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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO TRIÂNGULO MINEIRO – Campus Uberaba MESTRADO PROFISSIONAL EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS ANA PAULA DA SILVA IMPLANTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS (PGRS) EM UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO: UMA EXPERIÊNCIA EM ESCOLAS MUNICIPAIS DA CIDADE DE VERÍSSIMO-MG. UBERABA, MG 2015

IMPLANTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE …

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO

TRIÂNGULO MINEIRO – Campus Uberaba

MESTRADO PROFISSIONAL EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE

ALIMENTOS

ANA PAULA DA SILVA

IMPLANTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE

RESÍDUOS SÓLIDOS (PGRS) EM UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E

NUTRIÇÃO: UMA EXPERIÊNCIA EM ESCOLAS MUNICIPAIS DA

CIDADE DE VERÍSSIMO-MG.

UBERABA, MG

2015

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ANA PAULA DA SILVA

Implantação de um Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) em

Unidades de Alimentação e Nutrição: uma experiência em Escolas Municipais da

Cidade de Veríssimo-MG.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos

do Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia do Triângulo Mineiro – Campus

Uberaba, como requisito para a obtenção do

Título de Mestre em Ciência e Tecnologia de

Alimentos.

Orientador: Prof° Dr° Sérgio Marcos Sanches

UBERABA, MG

2015

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ANA PAULA DA SILVA

IMPLANTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS

SÓLIDOS (PGRS) EM UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO: UMA

EXPERIÊNCIA EM ESCOLAS MUNICIPAIS DA CIDADE DE VERÍSSIMO-MG.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos

do Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia do Triângulo Mineiro – Campus

Uberaba, como requisito para a obtenção do título

de Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos.

Aprovada em 13 de Fevereiro de 2015

Banca Examinadora

__________________________________________________________

Prof. Dr. Sérgio Marcos Sanches (Orientador) – IFTM, Campus Ituiutaba

___________________________________________________________

Prof Dr. Paulo Cezar Bastianello Campagnol – IFTM, Campus Uberaba

__________________________________________________________

Prof. Dr. Juvenal Carolino da Silva Filho – Universidade Federal de Goiás

UBERABA, MG

2015

5

AGRADECIMENTOS

A Deus, causa primeira de todas as coisas.

Ao Dr° Sérgio Marcos Sanches pela orientação, apoio e incentivo. Meus sinceros

agradecimentos.

Aos meus amigos mestres e doutores pelo estímulo.

Ao Instituto Federal do Triângulo Mineiro e todos os colaboradores do Programa de

Pós- Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos, pela oportunidade concedida.

Aos colegas mestrandos pelo exemplo e dedicação.

6

RESUMO

A geração de Resíduos Sólidos (RS) representa um sério problema a ser enfrentado pelo

poder público e sociedade civil, uma vez que os impactos causados ao meio ambiente

repercutem na saúde pública. O manejo inadequado de resíduos sólidos de qualquer origem

gera desperdícios, constitui ameaça constante à saúde pública e agrava a degradação

ambiental. As Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN) consistem em um serviço

organizado, compreendendo uma sequência e sucessão de atos destinados a fornecer refeições

balanceadas dentro dos padrões dietéticos e higiênicos. Nas UAN, ocorre geração de RS com

diferentes composições físicas, devendo haver por parte dos nutricionistas e/ou

administradores dessas unidades, adoção de medidas mitigadoras para minimizar a sua

geração. Esta pesquisa foi conduzida com o objetivo de quantificar e destinar os resíduos

sólidos produzidos nas UAN das escolas municipais da cidade de Veríssimo-MG, a fim de

promover a redução residual, auxiliando a preservação do meio ambiente. No período de

Março de 2013 a Março de 2014, aconteceram treinamentos específicos com todos

funcionários das UAN das escolas integrantes desta pesquisa sobre geração de resíduos e

aproveitamento integral de alimentos, ministrados pela pesquisadora, formada em Nutrição. A

geração de resíduos foi mensurada antes e após as intervenções. Com intuito de sensibilizar

os alunos quanto à questão do desperdício, foram realizadas ações educativas como a

utilização de gincanas, construção de uma horta e a produção de sabão. Neste estudo

observou-se que as UAN apresentaram dois fatores de desperdício preponderantes; o índice

de parte comestível (IPC); e os restos. Em média foram produzidos 0,019kg ± 0,015 de

resíduos orgânicos/pessoa/dia na área de Produção – Orgânico no período matutino e 0,020kg

± 0,008, no vespertino, caracterizando esta área da Escola Municipal Maria Natália como a

maior fonte geradora de resíduos. No Centro Educacional Algodão Doce, a maior fonte

geradora foi a área de Distribuição – Comida, com 0,055kg ± 0,023 e 0,025kg ± 0,01 em seus

respectivos períodos, sendo a segunda maior fonte geradora a área Produção – Orgânico, com

0,048kg ± 0,034 e 0,015kg ± 0,018. Por meio das ações educativas realizadas neste trabalho,

obteve-se redução significativa na geração de resíduos. O questionário aplicado à comunidade

escolar mostrou interesse pelo conhecimento sobre coleta seletiva e por ações de preservação

ambiental. Os resíduos orgânicos produzidos em menor escala após as intervenções fizeram

parte do processo de compostagem. Os compostos produzidos foram caracterizados por

7

espectroscopia de infravermelho, análise elementar, teor de cinzas e umidade, presença de

metais. Após as caracterizações observou-se que o processo de compostagem precisa ser

aperfeiçoado uma vez que gerou composto imaturo, principalmente pela relação C:N abaixo

de 15 e altos teores de umidade. A implantação do PGRS proporcionou uma redução

significativa na geração de resíduos, mostrando a necessidade e importância de ações

educativas conjuntas ao programa, bem como a integração com as rotinas operacionais das

UAN, visando a redução, a reutilização e a reciclagem dos mesmos.

PALAVRAS-CHAVE: Resíduos Sólidos, Gestão de Resíduos, Unidades de Alimentação e

Nutrição, Compostagem, Meio-Ambiente.

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ABSTRACT

The generation of Solid Waste (RS) is a serious problem to be faced by the government

and civil society, since the impacts to the environment of public health importance. Improper

handling of solid waste from any source generates waste, is constant threat to public health

and aggravates environmental degradation. The Food and Nutrition Units (UAN) consist of an

organized service, comprising a sequence and succession of acts intended to provide balanced

meals within the dietary and hygienic standards. In UAN, occurs generation of RS with

different physical compositions and should be by nutritionists and / or managers of these

units, adoption of mitigation measures to minimize their generation. This research was

conducted in order to quantify and allocate the solid waste produced in UAN municipal

schools in Verissimo-MG in order to promote waste reduction, helping to preserve the

environment. In the period from March 2013 to March 2014, there were specific training to all

employees of UAN members of the schools of this research on waste generation and full use

of food. The generation of waste was measured before and after intervention. Aiming to raise

students' awareness on the issue of waste, educational activities were carried out as the use of

competitions, construction of a garden and the production of soap. In this study, we observed

that HFS showed two predominant wasters; the inedible parts index (CPI) and the remains.

On average were produced 0,019kg ± 0,015 of organic waste / person / day in the Production

area - Organic in the morning and 0,020kg ± 0,008, in the evening, featuring the area of the

Municipal School Maria Natalia as the largest source of waste. In Education Center Cotton

Candy, the major source was the Distribution area - food, with 0,055kg ± 0,023 and 0,01 ±

0,025kg in the respective periods, the second major source the production area - organic, with

0,048kg ± 0,034 and 0,018 ± 0,015kg. Through educational activities in this work, we

obtained significant reduction in waste generation. The questionnaire to the school

community showed interest in knowledge about selective collection and environmental

preservation actions. Organic waste produced on a smaller scale after the interventions were

part of the composting process. The compounds produced were characterized by infrared

spectroscopy, elemental analysis, ash content and moisture, presence of metals. After the

characterization, it was observed that the composting process needs to be improved since it

generated immature compound, especially the C: N ratio below 15 and high moisture content.

The implementation of the SWMP provided a significant reduction in waste generation,

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showing the need and importance of joint educational activities to the program, as well as

integration with operational routines of UAN, aiming at the reduction, reuse and recycling.

