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I – REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO I.1 - CARACTERIZAÇÃO GERAL A Região Metropolitana de São Paulo é constituída pelo município de São Paulo e mais 38 municípios que se agrupam em torno da Capital do Estado, diretamente por ela polarizados. Sua primeira definição legal data de 1967, mediante os Decretos Estaduais números 47.863, de 29/03/1967, 48.162; 48.163, de 3/7/1967, ano em que foi oficialmente estabelecida a divisão do Estado em Regiões Administrativas. A divisão do Estado em Regiões Administrativas e Região Metropolitana visavam definir diretrizes para uma Política de Regionalização da Administração Estadual com o objetivo de conferir maior racionalidade às suas atividades e decisões básicas. Os critérios que orientaram essa divisão regional foram: utilidade para racionalização da Administração Pública Estadual; limites físicos das Regiões, considerando também a polarização urbana e suas áreas de influência; critérios especiais relativos a áreas que exijam tratamento diferenciado quanto às atividades de planejamento e execução governamentais. Atualmente o Estado de São Paulo é composto por 15 Regiões Administrativas, incluindo a Região Metropolitana de São Paulo e as Regiões Metropolitanas de Campinas e da Baixada Santista criadas após a promulgação da Constituição Federal de 1988 que autorizava os Estados federados a instituírem regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, que são constituídas por conjuntos de municípios limítrofes. As unidades territoriais polarizadas (Regiões Administrativas), são áreas geográficas definidas em diferentes escalões, envolvendo vários municípios interdependentes social e economicamente, e associadas, cada uma delas, a um pólo urbano principal. Hoje já existem novas definições para o as regiões e o próprio modelo de região está sendo revisto pelo governo do Estado. Os 39 Municípios que integram a Região Metropolitana de São Paulo representam 3,24% do total do território do Estado, numa área de 8.051 km2, concentrando 48,04% da população de todo o Estado. Evolução dos núcleos e das estruturas urbanas O processo de evolução urbana da Grande São Paulo configura a emergência da estrutura metropolitana, caracterizada basicamente por três fenômenos: a agregação num conjunto urbano contínuo e orgânico de áreas pertencentes a diversos Municipios; a escala, da ordem de vários milhões, da população residente e/ou exercendo atividades nessa área e o desenvolvimento de um sistema complexo de pólos de concentração de atividades terciárias em vários níveis.

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I – REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO

I.1 - CARACTERIZAÇÃO GERAL A Região Metropolitana de São Paulo é constituída pelo município de São Paulo e mais 38 municípios que se agrupam em torno da Capital do Estado, diretamente por ela polarizados. Sua primeira definição legal data de 1967, mediante os Decretos Estaduais números 47.863, de 29/03/1967, 48.162; 48.163, de 3/7/1967, ano em que foi oficialmente estabelecida a divisão do Estado em Regiões Administrativas. A divisão do Estado em Regiões Administrativas e Região Metropolitana visavam definir diretrizes para uma Política de Regionalização da Administração Estadual com o objetivo de conferir maior racionalidade às suas atividades e decisões básicas. Os critérios que orientaram essa divisão regional foram: utilidade para racionalização da Administração Pública Estadual; limites físicos das Regiões, considerando também a polarização urbana e suas áreas de influência; critérios especiais relativos a áreas que exijam tratamento diferenciado quanto às atividades de planejamento e execução governamentais. Atualmente o Estado de São Paulo é composto por 15 Regiões Administrativas, incluindo a Região Metropolitana de São Paulo e as Regiões Metropolitanas de Campinas e da Baixada Santista criadas após a promulgação da Constituição Federal de 1988 que autorizava os Estados federados a instituírem regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, que são constituídas por conjuntos de municípios limítrofes. As unidades territoriais polarizadas (Regiões Administrativas), são áreas geográficas definidas em diferentes escalões, envolvendo vários municípios interdependentes social e economicamente, e associadas, cada uma delas, a um pólo urbano principal. Hoje já existem novas definições para o as regiões e o próprio modelo de região está sendo revisto pelo governo do Estado. Os 39 Municípios que integram a Região Metropolitana de São Paulo representam 3,24% do total do território do Estado, numa área de 8.051 km2, concentrando 48,04% da população de todo o Estado.

Evolução dos núcleos e das estruturas urbanas O processo de evolução urbana da Grande São Paulo configura a emergência da estrutura metropolitana, caracterizada basicamente por três fenômenos: a agregação num conjunto urbano contínuo e orgânico de áreas pertencentes a diversos Municipios; a escala, da ordem de vários milhões, da população residente e/ou exercendo atividades nessa área e o desenvolvimento de um sistema complexo de pólos de concentração de atividades terciárias em vários níveis.

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A primeira das fases de evolução estende-se dos anos 30 até fins da 2ª Guerra Mundial e poderia ser chamada de pré-metropolitana. De fato, nessa fase configuram-se alguns elementos fundamentais da estrutura metropolitana, notadamente as áreas de concentração industrial distribuídas linearmente ao longo dos eixos da Estrada de Ferro Santos Jundiaí e da Estrada de Ferro Sorocabana, o que vai propiciar o início da integração num continuo urbano de áreas pertencentes, além de São Paulo, aos Municípios de Osasco, São Caetano do Sul e Santo André; paralelamente, incrementa-se nessa fase a ocupação, com usos predominantemente residenciais, nos Municípios do quadrante leste da área, os quais vão tendo suas áreas urbanas conurbadas com a aglomeração principal ao longo do eixo da Estrada de Ferro Central do Brasil. A fase seguinte do processo evolutivo estende-se do final da 2ª, Guerra Mundial até o inicio dos anos 60. Nessa fase, novos elementos de infra estrutura, em particular as rodovias federais e estaduais, fazem sua aparição no cenário da Grande São Paulo, possibilitando a incorporação à aglomeração urbana principal, de novas áreas pertencentes a municípios até então isolados. Esse período coincide com uma grande aceleração do processo de localização industrial na área, por causa principalmente das rodovias recém abertas, dando origem a novas áreas de concentração linear de estabelecimentos industriais que se ira incorporar como novos elementos da estrutura urbana metropolitana. A fase mais recente da evolução, 1960/70, é marcada pela estruturação de blocos de atividades industriais, liderados, principalmente pelo desenvolvimento da indústria automobilística, que reforçou as concentrações industriais ao longo da Via Anchieta e nos Municípios da Sub Região Sudeste. Um segundo impacto, não menos considerável, causado esta atividade industrial foi a motorização da população contribuindo para um aumento da demanda por vias e espaços de circulação. Essa nova realidade agravou consideravelmente os problemas de aglomeração, gerando situações de graves de crise das estruturas urbanas. A metrópole não estava preparada para esse crescimento da frota. A motorização repercutiu muito diretamente na própria estrutura metropolitana, contribuindo para a mudança de certos hábitos de consumo e culturais, originando e consolidado novas concentrações comerciais e de atividades terciárias em geral. Esse processo evolutivo acentuou a extensão de áreas ocupadas pelos usos urbanos, na medida em que o crescimento reativado das atividades secundárias demandava a alocação de maior espaço para os estabelecimentos industriais e na medida em que, também, a RMSP continuava a ostentar uma situação, quanto à oferta de empregos, nitidamente superior a das demais regiões do Estado, e mesmo do País. Esse crescimento físico se traduziu, uma vez mais, na incorporação de áreas de novos Municípios a conurbação principal.

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Ao contrário do que ocorre com a maior parte das regiões administrativas do estado, na RMSP predomina nitidamente o desenvolvimento do tipo urbano. Essa predominância não se caracteriza apenas pela elevada taxa de urbanização da população (96,63% a mais alta entre todas as correspondentes às regiões administrativas) e pela extensão da área urbanizada, mas distingue se fundamentalmente pela incorporação, a um mesmo contexto urbano contínuo, de áreas pertencentes a cerca de pelo menos 18 municípios, ao mesmo tempo em que os demais municípios da região se vinculam por estreitas relações funcionais a esse aglomerado. Essa situação faz com que toda a região se polarize de forma extremamente acentuada em torno de área urbana e das atividades desenvolvidas, que alcançam expressão nacional, senão de maior amplitude. Tipologia dos municípios da região metropolitana de são paulo Tendo em vista a construção de uma tipologia de municípios para a Região Metropolitana de São Paulo, que possibilite analisar as formas e as condições de inserção dos migrantes na maior área metropolitana brasileira, procedeu-se a uma análise fatorial da distribuição da população ocupada residente nos 38 municípios, excluindo-se a capital, de acordo com as categorias sócio-ocupacionais utilizadas na pesquisa “Metrópole, desigualdade sócio-ocupacional e governança urbana: Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte” (1998). A variável síntese “categoria sócio-ocupacional” constitui um sistema de hierarquização social obtido com a combinação das variaveis censitarias renda, ocupação e escolaridade e fornecendo uma proxy da estrutura social. Como resultado chegou-se a uma estrutura sócio-ocupacional composta de 8 grandes categorias (cats) agrupadas segundo a existência simultanea de certas caracteristicas no que diz respeito à ocupação, escolaridade, renda, posição na ocupação e ramo de produção/atividade. A análise fatorial realizada para 37 municípios da periferia da Região Metropolitana de São Paulo em 91 e 38 municípios em 2000 resultou em dois eixos que explicam 75% e 74% da variância, respectivamente. O primeiro eixo opõe estratos superiores e médios a operários e trabalhadores da sobrevivência, exprimindo as relações de poder expressas pela qualificação profissional. O segundo eixo exprime a oposição entre trabalho qualificado e não qualificado, colocando de um lado as ocupações que requerem algum tipo de treinamento e de outro, as de baixa qualificação e que quase não necessitam de adestramento, como construção civil, servços domésticos, ambulantes, biscateiros. Esse eixo explica 23,1% da variancia em 91 e 24,7% em 2000. A partir desses eixos foram estabelecidos os clusters que resultaram em 5 grandes aglomerados ou tipos, a saber:

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a) cluster popular, que reúne os municípios com grande proporção de trabalhadores da sobrevivência e da construção civil. Esses municípios tanto em 1991 quanto em 2000 apresentam uma distribuição bastante semelhante das categorias sócio-ocupacionais e das suas densidades relativas, sendo a maior densidade para os dois períodos (1,54 em 1991 e 1,36 em 2000) a dos trabalhadores da sobrevivência. Pertencem ao tipo popular os municípios de Arujá, Cotia, Embu-Guaçu, Guararema, Itapecerica da Serra, Juquitiba, Mairiporã, Mogi das Cruzes, Pirapora do Bom Jesus (apenas em 1991), Santa Isabel, Santana do Parnaíba, São Lourenço (apenas em 2000), Suzano e Vargem Grande Paulista. b) cluster agricola, que reúne os municípios com forte presença de trabalhadores agrícolas. Tal como no caso anterior a similaridade das distribuições de 1980 e 1991 permite estabelecer a mesma tipologia para os dois anos considerados. Os municípios agrícolas de Biritiba Mirim e Salesópolis se distiguem pela alta porcentagem de trabalhadores agrícolas residentes: 35,2% em 1991 e 16,7% em 2000. Também é significativa a presença nesses municípios de trabalhadores da sobrevivência, c) cluster operário tradicional, que reúne os municípios de residência operária, sobretudo de moradia de operários da indústria tradicional e de serviços. Estes municípios apresentam no ano 2000 densidades relativas elevadas do proletariado terciário, do proletariado secundário e de trabalhadores da sobrevivência. Dentre os 18,4% dos ocupados que pertenciam ao operariado secundário em 2000 3,4% eram da indústria tradicional e 5,9% da construção civil. De outro lado, 7,8% eram trabalhadores da sobrevivência. Assim, cerca de 17% da população ocupada residente no cluster era composta de operários tradicionais, operários da construção civil e trabalhadores da sobrevivência. Em 1991, os municípios de tipo operário tradicional possuíam 31% da sua população ocupada no proletariado secundário. Fazem parte deste tipo os seguintes municípios, em 1991: Cajamar, Carapicuiba, Ferraz de Vasconcelos, Francisco Morato, Franco da Rocha, Itapevi, Itaquaquecetuba e Jandira. Em 2000, aos municípios de: Ferraz de Vasconcelos, Francisco Morato, Itapevi, Itaquaquecetuba, Jandira somaram-se Pirapora do Bom Jesus e Santa Isabel que pertenciam ao tipo popular em 1991, Poá e Rio Grande da Serra que pertenciam ao tipo operário moderno em 1991. d) cluster operário industrial, que no ano 2000 reúne municípios com densidade elevadas de trabalhadores residentes do proletariado secundário (1,03), sobretudo da indústria moderna (1,06), também possuem presença expressiva os trabalhadores de serviços auxiliares. Em 1991 a densidade relativa dos trabalhadores da indústria moderna alcançava neste cluster 1,03 e a de serviços auxiliares 1,14, tornando possível a comparabilidade desse tipo nas duas datas consideradas. Fazem parte deste tipo, em 1991, os municípios de: Barueri, Caieiras, Diadema, Guarulhos, Mauá, Poá, Osasco, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, Taboão da Serra. Em 2000 Poá e Rio

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Grande da Serra passam a fazer parte dos municípios do tipo operário tradicional, devido a alterações no perfil de sua população ocupada residente. Por outro lado, passam a fazer parte do grupo os municípios de Cajamar e Carapicuíba, antes pertencentes ao tipo operário tradicional, também em razão das características de sua população residente, segundo a categoria sócio-ocupacional. e) cluster elite industrial, que reúne os municípios deste tipo, tanto em 1991 quanto em 2000. Esses municípios apresentam densidades elevadas de residentes pertencentes à elite intelectual (1,79 para 1991 e 1,59 para 2000) e à elite dirigente, que atingiu 1,73 no ano 2000. Esse cluster distingüe-se também por apresentar densidades elevadas para a pequena burguesia (1,17 em 1991 e 1,26 em 2000). Embora a densidade do proletariado secundário seja inferior a unidade, ela é expressiva para os trabalhadores da indústria moderna, tanto em 1991 (1,13) como em 2000 (1,10). Fazem parte deste tipo, em 1991, os municípios de: Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul, que constituíram o berço da indústria metalúrgica, automobilística e metal-mecânica do Estado de São Paulo. A esses municípios somou-se em 2000 Santana do Parnaíba, importante área de expansão de serviços ligados à indústria e onde se localizam os maiores condomínios de alta renda, onde residem empresários e profissionais pertencentes às elites dirigente e intelectual. Aos tipos de municípios da região periférica da metrópole paulista, agregou-se o município de capital, que, por sua especificidade e porte populacional, merece classificação como cluster à parte. Dessa forma, o trabalho posterior de análise aglutinará os municípios em 6 sub-conjuntos, a saber:

TIPOLOGIA DOS MUNICÍPIOS DA GRANDE SÃO PAULO TIPOS MUNICÍPIOS AGRÍCOLA BiritiSba Mirim, Salesópolis POPULAR Arujá, Cotia, Embu Guaçu, Guararema,

Itapecerica, Juquitiba, Mairiporã, Mogi das Cruzes, São Lourenço da Serra, Suzano, Vargem Grande

OPERÁRIO TRADICIONAL

Embu, Ferraz de Vasconcelos, Francisco Morato, Franco da Rocha, Itapevi, Itaquaquecetuba, Jandira, Pirapora do Bom Jesus, Poá, Rio Grande da Serra, Santa Isabel

OPERÁRIO MODERNO Barueri, Caieiras, Cajamar, Carapicuíba, Diadema, Guarulhos, Mauá, Osasco, Ribeirão Pires, Taboão da Serra

ELITE INDUSTRIAL S André, S Bernardo, S Caetano, Santana do Parnaíba

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POLO

S Paulo

I.2 – DIAGNÓSTICO SOCIOURBANO DA REGIÃO METROPOLITANA

Esta análise tem como objetivo traçar o perfil da população da RMSP quanto à ocupação e à renda e se insere no contexto mais amplo do projeto intitulado Como Andam as metrópoles. Inicialmente serão analisados os indicadores relativos à taxa de ocupação e ao percentual da população economicamente ativa que se encontra ocupada ou desocupada.

I.2.1 - Ocupação, renda e diferenciação socioespacial Através da análise dos dados observa-se que a taxa de ocupação é maior no tipo agrícola e o grau de formalização é inferior ao dos demais tipos. Na RMSP, 80,4% das pessoas em idade ativa encontravam-se ocupadas em 2000, o que equivale a 19,6% de desocupadas. No município de São Paulo, a taxa de ocupação é mais elevada que a média da região, sendo superada apenas por São Caetano (elite industrial), outros três pequenos municípios (Juquitiba, Mairiporã e Guararema) do tipo popular e pelos dois municípios que compõem a categoria agrícola: Biritiba-Mirim e Salesópolis. Sendo esse último o responsável pela maior taxa de ocupação (87,3%), em razão de elevadas taxas de ocupação tanto para a população masculina – a maior dentre todas (91,6%) – como para a feminina (79,6%), inferior apenas à das residentes no município de São Caetano. A análise dos municípios por tipologia de aglomerados aglomerado indica que a taxa de ocupação é mais elevada nos tipos agrícola (84,6%) e no município pólo (81,8%). Não há grandes discrepâncias nos demais, sendo que a maior taxa de desocupação é a dos municípios que compõem o tipo operário tradicional (75%), ou seja, a cada 4 pessoas economicamente ativa, uma encontra-se desocupada. No entanto, esse grupo de municípios é o que apresenta menor taxa de participação na PEA/PIA, ou seja, maior percentual de inatividade, associado à maior incidência de desemprego, o que demonstra que o desemprego nesse caso não decorre da intensa participação no mercado de trabalho, mas muito possivelmente, da escassez de oportunidades de trabalho no período analisado. Comparando os dados referentes a homens e mulheres, nota-se que o diferencial em termos de taxa de ocupação é superior entre elas. A maior taxa de ocupação feminina representa o tipo agrícola (78,4%),

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mais de dez pontos percentuais superior à encontrada nos municípios de tipo operário tradicional (68,1%). Não é possível identificar a real causa desse fenômeno, mas pode-se aventar a hipótese de que nos municípios de tipo agrícola o exercício da atividade seja de caráter familiar onde se destaca a presença feminina, uma vez que a atividade agrícola ali predominante não é a da grande empresa agrícola, mas das pequenas unidades de produção. Já nos municípios componentes do tipo operário tradicional, pode-se supor um arranjo familiar mais típico de regiões industriais, pois grande parte dos trabalhadores absorvidos pela indústria é composta pela população masculina. Outra variável relevante para identificar os diferenciais em termos de perfil de ocupação por tipos de município é a relativa à idade. Para a RMSP, destaca-se, a princípio, o enorme diferencial em termos de taxa de ocupação segundo a idade: para os mais jovens (10 a 24 anos), ela fica em torno de 66%, elevando-se para 85% entre aqueles de 25 a 49 anos e ainda mais para a população de 50 anos e mais (87%). No município Pólo, as taxas de ocupação superam a média da região em todas as faixas etárias. Mas é novamente nos municípios agrícolas que se observam os maiores patamares, com especial destaque para a população jovem, cuja taxa de ocupação chega a atingir, em Salesópolis, 77%, índice bastante superior ao encontrado, especialmente, nos municípios que compõem os tipos operários – a título de exemplo, em Mauá, município Operário moderno, a taxa de ocupação dos jovens é de 61%. Há, entretanto, um destaque para a elevada taxa observada entre os jovens residentes no município de São Caetano do Sul (74%). Também entre os mais velhos, observam-se grandes distâncias em termos de ocupação quando se compara os municípios da RMSP. As maiores taxas encontram-se em municípios agrícolas ou populares, tais como Salesópolis (96%), no primeiro tipo, e Vargem Grande Paulista (93%), no grupo popular. E a maior taxa de desocupação desse grupo etário mais uma vez são registradas para os municípios de tipo operário tradicional, como Franco da Rocha (ocupação = 78,7%). No segmento etário de 25 a 49 anos, que é majoritário na composição da força de trabalho – somam 7,6 milhões dos 12,6 milhões de pessoas economicamente ativas na RMSP – não se registram grandes oscilações em termos de taxa de ocupação, variando entre 80% e 90% (mapa I.1).

