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R e v i s t a d e E s p i r i t i s m o C r i s t ã oAno 122 / Julho, 2004 / No 2.104

Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: Augusto Elias da Silva

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFederação Espírita Brasileira

Direção e RedaçãoAv. L-2 Norte – Q. 603 – Conj. F (SGAN)

70830-030 – Brasília (DF)Tel.: (61) 321-1767; Fax: (61) 322-0523

Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected]

[email protected]

Para o BrasilAssinatura anual R$ 30,00Número avulso R$ 4,00Para o ExteriorAssinatura anualSimples US$ 35,00Aérea US$ 45,00

Diretor – Nestor João Masotti; Diretor-Substituto e Edi-tor – Altivo Ferreira; Redatores – Affonso BorgesGallego Soares, Antonio Cesar Perri de Carvalho,Evandro Noleto Bezerra e Lauro de Oliveira SãoThiago; Secretária – Sônia Regina Ferreira Zaghetto;Gerente – Amaury Alves da Silva; REFORMADOR:Registro de Publicação no 121.P.209/73 (DCDPdo Departamento de Polícia Federal do Ministério daJustiça), CNPJ 33.644.857/0002-84 – I. E. 81.600.503.

Departamento Editorial e GráficoRua Souza Valente, 17

20941-040 – Rio de Janeiro (RJ) – BrasilTel.: (21) 2589-6020; Fax: (21) 2589-6838

Capa: Alessandro Figueredo

Tema da Capa: O tema deste mês ressalta a CARI-DADE como atividade-fim da Casa Espírita, cujaprática inclui o estudo e a difusão do Espiritismo.

EDITORIAL 4Atividade-fim da Casa Espírita

ENTREVISTA: EDUARDO C. MONTEIRO 11

Preservar a Memória é mais do que Cultura

ESFLORANDO O EVANGELHO 21

Administração – Emmanuel

A FEB E O ESPERANTO 25

Esperanto: entre dois mundos – Daniel Peliz

CEI – CONSELHO ESPÍRITA INTERNACIONAL 30

Atividades do CEI na Europa

PÁGINAS DA REVUE SPIRITE 33

Dualidade do homem provada pelo sonambulismo –Allan Kardec

FEB/CFN – COMISSÕES REGIONAIS 35

Reunião da Comissão Regional Sul

SEARA ESPÍRITA 42

Evangelho – Espiritismo – Juvanir Borges de Souza 5

Espiritismo – L. Esteves 7

O trigo e o joio – Richard Simonetti 8

Autenticidade mediúnica de Chico Xavier 13

A Pedagogia de Jesus – Joanna de Ângelis 14

A caridade e a vida – Camilo 16

A vida e o tempo – Jorge Matos 17

Tríplice aspecto da Doutrina Espírita e seus adeptos – 18

Jorge Leite de Oliveira

O Espiritismo é forte – Allan Kardec 20

Espiritismo em obras-primas – Kleber Halfeld 22

Em dia com o Espiritismo – I – Marta Antunes Moura 26

O que é o Espírito Santo? – Fernando A. Moreira 27

Palavras de Luz – Teresa d’Ávila 38

O perfil da produção acadêmica brasileira sobre o 39

Espiritismo – Álvaro Chrispino

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4 Reformador/Julho 2004242

Amediunidade, que permite a comunicação dos Espíritos com os homens, é uma faculdadeque muitas pessoas trazem consigo ao nascer, independentemente da religião ou da diretrizdoutrinária que adotem em suas vidas.

Presente no mundo desde o início da Humanidade, esse intercâmbio dos Espíritos com oshomens contribuiu com todos os avanços da Civilização, a despeito da incapacidade humana decompreender esse processo de comunicação, que era entendido como manifestação ou da divin-dade ou de seres de flagrante inferioridade moral.

Foi Allan Kardec que, reconhecendo nesse fenômeno um fato natural, procurou conheceras leis que o regulam, visando à sua adequada utilização em benefício dos homens. Imprimindoseriedade na conversação com os Espíritos e apresentando questões de interesse para a melhoriada Humanidade no diálogo com eles, os Espíritos sérios começaram a participar das reuniões, afas-tando os Espíritos mais interessados em assuntos levianos. Através dessa análise, constatou quea mediunidade é uma atividade neutra em si mesma, que pode ser utilizada para boas ou másações.

A partir dessa postura, os Espíritos Superiores tiveram condições de oferecer todos osesclarecimentos e ensinos que passaram a constituir a Doutrina Espírita: existência de Deus,existência e imortalidade da alma, comunicabilidade com os Espíritos, reencarnação e leis morais,destacando a prática da caridade, dentro dos princípios do Evangelho, como exercício de apri-moramento interior e conseqüência do conhecimento espírita.

Observa-se, desta forma, com base nos princípios doutrinários, que será sempre natural econveniente a adequada utilização da mediunidade como valioso instrumento nas atividades es-píritas. A atividade-fim de todas as Instituições Espíritas, contudo, será sempre a prática da cari-dade, no seu sentido mais abrangente e mais profundo, como a apresenta a Doutrina Espírita, in-cluindo, nesta prática, necessariamente, o estudo e a difusão do Espiritismo.

EditorialAtividade-fim da Casa Espírita

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Reformador/Julho 2004 5243

Éde Emmanuel a belíssima ex-pressão de que o Evangelho deJesus é “o Sol da Imortalidade

que o Espiritismo reflete, com sabe-doria, para a atualidade do mun-do”. (V. Prefácio de Vinha de Luz,p. 12, Ed. FEB.)

É em torno dessa síntese admi-rável formulada pelo grande Instru-tor Espiritual de nossos dias que osespíritas aprenderam a admirar erespeitar, desde as primeiras mensa-gens transmitidas através de Fran-cisco C. Xavier, há cerca de 70anos, que vamos formular algunspensamentos que seguem.

Ao se referir à “atualidade domundo”, temos que convir que aDoutrina Espírita, presente na Ter-ra a partir do meado do século XIX,tem uma vasta missão a cumprirperante a Humanidade.

A atualidade pode desdobrar--se por séculos e milênios futuros,tal como ocorreu com o Cristianis-mo autêntico que, apesar de estarno mundo há dois mil anos, aindanão foi compreendido, na sua realsignificação, pelos homens.

Sem pessimismo, mas diantede uma Humanidade atrasada e re-belde, em face do que é superior everdadeiro que lhe é revelado, te-mos que aceitar a realidade de quehá dificuldade na implantação daverdade em campo tão difícil.

Se o Evangelho do Mestre foideturpado, mal-interpretado e atéutilizado para a violência, as con-quistas guerreiras e as exploraçõesde ordem intelectual, é lógico espe-rar que a Terceira Revelação, que naordem moral se baseia naquelaMensagem, também sofra influên-cias negativas de filosofias e interes-ses utilitaristas, no decorrer do tem-po.

Por isso, nunca será demais apremente necessidade da vigilânciapermanente dos espíritas contra osinteresses utilitários e as idéias co-modistas.

A busca do poder transitório ea preocupação com o destaque so-cial, que avassalaram os movimen-tos religiosos de todos os tempos,foram responsáveis pela substitui-ção dos valores espirituais e moraispor interesses imediatos, no seio dasreligiões atuais.

O Movimento Espírita, diantedos exemplos de que dispõe e dasconstantes advertências oriundas daEspiritualidade Superior, tem a res-ponsabilidade de não se deixar con-taminar por essas ilusões de poder,que conduzem a objetivos opostosaos do Consolador.

Uma das grandes dificuldadescom que deparam os espiritistassinceros consiste em atender, aomesmo tempo, às necessidades ma-teriais da vida na Terra, sem prejuí-zo dos interesses do Espírito.

A vida do Espírito na carneapresenta, propositalmente, dificul-

dades enormes a serem transpostas.A reencarnação é lei divina queapresenta múltiplas formas para asexperiências do ser, objetivando seuaperfeiçoamento e progresso.

Após muitos milênios, as mas-sas humanas que habitam a Terra,beneficiadas pelos conhecimentosconquistados no campo da matériae pelas revelações sucessivas prove-nientes da Espiritualidade Superior,encontram-se em condições paraum progresso muito mais acentua-do e generalizado.

A fundamentação para essaevolução, que transformará o atualmundo de provas e expiações emmundo regenerado, conforme asprevisões oriundas da Nova Revela-ção, já se encontra entre os homens,precisamente nas expressões doEvangelho de Jesus, o Cristo deDeus, e da Doutrina Espírita, queo reflete e atualiza, com sabedoria,conforme a bela síntese de Em-manuel.

Se verdades tão preciosas já seencontram ao alcance dos habitan-tes deste Planeta, demonstrandoque a vida se desdobra infinitamen-te em outras dimensões; se todos oshomens são Espíritos destinados àfelicidade; se a felicidade não é ummito, mas pode ser conquistada pe-lo esforço de cada um; se a mortesó atinge a parte material do ser eque a essência desse ser é imortal,eterna; se não há dúvida sobre aexistência do Criador de todos osUniversos e de todas as coisas, uma

Evangelho – EspiritismoJuvanir Borges de Souza

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Inteligência infinita que estabeleceuleis sábias e justas regendo tudo oque existe; se essas verdades, que sedesdobram em muitas outras, en-contram-se à disposição dos ho-mens, impõe-se a pergunta: por quenão difundi-las por toda parte, portodas as nações, por todos os rin-cões deste mundo tão atrasado esofredor?

Acreditamos que a difusão dasverdades reveladas seja aspirações detodos os espíritas, que se sentem fe-lizes por já conhecê-las.

A divulgação da DoutrinaConsoladora impõe-se à consciên-cia de cada espírita, como conse-qüência natural. Se o seguidor daDoutrina conseguiu elevar seu ra-ciocínio, seu entendimento e seussentimentos para o Bem, é lógico ecurial que queira levar a outros es-sas conquistas, porque já superou oegoísmo, a vaidade e a ignorânciaque imperam nesta esfera em quevivemos.

Entretanto, os idealistas espíri-tas precisam estar conscientes dasdificuldades enormes que se tempela frente quando se pretende di-vulgar e implantar novas idéias eprincípios, mesmo que comprova-damente corretos e verdadeiros, quevão contrariar e retificar outros queestão aceitos e assentes.

Não é fácil demonstrar ao ma-terialista a existência de Deus e doEspírito. O materialismo impregnaa inteligência humana de tal formaque ela funciona permanentemen-te em defesa dos absurdos absorvi-dos, mesmo que a realidade este-ja evidenciada. Conhecemos umacriatura materialista, inteligente, se-gura de si, que afirmava não aceitara existência da alma, ou Espírito,nem mesmo se a visse e tocasse.

Diante de posicionamento dessa or-dem precisamos de paciência e deoração, sem perder a fé nos desíg-nios do Alto.

De outro lado, as religiões, aolado da fé que despertam em seusadeptos, baseiam-se em seus livrossagrados, antigos e desatualizados,interpretados nem sempre com sa-bedoria e lucidez. Dogmas foramcriados em todas elas, que não ad-mitem contestações nem mesmodiante de verdades comprovadas.

Assim, retificar os desvios dasreligiões diante das realidades de-monstradas pelas Revelações tor-na-se obra de extrema dificuldade,mesmo sabendo-se que a Providên-cia Divina é invariável em todos ostempos, e que a ignorância huma-na demanda tempo, esforço e opor-tunidade para ser superada.

Ainda há outro fator que difi-culta muito a difusão das verdadeseternas do Evangelho e do Conso-

lador, prometido e enviado peloCristo.

São as ciências do mundo, quese deixaram influenciar pelo mate-rialismo.

Tradicionalmente, as ciênciastêm considerado, em suas pesquisase descobertas, somente a matéria,esquecendo-se, ou não consideran-do, o outro elemento do Universo– o espírito.

Esse fato estranho tende a sersuperado, com as revelações, as ex-periências e os fatos espíritas, massomente o tempo, a sucessão dasgerações de cientistas e a bênção dareencarnação, fluindo continua-mente, modificarão, no futuro, es-se desvio das ciências.

Assim, se as verdades eternas jáchegaram à Terra, induzindo seushabitantes a uma melhor com-preensão da vida e das leis eternasdo Criador do Universo, a aceitaçãodesse oferecimento superior depen-de não de imposições de Deus, oudo Cristo, o Governador do Orbe,mas da adesão da Humanidade, oude parte dela, à realidade demons-trada.

Nosso Criador, ao estabeleceras leis eternas que regem toda aCriação, entre as quais as do Amor,da Justiça e do Progresso, determi-nou a conjugação de todas elas, in-clusive a da Liberdade, a fim de quea ignorância e a simplicidade de ca-da ser sejam superadas pelo esforçoe a compreensão de cada um.

Conhecedor das fraquezas hu-manas e das possibilidades de de-turpações em sua Mensagem, oMestre prometeu que enviaria umoutro Consolador, no futuro, pa-ra relembrar seus ensinos e trazerconhecimentos novos à Humani-dade.

6 Reformador/Julho 2004244

As ciências têm

considerado, em

suas pesquisas e

descobertas,

somente a matéria,

esquecendo-se, ou

não considerando,

o outro elemento

do Universo –

o espírito

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A todos os que já despertarampara o conhecimento das coisas no-vas e para as retificações dos en-tendimentos desviados da verdadecompete, na atualidade e no futuro,porfiar na implantação do roteirodefinitivo no mundo.

O Evangelho de Jesus, o Cris-to, entendido em espírito, e o Con-solador, a Doutrina dos Espíritos,constituem esse roteiro, as regras enormas para serem atingidos os ob-jetivos da vida.

Como conseqüência natural,os espíritas cristãos estão engajadosna busca desse alvo, nessa jornadapara o Bem, para a perfeição.

Divulgar a Doutrina do Con-solador não é tarefa que se possaimprovisar.

Cultivar o bem e a verdadepressupõe o conhecimento da fon-te, do roteiro a seguir.

Mas não basta o conhecimen-to da fonte, da Doutrina Espírita,do Evangelho.

A prática, a vivência dos prin-cípios ético-morais contidos naque-las fontes tornam-se imprescindíveisnaqueles que pretendem difundir aluz que os felicite, já que o exemploé a maior afirmação para uma se-meadura justa e edificante.

Quem se filia às fileiras doBem, propondo-se a difundi-lo, de-ve convencer-se, desde logo, de queprecisa contar com coragem e acei-tar sacrifícios e renúncias, já que vaideparar-se com a ignorância, a ca-lúnia, a maledicência, a perturba-ção, a leviandade, que avassalamum mundo inferior e atrasado.

Não basta ao trabalhador idea-lista a vontade de espalhar a verda-de e a luz.

Torna-se necessário à tarefacomplexa de espalhar a verdade,

com amor edificante à obra, contartambém com a oposição da igno-rância presunçosa e agressiva.

Não adianta ao seguidor since-ro da Doutrina Consoladora enga-nar-se a si mesmo, com palavras be-las dirigidas aos outros, sem estarconvencido, intimamente, daquiloque prega.

Humildade, paciência e fé sãocaracterísticas de quem já se con-venceu de que trilha o caminhocerto, e que pode ajudar e servir aseus semelhantes, convidando-os aseguir no mesmo rumo, mas a acei-tação do convite obedece à vontadedos outros e não à sua.

É sempre útil recordar que amaior parcela da Humanidade es-tá interessada, realmente, em tu-do que se relacione com os gozosfísicos, com a materialidade da vi-da, com os prazeres, bens e valo-

res de que possa desfrutar imedia-tamente, relegando e desprezandoos interesses maiores do Espírito,o que torna difícil a evolução es-piritual.

Diante dessa realidade patente,aqueles que já vislumbraram a luznão devem desanimar, seguindosempre o roteiro do Mestre Subli-me, velando por si mesmo e peloscompanheiros de jornada, mesmoque rebeldes.

Afinal, a Terra tem um Gover-nador espiritual justo, amoroso e sá-bio, que tem guiado seus habitantesde conformidade com as leis divinas.

Por isso não devemos esperar otriunfo imediato de seu Evangelhoe do Consolador no seio dos povos,das nações e raças, já que as trans-formações dependem de muitos fa-tores ligados aos próprios benefi-ciários.

Reformador/Julho 2004 7245

EspiritismoEi-lo! a mensagem nova!... É a nova luz que avança,Paz e consolação, ideal e doutrina,Exumando da treva a chama peregrinaDo Evangelho imortal do amor e da esperança.

É a lição do Senhor que torna cristalinaA refazer-se, pura, e a fulgir sem mudança,O eterno dom de Deus que novamente alcançaA Terra imersa em dor, que se eleva e ilumina.

É a fé que purifica o lar, a escola e o templo,Exaltando a vitória e a beleza do exemplo,No culto à caridade, incessante e profundo...

O Espiritismo em Cristo é o Céu que vem de novoRevelar-se, divino, ao coração do povoPara a glória da vida e redenção do mundo.

L. Esteves

Fonte: XAVIER, Francisco C. Vozes do Grande Além. Diversos Espíritos. 4. ed.,Rio de Janeiro: FEB, 1990, cap. 53, p. 222.

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8 Reformador/Julho 2004246

Mateus, 13:24-30

Tendo contato freqüente compastores e lavradores, Jesus cos-tumava usar imagens envol-

vendo atividades do campo. Graçasa essa inteligente associação, seusensinamentos fixavam-se com faci-lidade na alma popular.

Tal é a parábola do trigo e dojoio.

O Reino dos Céus é semelhan-te a um homem que semeou boa se-mente de trigo no seu campo. Mas,enquanto os homens dormiam, veioum inimigo dele, semeou joio nomeio do trigo e retirou-se.

Quando, pois, o trigo cresceu edeu frutos, apareceu também ojoio. Chegando os servos do donodo campo, disseram-lhe:

– Senhor, não semeaste boa se-mente no teu campo? Pois dondevem o joio?

Respondeu-lhes ele:– Algum inimigo fez isso.Os servos continuaram:– Queres que o arranquemos?– Não – respondeu ele – para

que não suceda que, tirando o joio,arranqueis juntamente com ele otrigo. Deixai crescer ambos juntos,até a ceifa. E, no tempo da colhei-ta direi aos ceifadores: – ajuntai ojoio, atai-o em feixes para queimá--lo, mas recolhei primeiro o trigono meu celeiro.

Todos conhecemos o trigo, omais nobre dos cereais, universal-mente utilizado para preparar opão.

O joio é uma erva semelhante,que também produz cachos de se-mentes. Não serve de alimento,porquanto é venenoso. Se brota nostrigais, somente na colheita é possí-vel separá-lo sem comprometer oprecioso cereal.

