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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS- GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: BIOANÁLISES IgA SÉRICA, SECRETORA, IgE TOTAL E ESTADO NUTRICIONAL EM CRIANÇAS COM INFECÇÕES POR ENTEROPARASITAS VALÉRIA CRISTINA RIBEIRO DANTAS Orientadora: Prof a . Dra. VALÉRIA SORAYA DE FARIAS SALES Natal/RN 2003

IgA SÉRICA, SECRETORA, IgE TOTAL E ESTADO NUTRICIONAL … · Neste trabalho avaliou-se os níveis de IgE total, IgA sérica e secretora, contagem de eosinófilos sanguíneos, níveis

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS- GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: BIOANÁLISES

IgA SÉRICA, SECRETORA, IgE TOTAL E ESTADO NUTRICIONAL EM CRIANÇAS COM INFECÇÕES POR ENTEROPARASITAS

VALÉRIA CRISTINA RIBEIRO DANTAS

Orientadora: Profa. Dra. VALÉRIA SORAYA DE FARIAS SALES

Natal/RN2003

VALÉRIA CRISTINA RIBEIRO DANTAS

IgA SÉRICA, SECRETORA, IgE TOTAL E ESTADO NUTRICIONAL EM CRIANÇAS COM INFECÇÕES POR ENTEROPARASITAS

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas para obtenção do Grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas – Área de Concentração: Bioanálises.

Orientadora: PROFa. Dra. VALÉRIA SORAYA DE FARIAS SALES

Natal/ 2003

Aquela que representa amor, força, coragem e que com palavras certas na hora

exata me reergueram durante toda minha vida, e que sem sua educação e esforço

jamais poderia ter chegado até aqui.

Dedico este trabalho a minha grande e querida Mãe

Meu maior orgulho!

Ao meu companheiro no amor e no trabalho

Que me ensina todos os dias, sentimentos importantes da vida

Pelo seu amor, sua compreensão e paciência!

Eu consegui chegar ao meu objetivo

Ralfo, à você dedico este trabalho, que com sua ajuda

Pode ser Concluído, obrigado por ser tudo isso!!!!

Aos meus irmãos, André e Ana Conceição e a Cláudio.

Que representam orgulho e sabedoria, exemplos de perseverança.

Constante apoio e equilíbrio

Á Thiago que nos encheu de Alegrias e Orgulho!

Obrigado pelos ensinamentos de vida!

Dedico à vocês, este trabalho!

A Todas as crianças que vivem e sobrevivem a tantas dificuldades

Verdadeira demonstração de vitória e esperança

Deus certamente está com vocês!

Meu obrigado pela ajuda inocente e voluntária na

Execução deste trabalho na procura de um

Mundo melhor.

AGRADECIMENTOS

“A Deus, luz e força em minha vida!”

A minha Mãe, pelas constantes orações, preocupações, apóio, carinho e

compreensão.

Ao meu esposo Ralfo, pelo seu companheirismo, amor, dedicação, compreensão,

paciência e orientações durante todo este tempo, além de sua ajuda profissional,

muito importante para o desenvolvimento e término deste trabalho.

A Cláudio, Ana Conceição, Thiago e André, pelas correções, orientações, carinho,

momentos de alegrias e constante apóio no desenvolvimento deste trabalho.

A Professora Dra. Valéria Soraya de Farias Sales, pela orientação e inteligência,

pelos ensinamentos compartilhados, e dedicados neste trabalho, como também

sua amizade, credibilidade e incentivos a ciência. O meu obrigado!

A Professora Dra. Maria das Graças Almeída Thornton, que durante este tempo

colaborou com o incentivo, apoio, palavras e empenho indispensáveis à realização

deste trabalho e ao Laboratório LIATEC, pela contribuição nas análises

hematológicas além de todo o apóio, dos colegas Sérgio e Jhon Kenedy.

A Professora Dra.Tereza Maria Dantas de Medeiros, que esteve junto comigo

durante esta longa caminhada, participante efetivamente de etapas importantes

que constituíram momentos de alegrias e dificuldades. Pelo seu jeito humano,

sensível, amizade e carinho comigo, muito obrigado!!

A amiga de todos os dias e todas as horas, Ana Célia Souza Lucena, que sempre

esteve nos momentos mais difíceis e nas horas mais importantes, passando

sempre muita força e confiança. Obrigado pelas constantes preucupações e força,

minha amiga!

A Nutricionista Ana Kalina Dantas dos Santos pela colaboração e ajuda na

avaliação nutricional das crianças.

A Professora Dra. Lúcia de Fátima Campos Pedroza Schxarzschild, pela

colaboração, receptividade e ajuda na avaliação nutricional das crianças e no

enriquecimento de dados nutricionais ao trabalho.

Aos Professores da Universidade Potiguar do curso de Farmácia e Bioquímica,

Alexandre Augusto, Íris Cristina, Carla Elenuska e José Queiroz Filho, pelo

constante apoio e ajuda que me deram durante todo este período, em particular

aos Professores Alexandre Augusto e Íris Cristina pela grande ajuda na execução

de exames parasitológicos e análises bioquímicas.

Ao Laboratório de Alergia e Biologia Molecular dos Departamentos de Pediatria e

Biologia Molecular da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP, em

especial a Dra. Luiza Carla de Paula Arruda, pela colaboração e presteza

dispensadas a este trabalho.

A amiga Rita de Cássia Oliveira, pela ajuda em todas as coletas realizadas nas

crianças, com tanto empenho e dedicação e pela sua amizade, carinho e

preocupações dispensadas à minha pessoa. O meu muito obrigado!

A Creche Nossa Senhora de Lourdes, em especial a professora Kátia que com os

seus esforços e dedicação pelas crianças, foi possível obter êxito no cumprimento

das amostras tão necessários para a concretização deste trabalho.

A Estatística Francielle do Departamento de Estatística da Universidade Federal

do Rio Grande do Norte, pela presteza e paciência, com que auxiliou na analises

estatísticas deste trabalho.

A Nutricionista Clélia de Oliveira Lyra, pela ajuda e orientação concedida no

trabalho, além de sua amizade, atenção e ajuda nas análises estatísticas, deste

trabalho. Meu obrigado!!

A todos os Professores do Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas da

UFRN, em especial, aos Professores dos Laboratórios de Parasitologia Clínica e

Bioquímica Clínica.

Aos Professores e amigos do Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas

Sandra Rezende, Julia Fernandes, Edna Marques, Ivanaldo Amâncio e Maíza, que

sempre estiveram ao meu lado, incentivando e apoiando durante todas as fases

de realização deste trabalho.

As Professoras e amigas Tereza Neuma, Zélia Maria, Polliana, Adriana Rezende e

Maria Goretti, pelo incentivo e constante preocupação na caminhada desta

jornada, além da contribuição imprescindível nas análises das Eletroforeses de

Proteínas pela professora Zelinha.

Ao Professor Eider de Araújo Carvalho – Diretor do NUPLAN pela gentileza na

doação dos medicamentos para o tratamento das crianças.

Aos colegas de curso: Alexandre, Janaína, Mabel, Cristiane, Valéria Morgiana,

Alaíze, Jucimare, Karine, Cristina, Edilson e Severina Carla, pela convivência

harmoniosa e cumplicidade compartilhada no decorrer deste período de trabalho.

A todos os funcionários do Laboratório de Análises Clínicas da Universidade

Potiguar – LACT, em especial à Fernanda Carla Lopes Mendes, pelo apóio na

obtenção de amostras de medicamentos para o tratamento das crianças.

A Eliane da Silva Rodrigues e Cristiane Alves de Moura, pelo carinho e ajuda na

coleta de material deste trabalho.

A professora Dra. Fernanda Nervo Raffim, pelas orientações e credibilidade

depositadas em mim, como também aos demais professores que compõem o

corpo Docente do Curso de Pós-Graduação em ciências Farmacêuticas pelos

ensinamentos e incentivos dedicados a ciência, pesquisa e empenho na

implantação deste programa.

As funcionárias Hilda Maria Rodrigues do Laboratório de Imunologia Clínica e

Maria da Luz do Laboratório de Parasitologia Clínica do Departamento de Análises

Clínicas e Toxicológicas da UFRN, pelo apoio e ajuda concedidos neste trabalho.

As amigas e colegas profissionais Adriana Amaral, Luciana Emília, Ednalva Lobo,

Jacira e Ana Cristina, pelo constante apoio e compreensão comigo, nestes últimos

meses.

A todos que direta ou indiretamente contribuíram para o êxito e término deste

trabalho, o meu muito Obrigado!!

A Deus que me deu forças, inteligência e saúde para sobreviver a tantas dificuldades e adversidades!

Obrigado a todos vocês!

Vivemos com o que recebemos,

mas marcamos a vida com o que damos.

(Winston Churchill)

RESUMO

Infecções por parasitas intestinais são uma das principais causas de

morbidade em humanos e, suas relações com níveis sócio-econômicos e

condições de higiene em países em desenvolvimento já são bem estabelecidas.

Muitos trabalhos, porém, estão sendo realizados para elucidar as complexas

interações entre nutrição, estas infecções e resposta imunológica, pois é visto que

desnutrição compromete a imunidade aumentando a susceptibilidade para

doenças infecciosas e estas por sua vez podem prejudicar o estado nutricional

humano.

Sabe-se que parasitas helmínticos estimulam síntese de IgE tanto policlonal

como específica para antígeno dos mesmos e que IgA secretora, principal

imunoglobulina de defesa das mucosas, pode atuar contra protozoários como a

Giardia lamblia e contra helmintos como Trichuris tichiura e Strongyloides

stercorales. Alguns estudos mostram que a desnutrição energético protéica

influencia na produção destas respostas, mas outros autores mostram resultados

divergentes.

Neste trabalho avaliou-se os níveis de IgE total, IgA sérica e secretora,

contagem de eosinófilos sanguíneos, níveis de proteínas séricas e estado

nutricional, em 103 crianças de baixo nível sócio-econômico, para se averiguar

uma correlação entre esses e infecção por enteroparasitas.

Participaram do estudo crianças de ambos os sexos, com idade de 3 a 6

anos, freqüentadoras da mesma creche e residentes em um bairro com precárias

condições de higiene e saneamento básico, na cidade do Natal.

Os resultados obtidos mostraram que as deficientes condições ambientais e

sócio-econômicas favoreceram a uma alta freqüência de infecção por

enteroparasitas, principalmente Trichuris trichiura e Ascaris lumbricoides entre os

helmintos e Endolimax nana e Giárdia lamblia entre os protozoários. Desnutrição

leve sem déficit protéico foi observada em 30% das crianças, as quais também

não apresentaram deficiências significativas de IgA sérica e secretora. As crianças

parasitadas apresentaram eosinofilia sanguínea e níveis séricos de IgE total

elevados confirmando a importante participação das mesmas na resposta imune

contra helmintos. Pode-se, portanto, sugerir que as crianças apesar de

poliparasitadas não estavam com sua resposta imune de mucosa contra parasitas,

prejudicada, provavelmente por ainda não estarem intensamente infectados, como

observado na contagem de ovos por grama de fezes e também por não terem seu

estado nutricional gravemente comprometido.

ABSTRACT

Infections for intestinal parasites are one of the main morbidade causes in

humans and, its relationships with socioeconomic levels and hygiene conditions in

countries in development are already very established. Many works, even so, they

are being accomplished to elucidate the complex interactions among nutrition,

these infections and answer imunológica, because it is seen that malnutrition

commits the immunity increasing the susceptibilidade for infectious diseases and

these for its time can harm the state human nutricional.

It is known that sponge helmínticos they stimulate synthesis of IgE so

much policlonal as specific for the same ones and that IgA secretora, main

imunoglobulina of defense of the mucous ones, can act against protozoa as the

Giardia lamblia and against helmintos as Trichuris tichiura and Strongyloides

stercorales. Some studies show that the malnutrition energy protéica influences in

the production of these answers, but some authors show results divergentes.

In this work it was evaluated the levels of total IgE, IgA sérica and secretora,

contagem of sanguine eosinófilos, levels of proteins séricas and state nutricional,

in 103 children of low socioeconomic level, to discover a correlation between those

and infection for enteroparasitas.

They participated in the study children of both sexes, with age of 3 to 6

years, visitors of the same creche and residents in a neighborhood with precarious

hygiene conditions and basic saneamento, in the city of Christmas.

The obtained results showed that the faulty environmental and

socioeconomic conditions favored to a high infection frequency for enteroparasitas,

mainly Trichuris trichiura and Ascaris lumbricoides between the helmintos and

Endolimax sleep and Giárdia lamblia among the protozoa. Light malnutrition

without deficit protéico was observed in 30% of the children, which didn't also

present significant deficiencies of IgA sérica and secretora. The sponged children

presented sanguine eosinofilia and levels séricos of high total IgE confirming the

important participation of the same ones in the immune answer against helmintos.

It cannot him, therefore, to suggest that the children in spite of poliparasitadas

were not with its immune answer of mucous harmed, probably for they be not still

intensely infected, as observed in the contagem of eggs by gram of feces and also

for they have not its state nutricional seriously committed.

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 Níveis de proteínas totais e estado nutricional de 101

crianças de baixo nível socioeconômico, freqüentadoras da

Creche Nossa Senhora de Lourdes, na cidade do Natal-RN.

56

FIGURA 2 Concentração de albumina sérica e estado nutricional de 101

crianças baixo nível socioeconômico, freqüentadoras da

Creche Nossa Senhora de Lourdes, na cidade do Natal-RN.

57

FIGURA 3 Concentrações de globulinas séricas e estado nutricional de

101 crianças de baixo nível socioeconômico, freqüentadoras

da Creche Nossa Senhora de Lourdes, na cidade do Natal-

RN.

58

FIGURA 4 Quantificação do número de ovos de A. lumbricoides, por

grama de fezes, e estado nutricional de 101 crianças de

baixo nível socioeconômico.

62

FIGURA 5 Quantificação do número de ovos de T. trichiura, por grama

de fezes e estado nutricional de 101 crianças de baixo nível

socioeconômico.

63

FIGURA 6 Número absoluto de eosinófilos no sangue periférico de

acordo com a idade em 103 crianças, freqüentadoras da

Creche Nossa Senhora de Lourdes, na cidade do Natal-RN.

64

FIGURA 7 Número absoluto de eosinófilos no sangue periférico de

acordo com o sexo de 103 crianças de baixo nível

socioeconômico, freqüentadoras da Creche Nossa Senhora

de Lourdes, na cidade do Natal-RN.

65

FIGURA 8 Número absoluto de eosinófilos no sangue periférico de

acordo com o estado nutricional de 101 crianças de baixo

nível socioeconômico, freqüentadoras da Creche Nossa

Senhora de Lourdes, na cidade do Natal-RN.

66

FIGURA 9 Correlação entre o número absoluto de eosinófilos,

quantificação do número de ovos de A. lumbricoides e T.

trichiura por grama de fezes.

67

FIGURA 10 Correlação entre IgA sérica, IgA secretora e quantidade de

ovos de Ascaris lumbricoides por grama de fezes.

73

FIGURA 11 Correlação entre IgA sérica, IgA secretora e quantidade de

ovos de Trichuris trichiura por grama de fezes.

74

FIGURA 12 Correlação entre níveis de IgA sérica e IgA secretora de 103

crianças de baixo nível socioeconômico, freqüentadoras da

Creche Nossa Senhora de Lourdes, na cidade do Natal-RN.

75

FIGURA 13 Correlação entre as concentrações de IgA sérica, IgA

secretora e IgE total.

76

FIGURA 14 Correlação entre o número absoluto de eosinófilos, IgA

secretora e IgA sérica.

77

FIGURA 15 Correlação entre a concentração sérica de IgE total e a

quantidade de ovos de A. lumbricoides e T. trichiura por

grama de fezes.

81

FIGURA 16 Correlação entre níveis de IgE total e número absoluto de

eosinófilos de 103 crianças de baixo nível socioeconômico,

freqüentadoras da Creche Nossa Senhora de Lourdes, na

cidade do Natal-RN.

82

FIGURA 17 Concentração de IgE total e estado nutricional de 101

crianças de baixo nível socioeconômico, freqüentadoras da

Creche Nossa Senhora de Lourdes, na cidade do Natal-RN.

83

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 Distribuição por sexo e idade de 103 crianças,

freqüentadoras, da Creche Nossa Senhora de Lourdes, na

cidade do Natal-RN.

52

TABELA 2 Distribuição segundo os indicadores sociais mínimos das

famílias de 103 crianças, freqüentadoras da Creche Nossa

Senhora de Lourdes, na cidade do Natal-RN.

54

TABELA 3 Avaliação do estado nutricional de 101 crianças de baixo

nível socioeconômico, freqüentadoras da Creche Nossa

Senhora de Lourdes, na cidade do Natal-RN.

55

TABELA 4 Parasitismo, segundo o número de espécies infectantes em

103 crianças de baixo nível socioeconômico, freqüentadoras

da Creche Nossa Senhora de Lourdes, na cidade do Natal-

RN.

59

TABELA 5 Freqüência de parasitas intestinais em 103 crianças de baixo

nível socioeconômico, freqüentadoras da Creche Nossa

Senhora de Lourdes, na cidade do Natal-RN.

60

TABELA 6 Freqüência de parasitas intestinais presentes nas 103

crianças de baixo nível socioeconômico, freqüentadoras da

Creche Nossa Senhora de Lourdes, na cidade do Natal-RN.

61

TABELA 7 Mediana dos níveis de IgA sérica e IgA secretora de 103

crianças de baixo nível socioeconômico, freqüentadoras da

Creche Nossa Senhora de Lourdes, na cidade do Natal-RN.

68

TABELA 8 Mediana das concentrações de IgA sérica e IgA secretora,

segundo o estado nutricional de 101 crianças de baixo nível

socioeconômico, freqüentadoras da Creche Nossa Senhora

de Lourdes, na cidade do Natal-RN.

