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7/21/2019 Igreja Luterana 1975 n1
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7/21/2019 Igreja Luterana 1975 n1
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IGREJ LUTER N
Revista Teolgica-Pastoral
da Igreja Evanglica Luterana do Brasil
.Uma revista para os adultos em Cristo
Ano: 35
Nmero: 1 e
29
trimestre de 1975
Assinatura anual:
Cr 30,00
para
1975
No exterior: US 6.00
RED O CENTR L
Rev. Leopoldo Heimann, Diretor de Publicaes
Av. Pernambuco 2688, 90.000 Porto Alegre, RS.
a quem devem ser remetidos os manuscritos, car~
tas, criticas e sugestes.
CONSELHORED TORI L
Dr. Johannes Rottmann
Dr. Donaldo SchQler
Rev. Leopoldo Heimann
EXPEDiO E ENCOMEND S
Casa Publicadora Concrdia S. A.
a quem devem ser dirigidos os pedios de assI
naturas, bem como os valores i:orrespondentes.
assinatura.
Diretor-Presidente: Victor Sonntag
Diretor-Gerente: Albert Mattls
Assessor: Rev. Guido GerJ
ENDEREO
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PRESENT N O
As quatro edies de 1975 foram
programadas com muita antecedncia
em 1974.
Por razes qUeesto acima das nos
sas previses (acidentes, enfeI 11 dades,
con espondncia) vimo-nos forados a
englobar num s6 n tneroas edies do
I e II Trimestres.
Os leitores sabero compreender es
ta falha involuntria.
Toda a matria que vai nesta edio
est sob a temtica geral: Cristo e sua
Mensagem
A beno do Senhor da Igreja acom
panhar a leitura desta Igreja Lutera
na.
:1\ :
tempo de escrever com retido
palavras de verdade.
EDITORIAL
QUE FAREI ERliO DE JESUS
No sei
Mas alguma coisa precisa ser feito.
O encontro com Cristo e sua men-
sagem exige definio. :It absolutamente
impossvel permanecer neutro ou indi
ferente. Cristo tambm no pode ser
ignorado OUremovido para o simples es
quecimento.
E necessrio tomar-se uma posio
clara. Meio termo no existe. Quem
no por mim, contra mim; quem co
migo no ajuda, espalha. No existe
outra alternativa: Estar por Cristo ou
contra Cristo, dizer sim ou dizer no,
declar-Io inocente ou culpado, aceit
ou rejeit-Ia, gritar hosana ao Fi
lho de Davi ou crucifica-o, crucifica
o.
Radicalismo? E, Cristo radical.
Claro, ningum forado aceit-Io co
mo Rejentor, como ningum ser al
gemado e arrastado para dentro da glo
riosa eternida.cte.Cristo convida e of..
rece a salvao consumada. E aCris
to no tolera indiferena ou neutrali
dade. Deve existir uma tomada de po
sio, Definio clara. Cristo est des
tinado tanto para mina como para
-
vantamento de muitos. Est muitocla..
1 0: Quem no por mim, contra
mim.
- Que farei
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Claro Pilatos procurou tir-Io de seu
caminho enviando-o para Herodes. Foi
intil a tentativa. Cristo voltou Esta
va convicto: No acho nele culpa de
morte.
Ji:
inocente. Mas o juri popu
lar pensava diferente:
Ji:
ru de mor
te. E agora? Mais uma tentativa para
no se envolver com este justo per
guntar ao povo: A quem quereis que
eu vos solte a Barrabs ou a Jesus
e.\\amado Crlsto il1 Mas a. ltima 1?ala
vra o parecer final e decisivo perma
nece com Pilatos. Os outros j estavam
definildos.Ento Pilatos procura lavar
as suas mos para dizer: Estou inocen
te do sangue deste. Intil. Disse al
gum: Nem todas as guas salgadas
do oceano so suficientes para lavar e
limpar as mos criminosas de Pilatos.
E Pilatos assumiu uma posio com
a sentena: Entregou-o para ser cru
cificado. A sua covaI dia. ou pretensa
fuga so uma clara definio: Contra.
Cristo. o que os cristos tambm con
fessam: Padeceu sob Pncio Pilatos.
- :Que farei ~to de Cristo?
A pergunta est em p e se repete
h vinte sculos. E ao longo destes vin
te sculos mesmo no querendo en
volver-se com este justo mesmo en
viando-o aos Herodes mesmo lavan
do as suas mos inocentes os homens
vm se definindo diante de Cristo. Es
to fazendo alguma coisa com Jesus
chamado Cristo.
Que foi feito de Cristo? Foi julgado
e condenado Foi crucificado e morto.
Foi mutila.d e dilacerado Foi comba
tido e perseguido. Negaram a sua di_o
2
vindade:
um homem devoto piedoso
e digno de imitao. Negaram a sua
humanidade: Foi um ser superior e
misterioso. Escreveram: A cincia tem
provooo finalmente que o Cristo dos
cristos jamais exstiu. Escolheram:
Eu coloco Burla e Scrates acima de
Cristo. Foi escolhido: Cristo lideI e
ideal dos jovens em protesto. Foi re
pugnado: Cristo ai est somente para
estragar
llrograma da gente. Est
claro: So contra Cristo.
Que farei ento de Cristo?
Que farei ento de Cristo?
Os cristo sabem o que fazer. ~
pois que receberam. o favor da salvao
de Crist esto decidiidamente a favor
de Cristo. Eles sabem confessar:
- Creio que Jesus Cristo verda
deiro Deus. gerado do Pai desde a eter
nidade e tambm verdadeiro homem
nascido da virgem Maria meu Senhor.
Pois me remiu a mim homem perdido
e condenado me resgatou e me salvou
de todos os pecados da morte e do po
der do diabo; no com ouro ou prata.
mas com o seu santo e precioso sangue
e sua inocente paixo e morte para queeu lhe pertena e viva submisso a ele
em seu reino e o sirva em eterna jus
tia inocncia e bem-aventul ana as
sim como ele ressuscitou dos mortos
vive e reina eternamente. Isto certa
mente veI1dade.
.- - .Que farei ento em Cristo?
Aceit-Io e proclam-lo como Sal-o
vador da humanidade.
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A
P SSO
DE CRISTO NAS CARTAS DE PAULO
Dr, Johannes H. Rottmann
I. OBSERVAES COM RESPEITO AO
TITULO
Sob Cartas de Paulo neste ttulo en
tendemos as dez epstolas tradicionalmente
atribudas ao apstolo Paulo e endereadas
a congregaes, incluindo a cartinha a Fi
lemom (anexo Carta aos Colossenses),
excluindo, no entanto, as assim denomina~
das .Cartas Pastorais (I e 11Timteo, e a
carta a Tito). Exclumos estas no tanto por
questes crticas e de autoria, mas sim, por
entendermos que elas pertencem a uma
categoria de documentos neotestamentrios
parte. - Exclumos, outrossim, aquela
passagem cristo lgica por muitos chama
do Hino Cristo lgico. de Paulo e que, sem
dvida, apresenta a cristologia de Paulo in
nuce: Fp
2.6-11.
Para essa passagem. re- .. ,
servamos um estudo parte, que oportuni:i:;c ~
mente ser tambm publicado. - Mesmo
com estas restries evidente que no
podemos nem queremos no espao de um
breve ensaio escrever uma Cristologia.
do apstolo Paulo. ~ a nossa inteno de
monstrar em ligeiros traos a riqueza dos
ensnamentos do grande apstolo com res
peito
pessoa de Cristo em alguns dos
seus aspectos mais importantes.
Se falarmos de Paulo como de um aps
tolo convm deixarmos que ele se apresen
ta a si mesmo:
Paulo, apstolo, no da parte de ho
mens, nem por intermdio de homem algum,
mas por Jesus Cristo, e por Deus Pai, que
o ressuscitou dentre os mortos. GI
1.1.
Essa afirmao categrica, a qual, ao
nosso julgamento, a mais antiga declara
o escrita, por ns conhecida, do apsto
lo, *) oloca-o, de antemo, num nvel
absolutamente
parte entre os apstolos,
evangelistas e autores do Novo Testamen
to. E isto se torna mais evidente ainda
quando a vemos na luz da explicao
se bem que polmica - que o prprio a-
3
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pstolo d com respeito
mensagem por
ele proclamada:
Fao-vos saber, irmos, que o evange
lho por mim anunciado no segundo o ho
mem; porque eu no o recebi de - nem
fui instruido por - homem algum, mas
mediante revelao de Jesus Cristo- GI
1.11,12.
Em vista destas afirmaes, que no
deixam dvidas sobre o fato de Paulo a si
mesmo se considerar fonte de primeira li
nha, ficam abertas algumas perguntas per
turbadoras:
Como era possvel que Paulo, apesar de
ser, segundo sua prpria confisso, o me
nor dos apstolos,
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A argumentao do apstolo no contex
to da passagem mencionada toma o seguin
te rumo: Paulo reconhece e confessa que
uma vez no passado teve um conhecimento
de Jesus kat sarka (numa maneira e mo
do carnal, -in the fleshly way, nach der
Weise des Fleisches).
i::
importante obser
var a nfase dada ao pretrito do verbo,
egnokamen. Uma vez no passado teve
este conhecimento, porm essa forma de
conhecimento terminou.
i::
evidente que no
pode -terminar um conhecimento histrico,
real e existencial. Se esse conhecimento
tivesse sido um conhecimento existencial,
teria ficar na menta, na memria e no po
deria ter sido modificado. - Se, portanto,
o apstolo afirma que agora, nyn, este co
nhecimento terminou, ento o conhecer
kat sarka no pode ter sido um conhe
cer existencial e histrico. Tomando o termo
sarx no seu sentido mais comum como
sendo a natureza corrupta do homem, so
mos forados a admitir que este conhecer
do apstolo era um conhecer que refletia
seu estar ainda na sarx, isto no seu es
tado de no regenerado. O conhecer de
Paulo no passado era o conhecer e o julgar
de um homem que vive na carne, que no
cristo, que julga as cousas e as pessoas
de um modo que reflete sua incredulidade.
E se objeto de um tal conhecer e julgar
Cristo, ento forosamente um conhecer
errado, um conhecer que termina no mo
mento em que este estado de incredulidade
termina. Paulo, fariseu fantico e judeu or
gulhoso de suas tradies, s podia julgar
a Cristo, assim como o julgaram os lderes
do povo, um impostor, um falso Messias,
inimigo do povo de Israel e de sua esperan
a. - Sabemos quais foram as conseqn
cias deste conhecer carnal para os segui
dores de Jesus, visto que o verdadeiro pro
tagonista j havia sido posto fora de ao.
Ele, Paulo assolava a igreja, entrando pe
las casas e, arrastando homens e mulheres,
encerrava-os no crcere. At 8.3. Saulo,
respirando ainda ameaas a morte contra
os discpulos do Senhor ... pediu cartas ...
afim de que, caso achasse alguns que eram
do Caminho, assim homens como mulheres,
os levasse presos para Jerusalm, At 9,1,2.
