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• IV LEGISLATURA RELATÓRIO FINAL DIZ QUE AL GASTOU 63,33 MILHÕES EM SEIS MESES PÁGINA 2 • SEMANA DOURADA MACAU PODE VIR A RECEBER MAIS DE UM MILHÃO DE TURISTAS PÁGINA 5 CENSURA NOVO MACAU Liberais falam em atitudes ilegais PÁGINA 4 CHINA CASO BO XILAI Subornos recebidos “sem querer” PÁGINA 8 Votar fora de Macau é impossível São muitas as queixas, mas nada pode ser feito. Os emigrantes não vão poder votar nas próximas eleições de Setembro. A confirmação foi dada ao HM pela Comissão para os Assuntos Eleitorais que não dispõe de qualquer plataforma para garantir o voto à distância. “Todos os eleitores têm de regressar a Macau para fazer a votação.” PÁGINA 3 Emigrantes sem palavra PUB AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • SEXTA-FEIRA 23 DE AGOSTO DE 2013 • ANO XII • Nº 2921 PUB MOP$10 PUB Ter para ler ELEIÇÕES PUB

Hoje Macau 23 AGO 2013 #2921

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Edição do jornal Hoje Macau N.º 2921 de 23 de Agosto de 2013.

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• IV LEGISLATURA

RELATÓRIOFINAL DIZ

QUE AL GASTOU63,33 MILHÕESEM SEIS MESES

PÁGINA 2

• SEMANA DOURADA

MACAU PODEVIR A RECEBER

MAIS DEUM MILHÃO

DE TURISTAS PÁGINA 5

• CENSURA NOVO MACAU

Liberais falamem atitudes ilegais

PÁGINA 4

• CHINA CASO BO XILAI

Subornos recebidos “sem querer”

PÁGINA 8

Votar fora de Macaué impossível

São muitas as queixas, mas nada pode ser feito. Os emigrantes não vão poder votar nas próximas eleições de Setembro. A confirmação foi dada ao HM pela Comissão para os Assuntos Eleitorais que não dispõe de qualquer plataforma para garantir o voto à distância. “Todos os eleitores têm de regressar a Macau para fazer a votação.” PÁGINA 3

Emigrantes sem palavra

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AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • SEXTA-FE IRA 23 DE AGOSTO DE 20 13 • ANO X I I • Nº 292 1

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Ter para ler

ELEIÇÕES

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TIAG

O AL

CÂNT

ARA

2 hoje macau sexta-feira 23.8.2013

ANDREIA SOFIA [email protected]

A Assembleia Legislati-va (AL) registou um crescimento anual da despesa efectiva com

funcionários na ordem dos 13,1% face a 2011, tendo gasto um total de 63,33 milhões de patacas nos primeiros seis meses do ano.

Os dados constam no relatório do hemiciclo que traça a análise dos trabalhos realizados numa altura em que chegou ao fim a quarta sessão da IV Legislatura.

Num ano apontado como sendo de intensa produção legislativa, não só pelos deputados como pelo próprio presidente cessante da AL, Lau Cheok Va, os gastos com funcionários não deverão estar dissociados desse factor. “O refor-ço dos quadros de assessoria e de técnicos jurídicos bilingues esteve na linha de prioridade das novas admissões registadas no decurso da presente legislatura que, aliás, correspondem a necessidades ajus-tadas e prospectivas de recursos humanos qualificados para apoiar juridicamente as tendências de crescimento dos trabalhos legis-lativos dos deputados.”

LEONEL ALVES E VICTOR KWAN A ZEROS

63,33milhões de patacas foi o que a AL já

gastou nos primeiros seis meses do ano

Foram mais de 63 milhões de patacas gastos entre Janeiro e Julho deste ano, e só para os funcionários do hemiciclo. O relatório que celebra o fim da quarta sessão da IV Legislatura fala de “reforço da componente jurídica dos recursos humanos afectos aos serviços de apoio”, num ano em que foram aprovados diplomas considerados fundamentais

AL RELATÓRIO APONTA PARA VALORIZAÇÃO DE TÉCNICOS BILINGUES

Gastos com funcionários aumentam 13%OS NÚMEROS DAS LEIS

45 plenários

160 reuniões de comissão

1 proposta de lei retirada pelo Governo

15 novas leis aprovadas

12 projectos de lei chumbados

58 leis aprovadas desde 2009

10 plenários para as perguntas dos deputados

12 plenários para as Linhas de Acção Governativa

504 interpelações orais e escritas

216 intervenções antes da ordem do dia

POLÍTICA

“De notar que, apesar das re-centes alterações introduzidas na orgânica do funcionamento da AL, e do reforço da componente jurídi-ca dos recursos humanos afectos ao serviço de apoio, o orçamento inicial da AL de 127,1 milhões de patacas para o ano de 2013 represen-ta apenas 0,16% do orçamento total da despesa integrada do Governo”, pode ainda ler-se no relatório.

A AL considera ainda que foi feita “uma gestão criteriosa dos activos e dos recursos humanos no sentido de assegurar as melhores condições possíveis do funciona-mento dos trabalhos legislativos”.

MUITAS REUNIÕES E CHUMBOSPor forma a concluir os trabalhos relativos à nova Lei de Terras, a re-visão do Código do Processo Penal, lei do património e do planeamento urbanístico, entre outros diplomas, os deputados realizaram um total de 160 reuniões de comissões permanentes.

Pelo contrário, realizou-se apenas uma reunião da comissão de acom-panhamento dos assuntos da Função Pública e também da comissão sobre as Finanças Públicas. De frisar a visita dos deputados à habitação pública de Seac Pai Van, no âmbito da comissão da lei de terras.

No total, foram aprovadas 15 leis numa sessão que se pautou pela “relevância e diversidade da

produção legislativa analisada, debatida e votada na generalidade e especialidade”, sem esquecer “uma ampla intervenção dos deputados no exercício de outras competên-cias próprias”.

Essas competências de que fala o relatório prendem-se com pedi-dos de debate e outras iniciativas avançadas pela ala democrática do hemiciclo, bem como de outros deputados eleitos pela via directa.

Os chumbos aos 12 projectos de lei do deputado José Pereira Coutinho marcaram o ano legisla-tivo, com os colegas de bancada a falarem da falta de tempo para se debruçarem sobre outros diplomas em produção e revisão.

Outra iniciativa chumbada foi a de Kwan Tsui Hang, que quis debater em plenário a polémica da contrata-ção dos estudantes do continente, ou do democrata Au Kam San, que que-ria ouvir da boca do Governo todas as explicações sobre o acordo entre Executivo, anteneiros e TV Cabo.

Contudo, Paul Chan Wai Chi e Ng Kuok Cheong conseguiram, com apenas duas abstenções, levar a debate a questão de Coloane e da preservação dos espaços verdes.

O relatório faz ainda uma “referência especial” à resolução aprovada pelos deputados que levou à apreciação do relatório da execução orçamental no ano de 2011. Contudo, muitos deputados lembraram o visível atraso na aná-lise das contas de 2012 e do ano corrente por parte do hemiciclo.

Olhando para a tabela referente ao trabalho realizado pelos membros do hemiciclo, mais uma vez se verifica a predominância de iniciativas dos deputados eleitos por sufrágio directo em detrimento do sufrágio indirecto. Leonel Alves, indirecto, não fez quaisquer intervenções antes da ordem do dia, nem entregou

qualquer interpelação ao Governo com questões, tal como o seu colega Victor Kwan. Contudo, as participações de Leonel Alves nos debates de votação à lei do património e do planeamento urbanístico acabariam por gerar polémica. Mak Soi Kun, Paul Chan Wai Chi, Chan Meng Kam ou Ho Ion

Sang são os que mais intervenções fizeram antes da ordem do dia. Quanto às interpelações, Coutinho entregou um total de 43, face às 44 de Paul Chan Wai Chi, da Associação Novo Macau. Mak Soi Kun ou Au Kam San também fizeram muitas perguntas ao Executivo, com mais de 40 interpelações entregues.

ANTÓ

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ÃO

3 políticahoje macau sexta-feira 23.8.2013

ANDREIA SOFIA [email protected]

CECÍLIA L [email protected]

E M ano de eleições a Co-missão para os Assuntos Eleitorais (CAEAL) já co-meçou a fazer publicidade

oficial para incentivar a população local na ida às urnas, mas esta apenas serve para quem vive real-mente no território. Isto porque os eleitores que se encontram a viver fora da RAEM não têm qualquer meio para exercer o seu direito de voto, seja em instituições oficiais ou via internet.

A garantia foi dada ao HM pela própria CAEAL. “Já houve cida-dãos que consultaram a comissão sobre a possibilidade de votar fora de Macau, mas segundo as regras para eleger os deputados da Assembleia Legislativa (AL) esta hipótese ainda não é possível. To-dos os eleitores têm que regressar a Macau para fazer a sua votação.”

O HM falou com três jovens que estudam ou já estudaram fora do território e que não conseguiram exercer este direito cívico. Um deles foi Sou Ka Hou, número dois do candidato Au Kam San pela Associação Novo Macau (ANM), e que à época estudava em Taiwan. “Lutei muito no ano passado para que os estudantes de Macau em Taiwan pudessem ter o direito de voto, mas ainda não foi encontrada uma solução para o pedido dos es-tudantes e trabalhadores que vivem em Taiwan. A última resposta que

Já houve cidadãos que consultaram a comissão sobre a possibilidade de votar fora de Macau, mas segundo as regras para eleger os deputados da Assembleia Legislativa (AL) esta hipótese ainda não é possível. Todos os eleitores têm que regressar a Macau para fazer a sua votaçãoCOMISSÃO PARA OSASSUNTOS ELEITORAIS

A Comissão para os Assuntos Eleitorais confirma que não dispõe de qualquer plataforma para garantir o voto à distância, mas o HM ouviu os casos de três jovens que estudam fora e que espelham esta realidade. Arnaldo Gonçalves considera que “do ponto de vista prático” seria difícil implementar um sistema, uma vez que Macau não é um país e não possui embaixadas ELEIÇÕES ELEITORES NÃO CONSEGUEM VOTAR FORA DE MACAU

O voto que eu nunca te darei

CAEAL JORNAIS NÃO PODEM INCENTIVAR CAMPANHANa sua edição de terça-feira, o jornal de língua chinesa Exmoo News publicou a apresentação do programa político da lista Observatório Cívico, liderada por Agnes Lam. O jornal frisou que iria publicar os programas políticos dos restantes candidatos até ao próximo dia 30 de Agosto. Contudo, o presidente da CAEAL, Ip Son Sang, não demorou a reagir e frisou que os meios de comunicação social não podem divulgar os programas políticos antes do período oficial de campanha eleitoral. Na sua edição de ontem o jornal Exmoo News não tinha qualquer texto publicado.

obtivemos da delegação de Macau em Taiwan foi que não iria ser considerada essa hipótese.”

Leandro Leong, que neste momento se encontra a estudar Direito em Portugal, disse ao HM que necessita deixar o território no próximo dia 26 de Agosto para co-meçar as aulas do novo ano lectivo, mas que “gostaria de votar”, nem que fosse numa plataforma online. “Mas o Governo da RAEM ainda não arranjou uma solução”, disse.

Já Ray Lee, estudante na pro-víncia de Cantão, disse ao HM que “os jovens que estudam no continente também têm esta di-ficuldade”, mas que “a distância entre a China e Macau é menor do que entre Taiwan e Macau, ou mesmo de Portugal”. Por isso, Ray Lee garantiu que irá exercer o seu direito de voto no dia 15 de Setembro.

Actualmente o número de eleitores registados está acima dos 277 mil, o que representa um aumento de 10,8% face a 2011. Dos novos eleitores conseguidos, mais de 11 mil têm entre 18 e 24 anos, enquanto cerca de 7890 têm entre 25 e 44 anos.

INVESTIMENTO PODENÃO COMPENSAR Contactado pelo HM, o candidato pela Associação dos Trabalhadores da Função Pública (ATFPM), José Pereira Coutinho, considera que

deveria existir uma plataforma para votação fora do território “por se tratar de um dever cívico” presente nos portadores de bilhete de residente permanente “que têm o direito de votar independentemen-te do sitio onde estejam”. Contudo, considera que este ponto não vai afectar os resultados eleitorais, por-que “o interesse das pessoas de fora por Macau não é muito elevado”.

Arnaldo Gonçalves, especia-lista em Relações Internacionais, duvida de que a RAEM tenha “elas-ticidade e mecanismos” para criar esses locais de voto no exterior, por possuir poucos gabinetes de repre-sentação. Para além da delegação económica e comercial em Taipé, na Ilha Formosa, a RAEM possuir delegações em Pequim, Bruxelas e Genebra (representação junto da Organização Mundial do Comér-cio). “Macau não é um país e não tem representação diplomática, por isso não sei como se poderia fazer esse sistema, a não ser que fosse

através das embaixadas da Repú-blica Popular da China”, afirma o especialista ao HM. “Se calhar o investimento feito pela RAEM não compensaria os poucos que eventualmente se iam fazer, mas a RAEM poderia arranjar um local como experiência.”

Contudo, “seria importante aumentar o número de pessoas que participam” e “todos os mecanis-mos que possam ser criados para dar voz ao cidadão são positivos, mas não sei como seria do ponto de vista prático”.

PAGAR AS VIAGENS DE AVIÃO Segundo a edição de ontem do jornal Ou Mun, existe uma lista candidata às eleições que já terá oferecido benefícios aos jovens que estudam fora de Macau para regressarem no dia da votação, onde se inclui o pagamento das viagens de avião.

À mesma publicação, Lou Sheng Hua, professor de Admi-

nistração Pública do Instituto Politécnico de Macau (IPM) disse que “é muito fácil” influenciar os eleitores que sejam emigrantes, e que os jovens “preferem os can-didatos mais radicais e listas dos democratas”. “Se os emigrantes são influenciados pela sua família, os jovens acabam por ser influen-ciados por actividades na internet ou nas redes sociais”, disse ainda.

hoje macau sexta-feira 23.8.20134 política

JOANA [email protected]

A “censura” praticada pela Comissão dos Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislati-

va (CAEAL) “não tem base legal”. Quem o diz é lista Liberais da Novo Macau, que volta a relembrar a proibição de que foi alvo no seu programa político.

Recorde-se que, na semana passada, a CAEL não permitiu que as frases relacionadas com a saída de Florinda Chan, secretária para a Administração e Justiça, do cargo e com a exigência de uma inves-tigação ao ex-chefe do Executivo Edmund Ho devido a contratos de concessão com operadoras de jogo. O grupo apresentou ontem uma reclamação, onde refere que a Liberais da Novo Macau cumpriu as leis. “A censura e a remoção [dessas frases] não tem base legal. O programa político submetido [por nós] não viola a Lei Eleitoral, de forma a que a CAEAL não tem autoridade para levar a cabo este tipo de censura.”

