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II Encontro de História do Império Brasileiro Culturas e Sociabilidades: Políticas, Diversidades, Identidades e Práticas Educativas PROMOÇÃO: APOIO: PPGH UFPI CCS UFMA

II Encontro de História do Império Brasileiro - cchla.ufpb.br · coibir as "ameaças", caberá à educação, por meio da instrução pública e de suas práticas, a construção

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II Encontro de História do Império Brasileiro  

Culturas e Sociabilidades: Políticas, Diversidades, Identidades e Práticas Educativas 

 

   

PROMOÇÃO:  

 

  

APOIO:  

     

PPGH UFPI 

 

CCS UFMA 

     

 

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 UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA 

Reitor: Rômulo Soares Polari Vice‐Reitora: Maria Yara Campos Matos 

PRÓ‐REITORIA DE PÓS‐GRADUAÇÃO E PESQUISA Pró‐Reitor: Isac Almeida de Medeiros 

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES Diretora: Maria Aparecida Ramos 

Vice‐Diretor: Ariosvaldo da Silva Diniz 

PROGRAMA DE PÓS‐GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA Coordenador: Raimundo Barroso Cordeiro Jr. 

Vice‐Coordenador: Elio Chaves Flores Sítio Eletrônico: <http://www.cchla.ufpb.br/ppgh/> 

E‐Mail: <[email protected]> ‐ Fone/ Fax: + 55 (83) 3216‐7915 

 

COMISSÃO ORGANIZADORA Antonio Carlos  Ferreira Pinheiro ‐ PPGH/PPGE/UFPB 

Carla Mary S. Oliveira ‐ PPGH/UFPB Cláudia Engler Cury ‐ PPGH/PPGE/UFPB 

Fabiana Sena ‐ PPGL/UFPB Mauricéia Ananias ‐ PPGE/UFPB 

Solange Pereira da Rocha ‐ PPGH/UFPB 

COMISSÃO DE EDITORAÇÃO Carla Mary S. Oliveira ‐ PPGH/UFPB Jean Carlo Carvalho ‐ PPGE/UFPB 

Surya Aaronovich Pombo de Barros ‐ CE/UFPB Cristiano Ferronato ‐ doutorando PPGE/UFPB 

SECRETARIA Cinthia Cecília de Lima ‐ graduanda em História/ UFPB Thiago Oliveira de Souza ‐ graduado em História/ UFPB 

Wilson José Félix Xavier ‐ mestre PPGE/UFPB 

COMITÊ DE APOIO Surya Aaronovich Pombo de Barros ‐ CE/UFPB Cristiano Ferronato ‐ doutorando PPGE/UFPB 

Itacyara Viana Miranda ‐ mestranda PPGH/UFPB Mariana Marques Teixeira ‐ mestranda PPGE/UFPB 

Solange Mouzinho Alves ‐ graduanda em História/ UFPB 

COMITÊ CIENTÍFICO Alômia Abrantes (UEPB) 

Anamaria Gonçalves Bueno de Freitas (UFS) Antônio de Pádua Lopes Carvalho (UFPI) 

Edson Hely Silva (UFPE) Eduardo França Paiva (UFMG) 

Iranilson Buriti de Oliveira (UFCG) João Azevedo Fernandes (UFPB) Juciene Ricarte Apolinário (UFCG) Luciano Mendonça de Lima (UFCG) 

Serioja Rodrigues Cordeiro Mariano (UFPB) Socorro de Fátima Pacífico Barbosa (UFPB) 

MONITORES Almair Morais de Sá 

Camila Araújo Carla Karinne Santana Oliveira 

Francisco Klenilto Germana Guimarães Gomes 

Henry Tavares Inácio Luiz 

Isabela Bezerra Isabelle Cristine de Almeida Souza Jerliany Daise Monteiro dos Santos 

Jéssica Sá José Marcos Josivan Júnior 

Juliana Barros Mendonça Lis Meira 

Louise Michele Lucian Souza da Silva 

Maday de Souza Morais Maíra Rodrigues 

Márcio Macêdo Moreira Maria José 

Matheus Silveira Guimarães Michelle Lima da Silva Natália Araujo da Silva Paulo Sérgio da S. Cruz 

Roberta Maria Aguiar do Nascimento Sahara Rachel 

Sandra Monteiro Sulen de Andrade Silva 

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CADERNO DE RESUMOS   

II Encontro de História do Império Brasileiro  

Culturas e Sociabilidades: Políticas, Diversidades, Identidades e Práticas Educativas 

 

 

 

 

 

 

 

 João Pessoa – PB 

2010 

 

 

 

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Copyright © 2010 ‐ PPGH‐UFPB ISBN 978‐85‐7745‐618‐5 

  

Projeto Gráfico e Editoração Eletrônica: Carla Mary S. Oliveira Ilustração das Páginas: Detalhes de desenhos de Hercules Florence 

Revisão: Carla Mary S. Oliveira & Cristiano Ferronato.       

Efetuado o Depósito Legal na Biblioteca Nacional, conforme a Lei nº 10.994, de 14 de dezembro de 2004. 

 TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 

 É proibida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio. 

A violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610/1998) é crime estabelecido no artigo 184 do Código Penal. 

 Dados de Catalogação na Publicação 

Biblioteca Central ‐ UFPB ‐ Universidade Federal da Paraíba 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O CONTEÚDO E REDAÇÃO DOS RESUMOS AQUI REUNIDOS É DE INTEIRA RESPONSABILIDADE DE SEUS AUTORES. 

 

E56c  Encontro de História do Império Brasileiro (2: 2010: João Pessoa ‐ PB).      Caderno de Resumos: II Encontro de História do Império Brasileiro: “Culturas e Sociabilidades: Políticas, Diversidades, Identidades e  Práticas Educativas”. Carla Mary S. Oliveira; Cristiano Ferronato; Surya  Aaronovich Pombo de Barros; Jean Carlo de Carvalho Costa  (organiza‐ dores). ‐ João Pessoa: Editora Universitária/ UFPB, 2010.      ISBN 978‐85‐7745‐618‐5     175 p.  1. História do Brasil ‐ Congressos. 2. Historiografia do Império ‐ Congres‐ sos. 3. Brasil ‐ História do Império Brasileiro. I ‐ Universidade Federal da da Paraíba. II ‐ Título.  

  UFPB / BC                                                                                                                    CDU 981 

 

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SUMÁRIO  

Apresentação .........................................................................................................................................................  1    RESUMOS      Minicursos      Relatos de Pesquisas na Paraíba oitocentista: sociedade e cultura ...................................................................  3    Trilhando caminhos: uma perspectiva metodológica para o uso das fontes na História da Educação ...........  4    Eixo Temático 1 Instrução e Culturas Escolares ..............................................................................................................................  5    Eixo Temático 2 Culturas Políticas e Construção do Estado Nacional ...........................................................................................  29    Eixo Temático 3  Imprensa, Impressos e Práticas de Leitura ..........................................................................................................  59    Eixo Temático 4  Sociedade Escravista: escravizados, mulheres, homens livres pobres ..............................................................  77    Eixo Temático 5  Arte, Festas, Vida Cotidiana e Religiosidades ......................................................................................................  126    Eixo Temático 6  Viajantes e Povos Indígenas ..................................................................................................................................  143    Eixo Temático 7  Cidades, Territorialidades e Fronteiras ................................................................................................................  153    Eixo Temático 8  Intolerância e Violência .........................................................................................................................................  163    Eixo Temático 9  Sociabilidades Femininas e Infância .....................................................................................................................  166  

 

 

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II ENCONTRO DE HISTÓRIA DO IMPÉRIO BRASILEIROCulturas e Sociabilidades: Políticas, Diversidades, Identidades e Práticas Educativas

I Simpósio PROCAD-NF PPGH-UFPB/ PPGH-UFMG Patrimônios – Conexões Históricas

 

   

APRESENTAÇÃO  

Em 2008 realizamos em João Pessoa o I Encontro de História do Império Brasileiro, por  iniciativa dos grupos  de pesquisa  Sociedade  e  Cultura  no Nordeste Oitocentista  e História  da  Educação  no Nordeste Oitocentista  (GHENO), ambos vinculados ao Programa de Pós‐Graduação em História da Universidade Federal da Paraíba, em parceria com outros programas de pós‐graduação. 

O intuito, naquela ocasião, foi o de reunir pesquisadores das regiões Norte e Nordeste e das demais regiões do Brasil para discutir as pesquisas desenvolvidas  com o  recorte  temporal do oitocentos. As repercussões  do  referido  evento  e  sua  grande  aceitação  por  parte  da  comunidade  acadêmica  nos fizeram investir nesta segunda edição, em 2010.  

Assim,  para  este  segundo  Encontro,  decidimos  concentrar  as  discussões  a  partir  do  tema  geral “Culturas e Sociabilidades: Políticas, Diversidades, Identidades e Práticas Educativas”. 

Outrossim,  a  organização  do  evento  estabeleceu  uma  parceria  com  o  Programa  de  Cooperação Acadêmica  Novas  Fronteiras  da  Capes  (PROCAD‐NF  n.  2338/  2008  ‐  PPGH‐UFPB/  PPGH‐UFMG),  no sentido  de  juntos  realizarmos  o  I  Simpósio  Patrimônios  –  Conexões  Históricas,  com  suas  atividades concentradas no último dia do encontro. 

 

João Pessoa, novembro de 2010. 

A Comissão Organizadora. 

 

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I Simpósio PROCAD-NF PPGH-UFPB/ PPGH-UFMG Patrimônios – Conexões Históricas

 

 

 

 

 

 

 

 

RESUMOS 

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I Simpósio PROCAD-NF PPGH-UFPB/ PPGH-UFMG Patrimônios – Conexões Históricas

 Minicurso  RELATOS DE PESQUISAS NA PARAÍBA OITOCENTISTA: SOCIEDADE E CULTURA 

 

     Nayana Rodrigues Cordeiro Mariano (UFPB/ UVA) 

     Azemar Santos Soares Júnior (UFPB) 

 

O  curso  tem por objetivo  apresentar  as pesquisas desenvolvidas no Grupo de Pesquisa  Sociedade  e 

Cultura  no  Nordeste  Oitocentista  (Diretório/CNPq/  UFPB).  Desde  2001,  ano  de  criação  do  grupo, 

analisamos  e  buscamos  compreender  a  História  do  Brasil  do  século  XIX,  notadamente  na  Paraíba, 

articulando pesquisas na Iniciação Científica, Monografias de conclusão de curso, Dissertações e Teses. 

Além disso, agregamos pesquisas que vem sendo feitas isoladamente. Nesse sentido, trabalhamos com 

temas voltados para as mais diversas possibilidades de pesquisas como: culturas políticas, história social 

da  escravidão,  as  questões  relacionadas  às  doenças  e  os  rituais  de morte,  a medicina,  ao  corpo  e 

higienização, movimentos  populares,  relatos  dos  viajantes,  história  cultural  da  alimentação,  dentre 

outros. 

  

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I Simpósio PROCAD-NF PPGH-UFPB/ PPGH-UFMG Patrimônios – Conexões Históricas

 

Minicurso  TRILHANDO CAMINHOS: UMA PERSPECTIVA METODOLÓGICA PARA O USO DAS FONTES NA HISTÓRIA 

DA EDUCAÇÃO 

 

     Itacyara Viana Miranda (UFPB) 

   Mariana Marques Teixeira (UFPB) 

     Thiago Oliveira de Souza (UFPB) 

 

O mini curso proposto será ministrado por alunos/pesquisadores vinculados ao Grupo de Pesquisa em 

História da Educação no Nordeste Oitocentista – GHENO (Diretório/CNPq/ UFPB), e tem como objetivo 

abordar e debater as possibilidades de pesquisa e usos de fontes para os estudos ligados à História da 

Educação, sobretudo paraibana. Para tanto, temos como perspectiva a premissa do alargamento do uso 

das  fontes  referendadas  pelo  fortalecimento  das  tendências  da Nova  História  Cultural  que  enxerga 

possíveis  possibilidades  de  problematizações  para  além  das  fontes  ditas  oficiais.  Dessa  forma, 

discutiremos os processos de coleta do corpus documental encontrado no Arquivo Público do Estado 

da Paraíba – FUNESC e no  Instituto Histórico e Geográfico Paraibano  ‐  IHGP, que nos  forneceram os 

principais  subsídios  para  reflexões  acerca  das  questões  da  instrução  pública  e  particular  no  período 

imperial na Província da Parahyba do Norte. 

 

 

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I Simpósio PROCAD-NF PPGH-UFPB/ PPGH-UFMG Patrimônios – Conexões Históricas

 Eixo Temático 1 Instrução e Culturas Escolares 

 

 

INFÂNCIA  PERDIDA,  JUVENTUDE  OPRIMIDA:  TRAJETÓRIA  DA  EDUCAÇÃO  NO  AMAZONAS 

OITOCENTISTA 

 

Antonia Marylaura Lima de Oliveira (UFAM) 

 

Nas  cidades  brasileiras  no  século  XIX,  crianças  abandonadas/  pobres  eram  qualificadas  como 

“deserdados da fortuna” e, frequentemente, vagavam pelas ruas em busca da sobrevivência. A infância, 

neste momento, mostrava‐se perigosa e ameaçadora: vícios, ociosidade, mendicância, vadiagem faziam 

parte das descrições feitas por agentes do poder público sobre a infância desvalida no século XIX. Para 

coibir as "ameaças", caberá à educação, por meio da instrução pública e de suas práticas, a construção 

de um elemento crucial no projeto conservador para a  sociedade brasileira:  formar crianças e  jovens 

disciplinados para desempenhar novos papéis no âmbito do projeto "civilizador" para o Brasil. Sendo 

assim,  serão  forjadas  as  novas  práticas  de  vivências  culturalmente  diferenciadas  ao  incorporar  as 

crianças  a  estes  processos  por  meio  de  instituições  especiais  ou,  alternativamente,  por  meio  da 

concessão da tutela pelo Juízo de Órfãos. Este trabalho procura investigar estas experiências, tomando 

este lugar central da educação para colocar em movimento o projeto de civilização/ civilidade desejado 

pelo  Estado  Imperial,  com  ênfase  particular  nas  questões  tal  como  apareceram  no  Amazonas 

oitocentista, buscando delinear de  forma mais precisa as diferentes dimensões desta experiência das 

crianças neste mundo inventado da infância, construído por meio da educação. 

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A  “MORAL” COMO PRINCÍPIO ORGANIZADOR DA  ESCOLA NA PARAHYBA DOS  TEMPOS  IMPERIAIS 

(1864 A 1872) 

 

Antonio Carlos Ferreira Pinheiro (UFPB) 

 

Este trabalho tem como objetivo analisar alguns princípios morais que contribuíram para o processo de 

normatização, regulamentação e organização da escola pública e particular na Província da Parahyba do 

Norte,  no  período  de  1864  até  1872.  Esse  período  esteve  submetido  às  diretrizes  organizacionais  e 

disciplinares propugnadas pelo Regulamento de 1864, ano que elegemos para demarcar o  início deste 

estudo. No referido Regulamento encontramos uma série de instruções punitivas destinadas aos alunos 

e  professores  que  porventura  viessem  a  violar  as  normas  relacionadas  à  conduta  moral  (ou 

consideradas imorais!). Fechamos este estudo no ano de 1872 quando foi publicada uma lei (nº 455, de 

22 de junho) que impedia que os professores lecionassem em suas casas. Entretanto, essa normatização 

não  se  estendia  para  as  professoras  que  desejassem  lecionar  no  seu  espaço  doméstico.  Cabe‐nos 

perguntar:  Quais  foram  os  condicionantes  sociais  e  culturais  que  levaram  os  dirigentes  públicos  a 

estabelecer  essa  regra? Nesse  sentido, para melhor  compreendermos  as possíveis  relações morais  e 

comportamentais, que terminaram por  influenciar o processo e a tessitura de organização escolar, na 

Parahyba do Norte, é que analisaremos os aprimoramentos do aparato jurídico‐institucional que visava 

permitir  um  controle mais  eficaz  dos  possíveis  desvios morais.  Para  nos  auxiliar  nessa  empreitada 

tomaremos  de  empréstimo  a  noção  de  experiência  social  nos  termos  trabalhados  por  Thompson. 

Visando sustentar as nossas argumentações trabalhamos com um conjunto de documentos do Arquivo 

Histórico da Paraíba ‐ FUNESC e do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano – IHGP. 

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PROFESSORAS E A CULTURA ESCOLAR NO CEARÁ IMPERIAL (1866‐1888) 

 

Bárbara Eliza Soares Silva (UFC) 

 

A produção historiográfica neste trabalho se propõe a entender as professoras como trabalhadoras, e 

como elas davam sentido a este trabalho, partindo de contradições que foram perpetuadas a respeito 

da atuação do professor. Num dado momento, percebe‐se uma mudança de perspectiva na concepção 

das práticas educacionais nas primeiras  letras  como uma  atividade  a  ser desenvolvida por mulheres, 

tendendo a sacralização da figura do professor(a), despolitizando a profissão. Objetiva‐se relacionar as 

professoras  e  a  cultura  escolar  no  Ceará  no  período  compreendido  entre  1866  e  1888,  a  partir, 

principalmente, de queixas contra professoras, nas quais podemos encontrar as várias motivações que 

levavam tais mulheres a serem denunciadas e o posicionamento das mesmas como trabalhadoras. Este 

estudo será realizado a partir da análise de processos contra professoras primárias e correspondências 

dirigidas  ao Diretor Geral da  Instrução Pública do Ceará presentes no Arquivo Público do  Estado do 

Ceará – APEC; análise de jornais da época como O Libertador e O Cearense, acervo da Biblioteca Pública 

Governador  Meneses  Pimentel;  leitura  de  Leis  acerca  da  educação  do  contexto  e  Relatórios  dos 

Presidentes de Província. Para esse estudo foi fundamental a utilização de trabalhos de historiadores, 

memorialistas, pedagogos e sociólogos. 

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UMA REFLEXÃO SOBRE AS FONTES E OS ARQUIVOS DA HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS NA 

PROVÍNCIA DA PARAHYBA DO NORTE: O LYCEU PARAHYBANO DO OITOCENTOS 

 

Cristiano Ferronato (UFPB) 

 

O presente artigo tem como objetivo discutir as possibilidades de utilização dos arquivos escolares para 

o estudo das  instituições escolares tendo como objeto o Lyceu Parahybano, na Província da Parahyba 

do Norte. Discute‐se também os fundamentos teórico‐metodológicos que abranjam a concepção, uso e 

tratamento  de  documentos  na  pesquisa  histórico‐educacional  e  a  organização  e  preservação  dos 

arquivos e  fontes. Entende‐se que os arquivos escolares podem contribuir  significativamente para as 

pesquisas  em  História  das  Instituições  Educativas,  por  sua  acessibilidade,  diversidade  e  tipos  de 

informações, mais próximas compreensíveis e potencialmente mais significativas e  interessantes para 

os pesquisadores. Outro entendimento que aqui  se apresenta é arquivo  como um  lugar da memória 

escolar e da pesquisa histórica. 

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AS AULAS DE LATIM PÚBLICAS E PARTICULARES E O LYCEU PARAHYBANO: (1834‐1877) 

 

Cristiano Ferronato (UFPB) 

 

O presente trabalho é parte de nossa tese de doutoramento, em andamento, que versa sobre a gênese 

e  a  formação  do  Lyceu  Parahybano  e  do  ensino  secundário  na  Província  da  Parahyba  do Norte,  no 

século XIX. Temos como eixo central de análise neste texto, o comportamento do modelo antigo, das 

chamadas Aulas de Latim, na Província da Parahyba do Norte – no arco temporal iniciado em 1839 e que 

se  prolonga  até  ao  ano  de  1877  –  perante  um  novo  modelo  que  estava  sendo  implantado,  o  de 

aglutinação das aulas do ensino secundário em  instituições como o Lyceu Parahybano. Com a criação 

destas  instituições pelo país pretendia‐se dar um  sentido próprio ao ensino  secundário que era o de 

formação das elites locais para o aparelhamento do Estado que se estava a construir naquele momento, 

função que o ensino secundário, dado nas aulas avulsas então existentes, não conseguia atingir. Estas 

tinham um caráter de outro tempo em oposição aos novos tempos que surgiam. Tempos que clamavam 

por um novo desenho curricular com maior complexidade e mais moderno. Os  liceus seriam então as 

instituições de ensino criadas para este fim substituindo as chamadas aulas avulsas de Latim. 

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A CULTURA ESCOLAR INSTITUCIONALIZADA NAS OBRAS DE MAXIAMO MACHADO E IRINEU PINTO E O 

SABER ESCOLAR NO XIX, NA PARAÍBA, SOBRE O PERÍODO HOLANDÊS 

 

Hérick Dayann Morais de Meneses (PMSR/PB) 

 

Esta comunicação tem como objetivo principal proceder à análise da cultura histórica institucionalizada, 

através da obra de Maximiano Lopes Machado, sócio do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico 

Pernambucano, no século XIX, autor de História da Província da Paraíba, e  Irineu Ferreira Pinto, sócio‐

fundador  do  Instituto  Histórico  e  Geográfico  Paraibano,  autor  de  Datas  e  Notas  para  a  História  da 

Paraíba, sobre um tema específico: a ocupação holandesa na Capitania da Paraíba (1634‐1654). O diálogo 

com  Michel  de  Certeau  foi  de  grande  significado  para,  por  um  lado,  entendermos  os  Institutos 

Históricos como  lugares sociais privilegiado da produção historiográfica no século XIX e nas primeiras 

duas décadas do século XX, bem como para situarmos a natureza da operação historiográfica realizada 

pelos dois autores nas obras selecionadas. Ainda tomamos como base o período holandês e como ele 

era difundido no saber escolar entre os séculos XIX e os dias de hoje: semelhanças, diferenças etc. Desta 

forma, buscaremos entender a maneira como se processou a instrução e a cultura escolar dentro de um 

tema específico por ora ressaltado acima. 

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RUMO À CIVILIZAÇÃO: A IMPORTÂNCIA DA INSTRUÇÃO NO BRASIL IMPERIAL 

 

Itacyara Viana Miranda (UFPB) 

 

A  instrução apresenta‐se na documentação que vimos  trabalhando enquanto elemento primordial do 

projeto civilizador do Estado Nacional em processo de formação no oitocentos. Na Província da Paraíba 

isso não seria diferente, a instrução edificaria o homem tornando os corpos dóceis e civilizados. Alguns 

discursos  encontrados  nos  jornais  da  época  podem  nos  dar  uma  indicação  do  quanto à  relação 

instrução/ civilização se tornava forte frente ao projeto de construção do Estado‐Nação. Os periódicos 

encontrados no  Instituto Histórico e Geográfico Paraibano  ‐  IHGP são a fonte principal neste trabalho, 

estes nos permitem um estudo mais rico em relação à ideia de civilização que se pretendia. Os discursos 

dos profissionais liberais, bacharéis e mesmo grupos ligados à instrução de forma direta, como é o caso 

dos  diretores  ou  dos  inspetores  das  aulas,  que  tinham  seus  relatórios  quase  sempre  publicados  na 

imprensa,  serão  utilizados  com  o  objetivo  de  apreender  os  indícios  da  importância  da  instrução  no 

processo  de  civilização  da  sociedade. As  notícias  apresentadas  à  população  nas  páginas  dos  jornais 

tinham uma  faceta educativa, era  comum a difusão das questões  referentes à política e à  legislação 

instrucional, bem como as questões ligadas à qualidade das aulas públicas na formação dos indivíduos. 

Para este estudo o  recorte  temporal será delimitado de acordo com os  jornais encontrados no  IHGP, 

sendo o primeiro “A Imprensa” de 1858 e o último “A gazeta” de 1889. 

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UM  OLHAR  SOBRE  O  IMPÉRIO  NO  LIVRO  DIDÁTICO:  UMA  ANÁLISE  DOS  TEMAS  REFERENTES  AO 

BRASIL IMPERIAL NA COLEÇÃO HISTÓRIA, SOCIEDADE & CIDADANIA 

 

Joceneide Cunha (UNEB); Patrícia Alves (UNEB) 

Maria Aparecida (UNEB); Rafael dos Santos (UNEB) 

Flaviana Pereira (UNEB) 

 

Este trabalho tem como objetivo avaliar o conteúdo de Brasil Império, contemplado no oitavo volume 

da coleção História, Sociedade & Cidadania, do ensino fundamental II, produzido pelo historiador Alfredo 

Boulos  Júnior,  e  comumente  utilizada  como material  didático.  Realizamos  uma  análise  qualitativa  e 

quantitativa. A coleção é composta de 40% de conteúdo sobre História do Brasil. No volume avaliado 

constam 45% de conteúdo sobre o Brasil, trazendo uma abordagem sobre o Império estimada em 60%. 

As ilustrações possuem boa qualidade, apesar de algumas ausências de identificação.  O livro não possui 

textos  densos  e  por  isso  o  professor  precisa  utilizar  novas  fontes  de  informações. O  autor  adota  a 

perspectiva  da  história  integrada,  trabalhando  preferencialmente  política  e  economia, mas  também, 

vertentes  da  história  social,  abordando  novos  temas  tais  como:  o  papel  da mulher  na  sociedade,  a 

situação do negro, a contribuição do  índio e seu  legado para a construção do cenário nacional. Utiliza 

ainda  uma  historiografia  eclética,  no  entanto  mais  conservadora.  O  livro  oferece  indicações 

paradidáticas,  tais  como:  livros,  filmes  como  Carlota  Joaquina Princesa  do Brasil  e  sites,  a  saber, do 

Pitoresco. Os tamanhos e cores das fontes, contrastados ao papel branco fosco, permitem conforto na 

leitura, adequados ao estudo. O livro didático é um dos recursos para o ensino de história, apesar de sua 

complexidade, um  canal de aprendizagem que deve  ser  trabalhado  considerando as diversidades do 

processo cognitivo. 

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A TRAJETÓRIA DE TOBIAS BARRETO ACERCA DA EDUCAÇÃO 

 

José Ricardo Freitas Nunes (UNIT) 

Miguel André Berger (UNIT) 

 

A Trajetória de Tobias Barreto Acerca da Educação é o resultado de uma pesquisa que foi desenvolvida 

no  âmbito  da  disciplina  Educação  Brasileira  do  Programa  de  Pós‐Graduação  em  Educação  da 

Universidade  Tiradentes  –  PPED/UNIT.  A  metodologia  empregada  tomou  por  base  a  aplicação  de 

instrumentos que se  inserem no âmbito de uma metodologia qualitativa. A pesquisa se fundamentou 

nos textos de estudiosos como Tobias Barreto, Luiz Antônio Barreto e Jorge Carvalho do Nascimento, a 

partir destes,  analisamos  a  construção descritiva dos  elementos  terminológicos. Ditos  elementos,  se 

fazem  expressar por meio  dos  construtos  teóricos  e  analisados,  tomando por base os  conceitos  de 

homem,  filosofia,  conhecimento  científico e  cultura, os quais, por  sua vez,  são determinantes para a 

compreensão dos pré‐supostos  conceituais  teorizados pelo pensador  sergipano  acerca da educação. 

Com  efeito,  a  presente  pesquisa  aborda  a  contextualização  histórica  da  problemática  investigativa 

proposta  por  Tobias  Barreto,  suas  relações  e  implicações  teóricas,  bem  como  a  problemática  da 

educação científica ou aos estudos do chamado “germanismo pedagógico”. Conferindo assim, ênfase 

ao significado e ao sentido que a educação assume na elucidação conceitual, de aspectos que dizem 

respeito  a  realidade  sobre  a  qual  a  educação  se  volta  para  análises  e  intervenções.  Dentre  esses, 

podemos destacar o positivismo, o  racionalismo, o  cientificismo, evolucionismo e o monismo,  foram 

estes que determinaram a elaboração dos pré‐supostos conceituais acerca da educação pensados por 

Tobias Barreto. 

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PROFESSORES  E  CAMARISTAS:  OS  DOCENTES  E  O  PODER  POLÍTICO  NA  CÂMARA MUNICIPAL  DE 

ARACAJÚ 

 

Jorge Carvalho do Nascimento (UFS) 

Ester Fraga Vilas‐Bôas Carvalho do Nascimento (UNIT) 

 

A Câmara de Vereadores é a mais antiga  instituição de Aracaju em funcionamento. Em março de 2010 

completou 155 anos. O Presidente Sergipe, Inácio Joaquim Barbosa, fundou a cidade no dia 17 de março 

de 1855 e, 13 dias depois a Câmara já estava funcionando. Durante os primeiros 44 anos a Câmara viveu 

sob o Império e passaram pela instituição, 113 vereadores, dos quais este estudo conseguiu identificar a 

ocupação profissional de 46, dentre eles 25 militares, oito professores, cinco médicos, um advogado, 

dois empresários, um  jornalista e um padre. Este  trabalho objetiva analisar a ação dos docentes que 

atuaram  na  Câmara Municipal  de  Aracaju  durante  o  Império,  buscando  nexos  entre  o  exercício  da 

profissão de professor e a condição de parlamentar. Se os docentes  representam  17,39 por cento do 

total  de  profissionais  identificados  entre  os  vereadores,  eles  foram  27,27  por  cento  dentre  os  22 

vereadores  que  exerceram  a  presidência  da  Câmara  durante  o  Império.  Dos  oito  professores,  seis 

ocuparam  aquele  posto,  o  que  na  prática  significava,  sob  o  parlamentarismo monárquico,  chefiar  o 

governo da cidade. Dos seis professores que dirigiram a Câmara, quatro integravam o corpo docente do 

Atheneu Sergipe, fundado em 1870. 

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AS  OBRAS  DOS  MEMORIALISTAS  PARAIBANOS  E  A  INSTRUÇÃO  PÚBLICA  E  PARTICULAR  NA 

PROVÍNCIA DA PARAHYBA DO NORTE (1822‐ 1864) 

 

Maday de Souza Morais (bolsista PIBIC/UFPB/CNPq) 

Cláudia Engler Cury (UFPB) 

 

A comunicação que nos propomos a apresentar é  resultado de nossa pesquisa de  iniciação científica 

concluída em agosto de 2010 ‐ “A  instrução pública e particular nos acervos da Cúria Metropolitana de 

João  Pessoa  (1822‐1864)”.  Alterações  no  projeto  inicial  nos  levaram  às  obras  de  memorialistas 

paraibanos, relacionadas às cidades de Areia, Caiçara, Campina Grande, Mamanguape, Bananeiras, entre 

outras. Os objetivos da pesquisa  foram os de  exploração de outras  formas de  escrita da história da 

instrução pública e particular na Província da Parahyba do Norte além da já tradicional legislação oficial. 

Debruçamo‐nos sobre as obras dos memorialistas em busca das pistas e vestígios como contribuição 

para  pensarmos  sobre  a  educação  no  XIX. A  interlocução  com  a  documentação  oficial  já  explorada 

anteriormente em outros dois projetos PIBIC, já concluídos por colegas do mesmo grupo de pesquisa, e 

que resultaram em seus trabalhos acadêmicos de conclusão de curso nos permitiram  identificar novas 

áreas de exploração de pesquisa para a  instrução oitocentista por meio da escrita  literária. O  recorte 

temporal  refere‐se  às  primeiras  lembranças  trazidas  pelos  escritores  selecionados  para  a  pesquisa  

(1822) e o final da periodização foi escolhido em virtude da reforma da instrução pública e particular na 

província  (1864), na  tentativa de articulação entre duas  formas de escrita da história no período em 

questão: a documentação oficial e os textos literários. 

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ELEMENTOS DE REFLEXÃO ACERCA DA GEOGRAPHYA ENSINADA NO IMPERIAL COLLEGIO DE PEDRO II E 

DE SUA RELAÇÃO COM A QUESTÃO DA FORMAÇÃO TERRITORIAL E DO ESTADO NAÇÃO BRASILEIROS 

 

Márcio Ferreira Nery Corrêa (USP/ Colégio Pedro II) 

 

O  tema que ora  trazemos para  reflexão e permuta de experiências de  leituras e de pesquisa gira em 

torno  da  geographya  ensinada  no  Imperial  Collegio  de  Pedro  II  e  de  sua  relação  com  a  formação  do 

Estado  imperial brasileiro,  cujo aparelhamento, entre outros  fins, voltava‐se  teleologicamente para o 

processo de formação da nação e do território. Entre muitos pontos passíveis de reflexão, procura‐se 

destacar elementos didáticos identificados nos programas curriculares da disciplina escolar em questão 

–  geographya  –  e  sua  forte  articulação  ao  exercício  de  doutrinação  patriótica,  à  conscientização  do 

espaço nacional e à reprodução da ordem social e estatal. Para tanto, destaca‐se o papel exercido pelos 

professores  da  mencionada  instituição  e  o  comprometimento  desses  com  o  projeto  de  Estado 

implementado pela elite dirigente de então, da qual tais professores são membros  integrantes. É bom 

esclarecer que a presente proposta temática vincula‐se a um projeto maior que não se assume apenas 

como uma  tentativa de operar uma historiografia da geografia no Brasil,  assinalada por uma  análise 

dessa  disciplina  escolar  institucionalizada,  nem  apenas  por  uma  historiografia  do  pensamento 

geográfico vigente numa  instituição escolar de peso histórico no nosso país, mas também como uma 

tentativa  em  contribuir  para  a  elucidação  de  processos  particulares  que  ajudaram  a  desencadear  o 

processo social de escala mais abrangente: a formação territorial brasileira. 

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CONDORCET, TRAJANO E A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO SÉCULO XIX 

 

Marcus Aldenisson de Oliveira (UNIT) 

Tâmara Regina Reis Sales (UNIT) 

Ester Fraga Vilas‐Bôas do Nascimento (UNIT) 

 

Esse trabalho é fruto de um projeto de pesquisa de  Iniciação Científica sob a orientação da Profª Dra. Ester  Fraga  Vilas‐Bôas  Carvalho  do Nascimento.  Insere‐se  no  campo  da História  da  Educação  e  tem como objetivo fazer um estudo comparativo entre o modelo francês e o modelo norte‐americano para o ensino da Aritmética nas escolas de primeiras letras do Brasil, a partir do livro Método para aprender a contar com  segurança e  facilidade, de Condorcet e do  livro Aritmética Elementar  Ilustrada, de Antonio Bandeira  Trajano,  ambos  publicados  no  Brasil,  em  1883.  Foi  analisado  o  conteúdo  dos  dois  livros, verificando  as  características  do  método  francês  e  do  método  norte‐americano  para  o  ensino  da Aritmética  que  circularam  no  Brasil  dos  Oitocentos.  A  análise  dos  dois  livros  permitiu  elaborar  a hipótese de que Condorcet e Trajano propuseram maneiras distintas para  a  instrução da Aritmética, utilizando‐se  respectivamente  do método  tradicional  e  do método  intuitivo.  O  livro  de  Condorcet, publicado na França no final do século XVIII, era destinado às escolas de primeiras letras, demonstrando a presença  do método  tradicional.  Já o  livro  de  Trajano,  também  destinado  às  escolas  de primeiras letras, demonstra a presença do método intuitivo. Diante da análise realizada nas obras de Condorcet e Trajano  é  possível  perceber  que  gradativamente  o  método  francês  vinha  sendo  substituído  pelo método norte‐americano, visto que, o método tradicional (francês) se caracterizava pela predominância de decorar, não apresentava os assuntos contextualizados, diferentemente do método intuitivo (norte‐americano)  onde  era  evidente  a  presença  de  inovações,  despertando,  dessa  forma,  o  interesse  dos alunos.  O  cruzamento  desses  dados  permite  compreender  como  os  livros  didáticos  prescreveram normas  que  regeram  as  estratégias  de  imposição,  difusão  e  apropriação  de  saberes  educacionais, entendendo  por  apropriação  a  forma  como  os  indivíduos  se  relacionam  e  se  utilizam  dos modelos culturais  que  lhes  são  impostos.  Este  trabalho  está  pautado  no  referencial  teórico‐metodológico  de Valdemarin, Nascimento e Lopes. 