Mapa I.1 Proporção de desocupados. Região Metropolitana de São Paulo. 2000

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O espaço metropolitano pode ser categorizado, no ano 2000, em 11 tipos de áreas, segundo o perfil sócio-ocupacional das AEDs (Áreas de Expansão dos Dados da Amostra) (mapa I.2). Percebe-se que a estrutura básica é ainda rádio concêntrica, com camadas superiores na hierarquia ocupando, em geral, áreas mais centrais na capital. Alguns indícios de fragmentação dos espaços das elites aparecem com maior nitidez que em 1991 ou em 1980: assim, na parte oeste da RMSP está localizada uma área superior, tal como no vetor leste.

Mapa I.2 Tipologia das Áreas de Expansão dos Dados da Amostra – AEDs

Região Metropolitana de São Paulo. 2000

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Mas a visão geral é de um gradiente: as áreas superiores mais centrais, rodeadas das áreas médias. Com anéis, circundando as áreas médias, ficam as áreas operárias; na periferia da mancha metropolitana, as áreas populares, e num extremo leste, as áreas agrícolas. Percebe-se que a grande maioria da população reside nas áreas operárias: 53,89% da população total, ocupando 45,15% da área metropolitana. As áreas do tipo operário inferior e superior praticamente dividem a população da área operária. Mas chama a atenção que a área operária inferior representa 31% da área metropolitana, enquanto que a área operária superior tem metade da sua superfície. Com conseqüência direta, as áreas operárias inferiores são muito menos densas, com densidade de apenas 20 hab/há. As áreas do tipo popular, embora de enorme extensão, com 2.311 km2, que representam 27,18% da área metropolitana total, servem de moradia para apenas 1,83% da população metropolitana, com densidade baixíssima, de 1,4 hab/há. São áreas que ainda suportam um grande expansão de população. A área agrícola, como seria de se esperar, apresentam grande extensão, com quase 14% da área metropolitana e são residência de menos de 1% da população da RMSP (0,40%). As áreas médias ocupam apenas 34% da superfície metropolitana, servindo de moradia para 8,61% da sua população. São áreas mais densas que o seu entorno operário, com densidade média de 89 hab/ha. A área média inferior chega a apresentar a densidade de 110 hab/há, a mais alta da metrópole. As áreas superiores ocupam 3,24% da superfície da metrópole, com população de 9,89% da população total. São menos densas que as áreas médias, com densidade demográfica média de 69 hab/há.

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Os espaços superiores dirigentes são caracterizados por concentrar fortemente a categoria elite dirigente, sobretudo os grandes empregadores e os dirigentes privados. A elite dirigente representa somente 1,37% da população ocupada em 2000, mas nesta área, quase 5 % dos ocupados pertencem à elite dirigente. Mais de 20% da elite dirigente reside neste cluster, com 24% dos grandes empregadores morando nestas áreas, bem como 20% dos dirigentes privados. O peso relativo da elite dirigente está expresso pela densidade relativa alcançada, 3,6 vezes à densidade apresentada pelo conjunto da estrutura social da região metropolitana. A elite intelectual tem também importante presença nos espaços superiores dirigentes, pois representa 14,23% dos ocupados neste espaço, o que fornece uma densidade quase o dobro da densidade desta categoria na estrutura social geral. Entre os 406.899 ocupados nas áreas do tipo superior dirigente, 78 mil (20%) são elite dirigente e/ou intelectual. Ao lado das elites dirigente e intelectual, o espaço superior dirigente é também caracterizado pela forte presença dos empregados domésticos, que residem nas casas dos patrões, a seu serviço: são mais de 5% dos ocupados no cluster. Chama a atenção o total de quase 25% dos ocupados dos espaços superiores dirigentes somarem elites e domésticos, a seu serviço, dado que a presença desta última categoria se dá por demanda de serviços pessoais, e não por relações de vizinhança. Os espaços superiores intelectuais têm composição social próxima à dos espaços superiores dirigentes, porém com maior peso da elite intelectual e menor da elite dirigente. O peso relativo da elite intelectual muda para 1,84, quando na área superior dirigente era 1,82. Mas vale a pena notar que a distribuição desta elite intelectual é distinta entre os dois tipos de área: na área superior dirigente, a densidade relativa dos autônomos de nível superior é maior; já os empregados de nível superior, os estatutários e os professores vão residir preferencialmente nas áreas superiores intelectuais. Este fato reflete-se no percentual de 15% dos empregados superiores e 17% dos estatutários superiores morando na área superior intelectual. De outro lado, embora na área superior intelectual o peso da elite dirigente ainda seja alto (1,7 vezes o peso da elite dirigente no total), a diferença na densidade relativa principalmente dos grandes empregadores é alta: 4,16 nas áreas dirigentes e 1,76 nas áreas intelectuais. Entre os 573 mil ocupados residindo nesta área, 82,6 mil pertencem á elite intelectual (14,41% do total de ocupados residentes). Do total de ocupados da elite intelectual na metrópole (557.015), estes 82 mil representam 15%. Os espaços superiores intelectuais diferem dos dirigentes porque apresentam menor número de ocupados da elite dirigente (13 mil, quando nos espaços superiores dirigentes residem quase 20 mil) e maior presença da elite intelectual (82,6 mil, quando nos espaços superiores dirigentes moravam 58 mil). Esta diferença é menor nos autônomos de nível superior, e cresce entre empregados e professores.

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Os espaços superiores em transição agregam apenas 4 AEDS, com população de 96.561 pessoas e ocupam área de 37 km2, parcela que não alcança 0,5% da superfície total da metrópole. São áreas que, dentro da família superior, apresentam polaridade entre elite dirigente e construção civil (a densidade relativa dos operários da construção civil dentro da família superior alcança 3,13, ou seja, nesta tipologia residem 3 vezes mais operários da construção civil que na família superior como um todo). A análise das densidades em relação ao total geral da metrópole mostra concentração em grandes empregadores e dirigentes privados, tal como nos espaços superiores dirigentes. Diferem destes, entretanto, pela relativamente menor densidade da elite intelectual e por apresentar densidade considerável de ocupações de supervisão. Mais de 2,2% dos seus ocupados são trabalhadores da construção civil, percentual nitidamente maior que nos outros clusters da família superior: 0,91% no tipo superior médio, 0,52% no superior intelectual e 0,37% no superior dirigente. A partir desta análise surge a hipótese que se trata de área com muitas construções, onde residem operários da construção. Assim, devem ser áreas em processo de mudança. Os espaços superiores médios têm composição social próxima à dos espaços superiores intelectuais, mas com densidades relativas menores em relação à elite dirigente e maiores em relação à pequena burguesia e categorias médias. Entre pequena burguesia e categorias médias encontram-se 24% dos ocupados no cluster. De qualquer forma, sua composição social assemelha-se à do cluster superior intelectual, com menor presença das elites. Nos espaços médios superiores cai ainda mais a presença da elite dirigentes em relação ao anterior. Assim sua densidade relativa, que era 1,55 no espaço superior médio, reduz-se para 1,45. Em relação à elite intelectual, a densidade do médio superior é maior que a do superior médio: 1,69 contra 1,26. Entre os 873 mil ocupados que residem no médio superior, 13,23% pertencem á elite intelectual. Assim, esta elite intelectual mora sobretudo nestes espaços: 21% do total dela reside nos espaços médios superiores, 11% no superior médio e 15% no espaço superior intelectual, num total de quase metade da elite intelectual nestes 3 tipos de espaço. No espaço médio superior vai existir uma maior mistura social, pelo aumento relativo da pequena burguesia e das camadas médias, com densidades de 1,66 e 1,37 respectivamente: 37% dos ocupados neste cluster pertencem à categorias médias, com predominância dos empregados de escritório. O espaço médio operário tem densidade de 1,25 para as categorias médias. Suas densidades para os distintos grupos da elite dirigente e intelectual são baixas, com exceção dos dirigentes públicos, com densidade de 1,67. De outro lado, notam-se as densidades superiores para os trabalhadores da industriam moderna (1,30) e da indústria dos serviços auxiliares (1,05). Entre os 506 mil ocupados neste

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cluster, 34% pertencem às categorias médias e 34% ao proletariado, secundário e terciário. No espaço médio inferior a densidade relativa das categorias médias continua superior a 1, mas é menor que nos outros espaços médios (1,19, quando no médio operário era 1,25 e no médio superior, 1,37). As categorias ligadas ap proletariado terciário aparecem fortemente neste cluster: a densidade relativa do proletariado terciário é de 1,05, com densidades como 1,16 para trabalhadores do comércio. A presença de operários da indústria tradicional e de ambulantes também é significativa. Trata-se de cluster com população grande, de 1.234.235 ocupados, 16.5% do total de ocupados, com área de 267km2, 3,4% da superfície total. É o cluster com maior densidade demográfica. Entre seus ocupados, 3% pertencem ás categorias médias e 47% aos proletariados. O percentual de proletários aumenta fortemente nos espaços operários: 65,5% do total de operários secundários residem nos dois espaços operários, o superior, com 32,65% e o inferior, com 32,89%. A densidade relativa do proletariado secundário atinge 1,30 no espaço operário superior e 1,38 no espaço operário inferior. A diferença maior entre o operário inferior e o superior liga-se á maior presença de categorias ligadas às categorias médias no superior, tal como trabalhadores da saúde e da educação, com densidade relativa de 1,01. No cluster operário superior o percentual de ocupados das categorias médias foi de 24%, enquanto que no inferior foi de 17%. Nos espaços populares diminui um pouco a presença de operários secundários (densidade relativa de 1,32) e aumenta a proporção de trabalhadores da sobrevivência: densidade de 1,64. Entre os trabalhadores do secundário, a maior densidade está nos operários da construção civil, com densidade de 1,66. Assim, os espaços populares distinguem-se dos espaços operários pela maior proporção de trabalhadores da sobrevivência (18%, quando no espaço operário inferior era de 15% e no superior, de 11%) e pela maior densidade de operários da construção civil. Os espaços agrícolas, embora a população residente seja de apenas 27 mil pessoas, 7.623 são trabalhadores agrícolas, com densidade de 56,39. A outra categoria com forte densidade neste espaço é a dos trabalhadores domésticos, com 1,70. São espaços com densidade demográfica muito reduzida, de menos de 65 pessoas por km2 (mapa I.3).

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Mapa I.3 Densidade populacional

Municípios da Região Metropolitana de São Paulo.2000

A análise da renda, de forma a complementar a avaliação da situação ocupacional da população da RMSP deve englobar não somente as informações a cerca da renda familiar e apropriação de renda, como também, os valores recebidos pelos trabalhadores. Os dados indicam que na RMSP o rendimento médio no trabalho principal é maior em municípios da elite industrial, revelando também, grande desigualdade entre as classes. No município de São Paulo, os trabalhadores recebem, em média, 7,7 salários mínimos, mas esse não é o maior valor observado. Em municípios como Santana do Parnaíba e São Caetano do Sul, em grupos componentes do tipo elite industrial, os valores médios correspondem a 12 e 9,8 salários mínimos, respectivamente. Logo abaixo na escala de valores, aparece Barueri (operário moderno, com 7,5), em seguida, os demais municípios da elite industrial, como São Bernardo do Campo e Santo André, com 6,9 e 6,6 sm. É importante ressalvar que Barueri incorpora Alphaville, condomínio de alto padrão residencial, podendo indicar que o elevado rendimento médio desse condomínio pode encobrir grandes diferenciais no interior do município. Quando se desagrega as informações segundo grau de escolaridade, observa-se esse diferencial de forma mais clara: para os que têm oito ou mais anos de estudo, o rendimento médio equivale a 11,3 sm, montante bastante superior ao dos demais trabalhadores desse tipo de município, que recebem em torno de 5 a 6 sm. Para os menos escolarizados, em Barueri, o rendimento médio reduz-se para 3,4 sm, valor bastante próximo ao recebido pelos trabalhadores dos demais municípios que compõem o grupo operário moderno. Assim, pode-se concluir que a média mais elevada nesse município deve estar

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fortemente associada ao perfil de trabalhadores mais qualificados, que, em geral, exercem o trabalho em outros municípios da RMSP. É importante destacar que no tipo popular, grande parte dos rendimentos fica em torno de 3 a 4 sm, com quatro exceções: Cotia (6,2 sm), Mairiporã (5,7 sm), Mogi das Cruzes (5,4 sm) e Arujá (5,3 sm). Nesse grupo, quando analisado o rendimento médio por grau de escolaridade, observa-se que, tal como no município de Barueri, os diferenciais se dão em função dos rendimentos dos mais escolarizados. Muito possivelmente, aqui também, essas discrepâncias estejam associadas ao fenômeno dos condomínios residenciais construídos ao longo da última década nessas localidades, especialmente em Arujá (a leste da capital) e Cotia (oeste), onde se localiza a Granja Viana, um conjunto de condomínios horizontais voltado para a classe alta que se expandiu enormemente nos últimos dez anos. Ainda que bastante associados, os rendimentos per capita podem apresentar diferenças em razão de fatores demográficos (maior ou menor número de filhos e/ou dependentes na família), arranjos familiares (casais com filhos, famílias monoparentais) e rendimentos advindos de outras fontes que não o trabalho (como aposentadoria, aluguéis e outras rendas). Não se pode dizer que uma medida é mais adequada que a outra, mas apenas que cada uma possibilita um recorte de análise. As faixas de renda utilizadas para a análise de rendimento familiar per capita são distintas daquelas dos rendimentos dos responsáveis, porque aqui se procura avaliar a disponibilidade de renda para cada membro da família. Na RMSP, do total de famílias, 12,8% recebem até meio salário mínimo per capita, se somados àqueles que recebem de meio a um salário mínimo, atinge um percentual cerca de 30%. Outros 38% das famílias recebem de 1 a 3 salários mínimos per capita e os 33% restantes recebem mais de 3 salários mínimos. Analisando-se por tipo de município, observa-se que há grandes disparidades no que diz respeito à apropriação da renda pelas famílias residentes na região. Nos municípios classificados como agrícolas, 21% das famílias recebe até meio salário mínimo per capita. No tipo operário tradicional, a proporção de famílias com até meio salário mínimo de renda per capita também atinge 21%, mas se observam grandes disparidades quando se analisam separadamente os municípios que compõem esse tipo. Em Francisco Morato, Itapevi e Itaquaquecetuba, mais da metade das famílias residentes têm um nível de rendimento de até 1 sm, sendo que aproximadamente 25% no limite inferior da distribuição (até meio salário mínimo per capita). Entre os municípios com menor concentração de famílias nessa faixa de renda, está Pirapora do Bom Jesus. Nos municípios de tipo popular, há cerca de % das famílias vivendo com esse nível de renda (até meio salário mínimo per capita). No interior do grupo popular, destacam-se entre os que apresentam maior quantidade de famílias pobres, os municípios de Juquitiba e

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São Lourenço da Serra – quase 30% das famílias recebem até 1/2 sm per capita. No outro extremo, renda per capita acima de 3 salários mínimos, encontram-se elevadas proporções para os municípios de Cotia (23,9%), Moji das Cruzes (26,6%) e Mairiporã (24%), os mesmos que apresentam melhores condições de trabalho como mencionado anteriormente. O município de São Paulo e os da elite industrial têm a menor concentração de famílias nessa faixa de renda familiar per capita: menos de um quarto delas vivem com menos de um salário mínimo per capita. Os municípios de São Caetano do Sul e Santo André, na elite industrial, são os que apresentam menor percentual de pessoas vivendo com menos de meio salário mínimo per capital, com 3,2% e 9,9%, respectivamente. Em São Caetano, mais de metade da população (57,2%) recebe mais de 3 salários mínimos per capita. Mais uma vez, Santana do Parnaíba destaca-se por ter grande concentração de pessoas vivendo com menos de meio salário mínimo per capita – 19%, próximo ao de municípios dos tipos operário tradicional e popular e, também, elevado percentual na faixa superior, o que denota pior distribuição do rendimento nessa localidade. Os municípios que compõem o tipo operário moderno ficam em uma situação mais favorável que o tipo operário tradicional, mas inferior ao desses dois tipos citados acima. Cerca de um terço das famílias ali residentes têm renda per capita inferior a um salário mínimo. Esse é o grupo de municípios mais homogêneo internamente: todos os municípios apresentam situação semelhante em termos de renda familiar, não havendo situações muito díspares (mapa I.4).

