Historia Do Design

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no incio do sculo xx, uma frentica srie de espetaculares avanos tecnolgicos causava impacto na sociedade. o motor de combusto interna, o motor eltrico e os rudimentos da telecomunicao permitiram que os fabricantes aspirassem a nveis de eficincia outrora inimaginveis. artigos anteriormente fabricados mo agora podiam ser feitos de modo mais rpido e barato pela mquina, solapando o papel do artesanato. a mquina tambm estava revolucionando o mundo domstico e, com o advento do rdio, do telefone e da televiso, viria a redefinir complemente o termo comunicao no lar e no trabalho. a linha de montagem acelerou drasticamente a produo de veculos, tornando o carro a motor acessvel a um mercado muito mais amplo. em 1903, os irmos wright realizaram um sonho acalentado h milnios: num biplano a gasolina, voaram a distncia de 40 metros. apenas seis anos depois, lours blriot voaria 42 quilmetros em seu monoplano, da frana at a inglaterra pelo canal da mancha. em trinta anos, haveria vos regulares que cruzariam o mundo levando a bordo quem pudesse pagar por eles.

apesar de produto da era vitoriana, o movimento de artes e ofcios deixou uma herana que se estendeu ao sculo xx. a preocupao maior de seus principais personagens era o fato de que os fabricantes da "era da mquina" eram movidos mais pela quantidade do que pela qualidade. o designer e terico mais influente do movimento foi william morris (1834-96). sua empresa, a morris and co., produziu uma grande variedade de objetos: mobilirio, vitrais, papis de parede, tecidos, cermica, entre outros. para morris, a arte e o artesanato possuam o mesmo valor, e seus designs utilizavam as habilidades conjuntas de artesos e artistas. essas obras se caracterizam por suas referncias medievais e gticas; morris queria a mo do arteso visvel no trabalho, diferenciando-o do objeto feito pela mquina. os mveis robustos e de construo simples deixam expostas as junes; nos objetos de metal, a mo do arteso se evidenciava na textura das marteladas. morris acreditava que o bom design tinha um efeito positivo e contribua para uma sociedade mais feliz - uma crena compartilhada pelos modernistas nos anos 20. apesar de o movimento de artes e ofcios ter comeado na gr-bretanha, houve equivalentes no resto da europa e nos eua. oficinas - ou guildas, seguindo os preceitos de morris - surgiram em muitos pases. enquanto os designers norte-americanos, como gustav stickley, seguiam o modelo britnico de perto, muitos europeus se afastavam dos dogmas fundamentais do movimento de artes e ofcios e abraavam prontamente a art nouveau e o modernismo. por volta de 1900, j havia se consolidado o movimento dominante da dcada, a art nouveau, nascida do movimento de artes e ofcios e do movimento esttico do sculo xix. seus expoentes estavam muito mais dispostos a aceitar o uso de novos materiais e a produo em massa do que os artistas do movimento de artes e ofcios. embora tambm se inspirassem no passado, compartilhavam de um entusiasmo pelo futuro que os diferenciava do movimento precedente. o nome derivado da loja do negociante de arte samuel bing, l'art nouveau, inaugurada em paris em 1895. os principais designers da europa foram convidados a exibir seus trabalhos l. entre eles, o belga henry van de velde (mobilirio), o norte-americano louis comfort tiffany (cristais) e os franceses emile gall (cristais) e ren lalique. este ltimo foi um dos principais expoentes da art nouveau. suas jias refinadas, muitas vezes baseadas em motivos florais ou insetos, eram feitas de cristal, pedras semipreciosas e ouro. embora a art nouveau tenha se desenvolvido de modo idiossincrtico em muitos pases (era

muito prxima do jungendstil na alemanha, da secesso no ustria e do stile liberty no itlia), seu estilo fluido, orgnico, facilmente reconhecvel. sua caracterstica dominante a curva em forma de correia de chicote, que influencia tanto a forma quanta a decorao superficial do objeto. a fluidez orgnica era inspirada pela natureza, sobretudo vegetal. h tambm referncias a tradies antigas, como a arte celta e o rococ. a art nouveau podia ser interpretada tanto de forma naturalstica quanta abstrata, e seus princpios aplicados a qualquer tipo de design, desde a arquitetura at a joalheria. as obras mais importantes eram realizadas na frana, blgica, ustria e esccia. na esccia, a escola de glasgow, um pequeno mas amplamente reconhecido grupo de designers liderado pelo arquiteto e designer charles rennie mackintosh, produzia obras que combinavam o funcionalismo do artes e ofcios com a exuberncia decorativa da art nouveau. as obras fundiam um formato geomtrico com um padro linear fluente baseado em formas orgnicas.

josef hoffmann foi um dos lderes do grupo de artistas e arquitetos vienenses conhecidos como a secesso de viena. embora a arte da secesso fosse fundamentalmente art nouveau no estilo, seu design lembrado por um enfoque ornamental mais geomtrico. a secesso publicava a sua prpria revista, sacrum, e expunha regularmente obras de vrios artistas internacionais. em 1903, hoffmann formou a wiener werksttte com koloman moser. essa associao de oficinas tinha forte influncia das guildas do artes e ofcios. a wiener werksttte foi responsvel pela produo de refinadas peas de joalheria, de metal, tecidos, mobilirio e arquitetura. seus designers ocuparam o espao entre a decorativa art nouveau e o austero modernismo, que comeava a influenciar o aspecto dos objetos. medida que o sculo avanava, os designers passaram a se preocupar menos com a esttica do artesanato e privilegiar a esttica da mquina. em 1917, um grupo de pintores, arquitetos, designers e filsofos holandeses formou uma associao denominada de stijl (o estilo). afastando-se da forma natural na arquitetura e no design, o de stijl tentava encontrar uma linguagem visual para expressar uma nova esttica da mquina, utilizando uma palheta limitada de cores e formas e linhas exclusivamente geomtricas. de todas as obras, talvez a cadeira vermelha e azul de gerrit rietveld de 1918, seja a que mais se aproxime desse ideal. construda com peas de madeira de comprimento padronizado e acabamento industrial, ela prescinde de toda ornamentao desnecessria. a influncia do de stijl se estendeu por toda a europa, especialmente na rssia e a bauhaus na alemanha. na itlia, os futuristas, entre os quais o poeta filippo marinetti (1876-1944) e o artista giacomo balla (1871-1958), tambm glorificaram a mquina. o industrial henry ford fundou a ford motor company em 1903, e durante os anos seguintes desenvolveu um sistema de produo em massa que vira a exercer uma influncia permanente sobre o processo de design: a padronizao de peas de fcil montagem e, em 1913, a linha de montagem mvel. quando aplicados ao ford modelo t, esses princpios foram to bem sucedidos que na dcada de 20, de cada dois carros que rodavam pelo mundo afora, um era o modelo t. a produo

