194
Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas Departamento de Letras Modernas Programa de Pós-Graduação em Língua, Literatura e Cultura Italianas Implicações do uso de Material Didático Virtual Livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano como LE/L2 - a perspectiva dos Problemas de Ensino RÔMULO FRANCISCO DE SOUZA SÃO PAULO 2014

Implicações do uso de Material Didático Virtual Livre em

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Page 1: Implicações do uso de Material Didático Virtual Livre em

Universidade de Satildeo Paulo

Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas

Departamento de Letras Modernas

Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Liacutengua Literatura e Cultura Italianas

Implicaccedilotildees do uso de Material Didaacutetico Virtual

Livre em contexto formal de ensino-aprendizagem

de italiano como LEL2 - a perspectiva dos

Problemas de Ensino

ROcircMULO FRANCISCO DE SOUZA

SAtildeO PAULO

2014

ROcircMULO FRANCISCO DE SOUZA

Implicaccedilotildees do uso de Material Didaacutetico Virtual

Livre em contexto formal de ensino-aprendizagem

de italiano como LEL2 - a perspectiva dos

Problemas de Ensino

Tese apresentada ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em

Liacutengua Literatura e Cultura Italianas do Departamento

de Liacutenguas Modernas da Faculdade de Filosofia Letras e

Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo como

requisito parcial para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Doutor em

Letras ndash Liacutengua Literatura e Cultura Italianas

Aacuterea de Concentraccedilatildeo Liacutengua Literatura e Cultura

Italianas

Linha de Pesquisa Aquisiccedilatildeo e Aprendizagem do

Italiano como Liacutengua Estrangeira

Orientadora Profa Dra Paola Giustina Baccin

SAtildeO PAULO

2014

Folha de Aprovaccedilatildeo

iii

Agrave MINHA FAMIacuteLIA

E AOS MEUS AMIGOS

iv

Agradecimentos

Agrave Maria Silva e Souza minha matildee ao Paulo Eustaacutequio de Souza (In memoriam) meu pai e ao

Paulo Eustaacutequio de Souza Juacutenior meu irmatildeo pelo apoio imprescindiacutevel ao Francisco Louzimar

da Silva meu tio e agrave Maria Ruth Silva minha avoacute pelo apoio e incentivo agrave toda minha famiacutelia

pelo apoio

aos amigos e amigas Gilson Santos Joseacute Euriacutealo dos Reis Maria de Lourdes Camilo Re-

gina Vale Isabel Cristina Valeacuteria Hufnagel Marilene Viggiano Helmy Franco Jovacircnio Nas-

cimento Alexandre Antoniazzi Adriana Pitarello Mateus Gomes Enzo Silva Thiago Dias

da Silva Juliana Moreti Tatiana Vasconcelos Andrea Saffioti Raquel Caldas Eacuterica Salatini

Renata Cabral Daniela Aparecida Vieira Vinicio Corrias Ana Luiza Leite Bado Adriana Du-

arte Giovana Fumes Gustavo Henriques Hurbano de Mello Cauecirc Tamburini Tamara Ferreira

Paula de Oliveira Ariane Souza Santos Leite Luciane Correa Ferreira Alessandra Caramori

Benilde Schultz Karine Marielly Beatriz Quevedo Camargo Gladys Plens de Camargo Egis-

vanda Sandes Youssef Cherem Lauro Ceacutesar e Wagner F Silva pelo apoio e companhia nas

horas incertas

agrave Profa Dra Paola Gisutina Baccin pela confianccedila pela orientaccedilatildeo e pelo sustento da liberdade

de pensamento e de accedilatildeo Sou eternamente grato agrave Profa Dra Fernanda Landucci Ortale pelo

diaacutelogo pelos cafeacutes e pelo apoio agrave Profa Dra Denise Bertolli Braga pelas acertadas observaccedilotildees

sobre este trabalho agrave Profa Dra Carolina Torquato Pizzolo pelo apoio agrave Profa Dra Karine

Simoni pelo apoio

aos alunos e professores do Setor de Italiano da Universidade Federal de Santa Catarina pelo

incentivo e pelo apoio financeiro aos colegas do coletivo REA-Brasil pelos debates aos colegas das

comunidades LaTeX-br e abnTeX2 pelo diaacutelogo e pelo apoio agrave CAPES e ao Governo Federal Bra-

sileiro pelo apoio financeiro dirigido a esta pesquisa e agrave minha formaccedilatildeo aos alunos e professores

do Setor de Liacutengua Literatura e Cultura Italianas da Universidade de Satildeo Paulo aos profes-

sores e demais funcionaacuterios da FFLCH (Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas) da USP

agrave Universidade de Satildeo Paulo agrave cidade de Satildeo Paulo e aos paulistanos que me receberam de

braccedilos abertos

v

NON DUCOR DUCO

Natildeo sou conduzido conduzo

vi

Resumo

SOUZA R F Implicaccedilotildees do uso de Material Didaacutetico Virtual Livre em contexto formal de

ensino-aprendizagem de italiano como LEL2 - a perspectiva dos Problemas de Ensino 2014

177 f Tese (doutorado) - Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas - Universidade de Satildeo

Paulo Satildeo Paulo 2014

Nossa pesquisa teve como objetivo explorar as implicaccedilotildees relativas agrave utilizaccedilatildeo de material didaacutetico

de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano LEL2 As impli-

caccedilotildees foram tratadas em forma de Problemas de Ensino e o termo utilizaccedilatildeo foi desdobrado em

dois aspectos utilizaccedilatildeo em sala de aula presencial e produccedilatildeo Orientou-nos a hipoacutetese de que o

uso de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de

liacutengua italiana como LEL2 deflagra uma seacuterie de implicaccedilotildees observaacuteveis e especiacuteficas ndash as quais

podem ser definidas em termos de Problemas de Ensino (ORTALE 2010) ndash dada a sua natureza

peculiar ou seja livre A fim de alcanccedilar nossos objetivos lanccedilamos matildeo de uma metodologia

qualitativa de vieacutes construtivista e interpretativista Os Problemas de Ensino foram identificados por

meio da anaacutelise de Relatos de Problemas de Ensino (ORTALE 2010) Balizaram nossas anaacutelises

a metodologia de formaccedilatildeo de professores alicerccedilada na ideia de Aprendizagem Baseada em

Problemas (ABP) explicitada em Ortale (2010) e as teacutecnicas e procedimentos de desenvolvimento

de teoria fundamentada conforme Strauss e Corbin (2008) Os Problemas de Ensino relativos agrave

utilizaccedilatildeo foram investigados em duas disciplinas de liacutengua italiana ofertadas em niacutevel de graduaccedilatildeo

junto agrave Faculdade de Letras de uma universidade puacuteblica do estado de Satildeo Paulo Os Problemas

de Ensino relativos agrave produccedilatildeo foram pesquisados nos contextos de duas ediccedilotildees de um curso de

formaccedilatildeo de professores de liacutengua italiana em serviccedilo e em preacute-serviccedilo que ministramos no acircmbito

de duas universidades puacuteblicas brasileiras - uma no estado de Santa Catarina e outra no estado

de Satildeo Paulo Encontramos um total de 11 (onze) Problemas de Ensino - 7 (sete) relacionados

ao aspecto da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre e 4 (quatro) relacionados ao aspecto da

utilizaccedilatildeo Notamos por meio de nossa anaacutelise a proeminecircncia de dois fatores associados aos

Problemas de Ensino encontrados as crenccedilas a respeito de materiais didaacuteticos de natureza virtual

livre e a demanda pelo desenvolvimento de competecircncias relativas aos aspectos virtual e livre desse

tipo de material didaacutetico Concluiacutemos que os Problemas de Ensino identificados natildeo satildeo especiacuteficos

mas sim caracteriacutesticos dos materiais didaacuteticos de natureza virtual livre

Palavras-chave Linguiacutestica Linguiacutestica Aplicada Ensino de Liacutengua Estrangeira Italiano Material

Didaacutetico Virtual Livre Problemas de Ensino

vii

Abstract

SOUZA R F Implications of the use of Free Virtual Educational Materials in the context of for-

mal teaching and learning Italian FLSL - the perspective of the Problems of Teaching 2014

177 f Tese (doutorado) - Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas - Universidade de Satildeo

Paulo Satildeo Paulo 2014

The aim of our research was to explore the implications related to the use of Free Virtual Educati-

onal Materials in the context of formal teaching and learning Italian as FLSL The implications were

dealt as Problems of Teaching (ORTALE 2010) and the term use was considered according to two

aspects use in presential classrooms and production The hypothesis was that the use of Free Virtual

Educational Materials in the context of formal teaching and learning Italian as FLSL triggers a series

of observable and specific implications which can be defined in terms of Problems of Teaching due

to its peculiar nature that is being a free educational material The methodology adopted here was

qualitative both constructivist and interpretativist The Problems of Teaching were identified through

the analysis of the Reports of Problems of Teaching (ORTALE 2010) The analyses were based

on the methodology of teacher education supported by the idea of Problem-Based Learning (PBL)

explained in Ortale (2010) and the techniques and procedures of the Grounded Theory according

to Strauss e Corbin (2008) The Problems of Teaching related to the use were investigated in two

undergraduate subjects of Italian Language offered by the College of Arts in a public university in Satildeo

Paulo state The Problems of Teaching related to the production were researched in the context of

two editions of the training course for teachers of Italian Language in-service and pre-service taught

at two Brazilian public universities ndash one in Santa Catarina state and the other in Satildeo Paulo state

We have found the total of 11 (eleven) Problems of Teaching ndash 7 (seven) related to the aspect of

production of Free Virtual Educational Materials and 4 (four) related to the aspect of its use We have

noticed through our analysis the prominence of two factors associated to the Problems of Teaching

which were found in the research the beliefs regarding Free Virtual Educational Materials and the

demand to develop the competences related to the free and virtual aspects of this sort of material We

concluded that the Problems of Teaching identified here are not specific but are typical of educational

materials that are virtual and free

Keywords Linguistics Applied Linguistics Teaching of Foreign Language Italian Free Virtual

Educational Materials Problems of Teaching

viii

Riassunto

SOUZA R F Implicazioni dellrsquouso di Materiale Didattico Virtuale Libero in contesto di in-

segnamento e di apprendimento formale di lingua italiana come LSL2 - la prospettiva dei

Problemi Didattici 2014 177 f Tese (doutorado) - Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias

Humanas - Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2014

La presente ricerca si egrave proposta di esplorare le implicazioni riguardanti lrsquouso di materiali didat-

tici di essenza virtuale e libera in contesto di insegnamento e di apprendimento formale di lingua

italiana come LSL2 Le implicazioni sono state trattate sotto forma di Problemi Didattici (ORTALE

2010) e lrsquouso egrave stato visto sotto due aspetti lrsquoutilizzazione durante lrsquoinsegnamento in presenza e

la produzione Ci ha guidato lrsquoipotesi che lrsquouso di materiali didattici di essenza virtuale e libera in

contesto di insegnamento e di apprendimento formale di lingua italiana come LSL2 innesca una

serie di implicazioni specifiche e osservabili - le quali possono essere definite in termini di Problemi

Didattici - data la sua peculiare natura libera Per raggiungere i nostri obiettivi abbiamo utilizzato

una metodologia qualitativa di carattere costruttivista e interpretativa I Problemi Didattici sono stati

identificati attraverso lrsquoanalisi delle Storie dei Problemi Didattici (ORTALE 2010) Hanno guidato

le nostre analisi la metodologia di formazione docenti basata sullrsquoidea di Problem-Based Learning

(PBL) trattata in Ortale (2010) e le tecniche e procedure riguardanti lo svilluppo di grounded theory

(STRAUSS CORBIN 2008) I Problemi Didattici riguardanti lrsquoutilizzo sono stati studiati in due corsi di

lingua italiana dei corsi di laurea della Facoltagrave di Lettere di unrsquouniversitagrave pubblica nello stato di Satildeo

Paulo I Problemi Didattici riguardanti la produzione sono stati studiati in due edizioni di un corso di

formazione per insegnanti di lingua italiana in servizio e in pre-servizio in due universitagrave pubbliche

brasiliane - una nello stato di Santa Catarina e lrsquoaltra nello stato di Satildeo Paulo Abbiamo individuato

un totale di undici (11) Problemi Didattici - 7 (sette) legati allrsquoaspetto della produzione di Materiale

Didattico Virtuale Libero e 4 (quattro) legati allrsquoaspetto dellrsquoutilizzo Notiamo dalla nostra analisi la

preminenza di due fattori associati ai Problemi Didattici trovati le credenze sui materiali didattici di

essenza virtuale e libera e la necessitagrave di sviluppo delle competenze relative agli aspetti virtuale e

libero di questo tipo di materiale didattico Si conclude che i Problemi Didattici individuati non sono

specifici ma sono tipici dei materiali didattici di essenza virtuale e libera

Parole-chiave Linguistica Linguistica Applicata Glottodidattica Italiano Materiale Didattico Virtuale

Libero Problemi Didattici

ix

Sumaacuterio

Folha de Aprovaccedilatildeo iii

iv

Agradecimentos v

Resumo vii

Abstract viii

Riassunto ix

Introduccedilatildeo 1

Cenaacuterio de abertura problematizaccedilatildeo e delineamento da pesquisa 1

Hipoacutetese 5

Justificativa 6

Objetivo geral 6

Objetivos especiacuteficos 7

Organizaccedilatildeo e estrutura capitular da tese 7

1 Material Didaacutetico Virtual Livre - nossa concepccedilatildeo 11

11 A cultura livre 11

12 O software livre 13

13 Licenccedilas Livres e a licenccedila Creative Commons 16

14 Afinal o que chamamos de Material Didaacutetico Virtual Livre 21

2 Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas material poacutes-meacutetodo() -

explorando interseccedilotildees 26

3 Software livre no contexto de ensino-aprendizagem de liacutenguas - por que (natildeo) utilizar 37

31 Vantagens relacionadas ao uso de software livre 37

32 Pontos criacuteticos relativos ao uso de software livre 46

33 Iniciativas livres e seus modelos de negoacutecio explorando a produtividade altruiacutesta 48

4 Metodologia de produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre 52

41 Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre 53

x

SUMAacuteRIO xi

411 Visatildeo geral sobre modelos instrucionais 54

412 O modelo ADDIE - modelo instrucional baacutesico 55

413 Modelo de Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas 64

414 Modelo de Elaboraccedilatildeo de Materiais Didaacuteticos de Ensino de Liacutenguas 70

42 A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre 74

421 Busca de insumos livres com o Flickr imagens 77

422 Busca de insumos livres com o SpinXpress miacutedias em geral 78

423 Busca de Insumos Livres com o Jamendo muacutesicas 81

424 Busca de Insumos livres utilizando o Google arquivos e paacuteginas da web em

geral 83

43 Atribuiccedilatildeo de liberdades ao material didaacutetico virtual promovendo a cultura livre 84

44 O uso de software livre 87

441 O sistema de blogs e de gerenciamento de conteudos para web Wordpress 87

442 O programa de autoria EXElearning 89

5 Metodologia de pesquisa 92

51 A Pesquisa em Problemas de Ensino 92

52 Estudo qualitativo 94

53 Consideraccedilotildees sobre a eacutetica na pesquisa 100

54 Consideraccedilotildees sobre a validade interna da pesquisa 103

55 Delimitaccedilatildeo do estudo contextos e estrateacutegias de coleta de dados 106

6 Perfil dos informantes 111

61 Perfil do professor do ensino superior puacuteblico 112

62 Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo 113

621 Experiecircncia com ensino de italiano 115

622 Haacutebitos de planejamento de aulas e de apropriaccedilatildeo do material didaacutetico 117

623 Letramento Digital 121

7 Anaacutelise dos Problemas de Ensino 126

71 Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual

Livre 129

711 Dificuldade para encontrar insumos desejados registrados com licenccedilas flexiacuteveis129

712 Inseguranccedila (e resistecircncia) associada agrave utilizaccedilatildeo de insumos livres no material

didaacutetico 133

713 Crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre neces-

sariamente aumenta a carga horaacuteria de trabalho docente 135

714 Dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica e o estado de artefato em

construccedilatildeoque o software livre pode apresentar 137

715 Dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas 139

716 Dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e de Sequecircncias Didaacuteticas

digitais 142

717 Dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware 144

SUMAacuteRIO xii

72 Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual

Livre em sala de aula presencial 145

721 Dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que podem ser utilizados

para organizar as Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas em sala de

aula presencial 146

722 Crenccedila de que a escassez de material didaacutetico impresso na sala de aula

presencial poderaacute ser mal vista pelos discentes 148

723 Dificuldade em compreender o funcionamento do software utilizado em sala

de aula 148

724 Preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e do software que abrigam e

fornecem acesso agraves Sequecircncias Didaacuteticas 150

8 Conclusotildees 152

81 Das caracteriacutesticas gerais dos Problemas de Ensino identificados nesta pesquisa 152

82 Das possiacuteveis estrateacutegias ou caminhos de resoluccedilatildeo dos Problemas de Ensino identi-

ficados nesta pesquisa 155

83 Da hipoacutetese de pesquisa 156

84 Da metodologia e dos possiacuteveis desdobramentos futuros desta pesquisa 157

Referecircncias 159

Apecircndice A - Carta de consentimento 170

Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas 171

Lista de quadros

11 As 4 liberdades de um Trabalho Cultural Livre 14

12 Condiccedilotildees baacutesicas de licenciamento Creative Commons 18

13 Conjunto de licenccedilas Creative Commons 19

14 Os materiais didaacuteticos fechado Virtual Livre Virtual Livre com Algumas Restriccedilotildees e

suas licenccedilas 22

15 Caraacuteter livre a materiais didaacuteticos virtuais algumas condiccedilotildees 23

16 Os materiais didaacuteticos fechado Virtual Livre Virtual Livre com Algumas Restriccedilotildees e

seus suportes 24

21 A educaccedilatildeo na sociedade industrial e na sociedade da informaccedilatildeo 28

22 Desvantagens dos meacutetodos 30

31 Vantagens do software livre em relaccedilatildeo ao proprietaacuterio 38

41 Componentes e subcomponentes do modelo ADDIE 58

42 Princiacutepios a serem considerados na etapa de Implementaccedilatildeo - modelo ADDIE 63

43 Quadro comparativo entre os modelos ADDIE Operaccedilatildeo Global de Ensino de Liacutenguas

e Quadro de Elaboraccedilatildeo de Material Didaacutetico para o Ensino de Liacutenguas 72

44 EXElearning e sua tipologia de atividades (Idevices) 91

51 Exemplos de Relatos de Problemas de Ensino 94

52 Teacutecnicas de coletas de dados tiacutepicas de abordagens qualitativas 97

53 Princiacutepios gerais de eacutetica na pesquisa qualitativa em educaccedilatildeo 102

54 Salvaguardas para proteccedilatildeo dos participantes desta pesquisa 103

55 Estrateacutegias de validaccedilatildeo adotadas nesta pesquisa 105

56 Coleta de dados I - utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em contexto de

disciplinas presenciais de italiano como LEL2 107

57 Coleta de dados II - produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em contexto de curso

de formaccedilatildeo de professores de italiano LEL2 108

61 Perfil predominante dos grupos 1 e 2 114

62 Competecircncias tecnoloacutegicas conforme Romero (2008) 116

63 Experiecircncia com ensino de italiano - grupos 1 e 2 117

64 Contextos de ensino relativos agrave experiecircncia dos participantes - grupos 1 e 2 118

65 Haacutebitos de preparaccedilatildeo de aulas - grupos 1 e 2 119

xiii

LISTA DE QUADROS xiv

66 Haacutebitos de produccedilatildeo de material didaacutetico - grupos 1 e 2 120

67 Utilizaccedilatildeo de recursos da Internet na praacutetica de sala de aula - grupos 1 e 2 122

68 Competecircncia relativa agrave utilizaccedilatildeo de recursos da Internet - grupos 1 e 2 123

69 Experiecircncia com editoraccedilatildeo digital - grupos 1 e 2 124

610 Experiecircncia com instalaccedilatildeo de software - grupos 1 e 2 125

611 Experiecircncia com Ambientes Virtuais de Aprendizagem - grupos 1 e 2 125

71 Problemas de Ensino relacionados agrave produccedilatildeo e agrave utilizaccedilatildeo de materiais didaacuteticos de

natureza virtual livre 127

72 Competecircncias digitais esperadas para o docente conforme Espanha (2013) 130

73 Relatos-produccedilatildeo dificuldade de encontrar insumos com licenccedilas flexiacuteveis 132

74 Relatos-produccedilatildeo inseguranccedila (e resistecircncia) relativa agrave utilizaccedilatildeo de insumos livres

no material didaacutetico 134

75 Relatos-produccedilatildeo crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza livre

necessariamente aumenta a carga horaacuteria de trabalho docente 136

76 Relato-produccedilatildeo Dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica e o estado de artefato

em construccedilatildeoque o software livre pode apresentar 138

77 Usuaacuterio estaacutetico e usuaacuterio proativo (livre) - perfis referenciais antagocircnicos 139

78 Relatos-produccedilatildeo dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas 140

79 Relatos-produccedilatildeo dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e de sequecircncia

didaacuteticas digitais 143

710 Relato-produccedilatildeo dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware 145

711 Relatos-utilizaccedilatildeo dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que podem

ser utilizados para organizar as Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas em

sala de aula presencial 147

712 Relatos-utilizaccedilatildeo crenccedila de que a escassez de material didaacutetico impresso na sala de

aula presencial poderaacute ser mal vista pelos discentes 149

713 Relatos-utilizaccedilatildeo dificuldade em compreender o funcionamento do software utilizado

em sala de aula 149

714 Relatos-utilizaccedilatildeo preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e do software que

abrigam e fornecem acesso agraves Sequecircncias Didaacuteticas 151

Lista de Figuras

11 Material Didaacutetico Virtual Livre e seus conceitos subjacentes 21

41 Componentes de um problema Fonte adaptado de Rothwell e Kazanas (2003 p 36) 56

42 As fases do modelo ADDIE Fonte adaptado de Hanley (2009) 57

43 Modelo da Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas Fonte adaptado de Almeida Filho

(2010 p 22) 65

44 Modelo Ampliado da Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas Fonte Almeida Filho

(2010 p 22) 66

45 Modelo de Elaboraccedilatildeo de Materiais Didaacuteticos de Ensino de Liacutenguas Fonte adaptado

de Jolly e Bolitho (1998 p 98) 71

46 Ferramenta de busca do Creative Commons - tela principal Fonte adaptado de

CREATIVE COMMONS (sd) 75

47 Documentaccedilatildeo de insumos identificaccedilatildeo da licenccedila de uma imagem Fonte adaptado

de Flickr (sd) 76

48 Flikr - Tela de busca manual de imagens com licenccedilas Creative Commons Fonte

adaptado de Flickr (sd) 77

49 Flickr resultado de busca de imagens Creative Commons ndash Atribuiccedilatildeo com o termo

chiesa Fonte adaptado de Flickr (sd) 78

410 Flickr resultado de busca de imagens Creative Commons ndash Atribuiccedilatildeo com o termo

chiesa uma igreja em Citta Nova Moacutedena Itaacutelia Fonte adaptado de Flickr (sd) 79

411 Tela do mecanismo de busca online do SpinXpress Fonte adaptado de SPINXPRESS

(sd) 80

412 SpinXpress resultado de busca de miacutedias com o termo musica leggera Fonte adap-

tado de SPINXPRESS (sd) 80

413 Tela de busca avanccedilada do Jamendo Fonte adaptado de Jamendo (sd) 82

414 Resultados de busca no Jamendo a canccedilatildeo Sogno e sua licenccedila Fonte adaptado

de Jamendo (sd) 82

415 Motor de busca Google - tela da filtragem avanccedilada Fonte adaptado de Google (sd) 83

416 Exemplo de resultado de busca por licenccedila - motor de busca Google quotidiano

Fonte adaptado de Google (sd) 84

417 Radio Frequenza Appenino - canal com conteuacutedo livre Fonte adaptado de RFA (sd) 85

418 Mecanismo informatizado de atribuiccedilatildeo de licenccedila Creative Commons Fonte adap-

tado de CREATIVE COMMONS BRASIL (sd) 85

xv

LISTA DE FIGURAS xvi

419 Resultado do processo de escolha da licenccedila Creative Commons Fonte adaptado de

CREATIVE COMMONS BRASIL (sd) 86

420 Wordpress Tela de ediccedilatildeo e de posts Fonte adaptado de CODEX WORDPRESS (sd) 88

421 Wordpress Paineacuteis de administraccedilatildeo Fonte adaptado de CODEX WORDPRESS (sd) 88

422 EXElearning - interface e seus componentes Fonte Adaptado de EXElearning (sd) 90

51 Dinacircmica de curso experimentaccedilatildeo gradativa e cumulativa de atividades problema

nucleares 110

Introduccedilatildeo

Cenaacuterio de abertura problematizaccedilatildeo e delineamento da

pesquisa

O mundo estaacute se tornando cada vez mais aberto Os sinais e iniciativas de abertura podem ser

percebidos de modo mais intenso nas uacuteltimas deacutecadas (BONK 2009 LITTO 2009 LITTO 2006

TAPSCOTT WILLIAMS 2013 TAPSCOTT WILLIAMS 2007 VAZ RIBEIRO MATHEUS 2010

NIKOI et al 2011) Isso ocorre fundamentalmente graccedilas ao desenvolvimento e agrave popularizaccedilatildeo

da Internet e das Tecnologias da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo

As relaccedilotildees econocircmicas e sociais estatildeo adquirindo novos formatos (GIMENES 2013 p 9) tanto

na esfera puacuteblica quanto na esfera privada De fato por meio da rede mundial de computadores

pessoas compram e vendem organizam movimentos sociais com a ajuda de pessoas geografica-

mente distantes estabelecem os mais diversos tipos de relacionamentos compartilham saberes

e colaboram uns com os outros seja para fins comerciais seja pela simples vontade de ajudar

(SHIRKY 2010 p 18) ou de divulgar opiniotildees pessoais

Empresas governos e ateacute grupos de pesquisa institucionalizados (TAPSCOTT WILLIAMS 2007

p 23) rompendo com modelos claacutessicos estritamente hierarquizados (TAPSCOTT WILLIAMS

2007 p 9) de produccedilatildeo e gestatildeo assumem posturas de abertura expondo seus problemas

(TAPSCOTT WILLIAMS 2007 TAPSCOTT WILLIAMS 2013) - sobretudo por meio da Internet - com

a expectativa de canalizar soluccedilotildees advindas da inteligecircncia coletiva (LEVY 2007 p 28) Em outras

palavras eles exploram o chamado excedente cognitivo 1 (SHIRKY 2010 p 15) assumindo um

modelo conhecido como crowdsourcing2 (TAPSCOTT WILLIAMS 2007 BRITO 2008 BENKLER

2002 p 11 p 144 p 375)

Especialmente no caso da governanccedila puacuteblica essa abertura ocorre tambeacutem com o intuito

de promover a circulaccedilatildeo o uso e o reuso de dados e documentos oficiais (NOVA ZELAcircNDIA

2010 OPEN GOVERNMENT PARTNERSHIP 2011 p 3 p 1) - tais como conjuntos de dados

geoespaciais cientiacuteficos e de performance administrativa estatiacutesticas oficiais imagens fotograacuteficas

1Shirky (2010 15) ao falar de excedente cognitivo refere-se ao tempo livre coletivo que todos noacutespossuiacutemos o qual pode ser gasto em atividades individuais - tal como assistir TV - ou em grandes projetoscoletivos - como por exemplo a elaboraccedilatildeo de entradas da Wikipedia Nesse caso o tempo livre pode servisto como um bem social geral

2O crowdsoursing eacute um modelo de produccedilatildeo que utiliza a inteligecircncia e os conhecimentos coletivosde voluntaacuterios espalhados pela internet para resolver problemas criar conteuacutedo ou desenvolver novastecnologias(TAPSCOTT WILLIAMS 2007 p 11)

1

Cenaacuterio de abertura problematizaccedilatildeo e delineamento da pesquisa

filmes e recursos educacionais (NOVA ZELAcircNDIA 2010 p 3) - visando o crescimento criativo

cultural e econocircmico de indiviacuteduos organizaccedilotildees comerciais e sem fins lucrativos da sociedade civil

bem como o aumento da sustentabilidade e a presenccedila de benefiacutecios puacuteblicos mais amplos (NOVA

ZELAcircNDIA 2010 p 3)

Estrateacutegias de governo aberto tem sido adotadas em paiacuteses como Estados Unidos Austraacutelia

Reino Unido Nova Zelacircndia (AGUNE FILHO BOLLIGER 2010 p 9) e Brasil Ademais segundo

dados da OPEN GOVERNMENT PARTNERSHIP (2013) mais de 50 paiacuteses assinaram a Declaraccedilatildeo

de Governo Aberto assumindo a intenccedilatildeo de adotaacute-las

A educaccedilatildeo assim como as relaccedilotildees sociais econocircmicas empresariais e governamentais

tambeacutem experimenta novas possibilidades e formatos com vieses de abertura Dessa forma

universidades escolas e institutos passam a disponibilizar via web conteuacutedos e programas de

seus cursos (LITTO 2009 p 304) - permitindo muitas vezes sua ediccedilatildeo e reuso - os quais ateacute

entatildeo circulavam de forma restrita confirmando e configurando o que Litto (2006 p 73) e Litto

(2009 p 304) reconhecem como paradigma da escassez (vs paradigma da abundacircncia) ou

seja uma visatildeo marcada pela crenccedila de que as coisas realmente boas ocorrem em quantidades

pequenas acessiacuteveis apenas para os mais ricos e estudiosos (LITTO 2006 p 73) Como exemplo

de abertura podemos citar o MIT 3 que em 2001 decide abrir os seus acervos de informaccedilatildeo e de

conhecimento que nessa instituiccedilatildeo auxiliam a aprendizagem (LITTO 2009 BARBOSA ARIMOTO

2013 p 304 p 18) estabelecendo precedente para diversas universidades tais como - entre outras

- as universidades norte americanas da Califoacuternia de Harvard de Princenton da Pennsylvania de

Michigan e Yale (OPENCOURSEWARE sd OPENCOURSEWARE 2011)

Bonk (2009 p 8) tambeacutem percebe sinais de abertura no acircmbito da educaccedilatildeo Nesse sentido

ele aponta 10 (dez) openers ou seja tendecircncias tecnoloacutegicas com vieacutes de abertura que do seu

ponto de vista contribuem para a transformaccedilatildeo da educaccedilatildeo e da vida no seacuteculo XXI Satildeo elas

1 Web busca no universo dos e-Books

2 E-learning e blended learning

3 Disponibilidade de fontes abertas e software livre

4 Recursos Reutilizaacuteveis e OpenCourseWare

5 Repositoacuterios de objetos de aprendizagem e portais

6 Participaccedilatildeo do aprendiz em comunidades de informaccedilatildeo aberta

7 Colaboraccedilatildeo eletrocircnica

8 Realidades alternativas de aprendizagem

9 Mobilidade e portabilidade de tempo real

10 Redes de aprendizagem personalizada

(BONK 2009 p 8)

O mesmo jaacute citado avanccedilo tecnoloacutegico - ou seja o contiacutenuo desenvolvimento e popularizaccedilatildeo

da Internet e das Tecnologias da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo - permite a adoccedilatildeo de praacuteticas ateacute entatildeo

3Massachusetts Institute of Technology

2

Cenaacuterio de abertura problematizaccedilatildeo e delineamento da pesquisa

restritas a poucos grupos A Economia Guttemberg (SHIRKY 2010 p 42) parece demonstrar sinais

de enfraquecimento Isso significa que atividades como ediccedilatildeo publicaccedilatildeo e circulaccedilatildeo de bens

culturais imateriais (textos muacutesicas viacutedeos etc) jaacute natildeo dependem de grandes corporaccedilotildees ndash tais

como editoras gravadoras ou produtoras ndash nem tampouco de grandes e arriscados investimentos

financeiros Com efeito qualquer indiviacuteduo que tenha acesso agrave rede mundial de computadores pode

tornar o seu trabalho puacuteblico bastando para isso o preenchimento de um cadastro - quando muito

- e o clique em um botatildeo virtual cuja funccedilatildeo eacute realizar a publicaccedilatildeo (SHIRKY 2010 p 45) Mais

do que uma cultura livre ndash ou seja em que a circulaccedilatildeo de cultura eacute menos controlada (LESSIG

2004 p 48) ndash o que percebemos eacute a presenccedila de uma cultura do compartilhamento da abundacircncia

(LITTO 2006 p 73) em que pessoas e instituiccedilotildees se propotildeem a compartilhar experiecircncias e

conhecimentos - muitos dos quais ateacute entatildeo restritos - ainda que para fins comerciais

As implicaccedilotildees decorrentes da formaccedilatildeo desse cenaacuterio de novas possibilidades e formatos

de abertura (BONK 2009 LITTO 2009 LITTO 2006 TAPSCOTT WILLIAMS 2013 TAPSCOTT

WILLIAMS 2007 VAZ RIBEIRO MATHEUS 2010 NIKOI et al 2011) e de abundacircncia (LITTO

2006 LITTO 2009 p 73 p 304) podem ser sentidas na praacutexis dos professores de liacutenguas uma

vez que culturas e bens culturais materiais e imateriais figuram como instrumento e mateacuteria prima do

seu trabalho De fato no decorrer de nossa experiecircncia docente no Brasil - a qual compreende tanto

o ensino de liacutengua e cultura italianas quanto a formaccedilatildeo de professores dessa liacutengua especialmente

para o uso de novas tecnologias no ensino 4 - chamaram-nos agrave atenccedilatildeo duas questotildees ambas

relacionadas ao uso de material didaacutetico em contexto formal de ensino-aprendizagem

Percebemos em primeiro lugar um recorrente sentimento de desorientaccedilatildeo relativo ao direito

de uso de insumos (tais como muacutesicas textos e imagens) de terceiros em materiais didaacuteticos de

autoria proacutepria sobretudo para utilizaccedilatildeo em contextos formais e institucionalizados de ensino e

aprendizagem tais como escolas e universidades Em outras palavras esses profissionais frente ao

mar de possibilidades nunca antes navegado(LITTO 2009 p 304) - de abundacircncia (LITTO 2006

LITTO 2009 p 73 p 304) - de insumos digitais provenientes sobretudo da internet - e frente agrave

facilidade com que poderiam acessaacute-los e editaacute-los - questionavam-se a respeito das possibilidades

e direitos de utilizaccedilatildeo desses insumos em seus trabalhos formais Vale observar que eacute possiacutevel

nesse caso que estejamos presenciando o enfrentamento de questotildees por parte do professor de

idiomas ateacute entatildeo tiacutepicas do universo editorial

Em segundo lugar - mas de forma natildeo menos significativa - percebemos uma inquietaccedilatildeo tam-

beacutem recorrente entre os professores de italiano como liacutengua estrangeira com os quais convivemos

em nossa carreira perante situaccedilotildees em que se viam obrigados a utilizar materiais didaacuteticos impres-

sos - principalmente em forma de livros e apostilas - claramente adotados por motivos de natureza

econocircmica envolvendo lucro financeiro pessoal de colegas - algumas vezes em contextos de ensino

puacuteblico - e o favorecimento de determinados autores e editoras muitos dos quais estrangeiros dada

a natureza do assunto tratado - a saber liacutengua e cultura italianas Notamos que a inquietaccedilatildeo

nesse caso referia-se mais ao sentimento de aprisionamento do professor e menos agrave accedilatildeo de lucrar

4Nossa experiecircncia como professor de italiano completa 11 anos no ano de publicaccedilatildeo desta tese tendosido viecircnciada no Brasil em contextos de aula particular de cursos livres especialmente extensatildeo universitaacuteriae escolas de idiomas de ensino meacutedio regular em escolas da rede privada e de ensino universitaacuterio emcurso de Letras no acircmbito do ensino superior puacuteblico brasileiro

3

Cenaacuterio de abertura problematizaccedilatildeo e delineamento da pesquisa

financeiramente com produtos educacionais - tal como livro didaacutetico - em si Parece-nos que tal

sensaccedilatildeo se coloca em maior evidecircncia quando em contraste com as possibilidades de ampliaccedilatildeo

de acesso emergentes no cenaacuterio de abertura e de abundacircncia jaacute mencionados

Consideramos essas questotildees - ambas relacionadas ao uso de material didaacutetico - como exemplos

de implicaccedilotildees - em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano como LEL2 - decorrentes

da presenccedila de um cenaacuterio de abertura (BONK 2009 LITTO 2009 LITTO 2006 TAPSCOTT

WILLIAMS 2013 TAPSCOTT WILLIAMS 2007 VAZ RIBEIRO MATHEUS 2010 NIKOI et al

2011) de abundacircncia (LITTO 2006 LITTO 2009 p 73 p 304) e de sinais de falecircncia da Economia

Guttemberg (SHIRKY 2010 p 42) Satildeo elas que datildeo origem agrave nossa investigaccedilatildeo - ainda antes

de formalizaacute-la em termos de pesquisa de doutoramento - na medida em que ao confrontaacute-las

questionamo-nos sobre a existecircncia de outras implicaccedilotildees e em caso afirmativo sobre quais seriam

essas implicaccedilotildees

Simultaneamente ao surgimento de nossos questionamentos - bem como no decorrer de nossa

investigaccedilatildeo teoacuterica preliminar - entramos em contato com grupos de pesquisa em software livre

Percebemos a partir desse encontro - e dos diversos que se seguiram - que poderia ser viaacutevel a

utilizaccedilatildeo de material didaacutetico de caraacuteter livre ou aberto 5 tal qual a essecircncia do software livre no

ensino-aprendizagem de italiano como LEL2 em contexto formal - dada a presenccedila do jaacute mencionado

cenaacuterio de abertura - e que havia ao mesmo tempo uma demanda e uma carecircncia relacionadas a

pesquisas formais sobre as implicaccedilotildees dessa utilizaccedilatildeo

Decidimos assim empreender a pesquisa recolocando nossas questotildees de modo que elas

focalizassem natildeo as implicaccedilotildees relativas agrave presenccedila de um cenaacuterio de abertura mas sim as

implicaccedilotildees relacionadas agrave utilizaccedilatildeo de material didaacutetico compatiacutevel com esse cenaacuterio ou seja

material didaacutetico essencialmente aberto ou livre Com efeito perguntamo-nos se haveria implicaccedilotildees

e em caso afirmativo quais seriam essas implicaccedilotildees decorrentes do uso de material didaacutetico

dessa natureza em contexto formal de ensino-aprendizagem de liacutengua italiana como LEL2

Reforccedilou a escolha por essa mudanccedila de foco a nossa constataccedilatildeo de que alguns estados

brasileiros haviam jaacute apresentado e concretizado propostas de utilizaccedilatildeo de materiais didaacuteticos que

se pretendiam de algum modo abertos ou livres em suas escolas puacuteblicas Esse eacute o caso por

exemplo do Governo do Estado do Paranaacute que em 2006 por meio de sua Secretaria de Educaccedilatildeo

empreendeu o projeto Folhas (SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCACcedilAtildeO DO PARANAacute sd)

lanccedilando propostas de livros didaacuteticos virtuais denominados puacuteblicos distribuiacutedos em formato digital

e alinhados com uma proposta de abertura

Determinado o foco e as questotildees de pesquisa concentramo-nos em como as implicaccedilotildees

poderiam ser observadas e analisadas O desafio se colocou em termos teoacutericos-metodoloacutegicos

e operacionais Encontramos em Ortale (2010) um arcabouccedilo teoacuterico-metodoloacutegico que poderia

balizar a nossa investigaccedilatildeo dando forma e tratabilidade agrave nossa ideia abstrata de implicaccedilotildees

Esse arcabouccedilo - que seraacute debatido com mais profundidade no decorrer desta tese - constroacutei-se

em torno dos conceitos de Problemas de Ensino e Narrativas de Problemas de Ensino Em nossa

pesquisa eles satildeo relacionados agrave utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre pelo professor de

5Consideramos que os especificadores livre e aberto podem ser usados com o mesmo sentido Entretantoconforme discutido no capiacutetulo 1 preferimos o termo livre por uma questatildeo de coerecircncia com as expressotildeessoftware livre cultura livre e licenccedila livre

4

Hipoacutetese

italiano LEL2 em contexto formal de ensino-aprendizagem

Decidimos frente ao desafio operacional da investigaccedilatildeo convidar professores de liacutengua italiana

como LEL2 a utilizar materiais didaacuteticos de natureza virtual livre nos contextos formais de ensino-

aprendizagem dessa liacutengua em que atuavam Optamos pelo contexto de ensino superior puacuteblico

dado que no inicio do doutoramento acabaacutevamos de concluir uma experiecircncia de docecircncia - de

aproximadamente 18 (dezoito) meses - nesse contexto - Aleacutem da nossa familiaridade com a praacutetica

de ensino superior - o que nos deixava mais a vontade para empreender investigaccedilotildees nesse

ambiente - percebemos nesse acircmbito uma grande demanda por materiais didaacutetico e de formaccedilatildeo

profissional e acadecircmica de natureza virtual livre - principalmente pelo fato de se tratar de um

contexto de ensino puacuteblico

Durante a investigaccedilatildeo percebemos que seria necessaacuterio articular o termo utilizaccedilatildeo em produ-

ccedilatildeo e utilizaccedilatildeo em sala de aula presencial Dessa maneira reconfiguramos o cenaacuterio de pesquisa

de modo que pudeacutessemos contemplar os dois aspectos De fato para investigar as implicaccedilotildees - ou

Problemas de Ensino - relacionados agrave produccedilatildeo de material didaacutetico de natureza virtual livre elabo-

ramos e ministramos dois cursos envolvendo professores de italiano em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

Mantivemos o acircmbito do ensino superior como contexto de investigaccedilatildeo referente agraves implicaccedilotildees

decorrentes da utilizaccedilatildeo de materiais didaacuteticos dessa natureza Consideramos ambos os aspectos

como pertencentes agrave praacutetica de ensino-aprendizagem em contexto formal Esses contextos seratildeo

retomados e debatidos de forma mais detalhadas no capiacutetulo 5 - Metodologia de Pesquisa

Enfim vale mencionar que consideramos relevante para o desenvolvimento de nossa pes-

quisa tentar compreender a natureza livre do material didaacutetico cujas implicaccedilotildees no ensino formal

investigamos bem com discorrer sobre essa natureza e correlacionaacute-la ao contexto e tradiccedilotildees

teoacutericas relativos ao campo da Linguiacutestica Aplicada no que se refere especialmente ao ensino

aprendizagem de liacutenguas e os seus materiais didaacuteticos Compreendemos que essa caracteriacutestica -

ou seja a qualidade de ser livre - confere-lhe grau de especificidade

Tendo em vista o cenaacuterio de abertura a problematizaccedilatildeo e o traccedilado geral de nosso percurso -

discutidos nesta seccedilatildeo - apresentamos nossa pesquisa cujo escopo permeia o estudo de materiais

didaacuteticos virtuais de natureza livre e as implicaccedilotildees da sua utilizaccedilatildeo em contexto formal de ensino-

aprendizagem de italiano como LEL2 - tendo sido o termo utilizaccedilatildeo desdobrado em produccedilatildeo e

utilizaccedilatildeo em sala de aula presencial

Nas seccedilotildees subsequentes descrevemos as caracteriacutesticas que consideramos essenciais para

uma melhor compreensatildeo do desenho que propomos para nossa investigaccedilatildeo bem como desta tese

- a saber a hipoacutetese de pesquisa a justificativa os objetivos geral e especiacuteficos e a organizaccedilatildeo

capitular da tese

Hipoacutetese

O estudo que apresentamos e discutimos nesta tese organiza-se e se orienta pela nossa hipoacutetese

de que a utilizaccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-

aprendizagem de liacutengua italiana como LEL2 deflagra uma seacuterie de implicaccedilotildees observaacuteveis e

especiacuteficas ndash as quais podem ser definidas em termos de Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p

5

Objetivo geral

425) ndash dada a sua natureza peculiar ou seja livre

Justificativa

A justificativa da investigaccedilatildeo que apresentamos nesta tese consolida-se perante a demanda por

pesquisas no acircmbito do ensino-aprendizagem de liacutenguas - especialmente de italiano como LEL2

- em contexto formal relacionadas agrave presenccedila de um cenaacuterio de abertura (BONK 2009 LITTO

2009 LITTO 2006 TAPSCOTT WILLIAMS 2013 TAPSCOTT WILLIAMS 2007 VAZ RIBEIRO

MATHEUS 2010 NIKOI et al 2011) de abundacircncia (LITTO 2006 LITTO 2009 p 73 p 304) de

recursos digitais e de sinais de falecircncia da Economia Guttemberg (SHIRKY 2010 p 42)

Consideramos que essas pesquisas - como a que empreendemos e apresentamos - poderatildeo

auxiliar os professores de idiomas - assim como os outros profissionais envolvidos no ofiacutecio do

ensino de liacutenguas tais como coordenadores linguiacutestas aplicados ou gestores em seus esforccedilos de

compreensatildeo e eventual apropriaccedilatildeo das novas perspectivas e na superaccedilatildeo dos desafios teoacutericos-

metodoloacutegicos e profissionais que se configuram a partir da presenccedila do mencionado cenaacuterio de

abertura

Parece-nos oportuno justificar tambeacutem o desenvolvimento desta pesquisa - dado o seu caraacuteter

interdisciplinar - no acircmbito do Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Liacutengua Literatura e Cultura Italianas

da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da USP Consideramos essa filiaccedilatildeo pertinente

e justificada na medida em que as reflexotildees e resultados apresentados poderatildeo trazer benefiacutecios

diretos para todos os envolvidos no ensino de liacutengua italiana no Brasil contribuindo para um

enriquecimento desse setor O acesso agraves vaacuterias aacutereas do conhecimento foi feito portanto em funccedilatildeo

do ensino da liacutengua italiana como LEL2

Ademais a escolha da liacutengua de aplicaccedilatildeo ndash a saber a liacutengua italiana ndash dos estudos apresen-

tados nesta tese pressupotildee o apoio e a avaliaccedilatildeo de especialistas em ensino de liacutengua italiana

para estrangeiros e liacutenguistas aplicados os quais se encontram no programa de Poacutes-graduaccedilatildeo

em Liacutengua Literatura e Cultura Italianas da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da

Universidade de Satildeo Paulo

Objetivo geral

O propoacutesito deste estudo eacute o de explorar as implicaccedilotildees relacionadas agrave utilizaccedilatildeo de material

didaacutetico de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano LEL2 Tais

implicaccedilotildees foram especificadas e tratadas em termos de Problemas de Ensino ou seja foram

coletadas e analisadas por meio de Narrativas de Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 425)

Ademais o termo utilizaccedilatildeo foi desdobrado em dois aspectos - a saber a produccedilatildeo de material

didaacutetico e a sua utilizaccedilatildeo em sala de aula presencial

6

Organizaccedilatildeo e estrutura capitular da tese

Objetivos especiacuteficos

bull Observar e discutir os Problemas de Ensino decorrentes da produccedilatildeo de material didaacutetico de

natureza virtual livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano como LEL2

bull Observar e discutir os Problemas de Ensino relativos agrave utilizaccedilatildeo em sala de aula presencial

de material didaacutetico de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de

italiano como LEL2

bull Observar e avaliar as possibilidades de utilizaccedilatildeo de insumos registrados com licenccedilas livres

na produccedilatildeo de materiais didaacuteticos de italiano L2LE e de natureza virtual livre

bull Apresentar e discutir possiacuteveis estrateacutegias que apontem para a resoluccedilatildeo dos Problemas de

Ensino levantados na pesquisa

Organizaccedilatildeo e estrutura capitular da tese

No CAPIacuteTULO 1 discutimos o conceito de Material Didaacutetico Virtual Livre com o qual trabalhamos

em nossa pesquisa e tambeacutem nesta tese Contemplamos apenas os conceitos que do nosso ponto

de vista justificam a utilizaccedilatildeo do especificador livre para esse tipo de material didaacutetico Dessa

forma as discussotildees abrangem as ideias de Cultura Livre (LESSIG 2004 p 48) de software livre

(FREE SOFTWARE FOUNDATION sd) e de Licenccedila Livre (FREEDOMDEFINED sd apud FARIA

2011 p 21) A partir dos debates propostos nesse capiacutetulo eacute possiacutevel perceber que a maneira

como concebemos o Material Didaacutetico Virtual Livre estaacute em sintonia com os conceitos de Trabalhos

Culturais Livres (FREEDOMDEFINED sd) e de Recursos Educacionais Abertos (THE WILLIAM

AND FLORA HEWLETT FOUNDATION SD BARBOSA ARIMOTO 2013 p 18) Os conceitos

se relacionam principalmente pelo fato de serem os trecircs baseados na filosofia do software livre

sendo cada um deles - consideramos - uma tentativa de aplicaccedilatildeo dessa filosofia em artefatos

diferentes de software Relacionamos ainda o conceito de Material Didaacutetico Virtual Livre com as

noccedilotildees de Material Didaacutetico Virtual Livre com Algumas Restriccedilotildees - que propomos - e de material

didaacutetico fechado

No CAPIacuteTULO 2 trazemos para debate a nossa hipoacutetese de que materiais didaacuteticos de natureza

virtual livre estatildeo sintonizados com a pedagogia poacutes-meacutetodo (KUMARAVADIVELU 2001 KUMA-

RAVADIVELU 2006b) podendo nesse caso ser tomados como materiais didaacuteticos de caraacuteter

poacutes-meacutetodo ou simplesmente materiais didaacuteticos poacutes-meacutetodo Para tanto discutimos o paradigma

da chamada pedagogia poacutes-meacutetodo considerando a conjectura teoacuterica de falecircncia da pedagogia

dos meacutetodos no acircmbito do ensino e aprendizagem de liacutenguas Compreendemos em siacutentese que

os materiais didaacuteticos de natureza virtual livre podem ser associados agrave pedagogia poacutes-meacutetodo na

medida em que refletem os paracircmetros pedagoacutegicos da particularidade da praticabilidade e da

possibilidade - os quais conforme Kumaravadivelu (2001) Kumaravadivelu (2006b) caracterizam a

essecircncia da pedagogia poacutes-meacutetodo Em outras palavras a noccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza

7

Organizaccedilatildeo e estrutura capitular da tese

virtual livre pressupotildee respectivamente em sua essecircncia tal qual a pedagogia poacutes-meacutetodo a sensi-

bilidade ao contexto de utilizaccedilatildeo o empoderamento do professor e o incentivo a questionamentos

de status quo e agrave transformaccedilatildeo social sobretudo no que se refere aos aprendizes Consideramos

enfim que levantar esse debate significa tambeacutem ampliar a oportunidade de melhor compreender

as caracteriacutesticas dos materiais didaacuteticos de natureza virtual livre

No CAPIacuteTULO 3 abordamos a questatildeo das controveacutersias a respeito do uso de software livre em

oposiccedilatildeo ao software proprietaacuterio Aleacutem disso propomos um aprofundamento a respeito da dimensatildeo

produtiva de artefatos ou tecnologias com potencial altruiacutesta As controveacutersias satildeo de naturezas diver-

sas apontando temaacuteticas nucleares que perpassam desde o niacutevel teacutecnico ateacute os niacuteveis econocircmico e

filosoacutefico - entre outros Interessa-nos sobremaneira perceber que a utilizaccedilatildeo de software livre

poderaacute trazer implicaccedilotildees para o campo do ensino de liacutenguas - tomado como contexto educacional -

tanto no acircmbito da formaccedilatildeo de professores quanto em contexto de ensino-aprendizagem de um

idioma Consideramos que as controveacutersias relativas ao uso de software livre - em oposiccedilatildeo ao

software proprietaacuterio - podem ser estendidas de modo anaacutelogo ao uso de Material Didaacutetico Virtual

Livre - em detrimento a materiais didaacuteticos fechados O debate sobre as controveacutersias giram em

torno das vantagens e dos pontos criacuteticos do uso de software livre A proposta de aprofundamento

relacionada agrave dimensatildeo produtiva de artefatos ou tecnologias com potencial altruiacutesta se refere em

outras palavras agrave uma discussatildeo sobre os modelos de negoacutecio que podem ser adotados a fim de

estabelecer uma gestatildeo sustentaacutevel para projetos ou iniciativas livres

No CAPIacuteTULO 4 apresentamos e discutimos quatro aspectos que consideramos centrais em relaccedilatildeo

agrave metodologia que adotamos para orientar a produccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual

livre Satildeo eles a utilizaccedilatildeo de modelos instrucionais - em especial o modelo ADDIE (GAGNEacute

et al 2005 ROTHWELL KAZANAS 2003 SEELS GLASGOW 1998 p 21 p 55 p 7 ) o

modelo da Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas (ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO 2002

ALMEIDA FILHO 2010 p 18) e o Quadro para Escrita de Material Didaacutetico de Liacutenguas (JOLLY

BOLITHO 1998 p 90) as teacutecnicas de buscas de insumos livres as teacutecnicas de licenciamento do

material didaacutetico virtual atribuindo-lhe uma licenccedila livre ou flexiacutevel e a utilizaccedilatildeo de software livre O

modelo ADDIE o modelo de Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas e Quadro para Elaboraccedilatildeo de

Material Didaacutetico de Ensino de Liacutenguas - os quais podem ser compreendidos como modelos que

visam em linhas gerais o entendimento de contextos instrucionais e o suporte ao planejamento e

operacionalizaccedilatildeo de cursos em seus diversos aspectos sendo o segundo e o terceiro dirigidos ao

contexto de ensino de liacutenguas - foram tomados como referecircncia para operacionalizaccedilatildeo de Materiais

Didaacuteticos Virtuais Livres em contexto de ensino e aprendizagem de liacutenguas Os aspectos relativos agrave

busca de insumos livres eou flexiacuteveis e agrave atribuiccedilatildeo de liberdades ao material didaacutetico de natureza

virtual livre satildeo abordados a partir de um vieacutes praacutetico-operativo com exemplos de uso de ferramentas

disponiacuteveis na Internet e estatildeo em sintonia com as reflexotildees propostas em EDUCACcedilAtildeO ABERTA

(2011) A utilizaccedilatildeo de software livre como suporte para o Material Didaacutetico Virtual Livre enfim

envolve o debate sobre os dois programas livres que analisamos e utilizamos em nossa pesquisa

Trata-se do sistema de criaccedilatildeo de blogs e gerenciamento de conteuacutedos para web denominado

8

Organizaccedilatildeo e estrutura capitular da tese

Wordpress e do programa de autoria intitulado EXElearning Nesse caso buscamos apresentar

as caracteriacutesticas gerais de ambos os programas bem como os aspectos que nos motivaram a

utilizaacute-los

No CAPIacuteTULO 5 focalizamos os diversos aspectos relacionados agrave metodologia de pesquisa empre-

gada em nosso estudo Os debates giram em torno da dimensatildeo empiacuterica da investigaccedilatildeo ndash a saber

a identificaccedilatildeo e anaacutelise dos Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 425) relacionados agrave produccedilatildeo

de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre e agrave sua utilizaccedilatildeo em sala de aula presencial de

italiano como LEL2 Durante a explanaccedilatildeo apontamos as escolhas teoacuterico-metodoloacutegicas adotadas

nesta investigaccedilatildeo incluindo os contextos estudados e as estrateacutegias de levantamento e anaacutelise de

dados empregadas Em linhas de siacutentese nossa abordagem investigativa foi de natureza qualitativa

e se balizou por um vieacutes epistemoloacutegico existencial (natildeo determinista) construtivista (STAKE 2011

p 42) e interpretativo A coleta de dados se deu em dois contextos distintos (1) em sala de aula

presencial de italiano como LEL2 - contexto em que investigamos os Problemas de Ensino relativos

ao uso do Material Didaacutetico Virtual Livre - e (2) em curso de formaccedilatildeo para professores em serviccedilo

e em preacute-serviccedilo de italiano como LEL2 - contexto em que investigamos os Problemas de Ensino

relativos ao aspecto da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

No CAPIacuteTULO 6 apresentamos o perfil dos informantes que participaram de nossa pesquisa um

professor de liacutengua italiana do ensino superior puacuteblico brasileiro - cuja praacutetica de sala de aula

envolvendo a utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre investigamos - e dois grupos de profes-

sores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo participantes de duas ediccedilotildees do curso de formaccedilatildeo - sendo

esses envolvidos com a produccedilatildeo desse tipo de material didaacutetico no acircmbito de nossa pesquisa

O levantamento foi realizado por meio de questionaacuterios observaccedilatildeo e anaacutelises documentais Os

questionaacuterios foram respondidos antes dos respectivos periacuteodos de observaccedilatildeo acompanhamento

e levantamento de dados figurando como avaliaccedilatildeo diagnoacutestica direcionada ao professor e aos

dois grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo Em linhas gerais buscamos investigar a

familiaridade dos participantes no que se refere ao uso de novas tecnologias - bem como aspectos do

seu letramento digital da sua praacutetica de sala de aula de seus haacutebitos habilidades e competecircncias

relativas agrave produccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de material didaacutetico para o ensino de liacutenguas e dos respectivos

contextos de utilizaccedilatildeo do Material Didaacutetico Virtual Livre - no acircmbito de realizaccedilatildeo de nossa pesquisa

- quando pertinente Percebemos que o professor informante possui vasta experiecircncia com ensino

de italiano em contexto formal superior puacuteblico brasileiro que possui pouca familiaridade com

o uso de computador e da Internet utilizando-os eventualmente em sua praacutetica de sala de aula

e que se apropria do livro didaacutetico considerando-o de grande valia no que se refere ao aspecto

organizativo do empreendimento de ensino e aprendizagem - tanto para os alunos quanto para

o professor - mas que deve ser complementado adaptado e as vezes subvertido de modo a

corresponder agraves demandas locais Percebemos que os grupos de professores em serviccedilo e em

preacute-serviccedilo por sua vez possuem experiecircncia de ensino de italiano atuando predominantemente

em contexto de extensatildeo universitaacuteria e de escola de idiomas que tem como haacutebito a consulta a

materiais didaacuteticos alternativos e a manuais do professor a seleccedilatildeo de fragmentos de materiais

9

Organizaccedilatildeo e estrutura capitular da tese

de autoria de terceiros como complementaccedilatildeo ao livro didaacutetico que adotam em sua praacutetica e que

utilizam predominantemente o e-mail e a paacutegina web e que possuem maior experiecircncia com a

atividade de utilizaccedilatildeo - tais como editoraccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de Ambientes Virtuais de Aprendizagem -

de recursos digitais do que com a atividade de instalaccedilatildeo desses recursos Figuram como recursos

e atividades com os quais os informantes declaram possuir maior familiaridade e-mail redes sociais

textos imagens e eslaide

No CAPIacuteTULO 7 trazemos os resultados de nossa pesquisa de campo ou seja trazemos para

debate os Problemas de Ensino relativos agrave produccedilatildeo e agrave utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano como LEL2 Em linhas gerais identificamos

7 (sete) Problemas de Ensino relativos ao contexto de produccedilatildeo e 4 (quatro) Problemas de Ensino

relativos ao contexto de utilizaccedilatildeo Satildeo eles dificuldade para encontrar insumos desejados registra-

dos com licenccedilas flexiacuteveis inseguranccedila (e resistecircncia) associada agrave utilizaccedilatildeo de insumos livres no

material didaacutetico crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre necessaria-

mente aumenta a carga horaacuteria de trabalho docente dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica

e o estado de artefato em construccedilatildeoque o software livre pode apresentar dificuldade relativa agrave

identificaccedilatildeo das licenccedilas dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e de sequecircncias didaacuteticas

digitais dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou

miacutedias que podem ser utilizados para organizar as Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas

em sala de aula presencial crenccedila de que a escassez de material didaacutetico impresso na sala de aula

presencial poderaacute ser mal vista pelos discentes dificuldade em compreender o funcionamento do

software utilizado em sala de aula e preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e do software

que abrigam e fornecem acesso agraves Sequecircncias Didaacuteticas

No CAPIacuteTULO 8 enfim tecemos as consideraccedilotildees finais sobre a nossa pesquisa As discussotildees

estatildeo distribuiacutedas em trecircs aspectos as caracteriacutesticas gerais dos Problemas de Ensino identificados

nesta pesquisa as possiacuteveis estrateacutegias ou caminhos de resoluccedilatildeo dos Problemas de Ensino

identificados a hipoacutetese de pesquisa e finalmente a metodologia e os possiacuteveis desdobramentos

futuros de nossa investigaccedilatildeo

10

Capiacutetulo 1

Material Didaacutetico Virtual Livre - nossa

concepccedilatildeo

Neste capiacutetulo apresentamos e discutimos o conceito de Material Didaacutetico Virtual Livre com o qual

trabalhamos em nossa pesquisa e consequentemente em nossa tese Contemplamos apenas

os conceitos que do nosso ponto de vista justificam a utilizaccedilatildeo do especificador livre para esse

tipo de material didaacutetico Dessa forma os debates giram em torno das ideias de Cultura Livre

(LESSIG 2004 p 48) de software livre (FREE SOFTWARE FOUNDATION sd) e de Licenccedila

Livre (FREEDOMDEFINED sd apud FARIA 2011 p 21)

No decorrer dos debates apontamos sempre que possiacutevel caracteriacutesticas que justificam a

utilizaccedilatildeo desse especificador e que portanto caracterizam o material didaacutetico como livre Cabe

lembrar que nosso trabalho e nossas discussotildees se concentram em materiais didaacuteticos para o ensino

de liacutenguas Em especial conforme jaacute mencionado nossa investigaccedilatildeo se concentra no acircmbito

do ensino de liacutengua italiana como LEL2 Consideramos esse debate essencial jaacute que conforme

acenado na introduccedilatildeo desta tese trabalhamos com a ideia de que o termo livre indica um aspecto

- ou seja sua natureza livre - que torna esse tipo de material didaacutetico especiacutefico e que portanto

pode gerar Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 425) tambeacutem especiacuteficos

A partir dos debates propostos nas seccedilotildees subsequentes seraacute possiacutevel perceber que a maneira

como concebemos o Material Didaacutetico Virtual Livre estaacute em sintonia com os conceitos de Trabalhos

Culturais Livres (FREEDOMDEFINED sd) e de Recursos Educacionais Abertos (THE WILLIAM

AND FLORA HEWLETT FOUNDATION SD BARBOSA ARIMOTO 2013) Os conceitos se

relacionam principalmente pelo fato de que satildeo os trecircs baseados na filosofia do software livre

sendo cada um deles uma tentativa de aplicaccedilatildeo dessa filosofia em artefatos diferentes de software

11 A cultura livre

Lessig (2004) discute a questatildeo da cultura livre focalizando em especial o papel dos direitos

autorais frente aos paradigmas e agraves praacuteticas culturais (produccedilatildeo divulgaccedilatildeo e consumo de bens

culturais) estabelecidos com o advento das novas tecnologias da informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo O autor

afirma que toda cultura se caracteriza como livre sendo que umas satildeo mais livres que outras A

11

A cultura livre

natildeo-liberdade de uma cultura reside no fato de os seus bens culturais serem dominados por grandes

corporaccedilotildees o que restringiria o seu acesso

Em uma cultura menos livre a possibilidade de se criar a partir de obras de terceiros torna-se

dificultada por dispositivos restritivos como o Copyright mdash especialmente no que diz respeito agrave

criaccedilatildeo de obras derivadas Nas palavras de Lessig (2004 p 48)

[c]ulturas livres satildeo culturas que deixam uma grande parcela de si abertapara outros poderem trabalhar em cima conteuacutedo controlado ou que exigepermissatildeo representa muito menos da cultura (LESSIG 2004 p 48)

Uma anaacutelise superficial a respeito do conceito de cultura livre poderia evidenciar a ideia errocircnea

de que uma cultura livre eacute uma cultura sem propriedade Lessig (2004 p 18) pronuncia-se a esse

respeito afirmando que

o oposto de uma cultura livre eacute uma lsquocultura da permissatildeorsquo mdash uma culturana qual os criadores podem criar apenas com a permissatildeo dos poderososou dos criadores do passado (LESSIG 2004 p 18)

Ele defende um equiliacutebrio relativo agrave detenccedilatildeo da produccedilatildeo cultural produzida pela sociedade

ou seja nem uma anarquia nem algum tipo de feudalismo Nesse contexto portanto natildeo se estaacute

pregando que os artistas por exemplo natildeo sejam considerados autores e natildeo possam receber pelos

seus trabalhos

A partir desse ponto de vista eacute possiacutevel relacionar o surgimento das novas tecnologias da

informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo mdash sobretudo as baseadas na Internet mdash e a questatildeo da cultura livre

Essas tecnologias podem facilitar o aumento (ou manutenccedilatildeo) da liberdade ou seja da possibilidade

de se criar sobre outras obras Essa facilidade com que as pessoas por meio dessas tecnologias

conseguem consumir e produzir cultura (acessar bens culturais e criar a partir dos mesmos) tende

a minar uma estrutura marcada pela tentativa de controle do processo por parte de grandes

corporaccedilotildees Como visto acima isso caracterizaria uma sociedade como menos livre

Frente agraves reflexotildees propostas em Lessig (2004) consideramos que o material didaacutetico denomi-

nado livre deveraacute ser o produto de um processo de produccedilatildeo livre ou seja processo em que os

autores tiveram a liberdade de consumir outros produtos culturais 6 sem a necessidade de chancela

de grupos ou corporaccedilotildees que figurem como detentores desses produtos Seguindo o mesmo

raciociacutenio esse material como um bem cultural deveraacute ter conteuacutedo livre contribuindo assim com

a circulaccedilatildeo livre da cultura

Ressaltamos que essa tentativa de caracterizaccedilatildeo soacute eacute possiacutevel na medida em que estamos

considerando o material didaacutetico de ensino de liacutenguas como produtos culturais que tambeacutem seratildeo

constituiacutedos por outros produtos culturais como muacutesicas textos imagens etc Produtos esses ndash os

materiais didaacuteticos ndash que tambeacutem poderatildeo ser apropriados por outros indiviacuteduos para elaboraccedilatildeo

de novos bens culturais

6Nesta tese utilizamos as expressotildees bens culturais e produtos culturais como equivalentes

12

O software livre

12 O software livre

Um software eacute criado a partir de uma linguagem de alto niacutevel tais como C Cobol ou Java perfeita-

mente compreensiacuteveis pelo ser humano Utilizando-se dessas linguagens o programador produz o

chamado coacutedigo-fonte Para que esse coacutedigo possa ser compreendido pelo computador ele precisa

passar por um processo de compilaccedilatildeo que o transformaraacute em linguagem binaacuteria (TAURION 2004

p 15)

O claacutessico atual e hegemocircnico (TAURION 2004 SILVEIRA 2004) modelo de desenvolvimento

e distribuiccedilatildeo de software consiste em ceder ao usuaacuterio uma licenccedila para o seu uso fornecendo-lhe

apenas a versatildeo do programa em linguagem binaacuteria Trata-se do modelo de software proprietaacuterio

(TAURION 2004 p 15)

Segundo Silveira (2004 p 10) em um modelo de software proprietaacuterio o usuaacuterio natildeo adquire

um produto dado que natildeo poderaacute alteraacute-lo reformaacute-lo ou sequer revendecirc-lo como poderia fazer com

uma casa por exemplo se fosse sua Ele possui apenas uma licenccedila para usaacute-lo permanecendo

como seu dono a empresa ou o programador responsaacutevel pelo seu desenvolvimento De fato o

usuaacuterio natildeo poderaacute alteraacute-lo ou revendecirc-lo natildeo apenas porque natildeo teraacute acesso ao seu coacutedigo-fonte

mas tambeacutem porque a licenccedila de uso natildeo lhe permite isso O modelo de negoacutecios do software

proprietaacuterio eacute portanto baseado em licenccedilas de propriedade e ldquovive do aprisionamento de seus

clientes ao pagamento de licenccedilas de usordquo (SILVEIRA 2004 65)

O software livre ao contraacuterio do software proprietaacuterio insere-se em um modelo de negoacutecio

caracterizado pelas liberdades de uso coacutepia modificaccedilatildeo e redistribuiccedilatildeo (SILVEIRA 2004 FREE

SOFTWARE FOUNDATION sd) Nesse modelo o coacutedigo-fonte tambeacutem eacute distribuiacutedo o que torna

o programa legiacutevel e passiacutevel de ser modificado Aleacutem de alterar o programa o usuaacuterio poderaacute

copiaacute-lo e redistribuiacute-lo sem restriccedilotildees Segundo Taurion (2004 p 17) o programador do software

livre ldquooutorga a todos direitos de usar copiar alterar e redistribuir o programardquo

Segundo a FREE SOFTWARE FOUNDATION (sd) o software livre se refere com mais exatidatildeo

a 4 (quatro) liberdades a saber

-A liberdade de executar o programa para qualquer propoacutesito (liberdade no

0)

-A liberdade de estudar como o programa funciona e adaptaacute-lo para as suasnecessidades (liberdade no 1) Acesso ao coacutedigo-fonte eacute um preacute-requisitopara esta liberdade

-A liberdade de redistribuir coacutepias de modo que vocecirc possa ajudar ao seuproacuteximo (liberdade no 2)

-A liberdade de aperfeiccediloar o programa e liberar os seus aperfeiccediloamentosde modo que toda a comunidade se beneficie (liberdade no 3) Acesso aocoacutedigo-fonte eacute um preacute-requisito para esta liberdade (FREE SOFTWAREFOUNDATION sd)

A filosofia do software livre eacute nitidamente diferente da filosofia do chamado software proprietaacuterio

na medida em que a distribuiccedilatildeo deste se restringe apenas agrave liberaccedilatildeo da sua versatildeo executaacutevel ou

seja do seu coacutedigo binaacuterio Esse tipo de distribuiccedilatildeo impede que seu usuaacuterio ou outros programado-

res vejam e estudem as soluccedilotildees de programaccedilatildeo relativas agravequele software jaacute que o acesso ao seu

13

O software livre

Quadro 11 As 4 liberdades de um Trabalho Cultural Livre

bull A liberdade de usar o trabalho e aproveitar os benefiacutecios do seu uso

bull A liberdade de estudar o trabalho e de aplicar o conhecimento dele adquirido

bull A liberdade de fazer coacutepias e distribuiacute-las em todo ou em parte da informaccedilatildeoou expressatildeo

bull A liberdade de fazer mudanccedilas e melhoramentos e de distribuir trabalhosderivados

Fonte adaptado de Freedomdefined (sd)

coacutedigo-fonte natildeo eacute possiacutevel

A partir dessas reflexotildees a respeito da filosofia do software livre bem como a descriccedilatildeo do seu

processo de negoacutecio eacute possiacutevel atribuir algumas caracteriacutesticas aos materiais didaacuteticos de natureza

livre De fato para que o material didaacutetico seja livre ele deveraacute se inserir em um modelo de negoacutecio

caracterizado pelas liberdades de uso coacutepia modificaccedilatildeo e redistribuiccedilatildeo para qualquer um para

qualquer finalidade ou seja fundamentar-se - resguardadas as diferenccedilas entre os dois produtos

- em liberdades equivalentes agraves 4 (quatro) liberdades atribuiacutedas pela Free Software Foundation

ao software livre Ademais ele deveraacute ser disponibilizado de modo que essas liberdades sejam

garantidas

Encontramos expressatildeo para nossos anseios por liberdades equivalentes para o Material Didaacutetico

Virtual Livre em Freedomdefined (sd) Com efeito ao caracterizar Trabalhos Culturais Livres - ou

seja trabalhos culturais que podem ser livremente estudados aplicados copiados eou modificados

por qualquer um para qualquer finalidade(FREEDOMDEFINED sd) - os autores dessa instituiccedilatildeo

adaptam as 4 (quatro) liberdades do software livre de modo a poder atribuiacute-las a trabalhos culturais

caracterizando-os dessa forma como livres Essas liberdades as quais consideramos aplicaacuteveis

tambeacutem aos Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres satildeo descritas no QUAD 11 Consideramos que

a tentativa de garantir essas liberdades encontra-se em utilizar software livre ou formatos livres 7

como suporte para materiais didaacuteticos virtuais de natureza livre

Uma anaacutelise simples a respeito das distribuiccedilotildees de software livre e proprietaacuterio pode evidenciar

o fato de que a filosofia do software livre permite uma maior circulaccedilatildeo do conhecimento e estimula o

trabalho colaborativo A circulaccedilatildeo do conhecimento se daacute exatamente pelo fato de o coacutedigo-fonte

do software livre ser aberto podendo ser estudado por quem quer que seja O trabalho colaborativo

por sua vez eacute estimulado pela liberdade de alterar utilizar e redistribuir o software Cabe lembrar

que a condiccedilatildeo fundamental da redistribuiccedilatildeo de novas versotildees eacute a manutenccedilatildeo da liberaccedilatildeo do

7O termo formato se refere agrave maneira como um arquivo seraacute gravado ou seja agrave sua extensatildeo (CULTURAUFPA sd SUDREacute 2013 p 34) Assim como um software ou um aplicativo os formatos de arquivos tambeacutempodem ser livres ou proprietaacuterios Satildeo exemplos de formatos proprietaacuterios o doc (formato de documentosdo Microsoft Word) e o pps (formato de apresentaccedilotildees do Microsoft PowerPoint) Os formatos odt (paraarquivos de texto) e odp (para apresentaccedilotildees de slides) satildeo por sua vez exemplos de formatos livres

14

O software livre

coacutedigo-fonte o que garante que o software continue livre e que outros programadores possam

tambeacutem gozar de suas liberdades

O trabalho colaborativo caracteriacutestico da filosofia do software livre evoca imediatamente a ideia

de inteligecircncia coletiva proposta em Levy (2007 p 28) Segundo esse autor a inteligecircncia coletiva

Eacute uma inteligecircncia distribuiacuteda por toda a parte incessantemente valorizadacoordenada em tempo real que resulta em uma mobilizaccedilatildeo efetiva dascompetecircncias Acrescentemos agrave nossa definiccedilatildeo este complemento indis-pensaacutevel a base e o objetivo da inteligecircncia coletiva satildeo o reconhecimentoe o enriquecimento muacutetuo das pessoas () Uma inteligecircncia distribuiacutedapor toda parte tal eacute o nosso axioma inicial Ningueacutem sabe tudo todossabem alguma coisa todo o saber estaacute na humanidade (LEVY 2007 p28)

O debate proposto por Levy (2007) a respeito da inteligecircncia coletiva estaacute diretamente relacio-

nado com as novas possibilidades de interaccedilatildeo oferecidas pelo ciberespaccedilo Ele se refere agraves novas

tecnologias digitais que facilitam sensivelmente o trabalho colaborativo e consequentemente a

manifestaccedilatildeo da inteligecircncia coletiva

Quando diferentes programadores de diferentes partes do mundo por iniciativa proacutepria de

forma siacutencrona ou assiacutencrona decidem aprimorar um programa agregando valor ao mesmo cada

qual com a sua competecircncia a inteligecircncia coletiva se manifesta Essa dinacircmica de trabalho soacute eacute

possiacutevel a partir de uma filosofia como a do software livre - em oposiccedilatildeo ao modelo proprietaacuterio

Para que o material didaacutetico seja caracterizado como livre consideramos que ele deve ser

suscetiacutevel agrave accedilatildeo da inteligecircncia coletiva como concebida por Levy (2007 p 28) Em outras palavras

esse material poderaacute ser produzido por vaacuterios autores os quais poderatildeo aprimoraacute-lo segundo as

suas competecircncias individuais gerando novas versotildees Saber programar eacute a competecircncia requerida

para se alterar um software livre Da mesma maneira competecircncias operativas - tais como entre

outros saber elaborar unidades didaacuteticas materiais didaacuteticos e exames de verificaccedilatildeo (DIADORI

2001 p 199) - bem como niacuteveis baacutesicos de letramento digital seratildeo condiccedilatildeo para o trabalho de

elaboraccedilatildeo do material didaacutetico livre

Uma interpretaccedilatildeo equivocada a respeito do software livre poderia se instalar ao se associarem

as suas liberdades agrave condiccedilatildeo de distribuiccedilatildeo gratuita do mesmo De fato o software livre natildeo

precisa ser necessariamente distribuiacutedo de forma gratuita O usuaacuterioprogramador tem a liberdade

de alterar um software livre e vender a sua nova versatildeo desde que o mantenha livre ldquoSoftware

livre eacute uma questatildeo de liberdade natildeo de preccedilordquo (FREE SOFTWARE FOUNDATION sd) A esse

respeito Morimoto (2009 p 15) acrescenta que

Existe a possibilidade de ganhar algum dinheiro vendendo CDs gravadospor exemplo mas como todo mundo pode fazer a mesma coisa eacute precisovender por um preccedilo relativamente baixo cobrando pelo trabalho de grava-ccedilatildeo e natildeo pelo software em si que estaacute largamente disponiacutevel (MORIMOTO2009 p 15)

Emfim Silveira (2004) lembra que o modelo de negoacutecio do software livre eacute baseado em serviccedilos

e procura vender desenvolvimento capacitaccedilatildeo e suporte Se por um lado o programador natildeo

15

Licenccedilas Livres e a licenccedila Creative Commons

tem lucro financeiro com a venda de programas de coacutedigo aberto ele o teraacute com a prestaccedilatildeo de

serviccedilos advinda do uso e da adaptaccedilatildeo do software livre para determinados contextos ou demandas8 O programador portanto recebe pelo seu serviccedilo e natildeo pela venda do software O mesmo

princiacutepio poderaacute ser atribuiacutedo ao trabalho com materiais didaacuteticos virtuais de natureza livre De

fato professores com as devidas competecircncias poderatildeo se apropriar do material livre e adaptaacute-lo a

contextos especiacuteficos sendo pagos por esse trabalho 9 Capacitaccedilatildeo e suporte tambeacutem satildeo tarefas

cabiacuteveis para atuaccedilatildeo do professor em um modelo de negoacutecio livre capacitaccedilatildeo para o uso do

material didaacutetico de natureza livre e suporte didaacutetico e operacional para a sua utilizaccedilatildeo por terceiros

Observamos dessa forma a possibilidade de abertura de novos nichos de atuaccedilatildeo para o

profissional de letras decorrentes da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre Para que ele

possa atuar nessas novas frentes de trabalho deveraacute necessariamente desenvolver competecircncias

operativas (DIADORI 2001 p 199) e aumentar o seu niacutevel de letramento digital ou seja desenvolver

as competecircncias necessaacuterias para o uso das novas tecnologias no acircmbito do ensinoaprendizagem

de liacutenguas

13 Licenccedilas Livres e a licenccedila Creative Commons

Creative Commons eacute uma proposta de licenccedila de uso mais flexiacutevel (CREATIVE COMMONS sd

JOSGRILBERG 2008 p 113) - ou menos restritiva - que o Copyright e mais restritiva que o Domiacutenio

Puacuteblico (GABRIEL 2013 p 48) Conforme nos lembra Gabriel (2013 p 48) se o Copyright carrega

a ideia de todos os direitos reservados o Domiacutenio Puacuteblico significa sem direitos reservados e o

Creative Commons alguns direitos reservados

A licenccedila Creative Commons formatada em 2002 (FARIA 2011 p 22) foi concebida por

Lawrence Lessig (ROSENBERG 2004 JOSGRILBERG 2008 GABRIEL 2013 p 432 p 113 p

47) advogado estadunidense com o objetivo de facilitar o processo de uso e compartilhamento de

obras Essa tentativa de facilitaccedilatildeo se configura na medida em que propotildee eliminar a burocracia

desse processo de uso e compartilhamento imposto pelo Copyright (JOSGRILBERG 2008 p 114)

O Creative Commons de fato consiste em um sistema de licenciamento em que o artista ou autor

define quais direitos e liberdades seratildeo atribuiacutedas agrave sua produccedilatildeo No ato do licenciamento seraacute

estabelecido por exemplo se a obra poderaacute ser executada comercializada ou ateacute modificada por

terceiros Tais condiccedilotildees de uso satildeo agregadas ao produto e passam a ser visiacuteveis ao puacuteblico que

seraacute assim informado a respeito do que pode ou natildeo pode fazer com ele Dessa forma espera-se

a extinccedilatildeo da figura do intermediaacuterios - por exemplo de advogados - e da burocracia jaacute que as

permissotildees de uso estatildeo previamente estabelecidas pelos autores

O QUAD 12 apresenta as condiccedilotildees baacutesicas de licenciamento que o autor poderaacute atribuir agrave

sua obra Note-se que no ato do licenciamento ele poderaacute combinaacute-las de modo a delinear com

precisatildeo os direitos que pretende estabelecer para a obra Segundo a CREATIVE COMMONS

8Tome-se como exemplo um programador que eacute contratado por uma padaria ou uma farmaacutecia paraadaptar um software livre as suas necessidades especiacuteficas

9Tome-se agora como exemplo um professor com a competecircncia necessaacuteria contratado por umainstituiccedilatildeo para adaptar o material didaacutetico livre para a sua realidade ou seja para o seu contexto de ensinoEntendemos por adaptaccedilatildeo em consonacircncia com Mezzadri (2003) a produccedilatildeo de material ad hoc

16

Licenccedilas Livres e a licenccedila Creative Commons

BRASIL (sd) o uso indevido das obras sob a licenccedila Creative Commons poderaacute ser julgado como

violaccedilatildeo de direitos autorais Ademais Gabriel (2013 p 49) observa que essas licenccedilas jaacute foram

traduzidas e adaptadas agrave legislaccedilatildeo de diversos paiacuteses inclusive agraves do Brasil Essa informaccedilatildeo

corrobora a ideia de que o objetivo da licenccedila Creative Commons natildeo eacute abolir os direitos autorais

mas flexibilizaacute-los

As condiccedilotildees baacutesicas de licenciamento apresentadas no QUAD 12 combinadas entre si

compotildeem o conjunto de 6 (seis) licenccedilas Creative Commons ndash a saber Atribuiccedilatildeo Atribuiccedilatildeo - sem

derivados Atribuiccedilatildeo - natildeo comercial - compartilha igual Atribuiccedilatildeo - compartilha igual Atribuiccedilatildeo -

natildeo comercial e Atribuiccedilatildeo - natildeo comercial - sem derivados ndash reunidas e descritas no QUAD 13

Cabe ao autor escolher uma das propostas e conferi-la ao seu trabalho de acordo com as liberdades

que deseja atribuir-lhe

Em termos operacionais o registro das obras eacute feito pela Internet nas proacuteprias paacuteginas da

organizaccedilatildeo natildeo governamental sem fins lucrativos tambeacutem chamada Creative Commons Aleacutem do

sistema de registro suas paacuteginas oferecem em associaccedilatildeo com empresas como Google 10 Yahoo11 e Flickr 12 - entre outras - motores de busca especializados na localizaccedilatildeo de material registrado

sob a licenccedila Creative Commons

Natildeo obstante a clara flexibilidade das licenccedilas Creative Commons em detrimento agrave proposta

do Copyright conforme discute Faria (2011 p 25) nem todas as licenccedilas Creative Commons

podem ser consideradas livres O autor fundamenta a sua constataccedilatildeo no conceito de Licenccedila

Livre proposto em Freedomdefined (sd) a qual - consideramos - relaciona-se estritamente com a

essecircncia da filosofia do software livre conforme proposto pela Free Software Foundation - discutido

na seccedilatildeo 12 deste capiacutetulo - ou seja consiste na ideia de que

[L]icenccedila [L]ivre eacute toda licenccedila que garante ao receptor de uma obra prote-gida por direito autoral as liberdades de utilizar e gozar dos benefiacutecios deseu uso[] copiar e distribuir[] estudar e modificar[] e distribuir modificaccedilotildeesdaquela obra (FREEDOMDEFINED sd apud FARIA 2011 p 21)

Dessa forma ainda segundo Faria (2011 p 26) algumas licenccedilas apresentam atributos que

violam as liberdades de coacutepia distribuiccedilatildeo e modificaccedilatildeo - conforme a citada definiccedilatildeo de licenccedila

livre - e portanto natildeo podem ser incluiacutedas em obras designadas como livres Como exemplo Faria

(2011 p 26) cita os atributos Natildeo a obras derivadase Uso natildeo comercial Enquanto a primeira

natildeo permite a modificaccedilatildeo a segunda subtrai a liberdade comercial de uso da obra derivada

Consideramos que ao interpretar a subtraccedilatildeo da liberdade de uso comercial da obra derivada

como um desvio do conceito de Licenccedila Livre Freedomdefined (sd apud FARIA 2011 p 26)

dialoga com a ideia - discutida na seccedilatildeo 12 desta tese - de que segundo a Free Software Foundation

software livre eacute uma questatildeo de liberdade e natildeo de preccedilo Dessa forma uma licenccedila que restringe o

uso comercial natildeo estaria de acordo com a noccedilatildeo de Licenccedila Livre (FREEDOMDEFINED sd) e

naturalmente tampouco com a filosofia do software livre (FREE SOFTWARE FOUNDATION sd)

Faria (2011 p 25) cita como exemplos de atributos que caracterizam a licenccedila como livre a

10wwwgooglecombr11wwwyahoocombr12wwwflickrcom

17

Licenccedilas Livres e a licenccedila Creative Commons

Quadro 12 Condiccedilotildees baacutesicas de licenciamento Creative Commons

Condiccedilatildeoda licenccedila

Explicaccedilatildeo Exemplo

Atribuiccedilatildeo Vocecirc permite que outras pes-soas copiem distribuam e exe-cutem sua obra protegida pordireitos autorais mdash e as obrasderivadas criadas a partir delamdash mas somente se for dado creacute-dito da maneira que vocecirc esta-beleceu

Joana publica sua fotografia com alicenccedila de Atribuiccedilatildeo por que ela de-seja que todos usem suas fotos con-tanto que lhe deem creacutedito Beto en-contra na Internet a fotografia de Jo-ana e deseja mostraacute-la na primeira paacute-gina de seu website Beto coloca a fo-tografia de Joana em seu site e indicade forma clara a autoria da mesma

Uso natildeo-comercial

Vocecirc permite que outras pes-soas copiem distribuam e exe-cutem sua obra mdash e as obrasderivadas criadas a partir delamdash mas somente para fins natildeocomerciais

Gustavo publica sua fotografia em seuwebsite com uma licenccedila de Uso NatildeoComercial Camila imprime a fotogra-fia de Gustavo Camila natildeo estaacute auto-rizada a vender a impressatildeo da foto-grafia sem a autorizaccedilatildeo de Gustavo

Natildeo aobras de-rivadas

Vocecirc permite que outras pes-soas copiem distribuam e exe-cutem somente coacutepias exatasda sua obra mas natildeo obras de-rivadas

Sara licencia a gravaccedilatildeo de sua muacute-sica com uma licenccedila Natildeo a ObrasDerivadas Joatildeo deseja cortar umafaixa da muacutesica de Sara e incluiacute-la emsua proacutepria obra remixando-a e cri-ando uma obra totalmente nova Joatildeonatildeo pode fazer isso sem autorizaccedilatildeode Sara

Compartilhamento pelamesmalicenccedila

Vocecirc pode permitir que outraspessoas distribuam obras de-rivadas somente sob uma li-cenccedila idecircntica agrave licenccedila querege sua obra

A fotografia de Gustavo eacute licenciadasob as condiccedilotildees de Uso Natildeo Comer-cial e Compartilhamento pela mesmaLicenccedila Camila eacute uma artista ama-dora de colagem Ela usa a foto-grafia de Gustavo em uma de suascolagens A condiccedilatildeo do Comparti-lhamento pela mesma Licenccedila exigeque Camila disponibilize sua colagemcom uma licenccedila Uso Natildeo Comercialplus-Compartilhamento pela mesmaLicenccedila Esta condiccedilatildeo faz com queCamila disponibilize sua obra a todasas pessoas sob os mesmos termoscom os quais Gustavo disponibilizoua ela

Fonte adaptado de CREATIVE COMMONS BRASIL (sd)

18

Licenccedilas Livres e a licenccedila Creative Commons

Quadro 13 Conjunto de licenccedilas Creative Commons

Atribuiccedilatildeo - CC BY Esta licenccedila permiteque outros distribuam remixem adapteme construam sobre a sua obra mesmo co-mercialmente desde que lhe deem creacuteditopela criaccedilatildeo original Esta eacute a licenccedila maisaberta dentre as oferecidas Recomendadopara ampla divulgaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos ma-teriais licenciados

Atribuiccedilatildeo-natildeo comercial - compartilha igual- CC BY-NC-SA Esta licenccedila permite queoutros remixem faccedilam tweak e construamsobre o seu trabalho natildeo comercialmentecontanto que atribuam creacutedito a vocecirc e li-cenciem as novas criaccedilotildees sob os mesmostermos

Atribuiccedilatildeo-natildeo comercial - CC BY-NC Estalicenccedila permite que outros remixem adap-tem e criem obras natildeo comerciais e apesarde suas obras novas deverem creacuteditos avocecirc vocecirc e ser natildeo comerciais natildeo preci-sam ser licenciadas nos mesmos termos

Atribuiccedilatildeo-sem derivados - CC BY-ND Estalicenccedila permite a redistribuiccedilatildeo comercial enatildeo comercial desde que a obra permaneccedilainalterada com creacutedito para vocecirc

Atribuiccedilatildeo-compartilha igual - CC BY-SAEsta licenccedila permite que outros remixemfaccedilam tweak e construam sobre a sua obramesmo para fins comerciais contanto queatribuam creacutedito a vocecirc e licenciem as no-vas criaccedilotildees sob os mesmos paracircmetrosEsta licenccedila eacute muitas vezes comparada aoCopyleft ndash licenccedilas de software livre e opensource Todas as novas obras com base nasua levaratildeo a mesma licenccedila entatildeo quais-quer derivados tambeacutem permitiratildeo o uso co-mercial Esta eacute a licenccedila utilizada pela Wiki-pedia e eacute recomendada para materiais quese beneficiariam de conteuacutedo da Wikipediae de projetos igualmente licenciados

Atribuiccedilatildeo - natildeo comercial - sem derivados- CC BY-NC-ND Esta licenccedila eacute a mais res-tritiva das nossas seis licenccedilas principaispermitindo que os outros faccedilam o downloadde suas obras e compartilhem-nas desdeque deem creacutedito a vocecirc natildeo as alterem oufaccedilam uso comercial delas

Fonte adaptado de (CREATIVE COMMONS BRASIL sd)

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Licenccedilas Livres e a licenccedila Creative Commons

Atribuiccedilatildeoe a Atribuiccedilatildeo - compartilhamento pela mesma licenccedila Conforme lembra Faria (2011

p 25) a Atribuiccedilatildeorequer apenas que o autor da obra original seja citado da maneira como definir

Nesse caso qualquer um pode copiar distribuir e modificar inclusive para fins comerciais desde que

preserve os creacuteditos da obra original (FARIA 2011 p 25) Ele acrescenta que esse atributo quando

utilizado individualmente permite a maacutexima disseminaccedilatildeo do material licenciado A Atribuiccedilatildeo -

compartilhamento pela mesma licenccedila por sua vez requer que - aleacutem de o autor da obra original

ser citado da maneira como definir - o trabalho derivado seja distribuiacutedo com a mesma licenccedila Faria

(2011 p 26) lembra que esse mecanismo de preservaccedilatildeo da liberdade eacute tambeacutem conhecido como

Copyleft

Cabe mencionar que o Copyleft termo originalmente associado agrave licenccedila de uso de software

livre denominada GPL por Richard Stallman foi criado pelo artista e programador Don Hopkins o

qual o definiu como all rights reversed13 fazendo trocadilho com Copyright - all rights reserved14

(FARIA 2011 p 24) Em outras palavras o Copyleft pode ser definido como

uma forma de usar a legislaccedilatildeo de proteccedilatildeo dos direitos autorais com oobjetivo de retirar barreiras agrave utilizaccedilatildeo difusatildeo e modificaccedilatildeo de uma obracriativa devido agrave aplicaccedilatildeo claacutessica das normas de propriedade intelec-tual exigindo que as mesmas liberdades sejam preservadas em versotildeesmodificadas (FARIA 2011 p 24)

Definido como tal de acordo com Faria (2011 p 24) e Gabriel (2013 p 47) o Copyleft se

diferencia do Domiacutenio Puacuteblico na medida em que apresenta restriccedilotildees que precisam ser observadas

Lembramos que o Domiacutenio Puacuteblico por sua vez permite qualquer utilizaccedilatildeo de uma obra

Consideramos enfim que materiais didaacuteticos virtuais para serem classificados como livres

deveratildeo ser compostos por insumos sinalizados de alguma maneira como livres Esse material

deveraacute ao mesmo tempo possuir uma licenccedila livre que especifique as liberdades a ele atribuiacutedas

Tomamos nesse caso o termo livre conforme definido em Freedomdefined (sd) citado em Faria

(2011 p 21) e discutido neste seccedilatildeo Isso significa que apesar de adotarmos a licenccedila Creative

Commons em nosa pesquisa - bem como considerar os 6 (seis) tipos de licenccedilas funcionais

no acircmbito da produccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de materiais didaacuteticos de ensino-aprendizagem de liacutenguas -

concordamos com Faria (2011 p 26) quando observa que nem todas as suas licenccedilas poderatildeo

ser vistas como livres Concordamos ainda que os atributos Natildeo a obras derivadase Uso natildeo

comercialmarcam esse descompasso

Ademais dada a flexibilidade e a funcionalidade do conjunto de licenccedilas Creative Commons

- bem como a sua discrepacircncia com relaccedilatildeo ao universo do Copyright ou seja de um universo

fechado marcado pela burocracia e pela desfavorecimento da Cultura Livre (LESSIG 2004 p 18) -

parece-nos aceitaacutevel considerar que esses atributos - a saber Natildeo a obras derivadase Uso natildeo

comercialidentificam o que vamos reconhecer como Material Didaacutetico Virtual Livre com Algumas

Restriccedilotildees

13Todos os direitos revertidos14Todos os direitos reservados

20

Afinal o que chamamos de Material Didaacutetico Virtual Livre

Figura 11 Material Didaacutetico Virtual Livre e seus conceitos subjacentes

14 Afinal o que chamamos de Material Didaacutetico Virtual

Livre

Considerados os debates das seccedilotildees anteriores eacute possiacutevel apontar alguns dos traccedilos que do nosso

ponto de vista caracterizam o material didaacutetico virtual como livre

Conforme mencionado consideramos que o Material Didaacutetico Virtual Livre deveraacute ser o produto

de um processo de produccedilatildeo livre ou seja processo em que os autores tiveram a liberdade de

consumir outros produtos culturais sem a necessidade de permissatildeo de grupos ou corporaccedilotildees que

figurem como detentores desses produtos Seguindo o mesmo raciociacutenio esse material como um

bem cultural deveraacute ele proacuteprio figurar como livre contribuindo assim com a circulaccedilatildeo livre da

cultura Em outras palavras trata-se de um tipo de material didaacutetico que em essecircncia beneficia-se

da cultura livre - conforme definido em Lessig (2004 p 48) - ao mesmo tempo em que a promove

(SOUZA 2010b SOUZA 2011c SOUZA 2011a SOUZA 2011b) ndash sendo naturalmente suscetiacutevel

agrave accedilatildeo da inteligecircncia coletiva como concebida por Levy (2007 p 28)

Consideramos que para que isso ocorra esse material didaacutetico deveraacute se inserir em um modelo

de negoacutecio livre - ou seja caracterizado pelas liberdades de uso coacutepia modificaccedilatildeo e redistribuiccedilatildeo

(FREE SOFTWARE FOUNDATION sd SILVEIRA 2004 p 9) para qualquer um e para qualquer

fim (FREE SOFTWARE FOUNDATION sd) - utilizar como suporte um software livre ou em

consonacircncia com Freedomdefined (sd) formatos livres Ele deveraacute tambeacutem consumir insumos

livres e ser ele proacuteprio registrado com uma licenccedila livre sendo o termo Licenccedila Livre tomado em

ambos os casos segundo a definiccedilatildeo da Freedomdefined (sd) - ou seja que essencialmente

proteja a manutenccedilatildeo das liberdades de uso coacutepia distribuiccedilatildeo e modificaccedilatildeo A FIG 11 ilustra

21

Afinal o que chamamos de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 14 Os materiais didaacuteticos fechado Virtual Livre Virtual Livre com AlgumasRestriccedilotildees e suas licenccedilas

Material didaacuteticofechado

Material DidaacuteticoVirtual Livre com

AlgumasRestriccedilotildees

Material DidaacuteticoVirtual Livre

Licenccedilaproacutepria

eoudos in-sumos

bull Copyright bull CC-BY-NC

bull CC-BY-NC-SA

bull CC-BY-ND

bull CC-BY-NC-ND

bull CC-BY

bull CC-BY-SA(Copyleft)

por meio de um mapa conceitual as relaccedilotildees entre os principais conceitos discutidos a respeito da

caracterizaccedilatildeo do Material Didaacutetico Virtual Livre

Em adiccedilatildeo consideramos que a presenccedila dos atributos Uso natildeo comercial(NC) e Natildeo a obras

derivadas(ND) em sua licenccedila - eou dos insumos que utiliza caracteriza o material didaacutetico virtual

como Material Didaacutetico Virtual Livre com Algumas Restriccedilotildees O QUAD 14 mostra a relaccedilatildeo entre

materiais didaacuteticos fechados Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres e Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres

com Algumas Restriccedilotildees no que diz respeito ao tipo de licenccedila

Encontramos em Freedomdefined (sd) e na Wikipedia - sendo nesta por meio da entrada

LICENCcedilAS CREATIVE COMMONS (sd) - concepccedilotildees equivalentes agraves nossas a respeito da

natureza livre do material didaacutetico virtual De fato a Freedomdefined (sd) aponta 4 (quatro)

caracteriacutesticas as quais denomina Condiccedilotildees Adicionais para Atribuiccedilatildeo de Caraacuteter Livre a um

Trabalho Cultural Satildeo elas a disponibilidade da fonte de dados o uso de um formato livre nenhuma

restriccedilatildeo teacutecnica e nenhuma outra restriccedilatildeo ou limitaccedilatildeo A Wikipedia por sua vez por meio da

entrada LICENCcedilAS CREATIVE COMMONS (sd) aponta para a necessidade de atribuiccedilatildeo clara de

autoria dos trabalhos subjacentes a uma obra derivada Por meio do QUAD 15 apresentamos uma

amalgamaccedilatildeo dos pontos de vista da Freedomdefined (sd) e da Wikipedia os quais - consideramos

- aleacutem de dialogar com alguns aspectos da nossa concepccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre pode

auxiliar os trabalhos praacutetico-operativos (tais como produccedilatildeo e reconhecimento) com materiais dessa

natureza no acircmbito do ensino-aprendizagem de liacutenguas

Destacamos a partir do exposto no QUAD 15 o debate sobre o uso de formatos livres Concor-

damos com a Freedomdefined (sd) quando assumem que a condiccedilatildeo de liberdade dos Trabalhos

Culturais Livres seraacute mantida no caso de uso de formatos natildeo livres - por razotildees praacuteticas - quando

disponibilizada uma coacutepia em formato livre e no caso de uso de formatos digitais patenteados -

22

Afinal o que chamamos de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 15 Caraacuteter livre a materiais didaacuteticos virtuais algumas condiccedilotildees

Disponibilidade dafonte de dados

Onde um trabalho final foi obtido por meio de compilaccedilatildeo ou pro-cessamento de um arquivo fonte ou de muacuteltiplos arquivos fontetodas as fontes de dados subjacentes devem estar disponiacuteveisjuntamente com o trabalho propriamente dito sob as condiccedilotildeesoriginais Pode ser uma partitura de uma composiccedilatildeo musical osmodelos usados em uma cena em 3D os dados de uma publica-ccedilatildeo cientiacutefica os coacutedigos fonte de um programa de computadorou qualquer outra informaccedilatildeo deste tipo

Disponibilidade deindicaccedilotildees clarassobre as licenccedilasdas fontes de dados

Onde um trabalho final foi obtido por meio da compilaccedilatildeo ouprocessamento de um arquivo fonte ou de muacuteltiplos arquivos fonteas licenccedilas de todas as fontes de dados subjacentes devem estardisponiacuteveis juntamente com o trabalho propriamente dito deforma clara Isso significa incluir quaisquer avisos de direitosautorais (se aplicaacutevel) Citar o nome pseudocircnimo ou user ID doautor (Internet) Citar o tiacutetulo ou nome da obra caso haja algum(no caso de Internet) Citar sobre qual licenccedila a obra se encontraMencionar se a obra eacute derivada ou adaptada Se for adaptadpapor exemplo indicar Esta eacute uma traduccedilatildeo para o portuguecircs de[nome da obra original] de [autor]ou Roteiro baseado em [obraoriginal] [autor]

Uso de um formatolivre

Para arquivos digitais o formato no qual um trabalho eacute disponi-bilizado natildeo deve ser protegido por patentes a menos que sejaemitida uma permissatildeo livre de royalties mundial ilimitada e irrevo-gaacutevel para que se faccedila uso da tecnologia patenteada Enquantoformatos natildeo-livres podem agraves vezes ser usados por razotildees praacuteti-cas uma coacutepia em formato livre deve estar disponiacutevel para que otrabalho seja considerado livre

Nenhuma restriccedilatildeoteacutecnica

O trabalho deve estar disponiacutevel de maneira que nenhuma medidateacutecnica seja usada para limitar as liberdades acima enumeradas

Nenhuma outra res-triccedilatildeo ou limitaccedilatildeo

O trabalho propriamente dito natildeo deve estar coberto por restriccedilotildeeslegais (patentes contratos etc) ou limitaccedilotildees (como direitos deprivacidade) o que anularia as liberdades acima enumeradas [as4 (quatro) liberdades anunciadas no QUAD 11] Um trabalhopode fazer uso de isenccedilotildees legais ao direito autoral (para citartrabalhos sob direito autoral) embora apenas as suas porccedilotildeesque satildeo inambiguamente livres constituem um trabalho livre

Fonte adaptado de Freedomdefined (sd) e LICENCcedilAS CREATIVE COMMONS (sd)

23

Afinal o que chamamos de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 16 Os materiais didaacuteticos fechado Virtual Livre Virtual Livre com AlgumasRestriccedilotildees e seus suportes

Material didaacuteticofechado

Material DidaacuteticoVirtual Livre com

Algumas Restriccedilotildees

Material DidaacuteticoVirtual Livre

Tipo desuportedigital

bull Software eouformato proprie-taacuterio

bull Formato propri-etaacuterio legiacutevel eeditaacutevel por soft-ware livre En-quanto a condi-ccedilatildeo for vaacutelida

bull Software eou for-mato livres

bull Formato proprie-taacuterio com coacutepiaem formato livre

bull Formato patente-ado com permis-satildeo livre de royal-ties

tambeacutem por razotildees praacuteticas - quando emitida uma permissatildeo livre de royalties sendo essa de abran-

gecircncia mundial e irrevogaacutevel Consideramos esse raciociacutenio vaacutelido tambeacutem para Materiais Didaacuteticos

Virtuais Livres Com efeito em ambos os casos o material didaacutetico virtual permaneceraacute livre mediante

o cumprimento das respectivas condiccedilotildees - a saber a disponibilidade de uma coacutepia em formato

livre e de uma permissatildeo livre de royalties de abrangecircncia mundial e irrevogaacutevel Acrescentamos

que por outro lado vamos considerar Material Didaacutetico Virtual Livre com Algumas Restriccedilotildees os

casos em que forem utilizados formatos natildeo livres - ou proprietaacuterios - tais como entre outros os

formatos doc (formato de texto do Microsoft Word) e pps (formato de apresentaccedilotildees do Microsoft

Power Point) - sem a disponibilizaccedilatildeo de uma versatildeo em formato livre quando (e enquanto) esses

formatos proprietaacuterios puderem ser lidos e editados por aplicativos livres Indicamos no QUAD 16

a relaccedilatildeo entre materiais didaacuteticos fechados Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres e Materiais Didaacuteticos

Virtuais Livres com Algumas Restriccedilotildees no que se refere ao tipo de suporte digital

Concluiacutemos esta subseccedilatildeo - e este capiacutetulo - trazendo para debate dois aspectos relacionados

a maneira como concebemos Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres em nossa pesquisa e consequen-

temente nesta tese O primeiro aspecto consiste em nossa visatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

como Sequecircncias Didaacuteticas (OLIVEIRA 2013 p 53) A fim de discuti-lo retomamos o conceito

de Recursos Educacionais Abertos (THE WILLIAM AND FLORA HEWLETT FOUNDATION SD

BARBOSA ARIMOTO 2013 p 18) Cabe lembrar que esse conceito tal qual o de Trabalhos Cultu-

rais Livres (FREEDOMDEFINED sd) dialoga em essecircncia com a nossa visatildeo sobre Materiais

Didaacuteticos Virtuais Livres Conforme dissemos no iniacutecio deste capiacutetulo todos os trecircs conceitos podem

ser interpretados como tentativas de aplicaccedilatildeo da filosofia do software livre em artefatos diferentes

de software O segundo diz respeito agrave nossa escolha pela utilizaccedilatildeo do especificador livre - em

detrimento a aberto - na expressatildeo Material Didaacutetico Virtual Livre

24

Afinal o que chamamos de Material Didaacutetico Virtual Livre

De acordo com THE WILLIAM AND FLORA HEWLETT FOUNDATION (SD) Recursos Educaci-

onais Abertos

satildeo recursos de ensino aprendizagem e pesquisa que estatildeo em domiacuteniopuacuteblico ou foram disponibilizados com uma licenccedila de propriedade intelec-tual que permite a liberdade de uso e reaproveitamento por outros (THEWILLIAM AND FLORA HEWLETT FOUNDATION SD)

Conforme lembram THE WILLIAM AND FLORA HEWLETT FOUNDATION (SD) e Barbosa e

Arimoto (2013 p 18) esse conceito foi definido pela Unesco em 2002 e se refere a cursos completos

materiais de cursos moacutedulos livros texto viacutedeos provas software ou qualquer outra ferramenta

ou teacutecnica usada para apoiar o acesso ao conhecimento

Observamos que em nossa pesquisa - bem como nesta tese - nossa visatildeo de Material Didaacutetico

Virtual Livre estaacute relacionada agrave ideia de Sequecircncia Didaacutetica tal qual definida em Oliveira (2013 p

53) encontrando reflexo tambeacutem em Dolz J Noverraz e Schneuwly (2004 p 83) Segundo Oliveira

(2013 p 53) uma Sequecircncia Didaacutetica pode ser definida como

um conjunto de atividades conectadas entre si e [que] prescinde de umplanejamento para delimitaccedilatildeo de cada etapa eou atividade para trabalharos conteuacutedos disciplinares de forma integrada para uma melhor dinacircmicano processo ensino-aprendizagem (OLIVEIRA 2013 p 53)

Dessa forma apesar da ancestralidade comum entre os dois conceitos a visatildeo de que a

expressatildeo Recursos Educacionais Abertos - conforme THE WILLIAM AND FLORA HEWLETT

FOUNDATION (SD) e Barbosa e Arimoto (2013 p 18) - pode ser utilizado para referenciar

nominalmente artefatos de naturezas diversas (tais como livros texto programas ou software)

diferencia-se da maneira como concebemos Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres ou seja como

Sequecircncias Didaacuteticas (OLIVEIRA 2013 p 53) materializadas em formato digital

Por fim justificamos nossa escolha pelo especificador livre - em oposiccedilatildeo a aberto - na ex-

pressatildeo Material Didaacutetico Virtual Livre Natildeo obstante considerarmos os termos aberto e livre

intercambiaacuteveis nessa expressatildeo optamos pelo termo livre por consideraacute-lo mais coerente com as

expressotildees relativas aos conceitos que do nosso ponto de vista - conforme discutimos neste capiacutetulo

- fundamentam-no A saber Cultura Livre (LESSIG 2004 48) software livre (FREE SOFTWARE

FOUNDATION sd) e Licenccedila Livre (FREEDOMDEFINED sd)

Esperamos que por meio do debate apresentado neste capiacutetulo a respeito da natureza livre do

material didaacutetico virtual tenha sido possiacutevel expressar nossa percepccedilatildeo - anunciada na introduccedilatildeo

desta tese - de que esse tipo de material didaacutetico apresenta especificidades e que portanto -

conforme nossa hipoacutetese - ao ser inserido no acircmbito do ensino-aprendizagem de italiano como

LEL2 pode apresentar Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 45) tambeacutem especiacuteficos A partir

do exposto eacute possiacutevel por exemplo observar que a praacutetica de elaboraccedilatildeo de materiais didaacuteticos

com insumos provenientes da Internet bem como a publicaccedilatildeo de materiais didaacuteticos de autoria

proacutepria na rede mundial de computadores - as quais se apresentam jaacute consagradas na rotina de

professores de idiomas - distingui-se da praacutetica especiacutefica de produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual

Livre dada justamente a sua natureza livre

25

Capiacutetulo 2

Material Didaacutetico Virtual Livre para o

ensino de liacutenguas material

poacutes-meacutetodo() - explorando

interseccedilotildees

Neste capiacutetulo trazemos para debate a nossa hipoacutetese de que materiais didaacuteticos de natureza virtual

livre estatildeo sintonizados com a pedagogia poacutes-meacutetodo (KUMARAVADIVELU 2001 KUMARAVADI-

VELU 2006b) podendo nesse caso ser tomados como materiais didaacuteticos de caraacuteter poacutes-meacutetodo

ou simplesmente materiais didaacuteticos poacutes-meacutetodo 15 Para tanto discutimos o paradigma da cha-

mada pedagogia poacutes-meacutetodo considerando a conjectura teoacuterica de falecircncia da pedagogia dos

meacutetodos no acircmbito do ensino e aprendizagem de liacutenguas No decorrer dos debates apontamos as

interseccedilotildees entre os dois arcabouccedilos teoacutericos - ou seja materiais didaacuteticos de natureza virtual livre

e a pedagogia poacutes-meacutetodo - quando consideramos pertinente Compreendemos em siacutentese que

os materiais didaacuteticos de natureza virtual livre podem ser associados agrave pedagogia poacutes-meacutetodo na

medida em que refletem os paracircmetros pedagoacutegicos da particularidade da praticabilidade e da

possibilidade - os quais conforme Kumaravadivelu (2001) Kumaravadivelu (2006b) caracterizam a

essecircncia da pedagogia poacutes-meacutetodo Em outras palavras a noccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza

virtual livre pressupotildee respectivamente em sua essecircncia tal qual a pedagogia poacutes-meacutetodo a sensi-

bilidade ao contexto de utilizaccedilatildeo o empoderamento do professor e o incentivo a questionamentos

de status quo e agrave transformaccedilatildeo social sobretudo no que se refere aos aprendizes Consideramos

enfim que levantar esse debate significa tambeacutem ampliar a oportunidade de melhor compreender

as caracteriacutesticas dos materiais didaacuteticos de natureza virtual livre

Cabe ressaltar que ao propormos essa relaccedilatildeo estamos em acordo com Santana (2012 p

140) e Alencar (2007) os quais tambeacutem acenam para uma aproximaccedilatildeo de construtos de natureza

15Tivemos a oportunidade de debater essa hipoacutetese em 2010 no acircmbito da disciplina O Ensino-Aprendizagem de Liacutenguas a Partir da Deacutecada de 1970 ministrado pela Profa Dra Fernanda LanducciOrtale ofertada pelo Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Liacutengua Literatura e Cultura Italianas da USP e em2011 no acircmbito do VII Congresso Internacional da ABRALIN (Associaccedilatildeo Brasileira de Linguiacutestica) realizadoUniversidade Federal do Paranaacute (Curitiba - PR) - (SOUZA 2011c)

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Capiacutetulo 2 Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas material poacutes-meacutetodo() -explorando interseccedilotildees

virtual livre direta ou indiretamente agraves concepccedilotildees do educador brasileiro Paulo Freire Conforme

mencionamos no decorrer deste capiacutetulo o paracircmetro da possibilidade estaacute baseado - entre outros

autores - nas concepccedilotildees desse pesquisador (KUMARAVADIVELU 2001 KUMARAVADIVELU

2006b KUMARAVADIVELU 2003 p 542 p 174 p 13) Com efeito Santana (2012 p 140) aponta

a concepccedilatildeo de Recursos Educacionais Abertos como um importante caminho para a concretizaccedilatildeo

de algumas das mudanccedilas sociais esperadas pela emergecircncia das tecnologias digitais(SANTANA

2012 p 140) ou seja para a concretizaccedilatildeo das possibilidades da educaccedilatildeo na era da informaccedilatildeo -

em detrimento ao modelo de educaccedilatildeo na era industrial - conforme Flecha e Elboj (2000) Nesse

caso em siacutentese a educaccedilatildeo na sociedade da informaccedilatildeo estaacute associada agrave concepccedilatildeo de Paulo

Freire - ainda na deacutecada de 1970 - da educaccedilatildeo como um processo de praacutetica de liberdade e como

ferramenta de transformaccedilatildeo Essa educaccedilatildeo conforme os autores permite que os indiviacuteduos

imersos na sociedade da informaccedilatildeo possam ser - entre outras expectativas - sujeitos de suas

proacuteprias aprendizagens (FLECHA ELBOJ 2000 p 144) Apresentamos por meio do QUAD 21 as

caracteriacutesticas da educaccedilatildeo na sociedade industrial - ou seja correspondente agraves demandas vigentes

nas sociedades industriais - e da educaccedilatildeo na sociedade da informaccedilatildeo - ou seja uma educaccedilatildeo

que para Flecha e Elboj (2000 p 146) pode corresponder aos desafios dessa sociedade

Alencar (2007) por sua vez parece sugerir que a condiccedilatildeo de software livre corresponde

agraves concepccedilotildees de Freire (1967 p 24) a respeito do papel de tecnologias em uma perspectiva

educacional libertadora Nesse sentido - entre vaacuterios outros aspectos abordados em seu estudo -

Alencar (2007) lembra que para Freire (1967)

()a tecnologia aleacutem de ser compreendida apreendida deve ser contextu-alizada - contextualizar a tecnologia em si proacutepria sua gecircnese e utilizaccedilatildeodesvelando os interesses e a ideologia impliacutecita os benefiacutecios e as limita-ccedilotildees do uso - em seguida identificaacute-la com o contexto local discutindo suasimplicaccedilotildees na vida dos usuaacuterios ativos e a melhor forma de incorporaacute-lapara o bem daquele grupo naquele contexto(ALENCAR 2007 p 38)

Compreendemos desse modo que Alencar (2007) evoca em seu trabalho os pensamentos do

educador brasileiro Paulo Freire com o intuito de associaacute-los agrave concepccedilatildeo de software livre - construto

esse tambeacutem focalizado em sua pesquisa Vale lembrar que em essecircncia de fato a noccedilatildeo de

software livre pressupotildee a possibilidade de contextualizaccedilatildeo ou seja de sua personalizaccedilatildeo sob

demandas advindas dos contextos de uso de debate sobre interesses e ideologias impliacutecitas em

sua proacutepria gecircnese - bem como na concepccedilatildeo do construto software em geral e de discussatildeo sobre

as implicaccedilotildees de sua utilizaccedilatildeo na vida dos usuaacuterios Consideramos que esses pressupostos satildeo

tambeacutem vaacutelidos para a noccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre ou para qualquer outro

construto dessa natureza

A necessidade da elaboraccedilatildeo de uma pedagogia poacutes-meacutetodo surge segundo Kumaravadivelu

(2001 p 537) da insatisfaccedilatildeo com as limitaccedilotildees da ideia de meacutetodo e do conseguinte modelo

de formaccedilatildeo de professores de idiomas marcado por uma abordagem descendente em que o

professor-formador transmite um conjunto de conhecimentos preestabelecidos ao professor em

formaccedilatildeo sugerindo-lhe as melhores praacuteticas modelando o seu comportamento enquanto docente

e avaliando os seus haacutebitos pedagoacutegicos (KUMARAVADIVELU 2001 p 551) Nesse sentido

27

Capiacutetulo 2 Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas material poacutes-meacutetodo() -explorando interseccedilotildees

Quadro 21 A educaccedilatildeo na sociedade industrial e na sociedade da informaccedilatildeo

A educaccedilatildeo na sociedade industrial A educaccedilatildeo na sociedade da informa-ccedilatildeo

Funccedilatildeo reprodutora da educaccedilatildeo Funccedilatildeo transformadora da educaccedilatildeoConcepccedilatildeo totalizante da escola Haacute processos educativos nas comunidades

Burocratizaccedilatildeo e academicismo que setransferem tanto aos profissionais quantoaos outros participantes

Concepccedilatildeo ampla de aprendizagem comosocializaccedilatildeo participativa e comunicativaque recupere os objetivos mais utoacutepicos daeducaccedilatildeo de jovens e adultos

Concepccedilatildeo de ciecircncia em compartimentosestanques

Concepccedilatildeo interdisciplinar de ciecircncia

Metodologia baseada na concepccedilatildeo taylo-rista da pedagogia de objetivos

Metodologia baseada nos princiacutepios deaprendizagem dialoacutegica

Transmissatildeo de uma cultura ocidental Processos transculturais que se baseiamna convivecircncia multicultural

Metodologia eminentemente expositiva eutilizaccedilatildeo de fichas como materiais baacutesicosde aprendizagem

Incorporaccedilatildeo das novas tecnologias aosprocessos de aprendizagem

Fonte adaptado de Santana (2012 p 141) e Flecha e Elboj (2000 p 146)

28

Capiacutetulo 2 Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas material poacutes-meacutetodo() -explorando interseccedilotildees

alguns autores como Brown (2002 p 10) e Allwright (1991 p 7) apontam algumas limitaccedilotildees ou

criacuteticas relativas aos meacutetodos de ensino de liacutenguas as quais reunimos por meio do QUAD Em

consonacircncia com esses autores Kumaravadivelu (2006b p 163-168) elenca uma seacuterie de mitos

relacionados agrave ideia de meacutetodo os quais segundo ele representam uma visatildeo inflamada sobre

essa ideia Satildeo eles

1 Existe o melhor meacutetodo pronto e esperando para ser encontrado

2 Meacutetodos constituem o princiacutepio organizativo para o ensino de liacutenguas

3 Meacutetodos contem um valor universal e satildeo historicamente neutros

4 Teoacutericos constroem conhecimento e professores consomem conheci-mento

5 Meacutetodos satildeo neutros e natildeo possuem motivaccedilotildees ideoloacutegicas

(KUMARAVADIVELU 2006b p 163-168)

Em linhas gerais conforme o autor o primeiro mito estaacute relacionado agrave busca - quase obsessiva

- pela determinaccedilatildeo por meios cientiacuteficos de qual seria o melhor meacutetodo de ensino de liacutenguas

Essa busca se mostra improdutiva e inviaacutevel na medida em que - entre outros fatores - a pesquisa

sobre a eficaacutecia de meacutetodos envolve elementos que natildeo podem ser controlados - tais como as

demandas objetivos e variantes dos aprendizes e o perfil do professor (KUMARAVADIVELU 2006b

p 164) O segundo mito aponta para a concepccedilatildeo de que os meacutetodos poderiam figurar como o

centro de toda a operaccedilatildeo de ensino e aprendizagem de liacutenguas tornando-se referecircncia para todos

os componentes dessa operaccedilatildeo - tais como o design do curriacuteculo a elaboraccedilatildeo do material didaacutetico

ou as estrateacutegias de ensino Percebeu-se contudo que os meacutetodos satildeo construtos demasiadamente

limitados para explicar satisfatoriamente as complexidades do ensino e aprendizagem de liacutenguas e

que ademais a concentraccedilatildeo excessiva nesses construtos significou o desprezo de outros aspectos

tambeacutem envolvidos nessa atividade - tais como a cogniccedilatildeo do professor e dos aprendizes os

contextos culturais ou as percepccedilotildees dos aprendizes (KUMARAVADIVELU 2006b p 165) O

terceiro mito se refere agrave concepccedilatildeo de que um meacutetodo pode ser usado em qualquer contexto

Cabe mencionar conforme Kumaravadivelu (2006b p 165) que meacutetodos satildeo construiacutedos a partir

de contextos e demandas idealizados e que por isso satildeo essencialmente desconectados das

realidades em que satildeo aplicados que a busca por meacutetodos universalmente aplicaacuteveis consiste em

um exerciacutecio de forccedila descendente e que ao fazecirc-lo ignora-se aleacutem dos jaacute citados elementos

contextuais o fato de que os profissionais envolvidos na atividade de ensino e aprendizagem de

liacutenguas possuem algum tipo de experiecircncia com essa tarefa O quarto mito estaacute relacionado agrave

separaccedilatildeo entre teoria e praacutetica no campo do ensino de liacutenguas marcada pelo estabelecimento

artificial de papeacuteis antagocircnicos e bem definidos para o teoacuterico e para o professor Enquanto agravequele

cabe a construccedilatildeo de conhecimento a esse fica a tarefa da praacutetica Tal configuraccedilatildeo natildeo se

difere segundo Kumaravadivelu (2006b p 166) de uma relaccedilatildeo entre produtores e consumidores

de bens de consumo O autor observa que tal qual uma relaccedilatildeo comercial o estabelecimento

desse modelo cria a ideia de uma classe privilegiada - representada pelos teoacutericos - e de uma

classe natildeo privilegiada - representada pelos professores Essa relaccedilatildeo hieraacuterquica ainda conforme

29

Capiacutetulo 2 Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas material poacutes-meacutetodo() -explorando interseccedilotildees

Quadro 22 Desvantagens dos meacutetodos

bull Satildeo construiacutedos considerando-se as diferenccedilas de um para o outro ainda quesimilaridades podem ser mais importantes jaacute que meacutetodos que satildeo diferentesem termos de princiacutepios abstratos parecem ser muito mais similares na praacuteticade sala de aula

bull Simplificam de modo infeliz uma seacuterie de fatores altamente complexos comopor exemplo considerar as semelhanccedilas entre aprendizes quando as diferenccedilaspodem ser mais relevantes

bull Desvia energia de questotildees potencialmente mais produtivas uma vez que otempo gasto para aprender como implementar um meacutetodo particular significamenos tempo para outras atividades como por exemplo o design de tarefas desala de aula

bull Gera lealdade agrave uma marca o que seraacute improvavelmente uacutetil para a profissatildeo[professor de idiomas] uma vez que promove rivalidades inuacuteteis sobre questotildeesessencialmente irrelevantes

bull Gera condescendecircncia por transmitir a impressatildeo de que respostas foram defato encontradas para todas as principais questotildees metodoloacutegicas da nossaprofissatildeo [professor de idiomas]

bull Oferece um senso de coerecircncia raso e externamente derivado para profes-sores de liacutenguas o que pode inibir o desenvolvimento de uma personalidademais profunda e em uacuteltima instacircncia de um senso de coerecircncia mais valiosointernamente derivado

bull Meacutetodos satildeo demasiadamente prescritivos assumindo demais sobre um con-texto antes desse contexto ter sido identificado Eles satildeo portanto supergene-ralizados no que diz respeito agrave sua aplicaccedilatildeo em situaccedilotildees praacuteticas

bull Geralmente meacutetodos satildeo distintos nos estaacutegios iniciais de um curso de liacutenguasmas satildeo muito semelhantes uns aos outros nos estaacutegios mais avanccedilados

bull Pensava-se que os meacutetodos podiam ser empiricamente testados por meiode quantificaccedilatildeo cientiacutefica de modo a determinar qual seria o melhor meacutetodoDescobrimos que algo intuitivo e um pouco artesanal natildeo pode jamais serverificado claramente por validaccedilatildeo empiacuterica

bull Meacutetodos satildeo carregados de agendas poliacuteticas e mercenaacuterias por parte deseus produtores Frequentemente criam um centro de poder em torno de siacutetornaram-se veiacuteculos de um imperialismo linguiacutestico visando o desempodera-mento perifeacuterico

Fonte adaptado de Brown (2002 p 10) e Allwright (1991 p 7)

30

Capiacutetulo 2 Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas material poacutes-meacutetodo() -explorando interseccedilotildees

Kumaravadivelu (2006b p 166) contribuiu para aumentar o conflito entre essas duas classes ao

inveacutes de estimular o diaacutelogo Compreendemos que essa perspectiva ademais pode ser associada

agraves praacuteticas de consumo caracteriacutesticas de modelos de negoacutecios fechados em que o consumidor natildeo

tem poder para apropriar-se integralmente dos construtos ou artefatos que consome - como ocorre

por exemplo no modelo de negoacutecios em que o software proprietaacuterio se insere O quinto e uacuteltimo

mito enfim estaacute relacionado agrave constataccedilatildeo de que o conceito de meacutetodo reflete uma determinada

visatildeo de mundo articulando-se em relaccedilotildees desiguais de interesse ou seja carregando em si o que

Pennycook (1989 597) reconheceu como conhecimento de interesse Kumaravadivelu (2006b p

167) observa ainda que o conceito de meacutetodo eacute tambeacutem um construto que causa marginalidade O

autor aponta pelo menos dois aspectos a segregaccedilatildeo entre gecircneros e entre nativos e natildeo nativos O

primeiro caso se refere ao estabelecimento da ideia de que os homens satildeo responsaacuteveis pela teoria

e as mulheres pela praacutetica - considerando-se o que ele chamou de forccedila de trabalhode ensino de

inglecircs O segundo caso diz respeito agrave marginalizaccedilatildeo dos natildeo nativos no que diz respeito ao ensino

de liacutenguas

Kumaravadivelu (2001 p 538) e Kumaravadivelu (2006b p 171) percebem a pedagogia

poacutes-meacutetodo como um sistema tridimensional composto por trecircs paracircmetros pedagoacutegicos inter-

relacionados - a saber o paracircmetro da particularidade da praticabilidade e da possibilidade Em

linhas de siacutentese o paracircmetro da particularidade estaacute relacionado agrave opccedilatildeo por uma pedagogia

sensiacutevel ao contexto ou seja embasada em uma compreensatildeo verdadeira das particularidades

linguiacutesticas socioculturais e poliacuteticas locais(KUMARAVADIVELU 2001 p 544) Esse paracircmetro

rejeita portanto a escolha pela utilizaccedilatildeo de princiacutepios e procedimentos geneacutericos e predetermi-

nados elaborados com o intuito de cumprir metas tambeacutem geneacutericas e predeterminadas (KUMA-

RAVADIVELU 2001 KUMARAVADIVELU 2006b p 544 p 171) - tal como - compreendemos -

pressuposto no paradigma dos meacutetodos O paracircmetro da praticabilidade por sua vez estaacute rela-

cionado agrave rejeiccedilatildeo de um modelo artificial em que figura uma relaccedilatildeo dicotocircmica entre teoacutericos -

cuja funccedilatildeo eacute produzir conhecimento - e professores - cuja funccedilatildeo se restringe a consumir esse

conhecimento (KUMARAVADIVELU 2001 p 544) De fato a pedagogia poacutes-meacutetodo busca romper

com essa relaccedilatildeo encorajando professores a teorizar a partir de sua praacutetica e praticar o que

teorizaram(KUMARAVADIVELU 2001 KUMARAVADIVELU 2006b p 544 p 173) O paracircmetro

da possibilidade enfim estaacute relacionado agrave opccedilatildeo por trazer agrave tona a consciecircncia sociopoliacutetica que

os aprendizes carregam consigo para a sala de aula rejeitando desse modo uma concepccedilatildeo de

que o ensino-aprendizagem de liacutenguas se restringe aos elementos linguiacutesticos funcionais obtidos

em sala de aula (KUMARAVADIVELU 2001 p 545) Esse paracircmetro - inspirado principalmente

nos trabalhos de Paulo Freire Simon (1988) Giroux (1988) Auerbach (1995) e Benesch (2001)

para os quais conforme Kumaravadivelu (2001 p 538) e Kumaravadivelu (2006b p 171) toda

pedagogia implica em relaccedilotildees de poder e dominaccedilatildeo sendo implementadas de modo a criar e

sustentar desigualdades - conta com o reforccedilo do posicionamento dos aprendizes e professores

enquanto sujeitos como estrateacutegia para encorajaacute-los a questionar o status quo de subjugaccedilatildeo em

que se encontram (KUMARAVADIVELU 2001 542)

Vale mencionar que para Kumaravadivelu (2001 p 538) o termo pedagogia se refere em

sentido amplo tanto aos temas relativos agraves estrateacutegias de sala de aula aos materiais instrucionais

31

Capiacutetulo 2 Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas material poacutes-meacutetodo() -explorando interseccedilotildees

agraves metas curriculares agraves medidas de avaliaccedilatildeo quanto a uma gama de experiecircncias poliacuteticas

histoacutericas socioculturais que podem influenciar - direta ou indiretamente - o ensino de liacutenguas

estrangeiras

Kumaravadivelu (2006a p 66) argumenta que a transiccedilatildeo de uma pedagogia baseada em

meacutetodo para uma pedagogia poacutes-meacutetodo pode ser sinalizada pelas concepccedilotildees de que meacutetodos natildeo

satildeo neutros - ou seja conforme Pennycook (1989 p 589) eles refletem um ponto de vista particular

sobre o mundo articulando relaccedilotildees desiguais de poder e interesse - e de que natildeo existe o melhor

meacutetodo - conforme Prabhu (1990 p 172) Nesse caso apontando para a perspectiva da pedagogia

poacutes-meacutetodo o que importa ainda segundo Prabhu (1990 p 172) eacute que o professor baseado no

que ele chama de senso de plausibilidade entenda como a sua atividade docente pode melhor

auxiliar os alunos em sua aprendizagem considerando as demandas do contexto de aplicaccedilatildeo - ou

seja empoderando o professor

Cabe observar que Kumaravadivelu (1994) reforccedila essa predileccedilatildeo consciente pelo empodera-

mento do professor - caracteriacutestico da perspectiva da pedagogia poacutes-meacutetodo - explicitando o que ele

chamou de condiccedilatildeo poacutes-meacutetodo ou seja uma condiccedilatildeo marcada pela descentralizaccedilatildeo da tarefa

de elaboraccedilatildeo de teorias e das tomadas de decisotildees pedagoacutegicas Em suas palavras

Se o conceito habitual de meacutetodo outorga aos teoacutericos a elaboraccedilatildeo deteorias pedagoacutegicas baseadas em conhecimento teoacuterico a condiccedilatildeo poacutes-meacutetodo empodera os participantes [professores] para que elaborem teoriasbaseadas na pratica de sala de aula Se o conceito de meacutetodo outorga aosteoacutericos a centralidade das tomadas de decisotildees de cunho pedagoacutegico acondiccedilatildeo poacutes-meacutetodo habilita os participantes a praacuteticas inovadoras locaise especiacuteficas baseadas na sala de aula (KUMARAVADIVELU 1994 p29)

Ainda segundo Kumaravadivelu (1994 p 29) a condiccedilatildeo poacutes-meacutetodo eacute alicerccedilada em trecircs

aspectos a busca por uma alternativa ao meacutetodo no lugar da busca de um meacutetodo alternativo a

autonomia do professor e o pragmatismo baseado em princiacutepios A condiccedilatildeo poacutes-meacutetodo portanto

reconhece o potencial do professor natildeo soacute para o ensino em termos praacuteticos mas tambeacutem para

agir com autonomia em questotildees acadecircmicas e administrativas impostas por instituiccedilotildees curriacuteculos

e livros didaacuteticos(KUMARAVADIVELU 1994 p 30) e estimula o desenvolvimento de uma postura

reflexiva e de competecircncias que lhe permitam analisar e avaliar a proacutepria praacutetica e iniciar e administrar

mudanccedilas em sala de aula As accedilotildees e decisotildees do professor para Kumaravadivelu (1994 p 30)

seriam balizadas pelo que ele denominou de pragmatismo baseado em princiacutepios - ou seja em uma

pedagogia pragmaacutetica em que o professor toma decisotildees de cunho pedagoacutegico associando teoria e

praacutetica a partir do contexto de aplicaccedilatildeo e com base em sua avaliaccedilatildeo criacutetica oferecendo um tipo

de ensino informado (KUMARAVADIVELU 1994 p 31) - ou ainda pelo jaacute mencionado senso de

plausibilidade (PRABHU 1990 p 172)

Dessa forma a realizaccedilatildeo de uma pedagogia poacutes-meacutetodo para Kumaravadivelu (2006b p

185) envolve a adoccedilatildeo de propostas que permitam uma clara e consequente quebra do conceito

de meacutetodo que ofereccedila um quadro de referecircncia coerente e compreensivo dentro dos limites

permitidos pelo estado atual do conhecimento e que ofereccedila um conjunto de ideias bem definido

e bem explicado que possa guiar aspectos importantes das atividades de sala de aula de ensino

32

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de L2 Kumaravadivelu (2006b p 165) cita pelo menos trecircs quadros de referecircncia - considerados

por ele como sendo de orientaccedilatildeo poacutes-meacutetodo - que podem corresponder a essas demandas o

quadro referencial tridimensional de Stern 16 o quadro referencial praacutetico-exploratoacuterio de Allwright17 e o seu quadro referencial de macroestrateacutegias 18 Interessa-nos aqui mais do que explorar as

caracteriacutesticas de cada um dos quadros compreender que todos eles pressupotildee a autonomia e a

centralidade no professor e no contexto de aplicaccedilatildeo A titulo de exemplo observamos que o quadro

referencial de Kumaravadivelu eacute constituiacutedo de macro e microestrateacutegias As macroestrateacutegias

podem ser vistas como planos gerais derivados de conhecimento teoacuterico empiacuterico e pedagoacutegico

sobre ensino e aprendizagem de L2 (KUMARAVADIVELU 2003 KUMARAVADIVELU 1994 p 38 p

32) Elas satildeo referecircncias gerais sobre as quais o professor pode gerar microestrateacutegias ou teacutecnicas

contextualizadas as quais por sua vez seratildeo utilizadas em sala de aula As microestrateacutegias desse

modo funcionam como operacionalizadoras das macroestrateacutegias Vale ressaltar que conforme

Kumaravadivelu (2003 p 38) e Kumaravadivelu (1994 p 32) o quadro de macroestrateacutegias eacute neutro

no que se refere a teorias e meacutetodos Isso natildeo significa que eacute desconectado de teorias mas que natildeo

eacute coagido por uma teoria especiacutefica sobre liacutengua aprendizagem ou ensino (KUMARAVADIVELU

2003 KUMARAVADIVELU 1994 p 38 p 32)

Aleacutem de concentra-se no papel do professor - sobre o qual discutimos ateacute agora - Kumaravadivelu

(2006b) aponta as caracteriacutesticas e funccedilotildees esperadas para o aprendiz e para o formador de

professores de idiomas na perspectiva da pedagogia poacutes-meacutetodo ou seja caracteriacutesticas e funccedilotildees

consistentes com os paracircmetros da particularidade da praticabilidade e da possibilidade Desse

modo na perspectiva da pedagogia poacutes meacutetodo espera-se que o aprendiz seja - ou se torne -

personagem ativo e autocircnomo em seu processo de aprendizagem tomando decisotildees inclusive

em niacutevel pedagoacutegico (KUMARAVADIVELU 2006b p 176) com o intuito de aperfeiccediloar esse

processo Nesse caso conforme Kumaravadivelu (2006b p 176) a autonomia eacute vista por meio

de dois aspectos um mais estrito e outro mais amplo Em termos estritos autonomia significa o

desenvolvimento da capacidade de aprender a aprender sendo essa accedilatildeo tomada como um fim em si

mesma (KUMARAVADIVELU 2006b p 177) Significa assumir o comando da proacutepria aprendizagem

- ou seja assumir a responsabilidade pela determinaccedilatildeo dos objetivos de aprendizagem pela

definiccedilatildeo dos conteuacutedos e progressotildees pela seleccedilatildeo dos meacutetodos e teacutecnicas apropriados pelo

monitoramento dos processos de aprendizagem e pela avaliaccedilatildeo do que foi aprendido conforme

Holec (1988 apud KUMARAVADIVELU 2006b) - e aprender a lanccedilar matildeo de estrateacutegias - cognitivas

metacognitivas sociais afetivas etc - de forma apropriada com o objetivo de realizar metas

de aprendizagem estabelecidas (KUMARAVADIVELU 2006b p 176) acessando criando ou

descobrindo modos pessoais de aprendizagem de liacutenguas Para Kumaravadivelu (2006b p 177) na

praacutetica caberaacute ao aprendiz

bull Identificar seus estilos e estrateacutegias pessoais de aprendizagem demodo a conhecer as suas limitaccedilotildees e pontos fracos como aprendizesde liacutenguas

bull Enriquecer seus estilos e estrateacutegias de aprendizagem incorporando

16Stern (1983) Stern (1985) Stern Allen e Harley (1992)17Allwright (1993)18Kumaravadivelu (2003)

33

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estilos e estrateacutegias de aprendizes de sucesso

bull Buscar por oportunidades adicionais de contato com a liacutengua indoaleacutem da sala de aula acessando recursos de bibliotecas centros deaprendizagens ou miacutedia eletrocircnica como a Internet

bull Colaborar com outros aprendizes na reuniatildeo de informaccedilotildees sobreum projeto especiacutefico em que estiverem trabalhando

bull Tirar vantagem de oportunidades de comunicaccedilatildeo com falantes com-petentes na liacutengua alvo

(KUMARAVADIVELU 2006b p 177)

Em termos amplos autonomia significa libertar-se ou seja tornar-se - mais do que um aprendiz

eficiente - um pensador criacutetico empoderado capaz de reconhecer os entraves soacutecio-poliacuteticos que

o impedem de realizar de modo pleno o seu potencial humano Nas palavras de Kumaravadivelu

(2006b p 177)

A autonomia libertadora vai muito aleacutem [do aprender a aprender] procu-rando auxiliar os aprendizes a reconhecer os entraves soacutecio-poliacuteticos queos impedem de realizar plenamente o seu potencial humano e munindo-lhescom as ferramentas intelectuais e cognitivas necessaacuterias para superaacute-los

(KUMARAVADIVELU 2006b p 177)

Segundo Kumaravadivelu (2006b p 178) essa autonomia libertadora poderaacute ser incentivada por

meio das seguintes accedilotildees

bull Encorajando os aprendizes a assumir com a ajuda dos professoreso papel de mini-etnoacutegrafos de modo que possam investigar e com-preender como por exemplo liacutengua como ideologia pode servir ainteresses escusos

bull Fazendo-os refletir sobre a formaccedilatildeo de suas identidades por meioda escrita de diaacuterios ou outros textos sobre assuntos que os estimulea pensar em quem satildeo e como se relacionam ao mundo social

bull Ajudando-os no que se refere agrave formaccedilatildeo de comunidades de apren-dizagem em que possam desenvolver grupos socialmente coesose unificados de apoio mutuo buscando auto-conhecimento e auto-aperfeiccediloamento

bull Oferecendo oportunidades para que possam explorar as inuacutemeraspossibilidades oferecidas pela Internet e posteriormente trazendopara a sala de aula os seus proacuteprios toacutepicos e materiais para debatebem como suas perspectivas individuais sobre os temas

(KUMARAVADIVELU 2006b p 178)

O formador de professores na perspectiva da pedagogia poacutes-meacutetodo segundo Kumaravadivelu

(2006b p 182) teraacute a funccedilatildeo de criar condiccedilotildees para que os professores em formaccedilatildeo adquiram

autoridade e autonomia necessaacuterias para que possam assumir uma postura reflexiva sobre a sua

34

Capiacutetulo 2 Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas material poacutes-meacutetodo() -explorando interseccedilotildees

praacutetica dando-lhe forma e implementando mudanccedilas quando considerar oportuno O autor aponta

para a necessidade do estabelecimento de uma relaccedilatildeo dialoacutegica entre formador e professores em

formaccedilatildeo de modo que a experiecircncia natildeo se limite a um mero passar por arcabouccedilos teoacutericos

considerando-se dessa forma a perspectiva do professor em formaccedilatildeo suas crenccedilas valores e

conhecimentos como parte do processo de aprendizagem (KUMARAVADIVELU 2006b p 183) Em

termos praacuteticos o papel do formador na perspectiva da pedagogia poacutes-meacutetodo envolve

bull Reconhecer e ajudar os professores em formaccedilatildeo a reconhecer asdesigualdades construiacutedas nos programas correntes de formaccedilatildeo deprofessores os quais tratam teoacutericos como produtores de conheci-mento e professores como consumidores de conhecimento

bull Permitir que futuros professores possam articular seus pensamentose experiecircncias bem como compartilhar suas crenccedilas pessoais con-cepccedilotildees e saberes a respeito do ensino e aprendizagem de liacutenguasdurante todo o percursos de formaccedilatildeo

bull Encorajar os futuros professores a pensarem criticamente de modoque possam relacionar o seu conhecimento pessoal com o conheci-mento profissional com ao qual estatildeo sendo expostos monitorandocomo cada um formata ou eacute formatado pelo outro avaliando como oconhecimento profissional geneacuterico pode ser usado para construir asua proacutepria teoria sobre a praacutetica

bull Criar condiccedilotildees para que os professores em formaccedilatildeo possam ad-quirir habilidades analiacuteticas baacutesicas sobre o discurso de sala de aulaque iratildeo auxilia-lo a compreender a natureza das interaccedilotildees nessecontexto

bull Direcionar parte de suas agendas de pesquisa para o que Cameronet al (1992) chamaram de pesquisa empoderada ou seja pes-quisa com - em detrimento agrave pesquisa sobre - seus professores emformaccedilatildeo

bull Expor os professores em formaccedilatildeo a uma pedagogia da possibilidadeajudando-os a engajar-se criticamente com autores que tem trazidonossa consciecircncia sobre poder e poliacutetica ideias e ideologias quealimentam a formaccedilatildeo de professores de idiomas

(KUMARAVADIVELU 2006b p 183)

Dado o exposto vimos que em essecircncia a pedagogia poacutes-meacutetodo consiste em um sistema

tridimensional articulado em trecircs paracircmetros pedagoacutegicos inter-relacionados - a saber o paracircmetro

da particularidade da praticabilidade e da possibilidade Isso significa em linhas gerais que a

pedagogia poacutes-meacutetodo visa - em oposiccedilatildeo agrave pedagogia baseada em meacutetodos - a facilitaccedilatildeo e o

avanccedilo de um ensino de liacutenguas sensiacutevel ao contexto e embasado em uma verdadeira compreensatildeo

das particularidades linguiacutesticas socioculturais e poliacuteticas locais a ruptura com a noccedilatildeo artificial

estabelecida da existecircncia de papeacuteis antagocircnicas entre aqueles que fazem teoria - ou seja os

teoacutericos - e aqueles que fazem praacutetica - ou seja os professores - associada agrave concepccedilatildeo de que a

esse professor cabe a construccedilatildeo de suas proacuteprias teorias sobre a praacutetica e o impulsionamento da

consciecircncia sociopoliacutetica que os participantes carregam consigo de modo a auxiliaacute-los na sua busca

35

Capiacutetulo 2 Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas material poacutes-meacutetodo() -explorando interseccedilotildees

pela formaccedilatildeo identitaacuteria e pela transformaccedilatildeo social - sendo aprendizes professores e formadores

de professores tratados como coexploradores

Consideramos que materiais didaacuteticos de natureza virtual livre podem ser associados agrave pedagogia

poacutes-meacutetodo na medida em que tambeacutem refletem os paracircmetros pedagoacutegicos da particularidade

da praticabilidade e da possibilidade De fato esse tipo de material didaacutetico em essecircncia tal

qual o software livre pressupotildee a possibilidade de contextualizaccedilatildeo - ou seja de personalizaccedilatildeo

sob demandas advindas de contextos de uso de debate sobre interesses e ideologias impliacutecitas

em sua proacutepria gecircnese - bem como na concepccedilatildeo de materiais didaacuteticos de outras naturezas

como por exemplo de materiais didaacuteticos fechados e de discussatildeo sobre as implicaccedilotildees de

sua utilizaccedilatildeo na vida dos usuaacuterios Isso significa que esse tipo de material didaacutetico tambeacutem

pressupotildee o empoderamento do professor oferecendo-lhe niacuteveis mais profundos de apropriaccedilatildeo e

de personalizaccedilatildeo - se comparados por exemplo com materiais didaacuteticos fechados

36

Capiacutetulo 3

Software livre no contexto de

ensino-aprendizagem de liacutenguas - por

que (natildeo) utilizar

Neste capiacutetulo trazemos para debate a questatildeo das controveacutersias a respeito do uso de software livre

em detrimento ao software proprietaacuterio Consideramos oportuno abordar esse tema na medida em

que adotamos o uso de software livre ou de formatos livres como condiccedilatildeo para a caracterizaccedilatildeo de

materiais didaacuteticos virtuais de ensino e aprendizagem de liacutenguas como livres Uma leitura atenta do

capiacutetulo mostraraacute que as controveacutersias satildeo de naturezas diversas apontando temaacuteticas nucleares

que perpassam desde o niacutevel teacutecnico ateacute os niacuteveis econocircmico e filosoacutefico - entre outros Interessa-

nos sobremaneira perceber que a utilizaccedilatildeo de software livre poderaacute trazer implicaccedilotildees para o

campo do ensino de liacutenguas - tomado como contexto educacional - seja no acircmbito da formaccedilatildeo de

professores seja em contexto de ensino-aprendizagem de um idioma Ademais consideramos que

as controveacutersias relativas ao uso de software livre - em oposiccedilatildeo ao software proprietaacuterio - podem

ser estendidas para o uso de Material Didaacutetico Virtual Livre - consideradas proporcionalmente as

especificidades de cada um dos artefatos - em detrimento a materiais didaacuteticos fechados

Em linhas gerais discorremos sobre as controveacutersias - as quais giram em torno das vantagens e

dos pontos criacuteticos do uso de software livre - nas seccedilotildees 31 e 32 Na seccedilatildeo 33 propomos um

aprofundamento a respeito da dimensatildeo produtiva de artefatos ou tecnologias com potencial altruiacutesta

Em outras palavras discutimos os modelos de negoacutecio que podem ser adotados com o intuito de

estabelecer uma gestatildeo sustentaacutevel para projetos ou iniciativas livres

31 Vantagens relacionadas ao uso de software livre

Nesta seccedilatildeo - como anunciado - iniciamos o debate sobre as controveacutersias relativas ao uso do

software livre Revisitamos para tanto uma seacuterie de vantagens relativas ao uso de software livre

em oposiccedilatildeo ao proprietaacuterio Reunimos e apresentamos - de forma sinteacutetica - por meio do QUAD

31 as vantagens que seratildeo abordadas

Conforme nos lembram Sabino e Kon (2009 p 7) a principal vantagem do software livre se refere

37

Vantagens relacionadas ao uso de software livre

Quadro 31 Vantagens do software livre em relaccedilatildeo ao proprietaacuterio

Liberdade de compartilhamento do coacutedigofonte

Sabino e Kon (2009)

Incentivo agrave cultura da reciclagem Sabino e Kon (2009)

Maior potencial para qualidade Sabino e Kon (2009) Raymond (1998)

Atuaccedilatildeo da inteligecircncia coletiva Sabino e Kon (2009) Raymond (1998)

Modelo de produccedilatildeo coletiva do conheci-mento

Ramos (2008) Miranda (2003)

Alternativa agrave pirataria Ramos (2008) Free Software FoundationEurope (SD)

Independecircncia do usuaacuterio em relaccedilatildeo a umuacutenico fornecedor ou tecnologia proprietaacuteria

Sabino e Kon (2009) Free Software Founda-tion Europe (SD) Hexsel (2002) Stallman(SD) Almeida (2000) Silveira (2004)

Baixo custo financeiro Free Software Foundation Europe (SD)Ramos (2008) Almeida (2000) Hexsel(2002) Siqueira (2009)

Maior potencial para inclusatildeo Michelazzo (2003) Free Software Founda-tion Europe (SD) Ramos (2008) Lamas(2004) Stallman (SD) Silva (2010 p 4)

Empoderamento do usuaacuterio Michelazzo (2003)

Vantagem reprodutiva e de variabilidademaior possibilidade de autopreservaccedilatildeo en-quanto espeacutecie

Oliva (2000)

Esfera governamental vantagem macroe-conomica maior seguranccedila autonomia tec-noloacutegica independecircncia de fornecedoresdemocracia

Silveira (2004)

38

Vantagens relacionadas ao uso de software livre

ao fato de que o seu coacutedigo fonte pode ser livremente compartilhado Essa caracteriacutestica permite

evitar a duplicaccedilatildeo de esforccedilos - ou seja o investimento de tempo energia e recursos financeiros

na reinvenccedilatildeo da roda - quando entidades diferentes estatildeo interessadas no desenvolvimento de

aplicativos com funcionalidades semelhantes (SABINO KON 2009 p 7) Em outras palavras

eles se referem agrave cultura da reciclagem do reaproveitamento dos esforccedilos e soluccedilotildees de terceiros

disponibilizadas em caraacuteter livre como ponto de partida para novos projetos Trata-se conforme