A CAEAL pediu a remoção das frases por considerar que estas eram exigências políticas e não parte de programas políticos. A Liberais da Novo Macau chama a isto uma falácia. “O programa político existe para promover os objectivos dos candidatos, incluin-do os seus planos para promover determinadas ideias políticas, enquanto as exigências políticas são as formas de materializar es-

O Comissariado contra a Corrupção (CCAC) descobriu um caso

suspeito de falsificação de documentos e de obtenção de subsídios do Governo por meios fraudulentos. De acordo com um comunicado, o arguido, presidente do conselho directivo de uma associação de estudo de Macau e professor adjunto de um instituto de ensino superior local, terá prestado informações falsas para obter, por meios frau-dulentos, subsídios do Governo. O caso foi ontem encaminhado para o Ministério Público.

Segundo o que foi apurado pelo CCAC na investigação,

“Mecanismo de coordenação para acelerar legislação” Ainda sobre a despedida do presidente da Assembleia Legislativa, Lau Cheok Va, Angela Leong disse, ontem, que concorda com o resumo dos trabalhos feitos pelo agora ex-responsável e aconselha, inclusive, a estabelecer um mecanismo central de legislação e um mecanismo de coordenação para melhorar a comunicação entre o Governo e a AL. Mais ainda, diz, deve ser aumentada a eficiência e melhorado “de raíz” o método de legislar. A candidata refere que Lau Cheok Va não só é trabalhador com sentido de justiça, como também é exemplar, lamentando a despedida do presidente. Angela Leong aponta ainda que, para resolver as más comunicações entre o Governo e a AL, Lau Cheok Va já sugeriu que se estabelecesse um mecanismo central de legislação em 2010, mas o Governo “nunca mostrou determinação para tal reforma”. Por isso, a deputada insta o Governo a avançar com o trabalho o mais rápido possível e a estabelecer ao mesmo tempo um mecanismo de coordenação para alargar a ligação entre os departamentos.

ELEIÇÕES LIBERAIS DA NOVO MACAU ACREDITAM QUE CENSURA DE FRASES PELA CAEAL NÃO É LEGAL

“Percebe muito pouco de política”

CCAC PROFESSOR E DIRECTOR DE ASSOCIAÇÃO MENTIU POR SUBSÍDIOS DO GOVERNO

Obter dinheiro grátisuma associação de estudo de Macau, aquando da realização no 2.° semestre de 2012 de um seminário sobre jogos de fortu-na ou azar, pediu a atribuição de subsídios junto dos diversos serviços públicos, entre os quais a Fundação Macau, o Instituto de Acção Social, a Direcção dos Serviços de Economia e o instituto de ensino superior em que o arguido exerce funções. Pedidos estes que acabaram por ser deferidos. A par disso, foram ainda angariados fundos junto de cinco sociedades de jogos, num montante total de 300 mil patacas.

As receitas arrecadadas,

incluindo as taxas de inscrição pagas pelos participantes e os apoios financeiros concedidos pelo Governo e pelas sociedades de jogos, totalizaram mais de 730 mil patacas, sendo apenas de cerca de 470 mil patacas as despesas efectivamente reali-zadas. Ou seja, a associação registou um lucro efectivo que ultrapassou as 260 mil patacas.

No entanto, nos relatórios submetidos à Fundação Macau e ao Instituto de Acção Social, o presidente do conselho di-rectivo da associação mentiu, declarando que só obteve um apoio financeiro 60 mil patacas das sociedades de jogos.

O pessoal do CCAC ouviu declarações prestadas por vá-rios indivíduos. A par disso, obteve os documentos de so-licitação de apoio financeiro, apresentados pela associação aos serviços públicos e às socie-dades de jogos e as informações da associação, nomeadamente as suas actas de reuniões, contas bancárias e contas online em “Paypal”. Assim, “verificou-se que o presidente do conselho directivo da associação se tinha apropriado do saldo do apoio financeiro da actividade e realizou uma declaração falsa junto da Fundação Macau e do Instituto de Acção Social, para evitar o reembolso do apoio financeiro atribuído pelo Go-verno. Por isso, o presidente terá alegadamente praticado os crimes de falsificação de documentos e de burla”, diz um comunicado do CCAC.

ses ideais. O programa político e as exigências são dois elementos inseparáveis na política”, refere o grupo candidato.

Mas a Liberais da Novo Macau não se fica por aqui e diz mesmo

que “proibir a publicação de exi-gências politicas” só demonstra que a CAEAL “não só percebe muito pouco de política, como também compromete a credibili-dade da CAEAL”.

A Liberais da Novo Macau diz acreditar que a principal causa por trás da proibição das exigên-cias no programa político é a de querer preservar-se a imagem dos responsáveis do Governo. “É a de

prevenir que ex-funcionários de altos cargos se sintam embaraça-dos”, escrevem na reclamação, citando uma decisão do Tribunal de Última Instância, que refere que estes têm vantagens e des-vantagens enquanto membros do Executivo.

O grupo “exige” que a CAEAL “continue a exercer censura”, até porque não acredita que a intenção do organismos seja preservar a essência do programa político. “Se fosse, então seria inevitável que os perfis dos candidatos e a informação que se encontra nos resumos dos programas fossem também reescritos.”

A Liberais da Novo Macau começa a apontar dedos, dando ainda o exemplo de outras listas a quem foi pedido que removesse conteúdos considerados racistas. O grupo não se diz a favor do racismo, mas afirma que “os candidatos têm o direito de publicar o seu ponto de vista”, estando sujeitos às conse-quências, mas sem que a CAEAL censure o que quer que seja.

Como exemplo para ilustrar que foram censurados, os candi-datos da Liberais da Novo Macau – onde se inclui Jason Chao como número um –, enviaram fotogra-fias de programas políticos de outros candidatos, que dizem ter também exigências. Sublinhados a vermelho podem destacar-se como exemplos destas exigências “melhorias na saúde”, “eleições directas”, “protecção ao meio ambiente” ou até “mais habitação pública”.

Como exemplo para ilustrar que foram censurados, os candidatos da Liberais da Novo Macau – onde se inclui Jason Chao como número um –, enviaram fotografias de programas políticos de outros candidatos, que dizem ter também exigências. Sublinhados a vermelho podem destacar-se como exemplos destas exigências “melhorias na saúde”, “eleições directas”, “protecção ao meio ambiente” ou até “mais habitação pública”

AUTOCARROS DE TURISMO “AMIGOS DO AMBIENTE”Está a ser pensada a implementação de autocarros de turismo “amigos do ambiente” para passarem entre os sítios turísticos. Em declarações ao Jornal Ou Mun, Senna Fernandes revelou que a DST está a dialogar com os Serviços para os Assuntos de Tráfego na realização de testes para saber quais os autocarros mais apropriados para passarem em linhas estabelecidas entre as ruas do centro histórico da cidade, património da UNESCO.

CURSOS PARA GUIAS RESOLVEREM CONFLITOSA DST está a oferecer cursos facultativos para os guias turísticos estarem “mais equipados para resolver os conflitos com turistas”, explica Helena de Senna Fernandes. Até porque, refere, muitos estarão relacionados com “alguma falta de comunicação”. A responsável máxima do Turismo entende ainda que os cursos de três meses para formação de guias turísticos fornecidos pelo IFT e certificados pela DST, sem disciplinas que contemplem o património, devem ser complementados com a especialização “Guia de Formação Especializada em Herança Cultural”, um programa feito em parceria com a UNESCO, mas entende que não há necessidade de serem obrigatórios. “Dentro dos seus cursos há sempre a história de Macau onde entram informações sobre o nosso património. Claro que achamos que é um aspecto que deve ser sempre reforçado”, indica.

“NÃO É SÓ ROSAS, COCKTAILS E CHAMPANHE” , ALERTA SENNA FERNANDESNa mensagem deixada aos novos 118 alunos que começam as aulas no IFT na próxima semana, Helena de Senna Fernandes alerta que o mundo do Turismo “não é só rosas, cocktails e champanhe” mas que requer “muito trabalho”, “longas horas de esforço”, “mente aberta para o que se encara no dia-a-dia” e que as “condições nem sempre são fáceis”. Respondendo a um caloiro da instituição, a directora da DST disse ainda que “a possibilidade de contratação” na Administração “é algo limitada e passa por um recrutamento centralizado do Governo” mas, enfatizou, “há oportunidades para trabalharem juntos” através de estágios. Por outro lado, Fanny Vong, presidente do IFT, entende que os novos hotéis a brotarem no Cotai mostram-se como “oportunidades” de trabalho para estes alunos. A instituição acolhe este ano lectivo um total de 2440 estudantes.

hoje macau sexta-feira 23.8.2013 5SOCIEDADE

“Ainda não temos um impacto contabilizado [dos tufões de nível 8 no Turismo] mas sabemos que causa transtornos para turistas [...] Se calhar, podemos pensar no futuro. Mas como o tufão oito não vem planeado, deve haver alguma dificuldade para haver um estudo repentino sobre o impacto. Mas vamos continuar a monitorizar a situação e utilizar outras vias para podermos contabilizar esse impacto”, responde aos jornalistas a directora da DST. Helena de Senna Fernandes salienta que a “preocupação” das autoridade em dias de tufão oito se centra na “segurança das pessoas”, incluindo os turistas. Por isso, entende que é preciso determinar mais condições

nos equipamentos de acolhimento de turistas, como as que estão agora a ser providenciadas com o alargamento Terminal Marítimo do Porto Exterior. Sobre o problema da falta de transportes, da desregulação dos taxistas e do excesso de preço cobrado, a responsável entende que “a preocupação não tem de ser como transportar os turistas para diferentes lugares mas, em vez disso, temos de pensar como fornecer um local onde possam ficar em condições de segurança”, tal como evidenciou Chui Sai On recentemente na Assembleia Legislativa. Em seu entender, por isso, é preciso limitar o número de viaturas a circular em Macau, que não têm condições de seguro. - R.M.R.

SEMANA DOURADA MAIS DE UM MILHÃO DE TURISTAS ESPERADOS EM MACAU, DIZ SENNA FERNANDES

Sem limitar a liberdade das pessoas

Isto não é o turismo que pode dar uma solução. Temos a nossa liberdade de escolher onde podemos ir, por isso, não podemos limitar a liberdade das pessoas HELENA DE SENNA FERNANDES Directora dos Serviços de Turismo

RITA MARQUES [email protected]

A S ruas de Macau es-tarão certamente mais estreitas na semana dourada, que abarca

o feriado de 1 de Outubro, Dia da República Popular da China. Maria Helena de Senna Fernandes ainda não tem os dados na mão mas garante que haverá mais de um milhão de turistas, número registado de visitantes em igual período do ano passado. “Neste momento estamos ainda a pre-parar uma reunião em breve com as autoridades de turismo de Guangdong. Aí teremos uma ideia melhor de previsão do movimento de turistas mas estamos a ver que a tendência é para ter mais turistas comparando com o ano passado. Mas não drasticamente mais”, explica a directora dos Serviços de Turismo (DST), ontem presente na cerimónia de apresentação de cursos do IFT (ver caixa).

Mas “a torneira” vai ou não fechar? Senna Fernandes diz que é necessário encontrar “soluções” mas que tais não passam pela limitação à “liberdade das pesso-as”, tanto em Macau - onde não se “pode impor que vão para um sítio e não para outro” - como nas fronteiras. “Isto não é o turismo que pode dar uma solução. Temos a nossa liberdade de escolher onde podemos ir, por isso, não podemos limitar a liberdade das pessoas [na escolha de destinos turísticos]”, entende a responsável.

Ainda assim, o impacto da sua vinda a Macau pode ser minimi-zado com quatro novos percursos terrestres - entre a zona central e a praça de Ponte e Horta, a Doca

dos Pescadores e a Barra, na zona nordeste e entre a zona central e o Tap Seac - para aliviar a pressão do centro da península. “Estamos a agendar para lançar as informa-ções durante o mês de Setembro, antes da semana dourada”, salien-ta Senna Fernandes. Desta forma, acredita, podem ser oferecidas mais opções aos turistas e incen-tivada a economia nas diferentes zonas. Outras seis linhas estão também a ser pensadas a par de instalações de apoio.

MAIS DO DOBRO DE QUARTOS ECONÓMICOS PROJECTADOSO alojamento económico é outra preocupação do turismo local. Se os hotéis de luxo representam 95% da totalidade de números de quar-tos oferecidos, apenas 5% estão nas mãos de unidade hoteleiras de baixo custo. No entanto, estão para nascer cinco novos estabelecimen-tos, que submeteram o pedido de exploração à DST, e outros dois com intenção de exploração. Por outro lado, há já um estabelecimen-to que obteve aprovação de licença

de obras pela direcção de Obras Públicas e outros 19 cujo projecto está em fase de aceitação. “Temos alguns projectos que estão a pedir licenciamento mas não grandes empreendimentos. Por isso, neste momento, quando recebemos estes pedidos vamos analisar o processo e dar a melhor possibilidade de entrarem em funcionamento na maior brevidade possível”, explica Senna Fernandes.

A verdade é que, com as no-vas infra-estruturas em vista, os números podem vir a aumentar para o dobro. Actualmente há 1480 quartos em hotéis económicos e depois da construção dos novos projectos (ainda sem data prevista) haverá mais 1778, ou seja, um total de 3258 aposentos.

Mas enquanto não arrancam, as autoridades debatem-se com outro problema: os alojamentos ilegais. Nos últimos três anos, a DST investigou um total de 1798 fracções, segundo dados do orga-nismo de 18 de Agosto. Destas, 378 acabaram por ser seladas e foram aplicadas 383 multas. Helena de Senna Fernandes diz que é um trabalho para “conti-nuar”. “Temos de providenciar condições de segurança porque as pessoas que ficam em alojamento ilegal não têm as condições míni-mas em termos de segurança [...] trabalhamos em conjunto com a polícia porque há muitas informa-ções que chegam até eles primeiro. E temos de depender dos próprios proprietários vizinhos que nos dão informações mais concretas”, adianta a responsável, tendo em consideração que, na base do tra-balho das autoridades, estiveram ainda 1328 participações de casos suspeitos.

A semana Dourada, em Outubro, vai acolher mais visitantes do que no ano passado. A projecção, ainda incerta, dá conta da chegada de mais de um milhão de turistas, segundo Helena de Senna Fernandes. Ainda assim, a presidente da DST explica que não estão previstos mecanismos para controlar a sua entrada nas fronteiras para “não limitar a liberdade das pessoas”

Tufões “Não há estudo” sobre o impacto no turismo

TIAG

O AL

CÂNT

ARA

ZHOU [email protected]

CECÍLIA L INcecí[email protected]

F OI na passada segun-da-feira que o HM recebeu uma carta anónima, enviada a

partir de Taipa, onde se refere existirem “negociatas” no processo de recrutamento no Estabelecimento Prisional de Macau (EPM), acusando ainda a direcção da prisão de “despotismo”.

