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1 IMAGENS DA MODERNIDADE E PROGRESSO NO SUL GOIANO: OS PROJETOS DE REURBANIZAÇÃO DE MORRINHOS GO ENTRE 1950 E 1970 Júlio Cesar Meira 1 RESUMO: A presente proposta de comunicação tem como objetivo divulgar a pesquisa em curso do autor, tema do projeto de doutorado em andamento, e de projeto de pesquisa aprovado na instituição ao qual está ligado profissionalmente. O objetivo da pesquisa é analisar as representações sociais de modernidade e progresso no imaginário social e político do sul de Goiás entre os anos de 1950 e 1970, tomando por base os projetos de reurbanização da cidade de Morrinhos. Parte-se da premissa de que os projetos de reurbanização eram parte de um discurso de retomada da ‘vocação’ natural de liderança econômica e política da região sul goiana, e da cidade de Morrinhos em particular, principalmente durante a administração dos prefeitos Manoel de Freitas (1961-1965) e Joviano Antônio Fernandes (1966-1969), buscando, com isso, a superação da decadência percebida entre o final do século XIX e primeira metade do século XX, culminando com a construção de Goiânia e Brasília. A metodologia incluirá uma revisão bibliográfica da historiografia do sul de Goiás, de modo a permitir reconstruir um recorte da História local, análise de documentação tais como decretos, portarias e demais atos do poder executivo de Morrinhos, atas das reuniões da Câmara Municipal local e demais aparelhos de hegemonia e uso de fontes jornalísticas. Estas diversas fontes permitem evidenciar as narrativas e discursos constituidores de um esforço em imprimir uma imagem progressista de superação do passado, justificando ou combatendo o conjunto de transformações do período estudado. PALAVRAS-CHAVE: História, Representações, Imaginário, Atraso, Modernidade. 1. Introdução Aquilo que é dito e o que é escondido, aquilo que é louvado e o que é censurado, compõem o imaginário de uma sociedade, através do qual seus membros experimentam suas condições de existência. Eder Sader Esta comunicação tem por intenção trazer a público as primeiras reflexões da pesquisa, ainda em seu início, e que se configura a partir do projeto de pesquisa para fins de A participação no IV Congresso Internacional de História Cultura, Sociedade e Poder contou com o financiamento do Programa de Auxílio Eventos (Pró-Eventos), da Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis, da Universidade Estadual de Goiás UEG. 1 Professor de História Moderna e Contemporânea na UEG Câmpus Morrinhos, Doutorando em História Social da Universidade Federal de Uberlândia UFU, na Linha de Pesquisa Política e Imaginário. Email: [email protected]

IMAGENS DA MODERNIDADE E PROGRESSO NO SUL GOIANO

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IMAGENS DA MODERNIDADE E PROGRESSO NO SUL GOIANO: OS

PROJETOS DE REURBANIZAÇÃO DE MORRINHOS – GO ENTRE

1950 E 1970 Júlio Cesar Meira1

RESUMO: A presente proposta de comunicação tem como objetivo divulgar a pesquisa em

curso do autor, tema do projeto de doutorado em andamento, e de projeto de pesquisa

aprovado na instituição ao qual está ligado profissionalmente. O objetivo da pesquisa é

analisar as representações sociais de modernidade e progresso no imaginário social e político

do sul de Goiás entre os anos de 1950 e 1970, tomando por base os projetos de reurbanização

da cidade de Morrinhos. Parte-se da premissa de que os projetos de reurbanização eram parte

de um discurso de retomada da ‘vocação’ natural de liderança econômica e política da região

sul goiana, e da cidade de Morrinhos em particular, principalmente durante a administração

dos prefeitos Manoel de Freitas (1961-1965) e Joviano Antônio Fernandes (1966-1969),

buscando, com isso, a superação da decadência percebida entre o final do século XIX e

primeira metade do século XX, culminando com a construção de Goiânia e Brasília. A

metodologia incluirá uma revisão bibliográfica da historiografia do sul de Goiás, de modo a

permitir reconstruir um recorte da História local, análise de documentação tais como decretos,

portarias e demais atos do poder executivo de Morrinhos, atas das reuniões da Câmara

Municipal local e demais aparelhos de hegemonia e uso de fontes jornalísticas. Estas diversas

fontes permitem evidenciar as narrativas e discursos constituidores de um esforço em

imprimir uma imagem progressista de superação do passado, justificando ou combatendo o

conjunto de transformações do período estudado.

