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II Encontro de Formação e Atualização para Agentes
Educativos Multiplicadores do ECA na Escola
“Escola, que lugar é esse”
Marina Tucunduva Bittencourt Porto Vieira2012
UM POUCO DE HISTÓRIA
1549
Chegam os primeiros jesuítas e iniciam a
catequese
1570 - 1759
Há a expansão do ensino secundário pelos jesuítas, com formação humanística: latim, estudo dos clássicos e religião;
Em 1759 foram expulsos de Portugal e do Brasil pelo Marquês de Pombal.
1759 - 1808Pombal reforma o ensino, instituindo as aulas
régias (pertencentes ao rei e não à Igreja);Eram ensinadas as primeiras letras, nas quais os
alunos eram alfabetizados e aprendiam noções de aritmética;
Em 1772 Pombal instituiu o subsídio literário, imposto destinado a que o governo cobrisse os gastos com professores;
Em 1808 chega a família real ao Brasil, iniciando novo ciclo.
1808 - 1822D. João cria vários cursos de
ensino superior;Continuam a existir as aulas
régias;Em 1819 aparecem as
primeiras tentativas de ensino mútuo.
1827Uma lei obriga a criação de escolas
de primeiras letras em todas cidades, vilas e lugarejos;
Essa mesma lei obriga a criação de escolas para meninas em cidades e vilas mais populosas;
Neste ano é instituida a obrigatoriedade do ensino mútuo nas escolas de primeiras letras.
1834Não haviam sido cumpridas as
determinações da lei de 1827;Em 1834 o ensino elementar, o secundário
e a formação de professores passou a ser atribuição das províncias, ficando a cargo do governo federal apenas o ensino superior;
Passaram a ser criadas, pelas províncias, escolas isoladas.
ESCOLAS ISOLADASAs escolas isoladas funcionavam na casa dos
professores ou em locais cedidos, como igrejas;
Não havia um período escolar constituído;A instrução era dada individualmente a cada
aluno, já que alunos com diferentes graus de conhecimento frequentavam o mesmo espaço;
O professor, em geral, exercia outra profissão e não era preparado para lecionar.
1835
Foi criada a Escola Normal de Niterói, pioneira na formação de professores (a escola estava a cargo de um único professor e era frequentada por poucos alunos).
1846Foi criada a Escola Normal da província de
São Paulo, frequentada (aproximadamente até 1876) apenas por rapazes;
Para ingressar, era necessário que o aluno fosse brasileiro, soubesse ler e escrever, tivesse pelo menos 18 anos e bons costumes;
A escola, anexa à Faculdade de Direito, foi aberta e fechada diversas vezes
DURANTE O SÉCULO XIXPestalozzi, Froebel, Herbart,
entre outros pensadores continuam a apresentar suas propostas sobre educação (discussão iniciada no século anterior);
As idéias desses pensadores chegam ao Brasil, através dos intelectuais.
ALGUMAS INFLUÊNCIAS
Froebel: os Jardins da Infância;Pestalozzi: a escola popular;Herbart: os cinco passos formais para
o ensino (preparação, apresentação, assimilação, generalização, aplicação – exercícios)
1846 - 1930Período conhecido como Primeira
República;O Partido Republicano gradualmente
passou a dominar a política no Brasil;Revezavam-se no poder paulistas e
mineiros;Uma das suas “bandeiras” era
educação para todos e o ensino leigo.
1846 - 1930De forma significativa, o dinheiro arrecadado na
cidade de São Paulo para a construção da nova Sé foi aplicado na construção do prédio da Escola Normal.
Segundo Marta Carvalho (2007, p. 225), “a escola paulista é estrategicamente erigida como signo do progresso que a República instaurava; signo do moderno que funcionava como dispositivo de luta e de legitimação na consolidação da hegemonia desse estado na Federação”.
1846 - 1930Há uma grande expansão do número de
escolas no Estado de São Paulo;São construídos prédios escolares (Templos do
Saber) para abrigar os Grupos Escolares;Os professores de escolas isoladas foram
agrupados nos Grupos Escolares, sendo introduzido o ensino seriado e simultâneo;
Algumas escolas isoladas ainda permaneceram em funcionamento;
Consolidou-se a arquitetura temporal escolar.
1846 - 1930Em 1904, o Decreto n. 1.239 classificou as
escolas primárias como “Grupos Escolares, Escolas Reunidas e Escolas Isoladas”, em função da localização geográfica e do número de habitantes (LOURENÇO e RAZZINI, 2010, p. 508).
As despesas com a instalação e o material escolar das escolas de instrução primária eram de responsabilidade dos professores, mas gradualmente isso foi mudando.
1846 - 1930O ensino é para todos, no entanto, é
dualista: prevê a continuidade dos estudos para a elite e a educação profissional para o restante da população;
A educação atende um projeto do novo homem que se pretende: civilizado (com conhecimentos suficientes para que possa trabalhar, disciplinado e higienicamente educado).
O PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO NA CIDADE DE SANTOS
1902 - 1908
1902 - 1908 Em 1908 um grupo de intelectuais, alinhados
com o governo estadual, assumiu a Câmara Municipal de Santos;
Uma das incumbências das Câmaras Municipais, na época, era também a supervisão e inspeção das escolas situadas no município, através de um Inspetor nomeado pela mesma (Regulamento da Instrução Pública, decorrente da aprovação da Lei número 520, e estabelecido através do Decreto número 518 de 11 de janeiro de 1898).
1902 - 1908Inicialmente a Câmara aprovou a
criação de cinco Escolas Municipais Noturnas, para o sexo masculino.
Gradualmente, entre 1902 e 1908 criou, além das escolas noturnas, vinte e três escolas municipais (incluindo bairros como Cubatão, Bertioga, Juquei).
1902 - 1908O trabalho de ampliação da rede municipal de
ensino foi coroado com a proposta de Antonio Azevedo Junior, vice-presidente da Câmara Municipal de Santos, da criação da Secretaria da Inspetoria Literária do Município.
A Lei nº 302, resultante desse projeto, foi aprovada em 26 de março de 1908, quando a cidade já era administrada por um prefeito.
Esse órgão municipal foi instalado no Paço Municipal e foram designados seis funcionários para a mesma.
1902 - 1908Acompanhando o crescimento do número de
escolas municipais, o Estado também vinha ampliando a rede de escolas em Santos.
Foram criados dois Grupos Escolares estaduais: o Cesário Bastos (em prédio alugado) e o Grupo Escolar Barnabé;
Em 1902 existiam, considerando as que funcionavam nos grupos, 22 classes de instrução primária estadual.
1902 - 1908Em 1907 já funcionavam na cidade 37 classes
estaduais de instrução primária e mais de 20 municipais;
Havia ocorrido uma ampliação no número de escolas particulares, pagas ou gratuitas, e uma diversificação no que ofereciam;
Foram reabertas escolas de várias entidades beneficentes;
Os presos também ganharam uma escola.
COMO FUNCIONAVAM AS ESCOLAS E O QUE PRETENDIAM
Os alunos eram agrupados por grau de conhecimento;
Era ministrado o ensino simultâneo; O objetivo era formar alunos disciplinados e
preparados para o trabalho; Os alunos das classes sociais privilegiadas deveriam
continuar os estudos após o ensino primário; Os demais deveriam se preparar para o lugar que
deveriam ocupar na sociedade (operários menos qualificados, os meninos; “donas de casa” ou professoras, as meninas).
COMO FUNCIONAVAM AS ESCOLAS E O QUE PRETENDIAM
As escolas pretendiam substituir a cultura das classes menos favorecidas por uma cultura idealizada;
Os alunos eram vistos como o “futuro da nação”;
Para isso o professor deveria fornecer modelos diferentes daqueles das comunidades nas quais as crianças viviam.
A ESCOLA DE HOJE“As teorias pedagógicas, ao conceberem a
escola como instituição isolada da sociedade, criaram-lhe um dos seus principais problemas. A escola, que deveria fazer a mediação entre o indivíduo e a sociedade, tornou-se uma instituição fechada, destinada a proteger a criança desta mesma sociedade[...].”
“Criou-se então a ilusão de ser possível preparar o indivíduo para viver o cotidiano da sociedade estando ele de fora, em um desvio – o desvio escolar.” (BOCK et al, 1999)
A ESCOLA DE HOJE“A clausura escolar é ilusória, pois a
realidade social entra pela porta dos fundos, invade as salas de aula [...].”
“Mas apesar de ilusória, esta clausura determina o distanciamento da escola do cotidiano vivido pelos seus integrantes.” (BOCK et al, 1999)
A ESCOLA DE HOJEEste distanciamento não é verdadeiro. “A escola reproduz os valores sociais, os
modelos de comportamento, os ideais da sociedade [...].”
“Quando ensina estes conteúdos sem explicar que integram nossa vida cotidiana, a escola dificulta o surgimento dos questionamentos, ou seja, universaliza este saber, impedindo que outros saberes possam ser também veiculados e valorizados – é como se só existissem esses saberes.” (BOCK et al, 1999)
A ESCOLA DE HOJE“A escola, ao escolher este
distanciamento, opta também por um modelo de homem a educar – um homem passivo perante o seu meio social, pois não sabe aplicar os conhecimentos aprendidos na escola para melhor entender o seu mundo e nele atuar de forma mais eficiente.” (BOCK et al, 1999)
A ESCOLA DE HOJEPROVOCAÇÕES:
Que homem queremos formar?Que sociedade queremos
construir?