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Uma troca de emails veio esclarecer que Jimmy Lai, proprietário da revista Next, com ligações estreitas à direita norte-americana, doou cerca de três milhões ao movimento que organizou o “referendo” em Hong Kong. Confirma-se a ingerência de elementos dos EUA nos assuntos internos da ex-colónia britânica. DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 QUARTA-FEIRA 6 DE AGOSTO DE 2014 ANO XIII Nº 3147 hojemacau AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB MAGNATA DA IMPRENSA FINANCIA MOVIMENTO OCCUPY CENTRAL A MAO ÚLTIMA KWAN TSUI HANG Não estou satisfeita com as políticas que têm a ver com a vida da população ENTREVISTA PÁGINAS 2 E 3 PUB Revisão da administração é indispensável Taipa Mais uma dúzia de torres FUNÇÃO PÚBLICA APOMAC FÃO PEDE CARAS NOVAS POLÍTICA PÁGINA 5 SOCIEDADE PÁGINA 7 POLÍTICA PÁGINA 4 O dirigente da associação dos aposentados de Macau quer mudanças no novo Governo. Saúde e habitação são alguns dos sectores que, segundo Jorge Fão, necessitam de alterações radicais. QUEM o diz é Chui Sai On em dia de ouvir as associações. José Pereira Coutinho saiu satisfeito do encontro com o Chefe do Executivo. PUB TIAGO ALCÂNTARA ˜ AMERICANA

Hoje Macau 6 AGO 2014 #3147

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Hoje Macau N.º3147 de 6 de Agosto de 2014

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Uma troca de emails veio esclarecer que Jimmy Lai, proprietário da revista Next,com ligações estreitas à direita norte-americana, doou cerca de três milhões ao movimento

que organizou o “referendo” em Hong Kong. Confirma-se a ingerência de elementosdos EUA nos assuntos internos da ex-colónia britânica.

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 Q UA R TA - F E I R A 6 D E A G O S T O D E 2 0 1 4 • A N O X I I I • N º 3 1 4 7

hojemacau

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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MAGNATA DA IMPRENSA FINANCIA MOVIMENTO OCCUPY CENTRAL

A MAO

ÚLTIMA

KWAN TSUI HANGNão estou satisfeita com as políticas que têm a ver com a vida da população

ENTREVISTA PÁGINAS 2 E 3

PUB

Revisão da administraçãoé indispensável

Taipa Maisuma dúziade torres

FUNÇÃO PÚBLICA

APOMACFÃO PEDECARAS NOVAS

POLÍTICA PÁGINA 5

SOCIEDADE PÁGINA 7

POLÍTICA PÁGINA 4

O dirigente da associação dos aposentados de Macau quer mudanças no novo Governo. Saúde e habitação são alguns dos sectores que, segundo Jorge Fão, necessitam de alterações radicais.

QUEM o diz é Chui Sai On em dia de ouvir as associações. José Pereira Coutinho saiu satisfeito do encontro com o Chefe do Executivo.

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hoje macau quarta-feira 6.8.20142 ENTREVISTA

A deputada Kwan Tsui Hang não tem dúvidas: Macau está lotado e é preciso controlar o número de pessoas por cá. Uma das razões, garante, prende-se com os TNR, que Kwan diz que não podem continuar a ser contratados como têm sido. No novo Governo, espera que haja uma profunda remodelação

FLORA [email protected]

Como avalia o desempenho do Chefe do Executivo e dos Secre-tários nestes cinco anos?Não quero comentar como traba-lham os cargos principais, mas falo na política e forma de admi-nistração do Governo. A economia parece estar a desenvolver-se acele-radamente, mas o facto de ser uma economia única, ou seja a indústria de jogo, traz grandes receitas ao Governo, mas faz também apertar espaços de empregabilidade. É difícil os residentes escolherem trabalhar noutros sectores, porque querem ganhar um salário mais estável e melhorar a vida. Não estou satisfeita com as políticas que têm a ver com a vida da população, acho que o Governo não consegue equilibrar os problemas. Muitos residentes de Macau enfrentam pressão ao nível da vida, cada vez podemos ver mais insatisfação dos residentes, tanto ao nível da habita-ção, como do trânsito. Comparado com a situação antes da transfe-rência de soberania de Macau, o contraste da vida da população é muito grande. O desenvolvimento acelerado da economia tem obriga-do os residentes a habituar-se a um

KWAN TSUI HANG, DEPUTADA E VICE-PRESIDENTE DA FEDERAÇÃO DAS ASSOCIAÇÕES DOS OPERÁRIOS

“Se Chui continuar a não resolver os problemas, enfrentará muitos desafios”

Macau [lotado] e à sua capacidade de suporte com muitos residentes e carros. Quem deve assumir as respon-sabilidades dos problemas não resolvidos?Acho que todo o grupo da Admi-nistração tem responsabilidades, porque o Governo é unificado. Não quero dizer que a culpa é de qualquer um dos Secretários, mas é responsabilidade de todos os cargos principais. Defende a suspensão da im-portação de trabalhadores não residentes (TNR). Porquê? Qual a influência destes na sociedade de Macau? Primeiro, em muitos sectores de Macau, recrutaram-se demasiados TNR. Vemos que o número de TNR já atingiu os 150 mil, o que faz com que a remuneração dos

trabalhadores locais seja apertada. Como o salário para os TNR não é alto, o aumento do salário dos trabalhadores locais demora muito a acontecer. Podemos ver que o salário de alguns trabalhadores dos casinos e hotéis luxuosos não é muito alto, alguns são menores do que o rendimento médio de Macau (15 mil patacas). O aumento de salários nos sectores com TNR é muito mais lento dos nos sectores que não recrutam TNR, onde há um aumento razoável. Nesse con-texto, grande parte das receitas das empresas são distribuídas apenas a uma parte das pessoas. Segundo, grande número de TNR traz pro-blemas de trânsito e habitação. Po-demos observar que os TNR lutam todos os dias com os residentes de Macau para apanhar autocarros e o mesmo acontece nas fronteiras e alfândegas: estão sempre lotadas. Como um grande número de TNR

precisa de arrendar apartamentos, as rendas aumentam, ou seja au-menta a pressão do mercado imo-biliário e quem sofre as pressões são sempre os residentes da classe média, nunca são os investidores ou os TNR. Portanto, o Governo deve controlar o número de TNR para não aumentar a pressão.

Mas não acha que os TNR são necessários em Macau? Por

exemplo, os hotéis e casinos que vão abrir no Cotai não deveriam recrutar TNR?Como o Governo concedeu terrenos às empresas de jogo há já muitos anos e até 2016 vamos ter mais casinos, hotéis e outros projectos concluídos, estes precisam de re-crutar mais trabalhadores, mas não podem recrutar um grande número de TNR, porque se a economia continuar a desenvolver assim, a sociedade sofre ainda mais com choques ainda maiores. O Governo deve considerar este problema. Se desenvolvemos a economia é para beneficiar toda a sociedade, não para dar benefícios apenas a certas pessoas. Não se deve deixar só os investidores ganhar mais, porque já não temos grandes recursos. Os TNR apenas trazem problemas nas fronteiras. As empresas de jogo querem sempre muitos TNR, mas o Governo não deve permitir o nú-

“Não estou satisfeita com as políticas que têm a ver com a vida da população, acho que o Governo não consegue equilibrar os problemas”

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3 entrevistahoje macau quarta-feira 6.8.2014

mero que as empresas querem. Isso só traz mais pressão para os salários dos residentes locais. Actualmente, para cargos da mesma empresa vemos aumentos de salário muito diferentes: os croupiers, os traba-lhadores da limpeza, por exemplo, o aumento é muito ligeiro, às vezes nem acompanha a inflação. Mas depois existem outros cargos que aumentam largamente o salário. Porquê? Porque nesses cargos não são permitidos TNR, o que causa grandes diferenças.

Como assim?A conclusão é: por causa dos TNR, os empregadores têm diferentes atitudes face aos diferentes fun-cionários. Alguns departamentos podem recrutar TNR quando qui-serem, mas outros não, o que faz que seja preciso um salário mais alto. Não é justo. O funcionamento de uma empresa depende de todos os funcionários. São as políticas do Governo que fazem com que haja este contraste. Enfrentamos esse efeito negativo dos TNR, pelo que o Governo deve considerar ajudar os trabalhadores que [sofrem] com a influência dos TNR. O número de TNR não deve aumentar muito e os salários dos locais devem aumentar.

No seu entender quais serão os maiores problemas que o novo Governo terá de enfrentar?O Governo terá de lidar com vários problemas grandes: a habitação no geral e a pressão do aumento do custo da habitação para os jovens, por exemplo. Quero ver que medidas é que o Governo pode criar, para que haja confiança num futuro mais breve. O ajustamento da zona A dos novos aterros é uma esperança a longo prazo, que não pode resolver o problema da habitação nos próximos anos. Posso dizer que as habitações serão construídas só daqui a mais de cinco anos, mais do que o mandato de Chui Sai On. Ou seja, só depois de mais um novo Governo é que podemos ver residentes adquirem casas na zona A. Mesmo assim, no mínimo, o Governo ainda deu alguma confiança aos residentes. Outra coisa, e que penso ser o mais importante, é reaver os terrenos desocupados, ou os terrenos con-cedidos que não estão a ser usados eficazmente. Outro ponto necessário é um esforço maior na reordenação dos bairros antigos e aliviar espaços de utilização de terrenos para ajudar a resolver a questão da habitação.

E como vê o problema da sobre-lotação populacional de Macau,

com o aumento constante do fluxo de turistas? Esse é um dos assuntos que também mais me preocupa. A capacidade de acolhimento de Macau. A capa-cidade total já chegou a um nível inaceitável, não só por causa do aumento dos turistas, mas também no terminal do ferry, nas fronteiras, nas ruas. Os peões, as infra-estru-turas sociais e de saúde... todos enfrentam uma enorme pressão. Não só na emigração, mas também em relação aos turistas, acho que deve haver um controlo. Dizem que Macau deve desenvolver-se como uma cidade de lazer. Como assim, lazer? Não conseguimos andar, nem apanhar autocarros nem táxis... ou aguentam-se as tarifas altas de táxi? Acho que os turistas vêm aqui uma vez e não querem vir mais.

Considera que tem de haver uma remodelação ou uma reestrutu-ração do Governo ?A reforma da Administração tem ser muito grande. Toda a sociedade espera que, além do Chefe do Exe-cutivo, o mais importante é todo o grupo dos cargos da Administração, especialmente dos Secretários. É preciso desenvolver mais efi-cazmente a cooperação entre os Secretários e os departamentos. Vemos que os Secretários já estão no cargo há muito tempo e é possível que venha a haver uma mudança. No entanto, não é um problema de mudança, mas sim de [estrutura]. Quando o Chefe do Executivo construir uma estrutura na Adminis-tração, ele deve ser o núcleo e todos os Secretários têm de ter políticas e regras claras e iguais. Devem saber como devem ser implementadas. Entre os departamentos deve haver uma ligação mais perfeita. Além disso, deve ajustar-se a forma da estrutura. O mais importante é o Chefe do Executivo ser a peça dominante e activa para governar os outros cargos.

Já há muito que se fala na im-plementação de um Regime de Responsabilidades. Acha que deve ser implementado?Claro que sim, porque já está pro-metido há muito tempo, mas na

realidade, não vejo muitas certezas em que se consiga implementar. Já anteriormente saíram regulamen-tos relacionados [com isso], mas é preciso determinação para o imple-mentar. Deve, pelo menos, haver uma tentativa, porque o regime também não é um assunto simples e deve incluir o âmbito político e a capacidade administrativa, ou seja deve ir da gestão dos subordinados, até a deontologia pessoal ou aos critérios morais. Acredito que seja preciso mais tempo e um estudo profundo para que este regime saia. Na reforma da Administração pública, espero que haja um novo ambiente, mas não estou muito op-timista, porque ainda não sabemos quais os cargos e que conceitos vão ser [implementados]. Não tenho grande esperança, mas claro que queria que o novo Governo pudesse

responder às necessidades da vida da população.

Chui Sai On é o provável próxi-mo Chefe do Executivo...Sim, já podemos ver muito clara-

mente que vai ser. A única coisa que posso dizer é que Chui Sai On já tem experiência, embora não veja o seu desempenho no passado como ideal, acredito que a experiência pode ser útil. Este mandato deve correspon-der também aos seus últimos cinco anos no poder. Já não tem muitos cargos para assumir. Esperemos que tenha aprendido com a expe-riência e que perceba bem quais são os problemas existentes de que falámos. Espero também que esteja determinado a desenvolver um novo Macau, porque se continuar a não resolver os problemas, vai enfrentar muitos desafios. E tenho ainda es-perança que os novos cargos da Ad-ministração sejam renovados. Mas apesar de tudo isto, as expectativas não passam disso mesmo, porque não sei quais são as propostas do novo Governo.

“O número de TNR não deve aumentar muito e os salários dos locais devem aumentar”

“O ajustamento da zona A dos novos aterros é uma esperança a longo prazo, (...) Posso dizer que as habitações serão construídas sódaqui a maisde cinco anos”

“Dizem queMacau deve desenvolver-secomo uma cidade de lazer. Como assim, lazer? Não conseguimos andar, nem apanhar autocarros nem táxis...”