Pretto (2012 p 101) de valores coincidentes com a chamada cultura Hacker De fato para o autor

() o olhar atento no que eacute feito pelo outro a continuidade do coacutedigo apartir do produzido a remixagem das informaccedilotildees e novamente a disponi-bilizaccedilatildeo desses resultados mesmo que parciais para toda a comunidadeeacute parte intriacutenseca do jeito de trabalhar dos hackers (PRETTO 2012 p101)

A hipoacutetese de que o software livre tem condiccedilotildees de apresentar maior qualidade do que o

software proprietaacuterio - dados os respectivos modelos de construccedilatildeo - satildeo tambeacutem apontados por

Sabino e Kon (2009 p 7) em consonacircncia com Raymond (1998) como uma vantagem daquele

sobre esse O potencial para uma maior qualidade do software livre estaacute associado ao seu processo

de desenvolvimento horizontal e colaborativo (SILVEIRA 2004 p 63) reconhecido como modelo

bazar (RAYMOND 1998 p 1) o qual permite e pressupotildee que os coacutedigos sejam revisados por

diversos programadores conectados pela rede mundial de computadores Dessa forma - ao contrario

do modelo fechado e hierarquizado caracteriacutestico da induacutestria do software proprietaacuterio (SILVEIRA

2004 p 63) reconhecido por Raymond (1998) como modelo catedral - a forma de desenvolvimento

do software livre conta com a vantagem da accedilatildeo da inteligecircncia coletiva ou ainda com o que pode

ser reconhecido como a Lei de Linus para a qual dados olhos suficientes todos os bugs satildeo

superficiais(SABINO KON 2009 p 7)

Raymond (1998 p 12) corrobora essa visatildeo ressaltando o papel fundamental do coordenador

de desenvolvimento em contextos pautados pelo modelo bazar Ele afirma que de fato muitas

cabeccedilas satildeo inevitavelmente melhores que uma desde que um coordenador tenha a sua disposiccedilatildeo

uma miacutedia tatildeo boa quanto a Internet e que tenha a capacidade de liderar sem coerccedilatildeo O autor

aprofunda o seu ponto de vista - o qual consideramos de teor bastante funcional e pragmaacutetico e

condizente com a natureza do Material Didaacutetico Virtual Livre - por meio do seguinte comentaacuterio

Eu acredito que o futuro do software de coacutedigo aberto iraacute pertencer gra-dativamente a pessoas que () deixam para traacutes a catedral e abraccedilamo bazar Isto natildeo quer dizer que uma visatildeo individual e brilhante natildeo iraacutemais ter importacircncia ao contraacuterio eu acredito que o estado da arte dosoftware de coacutedigo aberto iraacute pertencer a pessoas que iniciem de uma visatildeoindividual e brilhante entatildeo amplificando-a atraveacutes da construccedilatildeo efetiva deuma comunidade voluntaacuteria de interesse () Nenhum desenvolvedor decoacutedigo fechado pode competir com o conjunto de talento que a comunidade() pode dar para resolver um problema Muito poucos podem ateacute mesmoser capazes de pagar as mais de duzentas pessoas que tecircm contribuiacutedopara [um determinado projeto no modelo bazar] Talvez no final a culturade coacutedigo aberto iraacute triunfar natildeo porque a cooperaccedilatildeo eacute moralmente cor-reta ou a proteccedilatildeo do software eacute moralmente errada (assumindo que vocecirc

39

Vantagens relacionadas ao uso de software livre

acredita na uacuteltima o que natildeo faz tanto o Linus [Tourvalds] como eu) massimplesmente porque o mundo do software de coacutedigo fechado natildeo podevencer uma corrida evolucionaacuteria com as comunidades de coacutedigo abertoque podem colocar mais tempo haacutebil () em um problema (RAYMOND1998 p 12)

Em termos educativos segundo Ramos (2008 p 2) e FREE SOFTWARE FOUNDATION

EUROPE (sd p 1) a vantagem de se usar software livre se baseia no fato de que os aprendizes

poderatildeo perceber em seu modo de produccedilatildeo o grande potencial do trabalho colaborativo realizado

por comunidades virtuais distribuiacutedas geograficamente e unidas pela Internet (RAMOS 2008 p

2) Aleacutem do valor positivo atribuiacutedo agrave colaboraccedilatildeo em si o papel das Tecnologias da Informaccedilatildeo

e da Comunicaccedilatildeo nesse contexto podem ser colocadas em destaque auxiliando o aprendiz a

tornar-se um cidadatildeo com capacidade de tirar o melhor proveito dessas tecnologias na sociedade

da informaccedilatildeo (RAMOS 2008 p 2) Para Miranda (2003 p 263) esse modo de produccedilatildeo do

software livre resgata o que a humanidade carrega de melhor ou seja o conhecimento produzido e

apropriado coletivamente(MIRANDA 2003 p 263) Ao utilizar software livre conforme lembra FREE

SOFTWARE FOUNDATION EUROPE (sd p1) a escola oferece um bom exemplo perante a tarefa

de ensinar os alunos a compartilhar e colaborar envolvendo-os na comunidade que compartilha

conhecimento - ou seja a comunidade do software livre

Ramos (2008 p 2) e FREE SOFTWARE FOUNDATION EUROPE (sd p 2) lembram que

o software livre pode ser usado como alternativa agrave pirataria De fato a sua utilizaccedilatildeo representa

conformidade perante a lei (RAMOS 2008 p 2) em casos de uso e coacutepia que seriam considerados

criminosos no universo do software proprietaacuterio Os autores se referem a um desestiacutemulo agrave cultura

da pirataria No acircmbito escolar isso significa que os alunos natildeo seratildeo incentivados ou tentados

a gerar e instalar coacutepias ilegais (RAMOS 2008 p 2) dado que poderatildeo fazecirc-lo de modo livre e

previamente consentido ao utilizarem software livre Vale lembrar que natildeo eacute incomum no contexto

de ensino formal - incluindo o acircmbito do ensino e aprendizagem de liacutenguas - o estabelecimento

da cultura da pirataria representado pelo uso indevido de fotocoacutepias e de software educacional

proprietaacuterio seja por parte do professor seja por parte dos alunos

A esse respeito Miranda (2003 p 261) reconhece que a cultura da pirataria eacute tambeacutem explorada

por empresas de software proprietaacuterio com o intuito de difundir o seu produto para em seguida obter

o pagamento das licenccedilas por meio de campanhas antipirataria - muitas vezes apoiadas pelo poder

puacuteblico no cumprimento do seu papel legiacutetimo de entidade reguladora - sobretudo direcionadas

a empresas de meacutedio-grande porte e universidades (MIRANDA 2003 p 261) Stallman (sd p

1) e FREE SOFTWARE FOUNDATION EUROPE (sd p 1) apresentam raciociacutenio semelhante

Com efeito segundo Stallman (sd p 1) natildeo eacute incomum que empresas de software proprietaacuterio

ofereccedilam amostras graacutetis para escolas com a expectativa de conseguirem clientes que no futuro

iratildeo pagar pelo serviccedilo com o qual estiveram habituados a trabalhar em seu universo escolar A

FREE SOFTWARE FOUNDATION EUROPE (sd p 1) referindo-se especialmente agrave educaccedilatildeo

infantil e baacutesica argumenta que se as escolas ensinam os seus aprendizes a confiar no software

proprietaacuterio daratildeo agrave eles dependecircncia por algo que para ter direito agrave sua utilizaccedilatildeo futura teratildeo que

pagar e que em geral desestimula a partilha e a boa vontade na sociedade(FREE SOFTWARE

FOUNDATION EUROPE sd p 1)

40

Vantagens relacionadas ao uso de software livre

Vantagem semelhante apontam Sabino e Kon (2009 p 7) FREE SOFTWARE FOUNDATION

EUROPE (sd p 1) Hexsel (2002 p 12) Stallman (sd p 1) e Almeida (2000 p 4) quando

argumentam que a utilizaccedilatildeo de software livre garante independecircncia do usuaacuterio - seja ele um

indiviacuteduo ou uma instituiccedilatildeo tal como escolas universidades empresas ou governos - em relaccedilatildeo a

um uacutenico fornecedor ou a uma uacutenica tecnologia proprietaacuteria Nesse sentido Hexsel (2002 p 12)

explica que existe um risco inerente ao se adotar um plano de negoacutecio dependente de um uacutenico

fornecedor de software ou sistema informatizado na medida em que esse fornecedor pode encerrar

a produccedilatildeo - deixando o seu cliente sem o respaldo teacutecnico necessaacuterio - ou decidir lanccedilar uma nova

e melhoradaversatildeo do seu software - obrigando o cliente a comprar novas licenccedilas (SABINO KON

2009 p 7) - geralmente muito onerosas (ALMEIDA 2000 p 4) - caso queira se atualizar No

universo do software livre conforme Hexsel (2002 p 12) essa dependecircncia natildeo existe jaacute que o

seu coacutedigo fonte natildeo eacute propriedade de uma entidade Isso significa que natildeo haacute possibilidade de um

determinado produto ser descontinuado pela conveniecircncia comercial do fornecedor Mesmo no caso

da distribuiccedilatildeo de um software livre for de responsabilidade de um grupo a sua extinccedilatildeo natildeo seraacute

um problema para os seus clientes dado que seraacute possiacutevel encontrar outras versotildees do programa

na Internet bem como obter auxiacutelio teacutecnico por parte da comunidade - tambeacutem por meio da rede

mundial de computadores - ou em uacuteltima instacircncia contratar programadores para que a manutenccedilatildeo

- ou alteraccedilotildees - sejam feitos em seus programas (HEXSEL 2002 p 13) Essas alternativas ou

seja essa independecircncia so eacute possiacutevel por se tratar de software de coacutedigo aberto ou livre

FREE SOFTWARE FOUNDATION EUROPE (sd p 2) Ramos (2008 p 1) Almeida (2000

p 3) Hexsel (2002 p 13) e Siqueira (2009 p 15) apontam o baixo custo financeiro como uma

vantagem associada agrave utilizaccedilatildeo de software livre Hexsel (2002 p 13) lembra que o desembolso

inicial para obtenccedilatildeo de sistemas livres eacute proacuteximo de zero Ele explica que os gastos de compra

normalmente equivalem ao preccedilo de custo de distribuiccedilatildeo ou seja os custos do suporte fiacutesico - tais

como CDs DVDs - e de documentaccedilatildeo - como por exemplo manuais de instruccedilatildeo - quando essa

se apresenta em suporte impresso Ademais esses programas podem ser baixados pela Internet

gratuitamente excluindo-se os custos de conexatildeo Esse custo segundo Hexsel (2002 p 13) de

qualquer modo consiste em uma pequena fraccedilatildeo dos produtos comerciais similares(HEXSEL

2002 p 13) No caso dos sistemas proprietaacuterios conforme argumenta Hexsel (2002 p 13) aleacutem

do valor pago pela licenccedila haveraacute um custo alto para manutenccedilatildeo jaacute que existe uma dependecircncia

de serviccedilos monopolizados pelo fornecedor ou providos por outras empresas ou consultores

individuais(HEXSEL 2002 p 13) O autor acrescenta que eacute possiacutevel estimar que o preccedilo

de manutenccedilatildeo de um sistema livre no pior caso equivalha ao mesmo serviccedilo relativo a um

sistema proprietaacuterio Ele lembra que entretanto o suporte pode ser encontrado gratuitamente

em comunidades de programadores disponibilizadas na Internet Consideramos oportuno lembrar

que o acesso ao coacutedigo fonte pode estabelecer uma maior concorrecircncia entre os programadores

o que pode controlar os preccedilos jaacute que todos tem acesso ao coacutedigo e o cliente poderaacute escolher o

serviccedilo que melhor lhe atrair em termos econocircmicos Ramos (2008 p 1) e FREE SOFTWARE

FOUNDATION EUROPE (sd p 2) discutem essa vantagem focalizando o ambiente escolar Os

autores argumentam que os recursos financeiros que seriam gastos na compra de programas podem

ser investidos em outros segmentos tais quais atualizaccedilotildees dos computadores da escola formaccedilatildeo

41

Vantagens relacionadas ao uso de software livre

de professores e funcionaacuterio e melhorias diversas A escolha por uma gestatildeo mais econocircmica

conforme sugere Ramos (2008 p 1) pode representar um maior compromisso com a instituiccedilatildeo

sendo especialmente relevante para a sociedade em se tratando de instituiccedilotildees puacuteblicas

O potencial para inclusatildeo - em seus diversos acircmbitos - tambeacutem eacute apontado como uma vantagem

relativa ao uso de software livre conforme Michelazzo (2003 p 269) FREE SOFTWARE FOUN-

DATION EUROPE (sd p 1) Ramos (2008 p 2) Lamas (2004 p 40) Stallman (sd p 1) e

Silva (2010 p 4) Michelazzo (2003 p 269) sugere que se bem trabalhado e agregado agrave grade

curricular as tecnologias livres podem ser um elemento definidor para a transiccedilatildeo de um status quo

da educaccedilatildeo marcada pela presenccedila de uma geraccedilatildeo de operadores de tecla(MICHELAZZO 2003

p 269) para uma geraccedilatildeo capaz de compreender como as coisas funcionam e delas poderem

se apropriar com mais autonomia Em alusatildeo agrave possibilidade de estudo e funcionamento de uma

tecnologia livre em detrimento agrave impossibilidade premeditada de fazecirc-lo em um sistema proprietaacuterio

o autor lembra que o software livre deve ser explorado a fim de apresentar como as coisas ocorrem

e natildeo somente como programar para que ocorram(MICHELAZZO 2003 p 269) Essa forma de

empoderamento para Michelazzo (2003 p 269) natildeo se limita agrave questatildeo teacutecnica mas encontra

reflexo tambeacutem na esfera social jaacute que aleacutem das aptidotildees teacutecnicas envolve o desenvolvimento

do caraacuteter formando cidadatildeos que podem contribuir para o coletivo mediante suas descobertas

seu aprendizado seus erros e acertosMichelazzo (2003 p 270) Lamas (2004 p 40) corrobora a

argumentaccedilatildeo observando que o software livre representa a diferenccedila entre exclusatildeo e inclusatildeo

digital(LAMAS 2004 p 40) na medida em que se apresenta disponiacutevel para qualquer um a custos

que se aproximam de zero ao contraacuterio das tecnologias proprietaacuterias com seus preccedilos exorbitantes

FREE SOFTWARE FOUNDATION EUROPE (sd p 1) abordando o assunto a partir do ponto de

vista escolar - em consonacircncia com Stallman (sd p 1) e Almeida (2000 p 2) - acrescenta que o

software livre traz igualdade na casa(FREE SOFTWARE FOUNDATION EUROPE sd p 1) jaacute

que

Com o software livre os professores podem dar uma coacutepia para cada alunoAssim os pais natildeo ficam em posiccedilatildeo de tomar uma decisatildeo financeira e ascrianccedilas de famiacutelias com menos recursos financeiros podem aprender comas mesmas ferramentas que qualquer outra crianccedila (FREE SOFTWAREFOUNDATION EUROPE sd p 1)

Consideramos que essa afirmaccedilatildeo pode ser estendida para todos os niacuteveis de ensino formal do

sistema educacional brasileiro natildeo se restringindo portanto agrave educaccedilatildeo infantil

Ainda sobre o vantajoso potencial para inclusatildeo das tecnologias livres Silva (2010 p 4) faz

menccedilatildeo ao altruiacutesmo produtivo Ele traz agrave tona projetos de vieacutes livres e colaborativos tal qual a

Wikipedia 19 o OpenStreetView 20 e o Grameen Bank 21 observando que todos eles tecircm como

base o altruiacutesmo um conceito - conforme lembra o proacuteprio Silva (2010 p 4) - trazido por Augusto

Comte para descrever uma das mais nobres disposiccedilotildees humanas a inclinaccedilatildeo inata do homem a

dedicar-se ao bem estar do proacuteximo(SILVA 2010 p 4) O autor baseia a sua argumentaccedilatildeo no

exemplo do Grameen Bank uma empresa de Bangladesh especializada em microcreacutedito que ao

19httpwwwwikipediaorg20httpopenstreetvieworg21httpwwwgrameencom

42

Vantagens relacionadas ao uso de software livre

contraacuterio dos bancos convencionais confere legibilidade para empreacutestimos a clientes que tiverem

menos condiccedilotildees De fato conforme lembra Silva (2010 p 4) o banco eacute uma empresa social

que estipula como restriccedilatildeo uacutenica para ilegibilidade de contratos de empreacutestimo os casos de natildeo

pagamento

Em sua argumentaccedilatildeo Silva (2010 p 4) natildeo expressa uma definiccedilatildeo clara do termo altruiacutesmo

produtivo Contudo segundo nossa interpretaccedilatildeo o autor parece se referir agrave qualidade de um projeto

de ser altruiacutesta ao inveacutes de comungar com modelos que visam apenas - e de modo impiedoso

- o proacuteprio lucro em detrimento ao bem estar dos demais Compreendemos - em consonacircncia

com Souza (2010a) 22 - que altruiacutesmo produtivo se refere agrave qualidade de um produto ou modo

de produccedilatildeo que contenha potencial altruiacutesta mas que ao mesmo tempo carregue possibilidade

de lucro financeiro por parte dos atores envolvidos Dessa forma por exemplo um sistema livre

eacute intrinsecamente altruiacutesta na medida em que ao licencia-lo como tal o seu autor entende que o

fruto do seu trabalho poderaacute ajudar ao proacuteximo e agrave sociedade em geral Concomitantemente esse

profissional poderaacute obter lucro financeiro ao ser contratado por exemplo por terceiros seja para

a manutenccedilatildeo do seu sistema seja para sua adaptaccedilatildeo agraves demandas locais Consideramos esse

aspecto uma vantagem das tecnologias livres em relaccedilatildeo agraves proprietaacuterias Em adiccedilatildeo atribuiacutemos a

mesma caracteriacutestica e portanto a mesma vantagem ao Material Didaacutetico Virtual Livre Materiais

didaacuteticos dessa natureza poderatildeo ser utilizados por alunos e escolas de baixa renda Seus autores

no entanto poderatildeo obter lucro financeiro prestando serviccedilo de manutenccedilatildeo ou adaptaccedilatildeo agraves

realidades e demandas de ensino locais em qualquer contexto educacional

Encerramos esta seccedilatildeo apresentando a visatildeo de dois autores sobre as vantagens do uso de

software livre Silveira (2004 p 38) - o primeiro deles - aponta uma seacuterie de motivos para que o

Brasil opte para o uso de software livre Consideramos que os argumentos relacionados a essa

dimensatildeo podem tambeacutem ter reflexo em uma avaliaccedilatildeo local - em uma escola ou universidade por

exemplo - sobre a opccedilatildeo pela utilizaccedilatildeo de software livre Oliva (2000 p 1) por sua vez lanccedilando

matildeo de uma analogia entre o software e os seres vivos com base em argumentos da teoria da

evoluccedilatildeo de Darwin defende que o software livre apresenta uma vantagem competitiva com relaccedilatildeo

ao proprietaacuterio Trata-se de uma argumentaccedilatildeo de cunho filosoacutefico a qual consideramos bastante

peculiar e talvez pouco aplicaacutevel perante uma avaliaccedilatildeo sobre o uso do software livre Natildeo obstante

essa peculiaridade e essa provaacutevel baixa aplicabilidade praacutetica consideramos vaacutelido traze-la agrave tona

com o intuito gerar maiores reflexotildees sobre a natureza do software livre

Silveira (2004 p 38) aponta cinco argumentos em favor da utilizaccedilatildeo do software livre como

referecircncia para o uso e desenvolvimento das tecnologias da informaccedilatildeo por parte do governo Satildeo

eles o argumento macroeconocircmico o argumento de seguranccedila o argumento da autonomia tecnoloacute-

gica o argumento da independecircncia de fornecedores e o argumento democraacutetico Observamos que

dentre eles pelo menos dois argumentos ja foram tratados nesta seccedilatildeo o argumento autonomia

tecnoloacutegica e da independecircncia de fornecedores

A vantagem macroeconomia conforme Silveira (2004 p 39) refere-se essencialmente a uma

acentuada reduccedilatildeo de envio de royalties derivados do pagamento de licenccedilas de software para

22Tivemos a oportunidade de apresentar e debater essa questatildeo em 2010 no acircmbito do XI SLA ndash Seminaacuteriode Linguiacutestica Aplicada realizado na Universidade Federal da Bahia (Salvador BA)

43

Vantagens relacionadas ao uso de software livre

o exterior Essa diminuiccedilatildeo gera maior sustentabilidade para a dinacircmica da inclusatildeo digital da

sociedade brasileira e de informatizaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo das empresas e instituiccedilotildees (SILVEIRA

2004 p 39) No que se refere ao acircmbito escolar brasileiro Silveira (2004 p 39) calcula uma quantia

de 300 milhotildees de doacutelares gastos em compras de licenccedilas para informatizar aproximadamente

100 mil escolas sendo cada uma em meacutedia com 30 computadores A sua conta esta baseada

na compra de licenccedilas de uso de software baacutesico - tal qual sistemas operacionais e software de

escritoacuterio como editores de texto e imagens planilhas de caacutelculos etc - os quais poderiam ser

substituiacutedos por equivalentes livres gerando um custo muito menor Sobre o aspecto da seguranccedila

Silveira (2004 p 40) explica que o software livre ao contraacuterio do proprietaacuterio apresenta maior

transparecircncia podendo ser plenamente auditado dado que apresenta o coacutedigo aberto Dessa forma

o governo pode analisar o software que adquire excluir rotinas duvidosas detectar falhas graves

ou ateacute mesmo o envio de informaccedilotildees para outros governos (SILVEIRA 2004 p 40) O autor

lembra que empresas proprietaacuterias geralmente cobram para liberar esse acesso o qual deveria ser

um direito do usuaacuterio(SILVEIRA 2004 p 40) Ademais algumas empresas para ceder o acesso

exigem um contrato de confiabilidade o que lhes permite abrir um processo caso entendam que o

auditor copiou alguma linha de coacutedigo

A utilizaccedilatildeo de software livre para Silveira (2004 p 40) apresenta a vantagem de reforccedilar a

autonomia e a capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica do paiacutes na medida em que permite que usuaacuterios nacionais

sejam desenvolvedores internacionais(SILVEIRA 2004 p 40) De fato teacutecnicos engenheiros e

especialistas podem se atualizar por meio do estudo dos coacutedigos e da documentaccedilatildeo do software

livre decorrente da adaptaccedilatildeo agraves demandas locais (SILVEIRA 2004 p 40) Aleacutem disso a participa-

ccedilatildeo em projetos internacionais motiva o acumulo de inteligecircncia e experiecircncia pelos programadores

brasileiro melhorando nossa capacidade de gerar tecnologia(SILVEIRA 2004 p 41) e confirmando

nosso papel de desenvolvedores e natildeo somente de consumidores dessa novas tecnologias A inde-

pendecircncia dos fornecedores - ao optar pelo software livre - permite que o governo faccedila atualizaccedilotildees

ou alteraccedilotildees nos sistemas pagando menos e exigindo melhor qualidade(SILVEIRA 2004 p 41)

A independecircncia de uma uacutenica empresa gera um mercado mais concorrente em que as empresas

locais se sentiratildeo com uma maior motivaccedilatildeo para gerar negoacutecios no exterior e se concentrarem

na venda de desenvolvimento capacitaccedilatildeo e suporte (SILVEIRA 2004 p 42) Em relaccedilatildeo ao

argumento democraacutetico enfim Silveira (2004 p 42) lembra que as tecnologias da informaccedilatildeo estatildeo

cada vez mais se tornando os meios de expressatildeo de economia cultura e conhecimento Elas

satildeo o cerne de uma sociedade em rede (SILVEIRA 2004 p 42) Nesse contexto a limitaccedilatildeo do

seu acesso - bem como a ideia de que tais tecnologias satildeo propriedade privada de poucos grupos

econocircmicos comeccedila a ser percebido como uma violaccedilatildeo dos direitos fundamentais(SILVEIRA

2004 p 42) do ser humano As tecnologias da informaccedilatildeo precisam ser livres e desenvolvidas de

modo democraacutetico e colaborativo (SILVEIRA 2004 p 42) Compreendemos que ao optar pelo

software livre o governo poderaacute contribuir nesse sentido

Oliva (2000 p 1) defende que o software livre apresenta uma vantagem competitiva com relaccedilatildeo

ao software proprietaacuterio Conforme anunciado ele o faz por meio de uma analogia entre formas

de vida e unidades de software considerando argumentos relativos agrave seleccedilatildeo natural - tais como a

facilidade de reproduccedilatildeo e aumento da variabilidade ocorrecircncias caras agrave preservaccedilatildeo da espeacutecie

44

Vantagens relacionadas ao uso de software livre

O autor inicia a analogia estabelecendo algumas equivalecircncias entre conceitos do acircmbito do

desenvolvimento de software e das ciecircncias naturais (OLIVA 2000 p 1) Ele estabelece por

exemplo que um programa pode ser considerado uma espeacutecie a coacutepia de um programa um

indiviacuteduo e o surgimento de uma nova versatildeo uma espeacutecie variante de um individuo Da mesma

forma enquanto a demanda do usuaacuterio para o uso de um software equivale ao nicho de uma espeacutecie

o trabalho das CPUs dos usuaacuterios corresponde agrave comida pela qual o indiviacuteduo compete e enfim

os desenvolvedores e mantenedores agraves forccedilas ocultas da natureza que introduzem variaccedilotildees nas

espeacutecies(OLIVA 2000 p 1)

A analogia de Oliva (2000 p 1) prossegue em seu desenvolvimento com base em duas

conclusotildees de Charles Darwin - citadas a seguir e referenciadas como 1 e 2 - configurando a

vantagem reprodutiva e a vantagem da variabilidade Satildeo elas

1 Uma grande quantidade de variedade sobre a qual diferenccedilas in-dividuais estatildeo presentes seratildeo evidentemente favoraacuteveis (para aproduccedilatildeo de novas formas por meio da seleccedilatildeo natural) Um grandenuacutemero de indiviacuteduos por oferecer uma melhor chance em um dadoperiacuteodo para o aparecimento de variedades ricas vai compensaruma menor quantidade de variabilidade em cada indiviacuteduo sendoacredito um elemento muito importante de sucesso [preservaccedilatildeo daespeacutecie] (DARWIN 1859)

2 () variaccedilotildees natildeo obstante leves e advindas de qualquer causa seelas satildeo em qualquer grau relevantes para os indiviacuteduos de umaespeacutecie nas suas infinitamente complexas relaccedilotildees com outros seresorgacircnicos e com a sua condiccedilatildeo fiacutesica de vida tenderatildeo a contribuircom a preservaccedilatildeo desses indiviacuteduos (DARWIN 1859)

Oliva (2000 p 2) aborda a vantagem da reprodutividade lembrando que o software livre tem

um enorme potencial para deixar muitos descendentes tendendo agrave proliferaccedilatildeo Isso ocorre natildeo soacute

pelas liberdades a ele atribuiacutedas mas tambeacutem pelo seu baixo preccedilo Tal raciociacutenio natildeo vale para

o software proprietaacuterio jaacute que geralmente sua reproduccedilatildeo eacute feita na maior parte das vezes por

clonagem e com menos frequecircncia pelo lanccedilamento de novas versotildees dado que se trata de um

processo caro (OLIVA 2000 p 2) O que se vecirc portanto segundo o autor eacute a proliferaccedilatildeo de

coacutepias sem variaccedilatildeo ou seja de clones

Oliva (2000 p 3) ao discorrer sobre a vantagem da variabilidade observa que as variaccedilotildees

de um software natildeo satildeo aleatoacuterias - ao contraacuterio das espeacutecies naturais - mas criadas pelos desen-

volvedores a partir das necessidades dos usuaacuterios Esses por sua vez no caso do software livre

carregam o poder de dirigir a variaccedilatildeo na medida em que alteram o software - seja por contra proacutepria

seja contratando algueacutem para faze-lo seja enfim publicando a sua demanda em um foacuterum ou lista

de e-mails com a expectativa de que um voluntaacuterio o ajude no desenvolvimento gratuitamente ou

em troca de algum tipo de pagamento (OLIVA 2000 p 3) Segundo o autor parece oacutebvio no que

se refere ao software livre que a liberdade de fazer mudanccedilas e de redistribuir as novas variaccedilotildees

aumenta a variedade da espeacutecie - ou seja do software - tornando-os mais adequados para outros

nichos ainda que desconhecidos quando da sua criaccedilatildeo

Conforme explica Oliva (2000 p 3) uma variaccedilatildeo que apresenta uma vantagem competitiva

em relaccedilatildeo agrave versatildeo original - ou seja uma variaccedilatildeo que introduz uma funccedilatildeo uacutetil para uma grande

45

Pontos criacuteticos relativos ao uso de software livre

variedade de nichos - pode ser aceita por uma maior quantidade de administradores de outros

projetos e rapidamente proliferar-se Por outro lado quando a variante natildeo eacute vantajosa natildeo eacute

aceita e perece ficando apenas no seu nicho

Oliva (2000 p 2) argumenta enfim que seria possiacutevel supor que a maioria dos usuaacuterios mesmo

tendo acesso ao coacutedigo fonte natildeo faccedilam alteraccedilotildees mas distribuem coacutepias iguais (clones) Em

resposta a essa possibilidade ele lembra que se um nuacutemero suficiente de pessoas lanccedila matildeo do

coacutedigo para altera-lo o niacutevel de variaccedilatildeo do software livre seraacute maior do que do software proprietaacuterio

(OLIVA 2000 p 3)

Compreendemos em siacutentese que Oliva (2000) por meio de sua argumentaccedilatildeo defende que

o software livre em detrimento ao proprietaacuterio apresenta melhor capacidade de reproduccedilatildeo e de

geraccedilatildeo de variedade dados os respectivos modelos de desenvolvimento O software livre portanto

teraacute maiores condiccedilotildees de autopreservaccedilatildeo enquanto espeacutecie

32 Pontos criacuteticos relativos ao uso de software livre

Trazemos para debate nesta seccedilatildeo alguns pontos criacuteticos relativos ao uso de software livre

Satildeo eles a ausecircncia de garantias e a inesistecircncia de um proprietaacuterio ou responsaacutevel legal a

inconsistecircncia da interface do usuaacuterio a dificuldade de instalaccedilatildeo e configuraccedilatildeo sobretudo para

usuaacuterios principiantes a qualidade a imagem e a reputaccedilatildeo a escassez de matildeo de obra para o

desenvolvimento e suporte bem como o seu alto custo e a exposiccedilatildeo da propriedade intelectual

Em acordo com Alencar (2007 p 75) percebemos que os pontos criacuteticos apresentados

consistem em problemas de software em geral natildeo se limitando portanto agraves soluccedilotildees livres Com

efeito seraacute possiacutevel notar no decorrer da seccedilatildeo uma tentativa de relativizar cada um deles Cabe

observar ainda que esse tema eacute tratado de diversas maneiras pelos autores e pesquisadores que

abordam o assunto Enquanto Alencar (2007 p 75) por exemplo refere-se ao tema como limitaccedilotildees

do software livre Hexsel (2002 p 16) e Sabino e Kon (2009 p 8) utilizam o termo desvantagem

Melo (2009 p 1) por sua vez preferem a expressatildeo pontos fracos do software livre

Sabino e Kon (2009 p 8) e Hexsel (2002 p 18) apontam a ausecircncia de garantias - associada agrave

inexistecircncia de um proprietaacuterio ou responsaacutevel legal - como um aspecto do software livre que pode

ser considerado desvantajoso em detrimento ao proprietaacuterio Conforme explicam Sabino e Kon (2009

p 8) soluccedilotildees livres podem significar problemas caso seja necessaacuterio o fornecimento de garantias

ou ainda em casos de ocorrecircncia de prejuiacutezos pela falha do sistema dado que suas licenccedilas em

geral eximem o autor de qualquer responsabilidade tanto quanto eacute permitido pela lei(SABINO

KON 2009 p 8) Hexsel (2002 p 1) relativiza a questatildeo lembrando que a existecircncia de um

proprietaacuterio natildeo prevecirc necessariamente garantias relacionadas a eventuais prejuiacutezos decorrentes

do uso de um software Ademais eles observam que as empresas de software proprietaacuterio tambeacutem

tentam ao maacuteximo em seus contratos eximirem-se de responsabilidades tanto quanto permitido

pela lei Sabino e Kon (2009 p 8) acrescentam que independente das claacuteusulas de ausecircncia

de responsabilidade algumas empresas de software livre optam pelo fornecimento de garantias e

suporte em forma de serviccedilo

A inconsistecircncia - e a natildeo uniformidade - da interface de usuaacuterio eacute trazida por Hexsel (2002 p 16)

46

Pontos criacuteticos relativos ao uso de software livre

e Melo (2009 p 1) como um ponto criacutetico relativo agrave utilizaccedilatildeo do software livre Os autores explicam

que essa caracteriacutestica tem raiacutezes no modelo de desenvolvimento descentralizado caracteriacutestico

desse tipo de software Trata-se de uma questatildeo que apesar de existente - ou seja com a qual

o usuaacuterio de fato poderaacute se deparar - natildeo corresponde a todos os casos de software livre Os

autores ressaltam a existecircncia de projetos especializados de desenvolvimento cujo foco estaacute na

resoluccedilatildeo dessa situaccedilatildeo Melo (2009 p 8) lembra enfim que empresas de software proprietaacuterio

natildeo estatildeo isentas dessa praacutetica De fato - comenta o autor - natildeo satildeo incomuns as descontinuidades

de interface de usuaacuterio de uma versatildeo proprietaacuteria para a outra

Hexsel (2002 p 16) e Melo (2009 p 1) apontam a dificuldade de instalaccedilatildeo e de configuraccedilatildeo

como uma questatildeo problemaacutetica relativa ao uso de software livre sobretudo para usuaacuterios iniciantes

ou sem conhecimentos especiacuteficos de programaccedilatildeo Hexsel (2002 p 16) explica que essa questatildeo

estaacute relacionada com a natureza do software livre e com o seu modo de desenvolvimento Ele lembra

que os primeiros usuaacuterios satildeo normalmente os proacuteprios programadores - ou usuaacuterios avanccedilados -

os quais tecircm praacutetica na instalaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de programas Hexsel (2002 p 17) e Melo (2009 p

2) argumentam que mesmo em se tratando de software proprietaacuterio a facilidade de instalaccedilatildeo e

administraccedilatildeo pode ser ilusoacuteria Apesar da relativa facilidade os procedimentos de instalaccedilatildeo podem

apresentar outros pontos negativos como por exemplo a inflexibilidade Em adiccedilatildeo Melo (2009 p

2) observa que a facilidade de instalaccedilatildeo tanto para o software livre quanto para o proprietaacuterio deve

ser analisada caso a caso Compreendemos que certamente o grau de facilidade de instalaccedilatildeo

- bem como o investimento na usabilidade de telas de instalaccedilatildeo dependeratildeo do publico alvo do

software em questatildeo

Sabino e Kon (2009 p 8) observam que a qualidade a imagem e reputaccedilatildeo tambeacutem satildeo

vistos como um aspecto de desvantagem no que se refere agrave utilizaccedilatildeo do software livre Segundo

os autores a inexistecircncia de uma empresa de renome como referecircncia para um software pode

representar para os potenciais usuaacuterios a possibilidade de abandono e de interrupccedilatildeo de suporte

para o produto Corrobora para essa desconfianccedila o fato de o software ser distribuiacutedo de forma

gratuita (SABINO KON 2009 p 8) Para Hexsel (2002 p 20) essa crenccedila de que a gratuidade do

software eacute incompatiacutevel com qualidade eacute falsa e confusa Existe de fato para o autor uma falta de

informaccedilatildeo impliacutecita nessa concepccedilatildeo jaacute que o software livre natildeo eacute necessariamente graacutetis mas

distribuiacutedo sem custos - ou por um custo muito baixo Ainda sobre essa falta de informaccedilatildeo Hexsel

(2002 p 20) ressalta que uma fraccedilatildeo significativa da internet eacute construiacuteda por software livre sendo

a sua existecircncia viaacutevel por causa da disponibilidade desses softwares como coacutedigo fonte aberto

Segundo Hexsel (2002 p 17) Melo (2009 p 1) e Sabino e Kon (2009 p 8) a escassez de

matildeo de obra - bem como o seu alto custo - para o desenvolvimento e suporte de software livre pode

ser vista como uma desvantagem No sentido de desconstruir a veracidade dessa constataccedilatildeo os

autores chamam a atenccedilatildeo para o presenccedila da documentaccedilatildeo e dos variados canais - tais como

foacuteruns listas de discussatildeo e sites de desenvolvimento - em que os usuaacuterios poderatildeo tirar duacutevidas

e receber auxiacutelio por parte da comunidade - ou seja programadores usuaacuterios mais experientes

ou ateacute mesmo os proacuteprios desenvolvedores de um determinado sistema Hexsel (2002 p 17)

observa ainda que na medida em que um determinado sistema se difunde a demanda por pessoal

capacitado para instalaccedilatildeo operaccedilatildeo e administraccedilatildeo tende a aumentar

47

Iniciativas livres e seus modelos de negoacutecio explorando a produtividade altruiacutesta

Sabino e Kon (2009 p 8) enfim observam que a opccedilatildeo por um modelo aberto pode ser

percebido como uma desvantagem para os seus autores e produtores dada a oacutebvia exposiccedilatildeo

de propriedade intelectual Nesse caso segundo os autores caberaacute agrave empresa responsaacutevel pela

produccedilatildeo estabelecer ou manter diferenciais para que a longo prazo o seu mercado seja garantido

(SABINO KON 2009 p 8) Em contrapartida conforme argumentam Sabino e Kon (2009 p 8)

seraacute mais difiacutecil para uma empresa conseguir vantagem competitiva sobre a outra se o produto

de software for registrado com uma licenccedila que determine obrigatoriedade na manutenccedilatildeo das

liberdades em caso de qualquer diferencial no produto Dessa forma o diferencial poderaacute tambeacutem

ser absorvido pela empresa que primeiro expocircs o seu coacutedigo Cabe ressaltar que observamos

nesse raciociacutenio a ideia essencial do copyleft (FARIA 2011 p 24) ou seja de forccedilar a manutenccedilatildeo

das liberdades conforme discutido no capiacutetulo 1 desta tese

33 Iniciativas livres e seus modelos de negoacutecio explo-

rando a produtividade altruiacutesta

Na seccedilatildeo 31 apontamos como vantagem das tecnologias livres - incluindo Material Didaacutetico Virtual

Livre - o seu potencial para agregar o altruiacutesmo a formas de obtenccedilatildeo de renda ou seja o que

consideramos como altruiacutesmo produtivo Nesta seccedilatildeo exploramos um puco mais essa vantagem

trazendo para debate alguns possiacuteveis modelos de negoacutecio relacionados agrave utilizaccedilatildeo de tecnologias

e artefatos livres tais como o software livre os Recursos Educacionais Abertos e o Material Didaacutetico

Virtual Livre Aprofundamos portanto em seu aspecto produtivo

Em acordo com Santos (2013 p 11) consideramos que o termo modelo de negoacutecio nesta

seccedilatildeo refere-se agrave capacidade - ou os meios - que as instituiccedilotildees de ensino tem ao seu dispor

para recuperarem seus investimentos em projetos livres de modo a torna-los mais sustentaacuteveis

Essa questatildeo se justifica como lembra Santos (2013 p 11) pelo fato de que a implementaccedilatildeo de

projetos dessa natureza apresentam custos que podem ir dos mais baixos a grandes investimentos

dependendo do tipo de iniciativa que se pretenda realizar(SANTOS 2013 p 11) Cabe mencionar

que enquanto a autora se refere aos Recursos Educacionais Abertos nosso foco satildeo o software

livre e o Material Didaacutetico Virtual Livre Compreendemos que os comentaacuterios de Santos (2013 p

11) - bem como dos demais autores citados nesta seccedilatildeo cujo foco de anaacutelise tem como objeto

a noccedilatildeo de Recursos Educacionais Abertos - se aplicam a gestatildeo de projetos envolvendo os trecircs

artefatos citados dada a sua natureza livre comum Ademais consideramos que esses modelos de

negoacutecio podem balizar natildeo apenas o trabalho das instituiccedilotildees de ensino mas tambeacutem dos vaacuterios

atores envolvidos na gestatildeo de iniciativas livres - tais como programadores e professores-autores de

material didaacutetico

Santos (2013 p 12) aponta sete modelos de negoacutecio comumente utilizados por instituiccedilotildees de

ensino superior em seus esforccedilos de implementaccedilatildeo de projetos envolvendo Recursos Educacionais

Abertos Satildeo eles doaccedilatildeo assinatura contribuiccedilatildeo patrociacutenio institucional governamental e

comercial A doaccedilatildeo ocorre quando uma Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental (ONG) ou outro tipo

de organizaccedilatildeo - por exemplo uma fundaccedilatildeo - paga pela produccedilatildeo e disseminaccedilatildeo do artefato

48

Iniciativas livres e seus modelos de negoacutecio explorando a produtividade altruiacutesta

livre A assinatura ocorre quando uma instituiccedilatildeo de ensino - ou outra organizaccedilatildeo - pagam para

serem membros de um consoacutercio que gerencia a elaboraccedilatildeo e disseminaccedilatildeo de artefatos livres

Na contribuiccedilatildeo o autor se responsabiliza pelos custos e produccedilatildeo dos mesmos(SANTOS 2013

p 12) O patrociacutenio consiste no financiamento da produccedilatildeo e disseminaccedilatildeo dos artefatos livres

por parte das instituiccedilotildees educacionais - ou outra instituiccedilatildeo - em troca de publicidade O modelo

institucional caracteriza-se quando uma instituiccedilatildeo educacional paga pela criaccedilatildeo do conteuacutedo e

disseminaccedilatildeo como parte da sua missatildeo(SANTOS 2013 p 12) O modelo governamental por sua

vez eacute caracterizado quando o financiamento eacute assumido de modo centralizado pelo governo em

prol de seus objetivos Enfim o modelo comercial se caracteriza quando o aluno paga - geralmente

uma quantia simboacutelica(SANTOS 2013 p 12) - pelo conteuacutedo serviccedilo ou certificado

Baseados em Santos (2013 p 15) consideramos que iniciativas livres tal qual Recursos

Educacinais Abertos ou Material Didaacutetico Virtual Livre podem agregar valor agraves instituiccedilotildees que os

utilizam Santos (2013 p 15) lembra que esse valor eacute em grande parte intangiacutevel como o reforccedilo

do compromisso com o empreendedorismo social vinculado agrave imagem institucional(SANTOS 2013

p 15) o aumento da visibilidade da instituiccedilatildeo e o fato de que esses recursos podem funcionar como

uma vitrine para a instituiccedilatildeo principalmente quando difundidos na rede mundial de computadores

A autora lembra que de fato essa utilizaccedilatildeo apresentam grande potencial para gerar matriacutecula e

consequentemente gerar renda indireta (SANTOS 2013 p 15)

Litto (2006 p 76) observa a existecircncia de uma grande variaccedilatildeo nas estrateacutegias institucionais de

produccedilatildeo de Recursos Educacionais Abertos Ele explica que algumas delas seguem uma poliacutetica

top down (de cima para baixo) na qual a administraccedilatildeo coordena todas essas atividades(LITTO

2006 p 76) e uma poliacutetica bottom up (de baixo para cima) marcada por esforccedilos individuais de

professores pioneiros(LITTO 2006 p 76) Em consonacircncia com Beshear (2005) Litto (2006 p 76)

deflagra a existecircncia de trecircs tipos de coleccedilotildees institucionais de Recursos Educacionais Abertos o

mandiacutebula o bastatildeo e o cenoura O mandiacutebula conssite no modelto biblioteca de recursos apoiada

na ideia de que se construiacutermos eles [os usuaacuterios] viratildeo(LITTO 2006 p 76) e na promoccedilatildeo

de campanhas com objetivo de persuadir a utilizaccedilatildeo por parte dos usuaacuterios o modelo bastatildeo

por sua vez toma forma quando a administraccedilatildeo instrui o corpo docente a usar determinados

Recursos Educacionais Abertos em substituiccedilatildeo a livros texto comerciais O modelo cenoura enfim

configura-se como tal perante a existecircncia de uma poliacutetica de incentivos - em forma de reduccedilatildeo

de taxas ou aumento de auxiacutelios - para que o corpo discente e docente criem e usem Recursos

Educacionais Abertos (LITTO 2006 p 76)

A Wikipedia por meio da entrada Open bussines 23 reconhece a existecircncia de diversos tipos de

modelos de negoacutecios abertos por meio dos quais eacute possiacutevel obter lucro financeiro com a utilizaccedilatildeo

de software livre ou ainda financiar o seu desenvolvimento Segundo a Wikipedia apesar de seu

status legal a aceitaccedilatildeo dos modelos de negoacutecio abertos por parte da comunidade do software livre

pode variar De fato alguns modelos satildeo considerados controversos ou desprovidos de eacutetica outros

satildeo aceitos outros ainda satildeo recomendados pela comunidade como por exemplo a obtenccedilatildeo de

renda por meio da cobranccedila pelo serviccedilo (BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE

23O termo Open Bussines foi traduzido por FUNDACAO GETULIO VARGAS (sd) como modelos de negoacutecioabertos

49

Iniciativas livres e seus modelos de negoacutecio explorando a produtividade altruiacutesta

sd)

Nesse sentido BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE (sd) apresenta treze

modelos o licenciamento duplo a venda de serviccedilos profissionais a venda de produtos custo-

mizados a venda do software como serviccedilo as parcerias com organizaccedilotildees patrocinadoras o

sistema de doaccedilotildees voluntaacuterias o sistema de bounties o sistema de preacute-compra ou crowdfunding o

software como publicidade a venda de extensotildees proprietaacuterias adicionais a venda de determinados

componentes de um produto de software o re-licenciamento de um software aberto para proprietaacuterio

a abertura gradual do software e a ofuscaccedilatildeo do coacutedigo fonte

Em linhas gerais o licenciamento duplo consiste em licenciar um software com duas licenccedilas

(BLANCO 2006 BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE sd) de naturezas

diversas Normalmente utiliza-se uma licenccedila aberta e uma proprietaacuteria (BLANCO 2006 p 1)

Nesse modelo conforme lembra BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE (sd)

a versatildeo proprietaacuteria pode ser vendida com o intuito de patrocinar a continuidade da versatildeo livre

do projeto A venda de serviccedilos profissionais eacute a forma mais conhecida e recomendada pela

comunidade de software livre (BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE sd) Ela

consiste em cobrar pelos serviccedilos - como treinamento suporte teacutecnico ou consultoria - em detrimento

a cobranccedila pelo software A venda de produtos customizados consiste na comercializaccedilatildeo de itens

- tais como camisetas canecas chaveiros mouse-pads etc - com o logotipo da empresa ou do

software livre A venda do software como serviccedilo consiste por sua vez na comercializaccedilatildeo de

assinaturas para acesso a software que permanecem no servidor ou seja serviccedilos online tal qual o

serviccedilo de cloud computing (BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE sd) Cabe

ressaltar que tal serviccedilo apesar de legal pode ser considerado inadequado e incoerente com a ideia

do software livre jaacute que forccedila os usuaacuterios a pagar cada vez mais pelo uso de sistemas cujo coacutedigo eacute

inacessiacutevel De fato ainda que livre o usuaacuterio natildeo teraacute acesso (JOHNSON 2008)

A parceria com organizaccedilotildees patrocinadoras consiste na associaccedilatildeo com governos univer-

sidades empresas ou outro tipo de instituiccedilatildeo natildeo governamental (BUSINESS MODELS FOR

OPEN-SOURCE SOFTWARE sd) que forneccedila fonte de renda para o projeto de desenvolvimento

de um software livre O sistema de doaccedilotildees voluntaacuterias se configura quando o responsaacutevel por

um projeto de desenvolvimento - seja uma instituiccedilatildeo seja um programador independente - pede

doaccedilotildees para arrecadar fundos para o seu projeto O sistema de bounties consiste na arrecadaccedilatildeo

de fundos entre os usuaacuterios de um aplicativo livre com o intuito de desenvolver e implementar uma

determinada funcionalidade nesse aplicativo (BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFT-

WARE sd) Modelo semelhante eacute o modelo de preacute-compra ou crowdfunding que funciona por meio

da arrecadaccedilatildeo de fundos advindos de doaccedilatildeo O modelo do software livre como publicidade prevecirc a

disponibilizaccedilatildeo de espaccedilos para a fixaccedilatildeo de banners ou outro tipo de propaganda por meio da qual

ocorre a arrecadaccedilatildeo (BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE sd) A venda de

extensotildees proprietaacuterias adicionais consiste na accedilatildeo de disponibilizar extensotildees plugins ou add-ons

proprietaacuterios (BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE sd) natildeo essenciais de

modo que seu uso seja condicionado ao pagamento Uma variante desse modelo segundo BUSI-

NESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE (sd) eacute a venda de determinados componentes

de um produto de software o qual consiste em manter proprietaacuterio determinado aspecto do conteuacutedo

50

Iniciativas livres e seus modelos de negoacutecio explorando a produtividade altruiacutesta

de um software de coacutedigo aberto (BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE sd)

tornando-o acessiacutevel em troca de pagamento Esse eacute o caso por exemplo de um videogame em

que determinados aspectos graacuteficos ou sonoros permanecem proprietaacuterios sendo o seu coacutedigo

fonte baacutesico livre Para obter uma experiecircncia completa do videogame o usuaacuterio teraacute que comprar o

conteuacutedo proprietaacuterio

O re-licenciamento segundo a BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE (sd)

ocorre quando uma empresa reverte a licenccedila de um sistema livre - completamente desenvolvido

em seu acircmbito - para proprietaacuterio de modo a poder comercializar legalmente o produto A abertura

gradual do software se configura quando o acesso agraves versotildees mais recentes eacute dado apenas para

usuaacuterios pagantes Conforme lembra BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE

(sd) uma das maneiras de disponibilizaccedilatildeo gradual ocorre quando uma empresa disponibiliza seu

software proprietaacuterio - atribuindo-lhe uma licenccedila livre - apoacutes um longo periacuteodo de comercializaccedilatildeo

ou quando alcanccedilado o retorno financeiro pretendido Ao fazecirc-lo a empresa tenta evitar que o seu

software seja abandonado e se torne obsoleto jaacute que daraacute a chance para que a comunidade de

software livre continue o seu desenvolvimento e suporte (BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE

SOFTWARE sd) Enfim o uacuteltimo modelo discutido em BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE

SOFTWARE (sd) - o qual percebemos natildeo esta diretamente relacionado com a obtenccedilatildeo de

retorno financeiro em projetos de software livre - consiste no ofuscamento do coacutedigo fonte Esse

termo segundo a REVISTA BRASILEIRA DE WEB (2013) e BUSINESS MODELS FOR OPEN-

SOURCE SOFTWARE (sd) refere-se agrave tentativa deliberada de dificultar a compreensatildeo de um

coacutedigo fonte Essa tentativa se daacute por exemplo por meio da inserccedilatildeo de coacutedigo natildeo destrutivo

redundante ou de nomes de variaacuteveis sem sentido - entre outros (REVISTA BRASILEIRA DE WEB

2013)

Consideramos como jaacute mencionado que os modelos discutidos em Santos (2013 p 12) e

em Litto (2006 p 76) satildeo viaacuteveis igualmente para a gestatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

conforme nossa concepccedilatildeo apresentada nesta tese Em adiccedilatildeo percebemos que tais modelos

natildeo satildeo excludentes entre siacute podendo servir de inspiraccedilatildeo para que os atores envolvidos - ou seja

entre outros instituiccedilotildees escolares professores-autores diretores coordenadores pedagoacutegicos -

descubram criem ou derivem novos meios de gestatildeo sustentaacutevel caso decidam pela utilizaccedilatildeo

de Material Didaacutetico Virtual Livre Ademais consideramos que a mesma inspiraccedilatildeo pode ser

encontrada nos modelos de negoacutecio abertos discutidos em BUSINESS MODELS FOR OPEN-

SOURCE SOFTWARE (sd) ainda que os mesmos se refiram ao software livre Vale ressaltar

que a utilizaccedilatildeo de alguns desses modelos descaracterizaria o material didaacutetico virtual como livre

excluindo naturalmente o seu aspecto altruiacutesta Isso ocorre por exemplo quando adotada a

estrategia de converter o licenciamento livre para proprietaacuterio com o intuito de legalizar a sua venda

ou ainda a utilizaccedilatildeo do material como serviccedilo disponiacutevel mediante pagamento

51

Capiacutetulo 4

Metodologia de produccedilatildeo de Material

Didaacutetico Virtual Livre

Neste capiacutetulo apresentamos e discutimos quatro aspectos que consideramos nucleares em relaccedilatildeo

agrave metodologia - ou processo - que adotamos para a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Satildeo eles a utilizaccedilatildeo de modelos instrucionais - em especial o modelo ADDIE (GAGNEacute et al

2005 ROTHWELL KAZANAS 2003 SEELS GLASGOW 1998 p 21 p 55 p 7 ) o modelo da

Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas (ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA

FILHO 2010) e o Quadro para Escrita de Material Didaacutetico de Liacutenguas (JOLLY BOLITHO 1998

p 90) as teacutecnicas de buscas de insumos livres as teacutecnicas de licenciamento do material didaacutetico

virtual atribuindo-lhe uma licenccedila livre ou flexiacutevel e a utilizaccedilatildeo de software livre

Observamos que durante a nossa pesquisa tivemos a oportunidade de experimentar e avaliar

cada um desses quatro aspectos Ademais pudemos agregar elementos relacionados ao contexto

de ensino-aprendizagem de liacutenguas de modo que a metodologia - ou processo - de produccedilatildeo de

Material Didaacutetico Virtual Livre com a qual trabalhamos pudesse oferecer condiccedilotildees para - do nosso

ponto de vista - melhor apoiar a praacutetica do professor de idiomas

O modelo ADDIE o modelo de Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas e Quadro para Elaboraccedilatildeo

de Material Didaacutetico de Ensino de Liacutenguas - os quais podem ser originalmente compreendidos como

modelos que visam em linhas gerais o entendimento de contextos instrucionais e o suporte

ao planejamento e operacionalizaccedilatildeo de cursos em seus diversos aspectos sendo o segundo

e o terceiro dirigidos ao contexto de ensino de liacutenguas - foram tomados como referecircncia para

operacionalizaccedilatildeo de Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres em contexto de ensino e aprendizagem de

liacutenguas Em outras palavras aleacutem de consideramos os trecircs modelos como arcabouccedilos teoacutericos

adequados para a compreensatildeo da atividade instrucional em si adotamos os modelos como

instrumentos para que o professor-autor pudesse se guiar na operacionalizaccedilatildeo do Material Didaacutetico

Virtual Livre bem como na documentaccedilatildeo dessa praacutetica

Os aspectos relativos agrave busca de insumos livres eou flexiacuteveis e agrave atribuiccedilatildeo de liberdades ao

Material Didaacutetico Virtual Livre satildeo abordados a partir de um vieacutes praacutetico-operativo com exemplos

de uso de ferramentas disponiacuteveis na Internet e estatildeo em sintonia com as reflexotildees propostas em

EDUCACcedilAtildeO ABERTA (2011) Cabe lembrar que a rede mundial de computadores apresenta uma

52

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

dinacircmica metamoacuterfica e efecircmera e que por isso os instrumentos citados podem natildeo ser perenes

cabendo ao professor-autor atualizar-se continuamente Dessa forma interessa-nos sobremaneira

ilustrar a praacutetica Consideramos que a compreensatildeo dessa praacutetica - natildeo obstante a possibilidade de

mudanccedilas nos aspectos das ferramentas em si - pode contribuir - entre outras maneiras - para o

desenvolvimento das habilidades relativas agrave operacionalizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre no

contexto de ensino e aprendizagem de idiomas especificadamente de italiano como LEL2

Abordamos enfim a utilizaccedilatildeo de software livre como suporte para o Material Didaacutetico Virtual

Livre trazendo para debate os dois programas que analisamos e utilizamos em nossa pesquisa

Trata-se do sistema de criaccedilatildeo de blogs e gerenciamento de conteuacutedos para web denominado

WORDPRESS (sd) 24 e do programa de autoria intitulado (EXElearning sd) 25 Nosso objetivo eacute o

de apresentar as caracteriacutesticas gerais de ambos os programas bem como os aspectos que nos

motivaram a utilizaacute-los Optamos por natildeo debater todos os recursos e funccedilotildees de cada um deles

De fato consideramos que esse aprofundamento fugiria ao escopo desta tese

41 Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacute-

tico Virtual Livre

Trazemos nesta seccedilatildeo para debate a dimensatildeo relativa agrave utilizaccedilatildeo de modelos instrucionais

como referecircncia teoacuterico-operativa para a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre no contexto

instrucional especiacutefico de ensino-aprendizagem de liacutenguas Consideramos oportuno introduzir o

debate colocando em pauta reflexotildees sobre a natureza dos modelos instrucionais em geral para

em seguida discutir o modelo baacutesico ADDIE (GAGNEacute et al 2005 ROTHWELL KAZANAS 2003

SEELS GLASGOW 1998 p 21 p 55 p 7 ) o Modelo de Operaccedilatildeo Global de Ensino de

Linguas (ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA FILHO 2010) e o Quadro para

Elaboraccedilatildeo de Material Didaacutetico de Ensino de Liacutenguas (JOLLY BOLITHO 1998 p 90)

Seraacute possiacutevel notar no decorrer da sessatildeo que os modelos citados - natildeo obstante apresentem

singularidades e focos ligeiramente diferentes - dialogam entre si na medida em que todos eles

refletem essencialmente uma metodologia operativa norteada pela resoluccedilatildeo de problemas instrucio-

nais representando dessa forma propostas instrucionais sensiacuteveis ao contexto - em consonacircncia

com a concepccedilatildeo da Pedagogia Poacutes-meacutetodo e a natureza do Material Didaacutetico Virtual Livre conforme

discutido no capiacutetulo 2 desta tese Nosso objetivo eacute o de apresentaacute-los discuti-los e quando possiacutevel

destacar relaccedilotildees entre eles e com o contexto de produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre para o

ensino de liacutenguas - conforme investigado em nossa pesquisa de doutoramento e discutido nesta tese

Percebemos de fato no decorrer de nossa pesquisa bem como de nossa praacutetica que o estudo e a

compreensatildeo dos trecircs modelos pode auxiliar de modo positivo o cumprimento dessa tarefa - a saber

a tarefa de produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre Consideramos que as noccedilotildees trazidas pela

compreensatildeo dos trecircs modelos satildeo complementares

Dessa forma notamos que o modelo ADDIE (GAGNEacute et al 2005 ROTHWELL KAZANAS

24httpwwwwordpressorg25httpwwwexelearningorg

53

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

2003 SEELS GLASGOW 1998 p 21 p 55 p 7 ) pode auxiliar na compreensatildeo de contextos

instrucionais em geral bem como de outros modelos instrucionais na medida em que consiste em

um modelo instrucional baacutesico a partir do qual eacute possiacutevel estabelecer outros modelos inserindo

adaptaccedilotildees decorrentes de demandas especiacuteficas Percebemos que o Modelo da Operaccedilatildeo Global

de Ensino de Liacutenguas (ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA FILHO 2010 p

18) e o Quadro para Produccedilatildeo de Material Didaacutetico para o Ensino de Liacutenguas (JOLLY BOLITHO

1998 p 96) por sua vez podem auxiliar na compreensatildeo de processos instrucionais relativos

ao contexto especiacutefico de ensino e aprendizagem de liacutenguas - bem como desse contexto em si -

sendo o primeiro - do nosso ponto de vista - com um vieacutes predominantemente descritivo e o segundo

com um vieacutes operativo-procedimental e especificadamente relativo agrave produccedilatildeo de material didaacutetico

Ambos de fato abordam dimensotildees e aspectos especiacuteficos desse contexto Se por um lado o

professor-autor de Material Didaacutetico Virtual Livre poderaacute compreender melhor o contexto instrucional

para o qual iraacute produzir o seu material didaacutetico - ou seja o contexto de ensino e aprendizagem de

liacutenguas - por meio do Modelo da Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas (ALMEIDA FILHO 1993

ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA FILHO 2010 p 18) por outro poderaacute operacionalizar essa

atividade por meio do Quadro para Produccedilatildeo de Material Didaacutetico para o Ensino de Liacutenguas (JOLLY

BOLITHO 1998 p 96)

411 Visatildeo geral sobre modelos instrucionais

Um modelo de design instrucional pode ser visto como um quadro procedimental para a produccedilatildeo

sistemaacutetica de instruccedilatildeo (THOMAS 2010 p 187) Ele incorpora estrateacutegias baacutesicas do design

instrucional tais como entre outras a anaacutelise do puacuteblico alvo - ou seja levantamento e avaliaccedilatildeo

das necessidades do aprendiz - a determinaccedilatildeo dos objetivos de aprendizagem e a avaliaccedilatildeo do

processo instrucional em seus diversos aspectos (THOMAS 2010 GAGNEacute et al 2005 p 187

p 21 ) Aleacutem disso esse construto informa como elementos e estrateacutegias instrucionais podem

ser integradas e operacionalizadas na produccedilatildeo e realizaccedilatildeo de cursos (THOMAS 2010 p 187)

dado que descreve a maneira de conduzir as suas diversas etapas (GUSTAFSON BRANCH 2002

p 19) Conforme observam Gustafson e Branch (2002 p 19) um modelo de design instrucional

permite a visualizaccedilatildeo de todo o processo aleacutem de estabelecer diretrizes para sua gestatildeo e para

a comunicaccedilatildeo entre os eventuais membros da equipe gestora de um projeto instrucional e seus

eventuais clientes

Gagneacute et al (2005 p 19) e Seels e Glasgow (1998 p 165) lembram que um modelo instrucional

consiste em uma tentativa de representaccedilatildeo de processos de design instrucional podendo tomar

variadas formas verbal visual tridimensional (SEELS GLASGOW 1998 p 166) espiral curviliacuteneo

em cascata sequencial (GAGNEacute et al 2005 p 41) - entre outras Seels e Glasgow (1998)

acrescentam que independente da forma o seu objetivo eacute o de apresentar uma visatildeo sobre a

realidade - ou seja sobre processos de design instrucional De acordo com Gagneacute et al (2005 p

41) cada tipo de representaccedilatildeo apresenta benefiacutecios no que diz respeito ao apoio e agrave comunicaccedilatildeo

no processo como um todo e podem ser alguns mais ou menos efetivos do que outros Os autores

observam que para ser realmente efetivo um modelo deve ser permeado com indicaccedilotildees dos

papeacuteis e tarefas dos profissionais envolvidos (stakeholders) em um dado projeto instrucional A

54

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

forma desse modelo seraacute mais efetiva se corresponder agraves demandas instrucionais locais as quais

podem ser mais ou menos complexas exigindo de fato um ou outro tipo de representaccedilatildeo (GAGNEacute

et al 2005 p 41) Dessa forma de acordo com Gagneacute et al (2005 p 42) o desafio do designer

instrucional - ou de outro profissional envolvido no design de cursos tal qual um professor-autor de

material didaacutetico para o ensino de liacutenguas - tange por um lado o saber elaborar e aplicar processos

instrucionais em um dado contexto e por outro lado o saber representar ou comunicar o processo

em termos de modelo instrucional

Cabe ressaltar enfim que um modelo nunca seraacute uma representaccedilatildeo completa da realidade -

ou seja de um processo de design instrucional - dado o niacutevel de abstraccedilatildeo necessaacuterio para traduzir

essa realidade em termos teoacutericos (SEELS GLASGOW 1998 p 166) Assim cada modelo poderaacute

enfatizar diferentes aspectos do processo de design instrucional (SEELS GLASGOW 1998 p 165)

incluir indicaccedilotildees de atividades paralelas e iterativas a serem realizadas no decorrer do processo

acompanhar anotaccedilotildees ou descriccedilotildees a respeito da ordem de cumprimento das etapas e de como

elas devem ser cumpridas (SEELS GLASGOW 1998 p 167) - entre outras caracteriacutesticas Gagneacute

et al (2005 p 38) corroborando essa noccedilatildeo de diversidade tipoloacutegica identificam pelo menos dois

tipos de modelos instrucionais a saber os modelos geneacutericos e os modelos situados Enquanto os

modelos geneacutericos tendem a representar uma abordagem - ou conceito de um autor sobre como

o processo de design instrucional deveria ser conduzido - que possa ser aplicada em uma grande

variedade de contextos ambientes de aprendizagem ou sistemas de acesso agrave instruccedilatildeo (GAGNEacute

et al 2005 p 38) os modelos situados satildeo desenvolvidos por organizaccedilotildees especialmente para

representar balizar e controlar os seus processos de design de sistemas instrucionais (GAGNEacute et

al 2005 p 39) Esses modelos conforme lembram Gagneacute et al (2005 p 39) normalmente natildeo

satildeo publicados por serem proprietaacuterios ou por representarem as demandas instrucionais especiacuteficas

de uma organizaccedilatildeo

Nas proacuteximas subseccedilotildees apresentamos e discutimos os modelos ADDIE (GAGNEacute et al 2005

ROTHWELL KAZANAS 2003 SEELS GLASGOW 1998 p 21 p 55 p 7 ) o Modelo de

Operaccedilatildeo Global de Ensino de Linguas (ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA

FILHO 2010 p 18) e o Quadro para Elaboraccedilatildeo de Material Didaacutetico de Ensino de Liacutenguas (JOLLY

BOLITHO 1998 p 90) e apontamos quando possiacutevel as relaccedilotildees entre eles e com o contexto de

produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas

412 O modelo ADDIE - modelo instrucional baacutesico

Um dos modelos instrucionais mais baacutesicos e essenciais (CARR-CHELLMAN 2010 GUSTAFSON

BRANCH 2002 GAGNEacute et al 2005 SEELS GLASGOW 1998 p 3 p 18 p 21 p 7) consiste

no modelo denominado ADDIE Trata-se de um modelo formado por 5 (cinco) componentes que

segundo Gagneacute et al (2005 p 38) e Rothwell e Kazanas (2003 p 3) representam as etapas de

um projeto instrucional consoante com a metodologia de resoluccedilatildeo de problemas de performance

humana sendo nesse caso direcionado a problemas de ordem instrucional Satildeo elas Anaacutelise

(Analysis) Desenho (Design) Desenvolvimento (Development) Implementaccedilatildeo (Implementation) e

Avaliaccedilatildeo (Evaluation) Elas estatildeo representadas na FIG 42 Suas inicias em inglecircs compotildeem o

acrocircnimo ADDIE (CARR-CHELLMAN 2010 GAGNEacute et al 2005 ROTHWELL KAZANAS 2003 p

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Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Figura 41 Componentes de um problemaFonte adaptado de Rothwell e Kazanas (2003 p 36)

3 p 21 p 55)

Essas etapas de fato conforme Gagneacute et al (2005 p 38) e Rothwell e Kazanas (2003 p 3)

correspondem aos principais estaacutegios de modelos dirigidos agrave resoluccedilatildeo sistemaacutetica de problemas

instrucionais - jaacute que envolve em linhas gerais a identificaccedilatildeo dos problemas (de ordem instrucional)

e suas causas (anaacutelise) a elaboraccedilatildeo de propostas para soluccedilatildeo dos problemas identificados

(design) a elaboraccedilatildeo da soluccedilatildeo (desenvolvimento) a experimentaccedilatildeo (implementaccedilatildeo) e final-

mente a tentativa de constataccedilatildeo do sucesso da soluccedilatildeo proposta (avaliaccedilatildeo) - e estaacute de acordo

com a concepccedilatildeo de design instrucional propostas em Seels e Glasgow (1998 p 1) os quais

compreendem essa atividade como o processo de resolver problemas instrucionais por meio da

anaacutelise sistemaacutetica das condiccedilotildees de aprendizagem(SEELS GLASGOW 1998 p 1)

Vale mencionar que Rothwell e Kazanas (2003 p 35) concebem problemas de performance

humana como o resultado de uma discrepacircncia entre o estado vigente - ou seja o que eacute - e o estado

ideal - ou seja o que deveria ser - a qual demanda accedilotildees presentes ou futuras para ser solucionada

(ROTHWELL KAZANAS 2003 p 35) Enquanto o estado vigente eacute chamado de Condiccedilatildeo e

representa o estado de coisas existentes o estado ideal eacute chamado de Criteacuterio e representa o estado

de coisas desejaacutevel (ROTHWELL KAZANAS 2003 p 35) Os autores explicam que a diferenccedila

entre Condiccedilatildeo e Criteacuterio eacute uma lacuna ou seja pode ser visto como o problema As razotildees

para essa lacuna satildeo a Causa do problema as consequecircncias dessa lacuna os seus Sintomas

(ROTHWELL KAZANAS 2003 p 35) Duas satildeo as accedilotildees principais que Rothwell e Kazanas

(2003 p 35) sugerem para a resoluccedilatildeo dessa lacuna a coleta de informaccedilotildees sobre a Condiccedilatildeo e

a identificaccedilatildeo do Criteacuterio A coleta de informaccedilotildees visa melhor compreender a Condiccedilatildeo sendo

feita por meio de perguntas agraves pessoas a respeito do problema (ROTHWELL KAZANAS 2003

p 35) Os autores observam que identificar o Criteacuterio consiste na identificaccedilatildeo do estado ideal ou

desejado ou seja o que deveria acontecer ou o que pessoas deveriam saber fazer A FIG 41 traz

uma representaccedilatildeo esquemaacutetica do raciociacutenio de Rothwell e Kazanas (2003 p 35)

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Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Figura 42 As fases do modelo ADDIEFonte adaptado de Hanley (2009)

Gagneacute et al (2005 p 21) aleacutem de reconhecerem que o modelo ADDIE eacute como um todo

baseado na metodologia de resoluccedilatildeo de problemas lembram que atividades desse tipo - ou seja

de resoluccedilatildeo de problemas - estatildeo presentes em cada uma de suas fases ou etapas Ademais a

respeito da dinacircmica da atividade instrucional representada pelo modelo (FIG 42) Gagneacute et al

(2005 p 21) acrescentam que o processo natildeo ocorre necessariamente de modo linear podendo

comeccedilar em qualquer uma das etapas Dessa forma conforme exemplificam os autores o processo

pode se iniciar a partir de uma proposta de redesenho de um curso ou curriacuteculo Eacute possiacutevel de fato

que comece pela fase de avaliaccedilatildeo e que com base nos dados dessa avaliaccedilatildeo seja necessaacuterio

retornar agraves etapas precedentes de modo a avaliar se ocorreram mudanccedilas - como nas caracteriacutesticas

dos aprendizes por exemplo - ou ainda se existe uma demanda por engendrar revisotildees relativas

aos objetivos conteuacutedos ou atividades de aprendizagem (GAGNEacute et al 2005 p 22)

Consideramos oportuno nos proacuteximos paraacutegrafos discutir com mais atenccedilatildeo cada uma das

fases do modelo ADDIE - de modo a melhor compreendecirc-lo - bem como apontar algumas relaccedilotildees

com o contexto de utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Iniciamos o debate lembrando que cada uma das fases apresentam subcomponentes - os

quais descrevemos por meio do QUAD 41 - expressos por Gagneacute et al (2005 p 22) em forma

de recomendaccedilotildees relativas ao desenvolvimento de cada uma delas A observaccedilatildeo desses sub-

componentes pode auxiliar o profissional que adota o modelo ADDIE a melhor compreendecirc-lo a

sistematizar o seu trabalho e ainda a propor mudanccedilas e adaptaccedilotildees no proacuteprio modelo quando

necessaacuterio

Em linhas gerais o objetivo da fase de Anaacutelise eacute o de compreender o contexto instrucional em

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Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 41 Componentes e subcomponentes do modelo ADDIE

Componentes Subcomponentes

Anaacutelise a) Determinaccedilatildeo das necessidades para as quais a instruccedilatildeoseraacute a soluccedilatildeo b) Conduccedilatildeo de uma anaacutelise instrucional afim de determinar os objetivos relativos agraves dimensotildees cogniti-vas afetivas e motoras a serem desenvolvidos durante o cursoc) Determinaccedilatildeo das habilidades que se espera que os estu-dantes desenvolvam e qual delas iraacute causar impacto para aaprendizagem durante o curso d) Anaacutelise do tempo disponiacute-vel e do tempo que seraacute utilizado para o curso e) Anaacutelise decontexto e de recursos

Design a) Traduccedilatildeo das metas do curso em resultados que se esperaque os alunos alcancem ao final do curso b) Determinaccedilatildeodos toacutepicos ou unidades instrucionais a serem cumpridas bemcomo o tempo que seraacute necessaacuterio para cada um deles c)Organizaccedilatildeo das unidades em sequecircncia considerando-seos objetivos do curso d) Especificaccedilatildeo para cada unidadedo que se espera que os alunos saibam ao concluiacute-las e)Estabelecimento das liccedilotildees e atividades de aprendizagempara cada unidade f) Estabelecimento de especificaccedilotildeespara avaliaccedilatildeo da aprendizagem dos estudantes

Desenvolvimento a) Tomada de decisotildees sobre os tipos de materiais didaacuteticose atividades de aprendizagem b) Preparaccedilatildeo das versotildeesprototiacutepicas dos materiais didaacuteticos ou atividades c) Experi-mentaccedilatildeo dos materiais didaacuteticos com membros do puacuteblicoalvo d) Revisatildeo refinamento e produccedilatildeo dos materiais didaacuteti-cos e atividades e) Elaboraccedilatildeo das instruccedilotildees de ensino oumateriais complementares

Implementaccedilatildeo a) Aquisiccedilatildeo dos materiais didaacuteticos a serem adotados pelosprofessores ou pelos estudantes b) Fornecimento de ajudaou suporte caso necessaacuterio

Avaliaccedilatildeo a) Implementaccedilatildeo de planos de avaliaccedilatildeo dos estudantes doprograma b) Implementaccedilatildeo de planos para manutenccedilatildeo erevisatildeo do curso

Fonte adaptado de (GAGNEacute et al 2005)

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Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

que se insere o projeto incluindo as necessidades dos aprendizes (GAGNEacute et al 2005 SEELS

GLASGOW 1998 p 23 p 8) Gagneacute et al (2005 p 23) apresentam um exemplo a respeito do teor

das decisotildees que o designer instrucional - ou outro profissional envolvido na tarefa de design de um

curso - deveraacute tomar durante a fase de anaacutelise Os autores mostram que um curso de Anatomia por

exemplo serviraacute tanto para estudantes de patologias da voz quanto para estudantes de Psicologia

do Esporte O foco da disciplina no entanto deveraacute mudar de acordo com as necessidades de

cada profissional (GAGNEacute et al 2005 p 23) Em outras palavras isso quer dizer que o foco do

curso deveraacute ser diferenciado para cada tipo de puacuteblico-alvo Percebemos que accedilotildees e demandas

anaacutelogas podem ser vistas na praacutexis do professor de idiomas quando por exemplo varia o grau de

exigecircncia de uma atividade de compreensatildeo de um texto autecircntico complexo de acordo com o niacutevel

de proficiecircncia dos alunos

A fase de deign consiste em estabelecer os objetivos educacionais a serem alcanccedilados as

habilidades e competecircncias que se espera que os aprendizes tenham desenvolvido ao final do

percurso instrucional as estrateacutegias educacionais necessaacuterias para se cumprir essa meta e os

instrumentos de avaliaccedilatildeo que seratildeo utilizados (GAGNEacute et al 2005 SEELS GLASGOW 1998 p

26 p 11) Um produto gerado nessa fase segundo Gagneacute et al (2005 p 26) seria um documento

contendo o planejamento do curso

Ainda com relaccedilatildeo agrave fase de design Gagneacute et al (2005 p 27) ressaltam a possibilidade de se

fazer uma prototipaccedilatildeo raacutepida Essa atividade consiste em testar elementos do design instrucional

em elaboraccedilatildeo de modo a se avaliar a sua eficiecircncia Os autores recomendam que a prototipaccedilatildeo

seja feita o quanto antes e justificam essa accedilatildeo por dois motivos em primeiro lugar porque por

meio de um protoacutetipo o eventual cliente poderaacute constatar se o produto estaacute satisfatoacuterio em segundo

porque ao fazecirc-lo as chances de se obter um design final inadequado aos objetivos pedagoacutegicos do

curso seriam menores

Vale ressaltar que Gagneacute et al (2005) lidam com a ideia de que um projeto instrucional pode ser

encomendado por terceiros Os clientes poderiam ser escolas entidades governamentais ou ateacute

empresas preocupadas com a formaccedilatildeocapacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios os quais contratam um

profissional - por exemplo um designer instrucional - para elaborar e gerir os percursos formativos

Os estudos apresentados em Gagneacute et al (2005) de fato tem como meta contribuir com a formaccedilatildeo

profissional do designer instrucional Em nosso estudo contudo focalizamos a figura do professor

de idiomas que a priori ao elaborar seus cursos e materiais didaacuteticos pode mobilizar competecircncias

anaacutelogas agraves de um designer instrucional

Consideramos vaacutelidas e aceitaacuteveis situaccedilotildees em que o professor de idiomas se coloque como

autor de materiais didaacuteticos para utilizaccedilatildeo de terceiros - sejam colegas escolas entidades gover-

namentais ou empresas Agrave diferenccedila de autores de livros didaacuteticos que elaboram percursos de

aprendizagem descontextualizados - ou de prateleira - esses professores elaborariam os cursos

e materiais didaacuteticos ndash para escolas empresas entidades governamentais ou grupos privados

ndash tomando o cuidado de envolver os professores da casa (no caso de escolas) no processo de

elaboraccedilatildeo da melhor maneira possiacutevel como autores ou coautores

Essa postura seria jaacute suficiente do nosso ponto de vista para aproximar o trabalho daqueles

ndash a saber os autores de livros didaacuteticos de prateleira ndash agrave era dos meacutetodos e destes ndash a saber

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Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

professores-autores que elaboram materiais didaacuteticos para escolas ndash a uma pedagogia Poacutes-meacutetodo -

conforme discutido no capiacutetulo 2 desta tese - ainda que nesse caso as funccedilotildees de professor autor

e pesquisador eventualmente natildeo recaiam estritamente sobre o mesmo indiviacuteduo ndash a saber o

mesmo professor ou o professor da casa no caso de contrataccedilatildeo para produccedilatildeo de material didaacutetico

ad hoc em uma determinada escola

A etapa de Desenvolvimento tem como meta a confecccedilatildeo ou a escolha do material instrucional

levando em consideraccedilatildeo tanto os objetivos pedagoacutegicos previamente estabelecidos na fase de

Design quanto os resultados da anaacutelise de contexto sistematizados na fase de Avaliaccedilatildeo Refere-se

portanto agrave preparaccedilatildeo dos materiais didaacuteticos que seratildeo utilizados no ambiente de aprendizagem

(GAGNEacute et al 2005 SEELS GLASGOW 1998 p 31 p 12)

Trata-se de uma etapa cujo trabalho pode ser abordado a partir de vaacuterias perspectivas depen-

dendo por exemplo de aspectos como a variaccedilatildeo dos objetivos instrucionais a adequaccedilatildeo dos

materiais didaacuteticos existentes ou as caracteriacutesticas do contexto de aplicaccedilatildeo do curso ou material

didaacutetico (GAGNEacute et al 2005 p 31) Em alguns contextos educacionais ndash conforme nos lembram

Gagneacute et al (2005 p 31) ndash o curriacuteculo o curso ou o material didaacutetico jaacute existem e podem ndash ou

devem ndash ser utilizados o maacuteximo possiacutevel em sua versatildeo integral agrave exigecircncia por exemplo da escola

ou de esferas superiores Em outros contextos natildeo existem materiais didaacuteticos que correspondem

aos objetivos definidos o que demanda a elaboraccedilatildeo de novos materiais Em outros ainda existem

materiais didaacuteticos ou partes deles que podem ser incorporados a novos materiais ou que precisam

ser adaptados a novos modos de acesso por parte do aprendiza (GAGNEacute et al 2005 p 31)

Gagneacute et al (2005 p 31) com base nessa variedade de contextos estabelecem quatro

categorias de situaccedilotildees de desenvolvimento ndash ou seja de preparaccedilatildeo do material didaacutetico relativo

ao seu curso ndash que o designer instrucional e do nosso ponto de vista tambeacutem o professor-autor de

Material Didaacutetico Virtual Livre poderaacute enfrentar Satildeo elas 1) a elaboraccedilatildeo de um novo curso - eou

seus respectivos materiais didaacuteticos 2) o trabalho com curriacuteculos e materiais didaacuteticos existentes 3)

a reformulaccedilatildeo de materiais didaacuteticos existentes - modificando objetivos e conteuacutedos ou aplicando

o material em novos contextos de aplicaccedilatildeo - e 4) a incorporaccedilatildeo de materiais existentes em um

novo curso

A elaboraccedilatildeo de um novo curso (eou seus respectivos materiais didaacuteticos) eacute concebida por

Gagneacute et al (2005 p 32) como a atividade primaacuteria para a qual o designer instrucional eacute formado

Os autores nos lembram que na maioria dos cursos esse profissional lanccedila matildeo de todo o processo

de produccedilatildeo desenvolvendo aulas ou modelos ineacuteditos Consideramos que o professor de idiomas

eventualmente pode se deparar com essa tarefa em sua praacutexis

O trabalho com curriacuteculos e materiais didaacuteticos existentes eacute uma situaccedilatildeo tiacutepica em que o

professor trabalha com o curriacuteculos livros didaacuteticos e materiais suplementares adotados pela escola

ou sistema educacional (GAGNEacute et al 2005 p 31) Nesse contexto normalmente os professores

preparam aulas de acordo com os objetivos e conteuacutedos fornecidos pelos materiais didaacuteticos Essa

abordagem natildeo estaacute de acordo com uma praacutetica que ressalta a importacircncia de se estabelecerem

metas e objetivos locais antes de elaborar e desenvolver esforccedilos instrucionais Entretanto conforme

argumentam os autores curriacuteculos e materiais fornecidos podem ser o resultado de processos

de desenvolvimento que resultaram em objetivos e conteuacutedos apropriados para um determinado

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Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

contexto Nesse caso cabe ao professor segundo Gagneacute et al (2005 p 32) desenvolver planos de

aula que incorporem os seus proacuteprios estilos de ensino ou ateacute mesmo criar unidades de trabalho

suplementares considerando demandas locais

A reformulaccedilatildeo de materiais didaacuteticos existentes - modificando objetivos e conteuacutedos ou aplicando

o material em novos contextos - eacute uma situaccedilatildeo de desenvolvimento que ocorre frequentemente

conforme Gagneacute et al (2005 p 32) na elaboraccedilatildeo de cursos empresariais mas podem ocorrer

tambeacutem no ambiente escolar Um exemplo desse constexto seria a adaptaccedilatildeo de um programa

existente para um contexto especiacutefico tal como modificar ou complementar seminaacuterios geneacutericos

de modo a corresponder agraves demandas de uma organizaccedilatildeo especiacuteficas (GAGNEacute et al 2005 p 31)

O trabalho do designer instrucional ndash ou do professor-autor ndash nesse caso conforme argumentam

Gagneacute et al (2005 p 32) seria conduzir anaacutelises e definir necessidades e objetivos dentro

das organizaccedilotildees e em seguida estudar os materiais existentes de modo a determinar quais

modificaccedilotildees ou complementaccedilotildees seriam necessaacuterias para corresponder agraves demandas locais Essa

seria uma accedilatildeo coerente com a perspectiva de trabalho com o modelo ADDIE

A incorporaccedilatildeo de materiais existentes em um novo curso eacute tambeacutem um contexto que o

designer instrucional - ou professor-autor de materiais didaacuteticos - poderaacute encontrar na fase de

desenvolvimento Esse profissional apoacutes trabalhar na anaacutelise e no subsequente estabelecimento

de objetivos considera a elaboraccedilatildeo de novos materiais mas tambeacutem avalia a possibilidade de

incorporaccedilatildeo ou adaptaccedilatildeo de materiais didaacuteticos existentes

Constatamos ndash a partir de nossa experiecircncia docente bem como no decorrer de nossa pesquisa

ndash que os contextos apontados pelos autores satildeo tambeacutem recorrentes no campo do ensino de

liacutenguas De fato observamos que eacute trabalho comum na praacutexis do professor de idiomas avaliar

e incorporar materiais didaacuteticos ou curriacuteculos elaborados por terceiros ndash sejam impressos sejam

virtuais ndash aos seus proacuteprios cursos Consideramos que essa praacutetica viabiliza e enriquece o trabalho

desse professor que nem sempre - em consonacircncia com Masuhara (1998 p 247) - teria tempo e

condiccedilotildees para elaborar materiais didaacuteticos novos a cada desafio instrucional Percebemos de fato

que o seu trabalho se torna rico na medida em que ao adotaacute-la esse profissional entra em contato

com novas ideias novos pontos de vista novas soluccedilotildees expressas em forma de materiais didaacuteticos

sobre temas da sua aacuterea de atuaccedilatildeo

Corroboram nossa percepccedilatildeo entre outros os debates de Tomlinsom (2001) Tomlinsom (2003a)

sobre a relevacircncia da atividade de produccedilatildeo de material didaacutetico para a formaccedilatildeo do professor de

idiomas - seja inicial seja continuada - e para a sua praacutetica de ensino quotidiana Nesse sentido

Tomlinsom (2001 p 66) defende que experiecircncias monitoradas de desenvolvimento de material

didaacutetico consistem em momentos propiacutecios para que o professor adquira consciecircncia teoacuterica e

praacutetica ou seja compreenda - e saiba aplicar - teorias de ensino e aprendizagem de liacutenguas e

alcance desenvolvimento pessoal e profissional O mesmo princiacutepio se refere de acordo com

Tomlinsom (2003a p 518) agrave atuaccedilatildeo em equipes de desenvolvimento de materiais didaacuteticos desde

que os membros da equipe - ou seja os professores envolvidos - possam mobilizar em conjunto

suas experiecircncias e saberes a fim de alcanccedilar seu objetivo de desenvolvimento - seja um livro

didaacutetico um conjunto de materiais complementares para a aula da semana que vem(TOMLINSOM

2003a p 518) ou materiais para um curso de niacutevel institucional ou nacional O autor acrescenta

61

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

que de fato os membros da equipe podem adquirir enorme consciecircncia de todos os aspectos do

ensino e aprendizagem - bem como desenvolver habilidades que seratildeo extremamente uacuteteis em

suas experiecircncias (de ensino) futuras e adquirir confianccedila e autoestima - se for dado a esse grupo a

liberdade e os recursos para que compreendam e utilizem a sua proacutepria abordagem e quadros de

referecircncia (TOMLINSOM 2003a p 518)

O desenvolvimento profissional e pessoal para Tomlinsom (2003a p 518) seraacute ainda mais

eficiente se os membros da equipe participarem de todas as atividades de desenvolvimento - a

saber para o autor a anaacutelise das necessidades dos aprendizes a determinaccedilatildeo da abordagem

pedagoacutegica dos quadros de referecircncia para o desenvolvimento de materiais didaacuteticos e do syllabus

o esboccedilo e a experimentaccedilatildeo de amostras de unidades a revisatildeo do syllabus da abordagem e

dos quadros de referecircncia a busca e o desenvolvimento dos textos e a produccedilatildeo monitoramento

experimentaccedilatildeo revisatildeo e ediccedilatildeo dos materiais didaacuteticos

Aleacutem da ideia de que o processo de elaboraccedilatildeo de material didaacutetico pode ser tatildeo vaacutelido quanto o

seu produto no que diz respeito agrave formaccedilatildeo e agrave praacutexis quotidiana do professor de idiomas Tomlinsom

(2001 p 66) - pressupondo o uso de livro didaacutetico - lembra que avaliaccedilatildeo adaptaccedilatildeo e produccedilatildeo de

materiais didaacuteticos satildeo tarefas que esse professor deveraacute necessariamente saber realizar dado

que nenhum livro didaacutetico seraacute ideal para uma turma ou grupo

Observamos que o trabalho com Material Didaacutetico Virtual Livre se adeacutequa a toda essa variedade

de contextos que como mencionado permeia tambeacutem a praacutetica do professor de idiomas Seria

equivocado portanto imaginar que o trabalho com materiais didaacuteticos dessa natureza limita o

professor agrave funccedilatildeo de criar os proacuteprios materiais didaacuteticos ou de criar materiais originais a cada

situaccedilatildeo de ensino Tal afirmaccedilatildeo de fato seria incoerente para um tipo de material didaacutetico

essencialmente predisposto a se beneficiar da inteligecircncia coletiva como eacute o caso do Material

Didaacutetico Virtual Livre

Finalizada nossa proposta de reflexatildeo sobre a fase de Desenvolvimento do modelo ADDIE

(GAGNEacute et al 2005 ROTHWELL KAZANAS 2003 SEELS GLASGOW 1998 p 21 p 55

p 7 ) - bem como temas correlatos - concluiacutemos esta seccedilatildeo trazendo para debate as etapas de

Implementaccedilatildeo e Avaliaccedilatildeo previstas no modelo

A fase de Implementaccedilatildeo segundo Gagneacute et al (2005 p 34) pode se referir a dois momentos -

a saber a execuccedilatildeo do curso em si ou seja quando o curso se inicia para o puacuteblico-alvo e o uso

do material em testes por exemplo durante a prototipaccedilatildeo raacutepida Ademais Gagneacute et al (2005 p

34) apontam 5 (cinco) princiacutepios que devem ser observados na etapa de Implementaccedilatildeo Esses

princiacutepios se referem agraves dimensotildees de 1) gestatildeo de sistemas de aprendizagem 2) orientaccedilatildeo ao

estudante 3) mudanccedila de gestatildeo 4) condiccedilotildees do contexto de aplicaccedilatildeo e 5) planos de manutenccedilatildeo

do curso

Esses princiacutepios ndash apresentados e discutidos no QUAD 42 ndash contribuem para uma melhor

compreensatildeo da fase de Implementaccedilatildeo e consequentemente para nossa proposta de trabalho

com Material Didaacutetico Virtual Livre dado que adotamos o modelo ADDIE como um dos modelos

de referecircncia para o seu processo de produccedilatildeo Ressaltamos que no QUAD 42 os princiacutepios

se encontram em forma de recomendaccedilotildees ao designer instrucional Em nosso estudo conforme

discutido anteriormente consideramos tais recomendaccedilotildees - as quais devem ser vistas como

62

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 42 Princiacutepios a serem considerados na etapa de Implementaccedilatildeo - modelo ADDIE

1 Desenvolva um sistema de gestatildeo de aprendizagem que seja ade-quado aos requisitos do contexto Esse sistema pode ser simples ndashcomo a utilizaccedilatildeo de um diaacuterio de classe ndash ou complexo como umsistema de informaccedilatildeo que contem registros dos requisitos e neces-sidades de cada estudante competecircncias especiacuteficas adquiridas emcada uma das etapas de aprendizagem concluiacutedas hora e data deconclusatildeo de eventos de aprendizagem e programaccedilatildeo para eventosfuturos

2 Providencie suporte e orientaccedilatildeo aos estudantes - Em muitas situa-ccedilotildees os estudantes natildeo tem ideia clara do que seraacute esperado delesdas atividades que vatildeo acontecer ou como devem se preparar parao curso

3 Planeje suporte - Inclua meios de treinar os instrutores e promoversuporte necessaacuterio para que eles sejam facilitadores efetivos Edi-toras de livros didaacuteticos geralmente fornecem manuais do professorEsses materiais no entanto devem eventualmente ser adaptados(ou materiais novos devem ser criados) de modo que correspondammelhor aos objetivos do curso

4 Faccedila planos relacionados ao contexto de aplicaccedilatildeo - Deve-se con-siderar os aspectos do contexto de aplicaccedilatildeo que poderatildeo afetar aimplementaccedilatildeo do curso incluindo requisitos tecnoloacutegicos suportelocal para ensino a distacircncia se for o caso horaacuterios adequados paraas aulas disponibilidade de instrutores e potenciais conflitos noshoraacuterios dos alunos

5 Faccedila planos de manutenccedilatildeo do curso ndash programe-se para vaacuterios tiposde avaliaccedilatildeo para o monitoramento do conteuacutedo do curso visando aprecisatildeo e os prazos Observe continuamente a relevacircncia do cursopara os objetivos e requisitos de aprendizagem da organizaccedilatildeo emque se aplica a instruccedilatildeo

Fonte adaptado de Gagneacute et al (2005 p 32)

63

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

sugestotildees e natildeo como regras - direcionadas ao professor de idiomas envolvido no processo de

produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Enfim em linhas gerais a etapa de avaliaccedilatildeo figura como a uacuteltima etapa do modelo ADDIE

Contudo conforme Gagneacute et al (2005 p 35) a avaliaccedilatildeo ocorre em todo o processo e focaliza

aleacutem dos alunos os elementos do curso ndash tal como o curriacuteculo e os materiais didaacuteticos envolvidos ndash

e o processo em si

413 Modelo de Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas

O Modelo de Operaccedilatildeo Global de Ensino de Liacutenguas (ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO

2002 ALMEIDA FILHO 2010) consiste em uma tentativa de compreensatildeo da constituiccedilatildeo e do funci-

onamento da grande e complexa operaccedilatildeo de ensino-aprendizagem de uma LE(ALMEIDA FILHO

2010 p 20) considerando-se para isso a anaacutelise do processo de ensinar outras liacutenguas Esse

processo conforme sugere o autor envolve 4 (quatro) dimensotildees ou fases distintas intrinsecamente

relacionadas umas com as outras e influenciadas por uma dada abordagem ou seja a abordagem

de ensinar do professor Satildeo elas

1 o planejamento das unidades de um curso

2 a produccedilatildeo de materiais didaacuteticos ou a seleccedilatildeo deles

3 as experiecircncias na com e sobre a liacutengua-alvo realizadas com osalunos principalmente dentro mas tambeacutem fora da sala de aula e

4 a avaliaccedilatildeo de rendimento dos alunos (mas tambeacutem a proacutepria autoa-valiaccedilatildeo do professor e avaliaccedilatildeo dos alunos eou externa do trabalhodo professor)

(ALMEIDA FILHO 2010 p 17)

Tomando por base sua proposta de representaccedilatildeo graacutefica simplificada do modelo - a qual

apresentamos por meio da FIG 43 - em um comentaacuterio a respeito da sua dinacircmica Almeida Filho

(1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010) observa que alteraccedilotildees em uma das fases pode

causar mudanccedilas nas demais em cadeia em forma de movimentos proativos e retroativos ou seja

respectivamente para frente - da esquerda para a direita - e para traacutes - da direita para a esquerda

Segundo o autor por exemplo em uma situaccedilatildeo nova de ensino - ou seja aquela que comeccedila com

grupos para os quais natildeo havia provisotildees anteriores de ensino na L-alvo(ALMEIDA FILHO 2010 p

18) ou com grupos em que se abandonou as provisotildees anteriores em prol de uma nova proposta

- as fases podem ser trabalhadas ordenadamente da esquerda para a direita De modo anaacutelogo

alteraccedilotildees podem ser iniciadas em qualquer fase em situaccedilotildees em que jaacute estaacute posto um dado

ensino Em ambos os casos conforme Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho

(2010 p 18) mudanccedilas equilibradoras ocorreratildeo nas outras fases por meio dos jaacute mencionados

efeitos proativos e retroativos A esse respeito Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida

Filho (2010 p 18) acrescenta que satildeo sempre comuns contradiccedilotildees e conflitos ainda que todo o

sistema da operaccedilatildeo global seja de tipo rsquoecoloacutegicorsquo harmonizador(ALMEIDA FILHO 2010 p 18)

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Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Figura 43 Modelo da Operaccedilatildeo Global do Ensino de LiacutenguasFonte adaptado de Almeida Filho (2010 p 22)

De um modo geral segundo Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010

p 18) quanto mais agrave direita ocorrer uma alteraccedilatildeo maior efeito retroativo potencial ela teraacute sobre

as outras fases ou dimensotildees Quanto mais agrave esquerda maior seraacute o potencial proativo Contudo

conforme lembra Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010 p 18) o ponto -

ou fase - em que a alteraccedilatildeo ocorre tambeacutem pode ser relevante Dessa forma natildeo eacute garantido que

mudanccedilas em fases mais agrave esquerda garantam alteraccedilotildees agrave frente com o mesmo vigor Isso quer

dizer por exemplo segundo o autor que um planejamento novo pode natildeo contar com alteraccedilotildees

- ou adaptaccedilotildees - agrave frente adequadas - tais como materiais procedimentos e avaliaccedilotildees Em

contrapartida a suacutebita inserccedilatildeo de um novo sistema de avaliaccedilatildeo - ou seja mudanccedila a direita -

causaraacute uma demanda mais intensa de ajuste agrave esquerda dado que de acordo com Almeida Filho

(1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010 p 19) avaliaccedilotildees tem um grande poder de

controle institucional

Conforme mencionado no iniacutecio desta seccedilatildeo e representado na FIG 43 para Almeida Filho

(1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010 p 17) as etapas ou dimensotildees do processo de

ensinar uma liacutengua satildeo influenciados pela Abordagem de Ensinar do Professor a qual para o autor

tambeacutem poderaacute sofrer mudanccedilas ou rupturas profundas no decorrer do processo mediante reflexatildeo

e estudo(ALMEIDA FILHO 2010 p 19) por parte do professor Essa abordagem para o autor

exerce uma forccedila potencial que orienta as decisotildees e accedilotildees do professor ao longo do tempo nesse

processo de ensinar normalmente materializado na forma de sessotildees ou aulas (ALMEIDA FILHO

2010 p 17) Cabe mencionar que para Almeida Filho (2010 p 17) uma abordagem equivale a

um conjunto de disposiccedilotildees conhecimentos crenccedilas pressupostos eeventualmente princiacutepios sobre o que eacute linguagem humana LE e o que eaprender e ensinar uma liacutengua alvo Como se trata de educaccedilatildeo em liacutenguaestrangeira principiada em contextos formais escolares frequentemente taisdisposiccedilotildees e conhecimentos precisam abranger tambeacutem as concepccedilotildeesde homem ou pessoa humana de sala de aula e dos papeacuteis representadosde professor e de aluno de uma nova liacutengua (ALMEIDA FILHO 2010 p 17)

65

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Figura 44 Modelo Ampliado da Operaccedilatildeo Global do Ensino de LiacutenguasFonte Almeida Filho (2010 p 22)

Para Almeida Filho (2010 p 20) as concepccedilotildees de linguagem de aprender e ensinar uma liacutengua

alvo presentes em sua concepccedilatildeo de Abordagem de Ensinar do Professor mantem-se com a

mateacuteria prima das competecircncias dos professores(ALMEIDA FILHO 2010 p 20) ou seja as

competecircncias impliacutecita aplicada e profissional A primeira diz respeito as intuiccedilotildees crenccedilas e

experiecircncias sobre o que eacute ensinar que o professor possui (ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA

FILHO 2002 ALMEIDA FILHO 2010 p 21) A segunda eacute aquela que capacita o professor a

ensinar de acordo com o que sabe conscientemente(ALMEIDA FILHO 2010 p 21) ou seja

permite-lhe explicar de modo plausiacutevel porque ensina como ensina e porque obteacutem os resultados

que obteacutem A terceira por sua vez consiste em reconhecer seus deveres potencial e importacircncia

social no exerciacutecio do magisteacuterio na aacuterea de ensino de liacutenguas(ALMEIDA FILHO 2010 p 21)

Aleacutem da Abordagem do Professor Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho

(2010 p 21) reconhece outras forccedilas atuantes na construccedilatildeo do processo de ensino-aprendiza gem

as quais conforme notamos na representaccedilatildeo graacutefica ampliada do Modelo de Operaccedilatildeo Global de

Ensino de Liacutenguas (FIG 44) pairam sobre essa abordagem em uma correlaccedilatildeo direta Satildeo elas

os filtros afetivos do professor e dos aprendizes que envolvem ansiedades bloqueios motivaccedilatildeo

pressotildees dos grupos cansaccedilo fiacutesico e oscilaccedilotildees eventuais a abordagem de aprender do aluno a

abordagem de ensino subjacente ao material didaacutetico adotado e os valores desejados por outros no

contexto escolar - tais como a instituiccedilatildeo o diretor os outros professores liacutederes mais velhos eou

com maior poder na instituiccedilatildeo (ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA FILHO

2010 p 21)

Almeida Filho (1996 p 1) aprofunda suas reflexotildees sobre o Modelo de Operaccedilatildeo Global de

Ensino de Liacutenguas abordando a questatildeo (ou etapa) do planejamento de cursos de idiomas o qual

para ele geralmente materializa-se em um documento escrito e expliacutecito O autor confere ao tema

dessa vez um ponto de vista mais operativo e menos descritivo se comparado com Almeida Filho

66

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

(1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010) - citados e discutidos neste capiacutetulo Trata-se o

planejamento para o autor de uma atividade fundamental no processo de ensino de uma liacutengua

especialmente em se tratando de contexto formal Segundo Almeida Filho (1996 p 2) de maneira

restrita o planejamento - o qual geralmente materializa-se em um documento escrito e expliacutecito -

consiste no

processo ordenado e mapeado de decisotildees sobre inserccedilotildees de conteuacutedolinguiacutestico (amostras da liacutengua-alvo explicaccedilotildees generalizaccedilotildees sobreaspectos sistematizaacuteveis dessas amostras e automatizaccedilotildees eventuais)do tipo de processo que seraacute engendrado no curso e da reflexatildeo sobreas decisotildees e resultados das experiecircncias miacutenimas na e sobre a liacutengua-alvo num curso de liacutengua apresentado em forma de unidades de ensino-aprendizagem

(ALMEIDA FILHO 1996 p 2)

O planejamento portanto conforme Almeida Filho (1996 p 1) envolve a previsatildeo de conteuacutedos e

amostras da natureza das experiecircncias com e na liacutengua alvo e em consonacircncia com Stenhouse

(1975) a reserva de procedimentos e momentos para a reflexatildeo sobre o proacuteprio planejamento sobre

materiais procedimentos de aula e de avaliaccedilatildeo jaacute implementados Para Almeida Filho (1996 p 1) -

em sintonia com a visatildeo de Gagneacute et al (2005) a respeito do modelo instrucional ADDIE apresentada

e discutida neste capiacutetulo - o planejamento consiste em uma atividade sensiacutevel ao contexto jaacute que

eacute precedido - no acircmbito da Operaccedilatildeo Global de Ensino de Liacutenguas - pelo reconhecimento - almenos

- dos dados principais do contexto mais amplo em que se insere a situaccedilatildeo de ensino

Em adiccedilatildeo essa atividade prevecirc a explicaccedilatildeo dos pressupostos sobre liacutengualinguagem humana

e sobre ensinar e aprender liacutenguas com os quais o planejador pretende trabalhar (ALMEIDA FILHO

1996 VIANA 1997 p 1 p 33) sendo as suas decisotildees orientadas por uma abordagem de ensinar

liacutenguas e tomadas no sentido de alcanccedilar os objetivos reconhecidos dos aprendizes (ALMEIDA

FILHO 1996 VIANA 1997 p 2 p 33) Conforme lembra Viana (1997 p 33) a descoberta do

perfil dos aprendizes - a qual de fato eacute considerada como essencial - eacute realizada geralmente por

meio do levantamento de dados contextuais focalizando necessidades interesses expectativas e

eventuais fantasias [sobre a liacutengua] dos aprendizes(VIANA 1997 p 33)

Almeida Filho (1996) representa essa concepccedilatildeo de planejamento tambeacutem em termos de accedilotildees

para o planejador Satildeo elas

bull Interpretaccedilatildeo do contexto e antecedentes

bull Justificativa para aprender a liacutengua alvo

bull Definiccedilatildeo dos interesses e necessidades

bull Especificaccedilatildeo de niacuteveis ou ciclos

bull Alinhamento dos materiais meacutetodos e avaliaccedilotildees

bull Definiccedilatildeo dos objetivos

bull Definiccedilatildeo das unidades

bull Avaliaccedilatildeo interna (do planejamento) e momento de reflexatildeo

67

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

(ALMEIDA FILHO 1996)

Compreendemos que Almeida Filho (1996) materializa a ideia de planejamento aplicando em

algumas momentos um vieacutes relativo agrave abordagem comunicativa ou seja o que podemos reconhecer

como dimensatildeo comunicativa Isso acontece por exemplo quando sugere que as categorias Recorte

Comunicativo e Funccedilotildees (comunicativas) sejam consideradas para a atividade de Especificaccedilatildeo

de Unidades (ALMEIDA FILHO 1996 p 11) Natildeo obstante consideramos que o seu conceito

de planejamento pode ser abstraiacutedo de modo que outras abordagens possam ser materializadas

conforme uma dada Abordagem de Ensinar - em consonacircncia com a concepccedilatildeo do Modelo Global

de Ensino de Liacutenguas Assim o tomamos em nosso debate e em nossa praacutetica de produccedilatildeo de

Material Didaacutetico Virtual Livre Com efeito lanccedilamos matildeo do arcabouccedilo teoacuterico relativo a esse

conceito com o cuidado de natildeo impor a visatildeo de que o planejamento deve ser feito necessariamente

pelo vieacutes da abordagem comunicativa

A partir da anaacutelise da concepccedilatildeo de planejamento (ALMEIDA FILHO 1996) consideramos

plausiacutevel dizer que o Modelo de Operaccedilatildeo Global de Ensino de Liacutenguas (ALMEIDA FILHO 1993

ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA FILHO 2010) - tal qual o modelo ADDIE (GAGNEacute et al 2005

ROTHWELL KAZANAS 2003 SEELS GLASGOW 1998 p 21 p 55 p 7) - pode ser considerado

como um modelo instrucional baseado na metodologia de resoluccedilatildeo de problemas de performance

humana (ROTHWELL KAZANAS 2003 p 35) sendo nesse caso dirigido a problemas de ordem

instrucional Essa constataccedilatildeo se justifica na medida em que - baseados na concepccedilatildeo de problemas

de performance humana apresentada por Rothwell e Kazanas (2003 p 35) discutida na seccedilatildeo

412 deste capiacutetulo - consideramos que o delineamento do perfil do contexto para o qual a instruccedilatildeo

seraacute projetada pode estabelecer uma discrepacircncia em relaccedilatildeo aos objetivos que seratildeo definidos

para uma dada situaccedilatildeo de ensino e aprendizagem de liacutenguas Em outras palavras constatamos

a possibilidade de estabelecimento de uma discrepacircncia - ou problema - entre um estado vigente

(estado de Condiccedilatildeo) - ou seja as competecircncias e saberes relacionados agrave liacutengua alvo vigentes - e um

estado ideal (estado de Criteacuterio) representado pelas competecircncias e saberes relacionados agrave liacutengua

alvo que se espera que os aprendizes alcancem com o apoio de um dado contexto instrucional

Em adiccedilatildeo percebemos que a concepccedilatildeo do Modelo de Operaccedilatildeo Global de Ensino de Liacutenguas

bem como da accedilatildeo de planejamento refletem as conclusotildees a que chegam Richards e Renandya

(2002 p 65) e Finney (2002 p 74) apoacutes estudo comparado entre modelos de planejamento de

curriacuteculo syllabus e materiais didaacuteticos no acircmbito do ensino e aprendizagem de liacutenguas Com efeito

segundo Richards e Renandya (2002 p 65)

os processos de desenvolvimento de curriacuteculo e de design de syllabus noacircmbito do ensino de liacutenguas geralmente envolvem a avaliaccedilatildeo das necessi-dades dos aprendizes em um dado programa de liacutengua o desenvolvimentode metas e objetivos o planejamento do syllabus a seleccedilatildeo de abordagensde ensino e de materiais didaacuteicos e a decisatildeo sobre procedimentos ecriteacuterios de avaliaccedilatildeo

(RICHARDS RENANDYA 2002 p 65)

Para Finney (2002 p 74) natildeo obstante a miriacuteade de modelos destacam-se como aspectos

centrais a anaacutelise de necessidades a ecircnfase no processo e no produto o foco no aprendiz e na

68

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

aprendizagem a avaliaccedilatildeo de cada estaacutegio e a necessidade de interaccedilatildeo e integraccedilatildeo entre os

diferentes aspectos do design e da implementaccedilatildeo de processos

Concluiacutemos os debates sobre o Modelo de Operaccedilatildeo Global de Ensino de Liacutenguas relacionando-

o - conforme Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010) - com as propostas de

Anthony (1963) e Richards e Rodgers (1982) as quais se referem agrave querela sobre a definiccedilatildeo dos

termos abordagem meacutetodo metodologia e teacutecnica estabelecida no campo da Linguiacutestica Aplicada

em especial no que se refere ao ensino de liacutenguas estrangeiras

Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010 p 20) reconhece que Anthony

(1963) se esforccedilou no sentido de esclarecer a confusatildeo terminoloacutegica ao apresentar em 1963 a

sua hoje claacutessica e pioneira(ALMEIDA FILHO 2010 p 20) hierarquia entre os termos abordagem

meacutetodo e teacutecnica De fato conforme Richards e Rodgers (1982 p 15) no modelo de Anthony abor-

dagem se refere ao niacutevel no qual hipoacuteteses e crenccedilas sobre o que eacute liacutengua e o que eacute aprendizagem

de liacutenguas satildeo especificadas meacutetodo eacute o niacutevel em que a teoria eacute colocada em praacutetica e em que

satildeo feitas escolhas sobre habilidades e conteuacutedos seratildeo trabalhados - bem como sobre a ordem de

apresentaccedilatildeo dos conteuacutedos Teacutecnica enfim consiste no niacutevel em que procedimentos de sala de

aula satildeo descritos (RICHARDS RODGERS 1982 p 15)

Richards e Rodgers (1982) por sua vez conforme Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002)

Almeida Filho (2010 p 19) retomam a questatildeo concebendo meacutetodometodologia no topo da hierar-

quia e subordinando a eles os conceitos de abordagem planejamento (design) 26 e procedimento

(teacutecnica) no mesmo niacutevel (ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA FILHO 2010

p 19) Com efeito Richards e Rodgers (1982 p 154) em oposiccedilatildeo agrave proposta terminoloacutegica

de Anthony (1963) preferem considerar meacutetodo como um termo geneacuterico para a especificaccedilatildeo e

interrelaccedilatildeo entre teoria e praacutetica(RICHARDS RODGERS 1982 p 154) e raciocinar em termos

de abordagem design e procedimentos Para os autores

() abordagem define as concepccedilotildees crenccedilas e teorias sobre a naturezada linguagem as quais operam como construto axiomaacutetico ou pontosde referecircncia e provem fundamento teoacuterico para o que os professoresde liacutenguas em uacuteltima anaacutelise fazem com os alunos em sala de aula() design especifica a relaccedilatildeo entre teorias sobre linguagem e sobreaprendizagem agrave forma e agrave funccedilatildeo das atividades e dos materiais no contextoinstrucional () o procedimento emfim compreende as teacutecnicas e praacuteticasde sala de aula as quais satildeo consequecircncias de determinados designs eabordagens

(RICHARDS RODGERS 1982 p 154)

Cabe lembrar que ao propor mudanccedilas no arcabouccedilo de Anthony (1963) Richards e Rodgers (1982)

tem como meta o estabelecimento de um quadro que possa ser utilizado para descrever avaliar e

comparar meacutetodos de ensino de liacutenguas (RICHARDS RODGERS 1982 p 164) frente agrave - entatildeo -

proliferaccedilatildeo de meacutetodos de ensino de liacutenguas (RICHARDS RODGERS 1982 p 153)

Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010) estabelece pelo menos trecircs

pontos de divergecircncia entre os trecircs arcabouccedilos teoacutericos O primeiro ponto consiste no fato de que

26Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010) prefere traduzir os termos design etechnique (RICHARDS RODGERS 1982) como planejamento e procedimento respectivamente

69

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

para Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010 p 20) Anthony (1963) e

Richards e Rodgers (1982) a rigor natildeo trabalham com um modelo teoacuterico articulado - tal qual o

Modelo de Operaccedilatildeo Global de Ensino de Liacutenguas - e sim com um arcabouccedilo fixo de posiccedilotildees

conceituais(ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA FILHO 2010 p 20) Ele

ressalta que Anthony (1963) e Richards e Rodgers (1982) natildeo prevem os movimentos proativo e

retroativo - ao contraacuterio do Modelo de Operaccedilatildeo Global de Ensino de Liacutenguas o qual conforme

discutido nesta seccedilatildeo prevecirc um movimento ordenado da esquerda para a direita (ou vice versa)

e de cima para baixo considerando-se a atuaccedilatildeo da abordagem dominante O segundo ponto diz

respeito ao fato de que Richards e Rodgers (1982) natildeo faz discriminaccedilatildeo entre planejamento de

cursos e sua materializaccedilatildeo em unidades de material didaacutetico na fase que chama de planejamento

Aleacutem disso o autor natildeo considera uma fase de avaliaccedilatildeo O terceiro e uacuteltimo ponto se refere a

constataccedilatildeo de que Anthony (1963) e Richards e Rodgers (1982) natildeo prevem a possiblidade de

ruptura na abordagem de ensinar do professor por meio de reflexatildeo sobre o processo de ensino e

aprendizagem

A esse respeito consideramos oportuno lembrar que cada um dos autores - a saber Anthony

(1963) Richards e Rodgers (1982) e Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho

(2010) - propotildeem seus respectivos quadros teoacutericos a partir de objetivos e contextos diferentes

Dessa forma associamos os modelos de Anthony (1963) Richards e Rodgers (1982) e Almeida Filho

(1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010) respectivamente a um contexto histoacuterico cuja

demanda estava em estabelecer os primeiros passos na sistematizaccedilatildeo dos conceitos relativos ao

ensino aprendizagem de liacutenguas considerando-se o campo da Linguiacutestica Aplicada 27 a proliferaccedilatildeo

de meacutetodos e agrave busca do meacutetodo ideal 28 e enfim a predominacircncia e a valorizaccedilatildeo da abordagem

comunicativa como referecircncia para o ensino de liacutenguas 29

414 Modelo de Elaboraccedilatildeo de Materiais Didaacuteticos de Ensino de Liacuten-

guas

Jolly e Bolitho (1998 p 90) apresentam e discutem o Modelo de Elaboraccedilatildeo de Materiais Didaacuteticos

Trata-se de um modelo instrucional cujo objetivo eacute de fato o de representar o processo de elaboraccedilatildeo

de materiais didaacuteticos para o contexto de ensino e aprendizagem de liacutenguas Ele eacute composto por

seis atividades nucleares representadas pela FIG 45 - a saber identificaccedilatildeo da demanda para

produccedilatildeo do material didaacutetico identificaccedilao da necessidade de investigaccedilatildeo teoacuterica efetivaccedilatildeo

contextual efetivaccedilatildeo pedagoacutegica produccedilatildeo uso e avaliaccedilatildeo - as quais encontram reflexo direto em

demandas locais advindas do contexto de ensino e aprendizagem de idiomas conforme argumentam

os autores

A demanda - problema ou necessidade relativa ao acircmbito do ensino e aprendizagem de liacutenguas

- pode ser exemplificada conforme Jolly e Bolitho (1998 p 90) pela constataccedilatildeo de que o livro

27O debate sobre a situaccedilatildeo da Linguiacutestica Aplicada no seacuteculo XX pode ser vista em Richards e Rodgers(1982 p 14)

28De acordo com Richards e Rodgers (1982 p 1)29Conforme Richards e Renandya (2002 p 65) existe uma predominacircncia da abordagem comunicativa na

deacutecada de 1980

70

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Figura 45 Modelo de Elaboraccedilatildeo de Materiais Didaacuteticos de Ensino de LiacutenguasFonte adaptado de Jolly e Bolitho (1998 p 98)

didaacutetico em uso - considerando-se um determinado grupo - natildeo apresenta textos autecircnticos ou

atividades especiacuteficas tais quais atividades de leitura e produccedilatildeo escrita Uma vez constatada

a demanda por esses tipos de textos e atividades - as quais o livro didaacutetico natildeo contempla - o

professor se encontra perante a tarefa de elaborar materiais didaacuteticos de modo a supri-la Estaacute

posta desse modo a fase de identificaccedilatildeo de demanda para produccedilatildeo de material didaacutetico (JOLLY

BOLITHO 1998 p 90)

Apoacutes identificar a demanda o professor poderaacute se deparar com conteuacutedos (significados funccedilotildees

habilidades etc) que natildeo domina ou que precisam ser revistos Jolly e Bolitho (1998 p 91) trazem

como exemplo as noccedilotildees sobre o uso de palavras da liacutengua inglesa - tais como nought nil nothing

zero o - cujo uso pode causar duacutevidas para os aprendizes dessa liacutengua De fato ao perceber que

precisa rever os toacutepicos em termos teoacuterico o professor estaacute no acircmbito da fase de identificaccedilatildeo da

necessidade de investigaccedilatildeo teoacuterica segundo Jolly e Bolitho (1998 p 91)

A efetivaccedilatildeo contextual dos novos materiais propostos estaacute relacionada agrave busca de ideias con-

textos e textos apropriados a uma determinada turma Dessa forma conforme Jolly e Bolitho (1998

p 92) poderaacute haver um problema de efetivaccedilatildeo contextual caso sejam utilizadas atividades que

apresentem temas discrepantes com a realidade local como por exemplo o debate sobre problemas

relativos agrave neve ou agraves manhatildes geladas em atividades dirigidas a paiacuteses tropicais (JOLLY BOLITHO

1998 p 92) Encontramos consonacircncia com o ponto de vista dos autores nas recomendaccedilotildees

e consideraccedilotildees culturais dirigidas aos professores de liacutengua inglesa de Alberta Canadaacute Com

efeito ALBERTA EDUCATION (2007 p 35) recomenda que os professores aprendam sobre o

conhecimento cultural e linguiacutestico preacutevio dos alunos estrangeiros com os quais vatildeo trabalhar que

tenham sensibilidade poliacutetica com relaccedilatildeo a esse puacuteblico - dada a possibilidade de surgimento

de conflitos poliacuteticos pregressos ao se tocarem em determinados assuntos e que evitem visotildees

esteriotipadas sobre a sua cultura de origem

Concordamos com os autores quando chamam a atenccedilatildeo para a adequaccedilatildeo entre os temas

propostos e os contextos locais dos aprendizes Entretanto consideramos plausiacutevel tambeacutem

71

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 43 Quadro comparativo entre os modelos ADDIE Operaccedilatildeo Global de Ensino deLiacutenguas e Quadro de Elaboraccedilatildeo de Material Didaacutetico para o Ensino de Liacutenguas

ADDIE (GAGNE et al

2005 ROTHWELL e KA-

ZANAS 2003 SEELS e

GLASGOW 1998)

OPERACcedilAtildeO GLO-BAL DE ENSINODE LIacuteNGUAS(ALMEIDA FILHO (1993

2002 2010)

QUADRO DEELABORACcedilAtildeODE MATERIALDIDAacuteTICO PARAO ENSINO DELIacuteNGUAS (JOLLY e

BOLITHO 1998)

CONTEXTO INS-TRUCIONAL

Geral Ensino de liacutenguas Ensino de liacutenguas

PERSPECTIVAPREDOMI-NANTE

Teoacuterico-operativa Descritiva Teoacuterico-operativa

PRODUTO OUFOCO PRINCI-PAL

Percurso de en-sino e aprendiza-gem

Percurso de en-sino e aprendiza-gem

Material didaacutetico

BASE METODO-LOacuteGICA OPE-RACIONAL

Resoluccedilatildeo de pro-blemas instrucio-nais e sensibili-dade ao contexto

Resoluccedilatildeo de pro-blemas instrucio-nais e sensibili-dade ao contexto

Resoluccedilatildeo de pro-blemas instrucio-nais e sensibili-dade ao contexto

DINAcircMICA Ordem de fasespre-estabelecidamas o processopode inciar emqualquer umade acordo com ademanda

Ordem de fasespre-estabelecidaMovimentaccedilatildeoproativa e retro-ativa Modeloharmonizador ouecoloacutegico

Ordem de fasespre-estabelecidamas o processopode inciar emqualquer umade acordo com ademanda

72

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

momentos em que satildeo explorados em sala de aula temas relativos agrave cultura alvo que podem natildeo

corresponder agrave cultura local dos aprendizes dada a relevacircncia da compreensatildeo dessa cultura alvo

em se tratando de aprendizagem de uma liacutengua estrangeira a ela associada Compreendemos que

caberaacute ao professor a sensibilidade para abordaacute-los - e quando necessaacuterio elaborar os materiais

didaacuteticos correspondentes - sem perder de vista a noccedilatildeo de efetivaccedilatildeo contextual

Compotildeem ainda o modelo descrito e debatido em Jolly e Bolitho (1998 p 90) a efetivaccedilatildeo

pedagoacutegica a produccedilatildeo fiacutesica do material didaacutetico o seu uso e avaliaccedilatildeo

A efetivaccedilatildeo pedagoacutegica do material didaacutetico diz respeito agrave busca por atividades e agrave elaboraccedilatildeo

apropriadas Dessa forma uma efetivaccedilatildeo pedagoacutegica falha pode ser constatada por exemplo

conforme Jolly e Bolitho (1998 p 93) quando se percebe que o material didaacutetico natildeo estaacute claro o

suficiente a ponto de levar o aluno ao erro ou ao fracasso na realizaccedilatildeo da atividade Os autores

lembram que a escrita eficiente das instruccedilotildees das atividades propostas tem papel decisivo na

efetivaccedilatildeo pedagoacutegica (JOLLY BOLITHO 1998 p 93)

A preocupaccedilatildeo com a produccedilatildeo fiacutesica do material didaacutetico envolve consideraccedilotildees sobre o seu

layout Jolly e Bolitho (1998 p 95) lembram que aparecircncia fiacutesica do material estaacute relacionada agrave sua

efetividade e agrave motivaccedilatildeo dos aprendizes Os autores citam como exemplo de falha relativa a esse

aspecto a confusatildeo provocada por imagens de qualidade ruim e a desmotivaccedilatildeo advinda de uma

maacute organizaccedilatildeo dos espaccedilos entre os elementos de uma paacutegina de um livro didaacutetico

Enfim Jolly e Bolitho (1998 p 96) lembram que o uso eacute uma oportunidade para equacionar o

material didaacutetico com as necessidades que motivaram a sua produccedilatildeo criando contexto propiacutecio

para sua avaliaccedilatildeo Essa avaliaccedilatildeo de fato em linhas gerais consiste para Jolly e Bolitho (1998

p 95) na tentativa de constatar se o material corresponde agraves demandas locais - ou se deve ser

descartado ou adaptado Ademais para os autores a avaliaccedilatildeo pode ser vista como elementos

motivador da dinamicidade do processo de elaboraccedilatildeo de materiais didaacuteticos dado que impulsiona

a revisitaccedilatildeo das outras atividades - a dinacircmica do processo estaacute representada na FIG 45 pelas

setas Para Jolly e Bolitho (1998 p 96) o processo de elaboraccedilatildeo de materiais didaacuteticos eacute dinacircmico

e autoajustaacutevel

Concluiacutemos esta subseccedilatildeo apresentando um quadro comparativo (QUAD 43)que relaciona os

trecircs modelos descritos e analisados neste capiacutetulo - os quais conforme mencionado tomamos como

referecircncia para a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em nossa pesquisa de doutoramento e

em nossa praacutetica Satildeo eles o modelo ADDIE (GAGNEacute et al 2005 ROTHWELL KAZANAS 2003

SEELS GLASGOW 1998 p 21 p 55 p 7 ) o modelo da Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas

(ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA FILHO 2010 p 18) e o Quadro para

Escrita de Material Didaacutetico de Liacutenguas (JOLLY BOLITHO 1998 p 90) O quadro comparativo

(QUAD 43) traz as caracteriacutesticas dos modelos que consideramos baacutesicas

73

A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre

42 A busca por insumos livres beneficiando-se da Cul-

tura Livre

Nesta seccedilatildeo apresentamos a teacutecnica por meio da qual o professor-autor de Materiais Didaacuteticos

Virtuais Livres poderaacute obter insumos livres (textos sons imagem etc) Ela foi experimentada

em todos os contextos de produccedilatildeo de materiais didaacuteticos dessa natureza no decorrer de nossa

pesquisa

Conforme discutido no capiacutetulo 1 desta tese uma das caracteriacutesticas do Material Didaacutetico Virtual

Livre que do nosso ponto de vista permite-nos atribuir-lhe especificidade ndash em relaccedilatildeo aos demais

tipos de materiais didaacuteticos ndash e classificaacute-lo como livre consiste na utilizaccedilatildeo de insumos livres

em sua composiccedilatildeo ou seja insumos registrados sob uma Licenccedila Livre tal qual definido pela

Freedomdefined (sd)

Adotamos a proposta da organizaccedilatildeo natildeo governamental Creative Commons como referecircncia

para nossos trabalhos Essa organizaccedilatildeo propotildee - como debatido no capiacutetulo 1 desta tese - um

conjunto de 6 (seis) licenccedilas flexiacuteveis (QUAD 13) cuja funccedilatildeo eacute identificar e descrever as permissotildees

de utilizaccedilatildeo que os autoresartistas desejam atribuir aos seus respectivos trabalhos

Cabe lembrar que consideramos em conformidade com Faria (2011 p 26) - que nem to-

das as licenccedilas do conjunto Creative Commons podem ser classificadas como Licenccedilas Livres

(FREEDOMDEFINED sd) De fato a presenccedila dos atributos Uso natildeo comerciale Natildeo a obras

derivadassubtraem esse status Consequentemente consideramos que a utilizaccedilatildeo de insumos

com licenccedilas flexiacuteveis que apresentam um desses atributos conferem ao material didaacutetico virtual a

condiccedilatildeo de Livre com Algumas Restriccedilotildees 30

Em termos praacuteticos insumos com licenccedilas Creative Commons podem ser obtidos na Internet

(websites foacuteruns blogs redes sociais etc) Ademais esse insumo pode ser encontrado e even-

tualmente classificado em websites ou repositoacuterios especiacuteficos tais como o Jamendo (sd) 31 e

o Flickr (sd) respectivamente especializados em muacutesica e imagens Caberaacute ao professor que

pretende elaborar materiais didaacuteticos virtuais livres acessar tais espaccedilos virtuais identificar o tipo de

licenccedila atribuiacuteda ao insumo e avaliar se a licenccedila poderaacute ser utilizada em seu material didaacutetico de

modo a caracterizaacute-lo como Livre ou como Livre com Algumas Restriccedilotildees respeitando as liberdades

atribuiacutedas pelos autores dos insumos

O processo de localizaccedilatildeo de insumos livres pode ser otimizado por meio da utilizaccedilatildeo de

mecanismos de busca especiacuteficos ndash como o mecanismo de busca interno do jaacute citado Flickr filtros de

busca especializados disponibilizados em motores de busca convencionais ndash como o motor de busca

do SPINXPRESS (sd) 32 ou ainda pela utilizaccedilatildeo de programas especiacuteficos de compartilhamento

de arquivos ndash como o programa SPINXPRESS (sd) 33

A FIG 46 apresenta uma ferramenta disponibilizada na paacutegina da organizaccedilatildeo natildeo governa-

mental Creative Commons que auxilia o usuaacuterio a localizar insumos licenciados por meio do seu

30A relaccedilatildeo entre Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres com AlgumasRestriccedilotildees e suas respectivas licenccedilas pode ser vista no capiacutetulo 1 e estaacute mapeado no QUAD 14

31httpwwwjamendocom32httpwwwgooglecombr33httpwwwspinxpresscom

74

A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre

Figura 46 Ferramenta de busca do Creative Commons - tela principalFonte adaptado de CREATIVE COMMONS (sd)

conjunto de licenccedilas a partir de palavras chave Ele solicita a indicaccedilatildeo do repositoacuterio ndash para o qual

apontaraacute a pesquisa ndash e permite que esse usuaacuterio especifique as caracteriacutesticas da licenccedila desejada

Ademais o usuaacuterio poderaacute indicar se deseja encontrar insumos cujos autores permitem o uso para

fins comerciais eou modificaccedilatildeo adaptaccedilatildeo ou uso em outras obras

De fato o usuaacuterio poderaacute buscar insumos por exemplo relacionados ao Palio di Siena ou agrave

Divina Commedia Para tanto ele poderaacute utilizar as expressatildeo Palio di Siena ou Divina Commedia

indicando que deseja apontar sua busca para o repositoacuterio Jamendo Ao escolher esse repositoacuterio

ele tem consciecircncia de que encontraraacute em caso de busca bem sucedida muacutesicas ou viacutedeos

relacionados agraves expressotildees indicadas dado que o Jamendo eacute um repositoacuterio especializado nesse

tipo de insumo A busca poderaacute ser ainda mais especiacutefica se o usuaacuterio por exemplo marcar a opccedilatildeo

de filtragem ldquomodificar adaptar ou usar noutras obrasrdquo referente ao insumo

Ressaltamos que a utilizaccedilatildeo dessa ferramenta natildeo isenta o usuaacuterio da tarefa de observar se os

insumos encontrados estatildeo realmente licenciados de acordo as especificaccedilotildees da busca Segundo

CREATIVE COMMONS BRASIL (sd)

Note por favor que a searchcreativecommonsorg natildeo eacute um motor depesquisa Pelo contraacuterio oferece uma forma conveniente de acesso aserviccedilos de pesquisa disponibilizados por outras entidades independentesA CC natildeo tem qualquer controle sobre os resultados Natildeo assuma queos resultados apresentados pela pesquisa neste portal foram licenciadoscom uma licenccedila CC Deve verificar sempre que a obra estaacute efectivamentelicenciada com uma licenccedila CC seguindo o respectivo link Dado que parautilizar uma licenccedila CC natildeo eacute necessaacuterio qualquer registo a CC natildeo dispotildeede nenhuma forma de determinar o que foi ou natildeo foi disponibilizado nostermos de uma licenccedila CC Se tiver qualquer duacutevida a este respeito devecontactar directamente o detentor dos direitos de autor ou tentar contactar

75

A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre

Figura 47 Documentaccedilatildeo de insumos identificaccedilatildeo da licenccedila de uma imagemFonte adaptado de Flickr (sd)

o site onde encontrou o conteuacutedo (CREATIVE COMMONS BRASIL sd)

Tomamos essa ressalva como recomendaccedilatildeo geral para o processo de produccedilatildeo de Material

Didaacutetico Virtual Livre Recomendamos essa avaliaccedilatildeo ad hoc por parte do professor-autor mesmo

que se trate de uma pesquisa feita por intermediaccedilatildeo de qualquer outro canal Deve-se ter consci-

ecircncia de que nesse caso natildeo estaacute em jogo apenas a questatildeo da postura eacutetica profissional mas

tambeacutem a possibilidade de puniccedilatildeo legal pelo uso indevido de insumos cujas liberdades de utilizaccedilatildeo

foram estabelecidas por licenccedilas Creative Commons Vale lembrar que conforme Gabriel (2013

p 49) e CREATIVE COMMONS BRASIL (sd) essas licenccedilas jaacute foram traduzidas e adaptadas agrave

legislaccedilatildeo de vaacuterios paiacuteses - dentre os quais o Brasil - e que o seu uso indevido pode ser julgado

como violaccedilatildeo de direitos autorais

Recomendamos que o professor-autor de Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres - ou Livres com

Restriccedilotildees - lance matildeo de registros pessoais datados - aleacutem da disponibilizaccedilatildeo da fonte de

dados no proacuteprio material didaacutetico com as condiccedilotildees originais de licenciamento dos trabalhos

subjacentes como discutido no capiacutetulo 1 e citado na Tabela 15 desta tese - por meio dos quais

poderaacute comprovar as liberdades estabelecidas para os insumos utilizados em suas sequencias

didaacuteticas livres resguardando-se legalmente Essa documentaccedilatildeo pode ser feita por exemplo por

meio da captaccedilatildeo de imagens em que apareccedilam o conteuacutedo e a respectiva licenccedila A FIG 47

apresenta uma tela em que constam os dados de licenciamento de uma imagem A letra (A) na FIG

47 indica a licenccedila atribuiacuteda agrave imagem Nesse caso trata-se de uma licenccedila Creative Commons ndash

Atribuiccedilatildeo natildeo comercial - Compartilha igual

Nas seccedilotildees subsequentes apresentamos alguns exemplos reais de buscas de insumos livres

Natildeo eacute nossa intenccedilatildeo apresentar todos os recursos e repositoacuterios especializados em conteuacutedo com

76

A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre

Figura 48 Flikr - Tela de busca manual de imagens com licenccedilas Creative CommonsFonte adaptado de Flickr (sd)

licenccedila Creative Commmons mas sim ilustrar melhor algumas possibilidades de busca Trazemos

como exemplos buscas realizadas a partir de temas aleatoacuterios da cultura italiana utilizando os

repositoacuterios Flickr e Jamendo bem como o filtro do motor de busca do Google e o programa de

compartilhamento especializado Spinxpress

421 Busca de insumos livres com o Flickr imagens

O Flickr eacute um site de gerenciamento e compartilhamento de imagens que oferece a possibilidade de

armazenar e buscar imagens com licenccedila Creative Commons configurando-se dessa forma como

um repositoacuterio de imagens com licenccedilas flexiacuteveis

A partir do site eacute possiacutevel empreender buscas manuais e mecacircnicas As buscas manuais

ou seja sem o auxiacutelio de mecanismos de busca podem ser feitas pela paacutegina intitulada Explo-

rarCreative Commons(FIG 48) cujo acesso se daacute pelo item Explorardo seu menu principal

do Flickr O usuaacuterio ao abrir a paacutegina poderaacute manualmente explorar as imagens as quais se

apresentam organizadas de acordo com os 6 (seis) tipos de licenccedilas propostas pela organizaccedilatildeo

natildeo governamental Creative Commons A FIG 48 apresenta 2 (duas) das 6 (seis) categorias ndash a

saber as categorias Atribuiccedilatildeoe Atribuiccedilatildeo - natildeo a obras derivadas

As buscas automaacuteticas por sua vez podem ser empreendidas com o motor de busca interno

disponibilizado na mesma paacutegina ExplorarCreative Commons A FIG 49 mostra as primeiras 28

(vinte e oito) fotos de um total de 4829 (quatro mil oitocentos e vinte e nove) referenciadas pelo

termo chiesa cujas liberdades estatildeo representadas pela licenccedila Creative Commons ndash Atribuiccedilatildeo

A partir das paacuteginas de resultados o usuaacuterio poderaacute selecionar a imagem desejada clicando

sobre ela e em seguida proceder com a confirmaccedilatildeo do tipo de licenccedila Selecionamos como

exemplo a imagem de uma igreja do povoado de Cittagrave Nova em Moacutedena Itaacutelia (FIG 410)

77

A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre

Figura 49 Flickr resultado de busca de imagens Creative Commons ndash Atribuiccedilatildeo com otermo chiesa

Fonte adaptado de Flickr (sd)

Identificamos ao acessar a imagem que a foto eacute de autoria de Roberto Ferrari e que ela foi tirada

no dia 4 de junho de 2006 (FIG 410 - A) com uma maacutequina fotograacutefica modelo Canon PowerShot

G6 (FIG 410 - A) Confirmamos ainda que o autor da foto atribuiu uma licenccedila Creative Commons

ndash Atribuiccedilatildeo-CompartilhaIgual (FIG 410 - B)

Essa licenccedila permite que a foto seja reproduzida distribuiacuteda e adaptada mesmo que para

fins comerciais desde que a autoria da foto seja mencionada nos trabalhos derivados e que tais

trabalhos sejam licenciados com a mesma licenccedila da foto

422 Busca de insumos livres com o SpinXpress miacutedias em geral

O Spinxpress consiste em um projeto que viabiliza a elaboraccedilatildeo de trabalhos envolvendo miacutedias

Ele tem como meta a disponibilizaccedilatildeo de ferramentas para busca e compartilhamento de miacutedias

de qualquer tamanho tipo ou licenccedilas incluindo o conjunto de licenccedilas Creative Commons A

procura por miacutedias livres pode ser feita no proacuteprio site do projeto com o auxilio de um mecanismo de

busca intitulado Get Media ou por meio de um programa de compartilhamento de arquivos instalado

localmente O mecanismo de busca online (FIG 411) permite que o usuaacuterio escolha o tema o

tipo de licenccedila e de miacutedia desejados bem como a fonte de pesquisa De fato aleacutem de cobrir o

proacuteprio repositoacuterio o mecanismo de busca varre tambeacutem repositoacuterios e paacuteginas externas Conforme

declarado no proacuteprio site o Get Media busca em

1 Repositoacuterios - tais como o The Internet Archive 34 o Flickr e o bliptv35

34httparchiveorgindexphp35httpwwwbliptv

78

A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre

Figura 410 Flickr resultado de busca de imagens Creative Commons ndash Atribuiccedilatildeo com otermo chiesa uma igreja em Citta Nova Moacutedena Itaacutelia

Fonte adaptado de Flickr (sd)

2 Bancos de dados armazenados e atualizados constantemente peloSPINXPRESS (sd) e pelo Magnatune (sd) 36 e

3 Feeds RSS incluindo o ccMixter CCHits e o Freelog

(SPINXPRESS sd)

O programa de compartilhamento de arquivos do SpinXpress - cujo download pode ser feito no

site do projeto - permite que o usuaacuterio distribua e procure miacutedias com licenccedila Creative Commons

A FIG 412 mostra os resultados de uma busca que realizamos com a expressatildeo italiana musica

leggera Cabe mencionar que a versatildeo do programa de compartilhamento do SpinXpress que

utilizamos nesta busca natildeo oferece a possibilidade de filtragem pelo tipo de licenccedila Entre os

programas e aplicativos estudados e utilizados em nossa pesquisa percebemos que esse foi o

menos eficiente em termos de localizaccedilatildeo de insumos livres De fato a expressatildeo musica leggera

apresentou-nos apenas 4 (quatro) arquivos como resultado (FIG 412 - A) sendo esses registrados

com a licenccedilas Creative Commons - Atribuiccedilatildeo - Uso natildeo comercial - ou seja como discutido no

capiacutetulo 1 desta tese uma licenccedila que apesar de flexiacutevel seraacute considerada natildeo livre

As informaccedilotildees sobre os arquivos encontrados podem ser vistas ao se posicionar sobre eles

o ponteiro do mouse Como indicado na FIG 412 ao fazecirc-lo apareceraacute um quadro (FIG 412 -

B) com as informaccedilotildees Trata-se conforme mencionamos de um arquivo de muacutesica cuja licenccedila

permite a sua reproduccedilatildeo distribuiccedilatildeo e adaptaccedilatildeo desde que natildeo seja para fins comerciais e que

a sua autoria seja declarada nos trabalhos derivados Vale lembrar que a utilizaccedilatildeo desse insumo -

consideramos - atribui o status de Livre com Restriccedilotildees ao material didaacutetico virtual dada a presenccedila

do atributo Uso natildeo comercialem seu licenciamento

36httpmagnatunecom

79

A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre

Figura 411 Tela do mecanismo de busca online do SpinXpressFonte adaptado de SPINXPRESS (sd)

Figura 412 SpinXpress resultado de busca de miacutedias com o termo musica leggeraFonte adaptado de SPINXPRESS (sd)

80

A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre

423 Busca de Insumos Livres com o Jamendo muacutesicas

O Jamendo eacute um site de distribuiccedilatildeo de muacutesicas livres sediado em Luxemburgo Trata-se - de acordo

com Wikipedia por meio da entrada Jamendo - em linhas gerais de um repositoacuterio de muacutesicas

que conta com 25 empregados e que pode ser considerado um dos principais protagonistas no

movimento da muacutesica livre na Franccedila(JAMENDO sd)

O seu modelo de negoacutecio - segundo JAMENDO (sd) - visa tanto o financiamento proacuteprio quanto

dos artistas Ele envolve 3 (trecircs) canais ou formas de obtenccedilatildeo de receita publicidade recebimento

de doaccedilotildees dos usuaacuterios do site e contratos comerciais pelo Jamendo PRO A renda com publicidade

eacute dividida em 50 entre o site e os artistas sendo que cada um dos artistas recebe de acordo com

a quantidade de visualizaccedilotildees de suas muacutesicas em relaccedilatildeo aos demais As doaccedilotildees satildeo recebidas

inteiramente pelos artistas subtraiacuteda de uma pequena porcentagem para o site O Jamendo PRO

enfim consiste em uma loja de compra de licenccedilas para uso comercial As muacutesicas adquiridas

pelo Jamendo PRO seratildeo utilizadas por exemplo em ambientes de aeroportos restaurantes

supermercados filmes ou documentaacuterios (JAMENDO sd) Conforme lembra JAMENDO (sd) os

canais France 2 (FRANCE 2 - TV sd) 37 e Arte (ARTE - TV sd) 38 utilizam com regularidade as

obras do Jamendo PRO

Vale mencionar que os usuaacuterios podem ouvir o seu conteuacutedo no proacuteprio site ou ainda baixaacute-lo

Aleacutem de muacutesicas o Jamendo disponibiliza uma radio online por meio de streaming

As buscas de insumos no Jamendo ndash tal qual no Flikr ndash podem ser feitas manualmente ou com

a ajuda de um mecanismo de busca disponiacutevel em uma de suas paacuteginas O usuaacuterio - conforme

observa a Wikipedia ainda por meio da entrada Jamendo - em sua busca manual pode encontrar

muacutesicas e aacutelbuns utilizando-se de tags correspondentes ao estilo musical - jazz rock pop reggae

- de sua preferecircncia A FIG 413 apresenta o mecanismo de busca avanccedilada do Jamendo Ele

permite que o usuaacuterio faccedila a filtragem da busca especificando o paiacutes de origem (FIG 413 - A) a

liacutengua (FIG 413 - B) e o tipo de licenccedila (FIG413 - C) desejados

Empreendemos uma busca no Jamendo utilizando a tag pop e especificando o paiacutes e a liacutengua

desejada ndash Itaacutelia e italiano respectivamente Procuramos por muacutesicas com atribuiccedilatildeo Creative

Commons - Atribuiccedilatildeo - compartilha igual A FIG 414 apresenta um dos resultados encontrados

Trata-se da canccedilatildeo intitulada Sogno de Andrea Pardi Giuggie Alberto Bruzzese

Confirmamos ndash por meio de uma anaacutelise ad hoc ndash o tipo de licenccedila atribuiacuteda agrave canccedilatildeo (FIG 414

- A) Trata-se de fato da licenccedila Creative Commons - Atribuiccedilatildeo - compartilha igual A reproduccedilatildeo

distribuiccedilatildeo e adaptaccedilatildeo da muacutesica Sogno estatildeo permitidas inclusive para fins comerciais desde

que as obras derivadas mencionem a sua autoria e que a licenccedila seja perpetuada

37France 2 eacute o principal canal de televisatildeo puacuteblico francecircs e o segundo mais visto na Franccedila(FRANCE 2sd)

38Arte - Association Relative agrave la Teacuteleacutevision Europeacuteenne Trata-se de uma rede de televisatildeo franco-alematildeque procura promover uma programaccedilatildeo de qualidade no que se refere ao mundo das artes e da cultura Suasede se localiza em Estrasburgo (Franccedila) com filial em Baden-Baden (Alemanha)(ARTE sd)

81

A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre

Figura 413 Tela de busca avanccedilada do JamendoFonte adaptado de Jamendo (sd)

Figura 414 Resultados de busca no Jamendo a canccedilatildeo Sogno e sua licenccedilaFonte adaptado de Jamendo (sd)

82

A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre

Figura 415 Motor de busca Google - tela da filtragem avanccediladaFonte adaptado de Google (sd)

424 Busca de Insumos livres utilizando o Google arquivos e paacutegi-

nas da web em geral

O motor de busca da empresa Google apresenta diversas opccedilotildees de filtragem para suas pesquisas

Em sua busca avanccedilada o usuaacuterio poderaacute especificar a maneira como a expressatildeo deveraacute ser

procurada ndash por exemplo pela palavra exata por todas as palavras ou excluindo todas as expressotildees

ndash restringir a busca pelo idioma pela regiatildeo pela uacuteltima atualizaccedilatildeo pelo site ou domiacutenio ou ainda

pelos direitos de uso do item procurado ndash entre outras A opccedilatildeo Direitos de Uso oferece as 6 (seis)

possibilidades de licenccedilas Creative Commons A FIG 415 apresenta parte da tela do filtro avanccedilado

Em (A) podemos ver a opccedilatildeo Direitos de Uso a qual nos interessa especialmente na busca por

insumos com licenccedilas flexiacuteveis ou dentre elas com licenccedilas livres

Apresentamos como exemplo o resultado de uma busca em que utilizamos a palavra italiana

quotidiano Lanccedilamos matildeo da opccedilatildeo de filtragem intitulada Direitos de Uso restringindo a busca a

sites cujo conteuacutedo apresentasse itens livres para uso modificaccedilatildeo e compartilhamento inclusive

para fins comerciais Para isso escolhemos a opccedilatildeo Sem restriccedilotildees de uso ou compartilhamento

mesmo comercialmente no menu de opccedilotildees Parte dos resultados da busca pode ser vista na FIG

416 a qual apresenta as 4 (quatro) primeiras paacuteginas de um total de 132000 (cento e trinta e duas

mil)

Acessamos um dos links indicados e encontramos o site intitulado Radio Frequenza Appenino

Trata-se em linhas gerais de um projeto que visa dar voz aos jovens dos povoados da regiatildeo dos

Alpes Bolonheses (RFA sd) na Itaacutelia A proposta eacute que por meio da utilizaccedilatildeo de canais de

comunicaccedilatildeoinformaccedilatildeo e de uma postura de jornalismo participativo esses jovens desenvolvam

noccedilotildees de cidadania discutindo sobre temaacuteticas ligadas agrave imigraccedilatildeo agrave intercultura e ao encontro de

geraccedilotildees entre outros temas

O site da RFA - Radio Frequenza Appenino - disponibiliza uma seacuterie de programas de raacutedio e TV

em liacutengua italiana por meio de canais Livestream A FIG 417 apresenta um desses canais Ele

permite que os internautas vejam a transmissatildeo (FIG 417 - A) e interajam com os apresentadores -

83

Atribuiccedilatildeo de liberdades ao material didaacutetico virtual promovendo a cultura livre

Figura 416 Exemplo de resultado de busca por licenccedila - motor de busca Googlequotidiano

Fonte adaptado de Google (sd)

bem como com outros internautas - por meio de um chat (FIG 417 - B)

Confirmamos (FIG 417 - C) que todo o conteuacutedo disponibilizado no site da RFA - Radio

Frequenza Appenino - poderaacute ser reproduzido distribuiacutedo e adaptado inclusive para fins comerciais

desde que nos trabalhos derivados seja feita atribuiccedilatildeo aos seus autores

43 Atribuiccedilatildeo de liberdades ao material didaacutetico virtual

promovendo a cultura livre

Nesta seccedilatildeo discutimos o terceiro e uacuteltimo aspecto relativo agrave metodologia de produccedilatildeo de material

didaacutetico de natureza virtual livre conforme haviamos anunciado Trazemos para debate as teacutecnicas

adotadas para a realizaccedilatildeo do licenciamento desse tipo de material didaacutetico

Em termos operativos licenciar o material didaacutetico virtual como Livre significa atribuir-lhe uma

licenccedila livre ou seja em nossa proposta uma das 6 (seis) licenccedilas Creative Commons que natildeo

contenham os atributos Uso natildeo Comerciale Natildeo a obras derivadas De fato conforme discutido

no capiacutetulo 1 desta tese consideramos que a presenccedila de insumos licenciados com esses dois

atributos confere-lhe o status de Livre com Algumas Restriccedilotildees Em ambos os casos - a saber Livre

ou Livre com Restriccedilotildees - a atribuiccedilatildeo de licenccedilas envolve em linhas gerais

1 a anaacutelise da Sequecircncia Didaacutetica a ser licenciada

2 a anaacutelise e a escolha da licenccedila flexiacutevel adequada

3 e a aplicaccedilatildeo da licenccedila agrave Sequecircncia Didaacutetica

84

Atribuiccedilatildeo de liberdades ao material didaacutetico virtual promovendo a cultura livre

Figura 417 Radio Frequenza Appenino - canal com conteuacutedo livreFonte adaptado de RFA (sd)

Figura 418 Mecanismo informatizado de atribuiccedilatildeo de licenccedila Creative CommonsFonte adaptado de CREATIVE COMMONS BRASIL (sd)

85

Atribuiccedilatildeo de liberdades ao material didaacutetico virtual promovendo a cultura livre

Figura 419 Resultado do processo de escolha da licenccedila Creative CommonsFonte adaptado de CREATIVE COMMONS BRASIL (sd)