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LENTES NA PARAHYBA OITOCENTISTA: “EDUCADORES DA MOCIDADE IGNORANTE” 

 

Mariana Marques Teixeira (UFPB) 

 

Essa pesquisa é  fruto de dois  anos de estudos  junto  ao projeto de  iniciação  científica – PIBIC e que 

resultou em Monografia de Conclusão de Curso, “A organização da  instrução pública e particular na 

Paraíba (1822‐1864) ‐ interfaces com as culturas escolares”, desenvolvida junto ao grupo de Pesquisa da 

História da Educação na Paraíba   Oitocentista da UFPB e visa discutir a  formação dos professores na 

Província  da  Paraíba  do  Norte  por  meio  da  análise  das  práticas  pedagógicas  dos  professores  da 

instrução primária  e  secundária no  engendramento de  culturas escolares no  século XIX. Associada  a 

essa discussão inicial discutiu‐se também as maneiras como as autoridades provinciais posicionavam‐se 

frente a questão da  formação daqueles  lentes no oitocentos. O corpus documental empregado nesta 

pesquisa tem por base os documentos coletados transcritos no Arquivo Público do Estado da Paraíba – 

FUNESC, com o seguinte recorte temporal: 1822 (independência) a 1864 (Reforma da Instrução Pública 

na  província).  Para  aprofundar  a  discussão  contamos  também  com  valiosos  dados  encontrados  nos 

livros  de  frequência  e  de matrículas,  que  deixaram  transparecer  o  grau  de  evasão  de  determinadas 

regiões em relação à instrução da mocidade paraibana. A pesquisa tem por base os referenciais teórico‐

metodológicos  da  História  Cultural  e  pretende  contribuir  com  a  produção  historiográfica  acerca  da 

História da Educação de uma das províncias mais antigas do país. 

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A LAICIDADE NA ESCOLA PÚBLICA: A PROPOSTA DO PARECER DE RUI BARBOSA 

 

Marilia de Franceschi Neto Domingos (UFPB) 

Fábia da Costa Leite Rodriguez (UFPB) 

 

A chamada “Questão Religiosa”, ao  final do segundo  império  levou diversos políticos e  intelectuais a 

posicionarem‐se  sobre  a  questão  da  laicidade  na  escola.  Através  de  seus  escritos  e  seus 

pronunciamentos políticos, Rui Barbosa foi um ardoroso defensor da escola pública  laica. Tema pouco 

discutido e pouco conhecido na história da educação, a  laicidade torna‐se tema de atualidade, quando 

se discute  sobre os  rumos do Ensino Religioso na escola pública. Este  trabalho de pesquisa  fixou‐se 

sobre os Pareceres de Rui Barbosa à Reforma Educacional do Ministro Leôncio de Campos a respeito da 

laicidade  –  em  especial  sobre  as  propostas  da  escola  laica  –  e  do  ensino  religioso  na  despertar  do 

período republicano. Em dois pareceres, datados de 1882, por ele redigidos, na qualidade de relator da 

Comissão  de  instrução  pública  na  Câmara  dos  Deputados,  são  propostos  os  quatro  princípios 

fundamentais  do  ensino:  público,  livre,  obrigatório  e  laico.  Através  de  uma  pesquisa  bibliográfica  e 

documental apresentamos as  ideias daquele que pode ser considerado um dos  fundadores da escola 

laica no Brasil republicano, através dos seus Pareceres. 

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PROVÍNCIA  DA  PARAHYBA  DO  NORTE:  OS  REGULAMENTOS  DE  15  E  20  DE  JANEIRO  DE  1849  E  A 

INSTITUCIONALIZAÇÃO DA INSTRUÇÃO PÚBLICA PRIMÁRIA 

 

Mauricéia Ananias (UFPB) 

Adriano Soares da Silva (UFPB) 

 

O presente artigo visa buscar o sentido para a sociedade oitocentista brasileira a partir das ações do 

Estado, com a mediação da legislação, para a instituição da escolarização de uma parte da população da 

província  da  Parahyba  do  Norte.  Para  tal,  teremos  como  objetivo  a  construção  do  conhecimento 

histórico acerca das primeiras décadas do  império brasileiro, em especial, da província da Parahyba do 

Norte,  considerando,  para  essa  narrativa,  os  dois  regulamentos  para  a  instrução  pública  primária 

decretados  em  1849.  A  análise  será  realizada  a  partir  da  documentação  da  instrução  pública, 

encontrada, catalogada, transcrita e, em alguns casos, já publicada pelo Grupo de História da Educação 

no Nordeste Oitocentista‐ GHENO,  relativa à  formação e carreira docente e à criação de aulas. Nesse 

acervo  documental,  encontramos  informações  sobre  a  fiscalização  do  Estado  provincial  sobre  os 

professores  da  época  e  a  própria  organização  das  escolas  de  primeiras  letras.  Dessa  forma, 

provisoriamente, concluímos que a regulação e o controle do Estado provincial, em especial sobre os 

professores,  além  de  demarcar  o  período  de  transição  entre  a  escola  doméstica  para  o  incipiente 

nascimento da escola moderna, indicou a utilização da instrução primária como um dos mecanismos da 

constituição do Estado Nacional Brasileiro. 

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A  INSTRUÇÃO  NOS  JORNAIS,  RELATÓRIOS  E MENSAGENS  DOS  PRESIDENTES  DE  PROVÍNCIA  E  DE 

ESTADO NA PARAÍBA (1889‐1910) 

 

Michele Lima da Silva (bolsista PIBIC DH/UFPB) 

Cláudia Engler Cury (UFPB) 

 

Tendo como pano de fundo a transição do Brasil  Imperial para o republicano o presente trabalho, em 

vias de desenvolvimento, busca mostrar  como os presidentes de província na Paraíba do Norte e os 

presidentes de estado, pensavam a instrução. Para tanto, estamos nos valendo de seus relatórios, bem 

como das mensagens por eles enviadas. O nosso olhar sobre a documentação tem como foco central 

apreender permanências e mudanças ocorridas no período  selecionado para a pesquisa. Procuramos 

também, travar um diálogo entre os jornais da época e os documentos oficiais na tentativa de levantar 

questões que suscitem a reflexão acerca das problemáticas que envolviam a instrução nesse período de 

transição  da  forma  de  governo  no  Brasil  e,  mais  especificamente,  na  Paraíba.  A  pesquisa  que 

desenvolvemos  vincula‐se  ao projeto História da Educação na Paraíba entre os  anos de  1889 e  1910: 

transições e conexões da monarquia para a  república. Nosso  referencial  teórico e metodológico está 

amparado no espectro da História Cultural principalmente nas  leituras que  temos  feito das obras de 

Certeau e Bourdieu. 

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CULTURA ESCOLAR E INSTRUÇÃO PÚBLICA: UM BALANÇO DA PRODUÇÂO VEICULADA NO ENCONTRO 

DE PESQUISA EDUCACIONAL NORTE NORDESTE (EPENN) 

 

Miguel André Berger (UNIT) 

 

Os estudos de História da Educação no Brasil passaram a vislumbrar novos avanços a partir de  1980, 

com  a  criação  dos  programas  de  pós‐graduação. No  início  houve  uma  exacerbada  concentração  de 

trabalhos sobre o período republicano e a era Vargas, sendo que, ultimamente, os pesquisadores vêm 

privilegiando estudos sobre o século XIX e anteriores, desmistificando o oitocentos como uma “tabula 

rasa”  na  História  da  Educação.  O  presente  estudo  analisa  os  trabalhos  abordando  as  temáticas: 

educação da  infância,  instrução pública e cultura escolar, veiculados no grupo de trabalho História da 

Educação, nos Encontros de Pesquisa Educacional Norte Nordeste, no período de 1990 a 2009. Dos 574 

trabalhos apresentados, 80 detêm‐se no período  imperial, sendo que 42 estudos têm essas temáticas 

como  objeto  de  análise,  representando  7,30%  da  produção  historiográfica.  Os  estudos  revelam  a 

diversidade de preocupação por parte dos pesquisadores, enfocando questões sobre a organização da 

instrução primária nas diferentes províncias, a educação da mulher e do negro, os  impressos e  livros 

didáticos, a atuação de  intelectuais em defesa da  instrução escolar pública, as  iniciativas  institucionais 

para atendimento às crianças pobres e a educação dos surdos. 

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UMA ANÁLISE DO PERÍODO IMPERIAL NA COLEÇÃO ARARIBÁ 

 

Phernanda Ferreira e Santana (UNEB) 

Sandro Leite Souza (UNEB) 

Silvana Santos Silva (UNEB) 

Joceneide Cunha (UNEB) 

 

A utilização dos  livros didáticos de história contribui para o ensino dessa disciplina, todavia, para uma 

melhor utilização do mesmo se faz necessário uma análise do livro didático. O objetivo dessa pesquisa 

foi  fazer uma análise da coleção de  livro didáticos do Projeto Araribá História, analisando sua  função 

como  suporte  pedagógico  na  abordagem  dos  assuntos  do  Brasil  Império.  Nessa  perspectiva, 

abordaremos  os  conteúdos  apresentados,  atentando‐se  para  os  vários  fatores  que  influenciaram  na 

elaboração e aplicação do tema como a  ideologia por eles vinculada, erros contextuais e a relação de 

ensino aprendizagem tratada nas unidades que  foram estudadas. A metodologia empregada consiste 

na averiguação dos aspectos formais, análise do discurso e pedagógicos aplicados na abordagem dos 

temas,  e uma  análise quantitativa. A  fonte de pesquisa para  este  estudo  foi o próprio  livro didático 

principalmente o do oitavo ano da coleção acima mencionada. A coleção é composta de trinta e dois 

capítulos que  vão desde o descobrimento  até  a proclamação da  república, possuem quatrocentos  e 

cinquenta  páginas  com mil  quinhentos  e  oitenta  e  oito  ilustrações.  Nelas  estão  contidas  pinturas, 

esculturas de  imperadores,  fotos de  igrejas, personalidades,  índios, negros, monumentos, mapas do 

Brasil e do mundo e infográficos.  Sendo cento e sete paginas de história do Brasil equivalente a 23,77% e 

trezentos e quarenta e três de história geral correspondente a 76,23% da coleção. E dentro da parte de 

Brasil 29,90% equivale ao Império equivalendo a trinta e duas páginas da coleção. 

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A  HISTORIOGRAFIA  DO  SÉCULO  XIX  E  A  FORMAÇÃO  DA  IDENTIDADE  NACIONAL  NOS  LIVROS 

DIDÁTICOS DE HISTÓRIA 

 

Priscilla Emmanuelle Formiga Pereira (UFPB) 

 

Ao  longo do  século XIX,  sobretudo nas décadas  finais, desenvolveu‐se uma produção historiográfica 

destinada  a  construir  uma  identidade  do  Brasil  vinculada  principalmente  ao  projeto  intelectual  do 

Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro  (IHGB). Sob as  linhas desta historiografia, nosso passado  foi 

escrito em torno de um ideal glorioso, que enfatizava as raízes coloniais portuguesas e os heróis deste 

empreendimento  desbravador.  Uma  História  primordialmente  sedimentada  na  perspectiva  de  uma 

verdade única e absoluta dos fatos, onde as marcas desta cultura historiográfica construída durante o 

período em questão, ainda hoje, transparece em alguns  livros didáticos de História, e na maneira pela 

qual são construídos. Livros que transmitem o conhecimento histórico pelo sentido elitista do passado e 

a  marginalização  das  identidades  culturais  tidas  enquanto  inferiores.  Neste  sentido  esta  proposta 

assume  o  caráter  de  uma  análise  desta  historiografia  progressista  produzida  durante  o  século  XIX, 

tendo como  fonte o primeiro volume de História Geral do Brasil do autor Francisco Adolfo Varnhagen 

publicado  em  1981, de maneira que  através da  leitura  e  análise deste, buscaremos  identificar qual  a 

influência  que  a  produção  de  Varnhagen  exerceu  na  construção  da  identidade  nacional  e  de  que 

maneira ela é introduzida em alguns livros didáticos de ensino de História. 

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BENJAMIN CONSTANT, A INSTRUÇÃO DOS CEGOS E O ANTICOMUNISMO PRECOCE NO IMPÉRIO 

 

Renato Luís do Couto Neto e Lemos (UFRJ) 

 

Benjamin  Constant  Botelho  de Magalhães  (1837‐1891)  foi  oficial  do  Exército  brasileiro,  professor  de 

matemáticas  em  diversas  escolas  civis  e militares,  divulgador  da  filosofia  positivista,  organizador  do 

movimento militar que  implantou a República e o primeiro ministro,  sucessivamente, da Guerra e da 

Instrução  Pública,  Correios  e  Telégrafos.  Após  sua  morte,  foi  entronizado  como  o  “Fundador  da 

República”  pelos  membros  da  Assembleia  Nacional  Constituinte,  então  reunida.  Foram  de  várias 

naturezas  as  suas  passagens  pela  história  brasileira  ainda  sob  a monarquia,  no  entanto  a  influência 

filosófica sobre os estudantes militares e a participação na transição de regime político é que têm sido 

enfatizadas pela historiografia  relativa ao período. Benjamin Constant se destacou, contudo,  também 

como  educador,  tendo  a  sua militância na  área pedagógica  coberto boa parte da história  imperial  a 

partir  da  década  de  1860. Um  capítulo  importante  dessa  trajetória  se  relaciona  com  a  atividade  de 

diretor do Imperial Instituto dos Meninos Cegos (1869‐1889). O relatório que apresentou em meados de 

1871 ao ministro do  Império  foi considerado de teor comunista por um deputado. A Europa burguesa 

acabara de derrotar a Comuna de Paris e a defesa do direito dos  cegos a uma educação  integral  foi 

associada pelo parlamentar à ideologia dos operários franceses revolucionários. Considerando‐se que o 

Brasil sequer tinha formado a sua classe operária, pode‐se entender o episódio como emblemático da 

maneira  desigual  e  combinada  como  sociedades periféricas  interagem  com processos  históricos  das 

nações capitalistas centrais, antecipando determinadas construções políticas. 

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INSTRUÇÃO PÚBLICA E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES NA PARAHYBA DO NORTE (1837‐1883) 

 

Rose Mary de Souza Araújo (UFPB) 

 

O texto representa um dos resultados de uma  investigação histórica acerca da  instrução pública e da 

formação de professores, focalizando especificamente a Paraíba no período monárquico. O objeto de 

estudo refere‐se à instrução pública primária e sua articulação com a necessidade de  formar docentes 

através de modelo escolarizado,  inscrito na  temporalidade de  1837 a  1883. Nesse  contexto histórico, 

caracterizado  por  um  tecido  social  de  base  patriarcal,  escravocrata  e  de  disputas  políticas,  foi  dada 

ênfase  a  instrução  pública  como  força  propulsora  para  a  construção  de  uma  sociedade  civilizada, 

moderna. Desta  forma, a  instrução popular adquire centralidade nos discursos dos gestores públicos 

locais  de  época.  Nesse  processo  algumas  questões  foram  sendo  colocadas  como  instrumentos 

necessários a sua melhoria e modernização, tais como: a unificação do ensino, formação de professores 

e  valorização  do  trabalho  docente. Ao mesmo  tempo  em que  analisa  estas questões,  focalizou‐se  a 

prática do concurso público como forma efetiva de prover as escolas primárias da província paraibana, 

na mesma ocasião em que se pleiteava institucionalizar a formação de professores. 

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 BALANÇO HISTORIOGRÁFICO DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DA POPULAÇÃO NEGRA  

Surya Aaronovich Pombo de Barros (UFPB) 

Roberta Maria Aguiar do Nascimento (UFPB) 

Camila Almeida de Araújo (UFPB) 

 

Este trabalho apresentará resultados parciais da pesquisa “Estado da Arte da Produção sobre História 

da Educação da População Negra no Brasil”, cujo principal objetivo é  levantar e analisar os  trabalhos 

sobre a escolarização da população negra no Brasil na perspectiva da história da educação. Segundo 

Fonseca  (2005), até a década de  1990 a historiografia educacional alegava que a história escolar dos 

negros  no  Brasil  não  era  trabalhada  devido  à  ausência  e/ou  as  dificuldades  de  acesso  às  fontes 

documentais como  também prevalecia à crença de que a  inserção do negro na escola  tinha  se dado 

tardiamente em  função da escravidão. Contudo, pesquisas realizadas a partir do  início dos anos 2000 

como  Veiga,  Fonseca,  Barros,  Souza  entre  outras,  refutam  o  argumento  da  ausência  negra  nas 

instituições escolares e demonstram a existência de processos de escolarização de  indivíduos negros 

desde o período colonial, sendo possível, especialmente a partir do período imperial. Na perspectiva de 

proporcionar uma maior visibilidade a pesquisas que evidenciem o acesso da população negra à cultura 

escolar,  utilizamos  como  fonte  para  a  construção  do  banco  de  dados  as  dissertações  e  teses 

disponibilizados no site da Capes, publicações de periódicos e comunicações em anais de congressos e 

de  seminários  do  campo  da História  da  Educação.  Assim,  apresentaremos  os  resultados  parciais  da 

pesquisa, demonstrando que, em todos os períodos da história e diversas regiões brasileiras podem ser 

encontradas pesquisas acerca da  relação entre população negra e cultura escolar. Pudemos verificar, 

ainda, o constante aumento de pesquisas sobre o tema, alterando a percepção que esteve em vigor na 

história da educação, de que a população negra não  teve  relação com a  cultura escolar ao  longo da 

história do Brasil. 

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O  JORNAL  ‘A  REGENERAÇÃO’  E  A  INSTRUÇÃO  PÚBLICA  E  PARTICULAR  NA  PARAHYBA  DO 

OITOCENTOS (1861‐1862) 

 

Thiago Oliveira de Souza (UFPB) 

Cláudia Engler Cury (UFPB) 

 

A Regeneração foi um periódico que circulou na Província da Parahyba do Norte nos anos de 1861/1862. 

Vinculado  ao  partido  conservador,  possuía  uma  seção  intitulada  “parte  oficial” muito  rica,  com  leis, 

decretos, relatórios e demais atos do governo. Além disso, destacam‐se os textos dos  jornalistas que 

compunham  seu  corpo  redacional. O objetivo deste  artigo é debater de que  forma  a  instrução e os 

debates ligados à educação apareciam na documentação oficial e nas resenhas e crônicas  jornalísticas. 

Em  pauta  estava,  entre  outras  coisas,  o  ensino  de  primeiras  letras,  fonte  de  preocupação  para  os 

jornalistas,  tendo  em  vista  a  grande  recorrência  de  resenhas  que  tratam  da  necessidade  de 

melhoramentos nessa área. Também foi possível  localizar, em menor quantidade, matérias referentes 

ao Lyceu Parahybano, primeiro estabelecimento de ensino secundário, criado em meados da década de 

1830.  Vinculada  à  iniciação  cientifica,  a  pesquisa  catalogou  todas  as matérias  referentes  a  instrução 

encontradas neste periódico,  localizado no acervo de obras  raras do  Instituto Histórico e Geográfico 

Paraibano. No  intuito de contribuir com a história da educação paraibana, buscamos alargar o uso das 

fontes e propor novas discussões sobre o tema. 

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 Eixo Temático 2 

Culturas políticas e Construção do Estado Nacional 

 

 

OFÍCIOS DE MEDICAR: PRÁTICAS MÉDICAS NA PARAÍBA OITOCENTISTA (1850‐1889) 

 

Azemar dos Santos Soares Júnior (UFPB) 

 

Este trabalho tem por objetivo analisar as práticas médicas na cidade da Parahyba na segunda metade 

do século XIX. A presença desses profissionais da saúde foi durante  longos períodos uma  inconstância 

na Província da Paraíba, ficando a cargo dos curandeiros, benzedeiras e parteiras o ofício de medicar. É 

em meados do oitocentos que os médicos passam a exercer a arte de curar a partir da necessidade de 

uma cidade abalada por epidemias, vermes e insalubridade. Medidas enérgicas, que iam desde a criação 

de hospitais e cemitérios até uma legislação de combate a falta de higiene, deveriam ser tomadas para 

conter o avanço desses males que assolavam a população. É observando a postura desses médicos, sua 

habilidade  política  e  imagem  de  homens  do  povo  que  buscamos  entender  como  esses  profissionais 

mantiveram‐se a frente da Inspectoria de Saúde Pública, conciliando com outros cargos políticos como o 

de Presidente da Província da Paraíba. Para realização desse trabalho, utilizamos as notícias publicadas 

nos  jornais da época como a Gazeta da Parahyba, os Relatórios de Presidente de Província, as Atas da 

Assembleia  Legislativa  e  alguns  relatórios  das  Inspetorias  de  Higiene.  Através  dessa  documentação 

problematizamos  nosso  objeto  de  análise,  observando  a  postura  e  o  discurso  sobre  a medicina  na 

Paraíba entre 1850 e 1889. 

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A ‘HIDRA LUSITANA’: UMA COMUNIDADE PORTUGUESA NO RECIFE DO SÉCULO XIX 

 

Bruno Augusto Dornelas Câmara (UFPE) 

 

A década de 1840 foi bastante  intensa para a comunidade portuguesa residente no Recife. Ocorreram 

na  cidade  em  torno  de  sete  violentas  manifestações  contra  os  portugueses  e  seus  respectivos 

estabelecimentos comerciais. A onda de antilusitanismo que marcou aqueles anos era fomentada por 

parte  da  imprensa  panfletária  ligada  a  facção  liberal  ‐  gente  do  Partido  Praieiro  ‐  que  brigava  pelos 

cargos de poder na província de Pernambuco. Como plataforma de campanha, os praieiros usaram e 

abusaram da já enraizada aversão aos “antigos colonizadores”. Além do mais, o cenário social da cidade 

estava  marcado  por  fortes  disputas  entre  brasileiros  e  portugueses  pelas  vagas  no  mercado  de 

trabalho,  sobretudo no  comércio a  retalho, monopolizado pelos  lusitanos.  Isso era  combustível mais 

que  suficiente para acirrar a violência nas  ruas. Não  foi a  toa que a  facção praieira agia em  favor da 

“nacionalização do comércio a retalho”, como forma de arregimentar a população mais desfavorecida 

para o seu lado. Porém, após os insucessos dos liberais na Insurreição Praieira, quando os praieiros são 

varridos  para  fora  do  cenário  político,  os  imigrantes  portugueses  começam  a  estabelecer  outros 

vínculos comunitários mais  sólidos, como a criação do Gabinete Português de Literatura, do Hospital 

Português  de  Beneficência  e  da Monte  Pio  Português. Os membros  promotores  dessas  instituições 

faziam  parte  do  corpo  do  comércio,  constituindo‐se  tanto  de  comerciantes,  como  também  de  seus 

respectivos  caixeiros.  A  presente  comunicação  investiga  as  formas  de  estabelecimento,  inserção  e 

interação  dos  membros  dessa  comunidade  na  nova  conjuntura  pós‐Praieira,  que  vão  além  dos 

mecanismos de preservação e valorização étnica. 

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CONSTRUINDO O ESTADO: TRÊS PROPOSTAS LIBERAIS PARA A INSTRUÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA NO 

SÉCULO XIX 

 

Bruno Celso Sabino Leite (UFPB) 

 

O século XIX, no Brasil, parece ter sido um daqueles períodos de tempo no qual tudo que dizia respeito 

à garantia dos  laços de estabilidade social, estava por se  fazer. Deixando de ser colônia, um país, um 

Estado independente, deveria ser construído. Empreitada realizável por muitas frentes, dentre as quais: 

a  organização  do  sistema  eleitoral,  a  criação  dos  registros  civis  (nascimento,  casamento  e  óbito),  a 

instalação  de  um  sistema  demográfico  e,  também,  um  sistema  nacional  de  pesos  e  medidas.  No 

Oitocentos, houve, por parte de muitos sujeitos políticos, o entendimento de que a criação, organização 

e manutenção  de  um  sistema  de  instrução  pública  relacionava‐se  diretamente  com  a  formação  do 

Estado. Por  isso, a presente comunicação tem por objetivo expor e refletir acerca das “expectativas” 

políticas  e  sociais,  em  torno  da  instrução  pública,  de  três  importantes  liberais: Diogo  Antonio  Feijó 

(1784‐1843),  na  primeira metade  do  século  XIX;  Tavares  Bastos  (1839‐1875),  em  sua metade;  e  Rui 

Barbosa,  (1849‐1923)  no  final  do  Oitocentos.  O  debate  possui  um  duplo  intuito:  o  de  perceber  as 

singularidades  (e  não  particularidades)  do  liberalismo  no  Brasil,  e  o  de  trazer  à  tona  propostas 

educacionais  que,  em muitos  aspectos,  não  parecem  desgastadas  pelo  passar  do  tempo,  servindo, 

assim,  como espero deixar  claro, de uma espécie de  chave de  compreensão para os problemas não 

resolvidos no tempo presente. 

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ELEIÇÕES E GOVERNABILIDADE: TRANSFORMAÇÕES POLÍTICAS NO IMPÉRIO (CEARÁ, 1846‐1860) 

 

Bruno Cordeiro Nojosa de Freitas (UFC) 

 

Este  trabalho preocupa‐se em estabelecer uma conexão entre as práticas políticas dos altos escalões 

administrativos  do  Império  e  os  setores  básicos  de  tal  hierarquia,  notando  especialmente  a  sua 

realidade eleitoral. Período de desagregação das estruturas sociais fundadas em um passado colonial e 

definição  de  novas  instituições  da  nação,  a metade  do  século  XIX  nos  permite  notar minúcias  das 

transformações  eleitorais  no  Brasil.  Ao mesmo  passo,  os  limites  do  país,  fossem  geográficos  ou  na 

cidadania dos seus habitantes, testemunhavam sucessivas alterações, marcadas tanto na presença de 

missões  científicas  quanto  nas  novas  leis  relativas  à  representatividade.  Através  do  atípico  e  da 

contradição  é que buscamos  apreender  as  regras  e  lógicas  internas do  funcionamento  legal da  vida 

política.  Valemo‐nos  principalmente  de  debates  em  periódicos,  ofícios  entre  órgãos  administrativos, 

funcionários públicos, relatórios de autoridades e escritos de viajantes que circularam nesse universo. 

Nesse  sentido, o Ceará aparecia como parte de um corpo nacional que havia de  ser enquadrado em 

projetos  políticos  legitimados  na  Corte,  considerando  a  proeminência  do  partido  Conservador  no 

período. Contudo, anseios outros norteavam as preocupações de diferentes grupos políticos da nação e 

o partido Liberal, único rival dos conservadores nessa metade de século, exercia sua pressão sobre as 

leis eleitorais. É nesse conflito que buscamos o que define a evolução política do sistema eleitoral no 

Império. 

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A POLÍTICA DE COLONIZAÇÃO NO SEGUNDO IMPÉRIO: A COLÔNIA MILITAR DE PIMENTEIRAS 

 

Carla Fernanda de Lima (SEDUC/PE) 

 

Na  segunda metade  do  século  XIX  o  governo  imperial  implantou  diversas  colônias  no  centro‐sul  do 

Brasil,  formadas por  imigrantes estrangeiros. Tendo  como objetivo principal povoar o  sul do Brasil e 

assim garantir a posse de terras, ao mesmo tempo que, isso significou a proteção das fronteiras do país. 

Paralela a essa colonização estimulada pelo governo imperial acontecia uma colonização promovida por 

particulares, com o fim determinado de inserir o trabalho livre em substituição ao trabalho escravo, nas 

regiões cafeeiras. Assim como no sul do país, no Norte também houve uma preocupação do governo 

imperial em promover a implantação de colônias com objetivos de povoamento, em suas províncias. Em 

particular a província de Pernambuco, foi um local onde várias colônias foram fundadas. As Colônias que 

foram criadas  tinham, além do objetivo de principal que era o estabelecimento do povoamento,  fins 

específicos  que  motivaram  sua  fundação.  Diversas  colônias  surgiram  ao  longo  do  século  XIX,  no 

território  da  província  de  Pernambuco,  resultado  da  ação  política  de  colonização  empreendida  pelo 

governo  imperial.  Entre  as  Colônias  fundadas  estavam  a  Colônia  Agrícola  Santa  Amélia,  a  Colônia 

orfanológica Isabel, a Colônia Socorro, a Colônia Suassuna, a Colônia Militar de Pimenteiras, etc. Dentre 

as Colônias que foram criadas está a Colônia Militar de Pimenteiras, mote da nossa discussão. Localizada 

situada no vale do rio Fervedor, afluente do rio Una, na fronteira com a Província de Alagoas, a 10 léguas 

a  Sudoeste  da  Vila  de  Bonito,  a  9  léguas  a Oeste  da  Vila  de  Água  Preta,  a  20  léguas  do  litoral  de 

Pernambuco e a 7 léguas da Colônia Leopoldina da província das Alagoas. Portanto, pretendemos nesta 

breve discussão analisar o motivo da  criação da Colônia Militar de Pimenteiras e alguns aspectos do 

cotidiano  de  seus  colonos.  Bem  como  características  do  sistema  de  colonização  estabelecido  na 

província de Pernambuco. 

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A PROVÍNCIA MERIDIONAL E A LEI DE TERRAS DE 1850: UM ENFOQUE POLÍTICO 

 

Cristiano Luís Christillino (UFPE) 

 

Nesta apresentação, discutimos a aplicação da Lei de Terras de 1850 na Província de São Pedro do Rio 

Grande do Sul. Nosso recorte temporal se estende de 1850 a 1880, período que abrange a promulgação 

da Lei até a década em que foi produzido o maior volume de processos de legitimação e revalidação de 

terras. Eles resultaram, no sul, principalmente, do avanço da colonização e da exploração da erva‐mate. 

A expansão da fronteira fundiária, sobre as terras florestais, multiplicou o número de  litígios entre os 

terratenentes  e,  com  isso,  aumentou  a  procura  pelos  expedientes  da  Lei  para  reconhecimento  do 

direito  de  acesso  a  terras.  No  caso  sul‐rio‐grandense,  a  Coroa  utilizou  a  aplicação  da  Lei  de  Terras 

enquanto  uma  das  suas  bases  de  cooptação  da  elite  miliciana  sul‐rio‐grandense,  fundamental  à 

manutenção da hegemonia política do Império na região Platina. 

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O NACIONALISMO NO TEXTO LITERÁRIO ‘A CANÇÃO DO EXÍLIO’ E SUAS RESPECTIVAS PARÓDIAS 

 

Dayanna Alves Cavalcanti (UEPB) 

Janine da Guia Costa (UEPB) 

 

O processo de formação da nação brasileira despertou um sentimento de caráter patriótico no âmbito 

da escrita, o ideal de construção da nossa Nação se entrelaçará ao campo da literatura. Um novo olhar 

cultural e social será  impulsionado pelo processo de  independência em meados de 1822, consolidando 

um  desejo  de  se  apreender  uma  identificação  do  povo  brasileiro  através  da  construção  de  uma 

identidade nacional, explorando e exaltando temas locais. Nossa pesquisa propõe a analisar o poema de 

Gonçalves  Dias,  “A  Canção  do  Exílio”,  interligando‐a  com  outros  poemas  de  autores  da  segunda 

geração  do  Romantismo,  que  parodiaram  o  poema  pelo  excessivo  espírito  nacionalista  cabível  ao 

processo histórico do Brasil no período imperial, e assim, de refletirmos sobre o vínculo da literatura no 

âmbito da história. 

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CARTAS DO EXÍLIO DE JOSÉ BONIFÁCIO: PROSA E POESIA À SERVIÇO DO DISCURSO POLÍTICO 

 

Eduardo José Santos Borges (UNEB) 

 

Após a crise política acontecida em novembro de   1823 que culminou com a dissolução da Assembleia 

Constituinte  episódio  que  a  história  designaria  como  “noite  da  agonia”,  começava  o  período  de 

tormenta de José Bonifácio de Andrada  um dos mais ilustres personagens políticos da historia brasileira 

da primeira metade do século XIX. Estabelecido na França, para um exílio forçado, José Bonifácio não se 

furtou em participar ativamente do debate político no Brasil. Através de cartas  trocadas  com alguns 

amigos José Bonifácio acompanhou e opinou sobre o processo histórico do Primeiro Reinado brasileiro. 

Este  trabalha  se  utiliza  destas  cartas  buscando  traçar  o  perfil  deste  personagem,  tão  central  na 

construção de um futuro Estado brasileiro, que ao se utilizar da prosa e mesmo da poesia construiu uma 

pequena crônica de um momento tão decisivo da História política do Brasil. 

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O PODER JUDICIÁRIO: UM ALIADO NA FORMAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO 

 

Elaine Leonara de Vargas Sodré (UFVJM) 

 

A proclamação da  Independência, em setembro de  1822,  foi apenas a oficialização do nascimento do 

Estado no Brasil. A efetiva institucionalização configurou‐se em um processo lento e gradativo, marcado 

por  avanços  e  recuos.  Ao  longo  do  Império,  algumas  instâncias  político‐administrativas  foram 

adquirindo importância como funções estatais fundamentais para a consolidação do Estado Nacional. O 

poder  judiciário  enquadra‐se  nesse  caso,  pois  além  de  desempenhar  sua  função  primordial:  a 

jurisdicional;  ao  mesmo  tempo,  também  foi  importante  instância  burocrática,  agindo  em  prol  da 

manutenção  do  Estado. Observa‐se  que  a  estrutura  judiciária  implementada  nas  décadas  iniciais  do 

Império  refletia  o  Brasil  daquele  momento,  ou  seja,  um  misto  de  inexperiência  administrativa  e 

incertezas políticas. Ao passo que o poder monárquico se fortalecia promovia mudanças que visavam a 

consolidação do Estado. Neste trabalho, o objetivo é analisar como o funcionamento do poder judiciário 

contribuiu para a  formação do Estado Nacional, bem como,  identificar algumas variações estruturais, 

especialmente na magistratura, que demonstram, claramente, sua contribuição para a manutenção do 

modelo estatal centralizado instituído por D. Pedro I e consolidado durante o Segundo Reinado. 

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A  BRASILIANA  PUBLICA O  IMPÉRIO NA DÉCADA DE  1930:  CULTURA HISTÓRICA,  AFRICANIDADES  E 

QUILOMBOS 

 

Elio Chaves Flores (UFPB) 

 

O  presente  artigo  discute  um  conjunto  de  publicações  na  Coleção  Brasiliana  pertinentes  ao  período 

imperial,  com  recorte  temático  sobre as  tradições africanas e as notícias dos quilombos. Parte‐se da 

hipótese de que, logo após a Revolução de 1930, os “estudos históricos” e biográficos se intensificaram 

na  procura  das  raízes  da  nacionalidade  que  estariam  difusas  na  duração  imperial.  A  profusão  de 

narrativas, crônicas e biografias parecem atestar, nas publicações da Brasiliana no decorrer da década 

de 1930, que a República havia descoberto o Império. 