69

TABELA 9 Parasitismo segundo o número de espécies infectantes e

relação com as concentrações de IgA sérica em 103 crianças

baixo nível socioeconômico.

70

TABELA 10 Parasitismo segundo o número de espécies infectantes e

relação com as concentrações de IgA secretora em 103

crianças de baixo nível socioeconômico.

71

TABELA 11 Mediana das concentrações de IgE total de 103 crianças de

baixo nível socioeconômico, freqüentadoras da Creche

Nossa Senhora de Lourdes, na cidade do Natal-RN.

78

TABELA 12 Parasitismo segundo o número de espécies infectantes e

relação com as concentrações de IgE sérica em 103 crianças

de baixo nível socioeconômico.

79

ÍNDICE

DEDICATÓRIA 3

AGRADECIMENTOS 7

LISTA DE FIGURAS 14

LISTA DE TABELAS 17

RESUMO 19

1 INTRODUÇÃO 21

2 REVISÃO DE LITERATURA 23

2.1 Sistema Imune das Mucosas 23

2.2 Imunoglobulina A (IgA) 26

2.3 Imunoglobulina E (IgE) 31

2.4 Eosinófilos e Infecções Parasitárias 34

2.5 Infecção Parasitária 36

2.6 Imunidade e Nutrição 38

3 OBJETIVOS 41

3.1 Objetivo Geral 41 3.2 Objetivos Específicos 41

4 CASUÍSTICA, MATERIAL E MÉTODOS 42

4.1 População de Estudo 42

4.2 Materiais 43

4.2.1 Amostras Biológicas 43

4.3 Métodos 44

4.3.1 Dosagens de IgA sérica, IgA secretora e IgE total 44

4.3.1.1 Determinação de IgA sérica 44

4.3.1.2 Determinação de IgA secretora 45

4.3.1.3 Determinação de IgE total 45

4.3.2 Determinação de Proteínas Totais 46

4.3.2.1 Determinação de Albumina sérica 46

4.3.2.2 Determinação das Globulinas 47

4.3.3 Eletroforese de Proteínas 47

4.3.4 Contagem Absoluta de Eosinófilos 47

4.3.5 Contagem Relativa de Eosinófilos 48

4.3.6 Exame Parasitológico de Fezes (EPF) 48

4.3.6.1 Método de Hoffman, Pons & Janer 48

4.3.6.2 Método de Faust et al. 49

4.3.6.3 Método de Baermann-Moraes 49

4.3.6.4 Método de Kato-Katz 49

4.3.7 Avaliação Nutricional 50

4.3.8 Análise Estatística dos Resultados 51

5 RESULTADOS 52

5.1 Características da Amostra 52

5.2 Fatores socioeconômicos 53

5.3 Avaliação Nutricional 55

5.3.1 Proteínas Totais e Frações 56

5.4 Infecção Parasitária 59

5.4.1 Carga Parasitária 62

5.5 Contagem Absoluta de Eosinófilos 64

5.6 Dosagem de Imunoglobulinas 68

5.6.1 Dosagens de IgA sérica e IgA secretora 68

5.6.2 Dosagem de IgE total 78

6 DISCUSSÃO 84

7 CONCLUSÕES 93

ABSTRACT 95

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 97

ANEXOS 113

1 INTRODUÇÃO

O sistema imune das mucosas é formado pelos tecidos linfóides que estão

associados às superfícies mucosas do trato gastrintestinal, das vias respiratórias e

do trato urogenital. Sua principal função consiste em propiciar defesa ao hospedeiro

nas superfícies mucosas que são permanentemente provocadas por antígenos e

devem desenvolver uma resposta efetiva para limitar eventual invasão por agentes

infecciosos, mas também preservar a integridade anatômica e funcional das

estruturas que as superfícies mucosas protegem (HIROI & KIYONO, 2000; SILVA,

2001).

A imunoglobulina A (IgA) exibe várias propriedades que permitem a sua

atuação eficiente no ambiente das mucosas. Foram descritos receptores para IgA

em células inflamatórias que podem promover a destruição de patógenos celulares,

como parasitas, através do mecanismo de citotoxicidade celular dependente de

anticorpo (ADCC). Pode também exercer importante função quando é formado o

complexo chamado de IgA secretório que apresenta propriedades especiais as quais

explicam sua predominância nas mucosas, como a resistência à proteólise e a

inibição da aderência e colonização de vírus e bactérias na superfície dos

enterócitos, contribuindo assim para proteger as superfícies epiteliais contra reações

inflamatórias (RENEGAR et al., 1998; PEEBLES et al., 2001).

Sabe-se que a imunoglobulina E (IgE) está relacionada a processos alérgicos

e também constitui importante defesa nas infecções parasitárias principalmente

contra helmintos. As infecções helmínticas quando ocorrem em crianças de baixo

nível socioeconômico sugerem que o índice de exposição a agentes parasitários

pode estar relacionado ao desenvolvimento do estado nutricional. Fatores como a

freqüência na exposição e a intensidade da carga parasitária podem contribuir para

a obtenção de uma resposta imunológica inadequada (ROSÁRIO FILHO et al., 1982;

SUTTON, 1993).

Deficiências nutricionais podem influenciar no estado de infecção parasitária

por meio da modulação da resposta imunológica. A má nutrição energético proteíca

pode comprometer a produção de IgA que tem um importante papel na imunidade

da mucosa gastrintestinal. Por outro lado, a produção de IgE também pode ser

22

influenciada pelo estado nutricional (CASTILHO DE ARIZA et al., 1983; CHANDRA,

1984).

Embora se reconheça que as células imunocompetentes da mucosa intestinal

estejam implicadas na patogenia das doenças parasitárias, o relevante papel destas

células e a modulação da produção de anticorpos no intrigante complexo da relação

parasita-hospedeiro ainda carecem de elucidações. Diante destes fatores,

pretendemos estudar a relação entre IgA sérica, IgA secretora, IgE total, estado

nutricional e enteroparasitoses em crianças carentes que freqüentam creche na

cidade do Natal.

23

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Sistema Imune das Mucosas

As superfícies das mucosas contam com uma proteção natural onde atuam

mecanismos inespecíficos como movimento peristáltico, transporte muco-ciliar,

enzimas e mecanismos adaptativos, como: o sistema imune de mucosas, que

compreende o MALT (“Mucosal associated lymphoid tissue”), o qual nas vias

respiratórias é denominado BALT (“Bronchial associated lymphoid tissue”) e nas vias

digestivas, GALT (“Gut associated lymphoid tissue”) (STROBER et al., 1981;

KAGNOFF, 1993).

Os MALTs se distribuem anatomicamente pelas mucosas, e seus

componentes individuais incluem: a) um anel de estruturas linfóides circundando a

faringe (anel de Waldeyer), formado principalmente pelas amígdalas nasofaríngeas

(NALT – tecido linfóide associado ao nariz) e orofaríngeas, que podem ainda incluir

tonsilas linguais e tubárias em algumas espécies; b) tecido linfóide associado à

laringe (LALT); c) placas de Peyer intestinais; d) apêndice vermiforme; e) nódulos

linfóides agregados ao cólon; f) nódulos linfóides isolados dispersos em toda a

mucosa intestinal, do esôfago ao ânus; g) tecido linfóide associado ao brônquio

(BALT); h) tecido linfóide associado à conjuntiva (CALT). Esses tecidos estão

concentrados em locais de grande proliferação microbiana e de estimulação

antigênica. As respostas imunes das mucosas ocorrem tanto nos MALTs como em

seus linfonodos de drenagem. O “MALT” serve para amplificar as respostas de

memória através da atividade de localização de antígenos (TEODÓSIO et al., 1993;

CUTULO & LAMEGO, 1994).

Os MALTs são constituídos basicamente de uma rede de reticulina

preenchida por linfócitos e macrófagos. Os folículos linfóides são povoados

principalmente de linfócitos B que expressam proporções variáveis de

imunoglobulinas, principalmente IgA, constituindo 60% das células da mucosa

brônquica e até 85% da mucosa intestinal, de acordo com a exposição antigênica e

tipo de antígeno. A área parafolicular lateral ao folículo é uma área com linfócitos T-

dependentes, consistindo cerca de 20% do número total de células do MALT (MADI

et al., 2001).

24

O tecido linfóide nas superfícies das mucosas é constituído de linfócitos

distribuídos frouxamente ou de linfócitos organizados em folículos e agregados.

Existe uma compartimentalização dessas células, com uma população linfóide muito

distinta encontrada no epitélio, os linfócitos intra-epiteliais, compostos principalmente

de linfócitos T CD8+ com função supressora e citotóxica. Tais linfócitos intra-

epiteliais exercem papel importante na regulação do epitélio. Considerando-se as

observações de MILLER & NAWA (1979), os linfócitos T podem regular o número de

células caliciformes no epitélio e sua atividade secretora. Células T apresentando

receptor do tipo gama-delta também são encontradas em grande número no epitélio

das mucosas (STROBER et al., 1981; KAGNOFF, 1993).

Os MALTs são recobertos por um epitélio especializado, o linfoepitélio, que

captura ativamente macromoléculas e microorganismos. Os folículos linfóides

recobertos pelo linfoepitélio estão envolvidos internamente na lâmina própria da

mucosa. O linfoepitélio forma um ambiente favorável para o contato entre antígenos,

linfócitos intra-epiteliais e células apresentadoras de antígeno. Os sítios de captação

de antígeno são o linfoepitélio e outras áreas da superfície epitelial, incluindo as

zonas de extrusão vilosa do intestino. Assim, o potencial para interação entre

antígeno e células linfóides se espalha por toda a superfície mucosa (STROBER et

al., 1981). A capacidade do linfoepitélio em captar antígenos concentra as respostas

imunes nos MALTs e seus linfonodos de drenagem (KAGNOFF, 1993; MADI et al.,

2001).

As mucosas são permanentemente estimuladas por antígenos e precisam

desenvolver um sistema imune efetivo para limitar eventual invasão por agentes

infecciosos, mas também preservar a integridade anatômica e funcional das frágeis

estruturas que elas protegem. Uma quebra desse equilíbrio pode resultar em dano

permanente e disseminado da mucosa. Mecanismos imunes locais interagem com

respostas que ocorrem em outros sítios, sejam em mucosas ou não. Anticorpos

produzidos nas mucosas, assim como reações mediadas por células, devem induzir

resistência contra bactérias, vírus, parasitas, toxinas, alérgenos e etc. (ABBAS et al.,

2000; ROITT et al., 2003).

Essas respostas imunes são iniciadas após estimulação antigênica, e o

linfoepitélio especializado desempenha um papel maior em captar estes antígenos e

transferi-los por células apresentadoras de antígenos no MALT. Nestes locais são

apresentados para linfócitos T, iniciando assim a cascata de eventos que resultam

25

na resposta imune. Os produtos dos linfócitos B locais são anticorpos específicos

que potencializam a fagocitose, promovem a eliminação de bactérias e neutralizam

toxinas. Os linfócitos T efetores podem ser citotóxicos, ou podem agir através da

produção de citocinas, que medeiam respostas inflamatórias subagudas ou crônicas

(CUTULO & LAMEGO, 1994; SOUZA, 2001).

Uma vez que um contato antigênico tenha iniciado, o MALT tem duas

importantes funções: a de reconhecer patógenos e organizar uma resposta imune

adequada, que envolve principalmente IgA, ou a de suprimir as respostas locais ou

periféricas contra substâncias inócuas, através do mecanismo de tolerância. A

maioria dos contatos com antígenos estranhos se dá nas superfícies das mucosas, e

o mais freqüente é um estado de hiporresponsividade ou tolerância (CARVALHO et

al., 1998; PAINTLIA et al., 2002). Tais como os folículos linfóides do baço e dos

linfonodos, as regiões centrais de folículos mucosos são áreas ricas em células B,

que freqüentemente contêm centros germinativos (ABBAS et al., 2000).

O GALT é constituído de células imunocompetentes infiltrantes das mucosas

e de estruturas estrategicamente distribuídas por toda superfície mucosa, como as

placas de Peyer e os linfonodos mesentéricos, povoados por células de diversas

subpopulações com as mais variadas funções, inclusive a de produzir anticorpos

secretores, com predominância absoluta de IgA (ABBAS et al., 2000; ELIA et al.,

2001; ROITT et al., 2003).

As placas de Peyer encerram também um pequeno número de células T

CD4+, principalmente nas regiões interfoliculares. Algumas das células epiteliais

abaixo das placas de Peyer são células membranosas (células M), especializadas,

que não tem vilosidades, são pinocíticas ativas e transportam macromoléculas do

lúmem intestinal para os tecidos subepiteliais. São admitidas como exercendo um

importante papel na liberação de antígenos às placas de Payer. Folículos que são

morfologicamente e funcionalmente semelhantes são abundantes no apêndice e são

encontrados em menor número em grande parte dos tratos gastrintestinal e

respiratório (ABBAS et al., 2000; JANEWAY et al., 2000; ELIA et al., 2001; ROITT et

al., 2003).

As células M estão localizadas nos sítios indutores, pequenas regiões da

membrana da mucosa que estão situadas sobre os folículos linfóides. Os antígenos

transportados através da membrana da mucosa pelas células M podem ativar as

células B destes folículos linfóides. Estas células B ativadas se diferenciam em

26

células plasmáticas, que deixam os folículos e secretam IgA, que são transportados

através das células epiteliais e são liberados para o lúmem, com a IgA secretora,

onde podem interagir com antígenos (GOLDSBY et al., 2002).

A lâmina própria intestinal, que se localiza sob a camada epitelial, contém

uma população mista de células. Essa população inclui linfócitos T, a maioria dos

quais são CD4+ e têm o fenótipo das células ativadas. Há probabilidade de que as

células T inicialmente reconheçam e respondam aos antígenos dos linfonodos

mesentéricos regionais e remigrem para o intestino, para povoar a lâmina própria,

que contém também grande número de linfócitos B ativados e de plasmócitos, bem

como macrófagos, células dendríticas, eosinófilos e mastócitos (SEIDEL et al.,

2001).

O meio mucóide favorece e influencia o desenvolvimento de resposta do tipo

2 (Th2), com produção de IL-4, IL-5, IL-10 e de outras citocinas antiinflamatórias,

como o TGF-β, que também tem capacidade para induzir a produção preferencial de

IgA (GREWAL et al., 2000). Desta maneira, a produção de citocinas antiinflamatórias

pode favorecer a supressão de respostas imunes no local do antígeno (PAINTLIA et

al., 2002).

A grande maioria dos anticorpos é encontrada em líquidos corporais e ativam

as células efetoras somente após a ligação a antígenos específicos. A superfície da

mucosa intestinal, que representa uma das vias mais importantes de entrada de

patógenos no hospedeiro, é constituída de células epiteliais que desempenham um

importante papel no transporte de fluídos e secreções, na função de barreira

mecânica frente às agressões do meio externo e na interação dos componentes

luminares com as células imunológicas da lâmina própria (SCROFERNEKER &

POHLMANN, 1998; STITTES et al., 2000).

2.2 Imunoglobulina A (IgA) Um dos aspectos que distingue o sistema imunológico das mucosas, são as

respostas humorais induzidas nos folículos das mucosas que resultam

predominantemente na produção de anticorpos do tipo IgA (PAINTLIA et al., 2002).

27

A IgA foi identificada pela primeira vez por HEREMANS et al.(1959), e é

considerada a principal imunoglobulina presente em secreções como saliva, muco

intestinal, secreções brônquicas, líquido prostático, suor, suco gástrico e lágrima,

além de estar presente também no colostro e no leite, considerado no neonato a

principal fonte de proteção contra patógenos intestinais (SILVA, 2001; BEYER et al.,

2002).

A IgA é importante na defesa imunológica primária contra infecções locais em

áreas como o trato respiratório e gastrintestinal. Seu efeito protetor deve-se a

capacidade de impedir que um agente invasor se ligue e penetre na superfície do

epitélio. A predominância de IgA nas secreções mucosas se explica pela

concentração seletiva de plasmócitos produtores de IgA nas mucosas. Essas células

podem derivar de respostas locais ou à distância (CARVALHO et al., 1998).

A molécula de IgA é constituída de duas cadeias leves (L) do tipo kappa (K)

ou lambda (λ) e duas cadeias pesadas (H) do tipo alfa (α). A IgA pode apresentar-se

na forma monomérica, que tem peso molecular de aproximadamente 165.000 Da, e

na forma dimérica, apresentando um peso molecular de 400.000 Da, e é constituída

de glicoproteínas produzidas por plasmócitos. A IgA representa 15 a 20% das

imunoglobulinas e se divide em duas subclasses: IgA1 (93%) e IgA2 (7%)

(SHELDRAKE et al., 1984).

A IgA1 predomina no soro com uma meia-vida de 5,5 dias, onde é encontrada

sob a forma de monômeros e pode sofrer a ação de proteases de IgA, que são

produzidas por algumas bactérias patogênicas que agem sobre seqüências de

aminoácidos na região de dobradiça da IgA1 (RÚPULO et al., 1998). A IgA2 não é

sensível à ações de enzimas, como as proteases de IgA, por ter uma deleção em

seqüências de aminoácidos e também por conter o componente secretor, o que

favorece sua adaptação, especialmente, em sítios intensamente colonizados, como

o cólon e a faringe. A IgA2 é encontrada nas secreções brônquicas sob a forma

dimérica ou ainda como multímeros e é mais freqüente nas secreções urogenitais e

partes distais do trato gastrintestinal, embora as duas classes possam ser

encontradas em proporções equilibradas, variando de um sítio para outro

(RENEGAR et al., 1998).

A maioria dos plasmócitos intestinais secreta IgA e, preferencialmente, a

subclasse IgA2, ao contrário do que é observado no sangue na forma circulante. Os

mecanismos que regulam a produção e a especificidade das subclasses de

28

imunoglobulinas registram a possibilidade do envolvimento das populações de

linfócitos T helper e supressor, a expressão de receptores específicos e a produção

de citocinas como IL-4, IL-5 e IL-6 (LEBMAN & COFFMAN, 1988).

