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FACULDADE 7 DE SETEMBRO - FA7 CURSO GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL – HABILITAÇÃO EM PUBLICIDADE IMAGEM INSTITUCIONAL E ECODESIGN: O VALOR AGREGADO A MARCA ATRAVÉS DE EMBALAGENS ECOLÓGICAS ANA CAROLINNE GOUVEIA BEZERRA FORTALEZA – 2009

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FACULDADE 7 DE SETEMBRO - FA7

CURSO GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL – HABILITAÇÃO EM PUBLICIDADE

IMAGEM INSTITUCIONAL E ECODESIGN: O VALOR AGREGADO A MARCA ATRAVÉS DE EMBALAGENS ECOLÓGICAS

ANA CAROLINNE GOUVEIA BEZERRA

FORTALEZA – 2009

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ANA CAROLINNE GOUVEIA BEZERRA

IMAGEM INSTITUCIONAL E ECODESIGN: O VALOR AGREGADO A MARCA ATRAVÉS DE EMBALAGENS ECOLÓGICAS

Monografia apresentada à Faculdade 7 de Setembro como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social – Habilitação Publicidade.

Orientador: Prof. Leonardo Macêdo de Paiva

FORTALEZA – 2009

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IMAGEM INSTITUCIONAL E ECODESIGN: O VALOR AGREGADO A MARCA ATRAVÉS DE EMBALAGENS ECOLÓGICAS

Monografia apresentada à Faculdade 7 de Setembro como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social – Habilitação Publicidade.

__________________________ Ana Carolinne Gouveia Bezerra

Monografia aprovada em: ______ / ______ / ______

___________________________________ Prof. Leonardo Macêdo de Paiva, Mestre. (FA7)

1ºExaminador: ______________________________________ Prof. Juliana Lotif Araújo, Mestre. (FA7) 2ºExaminador: _______________________________________ Prof. Luciana Lima Guilherme, Mestre. (FA7)

_________________________________________

Prof. Juliana Lotif Araújo, Mestre. (FA7) Coordenadora do Curso

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Dedico este trabalho ao meu noivo Pedro, que

me deu força e incentivo, nos momentos mais

difíceis da conclusão deste trabalho.

Aos meus pais, Francisca e Carlito, que

sempre estiveram presentes e me ajudaram

nessa longa jornada.

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RESUMO

Hoje, as embalagens são um componente muito importante para o fortalecimento da

marca, pois agregam valores, tendo como função a apresentação do produto, comunicando e

estimulando a venda. As empresas estão utilizando as embalagens como um forte veículo de

comunicação, informação e sedução.

Com a problematização ambiental, a sociedade está mais atenta, informada e

consciente sobre os danos que o consumo abusivo e descontrolado podem causar ao meio

ambiente. Desta forma, as empresas estão se reinventando, passando a adotar o consumo

consciente a fim de atrair esse público que vem aumentando.

Com o objetivo de estudar a importância da embalagem na comunicação de uma

marca através dos elementos do design, foi desenvolvido um estudo onde apresenta os

princípios e os conceitos fundamentais do design para a fortificação da marca, assim como

soluções ecológicas que podem fazer a diferença, tanto na apresentação e diferenciação do

produto, assim como para a preservação do planeta.

Palavras-chave: Design Gráfico, Ecodesign, Ecologia, Desenvolvimento sustentável,

Embalagens.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 7 1 A EVOLUÇÃO DA MARCA NA SOCIEDADE DE CONSUMO .................................... 91.1. Origem da sociedade de consumo .................................................................................... 91.2. Origem e evolução das marcas ...................................................................................... 101.3. Marca e seu poder agregado .......................................................................................... 111.4. Branding ....................................................................................................................... 131.5. Sociedade do conhecimento .......................................................................................... 141.6. Desenvolvimento sustentável ........................................................................................ 151.7. Ecodesign ...................................................................................................................... 17 2 EMBALAGEM................................................................................................................ 20 2.1. Percepção da marca através da ecologia ........................................................................ 222.2. Construção da marca através de embalagens .................................................................. 232.3. A importância do design para a embalagem .....................................................................26 3 ELEMENTOS DO DESIGN NA CONSTRUÇÃO DE ESTÍMULOS VISUAIS DA EMBALAGEM .................................................................................................................... 283.1.Materiais e formas .......................................................................................................... 283.2. Cores ............................................................................................................................. 333.3. Texturas ........................................................................................................................ 283.4. Tipografia ..................................................................................................................... 36 4 CAPÍTULO 4 - ELEMENTOS DO DESIGN NA CONSTRUÇÃO DE ESTÍMULOS VISUAIS DA EMBALAGEM ECOLÓGICA ...................................................................... 394.1.Cores .............................................................................................................................. 394.2. Materiais e formas......................................................................................................... 41 4.3. Tipografia ..................................................................................................................... 45 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................. Erro! Indicador não definido.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................. 50

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: EMBALAGEM ESPECIAL 25

FIGURA 2: EMBALAGEM COLECIONÁVEL 25

FIGURA 3: DISCO CROMÁTICO 31

FIGURA 4: CÍRCULO DE 12 CORES 31

FIGURA 5: CÍRCULOS QUE INDICAM AS CORES PRIMÁRIAS, SECUNDÁRIAS E

TERCIÁRIAS 32

FIGURA 6: CORES ANÁLOGAS 32

FIGURA 7: CORES COMPLEMENTARES 33

FIGURA 8: TEXTURA REAL E VIRTUAL 35

FIGURA 9: TEXTURA DE CONTRASTE 36

FIGURA 10: FONTES COM SERIFAS 38

FIGURA 11: FONTES COM EIXO 38

FIGURA 12: SACOLA ECOLÓGICA DE PAPEL 100% RECICLÁVEL 42

FIGURA 13: SACOLA ECOLÓGICA DE PAPEL KRAFT 43

FIGURA 14: SACOLA ECOLÓGICA DE NON WOVEM PP 44

FIGURA 15: SACOLA ECOLÓGICA DE CÓTTON 44

FIGURA 16: ECOFONT 46

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INTRODUÇÃO

O que faz um consumidor escolher entre um produto e outro?

O consumidor busca produtos e serviços que satisfaçam as suas necessidades, mas

com o crescimento do mercado e o surgimento de novas ofertas de produtos e serviços, houve

um grande aumento de opções de escolha para o consumidor. Agora com várias alternativas, o

consumidor tem que selecionar qual produto/serviço o satisfaz. Mas como fazer a escolha do

melhor se está cada vez mais difícil fazer a distinção das características entre produtos tão

similares?

É por esse motivo que as empresas buscam estratégias para diferenciar seus produtos

daqueles produzidos pela concorrência. Cada detalhe, nessa disputa, contribui para uma maior

valorização da marca1

1 Marca é um símbolo que desempenha a função de identificar os produtos e serviços por eles assinalados e diferenciá-los daqueles produzidos pela concorrência, segundo Pinho (1996).

. “Uma marca passa então a significar não somente o produto real, mas

incorpora um conjunto de valores e atributos tangíveis e intangíveis que contribui para

diferenciá-la daquelas que lhes são similares.” (PINHO, 1996, p.7).

Há anos sabe-se que as marcas são entidades constituídas essencialmente por aspectos intangíveis de percepção e valor que habitam a mente e o coração do usuário, do cliente, do consumidor final (NUNES, DAVID, 2003, p. 17).

Mas será que hoje somente a agregação de valor à marca é suficiente? “Vivemos hoje

um período de transição profunda. É a transição da sociedade industrial para a sociedade do

conhecimento ou ‘nova economia’”. (NUNES, DAVID, 2003, p. 31). O cidadão está mais

informado, mais crítico e mais consciente e dessa forma pesquisa e exige produtos e serviços

que atendam as suas necessidades reais.

Essa consciência do cidadão chamou a atenção das empresas. Com a exposição de

dados alarmantes sobre os problemas causados pela humanidade devido ao consumo

exagerado e irresponsável dos recursos naturais do planeta, o consumidor informado começou

a repensar sobre as questões ecológicas e ambientais, visto que “a sustentabilidade humana

tornou-se cada vez mais uma corrida entre a educação e o sofrimento”. (DIAS, 2002, p.66).

Assim, as empresas visualizaram uma possível vantagem competitiva, onde aplicariam essas

propostas ecológicas para conquistar o consumidor.

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“Assumindo essa postura as empresas acabam ganhando melhor imagem institucional e isto pode se traduzir em mais consumidores, melhores empregados, melhores fornecedores, mais fácil acesso ao mercado de capitais, entre outras coisas. Uma empresa que é vista como socialmente responsável possui uma vantagem estratégica em relação àquela que não tem essa imagem perante o público”. (DONAIRE, 1999, p.22)

Mas como confiar que essas empresas não estão visando somente o lucro ao se

dizerem ecológicas? Até que ponto a proposta de responsabilidade social se encontra

implantada na empresa? Será que não se trata de mais um valor agregado à marca, mais uma

ilusão?

Esse trabalho tem como objetivo analisar a importância da embalagem na

comunicação de uma marca, através dos elementos do design e sugerir possíveis soluções

ecológicas que podem fazer a diferença, tanto na apresentação e diferenciação de um produto,

assim como para a preservação do planeta.

Desta forma, o mesmo se encontra estruturado em quatro capítulos. O primeiro

capítulo irá apresentar uma melhor compreensão da marca através de um estudo sobre a sua

evolução, assim como os valores que lhes são agregados. Também será abordado o início da

consciência ecológica associado ao ecodesign.

O segundo capítulo aborda a embalagem: como surgiu, a sua linguagem visual e a sua

importância na comunicação de uma marca.

No terceiro capítulo relacionamos conceitos básicos do design com a construção de

estímulos visuais que possam valorizar a marca através da embalagem.

Já no quarto capítulo, tem como propósito apresentar as soluções ecológicas na

construção de embalagens.

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1 - A EVOLUÇÃO DA MARCA NA SOCIEDADE DE CONSUMO

Para uma melhor compreenção da marca e do papel que desempenha no mercado, é

importante estudar a origem da sociedade de consumo, assim como a origem, a evolução e as

funções da marca e o seu desempenho no marketing atual.

1.1 ORIGEM DA SOCIEDADE DE CONSUMO

Antes do século XVI, o sistema de produção era muito primário, tendo por base o

trabalho humano. A sociedade era dividida em grupos de status e cada grupo tinha seu estilo

de vida predefinido, ou seja, a posição social de um indivíduo não dependia da sua renda, e

sim das suas raízes sociais.

(...) Todo o estilo de vida desses grupos de status era controlado e regulado, em parte pelas leis suntuárias. Estas definiam o que deveria ser consumido por determinados segmentos sociais e o que era proibido para os outros. Várias eram as razões que circundavam a existência dessas leis, desde a preocupação moral com o luxo até a demarcação de posição social. (BARBOSA, 2004, p.20)

Com a existência desses grupos de status, quase não existia atividade comercial, pois

os produtos eram dirigidos aos seus respectivos consumidores. As pessoas não tinham direito

a fazer suas escolhas sobre o seu estilo de vida e qual produto gostaria de consumir, elas

simplesmente estavam condicionadas a consumir o que lhes eram de direito, ou seja, até

então, as leis predominavam sobre a persuasão.

