6
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E ECONÔMICAS DEPARTAMENTO DE DIREITO Aluna: Natanny Louisie F.P. Disciplina: Introdução ao Estudo do Direito - 2015/1 ***** O que é “Direito”? Antes de tentar definir o que é direito é válido eliminar algumas das coisas que o direito não é: o direito não é uma instituição autônoma e independente da sociedade. Ubi societas, ibi jus: onde está a sociedade está o Direito. Não há razão para se conceber a forma jurídica se não há atividade social, o Direito é filho da socialidade, gerado a fim de garantir a ordem e o bem estar social, e não se desagrega

IED - O QUE É DIREITO

Embed Size (px)

DESCRIPTION

O conceito de Direito

Citation preview

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPRITO SANTOCENTRO DE CINCIAS JURDICAS E ECONMICASDEPARTAMENTO DE DIREITOAluna: Natanny Louisie F.P.Disciplina: Introduo ao Estudo do Direito - 2015/1*****O que Direito?

Antes de tentar definir o que direito vlido eliminar algumas das coisas que o direito no : o direito no uma instituio autnoma e independente da sociedade. Ubi societas, ibi jus: onde est a sociedade est o Direito. No h razo para se conceber a forma jurdica se no h atividade social, o Direito filho da socialidade, gerado a fim de garantir a ordem e o bem estar social, e no se desagrega do valor humano. O Direito tutela comportamentos humanos, um conjunto de regras obrigatrias que garante a convivncia social graas ao estabelecimento de limites ao de cada um de seus membros, agindo como um manto protetor de organizao e de direo dos comportamentos sociais (Reale, Miguel. Lies Preliminares do Direito, pgs. 1 e 5; 25ed., So Paulo: editora Saraiva, 2001.). Logo, pode-se afirmar que o Direito um fenmeno social.Parece haver certo consenso sobre o valor normativo do Direito. A contraposio est em quanto desse valor inerente da essncia da definio do direito. Kelsen defende que o Direito expressamente um sistema de Normas jurdicas, sendo autorregulativo em sua produo e aplicao. O Direito prescreve, permite, confere poder ou competncia - no ensina nada. (Kelsen, Hans. Teoria Pura do Direito, pg. 51, 6ed., So Paulo: editora Martins Fontes, 1999.). Dentro dessa concepo, o direito como conjunto de normas tambm a cincia do dever ser, conferindo competncia, permitindo ou proibindo condutas, ou seja, a ordem circunstancial das normas parte de um dever ser objetivo e imperativo uma vez que encontra amparo legal na norma jurdica. A instituio de uma ordem normativa reguladora da conduta dos indivduos - com base na qual somente pode ter lugar a imputao - pressupe exatamente que a vontade dos indivduos cuja conduta se regula seja causalmente determinvel e, portanto, no seja livre. Com efeito, a inegvel funo de uma tal ordem induzir os homens conduta por ela prescrita, tornar possveis as normas que prescrevem uma determinada conduta, criar, para as vontades dos indivduos, motivos determinantes de uma conduta conforme s normas. (Kelsen, Hans. Teoria Pura do Direito, pg. 66, 6ed., So Paulo: editora Martins Fontes, 1999.). Logo o direito indubitavelmente norma uma vez que confere competncias, permite ou probe condutas, a cincia do dever ser ao tentar definir atravs de uma diretriz como deve ser o comportamento normativo social de um indivduo.O carter normativo do direito muito bem expresso pelo direito positivo. O direito positivo exatamente o conjunto de leis - normas jurdicas - vigentes em determinado territrio. O direito natural universal, o direito positivo tem validade apenas nas comunidades polticas singulares em que posto. Mas para entender o direito positivo deve-se reconhecer sua base no direito natural, como algo que transcende os cdigos e leis. importante questionar de onde vieram as normas sociais, e como elas surgem - surgem no direito natural, que tem como critrio principal a moral, a partir da qual o indivduo cria seus pressupostos