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hoje macau quarta-feira 6.8.20144 POLÍTICAAPOMAC PEDE MUDANÇAS NO GOVERNO, NA SAÚDE E NA HABITAÇÃO

Alguns “já deram o que tinham a dar”Jorge Fão, membro da direcção da APOMAC, pede caras novas para o próximo Governo e habitação pública para quem nasce em Macau. Na saúde, o membro da Comissão Eleitoral diz que não há consenso sobre o novo hospital e que só o próximo Chefe poderá resolver o impasse. Fão está confiante que Chui Sai On vai alterar as regras para as pensões

ANDREIA SOFIA [email protected]

A Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de

Macau (APOMAC) foi uma das entidades ouvidas ontem por Chui Sai On naquela que é a preparação para a candidatura a mais um mandato como Chefe do Executivo.

Jorge Fão, membro da direcção da APOMAC, pediu especificamente uma mudança política. “Disse ao Chefe [do Executivo] que os Secretários e alguns dirigentes de serviços devem ser radicalmente mudados, porque isso contraria a po-lítica seguida pelo Governo Central. Isto, porque o Go-verno Central também não permite que um dirigente fique num lugar directivo ‘sine die’. As pessoas que estão no lugar já deram o que tinham a dar”, disse ao HM.

Função Pública. Isto porque actualmente o pagamento se cifra nos 50%, cuja atri-buição e forma de cálculo está, para Fão, “incorrecta e desfasada da realidade”.

Chui Sai On terá confir-mado aos dirigentes da APO-MAC - Francisco Manhão, presidente, também esteve presente - que o próximo Go-verno vai mudar esta situação.

“O Chefe deu-nos a perceber que é intenção da Administração alterar esta parte do Estatuto dos Traba-lhadores da Função Pública (ETFPM)”, defendeu Jorge Fão, exigindo, contudo, que “para uma reforma desta en-vergadura” sejam “ouvidas todas as associações ligadas a esta matéria”. Além disso, diz, “convinha criar um gru-po de aliados”, para evitar que, quando o projecto for para a rua para se fazer uma consulta pública, comece a ter “muitas críticas”.

Para Jorge Fão, este é apenas um exemplo de como o Executivo deve mudar de postura na implementação de novas políticas. “Existem situações em Macau em que os projectos vão a consulta pública [e surgem proble-mas], porque as pessoas e instituições que deveriam ser ouvidas não foram. Como consequência, o Governo poderia ter alguns defensores das suas teses e criar uma massa defensora para debater caso houvesse críticas”, disse o dirigente da APOMAC.

HABITAÇÃO EM PROL DOS NATURAIS DE MACAUAo nível da habitação, os dirigentes da APOMAC pediram ainda uma mudança na forma de atribuição das casas públicas, para que os nascidos em Macau tenham maiores oportunidades de acesso. “O Governo não está a dar a devida atenção à população autóctone. A população indígena aqui nascida não tem quaisquer

privilégios. Um filipino ou nepalês que vivam cá há 20 anos também [podem] concorrer para uma habi-tação económica ou social. Nessa fórmula de cálculo, deveria incluir-se um fac-tor ou coeficiente a atribuir para aqueles que nasceram cá, que concorrem como se fossem pessoas que vivem cá há sete anos. O Governo deveria ser mais generoso e liberal em relação aos nasci-dos em Macau”, defendeu o também ex-deputado.

Na área da saúde, Jorge Fão defende que o sistema “funciona e não funciona”, mais “por razões de recursos

humanos e falta de vontade política, do que por falta de recursos materiais”, aponta.

Fão acredita que o novo hospital ainda não avançou porque não existe consenso e diz que o impasse só será resolvido pelo próximo Che-fe do Executivo. “Fala-se há muitos anos que vamos ter um hospital novo nas ilhas, mas não estou a ver aquele hospital funcionar nem daqui a quatro anos. Penso que não existe consenso no seio dos dirigentes da saúde pública sobre qual o sistema hospitalar a seguir. Será o de Portugal, o da China? De Singapura?”, questiona. “Por conseguinte, as estru-turas físicas não podem ser erigidas. Penso que, aqui, o Chefe tem de tomar uma decisão. Não basta deixar ao critério do director dos servi-ços, assim não vai avançar”, considerou Jorge Fão.

Sobre a candidatura de Chui Sai On a um novo man-dato, Jorge Fão considera que o actual líder do Executivo – e único candidato a próximo mandato - tem “cinco anos para mostrar que é um bom Chefe”. “Pode fazer mais e melhor”, considera o tam-bém membro da Comissão Eleitoral que vai escolher o próximo líder do Governo.

SUBSÍDIO DE RESIDÊNCIA LEI DEVE MUDARApesar do Tribunal de Última Instância (TUI) ter dado o veredicto final no que diz respeito à não atribuição do subsídio de residência, Jorge Fão não concorda com o acórdão, que considera “injusto e incorrecto”. “Só vejo que, apenas pela via política, se possa ultrapassar essa situação. O Governo, sendo ele o promotor desta legislação, que tome a iniciativa de pedir uma pequena alteração ao diploma e dizer que aquela parte abarca todos os aposentados, seja antes ou depois de 1999”, aponta o responsável, que lembra que entidades como o Ministério Público e o Comissariado contra a Corrupção defenderam o pagamento desse subsídio.

APOMAC AINDA À ESPERA DE UM NOVO PISOUm dos pedidos feitos pela APOMAC ao Governo e que continua sem resposta prende-se com a cedência de mais um piso para a associação, por forma a expandir a clínica de cuidados médicos e a aceitar mais associados, já que existe uma lista de espera. “Criámos a clínica, porque achamos que o hospital público não funciona. Andamos há três ou quatro anos a pedir mais um espaço (...). O Governo dá uns míseros subsídios e acha que a obra está feita. Os Serviços de Saúde não querem ceder uns pisos que servem como armazém, quando nós damos apoio ao hospital. Há falta de vontade”, lamenta Jorge Fão.

“Fala-se há muitos anos que vamos ter um hospital novo nas ilhas, mas não estou a ver aquele hospital funcionar nem daqui a quatro anos”

“O Governo deveria ser mais generoso e liberal em relação aos nascidos em Macau”JORGE FÃO Membroda direcção da APOMAC

“[Chui Sai On] não me respondeu e apenas co-mentou que as pessoas não podem ficar muito tempo. Isso pressupõe que vai mudar o elenco governativo. Deu mostras de que vai mudar algo”, acrescentou Jorge Fão.

Um dos pedidos feitos pela APOMAC prende-se com o pagamento, “nunca inferior a 70%”, da pensão de sobrevivência ao cônjuge viúvo de um trabalhador da

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5 políticahoje macau quarta-feira 6.8.2014

José Pereira Coutinho mostrou--se ontem satisfeito com um encontro com o Chefe do Executivo. O presidente da ATFPM juntou-se a outras associações também ouvidas no dia de ontem e garantiu que Chui Sai On ouviu as opiniões e concordou até com algumas delas

“C HUI Sai On concordou que é preciso uma re-forma na Administra-ção Pública”, afirmou

o deputado José Pereira Coutinho ao HM, no final do encontro da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) e o Chefe do Executivo, Chui Sai On.

Isso mesmo confirmou, mais tar-de e através de comunicado, o Chefe do Executivo, onde podia ler-se que o líder do Governo “considera indispensável proceder à revisão e reforma do regime da Função

S OU Man Ian, pro-fessor na área da Administração Pú-

blica do Instituto Poli-técnico de Macau (IPM), disse ao Jornal do Cida-dão que a decisão de Chui Sai On sobre a zona A dos novos aterros prejudica a ideia de um “Governo transparente e com uma política científica”.

O professor diz que a oferta de casas públicas na zona vai aumentar a densidade populacional e diminuir a disponi-bilidade de espaços para residentes com deficiência ou escolas, como antes já estaria planeado. Sou Man Ian defende que vão morar

na zona A cerca de 100 mil pessoas e que, se não existirem infra--estruturas suficientes, vão passar pelas mes-mas dificuldades com as quais se deparam os actuais moradores na zona de Seac Pai Van. Sou Man Ian acredita que muitos vão optar por não viver na zona A por não terem acesso a essas infra-estruturas. O docente do IPM acredita que esta medida mostra como funciona o siste-ma político local, em que “a vontade do Chefe do Executivo predomi-na em todas as políticas de Macau”.

“O Governo usou

grandes recursos para fazer a investigação e consultas públicas para a preparação da zona A, mas essa decisão não teve em conta as opiniões da população e trouxe mensagens erradas para a socie-dade. A participação dos residentes não teve valor”, disse. Sou Man Ian considera que, no futuro, as políticas vão continuar a depender ex-clusivamente da vontade do Chefe do Executivo e que não serão feitas decisões com base no profissionalismo nem com a transparência ne-cessária para os projec-tos a implementar. - F.F.

Secretário de Estado português do Desporto vem a MacauEmídio Guerreiro, Secretário de Estado português do Desporto, deverá estar em Macau entre os dias 13, 14 e 15 de Agosto, dia em que começa a pool de Macau Grande Prémio Mundial de Voleibol feminino. Segundo a Rádio Macau, Emídio Guerreiro terá um encontro com Cheong U, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, sendo que estão previstas várias visitas a instalações desportivas locais.

FUNÇÃO PÚBLICA REVISÃO DA ADMINISTRAÇÃO É INDISPENSÁVEL, DIZ CHUI SAI ON

As vozes das associações

Será “necessário ouvir mais as vozes dos trabalhadores” para se avançar com uma revisão ao regimeCHUI SAI ON

ACADÉMICO POLÍTICAS SÃO SEMPRE FEITAS COM BASE NA VONTADE DE CHUI

Manda quem pode

Pública, incluindo uma revisão” do Regime Jurídico da Função Pública.

Depois da reunião decorrida na tarde de ontem - que uniu Chui Sai On com as Associações dos Funcionários Públicos de Macau, representadas pelos seus presidentes, Cheong Kuok In e José Pereira Coutinho - o Chefe do Executivo afirmou que será “necessário ouvir mais as vozes dos trabalhadores” para se avan-çar com uma revisão ao regime.

Opiniões que Chui Sai On espera que sejam entregues por escrito e de forma detalhada. Algumas, como as de Pereira Coutinho, já foram.

Cerca de 30 mil propostas e opiniões de “cidadãos e sócios” da ATFPM recolhidas ao longo dos últimos cinco anos, garante o deputado e presidente da associa-ção, estiveram em cima da mesa no encontro. Habitação social, desenvolvimento da democracia,

segurança social, desenvolvimento da indústria do jogo, diversificação da economia, saúde e higiene, Ad-ministração pública foram alguns dos problemas falados no encontro.

José Pereira Coutinho assegu-ra que o Chefe do Executivo se revelou muito atento para “ouvir e perceber as propostas” e que se “mostrou disponível para resol-ver os problemas apresentados”. Segundo o deputado, Chui Sai On afirmou que “concorda que é preciso instituir as pensões de aposentação e a protecção à saúde para os que recebem o Regime de Previdência”, admitindo ainda que é “necessário construir casas para os funcionários públicos”.

Outras propostas foram dis-cutidas no encontro, tais como a construção de 80 mil casas de habitação social e económica, im-plementação rápida de um sistema único de Serviços de Emigração no interior da China e Macau com os postos fronteiriços a funcionar durante 24 horas, a construção de um novo hospital, asilos e creches, entre outros.

No final, José Pereira Coutinho mostrou-se “muito satisfeito” com o resultado do encontro.

Segundo o comunicado, o presidente da Associação dos Funcionários Públicos Chineses de Macau (AFPCM), Cheong Kuok In, também disse “estar disposto a

apresentar mais sugestões” sobre o tema em discussão.

O responsável reforçou a “insatisfação com o actual Regi-me do Contrato de Trabalho nos Serviços Públicos” e solicitou a criação, “o mais breve possível”, de um mecanismo de queixas e reconciliação, algo que os Servi-ços de Administração e Função Pública já asseguraram ao HM estar concluído.

Cheong Kuok In, à semelhança de Pereira Coutinho, mencionou ainda a necessidade de “construção de um edifício para funcionários, face aos problemas de habitação, a atribuição de mais condições nas consultas médicas, o aperfeiçoa-mento do sistema de recrutamento central, na selecção, acesso e for-mação, a atenção às camadas mais desfavorecidas”. - HM

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6 política hoje macau quarta-feira 6.8.2014

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EXTRACTO DE AVISO Faz-se público que, de harmonia com o despacho do Secretário para a Segurança, de 04 de Junho de 2014,

se acha aberto o concurso comum, de ingresso externo, de prestação de provas, para o preenchimento, em contrato de assalariamento, de um lugar de operário qualificado, 1.º escalão (área de entrega de expediente), da carreira de operário qualificado do Estabelecimento Prisional de Macau.

O aviso do concurso encontra-se publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 32, II Série, de 06 de Agosto de 2014, com o prazo de inscrição entre 07 e 26 de Agosto do corrente ano. Os interessados podem consultar o referido aviso, dentro das horas de expediente, no Centro de Atendimento e Informação do Estabelecimento Prisional de Macau (endereço: Avenida da Praia Grande, China Plaza, 8.º andar “A”, Macau) ou no Website deste Estabelecimento Prisional: www.epm.gov.mo.

