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IMPACTOS DA UTILIZAÇÃO DO E-GOV EM ÓRGÃOS PÚBLICOS: UM ESTUDO DE CASO EM UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA BRASILEIRA Eduardo Fonseca Victoria (Ufpel) [email protected] Rafael Mello Oliveira (Ufpel) [email protected] Alisson Eduardo Maehler (Ufpel) [email protected] A internet modificou a relação entre pessoas, empresas e governos. Assim, entidades públicas e privadas passaram a direcionar atenções à interação por meio eletrônico. Com isso, o surgimento de práticas de governo eletrônico (E-Gov) caracteerizou o processo de utilização de tecnologias de informação como portal de relacionamento entre setor público e privado. Este trabalho visa identificar os benefícios e desvantagens, do ponto de vista econômico e organizacional, da utilização do pregão eletrônico como forma de E-Gov, através da análise do caso de uma universidade pública brasileira. A pesquisa ocorreu em duas etapas, sendo a primeira envolvendo entrevistas com os responsáveis pelo setor de licitações da universidade e a segunda através da pesquisa documental dos dados contidos nas atas de compras feitas pela universidade através da utilização do portal Comprasnet, sítio oficial de compras do governo federal. Foram constatadas vantagens em utilizar o meio eletrônico de licitação, como: melhoria na estrutura tecnológica da instituição, agilidade nos processos e maior transparência. A redução de gastos em aquisições de bens e serviços com o uso do pregão eletrônico foi bastante acentuada no período analisado. Por outro lado, foram identificados problemas quanto à assistência técnica para produtos adquiridos pela universidade, bem como desestímulo às empresas da região, que perderam mercado para concorrentes de outras regiões do país. Palavras-chaves: Governo-eletrônico; compras; setor público. XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão. Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009

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IMPACTOS DA UTILIZAÇÃO DO E-GOV

EM ÓRGÃOS PÚBLICOS: UM ESTUDO

DE CASO EM UMA UNIVERSIDADE

PÚBLICA BRASILEIRA

Eduardo Fonseca Victoria (Ufpel)

[email protected]

Rafael Mello Oliveira (Ufpel)

[email protected]

Alisson Eduardo Maehler (Ufpel)

[email protected]

A internet modificou a relação entre pessoas, empresas e governos.

Assim, entidades públicas e privadas passaram a direcionar atenções à

interação por meio eletrônico. Com isso, o surgimento de práticas de

governo eletrônico (E-Gov) caracteerizou o processo de utilização de

tecnologias de informação como portal de relacionamento entre setor

público e privado. Este trabalho visa identificar os benefícios e

desvantagens, do ponto de vista econômico e organizacional, da

utilização do pregão eletrônico como forma de E-Gov, através da

análise do caso de uma universidade pública brasileira. A pesquisa

ocorreu em duas etapas, sendo a primeira envolvendo entrevistas com

os responsáveis pelo setor de licitações da universidade e a segunda

através da pesquisa documental dos dados contidos nas atas de

compras feitas pela universidade através da utilização do portal

Comprasnet, sítio oficial de compras do governo federal. Foram

constatadas vantagens em utilizar o meio eletrônico de licitação,

como: melhoria na estrutura tecnológica da instituição, agilidade nos

processos e maior transparência. A redução de gastos em aquisições

de bens e serviços com o uso do pregão eletrônico foi bastante

acentuada no período analisado. Por outro lado, foram identificados

problemas quanto à assistência técnica para produtos adquiridos pela

universidade, bem como desestímulo às empresas da região, que

perderam mercado para concorrentes de outras regiões do país.

Palavras-chaves: Governo-eletrônico; compras; setor público.

XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão.

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1. Introdução

O crescimento da utilização de tecnologias de informação (TI) por empresas e pessoas

físicas, impulsionou um avanço significativo da rede mundial de computadores (World Wide

Web), bem como a geração de novas tecnologias e facilidades com vista à conectividade das

pessoas e melhoria de processos antes morosos.