em massa tornou os bens acessveis a um mercado mais amplo, mas tambm deixou os operrios das fbricas com um sentimento de alienao. seu papel na fabricao se reduzia a uma tarefa annima, repetitiva. alguns passaram a aceitar o argumento de william morris de que a nica escapatria era uma volta ao artesanato; mas no havia como resistir ao impulso da produo em massa, que acabou crescendo no decorrer do sculo. no entanto, a qualidade de vida do trabalhador comum comeou a melhorar com a introduo de uma multiplicidade de aparelhos que poupavam tempo e trabalho, como mquinas de lavar, secadores de cabelo e ferros de passar roupa. a maioria dessas novidades para o lar, na verdade, no economizava tempo, mas poupava trabalho, tornando as tarefas domsticas menos cansativas. muitos produtos eram eltricos. como mercadoria relativamente nova no incio do sculo, a eletricidade ainda no era comum no maioria dos lares. todavia, a promessa de uma fonte de energia limpa e inodora, que fazia a luz surgir com um leve toque de interruptor, e a atrao dos novas inventos, como o aspirador eltrico de p, tornavam a eletricidade um investimento to compensador que logo foi acolhido por todo o mundo ocidental. nessa poca, na alemanha, a empresa de produtos eltricos aeg (allgemeine elektrizitts-gesellschaft), percebendo a necessidade de unificar seu design, nomeou peter behrens diretor artstico. a padronizao e a intercambialidade de componentes estabelecidos por behrens foram cruciais para o sucesso da empresa. um claro exemplo disto so os designs de chaleiras elaborados por ele em 1909, que permitiram 80 variaes baseadas em trs modelos bsicos apenas. behrens tambm assegurou que houvesse uma identidade em todos os outros elementos de produo da empresa, da arquitetura publicidade. a aeg adotara um logotipo - um trao que seria copiado futuramente por outras companhias. behrens contratou designers de ultravanguarda, dentre eles, walter gropius, mies van der rohe e le corbusier. suas obras exerceram um poderoso impacto sobre o design de produtos e influenciaram profundamente o debate sobre arte e tecnologia. em 1919, formou-se na alemanha uma escola de arte conhecida como bauhaus. sob a direo de walter gropius, a bauhaus funcionou at 1933 e foi uma das escolas mais influentes do sculo. seu objetivo era simplesmente treinar artistas para o trabalho ligado indstria e, embora suas realizaes possam facilmente ser superestimadas, deixou uma impresso duradoura sobre o design do sculo xx. utilizando modernos materiais industriais, reduzidos a seus elementos bsicos e desprovidos de decorao, os designers da bauhaus procuravam fabricar produtos que evitassem referncia histrica. essa aspirao nem sempre foi alcanada. a famosa cadeira wassily - de ao tubular e forma geomtrica despojada de marcel breuer, possui muitas das caractersticas associadas ao estilo bauhaus. mesmo assim, sua construo ainda muito mais prxima do artesanato do que da mquina. o maior sucesso da bauhaus foram os seus mtodos de ensino, copiados em todo o mundo. gropius atraiu pintores altamente respeitados, como wassily kandinsky (1866-1944), josef albers e paul klee (18791940) para a docncia no curso fundamental. lecionaram ali tambm arquitetos clebres como marcel breuer e mies van der rohe.

na influente exposition internationale des arts dcoratifs et industriels modernes de 1925, em paris, o arquiteto suio le corbusier projetou um dos pavilhes e o intitulou lesprit nouveau. era um modelo de modernismo: paredes brancas lisas, estrutura de concreto e grandes extenses de vidro unificadas por uma geometria inflexvel. seu mobilirio era despretencioso, do tipo que se acha venda nas lojas, incluindo a poltrona thonet, de madeira curvada. apesar disso, essa exposio lembrada menos pelo funcionalismo da contribuio de le corbusier e mais pelo visual do resto da mostra em outros pavilhes. foi da que se originou o termo art dco. esse estilo decorativo foi inspirado pela arte no-ocidental, especialmente as da frica e do egito, popularizada pela descoberta, em 1922, do tmulo de tutancmon por howard carter. os bals russos de diaghilev (que estrearam em paris em 1909) e os quadros cubistas de pablo picasso(1881-1973) e georges braque (1882-1963) fascinavam a imaginao dos designers. no entanto, a art dco no foi um movimento de design, e sim um compartilhamento de um enfoque estilstico. a interao de formas geomtricas, os padres abstratos de ziguezagues, asnas e refulgncias executados em cores brilhantes e o uso do bronze, marfim e bano eram traos comuns a todos. criticada por alguns pela opulncia, era considerada um desvio das teorias puristas expostas pelos modernistas. os designers de mobilirio, como jacques-emile ruhlmann (responsvel pelo projeto do interior de um dos pavilhes da exposio de 1925 em paris), usavam folheados exticos e incrustaes de marfim num arranjo rico e decorativo. inspirava-se no design do sculo xviii, mas atualizava o visual utilizando geometria e materiais modernos. a art dco no ficou restrita aos ricos. na verdade, materiais novos, baratos, como a baquelita, eram flexveis e populares. na gr-bretanha, wells coates usou a baquelita com grande sucesso em seus designs de rdios. na arquitetura, o vidro colorido e o cromo criaram o colorido e visual art dco a custos relativamente baixos e foram usados com sucesso em prdios pblicos, como os cinemas odeon. a arquitetura externa dos prdios de cinema, bem como seus interiores suntuosos, desempenhou um papel importante na popularizao do estilo art dco. em nova york, o maior monumento arquitetura art dco o edifcio chrysler, de william van alen. esse arranha-cu expressa o glamour da art dco tanto em sua decorao interna e externa quanto nas formas. os pinculos semicirculares foram revestidos com metal nircosta para criar superficies broncas brilhantes que lembrassem platina (o metal preferido da joalheria contempornea). muitos designers famosos, que haviam feito nome com produtos no estilo art nouveau, agora adaptavam seus designs ao novo visual. ren lalique, por exemplo, deixou suas jias de aparncia tipicamente orgnica e passou a confeccionar peas art dco em vidro, inclusive emblemas de carros, vidros de perfume e estatuetas. nos anos 20, o charleston se tornou a primeira das muitas febres de dana a varrer os eua. para executar uma dana to vigorosa, os vestidos tinham de ser mais curtos a fim de permitir maior liberdade de movimentos. as jovens, conhecidas como "melindrosas", cortavam o cabelo em mechas curtas e usavam chapus ou boinas. a designer coco chanel criou um visual para acompanhar a recm-descoberta sensao de confiana das mulheres. adaptando roupas masculinas, lanou uma silhueta de peito chato, de menino, acompanhada muitas vezes de bijuterias extravagantes, mas que, acima de tudo, irradiando jovialidade. na rssia, um desejo similar ao dos designers holandeses do de stijl inspirou diversos artistas, entre os quais o pintor kazimir malevich, que procurava uma relao universal entre as formas geomtricas e a cor pura. seu trabalho, denominado suprematismo, estava mais preocupado com a esttica e a geometria do que com a funcionalidade. foi suplantado pelo design construtivista,

