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hoje AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 MOP$10 macau DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ SEXTA-FEIRA 5 DE AGOSTO DE 2011 ANO X Nº 2426 TEMPO POUCO NUBLADO MIN 27 MAX 34 HUMIDADE 45-90% CÂMBIOS EURO 11.4 BAHT 0.3 YUAN 1.2 PUB Paul Chan Wai Chi AS MEMÓRIAS ETERNAS DO PADRE LUIS RUIZ • PÁGINA 19 Arnaldo Gonçalves CHINA: OS “TRABALHOS” OUTONAIS • PÁGINA 18 Cyberbullying FALTAM ESTUDOS DA NOVA FORMA DE ATERRORIZAR • PÁGINA 6 Salvatore Casabona SISTEMA JURÍDICO LONGE DOS PROBLEMAS REAIS • CENTRAIS OPINIÃO Segredos em perigo Altos cargos da RAEM ameaçados por carta PUB Ter para ler A ameaça chegou por carta e foi denunciada à Polícia Judiciária por 14 responsáveis do Governo da RAEM. Provenientes sobretudo de Zhuhai, as cartas lançam ameaças de divulgação de segredos, esquemas de corrupção e imagens pornográficas. Em troca do silêncio, pede-se entre 400 mil e 500 mil patacas. O esquema também anda por Hong Kong, onde 43 altos cargos já avançaram com queixas. > PÁGINA 4 De repente, a CIDADE Deambulações à volta de Macau em bus- ca de uma radiografia ao estado da urbe. Do Nape ao Cotai e ao Porto Interior, a Barra e o futuro campus universitário na Ilha da Montanha sob o olhar do arqui- tecto Walter Rossa. Dez anos de modelo urbanístico, as questões do património, os abusos e os erros. E o papel do Estado português. Reflexão para saber onde estamos, afinal. > Páginas 8 e 9

Hoje Macau 05 AGO 2011 #2426

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Edição do Hoje Macau de 5 de Agosto de 2011 • Ano X • N.º 2426

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hoje

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006 MOP$10macau

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • SEXTA-FEIRA 5 DE AGOSTO DE 2011 • ANO X • Nº 2426

TEMPO POUCO NUBLADO MIN 27 MAX 34 HUMIDADE 45-90% • CÂMBIOS EURO 11.4 BAHT 0.3 YUAN 1.2

PUB

Paul Chan Wai Chi

AS MEMÓRIASETERNASDO PADRELUIS RUIZ

• PÁGINA 19

Arnaldo Gonçalves

CHINA: OS “TRABALHOS”OUTONAIS

• PÁGINA 18

Cyberbullying

FALTAM ESTUDOS DA NOVA FORMA DE ATERRORIZAR

• PÁGINA 6

Salvatore Casabona

SISTEMA JURÍDICO LONGE DOS

PROBLEMAS REAIS • CENTRAIS

OPINIÃO

Segredosem perigo

Altos cargos da RAEMameaçados por carta

PUB

Ter para ler

A ameaça chegou por carta e foi denunciada à Polícia Judiciária por 14 responsáveis do Governo da RAEM. Provenientes sobretudo de Zhuhai, as cartas lançam ameaças de divulgação de segredos, esquemas de corrupção e imagens pornográficas. Em troca do silêncio, pede-se entre 400 mil e 500 mil patacas. O esquema também anda por Hong Kong, onde 43 altos cargos já avançaram com queixas. > PÁGINA 4

De repente, a

CIDADEDeambulações à volta de Macau em bus-ca de uma radiografia ao estado da urbe. Do Nape ao Cotai e ao Porto Interior, a Barra e o futuro campus universitário na Ilha da Montanha sob o olhar do arqui-tecto Walter Rossa. Dez anos de modelo urbanístico, as questões do património, os abusos e os erros. E o papel do Estado português. Reflexão para saber onde estamos, afinal. > Páginas 8 e 9

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2www.hojemacau.com.mo ACTUAL

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METADE dos habitantes das cidades na China vão ser categorizados como parte

da classe média em 2023, segundo estimativas dos investigadores do país. Com base em dados de 2000 a 2009, os pesquisadores calcularam que 37% dos moradores da cidade já faziam parte da classe média no ano passado.

Essa percentagem deverá ultrapassar os 45% em 2019 e ser superior a 52% em 2025, disse Zhang Lifeng, invstigador da Academia Chinesa de Ciências Sociais.

O relatório anual sobre o desenvolvi-mento urbano da China foi lançado pela Academia Chinesa de Ciências Sociais na quarta-feira. O relatório define a classe média pela quantidade de dinheiro que uma pessoa gasta em alimentos, como uma percentagem da despesa total.

Song Yingchang, um colega de Zhang na Academia Chinesa de Ciências Sociais e escritor-chefe do relatório, disse que o país demonstra “um gráfico dos rendimentos que se assemelha a uma pirâmide invertida”, algo que não é muito bom sinal. “Devemos estar preocupados quando a estrutura dos rendimen-

tos sociais assumir essa forma, porque temos o objectivo de construir uma sociedade modera-damente próspera”, disse ao China Daily. “As diferenças de riqueza devem ser reduzidas, mas estamos diante de desenvolvimento desigual entre o crescimento económico e o modo de vida dos cidadãos”, acrescenta.

O presidente Hu Jintao prometeu que os rendimentos serão distribuídos de ma-neira razoável e ordenada, que a maioria da população estará na classe média, e que a pobreza absoluta será essencialmente eli-minadas até 2020.

Zhang estima no relatório que a “forma pirâmide invertida” será exibida na China urbana após 2019, quando o número de pessoas com rendimentos altos exceda os que recebem pouco.

A China é hoje casa de cerca de 50 milhões pessoas pobres, que ganham menos de 8500 yuans por ano.

O Governo Central está a tomar várias medidas para combater a pobreza e reformar o sistema usado para distribuir a riqueza, diz o relatório.

CLASSE MÉDIA VAI DOMINAR NAS GRANDES CIDADES EM 2023

Ricos e urbanos

MOSTRAR QUEM É MELHORAs forças policiais de fronteira da província de Liaoning participam numa competição de habilidades de combate, em Shenyang. A competição terá a duração de dois dias e conta com mais de 230 agentes.

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3www.hojemacau.com.mo

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MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.º 289/AI/2011-----João Manuel Costa Antunes, Director dos Serviços de Turismo, mando notificar à infractora CHAN, Wai Yee, que na sequência do Auto de Notícia n.º 4/DI-AI/2010, de 13.08.2010, levantado pela DST, por prestação ilegal de alojamento da fracção autónoma situada na Rua do Terminal Marítimo, Edf. Centro Internacional de Macau, Bloco III, 7º andar E, bem como por despacho do signatário de 29.07.2011, exarado no Relatório n.º 307/DI/2011, de 22.07.2011, Auto cuja fotocópia se anexa, aqui se dá por reproduzida e faz parte integrante desta notificação, foi determinado a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas), e ordenado a cessação imediata da prestação ilegal de alojamento no prédio ou da fracção autónoma em causa, nos termos do n.º 1 do artigo 10.º e n.º 1 do artigo 15.º, todos da Lei n.º 3/2010.-----------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento Administrativo e Financeiro destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o n.º 1 do artigo 16.º dos Lei n.º 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.º 2 do artigo 16.º do mesmo diploma.-----------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo, a interpor no prazo de 60 dias, conforme estipulado na alínea b) do n.º 2 do artigo 25.º do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 110/99/M, de 13 de Dezembro e no artigo 20.º da Lei n.º 3/2010.-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Haverá lugar à execução imediata de decisão caso esta não seja impugnada.----------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços.--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, em Macau, aos 29 de Julho de 2011.-----------------------------------------------------------------------------

O Director dos Serviços,João Manuel Costa Antunes

O Ministério da Saúde da China quer estabelecer um sistema de

comunicação entre centros de doação de órgãos, público e Governo numa tentativa de reprimir a aquisições ilegais de órgãos humanos e transplantes, segundo um comunicado na página elec-trónica do Governo Central. Devido à grave escassez de órgãos doados para trans-plantes, alguns hospitais no continente prestam-se ao comércio ilegal de órgãos, algo que “mancha a imagem da indústria e mina o seu desenvolvimento saudável e sustentável”, disse o vice-

CERCA de 30% das companhias de sementes da China estão a produzir e

a vender sementes falsas, relatou ontem o jornal estatal “China Daily”, citando fontes da indústria. As sementes falsificadas imitam variedades híbridas de alta produtividade lançadas por produtoras globais como a Pioneer Hi-Bred International (da DuPont) e Monsanto. As sementes falsificadas são principalmente de milho, soja e vegetais, de acordo com analistas.

A indústria de sementes da China com-preende cerca de 8700 companhias, a maioria delas pequenos empreendimentos. O Gover-no está a pressionar o sector em busca de uma consolidação, na esperança de melhorar a regulação e incentivar o surgimento de uma ou mais líderes em competitividade global.

Segundo o analista Ma Wenfeng, da Beijing Orient Agribusiness Consultant, “o Governo está a estimular uma consolidação na indústria e a esperança é a de que, como em outras partes o mundo, possamos construir um punhado de campeões”. Neste momen-

TRÊS altos responsáveis pela política nuclear do Japão, incluindo o vice-

-ministro da Economia, serão demitidos pela responsabilidade na gestão da crise na central de Fukushima, informou ontem o ministro japonês da Indústria, Banri Kaieda.

Além do vice-ministro da Economia, Comércio e Indústria, Kazuo Matsunaga, as demissões contemplam ainda o respon-sável da Agência de Segurança Nuclear e Industrial, Tetsuhiro Hosono, e o responsá-vel da Agência para os Recursos Naturais e Energia, Tetsuhiro Hosono.

O ministro japonês da Indústria, que

CERCA DE 30% DAS EMPRESAS VENDEM PRODUTO FALSO

Até as sementes já se falsificam

JAPÃO DEMITE TRÊS RESPONSÁVEIS PELA POLÍTICA NUCLEAR

Catástrofe tira lugares

Sistema para reprimir transplantes ilegais de órgãos

Falar para prevenir o crime-ministro da Saúde, Huang Jiefu. O novo sistema quer que centros de transplante qualificados em todo o país e o público em geral faça denúncias sobre eventuais práticas ilegais, disse Xia Qiang, director do departa-mento de cirurgia do fígado e transplante do Hospital de Renji, em Xangai.

Liu Yong, director de divisão do departamento

do ministério de regulação médica, disse que o sistema está em operação experi-mental. Na reunião, as par-tes interessadas, incluindo funcionários e médicos clí-nicos, também discutiram a hipótese de criar um sistema de registo especial para os cirurgiões de transplantes de órgãos.

Actualmente, algumas agências ilegais forjam docu-

mentos de modo a obterem órgãos ilegais, disseram especialistas. Num recente processo judicial em Nanjing um suspeito de tráfico de órgãos de seres humanos

foi acusado de organizar comércio ilegal de órgãos pelo menos sete vezes desde 2008 a Março deste ano.

Alguns hospitais não qualificados também reali-

zam este tipo de transplantes obtendo grandes lucros. Esta actividade representa sérios riscos para a saúde dos pacientes.

Actualmente, a China tem mais de 140 centros de transplantes de órgãos registados no ministério. As estatísticas oficiais mos-tram que de 1,5 milhões de chineses que precisam de transplantes a cada ano, apenas 10 mil recebem.

to, a indústria de sementes chinesa consiste apenas em companhias com força regional.

Em Outubro passado, o Ministério da Agricultura chinês propôs elevar a quanti-dade de recursos que os pequenos e médios empreendimentos precisam ter para se regis-tarem junto ao ministério, o que, se entrasse em vigor, criaria “não mais do que 200 com-panhias que atenderiam às novas exigências e ficariam no mercado”, disse o Ministério, na figura do director Xia Jingyuan, do Centro de Extensão Nacional Agrotécnica e Serviço.

O Governo da China já estimulou fusões e aquisições na indústria doméstica de se-mentes para “promover companhias com competitividade internacional”, declarou. O analista Ker Chung Yang, da Phillip Futures, de Singapura, afirmou que “é do interesse da China ter tais conglomerados, já que precisa de oferta sustentável de recursos”. Actualmente, as regras chinesas evitam que companhias estrangeiras possuam mais de 49% de “joint-ventures” com empresas domésticas de sementes.

não precisou quando executará as demis-sões, anunciou também esta semana a intenção de se demitir pela confusão gera-da em torno da reactivação dos reactores nucleares paralisados no Japão, sem no entanto ter avançado uma data concreta.

Cerca de 70% dos reactores do Japão continuam parados desde a crise nuclear provocada pelo terramoto e tsunami de 11 de Março.

Muitas das unidades encerradas já estavam paralisadas antes da catástrofe, devido a inspecções de rotina impostas pela legislação japonesa.

Nos próximos meses, os 16 reactores actualmente activos, deverão suspender as operações, faseadamente, para serem inspeccionados, pelo que, se nenhum outro for entretanto reaberto, o Japão ficará sem centrais nucleares activas na Primavera de 2012.

Banri Kaieda foi duramente criticado no princípio de Julho por ter assegurado que a reabertura dos reactores era segura, dias antes de o primeiro-ministro nipónico, Naoto Kan, ter dito que deviam realizar-se testes de resistência em todas as centrais para comprovar a sua segurança.