Nas células B estimuladas por antígenos, a troca de isótipos da IgA é

estimulada pelo fator β de crescimento e transformação (TGF-β), que pode também

ser induzidas por células T e por células estromais não linfóides e IL-5. A razão pela

qual são produzidas maiores quantidades de IgA no sistema imune das mucosas do

que nos outros tecidos é, em parte, a troca de isótipos para a IgA, que ocorre mais

eficientemente no tecido linfóide da mucosa, e em parte porque as células T

auxiliares produtoras de IL-5 são mais numerosas nas mucosas do que nos outros

tecidos linfóides. As células B produtoras de IgA podem também ter uma especial

propensão para residirem nos tecidos mucosos (ISLAM et al., 1991; HIROI et al.,

1998; VAN GINKE et al., 1999; CHUNG et al., 2002; ROITT et al., 2003).

Depois de secretada pelos plasmócitos na lâmina própria, a IgA é

transportada seletivamente através do epitélio da mucosa para o lúmen do órgão.

Esta molécula secretada liga-se pela região Fc ao componente secretor, um

polipeptídio de 90 kDa produzido pelas células epiteliais das membranas das

mucosas. A formação de polímeros de IgA e a ligação ao componente secretor são

essenciais para o transporte através do epitélio (MELLANDER et al., 1985; STOLL et

al., 1993).

A IgA secretora é um dímero com quatro cadeias leves e quatro cadeias

pesadas unidas pelo polipeptídeo denominado de cadeia J (de “joining”) e o

componente secretor. O anticorpo da classe A originado na lâmina própria intestinal,

se liga a um receptor poli-Ig na membrana basolateral de células epiteliais, e é

internalizado por endocitose do complexo IgA e componente secretor, mediado pelo

receptor em vesículas e a migração destas vesículas ocorre para a superfície apical

da célula. O receptor de poli-Ig, que é constituído de glicoproteínas produzidas pelo

epitélio intestinal, encontra-se nas porções basolaterais das células epiteliais. Após

um processo de clivagem proteolítica na região apical do epitélio, o componente

secretor permanece ligado à membrana celular e os dímeros de IgA são liberados na

luz intestinal (STITES et al., 2000; GOLDSBY et al., 2002).

O componente secretor mascara os sítios suscetíveis à clivagem proteolítica

na região flexível da IgA secretora, permitindo à molécula polimérica uma existência

mais prolongada no meio da mucosa que é rica em proteases. A capacidade da IgA

29

dimérica de ligar-se ao componente secretor aumenta a sua capacidade de atuar na

luz intestinal, e o aspecto mais importante é que esta ligação constitui a etapa inicial

básica no mecanismo de transporte de IgA, permitindo ao sistema imunológico das

mucosas fornecer a IgA nos sítios da mucosa (SHELDRAKE et al., 1984;

TEODÓSIO et al., 1993).

A extremidade Fc e o componente secretor da IgA são hidrofílicos e

mucofílicos, e a ligação da IgA a um microorganismo retarda a sua fixação às células

epiteliais, aprisionado-o na camada de muco. Em resumo, as propriedades da região

Fc/componente secretor da IgA permitem a IgA impedir a colonização de patógenos,

sem induzir inflamação. Naturalmente, trata-se de uma propriedade importante numa

região do organismo repleta de substâncias que têm o potencial de induzir respostas

inflamatórias (NAGAO et al., 1995).

Há algumas evidências de que a IgA pode mediar a ADCC através da ligação

ao receptor para Fc. Além disso, a IgA interage através de sua região Fc com a

lactoferrina e lactoperoxidase e, desta maneira, aumenta a função destes elementos

inespecíficos na defesa do hospedeiro. Foram descritos receptores para IgA em

células inflamatórias, que podem promover a destruição de patógenos celulares,

como parasitas, através do mecanismo de ADCC (CARVALHO et al., 1998; SEIDEL

et al., 2001; ROITT et al., 2003).

A IgA secretora dificulta a absorção de partículas antigênicas pelo epitélio

intestinal e impede a aderência e colonização de bactérias, vírus e parasitas na

superfície dos enterócitos (BUENO et al., 2000; GREWAL et al., 2000). Sendo

portanto juntamente com a IgE importante fator nos mecanismos antiparasitários do

sistema imunológico (PEEBLES et al., 2001).

Uma das principais funções dos anticorpos secretores é promover a exclusão

imune, que consiste em um mecanismo não inflamatório para manter fora do

organismo toxinas, microorganismos e outros materiais antigênicos (BRANDTZAEG,

1995).

ELIA (2001a), descreveu que existem muitos indivíduos com deficiência de

IgA, embora sejam saudáveis. A ausência desta imunoglobulina é freqüentemente

associada com infecções do trato respiratório, algumas doenças auto-imunes, asma,

e outras alergias. IgA secretora representa uma barreira local importante para a

destruição de antígenos, pois manifestações gastrintestinais são descritas em

indivíduos com deficiência desta imunoglobulina. Pode ocorrer ocasionalmente uma

30

compensação parcial pelo aumento na síntese de IgM na mucosa e nas secreções,

mas que apresenta uma ação ineficiente. A subclasse mais comprometida na

deficiência de IgA é a IgA1, sendo assim, a preservação relativa de IgA2, predominante nas secreções gastrintestinais, pode manter a função protetora

inalterada (RUPULO et al.,1998).

De acordo com SIRISINHA et al. (1975), diversos estudos experimentais

sugerem que a desnutrição altera os mecanismos de defesa imunológica das

mucosas e compromete a morfologia e a função da barreira intestinal, contra a

invasão de microorganismos e agentes patogênicos em geral. É possível que em

crianças com desnutrição energético protéica exista uma falha na síntese de IgA, ou

que elas apresentem algum bloqueio no transporte de IgA para a superfície das

mucosas (CHANDRA, 1989).

Trabalho realizado por REDDY et al. (1976), demonstrou que o estado

nutricional severo pode comprometer a resposta mediada por IgA. Ao investigar um

grupo de crianças com desnutrição que apresentavam Kwashiorkor e Marasmo, a

concentração de IgA em fluído duodenal, salivar, secreções nasais e lágrimas

estavam significativamente reduzidas quando foram admitidas, e voltaram ao normal

quatro semanas após tratamento. Porém, a concentração de IgA secretora em

crianças com desnutrição energético protéica era semelhante à concentração em

crianças normais, sugerindo que a deficiência de IgA secretora pode ser um

importante fator, promovendo o desenvolvimento de infecções bacterianas,

correspondendo a elevada incidência de infecções severas na mucosa de crianças

com desnutrição protéico calórica na forma grave (FOGAÇA, 2001).

Existem poucas referências na literatura sobre a relação das infecções por

enteroparasitas e níveis de IgA sérica e secretora. ORTIZ et al. (2000) estudando

dois grupos de crianças de duas comunidades diferentes em estágios de

desnutrição, descreveu que deficiências nutricionais em crianças infectadas por

Ascaris lumbricoides e Trichuris trichiura podem interferir e estar diretamente

relacionadas com as concentrações de IgA secretora, como também IgE total. Os

resultados mostram que a medida que aumenta a intensidade da carga parasitária e

a desnutrição, se observa que há uma tendência a diminuir a IgA secretora, com

aumento de IgE total, sugerindo que a desnutrição altera o mecanismo de defesa

das mucosas e compromete a barreira intestinal contra a invasão de patógenos

31

intestinais, embora estes resultados apresentem significado quando comparam-se

as duas populações de crianças entre si (ELIA, 2001b).

2.3 Imunoglobulina E (IgE)

A IgE é uma imunoglobulina monomérica e tem peso molecular de 190.000

Da, constituindo apenas cerca de 0,004% das imunoglobulinas totais do soro

(BACHARIER & GEHA, 2000).

A IgE está presente no cordão umbilical, mucosas, colostro, sangue e tecidos,

nos quais encontra-se fixada aos mastócitos. Os plasmócitos produtores de IgE

distribuem-se quase que completamente nos tecidos linfáticos adjacentes ao trato

respiratório e gastrintestinal (GEHA, 1984; BELL, 1996; RODRIGUES, 2001).

A ação da IgE é ampliada dependendo das atividades dos receptores aos

quais ela está ligada (SUTTON & GOULD, 1993). A IgE se liga aos receptores Fc

nas membranas dos basófilos sangüíneos e dos mastócitos tissulares (RIVERA et

al., 1998). A ligação cruzada das moléculas de IgE, aos receptores pelo antígeno,

induz a degranulação dos basófilos e dos mastócitos, como resultado, há liberação

de vários mediadores farmacologicamente ativos presentes nos grânulos, causando

manifestações alérgicas. A degranulação dos mastócitos e basófilos induzida pela

IgE pode também liberar mediadores que participam e ajudam no recrutamento de

várias células, como macrófagos, necessárias para a defesa antiparasitária

(SUTTON & GOULD, 1993; ATTA et al., 1999; GOLDSBY et al., 2002). A liberação

de mediadores inflamatórios lipídicos, citocinas e quimiocinas nos locais das reações

desencadeadas pela IgE, resulta no recrutamento de eosinófilos e basófilos,

aumentando a resposta de hipersensibilidade do tipo Ι ou hipersensibilidade

imediata (SUTTON & GOULD, 1993; BONNEFOY et al., 1994).

A IgE pode encontrar-se ligada a mastócitos e basófilos pela fração constante

(Fc) à qual liga-se a receptores presentes nessas células. O Fc∈RI e Fc∈RII são

receptores específicos para a IgE (ATTA et al., 1993).

32

Indivíduos com doenças alérgicas ou infecções parasitárias que tem elevados

níveis de IgE, apresentam marcante aumento da expressão de receptores Fc∈RI na

superfície dos mastócitos, com aumento da sensibilidade dessas células à ativação

por baixas concentrações de antígeno específico e à liberação de mediadores e

citocinas dependentes de IgE. O segundo receptor de IgE, o Fc∈RII, é uma molécula

que se liga a IgE com baixa afinidade e é encontrado em muitos tipos celulares

diferentes, incluindo as células B, células T ativadas, monócitos, eosinófilos,

plaquetas, células dendríticas foliculares e algumas células epiteliais tímicas,

apresentando importante função nas células apresentadoras de antígeno, na captura

de antígenos através da IgE específica (CAPRON & CAPRON, 1994; JANEWAY et

al., 2000; TAKAMOTO et al., 2001).

Em infecções por helmintos, e os antígenos liberados por estes estimulam

macrófagos e linfócitos T a interagirem com linfócitos B, os quais produzem

anticorpos, principalmente da classe IgE, que podem se elevar consideravelmente

nos portadores destes parasitas (HAGEL et al., 1993c; JAIN, 1994).

Valores elevados de IgE total e a indução de IgE específica são

características típicas do parasitismo por helmintos. A principal causa para a

elevação dos níveis de IgE, em populações de países em desenvolvimento, é a

síntese policlonal de IgE, a qual é induzida pelas helmintíases intestinais e

dependentes de IL-4 (ELSE & FINKELMAN, 1998; LYNCH et al., 1998; CORRY &

KHERADMAND, 1999).

A produção de grande quantidade de IgE apresenta um aspecto característico

da resposta imune causada por helmintos. Somente parte desta IgE é específica

para o parasita, e o restante representa IgE policlonal não específica (HAGEL et al.,

1995).

As células T auxiliares Th, de acordo com seu perfil de produção de citocinas,

são classificadas em dois tipos: Th1 e Th2. Nos processos em que estas células

secretam IL-4, IL-5 e IL-10 são classificadas como Th2. A IL-4 é uma das principais

citocinas que estimulam linfócitos B a produzirem anticorpos IgE, enquanto o INF-γ é

capaz de retardar tal síntese (SELL, 1996; BACHARIER & GEHA, 2000).

Os anticorpos IgE são produzidos devido a antígenos liberados de parasitas e

apresentados em associação com moléculas de MHC classe II por células

apresentadoras fagocíticas que tendem a ativar células TCD4+ do tipo Th2, as quais

33

secretam IL-4, induzindo a produção de anticorpos IgE pelas células B. A

interleucina 13 também é produzida pela subpopulação Th2 e tem importância na

resposta imune contra parasitas, assim como a IL-4 pode atuar nos linfócitos B,

induzindo produção de IgE, e também podendo contribuir para contração da

musculatura intestinal, auxiliando no processo de expulsão de alguns parasitas

intestinais (MATTHAEI et al., 1997; MEEUSEN & BALIC, 2000).

A elevação de IgE em pacientes parasitados tem sido estudada na Etiópia e

está relacionada principalmente com infestações por Ascaris. CASTILHO DE ARIZA

et al. (1983) demonstrou que a elevação de IgE tem correlação com a presença de

parasitas intestinais, não somente Ascaris, mas também Trichuris (SALDIVA et al.,

1993; MACDONALD et al., 1994).

HAGEL et al. (1993b) em estudo realizado na Venezuela, relacionou a

resposta mediada por IgE em crianças infectadas com A. lumbricoides e o grau de

pobreza. Os resultados demonstraram que a elevada prevalência de helmintíases

nessas crianças estavam relacionadas com o aumento dos níveis de IgE total e

eosinófilos no sangue circulante, relacionando estas variáveis com o baixo nível

socioeconômico da população e as precárias condições de higiene. Esta relação não

foi observada para resposta específica a esses parasitas, pois a positividade para o

teste cutâneo para antígenos de A. lumbricoides e os níveis de IgE específica anti-

Ascaris foram baixos nas crianças mais pobres, que tinham as mais elevadas

incidências de helmintos e os mais altos níveis de IgE total. Isto sugere que baixos

níveis socioeconômicos e a falta de condições sanitárias podem, por influência da

resposta por IgE, comprometer a resistência dessas crianças às infecções

parasitárias.

Porém, LYNCH et al. (1993) avaliando níveis séricos de IgE em crianças de

diferentes idades, de áreas pobres de Caracas, onde a presença de helmintos

intestinais era endêmica, observou que as crianças acima de 5 anos apresentavam

IgE alta e tinham níveis de IL-4 detectáveis no soro, enquanto que as crianças com

menos de 5 anos apresentaram níveis baixos de IgE e tinham IL-4 indetectáveis,

sugerindo que as helmintíases nas crianças com menos de 5 anos não induzem

estimulação policlonal da síntese de IgE, possivelmente devido a ausência de

produção de IL-4 pelo sistema imune imaturo.

Em trabalho realizado por RODRIGUES (2001), na cidade do Natal, em área

de elevados índices de helmintíases intestinais e precárias condições de higiene em

34

crianças de baixo nível socioeconômico com idades de 3 aos 6 anos, os resultados

revelaram altos níveis de IgE total, inclusive com produção de IgE específica para A.

lumbricoides, sugerindo que crianças menores de 5 anos podem desenvolver, após

estímulo, uma resposta imune mediada por IgE específica e policlonal, revelando

resultados diferentes dos apresentados por HAGEL et al. (1993a) e LYNCH et al.

(1993).

2.4 Eosinófilos e Infecções Parasitárias Os eosinófilos são células leucócitos granulocíticos que apresentam vida

média de aproximadamente treze dias, sendo seis dias em desenvolvimento na

medula óssea, um dia na circulação e seis dias nos tecidos. São derivados da

linhagem progenitora mielóide na medula óssea, por estímulo das citocinas IL-3, IL-5

e GM-CSF, e assim chamados por apresentarem grânulos que contêm proteínas

básicas ricas em arginina, que se coram de laranja brilhante pelo corante ácido

eosina (MENDES et al., 1998).

Eosinófilos são células importantes na defesa contra infecções parasitárias.

Foi observado que em presença de antígenos parasitários, estas células apresentam

um tempo de geração medular menor e emergem da medula após 18 h, em vez de

ficarem armazenados alguns dias. Depois disto, ficam em circulação de 6 a 12 h

antes de migrarem para a pele, pulmões e, principalmente ao trato gastrintestinal.

Normalmente não retornam à circulação (McEWEN, 1992; ABBAS et al., 2000;

ROITT et al., 2003).

Dos grânulos encontrados no interior dos eosinófilos destacam-se dois tipos,

que são os pequenos grânulos primários, os quais contêm: arilsulfatase, peroxidase

eosinofílica, fosfatase ácida e os grânulos cristalóides que contêm quatro proteínas

principais: proteína básica maior (PBM), proteína catiônica eosinofílica (PCE),

peroxidase eosinofílica (POE) e neurotoxina derivada de eosinófilo (NDE). Os

grânulos cristalóides consistem de um núcleo de PBM circundado por uma matriz

que contêm PCE, POE e NDE (SPRY, 1985). Entre as substâncias liberadas pelos

eosinófilos para destruição dos parasitas, destaca-se a proteína básica principal

35

(PBP), que é mais efetiva na eliminação destes parasitas (MENDES et al., 1998;

PAWANKAR, 2001).

Assim como os mastócitos, os eosinófilos também atuam nas respostas de

hipersensibilidade e de defesa imune contra parasitas. Estas células liberam

proteínas altamente tóxicas e radicais livres dos seus grânulos, que podem destruir

microrganismos e parasitas, como também podem produzir lesão tecidual

significativa nas reações alérgicas (HAGEL et al., 1993a; ORTIZ et al., 2000).

Os eosinófilos produzem algumas moléculas, incluindo as prostaglandinas,

leucotrienos e citocinas, que amplificam a resposta inflamatória, recrutando e

ativando mais eosinófilos e outros leucócitos (CAPRON & DESREUMAUX, 1997). O

aumento do número de eosinófilos no sangue periférico ocorre em resposta a vários

estímulos específicos e inespecíficos (McEWEN, 1992). Os mastócitos quando

ativados também produzem substâncias, como as prostaglandinas, leucotrienos e

citocinas, que amplificam a resposta inflamatória recrutando e ativando mais

eosinófilos (CAPRON & DESREUMAUX, 1997; CORRY & KHERADMAND, 1999).