O processo de escolha das licenccedilas que adotamos em nossa pesquisa - bem como em nossa

praacutetica - realiza-se com o auxiacutelio de um mecanismo informatizado disponibilizado na paacutegina da

organizaccedilatildeo natildeo governamental Creative Commons e reproduzido na FIG 418 A partir desse

mecanismo o usuaacuterio responderaacute perguntas relativas agraves caracteriacutesticas que deseja atribuir agrave licenccedila

do seu trabalho Ele indicaraacute por exemplo o tiacutetulo do trabalho o nome do autor a URL do trabalho

a URL do material usado como fonte do trabalho ndash ou seja no caso de produccedilatildeo de Material Didaacutetico

Virtual Livre dos insumos utilizados - o contato para outras permissotildees e informaccedilotildees sobre o

estilo do siacutembolo que seraacute gerado e associado ao trabalho

A FIG 419 apresenta o resultado final do processo de escolha da licenccedila Creative Commons

Licenciamos como exemplo uma Sequecircncia Didaacutetica fictiacutecia de nossa autoria denominada Sequecircn-

cia Didaacutetica 1 Atribuiacutemos agrave sequecircncia a licenccedila Creative Commons - Atribuiccedilatildeo Indicamos tambeacutem

a fonte - fictiacutecia - do insumo ou seja o site wwwsitedeorigemcom Esses dados seratildeo anexados agrave

sequencia didaacutetica conforme apresentados na FIG 419 - A Para tanto basta recortar o coacutedigo

HTLM gerado pelo mecanismo (FIG 419 - B) e inseri-lo na sequecircncia didaacutetica virtual para a qual a

licenccedila foi criada

86

O uso de software livre

44 O uso de software livre

Abordamos nesta seccedilatildeo o aspecto da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre relativo agrave utilizaccedilatildeo

de software livre como suporte Para tanto apresentamos nas subseccedilotildees posteriores um debate

acerca dos programas que utilizamos em nossa pesquisa Satildeo eles o sistema de criaccedilatildeo de

blogs e gerenciamento de conteuacutedos Wordpress e o programa de autoria EXElearning Conforme

anunciamos na introduccedilatildeo deste capiacutetulo nosso objetivo eacute o de apresentar as suas caracteriacutesticas

gerais

Vale ressaltar que nossa escolha por esses programas se deu principalmente por se tratarem

de software natildeo proprietaacuterio customizaacuteveis de acesso gratuito e de faacutecil utilizaccedilatildeo instalaccedilatildeo e

customizaccedilatildeo por usuaacuterios natildeo programadores Contribuiu ainda para nossa escolha - entre outros

fatores - a presenccedila de variados recursos que correspondem agrave praacutetica relacionada ao ensino e

aprendizagem de liacutenguas - tais como entre outros atividades de verdadeiro ou falso cloze e muacuteltipla

escolha ou seja formatos de atividades consagrados e de ampla utilizaccedilatildeo nesse contexto - e

a qualidade apresentada por ambos no que tange aspectos que vatildeo desde o seu funcionamento

ateacute a sua interface - a qual consideramos com efeito bastante amigaacutevel Isso significa em outras

palavras que consideramos ambos os programas coerentes com a nossa concepccedilatildeo de Material

Didaacutetico Virtual Livre e adequados para produccedilatildeo desse tipo de material didaacutetico em contextos de

ensino e aprendizagem de liacutenguas sobretudo em contextos formais

441 O sistema de blogs e de gerenciamento de conteudos para web

Wordpress

O Wordpress consiste em um sistema livre de publicaccedilatildeo e gerenciamento de blogs e conteuacutedos

para web De fato conforme nos lembra Lary (2010 p 19) o Wordpress eacute um sistema flexiacutevel

que pode ser usado em projetos colaborativos em departamentos de universidades na criaccedilatildeo de

portfoacutelios de artistas sites para empresas e certamente blogs pessoais

Trata-se o Wordpress de um sistema de faacutecil instalaccedilatildeo configuraccedilatildeo e utilizaccedilatildeo Como

observa Lary (2010 p 21) ele oferece uma rica ediccedilatildeo de textos a possibilidade de utilizaccedilatildeo de

miacutedias embutidas (tais como viacutedeos imagens e sons) um eficiente sistema de gerenciamento de

menus a possibilidade de utilizaccedilatildeo de temas diversos widgets - ou seja componentes de arrastar

e colar que podem ser fixados nas barras laterias (LARY 2010 p 22) - e plug-ins - entre outras

caracteriacutesticas

A FIG 420 apresenta a tela de ediccedilatildeo de posts do Wordpress Ressaltamos a presenccedila do

Painel de gerenciamento (FIG 420 - A) da aacuterea de ediccedilatildeo de posts (FIG 420 - B) a qual apresenta

as opccedilotildees de ediccedilatildeo em versatildeo texto ou HTML o painel recursos de publicaccedilatildeo (FIG 420 - C) e o

painel de gerenciamento de tags

Ilustramos por meio da FIG 421 o conjunto de paineacuteis de administraccedilatildeo do Wordpress Per-

cebemos por meio do painel uma amostra dos recursos oferecidos pelo sistema De fato ele

apresenta recursos ligados agrave administraccedilatildeo de posts miacutedias paacuteginas comentaacuterios aparecircncia

plug-insusuaacuterios ferramentas configuraccedilotildees e paineacuteis

87

O uso de software livre

Figura 420 Wordpress Tela de ediccedilatildeo e de postsFonte adaptado de CODEX WORDPRESS (sd)

Figura 421 Wordpress Paineacuteis de administraccedilatildeoFonte adaptado de CODEX WORDPRESS (sd)

88

O uso de software livre

442 O programa de autoria EXElearning

O EXElearning eacute um programa de autoria livre elaborado com o apoio do governo neozelandecircs

e da organizaccedilatildeo natildeo governamental neozelandesa de pesquisa e desenvolvimento educacional

CORE 39 nos acircmbitos da Universidade de Auckland 40 da Universidade de Tecnologia de Auckland41 e do Politeacutecnico Tairawhiti 42 (EXElearning sd) com o intuito de auxiliar professores e demais

acadecircmicos na tarefa de elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de conteuacutedo na web sem a necessidade de

conhecimento especiacutefico de linguagens de programaccedilatildeo (EXElearning sd SILVA 2011 p 43)

Conforme nos lembram EXElearning (sd) e Silva (2011 p 43) o EXElearning permite que o

conteuacutedo produzido seja publicado nos padrotildees IMS Content Package IMS Common Cartridge

SCORM 12 aleacutem de paacuteginas HTML - o que consideramos demonstra que os seus autores tiveram

a intenccedilatildeo de facilitar ao maacuteximo a interoperabilidade do EXElearning jaacute que os formatos citados

configuram-se como padrotildees criados para promover a interoperabilidade entre programas Citamos

como exemplo de interoperabilidade o fato de que Sequecircncias Didaacuteticas salvas no padratildeo SCORM

12 podem ser lidas e utilizadas tambeacutem no Ambiente Virtual de Aprendizagem Moodle 43

O programa de autoria EXElearning pode ser obtido gratuitamente por meio de download na

paacutegina do projeto a que pertence ou seja projeto EXElearning 44 Ele apresenta como caracteriacutestica

como lembra Silva (2011 p 44) o fato de que o acesso agrave sua interface de utilizaccedilatildeo se da

sem a necessidade de conexatildeo agrave rede por meio dos navegadores Firefox (livre) Internet Explorer

(proprietaacuterio) e Chrome (livre) Dessa forma uma vez instalado o software o usuaacuterio encontraraacute

uma interface veloz intuitiva e faacutecil de trabalhar(SILVA 2011 p 44) Apresentamos por meio da

FIG 422 a interface de trabalho do EXElearning e os seus componentes Na interface podemos

destacar as 4 (quatro) principais aacutereas de operaccedilatildeo o Menu Principal (FIG 422 - A) o Painel de

Destaque que mostra a estrutura das atividades em forma de aacutervore (FIG 422 - B) o Painel Idevice

que contem os tipos de atividades padratildeo que o programa oferece ao usuaacuterio e que podem ser

inseridos nas atividades eou Sequecircncias Didaacuteticas (FIG 422 - C) e a Aacuterea de trabalho (FIG 422 -

D)

Destacamos ainda na FIG422 dois aspectos da interface com o intuito de melhor compreender

o seu funcionamento Em primeiro lugar observamos que a Aacuterea de trabalho (FIG 422 - D)

apresenta um trecho de uma Sequecircncia Didaacutetica intitulada The goose that laid the golden eggs 45

por meio da qual o autor propotildee em siacutentese que o aprendiz faccedila uma reflexatildeo a respeito de um

texto disponibilizado em aacuteudio e em forma de texto escrito com o mesmo nome da atividade Em

segundo lugar ressaltamos no Painel Idevice o conjunto de tipos de atividades e elementos que o

programa de autoria EXElearning disponibiliza em seu formato padratildeo Cada um dos itens da lista

apresenta um tipo de atividade preacute-estruturada com determinadas caracteriacutesticas e com a qual o

usuaacuterio poderaacute trabalhar em sua Sequecircncia Didaacutetica Apresentamos com base em Silva (2011

39httpwwwcore-edorg40httpwwwaucklandacnzuoa41httpwwwautacnz42httpwwweitacnztairawhiti43httpwwwmoodleorgbr44httpwwwexelearningorg45Em portuguecircs O ganso dos ovos de ouro

89

O uso de software livre

Figura 422 EXElearning - interface e seus componentesFonte Adaptado de EXElearning (sd)

p 47) em portuguecircs no QUAD 44 os tipos de atividades (Idevices) disponibilizadas no Painel

Idevice acompanhadas de suas respectivas funccedilotildees Acrescentamos que o EXElearning permite

que os usuaacuterios criem novos modelos de atividades

90

O uso de software livre

Quadro 44 EXElearning e sua tipologia de atividades (Idevices)

IDevice DescriccedilatildeoObjetivos Identifica os objetivos da atividade ou Sequecircncia Didaacutetica elaborada

Preacute-requisitos

Considera os preacute-requisitos e conhecimentos que se espera que o aprendiz possua paramelhor compreensatildeo das atividades

Atividade Trata-se de um modelo de tarefa simples O apredniz poderaacute fazer a leitura de um pequenotexto pensar nas respostas e ao clicar em um botatildeo saber se as suas hipoacuteteses deresposta estatildeo corretas ou natildeo

Cloze Neste modelo de atividade algumas palavras ou expressotildees satildeo ocultados de modo queo aprendiz preencha os espaccedilos em branco com as expressotildees corretas

Atividades deLeitura

Esta atividade consiste na disponibilizaccedilatildeo de um espaccedilo para leitura (ou seja inserccedilatildeode um texto) a solicitaccedilatildeo de uma reflexatildeo sobre a leitura e de feedback associado agraveproposta de reflexatildeo

Ampliador deimagens

Permite a visualizaccedilatildeo ampliada de partes de uma determinada figura inserida pelo autor

Applet Java Permite a inserccedilatildeo de applets Java para compor o conteuacutedo das atividades ou SequecircnciasDidaacuteticas

Artigo Wikibo-oks

Permite que o EXElearning busque arquivos relacionados a um determinado termodiretamente na Wikipedia importando o texto para a atividade ou Sequecircncia Didaacutetica

Estudo decaso

Apresenta uma determinada situaccedilatildeo ou caso de modo que o aprendiz possa se envolverem estudos de caso ou seja compreender um caso e aplicar o que aprendeu em novassituaccedilotildees

Galeria deImagens

Permite a criaccedilatildeo de um aacutelbum com imagens

Verdadeiroou falso

Permite a criaccedilatildeo de atividades de verdadeiro ou falso

Muacuteltipla esco-lha

Satildeo apresentadas diferentes respostas para que o aprendiz possa escolha a mais ade-quada a uma solicitaccedilatildeo

RSS Permite a inserccedilatildeo de conteuacutedos disponibilizados via RSS

Reflexatildeo Apresenta as mesmas propriedades do recurso Atividade

SCORM Quiz Consiste em uma atividade em formato de QUIZ

Selaccedilatildeo muacutelti-pla

Ideal para situaccedilotildees em que haja mais de uma opccedilatildeo que responda adequadamente agravessolicitaccedilotildees feitas no enunciado

Siacutetio web ex-terno

Permite que um site da web possa ser visualizado em uma atividade sem que hajanecessidade de que uma nova janela do navegador seja aberta

Texto livre Permite a inserccedilatildeo de diferentes miacutedias em uma atividade - textos aacuteudios imagensviacutedeos etc

Fonte adaptado de Silva (2011 p 47)

91

Capiacutetulo 5

Metodologia de pesquisa

Neste capiacutetulo apresentamos e discutimos os diversos aspectos envolvidos na metodologia de

pesquisa empregada em nosso estudo Os debates giram entorno da dimensatildeo empiacuterica da

investigaccedilatildeo ndash a saber a identificaccedilatildeo e anaacutelise dos Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 425)

relacionados agrave utilizaccedilatildeo de material didaacutetico de natureza virtual livre - ou seja agrave sua produccedilatildeo e ao

seu uso em sala de aula presencial - em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano LEL2

Durante a explanaccedilatildeo apontamos e discutimos as escolhas teoacuterico-metodoloacutegicas que adotamos

em nossa investigaccedilatildeo incluindo o desenho da pesquisa no que se refere aos contextos estudados

e agraves estrateacutegias de levantamento e anaacutelise de dados empregadas

Essencialmente nossa abordagem investigativa foi de natureza qualitativa e se balizou por um

vieacutes epistemoloacutegico existencial (natildeo determinista) construtivista (STAKE 2011 p 42) e interpretativo

A coleta de dados se deu em dois contextos distintos - a saber (1) em sala de aula presencial

de italiano como LEL2 - contexto em que investigamos os Problemas de Ensino relativos ao uso

do Material Didaacutetico Virtual Livre - e (2) em curso de formaccedilatildeo para professores em serviccedilo e em

preacute-serviccedilo de italiano como LEL2 - contexto em que investigamos os Problemas de Ensino relativos

ao aspecto da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

51 A Pesquisa em Problemas de Ensino

Pesquisas em Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 425) relacionados ao ensino de liacutenguas

estrangeiras satildeo ainda incipientes A carecircncia de literatura sobre esse tema motivou-nos a refletir

sobre a natureza dos Problemas de Ensino e a partir daiacute estabelecer a abordagem metodoloacutegico-

cientiacutefica que melhor viabilizasse a investigaccedilatildeo sobre os Problemas de Ensino relacionados agrave

utilizaccedilatildeo de material didaacutetico de natureza virtual e livre

Encontramos em Ortale (2010 p 425) ndash bem como na praacutetica da Profa Dra Fernanda Landucci

Ortale 46 no acircmbito da disciplina intitulada Atividades de Estaacutegio italianondash 47 os indiacutecios de como

esse objeto de estudo poderia ser abordado

46Professora do curso de Letrasitaliano da Universidade de Satildeo Paulo47Disciplina pertencente ao curriacuteculo do curso de Licenciatura em Letras Italiano da Faculdade de Filosofia

Letras Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo

92

A Pesquisa em Problemas de Ensino

Em um contexto de formaccedilatildeo de professores de liacutengua italiana - ou seja durante a disciplina

ldquoAtividades de Estaacutegio italianordquo- a autora lanccedila matildeo de Relatos de Problemas de Ensino como

deflagradores ldquode reflexotildees sobre a praacutetica de sala de aulardquo (ORTALE 2010 p 425) Tais Relatos

satildeo identificados por seus alunos (professores de liacutengua italiana em preacute-serviccedilo) basicamente

de trecircs (3) maneiras 1) por meio de reflexotildees sobre a proacutepria praacutetica pregressa ndash no caso de

professores em formaccedilatildeo com experiecircncia de ensino de liacutengua italiana 2) por meio de reflexotildees

sobre a proacutepria experiecircncia como aluno em cursos de liacutengua italiana e 3) por meio de entrevistas

com professores que jaacute tenham praacutetica no ensino de liacutengua italiana ndash sendo as estrateacutegias didaacuteticas

2 e 3 utilizadas no caso de o aluno natildeo ter tido qualquer praacutetica antecedente com ensino de liacutengua

italiana Segundo a autora referindo-se agrave sua proposta de trabalho

()solicitamos a professores de italiano (liacutengua estrangeira) que escreves-sem sobre situaccedilotildees problemaacuteticas que enfrentavam em sala de aula Aesses escritos demos a denominaccedilatildeo de lsquoRelatos de Problemas de Ensinorsquo(ORTALE 2010 p 425)

Ainda em Ortale (2010 p 425) encontramos uma definiccedilatildeo de Relato de Problema de Ensino ndash

a qual citamos ipsis litteris a seguir ndash bem como alguns exemplos desses relatos ndash apresentados

no QUAD 71 Segundo a autora

Podemos definir lsquoRelato de Problema de Ensinorsquo como uma narrativa oudescriccedilatildeo sobre a sala de aula realizada por um professor e que podeapresentar dificuldades preocupaccedilotildees com praacuteticas futuras ou percepccedilotildeesnegativas sobre praacuteticas jaacute realizadas (ORTALE 2010 p 425)

Uma leitura atenta dos exemplos apresentados no QUAD 71 mostraraacute que os Relatos de

Problemas de Ensino apontam para variadas dimensotildees da praacutexis do professor de liacutenguas (ORTALE

2010 p 426) A constataccedilatildeo dessa multiplicidade dimensional pode ser corroborada pela proposta

de categorizaccedilatildeo de Problemas de Ensino indicadas em Ortale (2010 p 426) A saber

()interaccedilatildeo professor-aluno ou aluno-aluno conhecimento da liacutengua-alvorelaccedilatildeo professor-livro didaacutetico ensino das habilidades comunicativas pla-nejamento de aula ensino da gramaacutetica correccedilatildeo papel da liacutengua ma-ternatraduccedilatildeo (ORTALE 2010 p 426)

Concluiacutemos apoacutes a investigaccedilatildeo teoacuterica e a observaccedilatildeo de campo - acompanhando a disciplina

ldquoAtividades de Estaacutegio italianoldquo 48 que a maneira mais adequada para investigarmos os Problemas

de Ensino relacionados ao uso de Material Didaacutetico Virtual Livre em contexto formal de ensino-

aprendizagem de liacutengua italiana como L2LE dar-se-ia por meio do levantamento desses problemas

junto a professores de italiano em serviccedilo e em preacute-serviccedilo - em contexto de utilizaccedilatildeo desse

tipo especiacutefico de material didaacutetico - por meio de praacuteticas investigativas de cunho epistemoloacutegico

qualitativo interpretativo e construtivista A opccedilatildeo por esse vieacutes teoacuterico-metodoloacutegico configura-

se como reflexo da praacutetica da prof Dra Fernanda Landucci Ortale que de fato acessa os

48Acompanhei a disciplina em sua totalidade durante o primeiro semestre de 2012 exercendo a funccedilatildeode estagiaacuterio no acircmbito do PAE - Programa de Aperfeiccediloamento para o Ensino oferecido aos alunos dapoacutes-graduaccedilatildeo da Universidade de Satildeo Paulo como parte de sua formaccedilatildeo didaacutetica para atuaccedilatildeo no ensinosuperior

93

Estudo qualitativo

Quadro 51 Exemplos de Relatos de Problemas de Ensino

Exemplo 1 ldquoNem sempre consigo responder perguntas de vocabulaacuterio dos alunose digo que vou levar a resposta na aula seguinte mas me sinto malmesmo assimrdquo

Exemplo 2 ldquoTenho na mesma turma uma aluna de 13 e outra de 69 anos Paramim eacute muito difiacutecil conseguir administrar a classe com tanta diferenccedilade interesses e necessidades

Exemplo 3 ldquoTenho grupos grandes de quase 20 alunos e haacute muita diferenccedilana velocidade de realizaccedilatildeo das atividades Alguns terminam muitoraacutepido os exerciacutecios e me olham com impaciecircnciardquo

Exemplo 4 ldquoAlunos que querem traduzir tudo atrapalham a aula Agraves vezes meesforccedilo para fazer gestos e explicaccedilotildees em italiano e no final osalunos traduzem para o portuguecircs e ainda pedem uma confirmaccedilatildeominhardquo

Fonte adaptado de Ortale (2010 p 425)

Problemas de Ensino por meio de relatos e pela natureza personaliacutestica desses relatos - dado que

satildeo expressatildeo da percepccedilatildeo dos professores carregada de sentido em relaccedilatildeo aos contextos de

ensino-aprendizagem em que estatildeo inseridos

Subjaz a essa escolha certamente a ideia de que a realidade eacute construiacuteda a partir do ponto

de vista e interpretaccedilatildeo dos sujeitos que a experimentam conforme uma visatildeo epistemoloacutegica

construtivista (GRBICH 2007 STAKE 1995 p 3 p 99) O mesmo vale para o conhecimento o

qual eacute outrossim construiacutedo pelos sujeitos em sua relaccedilatildeo interpretada com o mundo e em contexto

de investigaccedilatildeo em consenso com as percepccedilotildees do pesquisador

A opccedilatildeo por uma abordagem qualitativa de vieacutes interpretativo e construtivista bem como o

desenho de nossa pesquisa satildeo debatidos com mais detalhes nas seccedilotildees subsequentes Ademais

essa escolha apresenta reflexo na maneira como os dados satildeo analisados e apresentados nesta

tese

52 Estudo qualitativo

Pesquisas do tipo qualitativo segundo Brown e Rodgers (2002 p 12) opotildeem-se a pesquisas do

tipo quantitativo na medida em que satildeo predominantemente baseadas em dados natildeo-numeacutericos

Strauss e Corbin (2008 p 23) ao propor um estudo sobre teacutecnicas de teoria fundamentada definem

pesquisas qualitativas como qualquer tipo de pesquisa que produza resultados natildeo atingidos por meio

de procedimentos estatiacutesticos ou de outras formas de quantificaccedilatildeo Nesse caso anaacutelises qualitativas

satildeo concebidas como processos natildeo-matemaacuteticos de interpretaccedilatildeo ministrados a fim de descobrir

94

Estudo qualitativo

conceitos e relaccedilotildees a partir dos dados brutos e de organizaacute-los em um esquema explanatoacuterio

teoacuterico (STRAUSS CORBIN 2008 p 24) Os autores lembram ainda que a quantificaccedilatildeo de dados

- como no caso do censo ou de informaccedilotildees histoacutericas sobre pessoas ou objetos estudados - natildeo

muda o caraacuteter qualitativo de uma pesquisa quando o grosso da anaacutelise eacute interpretativo (STRAUSS

CORBIN 2008 p 23)

Stake (2011 p 21) caracteriza a pesquisa qualitativa em oposiccedilatildeo agrave quantitativa ressaltando

que enquanto o raciociacutenio desta estaacute fortemente baseado em atributos lineares mediccedilotildees e anaacutelises

estatiacutesticas o pensamento daquela se baseia principalmente na percepccedilatildeo e compreensatildeo humana

O autor observa que entretanto todo pensamento cientiacutefico consiste em uma mescla das duas

abordagens Stake (2011 p 23) Por esse prisma diferencia-las seria mais uma questatildeo de ecircnfase

do que de limites (STAKE 2011 STAKE 1995 p 29 p 36) haja vista que em estudos qualitativos

ideias quantitativas de enumeraccedilatildeo tem o seu espaccedilo e que em estudos quantitativos estatildeo

pressupostos a interpretaccedilatildeo do pesquisador e alguma descriccedilatildeo em linguagem natural (STAKE

2011 STAKE 1995 p 29 p 36)

Stake (1995) e Stake (2011) aprofundam o debate argumentando que a diferenccedila entre investiga-

ccedilotildees qualitativas e quantitativas natildeo satildeo fundamentalmente balizadas pela diferenccedila entre descriccedilatildeo

verbal e dados numeacutericos (STAKE 1995 STAKE 2011 p 37 p 67) mas sim respectivamente pela

diferenccedila entre a procura pelo conhecimento personaliacutestico e o estudo de medidas objetivas a busca

por ocorrecircncias e a busca por causa e efeito a percepccedilatildeo do conhecimento como algo construiacutedo

por um vieacutes pessoal e como descoberta do mundo como ele eacute a atribuiccedilatildeo de um papel pessoal e

impessoal para o pesquisador e a investigaccedilatildeo para obter compreensatildeo e para obter explicaccedilatildeo Por

conseguinte a epistemologia qualitativa eacute concebida como construtivista experiencial situacional e

personaliacutestica (STAKE 2011 p 42) em detrimento agrave epistemologia positivista

Retomamos a oposiccedilatildeo entre os objetivos de investigar para obter compreensatildeo (epistemologia

qualitativa) e investigar para obter explicaccedilatildeo (epistemologia quantitativa) por considera-la importante

para a compreensatildeo do ponto de vista de Stake (2011) e Stake (1995) sobre a abordagem qualitativa

e consequentemente ampliar nossa visatildeo sobre o tema Os autores (STAKE 1995 STAKE 2011

p 37 p 67) se baseiam na proposta de distinccedilatildeo feita pelo filoacutesofo Georg Henrik von Wright 49

o qual segundo eles percebe a existecircncia de uma sutil diferenccedila epistemoloacutegica entre os dois

conceitos natildeo obstante reconheccedila que explicaccedilotildees carregam o objetivo de promover compreensatildeo

e que compreensatildeo seja frequentemente expressa em termos de explicaccedilatildeo (STAKE 1995 STAKE

2011 p 38 p 67) Trata-se segundo Stake (2011 p 67) de uma distinccedilatildeo ligeiramente parecida

com as distinccedilotildees entre medicar o paciente e cuidar do paciente e promover um ensino centrado

no professor e um ensino centrado no aluno Certamente o meacutedico promove as duas accedilotildees mas

cuidar do paciente denota mais pessoalidade Preparar-se para ensinar de forma didaacutetica no caso

do professor eacute conceitualmente diferente de organizar oportunidades experienciais para os alunos

Prosseguindo com o debate Stake (2011 p 67) e Stake (1995 p 38) observam que von Wright

associa a ideia de busca por explicaccedilatildeo ao pensamento de causa e efeito - tiacutepico de abordagens

quantitativas - e a ideia de busca por compreensatildeo agrave procura pela compreensatildeo humana - tiacutepico

de abordagens qualitativas A fim de elucidar ainda mais a questatildeo Stake (1995 p 38) propotildee a

49Os autores se referem a Wright (1971) em seu livro Explanation and Understanding

95

Estudo qualitativo

anaacutelise de duas perguntas de pesquisa relacionadas ao contexto da educaccedilatildeo as quais representam

respectivamente uma preocupaccedilatildeo em explicar e uma preocupaccedilatildeo em compreender Satildeo elas

1 O fato de a carga de ensino ter aumentado de quatro para cinco aulasestaacute afetando a qualidade do ensino

2 Os professores que residem fora da comunidade estatildeo trabalhandomenos que a carga justa de trabalho

(STAKE 1995 p 38)

Dessa forma segundo Stake (1995 p 38) enquanto a primeira representa uma inquietaccedilatildeo com

a explicaccedilatildeo da causa de uma eventual variaccedilatildeo da qualidade do ensino (busca pela explicaccedilatildeo) a

segunda representa uma preocupaccedilatildeo com a descriccedilatildeo de ocorrecircncias mais ou menos simultacircneas

sem a expectativa de explicaccedilatildeo causal ou seja uma preocupaccedilatildeo com a compreensatildeo Conforme

discutido o primeiro exemplo estaacute associado a uma abordagem quantitativa O segundo por sua

vez a uma abordagem qualitativa

Fraenkel e Wallen (2003 p 430) trazendo o debate sobre pesquisas qualitativas para o contexto

educacional - contexto que nos interessa especialmente nesta tese dado que nos concentramos

no ensino formal de liacutengua italiana como L2LE - corrobora o ponto de vista de Stake (1995

p 38) ao dizer que enquanto o pesquisador quantitativo procura observar quatildeo acuradamente

aprendizagens atitudes e ideias se desenvolvem no contexto de ensino-aprendizagem - por meio

de comparaccedilotildees entre meacutetodos de ensino alternativos em pesquisas experimentais por exemplo

(FRAENKEL WALLEN 2003 p 430) - pesquisadores qualitativos querem saber mais do que em

que medidaou quatildeo bemalgo eacute feito em sala de aula Em outras palavras eles se envolvem na

busca por impressotildees mais holiacutesticas - ou seja por um retrato mais completo - sobre o que estaacute

ocorrendo nesse contexto Pesquisadores qualitativos segundo Fraenkel e Wallen (2003 p 430)

propotildeem-se a investigar por exemplo

bull Como professores ensinam suas respectivas mateacuterias

bull Que tipo de praacutetica eles adotam em sua rotina

bull Que tipo de coisas os estudantes fazem

bull Em que tipo de atividades se envolvem

bull Quais satildeo as regras do jogo impliacutecitas ou explicitas que parecemajudar ou atrapalhar o processo de aprendizagem50

(FRAENKEL WALLEN 2003 p 230)

No que se refere agrave metodologia de investigaccedilatildeo ainda segundo Fraenkel e Wallen (2003 p

430) o pesquisador qualitativo a fim de tentar responder essas questotildees pode documentar as

experiecircncias diaacuterias dos professores e dos estudantes - focando em uma ou no maacuteximo em um

pequeno nuacutemero de turmas - observando-as de modo mais regular possiacutevel e tentando descrever

o que vecirc da maneira mais completa e rica possiacutevel (FRAENKEL WALLEN 2003 p 430) Esse

50Traduccedilatildeo nossa

96

Estudo qualitativo

Quadro 52 Teacutecnicas de coletas de dados tiacutepicas de abordagens qualitativas

bull observaccedilotildees ou notas de campo

bull leitura de diaacuterios - em forma detexto viacutedeo ou aacuteudio

bull entrevistas individuais ou emgrupo

bull registros em aacuteudio e viacutedeo

bull leitura de documentos - tais comolivros revistas correio eletrocircnicopaacuteginas da internet e propaganda(impressa filmada ou televisio-nada)

bull gravaccedilotildees em viacutedeo de sessotildeesde laboratoacuterio

bull gravaccedilotildees de viacutedeos de transmis-soes de tv

bull anaacutelise de fotografias filmes e vi-deos caseiros

bull registro de conversas em gruposde bate-papo na internet

bull entre outros

Fonte adaptado de Brown e Rodgers (2002) Creswell (2010) Bogdan e Biklen

(1994) e (GIBBS 2009)

pesquisador poderaacute ainda lanccedilar matildeo de uma gama de teacutecnicas de obtenccedilatildeo de dados tiacutepicas de

abordagens qualitativas conforme indicam Brown e Rodgers (2002 p 12) Creswell (2010 p 213)

Bogdan e Biklen (1994 p 73) e Gibbs (2009 p 17) Reunimos exemplos dessas teacutecnicas no QUAD

52

Grbich (2007 p 3) aborda a questatildeo da metodologia qualitativa inserindo-a no quadro teoacuterico-

metodoloacutegico das quatro principais tradiccedilotildees epistemoloacutegicas (GRBICH 2007 p 2) da pesquisa

cientiacutefica ocidental dos uacuteltimos duzentos anos Satildeo elas o Positivismo ou Empirismo a Criacutetica

Emancipatoacuteria o Construtivismo ou Interpretativismo e o Poacutes-modernismo A autora em conso-

nacircncia com Fraenkel e Wallen (2003 p 432) associa o emprego de abordagens qualitativas agraves

trecircs uacuteltimas e consequentemente o emprego da abordagem quantitativa agrave primeira Ela lembra

que todas satildeo passiveis de criacuteticas e - concordando com Fraenkel e Wallen (2003 p 443) - que a

escolha de uma ou outra - ou do emprego conjunto de mais de uma tradiccedilatildeo - dependeraacute da natureza

da pesquisa envolvida das questotildees de pesquisa e da preferecircncia ou orientaccedilatildeo do pesquisador

(GRBICH 2007 p 14) Consideramos que trazecirc-las para debate contribui com nossos esforccedilos

de compreensatildeo da natureza da pesquisa qualitativa e por conseguinte da natureza da praacutetica

investigativa que adotamos em nossa pesquisa De fato como jaacute mencionado nesta seccedilatildeo nossa

abordagem ao investigar os eventuais Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 425) relativos ao

uso de Material Didaacutetico Virtual Livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano como

LEL2 foi de natureza qualitativa e de vieacutes interpretativo e construtivista

Em linhas gerais o positivismo ou Empirismo tem suas raiacutezes e o seu predomiacutenio na Europa

no seacuteculo XVIII (GRBICH 2007 FRAENKEL WALLEN 2003 p 4 p 432) momento em que o

positivismo o otimismo a razatildeo e o progresso pairam como discurso dominante ou seja no contexto

97

Estudo qualitativo

da chamada era do Iluminismo Acreditava-se que o conhecimento cientiacutefico poderia ser alcanccedilado

pelo homem racional capaz de desvendar uma realidade completamente conheciacutevel objetiva de

um universo exterior ordenado (GRBICH 2007 FRAENKEL WALLEN 2003 p 10 p 432) por

meio da observaccedilatildeo e de processos de pensamento loacutegico O conhecimento portanto apresenta-

se como resultado de processos de deduccedilatildeo criaccedilatildeo de hipoacuteteses identificaccedilatildeo de variaacuteveis e

mediccedilotildees em pesquisas experimentais que por sua vez resultam na identificaccedilatildeo de causalidade

permitindo prediccedilotildees sobre fatos corretamente avaliados pela loacutegica matemaacutetica (GRBICH 2007 p

5) Parte-se da premissa baacutesica de que existe uma realidade laacute fora independente dos sujeitos

dirigida por leis naturais esperando para ser descoberta pela Ciecircncia (FRAENKEL WALLEN 2003

p 425) Existe uma ecircnfase na quebra dos fenocircmenos em peccedilas manipulaacuteveis visando o estudo e

eventual reordenaccedilatildeo do todo e a visatildeo do cientista desinteressado que se mantem a parte do

objeto de estudo - incluindo seus preconceitos e valores - (FRAENKEL WALLEN 2003 p 425)

Suas caracteriacutesticas dominantes incluem princiacutepios cientiacuteficos regularidade ordem loacutegica dedutiva

leis da natureza observaccedilatildeo e experiecircncia (razatildeo) causalidade linearidade (unidimensional)

determinismo loacutegico (tudo eacute causado por alguma coisa em uma longa linha de causalidades)

e abordagens analiacuteticas e estatiacutesticas baseadas em fatos verdadeiros(GRBICH 2007 p 4)

Ademais satildeo enfatizados a classificaccedilatildeo o ordenamento e a hierarquizaccedilatildeo bem como a prediccedilatildeo

e a universalizaccedilatildeo de resultados A autoridade central da coisa depreendida e publicada pelo

autor satildeo supremos (GRBICH 2007 p 5) O conhecimento reside em grandes teorias reforccediladas

por processos de mensuraccedilatildeo cientiacutefica e pensamento racionalista armazenado em disciplinas

especialiacutesticas com fronteiras definidas e cuidadosamente protegidas (GRBICH 2007 p 5) Vale

ressaltar que as principais criacuteticas a essa tradiccedilatildeo giram em torno do debate sobre a plausibilidade

de a ciecircncia poder fornecer todas as respostas sobre a realidade e de os pesquisadores conseguirem

controlar as variaacuteveis e mostrar resultados previsiacuteveis e explicaacuteveis (GRBICH 2007 p 5)

A Criacutetica Emancipatoacuteria surge a partir do contexto de mudanccedilas econocircmicas ocorridas por causa

da industrializaccedilatildeo e o subsequente reconhecimento das criacuteticas de Karl Marx agrave exploraccedilatildeo lucro e

poder do capitalismo e do conflito de classes (GRBICH 2007 p 6) Parte-se do princiacutepio de que

as referidas mudanccedilas geram uma sociedade fragmentada A realidade eacute vista como algo que natildeo

existe por si mas que eacute fruto de uma histoacuteria obscura e construiacuteda por sistemas sociais e poliacuteticos

exploradores compreendendo interesses competitivos em que o conhecimento eacute controlado para

servir aos detentores do poder (GRBICH 2007 p 6) O poder do autor a universalidade do

conhecimento o conceito de singularidade e originalidade satildeo questionados (GRBICH 2007 p 7)

Nesse contexto a raccedila a idade o grau de pobreza a poliacutetica e a cultura satildeo estudados com o intuito

de melhor compreender as identidades individuais e a forma como essas identidades foram moldadas

por instituiccedilotildees culturais dominantes - tais como a miacutedia a ciecircncia e a religiatildeo (GRBICH 2007 p 7)

Figura deste modo como um importante foco da tradiccedilatildeo Criacutetica Emancipatoacuteria a documentaccedilatildeo

de confrontos entre detentores e desprovidos de poder (poliacutetico ou econocircmico)(GRBICH 2007 p

7) Espera-se que a pesquisa traga emancipaccedilatildeo de grupos e indiviacuteduos oprimidos por meio de

mudanccedilas sociais (GRBICH 2007 p 7)

O Construtivismo ou Interpretativismo (GRBICH 2007 p 3) tomado aqui como tradiccedilatildeo

epistemoloacutegica - cuja compreensatildeo nos interessa sobremaneira nesta tese - eacute caracterizado pela

98

Estudo qualitativo

crenccedila na inexistecircncia de um conhecimento independente desassociado do pensamento (GRBICH

2007 STAKE 1995 p 3 p 100) A realidade eacute vista como fluida mutaacutevel socialmente construiacuteda

e existente dentro da mente dos sujeitos O conhecimento eacute subjetivo construiacutedo e baseado em

sinais e siacutembolos compartilhados e reconhecidos entre os membros de um grupo ou cultura No

acircmbito investigativo esse conhecimento eacute construiacutedo na interaccedilatildeo entre pesquisador e informante

por meio de consenso (GRBICH 2007 p 8) Pressupotildeem-se muacuteltiplas realidades experimentadas

de modo diferente por pessoas diferentes O foco da investigaccedilatildeo estaacute dessa forma na exploraccedilatildeo

do modo como as pessoas interpretam e constroem sentido considerando-se suas experiecircncias de

mundo (STAKE 1995 p 99) e em como contextos eventos situaccedilotildees e o seu lugar (dos sujeitos

incluindo o pesquisador) em ambientes sociais mais amplos influenciam na construccedilatildeo desses

sentidos (GRBICH 2007 p 8) A subjetividade (a visatildeo do pesquisador e como ela foi construiacuteda) e

a intersubjetividade (reconstruccedilatildeo de visotildees por meio de interaccedilotildees com outros via linguagem oral e

textos escritos) satildeo portanto de interesse para essa tradiccedilatildeo (GRBICH 2007 p 8)

Grbich (2007 p 9) situa temporalmente o Poacutes-modernismo - tomado aqui tambeacutem como

tradiccedilatildeo epistemoloacutegica - nas uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX Segundo a autora percebe-se nesse

periacuteodo uma valorizaccedilatildeo do ante-heroacutei do indiviacuteduo complexo e multidimensional em oposiccedilatildeo a

sujeitos com pontos de vista autoritaacuterio unificado poderoso e centralizado (GRBICH 2007 p 9)

Nessa tradiccedilatildeo o mundo eacute visto como algo complexo e caoacutetico A realidade eacute transacional multipla-

mente construiacuteda e natildeo pode ser explicada por grandes narrativas ou metanarrativas (FRAENKEL

WALLEN 2003 p 433) - como por exemplo o Marxismo ou o Budismo que fazem afirmaccedilotildees uni-

versais sobre a realidade a fim de explica-la - A busca por essa realidade eacute portanto condicionada

pela compreensatildeo de que a sociedade as leis as poliacuteticas a linguagem as fronteiras disciplinares

a coleta e interpretaccedilatildeo de dados satildeo construiacutedos cultural e socialmente Nesse contexto ruptura

provocaccedilatildeo e formas muacuteltiplas de accedilatildeo satildeo essenciais para colocar essas construccedilotildees a parte

e expor o mundo da forma como ele eacute (GRBICH 2007 p 9) A ideia de significado eacute preferida

agrave de conhecimento jaacute que esse seria aprisionado pelos discursos produzidos para manutenccedilatildeo

do poder e de interesses e para controlar o acesso da populaccedilatildeo a outras explicaccedilotildees (GRBICH

2007 p 9) Ademais esses significados satildeo reconhecidos como criaccedilotildees individuais e necessitam

de interpretaccedilatildeo negociaccedilatildeo e desconstruccedilatildeo (GRBICH 2007 p 10) No acircmbito da pesquisa a

comunicaccedilatildeo interativa torna-se o contexto no qual o significado eacute esclarecido

Dessa forma com base nos debates e reflexotildees apresentados nesta seccedilatildeo atribuiacutemos agrave

nossa investigaccedilatildeo uma ecircnfase qualitativa (STRAUSS CORBIN 2008 STAKE 2011 STAKE

1995 FRAENKEL WALLEN 2003) de vieacutes construtivista interpretativo experiencial situacional e

personaliacutestico (STAKE 2011 GRBICH 2007 p 4 p 8)

De fato em nossa investigaccedilatildeo procuramos compreender as possiacuteveis implicaccedilotildees do uso de

materiais didaacuteticos de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano

como LEL2 considerando natildeo apenas a nossa percepccedilatildeo enquanto pesquisadores mas tambeacutem

o ponto de vista dos professores de liacutengua italiana para estrangeiros em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

participantes da pesquisa

Conforme jaacute mencionado na seccedilatildeo 51 nossa abordagem pressupotildee a concepccedilatildeo de que a

realidade e o conhecimento satildeo construiacutedos por meio da interpretaccedilatildeo que os sujeitos fazem a

99

Consideraccedilotildees sobre a eacutetica na pesquisa

partir da experimentaccedilatildeo do mundo Nesse caso as implicaccedilotildees tomadas aqui como Problemas de

Ensino (ORTALE 2010 p 425) satildeo experienciadas pelos sujeitos participantes em sua praacutetica

de ensino que as percebem por um vieacutes interpretativo e as reconhecem como tal Enquanto

pesquisadores tentamos investigar essa percepccedilatildeo dos sujeitos participantes professores em

serviccedilo e em preacute-serviccedilo de modo a identificar os Problemas de Ensino experienciados e percebidos

considerando tambeacutem a nossa interpretaccedilatildeo Nessa empresa investigativa conforme pressupotildee

uma epistemologia qualitativa de vieacutes construtivista (STAKE 2011 GRBICH 2007 p 4 p 8) os

contextos satildeo fortemente considerados e descritos (FRAENKEL WALLEN 2003 p 430) dado o

seu papel na construccedilatildeo das percepccedilotildees de todos os envolvidos

Buscamos dessa forma por ocorrecircncias (implicaccedilotildees) - bem como por suas eventuais correla-

ccedilotildees nos contextos investigados - e natildeo por relaccedilotildees de causa e efeito em tentativas de mediccedilatildeo de

variaccedilatildeo de qualidade de ensino Tal postura nos aproxima agrave uma praacutetica investigativa interessada

mais na compreensatildeo do que na explicaccedilatildeo o que conforme vimos em Stake (1995 p 37) e

Stake (2011 p 67) representa uma abordagem tipicamente relacionada agrave epistemologia qualitativa

Interessa-nos de fato uma visatildeo holiacutestica (FRAENKEL WALLEN 2003 p 430) um retrato mais

completo das implicaccedilotildees do uso de Material Didaacutetico Virtual Livre nos contextos investigados

Ressaltamos enfim que em nossa investigaccedilatildeo lanccedilamos matildeo de procedimentos e anaacutelises

tiacutepicos de abordagens qualitativas Com efeito utilizamos notas de campo diaacuterios de aula ques-

tionaacuterio aberto registro de conversas por e-mail gravaccedilatildeo em aacuteudio e viacutedeo - instrumentos de

coleta de dados tipicamente qualitativos (BROWN RODGERS 2002 CRESWELL 2010 BOGDAN

BIKLEN 1994 GIBBS 2009 p 12 p 213 p 73 p 17) bem como procedimentos de anaacutelise natildeo

estatiacutesticos ou matemaacuteticos os quais segundo Strauss e Corbin (2008 p 23) atribuem caraacuteter

qualitativo agrave pesquisa

53 Consideraccedilotildees sobre a eacutetica na pesquisa

Diversos pesquisadores e autores (CRESWELL 2010 COHEN MANION MORRISON 2011

GIBBS 2009 BOGDAN BIKLEN 1994 LUDKE ANDREacute 1986 STAKE 2011 GRBICH 2007

FRAENKEL WALLEN 2003 p 116 p 75 p 23 p 75 p 49 p 218 p 207 p 442) que

discorrem sobre abordagens e metodologias qualitativas ressaltam a importacircncia de se considerarem

os aspectos eacuteticos nesse tipo de empreendimento cientiacutefico bem como a de incluir um debate sobre

essa questatildeo no relatoacuterio da pesquisa seja ele uma tese dissertaccedilatildeo ou monografia

Questotildees e dilemas eacuteticos perpassam todas instacircncias de uma investigaccedilatildeo qualitativa (COHEN

MANION MORRISON 2011 p 76) Da escolha do tema agrave apresentaccedilatildeo dos resultados passando

pela coleta e anaacutelise dos dados Cohen Manion e Morrison (2011 p 75) lembram por exemplo da

relaccedilatildeo custo benefiacutecio presente no planejamento de propostas de pesquisas Trata-se de um dilema

que consiste em avaliar os provaacuteveis benefiacutecios sociais de uma pesquisa - como por exemplo privar

a sociedade dos resultados de uma pesquisa que poderia melhorar a condiccedilatildeo humana - em relaccedilatildeo

aos custos pessoais dos participantes - como por exemplo ofensa agrave dignidade embaraccedilo perda de

confianccedila em relaccedilotildees sociais e perda de autonomia (COHEN MANION MORRISON 2011 p 75)

- Segundo Gibbs (2009 p 23) questotildees eacuteticas afetam mais as etapas de planejamento e coleta

100

Consideraccedilotildees sobre a eacutetica na pesquisa

de dados jaacute que envolvem muitas vezes conteuacutedos pessoais e discursos que os informantes natildeo

fariam em outros contextos - tais como criacuteticas e opiniotildees pessoais sobre instituiccedilotildees e terceiros

Em todos os momentos da investigaccedilatildeo de fato o pesquisador qualitativo deveraacute tomar decisotildees

que podem ou natildeo colocar em xeque a sua conduta Observamos que nesta tese natildeo temos a

intenccedilatildeo de explorar a questatildeo da eacutetica na pesquisa qualitativa em todas as suas dimensotildees apesar

de termos consciecircncia de tais nuances e de as termos confrontado naturalmente de um modo ou

de outro em nosso percurso investigativo Privilegiamos em consonacircncia com Gibbs (2009 p 23)

os aspectos que consideramos mais criacuteticos em nossa proposta de pesquisa ou seja os aspectos

relativos ao trato com os sujeitos humanos participantes da investigaccedilatildeo principalmente no que se

refere agrave coleta anaacutelise e publicaccedilatildeo dos dados

Em uma investigaccedilatildeo cientiacutefica a conduta eacutetica estaacute relacionada agrave observaccedilatildeo das normas

relativas aos procedimentos considerados corretos e incorretos por um determinado grupo (BOGDAN

BIKLEN 1994 p 75) ou conselho de eacutetica formado por profissionais das aacutereas de especializaccedilatildeo da

pesquisa (COHEN MANION MORRISON 2011 p 75) A inexistecircncia de um coacutedigo deontoloacutegico

ou mesmo de uma comissatildeo de eacutetica no entanto pode ser compensada sem danos a uma

postura eacutetica aceitaacutevel pela observaccedilatildeo de princiacutepios gerais - como apresentado no QUAD 53 -

de convenccedilotildees para o trabalho de campo (PUNCH 1986 apud BOGDAN BIKLEN 1994 p 76)

ou ateacute mesmo pelos valores pessoais do investigador o qual eventualmente resolveraacute dilemas

eacuteticos com base no que julga serem comportamentos adequados (BOGDAN BIKLEN 1994 p 78)

(FRANKFORT-NACHMIAS NACHMIAS 1992 apud COHEN MANION MORRISON 2011 p 75)

A esse respeito Bogdan e Biklen (1994 p 78) lembram que mesmo a presenccedila de um coacutedigo

deontoloacutegico especiacutefico pode natildeo ser suficiente para a resoluccedilatildeo de dilemas eacuteticos complexos que

podem surgir em pesquisas qualitativas envolvendo sujeitos humanos cabendo ao pesquisador

mais uma vez lanccedilar matildeo dos valores pessoais cuidando para que os sujeitos envolvidos natildeo

sofram danos Antes de tudo conforme nos lembra Creswell (2010 p 232) o pesquisador tem a

obrigaccedilatildeo de respeitar os direitos as necessidades os valores e os desejos dos informantes

Stake (2011 p 223) ressalta a hipoacutetese da existecircncia de uma zona de privacidade a qual seria

relativa e situacional podendo variar de acordo com a pessoa ou circunstacircncia O pesquisador nesse

caso coloca-se em um difiacutecil estado de monitoramento em sua investigaccedilatildeo a fim de encontrar

a zona de privacidade dos sujeitos humanos com os quais trabalha e na qual ele natildeo deve entrar

(STAKE 2011 p 223)

Gibbs (2009 p 23) e Cohen Manion e Morrison (2011 p 77) trazem agrave tona a questatildeo da

relevacircncia do consentimento totalmente informado que consiste em linhas gerais na condiccedilatildeo de

que os participantes devem ser informados sobre o que estaacute em foco na pesquisa sobre o que lhes

aconteceraacute durante e apoacutes o processo (quando for o caso) e sobre o destino dos dados fornecidos

(GIBBS 2009 COHEN MANION MORRISON 2011 p 23 p 80) O princiacutepio do consentimento

totalmente informado se baseia na premissa do direito agrave liberdade e ao exerciacutecio do livre arbiacutetrio

dos sujeitos (COHEN MANION MORRISON 2011 p 77) os quais deveratildeo se sentir livres para

participar ou natildeo da pesquisa

Em nosso estudo conforme jaacute dito nesta seccedilatildeo tivemos o cuidado de observar e prever questotildees

e implicaccedilotildees eacuteticas relacionadas ao trato com os participantes especialmente no que se refere agrave

101

Consideraccedilotildees sobre a eacutetica na pesquisa

Quadro 53 Princiacutepios gerais de eacutetica na pesquisa qualitativa em educaccedilatildeo

1 As identidades dos sujeitos devem ser protegidas para que a informaccedilatildeo queo investigador recolhe natildeo possa causar-lhes qualquer tipo de transtorno ouprejuiacutezo O anonimato deve contemplar natildeo soacute o material escrito mas tambeacutemos relatos verbais de informaccedilatildeo recolhida durante as observaccedilotildees O investiga-dor natildeo deve revelar a terceiros informaccedilotildees sobre os seus sujeitos e deve terparticular cuidado para que a informaccedilatildeo que partilha no local da investigaccedilatildeonatildeo venha a ser utilizada de forma poliacutetica ou pessoal

2 Os sujeitos devem ser tratados respeitosamente e de modo a obter a suacooperaccedilatildeo na investigaccedilatildeo Ainda que alguns autores defendam o uso dainvestigaccedilatildeo dissimulada verifica-se consenso relativo a que na maioria dascircunstacircncias os sujeitos devem ser informados sobre os objetivos da investi-gaccedilatildeo e o seu consentimento obtido Os investigadores natildeo devem mentir aossujeitos nem registrar conversas ou imagens com gravadores escondidos

3 Ao negociar a autorizaccedilatildeo para efetuar um estudo o investigador deve ser claroe expliacutecito com todos os participantes relativamente aos termos do acordo edeve respeitaacute-los ateacute a conclusatildeo do estudo Se aceitar fazer algo como moedade troca pela autorizaccedilatildeo deve manter a sua palavra Se concordar em natildeopublicar os seus resultados deve igualmente manter a palavra dada Dado queos investigadores levam a seacuterio as promessas que fazem deve-se ser realistanas negociaccedilotildees

4 Seja autecircntico quando escrever os resultados Ainda que as conclusotildees a quechega possam por razotildees ideoloacutegicas natildeo lhe agradar e se possam verificarpressotildees por parte de terceiros para apresentar alguns resultados que os dadosnatildeo contemplam a caracteriacutestica mais importante de um investigador deve sera sua devoccedilatildeo e fidelidade aos dados que obteacutem Confeccionar ou distorcerdados constitui o pecado mortal de um cientista

Fonte adaptado de Bogdan e Biklen (1994 p 77)

102

Consideraccedilotildees sobre a validade interna da pesquisa

Quadro 54 Salvaguardas para proteccedilatildeo dos participantes desta pesquisa

1 Os informantes concordaram e cederam ao pesquisador por meio de permissatildeoescrita o direito de coleta anaacutelise e publicaccedilatildeo - em qualquer eacutepoca ou meiode divulgaccedilatildeo - dos dados informados

2 Os informantes concederam uma permissatildeo por escrito (Apecircndice A) cedendoao pesquisador o direito de filmagem e gravaccedilatildeo de aacuteudio

3 O pesquisador concordou por meio de contrato escrito em omitir os dadospessoais dos participantes da pesquisa

4 Os interesses direitos e desejos dos informantes foram considerados emprimeiro lugar quando foram feitas escolhas relativas aos dados (CRESWELL2010 p 223)

5 As interpretaccedilotildees e anaacutelises dos dados cedidos permaneceratildeo disponibilizadaspara os informantes por meio desta tese e de outros canais tais como artigos eapresentaccedilotildees orais em congressos

6 Os participantes foram informados sobre todos os dispositivos e atividadesde coleta de dados Os dados portanto nunca foram coletados sem que osinformantes soubessem

coleta anaacutelise e publicaccedilatildeo dos dados Empregamos para tanto com o objetivo de proteger os

direitos e a privacidade dos informantes as salvaguardas indicadas no QUAD 54

54 Consideraccedilotildees sobre a validade interna da pesquisa

A validade eacute um dos pontos fundamentais de uma pesquisa qualitativa (CRESWELL 2010 p 224)

Preocupar-se com a validade interna em uma pesquisa de cunho qualitativo segundo Creswell e

Miller (2000 apud CRESWELL 2010 p 225) significa determinar se os resultados satildeo precisos

do ponto de vista do pesquisador dos participantes ou dos leitores de um relato O pesquisador

pode fazer essa verificaccedilatildeo lanccedilando matildeo de alguns procedimentos ou estrateacutegias de validade tais

como a triangulaccedilatildeo de diferentes fontes de informaccedilatildeo (CRESWELL 2010 p 226) a verificaccedilatildeo

dos membros a utilizaccedilatildeo de uma descriccedilatildeo rica e densa para a comunicaccedilatildeo dos resultados o

esclarecimento do vieacutes que o pesquisador traz para o estudo a apresentaccedilatildeo das informaccedilotildees

negativas ou discrepacircncias encontradas as quais se opotildeem aos temas a permanecircncia por um

tempo prolongado no campo a revisatildeo por pares e a utilizaccedilatildeo de um auditor externo para examinar

todo o projeto

Em termos operacionais referindo-se agrave validaccedilatildeo interna Creswell (2010 p 226) recomenda a

utilizaccedilatildeo de muacuteltiplas estrateacutegias ndash com o intuito de melhorar a capacidade do pesquisador para

avaliar a precisatildeo dos resultados ndash e a subsequente identificaccedilatildeo e discussatildeo nos relatoacuterios de

103

Consideraccedilotildees sobre a validade interna da pesquisa

pesquisa sobre as estrateacutegias adotadas

Gibbs (2009 p 118) associa a validade agrave busca pela qualidade da pesquisa seja ela qualitativa

ou quantitativa Em pesquisas quantitativas bem como qualitativas de vieacutes realista a validade

estaacute associada agrave uma tentativa de garantir que a anaacutelise esteja o mais proacuteximo possiacutevel do que

estaacute realmente acontecendo Essa preocupaccedilatildeo perde o sentido segundo o autor em pesquisas

qualitativas de vieacutes construtivista - como a nossa - jaacute que elas partem da premissa teoacuterica de que natildeo

existe uma realidade simples para ser verificada com relaccedilatildeo agraves anaacutelises mas sim muacuteltiplas visotildees

e interpretaccedilotildees (GIBBS 2009 p 118) Contudo ressalta Gibbs (2009 p 118) o pesquisador

qualitativo construtivista notaraacute a possibilidade de que em meio a grande variedade de possiacuteveis

descriccedilotildees e interpretaccedilotildees apresentadas pelos pesquisadores poderaacute haver posiccedilotildees claramente

tendenciosas e parciais ou ainda completamente tolas ou equivocadas Dessa forma em anaacutelises

e descriccedilotildees construtivistas [p]ode natildeo haver verdade simples e absoluta mas ainda assim pode

haver erro(GIBBS 2009 p 119)

A questatildeo da triangulaccedilatildeo estaacute tambeacutem fortemente associada agrave ideia de validade conforme

podemos ver em Stake (2011 p 138) e Gibbs (2009 p 120) Segundo Stake (2011 p 138) as

formas mais simples de triangulaccedilatildeo em pesquisas qualitativas consistem em observar inuacutemeras

vezes ver a partir de mais de um acircngulo (GIBBS 2009 p 120) e verificar com os envolvidos

Percebemos que todas elas carregam a ideia essencial de triangulaccedilatildeo como verificaccedilatildeo adicional

Stake (2011 p 139) assumindo uma postura claramente construtivista aprofunda o debate

dizendo que o objetivo da triangulaccedilatildeo vai aleacutem da confirmaccedilatildeo e validaccedilatildeo configurando-se como

uma forma de diferenciaccedilatildeo em uma situaccedilatildeo de ganho muacutetuo A triangulaccedilatildeo nesse caso pode

dar ao pesquisador mais confianccedila para concluir que o significado foi determinado corretamente ou

que seraacute necessaacuterio analisar as diferenccedilas para perceber significados muacuteltiplos e importantes Em

outras palavras

Se a verificaccedilatildeo adicional confirma que percebemos o significado corre-tamente noacutes ganhamos Se a verificaccedilatildeo adicional natildeo confirma podesignificar que existem mais significados para descobrir uma forma diferentede ganhar (STAKE 2011 139)

Dessa forma conforme Stake (2011 p 139) relatos conflitantes entre informantes de uma

pesquisa podem deflagrar a necessidade de identificaccedilatildeo de mais de um grupo Esse seria o caso

por exemplo em que alguns bancaacuterios afirmam que as regras satildeo justas enquanto outros dizem

que as regras satildeo injustas Esse conflito poderia significar - entre outras interpretaccedilotildees - que

bancaacuterios receacutem-contratados ou bancaacuterios que lidam com reclamaccedilotildees veem a questatildeo de forma

diferente (STAKE 2011 p 139)

Fraenkel e Wallen (2003 p 444) em sintonia com Stake (2011 p 139) acrescentam que a

verificaccedilatildeo adicional - ou seja a triangulaccedilatildeo - pode ser feita lanccedilando-se matildeo de instrumentos

de coleta de dados qualitativos e quantitativos Os autores citam como exemplo uma pesquisa

mista (ou seja que mescla teacutecnicas de abordagens qualitativas e quantitativas) envolvendo quatro

professores do ensino meacutedio A fim de obter um retrato do que ocorria cotidianamente em sala de

aula bem como identificar teacutecnicas e comportamentos efetivos dos professores foram utilizados

obervaccedilotildees de campo diaacuterios e entrevistas com os professores e alunos (instrumentos tiacutepicos de

104

Consideraccedilotildees sobre a validade interna da pesquisa

Quadro 55 Estrateacutegias de validaccedilatildeo adotadas nesta pesquisa

Etapa Estrateacutegias

Levantamentode dados

Triangulaccedilatildeo de diferentes fontes de informaccedilatildeoRevisatildeo por pares (peer debriefing)

ApresentaccedilatildeoDescriccedilatildeo rica e densa para comunicar nossos resultadosEsclarecimento do vieacutes que trouxemos para o estudo

pesquisas qualitativas) em conjunto com listas de checagem de performance listas de ranqueamento

e fluxogramas de debates (instrumentos tiacutepicos de pesquisas quantitativas) A triangulaccedilatildeo conforme

observam Fraenkel e Wallen (2003 p 444) ocorreu portanto natildeo apenas entre as observaccedilotildees

diaacuterios e entrevistas com prefessores e alunos Elas envolveram tambeacutem a sua comparaccedilatildeo com

dados quantitativos advindos da anaacutelise das interaccedilotildees em sala de aula e do rendimento dos alunos

Em nossa pesquisa adotamos mais de uma estrateacutegia de validaccedilatildeo - as quais apresentamos no

QUAD 55 - conforme recomendado em Creswell (2010 p 226) Com efeito procuramos fornecer

uma descriccedilatildeo a mais rica possiacutevel dos contextos investigados bem como esclarecer da melhor

maneira possiacutevel o nosso vieacutes investigativo Percebemos que essas estrateacutegias se relacionam -

mas natildeo se restringem - agrave apresentaccedilatildeo dos resultados e anaacutelises da pesquisa Consideramos

que uma descriccedilatildeo rica e densa pressupotildee a relevacircncia do contexto para a compreensatildeo de

anaacutelises qualitativas bem como o vieacutes personaliacutestico inerentes a essas anaacutelises As descriccedilotildees

transportam os leitores para o local e proporcionam agrave discussatildeo um elemento de experiecircncias

compartilhadas(CRESWELL 2010 p 226) O esclarecimento do vieacutes que o pesquisador traz para

o estudo por sua vez segundo Creswell (2010 p 226) cria uma narrativa honesta com os leitores e

abre espaccedilo para a reflexividade ou seja para o que Gibbs (2009 p 119) em acordo com Creswell

(2010 p 226) define como

o reconhecimento de que o produto da pesquisa reflete inevitavelmenteparte das origens e da formaccedilatildeo do meio e das preferecircncias do pesquisa-dor(GIBBS 2009 p 119)

Lanccedilamos matildeo ainda em nosso estudo das estrateacutegias de revisatildeo por pares (peer debriefing)

e de triangulaccedilatildeo as quais estatildeo associadas principalmente agrave coleta de dados Subjaz a essa

estrateacutegia nosso intuito de localizar os pontos de convergecircncia entre os diversos olhares a respeito

do fenocircmeno observado os Problemas de Ensino Com efeito lanccedilamos matildeo - conforme jaacute discutido

nesta seccedilatildeo - de diaacuterios de aula notas de campo questionaacuterios e relatos dos participantes em

forma de e-mail e registro em aacuteudio e viacutedeo A partir dos pontos de vista expressos e percebidos por

meio dessas fontes foi possiacutevel identificar os Problemas de Ensino relativos agrave utilizaccedilatildeo de material

didaacutetico de natureza virtual livre em contexto formal de aprendizagem de italiano L2LE

Dado o vieacutes qualitativo construtivista do nosso estudo empregamos a estrateacutegia de triangulaccedilatildeo

tomando-a como possibilidade de verificaccedilatildeo adicional (GIBBS 2009 STAKE 2011 p 120 p 138)

e como forma de diferenciaccedilatildeo (STAKE 2011 p 139) ou seja considerando a eventual necessidade

de analisar diferenccedilas (entre nossas anaacutelises e o ponto de vista dos sujeitos participantes) a fim de

105

Delimitaccedilatildeo do estudo contextos e estrateacutegias de coleta de dados

reconhecer significados muacuteltiplos e importantes enriquecendo nossa anaacutelise Enfim ao empregar-

mos a triangulaccedilatildeo consideramos a possibilidade de muacuteltiplas interpretaccedilotildees mas tentamos evitar

posicionamentos tendenciosos parciais ou equivocados conforme Gibbs (2009 p 118)

55 Delimitaccedilatildeo do estudo contextos e estrateacutegias de co-

leta de dados

Tivemos como meta de pesquisa conforme jaacute mencionado a investigaccedilatildeo dos Problemas de

Ensino (ORTALE 2010 p 425) relacionados agrave utilizaccedilatildeo de material didaacutetico de natureza virtual

livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano como LEL2 tendo sido o termo

utilizaccedilatildeodesdobrado para fins de pesquisa em utilizaccedilatildeo em sala de aula presencial e produccedilatildeo

A partir desse desdobramento e a fim de alcanccedilar nosso objetivo estabelecemos dois contextos de

coleta de dados - a saber disciplinas de italiano como LEL2 e curso de formaccedilatildeo de professores de

italiano em serviccedilo e em preacute-serviccedilo - os quais representamos respectivamente nos QUADROS 56

e 57

Os Problemas de Ensino relativos ao uso de material didaacutetico de natureza virtual livre em contexto

presencial e formal de ensino-aprendizagem de italiano como LEL2 foram investigados no decorrer

de duas disciplinas de liacutengua italiana oferecidas em niacutevel de graduaccedilatildeo na mesma liacutengua junto agrave

faculdade de Letras de uma universidade puacuteblica do estado de Satildeo Paulo Durante as disciplinas

o professor responsaacutevel por ambas foi convidado a utilizar em determinadas aulas Sequecircncias

Didaacuteticas (SD) virtuais livres - relacionadas ao tema e ao momento da disciplina - elaboradas pelo

pesquisador com a sua colaboraccedilatildeo Dessa forma criamos em conjunto um total de seis (6)

Sequecircncias Didaacuteticas virtuais livres as quais indicamos no QUAD 56 com as referecircncias de SD1

(Sequecircncia Didaacutetica 1) a SD6 (Sequecircncia Didaacutetica 6) Satildeo elas respectivamente Viaggio che

senso ha per te questa parola Un viaggio in bici Mangia che ti fa bene Napoli e i ragazzi Vivere a

modo mio - mi sono trasferita in Germania e Shok culturale 51

Nesse contexto a fim de perceber os eventuais Problemas de Ensino - relativos ao uso de

Material Didaacutetico Virtual Livre em sala de aula presencial - lanccedilamos matildeo de observaccedilatildeo e notas

de campo anaacutelise de diaacutelogos entre o pesquisador e o professor - materializados em forma de

e-mails e trocados durante o periacuteodo de elaboraccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do material didaacutetico anaacutelise de

diaacuterio de aula - redigido pelo professor e questionaacuterios - sendo esses tambeacutem respondidos pelo

professor Vale ressaltar que nossos olhares se dirigiram ao professor e sua praacutetica sem no entanto

desconsiderar o contexto e os outros componentes da sala de aula investigada O QUAD 56 indica

os momentos em que utilizamos essas teacutecnicas de levantamento de dados bem como a frequecircncia

com que o fizemos Observamos que nem sempre foi possiacutevel manter uma frequecircncia regular no

que diz respeito agraves teacutecnicas utilizadas Esse eacute o caso da confecccedilatildeo dos diaacuterios de classe Conforme

mostrado no QUAD 56 houve uma diminuiccedilatildeo da utilizaccedilatildeo desse artefato da Sessatildeo 1 para a

Sessatildeo 3 Isso ocorreu principalmente pela natildeo adaptaccedilatildeo do professor a esse tipo de atividade

51Apresentamos no Apecircndice B as Sequecircncias Didaacuteticas Viaggio che senso ha per te questa parola eUn viaggio in bici

106

Delimitaccedilatildeo do estudo contextos e estrateacutegias de coleta de dados

Aula Obser

vaccedilatilde

oNc

E-mail

s

Diarios

deau

la

Questi

onaacuter

io

Aplica

ccedilatildeo

deSD

Inf

adici

onais

Sessatildeo 117 horas

1 x x x xSD1Viaggio chesenso ha perte questaparola SD2Un viaggio inbiciprogramawordpress

2 x x3 x x x4 x x x5 x x x6 x x x SD17 x x x8 x x x9 x x x10 x x x SD2

Sessatildeo 213 horas

1 x xSD3 Mangiache ti fabene SD4Napoli e iragazziprogramawordpress

2 x x3 x x x4 x x x SD35 x x x6 x x7 x x8 x x SD4

Sessatildeo 325 horas

1 x x

SD5 Viverea modo mio -mi sonotrasferito inGermaniaSD6 ShokCulturaleprogramaEXElearning

2 x x3 x x4 x x5 x x6 x x7 x x SD58 x x9 x x10 x x11 x x12 x x13 x x14 x x15 x x SD6

Quadro 56 Coleta de dados I - utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em contexto dedisciplinas presenciais de italiano como LEL2

107

Delimitaccedilatildeo do estudo contextos e estrateacutegias de coleta de dados

Aula Ativida

des

Av diagn

oacutestic

a

Notas

deca

mpo

Quest

Aberto

Regist

roaacuteu

dio

Regist

roviacuted

eo

Inf

adici

onais

Dimensatildeo formativa do curso Dimensatildeo investigativa coleta de dados

Sessatildeo 120 horas

Preacute-curso

x

1 At1 x x At1 Buscade insumoslivres At2Utilizaccedilatildeo doprograma deautoriaEXElearningAt3ElaboraccedilatildeodeSequecircnciasDidaacuteticas deitaliano LEL2At4 Imple-mentaccedilatildeodasSequecircnciasDidaacuteticas noprograma deautoriaEXElearningAt5Atribuiccedilatildeo delicenccedilaslivres agravesSequecircnciasDidaacuteticasProduzidasmdashmdashmdashApSddApresenta-ccedilatildeo e Sessatildeode debate

2 At2 x x

3At1At2At3

x x x

4

At1At2At3At4

x x x

5

At1At2At3At4At5

x x x

ApSdd x

Sessatildeo 220 horas

Preacute-curso

x

1 At1 x x2 At2 x x x

3At1At2At3

x x x

4

At1At2At3At4

x x x

5

At1At2At3At4At5

x x x

ApSdd x

Quadro 57 Coleta de dados II - produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em contextode curso de formaccedilatildeo de professores de italiano LEL2

108

Delimitaccedilatildeo do estudo contextos e estrateacutegias de coleta de dados

De fato natildeo insistimos em sua confecccedilatildeo a fim de evitar o desconforto do professor-informante

Acrescentamos que o QUAD 56 apresenta trecircs (3) sessotildees de coleta de dados cujos limites

estabelecemos em funccedilatildeo das respectivas aulas de aplicaccedilatildeo das Sequecircncias Didaacuteticas (SD) virtuais

livres - a saber as aulas seis (6) e dez (10) para a sessatildeo 1 as aulas quatro (4) e oito (8) para

a sessatildeo 2 e as aulas sete (7) e quinze (15) para a sessatildeo 3 Dessa forma natildeo obstante as

aproximadas cento e cinquenta (150) horas de observaccedilatildeo de sala de aula que empreendemos

acompanhando as disciplinas em sua integralidade - os dados relativos a esse contexto foram

coletados no intervalo das trecircs (3) sessotildees indicadas no QUAD 56 perfazendo um total aproximado

de cinquenta e cinco (55) horas

Os Problemas de Ensino relacionados agrave produccedilatildeo do Material Didaacutetico Virtual Livre por sua

vez foram observados no contexto de um curso de formaccedilatildeo oferecido em duas ediccedilotildees no acircmbito

de duas universidades puacuteblicas brasileiras - uma no estado de Santa Catarina e outra no estado

de Satildeo Paulo - em que um total aproximado de 25 professores de liacutengua italiana em serviccedilo e em

preacute-serviccedilo foram convidados a produzir Sequecircncias Didaacuteticas (SD) de natureza virtual livre para o

ensino-aprendizagem de italiano como LEL2 52

Em essecircncia o curso de formaccedilatildeo que elaboramos e ministramos teve uma carga-horaacuteria

de 20 horas (cada uma das ediccedilotildees) e foi baseado em uma abordagem de ensino-aprendizagem

construtivista Tivemos como objetivo principal por meio do curso oferecer a oportunidade de

desenvolvimento das principais competecircncias que consideramos necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo de

Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de italiano como LEL2 Satildeo elas

bull buscar e reconhecer insumos livres

bull utilizar e reconhecer programas de autoria livres (ou que gerem formatos livres)

bull elaborar sequecircncias didaacuteticas de italiano como LEL2

bull atribuir licenccedilas livres a sequecircncias didaacuteticas de proacutepria autoria

Propomos a fim de criar oportunidades para o desenvolvimento dessas competecircncias seis

atividades problema nucleares de natureza praacutetica - indicadas no QUAD 57 com as referecircncias

de At1 (Atividade 1) a At6 (Atividade 6) A saber respectivamente Busca de insumos livres

Utilizaccedilatildeo do programa de autoria EXElearning Elaboraccedilatildeo de Sequecircncias Didaacuteticas de italiano

como LEL2 Implementaccedilatildeo das Sequecircncias Didaacuteticas no programa de autoria EXElearning e

Atribuiccedilatildeo de licenccedilas livres agraves Sequecircncias Didaacuteticas (SD) produzidas - com as quais os cursistas se

deparavam gradativa e cumulativamente em uma dinacircmica espiral conforme indicamos na Figura

51 Acrescentamos que os participantes foram motivados desde o iniacutecio do curso por uma questatildeo

problema cujo desafio consistia em elaborar uma Sequecircncia Didaacutetica (SD) virtual livre para o ensino

de liacutengua italiana considerando um contexto de ensino-aprendizagem dessa liacutengua com o qual o

cursista (ou grupo de cursistas) jaacute trabalhavam ou jaacute tinha trabalhado Adotamos essa estrateacutegia a

fim de balizar as atividades e trazer significado e tom personaliacutestico para a produccedilatildeo de Sequecircncias

Didaacuteticas sugerida

52Apresentamos no Apecircndice B algumas das Sequecircncias Didaacuteticas produzidas durante os cursos

109

Delimitaccedilatildeo do estudo contextos e estrateacutegias de coleta de dados

Figura 51 Dinacircmica de curso experimentaccedilatildeo gradativa e cumulativa de atividadesproblema nucleares

Utilizamos nesse caso como estrateacutegias de coleta de dados para a percepccedilatildeo dos eventuais

Problemas de Ensino relativos agrave produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de italiano

como LEL2 gravaccedilotildees em viacutedeo e aacuteudio questionaacuterio aberto e notas de campo - conforme indicado

no QUAD 57 Registramos em aacuteudio as interaccedilotildees entre os participantes em seus grupos de

trabalho nos momentos em que as atividades relacionadas agrave produccedilatildeo do Material Didaacutetico Virtual

Livre (At1 a At6) ocorriam Esse registro gerou um total aproximado de cinquenta e nove (59) horas

- sendo vinte e sete (27) horas na sessatildeo 1 e trinta e duas (32) horas na sessatildeo 2 Gravamos em

viacutedeo o momento da apresentaccedilatildeo do material didaacutetico produzido pelos professores-cursistas bem

como a subsequente sessatildeo de reflexatildeo e debate coletivo sobre trabalho - a qual referenciamos

no QUAD 57 como ApSdd (Apresentaccedilatildeo e sessatildeo de debate) Essa gravaccedilatildeo resultou em um

total de aproximado de uma hora e quarenta minutos (140mim) - sendo aproximadamente cinquenta

minutos (50mim) para cada uma das sessotildees Cabe relatar que esse momento de apresentaccedilatildeo

dos trabalhos concluiacutedos - ou seja de Sequecircncias Didaacuteticas virtuais livres de italiano como LEL2 -

aconteceu ao final do curso e que as reflexotildees foram fruto da interaccedilatildeo entre o pesquisador e os

participantes depois de cada apresentaccedilatildeo Durante todo o curso em consonacircncia com Ortale (2010

p 425) pedimos ainda que os participantes relatassem em forma de texto escrito as dificuldades

ou problemas que estavam enfrentando durante a produccedilatildeo do Material Didaacutetico Virtual Livre e como

estavam solucionando essas dificuldades ou problemas Esses relatos foram documentados em

forma de e-mail e motivados por meio de questionaacuterio aberto dirigido aos cursistas

Observamos enfim que tal qual no contexto de utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre -

QUAD 56- as estrateacutegias de coleta de dados natildeo foram utilizadas com uma frequecircncia regular

Citamos por exemplo o registro em aacuteudio representado no QUAD 57 o qual foi utilizado da aula

trecircs (3) a cinco (5) na sessatildeo um (1) e da aula dois (2) a cinco (5) na sessatildeo dois (2) Tambeacutem

nesse caso tivemos o cuidado de utiliza-lo de modo a respeitar o conforto dos informantes

110

Capiacutetulo 6

Perfil dos informantes

Neste capiacutetulo apresentamos o perfil dos informantes que participaram de nossa pesquisa Conforme

discutido no capiacutetulo 5 desta tese referimos-nos a um professor de liacutengua italiana do ensino superior

puacuteblico brasileiro - cuja praacutetica de sala de aula envolvendo a utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual

Livre investigamos - e dois grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo participantes do

curso de formaccedilatildeo - sendo esses envolvidos com a produccedilatildeo desse tipo de material didaacutetico no

acircmbito de nossa pesquisa

O levantamento foi realizado com o auxiacutelio de questionaacuterios associados a observaccedilatildeo e anaacutelises

documentais quando necessaacuterio Os questionaacuterios foram respondidos antes dos respectivos periacuteo-

dos de observaccedilatildeo acompanhamento e levantamento de dados Em outras palavras realizamos

uma avaliaccedilatildeo diagnoacutestica direcionada ao professor e aos dois grupos de professores em serviccedilo e

em preacute-serviccedilo Em linhas gerais buscamos investigar por meio dos questionaacuterios - e eventual-

mente das observaccedilotildees e anaacutelises documentais - a familiaridade dos participantes no que se refere

ao uso de novas tecnologias - bem como aspectos do seu letramento digital da sua praacutetica de sala

de aula de seus haacutebitos habilidades e competecircncias relativas agrave produccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de material

didaacutetico para o ensino de liacutenguas e dos respectivos contextos de utilizaccedilatildeo do Material Didaacutetico

Virtual Livre - no acircmbito de realizaccedilatildeo de nossa pesquisa - quando pertinente

Cabe mencionar que lanccedilamos matildeo de recursos matemaacuteticos simples em nossa tentativa de

delinear o perfil dos dois grupos envolvidos com a produccedilatildeo De fato em detrimento ao perfil pessoal

do professor do ensino superior puacuteblico envolvido com a utilizaccedilatildeo do material didaacutetico focalizamos o

seu perfil enquanto grupo Consideramos que a utilizaccedilatildeo de recursos matemaacuteticos nesse contexto

natildeo contradiz nossa proposta metodoloacutegica discutida no capiacutetulo 5 Com efeito tais recursos foram

utilizados com o objetivo de melhor compreender o perfil dos grupos de professores ou seja de uma

fraccedilatildeo do conjunto total dos informantes As anaacutelises dos Problemas de Ensino por sua vez foram

feitas a partir de um prisma qualitativo As seccedilotildees subsequentes apresentam respectivamente

nossa anaacutelise sobre o perfil do professor e dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

111

Perfil do professor do ensino superior puacuteblico

61 Perfil do professor do ensino superior puacuteblico

Em nossa avaliaccedilatildeo diagnoacutestica bem como em nossas observaccedilotildees de campo e anaacutelise documental

- materializada em registro de troca de mensagens eletrocircnicas entre o pesquisador e o professor

- consideramos pertinente focalizar especialmente dois aspectos do perfil do professor a sua

familiaridade com a utilizaccedilatildeo de novas tecnologias em sala de aula - especialmente o computador -

e a sua maneira de apropriaccedilatildeo e uso de material didaacutetico tambeacutem em sala de aula Os debates

desta seccedilatildeo giram em torno desses dois eixos Consideramos oportuno destacar que o professor de

liacutengua italiana informante de nossa pesquisa possui experiecircncia de mais de 15 (quinze) anos com

o ensino dessa liacutengua em contexto formal superior puacuteblico brasileiro

No que se refere ao primeiro aspecto percebemos que o professor eventualmente utiliza o

computador em sala de aula visando sobretudo o acesso agrave internet Desse modo presenciamos

em nossa observaccedilatildeo de campo pelo menos duas atividades espontaneamente elaboradas por

esse profissional envolvendo pesquisa agrave rede mundial de computadores por parte dos alunos

Percebemos contudo que o professor parece considerar que natildeo possui familiaridade com o uso do

computador e de determinados recursos da Internet conforme excerto destacado abaixo Trata-se

de uma mensagem do professor destinada ao pesquisador em que se discute o uso de um blog

como suporte agraves atividades a serem realizadas em sala de aula

acabei de olhar o blog e amanhatilde gostaria que me explicasse algumasquestotildees teacutecnicas pois sou muito ignorante no assunto [] seria umaespeacutecie de moodle mais ou menos isso natildeo Achei muito interessante e estou gostando da ideia da mudanccedila mesmo

Professor informante

Ainda sobre o excerto destacamos que a ideia de mudanccedila proferida pelo informante refere-se agrave

sua concepccedilatildeo de que precisa utilizar mais o computador e a Internet em suas aulas

Em relaccedilatildeo agrave questatildeo da apropriaccedilatildeo do material didaacutetico em sala de aula percebemos que o

professor tem o haacutebito de adotar um livro didaacutetico em suas disciplinas de liacutengua italiana Segundo ele

- conforme observamos no excerto de seu relato a seguir - esse artefato carrega o aspecto positivo

de auxiliar tanto o professor quanto os aprendizes - sobretudo os iniciantes - no que se refere agrave

organizaccedilatildeo da aula e dos estudos - respectivamente - na medida em que permite a visualizaccedilatildeo

sequencial do programa e do conteuacutedo do curso Nas palavras do professor informante

Acredito que seja fundamental para os niacuteveis iniciais ter como apoio umlivro didaacutetico a fim de auxiliar os alunos a visualizarem a sequecircncia doprograma proposto [] o referido livro auxilia o professor a encaminhar oprograma

Professor informante

Ademais para ele o uso do livro didaacutetico desencadeia um sentimento de seguranccedila no decorrer de

sua praacutetica de sala de aula conforme percebemos em seu relato Trata-se de um artefato incompleto

Eu particularmente sinto-me mais seguro e me organizo melhor tendo umlivro como apoio

112

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

Professor informante

Natildeo obstante tais caracteriacutesticas notamos que o professor se apropria do livro didaacutetico amparado

pela concepccedilatildeo de que se trata de um artefato incompleto e nem sempre compatiacutevel com as

demandas reais locais do contexto de ensino-aprendizagem em que se insere Como tal cabe ao

professor adaptaacute-lo e ateacute subverter a proposta dos autores quando achar necessaacuterio Em adiccedilatildeo

notamos que o professor carrega a noccedilatildeo de que subverter o livro didaacutetico - evitando um esquema

de aula repetitivo - pode significar a oferta de um curso mais motivador para os aprendizes De fato

em suas palavras

Faz-se necessaacuteria a adoccedilatildeo de materiais complementares pois um livronunca esgota todas as possibilidades Ademais ha a especificidade de cadagrupo e o professor tem que ter a sensibilidade de adequar as atividades[] muitas vezes as unidades natildeo satildeo seguidas [pelo professor] da formaproposta [] Outro ponto eacute a necessidade de constante motivaccedilatildeo seo esquemase repete de forma ininterrupta as aulas e o ritmo tornam-secansativos

Professor informante

Entre os materiais complementares utilizados pelo professor informante estatildeo livros sobre a cultura

alvo materiais elaborados por outros professores - e adaptados agraves necessidades locais muacutesicas

filmes e leituras diversas

Consideramos pertinente concluir que o professor informante possui vasta experiecircncia com

ensino de italiano em contexto formal superior puacuteblico brasileiro que possui pouco familiaridade

com o uso de computador e da Internet utilizando-os eventualmente em sua praacutetica de sala de

aula e que se apropria do livro didaacutetico considerando-o de grande valia no que se refere ao aspecto

organizativo do empreendimento de ensino e aprendizagem mas que deve ser complementado

adaptado e as vezes subvertido de modo a corresponder agraves demandas locais

62 Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-

serviccedilo

Nesta seccedilatildeo conforme anunciado discutimos os resultados da avaliaccedilatildeo diagnoacutestica que realizamos

junto aos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo de liacutengua italiana participantes de

nossa pesquisa com o intuito de estabelecer o seu perfil Analisamos especificadamente os

graacuteficos obtidos a partir de suas respostas Nossa investigaccedilatildeo perpassou trecircs aacutereas as quais

consideramos pertinentes com as demandas - ou seja habilidades e competecircncias - relativas agrave

produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre Satildeo elas a experiecircncia com ensino de italiano os

haacutebitos de planejamento de aulas e de apropriaccedilatildeo do material didaacutetico e o letramento digital Aleacutem

de nossas anaacutelises distribuiacutedas nas proacuteximas subseccedilotildees formulamos um quadro esquemaacutetico por

meio do qual apresentamos o perfil predominante dos grupos 1 e 2 Trata-se do QUAD 61

Consideramos oportuno ressaltar que estamos sintonizados com as concepccedilotildees de Buzato

(2006a apud BUZATO 2006b) Buzato (2006b) e Romero (2008) a respeito da noccedilatildeo de letramento

113

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

Quadro 61 Perfil predominante dos grupos 1 e 2

Grupo 1 Grupo 2

Experiecircncia com ensino de italianoExperiecircncia 1 Sim SimContextos de atuaccedilatildeo predominante 2 Extensatildeo universi-

taacuteriaEscola de idiomas

Haacutebitos de planejamento de aulas e de apropriaccedilatildeo do material didaacutetico 2

Haacutebito predominante de preparaccedilatildeode aulas

Consulta a materi-ais didaacuteticos alter-nativos

Consulta a manu-ais do professor

Haacutebito predominante de produccedilatildeo dematerial didaacutetico

Seleccedilatildeo defragmentos de ma-teriais de autoriade terceiros comocomplemento aolivro didaacutetico

Seleccedilatildeo defragmentos de ma-teriais de autoriade terceiros comocomplemento aolivro didaacutetico

Recursos da Internet predominante-mente utilizados na praacutetica de sala deaula

E-mail e paacuteginaweb

E-mail e paacuteginaweb

Letramento digital 1

Recursos para utilizaccedilatildeo dos quais amaioria dos participantes se declaracompetente

E-mail e redes so-ciais

E-mail e redes so-ciais

Artefatos para editoraccedilatildeo dos quais amaioria dos participantes se declaracompetente

Texto eslide e ima-gem

Texto

Experiecircncia predominante com insta-laccedilatildeo de software

Sem experiecircnciae sem noccedilatildeo decomo se faz

Pelo menos umavez

Experiecircncia predominante com utiliza-ccedilatildeo de Ambientes Virtuais de Apren-dizagem

Como aluno(a) emcurso presencial

Como aluno(a) emcurso presencial

Experiecircncia predominante com insta-laccedilatildeo de Ambientes Virtuais de Apren-dizagem

Inexistente Quase inexistente

1 Nuacutemero total de respondentes 21 para o grupo 1 e 11 para o grupo 22 Nuacutemero total de respondentes com experiecircncia docente 16 para o grupo 1 e 10 para o grupo 2 Diferenccedilas entre os valores totais natildeo significativas no que se refere ao perfil predominante dos grupos

114

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

digital quando abordamos esse aspecto em nossa avaliaccedilatildeo diagnoacutestica Dessa forma concordamos

com a concepccedilatildeo de Buzato (2006a apud BUZATO 2006b p 16) quando diz que

Letramentos digitais (LDs) satildeo conjuntos de letramentos (praacuteticas sociais)que se apoiam entrelaccedilam e apropriam muacutetua e continuamente por meiode dispositivos digitais para finalidades especiacuteficas tanto em contextossocioculturais geograficamente e temporalmente limitados quanto naquelesconstruiacutedos pela interaccedilatildeo mediada eletronicamente (BUZATO 2006aapud BUZATO 2006b p 16)

Em adiccedilatildeo concordamos com Buzato (2006b p 8) quando acrescenta dois corolaacuterios a essa

definiccedilatildeo Satildeo eles

Corolaacuterio 1 Por reunirem conjuntos de coacutedigos modali-dades e tecnologias que se entrelaccedilam osLDs satildeo inevitavelmente hiacutebridos e instaacuteveistemporalmente de modo que a condiccedilatildeode letrado digitalestaacute sempre restrita a mo-mentos e finalidades especiacuteficas

Corolaacuterio 2 Por serem praacuteticas sociais e natildeo variaacuteveisautocircnomas os letramentos digitais tanto afe-tam as culturas e os contextos nos quaissatildeo introduzidos ou que ajudam a constituirquanto por eles satildeo afetados de modo queseus efeitossociais e cognitivos variaratildeoem funccedilatildeo dos contextos socioculturais efinalidades envolvidos na sua apropriaccedilatildeo(BUZATO 2006b p 8)

Concordamos enfim com Romero (2008 p 237) quando associa a competecircncia tecnoloacutegica

ao letramento digital - lembrando que essa competecircncia estaacute relacionada agrave aquisiccedilatildeo de habilidades

para a promoccedilatildeo da integraccedilatildeo das tecnologias no processo de ensino-aprendizagem - e quando

conforme destacam Garcia et al (2011 p 83) descreve trecircs competecircncias que o professor que

trabalha com novas tecnologias deve apresentar Satildeo elas as competecircncias tecnoloacutegicas didaacuteticas

e tutoriais - descritas no QUAD 62

621 Experiecircncia com ensino de italiano

Conforme os graacuteficos apresentados no QUAD 63 observamos que a maioria dos participantes

dos grupos 1 e 2 possuem experiecircncia com o ensino de liacutengua italiana Referimos-nos a 76 dos

membros do grupo 1 e 91 dos membros do grupo 2 53 Percebemos ainda por meio dos graacuteficos

apresentados no QUAD 64 que essa experiecircncia se refere predominantemente aos contextos

53O nuacutemero total de respondentes estaacute indicado em cada um dos graacuteficos apresentados nesta seccedilatildeo Nessecaso consideramos 21 respondentes para o grupo 1 e 11 para o grupo 2 ou seja o total de respondentes comou sem experiecircncia como professor(-a) Decidimos omitir o nuacutemero total de respondentes de nossas anaacutelisestextuais visando tornaacute-las mais claras e menos redundantes Percebemos que as variaccedilotildees apresentadas aose considerarem ora todos os respondentes ora os participantes com experiecircncia docente natildeo implica emdiferenccedilas significativas no que se refere ao perfil predominante dos grupos

115

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

Quadro 62 Competecircncias tecnoloacutegicas conforme Romero (2008)

Competecircncias tecnoloacutegicas Domiacutenio de ferramentas de cria-ccedilatildeo e aplicaccedilotildees com o uso da in-ternet

Competecircncias didaacuteticas Capacidade de criar materiais eproduzir tarefas relevantes para osalunos de adaptaccedilatildeo a novos for-matos e processos de ensino deproduccedilatildeo de ambientes direciona-dos agrave autorregulaccedilatildeo por parte doaluno e utilizaccedilatildeo de muacuteltiplos re-cursos e possibilidades de explo-raccedilatildeo

Competecircncias tutoriais Habilidades de comunicaccedilatildeo men-talidade aberta para novas pro-postas e sugestotildees capacidadede adaptaccedilatildeo a caracteriacutesticase condiccedilotildees dos alunos e paraacompanhar o processo de ensino-aprendizagem do aluno

Fonte adaptado de Garcia et al (2011 p 83)

116

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

de extensatildeo universitaacuteria - para o grupo 1 - e escola de idiomas - para o grupo 2 De fato 88

dos participantes com experiecircncia do grupo 1 declarou a extensatildeo universitaacuteria como contexto

de atuaccedilatildeo enquanto 100 dos informantes - ou seja professores com experiecircncia - do grupo 2

declarou a escola de idiomas Vale observar que em ambos os grupos a experiecircncia em contexto

de aula particular individual aparece em segundo lugar tendo sido declarada respectivamente por

44 dos membros com experiecircncia do grupo 1 e por 80 tambeacutem dos membros com experiecircncia

do grupo 2

Consideramos plausiacutevel concluir a partir dos dados observados que ambos os grupos apre-

sentam perfil marcado pela experiecircncia com ensino de liacutengua italiana sendo essa relacionada

sobretudo a cursos livres - ou seja cursos de extensatildeo universitaacuteria e escolas de idiomas

622 Haacutebitos de planejamento de aulas e de apropriaccedilatildeo do material

didaacutetico

Em nossa anaacutelise dos graacuteficos apresentados pelos quadros 65 66 e 67 percebemos trecircs aspectos

proeminentes O primeiro se refere ao haacutebito de utilizar-se da pesquisa durante a preparaccedilatildeo das

aulas declarado pela maioria dos respondentes dos grupos 1 e 2 Conforme indicam os graacuteficos

contidos no QUAD 65 enquanto 88 dos respondentes com experiecircncia de ensino do grupo 1

afirma ver a proposta do mesmo assunto da aula em outros materiais 70 da mesma categoria de

respondentes do grupo 2 afirma ler manuais do professor durante essa tarefa O segundo aspecto

consiste no fato de que para a maior parte dos informantes com experiecircncia em ensino de italiano

de ambos os grupos a atividade de produccedilatildeo de material didaacutetico significa seleccedilatildeo de fragmentos ou

atividades de materiais didaacuteticos de autoria de terceiros sendo essa produccedilatildeo realizada com o intuito

de complementar um livro didaacutetico adotado Referimos-nos a 50 para o grupo 1 e 50 para o grupo

2 conforme o QUAD 66 O terceiro aspecto enfim refere-se agrave utilizaccedilatildeo de recursos da Internet

em sala de aula Com base nos graacuteficos apresentados pelo QUAD 67 consideramos plausiacutevel

dizer que a utilizaccedilatildeo de recursos da Internet eacute uma realidade para os respondentes - professores

com experiecircncia - dos grupos 1 e 2 Entre os recursos mais utilizados por ambos os grupos estatildeo

o e-mail e a paacutegina web Tais recursos de acordo com os graacuteficos alternam-se em primeiro e

segundo lugar de forma destacada dos demais nos grupos 1 e 2 Com efeito enquanto 81 dos

respondentes com experiecircncia de ensino do grupo 1 afirma utilizar o e-mail e 69 do mesmo grupo

declara utilizar a paacutegina web 70 dos respondentes da mesma categoria pertencentes ao grupo 2

dizem utilizar esse e 60 aquele

Quadro 63 Experiecircncia com ensino de italiano - grupos 1 e 2

Grupo 121 respondentes

76Sim24Natildeo

0 50 100

Grupo 211 respondentes

91Sim9Natildeo

0 50 100

117

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

Quadro 64 Contextos de ensino relativos agrave experiecircncia dos participantes - grupos 1 e 2

Grupo 116 respondentes 1

13Escola de idiomas38Aula particular - a partir de 2 alunos44Aula particular - individual

88Extensatildeo universitaacuteria13Ensino infantil13Ensino baacutesico

6Ensino meacutedio13Ensino superior

6Outros0 50 100

Grupo 210 respondentes 2

100Escola de idiomas10Aula particular - a partir de 2 alunos

80Aula particular - individual40Extensatildeo universitaacuteria

20Ensino infantil10Ensino baacutesico

0Ensino meacutedio0Ensino superior

20Outros0 50 100

1 Nuacutemero total de respondentes com experiecircncia como professor(-a) do grupo 12 Nuacutemero total de respondentes com experiecircncia como professor(-a) do grupo 2 Em ambos os grupos os respondentes puderam marcar mais de uma opccedilatildeo

118

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

Quadro 65 Haacutebitos de preparaccedilatildeo de aulas - grupos 1 e 2

Grupo 116 respondentes 1

1 Leio manuais do professor

2 Vejo a proposta do mesmo assunto da aula em outros mat

3 Procuro materiais ou seq didaacuteticas prontas na Internet

4 Consulto falantes nativos - pessoalmente ou pela Internet

5 Troco ideias com outros professores(-as)

6 Preparo minhas aulas sozinho(-a)

7 Natildeo tenho experiecircncia como professor(-a)

--

311882

313194

445566

257

0 50 100

Grupo 210 respondentes 2

1 Leio manuais do professor

2 Vejo a proposta do mesmo assunto da aula em outros mat

3 Procuro materiais ou seq didaacuteticas prontas na Internet

4 Consulto falantes nativos - pessoalmente ou pela Internet

5 Troco ideias com outros professores(-as)

6 Preparo minhas aulas sozinho(-a)

7 Natildeo tenho experiecircncia como professor(-a)

--

701502503

404405

606107

0 50 100

1 Nuacutemero total de respondentes com experiecircncia como professor(-a) do grupo 12 Nuacutemero total de respondentes com experiecircncia como professor(-a) do grupo 2 Em ambos os grupos os respondentes puderam marcar mais de uma opccedilatildeo

Parece-nos pertinente dizer que - de forma predominante no que se refere aos haacutebitos de

planejamento de suas aulas e de apropriaccedilatildeo do material didaacutetico - ambos os grupos apresentam o

haacutebito de realizar pesquisas a materiais de autoria de terceiros durante o planejamento das aulas

que ambos os grupos satildeo marcados pelo haacutebito de produccedilatildeo de material didaacutetico sendo essa

atividade para os dois grupos caracterizada como anaacutelise e seleccedilatildeo de fragmentos ou atividades

de materiais didaacuteticos de autoria de terceiros - e sendo tal seleccedilatildeo realizada com o intuito de

complementar a utilizaccedilatildeo de um livro didaacutetico e que emfim a utilizaccedilatildeo de recursos da rede

mundial de computadores para os dois grupos eacute uma realidade sendo o e-mail e a paacutegina web os

recursos mais utilizados pelos respondentes

Cabe acrescentar que consideramos plausiacutevel - diante do exposto sobre o cenaacuterio de produccedilatildeo

de material didaacutetico experienciado pelos respondentes do grupo 1 e 2 - extrapolar os dados e

sugerir que esse cenaacuterio pode indicar que os respondentes - sobretudo do grupo 1 cuja maioria

dos participantes declarou consultar outros materiais didaacuteticos sobre o mesmo assunto de sua aula -

carregam a noccedilatildeo de que o livro didaacutetico de per si natildeo eacute suficiente para corresponder as demandas

locais - o que incentiva a complementaccedilatildeo declarada como habitual para a maioria dos informantes

conforme os graacuteficos apresentados no QUAD 66

119

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

Quadro 66 Haacutebitos de produccedilatildeo de material didaacutetico - grupos 1 e 2

Grupo 116 respondentes 1

1 Produzo o material didaacutetico que utilizo-sou autor(a) do mat

2 Produzo o mat didaacutetico que utilizo-natildeo sou autor(a) seleciono e organizo

trechos de mat de terceiros

3 Utilizo somente livros didaacuteticos-ou apostilas de autoria de terceiros-incluindo

CDs DVDs etc

4 Utilizo livros didaacuteticos e complemento com material extra - geralmente de

minha autoria

5 Utilizo liv didaacuteticos e complemento com mat extra - geralmente fragmentos

ou atividades de terceiros

6 Natildeo tenho experiecircncia como professor(a)

61

382

03

134

505

256

0 50 100

Grupo 210 respondentes 2

1 Produzo o material didaacutetico que utilizo-sou autor(a) do mat

2 Produzo o mat didaacutetico que utilizo-natildeo sou autor(a) seleciono e organizo

trechos de mat de terceiros

3 Utilizo somente livros didaacuteticos - ou apostilas de autoria de terceiros-

incluindo CDs DVDs etc

4 Utilizo livros didaacuteticos e complemento com material extra-geralmente de

minha autoria

5 Utilizo liv didaacuteticos e complemento com mat extra-geralmente fragmentos

ou atividades de terceiros

6 Natildeo tenho experiecircncia como professor(a)

101

02

203

204

505

106

0 50 100

1 Nuacutemero total de respondentes com experiecircncia como professor(-a) do grupo 12 Nuacutemero total de respondentes com experiecircncia como professor(-a) do grupo 2 Em ambos os grupos os respondentes puderam marcar mais de uma opccedilatildeo

120

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

623 Letramento Digital

A partir de nossa leitura dos graacuteficos apresentados pelos quadros 68 69 610 e 611 percebemos

quatro caracteriacutesticas predominantes relativas ao letramento digital dos professores em serviccedilo e

em preacute-serviccedilo componentes dos grupos 1 e 2 Em primeiro lugar percebemos que os participantes

de ambos os grupos parecem ter familiaridade com a utilizaccedilatildeo de recursos da rede mundial de

computadores Com efeito de acordo com os graacuteficos apresentados por meio do QUAD 68 quase

a totalidade dos respondentes dos grupos 1 e 2 declarou saber utilizar pelo menos dois dos recursos

anunciados o e-mail e as redes sociais Dessa forma enquanto 100 dos respondentes do

grupo 1 declarou saber utilizar o e-mail e 90 declarou saber utilizar as redes sociais 91 dos

respondentes do grupo 2 declarou saber utilizar tanto um quanto o outro Chamou-nos agrave atenccedilatildeo

tambeacutem com relaccedilatildeo aos mesmos graacuteficos o fato de que a maioria dos respondentes de ambos

os grupos declarou saber utilizar outros recursos Com relaccedilatildeo ao grupo 1 destacamos que 62

dos participantes declarou saber utilizar o blog e 57 a paacutegina web No que se refere ao grupo 2

ressaltamos que 73 dos respondentes declarou saber utilizar o motor de buscas e a paacutegina web

enquanto 55 declarou saber utilizar o blog

Em segundo lugar percebemos que os informantes estatildeo tambeacutem familiarizados com a editora-

ccedilatildeo digital tendo sido a experiecircncia com ediccedilatildeo de textos digitais a que mais se destacou em ambos

os grupos De fato de acordo com os graacuteficos apresentados no QUAD 69 86 dos respondentes

do grupo 1 e 73 do grupo 2 declarou ter experiecircncia com ediccedilatildeo de textos em formato digital

Notamos tambeacutem a partir de nossa leitura dos mesmos graacuteficos que a experiecircncia com editoraccedilatildeo

de eslides em formato digital e de imagens - tambeacutem em formato digital - apareceu em segundo

e terceiro lugares respectivamente tambeacutem para ambos os grupos tendo sido de modo mais

expressivo no que se refere ao grupo 1 De fato enquanto 67 dos respondentes do grupo 1

declarou ter experiecircncia com editoraccedilatildeo de eslides e 62 com a editoraccedilatildeo de imagens 36 dos

respondentes do grupo 2 declarou ter experiecircncia com editoraccedilatildeo de eslides e 27 com editoraccedilatildeo

de imagens

Em terceiro lugar notamos que os informantes dos grupos 1 e 2 parecem ter pouca familiaridade

com a instalaccedilatildeo de software tendo o grupo 2 declarado maior experiecircncia com essa tarefa De fato

conforme os graacuteficos apresentados pelo QUAD 610 a maior parte dos respondentes do grupo 1 -

ou seja 38 - declarou nunca ter instalado um software natildeo tendo ideia de como se executa essa

tarefa No que se refere ao grupo 2 73 dos informantes declarou ter instalado algum software pelo

menos uma vez

Em quarto lugar - e de modo natildeo menos importante - percebemos - a partir de nossa anaacutelise

dos graacuteficos apresentados no QUAD 611 - dois aspectos que merecem atenccedilatildeo O primeiro deles

se refere agrave utilizaccedilatildeo de Ambientes Virtuais de Aprendizagem e o segundo agrave experiecircncia com a

instalaccedilatildeo desse tipo de sistema de software Em ambos os grupos se destaca a experiecircncia de

utilizaccedilatildeo de Ambientes Virtuais de Aprendizagem como aluno(a) em sala de aula presencial sendo

esse uso marcado de forma mais expressiva no grupo 1 De fato conforme os graacuteficos apresentados

no QUAD 611 enquanto 57 dos respondentes desse grupo declarou ter tido essa experiecircncia

27 dos informantes do grupo 2 fez a mesma declaraccedilatildeo Cabe ressaltar que essa utilizaccedilatildeo por

parte do grupo 2 se destaca perante as demais no mesmo graacutefico - a saber utilizaccedilatildeo como aluno

121

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

Quadro 67 Utilizaccedilatildeo de recursos da Internet na praacutetica de sala de aula - grupos 1 e 2

Grupo 116 respondentes 1

81E-mail44Blog

38Motor de buscas69Paacutegina web

6Microblog25Redes sociais

0Programas de autoria6Sistemas wiki

25Natildeo tenho experiecircncia como professor(-a)44Outros

0 50 100Grupo 2

10 respondentes 2

60E-mail10Blog

50Motor de buscas70Paacutegina web

0Microblog10Redes sociais10Programas de autoria

0Sistemas wiki10Natildeo tenho experiecircncia como professor(-a)

20Outros0 50 100

1 Nuacutemero total de respondentes com experiecircncia como professor(-a) do grupo 12 Nuacutemero total de respondentes com experiecircncia como professor(-a) do grupo 2 Em ambos os grupos os respondentes puderam marcar mais de uma opccedilatildeo

122

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

Quadro 68 Competecircncia relativa agrave utilizaccedilatildeo de recursos da Internet - grupos 1 e 2

Grupo 121 respondentes 1

100E-mail62Blog

29Motor de buscas57Paacutegina web

24Microblog90Redes sociais

0 50 100Grupo 2

11 respondentes 2

91E-mail55Blog

73Motor de buscas73Paacutegina web

27Microblog91Redes sociais

0 50 1001 Nuacutemero total de respondentes do grupo 12 Nuacutemero total de respondentes do grupo 2

Em ambos os grupos os respondentes puderam marcar mais de uma opccedilatildeo

em cursos a distacircncia 9 utilizaccedilatildeo como professor em cursos a distacircncia 0 e utilizaccedilatildeo como

professor em cursos presenciais 18 - ainda que natildeo seja tatildeo saliente quanto o mesmo item do

grupo 1 Quanto agrave instalaccedilatildeo desse tipo de sistema de software ambos os grupos parecem ter

pouca ou nenhuma experiecircncia Dessa forma de acordo com os mesmos graacuteficos apresentados

no QUAD 611 24 dos respondentes do grupo 1 e 64 dos informantes do grupo 2 declarou

nunca ter realizado essa tarefa Vale observar que essa anaacutelise corrobora a interpretaccedilatildeo relativa agrave

experiecircncia com instalaccedilatildeo de software discutida nesta seccedilatildeo e ancorada nos graacuteficos apresentados

no QUAD 610

Consideramos plausiacutevel enfim dizer que - em relaccedilatildeo ao letramento digital - os informantes

majoritariamente possuem familiaridade com a utilizaccedilatildeo de recursos da Internet declarando

competecircncia para uso de uma gama deles - sobretudo e-mail redes sociais blogs paacuteginas web

e motores de busca e possuem experiecircncia e familiaridade com a editoraccedilatildeo digital de artefatos

diversos - sobretudo textos eslides e imagens Esses mesmos informantes no entanto possuem

de forma predominante experiecircncia com Ambientes Virtuais de Aprendizagem apenas do ponto de

vista do usuaacuterio-aluno(a) e apresentam pouca ou nenhuma competecircncia declarada para a instalaccedilatildeo

de software

123

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

Quadro 69 Experiecircncia com editoraccedilatildeo digital - grupos 1 e 2

Grupo 121 respondentes 1

62Imagens86Textos

10Paacutegina web24Muacutesicas24Viacutedeos

67Slides10Sequecircncias didaacuteticas em programas de autoria10Nunca editei nenhum dos itens acima

5Outros0 50 100

Grupo 211 respondentes 2

27Imagens73Textos

0Paacutegina web18Muacutesicas18Viacutedeos

36Slides9Sequecircncias didaacuteticas em programas de autoria

18Nunca editei nenhum dos itens acima9Outros

0 50 1001 Nuacutemero total de respondentes do grupo 12 Nuacutemero total de respondentes do grupo 2

Em ambos os grupos os respondentes puderam marcar mais de uma opccedilatildeo

124

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

Quadro 610 Experiecircncia com instalaccedilatildeo de software - grupos 1 e 2

Grupo 121 respondentes 21

19Pelo menos uma vez19com frequecircncia24Nunca - mas tenho idea de como se faz

38Nunca - natildeo tenho ideia de como se faz0 50 100Grupo 2

11 respondentes 2

73Pelo menos uma vez9com frequecircncia

0Nunca - mas tenho idea de como se faz18Nunca - natildeo tenho ideia de como se faz

0 204060801001 Nuacutemero total de respondentes do grupo 12 Nuacutemero total de respondentes do grupo 2

Em ambos os grupos os respondentes puderam marcar apenas uma opccedilatildeo

Quadro 611 Experiecircncia com Ambientes Virtuais de Aprendizagem - grupos 1 e 2

Grupo 121 respondentes 1

24Jaacute utilizei como aluno(-a) em cursos a distacircncia57Jaacute utilizei como aluno(-a) em cursos presenciais

5Jaacute utilizei como professor(-a) em cursos a distacircncia5Jaacute utilizei como professor(-a) em cursos presenciais

0Jaacute instalei24Nunca instalei

14Natildeo sei o que eacute0 50 100

Grupo 211 respondentes 2

9Jaacute utilizei como aluno(-a) em cursos a distacircncia27Jaacute utilizei como aluno(-a) em cursos presenciais

0Jaacute utilizei como professor(-a) em cursos a distacircncia18Jaacute utilizei como professor(-a) em cursos presenciais

9Jaacute instalei64Nunca instalei

18Natildeo sei o que eacute0 50 100

1 Nuacutemero total de respondentes do grupo 12 Nuacutemero total de respondentes do grupo 2

Em ambos os grupos os respondentes puderam marcar mais de uma opccedilatildeo

125

Capiacutetulo 7

Anaacutelise dos Problemas de Ensino

Apresentamos neste capiacutetulo os resultados de nossa pesquisa de campo ou seja trazemos para

debate os Problemas de Ensino relativos agrave produccedilatildeo e agrave utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano como LEL2 Em linhas gerais identificamos

7 (sete) Problemas de Ensino relativos ao contexto de produccedilatildeo e 4 (quatro) Problemas de Ensino

relativos ao contexto de utilizaccedilatildeo Esses Problemas - descritos e mapeados no QUAD 71 - seratildeo

discutidos nas subseccedilotildees 71 e 72 deste capiacutetulo Com efeito na seccedilatildeo 71 trazemos para debate

os Problemas de Ensino relativos ao contexto de produccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual

livre - ocorrida durante as duas ediccedilotildees de um curso de formaccedilatildeo de professores de liacutengua italiana

em serviccedilo e em preacute-serviccedilo que organizamos e ministramos no acircmbito de duas universidades

puacuteblicas brasileiras sendo uma no estado de Santa Catarina e outra no estado de Satildeo Paulo - e na

seccedilatildeo 72 os Problemas de Ensino relativos ao contexto de utilizaccedilatildeo desse tipo de material didaacutetico

em sala de aula presencial de ensino-aprendizagem de italiano como LEL2 - ocorrida em duas

disciplinas de liacutengua italiana ofertadas em niacutevel de graduaccedilatildeo na mesma liacutengua junto agrave faculdade

de Letras de uma universidade puacuteblica do Estado de Satildeo Paulo

Os Problemas de Ensino foram identificados por meio da anaacutelise dos Relatos de Problemas de

Ensino sendo esses depurados a partir dos nossos registros de pesquisa conforme debatemos no

capiacutetulo 5 - a saber 1) gravaccedilotildees em viacutedeo e aacuteudio respostas a questionaacuterio aberto e notas de

campo - para o contexto de produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre e 2) notas de campo e-mails

entre o pesquisador e o informante diaacuterio de aula e respostas a questionaacuterio - para o contexto de

utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Cabe observar que nossas anaacutelises - fundamentadas em uma perspectiva qualitativa de vieacutes

construtivista e interpretativista conforme discutimos no capiacutetulo 5 deste trabalho - estatildeo em sintonia

com dois arcabouccedilos teoacuterico-metodoloacutegicos Referimos-nos agrave loacutegica do trabalho de formaccedilatildeo de

professores de liacutengua italiana - desenvolvido pela Profa Dra Fernanda Landucci Ortale alicerccedilado

no conceito de Aprendizagem Baseada na Resoluccedilatildeo de Problemas envolvendo os conceitos de

Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 425) e Relatos de Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p

425) como discutido no capiacutetulo 5 desta tese - e nas teacutecnicas e procedimentos de desenvolvimento

de teoria fundamentada conforme Strauss e Corbin (2008) Em linhas de siacutentese esses autores

compreendem que a teorizaccedilatildeo envolve a construccedilatildeo de esquemas explanatoacuterios sendo esses

126

Capiacutetulo 7 Anaacutelise dos Problemas de Ensino

Quadro 71 Problemas de Ensino relacionados agrave produccedilatildeo e agrave utilizaccedilatildeo de materiaisdidaacuteticos de natureza virtual livre

Dimensatildeo Problemas de Ensino Relatos

Produccedilatildeo Dificuldade para encontrar insumos desejadosregistrados com licenccedilas flexiacuteveis

PD-1 a PD-7PD-13 e PD-27QUAD 73

Inseguranccedila (e resistecircncia) associada agrave utiliza-ccedilatildeo de insumos livres no material didaacutetico

PD-8 a PD-10QUAD 74

Crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteti-cos de natureza virtual livre necessariamenteaumenta a carga horaacuteria de trabalho docente

PD-11 a PD-13QUAD 75

Dificuldade em lidar com a natureza dinacircmicae o estado de artefato em construccedilatildeoque osoftware livre pode apresentar

PD-14 QUAD 76

Dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas PD-15 a PD-20QUAD 78

Dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitaise de sequecircncias didaacuteticas digitais

PD-21 a PD-25QUAD 79

Dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware PD-26 QUAD710

Utilizaccedilatildeo Dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes oumiacutedias que podem ser utilizados para organizaras Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar comelas em sala de aula presencial

UT-1 a UT-4QUAD 711

Crenccedila de que a escassez de material didaacuteticoimpresso na sala de aula presencial poderaacute sermal vista pelos discentes

UT-5 QUAD 712

Dificuldade em compreender o funcionamento dosoftware utilizado em sala de aula

UT-6 a UT-8QUAD 713

Preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardwaree do software que abrigam e fornecem acessoagraves Sequecircncias Didaacuteticas

UT-9 a UT-12QUAD 714

PD-produccedilatildeo UT-utilizaccedilatildeo

127

Capiacutetulo 7 Anaacutelise dos Problemas de Ensino

caracterizados pela integraccedilatildeo de conceitos bem definidos por meio de declaraccedilotildees de relaccedilotildees De

fato para Strauss e Corbin (2008 p 29) o termo teoria se refere a

um conjunto de conceitos bem desenvolvidos relacionados por meio de de-claraccedilotildees de relaccedilotildees que juntas constituem uma estrutura integrada quepode ser usada para explicar ou prever fenocircmenos [sociais] (STRAUSSCORBIN 2008 p 29)

Ademais esse arcabouccedilo teoacuterico-metodoloacutegico - condizente com uma perspectiva qualitativa cons-

trutivista e interpretativista - envolve entre outras teacutecnicas analiacuteticas como codificaccedilatildeo aberta

codificaccedilatildeo axial e codificaccedilatildeo seletiva - ou seja respectivamente a criaccedilatildeo de conceitos e catego-

rias a partir dos dados brutos (STRAUSS CORBIN 2008 p 103) a criaccedilatildeo de relacionamentos

entre categorias e subcategorias (STRAUSS CORBIN 2008 123) e a integraccedilatildeo dos conceitos

(STRAUSS CORBIN 2008 p 143)

Desse modo uma leitura atenta de nossas anaacutelises mostraraacute que abordamos tanto os Pro-

blemas de Ensino quanto as suas respectivas estrateacutegias de resoluccedilatildeo conforme relatado pelos

informantes ou de acordo com nosso ponto de vista Mostraraacute tambeacutem que optamos por trabalhar

com a perspectiva da criaccedilatildeo de teoria fundamentada (STRAUSS CORBIN 2008) sendo essa

naturalmente distanciada do seu foco estritamente socioloacutegico ou seja adaptada agrave problemaacutetica

que abordamos em nossa pesquisa - a saber as implicaccedilotildees da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico

Virtual Livre em contexto formal e presencial de ensino-aprendizagem de liacutengua italiana como LEL2

materializadas em forma de Problemas de Ensino

Cabe ressaltar que as implicaccedilotildees pedagoacutegicas decorrentes de nossa pesquisa aproximam-se

mais dos contextos de formaccedilatildeo de professores de idiomas - em especial de liacutengua italiana - e menos

dos contextos de ensino-aprendizagem tambeacutem de idiomas Satildeo de fato melhor caracterizadas

como implicaccedilotildees para a formaccedilatildeo de professores Consideramos que essas implicaccedilotildees estatildeo

relacionadas especialmente aos debates relativos agrave resoluccedilatildeo dos Problemas de Ensino levantados

em nossa pesquisa Optamos nesta tese por natildeo inaugurar uma seccedilatildeo individual para tratar dessas

implicaccedilotildees pedagoacutegicas Ao contraacuterio preferimos mantecirc-las distribuiacutedas no texto deste capiacutetulo de

modo que permanecessem associadas aos debates sobre os Problemas de Ensino aos quais estatildeo

respectivamente ligadas

Observamos que quando pertinente procuramos engendrar reflexotildees no sentido de contemplar

nossa hipoacutetese de trabalho anunciada no capiacutetulo introdutoacuterio desta tese - a saber a hipoacutetese

de que a utilizaccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-

aprendizagem de liacutengua italiana como LEL2 deflagra uma seacuterie de implicaccedilotildees observaacuteveis e

especiacuteficas ndash as quais podem ser definidas em termos de Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p

425) ndash dada a sua natureza peculiar ou seja livre

Destacamos enfim que buscamos estruturar nossas reflexotildees neste capiacutetulo de modo a

contemplar da melhor maneira possiacutevel os objetivos especiacuteficos de nossa pesquisa conforme

propomos tambeacutem no capiacutetulo introdutoacuterio

128

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

71 Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produ-

ccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Nesta seccedilatildeo apresentamos e discutimos os Problemas de Ensino relacionados agrave Produccedilatildeo de

Material Didaacutetico Virtual Livre ocorrida nos contextos das duas ediccedilotildees do curso de formaccedilatildeo de

professores de liacutengua italiana em serviccedilo e em preacute-serviccedilo que ministramos no acircmbito de duas

universidades puacuteblicas brasileiras - sendo uma no estado de Santa Catarina e outra no estado de

Satildeo Paulo

Em nossa anaacutelise identificamos um total de 27 (vinte e sete) Relatos de Problemas de Ensino

ligados agrave produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre os quais procuramos agrupar de acordo com

o(s) respectivo(s) tema(s) Os relatos apontaram para 7 (sete) Problemas de Ensino fundamentais

os quais mapeamos por meio do QUAD 71 e discutimos nas subseccedilotildees de 711 a 717 Satildeo eles

1 Dificuldade para encontrar insumos desejados registrados com licenccedilas flexiacuteveis

2 Inseguranccedila (e resistecircncia) associada agrave utilizaccedilatildeo de insumos livres no material didaacutetico

3 Crenccedila de que o uso de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre necessariamente aumenta

a carga horaacuteria de trabalho docente

4 Dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica e o estado de artefato em construccedilatildeoque o

software livre pode apresentar

5 Dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas

6 Dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e de sequecircncias didaacuteticas digitais

7 Dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware

Vale ressaltar que os trecircs uacuteltimos Problemas de Ensino relativos agrave produccedilatildeo de materiais

didaacuteticos de natureza virtual e livre que identificamos em nossa pesquisa e que trazemos para

debate neste tese estatildeo especialmente relacionados ao desenvolvimento do letramento e da

competecircncia digital docente Com efeito uma leitura atenta de nossas anaacutelises mostraraacute que esses

Problemas de Ensino se relacionam agraves concepccedilotildees de letramento digital discutidas por Buzato

(2006a apud BUZATO 2006b) Buzato (2006b) e Romero (2008) - conforme apresentamos no

capiacutetulo 6 desta tese - e apontam para o desenvolvimento de competecircncias digitais relacionadas agrave

praacutetica docente inserida em meio agraves novas Tecnologias da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo (TICS)

de acordo Espanha (2013) Esse distribui as competecircncias digitais - as quais descrevemos no

QUAD 72 - em quatro dimensotildees Informaccedilatildeo Comunicaccedilatildeo Criaccedilatildeo de Conteuacutedo Seguranccedila e

Resoluccedilatildeo de Problemas

711 Dificuldade para encontrar insumos desejados registrados com

licenccedilas flexiacuteveis

A dificuldade para encontrar insumos desejados (ou especiacuteficos) que fossem registrados com

licenccedilas flexiacuteveis podem ser percebidos por meio dos relatos de PD-1 a PD-7 (QUAD 73) PD-13

129

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 72 Competecircncias digitais esperadas para o docente conforme Espanha (2013)

Dimensatildeo Competecircncia

Informaccedilatildeo Identificar localizar recuperar armazenarorganizar e analisar a informaccedilatildeo digitalavaliando a sua finalidade e relevacircncia

Comunicaccedilatildeo Comunicar-se em ambientes virtuais com-partilhar recursos por meio de ferramentasem rede conectar-se e colaborar por meiode ferramentas digitais interagir e partici-par de comunidades e redes consciecircnciaintercultural

Criaccedilatildeo de Conteuacutedo Criar e editar conteuacutedos novos (textos ima-gens viacutedeos) integrar e reelaborar co-nhecimentos e conteuacutedos anteriores rea-lizar produccedilotildees artiacutesticas conteuacutedo mul-timiacutedia e programaccedilatildeo de computadoressaber aplicar os direitos de propriedade in-telectual e as licenccedilas de uso

Seguranccedila Proteccedilatildeo pessoal proteccedilatildeo de dados pro-teccedilatildeo de identidade virtual uso seguro esustentaacutevel

Resoluccedilatildeo de Proble-mas

Identificar necessidades e recursos digitaistomar decisotildees para escolher a ferramentadigital apropriada de acordo com a finali-dade ou necessidade resolver problemasconceituais atraveacutes do meio virtual resolverproblemas teacutecnicos uso criativo da tecno-logia atualizar as proacuteprias competecircncia eas dos outros

Fonte adaptado de Espanha (2013 p 13)

130

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

(QUAD 75) e PD-26 (QUAD 710) Notamos que a ideia de insumos desejados se refere tanto a

uma forma idealizada de insumo - representado por exemplo pela expressatildeo um texto que fosse

legal(relato PD-2) - quanto a demandas de insumos especiacuteficos para as respectivas Sequecircncias

Didaacuteticas em elaboraccedilatildeo - tais como viacutedeos ou muacutesicas que falassem do corpo (relato PD-3)

viacutedeos que apresentassem uma receita culinaacuteria especiacutefica (relato PD-4) ou ainda imagens de

determinados materiais escolares (relato PD-6)

Percebemos ainda nos relatos de PD-1 a PD-7 PD-13 e PD-26 a referecircncia agrave busca de

soluccedilotildees perante a dificuldade de encontrar insumos especiacuteficos registrados com licenccedilas flexiacuteveis

As tentativas de solucionar o problema encaminharam-se em trecircs sentidos melhorar a busca

produzir os proacuteprios insumos e fazer adaptaccedilotildees nas sequecircncias didaacuteticas A melhoria da busca foi

compreendida no sentido de intensificaacute-la - ou seja simplesmente continuar procurando (relatos

PD-3 e PD-5) - e no sentido de refinaacute-la por meio da utilizaccedilatildeo de filtros e motores de busca

especializados em insumos registrados com licenccedilas flexiacuteveis (relato PD-7) A produccedilatildeo de insumos

por sua vez girou em torno da elaboraccedilatildeo de textos (relato PD-4) e da criaccedilatildeo de imagens (relato

PD-5) Emfim a mudanccedila de um ou mais aspectos abordados na sequecircncia didaacutetica - a ser

elaborada - ocorreu de modo a adaptaacute-la - a Sequecircncia Didaacutetica - aos insumos com licenccedilas flexiacuteveis

encontrados Esse eacute o caso por exemplo trazido agrave tona no relato n 6 em que se optou por associar

o estudo dos artigos agraves cores - em detrimento ao vocabulaacuterio relativo aos materiais escolares dada

a falta de imagens desse grupo de itens que fossem registrados com licenccedilas flexiacuteveis

Consideramos plausiacutevel compreender esse Problema de Ensino - ou seja a dificuldade de

encontrar insumos que sejam concomitantemente registrados com licenccedilas flexiacuteveis e condizentes

com as demandas de um determinado projeto de elaboraccedilatildeo de sequecircncias didaacuteticas - como a

experimentaccedilatildeo de questotildees e preocupaccedilotildees que sejam talvez novas para a praacutetica dos professores-

informantes mas que podem ser consideradas tiacutepicas no acircmbito da produccedilatildeo de material didaacutetico

no modelo de Economia Guttemberg (SHIRKY 2010 p 42) - como por exemplo no acircmbito das

editoras Com efeito natildeo seraacute difiacutecil constatar que equipes editoriais eventualmente tenham por

exemplo que adotar estrateacutegias de criaccedilatildeo de insumo - como elaborar seus proacuteprios textos ou

imagens tal qual relatado pelos informantes desta pesquisa - de modo a contornar a falta de insumos

adequados ou a impossibilidade de compra dos direitos de uso de um determinado insumo - ou

ateacute mesmo de modo a tentar diminuir os custos de produccedilatildeo do material didaacutetico Nesse caso a

constataccedilatildeo desse Problema de Ensino poderia sinalizar um efeito do empoderamento do professor

de idiomas o qual enquanto produtor do seu proacuteprio material didaacutetico assume responsabilidades que

em outra circunstacircncia seriam atribuiacutedas a terceiros Naturalmente um professor que assume uma

postura condizente com a concepccedilatildeo poacutes-meacutetodo buscando agregar agrave sua praacutetica as dimensotildees de

pesquisa e produccedilatildeo do seu material didaacutetico deveraacute em alguma medida absorver habilidades

competecircncias e conflitos relativos a esses dois acircmbitos

131

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 73 Relatos-produccedilatildeo dificuldade de encontrar insumos com licenccedilas flexiacuteveis

PD-1 [Encontramos dificuldade para] conseguir uma imagem para utilizar com seusdireitos livres [Informante 16]

PD-2 () foi bem difiacutecil achar um texto que fosse legal neacute Que tivesse especificadaa licenccedila Entatildeo a gente natildeo teve muita opccedilatildeo Entatildeo a escolha do texto foiassim ldquo- Ah esse texto taacute licenciado Entatildeo vai esse mesmordquo Natildeo foi ldquo - Ahporque esse texto eacute legal interessanterdquo Natildeo foi nada disso [Informante 1]

PD-3 A gente tambeacutem queria iniciar com um viacutedeo ou uma muacutesica que falasse docorpo mas a gente natildeo encontrou uma que tivesse a licenccedila adequadaa gente podia procurar mais e achar quem sabe neacute [Informante 8]

PD-4 () como a gente procurou na internet viacutedeos da pasta a boscaiolla a genteencontrou no como era o mesmo Giallozanfrano um viacutedeo excelentemas ele natildeo tinha licenccedila pra ser utilizado entatildeo a gente pensou na Mariella(componente do grupo de trabalho que fala italiano como liacutengua materna) fazera apresentaccedilatildeo em italiano da receita e a gente ia utilizar o recurso das imagenspra ir ilustrando para os alunos Essa receita esse texto foi a Mariella queescreveu entatildeo eacute de autoria do nosso grupo [Informante 8]

PD-5 () foi uma dificuldade muito grande pra encontrar as imagens sem o copyrightneacute Que a gente pudesse utilizar entatildeo eu ateacute teve uma imagem que eutive que tirar uma foto em casa do sal que natildeo teve a Socircnia (componentedo grupo de trabalho) ajudou muito porque ela conseguiu encontrar teve umafacilidade maior pra encontrar as imagens pra gente [Informante 8]

PD-6 Como o objetivo central era estudar os artigos na verdade a gente pensouinicialmente [em] comeccedilar com algo que fosse visual pra eles na sala deaula mas noacutes natildeo conseguimos imagens livres de de por exemplo eacutemateriais de utilizaccedilatildeo caneta laacutepis ou mesmo sala de aula a gente pensouem pegar uma imagem completa assim noacutes natildeo conseguimos Entatildeo noacutesmudamos ateacute conseguirmos essa imagem livre (imagem de uma cesta comfrutas) e mudamos o foco [Informante 11] Tivemos que pensar num tema paraessa imagem entatildeo resolvemos trabalhar com o tema cores e dentro do temacores trabalhar com os artigos [Informante 3]

PD-7 A segunda e uacuteltima dificuldade foi para encontrarmos um viacutedeo que se en-caixasse na categoria de Creative Commons pois os primeiros encontradosestavam hospedados no Youtube e eram de licenccedila copyright Para solucionar-mos o problema decidimos pesquisar no wwwcreativecommonsorg sites deviacutedeos que possuam licenccedila livre copyleft Encontramos o site wwwvimeocomque os disponibiliza de forma livre e expliciacuteta qual o tipo de CC (Creative Com-mons) [Informante 9]

132

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

712 Inseguranccedila (e resistecircncia) associada agrave utilizaccedilatildeo de insumos

livres no material didaacutetico

O sentimento de inseguranccedila perante a utilizaccedilatildeo de insumos livres no material didaacutetico - bem

como a resistecircncia em fazecirc-lo - podem ser constatados nos relatos de PD-8 a PD-10 (QUAD 74)

Identificamos por meio da anaacutelise desses relatos que os insumos livres foram percebidos pelos

informantes de dois modos sendo ambos - consideramos - negativos ainda que em intensidades

diferentes Satildeo eles definitiva e intrinsecamente ruins - ou seja de qualidade duvidosa - por um

lado e por outro de caraacuteter alternativo cuja utilizaccedilatildeo poderia natildeo agradar aos alunos Dessa

forma associamos o sentimento de resistecircncia ao primeiro aspecto - a saber a crenccedila de que esses

insumos satildeo intrinsecamente de baixa qualidade por serem livres - e o sentimento de inseguranccedila

ao segundo - ou seja agrave crenccedila de que a sua utilizaccedilatildeo pode natildeo agradar aos alunos Vale ressaltar

que o julgamento sobre a qualidade dos insumos livres eacute colocada em xeque pelos informantes

em oposiccedilatildeo aos insumos advindos de um modelo de produccedilatildeo fechado ou seja que reflete a

concepccedilatildeo da Economia Guttemberg (SHIRKY 2010 p 42) - tais como editoras gravadoras ou

produtoras Esses de fato seriam supostamente mais famosos e mais familiares tanto para os

alunos quanto para os professores de modo que lhes agradariam mais Para expressar o seu ponto

de vista negativo sobre os insumos livres os informantes lanccedilaram matildeo de conceitos como pouco

interessante (relato PD-9) desconhecido - com uma carga pejorativa (relato PD-9) desatualizado

(relato PD-10) e alternativo (relato PD-10)

Cabe observar que a crenccedila de que a qualidade dos produtos culturais livres eacute intrinsecamente

maacute remete agrave ideia de que o aumento da facilidade de publicaccedilatildeo proporcionada pelo desenvolvimento

tecnoloacutegico diminui a qualidade das publicaccedilotildees como um todo - conforme ocorrido com o advento

da prensa moacutevel de Guttemberg e da Internet (SHIRKY 2010 p 46) Consideramos equivocada

a associaccedilatildeo dessa concepccedilatildeo com aquela na medida em que a diminuiccedilatildeo da qualidade das

publicaccedilotildees considerado todo o seu universo natildeo equivale agrave concepccedilatildeo de que um produto cultural

seraacute de maacute qualidade pelo fato de ser livre Com efeito encontramos materiais com boa e com maacute

qualidade tanto no acircmbito do modelo de produccedilatildeo cultural fechado quanto livre A qualidade seraacute

condicionada por outros fatores

Percebemos ainda sobre esse Problema de Ensino o relato de pelo menos uma estrateacutegia

adotada no sentido de tentar solucionaacute-la Frente ao surgimento da crenccedila de que insumos livres

poderiam natildeo agradar aos alunos o professor-informante decidiu utilizar insumos de aacuteudio que

considerou remeter a aspectos da cultura italiana que lhe pareciam adequados ou uacuteteis para serem

abordados em uma aula de liacutengua e cultura italianas Referimos-nos ao relato PD-11 em que o

professor informante explica ter escolhido a utilizaccedilatildeo de muacutesicas do grupo Armada Brancaleone

ao associaacute-lo ao claacutessico filme italiano LrsquoArmata Brancaleone o qual fora produzido dentro de um

modelo de produccedilatildeo fechado Compreendemos que a resoluccedilatildeo de Problemas de Ensino motivados

por crenccedilas passam pelo exerciacutecio de reflexatildeo e ampliaccedilatildeo do contato com o artefato focalizado - ou

seja sobre o qual se tem a crenccedila Encontramos concepccedilatildeo anaacuteloga em Silva (2011 p 2) Vieira

Abrahatildeo (2004 p 133) e White (2008 p 125) quando ressaltam a explicitaccedilatildeo a conscientizaccedilatildeo e

a reflexatildeo sobre crenccedilas ou aglomerados de crenccedilas (SILVA 2005) - relacionadas nesse caso agrave

dimensatildeo do ensino e aprendizagem de liacutenguas - como accedilotildees chave em percursos de formaccedilatildeo

133

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 74 Relatos-produccedilatildeo inseguranccedila (e resistecircncia) relativa agrave utilizaccedilatildeo de insumoslivres no material didaacutetico

PD-8 Aquilo que a gente disse () natildeo eacute nem um artigo que a gente achou ldquoah eacutemuito interessanterdquo () Era o que tinha pra conseguir fazer a atividade Essaaliaacutes seria uma de minhas criacuteticas no sentido de natildeo encontramos nada demuito inte () tipo uma canccedilatildeo conhecida pra poder trabalhar Natildeo O quetinha era umas coisas assim do tipo ldquoAh taacute quem eacute esse que fez essa canccedilatildeonerdquo (tom irocircnico) Entatildeo num num foi muito interessante [Informante 2]

PD-9 () e com relaccedilatildeo a viacutedeos tambeacutem encontramos dificuldade para colocarporque tambeacutem inicialmente a gente tem aquela ideia de se trazer as muacutesicasatualizadas e essas na verdade satildeo as que a gente natildeo encontra liberdadesas liberdades no site entatildeo as muacutesicas atuais que estatildeo tocando nas raacutedios[Informante 11]

PD-10 Quando pensei em pesquisar muacutesicas achei um pouco complicado usar osite jamendocom pois a impressatildeo que tive foi que os artistas e muacutesicasencontradas eram um pouco alternativos Natildeo que isso seja um problema masnormalmente os alunos gostam mais daquilo que eacute mais famoso mais familiar aeles Como soluccedilatildeo escolhi um grupo que se chamava Armada Brancaleone e oaacutelbum Dura Lex pois achei interessantes[] () [O] nome do grupo () retomaum claacutessico do cinema italiano e () provavelmente poderia ser um ponto deapoio para os alunos [Informante 6]

134

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

de professores de idiomas visando auxiliaacute-los a entender suas accedilotildees e procedimentos em sala de

aula(SILVA 2011 p 2) de modo a aprimorar a sua praacutetica Dessa forma no caso do Problema de

Ensino apontado - por exemplo - as reflexotildees podem girar em torno de conceitos como qualidade -

em se tratando dos insumos - induacutestria cultural e ateacute sobre o proacuteprio conceito de crenccedila - entre outros

A aproximaccedilatildeo com o objeto focalizado por sua vez pode ser realizado por meio da ampliaccedilatildeo de

buscas e da anaacutelise dos insumos encontrados

Consideramos enfim que Problemas de Ensino relacionados a crenccedilas - como a inseguranccedila e

a resistecircncia associadas agrave utilizaccedilatildeo de insumos livres no material didaacutetico discutido nesta subseccedilatildeo

e a crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre necessariamente aumenta

a carga horaacuteria de trabalho trazida para debate na proacutexima subseccedilatildeo - natildeo seratildeo especiacuteficos no

que diz respeito a materiais didaacuteticos de natureza virtual livre De fato crenccedilas podem se referir

a artefatos e construtos de diversas naturezas - como por exemplo a uma liacutengua ao ensino agrave

aprendizagem aos programas e curriacuteculos ou ateacute mesmo ao ensino de liacutenguas enquanto profissatildeo

conforme destacam e discutem Richards e Lockhart (1996 p 30-40) atendo-se ao universo

do ensino-aprendizagem de liacutenguas Contudo eacute possiacutevel que existam crenccedilas que apontem para

caracteriacutesticas especiacuteficas desse tipo de material - ou seja materiais didaacuteticos de natureza virtual livre

- em determinado periacuteodo de tempo e contexto sociocultural tal qual - entre outros - a presenccedila de

insumos produzidos e publicados em um modelo de produccedilatildeo livre os quais conforme observamos

nesta subseccedilatildeo poderatildeo ser considerados portadores de uma suposta maacute qualidade intriacutenseca

Vale observar que ao propor essa reflexatildeo referimos-nos agraves crenccedilas sobre materiais didaacuteticos de

ensino de liacutenguas em especial sobre materiais de natureza virtual livre

713 Crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza vir-

tual livre necessariamente aumenta a carga horaacuteria de trabalho

docente

A crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre necessariamente aumenta

a carga horaacuteria de trabalho docente estaacute relacionada aos relatos de PD-11 a PD-13 (QUAD 75)

Essa crenccedila se refere agrave visatildeo de que a tarefa de produzir percursos didaacuteticos partindo-se do marco

zero seraacute necessaacuteria para todos os contextos de ensino com os quais o docente de idiomas iraacute se

deparar caso decida pela utilizaccedilatildeo desse tipo de material didaacutetico em sua praacutetica Nesse caso

ignora-se a possibilidade da utilizaccedilatildeo de Sequecircncias Didaacuteticas jaacute produzidas por terceiros - ou pelo

professor autor em momentos anteriores - cuja adequaccedilatildeo se decirc por nenhuma ou quase nenhuma

adaptaccedilatildeo Desse modo ignora-se tambeacutem a possibilidade do surgimento espontacircneo de uma rede

de compartilhamento de Sequecircncias Didaacuteticas e da accedilatildeo da inteligecircncia coletiva Percebemos ainda

que essa crenccedila reflete a ideia de que materiais didaacuteticos de natureza virtual e livre natildeo seriam

compatiacuteveis com uma dinacircmica profissional docente marcada por um processo de proletarizaccedilatildeo -

ou seja um processo de precarizaccedilatildeo assalariamento e coletivizaccedilatildeo conforme Hypoacutelito (1994) e

Wenzel (1991) Como bem explicam Tumolo e Fontana (2008 p 163)

Hypoacutelito (1994) afirma ser a proletarizaccedilatildeo um processo de assalariamentoe precarizaccedilatildeo profissional no qual estaacute submetido um grande nuacutemero de

135

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 75 Relatos-produccedilatildeo crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos de naturezalivre necessariamente aumenta a carga horaacuteria de trabalho docente

PD-11 () vou ser muito sincero ateacute de uma forma ateacute um pouco digamosdepondo contra mim mesmo mas escuta se eu tiver que procurar demaiseu vou desistir da atividade [Informante 2] E se vocecirc encontrar uma atividadepronta de um colega Que jaacute procurou () e que jaacute taacute quase pronta pra vocecircusar [Pesquisador]

PD-12 A questatildeo eacute pelo menos essa eacute a minha realidade eu nem acho que eacuteassim uma realidade agradaacutevel de expor aqui pros colegas mas eacute umarealidade em que vocecirc fala ldquo- Olha mal tenho tempo de ler um texto pro curso[de poacutes graduaccedilatildeo] que eu tou fazendo e aiacute eu vou sair procurando uma coisaque eu acho(dirigindo-se agrave turma) concordam que vocecirc natildeo vai mostrar paraa sala alguma coisa que vocecirc ache lixo neacute Entatildeo assim primeiro tem queeu ouvir eu ter alguma sensaccedilatildeo e tal () Eu acho que vai ser muito difiacutecilque aconteccedila (referindo-se ao trabalho de produccedilatildeo de Material Didaacutetico VirtualLivre conforme acabara de experimentar) [Informante 2]

PD-13 () vou fazer outra colocaccedilatildeo assim acredito tambeacutem que natildeo sejasomente a gente demorou bastante pra conseguir claro que inicialmenteisso acontece tambeacutem pela falta de praacutetica de conhecimento de praacuteticamas tambeacutem de encontrar os materiais encontrar aquilo que noacutes estamosquerendo e a gente vai se adaptando e vamos tendo outras necessidadestambeacutem [Informante 11] Loacutegico que a maior dificuldade eacute encontrar a licenccedilaadequada a gente ficou muito tempo procurando - ah natildeo esse natildeo daacuteporque natildeo tem licenccedila esse natildeo daacute porque natildeo tem licenccedila[Informante1] E com isso uma consequecircncia maior de grande dificuldade eacute o tempo agente perde tempo para preparar um material desse acho que isso eacute umaquestatildeo central assim o tempo do professor preparaccedilatildeo de aula neacute[informante 11] Mas acho que isso vem dentro tambeacutem da nossa [Informante1] Tem tem tambeacutem a questatildeo de agente natildeo conhecer de natildeo conhecerbem ainda o programa de natildeo estar habituado as resistecircncias tambeacutem quea gente tem pelo fato de estar muito habituado a outras coisas [Informante11] e depois que a gente acha um siacutetio que jaacute tem as imagens liberadas agente jaacute sabe o que tem ali natildeo precisa ficar ah natildeo precisa ficar procurandoimagens sei que ali naquele site tem [Informante 1]

136

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

trabalhadores Jaacute para Wenzel (1991) a proletarizaccedilatildeo eacute resultado daproduccedilatildeo capitalista que retira do trabalhador o controle sobre o processoprodutivo Trabalhador proletaacuterio eacute a negaccedilatildeo do trabalhador individual ea afirmaccedilatildeo do trabalhador coletivo Na anaacutelise desses pesquisadores odocente eacute proletaacuterio na medida em que sofre um processo de precarizaccedilatildeoe assalariamento e se afirma como um trabalhador coletivo (TUMOLOFONTANA 2008 p 163)

Consideramos nesse caso que o aumento da necessidade de assumir cargas horaacuterias de

sala de aula maiores - comprometendo-se por exemplo com mais turmas mais alunos ou mais

escolas como uma tentativa de aumento de renda - e a eventual diminuiccedilatildeo do tempo disponiacutevel

para produzir material didaacutetico respectivamente como aspectos da precarizaccedilatildeo e do controle sobre

o processo de produccedilatildeo

Percebemos por meio da anaacutelise dos relatos de PD-11 a PD-13 que a atividade de preparaccedilatildeo

de material didaacutetico foi concebida como algo de importacircncia secundaacuteria ou seja como uma perda

de tempo - conforme expressado por exemplo pela frase a gente perde tempo produzindo esse

tipo de material(relato PD-13) Compreendemos que essa concepccedilatildeo estaacute diretamente relacionada

aos valores estabelecidos por um contexto de proletarizaccedilatildeo docente (HYPOacuteLITO 1994 WENZEL

1991) em que se atribui mais valor em gastar tempo com mais horas aula do que com a atividade de

produccedilatildeo de material didaacutetico Essa concepccedilatildeo pode se opor por exemplo agrave ideia de que a produccedilatildeo

de material didaacutetico constitui-se de uma tarefa essencialmente importante para a atividade de ensino

e para a formaccedilatildeo docente continuada (TOMLINSOM 2003b TOMLINSOM 2001 JOHNSON

2003 p 445 p 67 p 10) - aleacutem de representar um aspecto do empoderamento do professor na

medida em que lhe permite tomar decisotildees relativas aos diversos aspectos de sua praacutexis como por

exemplo a escolha dos insumos com os quais pretende trabalhar Decisotildees essas que em algumas

perspectivas teoacuterico-metodoloacutegicas seriam tomadas por terceiros - tais como por exemplo autores

de livros didaacuteticos baseados em meacutetodos especiacuteficos de ensino de liacutenguas Parece-nos dessa forma

estabelecida respectivamente a relaccedilatildeo antagocircnica entre o docente como trabalhador coletivo

proletaacuterio e como trabalhador individual Parece-nos oportuno lembrar enfim que consideramos que

os Problemas de Ensino relacionados a crenccedilas podem ser trabalhados em direccedilatildeo agrave sua resoluccedilatildeo

- no que tange agrave formaccedilatildeo de professores de idiomas - pelo exerciacutecio de reflexatildeo e ampliaccedilatildeo do

contato com o(s) objeto(s) envolvidos na construccedilatildeo da crenccedila

714 Dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica e o estado de ar-

tefato em construccedilatildeoque o software livre pode apresentar

A dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica e o estado de artefato em construccedilatildeoque o

software livre pode apresentar estaacute relacionada ao relato PD-14 (QUAD 76) A partir da leitura

desse relato percebemos que a inquietaccedilatildeo dos professores-participantes se refere agrave presenccedila

de elementos da interface do software que poderatildeo ficar sem uso na versatildeo final (publicada) de

algumas sequecircncias didaacuteticas caso o professor-autor decida natildeo seguir os modelos de atividades

oferecidos pelo programa de autoria subvertendo-o de acordo com as proacuteprias demandas Vale

lembrar que esse software - a saber o EXElearning sobre o qual falamos no capiacutetulo 4 desta tese -

137

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 76 Relato-produccedilatildeo Dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica e o estado deartefato em construccedilatildeoque o software livre pode apresentar

PD-14 A gente acabou descobrindo por exemplo que se vocecirc () coloca o seu cursorna dica (elemento do software utilizado) e da um enter esse esse iacuteconede dica vai ficar ali eternamente () ou pelo menos a gente natildeo descobriu[como usar] () Aiacute a gente acabou criando uma dica ali que natildeo eacute verdadeque nem eacute uma dica () eacute uma observaccedilatildeo porque eu brinquei ateacute com o[pesquisador] que eu falei ldquo - Poxa se eu lanccedilo isso pro aluno usar ele vaifalar - Que raio de programador eacute esse que coloca umas coisas vazias neacute ldquoAiacute a gente acabou criando umas sabe assim umas muletas [Informante 2]

de fato disponibiliza diversas tipologias pre-estabelecidas para os usuaacuterios - tais como questotildees

de muacuteltipla escolha de verdadeiro ou falso de preenchimento de lacunas entre outras No caso

apontado o professor-informante se refere ao iacutecone dica- presente em alguns modelos e atividades

- o qual natildeo pode ser desabilitado pelo usuaacuterio mesmo que natildeo seja utilizado

Compreendemos que tal inquietaccedilatildeo estaacute relacionada agrave percepccedilatildeo do programa de autoria livre

como um artefato que se apresenta em estado final e imutaacutevel Ignora-se dessa modo a ideia de

que o usuaacuterio - ou grupo de usuaacuterios - poderaacute promover alteraccedilotildees em niacutevel de programaccedilatildeo caso

queira adaptaacute-lo agraves suas demandas locais ou simplesmente aos padrotildees funcionais ou esteacuteticos de

sua preferecircncia Em outras palavras ignora-se a essecircncia do software livre ou seja o fato de que a

sua criaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo pressupotildee a ideia de que esse artefato poderaacute ser alterado em niacutevel de

coacutedigo por outros usuaacuterios-programadores de modo a serem adaptados agraves suas necessidades

Consideramos plausiacutevel a partir de nossa anaacutelise desse relato sugerir o estabelecimento de

dois perfis referenciais antagocircnicos representativos dos professores-usuaacuterios de software livre em

sua praacutetica de ensino Referimos-nos ao usuaacuterio estaacutetico em oposiccedilatildeo ao usuaacuterio proativo ou livre

Enquanto o primeiro percebe o software livre por meio de uma perspectiva proprietaacuteria - satisfazendo-

se em usar apenas o que o software oferece da maneira como oferece ou seja contentando-se

apenas com niacuteveis superficiais ou controlados de personalizaccedilatildeo e de apropriaccedilatildeo - o segundo

percebe o software livre como tal almejando niacuteveis profundos de personalizaccedilatildeo e apropriaccedilatildeo

considerando sempre a possibilidade de alcanccedilar tais niacuteveis Destacamos essas caracteriacutesticas por

meio do QUAD 77

Desse modo parece-nos coerente dizer que os professores-participantes referenciados por meio

do relato PD-14 apresentaram percepccedilotildees e atitudes que naquele contexto - e naquele momento

- parecem apontar mais para um perfil estaacutetico e menos para um perfil proativo (ou livre) perante

a utilizaccedilatildeo de software livre na praacutetica docente Consideramos que tais professores perceberam

o software livre com o qual trabalhavam a partir de uma perspectiva proprietaacuteria De acordo com

o seu relato frente a uma demanda de personalizaccedilatildeo impossiacutevel de ser resolvida pelas funccedilotildees

oferecidas ao usuaacuterio natildeo lhes ocorreu propor alteraccedilotildees em niacutevel de coacutedigo Com efeito o relato

deflagra a necessidade de personalizaccedilatildeo - representada pelo desejo de retirar o elemento dica

138

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 77 Usuaacuterio estaacutetico e usuaacuterio proativo (livre) - perfis referenciais antagocircnicos

Usuaacuterio estaacutetico Usuaacuterio proativo (livre)