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Mapa I.4 Proporção de Famílias com Renda Familiar Per Capita de até Meio

Salário Mínimo Municípios da Região Metropolitana de São Paulo. 2000

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I.2.2 - Demografia I.2.2.1 Dinâmica do Crescimento Populacional

Crescimento demográfico da Grande São Paulo: principais mudanças

e tendências A taxa de crescimento populacional é declinante na metrópole de São Paulo (tabela I.1). Esta redução do incremento demográfico é patente em todos os segmentos espaciais, descendo no país como um todo (de 1,70% anuais para 1,63% anuais na última década), na região Sudeste (de 1,77%, entre 1980 e 1991, passa para 1,61% entre 1991 e 2000), no estado de São Paulo, na região metropolitana e no município da capital (Tabela I.1)

Tabela I.1 – Taxas anuais de crescimento populacional: estado, metrópole e país

Anos Região

metropolitana Estado de São Paulo

Brasil

1940-1950 5,54 2,44 2,99 1950-1960 5,95 3,45 3,04 1960-1970 5,44 3,32 2,89 1970-1980 4,42 3,45 2,48 1980-1991 1,86 2,12 1,93 1991-2000 1,66 1,78 1,63 Fonte: IBGE Censos Demográficos de 1940 a 2000 A redução da taxa da metrópole foi menor que a do Estado de São Paulo como um todo na década de 90 (redução de 12%, enquanto que para o estado a redução foi de 19%). A metrópole ainda mantém certo vigor demográfico, devido sobretudo ao crescimento dos outros municípios que não a capital. A taxa de crescimento destes outros municípios foi, na década de 90, de 2,89%, bem superior à da capital, de 0,88% ao ano no período. Este indicador reforça a tese da continuidade do processo de crescimento radio-concêntrico, agora ultrapassando os limites do município sede e espraiando-se pelos municípios vizinhos. Nos anos 80, a taxa metropolitana mostra o momento de inflexão do processo de crescimento acelerado, tendo se reduzido a menos da metade da taxa registrada na década anterior. O desaquecimento da economia no período, a diminuição da taxa de fecundidade, as políticas estaduais de descentralização industrial explicam essa queda. Mas um dado importante é o citado acima, de que o ritmo de crescimento da capital diminui de forma significativa, diferentemente do que ocorre nos demais municípios metropolitanos. A tabela I.2 mostra que o tipo de município que mais cresceu no intervalo 1991-2000 foi o chamado operário tradicional, que congrega

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municípios onde residem majoritariamente operários da indústria tradicional e dos serviços, além de trabalhadores da sobrevivência. São municípios com maior vigor econômico que os chamados populares (onde residem, na maioria, ocupados na construção civil e sobrevivência). Trata-se de parte da periferia da metrópole com terras ainda baratas. A taxa imediatamente inferior é a dos municípios populares, periferia mais distante, como Juquitiba, São Lourenço, Vargem Grande, Cotia, Itapecerica, Guararema, etc. Os municípios do grupo operário moderno cresceram a taxas menores, mas ainda maiores que a do grupo elite e a do pólo. Tabela I.2. Taxas de crescimento populacional por tipo de município,

Grande São Paulo Tipo de município Pop 1991 Pop 2000 Taxas (em

%) Agrícola 29.192 39.010 3,27 Popular 800.249 1.107.060 3,67 Operário tradicional 909.340 1.308.109 4,12 Operário moderno 2.688.810 3.422.777 2,72 Elite industrial 1.371.165 1.567.465 1,50 Pólo 9.646.185 10.435.546 0,88 Total 15.446.932 17.881.997 1,64 Fonte : IBGE Censos Demográficos de 1991 e 2000 Num total de 39 municípios, 9, ou 23%, cresceram a taxas muito altas. Chama a atenção o elevado incremento de Santana do Parnaíba, município alocado no grupo elite industrial. Em Santana do Parnaíba e no seu vizinho, Barueri, alocaram-se inúmeros condomínios fechados para média e alta renda, como Alphaville e Tamboré, que fizeram com que seu crescimento fosse exponencial e ligado a camadas de maior poder aquisitivo. Resulta deste tipo de ocupação, ligado à oferta de espaços residenciais diferenciados, o espantoso crescimento de Santana. Após a implantação de Alphaville, em 1974, o município já cresceu quase 14 vezes, saindo de uma população de 5.454 pessoas em 1970 para 74.828 no ano 2000. Barueri se transformou de um município com 38 mil pessoas em 1970 para uma cidade com 208.281 residentes em 2000, crescendo 5,5 vezes em 20 anos (dados dos Censos Demográficos de 1970 a 2000) Analisando-se a metrópole como um todo, percebe-se que tanto o pólo como os municípios da elite industrial (menos Santana), estão com seu ritmo de crescimento bastante reduzido. Os outros ainda crescem a taxas significativas. Em síntese, pode-se perceber alguns processos demográficos na metrópole:

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Crescimento reduzido no pólo, sendo que o crescimento se dá apenas nas franjas periféricas, havendo perda de população nas áreas centrais; Certo vigor demográfico nos municípios da metrópole que não a capital, com exceção dos municípios do ABCD, a sudeste; Formação de núcleos nos municípios periféricos com melhores condições de vida material que no entorno imediato, como em Santana do Parnaíba, Barueri, Cotia, Arujá; Residência de camadas empobrecidas na maior parte dos municípios da tipologia popular e operário tradicional.

Crescimento urbano e rural, taxas de urbanização e densidades O crescimento total da população residente entre 1991 e 2000 foi de 2.433.780 pessoas, dos quais 17,54% (426 mil residentes) estão em zona rural. E nota-se que a grande parcela do crescimento rural foi no município pólo: mais de 90% do incremento rural. Já a população ocupada em atividades agrícolas, sofreu redução de 20.520 pessoas entre 1991 e 2000, ou seja, ao aumento da população residente na chamada área rural não correspondeu um aumento da ocupação agrícola. A hipótese explicativa para esse fato liga-se à ocupação da área rural por loteamentos urbanos. As franjas verdes do município da capital devem estar sendo ocupadas por loteamentos irregulares e invasões. Chama a atenção que mesmo nos municípios agrícolas o incremento em zona urbana é bem superior ao aumento populacional na zona rural. As taxas de crescimento rurais são muito altas especialmente no pólo e nos municípios de tipo operário moderno. A hipótese levantada para o pólo é plausível também para esses últimos, onde as altas taxas seriam inexplicáveis. Por exemplo, o incremento da população rural de Caieiras, entre 1991 e 2000, alcança 8,75 anuais e a de Guarulhos, 9,8%. Entre os municípios populares, a de Mairiporã foi de 8,0%. Tabela I.3. Taxas de crescimento da população urbana e rural e grau

de urbanização.

Taxas de crescimento

Grau de urbanização

Tipo de município

Urbana rural 1991 2000 Agrícola 3,32 1,91 80,45 80,80 Popular 3,68 3,52 93,86 93,94 Operário tradicional 4,17 1,71 98,03 98,40 Operário moderno 2,68 9,13 99,52 99,17 Elite 1,50 0,81 99,17 99,22 Pólo 0,46 11,49 97,58 94,04 Total 1,39 9,57 97,85 95,75

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Fonte: IBGE Censos Demográficos de 1991 e 2000 O grau de urbanização, mesmo nos municípios agrícolas, é bastante alto: mais de 80%. Nos outros, ultrapassa 90%. Pela tabela I.3, percebe-se que a sua dimensão está relacionada diretamente à posição dos municípios na hierarquia: ao do grupo elite corresponde a maior proporção. O município da capital apresenta grau declinante, o que remete à hipótese da existência, na periferia física da cidade, de população rural não agrícola. Em relação às densidades, percebe-se um gradiente das densidades brutas, sendo o município pólo o de mais alta densidade (67 hab/ha), seguido pelos municípios operário moderno (37 hab/ha), elite industrial (20 hab/ha), operário tradicional (13 hab/ha), popular (4 hab/ha) e agrícolas. Ao examinar as densidades brutas por município, observa-se que as mais elevadas aparecem na categoria operário moderno: Diadema, com densidade de 11.630 hab/km2 Osasco, com densidade de 10.024 hab/km2 Carapicuíba, com densidade de 9.845 hab/km2 Com alta densidade aparece também São Caetano, da elite industrial, com densidade de 9.101 hab/km2.

Mapa I.5 - Densidade Populacional Região Metropolitana de São Paulo – 2000

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I.2.2.2 Análise Intraurbana: Características gerais da população

Estrutura Etária O que se percebe de imediato, observando a Tabela I.4, é que os municípios classificados como operário tradicional são os que apresentam o menor índice de envelhecimento e a maior proporção de população entre 0 e 14 anos. São eles, também, os que têm maior taxa de crescimento demográfico, de 4,12% anuais, no período 1991 -2000. Tabela I.4 - Estrutura etária e índice de envelhecimento, por tipo de

município, RMSP, 2000

Tipo de município 0 a 14 (%)

15 a 64( %)

65 e mais (%)

Índice de envelhecimento

Agrícola 30,62 63,62 5,76 18,82 Popular 29,96 65,79 4,25 14,18 Op tradicional 32,16 64,92 2,92 9,09 Op moderno 28,73 67,63 3,64 12,66 Elite 24,40 69,51 6,09 24,95 Pólo 24,85 68,72 6,42 25,85 Total 26,42 68,11 5,47 20,70

Fonte: IBGE Censo Demográfico de 2000 É nesses municípios onde se alocam, preferencialmente, as populações jovens e pobres, em busca de um local de moradia acessível. Municípios de tipo operário tradicional, como Embu (índice de envelhecimento de 7,9), Ferraz de Vasconcelos (8,9), Francisco Morato (7,4). Franco da Rocha (13,4), Itapevi (8,0), Itaquaquecetuba (7,3), Jandira (8,0), Pirapora do Bom Jesus (11,6), Poá (14,1) , Rio Grande da Serra (10,1) e Santa Isabel (17,9), apresentam grande proporção de jovens. Aliás, quase todos os municípios com índice de envelhecimento inferior a 10 pertencem à categoria operário tradicional. Os outros com índice semelhante são Barueiri (9,7), operário moderno, Itapecerica (9,1), popular, e Santana do Parnaíba (9,6), elite industrial. Vale a pena notar que tanto Barueri, como Santana, e mesmo Itapecerica, apresentam núcleos de condomínios fechados de alta e média renda, sendo moradia de grupos mais abonados com família em expansão. Assim vão existir dois grupos de municípios “jovens” no tecido metropolitano:

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Um conjunto de municípios operário tradicional, servindo de residência sobretudo a camadas do proletariado secundário e de sobrevivência, com renda baixa; Um conjunto de municípios com núcleos de categorias médias e da elite, com renda mais alta. Os maiores índices de envelhecimento estão no município pólo e nos município da elite industrial. O percentual populacional com mais de 65 anos na capital é de 6,42%. Sabe-se que esta porcentagem não se distribui de forma uniforme no tecido urbano de São Paulo, sendo mais alta nas áreas centrais e menores em direção á periferia geográfica. Os maiores índices de envelhecimento populacional na metrópole estão em São Caetano do Sul (64,9), Santo André (30,1) e São Paulo (25,8). Do total de 977.833 residentes na metrópole em 2000 com mais de 65 anos, 670 mil residem no município pólo, num percentual de 68,6%. Entre Santo André, São Caetano e São Bernardo, vão morar outros 93 mil, quase 10 % dos idosos da metrópole. Percebe-se que entre o pólo e a elite industrial, estão quase 80 % dos maiores de 65 anos da Grande São Paulo. Assim, se de um lado existem núcleos jovens (municípios operário tradicional e alguns outros operário moderno e elite), há um núcleo que abriga a população idosa: o município pólo e o núcleo mais tradicional da elite industrial: São Caetano, São Bernardo e Santo André.

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Mapa I.6 - Índice de Envelhecimento da População Região Metropolitana de São Paulo – 2000

Cor Percebe-se que o percentual de pretos e pardos (tabela I.5) é nitidamente maior nos municípios do tipo operário tradicional, onde eles são quase a metade da população. São justamente esses municípios os que possuem as maiores taxas de crescimento e a maior proporção de jovens.

Tabela I.5 - População por cor, por tipos de município da RMSP, 2000, em porcentagem.

Tipo de município Branca Preta e parda Outra Agrícola 78,80 17,41 3,71 Popular 62,69 33,71 3,60 Op tradicional 54,27 44,47 1,26 Op moderno 62,93 35,26 1,80 Elite 74,20 23,54 2,27 Pólo 66,97 30,03 3,00 Total 65,60 31,80 2,60

Fonte: IBGE Censo demográfico de 2000. De outro lado, os municípios da chamada elite industrial são predominantemente residência de camadas brancas. Em São Caetano, por exemplo, 87% dos residentes são brancos, percentual só alcançado, na RMSP, por Salesópolis, município agrícola, que registra 86,8% de brancos na sua população.

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Mapa I.7 - Proporção de Pretos e Pardos na População Região Metropolitana de São Paulo - 2000

Análise dos componentes demográficos

Mortalidade A mortalidade no Brasil há décadas tem decrescido. Um ponto de inflexão foi a década de 70, quando o Estado brasileiro investe fortemente em programas de saneamento básico (água e esgoto), programas de vacinação infantil e ampliação da oferta de serviços médicos hospitalares. Nos anos 90, a esperança de vida do brasileiro subiu quase 4 anos, de 64,73 anos em 1991 para 68,61 anos em 2000. Na região Sudeste as condições de sobrevivência são melhores que no Brasil como um todo. Entre os 1666 municípios da região, percebe-se nítida melhoria em relação à esperança de vida média na década de 90: em 1991, não havia nenhum município com esperança de vida da população superior a 75 anos; já no ano 2000, 4,3% dos municípios da região apresentam esperança de vida entre 75 e 82 anos. No Estado de São Paulo o coeficiente geral de mortalidade, apesar do envelhecimento populacional, reduziu-se mais de 7% entre 1980 e 2000, passando de 6,93 óbitos por mil habitantes para 6,44 óbitos por mil habitantes. A mortalidade infantil reduziu-se drasticamente entre 1990 e 2002 (tabela I.6). A redução no Estado de São Paulo entre 1990 e 2000 foi de 45,6%, maior que a redução do Brasil como um todo, que

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alcançou 38%. Para o país como um todo a mortalidade infantil declinou de 48 óbitos de menores de 1 ano por mil nascidos vivos em 1990 para 29,6 , em 2000.

Tabela I.6 – Taxas de mortalidade infantil. Estado de São Paulo, Capital e Interior, 1990 e 2002

Taxas de Mortalidade Infantil Variação (%) Áreas 1990 2002 No intervalo 90/02

Estado 31,4 15,0 - 52,2 Capital 30,9 15,1 -51,1 Interior 31,3 15,0 -52,1

Fonte: F Seade, SP Demográfico, maio 2003, pág 1 Em 2004, o Estado de São Paulo apresentou a menor taxa de mortalidade infantil registrada, de 14,25 óbitos por mil nascidos vivos. Embora estas taxas sejam mais reduzidas que as do Brasil em geral, ainda se encontram aquém das taxas dos países desenvolvidos, nos quais se situa em torno de 8 óbitos por mil nascidos vivos, Mesmo alguns países latino –americanos têm taxas menores, por volta de 10 por mil, como Chile, Costa Rica e Cuba Em relação às causas de morte entre os menores de 1 ano, percebeu-se no Estado de São Paulo, entre 1990 e 2002, uma significativa redução das causas de morte de origem exógena, como doenças infecciosas, parasitárias e do aparelho respiratório, que diminuíram mais de 70% cada uma, e um aumento das mortes perinatais, associadas em grande parte às condições da gestação e do parto. A taxa de mortalidade infantil para o total da metrópole em 2004 foi de 14,37 óbitos por mil nascidos vivos, índice semelhante ao do Estado. Nota-se, pela Tabela I.7, as taxas mais elevadas de mortalidade infantil nas áreas de tipo popular, operário tradicional e operário moderno. As taxas dos municípios classificados como elite industrial são as menores. Tabela I.7 – Mortalidade Infantil, por tipo de Município. RMSP, 2004

Tipo de município Nascidos vivos óbitos TMI (por mil NV) Agrícola 682 9 13,20 Popular 22.82 367 16,08 Operário tradicional

27.343 448 16,38

Operário moderno 67.917 1.020 15,02 Elite industrial 23.850 280 11,74 Pólo 183.883 2.567 13.96 Total da RMSP 326.496 4.691 14,37

Fonte: F Seade www.seade.gov.br

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O município de São Paulo colocava-se em 16º no gradiente de mortalidade infantil, entre os 39 municípios da metrópole, e em 7º lugar, no gradiente de mortalidade geral, com coeficiente de 6,31 óbitos para mil pessoas/ano. O peso da estrutura etária reflete-se na taxa de mortalidade geral de São Caetano, a mais alta da metrópole, com 9,78 óbitos por mil pessoas por ano, seguido por Salesópolis, com 8,25.

Fecundidade “A rápida e contínua redução do tamanho da família brasileira vem sendo apontada por diversos estudos e levantamentos. Visível nas famílias com maior poder aquisitivo, o fenômeno passou a atingir, nas duas últimas décadas, também os segmentos sociais mais pobres” (SP Demográfico, ano 5, nº 12, outubro de 2004: 1). Mas, em certos espaços da metrópole e do município de São Paulo, onde é clara a concentração de famílias de baixa renda, registra-se elevado crescimento populacional, além da forte presença de crianças e adolescentes. Isto não indica, entretanto, a persistência da família numerosa. A natalidade é alta, devido à presença de grande massa de mulheres em idade fértil, associada à fecundidade precoce das mulheres da periferia, onde predomina a população carente. Nestas áreas, a fecundidade adolescente é alta, ao contrário do que acontece nas áreas centrais mais favorecidas, onde a fecundidade, além de baixa, é tardia. A taxa bruta de natalidade (nascimento por mil habitantes) tem caído no Estado de São Paulo nas últimas décadas: era 28,96 em 1980, reduzindo-se para 21,23 em 1990 e para 18,95 no ano 2000. Esta queda reflete dois fenômenos distintos, embora relacionados: o envelhecimento populacional e a queda da fecundidade. Para a região Metropolitana de São Paulo, a natalidade em 2004 foi de 17,31 (tabela I.8).