Acompanhando a necessidade de informatização, atualmente bastante visível no

mercado, os órgãos públicos passaram a utilizar as TI para composição de seus bancos de

dados, aumentar a agilidade em processos internos e, atualmente, para prestação de serviços e

execução de processos por meio eletrônico. O chamado governo eletrônico reflete um novo

modelo de relacionamento entre governo, cidadãos e fornecedores, no contexto da economia

digital.

A implementação de sistemas de informação com utilização da internet em governos

data de antes da década de 90, no início da popularização da rede mundial de computadores.

No Brasil, o marco inicial do governo eletrônico pode ser atribuído à criação do grupo de

trabalho interministerial, através do decreto presidencial de 3 de abril de 2000, embora desde

1992 já houvesse iniciativas nesse sentido. Desde então, o governo brasileiro vem

implementando um conjunto de projetos e iniciativas de E-Gov a fim de assimilar novas

concepções, tecnologias e práticas de gestão (MEDEIROS e GUIMARÃES, 2006).

Inúmeros órgãos e empresas do governo já utilizam a TI para serviços e consultas via

Web. É o caso dos Correios, que oferece ao usuário a consulta de localização de encomendas

em tempo real; da Polícia Federal, que atende apenas por agendamento e pré-cadastro, ambos

feitos exclusivamente via internet e mais inúmeros outros órgãos públicos, como as

universidades, que realizam várias atividades administrativas, além da compra de bens e

contratação de serviços, através do sistema de governo eletrônico.

Especificamente no caso da aquisição de bens e serviços, o emprego de TI em

processos por parte dos governos brasileiros começou com a lei nº 10.520, de 17 de julho de

2002 (BRASIL, 2002), que regulamenta a modalidade de compra por pregão e habilita a

implementação de pregão eletrônico. Mais tarde, através do decreto 5.504 de agosto de 2005,

fica deflagrada a preferência por pregão na forma eletrônica, para aquisições e contratações de

bens e serviços comuns no âmbito da administração pública (BRASIL, 2005).

O pregão eletrônico no Brasil ocorre através do portal de compras públicas do

Governo Federal (portal Comprasnet), e funciona como um leilão reversoi no qual a disputa

ocorre com o envio sucessivo de lances decrescentes pela internet. Dados divulgados

diariamente neste site revelam economia na ordem de 8,2 bilhões de reais desde o começo da

utilização do pregão eletrônico, no ano de 2003. No ano de 2007 o uso desta modalidade de

compra gerou uma economia de R$ 3,2 bilhões ao Governo Federal (BRASIL, 2008).

Dado a importância do tema apresentado, os objetivos deste trabalho compreendem

identificar e apresentar o impacto da utilização do E-Gov em órgãos públicos brasileiros, mais

especificamente em uma universidade pública, ressaltando os aspectos financeiros e

estruturais, bem como as vantagens e desvantagens da implementação do sistema de pregão

eletrônico em uma universidade. Para tanto, este artigo encontra-se estruturado da seguinte

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forma: na seção 2 encontra-se a revisão de literatura; na seção 3 descrevem-se os aspectos

metodológicos; na seção 4 são apresentados e discutidos os resultados e por fim, na seção 5

são traçadas as conclusões.

2. Revisão da literatura

A evolução tecnológica e as facilidades geradas com o uso de computadores e das

tecnologias desenvolvidas para estes equipamentos impulsionaram investimentos de empresas

privadas e governos de todo o mundo, inclusive do Brasil.

Para melhor abordar a temática do governo eletrônico, mais especificamente o pregão

eletrônico, dividiu-se a revisão bibliográfica, como segue.

2.1. Tecnologia da informação no mundo e no Brasil

Desde o início do desenvolvimento da TI os governos já protagonizavam estudos

sobre esta ferramenta. Equipamentos de informática passaram a ser utilizados para

armazenamento de dados e formulação de cálculos por governos interessados em agilizar seus

processos. Nas empresas, a aplicação era mais voltada para cálculos de folha de pagamento e

para contabilidade (DIAS e REINHARD, 2005).