Acredito que essas memórias estão ainda muito vivas nos corações dos muitos amigos que o padre Ruiz deixou. Ele tornou realidade as palavras da Bíblia por mais de seis décadas de forma ininterrupta e muitas delas entraram na cabeça do meu irmão mais novo. Paul Chan Wai Chi, P.19

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4www.hojemacau.com.mo POLÍTICA

Responsáveis do Governo ameaçados com exposição de vida privada devassa

Rajada de chantagens vem de ZhuhaiVirginia [email protected]

ATÉ agora, pelo menos 14 responsáveis de depar-tamentos do Governo te-rão recebido cartas com

ameaças, segundo informações ontem confirmadas pela Policia Judiciaria (PJ). Nessas cartas, pro-venientes sobretudo de Zhuhai, eram exigidas grandes somas em dinheiro por pessoas que afirma-vam ter em sua posse provas de comportamentos corruptos e fotos pornograficas desses responsaveis em actividades sexuais impróprias.

FOI adoptado no inicio do mês um documento que

visa regulamentar o mercado de visitantes do Interior da China a Macau e melhorar a qualidade dos serviços turisticos. A Administração Nacional do Turismo da China (CNTA) e a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) anunciaram que os “Pontos fundamentais para os contratos entre as agências de turismo organizadoras e receptoras do grupo dos cidadãos do Interior da Chi-na com destino a Macau” surgiu depois de ter sido abordado no encontro entre

CHUISAI ON SEGUE TRADIÇÃOO Chefe do Executivo terminou ontem a sua visita oficial à Mongólia Interior, onde deixou clara a vontade de cooperação entre a região e Macau. Chui Sai On chegou agora ao território, onde vai estar presente no plenário a dia 11 de Agosto.

CHINA E MACAU REGULAMENTAM VIAGENS DE TURISTAS ATRAVÉS DE AGÊNCIAS

Pôr fim à confusão

Nenhum membro do Governo tera até ao momento caido no engodo.

O Hoje Macau apurou junto de uma responsável de comunicação da PJ que, a respeito da existência de cartas com ameaças, até ao fecho desta edição havia sido alvo deste tipo de chantagem um total de 14 funcionários do Governo com pos-tos ao nivel de secretario de depar-tamento, desde 26 de Julho. Todas as vitimas são do sexo masculino, com excepção de uma. As cartas tinham proveniência de Zhuhai, mas também de outras localidades, como Shunde e Zhongshan, todas na provincia de Guangdong.

As cartas destas tentativas de fraude continham o número de uma conta bancária na China Con-tinental e um “memory card” que alegadamente conteria algumas das provas de corrupção e fotos picantes, mas que na verdade se apresentava vazio de ficheiros. As cartas exigiam ainda 400 mil a 500 mil yuans e ameaças de envio das provas ao Comissariado contra a Corrupção (CCAC) ou da sua publicação na Internet caso não fossem efectuados os respectivos pagamentos.

De acordo com a PJ, nenhum dos responsáveis do Governo

visados terá sido enganado até ao momento, mas espera que entre-tanto outros funcionários venham a acusar a recepção de cartas do género. A Judiciaria ja mandou, por isso, notificações de emergência aos departamentos do Governo, através da Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública. A PJ adianta ainda que uma equipa de investigadores já foi enviada ao departamento de policia de Zhuhai para participar numa acção conjun-ta de investigação para encontrar os autores da tentativa de golpe.

O porta-voz do Gabinete do Chefe do Executivo explicou que

a matéria estava a ser investigada pela PJ e que, por isso, não tinha nada a comentar no momento.

Em Hong Kong, também vários oficiais foram visados na tentativa de burla. As autoridades da ex-co-lónia britânica confirmaram que até ontem 43 altos cargos do Governo receberam as cartas, também tendo como procedência a provincia de Guangdong. Os burlões exigem o pagamento entre 200 mil e 500 mil dólares de Hong Kong para evitar a divulgação de material “altamente comprometedor”. A policia da região vizinha também esta a investigar o caso.

as entidades, a necessidade de aumentar a cooperação e adoptar medidas concretas para regulamentar o merca-do de visitantes do Interior da China a Macau, e melhorar a qualidade dos serviços tu-risticos, procurando impul-sionar um desenvolvimento saudavel do mercado.

O contrato obriga as agências de turismo organi-zadoras do Interior da China

e as agências receptoras de grupos de cidadãos do Inte-rior da China com destino a Macau a cumprir requisitos especificos, em seis aspec-tos, quando assinam os contratos.

“Clarificar a denomi-nação das duas partes, as licenças de administração e o modo de contacto, a informa-ção acerca do lider turistico da agência de viagens organi-

zadora e do guia turistico da agência de viagens receptora, a confirmação da organiza-ção global dos itinerários das excursões, incluindo das refeições, alojamento, transportes e visitas, e outras.

O documento surge de-pois de terem existido no território já vários problemas relativos a agências de via-gem e guias turisticos.

O Secretário para os

Assuntos Sociais e Cultura, Cheong U, disse que a aplica-ção conjunta do documento justifica a estreita cooperação entre a Administração Nacio-nal do Turismo e o Governo.

Cheong U acredita que o contrato servirá para o desenvolvimento do turis-mo e providenciará maiores garantias para as agências de viagens, guias e turistas.

Quando questionado

sobre a questão das excur-sões de baixo custo, Cheong U disse que, se os clientes tiveram um contrato devi-damente assinado sobre o produto adquirido, as agên-cias fornecedoras de serviços são responsáveis e obrigadas a resolver quaisquer irre-gularidades das excursões. Se não o fizerem, então, as autoridades poderão actuar.

O mesmo responsável assegurou que a Direcção dos Serviços de Turismo divulgará, oportunamente, mais pormenores sobre o conteúdo das supra men-cionadas medidas.

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5www.hojemacau.com.mo

INVESTIDORES NA ILHA DA MONTANHA COM IMPOSTOS IGUAIS A MACAUEm declarações à Rádio Macau, Alexis Tam, porta-voz do Conselho Executivo, afirmou que as empresas que investirem no projecto de desenvolvimento conjunto na Ilha da Montanha vão gozar de uma política fiscal semelhante à praticada em Macau. Alexis Tam considera que esta medida pode ser uma vantagem para atrair investidores, uma vez que, em territórios vizinhos como Hong Kong ou no resto da China, a carga fiscal é mais pesada do que em Macau. Até ao final de Agosto, os governos de Macau e de Guangdong vão organizar uma conferência de imprensa na qual vão revelar os pormenores sobre o plano de desenvolvimento conjunto na Ilha da Montanha, projecto que, esta semana, foi aprovado pelo Conselho de Estado.

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Joana [email protected]

VAMOS tentar trabalhar com esforço para a pro-

posta de lei [de Salvaguarda do Património] poder entrar em processo legislativo ainda antes do final do ano.” Quem o disse foi Cheong U, secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, ontem à margem de um evento na Torre de Macau.

O responsável afirmou ain-da aos microfones da Rádio Macau que “não vê qualquer incompatibilidade” em que uma “lei tão importante” chegue em breve à apreciação do Conselho Executivo e seja aprovado “até ao final do ano”.

Depois de toda a polémica do mês passado, na qual a UNESCO acusava Macau de não estar a proteger adequada-mente o património histórico. Já em 2009 e, posteriormente, em 2010 foi referenciado que a Lei de Salvaguarda do Património iria seguir para apreciação. Em

LEI DE SALVAGUARDA DO PATRIMÓNIO PODE SER APROVADA ANTES DO FIM DO ANO

Tábua de salvação

PATRIMÓNIO NO IPHONENo mesmo dia em que foi anunciada por Cheong U a aprovação breve da lei, o Instituto Cultural de Macau criou uma nova aplicação para iphone, ipod e ipad, com conteúdos multimédia sobre o património mundial no território. A “WH Macau” está já disponível na Loja Online da Apple e dispõe de um sistema de GPS que permite conhecer a distância a que estão os monumentos, o melhor caminho para chegar a cada um dos locais listados pela UNESCO e informações sobre horários de funcionamento, moradas e números de telefone. A aplicação está disponível em chinês, português e inglês.a

Julho, o Governo de Macau terá afirmado à UNESCO que o diploma que visa proteger o Centro Histórico de Macau, classificado como Património Mundial da Humanidade pela UNESCO, chegaria à Assembleia Legislativa (AL) no Outono. On-tem, Cheong U confirmou que o diploma poderá mesmo ver a luz do dia ainda este ano.

Boyce Lam, chefe da divisão de Projectos Especiais do IC, disse em Julho ao Hoje Macau que “os peritos [da UNESCO] ainda estão preocupados com a questão de como podem ser aceleradas a adopção de medidas de conservação e mecanismos de gestão do património cultural com maior eficácia jurídica, no-meadamente no que diz respeito ao processo legislativo relativo à Lei de Salvaguarda do Património Cultural e à questão de tomar em consideração a protecção do património cultural no planea-mento urbanístico”, e afirmou que esse processo legislativo “iria ser acelerado”.

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6www.hojemacau.com.mo SOCIEDADE

Joana [email protected]

CONSEGUIA passar, hoje em dia, sem utilizar o computador? E os seus filhos, ou elementos mais

novos da família, conseguiam? Pro-vavelmente não. A utilização deste objecto vem, quase que obrigato-riamente, agregada à utilização da Internet – em conjunto tornaram-se elemento indispensável à vida no século XXI, especialmente nas es-colas. A disciplina de informática é integrada nos programas das instituições de ensino de Macau, desde a primária.

Mas, como em tudo, existem desvantagens neste novo mundo da tecnologia. E, para acompanhar a modernidade, o bullying (acto de ameaçar, violentar ou intimidar alguém física ou psicologicamente) transferiu-se para o mundo virtual – cyberbullying. “Actualmente ain-da não existe uma definição unâni-me e universal do cyberbullying no mundo. Geralmente, caracteriza-se por um acto praticado por um adolescente de forma intencional repetitiva e hostil com recursos a meios tecnológicos para humilhar ou ferir psicologicamente outro adolescente através de palavras ou imagens”, escreve Chan Kin Hong, Chefe de Divisão de Investigação de Crimes Informáticos.

No ano passado, foram regis-tados apenas quatro crimes deste tipo, segundo dados da Polícia Judiciária. Este ano já foram conta-bilizados também, mas não é, ainda possível saber o número exacto, disse a porta-voz da entidade ao Hoje Macau.

No entanto, aquilo que parece como um caso que não é grave no território, pode ser mais do que o que aparenta. É que, em Macau, não existem investigações a este respeito. Numa opinião para a revista de Junho da Polícia Judici-ária, Chan Kin Hong lança o alerta: “Em Macau, nem estabelecimentos de ensino nem as associações do território realizaram qualquer tipo de inquérito sobre este problema”.

Já na região vizinha, o caso muda de figura. Em Hong Kong, a Universidade Chinesa da RA-EHK entrevistou, em 2010, 1800 estudantes do 7.º ao 12.º. Destes, 30,9% manifestaram serem vítimas de cyberbullying e 17,8% tinham participado em actos deste género. O número de atacantes subiu este ano – 32,1% participaram em actos de cyberbullying, sendo que 44% deles “não tinham motivo especí-fico e fizeram-no por brincadeira”, cita o responsável da PJ.

Os actos de cyberbullying na

PJ alerta para risco crescente do problema em Macau

Quando o bullying passa a virtual

RAEHK correspondem ao triplo da percentagem dos EUA e da Eu-ropa. Mas, apesar de não existirem dados sobre o caso em Macau, “não se pode negar a sua existência no território”, frisa Chan Kin Hong.

Os quatro casos investigados pela PJ no território, em 2010, tiveram a ver sobretudo com “co-locação de fotografias pessoais, imagens nuas, dados pessoais e montagens de ameaças”, salienta o chefe da divisão.

Os principais métodos de ataques cibernéticos dividem-se em diversas fases: assédio - divulgação de fotos ou vídeos embaraçosos -, difamação

– através de imagens ou mensagens -, dissimulação - fingir ser outra pessoa para prejudicar a honra da mesma – e ‘cyber man hunt’ – pesquisa de dados sobre o sujeito e torná-los públicos com grande destaque.

Conforme explica Chan Kin Hong, as vítimas do cyberbullying são apenas menores de 18, sendo o mesmo acto chamado de ‘cybers-talking’ no caso das vítimas serem maiores de 21 anos.

RÁPIDO E EFICAZ O acesso fácil e a rápida divulgação da mensagem, devido à possibilida-de de esta por ser retransmitida, é o

principal motivo que faz com que os atacantes optem por este método de violência. É escolhido muitas vezes, apesar de ser menos grave que o bullying já que não implica contacto físico, “mas tem maior probabilidade de sucesso na medida em que afecta num espaço de tempo mais curto e de forma mais rápida a vítima”, escreve o responsável deste depar-tamento da PJ.

Escondidos atrás de um compu-tador, os atacantes vêem satisfeitos muitos dos seus desejos, como o poder e a superioridade, mas sem terem de enfrentar pessoalmente a vítima.

O desconhecimento de que vio-lam, muitas vezes, leis penais é um dos factores que motiva também este tipo de violência.

MACAU DESCONHECE“Os dados actuais da PJ não conseguem reflectir exactamente a situação real de Macau, cujo problema de cyberbullying tende a ser cada vez mais grave”, frisa Chan Kin Hong.

Muitas vezes as vítimas optam por não contar aos pais, por terem medo que lhes seja vedado o acesso à internet. “Os acontecimentos só acabam por ser descobertos quan-do as perturbações emocionais resultarem em graves problemas”, assegura o chefe de departamento de crimes informáticos da PJ.

Em 2009, o Governo da RAEM promulgou a lei de combate à criminalidade informática, mas “ainda não existe documentação avulsa relativamente aos actos de cyberbullying”, frisa Chan Kin Hong na sua opinião de Junho da revista da PJ.