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“ENTRE AS BALAS E OS PILOUROS”: O POVO COMO VOCÁBULO NO CEARÁ DO INÍCIO DO PRIMEIRO 

IMPÉRIO BRASILEIRO 

 

Iarê Lucas Andrade (URCA/FUNCAP) 

 

Esse  trabalho  almeja  problematizar  a  utilização  do  vocábulo  povo  enquanto  fator  que  faz  alusão  a 

distintas culturas políticas presentes na dinâmica da  formação do Brasil  Império. No Ceará Provincial, 

observa‐se que o termo é muitas vezes recorrido para  formatar  imaginadas reorganizações que eram 

propostas em famílias políticas que se encontravam na arena da luta pelo poder. 

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ENTRE O CHARME DA MODERNIDADE E A UTOPIA DA HYBRIS: O PENSAMENTO RADICAL DE JOAQUIM 

NABUCO NO BRASIL DO OITOCENTOS 

 

Jean Carlo de Carvalho Costa (UFPB) 

 

Essa  intervenção objetiva  ressaltar a  importância do pensamento de  Joaquim Nabuco  (1849‐1910) no 

Brasil  Oitocentista,  enquanto  discurso  que  presentifica,  ainda  hoje,  um  hiato  em  nossa  agenda 

democrática,  guiada  por  inquietações  em  torno  das  ideias  de  progresso,  liberdade  e  educação, 

elementos  basilares  da  consolidação  de  uma  nação  moderna.  Ora,  não  é  exagero  afirmar  que  a 

produção historiográfica e sociológica brasileira, a partir da análise de teses de alguns de seus principais 

intérpretes, vem ganhando atenção crescente, desde a década de 1990, não apenas na academia como 

também  do  público mais  gera.  O  discurso  abolicionista  de  Nabuco  exerceu  papel  de  destaque  na 

importância  atribuída  às  reformas  sociais, para  além da  simples  abolição, necessárias  à  configuração 

final de uma nação moderna,  instituindo, ainda em sua produção na  juventude, os elementos centrais 

da narrativa que, ainda hoje, impregna o pensamento nacional, confirmando o indício de que existe uma 

comunidade  de  imaginação  que  insiste  em  se  perguntar  sobre  o  que  nos  conforma,  auxiliando  a 

compreender o porquê de nós termos nos tornado  isso que hoje somos. O argumento central, nesse 

sentido, é ressaltar a relevância do papel do discurso dos  intelectuais na constituição de uma agenda 

democrática e, segundo, apontar para a singularidade do lugar de Joaquim Nabuco, a partir da análise, 

ainda que descontínua, de sua trajetória intelectual, na conformação de nosso processo civilizatório. 

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URBANIZAÇÃO E VIDA COTIDIANA: A PROVÍNCIA DA PARAÍBA NA DÉCADA DE 1830 

 

Jerlyane Dayse Monteiro dos Santos (PIVIC/UFPB) 

Serioja Rodrigues Cordeiro Mariano (UFPB) 

 

Este trabalho é parte  integrante do Projeto de Pesquisa “A Província da Paraíba no Período Regencial 

(1831‐1840)”,  vinculado  ao  PIVIC/UFPB.  Tem  por  objetivo  analisar  as  principais  transformações 

socioculturais  ocorridas  na  Província  da  Paraíba,  tendo  como  base,  não  só  o  código  de  Posturas 

Provincial, aprovado em 1831, como também, uma série de documentos presentes no Arquivo Histórico 

do  Estado  da  Paraíba,  referentes  à  inserção  desta  Província  no  cenário  Político  e  Administrativo 

nacional. Tendo em vista que a partir do  início do  século XIX, o Rio de  Janeiro começou a  sofrer um 

processo civilizatório que passou a reger os hábitos e normas de convívio social nas demais Províncias 

do  Brasil.  E  como  não  poderia  ser  diferente  a  Paraíba  também  sofreu  a  influência  civilizatória  e 

urbanística implantada na Capital do Império. As principais medidas civilizatória implantadas nas demais 

Províncias do Brasil tinha como objetivo adequar os hábitos e costumes impostos pela corte, no Rio de 

Janeiro,  “a  vida  urbana  provincial”,  buscando  ajustar  as  especificidades  ao  processo  civilizatório 

nacional. Palavras‐chave: Cotidiano, Paraíba, Urbanização. 

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BRASIL – INGLATERRA: DIPLOMACIA E DEPENDÊNCIA 

 

José Ernesto Pimentel Filho (UFPB) 

Josivan Lima da Costa Júnior (UFPB) 

 

Este  trabalho busca uma análise das  representações consulares entre Brasil e  Inglaterra, assim como 

identificar a evolução das trocas comerciais e indústrias entre os dois países em pleno século XIX, mais 

precisamente  no  período  correspondente  ao  Segundo  Império  brasileiro  (1840‐1889).  O  trabalho 

contemplará  os  resultados  e  estudos  desenvolvidos  durante  todo  o  projeto  voluntário  vinculado  ao 

Programa  Institucional de Voluntários à  Iniciação Científica  (PIVIC) “As Relações Comerciais Brasileiras 

com a França e a  Inglaterra no Segundo  Império”, mantendo sempre o foco na relação de dependência 

entre  as  duas  coroas  e  identificando  os  fatores  (tratados  e  acordos  diplomáticos)  que  irão melhor 

beneficiar uma das partes. 

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AS VIAGENS E OS ESTUDOS DE DOM PEDRO II: A CONSTRUÇÃO DE UMA IMAGEM 

 

Josiane Gomes da Silva (UFRN) 

Genilson de Azevedo Farias (UFRN) 

 

A  proposta  desta  pesquisa  vem  mostrar  a  importância  das  viagens  realizadas  e  dos  estudos 

implementados por Dom Pedro II acerca do Egito para a apreensão da idealização que o monarca fazia 

de si mesmo enquanto um  líder culto e  intelectual diante do mundo. Nosso  interesse se dá tendo em 

vista que foi por meio destas viagens que tivemos uma significativa contribuição no desenvolvimento da 

cultura e da construção da identidade nacional. Estando ainda em estágio embrionário, nossas análises 

deitam  raízes  no  diário  de  viagem  do  imperador,  escrito  por  ele  durante  suas  visitas  às  tumbas  e 

templos sagrados pertencentes ao que foi a civilização do Egito Antigo. Também visualizamos os jornais 

e charges da época como objetos de estudos complementares e auxiliares. 

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CÂMARAS MUNICIPAIS NO BRASIL IMPÉRIO: PERSPECTIVAS DE ANÁLISE 

 

Juliana Teixeira Souza (UFRN) 

 

Antes  “cabeças  do  povo”,  espaço  privilegiado  de  negociação  e  representação  das  elites  locais,  as 

câmaras  municipais  são  reconhecidas  pela  historiografia  atual  como  instituições  fundamentais  da 

administração colonial  luso‐americana. Mas há décadas, os estudos que se debruçaram sobre o nosso 

passado tem unanimemente decretado que as câmaras municipais foram nulificadas após os processos 

de emancipação política e consolidação do Estado  imperial. Ao que parece, as municipalidades teriam 

sucumbido  ao movimento de  centralização do poder  imposto pelos  conservadores  fluminenses, que 

atribuindo‐lhes apatia e  ignorância, passaram a  identificá‐las como canais de expressão das ambições 

particulares,  incapazes  de  assegurar  a  difusão  da  Civilização,  o  primado  da  Razão  e  o  triunfo  do 

Progresso. A proposta desta comunicação é analisar a construção histórica e historiográfica do discurso 

que tornou possível a sentença de anulação das câmaras municipais, colocando em debate a relevância 

dos  estudos  dedicados  ao  Brasil  Império  que  privilegiam  esta  esfera  do  poder,  seja  na  definição  os 

temas, seja na escolha do corpus documental. Para tanto, discutiremos o caso da Câmara Municipal do 

Rio de Janeiro, localizada no Município Neutro, sede do governo central. 

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DILEMAS  DO  PRÍNCIPE  REGENTE:  ANÁLISE  DO  CONTEXTO  POLÍTICO  E  DAS  DECISÕES  QUE 

CULMINARAM NA VINDA DA FAMÍLIA REAL PORTUGUESA PARA O BRASIL EM 1808 

 

Layrton Borges Bezerra (UFPI) 

Francisco de Assis de Sousa Nascimento (UFPI) 

 

O presente artigo enfoca a análise realizada por alguns autores sobre a vinda da família real portuguesa 

para o Brasil em  1808, bem  como os  conflitos e decisões  tomadas pela Coroa portuguesa durante a 

invasão napoleônica. São  indicados nesse  texto diferentes posicionamentos  teóricos e compreensões 

sobre as decisões  tomadas por D. João como  forma de preservar a soberania do  Império português. 

Trata‐se  de  uma  pesquisa  de  cunho  bibliográfico,  que  almeja  contribuir  para  a  ampliação  do 

conhecimento sobre a história do Brasil no período imperial. 

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O FEDERALISMO E SEUS MATIZES NA BAHIA E EM PERNAMBUCO (1824‐1841) 

 

Lina Maria Brandão de Aras (UFBA) 

 

As  ideias  federalistas  circularam amplamente nas províncias da Bahia e de Pernambuco entre  1824 e 

1841. O estudo do  ideário  federalista nos permite  identificar os  seus matizes e o  circuito político em 

diálogo no período, onde se destacaram as rebeldias de Cipriano Barata, Domingos Guedes Cabral, Frei 

Caneca e Abreu e Lima. A análise do conteúdo dos artigos publicados nos periódicos disponíveis nos 

permitiu acompanhar os debates e identificar aproximações e diferenças entre os textos publicados nos 

periódicos caracterizados pela contestação ao Estado imperial, editados nas referidas províncias. Desta 

forma,  o  ideário  federalista  agregou  elementos  do  federalismo  norte‐americano,  mas,  também, 

dialogou  com o  federalismo mexicano e  com o modelo  confederativo bolivariano, em busca de uma 

forma de governo mais adequada ao Império do Brasil. 

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“JOGOS DE ESCALAS”: PENSAMENTO POLÍTICO E CONSTRUÇÃO DO ESTADO NACIONAL NO BRASIL 

EM JOAQUIM JOSÉ RODRIGUES TORRES (1821‐1839) 

 

Lívia Beatriz da Conceição (UFRJ) 

 

A proposta central da pesquisa em fase inicial é a de fazer uma biografia sobre o “saquarema” Joaquim 

José Rodrigues Torres, mais conhecido como o “visconde de Itaboraí”. Temos por objetivo investigar e 

refletir  sobre  a  constituição  de  seu  pensamento  político,  em  suas  permanências  e  rupturas,  num 

momento  particular  de  construção  do  Estado  imperial  no  Brasil. Defendemos  a  perspectiva  de  que 

Rodrigues Torres, um agente histórico em seu mundo, teve sua história de vida entrecortada por este 

significativo  processo.  Numa  variação  entre  as  escalas  de  observação,  buscamos,  assim,  analisar  o 

processo macro  de  formação  do  Estado  imperial  no  Brasil  a  partir  de  uma  narrativa  de  vida,  numa 

abordagem microanalítica, de um dos principais  representantes do  regresso conservador do período, 

entre  os  anos  de  sua  formação  acadêmica  como  matemático  na  Universidade  de  Coimbra  e  sua 

aproximação dos ideais regressistas em finais dos anos trinta (1821‐1839). 

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ENTRE AS ONDAS E OS ROCHEDOS: O LIBERALISMO RADICAL DE BORGES DA FONSECA E AS ELEIÇÕES 

GERAIS DE 1844 EM RECIFE 

 

Manoel Nunes Cavalcanti Junior (IFBA) 

 

As eleições gerais de  1844 na Província de Pernambuco  transcorreram num acirrado clima de disputa 

entre  duas  facções  políticas.  O  primeiro  deles  ficou  popularmente  conhecido  como  guabirus, 

encerrando em suas fileiras os conservadores locais. Lutavam, naquele momento, para se manterem no 

poder. O segundo recebeu a alcunha de praieiros, composto por  liberais e dissidentes conservadores. 

Seu objetivo era destituir os adversários e tomar posse do poder provincial. Na cidade do Recife, capital 

da Província, um terceiro grupo procurava se distinguir, tendo como seu principal líder e representante 

o antigo agitador  liberal Borges da Fonseca. Munido de um discurso e  ideário  liberais, ele procurou se 

equilibrar  entre os dois principais  focos da política provincial. O objetivo deste  trabalho  é  analisar o 

posicionamento de Borges da Fonseca na disputa eleitoral que  ia tomando forma no decorrer daquele 

ano,  fornecendo base para a compreensão do seu relacionamento político com os conservadores e a 

difícil convivência com os praieiros. 

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COLÔNIAS MILITARES E A CONSOLIDAÇÃO DO ESTADO NO BRASIL (1850‐1870) 

 

Maria Luiza Ferreira de Oliveira (UNIFESP) 

 

As colônias militares  foram criadas em toda a extensão do território brasileiro a partir de  1850, como 

esforço  de  dominar  regiões marcadas  pela  existência  de  conflitos  com  a  população  livre  e  pobre, 

escravos  fugidos,  índios,  ex‐escravos.  Eram  regiões  de  fronteira,  tanto  interna  quanto  externa.  No 

contexto do final da praieira e da revolta popular contra o registro de nascimentos e óbitos, ocorrida 

em  cinco  províncias  ao  mesmo  tempo,  o  ministro  Honório  Hermeto  Carneiro  Leão  sugere  que  a 

fundação  de  colônias militares  seja  transformada  em  lei  e  aplicada  a  regiões  de  conflito.  Foi  uma 

estratégia adequada para o ministério da conciliação, e teria sentido na década de 1850/1860, pois na 

década de 1870 o contexto de estruturação das Forças Armadas, pós Guerra do Paraguai, seria outro, e 

as  colônias  militares  foram  aos  poucos  desativadas  e  transformadas  em  povoados,  vilas,  cidades.  

Interessa  investigar a dinâmica da fundação de cada colônia, entender os conflitos populares de cada 

região, documentando a experiência política de vastos setores sociais.  Interessa também entender os 

mecanismos  de  estruturação  do  Estado  racional  no  Brasil,  Estado  que  não  conseguira  aplicar  a 

estatística com a  lei que ocasionou a  revolta em  1851 e  1852 e, no entanto, conseguiria em  1872  (não 

apenas  o  Censo, mas  a  primeira matrícula  de  escravos).  Vamos  discutir  com mais  vagar  as  colônias 

militares de Pimenteiras e de Leopoldina, em Alagoas e Pernambuco,  região por onde  circulavam os 

“bandidos  das matas”.  Foram  diversos os projetos  do  Estado  nesse período para  resolver questões 

consideradas “crônicas”,  como as  colônias de  imigrantes, a  construção de estradas, a modernização 

dos correios. Muitos projetos tiveram  investimento financeiro e pareciam uma solução adequada mas 

no entanto fracassaram. Esse também parece ter sido o caso das colônias militares. 

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PODER LOCAL E SAÚDE PÚBLICA: AS EPIDEMIAS DO CÓLERA NA PROVÍNCIA DA PARAÍBA 

 

Nayana Rodrigues Cordeiro Mariano (UVA/UFPB) 

 

Este  trabalho  discutirá  as  políticas  públicas  de  combate  as  epidemias  do  Cólera  que  acometeram  a 

província  da  Paraíba  nas  décadas  de  1850  e  1860. As  Posturas Municipais  que  eram  aprovadas  pela 

Câmara e seguiam recomendações médicas, indicam o desconhecimento da etiologia, da transmissão e 

dos  tratamentos  adequados,  bem  como,  as  estratégias  de  segregação  e  disciplinarização  por  que 

passavam  a  população  diante  desta  conjuntura  de  crise.  Posturas  que  regulavam  o  uso  do  espaço 

urbano  e  das  práticas  sociais  locais  como  a  não  divagação  de  doentes  pelas  ruas,  a  proibição  de 

enterramento  no  interior  das  igrejas,  as  quarentenas,  a  proibição  do  uso  de  água  durante  as 

festividades  do  entrudo,  dentre  outras,  exemplificam  as  preocupações  com  a  “civilização  das 

condutas”. A epidemia era uma realidade, medidas governamentais deveriam ser tomadas, mas havia, 

de fato, uma  intervenção abrupta no cotidiano dos pessoas. Algumas medidas eram  importantes para 

frear a devastadora epidemia, mas muitos resultados foram ganhos a preços sociais elevados. 

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O PODER LOCAL E O ESTADO IMPERIAL NA REGIÃO DO ACARAÚ (CEARÁ, 1834‐1846) 

 

Reginaldo Alves de Araújo (UFC) 

 

Coube  a menoridade,  seguido  pelo  Segundo  Reinado,  a  estabilização  política  e  implantação  de  um 

projeto nacional para combater a ameaça de desintegração do território frente à onda de rebeliões que 

assolaram  o  país  pós  1831.  Objetivando  analisar  as  relações  políticas  envolvendo  o  Estado  Imperial 

brasileiro e as famílias de proprietários locais da região do Acaraú, destacamos dois lados dessa política 

brasileira dos oitocentos,  estudando  como o  Império do Brasil  aliciou parte da  elite da província do 

Ceará na formação de uma força coercitiva, que por sua vez alimentava um forte sentimento de alto‐

preservação, enquanto outro setor desta mesma elite resistiu ao projeto de limitação do poder privado, 

implantando uma relação de conflito com o governo dos Liberais Moderados liderados, no Ceará, pelo 

padre José Martiniano de Alencar. 

 

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“QUIXADÁ: ÚNICO, MONUMENTAL E INÚTIL”: DEBATES SOBRE O AÇUDE CEDRO NO “COMBATE” ÀS 

SECAS NO CEARÁ (1884‐1906) 

 

Renata Felipe Monteiro (UFC) 

 

A construção do açude Cedro  localizado em Quixadá – Sertão Central do Ceará – desde os primórdios 

(1884) esteve envolto em inúmeros debates, empreendidos entre intelectuais, engenheiros e políticos: 

ora  monumental,  ora  inútil.  As  críticas  tornavam‐se  mais  constantes  devido  às  disputas  entre  os 

engenheiros,  aos  problemas  estruturais  para  a  conclusão  do  reservatório,  a  resistência  dos 

trabalhadores em permanecer na obra, dentre outros. Tendo como parâmetro diversos documentos, 

tais  como  ofícios,  relatórios  e  jornais,  percebe‐se  que  havia  diversos  planos  para  tornar  essa  obra 

pública  funcional e útil para a população, criando‐se  sindicato e canais de  irrigação. O objetivo desse 

trabalho consiste em compreender os debates sobre a funcionalidade do açude Cedro no “combate” à 

seca no Ceará, entre 1884 e 1906. 

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A HISTÓRIA DE UM ENGENHO: O TABUA E SUAS RELAÇÕES DE TRABALHO (1840‐1888) 

 

Romero Crispim da Silva (UNIT) 

Joceneide Cunha dos Santos (UNIT) 

 

A produção açucareira em Sergipe foi tardia, a inserção da lavoura de cana de açúcar ocorreu de forma 

mais  intensa  no  final  do  século  XVIII.  E  segundo  alguns  historiadores  os  engenhos  sergipanos  eram 

pequenos  e  não  passavam  de  banguês.  Assim,  este  trabalho  tem  como  objetivo  apontar  alguns 

elementos  da  história  de  um  engenho  denominado  Tabua  de  Baixo,  localizado  na  cidade  de  São 

Cristóvão,  capital da Província até  1855. Este engenho  foi escolhido devido ao  fato da atualidade  ter 

uma  comunidade  negra  que  vive  nas  suas  redondezas  e  possivelmente  descendentes  dos  antigos 

escravos.    Pretendemos  traçar  um  perfil  do  deste  engenho  e  dos  seus  escravizados.  Para  isso 

utilizaremos diversas fontes, dentre elas os  inventários post‐mortem, anúncios em  jornais dentre outra 

fontes.  Os dados coletados até o momento permitem pontuar que além do proprietário tinham outras 

pessoas que residiam agregadas ao engenho e que também eram proprietárias de escravos e por isso o 

número de escravos envolvidos  com a produção do açúcar era  significativo,   e possivelmente  incluía 

mulheres e homens, africanos e brasileiros. Outro dado é o que Engenho Tabua de baixo é fruto de uma 

divisão, e assim surgiram os engenhos Tábua de Baixo e o de Cima que eram  separados apenas por um 

rio, o mesmo que também fazia divisas entre duas cidades a de São Cristóvão e   Laranjeiras. Ressalto 

que  este  trabalho  faz parte de uma pesquisa maior que  tenta  compreender  a  transição do  trabalho 

escravo para o livre na região. 

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A DÉCADA DE 1840: A CONSTRUÇÃO DA CULTURA POLÍTICA HEGEMÔNICA 

 

Rosa Maria Godoy Silveira (UFPB) 

 

Desde o processo de separação do Brasil, os caminhos para a construção de uma nova ordem política na 

ex‐colônia recém‐emancipada foram diversos. Apesar do ato formal do 7 de setembro, a cultura política 

centralista,  própria  à  monarquia  bragantina,  não  tinha  a  adesão  unânime  dos  vários  territórios 

brasileiros,  confrontada  com  as  culturas  políticas  regionais,  que,  no  entanto,  enquanto  tais, 

apresentavam  soluções  diversas  para  o  pacto  político  de  governança.  O  I  Reinado  e  a  Regência 

constituíram períodos de numerosos conflitos, em torno de muitas questões relativas à estruturação do 

poder:  a  permanência  dos  portugueses  junto  ao  Governo  imperial,  a  nacionalização  do  Exército,  as 

relações entre Igreja e Estado, a Instrução Pública, a propriedade da terra, as relações com a Inglaterra, 

até  a  grande  questão  envolvendo  todas  as  demais  dimensões mencionadas:  a  distribuição  social  e 

territorial  do  próprio  poder.  Até  o  final  da  década  de  1830,  houve  muitos  deslocamentos  de 

posicionamentos  políticos, marcados  pelos  famosos  temores  da  fragmentação  territorial  e  de  uma 

revolução social negra (o haitianismo). A década seguinte seria de definição de algumas ‐ e importantes 

‐ dessas problemáticas postas na  agenda política: o  aparato  jurídico‐repressivo  e  a ordem  interna,  a 

questão da terra, o tráfico  internacional de escravos. A cultura política centralista se hegemoniza por 

um  conjunto  de  circunstâncias  econômicas,  sociais,  políticas,  e  também  culturais,  analisadas  neste 

trabalho. 

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CULTURA POLÍTICA E O DEBATE SOBRE A EXPULSÃO DE PORTUGUESES NA BAHIA – 1831 

 

Sérgio Armando Diniz Guerra Filho (UFRB) 

 

No bojo da crise política que culminou com a abdicação do  Imperador, em  1831, a Província da Bahia 

assistiu  a  diversos  episódios  que  enredaram  portugueses  e  brasileiros  em  conflitos  que  foram  de 

simples rusgas na imprensa até sangrentos conflitos de rua. Neste cenário de tensão, estabeleceu‐se um 

debate  sobre  a  situação  de  portugueses  que  permaneceram  na  Bahia  depois  de  1822,  e  qual  a  sua 

importância  e  relação  para  com  o  Estado  brasileiro.  Através  de  petições,  abaixo‐assinados  e  listas 

endereçadas  às  autoridades  da província, membros  da  sociedade baiana pediram,  tanto  a  expulsão, 

como  a permanência de portugueses moradores da Província. Neste  cenário, os  sujeitos do  conflito 

acabaram  por  explicitar  noções  políticas  importantes  para  a  compreensão  das  redefinições  que 

envolviam a formação do Estado e da nação brasileiros em seus primeiros anos de vida. 

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CULTURA POLÍTICA E RELAÇÕES DE PODER NA PARAÍBA: RELATOS SOBRE O ATENTADO CONTRA O 

PRESIDENTE DA PROVÍNCIA PEDRO RODRIGUES FERNANDES CHAVES EM 1841 

 

Serioja Rodrigues Cordeiro Mariano (UFPB) 

 

Este trabalho tem por objetivo analisar a cultura política e as relações de poder na província da Paraíba 

em 1841. Neste ano, segundo os relatos da documentação pesquisada, o presidente da província Pedro 

Rodrigues  Fernandes  Chaves,  sofreu  um  atentado. A  emboscada  teria  sido  encomendada  por  outro 

grupo da elite local, que fazia oposição política ao presidente. Após a análise do processo crime, com o 

depoimento dos réus, percebem‐se as disputas através das redes de poder, no cenário da política local, 

com estratégias de manutenção de práticas que permaneceram ao longo do século XIX. Essas práticas 

indicam  uma  cultura  política,  ou  seja,  um  conjunto  de  valores,  normas  e  comportamentos  de  uma 

tradição  colonial,  nas  relações  sociopolíticas,  adaptadas  a  conjuntura  imperial.  Portanto,  pretendo 

apresentar essa  teia que compõe o  jogo de comportamentos políticos de ambas as partes, daqueles 

considerados  réus  e  dos  seus  acusadores,  levando  em  consideração  que  trabalho  com  uma 

documentação  carregada  de  sentidos,  notadamente  os  Relatórios  dos  Presidentes  de  Província  e  o 

Processo Crime. 

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OS ÍNDIOS E O IMPÉRIO: OS POTIGUARA DA BAÍA DA TRAIÇÃO NA IMPRENSA OFICIAL DA PROVÍNCIA 

DA PARAHIBA 

 

Thereza B. Baumann (Museu Nacional – UFRJ) 

 

Esta comunicação propõe analisar o espaço ocupado pelo  indígena na  imprensa oficial da Província da 

Parahiba do Norte e o modo como esta  imprensa refletia a política  imperial que então advogava pela 

integração  dos  indígenas  e  adoção  de  “políticas  civilizatórias”.  A  inserção  dos  indígenas  e  a 

sistematização  dos  aldeamentos  já  haviam  sido  preconizadas  por  José  Bonifácio,  em  1823,  em  seus 

“Apontamentos para a Civilização dos Índios Bravos do Império do Brazil”. E, embora a Constituição de 

1824 houvesse  ignorado a existência dos  indígenas, o decreto de  1831 os consideraria  como “órfãos. 

Somente  em  1845  o  Regulamento  das  Missões  normatizaria  os  assuntos  concernentes  à  sua 

“civilização”,  objetivando  a  sua  assimilação.  As  Leis  de  Terras  promulgadas  em  1850  e  em  1860 

subordinariam  o  destino  das  terras  e  dos  povos  indígenas  ao  projeto  agrário  do  Império  que 

implementou um programa de regularização do patrimônio indígena. No período entre 1850 e 1870, os 

jornais da Paraíba, tais como O Despertador e O Publicador, encarregados da publicação do Expediente 

do  Palácio  publicam  reivindicações,  requerimentos  ou  circulares  relativos  aos  indígenas  de  Jacoca, 

Alhandra e Baía da Traição. Os Potiguara desta localidade reclamam contra “o esbulho que dizem sofrer 

nas terras do seu patrimônio” e encaminham uma petição ao Imperador na qual “rogavam a posse de 

suas terras que lhes haviam sido dadas”. Interessa‐nos observar de que forma os jornais acima citados 

tratavam a questão indígena independentemente das notícias oficiais que necessariamente publicavam. 

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AS SECAS E SUAS MISÉRIAS: 1877 NA PERSPECTIVA DOS PRESIDENTES DE PROVÍNCIAS 

 

Wescley Rodrigues Dutra (UFPB) 

 

O Nordeste  brasileiro  vê‐se  constantemente  ameaçado  por  períodos  de  secas  que,  além  de  ser  um 

penoso fenômeno climático, configura‐se como um momento  ímpar de desestruturação da vida social 

da  região e dos  indivíduos. A  rotina é  totalmente mudada nos períodos de estiagem. Não  só o meio 

físico é modificado, nos próprios corpos dos retirantes se inscreve a fome, a dor, o desespero... Corpos 

entregues  ao  acaso,  que  vão  povoando  as  estradas  rumo  às  cidades  buscando  a  sobrevivência. Na 

história das secas do Nordeste a que aconteceu em  1877 apresenta‐se como um marco, devido a sua 

grandiosidade, número de vítimas e mudança social. No presente artigo trabalhamos com os relatos dos 

Presidentes de Províncias do Ceará  e da Paraíba, buscando  entender  como  eles  representaram  essa 

seca diante das autoridades imperiais. 

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 Eixo Temático 3 Imprensa, Impressos e Práticas de Leitura   ECOS DE “MATA‐MAÇOM, MATA‐PORTUGUÊS” NO PARÁ IMPERIAL: O CASO DO PASQUIM BRADO AO 

POVO (1873) 

 Alan Christian de Souza Santos (UFPA) 

 A Boa Nova e O Pelicano eram  respectivamente os  jornais oficiais da  Igreja católica e da Maçonaria no 

Pará  durante  a  chamada Questão  Religiosa.  Como  em  outras  localidades  do  Brasil,  este  conflito  se 

manteve  e  foi  alimentado  na  província  nortista,  sobretudo,  através  das  publicações  periódicas  da 

imprensa.  Em meio  aos  debates  dos  órgãos  oficiais  e  no  calor  das  discussões  do  ano  de  1873,  foi 

publicado  na  capital  paraense  um  pequeno  manifesto  –  também  tratado  como  pasquim  pelos 

contemporâneos –  intitulado O Brado ao Povo. Mais que  incitar a população  local a  se posicionar de 

modo contrário à instituição maçônica, tal panfleto afetou a lógica discursiva do embate por reverberar 

os  ecos  de mata‐maçom, mata‐português  dos  tempos  da  Cabanagem. Mas,  afinal,  quem  produziu  o 

Brado  ao  Povo?  Curiosamente,  enquanto  os maçons  responsabilizavam  o  bispo  do  Pará, D. Macedo 

Costa, e seus confrades pela publicação do violento pasquim, estes atribuíam aos próprios maçons a 

autoria  do  impresso  como  numa  tentativa  de  difamar  os  líderes  religiosos.  Assim,  o  Brado  ao  Povo 

representa uma interessante e enigmática peça retórica que ganha sentido apenas quando articulada à 

história  do  conflito  político‐religioso  imperial  e  à  história  da  província  paraense.  Neste  sentido,  a 

presente  comunicação  pretende  discutir  como  se  tornou  possível  a  feitura  deste  documento/ 

monumento e propor um modo de  leitura que  leve em consideração os conflitos, tensões, discursos e 

representações que se fizeram sobre ele. 

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‘MEMÓRIAS  PÓSTUMAS  DE  BRÁS  CUBAS’:  ERUDIÇÃO  DO  LEITOR  NARRATÁRIO  E  DO  LEITOR 

BRASILEIRO 

 

Ana Maria Koch (UFPI) 

 

A  primeira  edição  do  texto  literário  Memórias  póstumas  de  Brás  Cubas,  de  Machado  de  Assis,  foi 

publicado em capítulos quinzenais na Revista Brasileira em 1880. A análise mostra que o autor construiu 

o narratário – a categoria da teoria da narrativa, em Literatura, para estabelecer o destinatário do texto 

–  como  um  erudito,  conhecedor  de  expressões  em  inglês,  francês,  italiano.  Pressupõe  um  leitor 

narratário erudito também no que se refere ao conhecimento das tradições  literária (satírica, poética, 

teatral,  épica),  histórica  brasileira  e  filosófica  ocidental.  A  primeira  impressão  é  a  de  que  há  um 

deslocamento  da  construção  textual  no  que  se  refere  ao  sistema  educacional  imperial.  Quando 

analisados  outros  textos  de  debate  filosófico,  político  e  literário  publicados  em  jornais  da  época 

percebe‐se  que  Memórias  póstumas  tem  inseridos  no  enredo  expressões  comuns  ao  ambiente 

jornalístico  da  época.  A  observação  do  programa  educacional  do  Império  a  partir  do  programa  de 

instrução pública praticado – p. ex. no Colégio Pedro  II, em Escolas Normais da Corte e Províncias – 

indica  que  línguas  estrangeiras  (também  o  alemão),  filosofia,  arte  literária  e  política  eram  parte 

integrante da formação de  jovens até a década de 1870, antes da reforma de ensino que promoveu a 

ciência  positivista  defendida  por  militantes  republicanos.  A  Comunicação  propõe‐se  a  indicar  essa 

cultura comum pressuposta pelo autor para o narratário do texto literário e existente no leitor brasileiro 

de Revistas da época. 

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PRÁTICAS DE LEITURA NO BRASIL OITOCENTISTA: O LIVRO DIDÁTICO EM FOCO 

 

André Mendes Salles (UFPB) 

 

Com  a Nova História  Cultural,  não  unicamente  os  livros  passaram  a  ser  analisados, mas  também  as 

práticas de leituras que deles se faziam. Nesse contexto, as discussões e as ideias suscitadas, sobretudo 

por Roger Chartier, são caras aos historiadores. Suas análises acerca dos livros em geral influenciaram, 

em particular, as análises sobre os livros escolares e trouxeram nova luz ao estado da arte da pesquisa 

no  Brasil.  Pesquisas  Recentes  sobre  os  livros  didáticos  veem  se  preocupando  em  destacar  tal 

perspectiva  de  análise,  mostrando‐se  atentas  às  revisões  e  renovações  historiográficas.  Assim, 

interessa‐nos perscrutar as indicações das formas de leituras que alguns dos autores de textos escolares 

no  império brasileiro, na  apresentação de  suas obras,  tidas  como diálogos  com professores  e  aluno, 

tentaram  impor,  ou  seja,  como  eles  queriam  que  seus  textos  fossem  lidos,  sem  desvios  nem 

transgressões.  Apesar  de  não  termos  indicações  para  tal,  é  muito  provável  que  tais  desvios  e 

transgressões nas  leituras realizadas por professores e alunos fossem mais comuns do que possamos 

imaginar. Por não ter tais indicações, concentramo‐nos em outras análises, quais sejam: as tentativas de 

autores  como  Joaquim Manuel de Macedo e  José Maria de Lacerda que, através de uma  concepção 

educacional catequética, por perguntas e respostas, tentaram impor formas de leituras a professores e 

alunos no Brasil oitocentista. 

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‘GAZETA  NACIONAL’:  IMPRENSA  DO  RIO  DE  JANEIRO,  ABOLIÇÃO  DA  ESCRAVATURA  E  A  (RE) 

CONSTRUÇÃO DO FATO 

 

Andréa Santos da Silva Pessanha (UNIABEU/ UFF) 

 

Os  jornais são privilegiados objetos e  fontes de estudo nos  trabalhos dos historiadores, sendo muito 

utilizados por aqueles que se dedicam à pesquisa sobre o século XIX brasileiro. A imprensa propicia aos 

estudiosos  uma  aproximação  com  o  pensamento  de  uma  época,  pois  podem  observar  quais  temas 

foram  discutidos,  como  foram  apresentados,  com  que  frequência  apareceram,  como  ocorriam  as 

polêmicas entre periódicos de redatores, proprietários e público alvo distintos. A partir dos envolvidos 

na produção são criadas expectativas, pois leitores esperam uma forma específica de criar/exibir o fato. 

Desta  forma,  ao  comprar  um  número  da  Gazeta  Nacional,  jornal  de  circulação  da  cidade  do  Rio  de 

Janeiro, nos anos de 1887 e 1888, que teve como redator Aristides Lobo, liderança republicana, tinha‐se 

um horizonte das questões polêmicas envolvendo república e abolição, bem como de possíveis querelas 

com outros periódicos. Neste trabalho, objetivo analisar como esta folha abordou o processo do fim do 

cativeiro  no  Brasil,  observando  para  quais  elementos  ofereceu  destaque.  A  forma  como  tratou  a 

atuação dos escravos e da princesa Isabel receberá especial atenção, pois reflito como suas narrativas 

sobre estes dois agentes  auxiliavam na construção de uma dada memória da abolição. 