Tudo isto era uma vez. E tudo isto ra
dicalmente mudou quando aquele Jesus, a
quem Saulo perseguia at a morte como
vivo entrou na existncia carnal de Paulo
e transformou sua existncia na carne para
uma vida no Espirito. Por isso o apstolo
pode falar do seu conhecer -na carne- no
tempo passado, e falar do seu conhecer de
agora no tempo presente. Era este momenc
to o grande -quando porm- .na vida do
apstolo: Quando, porm, ao que me se
parou antes de seu nascer e me chamou
pela sua graa, aprouve revelar seu Filho
a mim, para que eu o pregasse entre os
gentios, sem detena no consultei carne
e sangue ... , GI 1.15,16. Deste momento
em diante () apstolo tambm no mais po
dia julgar outros assim como os julga o
homem carnal.
No podemos, portanto, concluir desta
passagem que Paulo conhecia a Jesus pes
soalmente e em sua vida terrestre. Parece
que o prprio apostolo julga um tal conhe
cer irrelevante. O importante para ele era o
conhecer, o ginoskein kata pneuma, o
conhecer com os olhos da f. Heinz-Dietrich
Wendland expressa o que muitos outros
intrpretes pensam, assim como tambm ns
achamos: -Es wird hier also eine fleisch
liche und eine pneumatische Erkenntnis
Christi (vgl. 3,18; 4,6) in Gegensatz zueinan
der gestellt (NTD zur Stelle).
No existem, portanto, subsidios sufi
cientemente fortes, para a afirmao de que
Paulo tenha conhecido a Jesus pessoalmen
te durante sua vida terrestre, e que este
conhecer se tenha constitudo fonte de in
formao para o apstolo quando escreve
sobre a pessoa de Cristo.
2. Paulo dependia para suas informaes
da tradio primitiva e dominante em
Jerusaim e Antioquia?
a) Paulo recebeu algo.
Se tomarmos a afirmao do apstolo
com respeito a seu apostolado e a seu evan
gelho (GI1.1; v. 11,12) como afirmaes ve
rdicas, se bem que proferidas no meio de
forte agitao polmica, surge imediatamen
te a pergunta: at que ponto podemos
constatar e averiguar influncia da parte de,
ou dependncia
tradio apostlica pri
mitiva no uso dos termos, nomes e fatos
ligados pessoa de Cristo nas cartas de
Paulo?
O tom de afirmao, tanto na apresen
tao, GI 1.1, como na polmica, GI 1.11,
12, no deixa dvidas que o apstolo esta
va convicto de estar livre de qualquer in
fluncia humana na sua prpria formao
de apstolo e no conteudo real e teolgico
de sua mensagem.
Enfaticamente nega o apstolo uma tal
dependncia, apontando para trs aspectos
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negativas com respeito a seu evangelho
(GI1.11.12):
a) O evangelho por ele evangelizado (to
esuangelisthn hyp' emou) no kat n
throopon, no segundo preferncias, a
provao ou modalidade de pensamentos
humanos;
b) tambm no o recebeu (parlabon)
da parte (par) de homem algum. impor
tante aqui o emprego do verbo paraJamb
nein, que era o termo tcnico para o trans
mitir a receber de tradies, isto , de en
sinos etc. transmitidos pelas escolas rabioi
caso Paulo, portanto, nega o recebimento
de qualquer tradio de ensino;
c) (edi
dachtheen - notam o passivo do verbo no
aoristo ) com respeito a este evangelho.
importante a generalizao: o apstolo ne
ga qualquer instruo da parte de homens
com respeito ao contedo de sua mensa
gem. A -entrevista> com Pedro, que Paulo
admite GI 1.18, na luz desta afirmao,
no pode ser considerada como sendo for
mativa para sua mensagem como tal. O a
pstolo certamente no quer negar que nes
tas 2 semanas de convivio com Pedro rece
bera informaes com respeito a aconteci
mentos e fatos relacionados
vida e ativi
dade de Jesus durante os mais do que trs
anos em que Pedro tomou parte ativa na
companhia do Mestre. possivel termos
nestas duas semanas com Pedre e chave
para muitas concordncias nos relatrios
dos evangelistas com alguns aspectos da
mensagem de Paulo.
Tomando assim a afirmao do apstolo
na sua totalidade, constatamos que ele ne
ga radicalmente qualquer influncia humana
com respeito ao contedo central doutri
nrio ou teolgico do seu evangelho. Nes
ta base deve ser entendida sua apresenta
o em GI 1.1, em que se declara apsto
lo no da parte de homens, nem por inter
mdio de homem algum, mas por Jesus
Cristo>, como sendo afirmao de sua in
dependncia de fontes humanas. Paulo con
siderava-se recipiente de revelaes diretas
e imediatas com respeito a seu ministrio
como apstolo e com respeito ao conteudo
central de sua mensagem evanglica.
O que Paulo to enfaticamente afirma
com respeito ao contedo central ou se que
remos: doutrinrio - teolgico de suamensa
gem: a absoluta originalidade, genuinidade
e apostolicidade, ele no o faz - ao me
nos no to distintamente - com respeito
forma histrico ou se queremos tambm
prtico. Enquanto foi necessrio na situao
6
enfrentada pela carta aos Gaiatas afirmar
seu aposto lado como sendo legtimo, ge.
nuino e de origem divina, precisava em fa
ce de uma situao bem diferente, assim
como a que encontrou em Corinto, apontar
para seu estar dentro e no fora da grande
corrente da - Se constatamos acima que
o apstolo afirma ser o contedo central do
seu evangelho absolutamente genuno, no
podemos simplesmente dizer que em 1 Co
15 s fala da forma e no do contedo. Ha,
no entanto, uma diferena, qoe me parece
ser fundamental: diante dos glatas defende
o contedo teolgico da sua mensagem;
diante dos corntios aponta para fatos his
tricos acontecidos frente a testemunhas
oculares. Estas testemunhas oculares -trans
mitiram>, aquilo que viram; formaram, por
tanto, uma .tradio., dentro da qual tam
bm o apstolo se acha, se bem que so
mente como -um nascido fora de tempo>,
I Co 15.8. Desta maneira no so contradi
trias as duas afirmaes mas sim se com
pletam: O .no transmisso do conte
do central doutrinrio e teolgico de sua
mensagem de fontes humanas; o
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reconhecermos o fato de que Paulo na car
ta aos Corntios admite ter recebido infor
maes sobre os acontecimentos da morte,
do sepultamento e da ressurreio de Cris
to das testemunhas oculares destes even
tos. No entanto, as verdades divinas, por
assim dizer atrs das informaes, ele as
reconheceu das Escrituras .
H, todavia, evidentemente, ainda tam
bm uma dependncia da parte de Paulo
de certas tradies que dizem respeito
s formas de vida dos cristos e das co
munidades por eles formadas. Desta tradi
o o apstolo de modo nenhum quer se
afastar porque acha nela uma espcie de
garantia pela boa ordem nas congregaes,
ordem essa que pode demonstrar ao mundo
pago a diferena fundamental entre entida
de sociais do mundo e as congregaes
crists. Desta maneira Paulo pode .Iouvar
a congregao de Corinto porque reten
des as tradies assim como volas entre
guei (I Co 11.2), porm adverte aqueles,
que no querem se conformar com essa oro
demo Se algum quer ser contencioso, sai
ba que ns no temos tal costume, nem as
igrejas de Deus . (I Co 11.16). Sim, pare
ce que Paulo, dentro da corrente da tradi
o primitiva crist, quer formar uma esp
cie de cdigo da tica base daquilo que,
como diz, ensina em cada igreja (I Co.
4.17; 7.17; 14.33). - At que ponto estes
fundamentos ticos esto de acordo com
qualquer tradio j formada pelas igrejas
primitivas no pode se averiguar.
Parece-nos, portanto, que Paulo - o
que afirma e reafirma- est convicto que
seu evangelho segundo seu contedo cen
tral e doutrinrio original, genuno e dire
tamente recebido, enquanto que fatos his
tricos e acontecimentos na vida de Jesus
tanto como certas prticas e modalidades
de viver ele reconheceu ter recebido e as
sim transmitido aos seus ouvintes.
Uma outra forma de indicaes sobre
uma eventual dependncia de Paulo das
tradies do cristianismo primitivo (alm de
suas prprias afirmaes) achamos no uso
ou no-uso de certos nomes e titulos dados
a Jesus. Servem-nos para uma tal compa
rao os evangelhos sinticos (*).
*)
evidente que os nomes e titulos da
dos a Jesus no Ev. de Joo no devem
entrar em considerao, visto que re
conhecidamente o qualio evangelho
data de uma poca posterior e que
por sua nomenclatura depende de cir
cunstncias e estruturas radicalmente
diferentes tanto dos sinticos como das
cartas principais de Paulo.
b) nomes e titulos cristolgicos omitidos
Alguns dos nomes e titulos que ocorrem
nos sinticos mas no nas cartas de Paulo
tm colorido tipicamente hebraico/aramaico,
fato esse que sem dvida contribui para sua
omisso da parte de Paulo. Convm citar
mos alguns destes exemplos:
Mestre, grego: h didskalos (ada
ptao ou traduo do hebr,faram. rab:
Mt 9.11: Os fariseus perguntam: .Por
que come o vosso Mestre (
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Mt 26.18: Na procura do lugar onde Je
sus queria comer. sua ltima pscoa com
seus discpulos i Ele Ihes d a incumbncia:
Ide cidade ter com certo homem, e di
zei-Ihe: O Mestre manda dizer: O meu tem
po est prximo.- (As passagens paralelas
em Mc e Lc tambm tm o titulo .Mestre-)
Mc
14.14:
Lc
22.11)
Alm destas passagens que refletem,
sem dvida, o uso deste titulo na lngua do
povo, isto no aramaico, existem outros,
tambm nos sinticos, no levando em con
ta as passagens no evangelho de Joo. O
no-uso do ttulo da parte de Paulo expli
ca-se, possivelmente, no tanto pelo seu
no-conhecimento do termo, como pelo fa
to de que os destinatrios de suas cartas
na sua grande maioria no conheciam o t
tulo -Mestre. na conotao teolgico-reli
giosa que ele tinha entre os judeus.
Ao nosso ver reside neste fator tambm
a explicao do' no-uso da parte de Paulo
dos seguintes termos com fundamento niti
damente judaico:
Profeta: Mt 21.11: .As multides clamavam
(na entrada triunfal de Jesus em Jerusa
lem): Este o profeta Jesus, de Nazar da
Galilia- (h proftes Jesus).
Lc
7.16:
Depois da ressureio do filho
da viuva de Nam: -Todos ficaram possui
dos de temor e glorificavam a Deus, dizen
do: Grande profeta (proftes mgas) se le
vantou entre ns
Lc
24.19:
Os discipulos de Emas, res
podendo ao estranho que se associou a
eles, caraterizam a Jesus o Nazareno, que
era varo profeta. (anr proftas)
Cf. tambm as passagens com o empre
go indireta do termo a Jesus: Mt 13.57;
16.14;
Mc
6.4; 8.28;
Lc
9.19; 13.33.
