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1 HISTÓRIA DE MATO GROSSO DO SUL 1ª PARTE: Prof. Luís Fernando Pinguim Das diversas nações indígenas que habitavam a região sul- mato-grossense, antes da chegada dos primeiros colonizadores europeus, destacaram-se os caiapós, os guaicurus e os paiaguás, divididos em várias tribos. Todas opuseram forte resistência à penetração do homem branco em seus territórios. Na região mato-grossense, os bandeirantes encontraram, desde as primeiras explorações, os parecis e bororos; tribos que nos primeiros contatos sofreram violentos ataquem dos bandeirantes, os quais estavam ainda buscando sua sobrevivência econômica por meio da captura e escravização de indígenas do interior do Brasil. As principais Missões Jesuíticas eram: Guayrá, Tape e Itatim e foram totalmente destruídas pelos bandeirantes. Tribos e suas características: Paiaguás habilidosos canoeiros que dominavam os rios; Guaicurus excelentes cavaleiros; Caiapós destacaram-se por sua resistência ao homem branco. Obs: Guaicurus terror da região do Pantanal e Chaco Paraguaio de 1720 a 1780 fizeram acordos de paz com os portugueses e os espanhóis. Hoje há 1.200 deles que se chamam Kadiwéus e moram no Mato Grosso do Sul. Afirma-se que o primeiro europeu a pisar o chão sul-mato- grossense foi o português Aleixo Garcia, que partiu do litoral sul do Brasil para tentar alcançar as Minas do Peru, na primeira metade do século XVI. Já os descobridores de ouro nas proximidades do Rio Cuiabá foram os bandeirantes paulistas, principalmente depois da Guerra dos Emboabas (1708/1709), conflito que levou muitos deles a deixar a região de Minas Gerais. Foi Pascoal Moreira Cabral que chegou primeiro as minas de Cuiabá. O calendário marcava o dia 8 de abril de 1719 quando foi assinada a ata de fundação do arraial de Cuiabá (na localidade denominada de Forquilha). Pandiá Calógeras importante historiador brasileiro, afirmou que entre 1719 e 1770, na região de Mato Grosso, foram retirados perto de quatro mil arrobas de ouro ( aproximadamente sessenta toneladas). Em 9 de maio de 1748, a Coroa portuguesa desmembrou a região de Mato Grosso da Capitania de São Paulo. A nova capitania teve como primeiro governador D. Antônio Rolim de Moura.

HISTÓRIA DE MATO GROSSO DO SUL – 1ª PARTE · (32) Entradas eram expedições particulares, em geral organizadas por comerciantes ou fazendeiros, com objetivo de procurar ouro

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HISTÓRIA DE MATO GROSSO DO SUL – 1ª PARTE:

Prof. Luís Fernando Pinguim

Das diversas nações indígenas que habitavam a região sul-mato-grossense, antes da chegada dos primeiros colonizadores europeus, destacaram-se os caiapós, os guaicurus e os paiaguás, divididos em várias tribos. Todas opuseram forte resistência à penetração do homem branco em seus territórios.

Na região mato-grossense, os bandeirantes encontraram, desde as primeiras explorações, os parecis e bororos; tribos que nos primeiros contatos sofreram violentos ataquem dos bandeirantes, os quais estavam ainda buscando sua sobrevivência econômica por meio da captura e escravização de indígenas do interior do Brasil.

As principais Missões Jesuíticas eram: Guayrá, Tape e Itatim e foram totalmente destruídas pelos bandeirantes.

Tribos e suas características:

Paiaguás – habilidosos canoeiros que dominavam os rios;

Guaicurus – excelentes cavaleiros;

Caiapós – destacaram-se por sua resistência ao homem branco.

Obs: Guaicurus – terror da região do Pantanal e Chaco Paraguaio de 1720 a 1780 fizeram acordos de paz com os portugueses e os espanhóis. Hoje há 1.200 deles que se chamam Kadiwéus e moram no Mato Grosso do Sul.

Afirma-se que o primeiro europeu a pisar o chão sul-mato-grossense foi o português Aleixo Garcia, que partiu do litoral sul do Brasil para tentar alcançar as Minas do Peru, na primeira metade do século XVI.

Já os descobridores de ouro nas proximidades do Rio Cuiabá foram os bandeirantes paulistas, principalmente depois da Guerra dos Emboabas (1708/1709), conflito que levou muitos deles a deixar a região de Minas Gerais.

Foi Pascoal Moreira Cabral que chegou primeiro as minas de Cuiabá. O calendário marcava o dia 8 de abril de 1719 quando foi assinada a ata de fundação do arraial de Cuiabá (na localidade denominada de Forquilha).

Pandiá Calógeras importante historiador brasileiro, afirmou que entre 1719 e 1770, na região de Mato Grosso, foram retirados perto de quatro mil arrobas de ouro ( aproximadamente sessenta toneladas).

Em 9 de maio de 1748, a Coroa portuguesa desmembrou a região de Mato Grosso da Capitania de São Paulo. A nova capitania teve como primeiro governador D. Antônio Rolim de Moura.

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Uma das dificuldades encontradas para iniciar o povoamento da parte sul de Mato Grosso foi a proibição feita pelo governador D. Rodrigo de Menezes do trânsito pela região da Vacaria, antiga rota percorrida por bandeirantes, inclusive por Moreira Cabral, que incluía os rios Pardo, Anhanduí, Aquidauana e Miranda. A proibição tinha por objetivo dificultar o contrabando de ouro.

Atenção! Como a maioria das tribos mostrava-se resistente às tentativas de dominação, fosse combatendo os bandeirantes ou evitando o assédio dos jesuítas, as autoridades declararam a Guerra Justa, ou seja, a guerra de extermínio. Problemas e definição de fronteiras:

Lembremos que Portugal fundou na Margem esquerda do Rio Prata próxima a Buenos Aires, a famigerada Colônia do Sacramento. Essa atitude fazia parte dos planos portugueses de estender seus domínios até o Rio Prata, região que pelo Tratado de Tordesilhas pertencia à Espanha.

Importante! Em 1750, Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Madri, que estabelecia que Portugal ficasse com as terras ocupadas a Oeste da Linha de Tordesilhas ( atuais Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás) e a região dos Sete Povos das Missões. Em troca, a Colônia do Sacramento seria entregue à Espanha. Esse Tratado foi defendido pelo brasileiro Alexandre de Gusmão, que utilizou a favor da Coroa portuguesa o princípio do uti possidetis, ou seja, o direito natural de posse de quem ocupa uma área.

Em 1775, D. Luís de Albuquerque e Cáceres, fundou o Forte

Coimbra, considerando a estratégia portuguesa de ocupação das

terras sul-mato-grossenses.

Exercícios:

01. Some as alternativas corretas:

(01) As nações indígenas que habitavam a região sul-mato-grossense,

antes da chegada dos primeiros colonizadores europeus, destacaram-

se os caiapós, os guaicurus e os xavantes.

(02) As missões criadas pelos jesuítas espanhóis durante o período da

União Ibérica foram: Guayrá, Tape e Itatim.

(04) Os caiapós foram duramente perseguidos durante os séculos XVIII

e XIX, sendo massacrados ou escravizados, até que bastante

reduzidos em seus contingentes, foram se aculturando.

(08) Os guaicurus destacaram-se por sua habilidade guerreira e sua

cavalaria, pois esses indígenas eram exímios cavaleiros e percorriam

as amplas planícies de Mato Grosso.

(16) Os guaicurus eram adversários dos paiaguás.

(32) Os paiaguás se destacaram por sua resistência ao homem branco.

Soma:

02. Some as alternativas corretas:

(01) Antônio Pires de Campo, bandeirante experiente, considerado um

dos maiores caçadores de índios daqueles tempos, e, por isso mesmo,

limitaram-se a perseguir indígenas.