Conta-se que nos tempos deJesus, quando alguém queria preju-dicar um lavrador, jogava sementesde joio em seu trigal, criando-lhesérios embaraços.

...

O trigo e o joio representam oBem e o mal.

– O que é o Bem? – perguntao professor de Teologia, na sala deaula.

Silêncio. As pessoas têm difi-culdade para lidar com definições.Sócrates costumava confundir seusadversários, pedindo-lhes que ex-plicassem os termos que empre-gavam.

– Então, o que é o Bem?Um aluno arrisca:– É tudo o que é bom para

nós…– Você gosta de sorvete?– Adoro!– Você diria, então, que o Bem

pode ser uma casquinha de sorvete?– Sim…– E para quem não gosta, sor-

vete é o mal?

Classe em silencioso respeito,continua o professor:

– O Bem tem que ser algomais amplo, transcendente, capazde beneficiar a todos que com ele seenvolvem. Como podemos situaralgo que seja bom para todos?

Comenta o aluno:– Isso só Deus é capaz!– Acertou! O Bem é a vontade

de Deus!Seguindo a linha de raciocínio

do professor, diríamos que realiza-remos o Bem em nós, habilitan-do-nos à felicidade em plenitude,quando cumprirmos plenamente oque Deus espera de nós.

Aqui entram as chamadas reve-lações divinas.

Em determinados momentos,missionários vindos à Terra supe-ram as limitações de seu tempo e,em gloriosos flashes, desvendam al-go dos desígnios divinos.

O primeiro foi Moisés. Expli-cou o que Deus não quer.

Não matar, não roubar, nãomentir, não furtar, não cobiçar, nãocometer adultério… Evitar fazer aopróximo o que não queremos que opróximo nos faça.

Depois veio Jesus. Explicou oque Deus quer.

Tolerar, perdoar, compreender,respeitar, amar, ajudar, amparar…Fazer ao próximo o que queremosque ele nos faça.

Desde os primórdios de nossacriação o Bem foi semeado porDeus em nossas entranhas, pedindo

O trigo e o joio Richard Simonetti

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o concurso do tempo e nosso esfor-ço pessoal para desenvolver-se.

As revelações divinas têm porobjetivo acelerar o seu crescimen-to, como um adubo poderoso eabençoado.

...

E o mal?O mal, obviamente, é o que

contraria a vontade de Deus.Como o Evangelho

é o código supremo a ex-primir a vontade divina,diríamos que o mal surgede nossa ação quandonão cumprimos as liçõesde Jesus, cultivando vi-ciações, mazelas, desati-nos, crimes…

O mal tem por re-presentantes indivíduosdominados pela ambiçãoe pela rebeldia, que sepõem a induzir a criaturahumana ao erro e ao ví-cio, descumprindo os de-sígnios celestes.

Quando desencarnados, a teo-logia ortodoxa os situa como de-mônios. Na verdade, são apenas fi-lhos de Deus transviados, que umdia retornarão ao bom caminho.

...

Quando Jesus diz que é precisodeixar o trigo e o joio, o Bem e omal crescerem juntos, exprime, sim-bolicamente, a tolerância divina emrelação às experiências humanas.

Ocorre que o Bem, em princí-pio, é planta frágil que precisa deespaço para crescer. Por isso Deusnos concede o livre-arbítrio, a facul-dade de decidirmos nossa vida, osrumos que vamos tomar, a fim deque aprendamos os valores da res-

ponsabilidade a partir de nossa pró-pria experiência.

Se simplesmente esmagasse omal infiltrado em nosso coração,eliminaria nossa iniciativa e nos tor-naria incapazes de distinguir o cer-to do errado e de assumir as conse-qüências de nossas ações.

A violência divina eliminaria otrigo junto com o joio.

...

Podemos perfeitamente ajustara parábola evangélica ao relaciona-mento pai e filho.

Se o pai identifica um compor-tamento indesejável no filho e usade violência, a fim de modificá-lo,partindo até mesmo para a agressãofísica, poderá imaginar que cortouo mal pela raiz.

Estará equivocado. Não elimi-nou o mal. Apenas recalcou as ten-dências do filho, que mais cedo oumais tarde reaparecerão.

E inibirá suas iniciativas no de-senvolvimento de valores positivose virtudes, simbolizados pelo trigo.

Bem, então, o que fazer? Dei-

xar que se desenvolvam livrementeas tendências inferiores, o joio nocomportamento do filho?

Evidentemente, não! Mas épreciso cuidado ao lidar com o joio,para não matar o trigo.

Imperioso estimular o cresci-mento do trigo com os bons exem-plos, a atenção, o carinho, o ensinodos valores morais, a orientaçãoevangélica, inibindo o joio.

No livro E para o Res-to da Vida, Wallace LealRodrigues reporta-se auma história bem ilustra-tiva.

Conta ele que ummenino, com a inocênciamaldosa que caracteriza,não raro, o comporta-mento infantil, matouum pardal nos fundos desua casa, usando uma es-pingarda de pressão.

Pouco depois encon-trou o pai a retirar insetosde uma teia de aranha.Perguntou-lhe a razão da-

quela iniciativa.O pai o levou até o quintal e,

em espessa folhagem, mostrou umninho onde estavam quatro filhotesde pardal, que alimentou com osinsetos.

O menino o ajudou a apa-nhar mais insetos. À noite, presen-ciou os cuidados do pai, que pro-curava agasalhar a ninhada comalgodão.

Na manhã seguinte encontra-ram um filhote morto, vitimadopelo frio. À noite aumentou o frio.Morreram mais dois.

Restou um que parecia maisforte, mas sem a mãe, para ensiná--lo a voar e a defender-se, acabouperecendo também. >

Reformador/Julho 2004 9247

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O menino, tomado de remor-sos, confessou em lágrimas que fo-ra ele quem matara a ave.

O pai lhe disse:– Eu sei, meu filho, vi você fa-

zer aquilo. Não se aflija, são raros osmeninos que não fazem o mesmo.Quis apenas mostrar-lhe que, ferin-do alguém, ferimos ao mesmo tem-po outras pessoas e até mesmo asque mais amamos ou as que maisnos amam.

Se o pai houvesse agido comseveridade, pronunciando extensosermão quanto ao respeito pelosanimais ou lhe dado uma surra, omenino poderia achar tudo muitocareta ou revoltar-se, sedimentan-do a vocação para matar passari-nhos.

Sabiamente, o pai tocou suasensibilidade, oferecendo-lhe umalição de respeito à Natureza, que elejamais esqueceria.

...Deveríamos imitar o Pai Ce-

leste, que não usa de violência co-nosco e espera pacientemente quefloresçam as virtudes embrionáriasque caracterizam nossa filiação di-vina.

Quando surge o joio, represen-tado pelo mau uso do livre-arbítrio,Deus usa as bênçãos do tempo pa-ra trabalhar nosso coração com pre-ciosos estímulos em favor de umamudança de rumo, favorecendo ocrescimento do trigo.

É o indivíduo mergulhado novício e no desregramento quedesperta para a responsabilidadea partir do contato com a reli-gião.

É o casal perdido em desen-contros e desavenças que acolhe nosbraços um filho que chega com

abençoadas oportunidades de en-tendimento.

É a jovem inconseqüente a en-contrar alguém que toca seu co-ração, dispondo-se a assumir ocompromisso de uma relação es-tável.

Há sempre o cuidado do Céu,evitando inibir nosso livre-arbítrio,mas convidando-nos ao crescimen-to do trigo em nossas almas, redu-zindo espaços ao joio.

Estamos longe de possuir o ne-cessário discernimento, a sensibili-dade adequada para perceber a açãodos Benfeitores espirituais, ampa-rando-nos, ajudando-nos a realizaro Bem para que não nos entregue-mos às sugestões do mal.

...

Natural que, não obstante ainesgotável paciência de Deus, ve-nha a ceifa, quando o joio deve serseparado do trigo. É tempo de ava-liação, que se faz em três níveis ouem três tempos.

Primeiro nível.Quando surgem crises envol-

vendo enfermidades, dificuldadesfinanceiras, problemas familiares,desilusões afetivas…

Aí é que vamos ver se as se-mentes do Bem germinaram, dan-do-nos condições de sustentar a cal-ma e o equilíbrio, como um alunoque passa no teste de aproveitamen-to, habilitando-se a estágios me-lhores.

Caso prevaleça o joio, haverágrandes sofrimentos impostos pelarebeldia e a inconformação, a agres-sividade e o desespero.

Segundo nível.Quando chega a morte. Nossa

própria consciência avaliará o queprevalece em nós.

Se o trigo, estaremos habilita-dos a gloriosos estágios no mundoespiritual.

Se o joio, estaremos sujeitos aexperiências dolorosas em regiõesde sofrimento, bem próximos daesfera humana.

A freqüência de Espíritos so-fredores, perturbados e agressivosque se manifestam em reuniõesmediúnicas nos diz que é bemgrande o contingente dos que de-sencarnam levando o joio em suasentranhas.

Terceiro nível.Quando chegar o tempo da se-

paração definitiva envolvendo ojoio e o trigo.

Ocorrerá quando a Terra forpromovida na sociedade dos mun-dos. Deixará de ser “de provas e ex-piações”, onde o joio predomina.Ganhará o status “de regeneração”,em que predominará o trigo.

O joio será queimado em pla-netas inferiores, para onde serão le-vados aqueles que o sustentam, nãoobstante as incontáveis oportunida-des de regeneração que lhes foramconcedidas.

E por lá ficarão, submetidos asofrimentos acentuados, até que secompenetrem de que o melhor ne-gócio que podemos fazer, onde es-tivermos, será cumprir a vontade deDeus.

...

Lamentável que tardemos emestimular o trigo, abafando o joio.

É tão simples! Basta fazer ao próximo todo o

Bem que gostaríamos nos fossefeito.

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P. – O que o motivou aos estu-dos na área da história do Espiri-tismo?

Eduardo – Comecei minhaspesquisas na área da história do Es-piritismo por volta de 1977 infor-malmente e sem grandes preten-sões. Foram anotações de casos dohanseniano ateu Jésus Gonçalves,posteriormente convertido ao Es-piritismo. Eu as ouvia de pessoasidosas no Hospital de Pirapitingüi(SP), que abriga hansenianos e quefreqüento até hoje. Imaginava queaqueles pacientes idosos desencar-nariam logo e essas histórias se per-deriam na esteira do tempo. Noprincípio, não tinha intenção deque esses relatos orais se tornassemum livro, mas mostrando-os a ami-gos, fui incentivado a escrevê-lo e ofiz, tendo o livro sido muito bemaceito e hoje estar com sete ou oitoedições. Isso me animou e aos pou-cos fui aumentando meu interessepelas pesquisas históricas e me espe-cializei, tendo hoje mais de trinta li-vros publicados.

P. – Qual estudo biográfico devulto nacional que mais o sensibi-lizou?

Eduardo – O que mais meemocionou foi o primeiro, o de Jé-sus Gonçalves, pelas minhas vivên-cias passadas junto a esse Espírito,conforme me confidenciou ChicoXavier. O mais difícil foi o de Aná-lia Franco. Tive que fazer cerca detrinta viagens, vasculhando Arqui-vos e Bibliotecas de todas as cidadesonde Anália teve suas escolas e asi-los-creche. Entrevistei historiadorese jornalistas dessas cidades e conse-gui localizar cinco ou seis pessoasquase centenárias que haviam co-nhecido Anália. Essas entrevistas fo-ram emocionantes. Os livros que

mais me emocionaram, ao escrevê--los, foram Allan Kardec, o Drui-da Reencarnado e Léon Denis e aMaçonaria. Creio que ter o drui-dismo incrustado em minha almafoi o motivo.

P. – Como está se desenvolven-do o projeto de Memória do Espiri-tismo que coordena?

Eduardo – Fundei em 1997 aLiga dos Historiadores e Pesquisa-dores Espíritas, que hoje tem 180membros em sete países diferentes.É uma entidade que não tem esta-tutos, sede, diretoria e não recolhecontribuições. Também não é umgrupo de discussões e só aceita con-frades que se dediquem à pesquisahistórica, filosófica ou científica doEspiritismo e estejam dispostos acompartilhar experiências e infor-mações.

Atualmente, estou empenhadona criação de um Instituto com onome provisório de Centro Cultu-ral do Espiritismo, que deverá abri-gar Museu, Museu da Imagem e doSom, Biblioteca, Centro de Mídia,Hemeroteca Espírita, sobre Ho-meopatia e Magnetismo, Pinacote-ca, Centro de Documentação His-

ENTREVISTA: EDUARDO C. MONTEIRO

Preservar a Memória é mais do que Cultura

As experiências e expectativas sobre a preservação da memória do Movimento Espíritasão relatadas por Eduardo Carvalho Monteiro, pesquisador da história do Espiritismo,autor de vários livros, coordenador do Projeto Memória do Espiritismo e fundador da

Liga dos Historiadores e Pesquisadores Espíritas

Eduardo Carvalho Monteiro

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tórica e outras seções para serem co-locadas à disposição do público es-pírita e não espírita para consultase reprodução do acervo sem res-trições. Creio que será um dospoucos do País especializado em Es-piritismo e estudo comparado dereligiões, pois as Instituições quepossuem acervos espíritas não per-mitem o acesso do público a pes-quisas. Nosso pensamento é que acultura deve ser universalizada eninguém tem o direito de reter pa-ra si livros raros e documentaçãohistórica. Esse Instituto será forma-do a partir do meu acervo pessoal,que possui 25.000 livros, sendo40% espírita e espiritualista, heme-roteca especializada nos séculos XIXe XX, com várias coleções comple-tas de jornais e revistas espíritas,cerca de 100.000 documentos di-versos sobre Espiritismo, etc. Esta-mos necessitando da colaboração deconfrades e aporte financeiro paraconcretizar nossos objetivos mate-rialmente. A idéia para o futuro éreproduzir esse acervo por meios di-gitais e de reprografia e fundar “fi-liais” pelo menos no Rio e emBrasília. Também vimos há anos in-centivando a criação de Centros deDocumentação Histórica nos Esta-dos. Alguns já os possuem e comestes manteremos intenso intercâm-bio de documentos raros.

P. – Esse projeto tem suscitadoa atuação de outros companheiros?

Eduardo – Ninguém realiza na-da sozinho. Denodados compa-nheiros de Doutrina, que fundarame administram obras espíritas devulto com sucesso, uniram-se a es-se nosso empreendimento e estãoajudando na gestão da nova Enti-dade. Temos o apoio também darevista Universo Espírita e sabemos

que quando a Entidade estiver fun-dada juridicamente outros órgãos econfrades se juntarão a nós. O se-gundo passo será criar formas de ar-recadação de fundos.

P. – No ano do Bicentenáriode Kardec, você teria alguma infor-mação interessante, fruto de suaspesquisas, sobre o Codificador?

Eduardo – Estamos preparan-do vários livros de e sobre Kardecinéditos e que irão surpreender fa-voravelmente o público e propor-cionar mais material para o estudoda obra e do pensamento karde-quianos. Já está à venda o primeirodeles, Catálogo Racional de Obraspara se Fundar uma Biblioteca Es-pírita, em Edição Fac-Similar Bi-língüe Histórica, já que foi o últi-mo trabalho publicado por Kardecantes de desencarnar. São 200 li-vros citados e comentados por Kar-dec para formar-se uma Biblioteca.Essa obra só teve três edições enunca mais foi citada na bibliogra-fia de Kardec. É quase desconheci-da da geração atual. Nós a resgata-mos e estamos publicando comintrodução do argentino Florenti-no Barrera, comentários e ilustra-ções nossas.

P. – Você tem-se dedicado apesquisas sobre Léon Denis?

Eduardo – Temos muita afini-dade com Léon Denis e estamosnos aprofundando em pesquisas so-bre sua vida e obra. Já lançamos aobra Léon Denis e a Maçonaria eestá no prelo Dossiê Léon Denis –Artigos, Cartas e Conferências, fru-to de nossas pesquisas em Tours,França. Não temos conhecimentode nenhum outro pesquisador espí-rita que tenha ido a Tours fazer pes-quisas sobre ele, a não ser CanutoAbreu, que foi visitá-lo em 1922.

Recentemente enviamos maisde 300 cartas a Tours, Toul (ondeele nasceu) e Paris, a museus, bi-bliotecas, polícia, cemitério La Sal-le, cartórios e a famílias cujos ante-passados conviveram com LéonDenis, com informações extraídas,uma a uma, da lista telefônica daFrança, para obter novas informa-ções, fotos e documentos do mestretourangense. Foram cartas nomi-nais, traduzidas por uma professo-ra de francês, em papel vergê,acompanhadas de informações deDenis, árvore genealógica e fotos.Ainda estamos aguardando res-postas. Além dos custos envolvidos,foi muito trabalhoso levantar ende-reços, confeccionar as cartas, tradu-zir, postá-las, etc. Fui ajudado nes-se projeto pela confreira de Cu-ritiba, Emília Coutinho da Silva,também admiradora do mestre tou-rangense. Pesquisar é uma tarefa ár-dua.

P. – Teria algum projeto novoem andamento?

Eduardo – Estou desenvolven-do cerca de 30 projetos de livrosnas linhas biográfica e histórica doEspiritismo. Um deles entregarei àFEB para possível publicação e setrata da obra Marechal Ewerton deQuadros, o Primeiro Presidente daFEB. Comprei junto ao Arquivodo Exército a Fé de Ofício do Ma-rechal, pesquisei todos os seus arti-gos em Reformador, jornal A Luz(Curitiba), Verdade e Luz (Batuíra– S. Paulo) e outros de meu acervoe compus sua biografia, que irá sur-preender a todos. Ewerton de Qua-dros, que participou de batalhascampais da Guerra do Paraguai,que foram verdadeiras carnificinas,ao mesmo tempo era um sensívelpoeta que compunha seus poemas

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à luz das estrelas, conversava comos Espíritos durante as batalhas eera um militar cultíssimo, apesar deter passado a maior parte de sua vi-da nos sertões do Brasil. Este o Ma-rechal que mostraremos na bio-grafia. Ele e outras figuras da his-tória da FEB e da introdução doEspiritismo no Brasil, como Casi-mir Lieutaud, merecem ser maisconhecidos e estudados pela gera-ção atual.

