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TEMPO POUCO NUBLADO MIN 18 MAX 26 HUMIDADE 45-80% • CÂMBIOS EURO 9.6 BAHT 3.7 YUAN 0.7 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ TERÇA-FEIRA 13 DE NOVEMBRO DE 2012 ANO XII Nº 2733 PUB GONÇALO LOBO PINHEIRO BIBLIOTECA CENTRAL Construção arranca em 2013 e sem concurso público PÁGINA 5 MERCADO NOCTURNO Hipótese Sai Van é amiga do ambiente PÁGINA 6 CONGRESSO DO PCC Novo Politburo envolto em mistério CENTRAIS Paulina Alves dos Santos pode ser exonerada segunda vez Sepulturas do diabo Paulina Alves dos Santos foi exonerada pelo Executivo, em Setembro, do cargo de presidente do Conselho de Administração da Sociedade para o Desenvolvimento dos Parques Industriais de Macau. E pode voltar a sê-lo, agora no cargo de consultora do IPIM. A razão prende-se com a denúncia do caso das dez sepulturas perpétuas, defende o democrata Au Kam San. Mas o caso pode tomar proporções de “escândalo”, afirma o deputado José Pereira Coutinho. Paulina não comenta e pede aos jornalistas para “investigarem o caso”. PÁGINA 2 LINHAS DE ACÇÃO GOVERNATIVA CHUI SAI ON APRESENTA PROMESSAS PARA 2013... E AS QUE FALHOU ESTE ANO PÁGINA 3 CASO DAS CAMPAS

Hoje Macau 13 NOV 2012 #2733

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Edição do Hoje Macau de 13 de Novembro de 2012 • Ano X • N.º 2733

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TEMPO POUCO NUBLADO MIN 18 MAX 26 HUMIDADE 45-80% • CÂMBIOS EURO 9.6 BAHT 3.7 YUAN 0.7

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • TERÇA-FEIRA 13 DE NOVEMBRO DE 2012 • ANO XII • Nº 2733

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GONÇALO LOBO PINHEIRO

BIBLIOTECA CENTRAL

Construção arranca em 2013 e sem concurso público

PÁGINA 5

MERCADO NOCTURNO

Hipótese Sai Van é amiga do ambiente

PÁGINA 6

CONGRESSO DO PCC

Novo Politburo envolto em mistério

CENTRAIS

Paulina Alves dos Santos pode ser exonerada segunda vez

Sepulturas do diaboPaulina Alves dos Santos foi exonerada pelo Executivo, em Setembro, do cargo de presidente do Conselho de Administração da Sociedade para o Desenvolvimento dos Parques Industriais de Macau. E pode voltar a sê-lo, agora no cargo de consultora do IPIM. A razão prende-se com a denúncia do caso das dez sepulturas perpétuas, defende o democrata Au Kam San. Mas o caso pode tomar proporções de “escândalo”, afirma o deputado José Pereira Coutinho. Paulina não comenta e pede aos jornalistas para “investigarem o caso”. PÁGINA 2

LINHAS DE ACÇÃO GOVERNATIVA

CHUI SAI ON APRESENTA PROMESSAS PARA 2013...

E AS QUE FALHOU ESTE ANO PÁGINA 3

CASO DAS CAMPAS

terça-feira 13.11.2012política2

Denunciante do caso das dez sepulturas perpétuas pode ser exonerada a duplicar

Governo trama PaulinaGonçalo Lobo [email protected]

Joana [email protected]

JÁ foi em Setembro que Paulina Alves dos Santos foi exonerada pelo Executivo de presidente do Conselho

de Administração da Sociedade para o Desenvolvimento dos Parques Industriais de Macau (SDPIM). A demissão foi publi-cada no Boletim Oficial do dia 9 de Agosto e Au Kam San já veio dizer que a culpa é do “Caso das Campas” [ver texto secundário]. Contactada pelo Hoje Macau, Paulina Alves dos Santos não se alongou nos comentários, pre-ferindo rir-se. “Isso faz-me rir. Não quero falar sobre o assunto. Deixo aos jornalistas o trabalho de analisar os factos para responder se a minha exoneração tem ou não a ver com um pedido de campa.”

Paulina Alves dos Santos

AU Kam San, deputado à As-sembleia Legislativa (AL),

acusa o Executivo de estar a fazer uma “operação” para desviar a atenção dos intervenientes no caso das dez sepulturas perpétuas do Cemitério de São Miguel Arcanjo. “Toda a gente sabe que foi a diri-gente daquela sociedade [Paulina Alves dos Santos, enquanto presi-dente do Conselho de Adminis-tração da SDPIM] que denunciou o caso, por isso suspeita-se de que a sua substituição repentina esteja associada ao caso dessas sepultu-ras”, escreve o democrata numa interpelação escrita ao Governo. “É uma operação que visa atingir efeitos dissuasores, enquanto se está a aguardar pelo resultado do

Ministério Público sobre o caso das sepulturas.”

O deputado critica não só a mu-dança repentina da dirigente, mas ain-da a demissão por iniciativa própria de dois trabalhadores administrativos “alegando pressão” – menos de um mês após a substituição da presidente – e o despedimento sem justa causa de um outro. Isto numa sociedade que funcionava apenas com cinco pesso-as. “Como se pode considerar como uma situação normal a limpeza de três trabalhadores de uma sociedade com apenas cinco trabalhadores adminis-trativos?”, questiona Au Kam San.

TERRENOS EM CAUSAA Sociedade para o Desenvolvi-mento dos Parques Industriais de

Macau tem como sócia maioritária a RAEM e com 40% o Instituto de Promoção do Comércio e do Inves-timento de Macau (IPIM). O objec-tivo da sociedade é desenvolver e gerir os terrenos reservados para finalidades de desenvolvimento da indústria de Macau, nomeadamente o Parque Industrial da Concórdia e da Zona Industrial Transfronteiriça de Macau e Zhuhai. O facto de estar ligada a questões de terrenas leva a que Au Kam San levante outras críticas ao Executivo. “Será que o desaparecimento dos funcionários é um indício do surgimento breve de prováveis fenómenos estranhos relativos a terrenos? Se a sociedade vai gerir 270 metros quadrados de terrenos, há algum terreno

Substituição repentina de Paulina Alves dos Santos

Au Kam San acusa Governo de “limpeza”

foi convidada pelo ex-Chefe do Executivo, Edmund Ho, para per-tencer à antiga Sociedade para os Parques Industriais da Concórdia (SPIC) – mais tarde SDPIM, e foi igualmente indigitada consultora permanente do Instituto de Promo-ção do Comércio e do Investimento (IPIM) – cargo apenas dado pelo Chefe do Executivo a pessoas com mérito e experiência e de acordo com o documento oficial e confidencial do Estatuto Privativo do Pessoal do IPIM, no seu artigo 12º, n.º 2.

Correm boatos que depois da exoneração da administra-ção da SDPIM, Paulina Alves dos Santos também o será da posição de consultora do IPIM, onde tem como colega de equipa o português António Mousinho. Sobre essa possibilidade, Paulina Alves dos Santos também não quis tecer cenários. “Pelo que sei, tenho contrato anual com o IPIM até Março de 2013. Até

ao momento não recebi qualquer carta a informar-me de qualquer exoneração.”

COUTINHO VÊ ESCÂNDALOQuem também quis demonstrar o seu desagrado pelas decisões do Governo foi o deputado da Assembleia Legislativa (AL) José Pereira Coutinho, ele que também tem sido uma voz activa no “Caso das Campas”. “É escandaloso. Não posso deixar de me pronun-ciar quanto à forma como ela tem sido perseguida”, começou por lamentar.

“Foi uma das pessoas que apresentou queixa e está a sofrer com isso. São os custos de se ter metido com Florinda Chan, uma pessoa muito influente.”

Pereira Coutinho afirmou ainda ao Hoje Macau que espera que Paulina Alves dos Santos não se vá abaixo. “A saúde dela não tem estado a 100%. Só espero que não piore.”

com prazo quase a expirar e que requeira a renovação ou alteração da finalidade?”

EXPLICAÇÕES PÚBLICASA forma de despedimentos da presidente e dos funcionários não agrada ao democrata, que se queixa de falta de transparência. O facto de a sociedade funcionar com o erário e recursos públicos faz com que o deputado considere ter de estar sob fiscalização pú-blica. Por isso mesmo, Au Kam San pergunta directamente ao Governo o porquê das decisões tomadas. “Quais foram as razões

para a substituição da presidente? Foi devido ao caso das dez sepul-turas? Afinal porque surgiu este acto de limpeza [de funcionários administrativos]?”

Au Kam San refere ainda que deseja saber qual o ponto de situ-ação do arrendamento dos mais de 200 metros quadrados de terreno que a sociedade gere, quantos foram concedidos e ainda quantos estão a ser utilizados. Uma resposta que o deputado terá de esperar que venha do Executivo. A interpelação de Au Kam San foi entregue a 9 de Outubro deste ano, mas só ontem divulgada. - J.F.

3políticaterça-feira 13.11.2012 www.hojemacau.com.mo

Chan Wai Chi sugere construção de casa mortuária pública ao GovernoPaul Chan Wai Chi sugeriu ontem a construção de uma casa mortuária pública que permita aos residentes ter uma alternativa ao actual sistema privatizado para a realização de funerais tradicionais. O deputado escreveu ontem em interpelação dirigida ao Governo a sugestão e disse estar preocupado com as dificuldades enfrentadas pelos residentes que têm de tratar dos funerais de familiares ou amigos, segundo a Rádio Macau. O também membro da Associação Novo Macau não se fica, no entanto, por aqui e questiona o Governo se pode autorizar a ampliação de certos templos, de modo a permitir-lhes que disponibilizem mais lugares para guardar as cinzas. A cremação é outro dos pontos na agenda de Paul Chan Wai Chi. É que, actualmente, as pessoas que tenham como desejo este tipo de funeral têm de obrigar os familiares responsáveis pelo funeral a deslocarem-se a Zhuhai, já que em Macau não é oferecida esta hipótese. O deputado lamenta o transtorno provocado pela deslocação e também os custos elevados do processo e sugere ao Governo que escolha um local adequado na Taipa ou Coloane para construir um crematório.

Leis que ficaram por apresentar ou outras que chegaram atrasadas. São algumas falhas do relatório das LAG deste ano, que se prevê serem transferidas para o de 2013

Joana [email protected]

COMEÇA hoje mais uma apresentação das Linhas de Acção Governativa (LAG), desta vez para o

ano de 2013. O Chefe do Executivo, Fernando Chui Sai On, desloca-se à Assembleia Legislativa (AL) para mostrar aos deputados e à população o que tem planeado o Executivo para o próximo ano.

Até dia 4 de Dezembro, os secretários das diferentes áreas de governação vão ter ao seu dispor dois dias cada para apresentarem os trabalhos que têm delineados em cada sector, sendo a secretária para a Administração e Justiça a primeira a ser ouvida.

Chui Sai On vai estar presente na AL dois dias seguidos, hoje e amanhã. O primeiro vai apenas servir para apresentar o relatório das LAG – que ficará disponível ao público já esta tarde –, o segundo vai gerar debate entre deputados e Chefe do Executivo, uma vez que

A CAA, Planeamento e Engenharia, Consultores

Limitada vai ser a empresa responsável pela fiscalização da construção do segmento do Cotai da 1.ª Fase do Sistema de Metro Ligeiro e da construção do segmento dos Postos Fron-teiriços da Taipa da primeira fase do novo meio de transporte de Macau. A companhia, ad-ministrada por José Chui Sai Peng, deputado da Assembleia Legislativa e primo do Chefe

Linhas de Acção Governativa para 2013 começam a ser apresentadas hoje

Governo falhou promessas deste ano

Empresa dirigida por deputado fica encarregue da fiscalização de dois segmentos do metro

Mais de 40 milhões por prestação de serviços

está marcada uma sessão de pergun-tas e respostas ao líder do Governo.

