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Ano XXIX • nº 332 • Novembro / 2012 Encontros discutem súmulas do TST. Página 10 Fechamento de mais leitos psiquiátricos no Estado preocupa. Página 9 Ideias, tendências e ações que transformam o mercado da saúde O final do mês de outubro marcou o lançamento da quarta edição do Anuário SINDHOSP, que tem como tema central Inovação. A publicação foi lançada após a realização do seminário “Desafios e Rumos da Saúde Suplementar”, promovido pelo SINDHOSP e Fehoesp em São Paulo, e que reuniu mais de 150 participantes. Páginas 5 a 8

Ideias, tendências e ações que transformam o mercado da saúde · Luiza Watanabe Dal Ben – 1ª secretária e Antonio Carlos de Carvalho – 2º secretário SUPLENTES Sérgio

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Page 1: Ideias, tendências e ações que transformam o mercado da saúde · Luiza Watanabe Dal Ben – 1ª secretária e Antonio Carlos de Carvalho – 2º secretário SUPLENTES Sérgio

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Encontros discutem súmulas do TST.Página 10

Fechamento de mais leitos psiquiátricos no Estado preocupa.Página 9

Ideias, tendências e ações que transformam o mercado da saúde

O final do mês de outubro marcou o lançamento da quarta edição do Anuário SINDHOSP, que tem como tema central Inovação. A publicação foi lançada após a

realização do seminário “Desafios e Rumos da Saúde Suplementar”, promovido pelo SINDHOSP e Fehoesp em São Paulo, e que reuniu mais de 150 participantes.

Páginas 5 a 8

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setores da economia e da qual o SINDHOSP é um dos fundadores e membros ativos. O Sindicato participou de todo esse movimento e de outros em prol de uma reforma tributária e também contra a prorrogação da extinta CPMF. Vemos isso, portanto, como uma vitória.

Afi nal, o brasileiro tem direito de saber que a carga tributária incidente sobre a gasolina, por exemplo, chega a 53%; a do sabão em pó, a 41%; a do sabonete e pasta de dente chega a 37%. Pesquisa do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) mostra que o brasileiro paga atualmente 63 tributos. No dia da aprovação do PL, o Impostômetro da Associação Comercial de São Paulo registrava o valor de R$ 1,3 trilhão pagos pelos brasileiros em impostos federais, estaduais e municipais desde 1º de janeiro deste ano. A marca foi atingida com nove dias de antecedência em rela-ção ao ano passado. Que essa lei traga não só mais transparência, mas também consciência aos cidadãos.

Dante Montagnanapresidente

SINDICATO DOS HOSPITAIS, CLÍNICAS, CASAS DE SAÚDE, LABORATÓRIOS DE PESQUISAS E ANÁLISES CLÍNICAS E DEMAIS ESTABELECIMENTOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE

DO ESTADO DE SÃO PAULO

DIRETORIAEFETIVOSDante Ancona Montagnana – presidente, Yussif Ali Mere Júnior – 1º vice-presidente, George Schahin – 2º vice-presidente, José Carlos Barbério – 1º tesoureiro, Luiz Fernando Ferrari Neto – 2º tesoureiro, Luiza Watanabe Dal Ben – 1ª secretária e Antonio Carlos de Carvalho – 2º secretárioSUPLENTESSérgio Paes de Melo, Carlos Henrique Assef, Danilo Ther Vieira das Neves, Simão Raskin, Ricardo Nascimento Teixeira Mendes, Marcelo Luis Gratão e Irineu Francisco DebastianiCONSELHO FISCALEfetivos: Roberto Nascimento Teixeira Mendes, Gilberto Ulson Pizarro e Marina do Nascimento Teixeira Mendes - Suplentes: Maria Jandira Loconte Ferrari, Paulo Roberto Rogich e Lucinda do Rosário Trigo

A Câmara dos Deputados aprovou, no último dia 13 de novembro, projeto de lei que obriga as empresas a co-locarem na nota ou cupom fi scal dos produtos vendidos qual o valor dos impostos federais, estaduais e munici-pais que incidem sobre a mercadoria ou serviço presta-do. Aumentar a transparência dos tributos cobrados no país, para que o consumidor saiba exatamente quanto está pagando de impostos pelo produto e/ou serviço, é o principal objetivo do PL, que até o fechamento desta edição aguardava sanção da presidente Dilma Rousseff .

Devem ser computados nove tributos que incidem sobre produtos e serviços: Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Imposto sobre Serviços (ISS), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), Imposto de Renda (IR), Contribuição Social sobre Lucro Liquido (CSLL), PIS/PASEP, Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofi ns) e Contribuição de Inter-venção no Domínio Econômico (Cide).

É bom frisar que esse projeto surgiu por iniciativa popular. Foram recolhidas mais de 1,5 milhão de assi-naturas em todo o país para que o PL, enfi m, pudesse chegar – e chegar com força e representatividade – ao Congresso Nacional. A ideia foi trabalhada em São Paulo, através de iniciativas e reuniões do Fórum em Defesa do Empreendedor, que congrega entidades de vários

DELEGADOS REPRESENTANTESEfetivos: Dante Ancona Montagnana e Yussif Ali Mere Júnior - Suplen-tes: José Carlos Barbério e Luiz Fernando Ferrari Neto

REGIONAISABCRua Porto Alegre, 257 - Vila AssunçãoCEP: 09030-610 - Santo André - SPTel/Fax: (11) 4427-7047e-mail: [email protected] Bandeirantes, 7-20 - Centro - 17015-011 - Bauru - SPTel: (14) 3223-4747 - Fax: (14) 3223-4718e-mail: [email protected] Conceição, 233 - 15º andar - Sala 1510 - Centro CEP: 13010-050 - Campinas - SPTel: (19) 3233-2655 - Fax: (19) 3233-2676e-mail: [email protected] PRUDENTERua Joaquim Nabuco, 150 - CentroPresidente Prudente - SP - CEP: 19010-070 - Tel: (18) 3916-2435 e-mail: [email protected]ÃO PRETORua Álvares Cabral, 576 - 5º andar - Edifício MercúrioCEP: 14010-080 - Ribeirão Preto - SPTel/Fax: (16) 3610-6529 - e-mail: [email protected] Dr. Carvalho de Mendonça, 238 - Cj. 44 - CentroCEP: 11070-000 - Santos - SP - Tel/Fax: (13) 3233-3218e-mail: [email protected]ÃO JOSÉ DOS CAMPOSAv. Dr. João Guilhermino, 251 - 12º andar - sala 122

CEP: 12210-131 - São José dos Campos - SPTel: (12) 3922-5777 / 3922-5023 - Fax (12) 3946-2638e-mail: [email protected]ÃO JOSÉ DO RIO PRETORua Tiradentes, 2449 - Boa VistaCEP: 15025-050 - São José do Rio Preto - SPTel: (17) 3232-3030e-mail: [email protected] Cônego Januário Barbosa, 145 - VergueiroCEP: 18030-200 - Sorocaba - SPTel: (15) 3211-6660 - Fax: (15) 3233-0822 e-mail: [email protected]

JORNAL DO SINDHOSPEDITORA: Ana Paula Barbulho (Mtb 22.170)REPORTAGENS: Ana Paula Barbulho, Aline Moura e Fabiane de SáPLANEJAMENTO E PRODUÇÃO GRÁFICA:Ergon Art - (11) 2676-3211PERIODICIDADE: MensalTIRAGEM: 15.000 exemplaresCIRCULAÇÃO: entre diretores e administradores hospitalares, estabe-lecimentos de saúde, órgãos de imprensa e autoridades.

Os artigos assinados não refl etem necessariamente a opinião do jornal.

