Hstrab2 - Aborto Sec. XX

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    Uma reflexão sobre a História da Formação

    da Problemática do Aborto.

    A  História da Formação da Problemática do Aborto  mostra que aextensão e a crescente aceitação da prática do aborto no final do século XX no mundoocidental é uma situação artificialmente provocada pelo trabalho de entre uma e duasdezenas de entidades de âmbito internacional. O trabalho que estas entidades desenvolveminiciouse há aproximadamente !"" anos atrás# na virada do século $% para o século $tendo sido desenvolvido# durante cerca de $'" anos# por (rupos mar(inalizados dentro dasociedade sem uma linha de atuação claramente definida. Ap)s o término da se(unda(uerra mundial# quando o problema demo(ráfico foi levantado através da O*+# estes(rupos conse(uiram atrelar suas idéias sobre plane,amento familiar e aborto - problemática do controle populacional. A partir deste momento deixaram de ser vistos

    como (rupos mar(inais# (anharam respeitabilidade# financiamento e o controle quase totaldas instituiçes de pesquisa e das a(/ncias (overnamentais do primeiro mundo e das *açes +nidas que se dedicam ao estudo e -s atividades com problemas populacionais. *o final da década de '" estes (rupos ,á estavam sendo financiados por empresários ecom um orçamento anual total da ordem de centenas de milhares de d)lares0 em $&1!estas entidades começaram a ser financiadas também pelos (overnos do primeiro mundo# eo seu orçamento anual total (irava em torno de +2 ' milhes0 em $&1' a cifra passou para+2 !" milhes e em $&1% para +2 %" milhes. Atualmente este valor ,á é da ordem do bilhão de d)lares por ano# sem contar a parcela bastante si(nificativa do que é invertidoapenas dentro do territ)rio norte americano. O texto do trabalho mostra claramente que oconceito de aborto como principal método de controle populacional estava bem claro paraestas entidades ,á na década de 1" e não é pelo fato da recente Conferência do Cairo nãoter reconhecido ainda o aborto como recurso de plane,amento familiar que a pressão neste

    sentido deixará de existir# pois todo o trabalho em matéria populacional que é realizado pela O*+ está sob a quase total monitoração destas entidades.

    O texto mostra também que# embora a 3(re,a 4at)lica se,a vista ho,ecomo a 5nica entidade que se manifesta contra os métodos artificiais de controle danatalidade# isto não foi sempre assim. Até a 6e(unda 7uerra 8undial a maioria dos pa9sescivilizados adotavam também esta posição. *os :stados +nidos# desde o fim do séculodezenove# quando a influ/ncia cat)lica naquele pa9s era insi(nificante# a divul(ação demétodos artificiais para a prevenção da (ravidez# mesmo que partisse da iniciativa de ummédico# era considerado crime pass9vel de prisão. :m $&!; a  Liga das Nações promoveuuma confer/ncia em 7enebra para a supressão do tráfico de publicaçes sobre esteassunto. 7raças a um trabalho paciente e bem financiado# entretanto# basicamente as

     precursoras ou as mesmas or(anizaçes que ho,e financiam a le(alização e a difusão da prática do aborto no mundo conse(uiram fazer com que a mentalidade p5blica mudasse atal ponto que# fora dos que participam efetivamente da 3(re,a 4at)lica# o uso destesmétodos se tornou uma rotina tão difundida que pretender ser ouvido por um p5blicomaior ao fazerlhes uma oposição eficaz é visto como um empreendimento ,á de partidainteiramente destitu9do de possibilidades. 6ão no seu (eral estas mesmas entidades queestão trabalhando a(ora no desenvolvimento de métodos mais simplificados e acess9veisde abortamento e que pretendem# para as pr)ximas décadas# fazer reconhecer o abortocomo um dos métodos de plane,amento familiar e tornálo uma prática tão corrente quese,a tão imposs9vel falarse eficazmente contra ela quanto falarse atualmente contra o uso

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    da p9lula anticoncepcional. O orçamento que elas contam para isto# da ordem do bilhão ded)lares por ano# é proporcional - ma(nitude do empreendimento# tem aumentadoexponencialmente nos 5ltimos anos e tende a aumentar ainda mais.

