, pode-se recomendar os mtodos de controle que devem

    ser implantados para eliminar e/ou reduzir os nveis de intensidade (concen-

    trao) dos agentes presentes no ambiente de trabalho, bem como verificar

    a eficincia das solues propostas.

    Alm de tudo isso, o profissional higienista deve ser capaz de trabalhar efeti-

    vamente em uma equipe multidisciplinar que envolva profissionais de outras

    reas, participando da anlise de risco global e gesto de risco. Deve, ainda,

    incluir-se nos processos de educao, conscientizao, informao e controle

    de prticas prevencionistas que envolvam todos os nveis da empresa.

    Muitas vezes, a complexidade da avaliao, ou ainda, os equipamentos

    requeridos para realiz-la, iro exigir a contratao de profissionais externos

    empresa com capacitao suficiente para executar tal demanda.

    Lembre-sePara a excelncia na rea de higiene ocupacional necessrio muito estudo

    e constante atualizao, associado ao uso de equipamentos e estratgias de

    avaliao adequadas.

    Higiene Ocupacional Ie-Tec Brasil 22

  • ResumoNesta aula, podemos conhecer um pouco sobre a higiene ocupacional, sua

    conceituao e a instituies de estudo na rea, bem com estudar sobre

    as etapas de antecipao, reconhecimento, avaliao e controle dos riscos

    ocupacionais.

    Atividades de aprendizagem1. Leia atentamente o texto abaixo e identifique aes de antecipao,

    reconhecimento, avaliao e controle em segurana do trabalho. Cada

    item recebeu uma numerao para voc poder conferir suas respostas.

    Uma empresa metalrgica pretende comprar um estampo de corte de chapas

    de ao e encaminhou ao Servio Especializado em Engenharia de Segurana e

    Medicina do Trabalho (SESMT) a especificao para que avaliasse as questes

    de segurana. O SESMT recomendou que fossem includas nas especificaes

    proteo tipo cortina de luz eletrnica para as mos e treinamento de operao

    prvio pelo fabricante.

    Na chegada do equipamento, o Tcnico em Segurana do Trabalho (TST)

    realizou uma anlise preliminar de risco e determinou os procedimentos

    necessrios ao descarregamento3.

    Com o equipamento em funcionamento, iniciou-se o treinamento prvio

    (antes da mquina entrar em operao normal)4 com a participao do ins-

    trutor designado pelo fornecedor, SESMT e Comisso Interna de Preveno

    de Acidentes (CIPA).

    Durante a operao plena do equipamento (em ritmo de produo) o TST

    ao analisar as atividades detectou itens e procedimentos inseguros5 e foram

    realizadas as correes necessrias6. Outro aspecto detectado pelos opera-

    dores foi a posio de trabalho desconfortvel7. O SESMT acompanhou um

    profissional no levantamento ergonmico8 que comprovou as anormalidades.

    Instalados os novos postos de trabalho9 o SESMT verificou a nova situao

    (novo levantamento realizado) e comprovou a eficcia das medidas10.

    Passadas algumas semanas da operao, ocorreu um problema com a cortina

    de luz protetora das mos. Para evitar a entrada em zona de perigo, este

    dispositivo foi tornado inoperante, uma vez que, havendo um incidente, ele

    e-Tec BrasilAula 1 - Conceituando a higiene ocupacional 23

  • poderia interromper a produo. Em funo da investigao do incidente11,

    o SESMT determinou novo treinamento12, para que ficasse clara a prioridade

    da segurana do trabalho sobre a produo. Ficou estabelecido pelo SESMT

    que inspees regulares13 seriam realizadas para avaliao dos procedimentos

    de trabalho no equipamento.

    Fonte: Autores

    Higiene Ocupacional Ie-Tec Brasil 24

  • e-Tec Brasil

    Aula 2 Avaliao da exposio aos agentes ambientais

    Objetivos

    Conhecer a classificao dos riscos ambientais (ocupacionais).

    Conhecer os fatores determinantes de uma exposio, as caracte-

    rsticas e as estratgias de avaliao.

    2.1 Classificao dos riscos ambientaisNa maioria das atividades industriais existem processos capazes de gerarem,

    no ambiente de trabalho, substncias e fenmenos fsicos que, em funo de

    sua natureza, concentrao ou intensidade, ao entrarem em contato com o

    organismo dos trabalhadores, podem produzir molstias ou danos sua sade.

    Na higiene ocupacional, dividimos os riscos presentes no ambiente de trabalho em:

    Riscos fsicos.

    Riscos qumicos.

    Riscos biolgicos.

    Riscos ergonmicos.

    Cada um destes grupos subdivide-se de acordo com as consequncias fisiol-

    gicas que podem provocar, quer em funo das caractersticas fsico-qumicas,

    concentrao ou intensidade dos agentes, quer segundo sua ao sobre o

    organismo. Mais adiante estudaremos com maiores detalhes cada um desses

    riscos ambientais.

    Os riscos ergonmicos, apesar de fazerem parte da higiene ocupacional, por

    suas caractersticas especiais tm sido, na maioria dos casos, estudados em

    separado, como parte integrante da cincia chamada de ergonomia, que voc estudar no decorrer de seu curso.

    ergonomia a cincia que visaestabelecer parmetros que permitam a adaptao das condies de trabalho s caractersticas psicofisiolgicas dos trabalhadores, e de modoa proporcionar um mximode conforto, segurana e desempenho eficiente(BRASIL, 1978a).

    e-Tec BrasilAula 2 - Avaliao da exposio aos agentes ambientais 25

  • 2.2 Fatores determinantes de uma exposioNa prtica da higiene ocupacional, os resultados de avaliao da exposio

    so, frequentemente, comparados com os limites de exposio ocupacional

    (limites de tolerncia). Esses fornecem orientaes para estabelecer nveis

    aceitveis de exposio e seu controle. Exposio acima dos limites requer

    medidas corretivas imediatas. Para os profissionais prevencionistas a interveno

    ser no nvel de ao, que geralmente a metade do limite de tolerncia.

    Em funo das dificuldades em se realizar uma avaliao representativa da

    exposio, recomenda-se, sempre, uma anlise criteriosa dos resultados, pois

    muitas variveis esto presentes.

    2.2.1 Caractersticas fsico-qumicas do agente qumico ou natureza do agente fsicoO conhecimento das caractersticas especficas de cada agente fundamental

    na definio de seu potencial de agressividade e, inclusive, na proposio de

    medidas tcnicas para a sua neutralizao. Cada agente ambiental tem carac-

    tersticas e efeitos especficos de acordo com sua natureza. O primeiro passo

    na avaliao de uma exposio a identificao do(s) agente(s) presente(s) e

    as possveis consequncias desta exposio. Como exemplo, podemos citar a

    densidade de um gs ou vapor de um agente qumico que ir afetar a distri-

    buio e concentrao no ambiente (os gases mais densos que o ar tendem

    a se acumular ao nvel do solo e, consequentemente, tero a sua disperso

    dificultada quando comparada disperso dos gases com densidade prxima

    ou inferior densidade do ar).

    2.2.2 Tempo de exposioQuanto maior o tempo de exposio, maiores sero as possibilidades de se

    produzir uma doena ocupacional. O tempo real de exposio ser determi-

    nado considerando-se a anlise da tarefa desenvolvida pelo trabalhador. Essa

    anlise deve incluir estudos tais como: tipo de atividade e suas particularidades,

    movimento do trabalhador ao efetuar o seu servio, jornada de trabalho e

    descanso. Devem ser consideradas todas as suas possveis variaes durante

    a jornada de trabalho, de forma a subsidiar o dimensionamento da avaliao

    quantitativa da exposio.

    2.2.3 Concentrao ou intensidade do agenteQuanto maior a concentrao ou intensidade dos agentes agressivos presentes

    no ambiente de trabalho, maior ser a possibilidade de efeitos nocivos sade

    dos trabalhadores. A concentrao dos agentes qumicos ou a intensidade

    Higiene Ocupacional Ie-Tec Brasil 26

  • dos agentes fsicos devem ser avaliadas, mediante amostragem nos locais de

    trabalho, de maneira tal que elas sejam as mais representativas possveis da

    exposio real do trabalhador a esses agentes agressivos. Esse cuidado na

    avaliao, faz-se necessrio, pois, muitas variveis esto envolvidas e influem

    diretamente na representatividade. Como exemplo, podemos citar a tempe-

    ratura em uma exposio a um determinado agente qumico.

