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GONÇALO LOBO PINHEIRO DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 SEGUNDA-FEIRA 29 DE JUNHO DE 2015 ANO XIV Nº 3360 hojemacau KUOK CHEONG U DIRECTOR DO HOSPITAL PÚBLICO Não podemos esperar ajuda de Pequim ou de Portugal ‘‘ AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB GRANDE PLANO P. 3 DESPORTO PGS. 20-21 CRIANÇAS Uma falha grave na protecção MARCO MEIRELES “Ainda quero a Taça para a dobradinha” PÁGINA 9 ANIMAIS O piano imortal MICHEL REIS ARTURO MICHELANGELI h GONÇALO LOBO PINHEIRO ENTREVISTA PÁGINAS 4-6 PELA LEI, MARCHAR, MARCHAR

Hoje Macau 29 JUN 2015 #3360

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Hoje Macau N.º3360 de 29 de Junho de 2015

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2 hoje macau segunda-feira 29.6.2015

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por carlos morais josé

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l i g u e - s e • pa r t i l h e • v i c i e - s ePropriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong; Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; Arnaldo Gonçalves; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

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Não aceitar que a dívida soberana dos Estado é, antes de mais, uma dívida dos bancos privados, que esses mesmos estados tiveram de resgatar, é querer tapar o sol com a peneira. E, de facto, é isso mesmo que a propaganda oficial europeia anda a fazer há muito tempo, estribada na imprensa neo-liberal, ela própria nas mãos de interesses financeiros: tentar atribuir as culpas da crise às pessoas, ao facto de terem gasto acima das suas possibilidades, quando é o sistema financeiro o principal responsável pelo estado atroz do sítio.As falácias são muitas. O desejo dos senhores do Eurogrupo e do FMI seria manter alguns povos europeus na situação de eternos devedores, ou seja, fazer de tal modo que as crianças nascidas em 2050 ainda estariam vinculadas a pagar esta dívida que é, nas condições exigidas pelas troikas, impagável.

Quem pode aceitar este tipo de situação, para além dos nossos Passos Coelhos e Marias Luís? Quem pode vender o país aos pedaços, prescindir das pescas, da agricultura, da indústria e, sobretudo, de empresas públicas lucrativas? Ninguém com espinha vertebral e o mínimo de amor ao seu povo e aos seu país.A questão hoje coloca-se, afinal, em saber quem manda na Europa: a economia ou a política? Manter a Grécia no Euro e na UE seria claramente uma decisão política, que faria com que os gregos não necessitassem de aproximações demasiado perigosas à Rússia de Putin ou mesmo à China. Levar a Grécia até à porta e aos repelões só pode ser uma decisão que não tem em conta os interesses geo-estratégicos, portanto derivada de quem unicamente equaciona o lucro como valor. O preço poderá ser no futuro muito mais alto.

Mas, quando olhamos para as notícias, é-nos realmente difícil vislumbrar políticos, homens de causas, de paixões, de ideais. Vemos uns serventes do sistema financeiro, encolhidos nos seus fatos, a seguir atentivamente as boutades da senhora Lagarde ou do senhor Schaulbe. Não surge ninguém com a autoridade e a força moral capazes de libertar a Europa do espartilho bancário, desta sangria de gente, desta desonra inaceitável.Sem política, a Europa torna-se num mero me-canismo de favorecimentos financeiros, como o Tratado de Lisboa (artigo 123) plenamente de-monstra. O que mais me admira é os seus mentores darem palmadas nas costas uns dos outros, como Sócrates e Barroso, sem nunca demonstrarem um pingo de vergonha. Esta, ao que parece, acabou.

UMA FoTo ontem tornada pública mostra o Emir do Kuweit, Sheikh Sabah Al-Ahmad Al-Jaber Al-Sabah (à esquerda), a cumprimentar as famílias das vítimas dos atentados da Mesquita Imam Al-Sadiq, no país. Mais de 27 pessoas foram mortas e mais de 200 deixadas feridas, depois de um atentado à bomba uma mesquita shiita. O ataque terá sido feito pelo Estado Islâmico.

A vergonha acabou

“O problema para o novo Secretário é que não é possível resolver problemas de 15 anos em seis meses. O [da Associação dos Engenheiros] é que ele peça a demissão antes de completar o mandato, porque sinceramente, se formos ver o seu passado profissional, estava bem colocado em Portugale não tinha problemas,era um bom emprego.De repente teve quepegar neste cargo problemático (...)”addy chaN• Vice-presidente da Associaçãode Engenheiros de Macau

“Não vamos competir com o Governo, que prometeu uma consulta pública. Esse é o primeiro passo e só se o Governo não cumprir, é que considero [que pode ser feito um projecto], mas não vou dar apoio a este projecto [da Novo Macau], ainda que concordecom o âmbito da lei,porque não está suficientemente bem feito”Ng KuoK cheoNg• Deputado, sobre o projectode Lei do Assédio Sexual

“Não me parece que o Governo faça isto de ânimo leve, ainda por cima com o Governo chinês. Os investimentos vão estar acautelados”albaNo MartiNs• Economista, sobre a reserva financeira

“Animais não são seres humanos, mas quando são mortos por pessoas,a penalidade não deve ser apenas um ano de prisão, porque isso pode passar

a mensagem de que matar animais não é algo grave”denis chan, manifestante | P.9

EPA/

KUNA

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“S im, existe uma falha no sistema de protecção de crianças” em macau. Assim defende Chris-

tophe Bernasconi, secretário-geral da Conferência de Haia do Direito internacional Privado. Com a não ratificação da Convenção de 1996, que regula a cooperação entre países e regiões sobre a responsabilidade pa-rental e das medidas de protecção das crianças, macau pode não conseguir resolver vários problemas relativos aos menores, como por exemplo quais as autoridades competentes para tomar decisões, qual a lei a apli-car nos diversos casos que possam surgir ou ainda como reconhecer e impor uma estratégia de protecção - particularmente as mais urgentes.

“macau não tem este conjunto de regras que são capazes de encon-trar e definir soluções”, argumenta Bernasconi, que esteve no territó-rio para participar no seminário “Rumo à felicidade infantil através das Convenções de Haia relativas ao Rapto de Crianças e à Protec-ção das Crianças”, que aconteceu na quinta e sexta-feira na RAEm.

Sublinhando a importância de se ratificar a Convenção de 1996, o secretário-geral explicou ao Hm que situações como a possibilidade das crianças passarem as fronteiras sem autorização dos pais podem continuar a acontecer devido a esta falha, tal como o Hm já tinha noticiado anteriormente.

“Apesar de macau ter ferramen-tas, como a Convenção de 1980, que permitem a protecção de crianças, há de facto uma falha que se pode sentir, por exemplo, na possibilidade de as crianças passaram as fronteiras

O Departamento de Estado norte-ameri-cano refere a “limitada capacidade” dos cidadãos de macau para mudarem os

respectivos governos como um dos problemas dos direitos humanos nas regiões chinesas, no relatório anual divulgado na quinta-feira.

O Departamento de Estado dos EUA re-fere que em 2014 “foram reportados limites à capacidade da população de mudar o seu governo”. Chui Sai On, recorde-se, foi eleito a 31 de Agosto para um segundo e último mandato como Chefe do Executivo, por um colégio eleitoral composto pela primeira vez

por 400 membros, mais cem do que em 2009.O relatório norte-americano observa

igualmente “constrangimentos à liberdade de imprensa e liberdade académica e falhas na implementação total da legislação no que diz respeito aos direitos dos trabalhadores” em Macau. Em 2014, “o tráfico humano continuou a ser um problema, apesar das autoridades es-tarem a aumentar a capacidade” para combater estes casos, acrescenta o documento.

Os EUA mantêm ainda preocupações relativamente à Lei de Defesa da Segurança do Estado aprovada em 2009, de acordo com

o artigo 23.º da Lei Básica, de que esta possa limitar ou comprometer várias liberdades civis, apesar de ao longo dos anos a mesma legislação nunca ter sido utilizada para acusar ninguém.

Por outro lado, o Departamento de Estado norte-americano destaca que “o Governo de macau deu passos para processar e punir dirigentes que cometeram abusos”.

O Gabinete de Ligação do Governo Central em macau já respondeu ao relatório, dizendo que não lhe compete interferir nos assuntos do território e até que “os EUA distorceram factos”.

EUA/rElAtório MAcAU coM cApAcidAdE liMitAdA dE MUdAr dE GovErno

Realidade ou factos distorcidos?

macau precisa de estar mais atento e preparado para resolver questões ligadas à protecção das crianças. Ainda não foi desta que o território ratificou a Convenção de Haia de 1996 que regula assuntos como a responsabilidade parental e medidas de protecção dos melhores. Enquanto isso as falhas vão continuar a existir, ainda que possam ser corrigidas

MEnorEs Christophe BernasConi, seCretário-geral da ConferênCia de haia, CritiCa raeM

“Existe uma falha no sistemade protecção de crianças”sem autorização dos pais. Esta falha, pode ser rematada pela ratificação da Convenção de 1996, que disponibili-za uma estrutura sólida de regras que poderiam ser aplicadas em situações transfronteiriças”, disse.

Questionado sobre o facto da fronteira ser com a China, país fora da conferência, Christophe Bernasconi clarificou que a Convenção pode apenas servir de guia. “[As regras] não se aplicariam necessariamente entre a fronteira da China e macau, mas poderiam ser tomadas como fonte de inspiração para um tipo de acordo entre a China continental e o território. Sabemos que as conven-ções têm servido como modelo para acordos entre regiões. A possibilida-de existe”, rematou.

Pequenos Passos É de lembrar que macau e Hong Kong assinaram a Convenção de 1980 que regula os aspectos civis de rapto internacional de crianças e apesar de ainda não pertencer ao grupo de países e regiões que ratifi-caram a Convenção de 1996, foi o território que acolheu o seminário. Num resumo, o secretário-geral afirma que o “que aconteceu foi ex-tremamente significante”, pois “mais de 130 participantes, representando 23 países e regiões partilharam as diferenças e experiências entre si”.

“Este seminário foi muito importante para que os países que assinaram estas convenções possam dar o seu testemunho e exemplo aos países e regiões que ainda não assinaram mas mostram vontade de o fazer”, argumentou, caracterizando o saldo final como “muito positivo”. “Os participantes

gostaram e querem mais, macau foi um óptimo anfitrião”, rematou.

Recorde-se que na cerimónia de inauguração do seminário, a Secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, argumentou que o momento representava uma oportunidade “valiosa para que os peritos na área jurídica do Governo da RAEm possam aprender com as boas práticas e experiências de outros países e regiões”.

A China continua a ser uma peça mistério, mantendo-se afastada mas assumindo-se atenta. “O país está atento ao problema das crianças e famílias que cruzam fronteiras”, defendeu Lu Zhenhua, representante do ministério dos Negócios Estran-geiros da China em macau, citado pelo jornal Ponto Final. “Queremos aprender como proteger melhor os direitos das crianças e esta é uma excelente oportunidade”, rematou.

Para Christophe Bernasconi os pontos são claros: a Ásia deve estar mais atenta e activa. “Os casos das crianças refugiadas, fugitivas, vítimas de exploração económica e sexual e as sequestradas exigem que os países enfrentem as suas responsabilidades e implementem medidas práticas para o seu com-bate”, defendeu.

A Conferência de Haia de Direito Internacional Privado surgiu em 1893 e dedica-se à protecção internacional das crianças e das famílias, às leis de comércio e finança internacional e à cooperação internacional em litígios. Dela fazem parte 79 membros de 67 países que já assinaram ou ratificaram as suas convenções.

Filipa araújo [email protected]

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4 hoje macau segunda-feira 29.6.2015entrevistaKuoK Cheong u director do centro Hospitalar conde de são Januário

“estou confiante nesta era brilhante que agora começa”O cirurgião Rui Furtado afirmou que no atendimento no serviço de urgências só existem médicos não diferenciados, ou seja, sem especialidade, algo que, na sua opinião, põe em causa o diag-nóstico. Isto é verdade?Temos médicos especialistas em serviço nas urgências, sempre ti-vemos. Comecei a trabalhar neste hospital em 1992, comecei como médico especialista em Macau em 1986 e antes disso trabalhava no Kiang Wu, portanto conheço os dois sistemas hospitalares muito bem. No início, o médico especia-lista de serviço, incluindo todas as especialidades e não só o serviço de urgência, trabalhava segundo o sistema de médico por chamada, ou seja, podia não estar no hospital mas se fosse necessário era contac-tado e tinha que se apresentar no serviço. Com isto, o que acontecia é que os médicos de clínica geral estavam no serviço, nessa altura, falo dos anos 90. Mas depois disso percebeu-se a tendência mundial de melhorar o sistema de saúde incluindo o serviço de urgência e começámos a estabelecer médicos especialistas neste serviço. Temos seis médicos especialistas no ser-viço de urgência que cumprem o seu serviço em turnos de 24 horas, durante todo o ano. Temos um plano de escalas, um relatório do trabalho dos médicos... Portanto, temos sim médicos especialistas competentes no nosso serviço de urgência.

Foi ainda dito que o serviço de urgência tem vindo a aumentar o número de camas... É preciso esclarecer que o au-mento de camas não é do serviço de urgência mas sim das salas de observação em que os doentes estão, como o nome indica, em observação até ser determinado o seu problema. É aí que se percebe o que é que o doente precisa, se é necessário um tratamento urgente ou se passa para a especialidade. Neste período de tempo precisa-mos de camas para ter os doentes. Nas salas de observação, no início, nos anos 90, tínhamos cerca de dez camas, mas depois com o desenvolvimento económico de Macau e o aumento da densidade populacional, precisávamos de melhorar a nossa capacidade de recepção de doentes. Portanto fomos aumentando consoante a necessidade, passo a passo, de dez camas, para 20, 30 até às cem.

Mas este aumento entope o serviço, porque a especialidade

não tem a mesma capacidade para receber.Concordo com o que o dr. Fur-tado disse: o número de camas é excessivo. Temos que considerar como contornar a situação não só para expandir mas como controlar, e como, claro, usar os recursos da melhor forma. Isto é o que eu vou fazer e estou confiante que o consigo fazer. É um facto a inca-pacidade que temos de momento em fazer circular os pacientes. Este é o problema. O que estou a tentar é resolvê-lo, como tentar diminuir o tempo em que os pacientes estão na sala de observação. Isto é algo que temos que fazer, melhorar a comunicação entre as especiali-dades e a emergência. Temos que nos reconectar. Quero resolver esta questão nos próximos três meses.

Portanto o problema do número de camas insuficiente, em todas as especialidades, mantém-se? Sim, mantém-se. Estamos a tentar resolvê-lo de várias formas. Uma delas é tentar organizar e equilibrar as salas de observação. Estamos também a tentar aproveitar al-guns espaços desaproveitados do hospital mas, claro, é preciso ter em conta os recursos humanos existentes. Portanto, temos muito trabalho pela frente.

Assumiu o cargo há pouco tem-po. Quais as medidas prioritárias a tomar?Neste momento ainda estamos na fase de planeamento. Disse-lhe que estou confiante, porque há de facto uma excelente comunicação entre mim, como director do hos-pital, o director dos Serviços de Saúde e o Gabinete do Secretário. Neste momento todos sabemos que a economia de Macau não está numa fase muito estável e, por isso, temos que considerar [a execução do plano] de forma mais cuidadosa. Temos vários planos, mas um plano é um plano. Sabemos também que as pessoas estão muito atentas a este assunto e queremos ir ao encontro das preocupações da população.