menos abstrato, os construtivistas, como os designers grficos el lissilzky e aleksandr rodchenko, fugiam das belas-artes e advogavam a idia de que a arte devia ser posta a servio do estado socialista emergente. em 1920, as idias construtivistas influenciaram profundamente o vkhutemas, uma escola de design de vanguarda havia sido fundada em moscou, (o nome uma abreviao de glicina artstica e tcnica do estado.) como a bauhaus, o objetivo da escola era formar artistas para a indstria, ela compartilhava de muitas das caractersticas da escola alem; na verdade, wassily kandinsky e el lissilzky trabalharam em ambas as organizaes. um dos professores da vkhutemas, aleksandr rodchenko, projetou o mobilirio para o clube dos trabalhadores no exposio de paris de 1925. os tecidos produzidos por sua esposa, varvara stepanova (1894-1958), e lyubov popova (1889-1924) tambm foram inseridos no produo, todavia, dos muitos prottipos de mveis criados pela escola, nenhum foi industrializado.

desde o incio do sculo, os designers vinham testando os efeitos da dinmica dos corpos na gua e no ar, com base em estudos sobre a forma e o movimento de peixes e pssaros, descobriu-se que barcos e avies podiam ser mais eficientes se tivessem o nariz e a fuselagem polidos. em 1933, o douglas dc1 fez sua estria no transporte de passageiros, radicalmenle diferente de seus desajeitados predecessores, ele possua uma estrutura aerodinmica monocoque, asas integradas e um revestimento de alumnio reforado e resistente a ponto de dispensar os tirantes. o dc1, juntamente com o boeing 247, assinalou o incio do moderno vo comercial de passageiros. em 1934, a chrysler lanou o seu novo carro aerodinmico, o airflow. projetado por carl breer, era o resultado de extensas pesquisas de aerodinmica. seu corpo unitrio curvo, os pra-brisas inclinados e a traseira prolongada, eram to diferentes dos carros anteriores que o pblico no o aceitou, sendo sua fabricao interrompida depois de apenas trs anos. no entanto, sendo um sucesso de engenharia, contribuiu muito para a aplicao da aerodinmica ao design de carros, preparando o caminho para que designers como ferdinand porsche criassem seus carros esporte aerodinmicos. aerodinmica sugere velocidade, eficincia e, acima de tudo, modernidade. como a art dco, ela virou um imperativo comercial, pois era obvio que o consumidor sentia atrao, se no pelo airflow, por outros produtos aerodinmicos a primeira evidncia segura desse fato veio em 1929, quando raymond loewy reprojetou o duplicador gestetner. at ento, ele era o prottipo da mquina industrial ningum tentara tornar seu visual agradvel ou simplificar seu uso. loewy, usando um modelo de argila em tamanho natural para alcanar o efeito desejado, embutiu todo o mecanismo num corpo nico, liso. o duplificador foi um grande sucesso comercial e, no eua, os designers comearam a aplicar a aerodinmica a um amplo espectro de aparelhos domsticos. embora os produtos remodelados sugerissem um aumento de eficincia, por vezes, apenas o invlucro fora modificado. raymond loewy foi um dos designers mais bem sucedidos dos eua. essencialmente um estilista, foi responsvel pela remodelagem de diversos produtos, inclusive o refrigerador coldspot super six (aumentando as vendas em 400%), a embalagem de cigarros lucky strike, o nibus siversides greyhound e o logotipo da shell. quando o assunto era aerodinmica, ningum superava os designers norte-americanos: alm de loewy, norman bel geddes, walter dorwin teague e henry dreyfuss deram contribuies que influenciaram o design em todo

o mundo. dreyfuss elaborou uma teoria do design menos preocupada com o estilo e mais com relao entre a mquina e o operador. para ele, a eficincia de uma mquina dependia de seu grau de adaptao ao usurio. sua teoria resultou num estudo de ergonomia (como seres humanos se relacionam com objetos) e de antropometria (estudo das dimenses e da fora do corpo). a reputao de dreyfuss firmou-se com o telefone bell 300. ele o projetou "de dentro para fora", executando testes minunciosos para assegurar-se de que seria fcil de operar. esse telefone instituiu um padro nos eua que prevaleceu por mais de quarenta anos. na dcada de 30, alvar aalto e marcel breuer fizeram experincias com novas formas de madeira processada industrialmente, como a compensada. o grande interesse por outros materiais novos acabou se concentrando na baquelita. inventada e patenteada em 1907 pelo belga leo baekeland, ela foi um dos primeiros plsticos a serem amplamente usados. suas propriedades maleveis eram a expresso perfeita dos contornos lisos e polidos de um produto aerodinmico. inicialmente, foi usada em substituio madeira ou ao marfim e confeccionada em moldes. medida que os designers comearam a explorar as suas propriedades nicas, ela foi moldada em mil formas e usada em produtos eltricos. a baquelita, o mais bem-sucedido dos precursores do plstico, deu liberdade aos designers para criar e recriar seus produtos.

