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www.congressousp.fipecafi.org 1 Implantação da Nova Contabilidade Aplicada ao Setor Público: os Impactos, Mudanças e Ganhos Observados Pelos Profissionais da Contabilidade da Administração Direta e Indireta do Município de Belo Horizonte-MG. MARÍLIA CELESTINO XAVIER Escola de Contas e Capacitação Prof. Pedro Aleixo FLÁVIA DE ARAÚJO E SILVA Universidade Federal de Minas Gerais RESUMO O presente trabalho tem como objetivo identificar os maiores impactos, mudanças e ganhos observados pelos profissionais contábeis da administração direta e indireta do município de Belo Horizonte MG em decorrência do processo de implantação das Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBCASP). Estas iniciaram no Brasil um processo de implantação da Nova Contabilidade Aplicada ao Setor Público (NCASP) com o objetivo de padronizar e trazer à tona a Contabilidade Pública como instrumento de gestão, controle e accountability no país. Impulsionados pela necessidade de consolidação das contas públicas nacionais e de convergência aos padrões internacionais de contabilidade, iniciou-se na Federação, em meados de 2008, um processo de padronização da Contabilidade Aplicada ao Setor Público (CASP), tendo como principais atores desse processo o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e a Secretaria do Tesouro Nacional (STN). No município de Belo Horizonte, o processo de convergência iniciou-se em 2011 com a instituição do Grupo Técnico para Implantação da nova Contabilidade Aplicada ao Setor Público (GT-CASP), com o objetivo de estudar e implementar todas as adequações necessárias à implantação da nova Contabilidade Aplicada ao Setor Público no Município. A metodologia utilizada para alcançar o objetivo se utilizou principalmente da aplicação de questionário aos profissionais da contabilidade e posterior entrevista junto à contadora geral do município, onde são questionados os resultados obtidos através da aplicação do questionário. O estudo demonstrou que a implantação do novo modelo trouxe grandes ganhos na qualidade da informação, maior atribuição de responsabilidade para os contadores, necessidade de educação continuada por parte destes, grandes intervenções em sistemas de Tecnologia da Informação (TI), mudanças em processos e evidenciou a falta de preparação antecipada dos atores envolvidos. Palavras chave: Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público. Nova Contabilidade Aplicada ao Setor Público. Impactos, mudanças e ganhos observados pelos profissionais da contabilidade. Contabilidade Pública como instrumento de gestão, controle e accountability. Consolidação das Contas Públicas.

Implantação da Nova Contabilidade Aplicada ao Setor Público ......Público, abrangendo as NBCASP, o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP) e as Demonstrações Contábeis

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Implantação da Nova Contabilidade Aplicada ao Setor Público: os Impactos, Mudanças

e Ganhos Observados Pelos Profissionais da Contabilidade da Administração Direta e

Indireta do Município de Belo Horizonte-MG.

MARÍLIA CELESTINO XAVIER

Escola de Contas e Capacitação Prof. Pedro Aleixo

FLÁVIA DE ARAÚJO E SILVA

Universidade Federal de Minas Gerais

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo identificar os maiores impactos, mudanças e

ganhos observados pelos profissionais contábeis da administração direta e indireta do

município de Belo Horizonte – MG em decorrência do processo de implantação das Normas

Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBCASP). Estas iniciaram no Brasil

um processo de implantação da Nova Contabilidade Aplicada ao Setor Público (NCASP) com

o objetivo de padronizar e trazer à tona a Contabilidade Pública como instrumento de gestão,

controle e accountability no país. Impulsionados pela necessidade de consolidação das contas

públicas nacionais e de convergência aos padrões internacionais de contabilidade, iniciou-se

na Federação, em meados de 2008, um processo de padronização da Contabilidade Aplicada

ao Setor Público (CASP), tendo como principais atores desse processo o Conselho Federal de

Contabilidade (CFC) e a Secretaria do Tesouro Nacional (STN). No município de Belo

Horizonte, o processo de convergência iniciou-se em 2011 com a instituição do Grupo

Técnico para Implantação da nova Contabilidade Aplicada ao Setor Público (GT-CASP), com

o objetivo de estudar e implementar todas as adequações necessárias à implantação da nova

Contabilidade Aplicada ao Setor Público no Município. A metodologia utilizada para alcançar

o objetivo se utilizou principalmente da aplicação de questionário aos profissionais da

contabilidade e posterior entrevista junto à contadora geral do município, onde são

questionados os resultados obtidos através da aplicação do questionário. O estudo demonstrou

que a implantação do novo modelo trouxe grandes ganhos na qualidade da informação, maior

atribuição de responsabilidade para os contadores, necessidade de educação continuada por

parte destes, grandes intervenções em sistemas de Tecnologia da Informação (TI), mudanças

em processos e evidenciou a falta de preparação antecipada dos atores envolvidos.

Palavras chave: Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público.

Nova Contabilidade Aplicada ao Setor Público. Impactos, mudanças e ganhos observados

pelos profissionais da contabilidade. Contabilidade Pública como instrumento de gestão,

controle e accountability. Consolidação das Contas Públicas.

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1. INTRODUÇÃO

A discussão sobre as novas normas de contabilidade como instrumento de gestão

controle e accountability tem encontrado grande espaço nos dias atuais. Nesse contexto a

contabilidade pública tem passado por várias transformações nos últimos anos. A

globalização, a maior demanda por prestação de contas e responsabilização (accountability)

daqueles responsáveis por gerir os erários somados à necessidade de uma gestão efetiva dos

recursos, devido a uma crescente demanda por melhores serviços públicos, foram os

propulsores do início do processo de implantação de um novo modelo de contabilidade

pública.

No Brasil, esse processo de transformação, que recebeu o título de Convergência aos

Padrões Internacionais de Contabilidade, teve seu início no setor privado e se estendeu para o

setor público (Rissardo & Tres, 2015).

Assim, no setor público, o processo de implantação do novo modelo contábil foi

iniciado com a reformulação das normas contábeis adaptando-as às normas internacionais,

surgindo as Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público no ano de 2008.

O Conselho Federal de Contabilidade foi o responsável por essa adaptação das normas

contábeis aos padrões internacionais.

Posteriormente, a Secretaria do Tesouro Nacional, mediante atribuições a ela conferidas

por meio da portaria n. 184, de 25 de agosto de 2008, editada pelo Ministério da Fazenda

(MF), iniciou a publicação de instrumentos que passaram a auxiliar a federação no processo

de convergência e implantação do novo modelo contábil. Exemplos desses instrumentos são

os Manuais de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP) e as Instruções de

Procedimentos Contábeis (IPC).

Nascimento (2008) apresentou alguns parâmetros, desafios e benefícios da implantação

do novo modelo contábil no Brasil, destacando como maior benefício, em termos

institucionais, a transparência das finanças públicas em todos os seus desdobramentos,

evitando assim, práticas de corrupção ou de má gestão dos recursos públicos.

Iniciado o processo de implantação do novo modelo contábil, torna-se relevante o

levantamento dos impactos, mudanças e ganhos observados pelos atores diretamente

envolvidos nessa mudança. A identificação dos desafios realmente encontrados, dos entraves

e dos benefícios identificados torna-se essencial para uma análise do processo de

convergência já implantado até então.

Deste modo, o presente trabalho tem o objetivo de identificar as principais mudanças,

impactos e ganhos observados pelos profissionais da contabilidade da administração direta e

indireta do município de Belo Horizonte em decorrência da implantação das NBCASP, tendo

como objetivos específicos: a) identificar a percepção sobre a condução do processo de

implantação das normas contábeis nos órgãos e no município; b) levantar a percepção acerca

das mudanças e impactos suportados pelos profissionais da contabilidade nos processos

organizacionais com o processo de convergência; c) identificar a percepção dos profissionais

da contabilidade acerca dos benefícios esperados para a entidade e para o município com a

adoção das novas normas; d) apurar a percepção dos profissionais da contabilidade sobre o

ganho na qualidade da informação contábil em face da adoção dos novos padrões; e)

identificar o grau de dificuldade percebido pelos profissionais da contabilidade para

compreensão dos novos temas contábeis tratados pelo processo de convergência; f) levantar

quais foram os atores que mais contribuíram com o processo de capacitação/atualização na

percepção dos profissionais da contabilidade; g) identificar a percepção dos profissionais da

contabilidade sobre a mudança na rotina do trabalho e comportamento do profissional acerca

de alguns procedimentos contábeis relevantes.