Nos séculos XVI e XVII os países da Europa Ocidental tiveram um grande

crescimento econômico e, a partir daí, os grupos de status começaram a decair.

Como os nobres franceses eram proibidos de trabalhar, dependiam de favores reais

para manter o seu status. Para evitar a falência e manter-se na sociedade de corte, arranjavam

casamentos com burgueses, que era a classe produtiva da sociedade.

(...) Os burgueses, que por sua vez possuíam os bens necessários à manutenção permanente de um determinado estilo de vida, almejavam o tipo de consumo dos nobres, que lhes era vedado pelas leis suntuárias. Portanto, casamentos entre burgueses e nobres eram a conseqüência natural nessa sociedade onde trafegavam em um sentido inverso a renda e o estilo de vida e status. (BARBOSA, 2004, p.21)

A partir do crescimento econômico, foi rompida a dependência de status e estilo de

vida. Desde então, a liberdade de escolha promoveu o surgimento da sociedade de consumo.

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Com a Revolução Industrial nos séculos XVIII e XIX, o comércio começou a se

organizar diante dessa sociedade de consumo. Os produtos passaram a ser expostos à

disposição de compradores.

Neste tipo de economia alguns produtores, costumavam já elaborar alguma quantidade de mercadoria sem encomenda, utilizando, então, para anunciar sua existência, algum tipo de procedimento rudimentar de informação: a atividade dos pregoeiros e o pequeno anúncio na insipiente imprensa de fins do século XVII. (GOMES, 2003, p.81)

Com o crescimento do mercado e, conseqüentemente, o surgimento de uma grande

quantidade de produtos aparentemente idênticos, os produtores viram a necessidade de fazer a

distinção entre esses produtos disponíveis no mercado. Foi então que a publicidade começou a

se sobressair.

Aparece o capitalismo como sistema de organização econômica e aparece também a publicidade como ponte de união entre o produtor, já configurado como empresa, e o consumidor agrupado para formar o mercado. (GOMES, 2003, p.81)

A fim de distinguir o seu produto do da concorrência, os produtores passaram a criar

maneiras para promover as mercadorias, identificando-as para facilitar no momento de

escolha do cliente.

Desde a mais remota Antiguidade existiam várias maneiras de promover as mercadorias. Sinetes, selos, siglas e símbolos eram as mais comuns, utilizadas como um sinal distintivo e de identificação para assinalar animais, armas e utensílios. Naqueles tempos, bem antes de as marcas terem adquirido o seu sentido moderno, era costume indicar a proveniência do produto agrícola ou manufaturado, a marca servindo muitas vezes para atestar a excelência do produto e seu prestígio (PINHO, 1996, p.11)

1.2 ORIGEM E EVOLUÇÃO DAS MARCAS

A marca surgiu pela necessidade de diferenciação entre um produto e outro. Dessa

maneira, os produtores marcavam seus produtos para caracterizá-lo e destacar a procedência

do produto, fixando na mente do consumidor a origem do produto adquirido.

Na época, boa parte da população era analfabeta e tinha dificuldades na diferenciação

dos produtos e serviços, por esses serem sinalizados apenas por nomes ou caracteres. Por esse

motivo, começou-se a agregar aos produtos e serviços imagens ou formas para ajudar na

identificação dos comerciantes e mercadorias que vendiam.

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(...) Os açougues romanos exibiam a figura de uma pata traseira de boi, os comerciantes de vinhos colocavam na fachada de seus estabelecimentos o desenho de uma ânfora, enquanto a figura tosca de uma vaca indicava a existência de um estabelecimento que comercializava laticínios em geral. (PINHO, 1996, p.11)

As marcações de produtos ou serviços começaram a se expandir e, “na idade média ,

as corporações de ofício e de mercadores adotaram o uso de marcas como procedimento para

o controle de quantidade e qualidade da produção (PINHO, 1996, p.12). As marcas tornaram-

se oficiais e passaram a ser o vínculo entre o fabricante e o consumidor.

As chamadas marcas de comércio tornaram determinados possível a adoção de medidas para o ajuste da produção e comercialização de determinados bens à demanda do mercado. E ainda constituíram uma proteção para o comprador, que podia identificar o produtor e resguardar-se da má qualidade que caracterizava grande parte das mercadorias na época. Para as corporações, as marcas tinham também um sentido prático. Os ourives na França e na Itália, os tecelões na Inglaterra e muitos membros das guildas na Alemanha eram forçados a usar marcas individuais, que permitiam as corporações preservar o monopólio e identificar as falsificações ou os artesãos cuja produção estivesse em desacordo com as especificações técnicas da agremiação. (PINHO, 1996, p.12)

Com a continuidade da produção de mercadorias e a inserção de uma vasta variedade

de produtos no mercado, surge a necessidade de conquistar novos mercados e expandir os

negócios. Assim, aparecem as primeiras formas de divulgações: cartazes, catálogos e

panfletos invadem o mercado.

1.3 MARCA E SEU PODER AGREGADO

O crescimento astronômico da riqueza e da influência cultural das corporações multinacionais nos últimos 15 anos pode, sem sombra de dúvida, ter sua origem situada em uma única e aparentemente inócua ideia desenvolvida por teóricos da administração em meados da década de 1980: as corporações de sucesso devem produzir principalmente marcas, e não produtos. (KLEIN, 2006, p.27)

Antes do surgimento das marcas, os fabricantes voltavam todas as suas preocupações

para os produtos e a economia industrial. A inserção da marca surgiu para construir uma

imagem em torno do produto a fim de que houvesse diferenciação de uma variedade idêntica

de produtos lançados no mercado.

Marca é um nome, termo, sinal, símbolo ou desenho, ou uma combinação dos mesmos, que pretende identificar os bens e serviços de um vendedor ou grupo de vendedores e diferenciá-los daqueles dos concorrentes. (PINHO, 1996, p.14)

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A marca, inicialmente, tinha como principal objetivo “provocar a identificação

imediata de uma determinada instituição ou produto, e para isso ele deve ser facilmente fixado

na memória do público (...)” (PINHO, 1996, p.15). Porém, com a enorme quantidade de

produtos no mercado, somente a fixação na memória não seria o bastante. A marca tem que

garantir a fidelidade do cliente e atingir diretamente o consumidor através dos meios de

divulgação: a publicidade.

(...) a publicidade não era apenas científica; era também espiritual. As marcas podem conjurar um sentimento, mas não é só isso, empresas inteiras podem incorporar um significado. (KLEIN, 2006, p.30)

A publicidade, que antes apenas divulgava o produto e suas funções através de

informes, cartazes ou anúncios, agora teria que se utilizar de bastante criatividade para chamar

a atenção dos consumidores. A busca por um verdadeiro significado da marca ou a sua

essência seria essencial para agregar valores sentimentais à marca, fazendo com que os

consumidores criassem um vínculo emocional com a mesma e, assim, sejam fiéis à empresa.

A marca assume, então, significados especiais para o consumidor, criando um relacionamento

ou um vínculo que oferece confiança e fidelidade.

Em 1923 Barton disse que o papel da publicidade era ajudar as empresas a encontrar a sua alma. Filho de um pregador, ele usou sua educação religiosa para enaltecer as mensagens: ‘Prefiro pensar na publicidade como algo grande, esplêndido, algo que vai fundo em uma instituição e apreende sua alma’. (KLEIN, 2006, p.31)

Assim, a marca começa a ganhar uma grande importância para as empresas,

vinculando-a ao consumidor e tendo como responsabilidade e desafio desenvolver e manter

laços afetivos com a sociedade e atrair consumidores através de um conjunto de valores e

atributos tangíveis e intangíveis e que contribuem para diferenciá-la daqueles que lhes são

similares. Para as empresas, a marca representa um conjunto extremamente valioso, capaz de

influenciar o comportamento do consumidor.

Assim, ao adquirir um produto, o consumidor não compra apenas um bem, mas todo o conjunto de valores e atributos da marca. O consumidor de produtos Nestlé, por exemplo, evoca nos produtos da marca valores como saúde, qualidade, sabor e, acima de tudo, a confiança que deposita na empresa. (PINHO, 1996, p.43)

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1.4 BRANDING

Desde a sua criação, a marca passou a ter uma importância enorme, tanto para a

empresa, quanto para o consumidor. Administrar essa marca ficou ainda mais difícil e a

comunicação virou uma estratégia, onde o consumidor é examinado sociologicamente e

psicologicamente, para que sejam criadas novas táticas para atraí-lo.

O surgimento de novos meios tecnológicos fez as empresas perceberem que teriam

que fazer mudanças na percepção simbólica das marcas, reforçando ainda mais os seus

atributos tangíveis e intangíveis, visto que está cada vez mais difícil persuadir o consumidor

através da comunicação tradicional.

Surge então as “novas tendências de comunicação mercadológica”, que se apóiam nos

aspectos funcionais, sociais e emocionais e buscam construir novos laços com os

consumidores ou apenas estreitar através da gestão da marca: branding. “O termo branding

pode ser definido como ‘conjunto de atividades que visa otimizar a gestão das marcas de uma

organização como diferencial competitivo’”. (KELLER, MACHADO, 2006)

Trata-se, nesse caso, da dimensão que agrega valor às marcas, obtido pela força e natureza dos sentimentos e significados que o consumidor estabelece na sua relação com elas. A construção do brand equity realiza-se, então, pela criação de um conjunto organizado de atributos, valores, sentimentos e percepções que são conectados à marca, revestindo-a de um sentido de valor que ultrapassa o custo percebido dos benefícios funcionais dos produtos. (PINHO, 1996, p.47)

O brand equity 2

• Fidelidade à marca – a fidelidade de um consumidor é essencial para se manter um

cliente. Um cliente fiel sempre irá priorizar a marca desejada, mesmo que esta esteja com o

preço elevado em relação as marcas concorrentes.

é um dos conceito mais atuais em relação à gestão de marcas. De

acordo com Pinho, a construção do seu conceito se baseia em 5 categorias que orientam o

desenvolvimento, a gestão e a medição da marca:

• Conhecimento do nome de marca – uma marca conhecida tem um maior poder, por

ser facilmente lembrada pelos clientes, através de uma boa comunicação e marketing.

• Qualidade percebida – a qualidade de uma marca tem uma grande influência na

decisão de compra, por se mostrar uma marca segura e que cumpre todas as suas propostas. 2 “ ‘Brand’ é marca, e ‘equity’, patrimônio. Brand equity é o valor patrimonial que uma marca representa para uma empresa proprietária. Nesses tempos de economia liberal, que estimula o empreendedorismo e fortalece os consumidores pela multiplicaão das ações ao seu dispor, o valor daquele patrimônio depende do valor que o consumidor percebe, para si, nas marcas. O brnd equity é, assim – de outra perspectiva – o valor da marca para o consumidor” (KELLER, MACHADO, 2006, p.30)

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• Associações da marca – o valor de um nome de marca pode ser feita através de

associações por meio de figuras de propaganda ou mesmo de características tangíveis.