Correspondência para Assessoria de Imprensa SINDHOSPR. 24 de Maio, 208, 9º andar, São Paulo, Capital, CEP 01041-000Fone (11) 3331-1555, ramais 245 e 255www.sindhosp.com.bre-mail: [email protected]

Mais transparência nos impostos

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A Rede Brasileira de Enfermagem e Segurança do Paciente (Rebraensp) - Polo São Paulo - Núcleo de Assistência Domiciliar reuniu enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem e demais profissionais que atuam em atendimento domiciliar no dia 24 de outubro, no Centro de Aprimoramento Profissional de Enfermagem (Cape) do Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP), para discutir a segurança na assistência domiciliar do paciente, do familiar e dos profi ssionais e promover a troca de experiência entre os participantes sobre as melhorias na prática assistencial.

A coordenadora do Núcleo de Assis-tência Domiciliar, Luíza Dal Ben, diretora do SINDHOSP e da Dal Ben Home Care, conduziu os trabalhos. Ela apresentou a estrutura da entidade e fez um balanço das principais ativi-dades realizadas pelo Núcleo, desde sua cria-ção, em setembro de 2009. “Nossa atividade não conta com uma retaguarda tão completa como a das instituições hospitalares. Por isso, o zelo pelos procedimentos que garantem a segurança do paciente deve ser ainda maior. Infelizmente, a assistência domiciliar ainda sofre muitos processos por questões éticas e a maior difi culdade está na relação com a família, que não entende o trabalho que realizamos em suas casas”, lamentou.

Para evoluir nessas questões, Luiza co-mentou que o grupo vem trabalhando em várias frentes e acredita que uma formação específi ca em home care para o profi ssio-nal de enfermagem possa contribuir para uma melhora nas relações e no trabalho do atendente. “Estamos ampliando contatos profi ssionais com escolas de graduação e de

nível médio para inserir em seus currículos o preparo para atuar em assistência domiciliar e elaborando estratégias para desenvolver ferramentas adequadas que possam asse-gurar uma assistência segura ao paciente.”

Como a equipe multidisciplinar estru-turada e um bom trabalho junto à família e ao cuidador trazem melhorias à qualidade do serviço prestado ao pa-ciente foi o tema da palestra da enfermeira do Hospital São Cristovão, Lílian Giannocaro. Em seu relato, ela mostrou que o programa de atendimento domiciliar (PAD) deve estar acompanhado de um bom trabalho junto aos pacientes crônicos, por meio de um programa de monitoramento especial, e de profissionais capacitados, além de uma participação ativa e presente do enfermeiro coordenador. “É este profi ssional que dá segurança à equipe e passará isso à família e ao cuidador.”

Na mesa-redonda, que teve como tema central “Como minimizar os riscos para oferecer uma assistência domiciliar segura e com qualidade?”, coube à professora Alexandra do Nascimento, do Senac, falar dos desafi os na formação de profi ssionais.

Ela foi enfática ao dizer que “a capacitação até mesmo na graduação é distante do que os enfermeiros vivem no dia a dia”. Para melhorar este cená-rio, a proposta de Alexandra é um curso de capacitação de enfermeiros específico para atuação na gestão da assis-tência domiciliar, com foco em assistência, políticas públicas de saúde, análise do ambiente do cuidador domiciliar, tecno-logia da informação, gestão

de pessoas e equipes, sustentabilidade de empresas de home care e gestão estratégica.

A assistente social da Amil, Adriana Longuinho da Silva, abordou o respeito aos valores culturais e particularidades do paciente e seus familiares, e resumiu em uma frase a garantia de um bom resultado no atendimento domiciliar: “Respeito aos

valores culturais e particularidades do pa-ciente e da família”. Ideia essa reforçada pela enfermeira e coordenadora de home care da Dal Ben Home Care, Marta Bussacos, que explicou que cabe ao profi ssional construir uma nova ação no domicílio do paciente e compreender a família, que vive um momen-to novo e delicado.

Para conseguir esses resultados, a assis-tente social do Núcleo de Saúde e Prevenção da Omint, Ana Michela Merchan, afi rmou ser primordial ter critério na escolha dos presta-dores de serviços. “Deve-se sempre se levar em conta o perfi l do paciente, quais são os resultados a serem alcançados e que tipo de trabalho cada prestador pode melhor realizar.” Coube a gerente de Operações da MedLar, Rosana Aff ares, explicar como otimizar os re-cursos disponíveis e minimizar os riscos para oferecer uma assistência domiciliar segura e com qualidade. Para ela, isso é um desafi o, pois a saúde custa caro e fatores como enve-lhecimento da população e inclusão de novas tecnologias têm contribuído ainda mais para o encarecimento desses serviços.

Encerrando o encontro, foi realizado um debate que contou com a participação das palestrantes do evento, do gestor de Qualida-de da Dal Ben Home Care, Alessandro Moura, e da enfermeira-coordenadora do Home Care do Hospital Albert Einstein, Pryscila Bernardo. O enfoque da discussão foi como e quando realizar o desmame dos pacientes de home care. Os palestrantes foram enfáticos ao dizer que as famílias, em sua maioria, têm grande resistência a este procedimento. Adriana Longuinho, da Amil, explicou que é por isso que o cuidador e a família têm que estar envolvidos desde o início e o desmame tem que ser abordado desde o primeiro encontro.

Rebraensp destaca participação da família para qualidade da atenção domiciliar

Luiza Dal Ben abre a reunião

Os pro� ssionais que palestraram durante o encontro

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Representantes do governo, de fabrican-tes de medicamentos, produtos e equipa-mentos médicos e de entidades da área da saúde reuniram-se no dia 13 de novembro, no Centro Brasileiro Britânico, em São Paulo, para debater as políticas implementadas pelo governo brasileiro para o desenvol-vimento industrial do setor saúde, como as parcerias público-privadas (PPPs) e as parcerias para o desenvolvimento produtivo (PDPs). Promovido pelo Comitê de Saúde da Câmara Britânica de Comércio e Indústria no Brasil (Britcham), com o apoio do SINDHOSP, da Fehoesp e da CNS, o seminário intitula-do “Políticas Públicas e Desenvolvimento Industrial do Setor Saúde”, trouxe o debate sobre como implementar a atual política do governo brasileiro para o setor industrial de produtos para a saúde para que ele possa avançar, retomar o crescimento e se tornar competitivo no cenário mundial.

De acordo com a técnica e assessora da Coordenação Geral de Base Química e Biotecnológica do Departamento do Com-plexo Industrial e Inovação em Saúde da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Valéria Monteiro, o estabe-lecimento das margens de preferência, a portaria que definiu os critérios para as PDPs e o Programa para o Desenvolvimento do Complexo Industrial da Saúde (Procis) abriram as portas para o desenvolvimento do complexo industrial da saúde no Brasil. “Isso trouxe um impacto potencial de R$ 127,2 milhões no Produto Interno Bruto (PIB), a geração de 3.095 empregos e uma arrecadação de R$ 31,8 milhões para o go-verno.” A técnica ainda informou que desde 2009 já foram formalizadas 55 PDPs para a

produção de insumos e medicamentos para nove grupos de doenças, 12 produtos já foram registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a economia gerada para o governo é de R$ 550 milhões/ano, podendo chegar a R$ 1,8 bilhão/ano no orçamento do Ministério da Saúde.

A indústria também teve participação no processo de formulação do Plano Brasil Maior (PBM), em agosto de 2011, segundo informou o assessor de política industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), João Emílio Padovani Gonçalves. O PBM é um conjunto de medidas para sustentar o crescimento brasileiro, aumentar a com-petitividade da indústria nacional e, prin-cipalmente, estimular os avanços no setor de inovação. Segundo o governo federal, a ideia é transformar a estrutura industrial de forma a agregar cada vez mais valor aos produtos brasileiros por meio de cinco eixos estruturantes da nova política.