Para qualquer esclarecimento, é favor entrar em contacto, nas horas de expediente, através do tel. n.ºs 8896 1293 ou 8896 1218, com os trabalhadores da Divisão de Recursos Humanos.

O Director do EPM,Lee Kam Cheong

30 / 07 / 2014

LEONOR SÁ [email protected]

A U Kam San e Song Pek Kei querem novidades sobre o Regime Jurídi-co do Reordenamento

dos Bairros Antigos, esquecido há exactamente um ano. Embora a proposta de lei tenha sido apro-vada na Assembleia Legislativa (AL) na generalidade, acabou por ser retirada pelo Executivo, que justificou a acção com a necessi-dade de “reconsideração e nova redacção” da proposta. O Governo prometeu a apresentação “breve”, pela segunda vez, de um diploma que regulamente a questão da re-construção de habitações antigas no território, mas até agora, nada de sabe.

Em interpelação escrita, Au Kam San questionou o Executivo sobre se este iria efectivamente apresentar novamente a proposta, já que assumiu que a anterior ti-nha “problemas e imperfeições”, nomeadamente no que diz respeito

Os deputados Song Pek Kei e Au Kam San querem saber em que pé se encontra o Regime Jurídico do Reordenamento dos Bairros Antigos, que foi retirado da AL pelo Governo. Faz este mês um ano que o diploma foi retirado e nada mais se sabe sobreo assunto

BAIRROS ANTIGOS DEPUTADOS PEDEM CALENDÁRIO PARA DIPLOMA

Do papel à acção“O Governo vai ponderar seriamente a experiência implementada na região vizinha, quanto à construção das interim housing [casas provisórias] e reservar antecipadamente os terrenos necessários ao realojamento dos habitantes?”SONG PEK KEI Deputada

à natureza da entidade que ficaria a cargo das demolições e posterior reconstrução dos prédios. Para Au Kam San, já que o Executivo retirou a proposta, isto deveria ser repensado.

“O maior defeito dessa pro-posta de lei consistia na exclusão do Governo em promover directa-mente o reordenamento. Havia a possibilidade de o reordenamento dos bairros antigos passar pela ex-pulsão dos seus moradores e de se transformar num empreendimento predial. O Governo vai retirar daí os devidos ensinamentos e definir um modelo de reordenamento dos bairros antigos promovido pelo próprio Governo?”, pergunta o deputado.

Recorde-se que esta foi uma das questões mais debatidas pela Comissão da AL que discutiu o di-ploma na especialidade e a grande

maioria dos deputados preferia que a expropriação de terrenos, despejo de residentes e reconstrução dos bairros antigos ficasse a cargo de entidades privadas, sendo que o Governo ficaria responsável por decidir quais os bairros e os edifícios sujeitos aos projectos de remodelação.

PREOCUPAÇÕES MILJá as preocupações de Song Pek Kei são outras. A deputada ques-tionou o Governo sobre o futuro das pessoas que ficarão desaloja-das em virtude da reconstrução das casas, sugerindo mesmo que as autoridades optassem pelo regime em funcionamento em Hong Kong, de construção de habitações provisórias que servem de alojamento aos residentes que deixam, por alguma razão, de ter um tecto. “O Governo vai pon-

“O maior defeito dessa proposta de lei consistia na exclusão do Governo em promover directamente o reordenamento”AU KAM SAN Deputado

derar seriamente a experiência implementada na região vizinha, quanto à construção das interim housing [casas provisórias] e reservar antecipadamente os terrenos necessários ao realoja-mento dos habitantes que vão ser afectados pela concretização do

projecto geral do reordenamento dos bairros antigos?”, lê-se na interpelação oral de Song Pek Kei, enviada o mês passado.

Ambos os deputados querem algo em comum: que o Governo avance datas sobre a apresenta-ção da nova proposta de lei que, de acordo com a interpelação de Song Pek Kei, deverá chegar por fases, ainda que não se saiba qual o calendário.

Tanto Au Kam San como Song Pek Kei pretendem saber mais por-menores acerca do regime em si, especialmente no que diz respeito às dificuldades encontradas pelo Governo e soluções encontradas. O HM tentou também pedir in-formações ao Executivo sobre o diploma, mas até ao fecho desta edição não foi possível obter resposta.

O Regime Jurídico do Reorde-namento dos Bairros Antigos foi apresentado em 2011 e aprovado na AL no ano passado. O Governo considerou que o referido diploma não estava devidamente redigi-do, pelo que prometeu voltar a apresentar nova proposta “mais actualizada” ainda nesta legislatura da AL, que termina já este mês.

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7SOCIEDADEhoje macau quarta-feira 6.8.2014

JOANA [email protected]

M AIS torres de habitação vão nascer na Taipa, entre os edi-

fícios Jardim Nova Taipa e Nam San, confirmou a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Solos, Obras Públicas e Transportes ao HM. O local, um terreno actualmente vazio situado na Avenida de Kwong Tung, pertence a cinco empresas diferentes, depois de ter sido transferido às sociedades em 1996 pela Fábrica de Artigos de Vestuário Estilo, da qual era gerente-geral Stanley Ho.

De acordo com dados pu-blicados em Boletim Oficial do ano de 1999, foi o magnata do jogo o responsável pelo pedido de transmissão dos lotes de terrenos à Companhia de Investimento Hamilton Limitada, à Companhia de Investimento Predial Pak Lok Mun, à Sociedade de Fomento Predial Predific Limitada, à Sociedade de Fomento Predial Socipré Limitada e à Compa-nhia de Fomento Predial Hoi Sun, Limitada.

O terreno foi inicialmen-te concedido em 1969, por arrendamento, à sociedade Fábrica de Artigos de Ves-tuário Estilo, da qual Stanley Ho era sócio-gerente, segun-do o BO. Em 1992, contudo, Ho submeteu à apreciação da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) estudos prévios correspon-dentes ao reaproveitamento de cada um dos lotes, com ideia de pedir a revisão do contrato de concessão. Nesta altura, surgiram problemas.

“O processo de revisão do contrato protelou-se no tempo por não serem apre-sentados os documentos necessários à sua instrução e pelo arrastado período de conversações entre os representantes da concessio-nária e os representantes do Governo sobre o aproveita-mento daqueles lotes”, pode ler-se num despacho publi-cado num Boletim Oficial de 1999, a que o HM teve acesso. “A concessionária veio a requerer, por razões de ordem técnica e financeira, que a revisão da concessão contemplasse a transmissão dos lotes para sociedades comerciais distintas, embora com os mesmos interesses comerciais e cujos sócios eram os principais accionis-tas da sociedade concessio-nária [Fábrica de Artigos de Vestuário Estilo].” Nesta foto, já antiga, é possível ver o local onde vão nascer as torres de habitação. O local, actualmente, está limpo e cimentado.

Foi em Outubro de 1964 que o terreno foi cedido a uma empresa gerida por Stanley Ho. Anos depois, e após transmissões a cinco sociedades diferentes, vão ser erigidas cerca de 12 torresde habitação na Avenida de Kwong Tung

TAIPA EMPREENDIMENTOS HABITACIONAIS NASCEM NA AV. KWONG TUNG

Uma selva de cimento

Foi, então, dada autori-zação pela DSSOPT para a transmissão dos cinco lotes de terreno, que agora com-pletam o local. No total, são 18.422 metros quadrados, sendo que 12.376 metros quadrados foram revertidos ao território.

MAIS DE UMA DEZENADE PRÉDIOS Ao que o HM conseguiu apurar, serão 12 as torres de habitação que vão nascer no local, sendo que a menor tem 19 pisos e as outras têm entre 29 a 35 andares.

O prazo de arrendamento do terreno termina em Outu-bro deste ano – 50 anos após a concessão -, mas pode ser renovado “sucessivamente” até 2049.

Dados do BO indicam que o montante total em

prémios de contrato – foram feitos cinco contratos indi-viduais – chega aos 146,3 milhões de patacas. Valor esse que terá sido pago pela Fábrica de Vestuário Estilo ao Governo – na altura ainda Administração portuguesa.

De acordo com os mes-mos dados, cada empresa tinha – desde 1999 – 42 meses para reaproveitar os terrenos - algo que nunca chegou a ser feito - sob pena de pagamento de multas. Ao HM, contudo, não foi possível apurar se chegou

a ser feito o pagamento de qualquer valor.

Também a DSSOPT não se mostrou cooperante em ceder informações sobre o espaço. Num primeiro email enviado pelo HM, onde era questionado a quem pertencia o terreno e o que iria ser construído no local, a resposta dizia apenas que o terreno foi concedido por arrendamento e que a concessionária estava a efectuar a desinfestação de mosquitos.

Numa segunda resposta, o organismo dizia que nada mais tinha a acrescentar à informação anteriormente dada, sendo que apenas após insistência do HM é que foi dito que iriam ser construídos prédios habita-cionais no local. “O terreno em causa foi concedido por

arrendamento e segundo o contrato de concessão destina-se à construção de edifícios afectos às finalida-des habitacional, comercial, de estacionamento e equipa-mento social. Para mais in-formações, queira consultar o despacho (...)”, explicou finalmente o organismo.

FINALMENTE, A TRANSMISSÃOCom o Governo a auto-

rizar a transmissão, e com a Fábrica de Vestuário Estilo como a transmissora, em 1997 foi dado o aval para que as cinco sociedades recebessem os direitos dos terrenos.

O preço da transmissão entre a concessionária e as empresas chegou a ser colocado em causa pela DSSOPT, porque não foi “o combinado entre as partes”.

Por um lado, as sociedades diziam que o valor seria “apenas simbólico devido ao elevado prémio de rea-proveitamento do terreno”, por outro a DSSOPT pediu novas reuniões. “Esta ques-tão foi analisada no âmbito da Divisão de Apoio Técnico da DSSOPT que conside-rou o preço indicado pelas concessionárias demasiado baixo”. O valor foi então alterado e, só em 1999, se avançou com a transmissão.

O aproveitamento dos lotes é individual - consoante contratos específicos – e o valor pago pelas cinco so-ciedades totalizou cerca de 9,2 milhões de patacas.

Ao que o HM conseguiu apurar, as cinco sociedades têm gerentes diferentes. No caso da Companhia de Inves-timento Predial Pak Lok Mun e da Companhia de Investi-mento Hamilton Limitada, por exemplo, João Tang e Cheong Cam Hei são os responsáveis pela empresa, enquanto a Sociedade de Fomento Predial Predific Limitada e a Socieda-de de Fomento Predial Socipré Limitada são Anthony Chan e Andrew Edward Tse. Este primeiro, sobrinho do mag-nata do jogo, também integra a gerência da Companhia de Fomento Predial Hoi Sun, Limitada, – de acordo com o BO de 1999 –, a par de Rui Cunha.

12torres de habitação vão

nascer no local, de 19 a 35

andares

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Page 8: Hoje Macau 6 AGO 2014 #3147

FUNCIONÁRIOS DO JOGO SAEM À RUA

8 sociedade hoje macau quarta-feira 6.8.2014

LEONOR SÁ [email protected]

O Instituto para os Assun-tos Cívicos e Municipais (IACM) assegura que todos os 70 trabalhadores do Cen-

tro de Segurança Alimentar têm a forma-ção e competências devidas para efectuar o trabalho necessário. Em resposta ao HM, o instituto afirmou que a formação dos seus funcionários existe devido à obrigatoriedade de que estes frequentem cursos de formação sistemáticos.

“Com vista a melhorar, permanen-temente, as competências profissionais dos técnicos, o Centro proporciona ao pessoal de inspecção cursos de formação

Depósitos bancáriosdos residentes cresceram 22,1%

Governo substitui espaçoscomerciais por casas na zona A

Biblioteca itinerantejunto a Seac Pai VanA biblioteca itinerante, ligada à Biblioteca Central de Macau, vai passar a disponibilizar o serviço de requisição e devolução de livros junto ao edifício Lok Kuan da habitação pública de Seac Pai Van já a partir de hoje. Segundo um comunicado oficial, o serviço estará disponível todas as quartas-feiras entre as 12h30 e as 18h30, por forma a “dar resposta à procura de serviços de biblioteca por parte dos residentes do complexo de habitação pública”. Já a biblioteca itinerante na Taipa passará a funcionar só aos sábados, quando antes prestava serviços às quartas-feiras e sábados.

Cerca de mil trabalhadores da Galaxy, de acordo com números da organização, manifestaram-se em frente ao casino Sta-rworld por aumentos salariais. O protesto foi organizado pela Forefront of Macau Gaming e é o segundo no espaço de dias, depois de uma manifestação em frente ao Venetian. Para esta quinta-feira está agendado um novo protesto em frente ao Sands.

IACM NÃO COMENTA ATRASO NA INVESTIGAÇÃO Sobre o facto de ter demorado muito tempo a investigar o escândalo da carne estragada da empresa de Xangai, Husi, o IACM não responde. O HM queria saber os motivos que levaram o instituto a apenas tomar previdências após o escândalo rebentar nos média, mas o instituto não respondeu, bem como não respondeu se tencionar criar um sistema de certificação profissional semelhante ao mecanismo de certificação mundial, em vigor na grande maioria dos países, sugerido pelo deputado Mak Soi Kun.