Na década de 70, quando entravam em operação as primeiras conexões internacionais

e aquilo que viria a ser chamado de internet, também estava sendo criado o primeiro modelo

de microcomputador. As empresas já haviam adaptado sua estrutura para implementar

sistemas mais aprimorados de informática. No Brasil, na mesma época, a Empresa Brasileira

de Telecomunicações (EMBRATEL), recebia a determinação, pelo Decreto n.° 301, de abril

de 1975, de prover a instalação e explorar uma rede nacional de transmissão de dados.

De fato, o estopim para o incremento no investimento pelas empresas e governos em

tecnologias de informação foi a percepção da irreversível popularização dos

microcomputadores e da internet iniciados nos anos 80. A partir daí, muitas empresas

passaram a investir em bancos de dados aprimorados, que gerassem possibilidades de

vantagem competitiva. No Brasil, os bancos iniciaram o processo de informatização dos

procedimentos internos e oferta de serviços eletrônicos para seus clientes (GUROVITZ,

1997).

Percebe-se a evolução tecnológica pelo exemplo da Estônia, país europeu que em 1991

não tinha nenhum computador pessoal e que em 2001 aparecia entre os 20 países mais

informatizados e conectados do mundo (HOLMES, 2001). O número de hosts - computadores

ou redes de computadores que hospedam sites da internet (MARTINELI, 2001) - em todo o

mundo, era de 213 em agosto de 1988 e, em janeiro de 2008 já eram mais de 540 milhões,

segundo a Network Wizard (2008), especializada em pesquisas sobre dados estatísticos da

internet.

Quando se constata o volume de acessos diários a todo este conteúdo, fica clara a

necessidade das empresas e dos governos direcionarem os canais de relacionamento para a

plataforma da internet visando atingir o maior número possível de pessoas. Conforme os

objetivos deste trabalho, o foco será dado ao governo eletrônico, cujos conceitos são

apresentados a seguir.

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2.2. Governo Eletrônico

A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) que realiza

estudos sobre as práticas governamentais, define o termo Governo Eletrônico, ou E-Gov como

a utilização da tecnologia da informação, principalmente a internet, como ferramenta de

alavancagem a um governo melhor (OECD, 2003).

O forte relacionamento criado pelo setor privado com os cidadãos, por meio

eletrônico, levou os governos a investir em modernização de equipamentos e criação de sites e

portais de internet para atender às demandas dos cidadãos e aumentar a visibilidade do

governo (PASCALE, 2005).

No Brasil, a implementação do E-Gov, segundo a definição anterior, tem início no ano

de 1994, quando é instituído pelo governo federal o Sistema de Administração dos Recursos

de Informação e Informática, que tinha como função realizar o planejamento, coordenação e

operação dos recursos de informação e de informática para o governo. No entanto, o Sistema

Integrado de Comercio Exterior (SISCOMEX) já operava desde 1992, o que leva a considerar

este como sendo um dos primeiros serviços de governo eletrônico brasileiro (PERSEGONA e

ALVES, 2004).

Segundo Pascale (2005) e Parreiras et al. (2004), as ações do governo brasileiro para

promoção de governo eletrônico iniciaram oficialmente em 1995, com a criação do Plano

Diretor da Reforma do Estado, posteriormente reforçadas pelo Plano Plurianual 2000-2003, o

Avança Brasil. A partir de então foi criado o Grupo de Trabalho em Tecnologia da

Informação (GTTI), no ano 2000. Este grupo, composto por integrantes de vários ministérios,

ficou encarregado de examinar e propor diretrizes e normas que regulassem as novas formas

de interação eletrônica (PASCALE, 2005).