Filho do Homem - h huis tou anthr
pau - Esta designao tantas vezes ocor
rendo nos evangelhos, tanto nos sinticos
como no Evangelho de Joo e que o pr
prio Jesus aplicava a si mesmo, falta por
completo nas cartas de Paulo: fenmeno,
sem dvida, estranho. Qual seria a razo
da omisso? Ser que o apstolo ignorava
por completo o uso deveras geral da parte
da tradio? Ser que omitiu este ttulo
por consider-Io por demais limitado aos
crculos de origem judaica de Jerusalm ou
achava a ligao deste ttulo
profeta apo
calptica de Daniel (Dn
7.13)
por demais
tnua para os endereados de suas car
tas? Qual outra poderia ser a razo? Acha
mos que qualquer tentativa de explicar o
8
fenmeno, forosamente ficar no campo
hipottico.
Convm, para uma avaliao da impor
tncia da diferena neste particular entre
os evangelhos e as cartas de Paulo, apon
tar para o fato de que a designao Filho
do Homem. se acha - como nos consta
- 10 vezes no Evangelho de Mateus, 4
vezes em Marcos,
11
vezes em Lucas, uma
vez em Joo (no dilogo com Nicodemos,
Jesus, se bem que veladamente para a com
preenso do velho mestre em Israel, apli
cava o termo a si mesmo: De modo por
que Moiss levantou a serpente no deser
to, assim importa que o Filho do homem
seja levantado., Jo
3.14),
e uma vez em
Atos (Estevo no seu martrio, antes de
morrer: Eis que vejo os cus abertos e o
Filho do homem em p
destra de Deus,
At 7.56).
Nomes e ttulos menos empregados nos
evangelhos e, possivelmente, nem conheci
dos por Paulo so ainda os seguinte:
Filho de Davi - eminentemente nome ba
seado nas profecias do A.T., e que, quanto
nos consta, s foi usado por Mateus e,
mesmo nas passagens paralelas, omitido
por Marcos e Lucas. A expresso na boca
do povo reflete claramente o ensinamento
dos escribas, que tinham o Messias futuro
como sendo descendente, filho, de Davi,
evidentemente baseado em passagens co
mo 11Sm 7 e SI 110.1 (cf. Mt 22.41-46). O
povo usa o ttulo duas vezes e em ambas
as passagens refletido o reconhecimento
da parte do povo de que em Jesus apareceu
algo messinico: Mt
12.23
em resposta
cura de um endemoninhado cego e mudo
em admirao exclama o povo:
.
esta,
porventura, o Filho de Davi? Na conhecida
histria da entrada triunfal de Jesus em Je
rusalm torna-se a pergunta em grito afir
mativo: Hosana ao Filho de Davi. (Mt
21.9),
grito tal que fez os fariseus indignar-se,
porq~e conheciam perfeitamente sua cono
tao messinica, Mt
21.15.
Que essa designao falta totalmente em
Paulo, tem provavelmente a mesma razo
anotada j nos ttulos tratados acima.
Filho da Maria - Filho de Jos, o car
pinteiro - por razes bvias, no apare
cem nas cartas de Paulo, apesar de nos
evangelhos estes ttulos fazerem parte es
sencial das discusses sobre a identifica
o de Jesus: Mt
12.46-50;
Mc
6.3,
e que
servem para rejeit-Io como homem extra
ordinrio da parte dos seus conterrneos.
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Uma idia completamente estranha s
cartas principais de Paulo a ida de Jesus
ser o Rei de Israel, ou o Rei dos ju
deus. - Nas duas passagens em que o t
tulo .Rei. ocorre em ligao a Jesus (I Tm
1.17; 6.15) evidentemente numa forma al
go enigmtica atribudo a Deus. - Temos
nos evangelhos o mesmo fenmeno que
constatamos com respeito a Filho de Da
vi: o reconhecimento de se tratar da vin
da do prometido filho de Davi. que seria
o seu sucessor e ao mesmo tempo o esta
belecedor do reino eterno de Israel. Passa
gens nos evangelhos so as seguintes:
Mt 2.2: O reconhecimento da parte dos
magos e ao mesmo tempo tambm da parte
dos escribas que relacionavam este titulo
s profecias messinicas do A.T. Onde es
t o recem-nascido Rei dos judeus?
a pergunta que leva os escribas, cha
mados por Herodes, a inquirir, onde o
Cristo deveria nascer e resposta da iden
tidade do Cristo com o Rei dos judeus.
Mt 21.5 temos da parte do evangelista
a identificao de Jesus com aquele Rei da
filha de Sio, profetizado no A.T. (Zc 9.9
combinado com Is 62.11): Dizei filha de
Sio: Eis a te vem o teu Rei ... - d.
par. Lc 19.38
O escrneo dos soldados durante o pro
cesso contra Jesus, Mt 27.29, reflete num
lado a indagao de Pilatos: s tu o rei
dos judeus? Mt 27.11 (Mt 15.2; Lc 23.3),
porm no outro lado tambm a voz do povo
que assim o tinha proclamado na sua en
trada em Jerusalem poucos dias antes.
A ironia de Pilatos, com que ele queria
vingar-se dos lderes do povo, que com sua
acusao astuta haviam posto o governa
dor numa posio extremamente delicada
(10
19.12: Se soltas a este, no s amigo
de Csar; todo aquele que se faz rei
contra Csar.), vem tona no ttulo dado
a Jesus na identificao posta sobre a cruz:
-Este Jesus, o rei dos judeus., Mt 27.37;
Mc 15.26; Lc 23.38. interessante a expli
cao, recordada por Joo, que reflete a
afirmao do prprio Jesus com respeito a
este titulo: Os principais sacerdotes di
ziam a Pilatos: No escreves: Rei dos ju
deus, e, sim, que ele disse: Sou o rei dos
judeus., Jo 19.21. - Porm o mesmo Joo
que tambm relata a afirmao real de Je
sus com respeito a este ttulo: Tu dizes
que sou rei. Eu para isso nasci e para issovim ao mundo, a fim de dar testemunho da
verdade., Jo 19.37.
Entramos algo mais detalhadamente na
discusso deste ttulo desde que toca a um
dos elementos bsicos de cristologia dos
evangelhos: a idia da basUia e de Je
sus como o basiles a qual, se no faltar
por completo em Paulo, tem conotaes e
feies decididamente diferentes da dos
evangelhos, o que demonstra que a teologia
de Paulo no depende no seu desenvolvi
mento sistemtico das tradies primitivas
do cristianismo, refletidas especialmente nos
evangelhos.
Aquele que estava para vir - h ereh
manos , um dos grandes termos messini
cos para aquele que era o grande objeto
da esperana do povo de Deus, achamos
nos evangelhos em vrias passagens, en
quanto Paulo, quando fala de primeira vinda
de Cristo, nunca o emprega na forma do
particpio c. artigo embora em duas passa
gens use o verbo como tal: I Tm 1.15: .Fiel
a palavra e digna de toda aceitao que
Cristo Jesus veio ao mundo para salvar pe
cadores (lthan eis ton ksmon) e Ef 2.17:
Ele, vindo,evangelizou paz... ( elthn
euengelsato ernen). - Nota-se clara
mente que estes verbos no indicam um t
tulo messinico, o que, no entanto, certa
mente o caso em muitas passgens dos
evangelhos. In der Messiasdogmatik des
Judentums ist der Messias Der Kommende
(h erchmenos) der mit seinem Auftreten
die Heilszeit einleitet. (*)
Da se pode entender a pergunta do Ba
tista do meio da tribulao para convencer
se a si mesmo e para a certeza dos seus
discpulos: s tu aquele que estava para
vir? - (muito mais sucinto em grego: sy
ei h erehmenos). Mt 11.3; cf. tambm
Lc 7.19,20.
O povo que na entrada triunfal de Jesus
em Jerusalm anuncia sua vinda, canta nas
palavras do SI 117.25s: Bendito o que
vem em nome do Senhor (gr.: h ereh
menos en onmat kyrou) Mt 21.9, cf. Mc
11.9; Lc 19.38 - notvel tambm Jo 12.13.
Na esperana da vinda do Messias esta
va ligada
vinda dele a vinda de um pre
cursor, i.e., no retorno de Elias: Mt 11.14;
Lc 7.24ss - aplicado por Jesus ao Batista
tambm em Mt 17.9ss. e Mc 9.93S. - Inte
ressante a reao do povo ao grito de Jesus
na cruz: Eli, lem sabactnil, Mt 27.46s.
e Mc 15.35: Deixe, vejamos se Elias vem
salv-Io. - O que deve ser notado, no
entanto, nestas passagens, que o termo es
pecialmente caracterstico, isto h er-
*) Johannes Schneider em Kittel: Theol.
Wrterbuch z.N.T. - Vol. 11, 666s.
9
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chmenos., no se aplicou ao precursor,
mas to somente ao Messias.
O uso do termo h erchmenos para a
segunda vinda de Cristo no consta nos
evangelhos, se bem que Jesus, que era na
sua primeira vinda h erchmenos = a
quele que vem vindo, que est no caminho
para chegar logo, afirma do Filho do ho
mem j vindo que est prestes a vir (pela
segunda vez). mllei rchesthai. Mt 16.27.
Sim, fala at de certos fenmenos que a
companham esta vinda: Quando vier (
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as marcas de Jeslls. Uma clara aluso
crucificao de Jesus.
I Ts 4,14: .Pois se cremos que Jesus
morreu e ressuscitou, assim tambm Deus,
mediante Jesus, trar juntamente em sua
companhia os que dormem. - Notam: O
Jesus histrico a quem um povo inteiro co
nheceu, este mesmo Jesus vir no dia der
radeiro.
11Co 4.10-14: Nessa passagem o nome
-Jesus. ocorre 5 vezes, e todas relaciona
das
morte e ressurreio de Jesus, e
vida que surgiu para muitos destes aconte
cimentos mais importantes da histria da
humanidade.
11Co 4.5 temos uma combinao bastan
te interessante da parte do apstolo do no
me-ttulo -Cristo Jesus- com o simples .Je
sus.
notvel que o nome-ttuio Cristo
Jesus liga-se ao titulo kyrios, Senhor:
No nos pregamos a ns mesmos, mas a
Cristo Jesus como Senhor. Isto impor
tante O contedo da mensagem do apsto
lo Cristo, SenhOi . No entanto, sua vida
como cristo, servo de Cristo, apstolo
absolutamente impossivel sem a ligao com
aquilo, que este Senhor era e fez como o
Salvador:
... no nos pregamos a ns mesmos,
mas a Cristo Jesus como Senhor, e a ns
mesmos como vossos servos por amor de
Jesus.