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A “QUESTÃO MILITAR” NAS PÁGINAS DA REVISTA ILLUSTRADA: ANGELO AGOSTINI E A CONSTRUÇÃO 

DE UM CONTRA‐IMAGINÁRIO ANTI‐MONÁRQUICO (1886‐1888) 

 

Carla Silva do Nascimento (UNIRIO) 

 

O Brasil da segunda metade do século XIX  foi marcado politicamente por questões que apontavam a 

incapacidade  do  regime  monárquico  para  articular  componentes,  anseios  e  necessidades  de  uma 

sociedade cada vez mais complexa. Nesse período, a proliferação das folhas ilustradas, periódicos cuja 

crítica política  constituía campo extremamente  fecundo para a oposição,  foi um marco na  imprensa. 

Data dessa época a Revista  Illustrada (1876‐1898), folha considerada pela historiografia como uma dos 

grandes acontecimentos da imprensa brasileira, e que tinha como fundador, desenhista e editor Angelo 

Agostini, caricaturista  italiano que revolucionou o conjunto do gênero no Brasil. Este trabalho tem por 

objetivo  apresentar  a  forma  como  o  caricaturista  representou  nas  páginas  da  Revista  Illustrada  a 

chamada Questão Militar  –  série de  episódios que opuseram militares  e governo durante  a  crise do 

Império. Tais episódios são apresentados como parte de uma crise estrutural de caráter hegemônico, e 

as  representações  feitas  por  Agostini  sobre  eles,  como  um  esforço  de  construção  de  um  contra 

imaginário antimonárquico. 

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LITERATURA NOS ARQUIVOS: A PARTICIPAÇÃO DE LITERATOS NA IMPRENSA DO SÉCULO XIX 

 

Daniela Magalhães da Silveira (UFU) 

 

A grande maioria dos periódicos publicados na Corte ao longo do século XIX apresentava, em sua lista 

de colaboradores, nomes que, atualmente, são considerados  importantes autores de nossa  literatura. 

Seus artigos figuravam tanto no corpo dessas folhas, misturando ficção e realidade, quanto em espaços 

como o  folhetim,  reconhecidos por abrigarem vários  romances e outros gêneros  literários. Trabalhar 

com essa fonte de pesquisa exige, portanto, certo esforço no sentido de tentar compreender como os 

responsáveis  por  cada  uma  daquelas  colunas  definiam  suas  participações. Ou  seja,  em  que medida 

literatos  como Machado  de  Assis,  por  exemplo,  pretendiam  intervir  em  suas  realidades  e  realizar 

alguma leitura de seu tempo, quando usavam artifícios literários? Para tanto, torna‐se relevante frisar a 

necessidade de  leitura da obra desses homens de  letras  em  seus  suportes originais. Mesmo porque 

obras  como  Quincas  Borba  e  Memórias  póstumas  de  Brás  Cubas  tiveram  suas  primeiras  versões 

publicadas respectivamente na revista de moda e literatura A Estação e na Revista Brasileira. O objetivo 

da apresentação será o de mostrar como alguns daqueles jornais usavam a linguagem ficcional a fim de 

oferecer aos seus leitores uma visão diferenciada a respeito daquilo que se publicava em outras colunas, 

consideradas  “sérias”  e  imparciais. O  ponto  de  partida  será  a  participação  de Machado  de Assis  na 

impressa, haja vista sua regularidade e influência sobre outros autores. 

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A LITERATURA DA CIVILIDADE ATRAVÉS DAS EPÍSTOLAS PORTUGUESAS NO BRASIL IMPERIAL 

 

Fabiana Sena (UFPB) 

 

A  epístola  teve  predominância  no  século  XVIII,  quando  foi  possível  verificar  que  tal  gênero 

proporcionava a valorização da experiência individual, igualmente oferecia uma escrita privilegiada das 

atitudes  e  representação  do  sujeito.  A  historiografia  tem  considerado,  tradicionalmente,  a  epístola 

como documento, servindo para comprovar algum acontecimento, fato ou algo que foi dito. Indo além 

do  interesse  documental,  os  estudos  sobre  a  epístola  têm  se  constituído  como  objeto  e  fonte  de 

pesquisa  com  interesse  histórico,  cultural,  literário,  educacional,  sociológico  e  antropológico, 

possibilitando  ao  pesquisador  tratar  tanto  do  seu  conteúdo  quanto  da  sua  forma.  Para  tanto,  este 

trabalho tem o objetivo tornar visíveis os compêndios pedagógicos epistolar de origem portuguesa Da 

Educação: Cartas dirigidas a uma  senhora  encarregadas da  insituição de uma  jovem princesa  (1829), do 

português Almeida Garret e Código do Bom‐Tom, ou, Regras da Civilidade e de Bem Viver no Século XIX 

(1845), do clérigo português José  Ignácio Roquette, os quais circularam no Brasil no período  imperial. 

Tais compêndios divulgaram  ideias, conceitos e formas a respeito do modo de ser e de viver da época 

no  século XIX para  uma  diminuta  elite,  formada pela  comunidade  letrada, que,  dada  a  sua  histórica 

condição, detinha o controle absoluto de uma cultura erudita. Ao tomar tais compêndios como corpus 

dessa investigação, analisá‐los‐ei a partir de duas perspectivas: a primeira a da forma, a escrita epistolar 

com  suas  regras e modelos de composição, difundidas pelos manuais epistolares. A  segunda está na 

perspectiva do conteúdo – discurso moral/educativo e práticas de civilidade –, já que se constitui em um 

gênero  discursivo  privilegiado  para  o  estudo  das  representações.  O  estudo  sobre  os  compêndios 

pedagógicos  epistolares  portugueses  no  Brasil,  no  século  XIX,  possibilitará  percebê‐los  como 

instrumentos para educar e civilizar,  inserindo‐os  junto aos tratados formulados sobre a temática, aos 

livros de leitura e outros documentos que abordam a educação no Império. 

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O USO DOS PERIÓDICOS ENQUANTO FONTE HISTÓRICA 

 

Fábio Francisco de Almeida Castilho (UNESP) 

 

Ao  constituir‐se  num  elemento  essencial  do  desenvolvimento  da  maior  parte  das  sociedades 

contemporâneas, tendo sua ação voltada aos mais amplos setores que caracterizaram e caracterizam 

estas mesmas sociedades, a imprensa ganhou de forma crescente – e hoje já totalmente consolidada – 

status de “fonte histórica”, estando, portanto, à disposição dos pesquisadores para, a partir dos jornais, 

analisar  vários dos  elementos  constitutivos que marcam  a  existência humana,  sejam  eles o  social, o 

político,  o  econômico,  o  ideológico,  o  cultural  entre  outros.  Neste  artigo  destacaremos  alguns  dos 

pressupostos básicos que compõem o  jogo de  inter‐relações entre o  jornalismo e a vida política, com 

destaque  para  os  fundamentos  conceituais,  para  os  elementos  extradiscursivos,  para  as  formações 

discursivas e para o público alvo. Neste sentido buscamos compreender o discurso da elite proprietária 

sobre a  transição da mão de obra escrava para a  livre no  sul de Minas Gerais, uma das  regiões mais 

dinâmicas da província durante o período em evidência. Assim, foram analisados  jornais de diferentes 

facções políticas; conservadores,  liberais e republicanos; que apresentaram diferentes posturas frente 

às  transformações no mundo do  trabalho; emancipacionistas, abolicionistas,  imigrantistas, etc. Desta 

forma, pudemos observar como a elite proprietária oscilou entre os diferentes projetos para solucionar 

a crise da mão de obra na região. 

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AUTA DE SOUZA: UMA MOÇA POETA E NEGRA NO RIO GRANDE DO NORTE OITOCENTISTA 

 

Genilson de Azevedo Farias (UFRN) 

Ana Laudelina Ferreira Gomes (UFRN) 

 

O trabalho exposto por ora, tem por objetivo apresentar os resultados iniciais sobre uma pesquisa que 

vem sendo desenvolvida vinculada ao projeto: Auta de Souza no Portal da Memória Literária Potiguar. 

Auta  de  Souza  nasceu  em  12  de  Setembro  de  1876  na  cidade  de Macaíba,  que  na  época  figurava 

enquanto o maior entreposto comercial da província do Rio Grande do Norte. Figura singular dentro da 

história e das  letras no Brasil, demonstrou desde cedo  sua aptidão para a poesia,  todavia,  tendo em 

vista sua vida breve, escreveu uma única obra que a eternizou dentro e fora do Rio Grande do Norte: 

Hôrto. Sendo a única filha mulher no meio de quatro irmãos homens, para se firmar enquanto escritora 

teve  de  superar  as  barreiras  de  gênero  em  uma  época  extremamente  preconceituosa  e  sexista, 

sobretudo para com as mulheres que se dedicavam à escrita. Outro fator que em certa medida poderia 

ser  encarado  como  impedimento  à  sua  vida  literária  é  a  sua  origem  negra  num  contexto  de  recém 

abolição bem como o fato de ser tuberculosa em uma época em que esta doença não possuía cura e os 

seus vitimados serem considerados verdadeiros “mortos sociais”. Nesse sentido, um ponto em especial 

chama  nossa  atenção:  o  silenciamento  da  poeta  enquanto  negra  e  o  seu  processo  de 

embranquecimento. Assunto este quase não tocado por aqueles estudiosos que se debruçaram sobre a 

sua vida e obra, e quando se fala é de forma bastante sutil a ponto de passar quase despercebido. 

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PURAS,  ASSEADAS  E  DISCIPLINADAS  PARA  O  BEM‐CASAR:  O  DISCURSO MÉDICO‐HIGIENISTA  NAS 

ESCRITURAS FEMININAS DO SEGUNDO IMPÉRIO 

 

Iranilson Buriti de Oliveira (UFCG) 

 

“Um banho de água fria todas as manhãs é um meio excelente para um refrigério e saúde”, escrevia a 

missionária Sara Kalley, nos  idos do Segundo Império, mais precisamente em 1866, quando a escritora 

escreveu o  livro “A Alegria da Casa”, destinado ao sexo  feminino, um texto voltado para orientações 

particularmente das mulheres que integravam a Igreja Evangélica Fluminense, fundada pelo seu marido 

e médico Robert Reid Kalley. A  circulação  e  recepção  aos  impressos  de  Sara Kalley  foi  tanta  que  o 

referido livro passou a ser adotado nas escolas fluminenses a partir de 1880, demonstrando a circulação 

do discurso médico‐higienista voltado para o ambiente  familiar no cotidiano da população do Rio de 

Janeiro.  Esta  pesquisa,  portanto,  visa  contribuir  com  a  temática  voltada  para  a  escrita,  circulação  e 

recepção de discursos moralizadores, higienizadores  e doutrinadores no  Segundo  Império Brasileiro, 

problematizando  como esse  tipo de  literatura  circulava entre o público  leitor brasileiro. A análise do 

livro  “A  Alegria  da  Casa”  desenha  as  aproximações  entre  os  discursos  médico,  o  religioso  e  o 

educacional,  tomando  como  referência  temporal  o  período  compreendido  entre  1866  e  1880,  na 

Província do Rio de Janeiro. Nessas aproximações, problematizamos o saber médico na orientação do 

saber pedagógico e sua recepção no discurso dos educadores. Para tal análise,  iremos dialogar com a 

teoria que repensa os conceitos de leitura e de apropriação de discursos construídos pela Nova História 

Cultural, como estratégia metodológica para problematizar as formas de ler e os modos de prescrever a 

sociedade higienizada, civilizada e educada. 

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IMPRENSA, EÇA DE QUEIRÓS E CONJUNTURA  INTERNACIONAL: SEGUNDO REINADO EM TEMPO DE 

IMPERIALISMO. 1882‐1889 

 

José Maurício Saldanha Álvarez (UFF) 

 

Este trabalho aborda as matérias  jornalísticas redigidas por Eça de Queirós para o periódico brasileiro 

Gazeta de Noticias do Rio de Janeiro assinalando  inicialmente a prática da  informação por parte deste 

festejado ficcionista e diplomata tecendo um painel contextualizador do imperialismo detectado como  

a conquista de territórios na África e na Ásia pelas potenciais industriais e pelo agravamento de tensões 

finisseculares nas Américas sob a égide da Doutrina Monroe analisando em segundo lugar os processos 

de recepção dos artigos por um público leitor urbano que nos círculos do letramento, da oralidade e da 

sociabilidade,  intensificam  na  derradeira  década  do  Segundo  Império  o  debate  político    e  a  opinião 

publica  para  finalmente  debateremos  como  o    articulista  contextualizou  as  tensões  existentes  de 

ambos os  lados do Atlântico assinalando que no  jogo da política  internacional  imperialista realizado à 

partir do zero, o grande e rico Brasil bem podia ter sido a bola da vez. 

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NOTAS SOBRE A ‘FOLHA MEDICINAL DO MARANHÃO’ (1822) 

 

Marcelo Cheche Galves (UEMA) 

 

Entre março  e maio de  1822  foi  impresso  semanalmente na  cidade de  São  Luís  a  Folha Medicinal do 

Maranhão. Seu redator, o médico Manoel Rodrigues de Oliveira, era conhecido pela oposição que fazia a 

administração  provincial  desde,  pelo menos,  abril  de  1821, momento  de  “adesão”  da  província  ao 

movimento constitucional do Porto.  Com a instauração da primeira tipografia do Maranhão, no final de 

1821, Oliveira  intentou  publicar  a  Gazeta  da  Verdade,  projeto  abortado  pelo  controle  que  o  governo 

exercia sobre a tipografia. Com a eleição de uma nova Junta, em fevereiro de 1822, Oliveira viabilizou a 

impressão de um periódico que se anunciou como o “remédio para os males da província”, espaço para 

críticas  contumazes  contra  os  inimigos  políticos,  por  vezes  anexado  às  representações  de  cidadãos 

maranhenses encaminhadas às Cortes portuguesas como “prova dos descalabros” da vida provincial. 

Ainda que de curta duração, a Folha Medicinal  revela a dinâmica das  refregas provinciais, as disputas 

pelo  controle da palavra  e  a  construção de um público  leitor,  ávido pelas novidades da política que 

agitavam o tempo. 

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DISPUTAS ENTRE TIPÓGRAFOS MARANHENSES NO MARANHÃO OITOCENTISTA 

 

Odaleia Alves da Costa (IFMA) 

 

Neste  trabalho  pretendo  discutir  as  disputas  entre  os  tipógrafos  maranhenses  para  buscar 

compreender o meio social no qual estes viviam, isto é, o Maranhão na segunda metade do século XIX. 

Para tanto, consultei fontes tais como: jornais, almanaques e publicações deste período. Nos jornais as 

principais disputas ocorreram entre os  tipógrafos  José Maria Correa de Frias e  Ignacio  José Ferreira. 

Essas disputas contribuíram para a modernização das tipografias maranhenses, dando destaque a estas 

em âmbito nacional. 

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ROBERT  REID  KALLEY  E  A  CIRCULAÇÃO  DE  IMPRESSOS  PROTESTANTES  NO  BRASIL  DURANTE  O 

SÉCULO XIX 

 

Priscila Silva Mazêo (UNIT) 

 

Este trabalho tem como objetivo analisar a ação do agente da Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira 

(BFBS), Robert Reid Kalley e sua contribuição como um difusor de práticas  religiosas e educativas no 

Brasil dos Oitocentos. Na perspectiva da História Cultural, as Sociedades Bíblicas  são  compreendidas 

aqui como associações voluntárias, responsáveis pela disseminação de  impressos religiosos através do 

trabalho  colportagem  realizado  por  seus  correspondentes.  Busca  apresentar  também  títulos  de 

impressos  protestantes  e  locais  de  circulação. O  referencial  teórico‐metodológico  está  pautado  em 

Ester Nascimento (2004, 2007a, 2007b), Max Weber (2002), Norbert Elias (1994), Roger Chartier (1990), 

Carlo  Ginzburg  (2007)  os  quais  trabalham  com  conceitos  como  associações  voluntárias,  cultura, 

impressos protestantes, práticas, e método indiciário.  O texto proposto justifica‐se pela insuficiência de 

estudos  sobre  impressos,  livros  e  leitores  protestantes  na  historiografia  educacional  brasileira.  Os 

resultados levantados permitem perceber a configuração de novas ações e a difusão de novas práticas 

civilizatórias, a inculcação de novos hábitos no povo brasileiro durante o século XIX. 

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“O QUE LIAM ESSES HOMENS”? RESENHAS DE LIVROS NOS JORNAIS ‘O PAIZ’ E ‘GAZETA DE NOTÍCIAS’ 

COMO ESPAÇOS DE CONSAGRAÇÃO NO RIO DE JANEIRO DO FINAL DO SÉCULO XIX 

 

Renata Rodrigues de Freitas (UERJ) 

 

A proposta de nosso trabalho é discutir as representações dos livros resenhados pelos  jornais O Paiz e 

Gazeta de Notícias, a partir das implicações destas no espaço cultural do Rio de Janeiro no final do século 

XIX, onde estavam inseridos indivíduos que procuravam adentrar na República das letras, mas que nesse 

período  não  conseguiam  viver  apenas  da  venda  dos  seus  bens  simbólicos,  ou  seja,  das  obras  que 

produziam. Desta  forma, consideramos o  jornal como um espaço de consagração para esses homens 

que  almejavam  notoriedade  e  reconhecimento  profissional  posto  que  servia  como  um  meio  de 

divulgação das obras através das  resenhas dos  livros publicados. Considerando que o nosso  trabalho 

pensa o livro como objeto cultural e histórico por excelência e como um meio de transmissão de cultura 

no qual estão em jogo relações de poder é de extrema importância situar essa discussão dentro de uma 

perspectiva da história política e cultural. Assim, concentramos nossas investigações sobre a análise da 

questão da recepção dos impressos bem como dos livros que circulavam no “espaço público” do Rio de 

Janeiro  durante  a  segunda metade  do  século  XIX.  Tais  escritos  são  considerados  na  pesquisa  tanto 

como  instrumentos  de  poder  –  daqueles  que  detinham  o  privilégio  da  escrita  –  quanto  espaços  de 

consagração para os indivíduos que buscavam um locus na boa sociedade. 

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O  ENCANTAMENTO  FEMININO:  OS  ROMANCES  PUBLICADOS  NO  BRASIL  QUE  RETRATAM  OS 

OITOCENTOS 

 

Sara Cavalcanti Pinto Bandeira (UFPB) 

 

Romances e moças possuem uma história antiga, mas que no Brasil se fortaleceu a partir do século XIX. 

Histórias  água  com  açúcar  passaram  a  ser  produzidas  no  país,  traduzidas  do  inglês  e  do  francês, 

baseadas em coleções de  literatura cor‐de‐rosa produzidas na Europa. Este trabalho tem por objetivo 

fazer um estudo sobre coleções produzidas no Brasil no século XX, cujas histórias refletiam o estilo de 

vida de  sociedades e personagens do  século XIX, a  saber, a Coleção Biblioteca das Moças, publicada 

pela Companhia Editora Nacional entre as décadas de 1920 e 1960; e as coleções Sabrina, Julia e Bianca, 

publicadas a partir da década de 1980 pela Editora Nova Cultural até hoje. Para isso, nos baseamos em 

estudos  sobre  práticas  de  leitura  e  história  cultura,  principalmente,  Roger  Chartier  (1990;  2001),  e 

estudos destas coleções, em que podemos citar Maria Teresa Santos Cunha (1995) e Cíntia da Silva Lang 

(2006), que estudaram a Coleção Biblioteca das Moças, além dos estudos feitos por Patrícia Aparecida 

do Amparo (2009) sobre os romances da editora Nova Cultural. 

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 DEBATES  E  DISCURSOS  NO  'JORNAL  DO  ARACAJU'  (1872)  SOBRE  INSTRUÇÃO  E  EDUCAÇÃO  EM 

SERGIPE 

 Simone Silveira Amorim (UFS) 

Anamaria Gonçalves Bueno de Freitas (UFS) 

 Esse  texto  faz  parte  de  uma  pesquisa  de  doutoramento  e  tem  como  objetivo  analisar  os  debates travados na Assembleia Provincial, bem como os Relatórios da Instrução Pública e textos publicados no Jornal  do  Aracaju  (1872)  sobre  instrução  e  educação,  evidenciando  a  intencionalidade  dos  que  os proferiram e publicaram. A análise do tema é feita com base nas discussões de Roger Chartier, Norbert Elias, Pierre Bourdieu e Paul Veyne. Através dessa pesquisa,  realizada  sob a matriz historiográfica da Nova História Cultural, pode‐se afirmar que uma das maneiras de se perceber o fomento da educação primária no século XIX é através de anúncios de jornais. A década de 1870 foi extremamente significativa para  a  Instrução  Pública  em  Sergipe,  pois  mudanças  profundas  começaram  a  ocorrer  a  partir  da promulgação de novo regimento, o de 24 de outubro de  1871, elaborado em substituição ao de  1858. Era,  no  início  da  referida  década,  Inspetor  Geral  da  Instrução  Pública  o  Dr. Manoel  Luís  Azevedo D’Araújo e que foi o responsável organizar o ensino público, iniciando‐se uma nova etapa na História da Educação  sergipana.  Ressalta‐se  que  durante  todo  o  século  XIX  havia  uma  constante  discussão  a respeito da necessidade de haver uma normatização do magistério, de criação de cadeiras públicas para o ensino primário e um investimento na formação de professores em novos métodos. Assim sendo, ao longo da segunda metade do século XIX, foi exigida e oferecida aos professores uma formação para que eles  exercessem  suas  cadeiras  e  esta  foi  colocada  como  condição  essencial  para  o  ingresso  no magistério  primário  a  fim  de  que  houvesse  uma  unificação  dos  conhecimentos  adquiridos  por  eles, ampliando assim as habilidades que deveriam possuir. Nesse processo, diversos agentes, especialmente o Estado, procuravam  interferir nas  tentativas de delimitação do espaço de atuação os professores a fim  de  estabelecer  valores  e  práticas  que  deveriam  permear  a  atuação  deles.  Os  relatos  do  poder público revelam impasses, conflitos e embates políticos em torno das representações culturais sobre a escola primária. Esses fatos corroboraram para que os professores encontrassem as condições para a profissionalização da categoria. 

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O JORNALISMO FEMININO NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX NO BRASIL 

 

Vanuza Souza Silva (UFPE) 

 

Este  trabalho discute a prática da escrita  feminina na  imprensa, no  contexto da  segunda metade do 

século XIX no Brasil, período em que os  lugares e a divisão entre o público e o privado, o homem e a 

mulher  tentavam  definir  as  práticas  culturais  daquele  contexto  no  Brasil.  A  iniciativa  de  mulheres 

escrevendo nos  setores públicos,  lugares ditos para o masculino,  faz perceber que a demarcação do 

masculino e do feminino é desterritorializada pela escrita das mulheres que nos jornais questionavam o 

lugar do masculino como sendo os “pais” da  intelectualidade. Não se pode dizer que se  trata de um 

movimento feminista, como aquele que vem modificar em grande medida a situação das mulheres no 

século  XX, mas  esses  escritos  nos  jornais  falam  do  não  silêncio,  da  não  passividade  da mulher  no 

império. Pensar a iniciativa de mulheres que escreviam em jornais, que assumiam uma postura que não 

era  comum  naquele  período,  incita  a  pensar  exatamente  o  conceito  de  feminino,  de  escrita,  de 

liberdade  que  essas mulheres  instituíam  nas  páginas  dos  jornais.  Se  o movimento  das mulheres  da 

segunda metade do século XX revolucionou a ideia de corpo, trabalho, mulher, feminino, este trabalho 

quer pensar como as mulheres do século XIX, especificamente as que escreviam no Jornal das Senhoras, 

pensava o seu lugar de mulher na sociedade, o que sugere pensar que a passividade do feminino é um 

conceito generalizante, ao mesmo tempo em que possibilita ver como em cada sociedade o feminino 

encontra maneiras de  lutar pelo seu  lugar. O presente trabalho analisará especificamente O Jornal das 

Senhoras, editado por Josefa Paula Manso de 1852 a 1855, no qual outras mulheres escreviam opinando 

sobre a sociedade da qual fazia parte. O periódico supracitado era um entre muitos, O Sexo Feminino, O 

Belo Sexo. Também  se  situam na  segunda metade do  século XIX. Pretendo pensar a partir de alguns 

periódicos editados por um mesmo grupo de mulher, os conceitos de mulher, de feminino, de homem, 

de amor, de literatura que circulavam naquela época e por elas apropriados. 

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 Eixo Temático 4 

Sociedade Escravista: Escravizados, Mulheres e Homens Livres Pobres 

 

 

ATRAVESSANDO A RUA: VENDEDORAS AMBULANTES E CIRCUITOS URBANOS 

 

Acácio José Lopes Catarino (UFPB) 

 

As cidades apresentam‐se como locus privilegiado das narrativas do (e sobre o) Império, mas boa parte 

de seus habitantes têm seu papel como construtores destas dinâmicas urbanas usualmente diminuído. 

Boa parte do abastecimento das cidades imperiais tem como suporte as negras vendedoras ambulantes 

e  as ordenações que os governos  implementam neste  âmbito municipal  frequentemente  chocam‐se 

com sua atividade. Utilizando‐se de fontes documentais municipais e representações imagéticas como a 

iconografia e a cartografia histórica, procuramos mapear a circulação das ambulantes pelo Recife nas 

primeiras décadas do XIX e recuperar seu cotidiano sazonal, hierarquias internas e valores, identificando 

suas  posturas  perante  questões  que  conformaram  este  universo  urbano  em  ampliação,  como  a 

religiosidade, os amores, o consumo, o lazer e as injunções políticas. 

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“PRECISA‐SE DE UMA AMA...”: O SERVIÇO DOMÉSTICO E OS OFÍCIOS DAS AMAS NO RECIFE  (1857‐

1889) 

 

Adriana Maria Paulo da Silva (UPE) 

Yan Soares Santos (UPE) 

 

Esta  presente  comunicação  desenvolve  uma  analise  das  atividades  laborais  das  amas,  ocupadas  no 

serviço doméstico na Cidade do Recife –  tendo por base os  anúncios demandando empregados nos 

jornais Diário de Pernambuco e Jornal do Recife entre os anos de 1857 e 1889 –, a fim de  investigar as 

particularidades de tais ofícios, procurando diferenciar as amas secas das amas de leite e como estas se 

comportaram durante a desagregação do  sistema escravista. Tem por objetivo  também a analise de 

permanências ou rupturas desses serviços no pós‐abolição. 

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AS RELAÇÕES ENTRE SENHORES E ESCRAVOS EM MARUIM E EM SANTO AMARO – SE (1801‐1857) 

 

Alex Federle do Nascimento (UNIT) 

Joceneide Cunha dos Santos (UNIT) 

 

A  relação  senhor e escravo é um dos  temas estudados e debatidos pela historiografia da escravidão 

atual, pois contém diferentes  interpretações e análises. Na Província de Sergipe D’El Rey a partir dos 

oitocentos vários foram os conflitos existentes entre senhores e escravos, bem como diversos escravos 

tentaram as fugas como uma estratégia de resistência. Nosso  intuito é debater a referida temática na 

província de Sergipe, durante o século XIX, para  isso estamos centrando nossas pesquisas nas Vilas de 

Maruim e Santo Amaro. Vilas cuja economia estava pautada na produção de e açúcar e por  isso havia 

um número grande de escravos nas posses. As fontes que estão sendo utilizadas são os livros de notas, 

inventários  post‐mortem,  processos  crime,  sumários  de  culpa,  libelo  cível,  testamentos  e  corpo  de 

delito, dentre outras  fontes históricas, cartorárias e administrativas.   Através dessas  fontes pretendo 

identificar  alguns  conflitos  ocorridos  e  as  negociações  existentes  entre  senhores  e  escravos  nas 

referidas  vilas.  A  pesquisa  ainda  está  em  andamento,  e  através  das  fontes  identificamos  algumas 

revoltas nessas Vilas. Dentre elas uma que ocorreu em 1827, com escravos nagôs envolvidos, a mesma 

ocorreu na Vila de Maruim. Em  suma,  as pesquisas  têm  apontado que  as  relações  senhor  e  escravo 

foram permeadas por alguns conflitos nas vilas citadas. 

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“HÁJA CACÊTES! HÁJA PAÓ!”: REVISITANDO A MEMÓRIA DA “TERRA DA LIBERDADE” PARAENSE 

 

Ana Carolina Trindade Cravo (UFPA) 

José Maia Bezerra Neto (UFPA) 

 

Este  trabalho  tem  como  objetivo  discutir  a  memória  construída  em  torno  do  atual  município  de 

Benevides  como  sendo  o  berço  da  liberdade  no  Pará.  Através  da  análise  do  processo  criminal, 

documentação  policial  e  notícias  jornalísticas  em  torno  do  levante  de  escravos  em  conjunto  com 

membros da sociedade libertadora de escravos da localidade ocorrido meses após da libertação de seu 

território, busco demonstrar discordância e/ ou esquecimento desse caráter mais radical do movimento 

abolicionista da antiga colônia agrícola quando da comemoração do centenário da sua  libertação. No 

ano  do  centenário  é  lançado  o  Álbum  Histórico  “Terra  da  Liberdade”,  exaltando  o  pioneirismo  da 

localidade em libertar os escravos antes da Lei Áurea procurando enquadrar o movimento abolicionista 

de Benevides como não possuidor de radicalismo, ou seja, seguidor dos meios de obtenção de liberdade 

legais e legítimos tanto que em nenhum momento o tal levante foi citado no dito álbum. Nesse sentido, 

busco  revisitar esse acontecimento até então esquecido pela história do município visando arguir um 

diálogo entre a memória “oficial” e a “esquecida”, e assim perceber as perspectivas e  interesses por 

trás do suposto esquecimento. 

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ANTÔNIO DIOGO: ESCRAVO DE FATO? DE DIREITO? EXECUTADO 

 

André Carlos dos Santos (UFPE) 

 

Entre arquivos,  fontes e métodos, o historiador  realiza seu  trabalho. Boa parte daquilo que produz é 

marcado pela morte. Esse trabalhador macabro faz um trabalho de morte, e contra a morte, pois, ao 

mesmo tempo em que honra os mortos com sua prática escriturária, também os sepulta, manipulando 

com o seu querer, a vontade dos que  jazem, como se fossem uma página em branco, é o que nos diz 

Michel de Certeau em A Escrita da História. Se boa parte de nosso fazer é acometido pela morte, faz‐se 

mister  indicar  como  algumas  dessas  foram  processadas,  pois muitos  daqueles  que  não mais  vivem 

foram jogados na eternidade com o consentimento legal do Estado, de suas leis. A pena de morte será 

aqui discutida, já que perscrutar a morte legal, sua ideologia, seu aparato logístico, sua ritualística, bem 

como  a  sua  administração  no  Brasil,  tem  se mostrado  uma  produtiva  seara  nessa  associação  entre 

História e Direito. Assim, trazemos à apreciação a história de Antônio Diogo, que vivia do ganho e, em 

1840  ao  considerar‐se  livre,  revolta‐se  diante  da  humilhante  ameaça  de  apanhar  de  seu  senhor,  e  o 

assassina. A discussão na justiça direciona‐se em se o mesmo era escravo de fato ou de direito. Todavia, 

se de fato, o grau máximo do artigo 192 do Código Criminal, ou se de direito, a lei de 10 de junho de 1835, 

não o deixaria escapar da pena de morte. 

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ARQUITETANDO A LIBERDADE. OS AFRICANOS LIVRES NA CONSTRUÇÃO DA PRIMEIRA PRISÃO COM 

TRABALHO DO BRASIL (RIO DE JANEIRO, 1834‐1864) 

 

Carlos Eduardo Moreira de Araújo (UNIABEU) 

 

A construção da primeira Prisão com Trabalho no Brasil – que recebeu o nome de Casa de Correção do 

Rio de Janeiro  ‐ está  inserida num processo de mudança no paradigma das punições no país. A nova 

penitenciária  deveria  ser  o  local  destinado  ao  cumprimento  de  penas  que  visavam  –  a  princípio  ‐ 

transformar  através do  trabalho, o  criminoso  em um  cidadão  “probo  e  laborioso”. Deveria  também 

servir de coerção às classes populares que, à  revelia das elites  imperiais, haviam ganhado as  ruas da 

capital participando ativamente da política no final do Primeiro Reinado. Categoria surgida com a Lei de 

7 de novembro de 1831, esses africanos capturados no tráfico clandestino foram depositados, a partir de  

1834,  na  penitenciária  para  dar maior  dinâmica  ao  trabalho.  A  Casa  de  Correção  do  Rio  de  Janeiro 

durante a sua construção tornou‐se um espaço privilegiado de análise do trabalho livre, escravo e penal 

no século XIX. Esta comunicação pretende abordar a atuação dos africanos livres nessa importante obra 

pública imperial destacando este grupo de trabalhadores como ponte entre o trabalho livre e o trabalho 

escravo. 

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NEGÓCIOS DE ENGANAR GENTE TOLA: ALEIVOSIAS, CHARLATANICES, SOLICITAÇÃO E DONJUANISMO 

NA PARAÍBA DO SÉCULO XIX 

 

Carmelo Ribeiro do Nascimento Filho (PMJP/PB) 

 

A  lenta  burocratização  do  Estado  e  as  péssimas  condições  de  vida  a  que  estavam  submetidas  à 

população livre e pobre da Cidade da Paraíba, Mamanguape, Areia, Campina Grande e as vilas de maior 

importância da Província da Paraíba, levaram a que certos delitos fossem socialmente aceitos por serem 

considerados  indispensáveis à sobrevivência desses homens e mulheres livres, porém pobres. Assim, a 

ocupação dos mangues, das chãs, dos pauis e das faixas de marinha por essa população, raramente foi 

alvo  de  interdição  por  parte  das  autoridades  constituídas,  porém,  à medida  que  o  Estado  se  fazia 

presente no  cotidiano dos habitantes da Paraíba, o mais  comum  era diminuir  a  tolerância para  com 

pequenos delitos e com a economia da  ilegalidade de que subsistiam as populações pobres, ao passo 

que cresciam as  ilicitudes e a tolerância para com as malversações do dinheiro público, de modo que 

para viver sem ter que trabalhar para alguém passou a ser mais seguro conseguir um emprego público, 

que,  especialmente  para  os  minimamente  letrados  ou  suficientemente  apadrinhados,  tinha  quase 

sempre o valor de uma sinecura, do que “vadiar a moda antiga”. Assim sendo, o objetivo deste trabalho 

é expor a transição entre as antigas e as novas formas de  ilicitudes que fizeram parte do cotidiano da 

Paraíba do século XIX. 

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A ESCRITA DA INTIMIDADE: MULHERES E O SEU DIÁRIO NO BRASIL IMPÉRIO (1840‐1870) 

 

Carolina Gomes Pedrosa (UEPB) 

 

Por meio dos diários pessoais,  segundo Cunha  (2004),  compreendemos  as práticas  culturais de uma 

época.  É  importante  considerar  as  informações  através  dos  diários  como  indícios  do  passado  para 

conhecer e interpretar o cotidiano de um povo. Por meio desse artigo, vamos utilizar como exemplo, as 

escritas íntimas do diário pessoal da Viscondessa do Arcozelo Maria Isabel relatados na época do Brasil 

império, permitindo rastrear as maneiras que essas mulheres viviam e pensavam entre 1840 a 1870. Esse 

cotidiano de  intensa atividade, que  salta aos olhos dos  leitores do diário, em nada  se parece com as 

descrições de viajantes que definiam a vida  feminina como uma sucessão de não‐acontecimentos em 

que a mulher não aparecia para estranhos, não cuidava da aparência e se colocava em um espaço de 

submissão  total  às  iniciativas masculinas. Mas,  para  a  tarefa  de manutenção  da  casa,  as mulheres 

mantinham contato estreito com alguns negociantes e comerciantes,  revelando um cotidiano  repleto 

de estratégias de sociabilidade. 