Nas LAG para este ano prevê-se que sejam incluídos temas como a habitação, os cheques pecuniários, serviços de saúde e protecção am-biental. Pelo menos estes são os de-sejos da maioria da população, a par com sugestões dos deputados sobre a revisão das leis laborais e a atribuição de mais apoio financeiro a idosos, pessoas com deficiência e famílias monoparentais. Tanto a apresentação do relatório das LAG do próximo ano como as apresentações dos se-cretários terão transmissão directa e

integral no canal português da TDM e da Rádio Macau.

O QUE FALHOU EM 2012?Recordando o prometido pelo Executivo para as LAG deste ano, destacam-se algumas áreas onde falhou o planeado e que se prevê que tenham continuação para o próximo ano. Foi o caso de algumas leis, que ou chegaram atrasadas à AL ou ainda estão mesmo por apresentar.

A Lei de Combate ao Crime de Violência Doméstica, a Lei de Terras, a Lei do Erro Médico e a Lei do Pla-neamento Urbanístico são exemplo disso. As propostas deveriam ter sido apresentadas à AL durante o primeiro e o segundo semestre, mas o Governo admitiu estar atrasado com os diplo-mas. Noutros casos - como é o da Lei de Declaração de Rendimentos e Interesses Patrimoniais, do Regime de Compra e Venda de Habitação em Construção, a Lei de Salvaguarda do Património e a Revisão do Código do Processo Penal -, as leis chegaram com meses de atraso às mãos dos deputados, tendo sofrido consequen-temente atrasos na sua aprovação e entrada em vigor. Nenhuma delas está efectiva porque se mantêm em análises nas comissões da AL. A Lei de Salvaguarda do Património, por exemplo, deveria ter sido apresen-tada no segundo trimestre do ano passado, mas só chegou à AL em Julho deste ano.

As leis que não foram apresen-tadas e estavam programadas para tal deverão, portanto, fazer parte do relatório das LAG para 2013. Resta saber que planos guarda mais o Executivo para o próximo ano.

• Administração e Justiça - 20 e 21 de Novembro das 15h às 20h

• Economia e Finanças - 22 e 23 de Novembro das 15h às 20h

• Segurança - 26 e 27 de Novembro das 15h às 20h

• Assuntos Sociais e Cultura - 29 e 30 de Novembro das 15h às 20h

• Transportes e Obras Públicas - 3 e 4 de Dezembro das 15h às 20h

OS DIAS DOS SECRETÁRIOS

do Executivo, vai receber mais de 42 milhões e meio de pata-cas pelos serviços prestados. A celebração do contrato foi ontem autorizada e publicada em Boletim Oficial, assinada por Chui Sai On.

A empresa de Chui Sai Peng vai ficar encarregue da fiscalização dos dois segmentos até ao ano de 2015, pelo que os pagamentos começam a ser feitos este ano e se arrastam até aí, divididos em diferentes montantes. As despesas com a empresa, que ficou também en-carregue de uma empreitada no novo campus da Universidade de Macau na Ilha da Montanha no valor de cinco milhões de patacas, estão inseridas nos encargos com o Plano de In-vestimentos de Macau. A adju-dicação foi feita por concurso público. - J.F.

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4 política terça-feira 13.11.2012www.hojemacau.com.mo

A execução orçamental em Macau ultrapassou,

até ao final de Outubro, a receita prevista para 2012, com as Finanças a declara-rem o encaixe de 104.734,8 milhões de patacas, 102,8% do previsto.

Execução orçamental ultrapassa receita prevista para este ano

Mais de 100%que o previsto

Entre Janeiro e Outu-bro, as receitas totais da administração de Macau estavam em alta de 15,3 % face ao mesmo período do ano passado enquanto as receitas correntes, estima-das em 104.633,6 milhões

de patacas, reflectiam uma subida também de 15,3% e uma execução de 102,7% face ao previsto neste capítulo.

Entre as receitas corren-tes, os impostos directos valeram 91.730,9 milhões de patacas à Administra-ção, traduzindo uma subida homóloga anual de 15,6% e uma execução anual de 100,8%.

Neste segmento da re-ceita, os impostos directos sobre o sector do jogo, no valor de 35% sobre as recei-tas brutas arrecadadas pelas diversas concessionárias de jogo, totalizaram 88.248,6 milhões de patacas, mais 15,6% e estavam cumpridos em 101,5% quando faltam ainda dois meses para ter-minar 2012.

Os impostos directos sobre o sector do jogo, cobrados no mês seguinte ao mês de referência e, por isso, contabilizados de De-zembro de um ano até No-vembro do ano seguinte, são a principal fonte de receita da administração e pos-suem um peso de 84,26% da receita pública total, de 84,34% da receita corrente e de 96,2% do total dos impostos diretos cobrados pela Administração.

Já no campo da despesa, e considerando apenas aque-las que estão liquidadas, a administração de Macau gastou 37.927,6 milhões de patacas, mais 21,2% do que entre Janeiro e Outubro de 2011 e correspondente a 57,5% do previsto.

As despesas correntes foram de 29.896,6 milhões de patacas, ou seja, estavam em alta de 7,2% e executadas em 69,5% do previsto.

No capítulo das despesas de capital, os Investimentos do Plano - previstos em 19.842,8 milhões de patacas - estavam apenas executados em 29,5% com uma despesa de 5.852,8 milhões de pata-cas, traduzindo ainda assim um aumento de 131,2% face aos primeiros dez meses de 2011.

Entre receitas e despesas, o saldo orçamental até outu-bro era positivo em 66.807,3 milhões de patacas, mais 12,2% do que no mesmo período do ano passado, mas a representar 185,5% do que foi estimado na elaboração orçamental para todo o cor-rente ano.

O saldo positivo repre-senta 63,78% da receita total da Administração e 176,14% das despesas totais efectuadas. – Lusa

5terça-feira 13.11.2012 www.hojemacau.com.mo sociedade

O design arquitectónico do projecto já não vai ser alvo de concurso, avança Ung Vai Meng, ficando a cargo de um grupo interdepartamental do Governo. Por sua vez, a construção deverá arrancar em finais de 2013, o que significa que a Polícia Judiciária só vai desocupar o edifício, situado nas traseiras do Antigo Tribunal, no ano seguinte

Biblioteca Central começa a ser construída em finais de 2013

Sem concurso público

Ung Vai Meng não acredita em conflitos nas leis sobre o Urbanismo

Rita Marques [email protected]

A nova Biblioteca Central, com lu-gar assegurado no edifício do Antigo

Tribunal, vai começar a ser construída em finais do próximo ano, avança o presidente do Instituto Cul-tural (IC), Ung Vai Meng. O projecto, dividido em duas fases, já está global-mente conceptualizado e o design vai ser trabalhado a duas mãos governamentais - Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) e Instituto Cultural (IC) - não havendo lugar a concurso público. O edifício onde actualmente está sediada a Polícia Judiciária (PJ), na Rua Central, começa a ser trabalhado numa segunda etapa por isso, o organismo deverá desocupá-lo apenas em 2014. “Nos finais do próximo ano vão começar os trabalhos. A PJ sairá depois de 2013”, explica Ung Vai Meng.

“O edifício da Polícia Judiciária está previsto para uma segunda fase do projec-to e o do Antigo Tribunal [na Avenida da Praia Grande] vai ser a primeira fase mas

tudo num só plano, ficando os dois edifícios unidos fisicamente.”

O IC completou os pla-nos relativos às funcionali-dades de cada piso da nova Biblioteca Central, tal como já tinha avançado no mês passado ao Jornal Tribuna de Macau, estando a braços com estudos sobre o design

arquitectónico. Esta parte do projecto, segundo indicou ontem Ung Vai Meng, já não vai ser decidido através de concurso público. “Depois de recolhermos as opiniões, o design vai ser feito pelo Governo”, afiança Ung Vai Meng. “É feito em grupo, numa cooperação entre a DSSOPT e o IC, por várias

pessoas, sendo maior a par-ticipação do IC.”

Os trabalhos ficam a aguardar melhores alturas de execução, já que Macau está hoje a braços com “muitas obras”, sendo “muito difícil” avançar já com o projecto, explica Ung Vai Meng. Por essa razão, preferiu não adiantar ainda o orçamento

previsto para a nova estru-tura.

MUSEU SOBRE A HISTÓRIA DA POLÍCIA JUDICIÁRIAUma vez que o planeamento global está quase pronto, o responsável máximo do IC anunciou ainda que no edifício ocupado pelas forças policiais ficará reservada uma parte

para a sua história no territó-rio. “No planeamento, vamos fazer uma via onde podem subir da Avenida da Praia Grande para a Rua Central e vamos manter o edifício da PJ e fazer uma divisão para um pequeno museu, no qual será apresentada a sua história.”

Espera-se, por isso, que só a partir de 2014 a Polícia Judiciária comece a mudar--se de malas e bagagens para o Edifício San Wa, na Avenida da Amizade.

PROJECTO ANTIGOO concurso sobre o desenho conceptual do projecto re-monta a 2002, quando o or-ganismo cultural era dirigido por Heidi Ho, antecessor de Ung Vai Meng. Na altura, o Comissariado Contra a Corrupção (CCAC) averi-guou o concurso, avançando advertências em “nome do princípio da concorrência leal”. Em 2010, quando o novo presidente do IC entra em funções, o concurso é anulado com a justificação de que era necessário actua-lizar planos e regulamentos, além de critérios ambientais.

Tudo aponta para que 2015 seja a data de abertura da biblio-teca, mas Ung Vai Meng não avançou datas concretas sobre a seu futuro funcionamento.

Na sexta-feira, a terceira comissão da Assembleia Legislativa avançou dificuldades a analisar a Lei de Salvaguarda do Património na especialidade, sem conhecerem as directivas de leis como a do Planeamento Urbanístico e com a de Reordenamento dos Bairros Antigos. Todas estão interligadas de “forma íntima

e complexa”, disse o presidente da 3ª Comissão, Cheang Chi Keong. Ung Vai Meng, presidente do IC, desvaloriza os receios dos deputados. “[As leis] vão ser complementares. Desde que haja uma, todas avançarão passo a passo. Os departamentos governamentais vão falar entre si, trocar ideias e não vai haver conflitos. Tenho confiança que

não vai haver problemas”, avança ao Hoje Macau. Sobre a lei de planeamento urbanístico, a DSSOPT disse já este mês que será submetida à Assembleia Legislativa até ao final do ano. Ung Vai Meng não sabe em que datas mas, acredita, mais uma vez, que “não haverá conflitos entre as leis” em análise na especialidade.

6 sociedade terça-feira 13.11.2012www.hojemacau.com.mo

Uma empresa de consultadoria contratada pelo Governo afirmou que são poucas as consequências ecológicas da construção do mercado junto ao lago Sai Van, onde se espera que o “ruído produzido seja reduzido”. O IACM ainda não tem orçamento para o projecto, muito menos uma decisão final sobre o seu arranque

Andreia Sofia [email protected]

MEMBROS da direc-ção do Instituto para os Assuntos Cívi-cos e Municipais

(IACM) apresentaram ontem mais detalhes sobre o futuro mercado nocturno junto aos lagos de Sai Van. A empresa de consultadoria AECOM, de Hong Kong, apresen-tou também os resultados do estudo de impacto ambiental do projecto, que revelam que as consequências serão mínimas.

Freeman Cheung, responsável da empresa, revelou que as preo-cupações estão focadas no impacto junto da zona residencial da Barra, que fica apenas a 300 metros, bem

NA sequência da inves-tigação realizada pelo

Comissariado contra a Cor-rupção (CCAC) quanto ao caso de corrupção efectuada por um técnico da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DS-SOPT) no desempenho das suas funções, o organismo reagiu e solicitou por ini-ciativa própria a realização

de uma Conferência Jurídica sobre a Prevenção e Repres-são da corrupção.