(02) Foi o próprio Antônio Pires de Campos que avisou Pascoal

Moreira Cabral sobre a localização dos índios coxiponés (às margens

do Rio Coxiponé), o que levou esse último a penetrar nesse território.

(04) Foi enviado a São Paulo um mensageiro para dar a notícia da

descoberta das minas ao Governador Conde de Assumar, pois tanto a

região do atual estado de Minas Gerais quanto de toda a grande

extensão de terras de Goiás e Mato Grosso estavam sob a jurisdição

da Capitania de São Paulo.

(08) Para chegar às minas de Cuiabá, era preciso viajar numa monção,

termo que designava as expedições fluviais, que partia do Rio Tietê,

passava pelo Rio Paraná e pelos afluentes, penetrava no território

mato-grossense e, depois, navegava pelos afluentes do Rio Paraguai,

entre os quais o próprio Rio Cuiabá.

(16) Os participantes de uma monção eram chamados de monçoneiros

e viajavam em canoões pesados e lentos, fáceis presas para os

indígenas.

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(32) O tráfego fluvial para Cuiabá baseou-se nas “monções” e persistiu

até muito depois que se esgotaram as minas de ouro descobertas em

torno de 1718 por Antônio Pires de Campos.

Soma:

03. Some as alternativas corretas:

(01) A primeira fazenda instalada no território do atual Mato Grosso do

Sul foi a Fazenda Camapuã, localizada entre dois morros de

configurações bastante semelhantes. Foram seus fundadores os

irmãos Leme (João, Lorenço, Antão e Domingos), quatro fugitivos de

Itu, São Paulo que, em 1719, estavam a caminho, como tantos outros

aventureiros, das minas de Cuiabá.

(02) O capitão-general de Mato Grosso, João de Albuquerque de Melo

Pereira e Cáceres, fez questão de documentar o acordo entre os

portugueses e os indígenas guaicurus.

(04) Termo de paz e amizade celebrado com os guaicurus, em 01 de

agosto de 1791, a partir daí, não apenas os paiaguás, mas também os

espanhóis, sempre que se julgasse conveniente seriam atacados por

grupos de guaicurus.

(08) Uma das dificuldades encontradas para iniciar o povoamento da

parte sul de Mato Grosso foi a proibição feita pelo governador Dom

Aleixo Garcia do trânsito pela região da Vacaria.

(16) O tratado de Madri de 1750 foi defendido pelo brasileiro Alexandre

de Gusmão, que utilizou a favor da Coroa portuguesa o princípio do uti

possidetis.

(32) A Colônia de Iguatemi foi o primeiro núcleo populacional fundado

no Sul com o objetivo de assegurar a posse daquelas terras e diminuir

o ímpeto paraguaio de conquista.

Soma:

04. Some as alternativas corretas:

(01) Em 1777, foi assinado novo Tratado, o de Santo Idelfonso, que

restabelecia em parte o que constava do antigo Tratado de Madri que

fora revogado em 1761, pelo Tratado de Badajós.

(02) D. Luís de Albuquerque e Cáceres, que governou Mato Grosso

entre 1772 e 1789, mandou ocupar o Fecho dos Morros, localidade do

baixo Paraguai que teve como conseqüência em 1775 a fundação do

Forte Coimbra.

(04) A Vila de Albuquerque deu origem a atual cidade de Corumbá.

(08) O Governador Caetano Pinto de Miranda Montenegro em 1797

mandou construir o forte-presídio de Miranda às margens do Rio

Miranda (antigo Mbotetei).

(16) Com Iguatemi (1767), ao Sul; com o Forte Coimbra (1775); com o

Presídio de Miranda (1797); com a destruição do forte São José,

estava firmemente caracterizada a superfície territorial do atual estado

de Mato Grosso do Sul.

(32) Conseguida a independência em 1811, o Paraguai passou a ser

governado por José Gaspar Rodrigues de Francia.

Soma:

05. Some as alternativas corretas:

(01) Os índios Guató eram conhecidos por viverem em palafitas e, por

isso, acabaram se diferenciando das outras tribos do estado. Eles

habitavam a Ilha Insua, localizada na região de Porto Índio, na divisa

entre Corumbá e o estado de Mato Grosso.

(02) Os índios Ofayé-Xavante viviam às margens do Rio Paraná e do

Rio Sucuriú, até as nascentes dos rios Vacaria, Ivinhema e Verde.

(04) Os índios terenas se caracterizavam como nação de agricultores e

excelentes ceramistas. Por volta do século XVIII, os índios terenas se

fixaram na bacia do Rio Miranda.

(08) Os Guaicurus pertencem à última tribo dos Mbayá-Guaicuru. Era

um povo seminômade que habitava a região da bacia do Rio Paraguai.

Os Kadiwéu encontram-se hoje quase totalmente concentrados na

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reserva doada por Dom Pedro II ao seu povo, devido à participação

dessa tribo ao lado dos militares brasileiros, na Guerra do Paraguai.

(16) Quando os portugueses chegaram ao Brasil, o povo Guarani-

Caiuá era dono de um vasto território – cerca de 4 milhões de hectares

com matas, rios e áreas para a exploração da caça. Os domínios

dessa tribo se estendiam da região oriental do Paraguai até o sul do

antigo Mato Grosso.

(32) Entradas eram expedições particulares, em geral organizadas por

comerciantes ou fazendeiros, com objetivo de procurar ouro e pedras

preciosas ou de capturar índios para serem empregados na lavoura. Já

as bandeiras eram expedições organizadas pelo governo, formadas

por um pequeno número de homens armados, que saíam pelo interior

do Brasil em busca de minerais.

Soma:

HISTÓRIA DO MATO GROSSO DO SUL – 2ª PARTE:

Sob a conjuntura de Independência e o Império:

A situação da capitania de Mato Grosso era extremamente

precária. O problema da falta de recursos para pagar as tropas e dar

mais segurança ao seu território perdurava havia décadas, sem que os

governantes, até os mais bem-intencionados, conseguissem resolvê-lo.

A população, em sua maioria, sentia evoluir seu empobrecimento. Ao

norte, os principais centros administrativos rivalizavam entre si –

Cuiabá, a vila mais antiga, procurava atrair para si mais privilégios do

que a capital da capitania, Vila Bela.

A partir desse contexto de disputas entre Cuiabá e Vila Bela,

inicia-se a formação das Juntas Governativas que levará Cuiabá a

hegemonia política na região.

Por fim, em 1825, chegou a Cuiabá o presidente da Província, o

Tenente-coronel José Saturnino da Costa Pereira, nomeado pelo

Imperador D. Pedro I.

A vida política na Colônia foi sempre muito agitada, conforme

vimos anteriormente, e um dos mais tristes exemplos da violência

política em Mato Grosso foi a rebelião que ficou conhecida como

Rusga.

No dia 30 de maio de 1834, com a conivência do Governador

Paupino Caldas, teve início uma chacina dos portugueses que viviam

em Cuiabá. Estes considerados inimigos dos brasileiros porque

exploravam e oprimiam a população no comércio que desenvolviam e,

ainda, representavam a idéia de dominação da Metrópole, odiada pela

população e responsabilizada por todos os infortúnios da capitania. Os

bicudos ou caramurus, como eram chamados os portugueses, eram

retirados de suas casas e executados.

Das provocações à Guerra do Paraguai:

Em algumas ocasiões, entre 1819 e 1850, presidentes da

província de Mato Grosso ordenaram intervenções militares a

localidades paraguaias, porém seus exércitos foram repelidos pelos

paraguaios e esses governantes acabaram sendo exonerados do

cargo pelo governo imperial.