    2.2.4 Suscetibilidade individualA complexidade do organismo humano implica em que a resposta do organismo

    a um determinado agente possa variar de indivduo para indivduo. Portanto,

    a suscetibilidade individual um fator importante e os limites de tolerncia

    no devem ser considerados como 100% seguros. Os controles fixados a

    50% dos limites de tolerncia devem ser prioritrios.

    2.2.5 SinergismoNos locais de trabalho pode haver a exposio simultnea a mais de um agente,

    originando exposies combinadas e interaes entre eles, modificando os

    agentes. As consequncias para a sade da exposio a um determinado

    agente s pode diferir, consideravelmente, das consequncias da exposio a

    este mesmo agente em combinao com os outros, particularmente se houver

    sinergismo ou potenciao dos efeitos. Exemplo: duas ou mais substncias

    perigosas com efeitos toxicolgicos devem ter, prioritariamente, analisados

    seus efeitos combinados e no os efeitos produzidos individualmente.

    2.3 Caractersticas das avaliaes ambientaisEm todo o estudo de um ambiente de trabalho o mais importante estabelecer

    as relaes entre o ambiente, seus riscos, suas especificidades e os possveis

    danos sade dos trabalhadores. A amostragem, que a etapa inicial da

    avaliao ambiental, envolve grande responsabilidade, devendo ser feita

    criteriosamente, pois todo o trabalho subsequente estar na dependncia

    direta dos procedimentos corretos utilizados na efetivao da avaliao.

    Lembre-seO grau de incerteza na avaliao de uma exposio ser diminudo com o

    aumento no nmero de avaliaes.

    2.3.1 Avaliao qualitativaO estudo qualitativo o estudo prvio das condies de trabalho, visando

    coletar o maior nmero possvel de informaes e dados necessrios, das

    SinergismoAo combinada entre doisou mais fatores que contribuem para o resultado final de um processo.

    e-Tec BrasilAula 2 - Avaliao da exposio aos agentes ambientais 27

  • condies relacionadas aos trabalhadores e ambientes, a fim de fixarem-se

    as diretrizes do levantamento quantitativo.

    O reconhecimento qualitativo inclui estudos minuciosos da planta atualizada

    do local, do fluxograma dos processos, dos agentes presentes, do nmero

    de trabalhadores, dos horrios de trabalho, das atividades realizadas, das

    movimentaes de trabalhadores e materiais, das matrias-primas, dos equi-

    pamentos e processos, dos ritmos de produo, das condies ambientais,

    do tipo de iluminao e estado das luminrias, da identificao dos riscos e

    ponto de origem da disperso, do uso de Equipamentos de Proteo Individual

    (EPI) por parte dos trabalhadores, da existncia ou no de Equipamentos de

    Proteo Coletiva (EPC), do estado em que se encontram os equipamentos,

    dentre outros. Todo esse levantamento, necessrio para estabelecer a forma

    correta de proceder ao levantamento quantitativo.

    importante o assessoramento de um profissional que esteja familiarizado com

    os processos, mtodos de trabalho e demais atividades realizadas normalmente,

    a fim de se obterem dados fidedignos e esclarecer as dvidas que possam

    surgir durante o levantamento. Essas informaes devem ficar contidas em

    um documento tcnico.

    Em algumas atividades, com riscos para a sade conhecidos, a ao preventiva

    bvia e deve ser tomada de imediato, sem a necessidade de levantamento

    quantitativo prvio como, por exemplo, os trabalhos na fabricao e mani-

    pulao de compostos orgnicos de mercrio.

    2.3.2 Avaliao quantitativaCom base na avaliao qualitativa, que deve representar as condies reais nas

    quais se encontra o ambiente de trabalho (representatividade), dimensionam-se

    as estratgias de amostragem adequadas que fornecero informaes sobre

    os diferentes agentes agressivos presentes nos locais, ou seja, a intensidade

    dos agentes fsicos ou a concentrao dos agentes qumicos existentes no

    local analisado.

    Uma vez realizado o levantamento qualitativo, esto reunidas as condies

    necessrias para traar os planos de controle das exposies.

    A avaliao quantitativa fornece valores para o dimensionamento das medidas

    de controle que, uma vez adotadas, devem passar por um novo levantamento

    quantitativo para se verificar a eficcia das medidas implantadas.

    Higiene Ocupacional Ie-Tec Brasil 28

  • Reconhecer e identificar qualitativo Medir quantitativo

    2.4 Estratgias de avaliao ambientalAvaliao o conjunto de aes necessrias para se realizar uma caracterizao

    mais completa e representativa possvel de um determinado ambiente ou

    exposio ocupacional.

    Uma estratgia de avaliao compreende as seguintes definies:

    a) Do objetivo da avaliao importante a definio do que vai ser avaliado, se a exposio do trabalhador, a operao, uma funo espe-

    cfica ou a verificao da eficincia de algum sistema de proteo coletiva

    (exausto, ventilao), pois so bsicos para a definio dos mtodos de

    amostragem, que podem ser individuais ou fixos (coletivos).

    b) Dos mtodos de amostragem (medio ou coleta) baseados em nor-mas nacionais (NBR, NR, NHO) e internacionais (OSHA, NIOSH, ACGIH), de modo a se compararem resultados obtidos com resultados de estudos

    cientficos, que indicam valores mximos aceitveis para determinada ex-

    posio ocupacional.

    c) Do tempo de amostragem deve cobrir um ciclo de trabalho (carac-tersticas e variaes sobre durao e condies de exposio, tarefas

    desempenhadas, tempo de permanncia no local contaminado, pausas

    e movimentos efetuados), isto necessrio para que a amostragem seja

    representativa da exposio (baseado em normas ou estudos qualitativos

    da exposio). Pode englobar amostragens instantneas, de minutos, de

    horas, de turnos e, at mesmo, de vrios turnos em dias alternados.

    d) Dos perodos para realizao das coletas/medies a amostragem deve ser realizada em condies normais de trabalho, em perodos de

    efetiva realizao das atividades a serem avaliadas, considerando suas

    especificidades.

    e) Do nmero mnimo de amostragens a quantidade de amostragens deve permitir um estudo que possibilite a representatividade da exposi-

    o, pois podem estar presentes flutuaes na concentrao ou intensi-

    dade dos agentes, devido a modificaes ambientais, e ainda, flutuaes

    no ritmo do processo industrial e atividades.

    NBRNormas Brasileiras estabelecidas pela Associao Brasileira de Normas Tcnicas ABNT.

    NRNormas regulamentadoras.

    NHONormas de Higiene Ocupacional estabelecidas pela FUNDACENTRO.

    e-Tec BrasilAula 2 - Avaliao da exposio aos agentes ambientais 29

  • f) Dos grupos homogneos de exposio quando possvel, para gru-pos de trabalhadores que exeram atividades a condies semelhantes de

    exposio, pode-se realizar uma avaliao caracterstica para esse grupo.

    Na avaliao da exposio dos trabalhadores aos agentes presentes no ambiente

    de trabalho, considerando-se normas amparadas por estudos cientficos,

    realiza-se uma exposio estimada, que uma aproximao da exposio real

    baseada em uma amostragem no tempo e no espao a qual, se considera,

    representativa da exposio.

    importante ressaltar que a exposio real a que o trabalhador est submetido,

    somente poderia ser conhecida atravs da medio, de forma instantnea e

    contnua, durante toda sua vida laboral, dentro e fora do ambiente de trabalho,

    o que invivel tanto tcnica como economicamente.

    O profissional responsvel pela avaliao da exposio deve estabelecer uma

    estratgia de amostragem que contorne as dificuldades at aqui apontadas.

