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IGUAL #02 - parte dois

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Um ga jo mui to f ixe :

JAMES STURMNão é dos nomes mais mediáticos, mas para quem estápor dentro do cenário da banda desenhada indepen-dente James Sturm é um nome de referência. As suasraízes encontram-se no estilo caótico do movimento“Raw”, mas a obra mais recente (incluindo “TheGolem’s Mighty Punch”, um livro que a Time honroucom o título de best graphic novel of the year) tem tendido para o romance histórico, contado de formalacónica e sem grandes enfeites. É esse o tipo de escritaque encontramos em “America”, a nova colecção detrês obras de Sturm, cujos esboços estiveram em exposição na livraria Mundo Fantasma. Foi na aberturadessa galeria, e após uma elucidativa palestra na ESAD, que a IGUAL teve a oportunidade de falar com James Sturm.

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DESTAQUES

IGUAL – Como é que surgiu aideia de visitar a Europa?

James Sturm (JS) – Bem, recebium convite da ESAD em colabo-ração com a Mundo Fantasma. Jácá tinha estado e foi maravilhoso,portanto recebi de braços abertos aoportunidade de voltar.

IGUAL – Como foi a workshop?

JS – Foi excelente! Achei os alunosmuito receptivos, muito focados ecom uma forte capacidade de con-centrar e trabalhar com os proble-mas que apresentei e os exercício.Fiquei muito impressionado.

IGUAL – Esteve envolvido emmuitas actividades para além dacriação de banda desenhada, a Cen-ter For Cartoon Studies e por aí adi-ante. Acha que durante os últimosdez, quinze anos a banda desen-hada tem se tornado mais re-speitada? As pessoas aceitam-namais como arte genuína?

JS – Sim, sim, sim! O cenário edi-torial nos Estados Unidos tem mu-dado dramaticamente nos últimosdez anos: continua a haver umacultura de fãs obsessivos (que Deusos abençoe), mas agora todas asgrandes editoras – a RandomHouse, a Disney, a Hyperion, aPantheon – têm todas linhas degraphic novels e a banda desenhadaagora tem cachet literário, o que ébom, mas também preserva as suasraízes de genre. É muito agradávelpara um criador que viu as lutasque travámos para que a BD fosseaceite pelo mainstream, ver estas

DR

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abril 2009mudanças. E sim, todas as formasde arte têm desafios para chegar auma maior audiência, mas a mu-dança na BD durante os últimosquinze anos tem sido incrível,mesmo incrível.

IGUAL – Tem-se falado muito nasadaptações para cinema – os filmesde super-heróis, claro, mas tambémcoisas como o “Ghost World”. E hátambém agora planos para umfilme do “Scott Pilgrim”. Acha queé um desenvolvimento positivo?

JS – Bem, quer dizer mais lucrospara os criadores. Se isso faz comque o Bryan Lee O’ Malley vendamais livros do “Scott Pilgrim”,bom para ele. Se lhe der maisleitores, bom para ele. Acho que setem que separar – o livro é o livro,o filme é o filme. Mas se cria maisleitores, isso é altamente.

IGUAL – E estaria disponível paraadaptações das suas própriasobras?

JS – Oh, sem dúvida. E tem havidoconversas. Mas tem que ser sobcertos termos que sejam agradáveispara todos os intervenientes.

IGUAL – O mundo literário tam-bém tem mostrado mais interessepela BD ultimamente, através deescritores como Michael Chabon eJonathan Lethem, que vi ter con-tribuído um blurb para a capa doseu livro. Acha que isso tem aju-dado a tornar a BD mais palpávelpara pessoas que antes não eram fãs?

JS – Eu acho que para pessoas comJonathan Lethem e MichaelChabon, terem lido banda desen-hada tornou-os melhores escritores,a BD tem influenciado as suas sen-sibilidades literárias. Acho quemostram isso quando falam dabanda desenhada nos media e são

muito generosos com as suascitações e o seu tempo. Mas issonão foi bem o que perguntou, pois não?

IGUAL – Sim, era mais ao contrário, se o apoio deles ajuda abanda desenhada.

JS – Não, não, não. Eles têm umainfluência tremenda em certos cír-culos, e são escritores incríveis.Quando pessoas com esse nível desubstância contribuem para divul-gar o meio, é maravilhoso.

IGUAL – Há uma grande culturade banda desenhada na Europa,também, mas parece que estasobras não penetram muito no mer-cado americano. Quer dizer, opúblico americano tem aderido aomanga e ao anime, mas não àbanda desenhada europeia.Porquê?

JS – Bem há algumas obras eu-ropeias que têm criado um mer-cado. Os trabalhos do Sfar têm sidopublicados, “The Rabbi’s Cat” foium livro bastante popular nosEUA, portanto há algum crossover,mas há tanta coisa, e um públicolimitado… É um pouco um mis-tério, o porquê de certas coisas fi-carem populares e outras não, mascomo criador tudo que podes fazeré tentar ser fiel à tua própria voz ese tiveres sorte consegues chegar aalgum lado e ver a tua obra numa parede (risos.)

IGUAL – Para os independentes, aDC e a Marvel têm sido sempre ba-sicamente o diabo, têm linhasmuito estritas e muitos criadorestêm-se queixado disso. Como foiescrever o “Unstable Molecules”?Sentiu pressão?

JS – Eles serem o diabo é demasi-ado redutor, quer dizer, a certonível qualquer grande empresa o é.