Juntamente com a carta foram enviados dois do-cumentos comprovativos das acusações. Um deles contem o aviso da entrevista de recrutamento emitido pelo EPM com a lista dos candidatos admitidos. Já o segundo documento, contem um aviso onde se refere que há sete vagas para o cargo de técnico superior da 2.ª classe, 1.º escalão, na área administrativa e financeira.

Numa lista há sete pessoas cujos nomes estão sublinha-dos e que também constam na outra lista. No segundo documento constam dados sobre essas pessoas acerca da profissão que desempenham, o lugar onde trabalham e o tipo de vínculo laboral.

A lista mostra que essas sete pessoas trabalham no EPM, sendo que quatro deles são nomeados. No grupo há ainda três comissários e um técnico superior da primeira classe.

A Associação de Jogos com Responsabilidade de Ma-cau, cujo presidente é

cabeça do grupo candidato às eleições “Cuidados para Macau” Kwan Wai Lam, iniciou a recolha de assinaturas para a proibição completa de fumar nos casinos. A actividade terminará hoje à tarde e o objectivo é conseguir mais de 10 mil assinaturas e entregá-las aos Serviços de Saúde.

A recolha começou às duas da tarde de quarta-feira no Leal Senado, com cerca de dez vo-luntários a pedir assinaturas aos cidadãos. O director da Asso-ciação, Song Wai Kit, número 4 da “Cuidados para Macau”, revelou ao Ou Mun que muitos funcionários dos casinos dizem que, desde a separação entre a zona para fumadores e a de não fumadores, a qualidade do ar ao invés de melhorar, piorou ainda

CARTA ANÓNIMA FALA DE IRREGULARIDADES NO RECRUTAMENTO. EPM DESMENTE

Na prisão tudo bem

ASSOCIAÇÃO RECOLHE ASSINATURAS PARA PROIBIÇÃO DE FUMAR NOS CASINOS

Ideias do Governo não agradam

querem correr o risco de um dia já não serem nomeados. Por isso é que, anos antes de começarem a pensar este recrutamento, reorganiza-ram a estrutura do EPM e aumentaram gradualmente o número de pessoas do quadro. Assim, mesmo que não sejam nomeados podem trabalhar lá. Esta acção não será injusta para os outros concorrentes?”.

TUDO LEGALO HM contactou o EPM no mesmo dia em que recebeu a carta anónima, mas só ontem obteve uma resposta. O EPM diz que “tem respeitado as leis relevantes para o proces-so de recrutamento”, tendo “organizado uma comissão de avaliação cujos membros são rotativos para a fiscali-zação dos exames”. O EPM garantiu que a fase das entre-vistas ainda está a decorrer, pelo que não há quaisquer resultados do recrutamento. “O EPM não recebeu nenhu-ma queixa nem pedido de esclarecimento da parte dos candidatos, embora segundo a lei tenham direito a fazer apelações durante todas as fases.”

Para além disso, “quando sair o resultado final, os que não concordarem podem fazer uma reclamação no prazo de dez dias úteis”. O EPM diz ainda estar “aberto às críticas caso se encontrem quaisquer infracções duran-te o recrutamento”.

A carta acusa o EPM de ter iniciado o processo de recrutamento em Agosto de 2011 e de só ter publicado a lista dos candidatos um ano depois. Meio ano depois, pu-blicou a lista dos candidatos admitidos para a entrevista.

Na carta, pode ler-se que “talvez seja porque estas pessoas (sete, cujos nomes estão sublinhados) não

que não passariam o teste teriam as zona para fumadores mais pequenas, mas para Song, a ideia não tem eficácia. “Limitar a zona para fumadores num espaço mais pequeno vai fazer que aumente a intensidade de fumadores, o que provavelmente trará uma quali-dade ainda pior.” Song explica ainda que foi justamente para evitar tal situação que a Associa-ção decidiu fazer a recolha, a fim de dar a conhecer ao Governo a determinação dos cidadãos sobre a proibição completa.

Song salienta ainda que, em-bora seja a proibição completa o “objectivo final” da associação, antes de legislar, o Governo deveria ter dito aos casinos para estabelecer uma sala para fuma-dores com sistema de ventilação independente.

Além disso, o director lembra que já muitas empresas de jogo se mostraram a favor da proibição mas nunca tomaram qualquer acção, por isso, apela que as empresas assumam responsa-bilidade social e ajam antes do Governo. - Z.X.

mais. Song enfatizou ainda que o relatório do teste à qualidade do ar nos casinos divulgado pelo Governo, que indica que 60% dos casinos estão abaixo dos

limites, é o outro factor que leva a Associação a considerar que a proibição completa de fumar é a única solução do problema.

O director aponta ainda que

o relatório do segundo teste, que iria ser publicado em Junho con-forme promessa das autoridades, ainda não saiu até ao momento. O Governo prometeu que os casinos

6 sociedade hoje macau sexta-feira 23.8.2013

Uma carta anónima enviada ao HM fala em “falta de transparência” num processo de contratação de funcionários para o Estabelecimento Prisional de Macau. A direcção da prisão diz que cumpre as leis e que ainda não há resultados do concurso

TIAG

O AL

CÂNT

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7 sociedadehoje macau sexta-feira 23.8.2013

A S autoridades do Ca-nadá ordenaram a de-portação de Lai Tong Sang, de 59 anos, ale-

gado líder de uma seita de Macau que vive há 17 anos naquele país, por suspeitas de envolvimento com tríades, noticiou a agência AFP.

De acordo com a AFP, as auto-ridades de imigração canadianas ordenaram a deportação de Lai na semana passada, alegando que este nunca deveria ter sido autorizado a entrar no Canadá por suspeitas de ligação ao crime organizado.

O advogado de Lai, Peter Cha-pman, disse à imprensa canadiana que vai recorrer desta decisão.

Segundo a decisão, citada pela AFP, as autoridades canadianas

Chamadas mais baratas para o interior da China A Companhia de Telecomunicações de Macau (CTM), a Hutchison e a Smartone vão reduzir novamente as tarifas das chamadas dos serviços pós-pago para o interior da China. A CTM e a Hutchison reduzirão ainda a tarifa de mensagens curtas enviadas no interior da China por parte dos seus utilizadores. Esta revisão das tarifas dos serviços é a segunda revisão neste ano efectuada pelos três operadores de telecomunicações, sendo que a redução cumulativa das tarifas dos serviços efectuada por cada um dos operadores não é inferior a 13% e as tarifas de alguns dos serviços atingiram uma redução de 57%. A decisão teve como princípio o facto de o contacto entre Macau e o interior da China se tornar cada vez mais próximo e os cidadãos de Macau que utilizam o serviço de telecomunicações móveis no interior da China terem aumentado gradualmente, diz a Direcção dos Serviços de Regulação das Telecomunicações. Os descontos entram hoje em vigor.

AUTORIDADES DO CANADÁ ORDENAM DEPORTAÇÃO DE ALEGADO LÍDER DE SEITA

Lai Tong Sang de partida

Mais de três mil famílias sem acesso a habitação social Mais de três mil agregados familiares não conseguiram ter direito a uma habitação pública, por não cumprirem os requisitos estipulados pelo Governo. De acordo com um balanço feito na quarta-feira pelo Instituto de Habitação (IH) – que apenas disponibilizou os dados à noite aos jornalistas -, 3220 agregados familiares ultrapassavam o limite máximo do rendimento do agregado familiar, tinham propriedades privadas ou desistiram da candidatura a uma casa. Estas eram famílias colocadas em lista de espera para ter acesso a uma habitação social (pertencente às 19 mil habitações prometidas pelo Governo), que faziam par com outros 3470 agregados familiares, que já têm a chave na mão. O novo concurso de habitação social terminou na quarta-feira, sendo que o IH recebeu mais 6100 candidaturas para acesso a casas deste tipo. Até esse dia existiam ainda 4526 agregados familiares na lista de espera para habitação social.

em Macau na segunda metade da década de 90, libertado no final de 2012 depois de mais de 14 anos de cadeia -, culminou em disparos a partir de um carro contra a casa de Lai no Canadá, em Julho de 1997.

O advogado de Lai alegou que o agente da polícia canadiana não fala cantonense, nunca visitou Macau ou discutiu o caso de Lai com as autoridades das Regiões Administrativas Especiais chine-sas e que o alegado papel de Lai na guerra das seitas em 1996 foi exagerado.

Segundo o South China Mor-ning Post, Lai era, em 1996, “um dos mais conhecidos líderes de tríades de Macau e um homem procurado por lutar contra a seita 14K”.

Em Fevereiro, Lai, que não é fotografado em público há 15 anos, não compareceu na audiência do seu julgamento em Vancouver, tendo sido autorizado a participar por teleconferência a partir de uma morada em Macau que não foi revelada, segundo o mesmo jornal. - Lusa

falharam na análise devida do his-torial de Lai quando permitiram a sua permanência no país, referindo terem encontrado provas das suas ligações ao crime organizado e envolvimento numa guerra entre tríades.

O jornal de Hong Kong South China Morning Post noticiou em Fevereiro que as autoridades canadianas pretendiam expulsar Lai, a mulher e os três filhos do país por aquele não ter revelado a sua alegada ligação a uma organi-zação criminosa de Macau quando pediu a residência permanente no Canadá, em 1996, que conseguiu em Outubro do mesmo ano.

Estas alegações surgiram na se-quência da revelação do conteúdo de escutas telefónicas feitas a Lai e

a alegados rivais no final da década de 90 por um agente da polícia canadiana durante uma audiência do julgamento do alegado líder de uma seita de Macau em Vancouver.

O agente da polícia explicou que as escutas telefónicas permiti-ram confirmar que Lai era líder de uma tríade, a “Gasosa”, já que um alegado membro da seita “14K” em Hong Kong foi ouvido a perguntar a um indivíduo de Vancouver se o seu chefe aceitava um milhão de dólares de Hong Kong para matar Lai.

Segundo o mesmo polícia, as autoridades canadianas autoriza-ram depois escutas ao telefone de Lai, tendo sido ouvidas conversas, durante as quais alegados membros de tríades em Macau contavam a

Lai como estava a decorrer a guerra entre seitas no território.

Quando a polícia tentou alertar Lai para o plano dos seus rivais, ele não quis cooperar e mentiu sobre o seu paradeiro, indicou o mesmo agente em tribunal.

O plano, alegadamente organi-zado por membros da seita “14K” de Wan Kuok Koi ou “Dente Parti-do” - o mais famoso chefe do crime

8 hoje macau sexta-feira 23.8.2013CHINA

O ex-dirigente chinês Bo Xilai negou ontem ter aceitado su-

bornos do empresário Tang Xiaolin, de que está acusado no julgamento que começou em Jinan por corrupção, abuso de poder e má gestão.

Numa nota do Tribunal colocada no Weibo (conhe-cido como o Twitter chinês), Bo Xilai sustenta que se ti-nha declarado anteriormente culpado desse crime “sem querer”. “Não é correcto que Tang me tenha dado dinheiro em três ocasiões” como está sustentado na

A S autoridades das Filipi-nas elevaram hoje para 16 o número de vítimas

das inundações e chuvas torren-ciais causadas no norte do país à passagem do tufão “Trami”,

BO XILAI NEGA TER RECEBIDO SUBORNOS EM TRÊS OCASIÕES DO EMPRESÁRIO TANG XIAOLIN

“Foi sem querer”

TUFÃO “TRAMI” CAUSOU 16 MORTOS NAS FILIPINAS E CHEGOU ONTEM À CHINA

Um atrás do outro

acusação, assinalou Bo Xilai na transcrição revelada pelo Tribunal.

Na declaração, Bo Xilai garante ter “admitido sem querer a acusação de ter aceitado dinheiro em três ocasiões no processo de investigação aberto pelo

Comité de Disciplina Inter-na do Partido” Comunista após a sua queda em des-graça. “Disse que queria assumir a responsabilidade legal, mas na altura a minha mente estava em branco e desconhecia os detalhes”, explicou.

No texto, Bo Xilai mani-festa também esperança de que os juízes possam “proce-der a um julgamento razoável e justo e sigam os procedi-mentos legais do país”.

Apesar de não ter sido permitida a presença em tribunal da imprensa estran-

O julgamento, presidido pelo juiz Wang Xuguang deverá prolongar-se por dois dias, mas o veredicto não será conhecido antes de Se-tembro, segundo a televisão estatal CCTV.

O caso Bo Xilai foi des-poletado em Fevereiro de 2012 quando Wang Lijun, um braço direito do antigo dirigente, pediu asilo polí-tico num consulado norte--americano onde admitiu o seu envolvimento no homicídio do empresário britânico Neil Heywood às ordens da mulher de Bo Xilai. - Lusa

que entretanto atingiu o leste da China.

Mais de 186.000 pessoas per-manecem nos centros de abrigo governamentais, enquanto outras 200.000 foram obrigadas a passar

a noite em casa de familiares ou amigos, declarou o porta-voz do Conselho Nacional de Gestão e Prevenção de Desastres, Reynal-do Balido.

O “Trami” tocou terra esta madrugada no leste da China, depois de causar um morto na ilha de Taiwan, informaram ontem as autoridades meteorológicas chinesas.

Aquele que é o 12.º tufão a assolar a China este ano atingiu a costa da província de Fujian, no sudeste do país, com ventos de 126 até 163,4 quilómetros por hora.

Fujian, assim como a província vizinha de Zhejiang, activaram o nível de alerta 2 em resposta à che-gada do “Trami”, que, entre outras medidas, paralisou hoje o serviço de comboios de alta velocidade.

Em Taiwan, o “Trami” causou a morte de uma mulher de 73 anos, que na terça-feira foi arrastada pelas águas, ao atravessar uma ponte com um veículo eléctrico, durante as inundações e chuvas torrenciais causadas pela apro-ximação do tufão.

O mais recente tufão a atingir a China, em meados deste mês, o “Utor”, causou 33 mortos e dez desaparecidos, além de ter levado à retirada de 320.000 pessoas.

geira, as imagens difundidas mostram Bo Xilai vestido com uma camisa branca e calças escuras, um homem mais magro e com um ar cansado.

O ex-dirigente vai res-ponder na justiça pelo desvio de 25 milhões de yuan e por entrave ao in-quérito criminal da mulher (acusada do homicídio de um britânico, crime na base de um escândalo que abalou o Partido Comunista Chinês), segundo a revista económica Caijing, uma das publicações mais respeita-das na China.