“O Laboratório do IACM tem-se esforçado por elevar a sua capacidade, eficácia e nível de realização dos testes, procedendo às preparações necessárias para as conjugar com o reforço do trabalho de monitorização da segurança alimentar”IACM

O IACM descarta as acusações de falta de competência do pessoal do Centro de Segurança Alimentar e das condições do local, ainda que não tenha tecido comentários sobre a morosidade no tratamento do recente caso da carne estragada importada para Macau

OS depósitos bancários dos residentes atingi-

ram 473,9 mil milhões de patacas em Junho, mais 22,1% do que no mesmo período do ano anterior, indicam dados oficiais ontem divulgados. Em relação ao mês anterior, o crescimento foi de 2,1%.

Os depósitos dos não residentes cresceram 31,9% em Junho face ao período homólogo do ano passado, e 1,4% comparativamente a Maio, para 211,8 mil milhões de patacas, de acordo com estatísticas publicadas pela Autoridade Monetária de Macau (AMCM). O sector público aumentou os seus depósitos em 24,2% em termos anuais e em 5,6% em termos mensais, para um total de 297,6 mil

milhões de patacas, dos quais 209,5 mil milhões de patacas na AMCM, mais 14,6% em termos anuais e 88 mil milhões de patacas nos bancos, mais 55,2% do que em Junho de 2013.

Os empréstimos in-ternos ao sector privado aumentaram 36,3% face a Junho de 2013 e 2,5% em relação ao mês anterior, atingindo 308,5 mil mi-lhões de patacas, com os denominados em dólares de Hong Kong a alcança-rem um “peso” de 47% e os em patacas de 18,5%, acrescenta a AMCM. Os empréstimos ao exterior totalizaram 324,8 mil milhões de patacas no final de Junho, reflectin-do aumentos de 22% em termos anuais e de 2,5% face a Maio. - LUSA

DE acordo com um comunicado e para

colmatar o problema da escassez de habitações existente em Macau, o Governo decidiu alterar a natureza de alguns edifícios que estão projectos para a zona A dos novos aterros, passando estes a ter fina-lidade habitacional e não comercial, como havia sido inicialmente pensado.

O projecto de constru-ção de lojas vai manter-se, mas agora no rés-do-chão dos prédios de habitação, como forma de “propor-cionar espaço para as PMEs [pequenas e médias em-presas]”. O Executivo vai,

no entanto, manter o resto do projecto inalterado, não havendo diminuição do espaço destinado à cons-trução de acessos viários e equipamentos públicos.

O mesmo comunica-do diz ainda que pensa acrescentar equipamentos de saúde, educação, de apoio comunitário, lúdi-co e desportivo e outras infra-estruturas, que serão construídas em simultâneo com os blocos de habitação. A alteração surge depois de um anúncio recente do Governo, que assegura que vão nascer 28 mil habita-ções públicas e quatro mil privadas.

SEGURANÇA ALIMENTAR IACM ASSEGURA TER TRABALHADORES FORMADOS

São tudo bons rapazes

sistemáticos, no âmbito da fiscalização, execução da lei, precauções a tomar no domínio da segurança alimentar e téc-nicas de tratamento”, começa por dizer o IACM. “Oferece ainda aos técnicos profissionais uma vasta gama de cursos de aperfeiçoamento.”

O IACM assegura que os funcio-nários do Centro não só têm formação, como são frequentemente enviados para instituições profissionais como o Centro Nacional de Segurança Alimentar e Ava-liação de Risco da China e até mesmo para os Estados Unidos, com o intuito de participar em acções de formação e conferências internacionais.

Tudo isto é feito, diz o IACM, para “adequar, gradualmente, as tecnologias de segurança alimentar local às tecno-logias internacionais e, assim, promover os trabalhos de protecção da segurança alimentar” no território.

As respostas do instituto surgem depois de uma série de reclamações terem sido apresentadas não só por ci-dadãos, como por deputados. Mak Soi Kun, por exemplo, acusou directamente o Centro de Segurança Alimentar de ter funcionários sem competências. O IACM nega.

A mesma resposta revela que o Cen-tro colocou em prática a obrigatoriedade dos funcionários possuírem “certificados para executar o trabalho” em cada área específica, sendo que, afirma, são defini-dos anualmente planos gerais de acções de formação para cada uma das áreas a que o Centro se dedica.

“O Laboratório do IACM tem-se esforçado por elevar a sua capacidade, eficácia e nível de realização dos testes, procedendo às preparações necessárias para as conjugar com o reforço do tra-balho de monitorização da segurança alimentar”, explica o instituto que diz ainda que todos possuem certificação ISO e que os testes são feitos com base em técnicas usadas a nível mundial.

A entidade revelou ainda que o Centro está a aumentar as suas instalações, bem como o volume dos equipamentos de que dispõe e que tem técnicos de diferentes áreas, desde a ciência do alimentos, saúde pública, médicos, veterinários, de análise laboratorial, nutrição e química.

FMG

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hoje macau quarta-feira 6.8.2014 9CHINA

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Governo da Região Administrativa Especial de MacauFundo de Segurança Social

AvisoFaz-se público que, por despacho do Exmo. Senhor Secretário para os As-

suntos Sociais e Cultura, de 6 de Março de 2014, se acha aberto, concurso co-mum, de ingresso externo, de prestação de provas, para o preenchimento de quatro lugares de técnico de 2.a classe, 1.º escalão, da carreira de técnico, área de administração pública, em regime de contrato além do quadro do Fundo de Segurança Social.

As condições de candidatura podem ser consultadas no Boletim Oficial da RAEM, n.° 32, II Série, de 6 de Agosto de 2014 e estão disponíveis na página electrónica da Imprensa Oficial, do SAFP e do FSS (www.fss.gov.mo).

Fundo de Segurança Social, aos 30 de Julho de 2014

A Presidente substituta do Conselho de Administração,Chan Pou Wan

A China vai conceder recompensas de mais de 300 milhões de yuan aos residentes de Xinjiang, região de

maioria muçulmana no noroeste do país, que ajudem a “caçar terroristas”, anunciou a imprensa oficial.

As autoridades já distribuíram 4,23 milhões de yuan a pessoas ou agências do governo que ajudaram a capturar ou a matar dez “supostos terroristas” na semana passada no município de Hotan, informou a agência estatal Xinhua.

Moradores da região localizaram as pessoas suspeitas numa plantação de milho na sexta-feira passada, segundo a agência.

O plano é reduzir gradualmente a venda de carvão, a segunda maior fonte de poluição da capital chinesa. Passar de 25,4% do consumo energético, dados de 2012, para um valor de menos de 10%, em 2017, é a meta estabelecida

PEQUIM VAI PROIBIR VENDA DE CARVÃO

À procura de novo modeloA S autoridades de

Pequim anuncia-ram ontem a proi-bição progressiva

de venda de carvão para dimi-nuir a extrema poluição do ar na capital do continente. De acordo com um comunicado do Gabinete Municipal de Protecção Ambiental, a partir de agora, e até 2020, a venda e a utilização de carvão vão ser reduzidas gradualmente em seis distritos da cidade e as centrais termoeléctricas abas-tecidas por este combustível vão ser encerradas.

A medida faz parte do plano da capital para optimi-zar os recursos energéticos e melhorar a qualidade do

ar da cidade que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), registou em média no ano passado uma concentração de partículas PM 2.5 – as mais prejudi-

ciais para a saúde - de 89.5 microgramas por metro cúbico, mais do que o dobro do padrão recomendado pela OMS.

O plano estabelece que outras fontes de energia, como a electricidade e o gás natural, vão substituir o carvão para ‘alimentar’ o aquecimento ou as cozinhas da cidade.

Segundo dados do depar-tamento, os veículos são a

principal causa da poluição na capital chinesa, origi-nando 31,1% das partículas, seguidos pela combustão do carvão (22,4%) e a activida-de industrial (18,1%).

Os números oficiais indicam que o carvão repre-sentou 25,4% do consumo energético da capital em 2012, um valor que deverá ser reduzido para menos de 10% em 2017.

As autoridades lançaram

no ano passado um pacote de medidas e investimentos para reduzir a quantidade das partículas prejudiciais à saúde até 2017, para até 60 microgramas por metro cúbico. Com isso, cerca de 300 indústrias poluentes deverão ser fechadas em Pequim.

Os especialistas conside-ram que a única solução para a segunda maior economia mundial, e a que mais con-some carvão no mundo, é reduzir gradualmente a sua dependência nas indústrias pesadas e apostar em um modelo de energia mista.

A poluição extrema na China é uma das maiores preocupações da popu-lação, devido aos casos alarmantes de cancro que têm vindo a ser registados no país, onde residem 20% do total global de pessoas diagnosticadas recentemen-te com esta doença, segundo dados oficiais.

Além da saúde, a polui-ção também criou problemas económicos ao Governo Central. O turismo em ci-dades como Pequim caiu cerca de 10% em 2013 rela-tivamente ao ano anterior.

TERRORISMO RECOMPENSAS MILIONÁRIAS EM XINJIANG

Grande caça ao homemCom a ajuda de mais de 30 mil “volun-tários”, a polícia perseguiu os suspeitos, tendo nove deles morrido num tiroteio, enquanto que o décimo foi detido.

Várias pessoas que “ajudaram” na busca receberam recompensas numa cerimónia realizada no domingo, em Hotan. Seis pes-soas que deram informações consideradas “chave” receberam 100 mil yuan cada.

As recompensas fazem parte da verba de mais de 300 milhões de yuan, que as autoridades regionais decidiram distribuir progressivamente aos que “prestem ajuda para caçar os supostos terroristas”.

No domingo, a Xinhua informou que 59 “terroristas” e 37 civis morreram nos confrontos da semana passada no distrito de Shache (Yarkand no idioma uigur), os mais violentos na região desde 2009.

Xinjiang tem quase dez milhões de uigures, muçulmanos de língua turca em parte hostis à tutela de Pequim. Uma ala radical do grupo é responsável, segundo o governo comunista, por atentados cometidos nos últimos meses.

Em resposta, o governo iniciou uma ampla operação de luta antiterrorista. Centenas de pessoas foram detidas e con-denadas em julgamentos sumários.

Grupos de defesa dos direitos humanos consideram que a política repressiva do governo chinês contra a cultura e a reli-gião dos uigures alimenta as tensões e a violência em Xinjiang.

300milhões de yuan, recompensas para residentesde que ajudem à captura de terroristas

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10 hoje macau quarta-feira 6.8.2014EVENTOS

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

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RICARDO [email protected]

E STE fim de semana O Centro Cultural apre-senta dois espectácu-los intitulados “Piano

Mágico e Curtas de Chopin”, este fim de semana no Grande Auditório.

O programa, concebido em 2010 – data do 200º ani-versário de Frédéric François

U M mausoléu com 2.100 anos, construído para o rei Liu Fei, morto em

128 A.C., foi descoberto por investigadores na província chinesa de Jiangsu. Embora haja sinais de que o local já tenha sido saqueado, foram encontrados mais de 10 000 artefactos, incluindo peças de ouro, prata, bronze e jade.

O mausoléu contém três tumbas principais e outras onze adjacentes. A maior câmara sepulcral tem 35 metros de comprimento por 25 de largura, dividida em compartimentos menores, contendo variados tipos de armas, carruagens e instru-mentos musicais. Dentro da câmara sepulcral foi encon-trada uma espécie de cozinha, com caldeirões, jarras e taças de vinho, entre outros itens. Ossos de animais e sementes de frutas foram também acha-

dos. O caixão em si estava danificado e o corpo do rei não foi encontrado no local.

Na segunda tumba, adja-cente à do rei, os arqueólogos localizaram cerca de 200 ob-jectos de bronze, ouro, prata e jade. Um caixão de jade foi descoberto intacto nesta câ-mara e descrito pelos autores como “o único não danificado encontrado na história da ar-queologia chinesa”. Noutras áreas do mausoléu havia cinco carruagens de tamanho real e mais 50 réplicas menores. O estudo com os detalhes da escavação foi publicado originalmente em chinês no periódico Kaogu.

Os arqueólogos encon-traram também um tesou-ro com mais de 100 000 moedas da época, criadas pelo primeiro imperador da China após a unificação do país, em 221 A.C.

A designer de moda por-tuguesa Cristina Real

acaba de conquistar um galardão mundial no âmbi-to dos IDA - International Design Awards. A colecção Outono/Inverno 2014/15 da criadora venceu o segundo prémio na categoria de “sportswear” daquela com-petição internacional.

Depois de já ter partici-pado em várias produções de moda e de ter sido, em Maio, capa da revista Vo-gue Portugal, a colecção de Cristina Real recebe, agora, reconhecimento mundial, que para a designer, “é uma boa oportunidade” para dar a conhecer o seu “trabalho a nível internacional” e para “continuar” a desafiar-se.

A colecção, baptizada

“Intermission”, “vem de uma intercepção de ideias, mas não teve uma forma específica inicial”, explica a portuguesa no site oficial do concurso, acrescentando que o trabalho se construiu a si próprio “a partir de linhas direitas que se moldam atra-vés de outras linhas, cores e materiais”.