Tabela I.8 - Natalidade por tipo de município da RMSP, 2004 Tipo de município População

total Nascidos vivos

TBN por mil habs

Agrícola 43.483 682 15,68 Popular 1.256.622 22.821 18,16 Operário tradicional 1.493.519 27.343 18,31 Operário moderno 3.737.643 67.917 18,17 Elite industrial 1.651.088 23.850 14,45

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Pólo 10.679.760 183.883 17,22 Total 18.862.115 326.496 17,31 Fonte: F Seade www.seade.gov.br Nota-se que nos municípios com estrutura etária mais jovem a natalidade é maior. O município de São Paulo apresenta taxa de natalidade de 17,22 nascidos vivos por cada mil moradores em 2004, taxa intermediária entre as menores, de São Caetano (12,24), São Lourenço (13,41), Santo André (13,81), e as maiores, de Barueri (21,60), Taboão da Serra (21,58), Vargem Grande (20,40) e Cajamar (20,15). A fecundidade no Brasil como um todo vem declinando desde 1970. Em 1991 a taxa de fecundidade total do Brasil foi de 2,9 filhos por mulher, e, segundo o Censo Demográfico de 2000, atingiu 2,4 naquele ano, e continua com tendência declinante. Para o Estado de São Paulo, a fecundidade total foi de 2,37 filhos por mulher em 1991 e 1,95 filhos por mulher em 2001, com uma queda porcentual de quase 18%. Para a RMSP, a taxa em 1990 foi de 2,35, e a de 2001, de 2,05, com queda menor que a do Estado. Em 2003, na Região Metropolitana de São Paulo, a fecundidade era inferior a 2 filhos por mulher (1,95), ou seja, menor que a fecundidade necessária para a reposição da população (2,1). (Dados da Fundação Seade). Há heterogeneidade entre os municípios da RMSP: em 2000, as taxas mais altas (próximas de 3 filhos por mulher) foram registradas nos municípios de tipo operário tradicional, que unem alta natalidade, presença de mulheres jovens e alta fecundidade por mulher. As menores taxas de fecundidade estão nos municípios de São Paulo (1,94), São Caetano do Sul (1,56), Osasco (1,94), Santo André e Ribeirão Pires (2,0). Independentemente da classificação, todos os municípios da RMSP apresentaram declínio da fecundidade entre 1991 e 2000. Este declínio variou de 0,53% em Francisco Morato a 35,11% (em Santana do Parnaíba). Mesmo São Caetano do Sul, que já apresentava uma fecundidade baixa em 1991 (2,02), registrou redução de 23%, ficando com uma taxa de apenas 1,56. A heterogeneidade da fecundidade está também presente na capital, havendo diferencial entre os distritos que compõem o município. Nalguns distritos – Alto de Pinheiros, Consolação – aproximava-se de 1 filho por mulher, enquanto que no Morumbi e no Brás, por exemplo, chegava a quase 3 filhos. Artigo publicado na Folha de São Paulo em 4 de setembro de 2005 mostra a diminuição do número de crianças em alguns distritos da capital entre 1996 e 2004. A capital, como um todo, perdeu 52.290 crianças entre 0 e 14 anos nestes 8 anos. O crescimento do número de crianças deu-se na periferia mais

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pobre, enquanto que a diminuição ficou concentrada nos distritos mais próximos do centro da cidade. Em termos proporcionais, a maior queda é a verificada no Itaim Bibi, com redução de 5,8% anuais da população entre 0 e 14 anos. Já o distrito onde há menos crianças em relação ao total da população é o Jardim Paulista, com apenas 10,7% dos seus residentes com menos de 15 anos. O Grajaú ganhou 32 mil crianças, e possui 22% da sua população com menos de 15 anos. Cidade Tiradentes, na zona leste, sofreu um acréscimo de 24 mil crianças, e apresenta uma população de até 15 anos representando 32,6% do total. Brasilândia, na zona norte, tem percentual de 29,9% de sua população com até 15 anos. (dados da F. Seade, baseados no registro de nascimentos por distrito)

Migração A migração é um componente demográfico de grande peso no volume e localização espacial da população. Nos primeiros 5 anos da década de 90 cerca de 5 milhões de brasileiros se deslocaram de um estado a outro do país. A migração de retorno representou 20% do total destes movimentos. O Estado de São Paulo ainda é a principal área tanto de atração como de evasão de migrantes. Reafirmou seu papel de grande receptor, aumentando seu saldo migratório anual de 77 mil pessoas por ano na década de 80 para 123 mil pessoas anuais na década de 90. Mas a maior mobilidade observada no estado, ao longo das duas últimas décadas, foi mesmo a migração intra-metropolitana, tendo como destino os municípios da periferia (Pasternak e Bogus, 2005, no prelo). Uma hipótese anteriormente apresentada por alguns estudiosos do tema foi a de que a Região Metropolitana de São Paulo teria se transformado numa área de passagem, tanto em direção ao interior do próprio estado como para outras regiões metropolitanas e/ou cidades de outros estados brasileiros. De fato, nos anos 80, aquela região metropolitana apresentava saldo migratório negativo de 26 mil pessoas por ano. Já entre 1991 e 2000 observou-se a reversão deste saldo negativo para um saldo anual positivo de 24 mil pessoas. “No período 1981-1991, a Região Metropolitana de São Paulo recebeu 1.575.585, correspondendo a 58.8% do total da imigração para o Estado de São Paulo; entre 1991-1996, canalizou 58,5% (666.467) do total dos 1.139.638 que se dirigiram para o Estado. (...) Em relação aos movimentos oriundos de outros estados, a Região Metropolitana de São Paulo continuou como o principal destino estadual, embora essa distribuição da imigração no estado seja, em parte, compartilhada com o Interior, que canalizou importantes volumes de imigrantes interestaduais: 589.285, no período 1986-1991, e 473.171, no de 1991-1996.” (Baeninger,2000, pág 145). No contexto metropolitano, observa-se que o município núcleo, embora ainda receba forte volume migratório, vem deixando de ser o destino de residência preferencial, ao longo das últimas décadas. Já

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em 1991, do total de migrantes recentes, 58,79% residiam nos municípios periféricos; no ano 2000, esta proporção subiu para 61,46%.

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Tabela I.9 - População total e migrantes residentes no núcleo e na periferia da Região Metropolitana de São Paulo, 1991 e 2000

Fonte: Censos demográficos de 1991 e 2000

1991 2000 migrantes Pop total % Migrantes Pop total %

Núcleo 1.101.394 9.646.185 11,42 1.202.220 10.434.252 11,52 Periferia 1.571.156 5.789.757 27,09 1.917.244 7.444.451 25,75 Total 2.672.550 15.444.942 17,30 3.119.464 17.878.703 17,45

A tabela I.9 mostra a manutenção da proporção de migrantes recentes na população metropolitana. Observando-se, entretanto, as taxas anuais de crescimento da população total e da população migrante, nota-se que a taxa da população migrante é 5,5% maior que a da população total, com 1,73% e 1,64% ao ano, respectivamente. O incremento de migrantes entre 1991 e 2000 foi, para a capital, de mais de 100 mil pessoas e para a periferia, de 346 mil. A taxa de crescimento dos migrantes para o município núcleo atingiu 0,98% ao ano e para a periferia, 2,24% anuais. Evidencia-se, nesse processo uma associação entre as taxas de crescimento dos municípios e a proporção de migrantes, mostrando a migração como responsável maior pelo crescimento demográfico em muitos municípios periféricos. Em 1991, todos os municípios com taxas de crescimento no período 1980-1991 maiores que 5,5% a.a. possuíam proporção de migrantes maior que 30%: Arujá, Barueri, Embu-Guaçu, Francisco Morato, Itapevi, Jandira, Itaquaquecetuba e Santana do Parnaíba. Além destes 8 municípios com elevadas taxas, outros 13 apresentavam também percentuais de migrantes maiores que 30%: Barueri, Biritiba Mirim, Caieiras, Carapicuíba, Cotia, Embu, Ferraz de Vasconcelos, Franco da Rocha, Pirapora, Poá, Rio Grande da Serra, Suzano, Taboão e Vargem Grande. No ano 2000, esta associação entre altas taxas de crescimento demográfico e alta proporção de migrantes continua presente. Agora, são 15 municípios com porcentagem de migrantes superior a 30%: Arujá, Barueri, Caieiras, Cajamar, Cotia, Ferraz de Vasconcelos, Francisco Morato, Itapecerica da Serra, Itapevi, Itaquaquecetuba, Jandira, Mairiporã, Pirapora, Santana do Parnaíba e Vargem Grande. Destes, apenas Cajamar, Ferraz de Vasconcelos, Itapecerica, Itapevi, Jandira e Mairiporã apresentaram taxas anuais menores que 5% no período 1991-2000. Recortando apenas o município pólo, para análise dos espaços migratórios e suas características, observa-se que o volume de migrantes para o município da capital foi, no período 1980-1991, de 1.101.394 pessoas. Esta cifra representava 11,42% da população total do município em 1991. O mesmo volume para o período 1991-

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2000 correspondeu a 1.202.220 pessoas, representando 11,52% da população total no ano 2000. Depreende-se daí que o volume de migrantes aumentou em mais de 100 mil pessoas e que a taxa de crescimento da população migrante para o pólo foi de 0,98% ao ano entre as duas décadas, maior que a taxa da população não migrante da capital. Tabela I.10- Proporção de migrantes residentes nos distintos tipos de

municípios em 1991 e 2000. Tipo de municípios % de migrantes 1991 % de migrantes 2000 Agrícola 26,95 26,19 Popular 28,62 26,94 Operário tradicional 37,09 31,57 Operário moderno 26,15 25,53 Elite industrial 27,77 21,60 Pólo 11,42 11,52 Total 17,30 17,45 Fonte: Censos Demográficos de 1991 e 2000 Tanto em 1991 como em 2000, os municípios com maior proporção de migrantes são os do tipo operário tradicional e popular (tabela I.10). São tipos que se caracterizam por constituírem o local de moradia de camadas bastante pobres da população. A proporção de migrantes na população total manteve-se entre as duas datas: a redução em todos os tipos de municípios da metrópole se viu compensada pelo ligeiro aumento do percentual no município pólo. A maior redução da proporção de migrantes ocorreu nos municípios de tipo elite industrial (mais de 28% de redução), seguida pela diminuição de 17,5% na migração nos municípios de tipo operário tradicional. Pode-se inferir que a presença de forte proporção de migrantes nos dois sub-conjuntos onde a renda média da população é baixa denota que os migrantes mais pobres têm como uma das únicas opções de residência as áreas mais afastadas e desprovidas de infra-estrutura. Isso significa arcar com o desgaste do tempo e do elevado custo de deslocamento para o trabalho, já que a oferta de empregos é bastante reduzida nesses municípios. São fundamentalmente municípios dormitório, que abrigam população de baixa renda. A presença da estrada de ferro ajuda a explicar a localização da moradia das camadas populares, uma vez que esse meio de transporte possibilita o deslocamento para outras áreas da metrópole, onde haja oferta de trabalho ou emprego. O trem interliga municípios ao norte, como Caieiras, Franco da Rocha e Francisco Morato; a oeste, como Osasco, Carapicuíba, Barueri, Jandira e Itapevi.Em direção ao sudeste, passa por São Caetano do Sul, Santo André; em direção ao porto de Santos, passa por Mauá e Ribeirão

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Pires. No sentido leste, a caminho do Rio de Janeiros, atravessa Ferraz de Vasconcelos, Poá, Suzano, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes e Guararema. A rede ferroviária metropolitana, embora precária e insuficiente, ainda é a garantidora da mobilidade no espaço da metrópole para a população de baixa renda. Percebe-se que, entre os 11 municípios do cluster operário tradicional, apenas Embu, Pirapora e Santa Isabel não apresentam ligação ferroviária com a capital, o que dificulta a circulação dos residentes e os condena a um certo isolamento. Como nesses municípios ainda existem áreas onde são desenvolvidas atividades rurais, a carroça e o cavalo são meios de transporte bastante utilizados, além das viagens a pé. Os municípios do tipo operário moderno apresentaram uma proporção de migrantes semelhante, tanto em 1991 como em 2000 (26,15% e 25,45%, respectivamente).Os municípios do cluster elite industrial apresentaram proporção ainda menor de migrantes, tanto em 1991 como em 2000. Vale ressaltar a associação negativa entre proporção de migrantes na década e renda dos chefes: os municípios pobres, com pequena oferta de empregos são os que apresentam as mais altas taxas de migração. Como grande exceção, surge Santana do Parnaíba, pelas razões já apontadas e, sobretudo, pela concentração de migrantes de alta renda. Outra variável que se impõe como importante fator explicativo é, como vimos, a presença da ferrovia, favorecendo a moradia de migrantes recentes, em áreas afastadas dos centros de emprego e trabalho, onde a moradia é mais acessível ao poder aquisitivo da população de baixa renda, mas existe facilidade de deslocamento para áreas de concentração de oportunidades de trabalho. Concluindo, os lugares possíveis de residência para os migrantes são os municípios mais afastados, com pequena oferta de empregos e possibilidade de deslocamentos pendulares pela presença da ferrovia, embora sendo precária face às demandas existentes. Em termos da tipologia, esses municípios correspondem ao conjunto de tipo (cluster) operário tradicional (mapa I.8).

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Mapa I.8 - Proporção de Imigrantes de Fora da Região Metropolitana Região Metropolitana de São Paulo - 2000

I.2.3 - Educação A análise dos dados referente à educação na RMSP evidencia que, mesmo com as precárias condições de vida de grande parte de sua população, a região apresenta condições mais favoráveis do que outras regiões do Estado de São Paulo e do Brasil. O percentual de pessoas alfabetizadas é maior e vai progressivamente aumentando desde o censo de 1980; o Brasil apresentava em 1980 uma taxa de 74,5% de sua população alfabetizada. No Estado o índice era de 87,1% e na RMSP já era de 89,3. Em 2001 essa taxa aumenta progressivamente para 87,2%, 93,9% e 94,8% mantendo um indicador maior para a RMSP conforme é demonstrado na tabela I.11.

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Tabela I.11. Distribuição de pessoas com 10 anos ou mais, segundo condição de alfabetização para Brasil, Estado de São Paulo e Grande

São Paulo em 1980, 1991, 2000.Ano 1980 1991 2000 Região

Pessoas Alfabetizadas

nº abs. % nº abs. % nº abs. %

Brasil 65.671.034

74,5

90.628.634

80,3

119.328.353

87,2

Estado de São Paulo

16.810.810

87,1

22.808.546

90,7

28.800.475

93,9

Grande São Paulo 8.710.493

89,3

11.328.005

92,2

13.999.403

94,8

Fonte: EMPLASA, 2005. O município da RMSP com melhor índice é São Caetano do Sul – o primeiro no ranking de IDH do Brasil e com a taxa de alfabetização de 97,2%. O que apresenta pior índice é o município de Salesópolis com 13,2% de taxa de analfabetismo, ainda assim, superior à média brasileira. Nota-se uma melhora acelerada no nível educacional da RMSP no decorrer dos últimos anos crescendo mais rápido que a média de outros locais. Em relação aos anos de 1980 municípios como Juquitiba, Biritiba Mirim e Salesópolis apresentavam uma taxa de alfabetização de 62,5%, 70,1% e 71,0%, respectivamente, inferiores ao Brasil que era de 74,5%. Hoje, nenhum município da RMSP apresenta dados inferiores à média brasileira. Muito pelo contrário as condições de vida e de escolaridade são bem superiores.

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No gráfico I.1 é possível visualizar a representação da situação educacional da RMSP em relação ao Brasil e ao Estado, evidenciando que a estrutura educacional na Grande São Paulo atinge e/ou consegue atender um maior número de pessoas.

Gráfico I.1 – Brasil, Estado de São Paulo e Grande São Paulo. Distribuição de Pessoas com 10 anos ou Mais, Segundo os Anos de

Estudo – 1989-2001.

Para proceder a análise da educação na RMSP utilizou-se os dados de educação dos municípios da RMSP (com base no Censo de 2000), agrupando-os por características comuns. Seguiu-se a tipologia dos municípios da RMSP em 6 grupos, ou seja, Agrícola, Popular, Operário tradicional, Operário moderno, Elite industrial e Pólo. O analfabetismo na RMSP apresenta-se com um maior percentual de pessoas que não sabem ler nos municípios classificados como Agrícolas (13,2%); os municípios da Elite industrial (4,41) e o Pólo (4,5%) são os que apresentam menor índice de analfabetismo. Assim sendo, a maior taxa de analfabetismo está nos municípios agrícolas (13,2%) – Biritiba – Mirim é o município de maior taxa com 13,9 de analfabetos-, seguido do chamado Operário tradicional (7,9%) e Popular (7,3%). O menor percentual de pessoas que não sabem ler está nos municípios de São Caetano (2,6%), Santo André (4,2%), São Bernardo do Campo (4,8%),seguidos por Poá, Osasco e Ribeirão Pires com o índice de 5,2% de analfabetos. Observa-se que, embora o cluster da elite industrial tenha um índice de analfabetismo relativamente baixo, (4,41%), apresenta dados diversificados entre os seus municípios. Nesse grupo se encontra o município mais desenvolvido, São Caetano do Sul, que apresenta a

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menor taxa de analfabetismo da RMSP de 2,6% e, por outro lado, está Santana de Parnaíba com 7,0%. Essa diversidade pode ser explicada pelos dados demográficos, em que Santana de Parnaíba, tendo crescido com taxas elevadas de 7,89 ao ano, atrai grande fluxo populacional, tendo como conseqüência, a falta de condições de atender toda a demanda educacional.

Analfabetismo funcional entre os chefes de família Quanto ao analfabetismo funcional junto aos chefes de família, pessoas sem instrução ou com até 3 anos de estudo o percentual é alto, em toda região metropolitana, até mesmo no pólo. Os chefes analfabetos ou com escolarização muito reduzida são mais expressivos entre os agrícolas (36,2%) e os do operariado tradicional (35,4%). Observa-se que, mesmo os municípios com grande desenvolvimento, apresentam índices de chefes sem escolaridade nenhuma ou com no máximo até 3 anos de estudo, com exceção de São Caetano do Sul, que possui a menor taxa entre todos os municípios (tabela I.12).