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Por meio da revisão de literatura realizada foram encontrados estudos semelhantes, tais

como: os de Vega (2015) que analisaram a implantação da Contabilidade Aplicada ao Setor

Público, abrangendo as NBCASP, o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP) e as

Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público (DCASP); os de Rissardo e Tres (2015)

que apresentaram as alterações ocorridas na Contabilidade Governamental, o levantamento da

percepção dos profissionais sobre a convergência e a identificação das maiores dificuldades e

pontos relevantes apontados por esses profissionais neste processo; os de Nascimento (2015)

com o objetivo de demonstrar as principais mudanças, os grandes desafios e os ganhos com a

implantação das novas normas; e os de Piccoli e Klann (2015) que buscaram identificar a

percepção dos contadores públicos em relação às NBCASP, com base em três áreas: sistemas

de informação, atualização profissional e mudança de cultura operacional.

Entretanto não foram encontrados estudos que demonstrem quais são as maiores

mudanças suportadas por esses profissionais e quais foram os ganhos realmente alcançados

com a implantação do novo modelo contábil.

Assim, a atual pesquisa se justifica uma vez que a identificação das principais mudanças

trazidas pela implantação do novo modelo contábil do setor público aos órgãos e profissionais

da contabilidade da administração direta e indireta do município de Belo Horizonte poderá

servir como instrumento norteador para outros órgãos que ainda não iniciaram efetivamente a

implantação dos novos procedimentos ou estão no meio do processo de implantação. A

identificação dos possíveis problemas enfrentados pelos contadores do município devido a

implantação da NBCASP poderá auxiliar os órgãos responsáveis pela normatização do

processo de padronização na elaboração dos manuais e instruções de procedimentos contábeis

além de possibilitar aos órgãos de controle externo e interno identificar quais são os possíveis

gargalos no novo modelo de contabilidade pública adotado no Brasil e em implementação no

município de Belo Horizonte.

Essa pesquisa se encontra estruturada em quatro sessões para além desta introdução: (i)

referencial teórico; (ii) metodologia; (iii) resultados da pesquisa; e (iv) considerações finais e

sugestões para pesquisas futuras.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. O processo de convergência às normas internacionais de contabilidade

aplicada ao setor público no Brasil

Desde 1964, já se encontrava previsto expressamente nos normativos brasileiros a

necessidade de controle da composição patrimonial dos órgãos públicos. O art. 85 da lei n.

4.320 de 1964 deixa bem claro esse mandamento: Art. 85. Os serviços de contabilidade serão organizados de forma a permitirem o acompanhamento da

execução orçamentária, o conhecimento da composição patrimonial, a determinação dos custos dos

serviços industriais, o levantamento dos balanços gerais, a análise e a interpretação dos resultados

econômicos e financeiros. [itálicos nossos]

A referida lei veio trazer estímulos a um bom controle orçamentário através do

equilíbrio entre receitas e despesas, controle do patrimônio público, demonstrativos contábeis

nacionalmente padronizados e planejamento no que se refere aos compromissos financeiros

assumidos.

Apesar do mandamento expresso de controle da mutação da composição patrimonial já

existir desde a entrada em vigor do referido normativo, os serviços de contabilidade no setor

público nunca se propuseram a atender às exigências da lei, restringindo-se a efetuar uma

contabilidade com viés estritamente orçamentário, haja vista que os órgãos de controle tanto

externo quanto interno também não exigiam o controle patrimonial do patrimônio público.

Como cada órgão possuía uma contabilidade com um plano de contas próprio, dificilmente os

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órgãos de controle externo conseguiriam obter êxito na análise das contas públicas sob o

enfoque do controle do patrimônio.

Nascimento (2015) considera que “a prova de que até muito recentemente no Brasil a

contabilidade pública era considerada relevante somente nos aspectos orçamentários e

financeiros é o fato da não existência no âmbito da União de uma Secretaria de

Contabilidade”, sendo a STN do MF o Órgão Central do Sistema de Contabilidade Federal.

Feijó (2012) acrescenta que: Sob o enfoque da lei pode-se entender que o setor público vem praticando a chamada “contabilidade

orçamentária”. Entretanto a ciência contábil é uma só, [...]. O que acontece é que o controle do orçamento

utiliza algumas técnicas contábeis para que possam ser registradas suas etapas e evidenciada sua execução

em relação à proposta inicial. No entanto, isso não impossibilita o fato de o setor público praticar, sob o

aspecto legal, a dita Contabilidade Patrimonial, em outras palavras, que o patrimônio público seja

controlado pela contabilidade.

Com a edição da lei complementar n. 101 de 04 de maio de 2000, passa-se a ter um

órgão responsável pela edição de normais gerais que permitissem a consolidação das contas

públicas. A referida lei, em seu art. 50, determina que: “§ 2o A edição de normas gerais para

consolidação das contas públicas caberá ao órgão central de contabilidade da União, enquanto

não implantado o conselho de que trata o art. 67.” Posteriormente, a Lei nº 10.180, de 06 de

fevereiro de 2001 em seu art. 17, inciso I, e o Decreto nº 6.976, de 07 de outubro de 2009 em

seu art. 6º, inciso I, conferiram à STN do MF a condição de Órgão Central do Sistema de

Contabilidade Federal.

Para Nascimento (2015), a arrancada inicial para iniciar o processo de padronização

ocorreu em 2004, com a instituição pelo CFC de um grupo de estudos que tinha como

objetivo estudar e propor normas de contabilidade aplicadas ao setor público alinhadas às

Normas Internacionais de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (International Public

Sector Accounting Standards(IPSAS)).

A partir de então, impulsionados pela necessidade de consolidação das contas públicas

nacionais e de convergência aos padrões internacionais de contabilidade, iniciou-se no Brasil,

em meados de 2008, um processo de padronização da Contabilidade Aplicada ao Setor

Público.

Nascimento (2008) aponta como elementos propulsores do processo de padronização as

demandas dos cidadãos por uma melhor prestação dos serviços públicos por parte dos

governos, associados à diminuição da carga tributária. Segundo o autor, esses elementos têm

elevado a atenção dos gestores púbicos à atividade financeira do Estado, sob o ponto de vista

da transparência, da economicidade, da eficiência e da eficácia.

Para Feijó (2012), o principal objetivo do processo de mudanças é o fortalecimento do

Patrimônio como objeto de estudo da contabilidade e o fato do Orçamento deixar de ser o

protagonista na administração pública.

Marco importante na colaboração para o início desse processo de padronização da

Contabilidade do Setor Público foi a publicação da resolução CFC n. 1.111/07 que dispõe

sobre os Princípios de contabilidade na Perspectiva do Setor Público e das resoluções CFC de

n. 1.128 à 1.137/08 e n. 1.366/11 que estabelecem as NBCASP. (NBC T 16.1 à 16.11)

Segundo Passos (2012), a importância do processo de padronização da contabilidade do

setor público se justifica devido à complexidade das inúmeras transações e operações que a

Administração Pública executa diariamente. Para o autor as NBCASP representam um

importante marco em termos de avanço na contabilidade pública brasileira, que se bem

empregadas e observadas, sem sombra de dúvidas trarão inúmeros ganhos não só à

Administração Pública mais também à sociedade como todo.

Outro marco importante foi a publicação pela STN do PCASP 2008, do MCASP, do

Manual de Demonstrativos Ficais (MDF), das IPCs além de padronizar a elaboração das

DCASP, todos esses instrumentos com revisão anual/bianual. Todo esse esforço teria como

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objetivo a convergência aos Padrões Internacionais de Contabilidade Pública e a Padronização

da Contabilidade Pública no Brasil visando principalmente a consolidação das Contas

Nacionais.

Em relação à adoção do plano de contas único, Feijó (2012) destaca que o PCASP deve

atender aos normativos, gerar informações necessárias à elaboração de relatórios e

demonstrativos, bem como facilitar a tomada de decisões e a prestação de contas. Em relação

às DCASP, o autor afirma que estas foram modificadas visando melhorar a evidenciação das

informações, facilitar o entendimento e convergir para os padrões internacionais.

Em outubro de 2016, o CFC divulgou a NBC TSP - Estrutura Conceitual para

Elaboração e Divulgação de informação Contábil de Propósito Geral pelas Entidades do Setor

Público, importante normativo que reforça a necessidade da padronização e, principalmente,

deixa claro que os principais usuários primários da Informação Contábil de Propósito Geral

são os cidadãos. Importante destacar que o referido normativo, em suas disposições finais,

revoga a partir de 01/01/2017 grande parte das NBC Ts e outras resoluções emanadas pelo

CFC.

Também foram publicadas 5 Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor

Público (NBC TSP) de números 01, 02, 03, 04 e 05, através das resoluções CFC n.