    Deve-se coletar as amostras de forma tal que se consiga, alm da representa-

    tividade da exposio do trabalhador, um nmero de amostras com durao,

    frequncia e condies de coleta estatisticamente aceitveis. Neste ponto

    h necessidade de um bom conhecimento tcnico em higiene ocupacional

    e, sobretudo, bom senso para ponderar e utilizar uma estratgia adequada,

    compatvel com o que tecnicamente necessrio e o praticamente realizvel.

    2.5 Limites de tolernciaOs Limites de Tolerncia (LT), ou Limites de Exposio Ocupacional (LEO),

    referem-se s concentraes ou intensidades dos agentes ambientais aos

    quais, se acreditam, que a maioria dos trabalhadores possa estar exposta, repetidamente, dia aps dia, sem sofrer efeitos adversos sade.

    Na NR 15 (1978c), temos a seguinte definio: Entende-se por Limite de

    Tolerncia a concentrao ou intensidade mxima ou mnima relacionada

    com a natureza e o tempo de exposio ao agente, que no causar dano sade do trabalhador, durante a sua vida laboral. Como a fronteira entre

    o LT e o dano no pode ser 100% estabelecida, essa definio carrega uma

    impreciso que, com a reviso da norma, certamente, ser corrigida.

    Os limites de exposio so baseados em informaes cientficas oriundas da

    combinao de experincias industriais, experincias em humanos e estudos

    em animais.

    A Portaria n 281, de 1 de novembro de 2011, do

    Ministrio do Trabalho e Emprego (MTE) constitui

    grupo tcnico com o objetivo de elaborar minuta de texto tcnico bsico para reviso

    da Norma Regulamentadora n 15: atividades e operaes

    insalubres (1978c).

    Higiene Ocupacional Ie-Tec Brasil 30

  • importante ressaltar que, devido susceptibilidade individual, uma pequena

    porcentagem de trabalhadores pode apresentar desconforto em relao a certas

    concentraes ou intensidades inferiores aos limites de exposio. Portanto, os

    limites de exposio so recomendaes e devem ser utilizados como guias nas

    prticas de avaliao, no devendo ser considerados uma linha divisria entre

    concentraes seguras e perigosas. O correto se manter as concentraes

    ou as intensidades de qualquer agente no nvel mais baixo possvel.

    No Brasil, os limites de tolerncia esto estabelecidos em: NBR (Norma Brasi-

    leira); NR (Norma Regulamentadora); NHO (Norma de Higiene Ocupacional).

    O quadro abaixo apresenta os principais limites de tolerncia internacionais

    que servem como base de avaliao e comparao nas atividades de avaliao

    ocupacional.

    Quadro 2.1: Limites de tolernciaNorma Denominao Significado

    ACGIH TLVThreshold Limit Values

    (valor limite)

    ACGIH BEIBiological Exposure Indice

    (ndice de exposio biolgica)

    OSHA PELPermissible Exposure Limit

    (limite de exposio permissvel)

    NIOSH RELRecommended Exposure Limit

    (limite de exposio recomendado)

    ACGIH: American Conference of Governmental Industrial Hygienist.OSHA: Occupational Safety and Health Administration.NIOSH: National Institute for Occupational Safety and Health.

    Fonte: Autores

    No momento em que estudamos agentes fsicos, qumicos e biolgicos, devemos

    sempre fazer uma comparao entre os limites nacionais e internacionais,

    pelo carter prevencionista da profisso. A atualizao anual dos limites de

    tolerncia internacionais os transforma em referncia necessria para os

    profissionais prevencionistas.

    Embora os Limites de Tolerncia no sejam garantia absoluta de que os agentes

    no produzam efeito adverso sade, so as melhores alternativas disponveis,

    pois foram determinados dentro de critrios cientficos e esto sujeitos

    contnua evoluo (normalmente so rebaixados os valores dos LT). Eles so

    atualizados sempre que novos dados a respeito dos agentes sejam conhecidos

    e novos agentes nocivos sejam acrescentados aos ambientes de trabalho.

    e-Tec BrasilAula 2 - Avaliao da exposio aos agentes ambientais 31

  • 2.6 Nvel de Ao (NA) definido pela NR 9 (1978b) como o valor acima do qual devem ser iniciadas

    as aes preventivas, de forma a minimizar a probabilidade de que as exposies

    a agentes ambientais ultrapassem os limites de exposio. Normalmente o

    nvel de ao estabelecido como metade do LT.

    O nvel de ao o referencial para a tomada de decises dos profissionais

    prevencionistas, uma vez que procura prevenir, com uma margem segura, a

    exposio dos trabalhadores aos agentes ambientais, ou seja, as medidas de

    segurana devem manter as concentraes e intensidades em nveis inferiores

    ao nvel de ao.

    Em uma exposio possvel apresentar uma dose/resposta atravs da curva

    gaussiana, ou seja, ao se observar o efeito de uma exposio para uma

    determinada populao, vamos perceber que nem todos os membros dela

    respondero de maneira uniforme a uma dose D. Esta no uniformidade

    devida s diferenas na susceptibilidade individual, ou seja, variao biolgica

    dentro de uma espcie. Podemos observar na Figura 2.1 a distribuio normal

    da frequncia, ou seja, existe uma grande parte da populao amostrada que

    ir ser afetada pela dose D com o efeito E. H tambm um pequeno nmero

    que responder a uma dose menor que D com o mesmo efeito e outro pequeno

    nmero que s responder com este efeito E a uma dose maior que D.

    Estes extremos so os indivduos hipersensveis (ou hipersucetveis) e os resistentes (ou hiposucetveis).

    Figura 2.1: Relao dose/frequncia de resposta para uma substncia hipottica em uma populao homogneaFonte: CTISM

    Higiene Ocupacional Ie-Tec Brasil 32

  • A adoo do limite de tolerncia propicia que a grande maioria dos traba-

    lhadores expostos no tenha afeitos nocivos em valores abaixo dos limites. A

    adoo do nvel de ao garante uma proteo mais ampla.

    2.7 Valor Teto (VT) o valor que no pode ser ultrapassado, em hiptese alguma, pois oferece

    risco iminente sade do trabalhador.

    2.8 Nexo causalNa execuo de suas atividades os trabalhadores esto expostos a riscos e,

    dessa exposio, podem aparecer as doenas ocupacionais. O nexo causal

    a comprovao da relao direta entre a doena e o exerccio do trabalho. O

    aparecimento da doena ocupacional pode indicar uma deficincia na eficcia

    de uma medida de proteo fornecida pelo empregador, isto , uma falha nas

    medidas adotadas que no conseguiram, efetivamente, eliminar, ou atenuar

    a exposio aos riscos ambientais.

    2.9 Medidas gerais de higiene ocupacionalUma vez realizados os levantamentos ambientais e detectadas anormalida-

    des, devemos executar medidas que eliminem, reduzam ou neutralizem as

    exposies. Os estudos oriundos das anlises dos ambientes de trabalho,

    pela higiene ocupacional, podem conduzir a vrias medidas de controle que

    podem incluir:

    Limitao da utilizao ou substituio do agente. Exemplo: a substi-tuio, na indstria automobilstica, de tintas a base de solventes por tintas

    a base de gua ou com maiores teores de slidos e, consequentemente,

    com menos solventes (pintura eletrosttica a p, Figura 2.2). So menos

    txicas, possuem baixo nvel de composto orgnico voltil e so menos

    inflamveis, reduzindo a emisso de poluentes, melhorando a sade e a

    segurana do trabalhador.

    Limitao da utilizao ou substituio do processo. Exemplos: tampar recipientes que envolvam materiais que possam se dispersar no ambiente;

    substituir um processo de pintura pistola por pintura spray eletrosttica a

    p; reduzir a temperatura de um processo para reduzir evaporao, reduzir

    a quantidade utilizada e/ou armazenada, usar empilhadeiras com motores

    eltricos em substituio aos motores de combusto interna.

    e-Tec BrasilAula 2 - Avaliao da exposio aos agentes ambientais 33

  • Figura 2.2: Pintura a pFonte: CTISM

    Utilizao de medidas tcnicas preventivas. Exemplo: compra de produtos qumicos j misturados, nas quantidades certas, para evitar mani-

    pulao desnecessria.