Eles protegem os seus interesses enem sempre é o ambiente maiscriativo, mas se tiveres um ver-dadeiro amor às personagens, seamas o Batman, o Homem-Aranhaou o Quarteto Fantástico, aceitas“brincar na caixa de areia deles”,como dizem. Sabia o que esperarquando trabalhei com a Marvel,tendo amigos na indústria, mas aomesmo tempo tentei levar o livrotão longe quanto possível e eles es-tiveram receptivos, foi uma formadiferente de trabalhar, mas es-tiveram bastante receptivos ao queeu estava a fazer. Eu vinha comuma abordagem diferente de comofazer uma banda desenhada e claroque a princípio tivémos que nos ha-bituar um pouco uns aos outros,mas depois disso foi bastante fácile eles têm me apoiado bastante. Foiuma boa experiência e eles ficaramfelizes com o livro, recebeu algunsprémios americanos, eu fiqueimuito satisfeito por tê-lo feito, etambém como professor ter trabal-hado para a Marvel dá me credibil-idade. Na altura ainda haviaespecialmente alunos que diziamque não és um artista de BD a sériose nunca desenhaste o Hulk ouassim. Escrever o “Unstable Mole-cules” deu-me a oportunidade deexperimentar o processo da Marvele a capacidade de falar sobre isso.

por Daniel Sylvester

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A Papélia, loja técnica para asbelas-artes fundada em 1938, édiferente. A começar pelo passeio,em calçada portuguesa, que invadeo chão do espaço num prolonga-mento da rua, e a acabar nas duasmontras, que conhecem actualiza-ções frequentes. Além da montracomercial, a Papélia tem uma segunda vitrina que é uma mini-galeria. É assim desde 2003,quando Regina Pinheiro, a respon-sável por ambas as montras, convi-dou 12 pessoas de áreas artísticasdiferentes, uma por cada mês doano, para que escultores, designers,arquitectos e pintores fizessem uma pequena intervenção mensal na montra. Aexposição-montra “Reflexos”acabou, mas a iniciativa correu tãobem que ficou o desejo de repetir aexperiência. E em 2004 surgiram namontra da Papélia 12 variaçõestemáticas sobre o galo de Barcelosa propósito da exposição “Made inPortugal” que problematizava atradição por via destas recriaçõessazonais. No ano seguinte, apropósito do Metropolitano, foi avez de “4 estações, 4 paragens”,uma exposição na montra divididaem quatro fases.

o que é uma montra?

VITRINISMO

A Papélia e a Por Vocação são dois exemplos de lojas no Porto cujas montras

ultrapassam o conceito expositivo tradicional. A ideia de montras em mutação

é um factor de identidade visual e de empatia com o público.

Este ano, é a “Montra Ilustrada”que toma conta da vitrina-galeria daPapélia. Mas o objectivo mantém-se: trazer a arte ao comércio, aproximar os conceitos de loja e galeria e apresentar informalmenteao público artistas e o seu trabalho.Este ano, e durante uma semana pormês, o ciclo é dedicado à ilustraçãoe prolonga-se até Dezembro. Todosos meses já têm ilustradores atribuí-dos. Entre os nomes mais conhecidos estão Eduardo Salavisa(previsto para Julho) e o músicoportuense Manuel Cruz (previstopara Agosto). A “Montra Ilustrada”abriu em Janeiro com Paulo Patrí-cio, autor do mini-comic Le Sketch.

Em Fevereiro (entre o dia 26 e 5 deMarço) foi a vez do trabalho conjunto de Ana Carvalho e RicardoLafuente, ambos com 25 anos e licenciados em Design de Comuni-cação pela FBAUP. “O convitesurgiu na sequência da edição dolivro ‘Eggs & Ham in Rotterdam’”,explica Ricardo. O livro é umacompilação de pequenas estórias escritas e ilustradas pelos dois enquanto faziam um mestrado naHolanda. Para Ricardo, “temimenso sentido reformular a velha

ideia da montra como mostruário deprodutos para venda” até porque ohíbrido loja-galeria é um passológico considerando que a Papélia“é um art-store e só faz sentido juntar as duas dimensões”. Ricardojá apreciava o “imenso cuidado” namontagem de montras da Papélia,mas diz que “convidar pessoas defora é uma iniciativa muito bonita,na medida em que considera eacolhe o trabalho elementos do universo criativo em geral”. Paraalém da vertente artística, as montras transfiguradas da Papéliasão também “bem-vindas no actualcenário de falta de espaços de exposição para uma nova geraçãode criadores”.

O critério de selecção, explicaRegina Pinheiro, ela própria artistaplástica, é informal porque sebaseou em pesquisa e contactos nainternet, para além do constrangi-mento temporal. “Temos recebidoe-mails de pessoas que gostariam departicipar, o critério principal é omáximo de diversidade, de registosde ilustração”, diz Regina. Areacção deixa-a satisfeita: “as pessoas são muito receptivas aoprojecto e mostram muito entusi-

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abril 2009asmo, todas querem participar”, diz.A participação na “MontraIlustrada”, na última quinta-feira decada mês, vale pela oportunidade enão é renumerada, baseando-senuma sinergia entre a loja como galeria e os artistas enquantoclientes de material técnico. Por exemplo, Eduardo Salavisa é conhecido do grande público peloblogue Desenhador do Quotidiano,produzido num diário gráfico, material que a Papélia vende. “Hásempre uma ligação muito ténueentre o que esta na montra comoarte e como produto”, diz ReginaPinheiro, “é uma espécie de sinergia”, conclui. Entretanto, durante 2009, a montra conven-cional da Papélia é intervencionadapela própria Regina Pinheiro e orienta-se, como em ocasiões anteriores, pela montra-vitrina.