PALAVRAS-CHAVE: História, Representações, Imaginário, Atraso, Modernidade.

1. Introdução

Aquilo que é dito e o que é escondido, aquilo que

é louvado e o que é censurado, compõem o

imaginário de uma sociedade, através do qual

seus membros experimentam suas condições de

existência.

Eder Sader

Esta comunicação tem por intenção trazer a público as primeiras reflexões da

pesquisa, ainda em seu início, e que se configura a partir do projeto de pesquisa para fins de

A participação no IV Congresso Internacional de História Cultura, Sociedade e Poder contou com o

financiamento do Programa de Auxílio Eventos (Pró-Eventos), da Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e

Assuntos Estudantis, da Universidade Estadual de Goiás – UEG. 1 Professor de História Moderna e Contemporânea na UEG – Câmpus Morrinhos, Doutorando em História

Social da Universidade Federal de Uberlândia – UFU, na Linha de Pesquisa Política e Imaginário. Email:

[email protected]

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doutoramento do autor, intitulada Imagens da Modernidade e Progresso no Sul Goiano: os

projetos de reurbanização de Morrinhos – GO entre 1950 e 1970, também aprovada como

projeto de pesquisa junto à Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade

Estadual de Goiás para o biênio 2014/2-2016/1.

A pesquisa, ao longo dos seus anos de efetivação, objetiva atender a quatro pontos

essenciais: uma discussão teórica a respeito dos conceitos de modernidade e progresso; um

levantamento dos projetos, leis e decretos a respeito da reurbanização de Morrinhos e outras

cidades do sul de Goiás em que as justificativas se basearam em discursos de modernidade e

progresso; uma discussão a respeito de quais dos projetos efetivamente se concretizaram e,

por fim, o levantamento do contradiscurso da sociedade, ou seja, a forma como a sociedade

civil organizada recebeu ou reagiu tanto em relação aos discursos de modernidade quanto dos

projetos de reestruturação urbana. De todos os pontos, a comunicação pretende fazer uma

reflexão, breve, de dois desses pontos, imbricados teoricamente, no sentido de que, ao se

buscar a análise dos projetos, leis e decretos de reestruturação urbana em si, as questões a

respeito de modernidade e progresso são, automaticamente, trazidas para a frente do palco.

Metodologicamente a pesquisa está na fase da Heurística, em seu momento inicial, ou

seja, de levantamento de fontes e documentos. Por conta disso, as próprias reflexões são,

muito mais, elucubrações e hipóteses iniciais do que publicização de resultados concretos.

Quanto ao recorte temporal, tem-se o tempo da pesquisa, de 1950 a 1970, mas não como fator

engessante, apenas como campo delimitador, supondo-se, sempre, a possibilidade de avançar

ou retroceder, de acordo com as necessidades. De um ponto de vista mais totalizante, há que

sempre salientar que a pesquisa em História tem como temporalidade privilegiada a do hoje,

que é de onde partem os problemas, a construção de hipóteses e as ferramentas de análise e

reflexão. O historiador é um homem do seu tempo, e a partir dessa temporalidade opera na

construção do conhecimento histórico.

2. Da Mineração à Agropecuária: a realidade do sul de Goiás no século XIX

A origem da cidade de Morrinhos e das demais cidades do sul goiano está ligada aos

caminhos das tropas e viajantes que, ao longo dos séculos XVII e XIX, dirigiam-se aos locais

de mineração, no atual centro-norte do estado de Goiás. De julgados, arraiais e locais de

pouso, a partir de meados do século XIX surgiram as primeiras vilas que, algumas décadas

mais tarde, tornaram-se cidades.

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Se eram parte da rota de viajantes para as minas, as vilas e depois cidades do sul de

Goiás não surgiram sob a ordem mineradora. Eram locais em que a economia era baseada na

agropecuária, ou atividades agropastoris, a se levar em consideração as diferenças da

produção econômica para os mercados ou para a subsistência.