NBCTSP01, NBCTSP02, NBCTSP03, NBCTSP04 e NBCTSP05, sendo: NBC TSP 01 –

Trata do registro das receitas de transações sem contraprestações, tais como os tributos e

contribuições devidos pelos cidadãos; NBC TSP 02 – Trata do registro das receitas com

contraprestação, que são aquelas recebidas pelo Estado por um serviço público ou produto de

valor proporcional prestado ao cidadão; NBC TSP 03 – Define o registro das provisões, dos

ativos e passivos contingentes; NBC TSP 04 - Estabelece o tratamento contábil para estoques;

NBC TSP 05 - Determina a forma de contabilização dos contratos de concessão pela ótica da

concedente.

Considerando todo o escopo ousado das normas, estava claro que o processo de

convergência encontraria vários desafios. Dentre eles, Nascimento (2008) destaca a

necessidade de um grande esforço por parte do governo no estabelecimento das diretrizes, na

normatização necessária, no recrutamento de profissionais e no levantamento de recursos. O

autor destaca também a necessidade de uma manutenção constante do sistema contábil após o

processo de implantação e um aperfeiçoamento das práticas.

Nascimento (2008) também destaca nove possíveis obstáculos, condições e

procedimentos necessários para uma transição com resultados efetivos para o Setor Público:

mudanças na gestão; suporte político e burocrático; suporte acadêmico e profissional;

estratégia de comunicação; condições para a mudança; consulta e coordenação; levantamento

dos custos de implantação; normas contábeis específicas e capacitação em Tecnologia da

Informação.

Em relação às dificuldades que poderão ser encontradas, Feijó (2012) destaca dois

aspectos: a mudança de cultura por parte da administração pública e a alteração dos diversos

sistemas de contabilidade. Para o autor, a principal dificuldade para a implantação da

NBCASP é a quebra de paradigmas e costume já enraizados. Destaca também os desafios a

serem enfrentados pelos Tribunais de Contas, uma vez que no novo modelo a análise das

contas será mais complexa e os tribunais precisarão capacitar fortemente os seus servidores,

caso contrário se terá “contadores do futuro e auditores no passado”. Feijó (2012) também

destaca que: Os tribunais de contas desempenham papel fundamental no processo de mudança e ao mesmo tempo

serão os mais beneficiados, pois uma boa contabilidade são “os olhos” do Tribunal sobre os

jurisdicionados. Como fazer uma boa avaliação de uma prestação de contas sem uma contabilidade bem

feita? Sem uma contabilidade que apresente todos os ativos e passivos?

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Mas, mesmo mediante tantos desafios, os envolvidos no processo defendem os

potenciais ganhos na implantação da NBCASP. Nascimento (2008), por exemplo, cita alguns

benefícios tais como: a) registro mais abrangente dos eventos econômicos relacionados ao

Setor Público; b) comparabilidade mais adequada entre as informações contábeis geradas

entre os entes da federação e entre o Brasil e outros países; c) abordagem mais sofisticada no

planejamento do gasto público; d) distinção mais clara entre os gastos correntes e os

investimentos públicos; e) registro de todos os bens, direitos e obrigações do ente público; f)

transparência das finanças públicas em todos os seus desdobramentos e g) melhor

compreensão pelos cidadãos das informações geradas pela contabilidade.

2.2. A experiência do município de Belo Horizonte com o processo de

implantação das novas normas de contabilidade aplicada ao setor público

Para atender a todo esse processo de padronização e migração para o novo modelo

contábil algumas ações foram tomadas no âmbito do governo executivo do município de Belo

Horizonte.

Primeiramente, visando captar profissionais que já possuíssem conhecimento teórico da

Nova Contabilidade Aplicada ao Setor Público, iniciou-se um processo de planejamento da

implantação da NBCASP que deflagraria em um concurso público no ano de 2012 que

culminou na captação de 15 novos contadores com grande conhecimento das novas normas.

Também foi editado o decreto municipal n. 14.468 de 29 de junho de 2011, que em seu art. 1º

estabeleceu: Art. 1º - Fica instituído o Grupo Técnico para Implantação da nova Contabilidade Aplicada ao Setor

Público - GT-CASP, com o objetivo de estudar e implementar todas as adequações necessárias à

implantação da nova Contabilidade Aplicada ao Setor Público - CASP no Município, em conformidade

com as Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicada ao Setor Público - NBCASP, instituídas pelo

Conselho Federal de Contabilidade, e com as orientações estabelecidas pela Secretaria do Tesouro

Nacional através dos Manuais de Procedimentos Contábeis.

O Grupo Técnico para implantação da NCASP iniciou seus trabalhos fazendo o

levantamento das adequações necessárias nos sistemas de informática e nos processos do

município para a implantação das NBCASP.

O GT-CASP contou com a participação de dois servidores que também faziam parte dos

Grupos Técnicos de Contabilidade (GTCON) estabelecidos pela STN que se reuniam em

Brasília para discutirem o processo de implantação da nova contabilidade: a Sr.ª Lucy Fátima

de Assis Freitas, contadora geral do município de Belo Horizonte e o Sr. Jorge Luiz dos

Santos que à época era o assessor direto da contadora geral do município. Esses dois atores

foram peças impulsionadoras do processo de implantação da NCASP no município de Belo

Horizonte, contribuindo em grande escala para as definições iniciais que dariam início a um

grande processo de mudança na contabilidade.

Posteriormente, foi criada dentro da estrutura da Contadoria Geral do Município

(CDGM) uma nova gerência, denominada Gerência de Coordenação de Sistema de

Contabilidade Aplicada ao Setor Público (GCSP) que faria todo o processo de

desenvolvimento do novo sistema contábil e implantação do processo de migração.

Em 2013, os 15 novos contadores aprovados em concurso público tomaram posse,

passando assim o município a contar com profissionais com conhecimento atualizado da

NCASP.

O novo sistema de contabilidade que seria desenvolvido pela Empresa de Informática e

Informação do Município de Belo Horizonte (Prodabel) deveria atender a todos os órgãos e

entidades do município, inclusive às empresas públicas e sociedades de economia mista.

Em 2013, a STN definitivamente tornou obrigatório o uso do PCASP por todos os entes

da Federação. A portaria da STN n. 634 de 19 de novembro de 2013, em seu art. 11,

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estabeleceu que “O Plano de Contas Aplicado ao Setor Público – PCASP e as Demonstrações

Contábeis Aplicadas ao Setor Público – DCASP deverão ser adotados por todos os entes da

Federação até o término do exercício de 2014”.

Nesse momento, o processo de implantação da nova contabilidade pública já estava a

todo vapor no município de Belo Horizonte, mas o exercício de 2014 ainda foi um ano piloto

e serviu somente como teste do novo sistema de contabilidade que recebeu o nome de CASP-

PBH.

A CDGM passou então a orientar os contadores dos demais órgãos da administração

direta e indireta sobre a necessidade de se inteirar do processo de padronização e migração

para o novo modelo contábil.

Em janeiro de 2015, o CASP-PBH já se encontrava funcionando e registrando os

principais atos e fatos contábeis dentro do novo modelo proposto.

Procurando alinhar as diretrizes com a STN, o Tribunal de Contas de Minas Gerais

(TCEMG) publicou a instrução normativa n. 03/2015 que determinou em seu art. 7º a

obrigatoriedade do envio das informações referentes aos balancetes contábeis ao Tribunal por

meio do Sistema Informatizado de Contas dos Municípios (Sicom)i.

A partir de então fica claro que o processo de convergência e padronização da

contabilidade pública era irreversível e definitivo. Cabia então ao município atender às

exigências estabelecidas pela STN e TCEMG no que se referia à Nova Contabilidade

Aplicada ao Setor Público.

2.3. Estudos recentes sobre o processo de convergência e implantação das

novas normas de contabilidade

Em estudos anteriores como os apresentados por Piccoli e Klann (2015) na região da

Associação de Municípios do Meio Oeste (AMMOC), Santa Catarina, foi possível identificar

que após a implantação da NBCASP parte dos profissionais reconhece não possuírem

conhecimento amplo das normas aplicadas ao setor público e que as mudanças trouxeram

mais responsabilidades e maior valorização para os profissionais do setor. Estes autores

também identificaram que os contadores públicos, apesar de considerarem as demonstrações

contábeis e as notas explicativas importantes para a transparência da informação pública,

ainda não estão aptos a elaborar e analisar tais demonstrações. Foi identificado que alguns

contadores não demonstram entendimento correto de algumas normas, o que pode prejudicar

a qualidade das informações geradas e divulgadas do ente público.