As infecções parasitárias constituem causa comum de eosinofilia, em

particular, as infecções por helmintos que invadem os tecidos durante a fase larvária

de desenvolvimento (CARDOSO, 1997; TUNON DE LARA et al., 2000).

Os eosinófilos combatem os parasitas de duas formas: através da liberação

de substâncias que atuam na superfície dos parasitas, e através da ADCC, na qual

estes anticorpos, preferencialmente da classe IgE, promovem uma maior

proximidade das células com o parasita, facilitando o processo de degranulação

destas (ALBUQUERQUE et al., 1990).

Por ocasião de infecções parasitárias, os eosinófilos apresentam um maior

número de receptores para fração Fc de IgG, IgE e IgA, e também para algumas

frações do complemento (C3b e C4), o que evidencia a influência do parasita na

maturação celular (ABU-GHAZALEH et al., 1989; MOTEGI & KITA, 1998; DE LA

RUE, 2001).

A destruição de parasitas deve-se a liberação do conteúdo de grânulos dos

eosinófilos no meio circundante. Normalmente, os eosinófilos degranulam e liberam

o conteúdo granular sobre a cutícula do verme (JARRETT & MILLER, 1982; LYNCH

et al., 1998; DE LA RUE, 2001).

Este conteúdo granular inclui os produtos da explosão respiratória, tais como

o superóxido, peróxido de hidrogênio e outros radicais livres gerados pela

36

peroxidase e pelas enzimas líticas eosinofílicas, como lisofosfolipase e a fosfolipase

D (SPRY, 1985). A tendência destas células em descarregar sua peroxidase

extracelularmente, sugere que seu papel inicial básico seja de defesa contra

parasitas invasores teciduais, e que o mecanismo de resposta anti-helmíntica

mediada por eosinófilos IgE-dependente deva ser o mais importante mecanismo de

resistência a helmintos (SPRY, 1985; WELLER, 1991; ATTA et al., 2002).

DE LA RUE (2001) refere que a relação entre eosinofilia e protozoários é

pouco analisada na literatura científica, provavelmente devido a sua menor

importância, entretanto, está bem descrita a presença de eosinófilos nos tecidos em

processos patológicos causados por protozoários, mas sua presença aumentada no

sangue circulante não tem sido normalmente observada.

MEEUSEN & BALIC (2000), relatam em trabalhos, que em relação aos

helmintos, é importante considerar que as formas que estão na luz intestinal

produzem eosinofilia expressiva, ao contrário das formas teciduais, onde esta se

manifesta significativamente. Entre os nematóides intestinais, Ancylostomatidae e

Strongyloides são os que produzem eosinofilia mais elevada. A. lumbricoides,

quando encontrado na forma adulta, pode originar discreta elevação destas células

em um terço dos pacientes, como também com Enterobius vermicularis onde

metade dos pacientes apresentam discreta eosinofilia (HASWELL-ELKINS, 1992).

2.5 Infecção Parasitária

As infecções por helmintos intestinais são as de maior prevalência entre as

infecções humanas, afetando aproximadamente um quarto da população mundial,

principalmente nos países em desenvolvimento, onde a maioria dos indivíduos vive

em condições precárias de higiene e saneamento básico. A disposição na forma de

transmissão tem sido vinculada a variações das características do meio em que se

encontram, imunidade do hospedeiro e a resistência das formas parasitárias ao

ambiente. Indivíduos que apresentam elevadas cargas parasitárias representam

uma grande importância na dinâmica de transmissão destas infecções. A severidade

dessas enteroparasitoses pode estar relacionada com o nível de higiene da

37

população, localização e o equilíbrio parasita – hospedeiro (FORRESTER et al.,

1988; MORALES et al., 1999).

O ambiente exerce um importante papel na transmissão das parasitoses

intestinais, já que ovos de helmintos, alguns embrionados como os ovos de A.

lumbricoides, quando eliminados no solo pelas fezes do hospedeiro, não possuem

capacidade para infecção. Essa capacidade só é adquirida após um processo

evolutivo que dura cerca de três ou quatro semanas, necessitando para isso de

lugares úmidos, quentes e sombreados, podendo levar à contaminação da água e

alimentos (MACEDO et al., 1999; MORALES et al., 1999; CAMPOS et al., 2002;

CARNEIRO et al., 2002).

A maioria das infecções parasitárias passa por repetidos ciclos vitais

complexos. Uma das características fundamentais destas infecções é sua

cronicidade, na qual existem muitas possibilidades para que ela ocorra, incluindo a

diminuída imunidade inata e a capacidade dos parasitas de se evadirem ou

apresentarem resistência à eliminação pela resposta imune específica. Indivíduos

que residem em áreas endêmicas exigem repetidos ciclos de quimioterápicos em

razão da constante exposição aos parasitas. A principal resposta imune inata aos

protozoários é dada principalmente pelos fagócitos, porém, muitos desses parasitas

são resistentes aos mecanismos de fagocitose e podem se multiplicar. Os fagócitos

também apresentam mecanismos contra helmintos e secretam substâncias

microbicidas para destruir organismos que são muito grandes para serem

fagocitados. Muitos helmintos apresentam tegumento espesso que os tornam

resistentes (CARDOSO, 1997; KIGHTLINGER et al., 1998; ABBAS et al., 2000).

As parasitoses intestinais são importantes causas de alterações imunológicas

em indivíduos de países em desenvolvimento e a gravidade dessas alterações pode

ser correlacionada ao grau de parasitismo. Além disso, estas infecções estão

freqüentemente associadas à desnutrição, que contribuem para o estado de

imunodeficiência, e esta presença de desnutrição pode modular a resposta

imunológica, alterando os mecanismos de produção dos anticorpos, principalmente

IgA e IgE (CASTILHO DE ARIZA et al., 1983; CARVALHO et al., 1998).

Estudos realizados por GUIMARÃES & SOGAYAR (2002) avaliaram

anticorpos séricos anti-Giardia lamblia em crianças de creches em área endêmica e

obtiveram um total de 63,3% de crianças com a presença de G. lamblia, sendo que

destas 68% apresentaram anticorpos anti-Giardia lamblia, salientando a importância

38

da avaliação imunológica de crianças em idade escolar e habitante de áreas

contaminadas.

Biópsias de cólon de crianças com síndrome diarréica por T. trichiura,

mostraram aumento do número de células contendo TNF-alfa, quando comparado

ao grupo controle. É possível que uma inflamação mediada por macrófagos e por

uma produção local de citocinas produzam função reguladora da inflamação

intestinal na infecção por T. trichiura (LILLYWHITE et al., 1991; MACDONALD et al.,

1994).

Desnutrição e infecções parasitárias continuam sendo as principais causas de

morbidade e mortalidade infantil nos países em desenvolvimento, sendo assim,

quando associadas constituem a principal causa de óbito, principalmente em

crianças menores de dois anos. É necessário conhecer as alterações imunológicas

determinadas pela má nutrição para melhor combater as infecções parasitárias

(GROSS et al., 1989; CARDOSO,1997; NASCIMENTO et al., 1999).

2.6 Imunidade e Nutrição

A presença de desnutrição energético protéica e as deficiências de múltiplos

nutrientes com enfermidades associadas aumentam a morbidade e a mortalidade, e

na maioria das vezes contribuem para o aumento da susceptibilidade às infecções

(CHANDRA, 1972).

Na desnutrição crônica, observa-se que todos os órgãos linfóides, inclusive o

timo, estão atrofiados e depletados de linfócitos. A desnutrição grave pode

determinar disfunções no sistema imunológico e alterações importantes nas

principais respostas imunoefetoras, caracterizadas por alterações da imunidade

celular e humoral, com diminuição da produção de anticorpos direcionados a

antígenos T-dependentes, diminuição da afinidade dos anticorpos, alterações nas

funções fagocíticas dos leucócitos, no sistema complemento, diminuição da

atividade das células NK (Natural Killer) e síntese de citocinas (REDDY et al., 1976).

Ocorre, na desnutrição indução significativamente reduzida da concentração

de IgA secretora, presente na mucosa intestinal e em suas secreções, conseqüente

39

à diminuição da formação de células precursoras de linfócitos B e da diferenciação

para células B-IgA+ dependentes de linfócitos T CD4+ nas placas de Peyer. Da

mesma forma, a regulação dos plasmócitos produtores de IgA também depende das

linfocinas produzidas por linfócitos T CD4+ na mucosa intestinal, por isso, é

necessária a presença de células T CD4+ funcionantes no intestino para que haja o

desenvolvimento de todo o mecanismo de defesa dependente da resposta de

plasmócitos locais (REDDY et al.,1976; SUSKIND et al.,1976).

HAGEL et al. (1995), relataram que crianças mal nutridas podem ter uma

potencialização da síntese policlonal de IgE induzida por helmintos, pois, ao

comparar crianças bem nutridas com mal nutridas, observou-se que estas últimas

tinham níveis de IL-4 e de IgE total elevado, mesmo após tratamento com anti-

helmínticos, o que não ocorria com os níveis de IgE específica para A. lumbricoides,

que já eram baixos, e assim, continuavam mesmo após tratamento. Foi então

sugerido que a desnutrição, por afetar a resposta mediada por IgE, pode diminuir a

resistência das crianças às infecções helmínticas, e que, nesta situação, os

mecanismos protetores não são reativados, mesmo após tratamento anti-helmíntico.

Em trabalho realizado por CHANDRA (1983), estudando o sangue periférico

de crianças que apresentavam desnutrição energético protéica, evidenciou que na

ausência de infecção, o número de linfócitos foi menor que nos pacientes controles,

com uma diminuição de subpopulações de células T CD3+, CD4+ e CD8+, mas com

alterações mais significativas na subpopulação CD4+. Ainda mostrou que apesar do

número de linfócitos B estarem discretamente diminuídos em relação aos controles,

em presença de desnutrição, estes apresentavam alterações funcionais que

desapareciam após a repleção nutricional.

SIRISINHA et al. (1975), demonstrou que crianças com distúrbios nutricionais

podem apresentar alterações morfoestruturais na mucosa intestinal. A mesma

constatou que crianças com desnutrição protéica energética crônica e grave,

conhecida como Kwashiorkor, apresentavam níveis diminuídos de IgA secretora e

que após a reabilitação nutricional, estes níveis se normalizavam.

As condições nutricionais da população brasileira melhoraram nas últimas três

décadas, mesmo assim, é pouco conhecido o papel da assistência oferecida por

instituições públicas, que atendem crianças pré-escolares de baixa renda e de maior

risco nutricional. Nos períodos de 1974 a 1996, houve, em território nacional, uma

diminuição importante na prevalência de retardo de crescimento, mantendo-se

40

diferenças regionais desfavoráveis para as regiões Norte e Nordeste, que em

menores de cinco anos, apresentaram déficit de altura de 17% e 13%,

respectivamente (CORREA et al., 1999).

41

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Avaliar níveis de IgA sérica, IgA secretora salivar, IgE total e estado

nutricional de uma população de crianças de baixo nível socioeconômico,

freqüentadoras de creche, e correlacionar com infecções parasitárias.

3.2 Objetivos Específicos

1. Correlacionar as infecção por enteroparasitas com os níveis de IgA sérica e

secretora;

2. Estudar a relação entre o estado nutricional das crianças com os níveis das

imunoglobulinas dosadas (IgA sérica, IgA secretora e IgE total);

3. Avaliar o número de eosinófilos no sangue destas crianças;

4. Analisar o estado nutricional e correlacionar com níveis de proteínas totais,

albumina e globulina;

5. Avaliar a correlação entre infecção por enteroparasitas e estado nutricional das

crianças.

42

4 CASUÍSTICA, MATERIAL E MÉTODOS 4.1 População de estudo

A população estudada foi representada por 103 crianças de ambos os sexos,

sendo 54 do sexo masculino e 49 do sexo feminino, com idades variando dos 3 aos

6 anos, todas freqüentadoras da Creche Nossa Senhora de Lourdes, na cidade do

Natal. O trabalho teve início após ter sido aprovado pelo Comitê de Ética em

Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CEP-UFRN). A coleta de dados teve início após a assinatura do “Termo de

Consentimento Consciente”, segundo a resolução 196/96 do Conselho Nacional

de Saúde (Anexo 1), pelos pais ou responsável, os quais responderam a um

protocolo de pesquisa (Anexo 2), onde foi avaliada a história pessoal e familiar das

crianças.

As amostras de sangue, fezes e saliva, foram obtidas durante o período de

Março a Junho de 2002, juntamente com a avaliação antropométrica, a qual foi

realizada por nutricionista da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN.

Das 103 crianças, 02 não foram submetidas a avaliação nutricional.

As crianças eram todas moradoras do mesmo bairro, e segundo o protocolo

respondido pelos pais, todas encontravam-se com as vacinas básicas em dia e

viviam em condições socioeconômicas similares, sem saneamento básico e com

precárias condições de higiene. A renda média observada era de um salário mínimo,

segundo a classificação dos indicadores mínimos (IBGE, 1998).

Foi utilizado como critério de exclusão: crianças com idades inferiores a três

anos e superiores a 6, que faziam uso de alguma medicação, e as que

apresentavam quadros febris ou alguma patologia diagnosticada no momento da

entrevista com os responsáveis.

43

4.2 Materiais 4.2.1 Amostras Biológicas

• Sangue

As amostras de sangue periférico foram coletadas às 7 horas da

manhã através de punção venosa, com seringas de 5 mL e agulhas

descartáveis, transferidos para tubos contendo etilenodiamino tetracético

tripotássico – EDTA-K3 (VACUTEINER) para realização do hemograma e

para tubos sem anticoagulantes (VACUTEINER), para obtenção de soro a

partir da coagulação do sangue total em temperatura ambiente, seguido de

centrifugação por 15 min, a 5.000 Xg e 26-27oC. O soro foi utilizado para a

realização das dosagens de proteínas totais e frações, eletroforese de

proteínas, IgA e IgE total.

• Fezes

As fezes foram colhidas em três (03) amostras seriadas, em coletores

descartáveis (coletores universal), e encaminhados para análise sem anti-

sépticos ou preservativos.

• Saliva

A saliva foi colhida pela manhã, com a criança sem ingestão prévia de

alimentos sólidos para evitar que restos de alimentos se misturassem à saliva.

A amostra foi coletada em coletores estéreis e descartáveis (coletores

universal), sem anti-sépticos ou preservativos, e conservadas à –20oC até a

sua análise.

44

4.3 Métodos 4.3.1 Dosagens de IgA sérica, IgA secretora e IgE total

As dosagens de IgA sérica foram realizadas por turbidimetria,

utilizando-se o sistema automatizado TURBIQUANT (Dade Behring), no

Laboratório Antônio Prudente, Natal/RN, enquanto as dosagens de IgE total

foram realizadas pelo método de fluorimetria, através do sistema UniCAP 100

da Pharmacia & UpJonh, no Laboratório de Alergia e Biologia Molecular da

Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/SP. A IgA secretora foi determinada

por nefelometria em automação, no sistema Beckman Array 360, no Instituto

de Patologia Clínica Hermes Pardini, em Belo Horizonte/MG.

4.3.1.1 Determinação de IgA Sérica

A determinação dos níveis séricos de IgA foi realizada pela técnica de

turbidimetria, utilizando kit comercial (IgA TURBIQUANT- Dade Behring),

seguindo as especificações do fabricante. Em resumo, foi pipetado 500 µL de

tampão contendo anticorpos monoclonais de coelho anti-IgA humana para 50

µL da amostra diluída de 1:21 em solução fisiológica, e então colocadas em

uma cubeta dentro do equipamento. A turbidez formada é proporcional a

concentração de IgA na amostra, formando um precipitado resultante do

complexo antígeno-anticorpo.

As concentrações presentes foram determinadas quantitativamente

pela medição turbidimétrica da velocidade máxima da reação, através do

método da taxa de pico (peack-rate). Os valores de referência utilizados foram

de 0,7 a 4,0 g/L.

45

4.3.1.2 Determinação de IgA Secretora A determinação dos níveis de IgA secretora foi realizada pela técnica

de nefelometria, utilizando kit comercial (Beckman IgA – Immunoglobulin A

quantificação), seguindo todas as especificações do fabricante. A técnica

consiste, em resumo, em depositar 150µL da amostra diluída em uma razão

de 1:36 em microtubos colocados no equipamento, juntamente com o

reagente (IGA) que é formado por uma solução com anticorpos monoclonais

anti-IgA, peça secretora, para a formação de um precipitado no qual foi obtido

leitura através de nefelômetro. Após a análise, o resultado foi calculado

baseado na diluição utilizada.

As amostras foram enviadas seguindo todas as orientações e

recomendações de coleta fornecidas pelo laboratório. Os valores de

referência utilizados de acordo com os padrões de IgA secretora foram de 3,5

a 36,8 mg/L. 4.3.1.3 Determinação de IgE Total

A determinação dos níveis séricos de IgE total foi realizada pela técnica

de fluorimetria (Enzyme Linked Immuno sorbent Assay), utilizando kit UniCAP

(Pharmacia & Upjonh), seguindo as especificações do fabricante. A técnica

consiste na captura de antígenos (IgE) utilizando anticorpos monoclonais anti-

IgE ligados em fase sólida. Em uma primeira fase, foram incubados 40 µL de

soro durante 30 min, seguido de lavagem após o período de incubação. Na

segunda fase, foram adicionados 50 µL do conjugado (enzima β-

galactosidase conjugada a anti-IgE de rato) e incubados durante 30 min à

37°C. Logo após a segunda etapa de incubação, foram realizadas lavagens

para remover o conjugado que não se ligou ao imunocomplexo, e adicionado

50 µL da substância cromogênica (4-Metilumbeliferil-β-D-galactosídeo a

0,01%). Após o período de 10 min de incubação ao abrigo da luz, a reação foi

bloqueada com 600 µL de carbonato de sódio a 4%, e a leitura da

fluorescência realizada em seguida. A curva de calibração foi traçada com

calibradores de IgE total nas concentrações de 2, 10, 50, 500, 1000 e 5000

46

KU/I, padronizadas segundo as especificações do 2nd International Reference

Preparation 75/502 of Human Serum Imunoglobulin E.