Pouco tempo após a criação do GTTI e posterior estabelecimento do Comitê

Executivo do Governo Eletrônico (CEGE) muitos órgãos do governo brasileiro já

disponibilizavam inúmeros serviços através de sites e portais de internet. Pascale (2005),

afirma que o trabalho desenvolvido pelo GTTI resultou no Modelo Conceitual do Governo

Eletrônico Brasileiro, enfatizando abordagens mundialmente conhecidas como:

G2C (Government to Citizen) - Relacionamento do Governo com os Cidadãos

– Trata-se das interações entre governo e cidadãos direcionadas à prestação de

serviços, oferta de informações, realizadas utilizando a internet;

G2B (Government to Business) - Relacionamento do Governo com o Setor

Privado – Diz respeito às interações de caráter transacional realizadas entre

governo e empresas no intuito de disponibilizar eletronicamente, serviços que

possibilitam estabelecimento, funcionamento e encerramento de atividades

empresariais;

G2G (Government to Government) - Relacionamento do Governo com outros

entes e órgãos do Governo – Compreende as interações entre as várias esferas

dos governos federal, estaduais e municipais, e internamente em cada um dos

órgãos nas suas subdivisões. Acontece quando há, entre os envolvidos,

compartilhamento de dados e troca eletrônica informações;

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G2E (Government to Employee) - Relacionamento do Governo com o Servidor

Público – São as interações entre governo e servidores públicos envolvendo

prestação de informações, treinamento, promoção da gestão do conhecimento e

comunicação.

Por iniciativa do Ministério da Ciência e Tecnologia, foi também elaborado o

programa Sociedade da Informação (Socinfo/MCT). Este programa tinha como uma das

principais linhas de ação, o apoio à implementação do comércio eletrônico e a oferta de novas

formas de trabalho, por meio do uso intensivo de tecnologias da informação (PASCALE,

2005). Em se tratando de comércio eletrônico, uma das preocupações do governo foi

desenvolver uma metodologia de trabalho que proporcionasse a democratização do acesso das

empresas às licitações, surgindo assim o modelo de pregão eletrônico apresentado a seguir.

2.3. Pregão Eletrônico

Menezes et al. (2007) afirmam que exemplos bem sucedidos de utilização da internet

para negociações de bens e serviços, em especial o alto volume de negócios (US$ 24 bilhões)

alcançados em 2003 pelo site eBay, impulsionaram a criação de mecanismos para funcionar

no formato de um leilão reverso, para aquisições de empresas (B2B) e para compras públicas

(B2G). Assim, o pregão eletrônico, que ocorre através do portal de compras públicas do

Governo Federal, funciona como um leilão reverso no qual a disputa ocorre com o envio

sucessivo de lances decrescentes pela internet.

No Brasil, em órgãos públicos de âmbito federal, a utilização da modalidade eletrônica

de leilões reversos teve inicio com a regulamentação desta prática, por meio do decreto n°

5.450, de 31 de maio de 2005 (BRASIL, 2005). A partir daí, a criação do portal Comprasnet

possibilitou a implantação do sistema de pregão eletrônico em inúmeros órgãos da

administração federal.

Uma das inovações considerada vantajosa por Vasconcelos (2005), foi a inversão das

fases de habilitação e de análise de propostas, quando passou-se a ter a checagem de

documentos apenas do fornecedor que apresenta a melhor proposta, e não mais dos

documentos de todos os participantes do processo, como ocorria anteriormente.

Freitas (2006) defende que esta modalidade apresenta três fatores interessantes à sua

utilização em detrimento de outros métodos licitatórios. São eles: a maior transparência e

diminuição de fraudes; a agilidade do processo e a redução dos gastos. O primeiro fator se

explicaria pelo fato de, com a utilização desse sistema, qualquer pessoa que possua um

computador conectado à internet pode acessar informações sobre as fases da licitação. O

segundo fator apontado, agilidade, seria possível pela desburocratização e pela ausência da

necessidade de deslocamento de representante do fornecedor, exigido na licitação presencial.

Tais aspectos seriam responsáveis pela redução em até três meses do prazo de conclusão de

um processo de compra, em comparação a processos de licitação comuns. Quanto à redução

de gastos, é facilmente perceptível, haja vista o aumento no número de empresas

concorrentes, sendo que todas necessitam oferecer o melhor preço para serem habilitadas.