Rissardo e Tres (2015) apresentaram um estudo na Região do Corede Serra, Rio Grande

do Sul, e identificaram que os profissionais contábeis consideram difícil a aplicação das

NBCASP destacando os procedimentos de levantamento patrimonial e a inclusão dos ativos

de infra-estrutura ao patrimônio público. Nesse estudo, alguns entraves para adoção das

NBCASP foram identificados: participação do sistema de informática; falta de integração dos

outros sistemas ao sistema contábil; falta de apoio da alta administração e falta de capacitação

dos profissionais.

Vega (2015) apresentou um estudo efetuado nos municípios do Corede – FO, Rio

Grande do Sul e identificou que os contadores possuem conhecimento sobre o processo de

convergência e que, na sua maioria, acreditam que essas mudanças contribuem para o

aumento da transparência na aplicação dos recursos e gestão do patrimônio nos municípios.

Foi identificada uma preocupação por parte dos profissionais que atuam na área contábil dos

municípios pesquisados em relação à implantação das NBCASP e do PCASP, por possuírem

dependência direta dos sistemas de informação e em relação à capacitação e treinamento dos

servidores. Os resultados demonstraram a importância da publicação das DCASP para a

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promoção da transparência das informações, apesar de acreditarem que a linguagem das

informações possa não ser suficientemente clara para toda a população.

Nascimento (2015) em uma pesquisa aplicada no município de São Paulo (PMSP),

abrangendo tanto a administração direta quanto a indireta, identificou que os pesquisados

concordam que um dos principais objetos da implantação do novo modelo contábil é o resgate

do objeto da contabilidade: o patrimônio. Foi identificado também que a maioria dos

respondentes não se consideram capacitados tecnicamente para participar desse processo de

conversão e consideram o MCASP um manual de médio entendimento.

3. METODOLOGIA

Para Martins e Theóphilo (2009), o objetivo da metodologia é o aperfeiçoamento dos

procedimentos e critérios utilizados na pesquisa. Para os autores a metodologia é equiparada a

uma preocupação instrumental: a ciência busca captar a realidade; a metodologia trata de

como isso pode ser alcançado.

Quanto aos objetivos, a pesquisa pode ser classificada como descritiva, que, para Gil

(2008) é um tipo de pesquisa que procura descrever as características de determinadas

populações ou fenômenos. Nesse sentido, o estudo objetiva descrever a percepção dos

profissionais contábeis em relação à implantação da NBCASP no município de Belo

Horizonte. Esse município foi escolhido por acessibilidade, uma vez que a autora trabalha na

Contadoria Geral do Município na gerência responsável pelo desenvolvimento do novo

sistema de contabilidade e pela implantação do processo de migração, conseguindo, assim,

autorização para acessar documentos, sistemas informatizados e pessoas para aplicação das

técnicas de pesquisa.

Quanto aos procedimentos técnicos, a pesquisa utilizou a técnica de levantamento, que

para Gil (2008) é a interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer.

Procede-se à solicitação de informações a um grupo significativo de pessoas acerca do

problema estudado para, em seguida, mediante análise quantitativa, obterem-se as conclusões

correspondentes aos dados coletados. Para tanto, foram utilizadas as seguintes técnicas de

coleta de dados: a) pesquisa documental; b) questionário; c) entrevista; d) observação

participante.

A pesquisa documental foi realizada no período de julho a setembro de 2016 nos

seguintes tipos de documentos: legislações, atas de reuniões e sistemas informatizados.

Os dados sobre as percepções dos profissionais da contabilidade foram coletados por

meio de questionário que, segundo Martins e Theóphilo (2009) é um conjunto ordenado e

consistente de perguntas a respeito de variáveis e situações que se deseja medir ou descrever.

O questionário contendo 70 questionamentos, distribuídas em 9 grupos de questões e os nove

grupos de questões distribuídos em 3 blocos de questionamentos, sendo: 1) Perfil dos

respondentes; 2) Levantamentos dos ganhos, mudanças e impactos da implantação da

NBCASP e 3) Comparativo das mudanças e impactos antes e depois da implantação da

NBCASP, foi enviado para os profissionais da contabilidade dos órgãos da administração

direta e indireta do município de Belo Horizonte, no mês de outubro de 2016 através de meio

eletrônico.

O universo de possíveis respondentes no município de Belo Horizonte correspondeu à

41 profissionais da contabilidade. A partir desse universo, foi selecionado na amostra pelo

menos um contador de cada órgão do município e um contador dos fundos com

movimentações mais expressivas. Nas Secretarias Municipais e Regionais foi selecionado um

maior número de contabilistas pelo fato de que nessas secretarias, mais especificamente na

Contadoria Geral do Município, se encontram lotados os profissionais da contabilidade que

fazem a contabilidade dos fundos com movimentações menos expressivas e fornecem suporte

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aos demais contadores dos demais fundos e órgãos. Os questionários foram enviados de forma

eletrônica e foram respondidos durante o mês de outubro de 2016. Os cinco possíveis

respondentes não inclusos nesta amostra se referem aos contadores dos fundos com pouca

movimentação orçamentária e financeira e/ou contabilistas que não executam na prática a

contabilidade de seus órgãos.

No primeiro bloco, os tipos de perguntas foram de múltipla escolha, onde foi

disponibilizada uma pergunta com várias opções de respostas, mas o respondente só poderia

optar por uma das respostas disponíveis.

No segundo e terceiro bloco, foram utilizadas perguntas utilizando-se da escala tipo

Likert, que para Martins e Theóphilo (2009) consiste em um conjunto de itens apresentados

em forma de afirmações, ante os quais se pede ao sujeito que externe a sua reação, escolhendo

um dos cinco, ou sete, pontos de uma escala. Foram utilizadas escalas Likert do tipo

afirmação e do tipo escala de importância. Na escala do tipo afirmação foram disponibilizados

os seguintes pontos de escala: concordo totalmente; concordo; indiferente; discordo e

discordo totalmente. Na escala de importância foram disponibilizados os seguintes pontos de

escala: nenhum; pequeno; razoável; grande e enorme.

Para conferir confiabilidade, validade e aprimorar o instrumento de coleta de dados, foi

realizado pré-teste com os seguintes participantes, não incluídos na amostra: a contadora geral

do município, a senhora Lucy Fátima de Assis Freitas, e o contador da Câmara Municipal, o

senhor Ronam Colansky Reis, ambos do município de Belo Horizonte. Os participantes do

pré-teste sugeriram que os termos “accountability” e “stakeholder” fossem conceituados no

questionário, com a finalidade de conferir maior clareza para os respondentes. As sugestões

foram acatadas e o questionário foi alterado antes de ser enviado aos respondentes.

Foi utilizada também a coleta de dados por meio de entrevista estruturada que, segundo

Martins e Theóphilo (2009) é uma técnica de pesquisa para coleta de informações, dados e

evidências cujo objetivo básico é entender e compreender o significado que os entrevistados

atribuem a questões e situações, através de um roteiro previamente definido.

A entrevista seguiu um roteiro estruturado e foi aplicada no dia 21/11/2016 a somente

uma pessoa do ente pesquisado: a senhora Lucy Fátima de Assis Freitas, atual contadora geral

do município. O objetivo da entrevista foi esclarecer os resultados apurados através da

aplicação do questionário. Assim, a entrevistada teve acesso antecipado ao resultado da

pesquisa.

Adicionalmente, foi utilizada a técnica de observação participante uma vez que a autora

deste estudo trabalha na Contadoria Geral do Município de Belo Horizonte, conforme exposto

no início desta sessão. Segundo Martins e Theóphilo (2009) esta é uma técnica comum de

pesquisa para coleta de informações, dados e evidências onde o pesquisador-observador

torna-se parte integrante de uma estrutura social, e na relação face a face com os sujeitos da

pesquisa realiza a coleta de informações, dados e evidências através dos olhos e percepções

do pesquisador.

Como limitação do estudo, foi identificado que na análise dos dados tornou-se

necessária uma apuração diferenciada em relação às respostas obtidas pelos respondentes

lotados nas Sociedades de Economia Mista, pertencentes à administração Indireta do

município. Assim, seria necessário analisar o resultado da pesquisa, em alguns itens,

expurgando as respostas desses contadores, uma vez que essas entidades já possuíam o regime

de competência em suas contabilidades bem como o registro dos bens móveis e imóveis.

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Dos 36 (trinta e seis) questionários enviados, obteve-se resposta de 33 respondentes. O

número de respondentes representou 92% do total da amostra.

