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Ignorância, Lendas e Taijiquan

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Ignorância, Lendas e Taijiquan Seguidores Arquivo do blog Pesquisar este blog Visitantes Na verdade, a lenda de Zhang Sanfeng pode ser vista como tendo três fases: a fase I (anterior a 1669) meramente afirma que Zhang era um imortal Taoísta; a fase II (após 1669) diz que Zhang originou a escola “interna” das artes marciais chinesas; e a fase III (após 1900) diz que Zhang originou o taijiquan (tai chi chuan). Pesquisar powered by Por Stanley Henning. converted by Web2PDFConvert.com

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Artes MarciaisChinesas no Século1 9 - Parte 1

S E G U N D A - F E I R A , 3 D E J A N E I R O D E 2 0 1 1

Ignorância, Lendas e TaijiquanAqui está um artigo que eu gostaria de ter publicado aqui a muito tempo. No entanto atradução que eu estava fazendo se perdeu. Aproveitando então a excelente tradução doGiuliano na comunidade Xing Yu Tchuen (estilo MA) e com meus agradecimentos a essegrande trabalho despendido. Aproveito pra postar aqui um excelente texto de StanHenning, caso desejem acessar o original, podem ir no próprio site dele aqui ou na barralateral do blog.

Por Stanley Henning.

Este artigo foi publicado originalmente no Journal of the Chen Style TaijiquanResearch Association of Hawaii, Vol. 2, Nº. 3, pp. 1-7.

(…) Foi precisamente devido ao desanimador estado de ignorância queobservei cercando a história das artes marciais chinesas que inicialmentepubliquei um artigo entitulado “The Chinese Martial Arts in HistoricalPerspective” (“As artes marciais chinesas sob uma perspectiva histórica”), naedição de Dezembro de 1981 do Military Affairs (Assuntos Militares), agoraJournal of Military History (Jornal de História Militar). Eu escolhi um jornalacadêmico para “… tentar extraí-las [as artes marciais chinesas] da esfera domito e sedimentar o caminho para colocá-las no campo da pesquisa históricarespeitável.” Eu escolhi um periódico sobre história militar para enfatizar o fato(não uma opinião) que as origens das artes marciais chinesas estãoenraizadas na prática militar (e não na religiosa).

Agora, 13 anos mais tarde, eu noto que a ignorância ainda parece ser a regra,e não a exceção. Por que? Depois de ler o livro de Paul Crompton The Art ofT’ai Chi (A Arte do T’ai Chi – Rockport, MA: Element, Inc. 1993) eu concluí quepelo menos parte da razão deste estado das coisas é porque a frase“ignorância é felicidade” não é apenas um dístico, mas um fato para alguns.Depois de admitir que a história de Zhang Sanfeng [n. do t.: por vezes grafadocomo "Chang San Feng"] é provavelmente um mito, Crompton diz que“Verdade ou não, a própria existência da lenda tende a elevar o T’ai Chi e fazê-lo algo a ser almejado.”

Eu tenho razoável convicção que os assinantes deste periódico não almejamo aprendizado do taijiquan (tai chi chuan) basedos meramente na existênciade lendas, como Crompton descreve, mas que estejam interessados emaprender sobre os fatos e possíveis motivos por trás das lendas associadasao taijiquan (tai chi chuan). No entanto, para isto é preciso examinar o assuntoem dois níveis: um da perspectiva da arte marcial, e outro do meio socialmais amplo no qual as artes marciais eram apenas um elemento.

Na verdade, a lenda de Zhang Sanfeng pode ser vista como tendo três fases:a fase I (anterior a 1669) meramente afirma que Zhang era um imortal Taoísta;a fase II (após 1669) diz que Zhang originou a escola “interna” das artesmarciais chinesas; e a fase III (após 1900) diz que Zhang originou o taijiquan(tai chi chuan).

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1 9 - Parte 1Mito e História nas

Artes MarciaisChinesas

Abordagem doGeneral Qi àsArtes Marciais

Mapeando o DNA doKung Fu

Uma Entrev ista como Professor MaMingda

Mitos das ArtesMarciais doMonastérioShaolin

Ignorância, Lendas eTaijiquan

► 201 0 (4)► 2009 (8)