• Ativos do proprietário da marca – patentes, marcas registradas e relações com os

canais de distribuição constituem os demais ativos.

O brand equity busca determinar valores que contribuam para a maior confiança, a

decisão de compra e a satisfação do consumidor.

Assim, a cada dia é necessário conhecer e compreender como se constrói e se

consolida uma marca, para que esta chegue ao sucesso. O papel do branding é realizar o

diferencial competitivo, organizando melhores vendas, preços e custos. Dessa forma, esses

profissionais sempre devem buscar conhecer o produto e a marca e conhecer as exigências

dos seus consumidores, interagindo e construindo uma imagem forte de marca.

A busca do verdadeiro significado das marcas – ou a “essência de marca”, como é freqüentemente chamado – gradualmente distanciou as agências dos produtos e suas características e as aproximou de um exame psicológico/antropológico de o que significam as marcas para a cultura e a vida das pessoas. (KLEIN, 2006, p.31)

1.5 SOCIEDADE DO CONHECIMENTO

As marcas possuem um grande poder de persuasão e provocam, em seus

consumidores, diversos sentimentos e percepções. Mas se a marca possui todo esse poder,

porque não usá-lo de uma forma mais correta, trazendo e reforçando aos seus consumidores a

consciência ecológica?

“Vivemos hoje um período de transição profunda. É a transição da sociedade

industrial para a sociedade do conhecimento ou ‘nova economia’”. (NUNES; DAVID, 2003,

p. 31). O cidadão está mais informado, mais crítico e mais consciente e dessa forma pesquisa

e exige produtos e serviços que atendam as suas necessidades reais.

(...) Hoje, o grande desafio do ser humano é compreender o significado e o que fazer para mudar da posição de pura “mão-de-obra” ou insumo de produção do sistema capitalista tradicional, o qual levou muitos trabalhadores à degradação social e humana (como Karl Marx nos alertava) para uma situação em que nos é demandada uma posição de “ser humano”, cuja grande contribuição será em termos de criar valor com conhecimento e cultura. (NUNES; DAVID, 2003, p. 42)

Essa consciência do cidadão chamou a atenção das empresas. Com a exposição de

dados alarmantes sobre os problemas causados pela humanidade devido ao consumo

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exagerado dos recursos naturais do planeta, o consumidor informado começou a repensar

sobre as questões ecológicas e ambientais, visto que “a sustentabilidade humana tornou-se

cada vez mais uma corrida entre a educação e o sofrimento”. (DIAS, 2002, p.66). Assim, as

empresas visualizaram uma possível vantagem competitiva, onde aplicariam essas propostas

ecológicas para conquistar o consumidor.

“Assumindo essa postura as empresas acabam ganhando melhor imagem institucional e isto pode se traduzir em mais consumidores, melhores empregados, melhores fornecedores, mais fácil acesso ao mercado de capitais, entre outras coisas. Uma empresa que é vista como socialmente responsável possui uma vantagem estratégica em relação àquela que não tem essa imagem perante o público”. (DONAIRE, 1999:22)

As decisões de compra, do consumidor, não devem ser motivadas pelos desejos ou

sentimentos, mas pela razão de estar ajudando e contribuindo para um mundo melhor. A

educação sobre a responsabilidade ambiental não deve partir somente do consumidor, é

necessário que as empresas se comprometam a serem ecologicamente corretas. Uma empresa

que se associa em marketing ambiental, deve proporcionar um ambiente adequado ao

funcionário, ao consumidor e procurar não causar danos a natureza, se responsabilizando

pelos seus descartes.

É verdade que o marketing ambiental exige mudanças profundas e algumas empresas

vêm adotando essa mudança para conseguir conquistar o consumidor que passou a ser mais

exigente. Mas como confiar que essas empresas não estão visando somente o lucro ao se

dizerem ecológicas? Até que ponto a proposta de responsabilidade social 3

1.6 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

O meio ambiente nunca esteve totalmente ausente das preocupações sociais. Mas foi superado por prioridades ligadas a poder, produção, consumo e riqueza e, a busca selvagem dessas “urgências” rompeu o frágil equilíbrio ambiental e consequentemente, o equilíbro de qualidadede vida. (GIACOMINI, 2004, p.15)

se encontra

implantado na empresa? Será que não se trata de mais um valor agregado à marca, mais uma

ilusão?

Cada indivíduo deve estar atento a sua contribuição e fazer escolhas pensando, não só

na comodidade momentânea, mas na sustentação do planeta.

3 De acordo com Giacomini (2004), o conceito de responsabilidade social está compreendido como ter práticas absolutamente impecáveis em educação, meio ambiente, consumo, saúde, diversidade étnica e outros.

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A natureza é essencial para a humanidade, e é através dela que se tem acesso aos

recursos naturais que é extraído para a sobrevivência. Porém, a sociedade vem abusando

desses recursos e extraindo, poluindo e destruindo o meio ambiente. A fim de reaver o

equilíbrio do mundo, ou pelo menos amenizar a problematização ambiental, a sociedade

busca reverter a situação da degradação do meio ambiente, através da conscientização da

população e da busca pelo desenvolvimento sustentável.

Referindo-se a esse quadro problemático, há alguns anos foi introduzido o conceito de sustentabilidade ambiental. Com esta expressão, referimo-nos às condições sistêmicas segundo as quais, em nível regional e planetário, as atividades humanas não devem interferir nos ciclos naturais em que se baseia tudo o que a resiliência do planeta permite e, ao mesmo tempo, não devem empobrecer o seu capital natural, que será transmitida as gerações futuras. A essas duas premissas, fundadas em considerações de caráter prevalentemente físico, agregamos uma terceira, de caráter ético: O princípio de equidade, pelo qual se afirma que, no quadro da sustentabilidade, cada pessoa (incluindo as gerações futuras) tem direito ao mesmo espaço ambiental, isto é, à mesma disponibilidade de recursos naturais do globo terrestre. (MANZINI; VEZZOLI, 2008, p.28)

De acordo com Reinaldo Dias, o desenvolvimento sustentável “(...) procura

estabelecer uma relação harmônica do homem com a natureza, como centro de um processo

de desenvolvimento que deve satisfazer as necessidades e às aspirações humanas.” (DIAS,

2009, p. 31)

O que o desenvolvimento sustentável propõe é a visão de um futuro possível, ou seja,

a visão de uma esperança de que os recursos naturais não se esgotem. Para que isso seja

possível, é necessário que a sociedade obtenha um sistema de produção de consumo coerente

com as necessidades da sustentabilidade ambiental.

A relação entre sustentabilidade ambiental e sociedade sustentável deve ser compreendida em sua complexidade. Só é possível existir a primeira (a sustentabilidade ambiental) em uma sociedade que a promova e a sustente (a sociedade ambiental). (MANZINI, VEZZOLI, 2008, p.44)

Porém, a sustentabilidade ambiental não é apoiada por todos, visto que o consumo

mais coerente faria com que a sociedade diminuísse a quantidade de produtos que consomem,

trazendo possíveis prejuízos para as sociedades industriais.

São sinais desta distância o uso insensato dos recursos renováveis (hiper exploração de alguns como a pesca, por exemplo e, o subemprego de outros, como a energia solar), o consumo também insensato dos recursos não renováveis (com a rápida redução das reservas, ou pelo menos de algumas, e o correspondente acúmulo de lixo), a emissão, no ambiente, de um número crescente de novas substâncias sintéticas, potencialmente nocivas, ignoradas pela natureza e, portanto, já não mais

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passíveis de renaturalização. E por fim, como nos demonstram todas as evidências estatísticas sobre o consumo mundial de energia, água e matéria prima, a crescente distância entre os recursos disponíveis para os países mais ricos e os utilizados pelos países mais pobres. (MANZINI, VEZZOLI, 2008, p.29)

1.7 ECODESIGN

As preocupações com o meio ambiente estão cada vez maiores, em virtude dos efeitos

e desequilíbrios causados pelas exageradas práticas de consumo e intervenção do homem na

natureza. Essa problematização ambiental serviu para alertar os seres humanos do grave

perigo que está ocorrendo. “Mas foi somente na segunda metade do século XX que se deu

início ao movimento global, que se traduziu em inúmeros encontros, conferências, tratados e

acordos assinados pelos países do mundo.” (DIAS, 2009, p.12)

A poluição do ar e das águas, o aquecimento global e a destruição dos recursos

naturais são alguns dos assuntos que estão preocupando a sociedade nos últimos anos, devido

aos efeitos e desastres que vem causando em todo o mundo.

De acordo com as pesquisas do Instituto Akatu4

4 No sitio digital do instituto,

, organização não governamental que

defende e divulga o consumo consciente, indicam que a exploração dos recursos naturais é

20% maior do que a que o planeta consegue renovar. Ou seja, se a exploração e as práticas

exageradas de consumo continuarem nesse rítmo, ficará insustentável a vida no planeta e as

próximas gerações sofrerão os efeitos da ausência da consciência ecológica das últimas

décadas.

A sociedade está cada vez mais preocupada com as conseqüências desse exagerado

consumo e está mais consciente, buscando ajudar na preservação do planeta. Essa

movimentação está atingindo a todos, e se tornando um obstáculo para a sociedade industrial,

que busca soluções para manter o nível de produção, porém fazendo parte dessa luta.

O ecodesign ou design ecológico surgiu em meados dos anos 90 e defende a

concepção de produtos/serviços que causem um impacto menor ao meio ambiente. O design

acima de tudo, busca a criação de produtos funcionais e que sejam atrativos aos olhos do

consumidor. Por esse motivo que se faz necessário estar sempre se renovando e estudando

novas maneiras para se inovar na criação de produtos.

www.akatu.net, diversos dados são apresentados e embasados em pesquisas realizadas pelo próprio instituto e parceiros. As referências aqui colocadas tomam como base essas refências que nem sempre estão dispostas de forma organizada no site.

