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II Encontro de História do Império Brasileiro
Culturas e Sociabilidades: Políticas, Diversidades, Identidades e Práticas Educativas
PROMOÇÃO:
APOIO:
PPGH UFPI
CCS UFMA
1
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
Reitor: Rômulo Soares Polari Vice‐Reitora: Maria Yara Campos Matos
PRÓ‐REITORIA DE PÓS‐GRADUAÇÃO E PESQUISA Pró‐Reitor: Isac Almeida de Medeiros
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES Diretora: Maria Aparecida Ramos
Vice‐Diretor: Ariosvaldo da Silva Diniz
PROGRAMA DE PÓS‐GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA Coordenador: Raimundo Barroso Cordeiro Jr.
Vice‐Coordenador: Elio Chaves Flores Sítio Eletrônico: <http://www.cchla.ufpb.br/ppgh/>
E‐Mail: <[email protected]> ‐ Fone/ Fax: + 55 (83) 3216‐7915
COMISSÃO ORGANIZADORA Antonio Carlos Ferreira Pinheiro ‐ PPGH/PPGE/UFPB
Carla Mary S. Oliveira ‐ PPGH/UFPB Cláudia Engler Cury ‐ PPGH/PPGE/UFPB
Fabiana Sena ‐ PPGL/UFPB Mauricéia Ananias ‐ PPGE/UFPB
Solange Pereira da Rocha ‐ PPGH/UFPB
COMISSÃO DE EDITORAÇÃO Carla Mary S. Oliveira ‐ PPGH/UFPB Jean Carlo Carvalho ‐ PPGE/UFPB
Surya Aaronovich Pombo de Barros ‐ CE/UFPB Cristiano Ferronato ‐ doutorando PPGE/UFPB
SECRETARIA Cinthia Cecília de Lima ‐ graduanda em História/ UFPB Thiago Oliveira de Souza ‐ graduado em História/ UFPB
Wilson José Félix Xavier ‐ mestre PPGE/UFPB
COMITÊ DE APOIO Surya Aaronovich Pombo de Barros ‐ CE/UFPB Cristiano Ferronato ‐ doutorando PPGE/UFPB
Itacyara Viana Miranda ‐ mestranda PPGH/UFPB Mariana Marques Teixeira ‐ mestranda PPGE/UFPB
Solange Mouzinho Alves ‐ graduanda em História/ UFPB
COMITÊ CIENTÍFICO Alômia Abrantes (UEPB)
Anamaria Gonçalves Bueno de Freitas (UFS) Antônio de Pádua Lopes Carvalho (UFPI)
Edson Hely Silva (UFPE) Eduardo França Paiva (UFMG)
Iranilson Buriti de Oliveira (UFCG) João Azevedo Fernandes (UFPB) Juciene Ricarte Apolinário (UFCG) Luciano Mendonça de Lima (UFCG)
Serioja Rodrigues Cordeiro Mariano (UFPB) Socorro de Fátima Pacífico Barbosa (UFPB)
MONITORES Almair Morais de Sá
Camila Araújo Carla Karinne Santana Oliveira
Francisco Klenilto Germana Guimarães Gomes
Henry Tavares Inácio Luiz
Isabela Bezerra Isabelle Cristine de Almeida Souza Jerliany Daise Monteiro dos Santos
Jéssica Sá José Marcos Josivan Júnior
Juliana Barros Mendonça Lis Meira
Louise Michele Lucian Souza da Silva
Maday de Souza Morais Maíra Rodrigues
Márcio Macêdo Moreira Maria José
Matheus Silveira Guimarães Michelle Lima da Silva Natália Araujo da Silva Paulo Sérgio da S. Cruz
Roberta Maria Aguiar do Nascimento Sahara Rachel
Sandra Monteiro Sulen de Andrade Silva
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CADERNO DE RESUMOS
II Encontro de História do Império Brasileiro
Culturas e Sociabilidades: Políticas, Diversidades, Identidades e Práticas Educativas
João Pessoa – PB
2010
3
Copyright © 2010 ‐ PPGH‐UFPB ISBN 978‐85‐7745‐618‐5
Projeto Gráfico e Editoração Eletrônica: Carla Mary S. Oliveira Ilustração das Páginas: Detalhes de desenhos de Hercules Florence
Revisão: Carla Mary S. Oliveira & Cristiano Ferronato.
Efetuado o Depósito Legal na Biblioteca Nacional, conforme a Lei nº 10.994, de 14 de dezembro de 2004.
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
É proibida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio.
A violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610/1998) é crime estabelecido no artigo 184 do Código Penal.
Dados de Catalogação na Publicação
Biblioteca Central ‐ UFPB ‐ Universidade Federal da Paraíba
O CONTEÚDO E REDAÇÃO DOS RESUMOS AQUI REUNIDOS É DE INTEIRA RESPONSABILIDADE DE SEUS AUTORES.
E56c Encontro de História do Império Brasileiro (2: 2010: João Pessoa ‐ PB). Caderno de Resumos: II Encontro de História do Império Brasileiro: “Culturas e Sociabilidades: Políticas, Diversidades, Identidades e Práticas Educativas”. Carla Mary S. Oliveira; Cristiano Ferronato; Surya Aaronovich Pombo de Barros; Jean Carlo de Carvalho Costa (organiza‐ dores). ‐ João Pessoa: Editora Universitária/ UFPB, 2010. ISBN 978‐85‐7745‐618‐5 175 p. 1. História do Brasil ‐ Congressos. 2. Historiografia do Império ‐ Congres‐ sos. 3. Brasil ‐ História do Império Brasileiro. I ‐ Universidade Federal da da Paraíba. II ‐ Título.
UFPB / BC CDU 981
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SUMÁRIO
Apresentação ......................................................................................................................................................... 1 RESUMOS Minicursos Relatos de Pesquisas na Paraíba oitocentista: sociedade e cultura ................................................................... 3 Trilhando caminhos: uma perspectiva metodológica para o uso das fontes na História da Educação ........... 4 Eixo Temático 1 Instrução e Culturas Escolares .............................................................................................................................. 5 Eixo Temático 2 Culturas Políticas e Construção do Estado Nacional ........................................................................................... 29 Eixo Temático 3 Imprensa, Impressos e Práticas de Leitura .......................................................................................................... 59 Eixo Temático 4 Sociedade Escravista: escravizados, mulheres, homens livres pobres .............................................................. 77 Eixo Temático 5 Arte, Festas, Vida Cotidiana e Religiosidades ...................................................................................................... 126 Eixo Temático 6 Viajantes e Povos Indígenas .................................................................................................................................. 143 Eixo Temático 7 Cidades, Territorialidades e Fronteiras ................................................................................................................ 153 Eixo Temático 8 Intolerância e Violência ......................................................................................................................................... 163 Eixo Temático 9 Sociabilidades Femininas e Infância ..................................................................................................................... 166
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II ENCONTRO DE HISTÓRIA DO IMPÉRIO BRASILEIROCulturas e Sociabilidades: Políticas, Diversidades, Identidades e Práticas Educativas
I Simpósio PROCAD-NF PPGH-UFPB/ PPGH-UFMG Patrimônios – Conexões Históricas
APRESENTAÇÃO
Em 2008 realizamos em João Pessoa o I Encontro de História do Império Brasileiro, por iniciativa dos grupos de pesquisa Sociedade e Cultura no Nordeste Oitocentista e História da Educação no Nordeste Oitocentista (GHENO), ambos vinculados ao Programa de Pós‐Graduação em História da Universidade Federal da Paraíba, em parceria com outros programas de pós‐graduação.
O intuito, naquela ocasião, foi o de reunir pesquisadores das regiões Norte e Nordeste e das demais regiões do Brasil para discutir as pesquisas desenvolvidas com o recorte temporal do oitocentos. As repercussões do referido evento e sua grande aceitação por parte da comunidade acadêmica nos fizeram investir nesta segunda edição, em 2010.
Assim, para este segundo Encontro, decidimos concentrar as discussões a partir do tema geral “Culturas e Sociabilidades: Políticas, Diversidades, Identidades e Práticas Educativas”.
Outrossim, a organização do evento estabeleceu uma parceria com o Programa de Cooperação Acadêmica Novas Fronteiras da Capes (PROCAD‐NF n. 2338/ 2008 ‐ PPGH‐UFPB/ PPGH‐UFMG), no sentido de juntos realizarmos o I Simpósio Patrimônios – Conexões Históricas, com suas atividades concentradas no último dia do encontro.
João Pessoa, novembro de 2010.
A Comissão Organizadora.
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II ENCONTRO DE HISTÓRIA DO IMPÉRIO BRASILEIROCulturas e Sociabilidades: Políticas, Diversidades, Identidades e Práticas Educativas
I Simpósio PROCAD-NF PPGH-UFPB/ PPGH-UFMG Patrimônios – Conexões Históricas
RESUMOS
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II ENCONTRO DE HISTÓRIA DO IMPÉRIO BRASILEIROCulturas e Sociabilidades: Políticas, Diversidades, Identidades e Práticas Educativas
I Simpósio PROCAD-NF PPGH-UFPB/ PPGH-UFMG Patrimônios – Conexões Históricas
Minicurso RELATOS DE PESQUISAS NA PARAÍBA OITOCENTISTA: SOCIEDADE E CULTURA
Nayana Rodrigues Cordeiro Mariano (UFPB/ UVA)
Azemar Santos Soares Júnior (UFPB)
O curso tem por objetivo apresentar as pesquisas desenvolvidas no Grupo de Pesquisa Sociedade e
Cultura no Nordeste Oitocentista (Diretório/CNPq/ UFPB). Desde 2001, ano de criação do grupo,
analisamos e buscamos compreender a História do Brasil do século XIX, notadamente na Paraíba,
articulando pesquisas na Iniciação Científica, Monografias de conclusão de curso, Dissertações e Teses.
Além disso, agregamos pesquisas que vem sendo feitas isoladamente. Nesse sentido, trabalhamos com
temas voltados para as mais diversas possibilidades de pesquisas como: culturas políticas, história social
da escravidão, as questões relacionadas às doenças e os rituais de morte, a medicina, ao corpo e
higienização, movimentos populares, relatos dos viajantes, história cultural da alimentação, dentre
outros.
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II ENCONTRO DE HISTÓRIA DO IMPÉRIO BRASILEIROCulturas e Sociabilidades: Políticas, Diversidades, Identidades e Práticas Educativas
I Simpósio PROCAD-NF PPGH-UFPB/ PPGH-UFMG Patrimônios – Conexões Históricas
Minicurso TRILHANDO CAMINHOS: UMA PERSPECTIVA METODOLÓGICA PARA O USO DAS FONTES NA HISTÓRIA
DA EDUCAÇÃO
Itacyara Viana Miranda (UFPB)
Mariana Marques Teixeira (UFPB)
Thiago Oliveira de Souza (UFPB)
O mini curso proposto será ministrado por alunos/pesquisadores vinculados ao Grupo de Pesquisa em
História da Educação no Nordeste Oitocentista – GHENO (Diretório/CNPq/ UFPB), e tem como objetivo
abordar e debater as possibilidades de pesquisa e usos de fontes para os estudos ligados à História da
Educação, sobretudo paraibana. Para tanto, temos como perspectiva a premissa do alargamento do uso
das fontes referendadas pelo fortalecimento das tendências da Nova História Cultural que enxerga
possíveis possibilidades de problematizações para além das fontes ditas oficiais. Dessa forma,
discutiremos os processos de coleta do corpus documental encontrado no Arquivo Público do Estado
da Paraíba – FUNESC e no Instituto Histórico e Geográfico Paraibano ‐ IHGP, que nos forneceram os
principais subsídios para reflexões acerca das questões da instrução pública e particular no período
imperial na Província da Parahyba do Norte.
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II ENCONTRO DE HISTÓRIA DO IMPÉRIO BRASILEIROCulturas e Sociabilidades: Políticas, Diversidades, Identidades e Práticas Educativas
I Simpósio PROCAD-NF PPGH-UFPB/ PPGH-UFMG Patrimônios – Conexões Históricas
Eixo Temático 1 Instrução e Culturas Escolares
INFÂNCIA PERDIDA, JUVENTUDE OPRIMIDA: TRAJETÓRIA DA EDUCAÇÃO NO AMAZONAS
OITOCENTISTA
Antonia Marylaura Lima de Oliveira (UFAM)
Nas cidades brasileiras no século XIX, crianças abandonadas/ pobres eram qualificadas como
“deserdados da fortuna” e, frequentemente, vagavam pelas ruas em busca da sobrevivência. A infância,
neste momento, mostrava‐se perigosa e ameaçadora: vícios, ociosidade, mendicância, vadiagem faziam
parte das descrições feitas por agentes do poder público sobre a infância desvalida no século XIX. Para
coibir as "ameaças", caberá à educação, por meio da instrução pública e de suas práticas, a construção
de um elemento crucial no projeto conservador para a sociedade brasileira: formar crianças e jovens
disciplinados para desempenhar novos papéis no âmbito do projeto "civilizador" para o Brasil. Sendo
assim, serão forjadas as novas práticas de vivências culturalmente diferenciadas ao incorporar as
crianças a estes processos por meio de instituições especiais ou, alternativamente, por meio da
concessão da tutela pelo Juízo de Órfãos. Este trabalho procura investigar estas experiências, tomando
este lugar central da educação para colocar em movimento o projeto de civilização/ civilidade desejado
pelo Estado Imperial, com ênfase particular nas questões tal como apareceram no Amazonas
oitocentista, buscando delinear de forma mais precisa as diferentes dimensões desta experiência das
crianças neste mundo inventado da infância, construído por meio da educação.
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II ENCONTRO DE HISTÓRIA DO IMPÉRIO BRASILEIROCulturas e Sociabilidades: Políticas, Diversidades, Identidades e Práticas Educativas
I Simpósio PROCAD-NF PPGH-UFPB/ PPGH-UFMG Patrimônios – Conexões Históricas
A “MORAL” COMO PRINCÍPIO ORGANIZADOR DA ESCOLA NA PARAHYBA DOS TEMPOS IMPERIAIS
(1864 A 1872)
Antonio Carlos Ferreira Pinheiro (UFPB)
Este trabalho tem como objetivo analisar alguns princípios morais que contribuíram para o processo de
normatização, regulamentação e organização da escola pública e particular na Província da Parahyba do
Norte, no período de 1864 até 1872. Esse período esteve submetido às diretrizes organizacionais e
disciplinares propugnadas pelo Regulamento de 1864, ano que elegemos para demarcar o início deste
estudo. No referido Regulamento encontramos uma série de instruções punitivas destinadas aos alunos
e professores que porventura viessem a violar as normas relacionadas à conduta moral (ou
consideradas imorais!). Fechamos este estudo no ano de 1872 quando foi publicada uma lei (nº 455, de
22 de junho) que impedia que os professores lecionassem em suas casas. Entretanto, essa normatização
não se estendia para as professoras que desejassem lecionar no seu espaço doméstico. Cabe‐nos
perguntar: Quais foram os condicionantes sociais e culturais que levaram os dirigentes públicos a
estabelecer essa regra? Nesse sentido, para melhor compreendermos as possíveis relações morais e
comportamentais, que terminaram por influenciar o processo e a tessitura de organização escolar, na
Parahyba do Norte, é que analisaremos os aprimoramentos do aparato jurídico‐institucional que visava
permitir um controle mais eficaz dos possíveis desvios morais. Para nos auxiliar nessa empreitada
tomaremos de empréstimo a noção de experiência social nos termos trabalhados por Thompson.
Visando sustentar as nossas argumentações trabalhamos com um conjunto de documentos do Arquivo
Histórico da Paraíba ‐ FUNESC e do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano – IHGP.
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II ENCONTRO DE HISTÓRIA DO IMPÉRIO BRASILEIROCulturas e Sociabilidades: Políticas, Diversidades, Identidades e Práticas Educativas
I Simpósio PROCAD-NF PPGH-UFPB/ PPGH-UFMG Patrimônios – Conexões Históricas
PROFESSORAS E A CULTURA ESCOLAR NO CEARÁ IMPERIAL (1866‐1888)
Bárbara Eliza Soares Silva (UFC)
A produção historiográfica neste trabalho se propõe a entender as professoras como trabalhadoras, e
como elas davam sentido a este trabalho, partindo de contradições que foram perpetuadas a respeito
da atuação do professor. Num dado momento, percebe‐se uma mudança de perspectiva na concepção
das práticas educacionais nas primeiras letras como uma atividade a ser desenvolvida por mulheres,
tendendo a sacralização da figura do professor(a), despolitizando a profissão. Objetiva‐se relacionar as
professoras e a cultura escolar no Ceará no período compreendido entre 1866 e 1888, a partir,
principalmente, de queixas contra professoras, nas quais podemos encontrar as várias motivações que
levavam tais mulheres a serem denunciadas e o posicionamento das mesmas como trabalhadoras. Este
estudo será realizado a partir da análise de processos contra professoras primárias e correspondências
dirigidas ao Diretor Geral da Instrução Pública do Ceará presentes no Arquivo Público do Estado do
Ceará – APEC; análise de jornais da época como O Libertador e O Cearense, acervo da Biblioteca Pública
Governador Meneses Pimentel; leitura de Leis acerca da educação do contexto e Relatórios dos
Presidentes de Província. Para esse estudo foi fundamental a utilização de trabalhos de historiadores,
memorialistas, pedagogos e sociólogos.
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UMA REFLEXÃO SOBRE AS FONTES E OS ARQUIVOS DA HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS NA
PROVÍNCIA DA PARAHYBA DO NORTE: O LYCEU PARAHYBANO DO OITOCENTOS
Cristiano Ferronato (UFPB)
O presente artigo tem como objetivo discutir as possibilidades de utilização dos arquivos escolares para
o estudo das instituições escolares tendo como objeto o Lyceu Parahybano, na Província da Parahyba
do Norte. Discute‐se também os fundamentos teórico‐metodológicos que abranjam a concepção, uso e
tratamento de documentos na pesquisa histórico‐educacional e a organização e preservação dos
arquivos e fontes. Entende‐se que os arquivos escolares podem contribuir significativamente para as
pesquisas em História das Instituições Educativas, por sua acessibilidade, diversidade e tipos de
informações, mais próximas compreensíveis e potencialmente mais significativas e interessantes para
os pesquisadores. Outro entendimento que aqui se apresenta é arquivo como um lugar da memória
escolar e da pesquisa histórica.
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II ENCONTRO DE HISTÓRIA DO IMPÉRIO BRASILEIROCulturas e Sociabilidades: Políticas, Diversidades, Identidades e Práticas Educativas
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AS AULAS DE LATIM PÚBLICAS E PARTICULARES E O LYCEU PARAHYBANO: (1834‐1877)
Cristiano Ferronato (UFPB)
O presente trabalho é parte de nossa tese de doutoramento, em andamento, que versa sobre a gênese
e a formação do Lyceu Parahybano e do ensino secundário na Província da Parahyba do Norte, no
século XIX. Temos como eixo central de análise neste texto, o comportamento do modelo antigo, das
chamadas Aulas de Latim, na Província da Parahyba do Norte – no arco temporal iniciado em 1839 e que
se prolonga até ao ano de 1877 – perante um novo modelo que estava sendo implantado, o de
aglutinação das aulas do ensino secundário em instituições como o Lyceu Parahybano. Com a criação
destas instituições pelo país pretendia‐se dar um sentido próprio ao ensino secundário que era o de
formação das elites locais para o aparelhamento do Estado que se estava a construir naquele momento,
função que o ensino secundário, dado nas aulas avulsas então existentes, não conseguia atingir. Estas
tinham um caráter de outro tempo em oposição aos novos tempos que surgiam. Tempos que clamavam
por um novo desenho curricular com maior complexidade e mais moderno. Os liceus seriam então as
instituições de ensino criadas para este fim substituindo as chamadas aulas avulsas de Latim.
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A CULTURA ESCOLAR INSTITUCIONALIZADA NAS OBRAS DE MAXIAMO MACHADO E IRINEU PINTO E O
SABER ESCOLAR NO XIX, NA PARAÍBA, SOBRE O PERÍODO HOLANDÊS
Hérick Dayann Morais de Meneses (PMSR/PB)
Esta comunicação tem como objetivo principal proceder à análise da cultura histórica institucionalizada,
através da obra de Maximiano Lopes Machado, sócio do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico
Pernambucano, no século XIX, autor de História da Província da Paraíba, e Irineu Ferreira Pinto, sócio‐
fundador do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano, autor de Datas e Notas para a História da
Paraíba, sobre um tema específico: a ocupação holandesa na Capitania da Paraíba (1634‐1654). O diálogo
com Michel de Certeau foi de grande significado para, por um lado, entendermos os Institutos
Históricos como lugares sociais privilegiado da produção historiográfica no século XIX e nas primeiras
duas décadas do século XX, bem como para situarmos a natureza da operação historiográfica realizada
pelos dois autores nas obras selecionadas. Ainda tomamos como base o período holandês e como ele
era difundido no saber escolar entre os séculos XIX e os dias de hoje: semelhanças, diferenças etc. Desta
forma, buscaremos entender a maneira como se processou a instrução e a cultura escolar dentro de um
tema específico por ora ressaltado acima.
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RUMO À CIVILIZAÇÃO: A IMPORTÂNCIA DA INSTRUÇÃO NO BRASIL IMPERIAL
Itacyara Viana Miranda (UFPB)
A instrução apresenta‐se na documentação que vimos trabalhando enquanto elemento primordial do
projeto civilizador do Estado Nacional em processo de formação no oitocentos. Na Província da Paraíba
isso não seria diferente, a instrução edificaria o homem tornando os corpos dóceis e civilizados. Alguns
discursos encontrados nos jornais da época podem nos dar uma indicação do quanto à relação
instrução/ civilização se tornava forte frente ao projeto de construção do Estado‐Nação. Os periódicos
encontrados no Instituto Histórico e Geográfico Paraibano ‐ IHGP são a fonte principal neste trabalho,
estes nos permitem um estudo mais rico em relação à ideia de civilização que se pretendia. Os discursos
dos profissionais liberais, bacharéis e mesmo grupos ligados à instrução de forma direta, como é o caso
dos diretores ou dos inspetores das aulas, que tinham seus relatórios quase sempre publicados na
imprensa, serão utilizados com o objetivo de apreender os indícios da importância da instrução no
processo de civilização da sociedade. As notícias apresentadas à população nas páginas dos jornais
tinham uma faceta educativa, era comum a difusão das questões referentes à política e à legislação
instrucional, bem como as questões ligadas à qualidade das aulas públicas na formação dos indivíduos.
Para este estudo o recorte temporal será delimitado de acordo com os jornais encontrados no IHGP,
sendo o primeiro “A Imprensa” de 1858 e o último “A gazeta” de 1889.
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UM OLHAR SOBRE O IMPÉRIO NO LIVRO DIDÁTICO: UMA ANÁLISE DOS TEMAS REFERENTES AO
BRASIL IMPERIAL NA COLEÇÃO HISTÓRIA, SOCIEDADE & CIDADANIA
Joceneide Cunha (UNEB); Patrícia Alves (UNEB)
Maria Aparecida (UNEB); Rafael dos Santos (UNEB)
Flaviana Pereira (UNEB)
Este trabalho tem como objetivo avaliar o conteúdo de Brasil Império, contemplado no oitavo volume
da coleção História, Sociedade & Cidadania, do ensino fundamental II, produzido pelo historiador Alfredo
Boulos Júnior, e comumente utilizada como material didático. Realizamos uma análise qualitativa e
quantitativa. A coleção é composta de 40% de conteúdo sobre História do Brasil. No volume avaliado
constam 45% de conteúdo sobre o Brasil, trazendo uma abordagem sobre o Império estimada em 60%.
As ilustrações possuem boa qualidade, apesar de algumas ausências de identificação. O livro não possui
textos densos e por isso o professor precisa utilizar novas fontes de informações. O autor adota a
perspectiva da história integrada, trabalhando preferencialmente política e economia, mas também,
vertentes da história social, abordando novos temas tais como: o papel da mulher na sociedade, a
situação do negro, a contribuição do índio e seu legado para a construção do cenário nacional. Utiliza
ainda uma historiografia eclética, no entanto mais conservadora. O livro oferece indicações
paradidáticas, tais como: livros, filmes como Carlota Joaquina Princesa do Brasil e sites, a saber, do
Pitoresco. Os tamanhos e cores das fontes, contrastados ao papel branco fosco, permitem conforto na
leitura, adequados ao estudo. O livro didático é um dos recursos para o ensino de história, apesar de sua
complexidade, um canal de aprendizagem que deve ser trabalhado considerando as diversidades do
processo cognitivo.
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A TRAJETÓRIA DE TOBIAS BARRETO ACERCA DA EDUCAÇÃO
José Ricardo Freitas Nunes (UNIT)
Miguel André Berger (UNIT)
A Trajetória de Tobias Barreto Acerca da Educação é o resultado de uma pesquisa que foi desenvolvida
no âmbito da disciplina Educação Brasileira do Programa de Pós‐Graduação em Educação da
Universidade Tiradentes – PPED/UNIT. A metodologia empregada tomou por base a aplicação de
instrumentos que se inserem no âmbito de uma metodologia qualitativa. A pesquisa se fundamentou
nos textos de estudiosos como Tobias Barreto, Luiz Antônio Barreto e Jorge Carvalho do Nascimento, a
partir destes, analisamos a construção descritiva dos elementos terminológicos. Ditos elementos, se
fazem expressar por meio dos construtos teóricos e analisados, tomando por base os conceitos de
homem, filosofia, conhecimento científico e cultura, os quais, por sua vez, são determinantes para a
compreensão dos pré‐supostos conceituais teorizados pelo pensador sergipano acerca da educação.
Com efeito, a presente pesquisa aborda a contextualização histórica da problemática investigativa
proposta por Tobias Barreto, suas relações e implicações teóricas, bem como a problemática da
educação científica ou aos estudos do chamado “germanismo pedagógico”. Conferindo assim, ênfase
ao significado e ao sentido que a educação assume na elucidação conceitual, de aspectos que dizem
respeito a realidade sobre a qual a educação se volta para análises e intervenções. Dentre esses,
podemos destacar o positivismo, o racionalismo, o cientificismo, evolucionismo e o monismo, foram
estes que determinaram a elaboração dos pré‐supostos conceituais acerca da educação pensados por
Tobias Barreto.
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PROFESSORES E CAMARISTAS: OS DOCENTES E O PODER POLÍTICO NA CÂMARA MUNICIPAL DE
ARACAJÚ
Jorge Carvalho do Nascimento (UFS)
Ester Fraga Vilas‐Bôas Carvalho do Nascimento (UNIT)
A Câmara de Vereadores é a mais antiga instituição de Aracaju em funcionamento. Em março de 2010
completou 155 anos. O Presidente Sergipe, Inácio Joaquim Barbosa, fundou a cidade no dia 17 de março
de 1855 e, 13 dias depois a Câmara já estava funcionando. Durante os primeiros 44 anos a Câmara viveu
sob o Império e passaram pela instituição, 113 vereadores, dos quais este estudo conseguiu identificar a
ocupação profissional de 46, dentre eles 25 militares, oito professores, cinco médicos, um advogado,
dois empresários, um jornalista e um padre. Este trabalho objetiva analisar a ação dos docentes que
atuaram na Câmara Municipal de Aracaju durante o Império, buscando nexos entre o exercício da
profissão de professor e a condição de parlamentar. Se os docentes representam 17,39 por cento do
total de profissionais identificados entre os vereadores, eles foram 27,27 por cento dentre os 22
vereadores que exerceram a presidência da Câmara durante o Império. Dos oito professores, seis
ocuparam aquele posto, o que na prática significava, sob o parlamentarismo monárquico, chefiar o
governo da cidade. Dos seis professores que dirigiram a Câmara, quatro integravam o corpo docente do
Atheneu Sergipe, fundado em 1870.
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I Simpósio PROCAD-NF PPGH-UFPB/ PPGH-UFMG Patrimônios – Conexões Históricas
AS OBRAS DOS MEMORIALISTAS PARAIBANOS E A INSTRUÇÃO PÚBLICA E PARTICULAR NA
PROVÍNCIA DA PARAHYBA DO NORTE (1822‐ 1864)
Maday de Souza Morais (bolsista PIBIC/UFPB/CNPq)
Cláudia Engler Cury (UFPB)
A comunicação que nos propomos a apresentar é resultado de nossa pesquisa de iniciação científica
concluída em agosto de 2010 ‐ “A instrução pública e particular nos acervos da Cúria Metropolitana de
João Pessoa (1822‐1864)”. Alterações no projeto inicial nos levaram às obras de memorialistas
paraibanos, relacionadas às cidades de Areia, Caiçara, Campina Grande, Mamanguape, Bananeiras, entre
outras. Os objetivos da pesquisa foram os de exploração de outras formas de escrita da história da
instrução pública e particular na Província da Parahyba do Norte além da já tradicional legislação oficial.
Debruçamo‐nos sobre as obras dos memorialistas em busca das pistas e vestígios como contribuição
para pensarmos sobre a educação no XIX. A interlocução com a documentação oficial já explorada
anteriormente em outros dois projetos PIBIC, já concluídos por colegas do mesmo grupo de pesquisa, e
que resultaram em seus trabalhos acadêmicos de conclusão de curso nos permitiram identificar novas
áreas de exploração de pesquisa para a instrução oitocentista por meio da escrita literária. O recorte
temporal refere‐se às primeiras lembranças trazidas pelos escritores selecionados para a pesquisa
(1822) e o final da periodização foi escolhido em virtude da reforma da instrução pública e particular na
província (1864), na tentativa de articulação entre duas formas de escrita da história no período em
questão: a documentação oficial e os textos literários.
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II ENCONTRO DE HISTÓRIA DO IMPÉRIO BRASILEIROCulturas e Sociabilidades: Políticas, Diversidades, Identidades e Práticas Educativas
I Simpósio PROCAD-NF PPGH-UFPB/ PPGH-UFMG Patrimônios – Conexões Históricas
ELEMENTOS DE REFLEXÃO ACERCA DA GEOGRAPHYA ENSINADA NO IMPERIAL COLLEGIO DE PEDRO II E
DE SUA RELAÇÃO COM A QUESTÃO DA FORMAÇÃO TERRITORIAL E DO ESTADO NAÇÃO BRASILEIROS
Márcio Ferreira Nery Corrêa (USP/ Colégio Pedro II)
O tema que ora trazemos para reflexão e permuta de experiências de leituras e de pesquisa gira em
torno da geographya ensinada no Imperial Collegio de Pedro II e de sua relação com a formação do
Estado imperial brasileiro, cujo aparelhamento, entre outros fins, voltava‐se teleologicamente para o
processo de formação da nação e do território. Entre muitos pontos passíveis de reflexão, procura‐se
destacar elementos didáticos identificados nos programas curriculares da disciplina escolar em questão
– geographya – e sua forte articulação ao exercício de doutrinação patriótica, à conscientização do
espaço nacional e à reprodução da ordem social e estatal. Para tanto, destaca‐se o papel exercido pelos
professores da mencionada instituição e o comprometimento desses com o projeto de Estado
implementado pela elite dirigente de então, da qual tais professores são membros integrantes. É bom
esclarecer que a presente proposta temática vincula‐se a um projeto maior que não se assume apenas
como uma tentativa de operar uma historiografia da geografia no Brasil, assinalada por uma análise
dessa disciplina escolar institucionalizada, nem apenas por uma historiografia do pensamento
geográfico vigente numa instituição escolar de peso histórico no nosso país, mas também como uma
tentativa em contribuir para a elucidação de processos particulares que ajudaram a desencadear o
processo social de escala mais abrangente: a formação territorial brasileira.