Mas, no imediato, o que pretende fazer? Por exemplo, anunciámos que vamos alargar o horário do alguns departamentos. Porquê? Porque queremos ganhar tempo perante o cenário da lista de espera para a especialidade. Esta lista é um pouco longa e achamos que conseguimos resolver isso tendo um horário mais alargado. Este é o ponto um. Sempre tendo em

conta que aumentar o horário não pode implicar aumentar a carga de trabalho dos recursos humanos, não só médicos, mas também dos enfermeiros e auxiliares. Temos que ter muito cuidado. Por isso é que vamos tentar em quatro departamentos primeiro, como um teste.

Quais os departamentos?Cardiologia, Ortopedia, Fisiotera-pia e Radiologia. A lista de espera de Ortopedia é muito grande, é de mais de cem dias. Claro que com-parado com outras cidades, como Hong Kong, não é assim tão longa, mas em Macau é de facto grande. Vamos tentar aproveitar e orga-nizar o horário, administrando-o da melhor forma possível. Na minha opinião temos espaço para crescer, para melhorar. Nas áreas de Cardiologia e Radiologia estou bastante familiarizado e sei que conseguimos diminuir o tempo de espera. Estes quatro departa-mentos são os meus alvos de teste para me responder às perguntas: como conseguimos diminuir e se

efectivamente conseguimos da forma adequada e sem aumentar a pressão nos recursos humanos. Pretende-se criar turnos rotativos, o que significa que vamos manter o pessoal, toda a equipa, médicos e enfermeiros, 24 horas por semana. Assim consigo não aumentar a pressão nos recursos e ao mesmo tempo melhorar a performance dos profissionais.

E o segundo ponto?Queremos também tomar esta me-dida, não só pelas listas de espera, mas também pelo novo Hospital das Ilhas. Não sou engenheiro, não estou dentro da construção, mas o meu trabalho é preparar uma equi-pa profissional para trabalhar lá.

Como é que o vai fazer? Se não tivermos tempo, se não tivermos espaço não consigo preparar uma equipa local. Não podemos esperar ajuda de Pequim ou de Portugal porque eles têm os seus trabalhos, os seus problemas. Temos que nos preparar a nós mes-mos. Portanto, se conseguir prolon-

Temos seis médicos especialistas no serviço de urgência que cumprem o seu serviço em turnos de 24 horas, durante todo o ano. Temos um plano de escalas, temos um relatório do trabalho dos médicos. Portanto, temos sim médicos especialistas competentesno nosso serviçode urgência

O novo directordo hospital público mostra-se confiante na melhoria dos serviços médicos. Mais trabalho de equipa, uma academia de formação médica, escoamento de pacientes mais eficaz e serviços com horários prolongados são alguns dos pontos que defende. Para ele, a RAEM tem de contar com os seus recursos e não esperar por “milagres”,vindos de Pequim ou de Portugal

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KuoK Cheong u director do centro Hospitalar conde de são Januário

“estou confiante nesta era brilhante que agora começa”

gar a hora de trabalho em todos os departamentos significa que terei mais um período de tempo para os novos trabalhadores, usando as mesmas instalações para fazerem o seu trabalho. Se eles conseguirem fazer um turno, terei uma segunda equipa preparada. E quando o hospital estiver pronto terei uma equipa para enviar para lá.

Quando é que acha que o novo hospital estará pronto?Não sou eu que lhe posso dar essa resposta porque não sou engenhei-ro. Mas o meu trabalho é preparar os profissionais e isso já está a ser feito. Mas claro, antes de me empenhar a 100% nisto, tenho que fazer alguns testes. Tenho que perceber qual a resposta da popu-lação. Por exemplo, um paciente tem uma dor, ele irá preferir ir ao hospital depois das 18 horas ou espera até ao dia seguinte? Tenho que perceber o comportamento da sociedade, tenho ainda que ouvir os médicos, colaboradores, enfermei-ros, auxiliares e as suas opiniões. Eles também têm famílias. É um

trabalho de equipa, temos que trabalhar como tal e assumir que aqui se trabalha assim.

Discute-se a acreditação dos médicos. O director sempre de-fendeu a avaliação dos mesmos. Quem faz esta avaliação? O próprio hospital?Até agora, desde que vim para este hospital, passei por um período bem difícil de treino - faz parte -, de estágios e exames. Compreendo a lei e a regulação de forma clara e concordo com ela. Todos os mé-dicos neste hospital, incluindo eu próprio, estamos conforme a lei. A avaliação é feita por especialistas de fora e locais que trabalham em equipa.

E sobre a acreditação do hospi-tal atribuída por uma empresa australiana. Foi comprada con-forme acusam? Tenho uma resposta da empresa, sobre um artigo que saiu no vosso jornal sobre este assunto que diz, passo a citar, “a organização pode comprar o serviço de acreditação, Continua na página seguinte

Aqui trabalha-se em equipa e num sentido geral trata-se de uma atmosfera muito boa, embora haja casos em que algumas boas pessoas não são assim tão bons colegas de equipa. Alguns deles, quer [o hospital] tenha ou não acreditação, podem não dar o seu melhor e nós temos que estar de olho neles, para garantir o trabalho certo

mas nunca o resultado final”, pala-vras de Christine Dennis, CEO da Australian Council on Healthcare Standards (ACHS), a empresa responsável pela acreditação. Acho que isto é uma afirmação muito importante. Por exemplo, podemos comprar um Ferrari mas nunca compraremos um campeo-nato. Certo?

As alterações propostas pela empresa serviram apenas para conseguir a acreditação ou ainda estão a ser respeitadas? O hospi-tal foi acusado de as ter esque-cido logo depois de conseguir a acreditação. É verdade?Não creio. Aqui trabalha-se em equipa e num sentido geral trata--se de uma atmosfera muito boa, embora haja casos em que algumas boas pessoas não são assim tão bons colegas de equipa. Alguns deles, quer [o hospital] tenha ou não acreditação podem não dar o seu melhor e nós temos que estar de olho neles, para garantir o trabalho certo. Por isso é que existe um director, para garantir que as coisas funcionam e são cumpridas. Se não estiverem a funcionar correctamente é necessário marcar uma reunião para resolver o problema. Esse encontro vai-nos dizer se estamos a dar um bom apoio e se estamos a seguir os conselhos da [empresa de] acreditação. Porém sei que alguns departamentos não têm re-cursos humanos suficientes, nem espaço suficiente para trabalhar. Mas estamos a tentar fazer uma reforma nesse sentido...é para isso que aqui estou.

A quantidade de dinheiro públi-co, em fundos do Governo, que é entregue ao hospital privado Kiang Wu, é bastante volumosa. Esse dinheiro não deveria ser em-pregue nas instalações públicas? Aqui neste hospital?Essa é uma questão que deve ser feita ao director dos Serviços de Saúde. A minha opinião é que existe um orçamento limitado. Por exemplo, no caso do hospital, este edifício não pode aumentar, por ser localizado numa zona em que é preciso manter o tamanho actual. O facto de não poder crescer vai implicar a compra de serviços ao exterior. Sabemos que Macau é uma terra pequena e que a densi-dade populacional está a crescer cada vez mais, tornando-se uma das maiores do mundo. Este é um serviço de saúde, estabelecido nos anos 80, e é preciso perceber como é que pode ir ao encontro

deste aumento da população. Uma das soluções é abrir outro hospital, já o estamos a fazer. Mas antes disso é preciso alargar o horário do funcionamento dos serviços. Segundo ponto, comprar serviços. A questão que deve ser considerada é quanto é preciso pagar por isso.

Entrando em algumas especia-lidades, como a Obstetrícia e Ginecologia. Não foi feito a mais de 500 mulheres o primeiro ultra--som fetal. Como é que se justifica esta ausência de comunicação entre médico e paciente? Há diferentes níveis deste ultra--som fetal, nós fazemo-lo em três níveis: nos primeiros três meses, nos três meses do meio e nos úl-timos três meses. Não fazer o pri-meiro não traz qualquer problema. Normalmente não é necessário. À excepção de alguns casos em que algo possa correr mal, um san-gramento, por exemplo. Segundo sei, não há obrigatoriedade no exame nos primeiros três meses. Podemos pensar assim: os seres humanos nem sempre tiveram ao seu dispor máquinas de ultra-som e continuámos a crescer na mesma. O ultra-som é algo que os médicos podem usar como um acrescento, não precisamos do ultra-som para manter a gravidez estável. Se a grávida se sentir bem e estiver

Estou confiante porque há de facto uma excelente comunicação entre mim, como director do hospital, o director dos Serviços de Saúde e o Gabinete do Secretário. Neste momento todos sabemos que a economia de Macau não está numa fase muito estável e, por isso, temos que considerar [a execução do plano] de forma mais cuidadosa

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6 entrevista hoje macau segunda-feira 29.6.2015

tudo bem, o primeiro exame pode não ser feito, não há necessidade. Já no segundo período da gravidez podemos utilizar este exame para perceber o estado do feto, se é nor-mal ou se poderá ter um problema grave no futuro. Na fase final nem sempre é preciso. A segunda fase é a mais importante, porque, no caso de ser preciso fazer uma in-tervenção, é mais fácil nesta altura do que mais tarde. Futuramente, com o desenvolvimento da medi-cina, talvez nem seja necessário o ultra-som.

Estavam de saída alguns médicos desta especialidade. Já foram substituídos?Sim, neste momento temos 16 obs-tetras e ginecologistas a trabalhar neste hospital. Nos últimos dois anos saíram seis e foram recruta-dos cinco.

Falando de uma maternidade mais humanizada... Está dispo-nível neste hospital a epidoral para as mulheres em trabalho de parto? Passa por elas a decisão de receber a anestesia ou não?Sim, claro que temos, mas a opção de administrar passa pelo ginecolo-gista ou obstetra em questão. Claro que a opinião da mãe e da família é tida em conta, mas trata-se de uma decisão médica.

Os cursos pré-natais, disponíveis neste hospital, são dirigidos ape-nas em cantonês. Num sistema de saúde que se quer internacional, como é que isto acontece?Desconhecia e garanto que vou resolver a questão. Daqui a três meses volte a perguntar-me isso. (risos)

Ainda no idioma, porque é que o hospital não está no seu todo equipado pelo menos com as duas línguas? Há corredores e espe-cialidades só na língua chinesa.

Quero estabelecer uma melhor comunicação com as pessoas e isso já está a acontecer, como por exem-plo, na entrada do hospital coloquei informações de uma exposição em três línguas: Chinês, Português e Inglês. Essa é uma aposta minha. Não sei falar em Português, mas quero muito alcançar este objectivo de pelo menos duas línguas.

Pretende colocar profissionais portugueses e chineses a liderar equipas? Faz questão que haja essa permanência das duas línguas?Estamos a tentar incluir médicos com excelentes qualidades, inde-pendente da sua nacionalidade, da sua língua. Estamos a tentar tornar o sistema internacional. Desde que assumi funções, todas as comunicações, reuniões e decisões são feitas em inglês e é assim que deve continuar.

Chegou um caso ao HM de uma paciente que não conseguiu fazer o tratamento na especialidade de Nefrologia e teve que ir para o privado fazer. Há falta de equi-pamento? De facto, temos máquinas, mas é certo que não são suficientes, por isso é que temos que comprar o serviço ao hospital Kiang Wu, em-

bora seja bastante caro. Queremos expandir os nossos serviços de hemodiálise para que os pacientes possam de forma autónoma fazer o seu tratamento. Isto não é algo novo em Macau, é uma tendên-cia mundial. A necessidade de passar quatro ou cinco horas de

dois em dois dias num hospital para tratamento é algo que temos que combater, proporcionando ao paciente outras formas de fazer a hemodiálise. Estamos a tentar perceber se há uma área em que isto possa ser feito.

Num sistema de saúde perfeito, o público não terá que comprar ao privado. Concorda?Não ignoro os serviços privados, eles fazem parte de Macau, são um recurso da população. Serviços e médicos, privados ou não, perten-cem a Macau. Por isso, acho que devemos trabalhar em equipa.

Concorda com a vontade de ser criada uma Faculdade de Medicina?Não. Acho que há um mal en-tendido entre academia, escola e universidade. Alexis Tam disse que vamos ter uma academia mé-dica em Macau e isso eu apoio e dedicar-me-ei a 100% nesse pro-jecto. Macau é um terra pequena e talvez faça sentido no futuro ter uma Faculdade de Medicina, mas não agora. Não temos recursos, não temos as condições para levar este projecto para a frente. A não ser que cresçamos a nível de volume e que, efectivamente, haja essa necessidade.

Mas concorda com a academia médica?Sim, acho que é preciso uma aca-demia que dê formação contínua aos profissionais já existentes. Precisamos de um organismo de acreditação profissional e essa aca-demia vai convidar especialistas de fora, seja dos EUA ou de outro lado. Vamos tentar convidá-los para gerir esta academia e os pro-gramas de formação deverão ser acreditados a nível internacional. Estamos sempre a querer que em Macau o sistema de saúde seja acreditado internacionalmente, por isso, julgo que este é o caminho a seguir. Por exemplo, a lei de Macau não é a lei de Hong Kong mas de qualquer forma, e mesmo que eu não queira lá trabalhar, quero que o meu estatuto profissional seja reconhecido em Hong Kong.

Quando é que esta academia estará pronta?Este é um grande trabalho, um grande projecto, que não espero que aconteça em três meses, mas sim, em dois, três ou quatro anos.

Concorda com a Lei do Erro Médico?No meu ponto de vista, não é uma prioridade. Nem todos os países têm esta lei, por exemplo, Hong Kong não tem, porque está contem-plado no Código Civil. Não deve ser uma prioridade, mas temos es-paço para a discutir, temos espaços para a perceber. Está aberto para discussão mas não é prioritário.

Em caso de saída de Lei Chin Ion, poderá aceitar assumir o cargo como director dos SS?Ainda é cedo para falar sobre isso, ainda agora me sentei nesta cadeira e tenho muito trabalho pela frente. Como disse há muita coisa para fazer, quero muito fazer o meu trabalho bem e sei que o vou fazer.

“Os próximos cinco anos serão a era mais brilhante da saúde”, defendeu Alexis Tam. Quer co-mentar? É preciso uma correcção na inter-pretação dessa expressão. Antes de aceitar este cargo, trabalhei no gabi-nete portanto percebo perfeitamente o que o Secretário quer dizer com essa expressão. O que é o brilhante? O brilhante refere-se à construção. Há muitos planos de construção, tanto eu como o Secretário sabíamos isso, portanto, serão anos brilhantes no que respeita à construção. Agora posso dizer-lhe que faremos o nosso melhor para acompanhar esta tendên-cia de evolução, esta construção. Não somos engenheiros, mas como é que vamos equilibrar o crescimento com a construção? Com os nossos planos para melhorar os serviços, não só no hospital mas também nos Serviços de Saúde. Estou confiante nesta era brilhante que agora começa.

Filipa Araú[email protected]

Não há obrigatoriedade no exame de ultrassom nos primeiros três meses. Os seres humanos nem sempre tiveram ao seu dispor máquinas de ultrassom e continuámos a crescer na mesma. O ultrassom é algo que os médicos podem usar como um acrescento. Não precisamos do ultrassom para manter a gravidez estável

Estamos a tentar incluir médicos com excelentes qualidades, independente da sua nacionalidade, da sua língua. Estamos a tentar tornar o sistema internacional. Desde que assumi funções, todas as comunicações, reuniões e decisões são feitas em inglês e é assim que deve continuar

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Plano Director dos NovosAterros “em fase final” O Governo garante já estar na fase final de elaboração do Plano Director dos Novos Aterros, depois de “ter encomendado a um grupo de especialistas para o inicio da elaboração do Plano”. Segundo um comunicado, “o seu projecto já reúne as condições para a sua concretização, pelo que se entrará na fase final da elaboração do Plano Director”. Para já, o projecto vai ser alvo de uma terceira fase de consulta pública, que arranca amanhã e termina a 8 de Agosto. “Os resultados e o consenso alcançados com a presente auscultação pública permitirão promover o desenvolvimento e a execução das obras destes novos bairros urbanos, assim como permitirá a definição do calendário para a realização dos respectivos trabalhos, de modo a dar com a maior brevidade possível início à execução do plano de pormenor dos novos aterros, promovendo assim à sua urbanização”, aponta o Executivo.