P. – Qual recomendação dariaaos espíritas sobre a preservação damemória do Espiritismo?

Eduardo – Só podemos plane-jar nosso futuro com segurançaaproveitando as experiências dopassado. Preservar nossa memóriaé mais do que promover cultura. Éter o domínio da cultura que opróprio Movimento produz e pro-duziu. É preciso reconhecer essaimportância e dar-lhe valor. E is-so implica resgatar sua memória,identificar a origem de precursores,textos, tradições e hábitos quecompõem nosso cotidiano. Deixarque a memória do Espiritismo se-ja apagada pelo tempo ou por nos-

sa negligência é crime de lesa-hu-manidade. Precisamos conhecernossa memória para reconhecercomo e por que determinadas tra-dições, crenças e valores têm-semantido e legitimado ao longo dotempo, avaliando quais delas sequer e se deve manter. A memóriaé o grande recurso da História pa-ra podermos dar elementos aosanalistas do presente e do futuro, afim de compreenderem nosso de-senvolvimento: idéias, práticas, cos-tumes, alianças, cisões, lideranças,expoentes, literatura, doutrina etc.

Reformador/Julho 2004 13251

Nunca é demais falarmos e reafirmarmos publi-camente o alcance da obra mediúnica de Chi-co Xavier. Com o querido companheiro, ser-

vindo de instrumento fiel da Espiritualidade Superior,a codificação espírita tornou-se mais sólida, os ensi-nos de Jesus mais divulgados e compreendidos. To-dos os fatos provam a autenticidade do trabalho me-diúnico de Chico Xavier. As bênçãos de luz queabundam de suas mãos, de sua fala, de seu viver.

Para relembrarmos mais uma vez o “Pinga Fo-go” e, ao mesmo tempo, ilustrarmos o assunto emquestão, transcreveremos uma das perguntas feitas aomédium sobre o caso Augusto dos Anjos, pelo Sr.João Scantimburgo.

“Chico Xavier, embora o senhor possa conside-rar elucidada a questão que vou propor, ao responderao entrevistador Herculano Pires, faço a pergunta: oque o senhor tem escrito de Augusto dos Anjos, porexemplo, não seria apenas reminiscência da leitura?”

Chico Xavier – Em 1931, quando eu ia fazer 21anos, o espírito de Augusto dos Anjos sentia muita di-ficuldade em escrever por meu intermédio. Nesse tem-po, eu trabalhava num armazém e esse armazém me

dava também serviços para cuidar de uma horta mui-to grande, com plantações de alho, porque o alho naregião em que eu nasci era um fator econômico demuita importância. Então, depois das 6 horas da tar-de, para mim era um prazer regar os canteiros de alhoe os espíritos começavam a conversar comigo. Eu sen-tia muito prazer naquelas horas, porque me isolava detodo o serviço do armazém para ficar completamenteà disposição dos espíritos amigos. Então, ele começoua ditar uma poesia, que está no “Parnaso de Além Tú-mulo”, o primeiro livro de minha mediunidade. Apoesia chama-se “Vozes de uma Sombra”. Ele come-çou a falar, com aquelas palavras maravilhosas, muitotécnicas. Eu, com o regador na mão, custava a com-preender. E ele falava e falava que gostava de escreverno campo, e que aquela era uma hora em que ele que-ria ditar, para que eu ouvisse e pudesse compreenderà hora de escrever, porque muitas vezes escrevo tam-bém como médium ouvinte. Eu sentia aquela dificul-dade e ele falou assim comigo: “Olhe, você quer saberde uma coisa? Vou escrever o que puder, pois a sua ca-beça não agüenta mesmo!” E a poesia está no livro sócom o que ele pôde, mas era muito, muito mais, erauma beleza! Ela falava de fótons, cores, de mundos,galáxias. Quem era eu para entender aquilo, eu que es-tava regando canteiros de alho?

Fonte: Chico Xavier – Mandato de Amor. Edição da UniãoEspírita Mineira, Belo Horizonte – 1997, p. 220.

Autenticidade mediúnica de Chico Xavier

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Renovam-se, periodicamente,no mundo, os métodos peda-gógicos, em razão da con-

quista do conhecimento nas suasdiferentes áreas.

Nos últimos anos, a valiosacontribuição da psicologia infantilabriu espaços para mais profundo eclaro entendimento em torno daspossibilidades de aprendizagem dacriança, ensejando novas técnicaspara a educação.

Merecem especial destaque oRelatório Jacques Delors, enco-mendado pela UNESCO e, poste-riormente, a proposta do eminen-te educador francês André Morin,através dos expressivos quatro pi-lares de uma educação para o Sécu-lo XXI.

Estruturada a sua técnica noautoconhecimento do aprendiz enas lições que se lhe fazem mi-nistradas, são propostos os progra-mas em forma de pilares, a saber:

Aprender a conhecer, Aprendera fazer, Aprender a conviver, Apren-der a ser.

Em uma análise cuidadosa,descobre-se que esses valores en-contram-se na pedagogia de Jesus,porquanto a Sua preocupação cons-tante era a da auto-iluminação da-queles que O buscavam.

A Sua é uma mensagem inces-

santemente fundamentada no co-nhecimento que liberta e conduz,retirando o ser da ignorância edescortinando-lhe os horizontes in-finitos do progresso espiritual quelhe está destinado.

Jamais atendeu a quem querque fosse, que lhe não oferecesse adiretriz para o conhecimento de simesmo, para que depois pudesseentender o seu próximo, passandoa amar a Deus.

Por outro lado, nunca tomou ofardo das aflições dos outros, ensi-nando cada qual a carregar a suacruz, conforme Ele o faria maistarde até colocá-la no Gólgota.

Apontava diretrizes e induzia acriatura a segui-las fazendo a suaparte, porquanto cada qual é res-ponsável por tudo aquilo que se lhetorna necessário.

Estimulando ao progresso, dig-nificou o trabalho, informando queo Pai até hoje trabalha e que Elemesmo também estava trabalhan-do.

Os Seus eram sempre rela-cionamentos edificantes, nos quaiso Bem mantinha predominância,impossibilitando a distensão dosprejuízos da maledicência, do ódio,dos rancores, dos ciúmes, das dis-putas insensatas.

Com Ele a convivência é apren-dida, mediante o resultado do exer-cício da tolerância que leva à frater-nidade, do auxílio recíproco digni-ficador da espécie humana.

Jamais abriu espaço para aociosidade, sugerindo que o rei-no dos Céus fosse conquistado aesforço, iniciando-se o seu laborna busca interna, superando os im-pedimentos apresentados pelas pai-xões dissolventes.

Nunca deixou de valorizar arealidade espiritual de Si mesmo,induzindo os Seus discípulos e to-dos aprendizes a descobrirem arealidade de que eram constituídos.

Afirmou, taxativo: Eu sou a luzdo mundo, Eu sou a porta das ove-lhas, Eu sou o pão da Vida, Eu souo Caminho, a Verdade e a Vida, Eusou a luz do mundo... Vós sois debaixo, eu sou de cima; vós sois destemundo, eu não sou deste mundo.Vós sois o sal da Terra...

Incessantemente convidava osSeus ouvintes ao autoconhecimen-to, para que se tornassem cartas vi-vas do Evangelho.

...

As multidões, ávidas de amor,de paz, de pão, de saúde, sempre

A Pedagogia de Jesus

Ele entendia que

não se pode falar

de paz a pessoas

atormentadas pelo

estômago vazio

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buscavam o Mestre na expectativade terem as suas aflições resolvidas.No tumulto, ao qual se entregavam,as suas eram aspirações imediatistas,necessidades consideradas básicas,porque referentes aos problemasque as afligiam naquele momento.

Portador de incomum sabedo-ria, Ele entendia que não se podefalar de paz a pessoas atormentadaspelo estômago vazio de pão, nemdiscorrer sobre felicidade enquantoelas estorcegavam em dores rudes...Desse modo, sempre atendia a so-licitação mais inquietadora, abrindoespaço emocional para ampliar aconsciência e ensejar a realização dobem-estar.

Socorria a problemática e elu-cidava quanto ao impositivo demudança de comportamento paramelhor, de forma que depois nãoacontecesse nada mais grave.

Essa recomendação, que sem-pre coroava os atos de recuperaçãoda saúde e do refazimento moralque tomam conta das paisagens hu-manas, objetivava demonstrar queos sofrimentos são resultado da ig-norância das Divinas Leis, da suamá interpretação ou da sua apli-cação indevida e perversa, portan-to, do uso prejudicial que delas éfeito.

A única maneira, portanto, derecuperar-se o faltoso é através do re-fazimento da experiência, da retifi-cação dos erros, da saudável condu-ta mental e moral que se permita.

Assim sendo, tornou-se o Pe-dagogo por excelência, não apenasensinando a conhecer, a fazer, a con-viver e a ser, mas sobretudo, de-monstrando que Ele o realizava.

Tudo quanto ensinou vivenciou--o, comportando-se como mode-lo imprescindível à lição ministrada.

Jamais desmentiu pelos atos oque lecionou por palavras. O Seu éo ministério do exemplo, da ternu-ra, do amor e da compaixão.

Comovendo-se com as crian-cinhas que O buscavam, usou deseveridade com os fariseus, osdoutores e os legistas, sem, no en-tanto, os ferir ou malsinar. Eranecessário usar de energia, a fim deque se libertassem da hipocrisia quese lhes tornara habitual e cons-tatassem ser Ele o Messias esperado,embora não aceito.

O ser humano está destinadoàs estrelas, apesar de ainda fixar-seao solo do planeta em que se en-contra evoluindo, mergulhado maisem sombras do que banhado pelaalvinitente luz da sabedoria.

Contempla os horizontes ful-gentes, fascina-se, e não tem co-ragem de romper com os impedi-mentos que o detêm na retaguardados entardeceres melancólicos.

Ouve e lê os ensinamentos deJesus, no entanto, aferra-se ao ime-diatismo da organização material,optando pela ilusão da carne, sem acoragem para desvencilhar-se dosseus elos retentores.

Lentamente, porém, a peda-gogia de Jesus desperta-o para novo

entendimento da Vida e dos obje-tivos existenciais, auxiliando-o adescobrir a felicidade que não secompadece com as sensações angus-tiantes do primarismo.

Como sábio mestre, Ele esperaque os Seus aprendizes se resolvampor segui-lO, tomando da charruae não mais olhando para trás, já queo campo íntimo a joeirar é muitogrande e a sementeira faz-se desa-fiadora.

Conforme prometeu, enviouposteriormente os Seus mensa-geiros, a fim de que despertem asconsciências e repitam Suas lições,porque toda aprendizagem exigeexercício, repetência, de forma quese fixem por definitivo nos painéisda memória, transformando-se emconduta salutar.

...

Se já sentiste a mensagem deJesus, ouvindo-a, lendo-a, auscul-tando-a no coração, não te dete-nhas.

Aproveita este momento im-portante e deixa-te penetrar por ela,a fim de que a tua seja uma apren-dizagem valiosa, que te facultará aalegria de viver, liberando-te dascausas das aflições e emulando-te aocrescimento interior incessante.

Melhor pedagogia do que adEle não existe, pois que vem atra-vessando os dois milênios já tran-satos com superior qualidade deorientação.

Este é o teu momento de real-mente aprenderes a viver.

Joanna de Ângelis

(Página psicografada pelo médium Di-valdo Pereira Franco, em 19 de janeiro de2004, em Miami, Flórida – USA.)

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Se já sentiste a

mensagem de Jesus,

ouvindo-a, lendo-a,

auscultando-a

no coração, não te

detenhas

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Quando o Codificador do Es-piritismo, Allan Kardec, esta-beleceu que “fora da caridade

não há salvação”, exprimiu, indubi-tavelmente, toda a base para que seinstalasse o progresso, a fraternida-de, a alegria e a paz no campo dasrelações humanas no mundo.

A realidade de que a caridade– expressão apresentada pelo gênioapostólico de Paulo de Tarso – tema nítida dimensão do amor, mas doamor dinâmico, do amor em ação,movimentando as energias da vida,em toda parte, leva-nos a conside-rar que essa virtude excelente é ofundamento para a própria existên-cia de todos nós no Planeta.

Desse modo, vale considerarque, quando a caridade é aplicadanas várias situações cotidianas, tu-do assume nova coloração, novasdisposições em benefício geral.

A caridade, quando usada embenefício do seu próprio agente,impõe que ele se torne alguém quea si mesmo respeite, passando aadotar em sua estrada as posturasfundamentais ao êxito. O auto-res-peito, por meio dos cuidados como corpo e com o Espírito; o sentidode cidadania, através do cumpri-mento dos seus deveres e do ajusta-mento aos seus direitos; o empenhopelo autoconhecimento, que o faráidentificar seus limites e possibili-

dades reais, tudo corresponderá asignificativo gesto de amor, deamor a si próprio.

Como o Mestre Nazareno pro-pôs que, além do amor ao Sempi-terno, acima de tudo, pudéssemosamar o semelhante, do mesmo mo-do como a nós nos amássemos, po-demos crer que a caridade aplicadaao próprio caridoso determinaráque seu modus vivendi reflita o ve-ro amor que o coração amoroso écapaz de experimentar.

A caridade, quando mobiliza-da em prol da instituição familiar,consegue movimentar as energiasíntimas de cada membro do grupodoméstico, fazendo com que todos

logrem alcançar as realizações paraas quais renasceram.

Importante será reconhecerque ninguém se acha numa famíliapor mera casualidade, desenvolven-do a consciência de que não reen-carnamos sob cuidados pater-ma-ternais, ou sob o afeto dos irmãos ede outros entes secundários dessegrupo, sem que isso tenha conside-rável importância no contexto davida.

Então, se cada um devotar-se acumprir seu papel, cooperando comos demais, fazendo esforços paranão pesar em demasia sobre a fa-mília, estará, sem dúvida, em fran-co exercício da caridade doméstica.Estará atuando com o dinamismodo amor, ainda mesmo que não en-contre reciprocidade por parte dosseus dependentes afetivos e de ou-tros familiares.

Quando a caridade se apresen-ta na pauta da atividade profissio-nal, leva cada trabalhador a pro-curar o seu melhor desempenho,convicto de que está prestando umserviço a alguém, a algum grupo ouà sociedade como um todo, servin-do com os recursos divinos do sa-ber e das habilidades que detém.Com isso, demonstrará que quer obem, que preza a honestidade, quevive a honradez de quem movi-menta em si, e ao redor de si, asenergias do amor.

Se é na esfera da vida religiosaque encontramos a caridade, de-parar-nos-emos com a busca da ma-

A caridade e a vida

Quando a caridade

se apresenta na pauta

da atividade

profissional, leva

cada trabalhador a

procurar o seu melhor

desempenho,

convicto de que está

prestando um serviço

a alguém

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turidade, na ampliação do entendi-mento em torno da vida terrena eseu relacionamento com a imorta-lidade espiritual. Acharemos, aí, odesenvolvimento do senso moral,que permitirá ao indivíduo religio-so despegar-se do pieguismo, da in-genuidade crédula ou mesmo do fa-natismo, sempre pernicioso, passan-do a adotar o discernimento, a re-flexão e o bom senso, sem temores,seja qual for a questão ou a situaçãoem pauta.

Essa independência e responsa-bilidade com a boa seleção do ma-terial nutritivo da nossa fé, pelos fil-tros da razão, equivale à ação doamor que liberta, ao labor da cari-dade, portanto.

Uma vez que a caridade pode edeve atuar nos relacionamentos so-ciais das criaturas, temos ocasião deempreender esforços por respeitaras posições filosóficas ou ideológi-cas alheias, sem, contudo, trepidardiante do que sabemos e cremosnas linhas do bem, ainda quandocontraditados por terceiros.

No exercício dessa caridade so-cial, entenderemos as disposiçõesdos que crêem diferentemente denós, dos que assumem viciações edescompassos morais de aspectosdiversos, pois tratar-se-á de escolhaindividual, de exercício do livre-ar-bítrio, ainda que mal direcionadoante as leis de Deus. Sem embargo,não nos caberá, assumida a posturamoral espiritista, abrir mão das con-vicções e dos trabalhos nossos portemer opiniões de opositores, con-denações e mesmo perseguições porparte de almas apequenadas porpreconceitos, que se dispuseram aconverter as mensagens do Cristoem campo de esgrima ou de duelosemocionais e verbais, uma vez que

o Celeste Amigo estabeleceu que osSeus discípulos seriam reconhecidospelo amor que se devotassem, reci-procamente.

Com Allan Kardec entende-mos que a caridade se reportarásempre aos movimentos internos daalma sequiosa de encontrar-se, nafaixa dos interesses de Jesus.

Assim, então, a caridade podeatuar nos campos da vida íntima decada um, como nos da família, dotrabalho profissional e da ação reli-giosa; mas, pode mais. Pode in-fluenciar nos movimentos da po-lítica e da economia, logrando di-minuir bastante, quando não con-seguir desfazer completamente, ostormentosos conflitos da romagemdas almas pelo orbe terreno, desdeque os seus agentes sejam formadoscom essa visão de que vale investir

na ventura geral, no progresso co-mum, sem ambições particularistas,o que redundará em harmonia epaz no roteiro do progresso.

Vale pensar na caridade, nãocomo simples proposta de só aten-der às passageiras necessidades dosseres, mas, fundamentalmente, co-mo o empenho de cada um no sen-tido de identificar-se mais com Je-sus-Cristo, a mais alta expressão dacaridade conhecida na Terra, a maislúcida mobilização do amor entreos homens.

Camilo

Mensagem psicografada pelo médiumRaul Teixeira, em 30/4/2004, na abertu-ra dos trabalhos da Comissão RegionalSul, da FEB, na sede da Federação Espíri-ta do Estado do Rio de Janeiro, emNiterói (RJ).

A vida e o tempo– “Este é o campo de amor, onde Deus te situa!...”Falou-me o Sol raiando... Em tudo, amanhecia...Disse-me a vida: “Vem!... Semeia, enquanto há dia,Honra-se, em toda parte, a Terra por ser tua!...”

Desço, porém, da gleba aos encantos da rua,Escarneço da fé e enveneno a alegria, Busco apenas prazer em vereda sombria,Mas a morte aparece e a vida continua!...

Desvalido no Além, disputo o corpo aos vermes,Tenho o peito gelado, as mãos tristes e inermes;No entanto, o coração em labaredas arde...

Rogo mais tempo à vida e a vida me responde:– “Esperas, filho meu, mais tempo não sei onde...O teu dia se foi... Agora é muito tarde!...”