    Estabelecimento de valores limites, mtodos de amostragem, medi-o e avaliao. Exemplo: utilizao dos equipamentos portteis de avaliao em ambientes que possam conter atmosferas perigosas (H2S em

    esgotos, CO2, gases combustveis e O2 em espaos confinados).

    Adoo de medidas de proteo que impliquem na aplicao de procedimentos e mtodos de trabalho apropriados. Exemplo: evitar que o trabalhador se incline sobre uma fonte de contaminante voltil para

    no agravar a exposio.

    Medidas de proteo coletiva. Exemplos: ventilao local exaustora, barreiras na transmisso ou propagao.

    Medidas de proteo pessoal, quando no for possvel evitar por outros meios. Exemplo: uso de equipamentos de proteo individual adequado.

    Higiene Ocupacional Ie-Tec Brasil 34

  • Medidas de higiene pessoal. Exemplo: alertar para os trabalhadores lavarem as mos aps manipulao de produtos nocivos.

    Informar aos trabalhadores sobre os riscos relativos exposio a um agente, sobre as medidas tcnicas de preveno e, ainda, sobre as precaues a tomar. Exemplo: treinamento adequado.

    Sinalizao de advertncia e segurana. Exemplo: rotulagem e sinais de advertncia para ajudar os trabalhadores nas prticas seguras.

    Vigilncia da sade dos trabalhadores atravs de exames peridicos. Exemplo: execuo completa e adequada do Programa de Controle Mdico

    e de Sade Ocupacional (PCMSO) NR 7 (1978a).

    Registro de dados relativos a nveis de exposio, trabalhadores expostos e resultados de vigilncia da sade. Exemplo: elaborao de estatsticas de acidentes e incidentes.

    Planos de emergncia em caso de exposies anormais. Exemplos: procedimentos de emergncia, plano de evacuao, plano de ao e

    emergncia, plano de auxlio mtuo.

    ResumoNesta aula, podemos conhecer um pouco sobre classificao dos agentes

    ambientais e conhecer fatores que influenciam na exposio ocupacional,

    bem como estratgias de avaliao.

    Atividades de aprendizagem1. Relacione as colunas.

    (1) Agente fsico. ( ) Adoo de medidas corretivas imediatas.

    (2) Agente qumico. ( ) Resposta de cada indivduo ao agente.

    (3) Sinergismo. ( ) Intervalo de ateno para a exposio.

    (4) Susceptibilidade. ( ) Efeito combinado de mais de um agente.

    e-Tec BrasilAula 2 - Avaliao da exposio aos agentes ambientais 35

  • (5) Concentrao > LT. ( ) Nvel aceitvel de exposio.

    (6) NA < concentrao < LT. ( ) Concentrao.

    (7) Concentrao < LT. ( ) Intensidade.

    2. Relacione as colunas.

    (1) NIOSH ( ) PEL

    (2) ACGIH ( ) REL

    (3) OSHA ( ) BEI

    (4) NR 15 ( ) TLV

    ( ) LT

    3. Dadas as afirmativas.

    I. Uma exposio acima do LT ser sempre considerada insalubre, independente

    do tempo de exposio.

    II. Para a determinao de uma estratgia de avaliao ambiental, devemos

    estabelecer uma amostragem o mais representativa possvel, j que, devido

    as variveis inerentes, muito difcil uma avaliao 100% real.

    III. Uma exposio abaixo do limite de tolerncia estabelecido por norma

    garantia absoluta de proteo sade do trabalhador.

    IV. Uma doena ocupacional caracterizada quando estabelecido um nexo

    causal entre a doena e o exerccio do trabalho.

    Est(o) correta(s):

    a) II apenas.

    b) I e II apenas.

    c) I e IV apenas.

    Higiene Ocupacional Ie-Tec Brasil 36

  • d) II e III apenas.

    e) II e IV apenas.

    4. Pode ser considerada uma medida de higiene ocupacional do tipo subs-tituio do processo:

    a) Automatizao da operao.

    b) Treinamento adequado.

    c) Enclausuramento do equipamento.

    d) Ventilao local exaustora.

    e) Cortinas de luz para evitar acesso zona de perigo.

    e-Tec BrasilAula 2 - Avaliao da exposio aos agentes ambientais 37

  • e-Tec Brasil

    Aula 3 Riscos fsicos: presses anormais, radiaes ionizantes e no ionizantes

    Objetivos

    Conhecer as presses anormais (hiper e hipobricas), bem como sobre

    os tipos de radiaes, suas unidades de medida e legislao bsica.

    3.1 Riscos fsicosOs riscos fsicos representam diversas formas de energia que podem estar presentes

    em um ambiente de trabalho, em quantidade considerada superior quela que

    o organismo capaz de suportar, podendo conduzir a uma doena profissional.

    Entre os mais importantes podemos citar:

    Presses anormais.

    Radiaes ionizantes raios X, raios alfa, raios beta, raios gama.

    Radiaes no ionizantes infravermelho, luz visvel, ultravioleta, laser, micro-ondas.

    Rudo.

    Temperaturas extremas: calor e frio.

    Vibraes.

    Umidade.

    Nesta disciplina, voc ter noes bsicas sobre os riscos fsicos. Existem disci-

    plinas especficas, ao longo das etapas, que dedicaro ateno mais especfica

    sobre esses riscos, para que voc obtenha os conhecimentos necessrios para

    tornar-se um bom profissional prevencionista.

    3.1.1 Presses anormaisAtividades exercidas a presses acima (hiperbrica) e abaixo (hipobrica) da

    atmosfrica normal so denominadas atividades sob presses anormais. Elas

    e-Tec BrasilAula 3 - Riscos fsicos: presses anormais, radiaes ionizantes e no ionizantes 39

  • so muito especficas e exigem treinamento especializado, equipamentos

    sofisticados, pessoal e infraestrutura de apoio. A legislao bsica encontra-se

    na NR 15 (1978c) em seu Anexo 6.

    3.1.1.1 Baixas pressesEsto sujeitos a baixas presses trabalhadores que exercem atividades em

    grandes altitudes (raro no Brasil). Em condies hipobricas, com o aumento

    na altitude, a presso atmosfrica reduzida e, portanto, diminui tambm,

    a presso parcial de oxignio no ar. Muitas vezes se l que o percentual de

    oxignio no ar diminui com a altitude, o que no verdadeiro. O que vai

    variar a densidade do ar (as molculas se espalham).

    Com a queda na presso parcial, o processo de difuso do oxignio dos

    alvolos pulmonares para as hemcias, e destas para os tecidos, afetado

    negativamente, diminuindo a porcentagem de O2 na hemoglobina (o trans-

    porte de oxignio para os tecidos). Ento, uma menor presso parcial de

    oxignio (pO2) produz uma diminuio no nmero de molculas de oxignio

    por unidade de volume, ou seja, se respira menos quantidade de oxignio

    que na presso normal.

    O que significa essa presso parcial de O2?

    Quanto maior a altitude de um lugar, menor a sua presso atmosfrica. Isso

    porque a quantidade absoluta de ar diminui proporcionalmente altitude.

    Desse modo, a baixa oxigenao resultado da diminuio do ar atmosfrico

    como um todo, e no da porcentagem do oxignio especificamente. Tanto

    assim que o teor de oxignio de 21% do ar atmosfrico, seja ele ao nvel

    do mar ou na altitude. A diferena que na altitude h menos ar do que ao

    nvel do mar e, consequentemente, menos oxignio.

    Figura 3.1: O percentual de O2 em relao ao N2 permanece o mesmo, variam as quantidades no volume aspiradoFonte: CTISM

    Para saber mais sobreNR 15, acesse:

    http://portal.mte.gov.br/legislacao/norma-

    regulamentadora-n-15-1.htm

    Higiene Ocupacional Ie-Tec Brasil 40

  • A diminuio da presso atmosfrica provoca a expanso das molculas de

    ar, o que faz com que um determinado volume de ar inspirado tenha menos

    molculas de oxignio do que ao nvel do mar. A porcentagem de oxignio

    mantm-se igual (cerca de 21%). No entanto, a presso parcial de O2 (quan-

    tidade de molculas deste gs num determinado volume de ar) menor do

    que ao nvel do mar.