KEYWORDS: Solid Waste, Waste Management, Food and Nutrition Unit, Composting,

Environment.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 12

2 OBJETIVOS .................................................................................................................. 14

2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................................... 14

3 REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................................... 15

3.1 RESÍDUO SÓLIDO ....................................................................................................... 15

3.2 UNIDADE DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO E PRODUÇÃO DE RESÍDUOS ...... 16

3.3 LEGISLAÇÃO SANITÁRIA EM ALIMENTOS ........................................................... 17

3.4 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS............................................................................ 19

3.4.1 Da Terra para a Terra: Compostagem .......................................................................... 20

4 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................ 22

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL ............................................................................... 22

4.2 ETAPAS DA PESQUISA .............................................................................................. 22

4.2.1 Primeira Etapa- Coleta de Dados ................................................................................. 22

4.2.2 Segunda Etapa- Intervenções ....................................................................................... 23

4.2.3 Terceira Etapa- Destinação adequada dos resíduos ...................................................... 25

4.2.3.1 Compostagem ........................................................................................................... 25

4.3 ANÁLISE QUÍMICA .................................................................................................... 29

4.3.1 Análise Elementar ....................................................................................................... 29

4.3.2 Espectroscopia de infravermelho com Transformata de Fourier (FTIR) ....................... 29

4.3.3 Digestão das amostras do composto gerado nas escolas para determinação de metais .. 29

4.3.4 Construção das curvas analíticas para a determinação de metais nos compostos gerados

nas escolas ........................................................................................................................... 31

4.3.5 Análises de metais presentes nos compostos gerados nas escolas pela Técnica de

Espectroscopia de Absorção Atômica................................................................................... 31

4.3.6 Teor de Umidade ......................................................................................................... 31

4.3.7 Teor de Cinzas ............................................................................................................ 31

4.3.8 pH ............................................................................................................................... 32

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................................................... ... 33

6 CONCLUSÃO ................................................................................................................. 46

REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 47

APÊNDICE A .......................................................................................................................... 52

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1. INTRODUÇÃO

A dinâmica ambiental da geração de resíduos sólidos – (RS), em face de sua

complexidade e diversidade, constitui um sério desafio a ser enfrentado, considerando-se que

o crescimento populacional e o aumento da urbanização não têm sido acompanhados com

medidas necessárias para destinar adequadamente o lixo produzido. Essa questão requer a

reeducação e comprometimento do cidadão e suscita a emergência de uma nova postura ética

de renovação de valores e compromisso em perceber, viver e conviver com o ambiente

(SPINELLI; CALE, 2009).

A produção de RS, provenientes de Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN),

constitui-se numa evidência em toda a cadeia produtiva da refeição até sua distribuição. Para

controlar a demanda deste “lixo”, com objetivo de preservar o meio ambiente, é fundamental

que haja uma interação das ferramentas de Gestão Ambiental com as rotinas operacionais das

Unidades de Alimentação e Nutrição. Toda UAN, para atingir seus objetivos de oferta de

alimentação, gera resíduos sólidos com variável composição física, os quais contribuem para

com a dinâmica da gestão ambiental no Brasil (SANTOS, 2008).

Em relação aos alimentos, existem três causas de desperdício predominantes: o índice

de parte não-comestível (IPC: perda em relação ao peso inicial, representado pela remoção de

partes não comestíveis do alimento); as sobras (alimentos produzidos e não distribuídos); e os

restos (alimentos distribuídos e não consumidos) (ABREU; SPINELLI; PINTO, 2007).

A geração de RS representa um sério problema a ser enfrentado pelo poder público e

sociedade civil, uma vez que os impactos causados ao meio ambiente repercutem na saúde

pública.

Conforme destacam Sanches et al. (2006), o manejo inadequado de resíduos sólidos de

qualquer origem gera desperdícios, torna-se uma ameaça constante à saúde pública e agrava a

degradação ambiental. Essa situação evidencia a urgência de um sistema de conscientização

educacional adequado de manejo dos resíduos, definindo uma política para a gestão e o

gerenciamento, a qual assegure a melhoria continuada da qualidade de vida, promovendo

ações práticas recomendadas para a saúde pública e protegendo o meio ambiente.

O Brasil é campeão mundial em desperdício de comida, cerca de 12 bilhões de reais são

jogados todos os dias no lixo, sendo que este número poderia sustentar 30 milhões de pessoas

(VIDMANTAS et al., 2010).

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Nas UAN, é oferecido alimentação e ocorre produção de resíduos sólidos com

diferentes composições físicas, portanto à medida que há produção de resíduos, deve haver

por parte dos nutricionistas e/ou administradores dessas unidades, adoção de medidas

mitigadoras para minimizar os RS, uma vez que essas unidades há, diariamente, resíduos

alimentícios. Para reduzi-los, é fundamental uma interação entre as ferramentas de Gestão

Ambiental e as rotinas operacionais das Unidades de Alimentação e Nutrição, pela educação.

A participação dos alunos e o envolvimento da comunidade local são importantes para a

multiplicação das informações adquiridas promovendo uma conscientização ambiental

coletiva.

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2. OBJETIVOS

Devido à importância do estudo dos resíduos sólidos e suas fontes geradoras, esta

pesquisa foi conduzida com o objetivo de quantificar e destinar os resíduos sólidos

produzidos nas Unidades de Alimentação e Nutrição das Escolas Municipais da cidade de

Veríssimo-MG, a fim de promover a redução residual, auxiliando a preservação do meio

ambiente.

2.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Identificar/quantificar os resíduos sólidos produzidos pela UAN escolar antes e depois

da implantação do projeto;

- Treinar os responsáveis pelo preparo das refeições, buscando a redução da geração de

resíduos sólidos;

-Sensibilizar os alunos, quanto ao impacto da geração de resíduos sólidos e a

importância de minimizá-los como forma de preservação ambiental.

15

3. REVISÃO DE LITERATURA

Desde que os seres humanos começaram a se agrupar e viver em cidades, sempre existiu

a produção de resíduos, que eram essencialmente compostos por matéria orgânica. Sua

disposição desordenada e sem controle contribuiu, de forma marcante, para o

desenvolvimento das grandes epidemias europeias da Idade Média. Para controlar a

destinação dos resíduos, surgiram os primeiros projetos de saneamento básico nas grandes

cidades, bem como o hábito de dispor os resíduos sólidos fora das chamadas áreas urbanas

(VALLE; MARQUES, 2006).

Atualmente, a dinâmica ambiental da geração de resíduos sólidos, em face de sua

complexidade e diversidade, demandou diferentes formas de manejo, considerando que o

crescimento populacional e o aumento do grau de urbanização não têm sido acompanhados

com medidas necessárias para dar um destino adequado ao lixo produzido (SPINELLI;

CALE, 2009).

3.1. RESÍDUO SÓLIDO

Resíduo deriva do latim residuu, que significa o que sobra de determinada substância. A

palavra sólida foi incorporada para diferenciar de líquidos e gases. Proveniente do termo latim

lix, que significa cinza ou lixívia, a palavra lixo é definida como sujeira, imundície, escória

(MACARI, 2009).

Lixo é todo resíduo sólido resultante de atividades do ser humano em sociedade,

considerados pelos geradores como inúteis, indesejáveis ou descartáveis (FONSECA et al.,

2010). Pode ser encontrado no estado sólido, líquido ou gasoso. Como exemplos, têm-se as

sobras de alimentos, embalagens, papéis, plásticos, latas e outros (DOETZER, 2009).

Naime (2009 apud MACARI, 2009) considera que os resíduos sólidos já foram

denominados lixo e não havia nenhuma diferença entre resíduo e lixo, mas atualmente os

materiais separados, que podem ser reciclados ou reaproveitados são chamados resíduos

sólidos, enquanto os materiais misturados e acumulados tem uma conotação de lixo.

Os resíduos sólidos são classificados pela norma técnica NBR 10.004:2004, da

Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) como:

16

(...) resíduos nos estados sólido ou semi-sólido, que resultam de atividades de

origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de

varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de

tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de

poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o

seu lançamento na rede pública de esgotos e corpos de água, ou que exijam para isso

soluções técnicas e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia

disponível.

Entre as ações de degradação ambiental, os RS gerados oferecem risco potencial ao

ambiente. Essa questão tem sido, cada vez mais, objeto de preocupação de órgãos de saúde e

ambientais, de prefeituras, de técnicos e pesquisadores da área, pois o crescimento acelerado

das metrópoles faz com que as áreas disponíveis para destinar o lixo se tornem escassas. Isso

se verifica, também, pela quantidade de legislações e referências existentes que preconizam

condutas de gerenciamento de resíduos (SPINELLI; CALE, 2009).

3.2. UNIDADE DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO E PRODUÇÃO DE

RESÍDUOS SÓLIDOS

As Unidades de Alimentação e Nutrição consistem em um serviço organizado,

compreendendo uma sequência e sucessão de atos destinados a fornecer refeições

balanceadas, dentro dos padrões dietéticos e higiênicos, visando, assim, atender as

necessidades nutricionais, de modo que se ajuste aos limites financeiros da instituição

(ABREU; SPINELLI; PINTO, 2007). Em relação à UAN, a qualidade está associada a

aspectos intrínsecos do alimento (qualidade nutricional, atenção dietética e sensorial); à

segurança (qualidade higiênico-sanitária); ao atendimento (relação cliente-fornecedor) e ao

preço (SANTOS, 2008).

A preocupação com o meio ambiente aplica-se também as UAN. O processo de

transformação da matéria-prima por meio da atividade deste setor gera grande quantidade de

resíduos (FONSECA et al., 2010). Assim como as unidades produtoras de refeições (UPR)

que são estabelecimentos que trabalham com a finalidade de comprar, receber, armazenar e

processar alimentos in natura ou semiprocessados, para, posteriormente, distribuir as

refeições produzidas para diversos tipos de clientela. A produção de refeições para

coletividade deve merecer atenção, como todo processo produtivo, principalmente em relação

ao controle de qualidade da gestão (PROENÇA, 2000).