“Actualmente muitos jovens gostam de registar os aconteci-mentos do dia a dia através de câ-maras digitais ou telemóveis para partilharem logo na internet e, às vezes para satisfazer a vaidade ou a curiosidade, actuam fora dos limi-tes desleixando a possibilidade de estarem a violar a lei”, acrescenta.

Em 2010, as próprias autori-dades de Macau alargaram a sua estrutura orgânica, de forma a incluir uma investigação a longo prazo na rede informática, além de ter ainda a divisão de investigação de crimes informáticos.

Mas a dificuldade em investigar este tipo de crime é permanente: “a criminalidade cibernética é trans-fronteiriça e difícil de investigar”, frisa Chan Kin Hong. “Estamos na era da internet e o cyberbullying tornou-se uma questão social que precisa de ser enfrentada por to-dos”, acrescenta.

O responsável diz ainda que existe uma influência mútua entre o bullying e o cyberbullying, ou seja, que quem pratica bullying pratica também o crime através da internet. “De forma gradual, o computador alterou os modos de vida e de produção da sociedade humana, estreitou os laços do mundo, ofuscando assim os limi-tes espaciais”, frisa o responsável.

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7www.hojemacau.com.mo

PUB

Virginia [email protected]

OS jovens de hoje estão sujeitos a enormes pressões, que podem ter desfechos trágicos quando atingem níveis mais drásticos, pelo que a

sociedade deve estar toda envolvida para permitir identificar e prestar um aconselha-mento psicológico na altura devida. A ideia foi defendida durante uma reunião do Conselho Consultivo de Serviços Comunitários da Zona Central, em que se discutiu o apoio emocional à juventude com a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ). Além de pais e professores, defendeu o conselho, toda a comunidade deve estar atenta.

O Conselho Consultivo de Serviços Co-munitários da Zona Central sugeriu à DSEJ que, através de diferentes canais educativos e iniciativas, tentasse aumentar a capacidade de detecção de problemas emocionais nos jovens por parte de educadores, pais e assistentes so-ciais. A plataforma de informação da Internet foi sugerida como uma importante ferramenta de vigilância sobre as alterações emocionais dos jovens, que poderia contribuir para um aconselhamento atempado.

Problemas emocionais são facilmente gerados nos estudantes, quando estes se deparam com frustrações e pressões enquanto constroem as suas relações interpessoais, familiares ou de aprendizagem, observou Kuok Keng Man, mem-bro do Conselho Consultivo de Serviços Comu-nitários da Zona Central vice-director da escola secundária Pui Ching. Além disso, em consonân-cia com o desenvolvimento social e económico, a capacidade de resistência dos jovens deve ser estimulada, bem como a capacidade de detecção dos pais e professores, sobretudo quando estão perante alterações emocionais ou tendências suicidas. Essas mudanças emotivas normalmente requerem observação aprofundada.

Para um correcto e atempado aconselha-mento psicológico e um combate efectivo aos problemas emocionais dos jovens, além das responsabilidades que devem ser assumidas por pais e professores, também é necessário ter uma consciencialização e coordenação de toda a sociedade, que permita uma melhor preparação e trabalho de aconselhamento, uma vez detectado o problema. Através de mais canais, sugeriram os membros do conselho, será possível promover e incentivar uma atitude mais pró-activa nos educadores e pais na identificação de problemas emocionais nos jovens. Além disso, a Internet não pode ser ignorada, pelo seu carácter de plataforma favorita de expressão dos jovens, e um autêntico viveiro de informação útil para a detecção de alterações emocionais e de compor-tamento da juventude.

MATÉRIAS EXPLOSIVASEntretanto, o Conselho Consultivo de Serviços Comunitários da Zona Central também deba-

Sociedade envolvida no aconselhamento emocional dos jovens

Aliviar a pressão da miudagem

VIADUTO DA HORTA E COSTA REABRE AMANHÃA partir de sábado, volta a funcionar o viaduto da avenida Horta e Costa, depois de mais de meses de encerramento devido às obras de drenagem na zona. No entanto, amanhã também será implementado um condicionamento ao trânsito no cruzamento formado entre a Horta e Costa e a avenida do Conselheiro Ferreira de Almeida. As Obras Públicas esperam finalizar os trabalhos no novo troço, em frente à escola Pui Cheng, até Setembro, altura em que o novo ano se inicia.

teu, na mesma ocasião, as explosões ocorridas na semana anterior. Assumindo o incidente como um caso raro, mas com impacte sobre os moradores e os comerciantes da zona, os representantes do conselho recomendaram ao Governo que revisse de forma exaustiva todo

o mecanismo de resposta a situações do género e de restabelecimento da estabilidade pública e regresso a comunidade à sua vida normal.

Os incidentes da semana passada, observou Ao Ka Fai, membro do conselho, mostraram haver ainda muito espaço a melhoramentos, e vários problemas nos planos de contingência, no que diz respeito ao auxílio e reparação dos estragos. Os problemas que importa solucionar distribuem-se entre os departamentos do Go-verno, empresas privadas e de administração residencial. As partes envolvidas devem por isso, defendeu o responsável, criar um Centro de Emergência para Desastres, encarregado de proporcionar uma melhor coordenação e apoio, para aliviar as perdas causadas pelos acidentes e um tratamento mais eficaz das situações de emergência. Na opinião de Ao, as explosões da semana passada foram só um aviso e deve haver muitas “bombas invisíveis” escondidas na comu-nidade, pelo que o Governo deveria apressar-se a criar vários planos de salvamento e emergência para garantir a segurança pública.

Alem de que “é muito raro os adolescentes falaram com os adultos sobre o cyberbullying” e, consequentemente, de despertar a atenção dos mais velhos para este problema.

Segundo a presidente da Asso-ciação de Pesquisa e de Delinquên-cia Juvenil de Macau, Penny Chan, o facto das agressões a menores serem noticiadas também tem a ver com a sua divulgação através da internet. Em entrevista ao jornal Tribuna de Macau, a investigadora afirmou que “os casos de agressões entre estudantes não são novos, mas o uso de novos canais como os fóruns electrónicos trouxe o assunto a mais pessoas”.

Em Macau, no início de Ju-nho, uma aluna de uma escola secundária da Taipa foi agredida fisicamente por um colega por ter escrito comentários desagra-dáveis sobre ele na sua página do Facebook. O ataque foi tão grave que a jovem de 17 anos teve de receber tratamento hospitalar – dez pontos junto a um olho. Enquanto os pais apresentavam queixa na PJ, comentários de colegas no mural da vítima apoiavam o ataque, dizendo que a jovem “mereceu” a sova por ter “metido o nariz onde não era chamada”. “Ela é que começou, por isso a culpa é dela se for espancada até à morte”, lê-se na página da rede social.

Com a internet, há mais faci-lidade em reagir de forma fria. O chefe do departamento de Psico-logia da Universidade de Macau, Rik Carl D’Amato explica: “Se eu ofender ou empurrar alguém cara a cara e a pessoa começar a chorar é provável que eu pare de a chatear. Mas se eu fizer isso via Internet não há um retorno, eu não recebo nenhuma reacção física e imediata de volta”.

Segundo dados dos Serviços de Regulação de Telecomuni-cações (DSRT) até Fevereiro de 2011 eram 133,473 os utentes com serviço de internet no território. Dados da Equipa de Interven-ção Comunitária para Jovens da União Geral das Associações dos Moradores de Macau, em conjun-to com a Hong Kong Playground Association, 18% dos jovens do território assumem serem vicia-dos na Internet e passam, em média, cerca de 26 horas por se-mana online – a maior parte desse tempo em ‘chats’ e redes sociais. Cerca de 35% dos residentes de Macau utilizam o Facebook, um terço dos quais regularmente. Destes, 31,8% tem idades entre os 18 e os 20 – idades que compre-endem os praticantes ou vítimas do cyberbullying .

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Deambulação com arquitecto Walter Rossa sobre o estado urbano de Macau

Uma cidade sob influênciaCarlos [email protected]

QUAL o estado da arte? O estado das coisas? Dez anos de modelo urbanís-tico que efeitos plantou na cidade? E que con-

sequências estamos a viver? A proposta de caminhar por Macau foi lançada pelo Hoje Macau ao arquitecto Walter Rossa que há uma semana esteve aqui, pela primeira vez, para lançar o volume por ele coordenado sobre o património arquitectónico de influência portu-guesa na Ásia. Rossa que dirige um programa de doutoramento sobre cidade e património na Universida-de de Coimbra, e é um dos nomes mais reconhecidos no panorama arquitectónico e urbanístico portu-guês, aceitou o convite para uma deambulação a pé pela cidade. Um plano frustrado pelas condições meteorológicas do fim-de-semana passado. De modo que a conversa acontece no primeiro andar de um café, no centro, junto a uma janela com vista para a cidade.

Arranca com a questão do mo-mento: o património, essa obsessão política. Patrimonializar significa musealizar? Conservar, congelar? Rossa começa por destacar a origi-nalidade do pensamento de quem observa estas questões do lado da cidade “bem diferente do dos historiadores da arquitectura” e

atira: “as cidades não se conservam, não se restauram, nunca podemos conseguir uma cidade como ela era, ontem! As poucas tentativas que houve são umas tontices que, no fundo, o que fazem são parque temáticos”. Por isso é que “as cidades fantásticas – e isto tem muito que ver com a questão de Macau – são feitas de arquitectura ordinária ou até medíocre. Depois, no meio daquilo tudo é que há um jogo urbano, de luz, paisagem, um conjunto de regras mas, quer dizer, há uma harmonia geral em que o todo é mais do que a soma das partes”. E o problema é que hoje a arquitectura está centralizada nos objectos, nas partes desse todo, con-centrada na produção de ícones em detrimento de uma leitura geral de cidade. “Podemos ter um conjunto fabuloso de edifícios fabulosos e, no todo, fazerem uma cidade absolutamente desastrosa. Isto, para mim, é a grande desgraça de estudar o património urbanístico”.

ANARQUIA COMO EXEMPLOUm exemplo, um mau exemplo? A vizinha do lado. Comparada com Macau, Rossa diz que Hong Kong é “uma cidade fantástica” não é, afinal, uma cidade, “não tem um espaço urbano! Kowloon é mais interessante do ponto de vista ur-bano, é mais cosmopolita do que a cidade em si”. Ora, em Macau “o que aqui está, por muito mal que

lhe façam, ainda tem urbanidade. De um ponto de vista urbanístico, há aqui um resíduo que é muito importante”.

O caso de Macau emerge como um caso de estudo, desde logo pelo carácter anárquico da sua formação enquanto cidade, mas é nessa anarquia inicial que o arqui-tecto reconhece a possibilidade de compreender o estado presente. “O que é interessante no caso de Macau – e eu nunca cá tinha vindo, sabia umas coisas - é começar a perceber como é que esta cidade se fez, e é daquelas que se fez por geração espontânea. Não teve plano inicial, não teve implantação, a topografia e as pessoas com as suas activida-des vão ditando isto e isto vai-se organizando! Percebendo-se esse genoma, será mais fácil perceber a cidade enquanto património”.

Aqui chegado, reemerge o pro-blema recorrente da preservação e conservação da cidade histórica ou contemporânea, e que nos atira para o dilema germinal. Uma po-lítica de conservação, em sentido estrito, projecta as cidades para o passado e o presente para um parque temático. Solução? Sensi-bilização dos poderes públicos e da população. Dos primeiros, diz Rossa que não têm imaginação. “Os políticos não têm imaginação. O bons politicos têm capacidade de gerir a imaginação dos outros. Um bom político é um bom gestor

tuguesa, é mista - ou, vamos por esse caminho em que as pessoas integram isto na própria cultura pelo que vão ganhar com isso, sentindo esses bens como seus, passando a ser algo comum, ou então, nada se salva”, alerta.

MASSIFICAR SABERNem vale a pena a tentação mu-sealizadora. Simplesmente, “a ideia de casas museus esgotou-se porque senão as cidades, a dada altura, passam a ser cemitérios de edifícios. Não faz sentido muito menos numa lógica muito econo-micista que é a que prevalece aqui na China e que se percebe como isto é tudo muito programado deste ponto de vista. Por isso”, sustenta, “tem de haver uma lei-tura económica: o edifício tem de ser rentável”.

Economia à parte, a respon-sabilidade histórica do Estado português onde é que entra? Pelo conhecimento que é o caminho mais eficaz. “Do ponto de vista ético e estratégico, é mais eficaz despejar, massificar o conhecimen-to sobre estas questões” e fazê-lo através “de formas, absolutamen-te didácticas, abertas, calmas mas com uma grande insistência e sem nunca colocar a questão em termos do ‘é preciso isto ou é preciso aqui-lo’. Não, o que importa é ir pelo conhecimento”. De outro modo, tudo se perde, nada sobrevive.

“O Estado português deve massificar, com insistência, conhecimento sobre estas questões e fazê-lo através “de formas, absolutamente didácticas, abertas, calmas mas com uma grande insistência e sem nunca colocar a questão em termos do ‘é preciso isto ou é preciso aquilo’

de equipa. Quando um político tem uma ideia e a põe em cima da mesa, e a põe a debate, isso é um acontcimento”, nota, sarcástico. “ Uma das coisas que o arquitecto tem a fazer é conseguir colocar uma ideia na cabeça de um político por forma a ele achar que foi ele que a teve”.