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A lenda de Zhang Sanfeng apareceu durante o período Ming (1368-1644),baseada na associação próxima entre os governantes Ming e sacerdotesTaoístas, cujas profecias haviam apoiado o fundador da dinastia. Pouco ésabido a respeito de Zhang exceto que ele era descrito como um eremitaitinerante e excêntrico, com poderes mágicos, que morreu uma vez e voltou àvida, e cuja vida teria compreendido um período de mais de 300 anos. OImperador Chengzu (1423-1504) gastou uma quantidade considerável dedinheiro para reconstruir os mosteiros destruídos pela guerra em Wudang, orefúgio favorito de Zhang, e diz-se que uma busca de 13 anos que ele inicioupara encontrar Zhang fora na verdade parte de uma fachada intrincada paraum esforço mais urgente de localizar o Imperador Jianwen, vítima de umgolpe comandado por Chengzu. Nem o Imperador Jianwen nem Zhang foramjamais encontrados, mas no final o Imperador Yingzong canonizaria Zhangem 1459, num lance que seria sem dúvida aplaudido por Paul Crompton.

Durante esta fase formativa da lenda de Zhang Sanfeng não há menção deum envolvimento seu com artes marciais. A falta de comentários a respeito ésignificativa, pois era prática comum incluir este tipo de informação nasbiografias históricas das dinastias.

A primeira referência a Zhang Sanfeng como um mestre de boxe é encontradano Epitáfio para Wang Zhengnan (1669), composto pot Huang Zongxi (1610-1695) mas, como indiquei no meu artigo de 1981, a real importância destacomposição na sua época não estava tanto nas suas referências ao boxequanto no seu simbolismo anti-Manchu. O Epitáfio é a primeira referência nahistória das artes marciais chinesas a descrever o boxe em termos de umaescola Shaolin ou “externa” oposta a uma escola “interna” de boxe, originadapor um imortal Taoísta do Monte Wudang, Zhang Sanfeng.

Enquanto o Epitáfio cumpre o seu objetivo de elogio à Wang Zhengnan, eleenvia também duas outras mensagens, uma refletindo tendências nopensamento sobre o boxe e outra de desafio político.

A maior tendência de pensamento sobre o boxe refletida no Epitáfio é aênfase no conceito de “repouso” superando o “movimento”, ou o aspectomental em relação aos aspectos físicos do boxe. Este não énecessariamente um conceito novo. Yu Dayou advogava isto em seu manualsobre luta com bastão (1565), e a sua base pode ser rastreada até a Arte daGuerra de Sun Zi (c. 476 A.C.)

Este conceito envolve tirar vantagem do movimento do adversário e poderiaser percebido como uma abordagem defensiva contrapondo-se a uma açãoofensiva. Esta abordagem “militar” mais disciplinada estava em dissonânciacom movimentos mais “individualistas” ou “rebuscados” que caracterizavamestilos mais populares, que eram descritos convenientemente como “boxeShaolin” no Epitáfio.

Embora o Shaolin fosse o símbolo ideal para representar os estilos maisnumerosos e populares de artes marciais chinesas, isto deu origem a sériosmal-entendidos e, como resultado, trabalhos posteriores a começar domanual de boxe de Zhang Kongzhao (1784) atribuíram a origem do boxechinês ao mosteiro de Shaolin (não há menção à Bodhidarma até bem maistarde – c. 1900). Ao mesmo tempo, o mítico Zhang Sanfeng, abençoado com asantidade por um Imperador Ming, serviu de contraponto ideal à arte marcialShaolin. Afinal, como não se podia provar se o próprio Zhang havia sequerexistido ou mesmo qualquer dos seus supostos feitos, não faria mal algumafirmar que ele havia inventado um estilo de arte marcial.

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Pode-se dizer que a composição de Huang Zongxi de um epitáfio para ummestre de arte marcial era, em si mesma, um ato de despeito contra aautoridade Qing, a quem ele se recusava a servir, mas o simbolismo de umaescola “interna” de artes marciais representada por Zhang Sanfeng emoposição a uma escola Shaolin “externa” foi o ato maior de desafio políticoatravés da literatura. A escola “externa” do mosteiro Shaolin representava oBudismo exógeno, o que simbolizava os agrassores Manchus, enquanto aescola “interna” e Zhang Sanfeng representavam o Taoísmo endógeno, quesuplantaria seus opressores. A extensão total do sentimento anti-Manchu deHuang é revelada próximo do final do Epitáfio, onde as datas de nascimento emorte de Wang Zhengnan são gravadas com combinações de caracteres docalendário cíclico de 60 anos em lugar do costumeiro título do reino imperialque, se usado, teria indicado um reconhecimento ao governo Qing. Umhistoriador notório, Huang incluiu até mesmo uma observação sobre apossibilidade de imprecisões no conteúdo do Epitáfio explicando que ele oescrevera baseado num pedido e em dados fornecidos por um senhor GaoZhensi.