Dentro dessas medidas está a política industrial da saúde. A perspectiva é impul-sionar o setor com as PPPs, consideradas peças-chave para o desenvolvimento do complexo industrial da saúde. “É por meio das PPPs que os laboratórios públicos adquirem tecnologias e know-how para produzir medicamentos e outros produtos em território nacional. Também é a possi-bilidade de ampliar as pesquisas em saúde para a produção de novos medicamentos”, explicou Gonçalves. Ele acredita que “es-tamos no rumo certo para a construção de uma agenda positiva”. São prioridades nesta agenda, de acordo com a CNI, o aumento do poder de compra do Estado, desenvolvimento em recursos humanos

para a qualifi cação da produção, re-dução da carga tributária, regulação como política de desenvolvimento, desenvolver o potencial exportador e regulamentar a exportação.

Como gerar desenvolvimento na saúde sem bloquear o acesso foi o tema abordado pelo presidente da Aliança Brasileira da Indústria Inova-dora em Saúde (ABIIS), Carlos Eduardo Gouvea. Ele informou que o mercado mundial industrial da saúde é avaliado

em US$ 1 trilhão, sendo US$ 670 bilhões da indústria farmacêutica, US$ 25 bilhões da indústria de reagentes de diagnóstico e US$ 9 bilhões da indústria de vacinas. A indústria de produtos médicos movimenta US$ 300 bilhões. No entanto, o Brasil repre-senta uma fatia pequena: apenas 1,2% do mercado mundial.

Apesar disso, o país tem se mostrado promissor e com perspectivas para crescer neste setor. Segundo dados apresentados por Gouvea, o mercado brasileiro de produ-tos para a saúde representava, em 2010, R$ 24,48 bilhões ou US$ 16 bi do total de gastos com saúde no país naquele ano. Atualmen-te, de acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), são 12.194 empresas que comercializam ou fabricam produtos para a saúde no Brasil, sendo 2.992 produtores, empregando 115 mil trabalhadores, e este setor representa 0,6% do PIB brasileiro.

Para o presidente da Associação Brasi-leira da Indústria de Artigos e Equipamen-tos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (Abimo), Franco Pallamolla, os objetivos e desafi os dos setores produ-tivo, regulatório e acadêmico precisam se desenvolver em conjunto. “Somente dessa forma, produtos, processos e matérias--primas para a saúde terão um custo-efetivo que possam atender à demanda atual e, principalmente, a demanda futura do setor da saúde brasileiro”, disse.

Pedro Bernardo, diretor de Acesso da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), acredita que sem mu-dança no sistema tributário “fi ca muito difícil pensar em desenvolvimento e crescimento do setor industrial da saúde”. Ele afi rmou que a alta e complexa carga tributária traz grandes impactos ao setor, como perda da competitividade da produção local de medicamentos, queda das margens de lucro e de retorno sobre o investimento e queda da atratividade ao investimento direto. “Sem mudança no sistema tributário não é possível se pensar em um bom crescimento para o setor industrial da saúde. O governo isenta automóveis, eletrodomésticos, mas não isenta remédios. Isto tinha que ser prioridade e, infelizmente, não é.”

Os participantes travaram um debate ao � nal do seminário

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Desenvolvimento industrial depende de inovação

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Inovação: Ideias, Tendências e Ações que Transformam o Mercado da Saúde. Esse é o tema central da quarta edição do Anuário SINDHOSP, lançado em 23 de outubro, em São Paulo. “Com os desafios que o setor atravessa em nível mundial, empresários, governos, gestores e profi ssionais precisam não só estar preparados, mas usar de boa dose de criatividade para se sobressair. Por isso, inovar é fundamental”, afi rma o presi-dente do SINDHOSP, Dante Montagnana, justifi cando a escolha do tema.

Um coquetel que reuniu dirigentes de hospitais, clínicas, laboratórios, represen-tantes de entidades da saúde e da indús-tria marcou o lançamento da publicação, após a realização de evento sobre a nova versão da TISS (Troca de Informações em Saúde Suplementar). “A união do setor em torno de suas entidades representa-tivas é importante para que possamos alcançar as nossas reivindicações. A saúde está mudando e novos e ainda mais importantes desafios se apre-sentam. Esse Anuário é o refl exo de meses de trabalho e que tem como principal objetivo levar informações, mostrar tendências e fazer com que empresários e gestores se estimulem a inovar, garantindo a sustentabili-dade das organizações”, afi rmou o vice-presidente do Sindicato, Yussif Ali Mere Junior durante o evento.

Para o diretor de Projetos Espe-ciais da Public, parceira do SINDHOSP na produção do Anuário, Gilberto Fi-gueira, a qualidade editorial e o pro-jeto já fi zeram com que o Anuário se tornasse a publicação de referência no setor da saúde. Em 2011, o Anuário conquistou o selo carbono neutro, tornando-se um veículo que não agride o meio ambiente, e ganhou versão digital, para tablets. Além disso, foi eleito pelo Prêmio Allianz Seguros de Jorna-lismo uma das cinco melhores publicações de jornalismo corporativo do país. “Para vocês terem uma ideia, registramos mais de oito mil downloads de nossa edição digital 2011. E no próximo mês estaremos plantando mais de 120 mil mudas de árvores para neutralizar o carbono da edição 2012. Estamos fazendo a nossa parte”, disse Gilberto Figueira durante o coquetel. A versão para tablets do Anuário SINDHOSP 2012 será lançada no próximo mês de dezembro.

A publicação conta com o apoio de algumas entidades da área da saúde, como a Hospitalar Feira + Fórum, a Associação Bra-sileira das Empresas de Medicina de Grupo (Abramge), Associação de Importadores e Distribuidores de Implantes (Abraidi), As-sociação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (Abimo), So-ciedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS) e Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Equipamentos, Produtos e Suprimentos Médico-Hospitalares (Abimed).

ConteúdoA primeira matéria do Anuário SINDHOSP

2012 aborda as portas para um novo mundo que o sequenciamento genético, trabalho que consumiu US$ 3 bilhões, abriu ou poderá abrir. As pesquisas mais relevantes que estão sendo desenvolvidas no Brasil e no mundo, principal-mente na área oncológica; uma nova tecnolo-gia que permite realizar um sequenciamento humano em dez dias ao custo de US$ 6 mil; e as transformações que essas inovações trarão para o setor da saúde são discutidas. Além disso, o texto não se exime de tentar responder a questões que estão intrinsicamente ligadas, como: Estará o homem brincando de Deus? Até onde pode ir a ciência? Quais seus limites?

SINDHOSP lança Anuário com o tema InovaçãoOs caminhos da efi ciência e competiti-

vidade é outra matéria que tem como foco a abordagem da inovação sob a perspectiva gerencial. Afi nal, como as organizações de saúde estão inovando a sua gestão para que continuem e aumentem a sua competitivida-de? Já a reportagem sobre capital humano mostra como os estabelecimentos de saúde estão se organizando para lidar com as dife-rentes gerações que já estão convivendo nas instituições – cada uma reagindo de forma diferente à forma como é atraída, mantida e desenvolvida dentro da empresa.

As parcerias público-privadas na área da saúde também são abordadas, na maté-

ria Em Busca da Resolutividade. O objetivo é abordar a importância dessas parcerias no avanço quan-titativo e qualitativo da assistência no Brasil. Como a iniciativa privada de caráter lucrativo pode ser melhor “aproveitada” nesse contexto? Por que muitas decisões ainda têm cará-ter ideológico e não técnico? Como romper essa barreira?

Sustentabilidade passa a ser uma editoria permanente no Anuário SIN-DHOSP. Em 2012 a abordagem fi cou por conta dos objetivos e a importân-cia dos relatórios de sustentabilidade, prática de medir, divulgar e prestar contas sobre os impactos econômicos, ambientais e sociais causados pelas ati-vidades da organização. Essa é uma ten-dência internacional e passa a ser cada vez mais uma exigência da sociedade.

Uma Aposta no Conforto relata o investimento em hotelaria que os esta-belecimentos de saúde estão fazendo. Os investimentos públicos e privados em

saúde para garantir assistência aos turistas que virão para a Copa do Mundo de 2014 também receberam espaço no Anuário SIN-DHOSP 2012. Em TICs, o foco foi o paciente como agente transformador. O Anuário ain-da traz matéria sobre os serviços de remoção aérea e terrestre no país.