Da segunda, a população, o debate sobre património implica isso mesmo debate, ou pelo menos, diálogo. “Para salvar as coisas, ou conseguimos chegar junto das pessoas e mostrar o significado que isto tem para os chineses, para os arquitectos chineses - porque Macau não é uma cultura por-

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DESCOBERTO MATERIAL DE UM FILME MUDO DE HITCHCOCKGravações em película feitas pelo realizador britânico Alfred Hitchcock para um dos primeiros filmes, “The White Shadow” (1923), foram encontradas nos arquivos de cinema da Nova Zelândia, que tornaram pública a descoberta. As três bobinas de filme foram descobertas entre um conjunto não identificado de películas em nitrato que tinha sido depositado no Arquivo Cinematográfico da Nova Zelândia em 1989. À época, no começo do século XX, Jack Murtagh deveria destruir as películas quando os filmes saiam de cartaz, mas o coleccionador decidiu guardá-los.

Coloane e zonificação• “Não me parece que haja esse risco de musealizar. Veja-se Coloane que foi deixada um bocadinho em paz. Não me parece que esteja musealizada. Zonificar sim porque, no fundo, o tecido urbano em Macau não tem escala nem aguenta a actividade complementar dos casinos. Parece-me que é tarde de mais, agora, ou talvez não. Mete-me é impressão o que se passa da avenida da Praia Grande para dentro. Acho que devia haver uma sensibilização das entidades para isto, apesar de tudo”.

Primeiro a cidade, em geral, e depois os fragmentos dela. O Porto Interior, as zonas de aterros, as fábricas, o Cotai, o campus universitário que aí vem. Reflexões avulsas em volta dos passos possíveis para uma análise de uma cidade a fresco, por Walter Rossa.

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A cidade natural e artificial• “Uma das grandes surpresas para mim face ao que eu conheço das outras cidades do Oriente é a limpeza. São factores que devem ser tomados em conta. Isto revela algum cuidado e alguma estima urbana.” • “Aqui, em Macau, o que é interessante é que o que está, provavelmente, a destruir a cidade é o jogo de exuberâncias dos edifícios. Isso faz com que o todo passe a ser pior que a soma das partes.”• “É evidente que há zonas da cidade já muito comprometidas mas isso tem a ver com o modelo de desenvolvimento que está a ser feito. Uma das coisas curiosas é a importância que os aterros têm na dimensão da cidade. Mas isso é perfeitamente natural. Lisboa tem uma série de aterros e ninguém se queixa deles. A única maneira de falar de património tem de ser na lógica deste discurso sobre o que é a sequência normal do crescimento da cidade e o que é artificial.”

O NAPE não é contra-cidade• “Não me parece que as construções do NAPE sejam contra Macau, neste sentido: é uma zona externa à cidade, poderiam talvez ter respeitado algumas regras que têm a ver, por exemplo, com os eixos de visão para o Farol. Mas não me parece que uma zona nova da cidade deva ser condenada a um plano pombalino de rés-do-chão e três andares.”

Porto Interior e Barra • “Há zonas de expansão que têm a sua própria lógica mas, depois, há também um reverso da medalha em zonas mais consolidadas. Por exemplo, no Porto Interior, o aparecimento de edifícios que colocam completamente em causa a relação da cidade com o canal, com a água. Mas há outras zonas, como a da Barra em que o espaço ainda é muito agradável. Não acho que o jogo de vias que criou aquele lago tenha prejudicado minimamente a zona.”• “É muito interessante por exemplo valorizar percursos. Provavelmente, iria acontecer o que aconteceu no centro, com uma intensificação brutal de comércio e uma massificação. Seria o reverso da medalha.”

Ilha da Montanha. Campus 151• “Tive na Universidade de Macau e mostraram-me o projecto do novo campus que, aliás, já não é em Macau, mas no lado de lá. É espantoso que se faça um campus universitário daquela dimensão, com aquelas características, e que o arquitecto que lidera a equipa me tenha dito que é o 151.º que está a fazer em toda a China! São escalas de outro mundo, de outro planeta! E, portanto, uma cidade submetida a esta pressão deste tipo é uma cidade muito difícil de gerir!”

Centro e griffes• “Isso das griffes é um fenómeno global. Chegamos aos grandes spots do património a nível mundial e elas estão lá da mesma forma. Uma das coisas que é um vício de forma é o facto de quando se fala de património, as pessoas pensarem, imediatamente, em turismo. Não conheço nenhuma tentativa de classificação de património da humanidade, apenas, para que tudo continue na mesma e as pessoas que lá estão fiquem muito satisfeitas. Não, aquilo acontece porque atrás há um modelo de desenvolvimento.”• “O comércio de griffe tem um problema: é que só gera riqueza para alguns enquanto o comércio tradicional tem uma outra lógica. Faz-me confusão a quantidade de lojas de marca que existem nos casinos e nos hotéis e que, agora, já se estejam a estender aqui para o centro.”

As fábricas• “O património datado depois do século XIX só se salva se se lhe der uso. Fala-se muito do património industrial. Por exemplo, das fábricas. Hoje em dia, discute-se a conversão desses espaços mas um edifício desses é muito difícil dar-lhe outro uso qualquer.”

COTAI sem compromissos• “Se o Cotai fosse a válvula de escape, a única, não tinha mal nenhum. Acho que era um preço que valia a pena pagar. O problema é que se, há dez anos, se dissesse: temos uma área entre territórios com aeroporto e com sítio privilegiado de ligação a China, vamos sacrificar parte de uma paisagem e criar aqui a nossa Las Vegas, até acho que seria um compromisso possível. E falo de compromisso, não falo de consensos. Os consensos são coisas terríveis. Consensos e harmonia são sempre a média e a palavra medíocre vem de média.”

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10www.hojemacau.com.mo ENTREVISTA

Salvatore Casabona, professor de Direito Comparado na Universidade de Palermo

“Existe em Macau um sentimentode incerteza: o que mudará em 2049?”

MACAU é como um laboratório, motivos de análise não faltam. O académico italiano

Salvatore Casabona, especializado em Direito europeu e Direito Com-parado, está na região para trabalhos de investigação sobre o Direito de Família. Algum fascínio e muita curiosidade neste entrosamento local entre sistema jurídico, componente política e realidade social. O primeiro motivo que o trouxe foi outro, neste caso, uma iniciativa do Instituto de Estudos Europeus, precisamente no campo dos diferentes sistemas jurídicos, tendo em conta a formação contínua da comunidade jurídica local, num programa financiado pela Comunidade Europeia.Em Julho, com outros académi-cos internacionais, participou num “workshop” sobre sistemas jurídicos diferentes. Com que opinião ficou?Uma experiência muito interessan-te. Notei que há um ordenamento do sistema jurídico que se está a formar. Influências naturais da tra-dição de base jurídica portuguesa com parte do sistema continental chinês. Esse “workshop” foi exac-tamente nesse sentido: para onde irá o Direito de Macau? Como se sabe, o sistema jurídico foi pensa-do e escrito em língua portuguesa. Conheceu previamente o sistema jurídico de Macau?Não o conhecia. Agora estou a estudá-lo e acho-o muito interes-sante. Já tem alguma opinião formada que queira partilhar connosco?Vou ser sincero, o sistema jurídico, sendo realmente muito interessan-te, possui muita retórica. Não exis-te uma aproximação muito directa aos problemas reais. Há o discurso jurídico e há as considerações de tipo político. Esta proximidade faz com que, aparentemente, não se entenda bem onde está a separação entre as duas dimensões, a política e a jurídica.Esses aspectos que parecem surpreendê-lo, também lhe esti-mulam a curiosidade?Sim, muito. Este multilinguismo em Macau, a diversidade cultural, as coisas escritas tanto em portu-guês como em chinês, lembram algumas das questões que estamos a viver na Europa com grande atenção. O multilinguismo no âmbito dos 27 países da comunida-de europeia, os textos normativos escritos em tantas línguas, faz-me lembrar os problemas análogos que, penso, existem em Macau.Falou numa certa retórica existen-te no sistema jurídico local. Quer exemplificar?Por exemplo, segundo a lei, a

língua principal é a chinesa, mas também é aceite a língua portu-guesa. Quem, de alguma maneira, domina o Direito local são os ad-vogados, na sua maioria, portu-gueses. São dificuldades naturais vindas dum processo histórico.Refere-se à dificuldade das tradu-ções, ou da interpretação?O problema não será cem por cento da tradução. O problema é com a construção dos conceitos jurídicos comuns, se quiser, um problema de cultura.

Quais as razões que o levaram a pesquisar sobre o Direito de famí-lia, para a Universidade de Macau?Simples, os próprios decisores da Universidade e alguns professores, chegámos todos à conclusão de que seria um assunto interessante e merecedor de atenção. Por isso este trabalho de investigação sobre o Direito de Família localmente.Pode revelar as suas fontes?Principalmente a Biblioteca da Universidade, mas também a troca de informações com outros aca-

démicos. Devo dizer que a Biblio-teca da Universidade é bastante completa, bem fornecida, e o seu horário até à meia-noite é excelente para os investigadores.

Através do seu estudo sobre o Di-reito de Família em Macau, passa a conhecer mais profundamente algumas das realidades locais...Sem dúvida. Podemos escrever todas as leis que quisermos, mas quando se fecha a porta de casa, ficando apenas no âmbito familiar, o Direito conta apenas até certo ponto, pois o que aplicamos é o que consideramos justo, as regras que a própria família decidiu. A grande questão é este interessante confronto entre a norma legal e a norma cultural. As normas cos-tumam espelhar a sociedade, no entanto se observarmos o Direito em Macau, ele exprime uma certa ideia digamos que uniforme. No entanto, a sociedade local não é uniforme, é muito complexa, mui-to diversificada.Nos dias de hoje, praticamente já não há sociedades uniformes, não será um problema tão somente localizado em Macau.Certo. Também no Ocidente somos cada vez mais confrontados com o multiculturalismo. Essas reali-dades têm de possuir o reconheci-mento jurídico das suas próprias especificidades. Por exemplo, eu quero ter mais do que uma mulher porque a minha cultura, a minha religião o permite. Como pode ficar esse aspecto contemplado na lei? Na Europa está a reconhecer--se, em algumas aplicações norma-tivas, o reconhecimento jurídico da

tal especificidade cultural. Por isso Macau é interessante, um autêntico laboratório, um pequeno mundo que vou todos os dias descobrindo neste meu trabalho de investigação para a Universidade.Independentemente da sua obser-vação, como académico, o que lhe transmite esta região, no sentido da estética, dos movimentos, da sociedade em geral?Como observador externo, falo de duas principais sensações sobre Ma-cau. A primeira é que mostra uma sociedade muito articulada, mas com uma série de relações não expressas, não divulgadas. A comunidade por-tuguesa tem a sua lógica, a comuni-dade chinesa tem outra, a macaense outra. Outra comunidade é a filipina com as suas questões muito próprias e complexas. Que opção em termos de ordena-mento jurídico? Como estratégia, também pode-mos questionar se Macau será uma sociedade pluralista, aberta a reconhecer as diferenças identi-tárias entre cada comunidade, ou uma sociedade “assimilacionista”, obrigando as pessoas a cumprir normas e hábitos que não se en-quadram nos seus princípios cul-turais? São importantes questões.Falou em duas sensações que Macau lhe transmite. Qual é a segunda?A segunda sensação está relaciona-da com as fortíssimas mudanças, que eu desconheço até que ponto

FABR

IZIO

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ACADÉMICO QUASE ENAMORADO

“Podemos escrever todas as leis que quisermos, mas quando se fecha a porta de casa, ficando apenas no âmbito familiar, o Direito conta apenas até certo ponto, pois o que aplicamos é o que consideramos justo, as regras que a própria família decidiu”

Ainda jovem académico, 38 anos, este italiano da Sicília sempre que pode viaja ao encontro de novas realidades jurídicas que o estimulem a prosseguir pesquisas dentro das suas áreas de intervenção, designadamente o Direito comparado e o Direito europeu, incluindo o direito privado. Professor de Direito Comparado na “Universitá degli Studi di Palermo”, Salvatore Casabona, possuidor de um sentido de humor quase em estado permanente, vive em Macau, terra que não conhecia, desde Julho. Trouxe-o um “workshop” que versa sobre esta encruzilhada oriental de diferentes sistemas jurídicos, organizado pelo Instituto de Estudos Europeus (Macau) e que contou com a presença de académicos de várias partes do mundo. Logo a seguir, inicia profunda investigação para a Universidade de Macau sobre o Direito de Família no território - trabalho académico que justificará a sua presença entre os desta terra por mais dois ou três meses. Partilhando um apartamento na

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Salvatore Casabona, professor de Direito Comparado na Universidade de Palermo

“Existe em Macau um sentimentode incerteza: o que mudará em 2049?”

com Helder Fernando

ACADÉMICO QUASE ENAMORADO

são controladas pela vontade polí-tica ou pelo poder económico.Bom, em Macau, para não irmos mais longe, os desejos políticos são extremamente semelhantes aos desejos de quem tem o poder económico...Entendo. São duas coisas vizinhas, naturalmente. A política é a arte de gerir a complexidade; não somen-te a complexidade da economia, mas também das questões sociais, culturais.Talvez a política também devesse ser a arte de gerir os sentimentos dos cidadãos.Por falar em sentimento, quero

acrescentar mais uma coisa que observei em Macau: existe um senti-mento de incerteza. Passaram quase 12 anos depois do “hand over”. Na Lei Básica está especificado que o sistema social, económico e financei-ro da RAEM, bem como os direitos, deveres e liberdades dos cidadãos vai manter-se por 50 anos. Faltam menos de 40 para terminar este pra-zo legal. Há uma interrogação que se faz: O que irá mudar findo este prazo? Mudará alguma coisa, mu-dará tudo? O que sabemos, porque assistimos, é que a própria China está a mudar bastante, sobretudo nas políticas económico-financeiras. Em relação a Macau daqui a menos de 40 anos, está escrita na Lei uma meta-norma não jurídica, mas sim uma norma política. Em outros la-dos não existem normas legais com prazos de aplicação. Assim sendo, o que está em jogo?Está em jogo a filosofia, a tradição cultural de Macau, antes ainda da questão jurídica.Que principais contrastes lhe saltaram aos olhos nesta primeira vivência na região?A minha primeira impressão foi a devastação arquitectónica em favor de um atafulhamento sem regra, aparentemente sem plano urbanísti-co consistente. Não entendo que as autoridades distribuam dinheiro, a fundo perdido, aos cidadãos, e não invistam na restauração e recupera-ção completa de muitos edifícios e estruturas, para os colocar à disposi-ção dos residentes. No fundo, seriam potenciais atractivos turísticos e, fundamentalmente, trariam qualida-de de vida a muitas pessoas. O facto de a região se ter transformado de forma tão rápida e tão radical, não pode significar que tenha sido, dessa forma, positivo para a generalidade da sociedade.Então, a célebre crise na Europa?Há uma especulação extrema por um lado. Por outro, a Europa já não tem vontade de trabalhar.