11Co 11.4 d-nos um exemplo deveras
caraterstico de que o apstolo no s de
fende a deidade de Jesus Cristo, mas que
de modo nenhum quer permitir uma prega
o que por acaso tivesse uma outra huma
nidade, isto , uma falsificao do histrico
Jesus, por alvo. No contexto e argumentao
do apstolo a seguinte: Estes falsos pro
fetas que esto perturbando a paz da con
gregao de Corinto no pregam um ou
tro Cristo. Eles bem sabem, que no h e
que no pode haver um outro Messias do
que aquele personificado em Jesus de Na
zar. Mas o que eles esto tentando fazer
dar um quadro totalmente diferente deste
Jesus, de sua vida, de seu procedimento
no meio do seu povo, tentando desenhar
um quadro judaistico de Jesus numa manei
ra grosseiramente deformada. Visto que
Jesus vivia como judeu, isto 'judaicamen
te, todos os seus seguidores deveriam
tambm viver como ele, isto iudaicamen
te', cumprindo todas as leis judaicas I As
sim argumentavam os perturbadores da paz
'em Corinto, que Paulo chama de .esses tais
apstolos. (
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At
18.1-5:
Paulo em Corinto, entregando
se no incio ao trabalho missionrio entre
os judeus, teve uma mensagem especial e
fundamental para eles: - ... testemunhan
do aos judeus que o Cristo Jesus.
De novo no centro da mensagem a de
monstrao da identidade da pessoa de Je
sus com o Messias profetizado nas Escri
turas.
At 18.28: O fervoroso Apoio, judeu de
Alexandria, recm - convertido para o cris
tianismo, tem uma mensagem fundamental
tambm para os judeus de Corinto, men
sagem essa pela qual ele mesmo foi con
vertido e de cuja verdade agora estava ab
solutamente convicto e, por isso, -com
grande poder convencia publicamente os
judeus, provando por meio das Escrituras
que o Cristo Jesus., aquele Jesus to
vergonhosamente condenado e crucificado
pelos lideres do povo em Jerusalm.
At 26.23: Enquanto o apstolo na sua
defesa como prisioneiro em Cesaria dian
te dos governadores Flix e Festo no em
prega o ttulo messnico, usa-o, no en
tanto, enfaticamente quando est enfrentan
do o conhecedor das Escrituras: Agripa.
Tambm a ele o apstolo tenta convencer
-que o Cristo devia padecer, e, sendo o
primeiro da ressureio dos mortos ...
Que o ttulo messinico o Cristo. fa
zia parte integral e essencial da tradio
oral, mormente da tradio judaica-crist,
amplamente demonstrvel pelos exemplos
dos evangelhos, e aqui mui especialmen
te do evangelho primordialmente de fundo
judaico, Mateus. E aqui podemos constatar
que, com a exceo do titulo do evange
lho, (
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ttulo o Cristo., tornando-se agora desi
gnao daquela personagem histrica de
Jesus: morto por nossos pecados, ressus
Ditado por causa da nossa justificao, sen
tado direita de Deus Pai, Pai dele e nosso.
- Poderiamos dizer, portanto, que Paulo,
estando de um lado firmemente enraizado
na grande tradio cristo lgica da igreja
primitiva, no obstante avanou as estacas
desta tradio, desenvolvendo-a da maneira
que achava necessria e conveniente para
sua misso mundial.
este certamente o caso com o ttulo
principal usado por Paulo em definir o que
Jesus Cristo significa e , o ttulo Senhor
- KYRIOS. - mui escasso, quase ine
xistente nos sinticos, a designao de Je
sus como sendo o Kyrios. As poucas pas
sagens em que ocorre o termo so ou ci
tao ou aplicao de profecias, ou se ba
seiam em revelao extraordinria.
Aplicao de profecia temos em Mt 22.
43,44 (par Mc 12.36; Lc 20.42). Na discus
so de Jesus com os fariseus sobre a pro
fecia messinica contida no Salmo 110
identifica-se Jesus, sem sombra de dvida,
com o Senhor de Davi no obstante ser
seu filho, isto , descendente dele. E aqui
de novo notvel a auto-designao de Je
sus. Ningum devia pr em dvida a auto
conscincia clara (Selbstbewusstsein) da
parte de Jesus com respeito
sua messiani
dade, se de mente aberta estuda esta dis
cusso:
Mt 22.41ss: Reunidos os fariseus, inter
rogou-os Jesus. Que pensais vs do Cris
to? de quem filho? Responderam-lhe eles:
De Davi.. - Vem ento aquela insinuante
discusso sobre, ao mesmo tempo, a hu
manidade e a deidade do Cristo, do Mes
sias profetizado. - No podemos nem que
remos aqui entrar em discusso sobre a
autoria davdica do SI 110. Servem-nos co
mo prova suficiente, ao lado desta passa
gem, as adicionais de PedrojLucas em At
2.34s.; de Paulo em I Co 15.25; do desco
nhecido autor judeu, imbuido com a tradi
o judaica/crist, de Hb 1.13; 10.13. - O
acrscimo de Marcos na passo parI., Mc
12.36, que Davi escreveu esta profecia en
t pnumati t hago - -pelo (ou melhor
-estando no) Esprito Santo. parece indicar
o desejo do autor de reforar para seus
leitores no-judeus a divindade do pronun
ciamento. - Segundo Lenski (Interpretation
of St. Matthew s Gospel, pg 886), o fato de
que Yahweh realmente chamava este filho
de Davi nada menos do que o Adonai de
Davi foi a causa por que the Jews have
consistently interpreted this psalm as a
Messianic psalm in spite of the New Tes
tament and the Christian aplication to Jesus
whom the synagogues reject as the Mes
siah .
Mt 24.42, Nesta passagem, que faz par
te do grande discurso proftico-escatol
gico de Jesus, ele evidentemente aplica a
si mesmo na sua segunda vinda a designa
o h kyrios hymn, o vosso Senhor:
Vigiai, porque no sabeis em que dia vem
o vosso Senhor.
O ttulo o Senhor ocorre pelo menos
duas vezes em Lucas, e em ambas as pas
sagens como parte de uma revelao ex
traordinria. Este fato parece-nos indicao
que para estas passagens, que so do ma
terial que nos sinticos especificamente
iucano., o evangelista teve fontes na mes
ma tradio como Paulo, isto , de Antio
quia, cf. Lc 1.1sS. - As passagens so as
seguintes:
Lc 2.22: Na histria do nascimento de
Jesus aparece o ttulo na boca do anjo que
anuncia aos pastores o acontecimento faus
toso: - ... vos nasceu na cidade de Davi,
o Salvador, que Cristo, o Senhor. (h
kyrios).
Lc 24.34: Na histria dos discpulos que
no caminho a Emas tiveram o encontro com
o ressuscitado, estes, correndo de volta ao
crculo dos discpulos em Jerusalm, que
rem levar a eles a notcia faustosa, porm
j esto surpreendidos com a mensagem:
O Senhor (h kyrios) ressuscitou e j apa
receu a Simo.
A mensagem de que Jesus era h ky
rios um dos grandes temas cristo lgicos
de Paulo, que tambm neste tema demons
tra que, apesar de estar dentro da grande
corrente de tradio crstolgica do cristia
nismo primitivo, desenvolveu a teologia cris
tolgica de maneira extraordinria. Isto ser
demonstrado ainda pormenorizadamente
mais adiante.
O mesmo fenmeno encontramos com o
emprego do ttulo Filho de Deus. O ttulo,
sem dvida, era conhecido na tradio oral,
refletida to nitidamente pelos sinticos,
mas foi, no seu sentido teolgico, vastamen
te desenvolvido por Paulo nas suas cartas,
como tambm pretendemos demonstrar num
captulo
parte. Aqui queremos s mencio
nar que em Paulo ocorre o termo na forma
de Filho de Deus (surpreendentemente s)
quatro vezes; na forma -Seu Filho. duas
vezes. Seu uso nos sinticos mostra clara-
13
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mente pertencer este ttulo j aos mais an
tigos da tradio oral. Exemplos disto so
os seguintes:
Como revelao diretamente divina te
mos o ttulo nas histrias do batismo de Je
sus e da transfigurao:
Mt
3
(par. Mc 1.11; Lc 3.22): -Eis
uma voz dos cus, que dzia: Este
o meu
Filho amado -a quem me comprazo.
Mc tem a alocuo direta: Tu s o meu
Filho amado... , o que
repetido por Lu
caso
Mt 17.5 ((par. Mc 9.7; Lc 9.35) na hist
ria da transfigurao na forma de Mateus
temos com endereo neutro a voz do cu:
-Este
o meu Filho amado. em quem me
comprazo: a ele ouvi.. Notvel a identida
de da mensagem com a do batismo, com
o acrescimo, no entanto, da ordem, que
agora pode ser dada: a ela ouvi - de
pois da confisso de Pedra (16.13ss) e de
outras revelaces bastante claras com res
peito identidade de Jesus. impressio
nante a unanimidade da tradio nos trs
sinticos com respeito a esta ordem.
sobremaneira significativo o fato de
que ao lado da revelao diretamente divi
na temos o ttulo tambm na boca do Ten
tador:
Mt 4.3,6 tem na primeira e segunda ten
tao o grande Se s ...
:
.Se s o Fi
lho de Deus ... (a tentao da fome e do
pinculo do templo); Mc na passagem para
lela bem breve, constatando simplesmente
o fato das tentaes, 1.12,13; Lucas tem
uma inverso da terceira para a segunda
tentao, mas o ttulo (posto no condicional)
aparece nas mesmas tentaes como em
Mt, isto na da fome e do pinculo do
templo, Lc 4.3 e 9.
Jesus tambm usa o titulo como auto
designao. Como passagem em foco apon
tamos para as seguintes:
Mt 11.25-27 recorda uma orao tpica
de Jesus, dilogo com seu Pai celestial, com
respeito a seu ofcio e sua obra aqui na
terra e nela se chama a si mesmo de Fi
lho: Ningum conhece o Filho seno o
Pai ... ; cf. tambm Lc 10.22. - A estes
pronunciamentos podemos acrescentar tam
bm os em que o Filho no seu estado de
humilhao fala do Juizo Final cujo dia o
Filho. no conhece, Mt 24.36.
Certamente cabem aqui tambm os pro
nunciamentos recordados na histria da
Paixo, em que a autodesignao de Jesus
serve como ponto central das acusaes da
parte dos judeus, especialmente na acusa
o da blasfmia. A pergunta direta do su-
4
mo sacerdote no interrogatrio: s tu o
Cristo, o Filho de Deus Bendito? contm
at dois dos titulas messinicos de Jesus.
A resposta no deixa dvida: Eu sou e
esta resposta d-nos ento o terceiro ttulo.
vereis o Filho do homem assentado
direita do Todo-Poderoso ... Mc 14.61,62;
d
tambm Mt 26.63ss (notem o particular
especificamente caraterstico por uma fonta
judaica: o conjurar do sumo sacerdote pe
lo Deus vivo>. Lc 22.70s. pe a afirmao
na boca dos judeus: Ento disseram todos:
Logo tu s o Filho de Deus? E ele Ihes
respondeu: Vs dizeis que eu sou.