“A inspiração vem do vazio, de uma mente vazia, onde os pontos represen-tam uma fase inicial e são as linhas que lhes dão ex-pressão. Cada peça é como uma ‘tábua rasa’ que recebe elementos e ideias até que ganha vida”, ilustra Cristi-na Real, afirmando que os elementos fundamentais da colecção são os materiais e as cores.

Moda Portuguesa venceprémio mundial de Design

CHINA MAUSOLÉU COM 2.100 ANOS

Tesouro real

O CCM apresenta um programa original com filmes de animação a acompanharem os concertos para piano do compositor polaco, conduzidos pela pianista de Hong Kong, Colleen Lee

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11 eventoshoje macau quarta-feira 6.8.2014

“A música clássica também pode ser divertida”COLLEEN LEE

Chopin – e apresentado ao público pela primeira vez no ano seguinte em Londres, des-tina-se a mostrar a música do compositor a um público mais jovem. Para o efeito, foram criadas uma série de curtas--metragens de animações ins-piradas nas suas composições e vida. O resultado final é um show multimédia com 65 minutos de duração, em que um pianista interpreta clássi-cos, enquanto as animações são projectadas no palco. A aproximação remete também às origens do cinema, já que as primeiras projecções dos filmes dos irmãos Lumiére, no ano de 1895 em Paris, eram acompanhadas por pianistas.

DESENHOS ANIMADOSOs filmes de animação foram produzidos pela companhia “BreakThru Films” – vence-dora de um Óscar para melhor filme de animação em 2006 com “Peter and the Wolf” – e dividem-se em duas partes. Pri-meiramente serão apresentadas “Curtas de Chopin”, 9 curtas--metragens acompanhadas por 9 temas dos “Études de Cho-pin” – um disco originalmente gravado por Lang Lang onde o público pode assistir, por exem-plo, a “Papa’s Boy” um filme sobre um ratinho que deseja

CINEMA E MÚSICA NO CCM ESTE FIM-DE-SEMANA

Emoçõese animaçõescom Chopin

ser bailarino contra a vontade do pai; “Hamster Heaven”, que conta as peripécias de um hamster para evitar ser separado da sua namorada; ou “Little Postman”, uma história com a II Grande Guerra como tema de fundo, em que um rapaz tem de distribuir o correio em Varsóvia, cidade devastada pela guerra.

Na segunda parte, vai ser mostrado o “Piano Mágico” – também acompanhado por 9 temas musicais da mesma colecção - que é, segundo a organização, “um colorido filme animado que nos dá a conhecer Anna, uma menina de 10 anos que vive com a tia na Polónia depois de o pai ter sido obrigado a deixar Var-sóvia para encontrar trabalho no estrangeiro. Um dia, Anna e o primo Chip-Chip encon-tram um velho piano que, de repente, se transforma numa fantástica máquina voadora. Subitamente, os primos desa-fiam o medo e as vertigens para viver grandes aventuras que os levam dos telhados de Paris aos céus enevoados de Londres, onde a menina procura o pai para levá-lo de volta a casa”.

COLLEEN LEEA pianista seleccionada para este espectáculo é Colleen Lee. Colleen estudou na

CHOPINFrédéric Chopin (1810-1849), foi também ele um emigrante polaco que se estabeleceu em Paris depois de ter obtido a nacionalidade francesa. Aqui conquistou a celebridade, vindo a ser conhecido como um dos maiores compositores do período do Romantismo e uma das primeiras super-estrelas da música. A maioria das suas peças foi escrita para piano a solo, mas o músico não deu mais de 30 concertos, apesar de ser um pianista virtuoso. Colleen explicou ainda que a sua música, além dos elementos visuais agora criados para a ilustrar, demonstra muita da sua experiência pessoal, visto este não ter mais podido voltar à sua terra natal, que passou na altura por várias revoluções. Assim, a sua música apresenta “muita energia, com bonitas melodias, num estilo lírico influenciado pelos seus amigos produtores de ópera, o que a torna ideal para um público mais jovem. Ao mesmo tempo, é também forte, violenta e emocional, exigindo o domínio de vários estilos de tocar o piano”, acrescentou a artista.A primeira actuação vai ter lugar no sábado, dia 9 de Agosto, pelas 19:30, enquanto a segunda decorre no domingo, dia 10, pelas 15:00. Os bilhetes custam entre 100 e 180 patacas cada.

Academia de Artes Perfor-mativas de Hong Kong com a conhecida mestre pianista Eleanor Wong e completou os estudos na “Hochshule fur Musik, Theater und Medien” em Hannover. Ganhou vários galardões, incluindo o pri-meiro prémio no “Concurso Internacional de Piano Seiler na Alemanha”, o “Prémio de Reconhecimento Artístico Dorothy McKenzie 2003”, o “Prémio Internacional Pro Musicis” e o “Concur-so Artístico Internacional Gina Baucher”, além do sexto prémio do prestigiado “Concurso Internacional de Piano Frederic Chopin” em

Varsóvia, no ano de 2005. Actualmente é artista resi-dente honorária do Instituto de Educação e dá aulas na Academia de Artes Perfor-mativas de Hong Kong.

Ao HM, Colleen disse ter “ficado muito entusiasmada com este projecto quan-do primeiro viu as curtas--metragens, que a levaram à

beira das lágrimas”. Segundo a pianista “as animações ajudam a demonstrar as dife-rentes emoções na música de Chopin”, apesar de exigirem da mesma um diferente tipo de actuação ao que está ha-bituada. “Normalmente, em competições, tenho de me preparar psicologicamente para impressionar o júri, mas neste caso tenho de acompa-nhar as animações”, o que exigiu uma longa preparação, de modo a sincronizar as duas áreas. Ao mesmo tempo, a artista espera demonstrar que “a música clássica também pode ser divertida”, enquanto espera que esta combinação venha a “inspirar paixão” por este género musical junto da camada mais jovem da população. “Muitas pes-soas concentram-se numa aprendizagem mecânica, aprendendo apenas a técnica, esquecendo-se de sentir a música”, adiantou a mesma.

A primeira actuação vai ter lugar no sábado, dia 9 de Agosto, pelas 19:30, enquanto a segunda decorre no domin-go, dia 10, pelas 15:00. Os bilhetes custam entre 100 e 180 patacas cada.

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12 DESPORTO hoje macau quarta-feira 6.8.2014

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SÉRGIO [email protected]

N EM Cantão, nem Zhuhai, não há DTM na Chi-na este ano. O

Circuito Internacional de Zhuhai esteve muito perto de voltar a receber uma prova relevante do calendário internacional de automobi-lismo, mas os organizadores do poderoso campeonato alemão de carros de turismo DTM, a ITR, optaram por ficar na Europa no último momento.

A competição alemã de carros de turismos regres-sava este ano ao país da Grande Muralha, depois de ter passado pela última vez em 2010, dessa feita em Xangai, tendo desta vez planeada uma corrida nas ruas de Cantão. Porém, os promotores do circuito citadino situado na maior

DTM PARTES ENVOLVIDAS NÃO CHEGARAM A UM ACORDO NO ÚLTIMO MOMENTO

Zhuhai também não segura competição

“Os alemães chegaram a considerar a possibilidade de rumarem a Zhuhai,(...) mas acabaram por decidir ficar na Europa”

cidade do sul da China não conseguiram obter as autorizações necessárias para que o DTM pudesse realizar lá uma prova. Os alemães chegaram a considerar a possibilidade

de rumarem a Zhuhai e estiveram muito próximos de assinar contrato com o circuito permanente da ci-dade continental adjacente a Macau, mas acabaram por decidir ficar na Europa,

marcando para a data ante-riormente prevista para a ronda chinesa uma corrida em Zandvoort, na Holanda, pista que tinha perdido o seu evento este ano. Dada a importância do mercado

automóvel chinês para o trio de marcas oficialmente envolvidas no DTM – Audi, BMW e Mercedes Benz - a ITR e o seu parceiro chinês, o Grupo Brilliant Culture, liderado pela empresária Maggie Ip, estão a estudar uma alternativa para regres-sar efectivamente à China em 2015.

O DTM conta com vá-rios vencedores das últimas edições do Grande Prémio de Macau, como o portu-guês António Félix da Costa (BMW), o italiano Edoardo Mortara ou o espanhol Da-niel Juncadella (Mercedes--Benz). Apesar de nunca ter recebido qualquer prova do DTM, o Circuito da Guia chegou a ser nas décadas de oitenta e noventa do século passado um dos palcos fa-voritos para os construtores alemães exibirem as suas máquinas de competição no Sudeste Asiático.

ANÚNCIOCONCURSO PÚBLICO PARA

“EMPREITADA DE DRENAGEM DA ESTRADA DE HAC SÁ”

1. Entidade que põe a obra a concurso: Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes.2. Modalidade de concurso: Concurso Público.3. Local de execução da obra: Estrada de Hac Sá de Coloane.4. Objecto da Empreitada: Construção da faixa de rodagem e construção do box culvert e do sistema de drenagem.5. Prazo máximo de execução: 210 dias (duzentos e dez dias).6. Prazo de validade das propostas: o prazo de validade das propostas é de noventa dias, a contar da data do encerramento do acto

público do concurso, prorrogável, nos termos previstos no Programa de Concurso.7. Tipo de empreitada: a empreitada é por Série de Preços. 8. Caução provisória: $300 000,00 (trezentas mil patacas), a prestar mediante depósito em dinheiro, garantia bancária ou seguro-

-caução aprovado nos termos legais.9. Caução definitiva: 5% do preço total da adjudicação (das importâncias que o empreiteiro tiver a receber, em cada um dos

pagamentos parciais são deduzidos 5% para garantia do contrato, para reforço da caução definitiva a prestar).10. Preço Base: não há.11. Condições de Admissão: Serão admitidos como concorrentes as entidades inscritas na DSSOPT para execução de obras, bem

como as que à data do concurso, tenham requerido a sua inscrição, neste último caso a admissão é condicionada ao deferi-mento do pedido de inscrição.

12. Local, dia e hora limite para entrega das propostas:Local: Secção de Atendimento e Expediente Geral da DSSOPT, sita na Estrada de D. Maria II, nº 33, R/C, Macau;Dia e hora limite: dia 28 de Agosto de 2014 (quinta-feira), até às 12:00 horas.Em caso de encerramento desta Direcção de Serviços na hora limite para a entrega de propostas acima mencionada por mo-tivos de tufão ou de força maior, a data e a hora limites estabelecidas para a entrega de propostas serão adiadas para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte.

13. Local, dia e hora do acto público do concurso :Local: Sala de reunião da DSSOPT, sita na Estrada de D. Maria II, nº 33, 5º andar, Macau;Dia e hora: dia 29 de Agosto de 2014 (sexta-feira), pelas 9:30 horas.Em caso de adiamento da data limite para a entrega de propostas mencionada de acordo com o número 12 ou em caso de encerramento desta Direcção de Serviços na hora estabelecida para o acto público do concurso acima mencionada por motivos de tufão ou de força maior, a data e a hora estabelecidas para o acto público do concurso serão adiadas para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte.Os concorrentes ou seus representantes deverão estar presentes ao acto público do concurso para os efeitos previstos no artigo 80º do Decreto-Lei n.º74/99/M, e para esclarecer as eventuais dúvidas relativas aos documentos apresentados no concurso.

14. Línguas a utilizar na redacção da proposta:Os documentos que instruem a proposta (com excepção dos catálogos de produtos) são obrigatoriamente redigidos numa das línguas oficiais da RAEM, caso os documentos acima referidos estiverem elaborados noutras línguas, deverão os mesmos ser acompanhados de tradução legalizada para língua oficial, e aquela tradução deverá ser válida para todos os efeitos.

15. Local, hora e preço para obtenção da cópia e exame do processo:Local: Departamento de Infraestruturas da DSSOPT, sita na Estrada de D. Maria II, nº 33, 16º andar, Macau;Hora: horário de expediente (Das 9:00 às 12:45 horas e das 14:30 às 17:00 horas)Na Secção de Contabilidade da DSSOPT, poderão ser solicitadas cópias do processo de concurso ao preço de $250,00 (du-zentas e cinquenta patacas).

16. Critérios de apreciação de propostas e respectivos factores de ponderação:- Preço razoável 60%;- Plano de trabalhos 10%;- Experiência e qualidade em obras 18%;- Integridade e honestidade 12%.

17. Junção de esclarecimentos:Os concorrentes poderão comparecer no Departamento de Infraestruturas da DSSOPT, sita na Estrada de D. Maria II, nº 33, 16º andar, Macau, a partir de 14 de Agosto de 2014 (inclusivé) e até à data limite para a entrega das propostas, para tomar conhecimento de eventuais esclarecimentos adicionais.Macau, aos 31 de Julho de 2014.