As amostras foram enviadas seguindo todas as orientações e

recomendações de coleta fornecidas pelo laboratório. Os valores de

referência utilizados de IgE total por idade foram: 3 anos (até 32 KU/L), 4

anos (até 40 KU/L), 5 anos (até 48 KU/L) e 6 anos (até 56 KU/L).

4.3.2 Determinação de Proteínas Totais A determinação dos níveis de proteínas totais foi realizada pela técnica

de colorimetria, utilizando kit comercial (Proteínas-Kit bioMérieux), em

analisador automatizado (ALIZÉ, Inc. France), seguindo as especificações do

fabricante. Nesta análise, foram colocados nas cubetas 150 µL de soro e

incubados por 3 min com 300 µL de biureto, constituído de uma solução de

sulfato de cobre, citrato trissódico, carbonato de sódio e hidróxido de sódio.

Após a incubação, o complexo formado de coloração violeta foi lido em

espectrofotômetro a 545 nm (KACHMAR, 1970).

Os valores de referência no soro para indivíduos normais variam de 6,2

a 8,0 g/dL, de acordo com os padrões de comparação do fabricante 4.3.3 Determinação de Albumina Sérica

A determinação dos níveis de albumina sérica foi realizada pela técnica

colorimétrica, utilizando kit comercial (Albumina - Kit bioMérieux), em

Analisador automatizado (ALIZÉ, Inc. France), seguindo as especificações do

fabricante. Nesta análise, 180 µL de soro foram incubados com 250 µL de

verde de bromocresol em pH alcalino por 4 min em cubetas, no interior do

equipamento, o que resultou em um composto verde, que foi proporcional à

concentração de albumina da amostra. A leitura foi obtida por

espectrofotômetro a 628 nm. (KACHMAR, 1970).

De acordo com o fabricante, os valores de referência para indivíduos normais

variam de 3,8 a 5,4 g/L.

47

4.3.3.1. Determinação das Globulinas

A determinação das globulinas séricas foi feita através da diferença

(subtração) entre as proteínas totais e a albumina sérica.

Os valores de referência utilizados em indivíduos normais, variam de 1,0

a 3,0 g/dL (KACHMAR, 1970).

4.3.4 Eletroforese de Proteínas

As frações protéicas (albumina, α-1 globulina, α-2 globulina, β-globulina e

γ-globulina) no soro foram separadas por corrida eletroforética em acetato de

celulose (2,5 x 14 cm – marca CELLOGEL), sob a diferença de potencial de

200 volts, durante 25 min, utilizando tampão Tris-Glicina-Pirofosfato de Sódio,

pH 9,0.

A amostra foi depositada sobre o suporte com a ajuda do micro aplicador

(0,5µL de soro), sendo submetida a ação de campo elétrico em cuba

eletroforética durante 35 min (tensão de 200 V). Após separação, as frações

foram coradas pelo Ponceau S (Ácido tricloroacético 5%) durante 8 min e

posteriormente descorada em solução de ácido acético a 5% e submetidas a

um processo de transparentização em solução de metanol: ácido acético:

glicerina (21,25: 3,5 :0,5 mL), seguido de secagem por 5 min em estufa a

60˚C, sendo quantificadas em densitômetro BTS 235 da Biosystems

(NOGUEIRA et al., 1990).

4.3.5 Contagem Absoluta de Eosinófilos

A contagem absoluta dos eosinófilos foi realizada em analisador

automático ADVIA 60 (BAYER-DIAGNOSTICS), utilizando 30 µL de sangue

total, previamente homogeneizado, analisado pelo método de impedância. Os

valores de referência variam até 650 eosinófilos por mm3 de sangue, de

acordo com a faixa etária das crianças estudadas (SPRY, 1988).

48

4.3.6 Contagem Relativa de Eosinófilos

O número relativo de eosinófilos no sangue foi determinado em distenção

sanguínea, obtida de sangue periférico, como descrito no item (4.2.1). A

lâmina foi coberta por corante de Leishman durante 7 min e 30 seg, seguida

de lavagem em água destilada. Após secagem da lâmina, foram contados 200

leucócitos em microscópio óptico em objetiva de imersão (100 x). O critério de

classificação para eosinofilia foi o proposto por Naveira: Normal (1 a 4%),

Grau I (5 a 10%), Grau II (11 a 20%), Grau III (21 a 50%) e Grau IV (acima de

50%) (NAVEIRA, 1960).

4.3.7 Exame Parasitológico de Fezes (EPF)

Foram avaliadas 03 amostras seriadas de fezes de cada criança para a

detecção de ovos, cistos e larvas de parasitas, empregando-se os métodos

de sedimentação espontânea, descrito como método de HOFFMAN, PONS &

JANER (HOFFMAN et al., 1934), o método de FAUST et al. (FAUST et al.,

1938), que se baseia na centrifugo-flutuação das formas parasitárias em

sulfato de zinco a 33%, e o terceiro e último método foi o de BAERMANN–

MORAES (BAERMANN-MORAES, 1948), baseada no hidro e termotropismo

das larvas. O método de KATO-KATZ (Kato-Katz apud NETO, 1991) foi

empregado quando necessário, para a quantificação de ovos de helmintos.

4.3.7.1 Método de HOFFMAN, PONS & JANER

Neste método, 5 g de fezes foram emulsionadas em água destilada,

filtrada através de gaze (dobrada quatro vezes) em cálice de sedimentação e

o volume final foi completado com água destilada. Após repouso de 2 a 24 h

foi decantado o sobrenadante e examinado o sedimento em microscópio

óptico em lâmina com uma gota de lugol (40x) (HOFFMAN, et al., 1934).

49

4.3.7.2 Método de FAUST et al. Para execução deste método foi preparada uma suspensão

homogeneizada de fezes, com aproximadamente 2 g de fezes para 20 mL de

água destilada, utilizando um bastão de vidro. Esta suspensão foi filtrada

através de gaze (dobrada quatro vezes) para tubos de vidro (13 x 100 mm) e

centrifugado por 1 min, a 5000 Xg, em temperatura ambiente. O sobrenadante

foi decantado e o sedimento ressuspenso com 3 mL de água destilada e foi

centrifugado novamente por 1 min, a 5.000 Xg, em temperatura ambiente. A

operação foi repetida até que o sobrenadante ficasse transparente, sendo

então decantado, e o sedimento ressuspenso em 3 mL de solução de sulfato

de zinco a 33% e centrifugado a 5.000 Xg durante 1 min. A película formada

na superfície do líquido foi retirada com alça bacteriológica de platina dobrada

em um ângulo de 90º, colocada sobre lâmina com uma gota de lugol e coberta

com lamínula. A leitura foi feita em microscópio óptico comum (40 x) (FAUST

et al., 1938).

4.3.7.3 Método de BAERMANN – MORAES Neste método, 8 a 10 g de fezes foram espalhadas em gaze (dobrada

quatro vezes) sobre tela de nylon encaixada em cálice de sedimentação. Em

seguida, foi adicionada água destilada aquecida a 45oC, até que as fezes

ficassem parcialmente submersas. Após repouso de 60 min, foram retirados 4

mL do sedimento com pipeta de Pasteur e depositado em vidro de relógio por

5 min, para ser examinado em microscópio entomológico (4x) (BAERMANN-

MORAES, 1948).

4.3.7.4 Método de KATO-KATZ Neste método, foi determinado o número de ovos de helmintos (método

de quantificação para ovos). As fezes foram colocadas sobre papel

absorvente, e sobre a mesma comprimiu-se uma tela de nylon para que uma

50

pequena parte da amostra passasse através das malhas. Logo após, a parte

da amostra que passou sobre a tela, foi colocada em um orifício de uma placa

perfurada com ajuda de uma pequena espátula plástica descartável que ficou

sobre a lâmina.

Depois de retirada a placa perfurada que estava sobre a lâmina, um

cilindro de fezes foi formado e coberto por lamínula de papel celofane tratada

previamente com solução de verde malaquita em glicerina. A lamínula foi

pressionada com o polegar para que o material se espalhasse

uniformemente. Após repouso por 60 min a preparação foi analisada em

microscópio óptico para a contagem dos ovos de helmintos, utilizando objetiva

de 40x (Kato-Katz apud NETO, 1991).

4.3.8 Avaliação Nutricional

O estado nutricional das crianças foi determinado pela avaliação

antropométrica a partir da obtenção de medidas de peso e altura. O peso foi

aferido com auxílio de balança digital (Filizola®), com capacidade para 150

kg, precisão de gramas e considerando uma casa decimal para a sua leitura.

As crianças foram pesadas de pé, descalças e com o mínimo de roupa.

A altura foi medida com o auxílio de fita métrica, graduada em

centímetros, com precisão de milímetros, considerando para a sua leitura o

0,5 cm mais próximo. As crianças estavam descalças, em posição ereta, de

costas para o marcador, com os pés unidos, calcanhares e a parte posterior

da cabeça apoiada à parede (ANJOS, 1989).

Para a avaliação antropométrica foram utilizados os indicadores

Peso/Idade (P/I), Peso/Altura (P/A) e Altura/Idade (A/I), os quais foram

comparados utilizando-se os ESCORES DE DESVIO PADÃO (ESCORES-Z),

derivados dos dados de referência do National Center for Health Statistics

(NCHS), segundo recomendações da World Health Organization (WHO) (1983).

As crianças foram classificadas nos seguintes estados nutricionais:

nutridas (eutróficas) e desnutridas (desnutrição leve e moderada). O estado

nutricional foi definido pela presença do mesmo parâmetro (desnutridas ou

51

nutridas), apresentado em no mínimo dois indicadores antropométricos,

dando prioridade, ao indicador da altura.

4.3.9 Análise Estatística dos Resultados

Os resultados obtidos nos protocolos descritos neste projeto foram

divididos em duas partes. A primeira parte foi à análise descritiva para os

tipos de parasitas e uma outra parte foi à análise inferencial com a aplicação

do teste não-paramétrico (Teste da Mediana) para os grupos estudados

(idade, sexo e estado nutricional) e aplicação da correlação de Pearson entre

as variáveis estudadas, no qual o valor mínimo de significância utilizado foi de

5%.

Os dados foram analisados no software STATISTICA versão 5

(StatSoft, inc.2000).

52

5 RESULTADOS 5.1 Características da Amostra Na amostra estudada, verificou-se uma distribuição homogênea em relação

ao sexo das crianças e as idades de 3 e 4 anos encontraram-se uniformemente

distribuídas (77,6%), enquanto que as crianças de 5 e 6 anos apresentaram

números menores 21,4% e 1,0%, respectivamente, como podemos observar na

Tabela 1.

TABELA 1: Distribuição por sexo e idade de 103 crianças, freqüentadoras da Creche Nossa Senhora de Lourdes, na cidade do Natal-RN.

POPULAÇÃO

NÚMERO ABSOLUTO PERCENTUAL (%)

SEXO

Masculino

Feminino IDADE 3 Anos 4 Anos 5 Anos 6 Anos

54

49

40

40

22

01

52,4

47,6

38,8

38,8

21,4

1,0

53

5.2 Fatores Socioeconômicos O perfil sócio-econômico encontrado nas famílias das crianças estudadas, foi

de renda familiar de até um salário mínimo, os pais com ocupação de baixa

remuneração ou mesmo desempregados, com moradia sem esgoto ou fossa e a

água de consumo sendo originada de torneira ou filtro. A Tabela 2 mostra a

distribuição das famílias das crianças segundo os indicadores sociais mínimos

(IBGE,1998).

54

TABELA 2: Distribuição segundo os indicadores sociais mínimos das famílias de 103 crianças, freqüentadoras da Creche Nossa Senhora de Lourdes, na cidade do Natal-RN.

Variável / Categoria Percentual (%) 1. Renda Familiar Até 1 salário mínimo

1,5 salários mínimos

2 salários mínimos

2,5 salários mínimos

3 salários mínimos

2. Perfil de Ocupação do Pai Vigilante

Pedreiro

Desempregado

Cozinheiro

Porteiro

Garçom

Outros*

3. Perfil de Ocupação da Mãe Dona de casa

Empregada doméstica

Outros**

4. Esgotamento Sanitário Sim

Não

5. Fossa Sanitária Sim

Não

6. Tipo de Água para Consumo Torneira

Filtrada

Pote

Mineral

54,5 1,9

35,9 1,9 5,8

10,7 10,7 8,7 6,8 4,9 3,9

54,3

37,8 35,0 27,2

41,6 58,4

43,7 56,3

40,8 40,8 10,7 7,7

* Auxiliar de serviço geral (ASG), mecânico, pastorador de carro, pescador, eletricista e zelador.

** Auxiliar administrativo, desempregado, babá, monitora, garçonete, auxiliar de serviço geral (ASG)

e camareira.

55

5.3 Avaliação Nutricional Os resultados da avaliação nutricional de 101 crianças estudadas foram

obtidos através de análise antropométrica.

Na Tabela 3 pode-se verificar que, 69,3% das crianças analisadas foram

classificadas como nutridas (eutróficas) e 30,7% desnutridas (desnutrição leve ou

moderada). TABELA 3: Avaliação do estado nutricional de 101 crianças de baixo nível socioeconômico, freqüentadoras da Creche Nossa Senhora de Lourdes, na cidade do Natal-RN.

ESTADO NUTRICIONAL*

NÚMERO ABSOLUTO

PERCENTAGEM (%)

Nutridas

Desnutrido*

70

31

69,3

30,7

* Desnutrido: Desnutrição leve (N=29) e moderada (N=2).

56

5.3.1 Proteínas Totais e Frações Os resultados obtidos mostraram que 84,5% das crianças estavam com as

proteínas totais em níveis normais, enquanto que, 15,5% com seus níveis

aumentados. Foi realizada a eletroforese de proteínas das crianças cujas proteínas

se encontravam com valores aumentados, e os resultados demonstraram que a

fração aumentada em 100% das amostras era a fração gama globulina.

Não houve diferença significativa nas concentrações das proteínas totais

entre as crianças nutridas (MD=7,5 g/dL) e desnutridas (MD= 7,3 g/dL), de acordo

com a Figura 1.

FIGURA 1: Níveis de proteínas totais e estado nutricional de 101 crianças

de baixo nível socioeconômico, freqüentadoras da Creche Nossa Senhora de Lourdes, na cidade do Natal-RN. As dosagens das proteínas totais

foram determinadas por colorimetria e o estado nutricional, através de avaliação

antropométrica. p>0,05, quando comparado à concentração das proteínas totais nos

estados nutricionais.

57

As Figuras 2 e 3 mostram as medianas das concentrações de albumina

e globulina, obtidas entre as crianças nutridas (MD=4,74 g/dL) e (MD=2,77 g/dL) e

desnutridas (MD=4,67 g/dL) e (MD=2,36 g/dL) respectivamente, nas quais, observa-

se que não houve diferença significativa entre estes dois grupos relacionados.

FIGURA 2: Concentração de albumina sérica e estado nutricional de 101 crianças de baixo nível socioeconômico, freqüentadoras da Creche Nossa Senhora de Lourdes, na cidade do Natal-RN. A dosagem de Albumina foi determinada

por colorimetria e o estado nutricional através de avaliação antropométrica. p>0,05, quando

comparado à concentração de albumina nos estados nutricionais.

58

FIGURA 3: Concentrações de globulinas sérica e estado nutricional de 101 crianças de baixo nível socioeconômico, freqüentadoras da Creche Nossa Senhora de Lourdes, na cidade do Natal-RN. A determinação das globulinas séricas

foi feita através da diferença (subtração) entre as proteínas totais e a albumina sérica e o

estado nutricional através de avaliação antropométrica. p>0,05, quando comparado à

concentração de globulina nos estados nutricionais.

59

5.4 Infecção Parasitária Para a pesquisa de helmintos e protozoários intestinais nas crianças

freqüentadoras da Creche Nossa Senhora de Lourdes, os dados obtidos (Tabela 4),

apresentaram uma alta prevalência de enteroparasitoses (94,2%), estando a grande

maioria das crianças (64,1%) infectadas com três ou mais espécies de parasita.

Apenas 6 amostras (5,8%) não apresentaram ovos e larvas de helmintos e/ou cistos

de protozoários. Não houve diferença significativa quando se relacionou a

distribuição dos parasitas intestinais com a idade e sexo das crianças.

TABELA 4: Parasitismo, segundo o número de espécies infectantes em 103 crianças de baixo nível socioeconômico, freqüentadoras da Creche Nossa Senhora de Lourdes, na cidade do Natal-RN.

PARASITISMO*

NÚMERO ABSOLUTO

PERCENTAGEM (%)

Ausência de Parasitas Monoparasitado Biparasitado Poliparasitado

06

13

18

66

5,8

12,6

17,5

64,1

TOTAL

103

100,0

* As amostras de fezes foram processadas e analisadas pelos métodos de Hoffman, Pons

& Janer; Baermann-Morais e Faust et al.

60

Na Tabela 5 pode-se observar que de 97 crianças com presença de parasitas

intestinais, a grande maioria apresentou associação entre helmintos e protozoários

(64,1%). Apenas 8 crianças estavam infectadas por helmintos e 23 com

protozoários. Conforme se observa na Tabela 6, T. trichiura (52,4%) e A.

lumbricoides (49,5%) foram os hemintos mais freqüentes, enquanto que E. nana

(68,0%) e G. lamblia (49,5%) foram os protozoários mais comumente presentes nas

amostras analisadas.

TABELA 5: Freqüência de parasitas intestinais em 103 crianças de baixo nível socioeconômico, freqüentadoras da Creche Nossa Senhora de Lourdes, na cidade do Natal-RN.