Jorge Matos

Fonte: XAVIER, Francisco C. Poetas Redivivos. Diversos Espíritos. 3. ed., Rio deJaneiro: FEB, 1994, cap. 70, p. 102.

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No capítulo VI, item 3 de OEvangelho segundo o Espiri-tismo, Allan Kardec transcre-

ve as palavras de Jesus contidas noEvangelho de João, cap. 14, versí-culos 15-17 e 26:

“Se me amais, guardai os meusmandamentos; e eu rogarei ameu Pai e ele vos enviará outroConsolador, a fim de que fiqueeternamente convosco: – OEspírito de Verdade, que omundo não pode receber, por-que o não vê e absolutamenteo não conhece. Mas, quanto avós, conhecê-lo-eis, porque fi-cará convosco e estará em vós.– Porém, o Consolador, que éo Santo Espírito, que meu Paienviará em meu nome, vos en-sinará todas as coisas e vos farárecordar tudo o que vos tenhodito.” (KARDEC, 2004, p. 128.)

Para ficar ad aeternum conos-co, esse Consolador precisariapreencher três requisitos: científico,filosófico e moral. E seus adeptos,para desfrutar, em plenitude, dosseus benefícios, consoante a pro-

messa crística, teriam, igualmente,de possuir outras três condições,conforme analisaremos a seguir.

Na primeira condição – “guar-dai os meus mandamentos” – Jesusobjetiva sensibilizar-nos o coração.E o Espiritismo não ensina nada di-ferente da moral cristã: os manda-mentos do Senhor têm por base acaridade material e espiritual, oamor, a humildade, a renúncia a to-do tipo de recompensa material emoral, enfim, o “amar a Deus sobretodas as coisas e ao próximo comoa si mesmo”. Temos aqui o aspectomoral-religioso da Doutrina Espíri-ta.

O segundo requisito seria ver econhecer. Em sua época, o Senhoresclarecia que o mundo não tinhaolhos de ver e conhecer o Espírito deVerdade. Entretanto, prometia aosseus discípulos o envio do Consola-dor para ficar eternamente com osque o seguissem. A Filosofia espíritapermite-nos refletir, “ver e conhe-cer” a Verdade contida na mensagemde Jesus, por falar-nos à razão.

Finalmente, para ensinar-nos“todas as coisas”, o Consolador pre-cisaria ter a característica de Ciên-cia. Não da ciência de laboratório,mas da verdadeira Ciência: a do Es-pírito, que transcende o pragmatis-mo humano, exclusivamente basea-

do nas leis físicas reconhecidas pelométodo experimental. A do Espiri-tismo é uma Ciência de observação,baseada na confirmação subjetivados fatos, mas nem por isso menosimportante que a dos laboratórios.Para atingir a condição de aprendizde “todas as coisas”, o espírita pre-cisa estudar a Doutrina e observaros fenômenos espíritas ao longo detoda a sua vida.

Em sintética demonstração doque afirmamos, a Conclusão de OLivro dos Espíritos, nos seus itensVII a IX, expõe, inicialmente, ostrês aspectos diversos do Espiritis-mo: “o das manifestações, o dosprincípios e da filosofia que delasdecorrem e o da aplicação dessesprincípios”.

Em conseqüência disso, mos-tra-nos Kardec (2001, p. 486-487),decorrem os três graus dos que lhessão adeptos:

“1o – os que crêem nas mani-festações e se limitam acomprová-las; para esses,o Espiritismo é uma ciên-cia experimental”;

“2o – os que lhe percebem asconseqüências morais”,para quem o Espiritismoé Filosofia; e

“3o – os que praticam ou se es-forçam por praticar essa

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Tríplice aspecto daDoutrina Espírita e seus adeptos

(Estudo dos itens VII a IX da Conclusão de O Livro dos Espíritos)

Jorge Leite de Oliveira

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moral”, que, em outra par-te, Kardec classifica de “ver-dadeiros espíritas ou espíri-tas cristãos”. Nesse ponto,a doutrina emanada dasobras da Codificação leva--nos ao sentido real de reli-gião, sem qualquer atavis-mo que nos vincule a ritos,paramentos, comércio degraças, enfim, ao sacerdó-cio profissional.

Diz Kardec (2001, p. 487) que,seja qual for o ponto de vista, cien-tífico ou moral, aplicado aos estu-dos espíritas, todos compreendemserem eles uma ordem inteiramen-te nova de idéias surgida para pro-mover “uma profunda modificaçãono estado da Humanidade (...) nosentido do bem”.

Informa o Codificador havertambém três categorias de adversá-rios do Espiritismo:

“1a – a dos que negam sistema-ticamente tudo o que énovo, ou deles não venha,e que falam sem conheci-mento de causa.” São osmovidos por orgulho epresunção;

2a – a dos que combatem osfatos por “motivos de in-teresse pessoal”. Esses,movidos pela ambição,receiam as conseqüênciasdo Espiritismo e o atacam“como a um inimigo”;

3a – por fim, a dos que achama moral espírita muito ri-gorosa para seus atos.Agindo por egoísmo, “pre-ferem fechar os olhos”.(KARDEC, 2001, p. 487.)

Em sua sapiência, Kardec de-duz não existir quem apresenteprovas contrárias contundentescontra os fenômenos espíritas.

Sobre a transformação moraldecorrente do conhecimento dasmensagens do Além, afirma o Co-dificador: “Fora presumir demaisda natureza humana supor que elapossa transformar-se de súbito, porefeito das idéias espíritas.” Osgraus variam... Mas sempre háuma melhora. (KARDEC, 2001,p. 488.)

Um dos mais evidentes postu-lados básicos é o de que os fenôme-nos espíritas provam a existência deum mundo extracorpóreo. Em con-seqüência, combatem as doutrinasmaterialistas.

Três são os efeitos da FilosofiaEspírita:1o – desenvolver o sentimento

religioso;2o – resignação nas vicissitudes

da vida;3o – estímulo à indulgência

para com os defeitosalheios (ao egoísmo deve--se contrapor a abnega-ção). (KARDEC, 2001, p.488-489.)

Evangelho de Jesus e Moral Espírita

A moral ensinada pelos Espíri-tos é a mesma que Jesus ensinou.Mas assim como a moral ensinadapelo Cristo está sintetizada no De-cálogo e não vem modificá-lo, a doEspiritismo vem confirmar os ensi-namentos do Senhor e, sobretudo,mostrar a utilidade prática dessamoral. O Espiritismo vem tirar ovéu da alegoria das verdades ensina-das por Jesus.

As manifestações espíritas ocor-rem simultaneamente em todos oscantos da Terra. A luz surge portoda parte. Não é uma só pessoaquem a transmite, são os enviadosdo Cristo, sob a direção espiritualdo Espírito de Verdade.

Diz Kardec que do mesmomodo como o microscópio nos des-vendou o mundo dos infinitamen-te pequenos e o telescópio nos mos-tra milhões de mundos que igno-rávamos, “as comunicações espíritasnos revelam o mundo invisível quenos cerca, nos acotovela constante-mente e toma parte em tudo o quefazemos”. (KARDEC, 2001, p. 490.)

“O Espiritismo, com os fatos,matou o materialismo.” Mas ele fazmais: mostra-nos “os inevitáveisefeitos do mal e, em conseqüência,a necessidade do bem”. Para oadepto espírita, “o futuro deixou deser coisa imprecisa, simples esperan-ça”; torna-se uma verdade explica-da e compreendida pela observaçãoperseverante. Os que praticaram omal vêm lamentar-se, os que prati-caram o bem vêm felicitar-se peloque fizeram antes de sua desencar-nação. (KARDEC, 2001, p. 491.)

Divergências nos ensinos dosEspíritos

A unidade dos ensinos espíri-tas, segundo Kardec, já se fez quan-to aos seus princípios básicos: exis-tência de Deus, existência e sobre-vivência do Espírito, o livre-arbítrioe a lei de causa e efeito, a reencarna-ção, a comunicabilidade dos Espí-ritos e a pluralidade dos mundoshabitados.

Atualmente, com as sondasenviadas a Marte pelos EstadosUnidos, algumas pessoas se pergun-

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tam como fica o princípio da plu-ralidade dos mundos habitados,pois até agora só se tem visto ro-chas, indícios de já ter existidoágua e mais nada naquele planeta.Aguardemos o futuro. Não pode-mos negar a existência de uma cida-de apenas porque à sua frente se er-gue uma montanha ainda intrans-ponível por nós. Se continuarmos aavançar, em breve teremos transpos-to esse monte e, à nossa frente, res-plandecerá com suas luzes a novaJerusalém do símbolo bíblico.

Os bons Espíritos jamais secontradizem. Não seria nesse pon-to que o fariam. Os princípios fun-damentais são os mesmos entre to-dos os adeptos do Espiritismo. Sãoeles, diz Kardec, que nos hão deunir num pensamento comum: “oamor de Deus e a prática do bem.”

Na análise de uma mensagemmediúnica, o argumento supremodeve ser a razão. Os bons Espíritossó pregam a união, o amor a Deuse ao próximo, a prática do bem e averdade.

Encerrando a Conclusão deO Livro dos Espíritos, Kardec trans-creve esta bela mensagem de SantoAgostinho:

“Por bem largo tempo, os ho-mens se têm estraçalhado eanatematizado mutuamente emnome de um Deus de paz emisericórdia, ofendendo-o comsemelhante sacrilégio. O Espi-ritismo é o laço que um dia osunirá, porque lhes mostraráonde está a verdade, onde o er-ro. Durante muito tempo, po-rém, ainda haverá escribas e fa-riseus que o negarão, comonegaram o Cristo. Quereis sa-ber sob a influência de que Es-píritos estão as diversas seitas

que entre si fizeram partilha domundo? Julgai-o pelas suasobras e pelos seus princípios.Jamais os bons Espíritos foramos instigadores do mal; jamaisaconselharam ou legitimaramo assassínio e a violência; ja-mais estimularam os ódios dospartidos, nem a sede das rique-zas e das honras, nem a avidezdos bens da Terra. Os que sãobons, humanitários e benevo-lentes para com todos, esses osseus prediletos e prediletos deJesus, porque seguem a estradaque este lhes indicou para che-garem até ele.”

Com esta obra, Allan Kardec,esse missionário do Cristo, instruí-do e orientado pelo Espírito de Ver-dade e por Espíritos como SantoAgostinho, São Luís, Sócrates, Pau-lo e muitos outros, iniciou o ex-traordinário trabalho de trazer ao

mundo a Terceira Revelação deDeus, o Consolador prometido porJesus, que ficará eternamente co-nosco.

Mas deixamos aqui algumasperguntas: será que igualmente nósestamos com o Consolador? Sabe-mos tratar-nos com tolerância e fra-ternidade? Por conhecermos bem alei de causa e efeito, evitamos lesarnosso semelhante? Buscamos, infati-gavelmente, praticar o bem? Se a res-posta a essas e a inúmeras outrasquestões semelhantes for sim, esta-mos no bom caminho. Caso contrá-rio, não teremos fechado, na prática,o triângulo que compõe o Espiritis-mo: Ciência, Filosofia e Religião.

BIBLIOGRAFIAS:

KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Es-piritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 122. ed. Riode Janeiro: FEB, 2004.

––––––. O Livro dos Espíritos. Trad. GuillonRibeiro. 82. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2001.

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O Espiritismo é forte

OEspiritismo é forte porque assenta sobre as próprias bases da re-ligião: Deus, a alma, as penas e as recompensas futuras; sobretudo,

porque mostra que essas penas e recompensas são corolários naturaisda vida terrestre e, ainda, porque, no quadro que apresenta do futuro,nada há que a razão mais exigente possa recusar.

Que compensação ofereceis aos sofrimentos deste mundo, vóscuja doutrina consiste unicamente na negação do futuro? Enquantovos apoiais na incredulidade, ele se apóia na confiança em Deus; aopasso que convida os homens à felicidade, à esperança, à verdadeirafraternidade, vós lhes ofereceis o nada por perspectiva e o egoísmo porconsolação. Ele tudo explica, vós nada explicais. Ele prova pelos fatos,vós nada provais. Como quereis que se hesite entre as duas doutrinas?

Allan Kardec

Fonte: O Livro dos Espíritos. 83. ed., Rio de Janeiro: FEB, 2002, Conclusão,item V, p. 484.

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Administração“Dá conta de tua administração.”

– Jesus. (Lucas, 16:2.)

Na essência, cada homem é servidor pelo trabalho que realiza na obra do Supre-mo Pai, e, simultaneamente, é administrador, porquanto cada criatura humana de-tém possibilidades enormes no plano em que moureja.

Mordomo do mundo não é somente aquele que encanece os cabelos, à frentedos interesses coletivos, nas empresas públicas ou particulares, combatendo tricasmil, a fim de cumprir a missão a que se dedica.

Cada inteligência da Terra dará conta dos recursos que lhe foram confiados.

A fortuna e a autoridade não são valores únicos de que devemos dar conta ho-je e amanhã.

O corpo é um templo sagrado.

A saúde física é um tesouro.

A oportunidade de trabalhar é uma bênção.

A possibilidade de servir é um obséquio divino.

O ensejo de aprender é uma porta libertadora.

O tempo é um patrimônio inestimável.

O lar é uma dádiva do Céu.

O amigo é um benfeitor.

A experiência benéfica é uma grande conquista.

A ocasião de viver em harmonia com o Senhor, com os semelhantes e com aNatureza é uma glória comum a todos.

A hora de ajudar os menos favorecidos de recursos ou entendimento é valiosa.

O chão para semear, a ignorância para ser instruída e a dor para ser consoladasão apelos que o Céu envia sem palavras ao mundo inteiro.

Que fazes, portanto, dos talentos preciosos que repousam em teu coração, emtuas mãos e no teu caminho? Vela por tua própria tarefa no bem, diante do Eter-no, porque chegará o momento em que o Poder Divino te pedirá: – “Dá conta detua administração.”

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Fonte Viva. 28. ed., Rio de Janeiro: FEB, 2002, cap. 75, p. 177-178.

ESFLORANDO O EVANGELHOEmmanuel

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O Conde de Monte Cristo.As Aventuras de Robinson

Crusoé.A Cabana do Pai Tomás.

Três obras que o mundo consa-grou nos séculos XVIII e XIX,nas quais havia um traço co-

mum – o pendor de seus autorespara os conceitos espíritas.

Um insofismável testemunhode que maior era a coragem de seuscorações do que a resistência e oapodo, à época, de alguns adversá-rios!

Ajudado por numerosos cola-boradores, sobretudo por AugustoMaquet, foi o mais fértil dos escri-tores de seu tempo – AlexandreDumas. Nascido em Villers – Cot-terêts, 1802, desencarnou em Puys,perto de Dieppe, em 1870. Real-mente, são impressionantes os gran-des sucessos teatrais de sua lavra:“Henrique III e sua Corte”; “An-tony”; “A Torre de Nesle”; “Kean”;“Os Três Mosqueteiros”, conti-nuando mais tarde por “Vinte AnosDepois”, “A Rainha Margot” e tan-tos outros. Entretanto, uma obra háque destacar. Referimo-nos a OConde de Monte Cristo. Escrita em1846, em pouco tempo alcançavagrande sucesso, tendo sido aprovei-

tada para peça teatral e posterior-mente para filmes que invadiram,através dos anos, as telas de incon-tável número de casas exibidoras.Todavia, malgrado todo sucesso al-cançado pelos livros, acabou Ale-xandre Dumas arruinado, após terdilapidado sua fabulosa fortuna.

Kardec, na edição de julho de1868, da Revista Espírita, deu des-taque ao assunto relacionado à obraO Conde de Monte Cristo, publi-cando alguns tópicos extraídos des-te trabalho.

No final, uma observação aosleitores da Revista:

“Nestes pensamentos não há se-não uma crítica muito pequena afazer: é a qualificação de excepcio-nais dada aos seres invisíveis, quenos rodeiam. Esses seres nada têmde excepcional, desde que são as al-mas dos homens, e que todos os ho-

mens, sem exceção, devem passarpor esse estado. Fora disto, não sedirá que estas idéias são tiradastextualmente da doutrina?”

Mas, vejamos os tópicos inseri-dos pelo Codificador.

Na 3a parte, capítulo XVIII –“O recinto da luzerna” –, podemosler:

“Escutai, Valentim. Jamais sen-tistes por alguém uma dessas sim-patias irresistíveis, que fazem que,em vendo uma pessoa pela primei-ra vez, julgais conhecê-la de longadata e vos pergunteis onde e quan-do a vistes? se bem que, não vos po-dendo recordar nem do lugar, nemdo tempo, chegais a crer que foinum mundo anterior ao nosso, eque essa simpatia não é senão umalembrança que se desperta?”

E continua o autor:“Jamais ousastes vos elevar,

num vôo, às esferas superiores queDeus povoou de seres invisíveis eexcepcionais. – E admitis, senhor,que existam esferas superiores? queos seres superiores e excepcionais semisturem conosco? – Por que não?Acaso vedes o ar que respirais, esem o qual não poderíeis viver? –Então nós não vemos estes seres deque falais. – Sim, fato; vós o vedesquando Deus permite que se mate-rializem...” (Monte Cristo, 3a par-te, capítulo IX, “Ideologia”.)

E, finalmente, para não alon-gar muito este trecho:

“E eu, senhor (Villefort), euvos digo que não é assim como pen-

Espiritismo em obras-primasKleber Halfeld

Alexandre Dumas

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sais. Esta noite eu dormi um sonohorrível, porque me via de certomodo dormir, como se a minha al-ma já estivesse planando acima demeu corpo; os olhos, que me esforça-va por abrir, se fechavam mau gra-do meu; e, contudo... com meusolhos fechados, eu vi, no mesmolugar onde estais, entrar sem ruídouma forma branca.” (Monte Cris-to, 4a parte, capítulo XIII, “Senho-ra Mairan”.)

“Uma hora antes de expirar,ele me disse: ‘Meu pai, a fé de ne-nhum homem pode ser mais vivaque a minha, porque eu vi e ouvifalar uma alma separada de seucorpo’.” (François Picaut, continua-ção do Monte Cristo.)

Observamos, assim, uma iden-tificação de pensamentos espíritasnos trechos atrás assinalados. Recor-demos ainda que a obra O Livrodos Espíritos foi por Kardec lança-da na França, em dezoito de abrilde mil oitocentos e cinqüenta e se-te.

O romance em foco, conformevimos, foi escrito em 1846.

...