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CONDORCET, TRAJANO E A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO SÉCULO XIX
Marcus Aldenisson de Oliveira (UNIT)
Tâmara Regina Reis Sales (UNIT)
Ester Fraga Vilas‐Bôas do Nascimento (UNIT)
Esse trabalho é fruto de um projeto de pesquisa de Iniciação Científica sob a orientação da Profª Dra. Ester Fraga Vilas‐Bôas Carvalho do Nascimento. Insere‐se no campo da História da Educação e tem como objetivo fazer um estudo comparativo entre o modelo francês e o modelo norte‐americano para o ensino da Aritmética nas escolas de primeiras letras do Brasil, a partir do livro Método para aprender a contar com segurança e facilidade, de Condorcet e do livro Aritmética Elementar Ilustrada, de Antonio Bandeira Trajano, ambos publicados no Brasil, em 1883. Foi analisado o conteúdo dos dois livros, verificando as características do método francês e do método norte‐americano para o ensino da Aritmética que circularam no Brasil dos Oitocentos. A análise dos dois livros permitiu elaborar a hipótese de que Condorcet e Trajano propuseram maneiras distintas para a instrução da Aritmética, utilizando‐se respectivamente do método tradicional e do método intuitivo. O livro de Condorcet, publicado na França no final do século XVIII, era destinado às escolas de primeiras letras, demonstrando a presença do método tradicional. Já o livro de Trajano, também destinado às escolas de primeiras letras, demonstra a presença do método intuitivo. Diante da análise realizada nas obras de Condorcet e Trajano é possível perceber que gradativamente o método francês vinha sendo substituído pelo método norte‐americano, visto que, o método tradicional (francês) se caracterizava pela predominância de decorar, não apresentava os assuntos contextualizados, diferentemente do método intuitivo (norte‐americano) onde era evidente a presença de inovações, despertando, dessa forma, o interesse dos alunos. O cruzamento desses dados permite compreender como os livros didáticos prescreveram normas que regeram as estratégias de imposição, difusão e apropriação de saberes educacionais, entendendo por apropriação a forma como os indivíduos se relacionam e se utilizam dos modelos culturais que lhes são impostos. Este trabalho está pautado no referencial teórico‐metodológico de Valdemarin, Nascimento e Lopes.
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LENTES NA PARAHYBA OITOCENTISTA: “EDUCADORES DA MOCIDADE IGNORANTE”
Mariana Marques Teixeira (UFPB)
Essa pesquisa é fruto de dois anos de estudos junto ao projeto de iniciação científica – PIBIC e que
resultou em Monografia de Conclusão de Curso, “A organização da instrução pública e particular na
Paraíba (1822‐1864) ‐ interfaces com as culturas escolares”, desenvolvida junto ao grupo de Pesquisa da
História da Educação na Paraíba Oitocentista da UFPB e visa discutir a formação dos professores na
Província da Paraíba do Norte por meio da análise das práticas pedagógicas dos professores da
instrução primária e secundária no engendramento de culturas escolares no século XIX. Associada a
essa discussão inicial discutiu‐se também as maneiras como as autoridades provinciais posicionavam‐se
frente a questão da formação daqueles lentes no oitocentos. O corpus documental empregado nesta
pesquisa tem por base os documentos coletados transcritos no Arquivo Público do Estado da Paraíba –
FUNESC, com o seguinte recorte temporal: 1822 (independência) a 1864 (Reforma da Instrução Pública
na província). Para aprofundar a discussão contamos também com valiosos dados encontrados nos
livros de frequência e de matrículas, que deixaram transparecer o grau de evasão de determinadas
regiões em relação à instrução da mocidade paraibana. A pesquisa tem por base os referenciais teórico‐
metodológicos da História Cultural e pretende contribuir com a produção historiográfica acerca da
História da Educação de uma das províncias mais antigas do país.
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A LAICIDADE NA ESCOLA PÚBLICA: A PROPOSTA DO PARECER DE RUI BARBOSA
Marilia de Franceschi Neto Domingos (UFPB)
Fábia da Costa Leite Rodriguez (UFPB)
A chamada “Questão Religiosa”, ao final do segundo império levou diversos políticos e intelectuais a
posicionarem‐se sobre a questão da laicidade na escola. Através de seus escritos e seus
pronunciamentos políticos, Rui Barbosa foi um ardoroso defensor da escola pública laica. Tema pouco
discutido e pouco conhecido na história da educação, a laicidade torna‐se tema de atualidade, quando
se discute sobre os rumos do Ensino Religioso na escola pública. Este trabalho de pesquisa fixou‐se
sobre os Pareceres de Rui Barbosa à Reforma Educacional do Ministro Leôncio de Campos a respeito da
laicidade – em especial sobre as propostas da escola laica – e do ensino religioso na despertar do
período republicano. Em dois pareceres, datados de 1882, por ele redigidos, na qualidade de relator da
Comissão de instrução pública na Câmara dos Deputados, são propostos os quatro princípios
fundamentais do ensino: público, livre, obrigatório e laico. Através de uma pesquisa bibliográfica e
documental apresentamos as ideias daquele que pode ser considerado um dos fundadores da escola
laica no Brasil republicano, através dos seus Pareceres.
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PROVÍNCIA DA PARAHYBA DO NORTE: OS REGULAMENTOS DE 15 E 20 DE JANEIRO DE 1849 E A
INSTITUCIONALIZAÇÃO DA INSTRUÇÃO PÚBLICA PRIMÁRIA
Mauricéia Ananias (UFPB)
Adriano Soares da Silva (UFPB)
O presente artigo visa buscar o sentido para a sociedade oitocentista brasileira a partir das ações do
Estado, com a mediação da legislação, para a instituição da escolarização de uma parte da população da
província da Parahyba do Norte. Para tal, teremos como objetivo a construção do conhecimento
histórico acerca das primeiras décadas do império brasileiro, em especial, da província da Parahyba do
Norte, considerando, para essa narrativa, os dois regulamentos para a instrução pública primária
decretados em 1849. A análise será realizada a partir da documentação da instrução pública,
encontrada, catalogada, transcrita e, em alguns casos, já publicada pelo Grupo de História da Educação
no Nordeste Oitocentista‐ GHENO, relativa à formação e carreira docente e à criação de aulas. Nesse
acervo documental, encontramos informações sobre a fiscalização do Estado provincial sobre os
professores da época e a própria organização das escolas de primeiras letras. Dessa forma,
provisoriamente, concluímos que a regulação e o controle do Estado provincial, em especial sobre os
professores, além de demarcar o período de transição entre a escola doméstica para o incipiente
nascimento da escola moderna, indicou a utilização da instrução primária como um dos mecanismos da
constituição do Estado Nacional Brasileiro.
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A INSTRUÇÃO NOS JORNAIS, RELATÓRIOS E MENSAGENS DOS PRESIDENTES DE PROVÍNCIA E DE
ESTADO NA PARAÍBA (1889‐1910)
Michele Lima da Silva (bolsista PIBIC DH/UFPB)
Cláudia Engler Cury (UFPB)
Tendo como pano de fundo a transição do Brasil Imperial para o republicano o presente trabalho, em
vias de desenvolvimento, busca mostrar como os presidentes de província na Paraíba do Norte e os
presidentes de estado, pensavam a instrução. Para tanto, estamos nos valendo de seus relatórios, bem
como das mensagens por eles enviadas. O nosso olhar sobre a documentação tem como foco central
apreender permanências e mudanças ocorridas no período selecionado para a pesquisa. Procuramos
também, travar um diálogo entre os jornais da época e os documentos oficiais na tentativa de levantar
questões que suscitem a reflexão acerca das problemáticas que envolviam a instrução nesse período de
transição da forma de governo no Brasil e, mais especificamente, na Paraíba. A pesquisa que
desenvolvemos vincula‐se ao projeto História da Educação na Paraíba entre os anos de 1889 e 1910:
transições e conexões da monarquia para a república. Nosso referencial teórico e metodológico está
amparado no espectro da História Cultural principalmente nas leituras que temos feito das obras de
Certeau e Bourdieu.
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CULTURA ESCOLAR E INSTRUÇÃO PÚBLICA: UM BALANÇO DA PRODUÇÂO VEICULADA NO ENCONTRO
DE PESQUISA EDUCACIONAL NORTE NORDESTE (EPENN)
Miguel André Berger (UNIT)
Os estudos de História da Educação no Brasil passaram a vislumbrar novos avanços a partir de 1980,
com a criação dos programas de pós‐graduação. No início houve uma exacerbada concentração de
trabalhos sobre o período republicano e a era Vargas, sendo que, ultimamente, os pesquisadores vêm
privilegiando estudos sobre o século XIX e anteriores, desmistificando o oitocentos como uma “tabula
rasa” na História da Educação. O presente estudo analisa os trabalhos abordando as temáticas:
educação da infância, instrução pública e cultura escolar, veiculados no grupo de trabalho História da
Educação, nos Encontros de Pesquisa Educacional Norte Nordeste, no período de 1990 a 2009. Dos 574
trabalhos apresentados, 80 detêm‐se no período imperial, sendo que 42 estudos têm essas temáticas
como objeto de análise, representando 7,30% da produção historiográfica. Os estudos revelam a
diversidade de preocupação por parte dos pesquisadores, enfocando questões sobre a organização da
instrução primária nas diferentes províncias, a educação da mulher e do negro, os impressos e livros
didáticos, a atuação de intelectuais em defesa da instrução escolar pública, as iniciativas institucionais
para atendimento às crianças pobres e a educação dos surdos.
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UMA ANÁLISE DO PERÍODO IMPERIAL NA COLEÇÃO ARARIBÁ
Phernanda Ferreira e Santana (UNEB)
Sandro Leite Souza (UNEB)
Silvana Santos Silva (UNEB)
Joceneide Cunha (UNEB)
A utilização dos livros didáticos de história contribui para o ensino dessa disciplina, todavia, para uma
melhor utilização do mesmo se faz necessário uma análise do livro didático. O objetivo dessa pesquisa
foi fazer uma análise da coleção de livro didáticos do Projeto Araribá História, analisando sua função
como suporte pedagógico na abordagem dos assuntos do Brasil Império. Nessa perspectiva,
abordaremos os conteúdos apresentados, atentando‐se para os vários fatores que influenciaram na
elaboração e aplicação do tema como a ideologia por eles vinculada, erros contextuais e a relação de
ensino aprendizagem tratada nas unidades que foram estudadas. A metodologia empregada consiste
na averiguação dos aspectos formais, análise do discurso e pedagógicos aplicados na abordagem dos
temas, e uma análise quantitativa. A fonte de pesquisa para este estudo foi o próprio livro didático
principalmente o do oitavo ano da coleção acima mencionada. A coleção é composta de trinta e dois
capítulos que vão desde o descobrimento até a proclamação da república, possuem quatrocentos e
cinquenta páginas com mil quinhentos e oitenta e oito ilustrações. Nelas estão contidas pinturas,
esculturas de imperadores, fotos de igrejas, personalidades, índios, negros, monumentos, mapas do
Brasil e do mundo e infográficos. Sendo cento e sete paginas de história do Brasil equivalente a 23,77% e
trezentos e quarenta e três de história geral correspondente a 76,23% da coleção. E dentro da parte de
Brasil 29,90% equivale ao Império equivalendo a trinta e duas páginas da coleção.
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A HISTORIOGRAFIA DO SÉCULO XIX E A FORMAÇÃO DA IDENTIDADE NACIONAL NOS LIVROS
DIDÁTICOS DE HISTÓRIA
Priscilla Emmanuelle Formiga Pereira (UFPB)
Ao longo do século XIX, sobretudo nas décadas finais, desenvolveu‐se uma produção historiográfica
destinada a construir uma identidade do Brasil vinculada principalmente ao projeto intelectual do
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB). Sob as linhas desta historiografia, nosso passado foi
escrito em torno de um ideal glorioso, que enfatizava as raízes coloniais portuguesas e os heróis deste
empreendimento desbravador. Uma História primordialmente sedimentada na perspectiva de uma
verdade única e absoluta dos fatos, onde as marcas desta cultura historiográfica construída durante o
período em questão, ainda hoje, transparece em alguns livros didáticos de História, e na maneira pela
qual são construídos. Livros que transmitem o conhecimento histórico pelo sentido elitista do passado e
a marginalização das identidades culturais tidas enquanto inferiores. Neste sentido esta proposta
assume o caráter de uma análise desta historiografia progressista produzida durante o século XIX,
tendo como fonte o primeiro volume de História Geral do Brasil do autor Francisco Adolfo Varnhagen
publicado em 1981, de maneira que através da leitura e análise deste, buscaremos identificar qual a
influência que a produção de Varnhagen exerceu na construção da identidade nacional e de que
maneira ela é introduzida em alguns livros didáticos de ensino de História.
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BENJAMIN CONSTANT, A INSTRUÇÃO DOS CEGOS E O ANTICOMUNISMO PRECOCE NO IMPÉRIO
Renato Luís do Couto Neto e Lemos (UFRJ)
Benjamin Constant Botelho de Magalhães (1837‐1891) foi oficial do Exército brasileiro, professor de
matemáticas em diversas escolas civis e militares, divulgador da filosofia positivista, organizador do
movimento militar que implantou a República e o primeiro ministro, sucessivamente, da Guerra e da
Instrução Pública, Correios e Telégrafos. Após sua morte, foi entronizado como o “Fundador da
República” pelos membros da Assembleia Nacional Constituinte, então reunida. Foram de várias
naturezas as suas passagens pela história brasileira ainda sob a monarquia, no entanto a influência
filosófica sobre os estudantes militares e a participação na transição de regime político é que têm sido
enfatizadas pela historiografia relativa ao período. Benjamin Constant se destacou, contudo, também
como educador, tendo a sua militância na área pedagógica coberto boa parte da história imperial a
partir da década de 1860. Um capítulo importante dessa trajetória se relaciona com a atividade de
diretor do Imperial Instituto dos Meninos Cegos (1869‐1889). O relatório que apresentou em meados de
1871 ao ministro do Império foi considerado de teor comunista por um deputado. A Europa burguesa
acabara de derrotar a Comuna de Paris e a defesa do direito dos cegos a uma educação integral foi
associada pelo parlamentar à ideologia dos operários franceses revolucionários. Considerando‐se que o
Brasil sequer tinha formado a sua classe operária, pode‐se entender o episódio como emblemático da
maneira desigual e combinada como sociedades periféricas interagem com processos históricos das
nações capitalistas centrais, antecipando determinadas construções políticas.
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INSTRUÇÃO PÚBLICA E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES NA PARAHYBA DO NORTE (1837‐1883)
Rose Mary de Souza Araújo (UFPB)
O texto representa um dos resultados de uma investigação histórica acerca da instrução pública e da
formação de professores, focalizando especificamente a Paraíba no período monárquico. O objeto de
estudo refere‐se à instrução pública primária e sua articulação com a necessidade de formar docentes
através de modelo escolarizado, inscrito na temporalidade de 1837 a 1883. Nesse contexto histórico,
caracterizado por um tecido social de base patriarcal, escravocrata e de disputas políticas, foi dada
ênfase a instrução pública como força propulsora para a construção de uma sociedade civilizada,
moderna. Desta forma, a instrução popular adquire centralidade nos discursos dos gestores públicos
locais de época. Nesse processo algumas questões foram sendo colocadas como instrumentos
necessários a sua melhoria e modernização, tais como: a unificação do ensino, formação de professores
e valorização do trabalho docente. Ao mesmo tempo em que analisa estas questões, focalizou‐se a
prática do concurso público como forma efetiva de prover as escolas primárias da província paraibana,
na mesma ocasião em que se pleiteava institucionalizar a formação de professores.
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BALANÇO HISTORIOGRÁFICO DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DA POPULAÇÃO NEGRA
Surya Aaronovich Pombo de Barros (UFPB)
Roberta Maria Aguiar do Nascimento (UFPB)
Camila Almeida de Araújo (UFPB)
Este trabalho apresentará resultados parciais da pesquisa “Estado da Arte da Produção sobre História
da Educação da População Negra no Brasil”, cujo principal objetivo é levantar e analisar os trabalhos
sobre a escolarização da população negra no Brasil na perspectiva da história da educação. Segundo
Fonseca (2005), até a década de 1990 a historiografia educacional alegava que a história escolar dos
negros no Brasil não era trabalhada devido à ausência e/ou as dificuldades de acesso às fontes
documentais como também prevalecia à crença de que a inserção do negro na escola tinha se dado
tardiamente em função da escravidão. Contudo, pesquisas realizadas a partir do início dos anos 2000
como Veiga, Fonseca, Barros, Souza entre outras, refutam o argumento da ausência negra nas
instituições escolares e demonstram a existência de processos de escolarização de indivíduos negros
desde o período colonial, sendo possível, especialmente a partir do período imperial. Na perspectiva de
proporcionar uma maior visibilidade a pesquisas que evidenciem o acesso da população negra à cultura
escolar, utilizamos como fonte para a construção do banco de dados as dissertações e teses
disponibilizados no site da Capes, publicações de periódicos e comunicações em anais de congressos e
de seminários do campo da História da Educação. Assim, apresentaremos os resultados parciais da
pesquisa, demonstrando que, em todos os períodos da história e diversas regiões brasileiras podem ser
encontradas pesquisas acerca da relação entre população negra e cultura escolar. Pudemos verificar,
ainda, o constante aumento de pesquisas sobre o tema, alterando a percepção que esteve em vigor na
história da educação, de que a população negra não teve relação com a cultura escolar ao longo da
história do Brasil.
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O JORNAL ‘A REGENERAÇÃO’ E A INSTRUÇÃO PÚBLICA E PARTICULAR NA PARAHYBA DO
OITOCENTOS (1861‐1862)
Thiago Oliveira de Souza (UFPB)
Cláudia Engler Cury (UFPB)
A Regeneração foi um periódico que circulou na Província da Parahyba do Norte nos anos de 1861/1862.
Vinculado ao partido conservador, possuía uma seção intitulada “parte oficial” muito rica, com leis,
decretos, relatórios e demais atos do governo. Além disso, destacam‐se os textos dos jornalistas que
compunham seu corpo redacional. O objetivo deste artigo é debater de que forma a instrução e os
debates ligados à educação apareciam na documentação oficial e nas resenhas e crônicas jornalísticas.
Em pauta estava, entre outras coisas, o ensino de primeiras letras, fonte de preocupação para os
jornalistas, tendo em vista a grande recorrência de resenhas que tratam da necessidade de
melhoramentos nessa área. Também foi possível localizar, em menor quantidade, matérias referentes
ao Lyceu Parahybano, primeiro estabelecimento de ensino secundário, criado em meados da década de
1830. Vinculada à iniciação cientifica, a pesquisa catalogou todas as matérias referentes a instrução
encontradas neste periódico, localizado no acervo de obras raras do Instituto Histórico e Geográfico
Paraibano. No intuito de contribuir com a história da educação paraibana, buscamos alargar o uso das
fontes e propor novas discussões sobre o tema.
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Eixo Temático 2
Culturas políticas e Construção do Estado Nacional
OFÍCIOS DE MEDICAR: PRÁTICAS MÉDICAS NA PARAÍBA OITOCENTISTA (1850‐1889)
Azemar dos Santos Soares Júnior (UFPB)
Este trabalho tem por objetivo analisar as práticas médicas na cidade da Parahyba na segunda metade
do século XIX. A presença desses profissionais da saúde foi durante longos períodos uma inconstância
na Província da Paraíba, ficando a cargo dos curandeiros, benzedeiras e parteiras o ofício de medicar. É
em meados do oitocentos que os médicos passam a exercer a arte de curar a partir da necessidade de
uma cidade abalada por epidemias, vermes e insalubridade. Medidas enérgicas, que iam desde a criação
de hospitais e cemitérios até uma legislação de combate a falta de higiene, deveriam ser tomadas para
conter o avanço desses males que assolavam a população. É observando a postura desses médicos, sua
habilidade política e imagem de homens do povo que buscamos entender como esses profissionais
mantiveram‐se a frente da Inspectoria de Saúde Pública, conciliando com outros cargos políticos como o
de Presidente da Província da Paraíba. Para realização desse trabalho, utilizamos as notícias publicadas
nos jornais da época como a Gazeta da Parahyba, os Relatórios de Presidente de Província, as Atas da
Assembleia Legislativa e alguns relatórios das Inspetorias de Higiene. Através dessa documentação
problematizamos nosso objeto de análise, observando a postura e o discurso sobre a medicina na
Paraíba entre 1850 e 1889.
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A ‘HIDRA LUSITANA’: UMA COMUNIDADE PORTUGUESA NO RECIFE DO SÉCULO XIX
Bruno Augusto Dornelas Câmara (UFPE)
A década de 1840 foi bastante intensa para a comunidade portuguesa residente no Recife. Ocorreram
na cidade em torno de sete violentas manifestações contra os portugueses e seus respectivos
estabelecimentos comerciais. A onda de antilusitanismo que marcou aqueles anos era fomentada por
parte da imprensa panfletária ligada a facção liberal ‐ gente do Partido Praieiro ‐ que brigava pelos
cargos de poder na província de Pernambuco. Como plataforma de campanha, os praieiros usaram e
abusaram da já enraizada aversão aos “antigos colonizadores”. Além do mais, o cenário social da cidade
estava marcado por fortes disputas entre brasileiros e portugueses pelas vagas no mercado de
trabalho, sobretudo no comércio a retalho, monopolizado pelos lusitanos. Isso era combustível mais
que suficiente para acirrar a violência nas ruas. Não foi a toa que a facção praieira agia em favor da
“nacionalização do comércio a retalho”, como forma de arregimentar a população mais desfavorecida
para o seu lado. Porém, após os insucessos dos liberais na Insurreição Praieira, quando os praieiros são
varridos para fora do cenário político, os imigrantes portugueses começam a estabelecer outros
vínculos comunitários mais sólidos, como a criação do Gabinete Português de Literatura, do Hospital
Português de Beneficência e da Monte Pio Português. Os membros promotores dessas instituições
faziam parte do corpo do comércio, constituindo‐se tanto de comerciantes, como também de seus
respectivos caixeiros. A presente comunicação investiga as formas de estabelecimento, inserção e
interação dos membros dessa comunidade na nova conjuntura pós‐Praieira, que vão além dos
mecanismos de preservação e valorização étnica.
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CONSTRUINDO O ESTADO: TRÊS PROPOSTAS LIBERAIS PARA A INSTRUÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA NO
SÉCULO XIX
Bruno Celso Sabino Leite (UFPB)
O século XIX, no Brasil, parece ter sido um daqueles períodos de tempo no qual tudo que dizia respeito
à garantia dos laços de estabilidade social, estava por se fazer. Deixando de ser colônia, um país, um
Estado independente, deveria ser construído. Empreitada realizável por muitas frentes, dentre as quais:
a organização do sistema eleitoral, a criação dos registros civis (nascimento, casamento e óbito), a
instalação de um sistema demográfico e, também, um sistema nacional de pesos e medidas. No
Oitocentos, houve, por parte de muitos sujeitos políticos, o entendimento de que a criação, organização
e manutenção de um sistema de instrução pública relacionava‐se diretamente com a formação do
Estado. Por isso, a presente comunicação tem por objetivo expor e refletir acerca das “expectativas”
políticas e sociais, em torno da instrução pública, de três importantes liberais: Diogo Antonio Feijó
(1784‐1843), na primeira metade do século XIX; Tavares Bastos (1839‐1875), em sua metade; e Rui
Barbosa, (1849‐1923) no final do Oitocentos. O debate possui um duplo intuito: o de perceber as
singularidades (e não particularidades) do liberalismo no Brasil, e o de trazer à tona propostas
educacionais que, em muitos aspectos, não parecem desgastadas pelo passar do tempo, servindo,
assim, como espero deixar claro, de uma espécie de chave de compreensão para os problemas não
resolvidos no tempo presente.
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ELEIÇÕES E GOVERNABILIDADE: TRANSFORMAÇÕES POLÍTICAS NO IMPÉRIO (CEARÁ, 1846‐1860)
Bruno Cordeiro Nojosa de Freitas (UFC)
Este trabalho preocupa‐se em estabelecer uma conexão entre as práticas políticas dos altos escalões
administrativos do Império e os setores básicos de tal hierarquia, notando especialmente a sua
realidade eleitoral. Período de desagregação das estruturas sociais fundadas em um passado colonial e
definição de novas instituições da nação, a metade do século XIX nos permite notar minúcias das
transformações eleitorais no Brasil. Ao mesmo passo, os limites do país, fossem geográficos ou na
cidadania dos seus habitantes, testemunhavam sucessivas alterações, marcadas tanto na presença de
missões científicas quanto nas novas leis relativas à representatividade. Através do atípico e da
contradição é que buscamos apreender as regras e lógicas internas do funcionamento legal da vida
política. Valemo‐nos principalmente de debates em periódicos, ofícios entre órgãos administrativos,
funcionários públicos, relatórios de autoridades e escritos de viajantes que circularam nesse universo.
Nesse sentido, o Ceará aparecia como parte de um corpo nacional que havia de ser enquadrado em
projetos políticos legitimados na Corte, considerando a proeminência do partido Conservador no
período. Contudo, anseios outros norteavam as preocupações de diferentes grupos políticos da nação e
o partido Liberal, único rival dos conservadores nessa metade de século, exercia sua pressão sobre as
leis eleitorais. É nesse conflito que buscamos o que define a evolução política do sistema eleitoral no
Império.
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A POLÍTICA DE COLONIZAÇÃO NO SEGUNDO IMPÉRIO: A COLÔNIA MILITAR DE PIMENTEIRAS
Carla Fernanda de Lima (SEDUC/PE)
Na segunda metade do século XIX o governo imperial implantou diversas colônias no centro‐sul do
Brasil, formadas por imigrantes estrangeiros. Tendo como objetivo principal povoar o sul do Brasil e
assim garantir a posse de terras, ao mesmo tempo que, isso significou a proteção das fronteiras do país.
Paralela a essa colonização estimulada pelo governo imperial acontecia uma colonização promovida por
particulares, com o fim determinado de inserir o trabalho livre em substituição ao trabalho escravo, nas
regiões cafeeiras. Assim como no sul do país, no Norte também houve uma preocupação do governo
imperial em promover a implantação de colônias com objetivos de povoamento, em suas províncias. Em
particular a província de Pernambuco, foi um local onde várias colônias foram fundadas. As Colônias que
foram criadas tinham, além do objetivo de principal que era o estabelecimento do povoamento, fins
específicos que motivaram sua fundação. Diversas colônias surgiram ao longo do século XIX, no
território da província de Pernambuco, resultado da ação política de colonização empreendida pelo
governo imperial. Entre as Colônias fundadas estavam a Colônia Agrícola Santa Amélia, a Colônia
orfanológica Isabel, a Colônia Socorro, a Colônia Suassuna, a Colônia Militar de Pimenteiras, etc. Dentre
as Colônias que foram criadas está a Colônia Militar de Pimenteiras, mote da nossa discussão. Localizada
situada no vale do rio Fervedor, afluente do rio Una, na fronteira com a Província de Alagoas, a 10 léguas
a Sudoeste da Vila de Bonito, a 9 léguas a Oeste da Vila de Água Preta, a 20 léguas do litoral de
Pernambuco e a 7 léguas da Colônia Leopoldina da província das Alagoas. Portanto, pretendemos nesta
breve discussão analisar o motivo da criação da Colônia Militar de Pimenteiras e alguns aspectos do
cotidiano de seus colonos. Bem como características do sistema de colonização estabelecido na
província de Pernambuco.
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A PROVÍNCIA MERIDIONAL E A LEI DE TERRAS DE 1850: UM ENFOQUE POLÍTICO
Cristiano Luís Christillino (UFPE)
Nesta apresentação, discutimos a aplicação da Lei de Terras de 1850 na Província de São Pedro do Rio
Grande do Sul. Nosso recorte temporal se estende de 1850 a 1880, período que abrange a promulgação
da Lei até a década em que foi produzido o maior volume de processos de legitimação e revalidação de
terras. Eles resultaram, no sul, principalmente, do avanço da colonização e da exploração da erva‐mate.
A expansão da fronteira fundiária, sobre as terras florestais, multiplicou o número de litígios entre os
terratenentes e, com isso, aumentou a procura pelos expedientes da Lei para reconhecimento do
direito de acesso a terras. No caso sul‐rio‐grandense, a Coroa utilizou a aplicação da Lei de Terras
enquanto uma das suas bases de cooptação da elite miliciana sul‐rio‐grandense, fundamental à
manutenção da hegemonia política do Império na região Platina.
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O NACIONALISMO NO TEXTO LITERÁRIO ‘A CANÇÃO DO EXÍLIO’ E SUAS RESPECTIVAS PARÓDIAS
Dayanna Alves Cavalcanti (UEPB)
Janine da Guia Costa (UEPB)
O processo de formação da nação brasileira despertou um sentimento de caráter patriótico no âmbito
da escrita, o ideal de construção da nossa Nação se entrelaçará ao campo da literatura. Um novo olhar
cultural e social será impulsionado pelo processo de independência em meados de 1822, consolidando
um desejo de se apreender uma identificação do povo brasileiro através da construção de uma
identidade nacional, explorando e exaltando temas locais. Nossa pesquisa propõe a analisar o poema de
Gonçalves Dias, “A Canção do Exílio”, interligando‐a com outros poemas de autores da segunda
geração do Romantismo, que parodiaram o poema pelo excessivo espírito nacionalista cabível ao
processo histórico do Brasil no período imperial, e assim, de refletirmos sobre o vínculo da literatura no
âmbito da história.
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CARTAS DO EXÍLIO DE JOSÉ BONIFÁCIO: PROSA E POESIA À SERVIÇO DO DISCURSO POLÍTICO
Eduardo José Santos Borges (UNEB)
Após a crise política acontecida em novembro de 1823 que culminou com a dissolução da Assembleia
Constituinte episódio que a história designaria como “noite da agonia”, começava o período de
tormenta de José Bonifácio de Andrada um dos mais ilustres personagens políticos da historia brasileira
da primeira metade do século XIX. Estabelecido na França, para um exílio forçado, José Bonifácio não se
furtou em participar ativamente do debate político no Brasil. Através de cartas trocadas com alguns
amigos José Bonifácio acompanhou e opinou sobre o processo histórico do Primeiro Reinado brasileiro.
Este trabalha se utiliza destas cartas buscando traçar o perfil deste personagem, tão central na
construção de um futuro Estado brasileiro, que ao se utilizar da prosa e mesmo da poesia construiu uma
pequena crônica de um momento tão decisivo da História política do Brasil.