Essa diferença entre as atividades econômicas do sul goiano e o restante do estado

pode ser creditada, principalmente, a um fator. O momento do surgimento e formação dessas

povoações se deu algumas décadas após a diminuição da produção mineradora, não apenas

em Goiás como na maioria das demais regiões produtoras. Essa diminuição, ou mesmo fim

definitivo da produção mineradora, provocou uma intensa migração de pessoas de várias

províncias, ao mesmo tempo em que levou à busca de uma nova forma alternativa de

produção econômica.

Em sua tese de doutoramento sobre a produção da riqueza em Goiás no final do século

XIX, o professor Hamilton de Oliveira (2006) é um dos que defendem essa hipótese:

A ocupação do sul de Goiás ocorreu em um contexto marcado pela ausência de uma

legislação fundiária, redução da produção aurífera em Minas Gerais, Goiás e Mato

Grosso e de crescimento da agropecuária que passou a ser a principal atividade

econômica e incentivou deslocamentos migratórios para o norte, nordeste e,

principalmente para o sul provocando a ocupação definitiva de todo o território

goiano no decorrer do século XIX. (OLIVEIRA, 2006, p. 25)

Como se vê, os movimentos migratórios e deslocamentos, tanto dentro da então

província de Goiás, quanto de outras províncias em que a produção econômica mineradora

havia declinado, acabaram por conceder a densidade demográfica necessária para a formação

de novas vilas e arraiais, principalmente se atentarmos para a ausência de uma legislação

específica sobre a posse de terras, como aponta o texto de Oliveira (2006) acima.

De modo geral, a diminuição da produção mineradora e a mudança da matriz econômica para

as atividades ligadas à produção rural foram definidas pela historiografia goiana a partir das imagens

de crise e declínio, tornando-se – essa interpretação – hegemônica, principalmente a partir dos escritos

do historiador Luís Palacín Gomes, do final da década de 1960 em diante. De acordo com o autor,

A partir da década de 1760, especialmente depois de 1770, a mineração declinou

progressivamente, mergulhando a Capitania em estado de profunda depressão – em

certas áreas, de miséria absoluta –, o qual se estendeu até depois do período colonial.

Arraiais murcharam, sertões despovoaram-se, rendas governamentais despencaram,

impostos, antes suportáveis, tornaram-se abusivos. Pouco a pouco, Goiás paralisou-

se, voltando-se para o penoso auto sustento e para a agropecuária, que, entretanto,

devido à situação geral de decadência, demoraria quase um século para firmar-se

definitivamente. (GOMES et. al., 2001, p. 85)

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Muitos outros historiadores subscreveram a tese da decadência. Não é propósito desta

comunicação discorrer longamente sobre o tema, mas, a título de exemplo, queremos citar o

autor Eurípedes Funes (1986) que, ao pensar o período de transição de um modelo econômico

para outro, o faz a partir da perspectiva de decadência. Descrevendo a situação do sul de

Goiás por volta de 1840, assim ele se expressa:

A situação da economia goiana, basicamente de subsistência, o precário estado da

agricultura, pouco desenvolvida, e a baixa taxa média de lucros, dificultavam a

manutenção de um plantel de escravos, uma vez que os rendimentos auferidos por

estes, muitas vezes, não eram suficientes para cobrir nem mesmos os gastos de sua

manutenção, e menos ainda para adquirir novos escravos como força de produção.

(FUNES, 1986, p. 129)

A tese da decadência, mesmo hegemônica, não era única. Como exemplo, citamos o

professor Nasr Fayad Chaul, que em sua tese de doutorado defendida na Universidade de São

Paulo em meados da década de 1990, transformada em livro com o título de “Caminhos de

Goiás” (2002), buscou reinterpretar as representações e imagens de decadência utilizadas pela

historiografia goiana para justificar o “atraso” do estado. Chaul, a partir de sua pesquisa,

buscou demonstrar que

(...) há, na cultura moderna, uma representação em torno das ideias de decadência e

atraso, traduzidas pelo embate entre o agrário e o urbano, o atraso e o

desenvolvimento, o antigo e o moderno, pares antitéticos que se associam à

representação mais abrangente e tradicional da relação campo x cidade. (CHAUL,

2002, p. 23)

A análise da historiografia goiana mostra que, subjacentes à ideia de decadência, três

fatores geralmente surgem, como causa e legitimação: 1) as precariedades das estradas e

transportes, logo, da comunicação em geral de Goiás com o restante do país e do mundo; 2) a

falta de incentivos financeiros da Coroa (primeiramente portuguesa, e posteriormente

brasileira) para com a província, o que resultaria em pouca circulação monetária e,

consequentemente, pouco desenvolvimento urbano; 3) uma suposta letargia social da

população goiana observada pela expressa maioria dos viajantes europeus que passaram por

Goiás durante o oitocentos.