Tem a Inglaterra do séculoXVII a presença em seu solo dedois escritores que, através de suasobras, projetaram este país no cená-rio mundial da literatura – Jona-than Swift e Daniel Defoe.

Swift, escritor nascido na Ir-landa, foi secretário de importantediplomata da época. Tendo entra-do para o clero anglicano, depoisde algum tempo dele se retirou,decepcionado, escrevendo entãouma sátira dirigida contra a socie-dade inglesa e a civilização de suaépoca. Fazemos alusão ao livro AsViagens de Gulliver, o qual fez de-

le um dos grandes escritores do sé-culo XVIII.

Defoe, escritor inglês, foi antesviajante, comerciante e armador,tendo favorecido a subida de Gui-lherme III de Orange ao trono pormeio de panfletos que o exaltavam.Em 1706 entrou a serviço da rainhaAna, mas desiludido com a políti-ca, dedicou-se à literatura, con-sagrando-se com o romance A Vi-da e Estranhas e SurpreendentesAventuras de Robinson Crussoe deYork, marinheiro (1719), depois cha-mado As Aventuras de RobinsonCrusoé.

Destacamos um elo entre Swifte Defoe. Porque em um país fictí-cio, Swift, através de seu persona-gem – Gulliver – descobre o atrasodos europeus, o absurdo de suasquerelas políticas, a insensatez dasguerras.

Em uma ilha longe da civiliza-ção, Defoe, por intermédio da figu-ra que criara – Robinson Crusoé –,fala de uma sociedade opressora, doprincípio de liberdade, do poderconstrutivo do homem.

Se a Inglaterra vê nascer doiscríticos ferozes, os direitos huma-nos neles têm dois ardorosos de-fensores.

Mas, falando aqui em seme-lhante elo, há que considerar igual-mente uma ligação entre Defoe eKardec, ou melhor expressando, en-tre o criador de Robinson Crusoé ea Doutrina Espírita.

Em 1867, ou seja, quase umséculo e meio depois da publicaçãode As Aventuras de Robinson Cru-soé, usando-se aqui o título sim-plificado, seria este livro objeto deestudo por parte de um assinanteda Revista Espírita, dirigida porKardec.

Entusiasmado com o conteúdoda obra, o assinante, que residia emAntuérpia, na Bélgica, entrou ime-diatamente em correspondênciacom o Codificador, que na ediçãode março do mesmo ano fez publi-car um comentário com o título su-gestivo de “Robinson Crusoé Espí-rita”.

Seis meses depois, Kardec vol-taria para confirmar seu pensa-mento e na edição de setembro es-crevia:

“(...) A obra completa, tradu-zida da edição original inglesa,compreende três volumes e faz par-te de uma coleção em trinta e tan-tos volumes, intitulada: Viagensimaginárias, sonhos, visões e ro-mances cabalísticos, impressa emAmsterdam em 1787. O título in-dica que também se encontra emParis, rue et hotel Serpente.”

E complementa:“Os dois primeiros volumes

dessa coleção contêm as viagenspropriamente ditas de Robinson; oterceiro volume, que o nosso corres-pondente nos quis confiar, tem por

Daniel Defoe

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título: Reflexões sérias e importan-tes de Robinson Crusoé (...).”

Analisando com atenção al-guns trechos do terceiro volume,nota-se a perfeita justaposição doautor não somente com algumasafirmativas da Doutrina Espírita,mas, o que é importante ainda,com seus próprios princípios fun-damentais.

Observação: Aconselhamos aleitura do nosso artigo “Um espíri-ta chamado Robinson Crusoé”, emReformador de setembro de 1985,no qual o leitor encontrará maioresdetalhes da vida e obra de DanielDefoe, o consagrado escritor inglês.

...

Harriet Beecher Stowe, ro-mancista americana, nasceu emNitchfield, em 1811, desencarnan-do em Hartford em 1896. É auto-ra do romance A Cabana do PaiTomás, escrita em 1852, considera-do um dos mais poderosos instru-mentos da propaganda abolicionis-ta nos Estados Unidos.

Na edição de novembro de1868, Kardec, de posse do roman-ce, teve ensejo de transcrever deleos três tópicos seguintes das páginas10, 128 e 200:

“Página 10 – Meu pai era umaristocrata. Creio que, nalguma exis-tência anterior, ele devia ter pertenci-do às classes da maior elevada ordemsocial, e que tinha levado consigo, naatual, todo o orgulho de sua antiga cas-ta; porque esse orgulho lhe era ineren-te; estava na medula de seus ossos,posto fosse de uma família pobre eoperária.”

“Página 128 – Evidentemen-te as palavras que ele cantando nes-

sa tarde lhe atravessavam o espíri-to, palavras de súplica, dirigidas àinfinita misericórdia. Seus lábiosmoviam-se fracamente e, em rarosintervalos, escapava-se uma pala-vra. – Seu espírito varia, disse omédico. – Não, ele volta a si, disseSaint-Claire com energia.

Esse esforço o esgotou. A pali-dez da morte espalhou-se em seurosto, mas com ela uma admirávelexpressão de paz, como se algum Es-pírito misericordioso o tivesse abri-gado sob suas asas. Ele parecia umacriança que dormia de fadiga.

Ficou assim alguns instantes;uma mão todo-poderosa repousavasobre ele. Mas, no momento emque o Espírito ia tomar o seu vôo,abriu os olhos, iluminado por umclarão de alegria, como se reconhe-cesse um ser amado, e murmuroubaixinho: “Minha mãe!... sua al-ma se tinha evolado!”

“Página 200 – Oh! como a al-ma perversa ousa penetrar nestemundo tenebroso do sono, cujos li-mites incertos se avizinham tantodas cenas apavorantes e misteriosasda retribuição!”

Logo após o Codificador faz asseguintes considerações:

“É impossível exprimir maisclaramente a idéia da reencarna-ção, de origem de nossas inclinaçõese da expiação sofrida nas existên-cias posteriores, desde que diz queo que foi rico e poderoso pode re-nascer na pobreza. É notável queesta obra tenha sido publicada nosEstados Unidos, onde o princípioda pluralidade das existências ter-renas há muito foi repelido. Elaapareceu em 1850, na época dasprimeiras manifestações espíritas,quando a doutrina da reencarna-ção ainda não havia sido procla-mada na Europa. A sra. BeecherStowe então a havia colhido emsua própria intuição. Aí via a úni-ca razão plausível das aptidões edas propensões inatas. O segundofragmento citado é bem o quadroda alma que entrevê o mundo dosEspíritos no momento de sua liber-tação.”

Três escritores.Um francês – Alexandre Du-

mas.Um inglês – Daniel Defoe.Uma americana – Harriet Bee-

cher Stowe.

Três obras primas: O Conde deMonte Cristo, As Aventuras de Ro-binson Crusoé, A Cabana do PaiTomás.

Todas com um elo comum: asafirmativas em suas páginas reve-lando a identificação de seus auto-res com os princípios espíritas, osquais seriam codificados anos de-pois por Hippolyte Léon Deni-zard Rivail – Allan Kardec –, omissionário escolhido no PlanoMaior!

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Harriet Beecher Stowe

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Desde que me tornei esperantis-ta e passei a atuar no meio es-pírita – ensinando e divulgan-

do essa “primeira maravilha do 3o

Milênio”, como denominou o sau-doso espírita esperantista Ismael G.Braga –, tenho sido questionado,vez por outra, sobre a relação Espi-ritismo e Esperanto. Por que Sema-nas Espíritas-Esperantistas? O quediz respeito ao Esperanto na Codi-ficação Espírita? O fato é que a me-diunidade é que nos mostra a razãode acreditarmos que o mundo espi-ritual existe, com uma complexida-de de coisas semelhantes às que co-nhecemos na terra. E as obrasmediúnicas espelham esse fiel retra-to da vida em outras dimensões.

Allan Kardec nos fala sobremundos, comunidades habitadaspor civilizações muito diferentes dasque conhecemos. E constantemen-te ele aborda o problema da lingua-gem que usamos, insuficiente paracompreender as coisas que estãomuito além do nosso entendimen-to. Portanto, o problema da lingua-gem é fundamental na evolução doespírito. Ela existe, aqui e do outrolado... e teremos de usá-la por mui-tos e muitos séculos para atingir-mos a perfeição de espíritos puros!E os livros psicográficos descrevemcom perfeição essa realidade nos

mundos onde os espíritos ainda lu-tam para se aperfeiçoar. Na men-sagem O ESPERANTO COMOREVELAÇÃO, psicografia de F. V.Lorenz, recebida por F. C. Xavier,ele nos fala das barreiras e divisõesno mundo espiritual para os espíri-tos, na comunicação, devido à lin-guagem ainda articulada. Portanto,a língua será sempre um valioso ins-trumento para o seu progresso. ......................................................

Chegamos no século 21 comas perspectivas de mudanças eglobalização. Tudo se unifica, tudose transforma. A corrida para osanos futuros é cheia de surpresas eprevisões. As ciências se armamcom descobertas fascinantes!... E aslínguas? Como ficam? O mundo éuma Babel, lembrando os temposbíblicos. As sociedades estão dividi-das, o homem não se compreen-de no meio de tantas traduçõescom custos enormes nos orçamen-tos públicos. As raças se multiplica-ram, por conseguinte... as línguastambém. São as barreiras entre po-vos, nações e culturas. As mesmasbarreiras que os espíritos afirmamhaver do lado de lá, aqui tambémexistem... Os dois mundos se rela-cionam constantemente. É lei davida. É lei universal... Diante detantas complicações surgiu ummensageiro enviado das esferas ce-lestiais para impulsionar a evolução

do homem: Allan Kardec, vindono tempo certo para mostrar oConsolador Prometido e, na mes-ma época, Lázaro Zamenhof tam-bém recebia a sublime missão deiniciador do Esperanto na Terra! .....................................................

Tendo tido anteriormente en-carnações entre povos de culturasrefinadas, como na Grécia, Zame-nhof viria agora iniciar outra exis-tência no meio de povos rudes on-de predominavam várias línguas epor conseguinte o entendimentoentre eles era difícil. ......................................................

O Esperanto, surgido no anode 1887, hoje tem um movimentoconhecido em vários quadrantes doglobo, auxiliando a evolução huma-na rumo a uma cultura universal! OEsperanto tornou-se um veículo demuita utilidade para o Espiritismo,cujas obras, muitas já percorrem omundo traduzidas para a língua in-ternacional!

Como cultura transnacional,transcendental, o Esperanto cum-pre o seu papel de elevar o homemem busca de sua espiritualidade su-perior. É uma cultura dos dois mun-dos: material e espiritual!

O autor é jornalista e professor de Es-peranto, em Duque de Caxias (RJ).

Fonte: Revista Internacional de Espiri-tismo, novembro de 2003, p. 542.

A FEB E O ESPERANTO

Esperanto: entre dois mundosIdioma alternativo e neutro derruba barreira lingüística entre os povos

Daniel Peliz

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C ientistas da Universidadeda Califórnia, em São Francis-co, Estados Unidos, identi-

ficaram recentemente o genecapaz de explicar os efeitos doálcool no cérebro. Tais pesqui-sadores estão otimistas com apossibilidade de poderem de-senvolver um medicamento ca-paz de combater o alcoolismo.

Destacamos que “o Espiritismofornece a chave das relações existen-tes entre a alma e o corpo e provaque um reage incessantemente so-bre o outro (...). Quando a Ciêncialevar em conta a ação do elementoespiritual na economia, menos fre-qüentes serão os seus maus êxitos.”Allan Kardec: O Evangelho segun-do o Espiritismo, Introdução, itemXIX “Resumo da Doutrina de Só-crates e Platão”, p. 51.

...

Policiais da Grã-Bretanha en-contraram, na terça-feira, 9 demarço passado, a quarta vítimafatal de uma droga misteriosaque está sendo consumida na re-gião de Newcastle, Norte daInglaterra. Todos os mortos ti-nham em seus bolsos pílulasazuis, denominadas Snidey Blues.Testes toxicológicos estão sendorealizados para descobrir exata-

mente qual é a composição detais comprimidos.

A propósito, é oportuno refle-tir sobre o conteúdo da pergunta952 de O Livro dos Espíritos, e so-bre a resposta que nos foi transmi-tida pelos Espíritos Superiores: Co-mete suicídio o homem que perecevítima de paixões que ele sabia lhehaviam de apressar o fim, porém aque já não podia resistir, por havê--las o hábito mudado em verdadei-ras necessidades físicas? “É um sui-cídio moral. Não percebeis que,nesse caso, o homem é duplamenteculpado? Há nele então falta de co-ragem e bestialidade, acrescidas doesquecimento de Deus.”

...

O artigo 5o, parágrafo VI, daConstituição Brasileira de1988, declara: “É inviolável aliberdade de consciência e decrença, sendo assegurado o li-vre exercício dos cultos religio-sos e garantida, na forma dalei, a proteção aos locais deculto e suas liturgias.”

O Livro dos Espíritos, questão838, elucida: “Toda crença é res-peitável, quando sincera e condu-cente à prática do bem. Condená-veis são as crenças que conduzamao mal.”

...

Oito juristas internacionaisafirmaram dispor de provassuficientes para pedir à CortePenal Internacional – sediadaem Haia, na Holanda – umainvestigação para determinarocorrência de crimes contra aHumanidade na guerra doIraque, em 2003. Em um in-forme, que deve ser entregue aopromotor da Corte Internacio-nal, o argentino Luis MorenoOcampo, estes especialistas jus-tificam sua denúncia por cau-sa do uso de bombas de frag-mentação e munições comurânio empobrecido durante oconflito bélico ocorrido naque-le País. (Fonte: Último Segun-do, de 22/3/2004 – coluna: “Omundo em resumo.”)

Segundo a interpretação espí-rita, as guerras acontecem devidoà “predominância da natureza ani-mal sobre a natureza espiritual etransbordamento das paixões. Noestado de barbaria, os povos umsó direito conhecem – o do maisforte. Por isso é que, para taispovos, o de guerra é um estadonormal. À medida que o homemprogride, menos freqüente se tor-na a guerra, porque ele lhe evita ascausas, fazendo-a com humani-dade, quando a sente necessária”.O Livro dos Espíritos, questão742.

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Em dia com o Espiritismo– I –

Marta Antunes Moura

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“Que o Espírito Santo me ilu-mine e ajude a tornar compreensí-vel a minha palavra, outorgando--me o favor de pô-la ao alcance detodos!” 1

São raras as citações, como aem epígrafe, nas Obras Bási-cas ou Introdutórias da Dou-

trina Espírita e pouco freqüentesnas Obras Complementares ouConfluentes, mas bem abundantesna Bíblia, Novo e Velho Testamen-tos, designando-se nelas o EspíritoSanto, ora como uma entidade co-letiva ora individual, um Espíritopuro, o Revelador, uma consciênciamoral ou uma inspiração mediúnica.

Em algumas traduções bíblicaso dito “do Espírito” foi substituídopor “do Espírito Santo”1, alterandosubstancialmente o sentido, o quevem dificultar a análise de todaacepção do termo, com estas inser-ções, sem contudo constituir-senum impedimento. Outra não foia intenção tendenciosa de algumastraduções.

Assim, a tradução do texto ori-ginal – “Se um homem não renas-ce da água e do Espírito” – sofreualteração com a referida interpola-ção para “da água e do Santo Espí-rito” e em outras para “da água e doEspírito Santo”.1

Nas obras espíritas e não espí-ritas, vemos citações em que asações do Espírito Santo são defini-das como uma manifestação coleti-va a exemplo da que se segue:

“(...) falange de Emissários daProvidência que superintende osgrandes movimentos da Humani-dade na Terra e no Plano Espiri-tual.” 2

Na Bíblia, Novo Testamento,as citações são inúmeras e com sen-tidos vários:

“Ide pois, e ensinai a todos ospovos, batizando-os em nome doPai, do Filho e do Espírito Santo,instruindo-os na observação de to-das as coisas que vos tenho prescri-to e ficai certos de que estarei con-vosco até a consumação dos sécu-los.” (Mateus, 28:19-20.)

Equivale dizer: evangelizar atodos, sem distinção ou privilégio,nesse mergulho nos desígnios deDeus, de Jesus e dos Espíritos Supe-riores, porque Jesus jamais batizoualguém com a água (João, 4:2), nemos apóstolos o fizeram, enquantoJesus estava entre eles, e nem reco-mendava esta prática, como referePaulo de Tarso, o Apóstolo dosGentios:

“Cristo me enviou, não parabatizar, mas para evangelizar.”(I Coríntios, 1:17.)

Assim, podemos ignorar o ba-tismo da água, e a ele não devemosnos submeter, nem sujeitar nossascrianças, mas não o do fogo, que re-presenta simbolicamente a purifica-ção, a nossa transformação moral.Estaremos faceando, no Evangelhode Jesus, o sábio roteiro da nossa re-forma íntima, cabendo-nos viven-ciar os ensinamentos do nosso Mes-tre, que veio para nos exemplificar

e não nos salvar, porque “não foi asua morte que nos salvou, mas suadoutrina” 3, sendo cada um respon-sável pela sua própria salvação, nosentido de remissão, resgate, e nãode remissão, anulação de nossas fal-tas.

Estaremos realmente batizadospelo Espírito, quando estivermosem sintonia com Ele, na senda doprogresso espiritual.

Referindo-se a Pedro e João as-sim está escrito no Novo Testamen-to: “Vendo, porém Simão que, pelofato de imporem as mãos [Pedro eJoão] era-lhes concedido o EspíritoSanto, ofereceu-lhes dinheiro, pro-pondo: Concedei-me também estepoder, para aquele que sobre quemeu impuser as mãos, receba o Espí-rito Santo. Pedro, porém lhe res-pondeu: O teu dinheiro seja conti-go para a perdição, pois julgasteadquirir por meio dele o dom deDeus.” (Atos, 8:18-20.)

Para nós, espíritas, o EspíritoSanto não representa Deus, nem éuma figura dogmática da “Santíssi-ma Trindade”, “que não tem funda-mento no espírito e na verdade dosEvangelhos” 4, tendo sido uma cria-ção da Igreja e surgindo após osConcílios de Nicéia (325) e Cons-tantinopla (381).