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O PODER JUDICIÁRIO: UM ALIADO NA FORMAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO
Elaine Leonara de Vargas Sodré (UFVJM)
A proclamação da Independência, em setembro de 1822, foi apenas a oficialização do nascimento do
Estado no Brasil. A efetiva institucionalização configurou‐se em um processo lento e gradativo, marcado
por avanços e recuos. Ao longo do Império, algumas instâncias político‐administrativas foram
adquirindo importância como funções estatais fundamentais para a consolidação do Estado Nacional. O
poder judiciário enquadra‐se nesse caso, pois além de desempenhar sua função primordial: a
jurisdicional; ao mesmo tempo, também foi importante instância burocrática, agindo em prol da
manutenção do Estado. Observa‐se que a estrutura judiciária implementada nas décadas iniciais do
Império refletia o Brasil daquele momento, ou seja, um misto de inexperiência administrativa e
incertezas políticas. Ao passo que o poder monárquico se fortalecia promovia mudanças que visavam a
consolidação do Estado. Neste trabalho, o objetivo é analisar como o funcionamento do poder judiciário
contribuiu para a formação do Estado Nacional, bem como, identificar algumas variações estruturais,
especialmente na magistratura, que demonstram, claramente, sua contribuição para a manutenção do
modelo estatal centralizado instituído por D. Pedro I e consolidado durante o Segundo Reinado.
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A BRASILIANA PUBLICA O IMPÉRIO NA DÉCADA DE 1930: CULTURA HISTÓRICA, AFRICANIDADES E
QUILOMBOS
Elio Chaves Flores (UFPB)
O presente artigo discute um conjunto de publicações na Coleção Brasiliana pertinentes ao período
imperial, com recorte temático sobre as tradições africanas e as notícias dos quilombos. Parte‐se da
hipótese de que, logo após a Revolução de 1930, os “estudos históricos” e biográficos se intensificaram
na procura das raízes da nacionalidade que estariam difusas na duração imperial. A profusão de
narrativas, crônicas e biografias parecem atestar, nas publicações da Brasiliana no decorrer da década
de 1930, que a República havia descoberto o Império.
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“ENTRE AS BALAS E OS PILOUROS”: O POVO COMO VOCÁBULO NO CEARÁ DO INÍCIO DO PRIMEIRO
IMPÉRIO BRASILEIRO
Iarê Lucas Andrade (URCA/FUNCAP)
Esse trabalho almeja problematizar a utilização do vocábulo povo enquanto fator que faz alusão a
distintas culturas políticas presentes na dinâmica da formação do Brasil Império. No Ceará Provincial,
observa‐se que o termo é muitas vezes recorrido para formatar imaginadas reorganizações que eram
propostas em famílias políticas que se encontravam na arena da luta pelo poder.
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ENTRE O CHARME DA MODERNIDADE E A UTOPIA DA HYBRIS: O PENSAMENTO RADICAL DE JOAQUIM
NABUCO NO BRASIL DO OITOCENTOS
Jean Carlo de Carvalho Costa (UFPB)
Essa intervenção objetiva ressaltar a importância do pensamento de Joaquim Nabuco (1849‐1910) no
Brasil Oitocentista, enquanto discurso que presentifica, ainda hoje, um hiato em nossa agenda
democrática, guiada por inquietações em torno das ideias de progresso, liberdade e educação,
elementos basilares da consolidação de uma nação moderna. Ora, não é exagero afirmar que a
produção historiográfica e sociológica brasileira, a partir da análise de teses de alguns de seus principais
intérpretes, vem ganhando atenção crescente, desde a década de 1990, não apenas na academia como
também do público mais gera. O discurso abolicionista de Nabuco exerceu papel de destaque na
importância atribuída às reformas sociais, para além da simples abolição, necessárias à configuração
final de uma nação moderna, instituindo, ainda em sua produção na juventude, os elementos centrais
da narrativa que, ainda hoje, impregna o pensamento nacional, confirmando o indício de que existe uma
comunidade de imaginação que insiste em se perguntar sobre o que nos conforma, auxiliando a
compreender o porquê de nós termos nos tornado isso que hoje somos. O argumento central, nesse
sentido, é ressaltar a relevância do papel do discurso dos intelectuais na constituição de uma agenda
democrática e, segundo, apontar para a singularidade do lugar de Joaquim Nabuco, a partir da análise,
ainda que descontínua, de sua trajetória intelectual, na conformação de nosso processo civilizatório.
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URBANIZAÇÃO E VIDA COTIDIANA: A PROVÍNCIA DA PARAÍBA NA DÉCADA DE 1830
Jerlyane Dayse Monteiro dos Santos (PIVIC/UFPB)
Serioja Rodrigues Cordeiro Mariano (UFPB)
Este trabalho é parte integrante do Projeto de Pesquisa “A Província da Paraíba no Período Regencial
(1831‐1840)”, vinculado ao PIVIC/UFPB. Tem por objetivo analisar as principais transformações
socioculturais ocorridas na Província da Paraíba, tendo como base, não só o código de Posturas
Provincial, aprovado em 1831, como também, uma série de documentos presentes no Arquivo Histórico
do Estado da Paraíba, referentes à inserção desta Província no cenário Político e Administrativo
nacional. Tendo em vista que a partir do início do século XIX, o Rio de Janeiro começou a sofrer um
processo civilizatório que passou a reger os hábitos e normas de convívio social nas demais Províncias
do Brasil. E como não poderia ser diferente a Paraíba também sofreu a influência civilizatória e
urbanística implantada na Capital do Império. As principais medidas civilizatória implantadas nas demais
Províncias do Brasil tinha como objetivo adequar os hábitos e costumes impostos pela corte, no Rio de
Janeiro, “a vida urbana provincial”, buscando ajustar as especificidades ao processo civilizatório
nacional. Palavras‐chave: Cotidiano, Paraíba, Urbanização.
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BRASIL – INGLATERRA: DIPLOMACIA E DEPENDÊNCIA
José Ernesto Pimentel Filho (UFPB)
Josivan Lima da Costa Júnior (UFPB)
Este trabalho busca uma análise das representações consulares entre Brasil e Inglaterra, assim como
identificar a evolução das trocas comerciais e indústrias entre os dois países em pleno século XIX, mais
precisamente no período correspondente ao Segundo Império brasileiro (1840‐1889). O trabalho
contemplará os resultados e estudos desenvolvidos durante todo o projeto voluntário vinculado ao
Programa Institucional de Voluntários à Iniciação Científica (PIVIC) “As Relações Comerciais Brasileiras
com a França e a Inglaterra no Segundo Império”, mantendo sempre o foco na relação de dependência
entre as duas coroas e identificando os fatores (tratados e acordos diplomáticos) que irão melhor
beneficiar uma das partes.
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AS VIAGENS E OS ESTUDOS DE DOM PEDRO II: A CONSTRUÇÃO DE UMA IMAGEM
Josiane Gomes da Silva (UFRN)
Genilson de Azevedo Farias (UFRN)
A proposta desta pesquisa vem mostrar a importância das viagens realizadas e dos estudos
implementados por Dom Pedro II acerca do Egito para a apreensão da idealização que o monarca fazia
de si mesmo enquanto um líder culto e intelectual diante do mundo. Nosso interesse se dá tendo em
vista que foi por meio destas viagens que tivemos uma significativa contribuição no desenvolvimento da
cultura e da construção da identidade nacional. Estando ainda em estágio embrionário, nossas análises
deitam raízes no diário de viagem do imperador, escrito por ele durante suas visitas às tumbas e
templos sagrados pertencentes ao que foi a civilização do Egito Antigo. Também visualizamos os jornais
e charges da época como objetos de estudos complementares e auxiliares.
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CÂMARAS MUNICIPAIS NO BRASIL IMPÉRIO: PERSPECTIVAS DE ANÁLISE
Juliana Teixeira Souza (UFRN)
Antes “cabeças do povo”, espaço privilegiado de negociação e representação das elites locais, as
câmaras municipais são reconhecidas pela historiografia atual como instituições fundamentais da
administração colonial luso‐americana. Mas há décadas, os estudos que se debruçaram sobre o nosso
passado tem unanimemente decretado que as câmaras municipais foram nulificadas após os processos
de emancipação política e consolidação do Estado imperial. Ao que parece, as municipalidades teriam
sucumbido ao movimento de centralização do poder imposto pelos conservadores fluminenses, que
atribuindo‐lhes apatia e ignorância, passaram a identificá‐las como canais de expressão das ambições
particulares, incapazes de assegurar a difusão da Civilização, o primado da Razão e o triunfo do
Progresso. A proposta desta comunicação é analisar a construção histórica e historiográfica do discurso
que tornou possível a sentença de anulação das câmaras municipais, colocando em debate a relevância
dos estudos dedicados ao Brasil Império que privilegiam esta esfera do poder, seja na definição os
temas, seja na escolha do corpus documental. Para tanto, discutiremos o caso da Câmara Municipal do
Rio de Janeiro, localizada no Município Neutro, sede do governo central.
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DILEMAS DO PRÍNCIPE REGENTE: ANÁLISE DO CONTEXTO POLÍTICO E DAS DECISÕES QUE
CULMINARAM NA VINDA DA FAMÍLIA REAL PORTUGUESA PARA O BRASIL EM 1808
Layrton Borges Bezerra (UFPI)
Francisco de Assis de Sousa Nascimento (UFPI)
O presente artigo enfoca a análise realizada por alguns autores sobre a vinda da família real portuguesa
para o Brasil em 1808, bem como os conflitos e decisões tomadas pela Coroa portuguesa durante a
invasão napoleônica. São indicados nesse texto diferentes posicionamentos teóricos e compreensões
sobre as decisões tomadas por D. João como forma de preservar a soberania do Império português.
Trata‐se de uma pesquisa de cunho bibliográfico, que almeja contribuir para a ampliação do
conhecimento sobre a história do Brasil no período imperial.
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O FEDERALISMO E SEUS MATIZES NA BAHIA E EM PERNAMBUCO (1824‐1841)
Lina Maria Brandão de Aras (UFBA)
As ideias federalistas circularam amplamente nas províncias da Bahia e de Pernambuco entre 1824 e
1841. O estudo do ideário federalista nos permite identificar os seus matizes e o circuito político em
diálogo no período, onde se destacaram as rebeldias de Cipriano Barata, Domingos Guedes Cabral, Frei
Caneca e Abreu e Lima. A análise do conteúdo dos artigos publicados nos periódicos disponíveis nos
permitiu acompanhar os debates e identificar aproximações e diferenças entre os textos publicados nos
periódicos caracterizados pela contestação ao Estado imperial, editados nas referidas províncias. Desta
forma, o ideário federalista agregou elementos do federalismo norte‐americano, mas, também,
dialogou com o federalismo mexicano e com o modelo confederativo bolivariano, em busca de uma
forma de governo mais adequada ao Império do Brasil.
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“JOGOS DE ESCALAS”: PENSAMENTO POLÍTICO E CONSTRUÇÃO DO ESTADO NACIONAL NO BRASIL
EM JOAQUIM JOSÉ RODRIGUES TORRES (1821‐1839)
Lívia Beatriz da Conceição (UFRJ)
A proposta central da pesquisa em fase inicial é a de fazer uma biografia sobre o “saquarema” Joaquim
José Rodrigues Torres, mais conhecido como o “visconde de Itaboraí”. Temos por objetivo investigar e
refletir sobre a constituição de seu pensamento político, em suas permanências e rupturas, num
momento particular de construção do Estado imperial no Brasil. Defendemos a perspectiva de que
Rodrigues Torres, um agente histórico em seu mundo, teve sua história de vida entrecortada por este
significativo processo. Numa variação entre as escalas de observação, buscamos, assim, analisar o
processo macro de formação do Estado imperial no Brasil a partir de uma narrativa de vida, numa
abordagem microanalítica, de um dos principais representantes do regresso conservador do período,
entre os anos de sua formação acadêmica como matemático na Universidade de Coimbra e sua
aproximação dos ideais regressistas em finais dos anos trinta (1821‐1839).
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ENTRE AS ONDAS E OS ROCHEDOS: O LIBERALISMO RADICAL DE BORGES DA FONSECA E AS ELEIÇÕES
GERAIS DE 1844 EM RECIFE
Manoel Nunes Cavalcanti Junior (IFBA)
As eleições gerais de 1844 na Província de Pernambuco transcorreram num acirrado clima de disputa
entre duas facções políticas. O primeiro deles ficou popularmente conhecido como guabirus,
encerrando em suas fileiras os conservadores locais. Lutavam, naquele momento, para se manterem no
poder. O segundo recebeu a alcunha de praieiros, composto por liberais e dissidentes conservadores.
Seu objetivo era destituir os adversários e tomar posse do poder provincial. Na cidade do Recife, capital
da Província, um terceiro grupo procurava se distinguir, tendo como seu principal líder e representante
o antigo agitador liberal Borges da Fonseca. Munido de um discurso e ideário liberais, ele procurou se
equilibrar entre os dois principais focos da política provincial. O objetivo deste trabalho é analisar o
posicionamento de Borges da Fonseca na disputa eleitoral que ia tomando forma no decorrer daquele
ano, fornecendo base para a compreensão do seu relacionamento político com os conservadores e a
difícil convivência com os praieiros.
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COLÔNIAS MILITARES E A CONSOLIDAÇÃO DO ESTADO NO BRASIL (1850‐1870)
Maria Luiza Ferreira de Oliveira (UNIFESP)
As colônias militares foram criadas em toda a extensão do território brasileiro a partir de 1850, como
esforço de dominar regiões marcadas pela existência de conflitos com a população livre e pobre,
escravos fugidos, índios, ex‐escravos. Eram regiões de fronteira, tanto interna quanto externa. No
contexto do final da praieira e da revolta popular contra o registro de nascimentos e óbitos, ocorrida
em cinco províncias ao mesmo tempo, o ministro Honório Hermeto Carneiro Leão sugere que a
fundação de colônias militares seja transformada em lei e aplicada a regiões de conflito. Foi uma
estratégia adequada para o ministério da conciliação, e teria sentido na década de 1850/1860, pois na
década de 1870 o contexto de estruturação das Forças Armadas, pós Guerra do Paraguai, seria outro, e
as colônias militares foram aos poucos desativadas e transformadas em povoados, vilas, cidades.
Interessa investigar a dinâmica da fundação de cada colônia, entender os conflitos populares de cada
região, documentando a experiência política de vastos setores sociais. Interessa também entender os
mecanismos de estruturação do Estado racional no Brasil, Estado que não conseguira aplicar a
estatística com a lei que ocasionou a revolta em 1851 e 1852 e, no entanto, conseguiria em 1872 (não
apenas o Censo, mas a primeira matrícula de escravos). Vamos discutir com mais vagar as colônias
militares de Pimenteiras e de Leopoldina, em Alagoas e Pernambuco, região por onde circulavam os
“bandidos das matas”. Foram diversos os projetos do Estado nesse período para resolver questões
consideradas “crônicas”, como as colônias de imigrantes, a construção de estradas, a modernização
dos correios. Muitos projetos tiveram investimento financeiro e pareciam uma solução adequada mas
no entanto fracassaram. Esse também parece ter sido o caso das colônias militares.
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PODER LOCAL E SAÚDE PÚBLICA: AS EPIDEMIAS DO CÓLERA NA PROVÍNCIA DA PARAÍBA
Nayana Rodrigues Cordeiro Mariano (UVA/UFPB)
Este trabalho discutirá as políticas públicas de combate as epidemias do Cólera que acometeram a
província da Paraíba nas décadas de 1850 e 1860. As Posturas Municipais que eram aprovadas pela
Câmara e seguiam recomendações médicas, indicam o desconhecimento da etiologia, da transmissão e
dos tratamentos adequados, bem como, as estratégias de segregação e disciplinarização por que
passavam a população diante desta conjuntura de crise. Posturas que regulavam o uso do espaço
urbano e das práticas sociais locais como a não divagação de doentes pelas ruas, a proibição de
enterramento no interior das igrejas, as quarentenas, a proibição do uso de água durante as
festividades do entrudo, dentre outras, exemplificam as preocupações com a “civilização das
condutas”. A epidemia era uma realidade, medidas governamentais deveriam ser tomadas, mas havia,
de fato, uma intervenção abrupta no cotidiano dos pessoas. Algumas medidas eram importantes para
frear a devastadora epidemia, mas muitos resultados foram ganhos a preços sociais elevados.
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O PODER LOCAL E O ESTADO IMPERIAL NA REGIÃO DO ACARAÚ (CEARÁ, 1834‐1846)
Reginaldo Alves de Araújo (UFC)
Coube a menoridade, seguido pelo Segundo Reinado, a estabilização política e implantação de um
projeto nacional para combater a ameaça de desintegração do território frente à onda de rebeliões que
assolaram o país pós 1831. Objetivando analisar as relações políticas envolvendo o Estado Imperial
brasileiro e as famílias de proprietários locais da região do Acaraú, destacamos dois lados dessa política
brasileira dos oitocentos, estudando como o Império do Brasil aliciou parte da elite da província do
Ceará na formação de uma força coercitiva, que por sua vez alimentava um forte sentimento de alto‐
preservação, enquanto outro setor desta mesma elite resistiu ao projeto de limitação do poder privado,
implantando uma relação de conflito com o governo dos Liberais Moderados liderados, no Ceará, pelo
padre José Martiniano de Alencar.
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“QUIXADÁ: ÚNICO, MONUMENTAL E INÚTIL”: DEBATES SOBRE O AÇUDE CEDRO NO “COMBATE” ÀS
SECAS NO CEARÁ (1884‐1906)
Renata Felipe Monteiro (UFC)
A construção do açude Cedro localizado em Quixadá – Sertão Central do Ceará – desde os primórdios
(1884) esteve envolto em inúmeros debates, empreendidos entre intelectuais, engenheiros e políticos:
ora monumental, ora inútil. As críticas tornavam‐se mais constantes devido às disputas entre os
engenheiros, aos problemas estruturais para a conclusão do reservatório, a resistência dos
trabalhadores em permanecer na obra, dentre outros. Tendo como parâmetro diversos documentos,
tais como ofícios, relatórios e jornais, percebe‐se que havia diversos planos para tornar essa obra
pública funcional e útil para a população, criando‐se sindicato e canais de irrigação. O objetivo desse
trabalho consiste em compreender os debates sobre a funcionalidade do açude Cedro no “combate” à
seca no Ceará, entre 1884 e 1906.
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A HISTÓRIA DE UM ENGENHO: O TABUA E SUAS RELAÇÕES DE TRABALHO (1840‐1888)
Romero Crispim da Silva (UNIT)
Joceneide Cunha dos Santos (UNIT)
A produção açucareira em Sergipe foi tardia, a inserção da lavoura de cana de açúcar ocorreu de forma
mais intensa no final do século XVIII. E segundo alguns historiadores os engenhos sergipanos eram
pequenos e não passavam de banguês. Assim, este trabalho tem como objetivo apontar alguns
elementos da história de um engenho denominado Tabua de Baixo, localizado na cidade de São
Cristóvão, capital da Província até 1855. Este engenho foi escolhido devido ao fato da atualidade ter
uma comunidade negra que vive nas suas redondezas e possivelmente descendentes dos antigos
escravos. Pretendemos traçar um perfil do deste engenho e dos seus escravizados. Para isso
utilizaremos diversas fontes, dentre elas os inventários post‐mortem, anúncios em jornais dentre outra
fontes. Os dados coletados até o momento permitem pontuar que além do proprietário tinham outras
pessoas que residiam agregadas ao engenho e que também eram proprietárias de escravos e por isso o
número de escravos envolvidos com a produção do açúcar era significativo, e possivelmente incluía
mulheres e homens, africanos e brasileiros. Outro dado é o que Engenho Tabua de baixo é fruto de uma
divisão, e assim surgiram os engenhos Tábua de Baixo e o de Cima que eram separados apenas por um
rio, o mesmo que também fazia divisas entre duas cidades a de São Cristóvão e Laranjeiras. Ressalto
que este trabalho faz parte de uma pesquisa maior que tenta compreender a transição do trabalho
escravo para o livre na região.
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A DÉCADA DE 1840: A CONSTRUÇÃO DA CULTURA POLÍTICA HEGEMÔNICA
Rosa Maria Godoy Silveira (UFPB)
Desde o processo de separação do Brasil, os caminhos para a construção de uma nova ordem política na
ex‐colônia recém‐emancipada foram diversos. Apesar do ato formal do 7 de setembro, a cultura política
centralista, própria à monarquia bragantina, não tinha a adesão unânime dos vários territórios
brasileiros, confrontada com as culturas políticas regionais, que, no entanto, enquanto tais,
apresentavam soluções diversas para o pacto político de governança. O I Reinado e a Regência
constituíram períodos de numerosos conflitos, em torno de muitas questões relativas à estruturação do
poder: a permanência dos portugueses junto ao Governo imperial, a nacionalização do Exército, as
relações entre Igreja e Estado, a Instrução Pública, a propriedade da terra, as relações com a Inglaterra,
até a grande questão envolvendo todas as demais dimensões mencionadas: a distribuição social e
territorial do próprio poder. Até o final da década de 1830, houve muitos deslocamentos de
posicionamentos políticos, marcados pelos famosos temores da fragmentação territorial e de uma
revolução social negra (o haitianismo). A década seguinte seria de definição de algumas ‐ e importantes
‐ dessas problemáticas postas na agenda política: o aparato jurídico‐repressivo e a ordem interna, a
questão da terra, o tráfico internacional de escravos. A cultura política centralista se hegemoniza por
um conjunto de circunstâncias econômicas, sociais, políticas, e também culturais, analisadas neste
trabalho.
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CULTURA POLÍTICA E O DEBATE SOBRE A EXPULSÃO DE PORTUGUESES NA BAHIA – 1831
Sérgio Armando Diniz Guerra Filho (UFRB)
No bojo da crise política que culminou com a abdicação do Imperador, em 1831, a Província da Bahia
assistiu a diversos episódios que enredaram portugueses e brasileiros em conflitos que foram de
simples rusgas na imprensa até sangrentos conflitos de rua. Neste cenário de tensão, estabeleceu‐se um
debate sobre a situação de portugueses que permaneceram na Bahia depois de 1822, e qual a sua
importância e relação para com o Estado brasileiro. Através de petições, abaixo‐assinados e listas
endereçadas às autoridades da província, membros da sociedade baiana pediram, tanto a expulsão,
como a permanência de portugueses moradores da Província. Neste cenário, os sujeitos do conflito
acabaram por explicitar noções políticas importantes para a compreensão das redefinições que
envolviam a formação do Estado e da nação brasileiros em seus primeiros anos de vida.
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CULTURA POLÍTICA E RELAÇÕES DE PODER NA PARAÍBA: RELATOS SOBRE O ATENTADO CONTRA O
PRESIDENTE DA PROVÍNCIA PEDRO RODRIGUES FERNANDES CHAVES EM 1841
Serioja Rodrigues Cordeiro Mariano (UFPB)
Este trabalho tem por objetivo analisar a cultura política e as relações de poder na província da Paraíba
em 1841. Neste ano, segundo os relatos da documentação pesquisada, o presidente da província Pedro
Rodrigues Fernandes Chaves, sofreu um atentado. A emboscada teria sido encomendada por outro
grupo da elite local, que fazia oposição política ao presidente. Após a análise do processo crime, com o
depoimento dos réus, percebem‐se as disputas através das redes de poder, no cenário da política local,
com estratégias de manutenção de práticas que permaneceram ao longo do século XIX. Essas práticas
indicam uma cultura política, ou seja, um conjunto de valores, normas e comportamentos de uma
tradição colonial, nas relações sociopolíticas, adaptadas a conjuntura imperial. Portanto, pretendo
apresentar essa teia que compõe o jogo de comportamentos políticos de ambas as partes, daqueles
considerados réus e dos seus acusadores, levando em consideração que trabalho com uma
documentação carregada de sentidos, notadamente os Relatórios dos Presidentes de Província e o
Processo Crime.
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II ENCONTRO DE HISTÓRIA DO IMPÉRIO BRASILEIROCulturas e Sociabilidades: Políticas, Diversidades, Identidades e Práticas Educativas
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OS ÍNDIOS E O IMPÉRIO: OS POTIGUARA DA BAÍA DA TRAIÇÃO NA IMPRENSA OFICIAL DA PROVÍNCIA
DA PARAHIBA
Thereza B. Baumann (Museu Nacional – UFRJ)
Esta comunicação propõe analisar o espaço ocupado pelo indígena na imprensa oficial da Província da
Parahiba do Norte e o modo como esta imprensa refletia a política imperial que então advogava pela
integração dos indígenas e adoção de “políticas civilizatórias”. A inserção dos indígenas e a
sistematização dos aldeamentos já haviam sido preconizadas por José Bonifácio, em 1823, em seus
“Apontamentos para a Civilização dos Índios Bravos do Império do Brazil”. E, embora a Constituição de
1824 houvesse ignorado a existência dos indígenas, o decreto de 1831 os consideraria como “órfãos.
Somente em 1845 o Regulamento das Missões normatizaria os assuntos concernentes à sua
“civilização”, objetivando a sua assimilação. As Leis de Terras promulgadas em 1850 e em 1860
subordinariam o destino das terras e dos povos indígenas ao projeto agrário do Império que
implementou um programa de regularização do patrimônio indígena. No período entre 1850 e 1870, os
jornais da Paraíba, tais como O Despertador e O Publicador, encarregados da publicação do Expediente
do Palácio publicam reivindicações, requerimentos ou circulares relativos aos indígenas de Jacoca,
Alhandra e Baía da Traição. Os Potiguara desta localidade reclamam contra “o esbulho que dizem sofrer
nas terras do seu patrimônio” e encaminham uma petição ao Imperador na qual “rogavam a posse de
suas terras que lhes haviam sido dadas”. Interessa‐nos observar de que forma os jornais acima citados
tratavam a questão indígena independentemente das notícias oficiais que necessariamente publicavam.
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AS SECAS E SUAS MISÉRIAS: 1877 NA PERSPECTIVA DOS PRESIDENTES DE PROVÍNCIAS
Wescley Rodrigues Dutra (UFPB)
O Nordeste brasileiro vê‐se constantemente ameaçado por períodos de secas que, além de ser um
penoso fenômeno climático, configura‐se como um momento ímpar de desestruturação da vida social
da região e dos indivíduos. A rotina é totalmente mudada nos períodos de estiagem. Não só o meio
físico é modificado, nos próprios corpos dos retirantes se inscreve a fome, a dor, o desespero... Corpos
entregues ao acaso, que vão povoando as estradas rumo às cidades buscando a sobrevivência. Na
história das secas do Nordeste a que aconteceu em 1877 apresenta‐se como um marco, devido a sua
grandiosidade, número de vítimas e mudança social. No presente artigo trabalhamos com os relatos dos
Presidentes de Províncias do Ceará e da Paraíba, buscando entender como eles representaram essa
seca diante das autoridades imperiais.
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Eixo Temático 3 Imprensa, Impressos e Práticas de Leitura ECOS DE “MATA‐MAÇOM, MATA‐PORTUGUÊS” NO PARÁ IMPERIAL: O CASO DO PASQUIM BRADO AO
POVO (1873)
Alan Christian de Souza Santos (UFPA)
A Boa Nova e O Pelicano eram respectivamente os jornais oficiais da Igreja católica e da Maçonaria no
Pará durante a chamada Questão Religiosa. Como em outras localidades do Brasil, este conflito se
manteve e foi alimentado na província nortista, sobretudo, através das publicações periódicas da
imprensa. Em meio aos debates dos órgãos oficiais e no calor das discussões do ano de 1873, foi
publicado na capital paraense um pequeno manifesto – também tratado como pasquim pelos
contemporâneos – intitulado O Brado ao Povo. Mais que incitar a população local a se posicionar de
modo contrário à instituição maçônica, tal panfleto afetou a lógica discursiva do embate por reverberar
os ecos de mata‐maçom, mata‐português dos tempos da Cabanagem. Mas, afinal, quem produziu o
Brado ao Povo? Curiosamente, enquanto os maçons responsabilizavam o bispo do Pará, D. Macedo
Costa, e seus confrades pela publicação do violento pasquim, estes atribuíam aos próprios maçons a
autoria do impresso como numa tentativa de difamar os líderes religiosos. Assim, o Brado ao Povo
representa uma interessante e enigmática peça retórica que ganha sentido apenas quando articulada à
história do conflito político‐religioso imperial e à história da província paraense. Neste sentido, a
presente comunicação pretende discutir como se tornou possível a feitura deste documento/
monumento e propor um modo de leitura que leve em consideração os conflitos, tensões, discursos e
representações que se fizeram sobre ele.
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‘MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS’: ERUDIÇÃO DO LEITOR NARRATÁRIO E DO LEITOR
BRASILEIRO
Ana Maria Koch (UFPI)
A primeira edição do texto literário Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, foi
publicado em capítulos quinzenais na Revista Brasileira em 1880. A análise mostra que o autor construiu
o narratário – a categoria da teoria da narrativa, em Literatura, para estabelecer o destinatário do texto
– como um erudito, conhecedor de expressões em inglês, francês, italiano. Pressupõe um leitor
narratário erudito também no que se refere ao conhecimento das tradições literária (satírica, poética,
teatral, épica), histórica brasileira e filosófica ocidental. A primeira impressão é a de que há um
deslocamento da construção textual no que se refere ao sistema educacional imperial. Quando
analisados outros textos de debate filosófico, político e literário publicados em jornais da época
percebe‐se que Memórias póstumas tem inseridos no enredo expressões comuns ao ambiente
jornalístico da época. A observação do programa educacional do Império a partir do programa de
instrução pública praticado – p. ex. no Colégio Pedro II, em Escolas Normais da Corte e Províncias –
indica que línguas estrangeiras (também o alemão), filosofia, arte literária e política eram parte
integrante da formação de jovens até a década de 1870, antes da reforma de ensino que promoveu a
ciência positivista defendida por militantes republicanos. A Comunicação propõe‐se a indicar essa
cultura comum pressuposta pelo autor para o narratário do texto literário e existente no leitor brasileiro
de Revistas da época.
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PRÁTICAS DE LEITURA NO BRASIL OITOCENTISTA: O LIVRO DIDÁTICO EM FOCO
André Mendes Salles (UFPB)
Com a Nova História Cultural, não unicamente os livros passaram a ser analisados, mas também as
práticas de leituras que deles se faziam. Nesse contexto, as discussões e as ideias suscitadas, sobretudo
por Roger Chartier, são caras aos historiadores. Suas análises acerca dos livros em geral influenciaram,
em particular, as análises sobre os livros escolares e trouxeram nova luz ao estado da arte da pesquisa
no Brasil. Pesquisas Recentes sobre os livros didáticos veem se preocupando em destacar tal
perspectiva de análise, mostrando‐se atentas às revisões e renovações historiográficas. Assim,
interessa‐nos perscrutar as indicações das formas de leituras que alguns dos autores de textos escolares
no império brasileiro, na apresentação de suas obras, tidas como diálogos com professores e aluno,
tentaram impor, ou seja, como eles queriam que seus textos fossem lidos, sem desvios nem
transgressões. Apesar de não termos indicações para tal, é muito provável que tais desvios e
transgressões nas leituras realizadas por professores e alunos fossem mais comuns do que possamos
imaginar. Por não ter tais indicações, concentramo‐nos em outras análises, quais sejam: as tentativas de
autores como Joaquim Manuel de Macedo e José Maria de Lacerda que, através de uma concepção
educacional catequética, por perguntas e respostas, tentaram impor formas de leituras a professores e
alunos no Brasil oitocentista.
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‘GAZETA NACIONAL’: IMPRENSA DO RIO DE JANEIRO, ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA E A (RE)
CONSTRUÇÃO DO FATO
Andréa Santos da Silva Pessanha (UNIABEU/ UFF)
Os jornais são privilegiados objetos e fontes de estudo nos trabalhos dos historiadores, sendo muito
utilizados por aqueles que se dedicam à pesquisa sobre o século XIX brasileiro. A imprensa propicia aos
estudiosos uma aproximação com o pensamento de uma época, pois podem observar quais temas
foram discutidos, como foram apresentados, com que frequência apareceram, como ocorriam as
polêmicas entre periódicos de redatores, proprietários e público alvo distintos. A partir dos envolvidos
na produção são criadas expectativas, pois leitores esperam uma forma específica de criar/exibir o fato.