Tabela I.12. Municípios da RMSP por responsável pela família sem instrução ou com até 3 anos de estudo -2000.

Municípios/classificação % dos chefes de família sem instrução ou com até 3 anos de estudo

Agrícola 36,2 Popular 24,9 Operário Tradicional 35,4 Operário Moderno 21,8 Elite Industrial 16,4 Pólo 17,1 Fonte: IBGE. Censo demográfico 2000. (Metrodata)

Freqüência Escolar e Adequação Idade x Série Quanto ao acesso à escola pela população menor de 6 anos, constata-se que na elite industrial a taxa da população que freqüenta a creche em relação a população total é maior, principalmente no município de São Caetano do Sul (64,8%), onde mais da metade da população nessa idade está na creche, apresentando mais uma vez o maior índice da RMSP. Nesse mesmo agrupamento, o município de Santana de Parnaíba, apresenta o menor índice (28,3%), taxa menor que a média da RMSP que é de 31,7%, conforme demonstra a tabela I.13 apresentada a seguir. Os dados dessa tabela evidenciam a média dos clusters e os municípios de maior e menor índice por agrupamento.

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Tabela I.13. Municípios da RMSP por pessoas de 0 a 6 anos que

freqüentam creche ou escola -2000.Número de pessoas de 0 a 6 anos de idade

Municípios

Total (A) Que freqüentam creche ou escola (B)

B/A (em %)

Biritiba-Mirim 3.648 552 15,1 Salesópolis 1.907 370 19,4 Agrícola 5.555 923 16,61 Cotia 20.560 6.913 33,6 São Lourenço da Serra 1.707 296 17,3 Popular 148.120 43.229 29,18 Francisco Morato 22.391 3.744 16,7 Pirapora do Bom Jesus 2.130 701 32,9 Operário tradicional 202.458 46.169 22,80 Barueri 30.697 11.552 37,6 Carapicuíba 48.301 10.548 21,8 Operário moderno 468.476 129.811 27,70 Santana de Parnaíba 10.457 2.962 28,3 São Caetano do Sul 10.386 6.725 64,8 Elite Industrial 169540 63745 37,97 São Paulo 1.221.212 419.467 34,3 Total 2.223.716 705.199 31,7

Fonte: IBGE. Censo Demográfico 2000 (Metrodata) Percebe-se que a freqüência de crianças na pré-escola é menor nos municípios agrícolas, presumindo-se que o trabalho dos pais está associado ao lar. A tabela I.14 retrata as condições da escolaridade obrigatória na faixa de 7 a 14 anos, na RMSP. A população na idade escolar que freqüenta normalmente a escola é maior nos municípios da elite industrial (97,6%) – São Caetano do Sul com maior índice (99%) - tendo em vista os recursos que são destinados à educação. É menor na área agrícola (93,4%), exemplo igual ao da freqüência da população de 0 a 6 anos na creche, conforme foi evidenciado na tabela 3.

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Tabela I.14. Municípios da RMSP por pessoas de 07 a 14 anos que freqüentam escola -2000

Número de pessoas de 7 a 14 anos de idade

Municípios/ classificação Total (A)

Que freqüentam escola (B)

B/A (em %)

Agrícola 6.390 5.965 93,4 Popular 165.445 159.535 96,4 Operário tradicional 218.220 209.863 96,2 Operário moderno 514.937 498.427 96,8 São Caetano do Sul 14.668 14.520 99,0 Elite Industrial 212929 207774 97,6 São Paulo 1.372.470 1.323.526 96,4 Total 2.500.119 2.414.585 96,6 Fonte: IBGE. Censo demográfico 2000. (Metrodata) A defasagem entre idade e série, ela é expressiva e mantém uma taxa estável no decorrer das décadas, indicando que continua a existir a evasão escolar, diminuindo nas séries intermediárias conforme evidencia o gráfico I.2 que se segue:

Gráfico I.2 – Grande São Paulo Defasagem Idade-Série no Ensino Médio (em %) – 1996-1998-2000

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Já em relação à faixa etária com mais de 15 anos que freqüenta a escola, constata-se mais uma vez, que a freqüência é menor nos municípios agrícolas (65,1%), tendo em vista o envolvimento da família com o trabalho e/ou a saída dos jovens para estudar fora. Por outro lado, ressalta-se que ela é maior na elite industrial dirigente (87,4%) já que as escolas para essa faixa etária estão voltadas para a entrada na universidade onde o ensino particular é predominante, exigindo tanto um poder aquisitivo maior, assim como maior disponibilidade de tempo para os estudos. A população de 18 a 25 anos de idade já estaria destinada nessa faixa etária para estar freqüentando a Universidade. Na RMSP a oferta de cursos é grande e atende a demanda de todo o Brasil, principalmente as Universidades situadas no Pólo que se constitui o maior centro em ensino superior e pós-graduação do País. Constata-se que o percentual da população que está mais integrada com a educação superior faz parte do município Pólo (100%) – freqüência explicada pelo grande número de pessoas de fora que aí estuda - e o operário moderno (35,6%) que têm também Universidades no município que atendem a população de fora. Apresentam uma taxa menor os municípios agrícolas (17,5%), a exemplo de Salesópolis que só tem 13,9% da sua população nessa faixa etária com acesso ao curso superior. Com exceção do Pólo e da Elite industrial, são muito pouco expressivos os chefes de família que possuem 11 ou mais anos de estudo (tabela I.15), nos municípios da RMSP. Ressalta-se que, no chamado operário tradicional, o percentual de chefes sem esse nível de escolarização é o mais significativo, ganhando mesmo dos agrícolas. Mais uma vez, São Caetano do Sul, apresenta o maior índice de chefes de família que possuem, no mínimo, o colegial completo. Tabela I.15. Municípios da RMSP por responsável pela família com 11

anos e mais de estudo - 2000Municípios/classificação % dos chefes de família com 11

anos e mais de estudo Agrícola 15,2 Popular 22,9 Operário Tradicional 14,5 Operário Moderno 22,2 Elite Industrial 34,3 Pólo 100,0 Fonte: IBGE. Censo demográfico 2000 (Metrodata).

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Com essas constatações sobre a realidade educacional da RMSP, em que a elite industrial é o agrupamento de municípios que apresenta melhores condições educacionais, reforça-se a tese do educador Anísio Teixeira sobre a “escola seletiva”1 - que reproduz as relações de poder por meio da educação.

1 Na visão de Anísio Teixeira a escola seletiva não cumpre a função de ministrar uma cultura básica ao povo

brasileiro. “O ensino primário vem se fazendo por meio de um processo puramente seletivo” – isto é “escolha de alguns destinados a prosseguir a educação em níveis pós primários.” TEIXEIRA, Anísio. A Educação Escolar no Brasil. In: PEREIRA, L. FORACCHI, M. Educação e Sociedade. São Paulo: Editora Nacional, 1964, p.389.

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I.2.4 Moradia

Condições de moradia. O primeiro ponto que chama a atenção no estudo da moradia da metrópole paulista é a verticalização: 17% das suas unidades localizam-se em apartamentos. No município pólo – São Paulo - a verticalização é crescente: passou de 12% em 1980, para 14,6% em 1991 e alcançou mais de 25% no ano 2000. Em São Caetano também ultrapassa 25% no ano 2000. Outros municípios, como São Bernardo, com 17,8%, Carapicuíba, com 13,9%, Guarulhos, com 11,3% também mostram proporções importantes de unidades em apartamentos. A maior parte dos domicílios da RMSP (70,82%) é própria, sendo que 7,65% não possuem a propriedade do terreno. Vale a pena lembrar que o parque domiciliar da metrópole paulista alcança quase 5 milhões de domicílios permanentes, dos quais cerca de 3,15 milhões tem propriedade da casa e do terreno. Cerca de 380 mil domicílios apresentam problemas em relação à propriedade do terreno. A maior incidência de domicílios próprios se concentra no cluster Operário Tradicional (72,97%) seguido dos domicílios nos clusters Elite Industrial (71,42%) e Operário Moderno (70,36%). Os municípios agrícolas possuem apenas 62,12% de seus domicílios na condição de próprios. Se considerarmos a propriedade não só do imóvel, mas a do terreno o padrão da distribuição das percentagens se repete. Chama a atenção o grupo dos municípios que compõe o Operário Moderno, onde apenas 60,83% dos domicílios possuem a propriedade do terreno, ou seja, 10,14% das unidades próprias de moradia do cluster ocupam terrenos com problemas quanto à propriedade da terra. No cluster Elite Industrial, este diferencial atinge 5,95%, já que 65,47% dos domicílios próprios localizam-se em terrenos próprios. Esse alto número de domicílios próprios sem a propriedade do terreno nos municípios do Operário Moderno pode ser explicado, entre outros motivos, pela grande concentração de favela em grandes municípios desse segmento. As favelas ou aglomerados subnormais também estão presentes nos municípios Populares (Cotia); nos do Operariado Tradicional (Embu, Ferraz de Vasconcelos, Franco da Rocha e Itapevi), nos da Elite Industrial (Santo André, São Bernardo do Campo e Santana do Parnaíba) e no município de São Paulo. Apesar de ser um fenômeno recente - começou a se intensificar na RMSP nos últimos 30 anos - as favelas se consolidaram como uma alternativa informal de moradia para a população de baixa renda. As favelas da RMSP se localizam preferencialmente nas regiões periféricas do município pólo (São Paulo) e nos municípios do entorno próximo, formando uma mancha em áreas ambientalmente frágeis, como as lindeiras às represas Billings e Guarapiranga ao sul e sudeste, e a Serra da Cantareira ao norte. Mas também vão existir

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favelas em locais próximos a mercados de trabalho potencial (formais ou informais) e/ou próximas a vias expressas e rodovias. De acordo com os dados do IBGE 2000, 413.353 unidades domiciliares metropolitanas estão localizados em favela, fornecendo um percentual de 8,14% do total de domicílios da RMSP. A proporção de domicílios favelados atinge, em 2000, 7,41% dos domicílios do município pólo e 9,23% dos domicílios dos outros municípios da região metropolitana. O crescimento das favelas é mais significativo nos outros municípios metropolitanos que não o pólo (taxa de crescimento das unidades faveladas de 8,02% ao ano entre 1991 e 2000, enquanto que para o pólo a taxa de crescimento das unidades faveladas foi de 4,86% anuais para o mesmo período). Entre as 413 mil unidades faveladas em 2000, 225 mil situam-se no município da capital e 188 mil nos outros municípios metropolitanos. Os maiores percentuais de favelas situam-se nos municípios dos clusters operários e nos da elite industrial. Nos municípios com características agrícolas não foram encontradas favelas, enquanto no cluster Popular foram identificados 1044 domicílios, sendo que só em Cotia foram encontrados 293 domicílios o que corresponde a 0,76% do total do parque domiciliar do município; em Itapecerica da Serra 751 domicílios estão em favelas, correspondendo a 2,26% dos domicílios. No cluster Operário Tradicional foram identificados 7563 domicílios em favelas, distribuídos em 5 municípios. O município de Embu lidera tanto em relação as ocorrências de domicílios favelados (5.231) quanto a percentagem de domicílios em aglomerados subnormais em relação ao total de domicílios (9,88%). No município de Franco da Rocha 571 dos domicílios (2,79%) estão localizados em favelas, em Itapevi são 851 que correspondem a 2,04% do parque residencial, Ferraz de Vasconcelos possui 395 ou 1,08% do parque domiciliar. Em Itaquequecetuba 148 domicílios estão em favelas, correspondendo a 0,22% das moradias do município. Entre os municípios caracterizados com Operário Moderno, apenas em Caieiras não foram encontrados domicílios em aglomerados subnormais. Entre aqueles que possuem favelas podem ser destacados dois sub-grupos: Um, formado por municípios onde os domicílios em aglomerados subnormais correspondem até 10% dos domicílios. São municípios onde o mercado de trabalho ligado à indústria é mais recente e não tão tradicional, como Taboão da Serra (com 8,3% ou 4.346 domicílios, ou 8,3% do seu parque domiciliar), Barueri ( com 2.873 domicílios favelados, ou 5,19% do total), Cajamar ( com 382 domicílios favelados , correspondendo a 2,79% do total), Ribeirão Pires (com 356 domicílios em favela, 1,26% do total); Outro, formado por municípios com proporções maiores que 10% em aglomerados subnormais. São municípios tradicionalmente ligados á indústria de transformação, como Diadema, Guarulhos, Osasco, Mauá e Carapicuíba. Diadema tem com 22.035 domicílios em favela,

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correspondendo a 22,45% do total do parque domiciliar. Guarulhos tem o maior número de domicílios em favelas (40.956), porém em termos percentuais ocupa a quarta posição (14,13%), atrás do município de Mauá com 16.929 domicílios, que correspondem a 17,11 %, e do município de Osasco com 28.714 ou 15,86% dos domicílios. Por último o município de Carapicuíba com 9.169 domicílios ou 10,09% do total. Dos quatro municípios que formam o cluster da Elite Industrial apenas um, São Caetano do Sul, não possui favelas. São Bernardo do Campo possui 37.097 domicílios ou 18,75% do total, Santo André possui 16.869 domicílios que correspondem a 9,1% do total do município. Por último, Santana do Parnaíba com 93 domicílios ou 0,5% do total.

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Mapa I.9 - Proporção de Domicílios em Terreno Não Próprio Região Metropolitana de São Paulo - 2000

Fonte: IBGE. Censo demográfico 2000. (Metrodata)

Mapa I.10 - Proporção de Déficit Habitacional Região Metropolitana de São Paulo - 2000

Fonte: IBGE. Censo demográfico 2000. (Metrodata)

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Padrões de Conforto Domiciliar Na RMSP 89.96% dos domicílios têm acesso aos bens de uso difundido (rádio, televisão, geladeira, freezer); 65,94% acessam a pelo menos dois bens de média difusão (automóvel, vídeo cassete, máquina de lavar e linha telefônica) e 66,56% dos domicílios acesso a pelo menos um bem de uso restrito (computador, micro-ondas e ar-condicionado). O fato de que o acesso a pelo menos um bem de consumo de uso restrito ser ligeiramente maior que o acesso a bens de média difusão pode ser explicado pelas promoções realizadas por lojas populares de eletrodomésticos no final dos anos 90. Os municípios que compõe o cluster Elite lideram em termos percentuais o número de domicílios que acessam aos bens de consumo em todas as categorias, seguido pelo município Pólo. Esses dois clusters apresentam resultados, nesse quesito, bem acima da percentagem verificada no total dos municípios da RMSP. No outro extremo encontramos os municípios dos clusters Agrícola, Operário Tradicional e Popular com percentuais bem abaixo do total.

Mapa I.11 - Proporção de Domicílios com Todos Bens de Uso Difundido

Região Metropolitana de São Paulo - 2000

Fonte: IBGE. Censo demográfico 2000. (Metrodata)

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Necessidades Habitacionais

O déficit habitacional na RMSP é de 299.964 domicílios, ou seja, 6,01% do parque residencial. Em termos percentuais o maior índice de déficit encontra-se nos municípios do cluster agrícola. No entanto, em termos absolutos, ele representa apenas 873 domicílios. A maior proporção do déficit habitacional liga-se á presença de famílias conviventes, que representam mais de 230 mil unidades de moradia a construir, ou seja, 77% do déficit. O número de moradias improvisadas é pequeno, não atingindo 23 mil. O restante deste déficit é representado por cômodos cedidos ou alugados (47,2 mil). O município de São Paulo apresenta o maior déficit absoluto com 173.387 unidades que representam 5,81% do parque domiciliar total, seguido pelos municípios do cluster Operário Tradicional com um déficit de 56.017 que representam 6,62% do seu estoque residencial. As inadequações domiciliares são componentes importantes para a mensuração do chamado déficit qualitativo, uma vez que não implicaria em investimentos para a construção de novos domicílios, mas na melhoria do parque domiciliar existente e na extensão da rede de atendimento dos serviços públicos, principalmente os de infra-estrutura. Para o estudo da densidade habitacional, os indicadores mais utilizados têm sido o número de cômodos por domicílio, o número de pessoas por cômodo e o número de pessoas por dormitório. Entre os indicadores que balizam situações de super adensamento computam-se domicílios com menos de 3 cômodos e domicílios com 3 e mais pessoas por cômodo utilizado para dormir. Uma casa satisfatória deveria possuir pelo menos 4 cômodos: sala, quarto, cozinha e banheiro, de forma a garantir espaços de convivência sem grande superposição. Assim, moradias com até 3 cômodos indicariam espaços domésticos insatisfatórios. Para a metrópole de São Paulo, seriam 1.221.420 moradias, que representam 24,5% do total. Estes percentuais alcançam mais que 35% do parque domiciliar em municípios como Cajamar, Francisco Morato, Itapevi, Itaquaquecetuba, chegando mesmo a 40% em Pirapora do Bom Jesus. A inadequação por adensamento excessivo ocorre também quando se verifica nos domicílios a existência de mais de três moradores por cômodo utilizado para dormir. O adensamento excessivo foi verificado em 12,99% dos domicílios da RMSP. Os domicílios localizados nos clusters Operário Tradicional (19,79%) e Operário Moderno (16,62%) apresentam a maior percentagem de adensamento excessivo em relação ao total dos domicílios da RMSP. Apenas dois municípios, Santa Isabel (11,68%) e Poá (15,66%), possuem percentuais menores que os verificados no cluster, enquanto que nos municípios dos clusters Agrícola, Elite e Pólo a percentagem de adensamento nos domicílios é menor.