“Temos sempre nos originaisgregos no Novo Testamento, ‘Pneu-ma Hagion’ (Espírito Santo), sem oartigo definido ‘ho’ (o) diante dele.Neles também não há o artigo in-definido (um), porque este nãoexiste no Grego.(...) No Velho Tes-

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O que é o Espírito Santo?Fernando A. Moreira

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tamento só aparece o Espírito San-to como sendo um espírito humanoevoluído, santo. Em Isaias (63:11),lê-se: ‘Onde está o que pôs nele o seuEspírito Santo?’ ” 5

Mais além, no Novo Testa-mento, na predição do nascimentode Jesus, respondendo a Maria, oanjo Gabriel assim se pronunciou:

“Descerá sobre ti o EspíritoSanto e o poder do Altíssimo te en-volverá com a sua sombra; por issotambém o ente santo que há denascer, será chamado Filho deDeus.” (Lucas 1:35.)

Bem mais adiante, o EspíritoSanto foi referido por Jesus como oRevelador, o Consolador Prometi-do, a sua própria presença na Terra:

“E eu rogarei ao Pai, e Ele vosdará outro Consolador, a fim deque esteja sempre convosco, o Espí-rito da Verdade, que o mundo nãopode receber, porque não o vê nemo conhece (...), mas o Consolador,o Espírito Santo, a quem o Pai en-viará, em meu nome, esse vos ensi-nará todas as cousas e vos fará lem-brar de tudo o que vos tenho di-to.” (João, 14:16-17 e 26.)

De Bezerra de Menezes – culto,virtuoso e simples, o “médico dospobres” e das nossas almas, “agentedas luzes do Consolador (...)”6, umfenômeno só compreensível porquem possua a noção da infinitudedo bem do ser espiritual –, pinça-mos um trecho de seu pronuncia-mento, respondendo sobre os mé-ritos e o valimento do Espiritismo:

“Allan Kardec, Espírito prepos-to por Jesus para reunir em um cor-po de doutrina ensinos confiados,pelo mesmo Jesus, ao Espírito deVerdade, constituído por uma le-gião de Altíssimos Espíritos, só apa-nhou o que estes deram, e estes só

deram o que era compatível com acompreensão atual do homem ter-reno.” 7

O Espiritismo é uma doutrinaeminentemente consoladora, repre-sentando o Consolador Prometidopor Jesus, a Terceira Revelação, fru-to do ensino coletivo dos Espíritos,que pontificaram em vários pontosdo Planeta, sendo reunidas porKardec, após análise da razão, naCodificação Espírita.

“Razão, ciência e fé – tal atrindade de que se compõe a Tercei-ra Revelação.” 8

A Doutrina Espírita veio com-pletar suas instruções e ensinar to-das as coisas, que o mundo podeagora receber, relembrando e reno-vando todos os seus ensinamentossendo ela extremamente dinâmica,mantendo-se, por isso mesmo, sem-pre atualizada e em conformidadecom a Ciência, como sempre foi.

“Desvirtuada por completo desua verdadeira significação, a pro-

messa de Jesus não representa paraa Igreja Romana e Protestante adifusão do Espírito, ou antes dosEspíritos, que, por ordem de Deuse enviados por Jesus, viriam estabe-lecer todas as coisas, mas sim umdom sobrenatural, um movimentodo cérebro e do coração que Deusoperou unicamente nos Apóstolos,no dia de Pentecostes.” 8

Allan Kardec fornece as expli-cações necessárias, sobre estas mani-festações mediúnicas, esclarecendosobre a natureza sua e situando-asno contexto do entendimento daTerceira Revelação.“Se disserem queesta promessa se cumpriu no dia dePentecostes, por meio da descida doEspírito Santo, poder-se-á respon-der que o Espírito Santo os inspi-rou, que lhes desanuviou a inteli-gência, que desenvolveu neles asaptidões mediúnicas destinadas afacilitar-lhes a missão, porém quenada lhes ensinou além do que Je-sus já ensinara, porquanto, no quedeixaram, nenhum vestígio se en-contra de um ensinamento espe-cial (...).” 9

Vendo por outro dos inúmerosprismas, esclarece-nos Emmanuel,que ora Espírito Santo “(...) designaa legião dos Espíritos santificados naluz e no amor, que cooperam com oCristo desde os primeiros tempos daHumanidade” 10, ora, como no No-vo Testamento, foi usado noutrosentido, como em: “Todos os peca-dos lhe serão perdoados, menos oscometidos contra o Espírito Santo.Aqui, representa “ a falta cometidacom a plena consciência do dever,depois da bênção do conhecimentointerior (...) despertando em nossoíntimo a centelha do espírito divi-no, que se encontra no âmago detodas as criaturas (...) e a alma hu-

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Allan Kardec fornece

as explicações

necessárias, sobre

as manifestações

mediúnicas do dia

de Pentecostes,

situando-as no

contexto da

Terceira Revelação

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mana estará contra si mesma, repu-diando as suas divinas possibilida-des.” 11

A Doutrina Espírita é consola-dora, estabelecendo a verdade sobreDeus; não “um Deus que mandatentar, por seus sequazes, a pobrecriatura humana, para ter o prazerde condená-la para sempre ao fogoeterno” 12, mas um Deus soberana-mente bom, justo e misericordiosoe que, portanto, não deserda seus fi-lhos, condenando-os a penas eter-nas, pois não há, para Ele, faltas ir-remissíveis. “(...) não pode ser in-finitamente vingativo (...) [,nem nos]imobiliza no mal (...).” 12 É conso-ladora porque explica, pela reen-carnação, como age esta Justiça Di-vina, única maneira compatívelcom nosso Pai Amoroso, que noscriou simples e ignorantes, na cer-teza de que pela nossa evolução es-piritual, através da pluralidade dasexistências e dos mundos habitados,todos alcançaremos a perfeição e afelicidade, porque como prome-teu Jesus, “das ovelhas que meu Paime confiou, nenhuma se perderá”.É consoladora porque nos remeteà fé raciocinada e à nossa refor-ma íntima, na certeza de que “a ca-da um será dado segundo as suasobras”. (Mateus, 16:27.) É consola-dora porque restabelece e amplia aevocação e a comunicabilidade dosEspíritos, tornando-a extremamen-te dinâmica, tendo suas mensagensenxugado lágrimas e pacificado co-rações. É consoladora porque, atra-vés do passe e da água fluidificada,transfere energia benfazeja aos ne-cessitados, promovendo, sempre quepossível, sua reestruturação física emental. É consoladora porque nosfaz aceitar a dor com resignação, nacerteza de que se reverterá no nos-

so burilamento espiritual e, por is-so, na nossa evolução, num proces-so, não punitivo, mas educativo,concedido por Deus, nosso PaiAmoroso.

Em Pentecostes, visualiza-seum outro prisma de enfoque:

“(...) de repente veio do Céuum som, como de um vento impe-tuoso, e encheu toda casa onde es-tavam assentados (...) Todos fica-ram cheios do Espírito Santo epassaram a falar em outras línguas,segundo o Espírito, lhes concediaque falassem.” (Atos, 2:2 e 4.)

Foi uma manifestação mediú-nica de xenoglossia coletiva em queeles estavam “cheios do EspíritoSanto”, portanto, em transe mediú-nico e falavam idiomas por eles des-conhecidos nesta encarnação, mascada um os ouvia falar em seu pró-prio idioma, como muita vezesacontece até hoje, individualmente,nas específicas e selecionadas mani-festações espíritas.

“Estava, portanto, cumprida apromessa e, com ela, fundada aigreja viva de Jesus-Cristo nestemundo (...).” 13

Assim, sejamos plenos do Es-pírito Santo, para que possamos,crentes na mesma crença, ser os di-vulgadores, na mesma seara, daTerceira Revelação, trazida ao nos-so conhecimento pelo EspíritoSanto.

Referindo-se a ela, manifestou--se o Espírito Bezerra de Menezes,na mensagem ao Conselho Federa-tivo Nacional:

“O nosso compromisso é comJesus, o Amor, e com Allan Kardec,a razão, para que a religião cósmi-ca da verdade domine os coraçõeshumanos, restaurando no planeta aera da legítima fraternidade.” 14

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Es-

piritismo. 111. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1991,

p. 85, 86 e 139.

2 XAVIER, Francisco Cândido, VIEIRA, Wal-

do. O Espírito da Verdade. 3. ed., Rio de

Janeiro: FEB, 1997, cap. 8, p. 29.

3SCHUTEL, Caibar. Espiritismo e Protestantis-

mo. 6. ed., Ed. O Clarim, SP, 1987, p. 107, 123.

4SOUZA, Juvanir Borges de. Reformador de se-

tembro de 2003, p. 6(324).

5CHAVES, José Reis. Batismo. www.espirito.

org.br/portal/artigos/jose-chaves/o-batismo.

html, 05/03.

6LIMA, Inaldo Lacerda. Bezerra de Menezes –

O Homem, Reformador de agosto de 2002,

p. 9 (231).

7LIMA, Antônio. Vida de Jesus. 3. ed., Rio de

Janeiro: FEB, 1979, cap. “Natureza de Jesus”,

Nota de rodapé, p. 229.

8CAMARGO, Pedro. Na Escola do Mestre, pe-

lo Espírito Vinícius. 3. ed., Ed. FEESP, SP,

1978, p. 133.

9KARDEC, Allan. A Gênese. 22. ed., Rio de

Janeiro: 1944, cap. XVII, item 42, p. 388.

10XAVIER, Francisco Cândido. Paulo e Estevão,

pelo Espírito Emmanuel. 2. ed. especial, Rio de

Janeiro: FEB, 2002, Nota de Emmanuel, p. 345.

11SCHUTEL, Caibar. Vida e Atos dos Apósto-

los. 6. ed., Ed. O Clarim, SP, 1976, p. 7.

12MARCHAL, Padre V. O Espírito Consola-

dor. 2. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1945, p. 129

e 130.

13CAMARGO, Pedro. Na Seara do Mestre,

pelo Espírito Vinícius. 5. ed., Rio de Janeiro:

FEB, 1985, p. 144.

14MENEZES, Bezerra de. Nada pode deter a

marcha da Doutrina Espírita. Reformador de

janeiro de 1997, p. 13(9).

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Nos dias 20 e 21 demaio passado, nas depen-dências do Hotel FIAP--Jean Monnet, em Paris(França), ocorreu a 7a

Reunião da Coordenado-ria de Apoio ao Movimen-to Espírita na Europa, doConselho Espírita Interna-cional. A Reunião foi presi-dida pelo anfitrião e Coor-denador Roger Perez, coma presença do Secretário--Geral do CEI, NestorJoão Masotti. Integraramtambém a Mesa Vitor Mo-ra Féria (Portugal); CharlesKempf, Jean-Luc Royens e Cláudia Bonmartin(França); Antonio Cesar Perri de Carvalho (Brasil). In-tegrou a equipe do CEI Oceano Vieira de Melo(Brasil).

Houve o comparecimento de onze países eu-ropeus, como membros do CEI e como observadores,além dos participantes brasileiros, entre os quais,Marlene Rossi Severino Nobre. Ocorreram relatos deatividades por parte de representantes da Alemanha,Bélgica, Espanha, Holanda, Itália, França, Luxem-burgo, Portugal, Reino Unido, Suécia e Suíça.

As atividades dos Departamentos do CEI-Europaforam relatadas: por Elsa Rossi (Reino Unido) sobreo Departamento de Difusão e sobre o Departamentode Esperanto; David Liesenberg (Suécia) pelo Depar-tameno de Pesquisas Históricas; Salvador Martín (Es-panha) sobre o Departamento de Formação de Tra-balhadores; Alda Afonso de Albuquerque (Portugal)leu ofício do Diretor do Departamento de ArquivosHistóricos, Arnaldo Carvalhais da Silveira Costeira;

discutiu-se uma proposta para o Departamento doLivro e a indicação de novo responsável.

Michel Ponsardin, de Lyon (França), comentousobre o projeto de página eletrônica intitulada “Enci-clopédia Espírita”, com o objetivo de reunir todas asinformações disponíveis sobre o Espiritismo e que,nesta Reunião, passou a ter o apoio do CEI.

Charles Kempf abordou a comunicação pela In-ternet e a realização de reuniões virtuais semanais como sistema Tivejo por parte de integrantes do CEI, eque agora há uma fase de adaptação para o sistemaPaltalk.

A pedido de Roger Perez, as informações sobre asedições nos idiomas francês e espanhol de La RevueSpirite, numa parceria da USFF com o CEI, foramprestadas por Antonio Cesar Perri de Carvalho.

Os preparativos para o 4o Congresso EspíritaMundial foram relatados por Jean-Luc Royens, cominformações sobre a infra-estrutura do evento, pro-gramado para a Maison de la Mutualité, em Paris, de

CEI – CONSELHO ESPÍRITA INTERNACIONAL

Atividades do CEI na EuropaReunião, em Paris, da Coordenadoria de Apoio ao

Movimento Espírita na Europa

Aspecto da Reunião da Coordenadoria da Europa

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Reformador/Julho 2004 31269

2 a 5 de outubro de 2004. O programa do Congres-so com a relação dos expositores foi apresentadopelo Assessor da Comissão Executiva, abrindo es-paço para perguntas e sugestões. Charles Kempfapresentou a página eletrônica do 4o CEM(www.spiritisme.org).

O Secretário-Geral do CEI comentou que aCoordenadoria do CEI-Europa é a mais antiga e con-ta com progressos alcançados ao longo das setereuniões anuais já efetivadas. Em seguida, prestou in-formações sobre as Coordenadorias das Américas doNorte, do Centro e Caribe e do Sul, que se encontramem fases diferentes de implantação. A Coordenadoriado Centro e Caribe efetivou um Encontro em Havana(Cuba), em abril. Vários dirigentes da América do Sulencontraram-se no Congresso Nacional da Colômbia,em abril, e decidiram adiar a realização do Encontrodeste ano, para facilitar-se o comparecimento ao 4o

CEM. Na América do Norte há visitas e realizações deseminários nos Estados Unidos.

A 8o Reunião do CEI-Europa está programadapara o mês de abril de 2005, em Luxemburgo.

Paris sedia o 2o Simpósio Franco-Belga

Nos dias 22 e 23 de maio de 2004, realizou-se oSymposium Franco-Belge, promovido pela UnionSpirite Française et Francophone e pela Union SpiriteBelge, nas dependências do Hotel FIAP-Jean Monnet,em Paris.

O Presidente da USFF, Roger Perez, dirigiu oSimpósio, tendo também à Mesa: Nestor João Ma-sotti, Secretário-Geral do CEI, Jean-Paul Evrard, Pre-sidente da União Espírita Belga; Michel Buffet eCharles Kempf, Diretores da USFF e, Antonio CesarPerri de Carvalho, Assessor da Comissão Executiva doCEI. O 2o Simpósio Franco-Belga contou com a pre-sença de dirigentes e colaboradores de treze grupos decidades francesas: Paris, Marselha, Nantes, Limoges,Lyon, Tours, Agen, Douai, Montgeron, Villiers-le-Bel;cinco belgas de Bruxelas, Liège, Sorraine e Courcelles;um grupo de Luxemburgo e outro do MouvementSpiritiste Québécois, de Montreal (Canadá).

Atendendo ao programa do evento, no primeirodia, os representantes de todos os grupos apresentaramrelatórios sobre o tema do Simpósio – Problemas e asdificuldades dos Grupos Espíritas –, incluindo suasatividades internas e externas e também sobre os tiposde reuniões que realizam. Encerrando a abordagem dotema, os integrantes da Mesa fizeram comentários sin-téticos sobre as questões abordadas pelos dirigentes dosgrupos. Assim, desenvolveram-se abordagens sobre:estudo da Doutrina Espírita (Michel Buffet), estudosobre mediunidade (Charles Kempf), prática da mediu-

nidade (Jean-Paul Evrard),desobsessão (Roger Perez),unificação (Nestor JoãoMasotti) e difusão do Es-piritismo (Antonio CesarPerri de Carvalho).

No dia 23 de maio, oevento foi encerrado nohorário do almoço, apósapresentações de infor-mações sobre algumas ati-vidades gerais. O projetode “Enciclopédia Espírita”virtual foi apresentado porJérémie Philippe e porMichel Ponsardin. Jean--Luc Royens prestou es-clarecimentos sobre os pre-

parativos do 4o Congresso Espírita Mundial e CharlesKempf apresentou a página eletrônica do 4o CEM.Roger Perez solicitou a Antonio Cesar Perri de Car-valho que apresentasse esclarecimentos sobre asedições em francês e em espanhol de La Revue Spirite.

Participantes do Simpósio

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Ao final, os visitantes fizeram saudações: Mar-lene Rossi Severino Nobre (Brasil), Olof Bergman(Suécia), Arnoldo da Silva Pereira (Alemanha) eEdna Ferreira-Galman (Reino Unido). O Secretário--Geral do CEI, Nestor João Masotti, fez uma ex-posição geral sobre o papel do CEI e o trabalho deunião dos espíritas.

O 2o Simpósio Franco-Belga desenvolveu-se den-tro de um clima fraterno e ensejou momentos de in-tercâmbio e de enriquecimento de experiências.

Páginas eletrônicas: USFF: [email protected];CEI: www.spiritist.org; 4o CEM: www.spiritisme.org

4o CEM e Bicentenário ensejam audiênciascom Embaixadores da França e do Brasil

Como parte dos pre-parativos para o 4o Con-gresso Mundial de Espiri-tismo, em Paris, e ao ense-jo das comemorações doBicentenário de Allan Kar-dec, foram efetivadas histó-ricas audiências com osEmbaixadores da França,em Brasília, e do Brasil, emParis.

No dia 13 de maio,houve a audiência com oEmbaixador da França,Jean de Gliniasty, em Bra-sília. Compareceram oPresidente da FEB e Se-cretário-Geral do CEI,Nestor João Masotti, o Diretor da FEB e Assessor doCEI Antonio Cesar Perri de Carvalho e a Assessora deImprensa da FEB Sônia Zaghetto. O Embaixadormostrou-se muito interessado na documentação sobrea vida e a obra do cidadão francês Allan Kardec e seusreflexos no Brasil, tendo recebido também obras deAllan Kardec em português e em francês e exemplaresdas edições em francês e em espanhol de La RevueSpirite.

Em seguida às reuniões da Coordenadoria deApoio ao Movimento Espírita na Europa, do CEI, edo 2o Simpósio Franco-Belga, houve no dia 26 de

maio significativa visita à Embaixada do Brasil emParis. Esta foi feita em comissão integrada por NestorJoão Masotti, Secretário-Geral do CEI, AntonioCesar Perri de Carvalho, Assessor da Comissão Exe-cutiva do CEI, Oceano Vieira de Melo, Assessor doCEI para filmagens, Jean-Luc Royens, Vice-Presidenteda Association Kardec, e Philippe Henault, da Edi-tions Philman. Num primeiro momento, ocorreuuma reunião com os diplomatas 1os Secretários Fer-nando Luís Lemos Igreja e João Tabajara de OliveiraJúnior, este último também Chefe da Seção Consularda Embaixada.