Em 1855, sob a presidência de Augusto Leverger, a sede do

governo e o comando militar foram fixados no Forte Coimbra, por

receio das intenções da República do Paraguai, nessa época

governada por Antônio Carlos Lopes.

O contexto econômico começa a mudar a partir de 1837, quando

entra em funcionamento a Companhia fluvial Paulista, que passou a

fazer transporte pelos rios Tietê e Paraná e onde mais tarde colocaria

pequenos barcos a vapor. Mesmo assim, as atividades econômicas

não eram suficientes para alavancar o progresso da região. Para a

grande maioria de sua população, a vida era extremamente difícil. Em

determinadas épocas, os preços dos gêneros de primeira necessidade

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sofriam uma alta repentina, como conseqüência dos obstáculos

naturais à circulação de pessoas e mercadorias.

Em 1850 é sancionada a Lei de Terras, ou seja, os terrenos

ocupados receberiam título de propriedade. Com isso, verifica-se que,

ao principiar a Guerra do Paraguai, em 1864, as terras do sul de Mato

Grosso já não constituíam vazios absolutos.

No ano de 1858, Antônio Carlos Lopes, então presidente do

Paraguai, assinou, juntamente com o visconde do Rio Branco, um

acordo de livre navegação pelos rios Paraná e Paraguai. A medida

trouxe grandes benefícios a Corumbá, que passou a ter um porto

bastante movimentado, exportando charque, couro e chifres e

importando manufaturados europeus.

A Guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai teve início

quando Mato Grosso era governado pelo General Manoel Albino de

Carvalho. Este deveria ter sido substituído pelo Coronel Carneiro de

Campos, que viajava rumo à província a bordo do navio Marquês

de Olinda, cujo aprisionamento pelos paraguaios, em novembro

de 1864, foi considerado uma declaração de guerra.

O exército paraguaio, sob o comando do Coronel Vicente

Barrios, atacou, em 27 de dezembro de 1864, o Forte Coimbra, cuja

defesa estava a cargo do Tenente-Coronel Hermenegildo Porto

Carrero, que, apesar do “heroísmo” demonstrado por seu pequeno

contingente, teve que se render ao inimigo.

O alvo paralelo dos paraguaios foi a colônia Militar de Dourados,

atacada pelo Capitão Martin Urbieta, em 29 de dezembro de 1864. Os

paraguaios contavam com duzentos e cinquenta homens contra

apenas quinze soldados brasileiros, comandados pelo Tenente Antônio

João Ribeiro.

Por outro lado, Corumbá, cuja defesa deveria ser feita pelo

coronel Carlos Augusto de Oliveira, foi invadida pelas tropas do

Paraguai sem oferecer qualquer resistência. A exceção que deve ser

sempre lembrada foi a atitude corajosa do Tenente João Oliveira Melo,

que salvou a vida de quatrocentos habitantes locais, ajudando-os em

sua retirada para Cuiabá.

Centenas de soldados brasileiros morreram em Matos Grosso,

vitimados pela varíola e pela cólera, principalmente a partir de 1867,

quando ocorreu o episódio conhecido como Retirada da Laguna

(retirada forçada dos soldados brasileiros).

Terminada a guerra em março de 1870, após a morte de Solano

Lopes em Cerro Corá, na fronteira com Mato Grosso, iniciou-se a

tarefa de reconstrução da província de Mato Grosso.

O Brasil saiu da guerra com uma dívida externa extremamente

alta – cerca de seiscentos mil contos de réis.

Desde 1869, Corumbá voltara a ser porto de importação e

exportação, para abastecer as regiões do centro-oeste brasileiro.

Isentando-a de tributação alfandegária, o governo imperial permitiu que

essa cidade rapidamente se recuperasse.

Um dos auxiliares na demarcação dos limites entre Brasil e

Paraguai, no pós-guerra, Tomás Laranjeira deu atenção especial à

extensa vegetação nativa de erva-mate, que corria pela linha fronteiriça

entre as nascentes do Rio Apa e as Sete Quedas, iniciando, com mão-

de-obra de gaúchos e paraguaios, uma atividade que lhe rendeu um

grande lucro, resultando assim na criação da empresa Companhia

Mate Laranjeira, em sociedade com os irmãos Murtinho.

Em 1895, foi instalado o Porto Murtinho e, em função disso, a

atividade da erva-mate tornou-se o carro-chefe da economia regional,

sendo exportada em grande quantidade para a Argentina, onde era

beneficiada e revendida.

Nioaque ressurgiu, a partir de 1877, como distrito militar, com a

denominação de Levergeria (homenagem a Leverger, que após a

guerra recebeu o título de Barão de Melgaço), porém, para os

habitantes, o antigo nome prevalecia. Nesse tempo, o presidente da

província era o General Hermes da Fonseca (sobrinho de Deodoro da

Fonseca).

Exercícios:

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01. Sobre o contexto histórico no qual se deu a Guerra da Tríplice

Aliança com o Paraguai (1864-1870), é correto afirmar que

(01) o Império Brasileiro buscava destacar-se politicamente como força

hegemônica entre os países da Bacia do Prata.

(02) a República do Paraguai estava organizada sobre uma sociedade

composta por amplas massas camponesas indígenas e por uma elite

inserida em um Estado centralizador. Dotado de autonomia política e

amplo apoio popular, o governo paraguaio buscava reagir para manter

sua soberania diante das demais nações do Prata.

(04) a Argentina não tinha nenhum tipo de interesse sobre o Paraguai e

sua adesão ao conflito resultou apenas da invasão de seu território

pelo exército de Lopez.

(08) favorecido por uma economia voltada à exploração agropastoril, o

Uruguai passava internamente por um momento político tranqüilo, o

que explica a sua quase insignificante participação no conflito.

(16) como representante da expansão capitalista internacional, não se

pode dizer que a Inglaterra não tivesse nada a ver com o conflito.

Afirmar, contudo, que a guerra resultou exclusivamente da ação

imperialista inglesa é desconsiderar os interesses regionais e reduzir

as nações envolvidas a meros joguetes do capitalismo inglês.

Soma:

02. (UEMS) Dentre as alternativas abaixo, assinale aquela que

corresponde a um episodio da guerra do Paraguai ocorrido em território

hoje Sul-mato-grossense:

a) o combate dos Dezoito do forte

b) a destruição do Forte Iguatemi

c) a retirada da Laguna

d) a retomada de Cuiabá.

e) o cerco de Paranaíba.

03. Foi comandante das tropas do glorioso feito da Retomada de

Corumbá. Foi o primeiro Governador do Estado no período

republicano:

a) Joaquim Murtinho

b) Manoel Murtinho

c) Antonio Maria Coelho

d) Frederico Carneiro de Campos

e) Bento Gonçalves

04. (UEMS) Durante o tempo da historiografia existente sobre a guerra

do Paraguai afirma que a mesma se deu em função das ambições

imperialista de Solano Lopes, que nesse sentido pretendia anexar

áreas do Brasil. Hoje com novos estudos sobre o assunto sabemos

que as razões desta guerra foram mais complexas. Dentre estas

razões, podemos destacar:

a) problema de fronteira;

b) interesses ingleses;

c) domínio do Rio da Prata;

d) a invasão do Paraguai por parte das tropas do Marechal Rondon;

e) as afirmativas a,b e c estão corretas;

05. Sobre a Guerra com o Paraguai, é correto afirmar que:

(01) o Brasil, a Argentina e o Uruguai formaram a Tríplice Aliança para

combater o Paraguai.

(02) a fase da guerra conhecida como a Campanha da Cordilheira foi

comandada pelo Conde d’Eu, genro de D.Pedro II, em substituição ao

Duque de Caxias.