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DIÁLOGOS ENTRE A HISTÓRIA E A LITERATURA: REPRESENTAÇÕES E  INVISIBILIDADES DA MULHER 

NEGRA EM ‘O CORTIÇO’ 

 

Danilo Pereira da Costa (UEPB) 

Ana Raquel (UEPB) 

Elisa Mariana de Medeiros Nóbrega (UEPB) 

 

Com este trabalho pretendemos mostrar como era representada a mulher negra nas obras literárias do 

século  XIX,  especificamente  em O  Cortiço,  de Aluízio Azevedo.  Para  tanto,  discutiremos  questões  a 

cerca  de  representação  e  identidades,  dialogando  com  Chartier  e Hall.  É  sabido  ainda  que  as  obras 

literárias  do  século  XIX  tentam  configurar  nossa  identidade,  deixando  implícitas  contradições  da 

sociedade  que  nega  as  raízes  africanas  e  enaltece  os  padrões  europeus.  Logo,  a  literatura  oficial 

brasileira acompanhando essa sociedade hierarquizada desprestigiou a figura do negro desvalorizando 

sua  atuação  na  formação  da  sociedade.  Em  “O  Cortiço”  percebemos  claramente  essa  imagem 

estereotipada na  figura de Bertoleza, negra submissa que, pensando  ter alforria,  trabalha duramente 

com o intuito de galgar um espaço na sociedade, mas que só eleva a personagem do branco português 

João  Romão.  Os  procedimentos  teórico‐metodológicos  aqui  adotados  compreenderam  a 

sistematização teórica bibliográfica sobre o negro na História do Brasil, utilizando‐se de vários autores 

referindo‐se ao negro na literatura, para contextualizar as representações históricas e literárias tecidas 

em torno da mulher negra. 

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TRABALHADORES DO COMÉRCIO: A ATUAÇÃO DOS CAIXEIROS NO RECIFE ENTRE 1857 E 1889 

 

Dayana Raquel Pereira de Lima (UPE) 

Adriana Maria Paulo da Silva (UPE) 

 

Tendo por base os  anúncios de emprego  (oferta e demanda) publicados no Diário de Pernambuco e 

Jornal do Recife entre  1857 a  1889, esta comunicação pretende discutir o perfil sócio–profissional dos 

caixeiros trabalhadores no Recife, com relação à sua faixa etária, nacionalidade, estatuto jurídico e aos 

locais nos quais atuaram. Pretende  também mostrar as estratégias de hierarquização profissional da 

“caixeiragem” relacionadas às suas habilidades laborais e ao seu nível de escolaridade. 

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TRÁFICO DE ESCRAVOS PARA PERNAMBUCO, 1788‐1851: VOLUME, ROTA E ORGANIZAÇÃO 

 

Débora de Souza Leão Albuquerque (UnB) 

Flávio Rabelo Versiani (UnB) 

José Raimundo Oliveira Vergolino (UnB) 

 

O trabalho analisa as características principais do tráfico de escravos para Pernambuco de 1788 a 1851 e 

busca caracterizar os agentes e financiadores desse tráfico, e as origens dos recursos aplicados nessa 

atividade. Para isso, além da pesquisa em fontes publicadas, lança mão da base de dados recentemente 

tornada disponível sobre todo o tráfico atlântico de escravos, do século XVI ao século XIX, resultado do 

esforço conjunto de uma equipe internacional de pesquisadores; e ainda de dados primários derivados 

de projeto de pesquisa “Estudo Comparado do Escravismo Brasileiro no Século XIX”, coordenado pelos 

Profs.  F.  R.  Versiani  e  J.  R.  O.  Vergolino,  que  examinou  cerca  de  4 mil  inventários  do  século  XIX, 

registrados  em  cartórios  de  Pernambuco.  Em  2007,  a  divulgação  dos  novos  dados  sobre  o  tráfico 

atlântico ampliou muito as  informações sobre o tráfico escravista brasileiro, especialmente no Norte e 

Nordeste, o que permitiu um mapeamento do tráfico pernambucano muito mais pormenorizado do que 

antes possível. Em particular, possibilitou a  investigação de questões como a origem das viagens (que 

pode  indicar a localização dos empreendedores e financiadores do tráfico); os portos de embarque de 

escravos,  na  África;  a  duração média  das  viagens;  o  tamanho médio  das  embarcações  utilizadas;  a 

mortalidade  média  durante  as  viagens,  etc.  Essas  questões  são  exploradas  no  trabalho.  A  fim  de 

investigar quem eram os agentes e financiadores do tráfico, efetuou‐se um cruzamento de informações 

entre a base dados sobre o tráfico e derivada do Projeto dos Profs. Versiani e Vergolino. Os resultados 

desse cruzamento, até agora,  já permitiram algumas conclusões de grande  interesse quanto à origem 

social e as atividades econômicas de tais agentes, como se relata no trabalho. 

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CIDADE E OPORTUNIDADE: ESTRATÉGIAS DE RESISTÊNCIA ESCRAVA NO CENÁRIO URBANO (RECIFE, 

1822‐1850) 

 

Edlúcia da Silva Costa (IFPE) 

 

Segundo  Stuart  Schwartz,  as  discussões  historiográficas  sobre  a  escravidão  brasileira  tenderam  a subestimar a estreita relação entre cultura escrava e os ditames do trabalho compulsório. Neste caso, o mundo do trabalho definia os limites da situação dos cativos, orientando suas escolhas e os contornos de  sua  resistência. Assim  como  no  campo,  as  atividades  urbanas  eram praticamente monopolizadas pela mão de obra escrava, acentuando a aversão aos trabalhos mecânicos ou braçais. Porém, como bem lembrou Leila Algranti, a cidade era o espaço do “feitor ausente”, contexto que passou a evidenciar a necessidade de modernização jurídico‐institucional, para garantir um controle eficaz sobre a população cativa e os pobres livres ou libertos. Nas cidades, a mobilidade dos escravos era imprescindível aos que exerciam  as  tarefas  “de  ganho”,  cuja  atuação  produzia  renda  para  prover  o  sustento  de  seus proprietários.  No  vaivém  das  ruas,  era  possível  aprender  um  ofício,  tecer  redes  de  relações  e solidariedades. No entanto, esta liberdade era, muitas vezes, apenas aparente: a vigilância e a repressão foram  reforçadas,  particularmente  através  da  ação  da  Polícia.  Nas  cidades  escravistas,  imperava  o “fantasma” do Haiti, ou em termo corrente à época, o temor da “haitianização”, numa clara referência à  Revolução  Negra,  ocorrida  no  final  do  século  XVIII.  Para  as  autoridades,  os  escravos  eram potencialmente  perigosos,  passíveis  de  envolvimento  em  sedições,  uma  clara  ameaça  ao  poder patriarcal.  Como  reflexo  deste  medo,  “ajuntamentos”  de  apenas  cinco  cativos  já  podiam  ser considerados  como  início  de movimentos  sediciosos  e  imediatamente  dispersados.  Aos  cativos,  era terminantemente proibido o uso de  sapatos, para  facilitar a  identificação de  sua  condição  social. No rastro  do  ideário  liberal,  fermentado  pelos  revolucionários  franceses,  as  elites  locais  distorceram valores, particularmente o da  igualdade  social. Defenderam  veementemente o direito  à propriedade privada,  estatuto  conferido  aos  escravos,  reforçando‐lhes  a  condição  de  “coisas”,  vetando‐lhes  as possibilidades  de  participação  política.  A  despeito  deste  rigor  repressivo,  os  escravos  formulavam estratégias sofisticadas de resistência, tecendo oportunidades de ascensão social e trilhando caminhos de  liberdade. Alguns, que tiveram acesso ao  letramento ampliaram suas oportunidades de criar novos espaços de atuação, sociabilidade e solidariedade na sociedade escravista. 

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A IMPRENSA E A ESCRAVIDÃO: A RESISTÊNCIA DOS ESCRAVIZADOS NOS ANÚNCIOS DE JORNAIS NA 

PARAÍBA OITOCENTISTA 

 

Elainne Cristina Jorge Dias (UFPB) 

 

O presente trabalho faz parte de uma pesquisa inicial, na qual tem por objetivo analisar o universo social 

em que viviam os escravizados na Paraíba Oitocentista, discutindo enquanto proposta metodológica os 

anúncios de escravos fugidos, publicados no jornal A Regeneração durante o período de 1861‐1862. Estes 

anúncios  de  fugas  de  escravos,  pagos  em  periódicos,  esboçam  mensagens  que  nos  informam  as 

relações estabelecidas entre senhores e escravos, mostrando fatos que antes eram ocultos, ou melhor, 

esquecidos,  já que, durante muito  tempo a escravidão era vista  tão  somente, não existindo espaços 

para os escravizados como sujeitos históricos. Desse modo, este estudo visa  identificar nos anúncios, 

mais precisamente, nos classificados de jornais de escravos fugidos, reflexos significativos da resistência 

escrava, pois, a fuga foi sem dúvida a forma mais característica da luta dos escravizados ao regime que 

os oprimia. 

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SOCIEDADE ESCRAVISTA: O TRÁFICO INTERNO DE ESCRAVOS EM AREIA – PB (1855‐1883) 

 

Eleonora Félix da Silva (UFCG) 

 

A proposta desta comunicação é fazer uma abordagem sobre o comércio intraprovincial de escravos na 

segunda metade do séc. XIX, no contexto histórico após aprovação da Lei Eusébio de Queirós que pôs 

fim  ao  comércio  transatlântico  de  africanos  para  serem  escravizados  no  Brasil.  Tomamos  como 

referência  a  cidade  de  Areia,  localizada  no  interior  da  então  província  da  Parahyba  do  Norte.  Na 

sociedade escravista areiense o comércio em que os cativos foram  inseridos compunha uma realidade 

cotidiana  e  integrava  a  dinâmica  social,  uma  vez  que  os  senhores  dispunham  dos  escravos 

comercializando‐os segundo suas conveniências. Problematizando os registros de compra e venda de 

escravos, sobretudo os livros de notas e escrituras cartoriais, é possível analisar os indícios dessa prática 

escravista. Nesse  tipo de  fonte histórica podemos estudar as características do  tráfico  intraprovincial 

obtendo  informações  sobre  o  comércio  de  escravos  na  localidade.  Além  disso,  podemos  abordar 

aspectos  demográficos  importantes  acerca  das  pessoas  escravizadas  e  desta  maneira  se  tem  a 

possibilidade de trazer para o centro do debate a história de homens e mulheres submetidos ao jugo do 

cativeiro em Areia – PB. 

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OS LIBERTANDOS NOS (DES)CAMINHOS DA LEI 2.040: O PROCESSO DE CLASSIFICAÇÃO DE ESCRAVOS 

NO CEARÁ, SÉCULO XIX (1870 ‐ 1884) 

 

Eylo Fagner Silva Rodrigues (UFC) 

Eurípedes Antonio Funes (UFC) 

 

A  presente  comunicação  refere‐se  ao  processo  de  classificação  de  escravos  encetado  a  partir  da 

vigência da Lei 2.040 (1871) e de decretos posteriores como o nº 5.135 (1872). Tal classificação, procedida 

pelas comissões de manumissão, suscitou a participação ativa dos  libertandos, uma vez que estavam 

amparados pela citada lei, que lhes garantia o direito de reivindicar a alforria via pecúlio, uma prática já 

usual no mundo do trabalho escravo. O que se observa na documentação produzida no âmbito dessas 

comissões  são  os  conflitos  que  perpassaram  todas  as  fases  da  classificação  empreendida  pelos 

coletores. Estes protagonizavam polêmicas com os proprietários acerca de indenizações, valores muitas 

vezes  arbitrados  somente  em  juízo  (no  segundo  ou  terceiro  embate). Às  vezes,  recaiam  sobre  eles 

denúncias de  favorecimento de alguns proprietários ou mesmo de haverem descumprido a  lei 2.040, 

acusação sui generis especialmente quando partia de um escravo ou  liberto. Enfim, é desses conflitos 

em  torno  da  liberdade  que  pretendo  tratar,  conflitos  que  se  espraiavam  nas  (e  para  além  das) 

comissões em diversos sentidos e direções. 

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A PRESENÇA DE ESCRAVOS NA CASA DE DETENÇÃO DO RECIFE (1855‐1888) 

 

Flávio de Sá Cavalcanti de Albuquerque Neto (UFPE) 

 

Inaugurada em 1855, a Casa de Detenção do Recife recebia presos das mais diversas origens geográficas 

e condições jurídicas, inclusive um número significativo de escravos, mesmo que isso soasse paradoxal, 

já que a pena de prisão não era aplicada a essa parcela da população, pois, de acordo com o Código 

Criminal do Império, que vigorou, sem grandes modificações, desde 1830 até o final do período imperial, 

as penas destinadas aos escravos seriam a morte, as galés e os açoites. Essa última poderia ser aplicada 

no  interior  das  prisões,  mas  tão  logo  o  negro  tivesse  se  restabelecido  fisicamente,  deveria  ser 

reclamado  de  volta  pelo  seu  proprietário.  Já  a  pena  de  prisão,  que  tinha  por  fundamento  básico  a 

correção moral do criminoso a partir da rotina do trabalho, era voltada apenas à população livre, já que 

não se cria na perfectibilidade do escravo e, além disso, para alguns cativos a estada na prisão poderia 

ser menos  violenta  e  até mesmo mais  confortável  do  que  os  domínios  de  seu  senhor.  Entretanto, 

mesmo com essas disposições legais, não era irrisório o número de escravos detidos nas penitenciárias 

do  Império  por  razões que  iam  além  do que  rezavam  as  leis.  Tendo  isso  em  vista,  esse  trabalho  se 

propõe a analisar a presença do elemento cativo na Casa de Detenção do Recife, na segunda metade do 

século XIX, tendo por foco as razões para que esses escravos fossem detidos, a sua condição de vida na 

prisão e as disposições regulamentares que regravam sua presença lá dentro. 

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AMOSTRAGEM  COMPARATIVA  DE  ESTATUTOS  DO  ROSÁRIO  DA  PROVÍNCIA  DE  SERGIPE  DEL  REY 

(1849‐1874) 

 

Flávio Santos do Nascimento (Fac. Pio X) 

 

As irmandades foram desde os tempos da colônia instrumentos importantes na promoção de vivências 

religiosas  e  sociabilidades.  Durante  o  Império  estas  instituições  leigas  continuaram  sendo  espaços 

potentes  de  convivência  social  e  religiosa.  Reunidas  sob  a  invocação  de  um  Santo  protetor  estas 

instituições ultrapassaram o  seu  sentido  religioso. Crivadas por  aspectos diversos  como gênero,  cor, 

etnia  e  condição  social  (cativo,  liberto  ou  livre),  as  irmandades  configuraram  assim,  um  retrato,  um 

reflexo  da  sociedade  escravocrata.  As  Irmandades  dedicadas  a  São  Elesbão,  Santa  Efigênia,  São 

Benedito e Nossa Senhora do Rosário, por exemplo, foram historicamente relacionadas aos africanos e 

seus descendentes aqui nascidos. Para ter sua existência oficializada as irmandades precisavam ter seu 

compromisso  aprovado. O  compromisso  era  um  documento  que  continha  todas  as  informações  da 

irmandade,  suas normas,  seus  serviços, ele previa  todo o  funcionamento da  instituição. Neste artigo 

serão  estudados  os  compromissos  de  irmandades  do Rosário  da  Província  de  Sergipe  del Rey,  num 

período que vai de 1849 a 1874. Serão fontes os estatutos das vilas de Propriá, Brejo Grande, Santa Luzia 

e Lagarto. Os compromissos destas irmandades de mesmo orago serão contrapostos e analisados com 

a  intenção  de  perceber  semelhanças  e  diferenças,  permanências  e  rupturas  na  formatação  do 

comportamento  institucional  destas  irmandades, ou melhor,  dos  irmãos que  as  compunham.  Tentar 

apreender, por exemplo, como a política do Império, que reprimia e/ou tolerava as festas negras, pode 

ter  influenciado a confecção destes compromissos. Para tal tarefa o referencial teórico metodológico 

será a História Cultural praticada por Ginzburg, com o método indiciário. 

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VESTÍGIOS DAS  FAMÍLIAS  ESCRAVAS  EM QUIXADÁ  ATRAVÉS DO  FUNDO DE  EMANCIPAÇÃO  (1870‐

1884) 

 

Francisco Fabiano Barros de Sousa (UFC) 

 

O Fundo de Emancipação, resultante da Lei nº 2040, privilegiava a manumissão dos grupos familiares, 

permitindo  a  eles  um maior  amparo  legal  sobre  suas  ações.  O  processo  de  formação  das  famílias 

escravas,  seus métodos  de  permanência  e  acesso  a  liberdade  são  questões  orientadoras  de  nosso 

estudo, assim como as influências da Lei 2040 e seus usos por parte dos escravos e de seus senhores em 

Quixadá. A Lei Rio Branco, além de assegurar a  liberdade dos  filhos de escravas nascidos após 28 de 

Setembro  de  1871,  previa  a  criação  de  um  Fundo  destinado  à  emancipação  dos  cativos  que  dava  a 

preferência  aos  escravos  com  família no processo de manumissão. Almejamos,  com nossa pesquisa, 

analisar o processo de formação familiar entre escravos em Quixadá, percebendo os mecanismos das 

relações  sociais  e  das  negociações  praticadas  pelos  cativos.  Buscamos  perceber  de  que  modo  a 

instituição  familiar possibilitou o acesso a condições menos  inglórias e a possibilidade de  inserção ao 

meio social a que escravos e libertos estavam inseridos, Quixadá entre 1870 e 1884. 

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MAURÍCIO  JOSÉ  DANTAS  CORRÊA:  A  TRAJETÓRIA  DE  UM MESTIÇO  REVELADA  POR MEIO  DE  UM 

INVENTÁRIO 

 

Helder Alexandre Medeiros de Macedo (UFPE) 

 

A comunicação é parte dos estudos de doutorado que estamos  realizando acerca da mestiçagem no 

território da Freguesia do Seridó, sertão da Capitania do Rio Grande do Norte, entre o  fim do século 

XVIII e XIX. Objetivamos, com este trabalho, reconstruir, a partir de uma abordagem micro‐histórica, a 

vida de Maurício José Dantas Corrêa, crioulo, que viveu entre o fim do século XVIII e a primeira metade 

do  século  XIX  no  Seridó.  Filho  da  escrava Maria,  era  um  dos  negros  de  estima  do  coronel  Caetano 

Dantas  Corrêa,  que  mantinha  uma  fazenda  pecuarística  na  ribeira  do  Acauã,  razão  pela  qual, 

acreditamos,  lhe tenha herdado o sobrenome. Maurício provavelmente conseguiu acumular pecúlio e 

comprar sua alforria, após o que casou e constituiu família. Seu  inventário, processado em 1844, traz, 

além de móveis, bens de raiz e semoventes situados no sítio Bico da Arara. O estudo de sua trajetória de 

vida permite‐nos examinar alguns desdobramentos do movimento da ocidentalização, conduzido por 

portugueses  e  espanhóis  a  partir  do  século  XVI,  que  promoveu  fraturas  nas  sociedades  nativas  da 

América, mas,  ao mesmo  tempo,  contribuiu  para  o  encontro  das  sociedades  europeia,  indígena  e 

africana, do qual surgiram agentes mediadores entre diferentes universos culturais – mestiços, para usar 

o  termo  já consagrado pelos estudos  recentes, sobretudo os de Serge Gruzinski, Berta Ares Queija e 

Eduardo França Paiva. Maurício José Dantas Corrêa é um desses mestiços. 

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ESPALHANDO  “ASTERÓIDES”:  NOTÍCIAS  DA  ESCRAVIDÃO  E  DA  LIBERDADE  NA  IMPRENSA 

ABOLICIONISTA (BAHIA, 1887‐1889) 

 

Jacó dos Santos Souza (UNEB) 

 

Esta  comunicação  tem  como  objetivo  analisar  diferentes  seções  do  jornal  abolicionista O  Asteróide, 

impresso na  cidade de Cachoeira,  interior da Bahia, durante os anos de  1887 a  1889, na  intenção de 

entender seu envolvimento na campanha antiescravista na região. Uma leitura atenta nos mostrou que 

os administradores da gazeta procuraram, através da propaganda, convencer proprietários de escravos 

do Recôncavo baiano, bem como “gentes do povo”, da necessidade de por fim à escravidão. Para isso, 

utilizaram‐se  de  diferentes  linguagens  a  fim  de  atingirem  os  objetivos  políticos  traçados  durante  o 

tempo  de  circulação.  Com  frequência,  denunciava‐se  a procura  de  escravos  fugidos,  por  senhores  e 

capitães  do mato;  os maus  tratos  aos  cativos  por  seus  senhores.  Por  outro  lado,  noticiava‐se  com 

grande  entusiasmo  as  libertações que  aconteciam  frequentemente no  sudeste,  apresentadas  com o 

objetivo de forjar atitudes e comportamentos que servissem de exemplo a ser seguido. Além da análise 

da folha abolicionista, esta pesquisa articula diferentes documentos do período como processos‐crimes, 

correspondências policiais, atas de associações libertadoras, entre outros.   

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TIPOLOGIA  DO  ESCRAVO  NA  VILA  DO  RIACHÃO  (SE)  OITOCENTISTA,  NOS  ÚLTIMOS  ANOS  DE 

ESCRAVIDÃO (1876‐1888) 

 

Joana Santos de Carvalho (UNIT) 

 

O objetivo deste trabalho é analisar as diversas tipologias dadas a esses escravos, como variação na raça 

na  qualidade  e  nas  formas  de  trabalhos  que  era  nomeada  pelos  seus  senhores.  Bem  como,  o 

desenvolvimento dos mais diversos  tipos de  tarefas,  relacionadas principalmente  a  agricultura  e  aos 

serviços domésticos, podendo  ser exercida na  sua propriedade  rural ou urbana. Para  traçarmos esse 

perfil  dos  escravos  existentes  na  Vila  do  Riachão,  durante  a  segunda  metade  dos  séc.  XIX  serão 

necessários a utilização de fontes como a  lista de classificação dos escravos elaborada no ano de 1876 

pela  junta  governamental,  bem  como  os  processos  crimes,  testamentos,  inventários  e  livros  de 

batismos que  se encontram guardados nos arquivos paroquiais, públicos e  judiciários. Portanto, essa 

pesquisa  que  está  em  desenvolvimento,  visa  juntar  essa  documentação  e  perceber  a  atuação  e  as 

variações tipológicas de escravos nas práticas cotidianas em Riachão oitocentista. 

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APONTAMENTOS SOBRE OS HOMENS E MULHERES AFRICANOS NAS TERRAS SERGIPANAS (1822‐1850) 

 

Joceneide Cunha (UFBA/ UNIT) 

 

Os  trabalhos  atuais  mostram  a  heterogeneidade  no  interior  da  comunidade  escrava,  africanos  e 

crioulos, mulheres e homens, entre os  africanos os  ladinos e os boçais dentre outras distinções. Em 

Sergipe, poucos  trabalhos  se preocupam  com  essa heterogeneidade;  e o  africano não  está  entre os 

temas mais trabalhados em Sergipe, principalmente os que abarcam a primeira metade do século XIX. O 

objetivo  deste  texto  é  apontar  algumas  informações  sobre  os  africanos  nas  terras  sergipanas  no 

interstício de 1822 a 1850, nas vilas de Lagarto, São Cristóvão e Santo Amaro, suas nações, ocupações 

dentre outros elementos. Para isso, utilizarei inventários post‐mortem, anúncios de jornais e registros de 

batismo e casamento, no entanto, ressalto que a pesquisa ainda se encontra em andamento. Sobre o 

marco espacial, as duas últimas Vilas localizam‐se na Zona da Mata, já a primeira, Lagarto, em região de 

Agreste/  Sertão.  Das  três  Vilas,  São  Cristóvão  é  a  que  apresenta  um  leque mais  amplo  de  nações 

africanas, a mesma era a capital, e um importante centro comercial o que pode ter contribuído para que 

os  senhores  se  inserissem  de  maneira  mais  intensa  no  tráfico,  africanos  classificados  como 

moçambiques  dentre  outros  foram  encontrados  na  documentação  dessa  Vila.  Por  fim,  os  dados 

coletados também permitem pontuar que havia africanos de nações distintas entre as vilas. 

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A  POLÍTICA  COMO  EQUIDADE:  ABOLIÇÃO  E  POLÍTICAS  COMPENSATÓRIAS  NAS  OBRAS  DE  JOSÉ 

BONIFÁCIO E JOAQUIM NABUCO 

 

José Henrique Artigas de Godoy (UFPB) 

 

O  Supremo  Tribunal  Federal  está  prestes  a  julgar  a  constitucionalidade  da  garantia  de  direito  de 

propriedade para as comunidades negras rurais, os quilombolas, assim como as políticas de cotas para 

afrodescendentes nas Universidades. A questão  remete  a um  longo debate  sobre  a  importância das 

políticas afirmativas e compensatórias como meio de promoção de equidade e isonomia. Desde o início 

do  século XIX alguns  intérpretes do Brasil propõem a  integração da população afrodescendente por 

meio de  incentivos à autonomia do cidadão.  José Bonifácio e  Joaquim Nabuco, em  tempos diversos, 

defenderam, no parlamento  e  fora dele, uma  ação  afirmativa do  Estado no  sentido da garantia dos 

fundamentos para a cidadania. A plataforma de Bonifácio previa a abolição com a garantia de terra e 

apoio financeiro para que, uma vez livres, o escravos pudessem se tornar autônomos e preparados para 

a vida civil. Nas teses professadas por Nabuco sobressai o argumento de que a abolição seria apenas o 

primeiro  passo  para  superar  um  conjunto  de  preconceitos  e  desigualdades  seculares,  a  obra  da 

escravidão. A desagregação da ordem escravocrata e senhorial ocorreu sem que o Estado ou a iniciativa 

privada  promovesse  meios  necessários  de  assistência  aos  libertos.  Reconhecendo  a  desigualdade, 

Bonifácio e Nabuco, no primeiro e segundo reinados, defenderam o acesso à terra e à educação como o 

meios mais eficazes de promoção da equidade e da  justiça social, qualificando os ex‐escravos para o 

exercício da cidadania. 

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HOMENS  E MULHERES  DO  VALE:  LIBERDADE  E  POBREZA  NA  ZONA  DA MATA  DE  ALAGOAS  NO 

SÉCULO XIX 

 

Juliana Alves de Andrade (UFPE) 

 

Este trabalho se propõe a analisar o lugar social dos homens, mulheres e crianças, não brancas e recém 

egressas do cativeiro em Alagoas, no período de desagregação da escravidão no Brasil. A  intenção é 

identificar as experiências locais da população livre no que se refere à produção da sua sobrevivência, as 

relações entre senhores e trabalhadores  livres e o percurso  ideológico da elite alagoana do século XIX 

na  construção  da  apologia  do  trabalho  como  fonte  de  regeneração  social  e  progresso  econômico. 

Nesse  sentido,  buscaremos  entender  os mecanismos  que  possibilitaram  a  população  livre  construir 

redes de sociabilidade e examinar as estratégias utilizadas por estes sujeitos de  integração social e de 

acesso  à  cidadania  construídas  no  período  de  desestruturação  do  cativeiro.  Para  investigar  essas 

trajetórias e experiências desses agentes, demarcaremos o Vale do Paraíba do Meio, que atualmente 

compreende os municípios de Atalaia, Viçosa, Quebrangulo e Pilar, uma vez que este espaço no século 

XIX  se  configura  como  produtor  e  comércio  de  gênero  de  primeiras  necessidades  e  por  ventura 

possuidor  de  um  maior  número  de  relações  sociais  distintas  das  estabelecidas  nas  áreas 

predominantemente açucareiras. E focalizamos o período de 1850 a 1889, porque esse recorte temporal 

nos permite perceber as tensões em  torno do período de desagregação do sistema escravista e suas 

implicações no cotidiano da sociedade alagoana. 

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OLHARES SOBRE AS RELAÇÕES “RACIAIS” NOS ANOS FINAIS DA MONARQUIA BRASILEIRA (1870‐1889) 

 

Júlio César Alves Silva (UFPB) 

Solange Pereira da Rocha (UFPB) 

 

O  repensar do passado histórico é uma  tarefa sempre necessária, em  razão das mudanças  teóricas e 

propostas metodológicas que possibilitam novas interpretações sobre um determinado assunto, como 

o das relações “raciais” no Brasil. É sobre esse fenômeno social e seus reflexos na sociedade brasileira 

imperial que será nosso tema de nossa comunicação, na qual  iremos analisar o pensamento de alguns 

intelectuais brasileiros do final do Oitocentos – Nina Rodrigues (1862‐1906), Sílvio Romero (1851‐1914), 

Oliveira Viana (1853‐1951) e João Batista Lacerda (1846‐1916) –, que contribuíram com a construção de 

um projeto de sociedade brasileira no final do século XIX, o qual se propunha medidas radicais para que 

o  Brasil  adentrasse  no  grupo  de  países  “civilizados”.  Nos  debates  propostos  pelos  intelectuais 

mencionados  estiveram  em  destaque  temas  como  miscigenação,  teorias  raciais,  eugenia, 

branqueamento  entre  outros  que  demarcam  a  visão  de  Brasil  que  se  queria  construir  na  época 

mencionada. Para  tentar  compreender as  ideias difundidas pelos “homens de ciência”,  faremos uma 

análise de seus escritos, visando observar como eles abordaram o tema das relações “raciais” naquele 

contexto e destacar as propostas para a  inserção da população negra no “novo” país que se almejava 

construir com a abolição da escravidão. 

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“EU  NÃO  SEREI,  TU  NÃO  SERÁS,  ELE  NÃO  SERÁ  VIGÁRIO  NO  CAMAMÚ”:  DEBATES  SOBRE  OS 

DIREITOS DOS LIBERTOS NA BAHIA OITOCENTISTA (1840‐1842) 

 

Larissa Almeida Freire (UFBA) 

 

A  presente  comunicação  irá  debruçar‐se  sobre  a  questão  dos  direitos  dos  libertos  na  sociedade 

escravista  pós‐Independência.  Para  tanto,  tomar‐se‐á  como  base  o  caso  ocorrido  na  Freguesia  de 

Camamú, no Recôncavo baiano, entre os anos de 1840 e 1842, no qual o vigário  local foi  impedido de 

exercer  seu benefício em  razão de um embargo movido por  Irmandades  locais que colocaram como 

principal  obstáculo  sua  origem  liberta.  Neste  trabalho  será  dada  ênfase  nas  questões  relativas  à 

inserção  do  elemento  liberto  na  vida  social  e  econômica  da  sociedade  baiana,  considerando  as 

mudanças trazidas pela nova conjuntura política imperial. 

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OS TRATADOS INTERNACIONAIS E O TRÁFICO DE ESCRAVOS 

 

Leonardo Bruno da Silva (UNESP) 

 

A comunicação analisa a  relação entre os  interesses  internacionais de Brasil, Portugal e  Inglaterra na 

questão do  tráfico de  almas  escravas da África para o Brasil. Partimos dos  tratados  assinados  entre 

estes países, no período entre 1822 e  1850, para compreender a dinâmica e as motivações dos atores 

internacionais ao  interceder em uma questão brasileira. Com efeito, os acordos de reconhecimento da 

independência do Brasil com  Inglaterra e Portugal são o  início de uma questão política muito delicada 

ao  império,  a  necessidade  de  equilibrar  a  pressão  internacional  dos  ingleses  pelo  fim  tráfico,  dos 

portugueses pela sua manutenção e dos escravistas brasileiro, que queriam o tráfico, a escravidão, mas 

também  queriam  a  aproximação  política  e  econômica  com  a  Inglaterra  e,  por  outro  lado,  um 

afastamento  com  o  atraso  lusitano.  Apresentaremos,  aqui,  um  panorama  inicial  das  pesquisas  que 

pretendemos  desenvolver  ao  longo  do  nosso  doutoramento  e  que  visam  analisar  as  relações  entre 

Portugal e o Brasil entre 1822 e 1850, no que concerne às questões do tráfico de escravos relacionados 

às demandas econômicas e políticas do Império Brasileiro. 

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MAGISTRADOS, ADVOGADOS E DISCUSSÕES SOBRE DIREITO E LIBERDADE ESCRAVA EM BELÉM (1870‐

1888) 

 

Marcelo Ferreira Lobo (UFPA) 

José Maia Bezerra Neto (UFPA) 

 

A pesquisa aqui apresentada busca  compreender através das ações de  liberdade  (processos  judiciais 

movidos por escravos), os mecanismos que os cativos utilizavam para obterem a sua liberdade por meio 

legal e como tais mecanismos serviram ora para reforçar o principio  liberal do direito de propriedade, 

ora  para  se  contrapor  ao  “poder  moral  dos  senhores”.  A  utilização  de  jornais  como  fontes  que 

dialoguem com os processos  judiciais possibilitou a análise desses processos para além dos  tribunais, 

são recorrentes nos periódicos pesquisados notas referentes a ações de arbitramento  impetradas por 

escravos,  também  possibilitando  a  averiguação  de  alguns  agentes  desses  processos  como  os 

advogados e os magistrados. É preciso perceber que “as praticas  individuais frequentemente revelam 

aspectos  importantes  da  trama  social”.  A  participação  dos  magistrados  no  estabelecimento  e 

manutenção de uma “ordem social” durante o regime Imperial no Brasil, como objeto aqui discutido, e 

principalmente a participação dessa camada  letrada em relação às discussões e práticas a respeito da 

escravidão, nos possibilita perceber, como um determinado grupo “Profissional”, altamente influente e 

fruto em grande parte dos ideais positivos surgidos no século XIX, assim como também sua relação com 

as  ideias  ilustradas, agiam diante dos conflitos surgidos diante dos tribunais e como o discurso destes 

ora beneficiavam os proprietários, ora aos escravos, as  tensões presentes nas ações de  liberdade e a 

repercussão dessas tensões dos tribunais nos jornais da capital do Grão‐Pará. 

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ARTÍFICES ESPECIALIZADOS E ELEIÇÕES: CIDADANIA, COR, INSTRUÇÃO E ASSOCIATIVISMO NO RECIFE 

OITOCENTISTA 

 

Marcelo Mac Cord (UNICAMP) 

 

A bibliografia mais  tradicional entendeu que a  cidadania  somente é exercida através da participação 

política stricto sensu. No bojo desta perspectiva, o projeto nacional do  império brasileiro, excludente, 

pouco  teria  favorecido  os  mais  pobres  ou  egressos  da  escravidão.  Nas  últimas  duas  décadas, 

entretanto,  alguns  historiadores  sociais  alargaram  a  compreensão  da  categoria  “política”  e  vêm 

demonstrando  que,  apesar  da  racialização  e  do  seletivo  processo  eleitoral  do  Brasil  Oitocentista, 

setores das classes subalternas exigiram direitos acionando as mais diversas estratégias. Informado por 

este olhar, conduzi minhas pesquisas de mestrado e doutorado. Atualmente, meu projeto de pesquisa 

de pós‐doutoramento, que é financiado pela FAPESP, mantém fértil diálogo com tais debates. Contudo, 

é possível alargar o entendimento da categoria “política” sem desconsiderar a relação entre cidadania e 

participação política  stricto  sensu. Neste  sentido, minha  investigação privilegia um grupo de  artífices 

especializados  (que  tinham a pele escura e alguma  instrução) que acumulou uma série de conquistas 

sociais, mas que  também  ambicionava  atuar direta  e  ativamente nas  eleições  recifenses das últimas 

décadas do Oitocentos. 