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9 chinahoje macau sexta-feira 23.8.2013

A actividade manufactu-reira na China teve uma expansão de actividade inesperada em Agosto,

ultrapassando a barreira dos 50, depois de uma queda de quatro meses consecutivos, um sinal de que a segunda maior economia do mundo está a voltar a crescer, segundo o Índice Gestor de Com-pras do HSBC e Markit.

Os 50,1 alcançados neste índice em Agosto comparam com os 47,7 registados em Julho e ficam acima das previsões dos 16 analistas con-tactados pela Bloomberg, sendo a primeira vez desde Abril que se vê uma leitura acima de 50, o valor que divide contracção de expansão da actividade.

A procura no mercado domés-tico aumentou depois de medidas do Governo chinês de apoio ao crescimento, incluindo redução de impostos para pequenos negócios e um aumento do investimento nos caminhos-de-ferro. “A procura do mercado doméstico é suficiente para suportar o crescimento de 7,5% [do PIB] em 2013”, afirmou Ken Peng, economista sénior do BNP Paribas, em Pequim. “Pratica-mente todos os dados económicos da China desde Julho registaram melhorias”, sublinhou.

O aumento de 2,4 no relató-rio preliminar para este mês foi o maior ganho desde Agosto de 2010, altura em que se registou um aumento de 2,5 para 51,9, segundo a Bloomberg.

A principal razão da melhoria da ‘performance’ da China é o aumento de confiança nos líderes do Partido Comunista, que têm mostrado apoio ao compromisso de manter o crescimento e, ao mesmo tempo, amenizar as preocupações com os empréstimos interbancá-rios, afirmou Lu Ting, do Bank of America em Hong Kong.

U M alto funcionário do Governo chinês colocou pressão so-

bre cerca de 30 empresas estrangeiras, incluindo a Ge-neral Electric e a Siemens, numa recente reunião, para confessarem quaisquer vio-lações, e advertiu-as contra o uso de advogados externos para combater as acusações de reguladores.

O encontro é uma evi-dência do que muitos ad-vogados de defesa da con-corrência na China vêem como tácticas cada vez mais agressivas para fazer cum-

Shenzhen Multas aos cidadãos que urinarem fora do urinolAs autoridades da cidade de Shenzhen, na China, vão passar a multar quem utilize as casas-de-banho públicas em 100 yuans, se as pessoas não conseguirem urinar com precisão nos urinóis. A nova lei, que entra em vigor no mês que vem, não especifica a quantidade de urina derramada fora do urinol que acarretará na punição do infractor com a multa. Os críticos afirmaram que serão necessários fiscais para fazer a nova lei ser cumprida. A legislação foi criada para evitar o “mau uso das casas-de-banho públicas”, segundo afirmou à agência de notícias France Presse uma autoridade municipal de Shenzhen. O jornal Beijing Times escreveu um comentário questionando a necessidade de se fazer uma lei sobre algo que “poderia simplesmente ser guiado por consenso social”.

Uma das Internet mais lentas do mundoA China é o país com mais utilizadores de Internet no mundo, mas é um dos últimos colocados na lista de velocidade de navegação, classificado na 98.ª posição numa mostra de 200 países analisados, revelou uma pesquisa divulgada esta quarta-feira. No segundo trimestre de 2013, a velocidade média de conexão na China foi de 1,5 megabytes por segundo, enquanto a média mundial é de 2,6 e muitos países da região asiática estão bem acima. A Coreia do Sul, por exemplo, navega com uma velocidade média de 15,7 megabytes por segundo, o Japão com 10,9 e Hong Kong com 9,3 por segundo.

Colômbia pede à China para reconsiderarpena de morteO Governo colombiano pediu ao governo chinês para reconsiderar a sentença de pena de morte imposta a sete colombianos por crimes relacionados com o tráfico de drogas, informou o Ministério dos Negócios Estrangeiros. A Colômbia recordou que no país não se aplica a pena capital e por essa e outras razões solicita que sejam alteradas as penas aplicadas aos seus cidadãos, indicou a ministra colombiana, María Ángela Holguín. O director dos Assuntos Consulares, Álvaro Calderón, explicou que o Governo colombiano está à espera que China lhe comunique oficialmente na próxima semana a alteração da pena aplicada a um dos sete cidadãos sentenciados à morte.

ECONOMIA DEPOIS DE UMA QUEDA DE QUATRO MESES CONSECUTIVOS

Sinais inesperados de expansão

PEQUIM PRESSIONA EMPRESAS ESTRANGEIRAS A CONFESSAREM VIOLAÇÕES

Diga lá de sua justiça

María Ángela Holguín

prir a lei anti-monopólio de 2008, e destaca o deteriorar da relação entre as empresas estrangeiras e os regulado-res da China.

Duas fontes que esta-vam no encontro à porta fechada nos dias 24 e 25 Julho disseram que o alto funcionário mostrou aos advogados internos como escrever o que eles cha-maram de “auto-crítica” e cópias exibidas de cartas de empresas que admitem culpa em casos anteriores. Advogados empregados

por algumas dessas em-presas estavam na sala.

As duas fontes, e outra fonte com conhecimento directo da reunião num pequeno hotel, em Pe-quim, referiram que o funcionário que entregou as declarações contunden-tes era Xu Xinyu, um chefe de divisão da Comissão de Reforma e Desenvolvi-

mento Nacional (CNDR).Uma das fontes na

reunião disse que Xu falou, sem ser específico, que me-tade das empresas na sala foram objecto de inquérito ou tinham sido sondadas pela CNDR. A CNDR não respondeu às perguntas da Reuters. Xu não pôde ser contactado para comentar o assunto.

10 hoje macau sexta-feira 23.8.2013POLÍTICA E FUTEBOLO discurso do Estado Novo sobre o negro mudou nos anos 60. A retórica integracionista obrigava à representações do africano como um indivíduo plenamente integrado. Eusébio ajustava-se bem a esta imagem. Poderá um caso único ilustrar a excepcionalidade de um regime colonial? Este é o primeiro de uma série de textos em que reflectimos sobre a natureza do colonialismo e do racismo em Portugal

NUNO DOMINGOS*in Público

N O Portugal dos anos 60, abundavam as imagens de Eusébio da Silva Ferreira. Ele aí estava,

espalhado por jornais e revistas, mas também em programas e ser-viços noticiosos da Radiotelevisão Portuguesa. Atleta do Benfica e da selecção nacional, sempre na sua função de jogador de futebol, era aclamado pelo seu inegável talento. No Portugal metropolitano de então, onde rareavam ainda os naturais de África, nunca um negro merecera tanto destaque e fora objecto de tamanha glória. Uma representação destas distinguia-se da imagem do africano, que proliferara na cultura popular. Como demonstrou Isabel Castro Henriques (A Herança Afri-cana em Portugal, ed. CTT), o negro era quase sempre ridicularizado com evidente crueldade, em livros, ima-gens, jornais, bandas desenhadas, campanhas publicitárias e anedotas. A construção de um outro tipo de africano, fundada numa distância que permitia as maiores efabulações, só tomou um sentido mais concreto durante a guerra colonial, onde o africano era o inimigo, o “turra”.

Desde os seus primórdios, o Es-tado Novo contribuíra decisivamente para a disseminação de um racismo generalizado, garantindo-lhe até um carácter científico. Em exposições e congressos, nos trabalhos de diversas

COMO O DISCURSO DO ESTADO NOVO MUDOU NOS ANOS 60

O lugar de Eusébiociências coloniais, e em muitas publi-cações oficiais, expunha-se um outro africano culturalmente diferente, que fazia parte integrante do império português, mas que era colocado à parte, como se se tratasse de um todo racial e cultural discrepante. O império afirmara o atraso civili-zacional das populações africanas, legitimando assim uma conquista co-lonial anunciada como uma missão de desenvolvimento destas regiões e dos seus povos. Justificou-se, desta forma, que Portugal atribuísse uma cidadania específica à maioria dos povos que governava, enquadrada pelo chamado sistema de indigenato, que cessou em 1961, precisamente no ano em que Eusébio começou a

jogar no Benfica, depois de chegar a Portugal em Dezembro de 1960.

É evidente que as retóricas in-tegracionistas do Estado Novo na década de 60 obrigavam a outras representações do africano, nome-adamente a de um sujeito colonial assimilado à sociedade portuguesa. Eusébio ajustava-se bem a esta ima-gem. A sua autobiografia, publicada em 1966 em Portugal e redigida por Fernando G. Garcia a partir de um conjunto de entrevistas (traduzida em inglês no ano seguinte), conta a história de um “bom rapaz”, narrati-va mestra e memória oficial a partir daí repetida em jornais, biografias e bandas desenhadas.

A “verdadeira” história de Eusé-

bio apresenta um conjunto de etapas, do Bairro da Mafalala na Lourenço Marques colonial, onde vivia com a mãe Elisa num contexto de pobreza honrada, os jogos de bairro e a equipa dos “brasileiros”, as idas à escola, o deslumbramento com o centro da cidade colonial, que pouco conhecia, a entrada no futebol local, a transfe-rência atribulada para o Benfica e os diversos passos da brilhante carreira profissional.

Nesta história, a lista impres-sionante de feitos desportivos é intervalada pelo relato do casamento com Flora e pela incorporação de Eusébio, em 1963, no Exército por-tuguês, profusamente fotografada e utilizada como propaganda. A incorporação militar, o casamento e a vida familiar contribuíam para a construção quase perfeita da bio-grafia de um indivíduo assimilado, preocupado com o trabalho e com a família e plenamente integrado no Portugal de Salazar, um jovem de origens desfavorecidas que, apesar da sua notoriedade, continuava a perceber o seu lugar social.

A apropriação oficial da imagem de Eusébio não anulava os efeitos produzidos pelo facto de um negro se ter tornado uma figura dominante da

cultura popular portuguesa. Eusébio entrou, tal como a fadista Amália, num universo de glorificação cultural até aí constituído por indivíduos com origens e percursos muito dis-tintos, consagrados em actividades oficialmente legitimadas e de onde o futebol e o fado se encontravam afastados.

Apesar do reconhecimento do seu mérito, a apreciação entusiástica que mereceu não resultava de uma inusitada consciência de igualdade racial, tão-pouco poderia servir de prova de que a sociedade portugue-sa estava preparada, devido a uma característica cultural adquirida, a aceitar a diferença. A relevância de Eusébio dependia do seu valor en-

As exibições no Mundial de 1966 ampliaram a reputação de Eusébio, oferecendo-lhe uma dimensão global. Este enorme atleta, personagem principal de uma cultura de consumo em expansão que gerava novas identificações, juntou-se à memória visual colectiva de uma geração, ao lado de outros ícones da cultura popular dos anos 60

11 política e futebolhoje macau sexta-feira 23.8.2013

quanto elemento de uma economia particular, no contexto de uma troca muito específica, proporcionada pelo processo de profissionalização do futebol. O jogador moçambicano oferecia quase todas as semanas capitais preciosos à representação nacional mas sobretudo clubista, a uma específica cidadania exercida diariamente por muitos indivídu-os, quase todos homens, durante incontáveis encontros, conversas e imensas retóricas, nos quais se manifestava uma identificação, uma forma de apresentação na vida de todos os dias. Os que no campo representavam com o seu génio desportivo esta pertença (ser do Benfica, do Sporting, do Porto, ou

da selecção) mereciam quase todas as recompensas, independentemente da sua origem ou da cor da sua pele. O valor de Eusébio nesta economia particular dependia da manutenção de um nível performativo constante, de um ritmo laboral intenso, com consequências físicas conhecidas, como asseveram as inúmeras cirur-gias ao seu martirizado joelho.

As exibições no Mundial de 1966 ampliaram a reputação de Eusébio, oferecendo-lhe uma dimensão glo-bal. Este enorme atleta, personagem principal de uma cultura de consu-mo em expansão que gerava novas identificações, juntou-se à memória visual colectiva de uma geração, ao lado de outros ícones da cultura po-pular dos anos 60. Em Inglaterra, país que na altura já abdicara da grande parte das suas colónias, governada em 1966 por um governo trabalhista, os negros eram uma enorme raridade nos campeonatos desportivos e ne-nhum chegara à selecção nacional.

O efeito do poder mediático de vedetas populares como Eusébio foi alvo de escrutínio, as suas posições interpretadas, os resultados políticos dos seus actos avaliados. Se o Estado Novo sempre desconfiara da espec-tacularização do desporto assente no movimento associativo, veio depois a perceber que esta lhe podia ser útil. Para as oposições ao regime, menos preocupadas em reconhecer o efeito propriamente político da invulgar notoriedade social de um negro em Portugal, importava denunciar a utilização de Eusébio na defesa da “situação”, enquanto elemento da narcotização do povo - ao lado do fado, do chamado nacional-cançone-tismo e de Fátima - e especificamente da propaganda imperial, fundada na mitologia do pluri-racialismo, num período em que Portugal lutava pelos seus territórios numa guerra travada em três frentes.

É interessante verificar que nas últimas décadas Eusébio veio a tornar-se objecto de interesse para os estudiosos do continente africa-no, entendido como um pioneiro do futebol em África, um exemplo de talento extraordinário e, simultane-

amente, ao lado de outros grandes nomes negros da história do desporto internacional, nomeadamente norte--americanos, desde Joe Louis a Jesse Owens, alguém que vingara num mundo fortemente discriminatório. O desejo de alguns académicos e jornalistas estrangeiros em encontrar no discurso de Eusébio posições emancipadoras e politizadas es-barrou quase sempre em respostas evasivas e no habitual refúgio no mundo do futebol. Na verdade, o universo que ele, desde pequeno nos espaços livres da Mafalala, apren-dera a dominar. Para aquele que foi considerado, depois do Mundial de 1966, como “o melhor da Europa”, e de quem se falava estar a disputar com Pelé o título de “rei do futebol mundial”, África e a política africana estavam muito longe.

DE REGRESSO A ÁFRICAO Estado Novo tratou de voltar a lembrar que Eusébio era africano, parte de um Portugal enorme que se prolongava para sul. Se é evi-dente que o impacto de Eusébio na sociedade portuguesa não pode ser avaliado apenas à luz de uma história política, sendo essencial investigar o efeito simbólico da notabilidade de um jogador negro, é também certo que na década de 60 a sua glória serviu a defesa de uma excepcionalidade colonial. Foi esta que serviu de justificação à soberania sobre os territórios africanos e a sua história, contada e recontada até aos nossos dias, contribuiu para lançar um manto sobre o passado, ajudando a reproduzir mitos sobre a tolerância racial dos portugueses.