(04) a guerra teve início em fins de 1864, quando os paraguaios

aprisionaram o navio Marquês de Olinda, que transportava o

presidente da Província de Mato Grosso.

(08) foram as batalhas mais importantes da guerra: Riachuelo, Monte

Castelo e Lomas Valentinas.

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(16) a Guerra da Tríplice Aliança terminou quando Solano Lopez

renunciou ao governo paraguaio e deixou como regente seu filho

menor de idade.

(32) Visconde de Taunay imortalizou em livro um dos feitos mais

dramáticos da História da participação dos brasileiros na Guerra com o

Paraguai. O livro referido chama-se A Retirada da Laguna.

Soma:

06. (UFMS) Leslie Bethell, em seu texto sobre a Guerra do Paraguai,

afirma que Francisco Solano Lopes superestimou o poder econômico e

militar do Paraguai. Ele subestimou o potencial (sem considerar o

efetivamente existente) do poder militar brasileiro – e a disposição para

a luta do Brasil. Enganou-se ao imaginar que a Argentina ficaria neutra

numa guerra entre Paraguai e Brasil (BETHELL. A Guerra do Paraguai:

130 anos depois. RJ: Relume-Dumará,). A partir das afirmações de

Bethell, é correto afirmar que:

(01) o governo argentino de Francisco Solano Lopes superestimou o

poder econômico e militar paraguaio; por isso aliou-se ao Brasil e ao

Uruguai.

(02) a Argentina uniu-se ao Brasil para punir e enfraquecer o governo

paraguaio.

(04) a Argentina não ficou neutra na guerra contra o Paraguai; no

entanto, devido às constantes desavenças com o império brasileiro,

decidiu se aliar apenas com os ingleses e uruguaios.

(08) o governo paraguaio tinha plena consciência do poder militar

brasileiro; por isso, aliou-se aos argentinos e uruguaios para a luta

contra o Brasil.

(16) o governo paraguaio pensava que o Paraguai tinha forças

suficientes para lutar e vencer a guerra contra o Brasil, tanto que, em

1864, decidiu invadir o território mato-grossense.

Soma:

07. (UFMS) A guerra entre o Paraguai e a Tríplice Aliança (1864-1870)

tem sido considerada por muitos historiadores como um divisor de

águas na História de Mato Grosso do Sul, o antigo Sul de Mato Grosso,

tendo em vista que, com o final do conflito e a vitória dos aliados,

ocorreram profundas transformações no setor econômico da região. No

que diz respeito aos acontecimentos posteriores à guerra, é correto

afirmar que:

(01) a livre navegação pelo rio Paraguai favoreceu o desenvolvimento

do comércio fluvial entre o antigo Sul de Mato Grosso e outras

importantes regiões platinas.

(02) a imigração de grandes comerciantes e industriais judeus foi fator

decisivo para o desenvolvimento da região.

(04) Corumbá, cidade sul-mato-grossense situada à margem direita do

rio Paraguai, transformou-se em um dos mais importantes pólos

comerciais da região Centro-Oeste do país até a primeira metade do

século XX.

(08) couros, solas, carne-seca e ipecacuanha foram alguns dos

principais produtos exportados para outras áreas da Bacia do Prata.

(16) o governo imperial brasileiro passou a dar mais atenção à então

Província de Mato Grosso, uma região tida como longínqua, embora

geopoliticamente estratégica no contexto platino.

Soma:

08. Militar, Defensor do Forte Coimbra em dezembro de 1864, quando

aludido baluarte foi atacado pelas forças do exercito paraguaio sob

comando de Vicente Barrios.

a) Hermenegildo Porto Carreiro

b) Manoel Cavassa

c) Carlos Antonio Camisão

d) Ricardo Franco de Almeida Serra

e) Antonio João de Ribeiro

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09. Sobre a Guerra do Paraguai (1864/1870), responda.

I. O aprisionamento do navio Marquês de Olinda pelo governo

Paraguaio foi uma retaliação diante da intervenção brasileira nas

disputas políticas internas do governo uruguaio, tal fato, foi o estopim

para o inicio da Guerra.

II. Bartolomeu Mitre (Argentina) antes do inicio da Guerra buscava

apoio político do governo paraguaio para incorporar territórios no Rio

Grande do Sul.

III. D. Pedro II não mediu esforços para evitar o conflito chegando a

pedir a mediação da “Questão Platina”, ao então presidente americano

em exercício Abraham Lincoln.

IV. Independente das ações que antecedem o início da Guerra do

Paraguai, Solando Lopes já manifestava seu desejo em favor do

“Paraguai Maior”, fato este comprovado pela presença de militares

paraguaios em território brasileiro mapeado e identificando pontos de

fragilidade para uma possível invasão no sul de Mato Grosso, a

exemplo de Isidoro Resquim.

Assinale a alternativa correta:

a) I e II

b) II e III

c) I e III

d) II e IV

e) I e IV

10. Sobre a Guerra do Paraguai, responda:

(01) Um dos fatos mais expressivos da Guerra do Paraguai

(1864/1870) foi o episodio da Retirada da Laguna, onde uma coluna de

combates do exército brasileiro sagra-se vitoriosa diante da batalha de

Ñha-Depá, sob liderança de Hermenegildo Porto Carreiro.

(02) A Frase – “Morro, mas meu sangue e de meus companheiros

servirá de protesto solene contra a invasão do solo de minha pátria.” -

atribuída a Antonio João Ribeiro, retrata a resistência e o heroísmo dos

combatentes brasileiros no episodio da “Epopéia de Dourados”.

(04) Antonio Maria Coelho foi um dos responsáveis pela retomada de

Corumbá em 1869.

(08) No curso da Guerra o comando das forças brasileiras foi alterado

pelo menos 2 vezes tendo como responsáveis, respectivamente

Osório, Caxias e Conde D’Eu.

(16) Dentre os inúmeros obstáculos enfrentados pelos dois lados da

Guerra Paraguai x Tríplice Aliança, temos o grande surto de cólera e

varíola (1866/67), em território paraguaio.

Soma:

Não Esqueça!

Rusga – foi uma rebelião ocorrida em Cuiabá, em 1834,

que envolveu importantes figuras da elite local. Esse

conflito resultou na chacina de portugueses que moravam

naquela vila, principalmente comerciantes, que eram

considerados inimigos dos brasileiros.

Após a Guerra do Paraguai, Tomás Laranjeira começou o

extrativismo de erva-mate no extremo sul de Mato Grosso,

vindo a fundar a companhia Mate Laranjeira.

Ipecacuanha – erva rasteira e lenhosa.

DIVISIONISMO DE MATO GROSSO DO SUL:

Os governos dos períodos denominados República Velha (1889-

1930) e República Nova (1930-1945) foram bastante agitados em Mato

Grosso (inclusive na década de 1950). Diversos fatores contribuíam

para essa situação, entre os quais podemos citar:

a pobreza geral do território mato-grossense, que, mesmo

apresentando uma recuperação notória nos últimos anos do

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século XIX, ainda tinha uma economia bastante atrasada,

baseada na pecuária e no extrativismo de erva-mate;

a falta de infra-estrutura e a morosa ligação com os principais

centros econômicos e políticos do país, o eixo Rio-São Paulo –

nesse sentido, mais tarde, com os esforços de alguns

governadores, seriam construídas ferrovias e estradas de

acesso a Mato Grosso, além do árduo trabalho executado pela

missão chefiada por Cândido Rondon para instalar o telégrafo

na região;

as disputas políticas, especialmente durante a República

Velha, entre os diversos grupos regionais, guiados pelos

chefes políticos, comumente denominados de “coronéis”

grandes latifundiários ávidos pelo poder.

uma forte presença de oficiais militares ocupando cargos

públicos, como o de governador do estado, gerava com mais

facilidade a eclosão de movimentos armados.