    A falta de oxignio pode levar a dores de cabea, perda de clareza mental,

    dificuldades para movimentos, perda de coordenao e equilbrio.

    Pessoas que moram em altitudes elevadas tm seu organismo aclimatado, ou

    seja, basicamente h um aumento no nmero de hemcias (maior captao de

    O2), aumento do nmero de vasos sanguneos (maior irrigao dos msculos)

    e aumento no nmero de mitocndrias (responsveis pela respirao celular).

    3.1.1.2 Altas pressesOcorrem em atividades executadas por mergulhadores e em trabalhos em

    tubules de ar comprimido (escavaes abaixo do nvel do lenol de gua), onde a presso, acima do normal, tem a finalidade de evitar, principalmente,

    a entrada de gua. Ocorre tambm em trabalhos em campnulas (compar-timentos estanques utilizados para trabalhos submersos).

    Para os mergulhadores, por exemplo, a profundidade, o tempo de mergulho

    e a velocidade de subida so parmetros de controle essenciais para evitar as

    doenas descompressivas e os acidentes como os barotraumas, embolias, embriagus das profundidades (saturao por N2), afogamentos, intoxicao

    pelo oxignio, intoxicao pelo gs carbnico. Portanto, o processo de des-

    compresso fundamental e essencial na atividade de mergulho. Esse processo

    cuidadoso segue o estabelecido nas tabelas de descompresso previstas na

    legislao. Como regra simples e de fcil entendimento, poderamos dizer que

    conforme mais se avana no tempo de durao do mergulho e na profundidade

    atingida, maior ser o tempo necessrio para que o corpo consiga eliminar

    as bolhas de nitrognio que se formam no sangue quando o ar respirado

    sob presso e, portanto, maior ser o tempo necessrio de descompresso.

    tubuloEstrutura vertical utilizadapara realizar fundaes (construo da base da ponte, por exemplo) abaixo da superfcie da gua ou solo, atravs da qual os trabalhadores devem descer, entrando pela campnula, para uma presso maior que atmosfrica. A atmosfera pressurizada ope-se presso da gua e permite que os homens trabalhem em seu interior. (NR 15, 1978e).

    campnulasCmara atravs da qual o trabalhador passa do ar livre para a cmara de trabalhodo tubulo e vice-versa.(NR 15, Anexo 6, 1978e).

    barotraumasSignifica traumatismo provocado pela presso como, por exemplo, a sensao de presso dentro do ouvido (dor de ouvido).

    e-Tec BrasilAula 3 - Riscos fsicos: presses anormais, radiaes ionizantes e no ionizantes 41

  • Figura 3.2: Operao de soldagem subaquticaFonte: http://www.sitedasoldagem.com.br/Imagens/Soldagem%20subaquatica.jpeg

    Figura 3.3: TubuloFonte: CTISM

    Higiene Ocupacional Ie-Tec Brasil 42

  • 3.1.2 Radiaes ionizantesCaracterizam-se por radiaes que produzem a ionizao do tomo, ou seja,

    a radiao ao atingir um tomo tem a capacidade de subdividi-lo em duas

    partes eltricas carregadas, chamadas ons. O perigo das radiaes ionizantes

    que o organismo no tem mecanismo de percepo dessas radiaes. So

    exemplos de radiaes ionizantes as partculas alfa, beta (eltrons e prtons),

    o nutron, os raios X e gama ().

    Alm da capacidade de ionizao, as radiaes ionizantes so bastante pene-

    trantes, quando comparadas com as demais. So encontradas na natureza em

    elementos radioativos (urnio 235, rdio, potssio 40), em istopos radioativos

    (Co 60) em raios X e de uso medicinal (radiografias) e industrial (gamagrafia). As radiaes tm efeitos somticos (anemia, leucemia, catarata, cncer) e

    genticos cumulativos e irreversveis (alteraes cromossmicas que podem

    causar mutaes).

    As radiaes eletromagnticas do tipo X e so mais penetrantes e, dependendo de sua energia, podem atravessar vrios centmetros do tecido humano (por

    isso so utilizadas em radiografias mdicas).

    Ao desligar uma mquina de raios X, ela deixa de produzir radiao e no torna

    o material radioativo, ou seja, os locais onde so realizadas as radiografias

    no ficam radioativos. O cuidado deve-se ao carter acumulativo da radiao

    ionizante, por isso no se deve tirar radiografia sem necessidade.

    As radiaes beta so pouco penetrantes, em relao s anteriores. Dependendo

    de sua energia, podem atravessar milmetros e at centmetros de tecido

    humano (permite aplicaes mdicas em superfcies da pele para acelerar a

    cicatrizao).

    J as partculas alfa so inofensivas por possurem um poder de penetrao

    muito pequeno, no conseguindo atravessar a pele, podendo ser detidas, at

    mesmo, por uma folha de papel. Podem causar danos maiores em situaes

    de contaminao, por inalao ou ingesto, quando em grande quantidade,

    em funo de sua toxicidade.

    Os nutrons so muito penetrantes devido sua grande massa e ausncia

    de carga eltrica. Das radiaes apresentadas so as que produzem maior

    dano biolgico aos seres humanos. Podem, inclusive, tornar materiais expostos

    radioativos. So produzidos em reatores nucleares.

    gamagrafiaRadiografia de peas metlicas.

    e-Tec BrasilAula 3 - Riscos fsicos: presses anormais, radiaes ionizantes e no ionizantes 43

  • Figura 3.4: O poder de penetrao das radiaesFonte: CTISM, adaptado de www.biomedicaltopics.net

    As radiaes ionizantes, apesar de seu alto poder de contaminao, tm

    muitas aplicaes em sade. A radioterapia visa eliminar tumores malignos

    (cancergenos) utilizando radiao gama, raios X ou feixes de eltrons em

    doses elevadas, mas controlada. A radiografia permite obter uma imagem

    de uma determinada regio do corpo em estudo, aps um feixe de raios X

    ou raios gama atravessar essa regio e interagir com dispositivo revelador, ou

    ainda, mltiplas imagens computadorizadas (tomografia).

    Outros exemplos de aplicao das radiaes ionizantes que podemos citar: a

    datao de um animal ou planta com o C-14 (a quantidade de carbono-14

    dos tecidos orgnicos mortos diminui a um ritmo constante com o passar do

    tempo. Assim, a medio dos valores de carbono-14 em um objeto antigo

    fornece informaes precisas dos anos decorridos desde sua morte).

    As radiaes ionizantes podem ser avaliadas no ambiente ocupacional atravs

    do contador Geiger ou, individualmente, atravs dos dosmetros de filme de

    bolso.

    Para saber mais sobre radiaes ionizantes e suas aplicaes,

    acesse: www.cnen.gov.br/ensino/

    apostilas.asp

    Higiene Ocupacional Ie-Tec Brasil 44

  • Figura 3.5: (a) Dosmetro de radiao uma espcie de crach que mede a dose de radiao absorvida pelo trabalhador e (b) smbolo da radiao ionizanteFonte: (a) http://radiologistas.blogspot.com.br/2009/02/dosimetro.html (b) CTISM

    Para avaliar a quantidade de exposio a radiaes ionizantes utilizamos o

    coulomb/quilograma (C/kg) ou o roentgen (R), para avaliao da dose absorvida utilizamos o gray (Gy) ou o rad, para avaliao da dose equivalente o sievert (Sv) ou o rem, e para expressar a atividade de uma fonte utilizamos o becquerel (Bq) ou curie (Ci). O controle da exposio efetuado por isolamento da radiao (enclausuramento, barreiras de concreto ou chumbo).

    As unidades grifadas referem-se s unidades do Sistema Internacional (SI).