Com uma tiragem de 15 mil exemplares, o Anuário SINDHOSP 2012 será distribuído gratuitamente entre os meses de novembro e dezembro a todos os hospitais privados do país, autoridades, órgãos de imprensa, todos os laboratórios do Estado de São Paulo, clíni-cas e demais estabelecimentos de serviços de saúde contribuintes do Sindicato.

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hospitais, clínicas, laboratórios, represen-tantes de entidades da saúde e da indús-tria marcou o lançamento da publicação, após a realização de evento sobre a nova versão da TISS (Troca de Informações em Saúde Suplementar). “A união do setor em torno de suas entidades representa-tivas é importante para que possamos alcançar as nossas reivindicações. A saúde está mudando e novos e ainda mais importantes desafios se apre-sentam. Esse Anuário é o refl exo de meses de trabalho e que tem como principal objetivo levar informações,

tornasse a publicação de referência no setor da saúde. Em 2011, o Anuário conquistou o Conteúdo

As parcerias público-privadas na área da saúde também são abordadas, na maté-

dessas parcerias no avanço quan-titativo e qualitativo da assistência no Brasil. Como a iniciativa privada de caráter lucrativo pode ser melhor “aproveitada” nesse contexto? Por que muitas decisões ainda têm cará-ter ideológico e não técnico? Como romper essa barreira?

editoria permanente no Anuário SIN-DHOSP. Em 2012 a abordagem fi cou por conta dos objetivos e a importân-cia dos relatórios de sustentabilidade, prática de medir, divulgar e prestar contas sobre os impactos econômicos, ambientais e sociais causados pelas ati-vidades da organização. Essa é uma ten-dência internacional e passa a ser cada vez mais uma exigência da sociedade.

Uma Aposta no Conforto relata o investimento em hotelaria que os esta-belecimentos de saúde estão fazendo. Os investimentos públicos e privados em

ANUÁRIO 2012

INOVAÇÃOIDEIAS, TENDÊNCIAS E AÇÕES QUE TRANSFORMAM O MERCADO DE SAÚDE

Hospitais, Clínicas, Laboratórios

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TISS 3.0 trará avanços à saúde suplementarProfi ssionais e gestores do setor de saúde

suplementar reuniram-se no dia 23 de outubro, no Novotel Jaraguá SP Conventions, na Capital paulista, no evento Desafi os e Rumos da Saúde Su-plementar, promovido pelo SINDHOSP e Fehoesp, para debater os principais temas que envolvem o cotidiano de quem atua na área e conhecer deta-lhes da nova versão da Troca de Informações em Saúde Suplementar (TISS), a 3.0, estabelecida pela Resolução Normativa (RN) nº 305 e pela Instrução Normativa (IN) nº 51, da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), publicadas no Diário Ofi cial da União, em 10 de outubro.

Aguardada pelo mercado, a TISS 3.0 tem que estar implantada pelas operadoras de planos de saúde e prestadores de serviços até 30 de no-vembro de 2013. Seu uso será obrigatório a partir do primeiro dia de dezembro do próximo ano, mas sua adoção antes do prazo deve acontecer em muitos estabelecimentos que buscam mais efi cácia em suas trocas eletrônicas.

Por entender esta mudança e tantas outras pelas quais o setor vem passando é que o vice--presidente do SINDHOSP, Yussif Ali Mere Júnior, representando o presidente, Dante Montagnana, ressaltou a importância para todos os atores da saúde suplementar de se reunir para tratar de assuntos pertinentes e que afetam diretamente a todos. “Estamos na batalha, caminhando bem, sempre argumentando, discutindo ações com a ANS, pois não queremos que ela faça tudo. Queremos participar cada vez mais ativamente. E temos que continuar reivindicando e buscando soluções para o setor, por isso, a necessidade e importância de se debater estes temas, que têm efeitos diretos na saúde suplementar, e são neles que estão nossa sobrevida.”

Quem detalhou a nova versão do padrão TISS, que vem acompanhada da Termi-nologia Unifi cada da Saúde Suplementar (TUSS), foi a coordenadora de Estrutura de Dados e Terminologia da Gerência de Padronização e Interoperabilidade da ANS, Celina Maria Oliveira. Ela explicou ponto a ponto a RN 305, que avança na pa-dronização de recursos de glosas, na rastreabilidade e inclui terminologias de diárias, taxas, gases medicinais, medicamentos, órteses e próteses e materiais especiais (OPME). “Depois de um traba-lho intenso, concluímos esta versão, que já deve começar a ser implementada, pois o momento é de unifi cação para que todos consigam chegar, num segundo momento, na padronização das informações”, alertou.

Segundo Celina, o processo de produção da TISS 3.0 seguiu uma diretriz pautada na interope-rabilidade entre os sistemas de informação em saúde preconizados pela ANS e pelo Ministério da Saúde para a redução da assimetria de infor-mações para o benefi ciário de plano privado de assistência à saúde, com a fi nalidade de subsidiar ações de avaliação e acompanhamento das operadoras por parte da Agência e, no futuro, compor o Registro Eletrônico de Saúde. A co-ordenadora ainda disse que todos os agentes agora estão identificados no processo: ANS, operadoras, prestadores e benefi ciários, mas isso ainda não quer dizer que se tenha troca padroni-zada das informações. “Temos outras premissas.

Fizemos a RN mais perene porque o padrão é muito dinâmico, por isso identifi camos os agentes para que quando precisarmos defi nir a troca não precisemos modifi car a resolução.”

A TUSS, inserida nesta versão da TISS, atualiza 5.665 termos de procedimentos e eventos em saúde; institui a terminologia para 23.350 termos de medicamentos, 70.003 termos de OPME e 3.409 termos de diárias, ta-xas e gases medicinais. As operadoras podem estabelecer em tabela própria termos não constantes da terminologia unifi cada, mas, para tanto, terão que solicitar à ANS a inclusão

e é vedado o uso em tabela própria de termos da TUSS.

Celina também explicou os princípios da IN 51, que institui o sistema de gestão do Padrão TISS, que tem como componentes: conteúdo e estrutura, representação de conceitos de saúde, segu-rança e privacidade, comu-nicação e organizacional, e o plano de contingência. Ela concluiu dizendo que apesar de se ter um ano para a im-

plantação da TISS 3.0 “isso não será uma tarefa simples. É importante, inclusive, que os hospitais comecem a trabalhar a terminologia, busquem a unifi cação dos dados e das informações para se chegar à padronização desta metodologia. É muito trabalho, tenham certeza”.

O representante da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge) no Comitê de Padronização das Informações em Saúde Suplementar (Copiss) da ANS, Luiz Antonio De Biase, tratou das questões tecnológicas da TISS, as difi culdades de implantação, as adequações necessárias, os riscos e as oportunidades. “Desde sempre, padronizar os ‘formulários’ de eventos assistenciais tem sido um desejo de todos, mas, apesar de vários esforços, o consenso nunca havia sido possível. A TISS não é apenas um padrão de troca de informações. É o arcabouço das relações operacionais entre operadoras e prestadores e, juntamente com a TUSS, estabe-lece a simetria de informações entre os agentes da saúde suplementar”, explicou.

De Biase mostrou os benefícios trazidos pela padronização das informações entre operadoras e prestadores para o setor, como a questão da interoperabilidade, que trouxe produtividade sistêmica para a saúde suplementar. “O padrão tem infl uência no ritmo do setor e, fora do Brasil, a TISS é considerada um grande sucesso, pois em pouco tempo mudou a dinâmica de faturamento da saúde suplementar no país.”

Mas nem tudo vai tão bem assim. De acordo com o representante da Abramge, a implantação da TISS vem “desacelerando” há algum tempo, e hoje é quase estacionária. O faturamento eletrônico vai bem, com algumas ressalvas e as

Desajustes no mercado

O evento reuniu mais de 150 participantes

O vice-presidente do SINDHOSP, Yussif Ali Mere Jr, abriu os trabalhos

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TISS 3.0 trará avanços à saúde suplementare é vedado o uso em tabela própria de termos da TUSS.