Habitação Económica GovErno não quEr mudar sistEma dE candidatura

P’ra pior já basta assimA Lei da Habitação Económica

vai manter-se como está, ainda que algumas alterações que

favoreçam os candidatos estejam a ser pensadas. O Instituto de Habitação (IH) concluiu a análise às opiniões retiradas da auscultação pública sobre o tema e diz não querer regressar ao sistema antigo de atribuição de habitações consoante a necessidade do candidato.

“Ao considerar o restabelecimento do sistema anterior de ‘ordenação por classi-ficação’, esta alteração toca no conteúdo principal e no regime fundamental da Lei da Habitação Económica. (...) A introdução de alterações pode causar um impacto directo sobre a política de habitação pública e nos interesses dos candidatos. O restabeleci-mento [deste sistema pode fazer com que o] tempo de apreciação seja prolongado, adiando o tempo da atribuição das fracções aos agregados familiares. O objectivo prin-cipal do Governo é resolver os problemas habitacionais dos residentes, [pelo que] entendemos que o actual sistema está em conformidade com a actual situação da sociedade”, pode ler-se no relatório do IH.

Segundo a conclusão do IH, o méto-do de classificação e ordenação é mais científico e pode servir como meio do IH ter um conhecimento mais objectivo das candidaturas e as necessidades dos grupos-alvo. Há quem não concorde, com cerca de 6% das opiniões a dizerem que a classificação actual é complicada e difícil de ser justa.

Este resultado não agradou a Au Kam San, que diz que esta é apenas uma forma do Governo se escapar a oferecer mais casas.

“A situação actual é criar uma lista de candidaturas quando houver habitações e desfazer a lista depois de fazer sorteio. Desta forma, o Governo pode ter uma desculpa de escapar à responsabilidade de oferecer mais ha-bitações” disse, acrescentando que o sistema de ordenação por classificação tinha sucesso na altura da governação portuguesa.

Já Kwan Tsui Hang admite também que a ordenação por classificação é o mo-delo mais justo e avançado, mas acredita que o Governo não tem condições em

voltar a usar este sistema, porque “pode causar acumulação de candidatos” em espera, algo defendido pelo Governo.

A população não se entende também face ao cancelamento do limite de ren-dimentos mínimos para a candidatura, com o documento do IH a revelar que “as opiniões recolhidas da consulta reflec-tem que na fase actual os sectores sociais ainda não chegaram a um consenso”. O Governo quer, por isso, manter o limite mínimo do rendimento dos candidatos à habitação económica, mas pondera criar um outro regime que permita resolver os problemas habitacionais de residentes que não conseguem candidatar-se.

Entre as 269 opiniões recolhidas - 46 de associações – pode concluir-se que, por causa dos recursos limitados de terrenos, o aumento da quantidade de oferta das fracções de habitação económica poderá causar impactos, pelo que a população pede que o Governo dê prioridade às questões mais urgentes e vá resolvendo os problemas desta forma.

Joana Freitas (com Flora Fong)[email protected]

O Governo já não vai avançar com o Plano de Aquisição de Imó-veis e compromete-

-se a criar um novo modelo de habitação para residentes que não cumprem os requisitos para a habi-tação económica, mas que também não conseguem comprar casa. Se-gundo o relatório final de consulta

Habitação GOvErNO quEr NOvO mODElO. DEPutADOS cOm DúviDAS

quando a realidade atrapalha

pública sobre o assunto, difundido pelo Instituto da Habitação (IH), “propõe-se apresentar um novo tipo de habitação pública para os que não têm rendimento suficiente para comprar uma habitação no mercado privado e não reúnem requisitos para se candidatarem à habitação social”.

Ficou ainda a garantia de que a curto prazo os trabalhos de estudo sobre as novas tipologias de habitação irão iniciar-se, bem como uma revisão sobre o regime de habitação. Para o Executivo, o objectivo é “apoiar os residentes

com reais necessidades habitacio-nais e resolver o seu problema de habitação”.

Em declarações ao jornal Ou Mun, os deputados Ho Ion Sang, da União Geral dos Moradores de Ma-cau (Kaifong), e Si Ka Lon, número três de Chan Meng Kam, dizem-se preocupados que o Governo esteja a “falar de coisas vazias” quando impulsiona a realização de consul-tas públicas sobre novas tipologias de habitação, quando nem sequer há terrenos suficientes.

“Caso o Executivo não consiga explicar bem a oferta de terrenos,

não deve apresentar nenhuma pro-posta. As consultas públicas pare-cem mostrar políticas que brincam com a população, que tinha grande esperança no Plano de Aquisição de Imóveis, mas agora a esperança é menor”, disse Si Ka Lon.

Já Ho Ion Sang referiu que já tinha dúvidas quanto às condições de implementação do Plano de Aquisição de Imóveis, uma vez que o problema da oferta de terrenos para a habitação pública ainda não foi resolvido. O deputado lembrou também que um grande número de terras está nas mãos dos empresá-

rios. Ho Ion Sang diz concordar com Si Ka Lon e pede que o Exe-cutivo “expresse de forma clara” o número de terrenos disponíveis para habitação.

Leong Kuai Peng, vogal do Con-selho para os Assuntos de Habitação Pública, disse ao Ou Mun que deve haver um planeamento conjunto de habitação privada e pública, em vez de se resolver o problema apenas através das casas do Governo.

No relatório de consulta, pode ler-se que a falta de consenso foi um dos motivos para o Governo não avançar com o Plano de Aquisição de Imóveis. “Ao considerar que a implementação do Plano vai in-fluenciar profundamente as políticas de habitação de Macau, e sendo o objectivo principal do Governo re-solver as necessidades habitacionais dos residentes, sob o pressuposto de não haver consenso entre os vários sectores da sociedade, entende-se que actualmente não há condições para implementar o Plano.” Quem se mostrou contra entendeu que “o Plano iria entrar em concorrência com os recursos de habitação pú-blica”, tendo questionado o sucesso prático da medida.

Andreia Sofia [email protected]

Flora [email protected]

7pOlíticahoje macau segunda-feira 29.6.2015

O Executivo decidiu recuar e já não vai implementar o Plano de Aquisição de Imóveis, comprometendo-se agora a criar um novo modelo de habitação para residentes que não têm acesso à habitação económica, nem dinheiro para comprar casa. Deputados temem que se esteja a falar de “coisas vazias”

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8 política hoje macau segunda-feira 29.6.2015

S ónia Chan e Rimsky Yuen Kwok-keung encontraram-se em

Macau na semana passa-da, numa reunião que terá servido para conversações sobre o acordo de entrega de prisioneiros em fuga entre as duas regiões. a reunião aconteceu 48 horas depois de Keith Yeung Kar--hung, procurador da região vizinha, ter anunciado que em menos de três meses vai saber-se se o anterior Chefe do Executivo da RaEHK, Donald Tsang, será acusado

EntrEga dE prisionEiros Macau E HongpodEM Estar próxiMos dE cElEbrar acordo

ainda escorre Tsang

de alegados crimes que podem ter acontecido em Macau.

não foi emitido nenhum comunicado oficial sobre o encontro, mas de acordo com o jornal de Hong Kong South China Morning Post – que cita fontes próximas do proce sso – os dois homó-logos discutiram eventuais progressos no trabalho de celebração de um acordo de cooperação judiciária entre as duas regiões.

“A reunião não significa necessariamente que [a

assinatura] de um acordo esteja iminente, mas poderá demonstrar progressos”, cita o jornal, que indica ainda que os assessores do Secretário da RaEHK revelaram que os dois res-ponsáveis se encontraram para “discutir matérias de interesse mútuo”.

Em Julho, recorde-se, o responsável de Hong Kong disse que as negociações tinham chegado a uma fase madura, acrescentando que as duas regiões “estavam a rever e ultimar” a redacção do documento. Yuen, lem-bra o South China, também disse que o acordo estipula “como é que os casos pas-sados devem ser tratados”. Fonte próxima do jornal disse que o acordo poderia ter retroactividade.

Joseph Lau e Steven Lo, recorde-se, foram dois condenados que não estão a cumprir pena precisamente devido à falta de um acor-do entre as duas regiões. Os empresários de Hong Kong foram considerados culpados de corrupção em Macau, no âmbito do caso La Scala, onde esteve envolvido o ex-Secretário ao Man Long, condenado a 29 anos e meio de cadeia.

Quanto a Donald Tsang, fruto de uma investigação de três anos, sabe-se daqui a menos de três meses se vai ou não ser acusado de crimes que também estarão relacionados com corrupção.

www. iacm.gov.mo

Notificação n°13/DLA/SAL/2015(Aviso a proprietários de estabelecimentos de comidase bebidas sobre infracções com dedução de acusação)

Considerando que não se revela possível notificar os interessados, por ofício ou outras formas, para efeitos de acusação a respeito dos respectivos processos administrativos, nos termos do artigo 95° do Decreto-Lei n° 16/96/M, de 1 de Abril, conjugado com os artigos 10° e 58° do “Código do Procedimento Administrativo”, aprovado pelo Decreto-Lei n° 57/99/M, de 11 de Outubro, notifico, pela presente, nos termos do n° 2 do artigo 72° do “Código do Procedimento Administrativo”, os seguintes proprietários de estabelecimentos de comidas e bebidas, do conteúdo das respectivas acusações, a fim de o Instituto tomar uma decisão final, em relação aos processos de acusação actualmente em curso:

1. Por despacho do signatário, exarado em 19/12/2014 e de acordo com as disposições do n° 2 do artigo 94° do Decreto-Lei n° 16/96/M, de 1 de Abril, foi deduzida acusação contra VONG WAI HONG (黃慧虹) (Bilhete de Identidade de Residente de Macau n° 5034XXX(X)), proprietária do “帝王點心”, sito na Rua dos Ervanários, nº 54, r/c, Macau. O facto que o auto de notícia n° 700/DFAA/SAL/2014, de 26/11/2014, refere, foi objecto de instrução de um processo, cujos resultados de averiguação constam do relatório elaborado pelo respectivo instrutor a 15 de Dezembro de 2014.Comprovado o acto de infracção, abertura ilegal do estabelecimento, cometido pela proprietária do mencionado estabelecimento similar, constitui tal facto infracção ao disposto no artigo 30° do Decreto-Lei n° 16/96/M, de 1 de Abril, e, nos termos do n° 1, alínea c) do nº 2 e do nº 3 do artigo 67º do mesmo Decreto-Lei, pode ser aplicada à infractora uma multa de vinte mil patacas (MOP20.000,00) e ordenado o encerramento imediato do seu estabelecimento.

2. Por despacho do signatário, exarado em 30/12/2014 e de acordo com as disposições do n° 2 do artigo 94° do Decreto-Lei n° 16/96/M, de 1 de Abril, foi deduzida acusação contra CHOI HONG (徐洪) (Bilhete de Identidade de Residente de Macau n° 1280XXX(X)), proprietário do ESTABELECIMENTO DE COMIDAS LEI SENG (ESTABELECIMENTO DE COMIDAS NGAN FUNG), sito na Avenida de Guimarães, nos 435 e 441, Edifício “Imperial Mansion”, r/c, C e D, Taipa. O facto que o auto de notícia n° 1787/DFAA/SAL/2013, de 20/12/2013, refere, foi objecto de instrução de um processo, cujos resultados de averiguação constam do relatório elaborado pelo respectivo instrutor a 19 de Dezembro de 2014. Comprovada a não comunicação da alteração das tabelas de preços, executada pelo proprietário do mencionado estabelecimento de comidas e bebidas, constitui tal facto infracção ao disposto no nº 3 do artigo 35° do Decreto-Lei n° 16/96/M, de 1 de Abril, e, nos termos dos artigos 61º, 73º e 84º do mesmo Decreto-Lei, pode ser-lhe aplicada uma multa de duas mil e quinhentas patacas (MOP2.500,00), com a obrigação de efectuar, dentro de 3 (três) dias, as devidas correcções; caso a tal não proceda, pode ser-lhe ordenado o encerramento temporário do estabelecimento, até que os actos de infracção tenham sido corrigidos.

3. Por despacho do signatário, exarado em 06/02/2015 e de acordo com as disposições do n° 2 do artigo 94° do Decreto-Lei n° 16/96/M, de 1 de Abril, foi deduzida acusação contra CHAN CHIN HONG (陳展鴻) (Bilhete de Identidade de Residente de Macau n° 5087XXX(X)), proprietário do ESTABELECIMENTO DE COMIDAS PIU KEI, sito na Rua Formosa, nº 29-D, Edf. “Iao Hou”, r/c, B1, Macau. O facto que o auto de notícia n° 568/DFAA/SAL/2014, de 4/8/2014, refere, foi objecto de instrução de um processo, cujos resultados de averiguação constam do relatório elaborado pelo respectivo instrutor a 3 de Fevereiro de 2015.Comprovada a alteração que implicou a modificação ilegal do projecto aprovado anteriormente, executada pelo proprietário do mencionado estabelecimento de comidas e bebidas, constitui tal facto infracção ao disposto no artigo 19° do Decreto-Lei n° 16/96/M, de 1 de Abril, e, nos termos dos artigos 70º e 84º do mesmo Decreto-Lei, pode ser-lhe aplicada uma multa de sete mil e quinhentas patacas (MOP7.500,00) a quinze mil patacas (MOP15.000,00), com a obrigação de requerer, dentro do prazo de 15 (quinze) dias, junto da entidade competente, a legalização das alterações efectuadas, findo o qual, caso não lhe haja dado cumprimento, pode ser-lhe ordenado o encerramento temporário do estabelecimento, ou, pode ainda efectuar, dentro do prazo de 15 (quinze) dias, as devidas correcções; caso a tal não proceda, pode ser-lhe ordenado o encerramento temporário do estabelecimento, até que o acto de infracção tenha sido corrigido.

Nos termos do n° 3 do artigo 95° do Decreto-Lei 16/96/M, de 1 de Abril, os aludidos infractores poderão apresentar defesa escrita a respeito destes itens de acusação ao Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais e todas as provas admitidas pela legislação vigente, dentro de 5 (cinco) dias úteis, contados a partir do dia seguinte ao da publicação da presente notificação.

Aos 16 de Junho de 2015.

O Presidente do Conselho de Administração Vong Iao Lek

Administração e Justiça cria página no WeChatA Secretária para a Administração e Justiça lançou uma conta na plataforma social WeChat, que teve já mais de dez mil visualizações desde a sua abertura. De acordo com comunicado, a maioria teve origem na apresentação de sugestões por parte de vários cidadãos. Juntamente com a inauguração desta conta, o mesmo gabinete assegura estar a actualizar o seu website oficial, com a integração de colunas novas de “fotografias de actividades” e “em foco”. A conta do WeChat pode ser encontrada através da pesquisa por “SAJRAEM”.

Sub-director do IC não violou lei O director do Instituto Cultural (IC), Guilherme Ung Vai Meng, defendeu que o sub-director do mesmo organismo, Leung Hio Ming, não violou regulamentos quando assumiu ao mesmo tempo posições do gerente-geral da Orquestra Macau e de director do Conservatório de Macau. Existem suspeitas na sociedade de que o sub-director, ao assumir três posições ao mesmo tempo, teria violado a lei, mas, segundo o Jornal do Cidadão, Ung Vai Meng referiu que como as posições na Orquestra Macau e no Conservatório de Macau não são pagas e são apenas cargos de gestão, e não a tempo parcial, pelo que não há problemas. Ung Vai Meng disse ainda que a escolha se deveu ao facto de não se encontrarem pessoas adequadas para as posições que Leung ocupa agora.