Fundamentado primariamente nesta composição, mais simbólica que factual,um registro foi feito na edição de 1733 da Gazeta de Ningbo sobre ZhangSongqi, um mestre da escola “interna” de artes marciais do período de MingJiajing (1522-1566) e um registro foi feito no Manuscritos Históricos dos Qingsobre Wang Zhengnan. Ambos registros incluem a história de Zhang Sanfengdas origens da escola “interna” de arte marcial.

Em 1727 o Imperador Yongzheng promulgou um edito que instruía oficiaislocais a proibirem estritamente o ensino individual de “boxe e bastão”, comoeram chamadas as artes marciais. O Imperador Qianlong (1736-1795)comandou uma inquisição literária severa que destruiu muitos escritos doperíodo de 1550 a 1750. Uma antologia dos escritos de Huang Zongxicontento o Epitáfio foi proscrita e destinada à destruição, mas sobreviveu paratornar-se uma fonte importante de controvérsia na história das artes marciaischinesas. Desde então os estilos de artes marciais vêm sendoarbitrariamente rotulados como da escola “externa” de Shaolin ou da escola“interna” de Wudang, e enfim o taijiquan (tai chi chuan) foi rotulado como“interno” e identificado com a lenda de Zhan Sanfeng.

Algumas fontes afirmam que Li Yiyu (1832-1892) teria citado Zhang comooriginador do taijiquan (tai chi chuan) num manuscrito copiado à mão datadode 1867, mas ele abandonou a referência num manuscrito posterior datadode 1881. Este manuscrito posterior, que Xu Zhedong publicou inicialmente em1935, meramente afirma que o originador é desconhecido. A tentação deidentificar o taijiquan (tai chi chuan) com a escola “interna” de boxe e a lendade Zhang Sanfeng é compreensível, no entanto na época teria sido muitoarriscado idenficá-lo tão proximamente com uma figura lendária favorecidapelos governantes Ming e associada com os escritos de um patriota Ming,Huang Zongxi.

A ferocidade da inquisição literária do Imperador Qianlong manteve osescritores mais ou menos sob controle por quase um século após o seureinado. Mesmo o nome “taijiquan (tai chi chuan)” era suspeito e pode não tersido mencionado fora de um pequeno círculo de praticantes até depois darevolução de 1911. O Imperador Qing Taizong (1627-1643) chamou a sipróprio de Imperador Taiji, e havia tabus rigorosos sobre usar o nome deImperadores. Evidências de que isto pode ter acontecido podem ser vistas nafalta de quaisquer menções ao Taijiquan nos Sumários Extra-oficiaisCategorizados dos Qing (1917), que devota um volume completo (196páginas) à histórias de mestres e estilos marciais. A primeira História daEducação Física Chinesa (1919) também não menciona o taijiquan (tai chichuan) dentre 69 dos estilos contemporâneos mais conhecidos. A maioria donosso conhecimento sobre o taijiquan (tai chi chuan) data dos esforços deTang Hao (1897-1959) e Xu Zhedong durante a década de 1930.

Muitos mestres de artes marciais não eram alfabetizados mas a maior partedas informações foi codificada em poemas, memorizada, e passada emfrente oralmente apesar das restrições dos Qing. Alguns dos que eramletrados, como Wu Yuxiang (1812-1880) e Li Yiyu, produziram manuaismanuscritos caramente guardados, alguns dos quais foram descobertos nadécada de 1930 e foram editados para apreciação de um público mais amplo.

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O primeiro trabalho abertamente publicado associando Zhang Sanfeng com otaijiquan (tai chi chuan) foi o Clássicos do Taijiquan (1912), editado por GuanBaiyi. De acordo com Tang Hao, Guan editou-o para Xu Longhou, que tinhaestabelecido a Associação de Pesquisa em Educação Física da Capital emseguida à revolução de 1911. Xu incluiu este material no seu ExplicaçãoIlustrada das Formas de Taijiquan (1921). A alteração flagrante de detalhesvindos de fontes existentes presentes neste livro revela um esforçoconsciente de forçar a inclusão arbitrária da lenda de Zhang Sanfeng nahistória do taijiquan (tai chi chuan). A parte mais transparente deste esforço érefletida na substituição de Wang Zongyue (período de Qianlong), a quem écostumeiramente creditada a autoria do mais importante tratado de taijiquan(tai chi chuan), Teoria do Taijiquan, por Wang Zong (deixando de fora o terceirocaracter), que está listado como um discípulo do meio do período Yuan daescola “interna” de boxe no Epitáfio de Huang Zongxi.