“A minha primeira impressão foi a devastação arquitectónica em favor de um atafulhamento sem regra, aparentemente sem plano urbanístico consistente. Não entendo que as autoridades distribuam dinheiro, a fundo perdido, aos cidadãos, e não invistam na restauração e recuperação completa de muitos edifícios e estruturas, para os colocar à disposição dos residentes”

Ainda jovem académico, 38 anos, este italiano da Sicília sempre que pode viaja ao encontro de novas realidades jurídicas que o estimulem a prosseguir pesquisas dentro das suas áreas de intervenção, designadamente o Direito comparado e o Direito europeu, incluindo o direito privado. Professor de Direito Comparado na “Universitá degli Studi di Palermo”, Salvatore Casabona, possuidor de um sentido de humor quase em estado permanente, vive em Macau, terra que não conhecia, desde Julho. Trouxe-o um “workshop” que versa sobre esta encruzilhada oriental de diferentes sistemas jurídicos, organizado pelo Instituto de Estudos Europeus (Macau) e que contou com a presença de académicos de várias partes do mundo. Logo a seguir, inicia profunda investigação para a Universidade de Macau sobre o Direito de Família no território - trabalho académico que justificará a sua presença entre os desta terra por mais dois ou três meses. Partilhando um apartamento na

Taipa com outro italiano, arquitecto, e com um advogado português, aprecia caminhar pela região, tentar o diálogo sempre que possível, aperceber-se do modo de vida e das reacções de boa parte do tecido social local. Gosta da facilidade com que se pode optar pelas mais variadas gastronomias, aprecia os contrastes, mas não vê com bons olhos a devastação exagerada e descaracterizadora - por isso devastação - dos locais mais castiços, dos edifícios mais significativos dum modo de viver próprio desta terra - “muitos edifícios deviam ser completamente recuperados, criando boas habitações”. Depois de Macau - trabalhos de investigação decorrerão até próximo do final do ano - este académico regressa a Palermo e à sua Universidade, continuando a ensinar Direito Comparado na Faculdade de Ciências Políticas. “Bom, se não me enamorar por aqui, uma coisa que até pode ser provável!”, reflecte com um sorriso. - H.F.

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www. iacm.gov.mo

Aviso de recrutamentoPretende admitir, mediante contrato individual de trabalho, nos termos do “Novo Estatuto de

Pessoal do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais”, homologado pelo Despacho n° 49/CE/2010, trabalhadores para os seguintes cargos:

1. Um Médico Veterinário de 2ª classe, 1º escalão (Referência n°2504/DIHA-SIS/2011)Funções: Responsabilizar-se por trabalhos de inspecção sanitária na área de veterinária;

proceder a estudos e análises; prestar pareceres profissionais.

2. Um Técnico Superior de 2ª classe, 1º escalão (Referência n°2604/DGRH-SAA/2011)Funções: Responsabilizar-se por trabalhos de organização, planeamento e coordenação

do serviço de apoio aos trabalhadores; acompanhar casos e prestar apoio psicológico; acompanhar e coordenar projectos de optimização.

3. Um Técnico de 2ª classe, 1º escalão (Referência n°2704/DAP-SZVJ//2011)Funções: Responsabilizar-se por trabalhos de planeamento de modificação de florestas

nas áreas reflorestadas; prestar pareceres profissionais; proceder a investigação, análise e organização de dados relativos ao uso dos recursos hídricos naturais; acompanhar queixas; redigir vários tipos de relatórios, etc.

4. Um Adjunto-Técnico de 2ª classe, 1º escalão (Referência n°2804/DEU-SCEU/2011)Funções: Desempenhar funções na área electromecânica, ajudar a monitorizar o

funcionamento de instalações electromecânicas, bem como acompanhar os trabalhos da reparação e manutenção e fornecer apoio técnico.

5. Um Operário Qualificado de 1º escalão (Referência n°2904/DEU-SCEU/2011)Funções: Responsabilizar-se por trabalhos de manutenção da bomba hidráulica de pressão,

sistema de controlo electrónico, e equipamentos mecânicos.

6. Um Operário Qualificado de 1º escalão (Referência n°3004/DOA-SCEU/2011)Funções: Desempenhar funções na área da produção, reparação e manutenção de carpintaria,

etc.

7. Um Operário Qualificado de 1º escalão (Referência n°3104/DOA-SCEU/2011)Funções: Desempenhar funções na área da produção, reparação e manutenção de ferragens,

etc.

Requisitos gerais (aplicáveis a todos os cargos acima referidos)1) Titular do Bilhete de Identidade de Residente Permanente da RAEM;2) Idade não superior a 50 anos nem inferior a 18 anos;3) Capacidade profissional;4) Inexistência de impedimento legal;5) Aptidão física e mental para o desempenho de funções.

Forma e prazo de apresentação da candidatura: O prazo de apresentação das candidaturas terminará no dia 17 de Agosto de 2011. Os interessados poderão obter os formulários de candidatura através da internet do IACM,

efectuando o download dos formulários no endereço (http://www.iacm.gov.mo/recruit/apply.pdf) ou, durante a hora de expediente, dirigir-se aos Centros de Prestação de Serviços ao Público e Postos de Atendimento e Informação e solicitá-los.

Os formulários devidamente preenchidos e assinados, deverão ser entregues pessoalmente nos Centros de Prestação de Serviços ao Público e Postos de Atendimento e Informação, acompanhados da seguinte documentação:- Fotocópia do Bilhete de Identidade de Residente Permanente na RAEM (em papel de formato A4, com os dois lados na mesma página) *;- Nota curricular (devem indicar o conteúdo e o período funcional);- Para se candidatar a médico veterinário de 2ª classe, 1º escalão ou técnico superior

de 2ª classe, 1º escalão (Referência n°2504/DIHA-SIS/2011 ou 2604/DGRH-SAA/2011) é necessária a entrega da fotocópia do respectivo diploma do licenciatura * e boletim de classificação;

- Para se candidatar a técnico de 2ª classe, 1º escalão (Referência n°2704/DAP-SZVJ//2011) é necessária a entrega da fotocópia do respectivo diploma de bacharelato * e boletim de classificação;

- Para se candidatar a adjunto-técnico de 2ª classe, 1º escalão (Referência n°2804/DEU-SCEU/2011) é necessária a entrega da fotocópia do diploma do Ensino Secundário Complementar *;

- Para se candidatar a operário qualificado de 1º escalão (Referência n°2904/DEU-SCEU/2011 ou 3004/DOA-SCEU/2011 ou 3104/DOA-SCEU/2011) é necessária a entrega da fotocópia do diploma do ensino primário e das habilitações da respectiva qualificação profissional * ou o documento comprovativo de experiência profissional emitido pela entidade empregadora onde exerce funções*, ou uma declaração de experiência profissional emitida por escrito e sob compromisso de honra, pelo concorrente.

* Os concorrentes devem apresentar, para efeitos de autenticação, o original dos respectivos documentos no acto de entrega das fotocópias. Se não apresentarem os originais, serão considerados em falta esses documentos.

Os candidatos que não entregarem todos os documentos deverão fazê-lo obrigatoriamente até à data limite de inscrição no concurso, sob pena de a candidatura ser considerada nula.Os interessados podem consultar os avisos, com informações pormenorizadas sobre estes concursos, na página da internet deste Instituto (http://www.iacm.gov.mo/main_p.htm) ou nos citados Centros de Prestação de Serviços ao Público e Postos de Atendimento e Informação abaixo indicados, durante a hora de expediente.

Locais e horário de expediente dos Centros de Prestação de Serviços ao Público e Postos de Atendimento e Informação: Centro de Prestação de Serviços ao Público da Zona Norte – Rua Nova da Areia Preta, n° 52, Centro de Serviços da RAEM (Tel. 2847 1366) Centro de Prestação de Serviços ao Público das Ilhas – Rua da Ponte Negra, Bairro Social da Taipa, n° 75 K (Tel. 2882 5252) Posto de Atendimento e Informação Central – Avenida da Praia Grande nos 762-804, China Plaza, 2° andar (Tel. 2833 7676) Posto de Atendimento e Informação de T’ói San – Ave nida de Artur Tamagnini Barbosa, n° 127, r/c, Edf. D. Julieta Nobre de Carvalho, bloco “B” (Tel. 2823 2660) Posto de Atendimento e Informação de S. Lourenço – Rua de João Lecaros, Complexo Municipal do Mercado de S. Lourenço, 4° andar (Tel. 2893 9006)

Horário: Centro de Prestação de Serviços ao Público: 2ª a 6ª feira, das 09:00 às 18:00 horas, sem interrupção ao almoço.Posto de Atendimento e Informação: 2ª a 6ª feira, das 09:00 às 19:00 horas, sem interrupção ao almoço.

A lista dos candidatos admitidos, com indicação da data, hora, local da prestação das provas, bem como a lista classificativa final e demais dados serão afixadas na Divisão de Gestão de Recursos Humanos, deste Instituto, (Calçada do Tronco Velho, n.º 14, Edifício Centro Oriental “M”) e divulgada através da página da internet (http://www.iacm.gov.mo/main_p.htm).

Os dados que o concorrente apresente, servem apenas para efeitos de recrutamento. Os dados pessoais apresentados serão tratados de acordo com as normas da Lei n° 8/2005, “Lei da Protecção de Dados Pessoais”, da RAEM. Caso advenham algumas dúvidas na verificação de documentos dos candidatos, os respectivos dados poderão ser entregues às entidades competentes para o devido apuramento ou para a obtenção de informações. Os candidatos, no uso do direito que lhes assiste nos termos legais, podem obter as informações que pretendam, consultar os seus dados e exercer o direito de oposição, necessitando, para o efeito, de apresentar o respectivo pedido, por escrito, ao IACM.

Macau, 28 de Julho de 2011.

Presidente do Conselho de AdministraçãoTam Vai Man

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IDEIASSEXTA-FEIRA 5.8.2011

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A COMPREENSÃO DOS MISTÉRIOSWen Zi文子

O texto conhecido por Wen Tzu, ou Wen Zi, tem por subtítulo

a expressão “A Compreensão dos Mistérios”. Este subtítulo honorífico

teve origem na renascença taoista da Dinastia Tang, embora o texto

fosse conhecido e estudado desde pelo menos quatro a três séculos antes

da era comum. O Wen Tzu terá sido compilado por um discípulo de

Lao Tzu, sendo muito do seu conteúdo atribuído ao próprio Lao Tzu.

O historiador Su Ma Qian (145-90 a.C.) dá nota destes factos nos seus

“Registos do Grande Historiador” compostos durante a predominante-

mente confucionista Dinastia Han.

A obra parece consistir de um destilar do corpus central da sabe-

doria Taoista constituído pelo Tao Te Qing, pelo Chuang Tzu e pelo

Huainan-zi. Para esta versão portuguesa foi utilizada a primeira e, até à

data, única tradução inglesa do texto, da autoria do Professor Thomas

Cleary, publicada em Taoist Classics, Volume I, Shambala, Boston 2003.

Foi ainda utilizada uma versão do texto chinês editada por Shiung Duen

Sheng e publicada online.

CAPÍTULO 157

Lao Tzu disse: o modo de governar homens é fazê-lo como um hábil condutor de carruagens: ajustando os freios adequadamente, mantendo-se ao centro, no interior, e adaptando-se à vontade dos cavalos, no exterior. Deste modo, poderás lançar-te à estrada e percorrer longas distâncias, com energia de sobra, avançando, recuando e circundando a teu bel-prazer. Essa é a verdadeira realização da arte. Aqueles que detêm o poder são a carruagem do líder e os grandes ministros são os cavalos do líder. O líder não deve deixar a segurança da carruagem e as suas mãos nunca devem perder o controlo dos corações dos cavalos. Se os cavalos são desobedientes, nem mesmo um hábil condutor se pode fazer à estrada; se os líderes e ministros não estiverem em harmonia, nem mesmo um sábio poderá fazer valer a ordem.Se te ativeres à Via como teu guia, mesmo o ta-lento comum pode ser aproveitado ao máximo; se tornares claro o papel de cada um, poderás impedir a perfídia. Quando as coisas ocorrem, observas a sua evolução; quando os eventos têm lugar, respondes aos seus desenvolvimentos. Quando não à desordem nas proximidades é porque há ordem na distância. Chegando à natu-ral Via espontânea, sem fazer uso das instruções do acaso, poderás realizar uma miríade de feitos sem contrariedades.