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hoje

mac

au

F oi a segunda este ano e a oitava desde 2008, mas a manifestação de ontem da Associação de Protec-

ção aos Animais Abandonados de Macau (AAPAM) apresentou-se como a maior de sempre. Milhares de pessoas juntaram-se para pedir mais celeridade na aprovação da Lei de Protecção dos Animais, mas também para solicitar a ma-nutenção de algumas penalidades que o Governo foi retirando da lei, por vezes a pedido de deputados.

Num protesto que começou na Tap Seac, e debaixo de altas tempe-raturas, os manifestantes marcha-ram até à Assembleia Legislativa, onde se discute actualmente na especialidade o diploma.

Ao longo do caminho, a AA-PAM recolheu assinaturas de apoio de residentes. A Associação estima que o número de participantes tenha sido de mais de três mil pessoas - al-gumas com os seus animais -, sendo este o maior registo de participantes em manifestações anteriores em prol dos animais. A PSP estima que tenham sido 1500 participantes.

Seja qual for o número real, os milhares de pessoas que marcharam ontem pedem o mesmo: que a pena mínima de prisão de três anos para quem maltratar animais se mante-nha, que a execução da lei possa ser feita pela Polícia de Segurança Pública e que não se baixem as multas anteriormente estipuladas.

A vice-presidente da Associa-ção, Josephine Lau, afirmou ao HM que, caso a pena mínima de prisão diminua para um ano ou multa,não haverá efeito dissuasório suficiente. Ao mesmo tempo, a organizadora diz ainda esperar que não seja o instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (iACM) a executar a lei, mas a PSP, para que a protecção aos animais seja mais eficaz.

Recorde-se que o Governo ace-deu ao pedido dos deputados em bai-xar as penas para maus tratos e para abandono, por estas serem “muito elevadas”. Por sua vez, o Governo decidiu cancelar a obrigatoriedade de esterilização obrigatória de cães em lotes de construção e em espaços para carros ou materiais abando-nados, algo com que os deputados discordam. E que faz Josephine Lau mostrar-se desiludida.

“As fontes de cães abandonados são principalmente estes espaços. Quando não se faz a esterilização, os cães têm crias, muitas vezes ao longo de anos. Acredito que, se a esterili-zação desses cães for obrigatória, o número [de cães abandonados] po-derá diminuir metade, pelo menos.”

Depois dos recentes maus tratos a animais e das diminuições nas penalidades na lei que os vai proteger, milhares de pessoas saíram ontem à rua para pedir ao Governo que volte atrás

AnimAis Maior Manifestação de seMpre pede prisão para Maus tratos

O problema da besta humana

A vice-presidente da AAPAM disse ainda que encontrou obstácu-los na realização desta manifesta-ção. “os residentes referiram que os cartazes desta manifestação foram retirados depois de coloca-dos uma noite em espaços públicos, enquanto outros cartazes ao lado não foram eliminados.”

Anónimos e não só Entre os manifestantes, encontrámos Denis Chan, que saiu à rua pela pri-meira vez com duas acompanhantes: a namorada e a gata. Ao HM, o jovem referiu que depois de ter lido sobre os vários casos recentes de animais que foram atirados de edifícios altos e que a lei que está a ser discutida na

“Animais não são seres humanos, mas quando são mortos por pessoas, a penalidade não deve ser apenas um ano de prisão, porque isso pode passar a mensagem deque matar animaisnão é algo grave”Denis ChAn manifestante

9 políticahoje macau segunda-feira 29.6.2015

AL vai ver diminuídas as penalida-des, decidiu que era hora de protestar, por nada disto ser aceitável.

“Animais não são seres huma-nos, mas quando são mortos por pessoas, a penalidade não deve ser apenas um ano de prisão, porque isso pode passar a mensagem de que matar animais não é algo grave”, disse, esperando que se mantenha a pena mínima de três anos de prisão.

A manifestação contou ainda com caras conhecidas, tais como os deputados José Pereira Coutinho, Au Kam San, Rita Santos, o presidente da Associação Novo Macau, Sou Ka Hou, o líder do grupo Forefront of the Macao Gaming, ieong Man Teng, entre outros.

Depois da entrega à carta à AL, o presidente da AAPAM, Yoko Choi, acrescentou ainda que discordava da mais recente sugestão do Governo em relação à oferta de descontos nas multas para infractores que paguem dentro de dez dias. o Executivo justi-ficou que queria, com isto, incentivar ao pagamento das multas.

Já Choi considera que mal tratar ou matar animais não deve ser penalizado da mesma forma de uma multa de trânsito - sistema em que se baseou o Governo. o presidente da APAAM acha está uma ideia “ridícula” e defende que “os animais são também vida”.

Flora [email protected]

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hoje macau segunda-feira 29.6.2015

O relatório sobre o plano de salvaguarda do Centro Histórico ain-da está a ser avaliado,

mas há “coisas positivas”, dez anos depois da classificação pela UNESCO, disse à Lusa Feng Jing, do Centro do Património Mundial.

“Em dez anos, houve um reforço da protecção dos bens. As autori-dades reforçaram a legislação para os bens culturais e também melho-raram o planeamento urbano. São coisas positivas para a protecção do Centro Histórico de Macau”, explicou o director da secção Ásia--Pacífico do Centro do Património Mundial da UNESCO.

Feng Jing precisou que o plano de salvaguarda e gestão do Centro Histórico ainda está a ser analisado pelo órgão consultivo do Comité do Património Mundial, o Conselho Internacional para Monumentos e Sítios (ICOMOS, na sigla inglesa).

Os responsáveis do ICOMOS recusaram comentar a avaliação ao relatório apresentado em Ja-neiro, depois da UNESCO ter recomendado um novo plano para a salvaguarda e gestão do centro histórico por considerar o existente “insuficiente para a sua protecção eficaz».

Na altura, o Comité do Pa-trimónio Mundial da UNESCO deu conta de “dois factores que estão a afectar” o património, no-meadamente “eventuais impactos negativos do desenvolvimento de projectos em áreas circundantes às zonas tampão sobre a integridade visual do património” e “a aparente inadequação do sistema de gestão”.

Questionado sobre as garantias que foram dadas pelo Governo à UNESCO nesta matéria, Roni Amelan, do serviço de imprensa da instituição sediada em Paris, explicou que “o comité não exige garantias” porque se trata antes “de uma cooperação baseada no compromisso dos Estados para pre-servar os locais que eles próprios escolheram inscrever na Lista do Património”.

Directrizes especiaisJá o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura defendeu ontem que a entrada do património de Macau na lista da UNESCO consti-

Um responsável do Centro do Património Mundial considera que a RAEM já alcançou resultados positivos no que à protecção do património diz respeito, mas – numa altura em que o Governo admite estar consciente que é preciso fazer mais – ainda continua por se saber o resultado da avaliação do plano de salvaguarda de Macau

Património “Resultados positivos” mas RelatóRio ainda está a seR avaliado

P’ra melhor está bem, está bemtuiu uma “nova marca identitária”. Para Alexis Tam, a decisão da UNESCO, a 15 de Julho de 2005, “marcou uma viragem na forma como o mundo via Macau”.

“Passámos a ter uma nova marca identitária, tornámo-nos conhecidos também como cidade de cultura onde se combina, como em nenhum outro sítio do mundo e de uma forma muito peculiar, a cultura oriental com a ocidental”, afirmou.

O mais recente relatório sobre o estado de conservação do Centro Histórico, publicado em Janeiro na página do Comité do Património Mundial, referia que “o Partido Estatal - no que diz respeito à Convenção para a Protecção do Património Mundial, Cultural e Natural e às suas directrizes ope-racionais, assim como às decisões do Comité do Património Mun-dial - tem estado empenhado em melhorar a conservação e a gestão do sítio”, sublinhando a entrada em vigor a 1 de Março de 2014 da Lei de Salvaguarda do Património Cultural e da Lei do Planeamento Urbanístico.

Feng Jing, do Centro do Pa-trimónio Mundial, reconheceu como “positivo” que “a questão do impacto ambiental no património” esteja incluída na legislação mas alertou que “é preciso reforçá-la e aplicá-la”, quando questionado sobre as prioridades de actuação do Governo com vista a melhores resultados na protecção do patri-mónio.

“Por agora, não há pedidos re-lativos ao património imaterial de Macau”, adiantou, por sua vez, Roni Amelan, em referência a pedidos relativos “às práticas e saberes”, depois de se ter falado na candida-tura da gastronomia macaense e do teatro em patuá a Património Cultural Imaterial da UNESCO, dois temas que figuram na lista do Património Cultural Imaterial da RAEM.

ciente Da responsabiliDaDePor outro lado, Alexis Tam disse que Macau está ciente das “res-ponsabilidades, dos desafios e das exigências decorrentes daquela classificação, tarefas que não são incompatíveis, mas sim comple-mentares com uma estratégia de crescimento e de desenvolvimento sustentável” preconizada pelo Governo. Mas, vincou, a distinção “implicou novos desafios e res-ponsabilidades”, como “reformas e investimento público” na área do património e ao nível legislativo.

Alexis Tam lembrou que o reconhecimento internacional do valor do património de Macau, de origem chinesa e portuguesa, “teve como resultado imediato uma ampla campanha de divulgação da sua singularidade, que resultou também num aumento da consciência ao ní-vel interno para com a necessidade da sua protecção, conservação e valorização”. lUsa/HM

Dez anos após a inscrição do Centro Histórico como Património da Humanidade, os especialistas preocupam-se mais com os imóveis que têm valor cultural mas não estão protegidos, incluindo cerca de 30 de matriz portuguesa. “Corre-se o risco de os edifícios portugueses desaparecerem aos poucos e de só ficarem as igrejas, como se

fossemos todos padres”, lamenta o arquitecto Francisco Vizeu Pinheiro, autor de vários projectos de reabilitação em Macau. O actual professor na Universidade de São José estima que os cerca de 30 imóveis de herança portuguesa, não classificados, mas com elevado valor cultural, vão acabar demolidos ou apenas

com as fachadas intactas, às quais se podem adicionar elementos modernos, como aconteceu ao edifício do Banco Nacional Ultramarino e se planeia fazer com o Quartel de São Francisco. Quando se assinalarem os 20 anos da classificação da UNESCO, Macau vai “ter apenas o folclore português”, ironiza.

E os Edifícios portuguEsEs, só folclorE?

10 sOciedade

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Meteorologia SMG assinam acordo com Guangdong Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos de Macau (SMG) assinaram um acordo de cooperação com a entidade homóloga de Guangdong que prevê a adaptação de um projecto laboratorial pelos SMG. Esta acção pretende ajudar a elevar a qualidade das técnicas de previsão meteorológica empregues nos dois territórios. O projecto, intitulado “Técnicas Laboratoriais Cruciais para a Previsão Meteorológica Regional Numérica”, envolve uma série de questões específicas da observação meteorológica nas zonas exteriores do estuário do Rio das Pérolas, seja nas plataformas petrolíferas ou nas bóias de navegação. “Além disso, as duas partes irão iniciar o intercâmbio de múltiplas perspectivas e sustentabilidade, bem como as cooperações relacionadas com a alteração climática e contra os extremos meteorológicos urbanos”, explicaram os SMG.

Novo campus da UCM abre no próximo ano

A Administração do Jo-ckey Club de Macau foi acusada, por um grupo de 19 membros

da associação, de má gestão. Os protestantes justificam que os cortes no orçamento do clube foram a prin-cipal causa dessa gestão negativa, que levou o clube a um estado “de-plorável”, de acordo com notícia do jornal South China Morning Post. As reclamações surgiram em forma de carta aberta enviada à direcção, depois do mesmo jornal ter avança-do que o estado de saúde de um dos cavalos de corrida mais conhecidos do mundo, o Viva Pataca, que está já reformado, estaria a deteriorar-se no clube local. Perante as acusações, um porta-voz do Jockey Club veio a público dizer que as preocupações dos membros já haviam sido atendi-das e que nenhuma das reclamações tinha fundamento.

Falta de dinheiro e um tectoA mesma notícia explica que o Jockey Club não lucra com este desporto há mais de dez anos, ten-do o prejuízo chegado aos 3,8 mil milhões de patacas. Só em 2013, o grupo perdeu mais de 41 mil milhões de patacas.

No mesmo documento, os mem-bros pedem que “os seus direitos sejam respeitados”, pedindo ao Go-verno explicações sobre as condições

O novo campus da Uni-versidade Cidade de

Macau (UCM), ligada ao deputado e empresário Chan Meng Kam, deverá abrir portas em Setembro do próximo ano. A notícia é avançada pela TDM, que confirmou que a instituição académica alugou oito edifícios do antigo campus da Universidade de Macau (UM), na Taipa, onde espe-ra acolher seis mil alunos, contra os quatro mil que possui actualmente. Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, esteve presente na cerimó-

nia de graduação de alunos, ocorrida na passada sexta--feira, e disse esperar que a UCM “com as condições optimizadas, possa aprovei-tar bem os recursos”, para que “adoptem um espírito de progresso, baseiem-se em servir Macau e a pátria e transformem a univer-sidade numa instituição de ensino superior de alta qualidade e com caracte-rísticas singulares”. Alexis Tam considerou ainda que os cursos da UCM “corres-pondem às necessidades de desenvolvimento social de Macau”.

Jockey club de Macau MEMbROS ACuSAM AdMiNiSTRAçãO dE Má GESTãO

Hipódromo à rédea solta

do clube após uma gestão “pavoro-sa”, “défices a longo-prazo” bastante visíveis e que prejudicaram “os inte-resses do público e dos proprietários dos animais”. Uma das principais preocupações dos 19 membros é a falta de actividades e corridas de forma sazonal, defendendo que o facto dos cavalos estarem sem correr pode afectar a performance destes animais a longo-prazo.

A carta começa por exigir expli-cações à administração a membros que se descrevem como donos de ca-

valos corredores. “Nós, proprietários de cavalos, temos direito a filiação de primeira e queremos aqui expressar a nossa desilusão e desespero”, começa a carta por dizer.

Adiante, o documento acusa a direcção de apenas se lembrar de fazer cortes orçamentais sem pon-derar diferentes soluções, como a de chamar novos membros. Segundo o South China Morning Post, a porta-voz do clube, Amanda Savage assegurou ter já respondido, acres-centando que os membros estavam

agora satisfeitos. No entanto, esta informação vai contra as declarações do representante dos 19 indivíduos: de acordo com Francis Tin, o grupo não recebeu qualquer resposta por parte da direcção desde o envio da carta aberta. “Tudo o que [o clube] disse é mentira”, disse Tin. E este não é o único que está insatisfeito. Também um outro membro, que pre-feriu ficar no anonimato, mencionou um recente caso em que o tecto de um dos estábulos desabou, ferindo um cavalo.

11 sociedadehoje macau segunda-feira 29.6.2015

Infecção colectiva no EPM é H3N2O recente caso de gripe colectiva no Estabelecimento Prisional de Macau (EPM) deu resultados positivos para a estirpe H3N2, revelam os Serviços de Saúde (SS). A situação, que envolveu 12 presos - seis mulheres e seis homens -, com idades compreendidas entre os 21 e os 69 anos, estendeu-se agora a mais reclusos, passando para 83 o número de prisioneiros com sintomas de gripe que estão internados na prisão e foram submetidos a tratamento. Não houve registo de casos com complicações graves, dizem os SS, sendo que, apesar dos sintomas de febre e tosse, a maioria dos casos é ligeiro.