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Quanto à inadequação por abastecimento de água os domicílios dos municípios da RMSP possuem o acesso quase que universal (99,08%), ou seja, apenas 0,92% dos domicílios não são atendidos pelo sistema de abastecimento de água. Vale destacar que abaixo desse percentual apenas o município pólo se destaca com 0,65% dos domicílios sem acesso ao sistema. Os maiores percentuais foram identificados nos municípios do cluster Popular e de Elite (Santana do Parnaíba). Entre os municípios do cluster Popular vale destacar que 8,35% dos domicílios de Mairiporã, ou seja, 1.347 domicílios não possuem acesso ao abastecimento de água. O indicador desse município é responsável por elevar o percentual médio do cluster. Nos municípios do Cluster de Elite, Santana do Parnaíba apresenta 4,51% dos seus 18.598 domicílios sem acesso a rede de abastecimento. A inadequação por deficiências sanitárias afeta 7,14% dos domicílios da RMSP. O maior índice foi verificado no Cluster Operário Tradicional (12,15%) seguido pelo Operário Moderno (9,31%) e o menor no Cluster de Elite com 3,81%. No cluster Operário Tradicional os destaques ficam com os municípios de Francisco Morato com 18,77% seguido de Itapevi com 17,67% e Rio Grande da Serra com 17,17%. O percentual de domicílios sem sanitários é de 0,13% para o total de domicílios da RMSP. O cluster com o maior percentual neste item é o agrícola com 0,47% do total dos domicílios, a partir desse cluster forma-se uma curva descendente até o município pólo com 0,08% de seus domicílios sem instalação sanitária adequada. No que diz respeito a inadequação por iluminação elétrica verifica-se que praticamente todos os domicílios da RMSP possuem acesso a este serviço. A iluminação chega a quase 100% de cobertura em quase todos os clusters a única exceção é o cluster agrícola onde 2,14% dos domicílios possuem carência ou domicílios com inadequação nesse quesito. Apenas 1,07% dos domicílios tem carências no que se refere a coleta e destinação do lixo. Os municípios do cluster agrícola lideram com 2,14% dos domicílios que apresentam deficiências nesse serviço. O Inventário Estadual de Resíduos Sólidos Domiciliares realizado pela CETESB 2003 aponta que os municípios de Cotia, Embu-Guaçu, Guararema, Juquitiba, Moji das Cruzes e Vargem Grande Paulista que formam o cluster Popular; Pirapora do Bom Jesus do Operário Tradicional e Santana do Parnaíba do cluster da Elite apresentam condições inadequadas de disposição de resíduos sólidos.

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Mapa I.12 - Proporção de Domicílios com Carência de Abastecimento de Água

Região Metropolitana de São Paulo - 2000

Fonte: IBGE. Censo demográfico 2000. (Metrodata)

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I.2.5 Mobilidade e transporte Os deslocamentos diários da população na RMSP ocorrem nas mais variadas direções e são orientados por diversos motivos: trabalho, estudo, saúde, consumo, lazer, negócios, etc. Esse ir e vir constitui elemento integrante da realidade metropolitana e reflete suas desigualdades sociais e espaciais. Mensurar volume, sentido e direção desses deslocamentos é, portanto, indicativo não apenas das trajetórias que as pessoas realizam no espaço, mas também das oportunidades e/ou dos obstáculos existentes nessa região. Villaça (2001) indica ainda os deslocamentos populacionais são os principais elementos que estruturam o espaço intra-urbano, sejam enquanto portadores da mercadoria força de trabalho, sejam enquanto deslocamentos de consumidores. Vários estudos têm mostrado como os deslocamentos pendulares intermunicipais contribuem na estruturação do espaço metropolitano, seu impacto no mercado de trabalho e suas relações com as tendências migratórias. Bógus e outros (1990) vincularam esses deslocamentos com os processos de Metropolização/Periferização da RMSP caracterizando-os como um dos mais importantes elementos na dinâmica populacional da metrópole. Observou-se que em quase 1/3 dos municípios da RMSP, mais da metade da população economicamente ativa (PEA) trabalhava em municípios diferentes daquele em que residia. Essa mobilidade era mais intensa nos municípios caracterizados como “dormitórios” com PEA ocupada em atividades industriais; de modo intermediário concentrava-se nos municípios industriais independentemente do setor de inserção da PEA; e estavam presentes de forma menos significativas nos municípios “agrícolas”. Em outro estudo, Cunha (1993) relacionou os deslocamentos pendulares com os movimentos migratórios intrametropolitanos e mostrou como o município de São Paulo constituía-se simultaneamente principal área de origem dos movimentos migratórios rumo aos outros municípios da RMSP e a principal área de destino dos deslocamentos pendulares ocorridos nessa região. Dessa forma, São Paulo teria um duplo papel na mobilidade populacional metropolitano. Se por um lado o município expulsa parcela de sua população em direção aos municípios do entorno metropolitano contribuindo para a intensificação do processo de periferização e de crescimento da metrópole, por outro lado São Paulo permanece como sendo o principal local de destino dos seus ex-residentes que para aí continuam se deslocando trabalhar. Suas principais observações foram que: a) em 1/3 dos municípios da RMSP mais da metade da população migrante cuja residência anterior foi a Capital continuava trabalhando em São Paulo; b) muitos desses municípios receberam os maiores contingentes de migrantes da Capital nos anos 70; c) a mobilidade pendular depende não apenas das características socioeconômicas dos municípios de residência,

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mas também da distância até a Capital; e, d) os deslocamentos pendulares são menos presentes nos municípios agrícolas e nos industrializados, enquanto que nos municípios de industrialização crescente e naqueles nitidamente dormitórios os índices eram mais elevados. Antico (2004) abordou os deslocamentos pendulares para a RMSP para diferentes recortes espaciais e também apontou o município de São Paulo, e principalmente sua área central, como o principal destino dos deslocamentos pendulares. Detectou como a mobilidade rumo ao centro é o principal elemento que intensifica a densidade de empregos nessa área da cidade. Suas principais observações relacionam-se com a diversificação dos locais de origem e destino dos deslocamentos pendulares apontando para a consolidação de subcentros locais em algumas áreas dos demais municípios do espaço metropolitano – Região Metropolitana exceto a Capital. Esses trabalhos fazem um bom retrato dos deslocamentos pendulares metropolitanos ocorridos nas décadas anteriores, entretanto, o Censo Demográfico de 2000 apresenta novas informações sobre o processo. Segundo esse levantamento, deslocamentos são os movimentos realizados pelos indivíduos que trabalham ou estudam em um município diferente daquele em que residem. Os resultados do Censo de 2000 revelam que na RMSP cerca de um milhão de pessoas saem para trabalhar ou estudar em um município diferente daquele que residem representando uma mobilidade de 13,1% dos indivíduos que trabalham ou estudam. Esse volume populacional que se desloca diariamente na metrópole paulista é extremamente significativo e equivale ao conjunto da população do município de Campinas, o maior município do interior do Estado de São Paulo. Esse número dimensiona a importância do processo para a dinâmica Metropolitana. A primeira informação apresentada sobre os deslocamentos pendulares é a proporção daqueles que saem para trabalhar ou estudar fora do município de residência (mapa I.13). Dos 39 municípios que compõe a RMSP observa-se que em oito deles, mais da metade dos ocupados ou dos estudantes saem para fazê-lo em outros municípios da RMSP, a saber: Francisco Morato, Rio Grande da Serra, Ferraz de Vasconcelos, Carapicuíba, Jandira, Poá, Taboão da Serra e Itapevi. São municípios do tipo Operário Tradicional e Operário Moderno. Esse percentual elevado de pendularidade indica, além de uma intensa mobilidade, um descolamento entre as oportunidades de trabalho e de moradia para parcela importante de seus residentes.

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Mapa I.13 - Proporção dos Deslocamentos Pendulares: Indivíduos que trabalham ou estudam em municípios diferentes daqueles em que

residem Municípios Região Metropolitana de São Paulo – 2000

304

15

24

31

2

19

2712

37

2328

29

3335

34

9

1

16

2213

145626

32

3 2572018

398 10

38

17

36 11

21 Deslocamentos Pendulares (%)até 30.00%de 30.00% até 50.00%mais de 50.00%

Parcela importante dos municípios (12) registra participação dos deslocamentos pendulares entre 30% e 50% , e apesar de não ser um padrão tão elevado quanto o grupo anterior, representa uma parcela significativa dos seus residentes que trabalham ou estudam em outros municípios. Trata-se de municípios com perfil bastante distintos segundo tipologia realizada a partir da análise fatorial: Elite Industrial, Operário Tradicional e Operário Moderno e Popular. Com os menores percentuais de deslocamentos pendulares, abaixo de 30%, permanecem 19 municípios Ressalte-se que os municípios de Juquitiba e São Paulo são os que apresentam as menores proporções de deslocamentos pendulares, ressaltando-se, porém que se tratam de municípios bastante distintos do ponto de vista socioeconômico e demográfico. Enquanto Juquitiba é caracterizado como município Popular, o município de São Paulo é o pólo metropolitano e sua característica é justamente a de atrair os movimentos pendulares em sua direção. De fato, verifica-se que em metade dos municípios metropolitanos (19), mais da metade das pessoas que trabalhavam ou residiam em outros municípios se dirigiam ao município pólo - São Paulo, sendo que nos casos dos município de Guarulhos e Taboão da Serra esse percentual é maior que 80% (mapa I.14). Para a outra metade dos municípios a proporção dos que trabalham no pólo é inferior a 50% sendo a menor participação foi registrada no município de Salesópolis

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onde apenas 7,8% dos que trabalham ou estudam em outros municípios se dirigem ao município pólo.

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Mapa I.14 - Proporção dos Deslocamentos Pendulares com destino ao Polo

Indivíduos residentes nos Outros Municípios Metropolitanos e que trabalham ou estudam no Polo. Municípios Região Metropolitana de

São Paulo – 2000

304

15

24

31

2

19

2712

37

33

2928

35

9

34

16

2214

5

13

626

32

3 2518

8 3810

17

39

1136

21

23

720 1

Deslocamentos Pendulares (%)até 50.00%mais de 50.00%

Polo - Município de São Paulo

Em resumo, verifica-se que o poder de atração do município pólo é tão grande que São Paulo recebe deslocamentos pendulares de todos os municípios metropolitanos, independentemente de distância, tamanho de população ou perfil do município. A mobilidade pendular nas AEDS também aponta para um intenso deslocamento de pessoas que trabalham ou estudam em um município diferente daqueles em que residem, mas esse processo é mais intenso nas AEDs com perfil Operário e Popular. As AEDs do Tipo Médio Operário foram aquelas que registraram os maiores proporções de deslocamentos pendulares, em torno de 20% dos residentes trabalham ou estudam em outros municípios. No grupo com mobilidade pendular intermediária, entre 10% e 20% estão seis Tipos de AEDs: Popular, Operário Inferior, Operário Superior, Agrícola, Médio Superior, Superior Intelectual e Superior em Transição. Em apenas quatro Tipos de AEDs a proporção da pendularidade foi inferior a 10%, Médio Inferior, Médio Superior, Superior Médio e Superior Dirigente, sendo que nas AEDS Médio Inferior e Superior Dirigente registram os menores níveis de pendularidade na metrópole.

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I.2.6 Incidência de homicídios: Óbitos por Causas Não Naturais - características associadas e espacialização

Este trabalho tem como objetivo analisar a ocorrência da mortalidade na Região Metropolitana de São Paulo, tendo como determinante a fatores externos com ênfase nos que foram provocados pela violência. O foco da análise é a incidência desse fenômeno na cidade de São Paulo em comparação com os demais municípios da Região Metropolitana. A base empírica desta análise é proporcionada por um banco de dados organizado com estatísticas disponibilizadas pela Fundação SEADE via Sistema de Estatísticas Vitais. Esse Sistema contém informações sobre os óbitos ocorridos no Estado de São Paulo em 2002. Esses dados serão examinados sob três óticas sucessivas. Em primeiro lugar, esses óbitos serão classificados por tipos, de acordo com os capítulos do CID 10 (Código Internacional de Doenças). Dentre esses tipos, selecionar-se-ão os casos de óbitos por causas externas, isto é, as mortes que não foram ocasionadas por doenças. Por fim, essas mortes provocadas por causas externas serão examinadas por região de residência dos indivíduos, causa da morte, sexo, idade e cor/raça. Apresenta-se abaixo o resultado dessa análise.

Visão Geral dos óbitos da Região Metropolitana de São Paulo

Tabela I.16 - Óbitos na Região Metropolitana de São Paulo – 2002 Óbitos % Pólo 67.364 61,5 Municípios periféricos 42.244 38,5 RMSP 109.608 100,0

De acordo com a Tabela I.16, observa-se que no ano de 2002 o número de óbitos, registrados pelo Sistema de Estatísticas Vitais foi de 109.608 na Região Metropolitana da Grande São Paulo. Desse total, 61,5 % ocorreram com pessoas residentes na capital e 38,5 % com as que residiam nos municípios periféricos da Região Metropolitana. Na Tabela I.17, a seguir, apresenta-se o grau de incidência desses óbitos em comparação com aqueles resultantes de causas naturais durante 2002 nesses mesmos locais. Por esses dados, pode-se perceber que os óbitos provocados por fatores externos - homicídios, acidentes de trânsito, suicídios e outros acidentes – foram responsáveis por 16 % dos óbitos na RMSP, constituindo a terceira causa de morte. Este percentual foi superado apenas pelas Doenças do Aparelho Circulatório (31,4% das mortes) e Neoplasias (16,3%). A situação foi melhor na capital, onde o percentual de óbitos por causas externas cai para 14,4%. Mas continua a ocupar a terceira posição

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entre as causas de morte, sendo inferior somente às mortes por Doenças do Aparelho Circulatório (32,2%) e Neoplasias (17,3%). Bem mais grave é o quadro retratado para os municípios periféricos, cujo percentual de mortes por causas externas alcançaram 18,5%, perdendo apenas para os óbitos devidos a Doenças Circulatórias, que atingiram o porcentual de 30.2%. Tabela I.17 - Causas de Morte na Região Metropolitana de São Paulo

- 2002Pólo Municípios

periféricos RMSP

óbitos % óbitos % óbitos % Doenças Circulatórias

21.681 32,2 12.756 30,2 34.437 31,4

Neoplasias 11.680 17,3 6.214 14,7 17.894 16,3 Externas 9.675 14,4 7.808 18,5 17.483 16,0 Doenças Respiratórias

7.671 11,4 4.627 11,0 12.298 11,2

Doenças Digestórias

3.769 5,6 2.469 5,8 6.238 5,7

Infecções Parasitárias

3.104 4,6 1.798 4,3 4.902 4,5

Doenças Endócrinas

2.786 4,1 1.800 4,3 4.586 4,2

Perinatal 1.607 2,4 1.258 3,0 2.865 2,6 Doenças Mal Definidas

996 1,5 1.198 2,8 2.194 2,0

Ginecológicos 1.203 1,8 689 1,6 1.892 1,7 Doenças Nervosas

1.175 1,7 527 1,2 1.702 1,6

Mal Congênito 629 0,9 493 1,2 1.122 1,0 Doenças Mentais 665 1,0 207 0,5 872 0,8 Sangue 247 0,4 151 0,4 398 0,4 Musculares 233 0,3 108 0,3 341 0,3 Pele 164 0,2 93 0,2 257 0,2 Gravidez 71 0,1 45 0,1 116 0,1 Ouvido 7 0,0 3 0,0 10 0,0 Olhos 1 0,0 0 0,0 1 0,0 Total 67.364 100,0 42.244 100,0 109.608 100,0 Por sua vez, através do Mapa I.15, pode-se verificar a situação dos distritos da capital e dos municípios periféricos quanto aos percentuais de óbitos por causas externas. Constata-se, inicialmente, que os distritos de Marsilac, Parelheiros e Jardim Ângela e o município de Embu são os que concentram o maior percentual de mortes não naturais: entre 30 e 36 % de seus óbitos se deram por causas externas. Além desses casos, os distritos de Grajaú, Iguatemi

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e Anhanguera e os municípios de Itaquaquecetuba, Itapecerica da Serra e Juquitiba também têm um grave quadro de violência, cujos índices de mortalidade pelas mesmas causas ficam entre 24 a 30 %. Em contrapartida, o município de Salesópolis e os distritos localizados nas áreas centrais da capital (Alto de Pinheiros, Lapa, Perdizes, Moema, Vila Mariana, Moóca, Água Rasa, Jardim Paulista, Consolação, Bela Vista, Santana, Cambuci e Tatuapé) são as que apresentam os menores percentuais de mortes provocadas por fatores externos: abaixo de 6%. Mapa I.15 - Óbitos por Causas Externas na Região Metropolitana de

São Paulo Região Metropolitana de São Paulo - 2002

Fonte: IBGE. Censo demográfico 2000. (Metrodata)

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Mortes por Causas Externas: Caracterização por Sexo, Idade, Raça/Cor Ao comparar-se a ocorrência de mortes por causas externas no município Pólo e nos municípios periféricos, conclui-se que seus respectivos perfis são bastante semelhantes: é o que retrata o Gráfico I.3. Esses dados deixam claro que a violência é um importante fator de desequilíbrio demográfico entre homens e mulheres.

Gráfico I.3 ÓBITOS POR CAUSAS EXTERNAS POR SEXO

MUNICÍPIO POLO - 2002(em %)

Feminino; 12,8

Masculino; 87,2

ÓBITOS POR CAUSAS EXTERNAS POR SEXO MUNICÍPIOS PERIFÉRICOS - 2002

(em %)

Masculino; 88,3

Feminino; 11,7

Gráfico I.4 Gráfico I.5ÓBITOS POR CAUSAS EXTERNAS POR FAIXAS ETÁRIAS

REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO - 2002(em %)

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

14,0

16,0

18,0

20,0

0 a 4 5 a 9 10 a 14 15 a 19 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39 40 a 44 45 a 49 50 a 54 55 a 59 60 a 64 65 a 69 70 a 74 75 e+

Faixas Etárias

%

59,2

31,9

8,1

0,8

61,3

31,0

7,3

0,4

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

Polo Municípios periféricos

ÓBITOS POR CAUSAS EXTERNAS POR COR/RAÇA POLO E MUNICÍPIOS PERIFÉRICOS - RMSP- 2002

(em %)

Branca Parda Preta Amarela

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O Gráfico I.4 apresenta a distribuição dos óbitos por causas externas, segundo diferentes faixas etárias. Esse gráfico revela uma forte concentração dos óbitos por causas violentas nas faixas 15 e 45 anos. Nota-se que a faixa modal é tipicamente constituída de jovens situados entre 20 e 24 anos, cujo percentual dessas mortes chega a quase 20/%. Como no caso precedente, a comparação entre o município pólo e os municípios periféricos (Gráfico I.5) evidencia que não há contrastes relevantes entre esses dois conjuntos. O Gráfico I.5 inclui dados sobre a distribuição de óbitos por causas externas segundo a cor das pessoas afetadas para o município pólo e demais municípios. Esse gráfico revela que tanto na capital como nos municípios periféricos o perfil de mortes distribuído por cor/raça não se altera. Ao considerarmos que de acordo com dados do Censo Demográfico do IBGE para o ano de 2000 a RMSP tem 63,8% de brancos e 34,2% de pardos e pretos, pode-se perceber que neste grupo que se verifica a maior incidência de mortes por causas externas.