Percebe o software livre por umaperspectiva proprietaacuteria ainda quesaiba o conceito de software livre

Percebe o software livre por umaperspectiva livre

Sente-se confortaacutevel com niacuteveissuperficiais de apropriaccedilatildeo do soft-ware que utiliza natildeo considera su-perar esses niacuteveis

Almeja niacuteveis profundos de apro-priaccedilatildeo do software que utilizaconsidera a possibilidade de alcan-ccedilar tais niacuteveis

Sente-se confortaacutevel com niacuteveismiacutenimos ou controlados de perso-nalizaccedilatildeo do software que utilizanatildeo considera a superaccedilatildeo dessesniacuteveis

Almeja niacuteveis maacuteximos de perso-nalizaccedilatildeo do software que utilizaconsidera a possibilidade de alcan-ccedilar tais niacuteveis

presente na interface de algumas atividades do programa de autoria EXElearning - e indica uma

tentativa de soluccedilatildeo baseada em uma maquiagem daquele elemento - utilizando-o para observaccedilotildees

e natildeo para dicas conforme marca a frase Aiacute a gente acabou criando () umas muletas(relato

PD-14) Esse mesmo relato entretanto natildeo indica que foi considerada a possibilidade de se fazerem

alteraccedilotildees no niacutevel de coacutedigo como soluccedilatildeo para essa questatildeo Parece que eles natildeo levaram em

conta essa possibilidade Consideramos que naturalmente em outros contextos e outros momentos

os perfis poderatildeo variar entre os dois polos referenciais que apresentamos ou seja entre o usuaacuterio

estaacutetico e o proativo ou livre

Vale ressaltar que o trabalho de formaccedilatildeo docente relativo a esse Problema de Ensino pode apon-

tar para o desenvolvimento de uma competecircncia digital especiacutefica relacionada ao desenvolvimento

de conteuacutedo conforme Espanha (2013 p 13) Referimos-nos a saber realizar programaccedilatildeo de

computadores Citamos essa competecircncia no QUAD 72 Consideramos que ela pode variar desde

a aprendizagem de noccedilotildees gerais sobre programaccedilatildeo ateacute o saber programar em niacutevel avanccedilado

Julgamos enfim que a dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica e o estado de artefato em

construccedilatildeoque o software livre pode apresentar (PE-4) natildeo parece ser especiacutefica no que se refere

aos materiais didaacuteticos de natureza virtual livre Com efeito ele pode ser enfrentado tambeacutem em

contextos de utilizaccedilatildeo de materiais de outras naturezas desde que se utilize software livre - ainda

que seja estritamente relacionado ao universo dos materiais didaacuteticos de natureza virtual livre

715 Dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas

A dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas se refere aos relatos de PD-15 a PD-20 (QUAD

78) Conforme percebemos em nossa anaacutelise essa dificuldade estaacute relacionada a trecircs fatores a maacute

localizaccedilatildeo das informaccedilotildees sobre a licenccedila de uso dos insumos nos repositoacuterios concernentes a

139

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 78 Relatos-produccedilatildeo dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas

PD-15 Aqui nesse caso a gente conseguiu copiar e colar neacute O texto Porque aimagem natildeo tava livre Soacute o texto tava livre Para modificaccedilatildeo e veiculaccedilatildeo Natildeopara comercializaccedilatildeo E foi um trauma um trauma encontrar () o negocinhoescrito la embaixo (referindo-se ao peacute de paacutegina do site onde estava localizadaa indicaccedilatildeo de licenccedila) [Informante 3]

PD-16 A gente pensou primeiro em explorar uma foto que tem nesse artigo () e comoa foto natildeo era licenciada assim natildeo tinha uma licenccedila especiacutefica pra a foto() a gente natildeo podia usar soacute a foto () como tinha a licenccedila na paacutegina agente usou o texto inteiro a paacutegina toda neacute [Informante 1]

PD-17 O problema enfrentado durante a busca de material livre na internet eacute que nemsempre as licenccedilas estatildeo a mostra o que dificulta a pesquisa Nos sites debusca de material livre em geral natildeo encontramos muitas coisas O materialem maior quantidade satildeo muacutesicas mas viacutedeos e filmes encontram-se em poucaquantidade Fotos tambeacutem satildeo acessiacuteveis Natildeo procurei textos Entender osignificado da licenccedila tambeacutem foi difiacutecil no caso de um viacutedeo porque dizia acessolivre mas natildeo mostrava a licenccedila Os problemas foram resolvidos conversandocom os colegas de curso que me ajudaram a entender as legendas quandopossiacutevel [Informante 13]

PD-18 [Tivemos dificuldade para] entender os coacutedigos das licenccedilas respectivos agrave[nossa] busca Pedimos auxiacutelio do professor e da colega ao lado para sanar asduacutevidas [Informante 14]

PD-19 [Tivemos] [d]ificuldade em encontrar sites com viacutedeos e muacutesicas onde estejainformado o tipo de direitos reservados [Informante 12]

PD-20 Natildeo encontramos a indicaccedilatildeo especiacutefica de direitos autorais do Youtube [Infor-mante 15 ]

ausecircncia de informaccedilotildees sobre a licenccedila de uso dos insumos tambeacutem nos repositoacuterios concernentes

e a incompreensatildeo das informaccedilotildees sobre as licenccedilas de uso quando essas se encontram e estatildeo

bem sinalizadas O primeiro fator pode ser percebido por exemplo pelos excertos foi um trauma

() encontrar o negocinho escrito la embaixo (referindo-se ao peacute de paacutegina do site onde estava

localizada a indicaccedilatildeo de licenccedila)(relato PD-15) e Entender o significado da licenccedila tambeacutem foi

difiacutecil no caso de um viacutedeo porque dizia acesso livre mas natildeo mostrava a licenccedila(relato PD-17)

O segundo fator por sua vez pode ser visto por meio dos excertos Nem sempre as licenccedilas

estatildeo agrave mostra (relato PD-17)e natildeo encontramos a indicaccedilatildeo especiacutefica de direitos autorais do

Youtube(relato PD-20) O terceiro fator enfim pode ser exemplificado pelo excerto [Tivemos

dificuldade para] entender os coacutedigos das licenccedilas respectivos agrave [nossa] busca(relato PD-18)

Percebemos que os dois primeiros fatores - a saber a maacute localizaccedilatildeo das informaccedilotildees sobre as

licenccedilas de uso dos insumos e a ausecircncia dessas informaccedilotildees em seus repositoacuterios - natildeo estatildeo

140

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

diretamente relacionados aos professores-informantes em sua accedilatildeo de busca de insumos dado

que a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo desses repositoacuterios foi feita por terceiros Compreendemos que

aos professores-autores caberaacute nesse caso aprofundar a pesquisa de modo a tentar estabelecer

quais seriam as licenccedilas encontrando-as por exemplo em outros repositoacuterios e outras fontes

caso queiram utilizar um determinado insumo cuja licenccedila natildeo estaacute clara Natildeo obstante o trabalho

formativo relacionado agrave resoluccedilatildeo dos Problemas de Ensino motivados por esses fatores poderaacute

seguir no sentido de conscientizar os docentes sobre a importacircncia de se estabelecerem e de se

publicarem com clareza as licenccedilas relativas aos insumos e agraves sequecircncias didaacuteticas livres com

os quais estatildeo trabalhando e os quais pretendem publicar Ademais esse cuidado aponta para

o desenvolvimento de uma competecircncia digital especiacutefica relacionada agrave criaccedilatildeo de conteuacutedo

conforme Espanha (2013 p 13) ou seja Saber aplicar os direitos de propriedade intelectual e as

licenccedilas de uso(ESPANHA 2013 p 13) Citamos essa competecircncia no QUAD 72

Notamos que o terceiro fator por sua vez relaciona-se diretamente aos professores-informantes

em sua accedilatildeo de busca de insumos Trata-se da incompreensatildeo das informaccedilotildees sobre as licenccedilas de

uso dos insumos quando tais indicaccedilotildees estatildeo presentes e bem sinalizadas Compreendemos que a

resoluccedilatildeo desse problema bem como um possiacutevel caminho de formaccedilatildeo docente a ele relacionado

aponta naturalmente para o estudo e compreensatildeo da codificaccedilatildeo das licenccedilas independente do

conjunto referencial de licenccedilas adotado Esse estudo tambeacutem aponta para a jaacute citada competecircncia

digital relacionada agrave criaccedilatildeo de conteuacutedo trazida agrave tona em Espanha (2013 p 13) a qual repetimos

aqui Saber aplicar os direitos de propriedade intelectual e as licenccedilas de uso(ESPANHA 2013

p 13) Consideramos que saber aplicar pressupotildee compreendecirc-los - tanto os direitos quanto as

licenccedilas

Os relatos de PD-15 a PD-20 deflagraram tambeacutem a accedilatildeo de pedir ajuda aos colegas como

a principal estrateacutegia adotada pelos professores-participantes por eles referenciado Com efeito

destacamos as frases Os problemas foram resolvidos conversando com os colegas de curso

que me ajudaram a entender as legendas quando possiacutevel(relato PD-17) e Pedimos auxiacutelio do

professor e da colega ao lado para sanar as duacutevidas(relato PD-18) as quais deflagram essa accedilatildeo

Cabe mencionar que a iniciativa de pedir e oferecer auxiacutelio figura como uma accedilatildeo essencialmente

relacionada ao desenvolvimento de projetos de natureza livre - tal qual o software livre cujos

programadores e usuaacuterios tradicionalmente tentam estabelecer e manter comunidades de apoio

mutuo Percebemos que um dos principais objetivos ao fazecirc-lo consiste em facilitar a atuaccedilatildeo da

inteligecircncia coletiva em seus projetos Entendemos que essa atitude seraacute tambeacutem fundamental para

o desenvolvimento de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre Esse aspecto poderaacute ser abordado

em percursos de formaccedilatildeo de professores de idiomas e estaacute em sintonia com duas competecircncia

apontadas por Espanha (2013 p 13) - a saber conectar-se e colaborar por meio de ferramentas

digitaise interagir e participar de comunidades e redes Ambas segundo Espanha (2013 p 13)

estatildeo associadas agrave dimensatildeo da Comunicaccedilatildeo conforme apresentamos no QUAD 72

Compreendemos enfim que a dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas pode ser experi-

enciada em contextos de produccedilatildeo de materiais didaacuteticos de qualquer natureza ainda que esteja -

consideramos - estreitamente relacionado agrave produccedilatildeo de materiais didaacuteticos virtuais de natureza

livre Mesmo a produccedilatildeo de materiais fechados pode envolver a utilizaccedilatildeo de insumos registrados

141

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

com licenccedilas flexiacuteveis ou a sua exclusatildeo consciente Tanto essa decisatildeo quanto aquela envolvem a

compreensatildeo das licenccedilas A adoccedilatildeo e o entendimento do conjunto referencial de licenccedilas adotado

- independente de qual seja - estatildeo relacionados agraves demandas de adaptaccedilatildeo das leis de direitos

autorais agraves praacuteticas de produccedilatildeo e circulaccedilatildeo de bens culturais que se estabelecem com o advento

de novas tecnologias digitais Tais adaptaccedilotildees e tais praacuteticas de produccedilatildeo e circulaccedilatildeo podem

afetar a praacutetica de todos os docentes e natildeo apenas uma determinado perfil Corrobora nossa

argumentaccedilatildeo a percepccedilatildeo de Espanha (2013 p 13) quando considera importante que o docente

da era digital saiba aplicar os direitos de propriedade intelectual e as licenccedilas de uso(ESPANHA

2013 p 13) Compreendemos que Espanha (2013 p 13) se refere a todos os docentes que atuam

ou vatildeo atuar na era digital

716 Dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e de Sequecircn-

cias Didaacuteticas digitais

A dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e sequecircncias didaacuteticas digitais pode ser percebida

por meio dos relatos de PD-21 a PD-25 (QUAD 79) Observamos de fato que os relatos indicam

a ocorrecircncia de dificuldades com a ediccedilatildeo de imagens - como expressa o excerto [Encontramos

problemas para] editar a imagem(relato PD-21) - e com a ediccedilatildeo das Sequecircncias Didaacuteticas pro-

duzidas com o programa de autoria EXElearning - conforme exemplificam os excertos Algueacutem

consegue dizer por que eu natildeo tou conseguindo movecirc-la(referindo-se a uma janela que abriga um

site na Sequecircncia Didaacutetica apresentada) (relato PD-23) e Eacute que o viacutedeo ela conseguiu colocar

ali Conte como foi essa epopeia(relato PD-25) ou seja como foi difiacutecil inserir o viacutedeo em uma

atividade da Sequecircncia Didaacutetica que estavam produzindo

Compreendemos que os problemas relativos agrave ediccedilatildeo das Sequecircncias Didaacuteticas podem estar

relacionados agrave pouca familiaridade dos professores-participantes com o programa de autoria

que utilizavam naquele contexto e naquele momento De fato percebemos que alguns relatos

podem deflagrar situaccedilotildees em que a resoluccedilatildeo dos problemas envolveu a aprendizagem ou a

percepccedilatildeo de um aspecto recurso ou possibilidade de configuraccedilatildeo do programa de autoria ateacute

entatildeo despercebidos pelos professores-participantes citados nos relatos Tomamos como exemplo

os relatos PD-24 e PD-25 Ambos deflagram situaccedilotildees em que os informantes declaram ter percebido

peculiaridades da dinacircmica do programa apoacutes a publicaccedilatildeo das Sequecircncias Didaacuteticas que produziam

Dessa forma enquanto no relato PD-24 os professores-participantes perceberam que o tamanho do

artigo utilizado como insumo seria diferente na versatildeo editaacutevel e na versatildeo publicada da Sequecircncia

Didaacutetica produzida no relato PD-26 o informante declara ter percebido que o viacutedeo - que acabara de

inserir - funciona normalmente na versatildeo publicada natildeo obstante apareccedila desconfigurado na versatildeo

editaacutevel Estes satildeo os trechos a partir dos quais percebemos tais relaccedilotildees A gente acabou de

descobrir depois de publicar que o artigo natildeo aparece inteiro como ele apareceria pra gente(relato

PD-24) e Ah entatildeo foi super difiacutecil mas depois eu descobri que na verdade todo o trabalho

que eu tive pra por o viacutedeo natildeo precisava ter porque na hora de publicar ele ele [funciona

normalmente](relato PD-26) Em adiccedilatildeo percebemos que no relato PD-24 a possibilidade de

optar por outras configuraccedilotildees eacute apontada pelo pesquisador No relato PD-26 o proacuteprio informante

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Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 79 Relatos-produccedilatildeo dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e desequecircncia didaacuteticas digitais

PD-21 [Encontramos problemas para] editar a imagem (problema ainda natildeo resolvido)(Informante 15)

PD-22 aiacute aqui foi uma das dificuldades que a gente teve no programa que as opccedilotildeeseram vino bianco vino rosso e aranciata e o programa natildeo sei como natildeoaceitou a gente tentou a Socircnia (componente do grupo de trabalho) reiniciouneacute Comeccedilou tudo de novo do zero e mesmo assim o programa natildeo aceitoue ficou essa opccedilatildeo eacute entatildeo isso aqui seria uma terceira alternativa que natildeodeu certo na nossa programaccedilatildeo [Informante 8]

PD-23 () se eu conseguir abrir a janela taacute gente Vocecircs veem (riso) o site Algueacutemconsegue dizer por que eu natildeo tou conseguindo movecirc-la (referindo-se auma janela que abriga um site na sequecircncia didaacutetica apresentada) (Seguemexplicaccedilotildees dos colegas sobre como o informante poderia rolar a tela a que serefere mostrando as partes escondidas do texto) Brigado gente eacute que apessoa natildeo eacute muito (referindo-se a si mesmo e sua dificuldade em utilizar oprograma) [Informante 2]

PD-24 Nessa configuraccedilatildeo que a gente taacute mostrando aqui () eu natildeo consigo abrirmais essa janela entatildeo eu natildeo vou conseguir [rolar a paacutegina com o texto]() A gente acabou de descobrir depois de publicar que o artigo natildeo apareceinteiro como ele apareceria pra gente [Informante 2] Entatildeo vocecircs escolheramqual tamanho [para a janela que abriga o texto na sequecircncia apresentada]Pequeno meacutedio ou ( ) grande [dependendo do tamanho] o aluno vai terque [rolar ou natildeo a paacutegina] [Pesquisador] Da forma como aparecia pra genteo aluno tinha a visatildeo inteira Como se ele abrisse o site neacute () O site podeporque o site disse que pode mas a foto separadamente natildeo porque a gentenatildeo tem a licenccedila pra foto [Informante 2]

PD-25 Entatildeo a partir do viacutedeo [Informante 4] Eacute que o viacutedeo ela conseguiu colocarali Conte como foi essa epopeia [Informante 3] Ah entatildeo foi super difiacutecil masdepois eu descobri que na verdade todo o trabalho que eu tive pra por o viacutedeonatildeo precisava ter porque na hora de publicar ele ele [funciona normalmente][Informante 4]

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Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

declara ter feito a descoberta

Consideramos que esse Problema de Ensino - bem como essas situaccedilotildees descritas - remetem

agrave questatildeo do desenvolvimento da competecircncia digital no que se refere a saber utilizar programas

de ediccedilatildeo - ou de criaccedilatildeo de conteuacutedo - em geral - conforme Romero (2008) a qual destaca

dentre as competecircncias tecnoloacutegicas que se espera que os docentes desenvolvam o domiacutenio de

ferramentas de criaccedilatildeo (QUAD 62) Naturalmente percebemos os esforccedilos de desenvolvimento

dessa competecircncia como um possiacutevel caminho a ser seguido tanto em contextos de formaccedilatildeo

docente quanto em contextos de praacutetica no sentido de solucionar esse Problema de Ensino

Vale destacar o relato PD-22 em que situaccedilatildeo descrita pode apontar tanto para a competecircncia

dos professores participantes ali referenciados quanto para problemas que podem ocorrer no

programa de autoria Trata-se de uma situaccedilatildeo com a qual os professores autores poderatildeo se

defrontar em sua praacutetica De fato ao trabalharem com qualquer programa seja livre ou proprietaacuterio

esses profissionais poderatildeo se deparar com algum tipo de falha desse software Compreendemos

que lidar com essa situaccedilatildeo tambeacutem passa pelo desenvolvimento de competecircncias especiacuteficas

tal qual conforme Espanha (2013 p 13) referindo-se agrave dimensatildeo da Resoluccedilatildeo de Problemas

saber resolver problemas teacutecnicos(QUAD 72) sendo essa - do nosso ponto de vista - tomada

em sentido amplo e significando desde resolver por contra proacutepria ateacute saber encontrar e selecionar

quem melhor poderaacute auxiliar nessa tarefa

Ressaltamos enfim que a dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e de Sequecircncias

Didaacuteticas Digitais natildeo seraacute especiacutefica em relaccedilatildeo agrave produccedilatildeo de material didaacutetico de natureza virtual

livre podendo ocorrer de fato na produccedilatildeo de materiais didaacuteticos de qualquer natureza desde que -

naturalmente - envolva a ediccedilatildeo de artefatos digitais

717 Dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware

O uacuteltimo Problema de Ensino relacionado agrave produccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre

que identificamos em nossa pesquisa - a saber a dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware - pode

ser visto no relato PD-26 (QUAD 710) Percebemos por meio desse relato uma situaccedilatildeo em que

os professores-participantes citados pelo informante deparam-se com um arquivo de viacutedeo cujo

componente de aacuteudio natildeo pode ser ouvido em um dos computadores do seu grupo de trabalho Tal

situaccedilatildeo pode ser deflagrada por meio do excerto [tivemos] dificuldades no meu computador a

gente natildeo conseguia ouvir e soacute um deles que jaacute vinham com o texto escrito que a gente poderia

saber o que tava escrito(relato PD-26)

Associamos essa questatildeo - tal qual fizemos em nossa anaacutelise sobre a dificuldade relativa agrave

ediccedilatildeo de insumos digitais e sequecircncias didaacuteticas digitais - tanto a um mal funcionamento do compu-

tador em niacutevel de hardware ou de software quanto a questotildees relacionadas agraves competecircncias dos

professores-participantes no que se refere agrave utilizaccedilatildeo de computadores ou de software especiacuteficos

Consideramos que esse Problema de Ensino remete ao desenvolvimento de determinadas competecircn-

cias digitais tais como as jaacute citadas saber utilizar programas de ediccedilatildeo ou de criaccedilatildeo de conteuacutedo

em geral conforme Romero (2008) referindo-se agraves Competecircncias Tecnoloacutegicas (QUAD 62) e

saber resolver problemas teacutecnicos conforme aponta Espanha (2013 p 13) referindo-se agrave dimensatildeo

da Resoluccedilatildeo de Problemas (QUAD 72) Cabe lembrar que essa referecircncia agraves competecircncias

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Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em salade aula presencial

Quadro 710 Relato-produccedilatildeo dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware

PD-26 A gente tentou inicialmente eacute acho que foi a dificuldade geral de todos osgrupos neacute Viacutedeos e imagens ah a Rosana (componente do grupo detrabalho) conseguiu achar um site que tinha um tambeacutem mudaria um pouco onosso foco neacute Que tinham aacuteudios de faacutebulas [tivemos] dificuldades no meucomputador a gente natildeo conseguia ouvir e soacute um deles que jaacute vinham como texto escrito que a gente poderia saber o que tava escrito soacute que daiacute eramuito uma dificuldade muito maior tempos verbais muito avanccedilados paranossa aula [Informante 11]

citadas aponta naturalmente para um possiacutevel caminho de formaccedilatildeo docente no que se refere ao

Problema de Ensino abordado ou seja a dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware

Consideramos oportuno observar enfim que esse tipo de problema - tal qual a dificuldade

relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e de Sequecircncias Didaacuteticas digitais discutida na subseccedilatildeo

anterior (716) - natildeo parece ser especiacutefico em relaccedilatildeo agrave produccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza

virtual livre Ele pode ocorrer de fato em processos de produccedilatildeo de materiais didaacuteticos virtuais

de outras naturezas como por exemplo de materiais didaacuteticos virtuais fechados Com efeito

um insumo de viacutedeo por exemplo pode natildeo funcionar em todo e qualquer computador seja por

problema de incompatibilidade por mal funcionamento do hardware ou porque o professor-autor

simplesmente natildeo sabe configurar o seu computador adequadamente

72 Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utiliza-

ccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em sala de aula

presencial

Discutimos nesta seccedilatildeo os Problemas de Ensino relacionados agrave utilizaccedilatildeo de material didaacutetico de

natureza virtual livre ocorrida em duas disciplinas de liacutengua italiana ofertadas em niacutevel de graduaccedilatildeo

na mesma liacutengua junto agrave faculdade de Letras de uma universidade puacuteblica do estado de Satildeo Paulo

Em nossa anaacutelise identificamos um total de 11 (onze) Relatos de Problemas de Ensino ligados

ao aspecto da utilizaccedilatildeo os quais procuramos reunir de acordo com o(s) respectivo(s) temas(s) A

partir desses relatos percebemos 4 (quatro) Problemas de Ensino fundamentais - mapeados no

QUAD 71 e discutidos nas subseccedilotildees de 721 a 724 Satildeo eles

1 Dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que podem ser utilizados para organizar

as Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas em sala de aula presencial

2 Crenccedila de que a escassez de material didaacutetico impresso poderaacute ser mal vista pelos discentes

3 Dificuldade em compreender o funcionamento do software utilizado em sala de aula

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Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em salade aula presencial

4 Preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e do software que abrigam e fornecem

acesso agraves Sequecircncias Didaacuteticas

Consideramos que todos esses Problemas de Ensino estatildeo relacionados ao aspecto digital do

material didaacutetico de natureza virtual livre Desse modo natildeo os consideramos especiacuteficos no que se

refere a materiais dessa natureza ainda que sejam caracteriacutesticos e que possam ser fortemente

associados ao seu universo Com efeito a dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes - sendo nesse

caso suportes para artefatos digitais a crenccedila de que a escassez de material impresso poderaacute ser

mal vista pelos alunos a dificuldade de compreender o funcionamento do software utilizado em sala

de aula e a preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e do software poderatildeo ser percebidas

na utilizaccedilatildeo de materiais didaacuteticos abertos ou fechados desde que sejam virtuais

721 Dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que po-

dem ser utilizados para organizar as Sequecircncias Didaacuteticas e

para trabalhar com elas em sala de aula presencial

A dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que podem ser utilizadas para organizar as

Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas em sala de aula presencial podem ser constatadas

por meio dos relatos de UT-1 a UT-4 (QUAD 711) Percebemos que essa dificuldade de adaptaccedilatildeo

se desdobra em dois aspectos principais a ansiedade e a orientaccedilatildeo do professor sendo que essa -

a dimensatildeo da orientaccedilatildeo - diz respeito agrave mudanccedila de referecircncia do livro didaacutetico impresso para o

computador e agrave ocupaccedilatildeo do espaccedilo fiacutesico da sala de aula pelo professor enquanto leciona

Enquanto o aspecto da ansiedade pode ser visto pelo excerto () [se] trata de uma ansiedade

particular de adaptaccedilatildeo agraves novas tecnologias(relato UT-1) os aspectos relativos agrave mudanccedila de

referecircncia do livro impresso para o computador e agrave ocupaccedilatildeo do espaccedilo fiacutesico podem ser percebidos

pelos trechos eu me senti um pouco confuso e me confundi um pouco ao trabalhar os toacutepicos

da aula(relato UT-2) e [Sinto] dificuldade em abandonar o apoio concreto do livro[UT-3] - para

o aspecto da mudanccedila de referecircncia - e Nos dias em que usamos o computador fiquei bastante

tempo sentado posiccedilatildeo que natildeo eacute nada usual para mim pois prefiro caminhar e circular entre as

carteiras[UT-4] - para o aspecto da ocupaccedilatildeo do espaccedilo

Cabe observar que as aulas ocorreram em dois ambientes um laboratoacuterio de informaacutetica e uma

sala de aula com um computador No laboratoacuterio havia um projetor e uma seacuterie de computadores

de mesa fixos em bancadas paralelas sendo um deles disponiacutevel - agrave frente - para o professor

Na sala de aula por sua vez havia um projetor e um computador de mesa para o professor

- aleacutem da rede sem fio disponibilizada pela faculdade Compreendemos que naturalmente a

escolha de outras tecnologias - tais como notebooks netbooks tablets ou ateacute mesmo smartphones

- para uso do professor nesse caso poderia ter contribuiacutedo para uma melhor adaptaccedilatildeo entre

tecnologias e preferecircncias desse profissional no que se refere agrave ocupaccedilatildeo do espaccedilo da sala de

aula Conhecer novas tecnologias parece ser um dos caminhos para que em sua formaccedilatildeo inicial

ou continuada o docente de liacutenguas tenha agrave sua disposiccedilatildeo um leque maior de possibilidades e

para que aperfeiccediloe sua habilidade de escolha desses artefatos em sua praacutetica Isso de fato pode

contribuir para a resoluccedilatildeo do Problema de Ensino que destacamos nesta subseccedilatildeo - a saber

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Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em salade aula presencial

Quadro 711 Relatos-utilizaccedilatildeo dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias quepodem ser utilizados para organizar as Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas em

sala de aula presencial

UT-1 A minha dificuldade pessoal em relaccedilatildeo ao meio virtual parece natildeo ter afetado oandamento das aulas e do programa pois [se] trata de uma ansiedade particularde adaptaccedilatildeo agraves novas tecnologias [Professor-informante - D8]

UT-2 Nesse dia eu me senti ainda um pouco confuso e me confundi um pouco aotrabalhar os toacutepicos da aula Num determinado momento pedi ao [pesquisador]que escrevesse as perguntas na lousa mas ele logo me alertou que natildeo serianecessaacuterio pois estava tudo no site e visiacutevel aos alunos De qualquer formaa intervenccedilatildeo do [pesquisador] foi fundamental para que eu me orientasse naatividade [Professor-informante - D2]

UT-3 [Sinto] dificuldade em abandonar o apoio ldquoconcretordquo do livro apesar de entendera ldquoconcretuderdquo da rede [Professor-informante - D8]

UT-4 Aleacutem do computador usei a lousa (acho importante utilizaacute-la a fim de quebrar oritmo e fazecirc-los prestar atenccedilatildeo num outro meio) que me auxiliou no momentode trabalhar com as ideias que vinham deles Nos dias em que usamos ocomputador fiquei bastante tempo sentado posiccedilatildeo que natildeo eacute nada usual paramim pois prefiro caminhar e circular entre as carteiras Acho que tambeacutem porisso usei a lousa a fim de me deslocar de um lugar a outro [Professor-informante- D2]

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Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em salade aula presencial

a dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que podem ser utilizados para organizar

Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas em sala de aula presencial - no que se refere a

ambos os aspectos identificados ou seja tanto a ansiedade quanto a orientaccedilatildeo do professor

sendo essa ainda desdobrada em dificuldade relativa agrave mudanccedila de referecircncia do livro didaacutetico

para o computador e agrave ocupaccedilatildeo do espaccedilo fiacutesico da sala de aula pelo docente

Compreendemos enfim que o trabalho relativo agrave questatildeo da ansiedade relatada pelo professor-

informante - tambeacutem em contexto de formaccedilatildeo inicial ou continuada - pode passar pelo autoconheci-

mento - com o objetivo de compreender o motivo desse sentimento - e pela ampliaccedilatildeo do contato

com as novas tecnologias de modo que se tornem parte da sua praacutetica e do seu cotidiano tal qual o

livro didaacutetico impresso Ademais entendemos que essas accedilotildees podem tambeacutem contribuir para que

o professor consiga se sentir confortaacutevel ao utilizar novos sistemas de referecircncias que podem surgir

com a utilizaccedilatildeo das novas tecnologias em sala de aula presencial

722 Crenccedila de que a escassez de material didaacutetico impresso na sala

de aula presencial poderaacute ser mal vista pelos discentes

A crenccedila de que a escassez de material didaacutetico impresso na sala de aula presencial poderaacute ser mal

vista pelos alunos e alunas se destaca no relato UT-5 (QUAD 712) De fato percebemos por meio

do relato que o professor-informante declara ter levado uma grande quantidade de material didaacutetico

impresso em sua bolsa para a sala de aula mesmo tendo percebido que seria desnecessaacuterio

jaacute que todo o material da aula estava em meio virtual e todo o hardware que seria utilizado para

acessaacute-lo estava instalado na sala de aula Fator chave para essa decisatildeo conforme relata o

professor-informante consiste em sua crenccedila de que a ausecircncia desses artefatos poderia ser

avaliada negativamente Ele natildeo se permitiu fazecirc-lo pois acreditou que seria demais(relato UT-5) ir

para a sala de aula carregando apenas uma bolsa com os seus pertences

Conforme mencionamos na seccedilatildeo 71 consideramos que Problemas de Ensino baseados em

crenccedilas podem ser abordados principalmente por meio do exerciacutecio de reflexatildeo e de ampliaccedilatildeo

do contato com os elementos envolvidos na construccedilatildeo da crenccedila Percebemos nesse caso que

confrontar a questatildeo com os alunos em sala de aula pode ser uma via de soluccedilatildeo - sendo que esse

confronto pode se desdobrar tanto em uma reflexatildeo dirigida com os alunos no sentido de trazer

a questatildeo agrave tona e motivar a percepccedilatildeo de que o material para a aula estaacute acessiacutevel quanto na

eventual dissoluccedilatildeo da crenccedila motivada pelo acesso agrave verdadeira percepccedilatildeo dos alunos sobre a

questatildeo Nesse caso de fato ao saber que os alunos natildeo veem com maus olhos a questatildeo da

escassez de materiais impressos em sala de aula a crenccedila poderaacute ser diluiacuteda

723 Dificuldade em compreender o funcionamento do software utili-

zado em sala de aula

Percebemos a dificuldade em compreender o funcionamento do software utilizado em sala de

aula por meio dos relatos de UT-6 a UT-8 (QUAD 713) Nesses relatos de fato o professor-

informante declara ter sentido dificuldade em compreender o funcionamento dos programas utilizados

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Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em salade aula presencial

Quadro 712 Relatos-utilizaccedilatildeo crenccedila de que a escassez de material didaacutetico impressona sala de aula presencial poderaacute ser mal vista pelos discentes

UT-5 Hoje acordei olhei para a bolsa com o material para a aula () e pensei puxanatildeo precisaria nem levar essa bolsa pesada comigo O material estaacute todo laacute (nocomputador) Mas aiacute achei demais chegar soacute com minha bolsa pessoal semmaterial pesado livros e folhas () Levei a bolsa com quase todo o peso masa uacutenica coisa que usei foi a lista de presenccedila [Professor-informante - D2]

Quadro 713 Relatos-utilizaccedilatildeo dificuldade em compreender o funcionamento do softwareutilizado em sala de aula

UT-6 [sinto] falta de praacutetica (pouca familiaridade) com a tecnologia agrave disposiccedilatildeo (deminha parte principalmente) [Professor-informante - D8]

UT-7 ( ) acabei de olhar o blog e amanhatilde gostaria que me explicasse algumasquestotildees teacutecnicas [dirigindo-se ao pesquisador] pois sou muito ignorante noassunto [] seria uma espeacutecie de Moodle mais ou menos isso natildeo [referindo-se ao blog Wordpress utilizado para organizar o material didaacutetico nas aulas]Achei muito interessante e estou gostando da ideia da mudanccedila mesmo[Professor-informante - D1]

UT-8 ( ) natildeo consegui usar o [Ambiente Virtual de Aprendizagem] como gostaria[tive] dificuldade em alimentar o site com exerciacutecios propostas motivadorasavisos aos alunos (continuei a usar o e-mail para os avisos tradicionais e paraenvio de material extra) [Professor-informante - D8]

em suas aulas ou seja o sistema de blog Wordpress 54 e o Ambiente Virtual de Aprendizagem

disponibilizado pela universidade em que leciona - baseado no sistema MOODLE 55 Essa dificuldade

pode ser percebida pelos excertos [sinto] falta de praacutetica (pouca familiaridade) com a tecnologia

agrave disposiccedilatildeo(relato UT-6) acabei de olhar o blog e amanhatilde gostaria que me explicasse algumas

questotildees teacutecnicas [dirigindo-se ao pesquisador] pois sou muito ignorante no assunto(relato UT-7)

e natildeo consegui usar o [Ambiente Virtual de Aprendizagem] como gostaria[relato UT-8]

Notamos que frente agrave dificuldade de compreender o funcionamento dos programas utilizados

em suas aulas o professor-informante optou pela utilizaccedilatildeo de recursos digitais cujo funcionamento

lhe era familiar Nesse caso referimos-nos ao e-mail conforme relato do professor-informante

continuei a usar o e-mail para os avisos tradicionais e para envio de material extra(relato UT-8)

Compreendemos que aleacutem da opccedilatildeo de lanccedilar matildeo de recursos digitais familiares o estudo do

funcionamento dos novos programas e sistemas com os quais o professor pode se deparar em

54httpwwwwordpressorgbr55httpwwwmoodleorg

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Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em salade aula presencial

sua praacutetica consiste em uma possiacutevel estrateacutegia perante esse Problema de Ensino - a saber a

dificuldade de compreender o funcionamento do software utilizado em sala de aula

Vale ressaltar enfim que nem sempre o professor poderaacute escolher todos os recursos digitais com

os quais pretende trabalhar Eacute possiacutevel como no caso aqui apresentado que esse profissional tenha

a sua disposiccedilatildeo um sistema - como por exemplo um Ambiente Virtual de Aprendizagem - utilizado

pela instituiccedilatildeo em que trabalha e que por motivos diversos tenha que utilizaacute-lo Naturalmente esse

debate aponta para o desenvolvimento de competecircncias relativas ao uso de novas tecnologias ou

seja conforme Romero (2008) - descrito no QUAD 62 - para as competecircncias tecnoloacutegicas as

quais como explicam Garcia et al (2011 p 83) referem-se ao domiacutenio de ferramentas de criaccedilatildeo

e aplicaccedilotildees com uso da internet(GARCIA et al 2011 p 83)

724 Preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e do software

que abrigam e fornecem acesso agraves Sequecircncias Didaacuteticas

A preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e do software que abrigam e fornecem acesso

agraves Sequecircncias Didaacuteticas pode ser identificada nos relatos de UT-9 a UT-11 descritos no QUAD

714 Percebemos que tal preocupaccedilatildeo - nesse caso - estaacute diretamente relacionada com o fato

de que um eventual mal funcionamento desses artefatos pode atrasar ou ateacute mesmo inviabilizar a

aula Consideramos que a preocupaccedilatildeo com um provaacutevel atraso da aula pode ser vista por meio

da anaacutelise dos relatos UT-10 e UT-11 na iacutentegra A preocupaccedilatildeo com uma eventual inviabilizaccedilatildeo

dessa atividade por sua vez pode ser deflagrada pelo excerto a uacutenica preocupaccedilatildeo que tenho eacute o

som(relato UT-9) o qual se insere - nesse relato - no contexto do planejamento de uma possiacutevel

atividade de compreensatildeo oral

Notamos que frente agrave essa preocupaccedilatildeo o professor-informante cogitou a ideia de um plano

B ou seja uma atividade alternativa a ser feita no caso de natildeo funcionamento do hardware Essa

estrateacutegia pode ser vista no relato UT-9 quando ele diz talvez um plano B referindo-se a esse

plano alternativo em caso de mal funcionamento do som Consideramos que essa situaccedilatildeo aponta

para o fato de que naturalmente o uso de novas tecnologias - quaisquer que sejam - em sala de

aula poderaacute motivar novas demandas novos olhares por parte do professor e novas estrateacutegias

relacionadas agraves tarefas de planejamento e de execuccedilatildeo de seus cursos e aulas - o que aponta

outrossim para o desenvolvimento contiacutenuo de novas habilidades e competecircncias

150

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em salade aula presencial

Quadro 714 Relatos-utilizaccedilatildeo preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e dosoftware que abrigam e fornecem acesso agraves Sequecircncias Didaacuteticas

UT-9 Oacutetima a atividade para segunda Para o dia 1o eu tinha pensado num ripassopara a prova mas estou pensando ( ) se natildeo seria melhor fazer a prova deascolto Estaremos na sala [dos computadores] se natildeo me engano talvez umviacutedeo com o tema viagem ou supermercado a uacutenica preocupaccedilatildeo que tenho eacuteo som talvez um plano B [Professor-informante - D5]

UT-10 [percebo uma] dificuldade teacutecnica demora em ligar os computadores conse-quentemente demora em iniciar a aula rede lenta [Professor-informante -D8]

UT-11 Devido a uma questatildeo teacutecnica o trabalho acessando o site com materialdidaacutetico proposto ( ) atrasou um pouco mas natildeo prejudicou o andamento daaula [Professor-informante - D2]

151

Capiacutetulo 8

Conclusotildees

Nossa pesquisa teve como objetivo explorar as implicaccedilotildees relacionadas agrave utilizaccedilatildeo de material

didaacutetico de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano LEL2

sendo essas implicaccedilotildees especificadas e tratadas em forma de Problemas de Ensino (ORTALE

2010 p 425) e sendo o termo utilizaccedilatildeo desdobrado em dois aspectos o aspecto da utilizaccedilatildeo - em

sala de aula presencial - e o aspecto da produccedilatildeo Aleacutem disso tivemos como meta - em sintonia

com a metodologia de formaccedilatildeo de professores de italiano proposta pela Profa Dra Fernanda

Landucci Ortale no acircmbito da disciplina Atividades de Estaacutegio discutida no capiacutetulo 5 desta tese

- observar e discutir possiacuteveis caminhos ou estrateacutegias de resoluccedilatildeo dos problemas identificados

Nossa investigaccedilatildeo foi motivada e orientada tambeacutem pela hipoacutetese de que a utilizaccedilatildeo de materiais

didaacuteticos de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de liacutengua italiana

como LEL2 deflagra uma seacuterie de implicaccedilotildees observaacuteveis e especiacuteficas ndash as quais podem ser

definidas em termos de Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 425) ndash dada a sua natureza

peculiar ou seja livre Buscamos em nossas conclusotildees contemplar essas metas e questotildees

de pesquisa Para tanto destacamos 4 dimensotildees discutidas nas seccedilotildees de 81 a 84 Satildeo elas

as caracteriacutesticas gerais dos Problemas de Ensino identificados nesta pesquisa (seccedilatildeo 81) as

possiacuteveis estrateacutegias ou caminhos de resoluccedilatildeo dos Problemas de Ensino identificados (seccedilatildeo 82)

a hipoacutetese de pesquisa (seccedilatildeo 83) e finalmente a metodologia e os possiacuteveis desdobramentos

futuros de nossa investigaccedilatildeo (seccedilatildeo 84)

81 Das caracteriacutesticas gerais dos Problemas de Ensino

identificados nesta pesquisa

Encontramos em nossa investigaccedilatildeo um total de 11 (onze) Problemas de Ensino - 7 (sete) relacio-

nados ao aspecto da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre e 4 (quatro) relativos ao aspecto da

utilizaccedilatildeo desse tipo de material didaacutetico em sala de aula presencial de ensino-aprendizagem de

italiano como LEL2 Satildeo eles de 1 a 7 relacionados ao primeiro aspecto e de 8 a 11 ao segundo

conforme tambeacutem indicamos na tabela 71

PE-1 Dificuldade para encontrar insumos desejados registrados com licenccedilas flexiacuteveis

152

Das caracteriacutesticas gerais dos Problemas de Ensino identificados nesta pesquisa

PE-2 Inseguranccedila (e resistecircncia) associada agrave utilizaccedilatildeo de insumos livres no material didaacutetico

PE-3 Crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre necessariamente

aumenta a carga horaacuteria de trabalho docente

PE-4 Dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica e o estado de artefato em construccedilatildeoque o

software livre pode apresentar

PE-5 Dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas

PE-6 Dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e de sequecircncias didaacuteticas digitais

PE-7 Dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware

PE-8 Dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que podem ser utilizados para organizar

as Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas em sala de aula presencial

PE-9 Crenccedila de que a escassez de material didaacutetico impresso na sala de aula presencial poderaacute

ser mal vista pelos discentes

PE-10 Dificuldade em compreender o funcionamento do software utilizado em sala de aula

PE-11 Preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e do software que abrigam e fornecem

acesso agraves Sequecircncias Didaacuteticas

Notamos por meio de nossa anaacutelise a proeminecircncia de dois fatores as crenccedilas a respeito de

materiais didaacuteticos de natureza virtual livre e a demanda pelo desenvolvimento de competecircncias

relacionadas aos aspectos virtual e livre desse tipo de material didaacutetico Com efeito 3 (trecircs) dos

Problemas de Ensino se relacionam estritamente agraves crenccedilas e 4 (quatro) agraves demandas ligadas ao

desenvolvimento de competecircncias digitais por parte do professor

Destacamos para o primeiro aspecto a crenccedila de que insumos livres satildeo intrinsecamente de

maacute qualidade o que pode gerar um sentimento de inseguranccedila relativo agrave utilizaccedilatildeo de materiais

de natureza livre (PE-1) a crenccedila de que o trabalho com material didaacutetico de natureza virtual livre

deveraacute ser produzido do zero a cada novo contexto de ensino e aprendizagem o que pode embasar

por sua vez a crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos dessa natureza necessariamente

aumenta a carga horaacuteria de trabalho docente (PE-2) - tornando nesse caso tal utilizaccedilatildeo inviaacutevel

perante a condiccedilatildeo de proletarizaccedilatildeo do professor e a crenccedila de que a escassez de material didaacutetico

impresso na sala de aula presencial poderaacute ser vista de forma negativa pelos alunos (PE-9) jaacute

que eles poderiam associar a qualidade da aula agrave quantidade de material impresso presente nesse

ambiente

No que se refere ao segundo aspecto - a saber a demanda pelo desenvolvimento de compe-

tecircncias especiacuteficas - ressaltamos a falta ou a maacute localizaccedilatildeo das indicaccedilotildees sobre a licenccedila de

uso dos insumos e a incompreensatildeo dessas licenccedilas por parte do professor-autor quando estatildeo

claramente indicadas as quais englobamos agrave dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas (PE-5)

e associamos agraves seguintes competecircncias requeridas para o docente da era digital saber aplicar

os direitos de propriedade intelectual e as licenccedilas de uso(ESPANHA 2013 p 13) conectar-se

153

Das caracteriacutesticas gerais dos Problemas de Ensino identificados nesta pesquisa

e colaborar por meio de ferramentas digitais(ESPANHA 2013 p 13) e interagir e participar de

comunidades e redes(ESPANHA 2013 p 13) - sendo as duas ultimas ligadas a accedilotildees de apoio

muacutetuo com o intuito de aprender sobre a codificaccedilatildeo de licenccedilas flexiacuteveis ou o estabelecimento

de licenccedilas pouco claras eventualmente encontradas em insumos a dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo

de insumos e Sequecircncias Didaacuteticas digitais (PE-6) - tanto relacionada agrave falta de conhecimento do

professor a esse respeito quanto a problemas com o hardware ou o software com que trabalha

a dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware (PE-7) que tambeacutem pode se referir tanto a falta

de conhecimento do professor no sentido de natildeo conseguir configurar o software ou o hardware

de modo adequado quanto a falhas deses artefatos e enfim a dificuldade em compreender o

funcionamento do software utilizado em sala de aula (PE-10) a qual pode tambeacutem ser associada agrave

falta de conhecimento do professor a respeito dessa utilizaccedilatildeo

Compreendemos que esses trecircs uacuteltimos Problemas de Ensino (PE-5 PE-6 e PE-7) estatildeo

relacionados ao domiacutenio de ferramentas de criaccedilatildeo e aplicaccedilotildees com uso da internet conforme

Romero (2008 apud GARCIA et al 2011 p 83) e que ademais as dificuldades de ediccedilatildeo

de insumos e de Sequecircncias Didaacuteticas digitais (PE-6) e de utilizaccedilatildeo de hardware (PE-7) estatildeo

tambeacutem associadas a saber resolver problemas teacutecnicos de acordo com Espanha (2013 p 13)

Compreendemos esse saber como uma noccedilatildeo que pode transitar entre saber resolver por conta

proacutepria e saber encontrar ajuda e recursos para soluccedilatildeo

Quanto aos demais Problemas de Ensino - a saber PE-1 PE-4 PE-8 e PE-11 - percebemos

em linha de siacutentese que a dificuldade para encontrar insumos desejados registrados com licenccedilas

flexiacuteveis (PE-1) refere-se agrave tarefa de selecionar insumos que correspondam a uma determinada

finalidade - estabelecida para a Sequecircncia Didaacutetica em elaboraccedilatildeo - e que ao mesmo tempo

possuam licenccedilas flexiacuteveis ou ainda determinada configuraccedilatildeo de licenccedila flexiacutevel a dificuldade

em lidar com a natureza dinacircmica e o estado de artefato em construccedilatildeoque o software livre pode

apresentar (PE-4) estaacute relacionada agrave percepccedilatildeo e agrave atitude do professor-autor perante o uso de

software dessa natureza em sua praacutetica Essa constataccedilatildeo nos motivou a propor o estabelecimento

de dois perfis antagocircnicos de professores-usuaacuterios de software livre - a saber o usuaacuterio estaacutetico e o

usuaacuterio proativo ou livre Em linhas gerais enquanto esse percebe o software livre como tal - alme-

jando niacuteveis profundos de personalizaccedilatildeo e de apropriaccedilatildeo considerando sempre a possibilidade

de alcanccedilar tais niacuteveis aquele o vecirc por meio de uma perspectiva proprietaacuteria satisfazendo-se em

usar apenas o que o software oferece contentando-se com niacuteveis superficiais ou controlados de

personalizaccedilatildeo e apropriaccedilatildeo a dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que podem

ser utilizados para organizar as Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas em sala de aula

presencial (PE-8) estaacute relacionada agrave ansiedade do professor - perante o uso de novas tecnologias

- e a sua orientaccedilatildeo em sala de aula sendo que essa diz respeito agrave mudanccedila de referecircncia do

livro didaacutetico impresso para o computador (de mesa) e agrave ocupaccedilatildeo do espaccedilo fiacutesico da sala de

aula enquanto leciona a preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware (PE-11) enfim estaacute

diretamente relacionada agrave preocupaccedilatildeo com eventuais atrasos - ou ateacute mesmo com a inviabilizaccedilatildeo

- das aulas

154

Das possiacuteveis estrateacutegias ou caminhos de resoluccedilatildeo dos Problemas de Ensino identificados nestapesquisa

82 Das possiacuteveis estrateacutegias ou caminhos de resoluccedilatildeo

dos Problemas de Ensino identificados nesta pesquisa

Destacamos a respeito das estrateacutegias de resoluccedilatildeo dos Problemas de Ensino identificados em

nossa pesquisa e dos possiacuteveis caminhos de formaccedilatildeo docente a eles relacionados - ou seja agraves

implicaccedilotildees para a formaccedilatildeo de professores de idiomas em especial de liacutengua italiana inicial ou

continuada - que em linhas gerais um dos possiacuteveis caminhos de formaccedilatildeo relacionados aos

Problemas de Ensino baseados em crenccedilas - a saber PE-2 PE-3 e PE-9 - passa do nosso ponto

de vista pelo exerciacutecio de reflexatildeo e pela ampliaccedilatildeo do contato com o(s) objeto(s) envolvido(s)

na construccedilatildeo da crenccedila Tomamos como exemplo as crenccedilas de que insumos de natureza livre

possuem maacute qualidade intriacutenseca (associada ao PE-2) e de que a escassez de material didaacutetico

impresso em sala de aula presencial poderaacute ser mal vista pelos alunos (PE-9) Com efeito as

tentativas de resoluccedilatildeo desses problemas podem girar em torno respectivamente da reflexatildeo

sobre os conceitos de qualidade induacutestria cultural e ateacute mesmo da proacutepria ideia de crenccedila e

do levantamento das opiniotildees dos alunos sobre a presenccedila ou ausecircncia de materiais didaacuteticos

impressos em sala de aula Vale ressaltar que essa questatildeo aponta para o universo das crenccedilas

sobre materiais didaacuteticos de ensino de liacutenguas especialmente sobre os materiais didaacuteticos de

natureza virtual livre

Em adiccedilatildeo percebemos que os Problemas de Ensino relacionados a crenccedilas podem tambeacutem

apontar para estrateacutegias de resoluccedilatildeo adicionais como por exemplo a utilizaccedilatildeo de insumos que

faccedilam referecircncia a produtos culturais do universo fechado tal qual relatado em nossa pesquisa

frente ao problema PE-2 ou seja a inseguranccedila (e resistecircncia) associada agrave utilizaccedilatildeo de insumos

livres no material didaacutetico

O trabalho com Problemas de Ensino que envolvem a mobilizaccedilatildeo de competecircncias especiacuteficas

(PE-5 PE-6 PE-7 e PE-10) pode consistir por sua vez na identificaccedilatildeo das competecircncias requeridas

a cada caso e naturalmente no desenvolvimento dessas competecircncias pelo professor tanto em

formaccedilatildeo inicial quanto em formaccedilatildeo continuada Percebemos que em adiccedilatildeo a essa concepccedilatildeo

geral alguns problemas de ensino que envolvem a mobilizaccedilatildeo de competecircncias especiacuteficas - tais

quais dominar ferramentas de criaccedilatildeo e aplicaccedilotildees com uso da internet(ROMERO 2008 apud

GARCIA et al 2011 p 83) e saber resolver problemas teacutecnicos(ESPANHA 2013 p 13) - podem

tambeacutem apontar para estrateacutegias de resoluccedilatildeo adicionais as quais naturalmente podem sugerir

caminhos de formaccedilatildeo docente Destacamos por exemplo os Problemas de Ensino PE-5 e PE-10

De fato podem figurar como estrateacutegias de soluccedilatildeo para a dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das

licenccedilas (PE-5) o aprofundamento das buscas de insumos com o intuito de descobrir ou estabelecer

uma licenccedila pouco clara referente a um determinado insumo a melhoria da compreensatildeo do

sistema de licenciamento adotado pelo autor do insumo e a busca de auxiacutelio junto a colegas ou agrave

comunidade Podem figurar outrossim como possiacuteveis estrateacutegias para a soluccedilatildeo da dificuldade em

compreender o funcionamento do software utilizado em sala de aula (PE-10) a opccedilatildeo por tecnologias

com as quais o professor tenha mais familiaridade

Percebemos que os demais problemas de Ensino de nossa lista - a saber PE-1 PE-4 PE-8 e

PE-11 - tambeacutem apresentaram uma seacuterie de estrateacutegias que podem ser associadas agrave sua resoluccedilatildeo

155

Da hipoacutetese de pesquisa

e a possiacuteveis direcionamentos para o trabalho de formaccedilatildeo docente Consideramos oportuno

destaca-los Dessa forma a dificuldade para encontrar insumos desejados registrados com licenccedilas

flexiacuteveis (PE-1) pode ser associada agraves seguintes estrateacutegias melhorar a busca - no sentido de

intensificaacute-la e de refinaacute-la com o auxiacutelio de motores de busca especializados produzir os proacuteprios

insumos e fazer mudanccedilas na Sequecircncia Didaacutetica de modo a adaptaacute-la aos insumos encontrados

conforme relatado pelos professores-informantes de nossa pesquisa A dificuldade em lidar com

a natureza dinacircmica e o estado de artefato em construccedilatildeoque o software livre pode apresentar

(PE-4) aponta de acordo com nossa concepccedilatildeo para a intensificaccedilatildeo do exerciacutecio de reflexatildeo

sobre a essecircncia do software livre para a participaccedilatildeo em projetos de criaccedilatildeo e desenvolvimento

desse tipo de artefato com o intuito de conhecer melhor a sua dinacircmica de desenvolvimento

e as suas possibilidades de personalizaccedilatildeo e para a aquisiccedilatildeo de noccedilotildees de programaccedilatildeo A

dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que podem ser utilizados para organizar as

Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas em sala de aula presencial (PE-8) pode ser por

sua vez associada agraves seguintes estrateacutegias utilizaccedilatildeo de tecnologias sintonizadas com a praacutetica do

professor ampliaccedilatildeo do uso de novas tecnologias em sala de aula com o intuito de torna-las invisiacuteveis

tal qual tecnologias tradicionais como o livro didaacutetico impresso e reflexatildeo sobre sentimentos - como

ansiedade - que podem causar problemas relativos agrave utilizaccedilatildeo de novas tecnologias A preocupaccedilatildeo

com o funcionamento do hardware (PE-11) enfim pode ser associada agrave elaboraccedilatildeo de atividades

alternativas a serem realizadas em caso de mal funcionamento do hardware conforme vimos nos

relatos apresentados nesta pesquisa

83 Da hipoacutetese de pesquisa

Em resposta agrave nossa hipoacutetese de pesquisa - anunciada no capiacutetulo introdutoacuterio desta tese e

retomada na abertura do presente capiacutetulo - a saber a hipoacutetese de que a utilizaccedilatildeo de materiais

didaacuteticos de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de liacutengua italiana

como LEL2 deflagra uma seacuterie de implicaccedilotildees observaacuteveis e especiacuteficas as quais podem ser

definidas em termos de Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 425) dada a sua natureza peculiar

ou seja livre - notamos que apesar de se tratar de um tipo de material didaacutetico que de fato carrega

especificidades os Problemas de Ensino a ele relacionados natildeo parecem ser especiacuteficos jaacute que

podem girar em torno tambeacutem de materiais didaacuteticos de outras naturezas - tal qual materiais

didaacuteticos fechados ou frutos da Economia Guttemberg (SHIRKY 2010 p 42) Preferimos considerar

esses Problemas de Ensino como caracteriacutesticos dos materiais didaacuteticos de natureza virtual livre de

modo a rarear o aspecto de exclusividade que o termo especiacutefico pode denotar Vale mencionar que

em nossa pesquisa os Problemas de Ensino figuram como implicaccedilotildees observaacuteveis

Dessa forma notamos que crenccedilas - as quais conforme vimos destacam-se entre os Problemas

de Ensino que elencamos nesta pesquisa - podem de fato referir-se a materiais didaacuteticos (ou

artefatos ou construtos) de outras naturezas (natildeo livre) - ainda que tenhamos constatado a existecircncia

de crenccedilas que apontem para caracteriacutesticas desse tipo de material didaacutetico em um determinado

contexto sociocultural Citamos por exemplo a presenccedila de insumos produzidos e publicados em

um modelo de produccedilatildeo livre os quais podem ser considerados portadores de uma maacute qualidade

156

Da metodologia e dos possiacuteveis desdobramentos futuros desta pesquisa

intriacutenseca (PE-2) ou sua existecircncia em formato digital que por sua vez pode acarretar na escassez

de material didaacutetico impresso em sala de aula presencial e na subsequente avaliaccedilatildeo negativa dessa

situaccedilatildeo por parte dos alunos (PE-9) Com efeito essas crenccedilas podem se referir a outros tipos de

materiais didaacuteticos em outros contextos socioculturais

Raciociacutenio igual pode ser aplicado aos demais Problemas de Ensino levantados em nossa

pesquisa Desse modo percebemos que os problemas PE-6 PE-7 PE-8 PE-10 e PE-11 podem

ocorrer tanto em materiais didaacuteticos de natureza livre quanto fechados desde que sejam virtuais

Com efeito estatildeo todos relacionados ao uso de software ou hardware Em adiccedilatildeo notamos que

a dificuldade para encontrar insumos desejados registrados com licenccedilas flexiacuteveis (PE-1) pode

corresponder agrave dificuldade anaacuteloga vivenciada em contextos de produccedilatildeo de materiais didaacuteticos

fechados Natildeo seraacute difiacutecil por exemplo constatar a dificuldade em encontrar insumos que sejam

adequados ao projeto pedagoacutegico de uma determinada Sequecircncia Didaacutetica (fechada) e que con-

comitantemente natildeo carreguem impedimentos de uso - tais como preccedilo muito alto ou falta de

anuecircncia dos respectivos autores ou detentores dos seus direitos A dificuldade em lidar com a

natureza dinacircmica e o estado de artefato em construccedilatildeoque o software livre pode apresentar (PE-4)

ainda que seja estritamente relacionada ao universo dos materiais didaacuteticos de natureza virtual livre

pode ser enfrentado tambeacutem em contextos de utilizaccedilatildeo de materiais de outras naturezas desde

que se utilize software livre A dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas (PE-5) enfim apesar

de apontar para uma atividade caracteriacutestica do trabalho com materiais livres pode ser enfrentada

durante a produccedilatildeo de materiais de natureza fechada Esse tipo de produccedilatildeo de fato poderaacute incluir

o uso de insumos livres ou ateacute mesmo a sua exclusatildeo deliberada Isso significa que a compreensatildeo

de licenccedilas e coleccedilotildees de licenccedilas flexiacuteveis figura como competecircncia requerida tanto para autores

de materiais didaacuteticos livres quanto de materiais didaacuteticos fechados Compreendemos que essa

competecircncia estaacute relacionada agraves demandas de adaptaccedilatildeo das leis de direitos autorais agraves praacuteticas

de produccedilatildeo e circulaccedilatildeo de bens culturais estabelecidas com a chegada de novas tecnologias

Essas adaptaccedilotildees e praacuteticas de produccedilatildeo e circulaccedilatildeo podem afetar a praacutetica de todos os docentes

independentemente do perfil Conforme jaacute mencionado neste capiacutetulo ratifica nossa argumentaccedilatildeo

a percepccedilatildeo de Espanha (2013 p 13) quando considera importante que o docente da era digital

saiba aplicar os direitos de propriedade intelectual e as licenccedilas de uso(ESPANHA 2013 p 13)

Entendemos que Espanha (2013 p 13) se refere a todos os docentes que atuam ou vatildeo atuar na

era digital

84 Da metodologia e dos possiacuteveis desdobramentos fu-

turos desta pesquisa

Concluiacutemos que a metodologia que empregamos em nossa pesquisa - fundamentada em uma pers-

pectiva qualitativa de vieacutes construtivista e interpretativista - mostrou-se adequada para a investigaccedilatildeo

dos Problemas de Ensino dada a sua natureza personaliacutestica Consideramos tambeacutem adequados os

contextos e os instrumentos de coletas de dados que adotamos em nossa investigaccedilatildeo Com efeito

conseguimos perceber os Problemas de Ensino relativos agrave utilizaccedilatildeo e agrave produccedilatildeo de materiais

157

Da metodologia e dos possiacuteveis desdobramentos futuros desta pesquisa

didaacuteticos de natureza virtual livre respectivamente por meio dos contextos escolhidos - ou seja

duas disciplinas de liacutengua italiana e duas ediccedilotildees de um curso de formaccedilatildeo de professores em

serviccedilo e em preacute-serviccedilo dessa liacutengua Os instrumentos de levantamento de dados - a saber 1)

gravaccedilotildees em viacutedeo e aacuteudio respostas a questionaacuterio aberto e notas de campo para o contexto

de produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre e 2) notas de campo e-mails entre o pesquisador e

o informante diaacuterio de aula e respostas a questionaacuterio para o contexto de utilizaccedilatildeo de Material

Didaacutetico Virtual Livre - por sua vez foram eficientes na medida em que por meio deles conseguimos

recolher os Relatos de Problemas de Ensino a partir dos quais identificamos os Problemas de

Ensino Cabe observar enfim que consideramos especialmente produtivos os diaacutelogos abertos em

grupo que tivemos com os professores-participantes das duas ediccedilotildees dos cursos de formaccedilatildeo

imediatamente apoacutes as aulas - ou seja imediatamente apoacutes a experiecircncia de produccedilatildeo - sobre os

Problemas de Ensino enfrentados durante a atividade de produccedilatildeo de material didaacutetico Percebemos

que nessas seccedilotildees destacaram-se dois aspectos a quantidade e a qualidade das impressotildees dos

informantes sobre as suas experiecircncias de produccedilatildeo incluindo os Relatos de Problemas de Ensino

Compreendemos que o aumento da qualidade estaacute relacionada agrave manifestaccedilatildeo de Relatos de

Problemas de Ensino mais profundos e mais variados - ou seja que apontam para uma diversidade

maior de temas correlacionados Consideramos que poderiacuteamos ter explorado mais essas seccedilotildees

de diaacutelogo em nossa pesquisa Pretendemos fazecirc-lo em eventuais investigaccedilotildees futuras sobre

Problemas de Ensino

Percebemos enfim que nossa pesquisa pode apontar para almenos 3 (trecircs) possiacuteveis desdo-

bramentos O primeiro estaacute relacionado agrave proeminecircncia de Problemas de Ensino ligados a crenccedilas

percebida em nossas anaacutelises Dado esse fato consideramos pertinente nos questionar sobre a

possibilidade da existecircncia e da natureza de outras crenccedilas sobre materiais didaacuteticos de natureza

virtual livre O segundo por sua vez consiste na promoccedilatildeo de novas investigaccedilotildees sobre Problemas

de Ensino sendo dessa vez em contextos de ensino e aprendizagem de liacutengua italiana em que

materiais didaacuteticos de natureza virtual livre sejam - ou tenham sido - adotados pelo docente em

sua praacutetica diaacuteria por iniciativa proacutepria ou seja em situaccedilotildees de uso mais autecircnticas O terceiro

desdobramento enfim consiste na elaboraccedilatildeo de repertoacuterios de Problemas de Ensino relacionados

ao uso de material didaacutetico de natureza virtual livre bem como das respectivas propostas e possibili-

dades de soluccedilatildeo Esse desdobramento pode entre outros fatores reunir dados que poderatildeo ser

uacuteteis em processos de formaccedilatildeo de professores de idiomas tanto para o formador quanto para os

docentes-participantes em formaccedilatildeo especialmente quando adotadas metodologias baseadas na

Resoluccedilatildeo de Problemas de Ensino tal qual vimos em Ortale (2010 p 425)

158

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Apecircndice A - Carta de consentimento

TERMO DE CONSENTIMENTO COLETA E PUBLICACcedilAtildeO DE DADOS PARA

PESQUISA

Eu xxxxx portador do CPF n xxxxx autorizo o senhor Rocircmulo Francisco de Souza

ndash doutorando junto ao programa de poacutes-graduaccedilatildeo em Liacutengua Literatura e Cultura

Italianas da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo

Paulo ndash a publicar em qualquer meio de divulgaccedilatildeo e em qualquer eacutepoca os dados por

mim fornecidos por meio de questionaacuterio gravaccedilatildeo de voz eou viacutedeo e observaccedilatildeo

de sala de aula em contexto de pesquisa de doutorado no periacuteodo de xx a xx de xxxx

de xxxxx durante o curso de extensatildeo ldquoProduccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

e Aplicaccedilotildees para o Ensino de Italiano LEL2rdquo oferecido junto agrave Universidade xxxxx

DESDE QUE O MEU NOME MINHA IMAGEM E MINHA VOZ OU QUALQUER OUTRO

DADO PESSOAL MEU SEJAM OMITIDOS

Data xx xx xx

Assinatura xxxxx

Pesquisador ndash Prof Msc Rocircmulo Francisco de Souza

Orientadora ndash Profa Dra Paola Giustina Baccin (USP)

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Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas

Exemplos de Sequecircncias Didaacuteticas produzidas pelos professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo nos

cursos de formaccedilatildeo (Il corpo Umano e Pasta a Boscaiola) e pelo pesquisador em conjunto com o

professor-informante (Viaggio che senso ha per te questa parola e Un Viaggio in Bici) Cada uma

das imagens apresenta uma atividade ou um conjunto de atividades que compotildeem as sequecircncias

Os planos de aula referentes agraves Sequecircncias Didaacuteticas satildeo de autoria dos professores-participantes

autores das sequecircncias Todas as atividades produzidas durante as duas ediccedilotildees do curso de

formaccedilatildeo se encontram em versatildeo HTML no DVD que acompanha esta tese ou pelo QRcode abaixo

perfazendo um total de 6 Sequecircncias Didaacuteticas

Acesso ao conteuacutedo do DVDque acompanha esta tese

wwwromulosouzacombrdvdtese

Sequecircncia Didaacutetica Il corpo umano

Plano de aula - Il Corpo Umano

Titulo Il corpo umano

Niacutevel iniciante - adulto

Habilidades desenvolvidas compreensatildeo e produccedilatildeo oral e escrita - sempre com

relaccedilatildeo ao corpo humano

Objetivo geral conhecer o vocabulaacuterio referente ao corpo humano

Tempo previsto aprox 45min

Recursos digitais envolvidos pesquisa em sites da internet (Flickr Google Creative

Commons) Exelearning

Insumos imagens

171

Apecircndice Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas

172

Apecircndice Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas

173

Apecircndice Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas

Sequecircncia Didaacutetica Pasta a Boscaiola

Plano de aula - Pasta a Boscaiola

Titulo Cibo Italiano - Pasta a Boscaiola

Niacutevel baacutesico

Habilidades desenvolvidas compreensatildeo oral vocabulaacuterio especiacutefico da receita

Objetivo geral apresentar por meio de uma receita os verbos no presente do indicativo

e o vocabulaacuterio de comida

Objetivos especiacuteficos o aluno deve ser capaz de

1 Conhecer alguns alimentos tiacutepicos da culinaacuteria italiana

2 Compreender o vocabulaacuterio da receita de forma geral

3 Utilizar alguns verbos no presente do indicativo

4 Produzir uma explicaccedilatildeo oral e escrita da receita

5 Sugerir complementos tiacutepicos brasileiros na receita

6 Comparar as diferenccedilas culturais entre a culinaacuteria italiana e brasileira

7 Identificar os verbos italianos quando conjugados

8 Conhecer o vocabulaacuterio das medidas em italiano

9 Participar de discussotildees em grupos e conseguir expressar suas opiniotildees em

italiano

Tempo previsto 1haula

Recursos digitais envolvidos Photoshop CS3 (editor de imagens) pesquisa em sites

da internet (Flickr Google Creative Commons)

Insumos imagens

Sequecircncia de aula passo a passo

1 Exposiccedilatildeo do tema da aula e questionar os alunos se conhecem a ldquopasta boscai-

olardquo (5 minutos)

2 A professora encenaraacute o preparo da pasta e apresentaraacute os ingredientes que

seratildeo utilizados utilizaremos imagens para ilustrar a receita (10 minutos)

3 Propor aos alunos um exerciacutecio de verifica do vocabulaacuterio que acabaram de

conhecer (5 minutos)

4 Em duplas propor aos alunos a ldquoatividade clozerdquo a fim de utilizar a conjugaccedilatildeo

verbal presente do indicativo de verbos utilizados na culinaacuteria (15 minutos)

174

Apecircndice Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas

175

Apecircndice Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas

Sequecircncia Didaacutetica Viaggio che senso ha per te questa parola

Plano de aula - Viaggio che senso ha per te questa parola

Titulo Viaggio che senso ha per te questa parola

Niacutevel inicianteintermediario - adulto

Habilidades desenvolvidas compreensatildeo e produccedilatildeo oral

Objetivo geral introduzir o tema viagens conhecer o vocabulaacuterio referente a esse

tema

Tempo previsto aprox 30min

Recursos digitais envolvidos pesquisa em sites da internet (Flickr BlipTV Google)

Wordpress

Insumos viacutedeo

176

Apecircndice Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas

Sequecircncia Didaacutetica Un viaggio in bici

Plano de aula - Un Viaggio In Bici

Titulo Un viaggio in bici

Niacutevel iniciante - adulto

Habilidades desenvolvidas compreensatildeo e produccedilatildeo oral e escrita - relacionado ao

tema viagens

Objetivo geral fazer planos para o futuro introduzir o futuro do indicativo e as expres-

sotildees para referir-se ao futuro

Tempo previsto aprox 1haula

Recursos digitais envolvidos pesquisa em sites da internet (Flickr Google blip TV)

Wordpress

Insumos viacutedeo

177

Apecircndice Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas

178

  • Implicaccedilotildees do uso de Material Didaacutetico VirtualLivre em contexto formal de ensino-aprendizagemde italiano como LEL2 - a perspectiva dosProblemas de Ensino
    • Agradecimentos
    • Resumo
    • Abstract
    • Riassunto
    • Sumaacuterio
    • Lista de quadros
    • Lista de Figuras
    • Introduccedilatildeo
      • Cenaacuterio de abertura problematizaccedilatildeo e delineamento dapesquisa
      • Hipoacutetese
      • Justificativa
      • Objetivo geral
      • Objetivos especiacuteficos
      • Organizaccedilatildeo e estrutura capitular da tese
        • Capiacutetulo 1 Material Didaacutetico Virtual Livre - nossaconcepccedilatildeo
          • 11 A cultura livre
          • 12 O software livre
          • 13 Licenccedilas Livres e a licenccedila Creative Commons
          • 14 Afinal o que chamamos de Material Didaacutetico VirtualLivre
            • Capiacutetulo 2 Material Didaacutetico Virtual Livre para oensino de liacutenguas materialpoacutes-meacutetodo() - explorandointerseccedilotildees
            • Capiacutetulo 3 Software livre no contexto deensino-aprendizagem de liacutenguas - porque (natildeo) utilizar
              • 31 Vantagens relacionadas ao uso de software livre
              • 32 Pontos criacuteticos relativos ao uso de software livre
              • 33 Iniciativas livres e seus modelos de negoacutecio explorandoa produtividade altruiacutesta
                • Capiacutetulo 4 Metodologia de produccedilatildeo de MaterialDidaacutetico Virtual Livre
                  • 41 Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material DidaacuteticoVirtual Livre
                    • 411 Visatildeo geral sobre modelos instrucionais
                    • 412 O modelo ADDIE - modelo instrucional baacutesico
                    • 413 Modelo de Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas
                    • 414 Modelo de Elaboraccedilatildeo de Materiais Didaacuteticos de Ensino de Liacutenguas
                      • 42 A busca por insumos livres beneficiando-se da CulturaLivre
                        • 421 Busca de insumos livres com o Flickr imagens
                        • 422 Busca de insumos livres com o SpinXpress miacutedias em geral
                        • 423 Busca de Insumos Livres com o Jamendo muacutesicas
                        • 424 Busca de Insumos livres utilizando o Google arquivos e paacuteginasda web em geral
                          • 43 Atribuiccedilatildeo de liberdades ao material didaacutetico virtualpromovendo a cultura livre
                          • 44 O uso de software livre
                            • 441 O sistema de blogs e de gerenciamento de conteudos para webWordpress
                            • 442 O programa de autoria EXElearning
                                • Capiacutetulo 5 Metodologia de pesquisa
                                  • 51 A Pesquisa em Problemas de Ensino
                                  • 52 Estudo qualitativo
                                  • 53 Consideraccedilotildees sobre a eacutetica na pesquisa
                                  • 54 Consideraccedilotildees sobre a validade interna da pesquisa
                                  • 55 Delimitaccedilatildeo do estudo contextos e estrateacutegias de coletade dados
                                    • Capiacutetulo 6 Perfil dos informantes
                                      • 61 Perfil do professor do ensino superior puacuteblico
                                      • 62 Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacuteserviccedilo
                                        • 621 Experiecircncia com ensino de italiano
                                        • 622 Haacutebitos de planejamento de aulas e de apropriaccedilatildeo do materialdidaacutetico
                                        • 623 Letramento Digital
                                            • Capiacutetulo 7 Anaacutelise dos Problemas de Ensino
                                              • 71 Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeode Material Didaacutetico Virtual Livre
                                                • 711 Dificuldade para encontrar insumos desejados registrados comlicenccedilas flexiacuteveis
                                                • 712 Inseguranccedila (e resistecircncia) associada agrave utilizaccedilatildeo de insumoslivres no material didaacutetico
                                                • 713 Crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtuallivre necessariamente aumenta a carga horaacuteria de trabalhodocente
                                                • 714 Dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica e o estado de artefatoem construccedilatildeoque o software livre pode apresentar
                                                • 715 Dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas
                                                • 716 Dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e de SequecircnciasDidaacuteticas digitais
                                                • 717 Dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware
                                                  • 72 Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utilizaccedilatildeode Material Didaacutetico Virtual Livre em sala de aulapresencial
                                                    • 721 Dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que podemser utilizados para organizar as Sequecircncias Didaacuteticas epara trabalhar com elas em sala de aula presencial
                                                    • 722 Crenccedila de que a escassez de material didaacutetico impresso na salade aula presencial poderaacute ser mal vista pelos discentes
                                                    • 723 Dificuldade em compreender o funcionamento do software utilizadoem sala de aula
                                                    • 724 Preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e do softwareque abrigam e fornecem acesso agraves Sequecircncias Didaacuteticas
                                                        • Capiacutetulo 8 Conclusotildees
                                                          • 81 Das caracteriacutesticas gerais dos Problemas de Ensinoidentificados nesta pesquisa
                                                          • 82 Das possiacuteveis estrateacutegias ou caminhos de resoluccedilatildeodos Problemas de Ensino identificados nesta pesquisa
                                                          • 83 Da hipoacutetese de pesquisa
                                                          • 84 Da metodologia e dos possiacuteveis desdobramentos futurosdesta pesquisa
                                                            • Referecircncias
                                                            • Apecircndice A - Carta de consentimento
                                                            • Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas
Page 2: Implicações do uso de Material Didático Virtual Livre em

ROcircMULO FRANCISCO DE SOUZA

Implicaccedilotildees do uso de Material Didaacutetico Virtual

Livre em contexto formal de ensino-aprendizagem

de italiano como LEL2 - a perspectiva dos

Problemas de Ensino

Tese apresentada ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em

Liacutengua Literatura e Cultura Italianas do Departamento

de Liacutenguas Modernas da Faculdade de Filosofia Letras e

Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo como

requisito parcial para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Doutor em

Letras ndash Liacutengua Literatura e Cultura Italianas

Aacuterea de Concentraccedilatildeo Liacutengua Literatura e Cultura

Italianas

Linha de Pesquisa Aquisiccedilatildeo e Aprendizagem do

Italiano como Liacutengua Estrangeira

Orientadora Profa Dra Paola Giustina Baccin

SAtildeO PAULO

2014

Folha de Aprovaccedilatildeo

iii

Agrave MINHA FAMIacuteLIA

E AOS MEUS AMIGOS

iv

Agradecimentos

Agrave Maria Silva e Souza minha matildee ao Paulo Eustaacutequio de Souza (In memoriam) meu pai e ao

Paulo Eustaacutequio de Souza Juacutenior meu irmatildeo pelo apoio imprescindiacutevel ao Francisco Louzimar

da Silva meu tio e agrave Maria Ruth Silva minha avoacute pelo apoio e incentivo agrave toda minha famiacutelia

pelo apoio

aos amigos e amigas Gilson Santos Joseacute Euriacutealo dos Reis Maria de Lourdes Camilo Re-

gina Vale Isabel Cristina Valeacuteria Hufnagel Marilene Viggiano Helmy Franco Jovacircnio Nas-

cimento Alexandre Antoniazzi Adriana Pitarello Mateus Gomes Enzo Silva Thiago Dias

da Silva Juliana Moreti Tatiana Vasconcelos Andrea Saffioti Raquel Caldas Eacuterica Salatini

Renata Cabral Daniela Aparecida Vieira Vinicio Corrias Ana Luiza Leite Bado Adriana Du-

arte Giovana Fumes Gustavo Henriques Hurbano de Mello Cauecirc Tamburini Tamara Ferreira

Paula de Oliveira Ariane Souza Santos Leite Luciane Correa Ferreira Alessandra Caramori

Benilde Schultz Karine Marielly Beatriz Quevedo Camargo Gladys Plens de Camargo Egis-

vanda Sandes Youssef Cherem Lauro Ceacutesar e Wagner F Silva pelo apoio e companhia nas

horas incertas

agrave Profa Dra Paola Gisutina Baccin pela confianccedila pela orientaccedilatildeo e pelo sustento da liberdade

de pensamento e de accedilatildeo Sou eternamente grato agrave Profa Dra Fernanda Landucci Ortale pelo

diaacutelogo pelos cafeacutes e pelo apoio agrave Profa Dra Denise Bertolli Braga pelas acertadas observaccedilotildees

sobre este trabalho agrave Profa Dra Carolina Torquato Pizzolo pelo apoio agrave Profa Dra Karine

Simoni pelo apoio

aos alunos e professores do Setor de Italiano da Universidade Federal de Santa Catarina pelo

incentivo e pelo apoio financeiro aos colegas do coletivo REA-Brasil pelos debates aos colegas das

comunidades LaTeX-br e abnTeX2 pelo diaacutelogo e pelo apoio agrave CAPES e ao Governo Federal Bra-

sileiro pelo apoio financeiro dirigido a esta pesquisa e agrave minha formaccedilatildeo aos alunos e professores

do Setor de Liacutengua Literatura e Cultura Italianas da Universidade de Satildeo Paulo aos profes-

sores e demais funcionaacuterios da FFLCH (Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas) da USP

agrave Universidade de Satildeo Paulo agrave cidade de Satildeo Paulo e aos paulistanos que me receberam de

braccedilos abertos

v

NON DUCOR DUCO

Natildeo sou conduzido conduzo

vi

Resumo

SOUZA R F Implicaccedilotildees do uso de Material Didaacutetico Virtual Livre em contexto formal de

ensino-aprendizagem de italiano como LEL2 - a perspectiva dos Problemas de Ensino 2014

177 f Tese (doutorado) - Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas - Universidade de Satildeo

Paulo Satildeo Paulo 2014

Nossa pesquisa teve como objetivo explorar as implicaccedilotildees relativas agrave utilizaccedilatildeo de material didaacutetico

de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano LEL2 As impli-

caccedilotildees foram tratadas em forma de Problemas de Ensino e o termo utilizaccedilatildeo foi desdobrado em

dois aspectos utilizaccedilatildeo em sala de aula presencial e produccedilatildeo Orientou-nos a hipoacutetese de que o

uso de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de

liacutengua italiana como LEL2 deflagra uma seacuterie de implicaccedilotildees observaacuteveis e especiacuteficas ndash as quais

podem ser definidas em termos de Problemas de Ensino (ORTALE 2010) ndash dada a sua natureza

peculiar ou seja livre A fim de alcanccedilar nossos objetivos lanccedilamos matildeo de uma metodologia

qualitativa de vieacutes construtivista e interpretativista Os Problemas de Ensino foram identificados por

meio da anaacutelise de Relatos de Problemas de Ensino (ORTALE 2010) Balizaram nossas anaacutelises

a metodologia de formaccedilatildeo de professores alicerccedilada na ideia de Aprendizagem Baseada em

Problemas (ABP) explicitada em Ortale (2010) e as teacutecnicas e procedimentos de desenvolvimento

de teoria fundamentada conforme Strauss e Corbin (2008) Os Problemas de Ensino relativos agrave

utilizaccedilatildeo foram investigados em duas disciplinas de liacutengua italiana ofertadas em niacutevel de graduaccedilatildeo

junto agrave Faculdade de Letras de uma universidade puacuteblica do estado de Satildeo Paulo Os Problemas

de Ensino relativos agrave produccedilatildeo foram pesquisados nos contextos de duas ediccedilotildees de um curso de

formaccedilatildeo de professores de liacutengua italiana em serviccedilo e em preacute-serviccedilo que ministramos no acircmbito

de duas universidades puacuteblicas brasileiras - uma no estado de Santa Catarina e outra no estado

de Satildeo Paulo Encontramos um total de 11 (onze) Problemas de Ensino - 7 (sete) relacionados

ao aspecto da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre e 4 (quatro) relacionados ao aspecto da

utilizaccedilatildeo Notamos por meio de nossa anaacutelise a proeminecircncia de dois fatores associados aos

Problemas de Ensino encontrados as crenccedilas a respeito de materiais didaacuteticos de natureza virtual

livre e a demanda pelo desenvolvimento de competecircncias relativas aos aspectos virtual e livre desse

tipo de material didaacutetico Concluiacutemos que os Problemas de Ensino identificados natildeo satildeo especiacuteficos

mas sim caracteriacutesticos dos materiais didaacuteticos de natureza virtual livre

Palavras-chave Linguiacutestica Linguiacutestica Aplicada Ensino de Liacutengua Estrangeira Italiano Material

Didaacutetico Virtual Livre Problemas de Ensino

vii

Abstract

SOUZA R F Implications of the use of Free Virtual Educational Materials in the context of for-

mal teaching and learning Italian FLSL - the perspective of the Problems of Teaching 2014

177 f Tese (doutorado) - Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas - Universidade de Satildeo

Paulo Satildeo Paulo 2014

The aim of our research was to explore the implications related to the use of Free Virtual Educati-

onal Materials in the context of formal teaching and learning Italian as FLSL The implications were

dealt as Problems of Teaching (ORTALE 2010) and the term use was considered according to two

aspects use in presential classrooms and production The hypothesis was that the use of Free Virtual

Educational Materials in the context of formal teaching and learning Italian as FLSL triggers a series

of observable and specific implications which can be defined in terms of Problems of Teaching due

to its peculiar nature that is being a free educational material The methodology adopted here was

qualitative both constructivist and interpretativist The Problems of Teaching were identified through

the analysis of the Reports of Problems of Teaching (ORTALE 2010) The analyses were based

on the methodology of teacher education supported by the idea of Problem-Based Learning (PBL)

explained in Ortale (2010) and the techniques and procedures of the Grounded Theory according

to Strauss e Corbin (2008) The Problems of Teaching related to the use were investigated in two

undergraduate subjects of Italian Language offered by the College of Arts in a public university in Satildeo

Paulo state The Problems of Teaching related to the production were researched in the context of

two editions of the training course for teachers of Italian Language in-service and pre-service taught

at two Brazilian public universities ndash one in Santa Catarina state and the other in Satildeo Paulo state

We have found the total of 11 (eleven) Problems of Teaching ndash 7 (seven) related to the aspect of

production of Free Virtual Educational Materials and 4 (four) related to the aspect of its use We have

noticed through our analysis the prominence of two factors associated to the Problems of Teaching

which were found in the research the beliefs regarding Free Virtual Educational Materials and the

demand to develop the competences related to the free and virtual aspects of this sort of material We

concluded that the Problems of Teaching identified here are not specific but are typical of educational

materials that are virtual and free

Keywords Linguistics Applied Linguistics Teaching of Foreign Language Italian Free Virtual

Educational Materials Problems of Teaching

viii

Riassunto

SOUZA R F Implicazioni dellrsquouso di Materiale Didattico Virtuale Libero in contesto di in-

segnamento e di apprendimento formale di lingua italiana come LSL2 - la prospettiva dei

Problemi Didattici 2014 177 f Tese (doutorado) - Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias

Humanas - Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2014

La presente ricerca si egrave proposta di esplorare le implicazioni riguardanti lrsquouso di materiali didat-

tici di essenza virtuale e libera in contesto di insegnamento e di apprendimento formale di lingua

italiana come LSL2 Le implicazioni sono state trattate sotto forma di Problemi Didattici (ORTALE

2010) e lrsquouso egrave stato visto sotto due aspetti lrsquoutilizzazione durante lrsquoinsegnamento in presenza e

la produzione Ci ha guidato lrsquoipotesi che lrsquouso di materiali didattici di essenza virtuale e libera in

contesto di insegnamento e di apprendimento formale di lingua italiana come LSL2 innesca una

serie di implicazioni specifiche e osservabili - le quali possono essere definite in termini di Problemi

Didattici - data la sua peculiare natura libera Per raggiungere i nostri obiettivi abbiamo utilizzato

una metodologia qualitativa di carattere costruttivista e interpretativa I Problemi Didattici sono stati

identificati attraverso lrsquoanalisi delle Storie dei Problemi Didattici (ORTALE 2010) Hanno guidato

le nostre analisi la metodologia di formazione docenti basata sullrsquoidea di Problem-Based Learning

(PBL) trattata in Ortale (2010) e le tecniche e procedure riguardanti lo svilluppo di grounded theory

(STRAUSS CORBIN 2008) I Problemi Didattici riguardanti lrsquoutilizzo sono stati studiati in due corsi di

lingua italiana dei corsi di laurea della Facoltagrave di Lettere di unrsquouniversitagrave pubblica nello stato di Satildeo

Paulo I Problemi Didattici riguardanti la produzione sono stati studiati in due edizioni di un corso di

formazione per insegnanti di lingua italiana in servizio e in pre-servizio in due universitagrave pubbliche

brasiliane - una nello stato di Santa Catarina e lrsquoaltra nello stato di Satildeo Paulo Abbiamo individuato

un totale di undici (11) Problemi Didattici - 7 (sette) legati allrsquoaspetto della produzione di Materiale

Didattico Virtuale Libero e 4 (quattro) legati allrsquoaspetto dellrsquoutilizzo Notiamo dalla nostra analisi la

preminenza di due fattori associati ai Problemi Didattici trovati le credenze sui materiali didattici di

essenza virtuale e libera e la necessitagrave di sviluppo delle competenze relative agli aspetti virtuale e

libero di questo tipo di materiale didattico Si conclude che i Problemi Didattici individuati non sono

specifici ma sono tipici dei materiali didattici di essenza virtuale e libera

Parole-chiave Linguistica Linguistica Applicata Glottodidattica Italiano Materiale Didattico Virtuale

Libero Problemi Didattici

ix

Sumaacuterio

Folha de Aprovaccedilatildeo iii

iv

Agradecimentos v

Resumo vii

Abstract viii

Riassunto ix

Introduccedilatildeo 1

Cenaacuterio de abertura problematizaccedilatildeo e delineamento da pesquisa 1

Hipoacutetese 5

Justificativa 6

Objetivo geral 6

Objetivos especiacuteficos 7

Organizaccedilatildeo e estrutura capitular da tese 7

1 Material Didaacutetico Virtual Livre - nossa concepccedilatildeo 11

11 A cultura livre 11

12 O software livre 13

13 Licenccedilas Livres e a licenccedila Creative Commons 16

14 Afinal o que chamamos de Material Didaacutetico Virtual Livre 21

2 Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas material poacutes-meacutetodo() -

explorando interseccedilotildees 26

3 Software livre no contexto de ensino-aprendizagem de liacutenguas - por que (natildeo) utilizar 37

31 Vantagens relacionadas ao uso de software livre 37

32 Pontos criacuteticos relativos ao uso de software livre 46

33 Iniciativas livres e seus modelos de negoacutecio explorando a produtividade altruiacutesta 48

4 Metodologia de produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre 52

41 Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre 53

x

SUMAacuteRIO xi

411 Visatildeo geral sobre modelos instrucionais 54

412 O modelo ADDIE - modelo instrucional baacutesico 55

413 Modelo de Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas 64

414 Modelo de Elaboraccedilatildeo de Materiais Didaacuteticos de Ensino de Liacutenguas 70

42 A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre 74

421 Busca de insumos livres com o Flickr imagens 77

422 Busca de insumos livres com o SpinXpress miacutedias em geral 78

423 Busca de Insumos Livres com o Jamendo muacutesicas 81

424 Busca de Insumos livres utilizando o Google arquivos e paacuteginas da web em

geral 83

43 Atribuiccedilatildeo de liberdades ao material didaacutetico virtual promovendo a cultura livre 84

44 O uso de software livre 87

441 O sistema de blogs e de gerenciamento de conteudos para web Wordpress 87

442 O programa de autoria EXElearning 89

5 Metodologia de pesquisa 92

51 A Pesquisa em Problemas de Ensino 92

52 Estudo qualitativo 94

53 Consideraccedilotildees sobre a eacutetica na pesquisa 100

54 Consideraccedilotildees sobre a validade interna da pesquisa 103

55 Delimitaccedilatildeo do estudo contextos e estrateacutegias de coleta de dados 106

6 Perfil dos informantes 111

61 Perfil do professor do ensino superior puacuteblico 112

62 Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo 113

621 Experiecircncia com ensino de italiano 115

622 Haacutebitos de planejamento de aulas e de apropriaccedilatildeo do material didaacutetico 117

623 Letramento Digital 121

7 Anaacutelise dos Problemas de Ensino 126

71 Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual

Livre 129

711 Dificuldade para encontrar insumos desejados registrados com licenccedilas flexiacuteveis129

712 Inseguranccedila (e resistecircncia) associada agrave utilizaccedilatildeo de insumos livres no material

didaacutetico 133

713 Crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre neces-

sariamente aumenta a carga horaacuteria de trabalho docente 135

714 Dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica e o estado de artefato em

construccedilatildeoque o software livre pode apresentar 137

715 Dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas 139

716 Dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e de Sequecircncias Didaacuteticas

digitais 142

717 Dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware 144

SUMAacuteRIO xii

72 Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual

Livre em sala de aula presencial 145

721 Dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que podem ser utilizados

para organizar as Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas em sala de

aula presencial 146

722 Crenccedila de que a escassez de material didaacutetico impresso na sala de aula

presencial poderaacute ser mal vista pelos discentes 148

723 Dificuldade em compreender o funcionamento do software utilizado em sala

de aula 148

724 Preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e do software que abrigam e

fornecem acesso agraves Sequecircncias Didaacuteticas 150

8 Conclusotildees 152

81 Das caracteriacutesticas gerais dos Problemas de Ensino identificados nesta pesquisa 152

82 Das possiacuteveis estrateacutegias ou caminhos de resoluccedilatildeo dos Problemas de Ensino identi-

ficados nesta pesquisa 155

83 Da hipoacutetese de pesquisa 156

84 Da metodologia e dos possiacuteveis desdobramentos futuros desta pesquisa 157

Referecircncias 159

Apecircndice A - Carta de consentimento 170

Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas 171

Lista de quadros

11 As 4 liberdades de um Trabalho Cultural Livre 14

12 Condiccedilotildees baacutesicas de licenciamento Creative Commons 18

13 Conjunto de licenccedilas Creative Commons 19

14 Os materiais didaacuteticos fechado Virtual Livre Virtual Livre com Algumas Restriccedilotildees e

suas licenccedilas 22

15 Caraacuteter livre a materiais didaacuteticos virtuais algumas condiccedilotildees 23

16 Os materiais didaacuteticos fechado Virtual Livre Virtual Livre com Algumas Restriccedilotildees e

seus suportes 24

21 A educaccedilatildeo na sociedade industrial e na sociedade da informaccedilatildeo 28

22 Desvantagens dos meacutetodos 30

31 Vantagens do software livre em relaccedilatildeo ao proprietaacuterio 38

41 Componentes e subcomponentes do modelo ADDIE 58

42 Princiacutepios a serem considerados na etapa de Implementaccedilatildeo - modelo ADDIE 63

43 Quadro comparativo entre os modelos ADDIE Operaccedilatildeo Global de Ensino de Liacutenguas

e Quadro de Elaboraccedilatildeo de Material Didaacutetico para o Ensino de Liacutenguas 72

44 EXElearning e sua tipologia de atividades (Idevices) 91

51 Exemplos de Relatos de Problemas de Ensino 94

52 Teacutecnicas de coletas de dados tiacutepicas de abordagens qualitativas 97

53 Princiacutepios gerais de eacutetica na pesquisa qualitativa em educaccedilatildeo 102

54 Salvaguardas para proteccedilatildeo dos participantes desta pesquisa 103

55 Estrateacutegias de validaccedilatildeo adotadas nesta pesquisa 105

56 Coleta de dados I - utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em contexto de

disciplinas presenciais de italiano como LEL2 107

57 Coleta de dados II - produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em contexto de curso

de formaccedilatildeo de professores de italiano LEL2 108

61 Perfil predominante dos grupos 1 e 2 114

62 Competecircncias tecnoloacutegicas conforme Romero (2008) 116

63 Experiecircncia com ensino de italiano - grupos 1 e 2 117

64 Contextos de ensino relativos agrave experiecircncia dos participantes - grupos 1 e 2 118

65 Haacutebitos de preparaccedilatildeo de aulas - grupos 1 e 2 119

xiii

LISTA DE QUADROS xiv

66 Haacutebitos de produccedilatildeo de material didaacutetico - grupos 1 e 2 120

67 Utilizaccedilatildeo de recursos da Internet na praacutetica de sala de aula - grupos 1 e 2 122

68 Competecircncia relativa agrave utilizaccedilatildeo de recursos da Internet - grupos 1 e 2 123

69 Experiecircncia com editoraccedilatildeo digital - grupos 1 e 2 124

610 Experiecircncia com instalaccedilatildeo de software - grupos 1 e 2 125

611 Experiecircncia com Ambientes Virtuais de Aprendizagem - grupos 1 e 2 125

71 Problemas de Ensino relacionados agrave produccedilatildeo e agrave utilizaccedilatildeo de materiais didaacuteticos de

natureza virtual livre 127

72 Competecircncias digitais esperadas para o docente conforme Espanha (2013) 130

73 Relatos-produccedilatildeo dificuldade de encontrar insumos com licenccedilas flexiacuteveis 132

74 Relatos-produccedilatildeo inseguranccedila (e resistecircncia) relativa agrave utilizaccedilatildeo de insumos livres

no material didaacutetico 134

75 Relatos-produccedilatildeo crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza livre

necessariamente aumenta a carga horaacuteria de trabalho docente 136

76 Relato-produccedilatildeo Dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica e o estado de artefato

em construccedilatildeoque o software livre pode apresentar 138

77 Usuaacuterio estaacutetico e usuaacuterio proativo (livre) - perfis referenciais antagocircnicos 139

78 Relatos-produccedilatildeo dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas 140

79 Relatos-produccedilatildeo dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e de sequecircncia

didaacuteticas digitais 143

710 Relato-produccedilatildeo dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware 145

711 Relatos-utilizaccedilatildeo dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que podem

ser utilizados para organizar as Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas em

sala de aula presencial 147

712 Relatos-utilizaccedilatildeo crenccedila de que a escassez de material didaacutetico impresso na sala de

aula presencial poderaacute ser mal vista pelos discentes 149

713 Relatos-utilizaccedilatildeo dificuldade em compreender o funcionamento do software utilizado

em sala de aula 149

714 Relatos-utilizaccedilatildeo preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e do software que

abrigam e fornecem acesso agraves Sequecircncias Didaacuteticas 151

Lista de Figuras

11 Material Didaacutetico Virtual Livre e seus conceitos subjacentes 21

41 Componentes de um problema Fonte adaptado de Rothwell e Kazanas (2003 p 36) 56

42 As fases do modelo ADDIE Fonte adaptado de Hanley (2009) 57

43 Modelo da Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas Fonte adaptado de Almeida Filho

(2010 p 22) 65

44 Modelo Ampliado da Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas Fonte Almeida Filho

(2010 p 22) 66

45 Modelo de Elaboraccedilatildeo de Materiais Didaacuteticos de Ensino de Liacutenguas Fonte adaptado

de Jolly e Bolitho (1998 p 98) 71

46 Ferramenta de busca do Creative Commons - tela principal Fonte adaptado de

CREATIVE COMMONS (sd) 75

47 Documentaccedilatildeo de insumos identificaccedilatildeo da licenccedila de uma imagem Fonte adaptado

de Flickr (sd) 76

48 Flikr - Tela de busca manual de imagens com licenccedilas Creative Commons Fonte

adaptado de Flickr (sd) 77

49 Flickr resultado de busca de imagens Creative Commons ndash Atribuiccedilatildeo com o termo

chiesa Fonte adaptado de Flickr (sd) 78

410 Flickr resultado de busca de imagens Creative Commons ndash Atribuiccedilatildeo com o termo

chiesa uma igreja em Citta Nova Moacutedena Itaacutelia Fonte adaptado de Flickr (sd) 79

411 Tela do mecanismo de busca online do SpinXpress Fonte adaptado de SPINXPRESS

(sd) 80

412 SpinXpress resultado de busca de miacutedias com o termo musica leggera Fonte adap-

tado de SPINXPRESS (sd) 80

413 Tela de busca avanccedilada do Jamendo Fonte adaptado de Jamendo (sd) 82

414 Resultados de busca no Jamendo a canccedilatildeo Sogno e sua licenccedila Fonte adaptado

de Jamendo (sd) 82

415 Motor de busca Google - tela da filtragem avanccedilada Fonte adaptado de Google (sd) 83

416 Exemplo de resultado de busca por licenccedila - motor de busca Google quotidiano

Fonte adaptado de Google (sd) 84

417 Radio Frequenza Appenino - canal com conteuacutedo livre Fonte adaptado de RFA (sd) 85

418 Mecanismo informatizado de atribuiccedilatildeo de licenccedila Creative Commons Fonte adap-

tado de CREATIVE COMMONS BRASIL (sd) 85

xv

LISTA DE FIGURAS xvi

419 Resultado do processo de escolha da licenccedila Creative Commons Fonte adaptado de

CREATIVE COMMONS BRASIL (sd) 86

420 Wordpress Tela de ediccedilatildeo e de posts Fonte adaptado de CODEX WORDPRESS (sd) 88

421 Wordpress Paineacuteis de administraccedilatildeo Fonte adaptado de CODEX WORDPRESS (sd) 88

422 EXElearning - interface e seus componentes Fonte Adaptado de EXElearning (sd) 90

51 Dinacircmica de curso experimentaccedilatildeo gradativa e cumulativa de atividades problema

nucleares 110

Introduccedilatildeo

Cenaacuterio de abertura problematizaccedilatildeo e delineamento da

pesquisa

O mundo estaacute se tornando cada vez mais aberto Os sinais e iniciativas de abertura podem ser

percebidos de modo mais intenso nas uacuteltimas deacutecadas (BONK 2009 LITTO 2009 LITTO 2006

TAPSCOTT WILLIAMS 2013 TAPSCOTT WILLIAMS 2007 VAZ RIBEIRO MATHEUS 2010

NIKOI et al 2011) Isso ocorre fundamentalmente graccedilas ao desenvolvimento e agrave popularizaccedilatildeo

da Internet e das Tecnologias da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo

As relaccedilotildees econocircmicas e sociais estatildeo adquirindo novos formatos (GIMENES 2013 p 9) tanto

na esfera puacuteblica quanto na esfera privada De fato por meio da rede mundial de computadores

pessoas compram e vendem organizam movimentos sociais com a ajuda de pessoas geografica-

mente distantes estabelecem os mais diversos tipos de relacionamentos compartilham saberes

e colaboram uns com os outros seja para fins comerciais seja pela simples vontade de ajudar

(SHIRKY 2010 p 18) ou de divulgar opiniotildees pessoais

Empresas governos e ateacute grupos de pesquisa institucionalizados (TAPSCOTT WILLIAMS 2007

p 23) rompendo com modelos claacutessicos estritamente hierarquizados (TAPSCOTT WILLIAMS

2007 p 9) de produccedilatildeo e gestatildeo assumem posturas de abertura expondo seus problemas

(TAPSCOTT WILLIAMS 2007 TAPSCOTT WILLIAMS 2013) - sobretudo por meio da Internet - com

a expectativa de canalizar soluccedilotildees advindas da inteligecircncia coletiva (LEVY 2007 p 28) Em outras

palavras eles exploram o chamado excedente cognitivo 1 (SHIRKY 2010 p 15) assumindo um

modelo conhecido como crowdsourcing2 (TAPSCOTT WILLIAMS 2007 BRITO 2008 BENKLER

2002 p 11 p 144 p 375)

Especialmente no caso da governanccedila puacuteblica essa abertura ocorre tambeacutem com o intuito

de promover a circulaccedilatildeo o uso e o reuso de dados e documentos oficiais (NOVA ZELAcircNDIA

2010 OPEN GOVERNMENT PARTNERSHIP 2011 p 3 p 1) - tais como conjuntos de dados

geoespaciais cientiacuteficos e de performance administrativa estatiacutesticas oficiais imagens fotograacuteficas

1Shirky (2010 15) ao falar de excedente cognitivo refere-se ao tempo livre coletivo que todos noacutespossuiacutemos o qual pode ser gasto em atividades individuais - tal como assistir TV - ou em grandes projetoscoletivos - como por exemplo a elaboraccedilatildeo de entradas da Wikipedia Nesse caso o tempo livre pode servisto como um bem social geral

2O crowdsoursing eacute um modelo de produccedilatildeo que utiliza a inteligecircncia e os conhecimentos coletivosde voluntaacuterios espalhados pela internet para resolver problemas criar conteuacutedo ou desenvolver novastecnologias(TAPSCOTT WILLIAMS 2007 p 11)

1

Cenaacuterio de abertura problematizaccedilatildeo e delineamento da pesquisa

filmes e recursos educacionais (NOVA ZELAcircNDIA 2010 p 3) - visando o crescimento criativo

cultural e econocircmico de indiviacuteduos organizaccedilotildees comerciais e sem fins lucrativos da sociedade civil

bem como o aumento da sustentabilidade e a presenccedila de benefiacutecios puacuteblicos mais amplos (NOVA

ZELAcircNDIA 2010 p 3)

Estrateacutegias de governo aberto tem sido adotadas em paiacuteses como Estados Unidos Austraacutelia

Reino Unido Nova Zelacircndia (AGUNE FILHO BOLLIGER 2010 p 9) e Brasil Ademais segundo

dados da OPEN GOVERNMENT PARTNERSHIP (2013) mais de 50 paiacuteses assinaram a Declaraccedilatildeo

de Governo Aberto assumindo a intenccedilatildeo de adotaacute-las

A educaccedilatildeo assim como as relaccedilotildees sociais econocircmicas empresariais e governamentais

tambeacutem experimenta novas possibilidades e formatos com vieses de abertura Dessa forma

universidades escolas e institutos passam a disponibilizar via web conteuacutedos e programas de

seus cursos (LITTO 2009 p 304) - permitindo muitas vezes sua ediccedilatildeo e reuso - os quais ateacute

entatildeo circulavam de forma restrita confirmando e configurando o que Litto (2006 p 73) e Litto

(2009 p 304) reconhecem como paradigma da escassez (vs paradigma da abundacircncia) ou

seja uma visatildeo marcada pela crenccedila de que as coisas realmente boas ocorrem em quantidades

pequenas acessiacuteveis apenas para os mais ricos e estudiosos (LITTO 2006 p 73) Como exemplo

de abertura podemos citar o MIT 3 que em 2001 decide abrir os seus acervos de informaccedilatildeo e de

conhecimento que nessa instituiccedilatildeo auxiliam a aprendizagem (LITTO 2009 BARBOSA ARIMOTO

2013 p 304 p 18) estabelecendo precedente para diversas universidades tais como - entre outras

- as universidades norte americanas da Califoacuternia de Harvard de Princenton da Pennsylvania de

Michigan e Yale (OPENCOURSEWARE sd OPENCOURSEWARE 2011)

Bonk (2009 p 8) tambeacutem percebe sinais de abertura no acircmbito da educaccedilatildeo Nesse sentido

ele aponta 10 (dez) openers ou seja tendecircncias tecnoloacutegicas com vieacutes de abertura que do seu

ponto de vista contribuem para a transformaccedilatildeo da educaccedilatildeo e da vida no seacuteculo XXI Satildeo elas

1 Web busca no universo dos e-Books

2 E-learning e blended learning

3 Disponibilidade de fontes abertas e software livre

4 Recursos Reutilizaacuteveis e OpenCourseWare

5 Repositoacuterios de objetos de aprendizagem e portais

6 Participaccedilatildeo do aprendiz em comunidades de informaccedilatildeo aberta

7 Colaboraccedilatildeo eletrocircnica

8 Realidades alternativas de aprendizagem

9 Mobilidade e portabilidade de tempo real

10 Redes de aprendizagem personalizada

(BONK 2009 p 8)

O mesmo jaacute citado avanccedilo tecnoloacutegico - ou seja o contiacutenuo desenvolvimento e popularizaccedilatildeo

da Internet e das Tecnologias da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo - permite a adoccedilatildeo de praacuteticas ateacute entatildeo

3Massachusetts Institute of Technology

2

Cenaacuterio de abertura problematizaccedilatildeo e delineamento da pesquisa

restritas a poucos grupos A Economia Guttemberg (SHIRKY 2010 p 42) parece demonstrar sinais

de enfraquecimento Isso significa que atividades como ediccedilatildeo publicaccedilatildeo e circulaccedilatildeo de bens

culturais imateriais (textos muacutesicas viacutedeos etc) jaacute natildeo dependem de grandes corporaccedilotildees ndash tais

como editoras gravadoras ou produtoras ndash nem tampouco de grandes e arriscados investimentos

financeiros Com efeito qualquer indiviacuteduo que tenha acesso agrave rede mundial de computadores pode

tornar o seu trabalho puacuteblico bastando para isso o preenchimento de um cadastro - quando muito

- e o clique em um botatildeo virtual cuja funccedilatildeo eacute realizar a publicaccedilatildeo (SHIRKY 2010 p 45) Mais

do que uma cultura livre ndash ou seja em que a circulaccedilatildeo de cultura eacute menos controlada (LESSIG

2004 p 48) ndash o que percebemos eacute a presenccedila de uma cultura do compartilhamento da abundacircncia

(LITTO 2006 p 73) em que pessoas e instituiccedilotildees se propotildeem a compartilhar experiecircncias e

conhecimentos - muitos dos quais ateacute entatildeo restritos - ainda que para fins comerciais

As implicaccedilotildees decorrentes da formaccedilatildeo desse cenaacuterio de novas possibilidades e formatos

de abertura (BONK 2009 LITTO 2009 LITTO 2006 TAPSCOTT WILLIAMS 2013 TAPSCOTT

WILLIAMS 2007 VAZ RIBEIRO MATHEUS 2010 NIKOI et al 2011) e de abundacircncia (LITTO

2006 LITTO 2009 p 73 p 304) podem ser sentidas na praacutexis dos professores de liacutenguas uma

vez que culturas e bens culturais materiais e imateriais figuram como instrumento e mateacuteria prima do

seu trabalho De fato no decorrer de nossa experiecircncia docente no Brasil - a qual compreende tanto

o ensino de liacutengua e cultura italianas quanto a formaccedilatildeo de professores dessa liacutengua especialmente

para o uso de novas tecnologias no ensino 4 - chamaram-nos agrave atenccedilatildeo duas questotildees ambas

relacionadas ao uso de material didaacutetico em contexto formal de ensino-aprendizagem

Percebemos em primeiro lugar um recorrente sentimento de desorientaccedilatildeo relativo ao direito

de uso de insumos (tais como muacutesicas textos e imagens) de terceiros em materiais didaacuteticos de

autoria proacutepria sobretudo para utilizaccedilatildeo em contextos formais e institucionalizados de ensino e

aprendizagem tais como escolas e universidades Em outras palavras esses profissionais frente ao

mar de possibilidades nunca antes navegado(LITTO 2009 p 304) - de abundacircncia (LITTO 2006

LITTO 2009 p 73 p 304) - de insumos digitais provenientes sobretudo da internet - e frente agrave

facilidade com que poderiam acessaacute-los e editaacute-los - questionavam-se a respeito das possibilidades

e direitos de utilizaccedilatildeo desses insumos em seus trabalhos formais Vale observar que eacute possiacutevel

nesse caso que estejamos presenciando o enfrentamento de questotildees por parte do professor de

idiomas ateacute entatildeo tiacutepicas do universo editorial

Em segundo lugar - mas de forma natildeo menos significativa - percebemos uma inquietaccedilatildeo tam-

beacutem recorrente entre os professores de italiano como liacutengua estrangeira com os quais convivemos

em nossa carreira perante situaccedilotildees em que se viam obrigados a utilizar materiais didaacuteticos impres-

sos - principalmente em forma de livros e apostilas - claramente adotados por motivos de natureza

econocircmica envolvendo lucro financeiro pessoal de colegas - algumas vezes em contextos de ensino

puacuteblico - e o favorecimento de determinados autores e editoras muitos dos quais estrangeiros dada

a natureza do assunto tratado - a saber liacutengua e cultura italianas Notamos que a inquietaccedilatildeo

nesse caso referia-se mais ao sentimento de aprisionamento do professor e menos agrave accedilatildeo de lucrar

4Nossa experiecircncia como professor de italiano completa 11 anos no ano de publicaccedilatildeo desta tese tendosido viecircnciada no Brasil em contextos de aula particular de cursos livres especialmente extensatildeo universitaacuteriae escolas de idiomas de ensino meacutedio regular em escolas da rede privada e de ensino universitaacuterio emcurso de Letras no acircmbito do ensino superior puacuteblico brasileiro

3

Cenaacuterio de abertura problematizaccedilatildeo e delineamento da pesquisa

financeiramente com produtos educacionais - tal como livro didaacutetico - em si Parece-nos que tal

sensaccedilatildeo se coloca em maior evidecircncia quando em contraste com as possibilidades de ampliaccedilatildeo

de acesso emergentes no cenaacuterio de abertura e de abundacircncia jaacute mencionados

Consideramos essas questotildees - ambas relacionadas ao uso de material didaacutetico - como exemplos

de implicaccedilotildees - em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano como LEL2 - decorrentes

da presenccedila de um cenaacuterio de abertura (BONK 2009 LITTO 2009 LITTO 2006 TAPSCOTT

WILLIAMS 2013 TAPSCOTT WILLIAMS 2007 VAZ RIBEIRO MATHEUS 2010 NIKOI et al

2011) de abundacircncia (LITTO 2006 LITTO 2009 p 73 p 304) e de sinais de falecircncia da Economia

Guttemberg (SHIRKY 2010 p 42) Satildeo elas que datildeo origem agrave nossa investigaccedilatildeo - ainda antes

de formalizaacute-la em termos de pesquisa de doutoramento - na medida em que ao confrontaacute-las

questionamo-nos sobre a existecircncia de outras implicaccedilotildees e em caso afirmativo sobre quais seriam

essas implicaccedilotildees

Simultaneamente ao surgimento de nossos questionamentos - bem como no decorrer de nossa

investigaccedilatildeo teoacuterica preliminar - entramos em contato com grupos de pesquisa em software livre

Percebemos a partir desse encontro - e dos diversos que se seguiram - que poderia ser viaacutevel a

utilizaccedilatildeo de material didaacutetico de caraacuteter livre ou aberto 5 tal qual a essecircncia do software livre no

ensino-aprendizagem de italiano como LEL2 em contexto formal - dada a presenccedila do jaacute mencionado

cenaacuterio de abertura - e que havia ao mesmo tempo uma demanda e uma carecircncia relacionadas a

pesquisas formais sobre as implicaccedilotildees dessa utilizaccedilatildeo

Decidimos assim empreender a pesquisa recolocando nossas questotildees de modo que elas

focalizassem natildeo as implicaccedilotildees relativas agrave presenccedila de um cenaacuterio de abertura mas sim as

implicaccedilotildees relacionadas agrave utilizaccedilatildeo de material didaacutetico compatiacutevel com esse cenaacuterio ou seja

material didaacutetico essencialmente aberto ou livre Com efeito perguntamo-nos se haveria implicaccedilotildees

e em caso afirmativo quais seriam essas implicaccedilotildees decorrentes do uso de material didaacutetico

dessa natureza em contexto formal de ensino-aprendizagem de liacutengua italiana como LEL2

Reforccedilou a escolha por essa mudanccedila de foco a nossa constataccedilatildeo de que alguns estados

brasileiros haviam jaacute apresentado e concretizado propostas de utilizaccedilatildeo de materiais didaacuteticos que

se pretendiam de algum modo abertos ou livres em suas escolas puacuteblicas Esse eacute o caso por

exemplo do Governo do Estado do Paranaacute que em 2006 por meio de sua Secretaria de Educaccedilatildeo

empreendeu o projeto Folhas (SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCACcedilAtildeO DO PARANAacute sd)

lanccedilando propostas de livros didaacuteticos virtuais denominados puacuteblicos distribuiacutedos em formato digital

e alinhados com uma proposta de abertura

Determinado o foco e as questotildees de pesquisa concentramo-nos em como as implicaccedilotildees

poderiam ser observadas e analisadas O desafio se colocou em termos teoacutericos-metodoloacutegicos

e operacionais Encontramos em Ortale (2010) um arcabouccedilo teoacuterico-metodoloacutegico que poderia

balizar a nossa investigaccedilatildeo dando forma e tratabilidade agrave nossa ideia abstrata de implicaccedilotildees

Esse arcabouccedilo - que seraacute debatido com mais profundidade no decorrer desta tese - constroacutei-se

em torno dos conceitos de Problemas de Ensino e Narrativas de Problemas de Ensino Em nossa

pesquisa eles satildeo relacionados agrave utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre pelo professor de

5Consideramos que os especificadores livre e aberto podem ser usados com o mesmo sentido Entretantoconforme discutido no capiacutetulo 1 preferimos o termo livre por uma questatildeo de coerecircncia com as expressotildeessoftware livre cultura livre e licenccedila livre

4

Hipoacutetese

italiano LEL2 em contexto formal de ensino-aprendizagem

Decidimos frente ao desafio operacional da investigaccedilatildeo convidar professores de liacutengua italiana

como LEL2 a utilizar materiais didaacuteticos de natureza virtual livre nos contextos formais de ensino-

aprendizagem dessa liacutengua em que atuavam Optamos pelo contexto de ensino superior puacuteblico

dado que no inicio do doutoramento acabaacutevamos de concluir uma experiecircncia de docecircncia - de

aproximadamente 18 (dezoito) meses - nesse contexto - Aleacutem da nossa familiaridade com a praacutetica

de ensino superior - o que nos deixava mais a vontade para empreender investigaccedilotildees nesse

ambiente - percebemos nesse acircmbito uma grande demanda por materiais didaacutetico e de formaccedilatildeo

profissional e acadecircmica de natureza virtual livre - principalmente pelo fato de se tratar de um

contexto de ensino puacuteblico

Durante a investigaccedilatildeo percebemos que seria necessaacuterio articular o termo utilizaccedilatildeo em produ-

ccedilatildeo e utilizaccedilatildeo em sala de aula presencial Dessa maneira reconfiguramos o cenaacuterio de pesquisa

de modo que pudeacutessemos contemplar os dois aspectos De fato para investigar as implicaccedilotildees - ou

Problemas de Ensino - relacionados agrave produccedilatildeo de material didaacutetico de natureza virtual livre elabo-

ramos e ministramos dois cursos envolvendo professores de italiano em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

Mantivemos o acircmbito do ensino superior como contexto de investigaccedilatildeo referente agraves implicaccedilotildees

decorrentes da utilizaccedilatildeo de materiais didaacuteticos dessa natureza Consideramos ambos os aspectos

como pertencentes agrave praacutetica de ensino-aprendizagem em contexto formal Esses contextos seratildeo

retomados e debatidos de forma mais detalhadas no capiacutetulo 5 - Metodologia de Pesquisa

Enfim vale mencionar que consideramos relevante para o desenvolvimento de nossa pes-

quisa tentar compreender a natureza livre do material didaacutetico cujas implicaccedilotildees no ensino formal

investigamos bem com discorrer sobre essa natureza e correlacionaacute-la ao contexto e tradiccedilotildees

teoacutericas relativos ao campo da Linguiacutestica Aplicada no que se refere especialmente ao ensino

aprendizagem de liacutenguas e os seus materiais didaacuteticos Compreendemos que essa caracteriacutestica -

ou seja a qualidade de ser livre - confere-lhe grau de especificidade

Tendo em vista o cenaacuterio de abertura a problematizaccedilatildeo e o traccedilado geral de nosso percurso -

discutidos nesta seccedilatildeo - apresentamos nossa pesquisa cujo escopo permeia o estudo de materiais

didaacuteticos virtuais de natureza livre e as implicaccedilotildees da sua utilizaccedilatildeo em contexto formal de ensino-

aprendizagem de italiano como LEL2 - tendo sido o termo utilizaccedilatildeo desdobrado em produccedilatildeo e

utilizaccedilatildeo em sala de aula presencial

Nas seccedilotildees subsequentes descrevemos as caracteriacutesticas que consideramos essenciais para

uma melhor compreensatildeo do desenho que propomos para nossa investigaccedilatildeo bem como desta tese

- a saber a hipoacutetese de pesquisa a justificativa os objetivos geral e especiacuteficos e a organizaccedilatildeo

capitular da tese

Hipoacutetese

O estudo que apresentamos e discutimos nesta tese organiza-se e se orienta pela nossa hipoacutetese

de que a utilizaccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-

aprendizagem de liacutengua italiana como LEL2 deflagra uma seacuterie de implicaccedilotildees observaacuteveis e

especiacuteficas ndash as quais podem ser definidas em termos de Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p

5

Objetivo geral

425) ndash dada a sua natureza peculiar ou seja livre

Justificativa

A justificativa da investigaccedilatildeo que apresentamos nesta tese consolida-se perante a demanda por

pesquisas no acircmbito do ensino-aprendizagem de liacutenguas - especialmente de italiano como LEL2

- em contexto formal relacionadas agrave presenccedila de um cenaacuterio de abertura (BONK 2009 LITTO

2009 LITTO 2006 TAPSCOTT WILLIAMS 2013 TAPSCOTT WILLIAMS 2007 VAZ RIBEIRO

MATHEUS 2010 NIKOI et al 2011) de abundacircncia (LITTO 2006 LITTO 2009 p 73 p 304) de

recursos digitais e de sinais de falecircncia da Economia Guttemberg (SHIRKY 2010 p 42)

Consideramos que essas pesquisas - como a que empreendemos e apresentamos - poderatildeo

auxiliar os professores de idiomas - assim como os outros profissionais envolvidos no ofiacutecio do

ensino de liacutenguas tais como coordenadores linguiacutestas aplicados ou gestores em seus esforccedilos de

compreensatildeo e eventual apropriaccedilatildeo das novas perspectivas e na superaccedilatildeo dos desafios teoacutericos-

metodoloacutegicos e profissionais que se configuram a partir da presenccedila do mencionado cenaacuterio de

abertura

Parece-nos oportuno justificar tambeacutem o desenvolvimento desta pesquisa - dado o seu caraacuteter

interdisciplinar - no acircmbito do Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Liacutengua Literatura e Cultura Italianas

da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da USP Consideramos essa filiaccedilatildeo pertinente

e justificada na medida em que as reflexotildees e resultados apresentados poderatildeo trazer benefiacutecios

diretos para todos os envolvidos no ensino de liacutengua italiana no Brasil contribuindo para um

enriquecimento desse setor O acesso agraves vaacuterias aacutereas do conhecimento foi feito portanto em funccedilatildeo

do ensino da liacutengua italiana como LEL2

Ademais a escolha da liacutengua de aplicaccedilatildeo ndash a saber a liacutengua italiana ndash dos estudos apresen-

tados nesta tese pressupotildee o apoio e a avaliaccedilatildeo de especialistas em ensino de liacutengua italiana

para estrangeiros e liacutenguistas aplicados os quais se encontram no programa de Poacutes-graduaccedilatildeo

em Liacutengua Literatura e Cultura Italianas da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da

Universidade de Satildeo Paulo

Objetivo geral

O propoacutesito deste estudo eacute o de explorar as implicaccedilotildees relacionadas agrave utilizaccedilatildeo de material

didaacutetico de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano LEL2 Tais

implicaccedilotildees foram especificadas e tratadas em termos de Problemas de Ensino ou seja foram

coletadas e analisadas por meio de Narrativas de Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 425)

Ademais o termo utilizaccedilatildeo foi desdobrado em dois aspectos - a saber a produccedilatildeo de material

didaacutetico e a sua utilizaccedilatildeo em sala de aula presencial

6

Organizaccedilatildeo e estrutura capitular da tese

Objetivos especiacuteficos

bull Observar e discutir os Problemas de Ensino decorrentes da produccedilatildeo de material didaacutetico de

natureza virtual livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano como LEL2

bull Observar e discutir os Problemas de Ensino relativos agrave utilizaccedilatildeo em sala de aula presencial

de material didaacutetico de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de

italiano como LEL2

bull Observar e avaliar as possibilidades de utilizaccedilatildeo de insumos registrados com licenccedilas livres

na produccedilatildeo de materiais didaacuteticos de italiano L2LE e de natureza virtual livre

bull Apresentar e discutir possiacuteveis estrateacutegias que apontem para a resoluccedilatildeo dos Problemas de

Ensino levantados na pesquisa

Organizaccedilatildeo e estrutura capitular da tese

No CAPIacuteTULO 1 discutimos o conceito de Material Didaacutetico Virtual Livre com o qual trabalhamos

em nossa pesquisa e tambeacutem nesta tese Contemplamos apenas os conceitos que do nosso ponto

de vista justificam a utilizaccedilatildeo do especificador livre para esse tipo de material didaacutetico Dessa

forma as discussotildees abrangem as ideias de Cultura Livre (LESSIG 2004 p 48) de software livre

(FREE SOFTWARE FOUNDATION sd) e de Licenccedila Livre (FREEDOMDEFINED sd apud FARIA

2011 p 21) A partir dos debates propostos nesse capiacutetulo eacute possiacutevel perceber que a maneira

como concebemos o Material Didaacutetico Virtual Livre estaacute em sintonia com os conceitos de Trabalhos

Culturais Livres (FREEDOMDEFINED sd) e de Recursos Educacionais Abertos (THE WILLIAM

AND FLORA HEWLETT FOUNDATION SD BARBOSA ARIMOTO 2013 p 18) Os conceitos

se relacionam principalmente pelo fato de serem os trecircs baseados na filosofia do software livre

sendo cada um deles - consideramos - uma tentativa de aplicaccedilatildeo dessa filosofia em artefatos

diferentes de software Relacionamos ainda o conceito de Material Didaacutetico Virtual Livre com as

noccedilotildees de Material Didaacutetico Virtual Livre com Algumas Restriccedilotildees - que propomos - e de material

didaacutetico fechado

No CAPIacuteTULO 2 trazemos para debate a nossa hipoacutetese de que materiais didaacuteticos de natureza

virtual livre estatildeo sintonizados com a pedagogia poacutes-meacutetodo (KUMARAVADIVELU 2001 KUMA-

RAVADIVELU 2006b) podendo nesse caso ser tomados como materiais didaacuteticos de caraacuteter

poacutes-meacutetodo ou simplesmente materiais didaacuteticos poacutes-meacutetodo Para tanto discutimos o paradigma

da chamada pedagogia poacutes-meacutetodo considerando a conjectura teoacuterica de falecircncia da pedagogia

dos meacutetodos no acircmbito do ensino e aprendizagem de liacutenguas Compreendemos em siacutentese que

os materiais didaacuteticos de natureza virtual livre podem ser associados agrave pedagogia poacutes-meacutetodo na

medida em que refletem os paracircmetros pedagoacutegicos da particularidade da praticabilidade e da

possibilidade - os quais conforme Kumaravadivelu (2001) Kumaravadivelu (2006b) caracterizam a

essecircncia da pedagogia poacutes-meacutetodo Em outras palavras a noccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza

7

Organizaccedilatildeo e estrutura capitular da tese

virtual livre pressupotildee respectivamente em sua essecircncia tal qual a pedagogia poacutes-meacutetodo a sensi-

bilidade ao contexto de utilizaccedilatildeo o empoderamento do professor e o incentivo a questionamentos

de status quo e agrave transformaccedilatildeo social sobretudo no que se refere aos aprendizes Consideramos

enfim que levantar esse debate significa tambeacutem ampliar a oportunidade de melhor compreender

as caracteriacutesticas dos materiais didaacuteticos de natureza virtual livre

No CAPIacuteTULO 3 abordamos a questatildeo das controveacutersias a respeito do uso de software livre em

oposiccedilatildeo ao software proprietaacuterio Aleacutem disso propomos um aprofundamento a respeito da dimensatildeo

produtiva de artefatos ou tecnologias com potencial altruiacutesta As controveacutersias satildeo de naturezas diver-

sas apontando temaacuteticas nucleares que perpassam desde o niacutevel teacutecnico ateacute os niacuteveis econocircmico e

filosoacutefico - entre outros Interessa-nos sobremaneira perceber que a utilizaccedilatildeo de software livre

poderaacute trazer implicaccedilotildees para o campo do ensino de liacutenguas - tomado como contexto educacional -

tanto no acircmbito da formaccedilatildeo de professores quanto em contexto de ensino-aprendizagem de um

idioma Consideramos que as controveacutersias relativas ao uso de software livre - em oposiccedilatildeo ao

software proprietaacuterio - podem ser estendidas de modo anaacutelogo ao uso de Material Didaacutetico Virtual

Livre - em detrimento a materiais didaacuteticos fechados O debate sobre as controveacutersias giram em

torno das vantagens e dos pontos criacuteticos do uso de software livre A proposta de aprofundamento

relacionada agrave dimensatildeo produtiva de artefatos ou tecnologias com potencial altruiacutesta se refere em

outras palavras agrave uma discussatildeo sobre os modelos de negoacutecio que podem ser adotados a fim de

estabelecer uma gestatildeo sustentaacutevel para projetos ou iniciativas livres

No CAPIacuteTULO 4 apresentamos e discutimos quatro aspectos que consideramos centrais em relaccedilatildeo

agrave metodologia que adotamos para orientar a produccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual

livre Satildeo eles a utilizaccedilatildeo de modelos instrucionais - em especial o modelo ADDIE (GAGNEacute

et al 2005 ROTHWELL KAZANAS 2003 SEELS GLASGOW 1998 p 21 p 55 p 7 ) o

modelo da Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas (ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO 2002

ALMEIDA FILHO 2010 p 18) e o Quadro para Escrita de Material Didaacutetico de Liacutenguas (JOLLY

BOLITHO 1998 p 90) as teacutecnicas de buscas de insumos livres as teacutecnicas de licenciamento do

material didaacutetico virtual atribuindo-lhe uma licenccedila livre ou flexiacutevel e a utilizaccedilatildeo de software livre O

modelo ADDIE o modelo de Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas e Quadro para Elaboraccedilatildeo de

Material Didaacutetico de Ensino de Liacutenguas - os quais podem ser compreendidos como modelos que

visam em linhas gerais o entendimento de contextos instrucionais e o suporte ao planejamento e

operacionalizaccedilatildeo de cursos em seus diversos aspectos sendo o segundo e o terceiro dirigidos ao

contexto de ensino de liacutenguas - foram tomados como referecircncia para operacionalizaccedilatildeo de Materiais

Didaacuteticos Virtuais Livres em contexto de ensino e aprendizagem de liacutenguas Os aspectos relativos agrave

busca de insumos livres eou flexiacuteveis e agrave atribuiccedilatildeo de liberdades ao material didaacutetico de natureza

virtual livre satildeo abordados a partir de um vieacutes praacutetico-operativo com exemplos de uso de ferramentas

disponiacuteveis na Internet e estatildeo em sintonia com as reflexotildees propostas em EDUCACcedilAtildeO ABERTA

(2011) A utilizaccedilatildeo de software livre como suporte para o Material Didaacutetico Virtual Livre enfim

envolve o debate sobre os dois programas livres que analisamos e utilizamos em nossa pesquisa

Trata-se do sistema de criaccedilatildeo de blogs e gerenciamento de conteuacutedos para web denominado

8

Organizaccedilatildeo e estrutura capitular da tese

Wordpress e do programa de autoria intitulado EXElearning Nesse caso buscamos apresentar

as caracteriacutesticas gerais de ambos os programas bem como os aspectos que nos motivaram a

utilizaacute-los

No CAPIacuteTULO 5 focalizamos os diversos aspectos relacionados agrave metodologia de pesquisa empre-

gada em nosso estudo Os debates giram em torno da dimensatildeo empiacuterica da investigaccedilatildeo ndash a saber

a identificaccedilatildeo e anaacutelise dos Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 425) relacionados agrave produccedilatildeo

de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre e agrave sua utilizaccedilatildeo em sala de aula presencial de

italiano como LEL2 Durante a explanaccedilatildeo apontamos as escolhas teoacuterico-metodoloacutegicas adotadas

nesta investigaccedilatildeo incluindo os contextos estudados e as estrateacutegias de levantamento e anaacutelise de

dados empregadas Em linhas de siacutentese nossa abordagem investigativa foi de natureza qualitativa

e se balizou por um vieacutes epistemoloacutegico existencial (natildeo determinista) construtivista (STAKE 2011

p 42) e interpretativo A coleta de dados se deu em dois contextos distintos (1) em sala de aula

presencial de italiano como LEL2 - contexto em que investigamos os Problemas de Ensino relativos

ao uso do Material Didaacutetico Virtual Livre - e (2) em curso de formaccedilatildeo para professores em serviccedilo

e em preacute-serviccedilo de italiano como LEL2 - contexto em que investigamos os Problemas de Ensino

relativos ao aspecto da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

No CAPIacuteTULO 6 apresentamos o perfil dos informantes que participaram de nossa pesquisa um

professor de liacutengua italiana do ensino superior puacuteblico brasileiro - cuja praacutetica de sala de aula

envolvendo a utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre investigamos - e dois grupos de profes-

sores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo participantes de duas ediccedilotildees do curso de formaccedilatildeo - sendo

esses envolvidos com a produccedilatildeo desse tipo de material didaacutetico no acircmbito de nossa pesquisa

O levantamento foi realizado por meio de questionaacuterios observaccedilatildeo e anaacutelises documentais Os

questionaacuterios foram respondidos antes dos respectivos periacuteodos de observaccedilatildeo acompanhamento

e levantamento de dados figurando como avaliaccedilatildeo diagnoacutestica direcionada ao professor e aos

dois grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo Em linhas gerais buscamos investigar a

familiaridade dos participantes no que se refere ao uso de novas tecnologias - bem como aspectos do

seu letramento digital da sua praacutetica de sala de aula de seus haacutebitos habilidades e competecircncias

relativas agrave produccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de material didaacutetico para o ensino de liacutenguas e dos respectivos

contextos de utilizaccedilatildeo do Material Didaacutetico Virtual Livre - no acircmbito de realizaccedilatildeo de nossa pesquisa

- quando pertinente Percebemos que o professor informante possui vasta experiecircncia com ensino

de italiano em contexto formal superior puacuteblico brasileiro que possui pouca familiaridade com

o uso de computador e da Internet utilizando-os eventualmente em sua praacutetica de sala de aula

e que se apropria do livro didaacutetico considerando-o de grande valia no que se refere ao aspecto

organizativo do empreendimento de ensino e aprendizagem - tanto para os alunos quanto para

o professor - mas que deve ser complementado adaptado e as vezes subvertido de modo a

corresponder agraves demandas locais Percebemos que os grupos de professores em serviccedilo e em

preacute-serviccedilo por sua vez possuem experiecircncia de ensino de italiano atuando predominantemente

em contexto de extensatildeo universitaacuteria e de escola de idiomas que tem como haacutebito a consulta a

materiais didaacuteticos alternativos e a manuais do professor a seleccedilatildeo de fragmentos de materiais

9

Organizaccedilatildeo e estrutura capitular da tese

de autoria de terceiros como complementaccedilatildeo ao livro didaacutetico que adotam em sua praacutetica e que

utilizam predominantemente o e-mail e a paacutegina web e que possuem maior experiecircncia com a

atividade de utilizaccedilatildeo - tais como editoraccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de Ambientes Virtuais de Aprendizagem -

de recursos digitais do que com a atividade de instalaccedilatildeo desses recursos Figuram como recursos

e atividades com os quais os informantes declaram possuir maior familiaridade e-mail redes sociais

textos imagens e eslaide

No CAPIacuteTULO 7 trazemos os resultados de nossa pesquisa de campo ou seja trazemos para

debate os Problemas de Ensino relativos agrave produccedilatildeo e agrave utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano como LEL2 Em linhas gerais identificamos

7 (sete) Problemas de Ensino relativos ao contexto de produccedilatildeo e 4 (quatro) Problemas de Ensino

relativos ao contexto de utilizaccedilatildeo Satildeo eles dificuldade para encontrar insumos desejados registra-

dos com licenccedilas flexiacuteveis inseguranccedila (e resistecircncia) associada agrave utilizaccedilatildeo de insumos livres no

material didaacutetico crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre necessaria-

mente aumenta a carga horaacuteria de trabalho docente dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica

e o estado de artefato em construccedilatildeoque o software livre pode apresentar dificuldade relativa agrave

identificaccedilatildeo das licenccedilas dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e de sequecircncias didaacuteticas

digitais dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou

miacutedias que podem ser utilizados para organizar as Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas

em sala de aula presencial crenccedila de que a escassez de material didaacutetico impresso na sala de aula

presencial poderaacute ser mal vista pelos discentes dificuldade em compreender o funcionamento do

software utilizado em sala de aula e preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e do software

que abrigam e fornecem acesso agraves Sequecircncias Didaacuteticas

No CAPIacuteTULO 8 enfim tecemos as consideraccedilotildees finais sobre a nossa pesquisa As discussotildees

estatildeo distribuiacutedas em trecircs aspectos as caracteriacutesticas gerais dos Problemas de Ensino identificados

nesta pesquisa as possiacuteveis estrateacutegias ou caminhos de resoluccedilatildeo dos Problemas de Ensino

identificados a hipoacutetese de pesquisa e finalmente a metodologia e os possiacuteveis desdobramentos

futuros de nossa investigaccedilatildeo

10

Capiacutetulo 1

Material Didaacutetico Virtual Livre - nossa

concepccedilatildeo

Neste capiacutetulo apresentamos e discutimos o conceito de Material Didaacutetico Virtual Livre com o qual

trabalhamos em nossa pesquisa e consequentemente em nossa tese Contemplamos apenas

os conceitos que do nosso ponto de vista justificam a utilizaccedilatildeo do especificador livre para esse

tipo de material didaacutetico Dessa forma os debates giram em torno das ideias de Cultura Livre

(LESSIG 2004 p 48) de software livre (FREE SOFTWARE FOUNDATION sd) e de Licenccedila

Livre (FREEDOMDEFINED sd apud FARIA 2011 p 21)

No decorrer dos debates apontamos sempre que possiacutevel caracteriacutesticas que justificam a

utilizaccedilatildeo desse especificador e que portanto caracterizam o material didaacutetico como livre Cabe

lembrar que nosso trabalho e nossas discussotildees se concentram em materiais didaacuteticos para o ensino

de liacutenguas Em especial conforme jaacute mencionado nossa investigaccedilatildeo se concentra no acircmbito

do ensino de liacutengua italiana como LEL2 Consideramos esse debate essencial jaacute que conforme

acenado na introduccedilatildeo desta tese trabalhamos com a ideia de que o termo livre indica um aspecto

- ou seja sua natureza livre - que torna esse tipo de material didaacutetico especiacutefico e que portanto

pode gerar Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 425) tambeacutem especiacuteficos

A partir dos debates propostos nas seccedilotildees subsequentes seraacute possiacutevel perceber que a maneira

como concebemos o Material Didaacutetico Virtual Livre estaacute em sintonia com os conceitos de Trabalhos

Culturais Livres (FREEDOMDEFINED sd) e de Recursos Educacionais Abertos (THE WILLIAM

AND FLORA HEWLETT FOUNDATION SD BARBOSA ARIMOTO 2013) Os conceitos se

relacionam principalmente pelo fato de que satildeo os trecircs baseados na filosofia do software livre

sendo cada um deles uma tentativa de aplicaccedilatildeo dessa filosofia em artefatos diferentes de software

11 A cultura livre

Lessig (2004) discute a questatildeo da cultura livre focalizando em especial o papel dos direitos

autorais frente aos paradigmas e agraves praacuteticas culturais (produccedilatildeo divulgaccedilatildeo e consumo de bens

culturais) estabelecidos com o advento das novas tecnologias da informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo O autor

afirma que toda cultura se caracteriza como livre sendo que umas satildeo mais livres que outras A

11

A cultura livre

natildeo-liberdade de uma cultura reside no fato de os seus bens culturais serem dominados por grandes

corporaccedilotildees o que restringiria o seu acesso

Em uma cultura menos livre a possibilidade de se criar a partir de obras de terceiros torna-se

dificultada por dispositivos restritivos como o Copyright mdash especialmente no que diz respeito agrave

criaccedilatildeo de obras derivadas Nas palavras de Lessig (2004 p 48)

[c]ulturas livres satildeo culturas que deixam uma grande parcela de si abertapara outros poderem trabalhar em cima conteuacutedo controlado ou que exigepermissatildeo representa muito menos da cultura (LESSIG 2004 p 48)

Uma anaacutelise superficial a respeito do conceito de cultura livre poderia evidenciar a ideia errocircnea

de que uma cultura livre eacute uma cultura sem propriedade Lessig (2004 p 18) pronuncia-se a esse

respeito afirmando que

o oposto de uma cultura livre eacute uma lsquocultura da permissatildeorsquo mdash uma culturana qual os criadores podem criar apenas com a permissatildeo dos poderososou dos criadores do passado (LESSIG 2004 p 18)

Ele defende um equiliacutebrio relativo agrave detenccedilatildeo da produccedilatildeo cultural produzida pela sociedade

ou seja nem uma anarquia nem algum tipo de feudalismo Nesse contexto portanto natildeo se estaacute

pregando que os artistas por exemplo natildeo sejam considerados autores e natildeo possam receber pelos

seus trabalhos

A partir desse ponto de vista eacute possiacutevel relacionar o surgimento das novas tecnologias da

informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo mdash sobretudo as baseadas na Internet mdash e a questatildeo da cultura livre

Essas tecnologias podem facilitar o aumento (ou manutenccedilatildeo) da liberdade ou seja da possibilidade

de se criar sobre outras obras Essa facilidade com que as pessoas por meio dessas tecnologias

conseguem consumir e produzir cultura (acessar bens culturais e criar a partir dos mesmos) tende

a minar uma estrutura marcada pela tentativa de controle do processo por parte de grandes

corporaccedilotildees Como visto acima isso caracterizaria uma sociedade como menos livre

Frente agraves reflexotildees propostas em Lessig (2004) consideramos que o material didaacutetico denomi-

nado livre deveraacute ser o produto de um processo de produccedilatildeo livre ou seja processo em que os

autores tiveram a liberdade de consumir outros produtos culturais 6 sem a necessidade de chancela

de grupos ou corporaccedilotildees que figurem como detentores desses produtos Seguindo o mesmo

raciociacutenio esse material como um bem cultural deveraacute ter conteuacutedo livre contribuindo assim com

a circulaccedilatildeo livre da cultura

Ressaltamos que essa tentativa de caracterizaccedilatildeo soacute eacute possiacutevel na medida em que estamos

considerando o material didaacutetico de ensino de liacutenguas como produtos culturais que tambeacutem seratildeo

constituiacutedos por outros produtos culturais como muacutesicas textos imagens etc Produtos esses ndash os

materiais didaacuteticos ndash que tambeacutem poderatildeo ser apropriados por outros indiviacuteduos para elaboraccedilatildeo

de novos bens culturais

6Nesta tese utilizamos as expressotildees bens culturais e produtos culturais como equivalentes

12

O software livre

12 O software livre

Um software eacute criado a partir de uma linguagem de alto niacutevel tais como C Cobol ou Java perfeita-

mente compreensiacuteveis pelo ser humano Utilizando-se dessas linguagens o programador produz o

chamado coacutedigo-fonte Para que esse coacutedigo possa ser compreendido pelo computador ele precisa

passar por um processo de compilaccedilatildeo que o transformaraacute em linguagem binaacuteria (TAURION 2004

p 15)

O claacutessico atual e hegemocircnico (TAURION 2004 SILVEIRA 2004) modelo de desenvolvimento

e distribuiccedilatildeo de software consiste em ceder ao usuaacuterio uma licenccedila para o seu uso fornecendo-lhe

apenas a versatildeo do programa em linguagem binaacuteria Trata-se do modelo de software proprietaacuterio

(TAURION 2004 p 15)

Segundo Silveira (2004 p 10) em um modelo de software proprietaacuterio o usuaacuterio natildeo adquire

um produto dado que natildeo poderaacute alteraacute-lo reformaacute-lo ou sequer revendecirc-lo como poderia fazer com

uma casa por exemplo se fosse sua Ele possui apenas uma licenccedila para usaacute-lo permanecendo

como seu dono a empresa ou o programador responsaacutevel pelo seu desenvolvimento De fato o

usuaacuterio natildeo poderaacute alteraacute-lo ou revendecirc-lo natildeo apenas porque natildeo teraacute acesso ao seu coacutedigo-fonte

mas tambeacutem porque a licenccedila de uso natildeo lhe permite isso O modelo de negoacutecios do software

proprietaacuterio eacute portanto baseado em licenccedilas de propriedade e ldquovive do aprisionamento de seus

clientes ao pagamento de licenccedilas de usordquo (SILVEIRA 2004 65)

O software livre ao contraacuterio do software proprietaacuterio insere-se em um modelo de negoacutecio

caracterizado pelas liberdades de uso coacutepia modificaccedilatildeo e redistribuiccedilatildeo (SILVEIRA 2004 FREE

SOFTWARE FOUNDATION sd) Nesse modelo o coacutedigo-fonte tambeacutem eacute distribuiacutedo o que torna

o programa legiacutevel e passiacutevel de ser modificado Aleacutem de alterar o programa o usuaacuterio poderaacute

copiaacute-lo e redistribuiacute-lo sem restriccedilotildees Segundo Taurion (2004 p 17) o programador do software

livre ldquooutorga a todos direitos de usar copiar alterar e redistribuir o programardquo

Segundo a FREE SOFTWARE FOUNDATION (sd) o software livre se refere com mais exatidatildeo

a 4 (quatro) liberdades a saber

-A liberdade de executar o programa para qualquer propoacutesito (liberdade no

0)

-A liberdade de estudar como o programa funciona e adaptaacute-lo para as suasnecessidades (liberdade no 1) Acesso ao coacutedigo-fonte eacute um preacute-requisitopara esta liberdade

-A liberdade de redistribuir coacutepias de modo que vocecirc possa ajudar ao seuproacuteximo (liberdade no 2)

-A liberdade de aperfeiccediloar o programa e liberar os seus aperfeiccediloamentosde modo que toda a comunidade se beneficie (liberdade no 3) Acesso aocoacutedigo-fonte eacute um preacute-requisito para esta liberdade (FREE SOFTWAREFOUNDATION sd)

A filosofia do software livre eacute nitidamente diferente da filosofia do chamado software proprietaacuterio

na medida em que a distribuiccedilatildeo deste se restringe apenas agrave liberaccedilatildeo da sua versatildeo executaacutevel ou

seja do seu coacutedigo binaacuterio Esse tipo de distribuiccedilatildeo impede que seu usuaacuterio ou outros programado-

res vejam e estudem as soluccedilotildees de programaccedilatildeo relativas agravequele software jaacute que o acesso ao seu

13

O software livre

Quadro 11 As 4 liberdades de um Trabalho Cultural Livre

bull A liberdade de usar o trabalho e aproveitar os benefiacutecios do seu uso

bull A liberdade de estudar o trabalho e de aplicar o conhecimento dele adquirido

bull A liberdade de fazer coacutepias e distribuiacute-las em todo ou em parte da informaccedilatildeoou expressatildeo

bull A liberdade de fazer mudanccedilas e melhoramentos e de distribuir trabalhosderivados

Fonte adaptado de Freedomdefined (sd)

coacutedigo-fonte natildeo eacute possiacutevel

A partir dessas reflexotildees a respeito da filosofia do software livre bem como a descriccedilatildeo do seu

processo de negoacutecio eacute possiacutevel atribuir algumas caracteriacutesticas aos materiais didaacuteticos de natureza

livre De fato para que o material didaacutetico seja livre ele deveraacute se inserir em um modelo de negoacutecio

caracterizado pelas liberdades de uso coacutepia modificaccedilatildeo e redistribuiccedilatildeo para qualquer um para

qualquer finalidade ou seja fundamentar-se - resguardadas as diferenccedilas entre os dois produtos

- em liberdades equivalentes agraves 4 (quatro) liberdades atribuiacutedas pela Free Software Foundation

ao software livre Ademais ele deveraacute ser disponibilizado de modo que essas liberdades sejam

garantidas

Encontramos expressatildeo para nossos anseios por liberdades equivalentes para o Material Didaacutetico

Virtual Livre em Freedomdefined (sd) Com efeito ao caracterizar Trabalhos Culturais Livres - ou

seja trabalhos culturais que podem ser livremente estudados aplicados copiados eou modificados

por qualquer um para qualquer finalidade(FREEDOMDEFINED sd) - os autores dessa instituiccedilatildeo

adaptam as 4 (quatro) liberdades do software livre de modo a poder atribuiacute-las a trabalhos culturais

caracterizando-os dessa forma como livres Essas liberdades as quais consideramos aplicaacuteveis

tambeacutem aos Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres satildeo descritas no QUAD 11 Consideramos que

a tentativa de garantir essas liberdades encontra-se em utilizar software livre ou formatos livres 7

como suporte para materiais didaacuteticos virtuais de natureza livre

Uma anaacutelise simples a respeito das distribuiccedilotildees de software livre e proprietaacuterio pode evidenciar

o fato de que a filosofia do software livre permite uma maior circulaccedilatildeo do conhecimento e estimula o

trabalho colaborativo A circulaccedilatildeo do conhecimento se daacute exatamente pelo fato de o coacutedigo-fonte

do software livre ser aberto podendo ser estudado por quem quer que seja O trabalho colaborativo

por sua vez eacute estimulado pela liberdade de alterar utilizar e redistribuir o software Cabe lembrar

que a condiccedilatildeo fundamental da redistribuiccedilatildeo de novas versotildees eacute a manutenccedilatildeo da liberaccedilatildeo do

7O termo formato se refere agrave maneira como um arquivo seraacute gravado ou seja agrave sua extensatildeo (CULTURAUFPA sd SUDREacute 2013 p 34) Assim como um software ou um aplicativo os formatos de arquivos tambeacutempodem ser livres ou proprietaacuterios Satildeo exemplos de formatos proprietaacuterios o doc (formato de documentosdo Microsoft Word) e o pps (formato de apresentaccedilotildees do Microsoft PowerPoint) Os formatos odt (paraarquivos de texto) e odp (para apresentaccedilotildees de slides) satildeo por sua vez exemplos de formatos livres

14

O software livre

coacutedigo-fonte o que garante que o software continue livre e que outros programadores possam

tambeacutem gozar de suas liberdades

O trabalho colaborativo caracteriacutestico da filosofia do software livre evoca imediatamente a ideia

de inteligecircncia coletiva proposta em Levy (2007 p 28) Segundo esse autor a inteligecircncia coletiva

Eacute uma inteligecircncia distribuiacuteda por toda a parte incessantemente valorizadacoordenada em tempo real que resulta em uma mobilizaccedilatildeo efetiva dascompetecircncias Acrescentemos agrave nossa definiccedilatildeo este complemento indis-pensaacutevel a base e o objetivo da inteligecircncia coletiva satildeo o reconhecimentoe o enriquecimento muacutetuo das pessoas () Uma inteligecircncia distribuiacutedapor toda parte tal eacute o nosso axioma inicial Ningueacutem sabe tudo todossabem alguma coisa todo o saber estaacute na humanidade (LEVY 2007 p28)