Tanto a direcção da DSSOPT como a chefia e técnicos do organismo, do Gabinete para o Desenvolvi-mento das Infra-Estruturas e do Gabinete de Infra--Estruturas e Transportes participaram na sessão. Shin Chung Low Kam Hong,

subdirector da DSSOPT, reiterou que espera que através desta conferência seja reforçada a “conscien-cialização da conduta ética e da prevenção contra a corrupção”. A par disso, a DSSOPT afirma que vai melhorar os procedimentos relativos a aberturas de con-curso público, avaliação de propostas e fiscalização das

obras, colmatar as lacunas na lei e optimizar as actuais directivas de prevenção de corrupção e do mecanismo de fiscalização.

A DSSOPT garante que vai procurar reagir contra a corrupção, promovendo acções de sensibilização e adoptando medidas que visem “rigorosamente evitar este tipo de infracções”.

Empresa aconselha a que obras não coincidam com Metro Ligeiro

Mercado de Sai Van com poucos impactos ambientais

Preocupação com PME Depois do empresário David Chow ter defendido no jornal Ou Mun que o mercado de Sai Van iria prejudicar o tecido empresarial local, eis que Lo Veng Tak, do IACM, defendeu o contrário. “A exploração do local vai ser feita por fases e o concurso público será feito para permitir a participação de empresas e entidades privadas. Vamos definir parâmetros e condições de concurso para uma maior participação das PME”.

DSSOPT pede seminário de prevenção da corrupção

Aprender por iniciativa própria

como dos edifícios da Assembleia Legislativa (AL) e dos tribunais. Mas o facto da futura zona de espectáculos ao ar livre ter sido alterada para estar virada para a Torre de Macau poderá levar a uma redução do ruído dos actuais 66 de-cibéis para 64. “O ruído produzido é muito reduzido. Os ruídos causa-dos por um maior fluxo de pessoas e de trânsito são aceitáveis”, disse Freeman Cheung.

“Não encorajamos o uso de viaturas privadas para o local. Entre 2000 e 2009 houve um crescimento de 3,5% anual de viaturas. É uma

informação importante para fazer o estudo. Temos de ver se há uma possibilidade de aumento desta percentagem”, acrescentou.

Mas há também outra preocu-pação. “A primeira fase do Metro Ligeiro será construída ao lado do

nosso projecto. Se as obras acon-tecerem ao mesmo tempo poderá haver uma influência um pouco maior. As obras do Metro Ligeiro poderão trazer mais problemas, mas se adoptarmos medidas ate-nuadoras podemos resolvê-los”.

Raymond Tam, presidente do conselho de administração do IACM, assumiu que “o projecto vai com certeza ter alguns impactos ambientais”, mas mantém a posi-ção quanto ao local. “O projecto deve distanciar-se da zona habita-cional, mas há uma ligação com os acessos e transportes. Achamos que este é o lugar ideal”.

ALTERAÇÕES, SÓ DEPOIS Para além do ambiente, foram apresentados mais pormenores do futuro mercado nocturno, que promete ter restaurantes, parque de estacionamento, espaços verdes e percursos pedestres.

Durante o processo de consulta pública, realizado em 2011, foram recolhidas 178 opiniões. Desse número oito pessoas estavam contra o projecto, enquanto quatro apenas pretendiam mudar o mer-cado de local. Segundo Lo Veng Tak, vice-presidente do conselho de administração do IACM, as maiores preocupações versavam sobre o impacto ambiental e o trânsito.

No seguimento destas opi-niões, o IACM resolveu alterar os planos iniciais. “Foram feitos ajustamentos. Vamos ter um barco--restaurante e o espaço de espec-táculos ao ar livre vai estar virado para a Torre de Macau. As tendas gastronómicas passaram de 51 para 45, enquanto os espaços para os produtos tradicionais passam de 13 para 15”, explicou Lo Veng Tak.

Para já, o IACM assegura que não há uma decisão final quanto ao arranque do projecto, assumindo apenas que “é muito transparente a ouvir a opinião pública”. Ray-mond Tam assegurou também que orçamento também não existe. “Este é um projecto preliminar, só podemos ter números exactos depois de ouvirmos as opiniões e fazermos um plano”.

Em resposta às críticas, Ray-mond Tam apenas diz que “no início houve um desentendimento e penso que as pessoas não compre-enderam bem o projecto. Através de vários meios tentamos explicar o projecto ao público e continuamos a ouvir as opiniões”.

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7sociedadeterça-feira 13.11.2012 www.hojemacau.com.mo

AS trocas comerciais entre a China e os pa-

íses de língua portuguesa aumentaram 13,62% entre Janeiro e Setembro, face a igual período de 2011, para 98,19 mil milhões de dólares.

Dados da alfândega chi-nesa citados pelo Gabinete de Apoio ao Secretariado Permanente do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum Macau) indicam que os países lusófonos vende-ram a Pequim produtos no valor de 67,72 mil milhões de dólares, um crescimento de 22,01% face aos primei-ros nove meses de 2011.

Da China para os países de língua portuguesa segui-ram produtos no valor de 30,46 mil milhões de dóla-res, uma subida de 5,75% relativamente ao período entre Janeiro e Setembro de 2011.

O Brasil continua a ser o principal parceiro lusófono da China com um comér-cio bilateral de 65,29 mil milhões de dólares, mais 4,6%, tendo as vendas de Brasília subido 5,51% para

Casas de luxo já sofrem com nova lei A chegada da nova lei de mediação imobiliária está a trazer consequências para o segmento das fracções de luxo, com quebras nas vendas e nos preços dos imóveis. As declarações foram proferidas por Lok Wai Tak, presidente da associação para o desenvolvimento do sector imobiliário de Macau, ao jornal Business Daily. O responsável fala numa “quebra significativa” nos preços das casas de luxo, mas que os efeitos foram mínimos nos preços das casas mais baratas. Lok Wai Tak estima que as vendas no mercado habitacional possam descer entre 20 a 30% e os preços possam cair entre 5 a 10%, devido ao imposto do selo. Contudo, as estimativas deste responsável para 2013 apontam para aumentos de 10% no preço das casas, enquanto consequência do enfraquecimento do valor da pataca e da pouca oferta no mercado.

Trocas comerciais entre a Chinae os países de Língua Portuguesa aumentam

Mais de 10% em nove meses

Regras de fumo nos casinos podem quebrar receitas O novo decreto-lei que vem proibir o fumo nos casinos, excepto nas zonas reservadas a jogadores, poderá trazer menos receitas às operadoras. A opinião é do analista Harry Curtis, analista da correctora japonesa Nomura, citado na edição online da revista Macau Business, que se baseia na agência Bloomberg. Harry Curtis fundamenta as suas opiniões com o caso americano, onde o mesmo panorama levou a uma quebra de 20% das receitas de jogo. Apesar disso, a correctora diz que o impacto será menor em Macau, porque o fumo não será totalmente proibido e porque a maioria dos clientes, oriundos do interior da China, não têm outras alternativas para apostar nos casinos.

40,45 mil milhões de dóla-res e as compras a Pequim crescido 3,14% para 24,84 mil milhões de dólares. Já com Angola, o comércio bilateral atingiu os 28,74 mil milhões de dólares, o equivalente a uma subida de anual de 41,83 por cento: Luanda vendeu a Pequim produtos no valor de 25,78 mil milhões de dólares - mais 40,83% - enquanto a China vendeu a Angola bens ava-liados em 2,95 mil milhões de dólares ou mais 51,25%.

Portugal, o terceiro país lusófono mais importante em valor nas trocas comer-

ciais com a China registou entre Janeiro e Setembro trocas comerciais no valor de 3,06 mil milhões de dólares, com mais 3,36% do que no mesmo período de 2011, mas actuando com ganhos de equilíbrio na balança comercial dos dois países.

Segundo os dados divul-gados, Portugal exportou para a China produtos no valor de 1,19 mil milhões de dólares, mais 45,79% do que no mesmo período de 2011, enquanto comprava produtos no valor de 1,87 mil milhões de dólares, uma quebra de 12,77%. - Lusa

Horário de encerramento das barreiras do Grande Prémio

O 59º Grande Prémio de Macau realiza-se entre os dias 15 a 18 do corrente mês. Este evento dedicado ao desporto motorizado atrai anualmente milhares de visitantes, sendo particularmente importante para promover e desenvolver a indústria do turismo local, bem como para elevar a imagem de Macau como cidade internacional. Em grande parte, o sucesso do Grande Prémio deve-se ao apoio e colaboração da população de Macau.

Para minimizar os inconvenientes ao trânsito devido ao encerramento de algumas vias, a organização aumentou este ano o número de portões ao longo do circuito, para um total de 110. Contudo, devido a certos constrangimentos, algumas vias vão manter-se encerradas durante todo o evento. A Comissão do Grande Prémio solicita a melhor compreensão dos condutores e apela à atenção ao horário de encerramento das barreiras, bem como ao respeito pela sinalização provisória e às instruções da Brigada de Trânsito.

14 de Novembro (Quarta-feira)

Hora Arruamentos Local Acesso

15:00Av. Ramal

dos Mouros

Saída do viaduto na Estrada do

Reservatório junto ao Baguio

Court

Acesso

condicionado

19:00 Est. D. Maria II Porta principal de Edf. CEMAcesso

fechado20:00 Est. de CacilhasCruzamento para acesso à

Seaview Garden

Horário e Locais de fecho dos portões de barreiras metálicas entre os dias 15 a 18 de Novembro:

Os portões de barreiras metálicas serão encerrados a partir das 03h00, permanecendo fechados até ao final das corridas de cada dia.

A Comissão do Grande Prémio solicita a todos os condutores a melhor compreensão por eventuais transtornos causados, bem como o respeito pela sinalização provisória instalada e as instruções da Brigada de Trânsito. Para informações, é favor de ligar para o número de telefone: 2872 8482.

terça-feira 13.11.2012nacional8

AOS 30 anos, Chen Kuo tinha aquilo com que muitos chineses so-nham: um apartamento

próprio e um emprego bem remu-nerado numa multinacional. Mas, em Outubro, Chen viajou para a Austrália para começar uma nova vida, sem perspectivas seguras -como centenas de milhares de outros chineses que emigram todos os anos.

Apesar do tremendo sucesso económico da China nos últimos

Dalai Lama acusou China de faltade seriedade perante imolações de tibetanosO Dalai Lama acusou ontem as autoridades chinesas de não terem uma atitude “séria” face à actual vaga de imolações pelo fogo de tibetanos, indicando que estas se contentavam em criticá-lo, numa declaração feita a partir do Japão.”O Governo chinês deveria investigar a causas (destas imolações). A China não se ocupa seriamente (desta situação) nem tenta pôr-lhe fim além de me criticar”, declarou o dirigente espiritual tibetano, citado em japonês pela agência de notícias Kyodo. Nas últimas quarta-feira e quinta-feira, na abertura do congresso do Partido Comunista Chinês em Pequim, foram registadas ou tentadas seis imolações pelo fogo.

Chineses continuam a emigrar à procura de novas oportunidades

Por uma vida melhoranos, Chen achou que na Austrália teria um ambiente mais saudável, serviços sociais mais eficientes e uma maior liberdade para consti-tuir família. “Na China era muito stressante. Às vezes trabalhava 128

horas por semana para a minha empresa de auditoria”, disse Chen. “Vai ser mais fácil criar os meus filhos como cristãos no exterior. A Austrália é mais livre.”

A China, cujo Partido Comu-nista iniciou na semana passada a sua troca de liderança, está a perder cada vez mais profissionais qualificados, como Chen.

Em 2010, último ano com estatísticas completas, 508 mil chineses emigraram para os 34 pa-íses desenvolvidos que compõem a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE), um aumento de 45% em relação ao ano 2000.

Em 2011, os Estados Unidos receberam 87 mil residentes per-manentes da China, mais 17 mil do que no ano anterior. Os imigrantes chineses estão a estimular o mer-cado imobiliário em locais como Manhattan, onde alguns corretores estão a aprender mandarim, e em Chipre, que oferece a possibilida-de de obter passaporte da União Europeia.