A Directora dos Serviços, Subst.aChan Pou Ha

ANÚNCIOCONCURSO PÚBLICO PARA

“OBRA DE CONSTRUÇÃO DA PASSAGEM SUPERIOR PARA PEÕES NA ESTRADA DE NOSSA SENHORA DE KÁ HÓ EM COLOANE”

1. Entidade que põe a obra a concurso: Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes.2. Modalidade de concurso: Concurso Público.3. Local de execução da obra: Estrada de nossa senhora de Ká Hó em Coloane.4. Objecto da Empreitada: Construção da passagem superior para peões.5. Prazo máximo de execução: 420 dias (quatrocentos e vinte dias).6. Prazo de validade das propostas: o prazo de validade das propostas é de noventa dias, a contar da data do encerramento do acto

público do concurso, prorrogável, nos termos previstos no Programa de Concurso.7. Tipo de empreitada: a empreitada é por Série de Preços. 8. Caução provisória: $440 000,00 (quatrocentas e quarenta mil patacas), a prestar mediante depósito em dinheiro, garantia bancária

ou seguro-caução aprovado nos termos legais.9. Caução definitiva: 5% do preço total da adjudicação (das importâncias que o empreiteiro tiver a receber, em cada um dos pagamen-

tos parciais são deduzidos 5% para garantia do contrato, para reforço da caução definitiva a prestar).10. Preço Base: não há.11. Condições de Admissão: Serão admitidos como concorrentes as entidades inscritas na DSSOPT para execução de obras, bem

como as que à data do concurso, tenham requerido a sua inscrição, neste último caso a admissão é condicionada ao deferimento do pedido de inscrição.

12. Local, dia e hora limite para entrega das propostas:Local: Secção de Atendimento e Expediente Geral da DSSOPT, sita na Estrada de D. Maria II, nº 33, R/C, Macau;Dia e hora limite: dia 29 de Agosto de 2014 (sexta-feira), até às 12:00 horas.Em caso de encerramento desta Direcção de Serviços na hora limite para a entrega de propostas acima mencionada por motivos de tufão ou de força maior, a data e a hora limites estabelecidas para a entrega de propostas serão adiadas para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte.

13. Local, dia e hora do acto público do concurso :Local: Sala de reunião da DSSOPT, sita na Estrada de D. Maria II, nº 33, 17º andar, Macau;Dia e hora: dia 1 de Setembro de 2014 (segunda-feira), pelas 9:30 horas.Em caso de adiamento da data limite para a entrega de propostas mencionada de acordo com o número 12 ou em caso de encerra-mento desta Direcção de Serviços na hora estabelecida para o acto público do concurso acima mencionada por motivos de tufão ou de força maior, a data e a hora estabelecidas para o acto público do concurso serão adiadas para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte.Os concorrentes ou seus representantes deverão estar presentes ao acto público do concurso para os efeitos previstos no artigo 80º do Decreto-Lei n.º74/99/M, e para esclarecer as eventuais dúvidas relativas aos documentos apresentados no concurso.

14. Línguas a utilizar na redacção da proposta:Os documentos que instruem a proposta (com excepção dos catálogos de produtos) são obrigatoriamente redigidos numa das línguas oficiais da RAEM, caso os documentos acima referidos estiverem elaborados noutras línguas, deverão os mesmos ser acompanhados de tradução legalizada para língua oficial, e aquela tradução deverá ser válida para todos os efeitos.

15. Local, hora e preço para obtenção da cópia e exame do processo:Local: Departamento de Infra-estruturas da DSSOPT, sita na Estrada de D. Maria II, nº 33, 16º andar, Macau;Hora: horário de expediente (Das 9:00 às 12:45 horas e das 14:30 às 17:00 horas)Na Secção de Contabilidade da DSSOPT, poderão ser solicitadas cópias do processo de concurso ao preço de $570,00 (quinhentas e setenta patacas).

16. Critérios de apreciação de propostas e respectivos factores de ponderação:- Preço razoável 60%;- Plano de trabalhos 10%;- Experiência e qualidade em obras 18%;- Integridade e honestidade 12%.

17. Junção de esclarecimentos:Os concorrentes poderão comparecer no Departamento de Infra-estruturas da DSSOPT, sita na Estrada de D. Maria II, nº 33, 16º andar, Macau, a partir de 14 de Agosto de 2014 (inclusivé) e até à data limite para a entrega das propostas, para tomar conhecimento de eventuais esclarecimentos adicionais.Macau, aos 31 de Julho de 2014.

A Directora dos Serviços,Subst.aChan Pou Ha

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hoje macau quarta-feira 6.8.2014

hARTE

S, L

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S E

IDEI

AS

13

Carlos Morais José

ALLEPO

A conta que T.E. Lawrence deixou por pagar no bar do Hotel Baron, em Allepo

AURORA

A luz a desvelar o minarete, a anca redonda da mesquita, quan-do o azul finalmente transborda no ouro do deserto.

HOTEL BARON

Nesta varanda de pedra, bebi um uísque com soda, brindando a Lawrence que conheci da Arábia, mas que pertencia ao meu país.

O barman, de calça clássica, colete de risca escura e irrepreen-sível laço, serve como um cava-lheiro de outros tempos, fazendo corar o turista. Sorriu-me e perce-beu: “Está ali naquela sala”: a con-ta assinada pelo punho do Inglês, o homem sem pai que conquistou para si mesmo uma Pátria.

Sorri-lhe, cúmplice, de uma traição que só grandes homens cometem. E, rapidamente, beberi-quei o uísque, voltando à varanda donde, ontem e hoje, se vê passar a Syria.

SOUK

Seriam assim os souks de outros tempos. Seria assim o comércio, de montras atafulhadas e discus-sões ardentes pelas coisas que atravessaram o deserto e o mar.

E deve ter sido numa destas travessas que beijei os lábios de corcuma. Salvaram-me e para sempre os seguirei por todo este grande souk.

Até descobrir que nunca nele tinha entrado e dele nunca sairei.

*

Num texto anónimo, que surge na sequência de A Árvore Cósmica, de Muh’y Iddine Ibn Al Arabi, exis-te um diálogo entre o Diabo e o Profeta.

Diz Iblis a Maomé: — Pedi a Deus um templo e Ele deu-me os souks! Pedi-Lhe uma Santa Escritura e Ele criou a Poesia!

O souk tem a sua origem nas sociedades pré-islâmicas e é pro-duto das estruturas tribais. Nele, os homens trocavam mercadorias, mas era igualmente o lugar onde os poetas alardeavam as canções de cada etnia, a sua identidade e virtudes.

No interior do souk não existe um centro: é um labirinto de es-paços móveis, onde o poder surge indeterminado. Criará então uma organização espacial rebelde ao Senhor do Círculo, uma possibi-lidade de dinâmicas corporais ins-táveis, ainda herdeiras do ateísmo tribal?

Nas trocas entre os homens, não tem lugar o Senhor. Entre fluxos descodificados da moeda e troca de símbolos nas canções, assim se sente excluído um deus exigente e ciumento.

O souk, lugar demoníaco onde se arrisca a nascer uma revolução. A poesia, fluxo musical e profano.

CITADELA

Por esta ponte arqueada e esguia entrámos na Citadela antiga em busca de orações. E, neste lugar estranhamente amável, persegui a sombra das idades, das eras per-manentes nas paredes.

Três árvores acendiam-se no pátio da mesquita. São o seu pór-tico e o nome deste distinto lugar.

Para quê rezar, se o inimigo nos espreita no sopé das mura-lhas, do outro lado do fosso? Não ouço o restolhar das armas, mas eles estão ali, ocultos, no dealbar de cada coração. Há por aqui um augúrio de mudança.

*

A essência das coisas nunca se re-duz a uma fortaleza. O sentido do pátio é ainda a espiral.

in Anastasis, COD, 2013

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14 hoje macau quarta-feira 6.8.2014h

HUAI NAN ZI 淮南子 O LIVRO DOS MESTRES DE HUAINAN

Da Sabedoria – 108

Os sábios não se inquietam nem são defensivos: não dão as boas vindas ao que chega nem se despedem do que parte. As pessoas podem ser do oriente, do ocidente, do sul, ou do norte, mas os sábios permanecem a sós no centro. Assim, conseguem estar sempre a prumo em meio a uma sociedade distorcida.Todo o mundo é influenciado por forças exteriores, só os sábios nunca abandonam o seu chão sagrado. Como tal, não se esforçam por ser amados e não fogem do desdém, seguindo sempre a Via do céu. A nada dão início e não se obcecam consigo mesmo, atendo-se ao Princípio do céu. Não fazem planos, mas não perdem oportunidades, assim firmando um pacto com o céu. Não procuram ganhos, mas não rejeitam a fortuna, seguindo o exemplo do céu.

* * *

Desde a origem, os homens nasceram do não-ser e foram formados a partir do ser. Logo que tiveram forma, passaram a ser limitados pelas coisas. Se forem capazes de regressar onde nasceram e de serem como que informes, então, são chamados homens reais. Os homens reais nunca estão separados da grande unidade.

* * *

Os sábios ocultam-se interiormente e não agem como incitadores de outros. Quando as coisas ocorrem, lidam com elas; quando as pessoas vêm a eles, lhes respondem.

* * *

Os sábios não se vestem ou comportam com ostentação. Vestem aquilo que a mais ninguém apraz, fazem aquilo que ninguém observa e dizem aquilo de que ninguém discorda. Em tempos de abundância não são extravagante; em tempos de dificuldade não sentem medo. Não se vangloriam do sucesso nem desesperam na obscuridade. São diferentes, mas não estranhos; parecem triviais, mas não há forma de lhes dar nome. A tal se chama grande mestria.

Tradução de Rui Cascais | Ilustração de Rui Rasquinho

Huai Nan Zi (淮南子), O Livro dos Mestres de Huainan foi composto por um conjunto de sábios taoistas na corte de Huainan (actual Província de Anhui), no século II a.C., no decorrer da Dinastia Han do Oeste (206 a.C. a 9 d.C.). Conhecidos como “Os Oito Imortais”, estes sábios destilaram e refinaram o corpo de ensinamentos taoistas já existente (ou seja, o Tao Te Qing e o Chuang Tzu) num só volume, sob o patrocínio e coordenação do lendário Príncipe Liu An de Huainan. A versão portuguesa que aqui se apresenta segue uma selecção de extractos fundamentais, efectuada a partir do texto canónico completo pelo Professor Thomas Cleary e por si traduzida em Taoist Classics, Volume I, Shambhala: Boston, 2003. Estes extractos encontram-se organizados em quatro grupos: “Da Sociedade e do Estado”; “Da Guerra”; “Da Paz” e “Da Sabedoria”. O texto original chinês pode ser consultado na íntegra em www.ctext.org, na secção intitulada “Miscellaneous Schools”.

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15 artes, letras e ideiashoje macau quarta-feira 6.8.2014

Logo que tiveram forma, passaram a ser limitados pelas coisas.

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hoje macau quarta-feira 6.8.201416 publicidade

Aviso Faz-se público que, por despacho de 22 de Julho de 2014, da Exm.ª Senhora Se-cretária para a Administração e Justiça, se acham abertos os concursos comuns, de ingresso externo, de prestação de provas, nos termos definidos na Lei n.º 14/2009 (Regime das carreiras dos trabalhadores dos serviços públicos) e no Regulamento Administrativo n.º 23/2011 (Recrutamento, selecção e formação para efeitos de acesso dos trabalhadores dos serviços públicos), para o preenchimento dos seguin-tes lugares vagos da Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública:

1. Seis lugares na área de Gestão Pública de técnico de 2.ª classe, 1.º escalão da carreira de técnico do quadro de pessoal;

2. Sete lugares na área de Gestão de Recursos Humanos de técnico de 2.ª classe, 1.º escalão da carreira de técnico do quadro de pessoal;

3. Dois lugares na área de Comunicação Oral e Escrita em Língua Chinesa de técni-co de 2.ª classe, 1.º escalão da carreira de técnico do quadro pessoal.

O respectivo aviso dos concursos encontra-se publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 32, II Série, de 6 de Agosto de 2014 e disponível na página electrónica dos SAFP www.safp.gov.mo, bem como, afi-xado na Rua do Campo n.º 162, Rés-do-Chão, do Edifício Administração Pública. O prazo para a apresentação de candidaturas é de 7 a 26 de Agosto de 2014. Para mais informações, pode dirigir ao referido local durante o horário de expediente ou contactar esta Direcção de Serviços através do telefone n.º 88668866.

Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública, aos 31 de Julho de 2014.

O Director, José Chu

ANÚNCIOVENDA EM HASTA PÚBLICA

Faz-se público que se vai realizar uma venda em hasta pública de sucata resultante de veículos, bens, sucata de bens, jóias e outros que reverteram a favor da Região Administrativa Especial de Macau nos termos da lei ou que foram abatidos à carga pelos serviços públicos. Os locais, dias e horas marcadas para visualização dos bens agora colocados à venda, para efeitos de prestação da caução e da hasta pública propriamente dita, são os seguintes:

Visualização dos bens1. Sucata resultante de veículos, bens e sucata de bens

Na tabela abaixo indicada encontram-se discriminados os lotes de sucata resultante de veículos, os lotes de bens e os lotes de sucata de bens, colocados à venda, bem como, a respectiva data, hora e local para visualização dos mesmos na presença de trabalhadores da Direcção dos Serviços de Finanças.