Por Vocação

A Por Vocação é uma loja de roupamasculina, mas também vende perfumes, calçado e acessóriosvários. Situada na Avenida da Boavista, não é só a selecção criteriosa de marcas e produtos dequalidade que lhe dão fama: é também a sua montra.

Pedro Caride, o proprietário da loja,é um dos responsáveis pela criaçãodas originais montras, verdadeirasinstalações artísticas temporais viradas para a maior avenida dacidade. O trio criador é completopor uma arquitecta (a catalã Adriana Reguera) e por um designergráfico (Nuno Zeferino). Não sãoapenas as montras que mudam, jáque a própria disposição dos móveise até a iluminação adaptados aoconceito da vitrina. “Muitas vezessou eu que lanço o mote e depoiseles vêm com ideias ou vice-versa”,diz o proprietário. Apesar das montras serem muito diferentesentre si, todas elas partilham osmesmos critérios: “tentamos gastaro menos possível e divertirmo-nos”,sem que isso hipoteque fazer“coisas em que a ideia seja forte”.

Nenhum dos três tem formação emvitrinismo. “Começámos por carolice e por diversão, sem víciose sem uma escola a formatar o pensamento”, diz Pedro Carnide. A rotatividade das montras não éfixa, mas geralmente muda ao fimde três semanas. Foi quando a PorVocação se mudou da Rua dos Mártires da Pátria para a Avenida daBoavista que Pedro Caride decidiu

apostar na criação de montras. “Amontra é como um postal ilustrado,mas não tem de ser necessariamenteum manequim estático durante trêssemanas”, explica. “A montra comunica também uma imagem, ada loja, aquilo que nós gostamos,naquilo em que nos revemos”.

As reacções do público são variadas, mas Pedro Caride preferedestacar a resposta mais do que oseu conteúdo. ”As pessoas nãoficam indiferentes: há quem goste equem não goste, mas no meio detanto ruído de comunicação haveralguém que reflicta e depois diga‘não gosto’ é bom”, argumenta. Devez em quando há quem entre apenas para perguntar quem faz amontra. O culto é tão grande que,quando Pedro Carnide perdeu a suacolecção de fotografias das mon-tras, conseguiu recuperar porque háquem se ocupe de fotografar asmontras, coleccionando-as comopostais. “É o maior elogio que nospodem fazer”, diz Pedro por entre um sorriso.

A montra mais popular foi a quejuntou os quadros de GiovanniBragolin (a série de meninos quechoram, obra lapidar no imagináriokitsch) com uma colecção decachecóis. “Essa montra foi incrível, todas as pessoas adoraram”, conta-nos Pedro. A vitrina preferida do marketeer foi ados saldos de Inverno de algunsanos. “Usámos post-its para desen-har o símbolo de percentagem e,sem querer, ‘pixelizámos’ a

montra”, conta divertido, “aquilodava para tudo, no dia dos namora-dos reordenámos os post-its paradesenhar um coração, podíamos tercontinuado por anos”, conclui.Numa outra montra de S.ValentimPedro e amigos pintaram os lábioscom batom e encheram a vitrina debeijos. Na segunda-feira seguinteencontraram a montra com beijosdados de fora. “É muito poéticohaver alguém que beija a montra, éuma reacção bonita”, recorda.

Mas a Por Vocação também teve asua dose de montras polémicas. Aúltima foi a que exibia ummanequim deitado numa marquesa.Houve quem se sentisse mal e algumas pessoas entraram na lojapara criticar a iniciativa. “Não está-vamos nada à espera”, diz PedroCarnide. Também houve quem serecusasse a entrar na Por Vocaçãopor altura da montra com cabeçasde animais a usar cachecóis.

Em 2009 a vitrina da Por Vocação jáconheceu duas versões, ambas relativas às obras de fachada no ed-ifício no qual a loja ocupa o rés-do-chão. “Fomos surpreendidos pelasobras e tivémos que suspender aideia dos saldos de Janeiro-Fevereiro, então decidimos tirarpartido do ruído e exagerar”. Asmudanças notam-se também no in-terior, com uma disposição diferente. “Para nós a montra étudo, não tem limite, prolonga-se –há ideias para fazer da montra a lojatoda”. A ideia é sempre a mesma:surpreender as pessoas.

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IGUAL

MANUEL LIMACartógrafo de mapasManuel Lima, 30 anos, foi eleito pela Creativity, prestigiada revistade design, publicidade e entretenimento, como uma das 50 mentesmais criativas para 2009. O português faz companhia a nomes comoo fundador da Amazon, o estratega de Obama e os co-fundadoresda Google. Nascido nos Açores, Manuel Lima trabalha hoje em diana Nokia em Londres e desenvolve o site Visual Complexity, noqual se dedica a reinventar o modo como vemos a realidade.

DR

IGUAL – Gostava de começar pelos dadosbiográficos. Sei que o Manuel nasceu nosAçores e vive agora em Londres, como éque aparece em Lisboa e como é que depois se dá a partida para a Copenhaga,Nova Iorque e Londres?