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Sem dúvida, em um primeiro nível de compreensão, a palavra ecodesign é dotada de uma boa capacidade auto-explicativa, pois o seu significado mais geral sobressai de maneira imediata dos dois termos que a compõem: ecodesign é um modelo "projetual" ou de projeto (design), orientado por critérios ecológicos. O termo apresenta-se, portanto, como a expressão que sintetiza um vasto conjunto de atividades projetuais que tendem a enfrentar os temas postos pela questão ambiental partindo do ponto inicial, isto é, do redesenho dos próprios produtos. Mas, ao mesmo tempo, ecodesign é um daqueles termos que, mesmo dando a idéia do que seja, está muito longe de apresentar uma definição precisa do seu significado. No caso específico, sua indeterminação nasce exatamente de ter em si, amplificados, os vastos campos semânticos articulados [aos seus elementos formadores que, por sua vez, estão cercados da indeterminação dos dois termos que o compõem (ecologia e design). Acontece que, mesmo tendo a expressão recebido uma ampla difusão nos ambientes de pesquisa, nos âmbitos profissionais e até mesmo nos documentos de organismos institucionais, quem a usa se refere a precedentes teóricos e a campos de intervenção prática que quase sempre diferem entre si. Se com ecodesign entendemos, genericamente, uma aptidão projetual que concebe os aspectos do projeto considerando também o impacto ambiental, podemos rapidamente notar que isso representa um conceito e uma indicação operativa bem amplos. (MANZINI e VEZZOLLI, 2002, p. 17e18)

Segundo Fiskel (1996, apud CABRAL, 2005, p.29), ecodesign é “projeto para o meio

ambiente é a consideração sistemática do desempenho do projeto, com respeito aos objetivos

ambientais, de saúde e segurança, ao longo de todo o ciclo de vida de um produto ou

processo, tornando-se ecoeficientes”.

O ecodesign relaciona a metodologia da criação de um projeto com critérios e

materiais que se possam reduzir os impactos ambientais de um produto durante o seu ciclo de

vida, desde a produção industrial até o seu descarte.

O surgimento do ecodesign veio em busca de uma solução para os problemas do meio

ambiente. Se o problema inicial seria frear os níveis de produção e diminuir o consumo que se

tornou exagerado, o ecodesign veio a fim de balancear a produção e a exploração dos recursos

naturais. Com o objetivo de criar produtos ecológicos e que não causem danos ao meio

ambiente, o ecodesign se tornou a carta principal para as empresas que buscavam uma solução

para continuar com suas produções.

Desta forma, o ecodesign constitui uma ferramenta de melhoria empresarial, ou seja, a

necessidade de ser ecológico decorrente dos diversos problemas ambientais que estão

atingindo a humanidade, fez com que as empresas visualizassem um diferencial competitivo,

um fator de inovação, que está ajudando a reposicionar as estratégias que agregam valor a

marca. Assim, o ecodesign representa não só uma ajuda na redução de impactos ecológicos,

mas uma oportunidade de vantagem concorrencial.

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De fato, o desenvolvimento de produtos limpos5

pode requerer tecnologias limpas, mas, certamente, requer uma nova capacidade de design (de fato, é possível chegar a produtos limpos mesmo sem muitas sofisticações tecnológicas). E, de maneira semelhante, mas mais acentuada, a busca da promoção do consumo e do comportamento limpos exige novos produtos mas pode, também, direcionar a orientação das escolhas para um novo mix de produtos e serviços que, para serem aceitos, dependem de uma mudança na cultura e no comportamento dos usuários. Nesse âmbito, portanto, propor soluções que apresentem uma alta qualidade ambiental não pode prescindir do quanto, e como, elas sejam social e culturalmente aceitáveis. (MANZINI e VEZZOLLI, 2002, p. 19-20)

O consumidor consciente está, cada vez mais, buscando por produtos ecológicos e

estes produtos estão se tornando um diferencial no mercado. No entanto, a criação desses

produtos não devem comprometer o seu custo/benefício. O principal objetivo é tentar manter,

ao máximo, os custos, a qualidade e as restrições de tempo de fabricação, para que os

produtos sustentáveis tenham como concorrer comos outros produtos no mercado.

Na outra ponta do iceberg, os custos extras embutidos na produção de embalagens biodegradáveis ou recicláveis podem ser o principal motivo pelo qual algumas empresas ainda relutam em se assumir a favor domeio ambiente. (COMPUTER ARTS, 2008, p.31)

Enquanto não notamos melhoras nas mudanças climáticas e isso ainda seja motivo

para constantes preocupações, o ecodesign vai ganhando mais e mais destaque, focando no

uso de materiais recicláveis ou sustentáveis e diminuir ainda mais o impacto no meio

ambiente.

Diante desses dados preocupantes, é preciso encontrar uma alternativa para que o

consumo se torne sustentável, preservando o meio ambiente e melhorando a qualidade de vida

de todos. Dessa forma, é importante que a sociedade seja consciente das implicações dos seus

atos de consumo, exigindo que as dimensões sociais, culturais e ecológicas sejam

consideradas pelos setores produtivo e comercial, adotando para sí e para a sociedade a

sustentabilidade ambiental.

Assim, o ecodesign se torna uma ferramenta de extrema importância para concretizar

essa busca pelo sustentabilidade ambiental, buscando meios, materiais e tecnologias que

possam ajudar na composição de produtos e embalagens sustentáveis.

5 Produtos e tecnologias limpas são aqueles que não se utilizam de recursos poluidores do meio ambiente.

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2 – EMBALAGEM

A embalagem teve o seu surgimento a partir do esforço de adaptação do homem aos

recursos da natureza. Antigamente, eram utilizados sacos de couro, cestos feitos de vegetais,

vasos de argila e cerâmica.

As embalagens, antigamente, tinham como função o transporte, o acondicionamento e

o armazenamento de produtos. Com o passar dos tempos, as embalagens foram evoluindo e

mudando as suas formas e funções.

Como embalagens para o transporte e a guarda de alimentos foram utilizadas bexigas e estômagos de animais, sacos de couro, folhas de plantas, pedaços de bambu e de ocos de árvores, chifres, cabaças, vasos de barro cozido , cestos de cipó, vime, de bambu, palha costurada etc. (EVANGELISTA, 1998, p.471)

O surgimento de novas empresas fez com que houvesse um crescimento no mercado e

uma maior competição na venda de produtos. Desta forma as embalagens começaram a ser

vistas como um fator de influência na decisão de compra dos consumidores.

Nos anos pós-Segunda Guerra Mundial surgiram os supermercados, e a venda em um sistema de auto-serviço estimulou os produtos a conterem a informação necessária para concretizar a venda sem o auxílio de vendedores. Durante todo esse processo, a embalagem foi construindo uma linguagem visual própria e característica para cada categoria de produto. No início foram as faixas, as bordas rebuscadas e ornamentais, os logotipos em letras elaboradas. Os selos, chancelas, brasões e medalhas conquistadas nas exposições comerciais da época constituíram os elementos básicos das embalagens do século passado. Nesse período, a embalagem lançava mão dos recursos gráficos disponíveis; a tipografia e a litografia eram os tipos de impressão utilizados. (MESTRINER, 2002a, p.13)

Com a evolução da indústria gráfica, as embalagens começaram a incorporar efeitos

visuais. Os elementos visuais básicos (cor, tipografia, material, logotipo e imagem) passaram

a fazer parte da embalagem e agregar valor e desejo de compra do consumidor.

As primeiras embalagens eram identificadas exclusivamente por sua forma, uma vez que não existiam recursos técnicos para a inclusão de imagens ou códigos visuais mais elaborados. (...) Esse momento primordial, em que a identificação do produto era feita pela forma de seu envoltório ou recipiente, constituiu um dos pilares da linguagem visual das embalagens, permanecendo até hoje como a maneira mais eficaz de identificar e agregar personalidade a um produto. (...) (MESTRINER, 2002a, p.14)

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Hoje o design de embalagens é uma atividade que envolve além do design e da

comunicação visual, o marketing, o comportamento do consumidor e o conhecimento da

indústria e da cadeia de distribuição do produto. As embalagens contribuem para o

fortalecimento da marca, passando a agregar mais uma função: suporte de informação. A

embalagem, agora, tem como função a apresentação do produto, comunicando e estimulando

a venda.

Conter, proteger, identificar, expor, comunicar e vender o produto são as tarefas que a embalagem moderna precisa desempenhar com eficiência para fazer o produto existir em um cenário cada vez mais competitivo. (MESTRINER, 2002a, p.17)

A embalagem posiciona, no ponto-de-venda, o produto e consequentemente a marca,

tentando, cada vez mais, inserir-se na vida e na mente do consumidor. “Você precisa saber o

que os consumidores querem para criar uma embalagem que os convença de que é aquilo que

eles querem. Isso tudo irá gerar uma melhor convivência com a marca, que leva à lealdade”.

(COMPUTER ARTS, JAMES, 2008, p.20)

(...) A embalagem pode também construir e fortalecer a marca da empresa de maneira que o consumidor associe a qualidade da embalagem a empresa ou organização. Durante o processo de compra de um produto o consumidor pode conhecer um produto devido a marca ser conhecida, pois ele opta pelos líderes de mercado. (SANDERS, 2006, p. 18)

As empresas estão cada vez mais exigentes na conquista por novos clientes. A

concorrência constante entre elas faz com que uma grande quantidade de informação seja

jogada aos cosumidores. Estes, que são bombardeados todos os dias com propagandas e

informações, estão mais incontestáveis e avaliam melhor no momento da compra. Assim, a

embalagem e o seu processo de criação são muito importantes para o posicionamento dos

produtos e da marca no mercado consumidor.

A busca pela atenção e pela qualidade faz com que o design de embalagens seja

constantemente modificado e repensado para atrair mais e mais consumidores. As embalagens

estão cada vez mais criativas, apelativas e agressivas. Porém, somente isso não é o suficiente.

As embalagens, apesar de toda a sua aparência, sofisticação e funcionalidade, ainda

têm o mesmo propósito desde a sua criação: proteger, preservar e promover o produto. Porém,

com a crise ambiental, as pessoas estão mais preocupadas e procuram ser mais conscientes

quanto aos problemas ecológicos do planeta.

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Dessa forma, a embalagem deve ser mais do que a proteção do produto, ela deve fazer

parte de toda essa movimentação para a preservação do planeta.

De todas as disciplinas do design, o design de embalagens tem a pior reputação ecológica. Seja pelo uso excessivo de papel e plástico ou pelas embalagens à vácuo, o desejo dos designers de seduzir seus clientes para se destacar nas prateleiras dos supermercados resulta em um enorme desperdício. (COMPUTER ARTS, 2008, p. 28)

2.1. PERCEPÇÃO DA MARCA ATRAVÉS DA ECOLOGIA

O ambientalismo apresenta novos padrões sociais, os quais precisam serentendidos para que a ecopropaganda seja eficaz, já que tanto as empresas como os governos e entidades ambientais só terão êxito na formulação de ideias em comunicação se conhecerem as pessoas e atenderem as suas necessidades, respeitando seus valores, caso contrário a resistência de pessoas ou grupos poderá determinar o fracasso de qualquer ação empreendedora. (GIACOMINI, 2004, p.63)

Devemos levar em consideração que é importante conhecer as pessoas que compõem a

sociedade e conhecer os seus hábitos de consumo, as suas necessidades e os seus valores,

sejam eles ecológicos ou não.

De acordo com GIACOMINI (2004) existem 2 tipos de figuras na sociedade. O

cidadão, que paga os seus impostos e tem a sua opinião e comportamento e o consumidor, que

tem como relações de consumo o empreendimento ecológico.