Em seguida, houve audiência com o EmbaixadorSérgio Amaral. Os diplomatas brasileiros receberamobras de Kardec lançadas por Editions Philman,exemplares de La Revue Spirite, e se interessaram pe-

lo material apresentado sobre Allan Kardec, pelas in-formações relacionadas com o Bicentenário do Codi-ficador e com os preparativos do 4o Congresso EspíritaMundial.

As audiências junto às Embaixadas em Brasília eem Paris suscitaram, por parte dos diplomatas citados,comentários de admiração sobre a difusão dos livrosde Allan Kardec no Brasil e sobre a expansão do Movi-mento Espírita brasileiro. Também ocorreram opor-tunas sugestões por parte dos Embaixadores da Françae do Brasil com vistas a futuros intercâmbios cultu-rais e religiosos.

Visita à Embaixada do Brasil em Paris

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Sem lembrar aqui os numero-sos fenômenos que ressaltamdo Espiritismo experimental,

provando, à saciedade, a inde-pendência do Espírito e da matéria,chamaremos a atenção para um fa-to vulgar, do qual não se tem, aoque saibamos, tirado todas as con-seqüências e que, no entanto, é denatureza a impressionar todo ob-servador sério. Queremos falar doque se passa no sonambulismo na-tural ou artificial, nas estranhas fa-culdades que se desenvolvem noscatalépticos, no não menos estra-nho fenômeno da dupla vista, hojeperfeitamente comprovado, até pe-los incrédulos, mas cuja causa nãobuscaram, embora valesse a pena. Aseguinte carta, a nós dirigida pordistinto médico do Tarn, prova porque encadeamento de idéias umhomem que reflete pode passar daincredulidade à crença, apenas como auxílio do raciocínio e da obser-vação feita com boa-fé.

“Senhor,

“Confundido na massa dos des-confiados e dos incrédulos, a leitu-ra de O Livro dos Espíritos produ-ziu em mim vivíssima impressão. Adoce satisfação que me ficou de sualeitura fez nascer o desejo muitonatural de crer, sem qualquer res-trição, em todos os ensinos dados

pelos Espíritos nesse livro. A fim dealcançar tal objetivo desejaria cons-tatar por mim mesmo a realidadedas comunicações, para o que en-videi esforços por me tornar mé-dium; como não o consegui, tive deparar as pesquisas. Cansado de vi-ver na incerteza, resolvi reportar-meàs observações alheias; mas, por na-tureza, como não me deixo facil-mente persuadir, sentia a necessi-dade de conhecer, a fim de poderjulgar de sua realidade. Depois deter perlustrado os quatro primeirosanos da Revista Espírita e, princi-palmente, depois de haver notadocom que precauções os numerososfatos são ali relatados; depois deverificar que as manifestações dosEspíritos e suas comunicações sãosempre constatadas por pessoashonradas, desinteressadas e dignasde fé, já não é possível conservarqualquer dúvida quanto à sua au-tenticidade.

“Todavia, uma vez admitidas ascomunicações, cabia-me ainda fa-zer uma idéia do grau de confiançaque se deveria conceder às reve-lações, sobretudo aquelas que cons-tituem a base da filosofia espírita.Nessa apreciação, as chamas do in-ferno não me poderiam deter, amenos que negasse a bondade in-finita de Deus. A diferença entre re-ligiões também não criava obstácu-

los à minha lógica, considerando-seque, semeando o bem, o mais ele-mentar bom senso diz que não sepode colher o mal. Mas ainda merestava o ponto capital da reencar-nação. Sobre isto o sonambulismofoi-me de grande valia e, se não re-solve inteiramente a questão, emminha opinião a torna tão provávelque seria preciso uma dose muitogrande de má vontade para não aadmitir. Antes de mais, se a existên-cia da alma já não estivesse suficien-temente demonstrada pelas ma-nifestações e comunicações dos Es-píritos, seria claramente provadapela visão a distância e através doscorpos opacos, que não se explicasenão por este meio. Em seguida, epondo de lado as faculdades da al-ma desprendida da matéria, tais co-mo a visão a distância, a transmissãodo pensamento, etc., o sonambulis-mo nos leva à descoberta no sensiti-vo de conhecimentos muito maisextensos que os que possui emvigília. Resulta deste fato que a almadeve ser mais antiga que o corpo,porque, se criada ao mesmo tempoque este, não poderia ter conheci-mentos diferentes dos adquiridosdurante a existência do corpo.

“Mas, depois de ter constatadoque a alma é mais antiga que o cor-po, a gente não sente nenhuma re-pugnância em lhe conceder outrasencarnações, porque se a existência

PÁGINAS DA REVUE SPIRITE

Dualidade do homem provada pelosonambulismo

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atual não for o começo, nada provaque seja a última; ao contrário, tor-nam-se muito naturais e, mesmo,indispensáveis. Há mais: o sonâm-bulo em estado de vigília geral-mente não guarda nenhuma lem-brança do que disse ou fez duranteo sono; contudo, durante o sonoreconhece sem dificuldade tudoquanto fez, não só durante os sonosprecedentes, mas, também, em vi-gília. Não é o quadro exato da exis-tência da alma em seus numerososestados errantes e encarnados, comsuas lembranças e esquecimentos?

“Filho do povo, minha ins-trução, extremamente medíocre eadquirida por mim mesmo, remon-ta apenas a um terço de minha idade,que é de quarenta e dois anos. Assim,parece-me que uma pena, por menosexperimentada que fosse, ressaltariamuito mais claramente, a esse pro-pósito, as verdades que tentei desco-brir. Entretanto, por mais imperfeitasque sejam estas comparações, bas-taram para determinar minha con-vicção e eu me sentiria feliz se as jul-gásseis dignas de poder exercer amesma influência sobre outros.

“Não obstante minha convicçãoseja de data muito recente, começoua produzir frutos e, independente-mente das felizes modificações que játrouxe à minha maneira de ser, é paramim a fonte de mui suaves conso-lações. Essas mudanças felizes se de-vem unicamente ao conhecimentode vossas obras. Assim, senhor, eurogo vos digneis aceitar o eterno re-conhecimento daquele que, no fu-turo, deseja ser contado no númerodos vossos mais fervorosos adeptos.”

G...

A visão a distância, as impres-sões sentidas pelo sonâmbulo, con-forme o meio que vai visitar, provamque uma parte de seu ser é trans-portada. Ora, desde que não é o seucorpo material, visível, que não mu-dou de lugar, só pode ser o corpofluídico, invisível e sensível. Não é ofato mais patente da dupla existênciacorpórea e espiritual? Mas, sem falardesta singular faculdade, que não égeral, basta observar o que se passanos mais vulgares sonâmbulos. Adualidade se manifesta de maneiranão menos evidente, como observa onosso correspondente, no fenômenodo esquecimento ao despertar. Nãohá ninguém que, tendo observado osefeitos magnéticos, não tenha cons-tatado a instantaneidade de tal esque-cimento. Um sonâmbulo fala, suaconversa é perfeitamente encadeadae racional; despertam-no de súbito,no meio de uma frase, até mesmo deuma palavra, que não chega a con-cluir; em seguida, se se lhe perguntaro que acaba de dizer, se se lhe lem-brar a palavra começada, responderáque nada disse. Se o pensamento fos-se produto da matéria cerebral, porque tal esquecimento, desde que amatéria está sempre lá e é sempre amesma? Por que basta um instantepara mudar o curso das idéias? Maso que é ainda mais característico é arecordação perfeita, num novo sono,daquilo que foi dito e feito numsono precedente, às vezes com umano de intervalo. Só este fato provariaque, ao lado da vida do corpo, há avida da alma, e que a alma pode agire pensar de maneira independente.Se pode manifestar tal independên-cia durante a vida do corpo, do qualsofre mais ou menos os entraves,com mais forte razão o poderá, quan-do goza de sua inteira liberdade.

As conseqüências tiradas dessesfenômenos por nosso correspon-dente para provar a anterioridade daalma e a pluralidade das existênciassão perfeitamente lógicas. Os fenô-menos sonambúlicos, como tantosoutros, parecem trazidos pela Pro-vidência para nos pôr na via do mis-tério do pensamento. No entanto, aciência não se digna levá-los emconsideração; para os ver, não des-viará os olhos de um pólipo, de umcogumelo ou de um filete nervoso.É verdade que a alma não se mostraà ponta de um escalpelo, nem sobuma lupa; mas, como se julga acausa pelos efeitos, os efeitos da al-ma estão a todo instante sob os vos-sos olhos e não os olhais; cami-nharíeis cem léguas para observar umfenômeno astronômico sem utili-dade prática, ao passo que só tendessarcasmos e desdém quando se tra-ta dos fenômenos da alma, que es-tão ao vosso alcance, e que interes-sam a toda a humanidade, em seupresente e no seu futuro.

Se dificilmente a ciência oficialrenuncia a seus preconceitos, seriainjusto fazer cair a responsabilidadesobre todos os sábios. Entre elesmanifesta-se um movimento debom augúrio, em relação às idéiasnovas; as adesões individuais e táci-tas são numerosas; mas, talvez, maisque outros, ainda temem pôr-se emevidência. Bastará que algumas su-midades ergam a bandeira para fa-zer calar os escrúpulos alheios, imporsilêncio aos engraçadinhos e fazerrefletirem os agressores interessados.É o que não tardaremos a ver.

Allan Kardec

Fonte: Revue Spirite (Revista Espírita) –julho de 1863. Tradução de Evandro No-leto Bezerra.

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A Comissão Regional Sul doConselho Federativo Nacional, daFederação Espírita Brasileira, rea-lizou sua Reunião Ordinária de2003 em Niterói (RJ), nos dias 30de abril, 1o e 2 de maio deste ano,com a participação das Federativas

da Região: Federação Espírita doParaná, Federação Espírita do RioGrande do Sul, União das Socieda-des Espíritas do Estado do Rio deJaneiro, Federação Espírita do Es-tado do Rio de Janeiro, FederaçãoEspírita Catarinense e União das

Sociedades Espíritas do Estado deSão Paulo; como convidados, Avil-do Fioravanti, Presidente da Fede-ração Espírita do Estado de SãoPaulo, Suely Caldas Schubert e Jo-sé Raul Teixeira. O Presidente emais 12 pessoas integraram a dele-

gação da FEB. Total de par-ticipantes: 66 e mais a equi-pe de apoio.

Sessão de Abertura

A Sessão de Aberturaocorreu às 20 horas de 30de abril, na sede da FEERJ,onde se desenvolveram to-dos os trabalhos da Comis-são, precedida de um relatopelo representante do Con-selho Espírita de Unifica-ção de Niterói, Paulo SérgioM. Peixoto, sobre a progra-mação do I Mês da Cultu-

FEB/CFN - COMISSÕES REGIONAIS

Reunião da Comissão Regional Sul

Sessão Plenária: O Presidente da FEERJ faz suas considerações finais e a prece de encerramento

Reunião dos Dirigentes: Aspecto parcial

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ra Espírita de Niterói e a inaugura-ção da Praça Professor Rivail. OPresidente da FEERJ, Hélio Ribei-ro Loureiro, fez a prece e deu asboas-vindas às delegações das Fede-rativas, transmitindo a direção dostrabalhos ao Coordenador das Co-missões Regionais, que passou a pa-lavra ao Presidente da FEB, NestorJoão Masotti, para a sua saudação.A palestra pública, comemorativado Bicentenário de Nascimentode Allan Kardec, foi proferida porSuely Caldas Schubert, que estabe-leceu elucidativo paralelo entre oEvangelho de Jesus e o pensamentode Kardec. José Raul Teixeira psi-cografou, durante a palestra, umamensagem do Espírito Camilo, pu-blicada nesta edição (p. 16-17), como título A caridade e a vida.

Reunião Geral

Esta Reunião teve início nanoite de 30, após a Sessão de Aber-tura, com os esclarecimentos geraisdo Coordenador sobre a Pauta a serdesenvolvida e a apresentação indi-vidual dos integrantes de todas asdelegações, sendo interrompida pa-

ra a realização, a partir da manhã desábado, das sete reuniões setoriais:a dos Dirigentes e as das Áreas daAtividade Mediúnica, da Comuni-cação Social Espírita, do EstudoSistematizado da Doutrina Espíri-ta, da Infância e Juventude, do Ser-viço de Assistência e Promoção So-cial Espírita e do AtendimentoEspiritual no Centro Espírita.

Reunião dos Dirigentes

Participaram desta reunião: pe-la FEB – Nestor João Masotti (Pre-sidente), Altivo Ferreira (Coorde-nador), Antonio Cesar Perri deCarvalho (Secretário-Executivo da

Secretaria do CFN) e Aylton GuidoCoimbra Paiva (Secretário da Co-missão Regional); pelas FederativasEstaduais, os respectivos Presiden-tes: Paraná – Maria Helena Marcon(FEP); Rio Grande do Sul – Jasonde Camargo (FERGS); Rio de Ja-neiro – Hélio Ribeiro Loureiro(FEERJ) e, pela USEERJ, os Direto-res Aloísio Ghiggino, Palmiro Fer-reira da Costa e Humberto Portu-gal Karl; Santa Catarina – TelmoJosé Souto-Maior (FEC); e São Pau-lo – Attílio Campanini (USE). OsPresidentes estavam acompanhadospor Vice-Presidentes e Assessores.

Feita a prece de abertura eaprovada a Ata da reunião de 2002,foi examinado o item sobre “Capa-citação Administrativa para Diri-gentes de Casas Espíritas”, sob acoordenação de Antonio Cesar Per-ri de Carvalho, com exposição dasFederativas sobre o andamento e osresultados do curso realizado na Re-gião Sul. Os Dirigentes apresenta-ram os seus relatos acerca das ativi-dades desenvolvidas pelas Federati-vas junto aos seus órgãos e CentrosEspíritas, verificando-se que, demodo geral, são satisfatórios os re-sultados já obtidos.

A reunião tratou de dois as-suntos. O primeiro – “Critérios pa-

Aspecto da reunião da Atividade Mediúnica

Aspecto da reunião da Comunicação Social Espírita

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ra o trabalho conjunto dasFederativas no campo dadivulgação do livro espírita(editoração, distribuição evendas)” – teve breve expo-sição do Presidente da FEBsobre os procedimentos dasua Editora na produção,distribuição e venda de li-vros, com a atenção vol-tada para o atendimentodas Federativas, observadasas peculiaridades de cadauma. A matéria foi ampla-mente debatida pelos Diri-gentes, que relataram suas expe-riências nesse setor e ressaltaram anecessidade da atuação conjuntadas Federativas em benefício de to-das. O segundo assunto – “Políticade participação nas atividades co-munitárias (Órgãos, Comissões,Conselhos e outros)” – foi aborda-do pelo confrade Clodoaldo de Li-ma Leite, Presidente do Conselhode Assistência Social do Estado deSão Paulo, em elucidativa exposi-ção sobre o funcionamento dos ór-gãos em referência e a necessidadede o Movimento Espírita, atravésdas Instituições voltadas para a as-sistência e promoção social, parti-cipar dos Conselhos e outros ór-gãos colegiados nos níveis muni-cipal, estadual e nacional. Houve aparticipação dos representantes dasFederativas com perguntas e relatosde experiências.

Em Assuntos Diversos, algunsDirigentes deram informações arespeito das atividades desenvolvi-das por suas Instituições, sendoapresentada por Palmiro Ferreira daCosta a Nova Estrutura Organiza-cional da USEERJ.

A próxima reunião será realiza-da em Florianópolis (SC), no perío-

do de 29 de abril a 1o de maio de2005, com o assunto: “Participaçãodas Instituições Espíritas nas ativi-dades comunitárias (Órgãos, Co-missões, Conselhos e outros)”.

Sessão Plenária

No domingo, dia 2, pela ma-nhã, instalou-se a Sessão Plenária,com o reinício da Reunião Geral,para o relato das atividades desen-volvidas nas seguintes reuniões se-toriais:

Área da Atividade Mediúnica,coordenada por Marta Antunes deOliveira Moura, com o apoio deEdna Maria Fabro e a contribuiçãode Suely Caldas Schubert. Assuntoda reunião: “A reunião mediúnica:1. Tipos; 2. Organização; 3. Fun-cionamento”. Assunto para a próxi-ma reunião: “Qualificação do tare-feiro do grupo mediúnico: diretri-zes doutrinárias e orientações teóri-co-práticas”.

Área da Comunicação SocialEspírita, coordenada por MerhySeba, com o apoio de Sônia ReginaFerreira Zaghetto. Assunto da reu-nião: “Comunicação Social Espíri-ta pela TV”. Assunto para a próxi-

ma reunião: “Planejamento Estra-tégico da Comunicação Social Es-pírita: apresentação, desempenho eavaliação”.

Área do Estudo Sistematizadoda Doutrina Espírita, coordenadapor Maria Túlia Bertoni. Assuntosda reunião: “1. Resultado do II En-contro Nacional de Coordenadoresde ESDE (Avaliação); 2. Estudo doManual de Organização e Funcio-namento do ESDE”. Assunto para apróxima reunião: “Aplicabilidade doManual de Organização e Funcio-namento do ESDE e os resultadosobtidos na ação federativa”.

Área da Infância e Juventude,coordenada por Rute Vieira Ri-beiro. Assunto da reunião: “Avalia-ção do processo de Evangelizaçãono Estado: a) Definição dos indica-dores; b) Elaboração de instrumen-tos; c) Aplicação dos instrumentos;d) Análise dos resultados”. Assuntopara a próxima reunião: “AvaliaçãoX Plano Global de Ação: a) Anali-sar os problemas encontrados naavaliação; b) Estabelecer metas eplanejar ações com base nos resul-tados da avaliação”.

Área do Serviço de Assistência ePromoção Social Espírita, coordena-

Aspecto da reunião do DIJ

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da por José Carlos da Silva Silveira,com o apoio de Márcia Regina Pi-ni de Souza. Assuntos da reunião:“1. Formação de Banco de Dadossobre a legislação do Terceiro Setor,adequado às Casas Espíritas; 2. Pro-duzir documento de orientação pa-ra o SAPSE sobre elaboração deprojetos sociais, incluindo etapaspara implantação de trabalho de re-de”. Assunto para a próxima reu-nião: “Levantamento de informa-ções sobre a utilização do Manualdo SAPSE pelos Centros Espíritas”.