de justia, certo e errado. O direito possui aspectos axiolgicos que so prprios de cada sociedade e cultura, que influenciam diretamente na elaborao das ordens do direito positivo. No obstante determinante salientar que o Direito contm, est estreitamente ligado moral, mas nem sempre o elemento jurdico moral. As teorias que fazer uma assimilao estreita do direito e moral parecem, no fim, confundir frequentemente uma espcie de conduta obrigatria com a outra e deixar espao insuficiente para as diferenas em espcie entre as regras jurdicas e morais e para as divergncias nas suas exigncias. (Hart, H.L.A., O Conceito de Direito, pg. 12, 3ed., Lisboa: Fundao Calouste Gulbenkian, 2001). curioso afirmar que um instrumento criado para assegurar os preceitos da moral e tica sociais, s vezes aborda aspectos alheios moralidade, mas a questo que h divergncias quanto ao que certo ou errado em termos morais - direito, moral e tica so critrios diferentes a designarem comportamentos socialmente corretos, porm, com caractersticas e modos de injuno distintos.Dentro dessas caractersticas no se exclui a dimenso disciplinante do direito. Em O conceito de Direito Hart afirma que certas condutas humanas j no so facultativas, mas obrigatrias em certo sentido, e, nesse sentido de obrigar, o obriga a obedecer, temos a essncia do direito, ou pelo menos, a chave da cincia do direito (Hart, H.L.A., O Conceito de Direito, pg. 11, 3ed., Lisboa: Fundao Calouste Gulbenkian, 2001). O Direito intui a conexo entre pressuposto e consequncia: aqueles que, dentro de uma sociedade, assumem uma conduta contrria ordem sofrero algum tipo de repreenso, sendo objetos de reao hostil ou punio. O juiz, ao punir, toma a regra como seu guia e a violao da regra como a razo e justificao para punir o autor da violao. (...) A existncia da regra serve de guia e considerado como justificao. Por isso, dizemos que censuramos ou castigamos um homem porque violou a regra (...). (Hart, H.L.A., O Conceito de Direito, pg. 15, 3ed., Lisboa: Fundao Calouste Gulbenkian, 2001). Isso pressupe a conjectura de que a previsibilidade do castigo e deteno do monoplio da violncia (monoplio da fora) legtima pelo Estado uma dimenso importante das regras jurdicas. O direito posto e garantido pelos detentores do poder poltico em nvel social, e, o detentor desse poder , em maior parte, o Estado. Por isso o aspecto heteronmico do direito, podendo observar o conceito de bilateralidade atributiva (direito subjetivo x dever jurdico) e questionar se h, de fato, equilbrio no quantum de dever e direito na relao jurdica indivduo-Estado.Diante de todos esses conceitos podem-se distinguir algumas abstraes confluentes: direito evoca a ideia de ordem - a prpria raiz etimolgica da palavra traduz isso. Direito vem do latim directus, que se traduz como reto, "que segue regras pr-determinadas ou um dado preceito". No obstante encontram-se referncias ao termo ius como conceito de direito, no sentido de jurisprudncia, tendo relao com os termos em iustitia (justia) ou iustum (justo). Ius est autem a iustitia, sicut a matre sua. ergo fuit primus iustitia, quam ius, o direito procede da justia, como de sua me e, portanto, existiu primeiro a justia do que o direito (Glosa Magistralis sobre o Corpus Juris Civilis de Francesco Accursio, ).Direito norma, e norma, essencialmente norma jurdica, muitas vezes posto sob a forma de coero atravs do prenncio de castigo. Direito tambm valor moral e tico, nos quais o direito se baseia para construir suas leis. Como fato social o direito est sujeito s mudanas e particularidades sociais, histricas, culturais, tnicas O direito objetiva a ordem, segurana e justia, tencionando a garantia do bem estar social, a sociedade para a qual o direito foi concebido - a pacificao social o maior propsito do direito e das leis (estando inclusive contemplado no prprio prembulo da Constituio Federal de 1988).*****