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4.1. Perfil dos respondentes

No primeiro bloco de perguntas, o objetivo foi levantaro perfil dos respondentes.

a) Grau de escolaridade

Diferentemente da pesquisa realizada por Rissardo e Tres (2015) na região do Corede

Serra/RS e Piccoli e Klann (2015) na região da Associação de Municípios do Meio Oeste

(AMMOC) / SC em que o percentual de contabilistas com especialização representou apenas

39,10% e 54% respectivamente, no município de Belo Horizonte essa realidade apresenta-se

bem diferente da realidade da região do Corede Serra/RS e um pouco diferente da região da

AMMOC. Nessa análise, pôde-se verificar que 69,70% dos respondentes no município de

Belo Horizonte possuem especialização em alguma área, não necessariamente na área

contábil. 24,24% e 3,03% dos respondentes possuem respectivamente graduação e mestrado.

Pela análise dos dados também chega-se à conclusão que aproximadamente 97% dos

respondentes possuem no mínimo curso de graduação, uma vez que o número de técnicos

representa apenas 3,03%. Já na pesquisa realizada por Rissardo e Tres (2015) e Piccoli e

Klann (2015), o número de técnicos representavam 17,4% e 17% respectivamente.

b) Tempo de atuação no setor de contabilidade do órgão em que atuam

54,55% dos respondentes trabalham à menos de 06 anos no setor de contabilidade dos

respectivos órgãos, 15,15% possuem entre 06 e 10 anos, 18,18% possuem entre 11 e 15anos e

12,12% possuem mais de 15 anos. Parte do percentual dos 54,55% apresentados entre aqueles

que trabalham à menos de 06 anos nos respectivos órgãos pode ser justificada pela captação

dos novos contadores através do último concurso realizado em 2012.

c) Tipo de vínculo com a administração pública

Foi identificado na análise dos dados que apenas 3,03% dos respondentes não possuem

cargo efetivo. Pode-se concluir que aproximadamente 97% possuem cargo efetivo, sendo que

destes 97%, 47% possuem também cargo em comissão.

d) Experiência anterior na área de contabilidade

48,48% dos respondentes trabalharam na área de contabilidade da iniciativa privada

antes de ingressarem no serviço público, 21,21% trabalharam na área de contabilidade

pública, 3,03 trabalharam na área de contabilidade pública e privada e 27,27% nunca haviam

trabalhado anteriormente na área de contabilidade.

4.2. Levantamentos dos ganhos, mudanças e impactos da implantação da Nova

Contabilidade Aplicada ao Setor Público.

No segundo bloco o objetivo foi identificar qual a percepção dos profissionais contábeis

em relação aos ganhos, mudanças e impactos na contabilidade pública do município e de seus

órgãos após a implantação das NCASP.

Os itens apontados nos questionamentos desse bloco se referem à procedimentos já

totalmente implantados ou parcialmente implantadosii no município de Belo Horizonte.

a) Percepção do processo de implantação

Com a finalidade de melhor compreensão dos dados que seriam obtidos, foi necessário

fazer um levantamento de como os contadores envolvidos perceberam o processo de

implantação das NCASP no município de Belo Horizonte.

Observou-se que quase 70% dos respondentes discordaram de que houve uma

preparação antecipada dos atores envolvidos no processo de implantação.

Nascimento (2015) em sua pesquisa no município de São Paulo identificou que 57,14%

dos respondentes não concordam e 40,48% concordam parcialmente de que os cursos e

oficinas realizados foram suficientes para capacitar os profissionais de contabilidade pública a

participar desse processo de conversão.

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Mais de 90% discordam de que o processo é simples e facilmente está sendo

implementado e mais de 57% discordam de que o processo se encaixa perfeitamente à

realidade do município.

45% discordam ou são indiferentes ao serem questionados se o órgão em que trabalham

alcançou muitos ganhos com a adoção dessas novas normas, e 33% também discordam ou são

indiferentes ao serem questionados se o município como um todo alcançou muitos ganhos

com a adoção dessas novas normas.

78% e 75% dos respondentes concordam, respectivamente, de que houve necessidade

de aumentar o quadro de pessoal do órgão em que trabalham para cumprir os prazos

estipulados à implantação da NCASP e de que houve necessidade de investimentos novos

para captação de sistemas de software por parte do município para adequar às NCASP.

Aproximadamente 96% dos respondentes concordam que houve grandes mudanças na

rotina de trabalho do contador em decorrência da implantação da NCASP e mais da 80%

concordam que o processo de mudança valorizou e/ou valorizará o profissional da

contabilidade pública. Piccoli e Klann (2015) apresentaram resultados próximos aos apurados

nesta pesquisa. Na pesquisa apresentada por eles, 77% dos respondentes concordaram que o

processo de mudança valorizaria o profissional da contabilidade pública.

b) Mudanças e impactos

Foi feito um levantamento com o intuito de identificar quais foram as maiores

mudanças e impactos que afetaram diretamente a rotina de trabalho do contador.

66% dos respondentes consideram grande ou enorme os impactos suportados devidos a

mudanças em processos já existentes na sua entidade e 84% possuem a mesma percepção em

relação aos impactos suportados devidos a mudanças em processos no Município.

87% dos respondentes consideram grande ou enorme a necessidade de intervenções em

sistemas de TI. Em relação a esse tema, Nascimento (2008) já havia levantado a necessidade

da Capacitação em Tecnologia da Informação: para o autor, o processo de reforma da

contabilidade pública deve envolver um alto grau de utilização de sistemas computadorizados,

fazendo com que seja necessária a revisão desses sistemas. Rissardo e Tres (2015)

identificaram em sua pesquisa que 65% dos respondentes consideram de difícil aplicação a

participação das empresas de informáticas na parametrização e elaboração dos eventos

contábeis conforme as orientações do MCASP.

21% consideram que houve pequeno ou nenhum impacto em relação a demandas por

parte dos gestores de explicações e/ou informações gerenciais.

Como impacto suportado diretamente pelo contador, importante se faz ressaltar que

51% dos respondentes consideram grande a necessidade de maior compromisso com a

qualidade da informação contábil e 39% consideram enorme esta necessidade. Ou seja, 90%

dos respondentes reconhecem a necessidade de uma maior preocupação com a qualidade da

informação gerada pela contabilidade. Piccoli e Klann (2015) também fizeram

questionamento parecido e 95% dos respondentes concordaram que as mudanças na

contabilidade pública trouxeram mais responsabilidade para o contador público. Observa-se

que o mesmo percentual de respondentes (90%) também considera a importância da

necessidade de educação continuada por parte do contador. Esse item poderia justificar o

resultado apresentado no item 1.1 na apuração do grau de escolaridade dos respondentes, onde

fica demonstrado que 73% dos respondentes possuem mais do que a graduação (70%

possuem especialização e 3% possuem mestrado). 84% reconhecem a necessidade de maior

conhecimento de outras áreas afins e visão sistêmica, demonstrando claramente que o

contador passa a ser um profissional que deve conhecer os processos de todas as áreas afins,

interagindo nos procedimentos e definições do seu órgão como forma de garantir o registro

contábil de melhor qualidade possível.

c) Benefícios esperados

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Foi questionado sobre os benefícios esperados em decorrência da implantação da

NBCASP:51% e 39% dos respondentes afirmaram que os benefícios são respectivamente

grandes e enormes quando o assunto é transparência e accountability. 72% consideram os

benefícios grandes ou enormes em relação a melhor avaliação do desempenho do serviço

público.

Em relação a melhora na capacidade de identificar o custo dos serviços prestados, 51%

consideram que os benefícios esperados são razoáveis, pequenos ou nenhum benefício é

esperado.72% e 69% consideram grande ou enorme os benefícios esperados, respectivamente,

na compreensibilidade das informações geradas pela contabilidade pública e na capacidade de

avaliação da saúde financeira da organização.

Quando questionados em relação ao registro mais abrangente dos eventos econômicos

relacionados ao setor público, 60% apontaram como sendo grande e 27% como enorme o

benefício esperado.72% consideram grande ou enorme os benefícios esperados na

comparabilidade das informações geradas, favorecendo a tomada de decisões. 75%

consideram grande ou enorme os benefícios em relação a uma abordagem mais sofisticada do

planejamento do gasto público, permitindo uma distinção mais clara entre os gastos correntes

e os investimentos públicos.