Mortes por Tipos de Causas Externas: Incidência, Características Sóciodemográficas e Espacialização

O Gráfico I.6 apresenta os percentuais de mortes por tipos de causas externas para a Região Metropolitana de São Paulo. Por esse gráfico, vê-se que os homicídios ocupam um destacado primeiro lugar. Com efeito, eles foram causadores de mais do que 57,9 % desses óbitos. Os acidentes de trânsito aparecem em segundo lugar, com um percentual de 15,1%. Além dos suicídios (8,8%), aparecem somados outros acidentes e outras causas externas com 23,3% das mortes. Estão incluídas nessas causas, por exemplo, todos os óbitos provocados por acidentes, que não de trânsito, ou agressões, que não tiveram a intenção de morte. Por essa tipologia, pode-se concluir que as estatísticas por causa externas são fortemente influenciadas pela violência, constituindo um indicador aproximativo deste fenômeno. Ao comparar-se o município pólo com os municípios periféricos, nota-se (Gráfico I.7) que ambos os conjuntos apresentam o mesmo padrão de distribuição da RMSP quanto aos tipos de causa dos óbitos. Todavia, nota-se que na capital o percentual de mortes por homicídios é 2,7% maior do que nos demais municípios. Por outro lado, nestes últimos existe maior concentração de “outras causas Externas”, que são, na maioria das vezes, fatos, eventos ou agressões não especificadas. No município pólo os suicídios também são mais freqüentes.

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Gráfico I.6 Gráfico I.7ÓBITOS POR TIPOS DE CAUSAS EXTERNAS

REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO - 2002(em %)

Acidentes de Trânsito; 15,1

Outros acidentes; 12,5

Outros externos; 10,7Suicídios; 3,8

Homicídios; 57,9

59,1

15,1

12,3

9,3

4,2

56,5

15,212,7 12,5

3,2

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

Polo Municípios periféricos

ÓBITOS POR TIPOS DE CAUSAS EXTERNAS POLO E MUNICÍPIOS PERIFÉRICOS - RMSP - 2002

(em %)

Homicídios Transito Outros acidentes Outros externos Suicídios O Gráfico I.8 apresenta a distribuição dos percentuais de mortes por causas externas de acordo com os tipos e faixas etárias. Através dele, pode-se perceber que o perfil das faixas de idade é bastante diferente para cada causa de óbito. Homicídios estão bastante concentrados no intervalo dos 15 aos 45 anos. Os acidentes de trânsito têm sua incidência na faixa etária modal de 20 a 25 anos. Mesmo assim, seus percentuais são bastante altos para faixas de idade mais elevadas. Já as idades das pessoas que se suicidaram estão concentradas nas faixas etárias situadas entre 25 e 55 anos. Cabe notar que os percentuais de mortes por acidentes que não são de trânsito são bastante altos entre crianças de até 5 anos de idade e entre os idosos com 75 anos. Entre as crianças, o destaque que sobressai é o de acidentes causadores de mortes, como queimaduras, afogamentos, riscos à respiração, sufocamentos, exposição à radiação, etc.; entre os idosos a causa mais freqüente são as quedas. O Gráfico I.9 apresenta a distribuição por tipo de causa de morte por fatores externos por raça/cor. Através dele pode-se notar que para todos os grupos de raça/cor o maior percentual de mortes se deu por homicídio. È interessante notar que os grupos de pretos e pardos são os que mais morreram por homicídios. Cabe ressaltar que as maiores taxas de suicídio se dá entre os amarelos. É também nesse grupo que se verifica o maior percentual de mortes em acidentes de trânsito.

Gráfico I.8 Gráfico I.9CAUSAS DE ÓBITOS POR FAIXAS ETÁRIAS

Região Metropolitana de São Paulo2002

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

0 a 4 5 a 9 10 a 14 15 a 19 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39 40 a 44 45 a 49 50 a 54 55 a 59 60 a 64 65 a 69 70 a 74 75 e+

Trânsito Outros acidentes Suicídios Homicídios Outras causas

17,6

13,9

4,5

52,7

11,3 11,4 10,5

3,1

64,2

10,8

24,1 24,1

10,2

28,7

13,011,2 9,9

2,5

67,5

9,0

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

Branca Preta Amarela Parda

ÓBITOS POR CAUSAS EXTERNAS E RAÇA/COR REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO

2002

Trânsito Outros acidentes Suicídios Homicídios Outros externos

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O Mapa I.16 mostra que os homicídios têm forte concentração espacial. Eles são responsáveis por altos percentuais das mortes, que alcançam entre 80 a 100% em Marsilac, entre 60 e 80 % nos distritos de Parelheiros, Grajaú, Jardim Ângela, Jardim São Luís, São Rafael, Cidade Tiradentes, Osasco, Itaquaquecetuba, Mauá e Guarulhos. Os municípios de Biritiba Mirim e Salesópolis são os que apresentam as mais baixas taxas de mortes por homicídios (inferiores a 20%).

Mapa I.16 - Óbitos por Homicídios Região Metropolitana de São Paulo – 2002

Fonte: IBGE. Censo demográfico 2000. (Metrodata) A análise precedente permitiu destacar aspectos relevantes sobre os óbitos provocados por causas externas na Região Metropolitana de São Paulo. Ressaltou-se, inicialmente, a elevada incidência dessa ocorrência no total de mortes sucedidas nessa Região durante o ano de 2002. Essa situação é comparativamente mais grave nos municípios periféricos do que na cidade pólo. Ao espacializar-se os dados dessas mortes, chama atenção o fato de que esse tipo de mortalidade encontra-se associado com segmentos específicos do território. Ao examinar-se a associação desses óbitos com características sociodemográficas e espaciais, outros traços evidenciaram-se. Assim, observou-se que a morte por causas externas é, sobretudo, um fenômeno que afeta a população masculina. Vê-se, além disso, que o mesmo se concentra nas faixas etárias de 15 a 45 anos, com maior intensidade na faixa etária de 20 a 24 anos. Constatou-se, além

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disso, que, embora a população branca apresente o maior percentual dessas mortes na população total, é o contingente de pardos e negros comparativamente aos brancos o mais intensamente atingido. Tais observações deixam claro o papel significativo que essas características têm na composição das mortes por causas externas. O prosseguimento da análise revela outras importantes facetas concernente aos tipos de óbitos na Região Metropolitana de São Paulo. É o que ocorre, quando esses óbitos são classificados por tipo de causa e associados com as características assinaladas. Dentre outras constatações, averiguou-se, por exemplo, que o homicídio é uma manifestação tipicamente masculina. Já as mulheres mostram-se especialmente vulneráveis ao suicídio, às mortes por acidentes de trânsito e outras causas externas. Do mesmo modo, observou-se que os homicídios são muito mais freqüentes nos distritos da periferia da cidade pólo e em alguns municípios periféricos. Já os suicídios acontecem, principalmente, nos distritos centrais e de nível socioeconômico elevado da Metrópole paulistana.

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I.3 – CONDIÇÕES INSTITUCIONAIS DE COOPERAÇÃO ENTRE OS MUNICÍPIOS

A Região Metropolitana de São Paulo, que por décadas usufruiu de grande desenvolvimento, atraindo grupos econômicos e grande mobilidade de pessoas, passou por transformações na estrutura sócio-ocupacional, ocorridas sob o impacto da globalização; houve mudanças na Região, que ao longo dos anos, foi gradualmente “perdendo o seu papel de atração e retenção da força de trabalho e de capitais”, devido a abertura do mercado, terceirização, necessidade de modernização das empresas, o surgimento de outras áreas com importante concentração de atividades industriais, agrícolas, elevada urbanização e capacidade de polarizar o desenvolvimento regional , conforme Bógus (2004). Contudo, a RMSP, ainda ocupa o lugar número um no ranking do Brasil.

Quadro institucional da gestão A Constituição do Estado de São Paulo de 1989 define a política de regionalização nos limites de seu território. Isto foi feito no Título IV (Dos Municípios e Regiões), capítulo II (Da Organização Regional), onde encontra-se uma distinção entre três tipos de organização regional que poderiam ter vigência no Estado de São Paulo, conforme Abrucio e Soares (2001:119): 1. Região Metropolitana: “agrupamento de Municípios limítrofes que assuma destacada expressão nacional, em razão de elevada densidade demográfica, significativa conurbação de funções urbanas e regionais com alto grau de diversidade, especialização e integração sócio-econômica, exigindo planejamento integrado e ação conjunta permanente dos entes públicos atuante”; 2. Aglomeração Urbana: “agrupamento de Municípios limítrofes que apresente relação de integração funcional de natureza econômico-social e urbanização contínua entre dois ou mais municípios... que exija planejamento integrado e recomende ação coordenada dos entes públicos nela atuantes”; 3. Microrregião: “agrupamento de Municípios limítrofes que apresente, entre si, relações de interação funcional de natureza físico –territorial, econômico-social e administrativa, exigindo planejamento integrado com vistas a criar condições adequadas para o desenvolvimento e integração regional”. Segundo ainda, Abrucio e Soares (2001:119), foram incluídos, também, novos instrumentos que representam avanços claros rumo à democratização da governança metropolitana. Primeiro, a previsão de que em cada unidade regional fosse criado um conselho de caráter

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normativo e deliberativo com a participação paritária do conjunto dos municípios em relação ao governo estadual. Segundo, a Constituição paulista assegura a participação popular no processo decisório e na fiscalização das entidades regionais, apesar de não especificar os mecanismos para realizar tais tarefas. A efetivação destes canais democratizadores completa-se na letra da lei, com a necessidade das cidades metropolitanas coadunarem em seus orçamentos regras e parâmetros definidos pelo Conselho Regional. Constituir-se-ia, desse modo, uma verdadeira rede federativa. A Lei Complementar nº 760/94, conforme EMPLASA (2005), estabelece diretrizes para a organização regional do Estado de São Paulo e a estrutura do sistema de gestão de organização regional, da seguinte forma: Conselho de Desenvolvimento (arts.9º a 18); Entidade autárquica – Agência Metropolitana (arts.17 a 19); Fundo de Desenvolvimento Metropolitano (apesar de não ter sido previsto pela legislação, esse organismo foi incorporado à estrutura de gestão das RM`s da Baixada Santista e de Campinas).

Representação em conselhos São atribuições do Conselho de Desenvolvimento: 1. Promover o planejamento regional, a organização e a execução das funções públicas de interesse comum: 2.Especificar os serviços públicos de interesse comum do Estado e dos municípios; 3. Aprovar objetivos, metas e prioridades de interesse regional, compatibilizando–os com os objetivos do Estado e dos municípios metropolitanos: 4. Apreciar planos, programas e projetos, públicos ou privados, relativos à realização de obras, empreendimentos e atividades que tenham impacto regional; 5. Deliberar sobre os projetos a serem realizados com recursos financeiros do Fundo de Desenvolvimento Metropolitano. O Conselho de Desenvolvimento integrará entidade autárquica de caráter territorial (Agência) e será composto por um representante de cada município e representantes do Estado, nos campos funcionais de interesse comum. A forma de participação será paritária do conjunto dos municípios em relação ao Estado e os votos serão ponderados, de modo que, no conjunto, tanto os votos do Estado como os dos municípios correspondam, respectivamente, a 50% da votação.Os Campos Funcionais de Interesse Comum são: 1.Planejamento e uso do solo 2.Transporte e sistema viário regional 3. Habitação 4. Saneamento básico 5. Meio Ambiente* 6. Desenvolvimento econômico* 7. Atendimento social

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Estes campos funcionais compreenderão as funções: saúde, educação, planejamento integrado da segurança pública, cultura, recursos hídricos, defesa civil, serviços públicos, sem prejuízo de outras funções especificadas pelo Conselho de Desenvolvimento.Cabe ao Conselho Consultivo: 1. Opinar, por solicitação do Conselho de Desenvolvimento, sobre questões de interesse da Região Metropolitana de São Paulo; 2. Elaborar propostas representativas da sociedade civil dos municípios metropolitanos, a serem debatidas e deliberadas pelo Conselho de Desenvolvimento; 3. Propor a constituição de Câmaras Temáticas e das Câmaras Temáticas Especiais. O Conselho Consultivo será composto por representantes do Poder Legislativo dos Municípios que o integram e representantes da sociedade civil. Caberá às Câmaras Temáticas o estudo de questões relacionadas às funções públicas de interesse comum e as Câmaras Temáticas Especiais estarão voltadas à elaboração de programas, projetos ou atividades específicas. A Entidade Autárquica – Agência Metropolitana - tem como atribuição, promover, no âmbito da RMSP, o planejamento, a organização e a execução – sem prejuízo das demais entidades envolvidas –das funções públicas de interesse comum. As entidades envolvidas terão que ter personalidade jurídica de direito público, autonomia administrativa e financeira, com atuação no território da RMSP. A Entidade deverá ser vinculada à Secretaria de Economia e Planejamento. A gestão da entidade pública será realizada pelo Conselho de Desenvolvimento (Estado e municípios). Os órgãos de execução e direção da entidade deverão ser vinculados ao Conselho de Desenvolvimento. A Estrutura administrativa será composta por uma Superintendência e duas Diretorias, com atribuições técnicas e administrativas. O Estado e os municípios deverão destinar recursos financeiros, nos respectivos orçamentos, para o desenvolvimento das funções públicas de interesse comum, a serem executados pela Agência. O Fundo de Desenvolvimento Metropolitano tem como atribuições dar suporte financeiro ao planejamento integrado e às ações conjuntas dele decorrentes, no que se refere à execução das funções públicas de interesse comum entre Estado e os Municípios Metropolitanos. O Fundo deverá ser vinculado à Secretaria de Economia e Planejamento e deverá ser administrado por instituição financeira oficial do Estado. São objetivos do fundo: 1.Financiar e investir em planos, programas e projetos de interesse da RMSP; 2. Contribuir com recursos técnicos e financeiros para: a. melhoria de qualidade de vida e desenvolvimento sócio-econômico da Região;

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b. Melhoria dos serviços públicos municipais considerados de interesse comum; c. redução das desigualdades sociais da Região. As Fontes de Recursos do Fundo de Desenvolvimento metropolitano devem vir: 1. do Estado e dos municípios metropolitanos; 2. Transferências da União; 3. Empréstimos internos e externos e recursos provenientes da ajuda e cooperação internacional e de acordos inter-governamentais ; 4. Decorrentes do rateio, entre o Estado e municípios, de custos referentes à execução de serviços e obras, considerados de interesse comum; 5. Produtos das operações de créditos e vendas provenientes da aplicação de seus recursos; 6. Outros Os municípios da RMSP poderão se agrupar em sub-regiões, observadas as seguintes diretrizes: Serão constituídas por meio de Decreto Se constituirão por agrupamentos de municípios limítrofes. Os municípios da RMSP poderão fazer parte de mais de uma sub-região. A partir destas diretrizes, segundo a EMPLASA (2005), os municípios da Região Metropolitana de São Paulo, exclusive o município sede, estão agrupados em 6 sub-regiões: 1. A região Nordeste é composta pelos municípios de Arujá, Guarulhos e Santa Isabel. 2. A Norte é integrada pelos municípios de Caieiras, Cajamar, Francisco Morato, Franco da Rocha e Mariporã. 3. A região Oeste é integrada pelos municípios de Barueri, Carapicuiba, Cotia, Itapevi, Jandira, Osasco, Pirapora do Bom Jesus, Santana de Parnaíba e Vargem Grande Paulista. 4. A Sudoeste está integrada por Embu, Embuguaçu, Itapecerica da Serra, São Lourenço da Serra, Juguitiba, Taboão da Serra. 5. A Sudeste, ou seja, a Região do Grande ABC, compreende, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, Santo André, São Bernardo do Campo, e São Caetano do Sul. 6. A região Leste tem como partes integrantes os municípios de Biritiba Mirim, Ferraz de Vasconcelos, Guararema, Itaquacetuba, Mogi das Cruzes, Poá, Salesópolis e Suzano. As sub-regiões foram agrupadas pela proximidade física sendo diversificadas entre si. A RMSP foi criada pelo decreto no 47.863 de 1967 e redefinido pelo Decreto 47.163 de de 03/07/1967. Foi regulamentada pela lei estadual no 94 de 09/05/1974. Em 1975 é criada a Secretaria de Estado de Negócios Metropolitanos pelo Decreto no 6111 de 05/05/1975 e a LC de 22/09/1976 cria as sub-regiões metropolitanas norte, sul, leste e oeste. Com a Constituição Estadual de 1989 estabelece-se os objetivos gerais e define-se os tipos de organização regional do Estado de São Paulo.