Desta forma, ao comprar um número da Gazeta Nacional, jornal de circulação da cidade do Rio de
Janeiro, nos anos de 1887 e 1888, que teve como redator Aristides Lobo, liderança republicana, tinha‐se
um horizonte das questões polêmicas envolvendo república e abolição, bem como de possíveis querelas
com outros periódicos. Neste trabalho, objetivo analisar como esta folha abordou o processo do fim do
cativeiro no Brasil, observando para quais elementos ofereceu destaque. A forma como tratou a
atuação dos escravos e da princesa Isabel receberá especial atenção, pois reflito como suas narrativas
sobre estes dois agentes auxiliavam na construção de uma dada memória da abolição.
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A “QUESTÃO MILITAR” NAS PÁGINAS DA REVISTA ILLUSTRADA: ANGELO AGOSTINI E A CONSTRUÇÃO
DE UM CONTRA‐IMAGINÁRIO ANTI‐MONÁRQUICO (1886‐1888)
Carla Silva do Nascimento (UNIRIO)
O Brasil da segunda metade do século XIX foi marcado politicamente por questões que apontavam a
incapacidade do regime monárquico para articular componentes, anseios e necessidades de uma
sociedade cada vez mais complexa. Nesse período, a proliferação das folhas ilustradas, periódicos cuja
crítica política constituía campo extremamente fecundo para a oposição, foi um marco na imprensa.
Data dessa época a Revista Illustrada (1876‐1898), folha considerada pela historiografia como uma dos
grandes acontecimentos da imprensa brasileira, e que tinha como fundador, desenhista e editor Angelo
Agostini, caricaturista italiano que revolucionou o conjunto do gênero no Brasil. Este trabalho tem por
objetivo apresentar a forma como o caricaturista representou nas páginas da Revista Illustrada a
chamada Questão Militar – série de episódios que opuseram militares e governo durante a crise do
Império. Tais episódios são apresentados como parte de uma crise estrutural de caráter hegemônico, e
as representações feitas por Agostini sobre eles, como um esforço de construção de um contra
imaginário antimonárquico.
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LITERATURA NOS ARQUIVOS: A PARTICIPAÇÃO DE LITERATOS NA IMPRENSA DO SÉCULO XIX
Daniela Magalhães da Silveira (UFU)
A grande maioria dos periódicos publicados na Corte ao longo do século XIX apresentava, em sua lista
de colaboradores, nomes que, atualmente, são considerados importantes autores de nossa literatura.
Seus artigos figuravam tanto no corpo dessas folhas, misturando ficção e realidade, quanto em espaços
como o folhetim, reconhecidos por abrigarem vários romances e outros gêneros literários. Trabalhar
com essa fonte de pesquisa exige, portanto, certo esforço no sentido de tentar compreender como os
responsáveis por cada uma daquelas colunas definiam suas participações. Ou seja, em que medida
literatos como Machado de Assis, por exemplo, pretendiam intervir em suas realidades e realizar
alguma leitura de seu tempo, quando usavam artifícios literários? Para tanto, torna‐se relevante frisar a
necessidade de leitura da obra desses homens de letras em seus suportes originais. Mesmo porque
obras como Quincas Borba e Memórias póstumas de Brás Cubas tiveram suas primeiras versões
publicadas respectivamente na revista de moda e literatura A Estação e na Revista Brasileira. O objetivo
da apresentação será o de mostrar como alguns daqueles jornais usavam a linguagem ficcional a fim de
oferecer aos seus leitores uma visão diferenciada a respeito daquilo que se publicava em outras colunas,
consideradas “sérias” e imparciais. O ponto de partida será a participação de Machado de Assis na
impressa, haja vista sua regularidade e influência sobre outros autores.
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A LITERATURA DA CIVILIDADE ATRAVÉS DAS EPÍSTOLAS PORTUGUESAS NO BRASIL IMPERIAL
Fabiana Sena (UFPB)
A epístola teve predominância no século XVIII, quando foi possível verificar que tal gênero
proporcionava a valorização da experiência individual, igualmente oferecia uma escrita privilegiada das
atitudes e representação do sujeito. A historiografia tem considerado, tradicionalmente, a epístola
como documento, servindo para comprovar algum acontecimento, fato ou algo que foi dito. Indo além
do interesse documental, os estudos sobre a epístola têm se constituído como objeto e fonte de
pesquisa com interesse histórico, cultural, literário, educacional, sociológico e antropológico,
possibilitando ao pesquisador tratar tanto do seu conteúdo quanto da sua forma. Para tanto, este
trabalho tem o objetivo tornar visíveis os compêndios pedagógicos epistolar de origem portuguesa Da
Educação: Cartas dirigidas a uma senhora encarregadas da insituição de uma jovem princesa (1829), do
português Almeida Garret e Código do Bom‐Tom, ou, Regras da Civilidade e de Bem Viver no Século XIX
(1845), do clérigo português José Ignácio Roquette, os quais circularam no Brasil no período imperial.
Tais compêndios divulgaram ideias, conceitos e formas a respeito do modo de ser e de viver da época
no século XIX para uma diminuta elite, formada pela comunidade letrada, que, dada a sua histórica
condição, detinha o controle absoluto de uma cultura erudita. Ao tomar tais compêndios como corpus
dessa investigação, analisá‐los‐ei a partir de duas perspectivas: a primeira a da forma, a escrita epistolar
com suas regras e modelos de composição, difundidas pelos manuais epistolares. A segunda está na
perspectiva do conteúdo – discurso moral/educativo e práticas de civilidade –, já que se constitui em um
gênero discursivo privilegiado para o estudo das representações. O estudo sobre os compêndios
pedagógicos epistolares portugueses no Brasil, no século XIX, possibilitará percebê‐los como
instrumentos para educar e civilizar, inserindo‐os junto aos tratados formulados sobre a temática, aos
livros de leitura e outros documentos que abordam a educação no Império.
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O USO DOS PERIÓDICOS ENQUANTO FONTE HISTÓRICA
Fábio Francisco de Almeida Castilho (UNESP)
Ao constituir‐se num elemento essencial do desenvolvimento da maior parte das sociedades
contemporâneas, tendo sua ação voltada aos mais amplos setores que caracterizaram e caracterizam
estas mesmas sociedades, a imprensa ganhou de forma crescente – e hoje já totalmente consolidada –
status de “fonte histórica”, estando, portanto, à disposição dos pesquisadores para, a partir dos jornais,
analisar vários dos elementos constitutivos que marcam a existência humana, sejam eles o social, o
político, o econômico, o ideológico, o cultural entre outros. Neste artigo destacaremos alguns dos
pressupostos básicos que compõem o jogo de inter‐relações entre o jornalismo e a vida política, com
destaque para os fundamentos conceituais, para os elementos extradiscursivos, para as formações
discursivas e para o público alvo. Neste sentido buscamos compreender o discurso da elite proprietária
sobre a transição da mão de obra escrava para a livre no sul de Minas Gerais, uma das regiões mais
dinâmicas da província durante o período em evidência. Assim, foram analisados jornais de diferentes
facções políticas; conservadores, liberais e republicanos; que apresentaram diferentes posturas frente
às transformações no mundo do trabalho; emancipacionistas, abolicionistas, imigrantistas, etc. Desta
forma, pudemos observar como a elite proprietária oscilou entre os diferentes projetos para solucionar
a crise da mão de obra na região.
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AUTA DE SOUZA: UMA MOÇA POETA E NEGRA NO RIO GRANDE DO NORTE OITOCENTISTA
Genilson de Azevedo Farias (UFRN)
Ana Laudelina Ferreira Gomes (UFRN)
O trabalho exposto por ora, tem por objetivo apresentar os resultados iniciais sobre uma pesquisa que
vem sendo desenvolvida vinculada ao projeto: Auta de Souza no Portal da Memória Literária Potiguar.
Auta de Souza nasceu em 12 de Setembro de 1876 na cidade de Macaíba, que na época figurava
enquanto o maior entreposto comercial da província do Rio Grande do Norte. Figura singular dentro da
história e das letras no Brasil, demonstrou desde cedo sua aptidão para a poesia, todavia, tendo em
vista sua vida breve, escreveu uma única obra que a eternizou dentro e fora do Rio Grande do Norte:
Hôrto. Sendo a única filha mulher no meio de quatro irmãos homens, para se firmar enquanto escritora
teve de superar as barreiras de gênero em uma época extremamente preconceituosa e sexista,
sobretudo para com as mulheres que se dedicavam à escrita. Outro fator que em certa medida poderia
ser encarado como impedimento à sua vida literária é a sua origem negra num contexto de recém
abolição bem como o fato de ser tuberculosa em uma época em que esta doença não possuía cura e os
seus vitimados serem considerados verdadeiros “mortos sociais”. Nesse sentido, um ponto em especial
chama nossa atenção: o silenciamento da poeta enquanto negra e o seu processo de
embranquecimento. Assunto este quase não tocado por aqueles estudiosos que se debruçaram sobre a
sua vida e obra, e quando se fala é de forma bastante sutil a ponto de passar quase despercebido.
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PURAS, ASSEADAS E DISCIPLINADAS PARA O BEM‐CASAR: O DISCURSO MÉDICO‐HIGIENISTA NAS
ESCRITURAS FEMININAS DO SEGUNDO IMPÉRIO
Iranilson Buriti de Oliveira (UFCG)
“Um banho de água fria todas as manhãs é um meio excelente para um refrigério e saúde”, escrevia a
missionária Sara Kalley, nos idos do Segundo Império, mais precisamente em 1866, quando a escritora
escreveu o livro “A Alegria da Casa”, destinado ao sexo feminino, um texto voltado para orientações
particularmente das mulheres que integravam a Igreja Evangélica Fluminense, fundada pelo seu marido
e médico Robert Reid Kalley. A circulação e recepção aos impressos de Sara Kalley foi tanta que o
referido livro passou a ser adotado nas escolas fluminenses a partir de 1880, demonstrando a circulação
do discurso médico‐higienista voltado para o ambiente familiar no cotidiano da população do Rio de
Janeiro. Esta pesquisa, portanto, visa contribuir com a temática voltada para a escrita, circulação e
recepção de discursos moralizadores, higienizadores e doutrinadores no Segundo Império Brasileiro,
problematizando como esse tipo de literatura circulava entre o público leitor brasileiro. A análise do
livro “A Alegria da Casa” desenha as aproximações entre os discursos médico, o religioso e o
educacional, tomando como referência temporal o período compreendido entre 1866 e 1880, na
Província do Rio de Janeiro. Nessas aproximações, problematizamos o saber médico na orientação do
saber pedagógico e sua recepção no discurso dos educadores. Para tal análise, iremos dialogar com a
teoria que repensa os conceitos de leitura e de apropriação de discursos construídos pela Nova História
Cultural, como estratégia metodológica para problematizar as formas de ler e os modos de prescrever a
sociedade higienizada, civilizada e educada.
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IMPRENSA, EÇA DE QUEIRÓS E CONJUNTURA INTERNACIONAL: SEGUNDO REINADO EM TEMPO DE
IMPERIALISMO. 1882‐1889
José Maurício Saldanha Álvarez (UFF)
Este trabalho aborda as matérias jornalísticas redigidas por Eça de Queirós para o periódico brasileiro
Gazeta de Noticias do Rio de Janeiro assinalando inicialmente a prática da informação por parte deste
festejado ficcionista e diplomata tecendo um painel contextualizador do imperialismo detectado como
a conquista de territórios na África e na Ásia pelas potenciais industriais e pelo agravamento de tensões
finisseculares nas Américas sob a égide da Doutrina Monroe analisando em segundo lugar os processos
de recepção dos artigos por um público leitor urbano que nos círculos do letramento, da oralidade e da
sociabilidade, intensificam na derradeira década do Segundo Império o debate político e a opinião
publica para finalmente debateremos como o articulista contextualizou as tensões existentes de
ambos os lados do Atlântico assinalando que no jogo da política internacional imperialista realizado à
partir do zero, o grande e rico Brasil bem podia ter sido a bola da vez.
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NOTAS SOBRE A ‘FOLHA MEDICINAL DO MARANHÃO’ (1822)
Marcelo Cheche Galves (UEMA)
Entre março e maio de 1822 foi impresso semanalmente na cidade de São Luís a Folha Medicinal do
Maranhão. Seu redator, o médico Manoel Rodrigues de Oliveira, era conhecido pela oposição que fazia a
administração provincial desde, pelo menos, abril de 1821, momento de “adesão” da província ao
movimento constitucional do Porto. Com a instauração da primeira tipografia do Maranhão, no final de
1821, Oliveira intentou publicar a Gazeta da Verdade, projeto abortado pelo controle que o governo
exercia sobre a tipografia. Com a eleição de uma nova Junta, em fevereiro de 1822, Oliveira viabilizou a
impressão de um periódico que se anunciou como o “remédio para os males da província”, espaço para
críticas contumazes contra os inimigos políticos, por vezes anexado às representações de cidadãos
maranhenses encaminhadas às Cortes portuguesas como “prova dos descalabros” da vida provincial.
Ainda que de curta duração, a Folha Medicinal revela a dinâmica das refregas provinciais, as disputas
pelo controle da palavra e a construção de um público leitor, ávido pelas novidades da política que
agitavam o tempo.
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DISPUTAS ENTRE TIPÓGRAFOS MARANHENSES NO MARANHÃO OITOCENTISTA
Odaleia Alves da Costa (IFMA)
Neste trabalho pretendo discutir as disputas entre os tipógrafos maranhenses para buscar
compreender o meio social no qual estes viviam, isto é, o Maranhão na segunda metade do século XIX.
Para tanto, consultei fontes tais como: jornais, almanaques e publicações deste período. Nos jornais as
principais disputas ocorreram entre os tipógrafos José Maria Correa de Frias e Ignacio José Ferreira.
Essas disputas contribuíram para a modernização das tipografias maranhenses, dando destaque a estas
em âmbito nacional.
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ROBERT REID KALLEY E A CIRCULAÇÃO DE IMPRESSOS PROTESTANTES NO BRASIL DURANTE O
SÉCULO XIX
Priscila Silva Mazêo (UNIT)
Este trabalho tem como objetivo analisar a ação do agente da Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira
(BFBS), Robert Reid Kalley e sua contribuição como um difusor de práticas religiosas e educativas no
Brasil dos Oitocentos. Na perspectiva da História Cultural, as Sociedades Bíblicas são compreendidas
aqui como associações voluntárias, responsáveis pela disseminação de impressos religiosos através do
trabalho colportagem realizado por seus correspondentes. Busca apresentar também títulos de
impressos protestantes e locais de circulação. O referencial teórico‐metodológico está pautado em
Ester Nascimento (2004, 2007a, 2007b), Max Weber (2002), Norbert Elias (1994), Roger Chartier (1990),
Carlo Ginzburg (2007) os quais trabalham com conceitos como associações voluntárias, cultura,
impressos protestantes, práticas, e método indiciário. O texto proposto justifica‐se pela insuficiência de
estudos sobre impressos, livros e leitores protestantes na historiografia educacional brasileira. Os
resultados levantados permitem perceber a configuração de novas ações e a difusão de novas práticas
civilizatórias, a inculcação de novos hábitos no povo brasileiro durante o século XIX.
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“O QUE LIAM ESSES HOMENS”? RESENHAS DE LIVROS NOS JORNAIS ‘O PAIZ’ E ‘GAZETA DE NOTÍCIAS’
COMO ESPAÇOS DE CONSAGRAÇÃO NO RIO DE JANEIRO DO FINAL DO SÉCULO XIX
Renata Rodrigues de Freitas (UERJ)
A proposta de nosso trabalho é discutir as representações dos livros resenhados pelos jornais O Paiz e
Gazeta de Notícias, a partir das implicações destas no espaço cultural do Rio de Janeiro no final do século
XIX, onde estavam inseridos indivíduos que procuravam adentrar na República das letras, mas que nesse
período não conseguiam viver apenas da venda dos seus bens simbólicos, ou seja, das obras que
produziam. Desta forma, consideramos o jornal como um espaço de consagração para esses homens
que almejavam notoriedade e reconhecimento profissional posto que servia como um meio de
divulgação das obras através das resenhas dos livros publicados. Considerando que o nosso trabalho
pensa o livro como objeto cultural e histórico por excelência e como um meio de transmissão de cultura
no qual estão em jogo relações de poder é de extrema importância situar essa discussão dentro de uma
perspectiva da história política e cultural. Assim, concentramos nossas investigações sobre a análise da
questão da recepção dos impressos bem como dos livros que circulavam no “espaço público” do Rio de
Janeiro durante a segunda metade do século XIX. Tais escritos são considerados na pesquisa tanto
como instrumentos de poder – daqueles que detinham o privilégio da escrita – quanto espaços de
consagração para os indivíduos que buscavam um locus na boa sociedade.
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O ENCANTAMENTO FEMININO: OS ROMANCES PUBLICADOS NO BRASIL QUE RETRATAM OS
OITOCENTOS
Sara Cavalcanti Pinto Bandeira (UFPB)
Romances e moças possuem uma história antiga, mas que no Brasil se fortaleceu a partir do século XIX.
Histórias água com açúcar passaram a ser produzidas no país, traduzidas do inglês e do francês,
baseadas em coleções de literatura cor‐de‐rosa produzidas na Europa. Este trabalho tem por objetivo
fazer um estudo sobre coleções produzidas no Brasil no século XX, cujas histórias refletiam o estilo de
vida de sociedades e personagens do século XIX, a saber, a Coleção Biblioteca das Moças, publicada
pela Companhia Editora Nacional entre as décadas de 1920 e 1960; e as coleções Sabrina, Julia e Bianca,
publicadas a partir da década de 1980 pela Editora Nova Cultural até hoje. Para isso, nos baseamos em
estudos sobre práticas de leitura e história cultura, principalmente, Roger Chartier (1990; 2001), e
estudos destas coleções, em que podemos citar Maria Teresa Santos Cunha (1995) e Cíntia da Silva Lang
(2006), que estudaram a Coleção Biblioteca das Moças, além dos estudos feitos por Patrícia Aparecida
do Amparo (2009) sobre os romances da editora Nova Cultural.
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DEBATES E DISCURSOS NO 'JORNAL DO ARACAJU' (1872) SOBRE INSTRUÇÃO E EDUCAÇÃO EM
SERGIPE
Simone Silveira Amorim (UFS)
Anamaria Gonçalves Bueno de Freitas (UFS)
Esse texto faz parte de uma pesquisa de doutoramento e tem como objetivo analisar os debates travados na Assembleia Provincial, bem como os Relatórios da Instrução Pública e textos publicados no Jornal do Aracaju (1872) sobre instrução e educação, evidenciando a intencionalidade dos que os proferiram e publicaram. A análise do tema é feita com base nas discussões de Roger Chartier, Norbert Elias, Pierre Bourdieu e Paul Veyne. Através dessa pesquisa, realizada sob a matriz historiográfica da Nova História Cultural, pode‐se afirmar que uma das maneiras de se perceber o fomento da educação primária no século XIX é através de anúncios de jornais. A década de 1870 foi extremamente significativa para a Instrução Pública em Sergipe, pois mudanças profundas começaram a ocorrer a partir da promulgação de novo regimento, o de 24 de outubro de 1871, elaborado em substituição ao de 1858. Era, no início da referida década, Inspetor Geral da Instrução Pública o Dr. Manoel Luís Azevedo D’Araújo e que foi o responsável organizar o ensino público, iniciando‐se uma nova etapa na História da Educação sergipana. Ressalta‐se que durante todo o século XIX havia uma constante discussão a respeito da necessidade de haver uma normatização do magistério, de criação de cadeiras públicas para o ensino primário e um investimento na formação de professores em novos métodos. Assim sendo, ao longo da segunda metade do século XIX, foi exigida e oferecida aos professores uma formação para que eles exercessem suas cadeiras e esta foi colocada como condição essencial para o ingresso no magistério primário a fim de que houvesse uma unificação dos conhecimentos adquiridos por eles, ampliando assim as habilidades que deveriam possuir. Nesse processo, diversos agentes, especialmente o Estado, procuravam interferir nas tentativas de delimitação do espaço de atuação os professores a fim de estabelecer valores e práticas que deveriam permear a atuação deles. Os relatos do poder público revelam impasses, conflitos e embates políticos em torno das representações culturais sobre a escola primária. Esses fatos corroboraram para que os professores encontrassem as condições para a profissionalização da categoria.
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O JORNALISMO FEMININO NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX NO BRASIL
Vanuza Souza Silva (UFPE)
Este trabalho discute a prática da escrita feminina na imprensa, no contexto da segunda metade do
século XIX no Brasil, período em que os lugares e a divisão entre o público e o privado, o homem e a
mulher tentavam definir as práticas culturais daquele contexto no Brasil. A iniciativa de mulheres
escrevendo nos setores públicos, lugares ditos para o masculino, faz perceber que a demarcação do
masculino e do feminino é desterritorializada pela escrita das mulheres que nos jornais questionavam o
lugar do masculino como sendo os “pais” da intelectualidade. Não se pode dizer que se trata de um
movimento feminista, como aquele que vem modificar em grande medida a situação das mulheres no
século XX, mas esses escritos nos jornais falam do não silêncio, da não passividade da mulher no
império. Pensar a iniciativa de mulheres que escreviam em jornais, que assumiam uma postura que não
era comum naquele período, incita a pensar exatamente o conceito de feminino, de escrita, de
liberdade que essas mulheres instituíam nas páginas dos jornais. Se o movimento das mulheres da
segunda metade do século XX revolucionou a ideia de corpo, trabalho, mulher, feminino, este trabalho
quer pensar como as mulheres do século XIX, especificamente as que escreviam no Jornal das Senhoras,
pensava o seu lugar de mulher na sociedade, o que sugere pensar que a passividade do feminino é um
conceito generalizante, ao mesmo tempo em que possibilita ver como em cada sociedade o feminino
encontra maneiras de lutar pelo seu lugar. O presente trabalho analisará especificamente O Jornal das
Senhoras, editado por Josefa Paula Manso de 1852 a 1855, no qual outras mulheres escreviam opinando
sobre a sociedade da qual fazia parte. O periódico supracitado era um entre muitos, O Sexo Feminino, O
Belo Sexo. Também se situam na segunda metade do século XIX. Pretendo pensar a partir de alguns
periódicos editados por um mesmo grupo de mulher, os conceitos de mulher, de feminino, de homem,
de amor, de literatura que circulavam naquela época e por elas apropriados.
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Eixo Temático 4
Sociedade Escravista: Escravizados, Mulheres e Homens Livres Pobres
ATRAVESSANDO A RUA: VENDEDORAS AMBULANTES E CIRCUITOS URBANOS
Acácio José Lopes Catarino (UFPB)
As cidades apresentam‐se como locus privilegiado das narrativas do (e sobre o) Império, mas boa parte
de seus habitantes têm seu papel como construtores destas dinâmicas urbanas usualmente diminuído.
Boa parte do abastecimento das cidades imperiais tem como suporte as negras vendedoras ambulantes
e as ordenações que os governos implementam neste âmbito municipal frequentemente chocam‐se
com sua atividade. Utilizando‐se de fontes documentais municipais e representações imagéticas como a
iconografia e a cartografia histórica, procuramos mapear a circulação das ambulantes pelo Recife nas
primeiras décadas do XIX e recuperar seu cotidiano sazonal, hierarquias internas e valores, identificando
suas posturas perante questões que conformaram este universo urbano em ampliação, como a
religiosidade, os amores, o consumo, o lazer e as injunções políticas.
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“PRECISA‐SE DE UMA AMA...”: O SERVIÇO DOMÉSTICO E OS OFÍCIOS DAS AMAS NO RECIFE (1857‐
1889)
Adriana Maria Paulo da Silva (UPE)
Yan Soares Santos (UPE)
Esta presente comunicação desenvolve uma analise das atividades laborais das amas, ocupadas no
serviço doméstico na Cidade do Recife – tendo por base os anúncios demandando empregados nos
jornais Diário de Pernambuco e Jornal do Recife entre os anos de 1857 e 1889 –, a fim de investigar as
particularidades de tais ofícios, procurando diferenciar as amas secas das amas de leite e como estas se
comportaram durante a desagregação do sistema escravista. Tem por objetivo também a analise de
permanências ou rupturas desses serviços no pós‐abolição.
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AS RELAÇÕES ENTRE SENHORES E ESCRAVOS EM MARUIM E EM SANTO AMARO – SE (1801‐1857)
Alex Federle do Nascimento (UNIT)
Joceneide Cunha dos Santos (UNIT)
A relação senhor e escravo é um dos temas estudados e debatidos pela historiografia da escravidão
atual, pois contém diferentes interpretações e análises. Na Província de Sergipe D’El Rey a partir dos
oitocentos vários foram os conflitos existentes entre senhores e escravos, bem como diversos escravos
tentaram as fugas como uma estratégia de resistência. Nosso intuito é debater a referida temática na
província de Sergipe, durante o século XIX, para isso estamos centrando nossas pesquisas nas Vilas de
Maruim e Santo Amaro. Vilas cuja economia estava pautada na produção de e açúcar e por isso havia
um número grande de escravos nas posses. As fontes que estão sendo utilizadas são os livros de notas,
inventários post‐mortem, processos crime, sumários de culpa, libelo cível, testamentos e corpo de
delito, dentre outras fontes históricas, cartorárias e administrativas. Através dessas fontes pretendo
identificar alguns conflitos ocorridos e as negociações existentes entre senhores e escravos nas
referidas vilas. A pesquisa ainda está em andamento, e através das fontes identificamos algumas
revoltas nessas Vilas. Dentre elas uma que ocorreu em 1827, com escravos nagôs envolvidos, a mesma
ocorreu na Vila de Maruim. Em suma, as pesquisas têm apontado que as relações senhor e escravo
foram permeadas por alguns conflitos nas vilas citadas.
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“HÁJA CACÊTES! HÁJA PAÓ!”: REVISITANDO A MEMÓRIA DA “TERRA DA LIBERDADE” PARAENSE
Ana Carolina Trindade Cravo (UFPA)
José Maia Bezerra Neto (UFPA)
Este trabalho tem como objetivo discutir a memória construída em torno do atual município de
Benevides como sendo o berço da liberdade no Pará. Através da análise do processo criminal,
documentação policial e notícias jornalísticas em torno do levante de escravos em conjunto com
membros da sociedade libertadora de escravos da localidade ocorrido meses após da libertação de seu
território, busco demonstrar discordância e/ ou esquecimento desse caráter mais radical do movimento
abolicionista da antiga colônia agrícola quando da comemoração do centenário da sua libertação. No
ano do centenário é lançado o Álbum Histórico “Terra da Liberdade”, exaltando o pioneirismo da
localidade em libertar os escravos antes da Lei Áurea procurando enquadrar o movimento abolicionista
de Benevides como não possuidor de radicalismo, ou seja, seguidor dos meios de obtenção de liberdade
legais e legítimos tanto que em nenhum momento o tal levante foi citado no dito álbum. Nesse sentido,
busco revisitar esse acontecimento até então esquecido pela história do município visando arguir um
diálogo entre a memória “oficial” e a “esquecida”, e assim perceber as perspectivas e interesses por
trás do suposto esquecimento.
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ANTÔNIO DIOGO: ESCRAVO DE FATO? DE DIREITO? EXECUTADO
André Carlos dos Santos (UFPE)
Entre arquivos, fontes e métodos, o historiador realiza seu trabalho. Boa parte daquilo que produz é
marcado pela morte. Esse trabalhador macabro faz um trabalho de morte, e contra a morte, pois, ao
mesmo tempo em que honra os mortos com sua prática escriturária, também os sepulta, manipulando
com o seu querer, a vontade dos que jazem, como se fossem uma página em branco, é o que nos diz
Michel de Certeau em A Escrita da História. Se boa parte de nosso fazer é acometido pela morte, faz‐se
mister indicar como algumas dessas foram processadas, pois muitos daqueles que não mais vivem
foram jogados na eternidade com o consentimento legal do Estado, de suas leis. A pena de morte será
aqui discutida, já que perscrutar a morte legal, sua ideologia, seu aparato logístico, sua ritualística, bem
como a sua administração no Brasil, tem se mostrado uma produtiva seara nessa associação entre
História e Direito. Assim, trazemos à apreciação a história de Antônio Diogo, que vivia do ganho e, em
1840 ao considerar‐se livre, revolta‐se diante da humilhante ameaça de apanhar de seu senhor, e o
assassina. A discussão na justiça direciona‐se em se o mesmo era escravo de fato ou de direito. Todavia,
se de fato, o grau máximo do artigo 192 do Código Criminal, ou se de direito, a lei de 10 de junho de 1835,
não o deixaria escapar da pena de morte.
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ARQUITETANDO A LIBERDADE. OS AFRICANOS LIVRES NA CONSTRUÇÃO DA PRIMEIRA PRISÃO COM
TRABALHO DO BRASIL (RIO DE JANEIRO, 1834‐1864)
Carlos Eduardo Moreira de Araújo (UNIABEU)
A construção da primeira Prisão com Trabalho no Brasil – que recebeu o nome de Casa de Correção do
Rio de Janeiro ‐ está inserida num processo de mudança no paradigma das punições no país. A nova
penitenciária deveria ser o local destinado ao cumprimento de penas que visavam – a princípio ‐
transformar através do trabalho, o criminoso em um cidadão “probo e laborioso”. Deveria também
servir de coerção às classes populares que, à revelia das elites imperiais, haviam ganhado as ruas da
capital participando ativamente da política no final do Primeiro Reinado. Categoria surgida com a Lei de
7 de novembro de 1831, esses africanos capturados no tráfico clandestino foram depositados, a partir de
1834, na penitenciária para dar maior dinâmica ao trabalho. A Casa de Correção do Rio de Janeiro
durante a sua construção tornou‐se um espaço privilegiado de análise do trabalho livre, escravo e penal
no século XIX. Esta comunicação pretende abordar a atuação dos africanos livres nessa importante obra
pública imperial destacando este grupo de trabalhadores como ponte entre o trabalho livre e o trabalho
escravo.
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NEGÓCIOS DE ENGANAR GENTE TOLA: ALEIVOSIAS, CHARLATANICES, SOLICITAÇÃO E DONJUANISMO
NA PARAÍBA DO SÉCULO XIX
Carmelo Ribeiro do Nascimento Filho (PMJP/PB)
A lenta burocratização do Estado e as péssimas condições de vida a que estavam submetidas à
população livre e pobre da Cidade da Paraíba, Mamanguape, Areia, Campina Grande e as vilas de maior
importância da Província da Paraíba, levaram a que certos delitos fossem socialmente aceitos por serem
considerados indispensáveis à sobrevivência desses homens e mulheres livres, porém pobres. Assim, a
ocupação dos mangues, das chãs, dos pauis e das faixas de marinha por essa população, raramente foi
alvo de interdição por parte das autoridades constituídas, porém, à medida que o Estado se fazia
presente no cotidiano dos habitantes da Paraíba, o mais comum era diminuir a tolerância para com
pequenos delitos e com a economia da ilegalidade de que subsistiam as populações pobres, ao passo
que cresciam as ilicitudes e a tolerância para com as malversações do dinheiro público, de modo que
para viver sem ter que trabalhar para alguém passou a ser mais seguro conseguir um emprego público,
que, especialmente para os minimamente letrados ou suficientemente apadrinhados, tinha quase
sempre o valor de uma sinecura, do que “vadiar a moda antiga”. Assim sendo, o objetivo deste trabalho
é expor a transição entre as antigas e as novas formas de ilicitudes que fizeram parte do cotidiano da
Paraíba do século XIX.