Manuel Lima (ML) – Assim muito rápido:aos 18 anos saí de Ponta Delgada e fui estudar para Lisboa, tirei a licenciatura emArquitectura do Design na UniversidadeTécnica, depois, no final da licenciatura, fui para Copenhaga onde fizum estágio académico de seis meses naempresa Kontrapunkt e aí conheci algumas pessoas que tinham amigos naParsons School of Design em NovaIorque, voltei para Lisboa e continuei atrabalhar, a por o meu currículo e o meuportfolio em ordem e candidatei-me aoprograma de mestrado da Parsons Schoolfor Design. Consegui entrar, tive a felici-dade de ter bolsas de estudo da Gulbenkian, da Fundação Luso-Ameri-cana e da própria Parsons. Fiquei lá três

anos ao todo e depois vou para Londres e estou cá quase há três anos.

IGUAL – Em relação ao trabalho que desenvolve na Nokia sei que é senioruser experience designer. Como é um dianormal e em que é que consiste o seu trabalho exactamente?

ML – É uma disciplina relativamente novae que surgiu para fazer face à complexi-dade crescente a nível da engenharia demuitos produtos, principalmente novastecnologias. No fundo sou responsável por delinear uma série de comportamentos dopróprio sistema com os quais o utilizadorfinal pode interagir. Os telemóveis são oexemplo mais pragmático desse tipo de intervenção a nível de interaction design,mas a própria máquina de Multibanco éum outro caso. Ou seja, qualquer máquinaque exija alguma interacção com o utilizador. E é, em parte, a função do interaction designer minimizar esseprocesso, torná-lo mais prático, mais útil,

mais simples, minimizar a carga cognitivado utilizador final. O meu trabalho naNokia reflecte um pouco isso, exige alguma pesquisa, alguma investigação,algum conhecimento do que é que vai namente de cada utilizador e para isso conduzimos algumas entrevistas paraperceber um pouco melhor quem são aspessoas que estão interessadas em adquiriros nossos produtos. Mais especificamente,agora faço parte de uma equipa respon-sável pela delineação pela nova estratégiada Nokia a nível da própria estratégia econcepção de novos serviços da empresa.Produzir exclusivamente telemóveis jánão será um aspecto competitivo nos próx-imos anos, a nova tendência será a criaçãode serviços úteis ao utilizador final. Ostelemóveis serão mais janelas de serviços.A Google está a liderar esse processo, masa Nokia apercebe-se dessa importantetransição e quer entrar na corrida. É umprocesso de pensar o futuro.

IGUAL – É justo dizer que adora mapas,de onde é que vem o fascínio?

ML – Acho que foi uma paixão paralelaque surgiu através do interesse pela visu-alização de informação. E como são áreasmuito interligadas, ou seja, a cartografia sempre esteve por trás do recente boom da visualização da informação, por isso essa paixão recentesurgiu em paralelo. Acho que os mapassão fenomenais no sentido em que conseguem incorporar uma vasta infor-mação num espaço restrito e, para alémdessa enorme capacidade de compactação,

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abril 2009os mapas são ou tentam ser uma línguauniversal. Um bom mapa é aquele que não está restrito a qualquer língua, salvelegendas e algumas especificidades domapa. Os mapas têm essa capacidade detranscender culturas. As pessoas dizemque a música é uma língua transcultural,acho que os mapas têm também essa particularidade.

IGUAL – O que é que surge primeiro num bom mapa: o sentido estético ou aeficácia informativa?

ML – Eu penso que será sempre a eficáciainformativa, mesmo no que diz respeito à visualização de informação. Alguns ex-emplos que tenho no Visual Complexityextravasam um pouco a funcionalidade informativa e surgem quase como arte.Não é um aspecto que deve ser exaltado.É interessante quando aparece, mas comoconsequência. Não deve ser o objectivoprincipal de um mapa, porque se for secalhar não é um mapa mas uma peça dearte, com todo o mérito, mas não entra no aspecto pragmático.

IGUAL – Acha que é justo, considerandoque trabalha com visualização de redescomplexas, dizer que há uma dimensãomatemática no que faz?

ML – Sim, sem sombra de dúvidas. Aliás,muito do processamento e visualização dedados não seria possível sem a análisematemática que está por trás na produçãode algoritmos que pretendem lidar com essa complexidade.

IGUAL – Eu estou a perguntar porque os matemáticos falam em fórmulas elegantes e, em certa medida, tentam fazero mesmo que o Manuel: sintetizar muitainformação numa fórmula simplificada. Edaí a pergunta sobre estética VS infor-mação. Acha que o seu trabalho só podeser discutido em profundidade com matemática?

ML – Não. Tenho todo o à vontade em discutir com designers, aliás é esse o meubackground, tenho toda uma ligação afectiva com o mundo das artes. Oque é interessante na visualização de redescomplexas é que a discussão não está lim-itada a matemáticos, físicos ou cientistas de determinada área. O tipo depessoas que surge no site é vastíssimo:desde artistas, designers, arquitectos, engenheiros, cientistas, matemáticos. Ouseja, com um grande espectro de activi-dades profissionais. E acho que não nosdevemos cingir a um aspecto. Pessoal-

mente, acho que é um erro recorrente sobrevalorizar o aspecto estético. Nãocritico os projectos que fazem isto no âmbito das artes, têm todo o mérito, massão coisas distintas. Essa confusão surgebastante frequentemente hoje em diaporque a visualização de informação éuma área nova e porque surgiu ao lado doque se chama arte generativa, ou seja, a criação de peças esteticamente agradáveispor meio de algoritmos que formam essacomplexidade estética. Embora semelhantes, os objectivos e contexto são diferentes.