a segunda guerra mundial exerceu um forte impacto sobre os designers e a fabricao de produtos. os pases envolvidos nas hostilidades logo restringiam o uso de matrias-primas, e as prprias fbricas muitas vezes passaram a se dedicar produo militar. em 1941, a gr-bretanha introduziu um plano de racionamento na tentativa de gerenciar o uso de recursos escassos. o conselho do design, presidido por gordon russell, foi encarregado de aprovar designers para a produo. o conselho seguia princpios derivados do movimento artes e ofcios, mas tambm recebia influncia dos modernistas europeus. o mobilirio deveria ser forte e atraente, mas sem desperdcio de material. alguns materiais, como a prata e o alumnio, ou foram completamente vetados ou no eram encontrados, e at a tintura para tecidos precisava ser aprovada pelo programa de racionamento. claro que no foi s na gr-bretanha que o governo exerceu controle sobre a produo. na maior parte da europa, no japo e nos eua, havia as restries governamentais. na alemanha, em conformidade com o programa schnheit der arbeit (beleza no trabalho), os designers adotaram um estilo de artes e ofcios, similar ao da gr-bretanha, com nfase particular em designs nacionais ou rsticos. nos eua e no japo, houve um recuo nas fbricas e estabeleceu-se um controle de preos. os designers foram chamados a trabalhar em diversas comisses governamentais e muitas vezes receberam uma oportunidade inesperada para testar novos materiais. essas experincias renderam dividendos aps a guerra, pois os designers aplicaram os novos materiais aos produtos que haviam criado para o mercado interno. os resultados dessas medidas de austeridade determinaram o surgimento de produtos extremamente despojados, feitos com matrias-primas mais bsicas. embora fossem de baixo custo e, em geral, bem-feitos, eram por vezes sem graa, faltando-lhes ainda requinte e luxo. em vrios pases, as regras se estenderam por muito tempo depois do final da guerra, e os consumidores comearam a se impacientar com persistncia das

restries. na itlia, em 1946, o antigo designer de helicpteros, corradino dascanio, projetou a motoneta vespa para piaggio. esse veculo aerodinmico e moderno se tornou um smbolo da riconstruzione de ps-guerra e um sucesso mundial de vendas. depois da guerra, a itlia consolidou o seu design, tornando-se lder mundial. companhias como fiat, olivetti e cassina contratavam designers de vanguarda para que criassem produtos capazes de sustentar a sua posio no mundo do comrcio internacional. o plstico se tornou cada vez mais importante depois da segunda guerra mundial e seu uso alterou bastante o visual dos objetos. at ento, ele havia sido encarado apenas como um substituto, porm, depois da guerra, muitos designers resolveram explorar as propriedades de plsticos especiais em projetos isolados. citemos apenas alguns exemplos. o acrlico, como o perspex, fora descoberto na dcada de 30 e empregado no design de mveis, alm de ser o substituto mais leve para o vidro. pelculas transparentes, como o pvc, foram usadas para produzir capas impermeveis e guarda-chuvas. o nilon foi usado pelas foras armadas norte-americanas em pra-quedas. em 1942, earl tupper lanou recipientes leves de polietileno com tampas hermticas. conhecidos como tupperware, flexveis e durveis, eram fabricados em diversos tons. um dos processos mais interessantes foi o uso dos plsticos nos cadeiras modernas. os pioneiros desse trabalho foram o arquiteto norte-americano charles eames, sua esposa ray e eero saarinen. durante a guerra, eames havia trabalhado com polister reforado com vidro na fabricao de domos de radar para aeronaves. aplicando o conhecimento que adquirira no design de cadeiras, criou, em 1948, um assento inteirio em forma de concha sustentado por pernas de metal, conhecida como cadeira dar. ao contrrio da cadeira bero, produzida anteriormente por saarinen, a cadeira de eames deixava exposta a construo de plstico reforado com vidro. muitos dos designs de assentos de eames foram industrializados por herman miller. as estaes de rdio haviam comeado a transmitir no incio da dcada de 20, e o rdio caseiro ganhou popularidade na dcada seguinte. todavia, s com a segunda guerra mundial os diversos governos em conflito perceberam o potencial do rdio para disseminar informao e propaganda, tanto para a populao local como para o inimigo. depois da guerra, a televiso comeou a causar impacto na vida domstica. um transmissor de televiso fora exibido por john logie baird em 1926, mas s no final da dcada de 30 os tubos de ralos catdicos puderam receber transmisses de alta definio. como os rdios e os toca-discos, as primeiras televises eram embutidas em armrios convencionais, o que lhes dava a aparncia de mveis, sem nenhuma indicao de sua verdadeira funo. com o aperfeioamento da tecnologia, os designers comearam a testar novos materiais e a descobrir solues mais adequadas. a baquelita podia ser moldada, inicialmente para se adaptar forma da tela, e mais tarde para produzir formas expressivas.