Xu Longhou estudou sob Yang Jianhou (1839-1917), cujo pai, Yang Lucan(1799-1872), trouxe os segredos do taijiquan (tai chi chuan) do vilarejo deChenjiagou na província de Henan para Beijing (c. 1860), assim o livro de Xu,como a primeira fonte sobre Taijiquan amplamente disponível, colocava oestilo Yang em evidência quando os líderes da nação estavam apoiandofortemente programas de educação física como parte de um esforço geralpara fortalecer a disposição nacional contra incursões imperialistas na China.Seu livro criou um precedente e aqueles que o seguiram, particularmentelivros sobre o estilo Yang, tenderam a copiar a história de Zhang Sanfeng arespeito das origens do taijiquan (tai chi chuan). De fato estes ultrapassavama chamado do dever atribuindo porções dos escritos de Wu Yuxiang à ZhangSanfeng. Além do mais, que fundador de respeito deixaria de passar adiantealgumas pérolas de sabedoria? Wu estaria apenas transmitindo os escritosdo fundador. De qualquer forma, quem poderia saber? Na verdade, os“clássicos” mais importantes do estilo Yang são escritos de Wu, exceto peloTeoria do Taijiquan de Wang Zongyue, e há quem acredite que Wu teria escritoaté mesmo este além de ter inventado o termo “taijiquan (tai chi chuan)” emtorno de 1854, mas isto é outra história.

Por que parece haver tanta preocupação em associar o taijiquan (tai chichuan) com a lenda de Zhang Sanfeng entre 1912 e 1921, mais de 60 anosdepois de o estilo de arte marcial praticado em Chenjiagou ter recebido onome “taijiquan (tai chi chuan)” e ter sido levado para o grande centro? Aresposta pode estar numa combinação de eventos que começaram com aprimeira referência ao “Dharma” ou Bodidharma como o originador do boxede Shaolin numa novela popular, As Viagens de Lao Ts’an, primeiro publicadana Revista de Ficção Ilustrada entre 1904 e 1907. Este publicação foi seguidade perto pelo livro entitulado Métodos da Escola de Shaolin, que apareceucomo uma série num jornal de Shanghai em 1910. Este livro, de origemincerta mas escrito num tom de sociedade secreta anti-Manchu, expandiu ahistória de Bodidharma e, em 1915, foi alterado e publicado como Segredosdo Boxe Shaolin sob o pseudônimo “Mestre do Estudo sobre RespeitoPróprio” (provavelmente uma alusão à sentimentos anti-Manchu e anti-imperialistas).

De acordo com Tang Hao este livro foi tão popular que quase 30 reediçõeshaviam inundado o mercado até 1919, e influenciou outros autores desdeentão, a começar com a História da Educação Física Chinesa (1919) de GuoShaoyu, que foi o primeiro livro popular chinês sobre este assunto. Não édifícil ver como os mestres de taijiquan (tai chi chuan) podem ter se sentidopressionados a competir por popularidade contra uma campanha publicitáriacomo esta num ambiente cada vez mais comercial. Sob estas circunstâncias,Zhang Sanfeng era um contraponto à Bodidharma feito sob medida.

A lenda de Zhang Sanfeng tem um apelo popular claro, e à pimeira vista podeser até um pouco plausível para o popular médio. Este aspecto de relaçõespúblicas combina-se com o fato que o taijiquan (tai chi chuan), ao contrário deoutros estilos, parece ter respondido mais efetivamente às demandasvolúveis da sociedade no último século, de forma a ter evoluído de uma artemarcial pouco conhecida praticada num vilarejo rural para um fenômenomundial.

Muitas das informações necessárias para se fazer afirmações inteligentessobre as origens do taijiquan (tai chi chuan) e outros aspectos das artesmarciais chinesas está à disposição, mas o que é mais importante é

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interpretá-las de forma crítica e com mais conhecimento do ambiente socialem que estas artes floresceram.

Referências[1.] Henning, Stanley E., “The Chinese Martial Arts in HistoricalPerspective,” Military Affairs, Dez. 1981.

[2.] Crompton, Paul, The Art of T’ai Chi (Rockport, MA: Element,Inc., 1993), p. x.