Depois da polémica por causa do estado de saúde do cavalo que mais dinheiro fez na história do Jockey Clube de Macau, o espaço é agora acusado de má gestão e de descurar as instalações

“Não é a primeira vez que cai um pedaço de tecto. Já aconteceu muitas vezes e foi uma sorte ne-nhum cavalo ter sido atingido”, atirou. Neste caso, foi The Alfonso quem sofreu, tendo sido tratado a um corte. O animal, que venceu já várias corridas e venceu 1,3 mi-lhões de dólares de Hong Kong no Derby de Macau desta temporada, é co-propriedade de Eric Lung. O dono de The Alfonso receia agora que a performance do animal na pista seja prejudicada.

gcs

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À venda na Livraria Portuguesa Rua de S. domingoS 16-18 • Tel: +853 28566442 | 28515915 • Fax: +853 28378014 • [email protected]

mam

12 hoje macau segunda-feira 29.6.2015eventos

O Museu de Arte de Macau enche Julho e Agosto de actividades semanais relacionadas com a arte e que exploram técnicas de arquitectura, de bordar, de criar instalações multimédia, de pintar e até mesmo de fazer bules de argila. As vagas são limitadas

MAM Série de actividadeS para miúdoS e graúdoS começa em Julho

Do residente se fez artistao Museu de Arte

de Macau (MAM) apresenta uma sé-rie de cursos e

workshops de Verão focados na Arte e embora a maioria se destine a adultos, há também espaço para as crianças. Da pintura à fotografia e passando pela arquitectura e plataformas multimédia, o MAM quer dar a oportunidade aos residentes de mostrarem o seu lado mais talentoso, com sessões de aprendizagem que vão até final do Verão.

Para as crianças, exis-tem dois cursos distintos: o primeiro é um workshop de “figuras maravilhosas” e

o segundo ensina a pintura com toalha papel. “Neste workshop, pais e filhos irão pintar em lenços de papel com tintas acrílicas. Para além disso terão ainda oportuni-dade de criar padrões e com eles através da repetição criar grande painéis em mosaicos”, refere o MAM.

A iniciativa, que tem lugar todos os domingos, até inícios de Agosto, custa 200 patacas e destina-se a crianças até aos 12 anos de idade, tendo como professor Dennis Murrell. Para os adolescentes, o MAM oferece um curso de encader-nação de livros, embora seja leccionado em Cantonês. este

tem início a 13 do próximo mês e prolonga-se até 5 de Agosto, com Bonnie Leong como tutora.

“Os alunos irão aprender as diferentes técnicas de en-cadernação e também a tingir papel e a imprimir padrões, obtendo assim livros de formato peculiar a partir de materiais variados”, explica a organização.

Para adultos há dez cur-sos disponíveis, mas apenas três deles são em língua in-glesa, pelo que os restantes acontecem em Cantonês ou Mandarim. No entanto e em-bora a língua seja a principal ferramenta de comunicação, é

a arte que aqui importa. Além de workshops de pintura como são o de Caligrafia Ocidental, de Pintura de sacos Peque-nos ou Pintura de Acrílico e Caixas de Ovos, há espaço para um curso de Fotografia em Relevo, de Desenho dos Templos de Macau e Apre-ciação Arquitectónica e de Introdução à Arte em Vídeo e Instalação.

A maioria destas ac-tividades requer que os participantes levem os seus próprios materiais, pelo que as informações estão dispo-níveis no website oficial do MAM. A 13 de Julho estreia o curso sobre Bules de Areia

Sands Mais de 400 funcionários inscritosem estágios

A sands criou, em Maio passado, um progra-

ma de voluntariado para funcionários da empresa e já mais de mil mostraram interesse em participar. A participar encontram-se já quase 400 pessoas. A iniciativa tem a particulari-dade de se focar no sector de departamentos não--Jogo durante seis meses, como forma de incentivar os trabalhadores a ganhar interesse pela diversificação da economia. O Programa de Desenvolvimento de Carreiras em Resort ajuda as pessoas a ganhar expe-riência em várias áreas e teve início no passado dia 15, incluindo áreas como recreação, limpeza, servi-ço de clientes, recepção, áreas públicas, concierge e comércio. Cerca de 60 fun-cionários cumprem funções na área de entretenimento, enquanto outros cem vão começar no departamento de comidas e bebidas já no final deste mês. A segunda fase do programa arranca no início de Julho e abre vagas de estágio para os departamentos de Finanças, Convenções e exposições, Instalações, Tecnologia de Informação, entre outras. A iniciativa foi gerada pela Academia sands China, uma plataforma da empre-sa-mãe que se especializa na formação e treino dos seus profissionais. “estamos muito contentes por ver que os membros da nossa equipa abraçaram este programa de desenvolvimento de carreiras bastante valioso”, disse Antonio Ramirez, vice-presidente de Recursos Humanos da sands China. O mesmo responsável adiantou que se trata de uma oportunidade para estes funcionários serem pro-movidos, tanto horizontal como verticalmente.

a vida paSSou poR aqui • luís FranciscoQue relação poderá existir entre um motorista de táxi à beira da reforma, um toxicodependente que rouba carteiras, um arquitecto com mão leve, uma solteirona apostada em fazer o bem ou uma rapariga que disse aos pais que andava na faculdade e, afinal, vive à custa de um homem casado? Numa história com uma construção extremamente original, em que desfilam figuras muito diferentes, mas todas inesquecíveis, A Vida Passou por Aqui é uma espécie de confirmação da teoria do efeito borboleta: porque, na teia que é a vida, sempre que alguém puxa um fio, mesmo sem se dar conta, acaba por embaraçar, mais do que gostaria, as vidas alheias…

JonaS Savimbi – no lado eRRado da HiSTóRia • emídio FernandoBiografia de savimbi no momento em que se assinalam dez anos da sua morte. «Jonas Malheiro savimbi, aos 32 anos, atingia a sua grande e almejada glória ao ser eleito, por unanimidade e aclamação, presidente de uma nova organização política, precisamente na mesma região onde viria a ser abatido 36 anos depois. Mais tarde, assumia que a ideia, de criar um novo movimento, nascera em Champaix, uma vila na suíça, em conversas com Tony da Costa Fernandes e cujos estatutos começaram a ser redigidos por ambos.»

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13 eventoshoje macau segunda-feira 29.6.2015

Q uem disse que o teatro é só para os mais crescidos, de-

sengane-se. O Centro Cultural de macau (CCm) quer provar isso mesmo e estende, de 23 a 26 de Julho, o evento “O Céu Aqui Tão Alto”, dedicado especialmente a bebés e “ga-tinhantes” até aos 12 meses.

A actividade vai permi-tir aos bebés ficar à solta num mundo de almofadas, balões e luzes suaves, diz a organização, concebido especialmente para satisfazer os sentidos.

“Ansiosos por descobrir uma miríade de formas, cores, sombras e cheiros, os nossos tesourinhos estarão livres para explorar uma at-mosfera sonora e visual em movimento”, indica o CCm.

A ideia é fazer com que pais e crianças partilhem uma experiência mútua, com “O Céu Aqui Tão Alto” a proporcionar uma aventura imersiva, “criada para ser a primeira experiência perfor-mativa do seu bebé”. uma sessão de teatro, “especial-mente concebida para apa-ziguar a curiosidade natural dos bebés”.

Com estreia no Festival de melbourne em 2012, o espec-táculo é uma peça contempo-rânea e uma experiência de arte participativa para pequenos bebés e famílias. A peça é levada ao palco pelo Teatro Polyglot, uma companhia australiana que tem utilizado ideias simples e abordagens arrojadas para conceber este tipo de actividades.

“Os pais e as mães vão-se divertir a valer e talvez até se

A exposição de Franquia de ma-cau (mFe) 2015 tem lugar de 3 a 5 de Julho, com uma série

de sessões dedicadas ao empreendedo-rismo jovem e fruição de Pme locais. Para o efeito, serão convidadas a falar das suas experiências a macao Inter-national Brand enterprise Commercial Association e a marca de restauração Délifrance.

O primeiro dia vai dedicar-se à partilha de experiências, sessões de consultoria empresarial e workshops de marketing. Há ainda espaço para a apresentação de produtos nipónicos

da Prefeitura de Oita neste dia que dura das 10h00 às 20h30, com direito a um jantar de gala de comemoração da inauguração.

A mFe realiza-se, uma vez mais, no hotel Venetian e o segundo dia começa com uma bolsa de contactos, a que a organização chama de “cor-respondência de negócios”, onde os investidores e os criadores de ideias, produtos ou empresas se juntam para passar à prática.

A partir das 14h30, a Associação Coreana de Franchise vai dedicar-se à apresentação de marcas daquele

país. Segue-se uma conferência sobre partilha de experiências sobre em-preendedorismo jovem na zona das quatro regiões do estreito, organizada pela Federação Chinesa Jovem da Indústria e do Comércio de macau. O terceiro e último dia acaba às 17h00 e concentra-se na realização de semi-nários e workshops e apresentação de produtos. Além das várias actividades pensadas, haverá ainda, tal como em anos anteriores, expositores de mais de cem marcas internacionais, com ênfase para as asiáticas. A entrada é livre. L.S.M.

CCM TeaTro para bebés Convida pais e pequeninos para experiênCia MúTua

Quando a vida é mesmo um palco

MFe 2015 Feira de pMe e eMpreendedorisMo volTa eM Julho

marcas e produtos invadem RAem

revejam quando eram ainda pequeninos, a preparar-se para a vida”, explica o CCm.

O espaço onde decorre o espectáculo inclui uma zona de interacção para os bebés

e de quem cuida deles, com lugares de observadores montados especialmente para outros membros da família. Os bilhetes para as crianças custam 250 patacas,

sendo que os pais pagam 60 como observadores. Os horários ainda não estão disponíveis, sendo que po-dem ser consultados no site do CCm.

MaM Série de actividadeS para miúdoS e graúdoS começa em Julho

do residente se fez artistaPúrpura, que o museu diz serem tipicamente chineses. Os alunos poderão, depois de aprenderem as técnicas tradi-cionais, fazer o seu próprio bule, com recursos a argila de cor púrpura. A Arte do Bordado Criativo acontece às quintas-feiras, a partir de 16 de Julho e é dado em Inglês.

estes workshops custam entre 200 e 550 patacas, dependendo da mestria, do tema, do tutor e da dificul-dade do workshop. estas informações podem ser igualmente consultadas no website do mAm.

Leonor Sá Machado [email protected]

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14 publicidade hoje macau segunda-feira 29.6.2015

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Medidas mais duras para quem comprar crianças sequestradasA China vai endurecer a legislação sobre a compra de crianças sequestradas, para combater o crescendo do tráfico de crianças no país anunciou a imprensa oficial. O China Daily noticia a apresentação da nova legislação na quarta-feira e refere que mais de 13 mil crianças foram resgatadas pela polícia no ano passado. A nova legislação, presentada na quarta-feira à Assembleia Nacional Popular, prevê penas pesadas para o crime de tráfico de crianças, incluindo a pena de morte para certos casos, mas ressalvando que em casos onde “não tenha existido abuso das crianças ou obstrução aos esforços para resgatá-las”, estes possam ficar isentos de processos-crime. Na China comprar crianças provenientes do tráfico infantil, “não constitui qualquer incumprimento da lei”, daí o florescimento do tráfico, declarou à imprensa Feng Jianlin, pai de uma menina raptada em 2008, com nove anos de idade, na província de Shanxi.

EUA são “um país assombrado pela violência”, acusa governo chinês

O primeiro-ministro chi- nês, Li Keqiang, vai encontrar-se hoje, segunda-feira, com os

novos líderes europeus, pela primeira vez, numa reunião vista em Pequim como uma oportunidade para “injec-tar novo dinamismo” nas relações políticas e económicas bilaterais.

É a primeira cimeira UE/China desde que Jean-Claude Juncker assumiu a presidência da Comissão Europeia, sucedendo ao português José Manuel Barroso, e o ex-pri-meiro-ministro polaco Donald Tusk sucedeu a Herman van Rompuy no cargo de presidente do Conselho Europeu, no final do ano passado.

“O objectivo é ampliar a confian-ça política mútua e elevar a coope-ração pratica”, disse o vice-ministro chinês dos Negócios Estrangeiros com o pelouro das relações com a Europa, Wang Chao. O governante falava em Pequim num encontro com jornalistas a propósito da próxima cimeira anual União Europeia-China, a 17.ª, que decorrerá no dia 29, em Bruxelas.

Durante a reunião de Li Ke-qiang com Juncker e Tusk serão debatidas “novas abordagens” da cooperação bilateral e assinada uma declaração conjunta sobre alterações climáticas, adiantou Wang Chao. A cimeira “permitirá dar um passo em frente nas nossas relações”, acrescentou Wang.

Em 2014, pelo 11.º ano con-secutivo, a União Europeia foi o maior parceiro comercial da China, com um volume médio de tran-sacções superior a mais de 1.000 milhões de euros por dia.

Contas em diaPelas contas da União Europeia, as exportações de mercadorias

A China contra-atacou ontem a administração norte-

-americana acerca dos direitos humanos, descrevendo os Estados Unidos como um país “assombrado pela proliferação de armas e frequentes crimes violentos”.

“Os Estados Unidos, um autoproclamado defensor dos direitos humanos, não co-nheceram qualquer melhoria quanto às questões dos direi-tos humanos, mas registaram numerosos novos problemas”, afirmou o governo chinês num “Relatório sobre os Direitos Humanos nos Estados Unidos em 2014”.

Grécia Defendidapermanênciana Zona Euro

A China defendeu ontem a continuação da Grécia na

zona euro e mostrou-se disponí-vel para “contribuir juntamente com outros” para ajudar a re-solver a crise da dívida grega. A China apoia “uma União Europeia forte, estável e unida” e “quer ver a Grécia permanecer na União Europeia e na zona euro”, disse o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros chinês com o pelouro das relações com a União Europeia, Wang Chao.

Num encontro com jornalistas a propósito da próxima cimeira UE/China, marcada para segun-da-feira em Bruxelas, Wang Chao indicou que Pequim “tem seguido atentamente” as negociações na zona euro em torno da Grécia. A fase actual - disse - “é crucial para a Grécia resolver a sua crise da dívida”. Questionado sobre uma eventual contribuição chinesa para ajudar a resolver a crise, Wang Chao respondeu: “Estamos confiantes e, pela nossa parte, queremos contribuir (para uma solução), juntamente com outros”.

Segunda economia mundial, com as maiores reservas cam-biais do planeta, a China é tam-bém considerada um importante parceiro económico da Grécia.

Uma grande empresa estatal chinesa explora dois terminais do porto do Pireu, nos arredores de Atenas, e é candidata à compra de 67% do capital da autoridade portuária local. A negociação foi interrompida, quando da eleição do Syriza.

Cimeira Ue-China Pequim quer “iNJeCtAr NOvO DiNAmiSmO” NAS relAçõeS

Os yuans do nosso contentamento

dos “28” para a China somaram 164.700 milhões de euros, menos 137.800 milhões de euros do que a China exportou para os países da União Europeia. Na área dos serviços, em 2013, o volume total atingiu 49.900 milhões de euros, com um saldo de 8.100 milhões de euros favorável à União Europeia.

Entre os 28 países que formam a União Europeia, apenas dois con-seguem que a balança comercial

com a China pese a seu favor: a Alemanha e a Finlândia. De acordo com os dados do Eurostat, a balan-ça comercial de bens foi negativa para a Europa no ano passado em 137.718 milhões de euros, o que denota bem a capacidade exporta-dora da China.