o inferno da segunda guerra mundial deu lugar ao terror da guerra fria, travada entre os eua capitalistas e a urss comunista. a competio envolvendo os dois sistemas polticos foi simbolizada pelo programa espacial: a frentica corrida

entre as superpotncias em busca da liderana no explorao espacial. os soviticos saram no frente: em 1957, lanaram , o primeiro satlite a orbitar a terra, o sputnik 1 e, em 1961, o cosmonauta sovitico yuri gagrin seria o primeiro homem a ser lanado no espao. apenas oito anos depois, o norteamericano neil armstrong daria o seu "salto gigantesco para a humanidade" ao caminhar sobre a superfcie da lua. a cincia, as viagens espaciais e a fico cientfica se tornaram uma obsesso. motivos cientficos passaram a ser associados com a modernidade e apareceram em todos os lugares. na dcada de 50, o design de carros nos eua ganhou um visual novo e extravagante. inspirado pelos avies e foguetes, harley earl, da general motors, comeou a alterar a forma dos carros num estilo que expressava a confiana do ps-guerra na sociedade norte-americana. seus carros eram largos, baixos e muito compridos. possuam interiores luxuosos, criativos rabos-de-peixe, muito cromo, pra-brisas panormicos e cores vivas. nessa poca, surgiu nos eua a polmica estratgia da obsolescncia planejada. com a introduo de pequenas mudanas estilsticas, as empresas lanavam novas. em contraste com o cinismo da obsolescncia planejado, algumas companhias, em especial o braun, no alemanha, e a saab, no escandinvia, comearam a projetar e comercializar bens durveis. em 1955, o designer industrial, pintor e escultor suo max bill (1908) foi co-fundador do hochschule fr gestaltung, em ulm, no alemanha. bill estudara na bauhaus e seu objetivo era dar continuidade abordagem racionalista da escola ao design. esse ressurgimento do estilo modernista assumiu, com motor intensidade, o busco por uma esttica da mquina; exigia que o design se voltasse para o futuro, refletindo a vida moderna e abraando a tecnologia. esse enfoque funcionalista, rotulado freqentemente de estilo internacional, encontrou representao mais clara nos designs da escola de ulm. financiada por encomendas, a escola possua vnculos estreitos com a indstria. contava-se, entre suas primeiras e mais importantes encomendas, uma srie de rdios e fongrafos de hans gugelol e olt aicher para a braun. isso ajudou a formalizar a filosofia reducionista de design da braun, ao mesmo tempo em que a colaborao continua entre gugelot e dieter rams, da braun, levou ao desenvolvimento da "sndrome da caixa preta" no design moderno. tudo o que fosse desnecessrio ao funcionamento do produto era eliminado. linhas simples, durabilidade, equilbrio e unificao eram as exigncias fundamentais. todos os produtos da braun eram semelhantes, em geral com acabamento em branco ou preto lustroso, com o logotipo da companhia bem visvel. uma das inovaes mais importantes no visual dos equipamentos eletrnicos decorreu da inveno do transistor, em 1947, pelos laboratrios bell. feito de silicone e ligado a corrente eltrica de baixa voltagem, esses pequenos e robustos componentes foram usados em artigos como rdios, televisores e toca-discos substituindo a incmoda vlvula eletrnica. a tokyo telecommunications engineering corporation (a futura sony) lanou, em 1955, o primeiro rdio porttil transistorizado produzido em massa, e, em 1959, o primeiro televisor totalmente transistorizado com tela de oito polegadas. o tamanho diminuto do transistor dava aos designers a liberdade de reduzir todos os outros aparelhos eletrnicos. os anos 50 marcaram um ponto alto no design italiano do sculo xx. designers como gio ponti, marco zonuso, marcello nizzoli, os irmos costiglioni, "pinin" farina e ettore sottsass alcanaram grande sucesso para si prprios e para companhias como a olivetti, a artemide e a brionvega. a dinamarca leve papel de destaque no cenrio internacional do design, especialmente pelo mobilirio produzido em massa, as luxuosos pratarias, tecidos e papis de parede

inovadores. os vizinhos da dinamarca, a finlndia e a sucia, produziram tambm um design de muito sucesso.

na dcada de 60, os indivduos nascidos durante o baby boom do ps-guerra haviam crescido e formado um novo e poderoso exrcito de consumidores. tornavam-se adultos numa poca de otimismo e autoconfiana inigualveis e incontidos: a guerra e a austeridade do ps-guerra haviam acabado; os homens viajavam pelo espao e logo iriam chegar lua; o primeiro transplante de corao fora realizado e, sessenta anos depois de o primeiro avio cruzar o canal da mancha, o concorde atravessava o oceano atlntico em velocidade superior do som. como dizia um comentarista: "vivemos numa sociedade descartvel, a obsolescncia criada pelo clere progresso da tecnologia; a obsolescncia premeditada no mais relevante, ento por que o seria o funcionalismo do estilo internacional?". assim comeou a rejeio ao modernismo, considerado incapaz de atender s demandas desse vido exrcito de novos consumidores desejosos de mudana e variedade em vez de permanncia e uniformidade. desejavam, sobretudo, um visual que pudessem chamar de seu, que os distinguisse de seus pais e reforasse o abismo que se ampliara entre as geraes do pr e psguerra. durante esse perodo, a fora do anncio, especialmente na televiso, levou ao nascimento do consumismo em massa. os fabricantes reconheceram rapidamente o poder de compra da populao adolescente e comearam a criar produtos visando especificamente ao mercado jovem. uma combinao de novos materiais, formas, tecnologia e cores disputava a ateno desses jovens abonados. todas as reas do design foram afetadas: na indstria de automveis, nasceu o mini; na moda, o advento da minissaia; e no mundo grfico, wes wilson criou psteres praticamente ilegveis. surgiram milhares de designs radicais de mobilirio: o designer dinamarqus verner panton produziu sua cadeira empilhvel, moldada em plstico vermelho brilhante, e gunner aagaard anderson (1919-), da dinamarca, criou a sua poltrona em poliuretano que parece - e, de fato, - uma imensa bolha solidificada de plstico lquido. os movimentos jovens, cada um com msica, vesturio e visual prprios. um deles, o psicodelismo, teve vida curta, mas incandescente, e foi muito influente. os designers psicodlicos da poca rejeitavam o modernismo como algo fora de moda. enquanto os modernistas olhavam apenas para o futuro em busca de inspirao, o psicodelismo olhava para todos os lugares, muitas vezes atravs das nvoas das drogas alucingenas. seus artistas buscavam inspirao no incio do sculo, incorporando aspectos da art nouveau e da secesso de viena em seu trabalho; olhavam para o oriente e regrediam at o egito antigo em busca de referncias; olhavam tambm para seu prprio mundo, criando uma linguagem visual inspirada na droga que visava a um pblico seletivo. a moda e a arte exerceram forte influncia sobre o design dos produtos, e nenhum movimento artstico causou motor impacto sobre o design comercial do que a arte pop. artistas pop como andy warhol, jasper johns (1930-), roy lichtenstein (1923-) e robert indiana viravam a arte mundial de cabea para baixo introduzindo o cotidiano em seus estdios e reciclando-o numa arte irnica e irreverente. andy warhol celebrou abertamente o consumismo norte-americano em seus quadros de imagens repetidas de smbolos da cultura popular, das latas de sopa campbell's a elvis presley. ironicamente, os prprios fabricantes comearam a usar a arte pop no design dos produtos, no marketing e na publicidade, a tal ponto que logo se tornou parte da vida cotidiana. a imagem

