HIPTESE PRTICA
O Sr. Francesco Chiricosta, contabilista, estabelecido em Itlia,
onde concluiu os estudos, foi contactado por uma sociedade
portuguesa com o objectivo de colaborar na elaborao do seu Relatrio
e Contas. O advogado da dita sociedade entende, no entanto, no ser
possvel contratar com Francesco o servio em causa, por Francesco no
ter residncia em Portugal. De facto, segundo o direito portugus, a
profisso de contabilista apenas pode ser exercida por residentes ou
nacionais de Portugal. Na opinio de Francesco, esta disposio
contraria o propsito de estabelecer na Unio Europeia um Mercado
Interno.
a. O que o Mercado Interno e qual a liberdade de circulao
ameaada?De acordo com a alnea 2, do artigo 26, do Tratado Sobre O
Funcionamento Da Unio Europeia: O mercado interno compreende um
espao sem fronteiras internas no qual a livre circulao das
mercadorias, das pessoas, dos servios e dos capitais assegurada de
acordo com as disposies dos Tratados. Neste caso, ameaada a livre
circulao de servios.
b. Quais as excepes admitidas?De acordo com o Artigo 51 do
Tratado Sobre O Funcionamento Da Unio Europeia, no so aplicveis s
actividades que, num Estado-Membro, estejam ligadas, mesmo
ocasionalmente, ao exerccio da autoridade pblica. O Parlamento
Europeu e o Conselho, deliberando de acordo com o processo
legislativo ordinrio, podem determinar que as disposies do presente
captulo no so aplicveis a certas actividades. A alnea 1 do Artigo
52 refere ainda que as disposies e as medidas tomadas em sua execuo
no prejudicam a aplicabilidade das disposies legislativas,
regulamentares e administrativas, que prevejam um regime especial
para os estrangeiros e sejam justificadas por razes de ordem
pblica, segurana pblica e sade pblica. E o Artigo 61 refere que
enquanto no forem suprimidas as restries livre prestao de servios,
cada Estado-Membro aplic-las-, sem qualquer distino em razo da
nacionalidade ou da residncia, a todos os prestadores de servios
referidos no primeiro pargrafo do artigo 56.o.
c. Aprecie a disposio do direito portugus enunciada em face do
Direito Comunitrio.De acordo com a Lei Geral do Trabalho em Funes
Pblicas, Parte II, Titulo I, Capitulo I, Seco I, artigo 17, os
requisitos relativos ao trabalhador:
Alm de outros requisitos especiais que a lei preveja, a
constituio do vnculo de emprego pblico depende da reunio, pelo
trabalhador, dos seguintes requisitos: a) Nacionalidade portuguesa,
quando no dispensada pela Constituio, por conveno internacional ou
por lei especial; b) 18 anos de idade completos; c) No inibio do
exerccio de funes pblicas ou no interdio para o exerccio daquelas
que se prope desempenhar; d) Robustez fsica e perfil psquico
indispensveis ao exerccio das funes; e) Cumprimento das leis de
vacinao obrigatria. 2 A nacionalidade portuguesa para o desempenho
de funes pblicas s pode ser exigida nas situaes previstas no n. 2
do artigo 15. da Constituio.
Pode ento verificar-se, de acordo com a alnea a, que a
nacionalidade portuguesa um requisito para ocupao de um cargo na
funo pblica, excepo da dispensa, entre outros, de uma Conveno
Internacional.De acordo tambm com a alinea 2, podemos tambm
verificar que de acordo com o artigo 15, n2 da Constituio da
Repblica, o desempenho de funes pblicas por estrangeiros mesmo que
residentes em Portugal s concedido a funes pblicas com caractr
predominantemente tcnico, excluindo-se assim cargos de
administrao.
d. Poderia Francesco recorrer s Instituies da Unio Europeia para
contestar a disposio em causa? E o Estado Italiano? Em ambas as
hipteses, explique como proceder.