Tradução de Rui Cascais Ilustração de Rui Rasquinho

Quando as coisas ocorrem, observas a sua evolução.

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perspect ivasJorge Rodrigues Simão

SEXTA-FEIRA 5.8.2011

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Paradoxo da economia verde “The dominant culture - civilization is killing the planet, and it is long past time for those of us who care about life on earth to begin taking the actions necessary to stop this culture from destroying every living being. By now we all know the statistics and trends: 90 percent of the large fish in the oceans are gone, there is ten times as much plastic as phytoplankton in the oceans, 97 percent of native forests are destroyed, 98 percent of native grasslands are destroyed, amphibian populations are collapsing, migratory songbird populations are collapsing, mollusk populations are collapsing, fish populations are collapsing, and so on. Two hundred species are driven extinct each and every day.”

Deep Green Resistance: Strategy to Save the PlanetAric McBay, Uerre Keith and Derrick Jensen

economia tem sido contempla-da com um rótulo afrontoso de ciência funesta, desde que

a frase foi forjada pelo escritor escocês do sécu-lo XIX, Thomas Carlyle, que atacou um clima económico e político em que o pagamento a dinheiro se transformara, na sua opinião, no único vínculo entre os seres humanos.

Mais de cento e sessenta anos depois de a literatura de Thomas Carlyle ter criado uma nova geração de romances com uma consciên-cia social, a capacidade de fazer pagamentos a dinheiro é muitas vezes o único modo, pelo qual uma vida humana é avaliada, mesmo por muitos economistas verdes.

Os direitos humanos universais parecem não ser compatíveis com os modelos informá-ticos, que partem do princípio que esses direi-tos são subsidiários de valores monetários. O economista inglês, Hazel Handerson afirmou que a economia entronizou algumas das nossas predisposições mais desagradáveis como a ganância, competição, gula, orgulho, egoísmo, miopia e a avidez pura e simples.

É de considerar, por exemplo, que a África do Sul era e continua a ser, ainda que tenha sofrido fortes evoluções positivas, um microcosmos de dilemas económicos e políticos mundiais, e deve-se interpretar os acontecimentos que ocorreram nesse país, nos últimos anos, como um motivo de esperança.

A sua maioria dominante, constituída pelos ricos, cedeu o novo poder político a um novo governo democrático, quase total-mente constituído por pessoas de raça negra, porque não existia alternativa, e ainda era possível o compromisso de defenderem os seus próprios interesses como efectivamente tem acontecido. O mesmo processo pode trazer soluções de longo prazo, a muitos dos dilemas ambientais da humanidade.

É de defender que a prevenção de mudanças catastróficas para o sistema de apoio à vida humana, a biosfera, também é do interesse de todos, até dos multimi-lionários, dos economistas e dos políticos. Se concentrarmo-nos nas negociações que

Vemos indícios de que um número cada vez maior de indivíduos que modelam a política económica mundial acredita que a actual crise ambiental só pode ser ultrapassada se as soluções propostas, se basearem no igual valor de todas as vidas humanas existentes na Terra, mesmo contra os existentes e funestos pseudo-pensadores de que existem vidas com mais valor que outras, em particular nos hospitais públicos

envolvem a mudança climática global, é de alvitrar que as soluções não baseadas, têm poucas hipóteses de sucesso a longo prazo.

Vemos indícios de que um número cada vez maior de indivíduos que modelam a polí-tica económica mundial acredita que a actual crise ambiental só pode ser ultrapassada se as soluções propostas, se basearem no igual valor de todas as vidas humanas existentes na Terra, mesmo contra os existentes e funestos pseudo-pensadores de que existem vidas com mais valor que outras, em particular nos hos-pitais públicos. Tais filósofos de pés de barro e de mente oca de ciência médica humana e repleta de orgulho balofo, nada parecem en-tender da natureza humana, da existência de um arquitecto superior designado por Deus e de gestão hospitalar hodierna.

poder político, como o historiador e biólogo Harmke Kamminga, afirmou de quer os po-líticos, quer os economistas se esqueceram, ou ignoraram deliberadamente, realidades ecológicas fundamentais, como a natureza finita de muitos recursos da Terra.

Muitas vezes, as suas soluções são um misto desagradável de modelos matemá-ticos objectivos e de pragmatismo político. Embora a macroeconomia que se desenrola no seio de estruturas políticas específicas de pequena escala onde, por exemplo, os indivíduos partilham o interesse comum da sobrevivência e estão confinados a limites ecológicos claros, tenha alcançado um certo êxito, a base intelectual da macroeconomia está fatalmente enfraquecida pelo facto de ser obrigada a excluir essas realidades incómo-

puro, aos desafios de futebol, até as pessoas tinham um valor monetário.

Quando o dinheiro se tornou mais do que um substituto legal conveniente para trocar recursos como alimentos, gado e materiais de construção, então a loucura bolsista tornou-se inevitável, passando o dinheiro por si só a controlar as pessoas e não ao invés como devia de ser. As regras que regem a maior parte dos economistas só favorecem a criação de mais dinheiro, sem qualquer referência às pessoas ou aos recursos necessários, para não se falar da sua capacidade inesgotável de fomentar a produção de pedaços de papel colorido. Quando assenta nestes alicerces a economia verde é um paradoxo.

O “Intergovernamental Panel on Climate Change (IPCC)” foi criado pelo “Programa das Nações Unidas para o Ambiente” e pela “World Meteorological Organization”, para apurar se as suas actividades humanas estão a afectar o clima mundial e, em caso afirmativo, para determinar o que deve ser feito. Durante os últimos 140 anos, a temperatura mínima global, aumentou pelo menos 0,6° C. O nível das águas do mar subiu. Os pedidos de in-demnização às companhias de seguros por danos causados pelo tempo são, em termos reais muito superiores aos de há 30 anos. Além disso, até 2050, poderá registar-se uma subida rápida e irreversível da temperatura.

Em 1990, o IPCC confirmou que existia o risco de se verificar uma alteração de cli-ma catastrófica, a menos que os níveis dos gases de estufa se estabilizassem, o que não sucedeu. Na sua opinião, implicaria que os seres humanos teriam de reduzir as emissões de gases de estufa entre 60 a 80 por cento. A “Greenpeace” enviou um inquérito a todos os cientistas internacionais do clima envol-vidos no estudo do IPCC, e a outros que tinham publicado textos importantes acerca da alteração climática nas revistas “Science” e “Nature”, durante o ano de 1991.

Num total de 113 respostas, 13 por cento reconheciam que, se as emissões de gases de estufa prosseguissem ao ritmo actual, seria provável que se registasse um efeito de estu-fa; 32 por cento afirmaram que era possível que se registasse um efeito de estufa; 47 por cento admitiram que não era provável que ele se registasse. Os recentes relatórios dos IPCC demonstram quão enganados estavam a maioria dos cientistas.

A “Organização Económica para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE)” admitiu que a taxa de mortalidade se ci-fraria em centenas de milhares devido às alterações climáticas globais. Prognóstico em fase de concretização. Por conseguin-te, muitos ambientalistas esperam que a economia seja obrigada a readaptar-se a certas realidades ecológicas.

A

A economia procura o estatuto honorífico de ser uma ciência, mas o seu divórcio dos processos ecológicos, dos quais dependem todos os processos económicos, em última análise, conta-se entre os factores que limitam a sua utilidade no mundo real. Tal como a bióloga americana Lynn Margulis, afirmou certa vez, os únicos seres verdadeiramente produtivos da Terra são aqueles que levam a cabo o notável processo biológico da fotos-síntese, segundo o qual o dióxido de carbono (CO2) e a água se transformam em oxigénio e em hidratos de carbono.

Nesses organismos incluem-se as plantas e muitas bactérias, enquanto que os seres humanos se limitam a converter, a consumir, a expelir e a reciclar (esperemos!) essa pro-dutividade. O produto nacional bruto de um país só pode ser biológico e, em menor escala, geológico, e não o resultado de estatísticas económicas sem sentido que actualmente são apuradas. Para ser sustentável, esse total não pode aumentar indefinidamente, tem de se estabilizar.

Qualquer sociedade que não se estabeleça pela via democrática e sem saber em que pon-to é que a produtividade operacional humana deve parar, desembocará na luta interna ou entrará em conflito com os seus vizinhos. A maioria dos economistas não tem conseguido adoptar esta perspectiva mais ampla, porque toma o partido das ideias académicas e do

das, devido à relação estreita do tema com o pragmatismo e os compromissos políticos.

Os economistas que partilham esse poder, muitas vezes compartem também a arro-gância e a ignorância em relação às terríveis condições de vida que impõe a milhões de pessoas, apesar de elas existirem mesmo à sua porta. O maior obstáculo que se deparou aos economistas quando pretenderam modi-ficar os seus modelos no sentido de adaptá--los à realidade, foi a noção profetizada por Thomas Carlyle, de que tudo, desde o ar

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SEXTA-FEIRA 5.8.2011

16www.hojemacau.com.mo PERFIL

EMILIE TESSIER | PROFESSORA

Muitas voltaspara chegar a Macau

Patrícia [email protected]

Decidir o futuro profissional nunca foi uma tarefa fácil para a canadiana Emilie Tessier, actualmente a trabalhar como professora de francês no Anglican Col-lege de Macau. Por não saber bem o que queria ser quando “crescesse”, deixou sempre aberto um vasto leque de opções. “Eu não sabia o que queria ser no futu-ro, estava muito confusa, e isso fez com que fosse mais flexível nos meus planos profissionais futuros.” Quando terminou o secundário, teve de escolher forçosamente uma área de estudos pré-universitários – o sistema canadiano obriga os estudantes a fazerem uma preparação de dois anos antes de ingressar no ensino superior. As opções, entre elas Matemática, Química, Enferma-gem ou Ciências Sociais, não agradavam e Emilie decidiu seguir por aquela que lhe pareceu a mais interessante – serviço so-cial. Depois desta fase de estudos, a cana-diana foi trabalhar numa casa de reabilita-ção para mulheres, mas conforme o tempo ia passando, Emilie tinha menos certeza de que aquela era a sua vocação. “Com o tempo apercebi-me de que não gostava do que fazia, apesar de ter gostado dos estu-dos. Mas foi tudo diferente quando tinha de pôr em pratica o que estudei.”Outra vez indecisa, Emilie decidiu que era hora de voltar aos bancos da escola – ou melhor, do salão de beleza. Em 2002, deci-diu que queria ser cabeleireira e lá iniciou outro curso. “Não sei o porquê desta decisão, mas estava tão fascinada com o mundo artístico e a sua vertente mais de moda e maquilhagem que resolvi seguir adiante.” Quando deixou a escola, come-çou logo a pentear modelos nos bastidores de desfiles de moda no Canadá. Mas, de novo, o desassossego surgiu. Pensa daqui, pensa dali. Emilie decidiu de uma vez por todas que queria ser pro-fessora. Quando chegou à universidade para fazer a inscrição na licenciatura, teve um grande azar. O período de ma-trículas já esteve encerrado e Emilie teria de esperar mais um ano para começar o curso. Para não perder mais um ano, de-cidiu especializar-se em Ciências Sociais. “Quando estava a estudar, apercebi-me que tinha uma conexão muito forte com o facto de ensinar, gostava de ficar a obser-var os professores e depois praticar.”A certeza de que queria ser professora foi

ainda mais forte desde então. “Sentia algo muito forte dentro de mim quando obser-vava os professores e quando treinava de dar aulas. Por vezes dizia a mim mesma que isso sim era a minha vocação.” Quan-do acabou o curso de um ano, inscreveu--se na licenciatura de Línguas, com o objectivo de tornar-se professora de francês. Quando terminou os estudos, em 2006, fez um estágio na área da educação especial e foi convidada a continuar como efectiva. “No início foi difícil devido à minha falta de experiência específica, mas com o tempo comecei a amar o meu tra-balho. Poder ajudar as crianças é a melhor coisa que uma pessoa pode fazer.”Esteve a desempenhar essas funções du-rante quatro anos, sem nunca pensar em desistir ou mudar de novo. “Sentia uma grande satisfação na alma.” Em 2008, no entanto, uma amiga que vivia em Macau disse-lhe que havia uma boa oportuni-dade de trabalho no território. Emilie enviou então a sua candidatura e foi logo aceite. Aterrou em Macau em Abril de 2009 para trabalhar no Anglican College, mas o início não foi nada fácil. “Deixar o meu trabalho no Canadá partiu-me o coração, porque amava o que fazia. Mas também sabia que iria dar continuida-de ao meu sonho mesmo ao atravessar o oceano.” Integrou-se na comunidade rapidamente por ser “uma pessoa muito aberta”. O maior desafio foi habituar-se ao clima – estava muito habituada a ter seis meses de Inverno no Canadá. “Foi a parte mais difícil. Tantos dias de calor... mas depois acostumei-me.” O gosto por Macau surgiu logo no pri-meiro dia e continua. A tranquilidade e a segurança são os factores que mais pesam no seu fascínio pela cidade. “Macau é uma cidade muito bonita e muito tranquila. Toda a segurança que a cidade oferece é bem diferente da do Canadá.” Apesar de ter assinado o contrato por um período de um ano, já se encontra no território há dois anos e já renovou o contrato por mais uma temporada. Emilie vai ficando, mas fazer toda a vida cá não faz parte dos planos. “Considero Macau como um lugar temporário, ainda ficarei aqui por alguns anos, mas não por um período permanen-te, porque espero atravessar mais oceanos e continentes para ajudar e ensinar os que precisam.”