Nenhuma ação de conservação ambiental pode ser empreendida, de forma consequente, sem pesquisa do público alvo. Deve-se conhecer a mídia que melhor o atinge, o tipo delinguagem que ele melhor compreende, a forma de conduta do projeto ambiental que melhor atende a seusprincípios ideológicos. Embora a causa ambiental em si seja prioritária, necessita da anuência cultural e comportamental para ser mais bem recebida, pois para muitas pessoas ela não é nem será a prioridade de suas vidas. (GIACOMINI, 2004, p. 63 e 64)

Percebemos que o consumidor está cada vez mais exigente e está buscando por

informações além daquelas que são passadas pelas empresas. “(...) Tanto os desastres

ambientais como lançamentos de produtos chegam de forma rápida ao mercado e à opinião

pública, tanto pela internet como pela própria rede de comunicação tradicional (...)”.

(GIACOMINI, 2004, p.66)

Com esse bombardeio de informação, as pessoas estão mais estressadas e estão

buscando uma maneira melhor de viver, adotando a qualidade de vida, o contato com a

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natureza, a substituição da alimentação desregrada pela alimentação saudável e até algumas

práticas de consumo consciente e preservação da natureza.

Por isso, o consumidor busca por informações, lê as embalagens para saber a

composição dos produtos, de onde estão vindo todos os produtos a que tem acesso.

As empresas precisam zelar pela sua reputação no mercado, caso contrário seus nomes freqüentarão um sem número de páginas na internet ou de e-mails. Trata-se de um consumidor que quer maximizar sua relação com a empresa. Se for para escolher entre um produto verde e um convencional, dará preferência para a marca que gerar maior satisfação material e emocional. (GIACOMINI, 2004, p. 67)

A resistência por ser ecologicamente correto, vem da individualidade e da comodidade

humana. As pessoas estão acostumadas a viverem dessa forma e estão acomodadas o bastante

para não repensarem que os seus comportamentos desregrados podem trazer danos maiores

ainda num futuro próximo. Ser ecológico implica em concessões e privações, cujo nem todos

estão dispostos a sofrer para um bem maior comum.

Um dos desafios da eco propaganda é integrar-se no propósito de criar ou mudar

hábitos, comportamentos e atitudes de pessoas gerando posturas favoráveis à qualidade de

vida grupal e ao desenvolvimento sustentável.

O comportamento do consumidor brasileiro é uniforme, levando em consideração as

condições de consumo e as diversas informações vindas das empresas referentes ao consumo

consciente. A decisão da compra de produtos ecológicos pode ocorrer em função da

informação recebida, das influências da publicidade, do modismo lançado na sociedade, mas

seria pouco provável devido ao argumento ecológico em si.

2.2. CONSTRUÇÃO DA MARCA ATRAVÉS DE EMBALAGENS

Na disputa para conquistar mais e mais consumidores, as empresas buscam um

diferencial para se destacarem diante do enorme número de produtos existentes no mercado.

A embalagem, por sua vez, está em lugar de muito destaque, exposta no ponto-de-

venda, aos olhos dos consumidores. “A embalagem é o verdadeiro ‘vendedor silencioso’, a

mais eficiente ‘mídia permanente’” (KOVADLOFF, 1996:58). É por isso que a embalagem

deve ter um papel decisivo no momento da escolha no ponto-de-venda.

A percepção de que os clientes estão se convencendo que a embalagem é a base de comunicação para com o público e, portanto, sua importância vem ganhando proporções extraordinárias. (MOLINARI, 2003, p.58)

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A embalagem é item obrigatório nos produtos de consumo. Explorar ao máximo seu potencial é o melhor negócio que uma empresa pode fazer hoje em dia, sobretudo porque para o consumidor “a embalagem é o produto”. Ele não separa o conteúdo da embalagem. Na verdade ela é o veículo que permite ao produto chegar ao consumidor. Após o consumo, ela vai para o lixo, pois cumpriu sua missão. (MESTRINER, 2002a, p.18)

Entender como funciona uma embalagem requer um estudo sobre o ciclo de vida do

produto e do consumidor. Um consumidor que procura um produto em um supermercado se

movimenta através de gôndolas lotadas de variados produtos. A missão da embalagem é fazer

com que este consumidor perceba a sua existência, para isso ela precisa chamar a atenção.

Após ser notada, a embalagem precisa mostrar as informações do produto,

convencendo o consumidor de que é esse produto que ele precisa e que é esse produto que vai

resolver o seu problema. Assim, ao atingir a necessidade do consumidor, o último obstáculo é

“parecer valer” o que está sendo cobrado por ele.

Ou seja, para o designer de embalagens, é importante observar essas etapas, pois é

através de vários estudos sobre os elementos do design que irão compor uma embalagem que

vai fazer a esta cumprir todas essas etapas:

• Chamar a atenção;

• Transmitir a informação básica para a compreensão do que está sendo oferecido;

• Ressaltar os atributos complementares do produto;

• Agregar valor ao produto.

Formas, cores, texturas, fontes e materiais são alguns dos elementos do design que

compõem a embalagem. Se analisarmos esses elementos separadamente, não tem tanta

importância quando utilizados em conjunto. É por esse motivo que esses elementos devem ser

estudados e utilizados com muita criatividade, para que possa atingir o objetivo principal: a

compra.

Dessa forma, os estímulos visuais da embalagem estabelecem com o consumidor ou

observador, uma comunicação que pode gerar uma compra. Assim, a embalagem passa a ser,

não somente um objeto de transporte ou de proteção para o produto, mas uma vitrine, um

suporte de informação ou veículo de mensagens.

Nos últimos anos, as empresas perceberam a importância da comunicação na

embalagem e da própria embalagem como um suporte atrativo. Na tentativa de inovar e atrair

mais consumidores estão investindo e buscando criar embalagens atrativas. A partir do

momento em que a embalagem mostrou a sua existência, surge a grande oportunidade de

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trabalho para desenvolver uma série de atividades de marketing, utilizando o canal de

comunicação direto que estabelece com os consumidores.

Embalagens especiais, colecionáveis, promocionais ou edições comemorativas são

alguns exemplos do marketing em comunicação com os consumidores. Uma das ações do

marketing é a ação promocional. A utilização de embalagens promocionais é uma ótima

oportunidade para a empresa, pois além de aumentar a venda, funciona como uma ação

refrescante e revitalizadora da imagem do produto que por algumas semanas assume uma

nova roupagem.

Figura 1: Exemplos de embalagem especial. Esta é uma garrafa de água voltada para o público infantil.

Foram criadas para serem utilizadas, também, como brinquedos (COMPUTER ARTS, 2008, p.14)

Figura 2: Exemplo de embalagens colecionáveis para camisinha. Essa foi uma linha criada exclusivamente

para o público feminino, onde ressaltava que as mulheres são tão informadas sexualmente quanto os homens. (COMPUTER ARTS, 2008, p.13)

A embalagem está assumindo uma função mais voltada para o marketing promocional

em comparação com a sua função inicial, de transportar, proteger ou informar sobre a

composição do produto. É através de embalagens bem planejadas que as empresas estão

fortalecendo ainda mais as suas marcas.

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2.3 A IMPORTÂNCIA DO DESIGN PARA A EMBALAGEM

O ponto inicial para a produção de um projeto de design de embalagem é conhecer o

público alvo do produto. Esse conhecimento auxilia na analise detalhada de todo o processo,

desde a forma estrutural e gráfica como componente técnico e de custo das embalagens, assim

como objeto de trabalho do marketing, pesquisa e promoção.

A importância do bom design está no fato de ele agregar valor cumulativo a cada uma das etapas do processo, resultando ao final uma embalagem que eleva o trabalho de todos os envolvidos. É importante frisar bem esse ponto, que consideramos chave para o entendimento do valor e da importância do bom design tanto para as empresas produtoras de embalagens como para as embaladoras de produtos de consumo. O efeito cumulativo promovido pelo design acontece porque é ele o fio condutor e mediador de todo o processo. Quando projeta um desenho estrutural para a indústria de embalagem produzir, o designer leva em consideração todas as premissas que esse desenho vai ter de responder até chegar a casa do consumidor. O designer desenha o ponto de partida considerando o objetivo final do projeto. É essa visão de todo o processo que permite agregar valor em cada uma das etapas, trabalhando junto com outros participantes, sejam eles profissionais de marketing, responsáveis pela produção na fabrica do produto ou profissionais na indústria de embalagens. (MESTRINER, 2002a, p.31)

Uma boa embalagem deve responder positivamente aos fatores críticos como

proteção, armazenamento e transporte, além do desempenho de comunicação com o

consumidor, despertando o desejo de compra.

De acordo com Mestriner (2002), o designer de embalagem está fundamentado em dez

pontos, que tem como objetivo ajudar no processo de criação de embalagens. Para a

concepção de uma embalagem que atinja o público alvo, o designer tem que atender a esses

dez pontos chaves, são eles:

1. Conhecer o produto – Não é possível criar uma embalagem sem que tenha

consciência do produto. Desta forma, a característica, a composição do produto,

seus diferenciais de qualidade e principais atributos, incluindo o seu processo de

fabricação, precisam ser compreendidos.

2. Conhecer o consumidor – É necessário saber quem compra o produto, para que

seja possível estabelecer um processo de comunicação eficaz.

3. Conhecer o mercado – O mercado possui características próprias como histórias,

dimensões e perspectivas. Assim ele deve ser estudado e analisado para que não

surpreenda o designer e não seja um salto o escuro.

4. Conhecer a concorrência – É necessário fazer um estudo da concorrência e

analisar a linguagem visual da categoria.

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5. Conhecer tecnicamente a embalagem – A linha de produção de embalagens, os

materiais, a estrutura, as técnicas de impressão e decoração devem ser do

conhecimento do designer. Desta forma, é possível obter muitos recursos

disponíveis para que seja possível evitar erros.

6. Conhecer os objetivos mercadológicos – É preciso ter sempre em mente qual é o

objetivo e a meta da embalagem, para que durante a concepção, o designer não

perca o foco e possa alcançar os resultados finais.

7. Ter uma estratégia para o Design – Posicionar visualmente o produto para que

se tenha uma vantagem competitiva no ponto-de-venda é essencial.

8. Desenhar de forma consciente – Para atender o objetivo inicial, é preciso que o

trabalho de design seja realizado de forma consciente e metódica, levando em

consideração os estudos e estímulos visuais e evitando que seja baseado no

impulso criativo.

9. Trabalhar integrado com a indústria – Conhecer a indústria que irá produzir a

embalagem é essencial para o sucesso do projeto. Dessa forma, muitos problemas

podem ser evitados.

10. Fazer a revisão final – Quando a embalagem é finalizada e chega ao mercado, o

designer e o cliente devem fazer uma visita a campo, a fim de avaliar o resultado

final e quem sabe propor melhorias e ajustes.

