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ID 145 ESTUDO DO BALANÇO DE RADIAÇÃO EM ÁREAS DE PASTAGEM E FLORESTA EM RONDÔNIA Leonardo J. G. Aguiar 1 ([email protected]), Edgar M. Marmolejo 1 ([email protected]), Fabrício B. Zanchi 2 ([email protected]), Renata G. Aguiar 3 ([email protected]), Fernando L. Cardoso 1 ([email protected]), Paulo R. Anderson 1 ([email protected]), Juliano A. de Deus 1 ([email protected]), Kécio G. Leite 1 ([email protected]), Anderson Telles 1 ([email protected]), Celso V. Randow 4 ([email protected]) Antônio O. Manzi 5 ([email protected]), Bart Kruijt 4 ([email protected]). INTRODUÇÃO A radiação solar, por ser nossa principal fonte de energia disponível para a realização dos fenômenos físicos e biológicos, assume um importante papel na mudança do clima local. Entender este processo em uma região tropical onde existe uma grande disponibilidade de energia, é importante para determinar padrões climáticos em escala global. Por haver uma mudança de cobertura vegetal cada vez maior na região amazônica, onde a floresta vem sendo substituída por áreas de pastagens - sendo a gramínea Brachiaria brizantha a mais utilizada devido a sua boa adaptação ao período de seca - se torna importante o estudo do balanço de radiação em áreas de floresta e pastagem, objetivando verificar as diferenças que ocorrem entre esses dois ecossistemas. . Alterra F IG U R A 2 - T orre com 64 m etro s d e a ltu ra , in sta lad a n a R eserv a B io lógica d o R io J a r ú - R E B IO , J i-P a ran á - RO. F IG U R A 3 - T orre com 10 m etros d e altu ra , in sta la d a n a F azen d a N o ssa S en h o ra , O u ro P reto - R O. F I G U R A 4 - M éd ia s h o r ia s d o s c o m p o n en t e s d o b a la n ço d e ra d ia çã o p a ra a esta çã o ch u v o sa (J a n -M a r ) e s e c a ( J u n -A g o ). F IG U R A 5 - M éd ia s m en sa is d o alb ed o p ara e F N S R E B IO , e to ta is p lu viom étrico s m en sais. F IG U R A 6 - M éd ia s m en sa is d o b alan ço d e rad ia ç ã o p a ra R ebio e F NS. MATERIAIS E MÉTODOS Há dois sítios experimentais em Rondônia, sendo um em área de pastagem situado na Fazenda Nossa Senhora (FNS), em Ouro Preto D'Oeste (10º45'S; 62º21'W), cobertura vegetal predominante de gramínea Brachiaria brizantha e outro em área de floresta primária na Reserva Biológica do Jarú (REBIO), município de Ji-Paraná (10º05'S; 61º56'W). Os dados de radiação solar e terrestre analisados em 2002, foram obtidos por sensores de radiação piranômetros e pirgeômetros Kipp & Zonen pertencentes ao Consórcio de Torres Brasil-União Européia (BR/EU LBA). O Balanço de radiação (R n ) foi estimado através da equação R n = (S in - S out ) + (L in - L out ), para o sítio de pastagem e por um “net radiômetro” para o sítio de floresta. Onde S in é a radiação solar incidente da atmosfera, S out a radiação solar refletida pela vegetação, L in a radiação terrestre incidente da atmosfera, L out a radiação terrestre emitida pela superfície e Rn o balanço de radiação, O albedo (razão entre a radiação solar refletida (S out ) e a incidente (S in )) foi calculado utilizando a equação albedo = S out / S in . RESULTADOS E DISCUSSÃO Comparando os gráficos do balanço de radiação para a estação chuvosa (fig.4a e 4b), podemos notar algumas diferenças importantes: a radiação solar refletida (S out ) é cerca de 38% maior para FNS, provavelmente devido a sua cobertura vegetal ter um maior poder de reflexão; a radiação terrestre emitida (L out ) assume valores de aproximadamente 10% a mais para a FNS. Apesar da reflexão da radiação solar ser 38% a mais para FNS, o saldo de radiação (R n ) acaba sendo 5% maior para a mesma. As figuras do balanço de radiação para a estação seca (fig. 4c e 4d), nota- se que a reflexão da radiação solar é mais intensa para a FNS, sendo cerca de 33% maior para o mesmo período. A radiação térmica emitida pela superfície (L out ) é aproximadamente 10% maior para a REBIO, pois neste período as plantas estão perdendo suas folhas, fazendo com que a radiação emitida pela superfície (L out ) alcance mais facilmente onde os sensores de radiação estão instalados. Diferente da estação chuvosa, o balanço de radiação acaba sendo maior para REBIO, assumindo valores com diferença de aproximadamente 3%. Podemos observar que o albedo (fig. 5) assume valores maiores para FNS do que para REBIO. Essa diferença pode ocorrer devido a cobertura vegetal da FNS ter maior poder de reflexão do que uma cobertura de floresta tropical. CONCLUSÕES - O albedo (razão entre a radiação solar refletida (S out ) e radiação solar incidente ( S in )) tem uma grande influência no saldo de radiação. - O saldo de radiação, médias mensais, é maior para a área de floresta nos meses de janeiro a setembro. - Há um melhor aproveitamento, pela área de floresta, da radiação disponível. F IG U R A 1 - R ad iô m e tro s in sta la d o s n a T o rre d a R eb io , J i-P ara n á - R O. 1 - Universidade Federal de Rondônia UNIR 2 - Universidade de São Paulo - USP, IAG 3 - Universidade Federal de Mato Grosso UFMT, Grupo de Física e Meio Ambiente 4 - Alterra 5 - Instiuto Nacional de Pesquisas na Amazônia INPA