Celina também explicou os princípios da IN 51, que institui o sistema de gestão do Padrão TISS, que tem como componentes: conteúdo e estrutura, representação de conceitos de saúde, segu-rança e privacidade, comu-nicação e organizacional, e o plano de contingência. Ela concluiu dizendo que apesar de se ter um ano para a im-

plantação da TISS 3.0 “isso não será uma tarefa simples. É importante, inclusive, que os hospitais comecem a trabalhar a terminologia, busquem a unifi cação dos dados e das informações para se chegar à padronização desta metodologia. É muito trabalho, tenham certeza”.

O representante da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge) no Comitê de Padronização das Informações em Saúde Suplementar (Copiss) da ANS, Luiz Antonio De Biase, tratou das questões tecnológicas da TISS, as difi culdades de implantação, as adequações necessárias, os riscos e as oportunidades. “Desde sempre, padronizar os ‘formulários’ de eventos assistenciais tem sido um desejo de todos, mas, apesar de vários esforços, o consenso nunca havia sido possível. A TISS não é apenas um padrão de troca de informações. É o arcabouço das relações operacionais entre operadoras e prestadores e, juntamente com a TUSS, estabe-lece a simetria de informações entre os agentes da saúde suplementar”, explicou.

De Biase mostrou os benefícios trazidos pela padronização das informações entre operadoras e prestadores para o setor, como a questão da interoperabilidade, que trouxe produtividade sistêmica para a saúde suplementar. “O padrão tem infl uência no ritmo do setor e, fora do Brasil, a TISS é considerada um grande sucesso, pois em pouco tempo mudou a dinâmica de faturamento da saúde suplementar no país.”

Mas nem tudo vai tão bem assim. De acordo com o representante da Abramge, a implantação da TISS vem “desacelerando” há algum tempo, e hoje é quase estacionária. O faturamento eletrônico vai bem, com algumas ressalvas e as

autorizações, não tão bem. As demais transações ainda engatinham. Para ele, sem a TUSS, o demonstrativo de glosas tem tido difi culdades para avançar. “E sem ele, a transação de revisão de glo-sas fi ca prejudicada.” O desa-fi o é grande, mas o caminho é claro, segundo De Biase. “A TUSS tem que avançar. E rápido. A troca de informa-ções tem que ir além do fa-turamento e a tecnologia tem que ser melhor e mais produtiva do que é hoje.”

Por falar em tecnologia, é aí que está a chave para a efi cácia da padronização. De Biase expli-cou que o uso de portais (POS) é preponderante, inclusive para autorizações online, mas que não são bons o sufi ciente para o sistema. E é aí que entra a interoperabilidade: a interconexão de dois ou mais sistemas, promovendo a troca de dados. Ela se dá por meio de webservices. Ele defende o uso dessa ferramenta para o sucesso da nova TISS. “Sem interoperabilidade não há mobilidade e esta é a meta da TISS”, afi rmou.

Na visão da Abramge, disse De Biase, a TISS e a TUSS representam um grande avanço para a saúde suplementar, tanto pela forma participa-tiva como vêm sendo conduzidas quanto pelo potencial de contribuição para o aprimoramento do setor. Mas há ressalvas. “É preciso estimular a oferta de software, principalmente para presta-dores, que de fato implementem o melhor da TISS; é preciso utilizá-la para reduzir e simplifi car os informes regulatórios (como está previsto), e diminuir o ‘custo ANS’ para as operadoras e avan-çar com fi rmeza em direção ao prontuário eletrô-nico. Temos, agora, é que dar continuidade a este trabalho, para que todos continuem a ganhar.”

Desajustes no mercadoPara falar de medicamentos restritos e con-

tratualização o convidado foi o coordenador do Departamento de Saúde Suplementar da Confederação Nacional de Saúde (CNS), João Lu-cena Gonçalves. Ele apresentou um histórico que envolve o setor desde as mudanças anunciadas pela Resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) CMED 3, de maio de 2009, que

proíbe a aplicação do Preço Máximo ao Consumidor a medicamentos de uso restrito a hospitais e clínicas, até a RN nº 241, da ANS, de dezembro de 2010, que estabelece a obrigatoriedade de negocia-ção dos instrumentos jurídicos fi rmados entre as operadoras de planos de assistência à saúde e os prestadores de ser-viços, na tentativa de acalmar o mercado e regular a relação delicada entre planos e hospi-

tais. “A Resolução da Anvisa trouxe um desajuste ao mercado, que a ANS, com a RN 241 e a formação de um grupo de trabalho para apontar novos modelos de remuneração que atendesse todos os agentes do setor, veio tentar ajustá-lo novamente”, explicou Lucena.

Após meses de trabalho do grupo, e de al-gumas divergências, chegou-se a um consenso. Para estabelecer uma nova posição dentro do mercado, com migração de margens de lucro, mais clareza às formas de reajustes que deverão ser adotadas e defi nir as políticas dos percentuais desses reajustes, segundo Lucena, veio a IN 49, da ANS, em maio deste ano, fundamental para o setor como um todo. “Sem contratualização para reger o sistema não se terá margem de mercantilização e as relações fi cam difíceis entre os atores da saúde suplementar.”

A IN 49 entrou em vigor em novembro e estabelece que a forma e a periodicidade do reajuste devem ser expressas no contrato de modo claro, objetivo e de fácil compreensão. Também deve estar determinada qual a forma de reajuste escolhida: índice vigente e de conheci-mento público, percentual prefi xado, variação pecuniária positiva ou fórmula de cálculo do reajuste. A medida admite a previsão de livre negociação no contrato, desde que fi que es-tabelecido que em não havendo acordo até o termo fi nal para a efetivação do reajuste, seja aplicada automaticamente uma das formas já determinadas na instrução.

Lucena ainda afi rmou que a IN 49 expressa um direito do prestador e uma obrigação da operadora e alertou: o reajuste contratualizado só deve ser assinado quando houver acordo

entre as partes. “A falta ou imposição de um acordo não obriga o prestador a assinar o ajuste contratual. E a falta desse ajuste após a data limite é uma infração da operadora.”

É mais fácil matar uma organização do que transformá-la

A frase de Peter Drucker, o austríaco considera-do o pai da administração moderna, deu o tom dos debates travados durante a segunda etapa do se-minário “Desafi os e Rumos da Saúde Suplementar”. Quando não citada literalmente, a máxima esteve nas entrelinhas dos discursos apresentados por todos os participantes, sem exceção, mesmo que representando posições distintas de um mesmo mercado. Como moral da história, fi cou um desa-fi o: temos de promover mudanças profundas em nossas instituições, e nas pessoas que nelas atuam. Do contrário, não haverá sobrevivência.

Investir em informatização de processos pode ser um bom começo. Para se conquistar mais agilidade em pagamentos, para se coletar dados de maneira eficaz, para se conhecer melhor, os prestadores de serviços em saúde precisam investir em tecnologia. Eliminar o papel das transações administrativas e assistenciais, segundo Luiz Gustavo Kiatake, da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS), é o primeiro passo. Para isso, é preciso que se invista em prontuários eletrônicos e em certificação digital. “O grande desafi o deste processo é fazer com que os profi ssionais confi em no ambiente eletrônico e aprendam a conviver com ele”, disse. Uma vez certifi cado, um documento que registra o histórico clínico de um paciente não pode sofrer modifi cações em sua versão impressa, por exemplo. “As informações dentro do sistema têm

A mesa de debates que encerrou o período da manhã

A coordenadora de Estrutura de Dados da ANS, Celina Maria Oliveira

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de ser as mesmas e estarem atualizadas. Mas sempre há uma tentação de colocar mais uma informaçãozinha no papel”.