Mais ta( de no desenrolar da histria da
paixo serve o ttulo para o escrnio de
testemunhas da crucifixo: Mt 27.43. Se
foi neste escrnio ou em outras ocases
que o centuro ouviu o ttulo divino preci
sa ficar aberto. Sua confisso debaixo da
cruz , no entanto, sem dvida, um dos pon
tos culminantes da vida do Filho de Deus
aqui na terra, quando um pago v um cri
minoso morrer na cruz e dele confessa:
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SOT RIOLOGI NO NTIGO T ST M NTO
Dr. Walter
llstmallll
Prembulo
Definio Geral - Soteriologia, a
doutrina da salvao, a doutrina es
crituristica com respeito
aplicao e
apropriao dos mritos do Messias
Cristo para com o pecador individual,
mediante a qual o mesmo pecador al
cana a posse real e o uso-fruto da
bno que o Messias-Cristo de fato con
quistou para a humanidade inteira, tan
to os homens do tempo da Antiga co
mo os da Nova Alianas.
Cristo o Salvador do mundo (Jo
4. 42; I Jo 4. 14). Deus estava em Cris
to, reconciliando consigo o mundo, II
Co 5. 19. Cristo a propiciao pelos
nossos pecados, e no somente pelos
nossos prprios, mas ainda pelos do
mundo inteiro, I Jo 2,2. O mediador
entre Deus e os homens, o nico Me
idiador, reconciliou o mundo com Deus,
no parcial ou virtual, mas total e real
mente. Porque com uma nica oferta
aperfeioou para sempre quantos esto
sendo santificados, Hb
10.14.
E quan
do se assentou destra da majestade
nas alturas, a obra da redeno esta
va inteiramente concluda, estava fei
to a purificao dos pecados, Hb 1.3.
Esta definio geral e introduo pa..
rece antes pertencer a uma soteriolo
gia do NT e no do AT, Mas o que
ficou afirmado acima nas citaes bi
bUcas com referncia ao mun-do intei
ro, da mesma maneira encerra as duas
pocas 'deste mundo, a saber, a Antiga
e a Nova Alianas.
Telogos modernos consideram in
dispensvel a pressuposio em consi
derando um tema como o nosso, que o
AT devia ser tratado isoladamente, Le.
que o NT devia ser inteiramente igno
rado, inclusive as exegeses e interpre
taes de palavras e cousas vetero-tes
tamentrias nele contidos. Isto fazem
por terem por preconcebido e suas in
terpretaes por tendenciosas. Exigem
15
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tambm - e nisto tm razo dentro de
certos limites - que o AT deve ser
considerado -dentro de seu crculo e
fundo histrico do respectivo autor e
de sua poca. Por isso tambm ns le
cionamos arqueologia bblica e histria
de Israel e dos povos vizinhos deste e
sua respectiva cultura, sendo isto
ndispensvel para uma s interpreta
o. - No necessrio que aqui seja
mencionado a maneira arbitrria e des
ptica com que a maioria dos intrpre
tes modernos ignora simplesmente o
auto-testemunho dos livros bblicos e a
autenticidade e o tempo da autoria cla
ramente testificadas nas Escrituras, de
clarando-as por teorias. E para eles
indiferente, se estas teorias foram acei
tas em geral na teologia moderna, ou
se so de carter individual. As mais
diversas teori\M; histrico-cronolgicas
das diferentes opinies das mltiplas
correntes e escolas teolgicas finalmen
te tm isto em comUIn e lhes serve de
idia fundamental, se bem que no ex
plicadamente, que eles negam simples
mente a possibi1tdade de uma profecia
direta, assim como, p.ex. negam a pos
sibi1iidade de um monotesmo absoluto
e abstrato nas pocas remotas dos pa
triarcas e do povo de Deus.
Tambm de ns esperam, ao enfren
tar run tema como o nosso, uma teolo
gia no prejUldicada, pertencendo pa
ra eles tal teologia a refutao da ins
pirao verbal, da integridade e da au
tenticidade das Escrituras, a legitimi
dade e a credibilidaide, a canonic1dade,
etc. dos livros bblicos. Em especial es
peram que no seja levado em conta o
auto-testemunho dos dois testamentos
e com isto tambm o testemunho do
Talmude, de Jesus e de seus apstolos.
De sua parte, porm, no vacilam a
pressupor muita cousa ,a saber, a im
possibilidade de uma inspirao verbal,
divina, e por isso, infalvel das Escritu
ras. Afirmam, por sua parte, que a
verdade correta pdde ser achada nos
resultados indubitveis da cincia hu
mana e estes resultados a eles servem
de pedra de toque para todas as afir
maes bblicas. E a estes resultados
prontamente sacrificam tambm as de
claraes mais claras das Escrituras.
Sabemos que, lamentavelmente, en
tre aqueles que o Senhor trOUXe f,
sempre existem tais que trazem sobre
si mesmos repentina perdio, 2 pe
16
2.1. Apesar de Deus, por intermdio de
Cristo Jesus, nos ter recoi'lfeiliado con
sigo mesmo (2 Co 5.18), e apesar de
sermos j reconcililliclos com Deus me
diante a morte de seu Filho (Rro 5.10),
todavia somos exortados de nos recon
ciliarmos com Deus (2 Co 5.20). E esta
exortao no diminui e no ignora o
mrito do Salvador do mundo, mas nos
transmitida pelo emissrio deste, que
em nome de Cristo nos roga a deixar
mos nos reconciliar com Deus (2 Co
5.20).
]jJ a vontade de Deus e do Salvador,
que a salvao em Cristo Jesus, uma
redeno objetiva por ele alcanada,
fosse propriedade de c3Jda pecador indi
vidualmente, que possuisse a mesma,
que gozasse alegremente da mesma.
Uma anestia, concedtda a sditos revol
tosos, tem o valor de run grande feito do
governo; mas tal anestia no traz efei
to absoluto por si mesmo; os contem
plados se devem declarar de acordo com
as condies da anestia, i.e. depositar
as armas e abraar os benefcios da
paz.
Uma herana somente ento efe
tuada quando o herdeiro se declara de
acordo com as cOl1ldiesestipul3Jdas no
testamento.
O
herdeiro, porm, tambm
pode desistir de seu direito, pode negar,
pode recusar-se de aceitar a parte a
ele destin3Jda pelo testador. Sua herana
no forada, impingida, nele
A salvao preparada por Cristo pa
ra todos os homens, chega a ns como
ddiva, livre, divina (Ef 2.8 cf 1 Co
1.7) e ns recebemos da sua plenitude,
e graa sobre graa, Jo 1.16). Caso
aceitarmos esta ddiva divina, ento
temos a redeno, pelo sangue, a re
misso dos pecados, Ef. 1.7. Nossa he
rana no 3 penas nos reservada nos
cus (1 Pe 1.4), mas ns mesmos fo
mos feitos herana kleeronomian
i.e. tornando-nos propriedade, Ef 1.11,
e j gozamos das primcias, como pe
nhor da nossa herana, Ef 1.14. - Do
outro lado, apesar de ser preparada a
grande ceia para muitos, e apesar de
tudo estar pronto, h tais que no pro
varo esta ceia, para a qual tambm
eles seriamente foram convidados (Le
14.16-24),
Agora, no assim que, neste ma
terial de trabalho por ns apresentado,
nos queremos basear-nos no NT e em
suas idias, que talvez quisssemos for-
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ar no ATum esquema dogmtico neo
testamentrio, para depois procur~r e
achar as provas para tal nas pginas do
AT (o que tem sido feito e o que, cer
tamente, no difcil fazer). Mas por
ser estipulado definitivamente em At
4.12 que no h salvao em nenhum
outro, porque abaixo do cu no existe
nenhum outro nome, dado entre os ho
mens, pelo qual importa que sejamos
salvos, referindo-se. na ocasio, Pedro,
claramente a Jesus (v. 11); e porque o
mesmo Jesus diz inequivocamente (Jo
14.6): Eu sou o caminho, e a verdade,
e a v~da,ningum vem ao Pai seno por
mim; e se depois, nas palavras do mes
mo Jesus, encontramos os patriarcas
Abrao. Isaque e Jac, os pais de todos
os fiis, na
me3a
no cu juntamente comos fiis do NT (cf Mt 8.11; Lc 13.28);
e se Abrao se acha enumeral:lo entre
os heris da f em Hb 11 (cf v.8), en
to, j que no h outro caminho ao
cu do que somente o mediante a f
no nico e suficiente Salvador, ento
tambm os fiis do Antigo Testamen
to s acharam salvao por este mes
mssimo caminho. ~ Convenddos, por
conseguinte, que s h um Salvador e
Mediador (1 Tm .3,5), para os fins
desta pesquisa traamos, para o nossogoverno, determinadas diretrizes, em
pressupondo ns, fiis, luteranos, ao
mesmo tempo, segundo o auto-testemu_
nho das Escrituras, a inspirao divina,
e por isso a infabilildade de todas as
palavras (na lngua original, claro)
das Sagradas Escrituras.
Trataremos, pois, da aliana firma
da, daquele qUe a firmou, a saber, de
Deus e da idia de Deus no AT, do
homem, objeto da aliana do Messias,
o Mediador da aliana, e da reconcilia
o por este efetuada.
A Concluso da Alianc;n.~ Se bem
que pretendemos concluir este estudo
com a reconciliao (re-ligio), nos ve
mos obrigados a mencionar esta logo
de incio.
Quando, Deus teve o seu encontro
com seu povo no Sinai, deu ordens a
Moiss de, mediante sacrifcios e, es
pecialmente, mediante o sangue da
aliana (Ex 24.8), reconciliar com Deus
so setenta ancios juntamente com Aro
e seus dois companheros, admitindo
assim os mesmos sua presena. Por
esta ocasio, Moiss anotou as condi
es por Deus impostas; e em seguida,
Moiss leu o livro da aliana (b'rt) pe
rante o povo (Ex 24.7). Como os seten
ta ancios com Moiss e seus compa
nheiros desta maneira estavam corres
pondendo s prescries divinas, no fo
ram aniquilados, como Deus ameaara
a todos aqueles que se iam aproximar
do monte e assim de Deus (cf Ex. 19.
12). Estavam, pelo menos temporaria
mente, reconciliados com Deus.
O termo b'rit convnio, aliana
B'rit designa um convnio, um. acordo
legal, uma obrigao. Parece que tam
bm os convnios entre parceiros hu
manos no AT tiveram carter religio
so. Achamos no AT trs tipos de b'rit:
1) entre contraentes de condies iguais
(ebenbrtig), um convnio que acei
to com espontaneidade pelos parceiros(81 55.20), talvez como Davi e Jonatas
(1 Sm 18. 3-4); 2) ou entre grupos, co
mo Josu e seus homens e os gibeoni
tas (Js 9.15) ou entre povos inteiros,
como entre os edomitas e seus aliados
(Ob 7); 3) mas tambm o matrimnio
um b'rit (Ml 2.14).
O AT tambm fala de aliana figu
rativa. A algum faz uma aliana com
os seus olhos contra a concupiscncia
(Jo 31.1); com pedras para viver em
harmonia com a natureza (Jo 5.23). Aexpresso Salzbund, Aliana de Sal
(Nm 18.19) estipula que seja perp
tua.