O debate proposto por Levy (2007) a respeito da inteligecircncia coletiva estaacute diretamente relacio-

nado com as novas possibilidades de interaccedilatildeo oferecidas pelo ciberespaccedilo Ele se refere agraves novas

tecnologias digitais que facilitam sensivelmente o trabalho colaborativo e consequentemente a

manifestaccedilatildeo da inteligecircncia coletiva

Quando diferentes programadores de diferentes partes do mundo por iniciativa proacutepria de

forma siacutencrona ou assiacutencrona decidem aprimorar um programa agregando valor ao mesmo cada

qual com a sua competecircncia a inteligecircncia coletiva se manifesta Essa dinacircmica de trabalho soacute eacute

possiacutevel a partir de uma filosofia como a do software livre - em oposiccedilatildeo ao modelo proprietaacuterio

Para que o material didaacutetico seja caracterizado como livre consideramos que ele deve ser

suscetiacutevel agrave accedilatildeo da inteligecircncia coletiva como concebida por Levy (2007 p 28) Em outras palavras

esse material poderaacute ser produzido por vaacuterios autores os quais poderatildeo aprimoraacute-lo segundo as

suas competecircncias individuais gerando novas versotildees Saber programar eacute a competecircncia requerida

para se alterar um software livre Da mesma maneira competecircncias operativas - tais como entre

outros saber elaborar unidades didaacuteticas materiais didaacuteticos e exames de verificaccedilatildeo (DIADORI

2001 p 199) - bem como niacuteveis baacutesicos de letramento digital seratildeo condiccedilatildeo para o trabalho de

elaboraccedilatildeo do material didaacutetico livre

Uma interpretaccedilatildeo equivocada a respeito do software livre poderia se instalar ao se associarem

as suas liberdades agrave condiccedilatildeo de distribuiccedilatildeo gratuita do mesmo De fato o software livre natildeo

precisa ser necessariamente distribuiacutedo de forma gratuita O usuaacuterioprogramador tem a liberdade

de alterar um software livre e vender a sua nova versatildeo desde que o mantenha livre ldquoSoftware

livre eacute uma questatildeo de liberdade natildeo de preccedilordquo (FREE SOFTWARE FOUNDATION sd) A esse

respeito Morimoto (2009 p 15) acrescenta que

Existe a possibilidade de ganhar algum dinheiro vendendo CDs gravadospor exemplo mas como todo mundo pode fazer a mesma coisa eacute precisovender por um preccedilo relativamente baixo cobrando pelo trabalho de grava-ccedilatildeo e natildeo pelo software em si que estaacute largamente disponiacutevel (MORIMOTO2009 p 15)

Emfim Silveira (2004) lembra que o modelo de negoacutecio do software livre eacute baseado em serviccedilos

e procura vender desenvolvimento capacitaccedilatildeo e suporte Se por um lado o programador natildeo

15

Licenccedilas Livres e a licenccedila Creative Commons

tem lucro financeiro com a venda de programas de coacutedigo aberto ele o teraacute com a prestaccedilatildeo de

serviccedilos advinda do uso e da adaptaccedilatildeo do software livre para determinados contextos ou demandas8 O programador portanto recebe pelo seu serviccedilo e natildeo pela venda do software O mesmo

princiacutepio poderaacute ser atribuiacutedo ao trabalho com materiais didaacuteticos virtuais de natureza livre De

fato professores com as devidas competecircncias poderatildeo se apropriar do material livre e adaptaacute-lo a

contextos especiacuteficos sendo pagos por esse trabalho 9 Capacitaccedilatildeo e suporte tambeacutem satildeo tarefas

cabiacuteveis para atuaccedilatildeo do professor em um modelo de negoacutecio livre capacitaccedilatildeo para o uso do

material didaacutetico de natureza livre e suporte didaacutetico e operacional para a sua utilizaccedilatildeo por terceiros

Observamos dessa forma a possibilidade de abertura de novos nichos de atuaccedilatildeo para o

profissional de letras decorrentes da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre Para que ele

possa atuar nessas novas frentes de trabalho deveraacute necessariamente desenvolver competecircncias

operativas (DIADORI 2001 p 199) e aumentar o seu niacutevel de letramento digital ou seja desenvolver

as competecircncias necessaacuterias para o uso das novas tecnologias no acircmbito do ensinoaprendizagem

de liacutenguas

13 Licenccedilas Livres e a licenccedila Creative Commons

Creative Commons eacute uma proposta de licenccedila de uso mais flexiacutevel (CREATIVE COMMONS sd

JOSGRILBERG 2008 p 113) - ou menos restritiva - que o Copyright e mais restritiva que o Domiacutenio

Puacuteblico (GABRIEL 2013 p 48) Conforme nos lembra Gabriel (2013 p 48) se o Copyright carrega

a ideia de todos os direitos reservados o Domiacutenio Puacuteblico significa sem direitos reservados e o

Creative Commons alguns direitos reservados

A licenccedila Creative Commons formatada em 2002 (FARIA 2011 p 22) foi concebida por

Lawrence Lessig (ROSENBERG 2004 JOSGRILBERG 2008 GABRIEL 2013 p 432 p 113 p

47) advogado estadunidense com o objetivo de facilitar o processo de uso e compartilhamento de

obras Essa tentativa de facilitaccedilatildeo se configura na medida em que propotildee eliminar a burocracia

desse processo de uso e compartilhamento imposto pelo Copyright (JOSGRILBERG 2008 p 114)

O Creative Commons de fato consiste em um sistema de licenciamento em que o artista ou autor

define quais direitos e liberdades seratildeo atribuiacutedas agrave sua produccedilatildeo No ato do licenciamento seraacute

estabelecido por exemplo se a obra poderaacute ser executada comercializada ou ateacute modificada por

terceiros Tais condiccedilotildees de uso satildeo agregadas ao produto e passam a ser visiacuteveis ao puacuteblico que

seraacute assim informado a respeito do que pode ou natildeo pode fazer com ele Dessa forma espera-se

a extinccedilatildeo da figura do intermediaacuterios - por exemplo de advogados - e da burocracia jaacute que as

permissotildees de uso estatildeo previamente estabelecidas pelos autores

O QUAD 12 apresenta as condiccedilotildees baacutesicas de licenciamento que o autor poderaacute atribuir agrave

sua obra Note-se que no ato do licenciamento ele poderaacute combinaacute-las de modo a delinear com

precisatildeo os direitos que pretende estabelecer para a obra Segundo a CREATIVE COMMONS

8Tome-se como exemplo um programador que eacute contratado por uma padaria ou uma farmaacutecia paraadaptar um software livre as suas necessidades especiacuteficas

9Tome-se agora como exemplo um professor com a competecircncia necessaacuteria contratado por umainstituiccedilatildeo para adaptar o material didaacutetico livre para a sua realidade ou seja para o seu contexto de ensinoEntendemos por adaptaccedilatildeo em consonacircncia com Mezzadri (2003) a produccedilatildeo de material ad hoc

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Licenccedilas Livres e a licenccedila Creative Commons

BRASIL (sd) o uso indevido das obras sob a licenccedila Creative Commons poderaacute ser julgado como

violaccedilatildeo de direitos autorais Ademais Gabriel (2013 p 49) observa que essas licenccedilas jaacute foram

traduzidas e adaptadas agrave legislaccedilatildeo de diversos paiacuteses inclusive agraves do Brasil Essa informaccedilatildeo

corrobora a ideia de que o objetivo da licenccedila Creative Commons natildeo eacute abolir os direitos autorais

mas flexibilizaacute-los

As condiccedilotildees baacutesicas de licenciamento apresentadas no QUAD 12 combinadas entre si

compotildeem o conjunto de 6 (seis) licenccedilas Creative Commons ndash a saber Atribuiccedilatildeo Atribuiccedilatildeo - sem

derivados Atribuiccedilatildeo - natildeo comercial - compartilha igual Atribuiccedilatildeo - compartilha igual Atribuiccedilatildeo -

natildeo comercial e Atribuiccedilatildeo - natildeo comercial - sem derivados ndash reunidas e descritas no QUAD 13

Cabe ao autor escolher uma das propostas e conferi-la ao seu trabalho de acordo com as liberdades

que deseja atribuir-lhe

Em termos operacionais o registro das obras eacute feito pela Internet nas proacuteprias paacuteginas da

organizaccedilatildeo natildeo governamental sem fins lucrativos tambeacutem chamada Creative Commons Aleacutem do

sistema de registro suas paacuteginas oferecem em associaccedilatildeo com empresas como Google 10 Yahoo11 e Flickr 12 - entre outras - motores de busca especializados na localizaccedilatildeo de material registrado

sob a licenccedila Creative Commons

Natildeo obstante a clara flexibilidade das licenccedilas Creative Commons em detrimento agrave proposta

do Copyright conforme discute Faria (2011 p 25) nem todas as licenccedilas Creative Commons

podem ser consideradas livres O autor fundamenta a sua constataccedilatildeo no conceito de Licenccedila

Livre proposto em Freedomdefined (sd) a qual - consideramos - relaciona-se estritamente com a

essecircncia da filosofia do software livre conforme proposto pela Free Software Foundation - discutido

na seccedilatildeo 12 deste capiacutetulo - ou seja consiste na ideia de que

[L]icenccedila [L]ivre eacute toda licenccedila que garante ao receptor de uma obra prote-gida por direito autoral as liberdades de utilizar e gozar dos benefiacutecios deseu uso[] copiar e distribuir[] estudar e modificar[] e distribuir modificaccedilotildeesdaquela obra (FREEDOMDEFINED sd apud FARIA 2011 p 21)

Dessa forma ainda segundo Faria (2011 p 26) algumas licenccedilas apresentam atributos que

violam as liberdades de coacutepia distribuiccedilatildeo e modificaccedilatildeo - conforme a citada definiccedilatildeo de licenccedila

livre - e portanto natildeo podem ser incluiacutedas em obras designadas como livres Como exemplo Faria

(2011 p 26) cita os atributos Natildeo a obras derivadase Uso natildeo comercial Enquanto a primeira

natildeo permite a modificaccedilatildeo a segunda subtrai a liberdade comercial de uso da obra derivada

Consideramos que ao interpretar a subtraccedilatildeo da liberdade de uso comercial da obra derivada

como um desvio do conceito de Licenccedila Livre Freedomdefined (sd apud FARIA 2011 p 26)

dialoga com a ideia - discutida na seccedilatildeo 12 desta tese - de que segundo a Free Software Foundation

software livre eacute uma questatildeo de liberdade e natildeo de preccedilo Dessa forma uma licenccedila que restringe o

uso comercial natildeo estaria de acordo com a noccedilatildeo de Licenccedila Livre (FREEDOMDEFINED sd) e

naturalmente tampouco com a filosofia do software livre (FREE SOFTWARE FOUNDATION sd)

Faria (2011 p 25) cita como exemplos de atributos que caracterizam a licenccedila como livre a

10wwwgooglecombr11wwwyahoocombr12wwwflickrcom

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Licenccedilas Livres e a licenccedila Creative Commons

Quadro 12 Condiccedilotildees baacutesicas de licenciamento Creative Commons

Condiccedilatildeoda licenccedila

Explicaccedilatildeo Exemplo

Atribuiccedilatildeo Vocecirc permite que outras pes-soas copiem distribuam e exe-cutem sua obra protegida pordireitos autorais mdash e as obrasderivadas criadas a partir delamdash mas somente se for dado creacute-dito da maneira que vocecirc esta-beleceu

Joana publica sua fotografia com alicenccedila de Atribuiccedilatildeo por que ela de-seja que todos usem suas fotos con-tanto que lhe deem creacutedito Beto en-contra na Internet a fotografia de Jo-ana e deseja mostraacute-la na primeira paacute-gina de seu website Beto coloca a fo-tografia de Joana em seu site e indicade forma clara a autoria da mesma

Uso natildeo-comercial

Vocecirc permite que outras pes-soas copiem distribuam e exe-cutem sua obra mdash e as obrasderivadas criadas a partir delamdash mas somente para fins natildeocomerciais

Gustavo publica sua fotografia em seuwebsite com uma licenccedila de Uso NatildeoComercial Camila imprime a fotogra-fia de Gustavo Camila natildeo estaacute auto-rizada a vender a impressatildeo da foto-grafia sem a autorizaccedilatildeo de Gustavo

Natildeo aobras de-rivadas

Vocecirc permite que outras pes-soas copiem distribuam e exe-cutem somente coacutepias exatasda sua obra mas natildeo obras de-rivadas

Sara licencia a gravaccedilatildeo de sua muacute-sica com uma licenccedila Natildeo a ObrasDerivadas Joatildeo deseja cortar umafaixa da muacutesica de Sara e incluiacute-la emsua proacutepria obra remixando-a e cri-ando uma obra totalmente nova Joatildeonatildeo pode fazer isso sem autorizaccedilatildeode Sara

Compartilhamento pelamesmalicenccedila

Vocecirc pode permitir que outraspessoas distribuam obras de-rivadas somente sob uma li-cenccedila idecircntica agrave licenccedila querege sua obra

A fotografia de Gustavo eacute licenciadasob as condiccedilotildees de Uso Natildeo Comer-cial e Compartilhamento pela mesmaLicenccedila Camila eacute uma artista ama-dora de colagem Ela usa a foto-grafia de Gustavo em uma de suascolagens A condiccedilatildeo do Comparti-lhamento pela mesma Licenccedila exigeque Camila disponibilize sua colagemcom uma licenccedila Uso Natildeo Comercialplus-Compartilhamento pela mesmaLicenccedila Esta condiccedilatildeo faz com queCamila disponibilize sua obra a todasas pessoas sob os mesmos termoscom os quais Gustavo disponibilizoua ela

Fonte adaptado de CREATIVE COMMONS BRASIL (sd)

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Licenccedilas Livres e a licenccedila Creative Commons

Quadro 13 Conjunto de licenccedilas Creative Commons

Atribuiccedilatildeo - CC BY Esta licenccedila permiteque outros distribuam remixem adapteme construam sobre a sua obra mesmo co-mercialmente desde que lhe deem creacuteditopela criaccedilatildeo original Esta eacute a licenccedila maisaberta dentre as oferecidas Recomendadopara ampla divulgaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos ma-teriais licenciados

Atribuiccedilatildeo-natildeo comercial - compartilha igual- CC BY-NC-SA Esta licenccedila permite queoutros remixem faccedilam tweak e construamsobre o seu trabalho natildeo comercialmentecontanto que atribuam creacutedito a vocecirc e li-cenciem as novas criaccedilotildees sob os mesmostermos

Atribuiccedilatildeo-natildeo comercial - CC BY-NC Estalicenccedila permite que outros remixem adap-tem e criem obras natildeo comerciais e apesarde suas obras novas deverem creacuteditos avocecirc vocecirc e ser natildeo comerciais natildeo preci-sam ser licenciadas nos mesmos termos

Atribuiccedilatildeo-sem derivados - CC BY-ND Estalicenccedila permite a redistribuiccedilatildeo comercial enatildeo comercial desde que a obra permaneccedilainalterada com creacutedito para vocecirc

Atribuiccedilatildeo-compartilha igual - CC BY-SAEsta licenccedila permite que outros remixemfaccedilam tweak e construam sobre a sua obramesmo para fins comerciais contanto queatribuam creacutedito a vocecirc e licenciem as no-vas criaccedilotildees sob os mesmos paracircmetrosEsta licenccedila eacute muitas vezes comparada aoCopyleft ndash licenccedilas de software livre e opensource Todas as novas obras com base nasua levaratildeo a mesma licenccedila entatildeo quais-quer derivados tambeacutem permitiratildeo o uso co-mercial Esta eacute a licenccedila utilizada pela Wiki-pedia e eacute recomendada para materiais quese beneficiariam de conteuacutedo da Wikipediae de projetos igualmente licenciados

Atribuiccedilatildeo - natildeo comercial - sem derivados- CC BY-NC-ND Esta licenccedila eacute a mais res-tritiva das nossas seis licenccedilas principaispermitindo que os outros faccedilam o downloadde suas obras e compartilhem-nas desdeque deem creacutedito a vocecirc natildeo as alterem oufaccedilam uso comercial delas

Fonte adaptado de (CREATIVE COMMONS BRASIL sd)

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Licenccedilas Livres e a licenccedila Creative Commons

Atribuiccedilatildeoe a Atribuiccedilatildeo - compartilhamento pela mesma licenccedila Conforme lembra Faria (2011

p 25) a Atribuiccedilatildeorequer apenas que o autor da obra original seja citado da maneira como definir

Nesse caso qualquer um pode copiar distribuir e modificar inclusive para fins comerciais desde que

preserve os creacuteditos da obra original (FARIA 2011 p 25) Ele acrescenta que esse atributo quando

utilizado individualmente permite a maacutexima disseminaccedilatildeo do material licenciado A Atribuiccedilatildeo -

compartilhamento pela mesma licenccedila por sua vez requer que - aleacutem de o autor da obra original

ser citado da maneira como definir - o trabalho derivado seja distribuiacutedo com a mesma licenccedila Faria

(2011 p 26) lembra que esse mecanismo de preservaccedilatildeo da liberdade eacute tambeacutem conhecido como

Copyleft

Cabe mencionar que o Copyleft termo originalmente associado agrave licenccedila de uso de software

livre denominada GPL por Richard Stallman foi criado pelo artista e programador Don Hopkins o

qual o definiu como all rights reversed13 fazendo trocadilho com Copyright - all rights reserved14

(FARIA 2011 p 24) Em outras palavras o Copyleft pode ser definido como

uma forma de usar a legislaccedilatildeo de proteccedilatildeo dos direitos autorais com oobjetivo de retirar barreiras agrave utilizaccedilatildeo difusatildeo e modificaccedilatildeo de uma obracriativa devido agrave aplicaccedilatildeo claacutessica das normas de propriedade intelec-tual exigindo que as mesmas liberdades sejam preservadas em versotildeesmodificadas (FARIA 2011 p 24)

Definido como tal de acordo com Faria (2011 p 24) e Gabriel (2013 p 47) o Copyleft se

diferencia do Domiacutenio Puacuteblico na medida em que apresenta restriccedilotildees que precisam ser observadas

Lembramos que o Domiacutenio Puacuteblico por sua vez permite qualquer utilizaccedilatildeo de uma obra

Consideramos enfim que materiais didaacuteticos virtuais para serem classificados como livres

deveratildeo ser compostos por insumos sinalizados de alguma maneira como livres Esse material

deveraacute ao mesmo tempo possuir uma licenccedila livre que especifique as liberdades a ele atribuiacutedas

Tomamos nesse caso o termo livre conforme definido em Freedomdefined (sd) citado em Faria

(2011 p 21) e discutido neste seccedilatildeo Isso significa que apesar de adotarmos a licenccedila Creative

Commons em nosa pesquisa - bem como considerar os 6 (seis) tipos de licenccedilas funcionais

no acircmbito da produccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de materiais didaacuteticos de ensino-aprendizagem de liacutenguas -

concordamos com Faria (2011 p 26) quando observa que nem todas as suas licenccedilas poderatildeo

ser vistas como livres Concordamos ainda que os atributos Natildeo a obras derivadase Uso natildeo

comercialmarcam esse descompasso

Ademais dada a flexibilidade e a funcionalidade do conjunto de licenccedilas Creative Commons

- bem como a sua discrepacircncia com relaccedilatildeo ao universo do Copyright ou seja de um universo

fechado marcado pela burocracia e pela desfavorecimento da Cultura Livre (LESSIG 2004 p 18) -

parece-nos aceitaacutevel considerar que esses atributos - a saber Natildeo a obras derivadase Uso natildeo

comercialidentificam o que vamos reconhecer como Material Didaacutetico Virtual Livre com Algumas

Restriccedilotildees

13Todos os direitos revertidos14Todos os direitos reservados

20

Afinal o que chamamos de Material Didaacutetico Virtual Livre

Figura 11 Material Didaacutetico Virtual Livre e seus conceitos subjacentes

14 Afinal o que chamamos de Material Didaacutetico Virtual

Livre

Considerados os debates das seccedilotildees anteriores eacute possiacutevel apontar alguns dos traccedilos que do nosso

ponto de vista caracterizam o material didaacutetico virtual como livre

Conforme mencionado consideramos que o Material Didaacutetico Virtual Livre deveraacute ser o produto

de um processo de produccedilatildeo livre ou seja processo em que os autores tiveram a liberdade de

consumir outros produtos culturais sem a necessidade de permissatildeo de grupos ou corporaccedilotildees que

figurem como detentores desses produtos Seguindo o mesmo raciociacutenio esse material como um

bem cultural deveraacute ele proacuteprio figurar como livre contribuindo assim com a circulaccedilatildeo livre da

cultura Em outras palavras trata-se de um tipo de material didaacutetico que em essecircncia beneficia-se

da cultura livre - conforme definido em Lessig (2004 p 48) - ao mesmo tempo em que a promove

(SOUZA 2010b SOUZA 2011c SOUZA 2011a SOUZA 2011b) ndash sendo naturalmente suscetiacutevel

agrave accedilatildeo da inteligecircncia coletiva como concebida por Levy (2007 p 28)

Consideramos que para que isso ocorra esse material didaacutetico deveraacute se inserir em um modelo

de negoacutecio livre - ou seja caracterizado pelas liberdades de uso coacutepia modificaccedilatildeo e redistribuiccedilatildeo

(FREE SOFTWARE FOUNDATION sd SILVEIRA 2004 p 9) para qualquer um e para qualquer

fim (FREE SOFTWARE FOUNDATION sd) - utilizar como suporte um software livre ou em

consonacircncia com Freedomdefined (sd) formatos livres Ele deveraacute tambeacutem consumir insumos

livres e ser ele proacuteprio registrado com uma licenccedila livre sendo o termo Licenccedila Livre tomado em

ambos os casos segundo a definiccedilatildeo da Freedomdefined (sd) - ou seja que essencialmente

proteja a manutenccedilatildeo das liberdades de uso coacutepia distribuiccedilatildeo e modificaccedilatildeo A FIG 11 ilustra

21

Afinal o que chamamos de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 14 Os materiais didaacuteticos fechado Virtual Livre Virtual Livre com AlgumasRestriccedilotildees e suas licenccedilas

Material didaacuteticofechado

Material DidaacuteticoVirtual Livre com

AlgumasRestriccedilotildees

Material DidaacuteticoVirtual Livre

Licenccedilaproacutepria

eoudos in-sumos

bull Copyright bull CC-BY-NC

bull CC-BY-NC-SA

bull CC-BY-ND

bull CC-BY-NC-ND

bull CC-BY

bull CC-BY-SA(Copyleft)

por meio de um mapa conceitual as relaccedilotildees entre os principais conceitos discutidos a respeito da

caracterizaccedilatildeo do Material Didaacutetico Virtual Livre

Em adiccedilatildeo consideramos que a presenccedila dos atributos Uso natildeo comercial(NC) e Natildeo a obras

derivadas(ND) em sua licenccedila - eou dos insumos que utiliza caracteriza o material didaacutetico virtual

como Material Didaacutetico Virtual Livre com Algumas Restriccedilotildees O QUAD 14 mostra a relaccedilatildeo entre

materiais didaacuteticos fechados Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres e Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres

com Algumas Restriccedilotildees no que diz respeito ao tipo de licenccedila

Encontramos em Freedomdefined (sd) e na Wikipedia - sendo nesta por meio da entrada

LICENCcedilAS CREATIVE COMMONS (sd) - concepccedilotildees equivalentes agraves nossas a respeito da

natureza livre do material didaacutetico virtual De fato a Freedomdefined (sd) aponta 4 (quatro)

caracteriacutesticas as quais denomina Condiccedilotildees Adicionais para Atribuiccedilatildeo de Caraacuteter Livre a um

Trabalho Cultural Satildeo elas a disponibilidade da fonte de dados o uso de um formato livre nenhuma

restriccedilatildeo teacutecnica e nenhuma outra restriccedilatildeo ou limitaccedilatildeo A Wikipedia por sua vez por meio da

entrada LICENCcedilAS CREATIVE COMMONS (sd) aponta para a necessidade de atribuiccedilatildeo clara de

autoria dos trabalhos subjacentes a uma obra derivada Por meio do QUAD 15 apresentamos uma

amalgamaccedilatildeo dos pontos de vista da Freedomdefined (sd) e da Wikipedia os quais - consideramos

- aleacutem de dialogar com alguns aspectos da nossa concepccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre pode

auxiliar os trabalhos praacutetico-operativos (tais como produccedilatildeo e reconhecimento) com materiais dessa

natureza no acircmbito do ensino-aprendizagem de liacutenguas

Destacamos a partir do exposto no QUAD 15 o debate sobre o uso de formatos livres Concor-

damos com a Freedomdefined (sd) quando assumem que a condiccedilatildeo de liberdade dos Trabalhos

Culturais Livres seraacute mantida no caso de uso de formatos natildeo livres - por razotildees praacuteticas - quando

disponibilizada uma coacutepia em formato livre e no caso de uso de formatos digitais patenteados -

22

Afinal o que chamamos de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 15 Caraacuteter livre a materiais didaacuteticos virtuais algumas condiccedilotildees

Disponibilidade dafonte de dados

Onde um trabalho final foi obtido por meio de compilaccedilatildeo ou pro-cessamento de um arquivo fonte ou de muacuteltiplos arquivos fontetodas as fontes de dados subjacentes devem estar disponiacuteveisjuntamente com o trabalho propriamente dito sob as condiccedilotildeesoriginais Pode ser uma partitura de uma composiccedilatildeo musical osmodelos usados em uma cena em 3D os dados de uma publica-ccedilatildeo cientiacutefica os coacutedigos fonte de um programa de computadorou qualquer outra informaccedilatildeo deste tipo

Disponibilidade deindicaccedilotildees clarassobre as licenccedilasdas fontes de dados

Onde um trabalho final foi obtido por meio da compilaccedilatildeo ouprocessamento de um arquivo fonte ou de muacuteltiplos arquivos fonteas licenccedilas de todas as fontes de dados subjacentes devem estardisponiacuteveis juntamente com o trabalho propriamente dito deforma clara Isso significa incluir quaisquer avisos de direitosautorais (se aplicaacutevel) Citar o nome pseudocircnimo ou user ID doautor (Internet) Citar o tiacutetulo ou nome da obra caso haja algum(no caso de Internet) Citar sobre qual licenccedila a obra se encontraMencionar se a obra eacute derivada ou adaptada Se for adaptadpapor exemplo indicar Esta eacute uma traduccedilatildeo para o portuguecircs de[nome da obra original] de [autor]ou Roteiro baseado em [obraoriginal] [autor]

Uso de um formatolivre

Para arquivos digitais o formato no qual um trabalho eacute disponi-bilizado natildeo deve ser protegido por patentes a menos que sejaemitida uma permissatildeo livre de royalties mundial ilimitada e irrevo-gaacutevel para que se faccedila uso da tecnologia patenteada Enquantoformatos natildeo-livres podem agraves vezes ser usados por razotildees praacuteti-cas uma coacutepia em formato livre deve estar disponiacutevel para que otrabalho seja considerado livre

Nenhuma restriccedilatildeoteacutecnica

O trabalho deve estar disponiacutevel de maneira que nenhuma medidateacutecnica seja usada para limitar as liberdades acima enumeradas

Nenhuma outra res-triccedilatildeo ou limitaccedilatildeo

O trabalho propriamente dito natildeo deve estar coberto por restriccedilotildeeslegais (patentes contratos etc) ou limitaccedilotildees (como direitos deprivacidade) o que anularia as liberdades acima enumeradas [as4 (quatro) liberdades anunciadas no QUAD 11] Um trabalhopode fazer uso de isenccedilotildees legais ao direito autoral (para citartrabalhos sob direito autoral) embora apenas as suas porccedilotildeesque satildeo inambiguamente livres constituem um trabalho livre

Fonte adaptado de Freedomdefined (sd) e LICENCcedilAS CREATIVE COMMONS (sd)

23

Afinal o que chamamos de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 16 Os materiais didaacuteticos fechado Virtual Livre Virtual Livre com AlgumasRestriccedilotildees e seus suportes

Material didaacuteticofechado

Material DidaacuteticoVirtual Livre com

Algumas Restriccedilotildees

Material DidaacuteticoVirtual Livre

Tipo desuportedigital

bull Software eouformato proprie-taacuterio

bull Formato propri-etaacuterio legiacutevel eeditaacutevel por soft-ware livre En-quanto a condi-ccedilatildeo for vaacutelida

bull Software eou for-mato livres

bull Formato proprie-taacuterio com coacutepiaem formato livre

bull Formato patente-ado com permis-satildeo livre de royal-ties

tambeacutem por razotildees praacuteticas - quando emitida uma permissatildeo livre de royalties sendo essa de abran-

gecircncia mundial e irrevogaacutevel Consideramos esse raciociacutenio vaacutelido tambeacutem para Materiais Didaacuteticos

Virtuais Livres Com efeito em ambos os casos o material didaacutetico virtual permaneceraacute livre mediante

o cumprimento das respectivas condiccedilotildees - a saber a disponibilidade de uma coacutepia em formato

livre e de uma permissatildeo livre de royalties de abrangecircncia mundial e irrevogaacutevel Acrescentamos

que por outro lado vamos considerar Material Didaacutetico Virtual Livre com Algumas Restriccedilotildees os

casos em que forem utilizados formatos natildeo livres - ou proprietaacuterios - tais como entre outros os

formatos doc (formato de texto do Microsoft Word) e pps (formato de apresentaccedilotildees do Microsoft

Power Point) - sem a disponibilizaccedilatildeo de uma versatildeo em formato livre quando (e enquanto) esses

formatos proprietaacuterios puderem ser lidos e editados por aplicativos livres Indicamos no QUAD 16

a relaccedilatildeo entre materiais didaacuteticos fechados Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres e Materiais Didaacuteticos

Virtuais Livres com Algumas Restriccedilotildees no que se refere ao tipo de suporte digital

Concluiacutemos esta subseccedilatildeo - e este capiacutetulo - trazendo para debate dois aspectos relacionados

a maneira como concebemos Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres em nossa pesquisa e consequen-

temente nesta tese O primeiro aspecto consiste em nossa visatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

como Sequecircncias Didaacuteticas (OLIVEIRA 2013 p 53) A fim de discuti-lo retomamos o conceito

de Recursos Educacionais Abertos (THE WILLIAM AND FLORA HEWLETT FOUNDATION SD

BARBOSA ARIMOTO 2013 p 18) Cabe lembrar que esse conceito tal qual o de Trabalhos Cultu-

rais Livres (FREEDOMDEFINED sd) dialoga em essecircncia com a nossa visatildeo sobre Materiais

Didaacuteticos Virtuais Livres Conforme dissemos no iniacutecio deste capiacutetulo todos os trecircs conceitos podem

ser interpretados como tentativas de aplicaccedilatildeo da filosofia do software livre em artefatos diferentes

de software O segundo diz respeito agrave nossa escolha pela utilizaccedilatildeo do especificador livre - em

detrimento a aberto - na expressatildeo Material Didaacutetico Virtual Livre

24

Afinal o que chamamos de Material Didaacutetico Virtual Livre

De acordo com THE WILLIAM AND FLORA HEWLETT FOUNDATION (SD) Recursos Educaci-

onais Abertos

satildeo recursos de ensino aprendizagem e pesquisa que estatildeo em domiacuteniopuacuteblico ou foram disponibilizados com uma licenccedila de propriedade intelec-tual que permite a liberdade de uso e reaproveitamento por outros (THEWILLIAM AND FLORA HEWLETT FOUNDATION SD)

Conforme lembram THE WILLIAM AND FLORA HEWLETT FOUNDATION (SD) e Barbosa e

Arimoto (2013 p 18) esse conceito foi definido pela Unesco em 2002 e se refere a cursos completos

materiais de cursos moacutedulos livros texto viacutedeos provas software ou qualquer outra ferramenta

ou teacutecnica usada para apoiar o acesso ao conhecimento

Observamos que em nossa pesquisa - bem como nesta tese - nossa visatildeo de Material Didaacutetico

Virtual Livre estaacute relacionada agrave ideia de Sequecircncia Didaacutetica tal qual definida em Oliveira (2013 p

53) encontrando reflexo tambeacutem em Dolz J Noverraz e Schneuwly (2004 p 83) Segundo Oliveira

(2013 p 53) uma Sequecircncia Didaacutetica pode ser definida como

um conjunto de atividades conectadas entre si e [que] prescinde de umplanejamento para delimitaccedilatildeo de cada etapa eou atividade para trabalharos conteuacutedos disciplinares de forma integrada para uma melhor dinacircmicano processo ensino-aprendizagem (OLIVEIRA 2013 p 53)

Dessa forma apesar da ancestralidade comum entre os dois conceitos a visatildeo de que a

expressatildeo Recursos Educacionais Abertos - conforme THE WILLIAM AND FLORA HEWLETT

FOUNDATION (SD) e Barbosa e Arimoto (2013 p 18) - pode ser utilizado para referenciar

nominalmente artefatos de naturezas diversas (tais como livros texto programas ou software)

diferencia-se da maneira como concebemos Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres ou seja como

Sequecircncias Didaacuteticas (OLIVEIRA 2013 p 53) materializadas em formato digital

Por fim justificamos nossa escolha pelo especificador livre - em oposiccedilatildeo a aberto - na ex-

pressatildeo Material Didaacutetico Virtual Livre Natildeo obstante considerarmos os termos aberto e livre

intercambiaacuteveis nessa expressatildeo optamos pelo termo livre por consideraacute-lo mais coerente com as

expressotildees relativas aos conceitos que do nosso ponto de vista - conforme discutimos neste capiacutetulo

- fundamentam-no A saber Cultura Livre (LESSIG 2004 48) software livre (FREE SOFTWARE

FOUNDATION sd) e Licenccedila Livre (FREEDOMDEFINED sd)

Esperamos que por meio do debate apresentado neste capiacutetulo a respeito da natureza livre do

material didaacutetico virtual tenha sido possiacutevel expressar nossa percepccedilatildeo - anunciada na introduccedilatildeo

desta tese - de que esse tipo de material didaacutetico apresenta especificidades e que portanto -

conforme nossa hipoacutetese - ao ser inserido no acircmbito do ensino-aprendizagem de italiano como

LEL2 pode apresentar Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 45) tambeacutem especiacuteficos A partir

do exposto eacute possiacutevel por exemplo observar que a praacutetica de elaboraccedilatildeo de materiais didaacuteticos

com insumos provenientes da Internet bem como a publicaccedilatildeo de materiais didaacuteticos de autoria

proacutepria na rede mundial de computadores - as quais se apresentam jaacute consagradas na rotina de

professores de idiomas - distingui-se da praacutetica especiacutefica de produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual

Livre dada justamente a sua natureza livre

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Capiacutetulo 2

Material Didaacutetico Virtual Livre para o

ensino de liacutenguas material

poacutes-meacutetodo() - explorando

interseccedilotildees

Neste capiacutetulo trazemos para debate a nossa hipoacutetese de que materiais didaacuteticos de natureza virtual

livre estatildeo sintonizados com a pedagogia poacutes-meacutetodo (KUMARAVADIVELU 2001 KUMARAVADI-

VELU 2006b) podendo nesse caso ser tomados como materiais didaacuteticos de caraacuteter poacutes-meacutetodo

ou simplesmente materiais didaacuteticos poacutes-meacutetodo 15 Para tanto discutimos o paradigma da cha-

mada pedagogia poacutes-meacutetodo considerando a conjectura teoacuterica de falecircncia da pedagogia dos

meacutetodos no acircmbito do ensino e aprendizagem de liacutenguas No decorrer dos debates apontamos as

interseccedilotildees entre os dois arcabouccedilos teoacutericos - ou seja materiais didaacuteticos de natureza virtual livre

e a pedagogia poacutes-meacutetodo - quando consideramos pertinente Compreendemos em siacutentese que

os materiais didaacuteticos de natureza virtual livre podem ser associados agrave pedagogia poacutes-meacutetodo na

medida em que refletem os paracircmetros pedagoacutegicos da particularidade da praticabilidade e da

possibilidade - os quais conforme Kumaravadivelu (2001) Kumaravadivelu (2006b) caracterizam a

essecircncia da pedagogia poacutes-meacutetodo Em outras palavras a noccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza

virtual livre pressupotildee respectivamente em sua essecircncia tal qual a pedagogia poacutes-meacutetodo a sensi-

bilidade ao contexto de utilizaccedilatildeo o empoderamento do professor e o incentivo a questionamentos

de status quo e agrave transformaccedilatildeo social sobretudo no que se refere aos aprendizes Consideramos

enfim que levantar esse debate significa tambeacutem ampliar a oportunidade de melhor compreender

as caracteriacutesticas dos materiais didaacuteticos de natureza virtual livre

Cabe ressaltar que ao propormos essa relaccedilatildeo estamos em acordo com Santana (2012 p

140) e Alencar (2007) os quais tambeacutem acenam para uma aproximaccedilatildeo de construtos de natureza

15Tivemos a oportunidade de debater essa hipoacutetese em 2010 no acircmbito da disciplina O Ensino-Aprendizagem de Liacutenguas a Partir da Deacutecada de 1970 ministrado pela Profa Dra Fernanda LanducciOrtale ofertada pelo Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Liacutengua Literatura e Cultura Italianas da USP e em2011 no acircmbito do VII Congresso Internacional da ABRALIN (Associaccedilatildeo Brasileira de Linguiacutestica) realizadoUniversidade Federal do Paranaacute (Curitiba - PR) - (SOUZA 2011c)

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Capiacutetulo 2 Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas material poacutes-meacutetodo() -explorando interseccedilotildees

virtual livre direta ou indiretamente agraves concepccedilotildees do educador brasileiro Paulo Freire Conforme

mencionamos no decorrer deste capiacutetulo o paracircmetro da possibilidade estaacute baseado - entre outros

autores - nas concepccedilotildees desse pesquisador (KUMARAVADIVELU 2001 KUMARAVADIVELU

2006b KUMARAVADIVELU 2003 p 542 p 174 p 13) Com efeito Santana (2012 p 140) aponta

a concepccedilatildeo de Recursos Educacionais Abertos como um importante caminho para a concretizaccedilatildeo

de algumas das mudanccedilas sociais esperadas pela emergecircncia das tecnologias digitais(SANTANA

2012 p 140) ou seja para a concretizaccedilatildeo das possibilidades da educaccedilatildeo na era da informaccedilatildeo -

em detrimento ao modelo de educaccedilatildeo na era industrial - conforme Flecha e Elboj (2000) Nesse

caso em siacutentese a educaccedilatildeo na sociedade da informaccedilatildeo estaacute associada agrave concepccedilatildeo de Paulo

Freire - ainda na deacutecada de 1970 - da educaccedilatildeo como um processo de praacutetica de liberdade e como

ferramenta de transformaccedilatildeo Essa educaccedilatildeo conforme os autores permite que os indiviacuteduos

imersos na sociedade da informaccedilatildeo possam ser - entre outras expectativas - sujeitos de suas

proacuteprias aprendizagens (FLECHA ELBOJ 2000 p 144) Apresentamos por meio do QUAD 21 as

caracteriacutesticas da educaccedilatildeo na sociedade industrial - ou seja correspondente agraves demandas vigentes

nas sociedades industriais - e da educaccedilatildeo na sociedade da informaccedilatildeo - ou seja uma educaccedilatildeo

que para Flecha e Elboj (2000 p 146) pode corresponder aos desafios dessa sociedade

Alencar (2007) por sua vez parece sugerir que a condiccedilatildeo de software livre corresponde

agraves concepccedilotildees de Freire (1967 p 24) a respeito do papel de tecnologias em uma perspectiva

educacional libertadora Nesse sentido - entre vaacuterios outros aspectos abordados em seu estudo -

Alencar (2007) lembra que para Freire (1967)

()a tecnologia aleacutem de ser compreendida apreendida deve ser contextu-alizada - contextualizar a tecnologia em si proacutepria sua gecircnese e utilizaccedilatildeodesvelando os interesses e a ideologia impliacutecita os benefiacutecios e as limita-ccedilotildees do uso - em seguida identificaacute-la com o contexto local discutindo suasimplicaccedilotildees na vida dos usuaacuterios ativos e a melhor forma de incorporaacute-lapara o bem daquele grupo naquele contexto(ALENCAR 2007 p 38)

Compreendemos desse modo que Alencar (2007) evoca em seu trabalho os pensamentos do

educador brasileiro Paulo Freire com o intuito de associaacute-los agrave concepccedilatildeo de software livre - construto

esse tambeacutem focalizado em sua pesquisa Vale lembrar que em essecircncia de fato a noccedilatildeo de

software livre pressupotildee a possibilidade de contextualizaccedilatildeo ou seja de sua personalizaccedilatildeo sob

demandas advindas dos contextos de uso de debate sobre interesses e ideologias impliacutecitas em

sua proacutepria gecircnese - bem como na concepccedilatildeo do construto software em geral e de discussatildeo sobre

as implicaccedilotildees de sua utilizaccedilatildeo na vida dos usuaacuterios Consideramos que esses pressupostos satildeo

tambeacutem vaacutelidos para a noccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre ou para qualquer outro

construto dessa natureza

A necessidade da elaboraccedilatildeo de uma pedagogia poacutes-meacutetodo surge segundo Kumaravadivelu

(2001 p 537) da insatisfaccedilatildeo com as limitaccedilotildees da ideia de meacutetodo e do conseguinte modelo

de formaccedilatildeo de professores de idiomas marcado por uma abordagem descendente em que o

professor-formador transmite um conjunto de conhecimentos preestabelecidos ao professor em

formaccedilatildeo sugerindo-lhe as melhores praacuteticas modelando o seu comportamento enquanto docente

e avaliando os seus haacutebitos pedagoacutegicos (KUMARAVADIVELU 2001 p 551) Nesse sentido

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Quadro 21 A educaccedilatildeo na sociedade industrial e na sociedade da informaccedilatildeo

A educaccedilatildeo na sociedade industrial A educaccedilatildeo na sociedade da informa-ccedilatildeo

Funccedilatildeo reprodutora da educaccedilatildeo Funccedilatildeo transformadora da educaccedilatildeoConcepccedilatildeo totalizante da escola Haacute processos educativos nas comunidades

Burocratizaccedilatildeo e academicismo que setransferem tanto aos profissionais quantoaos outros participantes

Concepccedilatildeo ampla de aprendizagem comosocializaccedilatildeo participativa e comunicativaque recupere os objetivos mais utoacutepicos daeducaccedilatildeo de jovens e adultos

Concepccedilatildeo de ciecircncia em compartimentosestanques

Concepccedilatildeo interdisciplinar de ciecircncia

Metodologia baseada na concepccedilatildeo taylo-rista da pedagogia de objetivos

Metodologia baseada nos princiacutepios deaprendizagem dialoacutegica

Transmissatildeo de uma cultura ocidental Processos transculturais que se baseiamna convivecircncia multicultural

Metodologia eminentemente expositiva eutilizaccedilatildeo de fichas como materiais baacutesicosde aprendizagem

Incorporaccedilatildeo das novas tecnologias aosprocessos de aprendizagem

Fonte adaptado de Santana (2012 p 141) e Flecha e Elboj (2000 p 146)

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Capiacutetulo 2 Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas material poacutes-meacutetodo() -explorando interseccedilotildees

alguns autores como Brown (2002 p 10) e Allwright (1991 p 7) apontam algumas limitaccedilotildees ou

criacuteticas relativas aos meacutetodos de ensino de liacutenguas as quais reunimos por meio do QUAD Em

consonacircncia com esses autores Kumaravadivelu (2006b p 163-168) elenca uma seacuterie de mitos

relacionados agrave ideia de meacutetodo os quais segundo ele representam uma visatildeo inflamada sobre

essa ideia Satildeo eles

1 Existe o melhor meacutetodo pronto e esperando para ser encontrado

2 Meacutetodos constituem o princiacutepio organizativo para o ensino de liacutenguas

3 Meacutetodos contem um valor universal e satildeo historicamente neutros

4 Teoacutericos constroem conhecimento e professores consomem conheci-mento

5 Meacutetodos satildeo neutros e natildeo possuem motivaccedilotildees ideoloacutegicas

(KUMARAVADIVELU 2006b p 163-168)

Em linhas gerais conforme o autor o primeiro mito estaacute relacionado agrave busca - quase obsessiva

- pela determinaccedilatildeo por meios cientiacuteficos de qual seria o melhor meacutetodo de ensino de liacutenguas

Essa busca se mostra improdutiva e inviaacutevel na medida em que - entre outros fatores - a pesquisa

sobre a eficaacutecia de meacutetodos envolve elementos que natildeo podem ser controlados - tais como as

demandas objetivos e variantes dos aprendizes e o perfil do professor (KUMARAVADIVELU 2006b

p 164) O segundo mito aponta para a concepccedilatildeo de que os meacutetodos poderiam figurar como o

centro de toda a operaccedilatildeo de ensino e aprendizagem de liacutenguas tornando-se referecircncia para todos

os componentes dessa operaccedilatildeo - tais como o design do curriacuteculo a elaboraccedilatildeo do material didaacutetico

ou as estrateacutegias de ensino Percebeu-se contudo que os meacutetodos satildeo construtos demasiadamente

limitados para explicar satisfatoriamente as complexidades do ensino e aprendizagem de liacutenguas e

que ademais a concentraccedilatildeo excessiva nesses construtos significou o desprezo de outros aspectos

tambeacutem envolvidos nessa atividade - tais como a cogniccedilatildeo do professor e dos aprendizes os

contextos culturais ou as percepccedilotildees dos aprendizes (KUMARAVADIVELU 2006b p 165) O

terceiro mito se refere agrave concepccedilatildeo de que um meacutetodo pode ser usado em qualquer contexto

Cabe mencionar conforme Kumaravadivelu (2006b p 165) que meacutetodos satildeo construiacutedos a partir

de contextos e demandas idealizados e que por isso satildeo essencialmente desconectados das

realidades em que satildeo aplicados que a busca por meacutetodos universalmente aplicaacuteveis consiste em

um exerciacutecio de forccedila descendente e que ao fazecirc-lo ignora-se aleacutem dos jaacute citados elementos

contextuais o fato de que os profissionais envolvidos na atividade de ensino e aprendizagem de

liacutenguas possuem algum tipo de experiecircncia com essa tarefa O quarto mito estaacute relacionado agrave

separaccedilatildeo entre teoria e praacutetica no campo do ensino de liacutenguas marcada pelo estabelecimento

artificial de papeacuteis antagocircnicos e bem definidos para o teoacuterico e para o professor Enquanto agravequele

cabe a construccedilatildeo de conhecimento a esse fica a tarefa da praacutetica Tal configuraccedilatildeo natildeo se

difere segundo Kumaravadivelu (2006b p 166) de uma relaccedilatildeo entre produtores e consumidores

de bens de consumo O autor observa que tal qual uma relaccedilatildeo comercial o estabelecimento

desse modelo cria a ideia de uma classe privilegiada - representada pelos teoacutericos - e de uma

classe natildeo privilegiada - representada pelos professores Essa relaccedilatildeo hieraacuterquica ainda conforme

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Capiacutetulo 2 Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas material poacutes-meacutetodo() -explorando interseccedilotildees

Quadro 22 Desvantagens dos meacutetodos

bull Satildeo construiacutedos considerando-se as diferenccedilas de um para o outro ainda quesimilaridades podem ser mais importantes jaacute que meacutetodos que satildeo diferentesem termos de princiacutepios abstratos parecem ser muito mais similares na praacuteticade sala de aula

bull Simplificam de modo infeliz uma seacuterie de fatores altamente complexos comopor exemplo considerar as semelhanccedilas entre aprendizes quando as diferenccedilaspodem ser mais relevantes

bull Desvia energia de questotildees potencialmente mais produtivas uma vez que otempo gasto para aprender como implementar um meacutetodo particular significamenos tempo para outras atividades como por exemplo o design de tarefas desala de aula

bull Gera lealdade agrave uma marca o que seraacute improvavelmente uacutetil para a profissatildeo[professor de idiomas] uma vez que promove rivalidades inuacuteteis sobre questotildeesessencialmente irrelevantes

bull Gera condescendecircncia por transmitir a impressatildeo de que respostas foram defato encontradas para todas as principais questotildees metodoloacutegicas da nossaprofissatildeo [professor de idiomas]

bull Oferece um senso de coerecircncia raso e externamente derivado para profes-sores de liacutenguas o que pode inibir o desenvolvimento de uma personalidademais profunda e em uacuteltima instacircncia de um senso de coerecircncia mais valiosointernamente derivado

bull Meacutetodos satildeo demasiadamente prescritivos assumindo demais sobre um con-texto antes desse contexto ter sido identificado Eles satildeo portanto supergene-ralizados no que diz respeito agrave sua aplicaccedilatildeo em situaccedilotildees praacuteticas

bull Geralmente meacutetodos satildeo distintos nos estaacutegios iniciais de um curso de liacutenguasmas satildeo muito semelhantes uns aos outros nos estaacutegios mais avanccedilados

bull Pensava-se que os meacutetodos podiam ser empiricamente testados por meiode quantificaccedilatildeo cientiacutefica de modo a determinar qual seria o melhor meacutetodoDescobrimos que algo intuitivo e um pouco artesanal natildeo pode jamais serverificado claramente por validaccedilatildeo empiacuterica

bull Meacutetodos satildeo carregados de agendas poliacuteticas e mercenaacuterias por parte deseus produtores Frequentemente criam um centro de poder em torno de siacutetornaram-se veiacuteculos de um imperialismo linguiacutestico visando o desempodera-mento perifeacuterico

Fonte adaptado de Brown (2002 p 10) e Allwright (1991 p 7)

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Kumaravadivelu (2006b p 166) contribuiu para aumentar o conflito entre essas duas classes ao

inveacutes de estimular o diaacutelogo Compreendemos que essa perspectiva ademais pode ser associada

agraves praacuteticas de consumo caracteriacutesticas de modelos de negoacutecios fechados em que o consumidor natildeo

tem poder para apropriar-se integralmente dos construtos ou artefatos que consome - como ocorre

por exemplo no modelo de negoacutecios em que o software proprietaacuterio se insere O quinto e uacuteltimo

mito enfim estaacute relacionado agrave constataccedilatildeo de que o conceito de meacutetodo reflete uma determinada

visatildeo de mundo articulando-se em relaccedilotildees desiguais de interesse ou seja carregando em si o que

Pennycook (1989 597) reconheceu como conhecimento de interesse Kumaravadivelu (2006b p

167) observa ainda que o conceito de meacutetodo eacute tambeacutem um construto que causa marginalidade O

autor aponta pelo menos dois aspectos a segregaccedilatildeo entre gecircneros e entre nativos e natildeo nativos O

primeiro caso se refere ao estabelecimento da ideia de que os homens satildeo responsaacuteveis pela teoria

e as mulheres pela praacutetica - considerando-se o que ele chamou de forccedila de trabalhode ensino de

inglecircs O segundo caso diz respeito agrave marginalizaccedilatildeo dos natildeo nativos no que diz respeito ao ensino

de liacutenguas

Kumaravadivelu (2001 p 538) e Kumaravadivelu (2006b p 171) percebem a pedagogia

poacutes-meacutetodo como um sistema tridimensional composto por trecircs paracircmetros pedagoacutegicos inter-

relacionados - a saber o paracircmetro da particularidade da praticabilidade e da possibilidade Em

linhas de siacutentese o paracircmetro da particularidade estaacute relacionado agrave opccedilatildeo por uma pedagogia

sensiacutevel ao contexto ou seja embasada em uma compreensatildeo verdadeira das particularidades

linguiacutesticas socioculturais e poliacuteticas locais(KUMARAVADIVELU 2001 p 544) Esse paracircmetro

rejeita portanto a escolha pela utilizaccedilatildeo de princiacutepios e procedimentos geneacutericos e predetermi-

nados elaborados com o intuito de cumprir metas tambeacutem geneacutericas e predeterminadas (KUMA-

RAVADIVELU 2001 KUMARAVADIVELU 2006b p 544 p 171) - tal como - compreendemos -

pressuposto no paradigma dos meacutetodos O paracircmetro da praticabilidade por sua vez estaacute rela-

cionado agrave rejeiccedilatildeo de um modelo artificial em que figura uma relaccedilatildeo dicotocircmica entre teoacutericos -

cuja funccedilatildeo eacute produzir conhecimento - e professores - cuja funccedilatildeo se restringe a consumir esse

conhecimento (KUMARAVADIVELU 2001 p 544) De fato a pedagogia poacutes-meacutetodo busca romper

com essa relaccedilatildeo encorajando professores a teorizar a partir de sua praacutetica e praticar o que

teorizaram(KUMARAVADIVELU 2001 KUMARAVADIVELU 2006b p 544 p 173) O paracircmetro

da possibilidade enfim estaacute relacionado agrave opccedilatildeo por trazer agrave tona a consciecircncia sociopoliacutetica que

os aprendizes carregam consigo para a sala de aula rejeitando desse modo uma concepccedilatildeo de

que o ensino-aprendizagem de liacutenguas se restringe aos elementos linguiacutesticos funcionais obtidos

em sala de aula (KUMARAVADIVELU 2001 p 545) Esse paracircmetro - inspirado principalmente

nos trabalhos de Paulo Freire Simon (1988) Giroux (1988) Auerbach (1995) e Benesch (2001)

para os quais conforme Kumaravadivelu (2001 p 538) e Kumaravadivelu (2006b p 171) toda

pedagogia implica em relaccedilotildees de poder e dominaccedilatildeo sendo implementadas de modo a criar e

sustentar desigualdades - conta com o reforccedilo do posicionamento dos aprendizes e professores

enquanto sujeitos como estrateacutegia para encorajaacute-los a questionar o status quo de subjugaccedilatildeo em

que se encontram (KUMARAVADIVELU 2001 542)

Vale mencionar que para Kumaravadivelu (2001 p 538) o termo pedagogia se refere em

sentido amplo tanto aos temas relativos agraves estrateacutegias de sala de aula aos materiais instrucionais

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Capiacutetulo 2 Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas material poacutes-meacutetodo() -explorando interseccedilotildees

agraves metas curriculares agraves medidas de avaliaccedilatildeo quanto a uma gama de experiecircncias poliacuteticas

histoacutericas socioculturais que podem influenciar - direta ou indiretamente - o ensino de liacutenguas

estrangeiras

Kumaravadivelu (2006a p 66) argumenta que a transiccedilatildeo de uma pedagogia baseada em

meacutetodo para uma pedagogia poacutes-meacutetodo pode ser sinalizada pelas concepccedilotildees de que meacutetodos natildeo

satildeo neutros - ou seja conforme Pennycook (1989 p 589) eles refletem um ponto de vista particular

sobre o mundo articulando relaccedilotildees desiguais de poder e interesse - e de que natildeo existe o melhor

meacutetodo - conforme Prabhu (1990 p 172) Nesse caso apontando para a perspectiva da pedagogia

poacutes-meacutetodo o que importa ainda segundo Prabhu (1990 p 172) eacute que o professor baseado no

que ele chama de senso de plausibilidade entenda como a sua atividade docente pode melhor

auxiliar os alunos em sua aprendizagem considerando as demandas do contexto de aplicaccedilatildeo - ou

seja empoderando o professor

Cabe observar que Kumaravadivelu (1994) reforccedila essa predileccedilatildeo consciente pelo empodera-

mento do professor - caracteriacutestico da perspectiva da pedagogia poacutes-meacutetodo - explicitando o que ele

chamou de condiccedilatildeo poacutes-meacutetodo ou seja uma condiccedilatildeo marcada pela descentralizaccedilatildeo da tarefa

de elaboraccedilatildeo de teorias e das tomadas de decisotildees pedagoacutegicas Em suas palavras

Se o conceito habitual de meacutetodo outorga aos teoacutericos a elaboraccedilatildeo deteorias pedagoacutegicas baseadas em conhecimento teoacuterico a condiccedilatildeo poacutes-meacutetodo empodera os participantes [professores] para que elaborem teoriasbaseadas na pratica de sala de aula Se o conceito de meacutetodo outorga aosteoacutericos a centralidade das tomadas de decisotildees de cunho pedagoacutegico acondiccedilatildeo poacutes-meacutetodo habilita os participantes a praacuteticas inovadoras locaise especiacuteficas baseadas na sala de aula (KUMARAVADIVELU 1994 p29)

Ainda segundo Kumaravadivelu (1994 p 29) a condiccedilatildeo poacutes-meacutetodo eacute alicerccedilada em trecircs

aspectos a busca por uma alternativa ao meacutetodo no lugar da busca de um meacutetodo alternativo a

autonomia do professor e o pragmatismo baseado em princiacutepios A condiccedilatildeo poacutes-meacutetodo portanto

reconhece o potencial do professor natildeo soacute para o ensino em termos praacuteticos mas tambeacutem para

agir com autonomia em questotildees acadecircmicas e administrativas impostas por instituiccedilotildees curriacuteculos

e livros didaacuteticos(KUMARAVADIVELU 1994 p 30) e estimula o desenvolvimento de uma postura

reflexiva e de competecircncias que lhe permitam analisar e avaliar a proacutepria praacutetica e iniciar e administrar

mudanccedilas em sala de aula As accedilotildees e decisotildees do professor para Kumaravadivelu (1994 p 30)

seriam balizadas pelo que ele denominou de pragmatismo baseado em princiacutepios - ou seja em uma

pedagogia pragmaacutetica em que o professor toma decisotildees de cunho pedagoacutegico associando teoria e

praacutetica a partir do contexto de aplicaccedilatildeo e com base em sua avaliaccedilatildeo criacutetica oferecendo um tipo

de ensino informado (KUMARAVADIVELU 1994 p 31) - ou ainda pelo jaacute mencionado senso de

plausibilidade (PRABHU 1990 p 172)

Dessa forma a realizaccedilatildeo de uma pedagogia poacutes-meacutetodo para Kumaravadivelu (2006b p

185) envolve a adoccedilatildeo de propostas que permitam uma clara e consequente quebra do conceito

de meacutetodo que ofereccedila um quadro de referecircncia coerente e compreensivo dentro dos limites

permitidos pelo estado atual do conhecimento e que ofereccedila um conjunto de ideias bem definido

e bem explicado que possa guiar aspectos importantes das atividades de sala de aula de ensino

32

Capiacutetulo 2 Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas material poacutes-meacutetodo() -explorando interseccedilotildees

de L2 Kumaravadivelu (2006b p 165) cita pelo menos trecircs quadros de referecircncia - considerados

por ele como sendo de orientaccedilatildeo poacutes-meacutetodo - que podem corresponder a essas demandas o

quadro referencial tridimensional de Stern 16 o quadro referencial praacutetico-exploratoacuterio de Allwright17 e o seu quadro referencial de macroestrateacutegias 18 Interessa-nos aqui mais do que explorar as

caracteriacutesticas de cada um dos quadros compreender que todos eles pressupotildee a autonomia e a

centralidade no professor e no contexto de aplicaccedilatildeo A titulo de exemplo observamos que o quadro

referencial de Kumaravadivelu eacute constituiacutedo de macro e microestrateacutegias As macroestrateacutegias

podem ser vistas como planos gerais derivados de conhecimento teoacuterico empiacuterico e pedagoacutegico

sobre ensino e aprendizagem de L2 (KUMARAVADIVELU 2003 KUMARAVADIVELU 1994 p 38 p

32) Elas satildeo referecircncias gerais sobre as quais o professor pode gerar microestrateacutegias ou teacutecnicas

contextualizadas as quais por sua vez seratildeo utilizadas em sala de aula As microestrateacutegias desse

modo funcionam como operacionalizadoras das macroestrateacutegias Vale ressaltar que conforme

Kumaravadivelu (2003 p 38) e Kumaravadivelu (1994 p 32) o quadro de macroestrateacutegias eacute neutro

no que se refere a teorias e meacutetodos Isso natildeo significa que eacute desconectado de teorias mas que natildeo

eacute coagido por uma teoria especiacutefica sobre liacutengua aprendizagem ou ensino (KUMARAVADIVELU

2003 KUMARAVADIVELU 1994 p 38 p 32)

Aleacutem de concentra-se no papel do professor - sobre o qual discutimos ateacute agora - Kumaravadivelu

(2006b) aponta as caracteriacutesticas e funccedilotildees esperadas para o aprendiz e para o formador de

professores de idiomas na perspectiva da pedagogia poacutes-meacutetodo ou seja caracteriacutesticas e funccedilotildees

consistentes com os paracircmetros da particularidade da praticabilidade e da possibilidade Desse

modo na perspectiva da pedagogia poacutes meacutetodo espera-se que o aprendiz seja - ou se torne -

personagem ativo e autocircnomo em seu processo de aprendizagem tomando decisotildees inclusive

em niacutevel pedagoacutegico (KUMARAVADIVELU 2006b p 176) com o intuito de aperfeiccediloar esse

processo Nesse caso conforme Kumaravadivelu (2006b p 176) a autonomia eacute vista por meio

de dois aspectos um mais estrito e outro mais amplo Em termos estritos autonomia significa o

desenvolvimento da capacidade de aprender a aprender sendo essa accedilatildeo tomada como um fim em si

mesma (KUMARAVADIVELU 2006b p 177) Significa assumir o comando da proacutepria aprendizagem

- ou seja assumir a responsabilidade pela determinaccedilatildeo dos objetivos de aprendizagem pela

definiccedilatildeo dos conteuacutedos e progressotildees pela seleccedilatildeo dos meacutetodos e teacutecnicas apropriados pelo

monitoramento dos processos de aprendizagem e pela avaliaccedilatildeo do que foi aprendido conforme

Holec (1988 apud KUMARAVADIVELU 2006b) - e aprender a lanccedilar matildeo de estrateacutegias - cognitivas

metacognitivas sociais afetivas etc - de forma apropriada com o objetivo de realizar metas

de aprendizagem estabelecidas (KUMARAVADIVELU 2006b p 176) acessando criando ou

descobrindo modos pessoais de aprendizagem de liacutenguas Para Kumaravadivelu (2006b p 177) na

praacutetica caberaacute ao aprendiz

bull Identificar seus estilos e estrateacutegias pessoais de aprendizagem demodo a conhecer as suas limitaccedilotildees e pontos fracos como aprendizesde liacutenguas

bull Enriquecer seus estilos e estrateacutegias de aprendizagem incorporando

16Stern (1983) Stern (1985) Stern Allen e Harley (1992)17Allwright (1993)18Kumaravadivelu (2003)

33

Capiacutetulo 2 Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas material poacutes-meacutetodo() -explorando interseccedilotildees

estilos e estrateacutegias de aprendizes de sucesso

bull Buscar por oportunidades adicionais de contato com a liacutengua indoaleacutem da sala de aula acessando recursos de bibliotecas centros deaprendizagens ou miacutedia eletrocircnica como a Internet

bull Colaborar com outros aprendizes na reuniatildeo de informaccedilotildees sobreum projeto especiacutefico em que estiverem trabalhando

bull Tirar vantagem de oportunidades de comunicaccedilatildeo com falantes com-petentes na liacutengua alvo

(KUMARAVADIVELU 2006b p 177)

Em termos amplos autonomia significa libertar-se ou seja tornar-se - mais do que um aprendiz

eficiente - um pensador criacutetico empoderado capaz de reconhecer os entraves soacutecio-poliacuteticos que

o impedem de realizar de modo pleno o seu potencial humano Nas palavras de Kumaravadivelu

(2006b p 177)

A autonomia libertadora vai muito aleacutem [do aprender a aprender] procu-rando auxiliar os aprendizes a reconhecer os entraves soacutecio-poliacuteticos queos impedem de realizar plenamente o seu potencial humano e munindo-lhescom as ferramentas intelectuais e cognitivas necessaacuterias para superaacute-los

(KUMARAVADIVELU 2006b p 177)

Segundo Kumaravadivelu (2006b p 178) essa autonomia libertadora poderaacute ser incentivada por

meio das seguintes accedilotildees

bull Encorajando os aprendizes a assumir com a ajuda dos professoreso papel de mini-etnoacutegrafos de modo que possam investigar e com-preender como por exemplo liacutengua como ideologia pode servir ainteresses escusos

bull Fazendo-os refletir sobre a formaccedilatildeo de suas identidades por meioda escrita de diaacuterios ou outros textos sobre assuntos que os estimulea pensar em quem satildeo e como se relacionam ao mundo social

bull Ajudando-os no que se refere agrave formaccedilatildeo de comunidades de apren-dizagem em que possam desenvolver grupos socialmente coesose unificados de apoio mutuo buscando auto-conhecimento e auto-aperfeiccediloamento

bull Oferecendo oportunidades para que possam explorar as inuacutemeraspossibilidades oferecidas pela Internet e posteriormente trazendopara a sala de aula os seus proacuteprios toacutepicos e materiais para debatebem como suas perspectivas individuais sobre os temas

(KUMARAVADIVELU 2006b p 178)

O formador de professores na perspectiva da pedagogia poacutes-meacutetodo segundo Kumaravadivelu

(2006b p 182) teraacute a funccedilatildeo de criar condiccedilotildees para que os professores em formaccedilatildeo adquiram

autoridade e autonomia necessaacuterias para que possam assumir uma postura reflexiva sobre a sua

34

Capiacutetulo 2 Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas material poacutes-meacutetodo() -explorando interseccedilotildees

praacutetica dando-lhe forma e implementando mudanccedilas quando considerar oportuno O autor aponta

para a necessidade do estabelecimento de uma relaccedilatildeo dialoacutegica entre formador e professores em

formaccedilatildeo de modo que a experiecircncia natildeo se limite a um mero passar por arcabouccedilos teoacutericos

considerando-se dessa forma a perspectiva do professor em formaccedilatildeo suas crenccedilas valores e

conhecimentos como parte do processo de aprendizagem (KUMARAVADIVELU 2006b p 183) Em

termos praacuteticos o papel do formador na perspectiva da pedagogia poacutes-meacutetodo envolve

bull Reconhecer e ajudar os professores em formaccedilatildeo a reconhecer asdesigualdades construiacutedas nos programas correntes de formaccedilatildeo deprofessores os quais tratam teoacutericos como produtores de conheci-mento e professores como consumidores de conhecimento

bull Permitir que futuros professores possam articular seus pensamentose experiecircncias bem como compartilhar suas crenccedilas pessoais con-cepccedilotildees e saberes a respeito do ensino e aprendizagem de liacutenguasdurante todo o percursos de formaccedilatildeo

bull Encorajar os futuros professores a pensarem criticamente de modoque possam relacionar o seu conhecimento pessoal com o conheci-mento profissional com ao qual estatildeo sendo expostos monitorandocomo cada um formata ou eacute formatado pelo outro avaliando como oconhecimento profissional geneacuterico pode ser usado para construir asua proacutepria teoria sobre a praacutetica

bull Criar condiccedilotildees para que os professores em formaccedilatildeo possam ad-quirir habilidades analiacuteticas baacutesicas sobre o discurso de sala de aulaque iratildeo auxilia-lo a compreender a natureza das interaccedilotildees nessecontexto

bull Direcionar parte de suas agendas de pesquisa para o que Cameronet al (1992) chamaram de pesquisa empoderada ou seja pes-quisa com - em detrimento agrave pesquisa sobre - seus professores emformaccedilatildeo

bull Expor os professores em formaccedilatildeo a uma pedagogia da possibilidadeajudando-os a engajar-se criticamente com autores que tem trazidonossa consciecircncia sobre poder e poliacutetica ideias e ideologias quealimentam a formaccedilatildeo de professores de idiomas

(KUMARAVADIVELU 2006b p 183)

Dado o exposto vimos que em essecircncia a pedagogia poacutes-meacutetodo consiste em um sistema

tridimensional articulado em trecircs paracircmetros pedagoacutegicos inter-relacionados - a saber o paracircmetro

da particularidade da praticabilidade e da possibilidade Isso significa em linhas gerais que a

pedagogia poacutes-meacutetodo visa - em oposiccedilatildeo agrave pedagogia baseada em meacutetodos - a facilitaccedilatildeo e o

avanccedilo de um ensino de liacutenguas sensiacutevel ao contexto e embasado em uma verdadeira compreensatildeo

das particularidades linguiacutesticas socioculturais e poliacuteticas locais a ruptura com a noccedilatildeo artificial

estabelecida da existecircncia de papeacuteis antagocircnicas entre aqueles que fazem teoria - ou seja os

teoacutericos - e aqueles que fazem praacutetica - ou seja os professores - associada agrave concepccedilatildeo de que a

esse professor cabe a construccedilatildeo de suas proacuteprias teorias sobre a praacutetica e o impulsionamento da

consciecircncia sociopoliacutetica que os participantes carregam consigo de modo a auxiliaacute-los na sua busca

35

Capiacutetulo 2 Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas material poacutes-meacutetodo() -explorando interseccedilotildees

pela formaccedilatildeo identitaacuteria e pela transformaccedilatildeo social - sendo aprendizes professores e formadores

de professores tratados como coexploradores

Consideramos que materiais didaacuteticos de natureza virtual livre podem ser associados agrave pedagogia

poacutes-meacutetodo na medida em que tambeacutem refletem os paracircmetros pedagoacutegicos da particularidade

da praticabilidade e da possibilidade De fato esse tipo de material didaacutetico em essecircncia tal

qual o software livre pressupotildee a possibilidade de contextualizaccedilatildeo - ou seja de personalizaccedilatildeo

sob demandas advindas de contextos de uso de debate sobre interesses e ideologias impliacutecitas

em sua proacutepria gecircnese - bem como na concepccedilatildeo de materiais didaacuteticos de outras naturezas

como por exemplo de materiais didaacuteticos fechados e de discussatildeo sobre as implicaccedilotildees de

sua utilizaccedilatildeo na vida dos usuaacuterios Isso significa que esse tipo de material didaacutetico tambeacutem

pressupotildee o empoderamento do professor oferecendo-lhe niacuteveis mais profundos de apropriaccedilatildeo e

de personalizaccedilatildeo - se comparados por exemplo com materiais didaacuteticos fechados

36

Capiacutetulo 3

Software livre no contexto de

ensino-aprendizagem de liacutenguas - por

que (natildeo) utilizar

Neste capiacutetulo trazemos para debate a questatildeo das controveacutersias a respeito do uso de software livre

em detrimento ao software proprietaacuterio Consideramos oportuno abordar esse tema na medida em

que adotamos o uso de software livre ou de formatos livres como condiccedilatildeo para a caracterizaccedilatildeo de

materiais didaacuteticos virtuais de ensino e aprendizagem de liacutenguas como livres Uma leitura atenta do

capiacutetulo mostraraacute que as controveacutersias satildeo de naturezas diversas apontando temaacuteticas nucleares

que perpassam desde o niacutevel teacutecnico ateacute os niacuteveis econocircmico e filosoacutefico - entre outros Interessa-

nos sobremaneira perceber que a utilizaccedilatildeo de software livre poderaacute trazer implicaccedilotildees para o

campo do ensino de liacutenguas - tomado como contexto educacional - seja no acircmbito da formaccedilatildeo de

professores seja em contexto de ensino-aprendizagem de um idioma Ademais consideramos que

as controveacutersias relativas ao uso de software livre - em oposiccedilatildeo ao software proprietaacuterio - podem

ser estendidas para o uso de Material Didaacutetico Virtual Livre - consideradas proporcionalmente as

especificidades de cada um dos artefatos - em detrimento a materiais didaacuteticos fechados

Em linhas gerais discorremos sobre as controveacutersias - as quais giram em torno das vantagens e

dos pontos criacuteticos do uso de software livre - nas seccedilotildees 31 e 32 Na seccedilatildeo 33 propomos um

aprofundamento a respeito da dimensatildeo produtiva de artefatos ou tecnologias com potencial altruiacutesta

Em outras palavras discutimos os modelos de negoacutecio que podem ser adotados com o intuito de

estabelecer uma gestatildeo sustentaacutevel para projetos ou iniciativas livres

31 Vantagens relacionadas ao uso de software livre

Nesta seccedilatildeo - como anunciado - iniciamos o debate sobre as controveacutersias relativas ao uso do

software livre Revisitamos para tanto uma seacuterie de vantagens relativas ao uso de software livre

em oposiccedilatildeo ao proprietaacuterio Reunimos e apresentamos - de forma sinteacutetica - por meio do QUAD

31 as vantagens que seratildeo abordadas

Conforme nos lembram Sabino e Kon (2009 p 7) a principal vantagem do software livre se refere

37

Vantagens relacionadas ao uso de software livre

Quadro 31 Vantagens do software livre em relaccedilatildeo ao proprietaacuterio

Liberdade de compartilhamento do coacutedigofonte

Sabino e Kon (2009)

Incentivo agrave cultura da reciclagem Sabino e Kon (2009)

Maior potencial para qualidade Sabino e Kon (2009) Raymond (1998)

Atuaccedilatildeo da inteligecircncia coletiva Sabino e Kon (2009) Raymond (1998)

Modelo de produccedilatildeo coletiva do conheci-mento

Ramos (2008) Miranda (2003)

Alternativa agrave pirataria Ramos (2008) Free Software FoundationEurope (SD)

Independecircncia do usuaacuterio em relaccedilatildeo a umuacutenico fornecedor ou tecnologia proprietaacuteria

Sabino e Kon (2009) Free Software Founda-tion Europe (SD) Hexsel (2002) Stallman(SD) Almeida (2000) Silveira (2004)

Baixo custo financeiro Free Software Foundation Europe (SD)Ramos (2008) Almeida (2000) Hexsel(2002) Siqueira (2009)

Maior potencial para inclusatildeo Michelazzo (2003) Free Software Founda-tion Europe (SD) Ramos (2008) Lamas(2004) Stallman (SD) Silva (2010 p 4)

Empoderamento do usuaacuterio Michelazzo (2003)

Vantagem reprodutiva e de variabilidademaior possibilidade de autopreservaccedilatildeo en-quanto espeacutecie

Oliva (2000)

Esfera governamental vantagem macroe-conomica maior seguranccedila autonomia tec-noloacutegica independecircncia de fornecedoresdemocracia

Silveira (2004)

38

Vantagens relacionadas ao uso de software livre

ao fato de que o seu coacutedigo fonte pode ser livremente compartilhado Essa caracteriacutestica permite

evitar a duplicaccedilatildeo de esforccedilos - ou seja o investimento de tempo energia e recursos financeiros

na reinvenccedilatildeo da roda - quando entidades diferentes estatildeo interessadas no desenvolvimento de

aplicativos com funcionalidades semelhantes (SABINO KON 2009 p 7) Em outras palavras

eles se referem agrave cultura da reciclagem do reaproveitamento dos esforccedilos e soluccedilotildees de terceiros

disponibilizadas em caraacuteter livre como ponto de partida para novos projetos Trata-se conforme

Pretto (2012 p 101) de valores coincidentes com a chamada cultura Hacker De fato para o autor

() o olhar atento no que eacute feito pelo outro a continuidade do coacutedigo apartir do produzido a remixagem das informaccedilotildees e novamente a disponi-bilizaccedilatildeo desses resultados mesmo que parciais para toda a comunidadeeacute parte intriacutenseca do jeito de trabalhar dos hackers (PRETTO 2012 p101)

A hipoacutetese de que o software livre tem condiccedilotildees de apresentar maior qualidade do que o

software proprietaacuterio - dados os respectivos modelos de construccedilatildeo - satildeo tambeacutem apontados por

Sabino e Kon (2009 p 7) em consonacircncia com Raymond (1998) como uma vantagem daquele

sobre esse O potencial para uma maior qualidade do software livre estaacute associado ao seu processo

de desenvolvimento horizontal e colaborativo (SILVEIRA 2004 p 63) reconhecido como modelo

bazar (RAYMOND 1998 p 1) o qual permite e pressupotildee que os coacutedigos sejam revisados por

diversos programadores conectados pela rede mundial de computadores Dessa forma - ao contrario

do modelo fechado e hierarquizado caracteriacutestico da induacutestria do software proprietaacuterio (SILVEIRA

2004 p 63) reconhecido por Raymond (1998) como modelo catedral - a forma de desenvolvimento

do software livre conta com a vantagem da accedilatildeo da inteligecircncia coletiva ou ainda com o que pode

ser reconhecido como a Lei de Linus para a qual dados olhos suficientes todos os bugs satildeo

superficiais(SABINO KON 2009 p 7)

Raymond (1998 p 12) corrobora essa visatildeo ressaltando o papel fundamental do coordenador

de desenvolvimento em contextos pautados pelo modelo bazar Ele afirma que de fato muitas

cabeccedilas satildeo inevitavelmente melhores que uma desde que um coordenador tenha a sua disposiccedilatildeo

uma miacutedia tatildeo boa quanto a Internet e que tenha a capacidade de liderar sem coerccedilatildeo O autor

aprofunda o seu ponto de vista - o qual consideramos de teor bastante funcional e pragmaacutetico e

condizente com a natureza do Material Didaacutetico Virtual Livre - por meio do seguinte comentaacuterio

Eu acredito que o futuro do software de coacutedigo aberto iraacute pertencer gra-dativamente a pessoas que () deixam para traacutes a catedral e abraccedilamo bazar Isto natildeo quer dizer que uma visatildeo individual e brilhante natildeo iraacutemais ter importacircncia ao contraacuterio eu acredito que o estado da arte dosoftware de coacutedigo aberto iraacute pertencer a pessoas que iniciem de uma visatildeoindividual e brilhante entatildeo amplificando-a atraveacutes da construccedilatildeo efetiva deuma comunidade voluntaacuteria de interesse () Nenhum desenvolvedor decoacutedigo fechado pode competir com o conjunto de talento que a comunidade() pode dar para resolver um problema Muito poucos podem ateacute mesmoser capazes de pagar as mais de duzentas pessoas que tecircm contribuiacutedopara [um determinado projeto no modelo bazar] Talvez no final a culturade coacutedigo aberto iraacute triunfar natildeo porque a cooperaccedilatildeo eacute moralmente cor-reta ou a proteccedilatildeo do software eacute moralmente errada (assumindo que vocecirc

39

Vantagens relacionadas ao uso de software livre

acredita na uacuteltima o que natildeo faz tanto o Linus [Tourvalds] como eu) massimplesmente porque o mundo do software de coacutedigo fechado natildeo podevencer uma corrida evolucionaacuteria com as comunidades de coacutedigo abertoque podem colocar mais tempo haacutebil () em um problema (RAYMOND1998 p 12)

Em termos educativos segundo Ramos (2008 p 2) e FREE SOFTWARE FOUNDATION

EUROPE (sd p 1) a vantagem de se usar software livre se baseia no fato de que os aprendizes

poderatildeo perceber em seu modo de produccedilatildeo o grande potencial do trabalho colaborativo realizado

por comunidades virtuais distribuiacutedas geograficamente e unidas pela Internet (RAMOS 2008 p

2) Aleacutem do valor positivo atribuiacutedo agrave colaboraccedilatildeo em si o papel das Tecnologias da Informaccedilatildeo

e da Comunicaccedilatildeo nesse contexto podem ser colocadas em destaque auxiliando o aprendiz a

tornar-se um cidadatildeo com capacidade de tirar o melhor proveito dessas tecnologias na sociedade

da informaccedilatildeo (RAMOS 2008 p 2) Para Miranda (2003 p 263) esse modo de produccedilatildeo do

software livre resgata o que a humanidade carrega de melhor ou seja o conhecimento produzido e

apropriado coletivamente(MIRANDA 2003 p 263) Ao utilizar software livre conforme lembra FREE

SOFTWARE FOUNDATION EUROPE (sd p1) a escola oferece um bom exemplo perante a tarefa

de ensinar os alunos a compartilhar e colaborar envolvendo-os na comunidade que compartilha

conhecimento - ou seja a comunidade do software livre

Ramos (2008 p 2) e FREE SOFTWARE FOUNDATION EUROPE (sd p 2) lembram que

o software livre pode ser usado como alternativa agrave pirataria De fato a sua utilizaccedilatildeo representa

conformidade perante a lei (RAMOS 2008 p 2) em casos de uso e coacutepia que seriam considerados

criminosos no universo do software proprietaacuterio Os autores se referem a um desestiacutemulo agrave cultura

da pirataria No acircmbito escolar isso significa que os alunos natildeo seratildeo incentivados ou tentados

a gerar e instalar coacutepias ilegais (RAMOS 2008 p 2) dado que poderatildeo fazecirc-lo de modo livre e

previamente consentido ao utilizarem software livre Vale lembrar que natildeo eacute incomum no contexto

de ensino formal - incluindo o acircmbito do ensino e aprendizagem de liacutenguas - o estabelecimento

da cultura da pirataria representado pelo uso indevido de fotocoacutepias e de software educacional

proprietaacuterio seja por parte do professor seja por parte dos alunos

A esse respeito Miranda (2003 p 261) reconhece que a cultura da pirataria eacute tambeacutem explorada

por empresas de software proprietaacuterio com o intuito de difundir o seu produto para em seguida obter

o pagamento das licenccedilas por meio de campanhas antipirataria - muitas vezes apoiadas pelo poder

puacuteblico no cumprimento do seu papel legiacutetimo de entidade reguladora - sobretudo direcionadas

a empresas de meacutedio-grande porte e universidades (MIRANDA 2003 p 261) Stallman (sd p

1) e FREE SOFTWARE FOUNDATION EUROPE (sd p 1) apresentam raciociacutenio semelhante

Com efeito segundo Stallman (sd p 1) natildeo eacute incomum que empresas de software proprietaacuterio

ofereccedilam amostras graacutetis para escolas com a expectativa de conseguirem clientes que no futuro

iratildeo pagar pelo serviccedilo com o qual estiveram habituados a trabalhar em seu universo escolar A

FREE SOFTWARE FOUNDATION EUROPE (sd p 1) referindo-se especialmente agrave educaccedilatildeo

infantil e baacutesica argumenta que se as escolas ensinam os seus aprendizes a confiar no software

proprietaacuterio daratildeo agrave eles dependecircncia por algo que para ter direito agrave sua utilizaccedilatildeo futura teratildeo que

pagar e que em geral desestimula a partilha e a boa vontade na sociedade(FREE SOFTWARE

FOUNDATION EUROPE sd p 1)

40

Vantagens relacionadas ao uso de software livre

Vantagem semelhante apontam Sabino e Kon (2009 p 7) FREE SOFTWARE FOUNDATION

EUROPE (sd p 1) Hexsel (2002 p 12) Stallman (sd p 1) e Almeida (2000 p 4) quando

argumentam que a utilizaccedilatildeo de software livre garante independecircncia do usuaacuterio - seja ele um

indiviacuteduo ou uma instituiccedilatildeo tal como escolas universidades empresas ou governos - em relaccedilatildeo a

um uacutenico fornecedor ou a uma uacutenica tecnologia proprietaacuteria Nesse sentido Hexsel (2002 p 12)

explica que existe um risco inerente ao se adotar um plano de negoacutecio dependente de um uacutenico

fornecedor de software ou sistema informatizado na medida em que esse fornecedor pode encerrar

a produccedilatildeo - deixando o seu cliente sem o respaldo teacutecnico necessaacuterio - ou decidir lanccedilar uma nova

e melhoradaversatildeo do seu software - obrigando o cliente a comprar novas licenccedilas (SABINO KON

2009 p 7) - geralmente muito onerosas (ALMEIDA 2000 p 4) - caso queira se atualizar No

universo do software livre conforme Hexsel (2002 p 12) essa dependecircncia natildeo existe jaacute que o

seu coacutedigo fonte natildeo eacute propriedade de uma entidade Isso significa que natildeo haacute possibilidade de um

determinado produto ser descontinuado pela conveniecircncia comercial do fornecedor Mesmo no caso

da distribuiccedilatildeo de um software livre for de responsabilidade de um grupo a sua extinccedilatildeo natildeo seraacute

um problema para os seus clientes dado que seraacute possiacutevel encontrar outras versotildees do programa

na Internet bem como obter auxiacutelio teacutecnico por parte da comunidade - tambeacutem por meio da rede

mundial de computadores - ou em uacuteltima instacircncia contratar programadores para que a manutenccedilatildeo

- ou alteraccedilotildees - sejam feitos em seus programas (HEXSEL 2002 p 13) Essas alternativas ou

seja essa independecircncia so eacute possiacutevel por se tratar de software de coacutedigo aberto ou livre

FREE SOFTWARE FOUNDATION EUROPE (sd p 2) Ramos (2008 p 1) Almeida (2000

p 3) Hexsel (2002 p 13) e Siqueira (2009 p 15) apontam o baixo custo financeiro como uma

vantagem associada agrave utilizaccedilatildeo de software livre Hexsel (2002 p 13) lembra que o desembolso

inicial para obtenccedilatildeo de sistemas livres eacute proacuteximo de zero Ele explica que os gastos de compra

normalmente equivalem ao preccedilo de custo de distribuiccedilatildeo ou seja os custos do suporte fiacutesico - tais

como CDs DVDs - e de documentaccedilatildeo - como por exemplo manuais de instruccedilatildeo - quando essa

se apresenta em suporte impresso Ademais esses programas podem ser baixados pela Internet

gratuitamente excluindo-se os custos de conexatildeo Esse custo segundo Hexsel (2002 p 13) de

qualquer modo consiste em uma pequena fraccedilatildeo dos produtos comerciais similares(HEXSEL

2002 p 13) No caso dos sistemas proprietaacuterios conforme argumenta Hexsel (2002 p 13) aleacutem

do valor pago pela licenccedila haveraacute um custo alto para manutenccedilatildeo jaacute que existe uma dependecircncia

de serviccedilos monopolizados pelo fornecedor ou providos por outras empresas ou consultores

individuais(HEXSEL 2002 p 13) O autor acrescenta que eacute possiacutevel estimar que o preccedilo

de manutenccedilatildeo de um sistema livre no pior caso equivalha ao mesmo serviccedilo relativo a um

sistema proprietaacuterio Ele lembra que entretanto o suporte pode ser encontrado gratuitamente

em comunidades de programadores disponibilizadas na Internet Consideramos oportuno lembrar

que o acesso ao coacutedigo fonte pode estabelecer uma maior concorrecircncia entre os programadores

o que pode controlar os preccedilos jaacute que todos tem acesso ao coacutedigo e o cliente poderaacute escolher o

serviccedilo que melhor lhe atrair em termos econocircmicos Ramos (2008 p 1) e FREE SOFTWARE

FOUNDATION EUROPE (sd p 2) discutem essa vantagem focalizando o ambiente escolar Os

autores argumentam que os recursos financeiros que seriam gastos na compra de programas podem

ser investidos em outros segmentos tais quais atualizaccedilotildees dos computadores da escola formaccedilatildeo

41

Vantagens relacionadas ao uso de software livre

de professores e funcionaacuterio e melhorias diversas A escolha por uma gestatildeo mais econocircmica

conforme sugere Ramos (2008 p 1) pode representar um maior compromisso com a instituiccedilatildeo

sendo especialmente relevante para a sociedade em se tratando de instituiccedilotildees puacuteblicas

O potencial para inclusatildeo - em seus diversos acircmbitos - tambeacutem eacute apontado como uma vantagem

relativa ao uso de software livre conforme Michelazzo (2003 p 269) FREE SOFTWARE FOUN-

DATION EUROPE (sd p 1) Ramos (2008 p 2) Lamas (2004 p 40) Stallman (sd p 1) e

Silva (2010 p 4) Michelazzo (2003 p 269) sugere que se bem trabalhado e agregado agrave grade

curricular as tecnologias livres podem ser um elemento definidor para a transiccedilatildeo de um status quo

da educaccedilatildeo marcada pela presenccedila de uma geraccedilatildeo de operadores de tecla(MICHELAZZO 2003

p 269) para uma geraccedilatildeo capaz de compreender como as coisas funcionam e delas poderem

se apropriar com mais autonomia Em alusatildeo agrave possibilidade de estudo e funcionamento de uma

tecnologia livre em detrimento agrave impossibilidade premeditada de fazecirc-lo em um sistema proprietaacuterio

o autor lembra que o software livre deve ser explorado a fim de apresentar como as coisas ocorrem

e natildeo somente como programar para que ocorram(MICHELAZZO 2003 p 269) Essa forma de

empoderamento para Michelazzo (2003 p 269) natildeo se limita agrave questatildeo teacutecnica mas encontra

reflexo tambeacutem na esfera social jaacute que aleacutem das aptidotildees teacutecnicas envolve o desenvolvimento

do caraacuteter formando cidadatildeos que podem contribuir para o coletivo mediante suas descobertas

seu aprendizado seus erros e acertosMichelazzo (2003 p 270) Lamas (2004 p 40) corrobora a

argumentaccedilatildeo observando que o software livre representa a diferenccedila entre exclusatildeo e inclusatildeo

digital(LAMAS 2004 p 40) na medida em que se apresenta disponiacutevel para qualquer um a custos

que se aproximam de zero ao contraacuterio das tecnologias proprietaacuterias com seus preccedilos exorbitantes

FREE SOFTWARE FOUNDATION EUROPE (sd p 1) abordando o assunto a partir do ponto de

vista escolar - em consonacircncia com Stallman (sd p 1) e Almeida (2000 p 2) - acrescenta que o

software livre traz igualdade na casa(FREE SOFTWARE FOUNDATION EUROPE sd p 1) jaacute

que

Com o software livre os professores podem dar uma coacutepia para cada alunoAssim os pais natildeo ficam em posiccedilatildeo de tomar uma decisatildeo financeira e ascrianccedilas de famiacutelias com menos recursos financeiros podem aprender comas mesmas ferramentas que qualquer outra crianccedila (FREE SOFTWAREFOUNDATION EUROPE sd p 1)

Consideramos que essa afirmaccedilatildeo pode ser estendida para todos os niacuteveis de ensino formal do

sistema educacional brasileiro natildeo se restringindo portanto agrave educaccedilatildeo infantil

Ainda sobre o vantajoso potencial para inclusatildeo das tecnologias livres Silva (2010 p 4) faz

menccedilatildeo ao altruiacutesmo produtivo Ele traz agrave tona projetos de vieacutes livres e colaborativos tal qual a

Wikipedia 19 o OpenStreetView 20 e o Grameen Bank 21 observando que todos eles tecircm como

base o altruiacutesmo um conceito - conforme lembra o proacuteprio Silva (2010 p 4) - trazido por Augusto

Comte para descrever uma das mais nobres disposiccedilotildees humanas a inclinaccedilatildeo inata do homem a

dedicar-se ao bem estar do proacuteximo(SILVA 2010 p 4) O autor baseia a sua argumentaccedilatildeo no

exemplo do Grameen Bank uma empresa de Bangladesh especializada em microcreacutedito que ao

19httpwwwwikipediaorg20httpopenstreetvieworg21httpwwwgrameencom

42

Vantagens relacionadas ao uso de software livre

contraacuterio dos bancos convencionais confere legibilidade para empreacutestimos a clientes que tiverem

menos condiccedilotildees De fato conforme lembra Silva (2010 p 4) o banco eacute uma empresa social

que estipula como restriccedilatildeo uacutenica para ilegibilidade de contratos de empreacutestimo os casos de natildeo

pagamento

Em sua argumentaccedilatildeo Silva (2010 p 4) natildeo expressa uma definiccedilatildeo clara do termo altruiacutesmo

produtivo Contudo segundo nossa interpretaccedilatildeo o autor parece se referir agrave qualidade de um projeto

de ser altruiacutesta ao inveacutes de comungar com modelos que visam apenas - e de modo impiedoso

- o proacuteprio lucro em detrimento ao bem estar dos demais Compreendemos - em consonacircncia

com Souza (2010a) 22 - que altruiacutesmo produtivo se refere agrave qualidade de um produto ou modo

de produccedilatildeo que contenha potencial altruiacutesta mas que ao mesmo tempo carregue possibilidade

de lucro financeiro por parte dos atores envolvidos Dessa forma por exemplo um sistema livre

eacute intrinsecamente altruiacutesta na medida em que ao licencia-lo como tal o seu autor entende que o

fruto do seu trabalho poderaacute ajudar ao proacuteximo e agrave sociedade em geral Concomitantemente esse

profissional poderaacute obter lucro financeiro ao ser contratado por exemplo por terceiros seja para

a manutenccedilatildeo do seu sistema seja para sua adaptaccedilatildeo agraves demandas locais Consideramos esse

aspecto uma vantagem das tecnologias livres em relaccedilatildeo agraves proprietaacuterias Em adiccedilatildeo atribuiacutemos a

mesma caracteriacutestica e portanto a mesma vantagem ao Material Didaacutetico Virtual Livre Materiais

didaacuteticos dessa natureza poderatildeo ser utilizados por alunos e escolas de baixa renda Seus autores

no entanto poderatildeo obter lucro financeiro prestando serviccedilo de manutenccedilatildeo ou adaptaccedilatildeo agraves

realidades e demandas de ensino locais em qualquer contexto educacional

Encerramos esta seccedilatildeo apresentando a visatildeo de dois autores sobre as vantagens do uso de

software livre Silveira (2004 p 38) - o primeiro deles - aponta uma seacuterie de motivos para que o

Brasil opte para o uso de software livre Consideramos que os argumentos relacionados a essa

dimensatildeo podem tambeacutem ter reflexo em uma avaliaccedilatildeo local - em uma escola ou universidade por

exemplo - sobre a opccedilatildeo pela utilizaccedilatildeo de software livre Oliva (2000 p 1) por sua vez lanccedilando

matildeo de uma analogia entre o software e os seres vivos com base em argumentos da teoria da

evoluccedilatildeo de Darwin defende que o software livre apresenta uma vantagem competitiva com relaccedilatildeo

ao proprietaacuterio Trata-se de uma argumentaccedilatildeo de cunho filosoacutefico a qual consideramos bastante

peculiar e talvez pouco aplicaacutevel perante uma avaliaccedilatildeo sobre o uso do software livre Natildeo obstante

essa peculiaridade e essa provaacutevel baixa aplicabilidade praacutetica consideramos vaacutelido traze-la agrave tona

com o intuito gerar maiores reflexotildees sobre a natureza do software livre

Silveira (2004 p 38) aponta cinco argumentos em favor da utilizaccedilatildeo do software livre como

referecircncia para o uso e desenvolvimento das tecnologias da informaccedilatildeo por parte do governo Satildeo

eles o argumento macroeconocircmico o argumento de seguranccedila o argumento da autonomia tecnoloacute-

gica o argumento da independecircncia de fornecedores e o argumento democraacutetico Observamos que

dentre eles pelo menos dois argumentos ja foram tratados nesta seccedilatildeo o argumento autonomia

tecnoloacutegica e da independecircncia de fornecedores

A vantagem macroeconomia conforme Silveira (2004 p 39) refere-se essencialmente a uma

acentuada reduccedilatildeo de envio de royalties derivados do pagamento de licenccedilas de software para

22Tivemos a oportunidade de apresentar e debater essa questatildeo em 2010 no acircmbito do XI SLA ndash Seminaacuteriode Linguiacutestica Aplicada realizado na Universidade Federal da Bahia (Salvador BA)

43

Vantagens relacionadas ao uso de software livre

o exterior Essa diminuiccedilatildeo gera maior sustentabilidade para a dinacircmica da inclusatildeo digital da

sociedade brasileira e de informatizaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo das empresas e instituiccedilotildees (SILVEIRA

2004 p 39) No que se refere ao acircmbito escolar brasileiro Silveira (2004 p 39) calcula uma quantia

de 300 milhotildees de doacutelares gastos em compras de licenccedilas para informatizar aproximadamente

100 mil escolas sendo cada uma em meacutedia com 30 computadores A sua conta esta baseada

na compra de licenccedilas de uso de software baacutesico - tal qual sistemas operacionais e software de

escritoacuterio como editores de texto e imagens planilhas de caacutelculos etc - os quais poderiam ser

substituiacutedos por equivalentes livres gerando um custo muito menor Sobre o aspecto da seguranccedila

Silveira (2004 p 40) explica que o software livre ao contraacuterio do proprietaacuterio apresenta maior

transparecircncia podendo ser plenamente auditado dado que apresenta o coacutedigo aberto Dessa forma

o governo pode analisar o software que adquire excluir rotinas duvidosas detectar falhas graves

ou ateacute mesmo o envio de informaccedilotildees para outros governos (SILVEIRA 2004 p 40) O autor

lembra que empresas proprietaacuterias geralmente cobram para liberar esse acesso o qual deveria ser

um direito do usuaacuterio(SILVEIRA 2004 p 40) Ademais algumas empresas para ceder o acesso

exigem um contrato de confiabilidade o que lhes permite abrir um processo caso entendam que o

auditor copiou alguma linha de coacutedigo

A utilizaccedilatildeo de software livre para Silveira (2004 p 40) apresenta a vantagem de reforccedilar a

autonomia e a capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica do paiacutes na medida em que permite que usuaacuterios nacionais

sejam desenvolvedores internacionais(SILVEIRA 2004 p 40) De fato teacutecnicos engenheiros e

especialistas podem se atualizar por meio do estudo dos coacutedigos e da documentaccedilatildeo do software

livre decorrente da adaptaccedilatildeo agraves demandas locais (SILVEIRA 2004 p 40) Aleacutem disso a participa-

ccedilatildeo em projetos internacionais motiva o acumulo de inteligecircncia e experiecircncia pelos programadores

brasileiro melhorando nossa capacidade de gerar tecnologia(SILVEIRA 2004 p 41) e confirmando

nosso papel de desenvolvedores e natildeo somente de consumidores dessa novas tecnologias A inde-

pendecircncia dos fornecedores - ao optar pelo software livre - permite que o governo faccedila atualizaccedilotildees

ou alteraccedilotildees nos sistemas pagando menos e exigindo melhor qualidade(SILVEIRA 2004 p 41)

A independecircncia de uma uacutenica empresa gera um mercado mais concorrente em que as empresas

locais se sentiratildeo com uma maior motivaccedilatildeo para gerar negoacutecios no exterior e se concentrarem

na venda de desenvolvimento capacitaccedilatildeo e suporte (SILVEIRA 2004 p 42) Em relaccedilatildeo ao

argumento democraacutetico enfim Silveira (2004 p 42) lembra que as tecnologias da informaccedilatildeo estatildeo

cada vez mais se tornando os meios de expressatildeo de economia cultura e conhecimento Elas

satildeo o cerne de uma sociedade em rede (SILVEIRA 2004 p 42) Nesse contexto a limitaccedilatildeo do

seu acesso - bem como a ideia de que tais tecnologias satildeo propriedade privada de poucos grupos

econocircmicos comeccedila a ser percebido como uma violaccedilatildeo dos direitos fundamentais(SILVEIRA

2004 p 42) do ser humano As tecnologias da informaccedilatildeo precisam ser livres e desenvolvidas de

modo democraacutetico e colaborativo (SILVEIRA 2004 p 42) Compreendemos que ao optar pelo

software livre o governo poderaacute contribuir nesse sentido

Oliva (2000 p 1) defende que o software livre apresenta uma vantagem competitiva com relaccedilatildeo

ao software proprietaacuterio Conforme anunciado ele o faz por meio de uma analogia entre formas

de vida e unidades de software considerando argumentos relativos agrave seleccedilatildeo natural - tais como a

facilidade de reproduccedilatildeo e aumento da variabilidade ocorrecircncias caras agrave preservaccedilatildeo da espeacutecie

44

Vantagens relacionadas ao uso de software livre

O autor inicia a analogia estabelecendo algumas equivalecircncias entre conceitos do acircmbito do

desenvolvimento de software e das ciecircncias naturais (OLIVA 2000 p 1) Ele estabelece por

exemplo que um programa pode ser considerado uma espeacutecie a coacutepia de um programa um

indiviacuteduo e o surgimento de uma nova versatildeo uma espeacutecie variante de um individuo Da mesma

forma enquanto a demanda do usuaacuterio para o uso de um software equivale ao nicho de uma espeacutecie

o trabalho das CPUs dos usuaacuterios corresponde agrave comida pela qual o indiviacuteduo compete e enfim

os desenvolvedores e mantenedores agraves forccedilas ocultas da natureza que introduzem variaccedilotildees nas

espeacutecies(OLIVA 2000 p 1)

A analogia de Oliva (2000 p 1) prossegue em seu desenvolvimento com base em duas

conclusotildees de Charles Darwin - citadas a seguir e referenciadas como 1 e 2 - configurando a

vantagem reprodutiva e a vantagem da variabilidade Satildeo elas

1 Uma grande quantidade de variedade sobre a qual diferenccedilas in-dividuais estatildeo presentes seratildeo evidentemente favoraacuteveis (para aproduccedilatildeo de novas formas por meio da seleccedilatildeo natural) Um grandenuacutemero de indiviacuteduos por oferecer uma melhor chance em um dadoperiacuteodo para o aparecimento de variedades ricas vai compensaruma menor quantidade de variabilidade em cada indiviacuteduo sendoacredito um elemento muito importante de sucesso [preservaccedilatildeo daespeacutecie] (DARWIN 1859)

2 () variaccedilotildees natildeo obstante leves e advindas de qualquer causa seelas satildeo em qualquer grau relevantes para os indiviacuteduos de umaespeacutecie nas suas infinitamente complexas relaccedilotildees com outros seresorgacircnicos e com a sua condiccedilatildeo fiacutesica de vida tenderatildeo a contribuircom a preservaccedilatildeo desses indiviacuteduos (DARWIN 1859)

Oliva (2000 p 2) aborda a vantagem da reprodutividade lembrando que o software livre tem

um enorme potencial para deixar muitos descendentes tendendo agrave proliferaccedilatildeo Isso ocorre natildeo soacute

pelas liberdades a ele atribuiacutedas mas tambeacutem pelo seu baixo preccedilo Tal raciociacutenio natildeo vale para

o software proprietaacuterio jaacute que geralmente sua reproduccedilatildeo eacute feita na maior parte das vezes por

clonagem e com menos frequecircncia pelo lanccedilamento de novas versotildees dado que se trata de um

processo caro (OLIVA 2000 p 2) O que se vecirc portanto segundo o autor eacute a proliferaccedilatildeo de

coacutepias sem variaccedilatildeo ou seja de clones

Oliva (2000 p 3) ao discorrer sobre a vantagem da variabilidade observa que as variaccedilotildees

de um software natildeo satildeo aleatoacuterias - ao contraacuterio das espeacutecies naturais - mas criadas pelos desen-

volvedores a partir das necessidades dos usuaacuterios Esses por sua vez no caso do software livre

carregam o poder de dirigir a variaccedilatildeo na medida em que alteram o software - seja por contra proacutepria

seja contratando algueacutem para faze-lo seja enfim publicando a sua demanda em um foacuterum ou lista

de e-mails com a expectativa de que um voluntaacuterio o ajude no desenvolvimento gratuitamente ou

em troca de algum tipo de pagamento (OLIVA 2000 p 3) Segundo o autor parece oacutebvio no que

se refere ao software livre que a liberdade de fazer mudanccedilas e de redistribuir as novas variaccedilotildees

aumenta a variedade da espeacutecie - ou seja do software - tornando-os mais adequados para outros

nichos ainda que desconhecidos quando da sua criaccedilatildeo

Conforme explica Oliva (2000 p 3) uma variaccedilatildeo que apresenta uma vantagem competitiva

em relaccedilatildeo agrave versatildeo original - ou seja uma variaccedilatildeo que introduz uma funccedilatildeo uacutetil para uma grande

45

Pontos criacuteticos relativos ao uso de software livre

variedade de nichos - pode ser aceita por uma maior quantidade de administradores de outros

projetos e rapidamente proliferar-se Por outro lado quando a variante natildeo eacute vantajosa natildeo eacute

aceita e perece ficando apenas no seu nicho

Oliva (2000 p 2) argumenta enfim que seria possiacutevel supor que a maioria dos usuaacuterios mesmo

tendo acesso ao coacutedigo fonte natildeo faccedilam alteraccedilotildees mas distribuem coacutepias iguais (clones) Em

resposta a essa possibilidade ele lembra que se um nuacutemero suficiente de pessoas lanccedila matildeo do

coacutedigo para altera-lo o niacutevel de variaccedilatildeo do software livre seraacute maior do que do software proprietaacuterio

(OLIVA 2000 p 3)

Compreendemos em siacutentese que Oliva (2000) por meio de sua argumentaccedilatildeo defende que

o software livre em detrimento ao proprietaacuterio apresenta melhor capacidade de reproduccedilatildeo e de

geraccedilatildeo de variedade dados os respectivos modelos de desenvolvimento O software livre portanto

teraacute maiores condiccedilotildees de autopreservaccedilatildeo enquanto espeacutecie

32 Pontos criacuteticos relativos ao uso de software livre

Trazemos para debate nesta seccedilatildeo alguns pontos criacuteticos relativos ao uso de software livre

Satildeo eles a ausecircncia de garantias e a inesistecircncia de um proprietaacuterio ou responsaacutevel legal a

inconsistecircncia da interface do usuaacuterio a dificuldade de instalaccedilatildeo e configuraccedilatildeo sobretudo para

usuaacuterios principiantes a qualidade a imagem e a reputaccedilatildeo a escassez de matildeo de obra para o

desenvolvimento e suporte bem como o seu alto custo e a exposiccedilatildeo da propriedade intelectual

Em acordo com Alencar (2007 p 75) percebemos que os pontos criacuteticos apresentados

consistem em problemas de software em geral natildeo se limitando portanto agraves soluccedilotildees livres Com

efeito seraacute possiacutevel notar no decorrer da seccedilatildeo uma tentativa de relativizar cada um deles Cabe

observar ainda que esse tema eacute tratado de diversas maneiras pelos autores e pesquisadores que

abordam o assunto Enquanto Alencar (2007 p 75) por exemplo refere-se ao tema como limitaccedilotildees

do software livre Hexsel (2002 p 16) e Sabino e Kon (2009 p 8) utilizam o termo desvantagem

Melo (2009 p 1) por sua vez preferem a expressatildeo pontos fracos do software livre

Sabino e Kon (2009 p 8) e Hexsel (2002 p 18) apontam a ausecircncia de garantias - associada agrave

inexistecircncia de um proprietaacuterio ou responsaacutevel legal - como um aspecto do software livre que pode

ser considerado desvantajoso em detrimento ao proprietaacuterio Conforme explicam Sabino e Kon (2009

p 8) soluccedilotildees livres podem significar problemas caso seja necessaacuterio o fornecimento de garantias

ou ainda em casos de ocorrecircncia de prejuiacutezos pela falha do sistema dado que suas licenccedilas em

geral eximem o autor de qualquer responsabilidade tanto quanto eacute permitido pela lei(SABINO

KON 2009 p 8) Hexsel (2002 p 1) relativiza a questatildeo lembrando que a existecircncia de um

proprietaacuterio natildeo prevecirc necessariamente garantias relacionadas a eventuais prejuiacutezos decorrentes

do uso de um software Ademais eles observam que as empresas de software proprietaacuterio tambeacutem

tentam ao maacuteximo em seus contratos eximirem-se de responsabilidades tanto quanto permitido

pela lei Sabino e Kon (2009 p 8) acrescentam que independente das claacuteusulas de ausecircncia

de responsabilidade algumas empresas de software livre optam pelo fornecimento de garantias e

suporte em forma de serviccedilo

A inconsistecircncia - e a natildeo uniformidade - da interface de usuaacuterio eacute trazida por Hexsel (2002 p 16)

46

Pontos criacuteticos relativos ao uso de software livre

e Melo (2009 p 1) como um ponto criacutetico relativo agrave utilizaccedilatildeo do software livre Os autores explicam

que essa caracteriacutestica tem raiacutezes no modelo de desenvolvimento descentralizado caracteriacutestico

desse tipo de software Trata-se de uma questatildeo que apesar de existente - ou seja com a qual

o usuaacuterio de fato poderaacute se deparar - natildeo corresponde a todos os casos de software livre Os

autores ressaltam a existecircncia de projetos especializados de desenvolvimento cujo foco estaacute na

resoluccedilatildeo dessa situaccedilatildeo Melo (2009 p 8) lembra enfim que empresas de software proprietaacuterio

natildeo estatildeo isentas dessa praacutetica De fato - comenta o autor - natildeo satildeo incomuns as descontinuidades

de interface de usuaacuterio de uma versatildeo proprietaacuteria para a outra

Hexsel (2002 p 16) e Melo (2009 p 1) apontam a dificuldade de instalaccedilatildeo e de configuraccedilatildeo

como uma questatildeo problemaacutetica relativa ao uso de software livre sobretudo para usuaacuterios iniciantes

ou sem conhecimentos especiacuteficos de programaccedilatildeo Hexsel (2002 p 16) explica que essa questatildeo

estaacute relacionada com a natureza do software livre e com o seu modo de desenvolvimento Ele lembra

que os primeiros usuaacuterios satildeo normalmente os proacuteprios programadores - ou usuaacuterios avanccedilados -

os quais tecircm praacutetica na instalaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de programas Hexsel (2002 p 17) e Melo (2009 p

2) argumentam que mesmo em se tratando de software proprietaacuterio a facilidade de instalaccedilatildeo e

administraccedilatildeo pode ser ilusoacuteria Apesar da relativa facilidade os procedimentos de instalaccedilatildeo podem

apresentar outros pontos negativos como por exemplo a inflexibilidade Em adiccedilatildeo Melo (2009 p

2) observa que a facilidade de instalaccedilatildeo tanto para o software livre quanto para o proprietaacuterio deve

ser analisada caso a caso Compreendemos que certamente o grau de facilidade de instalaccedilatildeo

- bem como o investimento na usabilidade de telas de instalaccedilatildeo dependeratildeo do publico alvo do

software em questatildeo

Sabino e Kon (2009 p 8) observam que a qualidade a imagem e reputaccedilatildeo tambeacutem satildeo

vistos como um aspecto de desvantagem no que se refere agrave utilizaccedilatildeo do software livre Segundo

os autores a inexistecircncia de uma empresa de renome como referecircncia para um software pode

representar para os potenciais usuaacuterios a possibilidade de abandono e de interrupccedilatildeo de suporte

para o produto Corrobora para essa desconfianccedila o fato de o software ser distribuiacutedo de forma

gratuita (SABINO KON 2009 p 8) Para Hexsel (2002 p 20) essa crenccedila de que a gratuidade do

software eacute incompatiacutevel com qualidade eacute falsa e confusa Existe de fato para o autor uma falta de

informaccedilatildeo impliacutecita nessa concepccedilatildeo jaacute que o software livre natildeo eacute necessariamente graacutetis mas

distribuiacutedo sem custos - ou por um custo muito baixo Ainda sobre essa falta de informaccedilatildeo Hexsel

(2002 p 20) ressalta que uma fraccedilatildeo significativa da internet eacute construiacuteda por software livre sendo

a sua existecircncia viaacutevel por causa da disponibilidade desses softwares como coacutedigo fonte aberto

Segundo Hexsel (2002 p 17) Melo (2009 p 1) e Sabino e Kon (2009 p 8) a escassez de

matildeo de obra - bem como o seu alto custo - para o desenvolvimento e suporte de software livre pode

ser vista como uma desvantagem No sentido de desconstruir a veracidade dessa constataccedilatildeo os

autores chamam a atenccedilatildeo para o presenccedila da documentaccedilatildeo e dos variados canais - tais como

foacuteruns listas de discussatildeo e sites de desenvolvimento - em que os usuaacuterios poderatildeo tirar duacutevidas

e receber auxiacutelio por parte da comunidade - ou seja programadores usuaacuterios mais experientes

ou ateacute mesmo os proacuteprios desenvolvedores de um determinado sistema Hexsel (2002 p 17)

observa ainda que na medida em que um determinado sistema se difunde a demanda por pessoal

capacitado para instalaccedilatildeo operaccedilatildeo e administraccedilatildeo tende a aumentar

47

Iniciativas livres e seus modelos de negoacutecio explorando a produtividade altruiacutesta

Sabino e Kon (2009 p 8) enfim observam que a opccedilatildeo por um modelo aberto pode ser

percebido como uma desvantagem para os seus autores e produtores dada a oacutebvia exposiccedilatildeo

de propriedade intelectual Nesse caso segundo os autores caberaacute agrave empresa responsaacutevel pela

produccedilatildeo estabelecer ou manter diferenciais para que a longo prazo o seu mercado seja garantido

(SABINO KON 2009 p 8) Em contrapartida conforme argumentam Sabino e Kon (2009 p 8)

seraacute mais difiacutecil para uma empresa conseguir vantagem competitiva sobre a outra se o produto

de software for registrado com uma licenccedila que determine obrigatoriedade na manutenccedilatildeo das

liberdades em caso de qualquer diferencial no produto Dessa forma o diferencial poderaacute tambeacutem

ser absorvido pela empresa que primeiro expocircs o seu coacutedigo Cabe ressaltar que observamos

nesse raciociacutenio a ideia essencial do copyleft (FARIA 2011 p 24) ou seja de forccedilar a manutenccedilatildeo

das liberdades conforme discutido no capiacutetulo 1 desta tese

33 Iniciativas livres e seus modelos de negoacutecio explo-

rando a produtividade altruiacutesta

Na seccedilatildeo 31 apontamos como vantagem das tecnologias livres - incluindo Material Didaacutetico Virtual

Livre - o seu potencial para agregar o altruiacutesmo a formas de obtenccedilatildeo de renda ou seja o que

consideramos como altruiacutesmo produtivo Nesta seccedilatildeo exploramos um puco mais essa vantagem

trazendo para debate alguns possiacuteveis modelos de negoacutecio relacionados agrave utilizaccedilatildeo de tecnologias

e artefatos livres tais como o software livre os Recursos Educacionais Abertos e o Material Didaacutetico

Virtual Livre Aprofundamos portanto em seu aspecto produtivo

Em acordo com Santos (2013 p 11) consideramos que o termo modelo de negoacutecio nesta

seccedilatildeo refere-se agrave capacidade - ou os meios - que as instituiccedilotildees de ensino tem ao seu dispor

para recuperarem seus investimentos em projetos livres de modo a torna-los mais sustentaacuteveis

Essa questatildeo se justifica como lembra Santos (2013 p 11) pelo fato de que a implementaccedilatildeo de

projetos dessa natureza apresentam custos que podem ir dos mais baixos a grandes investimentos

dependendo do tipo de iniciativa que se pretenda realizar(SANTOS 2013 p 11) Cabe mencionar

que enquanto a autora se refere aos Recursos Educacionais Abertos nosso foco satildeo o software

livre e o Material Didaacutetico Virtual Livre Compreendemos que os comentaacuterios de Santos (2013 p

11) - bem como dos demais autores citados nesta seccedilatildeo cujo foco de anaacutelise tem como objeto

a noccedilatildeo de Recursos Educacionais Abertos - se aplicam a gestatildeo de projetos envolvendo os trecircs

artefatos citados dada a sua natureza livre comum Ademais consideramos que esses modelos de

negoacutecio podem balizar natildeo apenas o trabalho das instituiccedilotildees de ensino mas tambeacutem dos vaacuterios

atores envolvidos na gestatildeo de iniciativas livres - tais como programadores e professores-autores de

material didaacutetico

Santos (2013 p 12) aponta sete modelos de negoacutecio comumente utilizados por instituiccedilotildees de

ensino superior em seus esforccedilos de implementaccedilatildeo de projetos envolvendo Recursos Educacionais

Abertos Satildeo eles doaccedilatildeo assinatura contribuiccedilatildeo patrociacutenio institucional governamental e

comercial A doaccedilatildeo ocorre quando uma Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental (ONG) ou outro tipo

de organizaccedilatildeo - por exemplo uma fundaccedilatildeo - paga pela produccedilatildeo e disseminaccedilatildeo do artefato

48

Iniciativas livres e seus modelos de negoacutecio explorando a produtividade altruiacutesta

livre A assinatura ocorre quando uma instituiccedilatildeo de ensino - ou outra organizaccedilatildeo - pagam para

serem membros de um consoacutercio que gerencia a elaboraccedilatildeo e disseminaccedilatildeo de artefatos livres

Na contribuiccedilatildeo o autor se responsabiliza pelos custos e produccedilatildeo dos mesmos(SANTOS 2013

p 12) O patrociacutenio consiste no financiamento da produccedilatildeo e disseminaccedilatildeo dos artefatos livres

por parte das instituiccedilotildees educacionais - ou outra instituiccedilatildeo - em troca de publicidade O modelo

institucional caracteriza-se quando uma instituiccedilatildeo educacional paga pela criaccedilatildeo do conteuacutedo e

disseminaccedilatildeo como parte da sua missatildeo(SANTOS 2013 p 12) O modelo governamental por sua

vez eacute caracterizado quando o financiamento eacute assumido de modo centralizado pelo governo em

prol de seus objetivos Enfim o modelo comercial se caracteriza quando o aluno paga - geralmente

uma quantia simboacutelica(SANTOS 2013 p 12) - pelo conteuacutedo serviccedilo ou certificado

Baseados em Santos (2013 p 15) consideramos que iniciativas livres tal qual Recursos

Educacinais Abertos ou Material Didaacutetico Virtual Livre podem agregar valor agraves instituiccedilotildees que os

utilizam Santos (2013 p 15) lembra que esse valor eacute em grande parte intangiacutevel como o reforccedilo

do compromisso com o empreendedorismo social vinculado agrave imagem institucional(SANTOS 2013

p 15) o aumento da visibilidade da instituiccedilatildeo e o fato de que esses recursos podem funcionar como

uma vitrine para a instituiccedilatildeo principalmente quando difundidos na rede mundial de computadores

A autora lembra que de fato essa utilizaccedilatildeo apresentam grande potencial para gerar matriacutecula e

consequentemente gerar renda indireta (SANTOS 2013 p 15)

Litto (2006 p 76) observa a existecircncia de uma grande variaccedilatildeo nas estrateacutegias institucionais de

produccedilatildeo de Recursos Educacionais Abertos Ele explica que algumas delas seguem uma poliacutetica

top down (de cima para baixo) na qual a administraccedilatildeo coordena todas essas atividades(LITTO

2006 p 76) e uma poliacutetica bottom up (de baixo para cima) marcada por esforccedilos individuais de

professores pioneiros(LITTO 2006 p 76) Em consonacircncia com Beshear (2005) Litto (2006 p 76)

deflagra a existecircncia de trecircs tipos de coleccedilotildees institucionais de Recursos Educacionais Abertos o

mandiacutebula o bastatildeo e o cenoura O mandiacutebula conssite no modelto biblioteca de recursos apoiada

na ideia de que se construiacutermos eles [os usuaacuterios] viratildeo(LITTO 2006 p 76) e na promoccedilatildeo

de campanhas com objetivo de persuadir a utilizaccedilatildeo por parte dos usuaacuterios o modelo bastatildeo

por sua vez toma forma quando a administraccedilatildeo instrui o corpo docente a usar determinados

Recursos Educacionais Abertos em substituiccedilatildeo a livros texto comerciais O modelo cenoura enfim

configura-se como tal perante a existecircncia de uma poliacutetica de incentivos - em forma de reduccedilatildeo

de taxas ou aumento de auxiacutelios - para que o corpo discente e docente criem e usem Recursos

Educacionais Abertos (LITTO 2006 p 76)

A Wikipedia por meio da entrada Open bussines 23 reconhece a existecircncia de diversos tipos de

modelos de negoacutecios abertos por meio dos quais eacute possiacutevel obter lucro financeiro com a utilizaccedilatildeo

de software livre ou ainda financiar o seu desenvolvimento Segundo a Wikipedia apesar de seu

status legal a aceitaccedilatildeo dos modelos de negoacutecio abertos por parte da comunidade do software livre

pode variar De fato alguns modelos satildeo considerados controversos ou desprovidos de eacutetica outros

satildeo aceitos outros ainda satildeo recomendados pela comunidade como por exemplo a obtenccedilatildeo de

renda por meio da cobranccedila pelo serviccedilo (BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE

23O termo Open Bussines foi traduzido por FUNDACAO GETULIO VARGAS (sd) como modelos de negoacutecioabertos

49

Iniciativas livres e seus modelos de negoacutecio explorando a produtividade altruiacutesta

sd)

Nesse sentido BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE (sd) apresenta treze

modelos o licenciamento duplo a venda de serviccedilos profissionais a venda de produtos custo-

mizados a venda do software como serviccedilo as parcerias com organizaccedilotildees patrocinadoras o

sistema de doaccedilotildees voluntaacuterias o sistema de bounties o sistema de preacute-compra ou crowdfunding o

software como publicidade a venda de extensotildees proprietaacuterias adicionais a venda de determinados

componentes de um produto de software o re-licenciamento de um software aberto para proprietaacuterio

a abertura gradual do software e a ofuscaccedilatildeo do coacutedigo fonte

Em linhas gerais o licenciamento duplo consiste em licenciar um software com duas licenccedilas

(BLANCO 2006 BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE sd) de naturezas

diversas Normalmente utiliza-se uma licenccedila aberta e uma proprietaacuteria (BLANCO 2006 p 1)

Nesse modelo conforme lembra BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE (sd)

a versatildeo proprietaacuteria pode ser vendida com o intuito de patrocinar a continuidade da versatildeo livre

do projeto A venda de serviccedilos profissionais eacute a forma mais conhecida e recomendada pela

comunidade de software livre (BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE sd) Ela

consiste em cobrar pelos serviccedilos - como treinamento suporte teacutecnico ou consultoria - em detrimento

a cobranccedila pelo software A venda de produtos customizados consiste na comercializaccedilatildeo de itens

- tais como camisetas canecas chaveiros mouse-pads etc - com o logotipo da empresa ou do

software livre A venda do software como serviccedilo consiste por sua vez na comercializaccedilatildeo de

assinaturas para acesso a software que permanecem no servidor ou seja serviccedilos online tal qual o

serviccedilo de cloud computing (BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE sd) Cabe

ressaltar que tal serviccedilo apesar de legal pode ser considerado inadequado e incoerente com a ideia

do software livre jaacute que forccedila os usuaacuterios a pagar cada vez mais pelo uso de sistemas cujo coacutedigo eacute

inacessiacutevel De fato ainda que livre o usuaacuterio natildeo teraacute acesso (JOHNSON 2008)

A parceria com organizaccedilotildees patrocinadoras consiste na associaccedilatildeo com governos univer-

sidades empresas ou outro tipo de instituiccedilatildeo natildeo governamental (BUSINESS MODELS FOR

OPEN-SOURCE SOFTWARE sd) que forneccedila fonte de renda para o projeto de desenvolvimento

de um software livre O sistema de doaccedilotildees voluntaacuterias se configura quando o responsaacutevel por

um projeto de desenvolvimento - seja uma instituiccedilatildeo seja um programador independente - pede

doaccedilotildees para arrecadar fundos para o seu projeto O sistema de bounties consiste na arrecadaccedilatildeo

de fundos entre os usuaacuterios de um aplicativo livre com o intuito de desenvolver e implementar uma

determinada funcionalidade nesse aplicativo (BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFT-

WARE sd) Modelo semelhante eacute o modelo de preacute-compra ou crowdfunding que funciona por meio

da arrecadaccedilatildeo de fundos advindos de doaccedilatildeo O modelo do software livre como publicidade prevecirc a

disponibilizaccedilatildeo de espaccedilos para a fixaccedilatildeo de banners ou outro tipo de propaganda por meio da qual

ocorre a arrecadaccedilatildeo (BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE sd) A venda de

extensotildees proprietaacuterias adicionais consiste na accedilatildeo de disponibilizar extensotildees plugins ou add-ons

proprietaacuterios (BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE sd) natildeo essenciais de

modo que seu uso seja condicionado ao pagamento Uma variante desse modelo segundo BUSI-

NESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE (sd) eacute a venda de determinados componentes

de um produto de software o qual consiste em manter proprietaacuterio determinado aspecto do conteuacutedo

50

Iniciativas livres e seus modelos de negoacutecio explorando a produtividade altruiacutesta

de um software de coacutedigo aberto (BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE sd)

tornando-o acessiacutevel em troca de pagamento Esse eacute o caso por exemplo de um videogame em

que determinados aspectos graacuteficos ou sonoros permanecem proprietaacuterios sendo o seu coacutedigo

fonte baacutesico livre Para obter uma experiecircncia completa do videogame o usuaacuterio teraacute que comprar o

conteuacutedo proprietaacuterio

O re-licenciamento segundo a BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE (sd)

ocorre quando uma empresa reverte a licenccedila de um sistema livre - completamente desenvolvido

em seu acircmbito - para proprietaacuterio de modo a poder comercializar legalmente o produto A abertura

gradual do software se configura quando o acesso agraves versotildees mais recentes eacute dado apenas para

usuaacuterios pagantes Conforme lembra BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE

(sd) uma das maneiras de disponibilizaccedilatildeo gradual ocorre quando uma empresa disponibiliza seu

software proprietaacuterio - atribuindo-lhe uma licenccedila livre - apoacutes um longo periacuteodo de comercializaccedilatildeo

ou quando alcanccedilado o retorno financeiro pretendido Ao fazecirc-lo a empresa tenta evitar que o seu

software seja abandonado e se torne obsoleto jaacute que daraacute a chance para que a comunidade de

software livre continue o seu desenvolvimento e suporte (BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE

SOFTWARE sd) Enfim o uacuteltimo modelo discutido em BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE

SOFTWARE (sd) - o qual percebemos natildeo esta diretamente relacionado com a obtenccedilatildeo de

retorno financeiro em projetos de software livre - consiste no ofuscamento do coacutedigo fonte Esse

termo segundo a REVISTA BRASILEIRA DE WEB (2013) e BUSINESS MODELS FOR OPEN-

SOURCE SOFTWARE (sd) refere-se agrave tentativa deliberada de dificultar a compreensatildeo de um

coacutedigo fonte Essa tentativa se daacute por exemplo por meio da inserccedilatildeo de coacutedigo natildeo destrutivo

redundante ou de nomes de variaacuteveis sem sentido - entre outros (REVISTA BRASILEIRA DE WEB

2013)

Consideramos como jaacute mencionado que os modelos discutidos em Santos (2013 p 12) e

em Litto (2006 p 76) satildeo viaacuteveis igualmente para a gestatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

conforme nossa concepccedilatildeo apresentada nesta tese Em adiccedilatildeo percebemos que tais modelos

natildeo satildeo excludentes entre siacute podendo servir de inspiraccedilatildeo para que os atores envolvidos - ou seja

entre outros instituiccedilotildees escolares professores-autores diretores coordenadores pedagoacutegicos -

descubram criem ou derivem novos meios de gestatildeo sustentaacutevel caso decidam pela utilizaccedilatildeo

de Material Didaacutetico Virtual Livre Ademais consideramos que a mesma inspiraccedilatildeo pode ser

encontrada nos modelos de negoacutecio abertos discutidos em BUSINESS MODELS FOR OPEN-

SOURCE SOFTWARE (sd) ainda que os mesmos se refiram ao software livre Vale ressaltar

que a utilizaccedilatildeo de alguns desses modelos descaracterizaria o material didaacutetico virtual como livre

excluindo naturalmente o seu aspecto altruiacutesta Isso ocorre por exemplo quando adotada a

estrategia de converter o licenciamento livre para proprietaacuterio com o intuito de legalizar a sua venda

ou ainda a utilizaccedilatildeo do material como serviccedilo disponiacutevel mediante pagamento

51

Capiacutetulo 4

Metodologia de produccedilatildeo de Material

Didaacutetico Virtual Livre

Neste capiacutetulo apresentamos e discutimos quatro aspectos que consideramos nucleares em relaccedilatildeo

agrave metodologia - ou processo - que adotamos para a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Satildeo eles a utilizaccedilatildeo de modelos instrucionais - em especial o modelo ADDIE (GAGNEacute et al

2005 ROTHWELL KAZANAS 2003 SEELS GLASGOW 1998 p 21 p 55 p 7 ) o modelo da

Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas (ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA

FILHO 2010) e o Quadro para Escrita de Material Didaacutetico de Liacutenguas (JOLLY BOLITHO 1998

p 90) as teacutecnicas de buscas de insumos livres as teacutecnicas de licenciamento do material didaacutetico

virtual atribuindo-lhe uma licenccedila livre ou flexiacutevel e a utilizaccedilatildeo de software livre

Observamos que durante a nossa pesquisa tivemos a oportunidade de experimentar e avaliar

cada um desses quatro aspectos Ademais pudemos agregar elementos relacionados ao contexto

de ensino-aprendizagem de liacutenguas de modo que a metodologia - ou processo - de produccedilatildeo de

Material Didaacutetico Virtual Livre com a qual trabalhamos pudesse oferecer condiccedilotildees para - do nosso

ponto de vista - melhor apoiar a praacutetica do professor de idiomas

O modelo ADDIE o modelo de Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas e Quadro para Elaboraccedilatildeo

de Material Didaacutetico de Ensino de Liacutenguas - os quais podem ser originalmente compreendidos como

modelos que visam em linhas gerais o entendimento de contextos instrucionais e o suporte

ao planejamento e operacionalizaccedilatildeo de cursos em seus diversos aspectos sendo o segundo

e o terceiro dirigidos ao contexto de ensino de liacutenguas - foram tomados como referecircncia para

operacionalizaccedilatildeo de Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres em contexto de ensino e aprendizagem de

liacutenguas Em outras palavras aleacutem de consideramos os trecircs modelos como arcabouccedilos teoacutericos

adequados para a compreensatildeo da atividade instrucional em si adotamos os modelos como

instrumentos para que o professor-autor pudesse se guiar na operacionalizaccedilatildeo do Material Didaacutetico

Virtual Livre bem como na documentaccedilatildeo dessa praacutetica

Os aspectos relativos agrave busca de insumos livres eou flexiacuteveis e agrave atribuiccedilatildeo de liberdades ao

Material Didaacutetico Virtual Livre satildeo abordados a partir de um vieacutes praacutetico-operativo com exemplos

de uso de ferramentas disponiacuteveis na Internet e estatildeo em sintonia com as reflexotildees propostas em

EDUCACcedilAtildeO ABERTA (2011) Cabe lembrar que a rede mundial de computadores apresenta uma

52

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

dinacircmica metamoacuterfica e efecircmera e que por isso os instrumentos citados podem natildeo ser perenes

cabendo ao professor-autor atualizar-se continuamente Dessa forma interessa-nos sobremaneira

ilustrar a praacutetica Consideramos que a compreensatildeo dessa praacutetica - natildeo obstante a possibilidade de

mudanccedilas nos aspectos das ferramentas em si - pode contribuir - entre outras maneiras - para o

desenvolvimento das habilidades relativas agrave operacionalizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre no

contexto de ensino e aprendizagem de idiomas especificadamente de italiano como LEL2

Abordamos enfim a utilizaccedilatildeo de software livre como suporte para o Material Didaacutetico Virtual

Livre trazendo para debate os dois programas que analisamos e utilizamos em nossa pesquisa

Trata-se do sistema de criaccedilatildeo de blogs e gerenciamento de conteuacutedos para web denominado

WORDPRESS (sd) 24 e do programa de autoria intitulado (EXElearning sd) 25 Nosso objetivo eacute o

de apresentar as caracteriacutesticas gerais de ambos os programas bem como os aspectos que nos

motivaram a utilizaacute-los Optamos por natildeo debater todos os recursos e funccedilotildees de cada um deles

De fato consideramos que esse aprofundamento fugiria ao escopo desta tese

41 Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacute-

tico Virtual Livre

Trazemos nesta seccedilatildeo para debate a dimensatildeo relativa agrave utilizaccedilatildeo de modelos instrucionais

como referecircncia teoacuterico-operativa para a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre no contexto

instrucional especiacutefico de ensino-aprendizagem de liacutenguas Consideramos oportuno introduzir o

debate colocando em pauta reflexotildees sobre a natureza dos modelos instrucionais em geral para

em seguida discutir o modelo baacutesico ADDIE (GAGNEacute et al 2005 ROTHWELL KAZANAS 2003

SEELS GLASGOW 1998 p 21 p 55 p 7 ) o Modelo de Operaccedilatildeo Global de Ensino de

Linguas (ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA FILHO 2010) e o Quadro para

Elaboraccedilatildeo de Material Didaacutetico de Ensino de Liacutenguas (JOLLY BOLITHO 1998 p 90)

Seraacute possiacutevel notar no decorrer da sessatildeo que os modelos citados - natildeo obstante apresentem

singularidades e focos ligeiramente diferentes - dialogam entre si na medida em que todos eles

refletem essencialmente uma metodologia operativa norteada pela resoluccedilatildeo de problemas instrucio-

nais representando dessa forma propostas instrucionais sensiacuteveis ao contexto - em consonacircncia

com a concepccedilatildeo da Pedagogia Poacutes-meacutetodo e a natureza do Material Didaacutetico Virtual Livre conforme

discutido no capiacutetulo 2 desta tese Nosso objetivo eacute o de apresentaacute-los discuti-los e quando possiacutevel

destacar relaccedilotildees entre eles e com o contexto de produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre para o

ensino de liacutenguas - conforme investigado em nossa pesquisa de doutoramento e discutido nesta tese

Percebemos de fato no decorrer de nossa pesquisa bem como de nossa praacutetica que o estudo e a

compreensatildeo dos trecircs modelos pode auxiliar de modo positivo o cumprimento dessa tarefa - a saber

a tarefa de produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre Consideramos que as noccedilotildees trazidas pela

compreensatildeo dos trecircs modelos satildeo complementares

Dessa forma notamos que o modelo ADDIE (GAGNEacute et al 2005 ROTHWELL KAZANAS

24httpwwwwordpressorg25httpwwwexelearningorg

53

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

2003 SEELS GLASGOW 1998 p 21 p 55 p 7 ) pode auxiliar na compreensatildeo de contextos

instrucionais em geral bem como de outros modelos instrucionais na medida em que consiste em

um modelo instrucional baacutesico a partir do qual eacute possiacutevel estabelecer outros modelos inserindo

adaptaccedilotildees decorrentes de demandas especiacuteficas Percebemos que o Modelo da Operaccedilatildeo Global

de Ensino de Liacutenguas (ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA FILHO 2010 p

18) e o Quadro para Produccedilatildeo de Material Didaacutetico para o Ensino de Liacutenguas (JOLLY BOLITHO

1998 p 96) por sua vez podem auxiliar na compreensatildeo de processos instrucionais relativos

ao contexto especiacutefico de ensino e aprendizagem de liacutenguas - bem como desse contexto em si -

sendo o primeiro - do nosso ponto de vista - com um vieacutes predominantemente descritivo e o segundo

com um vieacutes operativo-procedimental e especificadamente relativo agrave produccedilatildeo de material didaacutetico

Ambos de fato abordam dimensotildees e aspectos especiacuteficos desse contexto Se por um lado o

professor-autor de Material Didaacutetico Virtual Livre poderaacute compreender melhor o contexto instrucional

para o qual iraacute produzir o seu material didaacutetico - ou seja o contexto de ensino e aprendizagem de

liacutenguas - por meio do Modelo da Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas (ALMEIDA FILHO 1993

ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA FILHO 2010 p 18) por outro poderaacute operacionalizar essa

atividade por meio do Quadro para Produccedilatildeo de Material Didaacutetico para o Ensino de Liacutenguas (JOLLY

BOLITHO 1998 p 96)

411 Visatildeo geral sobre modelos instrucionais

Um modelo de design instrucional pode ser visto como um quadro procedimental para a produccedilatildeo

sistemaacutetica de instruccedilatildeo (THOMAS 2010 p 187) Ele incorpora estrateacutegias baacutesicas do design

instrucional tais como entre outras a anaacutelise do puacuteblico alvo - ou seja levantamento e avaliaccedilatildeo

das necessidades do aprendiz - a determinaccedilatildeo dos objetivos de aprendizagem e a avaliaccedilatildeo do

processo instrucional em seus diversos aspectos (THOMAS 2010 GAGNEacute et al 2005 p 187

p 21 ) Aleacutem disso esse construto informa como elementos e estrateacutegias instrucionais podem

ser integradas e operacionalizadas na produccedilatildeo e realizaccedilatildeo de cursos (THOMAS 2010 p 187)

dado que descreve a maneira de conduzir as suas diversas etapas (GUSTAFSON BRANCH 2002

p 19) Conforme observam Gustafson e Branch (2002 p 19) um modelo de design instrucional

permite a visualizaccedilatildeo de todo o processo aleacutem de estabelecer diretrizes para sua gestatildeo e para

a comunicaccedilatildeo entre os eventuais membros da equipe gestora de um projeto instrucional e seus

eventuais clientes

Gagneacute et al (2005 p 19) e Seels e Glasgow (1998 p 165) lembram que um modelo instrucional

consiste em uma tentativa de representaccedilatildeo de processos de design instrucional podendo tomar

variadas formas verbal visual tridimensional (SEELS GLASGOW 1998 p 166) espiral curviliacuteneo

em cascata sequencial (GAGNEacute et al 2005 p 41) - entre outras Seels e Glasgow (1998)

acrescentam que independente da forma o seu objetivo eacute o de apresentar uma visatildeo sobre a

realidade - ou seja sobre processos de design instrucional De acordo com Gagneacute et al (2005 p

41) cada tipo de representaccedilatildeo apresenta benefiacutecios no que diz respeito ao apoio e agrave comunicaccedilatildeo

no processo como um todo e podem ser alguns mais ou menos efetivos do que outros Os autores

observam que para ser realmente efetivo um modelo deve ser permeado com indicaccedilotildees dos

papeacuteis e tarefas dos profissionais envolvidos (stakeholders) em um dado projeto instrucional A

54

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

forma desse modelo seraacute mais efetiva se corresponder agraves demandas instrucionais locais as quais

podem ser mais ou menos complexas exigindo de fato um ou outro tipo de representaccedilatildeo (GAGNEacute

et al 2005 p 41) Dessa forma de acordo com Gagneacute et al (2005 p 42) o desafio do designer

instrucional - ou de outro profissional envolvido no design de cursos tal qual um professor-autor de

material didaacutetico para o ensino de liacutenguas - tange por um lado o saber elaborar e aplicar processos

instrucionais em um dado contexto e por outro lado o saber representar ou comunicar o processo

em termos de modelo instrucional

Cabe ressaltar enfim que um modelo nunca seraacute uma representaccedilatildeo completa da realidade -

ou seja de um processo de design instrucional - dado o niacutevel de abstraccedilatildeo necessaacuterio para traduzir

essa realidade em termos teoacutericos (SEELS GLASGOW 1998 p 166) Assim cada modelo poderaacute

enfatizar diferentes aspectos do processo de design instrucional (SEELS GLASGOW 1998 p 165)

incluir indicaccedilotildees de atividades paralelas e iterativas a serem realizadas no decorrer do processo

acompanhar anotaccedilotildees ou descriccedilotildees a respeito da ordem de cumprimento das etapas e de como

elas devem ser cumpridas (SEELS GLASGOW 1998 p 167) - entre outras caracteriacutesticas Gagneacute

et al (2005 p 38) corroborando essa noccedilatildeo de diversidade tipoloacutegica identificam pelo menos dois

tipos de modelos instrucionais a saber os modelos geneacutericos e os modelos situados Enquanto os

modelos geneacutericos tendem a representar uma abordagem - ou conceito de um autor sobre como

o processo de design instrucional deveria ser conduzido - que possa ser aplicada em uma grande

variedade de contextos ambientes de aprendizagem ou sistemas de acesso agrave instruccedilatildeo (GAGNEacute

et al 2005 p 38) os modelos situados satildeo desenvolvidos por organizaccedilotildees especialmente para

representar balizar e controlar os seus processos de design de sistemas instrucionais (GAGNEacute et

al 2005 p 39) Esses modelos conforme lembram Gagneacute et al (2005 p 39) normalmente natildeo

satildeo publicados por serem proprietaacuterios ou por representarem as demandas instrucionais especiacuteficas

de uma organizaccedilatildeo

Nas proacuteximas subseccedilotildees apresentamos e discutimos os modelos ADDIE (GAGNEacute et al 2005

ROTHWELL KAZANAS 2003 SEELS GLASGOW 1998 p 21 p 55 p 7 ) o Modelo de

Operaccedilatildeo Global de Ensino de Linguas (ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA

FILHO 2010 p 18) e o Quadro para Elaboraccedilatildeo de Material Didaacutetico de Ensino de Liacutenguas (JOLLY

BOLITHO 1998 p 90) e apontamos quando possiacutevel as relaccedilotildees entre eles e com o contexto de

produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas

412 O modelo ADDIE - modelo instrucional baacutesico

Um dos modelos instrucionais mais baacutesicos e essenciais (CARR-CHELLMAN 2010 GUSTAFSON

BRANCH 2002 GAGNEacute et al 2005 SEELS GLASGOW 1998 p 3 p 18 p 21 p 7) consiste

no modelo denominado ADDIE Trata-se de um modelo formado por 5 (cinco) componentes que

segundo Gagneacute et al (2005 p 38) e Rothwell e Kazanas (2003 p 3) representam as etapas de

um projeto instrucional consoante com a metodologia de resoluccedilatildeo de problemas de performance

humana sendo nesse caso direcionado a problemas de ordem instrucional Satildeo elas Anaacutelise

(Analysis) Desenho (Design) Desenvolvimento (Development) Implementaccedilatildeo (Implementation) e

Avaliaccedilatildeo (Evaluation) Elas estatildeo representadas na FIG 42 Suas inicias em inglecircs compotildeem o

acrocircnimo ADDIE (CARR-CHELLMAN 2010 GAGNEacute et al 2005 ROTHWELL KAZANAS 2003 p

55

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Figura 41 Componentes de um problemaFonte adaptado de Rothwell e Kazanas (2003 p 36)

3 p 21 p 55)

Essas etapas de fato conforme Gagneacute et al (2005 p 38) e Rothwell e Kazanas (2003 p 3)

correspondem aos principais estaacutegios de modelos dirigidos agrave resoluccedilatildeo sistemaacutetica de problemas

instrucionais - jaacute que envolve em linhas gerais a identificaccedilatildeo dos problemas (de ordem instrucional)

e suas causas (anaacutelise) a elaboraccedilatildeo de propostas para soluccedilatildeo dos problemas identificados

(design) a elaboraccedilatildeo da soluccedilatildeo (desenvolvimento) a experimentaccedilatildeo (implementaccedilatildeo) e final-

mente a tentativa de constataccedilatildeo do sucesso da soluccedilatildeo proposta (avaliaccedilatildeo) - e estaacute de acordo

com a concepccedilatildeo de design instrucional propostas em Seels e Glasgow (1998 p 1) os quais

compreendem essa atividade como o processo de resolver problemas instrucionais por meio da

anaacutelise sistemaacutetica das condiccedilotildees de aprendizagem(SEELS GLASGOW 1998 p 1)

Vale mencionar que Rothwell e Kazanas (2003 p 35) concebem problemas de performance

humana como o resultado de uma discrepacircncia entre o estado vigente - ou seja o que eacute - e o estado

ideal - ou seja o que deveria ser - a qual demanda accedilotildees presentes ou futuras para ser solucionada

(ROTHWELL KAZANAS 2003 p 35) Enquanto o estado vigente eacute chamado de Condiccedilatildeo e

representa o estado de coisas existentes o estado ideal eacute chamado de Criteacuterio e representa o estado

de coisas desejaacutevel (ROTHWELL KAZANAS 2003 p 35) Os autores explicam que a diferenccedila

entre Condiccedilatildeo e Criteacuterio eacute uma lacuna ou seja pode ser visto como o problema As razotildees

para essa lacuna satildeo a Causa do problema as consequecircncias dessa lacuna os seus Sintomas

(ROTHWELL KAZANAS 2003 p 35) Duas satildeo as accedilotildees principais que Rothwell e Kazanas

(2003 p 35) sugerem para a resoluccedilatildeo dessa lacuna a coleta de informaccedilotildees sobre a Condiccedilatildeo e

a identificaccedilatildeo do Criteacuterio A coleta de informaccedilotildees visa melhor compreender a Condiccedilatildeo sendo

feita por meio de perguntas agraves pessoas a respeito do problema (ROTHWELL KAZANAS 2003

p 35) Os autores observam que identificar o Criteacuterio consiste na identificaccedilatildeo do estado ideal ou

desejado ou seja o que deveria acontecer ou o que pessoas deveriam saber fazer A FIG 41 traz

uma representaccedilatildeo esquemaacutetica do raciociacutenio de Rothwell e Kazanas (2003 p 35)

56

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Figura 42 As fases do modelo ADDIEFonte adaptado de Hanley (2009)

Gagneacute et al (2005 p 21) aleacutem de reconhecerem que o modelo ADDIE eacute como um todo

baseado na metodologia de resoluccedilatildeo de problemas lembram que atividades desse tipo - ou seja

de resoluccedilatildeo de problemas - estatildeo presentes em cada uma de suas fases ou etapas Ademais a

respeito da dinacircmica da atividade instrucional representada pelo modelo (FIG 42) Gagneacute et al

(2005 p 21) acrescentam que o processo natildeo ocorre necessariamente de modo linear podendo

comeccedilar em qualquer uma das etapas Dessa forma conforme exemplificam os autores o processo

pode se iniciar a partir de uma proposta de redesenho de um curso ou curriacuteculo Eacute possiacutevel de fato

que comece pela fase de avaliaccedilatildeo e que com base nos dados dessa avaliaccedilatildeo seja necessaacuterio

retornar agraves etapas precedentes de modo a avaliar se ocorreram mudanccedilas - como nas caracteriacutesticas

dos aprendizes por exemplo - ou ainda se existe uma demanda por engendrar revisotildees relativas

aos objetivos conteuacutedos ou atividades de aprendizagem (GAGNEacute et al 2005 p 22)

Consideramos oportuno nos proacuteximos paraacutegrafos discutir com mais atenccedilatildeo cada uma das

fases do modelo ADDIE - de modo a melhor compreendecirc-lo - bem como apontar algumas relaccedilotildees

com o contexto de utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Iniciamos o debate lembrando que cada uma das fases apresentam subcomponentes - os

quais descrevemos por meio do QUAD 41 - expressos por Gagneacute et al (2005 p 22) em forma

de recomendaccedilotildees relativas ao desenvolvimento de cada uma delas A observaccedilatildeo desses sub-

componentes pode auxiliar o profissional que adota o modelo ADDIE a melhor compreendecirc-lo a

sistematizar o seu trabalho e ainda a propor mudanccedilas e adaptaccedilotildees no proacuteprio modelo quando

necessaacuterio

Em linhas gerais o objetivo da fase de Anaacutelise eacute o de compreender o contexto instrucional em

57

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 41 Componentes e subcomponentes do modelo ADDIE

Componentes Subcomponentes

Anaacutelise a) Determinaccedilatildeo das necessidades para as quais a instruccedilatildeoseraacute a soluccedilatildeo b) Conduccedilatildeo de uma anaacutelise instrucional afim de determinar os objetivos relativos agraves dimensotildees cogniti-vas afetivas e motoras a serem desenvolvidos durante o cursoc) Determinaccedilatildeo das habilidades que se espera que os estu-dantes desenvolvam e qual delas iraacute causar impacto para aaprendizagem durante o curso d) Anaacutelise do tempo disponiacute-vel e do tempo que seraacute utilizado para o curso e) Anaacutelise decontexto e de recursos

Design a) Traduccedilatildeo das metas do curso em resultados que se esperaque os alunos alcancem ao final do curso b) Determinaccedilatildeodos toacutepicos ou unidades instrucionais a serem cumpridas bemcomo o tempo que seraacute necessaacuterio para cada um deles c)Organizaccedilatildeo das unidades em sequecircncia considerando-seos objetivos do curso d) Especificaccedilatildeo para cada unidadedo que se espera que os alunos saibam ao concluiacute-las e)Estabelecimento das liccedilotildees e atividades de aprendizagempara cada unidade f) Estabelecimento de especificaccedilotildeespara avaliaccedilatildeo da aprendizagem dos estudantes

Desenvolvimento a) Tomada de decisotildees sobre os tipos de materiais didaacuteticose atividades de aprendizagem b) Preparaccedilatildeo das versotildeesprototiacutepicas dos materiais didaacuteticos ou atividades c) Experi-mentaccedilatildeo dos materiais didaacuteticos com membros do puacuteblicoalvo d) Revisatildeo refinamento e produccedilatildeo dos materiais didaacuteti-cos e atividades e) Elaboraccedilatildeo das instruccedilotildees de ensino oumateriais complementares

Implementaccedilatildeo a) Aquisiccedilatildeo dos materiais didaacuteticos a serem adotados pelosprofessores ou pelos estudantes b) Fornecimento de ajudaou suporte caso necessaacuterio

Avaliaccedilatildeo a) Implementaccedilatildeo de planos de avaliaccedilatildeo dos estudantes doprograma b) Implementaccedilatildeo de planos para manutenccedilatildeo erevisatildeo do curso

Fonte adaptado de (GAGNEacute et al 2005)

58

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

que se insere o projeto incluindo as necessidades dos aprendizes (GAGNEacute et al 2005 SEELS