PARASITAS INTESTINAIS*

NÚMERO ABSOLUTO

PERCENTAGEM (%)

Ausente Presente Helmintos Protozoários Helmintos e Protozoários

06

97

08

23

66

5,8

94,2

7,8

22,3

64,1

* As amostras de fezes foram processadas e analisadas pelos métodos de Hoffman,Pons &

Janer; Baermann-Morais e Faust et al.

61

TABELA 6: Parasitas intestinais presentes em 103 crianças de baixo nível socioeconômico, freqüentadoras da Creche Nossa Senhora de Lourdes, na cidade do Natal-RN.

PARASITAS INTESTINAIS*

NÚMERO ABSOLUTO

PERCENTAGEM (%)

HELMINTOS

Trichuris trichiura Ascaris lumbricoides Hymenolepis nana Strongyloides stercoralis Enterobius vermicularis Ancylostoma duodenale PROTOZOÁRIOS Endolimax nana Giardia lamblia Entamoeba coli Entamoeba histolytica Iodamoeba butschlii

54

51

12

07

04

04

70

51

34

16

07

52,4

49,5

11,7

6,8

3,9

3,9

68,0

49,5

33,0

15,5

6,8

* As amostras de fezes foram processadas e analisadas pelos métodos de Hoffman, Pons &

Janer; Baermann-Morais e Faust et al.

62

5.4.1 Carga Parasitária A contagem de ovos de helmintos, realizada em amostras de fezes das

crianças, apresentou mediana de 16.150 (128 – 31.848) e 748 (144 – 1.296) ovos de

A. lumbricoides e T. trichiuris respectivamente.

As Figuras 4 e 5 mostram as medianas obtidas com o número de ovos por

grama de fezes, entre os dois grupos de crianças, quando classificadas em nutridas

e desnutridas.

FIGURA 4: Quantificação do número de ovos de Ascaris lumbricoides, por grama de fezes e estado nutricional de 101 crianças de baixo nível socioeconômico. A contagem de ovos de helmintos nas fezes foi analisada pelo método

de Kato-Katz e o estado nutricional foi determinado através da avaliação antropométrica.

p>0,05, quando comparado o número de ovos de A. lumbricoides nos estados nutricionais.

63

FIGURA 5: Quantificação do número de ovos de Trichuris trichiura por grama de fezes e estado nutricional de 101 crianças de baixo nível socioeconômico. A contagem de ovos de helmintos nas fezes foi analisada pelo

método de Kato-Katz e o estado nutricional foi determinado através da avaliação

antropométrica. p>0,05, quando comparado o número de ovos de T. trichiura nos estados

nutricionais.

64

5.5 Contagem Absoluta de Eosinófilos A contagem relativa de eosinófilos foi acima de 4% em 102 (99%) das 103

crianças estudadas. Destas, 8 apresentaram helmintos sem associação com

protozoários e 23 estavam infectadas apenas por protozoários. Das 74 crianças que

tinham helmintíases (associada ou não a protozoários), 1 (1,35%) estava com

contagem normal de eosinófilos, 21 (28,38%) no grau I de eosinofilia, 35 (47,30%)

no grau II e 17 (22,97%) no grau III, segundo classificação de Naveira (1960).

A Figura 6 representa o número absoluto de eosinófilos expresso em mediana

de acordo com as idades de 3 (MD=1276 mm3), 4 (MD=1246 mm3) e 5 anos

(MD=910 mm3) das crianças excluindo dos dados a única criança que apresentava 6

anos. Conforme podemos observar não houve diferença significativa entre as idades

das crianças estudadas.

FIGURA 6: Número absoluto de eosinófilos no sangue periférico de acordo com a idade em 103 crianças, freqüentadoras da Creche Nossa Senhora de Lourdes, na cidade do Natal-RN. A contagem absoluta dos eosinófilos foi realizada em

analisador automático, através do método de impedância. Os valores de referência

utilizados foram de até 650 eosinófilos/mm3. p>0,05, quando comparado o número absoluto

de eosinófilos e a idade das crianças.

65

Observa-se na Figura 7, que quando analisado o número absoluto de

eosinófilos nas crianças estudadas em relação ao sexo, verificou-se que há

diferença estatisticamente significante, isto é, o número absoluto mediano de

eosinófilos no sexo masculino (MD=1478 mm3) é maior do que no sexo feminino

(MD=945 mm3).

FIGURA 7: Número absoluto de eosinófilos no sangue periférico de acordo com o sexo de 103 crianças de baixo nível socioeconômico, freqüentadoras da Creche Nossa Senhora de Lourdes, na cidade do Natal-RN. A contagem absoluta

dos eosinófilos foi realizada em analisador automático, através do método de impedância.Os

valores de referencia utilizados foram de até 650 eosinófilos/mm3. p<0,05, quando

comparado o número absoluto de eosinófilos e o sexo das crianças.

66

De acordo com o estado nutricional, não houve diferença entre as crianças

nutridas e desnutridas em relação ao número absoluto de eosinófilos, como mostra a

Figura 8. Quando foi correlacionado a quantidade de ovos de A. lumbricoides e T.

trichiura por gramas de fezes, com o número absoluto de eosinófilos, não houve

diferença estatisticamente significante entre as duas quantificações, como mostra a

Figura 9.

FIGURA 8: Número absoluto de eosinófilos no sangue periférico, de acordo com o estado nutricional de 101 crianças de baixo nível socioeconômico, freqüentadoras da Creche Nossa Senhora de Lourdes, na cidade do Natal - RN. A contagem absoluta de eosinófilos foi realizada em analisador automático, através do

método de impedância. p> 0,05, quando comparado o número absoluto de eosinófilos nos

estados nutricionais das crianças.

67

A

B

FIGURA 9: Correlação entre o número absoluto de eosinófilos, quantificação do número de ovos de Ascaris lumbricoides e Trichuris trichiura por gramas de fezes. A contagem absoluta de eosinófilos foi realizada em analisador automático,

através do método de impedância e a contagem de ovos de helmintos nas fezes foi

analisada pelo método de Kato-Katz. A) p>0,05, quando comparado o número absoluto de

eosinófilos e o número de ovos de A. lumbricoides; B) p>0,05, quando comparado o

número absoluto de eosinófilos e o número de ovos de T.trichiura.

68

5.6 Dosagem de Imunoglobulinas 5.6.1 Dosagens de IgA sérica e IgA secretora Apesar de não haver diferença estatisticamente significante entre as

concentrações de IgA sérica e IgA secretora das 103 crianças estudadas e os

valores de referência utilizados para indivíduos normais, 24,3% das crianças

apresentaram valores abaixo do normal para IgA sérica e 47,1% para IgA secretora.

A Tabela 7 representa as medianas (MD) das concentrações séricas de IgA sérica e

IgA secretora.

TABELA 7: Mediana dos níveis de IgA sérica e IgA secretora de 103 crianças de baixo nível socioeconômico, freqüentadoras da Creche Nossa Senhora de Lourdes, na cidade do Natal-RN.

IMUNOGLOBULINAS (Igs)

QUARTIL (25%)

MEDIANA (50%)

QUARTIL (75%)

IgA Sérica

IgA Secretora

0,702

2,6

0,938

(0,0-2,50)

3,7 (1,1-22,8)

1,2

5,7

As dosagens de IgA sérica e IgA secretora foram determinadas por turbidimetria e

Nefelometria respectivamente e as concentrações foram obtidas através de curva de

calibração de IgA sérica e IgA secretora. Os valores de referência utilizados para indivíduos

normais são de 0,7 a 4,0 g/L para IgA sérica e 3, 5 a 36,5 mg/L para IgA secretora.

69

Não houve diferença estatisticamente significante quando correlacionou-se o

estado nutricional e as concentrações de IgA sérica e IgA secretora. Porém

podemos observar que as crianças desnutridas apresentaram medianas menores

para IgA secretora e maiores para IgA sérica, do que as crianças nutridas, como

mostra a Tabela 8.

TABELA 8: Mediana das concentrações de IgA sérica e IgA secretora, segundo o estado nutricional de 101 crianças de baixo nível socioeconômico, freqüentadoras da Creche Nossa Senhora de Lourdes, na cidade do Natal-RN.

Ig(s)

1° Quartil (25%)

Nutrido Mediana

(MD)

3° Quartil (75%)

1° Quartil (25%)

Desnutrido Mediana (MD)

3° Quartil (75%)

IgA*

(Sérica)

IgA** (Secretora)

0,75

2,3

0,91

3,9

1,2

5,7

0,54

2,3

0,96

3,3

1,3 4,6

As dosagens de IgA sérica e IgA secretora foram determinadas por turbidimetria e

Nefelometria respectivamente e as concentrações foram obtidas através de curva de

calibração de IgA sérica e IgA secretora. Os valores de referência utilizados para indivíduos

normais são de 0,7 a 4,0 g/L para IgA sérica e 3, 5 a 36,5 mg/L para IgA secretora. p>0,05,

quando correlacionado a IgA sérica com os estados nutricionais e p>0,05, quando

correlacionado a IgA secretora e os estados nutricionais.

70

As Tabelas 9 e 10 mostram que não houve associação entre o parasitismo

segundo o número de espécies infectantes e as concentrações de IgA sérica e

secretora, respectivamente.

TABELA 9: Parasitismo segundo o número de espécies infectantes e relação com as concentrações de IgA sérica em 103 crianças de baixo nível socioeconômico.

PARASITISMO

IgA Sérica

(<0,7 g/L)

n (%)

IgA Sérica

(0,7 - 4,0 g/L)

n (%) Ausência de Parasitas Monoparasitado Biparasitado Poliparasitado

2 8,0 3 12,0 2 8,0 18 72,0

4 5,1 10 12,8 16 20,5 48 61,6

Total

25 100,0

78 100,0

A dosagem de IgA sérica foi determinada por turbidimetria e as concentrações foram

obtidas através de curva de calibração de IgA sérica . Os valores de referência utilizados

para indivíduos normais são de 0,7 a 4,0 g/L. p= 0,59, quando comparado o parasitismo e

a concentração de IgA sérica. (n= número de amostras).

71

TABELA 10: Parasitismo segundo o número de espécies infectantes e relação com as concentrações de IgA secretora em 103 crianças de baixo nível socioeconômico.

PARASITISMO

IgA Secretora

(< 3,5mg/L)

n (%)

IgA Secretora

(3,5 – 36,5 mg/L)

n (%) Ausência de Parasitas Monoparasitado Biparasitado Poliparasitado

3 6,1 4 8,2 7 14,3 35 71,4

3 5,5 9 16,7 11 20,4 31 57,4

Total

49 100,0

54 100,0

A dosagem de IgA secretora foi determinada por Nefelometria e as concentrações foram

obtidas através de curva de calibração de IgA secretora. Os valores de referência

utilizados para indivíduos normais são de 3,5 a 36,5 mg/L para IgA secretora. p= 0,90,

quando comparado o parasitismo e a concentração de IgA secretora.

(n= número de amostras).

72

• Correlação das concentrações de IgA sérica, IgA secretora e o número de ovos de A. lumbricoides e T. trichiura por grama de fezes

A Figura 10 mostra que as concentrações de IgA sérica e secretora das

crianças que estavam infectadas por A. lumbricoides, não apresentaram correlação

estatisticamente significante com o número de ovos deste helminto nas fezes

analisadas.

Quando analisado as concentrações de IgA sérica e IgA secretora das

crianças que estavam infectadas por T. trichiura, com o número de ovos por grama

de fezes deste helminto, esta correlação não apresentou positividade significante

de acordo com a Figura 11.

• Correlação entre as concentrações de IgA sérica, IgA secretora e IgE total sérica

Não houve correlação estatisticamente significante entre as concentrações de

IgA sérica e secretora como mostra a Figura 12.

Na Figura 13 observa-se que não houve uma correlação positiva entre os

níveis séricos de IgE total com as concentrações de IgA sérica e secretora.

• Correlação entre as concentrações de IgA sérica, IgA secretora e número absoluto de eosinófilos

Na Figura 14 observa-se que as concentrações de IgA sérica e secretora não

apresentaram correlação estatisticamente significante com o número absoluto de

eosinófilos nas 103 crianças estudadas.

73

A

B

FIGURA 10: Correlação entre IgA sérica, IgA secretora e quantidade de ovos de Ascaris lumbricoides por gramas de fezes. As dosagens de IgA sérica e IgA

secretora foram determinadas por turbidimetria e Nefelometria respectivamente e as

concentrações foram obtidas através de curva de calibração de IgA sérica e IgA secretora.

A) p>0,05, quando correlacionado a concentração de IgA sérica e o número de ovos de A.

lumbricoides; B) p>0,05, quando correlacionado a concentração de IgA secretora e o

número de ovos de A. lumbricoides.

74

A

B

FIGURA 11: Correlação entre IgA sérica, IgA secretora e quantidade de ovos de Trichuris trichiura por gramas de fezes. As dosagens de IgA sérica e IgA

secretora foram determinadas por turbidimetria e Nefelometria e as concentrações foram

obtidas através de curva de calibração de IgA sérica e IgA secretora. A) p>0,05, quando

correlacionado a concentração de IgA sérica e o número de ovos de T. trichiura; B) p>0,05,

quando correlacionado a concentração de IgA secretora e o número de ovos de T. trichiura.

75

FIGURA 12: Correlação entre níveis de IgA sérica e IgA secretora de 103 crianças de baixo nível socioeconômico, freqüentadoras da Creche Nossa Senhora de Lourdes, na cidade do Natal-RN. As dosagens de IgA sérica e IgA

secretora foram determinadas respectivamente, por turbidimetria e Nefelometria e as

concentrações foram obtidas através de curva de calibração de IgA sérica e IgA secretora.

p> 0,05, quando comparado as concentrações de IgA sérica e IgA secretora.

76

A

B

FIGURA 13: Correlação entre as concentrações de IgA sérica, IgA secretora e IgE total. As dosagens de IgA sérica e IgA secretora foram determinadas por Turbidimetria

e Nefelometria, respectivamente e as concentrações obtidas através de curva de calibração e

as dosagens de IgE total foram determinas por fluoenzimaimunoensaio e as concentrações

foram obtidas através de curva de calibração com padrões de concentração conhecidas de

IgE. A) p>0,05, quando comparamos as concentrações de IgA sérica e IgE total e B) p>0,05,

quando comparados as concentrações de IgA secretora e IgE total.

77

A

B

FIGURA 14: Correlação entre o número absoluto de eosinófilos, IgA secretora e IgA sérica. A contagem absoluta dos eosinófilos foi realizada em analisador automático,

através do método de impedância. Os valores de referência utilizados são de até 650

eosinófilos/mm3 de sangue e as dosagens de IgA secretora e sérica foram determinadas por

Nefelometria e Turbidimetria, respectivamente. A) p>0,05 quando comparado o número

absoluto de eosinófilos e as concentração de IgA secretora e B) p>0,05 quando comparado

o número absoluto de eosinófilos e as concentração de IgA sérica.

78

5.6.2 Dosagem de IgE total Das 103 crianças estudadas 98 (95,1%) apresentaram níveis séricos de IgE

total acima dos valores de referência, com mediana bastante elevada, de 516 KU/L

(21,6 KU/L - 15.520 KU/L). A Tabela 11 representa a mediana das concentrações de

IgE de acordo com as idades das crianças de 3, 4, e 5 anos, excluindo-se a única

criança de 6 anos. Verificamos que não houve diferença estatisticamente significante

entre as idades estudadas.

TABELA 11: Mediana das concentrações de IgE total de 103 crianças de baixo nível socioeconômico, freqüentadoras da Creche Nossa Senhora de Lourdes, na cidade do Natal-RN

IDADE

IgE Total KU/L (MD)

3 Anos

4 Anos

5 Anos

365,85

509,50

979,00

As dosagens de IgE total foram determinadas por fluorenzimaimunoensaio e as

concentrações foram obtidas através de curva de calibração com padrões de concentrações

conhecidas de IgE total. Os valores de referência de IgE total por idade utilizados foram: 3

anos até 32K U/L, 4 anos até 40 KU/L, 5 anos até 48 KU/L e 6 anos até 56 KU/L.

79

Conforme mostra a Tabela 12, existe associação entre o parasitismo segundo

o número de espécies infectantes e a concentração sérica de IgE total, ou seja, que

a presença de parasitismo influencia as concentrações de IgE total.

TABELA 12: Parasitismo segundo o número de espécies infectantes e relação com as concentrações de IgE sérica em 103 crianças de baixo nível socioeconômico

PARASITISMO

IgE Sérica

(aumentadas)*

n (%)

IgE Sérica

(normais)*

n (%)

Ausência de Parasitas Monoparasitado Biparasitado Poliparasitado

4 4,1 13 13,3 18 18,4 63 64,3

2 40,0 0 0,0 0 0,0 3 60,0

Total

98 100,0

5 100,0

As dosagens de IgE total foram determinadas por fluorenzimaimunoensaio e as

concentrações foram obtidas através de curva de calibração com padrões de concentrações

conhecidas de IgE total. (*) Os valores de referência de IgE total por idade utilizados foram:

3 anos até 32KU/L, 4 anos até 40 KU/L, 5 anos até 48 KU/L e 6 anos até 56 KU/L.

(X2=11,19) e (p=0,0008). (n= número de amostras).

80

• Correlação das concentrações de IgE sérica total e o número de ovos de A. lumbricoides e T. trichiura por grama de fezes

Verificou-se na Figura 15 que as concentrações de IgE total das crianças que

estavam infectadas por A. lumbricoides, não apresentaram correlação

estatisticamente significante com o número de ovos deste helminto nas fezes

analisadas.

Quando foi analisado as concentrações de IgE total das crianças que estavam

infectadas por T. trichiura, com o número de ovos por grama de fezes deste

helminto, esta correlação não apresentou positividade significante de acordo com a

Figura 15.