IGUAL – O Visual Complexity nascequando estudava na Parsons. Surgiu comohobby, projecto académico, como prolongamento lógico do interesse que já tinha em mapas?

ML – O interesse nos mapas é bastante recente. O meu interesse inicial foi a visualização de informação e depoiscomecei a ver que a origem dessas novasdisciplinas era a cartografia e comecei aapaixonar-me pela arte antiga de criarmapas e pela parte mais arcaica da visual-ização de informação. A compilação deprojectos Visual Complexity surgiu enquanto estava a fazer a minha tese e, nofundo, estava a tentar compreender atravésda minha tese a visualização de informação na blogoesfera. Sou só eu quetrabalho no site, mas a maioria dos projec-tos não sou eu que os faço. O objectivo dosite é estabelecer paralelos e comparaçõesentre diversos métodos de visualizaçãodiferentes. É uma enciclopédia, uma compilação, de diversos projectos na área.E começam a surgir padrões interessantesatravés dessas comparações, como visu-alizar semelhanças entre o método de vi-sualização de uma rede na área da genéticade uma rede de transportes, etc. Essesparalelos é que são interessantes de anal-isar porque esta é uma área muito recentee falta alguma teoria, alguma estandard-ização no próprio processo e o Visual Complexity começa a transmitiresse ordenamento.

IGUAL – Retirei esta frase do site, apropósito do Visual Complexity: “to be aunified resource space for anyone inter-ested in the visualization of complex networks". Como é que se define uma redecomplexa hoje em dia? Não são todas elascomplexas, qual é critério?

ML – (Risos) Fazem-me essa pergunta frequentemente. É muito complicadoporque a rede complexa, do ponto de vistatécnico, é um elemento que pertence à

física. Uma rede complexa é aquela quefica no limite do caos, mas não existe umnúmero limite. Não podemos dizer que apartir de dois milhões de nós é uma redecomplexa. Uma rede complexa tem algunspadrões de propagação que a tornam com-plexa a nível de como os nós crescem aolongo do tempo. Têm nós centrais que são enormes na sua capacidade de interli-gações e cumprem a regra do 80-20, ou seja, 20% dos nós têm a capacidade de interligação.

IGUAL – O seu trabalho é direccionadopara académicos. Tirando estudiosos,matemáticos e amadores interessados,acha que as pessoas gostam do trabalho dedecomposição que faz? Estou a perguntaristo porque as pessoas tendem a ter receiode uma certa formulização das coisas.

ML – Compreendo, embora nunca tenhaenfrentado esse medo de perto. As pessoascom quem eu lido diariamente são, na suamaioria, os denominados geeks e a maioria das conferências a que vou sãogeeks que facilmente se entusiasmam comeste tipo de actividade. A tecnologia para esse tipo de pessoas étudo menos um receio. Mas mesmo paraas pessoas que tenham algum receio datransformação tecnológica da própria re-alidade será interessante verem que a representação visual de informação nãoestá restrita ao pie-chart ou ao gráfico debarras, que se calhar é a representação visual à qual estão mais acostumados. E a segunda razão é que o Visual Complexitytransmite essa percepção de um mundo altamente interligado e é um fenómenoque tenderá a crescer nos próximos anos. Existe até um cientista americano quefalava em três áreas distintas da ciência: ada simplicidade, que dizia respeito ao Iluminismo europeu; a da complexidadedesorganizada, que diz respeito principal-mente ao século passado e que tem que vercom a percepção de muitas variáveis masde um modo quase caótico; e a última, queele julga ser o próximo desafio, o de en-tender uma complexidade organizada.Várias áreas da ciência estão neste momento a tentar descodificar essa com-plexidade, percebendo que em nada existeuma fórmula modular e que tudo está in-terligado e de que forma essas interli-gações podem influenciar determinadosprocessos ou sistemas.

IGUAL – Como é que se processa aanálise de uma rede no Visual Complexity,qual é o processo, como se começa, quaissão os passos, como se faz?

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ML – Primeiro é preciso os dados embruto, ou seja, uma listagem de determi-nados elementos e como é que eles estãointerligados. Pode ser uma básica folha deExcel, uma base de dados. Precisamosdesses dados de antemão. Depois é criarum algoritmo, uma fórmula matemática,através de código e programação que criedeterminados nós consoante a tabela original, em que cada nó seja criado para cada elemento e depois é esta-belecer links de acordo com os dados quese possui. É muito simples, mas claro queexistem processos mais complicadosporque ao nível de algoritmos, da com-putação, principalmente os algoritmos quesão mais complicados de modo a que omínimo número de nós e de vértices, quesão as linhas que unem os próprios nós, se sobreponham. Por isso existem in-úmeros algoritmos que tentam simplificarao máximo essa complexidade.

IGUAL – Até que ponto é que a visualiza-ção de uma rede permite entender o fenó-meno que lhe é inerente? Por exemplo,uma visualização da WWW mostra que arede é muito robusta a perdas de nós, o que faz sentido pois foi esse o objectivoprincipal da criação da mesma. Uma visu-alização de uma rede social ao longo dotempo podia mostrar coisas interessantes,por exemplo, que as pessoas mais populares (com mais amigos) têm maiorpropensão a estar ligadas a outras pessoas"populares".