O Movimento Divisionista caracterizou-se por aspectos

socioeconômicos, políticos e culturais, que visavam a emancipação

político-administrativa do Sul de Mato Grosso. A criação do Estado de

Mato Grosso do Sul é resultado de um longo movimento com essas

características, que permearam sua formação histórica recente.

A forma como se desenrola o processo do divisionismo assume,

em cada período histórico, uma conotação distinta que é uma das

peculiaridades que entremeiam a história de Mato Grosso do Sul.

O Movimento divisionista tem sua origem em 1889, quando

alguns políticos corumbaenses divulgaram um manifesto no qual

propunham a transferência da capital de Mato Grosso para Corumbá. A

atitude desses políticos não foi vitoriosa, mas mostrou que essa tímida

ação permitia marcar o início de uma longa história de luta.

A importância sócio-econômica e política do Sul de Mato Grosso

acentuam-se, na medida em que ocorre a sistematização da criação do

gado, a posse da terra e a formação de vilas e de cidades,

concomitante a esses fatores ocorre a instalação da Companhia Mate-

Laranjeira e a ligação ferroviária entre o Sul de Mato Grosso e São

Paulo, fortalecendo também, econômica e politicamente alguns dos

grandes proprietários rurais da região. Tais acontecimentos marcaram

a origem do movimento divisionista. Este pode ser compreendido em

quatro grandes fases que acompanham a evolução histórica do Estado

no período republicano.

Primeira Fase (1889-1930):

Marcada pela formação das oligarquias sul mato-grossenses que

lutam pelo reconhecimento da posse da terra fazendo oposição aos

privilégios da Companhia Mate-Laranjeira. Nessas lutas políticas, nos

ervais e Campos de Vacaria, se manifesta a idéia divisionista. As

oligarquias sulinas uniram-se, nas primeiras décadas da República

Velha às de Cuiabá, adversárias da Companhia Mate-Laranjeira, pois

tinham interesses nos ervais. Através dessa aliança, as oligarquias sul-

mato-grossenses fizeram oposição armada ao governo estadual e à

referida companhia. Inicialmente, o movimento divisionista não tinha

um plano, um programa político definido e seus objetivos quase

sempre se confundiam com os interesses pessoais do coronel.

Em 1921, transfere-se de Corumbá para Campo Grande a sede

da Circunscrição Militar, hoje Comando Militar do Oeste. Na ocasião

Pandiá Calógeras, então Ministro da Guerra do governo de Epitácio

Pessoa, transformou Campo Grande em sentinela da paz e do

progresso, ou seja, tornou-a uma capital militar. Com a transferência e

com o aumento do contingente militar no Sul de Mato Grosso, as

oligarquias sulinas, decepcionadas com as antigas alianças, unem-se

aos militares que trazem consigo uma vivência política diferente,

grandemente marcada pelo movimento tenentista que influencia o

Movimento Divisionista, embora a presença dos mesmos objetivasse

manter a ordem e a disciplina no Sul de Mato Grosso, além de coibir

manifestações divisionistas. A este fato é somada a regularização das

viagens ferroviárias, que propiciam a chegada de novos migrantes e a

dinamização da economia sul-mato-grossense. Outro reflexo das

viagens ferroviárias é a vinculação do Sul de Mato Grosso com a

10

economia paulista e o consequente desenvolvimento das cidades

exportadoras de gado, particularmente Campo Grande, que se torna o

centro do eixo econômico no Estado. Tal crescimento possibilita a

formação de novas lideranças políticas ligadas ao comércio e a outras

atividades profissionais e um crescimento demográfico na região sul-

mato-grossense. Esse quadro de novos fatores de ordem sócio-

econômica e política trazem significativas mudanças no movimento

divisionista, que extrapola os ervais e atinge as cidades exportadoras

de gado, especialmente Campo Grande. É o início da urbanização do

movimento.

Segunda Fase (1930-1945):

É o período em que o movimento começa a se organizar e

gradativamente as lutas armadas são substituídas por pressões

políticas junto ao Governo Federal.

As oligarquias sulinas que eram dissidentes no Estado passam a

apoiar a “Revolução de 1930” – liderada por Getúlio Vargas, e,

posteriormente a Revolução Constitucionalista de 1932, como intuito

de obter apoio para o movimento de divisão no Estado. No decorrer da

Revolução Constitucionalista, o General Bertoldo Klinger, comandante

militar do então Mato Grosso rompe com o Governo Federal e institui o

Estado de Maracajú, nomeando Vespasiano Martins para governador.

Campo Grande é elevado à categoria de capital político-administrativa

do novo Estado. Entretanto, após três meses, os constitucionalistas

são derrotados, o Estado de Maracajú é extinto e Campo Grande perde

o “status” de capital político-administrativa.

Dois anos depois, em 1934, o Congresso Nacional reunia-se

para elaborar uma nova Constituição. Jovens estudantes fundam a

Liga Sul-Mato-Grossense, que, inicialmente, objetivava angariar apoio

dos sul-mato-grossenses para o manifesto que seria encaminhado ao

presidente do Congresso Nacional Constituinte. A Liga coleta treze mil

assinaturas, com o propósito de sensibilizar o Governo Federal,

particularmente os constitucionalistas, para que eles aprovassem a

divisão do Estado de Mato Grosso, quando da elaboração da nova

Constituição. Após a sua promulgação, os divisionistas são derrotados

e Getúlio Vargas adota a política nacionalista “Marcha para o Oeste”,

que visava, entre outras coisas, a segurança das fronteiras. Assim, em

1934, Getúlio Vargas manda instalar novas unidades militares no sul

de Mato Grosso com o intuito de manter a ordem e o progresso na

região e também providenciar para que seja sufocado o movimento

divisionista.

Os sul-mato-grossenses são envolvidos pela política de Getúlio

Vargas; a Companhia Mate-Laranjeira adapta-se a ela e altera sua

estratégia em relação à unidade estadual, pois os ervais estavam

devastados e a política do Instituto Brasileiro do Mate, criado por

Vargas, não lhe possibilitava grandes lucros. Por isso, ela permite que

o governo estadual regularize as posses de terras dos moradores dos

ervais, em troca de indenizações sobre arrendamentos.

Em 1943, Getúlio Vargas, em nome da segurança das fronteiras,

cria o Território de Ponta Porá e o Território de Guaporé (hoje

Rondônia), que deixa Campo Grande, a principal cidade autônoma, de

fora da nova unidade. A criação desse território não atendeu aos

interesses divisionistas, não satisfez a política da Companhia de Mate-

Laranjeira e também não agradou ao Governo do Estado de Mato

Grosso. Nesse período, o Sul de Mato Grosso é marcado por grande

prosperidade, mas não o suficiente para equilibrar as finanças no

Estado. Percebe-se ainda, a formação de novas oligarquias e a

Companhia de Mate-Laranjeira, aos poucos, retira-se dos ervais.

Terceira Fase (1945-1964):

Após a deposição de Getúlio Vargas, com a ascensão de Eurico

Gaspar Dutra (cuiabano), em 1946, os sul-mato-grossenses tentam a

transferência da capital de Cuiabá para Campo Grande. Ele adota uma

postura de redemocratização do País, que reforça a política de

integração nacional, incentivadora da manutenção da unidade

estadual. Em 1946, após a promulgação da Constituição, o Governo

11

Federal extingue o Território de Ponta Porá, reintegrando a região ao

Estado de Mato Grosso.

Novamente frustrados, devido à fraca representatividade política

em âmbito estadual e federal, os sul-mato-grossenses, mantêm-se fiéis

ao seu objetivo: transformar Campo Grande em uma capital, haja vista

a prosperidade da mesma em relação à Cuiabá.