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TRÁFICO DE ESCRAVOS EM PERNAMBUCO, REDES SOCIAIS E POLÍTICAS 

 

Marcus J. M. de Carvalho (UFPE) 

 

Esta  comunicação  é um  dos  resultados parciais de um projeto de pesquisa  apoiado pelo CNPq, que 

busca contribuir com a crescente historiografia sobre as trajetórias de vida, o cotidiano e o processo de 

construção  de  identidades  individuais  e  coletivas  de  personagens  vinculados  ao  chamado  mundo 

atlântico escravista.  Isso dentro de um marco  temporal e espacial muito específico,  1817 a  1850, uma 

época  que  engloba  o  chamado  “Ciclo  das  Insurreições  Liberais  do  Nordeste”,  estendendo‐se  até  a 

promulgação  da  lei  antitráfico  de  1850.  Os  personagens  aqui  abordados  são  alguns  dos  principais 

traficantes de escravos que operavam a partir de Pernambuco naquela época. Explorando as trajetórias 

de vida de alguns desses personagens, é possível recuperar uma parte de suas redes sociais e políticas e 

assim entender melhor o tráfico atlântico de escravos para o Nordeste do Brasil.  

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ESCRAVIDÃO  E  LIBERDADE:  UM  PARADOXO  SOBRE  A  SITUAÇÃO  DOS  NEGROS  (AS)  NO  BRASIL 

IMPÉRIO APÓS A PROMUGAÇÃO DA LEI ÁUREA 

 

Maria Adriana Chaves do Nascimento Rodrigues (UEPB) 

Eduardo Alves Cardoso (UEPB) 

Waldeci Ferreira Chagas (UEPB) 

 

Para os abolicionistas a escravidão no Brasil  constituía em um obstáculo para o desenvolvimento da 

nação,  para  tanto,  esse  entrave  deveria  ser  eliminado,  possibilitando  assim  numa  nova  fase  para  a 

economia colonial e transformando o cotidiano da sociedade da época. Desta forma, o presente estudo 

tem por objetivo analisar e discutir o cotidiano dos ex‐escravizados após a abolição da escravatura em 

13 de maio de  1888, com a promulgação da Lei Áurea. Estaremos problematizando essa  transição do 

século XIX‐XX, e percebendo  se houve mudanças  significativas ou não na vida desses  sujeitos. Neste 

sentido,  buscaremos  definir  o  perfil  da  sociedade  escravista  ainda  no  Brasil  império,  apontando  as 

enormes  dificuldades  que  os  negros  (as)  livres  encontraram  para  se  afirmar  como  sujeito  ativo  e 

construtor  de  sua  identidade  após  o  fim  da  escravidão.  Essa  problemática  se  faz  necessário  para 

entendermos as condições que os ex‐escravizados enfrentaram para se inserir nesta sociedade racista e 

preconceituosa, já que para substituir a mão de obra escravizada foram trazidos os imigrantes europeus 

brancos  na  tentativa  de  branquear  o  país,  que  agora  seguia  a  “passos  largos”  para  a  então 

modernidade.  É  dentro  dessa  discussão  que  perceberemos  as  contradições  que  envolvem  as 

populações negras escravizadas em  relação à  liberdade oferecida  com a assinatura da Lei Áurea nos 

últimos dias do Império no Brasil. 

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O NEGRO NO LIVRO ‘ETNIAS SERGIPANAS’ 

 

Maria da Conceição Aragão de Oliveira (UNIT/Fac. Pio X/ SEED) 

Joceneide Cunha (UNIT/ UFBA) 

 

Alguns intelectuais se debruçaram em estudar a contribuição do negro na formação da sociedade. Essas 

preocupações  remontam ao  século XIX e perduraram no XX. Em Sergipe  também houve  intelectuais 

com  essas  preocupações.  Este  trabalho  tem  como  escopo  analisar  como  a  temática  do  negro  é 

abordada  no  livro  Etnias  sergipanas,  de  Felte  Bezerra,  identificar  quais  eram  as  práticas  culturais 

existentes em Sergipe na década de 40 que o autor identificou como um legado dos africanos e por fim 

perceber  quais  foram  os  autores  com  que  Bezerra  dialogou.  O mesmo  foi  antropólogo  e  publicou 

diversos  livros  dentre  eles  o  livro  mencionado  em  1950.  A  metodologia  utilizada  foi  a  análise  do 

discurso. O  autor  dialogou  com  diversos  intelectuais  dentre  eles Nina Rodrigues  e Gilberto  Freyre  e 

aponta alguns elementos da cultura sergipana que seriam heranças de práticas culturais africanas como 

a tapagem das casas e na linguagem. Em suma, o autor percebe uma contribuição do negro na cultura 

sergipana. 

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OLHARES SOBRE AS MULHERES NEGRAS NA RECENTE HISTORIOGRAFIA SOCIAL DA ESCRAVIDÃO 

 

Maria da Penha Silva (UVA/ UNAVIDA) 

Solange Pereira da Rocha (UFPB) 

 

Neste  trabalho  realizamos  uma  análise  sobre  as mulheres  escravas,  em  alguns  estudos  recentes  da 

historiografia social da escravidão, buscando evidenciar os papéis sociais das mulheres negras e revelar 

suas formas de resistência ao sistema escravista. Para tanto, será analisado alguns estudos como os de 

Giacomini,  Silva  Dias,  Rocha,  Schwartz,  Mattoso  e  Gomes,  visto  que  essa  nova  historiografia  tem 

proporcionado  novos  olhares  sobre  essas  mulheres,  permitindo‐nos  uma  nova  visão  acerca  do 

funcionamento da escravidão, visto que se adota o pressuposto de essas mulheres criaram estratégias 

para  viverem  e  sobreviveram  na  escravidão  e,  portanto,  foram  capazes  de  resistir  e  conquistar  a 

liberdade nas suas ações cotidianas, assim, apesar de todos os mecanismos de dominação e exploração, 

elas tornaram‐se agentes de sua própria história. 

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“COMO SE NASCESSE DE VENTRE LIVRE”: A LIBERDADE DE GENTE NEGRA NA PARAHYBA  IMPERIAL 

(1840‐1861) 

 

Maria da Vitória Barbosa Lima (UFPB) 

 

O objetivo deste trabalho é refletir sobre a construção da  liberdade da população negra na Cidade da 

Parahyba, Província da Paraíba do Norte, no período que compreende os anos de 1840 a 1861. As cartas 

de liberdade, principal fonte documental deste estudo, revelam a liberdade alcançada pelo escravizado 

em momentos de negociação, ou  seja, o escravo aproveitou momentos de  fragilidade econômica ou 

emocional de  seu  senhor para  insinuar a  sua  liberdade  individual ou de  seus  familiares. As  cartas de 

alforria  revelaram  semelhanças  e  diferenças  com  estudos  de outras  províncias.  Constatamos  que  as 

alforrias foram mais distribuídas entre as mulheres pardas, crioulas e em  idade produtiva, porém com 

elevada  incidência  de  alforrias  concedidas  condicionais  e,  em  escala  reduzida,  aquelas  por  compra. 

Contudo, apesar das condições impostas aos recém libertos no ato de alforriar, a alforria se revelou um 

bom negócio para senhores e libertos. 

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A POPULAÇÃO NEGRA E SUAS RELAÇÕES DE COMPADRIO NA PARAHYBA OITOCENTISTA 

 

Matheus Silveira Guimarães (UFPB) 

Solange Pereira da Rocha (UFPB) 

 

A historiografia da escravidão tem passado por uma série de revisões, assumindo novas abordagens e 

objetos. Até a década de 1980, em geral, o foco das discussões sobre a temática da escravidão partiam 

de uma perspectiva do escravo enquanto um ente econômico, uma “coisa”. Com um maior incentivo à 

pesquisa proporcionado pela expansão dos programas de pós‐graduações no país, a utilização de novos 

métodos como a demografia e uma nova perspectiva de ser ver a história como sendo “vista de baixo” 

fez com que tais discussões sobre a escravidão fossem revistas. Esses novos olhares afetam também a 

forma  de  se  analisar  a  família.  Esta  em  seu  conceito  tradicional  passa  a  ser  questionada  e  novas 

maneiras  de  se  pensar  tal  instituição  aparecem.  É  sob  esta  nova  perspectiva  acerca  das  relações 

familiares que partimos no nosso trabalho. Esta comunicação tem por objetivo analisar como se davam 

as relações de compadrio entre a população negra – pardos, pretos, crioulos, cabras e mulatos – cativa 

e  livre  na  freguesia  de  Nossa  Senhora  das  Neves,  na  Parahyba,  entre  os  anos  de  1846  e  1850, 

comparando‐os,  com  as  pessoas  brancas.  Para  isso,  faremos  uma  revisão  historiográfica  acerca  das 

novas  abordagens  sofre  a  família.  Em  seguida,  uma  rápida  apresentação  do  cenário  da  cidade  da 

Parahyba nos últimos anos da primeira metade do século XIX. Por fim, apresentaremos nossas principais 

considerações acerca das relações parentais dos sujeitos sociais mencionados. Este trabalho é resultado 

da  pesquisa  realizada  no  projeto  PIBIC/PIVIC  “Gente  negra  na  Paraíba  oitocentista:  redes  sociais  e 

arranjos familiares”, vinculado ao grupo de pesquisa “Sociedade e cultura no Nordeste oitocentista”. 

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MANIFESTAÇÕES POLÍTICAS NO  IMPÉRIO: LIVRES, LIBERTOS E ESCRAVOS REIVINDICANDO DIREITOS 

EM “O RONCO DA ABELHA” E “QUEBRA‐QUILOS” 

 

Palmira Karlyere de Andrade Januário (UEPB) 

 

Século XIX. Nas províncias do norte do país, deflagraram duas  insurreições que  reivindicavam o não 

cumprimento  de  medidas  impostas  pelo  Império.  O  cenário  para  tais  movimentos  tem  como 

característica uma sociedade escravista, em que a pobreza crescia cada vez mais e os homens  livres e 

pobres  passavam  a  viver  no meio  de  grandes  dificuldades,  geradas,  principalmente,  por  uma  crise 

econômica  com  relação  às  exportações  do  açúcar  e  do  algodão.  Esse  é  o  objetivo  de  tal  trabalho: 

analisar  as  condições  socioeconômicas daqueles que estiveram envolvidos nas  citadas  insurreições e 

viam nelas uma  forma de  reivindicar melhores condições de vida. Assim, estes movimentos entraram 

para história dessa região, como também pra história da Paraíba, denominados de: o Ronco das Abelhas 

e Quebra‐Quilos. Para um melhor entendimento destes dois movimentos temos que levarmos em conta 

que não se tratam de ações revolucionárias, pois não tinham como objetivo uma tomada de poder, nem 

tampouco a presença de  líderes. As personagens eram pessoas comuns, pobres que temiam às novas 

medidas  impostas pelo  Império; pessoas que viviam na condição de miseráveis e sobreviviam apenas 

daquilo que  cultivavam;  sem  falar do medo de  serem escravizados que  sentiam os homens  livres da 

época, já que a escravidão estava vivendo seus últimos dias. 

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CUMPLICIDADE E FÉ: RELAÇÃO ENTRE ESCRAVOS E SENHORES PADRES 

 

Patrícia Abreu dos Santos (Fac. S. Luiz de França) 

 

Das  relações  tecidas  entre  escravos  e  senhores,  percebemos  que  não  importando  a  religiosidade,  a 

necessidade de  liberdade constituía‐se fundamental. Através de pesquisas bibliográficas, constatamos 

que alguns senhores de escravos mesmo constituindo o clero não possuíam uma relação de harmonia 

com os  seus escravos, pois maus‐tratos e  agressões eram  sempre  relatados nos  jornais da época. O 

presente estudo pretende trazer para o campo historiográfico questionamentos ainda não abordados 

pela historiografia sergipana, ou seja, a análise das experiências que emergiram nas relações entretidas 

entre homens do Clero e a escravidão local. Trabalharemos o cotidiano, as fugas e o uso da Igreja como 

forma política. O objetivo é analisar o clero e os escravos de sua posse. Queremos compreender quais 

eram as formas desenvolvidas por esses para manter os  laços e quais as barreiras encontradas para a 

constituição  desta  relação.  Concomitantemente,  buscarei  identificar  como,  e  se,  estas  relações 

contribuíram  de  alguma  forma  para  a  conquista  da  liberdade  escrava.  Para  isso,  utilizaremos 

inventários,  lista  para  o  fundo  de  emancipação,  artigos  de  jornais  da  época.  A metodologia  a  ser 

empregada nesta pesquisa é o método de indiciário  

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ALUÍSIO AZEVEDO E O NATURALISMO: UMA JANELA PARA O OITOCENTOS 

 

Paulo de Oliveira Nascimento (UEPB) 

Manuela Aguiar Araújo Medeiros (UEPB) 

 

A  linguagem  e  a  narrativa  tornaram‐se  ponto  de  partida  para  as  discussões  das  chamadas  ciências 

sociais  e,  com  isto,  os  diálogos  entre  História  e  Literatura  estão  sendo  mais  profícuos.  Enquanto 

narrativas sobre o real, História e Literatura dialogam cada vez mais e, neste diálogo, a Literatura pode 

ser elencada  como um documento histórico, por  trazer à  tona  toda uma época, a partir da visão do 

autor. Um expoente do  romance naturalista, Aluísio Azevedo escreveu  romances de clara conotação 

social, numa  vigorosa  análise  social  a partir de grupos marginalizados,  valorizando o  coletivo. Numa 

preocupação com a realidade observada, o romance naturalista torna‐se uma ampliação do Realismo. A 

construção  dos  personagens  traz  à  tona  as  patologias  sociais  pelas  quais  os  indivíduos  eram 

acometidos.  Considerando  a  postura  do  autor,  a  estética  de  sua  obra  e  as  características  da  escola 

literária a qual pertence, objetivamos sondar no texto  literário aspectos relacionados à vida de grupos 

marginalizados,  como  os  escravos  e  as  relações  destes  com  a  sociedade  escravocrata,  homens  e 

mulheres  livres e pobres e  seu dia‐a‐dia. Metodologicamente, procederemos à análise de O mulato e 

seus personagens, considerando as possíveis relações entre o texto  literário e a pesquisa em História, 

assim como a estética naturalista e sua relação com a realidade posta na obra. 

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SENHORES E CATIVOS: ESCRAVIDÃO AFRICANA NA PROVÍNCIA DO RIO GRANDE DO NORTE 

 

Pedro Ribeiro (UFRN) 

Carmen Margarida Oliveira Alveal (UFRN) 

 

Tendo em visto que a historiografia clássica não coloca como relevante a participação do trabalho negro 

cativo na Província do Rio Grande do Norte, este estudo pretende focar em documentos que além de 

comprovar esta  importância podem elucidar melhor esta participação. Desta forma, os estudos acerca 

do  assunto  são  ínfimos,  se não  inexistentes. Nesta perspectiva, o presente estudo  tem por objetivo 

analisar nos registros cartoriais, tais como inventários e testamentos, a presença do trabalho cativo não 

ameríndio na Província do Rio Grande do Norte. Em primeiro momento, utilizou‐se o  inventário de um 

membro da abastada  família Albuquerque Maranhão, datado de  1823,  com a  finalidade de analisar o 

ofício dos cativos registrados no documento. Esta família, presente na Província desde sua fundação, e 

detentora  de  grande  extensão  de  terras  desde  o  século  XVII,  participou  ativamente  na  economia  e 

política da Província, possuindo relevante quantidade de cativos em suas terras. No referido documento 

é possível observar a  listagem dos cativos pertencentes à  inventariada, D. Antônia Josefa do Espírito 

Santo Ribeiro, destacando‐se, assim, seus ofícios desempenhados nas fazendas, gênero e idade. 

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NA FRONTEIRA DA LIBERDADE: SUJEITOS ESCRAVIZADOS, QUILOMBOS E OUTRAS HISTÓRIAS 

 

Reinaldo Norberto da Silva (UFMT) 

 

O presente texto visa analisar a fuga de sujeitos escravizados pela e para fronteira da Província de Mato 

Grosso com a República da Bolívia na segunda metade do século XIX, procurando trilhar os caminhos 

percorridos por esses homens e essas mulheres, na sua imensa maioria negros, subjugados a uma brutal 

forma  de  exploração  do  trabalho,  e  que  em  algum momento  de  suas  vidas  ousaram  transgredir  o 

sistema estabelecido ao atravessar  individualmente, em família ou em grupos a fronteira em busca de 

liberdade ou algo parecido. A incidência dessas fugas de escravos foi agravada principalmente durante a 

Guerra do Paraguai. A concentração de toda a força bélica na defesa da Província a espera dos invasores 

paraguaios,  proporcionou  a  oportunidade  ideal  para  a  fuga  dos  escravos.  Nesse  momento,  um 

quilombo  que  ganhou  notoriedade  pelo  seu  tamanho  e  pela  sua  localização  é  um  situado  nas 

imediações da povoação de San Matias, da Província de Chiquitos da Republica da Bolívia, adjacente ao 

destacamento da Corixa, distrito de Vila Maria, ou seja, fora da jurisdição do Império brasileiro. 

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 ENTRE O ACONTECER  E O  SABER: A CONSTRUÇÃO DO  INDIO  E DO NEGRO NA HISTORIOGRAFIA  E 

IDENTIDADE POTIGUAR 

 Rodrigo Wantuir Alves de Araújo (UFRN) 

Carmen Margarida Oliveira Alveal (UFRN) 

 A proposta deste trabalho é de discutir a historiografia,  identidade, formação dos sujeitos e conceitos 

construídos  a  partir  de  analises  das  obras  dos membros  do  Instituto Histórico  e  Geográfico  do  Rio 

Grande do Norte, estabelecendo um dialogo com a produção dos historiadores Augusto Tavares de Lyra 

(1872 – 1958), José Francisco da Rocha Pombo (1857 – 1933) e Luiz da Câmara Cascudo (1898 – 1986). 

Observando  que  o  modelo  deste  Instituto  estava  relacionado  ao  próprio  Instituto  Histórico  e 

Geográfico  Brasileiro  e  que  sua  produção  era  dessa  maneira  influenciada  por  esse  modelo.  Na 

historiografia potiguar há muitas lacunas sobre a história da escravidão africana e há muitos indícios de 

história  indígena. Como se sabe, houve presença negra nessa região, mas há poucos estudos sobre o 

fato, partiu‐se, então de questionamentos de como um assunto  tão  relevante, com vasta bibliografia 

para  o  Brasil  como  um  todo, mas  carente  quando  se  trata  do  estado  do  Rio Grande  do Norte.  Em 

contrapartida, há diversos registros que enaltecem a figura do  índio como símbolo maior do estado e 

nessa bibliografia estudada, ele aparece com muito maior ênfase do que qualquer outra figura. O índio é 

colocado  como  figura “romântica”,  idealizada e  fundamental. Quais propósitos e que  sociedade  tais 

historiadores  queriam  formar?  Baseados  em  que  elementos  sociais,  culturais  e  políticos  estavam 

baseados?  Essas  escolhas  não  foram  ao  acaso  e  estão  baseadas  no  modelo  de  sociedade  que  se 

pretendia formar. É  justamente a análise historiográfica da escravidão africana e da presença  indígena 

no Rio Grande do Norte que se pretende analisar a partir das obras desses autores citados, e analisando 

seus escritos,  suas  impressões,  suas escolhas  sobre essa presença no Rio Grande do Norte para que 

possamos compreender que há muita história e que se precisa urgentemente dar o real valor a essas 

vozes silenciadas e compreender as vozes enaltecidas. 

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PRODUTORES AGRÍCOLAS NO ENTORNO DE FORTALEZA: 1850‐1879 

 

Rones da Mota Duarte (UFC) 

 

A historiografia brasileira clássica privilegiou por muito  tempo às abordagens centradas na plantation 

monocultora e escravista, polarizada entre senhores e escravos, colocando a “margem da história” os 

homens  pobres  e  livres.  No  entanto  nos  finais  os  anos  de  1970  os  historiadores  voltaram‐se  para 

estudos locais, centrando‐se nos modos de vida de pequenos agricultores cuja produção estava voltada 

basicamente para atender ao mercado interno. Esta pesquisa insere‐se neste âmbito, pois acreditamos 

que as explicações  tradicionais e generalizantes não mais dão  conta da  complexidade da história do 

Brasil, sendo de grande  importância os estudos das particularidades  locais para melhor compreensão 

dos problemas nacionais. Portanto este trabalho tem como objetivo, compreender os modos de vida, as 

formas  de  trabalhos,  as  relações  de  produção  e  comercialização  de  pequenos  produtores  pobres  e 

livres  situados no entorno da cidade de Fortaleza na  segunda metade do  século XIX. Levando‐se em 

consideração a relação existente entre homem e natureza, procurando perceber as  interferências dos 

sujeitos  no meio  ambiente  a  partir  dos  aspectos  da  cultura material  tais  como  as  ferramentas  de 

trabalho  e  as  formas  de  cultivo  e  exploração  do  solo  e  como  estes  fatores    implicaram    na 

transformação da paisagem local.   

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I Simpósio PROCAD-NF PPGH-UFPB/ PPGH-UFMG Patrimônios – Conexões Históricas

 

BATISMO DE  CRIANÇAS  ESCRAVAS NA  FREGUESIA DE NOSSA  SENHORA DAS NEVES: UM  ESTUDO 

SOBRE AS RELAÇÕES SOCIAIS ESTABELECIDAS ATRAVÉS DO COMPADRIO (1833‐1841) 

 

Solange Mouzinho Alves (UFPB) 

Solange Pereira da Rocha (UFPB) 

 

O sacramento do batismo é um dos ritos mais  importantes da Igreja Católica, não somente no espaço 

religioso, mas também na prática social. Neste sentido, Henry Koster, um viajante  inglês que viveu no 

“Norte” do Brasil, e esteve na Paraíba em  1810 observou  tal  importância,  inclusive entre os africanos 

escravizados,  pois,  os  que  não  se  batizavam  eram  discriminados.  Dessa  forma,  recém‐chegados  do 

continente africano percebiam que para sua ressocialização era necessário receberam o sacramento do 

batismo,  conforme  destacou  o mencionado  viajante.  Ademais,  nessas  cerimônias,  geralmente,  o(a) 

batizando(a) recebia como protetores/ “pais espirituais”, ou seja, os   padrinhos e/ ou madrinhas. Para 

compreender  as  relações  de  compadrio  na  Cidade  da  Paraíba,  nos  indagamos:  quem  batizavam  as 

crianças  escravas  na  freguesia  de  Nossa  Senhora  das  Neves?  Que  tipo  de  relação  poderia  ser 

estabelecida  com  de  tais  escolhas?  Qual  era  frequência  que  crianças  eram  batizadas  por  homens/ 

padrinhos e pelas mulheres/madrinhas? Essas são algumas das questões que visamos apresentar nesta 

comunicação,  a  partir  da  análise  de  registros  de  batismo,  dos  anos  de  1833  a  1841,  encontrados  no 

Arquivo  Eclesiástico  da  Paraíba.  Essa  pesquisa  fez  parte  do  projeto  PIBIC  Gente  Negra  na  Paraíba 

oitocentista:  redes  sociais  e  arranjos  familiares  e  está  vinculado  às  discussões  do  Grupo  de  Pesquisa 

Sociedade e Cultura no Nordeste Oitocentista e recebe financiamento do CNPq. 

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REDES DE COMPADRIO DE PESSOAS NEGRAS NA PARAHYBA IMPERIAL (1833‐1850) 

 

Solange Pereira da Rocha (UFPB) 

 

O  objetivo  desta  comunicação  é  apresentar  resultados  de  pesquisa  sobre  pessoas  negras  batizadas 

(escravas, libertas e livres) na freguesia de Nossa Senhora das Neves, no período de 1833 a 1850, a partir 

da  análise  de  registros  batismais,  destacando  o  tipo  de  arranjo  familiar  e  as  redes  de  compadrio 

construídas na sociedade escravista, uma vez que esses sujeitos sociais ao se apropriarem de práticas 

religiosas europeias, com o batismo, viabilizaram a formação do compadrio/ apadrinhamento, um tipo 

de  parentesco  espiritual  que  teve  a  função  de  minimizar  os  obstáculos  impostos  pelo  sistema 

escravistas. Assim, pessoas negras  estabeleceram  relações  entre  si  e  com outros  segmentos  sociais, 

criando  redes de proteção; para uns,  como os  escravos,  era uma possibilidade de  socialização; para 

outros,  como  os  livres  e  libertos,  era  uma  maneira  de  buscar  alianças  que  propiciariam  a 

inserção/permanência  no mercado  de  trabalho.  Essa  comunicação  faz  parte  do  projeto  de  pesquisa 

Gente Negra na Paraíba oitocentista: redes sociais e arranjos familiares, desenvolvido  junto ao Grupo de 

Pesquisa  Sociedade  e  Cultura  no Nordeste Oitocentista,  vinculado  ao Departamento  de História  e  do 

Programa de Pós‐Graduação em História/ UFPB e recebe apoio do PIBIC/ CNPq. 

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SERVIÇOS DOMÉSTICOS  PRESTADOS,  SERVIÇOS  RETRIBUÍDOS:  AS  CRIAS  DA  CASA  A  CAMINHO DA 

ALFORRIA... 

 

Tatiana Silva de Lima (UFPE) 

 

Palavras  tem  histórias.  E  como  resultado  disso,  elas  podem  se  tornar  conceitos  que  em  cadeia  se 

articulam  uns  aos  outros.  Pensando  nessas  idéias  de  Reinhart  Koselleck,  por  ora  simplificadas, 

imprimimos pesquisas sobre termos associados ao nosso tema central de estudo, o trabalho doméstico 

no  Recife  de  1837  a  1870,  tais  quais:  doméstico,  criado,  cria  da  casa.  Para  esta  comunicação, 

apresentamos  resultados  da  investigação  a  respeito  das  crias  da  casa  enquanto  escravos  nascidos  e 

criados em residências patriarcais recifenses no período em tela, desde cedo envolvidos no mundo do 

trabalho, e que pareciam ser forros em potencial. O nosso foco recai sobre as escravas em idade tenra e 

suas relações com o trabalho doméstico e a alforria. 

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POR UMA HISTÓRIA SOCIAL DO TRABALHO: TRABALHADORES ESCRAVOS NO AMAZONAS À ÉPOCA 

DO IMPÉRIO (1850‐1889) 

 

Tenner Inauhiny de Abreu (UFAM) 

 

O presente artigo procurou realizar um trabalho de revisão bibliográfica relacionando os conceitos da 

história  social  do  trabalho  com  uma  aproximação  destes,  enquanto  ferramentas  metodológicas,  a 

serem  cruzadas  com  as  obras  de  história  regional.  Tem  como  proposta  analisar  a multiplicidade  do 

universo do mundo do trabalho na Província do Amazonas (1850 a 1889) ressaltando a participação de 

trabalhadores  escravos  negros  na  construção  da  dinâmica  social.  É  uma  tentativa  de  contribuição  a 

História  Social  da  Amazônia,  buscando  discutir  a  lacuna,  ou  silenciamento  da  presença  negra  e  sua 

influência no mundo do trabalho na produção historiográfica local. O objetivo é ressaltar a importância 

da  presença  dos  trabalhadores  negros  na  Província  do  Amazonas,  e  destacar  os  escravos  negros 

enquanto  construtores  anônimos  do  progresso  material  da  Província  fugindo  dos  estereótipos 

construídos pelas obras que destacam apenas a quantidade diminuta de negros na região.  

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OS TRABALHADORES ESCRAVOS DA PROVÍNCIA DO PIAUÍ NA GUERRA DO PARAGUAI 

 

Teotônio Rodrigues de Oliveira Filho (UFPI) 

 

Esta pesquisa aponta para a realização de um estudo sobre a participação dos trabalhadores escravos 

do Piauí na guerra do Paraguai, no intuito de desenvolver uma discussão acerca das principais questões 

relacionadas a este acontecimento. Os pontos trabalhados na pesquisa incluem desde a arregimentação 

da  população  livre  e  o  seu  recrutamento  e  organização  política  e militar,  com  todas  as  dificuldades 

presentes  até  o  surgimento  da  política  de  recrutamento  estabelecida  aos  escravos  de  todo  o  país, 

consequentemente  tendo o Piauí que enviar uma parcela de  seus  trabalhadores escravos,  tanto das 

fazendas nacionais  como de particulares. A metodologia  trabalhada  compreende,  além da  leitura de 

trabalhos elaborados por pesquisadores do Piauí e de outras localidades, a análise de uma variedade de 

fontes  documentais  encontradas  nos  Arquivos  Públicos  do  Piauí  e  do Maranhão,  com  o  intuito  de 

preencher certas  lacunas na historiografia piauiense e brasileira  sobre essa  força de  trabalho que  foi 

importante para o império brasileiro na lavoura e na guerra. 

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RESISTÊNCIA  E  PRÁTICAS  TRANSGRESSORAS  EM  UMA  CIDADE  PORTUÁRIA  NEGRA  DO  MUNDO 

ATLÂNTICO MERIDIONAL (RIO GRANDE/RS – SÉC. XIX) 

 

Vinicius Pereira de Oliveira (UFRGS) 

 

A  cidade portuária de Rio Grande/RS  configurou‐se, no  século XIX,  como uma das mais  importantes 

praças comerciais do Brasil, entreposto de significativa movimentação de mercadorias, pessoas e idéias, 

uma vez que sua intensa atividade marítima articulava a província com diversas localidades do país e do 

mundo atlântico. Ao mesmo tempo, o papel da população escrava era destacado, com destaque para os 

africanos, realidade que encontrava correlação na composição dos grupos envolvidos com as atividades 

náuticas. Neste  contexto,  os  botequins,  zungús,  trapiches  e  praças  configuravam‐se  como  locais  de 

contato  e  articulação  entre  os  homens  do  mar  –  recorrentemente  apontados  com  desordeiros  e 

transgressores –, escravos e  libertos, vistos como potencialmente perigosos por sua condição  jurídica 

ou  cultura  africana  “primitiva”.  Neste  artigo,  fruto  de  reflexões  iniciais  de  tese  de  doutorado  em 

andamento, buscaremos analisar esta “face transgressora da zona portuária” – buscando problematizar 

a  questão  frente  às  discussões  sobre  tradições  rebeldes  no  mundo  atlântico.  Variáveis  como 

sociabilidade,  solidariedade e  conflito;  construção de espaços e práticas de autonomia;  fronteiras de 

pertencimento étnico e  jurídico (livres e escravos) maleáveis; a  importância do transito de populações 

marítimas e imigrantes; gênero e trabalho serão consideradas, buscando perceber como essas práticas 

registradas  pelos  agentes  repressivos  e  estatais  reprováveis  podiam  ser  portadoras  de  significados 

distintos – e possivelmente partilhados no mundo atlântico – para seus agentes. 

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PERFIL DO ESCRAVO NEGRO NA POVOAÇÃO DE SANTA LUZIA DE MOSSORÓ (1833‐1875) 

 

Waldinéa Cacilda da Silva (UFRN) 

Carmen Margarida Oliveira Alveal (UFRN) 

 

Este trabalho propõe apresentar o resultado parcial da pesquisa, que utilizou documentos do  livro de 

notas do 1º Cartório de Mossoró entre os anos de 1833 a 1875, com a finalidade de fornecer um estudo 

radiográfico  sobre a escravidão nesta  localidade por meio da análise de documentos como cartas de 

liberdades,  documentos  de  hipoteca,  doação,  compra  e  venda  de  escravos,  numa  maneira  de 

compreender como a sociedade escravista era composta. No Rio Grande do Norte, o estudo sobre a 

escravidão  africana  ainda  é muito  incipiente.  Pesquisas  que  enfoquem  especificidades  locais  dessa 

história são necessárias. Essa carência é devido ao fato da historiografia local atribuir o pouco peso do 

trabalho  escravo  na  economia  norte‐rio‐grandense.  A  historiografia  local  argumenta  que  devido  a 

fatores como a baixa densidade demográfica, a hostilidade climática e o emprego da pecuária extensiva 

corroboraram para  justificar a  insignificância da mão‐de‐obra negra no estado. Ver‐se‐á o perfil desses 

escravizados,  suas  ocupações,  as  diferentes  estratégias  que  evidenciam  como  estes  conquistaram  a 

liberdade, o preço nas negociações, parentesco dos escravizados e a sociedade senhorial da região. Os 

escravos eram uma mercadoria, o preço a ser pago, pela liberdade ou pela venda, era acordado com o 

seu senhor, ao analisar esta documentação observa‐se a dinâmica do mercado escravo na  localidade. 

São informações relevantes para realizar uma levantamento sobre a escravaria no Rio Grande do Norte, 

rompendo desse modo o paradigma que a presença de escravos negros na região foi irrelevante. 

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 Eixo Temático 5 Arte, Festas, Vida Cotidiana e Religiosidades   A PROCISSÃO DO SILÊNCIO: A FESTA DE NOSSA SENHORA DA BOA MORTE, EM SÃO CRISTÓVÃO NO 

SÉCULO XIX 

 

Ane Luíse Silva Mecenas Santos (UFPB) 

 

A festa deve ser lida como sistema relacional, na qual as transformações e o silenciamento ao longo do 

tempo  podem  ocorrer  devido  às  circunstâncias  de  âmbito  externo, mas  também, muitas  das  vezes 

podem  ser  decorrentes  da  esfera  interna.  Partindo  dessa  acepção  não  se  pode  entendê‐la  como 

modelo, mas sim como espaço de diálogo. Sabendo‐se que forças endógenas e exógenas contribuem 

para a dinamização de uma festividade, torna‐se necessário  investigar os vestígios de sua trajetória na 

tentativa de descortinar as diferentes transformações e o processo de constituição intrínseca a mesma. 

Neste caso, a festa de Nossa Senhora da Boa Morte pode ser estudada apenas por alguns fragmentos 

encontrados  ao  longo  dessa  pesquisa.  Um  desses  fragmentos  é  a  observação  atenta  do  relato  de 

Serafim  Santiago,  presente  no  Anuário  Christovense.  Em  algumas  linhas  o  memorialista  relata  a 

existência da procissão no dia  14 de agosto, data que se comemora a morte e no dia  15 de agosto, a 

assunção da virgem. O segundo  indício  foi a  imagem de Nossa Senhora morta, que se encontrava no 

Museu de Arte e Sacra de São Cristóvão, mas que atualmente retornou a  Igreja do Carmo, na mesma 

cidade. Por fim, nos registros de óbito de alguns moradores da cidade no século XIX que solicitavam ser 

enterrados com as vestes de Nossa Senhora da Boa Morte. Por meio de tais registros documentais se 

torna possível reconstruir o cenário devocional à Boa Morte em Sergipe oitocentista. 