No entanto, na Europa cada caso é um caso e a Alemanha conseguiu ter um saldo positivo bastante expressivo, de 14.115 milhões de

euros. A Finlândia foi a outra excep-ção à regra, com a balança a pender a seu favor em 708 milhões. Em sentido contrário esteve a Holanda, com um défice comercial de 48.839 milhões de euros.

No caso de Portugal, o valor é negativo em 758 milhões de euros e, mesmo com a subida das exportações para a China, o défice comercial agravou-se em 45 milhões face a 2013.

Além das questões comerciais entre as duas regiões, e que têm sofrido vários atritos devido a acu-sações de dumping (venda abaixo do preço de custo) de produtos chineses e ameaças de embargos ou de impo-sição de tarifas, há ainda a questão dos investimentos directos. A China, que beneficia da ausência de uma estratégia colectiva a nível europeu, tem intensificado a compra de activos onde pode, tirando partido da falta de liquidez e de disputa interna por financiamento.

Ao mesmo tempo, as empresas europeias defrontam-se com muito mais dificuldades do que as chine-sas quando se trata de investir nos mercados em causa. Em 2014, de acordo com os dados do Eurostat, o investimento directo chinês (IDE) na UE passou o valor aplicado pela Europa na China: 12.098 milhões (mais do dobro do montante de 2013) e 9139 milhões de euros, respectivamente. Em termos de dimensão das economias, Portugal foi o país europeu com mais peso de IDE chinês no ano passado.

Além de participar na Cimeira, o primeiro-ministro chinês visitará oficialmente a Bélgica e a Franca, e a sede da OCDE (Organização para a Cooperação Económica e Desen-volvimento, em Paris, regressando a Pequim no dia 3 de Julho.

O documento chinês é uma resposta ao relatório anual do Departamento de Estado norte--americano sobre os direitos humanos no mundo, divulgado na véspera em Washington.

Citando estatísticas do FBI, o relatório chinês salienta que em 2013, registaram-se nos Estados Unidos mais de um

melhorar a sua própria situação neste domínio, que é terrível”, acusa o governo chinês. Se-gundo a China, “os Estados Unidos são um país com graves problemas de discriminação racial e contínuas discrimina-ções institucionais contra as minorias étnicas”.

“Milhões de crianças norte--americanas não têm casa” e “três crianças morrem em média por dia devido a abusos”, afirma o relatório chinês.

A China acusa também os Estados Unidos, e em particular a Central Intelligence Agency (CIA), de “usarem indiscrimi-nadamente torturas cruéis”.

15chinahoje macau segunda-feira 29.6.2015

milhão de crimes violentos (exactamente 1.163.146), entre os quais 14.196 homicídios, 79.770 violações e 345.031 assaltos.

“Os Estados Unidos fazem comentários acerca dos direitos humanos em muitos países, mas não mostram o mínimo de remorso ou a intenção de

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hoje macau segunda-feira 29.6.2015

“A Música é um direito, mas apenas para quem a merece!” Arturo Benedetti Michelangeli

H á pouco mais de 20 anos, no dia 12 de Junho de 1995, o mundo da música e do piano em particular perdeu

um dos seus mais elevados expoentes, o pianista italiano Arturo Benedetti Miche-langeli.

Aclamado por muitos críticos e músicos como um dos supremos ar-tistas do teclado do seu tempo, Mi-chelangeli era uma figura misteriosa que protegia zelosamente a sua vida privada. Os críticos dividiam-se so-bre o seu trabalho, mas o único as-pecto indisputável da sua arte era o

Nos 20 ANos DA MoRTE DE ARTURo BENEDETTI MICHELANGELI

seu comando técnico supremo. Era um homem bem constituído cujos longos braços e mãos grandes esta-vam tanto à vontade a segurar o vo-lante do seu Ferrari (foi três vezes concorrente na famosa corrida Mille Miglia) como a domesticar o teclado do seu Steinway de concerto que in-sistia em levar consigo em digressão.

Nascido em Brescia no dia 5 de Ja-neiro de 1920, Arturo Benedetti Miche-langeli começou a estudar música aos três anos de idade com o seu pai. Aos 10 anos, entrou para o Conservatório de Milão. Em 1938, aos 18 anos, inicia a sua carreira internacional ao partici-par no Festival Internacional Isaÿe em Bruxelas, no qual obtém o sétimo lugar e do qual foi vencedor o célebre pia-nista russo Emil Gilels. Um ano depois,

alcança o primeiro lugar na primeira edição do Concurso Internacional de Execução Musical de Genebra (piano), no qual foi aclamado como “um novo Liszt” pelo pianista Alfred Cortot, pre-sidente do júri, do qual fazia também parte o pianista Ignacy Paderewski, que viria a apoiar Michelangeli no iní-cio da sua carreira.

Durante a II Guerra Mundial, Mi-chelangeli serviu como piloto na For-ça Aérea Italiana, sendo capturado pelos alemães para o final da guerra, que, declarou mais tarde, lhe vergas-taram as mãos e braços quando desco-briram que era pianista. Após a guer-ra, ensinou no Conservatório Martini em Bolonha e o ensino permaneceria uma parte essencial do seu trabalho. Em 1949, foi escolhido como pianis-

Era conhEcido também pEla sua hipocondria, pElas suas supErstiçõEs E por passar as noitEs intEiras acordado, Estudando piano

o liszt do século XX

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17 artes, letras e ideiashoje macau segunda-feira 29.6.2015

Michel Reis

ta oficial dos eventos comemorativos dos 100 anos da morte de Chopin que tiveram lugar em Varsóvia.

Mais tarde, tornou-se conhecido pelo seu ensino pouco convencional e lendário, nas suas famosas Academias Internacionais que leccionava no seu belo castelo em Eppan, Schloss Pas-chbach, no Tirol do sul, em Itália. Os seus melhores alunos eram convidados a frequentar estas academias gratuita-mente, mas segundo as regras e horá-rios restritos de Michelangeli. Dois alunos que reverenciaram o seu traba-lho foram Maurizio Pollini e Martha Argerich.

A actual Academia de Piano Eppan foi inspirada na tradição das famosas master classes realizadas por Miche-langeli em Eppan, nos anos 50. Nesse período ensinava no Conservatório em Bolzano mas vivia em Eppan, no referido castelo, onde ainda é possível admirar o seu piano. A sua generosida-de para com os jovens artistas era mui-to conhecida. A Academia de Piano Eppan segue esta tradição. Seis jovens pianistas são convidados para uma mas-ter class exclusiva e a dar aí concertos ao serão. Um dos participantes recebe o Prémio Arturo Benedetti Michelan-geli (no valor de €5.000) atribuído pela Cidade de Eppan.

O seu repertório era inegavelmen-te curto para um pianista de concerto de tal estatura pois ele reduziu-o gra-dualmente para se concentrar em obras específicas. Mas os críticos elogiavam a sua claridade, o seu tom luxuriante e palete de cores e sombras. O seu estilo interpretativo era difícil de etiquetar. Tocava com tremenda liberdade e in-dividualidade, mas o seu ponto de vista basicamente romântico era conjugado com uma abordagem intelectual fria que podia ser severa.

Devido ao seu perfeccionismo ob-sessivo de Michelangeli, relativamente poucas gravações foram lançadas ofi-cialmente durante a sua vida, mas estas são aumentadas por numerosas grava-ções não autorizadas de actuações ao vivo. Destaques das suas gravações dis-cográficas incluem as interpretações ao vivo em Londres de Gaspard de la nuit de Ravel, das Mazurkas e da Sonata No 2 de Chopin, do Carnaval, op. 9 e de Faschingsschwank aus Wien, Op. 26 de Schumann assim como várias gra-vações do Concerto para Piano No 5 de Beethoven, do Concerto para Pia-no No 1 e de Totentanz de Liszt e dos concertos para piano de Robert Schu-mann e Edvard Grieg. Além disso, a sua interpretação do Concerto para Piano em Sol Maior de Ravel e de Gaspard de la nuit estabeleceram uma norma para estas obras. A sua leitura do Concer-

to para Piano No 4 de Rachmaninoff é comparável à do próprio compositor. As suas gravações de Debussy para a DG representam um ponto de refe-rência. Deve-se-lhe também a redes-coberta de algumas obras do compo-sitor catalão Federico Mompou. Como compositor, Benedetti Michelangeli ar-ranjou 19 canções italianas a cappella para o coro masculino SAT de Trento.

No dia 20 de Setembro de 1943, Benedetti Michelangeli casou com a pianista Giulia Linda Guidetti, aluna de piano do seu pai e de quem se viria a se-parar em 1970. Giulia foi, no entanto, uma valiosa conselheira e secretária de Michelangeli. Viveu tranquilamente na sua casa em Bornato, perto de Brescia, ou em Bolzano ou Arezzo, e aparecia tão raramente em público com o seu marido que quase ninguém sabia que eram casados. A partir de 1970, a se-cretária de Michelangeli, e mais tarde sua agente e companheira, Marie-José Gros-Dubois, vinte anos mais nova que o pianista, permaneceria fielmente a seu lado, organizando os seus concer-tos e compromissos e tomando conta das suas finanças.

Conhecido pelo perfeccionismo, seriedade de estilo e obsessão por um piano impecavelmente regulado e afi-nado, Michelangeli foi um pianista de muitos recitais cancelados à última da hora, para desespero dos seus mana-gers, e que reputadamente não gostava de dar concertos. Era um conhecedor da mecânica do piano e insistia que os seus instrumentos de concerto estives-sem em perfeitas condições. Este artista inigualável destacou-se principalmente como grande intérprete de Debus-sy e Ravel; e em Beethoven, Chopin, Schumann e Brahms soube igualmente mostrar o seu imenso talento.. O seu último recital, com um programa intei-ramente dedicado a Debussy, realizou--se em Hamburgo, no dia 7 de Maio de 1993. Arturo Benedetti Michelangeli faleceu em Lugano, no dia 12 de Junho de 1995, na sequência de uma crise car-díaca e encontra-se sepultado em Pura.

pub

O seu repertóriO era inegavelmente curtO para um pianista de cOncertO de tal estatura pOis ele reduziu-O gradualmente para se cOncentrar em Obras específicas

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ShitaoPropósitos Sobre a Pintura do Monge Abóbora Amarga

hoje macau segunda-feira 29.6.2015

1 Han Zhuo, um obscuro funcionário militar no reinado do imperador Song, Huizong (1101-1126) escreveu um tratado sobre a paisagem que continha um capítulo sobre florestas e árvores, em que analisava o carácter de diferentes árvores, o que Shitao segue numa única frase, acrescentando o zimbro.

2 O poeta Wang Shizhen faz num poema o elogio do pintor Mei Qing (de sobrenome Qushan), contemporâneo e amigo de Shitao, que era capaz de aplicar a mesma técnica para pintar as árvores e os rochedos (nota de Zhu Jihai no «Shitao Hua Pu», Xangai, 1962).

3 Usados os caracteres «la» que significa «picante, áspero, rude» e «sheng», «cru, rude, bruto, tosco». Conceito frequentemente utilizado em estética. Está associado a «zhuo», «primitivo», por oposição a «shou», «maduro, cozido»; e por extensão «hábil, de grande destreza»; ele mesmo associado a «gong», «elaborado». No desenvolvimento de um artista distinguem-se três graus sucessivos: no início do seu trabalho é «cru, rude, primitivo» (sheng); pela prática torna-se «maduro, hábil»

(shou); no pico do domínio da sua arte ele já pode esquecer essa mestria e volta a ser capaz de espontaneidade rude e primitiva (sheng). Há pois que distinguir uma «crueza» original ligada a incapacidade, inferior a «habilidade» e uma crueza que só resulta depois do domínio da habilidade; é a esta segunda que Shitao aqui alude. Tang Zhiqi, no fim dos Ming escreveu: «Demasiada habilidade conduz à vulgaridade; também não deve haver demasiada crueza, demasiada crueza é repulsiva; mas a crueza reencontrada à força de habilidade, eis o que é maravilhoso!» (in Hualun Congkan p.142). A mesma ideia pode corresponder à célebre boutade de Picasso: «Aos dezasseis anos já desenhava como Rafael (a habilidade «shou»); foram precisos cinquenta anos para reaprender a desenhar como uma criança» (a crueza reencontrada à força de habilidade).

4 A ambiguidade da frase permite duas leituras: «é assim mesmo, e é inútil dizê-lo», ou então, pelo contrário, «é indizível» ou ainda «é um segredo» (revelo aqui o que normalmente não digo).

Capítulo XIIFlorestas e Árvores

Quando os Antigos pintavam as árvores, eles representavam-nas por grupos de três, cinco ou dez, retratando-as sob todos os seus aspectos, cada um segundo o seu carác-ter próprio, e misturando as suas silhuetas irregulares num conjunto vivo no seu mais alto ponto.O meu método para pintar os pinheiros, os cedros, as velhas acácias e os velhos zim-bros é de os agrupar por exemplo por três ou cinco, combinando as suas atitudes: algu-mas revestem-se de um entusiasmo heróico e guerreiro, algumas baixam a cabeça, outras reerguem-na, ora amontoadas sobre si pró-prias, ora provocadoramente bem direitas, ondulantes ou equilibradas.1

Ora firme, ora flexível, o trabalho do pincel e do pulso, no seu conjunto, segue o mesmo método que para pintar os rochedos.2 Que se segure o pincel com quatro, cinco ou três dedos, todos se devem submeter às circun-valações do pulso que, ele mesmo avança ou se retira ao nível do antebraço, o todo estan-do coordenado em uníssono de uma única e mesma força. Nos locais onde o movimen-to do pincel é o mais apoiado, é necessário pelo contrário voar com a mão erguida por sobre o papel, eliminando toda a violência; e assim, nas partes densas como nas partes fluidas, tudo será igualmente imaterial e ani-mado, vazio e maravilhoso.Para as grandes montanhas, é o mesmo mé-todo e tudo o resto é supérfluo. É preciso, numa aspereza rude3, procurar uma imagem fragmentária; mas isto não se pode exprimir com palavras4.

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19 artes, letras e ideias

Paulo Maia e CarMotradução e ilustração

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Liga de eLite Marco Meireles, centro-caMpista do Benfica de Macau

“a equipa sempre trabalhou para alcançar o título”Quem é o Marco Meireles?Sou uma pessoa simples, divertida também e amigo do seu amigo. Sou, ao fim ao cabo, uma pessoa diferente. Não tenho medo da opi-nião dos outros. Por norma, faço o que quero e assumo. Contudo, se a opinião dos outros for para ajudar, considero.

As andanças do futebol começa-ram quando?Quando tinha seis anos comecei a jogar futsal. Joguei no ABCD na Amadora. Depois, aos 14 anos, tentei ingressar no futebol de 11 e bati à porta do Real Massamá e eles gostaram de mim. Só que fizemos um jogo treino contra o CAC da Pontinha e, como era iniciado e o CAC jogava o Cam-peonato nacional, optei por ir para a Pontinha. Fiquei lá dois anos e fui para o FC Porto. Numa daquelas observações que acontecem, os dirigentes portistas gostaram de mim e mudei-me para o norte onde fiquei também dois anos. Aos 18 anos, a concorrência era muito forte e tanto eu como o clube optámos que um empréstimo seria bom e acabei por ir para o Nacional da Madeira, onde fiz época de júnior de primeiro ano. Gostei muito da Madeira e adaptei-me bem. Aliás, até foi lá que conheci a minha esposa e onde nasceu o meu filho. Depois, voltei ao FC Porto e ainda fiz um torneio na Malásia. Mas, por essa altura, o Nacional volta a contactar-me e oferece um con-trato profissional com opção para os seniores. Voltei à Madeira. Nos juniores de último ano, parti o pé e fiquei de fora cinco meses. Com essa contrariedade, o treinador dos seniores, Jokanovic, decidiu emprestar-me ao Machico, do Campeonato Nacional de Seniores onde acabei por ficar três épocas.Ainda passei pelo Aljustrelense e voltei à Madeira para representar o Ribeira Brava.