• Correlação entre a concentração de IgE total e o número absoluto de eosinófilos

Na Figura 16 pode-se observar que uma correlação positiva foi encontrada

entre as concentrações de IgE total e o número absoluto de eosinófilos nas 103

crianças estudadas.

81

A

B

FIGURA 15: Correlação entre a concentração sérica de IgE total e a quantidade de ovos de Ascaris lumbricoides e Trichurris trichiura por gramas de fezes. As

dosagens de IgE total foram determinadas por fluorenzimaimunoensaio e as concentrações

foram obtidas através de curva de calibração com padrões de concentrações conhecidas de

IgE total e a contagem de ovos de helmintos nas fezes foi analisada pelo método de Kato-

Katz. A) p>0,05, quando correlacionado a concentração de IgE total e o número de ovos de

A. lumbricoides e B) p>0,05, quando correlacionado a concentração de IgE total e o número

de ovos de T. trichiura.

82

FIGURA 16: Correlação entre níveis de IgE total e número absoluto de eosinófilos de 103 crianças de baixo nível socioeconômico, freqüentadoras da Creche Nossa Senhora de Lourdes, na cidade do Natal-RN. A contagem

absoluta dos eosinófilos foi realizada em analisador automático através do método de

impedância e os valores de referência utilizados são de até 650 eosinófilos/mm3 e as

dosagens de IgE total foram determinas por fluoenzimaimunoensaio e as concentrações

foram obtidas através de curva de calibração com padrões de concentração conhecidas de

IgE. p<0,05 e r=0,4993, indicando correlação positiva entre os níveis de IgE total e o

número absoluto de eosinófilos.

83

A Figura 17 mostra que a concentração de IgE total não apresentou nível de

significância entre os estados nutricionais. Embora os níveis séricos de IgE total,

tenha apresentado aumento em seus valores de mediana nas crianças desnutridas

(MD= 607 KU/L) em relação as nutridas (MD=464 KU/L).

FIGURA 17: Concentração de IgE total e estado nutricional de 101 crianças de baixo nível socioeconômico, freqüentadoras da Creche Nossa Senhora de Lourdes, na cidade do Natal-RN. As dosagens de IgE total foram determinas por

fluoenzimaimunoensaio e as concentrações foram obtidas através de curva de calibração

com padrões de concentração conhecidas de IgE. p>0,05, quando comparado as

concentrações de IgE total e os estados nutricionais das crianças.

84

6 DISCUSSÃO

As infecções intestinais por parasitas estão entre as mais prevalentes das

infecções humanas, principalmente em países em desenvolvimento.

Classicamente, os estudos epidemiológicos têm procurado explicar as

desigualdades na saúde da população segundo fatores sociais e econômicos tais

como renda, ocupação, educação, habitação, ambiente ou de uma maneira geral, as

assim denominadas condições de vida. É vasta a literatura que aborda os

diferenciais na saúde como reflexo das desigualdades de uma sociedade. Um

estudo internacionalmente conhecido, realizado na Grã-Bretanha, (“The Black

Report”), revelou grandes disparidades na situação de saúde, demonstrando que

aqueles situados no limite inferior da escala social têm condições bem piores de

saúde do que aqueles pertencentes aos estratos mais favorecidos (SZWARCWALD,

et al., 1999).

LYNCH et al. (1983), demonstrou a existência de uma relação direta entre as

condições sócio-econômicas da população, inexistência de educação sanitária e

maior exposição às infecções causadas por parasitas em indivíduos menos

favorecidos, isto é, pertencentes a classes sociais mais baixas.

O ecossistema e esses fatores socioeconômicos que permitem aos parasitas

sobreviverem em nosso ambiente também promovem o desenvolvimento de

desnutrição, a qual compromete a imunidade aumentando a susceptibilidade para

doenças infecciosas, e estas por sua vez, podem prejudicar o estado nutricional

humano.

Com base em estudo anteriormente realizado no nosso laboratório, o qual

mostrou que crianças de baixo nível socioeconômico, residentes em área com

precárias condições de higiene e saneamento básico na cidade do Natal,

apresentavam-se poliparasitadas, com eosinofilia sanguínea e elevadas

concentrações de IgE total e específica para A. lumbricoides (RODRIGUES, 2001),

resolveu-se pesquisar as possíveis correlações entre estes, estado nutricional e IgA

sérica e secretora, a qual é a principal imunoglobulina protetora de mucosas.

No nosso estudo, trabalhamos com uma população de crianças de ambos os

sexos, na faixa etária de 3 a 6 anos (Tabela 1), residentes no mesmo bairro e

85

freqüentadoras da mesma creche. A grande maioria vivia em precárias condições de

higiene, sem saneamento básico e com baixo nível socioeconômico, segundo os

indicadores sociais mínimos do IBGE (1999) (Tabela 2). Estes índices apresentados

revelaram um perfil nada diferente de outros centros urbanos do país (GROSS et al.,

1989; BECKER et al., 2002) que bem retratam as condições precárias de

saneamento básico e o baixo nível sócio econômico das populações com alta

incidência de parasitoses intestinais (SILVA, 1998).

No contexto dos grandes problemas de saúde pública as infecções por

parasitas intestinais figuram com um dos maiores índices de prevalência na grande

massa populacional. Fatores como péssimas condições de moradia, má

alimentação, falta de água tratada, esgoto e principalmente educação e

conscientização da necessidade, desde o primeiro ano escolar, de criar no âmbito

familiar a cultura de hábitos de higiene e limpeza levam sempre a prejuízos trazidos

pelas parasitoses intestinais, principalmente as de curso crônico e assintomático que

têm como conseqüência o déficit de desenvolvimento físico e mental além do

comprometimento imunológico (HASWELL-ELKINS et al., 1992; CROMPTON, 1992;

MORALES et al., 1999; BECKER et al., 2002; CARVALHO et al., 2002).

Situação também caracterizada em nosso trabalho, pois houve uma grande

freqüência de parasitoses (Tabela 5), possivelmente devido aos fatores

socioeconômicos, e às precárias condições em que as crianças e suas famílias

vivem. Constatou-se uma elevada prevalência das enteroparasitoses, sendo o A.

lumbricoides e T. trichiura, os helmintos mais freqüentes (Tabela 6). A maioria das

crianças estudadas estava infectada por no mínimo dois tipos diferentes de parasitas

intestinais, sendo mais comum à associação entre estes helmintos com protozoários,

como a E. nana e G. lamblia (Tabelas 4, 5 e 6).

Os resultados encontrados concordaram com estudos realizados em várias

regiões de países subdesenvolvidos (HAGEL et al., 1993; LYNCH et al., 1998;

MORALES et al., 1999; ANDRADE et al., 2001) e com outros realizados em regiões

brasileiras, inclusive em diferentes locais da nossa cidade (ROSÁRIO FILHO et al.,

1982; MACEDO et al., 1998; NASCIMENTO et al., 1999; BECKER et al., 2002).

A presença de poliparasitismo, detectada em nosso estudo, agrava a doença

parasitária com quadros de maior patogenia, o que parece ser mais comum

principalmente em crianças. Não houve interferência na freqüência das parasitoses

intestinais com a idade das crianças, possivelmente por estas praticarem os mesmos

86

hábitos desfavoráveis de higiene, encontrarem-se em uma faixa etária próxima e em

mesmas condições sociais. Esta elevada freqüência de parasitismo encontra-se

compatível com as condições socioeconômicas, nas quais crianças que geralmente

nascem em áreas endêmicas para enteroparasitoses, podem albergá-los por um

longo período, devido ao número grande de exposições repetidas a estes parasitas

como também, a inabilidade de poder desenvolver uma imunidade protetora

(SALDIVA et al., 1993; PRATA, 1994; MACEDO et al., 1999).

Como notado no presente estudo há um predomínio de A. lumbricoides, T.

trichiura e G. lamblia, parasitas que traduzem a falta de rede de esgoto na região

bem como a presença de córrego a céu aberto, contribuindo sobremaneira para a

disseminação de muitas doenças em especial destas enteroparasitoses.

KIGHTLINGER et al. (1998), relacionou a intensidade da carga parasitaria em

infecções por A. lumbricoides em crianças com determinantes em relação ao

ambiente e ao nível socioeconômico, e os achados mostraram que a carga

parasitária aumentou à medida que diminuiu a higiene alimentar, o nível cultural e

econômico da região estudada. Isto é quanto maior a pobreza, maior o número de A.

lumbricoides albergados nas crianças (CARNEIRO et al., 2002).

A intensidade das infecções helmínticas foi classificada baseada nos critérios

recomendados pela OMS (1987), segundo os quais a infecção é atribuída como

leve, quando a contagem de ovos por grama de fezes for menor que 5.000,

moderada quando a contagem estiver entre 5.000 e 50.000, e maciça quando

ultrapassar 50.000 ovos por grama de fezes, isto para A. lumbricoides, e quando for

para T. trichiura a infecção é atribuída como leve se o número de ovos for inferior a

1.000, moderada quando estiver compreendida entre 1.000 a 10.000 e maciça se a

contagem for maior que 10.000 ovos por grama de fezes.

Baseados nesta classificação os resultados da quantificação do número de

ovos por grama de fezes, mostraram que as infecções por A. lumbricoides e T.

trichiura, encontravam-se como infecções parasitárias de leve e moderada

intensidade. Quando se correlacionou as cagas parasitárias com as concentrações

de IgA sérica, IgA secretora e IgE total (Figuras 10, 11 e 15), observou-se que não

houve diferença estatisticamente significante, achados parcialmente semelhantes foi

encontrado por ROSÁRIO FILHO et al. (1982) no estado do Paraná, quando

relacionou o número de ovos com a concentração sérica de IgE.

87

As infecções gastrintestinais podem também contribuir para o

desenvolvimento da desnutrição infantil pela redução da ingestão de alimentos,

prejudicando a absorção intestinal e alterando o metabolismo dos nutrientes e têm

maior probabilidade de ocorrer em crianças com déficit nutricional pré-existente.

Episódios de diarréia podem ter duração mais longa, apresentar maior gravidade e

levar à morte crianças desnutridas (RIKIMARU et al., 1998; SILVA & STURION,

1998; CHANDRA, 1989; BERN, 1992; BERKMAN et al., 2002).

A carga parasitária também foi verificada com a finalidade de avaliar se as

crianças desnutridas apresentavam maiores cargas, mas não houve diferença

significativa (Figuras 4 e 5). As relações foram feitas com os helmintos A.

lumbricoides e T. trichiura individualmente, como as crianças são poliparasitadas

talvez possa existir uma relação positiva quando considerar-se cargas de infecções

concomitantes.

O nexo nutrição-infecção-imunidade é um conjunto de interações complexas.

A imunodepressão na desnutrição protéico energética é hoje aceita como um

componente de risco de morbidade e mortalidade por infecção. Estudos têm

mostrado que infecção por A. lumbricoides é realmente um fator na etiologia e

persistência de desnutrição infantil (GUPTA et al 1977; WILLETT et al 1979) e em

alguns casos de infecções concomitantes de A. lumbricoides e T. trichiura a

desnutrição infantil pode exacerbar-se (COOPER & BUNDY, 1988; FORRESTER,

1988).

Tanto a resposta imune celular como a humoral são importantes em limitar a

invasão dos parasitas e em eliminá-los. Desnutrição prejudica estas respostas

imunes e é importante determinante no resultado final da interação parasita-

hospedeiro (STIEHM, 1980; CHANDRA, 1983). Os efeitos da desnutrição energético

protéica na imunidade do hospedeiro têm sido averiguados, porém muitos dos

estudos clínicos têm sido realizados em crianças com desnutrição severa, muitas

vezes hospitalizadas, fazendo-se necessário então, mais estudos em crianças

desnutridas de intensidades leve e moderada, pois estas representam mais de 90%

da população infantil com problemas de desnutrição (OLIVEIRA & THÉBAUD-

MONY, 1998; JINABHAI et al., 2001).

Os dados deste trabalho referentes ao estado nutricional mostram que 30,7%

das crianças apresentaram desnutrição (Tabela 3), destas 93,5% foram classificadas

88

em desnutrição leve e 6,5% como moderada, não havendo assim nenhum caso de

desnutrição grave.

Apesar das crianças apresentarem um poliparasitismo a grande maioria delas

encontravam-se nos estados de desnutrição leve. Isto pode ser relacionado ao fato

das crianças freqüentarem um ambiente de creche, que mesmo com déficit de

alimentos consegue suprir as carências básicas de vitaminas e proteínas, no

momento em que estas crianças permanecem o dia, recebendo as três refeições

básicas.

CORREA et al. (1999) mostrou em trabalho desenvolvido visando avaliar o

impacto nutricional de um programa municipal de assistência alimentar, no Brasil

durante um ano, que já nos 3 primeiros meses de fornecimento dos alimentos houve

uma melhora no status nutricional em 32% das crianças, permitindo assim concluir

que em crianças o aporte de alimentos, através de programas específicos de

suplementação teve conseqüências benéficas, não só sobre o crescimento, mas

também sobre a atividade, cognição e ainda compensação de energia destacando a

modificação do efeito negativo da diarréia sobre o crescimento (SILVA & STURION,

1998).

É importante reconhecer que a criança desnutrida em decorrência de ingestão

inadequada ou de infecção recorrente tem déficit nas reservas de proteínas, energia,

vitaminas e minerais (SUSKIND et al., 1976). Quando dosamos as proteínas totais

observamos que 84,5% das crianças encontravam-se com seus níveis normais,

enquanto que 15,5% estavam com seus níveis aumentados (Figura 1). Para ser

observada em maiores detalhes esta elevação optou-se em realizar a eletroforese

de proteínas no soro das crianças, e os resultados mostraram que a fração gama

globulina estava aumentada em 100% das crianças que estavam com as proteínas

totais aumentadas. Esta elevação pode ser devido a um aumento de outras

imunoglobulinas não estudadas, como as IgM e IgG, cujas subclasses IgG1, IgG2 e

IgG4 são importantes nas infecções, principalmente, causadas por T. trichiura

(BUNDY et al., 1991), que foi o helminto mais freqüente em nosso trabalho, ou

também devido o estado de infecção crônica destas crianças se refletir em um

estímulo de produção das proteínas de fase aguda.

Os resultados da alta prevalência parasitária também se refletiram nos

elevados números de leucócitos sanguíneos quando determinado o número de

eosinófilos no sangue dessas crianças estudadas. Os dados da contagem relativa

89

do número de eosinófilos demonstraram que 99% das crianças estudadas

apresentam eosinofilia no sangue periférico (NAVEIRA, 1960)

ROSÁRIO FILHO et al. (1982), mostrou que indivíduos infectados com T.

trichiura apresentavam contagens significativamente maiores do que o grupo

controle utilizado por ele. Esta eosinofilia encontrada em nosso trabalho reflete

provavelmente a presença de helmintos intestinais como A. lumbricoides e T.

trichiura, como resultado de um possível aumento na resposta imune contra os

mesmos.

A mediana do número de eosinófilos, não mostrou diferença com relação à

idade das crianças (Figura 6), porém em relação ao sexo foi observada uma

diferença estatisticamente significante maior no sexo masculino (Figura 7),

concordando com trabalho de MENDES et al. (1998).

Observamos, portanto que a eosinofilia encontrada, pode ser devido as

parasitoses, pois é visto na literatura que a resposta imune a parasitas é mediada

com a participação dos eosinófilos como células efetoras na destruição destes, e

esta ação é dada pela liberação de grânulos citoplasmáticos tóxicos (MENDES et al.,

1998; YING et al., 2002), sendo a mesma importante para destruir ou danificar

estruturas não fagocitáveis, como por exemplo, os helmintos em fase de migração

tecidual (SMITH, 2001).

Nas helmintíases que provocam eosinofilia é importante destacar alguns

fatores, como a espécie do parasita, a duração da infecção, a quantidade de

parasitas e sua localização (LILLYWHITE et al., 1991; MACDONALD et al., 1994).

As helmintíases que freqüentemente cursam com eosinofilia acentuada, são as que

evoluem com invasão nos tecidos, porém a eosinofilia é mais bem destacada

durante a fase aguda de invasão, seguida do desenvolvimento larvário e migração

pelos tecidos (NEEDHAM & LILLYWHITH, 1994).

Quando se relaciona a eosinofilia em algumas crianças não parasitadas,

destacamos que, apesar de ter sido realizado a pesquisa em três amostras de fezes,

dependendo do estágio de vida do ciclo evolutivo de alguns parasitas intestinais e da

localização anatômica em que eles se encontram no organismo do hospedeiro,

torna-se difícil sua detecção através de técnicas coprológicas de rotina utilizadas

neste estudo (CHAVES et al., 1979; CARNEIRO et al., 2002).

É sugerido também a hipótese de que estas crianças poderiam estar

parasitadas por Enterobius vermicularis, já que não foi realizada pesquisa específica

90

para este agente e a presença de outras causas, tais como: escabiose, outros

processos infecciosos e atopia, uma vez que não foi pesquisado no presente

trabalho, mas é sabido que esta se correlaciona com a presença de eosinofilia

(HAGEL et al., 1993; LYNCH et al., 1998; TUNON DE LARA et al., 2000).

Na criança desnutrida, o número de células B é normal ou aumentado bem

como os níveis de imunoglobulinas circulantes. Ocasionalmente algumas crianças

podem ter baixas concentrações de IgA e IgG séricas (CHANDRA,1992).

Postulou-se que os níveis normais ou aumentados são secundários a uma

diminuição da população de células T supressoras ou a uma elevada exposição a

vários antígenos. Enquanto existem níveis normais ou aumentados de

imunoglobulinas e células B circulantes não se pode presumir resposta competente

do sistema imune humoral aos antígenos estranhos. A produção de anticorpos em

resposta aos antígenos parece seletiva nas crianças desnutridas, comprometida

contra alguns e adequada em relação a outros (CHANDRA, 1972; ORTIZ et al.,

2000).