Um ano antes do Mundial de 1966, o embaixador português Franco Nogueira, numa conferên-cia na embaixada portuguesa em Londres (em Maio de 1965), falou sobre os princípios orientadores da política portuguesa em África: “O

nosso primeiro princípio orientador é a igualdade racial - uma pequena noção que trouxemos para África há mais ou menos 500 anos”. Portugal orgulhava-se do seu império se constituir como um “espaço mul-tirracial”, uma “democracia racial real” onde todos “trabalham harmo-

sua integração estava longe de esta-belecer qualquer padrão que pudesse explicar os 500 anos de colonialismo de que falava Franco Nogueira.

Mais fiável parecia ser a história da cidade onde o jogador moçam-bicano cresceu. Desde a sua fase moderna, iniciada no final do século XIX e projectada pela industriali-zação da África do Sul, que Lou-renço Marques se dividira entre um centro colono, predominantemente branco, e um subúrbio precário, predominantemente negro. Pela força, afastaram-se as populações locais para a periferia. Separada fisicamente, a mão-de-obra africana que se acumulava nos subúrbios, essencial para o funcionamento do sistema colonial, foi enquadrada por leis e normas. Estas regulavam uma discriminação racial, a qual era evidente não apenas na lógica do indigenato, mas que se traduzia no quotidiano, nos espaços públicos, nas escolas, nos transportes e nos locais de trabalho, onde sofreram durante muito tempo o flagelo do trabalho forçado. O historiador Val-demir Zamparoni explicou bem este mesmo processo, na sua tese sobre a capital de Moçambique.

Já depois do fim do indigenato persistia o que, num artigo publica-do em 1963 no jornal A Tribuna, o arquitecto Pancho Guedes chamava de “cinto do caniço” que separava o centro urbano da “cidade dos pobres, dos serventes e dos criados”, isto é a cidade dos africanos. Lourenço Marques carecia então, segundo o ar-quitecto, de “uma genuína integração social - ou serão os “pretos” só para estar nas cozinhas e nas recepções?”

Os habitantes dos bairros perifé-ricos da cidade, onde nasceu Eusébio em 1942, trabalhavam nas indústrias locais, nos portos e nos caminhos-de--ferro, nos serviços domésticos, em actividades ditas informais, depen-dendo de pequenas lavras, ou faziam parte da forte emigração para o país vizinho, controlada e taxada pelo esta-do colonial. Esta estrutura laboral era fortemente racializada, pertencia a um sistema onde a cor da pele mostrava os contornos da organização social. Na grande sociedade portuguesa de 60, o lugar dessa maioria africana, mesmo depois do fim do indigenato, continuava a revelar a herança de um colonialismo predador e racista, não muito diferente dos outros colonialis-mos nos seus propósitos e objectivos, nos meios e nas estratégias, e absolu-tamente nada excepcional.

Explicada pela conjugação única entre a profissionalização do futebol e a procura de talentos, a força da cultura popular mediática e um re-gime que necessitava de defender por todas as formas o mito do pluri--racialismo lusófono, a carreira ex-traordinária de Eusébio não belisca a imagem pérfida do sistema colonial português. Tão-pouco deve servir de modelo para descrever, hoje, as relações raciais em Portugal.

* Investigador do ICS-UL

Desde os seus primórdios, o Estado Novo contribuíra decisivamente para a disseminação de um racismo generalizado, garantindo-lhe até um carácter científico

niosamente para os mesmos fins”.Falso e mitificador, o olhar de

Franco Nogueira, ao incluir o impé-rio dentro da sociedade portuguesa, acabava por realçar o facto de que o mundo governado pelos portugueses na década de 60 era maioritariamente negro e africano, realidade por vezes esquecida nas análises historiográfi-cas sobre Portugal. E qual era o lugar que a gestão colonial portuguesa atribuíra a esta grande maioria da população? Segundo a história me-diatizada da vida de Eusébio existia em Moçambique um contexto de igualdade de oportunidades e uma ausência de preconceito racial, bem ilustrados por um percurso de mobilidade social, desde o Bairro da Mafalala até à metrópole e aos grandes estádios europeus.

Poderá um caso excepcional ilus-trar a excepcionalidade de um regime colonial? É que o lugar da população africana, na grande sociedade por-tuguesa de 60, era bem diferente do representado pelo caso de Eusébio. A

12 hoje macau sexta-feira 23.8.2013VIDA

E se a Central de Inci-neração de Resíduos Sólidos (CIRS) ti-vesse um vazamento

no tanque de armazenamen-to de hidróxido de amónio? Foi este ‘incidente’ que deu

O S dias de calor sentidas na China puderam ser vistos até do espaço.

Imagens divulgadas pela Nasa mostram o calor recorde que atin-giu o país durante o mês de Julho e na primeira quinzena de agosto.

As imagens da Nasa mostram a temperatura da superfície da terra, medida por dois diferentes satélites. Durante uma onda de calor, explica a agência espacial americana, a temperatura do solo sobe, particularmente em áreas urbanas, onde existem poucas plantas para esfriar o chão com sombra e evapotranspiração.

Feita com medições realizadas em 13 de Agosto de 2013, por sensores infravermelhos de saté-lite, a primeira imagem mostra o efeito “ilha de calor urbano”, em Xangai. Superfícies mais quentes são amareladas, enquanto que as superfícies mais frias são cor de rosa.

Embora tenha afectado todo

o país, a onda de calor foi mais intensa nas cidades, onde as superfícies artificiais absorvem o calor durante o dia e esfriam à noite lentamente, fazendo com que a onda de calor seja sentida de maneira mais prolongada.

Já a segunda imagem mostra as anomalias de temperatura em toda o país entre 5 e 12 de Agosto deste ano, como observado pelo sistema Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer (MO-DIS). As áreas vermelhas são mais quentes do que a média de longo prazo para a semana, enquanto que as temperaturas mais frias do que a média são azuis.

Dezanove províncias chega-ram a registar temperaturas acima do normal, que passou dos 40 graus Celsius. Xangai quebrou todos os seus recordes - três ve-zes em três semanas. Pelo menos 40 pessoas morreram durante a onda de calor, incluindo dez em Xangai.

U M estudo conduzi-do por especialistas da Universidade de

Michigan, e publicado na edição de quarta-feira do jornal Expresso, encon-trou uma relação entre a utilização do Facebook e o aumento da tristeza. De acordo com este trabalho, quantas mais vezes uma pessoa utiliza o Facebook, maior é a probabilidade de ficar deprimida com a sua vida.

Para avaliar os senti-mentos dos utilizadores da maior rede social do

mundo, os investigadores mandaram cinco mensa-gens por dia a um grupo de voluntários durante duas semanas. Cada uma incluía um link para um inquérito online onde po-diam dizer quantas vezes é que iam ao Facebook e marcar numa escala os seus níveis de preocupa-ção e solidão bem como a satisfação geral com a sua vida.

“Mais de mil mi-lhões de pessoas per-tencem ao Facebook e mais de metade ligam-se

todos os dias”, afirmou à “CNN” o principal responsável pelo estu-do, Ethan Kross. “Apa-rentemente, o Facebook oferece recursos muito úteis para suprir as necessidades humanas mais básicas de ligação social. Contudo, ao in-vés de aumentar o bem--estar, os resultados do nosso estudo levam-nos a concluir que interagir no Facebook pode ter o efeito contrário”.

A explicação mais plausível para este fe-

nómeno prende-se com a influência que a com-paração com a vida de outras pessoas pode ter na nossa auto-estima. Deparamo-nos com a felicidade ‘digital’ dos outros quando se está insatisfeito com algo, pode ter efeitos perni-ciosos na auto-estima e provocar sentimentos de inferioridade.

Por outro lado, o es-tudo revela que contactos cara-a-cara tendem a aumentar os níveis de felicidade e bem-estar.

SIMULACRO NA CENTRAL DE INCINERAÇÃO COM FUGA DE HIDRÓXIDO DE AMÓNIO

Prevenir em vez de remediarontem origem a um simula-cro na central, levado a cabo pela Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) e pelo Corpo de Bombeiros.

Todo o exercício decor-

reu em cerca de 30 minutos e nele participaram mais de oitenta funcionários prove-nientes do Centro de Gestão de Infra-estruturas Ambien-tais da DSPA e da empresa operadora da CIRS. “Após

ter sido emitido o alarme do detector, a sala de controlo central notificou os funcioná-rios da Central para tomarem as medidas necessárias de segurança e de evacuação, de acordo com o plano interno,

e dar resposta à emergência conforme o estabelecido, telefonou aos bombeiros para prestar auxílio e notificou imediatamente a DSPA”, explica um comunicado do Governo.

O exercício de simu-lação contra a fuga de amónio serviu para testar e avaliar o plano de con-tingência estabelecido pela operadora e, através dele, reforçar a consciencializa-ção e o alerta do pessoal sobre a segurança.

Após o exercício, o Cor-po de Bombeiros prestou aconselhamentos especiali-zados para melhorar ainda mais o conteúdo do plano de contingência.

CHINA ONDA DE CALOR VIU-SE DO ESPAÇO

Recordes quebrados

FACEBOOK ENTRISTECE, MAS AJUDA A SUPRIR NECESSIDADES BÁSICAS

(In)felicidade em modo digital

13 vidahoje macau sexta-feira 23.8.2013

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S E a humanidade se com-prometesse a consumir a cada ano só os recur-

sos naturais que pudessem ser repostos pelo planeta no mesmo período, em 2013 teríamos de ter fechado a Terra para balanço na terça--feira passada. Esta é a esti-mativa da Global Footprint Network, ONG de pesquisa que há dez anos calcula o “Dia da Sobrecarga”.

De acordo com o jornal Folha de São Paulo, este ano, o esgotamento ocorreu mais cedo do que em 2012 e tem piorado sempre. “A cada ano, temos o Dia da Sobrecarga antecipado em dois ou três dias”, diz Juan Carlos Morales, director regional da entidade na América Latina.

Para facilitar a forma como se percebe a situação, a Global Footprint Network continua a promover o uso do conceito de “pegada ambiental”, uma medida objectiva do impacto do consumo humano sobre os recursos naturais.

No Dia da Sobrecarga, porém, expressa-o de outra maneira: para sustentar o actual padrão médio de consumo da humanidade, a Terra precisaria ter 50% mais recursos.

Para fazer a conta, a ONG usa dados da ONU, da Agência Internacio-nal de Energia, da OMC (Organização Mundial do Comércio) e busca detalhes em dados dos governos dos próprios países.

O número tem em conta o consumo global, a eficiência de produção de bens, o tama-nho da população e a capaci-dade da natureza de prover recursos e reciclar resíduos. Isso é traduzido em unidades de “hectares globais”, que representam tanto áreas cultiváveis quanto reservas de manancial e até recursos pesqueiros disponíveis em águas internacionais.

A emissão de gases de efeito estufa também entra na conta, bem como os paí-ses que ganham mais pontos por preservar florestas que retêm carbono.

Apesar de ter começado a calcular o Dia da Sobre-carga há uma década, a Global Footprint compila dados que remontam a 1961. Desde aquele ano, a sobrecarga ambiental

ESGOTADA ESTA SEMANA QUOTA DE RECURSOS PARA 2013

Duas Terras até 2050

dobrou no planeta, e a projecção actual é de que precisemos de duas Terras para sustentar a humanidade antes de 2050. A mensagem é que esse padrão de desen-volvimento não tem como se sustentar por muito tem-po. “O problema hoje não é só proteger o ambiente, mas

também a economia pois os países têm ficado mais dependentes de importa-ção, o que faz o preço das ‘commodities’ disparar”, diz Morales. “Isso ocorre porque os serviços ambien-tais [benefícios que tiramos dos ecossistemas] já não são suficientes”.

14 hoje macau sexta-feira 23.8.2013CULTURA

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1. Faço saber que, o prazo de concessão por arrendamento dos terrenos da RAEM abaixo indicados, encontra-se terminado, e, que de acordo com o artigo 3.º da Lei n.º 8/91/M de 29 de Julho, conjugado com o artigo 2.º e o artigo 4.º da Portaria n.º 219/93/M, de 2 de Agosto, foi o mesmo automaticamente renovado por um período de dez anos a contar da data do seu termo, pelo que, deverão os interessados proceder ao pagamento da contribuição especial liquidada pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes.Localização dos terrenos: - Praça de Ferreira do Amaral, n.ºs 7 a 15, Avenida Dr. Mário

Soares, n.ºs 307 a 323 e Avenida do Infante D. Henrique, n.ºs 1 a 5, em Macau, (Edifício Banco da China);

- Praça da Amizade, n.ºs 6 a 52, Avenida Dr. Mário Soares, n.ºs 227 a 259 e Avenida do Infante D. Henrique, n.ºs 25 a 31, em Macau, (Edifício Va Iong);

- Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues, n.ºs 298 a 316, Rua de Xangai, n.ºs 147 a 191 e Rua de Pequim, n.ºs 111 a 123, em Macau, (Edifício Associação Comercial de Macau);

- Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues, n.ºs 412A a 438 e Alameda Dr. Carlos D´Assumpção, n.ºs 719A a 745, em

Macau, (Edifício Veng Tai);- Avenida da Amizade, n.ºs 875 a 893, Rua de Nagasaki, n.ºs

20 a 50O, Praceta de Miramar, nºs 3 a 93 e Rua de Xiamen, n.ºs 5 a 23K, em Macau, (Edifício San On);

- Rua de Luís Gonzaga Gomes, n.ºs 78 a 110C e Rua de Nagasaki, n.ºs 55I a 55Q, em Macau, (Edifício Lei Kai).

2. Agradecemos aos contribuintes que, no prazo de 30 dias subsequentes à data da notificação, se dirijam ao Núcleo da Contribuição Predial e Renda, situado no rés-do-chão do Edifício “Finanças”, ao Centro de Serviços da RAEM, ou, ao Centro de Atendimento da Taipa, para levantamento da guia de pagamento M/B, destinada ao respectivo pagamento nas Recebedorias dos referidos locais.

3. Na falta de pagamento da contribuição no prazo estipulado, proceder-se-á à cobrança coerciva da dívida, de acordo com o disposto no artigo 6.º da Portaria acima mencionada.

Aos, 26 de Julho de 2013.

A Directora dos Serviços de Finanças,Vitória da Conceição

AVISOCOBRANÇA DA CONTRIBUIÇÃO ESPECIAL

B ASEAR o financi- amento de uma instituição como a Cinemateca, essen-

cial à divulgação e à preser-vação do património fílmico, numa receita variável é uma má opção. Quando essa re-ceita vem de um mercado - o da publicidade em televisão - que tem registado quedas acentuadas nos últimos anos é mais do que isso, é uma re-ceita para a instabilidade per-manente. Esta é a opinião de Nuno Sena (programador do festival Indie Lisboa), Luís Urbano (produtor de O Som e a Fúria) e António-Pedro Vasconcelos (realizador), profissionais ouvidos ontem pelo ao jornal Público depois de o secretário de Estado da Cultura (SEC) ter assegurado que a Cinemateca não vai suspender as suas actividades por falta de dinheiro.