No Hospital Infantil Sabará, onde médicos, equipes de enfermagem e pessoal adminis-trativo já possuem seus certifi cados digitais e trabalham sem papel em muitos processos, é comum que os colaboradores esqueçam suas senhas de proteção, por exemplo. O diretor de TI da instituição, Milton Alves, lembrou que este é um custo assumido pelo hospital, já que a cada três erros de tentativa de senha, os cartões da certifi cação têm de ser reemiti-dos. “Cada cartão novo custa R$ 90. Temos de assumir esse custo, porque entendemos que esta é uma mudança de cultura. Não nos es-quecemos do cartão de banco, nem da senha. É uma questão de tempo para que todos se adaptem e incluam a assinatura digital em suas rotinas”, ponderou. O investimento empreen-dido, no entanto, já mostra resultados efetivos para o Sabará, como a troca de informações exclusivamente eletrônica com a operadora de saúde SulAmérica, uma das poucas que já possui condições de trabalhar sem papel. Alves ressaltou que o tempo para pagamento das contas médicas já diminuiu, sem falar na economia de papel e na melhor qualidade das informações armazenadas em meio eletrônico.

Outro importante passo, que representa uma mudança drástica para o setor, é a im-plementação dos novos modelos de remune-ração. No contexto atual em que vivem, que segue a linha do fee for service e das contas abertas, hospitais, clínicas e laboratórios enfrentam uma lógica perversa de relação custo-benefício, na opinião de Wladmir Ven-tura de Souza, diretor-adjunto da diretoria de Desenvolvimento Setorial da ANS. “Os pres-tadores mantêm enormes áreas administrativas para analisar suas contas, com custos elevados, o que não agrega valor aos usuários. Além disso, suas margens de lucro estão em algo que eles não controlam, que são os materiais e medicamentos”, criticou.

O novo modelo de pagamento, segundo o diretor da ANS, não vem sozinho. Além de propor

uma padronização mais lógica das faturas e de tra-balhar com o que tem sido chamado de procedimen-to gerenciado, o conjunto de ações proposto pela ANS leva em conta a con-tratualização efetiva entre planos e prestadores de serviços, a previsibilidade de reajustes e, no futuro, a remuneração por per-formance. Para Waldimir, estas ações orquestradas elevarão o setor a um novo patamar de qua-lidade. “De tudo isso não sai uma norma, mas um compromisso para o setor”, destacou.

O QUALISS, programa de qualifi cação de prestadores de serviços em saúde idealizado pela ANS, chega para coroar as iniciativas anteriores. Segundo a coordenadora de Qualidade da Gerência de Prestadores da Agência, Raquel Lisbôa, o contexto atual não favorece o paciente. “As operadoras reclamam do aumento da sinistralidade, os prestadores sofrem pressão por redução de custos, enquanto vivemos um aumento na ju-dicialização”. A saída, segundo ela, é focar em qualidade, num conceito centrado no pacien-te. Mas o sucesso para a qualifi cação da rede depende do envolvimento de todos, já que a adesão ao programa não será obrigatória.

Segundo a gerente, o programa está dividido em duas vertentes: o QUALISS di-vulgação, que objetiva dar conhecimento ao público sobre quem é qualifi cado e em que nível, e o QUALISS Indicadores. Este último possuirá 26 itens, que serão disponibilizados detalhadamente no site da ANS (www.ans.

gov.br), em breve. Para Marco Antunes,

diretor de Operações e Relações Institucionais da SulAmérica, o setor de saúde no Brasil amadu-receu muito nos últimos anos. “O simples fato de os prestadores reconhece-rem que o modelo fee for service está falido já é um ganho”. No entanto, ele avaliou que os hospitais e clínicas em geral não

fazem a lição de casa, isto é, não conhecem os seus custos e são, em geral, de-sorganizados. “Olhem para as suas despesas adminis-trativas, conheçam os seus custos”, recomendou.

Antunes reconheceu, entretanto, que as operado-ras têm se concentrado, ao longo dos anos, em vender “planos doença”. “Temos de nos preocupar em vender planos de saúde. Acredito

que o papel das operadoras é o de provocar esta mudança. Do contrário, a conta não fecha. Em 2050, 23% da população terá mais de 60 anos. É a fase da vida em que mais utilizam os serviços. Este é um dado estatístico, um fenômeno mun-dial que nos obriga mudar o comportamento e induzir esta mudança, através da venda da prevenção, da gestão da própria saúde”.

Neste cenário, a informação é uma arma do bem, e a tecnologia uma aliada indispensá-vel. Para Josier Vilar, presidente do Movimento Junta Rio Pela Saúde e do Comitê de Medicina e Saúde da Associação Comercial do Rio de Janeiro, o maior desafio está do lado dos prestadores. “Vivemos uma questão dramáti-ca: não temos dados. E sem informação, não temos como enfrentar as mudanças”.

Vilar propôs que os dirigentes de hospi-tais, clínicas e laboratórios abram sua mente para a inovação, e comecem a se qualifi car. “Somente muda quem mede e compara, este deveria ser um mantra do nosso setor”, brincou. Apesar do tom descontraído de sua apresentação, Josier Vilar atacou duramente a resistência à mudança embutida nas pessoas que atuam nas organizações, além da indefec-tível falta de dinheiro para investir no que se precisa. “Os hospitais menores irão se extinguir caso o mercado não mude seu rumo. A recente venda da Amil é sintomática, e traz embutido um risco de colocar os outros prestadores de serviços numa condição de segunda linha”.

O dirigente propôs a realização de um projeto piloto que arrecade fundos para que se realizasse um mutirão de qualifi cação nas instituições de menor porte. “Inicialmente com enfoque na qualifi cação de pessoas, em gestão e em tecnologia. Não há fórmula mágica e não é possível se qualifi car sem dinheiro”, enfatizou.

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O diretor de TI do Hospital Infantil Sabará, Milton Alves

Wladmir Ventura de Souza, diretor-adjunto da ANS

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O SINDHOSP está preocupado com o fechamento de mais 600 leitos especiali-zados em saúde mental que serão extintos no Estado até início de 2013. Atualmente, São Paulo, o maior polo de saúde do país, conta com pouco mais de 13 mil leitos de internação para o tratamento de doentes mentais. Isso equivale a uma relação de 0,23 leito por mil habitantes, quando a recomen-dação da Organização Mundial de Saúde (OMS) é de um para mil. No Brasil, há cerca de 35 mil leitos, ou 0,18 para cada grupo de mil habitantes. “Isso ocorre devido à política equivocada, de desospitalização, adotada pelo Ministério da Saúde há alguns anos e que levou ao fechamento de milhares de leitos especializados em saúde mental no país. E o pior: isso não veio acompanhado pela garantia de uma rede extra-hospitalar formada por Centros de Apoio Psicossocial, os CAPs, residências terapêuticas e outras ações”, afi rma o presidente do SINDHOSP, Dante Montagnana.

Os debates mais acalorados da saúde, ultimamente, giram em torno da prevenção, por conta de uma realidade que nos bate à porta: cada vez mais pessoas aumentam as fi las para tratar doenças, e o tratamento das mesmas está cada vez mais caro. O raciocínio vale para todas as especialidades médicas e, especialmente, para a saúde mental. Afi nal, no mundo todo, os distúrbios emocionais, psicológicos e psiquiátricos estão em curva ascendente, e engrossam as estatísticas do adoecimento, do afastamento do trabalho e da incapacitação.

Este foi um dos assuntos debatidos durante encontro com representantes de clínicas de saúde mental, que atuam na Capi-tal paulista, promovido pelo departamento correlato do SINDHOSP em 31 de outubro. O grupo, que se reúne mensalmente, propôs a realização de uma ação junto às operadoras de saúde para sensibilizar as fontes paga-doras sobre a complexidade e os custos que envolvem os tratamentos em saúde mental. Para Lucinda do Rosário Trigo, que é diretora do SINDHOSP e proprietária da Clínica Conviver, o grande problema é que

O fechamento de leitos preocupa devido ao aumento da demanda de doentes men-tais não só no Brasil, mas em todo o mundo. Estimativas indicam que 20% da população do planeta têm algum distúrbio mental. Entre eles, o que mais preocupa a maioria dos mu-nicípios brasileiros é a ascensão do crack e de outras drogas, que necessitam de internação para tratamento. Pesquisa da Confederação Nacional dos Municípios realizada em 3.950 cidades brasileiras mostra que 98% delas já enfrentam problemas com o crack. 17% dos viciados na droga têm até 17 anos de idade.