Observa-se que 27% consideram razoáveis os benefícios esperados em decorrência do

registro de todos os bens, direitos e obrigações do ente público. Deve-se atentar para o fato

deque a amostra utilizada na pesquisa é composta por sociedades de economia mista

(Prodabel, Belotur, Urbel e BHTrans), que, em decorrência de imposição legal, já praticavam

o regime de competência e o registro integral dos bens, direitos e obrigações. Dessa forma

pode-se concluir que essas entidades não esperem grandes benefícios para seus órgãos em

decorrência da adoção desses procedimentos, uma vez que já faziam uso de tais práticas.

d) Ganhos já observados

Em relação aos ganhos já observados na qualidade da informação contábil gerada, os

resultados foram os seguintes: os respondentes consideram que os maiores ganhos já

observados em consequência da implantação da NCASP estão relacionados com a adoção das

demonstrações contábeis no novo modelo padrão (mais de 72% dos respondentes) e pela

adoção do regime de competência para as despesas (aproximadamente 70% dos

respondentes).

E relação a adoção do Regime de Competência para as Receitas, observa-se que 27%

consideram razoável o ganho já observado. Esse comportamento dos respondentes pode ser

explicado pelo fato de que essa etapa ainda não foi totalmente implantada no município de

Belo Horizonte.

30% consideram razoável o ganho já identificado em relação ao reconhecimento,

mensuração e evidenciação das obrigações com fornecedores por competência, mesmo

considerando que esse processo já foi totalmente implantado pelo município.

Quando questionados quanto aos ganhos já observados no reconhecimento, mensuração

e evidenciação dos bens móveis e imóveis e no reconhecimento, mensuração e evidenciação

dos estoques, os resultados apontam que 48% e 36% respectivamente consideram que o ganho

foi pequeno ou nenhum. Nesse contexto, faz-se necessário considerar que para as sociedades

de economia mista, como já citado anteriormente, o regime de competência e o

reconhecimento dos bens móveis e imóveis já era integralmente adotado por estes antes da

implantação do novo modelo contábil na administração pública.

e) Dificuldades encontradas

Com o objetivo de identificar as maiores dificuldades encontradas na compreensão da

NCASP e dos novos procedimentos contábeis, foram elencados vários itens para que os

respondentes apontassem o grau de dificuldade para compreensão de cada um deles.

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66% consideram como grande ou enorme o grau de dificuldade para compreensão do

registro e conciliação das contas de controle da execução das Disponibilidades por Destinação

de Recursos (DDR), (Subgrupos 7.2.1 e 8.2.1) e Conciliação dos registros de Encerramento

do Exercício. O mesmo percentual de respondentes considera pequeno ou nenhum o grau de

dificuldade para compreensão do registro das receitas e despesas por competência.

78% consideram como razoável ou grande o grau de dificuldade para compreensão do

reconhecimento, mensuração e evidenciação dos bens móveis, imóveis e estoques e do

registro e conciliação das contas de controle de Inscrição e Execução de Restos a Pagar

(Grupos 5.3 e 6.3 do PCASP). 42% consideram como razoável o grau de compreensão da

sistemática do registro contábil utilizando os atributos Permanente (P) e Financeiro (F).

No município de Belo Horizonte foi criada uma sistemática de construção automática

dos demonstrativos contábeis. Os demonstrativos podem ser gerados a qualquer momento

durante o exercício e para qualquer entidade contábil, tanto na administração direta quanto na

indireta, bem como os demonstrativos consolidados. Em relação a esta sistemática observou-

se que 57% dos respondentes consideram grande ou enorme o grau de dificuldade encontrado

para compreensão da sistemática adotada para geração automática das Demonstrações

Contábeis Aplicadas ao Setor Público (DCASP).

f) Órgãos e instrumentos que contribuíram para o processo de convergência

Objetivando identificar quais foram os órgãos e/ou instrumentos que mais contribuíram

para o processo de implantação do novo modelo contábil, foi solicitado aos respondentes que

indicassem o grau de importância das contribuições dos órgãos e instrumentos envolvidos no

processo de convergência.

Mais de 72% consideram enorme o grau de importância das contribuições do MCASP,

mais de 63% as contribuições das Instruções de Procedimentos Contábeis e mais de 42% as

contribuições da Contadoria Geral do Município de Belo Horizonte, através de

cursos/palestras/treinamentos ou suporte de outros contadores.

Observa-se também que 51% consideram grande o grau de importância das

contribuições dos Encontros do GTCON e dos cursos, palestras e seminários disponibilizados

pelo Tribunal de Contas do Estado de MG.

27% consideram como nenhuma a importância das contribuições do CFC e como

pequena a importância das contribuições do CRC. Nascimento (2015) levantou resultado

parecido em sua pesquisa, identificando que 21,95% dos respondentes não concordam que o

CFC e os CRCs vêm desempenhando um papel importante no processo de convergência.

g) Pontos que poderiam ser melhor trabalhados

Foi questionado também sobre os pontos que poderiam ser melhor trabalhados e/ou

conduzidos para corroborar com o processo de implantação das NBCT SP nos respectivos

órgãos de cada respondente:100% dos respondentes concordam ou concordam totalmente

que: (i) poderia haver esforço em aumentar a conscientização dos gestores máximos sobre a

importância do processo de implantação das NBCTSP; (ii) poderia haver maior

conscientização dos gestores de outras unidades (exceto unidade contábil) para cooperarem

fornecendo as informações necessárias ao processo de implantação e (iii) poderia se investir

mais na capacitação (em termos práticos) em temas específicos que estão em implantação/que

ainda precisam ser implantados.

4.3. Comparativo das mudanças e impactos antes e depois da implantação da

Nova Contabilidade Aplicada ao Setor Público.

Com o objetivo de fazer uma comparação entre as mudanças e impactos na rotina dos

contadores antes e depois da implantação da NCASP, foram colocados alguns itens com

intuito de avaliar o nível de exigência de cada um.

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Para esse item, um dos respondentes não preencheu o questionário completamente. O

respondente justificou que não possuía prática suficiente para fazer a comparação de como era

antes e depois da implantação do novo modelo. Assim, os resultados apresentados se referem

somente a 32 respondentes.

Os questionamentos se referiram aos seguintes itens: (1) Grau de detalhamento na

conciliação das contas; (2) Preocupação com a qualidade dos registros contábeis; (3)

Necessidade de compreensão do processo de Planejamento e Orçamento e seu impacto nas

informações contábeis; (4) Necessidade de compreensão do processo de Execução

Orçamentária da Receita e Despesa e seu impacto nas informações contábeis; (5) Necessidade

de compreensão dos processos das demais áreas do órgão; (6) Necessidade de atualização do

conhecimento na área contábil e legislações pertinentes; (7) Necessidade de compreensão dos

impactos dos registros contábeis na prestação de contas do órgão junto aos órgãos

fiscalizadores; (8) Demanda de outros setores de esclarecimentos em relação às informações

geradas pela contabilidade; (9) Necessidade de suporte de outros profissionais da área

contábil para esclarecimentos referente a assuntos que você ainda não domina; e (10)

Necessidade de compreensão das informações geradas para envio aos órgãos fiscalizadores.

Observa-se que para item 02 (preocupação com a qualidade dos registros contábeis),

62% consideravam o nível de exigência como grande ou enorme antes da implantação; já

depois da implantação, o percentual sobe para mais de 96%.

Para o item 05 (necessidade de compreensão dos processos das demais áreas do órgão),

antes da implantação, 78% consideram o grau de exigência como pequeno ou razoável, já

depois da implantação, 90% consideram o grau de exigência como grande ou enorme.

No item 09 (necessidade de suporte de outros profissionais da área contábil para

esclarecimentos referente a assuntos que o contador ainda não domina), 40% consideravam

como razoável o nível de exigência antes da implantação e 84% consideram grande ou

enorme o nível de exigência após a implantação.

No geral, observa-se que para todos os itens comparados, o nível de exigência aumentou

após a implantação da NCASP.

4.4. Percepção da contadora geral do município de Belo horizonte sobre os

resultados da pesquisa.

Foi efetuada entrevista juntamente à Senhora Lucy Fátima de Assis Freitas. Nesta, a

atual contadora geral do município de Belo Horizonte esclarece alguns resultados apurados na

pesquisa realizada junto aos contabilistas, da qual a mesma teve acesso antecipado dos

resultados.

Quando questionada se existe(m) fator(es) não levantado(s) nessa pesquisa que

justifica(m) o fato do estudo realizado demonstrar que o percentual de contabilista com

especialização representou 70% dos respondentes e que esse percentual, no município de Belo

Horizonte, apresentou-se bem superior aos levantados em outras regiões em pesquisas

anteriores, a entrevistada respondeu que “sim e que os cursos de Pós – Graduação lato e

stricto sensu são considerados critérios para progressão e avaliação nos Planos de Carreira da

Prefeitura de Belo Horizonte (PBH)”.