ID 145 ESTUDO DO BALANÇO DE RADIAÇÃO EM ÁREAS DE PASTAGEM E FLORESTA EM RONDÔNIA Leonardo J. G. Aguiar 1 ([email protected]), Edgar M. Marmolejo 1

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ID 145

ESTUDO DO BALANÇO DE RADIAÇÃO EM ÁREAS DE PASTAGEM E FLORESTA EM RONDÔNIA

Leonardo J. G. Aguiar1 ([email protected]), Edgar M. Marmolejo1 ([email protected]), Fabrício B. Zanchi2 ([email protected]), Renata G. Aguiar3 ([email protected]), Fernando L. Cardoso1 ([email protected]), Paulo R. Anderson1 ([email protected]), Juliano A. de Deus1 ([email protected]), Kécio G. Leite1 ([email protected]), Anderson Telles1 ([email protected]), Celso V. Randow4 ([email protected]) Antônio O. Manzi5 ([email protected]), Bart Kruijt4 ([email protected]).

INTRODUÇÃO

A radiação solar, por ser nossa principal fonte de energia disponível para a realização dos fenômenos físicos e biológicos, assume um importante papel na mudança do clima local. Entender este processo em uma região tropical onde existe uma grande disponibilidade de energia, é importante para determinar padrões climáticos em escala global.

Por haver uma mudança de cobertura vegetal cada vez maior na região amazônica, onde a floresta vem sendo substituída por áreas de pastagens - sendo a gramínea Brachiaria brizantha a mais utilizada devido a sua boa adaptação ao período de seca - se torna importante o estudo do balanço de radiação em áreas de floresta e pastagem, objetivando verificar as diferenças que ocorrem entre esses dois ecossistemas.

.

Alterra

F IG U R A 2 - Torre com 64 m etro s d e a ltu ra , ins ta lad a n a R eserv a B io ló gica d o R io Jar ú - R E B IO , J i-Pa ran á - R O .

F IG U R A 3 - Torre c om 10 m etros de altu ra, insta la da n a F aze nd a N ossa S enh or a, O uro Preto - R O .