Ricardo Mendes, coordenador de Saúde Mental do SINDHOSP, lembra que o hospital especializado é uma ferramenta indispensá-vel dentro da cadeia de assistência à saúde mental. “O governo federal adotou uma política de asfi xia, ao remunerar uma diária hospitalar em saúde mental a partir de R$ 35, incluindo cinco refeições, atendimento médico, de enfermagem, medicamentos, terapia ocupacional e tudo o que envolve a

a sociedade em geral, incluindo os planos de saúde, ainda possui uma visão míope da psiquiatria. “Quando o paciente procura ajuda, já está doente em média há oito anos. O custo de um paciente psicótico, por exem-plo, é caríssimo, já que é tratado em média dos 17 aos 60 anos. Facilitar o tratamento de maneira preventiva evita o desperdício de milhares de reais, inclusive as internações, que são mais onerosas”, alertou.

Para as operadoras, a cobertura em saúde mental ainda é encarada com descon-fi ança. “Os contratos assinados entre planos de saúde e clínicas psiquiátricas têm o formato de contrato de hospital clínico, com poucas adaptações à nossa área de atuação”, lembra Ricardo Men-des, coordenador do departamento, no SINDHOSP. Nos últimos anos, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) vem promovendo ampliação da cober-tura de atenção à saúde mental no rol de procedimentos obrigatórios. Entre as últimas inclusões, estão o atendi-mento ilimitado em hospital-dia (antes, era limitado a 180 dias) e a ampliação

especialidade. Isso levou muitas instituições ao fechamento e outras tantas estão sucate-adas no país. Mas é preciso reverter isso já, pois ao persistir essa atual política nessa área quem sofrerá é a sociedade”, alerta Mendes.

Há casos em que a internação é necessá-ria, como na desintoxicação de viciados em drogas e álcool, nos surtos psicóticos, onde há riscos de suicídio, nas esquizofrenias pa-ranoides, quando os pacientes estão incon-troláveis e violentos e também em alguns casos de transtorno obsessivo compulsivo. Antes da chamada “Reforma Psiquiátrica” existiam cerca de 120 mil leitos psiquiátricos no Brasil. De 2001 para cá, foram fechados 84 mil. Dante Montagnana ainda defende, além da manutenção dos leitos e de melhores condições de trabalho e remuneração, a organização de uma rede de atendimento extra-hospitalar, residências terapêuticas, cuidados familiares e ações de educação para conscientização da sociedade sobre as doenças mentais para evitar a discriminação.

do número de consultas com psicólogos de 12 para 40, no período de um ano. O aumento, para os prestadores de serviços, é bom. No entanto, os valores pagos por diárias, por exemplo, estão defasados. Além da difi culdade em obter autorizações para procedimentos diversos. Segundo Lucinda, 80% ou mais da receita dos prestadores em saúde mental vêm dos convênios, o que revela o grau de dependência destes em relação aos planos de saúde.

Fechamento de mais leitos psiquiátricos preocupa

Falta de prevenção encarece custos da saúde mental

Os participantes da reunião de clínicas de saúde mental

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Para apresentar as novas súmulas e discutir as revisões feitas, em setembro último, pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) nas orientações jurisprudenciais, o SINDHOSP promoveu um encontro, no dia 30 de outubro, no Centro Empresarial Con-ceição, no Shopping Jaraguá, em Campinas, para profi ssionais de Recursos Humanos, gestores e advogados de hospitais, clínicas e laboratórios de Campinas e região.

Das 440 súmulas, o TST fez revisão em 43 temas. Em 38 deles houve algum tipo de alteração ou necessidade de criação de nova linha de debate. Segundo o coorde-nador do departamento de Interior e SUS do Sindicato, Erik von Eye, são assuntos que diretamente podem afetar o cotidiano das empresas de saúde, daí a importância do evento. “São temas importantes e pertinentes que afetam diretamente o dia a dia das empresas, inclusive as do setor de saúde e é preciso estar atento a essas orientações.”

O advogado do departamento Jurídico do SINDHOSP, Durval Silvério de Andrade, foi o responsável pela palestra em que explicou o conceito de súmula e sua dupla finalidade de tornar pública a jurisprudência para a sociedade e para promover a uniformidade entre as decisões. Ele comentou 12 súmulas, sendo nove que sofreram alterações ou tiveram itens acrescentados e três novas.

A primeira súmula detalhada pelo advogado foi a de nº 6, que trata da equi-paração salarial, que teve seu item VI alte-rado, estabelecendo que o profi ssional que servir de base (paradigma) para a ação do reclamante precisa estar bem caracterizado e é irrelevante a circunstância da origem do desnível salarial.

A de nº 228, que fala do adicional de insalubridade e reafirma que o cálculo deve ser feito sobre o salário básico, salvo quando há convenção coletiva fixando outro valor, teve sua eficácia suspensa por decisão liminar do Supremo Tribunal Federal (STF). Andrade esclareceu que não é competência do sindicato patronal esta-

belecer o percentual de insalubridade a ser empregado e que tal procedimento deve ser feito por um médico ou engenheiro do trabalho, inscrito no Ministério do Trabalho e Emprego. “É uma questão muito técnica e as empresas de saúde precisam contratar o serviço de um desses profi ssionais capaci-tados para emitir o laudo de insalubridade para a categoria.”

Outra súmula que sofreu alterações, tendo um adendo acrescentado, foi a nº 244, que defi niu que mulheres que fi carem grávidas têm garantia de estabilidade mes-mo em regime de contrato determinado, como o temporário. Para estas mulheres, o empregador terá de garantir a vaga de emprego até o fi m da gestação e assegu-

rar cincos meses de licença maternidade. Anteriormente, essa regra só valia para mulheres contratadas pelas empresas por tempo indeterminado – contratos fi xos.

A mesma situação beneficiará os trabalhadores que sofrerem acidente de trabalho (súmula 378), que terão direito a permanecer no emprego por pelo menos um ano após sua recuperação. A punição para o empregador que descumprir as determinações da Justiça do Trabalho será condenação de pagamento dos valores devidos, previstos em lei.

Para Andrade, outra alteração do TST que merece atenção é a inclusão da palavra ultratividade na súmula nº 277, que aborda a convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho e sua efi cácia. Com a inclusão da expressão, que é um estado de direito, as

cláusulas dos acordos coletivos ou conven-ções que integram os contratos individuais de trabalho continuam tendo validade até a próxima negociação coletiva de trabalho, mesmo que já tenha passado o período de vigência para este processo.

Nas várias alterações e acréscimos fei-tos pelo TST, segundo Andrade, há casos que se está confrontando a própria Lei Trabalhista, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), por isso é preciso atenção e cautela. Um desses casos é a súmula nº 369, que trata da estabilidade provisória do dirigente sindical. Antes, conforme previsto no artigo 543 da CLT, para ter assegurada a estabilidade do funcionário candidato a dirigente sindical, a entidade sindical

tinha que comunicar por escrito a empresa, dentro de 24 horas, o dia e a hora do registro da candidatura do empregado e, em igual prazo, sua eleição e posse, fornecendo comprovante. A Constituição Federal de 1988 também proibia a dispensa do empregado em tais condições, a partir do registro de sua candidatura (art. 8º, VIII). A alteração na súmula estabelece que é assegurada a es-tabilidade ainda que o comunicado do registro da candidatura ou eleição sejam realizados fora do prazo esta-

belecido pela lei, desde que a ciência ao empregador, por qualquer meio, ocorra na vigência do contrato de trabalho. Segundo Andrade, “são nesses casos que se é preciso ter ponderação” e, na sua opinião, “seguir a lei maior, no caso a Constituição federal”.