Poucos emigrantes chineses citam razões políticas, mas elas aparecem de forma subjacente em várias das suas preocupações. Estes chineses falam sobre o desenvol-vimento desenfreado que arruína o ambiente ou sobre a deterioração do tecido social e moral. “Um ‘gre-en card’ vai dar-me uma sensação de segurança”, disse num blogue um chinês que procura obter visto de residência nos Estados Unidos.

“O sistema aqui [na China] não é tão estável, e não sabe se o que vai acontecer no futuro.”

As turbulências políticas re-forçam essa sensação. Desde o começo deste ano, o país está chocado com as revelações de que o ex-dirigente comunista Bo Xilai controlava um feudo que, segun-do relatos oficiais, se envolveu em casos de assassinato, tortura e corrupção. “Continua a haver muita incerteza e risco, mesmo nos mais altos escalões, mesmo no escalão de Bo Xilai”, disse Liang Zai, especialista em emigração da Universidade de Albany, no Estado de Nova Iorque, que acrescentou: “As pessoas questionam-se sobre o que vai acontecer daqui a dois ou três anos.”

VAI E VEMMas o movimento não é de sen-tido único. Com as economias estagnadas e oportunidades de emprego limitadas no Ocidente, o número de estudantes que regressa para a China subiu 40% em 2011 em relação ao ano anterior. O Governo chinês também passou a oferecer benefícios temporários para cientistas e académicos que regressarem ao país.

A sensação de incerteza afecta também os chineses mais pobres, num país que tem hoje uma das maiores disparidades de classes do mundo.

Segundo o Ministério do Co-mércio, 800 mil cidadãos chineses

trabalhavam fora do país no final de 2011, contra apenas 60 mil em 1990. “[A emigração] está a ser alimentada pelo medo de se ficar para trás na China”, disse Biao Xiang, especialista em demogra-fia da Universidade de Oxford. “Ir para o exterior tornou-se uma espécie de aposta que pode trazer oportunidades.”

Zhang Ling, dono de um restau-rante em Wenzhou, conhece bem estas preocupações. Agricultores e comerciantes da sua família juntaram dinheiro para mandar o seu filho para um colégio em Vancouver, no Canadá. A família espera que ele entre numa univer-sidade canadiana e um dia receba o direito de residência permanente, talvez permitindo que os parentes também se mudem para o exterior. “É como uma cadeira com várias pernas”, disse Zhang. “Queremos uma perna no Canadá, para o caso de uma perna se partir aqui.”

Após anos de prosperidade, milhões de pessoas têm meios para emigrar legalmente, seja por meio de programas de investimentos ou enviando filhos para o estrangeiro, de modo a assegurar uma presença permanente.

Wang Ruijin, secretária de uma empresa de media em Pequim, disse que ela e o marido estão a incentivar a filha, de 23 anos, para se matricular numa pós-graduação na Nova Zelândia, na esperança de que ela fique por lá e abra as portas para a família.

9terça-feira 13.11.2012 www.hojemacau.com.mo região

O ex-secretário geral do Partido Demo-crático do Japão, no poder, Ichiro

Ozawa foi ontem absolvido pelo Tribunal Supremo de Tóquio das acusações de irregularidades financeiras.

A conferência bienal do or-ganismo anti-tabaco da

Organização Mundial de Saúde (OMS) começou ontem em Seul com duras críticas da presiden-te Margaret Chan à indústria tabaqueira, que definiu como “corrosiva”.

“Os governos que promovem a saúde dos seus cidadãos não podem cooperar com a indústria que os mata”, advertiu Margaret Chan na cerimónia inaugural da V reunião da Conferência das Partes da Convenção-Quadro para o Controlo do Tabaco (CMCT) da OMS.

A assembleia bienal, que se prolonga até sábado na capital sul-coreana, tem como objectivo promover a aplicação do CMCT, posto em vigor em 2005 para proteger a população mundial dos efeitos adversos do tabaco sobre a saúde.

Na sessão inaugural foi assinado um protocolo para a eliminação do comércio ilícito de produtos de tabaco, que a directora da OMS definiu como “um instrumento para comba-ter e erradicar a delinquência internacional” relacionada com o sector.

O protocolo compromete os países a estabelecer em cinco anos medidas para acabar com este actividade delituosa, como aplicar um sistema eficaz de licenças sobre a produção e dis-tribuição de tabaco, e sanções.

Onze por cento dos cigarros que são consumidos no mundo provêm do mercado negro, o que origina aproximadamente perdas de cerca de 310,4 mil milhões de patacas aos governos, segundo dados do Centro Internacional de Impostos e Investimentos (ITIC, na sigla inglesa), com sede em Washington.

A primeira-dama da Coreia do Sul, Kim Yoon-ok, será interrogada

por escrito por um conselho especial sobre um caso de corrupção relacio-nado com a compra de um terreno para a construção de uma casa para o Presidente Lee Myung-bak.

Segundo a agência sul-coreana Yonhap, o conselho que investiga o caso decidiu não convocar pessoal-mente a esposa do presidente e, ao in-vés, enviar-lhe um questionário por escrito para manter o “equilíbrio” entre a investigação e o protocolo.

O mesmo não aconteceu com o irmão mais velho e com o filho de Lee, recentemente interrogados pessoalmente no âmbito de um processo que envolve o presidente sul-coreano, o qual encerrará fun-

PIB do Japão caiu 3,5 % entre Julho e SetembroO Produto Interno Bruto japonês contraiu-se 3,5 % entre Julho e Setembro em relação ao mesmo período de 2011, o que representa a primeira queda em três trimestres e a maior desde Março do ano passado, informou ontem o Governo. Em relação ao trimestre anterior, o PIB japonês registou uma quebra de 0,9 %, segundo dados oficiais. A queda da economia nipónica no terceiro trimestre de 2012, o segundo do ano fiscal no Japão, é menor do que a prevista pelos analistas consultados pela agência Kyodo, que apontavam para uma contracção de 4,1 % a um ritmo anual e 1 % trimestral. Entre Abril e Junho, o PIB do Japão cresceu 0,3 % em relação ao mesmo período de 2011 e 0,1 % relativamente ao trimestre anterior, segundo dados revistos publicados ontem. A contracção do trimestre Julho-Setembro é a pior desde a quebra de 8 % sofrida entre Janeiro e Março de 2011, quando a produção japonesa paralisou temporalmente na sequência do terramoto e tsunami que abalou o país a 11 de Março do ano passado.

Ex-líder do Partido Democrático do Japão absolvido em escândalo financeiro

Assistentes declarados culpadosO tribunal ratificou a sen-

tença emitida no final de Abril por um tribunal de Tóquio que absolveu por sua vez a acusação a Ozawa, de 70 anos, e conhecido como o “Shogun na sombra” pela sua influência nas esferas políticas.

Ichiro Ozawa, considera-do o artífice do êxito eleitoral que levou ao poder o Parti-do Democrático em 2009, tinha-se declarado inocente da acusação de violar a Lei de Controlo de Fundos Políticos numa operação de

aquisição de terras em 2004. O Ministério Público pe-

dia a aplicação de uma pena de três anos de prisão a Oza-wa, que liderou o partido até 2010, depois de o ter acusado de engendrar um plano com três assistentes para ocultar

ao fisco o investimento de cerca de 30,9 milhões de patacas na aquisição de um terreno em Tóquio, em 2004, através do gabinete que gere os donativos políticos.

Durante o processo, que arrancou em Outubro

do ano passado, Ozawa e a sua defesa alegaram sempre que o político desconhecia as manobras dos seus três assistentes, que foram de-clarados culpados no mesmo julgamento.

Ozawa é considerado uma das personalidades com mais peso no panorama político do Japão e artífice da vitória eleitoral do seu partido em 2009, que pôs fim a mais de meio século de Governo do Partido Liberal Democrata.

Indústria tabaqueira alvo de críticasno maior fórum mundial anti-tabaco

Mercado negro provoca perdas de 310 mil milhões de patacas

Primeira-dama da Coreia do Sul interrogada por escrito em caso de corrupção

Tudo em famíliações em Fevereiro de 2013, após as eleições gerais de Dezembro.

O irmão do Presidente sul-co-reano, Lee Sang-eun, de 79 anos, foi interrogado no início do mês perante a suspeita de ter emprestado cerca de 4,3 milhões de patacas ao seu sobrinho, Lee Si-hyung, para a compra alegadamente irregular dos terrenos onde deveria ser construída a futura residência de Lee Myung-bak.

Também Lee Si-hyung, único filho varão do chefe de Estado, foi convocado a 25 de Outubro pelos investigadores para determinar o seu papel na controversa operação.

A investigação, solicitada pela oposição sul-coreana, poderá prolongar-se até ao final do mês.

PUBAS VÁRIAS CARETAS DE JIANG ZEMIN

10 www.hojemacau.com.mo terça-feira 13.11.2012CONGRESSO DO PARTIDO COMUNISTA CHINÊS

Maria João BelchiorEm Pequim

QUE nomes vão entrar e quem vai sair, o quase mis-tério sobre a nova composi-ção do Comité Permanen-te continua por resolver.

Enquanto as reuniões prosseguem no Palácio do Povo, o único que se sabe com alguma certeza diz respeito a Xi Jinping e Li Keqiang, nomes apontados para cargos específicos logo em 2007.

A entrada no Comité Permanente do Politburo é vista como final de carreira na hierarquia do Partido. E à semelhança de outros anos, também este ano, até ao final a solução do xadrez é surpresa.

Wang Yang, de Guangdong, e Zhang Dejiang, com 65 anos e chamado para substituir Bo Xilai na cidade de Chongqing, são dois dos nomes mais falados para a entrada no novo grupo dos sete ou nove. Porém, a idade de Zhang Dejiang leva a que, a ser escolhido, teria de reformar-se no próximo congresso em 2017. Uma vantagem de Wang Yang que tem neste momento 57 anos. A razão que leva a comparar

O ex-presidente da China marca presença no Congresso do Partido Comunista e tem mostrado várias caras durante o decorrer dos trabalhos, como nos mostram as fotografias acima. Zemin, de 86 anos, aparece com o cabelo pintado de castanho e, pelos vistos, nem todos os momentos do Politburo são aprazíveis para o antigo Chefe de Estado.

Novo Comité Permanente Politburo continua a ser um mistério

Quem é quemas idades prende-se com o facto de estarem os dois apontados para um mesmo lugar. Como não é de estra-nhar, pode dar-se o caso de entrarem os dois, mas, até ao momento, todas as análises referem que vai ter de ser feita uma escolha.

OS PROTEGIDOSComo uma quase decisão de Hu Jintao, Wang Yang poderá ficar de fora desta vez e entrar no próximo congresso quando Zhang Dejiang for obrigado a reformar-se.

Li Yuanchao, actualmente com 62 anos, é outro dos nomes apontados para a entrada no Comité Permanente. Em duas análises diferentes de qual pode vir a ser o cenário, o professor Jean-Pierre Cabestan da Universida-

de Baptista de Hong Kong, encontrou sempre lugar para Li Yuanchao, que deve vir a assumir o Secretariado da Escola Central do Partido.

Wang Qishan, outro dos nomes em lista, poderá vir a assumir a posição de vice-primeiro ministro. Vindo igualmente de uma família com altas ligações ao Partido, Wang tem sido comparado a Zhu Rongji pelo dinamismo que revelou em reuniões internacionais como repre-sentante da China. Wang Qishan foi presidente do município de Beijing de 2003 a 2007 e tem agora 64 anos.

Zhang Gaoli, um dos nomes me-nos conhecidos, encabeça a divisão do partido na cidade de Tianjin. Com relações próximas com o antigo presidente Jiang Zemin, é uma das caras que pode vir a representar o

poder de Jiang Zemin no próximo Comité Per-manente. Com 66 anos, a sua entrada no Comité Permanente poderia durar apenas durante os próximos cinco anos, igualmente por uma questão de idade.