F I G U R A 4 - M é d i a s h o r á r i a s d o s c o m p o n e n t e s d o b a l a n ç o d e r a d i a ç ã o p a r a a e s t a ç ã o c h u v o s a ( J a n - M a r ) e s e c a ( J u n - A g o ) .

F IG U R A 5 - M édia s m e nsa is do alb ed o p ara e F N S R E B IO , e tota is plu viom étrico s m en sa is.

F IG U R A 6 - M éd ia s m e nsa is do b alan ço de rad iaç ão pa ra R e bio e F N S .

MATERIAIS E MÉTODOS

Há dois sítios experimentais em Rondônia, sendo um em área de pastagem situado na Fazenda Nossa Senhora (FNS), em Ouro Preto D'Oeste (10º45'S; 62º21'W), cobertura vegetal predominante de gramínea Brachiaria brizantha e outro em área de floresta primária na Reserva Biológica do Jarú (REBIO), município de Ji-Paraná (10º05'S; 61º56'W).

Os dados de radiação solar e terrestre analisados em 2002, foram obtidos por sensores de radiação piranômetros e pirgeômetros Kipp & Zonen pertencentes ao Consórcio de Torres Brasil-União Européia (BR/EU LBA). O Balanço de radiação (Rn) foi estimado através da equação Rn = (Sin - Sout) + (Lin - Lout), para o sítio de pastagem e por um “net radiômetro” para o sítio de floresta. Onde Sin é a radiação solar incidente da atmosfera, Sout a radiação solar refletida pela vegetação, Lin a radiação terrestre incidente da atmosfera, Lout a radiação terrestre emitida pela superfície e Rn o balanço de radiação,

O albedo (razão entre a radiação solar refletida (Sout) e a incidente (Sin)) foi calculado utilizando a equação albedo = Sout / Sin.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Comparando os gráficos do balanço de radiação para a estação chuvosa (fig.4a e 4b), podemos notar algumas diferenças importantes: a radiação solar refletida (Sout) é cerca de 38% maior para FNS, provavelmente devido a sua cobertura vegetal ter um maior poder de reflexão; a radiação terrestre emitida (Lout) assume valores de aproximadamente 10% a mais para a FNS. Apesar da reflexão da radiação solar ser 38% a mais para FNS, o saldo de radiação (Rn) acaba sendo 5% maior para a mesma.

As figuras do balanço de radiação para a estação seca (fig. 4c e 4d), nota-se que a reflexão da radiação solar é mais intensa para a FNS, sendo cerca de 33% maior para o mesmo período. A radiação térmica emitida pela superfície (Lout) é aproximadamente 10% maior para a REBIO, pois neste período as plantas estão perdendo suas folhas, fazendo com que a radiação emitida pela superfície (Lout) alcance mais facilmente onde os sensores de radiação estão instalados. Diferente da estação chuvosa, o balanço de radiação acaba sendo maior para REBIO, assumindo valores com diferença de aproximadamente 3%.

Podemos observar que o albedo (fig. 5) assume valores maiores para FNS do que para REBIO. Essa diferença pode ocorrer devido a cobertura vegetal da FNS ter maior poder de reflexão do que uma cobertura de floresta tropical.

O saldo de radiação (Rn)(fig. 6) foi em média 7% maior para REBIO, sendo essa diferença mais acentuada para o período de seca.

CONCLUSÕES

- O albedo (razão entre a radiação solar refletida (Sout) e radiação solar incidente ( Sin)) tem uma grande influência no saldo de radiação.- O saldo de radiação, médias mensais, é maior para a área de floresta nos meses de janeiro a setembro.- Há um melhor aproveitamento, pela área de floresta, da radiação disponível.

F IG U R A 1 - R ad iôm e tro s ins ta lad os n a To rre d a R eb io, Ji-P ara ná - R O .

1 - Universidade Federal de Rondônia UNIR

2 - Universidade de São Paulo - USP, IAG

3 - Universidade Federal de Mato Grosso UFMT, Grupo de Física e Meio Ambiente

4 - Alterra

5 - Instiuto Nacional de Pesquisas na Amazônia INPA