Portanto, um percurso baseado na Madeira?Sim, gosto muito da ilha, das pes-soas e tenho lá a família. A seguir ao Ribeira Brava, onde fiz uma boa época, optei por emigrar para a Finlândia, para jogar na II Liga. O clube que representei foi o Sporting Kristina e a aventura correu bem, apesar do frio. As condições lá são muito boas e o futebol, apesar de físico, e muito rápido. Estávamos em 2013 e fiz o campeonato todo, que dura cerca de seis meses. De-pois disso, recebi um contacto do

Brasil para ir jogar para o Grémio Barueri, treinado pelo português Paulo Fernando, uma equipa com bastantes pergaminhos mas que naquela altura estava na Série D.

Grémio Barueri, que já esteve na Série A do Brasileirão, inclusive.Exactamente. Contudo, essa ex-periência apesar de interessante não foi fácil. O Brasil tem muitos jogadores [risos]. A equipa, no primeiro treino, tinha mais de 35 jogadores. Então médios eram muitos e, tanto eu como o meu colega [Filipe Aguiar] que foi comigo, estávamos apreensivos. Como havia muitos jogadores na minha posição, acabei por jogar a lateral-direito. Não fiz muitos jogos e, por isso, fiquei cinco meses.

Foi nessa altura que surgiu Macau?Quando estava no Brasil já tinha conversado com o mister Bruno [Álvares], através do meu empre-sário, que me disse que o Benfica de Macau estava a precisar de jogadores para a época que iria começar. O mister foi uma pessoa muito importante em todo este processo, desde a negociação até à minha adaptação. Estou eternamente agradecido a ele. É que, para quem não sabe, é com-plicado gerir uma equipa com diversos estrangeiros e, jogando uns, jogando outros, penso que ele geriu com mestria os jogadores estrangeiros. Bem ou mal, eles fez as suas escolhas e penso que fez bem.

Quer dizer então que há uma porta aberta para continuar em Macau ou existem outras possibilidades?Penso que cumpri com o que me foi pedido nesta minha primeira época em Macau. As pessoas, julgo que, gostam de mim e do meu trabalho. Penso que a porta está e fica aberta. Claro que, como profissionais de futebol, queremos sempre mais. Houve algumas abordagens de Portugal nos últimos tempos mas para regressar só mesmo para uma equipa profissional e a II Liga é o mínimo dos mínimos. Mas para já, não há nada formal. Quando houver um convite directo, poderei falar disso. Contudo, ainda estou a competir aqui por causa da Taça de Macau e, a seguir, vem a Liga Asiática, algo também muito inte-ressante. É como lhe digo, temos de ver bem o futuro e as oportunidades que surgirem, mas claro, não fecho

20 desporto hoje macau segunda-feira 29.6.2015

DADOS PESSOAIS

CLUBES POR ONDE PASSOU

2015 Benfica de Macau (MAC)

2014 Grêmio Barueri (BRA)

2013 Sporting Kristina (FIN)

2012/13 Ribeira Brava (POR)

2011/12 Aljustrelense (POR)

2010/11 Machico (POR)

2009/10 Machico (POR)

2008/09 Machico (POR)

2007/08 Nacional (POR)

2006/07 FC Porto (POR)

2005/06 FC Porto (POR)

2004/05 CAC Pontinha (POR)

NOME: Marco António Meireles Rios

DATA DE NASCIMENTO: 04-12-1989 (25 ANOS)

NACIONALIDADE: Portugal

ALTURA: 175 cm

PESO: 70 kg

POSIÇÃO: Médio-centro/Extremo-direito

“O mister [Bruno Álvares] foi uma pessoa muito importante em todo este processo, desde a negociação até à minha adaptação. Estou eternamente agradecido a ele”

Nascido na Amadora, Marco Meireles foi uma das boas surpresas da Liga de Elite deste ano. Evoluiu e ajudou o Benfica a sagrar-se bi-campeão. Aos 25 anos, o jogador formado no FC Porto, não fecha as portas a uma segunda época em Macau mas está com alguns convites em carteira. Desde o tempo em que começou como jogador de futsal até que, aos 14 anos, decidiu que o ringue era pequeno de mais para o seu futebol e decidiu envergar as coresdo CAC da Pontinha, Marco Meireles traçaum perfilda sua carreira

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Liga de eLite Marco Meireles, centro-caMpista do Benfica de Macau

“a equipa sempre trabalhou para alcançar o título”

as portas ao Benfica e a Macau. O meu empresário [Luís Lousa] está a tratar da minha vida.

A época está a correr bem. Como disse, ainda faltam alguns objec-tivos mas a Liga de Elite já está conquistada, apesar de alguns sobressaltos pelo caminho.Verdade. Ainda queremos con-

quistar a Taça de Macau, fazendo a dobradinha. Mas, claro, até ao momento o balanço é muito po-sitivo. A equipa sempre trabalhou para alcançar o título. Tivemos uma fase, não digo má, mas menos boa em que perdemos com o Ka I e empatámos com o Lai Chi, mas voltamos a encontrarmo-nos e, naturalmente, com alguma sorte

também, a chegar ao cimo da clas-sificação. O plantel do Benfica é muito forte. Existem diversas boas opções para as mesmas zonas do terreno. Todos nós trabalhámos, sem desistir, com o intuito de ser-mos campeões e tudo correu bem.

Já conhecia alguns dos seus co-legas de equipa?

21 desportohoje macau segunda-feira 29.6.2015

Não conhecia. Naturalmente, que o capitão Filipe Duarte, até pelo seu currículo, já tinha ouvido falar e o Luisinho das lides do Cam-peonato Nacional de Seniores, e tem o mesmo empresário que eu. Quem conhecia bem era o Pio Júnior, que jogou no Benfica em 2013, e com quem conversei algumas vezes antes de aceitar vir para Macau.

O que é que achou das condições do futebol de Macau?Fiz algum trabalho de casa e já vi-nha um pouco preparado. Natural-mente, que vendo as coisas ‘in loco’ fiquei apreensivo. Existem poucos campos e os relvados não estão com a relva toda igual. Os jogadores que vêm de fora e estão habituados a outro tipo de condições têm de saber fazer um sacrifício para que tudo corra bem. Depois, é preciso que as autoridades apostem mais no futebol. Macau tem todas as condições para, por exemplo, ter um campeonato muito mais con-ceituado do que o de Hong Kong. A Associação de Futebol de Macau tem de fazer um pouco mais. Que

“A Associação de Futebol de Macau tem de fazer um pouco mais. Que se sentem à mesa com o Governo e com o clubes e encontrem soluções para melhorar o futebol”

se sentem à mesa com o Governo e com o clubes e encontrem soluções para melhorar o futebol.

E Macau?O que posso dizer é que este é um território único no mundo. Aqui vi coisas que nunca vi. Vi carros de alta gama a andar por estas ruas. E a noite de Macau pode, de fac-to, estoirar com a carreira de um jogador de futebol que for fraco mentalmente. Quem não souber fazer as coisas com conta, peso e medida pode estragar a sua carreira. Fora isso, é uma cidade tranquila, segura. O clima é complicado, mas é secundário. Gostei muito desta experiência.

Quem é o seu ídolo?O meu ídolo é o Ricardo Quaresma. Quando cheguei ao FC Porto vi-o jogar muitas vezes. Era um regalo ver jogar e treinar um jogador tão talentoso. À minha maneira, quan-do jogo na posição dele, tento fazer coisas parecidas. Também gosto muito do Cristiano Ronaldo, que é o melhor do mundo, mas o Quaresma não teve, na minha opinião, a ajuda necessária que o Ronaldo teve.

Na eterna questão do melhor do mundo, o Marco adiantou-se e disse logo que o CR7 estava na dianteira...Sem dúvidas. Ambos são fantásti-cos mas o Ronaldo é mais completo que o Messi. Apesar do argentino ser um jogador que resolve jogos sempre que quer, o Cristiano cabe-ceia bem, é bom de esquerdo e de direito, finaliza, finta, é mais veloz, defende melhor. Com o estatuto e a qualidade destes dois grandes jogadores, será difícil aparecerem melhores no futuro. Vamos ver.

Futebol em Portugal. Que achou desta época que agora terminou?Apesar de ser portista, acho que o Benfica foi um justo vencedor porque foi a equipa mais regular, coerente. O FC Porto, com o melhor plantel da I Liga, teve um trajecto de altos e baixos.

E as novidades do defeso?Normais. Só mesmo em Portugal é que se dá tanta importância a isso. Se o Jorge Jesus treinasse o Man-chester United e fosse para o Chel-sea, ok até se podia falar comentar mas nunca com tanta polémica como sucedeu em Portugal. Em relação a casos concretos, penso que o Jorge Jesus vai melhorar e muito o futebol do Sporting. Não sei se para serem campeões, mas o Jesus têm uma cultura táctica muito boa e consegue transformar joga-dores. Vai ser engraçado ver o que irá acontecer na próxima época, até porque não vejo o Sporting como os coitadinhos. Não. O Sporting tem bons jogadores, muito novos é certo, mas com muito valor.

Gonçalo Lobo [email protected]

“Tivemos uma fase, não digo má, mas menos boa em que perdemos com o Ka I e empatámos com o Lai Chi, mas voltamos a encontrarmo-nos e, naturalmente, com alguma sorte também, a chegar ao cimo da classificação”

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tempo pouco nublado min 28 max 33 hum 60-90% • euro 8.91 baht 0.23 yuan 1.28

João Corvofonte da inveja

Aconteceu Hoje 29 de JUNHO

começa o Apartheid• A 29 de Junho de 1948, o Partido Nacional Sul-Africano ganha as eleições, usando como slogan a palavra “apartheid” (separação, em africâner). O “apartheid” foi um regime de segregação racial adoptado de 1948 a 1994 pelos sucessivos governos do Partido Nacional na África do Sul, no qual os direitos da maioria dos habitantes foram cerceados pelo governo formado pela minoria branca.A segregação racial na África do Sul teve início ainda no pe-ríodo colonial, mas o “apartheid” foi introduzido como política oficial após as eleições gerais de 1948. A nova legislação dividia os habitantes em grupos raciais (“negros”, “brancos”, “de cor” e “indianos”), segregando as áreas residenciais, muitas vezes através de remoções forçadas. A partir de finais da década de 1970, os negros foram pri-vados de sua cidadania, tornando-se legalmente cidadãos de uma das dez pátrias tribais autónomas chamadas de bantustões. Nessa altura, o governo já havia segregado a saúde, a educação e outros serviços públicos, fornecendo aos negros serviços inferiores aos dos brancos. O sistema tradicional de segregação racial trouxe ainda proibição de casamentos inter-raciais e deportações arbitrárias de negros considerados indesejáveis.O “apartheid” trouxe violência e um significativo movimento de resistência interna, bem como um longo embargo comercial contra a África do Sul. Uma série de revoltas populares e protestos causaram o banimento da oposição e a detenção de líderes anti-apartheid. Conforme a desordem se espa-lhava e se tornava mais violenta, as organizações estatais respondiam com o aumento da repressão e da violência.Reformas no regime durante a década de 1980 não conse-guiram conter a crescente oposição, e em 1990, o presidente Frederik Willem de Klerk iniciou negociações para acabar com o “apartheid” , o que culminou com a realização de eleições multirraciais e democráticas em 1994, que foram vencidas pelo Congresso Nacional Africano, sob a liderança de Nelson Mandela.Neste dia, em 2001, Kofi Annan é reeleito secretário-geral da Organização das Nações Unidas.

A artista Jillian Rose Banks – internacionalmente conhecida como Banks, simplesmente –estreia-se no mundo da música com “Goddess”, em Se-tembro do ano passado. É desde então que a cantora norte-americana tem vindo a encantar público por esse mundo fora com uma série de concertos. São Lauryn Hill e Fiona Apple que encabeçam a lista de influências da autora. De origem inglesa, cruza, de forma belíssima, sonoridades de r&b com pop e música electrónica. “Brain” e “Drowning” são dois dos êxitos deste álbuns que se aconselham para esta semana. Leonor Sá Machado

“GoddeSS”(BAnkS, 2014)

O que fazer esta semana?AmanhãAPReSeNtAçãO dO livRO“MOve__________” de KAte AO NgAN WAFundação Rui Cunha, 18h30entrada livre

iNAUgURAçãO dA exPOSiçãO “AlMAS vivAS”de KAte AO NgAN WAFundação Rui Cunha, 18h30 (até dia 4/07)entrada livre

Quarta-feiraCiClO de CiNeMA COM “tOUCh OF SiN” de JiA ZhANgCasa garden, 19h00entrada livre

diariamente exPOSiçãO “UM NOvO SéCUlO JUNtOS CONSigO” (BNU) Consulado de Portugal em Macau entrada livre

exPOSiçãO “SAUdAde” (Até 30/9)MgM Macau entrada livre

“A ARte de iMPRiMiR” (Até deZeMBRO)Centro de Ciência de Macauentrada livre

exPOSiçãO “AO RiSCO dA COR - ClAUde viAllAte FRANCK ChAleNdARd”galeria do tap Seac (até 9/08)entrada livre

exPOSiçãO “WhO CAReS” (Até 28/07)Armazém do Boi, 16h00entrada livre

exPOSiçãO “de lORieNt AO ORieNte - CidAdeS PORtUÁRiAS dA ChiNA e FRANçA NA ROtAMARítiMA dA SedA” Museu de Macau (até 30/08) entrada livre

exPOSiçãO de ARteS viSUAiS de MACAU (Até 2/8)Pintura e Caligrafia Chinesasedifício do antigo tribunal, 10h00 às 20h00entrada livre

MUSiCAl “A BelA e O MONStRO”(Até 26/6, de QUiNtA A dOMiNgO)venetian Macau Bilhetes entre as 280 a 680 patacas

exPOSiçãO “MURMúRiO dA iMPeRMANêNCiA”,PiNtURAS A óleO de ANdRé lUi ChAK KeONg (Até 27/06)Fundação Rui Cunhaentrada livre

exPOSiçãO “vAlQUíRiA”, de JOANA vASCONCelOS(Até 31 de OUtUBRO)MgM Macau, grande Praça entrada livre

C i n e m ACineteatro

Sala 1ted 2 [c]Filme de: Seth MacFarlaneCom: Mark Wahlberg, Amanda Seyfried, Morgan Freeman14.30, 16.30, 19.30 21.30

Sala 2Spl 2: a timeS for conSequenceS [c]FAlAdO eM CANtONêS/MANdARiM legeNdAdO eM ChiNêS e iNglêSFilme de: Cheang Pou-soiCom: tony Jaa, louis Koo, Simon Yam Wu Jing, Zhang Jin14.30, 16.45, 19.15

juraSSic world [b]Filme de: Colin trevorrowCom: Chris Pratt, Bryce dallas howard, irrfan Khan21.30

Sala 3

far from the madding crowd [b]Filme de: thomas vinterbergCom: Carey Mulligan, Matthias Schoenaerts, tom Sturridge14.30, 16.45, 19.15, 21.30

ted 2

U m D i S C o h o J e

22 hoje macau segunda-feira 29.6.2015(F)utilidades

A felicidade é um pau de dois bicos: a dos outros aponta ao teu coração, a tua ao coração dos outros.

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23opiniãohoje macau segunda-feira 29.6.2015

H oje vamos analisar um artigo publicado no dia 18 de junho pelo site “passiontimes.com”, de Hong Kong, em que foi revelada a intenção, por parte das autoridades locais, de construir um megaempreendimento fu-nerário na zona de Lo Wu.