No. de lote Local de armazenamento

Data de identificação

Horário (1) Local (2)

VS01 Macau 12/08/2014 10:00am Edifício Veng Fu Shan Chuen (Rua da Penha, n.º 3 – 3C,Macau)VS02, VS03, VS04, IS01,MS01, MS02,L02 (parte)

Coloane 12/08/2014 3:00pm Parque de estacionamento provisório para veículos abandonados(Estrada de Flor de Lotus, Coloane)

L01,L02 (parte),B01, B02 Macau, Coloane 13/08/2014 10:00am

Armazém no rés-do-chão do Edifício Industrial Cheong Long(Ramal dos Mouros, n.º 11 – 21, Macau)

Nota(1) A visualização de sucata resultante de veículos, bens e sucata de bens inicia-se, impreterivelmente, quinze minutos após a hora marcada,

não sendo disponibilizada uma outra oportunidade para o efeito. Os interessados devem providenciar meio de transporte para se deslocarem ao local de armazenamento de cada lote.

(2) Para se dirigirem aos locais de armazenamento de sucata resultante de veículos, bens e sucata de bens, devem os interessados concentrar-se nos locais acima indicados.

Não há lugar à visualização de sucata resultante de veículos, bens e sucata de bens no dia da realização da hasta pública, mas são projectadas fotografias dos mesmos através de computador.2. Jóias e outros

Há lugar à visualização dos bens no local da realização da hasta pública, e, simultaneamente, são projectadas fotografias dos mesmos através de computador.

3. As listas de bens podem ser consultadas na sobreloja do Edifício “Finanças”, ou na página electrónica desta Direcção dos Serviços (website: http://www.dsf.gov.mo). As listas dos bens com descrição pormenorizada podem ser consultadas no 8.º andar do Edifício “Finanças”, sala 803.

Prestação de cauçãoPeríodo: Desde a data do anúncio até ao dia 18 de Agosto de 2014Montante: $5,000.00 (cinco mil patacas)Modo de prestação de caução:

- Por depósito em numerário ou cheque, o qual seráefectuado mediante a respectiva guia de depósito e paga em instituição bancária nela indicada. A referida guia de depósito será obtida na sala 803 do 8.º andar do Edifício “Finanças”, sito em Macau na Avenida da Praia Grande, n.ºs 575, 579 e 585; ou,- Por garantia bancária, de acordo com o modelo constante do anexo I das Condições de Venda

Realização da Hasta PúblicaData: 19 de Agosto de 2014 (terça-feira)Horário: Às 09:00 horas – registo de presenças

Às 10:00 horas – início da hasta públicaLocal: Auditório, na Cave do Edifício “Finanças” , sito em Macau na Avenida da Praia Grande, n.ºs 575, 579 e 585.

Consulta das Condições de VendaAs Condições de Venda podem ser:

- obtidas na sala 803 do 8.º andar do Edifício “Finanças”, sito em Macau na Avenida da Praia Grande, n.ºs 575, 579 e 585;- consultadas na sobreloja do Edifício “Finanças”, ou na página electrónica da Direcção dos Serviços de Finanças (website: http//www.

dsf.gov.mo).A Directora dos Serviços

Vitória da Conceição

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Concurso Público para a Prestação de Serviços de Limpeza às Subunidades da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude nos anos de 2015 e 2016

1. Entidade adjudicante: Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ).

2. Modalidade do concurso: Concurso público.

3. Objecto do concurso: Prestação de serviços de limpeza às Subunidades da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude.

4. Período de prestação de serviços: De Janeiro de 2015 a Dezembro de 2016.

5. Prazo de validade das propostas: É de noventa dias, a contar da data do acto público do concurso, prorrogável, nos termos previstos no programa do concurso.

6. Sessão de esclarecimento: Os concorrentes devem estar presentes na sala de reuniões da sede da DSEJ, sita na Avenida de D. João IV, n.os 7-9, 1.º andar, pelas 10:00 horas do dia 11 de Agosto de 2014.

7. Caução provisória: MOP160.000,00 (cento e sessenta mil patacas), a prestar mediante depósito em numerário ou garantia bancária aprovada nos termos legais, à ordem da DSEJ, no Banco Nacional Ultramarino (Conta n.º 9002501375).

8. Caução definitiva: 4% do preço total da adjudicação.

9. Preço base: Não há.

10. Condições de admissão: As empresas concorrentes que possuam registo comercial ou registo de início de actividade na RAEM, para o exercício de actividade de limpeza.

11. Local, dia e hora limite para a entrega das propostas:

Local: Secção de Arquivo e Expediente Geral da DSEJ, Avenida de D. João IV, n.os 7-9, 1.º andar.

Dia e hora limite: às 12:00 horas do dia 1 de Setembro de 2014.

12. Local, dia e hora do acto público do concurso:

Local: Sala de reuniões, na sede da DSEJ, Avenida de D. João IV, n.os 7-9, 1.º andar.

Dia e hora: às 10:00 horas do dia 2 de Setembro de 2014.

Em conformidade com o disposto no artigo 27.o, do Decreto-Lei n.o 63/85/M, de 6 de Julho, os concorrentes ou os seus representantes devem estar presentes no acto público de abertura das propostas para esclarecer as dúvidas que, eventualmente, surjam relativamente aos documentos constantes nas suas propostas.

13. Local, dia e hora para exame do processo e obtenção da cópia:

Local: Secção de Arquivo e Expediente Geral da DSEJ, Avenida de D. João IV, n.os 7-9, 1.º andar.

Dia: A partir da data de publicação do respectivo anúncio até ao dia e hora do acto público do concurso.

Hora: Dentro das horas de expediente.

14. Critérios de apreciação das propostas e respectivos factores de ponderação:

﹣ Preço: 60%﹣ Plano de realização de serviços e o seu processo, número de funcionários para

o exercício, dias de trabalho, bem como o respectivo equipamento mecânico ou instrumentos: 20%

﹣ Experiência/qualidade dos respectivos serviços prestados: 10% ﹣ Organização, estrutura, dimensão e medidas de gestão da entidade concorrente:

10%Junção de esclarecimentos:

Os concorrentes devem comparecer na sede da DSEJ, na Avenida de D. João IV, n.os 7-9, 1.º andar, a partir da data de publicação do presente anúncio até ao prazo para entrega das propostas do concurso público, para tomarem conhecimento de eventuais esclare-cimentos adicionais.

Aos 31 de Julho de 2014.

A Directora,

Leong Lai

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TEMPO AGUACEIROS OCASIONAIS MIN 27 MAX 32 HUM 70-95% • EURO 10.8 BAHT 0.2 YUAN 1.3

ACONTECEU HOJE 6 DE AGOSTO

Pu Yi

LÍNGUADE gATO

hoje macau quarta-feira 6.8.2014 (F)UTILIDADES 17

H O J E H Á F I L M E

João Corvo fonte da inveja

Amanhã desapareciam as religiões. Ufff... enfim!

C I N E M ACineteatro

SALA 1DORAEMON THE MOVIE: NOBITA IN THE NEWHAUNTS OF EVIL-PEKO AND THE FIVE EXPLORERS [A]FALADO EM CANTONÊSUm filme de: Yakuwa Shinnosuke14.30, 16.30, 19.30

DAWN OF THE PLANET OF THE APES [B]Um filme de: Matt ReevesCom: Jason Clarke, Gary Oldman, Keri Russel21.30

SALA 2PLANES 2: FIRE & RECUE [A]FALADO EM CANTONÊSUm filme de: Bobs Gannaway14.15, 16.00, 19.45

THE FAULT IN OUR STARS [B]Um filme de: Josh BooneCom: Shailene Woodley, Ansel Elgort17.30, 21.30

SALA 3BREAK UP 100 [B]Um filme de: Lawrence ChengCom: Ekin Cheng, Chrissie Chau14.30, 16.30, 21,30

STEP UP ALL IN [B]Um filme de: Trish SieCom: Alyson Stoner, Biana Evigan, Ryan Gusman, Adam G. Sevani19.30

PLANES 2: FIRE & RECUE

Morre Jorge Amado, nasce Alexander Fleming• Hoje é dia de recordar o eterno Jorge Amado, escritor brasileiro, um dos maiores autores de Língua Portuguesa. Amado morreu no dia 6 de Agosto, dia em que nasceu Alexander Fleming, o cientista que descobriu a penicilina.Jorge Leal Amado de Faria nasceu em Itabuna, a 10 de Agosto de 1912. É hoje lembrado como um dos maiores autores brasileiros, o autor com mais trabalhos adap-tados para a televisão brasileira, apenas superado nos números de vendas por Paulo Coelho.A obra de Jorge Amado conheceu inúmeras adaptações para cinema, teatro e televisão, sendo que os seus livros foram traduzidos para 55 países, em 49 línguas. Era um escritor com uma marca única, com um estilo literário inconfundível, reconhecido em 1994 com o prestigiado Prémio Camões.Amado viria a morrer em 2001, em Salvador, a 6 de Agosto de 2001, vítima de uma paragem cardio-respiratória. Contava então 88 anos.Neste dia, em 1661, é assinado o acordo de Paz de Haia, entre Portugal e a República Holandesa. Já em 1945, durante a II Guerra Mundial é lançada a bomba atómica ‘Little Boy’ sobre Hiroshima, a partir do avião B-29 ‘Enola Gay’.Já a 6 de Agosto de 1966, é inaugurada a Ponte Salazar, em Lisboa, rebaptizada como Ponte 25 de Abril.Nasceram neste dia Nicolas Malebranche, filósofo francês (1638), Alexander Fleming, cientista e médico bacteriolo-gista britânico, que descobriu a penicilina (1881), Robert Mitchum, actor de cinema norte-americano (1917), Andy Warhol, desenhador, pintor, publicitário e escultor (1928) e Mário Coluna, ex-futebolista moçambicano naturalizado português (1935).

Está sempre quase“Está a ser ultimada”, “está quase a chegar à Assembleia Legislativa”, “em breve”... Quem tem de lidar com promessas do Governo sabe como as coisas são. Nunca temos datas certas, nunca há calendários e nunca é oportuno divulgar detalhes. As leis que estão há anos para sair do forno – como a da violência doméstica, os regimes de acreditação profissional e coisas que tal – vão demorar mais outros tantos realmente a lá chegar. Os atrasos continuam, os adiamentos também, mas sempre que um jornalista ou um deputado quer saber algo, a resposta é sempre que a lei está a ser revista e que vai ser em breve entregue... quando damos por nós, já passou um ano e nada temos de concreto. Deve ter sido um dos pontos mais negativos que os portugueses deixaram cá – deixe sempre para amanhã o que pode fazer hoje. Andamos devagar e o que precisa de ser protegido, um dia, vai sê-lo. Um dia. Não se sabe ao certo quando, não há estimativas para isso ou, se as há, não é oportuno que se divulguem. Mas, está quase. Só falta o quase.

BABEL(ALEJANDRO GONZÁLEZ IÑARRITU, 2006)

Os problemas matrimoniais de um casal desaparecem por completo quando a mulher é baleada dentro de um autocarro sem se saber de onde, nem porquê. Lá no alto, num monte perdido em Marrocos, um rapazinho brinca com uma arma e dispara para o vazio. No Japão, uma adolescente pede atenção e vive num estado de solidão e revolta interior desde a morte da mãe. No México, um casamento alegre acaba da pior forma possível para uma emigrante, a viver há 16 anos nos Estados Unidos. Este filme brilhante, dirigido por Alejando González Iñarritu, mistura vidas diferentes que se complementam e, sobretudo, influen-ciam. Porque o nosso mundo e o mundo em que estamos é, afinal, tão pequeno e tão grande ao mesmo tempo. - Andreia Sofia Silva

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FACE

BOOK

hoje macau quarta-feira 6.8.201418 ócios / negócios

FIL IPA ARAÚ[email protected]

R AQUEL Fera decidiu colocar as mãos na massa. Literalmente. “Existem muitos sítios em Macau que vendem

pão, mas nunca encontrei um que vendesse aquele que eu procurava”, começa por explicar a jovem empresária, fundadora da nova padaria portuguesa de Macau ao HM.

Foi esta frustração - aliada à falta de oportunidade de emprego na área de for-mação de Raquel, Ciências da Educação, - que fez com que a nova padeira de Macau arrancasse com o projecto de construção de uma panificadora no território.

“Ouvia sempre os meus amigos a quei-xarem-se que não conseguiam encontrar pão como o de Portugal aqui em Macau. Isto tudo junto fez com que eu pensasse que talvez fosse uma boa ideia mudar de área e abrir horizontes profissionalmente”.

Assumida como uma “mulher de desa-fios”, Raquel partiu para Portugal para ganhar experiência e perceber como funciona o pro-cesso de produção de pão. “Trabalhei numa padaria durante um mês”, disse, explicando que, apesar de ser um curto espaço de tempo, conseguiu captar a essência do arte de fazer pão. O resto, diz, “virá com a experiência”.

Depois de um longa procura por um espaço, Raquel juntamente com o marido, Sérgio, que agora se junta ao projecto, encontrou um pequeno armazém situado na zona da Barra, ideal para acolher os fornos e sacos de farinha.

“Procurar um espaço foi um processo que demorou mesmo muito”, diz a empre-sária, explicando que o casal não procurava um espaço para “abrir uma fábrica”, por-tanto tudo era ou demasiado grande ou não reunia as condições necessárias. “Criar o negócio em si não foi propriamente difícil, assumo, o mais difícil foi tratar de todos os papéis para conseguir o apoio financeiro do Governo”, explica.