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Segundo Santos (2008), embora a UPR e a UAN possuam diferenças entre suas

missões, não deve haver diferença quanto à garantia da qualidade sanitária do produto

oferecido, visto que a legislação nacional se aplica para os dois tipos de unidades, incluindo o

compromisso com o meio ambiente.

Restos alimentares, segundo a Portaria n° 2535 de 24 de Outubro de 2003 (ANVISA-

SMS, 2003), são os alimentos já distribuídos ou ofertados ao consumidor. Já a sobra é o

alimento excedente que não foi distribuído e que foi conservado adequadamente, incluindo a

sobra do balcão térmico ou refrigerado, quando se tratar de alimento pronto para consumo

(BRASIL, 2003).

A Resolução RDC n° 216, de 15 de Setembro de 2004 (ANVISA, 2004), que dispõe

sobre Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação, define resíduos

como materiais a serem descartados, oriundos da área de preparação e das demais áreas do

serviço de alimentação (BRASIL, 2004).

Entende-se por perdas, a parte física da produção que não é destinada ao consumo ou

não consumida em tempo oportuno, por várias razões como: depreciação da matéria prima ou

dos produtos, devido à deterioração por amassamentos, cortes, podridões, erro de produção

entre outros fatores (SOUZA, 2008).

De acordo com Malta, Nanzer e Almeida (2008), não foi encontrado na literatura o total

de lixo produzido em uma UAN no Brasil, porém sabe-se, por observação, que há um elevado

descarte de lixo, na maioria das vezes sem seleção alguma, que poderia ser reciclado,

reutilizado e/ou reduzido.

Associado a toda problemática dos RS, há uma constante necessidade de

aperfeiçoamento das ações de controle sanitário na área de alimentos e o cumprimento das

legislações que versam sobre a conduta do gerenciamento.

3.3. LEGISLAÇÃO SANITÁRIA EM ALIMENTOS

Na legislação brasileira, NBR 9191/02, o resíduo sólido deve ser acondicionado em

sacos próprios para lixo domiciliar ou comercial. As garrafas descartáveis devem ser

armazenadas em contêiner, dispostas de forma a não acumular água de chuva e,

posteriormente, encaminhadas para reciclagem. O lixo ou resíduo pastoso e aquele que exsuda

deve ser colocado em recipiente rígido, até o momento da coleta.

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A Portaria SMS n° 2535 de 24 de Outubro de 2003, estabelece critérios para o destino

dos resíduos sólidos.

A empresa geradora de resíduo sólido deve contribuir para a minimização dos resíduos e deve ser responsável pelo seu acondicionamento correto e coleta

seletiva do lixo seco e lixo orgânico. O resíduo sólido dentro do estabelecimento

deve estar acondicionado em recipientes próprios para resíduo seco e resíduo

orgânico. O recipiente deve ser provido de tampa, pedal, de material de fácil

limpeza, revestido com saco plástico resistente, esvaziado sempre que necessário. O

recipiente de lixo deve permanecer afastado das mesas, utensílios de preparação e da

manipulação de alimentos.

A negociação de resíduos provenientes de alimentos e óleo já utilizado só é admitida

por empresas que atuam especificamente com o reprocessamento desses resíduos, sendo que

estes precisam ser acondicionados adequadamente: recipientes rígidos, fechados e fora da área

da produção (BRASIL, 2003).

Todos resíduos, quando não reaproveitados, devem ser gerenciados, conforme o artigo

2° do CONAMA n° 330 (2003), onde a Câmara Técnica de Saúde, Saneamento Ambiental e

Gestão de Resíduos são compostos por um representante dos órgãos e entidades como,

Governo Federal, Ministério das Cidades, Governos Estaduais, Governos Municipais, e até

mesmo o setor empresarial, devem obedecer à resolução a respeito da coleta e disposição do

lixo.

O gerenciamento integrado de resíduos sólidos (GIRS) é definido atualmente pela

legislação que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, na Lei n° 12.305/2010, como

um “conjunto de ações exercidas direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte,

transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos gerados e

disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, de acordo com o plano municipal de

gestão integrada de resíduos sólidos ou com plano de gerenciamento exigidos por lei”.

(BRASIL, 2010)

Segundo Carneiro (2014), para autores que atuam na área, a coleta, tratamento e

disposição inadequada de RS têm fortes impactos sociais e econômicos. Entretanto, apesar de

muitos desses impactos negativos serem de amplo conhecimento, a questão dos resíduos tem

sido, por muitas vezes, negligenciada, produzindo situações potencialmente destrutivas e

refletindo esses danos sobre gerações futuras.

19

3.4. GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS

A compreensão da necessidade do gerenciamento integrado propiciou a formulação da

chamada Política dos 3 R, que inspira técnica e pedagogicamente os meios de enfrentamento

da questão do lixo, intimamente ligada à filosofia do consumo consciente e ao descarte de

produtos (LOCATELLI; SANCHEZ; ALMEIDA, 2008).

Essa política é um conjunto de medidas criadas para melhorar a gestão dos resíduos

ambientais, que pressupõe a redução do uso de matérias-primas e desperdício nas fontes

geradoras; a reutilização direta dos produtos e a reciclagem. A política dos 3 R faz parte da

Agenda 21, documento com propostas para desenvolvimento sustentável aprovado na

Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 1992, no Rio

de Janeiro (LOCATELLI; SANCHEZ; ALMEIDA, 2008).

Com a regulamentação da Lei n° 12.305/2010, cria-se uma hierarquia que deve ser

observada:

Art 9° Na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos deve ser observada a

seguinte ordem de prioridade: não geração, redução, reutilização, reciclagem,

tratamento dos Resíduos Sólidos e disposição final ambientalmente adequada aos

rejeitos.

A destinação adequada dos resíduos sólidos coloca-se como um dos mais importantes

desafios a serem enfrentados. São problemas que envolvem aspectos sanitários ambientais e

de saúde pública, portanto, requerem planejamento eficaz por parte dos administradores

públicos (ARANTES, 2009).

A separação propriamente dita dos materiais que podem ser reciclados surge como uma

das vias para reduzir os RS aterrados em solo, trazendo vantagens ambientais, econômicas e

até mesmo para a sociedade. Embora a tecnologia atual já permita reciclar com eficiência

diversos materiais amplamente consumidos, no Brasil, a reciclagem ainda não é um hábito

(MALTA; NANZER; ALMEIDA, 2008).

Com o aproveitamento dos alimentos, podem-se produzir mais alimentos e ainda

diminuir a quantidade de RS gerados. Podem ser aproveitadas as cascas dos ovos que são

ricas em cálcio, talos de verduras e legumes, bem como suas cascas. Pode-se também

diminuir os custos com o tratamento de resíduos, no que seriam menos problemas devido às

responsabilidades ambientais (VIDMANTAS et al., 2010).

Além da redução, outra forma para se tentar minimizar a quantidade de resíduo orgânico

é a utilização da compostagem.

20

3.4.1. Da Terra para a Terra: Compostagem

No Brasil, o sistema de compostagem é bastante atrativo, uma vez que a maior parte dos

RS é constituída por matéria orgânica, material inerte reciclável e rejeitos, semelhante aos

resíduos domiciliares (PERUCHIN et al., 2013). A vantagem da compostagem está na

redução de 50% dos resíduos destinados aos aterros, aumentando a vida útil de aterro,

aproveitamento agrícola da matéria orgânica e reciclagem de nutrientes para o solo (FRÉSCA,

2007).

Com a instituição da Política Nacional de Resíduos Sólidos, pela Lei n° 12.305/2010,

que restringe os materiais que podem ser dispostos em aterros sanitários, sendo permitidos

apenas materiais que tenham esgotado todas possibilidades de recuperação e tratamento.

Neste sentido a fração orgânica dos RS não deve ser destinada aos aterros, mas sim valorizada

(GUIDONI et al., 2013).

A compostagem representa uma forma de destino que promove o aproveitamento

racional dos resíduos que, sob outras formas, favorecem a preservação de recursos naturais

(ABBAS, 2008).

Esse tipo de reutilização nada mais é do que imitar os processos de reciclagem da

natureza. Em outras palavras, utilizar a matéria orgânica, após um processo de acumulação,

visando sua decomposição, como adubo para o solo, ou seja, uma decomposição controlada

(LAMANNA, 2008). Tem-se apresentado como uma forma eficiente de se reciclar os

resíduos de animais e vegetais, sendo um processo de transformação de matéria orgânica em

adubo umidificado (SANCHES et al., 2006)

Nesse contexto, a coleta diferenciada é a proteção ambiental e a utilização dos bens

renováveis. O mais recomendado é que a separação do RS seja feita na fonte produtora, ou

seja, no domicílio e/ou na escola. A fração orgânica dos RS provenientes das UAN é

constituída por vegetais, frutas e restos de alimentos, os quais se decompõem rapidamente

para formação de ácidos orgânicos e chorume (GUIDONI et al., 2013).