ML – O número de padrões que são possíveis de entender numa visualizaçãode rede é inúmero, não só a nível da interligação mas a própria percepção de al-guns fenómenos interessantes. Houve umavisualização da WWW que tentava perce-ber como é que os maiores blogues, aque-les com maior tráfego, estavam interligados e daí veio a descobrir-se quetodos os grandes blogues estavam bastanteinterligados, mas havia uma ilha que existia que não tinha quase interligaçõesnenhumas mas no seu interior existia umgrande número de interligações e veio asaber-se que esse padrão representava aLiveJournal, que é uma plataforma deblogues como o Wordpress ou o Blogger,mas que é utilizado na sua maioria poradolescentes e que eles próprios são alta-mente interligados mas não têm muitoslinks externos. Depende, no fundo, da resposta que se pretende obter. Qualquervisualização de rede tem que ter um objec-tivo-base. Ainda há tempos vi uma repre-sentação de uma rede social que tentavaapontar as interligações entre as pessoasobesas e de que modo é que essas ligações

poderiam alterar os seus comportamentos.Outro exemplo a nível das redes sociais foium estudo de contactos sexuais entre adolescentes numa escola dos EUA.Começa sempre por uma pergunta-base,por um objectivo. Todo o processo nos vaiconduzir para responder a essa perguntainicial. Muitas vezes acabamos com resultados inesperados, o que é um poucoa beleza da visualização de informação:começar por uma pergunta e depois descobrir respostas muito para além da pergunta inicial que se fez.

IGUAL – A visualização de redes complexas permite concluir algo de universal? Por outras palavras, será queexistem propriedades de redes complexasque são universais e que não dependem dofenómeno ou processo que deu origem à rede?

ML – Existem, existem. Aliás, uma dasdescobertas recentes de um físico da Universidade de Notre Dame que é umdos investigadores principais na área dasredes complexas, é que qualquer nóquando é adicionado à própria rede complexa tem tendência a ligar-se a nósmaiores. Ou seja, quando um servidornovo se junta à rede de servidores que formam a internet, este terá tendência aligar-se a um servidor que tenha maispropensão para um maior número de ligações. Este não é um fenómeno que nãoé só comum a estruturas humanas como ainternet, mas também a estruturas na Natureza. Ele faz também o paralelo entreos aeroportos e as redes sociais. O que éinteressante numa rede de aeroportos é oque se chama scale-free network, uma pro-priedade das redes complexas caracteri-zada pela presença de alguns nós muito,muito grandes e pela grande extensão denós mínimos. E a internet foi criada paraseguir essa estrutura porque é muito maisresistente a ataques aleatórios: se tentar-mos eliminar alguns desses nós a proba-bilidade será de calharmos nos nós maispequenos por serem mais numerosos, mas,em contrapartida, se forem ataques estratégicos aos nós principais dessa redea rede provavelmente irá abaixo. Na inter-net estão constantemente servidores a irabaixo e a rede sustém-se e ninguém notaessas quebras nos nós. Por outro lado, umataque estratégico aos nós maioresdeixaria um sem número de nós pequenos rapidamente isolados.

IGUAL – Voltando um pouco atrás, à conceptualização do seu trabalho, achaque o seu trabalho é um abstractização ou matematização do mundo?

ML – (Risos) Não sei. Muitos dos projec-tos com que lidamos no Visual Complex-ity partem da necessidade humana quesempre existiu de representar visualmenteo que nos é desconhecido. Uma coisa que assusta muita gente é a pergunta “o que éa internet?” e muitos dos projectos quesurgem no Visual Complexity são tentati-vas de representação visual da própria in-ternet, o que é algo que de certa maneiraaconchega as pessoas. A partir do mo-mento em que existe uma representaçãovisual de um fenómeno como a internet, algo relativamente complexo, decerto modo serve para encarar o problemade uma maneira diferente. Muitos dos projectos indexados no site lidam comesse fenómeno, com a tentativa de visualizar mundos ainda desconhecidos.

IGUAL – Já percebi que não se move ape-nas por uma questão estética, acredita quese pode extrair conhecimento a partir davisualização de redes. Como é que alguémcomo o Manuel, que tem formação nasBelas-Artes, se foi interessar pela visualização de redes?

ML – Uma das razões que me fascina naárea da visualização de informação, e em particular das redes, é ser uma disciplinaem que a arte e a ciência estão lado a lado.Há uma expressão fenomenal de um de-signer holandês que diz “eu sou um fun-cionalista perturbado pela estética” esinto-me nessa divisão. Sempre fui alta-mente pragmático e o design tem queservir uma função, tem que resolver prob-lemas. Sempre me segui por essa abor-dagem funcionalista no que diz respeito aodesign. O próprio mestrado em NovaIorque também contribuiu muito para essaminha abertura de mentalidade e de con-hecimento de outras áreas que foram pre-ponderantes para todo esse interesse quese tem vindo a revelar. No fundo, sou um designer mas não me interesso muito pordesign, interesso-me por inúmeras outrasáreas e isso reflecte-se no site que tem pro-jectos de arte, sistemas de transporte, biologia, genética, evolução. Todas elassão áreas pelas quais me interesso e nãoexclusivamente pelo design. Uma dascoisas que me fascina nas redes complexasvolta à sua questão do padrão comum e éesse o fascínio das redes complexas. Tudoestá interligado, desde as células do nossocérebro, as moléculas do nosso organismo,as redes de transportes altamente interli-gadas, nós próprios estamos interligadosem vastas redes sociais. Ou seja, é umfenómeno comum, uma estrutura omnipresente e é isso que mais me fascina.