A embalagem é fruto de um trabalho produtivo de especialistas, e é por isso que deve

ser levado em consideração cada detalhe de sua produção, desde o seu projeto inicial, até as

pesquisas, estudos e materiais que vão ser utilizados para a sua concepção. Visto que a

embalagem possui uma grande influência no ponto-de-venda, deve ser levado em

consideração estudar os elementos que a compõem. Dessa maneira, podemos compreender

um pouco mais da sua influência sobre o consumidor e traçar planos de forma a integrá-la à

comunicação e formar a imagem institucional das empresas, produtos e marcas que essas

embalagens carregam.

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3 - ELEMENTOS DO DESIGN NA CONSTRUÇÃO DA EMBALAGEM

As marcas passaram a ter uma grande importância na sociedade, e a comunicação

virou uma estratégia, onde são transmitidos valores tangíveis e intangíveis como: prazer,

status, conforto, poder, aventura, beleza ou comodidade, a fim de persuadir o consumidor.

As embalagens passaram a ter muita importância no canal de comunicação, visto que

estas estão expostas, a todo momento, transmitindo informações verbais ou não-verbais e

atraindo e promovendo a venda ao consumidor.

Desta forma, a construção da identidade do produto, na criação de uma embalagem, é

feita à medida que são inseridos estímulos visuais que agregam elementos como: cor, textura,

imagens, formas, tipografia, dentre outros.

Isolados, esses elementos acabam por não agregar identidade a nenhum produto,

porém, todos juntos, criteriosamente e com um bom planejamento, permitem que seja

construído uma linguagem consistente e persuasiva. Esses elementos juntos proporcionam

força à marca e atraem visualmente o consumidor.

O designer deve se exercitar permanentemente na observação do que ocorre no mundo da embalagem e manter-se informado por meio das publicações especializadas para conhecer as novidades e o que está sendo criado pelo mundo afora, pois muitas vezes a inovação está em trazer para uma categoria soluções que são usadas em outras. Trazer inovações do mercado internacional para o país, ser o primeiro a adotá-las, é outra forma simples de inovar. Mecanismos de abertura e fechamento, novos materiais, pigmentos e texturas inovadoras e mesmo imagens, linguagens, abordagens visuais, tudo isso pode resultar em inovação, e precisamos estar antenados para perceber quando aplicar esses recursos. (Mestriner, 2002b, p. 39)

Deste modo, a ideia fundamental deste capítulo é de apresentar os conceitos básicos de

design na construção de estímulos visuais que possam valorizar à marca através de

embalagens.

3.1 MATERIAIS E FORMAS

A forma é o principal elemento de diferenciação na embalagem. (MESTRINER,

2002b) Um exemplo forte é a embalagem da Coca-Cola, que e alguns momentos assinam as

suas publicidades com a silhueta do formato da sua garrafa. A forma da Coca-Cola foi tão

bem explorada que se transformou em um ícone do produto.

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A beleza e o custo-benefício têm muita importância, sendo um dos principais critérios

abordados nas composições visuais das formas e materiais.

A forma é um diferencial que pode dar destaque e marcar a memória do consumidor,

destacando-se diante das diversas embalagens que contém nos pontos-de-venda. No estudo

sobre formas e estruturas, destacamos três formas básicas: o círculo, o triângulo eqüilátero e o

quadrado. É a partir dessas três formas que podem surgir diversos formatos de embalagens.

As formas são importantes na construção da expressividade e da sensorialidade. Ou

seja, a curva passa a impressão de sensualidade e feminilidade, já as embalagens retas, deixam

transparecer a rigidez.

A embalagem, não somente tem que ter uma forma inovadora e que se destaque diante

das outras, mas tem que ter como principais objetivos, a funcionalidade e a usabilidade. É por

esse motivo que deve ser feito um planejamento minucioso para calcular e planejar os

impactos desejáveis através das embalagens.

Já os materiais utilizados para a concepção de uma embalagem, devem levar em

consideração a sua forma. Em uma embalagem mais curvilínea, seria interessante utilizar um

material mais delicado, para dar continuidade ao propósito de feminilidade. Porém, como foi

dito anteriormente, ao realizar um projeto de embalagem, deve-se levar em consideração o

custo, o armazenamento desse material e a sua distribuição.

3.2 CORES

Um sentido que possui muita importância, é a visão e é através dela que podemos

perceber as cores, as formas, as texturas e as fontes. Para que possa existir uma boa percepção

e memorização da embalagem e consequentemente da marca, esta deve estar visível no ponto-

de-venda para que possa chamar bastante a atenção. Deste modo, os elementos visuais

contribuem para facillitar a percepção da embalagem. As cores, por exemplo, possui uma

grande força para expressar e reforçar a informação visual.

A forma é o mais importante elemento diferenciador de um produto, pois é exclusiva, só ele pode utilizá-la. Já a cor, embora não seja exclusiva, constitui-se no principal elemento de comunicação, provocando estímulo visual como nenhum outro elemento. (MESTRINER, 2002b, p. 53)

Mais afinal, o que é cor? “A cor não tem existência material. Ela é tão somente, uma

sensação provocada pela ação da luz sobre o órgão da visão”. (PEDROSA, 2008, p.19)

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Epicuro, há mais de 2.300 anos, desenvolvendo o raciocínio de que “a cor guarda íntima relação com a luz, uma vez que, quando falta luz, não há cor”, afirmaria que a coloração dos objetos varia de acordo com a luz que os ilumina, concluindo que “os corpos não tem cor em si mesmo”. Hoje, a Óptica, parte da física que trata das propriedades da luz atravessa a pupila e o cristalino, atingindo os cones que compõem à fóvea e a mácula da retina no fundo do olho, é por estes decomposta nos três grupos de comprimento de onda que caracterizam as cores-luz: vermelho, verde e azul-violetado, cor esta cuja melhor denominação, em português, é indigo. (PEDROSA, 2008, ps.19 e 20)

Ou seja, a cor, nada mais é do que uma sensação cromática, um estímulo, que se

combinados, podem exprimir uma atmosfera, descrever a realidade ou trazer à mente das

pessoas um clima. Dessa forma, através de diversos estudos sobre as cores e as suas

combinações e sensações, os designers as usam para diferenciar, conectar, ressaltar ou

esconder, caso seja necessário.

Da mesma forma, a cor muda de sentido de uma cultura para a outra. As cores carregam diferentes conotações em diferentes sociedades. O branco representa virgindade e pureza no ocidente, porém é a cor da morte nas culturas orientais. O vermelho, usado pelas noivas no Japão, é considerado extravagante e erótico na Europa e nas Américas. As cores entram e saem da moda, e toda a industria foi criada para guiar e prever seu curso. (LUPTON; PHILLIPS, 2008, p. 71)

Existem apenas três cores, que combinadas dão origem a diversas outras cores. A

intensidade e a proporção de suas combinações modificam totalmente a percepção visual do

conjunto. Para o designer, o uso correto das cores é muito importante para que essa cause o

efeito desejado no receptor. Existem teorias e fundamentos que auxiliam no uso das cores. A

teoria básica, parte da organização das diversas cores (vermelho, laranja, amarelo, verde, azul,

azul-violeta e violeta) formando um circulo, chamado de disco cromático6

6 Adj. (Fís) que tem relação com as cores; (Mús) que é composto por uma sériede semitons.

, onde as cores

vizinhas são análogas.

As combinações de cores podem ser associadas, por exemplo, ao público infantil, podem ser alegres ou tristes, sofisticadas ou populares, modernas ou antiquadas, esportivas ou dinâmicas, e assim por diante. Existem combinações que funcionam melhor em produtos doces, outras em salgados. Outras transmitem refrescância, e há aquelas que são quentes como o verão, ou seja, as combinações são tantas e tão variadas quanto a vida. (MESTRINER, 2002b, p. 530

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Figura 1: Disco Cromático (LUPTON; PHILLIPS, 2008, p.73)

Figura 2: Círculo de 12 cores, indicando as cores primárias, secundárias e terciárias (PEDROSA, 2008,

p.122)

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Figura 3: Circulo de 12 cores, apresentando respectivamente as cores primárias, secundárias e terciárias

(LUPTON; PHILLIPS, 2008, p.73)

O uso dessas cores análogas causa um contraste muito pequeno e uma boa harmonia,

pois as cores vizinhas tem algum elemento em comum em relação a outra, fazendo com que a

combinação dessas cores sejam concordantes.

Figura 4: Cores análogas, apresentando diferenças cromáticas mínimas (LUPTON; PHILLIPS, 2008,

p.73)

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Já as cores posicionadas transversalmente (oposta a cor referida), nesse círculo

cromático, são chamadas de cores complementares. Ao contrário das cores análogas, essas

não contém nenhum elemento em comum. A combinação dessas cores são mais contrastantes.

Figura 5: Cores complementares, apresentando um maior contraste entre as combinações de cores

(LUPTON; PHILLIPS, 2008, p.73)

Assim, a combinação exata de cores pode causar um resultado bastante satisfatório na

influência das pessoas, tanto no ato da compra como na aparência de um determinado

produto. Afinal, cada cor manifesta um determinado comportamento ou sensação. “A paleta

de um pintor não significa nada. É o seu olho que faz tudo”. (PEDROSA, 2008, p. 103)

3.3 TEXTURA

Cada textura é formada por muitos elementos iguais ou semelhantes, dispostos a igual

distância entre si sobre uma superfície de duas dimensões ou com um pouco de relevo. A

característica das texturas é a uniformidade: o olho humano percebe-as sempre como

superfície (...). (MUNARI, 2006, p. 74)

A textura afeta tanto a maneira como algum material é sentido, no que se refere ao tato, assim como afeta a aparência deste mesmo material. “Uma folha lisa e brilhante, por exemplo, reflete a luz de um modo diferente de uma outra, porosa ou fosca”. (LUPTON; PHILLIPS, 2008, p. 53)

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As texturas dos elementos de design correspondem igualmente à sua função visual.

Uma superfície elegante, de delicada padronagem, poderia adotar o interior ou o livreto

impresso de um spa; um pedaço de arame farpado poderia servir como metáfora de violência

ou encarceramento.

Em design, a textura é tanto concreta como virtual. As texturas incluem a superfície efetivamente empregada na feitura de uma peça impressa ou de um objeto palpável e a aparência ótica dessa superfície. (LUPTON; PHILLIPS, 2008, p. 53)

As texturas podem causar diversas impressões e atrair a atenção das pessoas, assim

como podem fazer parecer o que na verdade não são. Alguns materiais, por exemplo, podem

parecer ter texturas, considerando elas visualmente, porém não passam de efeitos

representando ou imitando uma textura real. Um elemento que tem alguma aplicação em

textura, sendo ela real ou não, atrai a atenção, por ser um trabalho detalhado, minucioso, que

causa diferença e impacto em sua superfície e que passa credibilidade e qualidade pelo efeito

visual final.

As embalagens estão sofrendo, cada vez mais, a influência da computação gráfica,

com seus inesgotáveis efeitos visuais. As texturas vêm alcançando soluções incríveis com

grandes aplicações de verniz e efeitos a laser e holográficos. Essas texturas fazem com que os

produtos se destaquem diante do consumidor, chamando a sua atenção.