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A ESCRITA DA INTIMIDADE: MULHERES E O SEU DIÁRIO NO BRASIL IMPÉRIO (1840‐1870)
Carolina Gomes Pedrosa (UEPB)
Por meio dos diários pessoais, segundo Cunha (2004), compreendemos as práticas culturais de uma
época. É importante considerar as informações através dos diários como indícios do passado para
conhecer e interpretar o cotidiano de um povo. Por meio desse artigo, vamos utilizar como exemplo, as
escritas íntimas do diário pessoal da Viscondessa do Arcozelo Maria Isabel relatados na época do Brasil
império, permitindo rastrear as maneiras que essas mulheres viviam e pensavam entre 1840 a 1870. Esse
cotidiano de intensa atividade, que salta aos olhos dos leitores do diário, em nada se parece com as
descrições de viajantes que definiam a vida feminina como uma sucessão de não‐acontecimentos em
que a mulher não aparecia para estranhos, não cuidava da aparência e se colocava em um espaço de
submissão total às iniciativas masculinas. Mas, para a tarefa de manutenção da casa, as mulheres
mantinham contato estreito com alguns negociantes e comerciantes, revelando um cotidiano repleto
de estratégias de sociabilidade.
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DIÁLOGOS ENTRE A HISTÓRIA E A LITERATURA: REPRESENTAÇÕES E INVISIBILIDADES DA MULHER
NEGRA EM ‘O CORTIÇO’
Danilo Pereira da Costa (UEPB)
Ana Raquel (UEPB)
Elisa Mariana de Medeiros Nóbrega (UEPB)
Com este trabalho pretendemos mostrar como era representada a mulher negra nas obras literárias do
século XIX, especificamente em O Cortiço, de Aluízio Azevedo. Para tanto, discutiremos questões a
cerca de representação e identidades, dialogando com Chartier e Hall. É sabido ainda que as obras
literárias do século XIX tentam configurar nossa identidade, deixando implícitas contradições da
sociedade que nega as raízes africanas e enaltece os padrões europeus. Logo, a literatura oficial
brasileira acompanhando essa sociedade hierarquizada desprestigiou a figura do negro desvalorizando
sua atuação na formação da sociedade. Em “O Cortiço” percebemos claramente essa imagem
estereotipada na figura de Bertoleza, negra submissa que, pensando ter alforria, trabalha duramente
com o intuito de galgar um espaço na sociedade, mas que só eleva a personagem do branco português
João Romão. Os procedimentos teórico‐metodológicos aqui adotados compreenderam a
sistematização teórica bibliográfica sobre o negro na História do Brasil, utilizando‐se de vários autores
referindo‐se ao negro na literatura, para contextualizar as representações históricas e literárias tecidas
em torno da mulher negra.
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TRABALHADORES DO COMÉRCIO: A ATUAÇÃO DOS CAIXEIROS NO RECIFE ENTRE 1857 E 1889
Dayana Raquel Pereira de Lima (UPE)
Adriana Maria Paulo da Silva (UPE)
Tendo por base os anúncios de emprego (oferta e demanda) publicados no Diário de Pernambuco e
Jornal do Recife entre 1857 a 1889, esta comunicação pretende discutir o perfil sócio–profissional dos
caixeiros trabalhadores no Recife, com relação à sua faixa etária, nacionalidade, estatuto jurídico e aos
locais nos quais atuaram. Pretende também mostrar as estratégias de hierarquização profissional da
“caixeiragem” relacionadas às suas habilidades laborais e ao seu nível de escolaridade.
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TRÁFICO DE ESCRAVOS PARA PERNAMBUCO, 1788‐1851: VOLUME, ROTA E ORGANIZAÇÃO
Débora de Souza Leão Albuquerque (UnB)
Flávio Rabelo Versiani (UnB)
José Raimundo Oliveira Vergolino (UnB)
O trabalho analisa as características principais do tráfico de escravos para Pernambuco de 1788 a 1851 e
busca caracterizar os agentes e financiadores desse tráfico, e as origens dos recursos aplicados nessa
atividade. Para isso, além da pesquisa em fontes publicadas, lança mão da base de dados recentemente
tornada disponível sobre todo o tráfico atlântico de escravos, do século XVI ao século XIX, resultado do
esforço conjunto de uma equipe internacional de pesquisadores; e ainda de dados primários derivados
de projeto de pesquisa “Estudo Comparado do Escravismo Brasileiro no Século XIX”, coordenado pelos
Profs. F. R. Versiani e J. R. O. Vergolino, que examinou cerca de 4 mil inventários do século XIX,
registrados em cartórios de Pernambuco. Em 2007, a divulgação dos novos dados sobre o tráfico
atlântico ampliou muito as informações sobre o tráfico escravista brasileiro, especialmente no Norte e
Nordeste, o que permitiu um mapeamento do tráfico pernambucano muito mais pormenorizado do que
antes possível. Em particular, possibilitou a investigação de questões como a origem das viagens (que
pode indicar a localização dos empreendedores e financiadores do tráfico); os portos de embarque de
escravos, na África; a duração média das viagens; o tamanho médio das embarcações utilizadas; a
mortalidade média durante as viagens, etc. Essas questões são exploradas no trabalho. A fim de
investigar quem eram os agentes e financiadores do tráfico, efetuou‐se um cruzamento de informações
entre a base dados sobre o tráfico e derivada do Projeto dos Profs. Versiani e Vergolino. Os resultados
desse cruzamento, até agora, já permitiram algumas conclusões de grande interesse quanto à origem
social e as atividades econômicas de tais agentes, como se relata no trabalho.
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CIDADE E OPORTUNIDADE: ESTRATÉGIAS DE RESISTÊNCIA ESCRAVA NO CENÁRIO URBANO (RECIFE,
1822‐1850)
Edlúcia da Silva Costa (IFPE)
Segundo Stuart Schwartz, as discussões historiográficas sobre a escravidão brasileira tenderam a subestimar a estreita relação entre cultura escrava e os ditames do trabalho compulsório. Neste caso, o mundo do trabalho definia os limites da situação dos cativos, orientando suas escolhas e os contornos de sua resistência. Assim como no campo, as atividades urbanas eram praticamente monopolizadas pela mão de obra escrava, acentuando a aversão aos trabalhos mecânicos ou braçais. Porém, como bem lembrou Leila Algranti, a cidade era o espaço do “feitor ausente”, contexto que passou a evidenciar a necessidade de modernização jurídico‐institucional, para garantir um controle eficaz sobre a população cativa e os pobres livres ou libertos. Nas cidades, a mobilidade dos escravos era imprescindível aos que exerciam as tarefas “de ganho”, cuja atuação produzia renda para prover o sustento de seus proprietários. No vaivém das ruas, era possível aprender um ofício, tecer redes de relações e solidariedades. No entanto, esta liberdade era, muitas vezes, apenas aparente: a vigilância e a repressão foram reforçadas, particularmente através da ação da Polícia. Nas cidades escravistas, imperava o “fantasma” do Haiti, ou em termo corrente à época, o temor da “haitianização”, numa clara referência à Revolução Negra, ocorrida no final do século XVIII. Para as autoridades, os escravos eram potencialmente perigosos, passíveis de envolvimento em sedições, uma clara ameaça ao poder patriarcal. Como reflexo deste medo, “ajuntamentos” de apenas cinco cativos já podiam ser considerados como início de movimentos sediciosos e imediatamente dispersados. Aos cativos, era terminantemente proibido o uso de sapatos, para facilitar a identificação de sua condição social. No rastro do ideário liberal, fermentado pelos revolucionários franceses, as elites locais distorceram valores, particularmente o da igualdade social. Defenderam veementemente o direito à propriedade privada, estatuto conferido aos escravos, reforçando‐lhes a condição de “coisas”, vetando‐lhes as possibilidades de participação política. A despeito deste rigor repressivo, os escravos formulavam estratégias sofisticadas de resistência, tecendo oportunidades de ascensão social e trilhando caminhos de liberdade. Alguns, que tiveram acesso ao letramento ampliaram suas oportunidades de criar novos espaços de atuação, sociabilidade e solidariedade na sociedade escravista.
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A IMPRENSA E A ESCRAVIDÃO: A RESISTÊNCIA DOS ESCRAVIZADOS NOS ANÚNCIOS DE JORNAIS NA
PARAÍBA OITOCENTISTA
Elainne Cristina Jorge Dias (UFPB)
O presente trabalho faz parte de uma pesquisa inicial, na qual tem por objetivo analisar o universo social
em que viviam os escravizados na Paraíba Oitocentista, discutindo enquanto proposta metodológica os
anúncios de escravos fugidos, publicados no jornal A Regeneração durante o período de 1861‐1862. Estes
anúncios de fugas de escravos, pagos em periódicos, esboçam mensagens que nos informam as
relações estabelecidas entre senhores e escravos, mostrando fatos que antes eram ocultos, ou melhor,
esquecidos, já que, durante muito tempo a escravidão era vista tão somente, não existindo espaços
para os escravizados como sujeitos históricos. Desse modo, este estudo visa identificar nos anúncios,
mais precisamente, nos classificados de jornais de escravos fugidos, reflexos significativos da resistência
escrava, pois, a fuga foi sem dúvida a forma mais característica da luta dos escravizados ao regime que
os oprimia.
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SOCIEDADE ESCRAVISTA: O TRÁFICO INTERNO DE ESCRAVOS EM AREIA – PB (1855‐1883)
Eleonora Félix da Silva (UFCG)
A proposta desta comunicação é fazer uma abordagem sobre o comércio intraprovincial de escravos na
segunda metade do séc. XIX, no contexto histórico após aprovação da Lei Eusébio de Queirós que pôs
fim ao comércio transatlântico de africanos para serem escravizados no Brasil. Tomamos como
referência a cidade de Areia, localizada no interior da então província da Parahyba do Norte. Na
sociedade escravista areiense o comércio em que os cativos foram inseridos compunha uma realidade
cotidiana e integrava a dinâmica social, uma vez que os senhores dispunham dos escravos
comercializando‐os segundo suas conveniências. Problematizando os registros de compra e venda de
escravos, sobretudo os livros de notas e escrituras cartoriais, é possível analisar os indícios dessa prática
escravista. Nesse tipo de fonte histórica podemos estudar as características do tráfico intraprovincial
obtendo informações sobre o comércio de escravos na localidade. Além disso, podemos abordar
aspectos demográficos importantes acerca das pessoas escravizadas e desta maneira se tem a
possibilidade de trazer para o centro do debate a história de homens e mulheres submetidos ao jugo do
cativeiro em Areia – PB.
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OS LIBERTANDOS NOS (DES)CAMINHOS DA LEI 2.040: O PROCESSO DE CLASSIFICAÇÃO DE ESCRAVOS
NO CEARÁ, SÉCULO XIX (1870 ‐ 1884)
Eylo Fagner Silva Rodrigues (UFC)
Eurípedes Antonio Funes (UFC)
A presente comunicação refere‐se ao processo de classificação de escravos encetado a partir da
vigência da Lei 2.040 (1871) e de decretos posteriores como o nº 5.135 (1872). Tal classificação, procedida
pelas comissões de manumissão, suscitou a participação ativa dos libertandos, uma vez que estavam
amparados pela citada lei, que lhes garantia o direito de reivindicar a alforria via pecúlio, uma prática já
usual no mundo do trabalho escravo. O que se observa na documentação produzida no âmbito dessas
comissões são os conflitos que perpassaram todas as fases da classificação empreendida pelos
coletores. Estes protagonizavam polêmicas com os proprietários acerca de indenizações, valores muitas
vezes arbitrados somente em juízo (no segundo ou terceiro embate). Às vezes, recaiam sobre eles
denúncias de favorecimento de alguns proprietários ou mesmo de haverem descumprido a lei 2.040,
acusação sui generis especialmente quando partia de um escravo ou liberto. Enfim, é desses conflitos
em torno da liberdade que pretendo tratar, conflitos que se espraiavam nas (e para além das)
comissões em diversos sentidos e direções.
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A PRESENÇA DE ESCRAVOS NA CASA DE DETENÇÃO DO RECIFE (1855‐1888)
Flávio de Sá Cavalcanti de Albuquerque Neto (UFPE)
Inaugurada em 1855, a Casa de Detenção do Recife recebia presos das mais diversas origens geográficas
e condições jurídicas, inclusive um número significativo de escravos, mesmo que isso soasse paradoxal,
já que a pena de prisão não era aplicada a essa parcela da população, pois, de acordo com o Código
Criminal do Império, que vigorou, sem grandes modificações, desde 1830 até o final do período imperial,
as penas destinadas aos escravos seriam a morte, as galés e os açoites. Essa última poderia ser aplicada
no interior das prisões, mas tão logo o negro tivesse se restabelecido fisicamente, deveria ser
reclamado de volta pelo seu proprietário. Já a pena de prisão, que tinha por fundamento básico a
correção moral do criminoso a partir da rotina do trabalho, era voltada apenas à população livre, já que
não se cria na perfectibilidade do escravo e, além disso, para alguns cativos a estada na prisão poderia
ser menos violenta e até mesmo mais confortável do que os domínios de seu senhor. Entretanto,
mesmo com essas disposições legais, não era irrisório o número de escravos detidos nas penitenciárias
do Império por razões que iam além do que rezavam as leis. Tendo isso em vista, esse trabalho se
propõe a analisar a presença do elemento cativo na Casa de Detenção do Recife, na segunda metade do
século XIX, tendo por foco as razões para que esses escravos fossem detidos, a sua condição de vida na
prisão e as disposições regulamentares que regravam sua presença lá dentro.
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AMOSTRAGEM COMPARATIVA DE ESTATUTOS DO ROSÁRIO DA PROVÍNCIA DE SERGIPE DEL REY
(1849‐1874)
Flávio Santos do Nascimento (Fac. Pio X)
As irmandades foram desde os tempos da colônia instrumentos importantes na promoção de vivências
religiosas e sociabilidades. Durante o Império estas instituições leigas continuaram sendo espaços
potentes de convivência social e religiosa. Reunidas sob a invocação de um Santo protetor estas
instituições ultrapassaram o seu sentido religioso. Crivadas por aspectos diversos como gênero, cor,
etnia e condição social (cativo, liberto ou livre), as irmandades configuraram assim, um retrato, um
reflexo da sociedade escravocrata. As Irmandades dedicadas a São Elesbão, Santa Efigênia, São
Benedito e Nossa Senhora do Rosário, por exemplo, foram historicamente relacionadas aos africanos e
seus descendentes aqui nascidos. Para ter sua existência oficializada as irmandades precisavam ter seu
compromisso aprovado. O compromisso era um documento que continha todas as informações da
irmandade, suas normas, seus serviços, ele previa todo o funcionamento da instituição. Neste artigo
serão estudados os compromissos de irmandades do Rosário da Província de Sergipe del Rey, num
período que vai de 1849 a 1874. Serão fontes os estatutos das vilas de Propriá, Brejo Grande, Santa Luzia
e Lagarto. Os compromissos destas irmandades de mesmo orago serão contrapostos e analisados com
a intenção de perceber semelhanças e diferenças, permanências e rupturas na formatação do
comportamento institucional destas irmandades, ou melhor, dos irmãos que as compunham. Tentar
apreender, por exemplo, como a política do Império, que reprimia e/ou tolerava as festas negras, pode
ter influenciado a confecção destes compromissos. Para tal tarefa o referencial teórico metodológico
será a História Cultural praticada por Ginzburg, com o método indiciário.
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VESTÍGIOS DAS FAMÍLIAS ESCRAVAS EM QUIXADÁ ATRAVÉS DO FUNDO DE EMANCIPAÇÃO (1870‐
1884)
Francisco Fabiano Barros de Sousa (UFC)
O Fundo de Emancipação, resultante da Lei nº 2040, privilegiava a manumissão dos grupos familiares,
permitindo a eles um maior amparo legal sobre suas ações. O processo de formação das famílias
escravas, seus métodos de permanência e acesso a liberdade são questões orientadoras de nosso
estudo, assim como as influências da Lei 2040 e seus usos por parte dos escravos e de seus senhores em
Quixadá. A Lei Rio Branco, além de assegurar a liberdade dos filhos de escravas nascidos após 28 de
Setembro de 1871, previa a criação de um Fundo destinado à emancipação dos cativos que dava a
preferência aos escravos com família no processo de manumissão. Almejamos, com nossa pesquisa,
analisar o processo de formação familiar entre escravos em Quixadá, percebendo os mecanismos das
relações sociais e das negociações praticadas pelos cativos. Buscamos perceber de que modo a
instituição familiar possibilitou o acesso a condições menos inglórias e a possibilidade de inserção ao
meio social a que escravos e libertos estavam inseridos, Quixadá entre 1870 e 1884.
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MAURÍCIO JOSÉ DANTAS CORRÊA: A TRAJETÓRIA DE UM MESTIÇO REVELADA POR MEIO DE UM
INVENTÁRIO
Helder Alexandre Medeiros de Macedo (UFPE)
A comunicação é parte dos estudos de doutorado que estamos realizando acerca da mestiçagem no
território da Freguesia do Seridó, sertão da Capitania do Rio Grande do Norte, entre o fim do século
XVIII e XIX. Objetivamos, com este trabalho, reconstruir, a partir de uma abordagem micro‐histórica, a
vida de Maurício José Dantas Corrêa, crioulo, que viveu entre o fim do século XVIII e a primeira metade
do século XIX no Seridó. Filho da escrava Maria, era um dos negros de estima do coronel Caetano
Dantas Corrêa, que mantinha uma fazenda pecuarística na ribeira do Acauã, razão pela qual,
acreditamos, lhe tenha herdado o sobrenome. Maurício provavelmente conseguiu acumular pecúlio e
comprar sua alforria, após o que casou e constituiu família. Seu inventário, processado em 1844, traz,
além de móveis, bens de raiz e semoventes situados no sítio Bico da Arara. O estudo de sua trajetória de
vida permite‐nos examinar alguns desdobramentos do movimento da ocidentalização, conduzido por
portugueses e espanhóis a partir do século XVI, que promoveu fraturas nas sociedades nativas da
América, mas, ao mesmo tempo, contribuiu para o encontro das sociedades europeia, indígena e
africana, do qual surgiram agentes mediadores entre diferentes universos culturais – mestiços, para usar
o termo já consagrado pelos estudos recentes, sobretudo os de Serge Gruzinski, Berta Ares Queija e
Eduardo França Paiva. Maurício José Dantas Corrêa é um desses mestiços.
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ESPALHANDO “ASTERÓIDES”: NOTÍCIAS DA ESCRAVIDÃO E DA LIBERDADE NA IMPRENSA
ABOLICIONISTA (BAHIA, 1887‐1889)
Jacó dos Santos Souza (UNEB)
Esta comunicação tem como objetivo analisar diferentes seções do jornal abolicionista O Asteróide,
impresso na cidade de Cachoeira, interior da Bahia, durante os anos de 1887 a 1889, na intenção de
entender seu envolvimento na campanha antiescravista na região. Uma leitura atenta nos mostrou que
os administradores da gazeta procuraram, através da propaganda, convencer proprietários de escravos
do Recôncavo baiano, bem como “gentes do povo”, da necessidade de por fim à escravidão. Para isso,
utilizaram‐se de diferentes linguagens a fim de atingirem os objetivos políticos traçados durante o
tempo de circulação. Com frequência, denunciava‐se a procura de escravos fugidos, por senhores e
capitães do mato; os maus tratos aos cativos por seus senhores. Por outro lado, noticiava‐se com
grande entusiasmo as libertações que aconteciam frequentemente no sudeste, apresentadas com o
objetivo de forjar atitudes e comportamentos que servissem de exemplo a ser seguido. Além da análise
da folha abolicionista, esta pesquisa articula diferentes documentos do período como processos‐crimes,
correspondências policiais, atas de associações libertadoras, entre outros.
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TIPOLOGIA DO ESCRAVO NA VILA DO RIACHÃO (SE) OITOCENTISTA, NOS ÚLTIMOS ANOS DE
ESCRAVIDÃO (1876‐1888)
Joana Santos de Carvalho (UNIT)
O objetivo deste trabalho é analisar as diversas tipologias dadas a esses escravos, como variação na raça
na qualidade e nas formas de trabalhos que era nomeada pelos seus senhores. Bem como, o
desenvolvimento dos mais diversos tipos de tarefas, relacionadas principalmente a agricultura e aos
serviços domésticos, podendo ser exercida na sua propriedade rural ou urbana. Para traçarmos esse
perfil dos escravos existentes na Vila do Riachão, durante a segunda metade dos séc. XIX serão
necessários a utilização de fontes como a lista de classificação dos escravos elaborada no ano de 1876
pela junta governamental, bem como os processos crimes, testamentos, inventários e livros de
batismos que se encontram guardados nos arquivos paroquiais, públicos e judiciários. Portanto, essa
pesquisa que está em desenvolvimento, visa juntar essa documentação e perceber a atuação e as
variações tipológicas de escravos nas práticas cotidianas em Riachão oitocentista.
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APONTAMENTOS SOBRE OS HOMENS E MULHERES AFRICANOS NAS TERRAS SERGIPANAS (1822‐1850)
Joceneide Cunha (UFBA/ UNIT)
Os trabalhos atuais mostram a heterogeneidade no interior da comunidade escrava, africanos e
crioulos, mulheres e homens, entre os africanos os ladinos e os boçais dentre outras distinções. Em
Sergipe, poucos trabalhos se preocupam com essa heterogeneidade; e o africano não está entre os
temas mais trabalhados em Sergipe, principalmente os que abarcam a primeira metade do século XIX. O
objetivo deste texto é apontar algumas informações sobre os africanos nas terras sergipanas no
interstício de 1822 a 1850, nas vilas de Lagarto, São Cristóvão e Santo Amaro, suas nações, ocupações
dentre outros elementos. Para isso, utilizarei inventários post‐mortem, anúncios de jornais e registros de
batismo e casamento, no entanto, ressalto que a pesquisa ainda se encontra em andamento. Sobre o
marco espacial, as duas últimas Vilas localizam‐se na Zona da Mata, já a primeira, Lagarto, em região de
Agreste/ Sertão. Das três Vilas, São Cristóvão é a que apresenta um leque mais amplo de nações
africanas, a mesma era a capital, e um importante centro comercial o que pode ter contribuído para que
os senhores se inserissem de maneira mais intensa no tráfico, africanos classificados como
moçambiques dentre outros foram encontrados na documentação dessa Vila. Por fim, os dados
coletados também permitem pontuar que havia africanos de nações distintas entre as vilas.
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A POLÍTICA COMO EQUIDADE: ABOLIÇÃO E POLÍTICAS COMPENSATÓRIAS NAS OBRAS DE JOSÉ
BONIFÁCIO E JOAQUIM NABUCO
José Henrique Artigas de Godoy (UFPB)
O Supremo Tribunal Federal está prestes a julgar a constitucionalidade da garantia de direito de
propriedade para as comunidades negras rurais, os quilombolas, assim como as políticas de cotas para
afrodescendentes nas Universidades. A questão remete a um longo debate sobre a importância das
políticas afirmativas e compensatórias como meio de promoção de equidade e isonomia. Desde o início
do século XIX alguns intérpretes do Brasil propõem a integração da população afrodescendente por
meio de incentivos à autonomia do cidadão. José Bonifácio e Joaquim Nabuco, em tempos diversos,
defenderam, no parlamento e fora dele, uma ação afirmativa do Estado no sentido da garantia dos
fundamentos para a cidadania. A plataforma de Bonifácio previa a abolição com a garantia de terra e
apoio financeiro para que, uma vez livres, o escravos pudessem se tornar autônomos e preparados para
a vida civil. Nas teses professadas por Nabuco sobressai o argumento de que a abolição seria apenas o
primeiro passo para superar um conjunto de preconceitos e desigualdades seculares, a obra da
escravidão. A desagregação da ordem escravocrata e senhorial ocorreu sem que o Estado ou a iniciativa
privada promovesse meios necessários de assistência aos libertos. Reconhecendo a desigualdade,
Bonifácio e Nabuco, no primeiro e segundo reinados, defenderam o acesso à terra e à educação como o
meios mais eficazes de promoção da equidade e da justiça social, qualificando os ex‐escravos para o
exercício da cidadania.
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HOMENS E MULHERES DO VALE: LIBERDADE E POBREZA NA ZONA DA MATA DE ALAGOAS NO
SÉCULO XIX
Juliana Alves de Andrade (UFPE)
Este trabalho se propõe a analisar o lugar social dos homens, mulheres e crianças, não brancas e recém
egressas do cativeiro em Alagoas, no período de desagregação da escravidão no Brasil. A intenção é
identificar as experiências locais da população livre no que se refere à produção da sua sobrevivência, as
relações entre senhores e trabalhadores livres e o percurso ideológico da elite alagoana do século XIX
na construção da apologia do trabalho como fonte de regeneração social e progresso econômico.
Nesse sentido, buscaremos entender os mecanismos que possibilitaram a população livre construir
redes de sociabilidade e examinar as estratégias utilizadas por estes sujeitos de integração social e de
acesso à cidadania construídas no período de desestruturação do cativeiro. Para investigar essas
trajetórias e experiências desses agentes, demarcaremos o Vale do Paraíba do Meio, que atualmente
compreende os municípios de Atalaia, Viçosa, Quebrangulo e Pilar, uma vez que este espaço no século
XIX se configura como produtor e comércio de gênero de primeiras necessidades e por ventura
possuidor de um maior número de relações sociais distintas das estabelecidas nas áreas
predominantemente açucareiras. E focalizamos o período de 1850 a 1889, porque esse recorte temporal
nos permite perceber as tensões em torno do período de desagregação do sistema escravista e suas
implicações no cotidiano da sociedade alagoana.
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OLHARES SOBRE AS RELAÇÕES “RACIAIS” NOS ANOS FINAIS DA MONARQUIA BRASILEIRA (1870‐1889)
Júlio César Alves Silva (UFPB)
Solange Pereira da Rocha (UFPB)
O repensar do passado histórico é uma tarefa sempre necessária, em razão das mudanças teóricas e
propostas metodológicas que possibilitam novas interpretações sobre um determinado assunto, como
o das relações “raciais” no Brasil. É sobre esse fenômeno social e seus reflexos na sociedade brasileira
imperial que será nosso tema de nossa comunicação, na qual iremos analisar o pensamento de alguns
intelectuais brasileiros do final do Oitocentos – Nina Rodrigues (1862‐1906), Sílvio Romero (1851‐1914),
Oliveira Viana (1853‐1951) e João Batista Lacerda (1846‐1916) –, que contribuíram com a construção de
um projeto de sociedade brasileira no final do século XIX, o qual se propunha medidas radicais para que
o Brasil adentrasse no grupo de países “civilizados”. Nos debates propostos pelos intelectuais
mencionados estiveram em destaque temas como miscigenação, teorias raciais, eugenia,
branqueamento entre outros que demarcam a visão de Brasil que se queria construir na época
mencionada. Para tentar compreender as ideias difundidas pelos “homens de ciência”, faremos uma
análise de seus escritos, visando observar como eles abordaram o tema das relações “raciais” naquele
contexto e destacar as propostas para a inserção da população negra no “novo” país que se almejava
construir com a abolição da escravidão.
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“EU NÃO SEREI, TU NÃO SERÁS, ELE NÃO SERÁ VIGÁRIO NO CAMAMÚ”: DEBATES SOBRE OS
DIREITOS DOS LIBERTOS NA BAHIA OITOCENTISTA (1840‐1842)
Larissa Almeida Freire (UFBA)
A presente comunicação irá debruçar‐se sobre a questão dos direitos dos libertos na sociedade
escravista pós‐Independência. Para tanto, tomar‐se‐á como base o caso ocorrido na Freguesia de
Camamú, no Recôncavo baiano, entre os anos de 1840 e 1842, no qual o vigário local foi impedido de
exercer seu benefício em razão de um embargo movido por Irmandades locais que colocaram como
principal obstáculo sua origem liberta. Neste trabalho será dada ênfase nas questões relativas à
inserção do elemento liberto na vida social e econômica da sociedade baiana, considerando as
mudanças trazidas pela nova conjuntura política imperial.
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OS TRATADOS INTERNACIONAIS E O TRÁFICO DE ESCRAVOS
Leonardo Bruno da Silva (UNESP)
A comunicação analisa a relação entre os interesses internacionais de Brasil, Portugal e Inglaterra na
questão do tráfico de almas escravas da África para o Brasil. Partimos dos tratados assinados entre
estes países, no período entre 1822 e 1850, para compreender a dinâmica e as motivações dos atores
internacionais ao interceder em uma questão brasileira. Com efeito, os acordos de reconhecimento da
independência do Brasil com Inglaterra e Portugal são o início de uma questão política muito delicada
ao império, a necessidade de equilibrar a pressão internacional dos ingleses pelo fim tráfico, dos
portugueses pela sua manutenção e dos escravistas brasileiro, que queriam o tráfico, a escravidão, mas
também queriam a aproximação política e econômica com a Inglaterra e, por outro lado, um
afastamento com o atraso lusitano. Apresentaremos, aqui, um panorama inicial das pesquisas que
pretendemos desenvolver ao longo do nosso doutoramento e que visam analisar as relações entre
Portugal e o Brasil entre 1822 e 1850, no que concerne às questões do tráfico de escravos relacionados
às demandas econômicas e políticas do Império Brasileiro.
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MAGISTRADOS, ADVOGADOS E DISCUSSÕES SOBRE DIREITO E LIBERDADE ESCRAVA EM BELÉM (1870‐
1888)
Marcelo Ferreira Lobo (UFPA)
José Maia Bezerra Neto (UFPA)
A pesquisa aqui apresentada busca compreender através das ações de liberdade (processos judiciais
movidos por escravos), os mecanismos que os cativos utilizavam para obterem a sua liberdade por meio
legal e como tais mecanismos serviram ora para reforçar o principio liberal do direito de propriedade,
ora para se contrapor ao “poder moral dos senhores”. A utilização de jornais como fontes que
dialoguem com os processos judiciais possibilitou a análise desses processos para além dos tribunais,
são recorrentes nos periódicos pesquisados notas referentes a ações de arbitramento impetradas por
escravos, também possibilitando a averiguação de alguns agentes desses processos como os
advogados e os magistrados. É preciso perceber que “as praticas individuais frequentemente revelam
aspectos importantes da trama social”. A participação dos magistrados no estabelecimento e
manutenção de uma “ordem social” durante o regime Imperial no Brasil, como objeto aqui discutido, e
principalmente a participação dessa camada letrada em relação às discussões e práticas a respeito da
escravidão, nos possibilita perceber, como um determinado grupo “Profissional”, altamente influente e
fruto em grande parte dos ideais positivos surgidos no século XIX, assim como também sua relação com
as ideias ilustradas, agiam diante dos conflitos surgidos diante dos tribunais e como o discurso destes
ora beneficiavam os proprietários, ora aos escravos, as tensões presentes nas ações de liberdade e a
repercussão dessas tensões dos tribunais nos jornais da capital do Grão‐Pará.