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abril 2009IGUAL – Qual é a sua opinião sobre a ditaweb semântica, a web 3.0? Acha que isso se encaixa de alguma maneira notrabalho que faz hoje em dia?

ML – Encaixa-se, encaixa-se bastante.Aliás, um dos maiores desafios que temoshoje em dia é extrair significado. O vol-ume de informação que vamos enfrentarnos próximos anos é estrondoso, é umacoisa que a maioria das pessoas não pensae se calhar não deverá pensar para não seassustar. Eu acredito sinceramente que umdos grandes desafios deste século serálidar com o excesso de informação. Acu-mulamos informação de uma maneira estrondosa e não somos tão rápidos a fazersentido dessa informação. É muito fácilpara uma máquina interpretar essa infor-mação em volume, ou seja, em escala detrês MB, cinco GB, etc. O mais difícil éuma máquina extrair o significado dessainformação e é algo que muitas empresastêm debatido ultimamente. Não é só perce-bermos que os sites estão interligados, masas interligações através desse próprio significado da informação, que é muitomais rico e muito mais humano. Vai serum grande desafio implementar essa redesemântica. Muitos dos serviços tipo deli-cious e outros que nos permitem indexar anossa informação exigem bastante tempoe dedicação para ordenar da maneira maiscorrecta. Um dos grandes desafios da redesemântica é tentar automatizar esseprocesso, minimizar o esforço humano,mas ao mesmo tempo oferecer resultados eficazes e satisfatórios.

IGUAL – A próxima pergunta é para picá-lo um pouco. O que é que acha do fu

turo da arte gerada por computador? Achaque os artistas do futuro terão que programar?

ML – Acho que o computador é uma novaferramenta. Na época do impressionismohouve uma grande transição com a intro-dução da bisnaga de tinta, que na altura foiuma revolução impressionante e permitiua muitos artistas fazerem pinturas ao arlivre. Uma pequena tecnologia como essaconduziu a enormes fenómenos de alter-ação de mentalidades e de produção denovos estilos e veio a influenciar muitosoutros movimentos artísticos indirecta-mente. Eu vejo o computador e todas asferramentas a ele associadas como umnovo utensílio, uma nova bisnaga de tintaque imensas pessoas estão a explorar.Haverá sempre pessoas que rejeitam essesnovos utensílios e se mantêm na sua linhae se calhar vão continuar assim. Mas asoutras pessoas têm necessidade de explorar esse novo utensílio, o que é isso,o que podemos fazer, até onde o podemoslevar. E tem sido esse o desafio de muitaspessoas a nível de novos movimentosartísticos digitais. Acho que um dos maisfenomenais tem sido a própria arte degen-erativa, de que falávamos há pouco, que exige uma aptidão um pouco difer-ente, um grande conhecimento de lin-guagem de programação. Os novosdesigners e os novos artistas têm de seaperceber dessas alterações e se realmentequiserem passar a utilizar esse novo uten-sílio vai-lhes ser exigido alguma dedi-cação para aprender conhecimento dealguma linguagem de programação. Mas depende do objectivo e de qual é a sua motivação.

IGUAL – Manuel, não lhe quero roubarmais tempo, vamos para uma última pergunta. Deixei para o final a perguntamais cheesy: com 30 anos como é partilharuma lista com gente tão ilustre e nos ter-mos em que a revista Creativity o elegeucomo uma das mentes mais criativas para 2009? Como é que se acorda no dia seguinte?

ML – Com um grande sorriso na cara(risos). Claro que foi uma nomeação queme deixou muito satisfeito e com um sentimento de responsabilidade acrescido.Acho sinceramente que a nomeação foimais por influência a nível de alteração dementalidades que o próprio site poderáconduzir. Muito daquilo que discutimosantes, que a visualização de informaçãovai muito para além do gráfico circular ede barras, e que o mundo está cada vezmais interligado e através do site quemuitas vezes as pessoas se apercebem demuitos desses fenómenos de interligaçãoglobal. É sempre difícil definir a nossareacção, mas é uma grande satisfação e umgrande sentimento de responsabilidadepara fazer melhor ainda.

DR

Um dos grandes desafios desteséculo será lidarcom o excesso de informação

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#02IGUAL

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INVISIBLEJUKEBOX

Descobridor dos 7 MaresTIM MAIA

Into the DrinkMUDHONEY

BluishANIMAL COLLECTIVE

The FearLILY ALLEN

Vega-TablesTHE BEACH BOYS

WolvesPHOSPHORESCENT

NUNO (N): Vamos ouvir. Aprimeira música é "Desco-bridor dos 7 Mares". O queachas desta música, Pipa?INÊS (I): É feia. O que éque queres que eu te diga?N: Tens de dizer que senti-mentos é que esta música teprovoca. De que é quegostas da música?I: Não. Mais ou menos.N: Mais ou menos?I: SimN: Do que é que gostas?I: Da batida.N: E a voz?I: Mais ou menos. Até éfixe. Está porreira, até.N: Gostas?I: Gosto.N: O que é que achas do estilo, costumas ouvir músi-cas deste género?I: Não. Ouço mais pop erock, isto não. E house.N: Ouves house?I: Ouço, é altamente. Istonão é uma música de umanovela?N: Não sei. E desta parte, dosolo, o que achas?I: Esta parte está fixe, porreiro. É a melhor parte.N: Eu espero que as merdasque eu estou para aqui a dizer fiquem perceptíveis.