"love" de robert indiana, por exemplo, apareceu em 40 milhes de selos postais. outros movimentos artsticos, como a op art, tambm foram utilizados pelos designers de produtos e tecidos. na europa, os designers italianos haviam assumido a liderana no cenrio internacional, e muitos reconheciam a influncia dos artistas pop em seu trabalho. joe colombo, ettore sottsass e marco zanuso, livres das restries do modernismo, assumiram o esprito ldico da poca e comearam a brincar com os novos temas. seu trabalho, chamado de "radical" ou "anti-design", caiu no gosto popular. joe colombo empregou o plstico em seus designs de mobilirio, assim como sottsass, em clssicos como a mquina de escrever valentine, num estilo vivo, vermelho-alaranjado e amarelo. os designers italianos resgataram at certo ponto o plstico de sua reputao de material barato e, portanto, indesejvel, uma imagem que derivara do seu uso em designs como o da bic biro. era difcil no ver a beleza e a sofisticao do telefone de plstico grillo, de marco zanuso e richard sapper, independentemente do material. outros designers italianos contribuam com designs inovadores de mobilirio. dois dos mais famosos foram a cadeira sacco, de gatti, paolini e teodoro, um saco cheio de poliestireno, sem estrutura, a primeira cadeira-pufe, e a poltrona inflvel de lomazzi, de pas e d'urbino, uma cadeira de plstico cujo formato e conforto dependiam do ar. esses designers italianos radicais, por sua vez, influenciaram os ps-modernistas das dcadas seguintes.

a itlia continuou como centro do design e lder do design radical na dcada de 70. muitos de seus principais designers vinculavam-se ao mais importante movimento da dcada: o ps-modernismo. o termo pode ser aplicado a muitos aspectos culturais e sociais de nossas vidas, mas tem particular importncia no mundo da arte, arquitetura e design. essencialmente uma rejeio a todo o legado do modernismo que os detratores atacavam como elitista ininteligvel e sem apelo. o objetivo dos psmodernos era popularizar o erudito e tornar o intelectual acessvel. inspiravam-se livremente na histria, alterando a cor, textura ou material, muitas vezes numa pardia bem-humorada da fonte original. embora muitos dos protagonistas mais importantes do pos-modernismo sejam italianos, tratase de um movimento internacional. entre seus lderes est ettore sottsass, cujo trabalho exemplificado pelo balco carlton; o arquiteto norte-americano robert venturi, autor do projeto da chestnut hill house, na pensilvnia, clssica construo ps-moderna, e michele de lucchi. os ps-modernos rejeitavam os objetivos utpicos dos modernistas e sua busca por uma esttica universal e, em vez disso, procuravam criar uma linguagem visual feita atravs de signos, metforas visuais, referncias ao passado e ao trabalho outros designers. conseqentemente, os ps-modernos tem sido acusados de dar continuidade ao elitismo que desprezam ao assumirem a interpretao das referncias feitas em seu trabalho e ao privilegiarem "piadas internas". outra crtica dirigida ao ps-modernismo a de que ele tem sido manipulado pelas foras comerciais e no tem produzido muito mais do que uma mistura incoerente de estilos. na dcada de 70, os fabricantes exigiam uma produo limitada, alm do que todos os tipos de produtos deviam ser confeccionados para atender s demandas de um mercado reduzido. isso levou a um afastamento da nfase na produo em massa rumo ao atendimento das necessidades individuais. outro setor importante de influncia do design italiano na dcada de 70 foram os carros esporte. a dcada viu o nascimento do super carro com que os fabricantes italianos lamborghini, ferrari e lancia competiam com os similares da porsche, triumph e jaguar na produo do carro mais elegante, baixo,

rpido e potente do mundo. carros como o lamborghini countach passavam de 0 a 96km/h em 5,1 segundos e alcanavam a velocidade mxima de 301 km/h. no entanto, a escalada dos preos do petrleo, em decorrncia da crise de 1973, tornou os carros a gasolina menos populares, fazendo com que os fabricantes comeassem a procurar combustveis mais econmicos. na dcada de 70, o japo passa a liderar o design de automveis e, sobretudo, de motocicletas, graas aos esforos da yamaha, honda, suzuki e kawasaki. os japoneses tambm lideravam nas inovaes tecnolgicas, sendo que muitas de suas empresas, como a nikon, olympus, sony e sharp, expandiam suas vendas. seus produtos apresentavam um tpico visual high-tech. no design grfico, na moda e no mobilirio, os jovens japoneses tambm passaram a desempenhar um papel internacional cada vez mais importante. estavam entre os pioneiros a reconhecer e a explorar o valor da informtica no processo do design. a teoria por trs do microship, uma das mais importantes invenes do sculo, foi originalmente concebida por um norte-americano, jack kirby, da texas instruments. com seu desenvolvimento, os componentes eletrnicos tornavam-se cada vez mais diminutos. por volta de 1970, por exemplo, milhares de componentes foram gravados em um nico chip de silicone de apenas 5 mm. sem essa inveno, o computador pessoal ocuparia uma sala toda e a calculadora de bolso chegaria ao tamanho de um carro. a tecnologia do microchip agora comum nas casas e nos locais de trabalho: em telefones, mquinas de lavar, videocassetes e carros. na indstria, seu uso fez com que as tarefas montonas do trabalhador na linha de produo fossem aos poucos assumidas por robs. um exemplo clssico da aplicao da tecnologia de microship o wallkman estreo da sony lanado em 1979. no incio, pensou-se que, como no podia gravar, o produto no seria bem-sucedido; no entanto, o sucesso foi instantneo, provocando o surgimento de vrias imitaes.