Assim, analisando os efeitos que causa em quem a observa, a textura, é utilizada a fim

de ressaltar, proporcionar contraste e aparência ou estabelecer uma atmosfera, uma sensação.

Assim como na vida, a beleza da textura no design encontra-se, com frequência, na pregnância de sua justaposição ou contraste: espinhosa/lisa, pegajosa/seca, rugosa/macia e etc. Colocando uma textura em relação a outra, oposta ou complementar, o designer pode amplificar as propriedades formais únicas de cada uma delas. (LUPTON; PHILLIPS, 2008, p. 53)

Existem diversos tipos de texturas, cada uma causando um efeito que atrai e chama a

atenção das pessoas. De acordo com o livro de Ellen Lupton e Jennifer Phillips, as texturas

são classificadas como: concreta, real, virtual, tipográfica, por código, por harmonia e

contraste. A seguir, seguem alguns exemplos de aplicações de texturas em materiais

impressos:

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Figura 6: Aplicação de texturas, construindo conexões entre as texturas reais e as virtuias (LUPTON; PHILLIPS, 2008, p.57)

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Figura 7: Apresentação de textura, exemplificando a harmonia e o contraste de superfícies e cores (LUPTON; PHILLIPS, 2008, p.62)

As aplicações de texturas causam impressões nos consumidores e acabam atraindo

estes tanto pela sua diferenciação visual, assim como na sua textura tátil. Ou seja, a textura é

utilizada em uma embalagem, a fim de ressaltar e proporcionar contraste.

3.4 TIPOGRAFIA

Da mesma maneira que a cor provoca sensações e está associada a uma série de

atributos, a tipografia também pode ser utilizada para agregar valor.

É determinante a escolha de uma família tipográfica que represente uma marca, para o

processo de se obter o efeito desejado ao receptor. A personalidade final de um produto é

definida pela tipografia, pois, depois do primeiro impacto e de ser despertado o desejo de

compra, entra em ação a informação.

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Se a tipografia faz algum sentido, ele é visual e histórico. O lado visual da tipografia está sempre à mostra, e o material para o seu estudo é vasto e difundido. (BRINGHURST, 2005, p. 15)

De acordo com Mestriner (2002b), existem vários níveis de importância referentes a

textos de embalagens. O mais importante, sem dúvida, é o logotipo, que é exclusivo e deve

estar em grande destaque. Em segundo lugar, existem as informações complementares que

transmitem atributos que diferenciam os produtos. Após essas informações, vêm os textos

complementares e explicativos de utilização e finalizando, existem os textos obrigatórios, que

devem obedecer às exigências da legislação pertinente.

Cada parte desses textos tem muita importância para a boa compreensão do

consumidor que busca informações. É por esse motivo que é importante ser bastante legível e

tentar não misturar fontes, dando uma melhor compreensão ao consumidor.

Assim, devemos levar em consideração as diversas características tipográficas

existentes. Essas características podem ser essenciais para a composição de uma marca ou de

um elemento visual que esteja associado a ela. A fonte deve lembrar ou fazer associação ao

projeto da marca, fixando as características tipográficas na mente do consumidor.

As características tipográficas são compostas por variação de peso, largura, inclinação

e estilo. (LUPTON; PHILLIPS, 2008)

1. Largura: estas variações determinam uma maior ou menor ocupação de um

espaço. Deve-se levar em consideração à legibilidade da tipografia, para que haja uma

identificação mais rápida.

2. Peso: o peso transmite força, atraindo a atenção do observador. Para uma melhor

legibilidade deve ser levado em consideração a relação entre corpo e quantidade de texto.

3. Iclinação: a inclinação se refere a fontes itálicas. Essa fonte é pouco usada em

textos de muitas páginas devido a sua legibilidade.

4. Estilo: corresponde a variação na estrutura tipográfica. Os principais elementos que

devem ser observados na estrutura de uma fonte são: serifas, esporos, terminais e eixos.

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Figura 8: Exemplos de fontes com serifas e fontes com terminais (NARDI, 2009, p.8)

Figura 9: Exemplos de fontes com eixo (NARDI, 2009, p.89)

A escolha de uma tipografia é de fundamental importância já que está dará

continuidade à leitura da embalagem. Por esse motivo, todas as características de uma fonte é

determinante para a facilitação da mensagem que o consumidor busca.

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4 - ELEMENTOS DO DESIGN NA CONSTRUÇÃO DE UMA EMBALAGEM

ECOLÓGICA

No capítulo anterior, foi apresentado os conceitos básicos de design na construção de

estímulos visuais que possam valorizar a marca através de embalagens. Este capítulo tem

como propósito apresentar, também, os conceitos básicos de design na construção de

embalagens como uma maneira de valorização da marca, porém, o grande diferencial é que

esses conceitos irão se basear em embalagens ecológicas.

4.1 CORES

As sacolas dizem muito sobre uma marca: das ultra-baratas de polietileno utilizadas pelos supermercados até aquelas com alças de cordas para produtos exclusivos, a sacola de compras é vital para qualquer negócio (...). (COMPUTER ARTS, 2008, p. 47)

Como dito anteriormente, as cores são estímulos visuais. Estes estímulos são

psicológicos e atingem a sensibilidade humana, influenciando ou não um indivíduo. Certas

predileções por algumas cores decorrem de associações ou experiências agradáveis que já

aconteceram.

De acordo com Farina, Perez e Bastos (2006, p.97) as cores provocam sensações

acromáticas e cada cor, está associada a uma sensação. Vejamos os significados de algumas

cores:

1. Branco: é associada à paz, casamento, simplicidade, limpeza, juventude, pureza,

inocência, harmonia, estabilidade. Simboliza a luz. Para os ocidentais, simboliza a vida eo

bem, porém, para os orientais, simboliza a morte.

2. Preto: é associada à miséria, sujeira, sombra, enterro, funeral, tristeza, dor, temor,

negação. O preto se torna uma cor “alegre”, quando combinado com outras cores mais

vibrantes.

3. Cinza: é associado ao tédio, tristeza, velhice, desânimo, seriedade. Simboliza a

posição intermediária entre a luz e a sombra.

4. Vermelho: a cor vermelha faz lembrar alimentação, assim como energia e fluxo.

Esta cor é bastante excitante para o olhar, atraindo a atenção. É associada ao dinamismo,

força, energia, revolta, coragem, paixão, calor, emoção, sensualidade.

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5. Laranja: corresponde ao vermelho moderado e é associado à ofensa, agressão,

competição, calor, enegia, euforia, tentação.

6. Amarelo: o amarelo é um pouco mais frio que o vermelho e o laranja, porém

remete à alegria, espontaneidade, ação, poder e impulsividade. O amarelo chama mais atenção

por ser uma cor muito luminosa. É bastante usado para chamar atenção.

7. Verde: essa cor tem o efeito de reduzir a pressão sanguínea, acalmando. Essa cor

sugere frescor, esperança, equilíbrio, além de estar ligado com a ecologia e a natureza.

8. Azul: é uma cor associada à simpatia, harmonia, amizade e confiança. O azul

pode trazer a uma marca sobriedade e sofisticação e é a cor mais utilizada para expressar a

sensação de frio.

9. Roxo: faz associação à noite, igreja, fantasia, mistério, grandeza, delicadez e

calma.

10. Rosa: simboliza o encanto e remete a inocência, frivolidade e feminino.

Através desse estudo de cores, podemos constatar que a utilização de uma determinada

cor tem um grande valor decisivo, com base na percepção do receptor.

(...) Por todo o seu conteúdo emocional, por sua força de impacto e por sua expressividade de fácil assimilação, é a cor o elemento que mais contribui para transmissão dessa mensagem idealizada, embora, paradoxalmente, ela seja também o fator preponderante na concretização do aspecto real da mensagem plástica. (FARINA; PEREZ; BASTOS, 2006, p. 116)

Além da percepção das cores como fator de decisão de compra, um fator que devemos

levar em consideração, já que estamos falando em ecologia é o modo de produção dessas

cores. Qual seria a tinta ideal e que menos agride o meio ambiente?

Hoje, já existem tintas ecológicas e que possuem uma ótima fixação. Essas tintas são a

base vegetal. “É perfeitamente possível imprimir em embalagens utilizando tintas

ecologicamente corretas, principalmente pelo fato de que os pigmentos atuais não são mais

feitos de uma mistura de fuligem, óleo de lamparina e gelatina de pele de animal, composto

desenvolvido na China há mais de 5 mil anos”. (COMPUTER ARTS, 2008, p.49)

As linhas de tintas PluriRange e FlexiRange são compostas por recursos naturais e

sustentáveis. Essas tintas têm em sua composição a nitrocelulose, feita a partir da celulose

natural com os ácidos nítricos e sulfúricos. Para os designers que buscam o ecodesign, a

escolha da tinta correta é muito importante para a proteção do meio ambiente, além de agregar

valor a marca, por esta estar contribuindo na preservação dos recursos naturais do planeta.

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De acordo com a revista Computer Arts (2008, p.49), existem quatro tipos de tintas

para embalagens que põem em risco o meio ambiente, são elas:

1. Feitas de metais pesados: o bário,o cobre e o zinco estão presentes nessas tintas,

representando um risco tanto para o meio ambiente, assim como para as pessoas que estão em

contato direto com a produção desses pigmentos. Estudos afirmam queos metais pesados

aumentam as chances de desenvolver câncer na bexiga.

2. Feitas de recursos não-renováveis: a maioria das tintas são fabricadas apartir do

petróleo.

3. VOCs (Componentes Orgânicos Voláteis, na sigla em inglês): algumas tintas

fazem a emissão de gases, que possuem carbono em sua composição, contribuindo para o

aquecimento global.

4. Feitas de resto de tinta: a maior parte das fábricas fazem o descarte de restos de

tintas em aterros sanitários, poluindo também o solo.

4.2 MATERIAIS E FORMAS

A forma é um diferencial que pode dar destaque e marcar a memória do consumidor,

porém, o tipo de material e a forma mais econômica e que aproveite melhor o papel é um

grande diferencial para as empresas.

Quando se fala em embalagem ecológica, o primeiro pensamento que se vem à mente

é o custo-benefício. O designer, neste caso, precisa pesquisar e ter bastante criatividade para

obter um grande resultado, sem comprometer o resultado final. Ou seja, o design de uma

embalagem e suas formas pode continuar sendo inovadoras e ainda assim serem

ecologicamente corretas. Basta pesquisar o tipo de material que é sustentável.

No caso das sacolas de papel, a escolha do material ecológico é muito importante,

visto que existem diversos matérias que se dizem ecológicos, mas não passam de imitações

para passarem uma imagem que na verdade não são.

A procura de papéis ecológicos leva em consideração, não só o tipo de matéria-prima,

mas também os tipos de produtos químicos utilizados para a fabricação e a energia gasta nesse

processo. O papel branco que conhecemos é um dos materiais que mais agride o meio

ambiente, visto que para deixá-lo branco, como o conhecemos, é necessária a utilização de

cloro, capaz de gerar compostos orgânicos tóxicos e cancerígenos. Ou seja, quanto mais

escuro for o papel, melhor para o meio ambiente, pois não se fará necessário esse processo de

branqueamento. “Tanto a Paper Bag Company quanto a Smith Anderson Packaging usam

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papel Kraft amarelo ou marrom, que são 100% recicláveis e vem de florestas remanejadas”.