No entanto, como analisa Chaul (2002), são dois os fundamentos essenciais da

construção desse discurso de decadência e atraso, decorrentes dos citados fatores: 1) um mito

criado e vivido pelos próprios agentes históricos de que a província goiana teria vivido uma

época de auge e esplendor durante toda a mineração da segunda metade do século XVIII; 2) o

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olhar preconceituoso dos viajantes europeus que experimentavam no interior do Brasil uma

experiência de variação temporal singular, cujo âmago corresponde às disparidades entre uma

Europa em processo de industrialização, um litoral brasileiro em vias de urbanização e

“progresso”, e um sertão goiano em completa alteridade com a “civilização” geográfica e

temporalmente experimentada distante dali.

Retornando à citação anterior de Eurípedes Funes (1986), de modo a situar o cenário a

partir de onde analisamos as concepções de atraso, progresso e modernidade, nossa tese é que

a posição de Funes deve ser percebida como a de alguém que lamenta a mudança, não apenas

da matriz econômica, da mineração para a agropecuária, mas também das relações de

trabalho, da mão de obra escrava para as relações familiares e de compadrio. Na medida em

que uma sociedade supostamente estruturada em um conjunto de relações de origem urbana

passa a um modelo em que, não apenas a matriz econômica, mas, também, as próprias

relações se organizam a partir do ambiente rural, independente do tipo de relação

estabelecida, configura-se uma situação de decadência. No caso, ao introduzir os conceitos de

modernidade e progresso, estes se configuram como parte do discurso civilizatório, ou seja,

como sinônimos de urbano, em oposição ao rural, já qualificado como o atraso.

3. O Discurso do Progresso na Reurbanização de Morrinhos

Todas as cidades do sul goiano e Morrinhos em particular, surgiram no contexto da

mudança, da transição para um modelo rural de produção econômica, portanto, em plena

vigência o atraso. Isto porque as atividades agropastoris, e todas as questões relacionadas a

elas, estiveram intimamente ligadas ao surgimento da cidade de Morrinhos em meados do

século XIX.

A partir da década de 1950 houve uma aceleração dos processos de urbanização da

cidade de Morrinhos, o que pode ser percebida na mudança do perfil demográfico e na

crescente importância da indústria e comércio que se queria atribuir na matriz econômica

local. Grande parte do fomento dessa mudança de perfil, de rural a urbano, teve no setor

público municipal, a exemplo dos projetos estatais do estado de Goiás, o principal agente de

indução e fomento.

No caso dos projetos de urbanização e reurbanização, o surgimento das cidades de

Goiânia e Brasília foi fundamental, tanto na visualização do principal agente promotor, o

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poder público, quanto na caracterização do modelo de organização urbana e na construção de

um discurso legitimador desse processo.

Escrevendo sobre a construção de Goiânia, Maciel (1997) afirma que a cidade se

tornou um símbolo da oposição passado e futuro, rural e urbano, atraso e progresso. Essas

representações não diziam respeito apenas à própria cidade como elemento concreto, mas

também no campo do imaginário. Com a construção de Goiânia se buscou, muito mais do que

apenas mudar de lugar o aparato burocrático da administração estadual, criar um símbolo de

modernidade, urbano, representativo também da nova configuração imaginária das estruturas

políticas, culturais e econômicas. Dessa forma

Goiânia (...) é transformada em uma entidade mobilizadora, em materialização dos

benefícios e confortos de uma cidade moderna, regida por uma vida moderna. Não

mais a velha capital, adoentada irremediavelmente e enredada pela velha ordem, mas

uma nova capital, construída sem os males daquela, erguida no meio do nada, prova

inconteste do poder de “criação” do ser moderno surgido em Goiás: o Estado.

(MACIEL, 1997, p. 74)

Chaul (2002) vai na mesma direção de Maciel e afirma que, com a construção de

Goiânia, “(...) a representação da modernidade se edificava em oposição ao passado que

encarnava a decadência e o atraso de Goiás ao longo de sua história” (CHAUL, 2002, p. 155).