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“MEMENTO HOMO”: RITOS PASCAIS NA CIDADE DO NATAL OITOCENTISTA 

 

Annie Larissa Garcia Neves Pontes (UnP) 

 

As celebrações festivas organizadas pela  Irmandade dos Passos na Cidade do Natal Oitocentista eram 

uma das formas que a  instituição encontrou para disseminar seus saberes históricos e estabelecer um 

espaço  de  socialização  entre  os  diversos  setores  da  sociedade  natalense.  Embora  a  Irmandade  dos 

Passos tivesse sob a sua responsabilidade a execução três festividades anuais – Ritos Pascais, Festa do 

Senhor dos Passos e Nossa Senhora da Apresentação – o presente trabalho prioriza os ritos pascais que 

se iniciavam ainda durante a Quaresma com a Procissão do Encontro, que era seguida pela Procissão do 

Senhor Morto e pela Missa Solene do dia de Páscoa.  Sendo a  Procissão do Encontro o momento ápice 

na  vida  confrarial  da  Irmandade  dos  Passos  em  Natal.  Simular  os  últimos  passos  de  Cristo  em  seu 

caminho  ao  Calvário  e  seu  último  encontro  com  sua mãe,  era  a  forma  que  a  irmandade  tinha  para 

propagar  seus  saberes oriundos de uma cultura histórica barroca, que  representava a vitória da vida 

sobre a morte, e dessa  forma o desejo do  ser humano de  subjugar à morte,  sendo  tal manifestação 

reflexo de sua apreensão do sagrado. 

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NATUREZA E CULTURA NA FOTOGRAFIA DE PAISAGEM BRASILEIRA DO SÉCULO XIX 

 

Antônio R. de Oliveira Jr. (UFF) 

 

Nas primeiras décadas do século XIX, a  imagem da paisagem  fez se aparecer pelas obras de um bom 

número de artistas viajantes e de outros  radicados no Brasil, adquirindo paulatinamente  importância, 

sendo incentivada e praticada com regularidade, principalmente após a segunda metade do oitocentos. 

Esta  preocupação  com  a  natureza  e  a  paisagem  surge  ao mesmo  tempo  em  que  se  constituía  um 

movimento de centralização e consolidação do poder, de formação da classe senhorial dirigente e do 

sentimento  de  nacionalidade.  O  projeto  de  constituição  de  uma  sociedade  autônoma  nos  trópicos 

procurava sintetizar e fazer interagir “civilização e natureza”: o Estado imperial, portador e dinamizador 

do “projeto  civilizatório” e a natureza,  como base  territorial e material deste Estado. O objetivo era 

incorporar e dominar a natureza no  intuito de construir, nos moldes europeus, uma “nação civilizada 

nos trópicos”. A “construção do nacional” na produção cultural brasileira se deu no trabalho ideológico 

de destaque da natureza exuberante, na exaltação de feitos históricos como os realizados nas pinturas 

históricas representando cenas épicas de batalhas que envolveram brasileiros e, também, na valoração 

do  índio, mesmo  com  certa  estilização.  Pela  primeira  vez  a  natureza  estava  liberada  para  ser  tema 

preferencial das  linguagens  artísticas, estimulando‐se,  assim, um “olhar brasileiro”  sobre  sua própria 

paisagem. Foi o que passou a ocorrer  inicialmente, e principalmente, no  campo da  literatura, e mais 

tarde, no campo da pintura e da fotografia. A aparência natural do Brasil, vista agora sob um novo olhar, 

adaptou‐se à realidade do  jovem país, fazendo parte do  imaginário que viria a ser construído, e neste 

projeto, a fotografia esteve o tempo todo presente. 

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A  FESTA, O  IMPERADOR E O POVO: PRÁTICAS RELIGIOSAS E AS REPRESENTAÇÕES DA MORTE NO 

UNIVERSO SÓCIO‐CULTURAL DA CIDADE DO SALVADOR OITOCENTISTA 

 

Bárbara Maria Santos Caldeira (UNIJORGE/ Univ. de Burgos) 

 

No  século  XIX,  por  conta  do  número  de  festas  e  solenidades  religiosas  realizadas  na  Bahia,  já  era 

possível identificar e organizar os eventos em um calendário que seguia o caminho dividido entre ciclos 

temáticos.  Inseridas  nesse  conjunto  de  práticas  cristãs,  as  procissões  durante  o  período  imperial 

exerceram papel de destaque como representantes do referencial social das pessoas que buscava por 

meio de elementos culturais ocidentais, adaptá‐los ao seu modo de pensar e viver, além de servirem aos 

propósitos do processo educativo e evangelizador da Igreja em todo cenário nacional. O objetivo desse 

texto é descrever e  analisar  as  relações de poder desenvolvidas entre  a  liturgia e  as  comemorações 

populares  como pontos que  circunscrevem à  figura política dos governantes e povoam o  imaginário 

político e  religioso da Procissão do Senhor Morto na construção de um novo modelo de cidadão. As 

celebrações da Semana Santa eram, nesse período, por conseguinte uma oportunidade para aqueles 

cristãos que precisavam acalmar sua consciência e se entregarem à  redenção  religiosa, de  forma que 

deixassem suas almas e corpos no caminho da salvação, mais próximas da  Igreja e de suas aspirações 

voltadas para a sociedade baiana.  A festa com suas lamentações e encenações, se encontra no jogo dos 

limites  do  universo  sociocultural,  sobre  a  contradição  que  ele  instaura  entre  a  ordem  e  a 

espontaneidade  e,  sobretudo,  sobre  as  resistências  do  imaginário  à  implantação  dos  novos  hábitos 

cerimoniais. 

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O  ROSÁRIO  DOS  PRETOS  DE  CAICÓ:  CELEBRAÇÃO  E MANIFESTAÇÃO  RELIGIOSA  NO  SERTÃO  DO 

SERIDÓ (RN) 

 

Cláudia Cristina do Lago Borges (UFPB) 

 

A Irmandade dos Pretos de Caicó surgiu na metade do oitocentos e mantinha Nossa Senhora do Rosário 

como  sua  padroeira.  Descrita  pelos  compromissos  da  Irmandade,  a  festa  em  homenagem  a  santa 

deveria ser realizada nas oitavas do natal, cercada de brilho e esplendor. Por ser formado por homens 

de  cor,  a  celebração  possuía  um  caráter  representativo  frente  à  sociedade  local,  onde  os  reis  da 

irmandade eram coroados, à semelhança dos reis portugueses, e recepcionados com um banquete. A 

festa  era  considerada  o momento mais  importante  da  Irmandade,  pois  assim  conseguiam  reunir  os 

homens e mulheres de cor da  região do Seridó. Por outro  lado, a sociedade branca acompanhava os 

festejos  como  demonstração  de  fé,  e  contando  até  mesmo  com  essa  parte  da  população  para 

realização do evento, especialmente na oferta do banquete. Existente desde 1771, hoje os festejos da 

Irmandade são traduzidos na festa do Rosário de Caicó, que acontece atualmente no mês de outubro, 

agregando  elementos  profanos  e  religiosos.  Desde  o  seu  surgimento,  destaca‐se  a  participação  de 

negros  como  representantes  do  reinado,  assim  como  foi  fundado  no  Seridó  oitocentista.  No  seu 

contexto, a festa do Rosário possui um claro cenário teatral que envolve fatores simbólicos materiais e 

espirituais. 

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O EXTRAMUROS EM DIAS IMPERIAIS: O PRIMEIRO CEMITÉRIO PÚBLICO DA CIDADE DO NATAL 

 

Daniel Roney da Silva (UnP) 

Durval Alves (UnP) 

 

Até  aproximadamente  1856,  o  povo  de Natal  ao  deixar  este mundo  “rumo  ao  paraíso  eterno”,  era 

sepultado  dentro  das  igrejas  católicas ou  ao  redor  das mesmas,  território  este que  era  considerado 

santo. Acreditava‐se que quanto mais próximo da  igreja o morto fosse enterrado, mais perto de Deus 

sua alma estaria, e com  isso, o descanso e a paz seria garantida. A classe social a qual o cidadão fazia 

parte  iria determinar onde, exatamente, ele  seria colocado depois de  sua morte.   A matriz de Nossa 

Senhora da Apresentação, principal  igreja da província, guardava os  restos mortais das  famílias mais 

influentes e  ricas da mesma. Na  Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos os negros, pobres e 

condenados  a  forca  por  ordem  da  lei,  encontravam  lugar  para  o  sono  eterno.  Já  a  Igreja  de  Santo 

Antonio,  ficou  conhecida  como  a  Igreja  dos Militares,  por  ser  nela  que  estes,  quando mortos  eram 

colocados. Contudo, em meados do século XIX as práticas de enterramento na cidade de Natal tiveram 

que  ser mudadas  em  função  das  fortes  epidemias  que  assolaram  o  Brasil  neste  século.  As muitas 

mortes,  em  pequenos  espaços  de  tempo,  tornavam  a  presença  da  população  nas  igrejas  cada  vez 

menor, em razão do demasiado mau cheiro proveniente dos muitos corpos em decomposição. A única 

solução encontrada pelo presidente da província foi separar um espaço extramuros, onde as vítimas das 

pestes pudessem se decompor sem causar doenças aos que ficassem  vivos para guardar o luto. 

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CATOLICISMO DAS CORES: NEGROS, BRANCOS, PARDOS E ÍNDIOS E OS RITOS FÚNEBRES NA CAPITAL 

DA PROVÍNCIA DO RIO GRANDE DO NORTE 

 

Diana da Silva Araujo (UFRN) 

 

O presente trabalho visa analisar as formas de execução dos ritos fúnebres na província do Rio Grande 

do  Norte.  Para  tal  análise  foram  utilizados  registros  de  óbito  do  período  imperial  de  diferentes 

freguesias da  capital da província e diferentes  termos de  compromisso de  irmandades negras e não 

negras  da  província  em  geral,  para  que  assim  se  possa  compreender  as  crenças  dessa  sociedade 

potiguar,  a  forma  de  se  executar  os  ritos  e  como  eles  poderiam  diferenciar‐se  conforme  o  status 

inerente  aos  indivíduos,  salientando  que  neste  período  a  posição  social  também  está  relacionada, 

dentre outros fatores, à cor. Dentre os demais agentes da sociedade torna‐se necessário compreender 

a  inserção dos negros na capital da província do Rio Grande do Norte a partir de  sua  relação com o 

catolicismo  devido  às  especificidades  e  ao  fator  de  os  negros  desse  período  ainda  não  terem  sido 

estudados  como  os  demais  indivíduos.  Como  esses  negros  encontram‐se  inseridos  no  catolicismo 

também  será  uma  das  abordagens  deste  trabalho,  tendo  em  vista  que  a  historiografia  tradicional 

enfatiza os aspectos populares da religiosidade dos negros do Rio Grande do Norte. Pode‐se perceber 

que durante o Império, os negros da província, bem como os demais membros da população tinham um 

grande  interesse  em manter  seus  atos  dentro  das  práticas  cristãs.  Embora  pertencentes  à mesma 

religião católica, ritos, sacramentos, símbolos e até mesmo objetos podem diferenciar‐se dos de seus 

irmãos  de  fé.  Um mesmo  sacramento  pode  ter  diferentes  sentidos  de  acordo  com  a  diferença  de 

devoção  e  um mesmo  sacramento  ou  rito  também.  Para melhor  compreender  esse  catolicismo  das 

cores, foi feito um cruzamento com a historiografia clássica sobre a temática para que se possa pontuar 

as divergências e semelhanças com as demais províncias. 

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RELIGIOSIDADE,  SOCIABILIDADES  E MOVIMENTOS  CULTURAIS NO  SÉCULO  XIX NAS  FAZENDAS DA 

REGIÃO DE PICOS‐PI 

 

Jéssica Tays Vieira da Silva (UFPI) 

Vanessa de Moura Santos (UFPI) 

Marcos Vinicius Holanda Sousa (UFPI) 

Martim Firmino do Carmo Jr. (UFPI) 

Nilsângela Cardoso Lima (UFPI) 

 

O Piauí tem como marca histórica de sua formação social, política, econômica e cultural a fazenda de 

gado. Nestas, a  sociedade organizou um modus vivendi que marcaram a cultura  local. A proposta do 

trabalho é fazer um estudo sobre a religiosidade, as sociabilidades e o folclore que constituíram a vida 

cotidiana da sociedade piauiense no período imperial e compõem o seu patrimônio material e imaterial. 

O recorte espacial da pesquisa é a cidade de Picos, localizada no sudoeste do Estado do Piauí, em torno 

das  representações e práticas  religiosas das  fazendas de gado do século XIX, na qual nos deparamos 

com  uma  na  localidade  do  Boqueirão,  cuja  sua  estrutura  física  e memória  foram  preservadas  pelos 

familiares.  As  fontes  utilizadas  para  a  construção  deste  trabalho  se  deram  a  partir  da  pesquisa  em 

documentos  escritos,  acervo  fotográfico  das  famílias  e  do  uso  da  entrevista  de  Tradição  Oral, 

entendendo que o método/técnica da história oral ajuda na compreensão e reconstrução da memória e 

da história através das lembranças. Entendendo que a sociedade do período colonial e imperial no Piauí 

se deu a partir das misturas de raças e do sincretismo religioso, a pesquisa se volta para o estudo da 

cultura popular, entendida, segundo a perspectiva de Carlo Ginzburg, como um conjunto de atitudes, 

crenças, códigos de comportamento próprio das classes subalternas num certo período histórico. 

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OS ANDARILHOS DA PAIXÃO: A ROMARIA DO SENHOR DOS PASSOS EM SÃO CRISTÓVÃO – SE 

 

Magno Francisco de Jesus Santos (FJAV) 

 

A  solenidade de Nosso Senhor dos Passos, na  cidade de São Cristóvão, é um dos principais eventos 

religiosos de Sergipe. Realizada sempre no segundo final de semana da quaresma, a celebração desde o 

século  XIX  atraía  romeiros  de  diferentes  segmentos  sociais  com  o  intuito  de  participarem  de  suas 

procissões. O nosso propósito  foi compreender a solenidade do Senhor dos Passos na cidade de São 

Cristóvão a partir de seus elementos simbólicos entre 1886 e 1920. Com isso, analisamos a simbologia do 

evento  a  partir  de  elementos  pouco  observados  pela  historiografia  tradicional  sergipana,  como  a 

sonoridade, o olhar e o sentir. As fontes desse trabalho são as descrições de memorialistas sergipanos 

do  início  do  século  XX,  como  Serafim  Santiago, Gumersindo  Bessa  e Manoel  de Oliveira  dos  Passos 

Telles. Portanto, trata‐se de uma reflexão a respeito de um patrimônio  imaterial dos sergipanos, ainda 

muito pouco estudado pela historiografia religiosa local. 

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IMAGENS  DO  IMPÉRIO,  IMAGENS  DA  MODERNIDADE:  COMENTÁRIO  SOBRE  A  PRODUÇÃO  DE 

FOTÓGRAFOS E LITÓGRAFOS NO BRASIL NAS DÉCADAS DE 1850 E 1860 

 

Maria Antonia Couto da Silva (UNICAMP) 

 

Alexandre Eulálio, no ensaio intitulado “O século XIX”, analisou as mudanças significativas ocorridas nos 

campos  político,  social  e  artístico  no  Brasil  no  século  XIX,  época  de  grandes  inovações  científicas, 

técnicas e ideológicas. O autor procurou apontar no texto “alguns dos fermentos e tensões de ruptura” 

que ocorreram no território brasileiro, levando em conta nossas peculiaridades históricas e sociais, que 

apenas recentemente começam a ser estudadas com critérios mais abrangentes. Dessa forma aponta 

caminhos para a compreensão de questões fundamentais para o entendimento da produção artística do 

período, como a grande  importância do surgimento das técnicas  inéditas de reprodução mecânica da 

imagem: a litografia e a fotografia, em especial. No Brasil essas técnicas adquiririam grande relevância, 

como  podemos  perceber  pela  produção  de  fotógrafos  como  Auguste  Stahl  e  Revert  Klumb,  pelo 

projeto editorial de Victor Frond e em obras  litográficas de Henrique Fleuiss. Em nossa comunicação 

trataremos da produção desses artistas, a partir da análise de suas imagens e de críticas publicadas em 

jornais da época, buscando um melhor entendimento da divulgação de  imagens do  Império brasileiro 

associadas à modernidade. 

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A MORTE NÃO É MAIS UMA FESTA: MUDANÇAS NO MODO DE SEPULTAR EM TEMPOS DE CHOLERA 

 

Maria da Luz da Silva (PMB/ PB) 

 

Este  trabalho  tem  por  objetivo  investigar  as mudanças  ocorridas  na maneira  como  os mortos  eram 

sepultados durante o período da epidemia de cholera morbus, ocorridas em 1856 e 1862, na Província da 

Parahyba. Até o século XIX a morte acarretava uma série de ritos, por exemplo, o cuidado com o corpo 

e o modo como eram sepultados os mortos. Durante o surto epidêmico houve uma grande mudança na 

forma de lidar os cadáveres. 

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ESCULTURA E CONSTRUÇÃO DA MEMÓRIA NACIONAL NO BRASIL DO SÉCULO XIX 

 

Maria do Carmo Couto da Silva (UNICAMP) 

 

Rodolfo  Bernardelli,  escultor  ativo  no  final  do  Segundo  Reinado,  inicia  sua  produção  artística  com 

esculturas relacionadas com a temática oficial  indianista e realizando bustos que retratavam a Família 

Real. Sua produção monumental inicia‐se também nesse período com a encomenda do Túmulo de José 

Bonifácio (1886) e de um monumento para o General Osório (1887), seguido por outros em homenagem 

ao  Duque  de  Caxias  e  a  José  de  Alencar.  Com  a  mudança  de  regime  político,  a  Proclamação  da 

República,  o  escultor  teve  oportunidade  de  erigir  esses monumentos  na  cidade  do  Rio  de  Janeiro, 

recriando assim a memória do Império em pleno regime republicano. Ele foi responsável também pela 

criação  do  túmulo  do  Imperador  D.  Pedro  II  e  da  Imperatriz  em  Petrópolis  e  de  uma  estátua  que 

representa D. Pedro  I para o Museu Paulista, em São Paulo. Esses dados nos possibilitam perceber a 

dimensão  e  importância  de  seus  trabalhos  no  campo  da  escultura  brasileira.  Essas  obras,  além  de 

preservar a memória de personagens do Império,  inauguram certas tipologias de trabalhos no cenário 

artístico de nosso país. Em nossa pesquisa de doutorado procuramos entender Bernardelli como um 

escultor  integrado  às  discussões  políticas  e  históricas  de  seu  tempo  e  que  frequentava  círculos 

importantes  de  literatos  e  intelectuais,  colaborando  dessa  forma para  uma melhor  compreensão  da 

cultura e da arte no Brasil oitocentista. 

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O  IMPÉRIO DAS FESTAS: O PAPEL DAS REUNIÕES FESTIVAS NAS RELAÇÕES  INTRAELITES DA CORTE 

NO SEGUNDO REINADO 

 

Mayrinne Meira Wanderley (UFPB) 

 

As festas desempenham variados papéis que transitam por comemorações de datas e fatos, relações de 

gênero,  autoafirmação,  relações  de  pertença,  ascensão,  decadência  ou  afirmação  de  posições  entre 

grupos ou mesmo no seio de um grupo determinado. No transcurso do Segundo Reinado, elas foram 

expandidas nas mais variadas esferas, da sagrada à profana, do culto cívico ao  individual, da popular à 

socialmente considerada como erudita. O objetivo deste trabalho é discutir a relevância das reuniões e 

comemorações particulares frequentadas e realizadas por homens e mulheres de elite para o trânsito 

ou  conservação  de  posições  dentro  desses  grupos.  Nesse  jogo  de  investimentos,  era  recorrente  o 

apuramento  do  gosto,  seguindo  os  moldes  franceses,  a  produção  do  vestuário  adequado,  o 

disciplinamento da linguagem verbal e corporal, prezando pela polidez. Os escritos de Pierre Bourdieu, 

Fréderic Mauro, Gilda de Mello e Souza e Maria Teixeira Rainho serão utilizados como aportes teóricos e 

discursivos na construção do presente argumento.   

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ESPAÇOS  DE  PODER  E  SOCIABILIDADE:  IRMANDADE  DO  SANTÍSSIMO  SACRAMENTO  DE  NOSSA 

SENHORA DAS NEVES 

 

Naiara Ferraz Bandeira Alves (UEPB) 

Pautília Klébia Nunes Diniz (CINTEP/ PB) 

 

A  Irmandade do  Santíssimo  Sacramento de Nossa  Senhora das Neves  era  responsável pelo  culto da 

santa padroeira da província da Paraíba, dessa forma, se responsabilizava por suas festas e pelos ritos 

funerários  de  seus  integrantes,  que  eram  exclusivamente  brancos  e  detentores  de  posses,  em  sua 

maioria homens de destaque da sociedade oitocentista paraibana. Baseando‐se na análise de autores 

como Russell‐Wood, Reis e Boschi trabalhamos com a ordem de compromisso desta irmandade, emitida 

em  forma  de  Lei  no  ano  de  1867.    Nesta  documentação  identificamos  a  participação  de  figuras 

opulentas  da  sociedade  oitocentista  paraibana  como  o  Barão  de  Mauá  que  foi  vicepresidente  da 

província da Paraíba, de 22 de abril a 1o de novembro de 1867. Filho de Joaquim Teixeira de Vasconcelos 

e de Adriana Teixeira. Casou‐se com Francisca Monteiro da Franca, com quem não teve descendentes. 

Ele exercia a função de Juiz Presidente na irmandade no mesmo ano em que se encontrava ocupando o 

cargo  administrativo na província. Esta estreita  relação entre os espaços  religiosos e  administrativos 

demonstra as trocas de favores e a presença destes personagens em diferentes espaços da sociedade 

constituindo‐se como uma rede de prestígio que garantia a manutenção do poder destas  imponentes 

famílias da província paraibana. 

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COMPORTAMENTO DE  CONSUMO DOS  GRUPOS DOMÉSTICOS  PORTOCALVENSES NO  SÉCULO  XIX: 

UMA INVESTIGAÇÃO A PARTIR DAS LOUÇAS PRESENTES NOS ENGENHOS DA REGIÃO 

 

Rute Ferreira Barbosa (UFPE) 

 

No  século XIX o Brasil passa por  acentuadas mudanças nos padrões de  comportamento  social, mais 

especificamente no âmbito doméstico, quando diversos costumes começam a ser incorporados dentro 

das  famílias brasileiras, principalmente nas que dispunham de um maior poder aquisitivo. Percebe‐se 

uma  enorme  tentativa por parte destas,  a quem  Florestan  Fernandes  vai  chamar de nova burguesia 

brasileira,  em  emular  as  elites  europeias  consumindo  toda  sorte  de  produtos  industrializados, 

produzidos em larga escala pela revolução industrial que acontecia na Europa, mais especificamente na 

Inglaterra, e buscava mercados consumidores para seus produtos. Sendo a cultura material considerada 

como  vestígios  do  comportamento  humano  no  passado,  esta  é  uma  rica  fonte  documental  para 

fornecer  subsídios na compreensão dos grupos que habitaram a  região norte do estado de Alagoas. 

Uma  vez que o  indivíduo  é  influenciado pelo  ambiente  sociocultural no qual  está  inserido, o  ato  de 

consumir não é apenas um comportamento econômico, mas também social. Seguindo tal pressuposto, 

a pesquisa está analisando o comportamento de consumo, referentes às  louças produzidas no século 

XIX,  e  sua  inserção  no  ambiente  doméstico  dos  engenhos  Castro,  Capiana,  São  Gonçalo,  Estaleiro, 

Guaribas e Cova da Onça, na cidade de Porto Calvo, estado de Alagoas. 

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IMAGO MORTIS: UMA ANÁLISE SOBRE O  IMAGINÁRIO FÚNEBRE RECIFENSE NA SEGUNDA METADE 

DO SÉCULO XIX 

 

Suely Cristina Albuquerque de Luna (UFRPE) 

Rodrigo Félix Marinho (UFRPE) 

 

Estudar as sepulturas nos permite entender fragmentos  importantes do  imaginário de uma sociedade. 

Além de uma  simbologia especial  relacionada à última morada do  ser humano, além disso, podemos 

detectar  fortemente  os  aspectos  econômicos  e  sociais  que  as  caracterizam.  Partindo  desse 

pressuposto, com essa pesquisa iremos analisar o maior expoente do patrimônio fúnebre da cidade do 

Recife, o cemitério Senhor Bom Jesus da Redenção, mais conhecido como Cemitério de Santo Amaro, o 

qual se constituiu na primeira necrópole planejada do país. Construído na segunda metade do século 

XIX  sob  o  prisma  das  leis  higienistas  tão  influentes  na  época,  que  entre  outras  coisas,  condenavam 

veemente  os  enterros  no  solo  sagrado  das  igrejas,  visto  que  os miasmas  emanados  dos  corpos  em 

decomposição  traziam  um  sério  risco  a  saúde  dos  fieis.  Esse  costume  era  caracterizado  por  essa 

corrente,  pejorativamente,  como  um  atraso  da  herança  colonial.  Iremos  primeiramente  estudar  sua 

formação e as principais implicações que tal construção resultou na sociedade recifense do século XIX. 

Logo após  iremos analisar o  simbolismo de algumas  sepulturas,  sua  localização dentro do  cemitério, 

como  também o material da qual elas  foram construídas, além do artista que executou a obra; para 

assim  tentar  entender  como  a  influência  de  algumas  famílias  tradicionais  estendia‐se  até  esse  novo 

espaço da morte. 

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A CONGADA DE SANTA IFIGÊNIA VISTA POR JOHANN EMANUEL POHL 

 

Talita Viana (UFG) 

Sebastião Rios (UFG) 

 

O trabalho apresenta o que e como o médico, botânico e mineralogista boêmio Johann Emanuel Pohl 

(1782‐1834) viu na Congada de Santa Ifigênia, em 1819, durante sua estadia no antigo Arraial de Traíras – 

hoje município de Niquelândia / GO – já na conjuntura do processo de independência. Pohl fazia parte da 

expedição científica que acompanhou a comitiva nupcial da Arquiduquesa Leopoldina da Áustria, que 

desposou Dom Pedro I, então Príncipe Herdeiro. Ele tinha o perfil da maior parte dos viajantes que aqui 

estiveram: “naturalistas” que buscavam,  sobretudo,  conhecer a geologia, a  flora e a  fauna, não  raro 

deixando  também  relatos  sobre  os  fenômenos  sociais  e  culturais  com  os  quais  se  depararam.  As 

percepções de Pohl  são  cotejadas  com as  informações  resultantes de uma pesquisa de  campo atual 

sobre a mesma festa, notadamente com a memória dos congadeiros mais antigos. Neste cotejamento 

destacam‐se, por um  lado, as observações precisas e detalhadas que são frutos do estranhamento do 

viajante e que  revelam uma grande continuidade na manifestação e, por outro, os valores e sentidos 

que não  foram por  ele percebidos na  festa mestiça;  festa  composta de  cerimônias  com  significados 

difíceis  de  serem  desvendados,  alguns  acessíveis  apenas  aos  iniciados,  e  deveras  distantes  da 

mentalidade católica, europeia e aristocrática do observador. 

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Eixo Temático 6 

Viajantes e Povos Indígenas 

 

 

UM OLHAR DE UMA VIAJANTE MULHER E BRASILEIRA À EUROPA OITOCENTISTA 

 

Ana Carla Souza Ribeiro (UFPB) 

Acácio José Lopes Catarino (UFPB) 

 

A literatura dos viajantes que percorrem o Brasil, especialmente após a abertura dos portos em 1810, é 

um topos bastante presente na produção sobre o Império.   Mais recentemente, os estudos de gênero 

vêm rompendo o enquadramento da mulher como objeto da História para bem além da família e dos 

espaços privados. Mas mesmo alguns casos aparentemente  já bem  situados para  sua época, como a 

vida da nordestina Dionísia Gonçalves Pinto  (mais  conhecida  como Nísia  Floresta Brasileira Augusta) 

admitem  reinterpretações,  a  começar  pelos  estudos  de  tradução  cultural  e  teoria  literária 

empreendidos, respectivamente, por Maria Palhares‐Burke e Constância Duarte. Propomos redirecionar 

a atenção de um modo transversal a estas duas dimensões,  imprescindíveis à configuração da história 

imperial, ao  rever os  relatos de viagem de Nísia Floresta à  Itália e Alemanha  (em  1857 e  1864); deste 

modo invertendo a postura usual ao interrogar o olhar de uma viajante mulher e brasileira à Europa.  

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VÍTIMAS DO SILÊNCIO: A POLÍTICA INDIGENISTA NO NORTE IMPERIAL 

 

Ana Cecília Alves Nôga (UFRN) 

Laís Luz de Menezes (UFRN) 

Maria Emilia Monteiro Porto (UFRN) 

 

O Decreto Imperial nº 426, de 24 de julho de 1845, foi o “único documento indigenista geral do império” 

ou da “lei indigenista básica de todo período imperial”, que vigorou até 1889. Essa legislação criou uma 

estrutura de aldeamentos indígenas, distribuídos por todo o território, sob a gestão de um diretor‐geral 

de Índios, nomeado pelo imperador para cada província. Analisando essa legislação, podemos perceber 

que ela  tenta  silenciar os  índios,  impor o modo de vida do colonizador, organizando‐os em aldeias e 

recrutando‐os  para  o  trabalho,  que  embora  livre,  não  condizia  com  a  realidade  indígena,  que  se 

organizava para o  trabalho de outra maneira. Nesse  sentido, o objetivo deste  trabalho é perceber a 

maneira pela qual os  índios foram silenciados, fazendo uma análise da legislação  indigenista  imperial e 

das falas e relatórios dos presidentes da província do Rio Grande do Norte. 

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POLÍTICA INDIGENISTA E LEGISLAÇÃO FUNDIÁRIA NA PROVÍNCIA DA BAHIA (1840‐1850) 

 

André de Almeida Rego (UFBA) 

 

O estudo pretende discutir o processo de definição da política indigenista na província da Bahia entre as 

décadas de 1840 e 1860. Nesta época, o Estado Nação opta pela regulação fundiária dos aldeamentos 

antigos  e  novos,  direcionando  os  esforços  das  autoridades  para  a  resolução  dos  conflitos  de  terra 

envolvendo  grupos  indígenas  e  diversos  outros  elementos  como  câmaras  municipais,  rendeiros  e 

moradores  locais. A formatação desta tendência à regulação fundiária na política  indigenista, que será 

bastante informada pela legislação da terra de 1850, é o passo inicial para a extinção de muitas aldeias 

na  província  em  questão. Neste  processo,  os  índios,  sob  diversas  formas,  buscaram  preservar  seus 

direitos enquanto aldeados e protegidos pela tutela oficial.  

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HISTÓRIA  INDÍGENA NAS PÁGINAS DOS RELATORIOS DOS PRESIDENTES DA PROVINCIA DE SERGIPE 

DEL REY (1837‐1852) 

 

Carine Santos Pinto (UNIT) 

Pedro Abelardo de Santana (UNIT) 

 

Propõe‐se estudar os Relatórios dos Presidentes da Província de Sergipe Del Rey durante os anos de 

1837 a 1852, com o intuito de analisar a situação dos indígenas e a forma estereotipada descritas por tais 

autoridades. Levando‐se em consideração os sete relatórios que versam sobre o tema, é possível refletir 

sobre as cinco principais aldeias existentes na Província neste período e a forma como suas terras foram 

tratadas  pela  administração  pública,  que  culminaram  no  “desaparecimento”  da  população  indígena 

sergipana, fortalecido, muitas vezes por elites dominantes, caracterizada como saída para expropriação 

agrária. A pesquisa  nestes  documentos,  ancorada  nas  novas  abordagens possibilitará  reflexões para 

melhor  compreendermos  a  trajetória  dos  povos  indígenas  sergipanos.  Para  tanto,  foram  utilizados 

estudos  como  o  de  Beatriz  G.  Dantas  que  debatem  acerca  da  negação  da  existência  indígena  em 

Sergipe  e  a  demarcação  de  suas  terras,  bem  como  a  análise  de  Relatórios  apresentados  pelos 

Presidentes da Província de Sergipe Del Rey. Utilizou‐se ainda, a argumentação contida no Regulamento 

de  24 de  julho de  1845 que  serviu de base para  a população da  época  como  tentativa de  civilizar  a 

“horda selvagem” que ainda se encontrava no território sergipano. 

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“AQUELES  ÍNDIOS  NÃO  QUEREM  ABSOLUTAMENTE  SABER  NADA  DE MISSIONÁRIO,  DE  RELIGIÃO,  DE 

CIVILIZAÇÃO, NEM DE ALDEAMENTO”: ÍNDIOS E MISSIONÁRIOS NO SUL DA BAHIA (1845‐1851) 

 

David Barbuda G. de M. Ferreira (UFBA) 

 

No  século XIX a partir da década de  1840 a questão da  civilização dos  índios pelas ordens  religiosas 

retomou  fôlego e passou a ser vista como uma questão relevante que exigiria uma solução em curto 

prazo. A utilização dos missionários capuchinhos como figuras centrais nesse processo ganhou força e 

nesse sentido o governo  Imperial criou um projeto para o financiamento da vinda desses missionários 

com pagamento de côngruas e com seus deslocamentos para os sertões mais distantes, locais que eram 

considerados prioritários para esse trabalho de conversão. Esses missionários vinham com o objetivo de 

catequizar os  índios nessas  regiões e  reuni‐los em novas aldeias, mantendo, assim, de acordo  com a 

legislação,  a  ordem  entre  eles  e  excitando‐os  ao  trabalho  e  cultura  do  campo,  com  a  obrigação  de 

ensiná‐los a  ler e escrever. Em  1845 em viagem à Caravelas, no extremo sul baiano, o Fr. Caetano de 

Troina  iniciava  a  atuação  dos  capuchos  nessa  Comarca  juntamente  com  o  Juiz  de  Direito,  Caetano 

Vicente  de  Almeida.  Esta  viagem  marcou  o  inicio  do  trabalho  apostólico  do  Frei  na  região,  como 

também serviu para definir a localização do novo aldeamento e da colônia militar que seriam criadas. Os 

diversos conflitos iniciados com a missão nos coloca diante da necessidade de pensar com mais detalhe 

e cautela os processos de encontro e desencontro entre missionários e  índios nas diversas missões do 

século XIX, desafiando as supostas limitações que a documentação histórica apresenta e demonstrando 

que é possível  ler o olhar  indígena nela  inserido. Esta comunicação visa apresentar algumas reflexões 

sobre  essas questões  focando  a  atuação  do missionário  em  Caravelas,  as  estratégias utilizadas para 

implantação do aldeamento e as ações e reações indígenas a esse processo. 

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“OUVINDO” OS FRADES CAPUCHINHOS DE ITAMBACURI: ANÁLISE DO RELATO SOBRE UMA REMOTA 

MISSÃO NAS MINAS GERAIS OITOCENTISTAS 

 

José Otávio Aguiar (UFCG) 

Rodrigo Ribeiro de Andrade (UFCG) 

 

A  presente  pesquisa  visa  encontrar  fragmentos  de  historicidade  peculiar  no  relato  do  religioso 

Capuchinho Frei Angelo de Sossoferrato, responsável pela elaboração de uma memória sobre os índios 

botocudos da missão próxima à atual cidade de Theofilo Otoni, antigo aldeamento de Philadélphia, na 

Província  de  Minas  Gerais.  A  missão  foi  fundada  em  1873  por  dois  frades,  o  próprio  Angelo  de 

Sossoferrato e Seraphim de Gorizia, ambos italianos. Tal documento nos ajudará a analisar, os discursos 

elaborados para darem nexo ao esforço catequizador realizado em um lugar potencialmente estranho, 

de natureza matagosa  e diversa da  europeia  e povoado pelos  lendários  índios botocudos, povos de 

etnia macro Jê, conhecidos por seu ethos guerreiro. 