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ARTÍFICES ESPECIALIZADOS E ELEIÇÕES: CIDADANIA, COR, INSTRUÇÃO E ASSOCIATIVISMO NO RECIFE
OITOCENTISTA
Marcelo Mac Cord (UNICAMP)
A bibliografia mais tradicional entendeu que a cidadania somente é exercida através da participação
política stricto sensu. No bojo desta perspectiva, o projeto nacional do império brasileiro, excludente,
pouco teria favorecido os mais pobres ou egressos da escravidão. Nas últimas duas décadas,
entretanto, alguns historiadores sociais alargaram a compreensão da categoria “política” e vêm
demonstrando que, apesar da racialização e do seletivo processo eleitoral do Brasil Oitocentista,
setores das classes subalternas exigiram direitos acionando as mais diversas estratégias. Informado por
este olhar, conduzi minhas pesquisas de mestrado e doutorado. Atualmente, meu projeto de pesquisa
de pós‐doutoramento, que é financiado pela FAPESP, mantém fértil diálogo com tais debates. Contudo,
é possível alargar o entendimento da categoria “política” sem desconsiderar a relação entre cidadania e
participação política stricto sensu. Neste sentido, minha investigação privilegia um grupo de artífices
especializados (que tinham a pele escura e alguma instrução) que acumulou uma série de conquistas
sociais, mas que também ambicionava atuar direta e ativamente nas eleições recifenses das últimas
décadas do Oitocentos.
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TRÁFICO DE ESCRAVOS EM PERNAMBUCO, REDES SOCIAIS E POLÍTICAS
Marcus J. M. de Carvalho (UFPE)
Esta comunicação é um dos resultados parciais de um projeto de pesquisa apoiado pelo CNPq, que
busca contribuir com a crescente historiografia sobre as trajetórias de vida, o cotidiano e o processo de
construção de identidades individuais e coletivas de personagens vinculados ao chamado mundo
atlântico escravista. Isso dentro de um marco temporal e espacial muito específico, 1817 a 1850, uma
época que engloba o chamado “Ciclo das Insurreições Liberais do Nordeste”, estendendo‐se até a
promulgação da lei antitráfico de 1850. Os personagens aqui abordados são alguns dos principais
traficantes de escravos que operavam a partir de Pernambuco naquela época. Explorando as trajetórias
de vida de alguns desses personagens, é possível recuperar uma parte de suas redes sociais e políticas e
assim entender melhor o tráfico atlântico de escravos para o Nordeste do Brasil.
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ESCRAVIDÃO E LIBERDADE: UM PARADOXO SOBRE A SITUAÇÃO DOS NEGROS (AS) NO BRASIL
IMPÉRIO APÓS A PROMUGAÇÃO DA LEI ÁUREA
Maria Adriana Chaves do Nascimento Rodrigues (UEPB)
Eduardo Alves Cardoso (UEPB)
Waldeci Ferreira Chagas (UEPB)
Para os abolicionistas a escravidão no Brasil constituía em um obstáculo para o desenvolvimento da
nação, para tanto, esse entrave deveria ser eliminado, possibilitando assim numa nova fase para a
economia colonial e transformando o cotidiano da sociedade da época. Desta forma, o presente estudo
tem por objetivo analisar e discutir o cotidiano dos ex‐escravizados após a abolição da escravatura em
13 de maio de 1888, com a promulgação da Lei Áurea. Estaremos problematizando essa transição do
século XIX‐XX, e percebendo se houve mudanças significativas ou não na vida desses sujeitos. Neste
sentido, buscaremos definir o perfil da sociedade escravista ainda no Brasil império, apontando as
enormes dificuldades que os negros (as) livres encontraram para se afirmar como sujeito ativo e
construtor de sua identidade após o fim da escravidão. Essa problemática se faz necessário para
entendermos as condições que os ex‐escravizados enfrentaram para se inserir nesta sociedade racista e
preconceituosa, já que para substituir a mão de obra escravizada foram trazidos os imigrantes europeus
brancos na tentativa de branquear o país, que agora seguia a “passos largos” para a então
modernidade. É dentro dessa discussão que perceberemos as contradições que envolvem as
populações negras escravizadas em relação à liberdade oferecida com a assinatura da Lei Áurea nos
últimos dias do Império no Brasil.
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O NEGRO NO LIVRO ‘ETNIAS SERGIPANAS’
Maria da Conceição Aragão de Oliveira (UNIT/Fac. Pio X/ SEED)
Joceneide Cunha (UNIT/ UFBA)
Alguns intelectuais se debruçaram em estudar a contribuição do negro na formação da sociedade. Essas
preocupações remontam ao século XIX e perduraram no XX. Em Sergipe também houve intelectuais
com essas preocupações. Este trabalho tem como escopo analisar como a temática do negro é
abordada no livro Etnias sergipanas, de Felte Bezerra, identificar quais eram as práticas culturais
existentes em Sergipe na década de 40 que o autor identificou como um legado dos africanos e por fim
perceber quais foram os autores com que Bezerra dialogou. O mesmo foi antropólogo e publicou
diversos livros dentre eles o livro mencionado em 1950. A metodologia utilizada foi a análise do
discurso. O autor dialogou com diversos intelectuais dentre eles Nina Rodrigues e Gilberto Freyre e
aponta alguns elementos da cultura sergipana que seriam heranças de práticas culturais africanas como
a tapagem das casas e na linguagem. Em suma, o autor percebe uma contribuição do negro na cultura
sergipana.
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OLHARES SOBRE AS MULHERES NEGRAS NA RECENTE HISTORIOGRAFIA SOCIAL DA ESCRAVIDÃO
Maria da Penha Silva (UVA/ UNAVIDA)
Solange Pereira da Rocha (UFPB)
Neste trabalho realizamos uma análise sobre as mulheres escravas, em alguns estudos recentes da
historiografia social da escravidão, buscando evidenciar os papéis sociais das mulheres negras e revelar
suas formas de resistência ao sistema escravista. Para tanto, será analisado alguns estudos como os de
Giacomini, Silva Dias, Rocha, Schwartz, Mattoso e Gomes, visto que essa nova historiografia tem
proporcionado novos olhares sobre essas mulheres, permitindo‐nos uma nova visão acerca do
funcionamento da escravidão, visto que se adota o pressuposto de essas mulheres criaram estratégias
para viverem e sobreviveram na escravidão e, portanto, foram capazes de resistir e conquistar a
liberdade nas suas ações cotidianas, assim, apesar de todos os mecanismos de dominação e exploração,
elas tornaram‐se agentes de sua própria história.
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“COMO SE NASCESSE DE VENTRE LIVRE”: A LIBERDADE DE GENTE NEGRA NA PARAHYBA IMPERIAL
(1840‐1861)
Maria da Vitória Barbosa Lima (UFPB)
O objetivo deste trabalho é refletir sobre a construção da liberdade da população negra na Cidade da
Parahyba, Província da Paraíba do Norte, no período que compreende os anos de 1840 a 1861. As cartas
de liberdade, principal fonte documental deste estudo, revelam a liberdade alcançada pelo escravizado
em momentos de negociação, ou seja, o escravo aproveitou momentos de fragilidade econômica ou
emocional de seu senhor para insinuar a sua liberdade individual ou de seus familiares. As cartas de
alforria revelaram semelhanças e diferenças com estudos de outras províncias. Constatamos que as
alforrias foram mais distribuídas entre as mulheres pardas, crioulas e em idade produtiva, porém com
elevada incidência de alforrias concedidas condicionais e, em escala reduzida, aquelas por compra.
Contudo, apesar das condições impostas aos recém libertos no ato de alforriar, a alforria se revelou um
bom negócio para senhores e libertos.
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A POPULAÇÃO NEGRA E SUAS RELAÇÕES DE COMPADRIO NA PARAHYBA OITOCENTISTA
Matheus Silveira Guimarães (UFPB)
Solange Pereira da Rocha (UFPB)
A historiografia da escravidão tem passado por uma série de revisões, assumindo novas abordagens e
objetos. Até a década de 1980, em geral, o foco das discussões sobre a temática da escravidão partiam
de uma perspectiva do escravo enquanto um ente econômico, uma “coisa”. Com um maior incentivo à
pesquisa proporcionado pela expansão dos programas de pós‐graduações no país, a utilização de novos
métodos como a demografia e uma nova perspectiva de ser ver a história como sendo “vista de baixo”
fez com que tais discussões sobre a escravidão fossem revistas. Esses novos olhares afetam também a
forma de se analisar a família. Esta em seu conceito tradicional passa a ser questionada e novas
maneiras de se pensar tal instituição aparecem. É sob esta nova perspectiva acerca das relações
familiares que partimos no nosso trabalho. Esta comunicação tem por objetivo analisar como se davam
as relações de compadrio entre a população negra – pardos, pretos, crioulos, cabras e mulatos – cativa
e livre na freguesia de Nossa Senhora das Neves, na Parahyba, entre os anos de 1846 e 1850,
comparando‐os, com as pessoas brancas. Para isso, faremos uma revisão historiográfica acerca das
novas abordagens sofre a família. Em seguida, uma rápida apresentação do cenário da cidade da
Parahyba nos últimos anos da primeira metade do século XIX. Por fim, apresentaremos nossas principais
considerações acerca das relações parentais dos sujeitos sociais mencionados. Este trabalho é resultado
da pesquisa realizada no projeto PIBIC/PIVIC “Gente negra na Paraíba oitocentista: redes sociais e
arranjos familiares”, vinculado ao grupo de pesquisa “Sociedade e cultura no Nordeste oitocentista”.
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MANIFESTAÇÕES POLÍTICAS NO IMPÉRIO: LIVRES, LIBERTOS E ESCRAVOS REIVINDICANDO DIREITOS
EM “O RONCO DA ABELHA” E “QUEBRA‐QUILOS”
Palmira Karlyere de Andrade Januário (UEPB)
Século XIX. Nas províncias do norte do país, deflagraram duas insurreições que reivindicavam o não
cumprimento de medidas impostas pelo Império. O cenário para tais movimentos tem como
característica uma sociedade escravista, em que a pobreza crescia cada vez mais e os homens livres e
pobres passavam a viver no meio de grandes dificuldades, geradas, principalmente, por uma crise
econômica com relação às exportações do açúcar e do algodão. Esse é o objetivo de tal trabalho:
analisar as condições socioeconômicas daqueles que estiveram envolvidos nas citadas insurreições e
viam nelas uma forma de reivindicar melhores condições de vida. Assim, estes movimentos entraram
para história dessa região, como também pra história da Paraíba, denominados de: o Ronco das Abelhas
e Quebra‐Quilos. Para um melhor entendimento destes dois movimentos temos que levarmos em conta
que não se tratam de ações revolucionárias, pois não tinham como objetivo uma tomada de poder, nem
tampouco a presença de líderes. As personagens eram pessoas comuns, pobres que temiam às novas
medidas impostas pelo Império; pessoas que viviam na condição de miseráveis e sobreviviam apenas
daquilo que cultivavam; sem falar do medo de serem escravizados que sentiam os homens livres da
época, já que a escravidão estava vivendo seus últimos dias.
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CUMPLICIDADE E FÉ: RELAÇÃO ENTRE ESCRAVOS E SENHORES PADRES
Patrícia Abreu dos Santos (Fac. S. Luiz de França)
Das relações tecidas entre escravos e senhores, percebemos que não importando a religiosidade, a
necessidade de liberdade constituía‐se fundamental. Através de pesquisas bibliográficas, constatamos
que alguns senhores de escravos mesmo constituindo o clero não possuíam uma relação de harmonia
com os seus escravos, pois maus‐tratos e agressões eram sempre relatados nos jornais da época. O
presente estudo pretende trazer para o campo historiográfico questionamentos ainda não abordados
pela historiografia sergipana, ou seja, a análise das experiências que emergiram nas relações entretidas
entre homens do Clero e a escravidão local. Trabalharemos o cotidiano, as fugas e o uso da Igreja como
forma política. O objetivo é analisar o clero e os escravos de sua posse. Queremos compreender quais
eram as formas desenvolvidas por esses para manter os laços e quais as barreiras encontradas para a
constituição desta relação. Concomitantemente, buscarei identificar como, e se, estas relações
contribuíram de alguma forma para a conquista da liberdade escrava. Para isso, utilizaremos
inventários, lista para o fundo de emancipação, artigos de jornais da época. A metodologia a ser
empregada nesta pesquisa é o método de indiciário
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ALUÍSIO AZEVEDO E O NATURALISMO: UMA JANELA PARA O OITOCENTOS
Paulo de Oliveira Nascimento (UEPB)
Manuela Aguiar Araújo Medeiros (UEPB)
A linguagem e a narrativa tornaram‐se ponto de partida para as discussões das chamadas ciências
sociais e, com isto, os diálogos entre História e Literatura estão sendo mais profícuos. Enquanto
narrativas sobre o real, História e Literatura dialogam cada vez mais e, neste diálogo, a Literatura pode
ser elencada como um documento histórico, por trazer à tona toda uma época, a partir da visão do
autor. Um expoente do romance naturalista, Aluísio Azevedo escreveu romances de clara conotação
social, numa vigorosa análise social a partir de grupos marginalizados, valorizando o coletivo. Numa
preocupação com a realidade observada, o romance naturalista torna‐se uma ampliação do Realismo. A
construção dos personagens traz à tona as patologias sociais pelas quais os indivíduos eram
acometidos. Considerando a postura do autor, a estética de sua obra e as características da escola
literária a qual pertence, objetivamos sondar no texto literário aspectos relacionados à vida de grupos
marginalizados, como os escravos e as relações destes com a sociedade escravocrata, homens e
mulheres livres e pobres e seu dia‐a‐dia. Metodologicamente, procederemos à análise de O mulato e
seus personagens, considerando as possíveis relações entre o texto literário e a pesquisa em História,
assim como a estética naturalista e sua relação com a realidade posta na obra.
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SENHORES E CATIVOS: ESCRAVIDÃO AFRICANA NA PROVÍNCIA DO RIO GRANDE DO NORTE
Pedro Ribeiro (UFRN)
Carmen Margarida Oliveira Alveal (UFRN)
Tendo em visto que a historiografia clássica não coloca como relevante a participação do trabalho negro
cativo na Província do Rio Grande do Norte, este estudo pretende focar em documentos que além de
comprovar esta importância podem elucidar melhor esta participação. Desta forma, os estudos acerca
do assunto são ínfimos, se não inexistentes. Nesta perspectiva, o presente estudo tem por objetivo
analisar nos registros cartoriais, tais como inventários e testamentos, a presença do trabalho cativo não
ameríndio na Província do Rio Grande do Norte. Em primeiro momento, utilizou‐se o inventário de um
membro da abastada família Albuquerque Maranhão, datado de 1823, com a finalidade de analisar o
ofício dos cativos registrados no documento. Esta família, presente na Província desde sua fundação, e
detentora de grande extensão de terras desde o século XVII, participou ativamente na economia e
política da Província, possuindo relevante quantidade de cativos em suas terras. No referido documento
é possível observar a listagem dos cativos pertencentes à inventariada, D. Antônia Josefa do Espírito
Santo Ribeiro, destacando‐se, assim, seus ofícios desempenhados nas fazendas, gênero e idade.
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NA FRONTEIRA DA LIBERDADE: SUJEITOS ESCRAVIZADOS, QUILOMBOS E OUTRAS HISTÓRIAS
Reinaldo Norberto da Silva (UFMT)
O presente texto visa analisar a fuga de sujeitos escravizados pela e para fronteira da Província de Mato
Grosso com a República da Bolívia na segunda metade do século XIX, procurando trilhar os caminhos
percorridos por esses homens e essas mulheres, na sua imensa maioria negros, subjugados a uma brutal
forma de exploração do trabalho, e que em algum momento de suas vidas ousaram transgredir o
sistema estabelecido ao atravessar individualmente, em família ou em grupos a fronteira em busca de
liberdade ou algo parecido. A incidência dessas fugas de escravos foi agravada principalmente durante a
Guerra do Paraguai. A concentração de toda a força bélica na defesa da Província a espera dos invasores
paraguaios, proporcionou a oportunidade ideal para a fuga dos escravos. Nesse momento, um
quilombo que ganhou notoriedade pelo seu tamanho e pela sua localização é um situado nas
imediações da povoação de San Matias, da Província de Chiquitos da Republica da Bolívia, adjacente ao
destacamento da Corixa, distrito de Vila Maria, ou seja, fora da jurisdição do Império brasileiro.
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ENTRE O ACONTECER E O SABER: A CONSTRUÇÃO DO INDIO E DO NEGRO NA HISTORIOGRAFIA E
IDENTIDADE POTIGUAR
Rodrigo Wantuir Alves de Araújo (UFRN)
Carmen Margarida Oliveira Alveal (UFRN)
A proposta deste trabalho é de discutir a historiografia, identidade, formação dos sujeitos e conceitos
construídos a partir de analises das obras dos membros do Instituto Histórico e Geográfico do Rio
Grande do Norte, estabelecendo um dialogo com a produção dos historiadores Augusto Tavares de Lyra
(1872 – 1958), José Francisco da Rocha Pombo (1857 – 1933) e Luiz da Câmara Cascudo (1898 – 1986).
Observando que o modelo deste Instituto estava relacionado ao próprio Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro e que sua produção era dessa maneira influenciada por esse modelo. Na
historiografia potiguar há muitas lacunas sobre a história da escravidão africana e há muitos indícios de
história indígena. Como se sabe, houve presença negra nessa região, mas há poucos estudos sobre o
fato, partiu‐se, então de questionamentos de como um assunto tão relevante, com vasta bibliografia
para o Brasil como um todo, mas carente quando se trata do estado do Rio Grande do Norte. Em
contrapartida, há diversos registros que enaltecem a figura do índio como símbolo maior do estado e
nessa bibliografia estudada, ele aparece com muito maior ênfase do que qualquer outra figura. O índio é
colocado como figura “romântica”, idealizada e fundamental. Quais propósitos e que sociedade tais
historiadores queriam formar? Baseados em que elementos sociais, culturais e políticos estavam
baseados? Essas escolhas não foram ao acaso e estão baseadas no modelo de sociedade que se
pretendia formar. É justamente a análise historiográfica da escravidão africana e da presença indígena
no Rio Grande do Norte que se pretende analisar a partir das obras desses autores citados, e analisando
seus escritos, suas impressões, suas escolhas sobre essa presença no Rio Grande do Norte para que
possamos compreender que há muita história e que se precisa urgentemente dar o real valor a essas
vozes silenciadas e compreender as vozes enaltecidas.
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PRODUTORES AGRÍCOLAS NO ENTORNO DE FORTALEZA: 1850‐1879
Rones da Mota Duarte (UFC)
A historiografia brasileira clássica privilegiou por muito tempo às abordagens centradas na plantation
monocultora e escravista, polarizada entre senhores e escravos, colocando a “margem da história” os
homens pobres e livres. No entanto nos finais os anos de 1970 os historiadores voltaram‐se para
estudos locais, centrando‐se nos modos de vida de pequenos agricultores cuja produção estava voltada
basicamente para atender ao mercado interno. Esta pesquisa insere‐se neste âmbito, pois acreditamos
que as explicações tradicionais e generalizantes não mais dão conta da complexidade da história do
Brasil, sendo de grande importância os estudos das particularidades locais para melhor compreensão
dos problemas nacionais. Portanto este trabalho tem como objetivo, compreender os modos de vida, as
formas de trabalhos, as relações de produção e comercialização de pequenos produtores pobres e
livres situados no entorno da cidade de Fortaleza na segunda metade do século XIX. Levando‐se em
consideração a relação existente entre homem e natureza, procurando perceber as interferências dos
sujeitos no meio ambiente a partir dos aspectos da cultura material tais como as ferramentas de
trabalho e as formas de cultivo e exploração do solo e como estes fatores implicaram na
transformação da paisagem local.
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BATISMO DE CRIANÇAS ESCRAVAS NA FREGUESIA DE NOSSA SENHORA DAS NEVES: UM ESTUDO
SOBRE AS RELAÇÕES SOCIAIS ESTABELECIDAS ATRAVÉS DO COMPADRIO (1833‐1841)
Solange Mouzinho Alves (UFPB)
Solange Pereira da Rocha (UFPB)
O sacramento do batismo é um dos ritos mais importantes da Igreja Católica, não somente no espaço
religioso, mas também na prática social. Neste sentido, Henry Koster, um viajante inglês que viveu no
“Norte” do Brasil, e esteve na Paraíba em 1810 observou tal importância, inclusive entre os africanos
escravizados, pois, os que não se batizavam eram discriminados. Dessa forma, recém‐chegados do
continente africano percebiam que para sua ressocialização era necessário receberam o sacramento do
batismo, conforme destacou o mencionado viajante. Ademais, nessas cerimônias, geralmente, o(a)
batizando(a) recebia como protetores/ “pais espirituais”, ou seja, os padrinhos e/ ou madrinhas. Para
compreender as relações de compadrio na Cidade da Paraíba, nos indagamos: quem batizavam as
crianças escravas na freguesia de Nossa Senhora das Neves? Que tipo de relação poderia ser
estabelecida com de tais escolhas? Qual era frequência que crianças eram batizadas por homens/
padrinhos e pelas mulheres/madrinhas? Essas são algumas das questões que visamos apresentar nesta
comunicação, a partir da análise de registros de batismo, dos anos de 1833 a 1841, encontrados no
Arquivo Eclesiástico da Paraíba. Essa pesquisa fez parte do projeto PIBIC Gente Negra na Paraíba
oitocentista: redes sociais e arranjos familiares e está vinculado às discussões do Grupo de Pesquisa
Sociedade e Cultura no Nordeste Oitocentista e recebe financiamento do CNPq.
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REDES DE COMPADRIO DE PESSOAS NEGRAS NA PARAHYBA IMPERIAL (1833‐1850)
Solange Pereira da Rocha (UFPB)
O objetivo desta comunicação é apresentar resultados de pesquisa sobre pessoas negras batizadas
(escravas, libertas e livres) na freguesia de Nossa Senhora das Neves, no período de 1833 a 1850, a partir
da análise de registros batismais, destacando o tipo de arranjo familiar e as redes de compadrio
construídas na sociedade escravista, uma vez que esses sujeitos sociais ao se apropriarem de práticas
religiosas europeias, com o batismo, viabilizaram a formação do compadrio/ apadrinhamento, um tipo
de parentesco espiritual que teve a função de minimizar os obstáculos impostos pelo sistema
escravistas. Assim, pessoas negras estabeleceram relações entre si e com outros segmentos sociais,
criando redes de proteção; para uns, como os escravos, era uma possibilidade de socialização; para
outros, como os livres e libertos, era uma maneira de buscar alianças que propiciariam a
inserção/permanência no mercado de trabalho. Essa comunicação faz parte do projeto de pesquisa
Gente Negra na Paraíba oitocentista: redes sociais e arranjos familiares, desenvolvido junto ao Grupo de
Pesquisa Sociedade e Cultura no Nordeste Oitocentista, vinculado ao Departamento de História e do
Programa de Pós‐Graduação em História/ UFPB e recebe apoio do PIBIC/ CNPq.
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SERVIÇOS DOMÉSTICOS PRESTADOS, SERVIÇOS RETRIBUÍDOS: AS CRIAS DA CASA A CAMINHO DA
ALFORRIA...
Tatiana Silva de Lima (UFPE)
Palavras tem histórias. E como resultado disso, elas podem se tornar conceitos que em cadeia se
articulam uns aos outros. Pensando nessas idéias de Reinhart Koselleck, por ora simplificadas,
imprimimos pesquisas sobre termos associados ao nosso tema central de estudo, o trabalho doméstico
no Recife de 1837 a 1870, tais quais: doméstico, criado, cria da casa. Para esta comunicação,
apresentamos resultados da investigação a respeito das crias da casa enquanto escravos nascidos e
criados em residências patriarcais recifenses no período em tela, desde cedo envolvidos no mundo do
trabalho, e que pareciam ser forros em potencial. O nosso foco recai sobre as escravas em idade tenra e
suas relações com o trabalho doméstico e a alforria.
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POR UMA HISTÓRIA SOCIAL DO TRABALHO: TRABALHADORES ESCRAVOS NO AMAZONAS À ÉPOCA
DO IMPÉRIO (1850‐1889)
Tenner Inauhiny de Abreu (UFAM)
O presente artigo procurou realizar um trabalho de revisão bibliográfica relacionando os conceitos da
história social do trabalho com uma aproximação destes, enquanto ferramentas metodológicas, a
serem cruzadas com as obras de história regional. Tem como proposta analisar a multiplicidade do
universo do mundo do trabalho na Província do Amazonas (1850 a 1889) ressaltando a participação de
trabalhadores escravos negros na construção da dinâmica social. É uma tentativa de contribuição a
História Social da Amazônia, buscando discutir a lacuna, ou silenciamento da presença negra e sua
influência no mundo do trabalho na produção historiográfica local. O objetivo é ressaltar a importância
da presença dos trabalhadores negros na Província do Amazonas, e destacar os escravos negros
enquanto construtores anônimos do progresso material da Província fugindo dos estereótipos
construídos pelas obras que destacam apenas a quantidade diminuta de negros na região.
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OS TRABALHADORES ESCRAVOS DA PROVÍNCIA DO PIAUÍ NA GUERRA DO PARAGUAI
Teotônio Rodrigues de Oliveira Filho (UFPI)
Esta pesquisa aponta para a realização de um estudo sobre a participação dos trabalhadores escravos
do Piauí na guerra do Paraguai, no intuito de desenvolver uma discussão acerca das principais questões
relacionadas a este acontecimento. Os pontos trabalhados na pesquisa incluem desde a arregimentação
da população livre e o seu recrutamento e organização política e militar, com todas as dificuldades
presentes até o surgimento da política de recrutamento estabelecida aos escravos de todo o país,
consequentemente tendo o Piauí que enviar uma parcela de seus trabalhadores escravos, tanto das
fazendas nacionais como de particulares. A metodologia trabalhada compreende, além da leitura de
trabalhos elaborados por pesquisadores do Piauí e de outras localidades, a análise de uma variedade de
fontes documentais encontradas nos Arquivos Públicos do Piauí e do Maranhão, com o intuito de
preencher certas lacunas na historiografia piauiense e brasileira sobre essa força de trabalho que foi
importante para o império brasileiro na lavoura e na guerra.
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RESISTÊNCIA E PRÁTICAS TRANSGRESSORAS EM UMA CIDADE PORTUÁRIA NEGRA DO MUNDO
ATLÂNTICO MERIDIONAL (RIO GRANDE/RS – SÉC. XIX)
Vinicius Pereira de Oliveira (UFRGS)
A cidade portuária de Rio Grande/RS configurou‐se, no século XIX, como uma das mais importantes
praças comerciais do Brasil, entreposto de significativa movimentação de mercadorias, pessoas e idéias,
uma vez que sua intensa atividade marítima articulava a província com diversas localidades do país e do
mundo atlântico. Ao mesmo tempo, o papel da população escrava era destacado, com destaque para os
africanos, realidade que encontrava correlação na composição dos grupos envolvidos com as atividades
náuticas. Neste contexto, os botequins, zungús, trapiches e praças configuravam‐se como locais de
contato e articulação entre os homens do mar – recorrentemente apontados com desordeiros e
transgressores –, escravos e libertos, vistos como potencialmente perigosos por sua condição jurídica
ou cultura africana “primitiva”. Neste artigo, fruto de reflexões iniciais de tese de doutorado em
andamento, buscaremos analisar esta “face transgressora da zona portuária” – buscando problematizar
a questão frente às discussões sobre tradições rebeldes no mundo atlântico. Variáveis como
sociabilidade, solidariedade e conflito; construção de espaços e práticas de autonomia; fronteiras de
pertencimento étnico e jurídico (livres e escravos) maleáveis; a importância do transito de populações
marítimas e imigrantes; gênero e trabalho serão consideradas, buscando perceber como essas práticas
registradas pelos agentes repressivos e estatais reprováveis podiam ser portadoras de significados
distintos – e possivelmente partilhados no mundo atlântico – para seus agentes.
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PERFIL DO ESCRAVO NEGRO NA POVOAÇÃO DE SANTA LUZIA DE MOSSORÓ (1833‐1875)
Waldinéa Cacilda da Silva (UFRN)
Carmen Margarida Oliveira Alveal (UFRN)
Este trabalho propõe apresentar o resultado parcial da pesquisa, que utilizou documentos do livro de
notas do 1º Cartório de Mossoró entre os anos de 1833 a 1875, com a finalidade de fornecer um estudo
radiográfico sobre a escravidão nesta localidade por meio da análise de documentos como cartas de
liberdades, documentos de hipoteca, doação, compra e venda de escravos, numa maneira de
compreender como a sociedade escravista era composta. No Rio Grande do Norte, o estudo sobre a
escravidão africana ainda é muito incipiente. Pesquisas que enfoquem especificidades locais dessa
história são necessárias. Essa carência é devido ao fato da historiografia local atribuir o pouco peso do
trabalho escravo na economia norte‐rio‐grandense. A historiografia local argumenta que devido a
fatores como a baixa densidade demográfica, a hostilidade climática e o emprego da pecuária extensiva
corroboraram para justificar a insignificância da mão‐de‐obra negra no estado. Ver‐se‐á o perfil desses
escravizados, suas ocupações, as diferentes estratégias que evidenciam como estes conquistaram a
liberdade, o preço nas negociações, parentesco dos escravizados e a sociedade senhorial da região. Os
escravos eram uma mercadoria, o preço a ser pago, pela liberdade ou pela venda, era acordado com o
seu senhor, ao analisar esta documentação observa‐se a dinâmica do mercado escravo na localidade.
São informações relevantes para realizar uma levantamento sobre a escravaria no Rio Grande do Norte,
rompendo desse modo o paradigma que a presença de escravos negros na região foi irrelevante.
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Eixo Temático 5 Arte, Festas, Vida Cotidiana e Religiosidades A PROCISSÃO DO SILÊNCIO: A FESTA DE NOSSA SENHORA DA BOA MORTE, EM SÃO CRISTÓVÃO NO
SÉCULO XIX
Ane Luíse Silva Mecenas Santos (UFPB)
A festa deve ser lida como sistema relacional, na qual as transformações e o silenciamento ao longo do
tempo podem ocorrer devido às circunstâncias de âmbito externo, mas também, muitas das vezes
podem ser decorrentes da esfera interna. Partindo dessa acepção não se pode entendê‐la como
modelo, mas sim como espaço de diálogo. Sabendo‐se que forças endógenas e exógenas contribuem
para a dinamização de uma festividade, torna‐se necessário investigar os vestígios de sua trajetória na
tentativa de descortinar as diferentes transformações e o processo de constituição intrínseca a mesma.
Neste caso, a festa de Nossa Senhora da Boa Morte pode ser estudada apenas por alguns fragmentos
encontrados ao longo dessa pesquisa. Um desses fragmentos é a observação atenta do relato de
Serafim Santiago, presente no Anuário Christovense. Em algumas linhas o memorialista relata a
existência da procissão no dia 14 de agosto, data que se comemora a morte e no dia 15 de agosto, a
assunção da virgem. O segundo indício foi a imagem de Nossa Senhora morta, que se encontrava no
Museu de Arte e Sacra de São Cristóvão, mas que atualmente retornou a Igreja do Carmo, na mesma
cidade. Por fim, nos registros de óbito de alguns moradores da cidade no século XIX que solicitavam ser
enterrados com as vestes de Nossa Senhora da Boa Morte. Por meio de tais registros documentais se
torna possível reconstruir o cenário devocional à Boa Morte em Sergipe oitocentista.