os avanos tecnolgicos produziram muitas mudanas na penltima dcada do sculo xx. a era do computador chegou definitivamente, e os designers passaram a usar programas cada vez mais sofisticados para executar vrios aspectos do design de produtos que eram tradicionalmente desenhados mo. para os designers grficos, a nova tecnologia criou tambm milhares de novas possibilidades de lidar com a composio tipogrfica e a reproduo de imagens. a computao domstica comeou a se estabelecer lentamente na dcada de 80, acelerando-se espantosamente nos anos 90. o primeiro computador pessoal (pc) havia sido desenvolvido pela ibm no final da dcada de 70, sendo lanado como ibm-pc em l981. todavia, a verdadeira ruptura veio com o macintosh da apple em 1984, que aperfeioou o acesso do usurio ao computador pessoal e introduziu o agora indispensvel mouse. o compact disc (cd), lanado em 1982, revolucionou a indstria da msica. a informao gravada digitalmente, como uma srie de nmeros. essa informao armazenada lida e traduzida por um raio laser, que permite a clara reproduo da msica. hoje em dia, o cd praticamente substituiu o disco de vinil no maioria das casas. alm da informao sonora, o cd tambm capaz de armazenar texto e fotografias, e at seqncias de vdeo. essa funo utilizada no aparelho de cdrom. inventado em 1985 pela gigantesca fbrica holandesa de produtos eletrnicos, a philips, essa inovao foi comercializada conjuntamente com a sony. basicamente constitudo de cd adaptado para o uso no computador, o cdrom pode armazenar mil vezes mais informaes do que um disquete. as iniciais rom significam "read-only-memory", indicando que a informao s pode ser lida, no alterada nem modificada. o cd-rom s conquistou o mercado domstico na dcada de 90. o termo "aldeia global" comeou a ser usado medida que a nova tecnologia formava possvel a

comunicao instantnea com praticamente qualquer parte do mundo. aparelhos de fax se tornaram parte integrante dos escritrios; modems e correios eletrnicos (e-mail) permitiram que as pessoas se comunicassem de forma instantnea atravs do computador. os satlites foram desenvolvidos nos eua na dcada de 60 pela nasa e, nos anos 80, milhares deles orbitando a terra eram usados nas telecomunicaes e radiofuses. outra inveno, o telefone celular, ou porttil, desenvolvido pela primeira vez pela companhia sueca ericsson tornou-se comum durante essa dcada. no final dos anos 70, a inglaterra assistiu ao surgimento de um novo comportamento agressivo nas ruas, o punk, que iria, em formas menos hostis, influenciar as artes grficas, a moda e a cultura da dcada de 80. na moda, a coleo pirata, de vivienne westwood, de 1981, traduziu o visual punk num estilo de sucesso nas principais butiques e assinalou o renascer da moda britnica como uma fora internacional, o punk tambm exerceu grande influncia sobre a arte grfica new-wave, exemplificada na inglaterra pelas polmicas capas de disco de jamie reid para o sex pistols e pela revista i-d, de terry jones. um pouco do atrativo chocante do punk tambm se evidencia no mobilirio de ron arad e nos designs industriais de daniel weil. sem dvida, o mais importante grupo de design da dcada foi o memphis, fundado em milo por ettore sottsass depois que abandonou o radical studio alchimia, em 1980. sottsass cercou-se de um grupo internacional de arquitetos e designers de mobilirio, tecidos e cermica, do qual faziam parte andrea branzi, martine bedin, george sowden (1942-), peter shire, michael graves, javier mariscal (1950-), michele de lucchi e matteo thun. suas obras foram exibidas pela primeira vez na feira de mveis de milo de 1981; o sucesso foi imediato, embora alguns crticos os acusassem de falta de gosto. como grupo ps-moderno, o memphis se inspirava numa variedade ecltica de lentes: desde a arquitetura clssica at o kitsch de 1950. utilizava de modo surpreendente e inovador cores ousadas, e at ultrajantes, dando mais nfase ao visual e ao significado do objeto do que a seu uso prtico. o que se iniciou como uma aventura polmica revelou-se um enorme sucesso comercial. todavia, as idias do grupo memphis, que davam vazo aos aspectos mais excessivos do ps-modernismo, desgastaram-se rapidamente. na contracorrente, a consultoria de design industrial ergonomi design gruppen foi fundada na sucia em 1979 por maria benktzon (1946-) e sven-eric juhlin (1940-) com o intuito de se especializar no design ergonmico de utenslios do dia-a-dia. uma de suas principais preocupaes era com o design voltado para pessoas de habilidades fsicas limitadas. um dos designs mais conhecidos do grupo um conjunto de talheres denominado coma/beba, que encarna nitidamente a filosofia de design segundo a qual "a necessidade e o desejo do usurio devem ser a base do projeto. apesar de ser objeto de uma preocupao cada vez maior durante as dcadas de 80 e 90, o design universal, ou design para portadores de limitaes fsicas, ainda um campo bastante negligenciado. espera-se que isso mude medida que o equilbrio populacional v se alterando, aumentando assim o nmero de idosos. a tecnologia da informtica tambm est ampliando o acesso de vrias pessoas a diversas atividades, alm de criar oportunidades para todos. assim, por exemplo, apesar de ver-se "incapacitado" aos 20 anos por uma doena que o impede de andar, falar ou escrever, o eminente fsico ingls stephen hawking trabalha e se comunica por meio de um sintetizador de voz e um computador. o "design voltado para necessidades" data de uma conferncia internacional realizada em londres em 1976. assinalava-se ali o sentimento crescente de que o design deveria tratar de temas relativos ao meio ambiente, de preocupaes ecolgicas e de problemas especficos de problemas especficos dos pases subdesenvolvidos. o problema era que o design, durante muito tempo, concentrara-se na produo e no consumo.uma srie de ameaas ecolgicas da dcada de 80 levou os designers a localizarem mais claramente a questo do verde. um dos resultados foi o design de produtos reciclveis, que logo se estendeu a todas as reas do design. por exemplo, o designer francs philippe starck, uma das maiores estrelas da dcada, criou as suas cadeiras empilhveis louis 20, cujas pernas eram atarrachadas e no coladas ao corpo, para que as peas pudessem ser destacadas e recicladas. os designers comearam a perceber o papel importante que poderiam desempenhar na descoberta de solues em larga escala para os problemas do mundo.