    Figura 3.6: Relaes entre as unidades de medida de radiao ionizante Fonte: CTISM

    A radiao ionizante est presente na natureza, porm em valores muito baixos,

    na ordem de 2,4 mSv/ano. Ao fazermos uma radiografia do trax estaremos

    expostos a uma radiao de 0,1 mSv (PIRES, 2011). O limite estabelecido para

    Para saber mais sobreradiao ionizante, acesse:http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/entenda-os-niveis-de-radiacao

    No livro Limites de Exposio Ocupacional (TLVs) da ACGIH traduzido e comercializado no Brasil pela Associao Brasileira de Higienistas Ocupacionais (ABHO) (www.abho.org.br) tambm aparecem valores guias para exposio radiao ionizante.

    radradiation absorbed dose(dose de radiao absorvida).

    remroentgen equivalent man.

    e-Tec BrasilAula 3 - Riscos fsicos: presses anormais, radiaes ionizantes e no ionizantes 45

  • corpo inteiro, para o ser humano ocupacionalmente exposto, anualmente,

    de uma dose efetiva de 20 mSv/ano e para indivduo pblico 0,1 mSv/ano

    (CNEN, 2011).

    A CNEN a responsvel pela legislao e regulamentao de segurana

    relativa ao uso da radiao ionizante. A legislao bsica encontra-se na NR

    15 (1978c), em seu Anexo 5, que remete a uma norma CNEN.

    3.1.3 Radiaes no ionizantesCaracterizam-se por radiaes de natureza eletromagntica que, quando

    absorvidas, o efeito mais importante a excitao dos tomos, aumentando

    sua energia interna. Produzem aquecimento do corpo, podendo conduzir

    a efeitos eritmicos (queimaduras), catarata, fadiga, efeitos carcinognicos

    (cncer de pele), conforme seu comprimento de onda.

    Os efeitos das radiaes no ionizantes sobre o organismo humano dependem

    da intensidade, durao da exposio e do comprimento da onda de radiao.

    A legislao bsica encontra-se na NR 15 (1978c), em seu Anexo 7. As mais

    importantes radiaes no ionizantes so:

    a) Micro-ondas produzidas em estaes de radar, radiotransmisso e em alguns processos industriais e medicinais. Causam aquecimento localiza-

    do na pele. A exposio s micro-ondas resulta perigosa, principalmente,

    quando so emitidas elevadas densidades de radiao.

    b) Radiao infravermelha de origem natural (sol) ou artificial (fornos, metais incandescentes, solda). Tem como caracterstica ser pouco pene-

    trante (alguns milmetros) e sua absoro causa, basicamente, o aque-

    cimento superficial (pele). Quanto maior a temperatura, maior ser a

    quantidade irradiada. Como medidas de controle, podemos citar o uso

    de barreiras, reduo do tempo de exposio, uso de equipamentos de

    proteo individual, etc.

    Para saber mais sobre a Comisso Nacional de Energia

    Nuclear (CNEN), acesse: http://www.cnen.gov.br/ensino/

    apostilas/rad_ion.pdf

    Higiene Ocupacional Ie-Tec Brasil 46

  • Figura 3.7: Solda por brasagemFonte: CTISM

    c) Radiao ultravioleta de origem natural (sol UVA e UVB) ou artificial (arco voltaico em operaes de solda, lmpadas ultravioletas). A radiao

    ultravioleta pouco penetrante e seus efeitos sero sempre superficiais,

    normalmente envolvendo a pele e os olhos. Um efeito importante e re-

    conhecido da radiao ultravioleta o cncer de pele. Como medidas de

    controle, podemos citar barreiras e equipamentos de proteo individu-

    ais (culos e protetor solar), etc.

    Figura 3.8: Solda por arco eltrico com mscara eletrnicaFonte: CTISM

    d) Radiao laser feixe de luz direcional altamente concentrado em um nico comprimento de onda. LASER uma sigla, cujo significado Am-

    plificao de Luz por Emisso Estimulada de Radiao (Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation).

    e-Tec BrasilAula 3 - Riscos fsicos: presses anormais, radiaes ionizantes e no ionizantes 47

  • O laser tem como caracterstica a grande quantidade de energia concentrada em uma rea muito pequena (grande perigo de queimaduras graves), a manu-

    teno da intensidade com a distncia ( que a luz refletida em superfcies

    polidas podem ser to perigosas quanto emisso principal, apresentando

    risco de destruio de tecidos, queimadura).

    Um laser comum (os vendidos para apresentaes) pode causar leses nos olhos, se apontado direta e frontalmente. Quanto maior a potncia do laser, mais perigosa sua radiao. Os lasers verdes vendidos em camels podem ter potncia cem vezes maior que os lasers vermelhos mais comuns.

    Figura 3.9: Exemplos de indicadores de laserFonte: CTISM

    e) Radiofrequncia radiao de grande comprimento de onda encon-tradas em radiofuso AM, ondas VHF, UHF, radioamadorismo, radiona-

    vegao, radioastronomia e, normalmente, no apresentam problemas

    ocupacionais. Os efeitos sade so predominantemente trmicos, ou

    seja, aquecimento por absoro da radiao pelos tecidos.

    Figura 3.10: Espectro das radiaesFonte: CTISM, adaptado de http://files.rtelemoveis.webnode.pt/200000048-af704afea7/grafico%20telemovel.gif

    Higiene Ocupacional Ie-Tec Brasil 48

  • ResumoNesta aula, podemos conhecer, de maneira introdutria, um pouco sobre

    presses anormais (hiper e hipobricas), bem como sobre os tipos de radiaes,

    suas unidades de medida e legislao bsica.

    Atividades de aprendizagem1. Relacione as colunas.

    (1) Radiao no ionizante. ( ) sievert.

    (2) Radiao ionizante. ( ) Trabalho em tubules de ar comprimido.

    (3) Presses hiperbricas. ( ) CNEN.

    (4) Presses hipobricas. ( ) Infravermelho.

    ( ) LASER.

    ( ) VHF.

    ( ) Trabalho em grandes altitudes.

    ( ) Trabalho com mergulho.

    ( ) gray.

    ( ) Micro-ondas (celular).

    ( ) Radiografias.

    ( ) Radiao UVA e UVB.

    ( ) Tomografias.

    e-Tec BrasilAula 3 - Riscos fsicos: presses anormais, radiaes ionizantes e no ionizantes 49

  • e-Tec Brasil

    Aula 4 Riscos fsicos: rudo, temperaturas extremas, vibraes e umidade

    Objetivos

    Desenvolver conhecimentos sobre rudo, temperaturas extremas,

    vibraes e umidade, suas unidades de medida e legislao bsica.

    4.1 RudoTalvez o principal risco dos ambientes de trabalho atuais, pois est presente

    em qualquer espao industrial. O som uma variao da presso sonora do

    ar que conduz a uma sensibilizao nos ouvidos. O rudo um conjunto de

    vrios sons no coordenados (vrias frequncias), que causam incmodo e

    desconforto.

    A perda auditiva pelo rudo, normalmente, produzida pela exposio do

    trabalhador a ambientes ruidosos (de carter progressivo) e manifesta-se aps

    muitos anos de exposio.

    O rudo classificado em:

    a) Rudos contnuos so aqueles cuja variao de nvel de intensidade sonora muito pequena em funo do tempo. Exemplos: geladeiras,

    ventiladores.

    b) Rudos intermitentes so aqueles que apresentam grandes variaes de nvel em funo do tempo. So os tipos mais comuns. Exemplos: fala,

    furadeira, esmerilhadeira.

    c) Rudos impulsivos ou de impacto apresentam altos nveis de inten-sidade sonora, num intervalo de tempo muito pequeno. So os rudos

    provenientes de exploses e impactos. So caractersticos de rebitadeiras,

    prensas, etc.

    O rudo ocupacional avaliado atravs de medidores de presso sonora,

    tecnicamente denominados sonmetros e comumente conhecidos como

    decibelmetros e dosmetros (Figura 4.1). A unidade de medida o decibel

    (dB). Os decibelmetros so mais indicados para avaliao do rudo de um

    e-Tec BrasilAula 4 - Riscos fsicos: rudo, temperaturas extremas, vibraes e umidade 51

  • determinado ambiente e os dosmetros para avaliao da exposio do traba-

    lhador (uma vez que ficam afixados ao trabalhador durante toda a jornada).