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“MEMENTO HOMO”: RITOS PASCAIS NA CIDADE DO NATAL OITOCENTISTA
Annie Larissa Garcia Neves Pontes (UnP)
As celebrações festivas organizadas pela Irmandade dos Passos na Cidade do Natal Oitocentista eram
uma das formas que a instituição encontrou para disseminar seus saberes históricos e estabelecer um
espaço de socialização entre os diversos setores da sociedade natalense. Embora a Irmandade dos
Passos tivesse sob a sua responsabilidade a execução três festividades anuais – Ritos Pascais, Festa do
Senhor dos Passos e Nossa Senhora da Apresentação – o presente trabalho prioriza os ritos pascais que
se iniciavam ainda durante a Quaresma com a Procissão do Encontro, que era seguida pela Procissão do
Senhor Morto e pela Missa Solene do dia de Páscoa. Sendo a Procissão do Encontro o momento ápice
na vida confrarial da Irmandade dos Passos em Natal. Simular os últimos passos de Cristo em seu
caminho ao Calvário e seu último encontro com sua mãe, era a forma que a irmandade tinha para
propagar seus saberes oriundos de uma cultura histórica barroca, que representava a vitória da vida
sobre a morte, e dessa forma o desejo do ser humano de subjugar à morte, sendo tal manifestação
reflexo de sua apreensão do sagrado.
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NATUREZA E CULTURA NA FOTOGRAFIA DE PAISAGEM BRASILEIRA DO SÉCULO XIX
Antônio R. de Oliveira Jr. (UFF)
Nas primeiras décadas do século XIX, a imagem da paisagem fez se aparecer pelas obras de um bom
número de artistas viajantes e de outros radicados no Brasil, adquirindo paulatinamente importância,
sendo incentivada e praticada com regularidade, principalmente após a segunda metade do oitocentos.
Esta preocupação com a natureza e a paisagem surge ao mesmo tempo em que se constituía um
movimento de centralização e consolidação do poder, de formação da classe senhorial dirigente e do
sentimento de nacionalidade. O projeto de constituição de uma sociedade autônoma nos trópicos
procurava sintetizar e fazer interagir “civilização e natureza”: o Estado imperial, portador e dinamizador
do “projeto civilizatório” e a natureza, como base territorial e material deste Estado. O objetivo era
incorporar e dominar a natureza no intuito de construir, nos moldes europeus, uma “nação civilizada
nos trópicos”. A “construção do nacional” na produção cultural brasileira se deu no trabalho ideológico
de destaque da natureza exuberante, na exaltação de feitos históricos como os realizados nas pinturas
históricas representando cenas épicas de batalhas que envolveram brasileiros e, também, na valoração
do índio, mesmo com certa estilização. Pela primeira vez a natureza estava liberada para ser tema
preferencial das linguagens artísticas, estimulando‐se, assim, um “olhar brasileiro” sobre sua própria
paisagem. Foi o que passou a ocorrer inicialmente, e principalmente, no campo da literatura, e mais
tarde, no campo da pintura e da fotografia. A aparência natural do Brasil, vista agora sob um novo olhar,
adaptou‐se à realidade do jovem país, fazendo parte do imaginário que viria a ser construído, e neste
projeto, a fotografia esteve o tempo todo presente.
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A FESTA, O IMPERADOR E O POVO: PRÁTICAS RELIGIOSAS E AS REPRESENTAÇÕES DA MORTE NO
UNIVERSO SÓCIO‐CULTURAL DA CIDADE DO SALVADOR OITOCENTISTA
Bárbara Maria Santos Caldeira (UNIJORGE/ Univ. de Burgos)
No século XIX, por conta do número de festas e solenidades religiosas realizadas na Bahia, já era
possível identificar e organizar os eventos em um calendário que seguia o caminho dividido entre ciclos
temáticos. Inseridas nesse conjunto de práticas cristãs, as procissões durante o período imperial
exerceram papel de destaque como representantes do referencial social das pessoas que buscava por
meio de elementos culturais ocidentais, adaptá‐los ao seu modo de pensar e viver, além de servirem aos
propósitos do processo educativo e evangelizador da Igreja em todo cenário nacional. O objetivo desse
texto é descrever e analisar as relações de poder desenvolvidas entre a liturgia e as comemorações
populares como pontos que circunscrevem à figura política dos governantes e povoam o imaginário
político e religioso da Procissão do Senhor Morto na construção de um novo modelo de cidadão. As
celebrações da Semana Santa eram, nesse período, por conseguinte uma oportunidade para aqueles
cristãos que precisavam acalmar sua consciência e se entregarem à redenção religiosa, de forma que
deixassem suas almas e corpos no caminho da salvação, mais próximas da Igreja e de suas aspirações
voltadas para a sociedade baiana. A festa com suas lamentações e encenações, se encontra no jogo dos
limites do universo sociocultural, sobre a contradição que ele instaura entre a ordem e a
espontaneidade e, sobretudo, sobre as resistências do imaginário à implantação dos novos hábitos
cerimoniais.
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O ROSÁRIO DOS PRETOS DE CAICÓ: CELEBRAÇÃO E MANIFESTAÇÃO RELIGIOSA NO SERTÃO DO
SERIDÓ (RN)
Cláudia Cristina do Lago Borges (UFPB)
A Irmandade dos Pretos de Caicó surgiu na metade do oitocentos e mantinha Nossa Senhora do Rosário
como sua padroeira. Descrita pelos compromissos da Irmandade, a festa em homenagem a santa
deveria ser realizada nas oitavas do natal, cercada de brilho e esplendor. Por ser formado por homens
de cor, a celebração possuía um caráter representativo frente à sociedade local, onde os reis da
irmandade eram coroados, à semelhança dos reis portugueses, e recepcionados com um banquete. A
festa era considerada o momento mais importante da Irmandade, pois assim conseguiam reunir os
homens e mulheres de cor da região do Seridó. Por outro lado, a sociedade branca acompanhava os
festejos como demonstração de fé, e contando até mesmo com essa parte da população para
realização do evento, especialmente na oferta do banquete. Existente desde 1771, hoje os festejos da
Irmandade são traduzidos na festa do Rosário de Caicó, que acontece atualmente no mês de outubro,
agregando elementos profanos e religiosos. Desde o seu surgimento, destaca‐se a participação de
negros como representantes do reinado, assim como foi fundado no Seridó oitocentista. No seu
contexto, a festa do Rosário possui um claro cenário teatral que envolve fatores simbólicos materiais e
espirituais.
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O EXTRAMUROS EM DIAS IMPERIAIS: O PRIMEIRO CEMITÉRIO PÚBLICO DA CIDADE DO NATAL
Daniel Roney da Silva (UnP)
Durval Alves (UnP)
Até aproximadamente 1856, o povo de Natal ao deixar este mundo “rumo ao paraíso eterno”, era
sepultado dentro das igrejas católicas ou ao redor das mesmas, território este que era considerado
santo. Acreditava‐se que quanto mais próximo da igreja o morto fosse enterrado, mais perto de Deus
sua alma estaria, e com isso, o descanso e a paz seria garantida. A classe social a qual o cidadão fazia
parte iria determinar onde, exatamente, ele seria colocado depois de sua morte. A matriz de Nossa
Senhora da Apresentação, principal igreja da província, guardava os restos mortais das famílias mais
influentes e ricas da mesma. Na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos os negros, pobres e
condenados a forca por ordem da lei, encontravam lugar para o sono eterno. Já a Igreja de Santo
Antonio, ficou conhecida como a Igreja dos Militares, por ser nela que estes, quando mortos eram
colocados. Contudo, em meados do século XIX as práticas de enterramento na cidade de Natal tiveram
que ser mudadas em função das fortes epidemias que assolaram o Brasil neste século. As muitas
mortes, em pequenos espaços de tempo, tornavam a presença da população nas igrejas cada vez
menor, em razão do demasiado mau cheiro proveniente dos muitos corpos em decomposição. A única
solução encontrada pelo presidente da província foi separar um espaço extramuros, onde as vítimas das
pestes pudessem se decompor sem causar doenças aos que ficassem vivos para guardar o luto.
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CATOLICISMO DAS CORES: NEGROS, BRANCOS, PARDOS E ÍNDIOS E OS RITOS FÚNEBRES NA CAPITAL
DA PROVÍNCIA DO RIO GRANDE DO NORTE
Diana da Silva Araujo (UFRN)
O presente trabalho visa analisar as formas de execução dos ritos fúnebres na província do Rio Grande
do Norte. Para tal análise foram utilizados registros de óbito do período imperial de diferentes
freguesias da capital da província e diferentes termos de compromisso de irmandades negras e não
negras da província em geral, para que assim se possa compreender as crenças dessa sociedade
potiguar, a forma de se executar os ritos e como eles poderiam diferenciar‐se conforme o status
inerente aos indivíduos, salientando que neste período a posição social também está relacionada,
dentre outros fatores, à cor. Dentre os demais agentes da sociedade torna‐se necessário compreender
a inserção dos negros na capital da província do Rio Grande do Norte a partir de sua relação com o
catolicismo devido às especificidades e ao fator de os negros desse período ainda não terem sido
estudados como os demais indivíduos. Como esses negros encontram‐se inseridos no catolicismo
também será uma das abordagens deste trabalho, tendo em vista que a historiografia tradicional
enfatiza os aspectos populares da religiosidade dos negros do Rio Grande do Norte. Pode‐se perceber
que durante o Império, os negros da província, bem como os demais membros da população tinham um
grande interesse em manter seus atos dentro das práticas cristãs. Embora pertencentes à mesma
religião católica, ritos, sacramentos, símbolos e até mesmo objetos podem diferenciar‐se dos de seus
irmãos de fé. Um mesmo sacramento pode ter diferentes sentidos de acordo com a diferença de
devoção e um mesmo sacramento ou rito também. Para melhor compreender esse catolicismo das
cores, foi feito um cruzamento com a historiografia clássica sobre a temática para que se possa pontuar
as divergências e semelhanças com as demais províncias.
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RELIGIOSIDADE, SOCIABILIDADES E MOVIMENTOS CULTURAIS NO SÉCULO XIX NAS FAZENDAS DA
REGIÃO DE PICOS‐PI
Jéssica Tays Vieira da Silva (UFPI)
Vanessa de Moura Santos (UFPI)
Marcos Vinicius Holanda Sousa (UFPI)
Martim Firmino do Carmo Jr. (UFPI)
Nilsângela Cardoso Lima (UFPI)
O Piauí tem como marca histórica de sua formação social, política, econômica e cultural a fazenda de
gado. Nestas, a sociedade organizou um modus vivendi que marcaram a cultura local. A proposta do
trabalho é fazer um estudo sobre a religiosidade, as sociabilidades e o folclore que constituíram a vida
cotidiana da sociedade piauiense no período imperial e compõem o seu patrimônio material e imaterial.
O recorte espacial da pesquisa é a cidade de Picos, localizada no sudoeste do Estado do Piauí, em torno
das representações e práticas religiosas das fazendas de gado do século XIX, na qual nos deparamos
com uma na localidade do Boqueirão, cuja sua estrutura física e memória foram preservadas pelos
familiares. As fontes utilizadas para a construção deste trabalho se deram a partir da pesquisa em
documentos escritos, acervo fotográfico das famílias e do uso da entrevista de Tradição Oral,
entendendo que o método/técnica da história oral ajuda na compreensão e reconstrução da memória e
da história através das lembranças. Entendendo que a sociedade do período colonial e imperial no Piauí
se deu a partir das misturas de raças e do sincretismo religioso, a pesquisa se volta para o estudo da
cultura popular, entendida, segundo a perspectiva de Carlo Ginzburg, como um conjunto de atitudes,
crenças, códigos de comportamento próprio das classes subalternas num certo período histórico.
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OS ANDARILHOS DA PAIXÃO: A ROMARIA DO SENHOR DOS PASSOS EM SÃO CRISTÓVÃO – SE
Magno Francisco de Jesus Santos (FJAV)
A solenidade de Nosso Senhor dos Passos, na cidade de São Cristóvão, é um dos principais eventos
religiosos de Sergipe. Realizada sempre no segundo final de semana da quaresma, a celebração desde o
século XIX atraía romeiros de diferentes segmentos sociais com o intuito de participarem de suas
procissões. O nosso propósito foi compreender a solenidade do Senhor dos Passos na cidade de São
Cristóvão a partir de seus elementos simbólicos entre 1886 e 1920. Com isso, analisamos a simbologia do
evento a partir de elementos pouco observados pela historiografia tradicional sergipana, como a
sonoridade, o olhar e o sentir. As fontes desse trabalho são as descrições de memorialistas sergipanos
do início do século XX, como Serafim Santiago, Gumersindo Bessa e Manoel de Oliveira dos Passos
Telles. Portanto, trata‐se de uma reflexão a respeito de um patrimônio imaterial dos sergipanos, ainda
muito pouco estudado pela historiografia religiosa local.
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IMAGENS DO IMPÉRIO, IMAGENS DA MODERNIDADE: COMENTÁRIO SOBRE A PRODUÇÃO DE
FOTÓGRAFOS E LITÓGRAFOS NO BRASIL NAS DÉCADAS DE 1850 E 1860
Maria Antonia Couto da Silva (UNICAMP)
Alexandre Eulálio, no ensaio intitulado “O século XIX”, analisou as mudanças significativas ocorridas nos
campos político, social e artístico no Brasil no século XIX, época de grandes inovações científicas,
técnicas e ideológicas. O autor procurou apontar no texto “alguns dos fermentos e tensões de ruptura”
que ocorreram no território brasileiro, levando em conta nossas peculiaridades históricas e sociais, que
apenas recentemente começam a ser estudadas com critérios mais abrangentes. Dessa forma aponta
caminhos para a compreensão de questões fundamentais para o entendimento da produção artística do
período, como a grande importância do surgimento das técnicas inéditas de reprodução mecânica da
imagem: a litografia e a fotografia, em especial. No Brasil essas técnicas adquiririam grande relevância,
como podemos perceber pela produção de fotógrafos como Auguste Stahl e Revert Klumb, pelo
projeto editorial de Victor Frond e em obras litográficas de Henrique Fleuiss. Em nossa comunicação
trataremos da produção desses artistas, a partir da análise de suas imagens e de críticas publicadas em
jornais da época, buscando um melhor entendimento da divulgação de imagens do Império brasileiro
associadas à modernidade.
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A MORTE NÃO É MAIS UMA FESTA: MUDANÇAS NO MODO DE SEPULTAR EM TEMPOS DE CHOLERA
Maria da Luz da Silva (PMB/ PB)
Este trabalho tem por objetivo investigar as mudanças ocorridas na maneira como os mortos eram
sepultados durante o período da epidemia de cholera morbus, ocorridas em 1856 e 1862, na Província da
Parahyba. Até o século XIX a morte acarretava uma série de ritos, por exemplo, o cuidado com o corpo
e o modo como eram sepultados os mortos. Durante o surto epidêmico houve uma grande mudança na
forma de lidar os cadáveres.
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ESCULTURA E CONSTRUÇÃO DA MEMÓRIA NACIONAL NO BRASIL DO SÉCULO XIX
Maria do Carmo Couto da Silva (UNICAMP)
Rodolfo Bernardelli, escultor ativo no final do Segundo Reinado, inicia sua produção artística com
esculturas relacionadas com a temática oficial indianista e realizando bustos que retratavam a Família
Real. Sua produção monumental inicia‐se também nesse período com a encomenda do Túmulo de José
Bonifácio (1886) e de um monumento para o General Osório (1887), seguido por outros em homenagem
ao Duque de Caxias e a José de Alencar. Com a mudança de regime político, a Proclamação da
República, o escultor teve oportunidade de erigir esses monumentos na cidade do Rio de Janeiro,
recriando assim a memória do Império em pleno regime republicano. Ele foi responsável também pela
criação do túmulo do Imperador D. Pedro II e da Imperatriz em Petrópolis e de uma estátua que
representa D. Pedro I para o Museu Paulista, em São Paulo. Esses dados nos possibilitam perceber a
dimensão e importância de seus trabalhos no campo da escultura brasileira. Essas obras, além de
preservar a memória de personagens do Império, inauguram certas tipologias de trabalhos no cenário
artístico de nosso país. Em nossa pesquisa de doutorado procuramos entender Bernardelli como um
escultor integrado às discussões políticas e históricas de seu tempo e que frequentava círculos
importantes de literatos e intelectuais, colaborando dessa forma para uma melhor compreensão da
cultura e da arte no Brasil oitocentista.
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O IMPÉRIO DAS FESTAS: O PAPEL DAS REUNIÕES FESTIVAS NAS RELAÇÕES INTRAELITES DA CORTE
NO SEGUNDO REINADO
Mayrinne Meira Wanderley (UFPB)
As festas desempenham variados papéis que transitam por comemorações de datas e fatos, relações de
gênero, autoafirmação, relações de pertença, ascensão, decadência ou afirmação de posições entre
grupos ou mesmo no seio de um grupo determinado. No transcurso do Segundo Reinado, elas foram
expandidas nas mais variadas esferas, da sagrada à profana, do culto cívico ao individual, da popular à
socialmente considerada como erudita. O objetivo deste trabalho é discutir a relevância das reuniões e
comemorações particulares frequentadas e realizadas por homens e mulheres de elite para o trânsito
ou conservação de posições dentro desses grupos. Nesse jogo de investimentos, era recorrente o
apuramento do gosto, seguindo os moldes franceses, a produção do vestuário adequado, o
disciplinamento da linguagem verbal e corporal, prezando pela polidez. Os escritos de Pierre Bourdieu,
Fréderic Mauro, Gilda de Mello e Souza e Maria Teixeira Rainho serão utilizados como aportes teóricos e
discursivos na construção do presente argumento.
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ESPAÇOS DE PODER E SOCIABILIDADE: IRMANDADE DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO DE NOSSA
SENHORA DAS NEVES
Naiara Ferraz Bandeira Alves (UEPB)
Pautília Klébia Nunes Diniz (CINTEP/ PB)
A Irmandade do Santíssimo Sacramento de Nossa Senhora das Neves era responsável pelo culto da
santa padroeira da província da Paraíba, dessa forma, se responsabilizava por suas festas e pelos ritos
funerários de seus integrantes, que eram exclusivamente brancos e detentores de posses, em sua
maioria homens de destaque da sociedade oitocentista paraibana. Baseando‐se na análise de autores
como Russell‐Wood, Reis e Boschi trabalhamos com a ordem de compromisso desta irmandade, emitida
em forma de Lei no ano de 1867. Nesta documentação identificamos a participação de figuras
opulentas da sociedade oitocentista paraibana como o Barão de Mauá que foi vicepresidente da
província da Paraíba, de 22 de abril a 1o de novembro de 1867. Filho de Joaquim Teixeira de Vasconcelos
e de Adriana Teixeira. Casou‐se com Francisca Monteiro da Franca, com quem não teve descendentes.
Ele exercia a função de Juiz Presidente na irmandade no mesmo ano em que se encontrava ocupando o
cargo administrativo na província. Esta estreita relação entre os espaços religiosos e administrativos
demonstra as trocas de favores e a presença destes personagens em diferentes espaços da sociedade
constituindo‐se como uma rede de prestígio que garantia a manutenção do poder destas imponentes
famílias da província paraibana.
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COMPORTAMENTO DE CONSUMO DOS GRUPOS DOMÉSTICOS PORTOCALVENSES NO SÉCULO XIX:
UMA INVESTIGAÇÃO A PARTIR DAS LOUÇAS PRESENTES NOS ENGENHOS DA REGIÃO
Rute Ferreira Barbosa (UFPE)
No século XIX o Brasil passa por acentuadas mudanças nos padrões de comportamento social, mais
especificamente no âmbito doméstico, quando diversos costumes começam a ser incorporados dentro
das famílias brasileiras, principalmente nas que dispunham de um maior poder aquisitivo. Percebe‐se
uma enorme tentativa por parte destas, a quem Florestan Fernandes vai chamar de nova burguesia
brasileira, em emular as elites europeias consumindo toda sorte de produtos industrializados,
produzidos em larga escala pela revolução industrial que acontecia na Europa, mais especificamente na
Inglaterra, e buscava mercados consumidores para seus produtos. Sendo a cultura material considerada
como vestígios do comportamento humano no passado, esta é uma rica fonte documental para
fornecer subsídios na compreensão dos grupos que habitaram a região norte do estado de Alagoas.
Uma vez que o indivíduo é influenciado pelo ambiente sociocultural no qual está inserido, o ato de
consumir não é apenas um comportamento econômico, mas também social. Seguindo tal pressuposto,
a pesquisa está analisando o comportamento de consumo, referentes às louças produzidas no século
XIX, e sua inserção no ambiente doméstico dos engenhos Castro, Capiana, São Gonçalo, Estaleiro,
Guaribas e Cova da Onça, na cidade de Porto Calvo, estado de Alagoas.
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IMAGO MORTIS: UMA ANÁLISE SOBRE O IMAGINÁRIO FÚNEBRE RECIFENSE NA SEGUNDA METADE
DO SÉCULO XIX
Suely Cristina Albuquerque de Luna (UFRPE)
Rodrigo Félix Marinho (UFRPE)
Estudar as sepulturas nos permite entender fragmentos importantes do imaginário de uma sociedade.
Além de uma simbologia especial relacionada à última morada do ser humano, além disso, podemos
detectar fortemente os aspectos econômicos e sociais que as caracterizam. Partindo desse
pressuposto, com essa pesquisa iremos analisar o maior expoente do patrimônio fúnebre da cidade do
Recife, o cemitério Senhor Bom Jesus da Redenção, mais conhecido como Cemitério de Santo Amaro, o
qual se constituiu na primeira necrópole planejada do país. Construído na segunda metade do século
XIX sob o prisma das leis higienistas tão influentes na época, que entre outras coisas, condenavam
veemente os enterros no solo sagrado das igrejas, visto que os miasmas emanados dos corpos em
decomposição traziam um sério risco a saúde dos fieis. Esse costume era caracterizado por essa
corrente, pejorativamente, como um atraso da herança colonial. Iremos primeiramente estudar sua
formação e as principais implicações que tal construção resultou na sociedade recifense do século XIX.
Logo após iremos analisar o simbolismo de algumas sepulturas, sua localização dentro do cemitério,
como também o material da qual elas foram construídas, além do artista que executou a obra; para
assim tentar entender como a influência de algumas famílias tradicionais estendia‐se até esse novo
espaço da morte.
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A CONGADA DE SANTA IFIGÊNIA VISTA POR JOHANN EMANUEL POHL
Talita Viana (UFG)
Sebastião Rios (UFG)
O trabalho apresenta o que e como o médico, botânico e mineralogista boêmio Johann Emanuel Pohl
(1782‐1834) viu na Congada de Santa Ifigênia, em 1819, durante sua estadia no antigo Arraial de Traíras –
hoje município de Niquelândia / GO – já na conjuntura do processo de independência. Pohl fazia parte da
expedição científica que acompanhou a comitiva nupcial da Arquiduquesa Leopoldina da Áustria, que
desposou Dom Pedro I, então Príncipe Herdeiro. Ele tinha o perfil da maior parte dos viajantes que aqui
estiveram: “naturalistas” que buscavam, sobretudo, conhecer a geologia, a flora e a fauna, não raro
deixando também relatos sobre os fenômenos sociais e culturais com os quais se depararam. As
percepções de Pohl são cotejadas com as informações resultantes de uma pesquisa de campo atual
sobre a mesma festa, notadamente com a memória dos congadeiros mais antigos. Neste cotejamento
destacam‐se, por um lado, as observações precisas e detalhadas que são frutos do estranhamento do
viajante e que revelam uma grande continuidade na manifestação e, por outro, os valores e sentidos
que não foram por ele percebidos na festa mestiça; festa composta de cerimônias com significados
difíceis de serem desvendados, alguns acessíveis apenas aos iniciados, e deveras distantes da
mentalidade católica, europeia e aristocrática do observador.
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Eixo Temático 6
Viajantes e Povos Indígenas
UM OLHAR DE UMA VIAJANTE MULHER E BRASILEIRA À EUROPA OITOCENTISTA
Ana Carla Souza Ribeiro (UFPB)
Acácio José Lopes Catarino (UFPB)
A literatura dos viajantes que percorrem o Brasil, especialmente após a abertura dos portos em 1810, é
um topos bastante presente na produção sobre o Império. Mais recentemente, os estudos de gênero
vêm rompendo o enquadramento da mulher como objeto da História para bem além da família e dos
espaços privados. Mas mesmo alguns casos aparentemente já bem situados para sua época, como a
vida da nordestina Dionísia Gonçalves Pinto (mais conhecida como Nísia Floresta Brasileira Augusta)
admitem reinterpretações, a começar pelos estudos de tradução cultural e teoria literária
empreendidos, respectivamente, por Maria Palhares‐Burke e Constância Duarte. Propomos redirecionar
a atenção de um modo transversal a estas duas dimensões, imprescindíveis à configuração da história
imperial, ao rever os relatos de viagem de Nísia Floresta à Itália e Alemanha (em 1857 e 1864); deste
modo invertendo a postura usual ao interrogar o olhar de uma viajante mulher e brasileira à Europa.
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VÍTIMAS DO SILÊNCIO: A POLÍTICA INDIGENISTA NO NORTE IMPERIAL
Ana Cecília Alves Nôga (UFRN)
Laís Luz de Menezes (UFRN)
Maria Emilia Monteiro Porto (UFRN)
O Decreto Imperial nº 426, de 24 de julho de 1845, foi o “único documento indigenista geral do império”
ou da “lei indigenista básica de todo período imperial”, que vigorou até 1889. Essa legislação criou uma
estrutura de aldeamentos indígenas, distribuídos por todo o território, sob a gestão de um diretor‐geral
de Índios, nomeado pelo imperador para cada província. Analisando essa legislação, podemos perceber
que ela tenta silenciar os índios, impor o modo de vida do colonizador, organizando‐os em aldeias e
recrutando‐os para o trabalho, que embora livre, não condizia com a realidade indígena, que se
organizava para o trabalho de outra maneira. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é perceber a
maneira pela qual os índios foram silenciados, fazendo uma análise da legislação indigenista imperial e
das falas e relatórios dos presidentes da província do Rio Grande do Norte.
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POLÍTICA INDIGENISTA E LEGISLAÇÃO FUNDIÁRIA NA PROVÍNCIA DA BAHIA (1840‐1850)
André de Almeida Rego (UFBA)
O estudo pretende discutir o processo de definição da política indigenista na província da Bahia entre as
décadas de 1840 e 1860. Nesta época, o Estado Nação opta pela regulação fundiária dos aldeamentos
antigos e novos, direcionando os esforços das autoridades para a resolução dos conflitos de terra
envolvendo grupos indígenas e diversos outros elementos como câmaras municipais, rendeiros e
moradores locais. A formatação desta tendência à regulação fundiária na política indigenista, que será
bastante informada pela legislação da terra de 1850, é o passo inicial para a extinção de muitas aldeias
na província em questão. Neste processo, os índios, sob diversas formas, buscaram preservar seus
direitos enquanto aldeados e protegidos pela tutela oficial.
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HISTÓRIA INDÍGENA NAS PÁGINAS DOS RELATORIOS DOS PRESIDENTES DA PROVINCIA DE SERGIPE
DEL REY (1837‐1852)
Carine Santos Pinto (UNIT)
Pedro Abelardo de Santana (UNIT)
Propõe‐se estudar os Relatórios dos Presidentes da Província de Sergipe Del Rey durante os anos de
1837 a 1852, com o intuito de analisar a situação dos indígenas e a forma estereotipada descritas por tais
autoridades. Levando‐se em consideração os sete relatórios que versam sobre o tema, é possível refletir
sobre as cinco principais aldeias existentes na Província neste período e a forma como suas terras foram
tratadas pela administração pública, que culminaram no “desaparecimento” da população indígena
sergipana, fortalecido, muitas vezes por elites dominantes, caracterizada como saída para expropriação
agrária. A pesquisa nestes documentos, ancorada nas novas abordagens possibilitará reflexões para
melhor compreendermos a trajetória dos povos indígenas sergipanos. Para tanto, foram utilizados
estudos como o de Beatriz G. Dantas que debatem acerca da negação da existência indígena em
Sergipe e a demarcação de suas terras, bem como a análise de Relatórios apresentados pelos
Presidentes da Província de Sergipe Del Rey. Utilizou‐se ainda, a argumentação contida no Regulamento
de 24 de julho de 1845 que serviu de base para a população da época como tentativa de civilizar a
“horda selvagem” que ainda se encontrava no território sergipano.
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“AQUELES ÍNDIOS NÃO QUEREM ABSOLUTAMENTE SABER NADA DE MISSIONÁRIO, DE RELIGIÃO, DE
CIVILIZAÇÃO, NEM DE ALDEAMENTO”: ÍNDIOS E MISSIONÁRIOS NO SUL DA BAHIA (1845‐1851)
David Barbuda G. de M. Ferreira (UFBA)
No século XIX a partir da década de 1840 a questão da civilização dos índios pelas ordens religiosas
retomou fôlego e passou a ser vista como uma questão relevante que exigiria uma solução em curto
prazo. A utilização dos missionários capuchinhos como figuras centrais nesse processo ganhou força e
nesse sentido o governo Imperial criou um projeto para o financiamento da vinda desses missionários
com pagamento de côngruas e com seus deslocamentos para os sertões mais distantes, locais que eram
considerados prioritários para esse trabalho de conversão. Esses missionários vinham com o objetivo de
catequizar os índios nessas regiões e reuni‐los em novas aldeias, mantendo, assim, de acordo com a
legislação, a ordem entre eles e excitando‐os ao trabalho e cultura do campo, com a obrigação de
ensiná‐los a ler e escrever. Em 1845 em viagem à Caravelas, no extremo sul baiano, o Fr. Caetano de
Troina iniciava a atuação dos capuchos nessa Comarca juntamente com o Juiz de Direito, Caetano
Vicente de Almeida. Esta viagem marcou o inicio do trabalho apostólico do Frei na região, como
também serviu para definir a localização do novo aldeamento e da colônia militar que seriam criadas. Os
diversos conflitos iniciados com a missão nos coloca diante da necessidade de pensar com mais detalhe
e cautela os processos de encontro e desencontro entre missionários e índios nas diversas missões do
século XIX, desafiando as supostas limitações que a documentação histórica apresenta e demonstrando
que é possível ler o olhar indígena nela inserido. Esta comunicação visa apresentar algumas reflexões
sobre essas questões focando a atuação do missionário em Caravelas, as estratégias utilizadas para
implantação do aldeamento e as ações e reações indígenas a esse processo.
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“OUVINDO” OS FRADES CAPUCHINHOS DE ITAMBACURI: ANÁLISE DO RELATO SOBRE UMA REMOTA
MISSÃO NAS MINAS GERAIS OITOCENTISTAS
José Otávio Aguiar (UFCG)
Rodrigo Ribeiro de Andrade (UFCG)
A presente pesquisa visa encontrar fragmentos de historicidade peculiar no relato do religioso
Capuchinho Frei Angelo de Sossoferrato, responsável pela elaboração de uma memória sobre os índios
botocudos da missão próxima à atual cidade de Theofilo Otoni, antigo aldeamento de Philadélphia, na
Província de Minas Gerais. A missão foi fundada em 1873 por dois frades, o próprio Angelo de
Sossoferrato e Seraphim de Gorizia, ambos italianos. Tal documento nos ajudará a analisar, os discursos
elaborados para darem nexo ao esforço catequizador realizado em um lugar potencialmente estranho,
de natureza matagosa e diversa da europeia e povoado pelos lendários índios botocudos, povos de
etnia macro Jê, conhecidos por seu ethos guerreiro.