Menezes et al. (2007) explica que o leilão reverso, nos moldes utilizados para compras

públicas atualmente, tem por critério avaliar os fornecedores pelo menor preço. Por este

motivo, afirma Freitas (2006), a utilização do sistema em São Paulo representou economia de

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R$ 1,7 bilhões, em um ano e meio. Por seu turno, o Governo Federal percebeu redução de

31,5% nos gastos previstos após implementação do sistema. Este tipo de avaliação, de

economia e redução nos gastos, bem como a questão da análise das vantagens e desvantagens

da utilização do pregão eletrônico em uma instituição federal são, como apresentado

anteriormente, objetivos deste trabalho. Para conseguir satisfazer esses objetivos são

apresentados os aspectos metodológicos a seguir.

3. Aspectos metodológicos

A pesquisa aqui apresentada se caracteriza por ser de natureza exploratória, dado que

tem como objetivo principal compreender a situação problema, bem como identificar cursos

relevantes de ação sob uma visão geral (MALHOTRA, 2006), analisar aspectos financeiros e

estruturais, bem como as vantagens e desvantagens da implementação do sistema de pregão

eletrônico.

Como o objetivo do trabalho é identificar e apresentar o impacto da utilização do E-

Gov em órgãos públicos brasileiros, mais especificamente em uma universidade pública

brasileira, optou-se por realizar um estudo de caso. Yin (2001) o define como sendo uma

investigação empírica que pesquisa um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto na

vida real, quando os limites entre fenômeno e contexto não são claramente evidentes e no qual

fontes múltiplas de evidência são utilizadas. Assim, tal metodologia contribuiu para a

compreensão dos fenômenos individuais e organizacionais relacionados à temática aqui

trabalhada.

A universidade analisada foi escolhida como estudo de caso tendo em vista seu

renome no cenário nacional, a implementação de ferramentas de E-Gov ter se dado há mais de

dois anos e por se encontrar mais próxima dos pesquisadores. É uma universidade pública, de

médio porte, e está localizada na região sul do Brasil. Possui em torno de 10 mil alunos,

divididos em cursos de graduação, pós-graduação (lato e strictu senso) e cursos seqüenciais.

Possui também cerca de 1.100 funcionários e 900 docentes, entre efetivos e temporários. Em

fase de modernização, tem investido fortemente em tecnologia e gestão, especialmente nas

áreas administrativas da universidade, como é o caso do setor de compras.

Na análise do caso em questão, vários dados foram coletados com o intuito de melhor

responder aos problemas formulados. Nesse sentido, dados quantitativos, obtidos por meio de

pesquisa documental, foram coletados, armazenados e analisados. A abordagem quantitativa,

segundo Richardson (1999), pode ser empregada tanto em modalidades de coleta de

informações, quanto no tratamento delas por meio de técnicas estatísticas. Esse método

garante ao pesquisador maior confiabilidade dos dados, já que os mesmos são “exatos”,

evitando distorções de análise e permitindo uma margem de segurança quanto ao resultado da

pesquisa.

A pesquisa documental teve grande importância, já que envolveu consulta às atas de

compras da universidade analisada. As atas foram obtidas pelo site de acesso público

www.comprasnet.gov.br, ligado ao Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão. Este

site, como já foi colocado, concentra as informações de compras e licitações de todos os entes

da administração pública federal, sendo uma ferramenta oficial de gestão de compras no

Brasil.

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Figura 1: Site do sistema Comprasnet e interface de acesso às atas de compras.

Fonte: Brasil (2008).

A coleta dos dados foi realizada entre os meses de março a julho de 2007. Os dados

pesquisados nas atas referem-se ao período de 23 de agosto de 2005 a 11 de julho de 2007, ou

seja, cerca de dois anos. Foram coletados dados quanto ao valor orçado de cada item

comprado e seu valor pago efetivamente, nome do fornecedor, data, quantidades, tipo de

unidade (frasco, comprimido, ampola entre outros), a fim de se analisar a economia

proporcionada. Vale ressaltar que a compra só pode ser efetuada se o valor pago é igual ou

menor que o valor orçado, como determina a Lei das Licitações.