Yu Zhengsheng, che-fe do Partido em Xangai, é outro dos herdeiros de uma geração política e vindo de uma família importante na estrutura do Partido Comunista. Com relações próximas com várias facções, Yu Zhengsheng foi referido para entrar na direcção da Comissão de Disci-plina do Partido. O pai de Yu foi casado breve-mente com Jiang Qing, a mulher que mais tarde se tornaria a Madame Mao. Com 67 anos, a entrar este ano, Yu deveria cumprir até ao próximo Congresso. Apesar de nada estar escrito sobre a idade dos líderes polí-ticos na China, desde o final da presidência de Jiang Zemin, tem vindo a procurar-se um rejuve-nescimento da estrutura, descendo a idade média dos 70 anos para os 60.

Liu Yunshan, com 65 anos, está hoje à frente do Departamento de Propa-ganda. Com uma postura rígida sobre os limites que deve ter a internet na

China, Liu, a entrar, deve ficar respon-sável pela mesma área com a qual já está familiarizado. Mas esta é uma posição que pode ter de ser decidida entre Liu Yunshan e Wang Yang, uma cara mais jovem e que pode ficar dez anos no cargo.

A ÚNICA MULHERSendo a única figura na composi-ção do Politburo actualmente, Liu Yandong está entre 24 homens de momento. A possibilidade de vir a integrar o Comité Permanente não é muito alta. Liu Yandong tem a seu desfavor o facto de ser mulher. A acontecer, será a primeira vez que uma mulher entraria na elite do poder

chinês. Liu Yandong vem da Liga da Juventude Chinesa onde trabalhou, apadrinhada pelo presidente Hu Jin-tao. Têm em comum o facto de terem estudado na mesma universidade, a Tsinghua em Pequim. Liu Yandong tem 67 anos e trabalhou igualmente no Comité Organizador dos Jogos Olímpicos.

Numa composição que já não conta com a possibilidade Bo Xilai,

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AS VÁRIAS CARETAS DE JIANG ZEMIN

11www.hojemacau.com.moterça-feira 13.11.2012

Mais fortes que a VPNNuma semana em que a Internet está altamente controlada na China continental, tanto a velocidade da ligação como o acesso a sites estrangeiros, está mais do que nunca controlada pelo serviço central de ligação da China. Com várias pessoas utilizadoras de serviços VPN – Virtual Proxy Network – que permitem ultrapassar as barreiras da censura, os informáticos chineses parecem estar a conseguir perturbar o tráfego da rede para quem quer ligar-se ao exterior. Alguns serviços recebem várias queixas dos utilizadores que não conseguem ligar-se a partir da China. Perante as dificuldades que os utilizadores têm, alguns serviços optaram por colocar uma mensagem na abertura da página que começa por dizer “devido à realização do Congresso do Partido Comunista é possível que encontre mais dificuldades de entrar no serviço do que habitualmente”. A isto seguem-se as instruções para conseguir abrir de uma forma que a censura chinesa não intercepte a ligação. A nota de abertura termina “cremos que depois do Congresso, tudo voltará ao normal”. – M.J.B.

O ex-presidente da China marca presença no Congresso do Partido Comunista e tem mostrado várias caras durante o decorrer dos trabalhos, como nos mostram as fotografias acima. Zemin, de 86 anos, aparece com o cabelo pintado de castanho e, pelos vistos, nem todos os momentos do Politburo são aprazíveis para o antigo Chefe de Estado.

o Comité Permanente deve vir a ser formado por sete membros. No entanto, a expectativa vai manter-se até ao último dia.

Meng Jianzhu, um protegido de Jiang Zemin, está desde 2007 à frente do Ministério de Segurança Pública. Sendo um dos nomes falados para integrar o grupo, Meng é, contudo, um nome mais falado se o Politburo optar por ter nove posições em vez de sete.

Também com 65 anos, a pro-moção de Meng Jianzhu ao Comité Permanente vai passar pelo poder que Jiang Zemin mantém ainda na estrutura para deixar lá dentro, homens da sua confiança.

Um último nome apontado nas listas possíveis, é o de Hu Chunhua que vindo da região da Mongólia Interior, é visto como uma das es-trelas em ascensão no Partido. Hu tem agora 49 anos e seria o membro mais novo a ser aceite no grupo. A importância de Hu Chunhua vem também de já ter passado por lugares importantes e difíceis como o Tibe-te, onde esteve também na Liga da Juventude Comunista.

No total estão doze nomes em cima da mesa. Sendo dois dados como certos, restam dez para integrar as cinco ou sete posições que faltam, dependendo do tamanho que vão deixar para o Comité Permanente. Vai ter de haver uma escolha que depende unicamente da força de relações de cada um e do jogo de interesses que caracteriza a direcção do Partido. Todos os nomes possíveis pertencem à etnia Han.

terça-feira 13.11.2012vida12

AS organizações ambientalistas norte-america-nas respiraram

de alívio com a reeleição de Barack Obama. Do centená-rio Sierra Club, que abre o seu sítio na Internet com uma grande foto do Presidente, à crítica Greenpeace, que se mostrou “aliviada”, trans-pira uma sensação comum de que, para a temperatura do planeta, Obama é melhor do que Romney.

Há mais certezas sobre o que se evitou sem Romney – um céptico da culpa humana no aquecimento global – do que sobre o que se pode ganhar com Obama. O Pre-sidente reeleito deixou, no entanto, sinais importantes em dois momentos do seu discurso de vitória. Num deles, definiu a sua visão para o país, colocando a questão do clima ao lado

Reeleição de Obama gera optimismo moderado para a agenda climática

Ver para crerdos problemas financeiros e sociais. “Queremos que as nossas crianças vivam numa América que não esteja so-brecarregada pelas dívidas, que não seja enfraquecida pelas desigualdades, que não seja ameaçada pelo poder destruidor de um planeta a aquecer”, disse.

As alterações climáticas começaram por ser uma prio-ridade do primeiro mandato de Obama. Logo em meados de 2009, a Câmara dos Re-presentantes aprovou uma lei que instituiria um sistema

de comércio de emissões de CO2 no país, semelhante ao europeu. Seria o primeiro instrumento do género a nível federal, impondo tectos de emissões para vários sectores industriais. Mas o Senado chumbou a proposta no ano seguinte e a administração Obama deixou a iniciativa de lado.

O Presidente concen-trou-se, de qualquer forma, naquilo que estava sob a sua tutela directa e avan-çou com vários passos reguladores, através da

sua Agência de Protecção Ambiental. Foram fixados limites de emissões para as novas centrais térmicas e reforçadas as normas de eficiência energética para os automóveis. As renováveis também tiveram impulso. “No seu primeiro mandato, a administração Obama fez progressos reais para reduzir emissões danosas e redirec-cionar o país para energias mais limpas”, avalia Andrew Steer, presidente do World Resources Institute, num depoimento difundido após

a reeleição. “Obama foi o primeiro Presidente norte--americano a articular clara-mente uma visão da América a liderar o mundo rumo a um futuro com energias limpas, que possa enfrentar o desafio de um clima em mudança”, concorda o director do Sierra Club, Michael Brune, no seu blogue “Coming Clean”. “Agora, tem mais quatro anos para cumprir estas promessas”.

GREENPEACE COM OBAMAKumi Naidoo, líder da Gre-enpeace, também saudou a reeleição de Obama logo no dia da vitória. “Senti-me aliviado quando ouvi o dis-curso de vitória esta manhã”, afirmou. “O meu alívio vem do entendimento de que Barack Obama comunga da nossa visão”, completou.

Apesar disso, a Greenpe-ace não vê o Presidente como

um campeão ecologista, dizendo que Obama não fez o suficiente. “Estamos cautelosamente esperan-çosos que, no seu segundo mandato, [Obama] usara mais o seu capital político para fazer avançar a agenda das alterações climáticas em casa, mas também global-mente”, disse Naidoo.

O segundo mandato traz a vantagem de ser o último de Obama: sem a pressão de ser reeleito, o Presidente pode teoricamente ousar mais em medidas controver-sas. Além disso, o furacão Sandy – que varreu a costa Nordeste dos EUA, dei-xando mais de 100 mortos, milhares de desalojados e milhões sem electricidade – ajudou a recolocar o tema das alterações climáticas no centro das atenções pú-blicas, tal como acontecera com o Katrina, em 2005.

13vidaterça-feira 13.11.2012 www.hojemacau.com.mo

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O Sandy interrompeu o que a imprensa norte--americana vinha chamando de “silêncio climático” na campanha eleitoral, quando o tema esteve ausente dos debates entre Romney e Oba-ma. E pode ter tido influência nos resultados. “Sondagens à boca de urna confirmam que, para milhões de eleitores, o furacão Sandy e as alterações climáticas foram factores decisivos nesta eleição”, afir-ma Fred Krupp, presidente da Environmental Defense Fund, numa nota publicada na página da organização na Internet.

OBSTÁCULOS PELA FRENTEMesmo com um momento favorável, Obama terá pela frente, porém, dois grandes obstáculos: um Congresso hostil – com maioria repu-blicana na Câmara dos Re-presentantes e uma maioria democrata escassa no Sena-do – e um assunto premente para resolver em primeiro lugar, a subida automática de impostos e cortes cegos nas despesas públicas previstos para Janeiro.

As negociações de uma alternativa ao temido “abis-

mo fiscal” com os republi-canos podem acabar por ter efeitos noutras áreas em que os dois partidos vão certamente entrar em choque, incluindo a do aquecimento global. “O grande desafio será como enfrentar uma ameaça séria, como é a das alterações climáticas, num contexto político e econó-mico de grande incerteza”, diz o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, que há anos participa nas negociações internacionais sobre o cli-ma. “O sinal político mais relevante foi Obama ter re-ferido o tema das alterações climáticas no seu discurso. A questão central é perceber o nível de prioridade que vai dar ao tema”, completa Lacasta.

Ao longo dos próximos quatro anos na Casa Branca, Obama vai ser confrontado com dois momentos par-ticularmente importantes. O primeiro ocorre já em Setembro de 2013, quando o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáti-cas (IPCC, na sigla em in-glês) divulgar o seu próximo relatório de avaliação do

ponto em que estamos em re-lação ao problema. Um dos resultados mais prováveis será a confirmação de que o aquecimento do planeta está a seguir os piores cenários.

Obama terá em mãos, também, a responsabilidade de negociar um novo tratado internacional para o clima, que deverá ser aprovado em 2015, para entrar em vigor em 2020. As posições externas norte-americanas nesta matéria estão sempre, porém, limitadas em última análise pelo Congresso. Este factor, mais a imprevisibili-dade histórica do calendário de decisões da ONU sobre o clima, deixa na prática tudo em aberto.

MENSAGEM DÚBIANoutro momento do seu dis-curso de vitória, Obama dei-xou uma mensagem dúbia, dizendo que negociaria com ambos os partidos medidas não só para reduzir o défice e mexer nas leis de imigração, mas também “para nos liber-tar do petróleo estrangeiro”. Aí possivelmente estará a intenção da administração em reforçar o sector das energias renováveis, que têm

vindo a crescer nos EUA. Mas a mensagem também pode ser lida à luz da aposta nos combustíveis fósseis não-convencionais, como o gás de xisto ou as areias betuminosas, cuja extracção levanta grandes inquietações pelo seu impacto no am-biente. “Esta frase não nos

sossega muito”, teme Viriato Soromenho Marques, profes-sor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, consultor do presidente da Comissão Europeia para a área climática e ex-director do Programa Gulbenkian de Ambiente.

Algumas mexidas na

equipa de Obama poderão trazer novo fôlego à questão das alterações climáticas. O nome do senador John Kerry – um defensor de medidas federais mais consistentes para combater o problema – é um dos que mais têm sido fa-lados para substituir Hillary Clinton à frente da diplo-macia norte-americana. Isto poderia ter algum impacto na postura norte-americana nas negociações internacio-nais. Mas, no fundo, tudo dependerá do que Obama conseguir a nível interno, com os republicanos.