    6eria importante# no entanto# alertar os homens no sentido de que# no

    tocante ao problema do aborto# estamos diante de uma questão (rav9ssima cu,asconseq

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    particularmente preocupante nesta constatação o fato de ser exatamenteeste o curso da ?ist)ria da :ducação na civilização ocidental. 6e houve uma época emque# através da escola# buscavase a sabedoria# na Benascença passouse a buscar atravésdela a formação do caráter e no mundo contemporâneo o principal ob,etivo do sistemaescolar são a aquisição das habilidades 5teis para a sociedade ou exi(idas pelo mercado de

    trabalho. *o mundo moderno não é um conhecimento profundo da natureza humana quedetermina como a escola deve ser or(anizada. 6ão as diferentes pol9ticas dedesenvolvimento e as diversas necessidades do mercado de trabalho de um determinadon5mero de tais ou quais tipos de profissionais habilitados que ditam as orientaçes das pol9ticas educacionais. 3sto sempre foi# se(undo se depreende da obra# um sintoma de umacivilização que está prestes a extin(

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    hist)ria da difusão (radativa de um n5mero cada vez maior de direitos para todos oshomens sem exceção. 3sto tornouse uma caracter9stica tão profundamente marcada noocidente que os homens t/m sido erroneamente levados a supor que se trata de al(o quedeveria ser )bvio# evidente e caracter9stico de toda e qualquer civilização desenvolvida emqualquer lu(ar e época. A hist)ria mostra# porém# que esta suposição é infundada.

    Fodese fazer uma avaliação um pouco mais realista do tremendo impactoque estas palavras de 4risto causaram sobre o curso normal das civilizaçes seconsiderarmos as cartas que foram remetidas - :uropa pelo mais famoso dos primeirosmissionários cristãos enviado -s Gndias na época dos (randes descobrimentos dos anos$'"". 4ontase nelas que# ao che(ar - Gndia# 6ão Erancisco Xavier teria ficado profundamente chocado com al(uns brâmanes que# ao reconhecerem que sua doutrina eseus mila(res provinham do alto# pediramlhe que ele lhes ensinasse em caráter reservadoa doutrina do Heus dos cristãos e# pensando que com isto cairiam nas suas (raças# prometeramlhe que ,amais diriam uma palavra a nin(uém do que ele lhes ensinasse.Aparentemente estes brâmanes não concebiam como sendo decente que uma doutrina -qual se reconhecia uma proced/ncia divina sa9sse de um c9rculo restrito de pessoas.

    Erancisco Xavier# por outro lado# porém# recém che(ado - Gndia# não parece ter percebido a verdadeira ra9z de onde emanava aquela proposta que lhe pareceutão absurda. :le não parece terse dado conta da revolução que exi(iu da mente doshomens a ordem de 4risto que para ele parecia ser um imperativo moral pertencente - listadas coisas evidentes. O missionário limitouse a manifestar a sua indi(nação diante da proposta brâmane dizendo# sem pensar duas vezes# que nada ensinaria ao brâmanes se elesnão prometessem antes que o divul(ariam a quantas pessoas pudessem faz/lo.

    =ão evidente era para Erancisco Xavier que os ensinamentos divinosdeveriam ser oferecidos a todos sem exceção que sua resposta - proposta dos brâmanesfoi educada mas brusca# isto é# não acompanhada de qualquer explicação. 3sto foi# porém#

     para o ,ovem brâmane que a ouviu pela primeira vez# um choque tão (rande quanto aqueleque a proposta brâmane havia sido para Erancisco Xavier.

     *ão dese,amos emitir aqui qualquer opinião sobre o Iramanismo do qual#diante de sua complexidade# devemos reconhecer o pouco que dele conhecemos0 mas podemos con,ecturar# ao lermos este relato# se aquele ,ovem# diante da resposta deErancisco# não poderia ter talvez começado a conceber al(uma d5vida sobre o caráter divino dos ensinamentos que até aquele momento pretendia adquirir do missionárioC

    "'m toda a Costa"# diz uma carta de EranciscoXavier#  "não encontrei senão !m br0mane comalg!ma instr!ção e $!e se di ter sido disc#!lo de!m nobre e c/lebre col/gio& Proc!rei vê+lo em #artic!lar e ele se #resto! da mel-or vontade% esobre as $!estões e #erg!ntas $!e l-e dirigi% meres#onde! $!e os br0manes estavam todoscom#rometidos #or !m ,!ramento e não #odiamrevelar nada de s!as do!trinas* mas% #or amiade ecomo e(ceção #ara comigo% me falaria abertamente&Fi$!ei assim sabendo $!e o #rimeiro dos se!smist/rios / $!e não e(iste senão !m só 1e!s%

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    criador do c/! e da terra% a $!em somente devemc!lto% e $!e #ara ensinarem as leis $!e eles crêemdivinas servem+se de !ma lng!a tão #o!cov!lgariada como / o latim entre nós& 'm virt!de dese! ,!ramento de segredo recitam s!as orações emvo bai(a #ara $!e ning!/m as #ossa o!vir& 2e!s

    livros cont/m !ma #rofecia an!nciando $!e !m diatodos os #ovos da terra #rofessarão !ma 3nica emesma religião& 'ste br0mane% então% #edi!+me $!el-e e(#licasse tamb/m os #receitos do Cristianismo% #rometendo+me g!ardar o mais absol!to segredo&4ive $!e res#onder+l-e $!e nada l-e diria% se elenão me #rometesse% #elo contrário% de #!blicar% #or toda a #arte e em alta vo% o $!e so!besse de nossareligião".