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[ ] CinemaCineteatro | PUB

[f]utilidades

[Tele]visãowww.macaucabletv.com

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STAR MOVIES 4012:30 500 Days Of Summer14:10 Disney’S A Christmas Carol15:50 Dead Again17:40 Fireflies In The Garden19:25 Accidental Husband, The21:00 Law Abiding Citizen22:55 Messengers 2 The Scarecrow00:30 Ninja

HBO 4112:00 A Bridge Too Far14:55 I Spy16:30 Money Train18:15 The Bourne Identity20:15 Hachiko: A Dog’S Story22:00 The Uninvited23:30 Army Of Darkness

CINEMAX 4212:45 Brothers In Arms14:15 Kull The Conqueror16:00 2001: A Space Odyssey18:30 The Revenge Of Frankenstein20:15 Piranha Ii: The Spawning21:45 Epad On Max 12222:00 Spartacus: Gods Of The Arena23:05 Supernova00:45 The Experiment

MGM CHANNEL 4312:15 Dream Lover14:00 Pieces of April15:30 Sometimes They Come Back17:15 The First Power19:00 Shadow of the Wolf21:00 Ski School22:30 Gang Related00:30 Pale Blood

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(MCTV 42) Cinemax16:00 2001: A SPACE ODYSSEY

Informação Macau Cable TV

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ESPN 3013:00 Geico PBA Team Shootout 13:30 Len European Diving Championships 15:30 Total Rugby 2011 16:00 Ricoh Women’s British Open 2011 19:00 Baseball Tonight International 2011 19:30 Live Sportscenter Asia 20:00 Football Asia 2011/12 20:30 Planet Speed 2011/12 21:00 Beach Soccer Worldwide Miami Cup 2011 Match: Spain vs. Mexico 22:00 Sportscenter Asia 22:30 US Senior Open Championship

STAR SPORTS 3112:00 Hot Water 2011/12 13:00 Total Rugby 2011 13:30 Ace 2011

18:00 Factory Made18:30 How Do They Do It?19:00 How Stuff Works20:00 Extreme Forensics: Driven To Kill21:00 Mythbusters: Blow Your Own Sail22:00 I (Almost) Got Away With It23:00 Solved: Blood Money00:00 Mythbusters: Blow Your Own Sail

NATIONAL GEOGRAPHIC CHANNEL 5113:00 Planet Mechanics14:00 Cooking The World - Madagascar15:00 Breakout - Pittsburgh Six17:00 Wild Sex - Macho Males20:00 Beast Hunter - African Swamp Monster21:00 Naked Science - Parallel Universes22:00 Mystery Files00:00 Naked Science - Parallel Universes

ANIMAL PLANET 5213:00 Predators’ Prey: Armies13:30 Fooled By Nature: Crazy Climbers14:00 Nick Baker’s Weird Creatures15:00 Dogs 10116:00 Whale Wars: With A Hook17:00 Animal Cops Houston: Flood18:00 The Most Extreme: Weird Weapons19:00 Mad Mike And Mark 2: Wild Water20:00 Predators’ Prey: Strength In Numbers20:30 Fooled By Nature: Incredible Iq’s21:00 Dogs 10122:00 Whale Wars: The Desire To Fling Things23:00 Animal Cops Houston: Breathe00:00 The Most Extreme: Weird Weapons

HISTORY CHANNEL 5413:00 Modern Marvels14:00 Sniper: Inside The Crosshairs16:00 Underwater Universe17:00 IRT Deadliest Roads18:00 Modern Marvels19:00 Monsterquest20:00 Seven Deadly Sins21:00 Samurai23:00 South Korea: A Nation to Watch00:00 IRT Deadliest Roads

BIOGRAPHY CHANNEL 5513:00 Intervention14:00 Obsessed15:00 Storage Wars16:00 Cartier: Jewellers to the Kings17:00 Trauma: Life In The E.R.18:00 Intervention19:00 Rendezvous With Simi Garewal19:30 Shatner’s Raw Nerve20:00 My Ghost Story21:00 Heavy22:00 Marilyn Monroe: The Mortal Goddess00:00 Celebrity Ghost Stories

AXN 6212:15 Csi: Ny13:05 Blue Bloods13:55 Wipeout Australia14:50 Chuck15:40 Csi: Ny16:30 Hawaii Five-O18:15 Ncis: Los Angeles19:10 Csi: Miami20:05 Criss Angel Mindfreak20:35 Ebuzz21:05 Hawaii Five-022:00 2422:55 Caught On Camera23:50 So You Think You Can Dance

STAR WORLD 6312:10 Masterchef Australia13:05 DC Cupcakes13:35 Private Practice15:25 Desperate Housewives16:20 Parenthood17:15 Got To Dance UK18:10 Cougar Town18:40 Masterchef Australia19:35 DC Cupcakes20:00 Hell’s Kitchen21:50 Desperate Housewives22:45 Masterchef Australia00:05 Hell’s Kitchen

Su doku

[ ] Cru

zadas

REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

HORIZONTAIS: 1-HAJA. FIASCO. 2-ECO. ORARIAM. 3-LACAVAM. ARI. 4-I. OBUS. AMIO. 5-CO. OLEIDEO. 6-EXIJA. NISTO. 7-ALARIDA. AC. 8-ACER. DIRA. E. 9-LIS. ROCALHA. 10-ODOROSO. AIN. 11-ROSELA. ERMO.VERTICAIS: 1-HELICE. ALOR. 2-ACA. OXACIDO. 3-JOCO. ILESOS. 4-A. ABOJAR. RE. 5-OVULAR. ROL. 6-FRASE. IDOS. 7-IAM. INDICO. 8-AR. ADIARA. E. 9-SIAMES. ALAR.10-CARIOTA. HIM. 11-OMIO. OCEANO.

SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS: 1-Exista. Sucesso desairoso. 2-Reflexão de um som. Discursariam. 3-Revestiam de laca. Nome de homem. 4-Peça de artilharia, parecida com um morteiro comprido. Planta apiácea. 5-Cobalto (s.q.). Semelhante ao azeite. 6-Reclame com direito. Em isto. 7-Alarido Do corrente ano (abrev. lat.). 8-Bordo (planta). Recitará, alegará. 9-Flor-de-lis. Avelórios para colar ou rosário. 10-Aromárico, odorífero. Departamento de França. 11-O m. q. orvalhinha (planta). Solitário.

VERTICAIS: 1-Aparelho de propulsão accionado por um motor e aplicado por um motor e aplicado aos navios, aviões, torpedos, etc.. Estímulo, incitamento. 2-Mau cheiro (Bras.). Diz-se do ácido oxigenado resultante da combinação de um anidro com a água (Quím.). 3-Orangotango, chimpanzé. Que não estão lesos. 4-Fazer bojo. Criminosa. 5-Semelhante, na forma e no tamanho, a um ovo de galinha. Relação, lista. 6-Grupo de palavras que exprimem uma ideia. Decrépita, velha. 7-Abalavam. Designo, aponto. 8-Sopro. Deixara para outro dia. 9-Tailandês. Em forma de asa. 10-Palmeira de Índia. Rincho do cavalar (Onomat.). 11-O m. q. Ohm. Extensão de água salgada que rodeia os continentes.

SALA 1KUNG FU PANDA 2 [A] FALADO EM CANTONENSEUm filme de: Jennifer Yuh Nelson14.30, 16.30, 19.30

MR. POPPER’S PENGUINS [A] Um filme de: Mark WatersCom: Jim Carrey21.30

SALA 2THE SMURFS [A] Um filme de: Raja GosnellCom: hank Azaria, Neil Patrick Harris14.30, 16.30, 19.30, 21.30

SALA 3HARRY POTTER AND THEDEATHLY HALLOWS: PART 2 [B] Um filme de: David YatesCom: Daniel Radcliffe, Emma Watson, Rupert Grint14.30, 16.45, 19.15, 21.30

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OPINIÃOcrepúscu lo dos ído los

Arnaldo Gonçalves

SEXTA-FEIRA 5.8.2011

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actualidade internacional tem vindo a ser marcada pela tra-gédia norueguesa, pela crise do

duplo défice orçamental e corrente nos Esta-dos Unidos, pelos avanços e recuos na guerra civil na Líbia e pela onda de repressão que se abate sobre o povo sírio às mãos de um regi-me tirânico e sanguinário. No plano nacional sabemos que os portugueses se afanam em direcção às praias do Sul fazendo o habitual drible à crise e deixando para o tempo mais ameno as tradicionais manifestações contra a subida de impostos, da carestia da vida e as culpas do governo (qualquer ele que seja) no desgoverno das famílias.

Na região vizinha estão-se a preparar as potenciais candidaturas ao cargo de Chefe do Executivo da Região Administrativa Especial de Hong Kong, no momento em Donald Tsung bate todos os recordes do dirigente mais impopular na história da antiga colónia britânica. Da esquerda à direita do espectro de sensibilidades políticas gera-se uma absoluta unanimidade quanto à incapacidade do go-vernante responder aos anseios da população, minimizar os custos da brutal carestia de vida, diminuir a taxa de desemprego e minorar os problemas da população mais idosa a braços com enormes dificuldades de sobrevivência económica num parque habitacional decrépito. Não se percebeu ainda se o Governo Central, através do seu homem-forte no Gabinete do Conselho de Estado para Hong Kong e Macau, dará alguma indicação de voto ou favorecerá alguma das candidaturas que se perfilam no terreno, para já identificadas com a linha mais pró-Pequim.

O exercício é interessante porque pode dar indicações importantes aos analistas quanto à disposição de Pequim passar a diri-

O problema dos uighurs não é um problema isolado e a China não conseguirá na minha perspectiva fugir ao encontro com o problema das nacionalidades. A Europa tem esse mesmo problema e ainda que em democracia e no quadro do Estado de Direito não tem conseguido encontrar as soluções desejáveis para o problema magno de convivência das maiorias com as minorias

China: os “trabalhos” outonaisgir de uma forma mais directa e institucional os assuntos das regiões administrativas, desiderato já dificilmente silenciável catorze anos depois da transição de Hong Kong e um pouco menos de Macau. Consentâneo com o que temos afirmado nesta coluna, trata-se de algo previsível para que a China tem vindo a preparar a opinião pública doméstica, a elite política e empresarial de Hong Kong e mesmo a população de Hong Kong. Tam-bém como vimos referido à medida que a memória da transição se diluir no tempo e a elite “anti-sistema” for envelhecendo o registo da “maneira de viver de Hong Kong”, como realidade oponível à do continente sobretudo na componente de direitos, liber-dades e garantias, irá se esvanecendo. Não escapa aos observadores mais atentos que o grupo anti-Pequim é hoje um bloco pul-verizado, dividido nos protagonismos e no egos imensos de vários dos seus dirigentes, frequentemente apartados das dificuldades concretas das pessoas comuns que formam a população da ex-colónia britânica e sedu-zidos por uma exposição mediática que se esgota em si mesma.

Tudo se guarda então para o Congresso do Partido Comunista Chinês deste Outono que dará, provavelmente, indicações mais claras de quem ficará a mandar no Partido e no Estado nos próximos cinco anos, e do que haverá a esperar quanto às Regiões Administrativas Especiais. A recente con-frontação em Xinjiang, envolvendo segundo a leitura das autoridades centrais agitadores e islamistas e segundo os meios de oposição membros da população nativa (etnia uighur) desagradados com a hanização (etnia han) da região autónoma e o controlo da vida económica por chineses vindos de fora,

revela que os problemas mais sérios resul-tantes da imensidão da geografia da China continuam no terreno e que a elite dirigente não conseguiu apresentar uma solução mais duradoura e aceitável para as exigências de governabilidade destas regiões próximas da Ásia Central, separadas pela língua, pela religião, pelas tradições étnicas e pelas referências culturais da população da capital e das regiões mais ricas do Leste e do Sul.

O discurso multicultural é na aparência interessante (e suficiente) mas a receita quan-do não firmada em efectivos mecanismos de representação política tapa pela peneira um autoritarismo mais ou menos muscula-do que fez caminho na história da Ásia do Sul e do Sudeste, associada à explosão dos nacionalismos terceiro-mundistas, mas que não é aceitável do mundo em que vivemos. As pessoas querem ser ouvidas sobre os assuntos que lhes dizem respeito e já não basta dizer que o Partido trata das suas

A expectativas ou “olha por elas” para que os problemas morram na concha. A vida não é assim e as estruturas de comunicação aproximam-nos uns dos outros e tornam os problemas mais longínquos um problema da nossa comunidade. Veja-se a tragédia corrente da fome na Somália e as imagens de dor e sofrimento que percorrem os tele-jornais, tocando a sensibilidade de quem tem espírito solidário e se emociona com o sofrimento dos outros.

O problema dos uighurs não é um pro-blema isolado e a China não conseguirá na minha perspectiva fugir ao encontro com o problema das nacionalidades. A Europa tem esse mesmo problema e ainda que em democracia e no quadro do Estado de Direito não tem conseguido encontrar as soluções desejáveis para o problema magno de con-vivência das maiorias com as minorias. A situação é muito mais grave em sistemas centrípetos, rígidos e inflexíveis do ponto de vista da acomodação das opiniões e das concepções de vida e sociedade. Trata-se de uma questão que é indissociável do problema da reforma do sistema político e não escapa à atenção dos observadores mais atentos que a actual liderança tem lançado sinais contraditórios pelas intervenções públicas do Presidente Hu Jintao e do Primeiro-ministro Wen Jiabao. O debate é antigo e encontra um registo muito curioso no livro de memórias de um antigo secretário-geral caído há vinte anos em desgraça, onde se revela quanto a noção do “centralismo democrático” e da “democracia socialista” mais não é do que um jogo de palavras sem conteúdo real se não for seguida de uma efectiva vontade política para mudar o estado de coisas e esta reside em quem detém o poder.