Quarta Fase (1964-1977):

Com o golpe militar (1964), as oligarquias ligadas ao movimento

divisionista aproximam-se dos militares, tomando parte de algumas

comissões que estudavam (secretamente) as potencialidades

econômicas do Estado, bem como as dificuldades políticas que

impediam a divisão. Os militares, buscando um maior controle dos

problemas da sociedade, adotam a política do desenvolvimento com

segurança, que tornou possível a criação de programas que atenderam

a alguns Estados, entre eles Mato Grosso. Após vários estudos,

negociações e acordos políticos, o Presidente Ernesto da Silva Geisel

assina, em 11 de outubro de 1977, a Lei Complementar Nº 31/77,

criando o Estado de Mato Grosso do Sul. Nessa fase, a Companhia

Mate-Laranjeira mantinha apenas algumas fazendas de gado, visto que

o seu principal interesse econômico de outrora, a erva-mate, agora era

explorado por ervateiros autônomos.

Na divisão, Mato Grosso ficou com trinta e oito municípios e com

uma população estimada de 900.000 habitantes em 1977, distribuído

em 881.000 km². Mato Grosso do Sul passava a compreender

cinqüenta e cinco municípios, com uma população estimada (1977) de

1.400.000 habitantes, numa área de cerca de 350.000 km².

(WEINGÄRTNER, Alisolete).

A população do Mato Grosso é de 3 001 692 habitantes,

segundo a estimativa populacional de 2009, com dados

coletados pelo IBGE. Mato Grosso é o décimo-nono Estado

mais populoso do Brasil e concentra 1,47% da população

brasileira. Do total da população do estado em 2000, 1.217.166

habitantes são mulheres e 1.287.187 habitantes são homens.

Possui uma densidade demográfica de 2,6 hab/km².

Mato Grosso possui 141 municípios (dados 2010).

Estado de Mato Grosso

(Bandeira) (Brasão)

Mato Grosso do Sul é uma das 27 unidades federativas do

Brasil. Está localizado ao sul da região Centro-Oeste. Tem como

limites os estados de Goiás a nordeste, Minas Gerais a leste,

Mato Grosso (norte), Paraná (sul) e São Paulo (sudeste), além

da Bolívia (oeste) e o Paraguai (oeste e sul). Possui uma área

de 358.124,962 km², sendo ligeiramente maior que a

12

Alemanha,Portugal e Japão. Sua população estimada em 2009 é

de 2.360.498 habitantes, conferindo ao estado a 21ª população.

Sua capital e maior cidade é Campo Grande, e outros

municípios de importantes são Dourados, Três Lagoas,

Corumbá, Ponta Porã, Aquidauana, Nova Andradina e Naviraí.

Total de municípios – 79.

Os Governos de MS:

A mais nova unidade da federação, criado em 11 de outubro de

1977, somente foi efetivamente instalada no dia 1º de janeiro de 1979,

com a posse do Dr. Harry Amorim Costa, engenheiro gaúcho e ex-

presidente do Departamento Nacional de Obras e Saneamento

(DNOS), nomeado pelo Presidente da República para instalar e

governar o novo Estado de Mato Grosso do Sul.

Por ser um “estranho no ninho”, isto é, por ser natural de outro

Estado, os líderes políticos sul-mato-grossenses fizeram tamanha

pressão junto ao Governo Federal (João Batista de Oliveira Figueiredo)

que, resultou na exoneração do Dr. Harry Amorim Costa no dia 12 de

junho de 1979, ficando no poder por apenas cinco meses e doze dias.

Londres Machado, deputado estadual e, Presidente da

Assembléia Legislativa, assumiu o governo como substituto interino no

período de 12 de junho até 29 de junho, isto é, por dezenove dias.

Dr. Marcelo Miranda Soares, engenheiro, nomeado e

empossado como governador em 29 de junho de 1979, sofreu também,

muitas pressões políticas, acabando por ser exonerado em 30 de

outubro de 1980, governando o Estado por um ano e quatro meses.

Londres Machado mais uma vez, assume o governo

interinamente no período de 30 de outubro até 7 de novembro de 1980,

isto é, por nove dias.

Dr. Pedro Pedrossian, engenheiro civil, ex-governador do Estado

de Mato Grosso-uno, no período de 31 de janeiro de 1966 a 31 de

janeiro de 1971 e quando da criação do Estado de Mato Grosso do Sul

era Senador da República; sendo nomeado e empossado no governo

deste Estado 7 de novembro de 1980, conduzindo a sua administração

até 15 de março de 1983.

Dr. Wilson Barbosa Martins, advogado, ex-prefeito de Campo

Grande (31/01/59 a 7/08/62), ex-deputado federal, foi o primeiro

governador eleito pelo voto popular do Estado de Mato Grosso do Sul,

assumindo em 15 de março de 1983 e, licenciando-se em 15 de maio

de 1986 para candidatar-se a uma vaga no Senado Federal.

Dr. Ramez Tebet, promotor público, sendo o vice-governador do

Dr. Wilson, assume o governo em 15 de maio de 1986 e, conclui o

mandato em 15 de março de 1987.

Dr. Marcelo Miranda Soares, desta feita, eleito pelo voto popular

assume o governo em 15 de março de 1987, encerrando o seu

mandato em 15 de março 1991.

Dr. Pedro Pedrossian, pela segunda vez no governo sul-mato-

grossense, tomou posse em 15 de março de 1991 e, encerrou o seu

mandato em 1º de janeiro de 1995.

Dr. Wilson Barbosa Martins, também pela segunda vez, assumiu

o governo em 1º de janeiro de 1995 e, teve um período de governo

muito tumultuado por greves em todos os setores da administração

pública; foram implantadas em seu governo as privatizações de órgãos

estatais e também, o PDV – Plano de Demissão Voluntária do

funcionalismo estadual, para enxugamento da máquina administrativa.

Encerrou o seu mandato em 1 de janeiro de 1999.

José Orcírio Miranda dos Santos, acadêmico de Direito na

FUCMT e ex-deputado estadual pelo Partido dos Trabalhadores – PT,

por duas legislaturas consecutivas. Tendo assumido em 1 de janeiro de

1999. Foi reeleito em 2002 e assumiu o segundo mandato consecutivo

a partir de 1 de janeiro de 2003.

Em 2001, o Estado ganhou o certificado internacional de área

livre de febre aftosa com vacinação. O Governador José Orcírio

Miranda dos Santos, o Zeca do PT, conseguiu aprovar na Assembléia

Legislativa o Fundo de Desenvolvimento Rodoviário de Mato Grosso

do Sul (Fundersul), o qual é constituído com recursos obtidos com a

13

cobrança por cabeça de gado abatido. Essa verba deverá ser utilizada

para melhorias na rede rodoviária do Estado de Mato Grosso do Sul.

Em 2006 foi eleito André Puccinelli. Assumiu em 01 de janeiro de

2007. Reeleito em 2010. Segundo mandato (01/01/2011-31/12/2014).

O Estado de Mato Grosso do Sul, como todos os outros Estados,

possui seus símbolos oficiais: a bandeira, o brasão de armas e o hino

estadual.

A bandeira do estado de Mato Grosso do Sul foi desenhada por

Mauro Miguel Munhoz. De formato retangular, tem na parte superior

esquerda um triângulo de cor verde, separado por uma faixa branca,

em diagonal e, na parte inferior direita, um trapézio de cor azul com

uma estrela dourada de cinco pontas.

As cores na bandeira significam:

verde: riqueza das matas e

campos;

branco: paz e amizade;

azul: céu de esperança;

amarelo: riqueza produzida

pelo trabalho.

O brasão de armas do estado de Mato Grosso do Sul é

representado por um escudo contendo uma estrela e uma onça-

pintada.