    4arta de $!J"$J$'KK

    =raços desta mesma diferença de atitudes fundamentais podem ser observados tambémnas cartas que relatam o desembarque de Erancisco Xavier no Dapão# tornandose o primeiro missionário cristão a conhecer aquelas terras. :mbora o ,esu9ta demonstrasseuma sabedoria superior - possu9da pelos seus anfitries e fizesse mila(res entre os mon(es budistas que estes não eram capazes de repetir# o que mais espantou os reli(iosos orientaisao verem Erancisco Xavier não foram estas prod9(ios# mas o fato de que ele havia sedeslocado de uma terra mais distante do que a Gndia ou a Lfrica apenas para lhes pre(ar o:van(elhoC

    "1e todos os #ovos $!e ten-o visto"# diz EranciscoXavier em outra carta# "nen-!m #ode ser com#arado ao ,a#onês #ela s!a nat!rea& 5 de !ma #erfeita #robidade% franco% leal% engen-oso% ávido de-onras e de dignidade& A -onra / #ara ele o #rimeiro de todos os bens& 5 #obre% mas a #obreaentre eles não / des#reada& 6!ase todos sabem ler%o $!e #ara nós será de grande a!(lio #ara l-es faer a#render as orações e os #rinci#ais #ontos dado!trina cristã& 4en-o tido m!itas conferências comalg!ns dentre os mais distintos bonos%es#ecialmente com a$!ele% $!e #elos se!smerecimentos% tt!lo e m!ita idade% ,á octogenário% goa do res#eito e da admiração de todo o #as& 'le / entre os bonos !ma es#/cie de bis#o e tem o tt!lode Ninc-it& 7 $!e vos #arecerá s!r#reendente / $!eele nos estima m!ito e $!e tanto o #ovo como osbonos b!scam com em#en-o a nossa conversação&7 $!e sing!larmente l-es ca!sa admiração% #or/m%/ $!e ten-amos #ercorrido seis mil l/g!as com o3nico fim de l-es an!nciar o 'vangel-o".

    4arta de ";J$$J$'K&

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    :sta atitude# estranha para os ,aponeses# incompreens9vel para os brâmanes# impensávelem qualquer civilização antes do 4ristianismo# é# entretanto# tão essencial - mensa(emevan(élica que incorporouse - civilização ocidental sob a forma de um n5mero semprecrescente de nuances# muitas vezes necessitando apenas de uma circunstância pol9tica oueconMmica imprevista para vir a manifestarse de uma nova maneira. As manifestaçes e asampliaçes cont9nuas desta tend/ncia básica em nossa hist)ria é# a nosso ver# o mais

    importante dos fatores que tem impedido o desa(re(amento de nossa civilização# apesar de nela terse che(ado# em matéria de educação# ao pra(matismo carater9stico dos per9odos finais das civilizaçes.

     *os 5ltimos duzentos anos# porém# com a crescente pressão pelale(alização do aborto# iniciouse# talvez pela primeira vez# uma manifestação (lobal deuma tend/ncia oposta - que acabamos de descrever.

    O movimento pr) aborto sempre iniciou seu caráter p5blico advo(ando ale(alização do aborto em casos dif9ceis. :m vez de uma ampliação de direitos# assistimoscom isto a um movimento pela crescente ne(ação do direito - vida para determinadas

    classes de pessoas que vão paulatinamente se ampliando. Frimeiramente os indiv9duos que perdem o direito de ter a sua vida tutelada são as crianças mal formadas no ventre maternoou aquelas em cu,a concepção uma terceira pessoa# e não elas# cometeu um crime sexual.Hepois# são todas as crianças até o fim do primeiro trimestre de (estação. *um está(io posterior o prazo se estende até o fim do se(undo trimestre ou mesmo até o momento do parto# como ocorreu a partir de $&N; em todo o territ)rio dos :stados +nidos. A partir da9# especialmente onde não há ou não é poss9vel haver uma oposição# o dereconhecimento dos direitos fundamentais se amplia muito rapidamente. *os :stados+nidos há propostas de leis para a interrupção da vida neonatal durante a primeira semanaap)s o nascimento. *a primeira metade do século XX# na Alemanha# as leis do abortoforam efetivamente ampliadas para depois do nascimento e che(ouse ao ponto de ser  poss9vel interromper le(almente a vida de uma criança em idade escolar se esta não pudesse acompanhar o ensino ministrado nos estabelecimentos escolares. *a 4hina

    atualmente o aborto é obri(at)rio para todos a partir do se(undo filho. :m todo o mundo#desde a se(unda metade da década de 1"# estáse investindo maciçamente paratransformar o aborto em um dos recursos dispon9veis para o plane,amento familiar. A partir do momento em que uma sociedade reconhecer# tranq

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