Um dos grandes desafios na gestão de RS é estabilizar esses materiais nos locais onde

são gerados, sem a produção de chorume, atração de vetores e redução dos maus odores. Para

contornar estas limitações, a adoção de materiais estruturantes que possibilitem a realização

das trocas gasosas e sirvam de fonte de carbono, tais como serragem e casca de arroz, pode

ser uma alternativa promissora (GUIDONI et al., 2013).

21

Tanto as práticas de compostagem, quanto as de coleta seletiva devem ser incentivadas

na comunidade local, como forma de educação e conscientização ambiental.

22

4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1. CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL

Este projeto foi realizado nas Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN) da Escola

Municipal Maria Natália Idaló, instituição de ensino fundamental; e Centro Educacional

Algodão Doce - Educação Infantil e Creche, de Veríssimo-MG, no período de Março de 2013

a Março de 2014. A escolha do município se deu pelo fato de a pesquisadora ser Responsável

Técnico (RT) da Alimentação Escolar

No período letivo das unidades educacionais, são fornecidas em média 500

refeições/dia, sendo o cardápio categorizado como básico trivial, composto por uma entrada,

um prato proteico e um ou dois acompanhamentos, sendo a sobremesa servida duas vezes na

semana. O sistema de distribuição é porcionado. As crianças atendidas estão

predominantemente na faixa etária de 06 meses a 11 anos.

4.2. ETAPAS DA PESQUISA

Inicialmente, foi realizado um treinamento específico com todos funcionários das UAN

escolares sobre: ambiente de trabalho x geração do lixo x meio ambiente e coleta seletiva. Por

meio de recursos audiovisuais, foi exposta ao grupo à relação entre o trabalho desempenhado

na UAN escolar, com a geração de resíduos e suas respectivas consequências para o meio

ambiente. Em exposição prática, no próprio local de trabalho, foram indicados os locais

específicos para a coleta dos resíduos, bem como a forma correta de realizar a seleção.

4.2.1. Primeira Etapa – Coleta de Dados

A UAN de cada escola foi dividida em 02(dois) setores: área de produção e área de

distribuição, conforme Spinelli e Cale (2009).

Na área de produção, foram dispostos 03 (três) recipientes devidamente identificados

para coleta de resíduos, um para recicláveis (papel, papelão, vidro, metal, plástico), outro para

material orgânico (aparas de verduras, cascas e sementes de frutas) e o terceiro para restos de

23

comida. Na área de distribuição foram dispostos 02 (dois) recipientes, um para material

orgânico como cascas, sementes de frutas e outro para restos de comida.

Todos os resíduos gerados foram pesados e medidos o volume, separadamente, por

turno escolar, com auxílio de funcionários da UAN, em 12 (doze) coletas de 05(cinco) dias,

na primeira e terceira semanas de cada mês, totalizando 60 dias. Foram 06 (seis) coletas, antes

das intervenções, nos meses de Abril, Maio e Junho do ano de 2013, tendo assim a

identificação da fonte geradora e o tipo de resíduo produzido em maior escala; e 06 (seis)

coletas subsequentes às intervenções nos meses de Outubro, Novembro e Dezembro do

mesmo ano. Os dados foram obtidos com o uso de uma balança de mesa digital, marca

Filizola®, capacidade 15 kg, divisão de 5g; e o volume foi medido com um recipiente plástico

transparente, graduado, com sensibilidade de 0,5L, capacidade 12L.

Todos os dados foram registrados em planilhas próprias. Foram verificados pesos,

volumes, porcentagens, medidas de posição central e de dispersão pelo SPSS (Statistical

Package for the Social Sciences), versão 16.0.

Com o número de alunos presentes no período, calculou-se a geração de resíduos per

capita, dividindo-se o total de resíduo produzido pelo número de alunos presentes. Na

segunda fase de coletas, o cardápio produzido nas UAN escolares foi o mesmo da primeira.

4.2.2. Segunda Etapa – Intervenções para redução de resíduos

Nessa etapa foi realizado novo treinamento abordando às técnicas corretas de

armazenamento de alimentos perecíveis, manipulação correta de hortifrutigranjeiros na fase

de higienização e pré-preparo e maior aproveitamento dos alimentos. Após testes culinários,

verificou-se a possibilidade de usar as cascas de alguns alimentos, entre eles, cenoura,

abóbora cabotiá, banana, abacaxi e melancia.

Com o intuito de avaliar a sensibilidade ambiental da comunidade escolar, foi aplicado

um questionário (em anexo), o qual abordou questões relativas ao conhecimento dos

indivíduos e suas ações sobre coleta seletiva, reciclagem, compostagem e descarte correto do

óleo de cozinha. A amostra foi composta por todos funcionários das UAN, além de

funcionários da escola, professores e pais de alunos. Os dados foram analisados pelo SPSS

(Statistical Package for the Social Sciences), versão 16.0.

24

Ainda como forma de intervenção, a sensibilização das crianças quanto ao desperdício de

alimentos, aconteceu por meio de ações educativas como a utilização de gincanas, a construção

de uma horta e produção de sabão.

Gincana Resto Zero

Aconteceu uma gincana cuja turma que tivesse a menor quantidade de restos de

alimentos seria a vencedora, com premiação. As turmas eram direcionadas separadamente ao

refeitório, se alimentavam e colocavam os restos em um local próprio, identificado com o

nome da turma. Ao final das refeições, o peso foi registrado em um cartaz, no próprio refeitório

e os alunos fizeram a classificação da sala, por meio de figuras representativas de tristeza,

naturalidade e alegria, estas relacionadas a muito, aceitável ou pouco/nenhum desperdício,

respectivamente. No final da semana, o ganhador foi anunciado.

Horta Escolar

Com apoio de um funcionário da escola foi construída uma horta para que o aluno

acompanhasse o ciclo do alimento desde seu cultivo até chegar à mesa. Houve um trabalho

conjunto com as disciplinas de ciências e matemática, utilizando a horta como instrumento

pedagógico. (Figura 1)

Figura 1 – Horta Escolar

Oficina de produção de sabão

25

Esta oficina aconteceu somente com a turma de quinto ano, por medida de segurança. Foi

observacional e o manipulador apresentava-se com todos os equipamentos de proteção

individual necessários. Em sala de aula, foram expostos os prejuízos do descarte de óleo no

meio ambiente, bem como o volume de água que uma pequena quantidade pode contaminar.

A fórmula utilizada foi com base em Confagri (2006 apud MACÊDO, 2006), que

recomenda utilizar o seguinte material: 1,0 kg de soda cáustica ( NaOH); 2,0 L de água; 4,0 L

de óleo de frituras (exceto peixes); 1,0 L de álcool; Colher de pau/ balde; Formas de silicone,

acetato ou recipiente plástico.

Quanto aos procedimentos usados: coou-se o óleo para separar impurezas, mantendo

distância segura quando efetuar a mistura e utilizando equipamento de proteção individual,

(luvas, avental e óculos); colocou-se no balde 1,0 kg de soda cáustica e 2,0 L de água quente.

Misturou-se com uma colher de pau até diluir totalmente. Após esse processo, juntou-se 4,0 L

de óleo usado e continuou mexendo com a colher por mais 20 minutos. Depois, acrescentou-se

1,0 L de álcool; misturando tudo até obter a consistência de pasta. Despejou-se a mistura em

um recipiente plástico. Em seguida, deixou-se secar totalmente e cortaram-se os pedaços de

sabão em quadrados, envolvendo-os com papel filme.

Para maior integração com a atividade, o óleo utilizado foi coletado e armazenado pelos

alunos, em domicílio, recebendo em troca o sabão.

4.2.3. Terceira Etapa – Destinação adequada dos resíduos

4.2.3.1 Compostagem

A terceira etapa coincide com o início da segunda fase de coletas dos resíduos.

Em um local afastado do fluxo de crianças, seguro e sombreado foi colocado dois

sistemas de compostagem, com caixas plásticas de forma retangular com tampa, sendo um para

cada escola. Cada sistema continha duas caixas plásticas com orifícios, dimensões 0,30m x

0,55m x 0,35m; uma caixa plástica, dimensões 0,20m x 0,55m x 0,35m; uma tampa com

orifícios e uma torneira, conforme Figura 2.

26

Figura 2 – Foto dos Sistemas de Compostagem

Operações do Sistema de Compostagem

A primeira caixa (com tampa) de cada sistema de compostagem recebeu inicialmente

uma camada de 0,05m de húmus de minhoca. As cascas de frutas, legumes, hortaliças e borra

de café, produzidas em cada UAN foram dispostas em sua respectiva composteira à medida

que foram geradas, e totalmente cobertas com terra e material aerador (serragem), durante 10

dias.

Ao completar a primeira caixa, esta desceu e foi retirada quantidade suficiente de

material para formar uma camada de 0,05m na segunda caixa, iniciando um novo processo. O

segundo ciclo recebeu material orgânico por 7 dias. Os orifícios nas caixas e tampa permitem

otimizar a aeração e a passagem do chorume para a última caixa.