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O silêncio é profundocomo a eternidade; o falatório, superficial como tempo.Padre Manuel Teixeira [1912-2003]

SEXTA-FEIRA 5.8.2011

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um gr i to no dese r toPaul Chan Wai Chi*

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Vanessa Amaro Redacção Gonçalo Lobo Pinheiro; Joana Freitas; Patrícia Ferreira, Rodrigo de Matos; Virginia Leung Colaboradores António Falcão; Carlos M. Cordeiro; Carlos Picassinos; José Manuel Simões; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Correia Marques; Gilberto Lopes; Hélder Fernando; Jorge Rodrigues Simão; José I. Duarte, José Pereira Coutinho, Luís Sá Cunha, Marinho de Bastos; Paul Chan Wai Chi; Pedro Correia Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; António Mil-Homens; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Laurentina Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Av. Dr. Rodrigo Rodrigues nº 600 E, Centro Comercial First Nacional, 14º andar, Sala 1407 – Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

A tarde de quarta-feira, fui à Catedral da Sé para participar no funeral do padre Luis Ruiz

Suárez e sentei-me ao lado de Ng Kuok Cheong. Além de sermos católicos, ambos trabalhamos na Caritas Macau na sua sede, no Largo de Santo Agostinho, sob a liderança do padre Ruiz durante a década de 90.

Uma das memórias mais fortes que tenho desses tempos era a quantidade de pessoas que todos os dias iam às nossas instalações à procura de ajuda do padre Ruiz. Não importava a que horas fossem, o padre ouvia atentamente toda a gente e tinha uma maneira especial de dar-lhes força. Antes da transferência, a economia de Macau não andava muito bem. Na altura em que o último Governador português, general Vasco Joaquim Rocha Vieira, chegou a Macau, as reservas financeiras estavam muito fragilizadas e não durariam muitos mais meses. Naquela altura, como o Gover-no não dava subsídios às organização não governamentais, a maior parte das despesas da Caritas era paga com base em doações e simpatizantes do estrangeiro. O padre Ruiz estava encarregado de gerir o Centro de Serviço Social Casa Ricci e uma das suas maiores lutas era conseguir apoio para levar adiante mais projectos – a insistência recaía sobretudo nos doadores de fora.

Todas as semanas, eu ia a Hong Kong estudar e fiquei com a responsabilidade de comprar selos e enviar cartas em nome da Casa Ricci, a manter um contacto regular com doadores e membros do estrangeiro. Uma grande lição que aprendi é que nunca se deve subestimar os aerogramas. Eram o principal meio de comunicação usado pelo padre Ruiz para ultrapassar dificuldades financeiras. Nas notícias que davam conta da sua morte, os jornalistas sublinharam a sua simplicidade de espírito e modéstia e reconheceram a sua grande generosidade para com os doentes, deficientes, pobres, novos imigrantes e prisioneiros. O sacerdote estava sempre pronto a estender a mão, principalmente nas alturas festivas, como o

Uma das memórias mais fortes que tenho desses tempos era a quantidade de pessoas que todos os dias iam às nossas instalações à procura de ajuda do padre Ruiz. Não importava a que horas fossem, o padre ouvia atentamente toda a gente e tinha uma maneira especial de dar-lhes força

As minhAs memóriAs do pAdre ruizNatal – sempre organizava uma festa especial na prisão, a oferecer um sumptuoso almoço e prendas para todos os encarcerados.

Acredito que essas memórias estão ainda muito vivas nos corações dos muitos amigos que o padre Ruiz deixou. Ele tornou reali-dade as palavras da Bíblia por mais de seis décadas de forma ininterrupta e muitas delas entraram na cabeça do meu irmão mais novo.

Quando eu era criança, ouvia falar do padre Ruiz que aliviava a fome a muita gente. Lembro-me de ver muitas pessoas a fazerem fila nas ruas à espera de receber gratuitamente biscoitos e manteiga. Era uma coisa comum nas décadas de 50 e 60. Se não houvesse os tais biscoitos e outras ajudas do padre, as pessoas mais carenciadas sofreriam muito mais naquela altura.

Quando trabalhava no Largo de Santo Agostinho, sabia que o padre Ruiz estava lá quando via a sua mota estacionada em frente a Caritas. Ele já tinha mais de 80 anos, mas insistia em conduzir o seu motociclo todos os dias para visitar as diferentes instituições que apoiava no território. Por ser um mis-sionário conhecido e por ter servido o povo de Macau durante tantas décadas, ele nunca tinha problemas em lado nenhum. A data de validade da sua carta de condução, por exemplo, ainda é um mistério.

“Não há nada melhor do que fazer os outros felizes.” Era este o ditado do padre Ruiz. No livrinho de memórias distribuído durante o funeral, o padre Ruiz aparece na fotografia com um largo sorriso. Aquele é o verdadeiro retrato deste homem. Quando a cerimónia acabou, fui sozinho à Caritas para matar saudades do antigo gabinete do padre Ruiz. Muitas memórias vieram-me à cabeça. O edifício em si não sofreu grandes alterações. Tudo parecia o mesmo que há 20 anos. Os funcionários continuam jovens e muito prestáveis. Os soldados antigos nunca morrem, podem desaparecer, mas os seus espíritos estarão vivos eternamente.

*Deputado e presidenteda Associação Novo Macau Democrático

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SEXTA-FEIRA 5.8.2011www.hojemacau.com.mo

EUA OBAMA PAGA HAMBÚRGUERES O Presidente dos EUA, Barack Obama, celebrou a “vitória” nas longas negociações do acordo da dívida do Estado de Washington com uma económica refeição de hambúrgueres, para si e para a sua equipa, num restaurante de “fast food”. A despesa ficou por conta de Obama que convidou toda a equipa que “trabalhou duramente no acordo [da dívida], nos últimos meses”, disse. O aumento do limite de endividamento de Washington foi finalmente aprovado anteontem pelo Senado. O presidente norte-americano arregaçou as mangas da camisa, literalmente, e deitou mãos à obra de encomendar o menu de todos os seus acompanhantes. Feito o pedido, Obama avisou o funcionário da caixa que pagaria a conta de toda a equipa, bem como a fatia de tarte de maçã de uma senhora que aguardava pacientemente a seu lado.

BRASIL POLÍCIA ESCREVE AUTO EM VERSOReinaldo Lobo relatou os acontecimentos que resultaram na detenção de um indivíduo, suspeito de roubar uma motocicleta, em forma de poesia. Mas foi obrigado a reescrever tudo. “O preso pediu desculpa/ Disse que não tinha culpa/ Pois só estava na garupa”, diz uma das estrofes sobre a detenção a 26 de Julho, em Riacho Fundo (Brasília). “Se na garupa ou no volante/ Sei que fiz esse flagrante/ Desse cara petulante/ Que no crime não é estreante”, indicava outra. O agente contou que resolveu escrever em verso porque quis juntar a arte da poesia ao direito. Polícia há seis anos, diz que queria que o poema chegasse ao juiz, mas que foi obrigado pelos superiores a alterar o texto. Lobo indicou ainda que não tem formação literária, mas que gosta de escrever textos e lê muito.

MALTA PADRE PEDÓFILO ABANDONA SACERDÓCIOUm dos dois padres malteses condenados na terça-feira a prisão por pedofilia foi ontem obrigado a abandonar o sacerdócio pelo papa Bento XVI, anunciou a Igreja de Malta, que pediu desculpa por aqueles crimes. Charles Pulis, reconhecido como culpado em nove casos de abusos sexuais e condenado a seis anos de prisão, foi obrigado a abandonar o sacerdócio por ordem do Vaticano. Continua a pertencer à ordem dos missionários de São Paulo, indicou esta última. O Vaticano não tomou ainda qualquer decisão sobre o outro padre, Godwin Scerri, condenado a cinco anos de prisão por ter abusado de um número indeterminado de crianças.

GOOGLE SERVIÇO DE CHAMADAS A BAIXO CUSTO A partir de ontem os utilizadores do Gmail vão começar a poder fazer chamadas para telefones fixos e móveis através do correio electrónico a baixo custo e através de um serviço disponível em 38 línguas, divulgou o Google. O serviço estará disponível nos “próximos dias” em 150 destinos, entre eles Portugal, e poderá ser utilizado assim que o ícone de um telefone verde apareça nas contas dos utilizadores. As chamadas realizadas pelos utilizadores do Gmail em Portugal custarão 0,02 euros por minuto para o fixo e 0,11 euros por minuto para telemóveis, acrescidos de IVA. Para tal, os utilizadores do Gmail terão de instalar um ‘plug-in’ específico de voz e vídeo.

ALGARVE OSSADA HUMANA EM REDE DE ARRASTÃOUma ossada humana foi encontrada numa rede de arrastão durante uma fiscalização realizada pela Marinha ao largo da costa do Algarve, em Tavira, disse à Lusa o comandante da capitania do porto de Olhão. “Tratou-se de um arrastão, a seis milhas da costa, ao largo da ilha de Tavira, na zona de pesca de arrasto, que foi sujeito a uma fiscalização por parte de uma lancha da Marinha. Ao ser içada a rede, para fiscalizar a malha, verificou-se que nela havia uma ossada humana”, explicou o comandante Ricardo Arrabaça.

AUSTRÁLIA RAPTORES DE CÃES EXIGEM RESGATELadrões que sequestraram quatro cães de raça na Austrália pediram um resgate de 226 mil dólares ao dono dos animais, um empresário excêntrico. Caso o empresário não pague, os ladrões ameaçam degolar os animais. Os cães - um poodle, um maltês e dois shih tzu - foram sequestrados a Ian Lazar, que os chama de “pequenos anjos”. “Sabem que estes cães são como meus filhos. De manhã são vestidos, à noite usam pijamas para dormir. Lutei para conseguir a custódia deles quando me divorciei, como as pessoas lutam pelos filhos”, disse o empresário ao jornal Sydney Morning Herald. O empresário, que oferece empréstimos imobiliários a pessoas que não conseguem créditos bancários, suspeita de dois homens que alegam que ele deve dinheiro a ambos. Lazar recebeu uma foto dos cães, dentro de uma jaula, como prova de que continuam vivos. O empresário recusou-se a pagar o resgate e denunciou o caso à polícia.

JOVENS JAPONESES DETIDOS POR TRÁFICO DE DROGA

Recompensa por “latas de leite”

Mais uma festa de aniversário em Seac Pai Van

Agora foi a vez de Hoi Hoi

car toonpor Steff

JULGAMENTO DE MUBARAK

DEPOIS de Sam Sam, na semana passada, chegou a vez de celebrar o aniversário de Hoi Hoi, o pando masculino que habita o parque de Seac Pai Van. A comemoração foi

semelhante à da companheira preta e branca: com um bolo feito de sumo de cenoura, folhas de bambu e gelo.

DOIS suspeitos de nacionalidade japonesa, com 17 e 19 anos,

estão proibidos de se ausentarem do território, depois de terem sido detidos por tráfico de droga.

Os suspeitos terão chegado a Ma-cau no dia 10 de Julho, provenientes do Japão, depois de um homem lhes

ter oferecido 100 mil ienes e quatro dias de visita ao território por eles lhe levarem de volta latas de leite em pó.

Na manhã de 14 de Julho, quan-do os dois suspeitos deixavam o Aeroporto Internacional de Macau, cristais transparentes e pó de cor castanho foram encontrados nas

duas latas de leite em pó, num peso total de 2,3 quilos. A polícia acredita haverem mais suspeitos envolvidos e está a proceder à investigação.

Os suspeitos estão impedidos de se ausentar do território e de se apresentarem periodicamente às autoridades.

Como já tinha sido visto na altura da festa de Sam Sam, foi Hoi Hoi o primeiro a chegar ao bolo, desta vez o correcto. O panda derrubou a vela em primeira mão, antes de chegar a companheira Sam Sam que se juntou para ajudar a comer o bolo.

O aniversário de Hoi Hoi foi, contudo, mais agita-do, e divertido, do que de Sam Sam, quando o panda macho se decidiu a não compartilhar os últimos pe-daços de bolo. Sam Sam e Hoi Hoi entraram, então, em disputa, uma atitude que deliciou os inúmeros visitantes do parque.

No final o bolo foi despedaçado pelos dois animais que terminaram enrolados no chão a brincar um com o outro. Já para a chefe dos serviços de zonas verdes e jardins, Bernardette Leong Iok Chun, esta não foi nenhuma novidade. “O Hoi Hoi é o que come mais e o que chega sempre primeiro à comida, uma vez que Sam Sam é a mais tímida”, disse.

Segundo Bernardette Leong, a alimentação dos pan-das varia diariamente, sendo o bambu a alimentação principal, com frutas e biscoitos. Agora os tratadores querem adicionar minerais e vitaminas para equilibrar a alimentação dos animais.

Desde o último aniversário da panda Sam Sam, o número de visitantes tem aumentado constantemente. O número diário dos visitantes varia entre os 700 e os 800 nos dias de semana, mas durante os fins de semana chega a ultrapassar os 800.

O pavilhão já recebeu quase três mil visitantes só num dia, no ano novo Chinês.

PATR

ÍCIA

FER

REIR

A