A construção de Goiânia incorporava, então, duas possibilidades simbólicas. De um

lado era a representação viva das transformações que sacudiam o país, desde o

desenvolvimento tecnológico-científico do viver na cidade, metáfora de modernidade e

progresso desde meados do século XIX, até as mudanças políticas efetuadas pelo Estado

Novo; de outro lado, a construção de Goiânia se tornou o modelo de modernidade buscado

pelas cidades goianas, a representação arquitetônica e estrutural do progresso, particularmente

no sul do estado, como observa Romano:

O fortalecimento de Goiânia, enquanto capital, aparece como incentivo à

urbanização para outras cidades goianas. Goiás e Goiânia iriam beneficiar-se das

infraestruturas importantes que se iniciaram com a construção de Brasília, que

exerceu importante papel no desenvolvimento no interior do país. ROMANO (2006,

p. 23)

Entendemos que se faz necessário rever e avaliar a dinâmica das transformações intra-

urbanas (VILLAÇA, 2001) da cidade de Morrinhos no período citado. O geógrafo Milton

Santos (1998) nos ensinou que a construção espacial do urbano não é um dado pronto, que é

necessário que se faça perguntas à cidade, buscando com isso compreender a dinâmica de sua

formação, sua historicidade. Romano (2006) observou que existe uma relação entre o

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processo de urbanização de Morrinhos nas décadas de 1960 e 1970 com outros processos que

aconteciam no Brasil na mesma época, influenciados pela teoria de planejamento urbano,

então hegemônica, denominada “progressismo” (CHOAY, 1979). Afirma Romano que,

Muitas cidades brasileiras, principalmente os grandes centros, constituíram-se num

misto de influências externas, com repercussão nas organizações de núcleos urbanos

brasileiros. Mesmo uma cidade como Morrinhos participava de um planejamento

urbanístico. No final da década de 1960, ruas e avenidas foram alargadas, surgiram

praças e jardins, como o Cristo Redentor e a praça da “Fonte Luminosa”. Esses

elementos podem ser notados como produtos de um novo período para o urbanismo

da cidade, assim como a canalização da água e esgoto, para uma boa parte da cidade,

e a melhoria da iluminação pública. (ROMANO, 2006, p. 130)

Nossa avaliação é que o processo de transformação urbana se conjugou, então, a partir

de dois fatores. O primeiro deles relaciona-se com o papel do Estado na condução do

processo, mesmo quando em parceria com elementos da iniciativa privada. Marisco (1969,

apud ROMANO, 2006), ao analisar o processo de transformação urbana da cidade de

Presidente Prudente, no interior de São Paulo, estabelece uma relação entre a agenda estatal

local – município –, seus projetos de planejamento urbano e reordenamento espacial, ao

projeto maior do Estado brasileiro a partir de 1964, que, baseado na teoria do progressismo

(CHOAY, 1979), empreendeu esforços na construção de uma metodologia unificada de

planejamento urbano, chamada de “Planejamento Integrado”.

Tal fenômeno de transformação urbana não foi isento de questionamentos,

principalmente ao se levar em conta os reflexos do mesmo na vida cotidiana, as modificações

nas práticas do viver em cidade, nas relações sociais estabelecidas na realidade anterior.

Em segundo lugar, as intervenções no espaço urbano como conseqüência da aplicação

prática de concepções de progresso relacionadas à vida urbana, em oposição ao atraso do

modo de vida rural anterior,2 faz-nos perceber que, ao mesmo tempo em que se construiu

materialmente a cidade, foram produzidos os discursos que buscaram emprestar ao seu

próprio imaginário as representações a respeito de si própria. Essas representações foram

continuamente permeadas pelas intervenções políticas, pois, como Rosanvallon (1995, p. 16)

nos advertiu, “(...) a esfera do político é o lugar da articulação do social e de sua

representação”.

2 Na verdade, a despeito dos esforços discursivos da municipalidade em evidenciar o caráter urbano de

Morrinhos ao longo do processo de transformação urbana pesquisado, dados do IBGE (ROMANO, 2006: 25)

demonstram que apenas a partir do início da década de 1980 a população urbana da cidade ultrapassou os

habitantes da zona rural. De fato, em 1970 a população urbana de Morrinhos representava 44,4% do total de

habitantes do município; dez anos antes, a população urbana não passava de 42,5% do total.