A garantia de Jorge Barreto Xavier chegou por email, lacónica, a meio da manhã: “A Cinemateca Portuguesa-Museu do Ci-nema e o ANIM não vão fechar.” O ANIM (Arquivo Nacional de Imagens em Movimento, em Bucelas) é a face menos visível da actividade da casa da Rua Barata Salgueiro, mas nem por isso menos importante. É lá que se conserva, sublinha Vasconcelos, a “memória do cinema português” e um “laboratório de referência” de conservação e restauro.

O SEC, que não deu por-menores sobre os esforços feitos pela tutela para resol-ver o problema de forma du-radoura, respondia, assim,

CINEMATECA TEM POR MISSÃO PRESERVAR O PATRIMÓNIO DO CINEMA MAS ESTÁ SEM DINHEIRO

Precisa-se novo modelo de financiamento

à directora da Cinemateca, Maria João Seixas, que na terça-feira dissera ao jornal Público que a instituição corria o risco de “parar”

já em Setembro devido a uma situação financeira “alarmante”.

Os problemas de tesou-raria devem-se a “quebras

substanciais” nas verbas que lhe cabem da taxa de 4% paga pelos anunciantes sobre a publicidade que exi-bem na televisão, ao abrigo da Lei do Cinema, explicou Seixas. Essa taxa cria anu-almente um montante que depois é investido no cinema e audiovisual em Portugal. À casa da Barata Salgueiro cabe 20% desse bolo, per-centagem que tem “um peso muitíssimo superior a 50%” no orçamento geral.

Em anos anteriores, acrescentou Seixas, a taxa representava um valor que “ultrapassava em muito os três milhões” - este ano, estima-se que “não chegue aos dois milhões”.

TUDO COMEÇOU EM ABRILA Cinemateca alertou a SEC para os problemas financeiros em Abril e

Barreto Xavier acabou por garantir verbas extraor-dinárias do Fundo de Fo-mento Cultural em Junho e Julho (400 mil euros no total). Verba que já não chegou em Agosto. “Não vejo solução para a Cine-mateca, neste cenário em que se conta pagar despesas constantes com uma receita que cai drasticamente”, diz Nuno Sena, garantindo que esta “situação de ruptura financeira” já tem dois ou três anos. “Mesmo que poupe muito, não pode deixar cair serviços”, sob risco de comprometer as suas “missões básicas” de conservação e divulgação. “Precisa urgentemente de um novo modelo de finan-ciamento que conte com dinheiro vindo do Orça-mento do Estado, como os museus”, acrescenta Sena.

“Ninguém pede ao Museu de Arte Antiga que depen-da só de receitas próprias, pois não?”

Vasconcelos e Urbano concordam. “Por que razão não há-de a Cinemateca ter dinheiro do Orçamento do Estado como os museus ou a Biblioteca Nacional? É menos importante?”, pergunta o primeiro. “O modelo de financiamento da Cinemateca é falacioso, como todo o modelo de financiamento do cinema e audiovisual em Portugal”, resume o segundo.

Para Luís Urbano, a nova Lei do Cinema falhou na criação de programas estáveis de apoio ao sector. A Cinemateca é só uma das faces desse falhanço. Tanto Urbano como Sena chamam a atenção para o facto de o diploma de 2012 não prever, por exemplo, que seja beneficiária da nova taxa dos operadores de televisão por cabo (3,5 euros por cada nova subs-crição).

Urbano faz referência às cinematecas em Espanha, França, Alemanha e Dina-marca, “dependentes dos Orçamentos do Estado”, para concluir que em Por-tugal falta vontade política para encontrar “soluções de estabilidade”.

Para Vasconcelos, a “si-tuação é gravíssima” e necessita, para já, de uma so-lução de recurso que impeça a casa de fechar. O que não invalida que se pense a longo prazo: “A Cinemateca não pode trabalhar sem condi-ções para planear, sobretudo no ANIM. Além disso, a lei passa a ideia errada de que beneficia de dinheiro [da taxa sobre a publicidade] que devia ir para financiar o cinema em geral. Tudo está errado.”

No que toca ao ANIM, Nuno Sena, que trabalhou cinco anos na Cinemateca como programador, está preocupado com a falta de investimento na área do digital: “O arquivo é uma referência no tratamento de película, mas no digital arrisca-se a ficar desadequa-do tecnologicamente, o que porá parte da salvaguarda - e, por isso, a sua missão - em causa.”

15 culturahoje macau sexta-feira 23.8.2013

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N OVE artistas de Macau, 29 trabalhos. Os núme-ros fazem parte da mais recente iniciativa do

MGM Macau, a exposição “New York, New York – The colorfil new York art journey”, que estará patente até ao próximo dia 1 de Novembro. A entrada é gratuita e a exposição nunca fecha portas, es-tando patente na L2 Gallery Arcade.

Segundo um comunicado envia-do pela concessionária de jogo, os artistas fazem parte da AFA (Art For All Society), sendo que o objectivo da iniciativa é “manter os esforços continuados em promover a arte local e a cultura”. A AFA co-organiza o evento. “Os nove artistas que parti-

cipam na exposição representam a diversidade e a riqueza da visão ar-tística de Macau. Enquanto membros da AFA, os seus artistas partilham uma atitude de aproximação através das suas criações artísticas, e buscam levar o público a acrescentar novas ideias e atitudes”, diz o comunicado.

A concessionária frisa ainda que tem vindo a ser uma “apoiante das artes e cultura durante anos”. “A L2 Gallery Arcade, ela própria um espaço com um design clássico, constitui um espaço risco para apre-sentar estes trabalhos, permitindo a cada convidado a oportunidade de ver e apreciar uma arte elegante”.

O MGM Macau diz ainda que a exposição constitui “uma plata-

forma para os artistas emergentes e presentes em Macau, para que possam mostrar os seus trabalhos”.

UMA VIAGEM A NOVA IORQUE Os 29 trabalhos representam as experiências e vivências da passa-gem dos nove artistas pela cidade de Nova Iorque, sobretudo “o que eles viram e ouviram todos os dias”, como “os artistas de rua no metro e nas ruas, bem como as maravi-lhosas exposições nos museus”.

Trata-se de algo que representa “uma Nova Iorque icónica que ca-tiva a imaginação. Não foi apenas uma cidade de visita para eles, mas sim uma metrópole que puxa pela criatividade e vitalidade”. - A.S.S.

EXPOSIÇÃO DECORRE NO MGM ATÉ AO DIA 1 DE NOVEMBRO

A arte de Nova Iorque chegou ao casino

PROTAGONISTA DA SÉRIE PRISON BREAK REVELA SER GAY AO RECUSAR IDA À RÚSSIA

“Prisioneiro” Wentworth Miller contra leiO actor e guionista Wentworth Miller, um dos protagonis-

tas da série norte-americana Prison Break, assumiu ser gay numa carta na qual se recusou a participar no Festi-val Internacional de Cinema de São Petersburgo, na Rús-sia, onde foi recentemente aprovada uma lei que é vista como atentatória à liberdade dos homossexuais. “Obriga-do pelo vosso gentil convite. Como alguém que gostou de visitar a Rússia no passado e pode até reivindicar um grau de ascendência russa, eu adoraria dizer que sim. No entanto, como homem

gay, devo recusar”, escreveu o actor de 41 anos. A carta foi publicada na página de Internet da organização americana GLAAD (Gay & Lesbian Alliance Against Defamation), que luta pelos direitos de gays, lésbicas, bissexuais e transexuais.

Miller, que interpretou o fugitivo Michael Scofield na série da Fox Prison Break, entre 2005 e 2009, tinha sido contactado pela directora do

festival, Maria Averbakh, para ser “convidado de honra”.

Na carta em que declinou o convite, mostrou-se “pro-fundamente perturbado” pelo tratamento dado pelo governo russo a homens e mulheres homossexuais. “A situação não é aceitável e eu não posso participar num festival organizado por um país onde pessoas como eu vêem negados os

seus direitos de viver e amar abertamente”, escreveu.

A Rússia aprovou recen-temente uma lei que pune a “propaganda da sexualidade não-tradicional” que vise menores de 18 anos e pro-íbe a adopção de crianças por casais do mesmo sexo, além de impor multas para quem promover desfiles de orgulho gay.

Esta lei, publicada em Junho, tem sido alvo de

protestos, e foi mesmo cri-ticada por Barack Obama. No início de Agosto, o actor britânico Stephen Fry pediu ao Comité Olímpico Inter-

nacional (COI) que retire a organização dos Jogos de Inverno à Rússia, compa-rando este país à Alemanha de Hitler.

ESCOLA DE FUTEBOL JUVENIL DE MACAU ESTÁ EM PORTUGAL

16 hoje macau sexta-feira 23.8.2013DESPORTO

A SSINAR um con-trato para jogar nos campeonatos de Chipre, Grécia

ou Turquia pode implicar grandes riscos para um jogador profissional, espe-cialmente se for estrangeiro. Os casos de incumprimento salarial têm aumentado, assim como situações de coacção física e psicológica sobre os atletas, entre os quais portugueses. A FIFPro, confederação internacional de sindicatos de jogadores profissionais, aconselhou ontem os associados a terem cautelas antes de assinarem um contrato com emblemas destes países e o Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF) português alarga o alerta à Roménia. “Estive a jogar em Chipre na última temporada e, no meu caso, não me pagaram dois meses de ordenados”, revelou ao jornal Público Rui Miguel, actualmente jogador do Paços de Ferrei-ra, que alinhou em 2012-13 pelo AEL Limassol. “Passei por algumas situações com-plicadas. Fui ameaçado por dirigentes [um dos quais

A agência anti-dopagem da China (CHINADA) informou nesta quarta-

-feira ter detectado oito contro-los positivos a poucos dias do início dos Jogos Nacionais, que decorrem de 31 de Agosto a 12 de Setembro.

O número de controlos posi-tivos ascende este ano na China a 12, igualando o total de casos registados em 2012: “Há sempre alguém que arrisca dopar-se quando existe a possibilidade de

Volta a Timor em bicicletajá com 290 inscritosA quinta edição da Volta a Timor em bicicleta, que se realiza de 2 a 6 de Setembro, já conta com 290 inscritos, refere hoje em comunicado o Ministério do Turismo de Timor-Leste. A prova, com início e fim em Díli, vai passar por Baucau, Viqueque, Same e Aileu. Segundo o comunicado, a quinta edição do Tour de Timor está orçado em 200 mil dólares e conta com o apoio da Polícia Nacional de Timor-Leste, forças da defesa, ministério da Saúde e Finanças, bombeiros e da Associação de Ciclismo timorense. O patrocinador oficial da prova é a Timor Telecom, empresa detida maioritariamente pela Portugal Telecom. Na prova, vão participar os ciclistas de elite da Timor Telecom, nomeadamente António Martins, Jacinto da Costa, José Araújo e Orlando da Costa.

JOGADORES PORTUGUESES ENGANADOS EM CHIPRE, GRÉCIA, TURQUIA E ROMÉNIA

Era uma vez o ‘El dorado’

A Escola de Futebol Juvenil de Macau, criada pelo Governo da RAEM em 2003, está em Portugal, a treinar e a pernoitar na Academia do Sporting, e tem recebido o apoio da Câmara Municipal de Alcochete para actividades no exterior, no sentido de não ficarem apenas confinados ao espaço da Academia. Esta semana, o grupo de Macau foi agraciado nas instalações do município por dois vereadores, Paulo Machado e Susana Custódio.

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português] para rescindir o meu contrato de dois anos e prescindir das verbas a que teria direito”, denuncia o médio, admitindo que o contexto de crise financeira que Chipre está a atravessar tem agudizado a situação.

Também Paulo Sérgio, avançado que integrou esta temporada os quadros do Arouca, viveu momentos difíceis em Chipre no ano passado, igualmente ao ser-viço do AEL Limassol. “Eles prometem, mas depois não pagam os ordenados e ainda

ameaçam os jogadores”, la-mentou o avançado formado nas escolas do Sporting, que aceitou rescindir o seu contra-to e regressar a Portugal.

“Sei do caso de um por-tuguês, que não vou referir o nome, que tinha mais um ano de contrato e o clube queria rescindir. Disseram-lhe que se não saísse a bem, sairia a mal. Uma noite conduzia um automóvel, acompanhado pela esposa e filha, e foi mandado parar por um carro da polícia a poucos metros de casa. Meteram-lhe dois cães dentro do veículo e disseram-lhe que aquilo era só um aviso, que na próxima vez iriam “encontrar” droga no carro. No dia seguinte aceitou rescindir, abdicando de tudo o que teria a rece-ber”, recordou Rui Miguel, que também passou por ou-tras situações complicadas no futebol romeno e russo.

A Roménia não está in-cluída no alerta da FIFPro, mas é, segundo o SJPF, outro destino problemático, pelo menos para os jogadores nacionais. “Na óptica dos futebolistas portugueses, os países onde se verificam situações anómalas mais graves são Chipre, Grécia e Roménia, mas não tanto a Turquia”, garante Joaquim Evangelista, presidente do SJPF. “A maioria dos jogadores portugueses que vai para estes campeonatos responde a uma oportuni-dade que lhe é apresentada por um empresário, que pode ou não ser certificado. Os atletas não sabem muitas vezes que proposta estão a assinar.”

SEM NADA, NA RÚSSIAEste não foi o caso de Rui Miguel, que partiu para Chipre com um contrato

DOPING CHINA DETECTA OITO CASOS ANTES DOS JOGOS NACIONAIS

Igualado o registo do ano passado

devidamente traduzido e rubricado, mas nem isso permite muitas vezes des-cansar. “Na Rússia [onde representou o Krasnodar, em 2011-12] também tive problemas. No acordo que assinei tinha direito a um carro com motorista, mas foram-me ambos retirados quando cheguei e tinha de deslocar-me sempre de táxi. Depois, também me tiraram a casa que o clube tinha alu-gado, com as minhas coisas lá dentro.”

Após esta experiência negativa em terras russas, o médio, de 29 anos, seguiu para a Roménia, mas o ce-nário não melhorou. “Estive lá cinco meses [ao serviço do Astra Giurgiu] e nunca recebi ordenado. Tive de levar o caso à FIFA e, como represália, puseram-me a treinar com os juniores e nem me forneciam equipa-

mento.” Mas a queixa terá sido a melhor opção do jo-gador: “Como a equipa tinha alcançado o segundo lugar no campeonato e só poderia participar nas competições da UEFA sem casos pen-dentes de dívidas salariais, acabaram por pagar.”