Após o acúmulo de material até o limite de preenchimento (aproximadamente 120L),

foi efetuado o revolvimento mecânico da massa em bioestabilização semanalmente, durante 8

semanas.

Amostragem

Para obtenção de uma amostra homogênea, a coleta foi feita em três pontos aleatório em

cada caixa. As seis amostras parciais de cada sistema foram homogeneizadas e uma massa de

0,5kg foi tomada como elemento analítico.

27

Após a coleta, as amostras foram secas em temperatura ambiente. Em seguida, foi

realizada uma limpeza prévia, sendo trituradas no almofariz e passadas em peneira de 5mm de

abertura de malha e homogeneizadas.

5.2.3.1 Reciclagem

As embalagens Tetra Pak e Politereftalato de Etileno (PET) foram separadas, lavadas e

destinadas para atividades lúdicas, confecção de brinquedos e enfeites para datas

comemorativas, como mostra a Figura 3.

Figura 3 – Material lúdico confeccionado com embalagens Tetra Pak e PET

28

A Figura 04 apresenta de forma resumida as etapas de desenvolvimento da pesquisa.

Figura 4 - Esquema do desenvolvimento do projeto (Pesquisadora, 2015).

ESCOLAS MUNICIPAIS

DE VERÍSSIMO-MG

UAN ESCOLAR

EDUCAÇÃO INFANTIL EDUCAÇÃO

FUNDAMENTAL

TREINAMENTOS

ESPECÍFICOS PARA OS

FUNCIONÁRIOS

IMPLANTAÇÃO DA

COLETA SELETIVA

ÁREA DE PRODUÇÃO ÁREA DE DISTRIBUIÇÃO

MATERIAL

RECICLÁVEL

MATERIAL

ORGÂNICO

RESTO DE

COMIDA

MATERIAL

ORGÂNICO

SENSIBILIZAÇÃO DOS

ALUNOS

TREINAMENTO PARA OS

MANIPULADORES DE

ALIMENTOS.

ANÁLISE DOS RESÍDUOS GERADOS

INTERVENÇÃO

A

N

T

E

S

E

A

P

Ó

S

I

N

T

E

R

V

E

N

Ç

Õ

E

S

RESTO DE

COMIDA

IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA

DE COMPOSTAGEM

29

4.3. ANÁLISE QUÍMICA

Foram realizadas análises do composto gerado nas escolas quanto aos parâmetros de

Análise Elementar, Infravermelho com transformata de Fourier, Teor de umidade e Cinzas,

pH e Metais.

4.3.1. Análise elementar

As análises elementares foram realizadas pela Central de Análises

Químicas e Instrumentais do Instituto de Química de São Carlos, utilizando-se o

aparelho CE Instruments EA 1110 CHNS-O da marca Fisons, com detector de

condutividade térmica. Foi quantificado carbono, hidrogênio, nitrogênio e enxofre

(em porcentagem de massa). O teor de oxigênio foi obtido pela diferença [100 –

(%C + %H + %N +%S)] (FALONE, 2002).

4.3.2. Espectroscopia de infravermelho com Transformata de Fourier (FTIR)

Os espectros foram obtidos a partir das pastilhas de KBr, sendo que 1,0000 mg da

amostra do composto produzido e 10,0000 mg de brometo de potássio (KBr), foram

colocados em um almofariz de ágata, para o preparo da pastilha a ser analisada. As análises

foram realizadas em espectrômetro com transformata de Fourier, da marca Bomem MB- 102.

Foram realizadas 16 varreduras com resolução espectral de 4 cm-1

.

4.3.3. Digestão das amostras do composto gerado nas escolas para determinação de

metais.

A fim de solubilizar os metais presentes nas amostras foi feita a digestão da amostra

pelo método EPA SW 846 3050, no Instituto Federal do Triângulo Mineiro, em duplicata. As

amostras digeridas foram encaminhadas para Central de Análises

Químicas e Instrumentais do Instituto de Química de São Carlos - IQSC - USP.

30

EPA SW 846 3050 – Procedimento Analítico

-Adicionar 500mg (com precisão de 1mg) de amostra do resíduo moída e seca no

frasco do digestor com capacidade para 100 mL.

- Com auxílio de pipeta volumétrica adicionar 10,0 mL da solução 1+1 (v/v) de ácido

nítrico, misturar e cobrir o frasco com funil.

- Aquecer a aproximadamente 95 oC em uma placa de aquecimento por cerca de 10 a

15 minutos, sem ebulição.

- Esfriar e adicionar com pipeta volumétrica de 5,0 mL ácido nítrico concentrado

(HNO3), cobrir com funil e colocar sob refluxo por 30 minutos. Repetir a adição de

ácido e colocar sob refluxo novamente.

- Evaporar a solução para cerca de 5,0 mL, sem ebulição. Não deixar secar.

- Esfriar e com auxílio de pipeta volumétrica de 1,0mL adicionar 2,0 mL de água

deionizada e 3,0 mL de H2O2 30%, cobrir com funil, aquecer até a reação com a H2O2

diminuir e esfriar em seguida.

- Continuar adicionando a água oxigenada em alíquotas de 1,0 mL e aquecer a 95 oC até

que a reação diminua ou até que a aparência da amostra não se altere. Não adicionar

mais de 10,0 mL de H2O2 30%.

- Adicionar com pipeta volumétrica de 5,0 mL ácido clorídrico concentrado (HCl),

adicionar 10,0 mL de água deionizada com proveta e cobrir com funil. Colocar sob

refluxo por 15 minutos sem ebulição.

-Esfriar e filtrar em papel de filtro qualitativo e filtragem lenta em um balão volumétrico

de 50,0 mL. Lavar o frasco e o papel de filtro com pequenas porções de solução de HCl

1+100 (v/v) e diluir.

- O extrato está pronto para a análise e foram acondicionados em frascos de polietileno

virgens e pré-lavados com ácido nítrico supra-puro. Após esta etapa foi confeccionada a

curva analítica para a determinação de metais.

31

4.3.4. Construção das curvas analíticas para a determinação de metais nos compostos

gerados nas escolas

As curvas analíticas para a determinação de metais foram preparadas com três (3)

pontos mais o branco, sendo cada ponto preparado em triplicata, a partir da solução estoque

de 1000 mg L-1

. As concentrações utilizadas para os metais Pb, Cr, Cd, Fe e Cu foram: 0,00;

0,50; 1,00 e 1,50 mg L-1

.

4.3.5. Análises de metais presentes nos compostos gerados nas escolas pela

Técnica de Espectroscopia de Absorção Atômica

As análises dos metais foram realizadas na Central de Análises químicas do Instituto de

Química de São Carlos – IQSC - USP. Utilizou-se um equipamento de Espectroscopia de

Absorção Atômica da marca Perkim Elmer, Modelo Optima.

4.3.6. Teor de Umidade

A umidade foi determinada pelo método gravimétrico conforme AOAC (1995) com

emprego de calor, em uma massa de 10,0000 mg, baseando na perda de peso do material

submetido ao aquecimento de 105ºC, até peso constante.

4.3.7. Teor de Cinzas

O teor em cinzas das substância húmicas filtrada em papel de filtro 0,45 foi obtida

por calcinação em cadinho de platina, pela queima de 3,0000 mg do material livre de

umidade a 800ºC em uma mufla, marca EDG, modelo 1800-3P, por 4 h. O procedimento

foi realizado em triplicada, e o resultado final foi obtido pela média aritmética das três

determinações. O Teor de Cinzas foi determinado por meio da seguinte equação 1:

% Cinzas = (m1/m2). 100 (eq. 1)

onde: m1 = massa das SHs após calcinação

m2 = massa das SHs antes da calcinação

32

4.3.8. pH

As análises de pH foram realizadas no laboratório do Instituto Federal do Triângulo

Mineiro, utilizando um pHmetro da marca Orion 710-A, previamente calibrado com tampões

de pH 4, 7 e 10. Todas as medidas foram feitas à temperatura de 25ºC (VAN RAIJ et al.,

1987).

Para obtenção dos resultados do Teor de Umidade, Cinzas, Matéria Orgânica e pH fez-se

uma média aritmética para as três alíquotas retiradas de cada amostra.

33

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em relação aos treinamentos propostos, observou-se bastante interesse e participação de

todos funcionários das UAN, principalmente em relação ao conhecimento das consequências

que os resíduos proporcionam ao meio ambiente e durante os testes culinários para maior

aproveitamento dos alimentos. Locatelli, Sanches e Almeida (2008) observaram grande

interesse por parte dos funcionários no treinamento aplicado em seu estudo e associaram tais

resultados ao fato de se tratar de assunto muito presente na mídia.

Neste estudo, observou-se que as UAN apresentaram dois fatores de desperdício

preponderantes; o índice de parte não comestível (IPC), representado pela remoção das partes

não comestíveis dos alimentos; e os restos, representados pelos alimentos distribuídos e não-

consumidos, estes fatores também encontrados por Spinelli e Cale (2009).