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Dentre essas várias representações, que podem ser percebidas nos diversos

documentos que compõem a memória oficial da cidade, disponíveis nos discursos de

autoridades e descritas nos textos dos jornais locais e periódicos diversos, bem como louvadas

nos diversos livros “memorialistas” dos historiadores ex-officio, sobressai a imagem de uma

cidade em busca de seu lugar por direito, moderna, progressista, onde o desenvolvimento, se

ainda não havia chegado plenamente em alguns setores, estava a caminho de produzir-se.

Obviamente que essas representações eram produzidas por discursos que realizavam

uma verdadeira seleção da realidade, operando em busca de uma unicidade e coerência que

compusessem não apenas uma leitura da realidade, mas a única possível. Descartando o que

pudesse ser considerado insignificante, desqualificando ou imprimindo outra interpretação

que pudesse contrastar com sua visão de mundo, as diversas vozes oficiais buscavam

legitimar a imagem consensual elaborada.

Esse recorte da realidade, permitindo aflorar determinadas representações a compor

um imaginário social próprio, está de acordo com a reflexão de Bronislaw Baczko (1985, p.

309) que entende que, “Através de seus imaginários sociais, uma coletividade designa a sua

identidade; elabora uma certa representação de si; estabelece a distribuição dos papéis e das

posições sociais; exprime e impõe crenças comuns (...).”

O esforço em construir uma representação de progresso e modernidade de modo a

consolidar uma imagem urbana está presente em grande parte da documentação oficial, como

decretos e leis e projetos de lei, a maioria do período do prefeito Joviano Antônio Fernandes

(1966-1969), e que tinha na reestruturação urbana da cidade seu tema principal. Eram projetos

e decretos que buscavam não apenas transformar a paisagem urbana a partir da ótica da

“modernização”, mas que, também, buscavam instituir um novo imaginário na cidade e sobre

a cidade, principalmente em relação a três focos de atuação.

O primeiro foco relaciona a urbanização à verticalização, ou seja, à construção de

prédios e outras edificações com vários andares, além de uma visão de cidade ocidental,

verticalizada, com avenidas largas e praças como espaço público de convivência. Várias são

as leis e projetos de lei que buscam atuar nesse sentido em Morrinhos, principalmente na

década de 1960. Como exemplos, apresentamos o projeto de lei n° 33/66 – E, de 26/09/1966,

que foi a primeira tentativa do prefeito Joviano Antônio Fernandes (1966-1969) em buscar

essa verticalização, concedendo estímulos legais e incentivos fiscais para os que desejassem

construir prédios com mais de três andares na cidade. – Isenção fiscal para prédios com mais

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de três andares.

Na justificativa que acompanhava o projeto de lei à Câmara Municipal, estava ainda

escrito que a medida era uma ação intermediária entre a cidade possível e a que se queria,

uma etapa a se conquistar antes do objetivo final de se chegar a um processo de verticalização

realmente urbano. Enquanto isso, o projeto cumpria seu papel inicial de dar “elasticidade ao

prazo para que se (inicia-se) as construções mais arrojadas, como (era) o caso de

estabelecimento bancário, ressaltando-se no momento, o trabalho dinâmico dos dirigentes do

Banco do Brasil e Banco de Minas Gerais, agencia de nossa cidade.”

O segundo projeto nesse sentido foi enviado à câmara em 1967, sob a rubrica de

projeto de lei de n° 7/67. Este projeto retomava o tema das regras para a construção de prédios

na cidade, com expectativas um pouco menores, na medida em que diminuía da ambição de se

construir edifícios acima de três andares para apenas dois andares. A ideia da reestruturação

urbana está presente, mas agora com outra motivação: a estética. Na justificativa que

acompanhava o projeto de lei enviado à Câmara Municipal, lia-se:

Achamos de grande utilidade ao maior embelezamento do aspecto urbanístico de

qualquer cidade interiorana a construção de prédios de mais de dois pavimentos e

sentimos que tem o Poder Executivo a obrigação de dar a maior parcela de

colaboração possível a empreendimentos de tal vulto, isto porque, temos certeza, irá

dar maior incentivo, aqueles que possuem condições, de fazer com que seus capitais

sejam revertidos em obras da natureza que citamos no Projeto de Lei n° 7/67 – E,

que enviamos à esta colenda Câmara, para que seja submetido a apreciação dos

senhores Vereadores.3

O segundo foco de atuação da prefeitura era a busca da criação de uma política de

desenvolvimento industrial no município, de modo a superar a hegemonia da produção

agropecuária. Essa política de desenvolvimento passou pela criação de um pólo industrial,

como foi o caso da maioria dos municípios do Brasil à época. Dois projetos de lei foram

enviados à Câmara Municipal, o primeiro em 1968, projeto de lei nº 13/68, destinado a

concessão de terras para a formação do Pólo Industrial, e o segundo de 1969, projeto de lei

30/69, que criava o próprio Pólo Industrial.

O projeto de lei nº 13/68, em sua apresentação e justificativa, afirmava:

A aprovação do presente Projeto de Lei, oriundo deste Poder Executivo Municipal

incide no progresso e desenvolvimento de nosso município, uma vez que, a

referida área de terras se destinará, como obriga o mesmo, na instalação de mais

uma indústria, que sem dúvida alguma trará grandes e relevantes benefícios à nossa

cidade.

3 Sublinhado acrescentado.

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Morrinhos carece de maior número de Indústrias, pois, com novas instalações

industriais, teremos maior número de empregos e empregados e conseqüentemente

estaremos acompanhado o progresso de nosso Estado que cada vez mais

caminha em busca de seu grande destino.4

E seu artigo primeiro já definia o lugar em que o Pólo seria instalado:

Artigo 1°- É o Poder Executivo autorizado a alienar a Quadra de n° 33 (trinta e três),

situada no Setor Oeste pelo lado direito com a rua 19 e pelo lado esquerdo com

terrenos da Quadra de n° 34 do mesmo loteamento, medindo uma área total de 7.200

m². (sete mil e duzentos metros quadrados), sendo: 90 ms. (noventa metros) pela Av.

“J”; 80 ms. (oitenta metros) pela confrontação da Quadra 34; 90 ms. (noventa

metros) pela rua 1-A e 80 ms. (oitenta metros) pela rua 19. Artigo 3°- O adquirente

da mencionada área deverá utilizá-la na instalação de indústrias, devendo esta

condição constar na respectiva escritura de compra e venda.

Assim como o projeto acima mostra, em sua justificativa, alusão clara à ideia de

progresso e, mais ainda, à noção de um destino certo, de uma vocação do município e da

cidade ao desenvolvimento e progresso, o projeto de lei 30/69 também apelava à ideia de

progresso e desenvolvimento como objetivo a ser conquistado:

Desde quando teve o Poder Executivo Municipal voltados os seus pensamentos para

o incentivo a industrialização em nosso Município, tem procurado por todos os

meios, facilitar condições para que a implantação de indústrias em nossa cidade seja

não uma aspiração, mas sim uma realidade presente.

Com o mesmo pensamento, e que vimos propor a modificação da lei n° 17, certos de

que será mais uma condição que a Prefeitura, sem ficar prejudicada, estará

oferecendo a bem do progresso desta evolução socioeconômica tão carente em

nosso meio.5

O terceiro foco de intervenção do município foi a criação de políticas públicas de

habitação, destinadas não apenas à produção de loteamentos para disponibilizar o acesso à

casa própria ao habitantes do meio urbano, mas, principalmente, como política de atração de

populações da zona rural para o meio urbano, produzindo, ao mesmo tempo, a mão de obra

necessária para as indústrias que se queria atrair para a cidade.

Quase todas as ações para a construção de loteamento dos anos 1960 e 1970 tiveram a

Prefeitura Municipal como protagonista, algumas vezes em parceria com a COHAB e/ou

BNH.6 Nas décadas seguintes o protagonismo do poder público municipal continuou, como

mostra a tabela abaixo.

Tabela 01: Morrinhos: dados dos conjuntos habitacionais populares – 1960-1998.

4 Negrito e sublinhado acrescentados. 5 Negrito e sublinhado acrescentado. 6 COHAB – Companhia de Habitação Popular. BNH – Banco Nacional de Habitação.