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Ao se caracterizar e o perfil de cada sub-região percebe-se disparidades entre os 39 municípios que compõem A RMSP, tornando-se difícil a construção de uma tipologia que expresse traços comuns da realidades agrupadas.Essa diversidade pode ser analisada na tabela I.18 , que se segue, onde está evidenciado os diferentes padrões de vida:

Tabela I.18 - Municípios da RMSP com diferentes padrões de qualidade de vida

Municípios IDH (2000) Posição no Estado

PIB/per cápita US$/ 2003

São Caetano do Sul 0,919 1o 11.950 Santana de Parnaíba 0,853 7o 3.192 São Paulo 0,841 18o 3.592 Santo André 0,836 23o 3.430 São Bernardo do Campo 0,834 28o 7.960 Média RSMP 0,828 - 3.939 Itaquacetuba 0,744 563o 1.118 Francisco Morato 0,738 586o 300 Fonte: EMPLASA, 2005. Percebe-se que esses municípios selecionados apresentam dados polarizados e diferenciados além de integrarem diferentes sub-regiões. A sub-região do ABC apresenta municípios acima da média da RMSP. A proximidade e diferenças entre esses municípios faz com que alguns invadam o município vizinho para aproveitarem os bens públicos, obterem empregos sem o devido ônus, gerando conflitos e “ cegando os atores em relação aos aspectos favoráveis dessa união” (Abrucio e Soares, 2001, p. 124). A cooperação intermunicipal tem sido considerada como necessária junto às lideranças da RMSP. A diversidade é uma característica entre os municípios. Entretanto, as diferenças internas não impediram a construção de uma identidade regional que pode se constituir em decorrência de diversos fatores como os históricos, econômicos, geográficos, culturais, sociais, políticos. Buscando perceber esses traços entre as sub-regiões apresenta-se no mapa I.17 que se segue, a caracterização das mesmas de acordo com a tipologia sócio ocupacional:

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Mapa I.17

Percebe-se que a região que apresenta os melhores índices de qualidade de vida, a sudoeste – Grande ABC- tem o perfil da sua população entre a elite industrial e o operário moderno. Os municípios agrícolas estão na sub-região leste (Biritiba Mirim e Salesópolis); o popular está prioritariamente distribuído nas regiões leste e sudoeste enquanto que o operariado moderno localiza-se em maior concentração na sub-região oeste, no ABC – sudeste, e na sub-região nordeste no município de Guarulhos. Além do ABC a elite industrial está também no município de Santana de Parnaíba, apesar de não se estender na região oeste.O operário tradicional está mais concentrado nos municípios da região norte e nordeste mas também com representação de municípios nas regiões oeste, sudeste, sudoeste e leste. Desse modo podemos concluir que o perfil das regiões não é homogêneo. Buscando-se, ainda, identificar o desempenho institucional dos municípios metropolitanos, os principais desafios para a política metropolitana e uma gestão compartilhada, segundo a EMPLASA (2005), são: reverter o processo de esvaziamento do centro da metrópole e dos sub-centros tradicionais; combater a tendência crescente à segregação urbana; garantir o pleno exercício da cidadania, mediante integração de políticas urbanas e sociais; agregar esforços para enfrentamento dos grandes desafios representados pela ocupação das áreas inadequadas e ampliar o rol de oportunidades para investidores privados mediante políticas de requalificação urbana. O governo estadual tem como foco a eficácia e como aspectos conceituais procurar desenvolver a RMSP mediante

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acompanhamento e análise da região com efetiva governabilidade – envolvendo integração inter-governamental entre o Estado e a sociedade - e a eficiência da capacidade executiva por meio da articulação intersetorial, compartilhamento de recursos e parceria público – privada. Dentro do espírito das políticas públicas em vigor, sistematizadas nas diretrizes do Estatuto da Cidade e do Plano Diretor preconiza-se a gestão urbana por meio da construção de projetos locais amplamente discutidos nas comunidades via processos de conferências municipais/ regionais das cidades e pela elaboração ou revisão de Planos Diretores municipais para avançar no caminho da construção de cidades mais democráticas, fazendo-se a discussão da cidade que temos para cidade que queremos. Nesse sentido São Paulo já iniciou o processo tendo sido realizada a 3a Conferência Municipal da cidade de São Paulo cujo objetivo é planejar as prioridades de atuação nas áreas de habitação, saneamento, meio ambiental, mobilidade urbana e programas urbanos. Para o ano de 2005 o lema é: “Reforma urbana: cidade para todos” lema esse integrado ao tema: “Construindo a política Nacional de desenvolvimento Urbano”. As políticas urbanas procuram caminhos para melhor administrarem as suas regiões. A Região Metropolitana de São Paulo – RMSP vem buscando caminhos para alianças intermunicipais na solução integrada e compartilhada de problemas comuns. Nas sub regiões da RMSP, já existem mobilizações de atores regionais em busca da construção de Projetos Integrados. A divisão administrativa tradicional vem perdendo funcionalidade muitas vezes em função de problemas que extravasam o âmbito de um determinado município. Os mecanismos institucionais criados para o enfrentamento dessas questões que se parecem municipais, mas que de fato são multimunicipais são diversos, propiciando um melhor tratamento a problemas que são comuns a vários municípios. As ações integradas na RMSP, já vem sendo desenvolvidas por meio do Plano Metropolitano de Desenvolvimento Integrado (PMDls). Em 1970 foi elaborado o Grupo Executivo da Grande São Paulo (GERAM, 1970), revisado e atualizado em 1982. Em 1993 foi desenvolvido o Plano Metropolitano da Grande São Paulo 1994 – 2010, estando o próximo previsto para 2005. Nesse Planejamento por meio desses três Planos já elaborados, existem políticas, projetos, programas e orientações gerais para a RMSP. São ações em áreas setorizadas voltadas para os Recursos Hídricos, Bacias Hidrográficas, Planos Integrados de Transportes Urbanos, Plano de Adequação e Requalificação Urbanística, Plano Diretor de Desenvolvimento de Transportes e outros (EMPLASA, 2005). As Organizações Intermunicipais atuantes na RMSP podem ser visualizadas no mapa I.18 que se segue:

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Integração Metropolitana e Cooperação Intermunicipal são Complementares

Mapa I.18 - Organizações Intermunicipais Atuantes na RMSP

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Destaca-se na gestão intermunicipal da RMSP como mais representativa a sub-região do Grande ABC que se reuniu para realizar um trabalho prático e participativo com os 7 municípios afiliados o qual já criou cerca de 4 organizações intermunicipais para o enfrentamento das questões regionais. São elas: O Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, criado em 1990; o Fórum da Cidadania, em 1995; a Câmara Regional do Grande ABC, em 1997; a Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, em 1998. Na Sub-Região Norte existem os seguintes Consórcios: o do Aterro Sanitário da Várzea Paulista , envolvendo o município de Cajamar; o Consórcio Intermunicipal dos municípios que integram a Bacia do Rio Juqueri, envolvendo todos os municípios da região Norte. Na Sub-Região Nordeste existem: a Associação dos Municípios do Alto Tietê e Região (AMAT) que integram os seus municípios e também os da Sub-Região Leste. A região do Alto Tietê – Cabeceiras, que corresponde a 19% do total da RMSP e a área regional, abrange também a Sub-Região Leste, onde vivem ao todo cerca de 2,2 milhões de habitantes. Na Sub-Região Leste, os consórcios existentes são: Consórcio Intermunicipal do Aterro Sanitário de Biritiba Mirim, envolvendo os municípios de Biritiba Mirim e Salesópolis; Associação dos Municípios do Alto Tietê e Região (AMAT) que integra todos os municípios da região menos Itaquaquecetuba, desenvolvendo também uma ação integrada com a Sub-Região Nordeste, voltada para integração dos recursos hídricos. A Sub-Região Sudoeste está representada pelos seguintes Consórcios: Consórcio Intermunicipal da Região Sudoeste da Grande São Paulo (CONISUD), envolvendo todos os municípios menos Cotia; Consórcio Intermunicipal da Região Sudeste da Grande São Paulo (CONISUD) Pró-Estrada, agrangendo os municípios de Juquitiba, São Lourenço, Irapecerica e Embu; Consórcio Intermunicipal de Saúde do Vale do Ribeira (CONSAÚDE) nos municípios de Juquitiba e São Lourenço da Serra; Consórcio de Desenvolvimento Intermunicipal do Vale do Ribeira (CODIVAR), nos municípios de Juquitiba e São Lourenço da Serra. Na Sub-Região Oeste, a integração regional se dá em virtude do rio Tietê; essa região integra também um outro grupo de municípios banhados pelo rio Tietê intitulada região do Médio Tietê, composta dos municípios Cabreúva, Itu, Salto e Porto Feliz. A região do Alto Tietê integra as Sub-Regiões Leste e Noroeste. Na área social, no que se refere à Política da Criança e do Adolescente preconizada pelo ECA, existe a integração e cooperação regional referente aos programas treinamento e atendimento regional, fortalecendo as ações desenvolvidas.

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I.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS As últimas décadas foram marcadas por significativas transformações socioeconômicas e políticas tanto em âmbito mundial como nacional. Essas mudanças tiveram desdobramentos importantes do ponto de vista demográfico alterando, sobretudo os padrões da redistribuição espacial da população. Segundo vários estudos, até os anos 70, a dinâmica e a localização das atividades industriais pautavam, em grande medida, os caminhos da migração para o Estado de São Paulo (vide p. ex. Singer, 1977, Martine & Camargo, 1984, Rodrigues & Perillo, 1986, Taschner & Bógus, 1986). Nesse contexto, a RMSP se consolidava como o grande centro econômico-financeiro nacional e desempenhava o papel da maior área de concentração da população do país. Na década de 80, entretanto, o poder de atração exercido pela industria paulista diminuiu consideravelmente e repercutiu diretamente no mercado de trabalho e, conseqüentemente nos movimentos migratórios. A profunda recessão que abalou a economia do país atingiu predominantemente as atividades industriais provocando queda generalizada nos níveis de produção, de emprego e de renda. Tendo em vista que grande parte da economia industrial do país concentra-se na Região Sudeste, sobretudo no Estado de São Paulo, os efeitos desta crise econômica incidiram fortemente na dinâmica migratória de São Paulo. Tanto na RMSP como no interior do Estado , a recessão veio somar-se aos efeitos do processo de desconcentração metropolitana e a interiorização do desenvolvimento econômico no Estado, imprimindo diferenças ainda maiores entre as dinâmicas populacionais da RMSP e do Interior do Estado (Bógus, 1990). Nos anos 90, novos fatores passaram a interferir na dinâmica econômica do Estado e, conseqüentemente na migratória. Com a abertura comercial e a internacionalização da economia, a política econômica vigente induziu um intenso processo de reestruturação nas bases produtivas. Os principais setores que compunham o parque industrial buscaram novos mercados, investiram em incremento de produtividade e adotaram novas estratégias de competitividade. Esse movimento provocou, além da liberalização da economia, quebra de empresas, transferências patrimoniais, mudanças nos padrões tecnológicos, alteração dos métodos e modelos de gestão e eliminação de empregos. Observa-se o impacto dessas mudanças na inserção setorial dos ocupados na RMSP a partir das informações da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) da Fundação Seade/Dieese . O setor industrial foi o mais afetado e teve sua participação diminuída ao mesmo tempo em que a terceirização de atividades antes realizadas na planta industrial aumentou a participação do setor de serviços. Enquanto a indústria apresentou uma diminuição na participação dos ocupados de 32,8% para 19,1% no período 1985/2004, o setor de serviços

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passou a concentrar mais da metade dos ocupados na metrópole aumentando sua participação de 40,7 % para 53,1% ao longo do período. Do ponto de vista da oferta de emprego, fator fundamental na compreensão dos movimentos migratórios, os levantamentos da PED mostram que as Taxas de Desemprego total expandiram-se cerca de 65% no período 1985 até 2004 atingindo 18,7% após ter alcançado o recorde de 19,9% no ano de 2003. Em decorrência desses sucessivos aumentos somente na RMSP o estoque dos desempregados atingiu a casa de 1,7 milhões de pessoas no ano de 2004. Diante desse contexto de mudanças pode-se dizer que, até a década de 70 a localização e a ampliação das atividades industriais direcionavam os caminhos da migração no Estado de São Paulo, nas décadas de 80 e, sobretudo na de 90, a capacidade de atração migratória transformou-se sensivelmente. Essa atração parece ser agora exercida pela interação dos investimentos na produção industrial e na capacidade que esses investimentos tem por multiplicar efeitos nas demanda por serviços. Entretanto, um novo elemento que parece ter tomado peso na dinâmica migratória do Estado é a existência de fatores que expulsam população de São Paulo. Esses fatores desencadeados pela crise, pelo desemprego e pela reestruturação produtiva fazem com que parcela dos migrantes ou retornem para área de origem, ou tentem outras possibilidades de inserção em outras áreas do país ou ainda, levam muitos paulistas deixem o Estado de São Paulo em busca de novas oportunidades de vida. Ressalte-se que as mudanças ocorridas na estrutura industrial do Estado não significaram diminuição de sua importância na Estrutura produtiva do país, e sim, modernização, um salto tecnológico e um avanço na internacionalização da economia e no processo de globalização. A Metrópole de São Paulo continua sendo o principal núcleo industrial do país e as regiões do interior beneficiadas pelo processo de “interiorização do desenvolvimento” passaram a exibir um elevado grau de complementaridade e de integração com a RMSP, sobretudo aquelas regiões situadas em um raio de aproximadamente 150 KM a partir do centro da metrópole como, por exemplo, Campinas, Santos, São José dos Campos e Sorocaba.(Araújo, 1999). Em termos demográficos, o impacto desse cenário econômico foi surpreendente. O crescimento da população paulista já não apresenta o mesmo ritmo de crescimento observado em décadas anteriores. O marco da inflexão do crescimento populacional do Estado é o período 1970/80 quando registrou uma taxa de crescimento de 3,51% ao ano (a.a.). A partir desse período, observa-se, um arrefecimento no ritmo do crescimento populacional; no período 1980/91 foi registrada uma Taxa de 2,12% a.a. e a população do Estado apresentou uma diminuição ainda maior passando suas Taxas para 1,82% a.a. em 1991/2000.

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Quanto à dinâmica migratória, o Estado vem apresentando alterações importantes nessa mesma direção. Depois de registrar elevados fluxos de entradas de imigrantes no Estado surpreendentemente observou-se um arrefecimento na intensidade dos deslocamentos e uma nova tendência migratória tomou significado na RMSP, a emigração para outras localidades do país. Essa tendência pode ser observada na Tabela 2 que apresenta a evolução do Índice de Eficiência Migratória do Estado de São Paulo (Baeninger, 2000 e 2001). Ressalte-se que devido às mudanças nos quesitos sobre migração nos Censos Demográficos a primeira comparação será realizada entre períodos decenais e a segunda entre períodos qüinqüenais. No período 1970/80 o Estado de São Paulo recebeu mais de 3,2 milhões de imigrantes, ao mesmo tempo em que saíram para outras áreas do País cerca de 1,2 milhões de emigrantes. O resultado líquido dessas trocas foi de aproximadamente dois milhões de pessoas registrando uma eficiência migratória de 0,43. No período posterior, 1991/1981 houve uma redução no volume de entradas e um aumento no volume de saída totalizando 2,6 milhões de imigrantes e para 1,4 milhões de emigrantes. O resultado líquido dessas trocas foi de 1,1 milhão de pessoas e seu Índice de Eficiência Migratória diminuiu quase pela metade passando para 0,28. No qüinqüênio posterior, 1996/1991 houve um aumento na Eficiência Migratória do Estado passando para 0,36 refletindo um saldo de mais de 744 mil pessoas resultante da entrada de 1,3 milhões de imigrantes e da saída de 647 mil emigrantes. No qüinqüênio 1995/2000 observa-se novamente uma diminuição significativa do índice de eficiência migratória do Estado passando para 0, 16, o menor registrado desde 1970. Apesar do aumento no volume de imigrantes que passou a totalizar para 1,2 milhões de pessoas o volume de emigrantes aumentou comparativamente mais, passando para 84 mil pessoas. O resultado das trocas migratórias no qüinqüênio foi então de 358 mil pessoas. Essas informações confirmam que a migração contribui com um peso menor para o crescimento da população do Estado de São Paulo apesar de continuar envolvendo um volume extremamente elevado de pessoa - mais de dois milhões de migrantes somente nos movimentos interestaduais. Por outro lado, o aumento no volume de saídas aponta para a hipótese de que o processo de evasão deve estar relacionado sem dúvida ao movimento de retorno de imigrantes, mas deve existir também uma grande circularidade de pessoas que, ao não se fixarem no Estado acabam optando pela reemigração, bem como deve existir uma parcela importante dessa emigração constituída por população do próprio Estado. Em resumo, observa-se que as mudanças na dinâmica socioeconômica e demográfica do Estado de São Paulo apontam para um menor crescimento apesar do volume da população paulista ainda

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permanece bastante elevado, em torno de 40 milhões de habitantes no ano de 2005, segundo as projeções da Fundação Seade (2004).

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I.5 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRUCIO, Fernando Luiz et al. O Impasse Metropolitano: São Paulo em Busca de Novos Caminhos. São Paulo, Fundação Konrad Adenauer, 2000. ____________ e SOARES, Márcia Miranda. Redes Federativas no Brasil: Cooperação Intermunicipal no Grande ABC. São Paulo, Fundação Konrad Adenauer, 2001 (série pesquisas, nº 24. AVRITZER, Leonardo (org.). A Participação em São Paulo. São Paulo, Ed. UNESP, 2004 BÓGUS, Lucia M. Machado e PASTERNAK, Suzana. Como anda São Paulo. São Paulo, Cadernos Metrópole – desigualdade e governança, nº especial, 2004. CHAIA, Vera e TÓTORA, Silvana. “Conselhos municipais e a institucionalização da participação política: a Região Metropolitana de São Paulo”. IN: JUNIOR, Orlando et alli.(org). Governança democrática e poder local. Rio de Janeiro: Revan, Fase, 2004. ______________________________.”Conselhos municipais: descentralização, participação e limites institucionais”. In: BÓGUS, Lucia M. Machado e RIBEIRO, L. C. (org). Cadernos Metrópole – desigualdade e governança. São Paulo: EDUC, 2002, nº 8, 2o semestre 2002. EMPLASA. Reorganização da Região Metropolitana de São Paulo. São Paulo, Secretaria de Estado de Economia e Planejamento. Disponível em: www. Emplasa. Gov. Br.. Acesso em: 05 mai 2005. GONÇALVES, Maria Flora et al. Regiões e cidades ,cidades nas regiões: O desafio urbano-regional. São Paulo, Editora UNESP, 2000. MINISTÉRIO DAS CIDADES. Política Nacional de Desenvolvimento Urbano. Brasília, novembro de 2004, nº 1. OBSERVATÓRIO DAS METRÒPOLES (IPPUR, FASE, IPARDES) . Projeto: Análise das Regiões Metropolitanas do Brasil. 2004. RIBEIRO, Luiz César de Queiroz (org.) Entre a Coesão e a Fragmentação, A Cooperação e o Conflito. São Paulo, Editora Fundação Perseu Abramo, Observatório das Metrópoles, Fase, 2004. SANTOS, Carlos José. Guarulhos: espaços identitários sob a mundialização. Tese de Doutorado. São Paulo: FAU/USP, 2003. TASCHNER, Suzana Pasternak. Desenhando os Espaços da Pobreza. Tese de Livre docência. FAU-USP. TREVELIN, Renata. Violência doméstica – um olhar sobre dois órgãos de atendimento à mulher vítima de agressão no município de Mauá. Dissertação de Mestrado. São Paulo: Universidade de São Marcos, 2005