A jovem empresária recorreu ao Plano de Apoio a Jovens Empreendedores que visa apoiar as empresas comerciais cria-das por jovens de Macau que criem o seu primeiro negócio, através da concessão de uma verba. Depois da luz verde por parte do Executivo - e de “muitos papéis entre-gues todas as semanas” - Raquel e Sérgio receberam a quantia de 300 mil patacas para fazer nascer a ‘Portuguese Bakery’.

PORTUGUESE BAKERY RAQUEL FERA, FUNDADORA

“NUNCA ENCONTREI PÃO QUE ME SATISFIZESSE”Cansada de não encontrar aqui o que procurava, Raquel Fera decidiu meter as mãos na massa. A ideia surgiu há um ano e ontem a ‘Portuguese Bakery’ abriu portas deixando o cheiro a pão acabadinho de fazer percorrer as ruas de Macau

“A fase mais demorada de todo este projecto foi de facto a parte do apoio finan-ceiro. Como não somos uma fábrica, não há a exigência de estarmos localizados num edifício industrial e isso facilitou o processo. O facto de sermos um serviço ‘take-away’, sem mesas, sem cadeiras, [também fez] o processo ser bastante simples”, conta.

PRODUTO NACIONALO equipamento é da China. Isto, porque “trazer para Macau fornos de Portugal ficaria muito caro”, conta Raquel. Mas as farinhas, essas são bem portuguesas. “Todos os produtos que usamos são portu-gueses, senão seriamos só mais do mesmo e não é isso que queremos. Queremos pão português, por isso usamos farinhas vindas de Portugal”, garante a jovem.

Pão alentejano, de mistura, baguete ou até a famosa carcaça bem à moda portuguesa estão agora disponíveis a um preço para todas as carteiras. “A broa de milho tem feito um sucesso, até fiquei surpreendida”, partilha Raquel. Surpreendido ficou também o casal que, no primeiro dia de abertura da panificadora, já tinha encomendas para fora. “Esse é o nosso objectivo, vender para o ramo hoteleiro, cadeias de supermercados... mas há sempre a opção da pessoa ir comprar à loja, sempre”, garante.

UMA SUPRESAEm modo de verdadeiramente português o casal decidiu brindar os seus clientes, e por isso Raquel revela ao HM uma nova surpresa: pão com chouriço. E o chouriço é português? “Claro”, exclamou.

A panificadora está aberta ao público das 8h às 14 horas, de terça a domingo, com dia de folga à segunda-feira. Para os portugueses saudosistas e para os que querem provar o pão português só têm de se dirigir à zona da Barra, bem ali, num bairro tão chinês.

“Todos os produtos queusamos são portugueses,senão seriamos só mais domesmo e não é isso que queremos”

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hoje macau quarta-feira 6.8.2014

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Cecília Lin; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado; Ricardo Borges (estagiário) Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

A prova

19OPINIÃO

ANÚNCIOHM - 1ª vez - 6.8.14Acção de Interdição n.º CV1-14-0024-CPE 1.º Juízo Cível

Requerente: MINISTÉRIO PÚBLICO.

Requerido: WONG I KAN

***

A MERITTÍSSIMA JUIZ DO 1.º Juízo CÍVEL DO TRIBUNAL JUDICIAL DE BASE DA R.A.E.M. FAZ SABER que: Foi distribuída ao 1.º Juízo Cível do Tribunal Judicial de Base de R.A.E.M., a Acção acima mencionada, proposta pelo MINISTÉRIO PÚBLICO contra WONG I KAN, do sexo masculino, casado, natural de China, nascido a 01/06/1931, titular do B.I.R.M. n.º 7xxx2xx(9), residente em Macau na Avenida Hipódromo, n.º 460, Edifício Man On, bloco 4, 1.º andar J, para efeitos de ser declarado a sua interdição por anomalia psíquica. Para constar se lavrou este e outro de igual teor que vão ser devidamente afixados nos lugares designados por Lei. R.A.E.M., aos 23 de Julho de 2014.

S E prova fosse necessária, a questão dos táxis, na sua insignificância real, seria a confirmação da incapacidade deste Governo para governar. Reparemos que não se trata de um problema que envolva milhões como, por exemplo, a habitação. Por outro lado, não invoca estudos extensos, repercussões vastas no quotidiano e decisões difíceis ou arriscadas como o trânsito ou a poluição. Ora se o Executivo não conse-gue, há mais de dois anos, pôr os taxistas na

ordem, como poderemos esperar que resolva problemas bem mais complexos e que afectam a vida de todos? Se não tem autoridade para mandar nos carroceiros, como poderemos confiar no caminho para onde nos dirige?

De facto, encarando as coisas nas suas devidas pro-porções, o comportamento dos taxistas até poderia ser considerado um detalhe, uma bizarria da cidade, um traço terceiro-mundista na cidade. Mas o problema é que, para além dos residentes não dotados de viatura particular, as vítimas dos crimes diários são, principalmente, os turistas que obviamente entendem estar a ser roubados com um descaramento e uma impunidade inesperados.

Vai ser necessário mais meio ano para que a administração de Macau consiga fazer com que os taxistas respeitem a lei e prestem um serviço normal a toda a gente. Ainda são precisas mais provas da ineficácia desta governação?

Numa cidade que se quer de turismo, lazer e cultura, este tipo de situação exporta uma imagem de degradação cívica que, no limite, classifica o Governo da RAEM. A verdade é que o Executivo autoriza ou fecha os olhos a que a população e os turistas sejam espoliados em plena luz do dia. Facto é que esta situação dura há mais de dois anos. Outro facto é que a imprensa tem incessantemente alertado para este fenómeno. A triste realidade é que as autoridades têm assobiado para o lado.

O que dirão os estrangeiros de tudo isto? Já viram no Facebook? É esta a imagem de si próprio e da cidade que o Governo pretende mesmo passar? Em nome de quê ou de que interesses? Nenhuns, responder-me-ão. É só inércia. Ou cobardia.

Nas ruas de Macau, em pleno centro da cidade, ainda ontem continuava o lamentável espectáculo do crime impune. Táxis ignoram clientes, baixam as janelas junto de outros a quem propõem preços ilegais. A festa conti-nua e é até fartar, um atrás do outro. Um casal de turistas olha para mim, à procura de uma explicação. Encolho os ombros. Tinha vontade de lhes murmurar “é Macau...”, mas já estou cansado demais para isso. Tudo isto é triste e não é fado.

Não podemos ser injustos. Recentemente, foi anunciado, timidamente é certo, que o problema estará resolvido daqui a seis meses. Portanto, vai ser necessário mais meio ano para que a administração de Macau consiga fazer com que os taxistas respeitem a lei e prestem um serviço normal a toda a gente. Ainda são precisas mais provas da ineficácia desta governação?

a outra faceCARLOS MORAIS JOSÉ

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hoje macau quarta-feira 6.8.2014

cartoon por Stephff CESSAR-FOGOEM GAZA

O jornal South China Morning Post anun-ciou na sua edição de ontem que o magnata

de Hong Kong, Jimmy Lai, gastou milhões de dólares de Hong Kong para ajudar o movimento “Occupy Central” a organizar o referendo não-oficial sobre o sufrágio directo, em Junho. O jornal assegura ter tido acesso a e-mails fornecidos à im-prensa que indicavam isso mesmo.

Foi também revelado que o Grupo Next Media, propriedade de Lai, ofereceu conselhos – incluin-do material de propaganda – aos organizadores do movimento, que Lai descreveu em privado como “académicos idealistas” que “não vão chegar a nenhum lado sem ajuda”.

A correspondência trocada por Lai com o seu braço-direito, Mark Simon, revela que o milionário terá gasto entre 3 e 3,5 milhões de dólares de Hong Kong para apoiar a iniciativa, incluindo despesas com “anúncios e billboards”. Noutro email, datado de 5 de Julho de 2013, Lai rejeita os conselhos de Ip Yut-Kin, um director executivo da Next Media, que recomendava que nem Lai, nem o seu grupo se envolvessem com o movimento, caso o assunto se tornasse “mais complicado”. Isto, devido a Pe-quim. Lai terá respondido: “per-cebo, mas não concordo”.

Ainda noutro email, de 8 de Ju-lho de 2013, sugere-se que o Grupo

A troca de e-mails entre o bilionário de Hong Kong, Jimmy Lai e o seu braço direito Mark Simon, mostram que Lai tem mantido relações próximas com políticos da direita nos Estados Unidos e que poderá ter estado por detrás do movimento “Occupy Central”. A ideia é rejeitada pelos organizadores da campanha

HONG KONG JIMMY LAI TERÁ DOADO 3,5 MILHÕES AO MOVIMENTO “OCCUPY CENTRAL”

Laços norte-americanos

China Canadianos investigadospor espionagemAs autoridades da China estão a investigar dois cidadãos canadianos por suspeita de roubo de segredos militares e de defesa nacional, informou a imprensa estatal. A agência oficial de notícias Xinhua informou na segunda-feira que Kevin Garratt e Julia Dawn Garratt estavam a ser investigados pelo serviço de segurança do Estado na cidade de Dandong, que faz fronteira com a Coreia do Norte. O roubo de segredos estatais é considerado um crime muito grave na China continental. O jornal canadiano “The Globe and Mail” referiu que Kevin e Julia Garratt são um casal natural de Vancouver que vive na China desde 1984, sendo proprietários de um restaurante popular na cidade de Dandong.

Inglaterra Muçulmana no governo demite-se contra apoio a IsraelA primeira muçulmana a integrar um governo no Reino Unido Sayeeda Warsi anunciou ontem, na rede social «Twitter», a demissão por não poder continuar «a apoiar a política do governo [britânico] sobre Gaza». «Foi com profundo pesar que escrevi esta manhã ao primeiro-ministro [David Cameron] para lhe apresentar a minha demissão. Não posso continuar a apoiar a política deste governo sobre Gaza», escreveu Sayeeda Warsi, actual secretária de Estado do ministério dos Negócios Estrangeiros, na sua conta oficial no «Twitter». Desde o início da operação israelita em Gaza, a 08 de Julho, Londres defendeu o direito de Israel a defender-se, apesar de pedir uma «resposta proporcional».

“Num dos emails, Simon mencionou a um dos conselheiros de Palin que os pró-democratas ‘precisam de alguma atenção e que podem ganhar alguma protecção se o Governo souber que podem obter atenção internacional’”

Next Media tenha ajudado a produ-zir uma animação para demonstrar como é que o público podia resistir à polícia, caso a força fosse usada para dispersar a população durante os protestos. No dia seguinte, Chu Yiu-ming, um dos organizadores do movimento, informava Lai que ainda era muito cedo para entrar nos “aspectos técnicos”.

TRIO DE ATAQUEA campanha do movimento “Occu-py Central” foi planeada por Chu, pelo professor da Universidade de Hong Kong, Benny Tai Yiu-ting, e pelo académico da Universidade Chinesa, Chan Kin-man.

Ontem, Chan rejeitou a ideia de Lai ser a força principal por detrás do movimento, consideran-do esta fuga de informação como uma campanha de difamação. Ao mesmo tempo, adiantou que o movimento recebeu doações de sete milhões de dólares de Hong Kong desde o ano passado, mas que nenhum desse dinheiro veio

da parte de Lai, tendo três milhões sido obtidos em eventos de recolha de fundos e o resto oferecido por executivos do território vizinho.

O comentador de assuntos sociais, Johnny Lau Yui-siu, disse que a informação agora divulgada iria reforçar a opinião dos críticos dos pró-democratas que acreditam que Lai, com o apoio dos Estados Unidos, tem estado a orquestrar campanhas contra a China e contra o estabelecimento em Hong Kong.

Os emails, constituídos na sua maioria por correspondência entre Jimmy Lai e Mark Simon, mostram também que Lai tem mantido re-lações próximas com políticos da direita nos Estados Unidos.

Num caso, Simon agiu como intermediário para organizar uma

reunião entre Sarah Palin e um gru-po de pró-democratas quando esta visitou Hong Kong em 2009. Num dos emails, datado 4 de Setembro de 2009, Simon mencionou a um dos conselheiros de Palin que os pró--democratas “precisam de alguma atenção e que podem ganhar alguma protecção se o Governo souber que podem obter atenção internacional”. Depois de não obter nenhuma resposta, Simon dirigiu-se de se-guida ao conselheiro de negócios estrangeiros de John McCain – com quem Palin se candidatou às eleições presidenciais norte-americanas de 2008 – a quem ofereceu conselhos sobre como Palin se deveria com-portar perante a imprensa local de modo a melhorar a sua imagem. Tecendo uma série de comentários sobre as diversas organizações, Simon descreveu o SCMP como más notícias, a CNN Internacional como comunistas e apontou a CCTV como o parceiro ideal, visto estes não estarem a tentar atacá-la.

Outros emails revelam que Lai realizou um passeio de barco com o Cônsul dos Estados Unidos em Hong Kong e ainda que Lai pagou 75 mil dólares americanos a Paul Wolfowitz – ex- sub-secretário da Defesa dos EUA - para este se deslocar com Lai a Myanmar e ajudá-lo com projectos nesse país.

Entretanto, Mark Simon, com-bateu estas acusações afirmando que Lai só se deslocou a Washing-ton duas vezes desde 2001 e que o encontro entre Palin e os pró--democratas nunca se realizou.