Os dados da literatura não oferecem parâmetros para crianças (ANDRADE; CAMPOS,

2012). Em média foram produzidos 0,019kg ± 0,015 de resíduos orgânicos/pessoa/dia na área

de Produção – Orgânico no período matutino e 0,020kg ± 0,008, no vespertino, caracterizando

esta área da Escola Municipal Maria Natália (E.M. Maria Natália) como a maior fonte

geradora de resíduos. Carneiro (2014), observou per capitas diários de 0,220kg constituídos

de material orgânico. Seguido tem-se a área Distribuição – Comida com 0,017kg ± 0,008 e

0,018kg ± 0,009 conforme apresentados nas Tabelas 1 e 2.

O inverso aconteceu no Centro Educacional Algodão Doce (C.E. Algodão Doce), onde

a maior fonte geradora foi a área de Distribuição – Comida, com 0,055kg ± 0,023 e 0,025kg ±

0,01 em seus respectivos períodos, sendo a segunda maior fonte geradora a área Produção –

Orgânico, com 0,048kg ± 0,034 e 0,015kg ± 0,018 conforme apresentado nas Tabelas 3 e 4.

Chamberlem, Kinasz e Campos (2012), observaram que um dos fatores responsáveis

pelos restos é a quantidade servida pelos funcionários superior às necessidades. No estudo de

Andrade e Campos (2012), em uma creche localizada no estado de Sergipe, os percentuais

médios de restos reduziram-se quase pela metade após a padronização da quantidade a ser

servida.

34

Tabela 1 – Escola Municipal Maria Natália, período matutino.

Variáveis

Pré-intervenção

(média ± DP)

Pós-intervenção

(média ± DP)

p valor

Produção Orgânico (kg) 0,019 ± 0,015 0,008 ± 0,056 0,000**

Produção Comida (kg) 0,0076 ± 0,007 0,0039 ± 0,004 0,027*

Produção Reciclável (kg) 0,007 ± 0,005 0,0037 ± 0,003 0,002*

Distribuição Orgânico (kg) 0,0008 ± 0,0037 0,0014 ± 0,0048 0,594

Distribuição Comida (kg) 0,017 ± 0,008 0,008 ± 0,005 0,000**

Notas: *p<0,05, as médias são diferentes ao nível de 5% de significância

**p<0,001, as médias são diferentes ao nível de 1% de significância

Tabela 2 – Escola Municipal Maria Natália, período vespertino.

Variáveis

Pré-intervenção

(média ± DP)

Pós-intervenção

(média ± DP)

p valor

Produção Orgânico (kg) 0,020 ± 0,008 0,01 ± 0,005 0,000**

Produção Comida (kg) 0,009 ± 0,007 0,0042 ± 0,004 0,001*

Produção Reciclável (kg) 0,0047 ± 0,0035 0,0037 ± 0,0036 0,302

Distribuição Orgânico (kg) 0,0029 ± 0,008 0,0031 ± 0,0089 0,953

Distribuição Comida (kg) 0,018 ± 0,009 0,007 ± 0,004 0,000**

Notas: *p<0,05, as médias são diferentes ao nível de 5% de significância

**p<0,001, as médias são diferentes ao nível de 1% de significância

Tabela 3 – Centro Educacional Algodão Doce, período matutino.

Variáveis

Pré-intervenção

(média ± DP)

Pós-intervenção

(média ± DP)

p valor

Produção Orgânico (kg) 0,048 ± 0,034 0,019 ± 0,013 0,000**

Produção Comida (kg) 0,018 ± 0,016 0,009 ± 0,01 0,011*

Produção Reciclável (kg) 0,015 ± 0,004 0,006 ± 0,004 0,000**

Distribuição Orgânico (kg) 0,003 ± 0,01 0,0016 ± 0,006 0,437

Distribuição Comida (kg) 0,055 ± 0,023 0,023 ± 0,013 0,000**

Notas: *p<0,05, as médias são diferentes ao nível de 5% de significância

**p<0,001, as médias são diferentes ao nível de 1% de significância

35

Tabela 4 – Centro Educacional Doce, período vespertino.

Variáveis

Pré-intervenção

(média ± DP)

Pós-intervenção

(média ± DP)

p valor

Produção Orgânico (kg) 0,015 ± 0,018 0,006 ± 0,007 0,025*

Produção Comida (kg) 0,015 ± 0,016 0,007 ± 0,007 0,019*

Produção Reciclável (kg) 0,004 ± 0,003 0,002 ± 0,002 0,006*

Distribuição Orgânico (kg) 0,0035 ± 0,009 0,0016 ± 0,0047 0,332

Distribuição Comida (kg) 0 ,025 ± 0,01 0,011 ± 0,005 0,000**

Notas: *p<0,05, as médias são diferentes ao nível de 5% de significância

**p<0,001, as médias são diferentes ao nível de 1% de significância

Como mostra a Tabela 5, nos questionários realizados com 43 pessoas da comunidade

escolar, entre funcionários, professores e pais verificou-se que a maioria 42, (97,7%) já ouviu

falar de coleta seletiva; 24 (55,8%) não separam o material reciclável; 20 (46,5%) conhecem

como funciona o sistema 3R; 37 (86%) jogam fora o lixo orgânico; somente 6 (14%) tem

alguém na família que fez ou faz adubo; 34 (79,1%) não presenciaram como é feita a

compostagem, em contrapartida 35 (81,4%) sugeriram estar dispostos a aprenderem fazer a

compostagem caseira. A maioria, 19 (44,2%) não respondeu como se desfazem do óleo que

não usa mais, 5 (11,6%), 10 (23,3%), 9 (20,9%) declararam que desfazem do óleo no esgoto,

na terra e no lixo comum, respectivamente.

Do total de indivíduos que conhecem quem faz, ou sabem fazer sabão, 4 (9,5%)

descartam no esgoto; 10 (23,8%) descartam na terra; 9 (21,4%) descartam na lixo comum; e

19 (45,2%) não responderam a questão. Resultados semelhantes foram encontrados por Mello

et al. (2008), onde 23,1% descartam o óleo na terra e 23,1% no lixo comum. Semelhança

também que a maioria dos entrevistados tem algum conhecimento sobre coleta seletiva e se

interessam por ações de preservação ambiental. Na questão em que o entrevistado deixaria

sua opinião, 12 (27,9%) se abstiveram.

Na Tabela 5, encontra-se apresentado os resultados do questionário aplicado à

comunidade escolar.

36

Tabela 5 –Questionário aplicado à comunidade escolar.

Variáveis n (%)

Pergunta 1. A coleta seletiva é aquela que os cidadãos separam os materiais que irão para o

lixo, mas que podem ser reaproveitados. Você já ouviu falar em coleta seletiva?

Sim 42 (97,7)

Não 1 (2,3)

Pergunta 2. Há separação de materiais recicláveis em sua residência, ou seja, vocês têm o

hábito de separar papel, papelão, vidro, plástico, madeira, ou outro material que possa ser

reutilizado pelas indústrias?

Sim 6 (14,0)

Não 24 (55,8)

Às vezes 13 (30,2)

Pergunta 3. Você sabe como funcionam os principais métodos de reaproveitamento de lixo

(reutilizar, reciclar, reduzir)?

Sim 20 (46,5)

Já ouvi falar 21 (48,8)

Nunca ouvi falar 2 (4,7)

Pergunta 4. Na sua casa ou no trabalho, vocês jogam fora o lixo orgânico (cascas de frutas,

verduras, folhas, restos de carne, ou comida, óleo já usado).

Sim 37 (86,0)

Não 6 (14,0)

Pergunta 5. A compostagem é um dos processos de reutilização do lixo orgânico que existe

para redução de materiais que vão para os lixões: Ela é utilizada sobretudo para gerar adubo,

como os estercos. Você já presenciou como é feito a compostagem?

Sim 8 (18,6)

Não 34 (79,1)

Sem resposta 1 (2,3)

Pergunta 6. Na sua família alguém fez ou faz adubo à base de restos de plantas ou resíduos

alimentares?

Sim 6 (14,0)

Não 36 (83,7)

Sem resposta 1 (2,3)

Pergunta 7. Você(s) estaria(m) dispostos a aprender como fazer uma composteira caseira

(mini-fábrica de adubo orgânico)?

Sim 35 (81,4)

Não 7 (16,3)

Sem resposta 1 (2,3)

37

Tabela 5 – Respostas do questionário aplicado à comunidade escolar.

Pergunta 8. Como você se desfaz do óleo de cozinha que não usa mais?

No esgoto 5 (11,6)

Na terra 10 (23,3)

No lixo comum 9 (20,9)

Sem resposta 19 (44,2)

Pergunta 9. Na sua família ou vizinhança, alguém já fez sabão a partir de óleo usado?

Sim 42 (97,7)

Não 1 (2,3)

Pergunta 10. Em sua opinião, quais os piores problemas ambientais que o ser humano causa

em relação ao lixo. Deixe aqui sua opinião e sugestões em relação à reutilização do lixo.