Kra,t b'rit, a expresso mais usada
para concluir aliana, certamente tem
sua origem na maneira como os ani
mais, em Gn 15.10, foram cortados,
inclui, porm, como muitos acham, a
ameaa que de maneira parecida se
riam tratados os contraentes perjuros
d. J2 34.18-20).
Homens, porm, no esto em con
dies iguais parlt com Deus. Por isso,
Deus no conclui com os homens uma
aliana em igualdade de condies pa
ra ambos. O sentido de SI 50.5; Os que
comigo fizeram aliana por meio de
sacrifcio : os que entraram para a
aliana que determinei. Homens a) in
vocam a Deus por testemunho das ali
anas, dos convnios, que porventura
entre si concluem (
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religioso). - Mas homens fazem tam
bm b) entre si um convnio com res
peito a um servio a prestar a Deus,
como a santificao do sbado (Ex
31.16; cf com 2 Cr 23.1 sS, especialmen
te vA), enquanto SI 83.5 fala justa
mente do contrrio: de uma aliana
contra o Senhor.
Sendo desiguais os contraentes (co
mo: Deus e homem), o b'rit se torna
omem, prescrio da parte do mais
graduado (Ez 17.13 a); neste caso o
mais graduado assume o prescrever, eS
tipular as condies, enquanto a outra
parte ou obedece, ou ento viola a alian
a (Js 23.16). Neste caso, o b'rit se tor
na sinnimo de choq regulamento,
prescrio. As vezes parecem existir
condies iguais entre Deus e homens,
mas estes no so essenciais. Assim
existem condies soberanamente im
postas da parte de Deus tanto versus'
Ado e Eva no Paraso como tambm
versus o povo ao p do monte SinaL Em
todo o caso, Deus mesn10 escolheu a
palavra b'rit para com a mesma de
signar aquilo que sua imposio e
condio soberana.
Com respeito palavra b'rit escreve
Gerhard v Rad (Theologie des AT, I,
135): Nossa palavra aliana s uma
designao provisria (hehelismiissige
Wiedergabe) do vocbulo hebraico h'rit,
ci.
a isso especialmente J. Bogrich Be_
rit, (ZAW 1944, pg 1 ss). Pois b'rit
pode ser o contrato mesmo, i, e. seu ce
rimonial; pode, porm, ser tambm a
condio social dos dois parceiros, inau
gura;da pelo mesmo cerimonial. Pois,
antes de tudo, foi um grande progresso,
quando Begrich ensinou a compreen
der a aliana como condio de dois par
ceiros desiguais. Ento como um con
vnio forooo por um mais poderoso ao
mais fraco (cf Je 9.6; I Re 20.34; I
Sm 11.1 ss). Libel1dade completa de
ao, tambm a libemade da resoluo,
i.e. do juramento, na verdade s o mais
polderoso tem; o parceiro inferior sim
plesmente quem recebe. O mesmo, na
pg. 136: A condio garantiJda pela
concluso da aliana preferivelmente
designa;da por shalm (Gn 26.30ss: Ber
Saba poo de juran1ento; 1 Rs 5.26; 1s
54.10; Mq 5.4; Jo 5.23), vocbulo pe
lo qual a nossa palavra paz (Friede)
s pode ser avaliada como equivalente
insuficiente. - A isto, Rad acrescen
ta a nota: ultimamente M. Noth pro-
18
ps derivar este shalm de salimum
reconciliao, convnio, que nos tex
tos Mari usooo em conexo com uma
concluso de aliana. E continua:
Pois shalm designa a Unversehrt
heit. o esta;do do ser ileso, intato, a
integridade de uma condio social, pois
o estado de igualdade harmoniosa, de
equilbrio de todas as exigncias e ne
cessidade entre dois parceiros. Assim
uma concluso de aliana tem como al
vo um estado de integrida;de, de estar
tudo em ordem e justo entre duas par
tidas Mas este conceito de essncia de
uma' aliana, segundo a opinio de Be
grich, mudou no decorrer da histria.
Tambm o recebedor em uma aliana
sempre mais ficou encarregado e as
sim, por sua vez, podia impor condi
es, etc. L. a essncia da aliana se
deslocou, agora no assim que os par
ceiros se teriam encontrado em pari
dade, mas para o lado, agora, de um
convnio bilateral contractal. Assim a
Bundesgewhrung, a concesso da
aliana, se tornou Bundesvertrag,
convnio, contrato. - At aqui Rad.
Agora, se os contraentes so Deus
na sua graa e homem em seu peca
do em uma aliana estipulada por
Deus, por livre e espontnea vontade,
a ele mesmo se impe a si a salvao
dos pecadores, tornando com isto a ali
ana um instrumento do seu amor divi
no (Dt 7. 6-8; 81 89.3 ss), o que se re
trata do Gnesis at ao Apocalipse, nas
palavras: Serei seu Deus, e eles me
sero povo: - John Murray, The
Convennant of Grace, pg. 31, chama
isto manejo soberano da graa e da
promessa. Esta reconciliao entre
Deus e homens no devia ser simples
mente hereditria e automtica. Sendo
este b'rit essencialmente monergista,
L. s efetuada por um, a saber Deus,
no por Deus e homem, este b'rit exi
ge qualificaes da parte do homem. A
santidade exige despacho do pecado.
Este despacho agora se efetua mediante
reconciliao, perdo, remisso. Recon
ciliao exige sacrifcio de sangue, a
oferta de uma vida suplente (ein
stellvertretendes Leben), cf Lc 17.11;
Cl 1.20 e Hb 9.22. - E mais: Somente
Deus poderia efetuar tal reconciliao.
J. Barton Payne, The Theology of
the OMer Testament, declara a isso na
pg. 82: A idia de uma vontade pes
soal continuou relativamente estranha
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aos hebreus at aos dias de Herodes. O
fato, que o nico Filho de Deus seria
apresentado como sacrifcio-resgate su
ficiente ainda no fora manifesto cla
ramente. Que o Filho de Deus teve que
morrer para satisfazer a Deus, de sorte
que os homens pudessem herdar a sua
vida divina e estar com Deus, foi in
compreensvel debaixo do AT. Os conhe
cimentos eram demais embrionais
(keimhaft ), seminais, ambos, os a
respeito da Trindade, como os da hu
manao e da crucificao, seguida pela
ressurreio. Mas o AT para o b'rit
nem nega a possibili'daile desta inter
pretao testamentria, pois de fato to
dos os fatores essenciais estavam pre
sentes. O AT descreve simplesmente a
declarao divina legal, obrigatria, mo
nergstica a respeito da salvao com a
designao b'rit, mas para a explicao
do senUdo exato por Deus intenciona
da de b'rit, necessrio dirigir-se ao
NT.
No NT e na LXX, porm b'rit tra
duzido com diatheekee, cujo primeiro
sentido o dispor de propriedaile me
diante um testamento. Diz Philo neste
sentido: Deus legar aos inocentes
e imaculados uma herana Kata
diatheekees (gemass der Klauseln eines
Testan1ents, em conformidade com as
clusulas de um testamento)>>.
Segundo, porm, o usus linguae
Idesde Alistophanes (427 AC), o sen
tido : convnio entre dois partidos, con
vnio, aliana. A LXX evita a traduo
syntheekee para b'rit, o que seria a
palavra certa para beiderseitige ber
einkunft, acordo bilateral, enquanto
ditheekee significa: executar imposto,
decreto, Willensverfgung (disposi
o testamentria), o que mais ade
quado quanto a Deus que no equipa
rado ao homem. Por isso o contexto,
tambm no NT, que decide, se o senti
do testamento ou aliana. Entre
os textos com diatheekee, no NT, o
mais difcil Hb 9.15-22, especialmente
os vs. 16 e 17: Porque onde h tes
tamento diatheekee>.' necessrio que
intervenha a morte do testador dia
theemenon; pois um testamento diatheekee s confirmado no caso de
morte; visto que de maneira nenhuma
tem fora de lei, enquanto vive o testa
dor diatheemenom>. - li: esta tambm
a nica vez que a RV traduz diathee-
kee com testamento, pois estes ver
sculos exigem esta traduo.
Mas para onde nos leva tudo isto?
Hb 9.15, i. o versculo imediatamente
anterior traz duas vezes diatheekee:
Por isso mesmo ele o Mediador da
nova diatheekee, a fim de que, inter
vindo a morte para remisso das trans
gresses que havia sob a primeira dia
theekee, recebam a promessa da eterna
herana aqueles que tem sido chama
dos. - Para ns difcil explicar, co
mo p. ex. na Almeida Revisada se tra
duziu estas duas vezes aliana, mas
nos vs. 16 e 17: testamento. - V.18
lemos depois: Pelo que nem a primei
ra diatheekee foi sancionada sem
sangue. Isto sugere que tanto a antiga
como tambm a nova diatheekee de
viam ser da mesma categoria.
Franz Delitzsch diz em seu Comen
tary on the Epistle to the Hebrews,
n 118: O antigo b'rit foi... uma 'dis
posio testementria, de sorte que
Deus a si mesmo se comprometeu me
diante promessas a confirmar uma
eterna herana, caso Israel continuas
se fiel... Como, desta maneira, foi um
testamento, isto no sem um caso de
morte, como tal exigi:do por um testa
mento. todavia um tipo (foreshading),
no adequado da morte do real testa
tor diathemenon. - Confere-se tam
bm as ltimas definies de testamen
to em J. Massie, A Dictionary of the
Bible, IV, 721: Os documentos que
contm as promessas testemunhadas de
bnos willed by God (doados me
diante testamento por Deus), and be
queathed (e legados por testamento)
ns em Cristo, como estabelece Hb
9.15: Cristo o Mediador da nova dia_
theekee, a fim de que, intervindo a
morte para remisso das transgresses
que havia sob a primeira diatheekee.
Gerh. v. Rad, 1.c. 1,309, escreve;
Jeov concluiu um b'rit 'lm, uma
aliana eterna, com Davi. Em verdade
esta para a maneira de compreenso
hebria a expresso nica oportuna, pois
se trata de um convnio beneficente, que
foi base 'je uma nova situao legal. O
mesmo expressa o importante Salmo
132, quando fala dum juramento de
Jeov (v.lI). O nOvlm que deci:de nes
ta situao legal criada por Deus, sem
dvida foi a adoo do portador da co
roa por filhO, Dai resultam consequn
elas que s pocas posteriores reconhe-
19
7/21/2019 Igreja Luterana 1975 n1
22/62
ceram quanto ao seu alcance... Que Jeo
v preparou uma lmpada para o seu
ngido (Sl 132.17), esta promessa di
vina ainda devia ocupar (a mente) de
descen dentes futuros. De sorte que a
promessa por Nato, o que j, em mi
do, sugeriu a estratificao (Schich
tung) complicada de 2 Sm 7, se tornou
em medida mxima, traditionschpfe
risch, criadora de tradio, pois esta
promessa divina nunca mais foi esque
cida; nas pocas seguintes sempre foi
de novo interpretada e atualizada;
aqui temos a base histrica e tambm a
legitimao de todas as esperanas
messinicas... - E Edm. Jacob escreve,
1.c. pg. 213: Seria demais se afirms
semos que a aliana sempre exigisse um
mediador; mas isto certo, de que no
momento em que a idia aliana se
torna mais precisa, a pessoa do Media
dor, no passado (Moiss), no presente
(o rei) ou no futuro (o Messias), visa
um crescimento em importncia ... e na
pg. 341: Convertidos pelo exemplo de
Israel, as naes por sua vez entraro
na aliana; aquelas naes, do meio dos
quais Israel fora chamado no incio de
sua histria, vo peregrinar sua luz
(luz de Israel), e o novo cu e a nova
terra sero uma realidade nova e defi
nitiva desta salvao (Is 60.19;65.17)>>.