GLASGOW 1998 p 23 p 8) Gagneacute et al (2005 p 23) apresentam um exemplo a respeito do teor

das decisotildees que o designer instrucional - ou outro profissional envolvido na tarefa de design de um

curso - deveraacute tomar durante a fase de anaacutelise Os autores mostram que um curso de Anatomia por

exemplo serviraacute tanto para estudantes de patologias da voz quanto para estudantes de Psicologia

do Esporte O foco da disciplina no entanto deveraacute mudar de acordo com as necessidades de

cada profissional (GAGNEacute et al 2005 p 23) Em outras palavras isso quer dizer que o foco do

curso deveraacute ser diferenciado para cada tipo de puacuteblico-alvo Percebemos que accedilotildees e demandas

anaacutelogas podem ser vistas na praacutexis do professor de idiomas quando por exemplo varia o grau de

exigecircncia de uma atividade de compreensatildeo de um texto autecircntico complexo de acordo com o niacutevel

de proficiecircncia dos alunos

A fase de deign consiste em estabelecer os objetivos educacionais a serem alcanccedilados as

habilidades e competecircncias que se espera que os aprendizes tenham desenvolvido ao final do

percurso instrucional as estrateacutegias educacionais necessaacuterias para se cumprir essa meta e os

instrumentos de avaliaccedilatildeo que seratildeo utilizados (GAGNEacute et al 2005 SEELS GLASGOW 1998 p

26 p 11) Um produto gerado nessa fase segundo Gagneacute et al (2005 p 26) seria um documento

contendo o planejamento do curso

Ainda com relaccedilatildeo agrave fase de design Gagneacute et al (2005 p 27) ressaltam a possibilidade de se

fazer uma prototipaccedilatildeo raacutepida Essa atividade consiste em testar elementos do design instrucional

em elaboraccedilatildeo de modo a se avaliar a sua eficiecircncia Os autores recomendam que a prototipaccedilatildeo

seja feita o quanto antes e justificam essa accedilatildeo por dois motivos em primeiro lugar porque por

meio de um protoacutetipo o eventual cliente poderaacute constatar se o produto estaacute satisfatoacuterio em segundo

porque ao fazecirc-lo as chances de se obter um design final inadequado aos objetivos pedagoacutegicos do

curso seriam menores

Vale ressaltar que Gagneacute et al (2005) lidam com a ideia de que um projeto instrucional pode ser

encomendado por terceiros Os clientes poderiam ser escolas entidades governamentais ou ateacute

empresas preocupadas com a formaccedilatildeocapacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios os quais contratam um

profissional - por exemplo um designer instrucional - para elaborar e gerir os percursos formativos

Os estudos apresentados em Gagneacute et al (2005) de fato tem como meta contribuir com a formaccedilatildeo

profissional do designer instrucional Em nosso estudo contudo focalizamos a figura do professor

de idiomas que a priori ao elaborar seus cursos e materiais didaacuteticos pode mobilizar competecircncias

anaacutelogas agraves de um designer instrucional

Consideramos vaacutelidas e aceitaacuteveis situaccedilotildees em que o professor de idiomas se coloque como

autor de materiais didaacuteticos para utilizaccedilatildeo de terceiros - sejam colegas escolas entidades gover-

namentais ou empresas Agrave diferenccedila de autores de livros didaacuteticos que elaboram percursos de

aprendizagem descontextualizados - ou de prateleira - esses professores elaborariam os cursos

e materiais didaacuteticos ndash para escolas empresas entidades governamentais ou grupos privados

ndash tomando o cuidado de envolver os professores da casa (no caso de escolas) no processo de

elaboraccedilatildeo da melhor maneira possiacutevel como autores ou coautores

Essa postura seria jaacute suficiente do nosso ponto de vista para aproximar o trabalho daqueles

ndash a saber os autores de livros didaacuteticos de prateleira ndash agrave era dos meacutetodos e destes ndash a saber

59

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

professores-autores que elaboram materiais didaacuteticos para escolas ndash a uma pedagogia Poacutes-meacutetodo -

conforme discutido no capiacutetulo 2 desta tese - ainda que nesse caso as funccedilotildees de professor autor

e pesquisador eventualmente natildeo recaiam estritamente sobre o mesmo indiviacuteduo ndash a saber o

mesmo professor ou o professor da casa no caso de contrataccedilatildeo para produccedilatildeo de material didaacutetico

ad hoc em uma determinada escola

A etapa de Desenvolvimento tem como meta a confecccedilatildeo ou a escolha do material instrucional

levando em consideraccedilatildeo tanto os objetivos pedagoacutegicos previamente estabelecidos na fase de

Design quanto os resultados da anaacutelise de contexto sistematizados na fase de Avaliaccedilatildeo Refere-se

portanto agrave preparaccedilatildeo dos materiais didaacuteticos que seratildeo utilizados no ambiente de aprendizagem

(GAGNEacute et al 2005 SEELS GLASGOW 1998 p 31 p 12)

Trata-se de uma etapa cujo trabalho pode ser abordado a partir de vaacuterias perspectivas depen-

dendo por exemplo de aspectos como a variaccedilatildeo dos objetivos instrucionais a adequaccedilatildeo dos

materiais didaacuteticos existentes ou as caracteriacutesticas do contexto de aplicaccedilatildeo do curso ou material

didaacutetico (GAGNEacute et al 2005 p 31) Em alguns contextos educacionais ndash conforme nos lembram

Gagneacute et al (2005 p 31) ndash o curriacuteculo o curso ou o material didaacutetico jaacute existem e podem ndash ou

devem ndash ser utilizados o maacuteximo possiacutevel em sua versatildeo integral agrave exigecircncia por exemplo da escola

ou de esferas superiores Em outros contextos natildeo existem materiais didaacuteticos que correspondem

aos objetivos definidos o que demanda a elaboraccedilatildeo de novos materiais Em outros ainda existem

materiais didaacuteticos ou partes deles que podem ser incorporados a novos materiais ou que precisam

ser adaptados a novos modos de acesso por parte do aprendiza (GAGNEacute et al 2005 p 31)

Gagneacute et al (2005 p 31) com base nessa variedade de contextos estabelecem quatro

categorias de situaccedilotildees de desenvolvimento ndash ou seja de preparaccedilatildeo do material didaacutetico relativo

ao seu curso ndash que o designer instrucional e do nosso ponto de vista tambeacutem o professor-autor de

Material Didaacutetico Virtual Livre poderaacute enfrentar Satildeo elas 1) a elaboraccedilatildeo de um novo curso - eou

seus respectivos materiais didaacuteticos 2) o trabalho com curriacuteculos e materiais didaacuteticos existentes 3)

a reformulaccedilatildeo de materiais didaacuteticos existentes - modificando objetivos e conteuacutedos ou aplicando

o material em novos contextos de aplicaccedilatildeo - e 4) a incorporaccedilatildeo de materiais existentes em um

novo curso

A elaboraccedilatildeo de um novo curso (eou seus respectivos materiais didaacuteticos) eacute concebida por

Gagneacute et al (2005 p 32) como a atividade primaacuteria para a qual o designer instrucional eacute formado

Os autores nos lembram que na maioria dos cursos esse profissional lanccedila matildeo de todo o processo

de produccedilatildeo desenvolvendo aulas ou modelos ineacuteditos Consideramos que o professor de idiomas

eventualmente pode se deparar com essa tarefa em sua praacutexis

O trabalho com curriacuteculos e materiais didaacuteticos existentes eacute uma situaccedilatildeo tiacutepica em que o

professor trabalha com o curriacuteculos livros didaacuteticos e materiais suplementares adotados pela escola

ou sistema educacional (GAGNEacute et al 2005 p 31) Nesse contexto normalmente os professores

preparam aulas de acordo com os objetivos e conteuacutedos fornecidos pelos materiais didaacuteticos Essa

abordagem natildeo estaacute de acordo com uma praacutetica que ressalta a importacircncia de se estabelecerem

metas e objetivos locais antes de elaborar e desenvolver esforccedilos instrucionais Entretanto conforme

argumentam os autores curriacuteculos e materiais fornecidos podem ser o resultado de processos

de desenvolvimento que resultaram em objetivos e conteuacutedos apropriados para um determinado

60

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

contexto Nesse caso cabe ao professor segundo Gagneacute et al (2005 p 32) desenvolver planos de

aula que incorporem os seus proacuteprios estilos de ensino ou ateacute mesmo criar unidades de trabalho

suplementares considerando demandas locais

A reformulaccedilatildeo de materiais didaacuteticos existentes - modificando objetivos e conteuacutedos ou aplicando

o material em novos contextos - eacute uma situaccedilatildeo de desenvolvimento que ocorre frequentemente

conforme Gagneacute et al (2005 p 32) na elaboraccedilatildeo de cursos empresariais mas podem ocorrer

tambeacutem no ambiente escolar Um exemplo desse constexto seria a adaptaccedilatildeo de um programa

existente para um contexto especiacutefico tal como modificar ou complementar seminaacuterios geneacutericos

de modo a corresponder agraves demandas de uma organizaccedilatildeo especiacuteficas (GAGNEacute et al 2005 p 31)

O trabalho do designer instrucional ndash ou do professor-autor ndash nesse caso conforme argumentam

Gagneacute et al (2005 p 32) seria conduzir anaacutelises e definir necessidades e objetivos dentro

das organizaccedilotildees e em seguida estudar os materiais existentes de modo a determinar quais

modificaccedilotildees ou complementaccedilotildees seriam necessaacuterias para corresponder agraves demandas locais Essa

seria uma accedilatildeo coerente com a perspectiva de trabalho com o modelo ADDIE

A incorporaccedilatildeo de materiais existentes em um novo curso eacute tambeacutem um contexto que o

designer instrucional - ou professor-autor de materiais didaacuteticos - poderaacute encontrar na fase de

desenvolvimento Esse profissional apoacutes trabalhar na anaacutelise e no subsequente estabelecimento

de objetivos considera a elaboraccedilatildeo de novos materiais mas tambeacutem avalia a possibilidade de

incorporaccedilatildeo ou adaptaccedilatildeo de materiais didaacuteticos existentes

Constatamos ndash a partir de nossa experiecircncia docente bem como no decorrer de nossa pesquisa

ndash que os contextos apontados pelos autores satildeo tambeacutem recorrentes no campo do ensino de

liacutenguas De fato observamos que eacute trabalho comum na praacutexis do professor de idiomas avaliar

e incorporar materiais didaacuteticos ou curriacuteculos elaborados por terceiros ndash sejam impressos sejam

virtuais ndash aos seus proacuteprios cursos Consideramos que essa praacutetica viabiliza e enriquece o trabalho

desse professor que nem sempre - em consonacircncia com Masuhara (1998 p 247) - teria tempo e

condiccedilotildees para elaborar materiais didaacuteticos novos a cada desafio instrucional Percebemos de fato

que o seu trabalho se torna rico na medida em que ao adotaacute-la esse profissional entra em contato

com novas ideias novos pontos de vista novas soluccedilotildees expressas em forma de materiais didaacuteticos

sobre temas da sua aacuterea de atuaccedilatildeo

Corroboram nossa percepccedilatildeo entre outros os debates de Tomlinsom (2001) Tomlinsom (2003a)

sobre a relevacircncia da atividade de produccedilatildeo de material didaacutetico para a formaccedilatildeo do professor de

idiomas - seja inicial seja continuada - e para a sua praacutetica de ensino quotidiana Nesse sentido

Tomlinsom (2001 p 66) defende que experiecircncias monitoradas de desenvolvimento de material

didaacutetico consistem em momentos propiacutecios para que o professor adquira consciecircncia teoacuterica e

praacutetica ou seja compreenda - e saiba aplicar - teorias de ensino e aprendizagem de liacutenguas e

alcance desenvolvimento pessoal e profissional O mesmo princiacutepio se refere de acordo com

Tomlinsom (2003a p 518) agrave atuaccedilatildeo em equipes de desenvolvimento de materiais didaacuteticos desde

que os membros da equipe - ou seja os professores envolvidos - possam mobilizar em conjunto

suas experiecircncias e saberes a fim de alcanccedilar seu objetivo de desenvolvimento - seja um livro

didaacutetico um conjunto de materiais complementares para a aula da semana que vem(TOMLINSOM

2003a p 518) ou materiais para um curso de niacutevel institucional ou nacional O autor acrescenta

61

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

que de fato os membros da equipe podem adquirir enorme consciecircncia de todos os aspectos do

ensino e aprendizagem - bem como desenvolver habilidades que seratildeo extremamente uacuteteis em

suas experiecircncias (de ensino) futuras e adquirir confianccedila e autoestima - se for dado a esse grupo a

liberdade e os recursos para que compreendam e utilizem a sua proacutepria abordagem e quadros de

referecircncia (TOMLINSOM 2003a p 518)

O desenvolvimento profissional e pessoal para Tomlinsom (2003a p 518) seraacute ainda mais

eficiente se os membros da equipe participarem de todas as atividades de desenvolvimento - a

saber para o autor a anaacutelise das necessidades dos aprendizes a determinaccedilatildeo da abordagem

pedagoacutegica dos quadros de referecircncia para o desenvolvimento de materiais didaacuteticos e do syllabus

o esboccedilo e a experimentaccedilatildeo de amostras de unidades a revisatildeo do syllabus da abordagem e

dos quadros de referecircncia a busca e o desenvolvimento dos textos e a produccedilatildeo monitoramento

experimentaccedilatildeo revisatildeo e ediccedilatildeo dos materiais didaacuteticos

Aleacutem da ideia de que o processo de elaboraccedilatildeo de material didaacutetico pode ser tatildeo vaacutelido quanto o

seu produto no que diz respeito agrave formaccedilatildeo e agrave praacutexis quotidiana do professor de idiomas Tomlinsom

(2001 p 66) - pressupondo o uso de livro didaacutetico - lembra que avaliaccedilatildeo adaptaccedilatildeo e produccedilatildeo de

materiais didaacuteticos satildeo tarefas que esse professor deveraacute necessariamente saber realizar dado

que nenhum livro didaacutetico seraacute ideal para uma turma ou grupo

Observamos que o trabalho com Material Didaacutetico Virtual Livre se adeacutequa a toda essa variedade

de contextos que como mencionado permeia tambeacutem a praacutetica do professor de idiomas Seria

equivocado portanto imaginar que o trabalho com materiais didaacuteticos dessa natureza limita o

professor agrave funccedilatildeo de criar os proacuteprios materiais didaacuteticos ou de criar materiais originais a cada

situaccedilatildeo de ensino Tal afirmaccedilatildeo de fato seria incoerente para um tipo de material didaacutetico

essencialmente predisposto a se beneficiar da inteligecircncia coletiva como eacute o caso do Material

Didaacutetico Virtual Livre

Finalizada nossa proposta de reflexatildeo sobre a fase de Desenvolvimento do modelo ADDIE

(GAGNEacute et al 2005 ROTHWELL KAZANAS 2003 SEELS GLASGOW 1998 p 21 p 55

p 7 ) - bem como temas correlatos - concluiacutemos esta seccedilatildeo trazendo para debate as etapas de

Implementaccedilatildeo e Avaliaccedilatildeo previstas no modelo

A fase de Implementaccedilatildeo segundo Gagneacute et al (2005 p 34) pode se referir a dois momentos -

a saber a execuccedilatildeo do curso em si ou seja quando o curso se inicia para o puacuteblico-alvo e o uso

do material em testes por exemplo durante a prototipaccedilatildeo raacutepida Ademais Gagneacute et al (2005 p

34) apontam 5 (cinco) princiacutepios que devem ser observados na etapa de Implementaccedilatildeo Esses

princiacutepios se referem agraves dimensotildees de 1) gestatildeo de sistemas de aprendizagem 2) orientaccedilatildeo ao

estudante 3) mudanccedila de gestatildeo 4) condiccedilotildees do contexto de aplicaccedilatildeo e 5) planos de manutenccedilatildeo

do curso

Esses princiacutepios ndash apresentados e discutidos no QUAD 42 ndash contribuem para uma melhor

compreensatildeo da fase de Implementaccedilatildeo e consequentemente para nossa proposta de trabalho

com Material Didaacutetico Virtual Livre dado que adotamos o modelo ADDIE como um dos modelos

de referecircncia para o seu processo de produccedilatildeo Ressaltamos que no QUAD 42 os princiacutepios

se encontram em forma de recomendaccedilotildees ao designer instrucional Em nosso estudo conforme

discutido anteriormente consideramos tais recomendaccedilotildees - as quais devem ser vistas como

62

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 42 Princiacutepios a serem considerados na etapa de Implementaccedilatildeo - modelo ADDIE

1 Desenvolva um sistema de gestatildeo de aprendizagem que seja ade-quado aos requisitos do contexto Esse sistema pode ser simples ndashcomo a utilizaccedilatildeo de um diaacuterio de classe ndash ou complexo como umsistema de informaccedilatildeo que contem registros dos requisitos e neces-sidades de cada estudante competecircncias especiacuteficas adquiridas emcada uma das etapas de aprendizagem concluiacutedas hora e data deconclusatildeo de eventos de aprendizagem e programaccedilatildeo para eventosfuturos

2 Providencie suporte e orientaccedilatildeo aos estudantes - Em muitas situa-ccedilotildees os estudantes natildeo tem ideia clara do que seraacute esperado delesdas atividades que vatildeo acontecer ou como devem se preparar parao curso

3 Planeje suporte - Inclua meios de treinar os instrutores e promoversuporte necessaacuterio para que eles sejam facilitadores efetivos Edi-toras de livros didaacuteticos geralmente fornecem manuais do professorEsses materiais no entanto devem eventualmente ser adaptados(ou materiais novos devem ser criados) de modo que correspondammelhor aos objetivos do curso

4 Faccedila planos relacionados ao contexto de aplicaccedilatildeo - Deve-se con-siderar os aspectos do contexto de aplicaccedilatildeo que poderatildeo afetar aimplementaccedilatildeo do curso incluindo requisitos tecnoloacutegicos suportelocal para ensino a distacircncia se for o caso horaacuterios adequados paraas aulas disponibilidade de instrutores e potenciais conflitos noshoraacuterios dos alunos

5 Faccedila planos de manutenccedilatildeo do curso ndash programe-se para vaacuterios tiposde avaliaccedilatildeo para o monitoramento do conteuacutedo do curso visando aprecisatildeo e os prazos Observe continuamente a relevacircncia do cursopara os objetivos e requisitos de aprendizagem da organizaccedilatildeo emque se aplica a instruccedilatildeo

Fonte adaptado de Gagneacute et al (2005 p 32)

63

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

sugestotildees e natildeo como regras - direcionadas ao professor de idiomas envolvido no processo de

produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Enfim em linhas gerais a etapa de avaliaccedilatildeo figura como a uacuteltima etapa do modelo ADDIE

Contudo conforme Gagneacute et al (2005 p 35) a avaliaccedilatildeo ocorre em todo o processo e focaliza

aleacutem dos alunos os elementos do curso ndash tal como o curriacuteculo e os materiais didaacuteticos envolvidos ndash

e o processo em si

413 Modelo de Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas

O Modelo de Operaccedilatildeo Global de Ensino de Liacutenguas (ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO

2002 ALMEIDA FILHO 2010) consiste em uma tentativa de compreensatildeo da constituiccedilatildeo e do funci-

onamento da grande e complexa operaccedilatildeo de ensino-aprendizagem de uma LE(ALMEIDA FILHO

2010 p 20) considerando-se para isso a anaacutelise do processo de ensinar outras liacutenguas Esse

processo conforme sugere o autor envolve 4 (quatro) dimensotildees ou fases distintas intrinsecamente

relacionadas umas com as outras e influenciadas por uma dada abordagem ou seja a abordagem

de ensinar do professor Satildeo elas

1 o planejamento das unidades de um curso

2 a produccedilatildeo de materiais didaacuteticos ou a seleccedilatildeo deles

3 as experiecircncias na com e sobre a liacutengua-alvo realizadas com osalunos principalmente dentro mas tambeacutem fora da sala de aula e

4 a avaliaccedilatildeo de rendimento dos alunos (mas tambeacutem a proacutepria autoa-valiaccedilatildeo do professor e avaliaccedilatildeo dos alunos eou externa do trabalhodo professor)

(ALMEIDA FILHO 2010 p 17)

Tomando por base sua proposta de representaccedilatildeo graacutefica simplificada do modelo - a qual

apresentamos por meio da FIG 43 - em um comentaacuterio a respeito da sua dinacircmica Almeida Filho

(1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010) observa que alteraccedilotildees em uma das fases pode

causar mudanccedilas nas demais em cadeia em forma de movimentos proativos e retroativos ou seja

respectivamente para frente - da esquerda para a direita - e para traacutes - da direita para a esquerda

Segundo o autor por exemplo em uma situaccedilatildeo nova de ensino - ou seja aquela que comeccedila com

grupos para os quais natildeo havia provisotildees anteriores de ensino na L-alvo(ALMEIDA FILHO 2010 p

18) ou com grupos em que se abandonou as provisotildees anteriores em prol de uma nova proposta

- as fases podem ser trabalhadas ordenadamente da esquerda para a direita De modo anaacutelogo

alteraccedilotildees podem ser iniciadas em qualquer fase em situaccedilotildees em que jaacute estaacute posto um dado

ensino Em ambos os casos conforme Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho

(2010 p 18) mudanccedilas equilibradoras ocorreratildeo nas outras fases por meio dos jaacute mencionados

efeitos proativos e retroativos A esse respeito Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida

Filho (2010 p 18) acrescenta que satildeo sempre comuns contradiccedilotildees e conflitos ainda que todo o

sistema da operaccedilatildeo global seja de tipo rsquoecoloacutegicorsquo harmonizador(ALMEIDA FILHO 2010 p 18)

64

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Figura 43 Modelo da Operaccedilatildeo Global do Ensino de LiacutenguasFonte adaptado de Almeida Filho (2010 p 22)

De um modo geral segundo Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010

p 18) quanto mais agrave direita ocorrer uma alteraccedilatildeo maior efeito retroativo potencial ela teraacute sobre

as outras fases ou dimensotildees Quanto mais agrave esquerda maior seraacute o potencial proativo Contudo

conforme lembra Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010 p 18) o ponto -

ou fase - em que a alteraccedilatildeo ocorre tambeacutem pode ser relevante Dessa forma natildeo eacute garantido que

mudanccedilas em fases mais agrave esquerda garantam alteraccedilotildees agrave frente com o mesmo vigor Isso quer

dizer por exemplo segundo o autor que um planejamento novo pode natildeo contar com alteraccedilotildees

- ou adaptaccedilotildees - agrave frente adequadas - tais como materiais procedimentos e avaliaccedilotildees Em

contrapartida a suacutebita inserccedilatildeo de um novo sistema de avaliaccedilatildeo - ou seja mudanccedila a direita -

causaraacute uma demanda mais intensa de ajuste agrave esquerda dado que de acordo com Almeida Filho

(1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010 p 19) avaliaccedilotildees tem um grande poder de

controle institucional

Conforme mencionado no iniacutecio desta seccedilatildeo e representado na FIG 43 para Almeida Filho

(1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010 p 17) as etapas ou dimensotildees do processo de

ensinar uma liacutengua satildeo influenciados pela Abordagem de Ensinar do Professor a qual para o autor

tambeacutem poderaacute sofrer mudanccedilas ou rupturas profundas no decorrer do processo mediante reflexatildeo

e estudo(ALMEIDA FILHO 2010 p 19) por parte do professor Essa abordagem para o autor

exerce uma forccedila potencial que orienta as decisotildees e accedilotildees do professor ao longo do tempo nesse

processo de ensinar normalmente materializado na forma de sessotildees ou aulas (ALMEIDA FILHO

2010 p 17) Cabe mencionar que para Almeida Filho (2010 p 17) uma abordagem equivale a

um conjunto de disposiccedilotildees conhecimentos crenccedilas pressupostos eeventualmente princiacutepios sobre o que eacute linguagem humana LE e o que eaprender e ensinar uma liacutengua alvo Como se trata de educaccedilatildeo em liacutenguaestrangeira principiada em contextos formais escolares frequentemente taisdisposiccedilotildees e conhecimentos precisam abranger tambeacutem as concepccedilotildeesde homem ou pessoa humana de sala de aula e dos papeacuteis representadosde professor e de aluno de uma nova liacutengua (ALMEIDA FILHO 2010 p 17)

65

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Figura 44 Modelo Ampliado da Operaccedilatildeo Global do Ensino de LiacutenguasFonte Almeida Filho (2010 p 22)

Para Almeida Filho (2010 p 20) as concepccedilotildees de linguagem de aprender e ensinar uma liacutengua

alvo presentes em sua concepccedilatildeo de Abordagem de Ensinar do Professor mantem-se com a

mateacuteria prima das competecircncias dos professores(ALMEIDA FILHO 2010 p 20) ou seja as

competecircncias impliacutecita aplicada e profissional A primeira diz respeito as intuiccedilotildees crenccedilas e

experiecircncias sobre o que eacute ensinar que o professor possui (ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA

FILHO 2002 ALMEIDA FILHO 2010 p 21) A segunda eacute aquela que capacita o professor a

ensinar de acordo com o que sabe conscientemente(ALMEIDA FILHO 2010 p 21) ou seja

permite-lhe explicar de modo plausiacutevel porque ensina como ensina e porque obteacutem os resultados

que obteacutem A terceira por sua vez consiste em reconhecer seus deveres potencial e importacircncia

social no exerciacutecio do magisteacuterio na aacuterea de ensino de liacutenguas(ALMEIDA FILHO 2010 p 21)

Aleacutem da Abordagem do Professor Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho

(2010 p 21) reconhece outras forccedilas atuantes na construccedilatildeo do processo de ensino-aprendiza gem

as quais conforme notamos na representaccedilatildeo graacutefica ampliada do Modelo de Operaccedilatildeo Global de

Ensino de Liacutenguas (FIG 44) pairam sobre essa abordagem em uma correlaccedilatildeo direta Satildeo elas

os filtros afetivos do professor e dos aprendizes que envolvem ansiedades bloqueios motivaccedilatildeo

pressotildees dos grupos cansaccedilo fiacutesico e oscilaccedilotildees eventuais a abordagem de aprender do aluno a

abordagem de ensino subjacente ao material didaacutetico adotado e os valores desejados por outros no

contexto escolar - tais como a instituiccedilatildeo o diretor os outros professores liacutederes mais velhos eou

com maior poder na instituiccedilatildeo (ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA FILHO

2010 p 21)

Almeida Filho (1996 p 1) aprofunda suas reflexotildees sobre o Modelo de Operaccedilatildeo Global de

Ensino de Liacutenguas abordando a questatildeo (ou etapa) do planejamento de cursos de idiomas o qual

para ele geralmente materializa-se em um documento escrito e expliacutecito O autor confere ao tema

dessa vez um ponto de vista mais operativo e menos descritivo se comparado com Almeida Filho

66

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

(1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010) - citados e discutidos neste capiacutetulo Trata-se o

planejamento para o autor de uma atividade fundamental no processo de ensino de uma liacutengua

especialmente em se tratando de contexto formal Segundo Almeida Filho (1996 p 2) de maneira

restrita o planejamento - o qual geralmente materializa-se em um documento escrito e expliacutecito -

consiste no

processo ordenado e mapeado de decisotildees sobre inserccedilotildees de conteuacutedolinguiacutestico (amostras da liacutengua-alvo explicaccedilotildees generalizaccedilotildees sobreaspectos sistematizaacuteveis dessas amostras e automatizaccedilotildees eventuais)do tipo de processo que seraacute engendrado no curso e da reflexatildeo sobreas decisotildees e resultados das experiecircncias miacutenimas na e sobre a liacutengua-alvo num curso de liacutengua apresentado em forma de unidades de ensino-aprendizagem

(ALMEIDA FILHO 1996 p 2)

O planejamento portanto conforme Almeida Filho (1996 p 1) envolve a previsatildeo de conteuacutedos e

amostras da natureza das experiecircncias com e na liacutengua alvo e em consonacircncia com Stenhouse

(1975) a reserva de procedimentos e momentos para a reflexatildeo sobre o proacuteprio planejamento sobre

materiais procedimentos de aula e de avaliaccedilatildeo jaacute implementados Para Almeida Filho (1996 p 1) -

em sintonia com a visatildeo de Gagneacute et al (2005) a respeito do modelo instrucional ADDIE apresentada

e discutida neste capiacutetulo - o planejamento consiste em uma atividade sensiacutevel ao contexto jaacute que

eacute precedido - no acircmbito da Operaccedilatildeo Global de Ensino de Liacutenguas - pelo reconhecimento - almenos

- dos dados principais do contexto mais amplo em que se insere a situaccedilatildeo de ensino

Em adiccedilatildeo essa atividade prevecirc a explicaccedilatildeo dos pressupostos sobre liacutengualinguagem humana

e sobre ensinar e aprender liacutenguas com os quais o planejador pretende trabalhar (ALMEIDA FILHO

1996 VIANA 1997 p 1 p 33) sendo as suas decisotildees orientadas por uma abordagem de ensinar

liacutenguas e tomadas no sentido de alcanccedilar os objetivos reconhecidos dos aprendizes (ALMEIDA

FILHO 1996 VIANA 1997 p 2 p 33) Conforme lembra Viana (1997 p 33) a descoberta do

perfil dos aprendizes - a qual de fato eacute considerada como essencial - eacute realizada geralmente por

meio do levantamento de dados contextuais focalizando necessidades interesses expectativas e

eventuais fantasias [sobre a liacutengua] dos aprendizes(VIANA 1997 p 33)

Almeida Filho (1996) representa essa concepccedilatildeo de planejamento tambeacutem em termos de accedilotildees

para o planejador Satildeo elas

bull Interpretaccedilatildeo do contexto e antecedentes

bull Justificativa para aprender a liacutengua alvo

bull Definiccedilatildeo dos interesses e necessidades

bull Especificaccedilatildeo de niacuteveis ou ciclos

bull Alinhamento dos materiais meacutetodos e avaliaccedilotildees

bull Definiccedilatildeo dos objetivos

bull Definiccedilatildeo das unidades

bull Avaliaccedilatildeo interna (do planejamento) e momento de reflexatildeo

67

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

(ALMEIDA FILHO 1996)

Compreendemos que Almeida Filho (1996) materializa a ideia de planejamento aplicando em

algumas momentos um vieacutes relativo agrave abordagem comunicativa ou seja o que podemos reconhecer

como dimensatildeo comunicativa Isso acontece por exemplo quando sugere que as categorias Recorte

Comunicativo e Funccedilotildees (comunicativas) sejam consideradas para a atividade de Especificaccedilatildeo

de Unidades (ALMEIDA FILHO 1996 p 11) Natildeo obstante consideramos que o seu conceito

de planejamento pode ser abstraiacutedo de modo que outras abordagens possam ser materializadas

conforme uma dada Abordagem de Ensinar - em consonacircncia com a concepccedilatildeo do Modelo Global

de Ensino de Liacutenguas Assim o tomamos em nosso debate e em nossa praacutetica de produccedilatildeo de

Material Didaacutetico Virtual Livre Com efeito lanccedilamos matildeo do arcabouccedilo teoacuterico relativo a esse

conceito com o cuidado de natildeo impor a visatildeo de que o planejamento deve ser feito necessariamente

pelo vieacutes da abordagem comunicativa

A partir da anaacutelise da concepccedilatildeo de planejamento (ALMEIDA FILHO 1996) consideramos

plausiacutevel dizer que o Modelo de Operaccedilatildeo Global de Ensino de Liacutenguas (ALMEIDA FILHO 1993

ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA FILHO 2010) - tal qual o modelo ADDIE (GAGNEacute et al 2005

ROTHWELL KAZANAS 2003 SEELS GLASGOW 1998 p 21 p 55 p 7) - pode ser considerado

como um modelo instrucional baseado na metodologia de resoluccedilatildeo de problemas de performance

humana (ROTHWELL KAZANAS 2003 p 35) sendo nesse caso dirigido a problemas de ordem

instrucional Essa constataccedilatildeo se justifica na medida em que - baseados na concepccedilatildeo de problemas

de performance humana apresentada por Rothwell e Kazanas (2003 p 35) discutida na seccedilatildeo

412 deste capiacutetulo - consideramos que o delineamento do perfil do contexto para o qual a instruccedilatildeo

seraacute projetada pode estabelecer uma discrepacircncia em relaccedilatildeo aos objetivos que seratildeo definidos

para uma dada situaccedilatildeo de ensino e aprendizagem de liacutenguas Em outras palavras constatamos

a possibilidade de estabelecimento de uma discrepacircncia - ou problema - entre um estado vigente

(estado de Condiccedilatildeo) - ou seja as competecircncias e saberes relacionados agrave liacutengua alvo vigentes - e um

estado ideal (estado de Criteacuterio) representado pelas competecircncias e saberes relacionados agrave liacutengua

alvo que se espera que os aprendizes alcancem com o apoio de um dado contexto instrucional

Em adiccedilatildeo percebemos que a concepccedilatildeo do Modelo de Operaccedilatildeo Global de Ensino de Liacutenguas

bem como da accedilatildeo de planejamento refletem as conclusotildees a que chegam Richards e Renandya

(2002 p 65) e Finney (2002 p 74) apoacutes estudo comparado entre modelos de planejamento de

curriacuteculo syllabus e materiais didaacuteticos no acircmbito do ensino e aprendizagem de liacutenguas Com efeito

segundo Richards e Renandya (2002 p 65)

os processos de desenvolvimento de curriacuteculo e de design de syllabus noacircmbito do ensino de liacutenguas geralmente envolvem a avaliaccedilatildeo das necessi-dades dos aprendizes em um dado programa de liacutengua o desenvolvimentode metas e objetivos o planejamento do syllabus a seleccedilatildeo de abordagensde ensino e de materiais didaacuteicos e a decisatildeo sobre procedimentos ecriteacuterios de avaliaccedilatildeo

(RICHARDS RENANDYA 2002 p 65)

Para Finney (2002 p 74) natildeo obstante a miriacuteade de modelos destacam-se como aspectos

centrais a anaacutelise de necessidades a ecircnfase no processo e no produto o foco no aprendiz e na

68

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

aprendizagem a avaliaccedilatildeo de cada estaacutegio e a necessidade de interaccedilatildeo e integraccedilatildeo entre os

diferentes aspectos do design e da implementaccedilatildeo de processos

Concluiacutemos os debates sobre o Modelo de Operaccedilatildeo Global de Ensino de Liacutenguas relacionando-

o - conforme Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010) - com as propostas de

Anthony (1963) e Richards e Rodgers (1982) as quais se referem agrave querela sobre a definiccedilatildeo dos

termos abordagem meacutetodo metodologia e teacutecnica estabelecida no campo da Linguiacutestica Aplicada

em especial no que se refere ao ensino de liacutenguas estrangeiras

Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010 p 20) reconhece que Anthony

(1963) se esforccedilou no sentido de esclarecer a confusatildeo terminoloacutegica ao apresentar em 1963 a

sua hoje claacutessica e pioneira(ALMEIDA FILHO 2010 p 20) hierarquia entre os termos abordagem

meacutetodo e teacutecnica De fato conforme Richards e Rodgers (1982 p 15) no modelo de Anthony abor-

dagem se refere ao niacutevel no qual hipoacuteteses e crenccedilas sobre o que eacute liacutengua e o que eacute aprendizagem

de liacutenguas satildeo especificadas meacutetodo eacute o niacutevel em que a teoria eacute colocada em praacutetica e em que

satildeo feitas escolhas sobre habilidades e conteuacutedos seratildeo trabalhados - bem como sobre a ordem de

apresentaccedilatildeo dos conteuacutedos Teacutecnica enfim consiste no niacutevel em que procedimentos de sala de

aula satildeo descritos (RICHARDS RODGERS 1982 p 15)

Richards e Rodgers (1982) por sua vez conforme Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002)

Almeida Filho (2010 p 19) retomam a questatildeo concebendo meacutetodometodologia no topo da hierar-

quia e subordinando a eles os conceitos de abordagem planejamento (design) 26 e procedimento

(teacutecnica) no mesmo niacutevel (ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA FILHO 2010

p 19) Com efeito Richards e Rodgers (1982 p 154) em oposiccedilatildeo agrave proposta terminoloacutegica

de Anthony (1963) preferem considerar meacutetodo como um termo geneacuterico para a especificaccedilatildeo e

interrelaccedilatildeo entre teoria e praacutetica(RICHARDS RODGERS 1982 p 154) e raciocinar em termos

de abordagem design e procedimentos Para os autores

() abordagem define as concepccedilotildees crenccedilas e teorias sobre a naturezada linguagem as quais operam como construto axiomaacutetico ou pontosde referecircncia e provem fundamento teoacuterico para o que os professoresde liacutenguas em uacuteltima anaacutelise fazem com os alunos em sala de aula() design especifica a relaccedilatildeo entre teorias sobre linguagem e sobreaprendizagem agrave forma e agrave funccedilatildeo das atividades e dos materiais no contextoinstrucional () o procedimento emfim compreende as teacutecnicas e praacuteticasde sala de aula as quais satildeo consequecircncias de determinados designs eabordagens

(RICHARDS RODGERS 1982 p 154)

Cabe lembrar que ao propor mudanccedilas no arcabouccedilo de Anthony (1963) Richards e Rodgers (1982)

tem como meta o estabelecimento de um quadro que possa ser utilizado para descrever avaliar e

comparar meacutetodos de ensino de liacutenguas (RICHARDS RODGERS 1982 p 164) frente agrave - entatildeo -

proliferaccedilatildeo de meacutetodos de ensino de liacutenguas (RICHARDS RODGERS 1982 p 153)

Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010) estabelece pelo menos trecircs

pontos de divergecircncia entre os trecircs arcabouccedilos teoacutericos O primeiro ponto consiste no fato de que

26Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010) prefere traduzir os termos design etechnique (RICHARDS RODGERS 1982) como planejamento e procedimento respectivamente

69

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

para Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010 p 20) Anthony (1963) e

Richards e Rodgers (1982) a rigor natildeo trabalham com um modelo teoacuterico articulado - tal qual o

Modelo de Operaccedilatildeo Global de Ensino de Liacutenguas - e sim com um arcabouccedilo fixo de posiccedilotildees

conceituais(ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA FILHO 2010 p 20) Ele

ressalta que Anthony (1963) e Richards e Rodgers (1982) natildeo prevem os movimentos proativo e

retroativo - ao contraacuterio do Modelo de Operaccedilatildeo Global de Ensino de Liacutenguas o qual conforme

discutido nesta seccedilatildeo prevecirc um movimento ordenado da esquerda para a direita (ou vice versa)

e de cima para baixo considerando-se a atuaccedilatildeo da abordagem dominante O segundo ponto diz

respeito ao fato de que Richards e Rodgers (1982) natildeo faz discriminaccedilatildeo entre planejamento de

cursos e sua materializaccedilatildeo em unidades de material didaacutetico na fase que chama de planejamento

Aleacutem disso o autor natildeo considera uma fase de avaliaccedilatildeo O terceiro e uacuteltimo ponto se refere a

constataccedilatildeo de que Anthony (1963) e Richards e Rodgers (1982) natildeo prevem a possiblidade de

ruptura na abordagem de ensinar do professor por meio de reflexatildeo sobre o processo de ensino e

aprendizagem

A esse respeito consideramos oportuno lembrar que cada um dos autores - a saber Anthony

(1963) Richards e Rodgers (1982) e Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho

(2010) - propotildeem seus respectivos quadros teoacutericos a partir de objetivos e contextos diferentes

Dessa forma associamos os modelos de Anthony (1963) Richards e Rodgers (1982) e Almeida Filho

(1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010) respectivamente a um contexto histoacuterico cuja

demanda estava em estabelecer os primeiros passos na sistematizaccedilatildeo dos conceitos relativos ao

ensino aprendizagem de liacutenguas considerando-se o campo da Linguiacutestica Aplicada 27 a proliferaccedilatildeo

de meacutetodos e agrave busca do meacutetodo ideal 28 e enfim a predominacircncia e a valorizaccedilatildeo da abordagem

comunicativa como referecircncia para o ensino de liacutenguas 29

414 Modelo de Elaboraccedilatildeo de Materiais Didaacuteticos de Ensino de Liacuten-

guas

Jolly e Bolitho (1998 p 90) apresentam e discutem o Modelo de Elaboraccedilatildeo de Materiais Didaacuteticos

Trata-se de um modelo instrucional cujo objetivo eacute de fato o de representar o processo de elaboraccedilatildeo

de materiais didaacuteticos para o contexto de ensino e aprendizagem de liacutenguas Ele eacute composto por

seis atividades nucleares representadas pela FIG 45 - a saber identificaccedilatildeo da demanda para

produccedilatildeo do material didaacutetico identificaccedilao da necessidade de investigaccedilatildeo teoacuterica efetivaccedilatildeo

contextual efetivaccedilatildeo pedagoacutegica produccedilatildeo uso e avaliaccedilatildeo - as quais encontram reflexo direto em

demandas locais advindas do contexto de ensino e aprendizagem de idiomas conforme argumentam

os autores

A demanda - problema ou necessidade relativa ao acircmbito do ensino e aprendizagem de liacutenguas

- pode ser exemplificada conforme Jolly e Bolitho (1998 p 90) pela constataccedilatildeo de que o livro

27O debate sobre a situaccedilatildeo da Linguiacutestica Aplicada no seacuteculo XX pode ser vista em Richards e Rodgers(1982 p 14)

28De acordo com Richards e Rodgers (1982 p 1)29Conforme Richards e Renandya (2002 p 65) existe uma predominacircncia da abordagem comunicativa na

deacutecada de 1980

70

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Figura 45 Modelo de Elaboraccedilatildeo de Materiais Didaacuteticos de Ensino de LiacutenguasFonte adaptado de Jolly e Bolitho (1998 p 98)

didaacutetico em uso - considerando-se um determinado grupo - natildeo apresenta textos autecircnticos ou

atividades especiacuteficas tais quais atividades de leitura e produccedilatildeo escrita Uma vez constatada

a demanda por esses tipos de textos e atividades - as quais o livro didaacutetico natildeo contempla - o

professor se encontra perante a tarefa de elaborar materiais didaacuteticos de modo a supri-la Estaacute

posta desse modo a fase de identificaccedilatildeo de demanda para produccedilatildeo de material didaacutetico (JOLLY

BOLITHO 1998 p 90)

Apoacutes identificar a demanda o professor poderaacute se deparar com conteuacutedos (significados funccedilotildees

habilidades etc) que natildeo domina ou que precisam ser revistos Jolly e Bolitho (1998 p 91) trazem

como exemplo as noccedilotildees sobre o uso de palavras da liacutengua inglesa - tais como nought nil nothing

zero o - cujo uso pode causar duacutevidas para os aprendizes dessa liacutengua De fato ao perceber que

precisa rever os toacutepicos em termos teoacuterico o professor estaacute no acircmbito da fase de identificaccedilatildeo da

necessidade de investigaccedilatildeo teoacuterica segundo Jolly e Bolitho (1998 p 91)

A efetivaccedilatildeo contextual dos novos materiais propostos estaacute relacionada agrave busca de ideias con-

textos e textos apropriados a uma determinada turma Dessa forma conforme Jolly e Bolitho (1998

p 92) poderaacute haver um problema de efetivaccedilatildeo contextual caso sejam utilizadas atividades que

apresentem temas discrepantes com a realidade local como por exemplo o debate sobre problemas

relativos agrave neve ou agraves manhatildes geladas em atividades dirigidas a paiacuteses tropicais (JOLLY BOLITHO

1998 p 92) Encontramos consonacircncia com o ponto de vista dos autores nas recomendaccedilotildees

e consideraccedilotildees culturais dirigidas aos professores de liacutengua inglesa de Alberta Canadaacute Com

efeito ALBERTA EDUCATION (2007 p 35) recomenda que os professores aprendam sobre o

conhecimento cultural e linguiacutestico preacutevio dos alunos estrangeiros com os quais vatildeo trabalhar que

tenham sensibilidade poliacutetica com relaccedilatildeo a esse puacuteblico - dada a possibilidade de surgimento

de conflitos poliacuteticos pregressos ao se tocarem em determinados assuntos e que evitem visotildees

esteriotipadas sobre a sua cultura de origem

Concordamos com os autores quando chamam a atenccedilatildeo para a adequaccedilatildeo entre os temas

propostos e os contextos locais dos aprendizes Entretanto consideramos plausiacutevel tambeacutem

71

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 43 Quadro comparativo entre os modelos ADDIE Operaccedilatildeo Global de Ensino deLiacutenguas e Quadro de Elaboraccedilatildeo de Material Didaacutetico para o Ensino de Liacutenguas

ADDIE (GAGNE et al

2005 ROTHWELL e KA-

ZANAS 2003 SEELS e

GLASGOW 1998)

OPERACcedilAtildeO GLO-BAL DE ENSINODE LIacuteNGUAS(ALMEIDA FILHO (1993

2002 2010)

QUADRO DEELABORACcedilAtildeODE MATERIALDIDAacuteTICO PARAO ENSINO DELIacuteNGUAS (JOLLY e

BOLITHO 1998)

CONTEXTO INS-TRUCIONAL

Geral Ensino de liacutenguas Ensino de liacutenguas

PERSPECTIVAPREDOMI-NANTE

Teoacuterico-operativa Descritiva Teoacuterico-operativa

PRODUTO OUFOCO PRINCI-PAL

Percurso de en-sino e aprendiza-gem

Percurso de en-sino e aprendiza-gem

Material didaacutetico

BASE METODO-LOacuteGICA OPE-RACIONAL

Resoluccedilatildeo de pro-blemas instrucio-nais e sensibili-dade ao contexto

Resoluccedilatildeo de pro-blemas instrucio-nais e sensibili-dade ao contexto

Resoluccedilatildeo de pro-blemas instrucio-nais e sensibili-dade ao contexto

DINAcircMICA Ordem de fasespre-estabelecidamas o processopode inciar emqualquer umade acordo com ademanda

Ordem de fasespre-estabelecidaMovimentaccedilatildeoproativa e retro-ativa Modeloharmonizador ouecoloacutegico

Ordem de fasespre-estabelecidamas o processopode inciar emqualquer umade acordo com ademanda

72

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

momentos em que satildeo explorados em sala de aula temas relativos agrave cultura alvo que podem natildeo

corresponder agrave cultura local dos aprendizes dada a relevacircncia da compreensatildeo dessa cultura alvo

em se tratando de aprendizagem de uma liacutengua estrangeira a ela associada Compreendemos que

caberaacute ao professor a sensibilidade para abordaacute-los - e quando necessaacuterio elaborar os materiais

didaacuteticos correspondentes - sem perder de vista a noccedilatildeo de efetivaccedilatildeo contextual

Compotildeem ainda o modelo descrito e debatido em Jolly e Bolitho (1998 p 90) a efetivaccedilatildeo

pedagoacutegica a produccedilatildeo fiacutesica do material didaacutetico o seu uso e avaliaccedilatildeo

A efetivaccedilatildeo pedagoacutegica do material didaacutetico diz respeito agrave busca por atividades e agrave elaboraccedilatildeo

apropriadas Dessa forma uma efetivaccedilatildeo pedagoacutegica falha pode ser constatada por exemplo

conforme Jolly e Bolitho (1998 p 93) quando se percebe que o material didaacutetico natildeo estaacute claro o

suficiente a ponto de levar o aluno ao erro ou ao fracasso na realizaccedilatildeo da atividade Os autores

lembram que a escrita eficiente das instruccedilotildees das atividades propostas tem papel decisivo na

efetivaccedilatildeo pedagoacutegica (JOLLY BOLITHO 1998 p 93)

A preocupaccedilatildeo com a produccedilatildeo fiacutesica do material didaacutetico envolve consideraccedilotildees sobre o seu

layout Jolly e Bolitho (1998 p 95) lembram que aparecircncia fiacutesica do material estaacute relacionada agrave sua

efetividade e agrave motivaccedilatildeo dos aprendizes Os autores citam como exemplo de falha relativa a esse

aspecto a confusatildeo provocada por imagens de qualidade ruim e a desmotivaccedilatildeo advinda de uma

maacute organizaccedilatildeo dos espaccedilos entre os elementos de uma paacutegina de um livro didaacutetico

Enfim Jolly e Bolitho (1998 p 96) lembram que o uso eacute uma oportunidade para equacionar o

material didaacutetico com as necessidades que motivaram a sua produccedilatildeo criando contexto propiacutecio

para sua avaliaccedilatildeo Essa avaliaccedilatildeo de fato em linhas gerais consiste para Jolly e Bolitho (1998

p 95) na tentativa de constatar se o material corresponde agraves demandas locais - ou se deve ser

descartado ou adaptado Ademais para os autores a avaliaccedilatildeo pode ser vista como elementos

motivador da dinamicidade do processo de elaboraccedilatildeo de materiais didaacuteticos dado que impulsiona

a revisitaccedilatildeo das outras atividades - a dinacircmica do processo estaacute representada na FIG 45 pelas

setas Para Jolly e Bolitho (1998 p 96) o processo de elaboraccedilatildeo de materiais didaacuteticos eacute dinacircmico

e autoajustaacutevel

Concluiacutemos esta subseccedilatildeo apresentando um quadro comparativo (QUAD 43)que relaciona os

trecircs modelos descritos e analisados neste capiacutetulo - os quais conforme mencionado tomamos como

referecircncia para a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em nossa pesquisa de doutoramento e

em nossa praacutetica Satildeo eles o modelo ADDIE (GAGNEacute et al 2005 ROTHWELL KAZANAS 2003

SEELS GLASGOW 1998 p 21 p 55 p 7 ) o modelo da Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas

(ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA FILHO 2010 p 18) e o Quadro para

Escrita de Material Didaacutetico de Liacutenguas (JOLLY BOLITHO 1998 p 90) O quadro comparativo

(QUAD 43) traz as caracteriacutesticas dos modelos que consideramos baacutesicas

73

A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre

42 A busca por insumos livres beneficiando-se da Cul-

tura Livre

Nesta seccedilatildeo apresentamos a teacutecnica por meio da qual o professor-autor de Materiais Didaacuteticos

Virtuais Livres poderaacute obter insumos livres (textos sons imagem etc) Ela foi experimentada

em todos os contextos de produccedilatildeo de materiais didaacuteticos dessa natureza no decorrer de nossa

pesquisa

Conforme discutido no capiacutetulo 1 desta tese uma das caracteriacutesticas do Material Didaacutetico Virtual

Livre que do nosso ponto de vista permite-nos atribuir-lhe especificidade ndash em relaccedilatildeo aos demais

tipos de materiais didaacuteticos ndash e classificaacute-lo como livre consiste na utilizaccedilatildeo de insumos livres

em sua composiccedilatildeo ou seja insumos registrados sob uma Licenccedila Livre tal qual definido pela

Freedomdefined (sd)

Adotamos a proposta da organizaccedilatildeo natildeo governamental Creative Commons como referecircncia

para nossos trabalhos Essa organizaccedilatildeo propotildee - como debatido no capiacutetulo 1 desta tese - um

conjunto de 6 (seis) licenccedilas flexiacuteveis (QUAD 13) cuja funccedilatildeo eacute identificar e descrever as permissotildees

de utilizaccedilatildeo que os autoresartistas desejam atribuir aos seus respectivos trabalhos

Cabe lembrar que consideramos em conformidade com Faria (2011 p 26) - que nem to-

das as licenccedilas do conjunto Creative Commons podem ser classificadas como Licenccedilas Livres

(FREEDOMDEFINED sd) De fato a presenccedila dos atributos Uso natildeo comerciale Natildeo a obras

derivadassubtraem esse status Consequentemente consideramos que a utilizaccedilatildeo de insumos

com licenccedilas flexiacuteveis que apresentam um desses atributos conferem ao material didaacutetico virtual a

condiccedilatildeo de Livre com Algumas Restriccedilotildees 30

Em termos praacuteticos insumos com licenccedilas Creative Commons podem ser obtidos na Internet

(websites foacuteruns blogs redes sociais etc) Ademais esse insumo pode ser encontrado e even-

tualmente classificado em websites ou repositoacuterios especiacuteficos tais como o Jamendo (sd) 31 e

o Flickr (sd) respectivamente especializados em muacutesica e imagens Caberaacute ao professor que

pretende elaborar materiais didaacuteticos virtuais livres acessar tais espaccedilos virtuais identificar o tipo de

licenccedila atribuiacuteda ao insumo e avaliar se a licenccedila poderaacute ser utilizada em seu material didaacutetico de

modo a caracterizaacute-lo como Livre ou como Livre com Algumas Restriccedilotildees respeitando as liberdades

atribuiacutedas pelos autores dos insumos

O processo de localizaccedilatildeo de insumos livres pode ser otimizado por meio da utilizaccedilatildeo de

mecanismos de busca especiacuteficos ndash como o mecanismo de busca interno do jaacute citado Flickr filtros de

busca especializados disponibilizados em motores de busca convencionais ndash como o motor de busca

do SPINXPRESS (sd) 32 ou ainda pela utilizaccedilatildeo de programas especiacuteficos de compartilhamento

de arquivos ndash como o programa SPINXPRESS (sd) 33

A FIG 46 apresenta uma ferramenta disponibilizada na paacutegina da organizaccedilatildeo natildeo governa-

mental Creative Commons que auxilia o usuaacuterio a localizar insumos licenciados por meio do seu

30A relaccedilatildeo entre Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres com AlgumasRestriccedilotildees e suas respectivas licenccedilas pode ser vista no capiacutetulo 1 e estaacute mapeado no QUAD 14

31httpwwwjamendocom32httpwwwgooglecombr33httpwwwspinxpresscom

74

A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre

Figura 46 Ferramenta de busca do Creative Commons - tela principalFonte adaptado de CREATIVE COMMONS (sd)

conjunto de licenccedilas a partir de palavras chave Ele solicita a indicaccedilatildeo do repositoacuterio ndash para o qual

apontaraacute a pesquisa ndash e permite que esse usuaacuterio especifique as caracteriacutesticas da licenccedila desejada

Ademais o usuaacuterio poderaacute indicar se deseja encontrar insumos cujos autores permitem o uso para

fins comerciais eou modificaccedilatildeo adaptaccedilatildeo ou uso em outras obras

De fato o usuaacuterio poderaacute buscar insumos por exemplo relacionados ao Palio di Siena ou agrave

Divina Commedia Para tanto ele poderaacute utilizar as expressatildeo Palio di Siena ou Divina Commedia

indicando que deseja apontar sua busca para o repositoacuterio Jamendo Ao escolher esse repositoacuterio

ele tem consciecircncia de que encontraraacute em caso de busca bem sucedida muacutesicas ou viacutedeos

relacionados agraves expressotildees indicadas dado que o Jamendo eacute um repositoacuterio especializado nesse

tipo de insumo A busca poderaacute ser ainda mais especiacutefica se o usuaacuterio por exemplo marcar a opccedilatildeo

de filtragem ldquomodificar adaptar ou usar noutras obrasrdquo referente ao insumo

Ressaltamos que a utilizaccedilatildeo dessa ferramenta natildeo isenta o usuaacuterio da tarefa de observar se os

insumos encontrados estatildeo realmente licenciados de acordo as especificaccedilotildees da busca Segundo

CREATIVE COMMONS BRASIL (sd)

Note por favor que a searchcreativecommonsorg natildeo eacute um motor depesquisa Pelo contraacuterio oferece uma forma conveniente de acesso aserviccedilos de pesquisa disponibilizados por outras entidades independentesA CC natildeo tem qualquer controle sobre os resultados Natildeo assuma queos resultados apresentados pela pesquisa neste portal foram licenciadoscom uma licenccedila CC Deve verificar sempre que a obra estaacute efectivamentelicenciada com uma licenccedila CC seguindo o respectivo link Dado que parautilizar uma licenccedila CC natildeo eacute necessaacuterio qualquer registo a CC natildeo dispotildeede nenhuma forma de determinar o que foi ou natildeo foi disponibilizado nostermos de uma licenccedila CC Se tiver qualquer duacutevida a este respeito devecontactar directamente o detentor dos direitos de autor ou tentar contactar

75

A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre

Figura 47 Documentaccedilatildeo de insumos identificaccedilatildeo da licenccedila de uma imagemFonte adaptado de Flickr (sd)

o site onde encontrou o conteuacutedo (CREATIVE COMMONS BRASIL sd)

Tomamos essa ressalva como recomendaccedilatildeo geral para o processo de produccedilatildeo de Material

Didaacutetico Virtual Livre Recomendamos essa avaliaccedilatildeo ad hoc por parte do professor-autor mesmo

que se trate de uma pesquisa feita por intermediaccedilatildeo de qualquer outro canal Deve-se ter consci-

ecircncia de que nesse caso natildeo estaacute em jogo apenas a questatildeo da postura eacutetica profissional mas

tambeacutem a possibilidade de puniccedilatildeo legal pelo uso indevido de insumos cujas liberdades de utilizaccedilatildeo

foram estabelecidas por licenccedilas Creative Commons Vale lembrar que conforme Gabriel (2013

p 49) e CREATIVE COMMONS BRASIL (sd) essas licenccedilas jaacute foram traduzidas e adaptadas agrave

legislaccedilatildeo de vaacuterios paiacuteses - dentre os quais o Brasil - e que o seu uso indevido pode ser julgado

como violaccedilatildeo de direitos autorais

Recomendamos que o professor-autor de Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres - ou Livres com

Restriccedilotildees - lance matildeo de registros pessoais datados - aleacutem da disponibilizaccedilatildeo da fonte de

dados no proacuteprio material didaacutetico com as condiccedilotildees originais de licenciamento dos trabalhos

subjacentes como discutido no capiacutetulo 1 e citado na Tabela 15 desta tese - por meio dos quais

poderaacute comprovar as liberdades estabelecidas para os insumos utilizados em suas sequencias

didaacuteticas livres resguardando-se legalmente Essa documentaccedilatildeo pode ser feita por exemplo por

meio da captaccedilatildeo de imagens em que apareccedilam o conteuacutedo e a respectiva licenccedila A FIG 47

apresenta uma tela em que constam os dados de licenciamento de uma imagem A letra (A) na FIG

47 indica a licenccedila atribuiacuteda agrave imagem Nesse caso trata-se de uma licenccedila Creative Commons ndash

Atribuiccedilatildeo natildeo comercial - Compartilha igual

Nas seccedilotildees subsequentes apresentamos alguns exemplos reais de buscas de insumos livres

Natildeo eacute nossa intenccedilatildeo apresentar todos os recursos e repositoacuterios especializados em conteuacutedo com

76

A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre

Figura 48 Flikr - Tela de busca manual de imagens com licenccedilas Creative CommonsFonte adaptado de Flickr (sd)

licenccedila Creative Commmons mas sim ilustrar melhor algumas possibilidades de busca Trazemos

como exemplos buscas realizadas a partir de temas aleatoacuterios da cultura italiana utilizando os

repositoacuterios Flickr e Jamendo bem como o filtro do motor de busca do Google e o programa de

compartilhamento especializado Spinxpress

421 Busca de insumos livres com o Flickr imagens

O Flickr eacute um site de gerenciamento e compartilhamento de imagens que oferece a possibilidade de

armazenar e buscar imagens com licenccedila Creative Commons configurando-se dessa forma como

um repositoacuterio de imagens com licenccedilas flexiacuteveis

A partir do site eacute possiacutevel empreender buscas manuais e mecacircnicas As buscas manuais

ou seja sem o auxiacutelio de mecanismos de busca podem ser feitas pela paacutegina intitulada Explo-

rarCreative Commons(FIG 48) cujo acesso se daacute pelo item Explorardo seu menu principal

do Flickr O usuaacuterio ao abrir a paacutegina poderaacute manualmente explorar as imagens as quais se

apresentam organizadas de acordo com os 6 (seis) tipos de licenccedilas propostas pela organizaccedilatildeo

natildeo governamental Creative Commons A FIG 48 apresenta 2 (duas) das 6 (seis) categorias ndash a

saber as categorias Atribuiccedilatildeoe Atribuiccedilatildeo - natildeo a obras derivadas

As buscas automaacuteticas por sua vez podem ser empreendidas com o motor de busca interno

disponibilizado na mesma paacutegina ExplorarCreative Commons A FIG 49 mostra as primeiras 28

(vinte e oito) fotos de um total de 4829 (quatro mil oitocentos e vinte e nove) referenciadas pelo

termo chiesa cujas liberdades estatildeo representadas pela licenccedila Creative Commons ndash Atribuiccedilatildeo

A partir das paacuteginas de resultados o usuaacuterio poderaacute selecionar a imagem desejada clicando

sobre ela e em seguida proceder com a confirmaccedilatildeo do tipo de licenccedila Selecionamos como

exemplo a imagem de uma igreja do povoado de Cittagrave Nova em Moacutedena Itaacutelia (FIG 410)

77

A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre

Figura 49 Flickr resultado de busca de imagens Creative Commons ndash Atribuiccedilatildeo com otermo chiesa

Fonte adaptado de Flickr (sd)

Identificamos ao acessar a imagem que a foto eacute de autoria de Roberto Ferrari e que ela foi tirada

no dia 4 de junho de 2006 (FIG 410 - A) com uma maacutequina fotograacutefica modelo Canon PowerShot

G6 (FIG 410 - A) Confirmamos ainda que o autor da foto atribuiu uma licenccedila Creative Commons

ndash Atribuiccedilatildeo-CompartilhaIgual (FIG 410 - B)

Essa licenccedila permite que a foto seja reproduzida distribuiacuteda e adaptada mesmo que para

fins comerciais desde que a autoria da foto seja mencionada nos trabalhos derivados e que tais

trabalhos sejam licenciados com a mesma licenccedila da foto

422 Busca de insumos livres com o SpinXpress miacutedias em geral

O Spinxpress consiste em um projeto que viabiliza a elaboraccedilatildeo de trabalhos envolvendo miacutedias

Ele tem como meta a disponibilizaccedilatildeo de ferramentas para busca e compartilhamento de miacutedias

de qualquer tamanho tipo ou licenccedilas incluindo o conjunto de licenccedilas Creative Commons A

procura por miacutedias livres pode ser feita no proacuteprio site do projeto com o auxilio de um mecanismo de

busca intitulado Get Media ou por meio de um programa de compartilhamento de arquivos instalado

localmente O mecanismo de busca online (FIG 411) permite que o usuaacuterio escolha o tema o

tipo de licenccedila e de miacutedia desejados bem como a fonte de pesquisa De fato aleacutem de cobrir o

proacuteprio repositoacuterio o mecanismo de busca varre tambeacutem repositoacuterios e paacuteginas externas Conforme

declarado no proacuteprio site o Get Media busca em

1 Repositoacuterios - tais como o The Internet Archive 34 o Flickr e o bliptv35

34httparchiveorgindexphp35httpwwwbliptv

78

A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre

Figura 410 Flickr resultado de busca de imagens Creative Commons ndash Atribuiccedilatildeo com otermo chiesa uma igreja em Citta Nova Moacutedena Itaacutelia

Fonte adaptado de Flickr (sd)

2 Bancos de dados armazenados e atualizados constantemente peloSPINXPRESS (sd) e pelo Magnatune (sd) 36 e

3 Feeds RSS incluindo o ccMixter CCHits e o Freelog

(SPINXPRESS sd)

O programa de compartilhamento de arquivos do SpinXpress - cujo download pode ser feito no

site do projeto - permite que o usuaacuterio distribua e procure miacutedias com licenccedila Creative Commons

A FIG 412 mostra os resultados de uma busca que realizamos com a expressatildeo italiana musica

leggera Cabe mencionar que a versatildeo do programa de compartilhamento do SpinXpress que

utilizamos nesta busca natildeo oferece a possibilidade de filtragem pelo tipo de licenccedila Entre os

programas e aplicativos estudados e utilizados em nossa pesquisa percebemos que esse foi o

menos eficiente em termos de localizaccedilatildeo de insumos livres De fato a expressatildeo musica leggera

apresentou-nos apenas 4 (quatro) arquivos como resultado (FIG 412 - A) sendo esses registrados

com a licenccedilas Creative Commons - Atribuiccedilatildeo - Uso natildeo comercial - ou seja como discutido no

capiacutetulo 1 desta tese uma licenccedila que apesar de flexiacutevel seraacute considerada natildeo livre

As informaccedilotildees sobre os arquivos encontrados podem ser vistas ao se posicionar sobre eles

o ponteiro do mouse Como indicado na FIG 412 ao fazecirc-lo apareceraacute um quadro (FIG 412 -

B) com as informaccedilotildees Trata-se conforme mencionamos de um arquivo de muacutesica cuja licenccedila

permite a sua reproduccedilatildeo distribuiccedilatildeo e adaptaccedilatildeo desde que natildeo seja para fins comerciais e que

a sua autoria seja declarada nos trabalhos derivados Vale lembrar que a utilizaccedilatildeo desse insumo -

consideramos - atribui o status de Livre com Restriccedilotildees ao material didaacutetico virtual dada a presenccedila

do atributo Uso natildeo comercialem seu licenciamento

36httpmagnatunecom

79

A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre

Figura 411 Tela do mecanismo de busca online do SpinXpressFonte adaptado de SPINXPRESS (sd)

Figura 412 SpinXpress resultado de busca de miacutedias com o termo musica leggeraFonte adaptado de SPINXPRESS (sd)

80

A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre

423 Busca de Insumos Livres com o Jamendo muacutesicas

O Jamendo eacute um site de distribuiccedilatildeo de muacutesicas livres sediado em Luxemburgo Trata-se - de acordo

com Wikipedia por meio da entrada Jamendo - em linhas gerais de um repositoacuterio de muacutesicas

que conta com 25 empregados e que pode ser considerado um dos principais protagonistas no

movimento da muacutesica livre na Franccedila(JAMENDO sd)

O seu modelo de negoacutecio - segundo JAMENDO (sd) - visa tanto o financiamento proacuteprio quanto

dos artistas Ele envolve 3 (trecircs) canais ou formas de obtenccedilatildeo de receita publicidade recebimento

de doaccedilotildees dos usuaacuterios do site e contratos comerciais pelo Jamendo PRO A renda com publicidade

eacute dividida em 50 entre o site e os artistas sendo que cada um dos artistas recebe de acordo com

a quantidade de visualizaccedilotildees de suas muacutesicas em relaccedilatildeo aos demais As doaccedilotildees satildeo recebidas

inteiramente pelos artistas subtraiacuteda de uma pequena porcentagem para o site O Jamendo PRO

enfim consiste em uma loja de compra de licenccedilas para uso comercial As muacutesicas adquiridas

pelo Jamendo PRO seratildeo utilizadas por exemplo em ambientes de aeroportos restaurantes

supermercados filmes ou documentaacuterios (JAMENDO sd) Conforme lembra JAMENDO (sd) os

canais France 2 (FRANCE 2 - TV sd) 37 e Arte (ARTE - TV sd) 38 utilizam com regularidade as

obras do Jamendo PRO

Vale mencionar que os usuaacuterios podem ouvir o seu conteuacutedo no proacuteprio site ou ainda baixaacute-lo

Aleacutem de muacutesicas o Jamendo disponibiliza uma radio online por meio de streaming

As buscas de insumos no Jamendo ndash tal qual no Flikr ndash podem ser feitas manualmente ou com

a ajuda de um mecanismo de busca disponiacutevel em uma de suas paacuteginas O usuaacuterio - conforme

observa a Wikipedia ainda por meio da entrada Jamendo - em sua busca manual pode encontrar

muacutesicas e aacutelbuns utilizando-se de tags correspondentes ao estilo musical - jazz rock pop reggae

- de sua preferecircncia A FIG 413 apresenta o mecanismo de busca avanccedilada do Jamendo Ele

permite que o usuaacuterio faccedila a filtragem da busca especificando o paiacutes de origem (FIG 413 - A) a

liacutengua (FIG 413 - B) e o tipo de licenccedila (FIG413 - C) desejados

Empreendemos uma busca no Jamendo utilizando a tag pop e especificando o paiacutes e a liacutengua

desejada ndash Itaacutelia e italiano respectivamente Procuramos por muacutesicas com atribuiccedilatildeo Creative

Commons - Atribuiccedilatildeo - compartilha igual A FIG 414 apresenta um dos resultados encontrados

Trata-se da canccedilatildeo intitulada Sogno de Andrea Pardi Giuggie Alberto Bruzzese

Confirmamos ndash por meio de uma anaacutelise ad hoc ndash o tipo de licenccedila atribuiacuteda agrave canccedilatildeo (FIG 414

- A) Trata-se de fato da licenccedila Creative Commons - Atribuiccedilatildeo - compartilha igual A reproduccedilatildeo

distribuiccedilatildeo e adaptaccedilatildeo da muacutesica Sogno estatildeo permitidas inclusive para fins comerciais desde

que as obras derivadas mencionem a sua autoria e que a licenccedila seja perpetuada

37France 2 eacute o principal canal de televisatildeo puacuteblico francecircs e o segundo mais visto na Franccedila(FRANCE 2sd)

38Arte - Association Relative agrave la Teacuteleacutevision Europeacuteenne Trata-se de uma rede de televisatildeo franco-alematildeque procura promover uma programaccedilatildeo de qualidade no que se refere ao mundo das artes e da cultura Suasede se localiza em Estrasburgo (Franccedila) com filial em Baden-Baden (Alemanha)(ARTE sd)

81

A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre

Figura 413 Tela de busca avanccedilada do JamendoFonte adaptado de Jamendo (sd)

Figura 414 Resultados de busca no Jamendo a canccedilatildeo Sogno e sua licenccedilaFonte adaptado de Jamendo (sd)

82

A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre

Figura 415 Motor de busca Google - tela da filtragem avanccediladaFonte adaptado de Google (sd)

424 Busca de Insumos livres utilizando o Google arquivos e paacutegi-

nas da web em geral

O motor de busca da empresa Google apresenta diversas opccedilotildees de filtragem para suas pesquisas

Em sua busca avanccedilada o usuaacuterio poderaacute especificar a maneira como a expressatildeo deveraacute ser

procurada ndash por exemplo pela palavra exata por todas as palavras ou excluindo todas as expressotildees

ndash restringir a busca pelo idioma pela regiatildeo pela uacuteltima atualizaccedilatildeo pelo site ou domiacutenio ou ainda

pelos direitos de uso do item procurado ndash entre outras A opccedilatildeo Direitos de Uso oferece as 6 (seis)

possibilidades de licenccedilas Creative Commons A FIG 415 apresenta parte da tela do filtro avanccedilado

Em (A) podemos ver a opccedilatildeo Direitos de Uso a qual nos interessa especialmente na busca por

insumos com licenccedilas flexiacuteveis ou dentre elas com licenccedilas livres

Apresentamos como exemplo o resultado de uma busca em que utilizamos a palavra italiana

quotidiano Lanccedilamos matildeo da opccedilatildeo de filtragem intitulada Direitos de Uso restringindo a busca a

sites cujo conteuacutedo apresentasse itens livres para uso modificaccedilatildeo e compartilhamento inclusive

para fins comerciais Para isso escolhemos a opccedilatildeo Sem restriccedilotildees de uso ou compartilhamento

mesmo comercialmente no menu de opccedilotildees Parte dos resultados da busca pode ser vista na FIG

416 a qual apresenta as 4 (quatro) primeiras paacuteginas de um total de 132000 (cento e trinta e duas

mil)

Acessamos um dos links indicados e encontramos o site intitulado Radio Frequenza Appenino

Trata-se em linhas gerais de um projeto que visa dar voz aos jovens dos povoados da regiatildeo dos

Alpes Bolonheses (RFA sd) na Itaacutelia A proposta eacute que por meio da utilizaccedilatildeo de canais de

comunicaccedilatildeoinformaccedilatildeo e de uma postura de jornalismo participativo esses jovens desenvolvam

noccedilotildees de cidadania discutindo sobre temaacuteticas ligadas agrave imigraccedilatildeo agrave intercultura e ao encontro de

geraccedilotildees entre outros temas

O site da RFA - Radio Frequenza Appenino - disponibiliza uma seacuterie de programas de raacutedio e TV

em liacutengua italiana por meio de canais Livestream A FIG 417 apresenta um desses canais Ele

permite que os internautas vejam a transmissatildeo (FIG 417 - A) e interajam com os apresentadores -

83

Atribuiccedilatildeo de liberdades ao material didaacutetico virtual promovendo a cultura livre

Figura 416 Exemplo de resultado de busca por licenccedila - motor de busca Googlequotidiano

Fonte adaptado de Google (sd)

bem como com outros internautas - por meio de um chat (FIG 417 - B)

Confirmamos (FIG 417 - C) que todo o conteuacutedo disponibilizado no site da RFA - Radio

Frequenza Appenino - poderaacute ser reproduzido distribuiacutedo e adaptado inclusive para fins comerciais

desde que nos trabalhos derivados seja feita atribuiccedilatildeo aos seus autores

43 Atribuiccedilatildeo de liberdades ao material didaacutetico virtual

promovendo a cultura livre

Nesta seccedilatildeo discutimos o terceiro e uacuteltimo aspecto relativo agrave metodologia de produccedilatildeo de material

didaacutetico de natureza virtual livre conforme haviamos anunciado Trazemos para debate as teacutecnicas

adotadas para a realizaccedilatildeo do licenciamento desse tipo de material didaacutetico

Em termos operativos licenciar o material didaacutetico virtual como Livre significa atribuir-lhe uma

licenccedila livre ou seja em nossa proposta uma das 6 (seis) licenccedilas Creative Commons que natildeo

contenham os atributos Uso natildeo Comerciale Natildeo a obras derivadas De fato conforme discutido

no capiacutetulo 1 desta tese consideramos que a presenccedila de insumos licenciados com esses dois

atributos confere-lhe o status de Livre com Algumas Restriccedilotildees Em ambos os casos - a saber Livre

ou Livre com Restriccedilotildees - a atribuiccedilatildeo de licenccedilas envolve em linhas gerais

1 a anaacutelise da Sequecircncia Didaacutetica a ser licenciada

2 a anaacutelise e a escolha da licenccedila flexiacutevel adequada

3 e a aplicaccedilatildeo da licenccedila agrave Sequecircncia Didaacutetica

84

Atribuiccedilatildeo de liberdades ao material didaacutetico virtual promovendo a cultura livre

Figura 417 Radio Frequenza Appenino - canal com conteuacutedo livreFonte adaptado de RFA (sd)

Figura 418 Mecanismo informatizado de atribuiccedilatildeo de licenccedila Creative CommonsFonte adaptado de CREATIVE COMMONS BRASIL (sd)

85

Atribuiccedilatildeo de liberdades ao material didaacutetico virtual promovendo a cultura livre

Figura 419 Resultado do processo de escolha da licenccedila Creative CommonsFonte adaptado de CREATIVE COMMONS BRASIL (sd)

O processo de escolha das licenccedilas que adotamos em nossa pesquisa - bem como em nossa

praacutetica - realiza-se com o auxiacutelio de um mecanismo informatizado disponibilizado na paacutegina da

organizaccedilatildeo natildeo governamental Creative Commons e reproduzido na FIG 418 A partir desse

mecanismo o usuaacuterio responderaacute perguntas relativas agraves caracteriacutesticas que deseja atribuir agrave licenccedila

do seu trabalho Ele indicaraacute por exemplo o tiacutetulo do trabalho o nome do autor a URL do trabalho

a URL do material usado como fonte do trabalho ndash ou seja no caso de produccedilatildeo de Material Didaacutetico

Virtual Livre dos insumos utilizados - o contato para outras permissotildees e informaccedilotildees sobre o

estilo do siacutembolo que seraacute gerado e associado ao trabalho

A FIG 419 apresenta o resultado final do processo de escolha da licenccedila Creative Commons

Licenciamos como exemplo uma Sequecircncia Didaacutetica fictiacutecia de nossa autoria denominada Sequecircn-

cia Didaacutetica 1 Atribuiacutemos agrave sequecircncia a licenccedila Creative Commons - Atribuiccedilatildeo Indicamos tambeacutem

a fonte - fictiacutecia - do insumo ou seja o site wwwsitedeorigemcom Esses dados seratildeo anexados agrave

sequencia didaacutetica conforme apresentados na FIG 419 - A Para tanto basta recortar o coacutedigo

HTLM gerado pelo mecanismo (FIG 419 - B) e inseri-lo na sequecircncia didaacutetica virtual para a qual a

licenccedila foi criada

86

O uso de software livre

44 O uso de software livre

Abordamos nesta seccedilatildeo o aspecto da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre relativo agrave utilizaccedilatildeo

de software livre como suporte Para tanto apresentamos nas subseccedilotildees posteriores um debate

acerca dos programas que utilizamos em nossa pesquisa Satildeo eles o sistema de criaccedilatildeo de

blogs e gerenciamento de conteuacutedos Wordpress e o programa de autoria EXElearning Conforme

anunciamos na introduccedilatildeo deste capiacutetulo nosso objetivo eacute o de apresentar as suas caracteriacutesticas

gerais

Vale ressaltar que nossa escolha por esses programas se deu principalmente por se tratarem

de software natildeo proprietaacuterio customizaacuteveis de acesso gratuito e de faacutecil utilizaccedilatildeo instalaccedilatildeo e

customizaccedilatildeo por usuaacuterios natildeo programadores Contribuiu ainda para nossa escolha - entre outros

fatores - a presenccedila de variados recursos que correspondem agrave praacutetica relacionada ao ensino e

aprendizagem de liacutenguas - tais como entre outros atividades de verdadeiro ou falso cloze e muacuteltipla

escolha ou seja formatos de atividades consagrados e de ampla utilizaccedilatildeo nesse contexto - e

a qualidade apresentada por ambos no que tange aspectos que vatildeo desde o seu funcionamento

ateacute a sua interface - a qual consideramos com efeito bastante amigaacutevel Isso significa em outras

palavras que consideramos ambos os programas coerentes com a nossa concepccedilatildeo de Material

Didaacutetico Virtual Livre e adequados para produccedilatildeo desse tipo de material didaacutetico em contextos de

ensino e aprendizagem de liacutenguas sobretudo em contextos formais

441 O sistema de blogs e de gerenciamento de conteudos para web

Wordpress

O Wordpress consiste em um sistema livre de publicaccedilatildeo e gerenciamento de blogs e conteuacutedos

para web De fato conforme nos lembra Lary (2010 p 19) o Wordpress eacute um sistema flexiacutevel

que pode ser usado em projetos colaborativos em departamentos de universidades na criaccedilatildeo de

portfoacutelios de artistas sites para empresas e certamente blogs pessoais

Trata-se o Wordpress de um sistema de faacutecil instalaccedilatildeo configuraccedilatildeo e utilizaccedilatildeo Como

observa Lary (2010 p 21) ele oferece uma rica ediccedilatildeo de textos a possibilidade de utilizaccedilatildeo de

miacutedias embutidas (tais como viacutedeos imagens e sons) um eficiente sistema de gerenciamento de

menus a possibilidade de utilizaccedilatildeo de temas diversos widgets - ou seja componentes de arrastar

e colar que podem ser fixados nas barras laterias (LARY 2010 p 22) - e plug-ins - entre outras

caracteriacutesticas

A FIG 420 apresenta a tela de ediccedilatildeo de posts do Wordpress Ressaltamos a presenccedila do

Painel de gerenciamento (FIG 420 - A) da aacuterea de ediccedilatildeo de posts (FIG 420 - B) a qual apresenta

as opccedilotildees de ediccedilatildeo em versatildeo texto ou HTML o painel recursos de publicaccedilatildeo (FIG 420 - C) e o

painel de gerenciamento de tags

Ilustramos por meio da FIG 421 o conjunto de paineacuteis de administraccedilatildeo do Wordpress Per-

cebemos por meio do painel uma amostra dos recursos oferecidos pelo sistema De fato ele

apresenta recursos ligados agrave administraccedilatildeo de posts miacutedias paacuteginas comentaacuterios aparecircncia

plug-insusuaacuterios ferramentas configuraccedilotildees e paineacuteis

87

O uso de software livre

Figura 420 Wordpress Tela de ediccedilatildeo e de postsFonte adaptado de CODEX WORDPRESS (sd)

Figura 421 Wordpress Paineacuteis de administraccedilatildeoFonte adaptado de CODEX WORDPRESS (sd)

88

O uso de software livre

442 O programa de autoria EXElearning

O EXElearning eacute um programa de autoria livre elaborado com o apoio do governo neozelandecircs

e da organizaccedilatildeo natildeo governamental neozelandesa de pesquisa e desenvolvimento educacional

CORE 39 nos acircmbitos da Universidade de Auckland 40 da Universidade de Tecnologia de Auckland41 e do Politeacutecnico Tairawhiti 42 (EXElearning sd) com o intuito de auxiliar professores e demais

acadecircmicos na tarefa de elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de conteuacutedo na web sem a necessidade de

conhecimento especiacutefico de linguagens de programaccedilatildeo (EXElearning sd SILVA 2011 p 43)

Conforme nos lembram EXElearning (sd) e Silva (2011 p 43) o EXElearning permite que o

conteuacutedo produzido seja publicado nos padrotildees IMS Content Package IMS Common Cartridge

SCORM 12 aleacutem de paacuteginas HTML - o que consideramos demonstra que os seus autores tiveram

a intenccedilatildeo de facilitar ao maacuteximo a interoperabilidade do EXElearning jaacute que os formatos citados

configuram-se como padrotildees criados para promover a interoperabilidade entre programas Citamos

como exemplo de interoperabilidade o fato de que Sequecircncias Didaacuteticas salvas no padratildeo SCORM

12 podem ser lidas e utilizadas tambeacutem no Ambiente Virtual de Aprendizagem Moodle 43

O programa de autoria EXElearning pode ser obtido gratuitamente por meio de download na

paacutegina do projeto a que pertence ou seja projeto EXElearning 44 Ele apresenta como caracteriacutestica

como lembra Silva (2011 p 44) o fato de que o acesso agrave sua interface de utilizaccedilatildeo se da

sem a necessidade de conexatildeo agrave rede por meio dos navegadores Firefox (livre) Internet Explorer

(proprietaacuterio) e Chrome (livre) Dessa forma uma vez instalado o software o usuaacuterio encontraraacute

uma interface veloz intuitiva e faacutecil de trabalhar(SILVA 2011 p 44) Apresentamos por meio da

FIG 422 a interface de trabalho do EXElearning e os seus componentes Na interface podemos

destacar as 4 (quatro) principais aacutereas de operaccedilatildeo o Menu Principal (FIG 422 - A) o Painel de

Destaque que mostra a estrutura das atividades em forma de aacutervore (FIG 422 - B) o Painel Idevice

que contem os tipos de atividades padratildeo que o programa oferece ao usuaacuterio e que podem ser

inseridos nas atividades eou Sequecircncias Didaacuteticas (FIG 422 - C) e a Aacuterea de trabalho (FIG 422 -

D)

Destacamos ainda na FIG422 dois aspectos da interface com o intuito de melhor compreender

o seu funcionamento Em primeiro lugar observamos que a Aacuterea de trabalho (FIG 422 - D)

apresenta um trecho de uma Sequecircncia Didaacutetica intitulada The goose that laid the golden eggs 45

por meio da qual o autor propotildee em siacutentese que o aprendiz faccedila uma reflexatildeo a respeito de um

texto disponibilizado em aacuteudio e em forma de texto escrito com o mesmo nome da atividade Em

segundo lugar ressaltamos no Painel Idevice o conjunto de tipos de atividades e elementos que o

programa de autoria EXElearning disponibiliza em seu formato padratildeo Cada um dos itens da lista

apresenta um tipo de atividade preacute-estruturada com determinadas caracteriacutesticas e com a qual o

usuaacuterio poderaacute trabalhar em sua Sequecircncia Didaacutetica Apresentamos com base em Silva (2011

39httpwwwcore-edorg40httpwwwaucklandacnzuoa41httpwwwautacnz42httpwwweitacnztairawhiti43httpwwwmoodleorgbr44httpwwwexelearningorg45Em portuguecircs O ganso dos ovos de ouro

89

O uso de software livre

Figura 422 EXElearning - interface e seus componentesFonte Adaptado de EXElearning (sd)

p 47) em portuguecircs no QUAD 44 os tipos de atividades (Idevices) disponibilizadas no Painel

Idevice acompanhadas de suas respectivas funccedilotildees Acrescentamos que o EXElearning permite

que os usuaacuterios criem novos modelos de atividades

90

O uso de software livre

Quadro 44 EXElearning e sua tipologia de atividades (Idevices)

IDevice DescriccedilatildeoObjetivos Identifica os objetivos da atividade ou Sequecircncia Didaacutetica elaborada

Preacute-requisitos

Considera os preacute-requisitos e conhecimentos que se espera que o aprendiz possua paramelhor compreensatildeo das atividades

Atividade Trata-se de um modelo de tarefa simples O apredniz poderaacute fazer a leitura de um pequenotexto pensar nas respostas e ao clicar em um botatildeo saber se as suas hipoacuteteses deresposta estatildeo corretas ou natildeo

Cloze Neste modelo de atividade algumas palavras ou expressotildees satildeo ocultados de modo queo aprendiz preencha os espaccedilos em branco com as expressotildees corretas

Atividades deLeitura

Esta atividade consiste na disponibilizaccedilatildeo de um espaccedilo para leitura (ou seja inserccedilatildeode um texto) a solicitaccedilatildeo de uma reflexatildeo sobre a leitura e de feedback associado agraveproposta de reflexatildeo

Ampliador deimagens

Permite a visualizaccedilatildeo ampliada de partes de uma determinada figura inserida pelo autor

Applet Java Permite a inserccedilatildeo de applets Java para compor o conteuacutedo das atividades ou SequecircnciasDidaacuteticas

Artigo Wikibo-oks

Permite que o EXElearning busque arquivos relacionados a um determinado termodiretamente na Wikipedia importando o texto para a atividade ou Sequecircncia Didaacutetica

Estudo decaso

Apresenta uma determinada situaccedilatildeo ou caso de modo que o aprendiz possa se envolverem estudos de caso ou seja compreender um caso e aplicar o que aprendeu em novassituaccedilotildees

Galeria deImagens

Permite a criaccedilatildeo de um aacutelbum com imagens

Verdadeiroou falso

Permite a criaccedilatildeo de atividades de verdadeiro ou falso

Muacuteltipla esco-lha

Satildeo apresentadas diferentes respostas para que o aprendiz possa escolha a mais ade-quada a uma solicitaccedilatildeo

RSS Permite a inserccedilatildeo de conteuacutedos disponibilizados via RSS

Reflexatildeo Apresenta as mesmas propriedades do recurso Atividade

SCORM Quiz Consiste em uma atividade em formato de QUIZ

Selaccedilatildeo muacutelti-pla

Ideal para situaccedilotildees em que haja mais de uma opccedilatildeo que responda adequadamente agravessolicitaccedilotildees feitas no enunciado

Siacutetio web ex-terno

Permite que um site da web possa ser visualizado em uma atividade sem que hajanecessidade de que uma nova janela do navegador seja aberta

Texto livre Permite a inserccedilatildeo de diferentes miacutedias em uma atividade - textos aacuteudios imagensviacutedeos etc

Fonte adaptado de Silva (2011 p 47)

91

Capiacutetulo 5

Metodologia de pesquisa

Neste capiacutetulo apresentamos e discutimos os diversos aspectos envolvidos na metodologia de

pesquisa empregada em nosso estudo Os debates giram entorno da dimensatildeo empiacuterica da

investigaccedilatildeo ndash a saber a identificaccedilatildeo e anaacutelise dos Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 425)

relacionados agrave utilizaccedilatildeo de material didaacutetico de natureza virtual livre - ou seja agrave sua produccedilatildeo e ao

seu uso em sala de aula presencial - em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano LEL2

Durante a explanaccedilatildeo apontamos e discutimos as escolhas teoacuterico-metodoloacutegicas que adotamos

em nossa investigaccedilatildeo incluindo o desenho da pesquisa no que se refere aos contextos estudados

e agraves estrateacutegias de levantamento e anaacutelise de dados empregadas

Essencialmente nossa abordagem investigativa foi de natureza qualitativa e se balizou por um

vieacutes epistemoloacutegico existencial (natildeo determinista) construtivista (STAKE 2011 p 42) e interpretativo

A coleta de dados se deu em dois contextos distintos - a saber (1) em sala de aula presencial

de italiano como LEL2 - contexto em que investigamos os Problemas de Ensino relativos ao uso

do Material Didaacutetico Virtual Livre - e (2) em curso de formaccedilatildeo para professores em serviccedilo e em

preacute-serviccedilo de italiano como LEL2 - contexto em que investigamos os Problemas de Ensino relativos

ao aspecto da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

51 A Pesquisa em Problemas de Ensino

Pesquisas em Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 425) relacionados ao ensino de liacutenguas

estrangeiras satildeo ainda incipientes A carecircncia de literatura sobre esse tema motivou-nos a refletir

sobre a natureza dos Problemas de Ensino e a partir daiacute estabelecer a abordagem metodoloacutegico-

cientiacutefica que melhor viabilizasse a investigaccedilatildeo sobre os Problemas de Ensino relacionados agrave

utilizaccedilatildeo de material didaacutetico de natureza virtual e livre

Encontramos em Ortale (2010 p 425) ndash bem como na praacutetica da Profa Dra Fernanda Landucci

Ortale 46 no acircmbito da disciplina intitulada Atividades de Estaacutegio italianondash 47 os indiacutecios de como

esse objeto de estudo poderia ser abordado

46Professora do curso de Letrasitaliano da Universidade de Satildeo Paulo47Disciplina pertencente ao curriacuteculo do curso de Licenciatura em Letras Italiano da Faculdade de Filosofia

Letras Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo

92

A Pesquisa em Problemas de Ensino

Em um contexto de formaccedilatildeo de professores de liacutengua italiana - ou seja durante a disciplina

ldquoAtividades de Estaacutegio italianordquo- a autora lanccedila matildeo de Relatos de Problemas de Ensino como

deflagradores ldquode reflexotildees sobre a praacutetica de sala de aulardquo (ORTALE 2010 p 425) Tais Relatos

satildeo identificados por seus alunos (professores de liacutengua italiana em preacute-serviccedilo) basicamente

de trecircs (3) maneiras 1) por meio de reflexotildees sobre a proacutepria praacutetica pregressa ndash no caso de

professores em formaccedilatildeo com experiecircncia de ensino de liacutengua italiana 2) por meio de reflexotildees

sobre a proacutepria experiecircncia como aluno em cursos de liacutengua italiana e 3) por meio de entrevistas

com professores que jaacute tenham praacutetica no ensino de liacutengua italiana ndash sendo as estrateacutegias didaacuteticas

2 e 3 utilizadas no caso de o aluno natildeo ter tido qualquer praacutetica antecedente com ensino de liacutengua

italiana Segundo a autora referindo-se agrave sua proposta de trabalho

()solicitamos a professores de italiano (liacutengua estrangeira) que escreves-sem sobre situaccedilotildees problemaacuteticas que enfrentavam em sala de aula Aesses escritos demos a denominaccedilatildeo de lsquoRelatos de Problemas de Ensinorsquo(ORTALE 2010 p 425)

Ainda em Ortale (2010 p 425) encontramos uma definiccedilatildeo de Relato de Problema de Ensino ndash

a qual citamos ipsis litteris a seguir ndash bem como alguns exemplos desses relatos ndash apresentados

no QUAD 71 Segundo a autora

Podemos definir lsquoRelato de Problema de Ensinorsquo como uma narrativa oudescriccedilatildeo sobre a sala de aula realizada por um professor e que podeapresentar dificuldades preocupaccedilotildees com praacuteticas futuras ou percepccedilotildeesnegativas sobre praacuteticas jaacute realizadas (ORTALE 2010 p 425)

Uma leitura atenta dos exemplos apresentados no QUAD 71 mostraraacute que os Relatos de

Problemas de Ensino apontam para variadas dimensotildees da praacutexis do professor de liacutenguas (ORTALE

2010 p 426) A constataccedilatildeo dessa multiplicidade dimensional pode ser corroborada pela proposta

de categorizaccedilatildeo de Problemas de Ensino indicadas em Ortale (2010 p 426) A saber

()interaccedilatildeo professor-aluno ou aluno-aluno conhecimento da liacutengua-alvorelaccedilatildeo professor-livro didaacutetico ensino das habilidades comunicativas pla-nejamento de aula ensino da gramaacutetica correccedilatildeo papel da liacutengua ma-ternatraduccedilatildeo (ORTALE 2010 p 426)

Concluiacutemos apoacutes a investigaccedilatildeo teoacuterica e a observaccedilatildeo de campo - acompanhando a disciplina

ldquoAtividades de Estaacutegio italianoldquo 48 que a maneira mais adequada para investigarmos os Problemas

de Ensino relacionados ao uso de Material Didaacutetico Virtual Livre em contexto formal de ensino-

aprendizagem de liacutengua italiana como L2LE dar-se-ia por meio do levantamento desses problemas

junto a professores de italiano em serviccedilo e em preacute-serviccedilo - em contexto de utilizaccedilatildeo desse

tipo especiacutefico de material didaacutetico - por meio de praacuteticas investigativas de cunho epistemoloacutegico

qualitativo interpretativo e construtivista A opccedilatildeo por esse vieacutes teoacuterico-metodoloacutegico configura-

se como reflexo da praacutetica da prof Dra Fernanda Landucci Ortale que de fato acessa os

48Acompanhei a disciplina em sua totalidade durante o primeiro semestre de 2012 exercendo a funccedilatildeode estagiaacuterio no acircmbito do PAE - Programa de Aperfeiccediloamento para o Ensino oferecido aos alunos dapoacutes-graduaccedilatildeo da Universidade de Satildeo Paulo como parte de sua formaccedilatildeo didaacutetica para atuaccedilatildeo no ensinosuperior

93

Estudo qualitativo

Quadro 51 Exemplos de Relatos de Problemas de Ensino

Exemplo 1 ldquoNem sempre consigo responder perguntas de vocabulaacuterio dos alunose digo que vou levar a resposta na aula seguinte mas me sinto malmesmo assimrdquo

Exemplo 2 ldquoTenho na mesma turma uma aluna de 13 e outra de 69 anos Paramim eacute muito difiacutecil conseguir administrar a classe com tanta diferenccedilade interesses e necessidades

Exemplo 3 ldquoTenho grupos grandes de quase 20 alunos e haacute muita diferenccedilana velocidade de realizaccedilatildeo das atividades Alguns terminam muitoraacutepido os exerciacutecios e me olham com impaciecircnciardquo

Exemplo 4 ldquoAlunos que querem traduzir tudo atrapalham a aula Agraves vezes meesforccedilo para fazer gestos e explicaccedilotildees em italiano e no final osalunos traduzem para o portuguecircs e ainda pedem uma confirmaccedilatildeominhardquo

Fonte adaptado de Ortale (2010 p 425)

Problemas de Ensino por meio de relatos e pela natureza personaliacutestica desses relatos - dado que

satildeo expressatildeo da percepccedilatildeo dos professores carregada de sentido em relaccedilatildeo aos contextos de

ensino-aprendizagem em que estatildeo inseridos

Subjaz a essa escolha certamente a ideia de que a realidade eacute construiacuteda a partir do ponto

de vista e interpretaccedilatildeo dos sujeitos que a experimentam conforme uma visatildeo epistemoloacutegica

construtivista (GRBICH 2007 STAKE 1995 p 3 p 99) O mesmo vale para o conhecimento o

qual eacute outrossim construiacutedo pelos sujeitos em sua relaccedilatildeo interpretada com o mundo e em contexto

de investigaccedilatildeo em consenso com as percepccedilotildees do pesquisador

A opccedilatildeo por uma abordagem qualitativa de vieacutes interpretativo e construtivista bem como o

desenho de nossa pesquisa satildeo debatidos com mais detalhes nas seccedilotildees subsequentes Ademais

essa escolha apresenta reflexo na maneira como os dados satildeo analisados e apresentados nesta

tese

52 Estudo qualitativo

Pesquisas do tipo qualitativo segundo Brown e Rodgers (2002 p 12) opotildeem-se a pesquisas do

tipo quantitativo na medida em que satildeo predominantemente baseadas em dados natildeo-numeacutericos

Strauss e Corbin (2008 p 23) ao propor um estudo sobre teacutecnicas de teoria fundamentada definem

pesquisas qualitativas como qualquer tipo de pesquisa que produza resultados natildeo atingidos por meio

de procedimentos estatiacutesticos ou de outras formas de quantificaccedilatildeo Nesse caso anaacutelises qualitativas

satildeo concebidas como processos natildeo-matemaacuteticos de interpretaccedilatildeo ministrados a fim de descobrir

94

Estudo qualitativo

conceitos e relaccedilotildees a partir dos dados brutos e de organizaacute-los em um esquema explanatoacuterio

teoacuterico (STRAUSS CORBIN 2008 p 24) Os autores lembram ainda que a quantificaccedilatildeo de dados

- como no caso do censo ou de informaccedilotildees histoacutericas sobre pessoas ou objetos estudados - natildeo

muda o caraacuteter qualitativo de uma pesquisa quando o grosso da anaacutelise eacute interpretativo (STRAUSS

CORBIN 2008 p 23)

Stake (2011 p 21) caracteriza a pesquisa qualitativa em oposiccedilatildeo agrave quantitativa ressaltando

que enquanto o raciociacutenio desta estaacute fortemente baseado em atributos lineares mediccedilotildees e anaacutelises

estatiacutesticas o pensamento daquela se baseia principalmente na percepccedilatildeo e compreensatildeo humana

O autor observa que entretanto todo pensamento cientiacutefico consiste em uma mescla das duas

abordagens Stake (2011 p 23) Por esse prisma diferencia-las seria mais uma questatildeo de ecircnfase

do que de limites (STAKE 2011 STAKE 1995 p 29 p 36) haja vista que em estudos qualitativos

ideias quantitativas de enumeraccedilatildeo tem o seu espaccedilo e que em estudos quantitativos estatildeo

pressupostos a interpretaccedilatildeo do pesquisador e alguma descriccedilatildeo em linguagem natural (STAKE

2011 STAKE 1995 p 29 p 36)

Stake (1995) e Stake (2011) aprofundam o debate argumentando que a diferenccedila entre investiga-

ccedilotildees qualitativas e quantitativas natildeo satildeo fundamentalmente balizadas pela diferenccedila entre descriccedilatildeo

verbal e dados numeacutericos (STAKE 1995 STAKE 2011 p 37 p 67) mas sim respectivamente pela

diferenccedila entre a procura pelo conhecimento personaliacutestico e o estudo de medidas objetivas a busca

por ocorrecircncias e a busca por causa e efeito a percepccedilatildeo do conhecimento como algo construiacutedo

por um vieacutes pessoal e como descoberta do mundo como ele eacute a atribuiccedilatildeo de um papel pessoal e

impessoal para o pesquisador e a investigaccedilatildeo para obter compreensatildeo e para obter explicaccedilatildeo Por

conseguinte a epistemologia qualitativa eacute concebida como construtivista experiencial situacional e

personaliacutestica (STAKE 2011 p 42) em detrimento agrave epistemologia positivista

Retomamos a oposiccedilatildeo entre os objetivos de investigar para obter compreensatildeo (epistemologia

qualitativa) e investigar para obter explicaccedilatildeo (epistemologia quantitativa) por considera-la importante

para a compreensatildeo do ponto de vista de Stake (2011) e Stake (1995) sobre a abordagem qualitativa

e consequentemente ampliar nossa visatildeo sobre o tema Os autores (STAKE 1995 STAKE 2011

p 37 p 67) se baseiam na proposta de distinccedilatildeo feita pelo filoacutesofo Georg Henrik von Wright 49

o qual segundo eles percebe a existecircncia de uma sutil diferenccedila epistemoloacutegica entre os dois

conceitos natildeo obstante reconheccedila que explicaccedilotildees carregam o objetivo de promover compreensatildeo

e que compreensatildeo seja frequentemente expressa em termos de explicaccedilatildeo (STAKE 1995 STAKE

2011 p 38 p 67) Trata-se segundo Stake (2011 p 67) de uma distinccedilatildeo ligeiramente parecida

com as distinccedilotildees entre medicar o paciente e cuidar do paciente e promover um ensino centrado

no professor e um ensino centrado no aluno Certamente o meacutedico promove as duas accedilotildees mas

cuidar do paciente denota mais pessoalidade Preparar-se para ensinar de forma didaacutetica no caso

do professor eacute conceitualmente diferente de organizar oportunidades experienciais para os alunos

Prosseguindo com o debate Stake (2011 p 67) e Stake (1995 p 38) observam que von Wright

associa a ideia de busca por explicaccedilatildeo ao pensamento de causa e efeito - tiacutepico de abordagens

quantitativas - e a ideia de busca por compreensatildeo agrave procura pela compreensatildeo humana - tiacutepico

de abordagens qualitativas A fim de elucidar ainda mais a questatildeo Stake (1995 p 38) propotildee a

49Os autores se referem a Wright (1971) em seu livro Explanation and Understanding

95

Estudo qualitativo

anaacutelise de duas perguntas de pesquisa relacionadas ao contexto da educaccedilatildeo as quais representam

respectivamente uma preocupaccedilatildeo em explicar e uma preocupaccedilatildeo em compreender Satildeo elas

1 O fato de a carga de ensino ter aumentado de quatro para cinco aulasestaacute afetando a qualidade do ensino

2 Os professores que residem fora da comunidade estatildeo trabalhandomenos que a carga justa de trabalho

(STAKE 1995 p 38)

Dessa forma segundo Stake (1995 p 38) enquanto a primeira representa uma inquietaccedilatildeo com

a explicaccedilatildeo da causa de uma eventual variaccedilatildeo da qualidade do ensino (busca pela explicaccedilatildeo) a

segunda representa uma preocupaccedilatildeo com a descriccedilatildeo de ocorrecircncias mais ou menos simultacircneas

sem a expectativa de explicaccedilatildeo causal ou seja uma preocupaccedilatildeo com a compreensatildeo Conforme

discutido o primeiro exemplo estaacute associado a uma abordagem quantitativa O segundo por sua

vez a uma abordagem qualitativa

Fraenkel e Wallen (2003 p 430) trazendo o debate sobre pesquisas qualitativas para o contexto

educacional - contexto que nos interessa especialmente nesta tese dado que nos concentramos

no ensino formal de liacutengua italiana como L2LE - corrobora o ponto de vista de Stake (1995

p 38) ao dizer que enquanto o pesquisador quantitativo procura observar quatildeo acuradamente

aprendizagens atitudes e ideias se desenvolvem no contexto de ensino-aprendizagem - por meio

de comparaccedilotildees entre meacutetodos de ensino alternativos em pesquisas experimentais por exemplo

(FRAENKEL WALLEN 2003 p 430) - pesquisadores qualitativos querem saber mais do que em

que medidaou quatildeo bemalgo eacute feito em sala de aula Em outras palavras eles se envolvem na

busca por impressotildees mais holiacutesticas - ou seja por um retrato mais completo - sobre o que estaacute

ocorrendo nesse contexto Pesquisadores qualitativos segundo Fraenkel e Wallen (2003 p 430)

propotildeem-se a investigar por exemplo

bull Como professores ensinam suas respectivas mateacuterias

bull Que tipo de praacutetica eles adotam em sua rotina

bull Que tipo de coisas os estudantes fazem

bull Em que tipo de atividades se envolvem

bull Quais satildeo as regras do jogo impliacutecitas ou explicitas que parecemajudar ou atrapalhar o processo de aprendizagem50

(FRAENKEL WALLEN 2003 p 230)

No que se refere agrave metodologia de investigaccedilatildeo ainda segundo Fraenkel e Wallen (2003 p

430) o pesquisador qualitativo a fim de tentar responder essas questotildees pode documentar as

experiecircncias diaacuterias dos professores e dos estudantes - focando em uma ou no maacuteximo em um

pequeno nuacutemero de turmas - observando-as de modo mais regular possiacutevel e tentando descrever

o que vecirc da maneira mais completa e rica possiacutevel (FRAENKEL WALLEN 2003 p 430) Esse

50Traduccedilatildeo nossa

96

Estudo qualitativo

Quadro 52 Teacutecnicas de coletas de dados tiacutepicas de abordagens qualitativas

bull observaccedilotildees ou notas de campo

bull leitura de diaacuterios - em forma detexto viacutedeo ou aacuteudio

bull entrevistas individuais ou emgrupo

bull registros em aacuteudio e viacutedeo

bull leitura de documentos - tais comolivros revistas correio eletrocircnicopaacuteginas da internet e propaganda(impressa filmada ou televisio-nada)

bull gravaccedilotildees em viacutedeo de sessotildeesde laboratoacuterio

bull gravaccedilotildees de viacutedeos de transmis-soes de tv

bull anaacutelise de fotografias filmes e vi-deos caseiros

bull registro de conversas em gruposde bate-papo na internet

bull entre outros

Fonte adaptado de Brown e Rodgers (2002) Creswell (2010) Bogdan e Biklen

(1994) e (GIBBS 2009)

pesquisador poderaacute ainda lanccedilar matildeo de uma gama de teacutecnicas de obtenccedilatildeo de dados tiacutepicas de

abordagens qualitativas conforme indicam Brown e Rodgers (2002 p 12) Creswell (2010 p 213)

Bogdan e Biklen (1994 p 73) e Gibbs (2009 p 17) Reunimos exemplos dessas teacutecnicas no QUAD

52

Grbich (2007 p 3) aborda a questatildeo da metodologia qualitativa inserindo-a no quadro teoacuterico-

metodoloacutegico das quatro principais tradiccedilotildees epistemoloacutegicas (GRBICH 2007 p 2) da pesquisa

cientiacutefica ocidental dos uacuteltimos duzentos anos Satildeo elas o Positivismo ou Empirismo a Criacutetica

Emancipatoacuteria o Construtivismo ou Interpretativismo e o Poacutes-modernismo A autora em conso-

nacircncia com Fraenkel e Wallen (2003 p 432) associa o emprego de abordagens qualitativas agraves

trecircs uacuteltimas e consequentemente o emprego da abordagem quantitativa agrave primeira Ela lembra

que todas satildeo passiveis de criacuteticas e - concordando com Fraenkel e Wallen (2003 p 443) - que a

escolha de uma ou outra - ou do emprego conjunto de mais de uma tradiccedilatildeo - dependeraacute da natureza

da pesquisa envolvida das questotildees de pesquisa e da preferecircncia ou orientaccedilatildeo do pesquisador

(GRBICH 2007 p 14) Consideramos que trazecirc-las para debate contribui com nossos esforccedilos

de compreensatildeo da natureza da pesquisa qualitativa e por conseguinte da natureza da praacutetica

investigativa que adotamos em nossa pesquisa De fato como jaacute mencionado nesta seccedilatildeo nossa

abordagem ao investigar os eventuais Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 425) relativos ao

uso de Material Didaacutetico Virtual Livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano como

LEL2 foi de natureza qualitativa e de vieacutes interpretativo e construtivista

Em linhas gerais o positivismo ou Empirismo tem suas raiacutezes e o seu predomiacutenio na Europa

no seacuteculo XVIII (GRBICH 2007 FRAENKEL WALLEN 2003 p 4 p 432) momento em que o

positivismo o otimismo a razatildeo e o progresso pairam como discurso dominante ou seja no contexto

97

Estudo qualitativo

da chamada era do Iluminismo Acreditava-se que o conhecimento cientiacutefico poderia ser alcanccedilado

pelo homem racional capaz de desvendar uma realidade completamente conheciacutevel objetiva de

um universo exterior ordenado (GRBICH 2007 FRAENKEL WALLEN 2003 p 10 p 432) por

meio da observaccedilatildeo e de processos de pensamento loacutegico O conhecimento portanto apresenta-

se como resultado de processos de deduccedilatildeo criaccedilatildeo de hipoacuteteses identificaccedilatildeo de variaacuteveis e

mediccedilotildees em pesquisas experimentais que por sua vez resultam na identificaccedilatildeo de causalidade

permitindo prediccedilotildees sobre fatos corretamente avaliados pela loacutegica matemaacutetica (GRBICH 2007 p

5) Parte-se da premissa baacutesica de que existe uma realidade laacute fora independente dos sujeitos

dirigida por leis naturais esperando para ser descoberta pela Ciecircncia (FRAENKEL WALLEN 2003

p 425) Existe uma ecircnfase na quebra dos fenocircmenos em peccedilas manipulaacuteveis visando o estudo e

eventual reordenaccedilatildeo do todo e a visatildeo do cientista desinteressado que se mantem a parte do

objeto de estudo - incluindo seus preconceitos e valores - (FRAENKEL WALLEN 2003 p 425)

Suas caracteriacutesticas dominantes incluem princiacutepios cientiacuteficos regularidade ordem loacutegica dedutiva

leis da natureza observaccedilatildeo e experiecircncia (razatildeo) causalidade linearidade (unidimensional)

determinismo loacutegico (tudo eacute causado por alguma coisa em uma longa linha de causalidades)

e abordagens analiacuteticas e estatiacutesticas baseadas em fatos verdadeiros(GRBICH 2007 p 4)

Ademais satildeo enfatizados a classificaccedilatildeo o ordenamento e a hierarquizaccedilatildeo bem como a prediccedilatildeo

e a universalizaccedilatildeo de resultados A autoridade central da coisa depreendida e publicada pelo

autor satildeo supremos (GRBICH 2007 p 5) O conhecimento reside em grandes teorias reforccediladas

por processos de mensuraccedilatildeo cientiacutefica e pensamento racionalista armazenado em disciplinas

especialiacutesticas com fronteiras definidas e cuidadosamente protegidas (GRBICH 2007 p 5) Vale

ressaltar que as principais criacuteticas a essa tradiccedilatildeo giram em torno do debate sobre a plausibilidade

de a ciecircncia poder fornecer todas as respostas sobre a realidade e de os pesquisadores conseguirem

controlar as variaacuteveis e mostrar resultados previsiacuteveis e explicaacuteveis (GRBICH 2007 p 5)

A Criacutetica Emancipatoacuteria surge a partir do contexto de mudanccedilas econocircmicas ocorridas por causa

da industrializaccedilatildeo e o subsequente reconhecimento das criacuteticas de Karl Marx agrave exploraccedilatildeo lucro e

poder do capitalismo e do conflito de classes (GRBICH 2007 p 6) Parte-se do princiacutepio de que

as referidas mudanccedilas geram uma sociedade fragmentada A realidade eacute vista como algo que natildeo

existe por si mas que eacute fruto de uma histoacuteria obscura e construiacuteda por sistemas sociais e poliacuteticos

exploradores compreendendo interesses competitivos em que o conhecimento eacute controlado para

servir aos detentores do poder (GRBICH 2007 p 6) O poder do autor a universalidade do

conhecimento o conceito de singularidade e originalidade satildeo questionados (GRBICH 2007 p 7)

Nesse contexto a raccedila a idade o grau de pobreza a poliacutetica e a cultura satildeo estudados com o intuito

de melhor compreender as identidades individuais e a forma como essas identidades foram moldadas

por instituiccedilotildees culturais dominantes - tais como a miacutedia a ciecircncia e a religiatildeo (GRBICH 2007 p 7)

Figura deste modo como um importante foco da tradiccedilatildeo Criacutetica Emancipatoacuteria a documentaccedilatildeo

de confrontos entre detentores e desprovidos de poder (poliacutetico ou econocircmico)(GRBICH 2007 p

7) Espera-se que a pesquisa traga emancipaccedilatildeo de grupos e indiviacuteduos oprimidos por meio de

mudanccedilas sociais (GRBICH 2007 p 7)

O Construtivismo ou Interpretativismo (GRBICH 2007 p 3) tomado aqui como tradiccedilatildeo

epistemoloacutegica - cuja compreensatildeo nos interessa sobremaneira nesta tese - eacute caracterizado pela

98

Estudo qualitativo

crenccedila na inexistecircncia de um conhecimento independente desassociado do pensamento (GRBICH

2007 STAKE 1995 p 3 p 100) A realidade eacute vista como fluida mutaacutevel socialmente construiacuteda

e existente dentro da mente dos sujeitos O conhecimento eacute subjetivo construiacutedo e baseado em

sinais e siacutembolos compartilhados e reconhecidos entre os membros de um grupo ou cultura No

acircmbito investigativo esse conhecimento eacute construiacutedo na interaccedilatildeo entre pesquisador e informante

por meio de consenso (GRBICH 2007 p 8) Pressupotildeem-se muacuteltiplas realidades experimentadas

de modo diferente por pessoas diferentes O foco da investigaccedilatildeo estaacute dessa forma na exploraccedilatildeo

do modo como as pessoas interpretam e constroem sentido considerando-se suas experiecircncias de

mundo (STAKE 1995 p 99) e em como contextos eventos situaccedilotildees e o seu lugar (dos sujeitos

incluindo o pesquisador) em ambientes sociais mais amplos influenciam na construccedilatildeo desses

sentidos (GRBICH 2007 p 8) A subjetividade (a visatildeo do pesquisador e como ela foi construiacuteda) e

a intersubjetividade (reconstruccedilatildeo de visotildees por meio de interaccedilotildees com outros via linguagem oral e

textos escritos) satildeo portanto de interesse para essa tradiccedilatildeo (GRBICH 2007 p 8)

Grbich (2007 p 9) situa temporalmente o Poacutes-modernismo - tomado aqui tambeacutem como

tradiccedilatildeo epistemoloacutegica - nas uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX Segundo a autora percebe-se nesse

periacuteodo uma valorizaccedilatildeo do ante-heroacutei do indiviacuteduo complexo e multidimensional em oposiccedilatildeo a

sujeitos com pontos de vista autoritaacuterio unificado poderoso e centralizado (GRBICH 2007 p 9)

Nessa tradiccedilatildeo o mundo eacute visto como algo complexo e caoacutetico A realidade eacute transacional multipla-

mente construiacuteda e natildeo pode ser explicada por grandes narrativas ou metanarrativas (FRAENKEL

WALLEN 2003 p 433) - como por exemplo o Marxismo ou o Budismo que fazem afirmaccedilotildees uni-

versais sobre a realidade a fim de explica-la - A busca por essa realidade eacute portanto condicionada

pela compreensatildeo de que a sociedade as leis as poliacuteticas a linguagem as fronteiras disciplinares

a coleta e interpretaccedilatildeo de dados satildeo construiacutedos cultural e socialmente Nesse contexto ruptura

provocaccedilatildeo e formas muacuteltiplas de accedilatildeo satildeo essenciais para colocar essas construccedilotildees a parte

e expor o mundo da forma como ele eacute (GRBICH 2007 p 9) A ideia de significado eacute preferida

agrave de conhecimento jaacute que esse seria aprisionado pelos discursos produzidos para manutenccedilatildeo

do poder e de interesses e para controlar o acesso da populaccedilatildeo a outras explicaccedilotildees (GRBICH

2007 p 9) Ademais esses significados satildeo reconhecidos como criaccedilotildees individuais e necessitam

de interpretaccedilatildeo negociaccedilatildeo e desconstruccedilatildeo (GRBICH 2007 p 10) No acircmbito da pesquisa a

comunicaccedilatildeo interativa torna-se o contexto no qual o significado eacute esclarecido

Dessa forma com base nos debates e reflexotildees apresentados nesta seccedilatildeo atribuiacutemos agrave

nossa investigaccedilatildeo uma ecircnfase qualitativa (STRAUSS CORBIN 2008 STAKE 2011 STAKE

1995 FRAENKEL WALLEN 2003) de vieacutes construtivista interpretativo experiencial situacional e

personaliacutestico (STAKE 2011 GRBICH 2007 p 4 p 8)

De fato em nossa investigaccedilatildeo procuramos compreender as possiacuteveis implicaccedilotildees do uso de

materiais didaacuteticos de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano

como LEL2 considerando natildeo apenas a nossa percepccedilatildeo enquanto pesquisadores mas tambeacutem

o ponto de vista dos professores de liacutengua italiana para estrangeiros em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

participantes da pesquisa

Conforme jaacute mencionado na seccedilatildeo 51 nossa abordagem pressupotildee a concepccedilatildeo de que a

realidade e o conhecimento satildeo construiacutedos por meio da interpretaccedilatildeo que os sujeitos fazem a

99

Consideraccedilotildees sobre a eacutetica na pesquisa

partir da experimentaccedilatildeo do mundo Nesse caso as implicaccedilotildees tomadas aqui como Problemas de

Ensino (ORTALE 2010 p 425) satildeo experienciadas pelos sujeitos participantes em sua praacutetica

de ensino que as percebem por um vieacutes interpretativo e as reconhecem como tal Enquanto

pesquisadores tentamos investigar essa percepccedilatildeo dos sujeitos participantes professores em

serviccedilo e em preacute-serviccedilo de modo a identificar os Problemas de Ensino experienciados e percebidos

considerando tambeacutem a nossa interpretaccedilatildeo Nessa empresa investigativa conforme pressupotildee

uma epistemologia qualitativa de vieacutes construtivista (STAKE 2011 GRBICH 2007 p 4 p 8) os

contextos satildeo fortemente considerados e descritos (FRAENKEL WALLEN 2003 p 430) dado o

seu papel na construccedilatildeo das percepccedilotildees de todos os envolvidos

Buscamos dessa forma por ocorrecircncias (implicaccedilotildees) - bem como por suas eventuais correla-

ccedilotildees nos contextos investigados - e natildeo por relaccedilotildees de causa e efeito em tentativas de mediccedilatildeo de

variaccedilatildeo de qualidade de ensino Tal postura nos aproxima agrave uma praacutetica investigativa interessada

mais na compreensatildeo do que na explicaccedilatildeo o que conforme vimos em Stake (1995 p 37) e

Stake (2011 p 67) representa uma abordagem tipicamente relacionada agrave epistemologia qualitativa

Interessa-nos de fato uma visatildeo holiacutestica (FRAENKEL WALLEN 2003 p 430) um retrato mais

completo das implicaccedilotildees do uso de Material Didaacutetico Virtual Livre nos contextos investigados

Ressaltamos enfim que em nossa investigaccedilatildeo lanccedilamos matildeo de procedimentos e anaacutelises

tiacutepicos de abordagens qualitativas Com efeito utilizamos notas de campo diaacuterios de aula ques-

tionaacuterio aberto registro de conversas por e-mail gravaccedilatildeo em aacuteudio e viacutedeo - instrumentos de

coleta de dados tipicamente qualitativos (BROWN RODGERS 2002 CRESWELL 2010 BOGDAN

BIKLEN 1994 GIBBS 2009 p 12 p 213 p 73 p 17) bem como procedimentos de anaacutelise natildeo

estatiacutesticos ou matemaacuteticos os quais segundo Strauss e Corbin (2008 p 23) atribuem caraacuteter

qualitativo agrave pesquisa

53 Consideraccedilotildees sobre a eacutetica na pesquisa

Diversos pesquisadores e autores (CRESWELL 2010 COHEN MANION MORRISON 2011

GIBBS 2009 BOGDAN BIKLEN 1994 LUDKE ANDREacute 1986 STAKE 2011 GRBICH 2007

FRAENKEL WALLEN 2003 p 116 p 75 p 23 p 75 p 49 p 218 p 207 p 442) que

discorrem sobre abordagens e metodologias qualitativas ressaltam a importacircncia de se considerarem

os aspectos eacuteticos nesse tipo de empreendimento cientiacutefico bem como a de incluir um debate sobre

essa questatildeo no relatoacuterio da pesquisa seja ele uma tese dissertaccedilatildeo ou monografia

Questotildees e dilemas eacuteticos perpassam todas instacircncias de uma investigaccedilatildeo qualitativa (COHEN

MANION MORRISON 2011 p 76) Da escolha do tema agrave apresentaccedilatildeo dos resultados passando

pela coleta e anaacutelise dos dados Cohen Manion e Morrison (2011 p 75) lembram por exemplo da

relaccedilatildeo custo benefiacutecio presente no planejamento de propostas de pesquisas Trata-se de um dilema

que consiste em avaliar os provaacuteveis benefiacutecios sociais de uma pesquisa - como por exemplo privar

a sociedade dos resultados de uma pesquisa que poderia melhorar a condiccedilatildeo humana - em relaccedilatildeo

aos custos pessoais dos participantes - como por exemplo ofensa agrave dignidade embaraccedilo perda de

confianccedila em relaccedilotildees sociais e perda de autonomia (COHEN MANION MORRISON 2011 p 75)

- Segundo Gibbs (2009 p 23) questotildees eacuteticas afetam mais as etapas de planejamento e coleta

100

Consideraccedilotildees sobre a eacutetica na pesquisa

de dados jaacute que envolvem muitas vezes conteuacutedos pessoais e discursos que os informantes natildeo

fariam em outros contextos - tais como criacuteticas e opiniotildees pessoais sobre instituiccedilotildees e terceiros

Em todos os momentos da investigaccedilatildeo de fato o pesquisador qualitativo deveraacute tomar decisotildees

que podem ou natildeo colocar em xeque a sua conduta Observamos que nesta tese natildeo temos a

intenccedilatildeo de explorar a questatildeo da eacutetica na pesquisa qualitativa em todas as suas dimensotildees apesar

de termos consciecircncia de tais nuances e de as termos confrontado naturalmente de um modo ou

de outro em nosso percurso investigativo Privilegiamos em consonacircncia com Gibbs (2009 p 23)

os aspectos que consideramos mais criacuteticos em nossa proposta de pesquisa ou seja os aspectos

relativos ao trato com os sujeitos humanos participantes da investigaccedilatildeo principalmente no que se

refere agrave coleta anaacutelise e publicaccedilatildeo dos dados

Em uma investigaccedilatildeo cientiacutefica a conduta eacutetica estaacute relacionada agrave observaccedilatildeo das normas

relativas aos procedimentos considerados corretos e incorretos por um determinado grupo (BOGDAN

BIKLEN 1994 p 75) ou conselho de eacutetica formado por profissionais das aacutereas de especializaccedilatildeo da

pesquisa (COHEN MANION MORRISON 2011 p 75) A inexistecircncia de um coacutedigo deontoloacutegico

ou mesmo de uma comissatildeo de eacutetica no entanto pode ser compensada sem danos a uma

postura eacutetica aceitaacutevel pela observaccedilatildeo de princiacutepios gerais - como apresentado no QUAD 53 -

de convenccedilotildees para o trabalho de campo (PUNCH 1986 apud BOGDAN BIKLEN 1994 p 76)

ou ateacute mesmo pelos valores pessoais do investigador o qual eventualmente resolveraacute dilemas

eacuteticos com base no que julga serem comportamentos adequados (BOGDAN BIKLEN 1994 p 78)

(FRANKFORT-NACHMIAS NACHMIAS 1992 apud COHEN MANION MORRISON 2011 p 75)

A esse respeito Bogdan e Biklen (1994 p 78) lembram que mesmo a presenccedila de um coacutedigo

deontoloacutegico especiacutefico pode natildeo ser suficiente para a resoluccedilatildeo de dilemas eacuteticos complexos que

podem surgir em pesquisas qualitativas envolvendo sujeitos humanos cabendo ao pesquisador

mais uma vez lanccedilar matildeo dos valores pessoais cuidando para que os sujeitos envolvidos natildeo

sofram danos Antes de tudo conforme nos lembra Creswell (2010 p 232) o pesquisador tem a

obrigaccedilatildeo de respeitar os direitos as necessidades os valores e os desejos dos informantes

Stake (2011 p 223) ressalta a hipoacutetese da existecircncia de uma zona de privacidade a qual seria

relativa e situacional podendo variar de acordo com a pessoa ou circunstacircncia O pesquisador nesse

caso coloca-se em um difiacutecil estado de monitoramento em sua investigaccedilatildeo a fim de encontrar

a zona de privacidade dos sujeitos humanos com os quais trabalha e na qual ele natildeo deve entrar

(STAKE 2011 p 223)

Gibbs (2009 p 23) e Cohen Manion e Morrison (2011 p 77) trazem agrave tona a questatildeo da

relevacircncia do consentimento totalmente informado que consiste em linhas gerais na condiccedilatildeo de

que os participantes devem ser informados sobre o que estaacute em foco na pesquisa sobre o que lhes

aconteceraacute durante e apoacutes o processo (quando for o caso) e sobre o destino dos dados fornecidos

(GIBBS 2009 COHEN MANION MORRISON 2011 p 23 p 80) O princiacutepio do consentimento

totalmente informado se baseia na premissa do direito agrave liberdade e ao exerciacutecio do livre arbiacutetrio

dos sujeitos (COHEN MANION MORRISON 2011 p 77) os quais deveratildeo se sentir livres para

participar ou natildeo da pesquisa

Em nosso estudo conforme jaacute dito nesta seccedilatildeo tivemos o cuidado de observar e prever questotildees

e implicaccedilotildees eacuteticas relacionadas ao trato com os participantes especialmente no que se refere agrave

101

Consideraccedilotildees sobre a eacutetica na pesquisa

Quadro 53 Princiacutepios gerais de eacutetica na pesquisa qualitativa em educaccedilatildeo

1 As identidades dos sujeitos devem ser protegidas para que a informaccedilatildeo queo investigador recolhe natildeo possa causar-lhes qualquer tipo de transtorno ouprejuiacutezo O anonimato deve contemplar natildeo soacute o material escrito mas tambeacutemos relatos verbais de informaccedilatildeo recolhida durante as observaccedilotildees O investiga-dor natildeo deve revelar a terceiros informaccedilotildees sobre os seus sujeitos e deve terparticular cuidado para que a informaccedilatildeo que partilha no local da investigaccedilatildeonatildeo venha a ser utilizada de forma poliacutetica ou pessoal

2 Os sujeitos devem ser tratados respeitosamente e de modo a obter a suacooperaccedilatildeo na investigaccedilatildeo Ainda que alguns autores defendam o uso dainvestigaccedilatildeo dissimulada verifica-se consenso relativo a que na maioria dascircunstacircncias os sujeitos devem ser informados sobre os objetivos da investi-gaccedilatildeo e o seu consentimento obtido Os investigadores natildeo devem mentir aossujeitos nem registrar conversas ou imagens com gravadores escondidos

3 Ao negociar a autorizaccedilatildeo para efetuar um estudo o investigador deve ser claroe expliacutecito com todos os participantes relativamente aos termos do acordo edeve respeitaacute-los ateacute a conclusatildeo do estudo Se aceitar fazer algo como moedade troca pela autorizaccedilatildeo deve manter a sua palavra Se concordar em natildeopublicar os seus resultados deve igualmente manter a palavra dada Dado queos investigadores levam a seacuterio as promessas que fazem deve-se ser realistanas negociaccedilotildees

4 Seja autecircntico quando escrever os resultados Ainda que as conclusotildees a quechega possam por razotildees ideoloacutegicas natildeo lhe agradar e se possam verificarpressotildees por parte de terceiros para apresentar alguns resultados que os dadosnatildeo contemplam a caracteriacutestica mais importante de um investigador deve sera sua devoccedilatildeo e fidelidade aos dados que obteacutem Confeccionar ou distorcerdados constitui o pecado mortal de um cientista

Fonte adaptado de Bogdan e Biklen (1994 p 77)

102

Consideraccedilotildees sobre a validade interna da pesquisa

Quadro 54 Salvaguardas para proteccedilatildeo dos participantes desta pesquisa

1 Os informantes concordaram e cederam ao pesquisador por meio de permissatildeoescrita o direito de coleta anaacutelise e publicaccedilatildeo - em qualquer eacutepoca ou meiode divulgaccedilatildeo - dos dados informados

2 Os informantes concederam uma permissatildeo por escrito (Apecircndice A) cedendoao pesquisador o direito de filmagem e gravaccedilatildeo de aacuteudio

3 O pesquisador concordou por meio de contrato escrito em omitir os dadospessoais dos participantes da pesquisa

4 Os interesses direitos e desejos dos informantes foram considerados emprimeiro lugar quando foram feitas escolhas relativas aos dados (CRESWELL2010 p 223)

5 As interpretaccedilotildees e anaacutelises dos dados cedidos permaneceratildeo disponibilizadaspara os informantes por meio desta tese e de outros canais tais como artigos eapresentaccedilotildees orais em congressos

6 Os participantes foram informados sobre todos os dispositivos e atividadesde coleta de dados Os dados portanto nunca foram coletados sem que osinformantes soubessem

coleta anaacutelise e publicaccedilatildeo dos dados Empregamos para tanto com o objetivo de proteger os

direitos e a privacidade dos informantes as salvaguardas indicadas no QUAD 54

54 Consideraccedilotildees sobre a validade interna da pesquisa

A validade eacute um dos pontos fundamentais de uma pesquisa qualitativa (CRESWELL 2010 p 224)

Preocupar-se com a validade interna em uma pesquisa de cunho qualitativo segundo Creswell e

Miller (2000 apud CRESWELL 2010 p 225) significa determinar se os resultados satildeo precisos

do ponto de vista do pesquisador dos participantes ou dos leitores de um relato O pesquisador

pode fazer essa verificaccedilatildeo lanccedilando matildeo de alguns procedimentos ou estrateacutegias de validade tais

como a triangulaccedilatildeo de diferentes fontes de informaccedilatildeo (CRESWELL 2010 p 226) a verificaccedilatildeo

dos membros a utilizaccedilatildeo de uma descriccedilatildeo rica e densa para a comunicaccedilatildeo dos resultados o

esclarecimento do vieacutes que o pesquisador traz para o estudo a apresentaccedilatildeo das informaccedilotildees

negativas ou discrepacircncias encontradas as quais se opotildeem aos temas a permanecircncia por um

tempo prolongado no campo a revisatildeo por pares e a utilizaccedilatildeo de um auditor externo para examinar

todo o projeto

Em termos operacionais referindo-se agrave validaccedilatildeo interna Creswell (2010 p 226) recomenda a

utilizaccedilatildeo de muacuteltiplas estrateacutegias ndash com o intuito de melhorar a capacidade do pesquisador para

avaliar a precisatildeo dos resultados ndash e a subsequente identificaccedilatildeo e discussatildeo nos relatoacuterios de

103

Consideraccedilotildees sobre a validade interna da pesquisa

pesquisa sobre as estrateacutegias adotadas

Gibbs (2009 p 118) associa a validade agrave busca pela qualidade da pesquisa seja ela qualitativa

ou quantitativa Em pesquisas quantitativas bem como qualitativas de vieacutes realista a validade

estaacute associada agrave uma tentativa de garantir que a anaacutelise esteja o mais proacuteximo possiacutevel do que

estaacute realmente acontecendo Essa preocupaccedilatildeo perde o sentido segundo o autor em pesquisas

qualitativas de vieacutes construtivista - como a nossa - jaacute que elas partem da premissa teoacuterica de que natildeo

existe uma realidade simples para ser verificada com relaccedilatildeo agraves anaacutelises mas sim muacuteltiplas visotildees

e interpretaccedilotildees (GIBBS 2009 p 118) Contudo ressalta Gibbs (2009 p 118) o pesquisador

qualitativo construtivista notaraacute a possibilidade de que em meio a grande variedade de possiacuteveis

descriccedilotildees e interpretaccedilotildees apresentadas pelos pesquisadores poderaacute haver posiccedilotildees claramente

tendenciosas e parciais ou ainda completamente tolas ou equivocadas Dessa forma em anaacutelises

e descriccedilotildees construtivistas [p]ode natildeo haver verdade simples e absoluta mas ainda assim pode

haver erro(GIBBS 2009 p 119)

A questatildeo da triangulaccedilatildeo estaacute tambeacutem fortemente associada agrave ideia de validade conforme

podemos ver em Stake (2011 p 138) e Gibbs (2009 p 120) Segundo Stake (2011 p 138) as

formas mais simples de triangulaccedilatildeo em pesquisas qualitativas consistem em observar inuacutemeras

vezes ver a partir de mais de um acircngulo (GIBBS 2009 p 120) e verificar com os envolvidos

Percebemos que todas elas carregam a ideia essencial de triangulaccedilatildeo como verificaccedilatildeo adicional

Stake (2011 p 139) assumindo uma postura claramente construtivista aprofunda o debate

dizendo que o objetivo da triangulaccedilatildeo vai aleacutem da confirmaccedilatildeo e validaccedilatildeo configurando-se como

uma forma de diferenciaccedilatildeo em uma situaccedilatildeo de ganho muacutetuo A triangulaccedilatildeo nesse caso pode

dar ao pesquisador mais confianccedila para concluir que o significado foi determinado corretamente ou

que seraacute necessaacuterio analisar as diferenccedilas para perceber significados muacuteltiplos e importantes Em

outras palavras

Se a verificaccedilatildeo adicional confirma que percebemos o significado corre-tamente noacutes ganhamos Se a verificaccedilatildeo adicional natildeo confirma podesignificar que existem mais significados para descobrir uma forma diferentede ganhar (STAKE 2011 139)

Dessa forma conforme Stake (2011 p 139) relatos conflitantes entre informantes de uma

pesquisa podem deflagrar a necessidade de identificaccedilatildeo de mais de um grupo Esse seria o caso

por exemplo em que alguns bancaacuterios afirmam que as regras satildeo justas enquanto outros dizem

que as regras satildeo injustas Esse conflito poderia significar - entre outras interpretaccedilotildees - que

bancaacuterios receacutem-contratados ou bancaacuterios que lidam com reclamaccedilotildees veem a questatildeo de forma

diferente (STAKE 2011 p 139)

Fraenkel e Wallen (2003 p 444) em sintonia com Stake (2011 p 139) acrescentam que a

verificaccedilatildeo adicional - ou seja a triangulaccedilatildeo - pode ser feita lanccedilando-se matildeo de instrumentos

de coleta de dados qualitativos e quantitativos Os autores citam como exemplo uma pesquisa

mista (ou seja que mescla teacutecnicas de abordagens qualitativas e quantitativas) envolvendo quatro

professores do ensino meacutedio A fim de obter um retrato do que ocorria cotidianamente em sala de

aula bem como identificar teacutecnicas e comportamentos efetivos dos professores foram utilizados

obervaccedilotildees de campo diaacuterios e entrevistas com os professores e alunos (instrumentos tiacutepicos de

104

Consideraccedilotildees sobre a validade interna da pesquisa

Quadro 55 Estrateacutegias de validaccedilatildeo adotadas nesta pesquisa

Etapa Estrateacutegias

Levantamentode dados

Triangulaccedilatildeo de diferentes fontes de informaccedilatildeoRevisatildeo por pares (peer debriefing)

ApresentaccedilatildeoDescriccedilatildeo rica e densa para comunicar nossos resultadosEsclarecimento do vieacutes que trouxemos para o estudo

pesquisas qualitativas) em conjunto com listas de checagem de performance listas de ranqueamento

e fluxogramas de debates (instrumentos tiacutepicos de pesquisas quantitativas) A triangulaccedilatildeo conforme

observam Fraenkel e Wallen (2003 p 444) ocorreu portanto natildeo apenas entre as observaccedilotildees

diaacuterios e entrevistas com prefessores e alunos Elas envolveram tambeacutem a sua comparaccedilatildeo com

dados quantitativos advindos da anaacutelise das interaccedilotildees em sala de aula e do rendimento dos alunos

Em nossa pesquisa adotamos mais de uma estrateacutegia de validaccedilatildeo - as quais apresentamos no

QUAD 55 - conforme recomendado em Creswell (2010 p 226) Com efeito procuramos fornecer

uma descriccedilatildeo a mais rica possiacutevel dos contextos investigados bem como esclarecer da melhor

maneira possiacutevel o nosso vieacutes investigativo Percebemos que essas estrateacutegias se relacionam -

mas natildeo se restringem - agrave apresentaccedilatildeo dos resultados e anaacutelises da pesquisa Consideramos

que uma descriccedilatildeo rica e densa pressupotildee a relevacircncia do contexto para a compreensatildeo de

anaacutelises qualitativas bem como o vieacutes personaliacutestico inerentes a essas anaacutelises As descriccedilotildees

transportam os leitores para o local e proporcionam agrave discussatildeo um elemento de experiecircncias

compartilhadas(CRESWELL 2010 p 226) O esclarecimento do vieacutes que o pesquisador traz para

o estudo por sua vez segundo Creswell (2010 p 226) cria uma narrativa honesta com os leitores e

abre espaccedilo para a reflexividade ou seja para o que Gibbs (2009 p 119) em acordo com Creswell

(2010 p 226) define como

o reconhecimento de que o produto da pesquisa reflete inevitavelmenteparte das origens e da formaccedilatildeo do meio e das preferecircncias do pesquisa-dor(GIBBS 2009 p 119)

Lanccedilamos matildeo ainda em nosso estudo das estrateacutegias de revisatildeo por pares (peer debriefing)

e de triangulaccedilatildeo as quais estatildeo associadas principalmente agrave coleta de dados Subjaz a essa

estrateacutegia nosso intuito de localizar os pontos de convergecircncia entre os diversos olhares a respeito

do fenocircmeno observado os Problemas de Ensino Com efeito lanccedilamos matildeo - conforme jaacute discutido

nesta seccedilatildeo - de diaacuterios de aula notas de campo questionaacuterios e relatos dos participantes em

forma de e-mail e registro em aacuteudio e viacutedeo A partir dos pontos de vista expressos e percebidos por

meio dessas fontes foi possiacutevel identificar os Problemas de Ensino relativos agrave utilizaccedilatildeo de material

didaacutetico de natureza virtual livre em contexto formal de aprendizagem de italiano L2LE

Dado o vieacutes qualitativo construtivista do nosso estudo empregamos a estrateacutegia de triangulaccedilatildeo

tomando-a como possibilidade de verificaccedilatildeo adicional (GIBBS 2009 STAKE 2011 p 120 p 138)

e como forma de diferenciaccedilatildeo (STAKE 2011 p 139) ou seja considerando a eventual necessidade

de analisar diferenccedilas (entre nossas anaacutelises e o ponto de vista dos sujeitos participantes) a fim de

105

Delimitaccedilatildeo do estudo contextos e estrateacutegias de coleta de dados

reconhecer significados muacuteltiplos e importantes enriquecendo nossa anaacutelise Enfim ao empregar-

mos a triangulaccedilatildeo consideramos a possibilidade de muacuteltiplas interpretaccedilotildees mas tentamos evitar

posicionamentos tendenciosos parciais ou equivocados conforme Gibbs (2009 p 118)

55 Delimitaccedilatildeo do estudo contextos e estrateacutegias de co-

leta de dados

Tivemos como meta de pesquisa conforme jaacute mencionado a investigaccedilatildeo dos Problemas de

Ensino (ORTALE 2010 p 425) relacionados agrave utilizaccedilatildeo de material didaacutetico de natureza virtual

livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano como LEL2 tendo sido o termo

utilizaccedilatildeodesdobrado para fins de pesquisa em utilizaccedilatildeo em sala de aula presencial e produccedilatildeo

A partir desse desdobramento e a fim de alcanccedilar nosso objetivo estabelecemos dois contextos de

coleta de dados - a saber disciplinas de italiano como LEL2 e curso de formaccedilatildeo de professores de

italiano em serviccedilo e em preacute-serviccedilo - os quais representamos respectivamente nos QUADROS 56

e 57

Os Problemas de Ensino relativos ao uso de material didaacutetico de natureza virtual livre em contexto

presencial e formal de ensino-aprendizagem de italiano como LEL2 foram investigados no decorrer

de duas disciplinas de liacutengua italiana oferecidas em niacutevel de graduaccedilatildeo na mesma liacutengua junto agrave

faculdade de Letras de uma universidade puacuteblica do estado de Satildeo Paulo Durante as disciplinas

o professor responsaacutevel por ambas foi convidado a utilizar em determinadas aulas Sequecircncias

Didaacuteticas (SD) virtuais livres - relacionadas ao tema e ao momento da disciplina - elaboradas pelo

pesquisador com a sua colaboraccedilatildeo Dessa forma criamos em conjunto um total de seis (6)

Sequecircncias Didaacuteticas virtuais livres as quais indicamos no QUAD 56 com as referecircncias de SD1

(Sequecircncia Didaacutetica 1) a SD6 (Sequecircncia Didaacutetica 6) Satildeo elas respectivamente Viaggio che

senso ha per te questa parola Un viaggio in bici Mangia che ti fa bene Napoli e i ragazzi Vivere a

modo mio - mi sono trasferita in Germania e Shok culturale 51

Nesse contexto a fim de perceber os eventuais Problemas de Ensino - relativos ao uso de

Material Didaacutetico Virtual Livre em sala de aula presencial - lanccedilamos matildeo de observaccedilatildeo e notas

de campo anaacutelise de diaacutelogos entre o pesquisador e o professor - materializados em forma de

e-mails e trocados durante o periacuteodo de elaboraccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do material didaacutetico anaacutelise de

diaacuterio de aula - redigido pelo professor e questionaacuterios - sendo esses tambeacutem respondidos pelo

professor Vale ressaltar que nossos olhares se dirigiram ao professor e sua praacutetica sem no entanto

desconsiderar o contexto e os outros componentes da sala de aula investigada O QUAD 56 indica

os momentos em que utilizamos essas teacutecnicas de levantamento de dados bem como a frequecircncia

com que o fizemos Observamos que nem sempre foi possiacutevel manter uma frequecircncia regular no

que diz respeito agraves teacutecnicas utilizadas Esse eacute o caso da confecccedilatildeo dos diaacuterios de classe Conforme

mostrado no QUAD 56 houve uma diminuiccedilatildeo da utilizaccedilatildeo desse artefato da Sessatildeo 1 para a

Sessatildeo 3 Isso ocorreu principalmente pela natildeo adaptaccedilatildeo do professor a esse tipo de atividade

51Apresentamos no Apecircndice B as Sequecircncias Didaacuteticas Viaggio che senso ha per te questa parola eUn viaggio in bici

106

Delimitaccedilatildeo do estudo contextos e estrateacutegias de coleta de dados

Aula Obser

vaccedilatilde

oNc

E-mail

s

Diarios

deau

la

Questi

onaacuter

io

Aplica

ccedilatildeo

deSD

Inf

adici

onais

Sessatildeo 117 horas

1 x x x xSD1Viaggio chesenso ha perte questaparola SD2Un viaggio inbiciprogramawordpress

2 x x3 x x x4 x x x5 x x x6 x x x SD17 x x x8 x x x9 x x x10 x x x SD2

Sessatildeo 213 horas

1 x xSD3 Mangiache ti fabene SD4Napoli e iragazziprogramawordpress

2 x x3 x x x4 x x x SD35 x x x6 x x7 x x8 x x SD4

Sessatildeo 325 horas

1 x x

SD5 Viverea modo mio -mi sonotrasferito inGermaniaSD6 ShokCulturaleprogramaEXElearning

2 x x3 x x4 x x5 x x6 x x7 x x SD58 x x9 x x10 x x11 x x12 x x13 x x14 x x15 x x SD6

Quadro 56 Coleta de dados I - utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em contexto dedisciplinas presenciais de italiano como LEL2

107

Delimitaccedilatildeo do estudo contextos e estrateacutegias de coleta de dados

Aula Ativida

des

Av diagn

oacutestic

a

Notas

deca

mpo

Quest

Aberto

Regist

roaacuteu

dio

Regist

roviacuted

eo

Inf

adici

onais

Dimensatildeo formativa do curso Dimensatildeo investigativa coleta de dados

Sessatildeo 120 horas

Preacute-curso

x

1 At1 x x At1 Buscade insumoslivres At2Utilizaccedilatildeo doprograma deautoriaEXElearningAt3ElaboraccedilatildeodeSequecircnciasDidaacuteticas deitaliano LEL2At4 Imple-mentaccedilatildeodasSequecircnciasDidaacuteticas noprograma deautoriaEXElearningAt5Atribuiccedilatildeo delicenccedilaslivres agravesSequecircnciasDidaacuteticasProduzidasmdashmdashmdashApSddApresenta-ccedilatildeo e Sessatildeode debate

2 At2 x x

3At1At2At3

x x x

4

At1At2At3At4

x x x

5

At1At2At3At4At5

x x x

ApSdd x

Sessatildeo 220 horas

Preacute-curso

x

1 At1 x x2 At2 x x x

3At1At2At3

x x x

4

At1At2At3At4

x x x

5

At1At2At3At4At5

x x x

ApSdd x

Quadro 57 Coleta de dados II - produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em contextode curso de formaccedilatildeo de professores de italiano LEL2

108

Delimitaccedilatildeo do estudo contextos e estrateacutegias de coleta de dados

De fato natildeo insistimos em sua confecccedilatildeo a fim de evitar o desconforto do professor-informante

Acrescentamos que o QUAD 56 apresenta trecircs (3) sessotildees de coleta de dados cujos limites

estabelecemos em funccedilatildeo das respectivas aulas de aplicaccedilatildeo das Sequecircncias Didaacuteticas (SD) virtuais

livres - a saber as aulas seis (6) e dez (10) para a sessatildeo 1 as aulas quatro (4) e oito (8) para

a sessatildeo 2 e as aulas sete (7) e quinze (15) para a sessatildeo 3 Dessa forma natildeo obstante as

aproximadas cento e cinquenta (150) horas de observaccedilatildeo de sala de aula que empreendemos

acompanhando as disciplinas em sua integralidade - os dados relativos a esse contexto foram

coletados no intervalo das trecircs (3) sessotildees indicadas no QUAD 56 perfazendo um total aproximado

de cinquenta e cinco (55) horas

Os Problemas de Ensino relacionados agrave produccedilatildeo do Material Didaacutetico Virtual Livre por sua

vez foram observados no contexto de um curso de formaccedilatildeo oferecido em duas ediccedilotildees no acircmbito

de duas universidades puacuteblicas brasileiras - uma no estado de Santa Catarina e outra no estado

de Satildeo Paulo - em que um total aproximado de 25 professores de liacutengua italiana em serviccedilo e em

preacute-serviccedilo foram convidados a produzir Sequecircncias Didaacuteticas (SD) de natureza virtual livre para o

ensino-aprendizagem de italiano como LEL2 52

Em essecircncia o curso de formaccedilatildeo que elaboramos e ministramos teve uma carga-horaacuteria

de 20 horas (cada uma das ediccedilotildees) e foi baseado em uma abordagem de ensino-aprendizagem

construtivista Tivemos como objetivo principal por meio do curso oferecer a oportunidade de

desenvolvimento das principais competecircncias que consideramos necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo de

Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de italiano como LEL2 Satildeo elas

bull buscar e reconhecer insumos livres

bull utilizar e reconhecer programas de autoria livres (ou que gerem formatos livres)

bull elaborar sequecircncias didaacuteticas de italiano como LEL2

bull atribuir licenccedilas livres a sequecircncias didaacuteticas de proacutepria autoria

Propomos a fim de criar oportunidades para o desenvolvimento dessas competecircncias seis

atividades problema nucleares de natureza praacutetica - indicadas no QUAD 57 com as referecircncias

de At1 (Atividade 1) a At6 (Atividade 6) A saber respectivamente Busca de insumos livres

Utilizaccedilatildeo do programa de autoria EXElearning Elaboraccedilatildeo de Sequecircncias Didaacuteticas de italiano

como LEL2 Implementaccedilatildeo das Sequecircncias Didaacuteticas no programa de autoria EXElearning e

Atribuiccedilatildeo de licenccedilas livres agraves Sequecircncias Didaacuteticas (SD) produzidas - com as quais os cursistas se

deparavam gradativa e cumulativamente em uma dinacircmica espiral conforme indicamos na Figura

51 Acrescentamos que os participantes foram motivados desde o iniacutecio do curso por uma questatildeo

problema cujo desafio consistia em elaborar uma Sequecircncia Didaacutetica (SD) virtual livre para o ensino

de liacutengua italiana considerando um contexto de ensino-aprendizagem dessa liacutengua com o qual o

cursista (ou grupo de cursistas) jaacute trabalhavam ou jaacute tinha trabalhado Adotamos essa estrateacutegia a

fim de balizar as atividades e trazer significado e tom personaliacutestico para a produccedilatildeo de Sequecircncias

Didaacuteticas sugerida

52Apresentamos no Apecircndice B algumas das Sequecircncias Didaacuteticas produzidas durante os cursos

109

Delimitaccedilatildeo do estudo contextos e estrateacutegias de coleta de dados

Figura 51 Dinacircmica de curso experimentaccedilatildeo gradativa e cumulativa de atividadesproblema nucleares

Utilizamos nesse caso como estrateacutegias de coleta de dados para a percepccedilatildeo dos eventuais

Problemas de Ensino relativos agrave produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de italiano

como LEL2 gravaccedilotildees em viacutedeo e aacuteudio questionaacuterio aberto e notas de campo - conforme indicado

no QUAD 57 Registramos em aacuteudio as interaccedilotildees entre os participantes em seus grupos de

trabalho nos momentos em que as atividades relacionadas agrave produccedilatildeo do Material Didaacutetico Virtual

Livre (At1 a At6) ocorriam Esse registro gerou um total aproximado de cinquenta e nove (59) horas