A Figura 2 a seguir detalha o procedimento para que seja encontrada a unidade

administrativa desejada. Pode se localizar a mesma pelo nome (campo lista de órgãos) ou pelo

código UASG (campo à esquerda, unidade de compra).

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Figura 2: Busca por atas de compras por instituição

Fonte: Brasil (2008).

Na Figura 2, por uma questão de confidencialidade em relação ao nome da instituição

pesquisada, optou-se por não colocar o código UASG (unidade de compra) e nem mesmo o

nome. Selecionando-se “ok” na tela apresentada, uma nova tela irá aparecer, com todas as atas

disponíveis no período buscado. Podem ser realizados filtros na busca, por data, modalidade

de pregão, órgão buscado, unidade de federação entre outros. A interface é bastante amigável

e facilita até mesmo para o cidadão comum que pode não possuir maiores conhecimentos em

informática.

Paralelo à coleta de dados das atas pesquisadas, foram realizadas entrevistas em duas

oportunidades, sendo a primeira em abril de 2007 e a segunda em abril de 2008. As

entrevistas tiveram por objetivo verificar se houve mudanças na percepção dos pregoeiros,

bem como atualizar alguns dados verificados anteriormente, visando a renovação das

informações obtidas e uma possível complementação dos mesmos. As entrevistas foram

realizadas com o pregoeiro oficial da universidade pesquisada, bem como com dois

assistentes de compras, todos funcionários efetivos da universidade. A mesma se deu por

meio de um questionário semi-estruturado, com perguntas abertas, baseado na literatura

pesquisada.

A seguir, são apresentados os resultados da pesquisa realizada, bem como sua análise.

4. Resultados e análise

A universidade estudada implementou o pregão eletrônico em julho de 2005, porém

este só entrou em funcionamento em agosto do mesmo ano. Do início da utilização até agosto

de 2007, foram economizados R$ 3.609.794,00, enquanto o valor previsto para aquisição de

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bens e serviços no período em questão era de R$ 10.935.654,00, tendo sido desembolsados

R$ 7.325.859,00. Isto representa uma economia de 33%.

Nas atas de compras analisadas, que são de domínio público, as informações

disponíveis são bastante completas e detalhadas, permitindo tanto ao pesquisador quanto ao

cidadão, além do órgão público, possuir uma clara noção dos valores orçados e pagos. Há

informações sobre fornecedores, valores, quantidades compradas, datas e horários bem como

uma transcrição do diálogo entre o pregoeiro e fornecedores.

Durante o período analisado foram adquiridos 5.633 itens. Destes 11,20% (631 itens)

não apresentaram economia, isto é, o valor negociado foi igual ao valor estimado, enquanto

88,80% (5.002 itens) obtiveram economia, tendo sido negociados a um valor abaixo do

estimado. A Figura 3 a seguir apresenta os resultados que foram encontrados com relação aos

percentuais de economia utilizando a modalidade de pregão eletrônico.

Figura 3: Percentual de economia dos itens adquiridos pela universidade analisada

Conforme evidencia a Figura 3, dentre os itens comprados na situação “economia”,

19,80% (1.120 itens) foram adquiridos pela metade ou menos da metade do preço estimado. A

maioria dos itens que obtiveram economia, isto é, 68,90% (3.882 itens) apresentaram uma

redução de até 50% dos preços inicialmente propostos, o que pode ser considerado um valor

substancial. Por outro lado, apenas 11,20% (631 itens) não obtiveram economia.

Como item, entende-se no caso analisado uma séria de insumos utilizados na

universidade. Os mesmos compreendem uma gama de produtos que passa por materiais

hospitalares, utilizados no hospital-escola da universidade; medicamentos e produtos

veterinários, bem como rações e equipamentos para o hospital veterinário; material de

escritório, para as atividades acadêmicas e administrativas; material de consumo, como

produtos de limpeza; máquinas e equipamentos, que incluem desde microscópios a tratores

utilizados na fazenda-escola, entre outros.