Em outros termos: J que ningum
vem ao Pai seno por intermdio de Je
sus Cristo (Jo 14.6.13) e pela f no
Crucificado (Gl 3,26), este ningum
inclui tambm os >.
Tomaz de Aquino, Summa Theol.
lU, 62, escreve: Os pais antigos (os
do AT) foram justificados pela f na
paixo do Cristo, do mesmo modo, co
mo ns tambm (per fidem passionais
Christi, sicut et nos)>>.
Na nota 31 no seu traJbalho Luther
und das Wort Gottes, na antologia
Accents in Luther's Theology, pg. 75,
20
Hermann Sasse cita: Num sermo em
Mt. 2. 2-12 na Kirchenpostilla de 1522,
Lutera v na estrela de Belm, visvel
a todos, a nova luz, o evangelho, ver
bal e publicamente anunciado. Cristo
tem duas testemunhas de seu nascimen
to e regimento: turra se acha nas Es
crituras no AT ou nas palavras, com
preen jrda em letras; a outra a voz da
palavra verbalmente anunciada. Esta
palavra verbalmente anunciada do evan
gelho
chamada uma luz por Pedro em
2 Pe 1.19. A Escritura, L. o AT, no
entendida antes que a luz comece a
luzir, pois mediante o evangelho que
os profetas so compreendidos.Por isso,
primeiro a estrela teve que luzir e ser
vista. Pois no NT, o anunciamento de
via ser feito verbalmente, com voz al
ta, e devia ser anunciado publicamente,
assim que aquilo que at ento se acha
va em letras e vises secretas, devia
ser transposto em linguagem e palavras
audiveis. Pois o NT nada mais do que
uma abertura e revelao do AT, co
mo indicado em Ap 5, quando o CordeL
1'0 de Deus abriu o livro, fechado com
sete selos. Vemos, tambm, com os aps
tolos, que toda a sua pregao nada
mais do que uma interpretao das
Escrituras e um fundamentar de sua
mensagem nas mesmas Escrituras. 1 :
por isso que tambm o prprio Cristo
no deu sua doutrina por escrito, como
Moiss anotou a sua, mas a anunciou
verbalmente e mandou que fosse anun
ciada verbalmente, tambm no ordenou
que fOSSeanotada por escrito. De sor
te que os apstolos s escreveram bem
pouco, e s Paulo, Joo e Mateus es
creveram. Dos outros apstolos nada te
mos, a no ser de Tiago e Judas; mui
tos, porm, no tm estas ltimas por
escritas apostlicas. Tambm os que
escreveram, nada mais fizeram do que
introduzir-nos para dentro do AT, as
sim como o anjo levou os pastores pa
ra o prespio e as fraldas. Por isso no
est de acordo com o NT escrever li
vros sobre a doutrina crist, mas deve
ter, em toda a parte, pregadores bons,
doutos, piedosos e diligentes que extrais
sem a palavra viva das Velhas Escritu
ras (AT) e inculca-Ias no povo. Isto os
apstolos fizeram. Pois antes que es
crevessem, primeiro ensinaram com voz
viva e converteram o povo. Esta foi a
verdadeira incubncia apostlica e a pr
dica do NT (cf WA 10. 1-1.625. 17 -
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626,21). Acrescentamos aqui uma nota
do Dr. Sasse (n? 24,pg 92. l.c) A ele
cita Rahner,
783: Este um ponto
de vista da Dogmatische Konstitution:
ber die gttliche Offenbarung - Dei
verbum, do
29
Vaticano, se bem que pre
tenda dizer mais, especialmente com
respeito
salvao no AT. Mas at os
telogos catlicos no esto satisfeitos
(cf Rahner e Vorgrimler, Kleines Kon
zilskompendium, Freiburg, HerdeI 1967,
pg. 364: No se devia -passar em si
lncio sobre os erros deste captulo (L.
referente ao AT), que dificilmente faz
juz ao fato, que o AT foi a Sagrada Es
critura de Jesus e da Igreja Primitiva,
e que contm uma experincia da hu
manidade em suas relaes para com
Deus, que muito mais extensa do que
o NT .
Sasse, 1.c. pg. 69 diz ainda: Difi
cilmente se pode duvidar que a teolo
gia medieval tenha sido incapaz de fa
zer justia ao AT. Acharam no mesmo
as promessa'Sdo evangelho como o Tri
tentino ainda faz (
7/21/2019 Igreja Luterana 1975 n1
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trata, e surgem informaes, que no
trazem a paz coiscincia da verdade
do homem moderno ... (pg 276). Esta
agravao da problemtica podemos fun_
damentar em Lutero. Nisso Lutere tem
- comparado com hoje - ainda tuna
atitude sumamente ingnua para com o
teor do AT. Para ele o mesmo, em todas
as suas partes e seus relatos, verdade
assim, como est escrito. Esta atitude
para com o texto no mais a da nossa
gerao ...
Mas voltemos questo do b'rit,
Quando b'rit estatuto divino, im
posto ao homem soberana e graciosa
mente, ento a Ed. Knig e a outros,
testamento parece a melhor traduo.
Isto parece ser consequncia da evolu
o natural da idia b'rit como heran
a salvadora. Tambm um testamento
encerra obrigaes: Um herdeiro pode
ferir as suas obrigaes testamentrias;
mas quando faz isto, perde a herana.
Assim, se bem que o testamento uma
verdadeira imposio ou estatuto,
, segundo a explicao de Delitzech,
esta a imposio, que Israel devia per_
manecer fiel. (Cf Lv 24.8) os pes de
proposio so chamados b'rit eterno,
no apenas estatuto mas sim por ser
isto uma participao do homem na
salvao divina; foi expresso da f
em um testador misericordioso. - Se
compararmos 2 Cr 15.12 com 2 Rs 11.
17, ento trata-se, no primeiro caso, da
entrada para um testamento existente
(no aliana). Parece ser o mesmo
caso em 2 Rs 11.17.
Segundo Ed. Koenig, qUe gostaria
eliminar o termo aliana a favor do
testamento, s existiram trs excep
es para esta sua opinio: 1) Jr 33.20,
25, onde falado de um b'rit com o
Idia e com a noite: 2) Zc 11.10 11.10:
b'rit com todos os povos, L. que es
tes povos ide uma oU de outra maneira
deveriam servir aos planos de Deus pa
ra com o seu povo; 3) Os 6.7: Mas
eles transgrediram o b'rit com Ado;
eles se portaram (com isso) aleivosa
mente contra mim. (Ser que isto se
refere ao convnio com base nas boas
obras antes da queda?).
Agora com referncia s caracters
ticas
b'rit. Com base em Hb 9, dia
theekee pode ser definida com pres
crio legal, mediante a qual adjudi
cado ao herdeiro qualificado uma heran
a pela morte :do testaJdor. Cinco as-
pectos principais ai se impem: 1) O tes
tador que testa, chamado um me
diador (Hb 9.15); 2) os herdeiros que
recebem, e que tambm so designados
os chamados (Hb 9.15); 3) a maneira
de realizao, L por meio de um le
gado da graa, que executada aps a
morte do testador (Hb 9.16); 4) as con
dies: o herdeiro se qualifica para a
ddiva, pois, como se acha expresso em
Hb 9.28, a diatheekee existe para
aqueles que o aguardam para a salva
o (e isto prescrito segundo Hb
9.20); 5) a herana, que legada, espe
cialmente a salvao eterna (Hb 9.15,
27).
Como Gn 9.1-17 designado como
aliana divina com No, necessrio
explicar, que o compromisso por Deus
imposto a No e sua descendncia, a
no outra cousa do que, da parte de
Deus, uma revelao parcial, e um pro
visorium da lei do Sinal. Aquilo que aqui
Deus se impe a si mesmo, precede (Gn
8.21 s). Isto promessa de graa.
Os rabinos judicos explicam e classifi
cam as prescries daidas a No como
proibies: a) da idolatria; b) do abuso
do, e blasfmia contra, um dos nomes
divinos; c) do casamento com consan
gneos (parentes chegados), do adul
trio e da sodomia; d) do roubo que foi
castigado com a morte; e) que os pro
slitos do porto institussem os seus
prprios juizes; e f) de comer carne
ainda tremenda. (Nada dizem da proi
bio de matar o prximo; do outro la
do encontra.lll demais na aliana de
No, cf item e.).
Se porm, tratamos da soteriologia
da poca vetero-testamentria, agora se
nos impe a pergunta, se desde o in
cio o plano divino da salvao se te
ria concentrado exclusivamente em
Abrao e sua descendncia, ou se j
antes da vinda de Cristo devemos fa
lar 'de um pIano universal de salvao
da parte de Deus.
A unidade do gnero humano em ne
nhum documento literrio da antiguida
de testemunhada com tanta clareza
como no AT. A unidade da humanidade
eo progresso uniforme em direo a
um alvo determinado j achamos em
Gn 2.7 e 12.3; a formao 'do homem
do p da terra e, na bno de Abrao:
em ti sero benditas as famlias da
terra. (cf tambm a aliana com No
Gn 9.1-17, especialmente vs. 15 e 16).
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- No mundo espiritual grego, tal idia
s aparece na poca da escrita pseudo
aristotlica Do Mundo. - Por exem
plo a imagem divina, segundo Gn 1.26
prerrogativa de todos os homens ei
koon, sego LXX), enquanto da parte
dos gregos e romanos este epteto ('. Com isto a reu
nio, a re-ligio com Deus, primeiro em
concordncia e harmonia, depois de fa
to e eterna.'1lente se torna o ltimo al
vo Ao homem como tal tambm en
trgue o governo sobre o resto das cria-
turas. - Que existia um plano divino,
mostra o procedimento de Deus depois
da queda: no apenas impe penalida
des disciplinares, mas ao mesmo tempo
abraa os pecadores com o allUncia
mento convidativo da graa: 1) por mu
dana imediata da morte ameaada para
logo, em dificuldades da vida (Gn 3.16
19), que deviam sempre lembrar o ho
mem de seu estado peca.>ninoso e do fa
lecimento final e que deviam mant-Io
em humildade; 2) por assistncia gra
ciosa ao homem expulso do paraiso (Gn
3.21); 3) por promessa da vitria fi
nal sobre a serpente (Gn 3,15). Tam
bm ento, quando sempre de novo o
pecado se interps entre Deus e os ho
mens (Gn 4.8ss e 9.15) e pela reorgani
zao dos deveres humanos, Deus ps o
fun::Jaulento para um b'rit entre eles,
Deus e a humanidade pecadora (Gn
9.1-17).
