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40 Anos valorizando a vida F azer o bem ao próximo independe de idade ou condição social. Assim Jacques André Conchon, ainda muito jovem, quando era um dos alunos da sétima turma do Curso de Aprendizes do Evangelho na Federação Espírita de São Paulo, no ano de 1960, deu o primeiro passo neste sentido. Ao findar a parte teórica do curso, os alunos precisavam colocar em prática uma atividade que exemplificasse a caridade. A turma queria realizar algo novo e significativo. A proposta começa a ganhar forma quando, em 1962, Jacques Conchon recebe do “Comandante” Edgard Armond, na época Secretário Geral da Federação Espírita, um bilhete com um recorte de jornal que falava sobre o trabalho de prevenção do suicídio desenvolvido pelos “Samaritanos” de Londres. O entusiasmo juvenil de Jacques o fez atravessar o Atlântico para conhecer mais sobre esse drama humano com o reverendo anglicano Chad Varah, que desenvolvia um trabalho pioneiro na prevenção ao suicídio. Ao retornar para o Brasil, Jacques e seus colegas de turma começaram a estudar e pesquisar sobre o tema para, em seguida, dar início aos trabalhos do CVV – Centro de Valorização da Vida. O CVV começou a funcionar na Federação Espírita em uma sala onde os 17 voluntários tinham apenas um aparelho de telefone para o atendimento. O grupo se encarregava do atendimento, da divulgação e da organização do CVV, sem perder o foco e o objetivo da proposta: trazer as pessoas que atingiram o estágio de “conspiração silenciosa” para o limite da suportabilidade da vida.

História Hospital Francisca Júlia - 40 anos

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Encarte especial de 40 anos do do CVV FJ.

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Page 1: História Hospital Francisca Júlia - 40 anos

40 Anos valorizando a vida

Fazer o bem ao próximo independe de idade ou condição social. Assim Jacques André Conchon, ainda muito jovem, quando era um dos alunos da sétima turma do Curso de Aprendizes do Evangelho na Federação Espírita de São Paulo, no ano de 1960,

deu o primeiro passo neste sentido.Ao findar a parte teórica do curso, os alunos precisavam

colocar em prática uma atividade que exemplificasse a caridade. A turma queria realizar algo novo e significativo.

A proposta começa a ganhar forma quando, em 1962, Jacques Conchon recebe do “Comandante” Edgard Armond, na época Secretário Geral da Federação Espírita, um bilhete com um recorte de jornal que falava sobre o trabalho de prevenção do suicídio desenvolvido pelos “Samaritanos” de Londres.

O entusiasmo juvenil de Jacques o fez atravessar o Atlântico para conhecer mais sobre esse drama humano com o reverendo anglicano Chad Varah, que desenvolvia um trabalho pioneiro na prevenção ao suicídio.

Ao retornar para o Brasil, Jacques e seus colegas de turma começaram a estudar e pesquisar sobre o tema para, em seguida, dar início aos trabalhos do CVV – Centro de Valorização da Vida.

O CVV começou a funcionar na Federação Espírita em uma sala onde os 17 voluntários tinham apenas um aparelho de telefone para o atendimento. O grupo se encarregava do atendimento, da divulgação e da organização do CVV, sem perder o foco e o objetivo da proposta: trazer as pessoas que atingiram o estágio de “conspiração silenciosa” para o limite da suportabilidade da vida.

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Jacques Conchon sempre acompanhava Joaquim nas viagens

que fazia até a casa de Chico Xavier para ele aprovar as capas

que fazia para seus livros.

Numa determinada viagem, Joaquim esqueceu a capa do

livro em São Paulo e retornou para buscá-la, enquanto isso Jacques

permaneceu na casa de Chico Xavier aguardando pelo seu retorno.

Inexplicavelmente, nesse dia Chico Xavier estava sozinho e com

tempo livre para uma longa conversa com Jacques, que aproveitou

a chance para comentar sobre os planos para a criação do CVV –

Centro de Valorização da Vida.

Nesse dia Chico Xavier antecipou para Jacques o futuro do CVV

e revelou que, além do CVV, também seria construído o Hospital

Francisca Júlia, para tratamento psiquiátrico e dependência química,

e os trabalhos seriam acompanhados por dois mentores espirituais:

a própria Francisca Júlia e Batista Cepellos, ambos suicidas.