A maioria dos casos anómalos com estrangeiros nestas ligas verifica-se em clubes que não lutam pelos lugares europeus, segundo denuncia a FIFPro, já que não estão sujeitos aos con-trolos de licenciamento da UEFA. “Estes clubes ofe-recem salários estupendos, vivendas luxuosas, planos ambiciosos e um prémio de assinatura”, revela o relató-rio deste organismo. Os jo-gadores têm encontrado uma realidade bem diferente. “Há mais casos de insucesso do que de sucesso”, alerta Evangelista.

um benefício económico”, reco-nheceu o director da CHINADA, He Zhenwen, à agência noticiosa oficial chinesa, Xinhua. A infor-mação não adianta o nome dos atletas nem as disciplinas apanha-das nos controlos, excepto o da corredora da maratona Wang Jiali,

de 27 anos (medalha de bronze nos Jogos Asiáticos de 2009), que foi a primeira a ser apanhada pelo novo “passaporte biológico”, sis-tema anti-dopagem que recolhe dados médicos e o historial de análises dos atletas.

O passaporte biológico pode detectar o uso de substâncias proibidas só pela alteração comparativa de alguns dos elementos recolhidos.

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hoje macau sexta-feira 23.8.2013 FUTILIDADES 17

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POR MIM

FALO

“DepressãoFacebook” é viral

[ ]

ESTOU DE SÁIDE Foto: Facebook

• Existem várias formas para se escrever o acto de uma pessoa abandonar um local. Pode simplesmente estar de saída, até porque, para o efeito, é preciso passar pela porta da saída. Mas, em Macau, também se pode estar de sáide. Seja o que isso for, lembra-me um pouco a pronúncia madeirense ou açoriana – sem ferimentos de susceptibilidades. Por isso, estou de sáide...

SALA 1THE MORTAL INSTRUMENTS:CITY OF BONES [C]Um filme de: Harald Zwartcom: Lily Collins, Lena Headey, Robert Sheehan, Kevin Zegers14.15, 16.45, 19.15, 21.45

Sala 2 PERCY JACKSON:THE SEA OF MONSTERS [B]Um filme de: Thor Freudenthalcom: Logan Lerman, Sean Bean14.30, 16.30, 21.30

PERCY JACKSON:THE SEA OF MONSTERS [3D] [B]Um filme de: Thor Freudenthalcom: Logan Lerman, Sean Bean19.30

Sala 3WHITE HOUSE DOWN [C]Um filme de: Roland Emmerichcom: Channing Tatum, Jamie Foxx, Maggie Gyllenhaal, Jason Clarke14.15, 16.45, 19.15, 21.45

TDM13:00 TDM News - Repetição13:30 Telejornal + 360° (Diferido)14:40 RTPi DIRECTO18:00 Caminho das Índias (Repetição) 19:00 TDM Talk Show (Repetição)19:30 Vingança20:30 Telejornal21:00 Portugueses Sem Fronteiras21:30 Cenas do Casamento22:00 Caminho das Índias 23:00 TDM News23:30 Portugueses Pelo Mundo00:20 Telejornal (Repetição)01:00 RTPi DIRECTO

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:35 A História dos Açores15:30 Novos Descobrimentos16:00 Bom Dia Portugal17:00 5 Minutos Num Instante 17:05 Cenário Natural17:35 Canções de Luz e de Sombra – 25 Anos Musica Popular nos Açores19:00 O Casamento da Condessa19:30 Super Diva - Ópera para Todos20:00 Jornal da Tarde 21:15 O Preço Certo 22:10 Verão Total

30 - FOX Sport13:00 Liga Bbva 2013/14 FC Barcelona vs. Levante UD14:30 Liga Bbva 2013/14 Real Madrid CF vs. Real Betis16:00 Tiger Street Football 2013 18:00 Liga Bbva 2013/14 La Liga World18:30 The Football Review 2012-201319:00 ootball Asia 2013/14 19:30 (LIVE) FOX SPORTS Central 20:00 Liga Bbva 2013/14 Weekly Preview 20:30 Liga Bbva 2013/14 La Liga World 21:00 BWF World Super Series Highlights 2013 22:00 FOX SPORTS Central 22:30 Liga Bbva 2013/14 Weekly Preview 23:00 Classic Boxing

31 - STAR Sports13:00 Indian Badminton League 2013 Hyderabad Hotshots vs. Mumbai Masters15:55 (LIVE) FIA F1 World Championship 2013 - Practice Session 1 Belgian Grand Prix 17:30 Inside Grand Prix 2013 18:00 Liga Bbva 2013/14 Real Madrid CF vs. Real Betis19:30 The Football Review 2012-2013 19:55 (LIVE) FIA F1 World Championship 2013 - Practice Session 2 Belgian Grand Prix 21:30 (LIVE) Score Tonight 2013 22:00 (LIVE) Formula Friday 22:30 (LIVE) Indian Badminton League 2013 Pune Pistons vs. Banga Beats

40 - FOX Movies11:45 Romeo And Juliet13:45 The Good Doctor15:20 Once Upon A Time16:10 Delete - Part 2 Of 217:40 The Three Stooges19:15 10 Years21:00 Fantastic Four22:45 The Avengers

41 - HBO12:00 Peter Pan14:00 Green Lantern16:00 Courageous 18:15 Alice In Wonderland20:10 Abduction22:00 Men In Black 323:45 Paranormal Activity 3

42 - Cinemax11:45 National Lampoon’S Animal House13:45 Hollywood Homicide16:00 Girls! Girls! Girls!18:00 48 Hrs.20:00 What Planet Are You From?21:45 Epad On Max22:00 Spartacus: War Of The Damned23:00 Black Forest00:25 Ironclad

WHITE HOUSE DOWN

Já por si é deveras deprimente que as pessoas vivam actualmente duas vidas: uma real e uma virtual. É triste que se faça do Facebook (ou de qualquer outra rede social) um diário aberto das nossas vidas. E, por outro lado, que passemos a tornar-nos anti-sociais (presencialmente) para vivermos esta vida restrita a um mundo electrónico. Contra mim falo, é claro, porque sou mais um em milhões que aderiu a esse negócio milionário do Zuckerberg (só para exibir as minhas fotos de felino macho). Mas, de facto, acho evitável expor em demasia as nossas vidas, seja por meio de fotos, seja por activação da localização ou nos dados pessoais fornecidos. Acho que deve haver uma certa auto-censura nos comentários que produzimos. Embora achemos que só abrimos as portas da nossa vida aos “amigos”, a verdade é que ninguém deve ter a presunção de que é próximo de mais de centena de pessoas. As repercussões de uma vida dupla provaram-se recentemente prejudiciais. Há repercussões sérias que afectam a nossa saúde. A depressão é uma das consequências de uma vida demasiado preocupada com as aparências. A fotografia mais bonita que temos e que não chega para obter tantos gostos como noutras pessoa, o comentário que não foi acolhido com entusiasmo, a música que não é do agrado de outros. É muita pressão, sobretudo, para jovens, que querem agora ganhar a sua popularidade primeiro online e só depois na escola. O alerta veio da Academia Americana de Pediatria que divulgou razões para a depressão das crianças mais vulneráveis, que fazem do portal online o “café da esquina”. As crianças acham que não estão à altura das conversas e dos núcleos virtuais onde se querem enquadrar. Os números são impressionantes. Mais de 22% dos adolescentes ligam-se à sua rede social mais de dez vezes ao dia e que, dos 75% que têm telemóveis, mais de 25% os usam para se ligarem ao Facebook, por exemplo.Mas nem tudo são espinhos. As redes sociais permitem aos adolescentes manterem-se ligados aos familiares e amigos, fazerem novas amizades e trocarem ideias. Que o digam os jovens e adultos expatriados. Nada como falar todos os dias com pessoas que nos são próximas e minimizar a distância.No entanto, sim, há uma realidade destorcida online. E as pessoas precisam de voltar a saber socializar ao vivo porque corremos o risco de deixarmos de saber interagir com o mundo fora dos computadores. O que é preocupante.

ÀS CEGAS • Cláudio MagrisAclamado como obra-prima aquando da sua publicação em Itália, Às Cegas é um romance de grande originalidade e intensidade poética. A sua forma inovadora - um caudal, uma torrente, um oceano de palavras que fluem livremente - serve na perfeição a narrativa de um louco sobre a sua viagem no tempo e no espaço, e que se polariza nas duas categorias antagónicas dos que fazem a revolução e dos seus perseguidores. Claudio Magris trabalha aqui também motivos recorrentes na sua obra: o das vidas afundadas - que é preciso “resgatar para a literatura”; ou o da figura de proa que, à imagem do Homem, tendo perdido o rumo, continua a desbravar os mares, às cegas, num ato único de esperança. Às Cegas, de Claudio Magris é uma miríade de lugares, situações, símbolos, coincidências e reflexos, que atravessam continentes e séculos - e um retrato da falência da ideologia e do indivíduo à deriva.

HISTÓRIA DA ETERNIDADE • Jorge Luís Borges«O movimento, ocupação de lugares diferentes em instantes diferentes, é inconcebível sem o tempo; igualmente o é a imobilidade, ocupação de um mesmo lugar em pontos diferentes do tempo. Como pude não sentir que a eternidade, ansiada com amor por poetas, é um artifício esplêndido que nos livra, embora de maneira fugaz, da intolerável opressão do sucessivo?»

18 hoje macau sexta-feira 23.8.2013OPINIÃO

A questão ética fundamental do nosso tempo consiste no repensar dos fundamentos das múltiplas formas do agir capaz de enfrentar a carência de uma medida, de um equilíbrio para o perigo-so excesso do nosso poder, que se tornou uma ameaça para a espécie humana e

para a biosfera, estando em jogo não apenas a existência física, mas também a identidade da nossa imagem como seres racionais.

O nosso domínio destruidor sobre o am-biente ficou a dever-se tanto aos modelos de-ficientes de representação da realidade natural por parte da razão teórica como à fragilidade deliberativa, à sedução do poder incondicional que tem embalado a nossa razão prática na utopia de nos tornarmos novos deuses.

Mas, se temos de reconhecer a nossa finitude perante a insensatez de utopias de substituição do divino, tal não significa que tombemos no sacrifício da liberdade, conclusão que parece estar contida no prin-cípio da igualdade biótica das correntes da ecologia profunda.

Isto significa, que deveremos ter relações éticas com os seres vivos e os ecossistemas, não pelo facto da nossa característica de seres axiológicos e de cultura, mas por causa da mesma. A ética ambiental não significa, necessariamente, o sacrifício da autonomia do agente ético nem a abolição de uma legislação da liberdade.

A ética ambiental, pelo contrário, pode ser entendida como a designação moderna de uma ética da liberdade, uma denominação a partir das tarefas prioritárias associadas à harmonização entre as obrigações e os direitos dos seres humanos perante e no seio do meio ambiente.

As consequências jurídicas e, por essa via também políticas, traduzem-se no facto de que os direitos do ambiente devem ser en-tendidos como o aprofundamento da tradição moderna jusnaturalista dos direitos humanos fundamentais e, em particular, do direito humano fundamental que é o direito à vida.

A grande interrogação do presente é a de saber se os direitos dos seres naturais passa pelo alargamento da própria concepção desse direito fundamental à vida, pois implica o reconheci-mento de que a preservação dos ecossistemas é fundamental para a preservação dos direitos humanos durante um longo período.

É a necessidade de pensar a justiça entre gerações. Os seres vivos e inanimados, bem como os sistemas por si formados, passam a

perspect ivasJORGE RODRIGUES SIMÃO

A rigorosa distinção kantiana entre moralidade e legalidade continua a desautorizar qualquer ostentação pública de eticidade, pelo que ninguém pode reclamar para si e para a sua causa a condição de superioridade moral, a não ser como crença privada ou preconceito público

Pensar a justiça entre gerações“Ethical behavior produces and preserves value in the world. A morally good person knows what has value and acts to produce and preserve it. It is because the concept of others’ interests is so closely allied with the concepts of doing harm to and benefiting others that interests are crucial to our thinking about ethics.”

Gary E. VarnerIn Nature’s Interests?: Interests, Animal Rights, and

Environmental Ethics

ser defendidos não pelo reconhecimento de pretensos direitos intrínsecos ao ambiente e seus componentes, o que seria uma expressão tecnicamente errónea, mas por um conjunto de deveres que os seres humanos se impõe respeitar, não tão só no plano ético, mas jurídica e politicamente.

A atribuição de direitos só tem sentido no âmbito de relações jurídicas que implicam o respeito por duas condições e princípios, que constituem as relações jurídicas num sistema de referência em que exista em primeiro plano a igualdade dos participantes na relação jurídica.

O cientista político inglês, Thomas Hob-bes, considerava que essa igualdade, no seu estado natural, era aferida pela capacidade limite de qualquer ser humano infligir a morte a outros seres humanos. É de considerar a existência em segundo plano da reciprocida-de de direitos e deveres na relação jurídica, o que exclui, imediatamente, os outros seres vivos, que não têm perante nós quaisquer deveres, podendo ter direitos apenas na medida em que os seres humanos, perante eles, se obrigam a ter deveres.

A tutela humana sobre os direitos do am-biente no âmbito de uma teoria dos deveres e das responsabilidades, para com o meio ambiente implica a reconstrução do equilíbrio entre as componentes teórica e prática da racionalidade humana, permitindo uma identificação mais clara da nossa dupla condição de seres do meio ambiente, assim como de cidadãos da cultura, a qual só poderá sobreviver se compreender como as suas raízes mergulham vitalmente no solo da natureza.

É permitida assim, uma clara passagem para o domínio político, onde as obrigações éticas podem guardar o suporte do poder de coacção das leis, sem que as nossas relações com os demais seres vivos ou inanimados

se deixem esgotar na esfera dos valores ju-rídicos (o espaço encontra-se aberto para o diálogo persuasivo acerca dos valores e das condutas entre múltiplas éticas possíveis).

É de considerar que apenas por um erro de perspectiva, seja possível conceber uma ética da liberdade, como aquela que foi ma-gistralmente exposta pelo filósofo alemão, Emanuel Kant, como uma ignorância ou uma confrontação antropocêntrica com a nature-za. O pensador alemão criou a sua ética da liberdade como uma ética formal, baseada no conceito essencial de universalidade e uma das suas matrizes é a ideia de natureza como um todo regido por leis.

A segunda formulação do imperativo ca-tegórico deve ser entendida como “age como se o máximo da tua acção se devesse tornar, pela tua vontade, lei universal da natureza”. O agir ético devia constituir-se como fonte de um mundo possível pela liberdade, respeitando

a estrutura universal patente na matriz de um todo organizado presente na nossa concepção de natureza, na nossa representação do mundo real no espaço-tempo.