Sim 31 (72,1)

Sem resposta 12 (27,9)

Estudos versam sobre a influência das ações educativas na minimização dos resíduos

advindos dos restos. Scotton, Kanaz e Coelho (2010) em pesquisa realizada com

trabalhadores demonstraram que, com a realização de campanha educativa (ação técnica)

houve redução em 2,3% no índice médio de restos. Por meio das ações educativas realizadas

neste trabalho, obteve-se redução significativa nas maiores fontes gerados de resíduos, tanto

na Escola Municipal Maria Natália, quanto no Centro Educacional Algodão Doce.

Nas áreas de produção e distribuição, em que foram divididas as UAN, somente a

Distribuição – Orgânico, matutino e vespertino; e Produção – Reciclável, vespertino da

Escola Maria Natália, não reduziram a produção de resíduos. Já no Centro Educacional

Algodão Doce, somente a área Distribuição Orgânico não teve resultados significativos, o que

pode ser explicado pelo fato das crianças nesta unidade receberem as frutas já descascadas.

Esses resultados mostram a eficiência e eficácia das ações acerca do desperdício de alimentos.

Na Oficina de Produção de Sabão, os alunos tiveram a oportunidade de relacionar a

preservação ambiental com o reaproveitamento do óleo, normalmente descartado de forma

indevida. Proporcionou, também, a oportunidade de aprender e repassar para a comunidade

local, algo que pode fazer parte de uma complementação financeira, conforme citado por

Santos et al. (2011).

38

- Análise Elementar

A análise elementar é uma técnica empregada para a caracterização de substâncias

húmicas. Utilizando-se essa análise se obtém informações a respeito da distribuição dos

elementos (H, N, O e C) nas substâncias húmicas. (STEVENSON et al. 1973). A relação

carbono/nitrogênio tem sido utilizada para evidenciar o grau de polimerização dos ácidos

húmicos (STEVENSON, 1982). Assim, o baixo teor de nitrogênio encontrado para a matéria

orgânica, leva a uma alta relação carbono/nitrogênio, indicando que o material é recente.

A compostagem consiste em se criar condições e dispor, em local adequado, as

matérias-primas ricas em nutrientes orgânicos e minerais, especialmente, que contenham

relação C:N favorável ao metabolismo dos organismos que vão efetuar sua biodigestão.

Segundo Kiehl (1998), o acompanhamento da relação C:N durante a compostagem permite

conhecer o andamento do processo, pois quando o composto atinge a semicura, ou

bioestabilização, a relação C:N se situa em torno de 18/1, e quando atinge a maturidade, ou

seja transformou-se em produto acabado ou humificado, a relação C/N se situa em torno de

10/1.

Se a relação C/N for muito elevada, os microrganismos não encontrarão N suficiente

para a síntese de proteínas e terão seu desenvolvimento limitado. Como resultado, o processo

de compostagem será mais lento. Independentemente da relação C/N inicial, no final da

compostagem, a relação C/N converge para um mesmo valor, entre 10 e 20, devido a perdas

maiores de carbono que de nitrogênio, no desenvolvimento do processo. Na Tabela 6,

encontram-se apresentados os resultados das análises elementar dos compostos gerados nas

E.M. Maria Natália e C.E. Algodão Doce.

Tabela 6 - Análise elementar das amostras do composto das Escolas Maria Natália e Algodão

Doce.

ESCOLA Massa

(g)

Carbono % Hidrogênio % Nitrogênio% Relação

C/N

Maria Natalia A 10,07 2,86 0,84 0,22 13,00

Maria Natalia B 10,1 2,51 0,87 0,38 6,61

Algodão DoceA 10,08 2,79 0,88 0,23 12,13

Algodão DoceB 10,08 2,63 0,77 0,25 10,52

39

Para Leite (2002), os teores devem apresentar níveis mínimos de a relação C/N, abaixo

de 20/1.

Segundo ATIYEH et al. (2001), o aumento de nutrientes minerais, tais como nitrogênio,

está diretamente relacionado com a mineralização da matéria orgânica pelas minhocas. Uma

vez que existe a evolução de CO2 para o meio, há uma “concentração” dos nutrientes minerais

no produto final, mais simples para se avaliar a capacidade de assimilação do nitrogênio pelas

plantas em um resíduo orgânico. A relação C/N do húmus estabilizado, pronto para ser

utilizado nas culturas, deve estar entre 15 e 20 (DORES et al., 2013).

O produto final com valores de C/N superiores a 20 pode causar impactos negativos

para as plantas. Analisando-se os dados reportados na Tabela 6, referentes aos compostos

produzidos na E. M. Maria Natália e C.E. Algodão Doce observa-se que a relação C/N está

abaixo de 15, indicando que o composto não está apropriado para ser utilizado na horta

(DORES et al., 2013).

- Espectroscopia Infravermelho com Transformata de Fourier

A espectroscopia no infravermelho tem sido utilizada para caracterizar o composto

gerado do processo de compostagem, fornecendo informações estruturais e funcionais das

moléculas que as compõem. Na Figura 5 e 6, estão apresentados os espectros de IV para os

compostos produzidos na E.M. Maria Natália e C.E. Algodão Doce.

40

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

Tra

nsm

ita

ncia

(%

)

Comprimento de onda (cm_1

)

1021

1633

512

3447

1388

3630

3518

Composto produzido na escola Maria Natalia

2897

654,44

Figura 5 - Infravermelho com transformata de Fourier do composto produzido na E.M. Maria Natália.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

50

60

70

80

90

100

Comprimento de onda (cm_1

)

Tra

nsm

itan

cia

(%

)

543

10323438

1624

1369

3519

3620

3692

Composto gerado na escola

algodao doce

665,66

Figura 6 - Infravermelho com transformata de Fourier do composto produzido no C.E. Algodão Doce.

Para melhor compreensão dos espectros de infravermelho apresentados nas Figuras 5 e

6, adiante encontra-se na Tabela 7, discriminadas as principais bandas das substâncias

húmicas e suas possíveis atribuições Ricca et al. (2000).

41

Tabela 7 - Principais bandas observadas na região do infravermelho nas substâncias

húmicas e suas possíveis atribuições (RICCA et al.,2000).

Analisando-se as Figuras 5 e 6, nota-se que os espectros de infravermelho são muito

semelhantes apresentando bandas largas, que dificultam a caracterização das matrizes, devido

às sobreposições.

Observa-se que os dois compostos gerados E.M. Maria Natália e C.E. Algodão Doce

apresentaram uma banda larga e intensa, muito peculiar centrada em torno de 3400 cm-1

, que

é atribuída a uma superposição de bandas, que estão relacionadas com estiramento de C-O

fenólico, deformação de O-H carboxílico O-H de grupamentos carboxílicos, fenólicos, alcóois

e da água ligada (PRADO; REZENDE, 1999). Uma banda próxima de 2900 cm-1

relativa ao

estiramento simétrico e assimétrico de C-H alifático, uma banda próxima a 1630 cm-1

referente ao estiramento de C=C aromático, uma banda relativamente alargada próxima a

1030 cm-1

, deformação de C-H alifático e estiramento assimétrico de C=O de carboxilatos.

Uma banda na região aproximada de 770 cm-1

, referente a estiramento de CH alifáticos.

Bandas Atribuições

3500-3300 Estiramento de OH carboxílico, fenol, álcool ou água

2900 e 2850 Estiramento de C-H alifático

~1720 C=O de ácidos carboxílicos, aldeídos e cetonas

~1640 Estiramento de C=O de COO- aromáticas, cetonas ou C=C conjugado

com COO- ou amidas II

~1583 Estiramento de C=C de aromáticos e amidas NH2 ou NH

~1450 Deformação de C-H alifático de grupos CH2 ou CH3, ou composto de

N e/ou S

1408 Deformação de C-H alifáticos; estiramento assimétrico de COO-

1150-1050 Presença de Si-O

1100-1040 Estiramento C-O de polissacarídeos

890-820 Composto de Si-O, Si-H e P-O

~770 Estiramento de cadeias alifáticas

42

- Análise de Metais

Os compostos produzidos nas escolas E.M. Maria Natália e C.E. Algodão Doce foram

analisados quanto a presença dos metais Cu, Pb, Fe, Cr e Cd. Para a determinação da

concentração dos metais, inicialmente foi confeccionada as curvas analíticas para ambos os

metais.

Curvas analíticas utilizadas para a determinação de metais

As curvas analíticas foram construídas com 4 pontos. Na Figura 7, encontra-se a curva

analítica para o chumbo e na Tabela 8, os coeficientes de correlações para os metais

analisados.

Figura 7 - Curva analítica utilizada para a determinação de chumbo (Pb) no produto da compostagem.

Tabela 8 - Valores dos coeficientes de correlação para as curvas analíticas dos metais.

Metais Coeficientes

de correlação (r)

Pb 0,993493

Cd 0,979235

Cr 0,99606

Cu 0,999988

Fe 0,928842

43

Analisando-se os coeficientes de correlação, apresentados na Tabela 8, observa-se que

os coeficientes de correlação (r) ficaram acima de 0,90 indicando uma boa linearidade. Leite,

2002 recomenda um coeficiente de correlação maior 0,90. Esse coeficiente de correlação foi

satisfatório, o que demonstra que a resposta do detector foi linear nos intervalos de

concentração empregados neste estudo.