[3.] Seidel, Anna, “A Taoist Immortal of the Ming Dynasty: ChangSan-feng”, em W.T. de Bary & The Conference on Ming Thought,eds., Self and Society in Ming Thought (N.Y.: ColumbiaUniversity Press, 1970, pp. 483-531). O mais abrangente, masnem sempre preciso, paper sobre este assunto em Inglês.Oferece boa cobertura da fase I da lenda, concluindo que“Suas Biografias e lendas não contêm a mais leve alusão aele ser um mestre de boxe…” (p. 484)

[4.] Ibid., pp. 504-505, afirma que a primeira referência está naGazeta de Ningbo [Ch.], a edição de 1560 não contém talreferência. A referência na edição revisada de 1733 é baseadano Epitáfio de Huang Zongxi [Ch.] (c. 1669) e no Métodos deBoxe Interno de Huang Baijia’s [Ch.]. p. 505, afirma que aescolha de Zhang Sanfeng como santo padroeiro da escola“esotérica” foi um contraponto ao papel de Bodhidharma naescola Shaolin. A escolha não aconteceu até o século XX.

[5.] Yu Dayou, “Clássico da Espada”, em Antologia Literária doSalão da Retidão [Ch.], 1565.

[6.] Giles, Lionel, trad., Sun Tzu on the Art of War (London: Luzac& Co., 1910), p. 67, linha 30.

[7.] Zhang Kongzhao, ed., Clássico do Boxe: Fundamentos doBoxe [Ch.], 1784.

[8.] Henning, p. 176.

[9.] Tang Hao, Pesquisa Shaolin-Wudang [Ch.] (1930), (HongKong: Unicorn Press, 1968), pp. 76-77.

[10.] Cao Bingren, ed., Gazeta de Ningbo [Ch.], 1733.

[11.] Manuscritos Históricos dos Qing [Ch.], 1927.

[12.] Registros de Donghua [Ch.], Yongzheng Ano 5, 1727.

[13.] Goodrich, L.C., The Literary Inquisition of Ch’ien Lung(New York: Paragon Books Reprint Corp., 1966), pp. 65, 247.[14.] Huang, Alfred, Complete T’ai Chi (Tokyo: Charles E. TuttleCo., 1993), pp. 47-48, Meng Naichang, “Pesquisa sobre ZhangSanfeng” na Revista Wudang Magazine [Ch.], Edição Especialde 10º Aniversário 1, 1991, pp. 2436.

[15.] Xu Zhedong, Abordagem Correta e Reconhecimento deAspectos Falsos dos Manuais de Taijiquan: EdiçãoCombinada [Ch.] (1935) (Taipei: Zhenshanmei Press, 1965).

[16.] Zhao Ximin, “Pesquisa sobre as 13 Posturas doTaijiquan,” em Asoociação de Artes Marciais da República daChina, eds., Coleção de Materiais Históricos das ArtesMarciais Chinesas [Ch.], Vol. 5, 1980, pp. 85-109.

[17.] Xu Ke, ed., Sumários Extra-oficiais Categorizados dosQing [Ch.] (Shanghai: Commercial Press, 1917), Vol. 22.

[18.] Guo Shaoyu, História da Educação Física Chinesa [Ch.](Shanghai: Commercial Press, 1919).

[19.] Tang Hao, Pesquisa sobre o Grão-Mestre de TaijiquanWang Zongyue [Ch.] (1935) (Hong Kong: Unicorn Press, 1969),

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p. 2.

[20.] Xu Longhou, Explicação Ilustrada das Formas deTaijiquan [Ch.], (1921) (Taipei: Zhonghuawushu Press, 1970),pp. 8-10.

[21.] Chen Weiming, A Arte do Taijiquan (1925) (Taipei:Zhonghuawushu Press, 1970), pp. 53-70; Zheng Manqing, Os13 Capítulos de Zheng sobre Taijiquan (Hong Kong: DongyaPress, 1957), pp. 108-114; Sun Fuquan, O Estudo do Taijiquan(1924) (Taipei: Zhonghuawushu Press, 1973), pp. 1-4. NOTA:todos os livros em [Ch.]

[22.] Zhao Ximin, Op. Cit.

[23.] Liu T’ieh-yun (Liu E), The Travels of Lao Ts’an, traduzido eanotado por Harold Shadick (Westport, CT: Greenwood Press,Publishers, 1986), p. 73.

24.] Li Yingang, ed., Explicação Ilustrada dos Métodos daEscola Shaolin (Texto Antigo) [Ch.] (1922), (Hong Kong: UnicornPress, 1968), críticas de Tang Hao e Xu Zhedong anexas.

[25.] Mestre do Estudo sobre Respeito Próprio, Segredos doBoxe de Shaolin [Ch.] (1915) (Taipei: Zhonghuawushu Press,1971), críticas de Tang Hao e Xu Zhedong anexas. [26.] GuoShaoyu, Op. Cit., pp. 47-49.

Postado por Marko às 16:40 Marcadores: Cultura Geral , História das Artes Marciais Chinesas , Lendas eMitos das Artes Marciais Chinesas

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