Enquanto a resposta de anticorpo sérica em desnutridos é freqüentemente

normal, IgA secretora é reduzida. É possível que exista uma falha na síntese desta

imunoglobulina ou bloqueio no seu transporte para as superfícies mucosas. As IgA

produzidas localmente na mucosa são importantes na imunidade para infecção e isto

pode ter implicações clínicas em termos de uma lenta recuperação incompleta e

propagação sistêmica de infecção. No caso de parasitas, tem-se observado que,

desnutrição facilita infecção causada por E. histolytica, G. lamblia e S. stercoralis

(CHANDRA 1984; WEKMAN, 1987).

Quando foram analisadas as 103 crianças verificou-se que apesar de não

haver significância estatística entre os valores de IgA sérica, IgA secretora e os

valores de referência, uma percentagem de 24% e 47% das crianças, apresentaram

os valores abaixo dos de referência para IgA sérica e IgA secretora, respectivamente

(Tabela 7).

Vários trabalhos (FOGAÇA, 1990; BUNDY et al., 1991; LILLYWHITE, 1991;

SALDIVA et al., 1983; NEEDHAM & LILLYWHITE, 1994) mostram que as infecções

parasitárias apresentam uma tendência a diminuir os níveis de IgA sérica e/ou

secretora.

Trabalho desenvolvido em crianças de duas comunidades carentes da

Venezuela demonstrou que quanto maior foi à intensidade da carga parasitária por

91

A. lumbricoides e T trichiura, menores foram os valores da IgA secretora quando

correlacionou-se uma comunidade com a outra. Observou-se também neste trabalho

que a comunidade mais desnutrida era a mais parasitada, e a que apresentou

menores valores para a IgA secretora (ORTZ et al., 2000).

Nossos resultados demonstram que as crianças desnutridas apresentaram os

valores das medianas para IgA secretora menores do que o grupo nutrido, enquanto

que a IgA sérica apresentou uma mediana maior, mais quase desapercebida nas

crianças desnutridas (Tabela 8). Esta tendência de diminuição da IgA secretora, que

foi observado em nosso trabalho, não foi estatisticamente significante,

provavelmente pelo fato destas crianças encontrarem-se a maioria delas, no grau de

desnutrição leve.

Também não foi encontrada nenhuma associação entre parasitismo e

intensidade de infecção com os níveis de IgA sérica e secretora (Tabelas 9 e 10).

A IgE desempenha uma função importante nos mecanismos de proteção

contra as infecções helmínticas e essa resposta é influenciada pelo estado

nutricional. Tem-se determinado que os helmintos não só estimulam respostas para

IgE, como também provocam uma síntese policlonal de IgE (ROSÁRIO FILHO,

1982; ORTIZ et al.,2000).

Os níveis séricos de IgE estavam elevados em 95,1% das 103 crianças,

estudadas, não apresentado nenhuma diferença entre as idades (Tabela 11), sendo,

porém, estatisticamente significante no parasitismo, segundo o número de espécies

infectantes. (Tabela 12). Já está bem estabelecido na literatura o aumento de IgE em

crianças parasitadas e este reproduz a capacidade que os antígenos dos helmintos

têm de induzir a produção de IL-4, com conseqüente síntese de IgE (LYNCH et al.,

1998; HAGEL et al., 1983c; ORTIZ at al., 2000). Esta resposta da IgE relacionada a

policlonalidade e a produção de IgE específica para A. lumbricoides foi observado

em estudos já realizados por nosso laboratório na UFRN.

Nossos resultados mostraram níveis elevados de IgE total em crianças

menores de 5 anos, concordantes com trabalho desenvolvido na região

(RODRIGUES, 2001), os quais mostraram que crianças menores de 5 anos também

apresentaram valores de IgE elevado em 97,3% delas. Já trabalhos realizados por

LYNCH et al. (1983) diferem quando constataram, na região de Caracas, onde

helmintos intestinais eram endêmicos, que crianças maiores de 5 anos tinham IgE

92

total em altos níveis, porém as menores de 5 anos apresentaram níveis baixos de

IgE e IL-4 indetectável.

Quando se avaliou a intensidade de infecção através da análise da

quantidade de ovos por grama de fezes, verificou-se que as crianças tinham

infecções de intensidade leve a moderada para A. lumbricoides e T. trichiura,

portanto o que provavelmente levou a ausência de correlação com o número de

eosinófilos, e a concentrações de IgA sérica, IgA secretora e IgE total.

A presença de correlação entre IgE e eosinófilos (Figura 16), enfatiza a

importância destas células e desta imunoglobulina na defesa contra parasitas

intestinais. Entre os mecanismos antiparasitários do sistema imunológico podem-se

destacar fatores importantes nos quais podemos relacionar a resposta da IgA e a

IgE. A ação protetora desses anticorpos, principalmente a IgA, ainda carece de

maiores elucidações visto que os trabalhos relatam com maior destaque a resposta

mediada pela IgE (PEEBLES et al., 2001; PAINTLIA et al., 2002).

Com base nos dados obtidos neste estudo pode-se verificar a grande

complexidade da relação existente entre parasitoses, nutrição e resposta imune em

crianças poliparasitadas cronicamente por vários tipos de parasitas. Não foi possível

esclarecer através de dados concretos com a IgA sérica e IgA secretora, porém

verificou-se que não houve interferência da produção de IgE sobre a IgA. Os poucos

estudos com relação à desnutrição leve e moderada associados a questões

deixadas por este trabalho, nos motiva a continuar esta linha de pesquisa.

93

7 CONCLUSÕES

- Este estudo mostrou que crianças pertencentes a famílias de níveis

socioeconômico baixos e residente em áreas com precárias condições de higiene,

apresentaram alta freqüência de infecções por enteroparasitas, sendo os helmintos

mais freqüentes Trichuris trichiura e Ascaris lumbricoides e os protozoários

Endolimax nana e Giardia lamblia.

- Apesar do poliparasitismo, a maioria das crianças, encontrava-se nutrida e as

demais com desnutrição em grau leve sem déficit protéico. Não houve diferença na

intensidade de infecção por Trichuris trichiura e Ascaris lumbricoides entre crianças

nutridas e desnutridas.

- A maioria das crianças apresentou eosinofilia no sangue periférico, não havendo

diferença estatisticamente significante entre a mesma e idades estudadas, estado

nutricional, número de ovos de Trichuris trichiura e Ascaris lumbricoides e

concentração de IgA sérica e secretora. Porém, existiu correlação positiva entre

eosinofilia e concentração de IgE total.

- A intensidade da carga parasitária encontra para ovos de Ascaris lumbricoides e

Trichuris trichiura por grama de fezes, foi uma carga leve e modera respectivamente,

e não apresentou correlação com as concentrações de IgA sérica, IgA secretora ,

IgE total e o número de eosinófilos.

94

- Existiu uma correlação positiva entre o parasitismo, segundo o número de espécies

infectantes e as concentrações de IgE total, o que não ocorreu entre as

concentrações de IgA sérica e IgA secretora.

- As concentrações de IgA sérica e IgA secretora, não apresentaram diferenças

estatisticamente significantes, quando correlacionadas com os valores de

referência utilizados, porém observou-se valores abaixo do normal em 24,3% para

IgA sérica e 47,1% para IgA secretora, das crianças parasitadas.

- Nossos resultados deixam claro o envolvimento da IgE na resposta a infecções

causadas por parasitas helmínticos e sugerem que apesar do grande aumento de

sua síntese, por antígenos destes parasitas, não houve desvio na produção de IgA.

- Ainda são necessários muitos estudos envolvendo as infecções causadas por

parasitas intestinais, visando-se a resposta imune específica, para se ter uma

definição do perfil de resposta de cada um deles e elucidar os padrões de defesa

imunológica.

- São necessários muitas investigações sobre o que diz respeito a desnutrição leve e

moderada e o comprometimento do sistema imunológico, pois o maior

conhecimento que se tem é a respeito da desnutrição grave.

95

ABSTRACT

Infections for intestinal parasites are one of the main morbidade causes in

humans and, its relationships with socioeconomic levels and hygiene conditions in

countries in development are already very established. Many works, even so, they

are being accomplished to elucidate the complex interactions among nutrition, these

infections and answer imunológica, because it is seen that malnutrition commits the

immunity increasing the susceptibilidade for infectious diseases and these for its time

can harm the state human nutricional.

It is known that sponge helmínticos they stimulate synthesis of IgE so

much policlonal as specific for the same ones and that IgA secretora, main

imunoglobulina of defense of the mucous ones, can act against protozoa as the

Giardia lamblia and against helmintos as Trichuris tichiura and Strongyloides

stercorales. Some studies show that the malnutrition energy protéica influences in

the production of these answers, but some authors show results divergentes.

In this work it was evaluated the levels of total IgE, IgA sérica and secretora,

contagem of sanguine eosinófilos, levels of proteins séricas and state nutricional, in

103 children of low socioeconomic level, to discover a correlation between those and

infection for enteroparasitas.

They participated in the study children of both sexes, with age of 3 to 6 years,

visitors of the same creche and residents in a neighborhood with precarious hygiene

conditions and basic saneamento, in the city of Christmas.

The obtained results showed that the faulty environmental and socioeconomic

conditions favored to a high infection frequency for enteroparasitas, mainly Trichuris

trichiura and Ascaris lumbricoides between the helmintos and Endolimax sleep and

Giárdia lamblia among the protozoa. Light malnutrition without deficit protéico was

observed in 30% of the children, which didn't also present significant deficiencies of

IgA sérica and secretora. The sponged children presented sanguine eosinofilia and

levels séricos of high total IgE confirming the important participation of the same

ones in the immune answer against helmintos. It cannot him, therefore, to suggest

that the children in spite of poliparasitadas were not with its immune answer of

96

mucous harmed, probably for they be not still intensely infected, as observed in the

contagem of eggs by gram of feces and also for they have not its state nutricional

seriously committed.

97

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YING, S.; MENG, Q.; SMITH, S. J.; LARCHÉ, M.; ROBINSON, D. S.; KAY, A. B.

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113

ANEXO 01

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: BIOANÁLISES

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Título do Projeto: IgA SÉRICA, SECRETORA, IGE TOTAL E ESTADO NUTRICIONAL EM CRIANÇAS COM INFECÇÕES POR ENTEROPARASITAS. Pesquisadores: Professora Dra. Valéria Soraya de Farias Sales (Orientador) Valéria Cristina Ribeiro Dantas (Aluno)

OBJETIVO O Objetivo desta pesquisa é avaliar o estado parasitário das crianças e correlacionar com os níveis séricos de IgA sérica, secretora e IgE total das crianças. PROCEDIMENTO Procedimentos a serem realizados com pesquisadores (Itens 2, 3 e 4) e responsáveis (Item 1) que concordarem em participar do projeto:

1. Responder a uma entrevista; 2. Realizar coleta de fezes em 03 amostras em dias alternados das crianças; 3. Realizar coleta de sangue com material descartável; 4. Realizar coleta de saliva em recipiente estéril e descartável.

RISCOS Os riscos possíveis associados à participação neste estudo são aqueles referentes ao exame de sangue: sangramento, infecções e desmaios. Riscos estes considerados mínimos. BENEFICIOS Os benefícios em particular deste estudo, são: contribuir com uma melhor condição de saúde das crianças, tendo em vista, a detecção de parasitoses, como também, obter dados que contribuirão para o entendimento da resposta imune a parasitas.

114

CONFIDENCIAL DO ESTUDO O registro da participação neste estudo será mantido confidencial, até o limite permitido por lei. No entanto, o Comitê de Ética da Universidade Federal do Rio Grande do Norte pode inspecionar e copiar registros pertinentes à pesquisa, e estes podem conter informações identificadoras. Nós guardamos os registros de cada indivíduo, e somente os pesquisadores que estão trabalhando na pesquisa terão acesso a estas informações. Cada indivíduo receberá um número para ser utilizado no laboratório. Se qualquer relatório ou publicação resultar deste trabalho, a identificação do paciente não será revelada. Os resultados serão relatados de forma sumarizada e o indivíduo não será identificado. DANO ADVINDO DA PESQUISA Se algum dano resultar diretamente desta pesquisa nenhum ressarcimento financeiro estará disponível advindos da UFRN, a não ser que esta injúria seja resultante diretamente da negligência do pesquisador. PARTICIPAÇÃO VOLUNTÁRIA Não há penalidade alguma em desistir, em qualquer época, da participação voluntária desta pesquisa. O responsável pelo paciente pode vir a desistir sem resultar em qualquer dano para o indivíduo ou seu responsável. CONSENTIMENTO PARA PARTICIPAÇÃO Estou de acordo com o estudo descrito acima, submetendo e autorizando a participação do paciente. Fui devidamente esclarecido quanto aos objetivos da pesquisa, aos procedimentos aos quais o paciente será submetido, e dos possíveis riscos que possam advir de tal participação. Foram garantidos esclarecimentos sobre quaisquer questões que venham a surgir durante o curso da pesquisa e o direito de desistir da participação em qualquer momento, sem que nossa desistência implique em qualquer prejuízo à minha pessoa ou de minha guarda. A nossa participação na pesquisa não implica em custos ou prejuízos adicionais, sejam estes de caráter econômico, social, psicológico ou moral. Nos foi garantido o anonimato e o sigilo dos dados referentes à nossa identificação. NOME DA CRIANÇA: _________________________________________________ RESPONSÁVEL: _____________________________________________________ TESTEMUNHA: ______________________________________________________

115

COMPROMISSO DO INVESTIGADOR Eu discuti as questões acima apresentadas com os responsáveis dos pacientes e participantes. É de minha opinião que o indivíduo entenda os riscos, benefícios e obrigações relacionadas a este projeto

Assinatura do investigador (Orientador) Valéria Soraya de Farias Sales

Assinatura do investigador (Aluno) Valéria Cristina Ribeiro Dantas

116

ANEXO 02

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: BIOANÁLISES

FICHA DE ANAMNESE

FICHA N_ْ_______

HISTÓRIA DA CRIANÇA:

Nome:.............................................................................................. Idade:................... Data Nascimento:........................................Parto:....................................................... Filiação: Pai:................................................................................................................. Mãe:............................................................................................................................... Naturalidade:................................................................................................................. Endereço:...................................................................................................................... Renda familiar:......................Profissão da mãe:............................Pai:....................... Grau de escolaridade da Mãe:........................................................Pai:...................... Observações:........................................................................................................................................................................................................................................................

Cirurgias: Não ( ); Sim ( ),Quais?...............................................................................

Já esteve internada?...................Porque?..................................................................

Estado de saúde atual:................................................................................................ Vacinação:..................................................................................................................... Mamou no peito?...........................Quanto tempo?....................................................

HISTÓRIA FAMILIAR:

Algum tipo de alergia na família? Não ( ); Sim ( ), Quais?..........................................

Outras doenças na família? Quais?..............................................................................

117

POSSUIDOR DE ALGUMA ALERGIA (ANTECEDENTES ALÉRGICOS): OLHOS: ( ) Prurido / conjuntivite ( ) Lacrimejamento

NARIZ: ( ) Espirros ( ) Coriza ( ) Obstrução ( ) Secreção

OUVIDO: ( )Secreção ( ) Prurido

OROFARINGE:( ) Prurido ( ) Ronco ( ) Salivação /baba ( ) Amígdala ( ) Adenóide

PULMÃO: ( ) Sibilo /chiado ( ) Tosse ( ) Dispnéia /falta de ar ( ) Bronquite

PELE: ( ) Picada de inseto ( ) Prurido ( ) Dermatite ( ) Alergia ( ) Urticária

REAÇÃO À DROGA: ( ) Urticária ( ) Edema ( ) Olhos inchados

REAÇÃO À ALIMENTOS: ( ) Não; ( ) Sim. Quais?...................................................

REAÇÃO À LÃ? ( ) Sim ( )Não.

FATORES QUE AGRAVAM OU MELHORAM O ESTADO DE SAÚDE/CRIANÇA:

FATORES CLIMÁTICOS: ( )Verão ( )Inverno ( )Outros fatores ambientais

REALIZAÇÃO DE EXAMES (nos últimos 6 meses):

( )Sangue ( )Urina ( )Fezes ( )Outros. Quais?.....................................................

........................................................................................................................................

JÁ TEVE ALGUMA PARASITOSE? ( )Não ( )Sim. Quais?....................................

........................................................................................................................................

REALIZADO TRATAMENTO? ( )Não ( )Sim.

MEDICAMENTOS EM USO:.......................................................................................... ........................................................................................................................................

SINTOMAS OU QUEIXAS GÁSTRICAS:

Diarréia: ( ) Sim ( ) Não. Freqüência:........................................................................

Vômito: ( ) Sim ( ) Não. Freqüência:...........................................................................

Náusea: ( ) Sim ( ) Não. Freqüência:..........................................................................

Dor abdominal: ( ) Sim ( ) Não. Freqüência:...............................................................

Constipação: ( ) Sim ( ) Não. Freqüência:..................................................................

118

CONDIÇÕES DE MORADIA DA CRIANÇA:

Tipo de casa: ( )Alvenaria ( )Taipa ( )Outros. Quais?...........................................

Presença de: ( )Tapetes ( )Cortina ( )Livros ( ) Bicho de pelúcia ( )Planta.

Quais?.......................................... ( )Animais. Quais?.................................................

Dorme de: ( )Cama ( )Rede ( )Outros.

N.º de cômodos:............. N.º de pessoas:................................................................... Existe barata em casa? ( )Sim ( )Não.

Freqüência da faxina:................................................................................................... Usa água encanada?....................................................................................................

Bebe água: ( )Filtrada ( )Mineral ( ) Pote ( ) Outro Qual?.........................................

A Casa possui: ( )Esgoto ( )Fossa ( )Outro Qual?....................................................

Costuma lavar as mãos antes das refeições? ( )Sim ( )Não

Costuma lavar as frutas e verduras? ( )Sim ( )Não

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL:.......................................................................................

• Peso:...................................................................................................................

• Altura:.................................................................................................................

Natal, ___/___/___.