Foi reforçado junto à entrevistada que o resultado da pesquisa demonstrou que 97% dos

respondentes possuem cargo efetivo e apenas 3% possuem somente cargo comissionado. Ou

seja, dos 32 respondentes, somente 01 não possui cargo efetivo. Assim, foi questionado se

existe alguma política do município que preze pela valorização dos cargos de contador,

incentivando concursos públicos para preenchimentos dessas funções. A entrevistada

respondeu que “na Administração Direta sim, mas infelizmente na Administração Indireta

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ainda não há políticas neste sentido. Destarte, as últimas gestões têm privilegiado os

servidores de cargo efetivo para alocação nas diversas gerências técnicas”.

Quando questionada sobre a percepção dos respondentes sobre o processo de

implantação do novo modelo no município de Belo Horizonte, onde 70% não concordam que

houve uma preparação antecipada dos atores envolvidos no processo, indagando sobre o que

poderia justificar esse resultado e sobre quais foram as ações tomadas para que os contadores

fossem inteirados ao processo, a entrevistada esclareceu que: A Contadoria Geral do Município de Belo Horizonte tem atuado desde 2010 realizando workshops e

treinamentos objetivando sensibilizar e capacitar os servidores e gestores, além disso, divulga os eventos

externos para conhecimento e participação dos servidores envolvidos direta e indiretamente nas áreas

afins. Ocorre que o processo de convergência contábil no setor público demanda uma mudança muito

grande, impactando Processos, Sistemas e Pessoas, sendo que a maioria dos Municípios não estão

preparados para esta mudança, inclusive e, principalmente, por questões culturais. Além disso, o contexto

político e econômico também comprometem a implementação, uma vez que há uma escassez de recursos

inviabilizando os investimentos.

Ainda em relação à percepção dos respondentes sobre o processo de implantação, foi

enfatizado à entrevistada que se observou que 45% discordam ou são indiferentes ao serem

questionados se o órgão em que trabalham alcançou muitos ganhos com a adoção dessas

novas normas, e 33% também discordam ou são indiferentes ao serem questionados se o

município como um todo alcançou muitos ganhos com a adoção das novas normas. Assim, foi

questionado à mesma se esses resultados podem estar relacionados com o atual estágio em

que se encontra o processo de implantação do novo modelo no município e, se não, o que

poderia justificar essa percepção dos respondentes. A entrevistada afirmou que: Este resultado pode ser justificado pelo fato de que no caso da PBH, que é um Município de grande porte,

as Contas e Prestações de Contas, Informações para alimentar dados para Transparência, Balancetes,

Balanços e Ratings são elaborados e disponibilizados por estruturas de Controle, Contabilidade,

Planejamento e Finanças, alocados num nível central, de forma que grande parte dos servidores

envolvidos apenas executam funções sob orientação destes órgãos. Há outras questões também a serem

consideradas, tais como questões culturais, de resistência às mudanças, falta de motivação por

inexistência de carreira profissional (caso das indiretas), incipiência do processo de convergência (o

processo ainda não está maduro, com muitas alterações no modelo e nos prazos). Um exemplo da

imaturidade do processo é que recentemente foram publicadas novas NBC T SPs, revogando as

anteriores.

Quando questionados sobre os benefícios esperados com a implantação do novo

modelo, 51% dos respondentes consideram que os benefícios esperados são razoáveis,

pequenos ou nenhum benefício é esperado em relação a melhora na capacidade de identificar

os custos dos serviços prestados. Baseado nesse resultado foi indagado à entrevistada qual era

a sua visão sobre essa percepção dos contabilistas identificada na pesquisa. A entrevistada

argumentou que: A maioria das pessoas, inclusive contadores, não tem noção dos ganhos que a mudança de modelo trará.

Num primeiro momento os contadores (não todos) se preocupam com os transtornos e aumento de

trabalho. Entendo que a maioria desconhece a implicação por falta de capacitação. Há uma cultura

orçamentária no setor público e a maioria acha que este modelo atende, sem necessidade de mudanças.

Neste sentido, questionam por que fazer depreciação no setor público? Para que atualizar os itens do

patrimônio a valor justo? O setor público não vende nem almeja lucro! Na verdade falta uma visão

abrangente de controle e de custos. A questão mais difícil é a questão cultural. Outro fator que dificulta é

o fato de que a maioria dos contadores públicos (no caso da PBH, os da Administração Indireta) ocupam

grande parte do seu tempo fazendo execução orçamentária e financeira (Empenhando, Liquidando,

Pagando), então as estruturas não estão adequadas para fazer contabilidade, conciliações de contas e

aplicação dos procedimentos contábeis patrimoniais.

Ao se questionar os ganhos já observados no reconhecimento, mensuração e

evidenciação dos bens móveis, imóveis e dos estoques, os resultados apontam que 48% e 36%

respectivamente consideram que o ganho foi pequeno ou nenhum. Foi questionado à

entrevistada quais fatores poderiam justificar esse resultado. A entrevistada respondeu que:

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Os motivos seriam os mesmos expostos anteriormente: falta de conhecimento sobre os ganhos que o novo

modelo trará; forte cultura orçamentária que enfatiza o controle orçamentário em detrimento do

patrimonial; implantação parcial no município do reconhecimento, mensuração e evidenciação dos bens

móveis e imóveis, etc..

Foi questionado se existia algum outro ponto da pesquisa que a entrevistada gostaria de

comentar. A mesma respondeu que “não e que considerava os tópicos pesquisados muito

apropriados”.

Foram feitos os seguintes questionamentos a entrevistada: Como a senhora descreve a

experiência de implantação desse novo modelo no município? Quais foram as estratégias

adotadas para a implantação? A entrevistada relatou que: A experiência de implantação do novo modelo tem sido muito rica e inspiradora. Tivemos inicialmente

um grande apoio da gestão para implementação da NCASP com a estruturação da Contadoria Geral,

participação em eventos e capacitação. A criação de uma gerência focada na implantação do novo modelo

foi essencial e a contratação de novos contadores foi fundamental para o sucesso obtido. Foi necessário

tomar decisões no sentido de adequações e customizações de sistemas já existentes para viabilizar a

implementação, sendo que foram desenvolvidos projetos para aquisição e desenvolvimento de sistemas

ideais para o futuro (projeto SIG – Sistemas Integrados de Gestão). Posteriormente o Projeto SIG foi

descontinuado, mas a equipe da Contadoria conseguiu implantar o PCASP, as DCASP e juntamente com

a equipe da PRODABEL desenvolver um módulo CASP no atual sistema SOF – Sistema Orçamentário e

Financeiro para a escrituração de acordo com os novos procedimentos contábeis.

Foi solicitado à entrevistada que descrevesse quais foram/estão sendo os maiores

desafios e de que forma a cultura organizacional impactou nesse processo. A mesma relatou

que: Um dos grandes desafios foi sensibilizar os gestores e os servidores para a necessidade da mudança.

Ponto crítico são os custos para implementação, principalmente neste contexto econômico atual. Outro

desafio é dentro da própria Contadoria, que precisa rever as atribuições das gerências e fluxos de

trabalhos ao final da implementação. Ainda temos muitos desafios pela frente, pois conforme comentado

anteriormente o processo ainda está em construção, então sujeito a alterações do que já foi implementado,

e principalmente o inicio de um novo mandato de governo municipal. Finalmente questionou-se quais as perspectivas para o processo de implantação dos

itens ainda não implementados no município. A entrevistada afirmou que “grande parte do

que ainda falta implementar depende de áreas de gestão cuja atribuição não é da Contadoria

(Patrimônio, RH, Contratos, PPP, Consórcios), mas temos como meta propor e acompanhar

as adequações necessárias” .

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES PARA PESQUISAS

FUTURAS

O objetivo dessa pesquisa foi identificar as principais mudanças, impactos e ganhos

observados pelos profissionais da contabilidade da administração direta e indireta do

município de Belo Horizonte – MG em decorrência da implantação das NBCASP.

O estudo demonstrou que os entrevistados consideram que não houve uma preparação

satisfatória dos atores envolvidos durante a condução do processo de implantação do novo

modelo contábil.

A pesquisa identificou que a implantação das NBCASP trouxe grandes demandas de

mudanças nos processos organizacionais nos respectivos órgãos e no município.

Identificou-se também que o processo de convergência tem exigido grande necessidade

de educação continuada por parte dos contabilistas. Além de apresentarem um grande número

destes com especialização, observou-se também que os principais instrumentos utilizados para

atualização ao novo modelo são o MCASP, as IPCs, suporte da CDGM através de cursos,

palestras e/ou suporte de outros contadores e cursos, palestras e/ou seminários

disponibilizados pelo TCEMG.