- sendo vinte e sete (27) horas na sessatildeo 1 e trinta e duas (32) horas na sessatildeo 2 Gravamos em

viacutedeo o momento da apresentaccedilatildeo do material didaacutetico produzido pelos professores-cursistas bem

como a subsequente sessatildeo de reflexatildeo e debate coletivo sobre trabalho - a qual referenciamos

no QUAD 57 como ApSdd (Apresentaccedilatildeo e sessatildeo de debate) Essa gravaccedilatildeo resultou em um

total de aproximado de uma hora e quarenta minutos (140mim) - sendo aproximadamente cinquenta

minutos (50mim) para cada uma das sessotildees Cabe relatar que esse momento de apresentaccedilatildeo

dos trabalhos concluiacutedos - ou seja de Sequecircncias Didaacuteticas virtuais livres de italiano como LEL2 -

aconteceu ao final do curso e que as reflexotildees foram fruto da interaccedilatildeo entre o pesquisador e os

participantes depois de cada apresentaccedilatildeo Durante todo o curso em consonacircncia com Ortale (2010

p 425) pedimos ainda que os participantes relatassem em forma de texto escrito as dificuldades

ou problemas que estavam enfrentando durante a produccedilatildeo do Material Didaacutetico Virtual Livre e como

estavam solucionando essas dificuldades ou problemas Esses relatos foram documentados em

forma de e-mail e motivados por meio de questionaacuterio aberto dirigido aos cursistas

Observamos enfim que tal qual no contexto de utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre -

QUAD 56- as estrateacutegias de coleta de dados natildeo foram utilizadas com uma frequecircncia regular

Citamos por exemplo o registro em aacuteudio representado no QUAD 57 o qual foi utilizado da aula

trecircs (3) a cinco (5) na sessatildeo um (1) e da aula dois (2) a cinco (5) na sessatildeo dois (2) Tambeacutem

nesse caso tivemos o cuidado de utiliza-lo de modo a respeitar o conforto dos informantes

110

Capiacutetulo 6

Perfil dos informantes

Neste capiacutetulo apresentamos o perfil dos informantes que participaram de nossa pesquisa Conforme

discutido no capiacutetulo 5 desta tese referimos-nos a um professor de liacutengua italiana do ensino superior

puacuteblico brasileiro - cuja praacutetica de sala de aula envolvendo a utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual

Livre investigamos - e dois grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo participantes do

curso de formaccedilatildeo - sendo esses envolvidos com a produccedilatildeo desse tipo de material didaacutetico no

acircmbito de nossa pesquisa

O levantamento foi realizado com o auxiacutelio de questionaacuterios associados a observaccedilatildeo e anaacutelises

documentais quando necessaacuterio Os questionaacuterios foram respondidos antes dos respectivos periacuteo-

dos de observaccedilatildeo acompanhamento e levantamento de dados Em outras palavras realizamos

uma avaliaccedilatildeo diagnoacutestica direcionada ao professor e aos dois grupos de professores em serviccedilo e

em preacute-serviccedilo Em linhas gerais buscamos investigar por meio dos questionaacuterios - e eventual-

mente das observaccedilotildees e anaacutelises documentais - a familiaridade dos participantes no que se refere

ao uso de novas tecnologias - bem como aspectos do seu letramento digital da sua praacutetica de sala

de aula de seus haacutebitos habilidades e competecircncias relativas agrave produccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de material

didaacutetico para o ensino de liacutenguas e dos respectivos contextos de utilizaccedilatildeo do Material Didaacutetico

Virtual Livre - no acircmbito de realizaccedilatildeo de nossa pesquisa - quando pertinente

Cabe mencionar que lanccedilamos matildeo de recursos matemaacuteticos simples em nossa tentativa de

delinear o perfil dos dois grupos envolvidos com a produccedilatildeo De fato em detrimento ao perfil pessoal

do professor do ensino superior puacuteblico envolvido com a utilizaccedilatildeo do material didaacutetico focalizamos o

seu perfil enquanto grupo Consideramos que a utilizaccedilatildeo de recursos matemaacuteticos nesse contexto

natildeo contradiz nossa proposta metodoloacutegica discutida no capiacutetulo 5 Com efeito tais recursos foram

utilizados com o objetivo de melhor compreender o perfil dos grupos de professores ou seja de uma

fraccedilatildeo do conjunto total dos informantes As anaacutelises dos Problemas de Ensino por sua vez foram

feitas a partir de um prisma qualitativo As seccedilotildees subsequentes apresentam respectivamente

nossa anaacutelise sobre o perfil do professor e dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

111

Perfil do professor do ensino superior puacuteblico

61 Perfil do professor do ensino superior puacuteblico

Em nossa avaliaccedilatildeo diagnoacutestica bem como em nossas observaccedilotildees de campo e anaacutelise documental

- materializada em registro de troca de mensagens eletrocircnicas entre o pesquisador e o professor

- consideramos pertinente focalizar especialmente dois aspectos do perfil do professor a sua

familiaridade com a utilizaccedilatildeo de novas tecnologias em sala de aula - especialmente o computador -

e a sua maneira de apropriaccedilatildeo e uso de material didaacutetico tambeacutem em sala de aula Os debates

desta seccedilatildeo giram em torno desses dois eixos Consideramos oportuno destacar que o professor de

liacutengua italiana informante de nossa pesquisa possui experiecircncia de mais de 15 (quinze) anos com

o ensino dessa liacutengua em contexto formal superior puacuteblico brasileiro

No que se refere ao primeiro aspecto percebemos que o professor eventualmente utiliza o

computador em sala de aula visando sobretudo o acesso agrave internet Desse modo presenciamos

em nossa observaccedilatildeo de campo pelo menos duas atividades espontaneamente elaboradas por

esse profissional envolvendo pesquisa agrave rede mundial de computadores por parte dos alunos

Percebemos contudo que o professor parece considerar que natildeo possui familiaridade com o uso do

computador e de determinados recursos da Internet conforme excerto destacado abaixo Trata-se

de uma mensagem do professor destinada ao pesquisador em que se discute o uso de um blog

como suporte agraves atividades a serem realizadas em sala de aula

acabei de olhar o blog e amanhatilde gostaria que me explicasse algumasquestotildees teacutecnicas pois sou muito ignorante no assunto [] seria umaespeacutecie de moodle mais ou menos isso natildeo Achei muito interessante e estou gostando da ideia da mudanccedila mesmo

Professor informante

Ainda sobre o excerto destacamos que a ideia de mudanccedila proferida pelo informante refere-se agrave

sua concepccedilatildeo de que precisa utilizar mais o computador e a Internet em suas aulas

Em relaccedilatildeo agrave questatildeo da apropriaccedilatildeo do material didaacutetico em sala de aula percebemos que o

professor tem o haacutebito de adotar um livro didaacutetico em suas disciplinas de liacutengua italiana Segundo ele

- conforme observamos no excerto de seu relato a seguir - esse artefato carrega o aspecto positivo

de auxiliar tanto o professor quanto os aprendizes - sobretudo os iniciantes - no que se refere agrave

organizaccedilatildeo da aula e dos estudos - respectivamente - na medida em que permite a visualizaccedilatildeo

sequencial do programa e do conteuacutedo do curso Nas palavras do professor informante

Acredito que seja fundamental para os niacuteveis iniciais ter como apoio umlivro didaacutetico a fim de auxiliar os alunos a visualizarem a sequecircncia doprograma proposto [] o referido livro auxilia o professor a encaminhar oprograma

Professor informante

Ademais para ele o uso do livro didaacutetico desencadeia um sentimento de seguranccedila no decorrer de

sua praacutetica de sala de aula conforme percebemos em seu relato Trata-se de um artefato incompleto

Eu particularmente sinto-me mais seguro e me organizo melhor tendo umlivro como apoio

112

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

Professor informante

Natildeo obstante tais caracteriacutesticas notamos que o professor se apropria do livro didaacutetico amparado

pela concepccedilatildeo de que se trata de um artefato incompleto e nem sempre compatiacutevel com as

demandas reais locais do contexto de ensino-aprendizagem em que se insere Como tal cabe ao

professor adaptaacute-lo e ateacute subverter a proposta dos autores quando achar necessaacuterio Em adiccedilatildeo

notamos que o professor carrega a noccedilatildeo de que subverter o livro didaacutetico - evitando um esquema

de aula repetitivo - pode significar a oferta de um curso mais motivador para os aprendizes De fato

em suas palavras

Faz-se necessaacuteria a adoccedilatildeo de materiais complementares pois um livronunca esgota todas as possibilidades Ademais ha a especificidade de cadagrupo e o professor tem que ter a sensibilidade de adequar as atividades[] muitas vezes as unidades natildeo satildeo seguidas [pelo professor] da formaproposta [] Outro ponto eacute a necessidade de constante motivaccedilatildeo seo esquemase repete de forma ininterrupta as aulas e o ritmo tornam-secansativos

Professor informante

Entre os materiais complementares utilizados pelo professor informante estatildeo livros sobre a cultura

alvo materiais elaborados por outros professores - e adaptados agraves necessidades locais muacutesicas

filmes e leituras diversas

Consideramos pertinente concluir que o professor informante possui vasta experiecircncia com

ensino de italiano em contexto formal superior puacuteblico brasileiro que possui pouco familiaridade

com o uso de computador e da Internet utilizando-os eventualmente em sua praacutetica de sala de

aula e que se apropria do livro didaacutetico considerando-o de grande valia no que se refere ao aspecto

organizativo do empreendimento de ensino e aprendizagem mas que deve ser complementado

adaptado e as vezes subvertido de modo a corresponder agraves demandas locais

62 Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-

serviccedilo

Nesta seccedilatildeo conforme anunciado discutimos os resultados da avaliaccedilatildeo diagnoacutestica que realizamos

junto aos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo de liacutengua italiana participantes de

nossa pesquisa com o intuito de estabelecer o seu perfil Analisamos especificadamente os

graacuteficos obtidos a partir de suas respostas Nossa investigaccedilatildeo perpassou trecircs aacutereas as quais

consideramos pertinentes com as demandas - ou seja habilidades e competecircncias - relativas agrave

produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre Satildeo elas a experiecircncia com ensino de italiano os

haacutebitos de planejamento de aulas e de apropriaccedilatildeo do material didaacutetico e o letramento digital Aleacutem

de nossas anaacutelises distribuiacutedas nas proacuteximas subseccedilotildees formulamos um quadro esquemaacutetico por

meio do qual apresentamos o perfil predominante dos grupos 1 e 2 Trata-se do QUAD 61

Consideramos oportuno ressaltar que estamos sintonizados com as concepccedilotildees de Buzato

(2006a apud BUZATO 2006b) Buzato (2006b) e Romero (2008) a respeito da noccedilatildeo de letramento

113

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

Quadro 61 Perfil predominante dos grupos 1 e 2

Grupo 1 Grupo 2

Experiecircncia com ensino de italianoExperiecircncia 1 Sim SimContextos de atuaccedilatildeo predominante 2 Extensatildeo universi-

taacuteriaEscola de idiomas

Haacutebitos de planejamento de aulas e de apropriaccedilatildeo do material didaacutetico 2

Haacutebito predominante de preparaccedilatildeode aulas

Consulta a materi-ais didaacuteticos alter-nativos

Consulta a manu-ais do professor

Haacutebito predominante de produccedilatildeo dematerial didaacutetico

Seleccedilatildeo defragmentos de ma-teriais de autoriade terceiros comocomplemento aolivro didaacutetico

Seleccedilatildeo defragmentos de ma-teriais de autoriade terceiros comocomplemento aolivro didaacutetico

Recursos da Internet predominante-mente utilizados na praacutetica de sala deaula

E-mail e paacuteginaweb

E-mail e paacuteginaweb

Letramento digital 1

Recursos para utilizaccedilatildeo dos quais amaioria dos participantes se declaracompetente

E-mail e redes so-ciais

E-mail e redes so-ciais

Artefatos para editoraccedilatildeo dos quais amaioria dos participantes se declaracompetente

Texto eslide e ima-gem

Texto

Experiecircncia predominante com insta-laccedilatildeo de software

Sem experiecircnciae sem noccedilatildeo decomo se faz

Pelo menos umavez

Experiecircncia predominante com utiliza-ccedilatildeo de Ambientes Virtuais de Apren-dizagem

Como aluno(a) emcurso presencial

Como aluno(a) emcurso presencial

Experiecircncia predominante com insta-laccedilatildeo de Ambientes Virtuais de Apren-dizagem

Inexistente Quase inexistente

1 Nuacutemero total de respondentes 21 para o grupo 1 e 11 para o grupo 22 Nuacutemero total de respondentes com experiecircncia docente 16 para o grupo 1 e 10 para o grupo 2 Diferenccedilas entre os valores totais natildeo significativas no que se refere ao perfil predominante dos grupos

114

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

digital quando abordamos esse aspecto em nossa avaliaccedilatildeo diagnoacutestica Dessa forma concordamos

com a concepccedilatildeo de Buzato (2006a apud BUZATO 2006b p 16) quando diz que

Letramentos digitais (LDs) satildeo conjuntos de letramentos (praacuteticas sociais)que se apoiam entrelaccedilam e apropriam muacutetua e continuamente por meiode dispositivos digitais para finalidades especiacuteficas tanto em contextossocioculturais geograficamente e temporalmente limitados quanto naquelesconstruiacutedos pela interaccedilatildeo mediada eletronicamente (BUZATO 2006aapud BUZATO 2006b p 16)

Em adiccedilatildeo concordamos com Buzato (2006b p 8) quando acrescenta dois corolaacuterios a essa

definiccedilatildeo Satildeo eles

Corolaacuterio 1 Por reunirem conjuntos de coacutedigos modali-dades e tecnologias que se entrelaccedilam osLDs satildeo inevitavelmente hiacutebridos e instaacuteveistemporalmente de modo que a condiccedilatildeode letrado digitalestaacute sempre restrita a mo-mentos e finalidades especiacuteficas

Corolaacuterio 2 Por serem praacuteticas sociais e natildeo variaacuteveisautocircnomas os letramentos digitais tanto afe-tam as culturas e os contextos nos quaissatildeo introduzidos ou que ajudam a constituirquanto por eles satildeo afetados de modo queseus efeitossociais e cognitivos variaratildeoem funccedilatildeo dos contextos socioculturais efinalidades envolvidos na sua apropriaccedilatildeo(BUZATO 2006b p 8)

Concordamos enfim com Romero (2008 p 237) quando associa a competecircncia tecnoloacutegica

ao letramento digital - lembrando que essa competecircncia estaacute relacionada agrave aquisiccedilatildeo de habilidades

para a promoccedilatildeo da integraccedilatildeo das tecnologias no processo de ensino-aprendizagem - e quando

conforme destacam Garcia et al (2011 p 83) descreve trecircs competecircncias que o professor que

trabalha com novas tecnologias deve apresentar Satildeo elas as competecircncias tecnoloacutegicas didaacuteticas

e tutoriais - descritas no QUAD 62

621 Experiecircncia com ensino de italiano

Conforme os graacuteficos apresentados no QUAD 63 observamos que a maioria dos participantes

dos grupos 1 e 2 possuem experiecircncia com o ensino de liacutengua italiana Referimos-nos a 76 dos

membros do grupo 1 e 91 dos membros do grupo 2 53 Percebemos ainda por meio dos graacuteficos

apresentados no QUAD 64 que essa experiecircncia se refere predominantemente aos contextos

53O nuacutemero total de respondentes estaacute indicado em cada um dos graacuteficos apresentados nesta seccedilatildeo Nessecaso consideramos 21 respondentes para o grupo 1 e 11 para o grupo 2 ou seja o total de respondentes comou sem experiecircncia como professor(-a) Decidimos omitir o nuacutemero total de respondentes de nossas anaacutelisestextuais visando tornaacute-las mais claras e menos redundantes Percebemos que as variaccedilotildees apresentadas aose considerarem ora todos os respondentes ora os participantes com experiecircncia docente natildeo implica emdiferenccedilas significativas no que se refere ao perfil predominante dos grupos

115

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

Quadro 62 Competecircncias tecnoloacutegicas conforme Romero (2008)

Competecircncias tecnoloacutegicas Domiacutenio de ferramentas de cria-ccedilatildeo e aplicaccedilotildees com o uso da in-ternet

Competecircncias didaacuteticas Capacidade de criar materiais eproduzir tarefas relevantes para osalunos de adaptaccedilatildeo a novos for-matos e processos de ensino deproduccedilatildeo de ambientes direciona-dos agrave autorregulaccedilatildeo por parte doaluno e utilizaccedilatildeo de muacuteltiplos re-cursos e possibilidades de explo-raccedilatildeo

Competecircncias tutoriais Habilidades de comunicaccedilatildeo men-talidade aberta para novas pro-postas e sugestotildees capacidadede adaptaccedilatildeo a caracteriacutesticase condiccedilotildees dos alunos e paraacompanhar o processo de ensino-aprendizagem do aluno

Fonte adaptado de Garcia et al (2011 p 83)

116

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

de extensatildeo universitaacuteria - para o grupo 1 - e escola de idiomas - para o grupo 2 De fato 88

dos participantes com experiecircncia do grupo 1 declarou a extensatildeo universitaacuteria como contexto

de atuaccedilatildeo enquanto 100 dos informantes - ou seja professores com experiecircncia - do grupo 2

declarou a escola de idiomas Vale observar que em ambos os grupos a experiecircncia em contexto

de aula particular individual aparece em segundo lugar tendo sido declarada respectivamente por

44 dos membros com experiecircncia do grupo 1 e por 80 tambeacutem dos membros com experiecircncia

do grupo 2

Consideramos plausiacutevel concluir a partir dos dados observados que ambos os grupos apre-

sentam perfil marcado pela experiecircncia com ensino de liacutengua italiana sendo essa relacionada

sobretudo a cursos livres - ou seja cursos de extensatildeo universitaacuteria e escolas de idiomas

622 Haacutebitos de planejamento de aulas e de apropriaccedilatildeo do material

didaacutetico

Em nossa anaacutelise dos graacuteficos apresentados pelos quadros 65 66 e 67 percebemos trecircs aspectos

proeminentes O primeiro se refere ao haacutebito de utilizar-se da pesquisa durante a preparaccedilatildeo das

aulas declarado pela maioria dos respondentes dos grupos 1 e 2 Conforme indicam os graacuteficos

contidos no QUAD 65 enquanto 88 dos respondentes com experiecircncia de ensino do grupo 1

afirma ver a proposta do mesmo assunto da aula em outros materiais 70 da mesma categoria de

respondentes do grupo 2 afirma ler manuais do professor durante essa tarefa O segundo aspecto

consiste no fato de que para a maior parte dos informantes com experiecircncia em ensino de italiano

de ambos os grupos a atividade de produccedilatildeo de material didaacutetico significa seleccedilatildeo de fragmentos ou

atividades de materiais didaacuteticos de autoria de terceiros sendo essa produccedilatildeo realizada com o intuito

de complementar um livro didaacutetico adotado Referimos-nos a 50 para o grupo 1 e 50 para o grupo

2 conforme o QUAD 66 O terceiro aspecto enfim refere-se agrave utilizaccedilatildeo de recursos da Internet

em sala de aula Com base nos graacuteficos apresentados pelo QUAD 67 consideramos plausiacutevel

dizer que a utilizaccedilatildeo de recursos da Internet eacute uma realidade para os respondentes - professores

com experiecircncia - dos grupos 1 e 2 Entre os recursos mais utilizados por ambos os grupos estatildeo

o e-mail e a paacutegina web Tais recursos de acordo com os graacuteficos alternam-se em primeiro e

segundo lugar de forma destacada dos demais nos grupos 1 e 2 Com efeito enquanto 81 dos

respondentes com experiecircncia de ensino do grupo 1 afirma utilizar o e-mail e 69 do mesmo grupo

declara utilizar a paacutegina web 70 dos respondentes da mesma categoria pertencentes ao grupo 2

dizem utilizar esse e 60 aquele

Quadro 63 Experiecircncia com ensino de italiano - grupos 1 e 2

Grupo 121 respondentes

76Sim24Natildeo

0 50 100

Grupo 211 respondentes

91Sim9Natildeo

0 50 100

117

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

Quadro 64 Contextos de ensino relativos agrave experiecircncia dos participantes - grupos 1 e 2

Grupo 116 respondentes 1

13Escola de idiomas38Aula particular - a partir de 2 alunos44Aula particular - individual

88Extensatildeo universitaacuteria13Ensino infantil13Ensino baacutesico

6Ensino meacutedio13Ensino superior

6Outros0 50 100

Grupo 210 respondentes 2

100Escola de idiomas10Aula particular - a partir de 2 alunos

80Aula particular - individual40Extensatildeo universitaacuteria

20Ensino infantil10Ensino baacutesico

0Ensino meacutedio0Ensino superior

20Outros0 50 100

1 Nuacutemero total de respondentes com experiecircncia como professor(-a) do grupo 12 Nuacutemero total de respondentes com experiecircncia como professor(-a) do grupo 2 Em ambos os grupos os respondentes puderam marcar mais de uma opccedilatildeo

118

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

Quadro 65 Haacutebitos de preparaccedilatildeo de aulas - grupos 1 e 2

Grupo 116 respondentes 1

1 Leio manuais do professor

2 Vejo a proposta do mesmo assunto da aula em outros mat

3 Procuro materiais ou seq didaacuteticas prontas na Internet

4 Consulto falantes nativos - pessoalmente ou pela Internet

5 Troco ideias com outros professores(-as)

6 Preparo minhas aulas sozinho(-a)

7 Natildeo tenho experiecircncia como professor(-a)

--

311882

313194

445566

257

0 50 100

Grupo 210 respondentes 2

1 Leio manuais do professor

2 Vejo a proposta do mesmo assunto da aula em outros mat

3 Procuro materiais ou seq didaacuteticas prontas na Internet

4 Consulto falantes nativos - pessoalmente ou pela Internet

5 Troco ideias com outros professores(-as)

6 Preparo minhas aulas sozinho(-a)

7 Natildeo tenho experiecircncia como professor(-a)

--

701502503

404405

606107

0 50 100

1 Nuacutemero total de respondentes com experiecircncia como professor(-a) do grupo 12 Nuacutemero total de respondentes com experiecircncia como professor(-a) do grupo 2 Em ambos os grupos os respondentes puderam marcar mais de uma opccedilatildeo

Parece-nos pertinente dizer que - de forma predominante no que se refere aos haacutebitos de

planejamento de suas aulas e de apropriaccedilatildeo do material didaacutetico - ambos os grupos apresentam o

haacutebito de realizar pesquisas a materiais de autoria de terceiros durante o planejamento das aulas

que ambos os grupos satildeo marcados pelo haacutebito de produccedilatildeo de material didaacutetico sendo essa

atividade para os dois grupos caracterizada como anaacutelise e seleccedilatildeo de fragmentos ou atividades

de materiais didaacuteticos de autoria de terceiros - e sendo tal seleccedilatildeo realizada com o intuito de

complementar a utilizaccedilatildeo de um livro didaacutetico e que emfim a utilizaccedilatildeo de recursos da rede

mundial de computadores para os dois grupos eacute uma realidade sendo o e-mail e a paacutegina web os

recursos mais utilizados pelos respondentes

Cabe acrescentar que consideramos plausiacutevel - diante do exposto sobre o cenaacuterio de produccedilatildeo

de material didaacutetico experienciado pelos respondentes do grupo 1 e 2 - extrapolar os dados e

sugerir que esse cenaacuterio pode indicar que os respondentes - sobretudo do grupo 1 cuja maioria

dos participantes declarou consultar outros materiais didaacuteticos sobre o mesmo assunto de sua aula -

carregam a noccedilatildeo de que o livro didaacutetico de per si natildeo eacute suficiente para corresponder as demandas

locais - o que incentiva a complementaccedilatildeo declarada como habitual para a maioria dos informantes

conforme os graacuteficos apresentados no QUAD 66

119

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

Quadro 66 Haacutebitos de produccedilatildeo de material didaacutetico - grupos 1 e 2

Grupo 116 respondentes 1

1 Produzo o material didaacutetico que utilizo-sou autor(a) do mat

2 Produzo o mat didaacutetico que utilizo-natildeo sou autor(a) seleciono e organizo

trechos de mat de terceiros

3 Utilizo somente livros didaacuteticos-ou apostilas de autoria de terceiros-incluindo

CDs DVDs etc

4 Utilizo livros didaacuteticos e complemento com material extra - geralmente de

minha autoria

5 Utilizo liv didaacuteticos e complemento com mat extra - geralmente fragmentos

ou atividades de terceiros

6 Natildeo tenho experiecircncia como professor(a)

61

382

03

134

505

256

0 50 100

Grupo 210 respondentes 2

1 Produzo o material didaacutetico que utilizo-sou autor(a) do mat

2 Produzo o mat didaacutetico que utilizo-natildeo sou autor(a) seleciono e organizo

trechos de mat de terceiros

3 Utilizo somente livros didaacuteticos - ou apostilas de autoria de terceiros-

incluindo CDs DVDs etc

4 Utilizo livros didaacuteticos e complemento com material extra-geralmente de

minha autoria

5 Utilizo liv didaacuteticos e complemento com mat extra-geralmente fragmentos

ou atividades de terceiros

6 Natildeo tenho experiecircncia como professor(a)

101

02

203

204

505

106

0 50 100

1 Nuacutemero total de respondentes com experiecircncia como professor(-a) do grupo 12 Nuacutemero total de respondentes com experiecircncia como professor(-a) do grupo 2 Em ambos os grupos os respondentes puderam marcar mais de uma opccedilatildeo

120

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

623 Letramento Digital

A partir de nossa leitura dos graacuteficos apresentados pelos quadros 68 69 610 e 611 percebemos

quatro caracteriacutesticas predominantes relativas ao letramento digital dos professores em serviccedilo e

em preacute-serviccedilo componentes dos grupos 1 e 2 Em primeiro lugar percebemos que os participantes

de ambos os grupos parecem ter familiaridade com a utilizaccedilatildeo de recursos da rede mundial de

computadores Com efeito de acordo com os graacuteficos apresentados por meio do QUAD 68 quase

a totalidade dos respondentes dos grupos 1 e 2 declarou saber utilizar pelo menos dois dos recursos

anunciados o e-mail e as redes sociais Dessa forma enquanto 100 dos respondentes do

grupo 1 declarou saber utilizar o e-mail e 90 declarou saber utilizar as redes sociais 91 dos

respondentes do grupo 2 declarou saber utilizar tanto um quanto o outro Chamou-nos agrave atenccedilatildeo

tambeacutem com relaccedilatildeo aos mesmos graacuteficos o fato de que a maioria dos respondentes de ambos

os grupos declarou saber utilizar outros recursos Com relaccedilatildeo ao grupo 1 destacamos que 62

dos participantes declarou saber utilizar o blog e 57 a paacutegina web No que se refere ao grupo 2

ressaltamos que 73 dos respondentes declarou saber utilizar o motor de buscas e a paacutegina web

enquanto 55 declarou saber utilizar o blog

Em segundo lugar percebemos que os informantes estatildeo tambeacutem familiarizados com a editora-

ccedilatildeo digital tendo sido a experiecircncia com ediccedilatildeo de textos digitais a que mais se destacou em ambos

os grupos De fato de acordo com os graacuteficos apresentados no QUAD 69 86 dos respondentes

do grupo 1 e 73 do grupo 2 declarou ter experiecircncia com ediccedilatildeo de textos em formato digital

Notamos tambeacutem a partir de nossa leitura dos mesmos graacuteficos que a experiecircncia com editoraccedilatildeo

de eslides em formato digital e de imagens - tambeacutem em formato digital - apareceu em segundo

e terceiro lugares respectivamente tambeacutem para ambos os grupos tendo sido de modo mais

expressivo no que se refere ao grupo 1 De fato enquanto 67 dos respondentes do grupo 1

declarou ter experiecircncia com editoraccedilatildeo de eslides e 62 com a editoraccedilatildeo de imagens 36 dos

respondentes do grupo 2 declarou ter experiecircncia com editoraccedilatildeo de eslides e 27 com editoraccedilatildeo

de imagens

Em terceiro lugar notamos que os informantes dos grupos 1 e 2 parecem ter pouca familiaridade

com a instalaccedilatildeo de software tendo o grupo 2 declarado maior experiecircncia com essa tarefa De fato

conforme os graacuteficos apresentados pelo QUAD 610 a maior parte dos respondentes do grupo 1 -

ou seja 38 - declarou nunca ter instalado um software natildeo tendo ideia de como se executa essa

tarefa No que se refere ao grupo 2 73 dos informantes declarou ter instalado algum software pelo

menos uma vez

Em quarto lugar - e de modo natildeo menos importante - percebemos - a partir de nossa anaacutelise

dos graacuteficos apresentados no QUAD 611 - dois aspectos que merecem atenccedilatildeo O primeiro deles

se refere agrave utilizaccedilatildeo de Ambientes Virtuais de Aprendizagem e o segundo agrave experiecircncia com a

instalaccedilatildeo desse tipo de sistema de software Em ambos os grupos se destaca a experiecircncia de

utilizaccedilatildeo de Ambientes Virtuais de Aprendizagem como aluno(a) em sala de aula presencial sendo

esse uso marcado de forma mais expressiva no grupo 1 De fato conforme os graacuteficos apresentados

no QUAD 611 enquanto 57 dos respondentes desse grupo declarou ter tido essa experiecircncia

27 dos informantes do grupo 2 fez a mesma declaraccedilatildeo Cabe ressaltar que essa utilizaccedilatildeo por

parte do grupo 2 se destaca perante as demais no mesmo graacutefico - a saber utilizaccedilatildeo como aluno

121

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

Quadro 67 Utilizaccedilatildeo de recursos da Internet na praacutetica de sala de aula - grupos 1 e 2

Grupo 116 respondentes 1

81E-mail44Blog

38Motor de buscas69Paacutegina web

6Microblog25Redes sociais

0Programas de autoria6Sistemas wiki

25Natildeo tenho experiecircncia como professor(-a)44Outros

0 50 100Grupo 2

10 respondentes 2

60E-mail10Blog

50Motor de buscas70Paacutegina web

0Microblog10Redes sociais10Programas de autoria

0Sistemas wiki10Natildeo tenho experiecircncia como professor(-a)

20Outros0 50 100

1 Nuacutemero total de respondentes com experiecircncia como professor(-a) do grupo 12 Nuacutemero total de respondentes com experiecircncia como professor(-a) do grupo 2 Em ambos os grupos os respondentes puderam marcar mais de uma opccedilatildeo

122

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

Quadro 68 Competecircncia relativa agrave utilizaccedilatildeo de recursos da Internet - grupos 1 e 2

Grupo 121 respondentes 1

100E-mail62Blog

29Motor de buscas57Paacutegina web

24Microblog90Redes sociais

0 50 100Grupo 2

11 respondentes 2

91E-mail55Blog

73Motor de buscas73Paacutegina web

27Microblog91Redes sociais

0 50 1001 Nuacutemero total de respondentes do grupo 12 Nuacutemero total de respondentes do grupo 2

Em ambos os grupos os respondentes puderam marcar mais de uma opccedilatildeo

em cursos a distacircncia 9 utilizaccedilatildeo como professor em cursos a distacircncia 0 e utilizaccedilatildeo como

professor em cursos presenciais 18 - ainda que natildeo seja tatildeo saliente quanto o mesmo item do

grupo 1 Quanto agrave instalaccedilatildeo desse tipo de sistema de software ambos os grupos parecem ter

pouca ou nenhuma experiecircncia Dessa forma de acordo com os mesmos graacuteficos apresentados

no QUAD 611 24 dos respondentes do grupo 1 e 64 dos informantes do grupo 2 declarou

nunca ter realizado essa tarefa Vale observar que essa anaacutelise corrobora a interpretaccedilatildeo relativa agrave

experiecircncia com instalaccedilatildeo de software discutida nesta seccedilatildeo e ancorada nos graacuteficos apresentados

no QUAD 610

Consideramos plausiacutevel enfim dizer que - em relaccedilatildeo ao letramento digital - os informantes

majoritariamente possuem familiaridade com a utilizaccedilatildeo de recursos da Internet declarando

competecircncia para uso de uma gama deles - sobretudo e-mail redes sociais blogs paacuteginas web

e motores de busca e possuem experiecircncia e familiaridade com a editoraccedilatildeo digital de artefatos

diversos - sobretudo textos eslides e imagens Esses mesmos informantes no entanto possuem

de forma predominante experiecircncia com Ambientes Virtuais de Aprendizagem apenas do ponto de

vista do usuaacuterio-aluno(a) e apresentam pouca ou nenhuma competecircncia declarada para a instalaccedilatildeo

de software

123

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

Quadro 69 Experiecircncia com editoraccedilatildeo digital - grupos 1 e 2

Grupo 121 respondentes 1

62Imagens86Textos

10Paacutegina web24Muacutesicas24Viacutedeos

67Slides10Sequecircncias didaacuteticas em programas de autoria10Nunca editei nenhum dos itens acima

5Outros0 50 100

Grupo 211 respondentes 2

27Imagens73Textos

0Paacutegina web18Muacutesicas18Viacutedeos

36Slides9Sequecircncias didaacuteticas em programas de autoria

18Nunca editei nenhum dos itens acima9Outros

0 50 1001 Nuacutemero total de respondentes do grupo 12 Nuacutemero total de respondentes do grupo 2

Em ambos os grupos os respondentes puderam marcar mais de uma opccedilatildeo

124

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

Quadro 610 Experiecircncia com instalaccedilatildeo de software - grupos 1 e 2

Grupo 121 respondentes 21

19Pelo menos uma vez19com frequecircncia24Nunca - mas tenho idea de como se faz

38Nunca - natildeo tenho ideia de como se faz0 50 100Grupo 2

11 respondentes 2

73Pelo menos uma vez9com frequecircncia

0Nunca - mas tenho idea de como se faz18Nunca - natildeo tenho ideia de como se faz

0 204060801001 Nuacutemero total de respondentes do grupo 12 Nuacutemero total de respondentes do grupo 2

Em ambos os grupos os respondentes puderam marcar apenas uma opccedilatildeo

Quadro 611 Experiecircncia com Ambientes Virtuais de Aprendizagem - grupos 1 e 2

Grupo 121 respondentes 1

24Jaacute utilizei como aluno(-a) em cursos a distacircncia57Jaacute utilizei como aluno(-a) em cursos presenciais

5Jaacute utilizei como professor(-a) em cursos a distacircncia5Jaacute utilizei como professor(-a) em cursos presenciais

0Jaacute instalei24Nunca instalei

14Natildeo sei o que eacute0 50 100

Grupo 211 respondentes 2

9Jaacute utilizei como aluno(-a) em cursos a distacircncia27Jaacute utilizei como aluno(-a) em cursos presenciais

0Jaacute utilizei como professor(-a) em cursos a distacircncia18Jaacute utilizei como professor(-a) em cursos presenciais

9Jaacute instalei64Nunca instalei

18Natildeo sei o que eacute0 50 100

1 Nuacutemero total de respondentes do grupo 12 Nuacutemero total de respondentes do grupo 2

Em ambos os grupos os respondentes puderam marcar mais de uma opccedilatildeo

125

Capiacutetulo 7

Anaacutelise dos Problemas de Ensino

Apresentamos neste capiacutetulo os resultados de nossa pesquisa de campo ou seja trazemos para

debate os Problemas de Ensino relativos agrave produccedilatildeo e agrave utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano como LEL2 Em linhas gerais identificamos

7 (sete) Problemas de Ensino relativos ao contexto de produccedilatildeo e 4 (quatro) Problemas de Ensino

relativos ao contexto de utilizaccedilatildeo Esses Problemas - descritos e mapeados no QUAD 71 - seratildeo

discutidos nas subseccedilotildees 71 e 72 deste capiacutetulo Com efeito na seccedilatildeo 71 trazemos para debate

os Problemas de Ensino relativos ao contexto de produccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual

livre - ocorrida durante as duas ediccedilotildees de um curso de formaccedilatildeo de professores de liacutengua italiana

em serviccedilo e em preacute-serviccedilo que organizamos e ministramos no acircmbito de duas universidades

puacuteblicas brasileiras sendo uma no estado de Santa Catarina e outra no estado de Satildeo Paulo - e na

seccedilatildeo 72 os Problemas de Ensino relativos ao contexto de utilizaccedilatildeo desse tipo de material didaacutetico

em sala de aula presencial de ensino-aprendizagem de italiano como LEL2 - ocorrida em duas

disciplinas de liacutengua italiana ofertadas em niacutevel de graduaccedilatildeo na mesma liacutengua junto agrave faculdade

de Letras de uma universidade puacuteblica do Estado de Satildeo Paulo

Os Problemas de Ensino foram identificados por meio da anaacutelise dos Relatos de Problemas de

Ensino sendo esses depurados a partir dos nossos registros de pesquisa conforme debatemos no

capiacutetulo 5 - a saber 1) gravaccedilotildees em viacutedeo e aacuteudio respostas a questionaacuterio aberto e notas de

campo - para o contexto de produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre e 2) notas de campo e-mails

entre o pesquisador e o informante diaacuterio de aula e respostas a questionaacuterio - para o contexto de

utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Cabe observar que nossas anaacutelises - fundamentadas em uma perspectiva qualitativa de vieacutes

construtivista e interpretativista conforme discutimos no capiacutetulo 5 deste trabalho - estatildeo em sintonia

com dois arcabouccedilos teoacuterico-metodoloacutegicos Referimos-nos agrave loacutegica do trabalho de formaccedilatildeo de

professores de liacutengua italiana - desenvolvido pela Profa Dra Fernanda Landucci Ortale alicerccedilado

no conceito de Aprendizagem Baseada na Resoluccedilatildeo de Problemas envolvendo os conceitos de

Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 425) e Relatos de Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p

425) como discutido no capiacutetulo 5 desta tese - e nas teacutecnicas e procedimentos de desenvolvimento

de teoria fundamentada conforme Strauss e Corbin (2008) Em linhas de siacutentese esses autores

compreendem que a teorizaccedilatildeo envolve a construccedilatildeo de esquemas explanatoacuterios sendo esses

126

Capiacutetulo 7 Anaacutelise dos Problemas de Ensino

Quadro 71 Problemas de Ensino relacionados agrave produccedilatildeo e agrave utilizaccedilatildeo de materiaisdidaacuteticos de natureza virtual livre

Dimensatildeo Problemas de Ensino Relatos

Produccedilatildeo Dificuldade para encontrar insumos desejadosregistrados com licenccedilas flexiacuteveis

PD-1 a PD-7PD-13 e PD-27QUAD 73

Inseguranccedila (e resistecircncia) associada agrave utiliza-ccedilatildeo de insumos livres no material didaacutetico

PD-8 a PD-10QUAD 74

Crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteti-cos de natureza virtual livre necessariamenteaumenta a carga horaacuteria de trabalho docente

PD-11 a PD-13QUAD 75

Dificuldade em lidar com a natureza dinacircmicae o estado de artefato em construccedilatildeoque osoftware livre pode apresentar

PD-14 QUAD 76

Dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas PD-15 a PD-20QUAD 78

Dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitaise de sequecircncias didaacuteticas digitais

PD-21 a PD-25QUAD 79

Dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware PD-26 QUAD710

Utilizaccedilatildeo Dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes oumiacutedias que podem ser utilizados para organizaras Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar comelas em sala de aula presencial

UT-1 a UT-4QUAD 711

Crenccedila de que a escassez de material didaacuteticoimpresso na sala de aula presencial poderaacute sermal vista pelos discentes

UT-5 QUAD 712

Dificuldade em compreender o funcionamento dosoftware utilizado em sala de aula

UT-6 a UT-8QUAD 713

Preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardwaree do software que abrigam e fornecem acessoagraves Sequecircncias Didaacuteticas

UT-9 a UT-12QUAD 714

PD-produccedilatildeo UT-utilizaccedilatildeo

127

Capiacutetulo 7 Anaacutelise dos Problemas de Ensino

caracterizados pela integraccedilatildeo de conceitos bem definidos por meio de declaraccedilotildees de relaccedilotildees De

fato para Strauss e Corbin (2008 p 29) o termo teoria se refere a

um conjunto de conceitos bem desenvolvidos relacionados por meio de de-claraccedilotildees de relaccedilotildees que juntas constituem uma estrutura integrada quepode ser usada para explicar ou prever fenocircmenos [sociais] (STRAUSSCORBIN 2008 p 29)

Ademais esse arcabouccedilo teoacuterico-metodoloacutegico - condizente com uma perspectiva qualitativa cons-

trutivista e interpretativista - envolve entre outras teacutecnicas analiacuteticas como codificaccedilatildeo aberta

codificaccedilatildeo axial e codificaccedilatildeo seletiva - ou seja respectivamente a criaccedilatildeo de conceitos e catego-

rias a partir dos dados brutos (STRAUSS CORBIN 2008 p 103) a criaccedilatildeo de relacionamentos

entre categorias e subcategorias (STRAUSS CORBIN 2008 123) e a integraccedilatildeo dos conceitos

(STRAUSS CORBIN 2008 p 143)

Desse modo uma leitura atenta de nossas anaacutelises mostraraacute que abordamos tanto os Pro-

blemas de Ensino quanto as suas respectivas estrateacutegias de resoluccedilatildeo conforme relatado pelos

informantes ou de acordo com nosso ponto de vista Mostraraacute tambeacutem que optamos por trabalhar

com a perspectiva da criaccedilatildeo de teoria fundamentada (STRAUSS CORBIN 2008) sendo essa

naturalmente distanciada do seu foco estritamente socioloacutegico ou seja adaptada agrave problemaacutetica

que abordamos em nossa pesquisa - a saber as implicaccedilotildees da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico

Virtual Livre em contexto formal e presencial de ensino-aprendizagem de liacutengua italiana como LEL2

materializadas em forma de Problemas de Ensino

Cabe ressaltar que as implicaccedilotildees pedagoacutegicas decorrentes de nossa pesquisa aproximam-se

mais dos contextos de formaccedilatildeo de professores de idiomas - em especial de liacutengua italiana - e menos

dos contextos de ensino-aprendizagem tambeacutem de idiomas Satildeo de fato melhor caracterizadas

como implicaccedilotildees para a formaccedilatildeo de professores Consideramos que essas implicaccedilotildees estatildeo

relacionadas especialmente aos debates relativos agrave resoluccedilatildeo dos Problemas de Ensino levantados

em nossa pesquisa Optamos nesta tese por natildeo inaugurar uma seccedilatildeo individual para tratar dessas

implicaccedilotildees pedagoacutegicas Ao contraacuterio preferimos mantecirc-las distribuiacutedas no texto deste capiacutetulo de

modo que permanecessem associadas aos debates sobre os Problemas de Ensino aos quais estatildeo

respectivamente ligadas

Observamos que quando pertinente procuramos engendrar reflexotildees no sentido de contemplar

nossa hipoacutetese de trabalho anunciada no capiacutetulo introdutoacuterio desta tese - a saber a hipoacutetese

de que a utilizaccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-

aprendizagem de liacutengua italiana como LEL2 deflagra uma seacuterie de implicaccedilotildees observaacuteveis e

especiacuteficas ndash as quais podem ser definidas em termos de Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p

425) ndash dada a sua natureza peculiar ou seja livre

Destacamos enfim que buscamos estruturar nossas reflexotildees neste capiacutetulo de modo a

contemplar da melhor maneira possiacutevel os objetivos especiacuteficos de nossa pesquisa conforme

propomos tambeacutem no capiacutetulo introdutoacuterio

128

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

71 Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produ-

ccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Nesta seccedilatildeo apresentamos e discutimos os Problemas de Ensino relacionados agrave Produccedilatildeo de

Material Didaacutetico Virtual Livre ocorrida nos contextos das duas ediccedilotildees do curso de formaccedilatildeo de

professores de liacutengua italiana em serviccedilo e em preacute-serviccedilo que ministramos no acircmbito de duas

universidades puacuteblicas brasileiras - sendo uma no estado de Santa Catarina e outra no estado de

Satildeo Paulo

Em nossa anaacutelise identificamos um total de 27 (vinte e sete) Relatos de Problemas de Ensino

ligados agrave produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre os quais procuramos agrupar de acordo com

o(s) respectivo(s) tema(s) Os relatos apontaram para 7 (sete) Problemas de Ensino fundamentais

os quais mapeamos por meio do QUAD 71 e discutimos nas subseccedilotildees de 711 a 717 Satildeo eles

1 Dificuldade para encontrar insumos desejados registrados com licenccedilas flexiacuteveis

2 Inseguranccedila (e resistecircncia) associada agrave utilizaccedilatildeo de insumos livres no material didaacutetico

3 Crenccedila de que o uso de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre necessariamente aumenta

a carga horaacuteria de trabalho docente

4 Dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica e o estado de artefato em construccedilatildeoque o

software livre pode apresentar

5 Dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas

6 Dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e de sequecircncias didaacuteticas digitais

7 Dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware

Vale ressaltar que os trecircs uacuteltimos Problemas de Ensino relativos agrave produccedilatildeo de materiais

didaacuteticos de natureza virtual e livre que identificamos em nossa pesquisa e que trazemos para

debate neste tese estatildeo especialmente relacionados ao desenvolvimento do letramento e da

competecircncia digital docente Com efeito uma leitura atenta de nossas anaacutelises mostraraacute que esses

Problemas de Ensino se relacionam agraves concepccedilotildees de letramento digital discutidas por Buzato

(2006a apud BUZATO 2006b) Buzato (2006b) e Romero (2008) - conforme apresentamos no

capiacutetulo 6 desta tese - e apontam para o desenvolvimento de competecircncias digitais relacionadas agrave

praacutetica docente inserida em meio agraves novas Tecnologias da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo (TICS)

de acordo Espanha (2013) Esse distribui as competecircncias digitais - as quais descrevemos no

QUAD 72 - em quatro dimensotildees Informaccedilatildeo Comunicaccedilatildeo Criaccedilatildeo de Conteuacutedo Seguranccedila e

Resoluccedilatildeo de Problemas

711 Dificuldade para encontrar insumos desejados registrados com

licenccedilas flexiacuteveis

A dificuldade para encontrar insumos desejados (ou especiacuteficos) que fossem registrados com

licenccedilas flexiacuteveis podem ser percebidos por meio dos relatos de PD-1 a PD-7 (QUAD 73) PD-13

129

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 72 Competecircncias digitais esperadas para o docente conforme Espanha (2013)

Dimensatildeo Competecircncia

Informaccedilatildeo Identificar localizar recuperar armazenarorganizar e analisar a informaccedilatildeo digitalavaliando a sua finalidade e relevacircncia

Comunicaccedilatildeo Comunicar-se em ambientes virtuais com-partilhar recursos por meio de ferramentasem rede conectar-se e colaborar por meiode ferramentas digitais interagir e partici-par de comunidades e redes consciecircnciaintercultural

Criaccedilatildeo de Conteuacutedo Criar e editar conteuacutedos novos (textos ima-gens viacutedeos) integrar e reelaborar co-nhecimentos e conteuacutedos anteriores rea-lizar produccedilotildees artiacutesticas conteuacutedo mul-timiacutedia e programaccedilatildeo de computadoressaber aplicar os direitos de propriedade in-telectual e as licenccedilas de uso

Seguranccedila Proteccedilatildeo pessoal proteccedilatildeo de dados pro-teccedilatildeo de identidade virtual uso seguro esustentaacutevel

Resoluccedilatildeo de Proble-mas

Identificar necessidades e recursos digitaistomar decisotildees para escolher a ferramentadigital apropriada de acordo com a finali-dade ou necessidade resolver problemasconceituais atraveacutes do meio virtual resolverproblemas teacutecnicos uso criativo da tecno-logia atualizar as proacuteprias competecircncia eas dos outros

Fonte adaptado de Espanha (2013 p 13)

130

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

(QUAD 75) e PD-26 (QUAD 710) Notamos que a ideia de insumos desejados se refere tanto a

uma forma idealizada de insumo - representado por exemplo pela expressatildeo um texto que fosse

legal(relato PD-2) - quanto a demandas de insumos especiacuteficos para as respectivas Sequecircncias

Didaacuteticas em elaboraccedilatildeo - tais como viacutedeos ou muacutesicas que falassem do corpo (relato PD-3)

viacutedeos que apresentassem uma receita culinaacuteria especiacutefica (relato PD-4) ou ainda imagens de

determinados materiais escolares (relato PD-6)

Percebemos ainda nos relatos de PD-1 a PD-7 PD-13 e PD-26 a referecircncia agrave busca de

soluccedilotildees perante a dificuldade de encontrar insumos especiacuteficos registrados com licenccedilas flexiacuteveis

As tentativas de solucionar o problema encaminharam-se em trecircs sentidos melhorar a busca

produzir os proacuteprios insumos e fazer adaptaccedilotildees nas sequecircncias didaacuteticas A melhoria da busca foi

compreendida no sentido de intensificaacute-la - ou seja simplesmente continuar procurando (relatos

PD-3 e PD-5) - e no sentido de refinaacute-la por meio da utilizaccedilatildeo de filtros e motores de busca

especializados em insumos registrados com licenccedilas flexiacuteveis (relato PD-7) A produccedilatildeo de insumos

por sua vez girou em torno da elaboraccedilatildeo de textos (relato PD-4) e da criaccedilatildeo de imagens (relato

PD-5) Emfim a mudanccedila de um ou mais aspectos abordados na sequecircncia didaacutetica - a ser

elaborada - ocorreu de modo a adaptaacute-la - a Sequecircncia Didaacutetica - aos insumos com licenccedilas flexiacuteveis

encontrados Esse eacute o caso por exemplo trazido agrave tona no relato n 6 em que se optou por associar

o estudo dos artigos agraves cores - em detrimento ao vocabulaacuterio relativo aos materiais escolares dada

a falta de imagens desse grupo de itens que fossem registrados com licenccedilas flexiacuteveis

Consideramos plausiacutevel compreender esse Problema de Ensino - ou seja a dificuldade de

encontrar insumos que sejam concomitantemente registrados com licenccedilas flexiacuteveis e condizentes

com as demandas de um determinado projeto de elaboraccedilatildeo de sequecircncias didaacuteticas - como a

experimentaccedilatildeo de questotildees e preocupaccedilotildees que sejam talvez novas para a praacutetica dos professores-

informantes mas que podem ser consideradas tiacutepicas no acircmbito da produccedilatildeo de material didaacutetico

no modelo de Economia Guttemberg (SHIRKY 2010 p 42) - como por exemplo no acircmbito das

editoras Com efeito natildeo seraacute difiacutecil constatar que equipes editoriais eventualmente tenham por

exemplo que adotar estrateacutegias de criaccedilatildeo de insumo - como elaborar seus proacuteprios textos ou

imagens tal qual relatado pelos informantes desta pesquisa - de modo a contornar a falta de insumos

adequados ou a impossibilidade de compra dos direitos de uso de um determinado insumo - ou

ateacute mesmo de modo a tentar diminuir os custos de produccedilatildeo do material didaacutetico Nesse caso a

constataccedilatildeo desse Problema de Ensino poderia sinalizar um efeito do empoderamento do professor

de idiomas o qual enquanto produtor do seu proacuteprio material didaacutetico assume responsabilidades que

em outra circunstacircncia seriam atribuiacutedas a terceiros Naturalmente um professor que assume uma

postura condizente com a concepccedilatildeo poacutes-meacutetodo buscando agregar agrave sua praacutetica as dimensotildees de

pesquisa e produccedilatildeo do seu material didaacutetico deveraacute em alguma medida absorver habilidades

competecircncias e conflitos relativos a esses dois acircmbitos

131

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 73 Relatos-produccedilatildeo dificuldade de encontrar insumos com licenccedilas flexiacuteveis

PD-1 [Encontramos dificuldade para] conseguir uma imagem para utilizar com seusdireitos livres [Informante 16]

PD-2 () foi bem difiacutecil achar um texto que fosse legal neacute Que tivesse especificadaa licenccedila Entatildeo a gente natildeo teve muita opccedilatildeo Entatildeo a escolha do texto foiassim ldquo- Ah esse texto taacute licenciado Entatildeo vai esse mesmordquo Natildeo foi ldquo - Ahporque esse texto eacute legal interessanterdquo Natildeo foi nada disso [Informante 1]

PD-3 A gente tambeacutem queria iniciar com um viacutedeo ou uma muacutesica que falasse docorpo mas a gente natildeo encontrou uma que tivesse a licenccedila adequadaa gente podia procurar mais e achar quem sabe neacute [Informante 8]

PD-4 () como a gente procurou na internet viacutedeos da pasta a boscaiolla a genteencontrou no como era o mesmo Giallozanfrano um viacutedeo excelentemas ele natildeo tinha licenccedila pra ser utilizado entatildeo a gente pensou na Mariella(componente do grupo de trabalho que fala italiano como liacutengua materna) fazera apresentaccedilatildeo em italiano da receita e a gente ia utilizar o recurso das imagenspra ir ilustrando para os alunos Essa receita esse texto foi a Mariella queescreveu entatildeo eacute de autoria do nosso grupo [Informante 8]

PD-5 () foi uma dificuldade muito grande pra encontrar as imagens sem o copyrightneacute Que a gente pudesse utilizar entatildeo eu ateacute teve uma imagem que eutive que tirar uma foto em casa do sal que natildeo teve a Socircnia (componentedo grupo de trabalho) ajudou muito porque ela conseguiu encontrar teve umafacilidade maior pra encontrar as imagens pra gente [Informante 8]

PD-6 Como o objetivo central era estudar os artigos na verdade a gente pensouinicialmente [em] comeccedilar com algo que fosse visual pra eles na sala deaula mas noacutes natildeo conseguimos imagens livres de de por exemplo eacutemateriais de utilizaccedilatildeo caneta laacutepis ou mesmo sala de aula a gente pensouem pegar uma imagem completa assim noacutes natildeo conseguimos Entatildeo noacutesmudamos ateacute conseguirmos essa imagem livre (imagem de uma cesta comfrutas) e mudamos o foco [Informante 11] Tivemos que pensar num tema paraessa imagem entatildeo resolvemos trabalhar com o tema cores e dentro do temacores trabalhar com os artigos [Informante 3]

PD-7 A segunda e uacuteltima dificuldade foi para encontrarmos um viacutedeo que se en-caixasse na categoria de Creative Commons pois os primeiros encontradosestavam hospedados no Youtube e eram de licenccedila copyright Para solucionar-mos o problema decidimos pesquisar no wwwcreativecommonsorg sites deviacutedeos que possuam licenccedila livre copyleft Encontramos o site wwwvimeocomque os disponibiliza de forma livre e expliciacuteta qual o tipo de CC (Creative Com-mons) [Informante 9]

132

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

712 Inseguranccedila (e resistecircncia) associada agrave utilizaccedilatildeo de insumos

livres no material didaacutetico

O sentimento de inseguranccedila perante a utilizaccedilatildeo de insumos livres no material didaacutetico - bem

como a resistecircncia em fazecirc-lo - podem ser constatados nos relatos de PD-8 a PD-10 (QUAD 74)

Identificamos por meio da anaacutelise desses relatos que os insumos livres foram percebidos pelos

informantes de dois modos sendo ambos - consideramos - negativos ainda que em intensidades

diferentes Satildeo eles definitiva e intrinsecamente ruins - ou seja de qualidade duvidosa - por um

lado e por outro de caraacuteter alternativo cuja utilizaccedilatildeo poderia natildeo agradar aos alunos Dessa

forma associamos o sentimento de resistecircncia ao primeiro aspecto - a saber a crenccedila de que esses

insumos satildeo intrinsecamente de baixa qualidade por serem livres - e o sentimento de inseguranccedila

ao segundo - ou seja agrave crenccedila de que a sua utilizaccedilatildeo pode natildeo agradar aos alunos Vale ressaltar

que o julgamento sobre a qualidade dos insumos livres eacute colocada em xeque pelos informantes

em oposiccedilatildeo aos insumos advindos de um modelo de produccedilatildeo fechado ou seja que reflete a

concepccedilatildeo da Economia Guttemberg (SHIRKY 2010 p 42) - tais como editoras gravadoras ou

produtoras Esses de fato seriam supostamente mais famosos e mais familiares tanto para os

alunos quanto para os professores de modo que lhes agradariam mais Para expressar o seu ponto

de vista negativo sobre os insumos livres os informantes lanccedilaram matildeo de conceitos como pouco

interessante (relato PD-9) desconhecido - com uma carga pejorativa (relato PD-9) desatualizado

(relato PD-10) e alternativo (relato PD-10)

Cabe observar que a crenccedila de que a qualidade dos produtos culturais livres eacute intrinsecamente

maacute remete agrave ideia de que o aumento da facilidade de publicaccedilatildeo proporcionada pelo desenvolvimento

tecnoloacutegico diminui a qualidade das publicaccedilotildees como um todo - conforme ocorrido com o advento

da prensa moacutevel de Guttemberg e da Internet (SHIRKY 2010 p 46) Consideramos equivocada

a associaccedilatildeo dessa concepccedilatildeo com aquela na medida em que a diminuiccedilatildeo da qualidade das

publicaccedilotildees considerado todo o seu universo natildeo equivale agrave concepccedilatildeo de que um produto cultural

seraacute de maacute qualidade pelo fato de ser livre Com efeito encontramos materiais com boa e com maacute

qualidade tanto no acircmbito do modelo de produccedilatildeo cultural fechado quanto livre A qualidade seraacute

condicionada por outros fatores

Percebemos ainda sobre esse Problema de Ensino o relato de pelo menos uma estrateacutegia

adotada no sentido de tentar solucionaacute-la Frente ao surgimento da crenccedila de que insumos livres

poderiam natildeo agradar aos alunos o professor-informante decidiu utilizar insumos de aacuteudio que

considerou remeter a aspectos da cultura italiana que lhe pareciam adequados ou uacuteteis para serem

abordados em uma aula de liacutengua e cultura italianas Referimos-nos ao relato PD-11 em que o

professor informante explica ter escolhido a utilizaccedilatildeo de muacutesicas do grupo Armada Brancaleone

ao associaacute-lo ao claacutessico filme italiano LrsquoArmata Brancaleone o qual fora produzido dentro de um

modelo de produccedilatildeo fechado Compreendemos que a resoluccedilatildeo de Problemas de Ensino motivados

por crenccedilas passam pelo exerciacutecio de reflexatildeo e ampliaccedilatildeo do contato com o artefato focalizado - ou

seja sobre o qual se tem a crenccedila Encontramos concepccedilatildeo anaacuteloga em Silva (2011 p 2) Vieira

Abrahatildeo (2004 p 133) e White (2008 p 125) quando ressaltam a explicitaccedilatildeo a conscientizaccedilatildeo e

a reflexatildeo sobre crenccedilas ou aglomerados de crenccedilas (SILVA 2005) - relacionadas nesse caso agrave

dimensatildeo do ensino e aprendizagem de liacutenguas - como accedilotildees chave em percursos de formaccedilatildeo

133

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 74 Relatos-produccedilatildeo inseguranccedila (e resistecircncia) relativa agrave utilizaccedilatildeo de insumoslivres no material didaacutetico

PD-8 Aquilo que a gente disse () natildeo eacute nem um artigo que a gente achou ldquoah eacutemuito interessanterdquo () Era o que tinha pra conseguir fazer a atividade Essaaliaacutes seria uma de minhas criacuteticas no sentido de natildeo encontramos nada demuito inte () tipo uma canccedilatildeo conhecida pra poder trabalhar Natildeo O quetinha era umas coisas assim do tipo ldquoAh taacute quem eacute esse que fez essa canccedilatildeonerdquo (tom irocircnico) Entatildeo num num foi muito interessante [Informante 2]

PD-9 () e com relaccedilatildeo a viacutedeos tambeacutem encontramos dificuldade para colocarporque tambeacutem inicialmente a gente tem aquela ideia de se trazer as muacutesicasatualizadas e essas na verdade satildeo as que a gente natildeo encontra liberdadesas liberdades no site entatildeo as muacutesicas atuais que estatildeo tocando nas raacutedios[Informante 11]

PD-10 Quando pensei em pesquisar muacutesicas achei um pouco complicado usar osite jamendocom pois a impressatildeo que tive foi que os artistas e muacutesicasencontradas eram um pouco alternativos Natildeo que isso seja um problema masnormalmente os alunos gostam mais daquilo que eacute mais famoso mais familiar aeles Como soluccedilatildeo escolhi um grupo que se chamava Armada Brancaleone e oaacutelbum Dura Lex pois achei interessantes[] () [O] nome do grupo () retomaum claacutessico do cinema italiano e () provavelmente poderia ser um ponto deapoio para os alunos [Informante 6]

134

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

de professores de idiomas visando auxiliaacute-los a entender suas accedilotildees e procedimentos em sala de

aula(SILVA 2011 p 2) de modo a aprimorar a sua praacutetica Dessa forma no caso do Problema de

Ensino apontado - por exemplo - as reflexotildees podem girar em torno de conceitos como qualidade -

em se tratando dos insumos - induacutestria cultural e ateacute sobre o proacuteprio conceito de crenccedila - entre outros

A aproximaccedilatildeo com o objeto focalizado por sua vez pode ser realizado por meio da ampliaccedilatildeo de

buscas e da anaacutelise dos insumos encontrados

Consideramos enfim que Problemas de Ensino relacionados a crenccedilas - como a inseguranccedila e

a resistecircncia associadas agrave utilizaccedilatildeo de insumos livres no material didaacutetico discutido nesta subseccedilatildeo

e a crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre necessariamente aumenta

a carga horaacuteria de trabalho trazida para debate na proacutexima subseccedilatildeo - natildeo seratildeo especiacuteficos no

que diz respeito a materiais didaacuteticos de natureza virtual livre De fato crenccedilas podem se referir

a artefatos e construtos de diversas naturezas - como por exemplo a uma liacutengua ao ensino agrave

aprendizagem aos programas e curriacuteculos ou ateacute mesmo ao ensino de liacutenguas enquanto profissatildeo

conforme destacam e discutem Richards e Lockhart (1996 p 30-40) atendo-se ao universo

do ensino-aprendizagem de liacutenguas Contudo eacute possiacutevel que existam crenccedilas que apontem para

caracteriacutesticas especiacuteficas desse tipo de material - ou seja materiais didaacuteticos de natureza virtual livre

- em determinado periacuteodo de tempo e contexto sociocultural tal qual - entre outros - a presenccedila de

insumos produzidos e publicados em um modelo de produccedilatildeo livre os quais conforme observamos

nesta subseccedilatildeo poderatildeo ser considerados portadores de uma suposta maacute qualidade intriacutenseca

Vale observar que ao propor essa reflexatildeo referimos-nos agraves crenccedilas sobre materiais didaacuteticos de

ensino de liacutenguas em especial sobre materiais de natureza virtual livre

713 Crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza vir-

tual livre necessariamente aumenta a carga horaacuteria de trabalho

docente

A crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre necessariamente aumenta

a carga horaacuteria de trabalho docente estaacute relacionada aos relatos de PD-11 a PD-13 (QUAD 75)

Essa crenccedila se refere agrave visatildeo de que a tarefa de produzir percursos didaacuteticos partindo-se do marco

zero seraacute necessaacuteria para todos os contextos de ensino com os quais o docente de idiomas iraacute se

deparar caso decida pela utilizaccedilatildeo desse tipo de material didaacutetico em sua praacutetica Nesse caso

ignora-se a possibilidade da utilizaccedilatildeo de Sequecircncias Didaacuteticas jaacute produzidas por terceiros - ou pelo

professor autor em momentos anteriores - cuja adequaccedilatildeo se decirc por nenhuma ou quase nenhuma

adaptaccedilatildeo Desse modo ignora-se tambeacutem a possibilidade do surgimento espontacircneo de uma rede

de compartilhamento de Sequecircncias Didaacuteticas e da accedilatildeo da inteligecircncia coletiva Percebemos ainda

que essa crenccedila reflete a ideia de que materiais didaacuteticos de natureza virtual e livre natildeo seriam

compatiacuteveis com uma dinacircmica profissional docente marcada por um processo de proletarizaccedilatildeo -

ou seja um processo de precarizaccedilatildeo assalariamento e coletivizaccedilatildeo conforme Hypoacutelito (1994) e

Wenzel (1991) Como bem explicam Tumolo e Fontana (2008 p 163)

Hypoacutelito (1994) afirma ser a proletarizaccedilatildeo um processo de assalariamentoe precarizaccedilatildeo profissional no qual estaacute submetido um grande nuacutemero de

135

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 75 Relatos-produccedilatildeo crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos de naturezalivre necessariamente aumenta a carga horaacuteria de trabalho docente

PD-11 () vou ser muito sincero ateacute de uma forma ateacute um pouco digamosdepondo contra mim mesmo mas escuta se eu tiver que procurar demaiseu vou desistir da atividade [Informante 2] E se vocecirc encontrar uma atividadepronta de um colega Que jaacute procurou () e que jaacute taacute quase pronta pra vocecircusar [Pesquisador]

PD-12 A questatildeo eacute pelo menos essa eacute a minha realidade eu nem acho que eacuteassim uma realidade agradaacutevel de expor aqui pros colegas mas eacute umarealidade em que vocecirc fala ldquo- Olha mal tenho tempo de ler um texto pro curso[de poacutes graduaccedilatildeo] que eu tou fazendo e aiacute eu vou sair procurando uma coisaque eu acho(dirigindo-se agrave turma) concordam que vocecirc natildeo vai mostrar paraa sala alguma coisa que vocecirc ache lixo neacute Entatildeo assim primeiro tem queeu ouvir eu ter alguma sensaccedilatildeo e tal () Eu acho que vai ser muito difiacutecilque aconteccedila (referindo-se ao trabalho de produccedilatildeo de Material Didaacutetico VirtualLivre conforme acabara de experimentar) [Informante 2]

PD-13 () vou fazer outra colocaccedilatildeo assim acredito tambeacutem que natildeo sejasomente a gente demorou bastante pra conseguir claro que inicialmenteisso acontece tambeacutem pela falta de praacutetica de conhecimento de praacuteticamas tambeacutem de encontrar os materiais encontrar aquilo que noacutes estamosquerendo e a gente vai se adaptando e vamos tendo outras necessidadestambeacutem [Informante 11] Loacutegico que a maior dificuldade eacute encontrar a licenccedilaadequada a gente ficou muito tempo procurando - ah natildeo esse natildeo daacuteporque natildeo tem licenccedila esse natildeo daacute porque natildeo tem licenccedila[Informante1] E com isso uma consequecircncia maior de grande dificuldade eacute o tempo agente perde tempo para preparar um material desse acho que isso eacute umaquestatildeo central assim o tempo do professor preparaccedilatildeo de aula neacute[informante 11] Mas acho que isso vem dentro tambeacutem da nossa [Informante1] Tem tem tambeacutem a questatildeo de agente natildeo conhecer de natildeo conhecerbem ainda o programa de natildeo estar habituado as resistecircncias tambeacutem quea gente tem pelo fato de estar muito habituado a outras coisas [Informante11] e depois que a gente acha um siacutetio que jaacute tem as imagens liberadas agente jaacute sabe o que tem ali natildeo precisa ficar ah natildeo precisa ficar procurandoimagens sei que ali naquele site tem [Informante 1]

136

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

trabalhadores Jaacute para Wenzel (1991) a proletarizaccedilatildeo eacute resultado daproduccedilatildeo capitalista que retira do trabalhador o controle sobre o processoprodutivo Trabalhador proletaacuterio eacute a negaccedilatildeo do trabalhador individual ea afirmaccedilatildeo do trabalhador coletivo Na anaacutelise desses pesquisadores odocente eacute proletaacuterio na medida em que sofre um processo de precarizaccedilatildeoe assalariamento e se afirma como um trabalhador coletivo (TUMOLOFONTANA 2008 p 163)

Consideramos nesse caso que o aumento da necessidade de assumir cargas horaacuterias de

sala de aula maiores - comprometendo-se por exemplo com mais turmas mais alunos ou mais

escolas como uma tentativa de aumento de renda - e a eventual diminuiccedilatildeo do tempo disponiacutevel

para produzir material didaacutetico respectivamente como aspectos da precarizaccedilatildeo e do controle sobre

o processo de produccedilatildeo

Percebemos por meio da anaacutelise dos relatos de PD-11 a PD-13 que a atividade de preparaccedilatildeo

de material didaacutetico foi concebida como algo de importacircncia secundaacuteria ou seja como uma perda

de tempo - conforme expressado por exemplo pela frase a gente perde tempo produzindo esse

tipo de material(relato PD-13) Compreendemos que essa concepccedilatildeo estaacute diretamente relacionada

aos valores estabelecidos por um contexto de proletarizaccedilatildeo docente (HYPOacuteLITO 1994 WENZEL

1991) em que se atribui mais valor em gastar tempo com mais horas aula do que com a atividade de

produccedilatildeo de material didaacutetico Essa concepccedilatildeo pode se opor por exemplo agrave ideia de que a produccedilatildeo

de material didaacutetico constitui-se de uma tarefa essencialmente importante para a atividade de ensino

e para a formaccedilatildeo docente continuada (TOMLINSOM 2003b TOMLINSOM 2001 JOHNSON

2003 p 445 p 67 p 10) - aleacutem de representar um aspecto do empoderamento do professor na

medida em que lhe permite tomar decisotildees relativas aos diversos aspectos de sua praacutexis como por

exemplo a escolha dos insumos com os quais pretende trabalhar Decisotildees essas que em algumas

perspectivas teoacuterico-metodoloacutegicas seriam tomadas por terceiros - tais como por exemplo autores

de livros didaacuteticos baseados em meacutetodos especiacuteficos de ensino de liacutenguas Parece-nos dessa forma

estabelecida respectivamente a relaccedilatildeo antagocircnica entre o docente como trabalhador coletivo

proletaacuterio e como trabalhador individual Parece-nos oportuno lembrar enfim que consideramos que

os Problemas de Ensino relacionados a crenccedilas podem ser trabalhados em direccedilatildeo agrave sua resoluccedilatildeo

- no que tange agrave formaccedilatildeo de professores de idiomas - pelo exerciacutecio de reflexatildeo e ampliaccedilatildeo do

contato com o(s) objeto(s) envolvidos na construccedilatildeo da crenccedila

714 Dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica e o estado de ar-

tefato em construccedilatildeoque o software livre pode apresentar

A dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica e o estado de artefato em construccedilatildeoque o

software livre pode apresentar estaacute relacionada ao relato PD-14 (QUAD 76) A partir da leitura

desse relato percebemos que a inquietaccedilatildeo dos professores-participantes se refere agrave presenccedila

de elementos da interface do software que poderatildeo ficar sem uso na versatildeo final (publicada) de

algumas sequecircncias didaacuteticas caso o professor-autor decida natildeo seguir os modelos de atividades

oferecidos pelo programa de autoria subvertendo-o de acordo com as proacuteprias demandas Vale

lembrar que esse software - a saber o EXElearning sobre o qual falamos no capiacutetulo 4 desta tese -

137

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 76 Relato-produccedilatildeo Dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica e o estado deartefato em construccedilatildeoque o software livre pode apresentar

PD-14 A gente acabou descobrindo por exemplo que se vocecirc () coloca o seu cursorna dica (elemento do software utilizado) e da um enter esse esse iacuteconede dica vai ficar ali eternamente () ou pelo menos a gente natildeo descobriu[como usar] () Aiacute a gente acabou criando uma dica ali que natildeo eacute verdadeque nem eacute uma dica () eacute uma observaccedilatildeo porque eu brinquei ateacute com o[pesquisador] que eu falei ldquo - Poxa se eu lanccedilo isso pro aluno usar ele vaifalar - Que raio de programador eacute esse que coloca umas coisas vazias neacute ldquoAiacute a gente acabou criando umas sabe assim umas muletas [Informante 2]

de fato disponibiliza diversas tipologias pre-estabelecidas para os usuaacuterios - tais como questotildees

de muacuteltipla escolha de verdadeiro ou falso de preenchimento de lacunas entre outras No caso

apontado o professor-informante se refere ao iacutecone dica- presente em alguns modelos e atividades

- o qual natildeo pode ser desabilitado pelo usuaacuterio mesmo que natildeo seja utilizado

Compreendemos que tal inquietaccedilatildeo estaacute relacionada agrave percepccedilatildeo do programa de autoria livre

como um artefato que se apresenta em estado final e imutaacutevel Ignora-se dessa modo a ideia de

que o usuaacuterio - ou grupo de usuaacuterios - poderaacute promover alteraccedilotildees em niacutevel de programaccedilatildeo caso

queira adaptaacute-lo agraves suas demandas locais ou simplesmente aos padrotildees funcionais ou esteacuteticos de

sua preferecircncia Em outras palavras ignora-se a essecircncia do software livre ou seja o fato de que a

sua criaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo pressupotildee a ideia de que esse artefato poderaacute ser alterado em niacutevel de

coacutedigo por outros usuaacuterios-programadores de modo a serem adaptados agraves suas necessidades

Consideramos plausiacutevel a partir de nossa anaacutelise desse relato sugerir o estabelecimento de

dois perfis referenciais antagocircnicos representativos dos professores-usuaacuterios de software livre em

sua praacutetica de ensino Referimos-nos ao usuaacuterio estaacutetico em oposiccedilatildeo ao usuaacuterio proativo ou livre

Enquanto o primeiro percebe o software livre por meio de uma perspectiva proprietaacuteria - satisfazendo-

se em usar apenas o que o software oferece da maneira como oferece ou seja contentando-se

apenas com niacuteveis superficiais ou controlados de personalizaccedilatildeo e de apropriaccedilatildeo - o segundo

percebe o software livre como tal almejando niacuteveis profundos de personalizaccedilatildeo e apropriaccedilatildeo

considerando sempre a possibilidade de alcanccedilar tais niacuteveis Destacamos essas caracteriacutesticas por

meio do QUAD 77

Desse modo parece-nos coerente dizer que os professores-participantes referenciados por meio

do relato PD-14 apresentaram percepccedilotildees e atitudes que naquele contexto - e naquele momento

- parecem apontar mais para um perfil estaacutetico e menos para um perfil proativo (ou livre) perante

a utilizaccedilatildeo de software livre na praacutetica docente Consideramos que tais professores perceberam

o software livre com o qual trabalhavam a partir de uma perspectiva proprietaacuteria De acordo com

o seu relato frente a uma demanda de personalizaccedilatildeo impossiacutevel de ser resolvida pelas funccedilotildees

oferecidas ao usuaacuterio natildeo lhes ocorreu propor alteraccedilotildees em niacutevel de coacutedigo Com efeito o relato

deflagra a necessidade de personalizaccedilatildeo - representada pelo desejo de retirar o elemento dica

138

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 77 Usuaacuterio estaacutetico e usuaacuterio proativo (livre) - perfis referenciais antagocircnicos

Usuaacuterio estaacutetico Usuaacuterio proativo (livre)

Percebe o software livre por umaperspectiva proprietaacuteria ainda quesaiba o conceito de software livre

Percebe o software livre por umaperspectiva livre

Sente-se confortaacutevel com niacuteveissuperficiais de apropriaccedilatildeo do soft-ware que utiliza natildeo considera su-perar esses niacuteveis

Almeja niacuteveis profundos de apro-priaccedilatildeo do software que utilizaconsidera a possibilidade de alcan-ccedilar tais niacuteveis

Sente-se confortaacutevel com niacuteveismiacutenimos ou controlados de perso-nalizaccedilatildeo do software que utilizanatildeo considera a superaccedilatildeo dessesniacuteveis

Almeja niacuteveis maacuteximos de perso-nalizaccedilatildeo do software que utilizaconsidera a possibilidade de alcan-ccedilar tais niacuteveis

presente na interface de algumas atividades do programa de autoria EXElearning - e indica uma

tentativa de soluccedilatildeo baseada em uma maquiagem daquele elemento - utilizando-o para observaccedilotildees

e natildeo para dicas conforme marca a frase Aiacute a gente acabou criando () umas muletas(relato

PD-14) Esse mesmo relato entretanto natildeo indica que foi considerada a possibilidade de se fazerem

alteraccedilotildees no niacutevel de coacutedigo como soluccedilatildeo para essa questatildeo Parece que eles natildeo levaram em

conta essa possibilidade Consideramos que naturalmente em outros contextos e outros momentos

os perfis poderatildeo variar entre os dois polos referenciais que apresentamos ou seja entre o usuaacuterio

estaacutetico e o proativo ou livre

Vale ressaltar que o trabalho de formaccedilatildeo docente relativo a esse Problema de Ensino pode apon-

tar para o desenvolvimento de uma competecircncia digital especiacutefica relacionada ao desenvolvimento

de conteuacutedo conforme Espanha (2013 p 13) Referimos-nos a saber realizar programaccedilatildeo de

computadores Citamos essa competecircncia no QUAD 72 Consideramos que ela pode variar desde

a aprendizagem de noccedilotildees gerais sobre programaccedilatildeo ateacute o saber programar em niacutevel avanccedilado

Julgamos enfim que a dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica e o estado de artefato em

construccedilatildeoque o software livre pode apresentar (PE-4) natildeo parece ser especiacutefica no que se refere

aos materiais didaacuteticos de natureza virtual livre Com efeito ele pode ser enfrentado tambeacutem em

contextos de utilizaccedilatildeo de materiais de outras naturezas desde que se utilize software livre - ainda

que seja estritamente relacionado ao universo dos materiais didaacuteticos de natureza virtual livre

715 Dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas

A dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas se refere aos relatos de PD-15 a PD-20 (QUAD

78) Conforme percebemos em nossa anaacutelise essa dificuldade estaacute relacionada a trecircs fatores a maacute

localizaccedilatildeo das informaccedilotildees sobre a licenccedila de uso dos insumos nos repositoacuterios concernentes a

139

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 78 Relatos-produccedilatildeo dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas

PD-15 Aqui nesse caso a gente conseguiu copiar e colar neacute O texto Porque aimagem natildeo tava livre Soacute o texto tava livre Para modificaccedilatildeo e veiculaccedilatildeo Natildeopara comercializaccedilatildeo E foi um trauma um trauma encontrar () o negocinhoescrito la embaixo (referindo-se ao peacute de paacutegina do site onde estava localizadaa indicaccedilatildeo de licenccedila) [Informante 3]

PD-16 A gente pensou primeiro em explorar uma foto que tem nesse artigo () e comoa foto natildeo era licenciada assim natildeo tinha uma licenccedila especiacutefica pra a foto() a gente natildeo podia usar soacute a foto () como tinha a licenccedila na paacutegina agente usou o texto inteiro a paacutegina toda neacute [Informante 1]

PD-17 O problema enfrentado durante a busca de material livre na internet eacute que nemsempre as licenccedilas estatildeo a mostra o que dificulta a pesquisa Nos sites debusca de material livre em geral natildeo encontramos muitas coisas O materialem maior quantidade satildeo muacutesicas mas viacutedeos e filmes encontram-se em poucaquantidade Fotos tambeacutem satildeo acessiacuteveis Natildeo procurei textos Entender osignificado da licenccedila tambeacutem foi difiacutecil no caso de um viacutedeo porque dizia acessolivre mas natildeo mostrava a licenccedila Os problemas foram resolvidos conversandocom os colegas de curso que me ajudaram a entender as legendas quandopossiacutevel [Informante 13]

PD-18 [Tivemos dificuldade para] entender os coacutedigos das licenccedilas respectivos agrave[nossa] busca Pedimos auxiacutelio do professor e da colega ao lado para sanar asduacutevidas [Informante 14]

PD-19 [Tivemos] [d]ificuldade em encontrar sites com viacutedeos e muacutesicas onde estejainformado o tipo de direitos reservados [Informante 12]

PD-20 Natildeo encontramos a indicaccedilatildeo especiacutefica de direitos autorais do Youtube [Infor-mante 15 ]

ausecircncia de informaccedilotildees sobre a licenccedila de uso dos insumos tambeacutem nos repositoacuterios concernentes

e a incompreensatildeo das informaccedilotildees sobre as licenccedilas de uso quando essas se encontram e estatildeo

bem sinalizadas O primeiro fator pode ser percebido por exemplo pelos excertos foi um trauma

() encontrar o negocinho escrito la embaixo (referindo-se ao peacute de paacutegina do site onde estava

localizada a indicaccedilatildeo de licenccedila)(relato PD-15) e Entender o significado da licenccedila tambeacutem foi

difiacutecil no caso de um viacutedeo porque dizia acesso livre mas natildeo mostrava a licenccedila(relato PD-17)

O segundo fator por sua vez pode ser visto por meio dos excertos Nem sempre as licenccedilas

estatildeo agrave mostra (relato PD-17)e natildeo encontramos a indicaccedilatildeo especiacutefica de direitos autorais do

Youtube(relato PD-20) O terceiro fator enfim pode ser exemplificado pelo excerto [Tivemos

dificuldade para] entender os coacutedigos das licenccedilas respectivos agrave [nossa] busca(relato PD-18)

Percebemos que os dois primeiros fatores - a saber a maacute localizaccedilatildeo das informaccedilotildees sobre as

licenccedilas de uso dos insumos e a ausecircncia dessas informaccedilotildees em seus repositoacuterios - natildeo estatildeo

140

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

diretamente relacionados aos professores-informantes em sua accedilatildeo de busca de insumos dado

que a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo desses repositoacuterios foi feita por terceiros Compreendemos que

aos professores-autores caberaacute nesse caso aprofundar a pesquisa de modo a tentar estabelecer

quais seriam as licenccedilas encontrando-as por exemplo em outros repositoacuterios e outras fontes

caso queiram utilizar um determinado insumo cuja licenccedila natildeo estaacute clara Natildeo obstante o trabalho

formativo relacionado agrave resoluccedilatildeo dos Problemas de Ensino motivados por esses fatores poderaacute

seguir no sentido de conscientizar os docentes sobre a importacircncia de se estabelecerem e de se

publicarem com clareza as licenccedilas relativas aos insumos e agraves sequecircncias didaacuteticas livres com

os quais estatildeo trabalhando e os quais pretendem publicar Ademais esse cuidado aponta para

o desenvolvimento de uma competecircncia digital especiacutefica relacionada agrave criaccedilatildeo de conteuacutedo

conforme Espanha (2013 p 13) ou seja Saber aplicar os direitos de propriedade intelectual e as

licenccedilas de uso(ESPANHA 2013 p 13) Citamos essa competecircncia no QUAD 72

Notamos que o terceiro fator por sua vez relaciona-se diretamente aos professores-informantes

em sua accedilatildeo de busca de insumos Trata-se da incompreensatildeo das informaccedilotildees sobre as licenccedilas de

uso dos insumos quando tais indicaccedilotildees estatildeo presentes e bem sinalizadas Compreendemos que a

resoluccedilatildeo desse problema bem como um possiacutevel caminho de formaccedilatildeo docente a ele relacionado

aponta naturalmente para o estudo e compreensatildeo da codificaccedilatildeo das licenccedilas independente do

conjunto referencial de licenccedilas adotado Esse estudo tambeacutem aponta para a jaacute citada competecircncia

digital relacionada agrave criaccedilatildeo de conteuacutedo trazida agrave tona em Espanha (2013 p 13) a qual repetimos

aqui Saber aplicar os direitos de propriedade intelectual e as licenccedilas de uso(ESPANHA 2013

p 13) Consideramos que saber aplicar pressupotildee compreendecirc-los - tanto os direitos quanto as

licenccedilas

Os relatos de PD-15 a PD-20 deflagraram tambeacutem a accedilatildeo de pedir ajuda aos colegas como

a principal estrateacutegia adotada pelos professores-participantes por eles referenciado Com efeito

destacamos as frases Os problemas foram resolvidos conversando com os colegas de curso

que me ajudaram a entender as legendas quando possiacutevel(relato PD-17) e Pedimos auxiacutelio do

professor e da colega ao lado para sanar as duacutevidas(relato PD-18) as quais deflagram essa accedilatildeo

Cabe mencionar que a iniciativa de pedir e oferecer auxiacutelio figura como uma accedilatildeo essencialmente

relacionada ao desenvolvimento de projetos de natureza livre - tal qual o software livre cujos

programadores e usuaacuterios tradicionalmente tentam estabelecer e manter comunidades de apoio

mutuo Percebemos que um dos principais objetivos ao fazecirc-lo consiste em facilitar a atuaccedilatildeo da

inteligecircncia coletiva em seus projetos Entendemos que essa atitude seraacute tambeacutem fundamental para

o desenvolvimento de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre Esse aspecto poderaacute ser abordado

em percursos de formaccedilatildeo de professores de idiomas e estaacute em sintonia com duas competecircncia

apontadas por Espanha (2013 p 13) - a saber conectar-se e colaborar por meio de ferramentas

digitaise interagir e participar de comunidades e redes Ambas segundo Espanha (2013 p 13)

estatildeo associadas agrave dimensatildeo da Comunicaccedilatildeo conforme apresentamos no QUAD 72

Compreendemos enfim que a dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas pode ser experi-

enciada em contextos de produccedilatildeo de materiais didaacuteticos de qualquer natureza ainda que esteja -

consideramos - estreitamente relacionado agrave produccedilatildeo de materiais didaacuteticos virtuais de natureza

livre Mesmo a produccedilatildeo de materiais fechados pode envolver a utilizaccedilatildeo de insumos registrados

141

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

com licenccedilas flexiacuteveis ou a sua exclusatildeo consciente Tanto essa decisatildeo quanto aquela envolvem a

compreensatildeo das licenccedilas A adoccedilatildeo e o entendimento do conjunto referencial de licenccedilas adotado

- independente de qual seja - estatildeo relacionados agraves demandas de adaptaccedilatildeo das leis de direitos

autorais agraves praacuteticas de produccedilatildeo e circulaccedilatildeo de bens culturais que se estabelecem com o advento

de novas tecnologias digitais Tais adaptaccedilotildees e tais praacuteticas de produccedilatildeo e circulaccedilatildeo podem

afetar a praacutetica de todos os docentes e natildeo apenas uma determinado perfil Corrobora nossa

argumentaccedilatildeo a percepccedilatildeo de Espanha (2013 p 13) quando considera importante que o docente

da era digital saiba aplicar os direitos de propriedade intelectual e as licenccedilas de uso(ESPANHA

2013 p 13) Compreendemos que Espanha (2013 p 13) se refere a todos os docentes que atuam

ou vatildeo atuar na era digital

716 Dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e de Sequecircn-

cias Didaacuteticas digitais

A dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e sequecircncias didaacuteticas digitais pode ser percebida

por meio dos relatos de PD-21 a PD-25 (QUAD 79) Observamos de fato que os relatos indicam

a ocorrecircncia de dificuldades com a ediccedilatildeo de imagens - como expressa o excerto [Encontramos

problemas para] editar a imagem(relato PD-21) - e com a ediccedilatildeo das Sequecircncias Didaacuteticas pro-

duzidas com o programa de autoria EXElearning - conforme exemplificam os excertos Algueacutem

consegue dizer por que eu natildeo tou conseguindo movecirc-la(referindo-se a uma janela que abriga um

site na Sequecircncia Didaacutetica apresentada) (relato PD-23) e Eacute que o viacutedeo ela conseguiu colocar

ali Conte como foi essa epopeia(relato PD-25) ou seja como foi difiacutecil inserir o viacutedeo em uma

atividade da Sequecircncia Didaacutetica que estavam produzindo

Compreendemos que os problemas relativos agrave ediccedilatildeo das Sequecircncias Didaacuteticas podem estar

relacionados agrave pouca familiaridade dos professores-participantes com o programa de autoria

que utilizavam naquele contexto e naquele momento De fato percebemos que alguns relatos

podem deflagrar situaccedilotildees em que a resoluccedilatildeo dos problemas envolveu a aprendizagem ou a

percepccedilatildeo de um aspecto recurso ou possibilidade de configuraccedilatildeo do programa de autoria ateacute

entatildeo despercebidos pelos professores-participantes citados nos relatos Tomamos como exemplo

os relatos PD-24 e PD-25 Ambos deflagram situaccedilotildees em que os informantes declaram ter percebido

peculiaridades da dinacircmica do programa apoacutes a publicaccedilatildeo das Sequecircncias Didaacuteticas que produziam

Dessa forma enquanto no relato PD-24 os professores-participantes perceberam que o tamanho do

artigo utilizado como insumo seria diferente na versatildeo editaacutevel e na versatildeo publicada da Sequecircncia

Didaacutetica produzida no relato PD-26 o informante declara ter percebido que o viacutedeo - que acabara de

inserir - funciona normalmente na versatildeo publicada natildeo obstante apareccedila desconfigurado na versatildeo

editaacutevel Estes satildeo os trechos a partir dos quais percebemos tais relaccedilotildees A gente acabou de

descobrir depois de publicar que o artigo natildeo aparece inteiro como ele apareceria pra gente(relato

PD-24) e Ah entatildeo foi super difiacutecil mas depois eu descobri que na verdade todo o trabalho

que eu tive pra por o viacutedeo natildeo precisava ter porque na hora de publicar ele ele [funciona

normalmente](relato PD-26) Em adiccedilatildeo percebemos que no relato PD-24 a possibilidade de

optar por outras configuraccedilotildees eacute apontada pelo pesquisador No relato PD-26 o proacuteprio informante

142

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 79 Relatos-produccedilatildeo dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e desequecircncia didaacuteticas digitais

PD-21 [Encontramos problemas para] editar a imagem (problema ainda natildeo resolvido)(Informante 15)

PD-22 aiacute aqui foi uma das dificuldades que a gente teve no programa que as opccedilotildeeseram vino bianco vino rosso e aranciata e o programa natildeo sei como natildeoaceitou a gente tentou a Socircnia (componente do grupo de trabalho) reiniciouneacute Comeccedilou tudo de novo do zero e mesmo assim o programa natildeo aceitoue ficou essa opccedilatildeo eacute entatildeo isso aqui seria uma terceira alternativa que natildeodeu certo na nossa programaccedilatildeo [Informante 8]

PD-23 () se eu conseguir abrir a janela taacute gente Vocecircs veem (riso) o site Algueacutemconsegue dizer por que eu natildeo tou conseguindo movecirc-la (referindo-se auma janela que abriga um site na sequecircncia didaacutetica apresentada) (Seguemexplicaccedilotildees dos colegas sobre como o informante poderia rolar a tela a que serefere mostrando as partes escondidas do texto) Brigado gente eacute que apessoa natildeo eacute muito (referindo-se a si mesmo e sua dificuldade em utilizar oprograma) [Informante 2]

PD-24 Nessa configuraccedilatildeo que a gente taacute mostrando aqui () eu natildeo consigo abrirmais essa janela entatildeo eu natildeo vou conseguir [rolar a paacutegina com o texto]() A gente acabou de descobrir depois de publicar que o artigo natildeo apareceinteiro como ele apareceria pra gente [Informante 2] Entatildeo vocecircs escolheramqual tamanho [para a janela que abriga o texto na sequecircncia apresentada]Pequeno meacutedio ou ( ) grande [dependendo do tamanho] o aluno vai terque [rolar ou natildeo a paacutegina] [Pesquisador] Da forma como aparecia pra genteo aluno tinha a visatildeo inteira Como se ele abrisse o site neacute () O site podeporque o site disse que pode mas a foto separadamente natildeo porque a gentenatildeo tem a licenccedila pra foto [Informante 2]

PD-25 Entatildeo a partir do viacutedeo [Informante 4] Eacute que o viacutedeo ela conseguiu colocarali Conte como foi essa epopeia [Informante 3] Ah entatildeo foi super difiacutecil masdepois eu descobri que na verdade todo o trabalho que eu tive pra por o viacutedeonatildeo precisava ter porque na hora de publicar ele ele [funciona normalmente][Informante 4]

143

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

declara ter feito a descoberta

Consideramos que esse Problema de Ensino - bem como essas situaccedilotildees descritas - remetem

agrave questatildeo do desenvolvimento da competecircncia digital no que se refere a saber utilizar programas

de ediccedilatildeo - ou de criaccedilatildeo de conteuacutedo - em geral - conforme Romero (2008) a qual destaca

dentre as competecircncias tecnoloacutegicas que se espera que os docentes desenvolvam o domiacutenio de

ferramentas de criaccedilatildeo (QUAD 62) Naturalmente percebemos os esforccedilos de desenvolvimento

dessa competecircncia como um possiacutevel caminho a ser seguido tanto em contextos de formaccedilatildeo

docente quanto em contextos de praacutetica no sentido de solucionar esse Problema de Ensino

Vale destacar o relato PD-22 em que situaccedilatildeo descrita pode apontar tanto para a competecircncia

dos professores participantes ali referenciados quanto para problemas que podem ocorrer no

programa de autoria Trata-se de uma situaccedilatildeo com a qual os professores autores poderatildeo se

defrontar em sua praacutetica De fato ao trabalharem com qualquer programa seja livre ou proprietaacuterio

esses profissionais poderatildeo se deparar com algum tipo de falha desse software Compreendemos

que lidar com essa situaccedilatildeo tambeacutem passa pelo desenvolvimento de competecircncias especiacuteficas

tal qual conforme Espanha (2013 p 13) referindo-se agrave dimensatildeo da Resoluccedilatildeo de Problemas

saber resolver problemas teacutecnicos(QUAD 72) sendo essa - do nosso ponto de vista - tomada

em sentido amplo e significando desde resolver por contra proacutepria ateacute saber encontrar e selecionar

quem melhor poderaacute auxiliar nessa tarefa

Ressaltamos enfim que a dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e de Sequecircncias

Didaacuteticas Digitais natildeo seraacute especiacutefica em relaccedilatildeo agrave produccedilatildeo de material didaacutetico de natureza virtual

livre podendo ocorrer de fato na produccedilatildeo de materiais didaacuteticos de qualquer natureza desde que -

naturalmente - envolva a ediccedilatildeo de artefatos digitais

717 Dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware

O uacuteltimo Problema de Ensino relacionado agrave produccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre

que identificamos em nossa pesquisa - a saber a dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware - pode

ser visto no relato PD-26 (QUAD 710) Percebemos por meio desse relato uma situaccedilatildeo em que

os professores-participantes citados pelo informante deparam-se com um arquivo de viacutedeo cujo

componente de aacuteudio natildeo pode ser ouvido em um dos computadores do seu grupo de trabalho Tal

situaccedilatildeo pode ser deflagrada por meio do excerto [tivemos] dificuldades no meu computador a

gente natildeo conseguia ouvir e soacute um deles que jaacute vinham com o texto escrito que a gente poderia

saber o que tava escrito(relato PD-26)

Associamos essa questatildeo - tal qual fizemos em nossa anaacutelise sobre a dificuldade relativa agrave

ediccedilatildeo de insumos digitais e sequecircncias didaacuteticas digitais - tanto a um mal funcionamento do compu-

tador em niacutevel de hardware ou de software quanto a questotildees relacionadas agraves competecircncias dos

professores-participantes no que se refere agrave utilizaccedilatildeo de computadores ou de software especiacuteficos

Consideramos que esse Problema de Ensino remete ao desenvolvimento de determinadas competecircn-

cias digitais tais como as jaacute citadas saber utilizar programas de ediccedilatildeo ou de criaccedilatildeo de conteuacutedo

em geral conforme Romero (2008) referindo-se agraves Competecircncias Tecnoloacutegicas (QUAD 62) e

saber resolver problemas teacutecnicos conforme aponta Espanha (2013 p 13) referindo-se agrave dimensatildeo

da Resoluccedilatildeo de Problemas (QUAD 72) Cabe lembrar que essa referecircncia agraves competecircncias

144

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em salade aula presencial

Quadro 710 Relato-produccedilatildeo dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware

PD-26 A gente tentou inicialmente eacute acho que foi a dificuldade geral de todos osgrupos neacute Viacutedeos e imagens ah a Rosana (componente do grupo detrabalho) conseguiu achar um site que tinha um tambeacutem mudaria um pouco onosso foco neacute Que tinham aacuteudios de faacutebulas [tivemos] dificuldades no meucomputador a gente natildeo conseguia ouvir e soacute um deles que jaacute vinham como texto escrito que a gente poderia saber o que tava escrito soacute que daiacute eramuito uma dificuldade muito maior tempos verbais muito avanccedilados paranossa aula [Informante 11]

citadas aponta naturalmente para um possiacutevel caminho de formaccedilatildeo docente no que se refere ao

Problema de Ensino abordado ou seja a dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware

Consideramos oportuno observar enfim que esse tipo de problema - tal qual a dificuldade

relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e de Sequecircncias Didaacuteticas digitais discutida na subseccedilatildeo

anterior (716) - natildeo parece ser especiacutefico em relaccedilatildeo agrave produccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza

virtual livre Ele pode ocorrer de fato em processos de produccedilatildeo de materiais didaacuteticos virtuais

de outras naturezas como por exemplo de materiais didaacuteticos virtuais fechados Com efeito

um insumo de viacutedeo por exemplo pode natildeo funcionar em todo e qualquer computador seja por

problema de incompatibilidade por mal funcionamento do hardware ou porque o professor-autor

simplesmente natildeo sabe configurar o seu computador adequadamente

72 Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utiliza-

ccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em sala de aula

presencial

Discutimos nesta seccedilatildeo os Problemas de Ensino relacionados agrave utilizaccedilatildeo de material didaacutetico de

natureza virtual livre ocorrida em duas disciplinas de liacutengua italiana ofertadas em niacutevel de graduaccedilatildeo

na mesma liacutengua junto agrave faculdade de Letras de uma universidade puacuteblica do estado de Satildeo Paulo

Em nossa anaacutelise identificamos um total de 11 (onze) Relatos de Problemas de Ensino ligados

ao aspecto da utilizaccedilatildeo os quais procuramos reunir de acordo com o(s) respectivo(s) temas(s) A

partir desses relatos percebemos 4 (quatro) Problemas de Ensino fundamentais - mapeados no

QUAD 71 e discutidos nas subseccedilotildees de 721 a 724 Satildeo eles

1 Dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que podem ser utilizados para organizar

as Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas em sala de aula presencial

2 Crenccedila de que a escassez de material didaacutetico impresso poderaacute ser mal vista pelos discentes

3 Dificuldade em compreender o funcionamento do software utilizado em sala de aula

145

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em salade aula presencial

4 Preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e do software que abrigam e fornecem

acesso agraves Sequecircncias Didaacuteticas

Consideramos que todos esses Problemas de Ensino estatildeo relacionados ao aspecto digital do

material didaacutetico de natureza virtual livre Desse modo natildeo os consideramos especiacuteficos no que se

refere a materiais dessa natureza ainda que sejam caracteriacutesticos e que possam ser fortemente

associados ao seu universo Com efeito a dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes - sendo nesse

caso suportes para artefatos digitais a crenccedila de que a escassez de material impresso poderaacute ser

mal vista pelos alunos a dificuldade de compreender o funcionamento do software utilizado em sala

de aula e a preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e do software poderatildeo ser percebidas

na utilizaccedilatildeo de materiais didaacuteticos abertos ou fechados desde que sejam virtuais

721 Dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que po-

dem ser utilizados para organizar as Sequecircncias Didaacuteticas e

para trabalhar com elas em sala de aula presencial

A dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que podem ser utilizadas para organizar as

Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas em sala de aula presencial podem ser constatadas

por meio dos relatos de UT-1 a UT-4 (QUAD 711) Percebemos que essa dificuldade de adaptaccedilatildeo

se desdobra em dois aspectos principais a ansiedade e a orientaccedilatildeo do professor sendo que essa -

a dimensatildeo da orientaccedilatildeo - diz respeito agrave mudanccedila de referecircncia do livro didaacutetico impresso para o

computador e agrave ocupaccedilatildeo do espaccedilo fiacutesico da sala de aula pelo professor enquanto leciona

Enquanto o aspecto da ansiedade pode ser visto pelo excerto () [se] trata de uma ansiedade

particular de adaptaccedilatildeo agraves novas tecnologias(relato UT-1) os aspectos relativos agrave mudanccedila de

referecircncia do livro impresso para o computador e agrave ocupaccedilatildeo do espaccedilo fiacutesico podem ser percebidos

pelos trechos eu me senti um pouco confuso e me confundi um pouco ao trabalhar os toacutepicos

da aula(relato UT-2) e [Sinto] dificuldade em abandonar o apoio concreto do livro[UT-3] - para

o aspecto da mudanccedila de referecircncia - e Nos dias em que usamos o computador fiquei bastante

tempo sentado posiccedilatildeo que natildeo eacute nada usual para mim pois prefiro caminhar e circular entre as

carteiras[UT-4] - para o aspecto da ocupaccedilatildeo do espaccedilo

Cabe observar que as aulas ocorreram em dois ambientes um laboratoacuterio de informaacutetica e uma

sala de aula com um computador No laboratoacuterio havia um projetor e uma seacuterie de computadores

de mesa fixos em bancadas paralelas sendo um deles disponiacutevel - agrave frente - para o professor

Na sala de aula por sua vez havia um projetor e um computador de mesa para o professor

- aleacutem da rede sem fio disponibilizada pela faculdade Compreendemos que naturalmente a

escolha de outras tecnologias - tais como notebooks netbooks tablets ou ateacute mesmo smartphones

- para uso do professor nesse caso poderia ter contribuiacutedo para uma melhor adaptaccedilatildeo entre

tecnologias e preferecircncias desse profissional no que se refere agrave ocupaccedilatildeo do espaccedilo da sala de

aula Conhecer novas tecnologias parece ser um dos caminhos para que em sua formaccedilatildeo inicial

ou continuada o docente de liacutenguas tenha agrave sua disposiccedilatildeo um leque maior de possibilidades e

para que aperfeiccediloe sua habilidade de escolha desses artefatos em sua praacutetica Isso de fato pode

contribuir para a resoluccedilatildeo do Problema de Ensino que destacamos nesta subseccedilatildeo - a saber

146

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em salade aula presencial

Quadro 711 Relatos-utilizaccedilatildeo dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias quepodem ser utilizados para organizar as Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas em

sala de aula presencial

UT-1 A minha dificuldade pessoal em relaccedilatildeo ao meio virtual parece natildeo ter afetado oandamento das aulas e do programa pois [se] trata de uma ansiedade particularde adaptaccedilatildeo agraves novas tecnologias [Professor-informante - D8]

UT-2 Nesse dia eu me senti ainda um pouco confuso e me confundi um pouco aotrabalhar os toacutepicos da aula Num determinado momento pedi ao [pesquisador]que escrevesse as perguntas na lousa mas ele logo me alertou que natildeo serianecessaacuterio pois estava tudo no site e visiacutevel aos alunos De qualquer formaa intervenccedilatildeo do [pesquisador] foi fundamental para que eu me orientasse naatividade [Professor-informante - D2]

UT-3 [Sinto] dificuldade em abandonar o apoio ldquoconcretordquo do livro apesar de entendera ldquoconcretuderdquo da rede [Professor-informante - D8]

UT-4 Aleacutem do computador usei a lousa (acho importante utilizaacute-la a fim de quebrar oritmo e fazecirc-los prestar atenccedilatildeo num outro meio) que me auxiliou no momentode trabalhar com as ideias que vinham deles Nos dias em que usamos ocomputador fiquei bastante tempo sentado posiccedilatildeo que natildeo eacute nada usual paramim pois prefiro caminhar e circular entre as carteiras Acho que tambeacutem porisso usei a lousa a fim de me deslocar de um lugar a outro [Professor-informante- D2]

147

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em salade aula presencial

a dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que podem ser utilizados para organizar

Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas em sala de aula presencial - no que se refere a

ambos os aspectos identificados ou seja tanto a ansiedade quanto a orientaccedilatildeo do professor

sendo essa ainda desdobrada em dificuldade relativa agrave mudanccedila de referecircncia do livro didaacutetico

para o computador e agrave ocupaccedilatildeo do espaccedilo fiacutesico da sala de aula pelo docente

Compreendemos enfim que o trabalho relativo agrave questatildeo da ansiedade relatada pelo professor-

informante - tambeacutem em contexto de formaccedilatildeo inicial ou continuada - pode passar pelo autoconheci-

mento - com o objetivo de compreender o motivo desse sentimento - e pela ampliaccedilatildeo do contato

com as novas tecnologias de modo que se tornem parte da sua praacutetica e do seu cotidiano tal qual o

livro didaacutetico impresso Ademais entendemos que essas accedilotildees podem tambeacutem contribuir para que

o professor consiga se sentir confortaacutevel ao utilizar novos sistemas de referecircncias que podem surgir

com a utilizaccedilatildeo das novas tecnologias em sala de aula presencial

722 Crenccedila de que a escassez de material didaacutetico impresso na sala

de aula presencial poderaacute ser mal vista pelos discentes

A crenccedila de que a escassez de material didaacutetico impresso na sala de aula presencial poderaacute ser mal

vista pelos alunos e alunas se destaca no relato UT-5 (QUAD 712) De fato percebemos por meio

do relato que o professor-informante declara ter levado uma grande quantidade de material didaacutetico

impresso em sua bolsa para a sala de aula mesmo tendo percebido que seria desnecessaacuterio

jaacute que todo o material da aula estava em meio virtual e todo o hardware que seria utilizado para

acessaacute-lo estava instalado na sala de aula Fator chave para essa decisatildeo conforme relata o

professor-informante consiste em sua crenccedila de que a ausecircncia desses artefatos poderia ser

avaliada negativamente Ele natildeo se permitiu fazecirc-lo pois acreditou que seria demais(relato UT-5) ir

para a sala de aula carregando apenas uma bolsa com os seus pertences

Conforme mencionamos na seccedilatildeo 71 consideramos que Problemas de Ensino baseados em

crenccedilas podem ser abordados principalmente por meio do exerciacutecio de reflexatildeo e de ampliaccedilatildeo

do contato com os elementos envolvidos na construccedilatildeo da crenccedila Percebemos nesse caso que

confrontar a questatildeo com os alunos em sala de aula pode ser uma via de soluccedilatildeo - sendo que esse

confronto pode se desdobrar tanto em uma reflexatildeo dirigida com os alunos no sentido de trazer

a questatildeo agrave tona e motivar a percepccedilatildeo de que o material para a aula estaacute acessiacutevel quanto na

eventual dissoluccedilatildeo da crenccedila motivada pelo acesso agrave verdadeira percepccedilatildeo dos alunos sobre a

questatildeo Nesse caso de fato ao saber que os alunos natildeo veem com maus olhos a questatildeo da

escassez de materiais impressos em sala de aula a crenccedila poderaacute ser diluiacuteda

723 Dificuldade em compreender o funcionamento do software utili-

zado em sala de aula

Percebemos a dificuldade em compreender o funcionamento do software utilizado em sala de

aula por meio dos relatos de UT-6 a UT-8 (QUAD 713) Nesses relatos de fato o professor-

informante declara ter sentido dificuldade em compreender o funcionamento dos programas utilizados

148

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em salade aula presencial

Quadro 712 Relatos-utilizaccedilatildeo crenccedila de que a escassez de material didaacutetico impressona sala de aula presencial poderaacute ser mal vista pelos discentes

UT-5 Hoje acordei olhei para a bolsa com o material para a aula () e pensei puxanatildeo precisaria nem levar essa bolsa pesada comigo O material estaacute todo laacute (nocomputador) Mas aiacute achei demais chegar soacute com minha bolsa pessoal semmaterial pesado livros e folhas () Levei a bolsa com quase todo o peso masa uacutenica coisa que usei foi a lista de presenccedila [Professor-informante - D2]

Quadro 713 Relatos-utilizaccedilatildeo dificuldade em compreender o funcionamento do softwareutilizado em sala de aula

UT-6 [sinto] falta de praacutetica (pouca familiaridade) com a tecnologia agrave disposiccedilatildeo (deminha parte principalmente) [Professor-informante - D8]

UT-7 ( ) acabei de olhar o blog e amanhatilde gostaria que me explicasse algumasquestotildees teacutecnicas [dirigindo-se ao pesquisador] pois sou muito ignorante noassunto [] seria uma espeacutecie de Moodle mais ou menos isso natildeo [referindo-se ao blog Wordpress utilizado para organizar o material didaacutetico nas aulas]Achei muito interessante e estou gostando da ideia da mudanccedila mesmo[Professor-informante - D1]

UT-8 ( ) natildeo consegui usar o [Ambiente Virtual de Aprendizagem] como gostaria[tive] dificuldade em alimentar o site com exerciacutecios propostas motivadorasavisos aos alunos (continuei a usar o e-mail para os avisos tradicionais e paraenvio de material extra) [Professor-informante - D8]

em suas aulas ou seja o sistema de blog Wordpress 54 e o Ambiente Virtual de Aprendizagem

disponibilizado pela universidade em que leciona - baseado no sistema MOODLE 55 Essa dificuldade

pode ser percebida pelos excertos [sinto] falta de praacutetica (pouca familiaridade) com a tecnologia

agrave disposiccedilatildeo(relato UT-6) acabei de olhar o blog e amanhatilde gostaria que me explicasse algumas

questotildees teacutecnicas [dirigindo-se ao pesquisador] pois sou muito ignorante no assunto(relato UT-7)

e natildeo consegui usar o [Ambiente Virtual de Aprendizagem] como gostaria[relato UT-8]

Notamos que frente agrave dificuldade de compreender o funcionamento dos programas utilizados

em suas aulas o professor-informante optou pela utilizaccedilatildeo de recursos digitais cujo funcionamento

lhe era familiar Nesse caso referimos-nos ao e-mail conforme relato do professor-informante

continuei a usar o e-mail para os avisos tradicionais e para envio de material extra(relato UT-8)

Compreendemos que aleacutem da opccedilatildeo de lanccedilar matildeo de recursos digitais familiares o estudo do

funcionamento dos novos programas e sistemas com os quais o professor pode se deparar em

54httpwwwwordpressorgbr55httpwwwmoodleorg

149

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em salade aula presencial

sua praacutetica consiste em uma possiacutevel estrateacutegia perante esse Problema de Ensino - a saber a

dificuldade de compreender o funcionamento do software utilizado em sala de aula

Vale ressaltar enfim que nem sempre o professor poderaacute escolher todos os recursos digitais com

os quais pretende trabalhar Eacute possiacutevel como no caso aqui apresentado que esse profissional tenha

a sua disposiccedilatildeo um sistema - como por exemplo um Ambiente Virtual de Aprendizagem - utilizado

pela instituiccedilatildeo em que trabalha e que por motivos diversos tenha que utilizaacute-lo Naturalmente esse

debate aponta para o desenvolvimento de competecircncias relativas ao uso de novas tecnologias ou

seja conforme Romero (2008) - descrito no QUAD 62 - para as competecircncias tecnoloacutegicas as

quais como explicam Garcia et al (2011 p 83) referem-se ao domiacutenio de ferramentas de criaccedilatildeo

e aplicaccedilotildees com uso da internet(GARCIA et al 2011 p 83)

724 Preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e do software

que abrigam e fornecem acesso agraves Sequecircncias Didaacuteticas

A preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e do software que abrigam e fornecem acesso

agraves Sequecircncias Didaacuteticas pode ser identificada nos relatos de UT-9 a UT-11 descritos no QUAD

714 Percebemos que tal preocupaccedilatildeo - nesse caso - estaacute diretamente relacionada com o fato

de que um eventual mal funcionamento desses artefatos pode atrasar ou ateacute mesmo inviabilizar a

aula Consideramos que a preocupaccedilatildeo com um provaacutevel atraso da aula pode ser vista por meio

da anaacutelise dos relatos UT-10 e UT-11 na iacutentegra A preocupaccedilatildeo com uma eventual inviabilizaccedilatildeo

dessa atividade por sua vez pode ser deflagrada pelo excerto a uacutenica preocupaccedilatildeo que tenho eacute o

som(relato UT-9) o qual se insere - nesse relato - no contexto do planejamento de uma possiacutevel

atividade de compreensatildeo oral

Notamos que frente agrave essa preocupaccedilatildeo o professor-informante cogitou a ideia de um plano

B ou seja uma atividade alternativa a ser feita no caso de natildeo funcionamento do hardware Essa

estrateacutegia pode ser vista no relato UT-9 quando ele diz talvez um plano B referindo-se a esse

plano alternativo em caso de mal funcionamento do som Consideramos que essa situaccedilatildeo aponta

para o fato de que naturalmente o uso de novas tecnologias - quaisquer que sejam - em sala de

aula poderaacute motivar novas demandas novos olhares por parte do professor e novas estrateacutegias

relacionadas agraves tarefas de planejamento e de execuccedilatildeo de seus cursos e aulas - o que aponta

outrossim para o desenvolvimento contiacutenuo de novas habilidades e competecircncias

150

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em salade aula presencial

Quadro 714 Relatos-utilizaccedilatildeo preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e dosoftware que abrigam e fornecem acesso agraves Sequecircncias Didaacuteticas

UT-9 Oacutetima a atividade para segunda Para o dia 1o eu tinha pensado num ripassopara a prova mas estou pensando ( ) se natildeo seria melhor fazer a prova deascolto Estaremos na sala [dos computadores] se natildeo me engano talvez umviacutedeo com o tema viagem ou supermercado a uacutenica preocupaccedilatildeo que tenho eacuteo som talvez um plano B [Professor-informante - D5]

UT-10 [percebo uma] dificuldade teacutecnica demora em ligar os computadores conse-quentemente demora em iniciar a aula rede lenta [Professor-informante -D8]

UT-11 Devido a uma questatildeo teacutecnica o trabalho acessando o site com materialdidaacutetico proposto ( ) atrasou um pouco mas natildeo prejudicou o andamento daaula [Professor-informante - D2]

151

Capiacutetulo 8

Conclusotildees

Nossa pesquisa teve como objetivo explorar as implicaccedilotildees relacionadas agrave utilizaccedilatildeo de material

didaacutetico de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano LEL2

sendo essas implicaccedilotildees especificadas e tratadas em forma de Problemas de Ensino (ORTALE

2010 p 425) e sendo o termo utilizaccedilatildeo desdobrado em dois aspectos o aspecto da utilizaccedilatildeo - em

sala de aula presencial - e o aspecto da produccedilatildeo Aleacutem disso tivemos como meta - em sintonia

com a metodologia de formaccedilatildeo de professores de italiano proposta pela Profa Dra Fernanda

Landucci Ortale no acircmbito da disciplina Atividades de Estaacutegio discutida no capiacutetulo 5 desta tese

- observar e discutir possiacuteveis caminhos ou estrateacutegias de resoluccedilatildeo dos problemas identificados

Nossa investigaccedilatildeo foi motivada e orientada tambeacutem pela hipoacutetese de que a utilizaccedilatildeo de materiais

didaacuteticos de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de liacutengua italiana

como LEL2 deflagra uma seacuterie de implicaccedilotildees observaacuteveis e especiacuteficas ndash as quais podem ser

definidas em termos de Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 425) ndash dada a sua natureza

peculiar ou seja livre Buscamos em nossas conclusotildees contemplar essas metas e questotildees

de pesquisa Para tanto destacamos 4 dimensotildees discutidas nas seccedilotildees de 81 a 84 Satildeo elas

as caracteriacutesticas gerais dos Problemas de Ensino identificados nesta pesquisa (seccedilatildeo 81) as

possiacuteveis estrateacutegias ou caminhos de resoluccedilatildeo dos Problemas de Ensino identificados (seccedilatildeo 82)

a hipoacutetese de pesquisa (seccedilatildeo 83) e finalmente a metodologia e os possiacuteveis desdobramentos

futuros de nossa investigaccedilatildeo (seccedilatildeo 84)

81 Das caracteriacutesticas gerais dos Problemas de Ensino

identificados nesta pesquisa

Encontramos em nossa investigaccedilatildeo um total de 11 (onze) Problemas de Ensino - 7 (sete) relacio-

nados ao aspecto da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre e 4 (quatro) relativos ao aspecto da

utilizaccedilatildeo desse tipo de material didaacutetico em sala de aula presencial de ensino-aprendizagem de

italiano como LEL2 Satildeo eles de 1 a 7 relacionados ao primeiro aspecto e de 8 a 11 ao segundo

conforme tambeacutem indicamos na tabela 71

PE-1 Dificuldade para encontrar insumos desejados registrados com licenccedilas flexiacuteveis

152

Das caracteriacutesticas gerais dos Problemas de Ensino identificados nesta pesquisa

PE-2 Inseguranccedila (e resistecircncia) associada agrave utilizaccedilatildeo de insumos livres no material didaacutetico

PE-3 Crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre necessariamente

aumenta a carga horaacuteria de trabalho docente

PE-4 Dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica e o estado de artefato em construccedilatildeoque o

software livre pode apresentar

PE-5 Dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas

PE-6 Dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e de sequecircncias didaacuteticas digitais

PE-7 Dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware

PE-8 Dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que podem ser utilizados para organizar

as Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas em sala de aula presencial

PE-9 Crenccedila de que a escassez de material didaacutetico impresso na sala de aula presencial poderaacute

ser mal vista pelos discentes

PE-10 Dificuldade em compreender o funcionamento do software utilizado em sala de aula

PE-11 Preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e do software que abrigam e fornecem

acesso agraves Sequecircncias Didaacuteticas

Notamos por meio de nossa anaacutelise a proeminecircncia de dois fatores as crenccedilas a respeito de

materiais didaacuteticos de natureza virtual livre e a demanda pelo desenvolvimento de competecircncias

relacionadas aos aspectos virtual e livre desse tipo de material didaacutetico Com efeito 3 (trecircs) dos

Problemas de Ensino se relacionam estritamente agraves crenccedilas e 4 (quatro) agraves demandas ligadas ao

desenvolvimento de competecircncias digitais por parte do professor

Destacamos para o primeiro aspecto a crenccedila de que insumos livres satildeo intrinsecamente de

maacute qualidade o que pode gerar um sentimento de inseguranccedila relativo agrave utilizaccedilatildeo de materiais

de natureza livre (PE-1) a crenccedila de que o trabalho com material didaacutetico de natureza virtual livre

deveraacute ser produzido do zero a cada novo contexto de ensino e aprendizagem o que pode embasar

por sua vez a crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos dessa natureza necessariamente

aumenta a carga horaacuteria de trabalho docente (PE-2) - tornando nesse caso tal utilizaccedilatildeo inviaacutevel

perante a condiccedilatildeo de proletarizaccedilatildeo do professor e a crenccedila de que a escassez de material didaacutetico

impresso na sala de aula presencial poderaacute ser vista de forma negativa pelos alunos (PE-9) jaacute

que eles poderiam associar a qualidade da aula agrave quantidade de material impresso presente nesse

ambiente

No que se refere ao segundo aspecto - a saber a demanda pelo desenvolvimento de compe-

tecircncias especiacuteficas - ressaltamos a falta ou a maacute localizaccedilatildeo das indicaccedilotildees sobre a licenccedila de

uso dos insumos e a incompreensatildeo dessas licenccedilas por parte do professor-autor quando estatildeo

claramente indicadas as quais englobamos agrave dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas (PE-5)

e associamos agraves seguintes competecircncias requeridas para o docente da era digital saber aplicar

os direitos de propriedade intelectual e as licenccedilas de uso(ESPANHA 2013 p 13) conectar-se

153

Das caracteriacutesticas gerais dos Problemas de Ensino identificados nesta pesquisa

e colaborar por meio de ferramentas digitais(ESPANHA 2013 p 13) e interagir e participar de

comunidades e redes(ESPANHA 2013 p 13) - sendo as duas ultimas ligadas a accedilotildees de apoio

muacutetuo com o intuito de aprender sobre a codificaccedilatildeo de licenccedilas flexiacuteveis ou o estabelecimento

de licenccedilas pouco claras eventualmente encontradas em insumos a dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo

de insumos e Sequecircncias Didaacuteticas digitais (PE-6) - tanto relacionada agrave falta de conhecimento do

professor a esse respeito quanto a problemas com o hardware ou o software com que trabalha

a dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware (PE-7) que tambeacutem pode se referir tanto a falta

de conhecimento do professor no sentido de natildeo conseguir configurar o software ou o hardware

de modo adequado quanto a falhas deses artefatos e enfim a dificuldade em compreender o

funcionamento do software utilizado em sala de aula (PE-10) a qual pode tambeacutem ser associada agrave

falta de conhecimento do professor a respeito dessa utilizaccedilatildeo

Compreendemos que esses trecircs uacuteltimos Problemas de Ensino (PE-5 PE-6 e PE-7) estatildeo

relacionados ao domiacutenio de ferramentas de criaccedilatildeo e aplicaccedilotildees com uso da internet conforme

Romero (2008 apud GARCIA et al 2011 p 83) e que ademais as dificuldades de ediccedilatildeo

de insumos e de Sequecircncias Didaacuteticas digitais (PE-6) e de utilizaccedilatildeo de hardware (PE-7) estatildeo

tambeacutem associadas a saber resolver problemas teacutecnicos de acordo com Espanha (2013 p 13)

Compreendemos esse saber como uma noccedilatildeo que pode transitar entre saber resolver por conta

proacutepria e saber encontrar ajuda e recursos para soluccedilatildeo

Quanto aos demais Problemas de Ensino - a saber PE-1 PE-4 PE-8 e PE-11 - percebemos

em linha de siacutentese que a dificuldade para encontrar insumos desejados registrados com licenccedilas

flexiacuteveis (PE-1) refere-se agrave tarefa de selecionar insumos que correspondam a uma determinada

finalidade - estabelecida para a Sequecircncia Didaacutetica em elaboraccedilatildeo - e que ao mesmo tempo

possuam licenccedilas flexiacuteveis ou ainda determinada configuraccedilatildeo de licenccedila flexiacutevel a dificuldade

em lidar com a natureza dinacircmica e o estado de artefato em construccedilatildeoque o software livre pode

apresentar (PE-4) estaacute relacionada agrave percepccedilatildeo e agrave atitude do professor-autor perante o uso de

software dessa natureza em sua praacutetica Essa constataccedilatildeo nos motivou a propor o estabelecimento

de dois perfis antagocircnicos de professores-usuaacuterios de software livre - a saber o usuaacuterio estaacutetico e o

usuaacuterio proativo ou livre Em linhas gerais enquanto esse percebe o software livre como tal - alme-

jando niacuteveis profundos de personalizaccedilatildeo e de apropriaccedilatildeo considerando sempre a possibilidade

de alcanccedilar tais niacuteveis aquele o vecirc por meio de uma perspectiva proprietaacuteria satisfazendo-se em

usar apenas o que o software oferece contentando-se com niacuteveis superficiais ou controlados de

personalizaccedilatildeo e apropriaccedilatildeo a dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que podem

ser utilizados para organizar as Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas em sala de aula

presencial (PE-8) estaacute relacionada agrave ansiedade do professor - perante o uso de novas tecnologias

- e a sua orientaccedilatildeo em sala de aula sendo que essa diz respeito agrave mudanccedila de referecircncia do

livro didaacutetico impresso para o computador (de mesa) e agrave ocupaccedilatildeo do espaccedilo fiacutesico da sala de

aula enquanto leciona a preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware (PE-11) enfim estaacute

diretamente relacionada agrave preocupaccedilatildeo com eventuais atrasos - ou ateacute mesmo com a inviabilizaccedilatildeo

- das aulas

154

Das possiacuteveis estrateacutegias ou caminhos de resoluccedilatildeo dos Problemas de Ensino identificados nestapesquisa

82 Das possiacuteveis estrateacutegias ou caminhos de resoluccedilatildeo

dos Problemas de Ensino identificados nesta pesquisa

Destacamos a respeito das estrateacutegias de resoluccedilatildeo dos Problemas de Ensino identificados em

nossa pesquisa e dos possiacuteveis caminhos de formaccedilatildeo docente a eles relacionados - ou seja agraves

implicaccedilotildees para a formaccedilatildeo de professores de idiomas em especial de liacutengua italiana inicial ou

continuada - que em linhas gerais um dos possiacuteveis caminhos de formaccedilatildeo relacionados aos

Problemas de Ensino baseados em crenccedilas - a saber PE-2 PE-3 e PE-9 - passa do nosso ponto

de vista pelo exerciacutecio de reflexatildeo e pela ampliaccedilatildeo do contato com o(s) objeto(s) envolvido(s)

na construccedilatildeo da crenccedila Tomamos como exemplo as crenccedilas de que insumos de natureza livre

possuem maacute qualidade intriacutenseca (associada ao PE-2) e de que a escassez de material didaacutetico

impresso em sala de aula presencial poderaacute ser mal vista pelos alunos (PE-9) Com efeito as

tentativas de resoluccedilatildeo desses problemas podem girar em torno respectivamente da reflexatildeo

sobre os conceitos de qualidade induacutestria cultural e ateacute mesmo da proacutepria ideia de crenccedila e

do levantamento das opiniotildees dos alunos sobre a presenccedila ou ausecircncia de materiais didaacuteticos

impressos em sala de aula Vale ressaltar que essa questatildeo aponta para o universo das crenccedilas

sobre materiais didaacuteticos de ensino de liacutenguas especialmente sobre os materiais didaacuteticos de

natureza virtual livre

Em adiccedilatildeo percebemos que os Problemas de Ensino relacionados a crenccedilas podem tambeacutem

apontar para estrateacutegias de resoluccedilatildeo adicionais como por exemplo a utilizaccedilatildeo de insumos que

faccedilam referecircncia a produtos culturais do universo fechado tal qual relatado em nossa pesquisa

frente ao problema PE-2 ou seja a inseguranccedila (e resistecircncia) associada agrave utilizaccedilatildeo de insumos

livres no material didaacutetico

O trabalho com Problemas de Ensino que envolvem a mobilizaccedilatildeo de competecircncias especiacuteficas

(PE-5 PE-6 PE-7 e PE-10) pode consistir por sua vez na identificaccedilatildeo das competecircncias requeridas

a cada caso e naturalmente no desenvolvimento dessas competecircncias pelo professor tanto em

formaccedilatildeo inicial quanto em formaccedilatildeo continuada Percebemos que em adiccedilatildeo a essa concepccedilatildeo

geral alguns problemas de ensino que envolvem a mobilizaccedilatildeo de competecircncias especiacuteficas - tais

quais dominar ferramentas de criaccedilatildeo e aplicaccedilotildees com uso da internet(ROMERO 2008 apud

GARCIA et al 2011 p 83) e saber resolver problemas teacutecnicos(ESPANHA 2013 p 13) - podem

tambeacutem apontar para estrateacutegias de resoluccedilatildeo adicionais as quais naturalmente podem sugerir

caminhos de formaccedilatildeo docente Destacamos por exemplo os Problemas de Ensino PE-5 e PE-10

De fato podem figurar como estrateacutegias de soluccedilatildeo para a dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das

licenccedilas (PE-5) o aprofundamento das buscas de insumos com o intuito de descobrir ou estabelecer

uma licenccedila pouco clara referente a um determinado insumo a melhoria da compreensatildeo do

sistema de licenciamento adotado pelo autor do insumo e a busca de auxiacutelio junto a colegas ou agrave

comunidade Podem figurar outrossim como possiacuteveis estrateacutegias para a soluccedilatildeo da dificuldade em

compreender o funcionamento do software utilizado em sala de aula (PE-10) a opccedilatildeo por tecnologias

com as quais o professor tenha mais familiaridade

Percebemos que os demais problemas de Ensino de nossa lista - a saber PE-1 PE-4 PE-8 e

PE-11 - tambeacutem apresentaram uma seacuterie de estrateacutegias que podem ser associadas agrave sua resoluccedilatildeo

155

Da hipoacutetese de pesquisa

e a possiacuteveis direcionamentos para o trabalho de formaccedilatildeo docente Consideramos oportuno

destaca-los Dessa forma a dificuldade para encontrar insumos desejados registrados com licenccedilas

flexiacuteveis (PE-1) pode ser associada agraves seguintes estrateacutegias melhorar a busca - no sentido de

intensificaacute-la e de refinaacute-la com o auxiacutelio de motores de busca especializados produzir os proacuteprios

insumos e fazer mudanccedilas na Sequecircncia Didaacutetica de modo a adaptaacute-la aos insumos encontrados

conforme relatado pelos professores-informantes de nossa pesquisa A dificuldade em lidar com

a natureza dinacircmica e o estado de artefato em construccedilatildeoque o software livre pode apresentar

(PE-4) aponta de acordo com nossa concepccedilatildeo para a intensificaccedilatildeo do exerciacutecio de reflexatildeo

sobre a essecircncia do software livre para a participaccedilatildeo em projetos de criaccedilatildeo e desenvolvimento

desse tipo de artefato com o intuito de conhecer melhor a sua dinacircmica de desenvolvimento

e as suas possibilidades de personalizaccedilatildeo e para a aquisiccedilatildeo de noccedilotildees de programaccedilatildeo A

dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que podem ser utilizados para organizar as

Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas em sala de aula presencial (PE-8) pode ser por

sua vez associada agraves seguintes estrateacutegias utilizaccedilatildeo de tecnologias sintonizadas com a praacutetica do

professor ampliaccedilatildeo do uso de novas tecnologias em sala de aula com o intuito de torna-las invisiacuteveis

tal qual tecnologias tradicionais como o livro didaacutetico impresso e reflexatildeo sobre sentimentos - como

ansiedade - que podem causar problemas relativos agrave utilizaccedilatildeo de novas tecnologias A preocupaccedilatildeo

com o funcionamento do hardware (PE-11) enfim pode ser associada agrave elaboraccedilatildeo de atividades

alternativas a serem realizadas em caso de mal funcionamento do hardware conforme vimos nos

relatos apresentados nesta pesquisa

83 Da hipoacutetese de pesquisa

Em resposta agrave nossa hipoacutetese de pesquisa - anunciada no capiacutetulo introdutoacuterio desta tese e

retomada na abertura do presente capiacutetulo - a saber a hipoacutetese de que a utilizaccedilatildeo de materiais

didaacuteticos de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de liacutengua italiana

como LEL2 deflagra uma seacuterie de implicaccedilotildees observaacuteveis e especiacuteficas as quais podem ser

definidas em termos de Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 425) dada a sua natureza peculiar

ou seja livre - notamos que apesar de se tratar de um tipo de material didaacutetico que de fato carrega

especificidades os Problemas de Ensino a ele relacionados natildeo parecem ser especiacuteficos jaacute que

podem girar em torno tambeacutem de materiais didaacuteticos de outras naturezas - tal qual materiais

didaacuteticos fechados ou frutos da Economia Guttemberg (SHIRKY 2010 p 42) Preferimos considerar

esses Problemas de Ensino como caracteriacutesticos dos materiais didaacuteticos de natureza virtual livre de

modo a rarear o aspecto de exclusividade que o termo especiacutefico pode denotar Vale mencionar que

em nossa pesquisa os Problemas de Ensino figuram como implicaccedilotildees observaacuteveis

Dessa forma notamos que crenccedilas - as quais conforme vimos destacam-se entre os Problemas

de Ensino que elencamos nesta pesquisa - podem de fato referir-se a materiais didaacuteticos (ou

artefatos ou construtos) de outras naturezas (natildeo livre) - ainda que tenhamos constatado a existecircncia

de crenccedilas que apontem para caracteriacutesticas desse tipo de material didaacutetico em um determinado

contexto sociocultural Citamos por exemplo a presenccedila de insumos produzidos e publicados em

um modelo de produccedilatildeo livre os quais podem ser considerados portadores de uma maacute qualidade

156

Da metodologia e dos possiacuteveis desdobramentos futuros desta pesquisa

intriacutenseca (PE-2) ou sua existecircncia em formato digital que por sua vez pode acarretar na escassez

de material didaacutetico impresso em sala de aula presencial e na subsequente avaliaccedilatildeo negativa dessa

situaccedilatildeo por parte dos alunos (PE-9) Com efeito essas crenccedilas podem se referir a outros tipos de

materiais didaacuteticos em outros contextos socioculturais

Raciociacutenio igual pode ser aplicado aos demais Problemas de Ensino levantados em nossa

pesquisa Desse modo percebemos que os problemas PE-6 PE-7 PE-8 PE-10 e PE-11 podem

ocorrer tanto em materiais didaacuteticos de natureza livre quanto fechados desde que sejam virtuais

Com efeito estatildeo todos relacionados ao uso de software ou hardware Em adiccedilatildeo notamos que

a dificuldade para encontrar insumos desejados registrados com licenccedilas flexiacuteveis (PE-1) pode

corresponder agrave dificuldade anaacuteloga vivenciada em contextos de produccedilatildeo de materiais didaacuteticos

fechados Natildeo seraacute difiacutecil por exemplo constatar a dificuldade em encontrar insumos que sejam

adequados ao projeto pedagoacutegico de uma determinada Sequecircncia Didaacutetica (fechada) e que con-

comitantemente natildeo carreguem impedimentos de uso - tais como preccedilo muito alto ou falta de

anuecircncia dos respectivos autores ou detentores dos seus direitos A dificuldade em lidar com a

natureza dinacircmica e o estado de artefato em construccedilatildeoque o software livre pode apresentar (PE-4)

ainda que seja estritamente relacionada ao universo dos materiais didaacuteticos de natureza virtual livre

pode ser enfrentado tambeacutem em contextos de utilizaccedilatildeo de materiais de outras naturezas desde

que se utilize software livre A dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas (PE-5) enfim apesar

de apontar para uma atividade caracteriacutestica do trabalho com materiais livres pode ser enfrentada

durante a produccedilatildeo de materiais de natureza fechada Esse tipo de produccedilatildeo de fato poderaacute incluir

o uso de insumos livres ou ateacute mesmo a sua exclusatildeo deliberada Isso significa que a compreensatildeo

de licenccedilas e coleccedilotildees de licenccedilas flexiacuteveis figura como competecircncia requerida tanto para autores

de materiais didaacuteticos livres quanto de materiais didaacuteticos fechados Compreendemos que essa

competecircncia estaacute relacionada agraves demandas de adaptaccedilatildeo das leis de direitos autorais agraves praacuteticas

de produccedilatildeo e circulaccedilatildeo de bens culturais estabelecidas com a chegada de novas tecnologias

Essas adaptaccedilotildees e praacuteticas de produccedilatildeo e circulaccedilatildeo podem afetar a praacutetica de todos os docentes

independentemente do perfil Conforme jaacute mencionado neste capiacutetulo ratifica nossa argumentaccedilatildeo

a percepccedilatildeo de Espanha (2013 p 13) quando considera importante que o docente da era digital

saiba aplicar os direitos de propriedade intelectual e as licenccedilas de uso(ESPANHA 2013 p 13)

Entendemos que Espanha (2013 p 13) se refere a todos os docentes que atuam ou vatildeo atuar na

era digital

84 Da metodologia e dos possiacuteveis desdobramentos fu-

turos desta pesquisa

Concluiacutemos que a metodologia que empregamos em nossa pesquisa - fundamentada em uma pers-

pectiva qualitativa de vieacutes construtivista e interpretativista - mostrou-se adequada para a investigaccedilatildeo

dos Problemas de Ensino dada a sua natureza personaliacutestica Consideramos tambeacutem adequados os

contextos e os instrumentos de coletas de dados que adotamos em nossa investigaccedilatildeo Com efeito

conseguimos perceber os Problemas de Ensino relativos agrave utilizaccedilatildeo e agrave produccedilatildeo de materiais

157

Da metodologia e dos possiacuteveis desdobramentos futuros desta pesquisa

didaacuteticos de natureza virtual livre respectivamente por meio dos contextos escolhidos - ou seja

duas disciplinas de liacutengua italiana e duas ediccedilotildees de um curso de formaccedilatildeo de professores em

serviccedilo e em preacute-serviccedilo dessa liacutengua Os instrumentos de levantamento de dados - a saber 1)

gravaccedilotildees em viacutedeo e aacuteudio respostas a questionaacuterio aberto e notas de campo para o contexto

de produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre e 2) notas de campo e-mails entre o pesquisador e

o informante diaacuterio de aula e respostas a questionaacuterio para o contexto de utilizaccedilatildeo de Material

Didaacutetico Virtual Livre - por sua vez foram eficientes na medida em que por meio deles conseguimos

recolher os Relatos de Problemas de Ensino a partir dos quais identificamos os Problemas de

Ensino Cabe observar enfim que consideramos especialmente produtivos os diaacutelogos abertos em

grupo que tivemos com os professores-participantes das duas ediccedilotildees dos cursos de formaccedilatildeo

imediatamente apoacutes as aulas - ou seja imediatamente apoacutes a experiecircncia de produccedilatildeo - sobre os

Problemas de Ensino enfrentados durante a atividade de produccedilatildeo de material didaacutetico Percebemos

que nessas seccedilotildees destacaram-se dois aspectos a quantidade e a qualidade das impressotildees dos

informantes sobre as suas experiecircncias de produccedilatildeo incluindo os Relatos de Problemas de Ensino

Compreendemos que o aumento da qualidade estaacute relacionada agrave manifestaccedilatildeo de Relatos de

Problemas de Ensino mais profundos e mais variados - ou seja que apontam para uma diversidade

maior de temas correlacionados Consideramos que poderiacuteamos ter explorado mais essas seccedilotildees

de diaacutelogo em nossa pesquisa Pretendemos fazecirc-lo em eventuais investigaccedilotildees futuras sobre

Problemas de Ensino

Percebemos enfim que nossa pesquisa pode apontar para almenos 3 (trecircs) possiacuteveis desdo-

bramentos O primeiro estaacute relacionado agrave proeminecircncia de Problemas de Ensino ligados a crenccedilas

percebida em nossas anaacutelises Dado esse fato consideramos pertinente nos questionar sobre a

possibilidade da existecircncia e da natureza de outras crenccedilas sobre materiais didaacuteticos de natureza

virtual livre O segundo por sua vez consiste na promoccedilatildeo de novas investigaccedilotildees sobre Problemas

de Ensino sendo dessa vez em contextos de ensino e aprendizagem de liacutengua italiana em que

materiais didaacuteticos de natureza virtual livre sejam - ou tenham sido - adotados pelo docente em

sua praacutetica diaacuteria por iniciativa proacutepria ou seja em situaccedilotildees de uso mais autecircnticas O terceiro

desdobramento enfim consiste na elaboraccedilatildeo de repertoacuterios de Problemas de Ensino relacionados

ao uso de material didaacutetico de natureza virtual livre bem como das respectivas propostas e possibili-

dades de soluccedilatildeo Esse desdobramento pode entre outros fatores reunir dados que poderatildeo ser

uacuteteis em processos de formaccedilatildeo de professores de idiomas tanto para o formador quanto para os

docentes-participantes em formaccedilatildeo especialmente quando adotadas metodologias baseadas na

Resoluccedilatildeo de Problemas de Ensino tal qual vimos em Ortale (2010 p 425)

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RFA RADIO FREQUENZA APPENINO sd Disponiacutevel em lthttpwwwfrequenzappenninocomgtAcesso em 20 maio 2014

RICHARDS J LOCKHART C Reflective Teaching in Second Language Classrooms CambridgeUniversity Press 1996 (Cambridge language education) ISBN 9780521458030 Disponiacutevel emlthttpbooksgooglecombrbooksid=I4YrlnzBqPECgt

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Referecircncias

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ROSENBERG R The Social Impact of Computers Elsevier Academic Press 2004 ISBN9780125971218 Disponiacutevel em lthttpbooksgooglecombrbooksid=VZ0XBfhbDZMCgt

ROTHWELL W KAZANAS H Mastering the Instructional Design Process A Systematic ApproachWiley 2003 ISBN 9780787960520 Disponiacutevel em lthttpbooksgooglecombrbooksid=qemCQgAACAAJgt

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SANTANA B Materiais didaacuteticos digitais e recursos educacionais abertos In SANTANA BROSSINI C PRETTO N D L (Ed) Recursos Educacionais Abertos praacuteticas colaborativase politicas puacuteblicas Casa da Cultura Digital 2012 cap 7 p 133ndash142 Disponiacutevel emlthttpwwwlivroreanetbrlivrolivroREA-1edicao-mai2012pdfgt

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SEELS B GLASGOW Z Making Instructional Design Decisions Merrill 1998 ISBN9780135206027 Disponiacutevel em lthttpbooksgooglecombrbooksid=U4cLAAAACAAJgt

SHIRKY C A cultura da participaccedilatildeo ZAHAR 2010 ISBN 9788537805183 Disponiacutevel emlthttpbooksgooglecombrbooksid=f5RjiWXTWg4Cgt

SILVA K A Crenccedilas e aglomerados de crenccedilas de alunos ingressantes em Letras (Inglecircs)Dissertaccedilatildeo (Mestrado) mdash Instituto de Estudos da Linguagem Unicamp Campinas SP 2005

SILVA K A Crenccedilas no ensino-aprendizagem e na formaccedilatildeo de professores de liacutenguas pontos econtrapontos In SILVA K A (Ed) Crenccedilas Discursos amp Linguagem Campinas Pontes Editores2011 Vol II (no prelo)

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Referecircncias

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SILVEIRA S Software livre a luta pela liberdade do conhecimento Editora FundaccedilatildeoPerseu Abramo 2004 (Brasil urgente) ISBN 9788576430032 Disponiacutevel em lthttpwwwfpabramoorgbruploadsSoftware_livrepdfgt

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SIQUEIRA L A Ubuntu Guia de adoccedilatildeo do Ubuntu no ambiente domeacutestico e corporativo SatildeoPaulo Linux New Media do Brasil Editora Ltda 2009 192 p

SOUZA R F d Material Didaacutetico Virtual Livre altruiacutesmo produtivo no ensino de liacutenguas -fundamentos possibilidades e avanccedilos 2010 In XI SLA ndash Seminaacuterio de Linguiacutestica Aplicada e VIISeminaacuterio de Traduccedilatildeo Universidade Federal da Bahia Salvador BA Apresentaccedilatilde Oral

Produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre para o Ensino de Liacutenguas relatos de pesquisa2010 In IV Encontro de Poacutes-graduandos em Italianiacutestica da USP Faculdade de Filosofia Letras eCiecircncias Humanas Satildeo Paulo Apresentaccedilatildeo Oral

Material Didaacutetico Virtual Livre filosofia e implicaccedilotildees para a formaccedilatildeo do professor de idiomas2011 In XVIII INPLA ndash Intercacircmbio de Pesquisa em Linguiacutestica Aplicada Pontifiacutecia UniversidadeCatoacutelica Satildeo Paulo SP Apresentaccedilatildeo Oral

Material Didaacutetico Virtual Livre para o Ensino de Liacutenguas conceito e processo de produccedilatildeo -relatos de pesquisa 2011 In In VI ndash Encontro de Poacutes-graduandos da Faculdade de FilosofiaLetras e Ciencias Humanas da USP - (EPOG ndash USP) Satildeo Paulo SP Apresentaccedilatildeo Oral

Material Didaacutetico Virtual Livre para o Ensino de Liacutenguas material poacutes-meacutetodo() - explorandointerseccedilotildees 2011 In VII Congresso Internacional da ABRALIN - Associaccedilatildeo Brasileira de LinguiacuteticaUniversidade Federal do Paranaacute Curitiba PR Apresentaccedilatildeo Oral

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STALLMAN R Por que escolas devem usar exclusivamente software livre sd Disponiacutevel emlthttpswwwgnuorgeducationedu-schoolspt-brhtmlgt Acesso em 20 maio 2014

STENHOUSE L An Introduction to Curriculum Research and Development Heinemann 1975(Open university set book) ISBN 9780435808518 Disponiacutevel em lthttpbooksgooglecombrbooksid=LQsNAQAAIAAJgt

STERN H ALLEN J HARLEY B Issues and options in language teaching OxfordUniversity Press 1992 (Oxford applied linguistics) ISBN 9780194370660 Disponiacutevel emlthttpbooksgooglecombrbooksid=2K4lAQAAIAAJgt

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Referecircncias

STRAUSS A CORBIN J Pesquisa Qualitativa teacutecnicas e procedimentos para o desenvolvimentode teoria fundamentada Artmed 2008 Trad Luciane de Oliveira da Rocha ISBN 9788536310435Disponiacutevel em lthttpbooksgooglecombrbooksid=FJV7PgAACAAJgt

SUDREacute G Formatos livres Revista Espiacuterito Livre n 50 p 33ndash34 2013 Disponiacutevel emlthttprevistaespiritolivreorgpdfRevista_EspiritoLivre__050_maio2013pdfgt Acesso em 20 maio2014

TAPSCOTT D WILLIAMS A D Wikinomics como a colaboraccedilatildeo em massa podemudar o seu negoacutecio Nova Fronteira 2007 ISBN 9788520919972 Disponiacutevel emlthttpbooksgooglecombrbooksid=VAcJmzjJF74Cgt

Radical Openness Four Principles of Unthinkable Success [Sl] TED Conferences 201370 p

TAURION C Software livre potencialidades e modelos de negoacutecio Brasport 2004 ISBN9788574521732 Disponiacutevel em lthttpbooksgooglecombrbooksid=pKwUAAAACAAJgt

THE WILLIAM AND FLORA HEWLETT FOUNDATION SD Disponiacutevel em lthttpwwwhewlettorgprogramseducationopen-educational-resourcesgt Acesso em 20 maio 2014

THOMAS P Towards Developing a Web-based Blended Learning Environment atthe University of Botswana University of South Africa 2010 Disponiacutevel em lthttpbooksgooglecombrbooksid=qX0ltwAACAAJgt

TOMLINSOM B Materials development In CARTER R NUNAN D (Ed) The Cambridge Guideto Teaching English to Speakers of Other Languages Cambridge Cambridge University Press 2001cap 9 p 66ndash71

Developing Materials for Language Teaching London Continuum Books 2003

Materials development courses In Developing Materials for Language TeachingLondon Continuum Books 2003 cap 27 p 445ndash461

TUMOLO P S FONTANA K B Trabalho docente e capitalismo um estudo criacutetico da produccedilatildeoadadecircmica da deacutecada de 1990 Educaccedilatildeo e Sociedade v 29 n 102 p 159ndash180 janabr 2008Disponiacutevel em lthttpwwwcedesunicampbrgt Acesso em 20 maio 2014

VAZ J C RIBEIRO M M MATHEUS R Dados governamentais abertos e seus impactos sobreos conceitos e praacuteticas de trasnparecircncia no brasil Cadernos PPG-AU v 9 n 1 p 45ndash62 2010Disponiacutevel em lthttpwwwportalseerufbabrindexphpppgauarticleview5111gt Acesso em 20maio 2014

VIANA N Planejamento de unidades em cursos de portuguecircs In ALMEIDA FILHO J C P (Ed)Paracircmetros atuais no ensino de Portuguecircs Liacutengua Estrangeira Campinas Pontes 1997

VIEIRA ABRAHAtildeO M H Crenccedilas pressupostos e conhecimentos de alunos-professores de liacutenguaestrangeira e sua formaccedilatildeo inicial In Praacutetica de Ensino de Liacutengua Estrangeira experiecircncias ereflexotildees Campinas SP Pontes Editores Arte Liacutengua 2004 cap 7 p 131ndash152

WENZEL R L O professor e o trabalho abstrato uma anaacutelise da (des)qualificaccedilatildeo do professorDissertaccedilatildeo (Mestrado) mdash Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC 1991

WHITE C Beliefs and good language learners In GRIFFTHS C (Ed) Lessons from GoodLanguage Learners Cambridge CAMBRIDGE University PRESS 2008 p 121ndash130

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Referecircncias

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169

Apecircndice A - Carta de consentimento

TERMO DE CONSENTIMENTO COLETA E PUBLICACcedilAtildeO DE DADOS PARA

PESQUISA

Eu xxxxx portador do CPF n xxxxx autorizo o senhor Rocircmulo Francisco de Souza

ndash doutorando junto ao programa de poacutes-graduaccedilatildeo em Liacutengua Literatura e Cultura

Italianas da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo

Paulo ndash a publicar em qualquer meio de divulgaccedilatildeo e em qualquer eacutepoca os dados por

mim fornecidos por meio de questionaacuterio gravaccedilatildeo de voz eou viacutedeo e observaccedilatildeo

de sala de aula em contexto de pesquisa de doutorado no periacuteodo de xx a xx de xxxx

de xxxxx durante o curso de extensatildeo ldquoProduccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

e Aplicaccedilotildees para o Ensino de Italiano LEL2rdquo oferecido junto agrave Universidade xxxxx

DESDE QUE O MEU NOME MINHA IMAGEM E MINHA VOZ OU QUALQUER OUTRO

DADO PESSOAL MEU SEJAM OMITIDOS

Data xx xx xx

Assinatura xxxxx

Pesquisador ndash Prof Msc Rocircmulo Francisco de Souza

Orientadora ndash Profa Dra Paola Giustina Baccin (USP)

170

Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas

Exemplos de Sequecircncias Didaacuteticas produzidas pelos professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo nos

cursos de formaccedilatildeo (Il corpo Umano e Pasta a Boscaiola) e pelo pesquisador em conjunto com o

professor-informante (Viaggio che senso ha per te questa parola e Un Viaggio in Bici) Cada uma

das imagens apresenta uma atividade ou um conjunto de atividades que compotildeem as sequecircncias

Os planos de aula referentes agraves Sequecircncias Didaacuteticas satildeo de autoria dos professores-participantes

autores das sequecircncias Todas as atividades produzidas durante as duas ediccedilotildees do curso de

formaccedilatildeo se encontram em versatildeo HTML no DVD que acompanha esta tese ou pelo QRcode abaixo

perfazendo um total de 6 Sequecircncias Didaacuteticas

Acesso ao conteuacutedo do DVDque acompanha esta tese

wwwromulosouzacombrdvdtese

Sequecircncia Didaacutetica Il corpo umano

Plano de aula - Il Corpo Umano

Titulo Il corpo umano

Niacutevel iniciante - adulto

Habilidades desenvolvidas compreensatildeo e produccedilatildeo oral e escrita - sempre com

relaccedilatildeo ao corpo humano

Objetivo geral conhecer o vocabulaacuterio referente ao corpo humano

Tempo previsto aprox 45min

Recursos digitais envolvidos pesquisa em sites da internet (Flickr Google Creative