Não apareceram distinções significativas de economia por tipo de insumo. Ou seja, os

percentuais encontrados são médias e incluem a soma de todos os itens adquiridos no período

Percentuais de economia utilizando

pregão eletrônico

Economia

nula

11%

Até 50% de

economia

69%

Mais de

50% de

economia

20%

Economia nula

Até 50% de

economia

Mais de 50% de

economia

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analisado. Contudo, há que se perceber uma busca por redução de custos em todas as

compras, quer sejam itens de grande ou reduzido valor. Como será mostrado adiante,

fornecedores locais, habituados a realizarem operações com a universidade, foram perdendo

mercado para concorrentes de outras regiões. Há, neste sentido, uma pressão significativa

sobre o empresário, para que o mesmo reduza seus custos e consequentemente o preço de

venda, afetando muitas vezes a qualidade do item vendido aos órgãos públicos.

Os pregoeiros entrevistados identificaram uma melhoria significativa na estrutura

tecnológica do setor de compras da universidade. Segundo eles, para a implementação do

sistema de pregão eletrônico, foram adquiridos computadores novos, instalada uma rede de

acesso à internet de banda larga e a sala destinada a estes funcionários foi adaptada para

funcionar com as novas características advindas da aplicação da TI nos processos de aquisição

de bens. Após pouco mais de um ano, novamente houve um upgrade nos equipamentos de

informática e a conectividade à internet foi melhorada e estabilizada.

Outra vantagem apontada é com relação à duração dos processos de compra, que,

antes do início da utilização da modalidade de pregão eletrônico, afirmam os funcionários,

necessitavam de trinta a quarenta dias para serem concluídos. Agora duram, em média, vinte e

cinco dias.

Além disso, por não serem encaminhadas previamente todas as propostas para análise,

e isto só pode ser feito depois de realizado o pregão e determinado o primeiro colocado (único

que envia documentação), o tempo despendido com a análise (manual) de um volume

considerável de documentos em papel, teve uma redução acentuada. Isso contribuiu também

com a redução do alto índice de arquivamento de documentos em papel.

A facilidade de utilização do sistema informatizado é tida por todos como um fator

preponderante para a agilidade dos processos. Além do que, os entrevistados dizem ter notado

uma enorme economia gerada pelo novo procedimento e acreditam ter havido maior volume

de compras, impulsionadas por esta disponibilidade extra de recursos oriundos de tal

economia (embora, como mencionado, tal economia seja advinda de uma piora da qualidade).

Outra vantagem é a transparência deste modelo de compras públicas, apontada pelos

pregoeiros em dois momentos. Eles notam uma clareza nos processos, inicialmente pelo fato

de o funcionário responsável pelo pregão não conseguir visualizar quais empresas participam

da licitação até que esta esteja finalizada. Algo que, na visão deles, coíbe práticas ilegais e

exime o operador de qualquer suspeita de irregularidades. Outro fator citado é a

disponibilidade e facilidade de acesso, por qualquer cidadão, aos resultados das contratações,

através das atas disponibilizadas livremente no portal Comprasnet.

Para os entrevistados, a divulgação das licitações no site da universidade e no portal

Comprasnet e os procedimentos informatizados possibilitaram um aumento na abrangência

dos processos de aquisição da instituição. Isto, segundo eles, teria ocasionado a participação

de um maior número de empresas de outras regiões do país, o que contribuiu para a economia

com a redução dos preços.

Contudo, os pregoeiros notaram uma desvantagem logo nos primeiros pregões. Os

fornecedores locais teriam perdido espaço nas contratações por não conseguir oferecer

melhores preços do que empresas de outras regiões. Não obstante, identificaram uma

dificuldade maior com relação à assistência técnica local para alguns produtos adquiridos, o

que exigiu que fosse incluída esta exigência nos processos licitatórios posteriores.

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As vantagens identificadas pelos entrevistados para os fornecedores foram: a

diminuição dos gastos com emissão e remessa de documentos, proporcionados pela inversão

de fases; a possibilidade de vender sem sair de “casa”, dado que para toda licitação é enviado

um e-mail para todos fornecedores cadastrados por linha de fornecimento, informando sobre

novos processos; a redução do tempo de espera pelo resultado da operação de compra e a

redução de gastos com pessoal, pois o processo do pregão permite que a empresa tenha menos

representantes comerciais.