Com tantas limitações, Viriato Soromenho Marques vê este segundo mandato de Obama apenas com “optimismo moderado”. O Presidente ainda poderá usar do seu poder junto da opinião pública e dos polí-ticos. Soromenho Marques cita o exemplo de Theodore Roosevelt, que em 1908 convocou todos os gover-nadores norte-americanos para discutir o futuro do país. “Nunca mais se fez algo semelhante”, afirma e resume: “Obama tem de escolher as causas pelas quais ser recordado”.

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terça-feira 13.11.2012cultura14

Rita Marques [email protected]

O dia em que se assi-nala a transferên-cia de soberania de Macau para

a China volta a ser palco de um desfile multicultural de grande envergadura. Depois do sucesso do ano de estreia, o “Desfile por Macau, Cidade Latina” passa a ser um evento marcado no calendário de Macau a 20 de Dezembro, indicou ontem Ung Vai Meng, presidente do Instituto Cultu-ral, na apresentação da parada.

Este ano, grupos de artistas de mais de 20 países, entre os quais 40 locais, saem às ruas saem apresentam-se nas ruas da península. Associados ao evento vão estar mais de 2000 artistas, que irão celebrar 13 anos de Região Administrati-va Especial de Macau no dia 20 de Dezembro.

Portugal, visto como a “chave para abrir a porta de ligação entre o mundo chinês e latino”, tal como evidenciou o responsável máximo do evento, volta a ser represen-tado pelo grupo de músicos--acrobatas Tumbala, e pelos Radar 360, uma associação de artes de rua e novo circo. Os primeiros actuarão com os seus tambores no “Espectácu-lo Colorido em São Lázaro, que irá primar pela fusão de culturas oriental e ocidental.

PORTUGAL É A “CHAVE”“Quando se sabe português é muito fácil saber línguas de países latinos”, evidencia o presidente do IC. “Na China não encontramos outra cidade como Macau. Estou muito vaidoso com a nossa cidade.

O produtor de vinhos Julian Reynol-ds defendeu hoje, em declarações

à agência Lusa, que os vinhos portugue-ses têm de se afirmar pela sua qualidade e que os criadores devem potenciar o que o país tem de bom e original no mercado internacional.

Natural de Badajoz, Espanha, Julian Reynolds está em Macau a promover os seus vinhos, depois de ter parado em Hong Kong e em Pe-quim e de ter recolhido uma medalha de bronze no “Cathay Pacific Hong Kong International Wine & Spirits Competition” com o Reserva 2005 do “Julian Reynolds”. “Em Portugal temos castas originais e os vinhos terão de ser produzidos e refinados de forma a ter uma aceitação no mercado inter-nacional”, disse aquele produtor, que há 14 anos comprou uma quinta perto de Portalegre onde retomou a “paixão familiar” da produção de vinhos.

Apesar da sua condição de natural de Espanha, Julian Reynolds conside-

Seminário do IIM termina dia 14em LisboaTermina amanhã, em Lisboa, o seminário subordinado ao tema “O papel de Macau no intercâmbio sino-luso-brasileiro”. Com sessões em Macau, Xangai, Pequim e Rio de Janeiro, o seminário que agora encerra, terá lugar em Lisboa no Palácio da Independência com intervenções dos Professores Heitor Romana, do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa, e Severino Cabral, presidente do Instituto Brasileiro de Estudos da China e Ásia Pacífico.

A 20 de Dezembro, feriado em que o território se assinala como Região Administrativa Especial da China, Macau vai ser palco de artes várias. Mais de 20 países, latinos e não só, vão fazer-se representar neste carnaval fora de época, que passa a ocorrer todos os anos

“Desfile por Macau, Cidade Latina” assinala os 13 anos sobre a transferência de soberania

Carnaval será anual

Campanhade visãoO IC associa-se à organização humanitária internacional sem fins lucrativos, a ORBIS, com a venda da mascote VIVA, que reverte totalmente para a “Campanha de Cuidado com a Visão 2012”, que ajuda no tratamento médico para cura de doenças visuais. As doações podem ser feitas em caixas de cartão que estarão dispostas em postos da direcção dos serviços de turismo e nos diferentes postos fronteiriços, junto com materiais publicitários.

Vinho português têm de se afirmar no mercado internacional

Qualidade e originalidadera-se um português, sempre definiu como objectivo viver em Portugal para produzir vinhos de qualidade e defende que deviam existir mais herdades de pequena dimensão onde a qualidade seja uma prioridade. “Nós, por exemplo, poderíamos produzir cerca de meio milhão de garrafas todos os anos, mas não vamos além das 180.000 garrafas porque poten-ciamos a qualidade dos nossos vinhos que, maioritariamente, exportamos”, explicou.

A paixão pelo país, e pelo Alen-tejo, começou muito cedo, depois do lado britânico da família se ter instalado em Portugal em 1820 para produzir, a norte, o “desert wine”, ou vinho do Porto.

Pioneira da introdução da rolha de cortiça, a família Reynolds muda--se para o Alentejo em 1850 e ali se manteve entre o vinho e as rolhas até 1974, quando as nacionalizações levaram a herdade que possuíam. Es-peraram até 1982 quando o Governo lhes devolveu a terra, mas venderam o espaço por estar degradado e só no final dos anos de 1990 é que Julian regressa ao país para continuar a sua paixão. “Temos um clima ex-celente, solos de muita qualidade e uma oportunidade de fazermos boas colheitas, mas temos de ser persistentes na melhoria do nosso produto, apostar na promoção, no conhecimento do mercado e garantir que o mercado conhece e reconhece

o produto português como tendo qualidade”, explicou.

Julian Reynolds lembrou também que há cada vez mais pequenos produ-tores a fazerem vinhos de qualidade e a colocá-los um pouco por todo o mundo e acredita que se a promoção primar pelos melhores vinhos “Portugal vai ocupar o lugar que merece e será reconhecido internacionalmente”. “Mas é preciso trabalhar, manter a qualidade do produto e nunca pensar em produzir mais apenas para vender mais porque, nesse caso, a qualidade das uvas não será a mesma e quando se baixa a qualidade para vender mais estamos a prejudicar a nossa imagem e a imagem dos vinhos portugueses”, concluiu. - Lusa

Concursode fotografiaO IC organiza, em conjunto com a Sociedade Fotográfica de Macau, o Concurso de Fotografia “Desfile por Macau, Cidade Latina”, nas categorias de estudante e público geral. E disponibiliza também a aplicação com o mesmo nome para ‘smartphones’, que permite aos utilizadores participar na competição “10 Fun Gosto” com as suas fotografias, oferecendo a possibilidade de se ganharem prémios de edição limitada.

Macau tem de saber como usar esta chave. Preservar as nossas construções arquitectónicas para preservar a nossa cultura diferencial, de outra forma não se distingue das demais cidades do país”, explica.

O desfile carnavalesco

desce pela Rua de S. Paulo, onde será transformada num Parque de Marionetas, a cargo da Casa de Portugal, passa pelas ruas do Bairro de São Lázaro até chegar à praça do Tap Seac.

Das actuações locais,

destacam-se o espectáculo de magia, no Largo de Santo António, o Salão Musical, no Largo da Companhia, danças de Bollywood, na Rua D. Be-lchior Carneiro, espectáculo de andas, na Rua Sanches de Miranda, e já na praça do Tap

Seac estará a mascote VIVA, um gigantone italiano com 18 metros de altura, a dar as boas-vindas aos artistas na cerimónia de encerramento “Paz, Amor e Integração Cultural”.

Espanha, França, Itália, Argentina, Brasil, México, Peru, Chile e Colômbia são alguns dos países representa-dos na marcha carnavalesca, como destacou o presidente do Conselho de Administração da Associação de Macau para a Promoção de Intercâmbio entre a Ásia-Pacífico e a América Latina, Gary Ngai, que mais uma vez se associa à organização.

Para Ung Vai Meng, o sucesso deste ano está já garantido. “No ano passado tínhamos uma grande meta. Nunca fizemos um evento de tamanha envergadura, com 600 artistas. O resultado do

ano passado deu grande força para este ano. Por isso, temos confiança no sucesso desta edição”, disse na conferência de imprensa de apresentação do desfile. O orçamento, indi-cou ainda, é de 15 milhões de patacas, que, através da expe-riência adquirida, possibilita uma “utilização melhor dos recursos financeiros”.

15culturaterça-feira 13.11.2012 www.hojemacau.com.mo

OBRAS de três escritores brasileiros vão ser tradu-zidas para chinês, numa iniciativa que contará

com a colaboração de estudantes da Universidade de Macau, revelou a académica do Departamento de Por-tuguês, Márcia Schmaltz, à agência Lusa. “Estamos neste momento a trabalhar na tradução de ‘O Ho-mem que Sabia Javanês’, de Lima Barreto”, explicou a docente da Universidade de Macau (UMAC), adiantando que o livro deverá sair em Fevereiro do próximo ano.

Além de “O Homem que Sabia Javanês” de Lima Barreto, “Ma-cário” de Álvares de Azevedo e “Laranja da China”, de Alcântara Machado também vão ser vertidos para o chinês.

Os livros vão ser traduzidos “numa iniciativa do Mestrado em Estudos da Tradução da UMAC, junto com os alunos, e estamos a trabalhar com o professor Yao Jing Ming”, explicou Márcia Schmaltz.

Yao Jing Ming é um poeta natural de Pequim, radicado

Obras de três escritores vão ser traduzidas para chinês

Macau recebe Brasil literário

em Macau desde 1993 e que traduziu obra de Fernando Pes-soa e Eugénio de Andrade e foi recentemente nomeado para a vice-presidência do Instituto Cultural de Macau. “Falamos

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muito de Macau como platafor-ma da China, mas o que vemos em termos de traduções ainda é muito pouco”, avaliou a docente da UMAC, realçando a impor-tância de se formarem pessoas

para a “nobre tarefa” de traduzir literatura.

Depois de “O Homem que Sabia Javanês”, de Lima Barreto, seguir-se-á “Laranja da China”, de António de Alcântara Machado, o

qual deve ser dado à estampa no Outono do próximo ano. “Preten-demos lançar na Festa da Luso-fonia de 2013”, adiantou Márcia Schmaltz.

Já a versão em chinês de “Ma-cário”, de Álvares de Azevedo “talvez fique para 2014”.

“O Homem que Sabia Javanês”, de Lima Barreto, “um projecto--piloto”, vai ser publicado pelo Consulado do Brasil para Hong Kong e Macau.

Já as outras duas obras serão uma iniciativa da Fundação Biblio-teca Nacional e Universidade de Macau. “Os alunos terão verdadei-ramente a oportunidade de praticar a tradução, terão um público leitor, com certeza”, realçou a docente.

Estes projectos de tradução de obras de escritores brasileiros não surgiram por acaso, esclareceu a docente da UMAC, explicando que a tradução de Lima Barreto, Álvares de Azevedo e Alcântara Machado acontece no âmbito das acções de promoção da literatura do Brasil no mundo.

2013 “é o ano do Brasil na Feira de Frankfurt - uma das maiores feiras literárias - então o Governo está a colocar a nossa literatura ao mundo”, afirmou, clarificando que é nesse contexto que aparecem as iniciativas em curso e as que devem ainda surgir, mais centradas na área da literatura.

terça-feira 13.11.2012desporto16

Marco [email protected]

O Sporting Clube de Macau desperdiçou ontem a oportunidade de marcar presença no

encontro decisivo da edição de 2012 do Campeonato da Bolinha da Segunda Divisão. Os leões do território foram surpreendidos pelo sete do Bermuda em partida

Gonçalo Lobo [email protected]

MUITO se tem falado sobre a continuidade de Daniel

Pinto à frente da equipa de fute-bol da Casa do Futebol Clube do Porto de Macau. O Hoje Macau falou com o treinador cabo--verdiano que também falou em “incógnita” para classificar o seu futuro. “Estamos num momento chave para a escolha do treinador do FC Porto e não sei de fico ou saio”, começou por dizer. “É uma incógnita. Nem eu falei com a direcção e nem a direcção falou comigo. Sinceramente, não parei para pensar de forma madura sobre o assunto.”