Dentre os diferentes contaminantes químicos, o estudo dos metais pesados vem sendo

considerado prioritário nos programas de promoção da saúde em escala mundial. Segundo

Baird (2002), o termo metal pesado se refere a uma classe de elementos químicos, muitos dos

quais nocivos para os seres humanos. Os seres humanos podem estar expostos a metais a

partir de várias fontes, como o solo e a água. (CHAKRABARTY; SARMA; 2010).

Para essa pesquisa foram analisados os teores de chumbo (Pb), ferro (Fe), cromo (Cr),

cobre (Cu) e cádmio (Cd) presentes no composto produzido nas escolas.

Na Tabela 9 encontram-se apresentados os resultados dos metais das análises das

amostras do composto.

Tabela 9 – Análise de Metais presentes nas amostras dos compostos produzidos.

Amostras

Concentração média de Metais (mg KG-1

)

Cr

𝝀 357,87

Cd

𝝀 228,80

Fe

𝝀 248,33

Cu

𝝀 324,75

Pb

𝝀 283,31

E.M.Maria

Natália 353,000 5,70 12000,000 nd 250,000

C.E.Algodão

doce 272,000 1,900 10500,000 nd 269,000

*Valor

máximo mg

Kg-1

200 3,00 - - 150,00

* Valor máximo mg Kg-1admitido (MAPA, 2006)

Analisando–se os resultados apresentados na Tabela 9, e comparando com a Instrução

Normativa n0

27 (SAD MAPA, 2006), que dispõe sobre inoculantes e fertilizantes orgânicos

(resíduo da compostagem) observa-se que as concentrações dos metais Cr, Cd e Pb estão

44

acima dos valores permitidos para a escola Maria Natália e somente o Cd encontra-se dentro

dos limites aceitáveis no C.E. Algodão Doce pela Instrução Normativa. O valor da

concentração de ferro não é estipulado, porém a alta concentração de ferro deve-se ao solo

utilizado na compostagem.

Cabe mencionar que o valor do limite máximo admitido é estabelecida uma variação

de 30%, o que pode tornar o uso do composto muito permissivo.

- Teor de Umidade, Cinzas, Matéria Orgânica e pH

Tabela 10 - Teor de Umidade, Cinzas, Matéria Orgânica e pH das amostras do

composto das E.M. Maria Natália e C.E. Algodão Doce.

Escola Umidade (%) Cinzas (%) Matéria

orgânica (%)

pH 25°C

E.M. Maria

Natália

92,56 93,1243 66,0347 6,28

C.E. Algodão

Doce

71,77 94,7973 65,9949 5,98

Com exceção do teor de umidade, os compostos gerados nas E.M. Maria Natália e C.E.

Algodão Doce apresentaram valores muito próximos, devido à semelhança dos resíduos

destinados a compostagem.

Foram encontrados teores de umidade de 92,56% e 71,77% valores estes acima dos

encontrados por Pereira e Fialho (2013) que ficaram entre 45% e 55%, onde relatam que

umidade acima de 55% poderia tornar indisponível o oxigênio, favorecendo o

desenvolvimento dos microrganismos anaeróbios, criando um ambiente com problemas, com

mau cheiro e chorume. Embora com altos valores de umidade, não houve problemas de mau

cheiro e chorume neste estudo.

Os resultados de umidade obtidos por Fialho (2007) mantiveram-se entre 50 e 65%,

faixa esta considerada ideal para compostagem.

A compostagem é um processo de oxidação biológica por meio do qual os

microrganismos decompõem os compostos constituintes dos materiais liberando dióxido de

carbono e vapor de água (CERRI, 2008). Como o sistema proposto neste trabalho foi fechado,

o vapor de água liberado, condensou-se, voltando para o composto, contribuindo para

elevados teores de umidade.

45

Em relação à matéria orgânica, foram encontrados valores próximos ao encontrado por

Pereira e Fialho (2013), onde o material obtido na compostagem; de cor escura, rico em

húmus é constituído de 50% a 60% de matéria orgânica. Processos de estabilização da matéria

orgânica recente levam à mineralização de parte do material lábil e à humificação de outra

parcela, logo, existe uma diminuição no teor de matéria orgânica após os processos de

estabilização, uma vez que parte do carbono contido no material inicial evolui para a

atmosfera na forma de CO2, devido à respiração dos organismos que transformam o material.

(PEREIRA; FIALHO, 2013). Valores próximos de 68% estiveram presentes no estudo de

Dores-Silva, Landgraf e Rezende (2013).

A variação do teor de cinzas reflete a decomposição e mineralização da matéria

orgânica, podendo ser observado no trabalho de Fialho (2007) aumento no teor de cinzas em

função do tempo, em todas amostras. Isso ocorre devido a perda de carbono na forma de CO2 ,

havendo concentração do material inorgânico nos compostos. Foram encontrados valores de

cinzas de 93,12% e 94,79%.

Observou-se valores de pH próximos da neutralidade; 6,28 e 5,98. Valores de pH muito

baixos ou muito altos podem reduzir ou até inibir a atividade microbiana. Em misturas

próximas à neutralidade, a tendência é que ocorra uma queda sensível do pH inicial, variando

de 5,50 a 6,00, devido a produção de ácidos orgânicos (ANDREOLI; BACKES;

CHERUBINI, 2002).

Dores-Silva, Landgraf e Rezende (2013) observaram um ligeira tendência na

diminuição do pH refletindo em um aumento da acidez da amostra. Estudos atribuem a

diminuição do valor do pH à produção de CO2 e de ácidos orgânicos por atividade microbial

presente durante os processos de compostagem. Juntamente com os resultados da relação

C:N, pode-se categorizar este composto como semi-curado.

46

CONCLUSÃO

O oferecimento de uma alimentação ambientalmente equilibrada necessidade de uma

conscientização coletiva de preservação ambiental.

A implantação do PGRS proporcionou uma redução significativa na geração de

resíduos, nas Escolas Municipais de Veríssimo-MG, mostrando a necessidade e importância

de ações educativas conjuntas ao programa, bem como a integração com as rotinas

operacionais das UAN, visando a redução, a reutilização e a reciclagem dos mesmos.

A destinação adequada dos resíduos orgânicos através do sistema de compostagem

proposto necessita de aperfeiçoamento, porém mostra-se como uma ferramenta útil para

destinação dos resíduos orgânicos e gerenciamento na própria fonte geradora, valorizando –

os como matéria-prima.

47

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52

APÊNDICE A- Pesquisa envolvendo a Reutilização e Redução do Lixo e o papel da

Sociedade

Aos integrantes que queiram, voluntariamente, participar desta pesquisa, agradeço

antecipadamente. O meio ambiente – natureza, animais, flora, recursos naturais, água, entre

outras, incluindo o ar – precisa ser preservado. Pensando nisso, convidamos você a responder

às perguntas abaixo, contribuindo para uma pesquisa que procura reduzir os impactos da

poluição no meio ambiente.

QUESTIONÁRIO - Aplicado na comunidade escolar.

1. A coleta seletiva é aquela que os cidadãos separam os materiais que irão

para o lixo, mas que podem ser reaproveitados. Você já ouviu falar em coleta seletiva?

( )Sim ( )Não

2. Há separação de materiais recicláveis em sua residência, ou seja, vocês

têm o hábito de separar papel, papelão, vidro, plástico, madeira, ou outro material que

possa ser reutilizado pelas indústrias.

( )Sim ( )Não ( )Às vezes

3. Você sabe como funcionam os principais métodos de reaproveitamento

de lixo (reutilizar, reciclar, reduzir)?

( ) Sim ( )Já ouvi falar ( ) Nunca ouvi falar

4. Na sua casa ou no trabalho, vocês jogam fora o lixo orgânico (cascas de

frutas, verduras, folhas, restos de carne, ou comida, óleo já usado).

( )Sim ( )Não

5. A compostagem é um dos processos de reutilização do lixo orgânico

que existe para redução de materiais que vão para os lixões: Ela é utilizada sobretudo

para gerar adubo, como os estercos. Você já presenciou como é feito a compostagem?

( )Sim ( )Não

6. Na sua família alguém fez ou faz adubo à base de restos de plantas ou

resíduos alimentares?

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( )Sim ( )Não

7. Você(s) estaria(m) dispostos a aprender como fazer uma composteira

caseira (mini-fábrica de adubo orgânico)?

( ) Sim, temos interesse ( ) Não temos interesse

8. Como você se desfaz do óleo de cozinha que não usa mais?

( )No esgoto ( )Na terra ( )No lixo comum

9. Na sua família ou vizinhança, alguém já fez sabão a partir de óleo

usado?

( )Sim ( )Não

10. Em sua opinião, quais os piores problemas ambientais que o ser

humano causa em relação ao lixo. Deixe aqui sua opinião e sugestões em relação à

reutilização do lixo.