    A NR 15 Anexos 1 e 2 (1978c) e a NHO 01 (2001) estabelecem limites

    mximos de exposio para vrios nveis de rudo, segundo os seguintes

    parmetros normatizados:

    a) Limiar de integrao valor a partir do qual sero contabilizados os nveis de presso sonora para fins de exposio ocupacional.

    b) Nvel de critrio valor referncia para uma exposio de 8 horas.

    c) Fator duplicativo de dose incremento em dB para o qual o tempo de exposio permitido ser reduzido metade.

    d) Curva de compensao parmetros de ponderao para compensar a diferente sensibilidade do ouvido humano s diferentes frequncias.

    Os nveis de presso sonora em ambientes pblicos so avaliados segundo

    recomendaes das normas ABNT/NBR 10151 (Acstica Avaliao do rudo

    em reas habitadas, visando o conforto da comunidade Procedimento) e

    ABNT/NBR 10152 (Nveis de rudo para conforto acstico) e normas estaduais

    e municipais especficas.

    Figura 4.1: Medidor de nvel de presso sonora (decibelmetro) e dosmetro de rudoFonte: CTISM

    Higiene Ocupacional Ie-Tec Brasil 52

  • Para o estudo de avaliaes do rudo, ser considerado um ciclo de exposio

    onde ser avaliada uma dose diria (%) ou um nvel equivalente (decibis)

    que sero comparados com critrios de referncia estabelecidos em normas.

    No Brasil, o LT permitido para uma jornada de 8 horas de 85 dB(A). Eviden-

    temente que um aumento no nvel de presso sonora (rudo) vai implicar na

    diminuio do tempo de exposio. A legislao ainda prev o valor mximo,

    acima do qual no permitida exposio em nenhum momento da jornada

    de trabalho com ouvidos desprotegidos que de 115 dB(A). Vide Anexo 1

    e 2 da NR 15 (1978c) e NHO 01 (2001) (Avaliao da exposio ocupacional

    ao rudo).

    Quadro 4.1: Limite de tolerncia para rudo contnuo ou intermitente da NR 15Nvel de rudo dB(A) Mxima exposio diria permissvel

    85 8 horas

    86 7 horas

    87 6 horas

    88 5 horas

    89 4 horas e 30 minutos

    90 4 horas

    91 3 horas e 30 minutos

    92 3 horas

    93 2 horas e 40 minutos

    94 2 horas e 40 minutos

    95 2 horas

    96 1 hora e 45 minutos

    98 1 hora e 45 minutos

    100 1 hora

    102 45 minutos

    104 35 minutos

    105 30 minutos

    106 25 minutos

    108 20 minutos

    110 15 minutos

    112 10 minutos

    114 8 minutos

    115 7 minutos

    Fonte: BRASIL, 1978c

    O rudo pode ter ao sobre o sistema nervoso produzindo fadiga, perda de

    memria, irritabilidade, hipertenso, perturbaes gastrointestinais, etc. Alm

    disso, dependendo de sua intensidade, pode causar a perda temporria ou

    definitiva da audio.

    e-Tec BrasilAula 4 - Riscos fsicos: rudo, temperaturas extremas, vibraes e umidade 53

  • Como medidas de controle para evitar ou diminuir os danos provocados

    pelo rudo no local de trabalho, podemos citar: enclausuramento da fonte e

    barreiras na transmisso como medidas de proteo coletiva, o fornecimento

    de EPIs e diminuio da jornada como medidas de proteo individuais.

    muito importante a execuo dos exames peridicos (audiometrias) e as

    medidas educacionais (orientao e conscientizao) para uso correto do

    equipamento de proteo.

    Na disciplina de Higiene Ocupacional II estudaremos a exposio ao rudo

    mais detalhadamente.

    4.2 Temperaturas extremasComo temperaturas extremas consideram-se o calor e o frio em intensidade

    suficiente para causar desconforto, alteraes e prejuzos eficincia e sade

    dos trabalhadores.

    A exposio ao calor caracterstico de locais como: fundies, usinas, fbricas

    de vidro, indstrias de papel, olarias, indstrias metalrgicas, siderrgicas, etc.

    O calor pode estar ainda presente em trabalhos ao ar livre nas pocas quentes

    do ano. Na avaliao devem ser considerados fatores tais como: tempera-

    tura, velocidade e umidade relativa do ar, calor radiante e calor gerado pelo

    metabolismo (atividade fsica). Os ndices de avaliao incluem: Temperatura

    Efetiva (TE), Temperatura Efetiva Corrigida (TEC), ndice de Bulbo mido,

    Termmetro de Globo (IBUTG) (NR 15, em seu Anexo 3, 1978c) e ndice de

    Sobrecarga Trmica (IST).

    A exposio ao calor regida pelo equilbrio trmico, ou seja, o organismo

    ganha ou perde calor para o meio ambiente segundo a Equao 4.1:

    Onde: M = calor produzido pelo metabolismo, sendo um calor sempre ganho (+)

    C = calor ganho ou perdido por conduo/conveco (+/-)

    R = calor ganho ou perdido por radiao (+/-)

    E = calor perdido por evaporao (-)

    Q = calor acumulado no organismo

    Se: Q > 0 acmulo de calor (sobrecarga trmica)

    Q < 0 perda de calor (hipotermia)

    Higiene Ocupacional Ie-Tec Brasil 54

  • O limite de tolerncia para exposies ao calor (NR 15, 1978c) determinado

    de dois modos: regime de trabalho com descanso no prprio local de trabalho,

    regime de trabalho com descanso em outro local. Em ambos, a quantificao

    do calor pelo IBUTG leva em conta a presena, ou no, de carga solar no

    momento da medio, sendo calculada tanto em ambientes internos ou

    externos sem carga solar IBUTG = 0,7 tbn + 0,3 tg como em ambientes

    externos com carga solar IBUTG = 0,7 tbn + 0,2 + 0,1 tbs.

    Onde: tbn = temperatura de bulbo mido natural

    tg = temperatura de globo

    tbs = temperatura de bulbo seco

    Como consequncia do calor, podemos citar a desidratao, a exausto, a

    hipertermia, as cibras, a insolao e os edemas.

    As medidas de controle adotadas so: a blindagem das fontes radiantes, o

    aumento da distncia entre o trabalhador e a fonte, a reduo das tempera-

    turas, o uso de barreiras refletivas, o aumento da velocidade do ar, a reduo

    da carga metablica, a mecanizao das atividades e o ajuste do tempo de

    exposio e da relao trabalho/descanso trmico.

    Figura 4.2: Monitor de stress trmico para avaliao do IBUTGFonte: CTISM

    A exposio ao frio est presente, principalmente, na indstria frigorfica no

    trabalho em cmaras frias. O frio excessivo, alm de interferir na eficincia

    do trabalhador, pode produzir enregelamento dos membros, ulceraes,

    e-Tec BrasilAula 4 - Riscos fsicos: rudo, temperaturas extremas, vibraes e umidade 55

  • problemas respiratrios, cardiovasculares e dificuldades na execuo dos

    trabalhos. O objetivo, na avaliao do frio, de impedir que a temperatura

    interna do corpo reduza a valores abaixo dos 36C e prevenir leses pelo frio

    nas extremidades. Na avaliao do frio devem ser consideradas, principalmente,

    a temperatura e a velocidade do ar (temperatura equivalente).

    No caso de aumento de temperatura corprea, ocorre vasodilatao, mas no frio,

    h vasoconstrio, pois o objetivo reduzir as perdas de calor e fluxo sanguneo

    diminudo proporcionalmente queda de temperatura. Se a temperatura

    corprea estiver abaixo de 35C, ocorrer uma diminuio das atividades

    fisiolgicas, caindo a presso arterial, a frequncia dos batimentos cardacos e

    diminuindo o metabolismo interno. Tremores ocorrem na tentativa de gerao

    de calor metablico para compensar perdas. Se a queda permanecer, ao atingir

    a temperatura interna de 29C, o mecanismo termoregulador localizado no

    hipotlamo ser reprimido, podendo chegar a sonolncia e coma. A legislao

    bsica encontra-se na NR 15 (1978c), em seu Anexo 9, que estabelece uma

    caracterizao qualitativa baseada apenas na temperatura.

    Como consequncias da exposio ao frio, podemos citar as feridas, rachaduras,

    necroses, enregelamento, agravamento de doenas articulares e respiratrias.