A especulação em torno da continuidade de Dani como

Vale e Azevedo entregou-se e regressou ontem a LisboaO antigo presidente do Benfica João Vale e Azevedo, retido em Londres desde Julho de 2008, entregou-se às autoridades e regressou a Lisboa, revelou à Lusa a advogada Luísa Cruz. Num comunicado enviado à agência de notícias, a advogada Luísa Cruz, que representa Vale e Azevedo, indica que o ex-presidente do Benfica regressa a Portugal “para cumprir a formalidade de liquidação da pena de acordo com o pretendido pela Justiça Portuguesa”. “O processo do dr. João Vale e Azevedo iniciou-se há quase 12 anos com a sua prisão em Portugal, no dia 16 de Fevereiro de 2001. Chegou a hora de lhe dar o direito à reinserção e a refazer em paz a sua vida juntamente com a sua família”, adianta.

Liga de Elite FC Porto ainda sem treinador

Continuidade de Dani é uma incógnita

Sporting falha final e apuramento directo

Quem anda de Bermuda sofre

Oportuno, o Bermuda esteve perto de apontar o terceiro golo aos 21 minutos, num corte defeituoso da defensiva do sete de matriz portu-guesa que fez a bola embater com estrondo na barra da baliza à guarda de Rodrigo de Matos.

Nos segundos 25 minutos, os leões entraram melhor no desafio, mostraram uma maior organiza-ção dentro das quatro linhas, mas apenas esporadicamente exibiram a garra necessária para mudar o rumo ao encontro. A formação orientada por Mandinho conse-guiu ainda assim enxamear de esperança a devoção dos muitos adeptos leoninos que acompa-nharam o desafio nas bancadas do Campo D. Bosco. Aos 38 minutos, o árbitro assinala grande penalidade a favor do Sporting e o conjunto verde e branco apro-veitou para reduzir, com Sérgio Gaspar a marcar na recarga ao disparo de Pedro Maia. Com pouco mais de dez minutos para jogar, o empate parecia estar ao alcance da ambição dos leões, mas acabou por ser o Bermuda a marcar e a reforçar a vantagem uma vez mais, num remate forte, sem hipóteses de defesa para Ro-drigo de Matos. A perder por dois golos de diferença, o Sporting viu o desafio complicar-se mais ainda pouco depois, com Sérgio Gaspar a entrar de forma dura sobre um adversário e a ver o cartão verme-lho por acumulação de amarelos.

Depois de ter disputado há um ano a final do Campeonato de Futebol de Sete da III Divisão, o Sporting falhou este ano por pouco a presença no encontro decisivo do segundo escalão e vai procurar garantir na sexta-feira, perante o Meng Ian, a subida ao principal patamar da “Bolinha”.

a contar para as meias-finais da prova e não conseguiram, como tal, garantir o apuramento directo para o principal escalão de futebol de sete da RAEM.

Apesar de ter falhado o primei-ro assalto ao convívio dos grandes da “Bolinha”, o grupo de trabalho orientado por Mandinho dispõe na próxima sexta-feira de uma nova oportunidade para garantir a subida de divisão, na partida

que vai definir o nome do terceiro posicionado na corrente edição da Campeonato do segundo escalão. Ontem, no frente-a-frente com o Bermuda, os leões do território não conseguiram responder com a destreza necessária ao futebol praticado pela formação chinesa. Rápidos na transição de bola e pe-ritos na jogada ao primeiro toque, os jogadores do Bermuda entraram melhor no desafio e demonstraram

uma maior eficácia junto ao último reduto adversário e alavancaram a candidatura a um lugar na final da competição com dois golos alcançados antes ainda de se ter esgotado o primeiro quarto de hora do desafio.

Voluntarioso, o Sporting tentou ainda contrariar o maior ascen-dente adversário, mas raras vezes conseguiu efectuar com eficácia a transição entre a defesa e o ataque.

treinador do FC Porto adensa-se, mas o treinador não quer alimen-tar quaisquer polémicas. “Você está a fazer-me uma pergunta para a qual não tenho resposta neste momento. Não quero dizer mais nada sem falar primeiro com a direcção. Seja como for, as minhas equipas são sempre feitas com um mês de antecedência.”

CALENDÁRIO COMPLETODaniel Pinto teceu ainda conside-rações sobre o próximo calendário da Liga de Elite. Para o treinador cabo-verdiano, a Associação de Futebol de Macau terá de rever todos os seus procedimentos, “aprendendo com aquilo que se faz lá fora”. “É preciso fazer um calendário completo antes do início da competição, tal como

se faz nos outros países, mesmo aqueles subdesenvolvidos. Se houver necessidade de alteração vai-se mudando.”

Mais, para Dani também é

preciso colocar um ponto final nos jogos às 14h. “É um atentado à vida humana. Com o calor e humidade que estão a essa hora, não devia ser permitido jogar.”

GONÇ

ALO

LOBO

PIN

HEIR

O

terça-feira 13.11.2012

[Tele]visão

Sudoku [ ] Cruzadas

[ ] Cinema Cineteatro | PUB

TDM 13:00 TDM News – Repetição13:30 Jornal das 24H RTPi14:45 RTPi Directo 18:30 TDM Desporto – (Repetição)19:30 Resistirei20:30 Telejornal21:00 TDM Entrevista21:30 Memória Chinesa22:00 A Raia dos Medos23:00 TDM News23:30 Magazine Liga dos Campeões 00:00 Viagem ao Centro da Minha Terra00:45 Telejornal – Repetição01:15 RTPi Directo

INFORMAÇÃO TDM

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:35 Ligados à Terra15:05 Sal na Língua15:30 Consigo16:00 Bom Dia Portugal 17:00 Decisão Final18:00 Vingança18:40 Best of Portugal19:10 Voo Directo20:00 Jornal da Tarde 21:15 O Preço Certo22:15 Portugal no Coração

30 - ESPN11:00 Pac 12 Conference Football Oregon State vs. Stanford14:00 AFC Champions League 2012 Final Ulsan Hyundai vs. Al Ahli16:00 Pac 12 Conference Football Oregon State vs. Stanford19:00 Tour Of Brunei 2012 19:30 (LIVE) Sportscenter Asia 2012 LIVE 20:00 World Cup 4 (Russia) - Womens 21:00 World of Gymnastics 2012 21:30 The Football Review 2012-2013 22:00 Sportscenter Asia 2012 22:30 Wei Hei Triathlon 23:00 World of Gymnastics 2012 23:30 Chinese Badminton Super League - Highlights

31 - STAR Sports13:00 Engine Block 2012 13:30 Barclays Singapore Open 2012 - Day 4 16:30 International Motorsport News 2012 17:30 The Verdict 18:00 FIFA Beach Soccer World Cup 2013 Qualifiers Portugal vs. France19:00 Engine Block 2012 19:30 Laureus Spirit Of Sport 20:00 Suzhou Taihu China Ladies Open 21:00 Golf Focus 2012 21:30 (LIVE) Score Tonight 2012 22:00 The S-League Show 23:00 Barclays Singapore Open 2012 - Highlights

40 - FOX Movies13:00 Homeland14:05 X-Men: First Class16:20 Cheaper By The Dozen18:00 Cheaper By The Dozen 219:35 Ice Age21:00 I, Robot22:55 The Walking Dead23:45 Hancock

41 - HBO12:00 Paul13:50 The Mummy Returns16:00 The Karate Kid18:10 Megamind19:45 The Hunt For Red October22:00 Pitch Black00:00 Boardwalk Empire

42 - Cinemax12:35 Camel Spiders14:00 Clash Of The Titans15:45 Vertical Limit18:15 The Tailor Of Panama20:05 The Debt22:00 Strike Back 22:50 Salt00:30 Cross

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA

A MÁSCARA DE ÁFRICA • V. S. NaipaulMais do que um livro de viagem, “A Máscara de África” observa os efeitos da crença no curso civilizacional africano: os animismos indígenas, as religiões Cristã e Muçulmana, o culto dos líderes, e os mitos da história. Com início no Uganda, no centro do continente, a viagem de Naipaul passa pelo Ghana, pela Nigéria, Costa do Marfim e acaba onde acaba o continente – na África do Sul. Centrado no tema da crença – nunca ne-gligenciando as realidades políticas e económicas sempre que relevantes - Naipaul examina a condição frágil, mas duradoura, do velho mundo da magia. E para se testemunhar a ubiquidade do rito ancestral e dar uma ideia do poder de que se reveste, é necessário recuar até à origem de tudo – é esse o objectivo a que Naipaul aqui se propõe.

O SEGREDO DA BASTARDA • Cristina NortonNa ilha da Madeira, na segunda metade do século XIX, Eugénia Maria desespera com o estado de saúde da sua filha Isabel, de quinze anos, vítima de tuberculose: esta encontra-se cada dia mais fraca e o veredicto do médico não inclui a promessa de melhoras. Para a animar, a mãe resolve contar-lhe o segredo da própria paternidade, sobre o qual Isabel nunca deixara de fazer perguntas. Baseando-se em factos reais, depois de uma pesquisa de cinco anos nos lugares onde viveu Eugénia de Me-neses, consultando espólios de várias famílias documentos sobre a época, Cristina Norton brinda-nos com um romance histórico notável, onde o rigor convive com um humor e uma legibilidade capazes de prender o leitor até à última página.

17www.hojemacau.com.mo futilidades

SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS: 1-Para este lugar. Omniforme. 2-Mau cheiro, fedor (bras.). Antiga forma de oui. Lugar onde se tomam bebidas. 3-Género de plantas a que pertencem a erva-moura, a batateira, o tabaco. Outorgar. 4-Procedimento, tratamento. As partes mais largas dos remos. 5-Encrespar. Capa sem mangas. 6-Acolá. Força que imprime movimento a uma máquina. Apeadeiro (abrev.). 7-Portanto. Beco sem saída. 8-Vida (pref.). Ressoar. 9-Três (Pref.).Predição de sucesso futuro. 10-Legislação. Acrescenta. Textualmente. 11-Que vive no estado de poligamia. Em partes iguais (Fram).

VERTICAIS: 1-Fortaleza de altos muros (pl.). Long-Play (abrev.). 2-Dar a forma de corno. Deus, divindade (Pref.). 3-Da asa. Mocidade (fig.). 4-Peixe da família dos Tunídeos.2 (Rom). 5-O que sofre de monofobia. Prata. (s.q.). 6-Ninho. Aperte com fita. Adicione. 7-49 (Rom.). Preservam. 8-Outorga. Bácoro, porco (Prov.). 9-Gordo. Génios, grandes lalentos (fig.). 10-Presentear . Gratificaria. 11-Agente (Suf.). Comida, refeição (Pop.).

HORIZONTAIS:1-CA. OMNIMODO. 2-ACA. OIL. BAR. 3-SOLANO. DER. 4-TRATO. PAS. P. 5-ENRUFAR. OPA. 6-OLA. MOTOR. AP. 7-ORA. BETESGA. 8-S. BIO. ECOAR. 9-TRI. AGOIRO. 10-LEI. ADE. SIC. 11-POLIGAMO. AA.VERTICAIS:1-CASTELOS. LP. 2-ACORNAR. TEO. 3-ALAR. ABRIL. 4-O. ATUM. II. I. 5-MONOFOBO. AG. 6-NIO. ATE. ADA. 7-IL. PROTEGEM. 8-M. DA. RECO. O. 9-OBESO. SOIS. 10-DAR. PAGARIA. 11-OR. PAPAROCA.

REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

Aqui há gatoONDE PÁRAA POLÍCIA?Não sou, nem nunca fui grande adepto de acções repressivas ou fiscalizadoras. Penso que a consciência cívica e a educação necessária para vivermos em sociedade sem nos atropelarmos uns aos outros devem começar a ser construídas na infância. A escola e a família têm um papel fundamental a desempenhar para passar aos mais novos valores de tolerância e de respeito pelos demais. Os bons cidadãos devem começar a ser formados nos primeiros anos de vida. Uma sociedade equilibrada não se faz com repressão. Constrói-se de raiz. Mas ultimamente tenho dado por mim a clamar pelas forças policiais tantos são os atropelos das regras mais básicas de civismo a que assisto diariamente em Macau. O eterno problema dos táxis é um assunto recorrente na boca dos cidadãos e nas páginas dos jornais. Anunciam-se algumas medidas avulsas, emitem-se mais algumas licenças, e fica tudo na mesma. Continuamos a desesperar para apanhar um táxi, mesmo quando os vemos parados a escassos metros de filas de gente que espera passivamente nas praças. O Natal está à porta e teme-se o pior. Onde pára a polícia e porque não intervém nestas situações que ocorrem diariamente à nossa frente? Que interesses se escondem por detrás desta inactividade?Aqui há uns dias li no jornal que um homem que tinha atirado um produto corrosivo contra um carro que não tinha parado numa passadeira tinha sido condenado pelo tribunal. Sobre o condutor que, como quase todos na cidade, não respeitam a prioridade dos peões nas passadeiras, nem uma palavra. A normalidade de Macau é ver os cidadãos parados à beira do passeio em frente às passadeira à espera de uma oportunidade para atravessar. Confesso que não tenho paciência e frequentemente atravesso sem querer saber dos carros que se aproximam. Normalmente sou seguido pelos que, com a milenar paciência chinesa, aguardam no passeio. Onde pára a polícia e porque não intervém quando assiste diariamente à violação das regras elementares de civismo?

Pu Yi

SALA 1COLD WAR [C](Falado em cantonês e legendado em chinês/inglês)Um filme de: Longman Leung, Sunny LukCom: Aaron Kwok, Andy Lau, Tony Leung Ka Fai, Eddie Peng14.30, 16.30, 19.30, 21.30

SALA 2SKYFALL [C]Um filme de: Sam MendesCom: Daniel Craig, Javier Bardem, Ralph Fiennes14.15, 16.45, 19.15, 21.45

SILENT HILL: REVELATION 3D [C]Um filme de: Michael J. BassettCom: Sean Bean, Kit Harington, Carrie-Anne Moss14.30, 16.30, 21.30

SALA 3UMIZARU 4: BRAVE HEARTS [B](Falado em japonês e legendado em chinês/inglês)Um filme de: Hasumi EiichiroCom: Hideaki Ito, Ryuta Sato, Ai Kato19.30

COLD WAR

terça-feira 13.11.2012opinião18

Fernando SantoSin Jornal de Notícias

S portugueses são atreitos a um tratamento reverencial a algumas personalidades - sempre estran-geiras e sempre portadoras de um perfil entre o carrancudo e o quero posso e mando. Ao tratar Cavaco

Silva por senhor Silva, José Sócrates por senhor Sousa ou Vítor Gaspar por senhor Louçã Gaspar, Alberto João Jardim consti-tuiu-se numa excepção e os seus sons são interpretados com carácter crítico. No mais, ninguém chama a uma conversa o presidente da República tratando-o por senhor Cavaco, ou identifica os líderes partidários por senhor Passos, senhor Seguro, senhor Jerónimo, senhor Portas ou senhor e senhora Semedo e Catarina - um dueto é sempre mais com-plexo e original.

Já é paradoxal mas também sintomático de um certo respeitinho usar o “senhor” ou a “senhora” para figuras de outras paragens e às quais há uma auréola a atrair a uma certa vassalagem.

O futebol e a política são paradigmáticos dessa dualidade.

cartoon A CARGApor Steff

Ao nível dos decisores da nossa vida colectiva passa-se o mesmo. Não é frequente um diálogo girar em torno do senhor Barroso, do senhor Obama ou do senhor Cameron; mas tudo muda de figura sempre e quando o foco da conversa se centra na chanceler da Alemanha - e na esmagadora maioria das vezes, em entrevistas ou debates entre o ponderado e o colérico, é sempre mencionada “a senhora Merkel”

Senhor Scolari e senhora Merkel

ONo mundo da bola na condução de uma

análise ou de uma entrevista ninguém se refere ao senhor Mourinho ou ao senhor Villas-Boas; já agora, ao senhor Vercauteren ou ao senhor Guardiola. Há um sir, o Alex Ferguson, mas é isso mesmo: sir. No campo mais extremo os restantes são normalmente misteres e ponto final. Já o ar toureiro levou ao registo do senhor Camacho quando esteve no Benfica e a fama de sargentão alimentou durante uma série de anos o respeitinho pelo senhor Scolari na Selecção Nacional.

Ao nível dos decisores da nossa vida colectiva passa-se o mesmo. Não é frequente um diálogo girar em torno do senhor Barroso, do senhor Obama ou do senhor Cameron; mas tudo muda de figura sempre e quando o foco da conversa se centra na chanceler da Alemanha - e na esmagadora maioria das vezes, em entrevistas ou debates entre o ponderado e o colérico, é sempre mencio-nada “a senhora Merkel”.

Embora possa ser considerado sublimi-nar, um tratamento assim acaba, no fundo, por ser antagónico ao do estado de espírito da maioria dos seus utilizadores.

O caso de Angela Merkel é paradigmático.Candidata a tomar conta da Europa

substituindo a legitimidade democrática de um qualquer processo vindouro pelo opor-tunismo da opressão económico-financeira de estados alvos de desgovernação própria durante décadas, a chanceler da Alemanha é quase sempre tratada por senhora Merkel. Senhora Merkel para aqui; senhora Merkel para ali. E o tom é transversal aos indefectí-veis e aos mais virulentos dos seus críticos.

Há, enfim, uma contradição não resolvida e cujo exemplo mais próximo se passa no interior das nossas fronteiras.

Angela Merkel vai estar hoje [ontem] por cá cinco horas e pouco, entre cumprimentos, salamaleques e encontros para a fotografia de legitimação de políticas de um país em processo de resgate. Um quadro assim jus-tifica tamanha chinfrineira, manifestações ululantes, subscrição de petições anti?

Sinceramente: ao não se confrontar com uma couraça de indiferença nesta viagem relâmpago, reconhece-se a Merkel, perdão, à senhora Merkel, um poder de decisão muito para lá do real. Contestá-la de modo desabrido é prestar um serviço ao Governo nacional. Afinal, Passos Coelho e os seus ajudantes saem do foco das críticas e passam as culpas próprias para a alemã.

19opiniãoterça-feira 13.11.2012 www.hojemacau.com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; Joana Freitas; José C. Mendes; Rita Marques Ramos Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Fernando Eloy; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Carlos M. Cordeiro; Correia Marques; David Chan; Gonçalo Alvim; Helder Fernando; Jorge Rodrigues Simão; José Pereira Coutinho, Leocardo; Maria Alberta Meireles; Mica Costa-grande; Paul Chan Wai Chi; Vanessa Amaro Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

à f lor da peleHelder Fernando

IEste 2012 à beira do fim. Sentiram-se mudanças, designadamente no aumento da percepção de que é necessário inverter o esmagamento realizado através das políticas influenciadas pelos especuladores financei-ros e outros. Aumenta a consciencialização sobre essa fatal realidade que desequilibra tudo, que humilha e que até mata.

Alguns dos estados mais badalados do planeta, por bons e maus motivos, têm vindo a criar exércitos de dissidentes, não apenas na China, onde as mudanças de figuras no topo do poder vão justificar mil e uma análises para todos os paladares. Umas, naturalmente que com substância, advindas de investigação, cultura, conhecimento e experiência no terreno. Por outro lado, as mais digamos que engraçadas análises fu-turistas sobre a política chinesa, são aquelas com base no corta e cola, as profusamente elaboradas pelos putativos sabichões que, mesmo nunca tendo lido um clássico chi-nês no original, imaginam-se, em tertúlias de cegos, profundos sábios sobre todas as questões chinesas e mais algumas.

Há estudiosos chineses que costumam sorrir ao ter acesso à leitura de algumas dessas teses de encantamento.

Um dos clichés mais utilizado pelas agências sobre as actuais mudanças em algumas cúpulas do poder chinês é o tal da “nova geração de líderes”. Papinha feita a partir daqui.

A China mudou gigantescamente nos últimos 20 anos. Que mudanças mostrará nos próximos 20 meses? Na política interna e na política externa. Sejam quais forem es-sas próximas mudanças na China, o certo é que elas movimentarão o mundo. Tudo para irmos observando com atenção.

IIA opinião pública - inexistente ou abafada durante séculos e séculos - quando começou a ganhar força, logo aí aumentou o com-bate contra ela. Contra a aparição pública de outros pensamentos políticos, outras concepções culturais. Muito se deve a uma série de autores, não apenas de Ciência política, a formação de mentalidades que foram originando algumas profundas trans-formações nas leis fundamentais de muitos países. Agora, assiste-se à tentativa feroz de retrocesso, de colocar as populações de novo na Idade da ignorância, no tempo sombrio da boca calada e mente parada.

Os alicerces da política parecem estar

A opinião pública - inexistente ou abafada durante séculos e séculos - quando começou a ganhar força, logo aí aumentou o combate contra ela. Contra a aparição pública de outros pensamentos políticos, outras concepções culturais

O mundo feito de curvas

agora injectados de direitos pseudo-divinos, novos colonialismos culturais e financeiros, absolutismos sem piedade.

Todos devemos ajudar a abrir fendas nessas muralhas opressoras, nessas novas realezas sem honra, nessas majestades de más donas de casa mal recicladas. Existe quem, dê lá por onde der, pretenda impor aos cidadãos a violência de novas doutrinas burras, de lavagens cerebrais, de humilhação, de destruição dos valores da cidadania.

Num momento destes, as instituições responsáveis, não comprometidas com o arrasar civilizacional em curso, não têm de fazer concessões.

IIIOscar Niemeyer, o velho comunista que projectou Brasília, não mais olhará para o futuro. Tenha ou não tenha ainda respirado os últimos momentos. O arquitecto que tantas vezes pensou modificar o mundo para melhor, entendia que “a vida é que podia modificar a arquitectura, pois no dia em que o mundo for mais justo, ela será mais simples”. Esta é das suas reflexões mais conhecidas.

Foram 104 anos de trajecto singular,

castigado pelas suas posições contra a ditadura militar do Brasil (por exemplo, destruíram-lhe a sede da revista “Módulo” de que era director, saquearam-lhe várias vezes os espaços de trabalho, reprimiam os seus clientes, impedindo-o de trabalhar no seu país), teve de ir viver para Paris, depois Itália e a seguir Argélia.

Nos anos 1980, volta ao Brasil, projecta o memorial Juscelino Kubitschek, cria o edifício sede da Televisão Manchete, o sam-bódromo do Rio de Janeiro, o Panteão da Pátria em Brasília, o Memorial da América Latina em São Paulo, tantas outras geniali-dades. Foi recebendo os mais importantes prémios internacionais e nunca parou. In-clusive, já com mais de 80 anos de idade, Oscar Niemeyer projectou o Museu de Arte Contemporânea de Niterói (o célebre “disco--voador, a sua obra-prima, segundo alguns), e muitas outras obras de enorme significado.

Da sua vida muito particular, destaca-se a coragem de, viúvo desde 2004, com 98 anos, casa-se com Vera Lúcia Cabral, de 60 anos, sua secretária há mais de 30.

Fica para o estimado leitor o “Poema da Curva”, que um dia o genial arquitecto escreveu:

Não é o ângulo recto que me atrai,nem a linha recta, dura, inflexívelcriada pelo homem.O que me atraié a curva livre e sensual, a curva que encontrono curso sinuoso dos nossos rios,nas nuvens do céu,no corpo da mulher preferida.De curvas é feito todo o universo,o universo curvo de Einstein.