Por isso no h dvida que a soteri
ologia nas primeiras pginas da Bblia
j universal quanto ao seu objetivo.
(O capitulo rI aparecer na prxima
edio)
(Vem da pg. 14)
da cristologia completa e total do NovoTestamento, Pensamos na passagem que
nos traz a assim denominada Gmnde Co
misso com sua frmula trinitria na qual
o ttulo Filho o elo que liga cu e terra:
Mt 28.19: Tendo ido, ento, (part. aor.
poreuthntes com oun) fazei discpulos
(melhor: discipulai ) todas as naes, bati
zando-os em nome do Pai e do Filho e do
Esprito Santo, , ,-,
Se com esta exposio algo extensa
discutimos a pergunta: Paulo dependia para
suas informaes da tradio primitivae dominante em Jerusalm e Antioquia? e che
gamos
concluso de que o apstolo de
fato estava dentro da grande corrente tra
dicional da cristologa dos apstolos, espe
cialmente no que diz respeito aos fatos e
acontecimentos histricos, resta-nos ainda
perguntar: Como ento Paulo to categori
camente pode afirmar que com respeito a
seu aposto lado e
sua mensagem depende
unicamente de Deus e de Jesus' Cristo.
3. Q que Paulo recebeu atravs da -
laes pessoas e sobrenaturais?
(O
estudo foi interrompido neste ponto
por fora maior. Ter, se Deus quiser, sua
continuao no prximo nmero, quando
tambm daremos bibliografia aproveitada.)
3
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4
24
ANOS DE
EVANGELIZAO
BREVE ESTUDO DE ALGUNS
ASPECTOS DA MISSIOLOGIA NO
ANTIGO TESTAMEN'l'\O.
Rev. Walter O. Steyer
I - INTRODUO
No momento em que o homem se
parou-se de Deus pelo pecado, toda a
dinmica da Trindade estava voltada
redeno do homem - pelo prprio
Deus Assim a boa nova messinica foi
promulgada ainda no jardim do den
(Gn 3.15), como para fixar na mente
do homem a noo de Paraso. Com Gn
3.15
... Este te ferir a cabea, e tu
lhe ferirs o calcanhar, a universali
dade da salvao estava assegurada. Es_te objetivo de Deus seria alcanado com
o levar a certeza messinica aos po
vos futuros; O sereis minhas testemu
nhas (At 1.8), teve seu incio com
Ado. Abel o seu primeiro mrtir
Sublinhamos aqui as palavras do te
logo K. Hartenstein quando afirma:
Os primeros ca;ptulos de Gness
(1
11)
so de significado especial para a
teologia da misso. (Natureza Missio
nria da Igreja, pg. 17 - Heidentum
und Kirche, EMM, 1936, pg 5) Afirmarassim que Deus apenas no NT impos
seu plano de salvao universal, des
conhecer a essncia :divina, expressa pe
lo apstolo Paulo nas palavras: o qual
deseja que todos os homens sejam sal
vos e cheguem ao pleno conhecimento
da verdade.
(1
Tm
2.4)
Vejanlosas
sim alguns aspectos da missiologia no
Antigo Testamento.
11 - OS PRIMRD110S DA
EVA.J.~GELIZA.OUNIVERSAL
Traamos nosso ponto de partida em
Gn 4.26 A Sete nasceu-lhe tambm
um filho, ao qual ps o nome de Enos:
dai se comeou a invocar o nome do
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SENHOR A Humanidade estava divi
dida. De um lado Ado - que represen_
tava o povo de Deus. Do outro lado
Caim, na terra de Node - que represen
tava a apostasia. O nascimento de Enos,
neto de Ado, serve de marco inicial
na missiologia vetero-testamentria. O
v
de Deus liderado por Ado, de
defensivo passou a uma posio ofensi
va. Caim que matara seu prprio irmo
Abel, tambm teria infligido esperan
a messinica um golpe mortal, se no
houvesse agora aps o nascimento de
Enos a reao evangelistica: da se co
meou a invocar o nome do SENHOR.
Lutero: Es fasst aber die Anrufung
des Namens des Hern zuleich auch die
Predigt des Wortes ... Und schliesst sich
hieraus eine feine Meinung, dass man
um die Zeit des Herrn Namen habe
angefangen anzurufen, das ist, dass
Adam, Seth, Enos ihre Nachkommen
vermahnt haben, dass sie auf die ErlO
sung warten, der Verheissung vom Sa
men des Weibes glauben und durch die
se Hoffnung der Kainiten Hinterlist,
Kreuz, Verfolgung, Feindschaft, Unrecht
berwi11'den und an ihremHeil nicht
verzweifeln sollten, sondern sollten viel
mehr Gatt danken, der sie einmal durch
des Weibes Samen erlsen wiirde. (VaI
1
pg
398/399).
Mas desde os primrdios da humani
dade estava armada a reao contra to
da e qualquer atividade evangelistica.
De contnuo os vagalhes satnicos, com
mpeto desenfreado objetivam arremes
sar-se contra o Rochedo da Salvao, E
qual pequenina ilha em pleno oceano,
o mesmo v-se constantemente ameaa
do pelo aspectro da submerso. E tama
nha foi a avalanche reacionria movida
por Satans, contra a ao evangelisti
ca, que em termos humanos exagerou
sua prpria medida, Como um carro que
ultrapassa sua velocidade limite, seu
destino ltimo so os escombros ... assim,
o dilvio foi a resposta de Deus
ido
latria, ao materialismo e toda gama de
pecados produtos da artimanha satni
ca. E assim extinguiu-se a gerao de
Caim. No porm a de A'::lo,pois No
andava com Deus (Gn
6.9).
Tambm No foi um dos heris da
cvangelizao. Os
120
anos de prazo que
precederam ao dilvio, sem dvda fo
ram usados por ele e seus filhos na pre
gao da palavl'a de Deus. Tempo sufi
ciente para que todos os povos tomas-
sem conhecimento do juizo iminente de
Deus.
Aps o dilvio Deus de maneira en
ftica estabeleceu aliana com No e
seus filhos. Gn 9.8,9 Disse tambm
Deus a No e a seus filhos: Es que es
tabeleo a minha aliana convosco e
com a vossa descendncia ... Renova-se
aqui a universalidade da salvao ba
seada em Gn
3.15 .
Se No teve maior sucesso na prega
o da esperana messinica aps o
dilvio, ao que tudo indica a resposta
negativa. Pois a confuso de linguas
um resultado direto da vaidade humana,
do destronamento de Deus na regncia
do mun::lo. A torre de BabeI quer riva
lizar com o poder de Deus - com o
AMOR de Deus. O homem sempre quer
sobrepujar ao seu CRIADOR.
E com a disperso dos povos a
aliana de Deus com No, entra tragi
camente em crise. Deus, porm, estabe
lece novos planos e novos mtodos pa
ra a execuo da sua promessa messi
nica. Vejamos assim:
m - O DESDOBRAMENTO
MISSIONARIO NA POCA
PATRIARCAL
Deus, no que diz respeito reden
o do homem sempre tem em vista
toda a raa humana, de todos OS tem
pos. Assim o chamado de Abrao sendo
particular, sua bno universal, em
ti sero benditas todas as famlias da
terra (Gn
12.3).
A ordem, vai para
a terra que te mostrarei (Gn
12.1),
mais do que simples ordem de emigra
o, a.ntes o incio de verdadeira jor
nada evanglstica a estender-se at a
consumao do sculo. Abrao como sa
cerdote de Deus, foi o grande arauto
da promessa messinica, em sua poca.
O fato de Gnesis repetidas vezes men
cionar' Ali edificou Abrao um altar
ao Senhor, e invocou o nome do Se
nhor (Gn
12.7,8;
Gn
13,4,18;
Gn
21.33),
evidencia a pregao messinica do pro
feta, Se Deus agiu sculos mais tarde
com tanta severi1::lade contra os povos
da Palestina, foi sem dvi
7/21/2019 Igreja Luterana 1975 n1
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feta. o fato de todos os escravos nasci
dos em sua casa, e a todos comprados
por dinheiro, todo macho dentre os de
sua casa (Gn 17.23), serem circunci
dados mostra o empenho de Abrao de
transmitir sua f, mesmo aos mais hu
mildes servos de sua casa.
Por outro, sendo Abrao um dos ho
mens mais ricos de seu tempo (Gn
13.6),
o que tambm significava ser poderoso
(Gn 14), era assim uma personalidade
'denotvel projeo. Esta posio social
sem dvida foi de grande valia para
que povos, tribos e naes, tomassem
conhecimento da promessa messinica:
em ti sero benditas todas as fan'
lias do terra (Gn
12.3).
Mais tarde pe
las palavras proferidas pelo rei Abimele
que, e seu amigo Ausate, e fiel co
mandante do seu exrcito, referente a
Isaque: Tu s agora o abenoado do
SENHOR (Gn 26.29), fica pelo menos
expresso que tinham conhecimento do
Deus de Abrao. E se o tiveram foi
porque algum lhes anunciou o nome do
Senhor. No queremos aqui concluir que
eram homens convertidos, mas pelo me
nos que conheciamas promessas de Deus
conferidas a Abrao e seus descenden
tes.
A bno de Jaco Fara, eviden
cia tambm passos preliminares de evan
gelizao, realizados sem dvida por
Jos. Sabemos por outro que os filhos
de Jac no Egito, conservaram-se fiis
s promessas de Deus. Se a Bblia no
registra atividade evangelstica p,d., o
fato de se manterem separados e com
ulto prprio, serviu de testemunho a
um povo essencialmente idlatra. Sendo
o Egito uma potncia mundial, o con
tato com os demais povos era constan
te. o que favoreceu a Israel a projetar
se como povo messinico.
O DESDOBRAMENTO
MlSSIONARIO NA ltPOCA MOSAICA
Tambm a eleio de Israel cornopo
vo de Deus, no exclui a universalidade
da salvao expressa em Gn
3.15.
A
uma universaliidade de salvao, segue
se uma universalidade de evangelizao.
Sequncia lgica. Um no faria sentido
sem o outro
Em Ex
i9.6,
Deus declara seu propsito com a eleio de Israel: vs me
sereis reino de sacel1dotese nao san
ta. Isto no quer dizer que Israel se
r povo constitudo inteiramente de sa-
cerdotes, mas que Israel cumprir fun
o sacerdotal como um povo no meio
dos povos; ele representa Deus no mun_
do das naes. O que os sacerdotes so
para um povo, Israel como povo ser
para o mundo... O termo santo, to
usado como idesignativo de Israel, tam
bm aponta nesta direo. Por santo
(qdosh) no se entende qualidade ti
ca, mas relao com Deus, consagrado
(e assim, tambm, separado) para um
servio especial (A Natureza Missio
nria da Igreja, pg 24). O fato de Israel
ser nao nicade entre as naes de~
vido a aliana de Deus com Abrao,
d-lhe