    Como medidas de controle, podemos citar a aclimatizao, o uso de vesti-

    mentas adequadas, regimes de trabalho intercalados, exames mdicos prvios

    e peridicos, educao e treinamento.

    Figura 4.3: Exposio ao frio Fonte: CTISM

    Na disciplina de Higiene Ocupacional II estudaremos a exposio ao calor e

    ao frio com mais detalhes

    No livro Limites de Exposio Ocupacional (TLVs) da ACGIH traduzido e comercializado no

    Brasil pela Associao Brasileira de Higienistas Ocupacionais ABHO

    (www.abho.org.br) tambm aparecem valores guias para

    exposio ao frio.

    Higiene Ocupacional Ie-Tec Brasil 56

  • 4.3 Vibraes o movimento oscilatrio de um corpo produzido por foras desequilibra-

    das de componentes de movimento rotativo ou alternativo de mquinas e

    equipamentos. Dependendo da frequncia do movimento oscilatrio e sua

    intensidade, as vibraes podem causar desde desconforto (formigamentos

    e adormecimento leves) at comprometimentos no tato e sensibilidade

    temperatura, perda de destreza e incapacidade para o trabalho (problemas

    articulares).

    A vibrao s acarretar problemas quando houver o contato fsico do traba-

    lhador com a fonte da vibrao. Sua avaliao feita atravs de acelermetros

    (acelerao do movimento m/s2 e frequncia Hz).

    So exemplos de aplicaes sujeitas s vibraes trabalhos com motosserras,

    furadeiras e socadores pneumticos. A legislao bsica encontra-se na NR

    15 (1978c), em seu Anexo 8.

    Figura 4.4: Exemplos de exposio a vibraes, (a) motosserra e (b) martelete pneumticoFonte: (a) CTISM (b) http://www.quickabc.com.br/alguel-de-andaimes-locacao-de-andaimes_marteletes.html

    As vibraes podem ser:

    a) Localizadas provocadas por ferramentas manuais com efeitos em cer-tas partes do corpo (articulaes de mos e braos).

    b) Generalizadas leses de corpo inteiro, normalmente produzidas pelo trabalho em grandes equipamentos (caminhes, nibus e tratores), acar-

    retando problemas na coluna vertebral e dores lombares.

    Como medidas de controle, podemos citar o revezamento no trabalho, ou

    seja, a diminuio no tempo de exposio e medidas tcnicas que reduzam

    a intensidade das vibraes.

    e-Tec BrasilAula 4 - Riscos fsicos: rudo, temperaturas extremas, vibraes e umidade 57

  • 4.4 UmidadeOperaes realizadas em ambientes com umidade podem causar problemas

    de pele e fuga de calor do organismo. A umidade est presente em ambientes

    alagados ou encharcados. A legislao bsica encontra-se na NR 15 em seu

    Anexo 10. As atividades ou operaes executadas em locais com umidade

    excessiva, capazes de produzir danos sade dos trabalhadores (problemas

    respiratrios, quedas, doenas de pele), devem ter a ateno dos prevencionistas

    por meio de verificaes realizadas nesses locais para estudar a implantao

    de medida de controle.

    Como medidas de controle podemos citar: previso de escoamento da gua e EPIs.

    ResumoNesta aula, podemos conhecer, de maneira introdutria, um pouco sobre

    rudo, temperaturas extremas, vibraes e umidade, bem como suas unidades

    de medida e legislao bsica.

    Atividades de aprendizagem1. Relacione as colunas.

    (1) Rudo. ( ) NHO 01.

    (2) Frio. ( ) Temperatura efetiva.

    (3) Calor. ( ) dB.

    (4) Vibraes. ( ) m/s2.

    ( ) IBUTG.

    ( ) Temperatura equivalente.

    ( ) Acelermetro.

    ( ) Sonmetros.

    Higiene Ocupacional Ie-Tec Brasil 58

  • e-Tec Brasil

    Aula 5 Riscos qumicos: agentes qumicos

    Objetivos

    Conhecer os tipos de agentes qumicos, unidades de medida e

    classificao, bem como seus efeitos sobre o organismo humano.

    5.1 Agentes qumicosNesta disciplina, voc ter noes bsicas sobre os riscos qumicos. Existem

    disciplinas especficas, ao longo das etapas, que dedicaro ateno especial a

    esses riscos, para que voc obtenha os conhecimentos necessrios e torne-se

    um bom profissional prevencionista.

    Neste material, at o momento, voc estudou os agentes ambientais cor-

    respondentes aos agentes fsicos, podendo perceber que h uma grande

    variedade de tipos de energia (rudos, radiaes, temperaturas extremas,

    vibraes, presses anormais, umidade).

    No ambiente industrial alm de termos a possibilidade da presena dos agen-

    tes fsicos, podem existir tambm os agentes qumicos. Na viso da higiene

    ocupacional eles so substncias, elementos, compostos ou resduos qumicos

    que, durante sua fabricao, armazenamento, manuseio e transporte com

    capacidade de ao txica sobre o organismo ou que venha a contaminar o

    ar do ambiente de trabalho.

    A legislao brasileira apresenta uma definio para os agentes qumicos: a NR

    09 - Programa de Preveno de Riscos Ambientais (1978b) considera-os como [...] as substncias, compostos ou produtos que possam penetrar no

    organismo pela via respiratria, nas formas de poeiras, fumos, nvoas,

    neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade da ex-

    posio, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo atravs

    da pele ou ingesto. (BRASIL/NR 09, 1978b).

    e-Tec BrasilAula 5 - Riscos qumicos: agentes qumicos 59

  • Figura 5.1: Agentes qumicosFonte: CTISM

    No mundo, so produzidos aproximadamente 70 mil produtos qumicos,

    alguns deles so padronizados e usados na fabricao de uma vasta gama de

    produtos. Devido inmera quantidade de substncias existentes nas inds-

    trias que podem apresentar algum efeito txico, os procedimentos e critrios

    para anlise e avaliao dos agentes qumicos podem variar de acordo com a

    sua classificao, funes orgnicas ou inorgnicas e, at mesmo, mtodos

    diferenciados para produtos especficos.

    Esta grande variabilidade resulta em uma dificuldade maior para o reconhe-

    cimento dos mesmos em comparao ao que feito para os agentes fsicos.

    Isso ocorre, pois, cada produto tem suas prprias caractersticas qumicas

    como, por exemplo, solubilidade (na gua ou ar), pH (indicao de acidez),

    concentrao, propriedades de alerta (com ou sem odor, por exemplo), estado

    fsico, volatilidade, reatividade e nveis de toxicidade, podendo este agir de

    modo diferenciado em diversos rgos do organismo,variando de acordo com

    via de penetrao (respiratria, pele ou ingesto) e o tempo de exposio a

    que o trabalhador est submetido ao agente. Alm do fato de que a avaliao

    de um agente qumico pode ser prejudicada pelas condies do clima como,

    por exemplo, um dia de chuva ou dias frios.

    O ar prprio para a respirao no ambiente ocupacional deve estar livre

    de substncias agressivas ao organismo e ter quantidade de oxignio (O2)

    Higiene Ocupacional Ie-Tec Brasil 60

  • apropriada. Uma atmosfera considerada normal quando apresenta um teor

    aproximado de oxignio de 20,9% em volume. Contudo, para fins de proteo

    da sade contra a deficincia de oxignio nos ambientes de trabalho, normas

    brasileiras recomendam um teor mnimo de 18% de oxignio em volume e,

    nos Estados Unidos, um percentual de 19,5% em volume.

    Os agentes qumicos so classificados de acordo com a sua estrutura fsica, em

    outras palavras, por estado fsico, como os aerodispersides (particulados na

    forma slida ou lquida), gases e vapores. Cada um, tambm pode ser dividido

    conforme o efeito causador de dano ao organismo humano. Eles so capazes

    de produzir desde uma sensao de desconforto ou incmodo at um cncer.

    5.2 As unidades de medidaAntes de estudarmos estes agentes, voc deve ter o conhecimento das unidades

    de concentrao que so usadas para quantific-los no ambiente contaminado.

    Inclusive, se