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FONTE: Romano, 2006, p. 94.

Romano (2006) mostra que cessão de terras para a construção de conjuntos

habitacionais era anterior à administração do prefeito Joviano Antônio Fernandes. Na

verdade, na administração anterior, do prefeito Manoel de Freitas (1961-1965), foi

estabelecida a primeira legislação sobre o tema, denominada Lei n. 4.132, de 10/09/1962.7

Escrevendo na primeira década do século XXI e observando em retrospecto, Romano (2006),

a partir da análise do processo de desapropriação, construção e entrega de casas, da

reformulação das vias e praças, da definição das políticas de atração das indústrias ao Pólo

Industrial, constatou:

Nesse sentido, a dinâmica do espaço intra-urbano de Morrinhos retrata os

movimentos de sua produção, por meio de sua paisagem, a partir dos elementos que

compõem as formas e funções de sua estruturação. A forma urbana corresponde a

um arranjo ordenado, adquirido ao longo do tempo, a qual conserva um pouco de

seu passado. A cidade tem o seu significado social ao ser criada e usada para

desempenhar o papel para o qual foi produzida. (ROMANO, 2006, p. 74).

As mudanças na paisagem da cidade são perceptíveis ao comparar-se alguns dados dos

municípios nos últimos 60 anos. A primeira mudança, que não pode ser creditada apenas aos

esforços do poder público municipal, já corresponde razoavelmente a um padrão do processo

histórico das últimas décadas, foi a forma como a população urbana suplantou a população

rural, como mostra a tabela abaixo.

Tabela 02: População urbana e rural de Morrinhos – 1950 a 2000.

7 As leis de desapropriação do município de Morrinhos foram confirmadas pelo decreto Expropriatório n. 248,

de 16/04/1998.

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Fonte: IBGE, ano 2000.

A outra mudança se reflete na planta urbana do município. A imagem abaixo mostra a

planta urbana do município de Morrinhos ao longo dos anos de 1964 a 2000. É possível

perceber claramente, a partir das informações do próprio mapa, as mudanças ocorridas na

planta do município.

Imagem 01: Morrinhos – Goiás: processo de expansão urbana (1964-2000).

Fonte: Romano, 2006, p 136.

4. Considerações Finais.

Buscar compreender os processos discursivos de legitimação da transformação do

espaço urbano de Morrinhos é o foco da comunicação, cujos eixos de análise são, em primeiro

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lugar, a busca do entendimento da própria noção de decadência e as representações da

modernidade numa sociedade, antes essencialmente agrária, que se encontra num processo de

transição.

Em segundo lugar, quais as formas utilizadas para as cidades do sul goiano, Morrinhos

em particular, na utilização da experiência de Goiânia ao propor seus próprios projetos de

reurbanização ou planejamento urbano.

Outras questões se impõem, todas, necessariamente, passando pela demonstração de

que uma cidade, mais do que paisagem, natural ou cultural, é um conjunto de equipamentos

feitos por e para sujeitos. Nesse sentido, desvendar os processos de dominação e disputa, de

apropriação, mudança e resistência, é essencial.

Cláudia Romano (2006), com a qual dialogamos mais detidamente a respeito do

processo de reurbanização de Morrinhos não é historiadora, mas sim geógrafa. Ao pensar o

processo de reordenamento urbano de Morrinhos, ou, simplesmente, reurbanização, o faz a

partir das perspectivas da transformação da paisagem e dos usos econômicos da cidade, bem

como, ao analisar a questão da memória, o faz a partir da imagem do patrimônio em vias de

ser preservado.

A preocupação fundamental, tanto da comunicação quanto da pesquisa que lhe deu

origem, é ir além da paisagem, além das próprias transformações urbanas. É entender a forma

como os diversos sujeitos sociais vivenciaram essas transformações deve ser evidenciada,

senão, corre-se o risco de tornar sujeito da narrativa a própria cidade. É, em suma, buscar,

como refletiu Josep Fontana (2004, p. 18) “(...) recuperar os fundamentos teóricos e

metodológicos sólidos que possibilitem ao nosso trabalho nos colocar em contato com os

problemas reais dos homens e mulheres de nosso mundo”, que é – ou deveria ser – no final

das contas, o objetivo final de um trabalho de pesquisa em história.

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