O encontro também foi uma oportuni-dade para discutir outras questões traba-lhistas que são motivos de ações judiciais, como o direito ao adicional de sobreaviso, quando um funcionário precisa fi car à dis-posição de sua empresa após o expediente (súmula nº 428). Segundo o TST, para casos em que o empregado fi ca de plantão, longe da empresa, mas submetido a controle patronal por instrumentos telemáticos ou informatizados, permanecer em regime de plantão ou equivalente, aguardando a qualquer momento o chamado para o

O advogado do SINDHOSP, Durval Andrade, mostra o que mudou

SINDHOSP promove encontro para discutir súmulas do TST

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A Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML) renovou o certificado ISO 9001:2008, conferido pela DNV (Det Norske Veritas) ao Sistema de Qualidade da Sociedade. A renovação deste selo reforça o compromisso da SBPC/ML em aprimorar seu atendimento, seus produtos e serviços. A auditoria de recertificação aconteceu nos dias 2 e 3 de outubro e foi realizada pela auditora Renata Pereira, da DNV. Antes, a SBPC/ML foi sub-metida a uma auditoria interna feita pelo auditor do PALC, Roberto Joji Kimura. A certificação ISO 9001:2008 foi recebida pela primeira vez em novembro de 2009, após um trabalho de preparação que começou em julho do ano anterior.

Lideranças do Hospital Samarita-no de São Paulo participaram de um workshop especial para conhecer as estratégias, conceitos, filosofias e táticas aplicadas com sucesso pelo Disney Institute. Criado em 1986, nos Estados Unidos, o Disney Institute já realizou workshops em 45 países com milhões de executivos treinados. Os profissionais do Disney Institute ministram sessões interativas, com foco na execução de suas práticas, ensinando as estratégias que fize-ram de tais práticas um fenômeno empresarial.

Para o Hospital Samaritano, o programa foi desenvolvido por meio de uma colaboração estratégica entre o Disney Institute e a Johnson & Johnson Medical. O conteúdo foi customizado e, pela primeira vez, foi aplicado em uma instituição de saúde na América Latina. Foram três dias de intensas atividades. No primeiro dia, durante um workshop, os parti-cipantes aprenderam os detalhes do Modelo de Excelência em Liderança do Disney Institute. Nos outros dias, o programa incluiu visita às instalações do hospital, em especial às áreas de atendimento ao cliente, entrevistas individuais e focus groups com pro-

fissionais assistenciais e de atendi-mento, com o intuito de entender o hospital e conhecer oportunidades de melhorias.

Para o superintendente corpora-tivo do Hospital Samaritano, Luiz De Luca, o programa foi uma importante oportunidade para os profissionais aprofundarem conhecimento de um case de sucesso e poderem adaptar estratégias e práticas para o hospital. “Foi um momento ímpar para troca de informações, visando promover melhorias ainda mais importantes no atendimento a nossos clientes”, afirma De Luca.

“Essa parceria faz parte das solu-ções estratégicas que a Johnson & Johnson Medical oferece para ajudar agentes do setor de saúde a melhorar a qualidade de cuidados assistenciais e a eficiência operacional”, destaca Andres Cima, diretor de Negócios Corporativos da Johnson & Johnson Medical no Brasil. Grandes hospitais, centros de saúde e empresas do setor já passaram pelo programa do Disney Institute, como Johns Hopkins Health Systems, GE Medical Services, Mayo Clinic, Siemens Medical, University of Chicago Hospitals, Florida Healthcare Association, entre outros.

Disney Institute promove workshop no Hospital Samaritano

SBPC/ML renova certifi cação ISO 9001

serviço durante o período de descanso, ele está em sobreaviso e deve ser remunerado em um terço de seu salário convencional.

Andrade ainda explicou as alterações nas súmulas nº 431, que determina que para os empregados sujeitos a 40 horas semanais de trabalho aplica-se o divisor 200 para o cálculo do valor do salário-hora, e a nº 437, que estabelece o intervalo intrajornada para repouso e alimentação. “No caso dos profi ssionais que atuam por seis horas, é importante que os 15 minutos de descanso fi quem registrados, para não implicar no pa-gamento total do período correspondente, com acréscimo de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho”, alertou o advogado.

Além desses entendimentos, os minis-tros do Tribunal decidiram, no último dia 14 de setembro, pela adoção de nova súmula nº 444, que trata do regime de trabalho em 12x36 horas. Nos termos da proposta de redação aprovada, a jornada diferenciada será válida exclusivamente por acordo co-letivo, assegurada a remuneração em dobro dos feriados trabalhados e o empregado não fará jus a adicional de hora extra pelo trabalho das 11ª e 12ª horas.

Andrade fi nalizou o encontro explican-do as novas súmulas nº 441, que estabelece que o direito ao aviso prévio proporcional ao tempo de serviço somente é assegurado nas rescisões de contrato de trabalho ocor-ridas a partir da publicação da lei nº 12.506, em 13/10/2011, e a nº 440, que determina a manutenção de plano de saúde ou de assistência médica oferecido pela empresa ao empregado, não podendo ser suspenso o contrato de trabalho em virtude de auxílio--doença acidentário ou de aposentadoria por invalidez. “Fiquem atentos às alterações e novas recomendações, pois súmula não é lei, mas vai instruir o juiz a tomar sua deci-são. Essas orientações jurisprudenciais vão trazer desconforto para a categoria da saúde e trazer mudanças na conduta da atividade.”

Outros encontros que abordaram as al-terações nas súmulas foram realizados nos dias 13 e 21 de novembro, nos Escritórios Regionais do ABC e Campinas.

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Abimed obtém decisão judicial favorável contra AnvisaA Abimed – Associação Brasileira

da Indústria de Alta Tecnologia de Equipamentos, Produtos e Suprimentos Médico-Hospitalares obteve decisão ju-dicial favorável na ação que move contra a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) devido à demora em realizar inspeções em fábricas no Exterior, re-quisito para a aprovação dos registros de produtos de saúde importados. A entidade representa 128 empresas que respondem por cerca de 60% do setor.

Mais de 1200 pedidos de inspeção internacional aguardam na fi la há dois anos e meio em decorrência de uma resolução de 2009 que estabelece que os equipamentos e produtos de saúde importados só podem ser comerciali-zados no Brasil após vistoria da Anvisa nas fábricas no Exterior. Segundo a

Abimed, a maior parte dos pedidos está sem resposta desde que as novas regras entraram em vigor.

Na decisão, o juiz Hamilton de Sá Dantas, da 21ª Vara da Justiça Federal em Brasília, determina que a Anvisa acei-te os certifi cados de boas práticas de fabricação concedidos e adotados por agências internacionais se a inspeção não for realizada pelo órgão em até seis meses após o pedido de vistoria pelas empresas. Com a decisão judicial, a Abi-med estima que cerca de 500 pedidos de inspeção poderão ser resolvidos em curto espaço de tempo.

“O juiz entendeu que a Anvisa não implementou as condições para a rea-lização das inspeções internacionais e que essa situação tem causado prejuí-zos não somente às atividades comer-

ciais das empresas, como também aos pacientes que poderiam se benefi ciar desses produtos e equipamentos”, afirma Carlos Goulart, presidente--executivo da Abimed.

Entre os certifi cados internacionais mencionados na ação judicial estão o GMP (Good Manufacturing Practices), emitido pelo FDA nos Estados Unidos, e o ISO 13485, adotado na Comuni-dade Europeia, Canadá e Japão - que garantem a segurança dos produtos. Segundo o advogado, a proposta da Abimed acatada pelo juiz é que sejam aceitos temporariamente, até que a Agência possa realizar suas próprias inspeções. O juiz concede ainda à Anvisa o direito de revogar o registro se constatar alguma irregularidade quando realizar a inspeção.

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