(COMPUTER ARTS, 2008, p.47)

Outro tipo de papel que parece ser ecologicamente correto, mais não é, é o papel

Reciclato. Ele é feito a partir do reaproveitamento das sobras de outros papéis. A sua

produção é realizada da mesma maneira que o papel comum, através da mistura de uma

infinidade de produtos tóxicos. Para sua finalização são acrescentadas as texturas de fibras de

papel e uma cor amarronzada, que faz parecer um papel reciclado.

Em uma pesquisa realizada pela Revista Computer Arts foi citado um site de uma

empresa que é uma das principais fornecedoras de sacolas ecológicas do Reino Unido

(www.paperbagco.co.uk). A empresa de nome Paper Bag Company faz sacolas sobre medidas

e possui diversas opções de materiais ecológicos. São eles:

O papel 100% reciclado é composto por uma “fibra celulósica virgem é oriunda da

madeira de florestas manejadas de forma sustentável. A fonte é renovável, e o tempo de corte

aproximado para pinus e eucalipto é respectivamente, 12 e 5 anos.

Os resíduos de árvores são igualmente aproveitados, como no caso de galhos e folhas, os

resíduos são empregados como adubos, e as cascas, utilizadas como biomassa, aproveitando o

poder calorífico do material para a geração de vapor e energia elétrica para o abastecimento

do próprio parque fabril. Energia limpa, renovável e não-poluidora.” (Site: SACO DE

PAPEL, 2009)

Figura 10: Sacola ecológica feita de papel 100% reciclável, retirada do site www.paperbagco.co.uk

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As sacolas de Papel Kraft são muito resistentes, podendo ser reutilizadas no dia-a-dia.

Além disso, as sacolas de papel kraft são naturais de madeira de reflorestamento 100%

certificada. Sempre é importante exigir alguma certificação, garantindo que as madeiras que

estão sendo utilizadas para a fabricação do papel sejam replantadas.

Figura 11: Sacola ecológica, feita de papel Kraft marrom, retirada do site www.paperbagco.co.uk

A sacola feita de Non Wovem PP é uma sacola feita de polipropileno (PP). É um

tecido não tecido (TNT) com diversas opções de cores. O material é leve e resistente, além de

não ser agressivo à natureza. Esse material está sendo muito utilizado por mercantis, na

confecção de sacolas personalizadas e que incentivam o uso

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Figura 12: Sacola ecológica, feita de Non Wovem PP, retirada do site www.paperbagco.co.uk

Essa sacola é a famosa sacola de pano. É feita de 100% algodão biodegradável. Além

de ser bastante resistente, podendo ser reutilizada várias vezes, essa sacola está sendo inserida

na sociedade a fim de substituir a sacola de plástico.

Figura 13: Sacola ecológica, feita cotton, retirada do site www.paperbagco.co.uk

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Outro exemplo de papel ecológico é o sulfite. Esse papel é feito através do bagaço da

cana-de-açúcar. O papel é muito parecido com o papel proveniente dos eucaliptos e seu custo

benefício também é equivalente. O seu processo de fabricação não agride o meio ambiente,

pois aproveita todo o resíduo industrial evitando o descarte de poluentes.

Materiais que se decompõem rapidamente representa uma prática sustentável que minimiza o impacto das embalagens em aterros sanitários. Em novembro de 2007, a fabricante britânica de papelão Alexir (www.alexir.co.uk) lanço a linha Alpha C, desenvolvida para oferecer aos varejistas contato direto com embalagens de alimentos sem plástico. (COMPUTER ARTS, 2008, p.48)

A fabricação desse papelão biodegradável (Alpha C) assume um papel muito

importante para o combate de acúmulo de lixo nos aterros sanitários.

As sacolas de papel reciclável não dependem somente do tipo de material, mas

também da gramatura do papel, afim de dar resistência, do peso e do tamanho da embalagem,

para que haja uma utilização útil da folha de papel, evitando o desperdício.

4.3 TIPOGRAFIA

Não se pode discordar da importância da tipografia na representação da marca. Porém,

o movimento ecológico já está influenciando na fabricação de tipos que gastem uma

quantidade de tinta menor.

Seguindo a onda ecológica em tempos de aquecimento global, a agência holandesa SPRANQ criou a Ecofont, uma fonte que quando impressa, usa 20% menos de tinta do que as fontes comuns. (COMPUTER ARTS, 2008, p.33)

Esse movimento começou a fim de extrair uma quantidade do corpo da letra que não

prejudicasse na leitura e na legibilidade da informação. Dessa forma, a Ecofont tem orifícios nas

letras, que aliadas a impressão, acabam por economizar uma quantidade significativa de tinta.

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Figura 14: Ecofont (COMPUTER ARTS, 2008, p.73)

A ecofonte tem como propósito a economia de tinta no momento da impressão. Por esse

motivo, a sua composição é feita através de pontos vazados e que não dificultam no momento da

leitura do consumidor, mesmo que esta fonte seja reduzida.

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COSIDERAÇÕES FINAIS

Para a empresa, a marca tem uma grande importância, pois assume a responsabilidade

e o desafio de atrair consumidores, assim como criar e manter laços afetivos através de um

conjunto de valores e atributos tangíveis e intangíveis. Assim, a marca representa um conjunto

extremamente valioso, capaz de influenciar o comportamento do consumidor.

Esse valor atribuído a uma marca se chama valor agregado, ou seja, é a super

valorização de um serviço ou produto que tem como finalidade a persuasão do consumidor

em troca de status, prazer, poder ou beleza.

Todo o processo de comunicação de uma marca tem uma grande importância, visto

que cada etapa tem seu valor na conquista de consumidores. A comunicação de um produto

começa desde a sua fabricação até a finalização da venda. Por isso, é necessário que o

processo tenha um bom planejamento, pois todas as etapas do lançamento do produto farão a

diferença na escolha do consumidor.

A estética visual de um produto que está exposto em um ponto-de-venda pode ser o

fator diferencial para a conquista dos consumidores. É por esse motivo que as empresas

devem apostar no design das embalagens do produto.

Há algum tempo as embalagens passaram a ser vistas, não apenas como um suporte de

transporte ou de proteção do produto, mas como uma suporte de comunicação integrada. A

decisão de formato, cores, texturas, fontes e material são muito importantes para o

planejamento da embalagem de um produto, pois esses elementos do design ajudam a

construir a imagem percebida da marca e produto nelas anunciados.

As empresas têm como obrigação estarem sempre atentas ao que acontece na

sociedade e tentar identificar as necessidades dos consumidores, para conseguir atraí-los. Nos

últimos anos, os problemas ambientais estão causando grandes preocupações para a sociedade

que buscam, aos poucos, trazer para o seu cotidiano o consumo consciente. Cada vez mais

esses consumidores buscam se informar sobre o modo de produção do produto e a sua

composição, para que possa fazer uma escolha mais condizente com as necessidades não só

econômicas mas também sócioambientais.

Atenta a essas informações e identificando como uma possível vantagem competitiva,

as empresas devem buscar aplicar em seus planejamentos e construção de suas embalagens

essas propostas ecológicas para conquistar o consumidor. Dessa forma as marcas ficam bem

vistas ao olhar do receptor.

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O fato de a sociedade estar interessada na temática ecológicamente sustentável e

correta pode gerar também uma problemática: nem todas as empresas que se dizem ser

ecológicas, realmente são. Essa insaciável busca pela conquista de consumidores faz com que

muitas empresas busquem um caminho mais curto para tentar encobrir a verdade. Dessa

forma, se utilizam dos elementos do design para enganar o consumidor. Ou seja, ao invés de

optar por um papel mais sustentável, se utiliza de texturas e outros elementos do design para

fazer com que outro papel (não-ecológico) fique parecido com o sustentável.

As empresas estão se utilizando dos elementos básicos do design a fim de sustentar

uma “idéia” ecológica, fazendo parecer o que não é. As cores, os materiais, as fontes, as

texturas são muito exploradas a fim de “enganar” os consumidores. A utilização de cores

verdes ou amarronzadas, a utilização de papeis com texturas que parecem ecológicas (como o

papel reciclato) e a utilização de fontes que parecem ter texturas de madeira, acabam por

confundir o consumidor e influenciar na escolha de um produto que parece ecológico, mas

que na verdade não é.

Nem todas as empresas que não são sustentáveis conseguem encobrir as suas

imperfeições através de sua comunicação ou da construção de suas marcas. Muitas delas

fazem todo um trabalho de comunicação visual, às vezes até se utilizam de materiais

sustentáveis, distribuem informativos a fim de reforçar os problemas ambientais, mas na

realidade não são ecologicamente responsáveis. Quantas vezes ao finalizar uma compra você

recebeu o produto em uma “sacolinha” de plástico? Isso ocorre cotidianamente.

Todo o esforço (ou não esforço) de comunicação é derrubado pela falta da

comunicação integrada e de planejamento. As empresas têm que buscar uma visão mais

adiante e perceberem que a solução está no desenvolvimento e consumo sustentável. Então,

porque não começar a investir (de verdade) em uma comunicação consciente? Porque não

buscar essa diferenciação nas embalagens, que além de suporte para os produtos são suportes

para informação?

Muitas empresas já estão adotando o ecodesign como solução. Os designers estão

encarando essa mudança como um desafio para criarem produtos e embalagens diferentes e

criativas e os comunicadores enxergando tudo isso como uma oportunidade e novo nicho de

mercado, vendo as embalagens como uma nova mídia e um importante aliado na construção

da imagem institucional das empresas, marcas e produtos.

Esta monografia apresenta elementos pelos quais devemos investir conscientemente

no desenvolvimento de embalagens e levá-las em consideração na comunicação integrada de

uma marca. Buscamos também apresentar possíveis soluções para o desenvolvimento de uma

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embalagem ecológica, através do conhecimento de elementos do design e de materiais menos

agressivos e muitas vezes também mais econômicos e portanto ecologicamente mais corretos

na construção de embalagens.

O desenvolvimento, em outro trabalho, de uma pesquisa com um grupo focal a fim de

confirmar se os elementos do design de embalagens têm o poder de influenciar na decisão de

compra de um produto ou de uma determinada marca, e se esses elementos do design, sendo

eles ecológicos, agregam efetivamente valores reconhecíveis à marca, é fundamental para o

incremento e desenvolvimento acadêmico e social dos estudantes de comunicação e design,

bem como indivíduos e empresas interessados em conhecer e aprofundar seus conhecimentos

no planejamento estratégico, de comunicação e de marketing, favorecendo assim não só o

desenvolvimento econômico das empresas, mas também a preocupação com o futuro e

continuidade da vida em nosso planeta.

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