Área do Atendimento Espiri-tual no Centro Espírita, coordena-da por Maria Euny Herrera Masot-ti. Assunto da reunião: “Capaci-tação de trabalhadores para a recep-ção e atendimento fraterno, atravésdo diálogo – troca de experiências”.Assunto para a próxima reunião:“Montagem das etapas do Atendi-mento Espiritual”.

Reunião dos Dirigentes: O Se-cretário Aylton Guido CoimbraPaiva relatou as principais ativida-des desta reunião.

Terminados os relatos, o Coor-denador concedeu a palavra aos Di-rigentes das Federativas e convidadospara os seus pronunciamentos finaise despedidas, havendo manifestaçõesde júbilo pelo êxito da Reunião eagradecimentos à FEERJ e sua dedi-cada equipe de colaboradores. OPresidente Nestor Masotti falou emnome de todos os companheiros daFEB, encerrando-se os trabalhos,num ambiente de euforia e emoção,com a palavra e a prece final de Hé-lio Ribeiro Loureiro, Presidente daFEERJ e do Conselho de Unificaçãodo Estado do Rio de Janeiro, ocasiãoem que, por via psicofônica, trans-mitiu mensagem do Espírito CarlosImbassahy.

38

Palavras de Luz

Por muito se adiante a alma no tempo, há sempre tempo para quea alma reconsidere a estrada percorrida, abastecendo-se de espe-rança no amor daqueles a quem ama, assim como o viajante no

mar provê a si mesmo de água doce, a fim de seguir à frente.“Há tempo de semear e tempo de colher” – diz-nos a experiência

da Escritura.E, se juntos partilhamos a promessa, não seria justo olvidarmo-

-nos uns aos outros no dia da realização.“Deixai crescer reunidos o trigo e o joio, até que venha a ceifa” –

recomendou por sua vez o Senhor.Entretanto, a palavra de sua Sabedoria não nos inclina à indife-

rença. E, lembrando-a, não curamos de ser o trigo porque hoje nos ve-jamos fora do escuro sedimento da carne e nem insinuamos sejais vóso joio por permanecerdes dentro dela.

Recordamos simplesmente que todos trazemos ainda no campodas próprias almas o joio da ilusão e o trigo da verdade, necessitadosda mercê do Celeste Cultivador.

Irmãos, não é apenas por regalar-se o espírito na confiança que selhe descortinarão as portas da vida glorificada, mas sim por se lhe acen-drarem o conhecimento e a virtude, através do trabalho bem sofrido eda caridade bem exercitada.

Outrora, buscávamos a paz na quietude do claustro, na suposiçãode que a vitória pudesse brilhar a distância da guerra contra as nossaspróprias faltas, e disputávamos a posse do santo sepulcro do ExcelsoRei, ao preço de sangue e lágrimas dos semelhantes, como se lhe nãodevêssemos o próprio coração por escabelo aos pés divinos.

Hoje, porém, dispomos de suficiente luz para o caminho e não se-ria lícito permutar o pão da sabedoria pelo fel da loucura.

Enquanto os séculos de sombra e impenitência se escoam no pódo mundo, preparai nesse mesmo pó, erigido em tabernáculo de car-ne, os séculos futuros, em que nos reuniremos de novo para a exalta-ção do triunfo eterno.

Enalteçamos o sacrifício, aprendendo a renunciar para possuir, aperder para ganhar e a morrer para viver.

Por algum tempo ainda padeceremos o cativeiro das nossas culpase transgressões, mas, em breve, aceitando o trilho escabroso e benditoda cruz, exalçaremos, diante da Majestade Divina, a nossa libertaçãopara sempre.

Que o Senhor seja louvado.

Teresa d'Ávila

Fonte: XAVIER, Francisco C. Instruções Psicofônicas. Diversos Espíritos. 7. ed.,Rio de Janeiro: FEB, 1995, cap. 32, p. 151-153.

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Quem dizem os homens ser o Filho do homem?Jesus – Mateus 16:13

Temos acompanhado os textos de diversos compa-nheiros que se preocupam em informar que a“Ciência confirma o Espiritismo!” ou de enfati-

zar que a Ciência desvela algum fato que estava, deforma mais ou menos clara, exposto nos textos dou-trinários diversos. Temos, da mesma forma, lido aten-tamente os textos de outros companheiros que cha-mam a nossa atenção quanto aos riscos de utilizarmosos conceitos de ciência de forma distinta daquela maisadequada, bem como utilizarmo-nos de textos que, naverdade, não expressam os fatos com o rigor próprioe necessário da Ciência. Neste último grupo, estão in-teressantíssimos e ricos artigo de Aécio Chagas (1987e 1995) e Silvio Chibeni (1994).

Gostaríamos de voltar a esse provocante tema“Espiritismo e Ciência” mas por outro ângulo: a pro-dução científica brasileira sobre o Espiritismo, realiza-da nos espaços específicos de estudos e pesquisas. Gos-taríamos de trazer aos companheiros o perfil daprodução intelectual que, seguindo os passos própriosda Ciência e submetendo-se aos rigores específicos dacomunidade científica – por meio das bancas de dou-torado e de mestrado – tratam de forma mais ou me-nos direta do Espiritismo.

A comunidade acadêmica brasileira deposita suasproduções científicas principalmente em dois locais:na CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pes-soal de Nível Superior –, que possui a tarefa de auto-rizar e avaliar os cursos de mestrado e doutorado noPaís, e no CNPq – Conselho Nacional de Desenvol-vimento Científico e Tecnológico –, que mantém o

chamado Diretório LATTES, que é um banco de da-dos eletrônico onde se reunem informações sobre pes-quisadores e grupos de pesquisa, dentre outros.

Quando acessamos o Diretório LATTES e o con-sultamos, utilizando-nos da palavra-chave “Religião”,encontramos, hoje, 105 grupos de pesquisa, oficial-mente cadastrados no CNPq. Desses 105 grupos –que estão distribuídos em 22 Estados, envolvem 15áreas distintas do conhecimento em 53 instituições deensino superior –, alguns grupos já contam com linhasde pesquisa específica para estudar o fenômeno das re-ligiões chamadas (neo)pentecostais, que são bastanterecentes e apenas 2 grupos produzem trabalhos coma palavra-chave Espiritismo, a saber:

1. O Núcleo de Estudos da Religião, mantido pe-la Universidade Federal do Rio Grande do Sul,que desenvolve pesquisas na área da Antropo-logia e mantém 8 linhas de pesquisa, sendoque uma é intitulada: Dimensões Orais e Es-critas no Espiritismo.

2. Os Novos Movimentos Religiosos, grupo man-tido pela Universidade Federal do Rio de Ja-neiro, também na área de conhecimento daAntropologia.

Quando realizamos a pesquisa no Banco de Tesesda CAPES, utilizando as palavras-chave Espiritismo,espírita, Kardec e Chico Xavier, encontramos um to-tal de 60 trabalhos científicos, distribuídos em 9 tesesde doutorado e 51 dissertações de mestrado, realiza-dos em programas de pós-graduação credenciados ereconhecidos.

Para melhor conhecermos essa produção científi-ca, vamos desdobrar nossa análise em: ano de conclu-são da pesquisa, produção por instituição de ensinosuperior e Estados em que foram produzidas. >

O perfil da produção acadêmicabrasileira sobre o Espiritismo

Álvaro Chrispino

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Perfil das 60 Teses e Dissertações sobre Espiritismo

Ano de Teses de Dissertações TotalConclusão Doutorado de Mestrado2003 – 01 012002 – 04 042001 04 06 102000 01 04 051999 01 10 111998 01 06 071997 01 01 021996 – 04 041995 01 05 061994 – 02 021993 – 02 021992 – 03 031991 – 02 021988 – 01 011979 – 01 01

Instituições de ensino (23)

9 PUC-SP

8 USP – Univ. de São Paulo

6 Univ. Fed. do Rio de Janeiro

5 UNICAMP – Univ. Estadual de Campinas

5 Univ. Fed. de Juiz de Fora

4 UNESP – Univ. Est. Júlio de Mesquita Jr.

2 Univ. Fed. do Rio Grande do Sul

2 Univ. Fed. Fluminense

2 UERJ – Univ. do Est. do Rio de Janeiro

2 Univ. Fed. de Pernambuco

2 Univ. Fed. do Paraná

2 Univ. Fed. da Bahia

1 Univ. Fed. de Santa Catarina

1 Univ. Fed. de Minas Gerais

1 IUPERJ – Inst. Univ. de Pesq. do Est. do

Rio de Janeiro

1 Univ. Fed. da Paraíba

1 Univ. Fed. de Uberlândia

1 PUC-RS

1 Univ. Fed. do Ceará

1 FIOCRUZ – Fund. Osvaldo Cruz

1 UMESP – Univ. Metodista de São Paulo

1 UNIRIO – Univ. do Rio de Janeiro

1 UEL – Univ. Estadual de Londrina (PR)

Áreas do conhecimento (15)

16 História

09 Antropologia

09 Ciências da Religião

06 Sociologia/Ciência Social

04 Comunicação

03 Educação

03 Saúde Coletiva

02 Filosofia

02 Psicologia

01 Direito

01 Geografia

01 Letras

01 Memória Social

01 Serviço Social

01 Não identificada

Estados (10)

26 SP13 RJ07 MG04 RS03 PR02 BA02 PE01 CE01 PB01 SC

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Reformador/Julho 2004 41279

Os dados obtidos nessa pesquisa permitem-nosinferir que:

as pesquisas ocorrem no campo das ciências hu-manas e sociais;existem pesquisas sobre Espiritismo em 10 dos 22Estados que mantêm grupos de pesquisa sobrereligião, sendo que o Estado de São Paulo é omaior produtor de pesquisa, seguido pelo Rio deJaneiro:os trabalhos sobre Espiritismo estão distribuídosnas regiões Sudeste, Sul e Nordeste, não havendoprodução nas regiões Centro-Oeste e Norte;os trabalhos de pesquisa sobre o Espiritismo estãodistribuídos, também, em 15 áreas do conheci-mento, sendo que a maior concentração é encon-trada na área de História, seguida pelas áreas deAntropologia e de Ciências da Religião;

dos 60 trabalhos de pesquisa, 48 foram desenvol-vidos em instituições públicas, 10 em universida-des católicas e 2 em instituição privada (sendo aUMESP uma universidade metodista);

Na pequena lista que está disponível, podemosencontrar trabalhos que versam sobre a poesia do Par-naso de Além-Túmulo, sobre as idéias sociais espíritasna França e no Brasil, sobre o desenvolvimento doMovimento Espírita em várias cidades, sobre a traje-tória da Federação Espírita Brasileira, sobre LuísOlímpio Teles de Menezes e um grande número de pes-quisas sobre Espiritismo/Movimento Espírita e cu-ras/medicina, desde a concepção de doença até perse-guição criminal a partir do Código Penal de 1890. Écerto, também, que algumas passam pelo tema Espi-ritismo de forma secundária. Mas, sem dúvida, sãotrabalhos interessantes para aqueles que querem apren-der um pouco mais.

Algumas questões podem ser apontadas: por queisso é importante? Por que inverter a pergunta tradi-cional, que é sempre no sentido de os espíritas se uti-lizarem dos saberes científicos para “confirmar” pos-tulados?

Primeiro porque o Espiritismo é uma doutrina lú-cida, aberta a análises e avaliações, conforme bem pon-tificou Kardec. Segundo porque, quando nos utiliza-mos de pesquisas de determinada área do conhe-cimento sem pertencermos a esta mesma área, uti-lizamo-nos do conhecimento de forma tangencial e

indireta. Terceiro, e talvez mais importante, porque amaneira como somos avaliados pelos pesquisadoresé bastante diferente da maneira com que, usando dosmesmos instrumentos, nós nos avaliamos.

Conforme ensinou Jesus quando perguntou aosapóstolos: “Quem dizem os homens ser o Filho do ho-mem?” É obvio que o Governador do Planeta conhe-cia a resposta e não iria aprender nada de novo comesse exercício. Mas, e nós? Se perguntássemos aos di-versos ramos da ciência organizada: “O que diz aCiência ser o Espiritismo?” Que resposta teríamos? Oque poderíamos aprender com ela? Estaríamos prepa-rados para ouvir análises indesejadas sobre o que faze-mos do Espiritismo ou como reproduzimos, no Mo-vimento Espírita, comportamentos religiosos consa-grados pelo tempo e pela História?

Precisamos, além de indicar que a Ciência confir-ma o Espiritismo, como é comum e muitas vezes im-próprio, questionar “o que diz a Ciência sobre o Espi-ritismo?”. Com certeza, temos muito o que aprender,temos muito o que entender, temos muito o que trei-nar caso as críticas sejam verdadeiras.

BIBLIOGRAFIAS:

CHAGAS, Aécio P. As provas científicas. Brasília: Reformador de agos-to de 1987, p. 12(232) e 13(233).

––––––. A Ciência confirma o Espiritismo?. Brasília: Reformador dejulho de 1995, p. 20(208)-23(211).

CHIBENI Silvio S. O Paradigma Espírita. Brasília: Reformador de ju-nho de 1994, p. 20(176)-24(180).

www.capes.gov.br (banco de teses).

http://lattes.cnpq.br/buscaoperacional (para os grupos de pesquisa).

Reformador EncadernadoA coleção completa, com índice alfabético

das matérias, de Reformador de 2003, título em gra-vação dourada, está à venda nas Livrarias da Fe-deração Espírita Brasileira, no Rio de Janeiro-RJ(Av. Passos, 30) e em Brasília-DF (Av. L-2 Norte –Q. 603 – Conjunto F (SGAN) – 70830-030.

Os interessados não-residentes no Rio deJaneiro poderão solicitar o seu exemplar naRua Souza Valente, 17, CEP 20941-040 – Riode Janeiro-RJ.

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Bahia: II Fórum Allan Kardec A Federação Espírita do Estado da Bahia promove noperíodo de 2 a 7 de julho, em sua sede Iguatemi, o IIFórum Allan Kardec, dando continuidade aos debatesiniciados no ano passado em torno do trabalho socialdesenvolvido pelas Casas Espíritas. O tema é Alianças,Apoios e Parcerias, cabendo a palestra de abertura aJosé Carlos da Silva Silveira, Vice-Presidente da FEBe responsável pela Área do Serviço de Assistência ePromoção Social Espírita.

Amazonas: Campanha “Eu sou FÃmília”A Federação Espírita Amazonense promove, no finalde julho, em seu segundo ano, a Campanha “Eu souFÃmília”, com a participação dos expositores Ana eGeraldo Guimarães (RJ). Como parte da progra-mação haverá palestras, encontros de jovens, de tra-balhadores espíritas e da infância, assim como a noiteda família. Durante a semana da Campanha, todasas Instituições Espíritas de Manaus estarão desen-volvendo em suas diversas atividades o tema Família.

Integrando as comemorações do Bicentenário deKardec e do Centenário da FEA, José Raul Teixeiraproferiu, em Manaus, palestras nos dias 4 e 5 de ju-nho, e encontro com trabalhadores espíritas no dia 6.

Equador: Congresso EspíritaA Federação Espírita do Equador realizará no períodode 27 a 29 de agosto de 2004, em Guayaquil, no Au-ditório de Ciências Médicas da Universidade Estadual,o I Congresso Espírita Internacional, com o tema cen-tral O Espiritismo – Doutrina e Religião Redentora.O evento tem o apoio do Conselho Espírita Interna-cional e conta, entre os expositores convidados, coma presença de Nestor João Masotti, Secretário-Geraldo CEI, Fábio Villarraga, da Colômbia, responsávelpela Coordenadoria do CEI para a América do Sul, eIzaias Claro, do Brasil.

Espírito Santo: Jornada Médico-EspíritaSerá realizada no período de 27 a 29 de agosto pró-ximo, em Vitória, no Alice Vitória Hotel, a V Jorna-da da Associação Médico-Espírita do Estado do Es-pírito Santo, com o tema Saúde e Espiritualidade,

que será desenvolvido pelos seguintes expositores,já confirmados: Divaldo Pereira Franco, MarleneRossi Severino Nobre, Roberto Lúcio Vieira de Souza,Décio Iandoli Junior, Zilda Moretti, Vera Saldanha eDenize R. Gonçalves. A Jornada tem o apoio da Fe-deração Espírita do Estado do Espírito Santo.

Paraná: Inter-Regional NoroesteA Federação Espírita do Paraná promoveu no dia 6de junho, em Umuarama, a sua Inter-RegionalNoroeste, que abrangeu as Uniões Regionais Espíri-tas das seguintes Regiões: 7a URE (Maringá), 8a URE(Paranavaí), 9a URE (Umuarama) e 11a URE (Cam-po Mourão). O programa constou de um SeminárioGeral sobre Os espíritas em tempo de mudança e qua-tro Seminários Setoriais nas Áreas Administrativa/Ins-titucional, Doutrinária/Divulgação, Infância e Ju-ventude, e Assistência Social Espírita.

Cuba: Seminário Espírita InternacionalA Coordenadoria para a América Central e Caribe,do Conselho Espírita Internacional (CEI), promo-veu, em Havana, juntamente com a Sociedade de Es-tudos Psicológicos Amor e Caridade Universal e aSociedade de Estudos e Investigação Científica dosFenômenos Espirituais José de Luz, no período de22 a 25 de abril, o 1o Seminário Espírita Interna-cional, com o tema Como melhorar o homem comoser social. Com cerca de 100 pessoas, o Seminárioocorreu na Sociedade Cultural Yoruba de Cuba,sendo expositores: Sérgio Thiesen (Brasil), EdwinBravo Rabanales e Giberto Recinos Mijangos(Guatemala), Antonio Agramonte (Cuba), Maria deLa Gracia de Ender (Panamá), Juan Antonio Du-rante (Argentina), Fernando Gómez (República Do-minicana) e Manuel de La Cruz (Estados Unidos).

Congresso de Pedagogia EspíritaRealizou-se de 10 a 12 de junho, na UniversidadeSanta Cecília, em Santos (SP), o 1o Congresso Bra-sileiro de Pedagogia Espírita, cujos temas foram de-senvolvidos por Ney Lobo, Dora Incontri, Régis deMorais, Heloisa Pires, Nancy Puhlmann, Sérgio Felipede Oliveira, Rita Foelker, Adalgisa Balieiro e outros.

SEARA ESPÍRITA

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