I: Exacto.N: Pronto, acho que jáchega. Vamos para a próx-ima. "Into the Drink" dosM u d h o n e y .I: Sempre é mais mexida, jágosto mais. Gosto mais deste estilo.N: A voz, não gostas muito?I: Não.N: Mais alguma coisa adizer? I: Não.N: Mais o teu estilo mas nãogostas da voz?I: Não, só da batida. Abatida está fixe.(Nuno grita)I: Que broche.N: Esta merda não abre, foiabaixo a net. Boa.I: Altamente.N: Não podes dizer nadaque te possa comprometerporque esta conversa se cal-har vai ser ouvida pelas pes-soas.I: Mas tu estavas aí aos gri-tos feito macaco do espaço.N: Isso é porque ele me conhece.I: Anda lá, abre outra vez.N: Isto é Animal Collective.I: Que é isto?N: O que achas disto?I: Não sei, é esquisito. Temmuitos sons diferentes.N: Hmm. Psicadélico.I: Tem efeitos esquisitos.Ouve-se aí uma cena... olha.(Grande intervalo)N: É só?I: Esta batida é mais por-reira, mais fixe.N: Mais fixe do que o quê?I: Do que a primeira.

Como o Miguel pediu, oNuno aceitou fazer um

invisible jukebox à irmãde 12 anos, a Inês. A

selecção é do Miguel, quetem pouco contacto comcrianças e o esforço é do

Nuno, mas o mérito é todo da Inês. Está fixe?

Está sim.

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abril 2009I: Exacto.N: Pronto, acho que jáchega. Vamos para a próx-ima. "Into the Drink" dosM u d h o n e y .I: Sempre é mais mexida, jágosto mais. Gosto mais deste estilo.N: A voz, não gostas muito?I: Não.N: Mais alguma coisa adizer? I: Não.N: Mais o teu estilo mas nãogostas da voz?I: Não, só da batida. Abatida está fixe.(Nuno grita)I: Que broche.N: Esta merda não abre, foiabaixo a net. Boa.I: Altamente.N: Não podes dizer nadaque te possa comprometerporque esta conversa se cal-har vai ser ouvida pelas pes-soas.I: Mas tu estavas aí aos gri-tos feito macaco do espaço.N: Isso é porque ele me conhece.I: Anda lá, abre outra vez.N: Isto é Animal Collective.I: Que é isto?N: O que achas disto?I: Não sei, é esquisito. Temmuitos sons diferentes.N: Hmm. Psicadélico.I: Tem efeitos esquisitos.Ouve-se aí uma cena... olha.(Grande intervalo)N: É só?I: Esta batida é mais por-reira, mais fixe.N: Mais fixe do que o quê?I: Do que a primeira.

Começou uma batida difer-ente. Agora já está a ficarigual. Abre outro.N: Vamos ao próximo. Maisuma banda a ver se con-h e c e s .I: Eu conheço esta música.N: Vês?I: E gosto.N: Gostas? Já conhecias egostavas?I: Já. É da Lily Alen.N: Gostas?I: Gosto muito desta música.N: De que é que gostas?I: Da batida e da voz da can-tora.N: Já conhecias?I: Já tinha ouvido muitasvezes.N: Onde?I: Na rádio e já me tinham enviado na net.N: Pronto, para a próxima. E disto, gostas?I: Pá, tem uma voz um bo-cado coiso. N: O que é coiso? Nãogostas da voz?I: Não, olha para aquilo.Parece que está a abrir um porco.N: O quê? Um porco no fundo?I: Sim. Não curto estamúsica. Não gosto da voz.Podes tirar.N: Aguenta mais um bo-cado, esta é pequenina.(Chegam os coros) E destasvozes não gostas?I: Gosto mais destas.N: Ok.I: Da combinação dasvozes.N: Da harmonia.I: Está fixe esta parte.

N: Ok. (Nuno começa a gritar "HologramaXis"!!1!!!1!)I: Isto não é para passar em algum sítio? Estás afazer estas vozes para quê?N: É só para achincalhar.Gostaste? Vamos à última.I: Isto parece músicabrasileira ao princípio. Estáfixe. Apesar da voz do cantor ser um bocado...N: Não gostas muito davoz?I: Nem por isso. É muitolenta a música.N: Gostas de coisas mais mexidas.I: Exacto. Aqui já está mel-hor. Está mais... (Nunopassa à frente)N: Aos três minutos jágostas mais?I: A batida é a mesma, masele canta mais...N: Ao início nem tinhabatida.I: E tinha.N: Não, não tinha.I: Desculpa mas tinha.N: Não tinha. (Volta atrás)Onde é que está a batidaaqui?I: (marca ritmo)N: Não não tinha, é a gui-tarra.I: Oh, está bem. Mas pronto,como aí tem batida...N: Não tem batida, tem per-cussão.I: Exacto. A percussão estámais porreira. Já podes tirar.N: Gostas de algumascoisas, não é?I: A que gostei mais foi a deLily Alen.

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ATÉ ÀPRÓXIMA VEZ

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ATÉ ÀPRÓXIMA VEZ

o logo da

IGUAL

é feito em

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um código

de barras

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