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Em relação à possibilidade do processo ter despertado nova postura no comportamento

dos gestores municipais, a pesquisa mostrou que, em alguns órgãos, a demanda por parte dos

gestores de explicações e/ou informações gerenciais tem sido grande, porém, alguns

respondentes alegaram que houve pequena ou nenhuma demanda dos gestores.

A pesquisa mostrou que, na percepção dos profissionais da contabilidade, em relação

aos benefícios esperados, a adoção das novas práticas irá alcançar ganhos principalmente em

relação à: maior transparência e responsabilização (accountability); registro mais abrangente

dos eventos econômicos relacionados ao setor público; abordagem mais sofisticada do

planejamento do gasto público; melhor avaliação do desempenho do serviço público; maior

compreensibilidade das informações elaboradas pela contabilidade pública; e maior

comparabilidade das informações geradas, favorecendo a tomada de decisões. A percepção

dos respondentes acerca desses itens está diretamente relacionada ao ganho já observado em

decorrência da adoção do Regime de Competência para as Despesas, do reconhecimento,

mensuração e evidenciação das Obrigações com Fornecedores por Competência e da adoção

das Demonstrações Contábeis no novo padrão estabelecido pela STN.

Ficou demonstrado que não foi identificado, para a maior parte dos respondentes, ganho

na qualidade da informação em decorrência do reconhecimento, mensuração e evidenciação

dos bens móveis e imóveis. Esse resultado pode ser justificado pelo fato do município de Belo

Horizonte ainda não ter implantado totalmente essa etapa do processo de convergência.

Os respondentes apontaram grande grau de dificuldade na compreensão de novos temas

contábeis tratados pelo processo de convergência tais como: Registro do Controle da

execução das Disponibilidades por Destinação de Recursos (DDR) (Subgrupos 7.2.1 e 8.2.1),

registro do processo de Encerramento e Abertura do exercício e a sistemática adotada para

geração automática das Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público.

Os resultados demonstraram que a contabilidade e a rotina dos contadores sofreram

grandes mudanças com a implantação do novo modelo, principalmente no que se refere a:

necessidade de atualização do conhecimento na área contábil e legislações pertinentes;

necessidade de compreensão dos impactos dos registros contábeis na prestação de contas do

órgão junto aos órgãos fiscalizadores; preocupação com a qualidade dos registros contábeis;

grau de detalhamento na conciliação das contas; e necessidade de compreensão das

informações geradas para envio aos órgãos fiscalizadores.

A partir da entrevista realizada junto à contadora geral do município, pôde-se concluir

que a justificativa para os resultados apontados acima estão diretamente relacionados aos

seguintes fatores: (i) contexto político e econômico que inviabilizou o avanço na

implementação de vários itens estabelecidos no PIPCP e maiores investimentos em

capacitação dos atores envolvidos; (ii) centralização na Contadoria Geral do Município do

desenvolvimento e implementação do novo modelo contábil e nos órgãos de Controle,

Contadoria e Planejamento dos instrumentos de prestação de contas, o que acaba por

restringir grande parte dos contadores à apenas execução de funções sob orientações destes

órgãos; (iii) questões culturais tais como resistência à mudanças e forte viés orçamentário da

contabilidade adotada até então; (iv) incipiência do processo de convergência que ainda

apresenta questões indefinidas; (v) ocupação de grande parte do tempo dos contabilistas da

administração indireta com atividades relacionadas à execução orçamentária e financeira, não

apresentando estrutura adequada para o desenvolvimento destes em atividades relacionadas à

contabilidade, conciliações de contas e aplicação de procedimentos contábeis patrimoniais; e

(vi) atribuição de grande parte do mérito no sucesso alcançado até então no processo de

convergência à criação de uma gerência específica responsável pela implementação do novo

modelo e à contratação por meio de concurso público de novos contadores.

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A partir da análise das informações obtidas dos respondentes através da aplicação do

questionário confrontando-as com as informações obtidas junto à contadora geral do

município através da entrevista, conclui-se que:

(i) A maior parte dos contabilistas possuem especialização em alguma área em decorrência de

incentivo que considera os cursos de pós-graduação como critérios para progressão e

avaliação na carreira; (ii) A maior parte dos respondentes possuem cargo efetivo devido a

políticas que valorizam os cargos de contador com preenchimento através de concurso

público na administração direta e nas demais entidades da administração indireta deve-se ao

fato das últimas gestões têm privilegiado a alocação dos servidores de cargo efetivo nas

diversas gerências técnicas; (iii) Grande parte dos respondentes considera que não houve uma

preparação antecipada dos atores envolvidos no processo de implantação do novo modelo

apesar da contadoria geral ter realizado e incentivado a participação destes em eventos de

capacitação. (iv) Parte dos respondentes não consideram que houve ganho na adoção do

reconhecimento, mensuração e evidenciação dos bens móveis, imóveis e estoques. Essa

percepção, segundo a contadora geral do município pode ser justificada pela falta de

conhecimento sobre os ganhos que o novo modelo trará, pela forte cultura orçamentária que

enfatiza o controle orçamentário em detrimento do patrimonial e pela implantação parcial no

município do reconhecimento, mensuração e evidenciação dos bens móveis e imóveis.

Conclui-se que o processo de implantação do novo modelo contábil no município de

Belo Horizonte trouxe: várias mudanças para os processos do ente; grandes intervenções em

sistemas de Tecnologia da Informação; necessidade de educação continuada por parte dos

contabilistas; e maiores demandas de informações contábeis aos contadores. O processo

também não contou com uma preparação satisfatória dos atores envolvidos e que o mesmo

ainda encontra-se em andamento, pendente da implantação de vários itens definidos no

PIPCP.

O estudo desenvolvido não pretendeu esgotar o assunto e assim, para pesquisas futuras,

sugere-se a investigação da efetividade da implantação dos procedimentos referentes ao

reconhecimento, mensuração e evidenciação dos bens de infra-estrutura e do patrimônio

cultural e a percepção dos profissionais da contabilidade em relação a elaboração e divulgação

de notas explicativas que compõem as DCASPs no município de Belo Horizonte. Sugere-se

também novos estudos com contadores de outros municípios de capitais brasileiras, que já

iniciaram o processo de implantação das NBCASP, com intuito de comparação com os

resultados levantados nesta pesquisa. Sugere-se que a pesquisa não inclua na amostra os

contadores das sociedades de economia mista dos municípios pesquisados, por entender que

este grupo de possíveis respondentes possui uma realidade, em termos de contabilidade, bem

mais avançada quando comparada com os demais órgãos da administração pública.

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FO. Revista de Gestão e Contabilidade - GECONTI da UFPI – Floriano – PI, p. 33-50.

Recuperado de http://www.ojs.ufpi.br/index.php/gecont/article/view/1659. i Art. 7º As informações referentes aos balancetes contábeis serão enviadas ao Tribunal na forma dos leiautes

disponibilizados no Portal do Sicom, pelo: I – Prefeito Municipal; II – Presidente da Câmara Municipal; III –

gestor de autarquia, fundação pública e empresa estatal dependente; IV – gestor de RPPS; e V – gestor de

consórcio público gerido por município do Estado de Minas Gerais. Parágrafo único. Os órgãos e entidades da

Administração direta e indireta dos municípios adotarão, para remessa dos balancetes contábeis, o Plano de

Contas Aplicado ao Setor Público – PCASP/TCEMG, disponibilizado no Portal do Sicom.

ii Procedimentos Contábeis Patrimoniais implantados pelo Município de Belo Horizonte: créditos a

receber, (exceto créditos tributários, previdenciários e de contribuições a receber), bem como dos respectivos

encargos, multas e ajustes para perdas; dívida ativa, tributária e não tributária, e respectivo ajuste para perdas;

obrigações por competência decorrentes de empréstimos, financiamentos e dívidas contratuais e mobiliárias;

obrigações por competência decorrentes de benefícios a empregados; provisão atuarial do regime próprio de

previdência dos servidores públicos; obrigações com fornecedores por competência; e estoques.

Procedimentos Contábeis Patrimoniais em implantação pelo Município de Belo Horizonte : créditos

oriundos de receitas tributárias e de contribuições (exceto créditos previdenciários), bem como dos respectivos

encargos, multas, ajustes para perdas e registro de obrigações relacionadas à repartição de receitas; créditos

previdenciários, bem como dos respectivos encargos, multas e ajustes para perdas; provisões por competência;

bens móveis e imóveis; respectiva depreciação ou exaustão; reavaliação e redução ao valor recuperável (exceto

bens do patrimônio cultural e de infraestrutura) e demais obrigações por competência.