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RECONHECENDO OS BORORO NA OBRA DE AIMÉ‐ADRIEN TAUNAY
Maria de Fátima Costa (UFMT)
Uma das mais recorrentes expressões simbólicas utilizada por sociedades indígenas é o ornamento
corporal, aplicado como emblema de identidade tribal. Executados como parte de rituais cotidianos,
esses “enfeites”, que celebram desde os comuns aspectos do dia‐a‐dia até os momentos mais
relevantes da própria existência do grupo, costumavam chamar a atenção dos naturalistas que no
século XIX frequentaram o interior da América Meridional. De fato, as pastas e cadernetas de anotações
desses visitantes se encheram de descrições e desenhos retratando a cultura de diferentes povos.
Porém, ao trabalhar com os acervos iconográficos legados por viajantes, o investigador se vê
confrontado, via de regra, com ilustradores que pouca atenção deram aos signos étnicos apresentados.
Entretanto, há também artistas‐viajantes que se empenharam em documentar, com arte, os aspectos
singulares das sociedades indígenas com as quais travaram contato. Neste estudo, tem‐se como
suporte representações de índios Bororo realizadas por Aimé‐Adrien Taunay. Busca‐se mostrar como
esse artista legou um raro testemunho da sociedade indígena, permitindo‐nos adentrar – quase dois
séculos depois ‐ num momento significativo do cotidiano deste povo.
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A RESISTÊNCIA DOS ÍNDIOS SERGIPANOS NO SÉCULO XIX
Pedro Abelardo de Santana (UFBA)
Estudos sobre os índios sergipanos no século XIX fazem referências a episódios de resistência em
relação à espoliação das terras das aldeias. Ocorreram revoltas, fugas das aldeias e tentativas de
resolver questões na justiça. Não era só a resistência que marcava a vida dos índios. Há notícias sobre
negociações, pelas quais os índios buscavam resolver suas querelas. A defesa das terras foi importante
porque enquanto sua posse permaneceu coletiva, foi possível resistir à dominação e a aniquilação
social. Este estudo pretende investigar como se deram os conflitos e as negociações entre índios,
proprietários de terras e autoridades ao longo do século. As aldeias sergipanas foram declaradas
extintas na segunda metade do século XIX, passando os seus moradores a serem considerados
“integrados” ao resto da população. O episódio suscita indagações sobre a vida indígena no período,
conflitos relacionados à espoliação da terra, e a resistência indígena. Outra reflexão possível é sobre as
relações dos aldeados com escravos e quilombolas. Para entender o período da extinção dos
aldeamentos, buscaremos comparar aldeias sergipanas e outras do Nordeste. Considerando que os
conflitos com os índios foram intensos no período, intentamos entender de que forma os índios
sergipanos lidaram com a questão e como resistiram. Nosso olhar focaliza o período entre 1845, ano da
criação do Regulamento das Missões, e 1853, ano da extinção da Diretoria Geral dos Índios em Sergipe.
Por volta deste período é importante investigar a vida nos aldeamentos, as relações e os conflitos com a
sociedade vizinha, autoridades, religiosos e proprietários, para compreender as transformações
provocadas nas vidas dos índios aldeados.
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TERRITÓRIO E INCORPORAÇÃO DOS ÍNDIOS: POR UMA POLÍTICA DE BRANQUEAMENTO, UM PROJETO
DE NAÇÃO
Sebastião Vargas (UFRN)
Diego Marcos Barros de Castro (UFRN)
A ideologia racista da elite brasileira do período imperial embasava uma política de branqueamento
intrinsecamente ligada à história de formação da Nação brasileira enquanto identidade, enquanto
unidade. Como um dos principais expoentes dessa política podemos apontar a Lei de Terras de 1850,
essa lei fez desaparecer as terras indígenas em comum uso, devolvendo ao império as terras que
legalmente não eram de ninguém, data desse mesmo período a extinção das missões indígenas que
foram transformadas em comarcas ou vilas, a categoria índio no período imperial é embutida de sentido
negativo, como indolente, preguiçoso, rebelde, pagão, onde a única salvação seria a mestiçagem, tendo
em vista que se valorizava a tradição europeia como o único elemento que trazia a esperança
civilizadora do homem moderno na construção da identidade brasileira. Podemos afirmar assim que o
desaparecimento da categoria indígena no Rio Grande do Norte no final do século XIX esta ligada a uma
política de miscigenação nacional, o desaparecimento indígena no Rio Grande do Norte é atestado por
diversos historiadores que ajudaram na construção da historiografia norteriograndense. Posto assim, o
intuito desse trabalho é mostrar de que maneira para os órgão do Estado à política de branqueamento e
de superação da identidade indígena no Rio Grande do Norte visava cumprir seu objetivo.
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TRÓPICOS INGLESES: O BRASIL EM VIAGENS AO NORDESTE DO BRASIL DE HENRY KOSTER
Yamê Galdino de Paiva (UFPB)
Diante da abertura de temas e fontes promovida pela História Cultural, as pesquisas históricas
avançaram em análise e ampliaram a diversidade de objetos investigados. A partir dos anos 1980, sob a
influência da teoria crítica literária, da Antropologia e da Semiótica, a História Cultural passou a explorar
questões das representações, linguagens, discursos e simbolismos. Como integrante dessa etapa do
conhecimento histórico encontram‐se os estudos sobre os viajantes. Deixando de ser utilizados
meramente como fonte de obtenção de informações, os relatos de viajantes transformaram‐se em
objetos de investigação pelos pesquisadores. Observam‐se neles, entre outros aspectos, as estruturas
narrativas, a construção da imagem sobre o povo representado, o discurso elaborado e sua vinculação
ao lugar social do qual o viajante fala. Nessa esteira, situa‐se o trabalho de Mary Louise Pratt – Os olhos
do Império: relatos de viagem e transculturação. Levando‐se em consideração aqueles elementos e
amparando‐se no livro citado, procuramos, neste trabalho, fazer uma leitura da obra Viagens ao
Nordeste do Brasil, escrito por Henry Koster em 1816. Nosso objetivo é, portanto, pensar o Brasil
registrado por esse viajante a partir de alguns aspectos observados por Mary Louise Pratt em sua obra,
destacando‐se os estranhamentos, a interação com as populações locais, a elaboração da narrativa e o
discurso produzido por Henry Koster sobre a situação político‐econômica e administrativa do Brasil.
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Eixo Temático 7
Cidades, Territorialidades e Fronteiras
A FRONTEIRA OESTE DO IMPÉRIO: REPRESENTAÇÕES SOBRE MATO GROSSO NA PRIMEIRA METADE
DO SÉCULO XIX
Ana Claudia Martins dos Santos (UFMT)
A província de Mato Grosso estava localizada na fronteira a oeste do Império brasileiro, pesando sobre
essa província o fato de ter uma via de comunicação demorada com o litoral e estar localizado em uma
área de fronteira, sendo que no decorrer do século XIX era representada como um lugar
exageradamente longe, atrasado, marcados pela “barbárie”, a área periférica do Brasil. Nosso interesse
é compreender como Mato Grosso era representado ao longo do século XIX, procurando analisar como
o representante do governo central em Mato Grosso se referia à população dessa localidade, seguindo
ou não a imagem elaborada por aqueles que não viviam nessa província. Para isso contamos com a
historiografia sobre o assunto e analisamos Relatórios e Falas de presidentes da Província de Mato
Grosso entre 1835 (quando é criada a Assembleia Legislativa e passa a ser obrigatório a todos os
Presidentes das províncias relatarem anualmente a situação local) até 1864, quando inicia o conflito
com a República do Paraguai.
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HENRIQUE DE BEAUREPAIRE ROHAN NA CONSTRUÇÃO DA CULTURA TÉCNICA DAS SECAS E DA
REPRESENTAÇÃO DO SERTÃO NORDESTINO
Carla Navarro Y Rosa (UFRN)
Angela Lúcia de Araújo Ferreira (UFRN)
Beaurepaire Rohan, engenheiro e político renomado, para além de ter exercido vários cargos de relevo,
como presidente das províncias do Pará de 1856 a 1857 e da Paraíba em 1857 e Ministro de Guerra em
1864, prestou sua contribuição para o entendimento da problemática do sertão nordestino. O seu livro,
Considerações acerca dos melhoramentos de que, em relação às seccas são susceptíveis algumas províncias
do Norte do Brazil, de 1877, pode ser lido como parte dos esforços que levariam o assunto a ser
formulado em sua “dimensão técnica”. O objetivo do trabalho é compreender o papel da formação e
dos meandros da cultura técnica moderna no Brasil para o surgimento e consolidação da representação
das secas e do território nordestino. A análise se dá a partir da biografia intelectual e profissional desse
sujeito histórico, ainda pouco estudado, que teve importante participação na constituição de uma visão
técnica que se instituiu ao longo do século XIX, ao lado de outros engenheiros politécnicos. A obra de
Beaurepaire Rohan se insere, principalmente, no contexto de discussões técnicas e institucionais em
torno da grande seca de 1877‐1879, junto com técnicos e intelectuais como André Rebouças e o senador
Thomaz Pompeu. Apresentado em célebre Sessão do Instituto Politécnico no Rio de Janeiro em 1877,
suas reflexões se tornariam uma referência para a compreensão do problema das secas e para a
construção de propostas visando a sua superação – baseadas, sobremodo, na política da açudagem.
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AS GARRAS DE IRACEMA: O PROCESSO DE CONSOLIDAÇÃO DE FORTALEZA COMO CAPITAL DE FATO E
DE DIREITO DA PROVÍNCIA CEARENSE
Dhenis Silva Maciel (UFC)
A primeira metade do século XIX é marcada pela emancipação política da província cearense em relação
a Pernambuco. Escolheu‐se como capital a cidade de Fortaleza. Objetivamos neste trabalho
compreender o processo de consolidação de Fortaleza como capital cearense de fato e de direito, uma
vez que mesmo tendo o título de capital perdia em economia e prestigio para a vila de Aracati, sede do
porto por onde escoava a produção de carnes secas da província, principal produto econômico durante
o século XVIII e início do XIX. Para tal intento utilizamos dados econômicos presentes nas estatísticas
levantadas por Presidentes de Província, por casas comerciais e por cronistas cearenses. Fazemos a
leitura dessas fontes pautados na teoria da História Social, que prima por tentar perceber os sujeitos
históricos presentes no momento analisado. Podemos desde já concluir que o processo a que nos
referimos só foi possível por causa da consolidação de um novo modelo socioeconômico: a
agroexportação, que só pode ser posta em prática devido à constituição de um ajuntamento de cidades
que dessem suporte econômico para a cidade de Fortaleza.
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A INFLUÊNCIA INGLESA NA MODERNIZAÇÃO DO RECIFE IMPERIAL
Josemir Camilo de Melo (UEPB)
A empresa The Recife ‐ São Francisco Railway (RSF) foi constituída em Londres, na década de 1850, para
construir uma ferrovia do porto do Recife ao rio São Francisco. Do financiamento às obras e operação, a
RSF impressionou a sociedade pernambucana, causando vários impactos diretos e indiretos, como o
mercado pernambucano e regional de especulação financeira. Pesquisando documentos manuscritos e
impressos, plantas e jornais nos arquivos londrinos (Public Record Office) verificamos que esta empresa
se tornou o centro dos investimentos, pois tinha garantia do Governo Imperial de 7% sobre o capital,
desbancando, em parte, outras empresas inglesas de melhoramentos urbanos, como iluminação, água e
esgoto. A ferrovia também gerou mobilidade social, não sem antes causar desmatamento, embora
alargasse o meio ambiente da capital, e produzisse vilas, engenhos e cidades. Pretende‐se demonstrar
com este artigo os diversos momentos e as áreas afetadas pela modernização europeia nos trópicos, o
trem de ferro, com referência à cidade do Recife. No primeiro momento, analisamos o comportamento
das elites com respeito à febre de especulação financeira, liderada pelas oligarquias enobrecidas; num
segundo momento, mostramos como a iniciativa da RSF gerou frutos, como diversas linhas sobre
trilhos, modernizando o centro e subúrbios da capital pernambucana, ainda no período imperial.
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O MEMORIAL ORGÂNICO DE VARNHAGEN E A ORGANIZAÇÃO DO IMPÉRIO DO BRASIL EM UMA
NAÇÃO COMPACTA
Leandro Macedo Janke (USP)
Este trabalho tem por objetivo analisar o texto Memorial Orgânico, publicado por Francisco Adolfo de
Varnhagen entre 1849 e 1850, em Madrid, e reeditado em 1851, no Brasil, pela Revista Guanabara. Em
seu texto, Varnhagen centraliza seus argumentos e considerações em dois elementos que foram
constantemente destacados pelos dirigentes imperiais ao longo do processo de construção e
consolidação do Estado imperial: o território e a população. Desenvolver uma administração sobre o
território e o seu conteúdo, a população, de acordo com os ideais de ordem e civilização daqueles que
se situavam na direção do Mundo do Governo, era fundamental para que o Império do Brasil se
organizasse nos moldes de um Estado Nação. Varnhagen escrevera o Memorial Orgânico com o objetivo
de trazer à memória dos dirigentes imperiais a importância de que fossem adotadas determinadas
medidas – fixação das fronteiras externas; divisão interna do território, ocupação dos sertões;
transferência da capital para o interior do território; constituição de uma população homogênea –
capazes de organizar o Império como uma Nação Compacta, enfatizando o papel central do Estado
neste processo. Os argumentos desenvolvidos por Varnhagen no Memorial Orgânico, por sua vez,
acabam por evidenciar um determinado tipo de expansão empreendida pelos dirigentes imperiais,
sobretudo a partir de meados do século XIX com a direção saquarema. Uma expansão para dentro do
território nacional e de uma população delimitada. Tal expansão foi fundamental e necessária para
garantir a associação entre Império do Brasil e Nação brasileira, que pressupunha a própria construção e
consolidação do Estado imperial.
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DO MITO DO BOM FUNDADOR À CONQUISTA TERRITORIAL DE ARARUNA – PB (1830‐1877)
Márcio Macêdo Moreira (UFPB)
O presente artigo aborda a questão da fundação do município de Araruna, localizado na região do
Curimataú paraibano. A historiografia local coloca a origem do povoado sobre o poder de Feliciano
Soares, católico que ao fazer uma promessa, funda uma capela em homenagem a Nossa Senhora da
Conceição. Da Igreja surgem as primeiras casas e daí o povoado se transforma em Comarca. Buscamos
contribuir para a história do município colocando sujeitos históricos que não foram tidos em relevância.
São os homens que construíram a Igreja, os agricultores que ali viviam antes da chegada de Feliciano
Soares e os escravos que trabalhavam nas fazendas das prósperas famílias locais. Nossa metodologia se
resumiu aos documentos expostos nas obras de historiadores locais, tal como atas legislativas,
fotografias e cartas; alem destes iremos trabalhar com depoimentos dos “velhos” que residem no
município.
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O PERCURSO DAS FESTAS RELIGIOSAS PELAS RUAS DA CIDADE: MORFOLOGIA URBANA E COTIDIANO
NA CIDADE DA PARAHYBA IMPERIAL
Maria Simone Morais Soares(UFPB)
Doralice Sátyro Maia (UFPB)
O presente trabalho analisa as festas de caráter religioso que ocorreram na Cidade da Parahyba no
período imperial (1822‐1889). O seu principal propósito é resgatar o percurso dessas festas pelas ruas da
cidade, inferindo assim sobre a morfologia urbana e o cotidiano dos habitantes. Parte‐se do
pressuposto de que o espaço urbano além de ser o local onde se estabelece o trabalho produtivo e as
obras, é também o cenário privilegiado das festas. Deste modo, os registros sobre as festas no Brasil em
tempos pretéritos trazem consigo referências à cidade e ao urbano. Através de uma pesquisa
documental, principalmente em jornais, analisa‐se a relação entre as festas e as ruas da Cidade da
Parahyba Imperial. Cabe salientar que o tempo da festa na cidade é responsável por romper a rotina dos
seus citadinos e este não deve ser entendido apenas como um momento de fuga do cotidiano e sim
como um fato social, político simbólico e religioso que permite aos participantes a incorporação de
normas e valores da vida coletiva. O trabalho é resultado da pesquisa “A rua e a cidade: geografia
histórica, morfologia urbana e cotidiano” que tem por objetivo estudar as transformações espaço‐
temporais das principais ruas da Cidade Histórica da Cidade da Parahyba no século XIX e início do século
XX, através de procedimentos metodológicos da geografia urbana histórica.
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NOVAS FRONTEIRAS GEOGRÁFICAS E POLÍTICAS ESTABELECIDAS NA PROVÍNCIA DO CEARÁ NAS
PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XIX
Marilda Santana da Silva (UFC)
Este trabalho tem como objetivo apresentar alguns resultados da pesquisa, cadastrada no
Departamento de História da UFC, que estamos desenvolvendo acerca da nova reconfiguração
territorial e política estabelecida na província do Ceará no primeiro quartel do século XIX. Após uma
análise profícua de documentação arquivística manuscrita de natureza camarária (Câmaras Municipais),
mais especificamente das séries documentais relativas aos Termos de Ereção de Vilas e Posse de Oficiais
Camarários de várias vilas erigidas nas regiões centrais e sul do território do Ceará na primeira metade
do século XIX, tais como: Vila de São Vicente das Lavras da Mangabeira (1816), São Bernardo das Russas
(1814), região do rio Jaguaribe, as vilas de São João do Príncipe e Santo Antônio do Jardim, ambas
criadas em 1816, entre várias outras, documentação referente ao Fundo Documental (Câmaras
Municipais), algumas sob a custódia do Arquivo Público do Estado do Ceará (APEC), e outras, publicadas
nas Revistas do Instituto Histórico do Ceará, percebe‐se que houve uma tentativa nítida de expansão das
fronteiras no interior da província do Ceará na primeira metade do século XIX. Após 1799, com a criação
da capitania independente do Ceará, uma nova configuração territorial passou a ser programada e
levada a cabo pelas autoridades políticas, na tentativa de dinamizar a economia do território, após a
emancipação da capitania de Pernambuco, isto ocorreu mediante o processo da criação de novas
câmaras municipais. Torna‐se necessário destacar que o processo de alargamento das fronteiras, na
primeira metade do século XIX, atrelou‐se com o aumento substancial da população. O naturalista João
da Silva Feijó, que viajou pela província do Ceará em 1812, contabilizou 150 mil habitantes na capitania
independente do Ceará. Já o censo realizado no ano de 1822, a população saltou para 240.000 mil
pessoas, contabilizando os livre e escravos.
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JUÍZES DE PAZ E FISCAIS DE FREGUESIAS PARA O “BEM VIVER E SEGURANÇA” NA RECIFE IMPERIAL
(1829‐1849)
Williams Andrade de Souza (UFPE)
Cosmopolita desde seu nascedouro, a Recife do século XIX, terceira maior cidade do Brasil, era (como
ainda hoje é) atrativa, persuasiva, inebriante, mas também espaço de grandes contrastes sociais. Sua
Câmara Municipal “governava” a urbe, intervindo diretamente no cotidiano das pessoas. Para vigiar e
executar suas ordens e corroborar com o “bem viver e segurança” havia, entre outras, duas
autoridades indispensáveis: o Juiz de Paz e o Fiscal de Freguesia. A partir desta assertiva, teceremos
algumas considerações sobre: O que eram ou representavam tais autoridades no Brasil e Recife
Imperial; quais suas funções? O que? Onde? Como? Para que? Para quem “trabalhavam”? Tomando
como arcabouço teórico as reflexões de M. Foucault sobre os aparatos e formas de produção da
disciplina e, utilizando o conceito de “antidisciplina” elaborado por Michel de Certeau, discorreremos
sobre a possibilidade de analise dos discursos e práticas institucionais e sociais destes atores no espaço
citadino de então. Através dos discursos presentes no Diário de Pernambuco, dos Ofícios à/da
Presidência e nas Atas da Câmara Municipal que lhes fazem referências, identificaremos as
possibilidades, os indícios e eficácias de suas atuações, logo, sua importância à governança na Recife
oitocentista (1829‐1839), assim como, as diversas formas de “antidisciplina” alinhavadas pelos
recifenses para burlar as tentativas de normatização no espaço citadino.
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A IDENTIDADE DO IMIGRANTE PORTUGUÊS EM PERNAMBUCO (SÉCULO XIX)
Wilza Betania dos Santos (UFPE)
Em 3 de novembro de 1850 foi criado na província pernambucana o Gabinete Português de Leitura de
Pernambuco (GPLPE). Este foi a primeira associação que formalizou os laços de pertencimento da
comunidade portuguesa em Pernambuco, instaurando uma nova fase na história dessa comunidade. O
objetivo dessa comunicação é entender como ocorreu o processo de (re)construção da identidade do
imigrante português em Pernambuco no período de 1850‐1921. A observação dessa instituição toma
como base o conceito utilizado por Marc Augé (1994), o qual aponta para a permanência ou a
revitalização dos laços étnicos. Sendo assim, o GPLPE foi interpretado como lugar imbuído de sentido
para a comunidade que o mantinha. Lugar com significado identitário, relacional e histórico. As fontes
tomadas nessa análise foram os estatutos e relatórios do GPLPE; os jornais e periódicos; alguns livros,
revistas e folhetos raros. A análise do GPLPE possibilitou a compreensão de como a identidade do
imigrante português em Pernambuco foi (re)construída, e quais os caminhos percorridos por essa
comunidade na (re)significação da imagem de colonizador/ explorador para a de imigrante‐construtor
da nova nação brasileira.
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Eixo Temático 8
Intolerância e Violência
ENTRE VIVÊNCIAS, ARRUAÇAS E AMORES: MULHERES DE “MÁ CONDUTA” NA VILA DE LAGARTO ‐ SE
OITOCENTISTA
Mariana Emanuelle Barreto de Gois (UEFS)
A presente comunicação debruça‐se sobre a temática das mulheres criminosas e seu cotidiano a partir
dos crimes contra a honra e os bons costumes, a fim de percebermos como ocorriam as práticas sobre a
sexualidade no oitocentos. Foram utilizados documentos como os processos crimes do Arquivo
Judiciário do Estado de Sergipe, o que nos permite rastrear as vivências destas mulheres que aparecem
como sujeitos históricos nas páginas amareladas dos processos. As Mulheres denominadas de “má
conduta” da Vila de Lagarto, em Sergipe, procuravam nas ruas e nos lares viver de formas distintas,
infligindo os estereótipos que a sociedade patriarcal reservava a mulher para limitar suas ações. Foram
elas infanticidas e prostitutas que subverteram a ordem e motivaram costumes “não civilizados”
envolvendo‐se em crimes e respondendo perante a justiça.
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MULHERES DEFLORADAS E JUSTIÇA NA PARAÍBA OITOCENTISTA
Maria da Paz Lopes dos Santos (UFPB)
Propomos discutir a violência dos defloramentos contra a mulher na província da Paraíba no século XIX,
a partir da inserção da mulher na família e na sociedade; do funcionamento de instituições sociais como
o casamento e a polícia. Nos apropriamos da historiografia existente que nos da o apoio necessário para
esta pesquisa como por exemplo, Arion Mergár, Cecília Soares, Rachel Soihet, Samara Mesquita,
Heleieth Saffiot e etc, Utilizamos os documentos da secretaria de polícia da província da Paraíba,
constituída pela produção diária dos ofícios expedidos a autoridades policiais. A metodologia nos levou
da pesquisa em arquivo, da análise documental á problematização das ações femininas de
enfrentamento da violência dos defloramentos. A partir do conceito de experiência em E. P. Thompson,
dentro do campo dos estudos culturais, pensamos as conexões entre as ações individuais destas
mulheres e o contexto de opressão masculina de gênero e raça que caracteriza a cultura histórica
escravagista do século XIX.
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UM ESPAÇO PARA OS LOUCOS: A FORMAÇÃO DO DISCURSO ALIENISTA EM FORTALEZA (1874‐1886)
Roberta Kelly Bezerra de Freitas (UFC)
A formação do discurso médico alienista em Fortaleza tem seu inicio com o projeto de construção do
primeiro Asilo de Alienados São Vicente de Paula em 1874, a partir de um comunicado dos dirigentes da
Santa Casa de Misericórdia, que afirmou não ter espaço e nem capacidade para atender os doentes e os
loucos ao mesmo tempo. Nos doze anos de levantamento e conclusão da obra, houve diversas
campanhas de arrecadação de dinheiro e loterias para realização da obra que iria marcar o “progresso”
na capital, os nomes de doadores e os problemas para construir tão edifício foram discutidos
amplamente nos periódicos da época, assim como as críticas referentes a sua construção, possibilitando
diversas fontes que demonstram a participação da elite local e da Igreja Católica no projeto asilar. Outro
fator importante neste mesmo recorte foi à seca de 1877‐1879 que assolou o Ceará, muitos retirantes
invadiram a capital em busca de alimento e ajuda de uma forma geral, os discursos contra os pobres e
os loucos se intensificaram nos jornais durante esse período. Mesmo com todos esses acontecimentos
ainda não havia sido produzido um discurso médico‐alienista em relação os loucos, até que em 1882
foram publicadas as “Cartas sobre a Loucura”, do Dr. Francisco Ribeiro Delfino Montezuma, no jornal
Gazeta do Norte, que foram publicações semanais em formato de dez cartas, que explicavam sobre o
que era a loucura e as monomanias. Surge dessa forma o primeiro discurso médico‐alienista na cidade
de Fortaleza, baseado nas teorias de Pinel e Esquirol, o saber alienista passa a ser uma normatização
moral dos sujeitos invadindo todos os âmbitos sociais.
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Eixo Temático 9
Sociabilidades Femininas e Infância
AS CRIANÇAS NO IMPÉRIO E O IMPÉRIO COM AS CRIANÇAS: UMA ABORDAGEM SOBRE AS
SOCIABILIDADES INFANTIS
Aline Praxedes de Araújo (UEPB)
Os modelos de ser e sentir bem como de ser mulher, homem, criança não são naturais e tampouco
foram as mesmas ao longo dos anos, pelo contrário, são ensinadas e construídas historicamente como
percebemos na produção de ÀRIES que trata da intensa construção do núcleo familiar desde a Idade
Média; modificações estas cada vez mais aprofundadas e atribuídas ao aperfeiçoamento das formas de
pensar de cada época, também evidenciadas por MAUAD em suas análises sobre os costumes e
educação relacionados à criança ao longo do século XIX no Brasil. Portanto, pretendemos investigar o
modo de ser criança no Brasil Império; a partir de uma pesquisa bibliográfica e de relatos de viajantes;
analisaremos as relações entre adultos e crianças, o cuidado ou ausência do mesmo destinado a estas
associadas a uma classificação e educação oriundas deste contexto que se percebe o alto índice de
mortalidade infantil como nos traz DEL PRIORE em seus estudos.
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A HISTORICIDADE DAS FLORES: PLURALIDADES FEMININAS E VIOLÊNCIA NA CAMPINA GRANDE
IMPERIAL
Harriet Karolina Galdino dos Santos (UFCG)
Juciene Ricarte Apolinário (UFCG)
A vida citadina trouxe a nossa Província uma série de dinamismos como também problemas ao
tradicionalismo vigente, que atribui a “rua” o esfacelamento da moral e dos costumes da população. A
presente pesquisa tem como objetivo analisar as relações de violência e gênero na cidade de Campina
Grande entre os anos de 1866 e 1881, evidenciando as dissonâncias entre os sujeitos históricos que
compunham a camada mais pobre da sociedade. Tendo como embasamento os processos‐crime do 1º
tribunal do Júri da Comarca de Campina Grande suscitaremos o cotidiano de violência, sociabilidades e
principalmente pluralidades femininas existentes na Campina Imperial.
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SOCIABILIDADES DO IMPÉRIO EM ‘MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS’
João Ricardo de Sá e Silva (UFPI)
Ana Maria Koch (UFPI)
A presente comunicação científica objetiva identificar o papel e o comportamento das sociabilidades do
Império em Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), marco inicial do Realismo brasileiro e que um ano
antes Machado de Assis havia divulgado na Revista Brasileira. Nesse sentido, procurar‐se‐á evidenciar
como a trama é construída a partir de um contexto histórico‐social, e de que modo isso esclarece
momentos da História do Brasil Imperial. A elaboração do percurso do entendimento tem como norte a
vida deste personagem grandiosamente curioso e lúdico que é Brás Cubas, que começa por meio do seu
célebre delírio póstumo, a narrar sua vida não como faria o mais grandiloquente e habilidoso narrador
ou orador – a começar pelo nascimento. Em paradoxo, Cubas o faz começando pela sua trágica morte,
na chácara de Catumbi, aos sessenta e quatro anos de idade, em agosto de 1869.
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II ENCONTRO DE HISTÓRIA DO IMPÉRIO BRASILEIROCulturas e Sociabilidades: Políticas, Diversidades, Identidades e Práticas Educativas
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EXPOSTOS NA PARAÍBA IMPERIAL: CASOS DE ABANDONO E TRATAMENTO DO ENJEITADOS (1820‐
1857)
Michael Douglas dos Santos Nóbrega (UFPB)
Serioja Rodrigues Cordeiro Mariano (UFPB)
A temática da infância no Brasil é muito rica e também cheia de mistérios ainda não desvendados. O
tema é de grande importância para que possamos analisar a formação do futuro “cidadão brasileiro”.
Nosso estudo tem por objetivo explicitar a situação das crianças abandonadas e expostas na província
da Parahyba do Norte, durante o período de 1820‐1857, a fim de conhecer o funcionamento da roda dos
expostos e o papel da Santa Casa de Misericórdia na criação e formação dessas crianças. Nosso estudo
se deu a partir da pesquisa bibliográfica e da análise de documentos referentes à roda dos expostos e a
Santa Casa de Misericórdia da Parahyba.
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OS CUIDADOS COM A PROLE: O ABANDONO DE CRIANÇA E AS RELAÇÕES FAMILIARES NO RECIFE
(1830‐1860)
Renata Valéria de Lucena (UFPE)
Alexandre Zarias (FUNDAJ/ PE)
Esta comunicação tem como objetivo analisar o infanticídio e o abandono de crianças na cidade do
Recife, tendo em vista a sua ligação com as relações fora do âmbito matrimonial. No Brasil do século
XIX, as relações familiares eram reguladas pela Igreja e pelo Estado, que viam o matrimônio como uma
forma de domesticar os impulsos sexuais, em busca de uma sexualidade permitida, voltada à
procriação. Entretanto, o acervo documental da Santa Casa da Misericórdia e da Cúria Metropolitana do
Recife apontam a existência de mulheres que, mesmo antes do casamento, estabeleciam relações
clandestinas, contrariando a lei vigente. Com o intuito de esconder o mau passo, muitas mulheres
abandonavam ou, até mesmo, assassinavam os seus recém‐nascidos. Além da análise de estudos de
referência sobre o assunto, este trabalho apresenta os resultados parciais de uma pesquisa que faz
parte do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Cientifica (PIBIC) da Fundação Joaquim Nabuco
(FUNDAJ), financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq) e
orientado pelo pesquisador Dr. Alexandre Zarias.