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RECONHECENDO OS BORORO NA OBRA DE AIMÉ‐ADRIEN TAUNAY 

 

Maria de Fátima Costa (UFMT) 

 

Uma  das mais  recorrentes  expressões  simbólicas  utilizada  por  sociedades  indígenas  é  o  ornamento 

corporal, aplicado  como emblema de  identidade  tribal. Executados  como parte de  rituais  cotidianos, 

esses  “enfeites”,  que  celebram  desde  os  comuns  aspectos  do  dia‐a‐dia  até  os  momentos  mais 

relevantes  da  própria  existência  do  grupo,  costumavam  chamar  a  atenção  dos  naturalistas  que  no 

século XIX frequentaram o interior da América Meridional. De fato, as pastas e cadernetas de anotações 

desses  visitantes  se  encheram  de  descrições  e  desenhos  retratando  a  cultura  de  diferentes  povos. 

Porém,  ao  trabalhar  com  os  acervos  iconográficos  legados  por  viajantes,  o  investigador  se  vê 

confrontado, via de regra, com ilustradores que pouca atenção deram aos signos étnicos apresentados. 

Entretanto, há também artistas‐viajantes que se empenharam em documentar, com arte, os aspectos 

singulares  das  sociedades  indígenas  com  as  quais  travaram  contato.  Neste  estudo,  tem‐se  como 

suporte  representações de  índios Bororo  realizadas por Aimé‐Adrien Taunay. Busca‐se mostrar como 

esse artista  legou um  raro  testemunho da  sociedade  indígena, permitindo‐nos adentrar – quase dois 

séculos depois ‐ num momento significativo do cotidiano deste povo. 

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A RESISTÊNCIA DOS ÍNDIOS SERGIPANOS NO SÉCULO XIX 

 

Pedro Abelardo de Santana (UFBA) 

 

Estudos  sobre  os  índios  sergipanos  no  século  XIX  fazem  referências  a  episódios  de  resistência  em 

relação  à  espoliação  das  terras  das  aldeias.  Ocorreram  revoltas,  fugas  das  aldeias  e  tentativas  de 

resolver questões na  justiça. Não era só a resistência que marcava a vida dos  índios. Há notícias sobre 

negociações, pelas quais os índios buscavam resolver suas querelas. A defesa das terras foi importante 

porque  enquanto  sua  posse  permaneceu  coletiva,  foi  possível  resistir  à  dominação  e  a  aniquilação 

social.  Este  estudo  pretende  investigar  como  se  deram  os  conflitos  e  as  negociações  entre  índios, 

proprietários  de  terras  e  autoridades  ao  longo  do  século.  As  aldeias  sergipanas  foram  declaradas 

extintas  na  segunda  metade  do  século  XIX,  passando  os  seus  moradores  a  serem  considerados 

“integrados” ao resto da população. O episódio suscita  indagações sobre a vida  indígena no período, 

conflitos relacionados à espoliação da terra, e a resistência indígena. Outra reflexão possível é sobre as 

relações  dos  aldeados  com  escravos  e  quilombolas.  Para  entender  o  período  da  extinção  dos 

aldeamentos,  buscaremos  comparar  aldeias  sergipanas  e  outras  do Nordeste.  Considerando  que  os 

conflitos  com  os  índios  foram  intensos  no  período,  intentamos  entender  de  que  forma  os  índios 

sergipanos lidaram com a questão e como resistiram. Nosso olhar focaliza o período entre 1845, ano da 

criação do Regulamento das Missões, e 1853, ano da extinção da Diretoria Geral dos Índios em Sergipe. 

Por volta deste período é importante investigar a vida nos aldeamentos, as relações e os conflitos com a 

sociedade  vizinha,  autoridades,  religiosos  e  proprietários,  para  compreender  as  transformações 

provocadas nas vidas dos índios aldeados. 

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TERRITÓRIO E INCORPORAÇÃO DOS ÍNDIOS: POR UMA POLÍTICA DE BRANQUEAMENTO, UM PROJETO 

DE NAÇÃO 

 

Sebastião Vargas (UFRN)

Diego Marcos Barros de Castro (UFRN) 

 

A  ideologia  racista  da  elite brasileira do período  imperial  embasava  uma política  de branqueamento 

intrinsecamente  ligada  à  história  de  formação  da  Nação  brasileira  enquanto  identidade,  enquanto 

unidade. Como um dos principais expoentes dessa política podemos apontar a Lei de Terras de  1850, 

essa  lei  fez  desaparecer  as  terras  indígenas  em  comum  uso,  devolvendo  ao  império  as  terras  que 

legalmente não eram de ninguém, data desse mesmo período a extinção das missões  indígenas que 

foram transformadas em comarcas ou vilas, a categoria índio no período imperial é embutida de sentido 

negativo, como indolente, preguiçoso, rebelde, pagão, onde a única salvação seria a mestiçagem, tendo 

em  vista  que  se  valorizava  a  tradição  europeia  como  o  único  elemento  que  trazia  a  esperança 

civilizadora do homem moderno na construção da  identidade brasileira. Podemos afirmar assim que o 

desaparecimento da categoria indígena no Rio Grande do Norte no final do século XIX esta ligada a uma 

política de miscigenação nacional, o desaparecimento indígena no Rio Grande do Norte é atestado por 

diversos historiadores que ajudaram na construção da historiografia norteriograndense. Posto assim, o 

intuito desse trabalho é mostrar de que maneira para os órgão do Estado à política de branqueamento e 

de superação da identidade indígena no Rio Grande do Norte visava cumprir seu objetivo. 

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TRÓPICOS INGLESES: O BRASIL EM VIAGENS AO NORDESTE DO BRASIL DE HENRY KOSTER 

 

Yamê Galdino de Paiva (UFPB) 

 

Diante  da  abertura  de  temas  e  fontes  promovida  pela  História  Cultural,  as  pesquisas  históricas 

avançaram em análise e ampliaram a diversidade de objetos investigados. A partir dos anos 1980, sob a 

influência da teoria crítica literária, da Antropologia e da Semiótica, a História Cultural passou a explorar 

questões das  representações,  linguagens, discursos  e  simbolismos. Como  integrante dessa  etapa do 

conhecimento  histórico  encontram‐se  os  estudos  sobre  os  viajantes.  Deixando  de  ser  utilizados 

meramente  como  fonte  de  obtenção  de  informações,  os  relatos  de  viajantes  transformaram‐se  em 

objetos de  investigação pelos pesquisadores. Observam‐se neles, entre outros aspectos, as estruturas 

narrativas, a construção da imagem sobre o povo representado, o discurso elaborado e sua vinculação 

ao lugar social do qual o viajante fala. Nessa esteira, situa‐se o trabalho de Mary Louise Pratt – Os olhos 

do  Império:  relatos  de  viagem  e  transculturação.  Levando‐se  em  consideração  aqueles  elementos  e 

amparando‐se  no  livro  citado,  procuramos,  neste  trabalho,  fazer  uma  leitura  da  obra  Viagens  ao 

Nordeste  do  Brasil,  escrito  por  Henry  Koster  em  1816.  Nosso  objetivo  é,  portanto,  pensar  o  Brasil 

registrado por esse viajante a partir de alguns aspectos observados por Mary Louise Pratt em sua obra, 

destacando‐se os estranhamentos, a interação com as populações locais, a elaboração da narrativa e o 

discurso produzido por Henry Koster sobre a situação político‐econômica e administrativa do Brasil. 

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 Eixo Temático 7 

Cidades, Territorialidades e Fronteiras 

 

 

A FRONTEIRA OESTE DO  IMPÉRIO: REPRESENTAÇÕES SOBRE MATO GROSSO NA PRIMEIRA METADE 

DO SÉCULO XIX 

 

Ana Claudia Martins dos Santos (UFMT) 

 

A província de Mato Grosso estava localizada na fronteira a oeste do Império brasileiro, pesando sobre 

essa província o fato de ter uma via de comunicação demorada com o litoral e estar localizado em uma 

área  de  fronteira,  sendo  que  no  decorrer  do  século  XIX  era  representada  como  um  lugar 

exageradamente longe, atrasado, marcados pela “barbárie”, a área periférica do Brasil. Nosso interesse 

é compreender como Mato Grosso era representado ao longo do século XIX, procurando analisar como 

o representante do governo central em Mato Grosso se referia à população dessa localidade, seguindo 

ou não  a  imagem elaborada por  aqueles que não  viviam nessa província. Para  isso  contamos  com  a 

historiografia  sobre  o  assunto  e  analisamos Relatórios  e  Falas  de  presidentes  da  Província  de Mato 

Grosso  entre  1835  (quando  é  criada  a  Assembleia  Legislativa  e  passa  a  ser  obrigatório  a  todos  os 

Presidentes das províncias  relatarem  anualmente  a  situação  local)  até  1864, quando  inicia o  conflito 

com a República do Paraguai. 

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HENRIQUE  DE  BEAUREPAIRE  ROHAN  NA  CONSTRUÇÃO  DA  CULTURA  TÉCNICA  DAS  SECAS  E  DA 

REPRESENTAÇÃO DO SERTÃO NORDESTINO 

 

Carla Navarro Y Rosa (UFRN) 

Angela Lúcia de Araújo Ferreira (UFRN) 

 

Beaurepaire Rohan, engenheiro e político renomado, para além de ter exercido vários cargos de relevo, 

como presidente das províncias do Pará de 1856 a 1857 e da Paraíba em 1857 e Ministro de Guerra em 

1864, prestou sua contribuição para o entendimento da problemática do sertão nordestino. O seu livro, 

Considerações acerca dos melhoramentos de que, em relação às seccas são susceptíveis algumas províncias 

do  Norte  do  Brazil,  de  1877,  pode  ser  lido  como  parte  dos  esforços  que  levariam  o  assunto  a  ser 

formulado em sua “dimensão técnica”. O objetivo do trabalho é compreender o papel da formação e 

dos meandros da cultura técnica moderna no Brasil para o surgimento e consolidação da representação 

das secas e do território nordestino. A análise se dá a partir da biografia intelectual e profissional desse 

sujeito histórico, ainda pouco estudado, que teve importante participação na constituição de uma visão 

técnica que se  instituiu ao  longo do século XIX, ao  lado de outros engenheiros politécnicos. A obra de 

Beaurepaire Rohan  se  insere, principalmente, no  contexto de discussões  técnicas e  institucionais em 

torno da grande seca de 1877‐1879, junto com técnicos e intelectuais como André Rebouças e o senador 

Thomaz Pompeu. Apresentado em célebre Sessão do  Instituto Politécnico no Rio de Janeiro em 1877, 

suas  reflexões  se  tornariam  uma  referência  para  a  compreensão  do  problema  das  secas  e  para  a 

construção de propostas visando a sua superação – baseadas, sobremodo, na política da açudagem. 

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AS GARRAS DE IRACEMA: O PROCESSO DE CONSOLIDAÇÃO DE FORTALEZA COMO CAPITAL DE FATO E 

DE DIREITO DA PROVÍNCIA CEARENSE 

 

Dhenis Silva Maciel (UFC) 

 

A primeira metade do século XIX é marcada pela emancipação política da província cearense em relação 

a  Pernambuco.  Escolheu‐se  como  capital  a  cidade  de  Fortaleza.  Objetivamos  neste  trabalho 

compreender o processo de consolidação de Fortaleza como capital cearense de fato e de direito, uma 

vez que mesmo tendo o título de capital perdia em economia e prestigio para a vila de Aracati, sede do 

porto por onde escoava a produção de carnes secas da província, principal produto econômico durante 

o século XVIII e  início do XIX. Para tal  intento utilizamos dados econômicos presentes nas estatísticas 

levantadas por Presidentes de Província, por  casas  comerciais  e por  cronistas  cearenses.  Fazemos  a 

leitura dessas  fontes pautados na  teoria da História Social, que prima por  tentar perceber os sujeitos 

históricos  presentes  no momento  analisado.  Podemos  desde  já  concluir  que  o  processo  a  que  nos 

referimos  só  foi  possível  por  causa  da  consolidação  de  um  novo  modelo  socioeconômico:  a 

agroexportação, que só pode ser posta em prática devido à constituição de um ajuntamento de cidades 

que dessem suporte econômico para a cidade de Fortaleza.  

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A INFLUÊNCIA INGLESA NA MODERNIZAÇÃO DO RECIFE IMPERIAL 

 

Josemir Camilo de Melo (UEPB) 

 

A empresa The Recife ‐ São Francisco Railway (RSF) foi constituída em Londres, na década de 1850, para 

construir uma ferrovia do porto do Recife ao rio São Francisco. Do financiamento às obras e operação, a 

RSF  impressionou a  sociedade pernambucana,  causando vários  impactos diretos e  indiretos,  como o 

mercado pernambucano e regional de especulação financeira. Pesquisando documentos manuscritos e 

impressos, plantas e jornais nos arquivos londrinos (Public Record Office) verificamos que esta empresa 

se  tornou o centro dos  investimentos, pois  tinha garantia do Governo  Imperial de 7% sobre o capital, 

desbancando, em parte, outras empresas inglesas de melhoramentos urbanos, como iluminação, água e 

esgoto.  A  ferrovia  também  gerou mobilidade  social,  não  sem  antes  causar  desmatamento,  embora 

alargasse o meio ambiente da capital, e produzisse vilas, engenhos e cidades. Pretende‐se demonstrar 

com este artigo os diversos momentos e as áreas afetadas pela modernização europeia nos trópicos, o 

trem de ferro, com referência à cidade do Recife. No primeiro momento, analisamos o comportamento 

das elites com respeito à febre de especulação financeira,  liderada pelas oligarquias enobrecidas; num 

segundo momento, mostramos  como  a  iniciativa  da  RSF  gerou  frutos,  como  diversas  linhas  sobre 

trilhos, modernizando o centro e subúrbios da capital pernambucana, ainda no período imperial. 

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O MEMORIAL  ORGÂNICO  DE  VARNHAGEN  E  A  ORGANIZAÇÃO  DO  IMPÉRIO  DO  BRASIL  EM  UMA 

NAÇÃO COMPACTA 

 

Leandro Macedo Janke (USP) 

 

Este trabalho tem por objetivo analisar o texto Memorial Orgânico, publicado por Francisco Adolfo de 

Varnhagen entre 1849 e 1850, em Madrid, e reeditado em 1851, no Brasil, pela Revista Guanabara.   Em 

seu  texto,  Varnhagen  centraliza  seus  argumentos  e  considerações  em  dois  elementos  que  foram 

constantemente  destacados  pelos  dirigentes  imperiais  ao  longo  do  processo  de  construção  e 

consolidação do Estado  imperial: o  território e a população. Desenvolver uma administração  sobre o 

território e o seu conteúdo, a população, de acordo com os ideais de ordem e civilização daqueles que 

se  situavam  na  direção  do Mundo  do  Governo,  era  fundamental  para  que  o  Império  do  Brasil  se 

organizasse nos moldes de um Estado Nação. Varnhagen escrevera o Memorial Orgânico com o objetivo 

de  trazer  à memória  dos  dirigentes  imperiais  a  importância  de  que  fossem  adotadas  determinadas 

medidas  –  fixação  das  fronteiras  externas;  divisão  interna  do  território,  ocupação  dos  sertões; 

transferência  da  capital  para  o  interior  do  território;  constituição  de  uma  população  homogênea  – 

capazes de organizar o  Império  como uma Nação Compacta,  enfatizando o papel  central do Estado 

neste  processo.  Os  argumentos  desenvolvidos  por  Varnhagen  no  Memorial  Orgânico,  por  sua  vez, 

acabam  por  evidenciar  um  determinado  tipo  de  expansão  empreendida  pelos  dirigentes  imperiais, 

sobretudo a partir de meados do século XIX com a direção saquarema. Uma expansão para dentro do 

território  nacional  e  de  uma  população  delimitada.  Tal  expansão  foi  fundamental  e  necessária  para 

garantir a associação entre Império do Brasil e Nação brasileira, que pressupunha a própria construção e 

consolidação do Estado imperial. 

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DO MITO DO BOM FUNDADOR À CONQUISTA TERRITORIAL DE ARARUNA – PB (1830‐1877) 

 

Márcio Macêdo Moreira (UFPB) 

 

O  presente  artigo  aborda  a  questão  da  fundação  do município  de Araruna,  localizado  na  região  do 

Curimataú paraibano. A  historiografia  local  coloca  a origem  do povoado  sobre o poder  de  Feliciano 

Soares, católico que ao  fazer uma promessa,  funda uma capela em homenagem a Nossa Senhora da 

Conceição. Da Igreja surgem as primeiras casas e daí o povoado se transforma em Comarca. Buscamos 

contribuir para a história do município colocando sujeitos históricos que não foram tidos em relevância. 

São os homens que construíram a  Igreja, os agricultores que ali viviam antes da chegada de Feliciano 

Soares e os escravos que trabalhavam nas fazendas das prósperas famílias locais. Nossa metodologia se 

resumiu  aos  documentos  expostos  nas  obras  de  historiadores  locais,  tal  como  atas  legislativas, 

fotografias  e  cartas;  alem  destes  iremos  trabalhar  com  depoimentos  dos  “velhos”  que  residem  no 

município. 

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O PERCURSO DAS FESTAS RELIGIOSAS PELAS RUAS DA CIDADE: MORFOLOGIA URBANA E COTIDIANO 

NA CIDADE DA PARAHYBA IMPERIAL 

 

Maria Simone Morais Soares(UFPB) 

Doralice Sátyro Maia (UFPB) 

 

O presente  trabalho  analisa  as  festas  de  caráter  religioso que ocorreram  na  Cidade  da Parahyba  no 

período imperial (1822‐1889). O seu principal propósito é resgatar o percurso dessas festas pelas ruas da 

cidade,  inferindo  assim  sobre  a  morfologia  urbana  e  o  cotidiano  dos  habitantes.  Parte‐se  do 

pressuposto de que o espaço urbano além de ser o local onde se estabelece o trabalho produtivo e as 

obras, é também o cenário privilegiado das festas. Deste modo, os registros sobre as festas no Brasil em 

tempos  pretéritos  trazem  consigo  referências  à  cidade  e  ao  urbano.  Através  de  uma  pesquisa 

documental,  principalmente  em  jornais,  analisa‐se  a  relação  entre  as  festas  e  as  ruas  da  Cidade  da 

Parahyba Imperial. Cabe salientar que o tempo da festa na cidade é responsável por romper a rotina dos 

seus citadinos e este não deve ser entendido apenas como um momento de  fuga do cotidiano e sim 

como  um  fato  social, político  simbólico  e  religioso que permite  aos participantes  a  incorporação  de 

normas  e  valores  da  vida  coletiva. O  trabalho  é  resultado  da  pesquisa  “A  rua  e  a  cidade:  geografia 

histórica, morfologia  urbana  e  cotidiano”  que  tem  por  objetivo  estudar  as  transformações  espaço‐

temporais das principais ruas da Cidade Histórica da Cidade da Parahyba no século XIX e início do século 

XX, através de procedimentos metodológicos da geografia urbana histórica.  

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 NOVAS  FRONTEIRAS  GEOGRÁFICAS  E  POLÍTICAS  ESTABELECIDAS  NA  PROVÍNCIA  DO  CEARÁ  NAS 

PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XIX 

 Marilda Santana da Silva (UFC) 

 Este  trabalho  tem  como  objetivo  apresentar  alguns  resultados  da  pesquisa,  cadastrada  no 

Departamento  de  História  da  UFC,  que  estamos  desenvolvendo  acerca  da  nova  reconfiguração 

territorial e política estabelecida na província do Ceará no primeiro quartel do  século XIX. Após uma 

análise profícua de documentação arquivística manuscrita de natureza camarária (Câmaras Municipais), 

mais especificamente das séries documentais relativas aos Termos de Ereção de Vilas e Posse de Oficiais 

Camarários de várias vilas erigidas nas regiões centrais e sul do território do Ceará na primeira metade 

do século XIX, tais como: Vila de São Vicente das Lavras da Mangabeira (1816), São Bernardo das Russas 

(1814),  região  do  rio  Jaguaribe,  as  vilas  de  São  João  do Príncipe  e  Santo Antônio  do  Jardim,  ambas 

criadas  em  1816,  entre  várias  outras,  documentação  referente  ao  Fundo  Documental  (Câmaras 

Municipais), algumas sob a custódia do Arquivo Público do Estado do Ceará (APEC), e outras, publicadas 

nas Revistas do Instituto Histórico do Ceará, percebe‐se que houve uma tentativa nítida de expansão das 

fronteiras no interior da província do Ceará na primeira metade do século XIX. Após 1799, com a criação 

da  capitania  independente  do  Ceará,  uma  nova  configuração  territorial  passou  a  ser  programada  e 

levada a cabo pelas autoridades políticas, na  tentativa de dinamizar a economia do  território, após a 

emancipação  da  capitania  de  Pernambuco,  isto  ocorreu mediante  o  processo  da  criação  de  novas 

câmaras municipais.  Torna‐se necessário destacar que o processo de  alargamento das  fronteiras, na 

primeira metade do século XIX, atrelou‐se com o aumento substancial da população. O naturalista João 

da Silva Feijó, que viajou pela província do Ceará em 1812, contabilizou 150 mil habitantes na capitania 

independente  do  Ceará.  Já  o  censo  realizado  no  ano  de  1822,  a  população  saltou  para  240.000 mil 

pessoas, contabilizando os livre e escravos.  

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JUÍZES DE PAZ E FISCAIS DE FREGUESIAS PARA O “BEM VIVER E SEGURANÇA” NA RECIFE  IMPERIAL 

(1829‐1849) 

 

Williams Andrade de Souza (UFPE) 

 

Cosmopolita desde seu nascedouro, a Recife do século XIX, terceira maior cidade do Brasil, era (como 

ainda hoje é) atrativa, persuasiva,  inebriante, mas  também espaço de grandes contrastes sociais. Sua 

Câmara Municipal “governava” a urbe,  intervindo diretamente no cotidiano das pessoas. Para vigiar e 

executar  suas  ordens  e  corroborar  com  o  “bem  viver  e  segurança”  havia,  entre  outras,  duas 

autoridades  indispensáveis: o  Juiz de Paz e o Fiscal de Freguesia. A partir desta assertiva,  teceremos 

algumas  considerações  sobre:  O  que  eram  ou  representavam  tais  autoridades  no  Brasil  e  Recife 

Imperial;  quais  suas  funções? O  que? Onde?  Como?  Para  que?  Para  quem  “trabalhavam”?  Tomando 

como  arcabouço  teórico  as  reflexões  de M.  Foucault  sobre  os  aparatos  e  formas  de  produção  da 

disciplina e, utilizando o conceito de “antidisciplina” elaborado por Michel de Certeau, discorreremos 

sobre a possibilidade de analise dos discursos e práticas institucionais e sociais destes atores no espaço 

citadino  de  então.  Através  dos  discursos  presentes  no  Diário  de  Pernambuco,  dos  Ofícios  à/da 

Presidência  e  nas  Atas  da  Câmara  Municipal  que  lhes  fazem  referências,  identificaremos  as 

possibilidades, os  indícios e eficácias de suas atuações,  logo, sua  importância à governança na Recife 

oitocentista  (1829‐1839),  assim  como,  as  diversas  formas  de  “antidisciplina”  alinhavadas  pelos 

recifenses para burlar as tentativas de normatização no espaço citadino. 

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A IDENTIDADE DO IMIGRANTE PORTUGUÊS EM PERNAMBUCO (SÉCULO XIX) 

 

Wilza Betania dos Santos (UFPE) 

 

Em 3 de novembro de 1850 foi criado na província pernambucana o Gabinete Português de Leitura de 

Pernambuco  (GPLPE).  Este  foi  a  primeira  associação  que  formalizou  os  laços  de  pertencimento  da 

comunidade portuguesa em Pernambuco, instaurando uma nova fase na história dessa comunidade. O 

objetivo dessa comunicação é entender como ocorreu o processo de (re)construção da  identidade do 

imigrante português  em Pernambuco  no período  de  1850‐1921. A observação  dessa  instituição  toma 

como  base  o  conceito  utilizado  por  Marc  Augé  (1994),  o  qual  aponta  para  a  permanência  ou  a 

revitalização dos  laços étnicos. Sendo assim, o GPLPE foi  interpretado como  lugar  imbuído de sentido 

para a comunidade que o mantinha. Lugar com significado  identitário, relacional e histórico. As fontes 

tomadas nessa análise foram os estatutos e relatórios do GPLPE; os  jornais e periódicos; alguns  livros, 

revistas  e  folhetos  raros.  A  análise  do  GPLPE  possibilitou  a  compreensão  de  como  a  identidade  do 

imigrante  português  em  Pernambuco  foi  (re)construída,  e  quais  os  caminhos  percorridos  por  essa 

comunidade na (re)significação da  imagem de colonizador/ explorador para a de  imigrante‐construtor 

da nova nação brasileira. 

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Eixo Temático 8 

Intolerância e Violência 

 

 

ENTRE VIVÊNCIAS, ARRUAÇAS E AMORES: MULHERES DE “MÁ CONDUTA” NA VILA DE LAGARTO ‐ SE 

OITOCENTISTA 

Mariana Emanuelle Barreto de Gois (UEFS) 

 

A presente comunicação debruça‐se sobre a temática das mulheres criminosas e seu cotidiano a partir 

dos crimes contra a honra e os bons costumes, a fim de percebermos como ocorriam as práticas sobre a 

sexualidade  no  oitocentos.  Foram  utilizados  documentos  como  os  processos  crimes  do  Arquivo 

Judiciário do Estado de Sergipe, o que nos permite rastrear as vivências destas mulheres que aparecem 

como  sujeitos  históricos  nas  páginas  amareladas  dos  processos.  As Mulheres  denominadas  de  “má 

conduta” da Vila de Lagarto, em Sergipe, procuravam nas  ruas e nos  lares viver de  formas distintas, 

infligindo os estereótipos que a sociedade patriarcal reservava a mulher para limitar suas ações. Foram 

elas  infanticidas  e  prostitutas  que  subverteram  a  ordem  e  motivaram  costumes  “não  civilizados” 

envolvendo‐se em crimes e respondendo perante a justiça. 

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MULHERES DEFLORADAS E JUSTIÇA NA PARAÍBA OITOCENTISTA 

 

Maria da Paz Lopes dos Santos (UFPB) 

 

Propomos discutir a violência dos defloramentos contra a mulher na província da Paraíba no século XIX, 

a partir da inserção da mulher na família e na sociedade; do funcionamento de instituições sociais como 

o casamento e a polícia. Nos apropriamos da historiografia existente que nos da o apoio necessário para 

esta  pesquisa  como  por  exemplo,  Arion  Mergár,  Cecília  Soares,  Rachel  Soihet,  Samara  Mesquita, 

Heleieth  Saffiot  e  etc,   Utilizamos  os  documentos  da  secretaria  de  polícia  da  província  da  Paraíba, 

constituída pela produção diária dos ofícios expedidos a autoridades policiais. A metodologia nos levou 

da  pesquisa  em  arquivo,  da  análise  documental  á  problematização  das  ações  femininas  de 

enfrentamento da violência dos defloramentos. A partir do conceito de experiência em E. P. Thompson, 

dentro  do  campo  dos  estudos  culturais,  pensamos  as  conexões  entre  as  ações  individuais  destas 

mulheres  e  o  contexto  de  opressão masculina  de  gênero  e  raça  que  caracteriza  a  cultura  histórica 

escravagista do século XIX. 

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UM ESPAÇO PARA OS LOUCOS: A FORMAÇÃO DO DISCURSO ALIENISTA EM FORTALEZA (1874‐1886) 

 

Roberta Kelly Bezerra de Freitas (UFC) 

 

A formação do discurso médico alienista em Fortaleza tem seu  inicio com o projeto de construção do 

primeiro Asilo de Alienados São Vicente de Paula em 1874, a partir de um comunicado dos dirigentes da 

Santa Casa de Misericórdia, que afirmou não ter espaço e nem capacidade para atender os doentes e os 

loucos  ao  mesmo  tempo.  Nos  doze  anos  de  levantamento  e  conclusão  da  obra,  houve  diversas 

campanhas de arrecadação de dinheiro e loterias para realização da obra que iria marcar o “progresso” 

na  capital,  os  nomes  de  doadores  e  os  problemas  para  construir  tão  edifício  foram  discutidos 

amplamente nos periódicos da época, assim como as críticas referentes a sua construção, possibilitando 

diversas fontes que demonstram a participação da elite local e da Igreja Católica no projeto asilar. Outro 

fator  importante neste mesmo recorte foi à seca de 1877‐1879 que assolou o Ceará, muitos retirantes 

invadiram a capital em busca de alimento e ajuda de uma forma geral, os discursos contra os pobres e 

os loucos se intensificaram nos jornais durante esse período. Mesmo com todos esses acontecimentos 

ainda não havia  sido produzido um discurso médico‐alienista em  relação os  loucos, até que em  1882 

foram publicadas as “Cartas  sobre a Loucura”, do Dr. Francisco Ribeiro Delfino Montezuma, no  jornal 

Gazeta do Norte, que foram publicações semanais em formato de dez cartas, que explicavam sobre o 

que era a  loucura e as monomanias. Surge dessa forma o primeiro discurso médico‐alienista na cidade 

de Fortaleza, baseado nas teorias de Pinel e Esquirol, o saber alienista passa a ser uma normatização 

moral dos sujeitos invadindo todos os âmbitos sociais. 

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Eixo Temático 9 

Sociabilidades Femininas e Infância 

 

 

AS  CRIANÇAS  NO  IMPÉRIO  E  O  IMPÉRIO  COM  AS  CRIANÇAS:  UMA  ABORDAGEM  SOBRE  AS 

SOCIABILIDADES INFANTIS 

 

Aline Praxedes de Araújo (UEPB) 

 

Os modelos de  ser e  sentir bem  como de  ser mulher, homem,  criança não  são naturais e  tampouco 

foram as mesmas ao longo dos anos, pelo contrário, são ensinadas e construídas historicamente como 

percebemos na produção de ÀRIES que trata da  intensa construção do núcleo  familiar desde a  Idade 

Média; modificações estas cada vez mais aprofundadas e atribuídas ao aperfeiçoamento das formas de 

pensar  de  cada  época,  também  evidenciadas  por  MAUAD  em  suas  análises  sobre  os  costumes  e 

educação relacionados à criança ao  longo do século XIX no Brasil. Portanto, pretendemos  investigar o 

modo de ser criança no Brasil Império; a partir de uma pesquisa bibliográfica e de relatos de viajantes; 

analisaremos as relações entre adultos e crianças, o cuidado ou ausência do mesmo destinado a estas 

associadas  a uma  classificação  e  educação oriundas deste  contexto que  se percebe o  alto  índice de 

mortalidade infantil como nos traz DEL PRIORE em seus estudos. 

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A  HISTORICIDADE  DAS  FLORES:  PLURALIDADES  FEMININAS  E  VIOLÊNCIA  NA  CAMPINA  GRANDE 

IMPERIAL 

 

Harriet Karolina Galdino dos Santos (UFCG) 

Juciene Ricarte Apolinário (UFCG) 

 

A  vida  citadina  trouxe  a  nossa  Província  uma  série  de  dinamismos  como  também  problemas  ao 

tradicionalismo vigente, que atribui a “rua” o esfacelamento da moral e dos costumes da população. A 

presente pesquisa tem como objetivo analisar as relações de violência e gênero na cidade de Campina 

Grande  entre  os  anos  de  1866  e  1881,  evidenciando  as  dissonâncias  entre  os  sujeitos  históricos  que 

compunham a camada mais pobre da sociedade. Tendo como embasamento os processos‐crime do 1º 

tribunal do Júri da Comarca de Campina Grande suscitaremos o cotidiano de violência, sociabilidades e 

principalmente pluralidades femininas existentes na Campina Imperial.  

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SOCIABILIDADES DO IMPÉRIO EM ‘MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS’ 

 

João Ricardo de Sá e Silva (UFPI) 

Ana Maria Koch (UFPI) 

 

A presente comunicação científica objetiva identificar o papel e o comportamento das sociabilidades do 

Império em Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), marco inicial do Realismo brasileiro e que um ano 

antes Machado de Assis havia divulgado na Revista Brasileira. Nesse sentido, procurar‐se‐á evidenciar 

como  a  trama  é  construída  a  partir  de  um  contexto  histórico‐social,  e  de  que modo  isso  esclarece 

momentos da História do Brasil Imperial. A elaboração do percurso do entendimento tem como norte a 

vida deste personagem grandiosamente curioso e lúdico que é Brás Cubas, que começa por meio do seu 

célebre delírio póstumo, a narrar sua vida não como faria o mais grandiloquente e habilidoso narrador 

ou orador – a começar pelo nascimento. Em paradoxo, Cubas o faz começando pela sua trágica morte, 

na chácara de Catumbi, aos sessenta e quatro anos de idade, em agosto de 1869.

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EXPOSTOS NA PARAÍBA  IMPERIAL: CASOS DE ABANDONO  E  TRATAMENTO DO  ENJEITADOS  (1820‐

1857) 

 

Michael Douglas dos Santos Nóbrega (UFPB) 

Serioja Rodrigues Cordeiro Mariano (UFPB) 

 

A  temática da  infância no Brasil é muito  rica e  também cheia de mistérios ainda não desvendados. O 

tema é de grande  importância para que possamos analisar a formação do futuro “cidadão brasileiro”. 

Nosso estudo tem por objetivo explicitar a situação das crianças abandonadas e expostas na província 

da Parahyba do Norte, durante o período de 1820‐1857, a fim de conhecer o funcionamento da roda dos 

expostos e o papel da Santa Casa de Misericórdia na criação e formação dessas crianças. Nosso estudo 

se deu a partir da pesquisa bibliográfica e da análise de documentos referentes à roda dos expostos e a 

Santa Casa de Misericórdia da Parahyba. 

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OS CUIDADOS COM A PROLE: O ABANDONO DE CRIANÇA  E AS RELAÇÕES  FAMILIARES NO RECIFE 

(1830‐1860) 

 

Renata Valéria de Lucena (UFPE)

Alexandre Zarias (FUNDAJ/ PE)

 

Esta  comunicação  tem  como objetivo  analisar o  infanticídio  e o  abandono de  crianças na  cidade do 

Recife, tendo em vista a sua  ligação com as relações fora do âmbito matrimonial. No Brasil do século 

XIX, as relações familiares eram reguladas pela Igreja e pelo Estado, que viam o matrimônio como uma 

forma  de  domesticar  os  impulsos  sexuais,  em  busca  de  uma  sexualidade  permitida,  voltada  à 

procriação. Entretanto, o acervo documental da Santa Casa da Misericórdia e da Cúria Metropolitana do 

Recife  apontam  a  existência  de mulheres  que, mesmo  antes  do  casamento,  estabeleciam  relações 

clandestinas,  contrariando  a  lei  vigente.  Com  o  intuito  de  esconder  o mau  passo, muitas mulheres 

abandonavam ou,  até mesmo,  assassinavam os  seus  recém‐nascidos. Além da  análise de estudos de 

referência  sobre o  assunto,  este  trabalho  apresenta os  resultados parciais de uma pesquisa que  faz 

parte do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Cientifica (PIBIC) da Fundação Joaquim Nabuco 

(FUNDAJ),  financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico  (CNPq) e 

orientado pelo pesquisador Dr. Alexandre Zarias.