Emoldurando o escudo, aparecem as estrelas que representam

os municípios do Estado. Em torno do escudo podemos observar

ramos de café e erva-mate, que simbolizam a cultura do Estado.

Na parte superior, representando o Sol,

aparecem dez raios. A fita azul, abaixo do

brasão contém a data da criação do Estado de

Mato Grosso do Sul: 11 de outubro de 1977.

O brasão de armas foi criado por José Luiz de Moura Leite. É

usado em repartições oficiais do estado, nos documentos expedidos

pelo governador, nas escolas e nos quartéis.

O hino de Mato Grosso do Sul foi escolhido por meio de

concurso. A letra é de Jorge Antônio Siufi e Otávio Gonçalves Gomes,

e a música é do maestro Radamés Gnatalli.

“Os celeiros de farturas,

Sob um céu de puro azul,

Reforçaram em Mato Grosso do Sul

Uma gente audaz.

Tuas matas e teus campos,

O esplendor do Pantanal,

E teus rios são tão ricos

Que não há igual.

A pujança e a grandeza

de fertilidades mil, ..... Estribilho

São o orgulho e a certeza

Do futuro do Brasil.

Moldurados pelas serras,

Campos grandes: Vacaria,

Rememoram desbravadores,

Heróis, tanta galhardia!

Vespasiano, Camisão

E o tenente Antonio João,

Guaicurus, Ricardo Franco,

Glória e tradição!

A pujança e a grandeza

De fertilidades mil, ..... Estribilho

São o orgulho e a certeza

Do futuro do Brasil.”

Não esqueça!

14

Após a Guerra do Paraguai (1864-1870), Tomás Laranjeira

começou o extrativismo de erva-mate no extremo Sul de Mato

Grosso, vindo a fundar a Companhia de Mate-Laranjeira. Na

verdade, em 25 de julho de 1883, o Banco Rio, Mato Grosso e

os “irmãos” Murtinho associaram-se a Tomás Laranjeira para

construírem a Companhia. O crescimento dessa atividade e a

necessidade de exportar o mate por vias fluviais levaram à

instalação de Porto Murtinho. A companhia extraía a erva-mate

no Brasil e a vendia para Francisco Mendes Gonçalves, em

Buenos Aires na Argentina.

Em 1905, o Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon

cruzou o território do Sul de Mato Grosso para levar os cabos

telegráficos de São Paulo até a Amazônia.

Exercícios:

01. A estrada de ferro conhecida como Noroeste do Brasil, inaugurada

em 1914, foi construída com as seguintes finalidades:

a) estreitar as relações do Brasil com o Paraguai e substituir a

navegação fluvial na Bacia Platina.

b) estabelecer uma ligação direta com o antigo Mato Grosso e estreitar

as relações com a Bolívia.

c) estimular o povoamento do Leste do Antigo Mato Grosso e estimular

o comércio bovino com o Estado de Goiás.

d) promover a ligação entre São Paulo e o antigo Mato Grosso e

estabelecer o acesso exclusivo às áreas produtoras de erva-mate.

e) possibilitar o aumento da renda dos pecuaristas nacionais e

estrangeiros do Pantanal Mato-Grossense e estimular o

desenvolvimento da agricultura no Sul do antigo Mato Grosso.

02. A história oficial tem sido contada do ponto de vista dos

dominadores e não dos dominados. Essa perspectiva se inverte na

letra do compositor Geraldo Espíndola, que a partir do ponto de vista

do índio (visão do nativo) analisa os fatos na canção Quyquyho (LP

Prata da Casa, 1982).

QUYQUYHO

Quyquyho nasceu no centro entre montanhas e o mar

Quyquyho viu tudo lindo tudo índio por aqui

Indiamérica deu filhos foi Tupi foi Guarani

Quyquyho morreu feliz deixando a Terra para os dois

Guarani foi pro Sul, Tupi foi pro Norte e

Formaram suas tribos cada um no seu lugar

Vez em quando se encontravam pelos rios da América

E lutavam juntos contra o branco em busca de servidão

E sofreram tantas dores acuados no sertão

Guarani foi pro Sul

Tupi entrou no Amazonas

Quyquyho na lua cheia

Quer Tupi quer Guarani

Quyquyho na lua cheia

Quer Tupi quer Guarani.

Os aspectos apontados, a seguir, podem ser encontrados em

Quyquyho, exceto:

(01) menção à origem comum das tribos Tupi e Guarani.

(02) alusão ao deslocamento geográfico das duas tribos, provocado

pela discórdia.

(04) oposição índio feliz, nos primeiros tempos, versus índio

sofredor, a partir da relação com o branco.

(08) noção de que a terra pertence aos indígenas, pois a eles foi

legada.

(16) sugestão de uma relação harmoniosa entre a terra e o índio,

ilustrada pela aglutinação dos termos índio e América.

(32) presença de um forte sentimento ufanista.

15

Soma:

03. Some as alternativas corretas:

(01) O primeiro governador do Estado de Mato Grosso no início da

República foi o General Antônio Maria Coelho, que foi deposto em

1891 e não aceitou a deposição e começou uma revolta, com base em

efetivos militares a ele ligados e estabelecidos em Nioaque e Corumbá

que acabaram derrotados pelas tropas legalistas.

(02) Uma nova onda de perseguições políticas, envolvendo a

questão do arrendamento de terras para a Mate Laranjeira, levou o

Presidente da república Venceslau Brás a intervir no estado,

designando o Dr. Camilo Soares de Moura como interventor federal em

1917.

(04) O fato de o General Caetano de Faria e Albuquerque haver se

apoiado nos inimigos da véspera (Partido Republicano) para combater

o seu próprio Partido (Partido Conservador) passou à história de Mato

Grosso com epíteto da “Caetanada”.

(08) A concessão para a exploração de uma estrada de ferro que

ligasse São Paulo, minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, tendo como

destino final a cidade de Cuiabá, foi dada, em 1890, à Companhia

noroeste do Brasil, do Banco União do Rio de Janeiro.

(16) Em 1892, Rondon foi nomeado chefe do Distrito Telegráfico de

Mato Grosso e estabeleceu relações pacíficas com os índios bororos.

Sua atitude para com os silvícolas já podia ser sintetizada no famoso

lema cunhado mais tarde: “Morrer, se preciso for ; matar, nunca”.

(32) Em 1910, foi criado o Serviço de Proteção aos Índios, pelo

governo Nilo Peçanha, só um homem estava plenamente capacitado

para exercer sua direção; o então Tenente-Coronel Cândido Mariano

da Silva Rondon.

Soma:

04. Some as alternativas corretas:

(01) A origem do coronelismo está na estrutura fundiária, que em

algumas partes do Brasil, desde o início da colonização, fundamentou-

se no latifúndio. As oligarquias estaduais fortaleceram-se devido à

formação de complexas alianças, muitas vezes formalizadas pela

realização de casamentos, compadrios e trocas de favores entre os

“clãs” dominantes.

(02) O Estado de Maracaju foi criado com o apoio do General Bertoldo

Klinger e governado por Vespasiano Martins, quando o sul-mato-

grossense, contrário ao Governo Vargas e que defendia a idéia de se

separar do norte de Mato Grosso, aliou-se à Revolução

Constitucionalista de São Paulo.

(04) O governador que merece maior destaque do Mato Grosso por

sua atuação repleta de obras importantes para o desenvolvimento

econômico do futuro estado de Mato Grosso do Sul foi Pedro

Pedrossian, cujo mandato transcorreu entre 1966 e 1971. Esse

governador mandou construir a Cidade Universitária de Campo

Grande.