trevor baylis, inventor ingls, ao visitar a frica no incio dos anos 90, notou a importncia do rdio para transmisso de informaes a comunidade remotas aonde no chegava a energia eltrica. embora muitas comunidades tivessem rdios, no eram de muita serventia, pois as pilhas eram caras demais. isso significava que informaes valiosas, especialmente as relativas sade, nem sempre chegavam queles mais necessitados. diante disso, baylis inventou um rdio mecnico que gera sua prpria energia. em colaborao com um fabricante, produziu um modelo de sucesso que est atualmente em uso na frica. esse invento enfatiza dois dos mais importantes imperativos do design na dcada de 90: ecologia e comunicao. na dcada de 90, alguns designers tm se preocupado em reverter os danos infligidos ao planeta pelo homem com a industrializao em massa dos sculos xix e xx, ou, pelo menos, procuram conter danos futuros. em 1983, os cientistas descobriram que havia um buraco perigosamente grande na camada de oznio e afirmaram que, caso se permitisse o seu crescimento, a temperatura do planeta aumentaria e seus efeitos seriam catastrficos. os governos responderam com uma velocidade atpica, colaborando com o protocolo de montreal - assinado em 1987 e ratificado em 1990 - e impondo controles sobre produtos como aerossis e refrigeradores que contenham clorofluorcarbonos (mais conhecidos como cfcs) potencialmente prejudiciais. tornou-se claro nos dcadas de 70 e 80 que os recursos do mundo exauriam-se num ritmo insustentvel. os combustveis fsseis no duraro para sempre, por isso os designers comeam a investigar solues que reduzam ou mesmo detenham o esgotamento das matrias-primas. outras fontes de energia, por exemplo, esto sendo testadas: foram desenvolvidos carros solares na austrlia e em outros lugares; o carro eltrico, outrora um sonho dos inventores, agora realidade. o desenvolvimento de outras formas de comunicao e de armazenamento de informao, alm da ampliao do uso de papel reciclado, surge em resposta ao rpido esgotamento das florestas em decorrncia da crescente demanda de papel e madeira. entretanto, a idia de um escritrio sem papel, baseado apenas em arquivos eletrnicos, ainda est longe de ser realizada. a obsolescncia planejada comea a ser substituda por uma abordagem mais responsvel da durabilidade dos produtos. alm de incluir outros materiais reciclveis em seus produtos, os designers esto criando produtos mais eficientes no que se refere energia, e que podem ser reciclados ou consertados. um carro bem projetado aquele que tem baixo consumo de combustvel, polui pouco, durvel, de fcil manuteno e, ao final da vida pode-se desmont-lo e reciclar ou eliminar seus componentes de forma segura. na indstria do computador, que avana rapidamente, a ordem agora criar mquinas que possam ser atualizadas (o chamado upgrade), e que no precisem ser inteiramente substitudas. temos visto nos anos 90 os mais espantosos avanos na comunicao. a internet e a superinfovia prometem exercer tanto impacto em nossas vidas quanto a inveno do telefone, da televiso ou do carro. basta um computador para ter acesso instantneo a informaes em todo o mundo. por exemplo, de nossa sala no rio de janeiro, ou em paris, sydney ou munique, possvel acessarmos o smithsonian institute em washington d.c. ou fazermos uma excurso virtual com guia pelo museu da histria natural em londres. nesse estgio impossvel adivinhar a dimenso do impacto sobre o sculo xxi, assim como ningum

poderia ter adivinhado, em 1900, qual seria a influncia que o telefone de alexander graham bell exerceria em nossas vidas pessoais e profissionais. na ltima dcada do sculo, a velocidade dos desenvolvimentos cientficos e tecnolgicos no d sinais de desacelerao, aumentando com uma rapidez atordoante. as mudanas que viro no prximo sculo sero ainda mais acentuadas do que as deste sculo. embora seja impossvel prever exatamente o que o futuro trar, existem alguns indicadores. por exemplo, esto sendo criadas mquinas de apenas meio milmetro de dimetro que podem ser injetadas nas veias para eliminar cogulos no sangue. o telescpio hubble envia fotografias que esto alterando nossa compreenso do universo (os cientistas agora estimam que existem 50 trilhes de galxias no universo, e no 10 trilhes como se pensava anteriormente) e que podem reavivar o interesse pela explorao espacial. na indstria do transporte, fala-se numa nova e revolucionria gerao de superjatos que ultrapassaro o concorde e voaro fora da atmosfera terrestre. eles tornaro possvel a realizao de vos transglobais numa frao do tempo requerido atualmente. o fim da guerra fria, a reduo da corrida armamentista e a unificao da europa oferecem uma oportunidade para uma maior cooperao internacional, tornando o mundo um lugar mais seguro. e com o brilhantismo e a responsabilidade moral cada vez maiores dos cientistas, no faltaro bons motivos para entrarmos otimistas no prximo sculo.