Posteriores pesquisas mostraram que Francisca Júlia havia sido

Após 10 anos o sonho e o idealismo de um grupo já havia rompido os limites de uma sala para estar presente em várias cidades do país.

Para os voluntários era a hora de buscar novos desafios.Numa viagem Jacques conheceu o Dr. Roberto Mercatelli e sua

esposa Genny de Castro Villas, administradores do Sanatório Sayão de Araras, SP.

Do encontro com o Dr. Roberto Mercatelli e de uma conversa com Chico Xavier, surgiu a ideia de se construir um Hospital Psiquiátrico para ampliar o atendimento oferecido pelo CVV.

O idealismo deste grupo de jovens alunos da Escola de Aprendizes do Evangelho ganhou o apoio de Waldemar Nunes, que doou um terreno em São Paulo para a construção do Hospital. Mas, por motivo de falta de documentação, foi necessário paralisar as obras.

Para solucionar o problema, Waldemar trocou a doação por um terreno de sua propriedade na cidade de São José dos Campos, SP, uma área de aproximadamente 7 alqueires.

O mesmo grupo que fundou o CVV deu início às obras para a construção da Clínica de Repouso em 1969. O grupo promovia eventos para arrecadar dinheiro e também se revezava para acompanhar a obra.

No dia 12 de agosto de 1972, foi inaugurada a Clínica de Repouso Francisca Júlia, com 72 pacientes vindos do Sanatório Juqueri. O atendimento em pouco tempo saltou de 72 para 173 leitos.

Da inauguração até hoje, quarenta anos depois, muitas coisas aconteceram, a Clínica de Repouso passou a Hospital Francisca Júlia e agora CVV Francisca Júlia. Cuidou das crianças órfãs e abandonadas no Lar Esperança, das crianças excepcionais na Casa da Criança Jesus Gonçalves, dos pacientes esquecidos pelas famílias na Casa de Transição, primeiro passo para o Serviço Residencial Terapêutico.

Pouco mais tarde, abriu as portas para os dependentes químicos e para as mulheres com problemas mentais, tanto para atendimento a convênios e particulares. Implementou os ambulatórios adulto e infantojuvenil, a Oficina Koisa de Loko, consultórios e está em vias de inaugurar o Hospital Dia.

Este breve relato histórico nos mostra que, além de brindar o aniversário de 40 anos do CVV Francisca Júlia, temos, também, que saudar a iniciativa de um grupo de idealistas que não mediram esforços e nem hesitaram em dedicar as suas juventudes planejando e construindo projetos que serviram para a prática concreta do amor ao próximo e que ampararam a dor de muitas pessoas e famílias.

Parabéns ao CVV Francisca Júlia e parabéns aos jovens, Flávio Focássio, Wilson Focássio, Dr. Pedro Augusto Martins, Jacques André Conchon, Dr. Mario Seki, Valentim Lorenzetti, Suely Battaglia Conchon e Arnaldo Cesar da Silva Coutinho que, há 40 anos tornaram possível esta comemoração.

Parabéns ao Dr. Roberto Mercatelli, a Sra. Geni Mercatelli e ao Dr. Wilson Ferreira de Mello grandes incentivadores dessa obra.✪

uma importante poetisa que cometera suicídio após a morte

precoce do seu marido, a quem devotava profundo amor. Em vida

sempre se preocupou com os problemas sociais e com a angústia

das pessoas. Muitas de suas poesias refletiam esse seu estado de

espírito.

Nascido em Cotia, o mulato Batista Cepelos teve a educação e

a carreira proporcionada por Francisco de Assis Peixoto Gomide,

político influente na nova era republicana paulista.

Quado anunciou a intenção de se casar com Sofia, uma das filhas

de Gomide, o pai da moça se trancou com ela num cômodo da casa

e a matou com um tiro no peito, matando-se em seguida.

O poeta Batista Cepelos era, também, filho de Gomide, de uma

relação que tivera aos 23 anos.

Batista mudou-se para o Rio de Janeiro e mais tarde foi encontrado

morto em um penhasco no bairro do Catete. Não se sabe se foi

assassinato ou suicídio.

Por que Francisca Júlia?