Para a universidade, os benefícios encontrados são: tempo ganho pela agilidade do

processo; economia, dado aos menores custos e a maior quantidade de ofertas, que pelo

aumento na competição reduzem o preço dos produtos comprados; a redução da burocracia e

de documentos; o fato de não haver contato direto com fornecedores e a transparência, pois

todos os cidadãos podem acompanhar on-line os processos, ficando claro o que se compra,

quem vende e quanto se paga pelos produtos.

5. Conclusões

Após analisar os resultados, percebeu-se que as afirmações de Freitas (2006) e

Vasconcelos (2005), quanto às vantagens da utilização da modalidade eletrônica de pregão, se

confirmam no caso analisado. Verificou-se maior transparência e diminuição de fraudes;

aumento na agilidade do processo; a redução dos gastos e redução do tempo total do processo

e acúmulo de documentos, com a inversão das fases de habilitação e de análise de propostas.

Além destes aspectos apontados pelos autores, a universidade como um todo se favoreceu da

melhoria na infra-estrutura tecnológica impulsionada pela utilização do novo sistema. Novas

capacitações foram utilizadas e novas competências criadas.

A maior democratização das informações e dos processos públicos foi também

verificada no caso analisado, visto que mais empresas participaram dos processos licitatórios,

o que também gerou um aumento na competitividade entre os participantes levando mais uma

vez a se perceber a redução dos preços cobrados pelos produtos. Há que se ressaltar

novamente a necessidade de preparo, por parte dos fornecedores, em atender a demanda

pública, focando em redução de custos e melhoria tecnológica.

A agilidade do processo foi constatada pela redução de tempo total das compras,

obtendo ganhos de até quinze dias com relação aos outros tipos de licitação. A substituição de

alguns documentos, antes impressos, por arquivos digitais, proporcionou diminuição da

necessidade de espaço físico para fins de arquivo, bem como ajudou na redução do tempo

demandado em análise e dos custos das operações. Os documentos digitais ficam

armazenados no site do Comprasnet, sendo localizados pelo nome da instituição a que

pertencem, podendo ser baixados a qualquer momento e por qualquer pessoa, facilitando o

acesso e permitindo maior mobilidade ao servidor público.

Os valores economizados foram expressivos, conforme mostrado na Figura 2,

verificando que a utilização de práticas de E-Gov, como o pregão eletrônico, além de

vantajosas no sentido de democratizar o acesso a informações de governo, sendo assim

interessantes aos cidadãos, se mostram eficientes também como ferramenta de redução de

gastos em compras públicas, olhando assim para o bem público.

Concluindo, esse trabalho atendeu os objetivos propostos, mostrando os impactos

financeiros e estruturais, bem como as vantagens e desvantagens da implementação do

sistema de pregão eletrônico em uma universidade pública federal. No entanto, outros

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trabalhos que caracterizem a utilização do E-Gov no setor público são necessários para que se

consiga ter um aparato científico mais consistente de pesquisas no segmento e que possam

servir, futuramente, para os tomadores de decisão agirem em prol do bem comum.

Por exemplo, sugerem-se estudos que analisem o impacto para as empresas locais, dos

processos de compra por meio de pregão eletrônico, uma vez que o escopo de compras passa

a considerar todo o país. Especialmente o caso de empresas com menores economias de

escala, que parecem ser mais afetadas, necessitam ser melhor estudadas. Além disso, pode-se

investigar qual categoria de itens possui maiores percentuais de descontos, o que

especificamente não foi o objetivo deste trabalho. Ressalta-se a necessidade de criação de

mecanismos de mensuração de desempenho e qualidade dos insumos adquiridos, pois

observou-se no meio acadêmico um certo descontentamento com itens que não possuem boa

qualidade, devido ao foco excessivo na questão preço, determinado inclusive pela Lei das

Licitações Públicas (Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002, que trata do pregão eletrônico ).

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