De acordo com a Wikipedia, os “serviços funerários” são designados como “negócios especializados em fornecer enterros ou ou-tros tipo de soluções para o armazenamento de cadáveres, assim como a organização de velórios ou outro tipo de serviços religiosos de forma a marcar o falecimento de um indivíduo, assim como o acompanhamento dos seus familiares. Um exemplo normal deste tipo de serviços incluiria o velório do morto, acompanhado do respectivo funeral, contando ainda com a reserva de uma capela para a celebração de uma missa durante o funeral. As agências funerárias coordenam o serviço de acordo com os desejos dos fa-miliares ou amigos da pessoa falecida. Ao mesmo tempo, esta entidade trata de toda a documentação necessária, assim como de eventuais licenças e ainda outros detalhes adicionais, como por exemplo a coordenação com o cemitério ou a comunicação social, para a possível disseminação de obituários”.

De acordo com as notícias avançadas por esta mesma fonte este enorme em-preendimento funerário vai começar as suas operações em 2022. Nessa altura, deverão estar disponíveis no mínimo 200 mil jazigos para o armazenamento de cinzas, espera-se ainda que o empreendimento possa suportar 178 mil cremações por ano.

De momento, Hong Kong dispões de 6 locais distintos para cremações, assim como de 134 igrejas onde se possam realizar serviços funerários, tudo isto para albergar os 42.100 falecimentos que se registam, em média, todos os anos nesta cidade. Pode--se assim concluir que a RAeHK dispõe no presente de mais oferta do que procura nesta área.

o mesmo artigo referia ainda que, em 2012, as autoridades locais decidiram fazer uma auscultação pública justo dos morado-res de Sandy Ridge, a zona onde vai ficar localizado este empreendimento. e, apesar de nessa altura ainda haver muita gente reticente quanto ao futuro deste projecto, a maioria destes acabou por concordar na sua realização, facto este que foi comunicado ao Legislative Council no dia 9 de janeiro de 2013. Mesmo assim, foi concordado que mais discussões sobre o assunto viriam a ser agendadas.

Com a concordância dos residentes de Sandy Ridge, o governo de Hong Kong não deve vir a enfrentar nenhuma dificuldade de maior quando começar a construção deste

Como vai o megaempreendimento funerário afectar a relação entre Hong Kong e Shenzhen?

projecto funerário. Porém, outras vozes se levantaram em protesto, sendo que desta vez a maioria da posição é proveniente de Shenzhen. De acordo com Wang Rui, o representante do Comité Permanente do Congresso Municipal Popular, foi entregue uma proposta ao Governo de Shenzhen soli-citando a oposição a este desenvolvimento. As principais razões apontadas para justificar esta tomada de posse prendiam-se com o mau cheiro que os residentes de Lo Wu e Shekou teriam de enfrentar, como resultados das inúmeras cremações que iriam aí ser rea-lizadas, especialmente quando estes locais são assolados por ventos provenientes de sudoeste ou de sudeste. outro factor determi-nante tem a ver com a possível depreciação do mercado imobiliário nestas zonas, tendo em conta que ninguém gosta de ter milhares de túmulos como eventuais vizinhos.

o caso ganhou entretanto uma grande popularidade e recentemente tem sido alvo de grande discussão em fóruns da internet.

Não é de estranhar que seja o lado chi-nês a levantar objecções, pois para além das razões já apontadas, para os chineses os funerais não são vistos com bom olhos, sendo mesmo um tópico tabu para algumas pessoas. o impacto psicológico é tal que algumas famílias chinesas chegam mesmo a proibir os seus filhos de trabalharem como agentes funerários.

Até ao presente momento, as discussões e as respectivas objecções existem apenas do domínio da internet. Mas as implicações que motivaram estas tomadas de posição são vitais. A maior parte dos nossos leitores ainda se devem lembrar dos acontecimentos do dia 8 de Fevereiro do corrente ano, em que mais de 100 residentes de Hong Kong realizaram uma manifestação em Tuen Mun contra os comerciantes suspeitos de estar envolvidos na importação paralela de bens. A maioria destes compra os itens em Hong Kong para que os mesmos possam depois ser revendidos na China, o que obviamente cria uma série de problemas aos residentes da RAeHK, tais como o aumento do custo das rendas e o congestionamento do tráfego nessas localidades, além da degradação da higiene pública e a eventual escassez de bens de necessidade diária como o leite em pó e alguns medicamentos, entre muitos outros. Para resolver o problema, o “visto de visita individual” que permitiam entradas múltiplas foram mudados em Abril deste ano, tendo na altura sido substituídos por vistos que permitiam apenas uma visita por semana. estas novas medidas foram implementadas com efeito imediato, não tendo as autoridades procedido a nenhum tipo de consulta pública prévia.

os cidadãos de Shenzhen foram os mais afectados por estes desenvolvimentos, es-pecialmente porque a grande maioria de co-merciantes envolvidos neste tipo de negócio

eram provenientes da RAeHK. Ficaram na verdade bastante insatisfeitos, pois sentiam que haviam sido prejudicados pelos seus vizinhos de Hong Kong, que eram a real motivação para a nova política de imigração. Apesar de na altura não terem sido forçados a aceitar esta nova medida, temos de nos questionar sobre o seu estado de espírito, especialmente por terem permanecido tão silenciosos na altura.

Agora, com um megaempreendimento funerário destinado a ser construído em Lo Wu, na fronteira entre Hong Kong e Shenzhen, o seu descontentamento parece ser ainda mais difícil de conter, visto este projecto não trazer nenhuma vantagem para os residentes do continente. Ainda mais difí-cil é de compreender se atendermos ao facto que até alguns residentes de Hong Kong se mostraram reluctantes em aceitar esta ini-ciativa. esta nova farpa no relacionamento entre a RAeHK e Shenzhen, ainda por cima depois do escândalo relativo à importação

paralela que resultou num maior controle nas fronteiras, faz com que a harmonia entre estas duas cidades passe no futuro a assumir um papel de extrema importância para todos nós.

Nenhum de nós gosta de ver conflictos e discordância. Se usarmos uma família como exemplo, e imaginarmos uma situação em que o irmão mais velho discute com regularidade com o mais novo, podemos facilmente concluir que isto acarretaria um enorme desgosto para os pais de ambos.

Historicamente, Shenzhen tem prestado uma grande assistência a Hong Kong. Mas o esperado aumento na procura de serviços funerários no futuro torna uma recusa deste projecto praticamente impossível. Tendo em conta os desenvolvimentos recentes, talvez este seja um bom momento para os gover-nantes da RAeHK começarem a escutar com atenção os seus conterrâneos de Shenzhen. Mais ainda, o governo de Hong Kong vai ter saber como minimizar ou cancelar os eventuais inconvenientes que este projecto pode vir a trazer aos residentes de Shenzhen. Que tipo de medidas devem então ser toma-das para garantir uma resolução que possa ser vista com bons olhos pelos cidadãos de ambos os lados da fronteira? esta questão requer não só uma abordagem do ponto de vista legal, mas vai também testar o talento político e ainda as relações interpessoais dos governantes da RAeHK. Seria então uma boa ideia que os mesmos usassem a relação harmoniosa que se verifica entre Macau e Zhuhai como um exemplo a ser estudado.

macau v is to de hong kongDaviD Chan*[email protected] • http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog

Professor Associado do InstitutoPolitécnico de Macau e Conselheiro Jurídico

da Associação de Promoção do Jazz de Macau

cartoon por Stephff a mala

Falido? Não háproblema. Toma lá mais

diNheiro para que depoisNos possas pagar de volTa!!!

grécia

bce& Fmi

Para os chineses os funerais não são vistos com bom olhos, sendo mesmo um tópico tabu para algumas pessoas. O impacto psicológico é tal que algumas famílias chinesas chegam mesmo a proibir os seus filhos de trabalharem como agentes funerários

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hoje macau segunda-feira 29.6.2015pu

b

Kwan por maior transparência no CPUA deputada Kwan Tsui Hang entregou uma interpelação escrita onde pede ao Governo para publicar todos os registos das reuniões do Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU), a fim de manter o princípio da transparência e para fomentar a participação pública. Kwan Tsui Hang pede que todos os registos das reuniões do CPU sejam publicados no website do Conselho por forma a facilitar a participação dos residentes. A deputada questiona mesmo se é possível adoptar o mesmo processo que já existe em Hong Kong, onde são disponibilizadas as gravações das reuniões online. A transmissão das reuniões em directo é outra das possibilidades levantadas pela deputada. Kwan Tsui Hang considera que as opiniões dos membros do CPU são importantes não só para a elaboração do novo Plano Director como para a elaboração das Plantas de Condições Urbanísticas de cada projecto. Contudo, a deputada entende que não existem meios para o público compreender todos os processos de discussão e o real andamento das discussões. Para a deputada, tal não corresponde aos ideais de “transparência” e “participação do público”, princípios que constam na Lei do Planeamento Urbanístico.

Secretário de Estado das Finanças em Pequim O secretário de Estado português da Finanças, Manuel Rodrigues, chegou a Pequim hoje para assinar o acordo constitutivo do Banco Asiático de Investimento em Infraestruturas (BAII), a primeira instituição financeira internacional proposta pela China em 2013. A assinatura decorrerá hoje de manhã no Grande Palácio do Povo, onde o presidente chinês, Xi Jinping, irá encontrar-se com os representantes dos 57 países fundadores do novo banco. Visto inicialmente em Washington como um concorrente do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional, duas instituições sedeadas nos Estados Unidos e habitualmente lideradas por norte-americanos e europeus, o BAAI acabou por suscitar a adesão de mais de vinte países fora da Ásia, entre os quais a Alemanha, Austrália, Brasil, Espanha, França, Portugal, Reino Unido e Suíça. Das grandes economias mundiais, apenas os Estados Unidos e o Japão ficaram de fora. Manuel Rodrigues regressa a Lisboa na terça-feira de manhã.

Japão Mulher espanca marido até à morteUma japonesa de 71 anos, julgada na quinta-feira por ter espancado o marido até à morte após conhecer detalhes das traições cometidas por este, ficou livre de cumprir prisão efectiva. Durante o julgamento, a mulher disse ter sofrido uma grande frustração porque nos últimos tempos de vida em comum, o marido, de 79 anos, contara-lhe pormenores das infidelidades que cometeu em 1979, com uma mulher mais nova. “Isso era tudo o que eu não tinha necessidade de saber”, disse a mulher, citada pelo jornal. O elevado estado de tensão em que se encontrava, acrescentou, resultava também de ter tratado do marido, convalescente de uma cirurgia a um cancro no estômago, que exigia cuidados continuados. Casada desde os 20 anos, a mulher disse nunca ter cometido qualquer infidelidade embora soubesse das traições de longa data do marido, mas justificou nunca o ter confrontado para poupar os filhos a uma relação conflituosa. A morte do marido ocorreu o ano passado, dias depois de a mulher lhe ter batido repetidamente na cabeça e no rosto. Os juízes decidiram condenar a mulher a uma pena de três anos, suspensa por outros cinco, devido ao arrependimento demonstrado durante o julgamento, uma decisão vista como rara para um caso de homicídio no Japão.

CEM implementa lâmpadas LEDA Companhia de Electricidade de Macau (CEM) lançou um concurso para fornecimento de 341 postes de iluminação pública que passarão a utilizar diodos emissores de luz (LED) em detrimento das lâmpadas de vapor de sódio. Dados fornecidos à agência Lusa pelo concessionário de serviço público de produção e distribuição de electricidade indicam que o concurso prevê a entrega de postes que irão receber as luminárias LED, que serão instaladas na zona dos Novos Aterros do Porto Exterior (NAPE) até ao final do ano. A tecnologia LED permite, segundo a própria empresa, um gasto de cerca de um décimo da energia das lâmpadas convencionais, além de possuírem uma duração 40 vezes superior. Macau tem instalados nas ruas cerca de 16.600 postes de iluminação e cerca de dois mil postes - nomeadamente em zonas novas como a habitação pública em Seac Pai Van - já possuem iluminação LED. Os postes que utilizam lâmpadas de vapor de sódio serão gradualmente substituídos.

SegurançaS de caSinoS a favor daS SalaS de fumo

O tabaco ainda ardeA Macau General Federation of Security Prac-

titioners considera que a criação de salas de fumo nos casinos pode “não influenciar

a saúde dos trabalhadores nem a performance dos apostadores”, fazendo com que a rotina das ope-radoras de Jogo se mantenha de forma fluente. O mesmo colectivo espera que o Governo ausculte mais opiniões de diferentes classes do sector. Numa declaração publicada no Jornal Ou Mun, a Fe-deração apresentou opiniões e sugestões sobre a intenção do Executivo em implementar a medida de proibição total de fumo nos casinos, referindo que a maioria dos seus membros trabalha nas zonas de Jogo dos casinos e concorda com a proibição de fumar fora de salas desenhadas para esse efeito. É que, de acordo com estes funcionários, o número de trabalhadores que fumava passivamente diminuiu bastante. O sector de seguranças considera que as operadoras de Jogo já “cumpriram os regulamentos do regime com rigor e investiram avultados recursos financeiros na criação de salas de fumo, a fim de

beneficiar os clientes, operadoras e funcionários”. Assim, o sector de segurança espera que o Go-verno possa negociar outras formas de resolver o problema com as concessionárias, permitindo que estas mantenham ou criem as salas para o efeito, nomeadamente nas zonas VIP. A mesma Federação pede também que se estudem mecanismos mais actualizados de purificação do ar.

Além disso, apontou que caso todas as salas existen-tes forem encerradas, os jogadores fumadores têm que ir para o exterior do casino, o que acreditam poder vir a influenciar a performance das salas VIP. “A criação de salas de fumo é a melhor resolução para manter necessidades de cada parte”, argumentou a Federação, em declarações ao Ou Mun. De acordo com a notícia, os seguranças consideram que a existência de salas VIP beneficia tanto trabalhadores como jogadores, uma vez que permite que ambos exerçam os seus direitos a um ambiente limpo e a fumar.

Flora [email protected]

U MA explosão num parque de diversões em Taiwan, registada no sábado quan-do pó colorido lançado

sobre a multidão se incendiou, causou mais de 500 feridos, 188 dos quais em estado grave, indica um novo balanço divulgado ontem pelas autoridades locais. Até ao fecho desta edição, 516 pessoas encontravam-se no hospital.

Segundo Lee Lih-jong, vice--director dos serviços de saúde da cidade de Nova Taipé, nos arredores de Taipé, os quase 200 feridos graves estavam na manhã de ontem a receber tratamento em 37 hospitais.

Uma ‘bola de fogo’ atravessou a multidão no parque de diver-sões da Ilha Formosa, descreve a agência AFP.

Imagens difundidas nas tele-visões locais mostram participan-tes na festa a dançarem sob uma nuvem de pó multicolor, que de repente se incendeia e transforma as vítimas, a maioria em fato de banho, em tochas humanas.

“A razão pela qual as queima-duras foram tão graves é porque, além de queimaduras na pele,

Taiwan EXPLOSãO CAUSOU MAIS DE 500 FERIDOS

cuidado com as cores

houve também lesões nos órgãos respiratórios dada a elevada quan-tidade de cor em pó inalado,” disse Lee à AFP. “As próximas 24 horas vão ser críticas para os que ficaram gravemente feridos”, acrescentou.

Lee indicou que os detalhes sobre as idades das vítimas não estavam ainda disponíveis, mas

que “eles pareciam todos muito jovens, na casa dos 20 anos, ou mesmo mais novos”.

O fogo foi rapidamente extin-to, segundo as autoridades. Cerca de mil pessoas participavam no festival “Color Play Asia” no parque aquático Formosa Fun Coast, nos arredores de Taipé.