(08) O movimento corumbaense de 1959, sob o slogan “Dividir para

multiplicar”, manifestava outra vez o desejo de parte da população sul-

mato- grossense de ter sua autonomia política em relação ao norte.

Entre os participantes desse movimento estiveram Oliva Enciso,

Nélson Borges de Barros e Eurico Gaspar Dutra.

(16) Diante do relatório da Escola Superior de Guerra (ESG), em 04 de

maio de 1977, o Presidente Ernesto da Silva Geisel comunicou ao

Governador José Garcia Neto a decisão de dividir o estado.

(32) A lei de separação entrou em vigor em janeiro de 1979. Pelo

primeiro projeto de lei, o nome do novo estado seria Campo Grande,

mas quando foi sancionada a lei, o nome foi alterado para Mato Grosso

do Sul.

Soma:

16

A Ferrovia Novoeste S. A., vencedora do leilão de

desestatização da Malha Oeste da RFFSA em 5 de março de 1996

iniciou suas atividades no dia 1 de julho do mesmo ano, constituída

pelas linhas de bitola métrica da antiga Estrada de Ferro Noroeste do

Brasil:

Em 15 de novembro de 1905 foi iniciada a construção da

Estrada de Ferro Noroeste do Brasil a partir de Bauru, SP, em direção

a Cuiabá, MT, com objetivo de interligar o Mato Grosso ao litoral,

atendendo a uma necessidade já observada desde 1851,

especialmente durante a Guerra do Paraguai.

Somente em 15 de dezembro de 1952 a Noroeste, como

ficou mais conhecida, chegou a Corumbá, na fronteira com a

Bolívia, seu novo destino desde os primeiros anos de construção,

passando a se constituir num elo de desenvolvimento da região e

de integração do sistema ferroviário brasileiro com a Bolívia,

prevendo também a futura ligação transcontinental entre os

portos de Santos e de Arica, no Chile.

Também foi construído o ramal de Ponta Porã e vários outros

pequenos ramais, estes na maioria desativados anos depois, e o

traçado retificado com a construção de variantes.

Trem especial de inspeção sobre uma das novas pontes de

concreto no trecho do Pantanal de Mato Grosso, na década de 1940

(acervo RFFSA).

Desde o início da década de 1950 estudos realizados pelo

governo federal e também a Comissão Mista Brasil - Estados Unidos

recomendavam a unificação das ferrovias administradas pela União em

uma empresa de economia mista. Finalmente foi sancionada pelo

presidente Juscelino Kubitschek a lei número 3.115 de 16 de março de

1957, criando a RFFSA - Rede Ferroviária Federal S. A., que entrou

em funcionamento no dia 30 de setembro do mesmo ano.

Com a criação da RFFSA foram reunidas 22 ferrovias, dentre

elas a Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, com sede em Bauru, SP, e

com 1.764 km de extensão em bitola métrica.

Mesmo mantendo uma relativa autonomia das ferrovias afiliadas,

tanto assim que mantinham suas denominações originais, a RFFSA

deu início a uma série de melhorias, especialmente na área

administrativa e de padronização de equipamentos, unificando os

sistemas de engates e freios, além de adquirir grande quantidade de

material rodante e de tração. Os déficits diminuíram, aumentando o

transporte, embora não na velocidade que o país necessitava para

atender ao desenvolvimento.

Em 1969 a RFFSA agrupou suas ferrovias em sistemas

regionais, sendo a Noroeste renomeada 10ª Divisão Noroeste,

vinculada ao Sistema Regional Centro-Sul, com sede em São Paulo,

SP. Em 1976 ocorreu nova importante reorganização, sendo a 10ª

Divisão Noroeste renomeada SP 4.2 - Superintendência de Produção

Bauru, ainda integrada à SR4, com sede em São Paulo, mas

posteriormente desmembrada como SR10 - Superintendência Regional

Bauru, com a sede em Bauru.

Quando no início da década de 1990 o governo federal incluiu a

RFFSA no processo de desestatização, dividindo-a em malhas, a SR10

passou a constituir a Malha Oeste, sendo a primeira a ser leiloada, no

dia 5 de março de 1996. A vencedora do leilão foi a Ferrovia Novoeste

S. A., que iniciou sua operação em 1 de julho do mesmo ano.

Em junho de 1998 a Novoeste foi incorporada à Ferropasa –

Ferronorte Participações S. A. e em 4 de março de 2002 foi anunciada

a criação da nova empresa Brasil Ferrovias S. A., integrando três

ferrovias: Ferronorte, Ferroban e Novoeste.

A Brasil Ferrovias S. A. passou a operar dois corredores de

exportação, sendo um de bitola larga e outro de bitola métrica, este

com 2.200 km e constituído em sua maior parte pelas linhas da

Novoeste, iniciando-se em Corumbá e Ponta Porã, passando por

Campo Grande, MS, Bauru, SP, e Sorocaba, SP, e interligando-se ao

Corredor de Bitola Larga no município de Mairinque, SP, para acessar

o porto de Santos, a cidade de Campinas e o pólo petroquímico de

Paulínia, utilizando o 3º trilho.

17

Cronologia:

1851: Início da discussão para construção de uma ferrovia

ligando Mato Grosso ao litoral;

1864: Guerra do Paraguai (1864 a 1870), evidenciando a falta

de transportes na região;

1971: Início dos estudos para construção de uma ferrovia entre

Curitiba, PR, e Miranda, MT (atual MS);

1904: Organização da Companhia Estrada de Ferro Noroeste

do Brasil em Bauru, SP;

1905: Início das obras em Bauru, no dia 15 de novembro;

1906: Inauguração do trecho Bauru - Lauro Müller, com 92 km,

no dia 29 de setembro;

1910: Chegada à estação Jupiá, MT (atual MS), com travessia

do rio Paraná por ferry boat;

1914: Chegada a Porto Esperança, às margens do rio

Paraguai, a 1.251 km de Bauru;

1915: Encampação pelo governo federal, passando a

denominar-se Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, no dia 5 de

janeiro;

1926: Inauguração da ponte Francisco Sá, com 1.024 m sobre

o rio Paraná, no dia 12 de outubro;

1937: Início dos estudos para construção do ramal de Ponta

Porã;

1947: Inauguração da ponte Barão do Rio Branco, atualmente

mais conhecida como ponte Presidente Dutra, com 2.009 m

sobre o rio Paraguai, no dia 21 de setembro;

1952: Inauguração da estação de Corumbá, no dia 15 de

dezembro;

1957: Conclusão do ramal de Campo Grande (Indubrasil) a

Ponta Porã;

1957: Fundação da RFFSA - Rede Ferroviária Federal S. A.,

no dia 30 de setembro, sendo a ela incorporada a EFNOB,

então com 1.764 km;

1969: Agrupamento das ferrovias da RFFSA em sistemas

regionais, sendo a Noroeste renomeada 10ª Divisão Noroeste,

vinculada ao Sistema Regional Centro-Sul, com sede em São

Paulo, SP;

1976: Reorganização da RFFSA, sendo a Noroeste

renomeada SP 4.2 - Superintendência de Produção Bauru,

integrada à SR4, com sede em São Paulo, e posteriormente

desmembrada como SR10 - Superintendência Regional Bauru;

1979: Criação do Estado do Mato Grosso do Sul,

desmembrado do Mato Grosso, no dia 1 de janeiro;

1996: Leilão de desestatização da Malha Oeste pela RFFSA

no dia 5 de março;

1996: Início de operação da Ferrovia Novoeste S. A.,

vencedora do leilão, no dia 1 de julho;

1998: Incorporação à Ferropasa - Ferronorte Participações S.

A., em junho;

2002: Incorporação da Novoeste à Brasil Ferrovias S. A.,

juntamente com as ferrovias Ferronorte e Ferroban, em 4 de

março de 2002.