É inexistente qualquer argumento que nos autorize a considerar que a reactualização do imperativo categórico kantiano, efectuado pelo filósofo alemão Hans Jonas, em “O Princípio da Responsabilidade”, repugne à essência de uma ética da liberdade, traduzida como “age de tal modo que as consequências da tua acção sejam compatíveis com a permanência de vida humana sobre o planeta”.

A ética da liberdade só poderá realizar--se como processo de aprofundamento da construção histórico-social da identidade antropológica mantendo as condições de possibilidade da continuidade histórica da vida humana e da biosfera no seu conjunto.

A ética ambiental constitui-se, assim, como um desafio para uma nova concepção de humanismo, onde liberdade e respon-sabilidade se equacionem como o limite regulador de uma acção múltipla e com-plexa, ética, política e de desenvolvimento económico sustentável.

A ética ambiental como ética da liberdade é inseparável de uma pedagogia ambiental, que é também portadora dos valores de uma cidadania renovada, ou seja, de uma cidadania apta a formar pessoas capazes de estarem à altura dos gigantescos desafios, um misto de perigo e oportunidade, da crise ambiental global.

Só é possível, uma ética ambiental efec-tiva, por vida da educação ambiental que contenha valores e objectivos traduzidos na promoção de uma racionalidade critica (os factos como processos); perspectivação global e de forma integrativa dos problemas; representação interdisciplinar da realidade; observação das situações em termos de de-cisões de origem e de eventual e posterior superação; dar prioridade ao futuro; educar com uma visão antecipativa; aprender a trabalhar em comunidade; estimular uma responsabilidade cívica alargada e desenvol-ver solidariedade e justiça entre as gerações.

A rigorosa distinção kantiana entre mo-ralidade e legalidade continua a desautorizar qualquer ostentação pública de eticidade, pelo que ninguém pode reclamar para si e para a sua causa a condição de superioridade moral, a não ser como crença privada ou preconceito público.

Todavia, é de registar a forma generosa como em todo o mundo milhares de cidadãos, membros de associações independentes das áreas da protecção ambiental, do desen-volvimento ou dos direitos do consumidor têm contribuído para a implementação de acordos internacionais de ambiente, nomea-damente, dos que se prendem à preservação da biodiversidade, autoriza-nos a considerar que em grau indeterminado podem também a boa vontade e a cidadania, desinteressa-da no plano dos motivos particulares, ser igualmente consideradas como sujeitos da política internacional do ambiente.

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; Joana de Freitas; José C. Mendes; Rita Marques Ramos; Zhou Xuefei [estagiária] Colaboradores Amélia Vieira; Ana Cristina Alves; António Falcão; António Graça de Abreu; Fernando Eloy; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Vinhais Guedes; Helder Fernando; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; Tiago Alcântara; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

RicaRdo Pinhotwitter.com/ricardo

Pode-se facilmente medir o grau de obediência à autoridade duma pessoa pelo voluntarismocom que aderiu ao acordo ortográfico.

disse-me um passarinho...

hoje macau sexta-feira 23.8.2013

O ataque de domingo passado do exército de Bashar al--Assad à região de Goutha próxima de Damasco que terá morto cerca de 1000 pessoas, a maioria mulhe-res e crianças, revela o pen-dor assassino da actuação do governo sírio contra o seu próprio povo. Elevam-

-se a cerca de 100 000 os mortos da repressão brutal que desde há dois anos se abate sobre o povo sírio, segundo relatou o Secretário--Geral das Nações Unidas. Foram inúmeros os testemunhos e os vídeos que reportam o uso de armas químicas, transportadas nos ‘rockets’ disparados e sintomática a profu-são de corpos enrolados em mortalhas que se viram nos corredores dos hospitais. Esta nova acção assassina de Damasco provocou já o protesto da comunidade internacional e segundo relataram fontes diplomáticas cerca de 35 países assinaram uma carta pedindo a Ban Ki-moon a visita imediata de peritos em armamento ao local do ataque. A carnificina de Goutha acontece quando já estão em Da-masco inspectores das Nações Unidas para investigar alegações da oposição síria de uso sistemático de armas químicas contra a popu-lação civil, em acções anteriores do regime torcionário de Bashar al-Assad. Um regime que se transformou numa grotesca cópia da ditadura de Saddam Hussein, no Iraque.

Há cerca de um ano atrás, o Presidente Obama declarou, como toda a pompa e circunstância, que o uso de armas químicas pelo regime de Assad seria a linha vermelha que determinaria a intervenção dos Estados Unidos, no conflito. Este novo incidente parece assinalar mais uma contradição entre a retórica engalanada do presidente demo-crata na defesa da paz, da democracia e dos direitos humanos e a sua actuação concreta, significativamente desde que Hillary Clinton abandonou o Departamento de Estado dos Estados Unidos. O primeiro presidente afro--americano dos EUA esqueceu as promessas, amoleceu, embrulhando-se nos jogos da política interna no Congresso em redor de

crepúsculo dos ídolosARNALDO GONÇALVES

A confirmar-se esta tendência de abandono dos EUA das suas responsabilidades estratégicas não parece que entremos, por milagre, numa nova era de paz e distensão internacional como anuncia o credo liberal e internacionalista

Obama e o fracasso da política externa norte-americana

medidas impopulares como o Obama Health Care. Obama tem sido o responsável pela fragilização da política externa americana, abandonando a liderança do mundo livre que quatro anos reivindicara, no discurso da sua posse, com a aclamação de norte-americanos e da opinião pública internacional.

Será curioso interrogarmo-nos do que aconteceria, nestas circunstâncias, se George W. Bush ainda estivesse na presidência dos Estados Unidos e se Condoleezza Rice fosse a responsável pela política externa ameri-cana. Seguramente os Estados Unidos não admitiriam este desafio de Assad às regras da vida internacional, e o incendiar de uma zona do mundo que é estratégica para o acesso ao Afeganistão e ao aprovisionamen-to de crude às economias industrializadas. Veríamos seguramente menos palavreado e mais acção. Uma intervenção similar à que

aconteceu na Líbia estaria em preparação, fossem quais fossem as consequências para as relações com a Rússia, regime que apoia incondicionalmente o regime fascista sírio. No início deste ano, Moscovo forneceu a Damasco sofisticados sistemas de mísseis terra-ar S-300, mísseis Yakhont (anti-navios) e Pantsyr de curto alcance. Lado a lado com Moscovo, Teerão aparece como principal fornecedor de ‘rockets’, mísseis anti-tanques, granadas-foguete e morteiros a Damasco.

A vida internacional não permite situa-ções de vazio de poder. Quando uma Grande Potência deixa de cumprir a sua função de potência hegemónica, de gendarme do cumprimento das regras básicas do sistema, outra emerge para a substituir. Ao que tudo indica os Estados Unidos deixaram o palco para a Rússia e a China se assumirem como os protagonistas da nova Ordem que emerge

do rescaldo das intervenções americanas no Iraque e no Afeganistão. Disso é sinal a corrida armamentista que se assiste na Ásia, o regresso da Al Qaeda às acções terroristas em grande escala e o isolamento acentuado que as forças moderadas encontram em pa-íses do Médio Oriente, tradicionais aliados dos Estados Unidos e da Europa.

A confirmar-se esta tendência de aban-dono dos EUA das suas responsabilidades estratégicas não parece que entremos, por milagre, numa nova era de paz e distensão internacional como anuncia o credo liberal e internacionalista. A compita entre Moscovo e Pequim pela hegemonia na Ásia Central, nas próximas décadas, será cerrada e pouco pa-cífica. Num primeiro tempo, os dois poderes asiáticos aparecerão a afirmar o seu enlevo pela paz, o diálogo, a cooperação e distensão, mas rapidamente evoluirão para uma compe-tição dura com eventual componente militar. Não escapa aos olhares dos observadores mais experimentados o processo de modernização que está em curso nas forças terrestres, navais e aéreas dos dois países através de alguma cooperação mútua mas, sobretudo, com o desenvolvimento de capacitações internas, de novas tecnologias e o reforço da Investigação e Desenvolvimento militar.

Aqui perto de nós não passa uma semana que o Presidente da China, Xi Jiping, não enalteça a modernização do Exército Po-pular de Libertação, o apetrechamento das forças navais (PLA Navy) com a aquisição de porta-aviões, mísseis de médio e longo alcance e fragatas de combate. Segundo os estrategistas chinesas, trata-se de fazer evoluir a marinha de uma “green-water navy”para uma “blue-water navy”, uma marinha “regional”com capacidades defen-sivas mas sobretudo ofensivas. A promoção a generais de cinco estrelas dos comandan-tes das regiões militares de Guangzhou e Nanjing feita por Xi Kinping e divulgada no princípio deste mês de Agosto, segue--se a outra promoção de quatro oficiais do Alto-Comando da China desde que Xi se tornou chefe da Comissão Político-Militar do Comité Central do PCC. Estes oficiais--generais, com idades compreendidas entre os cinquenta e sessenta anos, aparentam ser uma peça na estratégia de Xi de renovação dos comandos e de reestruturação das Forças Armadas, dando ao EPL uma maior capaci-dade ofensiva. Trata-se de preparar o país para lançar o seu “peso” no plano regional e nas águas do Pacífico Ocidental. O que não poderá deixar de ser entendido como um desafio estratégico aos Estados Unidos na sua zona de influência.

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CHINA RUPTURA EM DIQUE OBRIGA A RETIRADA

Água superou recorde em 19 centímetros

hoje macau sexta-feira 23.8.2013

Síria ONU não chegou a consenso sobre ataque químicoO Conselho de Segurança da ONU não chegou a acordo para pedir formalmente uma investigação à Síria depois de ter sido denunciado o uso de armas químicas por parte do regime de Bashar al-Assad nos arredores de Damasco, que terá originado 1.300 mortos. “Posso dizer que há uma grande preocupação entre os membros em relação a estas alegações e um sentimento generalizado de que é preciso esclarecer o que aconteceu”, afirmou a actual presidente em funções do Conselho da ONU, María Cristina Perceval. Os membros do Conselho de Segurança disseram apoiar a intenção do líder da ONU, Ban Ki-moon, de pedir uma investigação imparcial, mas não chegaram a acordo sobre uma resolução ou declaração presidencial para pedir formalmente uma investigação ao caso. Em causa está a denúncia feita pela Coligação Nacional Síria, que acusou o regime de Damasco de ter realizado um ataque com armas químicas, que provocou a morte de pelo menos 1.300 pessoas, incluindo crianças. Entretanto, o chefe do Estado Maior norte-americano, o general Martin Dempsey explicou que não seria benéfico para o país que os Estados Unidos interviessem na guerra da Síria, já que os rebeldes não apoiam os interesses de Washington. Em carta enviada segunda-feira, ao democrata Eliot Engel, eleito para a Câmara dos Representantes, Martin Dempsey justificou a sua posição por a guerra da Síria envolver grupos armados extremistas. “Considero que o campo que nós escolhemos (apoiar) deve estar preparado para promover os seus interesses e os nossos quando a situação pender a seu favor. Actualmente isso não acontece”, escreveu Dempsey. Os Estados Unidos “podem mudar o equilíbrio militar” na Síria, mas “não podem resolver os problemas históricos étnicos, religiosos e tribais subjacentes que alimentam o conflito”, concluiu o general.

Japão Contaminação está 12 vezes acima do permitidoA Tokyo Electric Power (TEPCO), empresa nuclear de Fukushima acredita que, desde Maio de 2011, terão sido lançados para o mar mais de 30 triliões de becquereis (becquerel é a unidade de medida no Sistema Internacional para radioactividade), uma quantidade muito superior ao estimado, informou nesta quinta-feira a emissora NHK. O estudo foi publicado esta semana pela Tokyo Electric Power (TEPCO) e revelou que são libertados 10 triliões de becquereis por quilo de estrôncio e 20 triliões de becquereis por quilo de césio para o oceano Pacífico junto à central afectada pelo terramoto e tsunami de Março de 2011. Este número é 12 vezes superior aos níveis permitidos pelo Governo japonês em caso de acidente.

Portugal Proibida apanha de bivalvesA apanha de bivalves está temporariamente proibida em quase toda a costa portuguesa, devido à presença de toxinas. De acordo com o site do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, esta interdição justifica-se com a presença de fitoplâncton produtor de toxinas marinhas ou de níveis de toxinas acima dos valores normais. A proibição de captura para consumo aplica-se aos bivalves apanhados na costa entre Vila Real de Santo António e Tavira, entre Sines e Setúbal (excepto navalha, amêijoa branca e ameijola), entre Lisboa e Peniche (excepto castanhola) e na Ria de Aveiro (exceto amêijoa japonesa). A apanha de conquilha na costa entre Portimão e Lagos também está interdita.

Fundador dos Pink Floyd pede boicote de artistas a IsraelO músico Roger Waters, um dos fundadores da banda musical Pink Floyd, apelou aos colegas no mundo da música que falam um boicote a Israel. Waters acusa o país de fomentar um regime de segregação, como o Apartheid, na África do Sul e entende que tal facto justifica o boicote cultural ao país. “Escrevo-vos agora, meus irmãos e irmãs da família do Rock and Roll, para vos pedir que se juntem a mim e milhares de outros artistas em todo o mundo e declarem um boicote cultural a Israel”, escreveu Roger Waters na sua página na rede social Facebook.

cartoonpor Stephff

BRADLEY MANNING

M AIS de 7 mil pesso-as foram retiradas ontem devido à rotura de um dique

do rio Amur, que marca a frontei-ra da Rússia com o noroeste da China e atingiu níveis recorde das suas águas, informou a agência oficial Xinghua.

A rotura ocorreu à 1:40h na localidade de Chaibaotun, onde o nível das águas do Amur (Heilong na China) superou em 19 centí-metros o seu recorde histórico.

Nalguns sectores do rio, um dos mais importantes da Ásia, as águas transbordaram nos dias

passados e causaram as piores inundações da história em algumas regiões do nordeste chinês, com mais de 5,43 milhões de pessoas afectadas, pelo menos 80 mortos e mais de 233 mil retirados.

Setenta mil pessoas foram mobilizadas nas margens do Amur para travar os transbor-damentos, enquanto os peritos previnem que os níveis do Amur poderão aumentar ainda mais nos próximos dias.

Em todo o país as inundações são frequentes no verão, mas, só no sul, o número de mortos por esses desastres naturais nos

últimos seis dias eleva-se a mais de 150, com uma centena de desaparecidos.

As inundações nesta zona da China permitiram a fuga de pelo menos 24 crocodilos de um centro de criação destes répteis em Shan-tun, o que levou à mobilização das autoridades locais, que já terão recuperado 20 animais, segundo noticia hoje o China Daily.

Os desastres naturais leva-ram o Presidente Xi Jinping e o primeiro-ministro Li Keqiang a pedir publicamente esta semana para que não sejam poupados esforços para apoiar os afectados.