Commons) Exelearning

Insumos imagens

171

Apecircndice Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas

172

Apecircndice Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas

173

Apecircndice Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas

Sequecircncia Didaacutetica Pasta a Boscaiola

Plano de aula - Pasta a Boscaiola

Titulo Cibo Italiano - Pasta a Boscaiola

Niacutevel baacutesico

Habilidades desenvolvidas compreensatildeo oral vocabulaacuterio especiacutefico da receita

Objetivo geral apresentar por meio de uma receita os verbos no presente do indicativo

e o vocabulaacuterio de comida

Objetivos especiacuteficos o aluno deve ser capaz de

1 Conhecer alguns alimentos tiacutepicos da culinaacuteria italiana

2 Compreender o vocabulaacuterio da receita de forma geral

3 Utilizar alguns verbos no presente do indicativo

4 Produzir uma explicaccedilatildeo oral e escrita da receita

5 Sugerir complementos tiacutepicos brasileiros na receita

6 Comparar as diferenccedilas culturais entre a culinaacuteria italiana e brasileira

7 Identificar os verbos italianos quando conjugados

8 Conhecer o vocabulaacuterio das medidas em italiano

9 Participar de discussotildees em grupos e conseguir expressar suas opiniotildees em

italiano

Tempo previsto 1haula

Recursos digitais envolvidos Photoshop CS3 (editor de imagens) pesquisa em sites

da internet (Flickr Google Creative Commons)

Insumos imagens

Sequecircncia de aula passo a passo

1 Exposiccedilatildeo do tema da aula e questionar os alunos se conhecem a ldquopasta boscai-

olardquo (5 minutos)

2 A professora encenaraacute o preparo da pasta e apresentaraacute os ingredientes que

seratildeo utilizados utilizaremos imagens para ilustrar a receita (10 minutos)

3 Propor aos alunos um exerciacutecio de verifica do vocabulaacuterio que acabaram de

conhecer (5 minutos)

4 Em duplas propor aos alunos a ldquoatividade clozerdquo a fim de utilizar a conjugaccedilatildeo

verbal presente do indicativo de verbos utilizados na culinaacuteria (15 minutos)

174

Apecircndice Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas

175

Apecircndice Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas

Sequecircncia Didaacutetica Viaggio che senso ha per te questa parola

Plano de aula - Viaggio che senso ha per te questa parola

Titulo Viaggio che senso ha per te questa parola

Niacutevel inicianteintermediario - adulto

Habilidades desenvolvidas compreensatildeo e produccedilatildeo oral

Objetivo geral introduzir o tema viagens conhecer o vocabulaacuterio referente a esse

tema

Tempo previsto aprox 30min

Recursos digitais envolvidos pesquisa em sites da internet (Flickr BlipTV Google)

Wordpress

Insumos viacutedeo

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Apecircndice Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas

Sequecircncia Didaacutetica Un viaggio in bici

Plano de aula - Un Viaggio In Bici

Titulo Un viaggio in bici

Niacutevel iniciante - adulto

Habilidades desenvolvidas compreensatildeo e produccedilatildeo oral e escrita - relacionado ao

tema viagens

Objetivo geral fazer planos para o futuro introduzir o futuro do indicativo e as expres-

sotildees para referir-se ao futuro

Tempo previsto aprox 1haula

Recursos digitais envolvidos pesquisa em sites da internet (Flickr Google blip TV)

Wordpress

Insumos viacutedeo

177

Apecircndice Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas

178

  • Implicaccedilotildees do uso de Material Didaacutetico VirtualLivre em contexto formal de ensino-aprendizagemde italiano como LEL2 - a perspectiva dosProblemas de Ensino
    • Agradecimentos
    • Resumo
    • Abstract
    • Riassunto
    • Sumaacuterio
    • Lista de quadros
    • Lista de Figuras
    • Introduccedilatildeo
      • Cenaacuterio de abertura problematizaccedilatildeo e delineamento dapesquisa
      • Hipoacutetese
      • Justificativa
      • Objetivo geral
      • Objetivos especiacuteficos
      • Organizaccedilatildeo e estrutura capitular da tese
        • Capiacutetulo 1 Material Didaacutetico Virtual Livre - nossaconcepccedilatildeo
          • 11 A cultura livre
          • 12 O software livre
          • 13 Licenccedilas Livres e a licenccedila Creative Commons
          • 14 Afinal o que chamamos de Material Didaacutetico VirtualLivre
            • Capiacutetulo 2 Material Didaacutetico Virtual Livre para oensino de liacutenguas materialpoacutes-meacutetodo() - explorandointerseccedilotildees
            • Capiacutetulo 3 Software livre no contexto deensino-aprendizagem de liacutenguas - porque (natildeo) utilizar
              • 31 Vantagens relacionadas ao uso de software livre
              • 32 Pontos criacuteticos relativos ao uso de software livre
              • 33 Iniciativas livres e seus modelos de negoacutecio explorandoa produtividade altruiacutesta
                • Capiacutetulo 4 Metodologia de produccedilatildeo de MaterialDidaacutetico Virtual Livre
                  • 41 Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material DidaacuteticoVirtual Livre
                    • 411 Visatildeo geral sobre modelos instrucionais
                    • 412 O modelo ADDIE - modelo instrucional baacutesico
                    • 413 Modelo de Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas
                    • 414 Modelo de Elaboraccedilatildeo de Materiais Didaacuteticos de Ensino de Liacutenguas
                      • 42 A busca por insumos livres beneficiando-se da CulturaLivre
                        • 421 Busca de insumos livres com o Flickr imagens
                        • 422 Busca de insumos livres com o SpinXpress miacutedias em geral
                        • 423 Busca de Insumos Livres com o Jamendo muacutesicas
                        • 424 Busca de Insumos livres utilizando o Google arquivos e paacuteginasda web em geral
                          • 43 Atribuiccedilatildeo de liberdades ao material didaacutetico virtualpromovendo a cultura livre
                          • 44 O uso de software livre
                            • 441 O sistema de blogs e de gerenciamento de conteudos para webWordpress
                            • 442 O programa de autoria EXElearning
                                • Capiacutetulo 5 Metodologia de pesquisa
                                  • 51 A Pesquisa em Problemas de Ensino
                                  • 52 Estudo qualitativo
                                  • 53 Consideraccedilotildees sobre a eacutetica na pesquisa
                                  • 54 Consideraccedilotildees sobre a validade interna da pesquisa
                                  • 55 Delimitaccedilatildeo do estudo contextos e estrateacutegias de coletade dados
                                    • Capiacutetulo 6 Perfil dos informantes
                                      • 61 Perfil do professor do ensino superior puacuteblico
                                      • 62 Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacuteserviccedilo
                                        • 621 Experiecircncia com ensino de italiano
                                        • 622 Haacutebitos de planejamento de aulas e de apropriaccedilatildeo do materialdidaacutetico
                                        • 623 Letramento Digital
                                            • Capiacutetulo 7 Anaacutelise dos Problemas de Ensino
                                              • 71 Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeode Material Didaacutetico Virtual Livre
                                                • 711 Dificuldade para encontrar insumos desejados registrados comlicenccedilas flexiacuteveis
                                                • 712 Inseguranccedila (e resistecircncia) associada agrave utilizaccedilatildeo de insumoslivres no material didaacutetico
                                                • 713 Crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtuallivre necessariamente aumenta a carga horaacuteria de trabalhodocente
                                                • 714 Dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica e o estado de artefatoem construccedilatildeoque o software livre pode apresentar
                                                • 715 Dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas
                                                • 716 Dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e de SequecircnciasDidaacuteticas digitais
                                                • 717 Dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware
                                                  • 72 Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utilizaccedilatildeode Material Didaacutetico Virtual Livre em sala de aulapresencial
                                                    • 721 Dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que podemser utilizados para organizar as Sequecircncias Didaacuteticas epara trabalhar com elas em sala de aula presencial
                                                    • 722 Crenccedila de que a escassez de material didaacutetico impresso na salade aula presencial poderaacute ser mal vista pelos discentes
                                                    • 723 Dificuldade em compreender o funcionamento do software utilizadoem sala de aula
                                                    • 724 Preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e do softwareque abrigam e fornecem acesso agraves Sequecircncias Didaacuteticas
                                                        • Capiacutetulo 8 Conclusotildees
                                                          • 81 Das caracteriacutesticas gerais dos Problemas de Ensinoidentificados nesta pesquisa
                                                          • 82 Das possiacuteveis estrateacutegias ou caminhos de resoluccedilatildeodos Problemas de Ensino identificados nesta pesquisa
                                                          • 83 Da hipoacutetese de pesquisa
                                                          • 84 Da metodologia e dos possiacuteveis desdobramentos futurosdesta pesquisa
                                                            • Referecircncias
                                                            • Apecircndice A - Carta de consentimento
                                                            • Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas
Page 3: Implicações do uso de Material Didático Virtual Livre em

Folha de Aprovaccedilatildeo

iii

Agrave MINHA FAMIacuteLIA

E AOS MEUS AMIGOS

iv

Agradecimentos

Agrave Maria Silva e Souza minha matildee ao Paulo Eustaacutequio de Souza (In memoriam) meu pai e ao

Paulo Eustaacutequio de Souza Juacutenior meu irmatildeo pelo apoio imprescindiacutevel ao Francisco Louzimar

da Silva meu tio e agrave Maria Ruth Silva minha avoacute pelo apoio e incentivo agrave toda minha famiacutelia

pelo apoio

aos amigos e amigas Gilson Santos Joseacute Euriacutealo dos Reis Maria de Lourdes Camilo Re-

gina Vale Isabel Cristina Valeacuteria Hufnagel Marilene Viggiano Helmy Franco Jovacircnio Nas-

cimento Alexandre Antoniazzi Adriana Pitarello Mateus Gomes Enzo Silva Thiago Dias

da Silva Juliana Moreti Tatiana Vasconcelos Andrea Saffioti Raquel Caldas Eacuterica Salatini

Renata Cabral Daniela Aparecida Vieira Vinicio Corrias Ana Luiza Leite Bado Adriana Du-

arte Giovana Fumes Gustavo Henriques Hurbano de Mello Cauecirc Tamburini Tamara Ferreira

Paula de Oliveira Ariane Souza Santos Leite Luciane Correa Ferreira Alessandra Caramori

Benilde Schultz Karine Marielly Beatriz Quevedo Camargo Gladys Plens de Camargo Egis-

vanda Sandes Youssef Cherem Lauro Ceacutesar e Wagner F Silva pelo apoio e companhia nas

horas incertas

agrave Profa Dra Paola Gisutina Baccin pela confianccedila pela orientaccedilatildeo e pelo sustento da liberdade

de pensamento e de accedilatildeo Sou eternamente grato agrave Profa Dra Fernanda Landucci Ortale pelo

diaacutelogo pelos cafeacutes e pelo apoio agrave Profa Dra Denise Bertolli Braga pelas acertadas observaccedilotildees

sobre este trabalho agrave Profa Dra Carolina Torquato Pizzolo pelo apoio agrave Profa Dra Karine

Simoni pelo apoio

aos alunos e professores do Setor de Italiano da Universidade Federal de Santa Catarina pelo

incentivo e pelo apoio financeiro aos colegas do coletivo REA-Brasil pelos debates aos colegas das

comunidades LaTeX-br e abnTeX2 pelo diaacutelogo e pelo apoio agrave CAPES e ao Governo Federal Bra-

sileiro pelo apoio financeiro dirigido a esta pesquisa e agrave minha formaccedilatildeo aos alunos e professores

do Setor de Liacutengua Literatura e Cultura Italianas da Universidade de Satildeo Paulo aos profes-

sores e demais funcionaacuterios da FFLCH (Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas) da USP

agrave Universidade de Satildeo Paulo agrave cidade de Satildeo Paulo e aos paulistanos que me receberam de

braccedilos abertos

v

NON DUCOR DUCO

Natildeo sou conduzido conduzo

vi

Resumo

SOUZA R F Implicaccedilotildees do uso de Material Didaacutetico Virtual Livre em contexto formal de

ensino-aprendizagem de italiano como LEL2 - a perspectiva dos Problemas de Ensino 2014

177 f Tese (doutorado) - Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas - Universidade de Satildeo

Paulo Satildeo Paulo 2014

Nossa pesquisa teve como objetivo explorar as implicaccedilotildees relativas agrave utilizaccedilatildeo de material didaacutetico

de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano LEL2 As impli-

caccedilotildees foram tratadas em forma de Problemas de Ensino e o termo utilizaccedilatildeo foi desdobrado em

dois aspectos utilizaccedilatildeo em sala de aula presencial e produccedilatildeo Orientou-nos a hipoacutetese de que o

uso de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de

liacutengua italiana como LEL2 deflagra uma seacuterie de implicaccedilotildees observaacuteveis e especiacuteficas ndash as quais

podem ser definidas em termos de Problemas de Ensino (ORTALE 2010) ndash dada a sua natureza

peculiar ou seja livre A fim de alcanccedilar nossos objetivos lanccedilamos matildeo de uma metodologia

qualitativa de vieacutes construtivista e interpretativista Os Problemas de Ensino foram identificados por

meio da anaacutelise de Relatos de Problemas de Ensino (ORTALE 2010) Balizaram nossas anaacutelises

a metodologia de formaccedilatildeo de professores alicerccedilada na ideia de Aprendizagem Baseada em

Problemas (ABP) explicitada em Ortale (2010) e as teacutecnicas e procedimentos de desenvolvimento

de teoria fundamentada conforme Strauss e Corbin (2008) Os Problemas de Ensino relativos agrave

utilizaccedilatildeo foram investigados em duas disciplinas de liacutengua italiana ofertadas em niacutevel de graduaccedilatildeo

junto agrave Faculdade de Letras de uma universidade puacuteblica do estado de Satildeo Paulo Os Problemas

de Ensino relativos agrave produccedilatildeo foram pesquisados nos contextos de duas ediccedilotildees de um curso de

formaccedilatildeo de professores de liacutengua italiana em serviccedilo e em preacute-serviccedilo que ministramos no acircmbito

de duas universidades puacuteblicas brasileiras - uma no estado de Santa Catarina e outra no estado

de Satildeo Paulo Encontramos um total de 11 (onze) Problemas de Ensino - 7 (sete) relacionados

ao aspecto da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre e 4 (quatro) relacionados ao aspecto da

utilizaccedilatildeo Notamos por meio de nossa anaacutelise a proeminecircncia de dois fatores associados aos

Problemas de Ensino encontrados as crenccedilas a respeito de materiais didaacuteticos de natureza virtual

livre e a demanda pelo desenvolvimento de competecircncias relativas aos aspectos virtual e livre desse

tipo de material didaacutetico Concluiacutemos que os Problemas de Ensino identificados natildeo satildeo especiacuteficos

mas sim caracteriacutesticos dos materiais didaacuteticos de natureza virtual livre

Palavras-chave Linguiacutestica Linguiacutestica Aplicada Ensino de Liacutengua Estrangeira Italiano Material

Didaacutetico Virtual Livre Problemas de Ensino

vii

Abstract

SOUZA R F Implications of the use of Free Virtual Educational Materials in the context of for-

mal teaching and learning Italian FLSL - the perspective of the Problems of Teaching 2014

177 f Tese (doutorado) - Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas - Universidade de Satildeo

Paulo Satildeo Paulo 2014

The aim of our research was to explore the implications related to the use of Free Virtual Educati-

onal Materials in the context of formal teaching and learning Italian as FLSL The implications were

dealt as Problems of Teaching (ORTALE 2010) and the term use was considered according to two

aspects use in presential classrooms and production The hypothesis was that the use of Free Virtual

Educational Materials in the context of formal teaching and learning Italian as FLSL triggers a series

of observable and specific implications which can be defined in terms of Problems of Teaching due

to its peculiar nature that is being a free educational material The methodology adopted here was

qualitative both constructivist and interpretativist The Problems of Teaching were identified through

the analysis of the Reports of Problems of Teaching (ORTALE 2010) The analyses were based

on the methodology of teacher education supported by the idea of Problem-Based Learning (PBL)

explained in Ortale (2010) and the techniques and procedures of the Grounded Theory according

to Strauss e Corbin (2008) The Problems of Teaching related to the use were investigated in two

undergraduate subjects of Italian Language offered by the College of Arts in a public university in Satildeo

Paulo state The Problems of Teaching related to the production were researched in the context of

two editions of the training course for teachers of Italian Language in-service and pre-service taught

at two Brazilian public universities ndash one in Santa Catarina state and the other in Satildeo Paulo state

We have found the total of 11 (eleven) Problems of Teaching ndash 7 (seven) related to the aspect of

production of Free Virtual Educational Materials and 4 (four) related to the aspect of its use We have

noticed through our analysis the prominence of two factors associated to the Problems of Teaching

which were found in the research the beliefs regarding Free Virtual Educational Materials and the

demand to develop the competences related to the free and virtual aspects of this sort of material We

concluded that the Problems of Teaching identified here are not specific but are typical of educational

materials that are virtual and free

Keywords Linguistics Applied Linguistics Teaching of Foreign Language Italian Free Virtual

Educational Materials Problems of Teaching

viii

Riassunto

SOUZA R F Implicazioni dellrsquouso di Materiale Didattico Virtuale Libero in contesto di in-

segnamento e di apprendimento formale di lingua italiana come LSL2 - la prospettiva dei

Problemi Didattici 2014 177 f Tese (doutorado) - Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias

Humanas - Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2014

La presente ricerca si egrave proposta di esplorare le implicazioni riguardanti lrsquouso di materiali didat-

tici di essenza virtuale e libera in contesto di insegnamento e di apprendimento formale di lingua

italiana come LSL2 Le implicazioni sono state trattate sotto forma di Problemi Didattici (ORTALE

2010) e lrsquouso egrave stato visto sotto due aspetti lrsquoutilizzazione durante lrsquoinsegnamento in presenza e

la produzione Ci ha guidato lrsquoipotesi che lrsquouso di materiali didattici di essenza virtuale e libera in

contesto di insegnamento e di apprendimento formale di lingua italiana come LSL2 innesca una

serie di implicazioni specifiche e osservabili - le quali possono essere definite in termini di Problemi

Didattici - data la sua peculiare natura libera Per raggiungere i nostri obiettivi abbiamo utilizzato

una metodologia qualitativa di carattere costruttivista e interpretativa I Problemi Didattici sono stati

identificati attraverso lrsquoanalisi delle Storie dei Problemi Didattici (ORTALE 2010) Hanno guidato

le nostre analisi la metodologia di formazione docenti basata sullrsquoidea di Problem-Based Learning

(PBL) trattata in Ortale (2010) e le tecniche e procedure riguardanti lo svilluppo di grounded theory

(STRAUSS CORBIN 2008) I Problemi Didattici riguardanti lrsquoutilizzo sono stati studiati in due corsi di

lingua italiana dei corsi di laurea della Facoltagrave di Lettere di unrsquouniversitagrave pubblica nello stato di Satildeo

Paulo I Problemi Didattici riguardanti la produzione sono stati studiati in due edizioni di un corso di

formazione per insegnanti di lingua italiana in servizio e in pre-servizio in due universitagrave pubbliche

brasiliane - una nello stato di Santa Catarina e lrsquoaltra nello stato di Satildeo Paulo Abbiamo individuato

un totale di undici (11) Problemi Didattici - 7 (sette) legati allrsquoaspetto della produzione di Materiale

Didattico Virtuale Libero e 4 (quattro) legati allrsquoaspetto dellrsquoutilizzo Notiamo dalla nostra analisi la

preminenza di due fattori associati ai Problemi Didattici trovati le credenze sui materiali didattici di

essenza virtuale e libera e la necessitagrave di sviluppo delle competenze relative agli aspetti virtuale e

libero di questo tipo di materiale didattico Si conclude che i Problemi Didattici individuati non sono

specifici ma sono tipici dei materiali didattici di essenza virtuale e libera

Parole-chiave Linguistica Linguistica Applicata Glottodidattica Italiano Materiale Didattico Virtuale

Libero Problemi Didattici

ix

Sumaacuterio

Folha de Aprovaccedilatildeo iii

iv

Agradecimentos v

Resumo vii

Abstract viii

Riassunto ix

Introduccedilatildeo 1

Cenaacuterio de abertura problematizaccedilatildeo e delineamento da pesquisa 1

Hipoacutetese 5

Justificativa 6

Objetivo geral 6

Objetivos especiacuteficos 7

Organizaccedilatildeo e estrutura capitular da tese 7

1 Material Didaacutetico Virtual Livre - nossa concepccedilatildeo 11

11 A cultura livre 11

12 O software livre 13

13 Licenccedilas Livres e a licenccedila Creative Commons 16

14 Afinal o que chamamos de Material Didaacutetico Virtual Livre 21

2 Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas material poacutes-meacutetodo() -

explorando interseccedilotildees 26

3 Software livre no contexto de ensino-aprendizagem de liacutenguas - por que (natildeo) utilizar 37

31 Vantagens relacionadas ao uso de software livre 37

32 Pontos criacuteticos relativos ao uso de software livre 46

33 Iniciativas livres e seus modelos de negoacutecio explorando a produtividade altruiacutesta 48

4 Metodologia de produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre 52

41 Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre 53

x

SUMAacuteRIO xi

411 Visatildeo geral sobre modelos instrucionais 54

412 O modelo ADDIE - modelo instrucional baacutesico 55

413 Modelo de Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas 64

414 Modelo de Elaboraccedilatildeo de Materiais Didaacuteticos de Ensino de Liacutenguas 70

42 A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre 74

421 Busca de insumos livres com o Flickr imagens 77

422 Busca de insumos livres com o SpinXpress miacutedias em geral 78

423 Busca de Insumos Livres com o Jamendo muacutesicas 81

424 Busca de Insumos livres utilizando o Google arquivos e paacuteginas da web em

geral 83

43 Atribuiccedilatildeo de liberdades ao material didaacutetico virtual promovendo a cultura livre 84

44 O uso de software livre 87

441 O sistema de blogs e de gerenciamento de conteudos para web Wordpress 87

442 O programa de autoria EXElearning 89

5 Metodologia de pesquisa 92

51 A Pesquisa em Problemas de Ensino 92

52 Estudo qualitativo 94

53 Consideraccedilotildees sobre a eacutetica na pesquisa 100

54 Consideraccedilotildees sobre a validade interna da pesquisa 103

55 Delimitaccedilatildeo do estudo contextos e estrateacutegias de coleta de dados 106

6 Perfil dos informantes 111

61 Perfil do professor do ensino superior puacuteblico 112

62 Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo 113

621 Experiecircncia com ensino de italiano 115

622 Haacutebitos de planejamento de aulas e de apropriaccedilatildeo do material didaacutetico 117

623 Letramento Digital 121

7 Anaacutelise dos Problemas de Ensino 126

71 Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual

Livre 129

711 Dificuldade para encontrar insumos desejados registrados com licenccedilas flexiacuteveis129

712 Inseguranccedila (e resistecircncia) associada agrave utilizaccedilatildeo de insumos livres no material

didaacutetico 133

713 Crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre neces-

sariamente aumenta a carga horaacuteria de trabalho docente 135

714 Dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica e o estado de artefato em

construccedilatildeoque o software livre pode apresentar 137

715 Dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas 139

716 Dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e de Sequecircncias Didaacuteticas

digitais 142

717 Dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware 144

SUMAacuteRIO xii

72 Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual

Livre em sala de aula presencial 145

721 Dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que podem ser utilizados

para organizar as Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas em sala de

aula presencial 146

722 Crenccedila de que a escassez de material didaacutetico impresso na sala de aula

presencial poderaacute ser mal vista pelos discentes 148

723 Dificuldade em compreender o funcionamento do software utilizado em sala

de aula 148

724 Preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e do software que abrigam e

fornecem acesso agraves Sequecircncias Didaacuteticas 150

8 Conclusotildees 152

81 Das caracteriacutesticas gerais dos Problemas de Ensino identificados nesta pesquisa 152

82 Das possiacuteveis estrateacutegias ou caminhos de resoluccedilatildeo dos Problemas de Ensino identi-

ficados nesta pesquisa 155

83 Da hipoacutetese de pesquisa 156

84 Da metodologia e dos possiacuteveis desdobramentos futuros desta pesquisa 157

Referecircncias 159

Apecircndice A - Carta de consentimento 170

Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas 171

Lista de quadros

11 As 4 liberdades de um Trabalho Cultural Livre 14

12 Condiccedilotildees baacutesicas de licenciamento Creative Commons 18

13 Conjunto de licenccedilas Creative Commons 19

14 Os materiais didaacuteticos fechado Virtual Livre Virtual Livre com Algumas Restriccedilotildees e

suas licenccedilas 22

15 Caraacuteter livre a materiais didaacuteticos virtuais algumas condiccedilotildees 23

16 Os materiais didaacuteticos fechado Virtual Livre Virtual Livre com Algumas Restriccedilotildees e

seus suportes 24

21 A educaccedilatildeo na sociedade industrial e na sociedade da informaccedilatildeo 28

22 Desvantagens dos meacutetodos 30

31 Vantagens do software livre em relaccedilatildeo ao proprietaacuterio 38

41 Componentes e subcomponentes do modelo ADDIE 58

42 Princiacutepios a serem considerados na etapa de Implementaccedilatildeo - modelo ADDIE 63

43 Quadro comparativo entre os modelos ADDIE Operaccedilatildeo Global de Ensino de Liacutenguas

e Quadro de Elaboraccedilatildeo de Material Didaacutetico para o Ensino de Liacutenguas 72

44 EXElearning e sua tipologia de atividades (Idevices) 91

51 Exemplos de Relatos de Problemas de Ensino 94

52 Teacutecnicas de coletas de dados tiacutepicas de abordagens qualitativas 97

53 Princiacutepios gerais de eacutetica na pesquisa qualitativa em educaccedilatildeo 102

54 Salvaguardas para proteccedilatildeo dos participantes desta pesquisa 103

55 Estrateacutegias de validaccedilatildeo adotadas nesta pesquisa 105

56 Coleta de dados I - utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em contexto de

disciplinas presenciais de italiano como LEL2 107

57 Coleta de dados II - produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em contexto de curso

de formaccedilatildeo de professores de italiano LEL2 108

61 Perfil predominante dos grupos 1 e 2 114

62 Competecircncias tecnoloacutegicas conforme Romero (2008) 116

63 Experiecircncia com ensino de italiano - grupos 1 e 2 117

64 Contextos de ensino relativos agrave experiecircncia dos participantes - grupos 1 e 2 118

65 Haacutebitos de preparaccedilatildeo de aulas - grupos 1 e 2 119

xiii

LISTA DE QUADROS xiv

66 Haacutebitos de produccedilatildeo de material didaacutetico - grupos 1 e 2 120

67 Utilizaccedilatildeo de recursos da Internet na praacutetica de sala de aula - grupos 1 e 2 122

68 Competecircncia relativa agrave utilizaccedilatildeo de recursos da Internet - grupos 1 e 2 123

69 Experiecircncia com editoraccedilatildeo digital - grupos 1 e 2 124

610 Experiecircncia com instalaccedilatildeo de software - grupos 1 e 2 125

611 Experiecircncia com Ambientes Virtuais de Aprendizagem - grupos 1 e 2 125

71 Problemas de Ensino relacionados agrave produccedilatildeo e agrave utilizaccedilatildeo de materiais didaacuteticos de

natureza virtual livre 127

72 Competecircncias digitais esperadas para o docente conforme Espanha (2013) 130

73 Relatos-produccedilatildeo dificuldade de encontrar insumos com licenccedilas flexiacuteveis 132

74 Relatos-produccedilatildeo inseguranccedila (e resistecircncia) relativa agrave utilizaccedilatildeo de insumos livres

no material didaacutetico 134

75 Relatos-produccedilatildeo crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza livre

necessariamente aumenta a carga horaacuteria de trabalho docente 136

76 Relato-produccedilatildeo Dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica e o estado de artefato

em construccedilatildeoque o software livre pode apresentar 138

77 Usuaacuterio estaacutetico e usuaacuterio proativo (livre) - perfis referenciais antagocircnicos 139

78 Relatos-produccedilatildeo dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas 140

79 Relatos-produccedilatildeo dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e de sequecircncia

didaacuteticas digitais 143

710 Relato-produccedilatildeo dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware 145

711 Relatos-utilizaccedilatildeo dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que podem

ser utilizados para organizar as Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas em

sala de aula presencial 147

712 Relatos-utilizaccedilatildeo crenccedila de que a escassez de material didaacutetico impresso na sala de

aula presencial poderaacute ser mal vista pelos discentes 149

713 Relatos-utilizaccedilatildeo dificuldade em compreender o funcionamento do software utilizado

em sala de aula 149

714 Relatos-utilizaccedilatildeo preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e do software que

abrigam e fornecem acesso agraves Sequecircncias Didaacuteticas 151

Lista de Figuras

11 Material Didaacutetico Virtual Livre e seus conceitos subjacentes 21

41 Componentes de um problema Fonte adaptado de Rothwell e Kazanas (2003 p 36) 56

42 As fases do modelo ADDIE Fonte adaptado de Hanley (2009) 57

43 Modelo da Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas Fonte adaptado de Almeida Filho

(2010 p 22) 65

44 Modelo Ampliado da Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas Fonte Almeida Filho

(2010 p 22) 66

45 Modelo de Elaboraccedilatildeo de Materiais Didaacuteticos de Ensino de Liacutenguas Fonte adaptado

de Jolly e Bolitho (1998 p 98) 71

46 Ferramenta de busca do Creative Commons - tela principal Fonte adaptado de

CREATIVE COMMONS (sd) 75

47 Documentaccedilatildeo de insumos identificaccedilatildeo da licenccedila de uma imagem Fonte adaptado

de Flickr (sd) 76

48 Flikr - Tela de busca manual de imagens com licenccedilas Creative Commons Fonte

adaptado de Flickr (sd) 77

49 Flickr resultado de busca de imagens Creative Commons ndash Atribuiccedilatildeo com o termo

chiesa Fonte adaptado de Flickr (sd) 78

410 Flickr resultado de busca de imagens Creative Commons ndash Atribuiccedilatildeo com o termo

chiesa uma igreja em Citta Nova Moacutedena Itaacutelia Fonte adaptado de Flickr (sd) 79

411 Tela do mecanismo de busca online do SpinXpress Fonte adaptado de SPINXPRESS

(sd) 80

412 SpinXpress resultado de busca de miacutedias com o termo musica leggera Fonte adap-

tado de SPINXPRESS (sd) 80

413 Tela de busca avanccedilada do Jamendo Fonte adaptado de Jamendo (sd) 82

414 Resultados de busca no Jamendo a canccedilatildeo Sogno e sua licenccedila Fonte adaptado

de Jamendo (sd) 82

415 Motor de busca Google - tela da filtragem avanccedilada Fonte adaptado de Google (sd) 83

416 Exemplo de resultado de busca por licenccedila - motor de busca Google quotidiano

Fonte adaptado de Google (sd) 84

417 Radio Frequenza Appenino - canal com conteuacutedo livre Fonte adaptado de RFA (sd) 85

418 Mecanismo informatizado de atribuiccedilatildeo de licenccedila Creative Commons Fonte adap-

tado de CREATIVE COMMONS BRASIL (sd) 85

xv

LISTA DE FIGURAS xvi

419 Resultado do processo de escolha da licenccedila Creative Commons Fonte adaptado de

CREATIVE COMMONS BRASIL (sd) 86

420 Wordpress Tela de ediccedilatildeo e de posts Fonte adaptado de CODEX WORDPRESS (sd) 88

421 Wordpress Paineacuteis de administraccedilatildeo Fonte adaptado de CODEX WORDPRESS (sd) 88

422 EXElearning - interface e seus componentes Fonte Adaptado de EXElearning (sd) 90

51 Dinacircmica de curso experimentaccedilatildeo gradativa e cumulativa de atividades problema

nucleares 110

Introduccedilatildeo

Cenaacuterio de abertura problematizaccedilatildeo e delineamento da

pesquisa

O mundo estaacute se tornando cada vez mais aberto Os sinais e iniciativas de abertura podem ser

percebidos de modo mais intenso nas uacuteltimas deacutecadas (BONK 2009 LITTO 2009 LITTO 2006

TAPSCOTT WILLIAMS 2013 TAPSCOTT WILLIAMS 2007 VAZ RIBEIRO MATHEUS 2010

NIKOI et al 2011) Isso ocorre fundamentalmente graccedilas ao desenvolvimento e agrave popularizaccedilatildeo

da Internet e das Tecnologias da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo

As relaccedilotildees econocircmicas e sociais estatildeo adquirindo novos formatos (GIMENES 2013 p 9) tanto

na esfera puacuteblica quanto na esfera privada De fato por meio da rede mundial de computadores

pessoas compram e vendem organizam movimentos sociais com a ajuda de pessoas geografica-

mente distantes estabelecem os mais diversos tipos de relacionamentos compartilham saberes

e colaboram uns com os outros seja para fins comerciais seja pela simples vontade de ajudar

(SHIRKY 2010 p 18) ou de divulgar opiniotildees pessoais

Empresas governos e ateacute grupos de pesquisa institucionalizados (TAPSCOTT WILLIAMS 2007

p 23) rompendo com modelos claacutessicos estritamente hierarquizados (TAPSCOTT WILLIAMS

2007 p 9) de produccedilatildeo e gestatildeo assumem posturas de abertura expondo seus problemas

(TAPSCOTT WILLIAMS 2007 TAPSCOTT WILLIAMS 2013) - sobretudo por meio da Internet - com

a expectativa de canalizar soluccedilotildees advindas da inteligecircncia coletiva (LEVY 2007 p 28) Em outras

palavras eles exploram o chamado excedente cognitivo 1 (SHIRKY 2010 p 15) assumindo um

modelo conhecido como crowdsourcing2 (TAPSCOTT WILLIAMS 2007 BRITO 2008 BENKLER

2002 p 11 p 144 p 375)

Especialmente no caso da governanccedila puacuteblica essa abertura ocorre tambeacutem com o intuito

de promover a circulaccedilatildeo o uso e o reuso de dados e documentos oficiais (NOVA ZELAcircNDIA

2010 OPEN GOVERNMENT PARTNERSHIP 2011 p 3 p 1) - tais como conjuntos de dados

geoespaciais cientiacuteficos e de performance administrativa estatiacutesticas oficiais imagens fotograacuteficas

1Shirky (2010 15) ao falar de excedente cognitivo refere-se ao tempo livre coletivo que todos noacutespossuiacutemos o qual pode ser gasto em atividades individuais - tal como assistir TV - ou em grandes projetoscoletivos - como por exemplo a elaboraccedilatildeo de entradas da Wikipedia Nesse caso o tempo livre pode servisto como um bem social geral

2O crowdsoursing eacute um modelo de produccedilatildeo que utiliza a inteligecircncia e os conhecimentos coletivosde voluntaacuterios espalhados pela internet para resolver problemas criar conteuacutedo ou desenvolver novastecnologias(TAPSCOTT WILLIAMS 2007 p 11)

1

Cenaacuterio de abertura problematizaccedilatildeo e delineamento da pesquisa

filmes e recursos educacionais (NOVA ZELAcircNDIA 2010 p 3) - visando o crescimento criativo

cultural e econocircmico de indiviacuteduos organizaccedilotildees comerciais e sem fins lucrativos da sociedade civil

bem como o aumento da sustentabilidade e a presenccedila de benefiacutecios puacuteblicos mais amplos (NOVA

ZELAcircNDIA 2010 p 3)

Estrateacutegias de governo aberto tem sido adotadas em paiacuteses como Estados Unidos Austraacutelia

Reino Unido Nova Zelacircndia (AGUNE FILHO BOLLIGER 2010 p 9) e Brasil Ademais segundo

dados da OPEN GOVERNMENT PARTNERSHIP (2013) mais de 50 paiacuteses assinaram a Declaraccedilatildeo

de Governo Aberto assumindo a intenccedilatildeo de adotaacute-las

A educaccedilatildeo assim como as relaccedilotildees sociais econocircmicas empresariais e governamentais

tambeacutem experimenta novas possibilidades e formatos com vieses de abertura Dessa forma

universidades escolas e institutos passam a disponibilizar via web conteuacutedos e programas de

seus cursos (LITTO 2009 p 304) - permitindo muitas vezes sua ediccedilatildeo e reuso - os quais ateacute

entatildeo circulavam de forma restrita confirmando e configurando o que Litto (2006 p 73) e Litto

(2009 p 304) reconhecem como paradigma da escassez (vs paradigma da abundacircncia) ou

seja uma visatildeo marcada pela crenccedila de que as coisas realmente boas ocorrem em quantidades

pequenas acessiacuteveis apenas para os mais ricos e estudiosos (LITTO 2006 p 73) Como exemplo

de abertura podemos citar o MIT 3 que em 2001 decide abrir os seus acervos de informaccedilatildeo e de

conhecimento que nessa instituiccedilatildeo auxiliam a aprendizagem (LITTO 2009 BARBOSA ARIMOTO

2013 p 304 p 18) estabelecendo precedente para diversas universidades tais como - entre outras

- as universidades norte americanas da Califoacuternia de Harvard de Princenton da Pennsylvania de

Michigan e Yale (OPENCOURSEWARE sd OPENCOURSEWARE 2011)

Bonk (2009 p 8) tambeacutem percebe sinais de abertura no acircmbito da educaccedilatildeo Nesse sentido

ele aponta 10 (dez) openers ou seja tendecircncias tecnoloacutegicas com vieacutes de abertura que do seu

ponto de vista contribuem para a transformaccedilatildeo da educaccedilatildeo e da vida no seacuteculo XXI Satildeo elas

1 Web busca no universo dos e-Books

2 E-learning e blended learning

3 Disponibilidade de fontes abertas e software livre

4 Recursos Reutilizaacuteveis e OpenCourseWare

5 Repositoacuterios de objetos de aprendizagem e portais

6 Participaccedilatildeo do aprendiz em comunidades de informaccedilatildeo aberta

7 Colaboraccedilatildeo eletrocircnica

8 Realidades alternativas de aprendizagem

9 Mobilidade e portabilidade de tempo real

10 Redes de aprendizagem personalizada

(BONK 2009 p 8)

O mesmo jaacute citado avanccedilo tecnoloacutegico - ou seja o contiacutenuo desenvolvimento e popularizaccedilatildeo

da Internet e das Tecnologias da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo - permite a adoccedilatildeo de praacuteticas ateacute entatildeo

3Massachusetts Institute of Technology

2

Cenaacuterio de abertura problematizaccedilatildeo e delineamento da pesquisa

restritas a poucos grupos A Economia Guttemberg (SHIRKY 2010 p 42) parece demonstrar sinais

de enfraquecimento Isso significa que atividades como ediccedilatildeo publicaccedilatildeo e circulaccedilatildeo de bens

culturais imateriais (textos muacutesicas viacutedeos etc) jaacute natildeo dependem de grandes corporaccedilotildees ndash tais

como editoras gravadoras ou produtoras ndash nem tampouco de grandes e arriscados investimentos

financeiros Com efeito qualquer indiviacuteduo que tenha acesso agrave rede mundial de computadores pode

tornar o seu trabalho puacuteblico bastando para isso o preenchimento de um cadastro - quando muito

- e o clique em um botatildeo virtual cuja funccedilatildeo eacute realizar a publicaccedilatildeo (SHIRKY 2010 p 45) Mais

do que uma cultura livre ndash ou seja em que a circulaccedilatildeo de cultura eacute menos controlada (LESSIG

2004 p 48) ndash o que percebemos eacute a presenccedila de uma cultura do compartilhamento da abundacircncia

(LITTO 2006 p 73) em que pessoas e instituiccedilotildees se propotildeem a compartilhar experiecircncias e

conhecimentos - muitos dos quais ateacute entatildeo restritos - ainda que para fins comerciais

As implicaccedilotildees decorrentes da formaccedilatildeo desse cenaacuterio de novas possibilidades e formatos

de abertura (BONK 2009 LITTO 2009 LITTO 2006 TAPSCOTT WILLIAMS 2013 TAPSCOTT

WILLIAMS 2007 VAZ RIBEIRO MATHEUS 2010 NIKOI et al 2011) e de abundacircncia (LITTO

2006 LITTO 2009 p 73 p 304) podem ser sentidas na praacutexis dos professores de liacutenguas uma

vez que culturas e bens culturais materiais e imateriais figuram como instrumento e mateacuteria prima do

seu trabalho De fato no decorrer de nossa experiecircncia docente no Brasil - a qual compreende tanto

o ensino de liacutengua e cultura italianas quanto a formaccedilatildeo de professores dessa liacutengua especialmente

para o uso de novas tecnologias no ensino 4 - chamaram-nos agrave atenccedilatildeo duas questotildees ambas

relacionadas ao uso de material didaacutetico em contexto formal de ensino-aprendizagem

Percebemos em primeiro lugar um recorrente sentimento de desorientaccedilatildeo relativo ao direito

de uso de insumos (tais como muacutesicas textos e imagens) de terceiros em materiais didaacuteticos de

autoria proacutepria sobretudo para utilizaccedilatildeo em contextos formais e institucionalizados de ensino e

aprendizagem tais como escolas e universidades Em outras palavras esses profissionais frente ao

mar de possibilidades nunca antes navegado(LITTO 2009 p 304) - de abundacircncia (LITTO 2006

LITTO 2009 p 73 p 304) - de insumos digitais provenientes sobretudo da internet - e frente agrave

facilidade com que poderiam acessaacute-los e editaacute-los - questionavam-se a respeito das possibilidades

e direitos de utilizaccedilatildeo desses insumos em seus trabalhos formais Vale observar que eacute possiacutevel

nesse caso que estejamos presenciando o enfrentamento de questotildees por parte do professor de

idiomas ateacute entatildeo tiacutepicas do universo editorial

Em segundo lugar - mas de forma natildeo menos significativa - percebemos uma inquietaccedilatildeo tam-

beacutem recorrente entre os professores de italiano como liacutengua estrangeira com os quais convivemos

em nossa carreira perante situaccedilotildees em que se viam obrigados a utilizar materiais didaacuteticos impres-

sos - principalmente em forma de livros e apostilas - claramente adotados por motivos de natureza

econocircmica envolvendo lucro financeiro pessoal de colegas - algumas vezes em contextos de ensino

puacuteblico - e o favorecimento de determinados autores e editoras muitos dos quais estrangeiros dada

a natureza do assunto tratado - a saber liacutengua e cultura italianas Notamos que a inquietaccedilatildeo

nesse caso referia-se mais ao sentimento de aprisionamento do professor e menos agrave accedilatildeo de lucrar

4Nossa experiecircncia como professor de italiano completa 11 anos no ano de publicaccedilatildeo desta tese tendosido viecircnciada no Brasil em contextos de aula particular de cursos livres especialmente extensatildeo universitaacuteriae escolas de idiomas de ensino meacutedio regular em escolas da rede privada e de ensino universitaacuterio emcurso de Letras no acircmbito do ensino superior puacuteblico brasileiro

3

Cenaacuterio de abertura problematizaccedilatildeo e delineamento da pesquisa

financeiramente com produtos educacionais - tal como livro didaacutetico - em si Parece-nos que tal

sensaccedilatildeo se coloca em maior evidecircncia quando em contraste com as possibilidades de ampliaccedilatildeo

de acesso emergentes no cenaacuterio de abertura e de abundacircncia jaacute mencionados

Consideramos essas questotildees - ambas relacionadas ao uso de material didaacutetico - como exemplos

de implicaccedilotildees - em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano como LEL2 - decorrentes

da presenccedila de um cenaacuterio de abertura (BONK 2009 LITTO 2009 LITTO 2006 TAPSCOTT

WILLIAMS 2013 TAPSCOTT WILLIAMS 2007 VAZ RIBEIRO MATHEUS 2010 NIKOI et al

2011) de abundacircncia (LITTO 2006 LITTO 2009 p 73 p 304) e de sinais de falecircncia da Economia

Guttemberg (SHIRKY 2010 p 42) Satildeo elas que datildeo origem agrave nossa investigaccedilatildeo - ainda antes

de formalizaacute-la em termos de pesquisa de doutoramento - na medida em que ao confrontaacute-las

questionamo-nos sobre a existecircncia de outras implicaccedilotildees e em caso afirmativo sobre quais seriam

essas implicaccedilotildees

Simultaneamente ao surgimento de nossos questionamentos - bem como no decorrer de nossa

investigaccedilatildeo teoacuterica preliminar - entramos em contato com grupos de pesquisa em software livre

Percebemos a partir desse encontro - e dos diversos que se seguiram - que poderia ser viaacutevel a

utilizaccedilatildeo de material didaacutetico de caraacuteter livre ou aberto 5 tal qual a essecircncia do software livre no

ensino-aprendizagem de italiano como LEL2 em contexto formal - dada a presenccedila do jaacute mencionado

cenaacuterio de abertura - e que havia ao mesmo tempo uma demanda e uma carecircncia relacionadas a

pesquisas formais sobre as implicaccedilotildees dessa utilizaccedilatildeo

Decidimos assim empreender a pesquisa recolocando nossas questotildees de modo que elas

focalizassem natildeo as implicaccedilotildees relativas agrave presenccedila de um cenaacuterio de abertura mas sim as

implicaccedilotildees relacionadas agrave utilizaccedilatildeo de material didaacutetico compatiacutevel com esse cenaacuterio ou seja

material didaacutetico essencialmente aberto ou livre Com efeito perguntamo-nos se haveria implicaccedilotildees

e em caso afirmativo quais seriam essas implicaccedilotildees decorrentes do uso de material didaacutetico

dessa natureza em contexto formal de ensino-aprendizagem de liacutengua italiana como LEL2

Reforccedilou a escolha por essa mudanccedila de foco a nossa constataccedilatildeo de que alguns estados

brasileiros haviam jaacute apresentado e concretizado propostas de utilizaccedilatildeo de materiais didaacuteticos que

se pretendiam de algum modo abertos ou livres em suas escolas puacuteblicas Esse eacute o caso por

exemplo do Governo do Estado do Paranaacute que em 2006 por meio de sua Secretaria de Educaccedilatildeo

empreendeu o projeto Folhas (SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCACcedilAtildeO DO PARANAacute sd)

lanccedilando propostas de livros didaacuteticos virtuais denominados puacuteblicos distribuiacutedos em formato digital

e alinhados com uma proposta de abertura

Determinado o foco e as questotildees de pesquisa concentramo-nos em como as implicaccedilotildees

poderiam ser observadas e analisadas O desafio se colocou em termos teoacutericos-metodoloacutegicos

e operacionais Encontramos em Ortale (2010) um arcabouccedilo teoacuterico-metodoloacutegico que poderia

balizar a nossa investigaccedilatildeo dando forma e tratabilidade agrave nossa ideia abstrata de implicaccedilotildees

Esse arcabouccedilo - que seraacute debatido com mais profundidade no decorrer desta tese - constroacutei-se

em torno dos conceitos de Problemas de Ensino e Narrativas de Problemas de Ensino Em nossa

pesquisa eles satildeo relacionados agrave utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre pelo professor de

5Consideramos que os especificadores livre e aberto podem ser usados com o mesmo sentido Entretantoconforme discutido no capiacutetulo 1 preferimos o termo livre por uma questatildeo de coerecircncia com as expressotildeessoftware livre cultura livre e licenccedila livre

4

Hipoacutetese

italiano LEL2 em contexto formal de ensino-aprendizagem

Decidimos frente ao desafio operacional da investigaccedilatildeo convidar professores de liacutengua italiana

como LEL2 a utilizar materiais didaacuteticos de natureza virtual livre nos contextos formais de ensino-

aprendizagem dessa liacutengua em que atuavam Optamos pelo contexto de ensino superior puacuteblico

dado que no inicio do doutoramento acabaacutevamos de concluir uma experiecircncia de docecircncia - de

aproximadamente 18 (dezoito) meses - nesse contexto - Aleacutem da nossa familiaridade com a praacutetica

de ensino superior - o que nos deixava mais a vontade para empreender investigaccedilotildees nesse

ambiente - percebemos nesse acircmbito uma grande demanda por materiais didaacutetico e de formaccedilatildeo

profissional e acadecircmica de natureza virtual livre - principalmente pelo fato de se tratar de um

contexto de ensino puacuteblico

Durante a investigaccedilatildeo percebemos que seria necessaacuterio articular o termo utilizaccedilatildeo em produ-

ccedilatildeo e utilizaccedilatildeo em sala de aula presencial Dessa maneira reconfiguramos o cenaacuterio de pesquisa

de modo que pudeacutessemos contemplar os dois aspectos De fato para investigar as implicaccedilotildees - ou

Problemas de Ensino - relacionados agrave produccedilatildeo de material didaacutetico de natureza virtual livre elabo-

ramos e ministramos dois cursos envolvendo professores de italiano em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

Mantivemos o acircmbito do ensino superior como contexto de investigaccedilatildeo referente agraves implicaccedilotildees

decorrentes da utilizaccedilatildeo de materiais didaacuteticos dessa natureza Consideramos ambos os aspectos

como pertencentes agrave praacutetica de ensino-aprendizagem em contexto formal Esses contextos seratildeo

retomados e debatidos de forma mais detalhadas no capiacutetulo 5 - Metodologia de Pesquisa

Enfim vale mencionar que consideramos relevante para o desenvolvimento de nossa pes-

quisa tentar compreender a natureza livre do material didaacutetico cujas implicaccedilotildees no ensino formal

investigamos bem com discorrer sobre essa natureza e correlacionaacute-la ao contexto e tradiccedilotildees

teoacutericas relativos ao campo da Linguiacutestica Aplicada no que se refere especialmente ao ensino

aprendizagem de liacutenguas e os seus materiais didaacuteticos Compreendemos que essa caracteriacutestica -

ou seja a qualidade de ser livre - confere-lhe grau de especificidade

Tendo em vista o cenaacuterio de abertura a problematizaccedilatildeo e o traccedilado geral de nosso percurso -

discutidos nesta seccedilatildeo - apresentamos nossa pesquisa cujo escopo permeia o estudo de materiais

didaacuteticos virtuais de natureza livre e as implicaccedilotildees da sua utilizaccedilatildeo em contexto formal de ensino-

aprendizagem de italiano como LEL2 - tendo sido o termo utilizaccedilatildeo desdobrado em produccedilatildeo e

utilizaccedilatildeo em sala de aula presencial

Nas seccedilotildees subsequentes descrevemos as caracteriacutesticas que consideramos essenciais para

uma melhor compreensatildeo do desenho que propomos para nossa investigaccedilatildeo bem como desta tese

- a saber a hipoacutetese de pesquisa a justificativa os objetivos geral e especiacuteficos e a organizaccedilatildeo

capitular da tese

Hipoacutetese

O estudo que apresentamos e discutimos nesta tese organiza-se e se orienta pela nossa hipoacutetese

de que a utilizaccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-

aprendizagem de liacutengua italiana como LEL2 deflagra uma seacuterie de implicaccedilotildees observaacuteveis e

especiacuteficas ndash as quais podem ser definidas em termos de Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p

5

Objetivo geral

425) ndash dada a sua natureza peculiar ou seja livre

Justificativa

A justificativa da investigaccedilatildeo que apresentamos nesta tese consolida-se perante a demanda por

pesquisas no acircmbito do ensino-aprendizagem de liacutenguas - especialmente de italiano como LEL2

- em contexto formal relacionadas agrave presenccedila de um cenaacuterio de abertura (BONK 2009 LITTO

2009 LITTO 2006 TAPSCOTT WILLIAMS 2013 TAPSCOTT WILLIAMS 2007 VAZ RIBEIRO

MATHEUS 2010 NIKOI et al 2011) de abundacircncia (LITTO 2006 LITTO 2009 p 73 p 304) de

recursos digitais e de sinais de falecircncia da Economia Guttemberg (SHIRKY 2010 p 42)

Consideramos que essas pesquisas - como a que empreendemos e apresentamos - poderatildeo

auxiliar os professores de idiomas - assim como os outros profissionais envolvidos no ofiacutecio do

ensino de liacutenguas tais como coordenadores linguiacutestas aplicados ou gestores em seus esforccedilos de

compreensatildeo e eventual apropriaccedilatildeo das novas perspectivas e na superaccedilatildeo dos desafios teoacutericos-

metodoloacutegicos e profissionais que se configuram a partir da presenccedila do mencionado cenaacuterio de

abertura

Parece-nos oportuno justificar tambeacutem o desenvolvimento desta pesquisa - dado o seu caraacuteter

interdisciplinar - no acircmbito do Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Liacutengua Literatura e Cultura Italianas

da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da USP Consideramos essa filiaccedilatildeo pertinente

e justificada na medida em que as reflexotildees e resultados apresentados poderatildeo trazer benefiacutecios

diretos para todos os envolvidos no ensino de liacutengua italiana no Brasil contribuindo para um

enriquecimento desse setor O acesso agraves vaacuterias aacutereas do conhecimento foi feito portanto em funccedilatildeo

do ensino da liacutengua italiana como LEL2

Ademais a escolha da liacutengua de aplicaccedilatildeo ndash a saber a liacutengua italiana ndash dos estudos apresen-

tados nesta tese pressupotildee o apoio e a avaliaccedilatildeo de especialistas em ensino de liacutengua italiana

para estrangeiros e liacutenguistas aplicados os quais se encontram no programa de Poacutes-graduaccedilatildeo

em Liacutengua Literatura e Cultura Italianas da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da

Universidade de Satildeo Paulo

Objetivo geral

O propoacutesito deste estudo eacute o de explorar as implicaccedilotildees relacionadas agrave utilizaccedilatildeo de material

didaacutetico de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano LEL2 Tais

implicaccedilotildees foram especificadas e tratadas em termos de Problemas de Ensino ou seja foram

coletadas e analisadas por meio de Narrativas de Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 425)

Ademais o termo utilizaccedilatildeo foi desdobrado em dois aspectos - a saber a produccedilatildeo de material

didaacutetico e a sua utilizaccedilatildeo em sala de aula presencial

6

Organizaccedilatildeo e estrutura capitular da tese

Objetivos especiacuteficos

bull Observar e discutir os Problemas de Ensino decorrentes da produccedilatildeo de material didaacutetico de

natureza virtual livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano como LEL2

bull Observar e discutir os Problemas de Ensino relativos agrave utilizaccedilatildeo em sala de aula presencial

de material didaacutetico de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de

italiano como LEL2

bull Observar e avaliar as possibilidades de utilizaccedilatildeo de insumos registrados com licenccedilas livres

na produccedilatildeo de materiais didaacuteticos de italiano L2LE e de natureza virtual livre

bull Apresentar e discutir possiacuteveis estrateacutegias que apontem para a resoluccedilatildeo dos Problemas de

Ensino levantados na pesquisa

Organizaccedilatildeo e estrutura capitular da tese

No CAPIacuteTULO 1 discutimos o conceito de Material Didaacutetico Virtual Livre com o qual trabalhamos

em nossa pesquisa e tambeacutem nesta tese Contemplamos apenas os conceitos que do nosso ponto

de vista justificam a utilizaccedilatildeo do especificador livre para esse tipo de material didaacutetico Dessa

forma as discussotildees abrangem as ideias de Cultura Livre (LESSIG 2004 p 48) de software livre

(FREE SOFTWARE FOUNDATION sd) e de Licenccedila Livre (FREEDOMDEFINED sd apud FARIA

2011 p 21) A partir dos debates propostos nesse capiacutetulo eacute possiacutevel perceber que a maneira

como concebemos o Material Didaacutetico Virtual Livre estaacute em sintonia com os conceitos de Trabalhos

Culturais Livres (FREEDOMDEFINED sd) e de Recursos Educacionais Abertos (THE WILLIAM

AND FLORA HEWLETT FOUNDATION SD BARBOSA ARIMOTO 2013 p 18) Os conceitos

se relacionam principalmente pelo fato de serem os trecircs baseados na filosofia do software livre

sendo cada um deles - consideramos - uma tentativa de aplicaccedilatildeo dessa filosofia em artefatos

diferentes de software Relacionamos ainda o conceito de Material Didaacutetico Virtual Livre com as

noccedilotildees de Material Didaacutetico Virtual Livre com Algumas Restriccedilotildees - que propomos - e de material

didaacutetico fechado

No CAPIacuteTULO 2 trazemos para debate a nossa hipoacutetese de que materiais didaacuteticos de natureza

virtual livre estatildeo sintonizados com a pedagogia poacutes-meacutetodo (KUMARAVADIVELU 2001 KUMA-

RAVADIVELU 2006b) podendo nesse caso ser tomados como materiais didaacuteticos de caraacuteter

poacutes-meacutetodo ou simplesmente materiais didaacuteticos poacutes-meacutetodo Para tanto discutimos o paradigma

da chamada pedagogia poacutes-meacutetodo considerando a conjectura teoacuterica de falecircncia da pedagogia

dos meacutetodos no acircmbito do ensino e aprendizagem de liacutenguas Compreendemos em siacutentese que

os materiais didaacuteticos de natureza virtual livre podem ser associados agrave pedagogia poacutes-meacutetodo na

medida em que refletem os paracircmetros pedagoacutegicos da particularidade da praticabilidade e da

possibilidade - os quais conforme Kumaravadivelu (2001) Kumaravadivelu (2006b) caracterizam a

essecircncia da pedagogia poacutes-meacutetodo Em outras palavras a noccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza

7

Organizaccedilatildeo e estrutura capitular da tese

virtual livre pressupotildee respectivamente em sua essecircncia tal qual a pedagogia poacutes-meacutetodo a sensi-

bilidade ao contexto de utilizaccedilatildeo o empoderamento do professor e o incentivo a questionamentos

de status quo e agrave transformaccedilatildeo social sobretudo no que se refere aos aprendizes Consideramos

enfim que levantar esse debate significa tambeacutem ampliar a oportunidade de melhor compreender

as caracteriacutesticas dos materiais didaacuteticos de natureza virtual livre

No CAPIacuteTULO 3 abordamos a questatildeo das controveacutersias a respeito do uso de software livre em

oposiccedilatildeo ao software proprietaacuterio Aleacutem disso propomos um aprofundamento a respeito da dimensatildeo

produtiva de artefatos ou tecnologias com potencial altruiacutesta As controveacutersias satildeo de naturezas diver-

sas apontando temaacuteticas nucleares que perpassam desde o niacutevel teacutecnico ateacute os niacuteveis econocircmico e

filosoacutefico - entre outros Interessa-nos sobremaneira perceber que a utilizaccedilatildeo de software livre

poderaacute trazer implicaccedilotildees para o campo do ensino de liacutenguas - tomado como contexto educacional -

tanto no acircmbito da formaccedilatildeo de professores quanto em contexto de ensino-aprendizagem de um

idioma Consideramos que as controveacutersias relativas ao uso de software livre - em oposiccedilatildeo ao

software proprietaacuterio - podem ser estendidas de modo anaacutelogo ao uso de Material Didaacutetico Virtual

Livre - em detrimento a materiais didaacuteticos fechados O debate sobre as controveacutersias giram em

torno das vantagens e dos pontos criacuteticos do uso de software livre A proposta de aprofundamento

relacionada agrave dimensatildeo produtiva de artefatos ou tecnologias com potencial altruiacutesta se refere em

outras palavras agrave uma discussatildeo sobre os modelos de negoacutecio que podem ser adotados a fim de

estabelecer uma gestatildeo sustentaacutevel para projetos ou iniciativas livres

No CAPIacuteTULO 4 apresentamos e discutimos quatro aspectos que consideramos centrais em relaccedilatildeo

agrave metodologia que adotamos para orientar a produccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual

livre Satildeo eles a utilizaccedilatildeo de modelos instrucionais - em especial o modelo ADDIE (GAGNEacute

et al 2005 ROTHWELL KAZANAS 2003 SEELS GLASGOW 1998 p 21 p 55 p 7 ) o

modelo da Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas (ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO 2002

ALMEIDA FILHO 2010 p 18) e o Quadro para Escrita de Material Didaacutetico de Liacutenguas (JOLLY

BOLITHO 1998 p 90) as teacutecnicas de buscas de insumos livres as teacutecnicas de licenciamento do

material didaacutetico virtual atribuindo-lhe uma licenccedila livre ou flexiacutevel e a utilizaccedilatildeo de software livre O

modelo ADDIE o modelo de Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas e Quadro para Elaboraccedilatildeo de

Material Didaacutetico de Ensino de Liacutenguas - os quais podem ser compreendidos como modelos que

visam em linhas gerais o entendimento de contextos instrucionais e o suporte ao planejamento e

operacionalizaccedilatildeo de cursos em seus diversos aspectos sendo o segundo e o terceiro dirigidos ao

contexto de ensino de liacutenguas - foram tomados como referecircncia para operacionalizaccedilatildeo de Materiais

Didaacuteticos Virtuais Livres em contexto de ensino e aprendizagem de liacutenguas Os aspectos relativos agrave

busca de insumos livres eou flexiacuteveis e agrave atribuiccedilatildeo de liberdades ao material didaacutetico de natureza

virtual livre satildeo abordados a partir de um vieacutes praacutetico-operativo com exemplos de uso de ferramentas

disponiacuteveis na Internet e estatildeo em sintonia com as reflexotildees propostas em EDUCACcedilAtildeO ABERTA

(2011) A utilizaccedilatildeo de software livre como suporte para o Material Didaacutetico Virtual Livre enfim

envolve o debate sobre os dois programas livres que analisamos e utilizamos em nossa pesquisa

Trata-se do sistema de criaccedilatildeo de blogs e gerenciamento de conteuacutedos para web denominado

8

Organizaccedilatildeo e estrutura capitular da tese

Wordpress e do programa de autoria intitulado EXElearning Nesse caso buscamos apresentar

as caracteriacutesticas gerais de ambos os programas bem como os aspectos que nos motivaram a

utilizaacute-los

No CAPIacuteTULO 5 focalizamos os diversos aspectos relacionados agrave metodologia de pesquisa empre-

gada em nosso estudo Os debates giram em torno da dimensatildeo empiacuterica da investigaccedilatildeo ndash a saber

a identificaccedilatildeo e anaacutelise dos Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 425) relacionados agrave produccedilatildeo

de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre e agrave sua utilizaccedilatildeo em sala de aula presencial de

italiano como LEL2 Durante a explanaccedilatildeo apontamos as escolhas teoacuterico-metodoloacutegicas adotadas

nesta investigaccedilatildeo incluindo os contextos estudados e as estrateacutegias de levantamento e anaacutelise de

dados empregadas Em linhas de siacutentese nossa abordagem investigativa foi de natureza qualitativa

e se balizou por um vieacutes epistemoloacutegico existencial (natildeo determinista) construtivista (STAKE 2011

p 42) e interpretativo A coleta de dados se deu em dois contextos distintos (1) em sala de aula

presencial de italiano como LEL2 - contexto em que investigamos os Problemas de Ensino relativos

ao uso do Material Didaacutetico Virtual Livre - e (2) em curso de formaccedilatildeo para professores em serviccedilo

e em preacute-serviccedilo de italiano como LEL2 - contexto em que investigamos os Problemas de Ensino

relativos ao aspecto da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

No CAPIacuteTULO 6 apresentamos o perfil dos informantes que participaram de nossa pesquisa um

professor de liacutengua italiana do ensino superior puacuteblico brasileiro - cuja praacutetica de sala de aula

envolvendo a utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre investigamos - e dois grupos de profes-

sores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo participantes de duas ediccedilotildees do curso de formaccedilatildeo - sendo

esses envolvidos com a produccedilatildeo desse tipo de material didaacutetico no acircmbito de nossa pesquisa

O levantamento foi realizado por meio de questionaacuterios observaccedilatildeo e anaacutelises documentais Os

questionaacuterios foram respondidos antes dos respectivos periacuteodos de observaccedilatildeo acompanhamento

e levantamento de dados figurando como avaliaccedilatildeo diagnoacutestica direcionada ao professor e aos

dois grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo Em linhas gerais buscamos investigar a

familiaridade dos participantes no que se refere ao uso de novas tecnologias - bem como aspectos do

seu letramento digital da sua praacutetica de sala de aula de seus haacutebitos habilidades e competecircncias

relativas agrave produccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de material didaacutetico para o ensino de liacutenguas e dos respectivos

contextos de utilizaccedilatildeo do Material Didaacutetico Virtual Livre - no acircmbito de realizaccedilatildeo de nossa pesquisa

- quando pertinente Percebemos que o professor informante possui vasta experiecircncia com ensino

de italiano em contexto formal superior puacuteblico brasileiro que possui pouca familiaridade com

o uso de computador e da Internet utilizando-os eventualmente em sua praacutetica de sala de aula

e que se apropria do livro didaacutetico considerando-o de grande valia no que se refere ao aspecto

organizativo do empreendimento de ensino e aprendizagem - tanto para os alunos quanto para

o professor - mas que deve ser complementado adaptado e as vezes subvertido de modo a

corresponder agraves demandas locais Percebemos que os grupos de professores em serviccedilo e em

preacute-serviccedilo por sua vez possuem experiecircncia de ensino de italiano atuando predominantemente

em contexto de extensatildeo universitaacuteria e de escola de idiomas que tem como haacutebito a consulta a

materiais didaacuteticos alternativos e a manuais do professor a seleccedilatildeo de fragmentos de materiais

9

Organizaccedilatildeo e estrutura capitular da tese

de autoria de terceiros como complementaccedilatildeo ao livro didaacutetico que adotam em sua praacutetica e que

utilizam predominantemente o e-mail e a paacutegina web e que possuem maior experiecircncia com a

atividade de utilizaccedilatildeo - tais como editoraccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de Ambientes Virtuais de Aprendizagem -

de recursos digitais do que com a atividade de instalaccedilatildeo desses recursos Figuram como recursos

e atividades com os quais os informantes declaram possuir maior familiaridade e-mail redes sociais

textos imagens e eslaide

No CAPIacuteTULO 7 trazemos os resultados de nossa pesquisa de campo ou seja trazemos para

debate os Problemas de Ensino relativos agrave produccedilatildeo e agrave utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano como LEL2 Em linhas gerais identificamos

7 (sete) Problemas de Ensino relativos ao contexto de produccedilatildeo e 4 (quatro) Problemas de Ensino

relativos ao contexto de utilizaccedilatildeo Satildeo eles dificuldade para encontrar insumos desejados registra-

dos com licenccedilas flexiacuteveis inseguranccedila (e resistecircncia) associada agrave utilizaccedilatildeo de insumos livres no

material didaacutetico crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre necessaria-

mente aumenta a carga horaacuteria de trabalho docente dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica

e o estado de artefato em construccedilatildeoque o software livre pode apresentar dificuldade relativa agrave

identificaccedilatildeo das licenccedilas dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e de sequecircncias didaacuteticas

digitais dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou

miacutedias que podem ser utilizados para organizar as Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas

em sala de aula presencial crenccedila de que a escassez de material didaacutetico impresso na sala de aula

presencial poderaacute ser mal vista pelos discentes dificuldade em compreender o funcionamento do

software utilizado em sala de aula e preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e do software

que abrigam e fornecem acesso agraves Sequecircncias Didaacuteticas

No CAPIacuteTULO 8 enfim tecemos as consideraccedilotildees finais sobre a nossa pesquisa As discussotildees

estatildeo distribuiacutedas em trecircs aspectos as caracteriacutesticas gerais dos Problemas de Ensino identificados

nesta pesquisa as possiacuteveis estrateacutegias ou caminhos de resoluccedilatildeo dos Problemas de Ensino

identificados a hipoacutetese de pesquisa e finalmente a metodologia e os possiacuteveis desdobramentos

futuros de nossa investigaccedilatildeo

10

Capiacutetulo 1

Material Didaacutetico Virtual Livre - nossa

concepccedilatildeo

Neste capiacutetulo apresentamos e discutimos o conceito de Material Didaacutetico Virtual Livre com o qual

trabalhamos em nossa pesquisa e consequentemente em nossa tese Contemplamos apenas

os conceitos que do nosso ponto de vista justificam a utilizaccedilatildeo do especificador livre para esse

tipo de material didaacutetico Dessa forma os debates giram em torno das ideias de Cultura Livre

(LESSIG 2004 p 48) de software livre (FREE SOFTWARE FOUNDATION sd) e de Licenccedila

Livre (FREEDOMDEFINED sd apud FARIA 2011 p 21)

No decorrer dos debates apontamos sempre que possiacutevel caracteriacutesticas que justificam a

utilizaccedilatildeo desse especificador e que portanto caracterizam o material didaacutetico como livre Cabe

lembrar que nosso trabalho e nossas discussotildees se concentram em materiais didaacuteticos para o ensino

de liacutenguas Em especial conforme jaacute mencionado nossa investigaccedilatildeo se concentra no acircmbito

do ensino de liacutengua italiana como LEL2 Consideramos esse debate essencial jaacute que conforme

acenado na introduccedilatildeo desta tese trabalhamos com a ideia de que o termo livre indica um aspecto

- ou seja sua natureza livre - que torna esse tipo de material didaacutetico especiacutefico e que portanto

pode gerar Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 425) tambeacutem especiacuteficos

A partir dos debates propostos nas seccedilotildees subsequentes seraacute possiacutevel perceber que a maneira

como concebemos o Material Didaacutetico Virtual Livre estaacute em sintonia com os conceitos de Trabalhos

Culturais Livres (FREEDOMDEFINED sd) e de Recursos Educacionais Abertos (THE WILLIAM

AND FLORA HEWLETT FOUNDATION SD BARBOSA ARIMOTO 2013) Os conceitos se

relacionam principalmente pelo fato de que satildeo os trecircs baseados na filosofia do software livre

sendo cada um deles uma tentativa de aplicaccedilatildeo dessa filosofia em artefatos diferentes de software

11 A cultura livre

Lessig (2004) discute a questatildeo da cultura livre focalizando em especial o papel dos direitos

autorais frente aos paradigmas e agraves praacuteticas culturais (produccedilatildeo divulgaccedilatildeo e consumo de bens

culturais) estabelecidos com o advento das novas tecnologias da informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo O autor

afirma que toda cultura se caracteriza como livre sendo que umas satildeo mais livres que outras A

11

A cultura livre

natildeo-liberdade de uma cultura reside no fato de os seus bens culturais serem dominados por grandes

corporaccedilotildees o que restringiria o seu acesso

Em uma cultura menos livre a possibilidade de se criar a partir de obras de terceiros torna-se

dificultada por dispositivos restritivos como o Copyright mdash especialmente no que diz respeito agrave

criaccedilatildeo de obras derivadas Nas palavras de Lessig (2004 p 48)

[c]ulturas livres satildeo culturas que deixam uma grande parcela de si abertapara outros poderem trabalhar em cima conteuacutedo controlado ou que exigepermissatildeo representa muito menos da cultura (LESSIG 2004 p 48)

Uma anaacutelise superficial a respeito do conceito de cultura livre poderia evidenciar a ideia errocircnea

de que uma cultura livre eacute uma cultura sem propriedade Lessig (2004 p 18) pronuncia-se a esse

respeito afirmando que

o oposto de uma cultura livre eacute uma lsquocultura da permissatildeorsquo mdash uma culturana qual os criadores podem criar apenas com a permissatildeo dos poderososou dos criadores do passado (LESSIG 2004 p 18)

Ele defende um equiliacutebrio relativo agrave detenccedilatildeo da produccedilatildeo cultural produzida pela sociedade

ou seja nem uma anarquia nem algum tipo de feudalismo Nesse contexto portanto natildeo se estaacute

pregando que os artistas por exemplo natildeo sejam considerados autores e natildeo possam receber pelos

seus trabalhos

A partir desse ponto de vista eacute possiacutevel relacionar o surgimento das novas tecnologias da

informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo mdash sobretudo as baseadas na Internet mdash e a questatildeo da cultura livre

Essas tecnologias podem facilitar o aumento (ou manutenccedilatildeo) da liberdade ou seja da possibilidade

de se criar sobre outras obras Essa facilidade com que as pessoas por meio dessas tecnologias

conseguem consumir e produzir cultura (acessar bens culturais e criar a partir dos mesmos) tende

a minar uma estrutura marcada pela tentativa de controle do processo por parte de grandes

corporaccedilotildees Como visto acima isso caracterizaria uma sociedade como menos livre

Frente agraves reflexotildees propostas em Lessig (2004) consideramos que o material didaacutetico denomi-

nado livre deveraacute ser o produto de um processo de produccedilatildeo livre ou seja processo em que os

autores tiveram a liberdade de consumir outros produtos culturais 6 sem a necessidade de chancela

de grupos ou corporaccedilotildees que figurem como detentores desses produtos Seguindo o mesmo

raciociacutenio esse material como um bem cultural deveraacute ter conteuacutedo livre contribuindo assim com

a circulaccedilatildeo livre da cultura

Ressaltamos que essa tentativa de caracterizaccedilatildeo soacute eacute possiacutevel na medida em que estamos

considerando o material didaacutetico de ensino de liacutenguas como produtos culturais que tambeacutem seratildeo

constituiacutedos por outros produtos culturais como muacutesicas textos imagens etc Produtos esses ndash os

materiais didaacuteticos ndash que tambeacutem poderatildeo ser apropriados por outros indiviacuteduos para elaboraccedilatildeo

de novos bens culturais

6Nesta tese utilizamos as expressotildees bens culturais e produtos culturais como equivalentes

12

O software livre

12 O software livre

Um software eacute criado a partir de uma linguagem de alto niacutevel tais como C Cobol ou Java perfeita-

mente compreensiacuteveis pelo ser humano Utilizando-se dessas linguagens o programador produz o

chamado coacutedigo-fonte Para que esse coacutedigo possa ser compreendido pelo computador ele precisa

passar por um processo de compilaccedilatildeo que o transformaraacute em linguagem binaacuteria (TAURION 2004

p 15)

O claacutessico atual e hegemocircnico (TAURION 2004 SILVEIRA 2004) modelo de desenvolvimento

e distribuiccedilatildeo de software consiste em ceder ao usuaacuterio uma licenccedila para o seu uso fornecendo-lhe

apenas a versatildeo do programa em linguagem binaacuteria Trata-se do modelo de software proprietaacuterio

(TAURION 2004 p 15)

Segundo Silveira (2004 p 10) em um modelo de software proprietaacuterio o usuaacuterio natildeo adquire

um produto dado que natildeo poderaacute alteraacute-lo reformaacute-lo ou sequer revendecirc-lo como poderia fazer com

uma casa por exemplo se fosse sua Ele possui apenas uma licenccedila para usaacute-lo permanecendo

como seu dono a empresa ou o programador responsaacutevel pelo seu desenvolvimento De fato o

usuaacuterio natildeo poderaacute alteraacute-lo ou revendecirc-lo natildeo apenas porque natildeo teraacute acesso ao seu coacutedigo-fonte

mas tambeacutem porque a licenccedila de uso natildeo lhe permite isso O modelo de negoacutecios do software

proprietaacuterio eacute portanto baseado em licenccedilas de propriedade e ldquovive do aprisionamento de seus

clientes ao pagamento de licenccedilas de usordquo (SILVEIRA 2004 65)

O software livre ao contraacuterio do software proprietaacuterio insere-se em um modelo de negoacutecio

caracterizado pelas liberdades de uso coacutepia modificaccedilatildeo e redistribuiccedilatildeo (SILVEIRA 2004 FREE

SOFTWARE FOUNDATION sd) Nesse modelo o coacutedigo-fonte tambeacutem eacute distribuiacutedo o que torna

o programa legiacutevel e passiacutevel de ser modificado Aleacutem de alterar o programa o usuaacuterio poderaacute

copiaacute-lo e redistribuiacute-lo sem restriccedilotildees Segundo Taurion (2004 p 17) o programador do software

livre ldquooutorga a todos direitos de usar copiar alterar e redistribuir o programardquo

Segundo a FREE SOFTWARE FOUNDATION (sd) o software livre se refere com mais exatidatildeo

a 4 (quatro) liberdades a saber

-A liberdade de executar o programa para qualquer propoacutesito (liberdade no

0)

-A liberdade de estudar como o programa funciona e adaptaacute-lo para as suasnecessidades (liberdade no 1) Acesso ao coacutedigo-fonte eacute um preacute-requisitopara esta liberdade

-A liberdade de redistribuir coacutepias de modo que vocecirc possa ajudar ao seuproacuteximo (liberdade no 2)

-A liberdade de aperfeiccediloar o programa e liberar os seus aperfeiccediloamentosde modo que toda a comunidade se beneficie (liberdade no 3) Acesso aocoacutedigo-fonte eacute um preacute-requisito para esta liberdade (FREE SOFTWAREFOUNDATION sd)

A filosofia do software livre eacute nitidamente diferente da filosofia do chamado software proprietaacuterio

na medida em que a distribuiccedilatildeo deste se restringe apenas agrave liberaccedilatildeo da sua versatildeo executaacutevel ou

seja do seu coacutedigo binaacuterio Esse tipo de distribuiccedilatildeo impede que seu usuaacuterio ou outros programado-

res vejam e estudem as soluccedilotildees de programaccedilatildeo relativas agravequele software jaacute que o acesso ao seu

13

O software livre

Quadro 11 As 4 liberdades de um Trabalho Cultural Livre

bull A liberdade de usar o trabalho e aproveitar os benefiacutecios do seu uso

bull A liberdade de estudar o trabalho e de aplicar o conhecimento dele adquirido

bull A liberdade de fazer coacutepias e distribuiacute-las em todo ou em parte da informaccedilatildeoou expressatildeo

bull A liberdade de fazer mudanccedilas e melhoramentos e de distribuir trabalhosderivados

Fonte adaptado de Freedomdefined (sd)

coacutedigo-fonte natildeo eacute possiacutevel

A partir dessas reflexotildees a respeito da filosofia do software livre bem como a descriccedilatildeo do seu

processo de negoacutecio eacute possiacutevel atribuir algumas caracteriacutesticas aos materiais didaacuteticos de natureza

livre De fato para que o material didaacutetico seja livre ele deveraacute se inserir em um modelo de negoacutecio

caracterizado pelas liberdades de uso coacutepia modificaccedilatildeo e redistribuiccedilatildeo para qualquer um para

qualquer finalidade ou seja fundamentar-se - resguardadas as diferenccedilas entre os dois produtos

- em liberdades equivalentes agraves 4 (quatro) liberdades atribuiacutedas pela Free Software Foundation

ao software livre Ademais ele deveraacute ser disponibilizado de modo que essas liberdades sejam

garantidas

Encontramos expressatildeo para nossos anseios por liberdades equivalentes para o Material Didaacutetico

Virtual Livre em Freedomdefined (sd) Com efeito ao caracterizar Trabalhos Culturais Livres - ou

seja trabalhos culturais que podem ser livremente estudados aplicados copiados eou modificados

por qualquer um para qualquer finalidade(FREEDOMDEFINED sd) - os autores dessa instituiccedilatildeo

adaptam as 4 (quatro) liberdades do software livre de modo a poder atribuiacute-las a trabalhos culturais

caracterizando-os dessa forma como livres Essas liberdades as quais consideramos aplicaacuteveis

tambeacutem aos Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres satildeo descritas no QUAD 11 Consideramos que

a tentativa de garantir essas liberdades encontra-se em utilizar software livre ou formatos livres 7

como suporte para materiais didaacuteticos virtuais de natureza livre

Uma anaacutelise simples a respeito das distribuiccedilotildees de software livre e proprietaacuterio pode evidenciar

o fato de que a filosofia do software livre permite uma maior circulaccedilatildeo do conhecimento e estimula o

trabalho colaborativo A circulaccedilatildeo do conhecimento se daacute exatamente pelo fato de o coacutedigo-fonte

do software livre ser aberto podendo ser estudado por quem quer que seja O trabalho colaborativo

por sua vez eacute estimulado pela liberdade de alterar utilizar e redistribuir o software Cabe lembrar

que a condiccedilatildeo fundamental da redistribuiccedilatildeo de novas versotildees eacute a manutenccedilatildeo da liberaccedilatildeo do

7O termo formato se refere agrave maneira como um arquivo seraacute gravado ou seja agrave sua extensatildeo (CULTURAUFPA sd SUDREacute 2013 p 34) Assim como um software ou um aplicativo os formatos de arquivos tambeacutempodem ser livres ou proprietaacuterios Satildeo exemplos de formatos proprietaacuterios o doc (formato de documentosdo Microsoft Word) e o pps (formato de apresentaccedilotildees do Microsoft PowerPoint) Os formatos odt (paraarquivos de texto) e odp (para apresentaccedilotildees de slides) satildeo por sua vez exemplos de formatos livres

14

O software livre

coacutedigo-fonte o que garante que o software continue livre e que outros programadores possam

tambeacutem gozar de suas liberdades

O trabalho colaborativo caracteriacutestico da filosofia do software livre evoca imediatamente a ideia

de inteligecircncia coletiva proposta em Levy (2007 p 28) Segundo esse autor a inteligecircncia coletiva

Eacute uma inteligecircncia distribuiacuteda por toda a parte incessantemente valorizadacoordenada em tempo real que resulta em uma mobilizaccedilatildeo efetiva dascompetecircncias Acrescentemos agrave nossa definiccedilatildeo este complemento indis-pensaacutevel a base e o objetivo da inteligecircncia coletiva satildeo o reconhecimentoe o enriquecimento muacutetuo das pessoas () Uma inteligecircncia distribuiacutedapor toda parte tal eacute o nosso axioma inicial Ningueacutem sabe tudo todossabem alguma coisa todo o saber estaacute na humanidade (LEVY 2007 p28)

O debate proposto por Levy (2007) a respeito da inteligecircncia coletiva estaacute diretamente relacio-

nado com as novas possibilidades de interaccedilatildeo oferecidas pelo ciberespaccedilo Ele se refere agraves novas

tecnologias digitais que facilitam sensivelmente o trabalho colaborativo e consequentemente a

manifestaccedilatildeo da inteligecircncia coletiva

Quando diferentes programadores de diferentes partes do mundo por iniciativa proacutepria de

forma siacutencrona ou assiacutencrona decidem aprimorar um programa agregando valor ao mesmo cada

qual com a sua competecircncia a inteligecircncia coletiva se manifesta Essa dinacircmica de trabalho soacute eacute

possiacutevel a partir de uma filosofia como a do software livre - em oposiccedilatildeo ao modelo proprietaacuterio

Para que o material didaacutetico seja caracterizado como livre consideramos que ele deve ser

suscetiacutevel agrave accedilatildeo da inteligecircncia coletiva como concebida por Levy (2007 p 28) Em outras palavras

esse material poderaacute ser produzido por vaacuterios autores os quais poderatildeo aprimoraacute-lo segundo as

suas competecircncias individuais gerando novas versotildees Saber programar eacute a competecircncia requerida

para se alterar um software livre Da mesma maneira competecircncias operativas - tais como entre

outros saber elaborar unidades didaacuteticas materiais didaacuteticos e exames de verificaccedilatildeo (DIADORI

2001 p 199) - bem como niacuteveis baacutesicos de letramento digital seratildeo condiccedilatildeo para o trabalho de

elaboraccedilatildeo do material didaacutetico livre

Uma interpretaccedilatildeo equivocada a respeito do software livre poderia se instalar ao se associarem

as suas liberdades agrave condiccedilatildeo de distribuiccedilatildeo gratuita do mesmo De fato o software livre natildeo

precisa ser necessariamente distribuiacutedo de forma gratuita O usuaacuterioprogramador tem a liberdade

de alterar um software livre e vender a sua nova versatildeo desde que o mantenha livre ldquoSoftware

livre eacute uma questatildeo de liberdade natildeo de preccedilordquo (FREE SOFTWARE FOUNDATION sd) A esse

respeito Morimoto (2009 p 15) acrescenta que

Existe a possibilidade de ganhar algum dinheiro vendendo CDs gravadospor exemplo mas como todo mundo pode fazer a mesma coisa eacute precisovender por um preccedilo relativamente baixo cobrando pelo trabalho de grava-ccedilatildeo e natildeo pelo software em si que estaacute largamente disponiacutevel (MORIMOTO2009 p 15)

Emfim Silveira (2004) lembra que o modelo de negoacutecio do software livre eacute baseado em serviccedilos

e procura vender desenvolvimento capacitaccedilatildeo e suporte Se por um lado o programador natildeo

15

Licenccedilas Livres e a licenccedila Creative Commons

tem lucro financeiro com a venda de programas de coacutedigo aberto ele o teraacute com a prestaccedilatildeo de

serviccedilos advinda do uso e da adaptaccedilatildeo do software livre para determinados contextos ou demandas8 O programador portanto recebe pelo seu serviccedilo e natildeo pela venda do software O mesmo

princiacutepio poderaacute ser atribuiacutedo ao trabalho com materiais didaacuteticos virtuais de natureza livre De

fato professores com as devidas competecircncias poderatildeo se apropriar do material livre e adaptaacute-lo a

contextos especiacuteficos sendo pagos por esse trabalho 9 Capacitaccedilatildeo e suporte tambeacutem satildeo tarefas

cabiacuteveis para atuaccedilatildeo do professor em um modelo de negoacutecio livre capacitaccedilatildeo para o uso do

material didaacutetico de natureza livre e suporte didaacutetico e operacional para a sua utilizaccedilatildeo por terceiros

Observamos dessa forma a possibilidade de abertura de novos nichos de atuaccedilatildeo para o

profissional de letras decorrentes da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre Para que ele

possa atuar nessas novas frentes de trabalho deveraacute necessariamente desenvolver competecircncias

operativas (DIADORI 2001 p 199) e aumentar o seu niacutevel de letramento digital ou seja desenvolver

as competecircncias necessaacuterias para o uso das novas tecnologias no acircmbito do ensinoaprendizagem

de liacutenguas

13 Licenccedilas Livres e a licenccedila Creative Commons

Creative Commons eacute uma proposta de licenccedila de uso mais flexiacutevel (CREATIVE COMMONS sd

JOSGRILBERG 2008 p 113) - ou menos restritiva - que o Copyright e mais restritiva que o Domiacutenio

Puacuteblico (GABRIEL 2013 p 48) Conforme nos lembra Gabriel (2013 p 48) se o Copyright carrega

a ideia de todos os direitos reservados o Domiacutenio Puacuteblico significa sem direitos reservados e o

Creative Commons alguns direitos reservados

A licenccedila Creative Commons formatada em 2002 (FARIA 2011 p 22) foi concebida por

Lawrence Lessig (ROSENBERG 2004 JOSGRILBERG 2008 GABRIEL 2013 p 432 p 113 p

47) advogado estadunidense com o objetivo de facilitar o processo de uso e compartilhamento de

obras Essa tentativa de facilitaccedilatildeo se configura na medida em que propotildee eliminar a burocracia

desse processo de uso e compartilhamento imposto pelo Copyright (JOSGRILBERG 2008 p 114)

O Creative Commons de fato consiste em um sistema de licenciamento em que o artista ou autor

define quais direitos e liberdades seratildeo atribuiacutedas agrave sua produccedilatildeo No ato do licenciamento seraacute

estabelecido por exemplo se a obra poderaacute ser executada comercializada ou ateacute modificada por

terceiros Tais condiccedilotildees de uso satildeo agregadas ao produto e passam a ser visiacuteveis ao puacuteblico que

seraacute assim informado a respeito do que pode ou natildeo pode fazer com ele Dessa forma espera-se

a extinccedilatildeo da figura do intermediaacuterios - por exemplo de advogados - e da burocracia jaacute que as

permissotildees de uso estatildeo previamente estabelecidas pelos autores

O QUAD 12 apresenta as condiccedilotildees baacutesicas de licenciamento que o autor poderaacute atribuir agrave

sua obra Note-se que no ato do licenciamento ele poderaacute combinaacute-las de modo a delinear com

precisatildeo os direitos que pretende estabelecer para a obra Segundo a CREATIVE COMMONS

8Tome-se como exemplo um programador que eacute contratado por uma padaria ou uma farmaacutecia paraadaptar um software livre as suas necessidades especiacuteficas

9Tome-se agora como exemplo um professor com a competecircncia necessaacuteria contratado por umainstituiccedilatildeo para adaptar o material didaacutetico livre para a sua realidade ou seja para o seu contexto de ensinoEntendemos por adaptaccedilatildeo em consonacircncia com Mezzadri (2003) a produccedilatildeo de material ad hoc

16

Licenccedilas Livres e a licenccedila Creative Commons

BRASIL (sd) o uso indevido das obras sob a licenccedila Creative Commons poderaacute ser julgado como

violaccedilatildeo de direitos autorais Ademais Gabriel (2013 p 49) observa que essas licenccedilas jaacute foram

traduzidas e adaptadas agrave legislaccedilatildeo de diversos paiacuteses inclusive agraves do Brasil Essa informaccedilatildeo

corrobora a ideia de que o objetivo da licenccedila Creative Commons natildeo eacute abolir os direitos autorais

mas flexibilizaacute-los

As condiccedilotildees baacutesicas de licenciamento apresentadas no QUAD 12 combinadas entre si

compotildeem o conjunto de 6 (seis) licenccedilas Creative Commons ndash a saber Atribuiccedilatildeo Atribuiccedilatildeo - sem

derivados Atribuiccedilatildeo - natildeo comercial - compartilha igual Atribuiccedilatildeo - compartilha igual Atribuiccedilatildeo -

natildeo comercial e Atribuiccedilatildeo - natildeo comercial - sem derivados ndash reunidas e descritas no QUAD 13

Cabe ao autor escolher uma das propostas e conferi-la ao seu trabalho de acordo com as liberdades

que deseja atribuir-lhe

Em termos operacionais o registro das obras eacute feito pela Internet nas proacuteprias paacuteginas da

organizaccedilatildeo natildeo governamental sem fins lucrativos tambeacutem chamada Creative Commons Aleacutem do

sistema de registro suas paacuteginas oferecem em associaccedilatildeo com empresas como Google 10 Yahoo11 e Flickr 12 - entre outras - motores de busca especializados na localizaccedilatildeo de material registrado

sob a licenccedila Creative Commons

Natildeo obstante a clara flexibilidade das licenccedilas Creative Commons em detrimento agrave proposta

do Copyright conforme discute Faria (2011 p 25) nem todas as licenccedilas Creative Commons

podem ser consideradas livres O autor fundamenta a sua constataccedilatildeo no conceito de Licenccedila

Livre proposto em Freedomdefined (sd) a qual - consideramos - relaciona-se estritamente com a

essecircncia da filosofia do software livre conforme proposto pela Free Software Foundation - discutido

na seccedilatildeo 12 deste capiacutetulo - ou seja consiste na ideia de que

[L]icenccedila [L]ivre eacute toda licenccedila que garante ao receptor de uma obra prote-gida por direito autoral as liberdades de utilizar e gozar dos benefiacutecios deseu uso[] copiar e distribuir[] estudar e modificar[] e distribuir modificaccedilotildeesdaquela obra (FREEDOMDEFINED sd apud FARIA 2011 p 21)

Dessa forma ainda segundo Faria (2011 p 26) algumas licenccedilas apresentam atributos que

violam as liberdades de coacutepia distribuiccedilatildeo e modificaccedilatildeo - conforme a citada definiccedilatildeo de licenccedila

livre - e portanto natildeo podem ser incluiacutedas em obras designadas como livres Como exemplo Faria

(2011 p 26) cita os atributos Natildeo a obras derivadase Uso natildeo comercial Enquanto a primeira

natildeo permite a modificaccedilatildeo a segunda subtrai a liberdade comercial de uso da obra derivada

Consideramos que ao interpretar a subtraccedilatildeo da liberdade de uso comercial da obra derivada

como um desvio do conceito de Licenccedila Livre Freedomdefined (sd apud FARIA 2011 p 26)

dialoga com a ideia - discutida na seccedilatildeo 12 desta tese - de que segundo a Free Software Foundation

software livre eacute uma questatildeo de liberdade e natildeo de preccedilo Dessa forma uma licenccedila que restringe o

uso comercial natildeo estaria de acordo com a noccedilatildeo de Licenccedila Livre (FREEDOMDEFINED sd) e

naturalmente tampouco com a filosofia do software livre (FREE SOFTWARE FOUNDATION sd)

Faria (2011 p 25) cita como exemplos de atributos que caracterizam a licenccedila como livre a

10wwwgooglecombr11wwwyahoocombr12wwwflickrcom

17

Licenccedilas Livres e a licenccedila Creative Commons

Quadro 12 Condiccedilotildees baacutesicas de licenciamento Creative Commons

Condiccedilatildeoda licenccedila

Explicaccedilatildeo Exemplo

Atribuiccedilatildeo Vocecirc permite que outras pes-soas copiem distribuam e exe-cutem sua obra protegida pordireitos autorais mdash e as obrasderivadas criadas a partir delamdash mas somente se for dado creacute-dito da maneira que vocecirc esta-beleceu

Joana publica sua fotografia com alicenccedila de Atribuiccedilatildeo por que ela de-seja que todos usem suas fotos con-tanto que lhe deem creacutedito Beto en-contra na Internet a fotografia de Jo-ana e deseja mostraacute-la na primeira paacute-gina de seu website Beto coloca a fo-tografia de Joana em seu site e indicade forma clara a autoria da mesma

Uso natildeo-comercial

Vocecirc permite que outras pes-soas copiem distribuam e exe-cutem sua obra mdash e as obrasderivadas criadas a partir delamdash mas somente para fins natildeocomerciais

Gustavo publica sua fotografia em seuwebsite com uma licenccedila de Uso NatildeoComercial Camila imprime a fotogra-fia de Gustavo Camila natildeo estaacute auto-rizada a vender a impressatildeo da foto-grafia sem a autorizaccedilatildeo de Gustavo

Natildeo aobras de-rivadas

Vocecirc permite que outras pes-soas copiem distribuam e exe-cutem somente coacutepias exatasda sua obra mas natildeo obras de-rivadas

Sara licencia a gravaccedilatildeo de sua muacute-sica com uma licenccedila Natildeo a ObrasDerivadas Joatildeo deseja cortar umafaixa da muacutesica de Sara e incluiacute-la emsua proacutepria obra remixando-a e cri-ando uma obra totalmente nova Joatildeonatildeo pode fazer isso sem autorizaccedilatildeode Sara

Compartilhamento pelamesmalicenccedila

Vocecirc pode permitir que outraspessoas distribuam obras de-rivadas somente sob uma li-cenccedila idecircntica agrave licenccedila querege sua obra

A fotografia de Gustavo eacute licenciadasob as condiccedilotildees de Uso Natildeo Comer-cial e Compartilhamento pela mesmaLicenccedila Camila eacute uma artista ama-dora de colagem Ela usa a foto-grafia de Gustavo em uma de suascolagens A condiccedilatildeo do Comparti-lhamento pela mesma Licenccedila exigeque Camila disponibilize sua colagemcom uma licenccedila Uso Natildeo Comercialplus-Compartilhamento pela mesmaLicenccedila Esta condiccedilatildeo faz com queCamila disponibilize sua obra a todasas pessoas sob os mesmos termoscom os quais Gustavo disponibilizoua ela

Fonte adaptado de CREATIVE COMMONS BRASIL (sd)

18

Licenccedilas Livres e a licenccedila Creative Commons

Quadro 13 Conjunto de licenccedilas Creative Commons

Atribuiccedilatildeo - CC BY Esta licenccedila permiteque outros distribuam remixem adapteme construam sobre a sua obra mesmo co-mercialmente desde que lhe deem creacuteditopela criaccedilatildeo original Esta eacute a licenccedila maisaberta dentre as oferecidas Recomendadopara ampla divulgaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos ma-teriais licenciados

Atribuiccedilatildeo-natildeo comercial - compartilha igual- CC BY-NC-SA Esta licenccedila permite queoutros remixem faccedilam tweak e construamsobre o seu trabalho natildeo comercialmentecontanto que atribuam creacutedito a vocecirc e li-cenciem as novas criaccedilotildees sob os mesmostermos

Atribuiccedilatildeo-natildeo comercial - CC BY-NC Estalicenccedila permite que outros remixem adap-tem e criem obras natildeo comerciais e apesarde suas obras novas deverem creacuteditos avocecirc vocecirc e ser natildeo comerciais natildeo preci-sam ser licenciadas nos mesmos termos

Atribuiccedilatildeo-sem derivados - CC BY-ND Estalicenccedila permite a redistribuiccedilatildeo comercial enatildeo comercial desde que a obra permaneccedilainalterada com creacutedito para vocecirc

Atribuiccedilatildeo-compartilha igual - CC BY-SAEsta licenccedila permite que outros remixemfaccedilam tweak e construam sobre a sua obramesmo para fins comerciais contanto queatribuam creacutedito a vocecirc e licenciem as no-vas criaccedilotildees sob os mesmos paracircmetrosEsta licenccedila eacute muitas vezes comparada aoCopyleft ndash licenccedilas de software livre e opensource Todas as novas obras com base nasua levaratildeo a mesma licenccedila entatildeo quais-quer derivados tambeacutem permitiratildeo o uso co-mercial Esta eacute a licenccedila utilizada pela Wiki-pedia e eacute recomendada para materiais quese beneficiariam de conteuacutedo da Wikipediae de projetos igualmente licenciados

Atribuiccedilatildeo - natildeo comercial - sem derivados- CC BY-NC-ND Esta licenccedila eacute a mais res-tritiva das nossas seis licenccedilas principaispermitindo que os outros faccedilam o downloadde suas obras e compartilhem-nas desdeque deem creacutedito a vocecirc natildeo as alterem oufaccedilam uso comercial delas

Fonte adaptado de (CREATIVE COMMONS BRASIL sd)

19

Licenccedilas Livres e a licenccedila Creative Commons

Atribuiccedilatildeoe a Atribuiccedilatildeo - compartilhamento pela mesma licenccedila Conforme lembra Faria (2011

p 25) a Atribuiccedilatildeorequer apenas que o autor da obra original seja citado da maneira como definir

Nesse caso qualquer um pode copiar distribuir e modificar inclusive para fins comerciais desde que

preserve os creacuteditos da obra original (FARIA 2011 p 25) Ele acrescenta que esse atributo quando

utilizado individualmente permite a maacutexima disseminaccedilatildeo do material licenciado A Atribuiccedilatildeo -

compartilhamento pela mesma licenccedila por sua vez requer que - aleacutem de o autor da obra original

ser citado da maneira como definir - o trabalho derivado seja distribuiacutedo com a mesma licenccedila Faria

(2011 p 26) lembra que esse mecanismo de preservaccedilatildeo da liberdade eacute tambeacutem conhecido como

Copyleft

Cabe mencionar que o Copyleft termo originalmente associado agrave licenccedila de uso de software

livre denominada GPL por Richard Stallman foi criado pelo artista e programador Don Hopkins o

qual o definiu como all rights reversed13 fazendo trocadilho com Copyright - all rights reserved14

(FARIA 2011 p 24) Em outras palavras o Copyleft pode ser definido como

uma forma de usar a legislaccedilatildeo de proteccedilatildeo dos direitos autorais com oobjetivo de retirar barreiras agrave utilizaccedilatildeo difusatildeo e modificaccedilatildeo de uma obracriativa devido agrave aplicaccedilatildeo claacutessica das normas de propriedade intelec-tual exigindo que as mesmas liberdades sejam preservadas em versotildeesmodificadas (FARIA 2011 p 24)

Definido como tal de acordo com Faria (2011 p 24) e Gabriel (2013 p 47) o Copyleft se

diferencia do Domiacutenio Puacuteblico na medida em que apresenta restriccedilotildees que precisam ser observadas

Lembramos que o Domiacutenio Puacuteblico por sua vez permite qualquer utilizaccedilatildeo de uma obra

Consideramos enfim que materiais didaacuteticos virtuais para serem classificados como livres

deveratildeo ser compostos por insumos sinalizados de alguma maneira como livres Esse material

deveraacute ao mesmo tempo possuir uma licenccedila livre que especifique as liberdades a ele atribuiacutedas

Tomamos nesse caso o termo livre conforme definido em Freedomdefined (sd) citado em Faria

(2011 p 21) e discutido neste seccedilatildeo Isso significa que apesar de adotarmos a licenccedila Creative

Commons em nosa pesquisa - bem como considerar os 6 (seis) tipos de licenccedilas funcionais

no acircmbito da produccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de materiais didaacuteticos de ensino-aprendizagem de liacutenguas -

concordamos com Faria (2011 p 26) quando observa que nem todas as suas licenccedilas poderatildeo

ser vistas como livres Concordamos ainda que os atributos Natildeo a obras derivadase Uso natildeo

comercialmarcam esse descompasso

Ademais dada a flexibilidade e a funcionalidade do conjunto de licenccedilas Creative Commons

- bem como a sua discrepacircncia com relaccedilatildeo ao universo do Copyright ou seja de um universo

fechado marcado pela burocracia e pela desfavorecimento da Cultura Livre (LESSIG 2004 p 18) -

parece-nos aceitaacutevel considerar que esses atributos - a saber Natildeo a obras derivadase Uso natildeo

comercialidentificam o que vamos reconhecer como Material Didaacutetico Virtual Livre com Algumas

Restriccedilotildees

13Todos os direitos revertidos14Todos os direitos reservados

20

Afinal o que chamamos de Material Didaacutetico Virtual Livre

Figura 11 Material Didaacutetico Virtual Livre e seus conceitos subjacentes

14 Afinal o que chamamos de Material Didaacutetico Virtual

Livre

Considerados os debates das seccedilotildees anteriores eacute possiacutevel apontar alguns dos traccedilos que do nosso

ponto de vista caracterizam o material didaacutetico virtual como livre

Conforme mencionado consideramos que o Material Didaacutetico Virtual Livre deveraacute ser o produto

de um processo de produccedilatildeo livre ou seja processo em que os autores tiveram a liberdade de

consumir outros produtos culturais sem a necessidade de permissatildeo de grupos ou corporaccedilotildees que

figurem como detentores desses produtos Seguindo o mesmo raciociacutenio esse material como um

bem cultural deveraacute ele proacuteprio figurar como livre contribuindo assim com a circulaccedilatildeo livre da

cultura Em outras palavras trata-se de um tipo de material didaacutetico que em essecircncia beneficia-se

da cultura livre - conforme definido em Lessig (2004 p 48) - ao mesmo tempo em que a promove

(SOUZA 2010b SOUZA 2011c SOUZA 2011a SOUZA 2011b) ndash sendo naturalmente suscetiacutevel

agrave accedilatildeo da inteligecircncia coletiva como concebida por Levy (2007 p 28)

Consideramos que para que isso ocorra esse material didaacutetico deveraacute se inserir em um modelo

de negoacutecio livre - ou seja caracterizado pelas liberdades de uso coacutepia modificaccedilatildeo e redistribuiccedilatildeo

(FREE SOFTWARE FOUNDATION sd SILVEIRA 2004 p 9) para qualquer um e para qualquer

fim (FREE SOFTWARE FOUNDATION sd) - utilizar como suporte um software livre ou em

consonacircncia com Freedomdefined (sd) formatos livres Ele deveraacute tambeacutem consumir insumos

livres e ser ele proacuteprio registrado com uma licenccedila livre sendo o termo Licenccedila Livre tomado em

ambos os casos segundo a definiccedilatildeo da Freedomdefined (sd) - ou seja que essencialmente

proteja a manutenccedilatildeo das liberdades de uso coacutepia distribuiccedilatildeo e modificaccedilatildeo A FIG 11 ilustra

21

Afinal o que chamamos de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 14 Os materiais didaacuteticos fechado Virtual Livre Virtual Livre com AlgumasRestriccedilotildees e suas licenccedilas

Material didaacuteticofechado

Material DidaacuteticoVirtual Livre com

AlgumasRestriccedilotildees

Material DidaacuteticoVirtual Livre

Licenccedilaproacutepria

eoudos in-sumos

bull Copyright bull CC-BY-NC

bull CC-BY-NC-SA

bull CC-BY-ND

bull CC-BY-NC-ND

bull CC-BY

bull CC-BY-SA(Copyleft)

por meio de um mapa conceitual as relaccedilotildees entre os principais conceitos discutidos a respeito da

caracterizaccedilatildeo do Material Didaacutetico Virtual Livre

Em adiccedilatildeo consideramos que a presenccedila dos atributos Uso natildeo comercial(NC) e Natildeo a obras

derivadas(ND) em sua licenccedila - eou dos insumos que utiliza caracteriza o material didaacutetico virtual

como Material Didaacutetico Virtual Livre com Algumas Restriccedilotildees O QUAD 14 mostra a relaccedilatildeo entre

materiais didaacuteticos fechados Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres e Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres

com Algumas Restriccedilotildees no que diz respeito ao tipo de licenccedila

Encontramos em Freedomdefined (sd) e na Wikipedia - sendo nesta por meio da entrada

LICENCcedilAS CREATIVE COMMONS (sd) - concepccedilotildees equivalentes agraves nossas a respeito da

natureza livre do material didaacutetico virtual De fato a Freedomdefined (sd) aponta 4 (quatro)

caracteriacutesticas as quais denomina Condiccedilotildees Adicionais para Atribuiccedilatildeo de Caraacuteter Livre a um

Trabalho Cultural Satildeo elas a disponibilidade da fonte de dados o uso de um formato livre nenhuma

restriccedilatildeo teacutecnica e nenhuma outra restriccedilatildeo ou limitaccedilatildeo A Wikipedia por sua vez por meio da

entrada LICENCcedilAS CREATIVE COMMONS (sd) aponta para a necessidade de atribuiccedilatildeo clara de

autoria dos trabalhos subjacentes a uma obra derivada Por meio do QUAD 15 apresentamos uma

amalgamaccedilatildeo dos pontos de vista da Freedomdefined (sd) e da Wikipedia os quais - consideramos

- aleacutem de dialogar com alguns aspectos da nossa concepccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre pode

auxiliar os trabalhos praacutetico-operativos (tais como produccedilatildeo e reconhecimento) com materiais dessa

natureza no acircmbito do ensino-aprendizagem de liacutenguas

Destacamos a partir do exposto no QUAD 15 o debate sobre o uso de formatos livres Concor-

damos com a Freedomdefined (sd) quando assumem que a condiccedilatildeo de liberdade dos Trabalhos

Culturais Livres seraacute mantida no caso de uso de formatos natildeo livres - por razotildees praacuteticas - quando

disponibilizada uma coacutepia em formato livre e no caso de uso de formatos digitais patenteados -

22

Afinal o que chamamos de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 15 Caraacuteter livre a materiais didaacuteticos virtuais algumas condiccedilotildees

Disponibilidade dafonte de dados

Onde um trabalho final foi obtido por meio de compilaccedilatildeo ou pro-cessamento de um arquivo fonte ou de muacuteltiplos arquivos fontetodas as fontes de dados subjacentes devem estar disponiacuteveisjuntamente com o trabalho propriamente dito sob as condiccedilotildeesoriginais Pode ser uma partitura de uma composiccedilatildeo musical osmodelos usados em uma cena em 3D os dados de uma publica-ccedilatildeo cientiacutefica os coacutedigos fonte de um programa de computadorou qualquer outra informaccedilatildeo deste tipo

Disponibilidade deindicaccedilotildees clarassobre as licenccedilasdas fontes de dados

Onde um trabalho final foi obtido por meio da compilaccedilatildeo ouprocessamento de um arquivo fonte ou de muacuteltiplos arquivos fonteas licenccedilas de todas as fontes de dados subjacentes devem estardisponiacuteveis juntamente com o trabalho propriamente dito deforma clara Isso significa incluir quaisquer avisos de direitosautorais (se aplicaacutevel) Citar o nome pseudocircnimo ou user ID doautor (Internet) Citar o tiacutetulo ou nome da obra caso haja algum(no caso de Internet) Citar sobre qual licenccedila a obra se encontraMencionar se a obra eacute derivada ou adaptada Se for adaptadpapor exemplo indicar Esta eacute uma traduccedilatildeo para o portuguecircs de[nome da obra original] de [autor]ou Roteiro baseado em [obraoriginal] [autor]

Uso de um formatolivre

Para arquivos digitais o formato no qual um trabalho eacute disponi-bilizado natildeo deve ser protegido por patentes a menos que sejaemitida uma permissatildeo livre de royalties mundial ilimitada e irrevo-gaacutevel para que se faccedila uso da tecnologia patenteada Enquantoformatos natildeo-livres podem agraves vezes ser usados por razotildees praacuteti-cas uma coacutepia em formato livre deve estar disponiacutevel para que otrabalho seja considerado livre

Nenhuma restriccedilatildeoteacutecnica

O trabalho deve estar disponiacutevel de maneira que nenhuma medidateacutecnica seja usada para limitar as liberdades acima enumeradas

Nenhuma outra res-triccedilatildeo ou limitaccedilatildeo

O trabalho propriamente dito natildeo deve estar coberto por restriccedilotildeeslegais (patentes contratos etc) ou limitaccedilotildees (como direitos deprivacidade) o que anularia as liberdades acima enumeradas [as4 (quatro) liberdades anunciadas no QUAD 11] Um trabalhopode fazer uso de isenccedilotildees legais ao direito autoral (para citartrabalhos sob direito autoral) embora apenas as suas porccedilotildeesque satildeo inambiguamente livres constituem um trabalho livre

Fonte adaptado de Freedomdefined (sd) e LICENCcedilAS CREATIVE COMMONS (sd)

23

Afinal o que chamamos de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 16 Os materiais didaacuteticos fechado Virtual Livre Virtual Livre com AlgumasRestriccedilotildees e seus suportes

Material didaacuteticofechado

Material DidaacuteticoVirtual Livre com

Algumas Restriccedilotildees

Material DidaacuteticoVirtual Livre

Tipo desuportedigital

bull Software eouformato proprie-taacuterio

bull Formato propri-etaacuterio legiacutevel eeditaacutevel por soft-ware livre En-quanto a condi-ccedilatildeo for vaacutelida

bull Software eou for-mato livres

bull Formato proprie-taacuterio com coacutepiaem formato livre

bull Formato patente-ado com permis-satildeo livre de royal-ties

tambeacutem por razotildees praacuteticas - quando emitida uma permissatildeo livre de royalties sendo essa de abran-

gecircncia mundial e irrevogaacutevel Consideramos esse raciociacutenio vaacutelido tambeacutem para Materiais Didaacuteticos

Virtuais Livres Com efeito em ambos os casos o material didaacutetico virtual permaneceraacute livre mediante

o cumprimento das respectivas condiccedilotildees - a saber a disponibilidade de uma coacutepia em formato

livre e de uma permissatildeo livre de royalties de abrangecircncia mundial e irrevogaacutevel Acrescentamos

que por outro lado vamos considerar Material Didaacutetico Virtual Livre com Algumas Restriccedilotildees os

casos em que forem utilizados formatos natildeo livres - ou proprietaacuterios - tais como entre outros os

formatos doc (formato de texto do Microsoft Word) e pps (formato de apresentaccedilotildees do Microsoft

Power Point) - sem a disponibilizaccedilatildeo de uma versatildeo em formato livre quando (e enquanto) esses

formatos proprietaacuterios puderem ser lidos e editados por aplicativos livres Indicamos no QUAD 16

a relaccedilatildeo entre materiais didaacuteticos fechados Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres e Materiais Didaacuteticos

Virtuais Livres com Algumas Restriccedilotildees no que se refere ao tipo de suporte digital

Concluiacutemos esta subseccedilatildeo - e este capiacutetulo - trazendo para debate dois aspectos relacionados

a maneira como concebemos Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres em nossa pesquisa e consequen-

temente nesta tese O primeiro aspecto consiste em nossa visatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

como Sequecircncias Didaacuteticas (OLIVEIRA 2013 p 53) A fim de discuti-lo retomamos o conceito

de Recursos Educacionais Abertos (THE WILLIAM AND FLORA HEWLETT FOUNDATION SD

BARBOSA ARIMOTO 2013 p 18) Cabe lembrar que esse conceito tal qual o de Trabalhos Cultu-

rais Livres (FREEDOMDEFINED sd) dialoga em essecircncia com a nossa visatildeo sobre Materiais

Didaacuteticos Virtuais Livres Conforme dissemos no iniacutecio deste capiacutetulo todos os trecircs conceitos podem

ser interpretados como tentativas de aplicaccedilatildeo da filosofia do software livre em artefatos diferentes

de software O segundo diz respeito agrave nossa escolha pela utilizaccedilatildeo do especificador livre - em

detrimento a aberto - na expressatildeo Material Didaacutetico Virtual Livre

24

Afinal o que chamamos de Material Didaacutetico Virtual Livre

De acordo com THE WILLIAM AND FLORA HEWLETT FOUNDATION (SD) Recursos Educaci-

onais Abertos

satildeo recursos de ensino aprendizagem e pesquisa que estatildeo em domiacuteniopuacuteblico ou foram disponibilizados com uma licenccedila de propriedade intelec-tual que permite a liberdade de uso e reaproveitamento por outros (THEWILLIAM AND FLORA HEWLETT FOUNDATION SD)

Conforme lembram THE WILLIAM AND FLORA HEWLETT FOUNDATION (SD) e Barbosa e

Arimoto (2013 p 18) esse conceito foi definido pela Unesco em 2002 e se refere a cursos completos

materiais de cursos moacutedulos livros texto viacutedeos provas software ou qualquer outra ferramenta

ou teacutecnica usada para apoiar o acesso ao conhecimento

Observamos que em nossa pesquisa - bem como nesta tese - nossa visatildeo de Material Didaacutetico

Virtual Livre estaacute relacionada agrave ideia de Sequecircncia Didaacutetica tal qual definida em Oliveira (2013 p

53) encontrando reflexo tambeacutem em Dolz J Noverraz e Schneuwly (2004 p 83) Segundo Oliveira

(2013 p 53) uma Sequecircncia Didaacutetica pode ser definida como

um conjunto de atividades conectadas entre si e [que] prescinde de umplanejamento para delimitaccedilatildeo de cada etapa eou atividade para trabalharos conteuacutedos disciplinares de forma integrada para uma melhor dinacircmicano processo ensino-aprendizagem (OLIVEIRA 2013 p 53)

Dessa forma apesar da ancestralidade comum entre os dois conceitos a visatildeo de que a

expressatildeo Recursos Educacionais Abertos - conforme THE WILLIAM AND FLORA HEWLETT

FOUNDATION (SD) e Barbosa e Arimoto (2013 p 18) - pode ser utilizado para referenciar

nominalmente artefatos de naturezas diversas (tais como livros texto programas ou software)

diferencia-se da maneira como concebemos Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres ou seja como

Sequecircncias Didaacuteticas (OLIVEIRA 2013 p 53) materializadas em formato digital

Por fim justificamos nossa escolha pelo especificador livre - em oposiccedilatildeo a aberto - na ex-

pressatildeo Material Didaacutetico Virtual Livre Natildeo obstante considerarmos os termos aberto e livre

intercambiaacuteveis nessa expressatildeo optamos pelo termo livre por consideraacute-lo mais coerente com as

expressotildees relativas aos conceitos que do nosso ponto de vista - conforme discutimos neste capiacutetulo

- fundamentam-no A saber Cultura Livre (LESSIG 2004 48) software livre (FREE SOFTWARE

FOUNDATION sd) e Licenccedila Livre (FREEDOMDEFINED sd)

Esperamos que por meio do debate apresentado neste capiacutetulo a respeito da natureza livre do

material didaacutetico virtual tenha sido possiacutevel expressar nossa percepccedilatildeo - anunciada na introduccedilatildeo

desta tese - de que esse tipo de material didaacutetico apresenta especificidades e que portanto -

conforme nossa hipoacutetese - ao ser inserido no acircmbito do ensino-aprendizagem de italiano como

LEL2 pode apresentar Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 45) tambeacutem especiacuteficos A partir

do exposto eacute possiacutevel por exemplo observar que a praacutetica de elaboraccedilatildeo de materiais didaacuteticos

com insumos provenientes da Internet bem como a publicaccedilatildeo de materiais didaacuteticos de autoria

proacutepria na rede mundial de computadores - as quais se apresentam jaacute consagradas na rotina de

professores de idiomas - distingui-se da praacutetica especiacutefica de produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual

Livre dada justamente a sua natureza livre

25

Capiacutetulo 2

Material Didaacutetico Virtual Livre para o

ensino de liacutenguas material

poacutes-meacutetodo() - explorando

interseccedilotildees

Neste capiacutetulo trazemos para debate a nossa hipoacutetese de que materiais didaacuteticos de natureza virtual

livre estatildeo sintonizados com a pedagogia poacutes-meacutetodo (KUMARAVADIVELU 2001 KUMARAVADI-

VELU 2006b) podendo nesse caso ser tomados como materiais didaacuteticos de caraacuteter poacutes-meacutetodo

ou simplesmente materiais didaacuteticos poacutes-meacutetodo 15 Para tanto discutimos o paradigma da cha-

mada pedagogia poacutes-meacutetodo considerando a conjectura teoacuterica de falecircncia da pedagogia dos

meacutetodos no acircmbito do ensino e aprendizagem de liacutenguas No decorrer dos debates apontamos as

interseccedilotildees entre os dois arcabouccedilos teoacutericos - ou seja materiais didaacuteticos de natureza virtual livre

e a pedagogia poacutes-meacutetodo - quando consideramos pertinente Compreendemos em siacutentese que

os materiais didaacuteticos de natureza virtual livre podem ser associados agrave pedagogia poacutes-meacutetodo na

medida em que refletem os paracircmetros pedagoacutegicos da particularidade da praticabilidade e da

possibilidade - os quais conforme Kumaravadivelu (2001) Kumaravadivelu (2006b) caracterizam a

essecircncia da pedagogia poacutes-meacutetodo Em outras palavras a noccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza

virtual livre pressupotildee respectivamente em sua essecircncia tal qual a pedagogia poacutes-meacutetodo a sensi-

bilidade ao contexto de utilizaccedilatildeo o empoderamento do professor e o incentivo a questionamentos

de status quo e agrave transformaccedilatildeo social sobretudo no que se refere aos aprendizes Consideramos

enfim que levantar esse debate significa tambeacutem ampliar a oportunidade de melhor compreender

as caracteriacutesticas dos materiais didaacuteticos de natureza virtual livre

Cabe ressaltar que ao propormos essa relaccedilatildeo estamos em acordo com Santana (2012 p

140) e Alencar (2007) os quais tambeacutem acenam para uma aproximaccedilatildeo de construtos de natureza

15Tivemos a oportunidade de debater essa hipoacutetese em 2010 no acircmbito da disciplina O Ensino-Aprendizagem de Liacutenguas a Partir da Deacutecada de 1970 ministrado pela Profa Dra Fernanda LanducciOrtale ofertada pelo Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Liacutengua Literatura e Cultura Italianas da USP e em2011 no acircmbito do VII Congresso Internacional da ABRALIN (Associaccedilatildeo Brasileira de Linguiacutestica) realizadoUniversidade Federal do Paranaacute (Curitiba - PR) - (SOUZA 2011c)

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Capiacutetulo 2 Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas material poacutes-meacutetodo() -explorando interseccedilotildees

virtual livre direta ou indiretamente agraves concepccedilotildees do educador brasileiro Paulo Freire Conforme

mencionamos no decorrer deste capiacutetulo o paracircmetro da possibilidade estaacute baseado - entre outros

autores - nas concepccedilotildees desse pesquisador (KUMARAVADIVELU 2001 KUMARAVADIVELU

2006b KUMARAVADIVELU 2003 p 542 p 174 p 13) Com efeito Santana (2012 p 140) aponta

a concepccedilatildeo de Recursos Educacionais Abertos como um importante caminho para a concretizaccedilatildeo

de algumas das mudanccedilas sociais esperadas pela emergecircncia das tecnologias digitais(SANTANA

2012 p 140) ou seja para a concretizaccedilatildeo das possibilidades da educaccedilatildeo na era da informaccedilatildeo -

em detrimento ao modelo de educaccedilatildeo na era industrial - conforme Flecha e Elboj (2000) Nesse

caso em siacutentese a educaccedilatildeo na sociedade da informaccedilatildeo estaacute associada agrave concepccedilatildeo de Paulo

Freire - ainda na deacutecada de 1970 - da educaccedilatildeo como um processo de praacutetica de liberdade e como

ferramenta de transformaccedilatildeo Essa educaccedilatildeo conforme os autores permite que os indiviacuteduos

imersos na sociedade da informaccedilatildeo possam ser - entre outras expectativas - sujeitos de suas

proacuteprias aprendizagens (FLECHA ELBOJ 2000 p 144) Apresentamos por meio do QUAD 21 as

caracteriacutesticas da educaccedilatildeo na sociedade industrial - ou seja correspondente agraves demandas vigentes

nas sociedades industriais - e da educaccedilatildeo na sociedade da informaccedilatildeo - ou seja uma educaccedilatildeo

que para Flecha e Elboj (2000 p 146) pode corresponder aos desafios dessa sociedade

Alencar (2007) por sua vez parece sugerir que a condiccedilatildeo de software livre corresponde

agraves concepccedilotildees de Freire (1967 p 24) a respeito do papel de tecnologias em uma perspectiva

educacional libertadora Nesse sentido - entre vaacuterios outros aspectos abordados em seu estudo -

Alencar (2007) lembra que para Freire (1967)

()a tecnologia aleacutem de ser compreendida apreendida deve ser contextu-alizada - contextualizar a tecnologia em si proacutepria sua gecircnese e utilizaccedilatildeodesvelando os interesses e a ideologia impliacutecita os benefiacutecios e as limita-ccedilotildees do uso - em seguida identificaacute-la com o contexto local discutindo suasimplicaccedilotildees na vida dos usuaacuterios ativos e a melhor forma de incorporaacute-lapara o bem daquele grupo naquele contexto(ALENCAR 2007 p 38)

Compreendemos desse modo que Alencar (2007) evoca em seu trabalho os pensamentos do

educador brasileiro Paulo Freire com o intuito de associaacute-los agrave concepccedilatildeo de software livre - construto

esse tambeacutem focalizado em sua pesquisa Vale lembrar que em essecircncia de fato a noccedilatildeo de

software livre pressupotildee a possibilidade de contextualizaccedilatildeo ou seja de sua personalizaccedilatildeo sob

demandas advindas dos contextos de uso de debate sobre interesses e ideologias impliacutecitas em

sua proacutepria gecircnese - bem como na concepccedilatildeo do construto software em geral e de discussatildeo sobre

as implicaccedilotildees de sua utilizaccedilatildeo na vida dos usuaacuterios Consideramos que esses pressupostos satildeo

tambeacutem vaacutelidos para a noccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre ou para qualquer outro

construto dessa natureza

A necessidade da elaboraccedilatildeo de uma pedagogia poacutes-meacutetodo surge segundo Kumaravadivelu

(2001 p 537) da insatisfaccedilatildeo com as limitaccedilotildees da ideia de meacutetodo e do conseguinte modelo

de formaccedilatildeo de professores de idiomas marcado por uma abordagem descendente em que o

professor-formador transmite um conjunto de conhecimentos preestabelecidos ao professor em

formaccedilatildeo sugerindo-lhe as melhores praacuteticas modelando o seu comportamento enquanto docente

e avaliando os seus haacutebitos pedagoacutegicos (KUMARAVADIVELU 2001 p 551) Nesse sentido

27

Capiacutetulo 2 Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas material poacutes-meacutetodo() -explorando interseccedilotildees

Quadro 21 A educaccedilatildeo na sociedade industrial e na sociedade da informaccedilatildeo

A educaccedilatildeo na sociedade industrial A educaccedilatildeo na sociedade da informa-ccedilatildeo

Funccedilatildeo reprodutora da educaccedilatildeo Funccedilatildeo transformadora da educaccedilatildeoConcepccedilatildeo totalizante da escola Haacute processos educativos nas comunidades

Burocratizaccedilatildeo e academicismo que setransferem tanto aos profissionais quantoaos outros participantes

Concepccedilatildeo ampla de aprendizagem comosocializaccedilatildeo participativa e comunicativaque recupere os objetivos mais utoacutepicos daeducaccedilatildeo de jovens e adultos

Concepccedilatildeo de ciecircncia em compartimentosestanques

Concepccedilatildeo interdisciplinar de ciecircncia

Metodologia baseada na concepccedilatildeo taylo-rista da pedagogia de objetivos

Metodologia baseada nos princiacutepios deaprendizagem dialoacutegica

Transmissatildeo de uma cultura ocidental Processos transculturais que se baseiamna convivecircncia multicultural

Metodologia eminentemente expositiva eutilizaccedilatildeo de fichas como materiais baacutesicosde aprendizagem

Incorporaccedilatildeo das novas tecnologias aosprocessos de aprendizagem

Fonte adaptado de Santana (2012 p 141) e Flecha e Elboj (2000 p 146)

28

Capiacutetulo 2 Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas material poacutes-meacutetodo() -explorando interseccedilotildees

alguns autores como Brown (2002 p 10) e Allwright (1991 p 7) apontam algumas limitaccedilotildees ou

criacuteticas relativas aos meacutetodos de ensino de liacutenguas as quais reunimos por meio do QUAD Em

consonacircncia com esses autores Kumaravadivelu (2006b p 163-168) elenca uma seacuterie de mitos

relacionados agrave ideia de meacutetodo os quais segundo ele representam uma visatildeo inflamada sobre

essa ideia Satildeo eles

1 Existe o melhor meacutetodo pronto e esperando para ser encontrado

2 Meacutetodos constituem o princiacutepio organizativo para o ensino de liacutenguas

3 Meacutetodos contem um valor universal e satildeo historicamente neutros

4 Teoacutericos constroem conhecimento e professores consomem conheci-mento

5 Meacutetodos satildeo neutros e natildeo possuem motivaccedilotildees ideoloacutegicas

(KUMARAVADIVELU 2006b p 163-168)

Em linhas gerais conforme o autor o primeiro mito estaacute relacionado agrave busca - quase obsessiva

- pela determinaccedilatildeo por meios cientiacuteficos de qual seria o melhor meacutetodo de ensino de liacutenguas

Essa busca se mostra improdutiva e inviaacutevel na medida em que - entre outros fatores - a pesquisa

sobre a eficaacutecia de meacutetodos envolve elementos que natildeo podem ser controlados - tais como as

demandas objetivos e variantes dos aprendizes e o perfil do professor (KUMARAVADIVELU 2006b

p 164) O segundo mito aponta para a concepccedilatildeo de que os meacutetodos poderiam figurar como o

centro de toda a operaccedilatildeo de ensino e aprendizagem de liacutenguas tornando-se referecircncia para todos

os componentes dessa operaccedilatildeo - tais como o design do curriacuteculo a elaboraccedilatildeo do material didaacutetico

ou as estrateacutegias de ensino Percebeu-se contudo que os meacutetodos satildeo construtos demasiadamente

limitados para explicar satisfatoriamente as complexidades do ensino e aprendizagem de liacutenguas e

que ademais a concentraccedilatildeo excessiva nesses construtos significou o desprezo de outros aspectos

tambeacutem envolvidos nessa atividade - tais como a cogniccedilatildeo do professor e dos aprendizes os

contextos culturais ou as percepccedilotildees dos aprendizes (KUMARAVADIVELU 2006b p 165) O

terceiro mito se refere agrave concepccedilatildeo de que um meacutetodo pode ser usado em qualquer contexto

Cabe mencionar conforme Kumaravadivelu (2006b p 165) que meacutetodos satildeo construiacutedos a partir

de contextos e demandas idealizados e que por isso satildeo essencialmente desconectados das

realidades em que satildeo aplicados que a busca por meacutetodos universalmente aplicaacuteveis consiste em

um exerciacutecio de forccedila descendente e que ao fazecirc-lo ignora-se aleacutem dos jaacute citados elementos

contextuais o fato de que os profissionais envolvidos na atividade de ensino e aprendizagem de

liacutenguas possuem algum tipo de experiecircncia com essa tarefa O quarto mito estaacute relacionado agrave

separaccedilatildeo entre teoria e praacutetica no campo do ensino de liacutenguas marcada pelo estabelecimento

artificial de papeacuteis antagocircnicos e bem definidos para o teoacuterico e para o professor Enquanto agravequele

cabe a construccedilatildeo de conhecimento a esse fica a tarefa da praacutetica Tal configuraccedilatildeo natildeo se

difere segundo Kumaravadivelu (2006b p 166) de uma relaccedilatildeo entre produtores e consumidores

de bens de consumo O autor observa que tal qual uma relaccedilatildeo comercial o estabelecimento

desse modelo cria a ideia de uma classe privilegiada - representada pelos teoacutericos - e de uma

classe natildeo privilegiada - representada pelos professores Essa relaccedilatildeo hieraacuterquica ainda conforme

29

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Quadro 22 Desvantagens dos meacutetodos

bull Satildeo construiacutedos considerando-se as diferenccedilas de um para o outro ainda quesimilaridades podem ser mais importantes jaacute que meacutetodos que satildeo diferentesem termos de princiacutepios abstratos parecem ser muito mais similares na praacuteticade sala de aula

bull Simplificam de modo infeliz uma seacuterie de fatores altamente complexos comopor exemplo considerar as semelhanccedilas entre aprendizes quando as diferenccedilaspodem ser mais relevantes

bull Desvia energia de questotildees potencialmente mais produtivas uma vez que otempo gasto para aprender como implementar um meacutetodo particular significamenos tempo para outras atividades como por exemplo o design de tarefas desala de aula

bull Gera lealdade agrave uma marca o que seraacute improvavelmente uacutetil para a profissatildeo[professor de idiomas] uma vez que promove rivalidades inuacuteteis sobre questotildeesessencialmente irrelevantes

bull Gera condescendecircncia por transmitir a impressatildeo de que respostas foram defato encontradas para todas as principais questotildees metodoloacutegicas da nossaprofissatildeo [professor de idiomas]

bull Oferece um senso de coerecircncia raso e externamente derivado para profes-sores de liacutenguas o que pode inibir o desenvolvimento de uma personalidademais profunda e em uacuteltima instacircncia de um senso de coerecircncia mais valiosointernamente derivado

bull Meacutetodos satildeo demasiadamente prescritivos assumindo demais sobre um con-texto antes desse contexto ter sido identificado Eles satildeo portanto supergene-ralizados no que diz respeito agrave sua aplicaccedilatildeo em situaccedilotildees praacuteticas

bull Geralmente meacutetodos satildeo distintos nos estaacutegios iniciais de um curso de liacutenguasmas satildeo muito semelhantes uns aos outros nos estaacutegios mais avanccedilados

bull Pensava-se que os meacutetodos podiam ser empiricamente testados por meiode quantificaccedilatildeo cientiacutefica de modo a determinar qual seria o melhor meacutetodoDescobrimos que algo intuitivo e um pouco artesanal natildeo pode jamais serverificado claramente por validaccedilatildeo empiacuterica

bull Meacutetodos satildeo carregados de agendas poliacuteticas e mercenaacuterias por parte deseus produtores Frequentemente criam um centro de poder em torno de siacutetornaram-se veiacuteculos de um imperialismo linguiacutestico visando o desempodera-mento perifeacuterico

Fonte adaptado de Brown (2002 p 10) e Allwright (1991 p 7)

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Kumaravadivelu (2006b p 166) contribuiu para aumentar o conflito entre essas duas classes ao

inveacutes de estimular o diaacutelogo Compreendemos que essa perspectiva ademais pode ser associada

agraves praacuteticas de consumo caracteriacutesticas de modelos de negoacutecios fechados em que o consumidor natildeo

tem poder para apropriar-se integralmente dos construtos ou artefatos que consome - como ocorre

por exemplo no modelo de negoacutecios em que o software proprietaacuterio se insere O quinto e uacuteltimo

mito enfim estaacute relacionado agrave constataccedilatildeo de que o conceito de meacutetodo reflete uma determinada

visatildeo de mundo articulando-se em relaccedilotildees desiguais de interesse ou seja carregando em si o que

Pennycook (1989 597) reconheceu como conhecimento de interesse Kumaravadivelu (2006b p

167) observa ainda que o conceito de meacutetodo eacute tambeacutem um construto que causa marginalidade O

autor aponta pelo menos dois aspectos a segregaccedilatildeo entre gecircneros e entre nativos e natildeo nativos O

primeiro caso se refere ao estabelecimento da ideia de que os homens satildeo responsaacuteveis pela teoria

e as mulheres pela praacutetica - considerando-se o que ele chamou de forccedila de trabalhode ensino de

inglecircs O segundo caso diz respeito agrave marginalizaccedilatildeo dos natildeo nativos no que diz respeito ao ensino

de liacutenguas

Kumaravadivelu (2001 p 538) e Kumaravadivelu (2006b p 171) percebem a pedagogia

poacutes-meacutetodo como um sistema tridimensional composto por trecircs paracircmetros pedagoacutegicos inter-

relacionados - a saber o paracircmetro da particularidade da praticabilidade e da possibilidade Em

linhas de siacutentese o paracircmetro da particularidade estaacute relacionado agrave opccedilatildeo por uma pedagogia

sensiacutevel ao contexto ou seja embasada em uma compreensatildeo verdadeira das particularidades

linguiacutesticas socioculturais e poliacuteticas locais(KUMARAVADIVELU 2001 p 544) Esse paracircmetro

rejeita portanto a escolha pela utilizaccedilatildeo de princiacutepios e procedimentos geneacutericos e predetermi-

nados elaborados com o intuito de cumprir metas tambeacutem geneacutericas e predeterminadas (KUMA-

RAVADIVELU 2001 KUMARAVADIVELU 2006b p 544 p 171) - tal como - compreendemos -

pressuposto no paradigma dos meacutetodos O paracircmetro da praticabilidade por sua vez estaacute rela-

cionado agrave rejeiccedilatildeo de um modelo artificial em que figura uma relaccedilatildeo dicotocircmica entre teoacutericos -

cuja funccedilatildeo eacute produzir conhecimento - e professores - cuja funccedilatildeo se restringe a consumir esse

conhecimento (KUMARAVADIVELU 2001 p 544) De fato a pedagogia poacutes-meacutetodo busca romper

com essa relaccedilatildeo encorajando professores a teorizar a partir de sua praacutetica e praticar o que

teorizaram(KUMARAVADIVELU 2001 KUMARAVADIVELU 2006b p 544 p 173) O paracircmetro

da possibilidade enfim estaacute relacionado agrave opccedilatildeo por trazer agrave tona a consciecircncia sociopoliacutetica que

os aprendizes carregam consigo para a sala de aula rejeitando desse modo uma concepccedilatildeo de

que o ensino-aprendizagem de liacutenguas se restringe aos elementos linguiacutesticos funcionais obtidos

em sala de aula (KUMARAVADIVELU 2001 p 545) Esse paracircmetro - inspirado principalmente

nos trabalhos de Paulo Freire Simon (1988) Giroux (1988) Auerbach (1995) e Benesch (2001)

para os quais conforme Kumaravadivelu (2001 p 538) e Kumaravadivelu (2006b p 171) toda

pedagogia implica em relaccedilotildees de poder e dominaccedilatildeo sendo implementadas de modo a criar e

sustentar desigualdades - conta com o reforccedilo do posicionamento dos aprendizes e professores

enquanto sujeitos como estrateacutegia para encorajaacute-los a questionar o status quo de subjugaccedilatildeo em

que se encontram (KUMARAVADIVELU 2001 542)

Vale mencionar que para Kumaravadivelu (2001 p 538) o termo pedagogia se refere em

sentido amplo tanto aos temas relativos agraves estrateacutegias de sala de aula aos materiais instrucionais

31

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agraves metas curriculares agraves medidas de avaliaccedilatildeo quanto a uma gama de experiecircncias poliacuteticas

histoacutericas socioculturais que podem influenciar - direta ou indiretamente - o ensino de liacutenguas

estrangeiras

Kumaravadivelu (2006a p 66) argumenta que a transiccedilatildeo de uma pedagogia baseada em

meacutetodo para uma pedagogia poacutes-meacutetodo pode ser sinalizada pelas concepccedilotildees de que meacutetodos natildeo

satildeo neutros - ou seja conforme Pennycook (1989 p 589) eles refletem um ponto de vista particular

sobre o mundo articulando relaccedilotildees desiguais de poder e interesse - e de que natildeo existe o melhor

meacutetodo - conforme Prabhu (1990 p 172) Nesse caso apontando para a perspectiva da pedagogia

poacutes-meacutetodo o que importa ainda segundo Prabhu (1990 p 172) eacute que o professor baseado no

que ele chama de senso de plausibilidade entenda como a sua atividade docente pode melhor

auxiliar os alunos em sua aprendizagem considerando as demandas do contexto de aplicaccedilatildeo - ou

seja empoderando o professor

Cabe observar que Kumaravadivelu (1994) reforccedila essa predileccedilatildeo consciente pelo empodera-

mento do professor - caracteriacutestico da perspectiva da pedagogia poacutes-meacutetodo - explicitando o que ele

chamou de condiccedilatildeo poacutes-meacutetodo ou seja uma condiccedilatildeo marcada pela descentralizaccedilatildeo da tarefa

de elaboraccedilatildeo de teorias e das tomadas de decisotildees pedagoacutegicas Em suas palavras

Se o conceito habitual de meacutetodo outorga aos teoacutericos a elaboraccedilatildeo deteorias pedagoacutegicas baseadas em conhecimento teoacuterico a condiccedilatildeo poacutes-meacutetodo empodera os participantes [professores] para que elaborem teoriasbaseadas na pratica de sala de aula Se o conceito de meacutetodo outorga aosteoacutericos a centralidade das tomadas de decisotildees de cunho pedagoacutegico acondiccedilatildeo poacutes-meacutetodo habilita os participantes a praacuteticas inovadoras locaise especiacuteficas baseadas na sala de aula (KUMARAVADIVELU 1994 p29)

Ainda segundo Kumaravadivelu (1994 p 29) a condiccedilatildeo poacutes-meacutetodo eacute alicerccedilada em trecircs

aspectos a busca por uma alternativa ao meacutetodo no lugar da busca de um meacutetodo alternativo a

autonomia do professor e o pragmatismo baseado em princiacutepios A condiccedilatildeo poacutes-meacutetodo portanto

reconhece o potencial do professor natildeo soacute para o ensino em termos praacuteticos mas tambeacutem para

agir com autonomia em questotildees acadecircmicas e administrativas impostas por instituiccedilotildees curriacuteculos

e livros didaacuteticos(KUMARAVADIVELU 1994 p 30) e estimula o desenvolvimento de uma postura

reflexiva e de competecircncias que lhe permitam analisar e avaliar a proacutepria praacutetica e iniciar e administrar

mudanccedilas em sala de aula As accedilotildees e decisotildees do professor para Kumaravadivelu (1994 p 30)

seriam balizadas pelo que ele denominou de pragmatismo baseado em princiacutepios - ou seja em uma

pedagogia pragmaacutetica em que o professor toma decisotildees de cunho pedagoacutegico associando teoria e

praacutetica a partir do contexto de aplicaccedilatildeo e com base em sua avaliaccedilatildeo criacutetica oferecendo um tipo

de ensino informado (KUMARAVADIVELU 1994 p 31) - ou ainda pelo jaacute mencionado senso de

plausibilidade (PRABHU 1990 p 172)

Dessa forma a realizaccedilatildeo de uma pedagogia poacutes-meacutetodo para Kumaravadivelu (2006b p

185) envolve a adoccedilatildeo de propostas que permitam uma clara e consequente quebra do conceito

de meacutetodo que ofereccedila um quadro de referecircncia coerente e compreensivo dentro dos limites

permitidos pelo estado atual do conhecimento e que ofereccedila um conjunto de ideias bem definido

e bem explicado que possa guiar aspectos importantes das atividades de sala de aula de ensino

32

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de L2 Kumaravadivelu (2006b p 165) cita pelo menos trecircs quadros de referecircncia - considerados

por ele como sendo de orientaccedilatildeo poacutes-meacutetodo - que podem corresponder a essas demandas o

quadro referencial tridimensional de Stern 16 o quadro referencial praacutetico-exploratoacuterio de Allwright17 e o seu quadro referencial de macroestrateacutegias 18 Interessa-nos aqui mais do que explorar as

caracteriacutesticas de cada um dos quadros compreender que todos eles pressupotildee a autonomia e a

centralidade no professor e no contexto de aplicaccedilatildeo A titulo de exemplo observamos que o quadro

referencial de Kumaravadivelu eacute constituiacutedo de macro e microestrateacutegias As macroestrateacutegias

podem ser vistas como planos gerais derivados de conhecimento teoacuterico empiacuterico e pedagoacutegico

sobre ensino e aprendizagem de L2 (KUMARAVADIVELU 2003 KUMARAVADIVELU 1994 p 38 p

32) Elas satildeo referecircncias gerais sobre as quais o professor pode gerar microestrateacutegias ou teacutecnicas

contextualizadas as quais por sua vez seratildeo utilizadas em sala de aula As microestrateacutegias desse

modo funcionam como operacionalizadoras das macroestrateacutegias Vale ressaltar que conforme

Kumaravadivelu (2003 p 38) e Kumaravadivelu (1994 p 32) o quadro de macroestrateacutegias eacute neutro

no que se refere a teorias e meacutetodos Isso natildeo significa que eacute desconectado de teorias mas que natildeo

eacute coagido por uma teoria especiacutefica sobre liacutengua aprendizagem ou ensino (KUMARAVADIVELU

2003 KUMARAVADIVELU 1994 p 38 p 32)

Aleacutem de concentra-se no papel do professor - sobre o qual discutimos ateacute agora - Kumaravadivelu

(2006b) aponta as caracteriacutesticas e funccedilotildees esperadas para o aprendiz e para o formador de

professores de idiomas na perspectiva da pedagogia poacutes-meacutetodo ou seja caracteriacutesticas e funccedilotildees

consistentes com os paracircmetros da particularidade da praticabilidade e da possibilidade Desse

modo na perspectiva da pedagogia poacutes meacutetodo espera-se que o aprendiz seja - ou se torne -

personagem ativo e autocircnomo em seu processo de aprendizagem tomando decisotildees inclusive

em niacutevel pedagoacutegico (KUMARAVADIVELU 2006b p 176) com o intuito de aperfeiccediloar esse

processo Nesse caso conforme Kumaravadivelu (2006b p 176) a autonomia eacute vista por meio

de dois aspectos um mais estrito e outro mais amplo Em termos estritos autonomia significa o

desenvolvimento da capacidade de aprender a aprender sendo essa accedilatildeo tomada como um fim em si

mesma (KUMARAVADIVELU 2006b p 177) Significa assumir o comando da proacutepria aprendizagem

- ou seja assumir a responsabilidade pela determinaccedilatildeo dos objetivos de aprendizagem pela

definiccedilatildeo dos conteuacutedos e progressotildees pela seleccedilatildeo dos meacutetodos e teacutecnicas apropriados pelo

monitoramento dos processos de aprendizagem e pela avaliaccedilatildeo do que foi aprendido conforme

Holec (1988 apud KUMARAVADIVELU 2006b) - e aprender a lanccedilar matildeo de estrateacutegias - cognitivas

metacognitivas sociais afetivas etc - de forma apropriada com o objetivo de realizar metas

de aprendizagem estabelecidas (KUMARAVADIVELU 2006b p 176) acessando criando ou

descobrindo modos pessoais de aprendizagem de liacutenguas Para Kumaravadivelu (2006b p 177) na

praacutetica caberaacute ao aprendiz

bull Identificar seus estilos e estrateacutegias pessoais de aprendizagem demodo a conhecer as suas limitaccedilotildees e pontos fracos como aprendizesde liacutenguas

bull Enriquecer seus estilos e estrateacutegias de aprendizagem incorporando

16Stern (1983) Stern (1985) Stern Allen e Harley (1992)17Allwright (1993)18Kumaravadivelu (2003)

33

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estilos e estrateacutegias de aprendizes de sucesso

bull Buscar por oportunidades adicionais de contato com a liacutengua indoaleacutem da sala de aula acessando recursos de bibliotecas centros deaprendizagens ou miacutedia eletrocircnica como a Internet

bull Colaborar com outros aprendizes na reuniatildeo de informaccedilotildees sobreum projeto especiacutefico em que estiverem trabalhando

bull Tirar vantagem de oportunidades de comunicaccedilatildeo com falantes com-petentes na liacutengua alvo

(KUMARAVADIVELU 2006b p 177)

Em termos amplos autonomia significa libertar-se ou seja tornar-se - mais do que um aprendiz

eficiente - um pensador criacutetico empoderado capaz de reconhecer os entraves soacutecio-poliacuteticos que

o impedem de realizar de modo pleno o seu potencial humano Nas palavras de Kumaravadivelu

(2006b p 177)

A autonomia libertadora vai muito aleacutem [do aprender a aprender] procu-rando auxiliar os aprendizes a reconhecer os entraves soacutecio-poliacuteticos queos impedem de realizar plenamente o seu potencial humano e munindo-lhescom as ferramentas intelectuais e cognitivas necessaacuterias para superaacute-los

(KUMARAVADIVELU 2006b p 177)

Segundo Kumaravadivelu (2006b p 178) essa autonomia libertadora poderaacute ser incentivada por

meio das seguintes accedilotildees

bull Encorajando os aprendizes a assumir com a ajuda dos professoreso papel de mini-etnoacutegrafos de modo que possam investigar e com-preender como por exemplo liacutengua como ideologia pode servir ainteresses escusos

bull Fazendo-os refletir sobre a formaccedilatildeo de suas identidades por meioda escrita de diaacuterios ou outros textos sobre assuntos que os estimulea pensar em quem satildeo e como se relacionam ao mundo social

bull Ajudando-os no que se refere agrave formaccedilatildeo de comunidades de apren-dizagem em que possam desenvolver grupos socialmente coesose unificados de apoio mutuo buscando auto-conhecimento e auto-aperfeiccediloamento

bull Oferecendo oportunidades para que possam explorar as inuacutemeraspossibilidades oferecidas pela Internet e posteriormente trazendopara a sala de aula os seus proacuteprios toacutepicos e materiais para debatebem como suas perspectivas individuais sobre os temas

(KUMARAVADIVELU 2006b p 178)

O formador de professores na perspectiva da pedagogia poacutes-meacutetodo segundo Kumaravadivelu

(2006b p 182) teraacute a funccedilatildeo de criar condiccedilotildees para que os professores em formaccedilatildeo adquiram

autoridade e autonomia necessaacuterias para que possam assumir uma postura reflexiva sobre a sua

34

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praacutetica dando-lhe forma e implementando mudanccedilas quando considerar oportuno O autor aponta

para a necessidade do estabelecimento de uma relaccedilatildeo dialoacutegica entre formador e professores em

formaccedilatildeo de modo que a experiecircncia natildeo se limite a um mero passar por arcabouccedilos teoacutericos

considerando-se dessa forma a perspectiva do professor em formaccedilatildeo suas crenccedilas valores e

conhecimentos como parte do processo de aprendizagem (KUMARAVADIVELU 2006b p 183) Em

termos praacuteticos o papel do formador na perspectiva da pedagogia poacutes-meacutetodo envolve

bull Reconhecer e ajudar os professores em formaccedilatildeo a reconhecer asdesigualdades construiacutedas nos programas correntes de formaccedilatildeo deprofessores os quais tratam teoacutericos como produtores de conheci-mento e professores como consumidores de conhecimento

bull Permitir que futuros professores possam articular seus pensamentose experiecircncias bem como compartilhar suas crenccedilas pessoais con-cepccedilotildees e saberes a respeito do ensino e aprendizagem de liacutenguasdurante todo o percursos de formaccedilatildeo

bull Encorajar os futuros professores a pensarem criticamente de modoque possam relacionar o seu conhecimento pessoal com o conheci-mento profissional com ao qual estatildeo sendo expostos monitorandocomo cada um formata ou eacute formatado pelo outro avaliando como oconhecimento profissional geneacuterico pode ser usado para construir asua proacutepria teoria sobre a praacutetica

bull Criar condiccedilotildees para que os professores em formaccedilatildeo possam ad-quirir habilidades analiacuteticas baacutesicas sobre o discurso de sala de aulaque iratildeo auxilia-lo a compreender a natureza das interaccedilotildees nessecontexto

bull Direcionar parte de suas agendas de pesquisa para o que Cameronet al (1992) chamaram de pesquisa empoderada ou seja pes-quisa com - em detrimento agrave pesquisa sobre - seus professores emformaccedilatildeo

bull Expor os professores em formaccedilatildeo a uma pedagogia da possibilidadeajudando-os a engajar-se criticamente com autores que tem trazidonossa consciecircncia sobre poder e poliacutetica ideias e ideologias quealimentam a formaccedilatildeo de professores de idiomas

(KUMARAVADIVELU 2006b p 183)

Dado o exposto vimos que em essecircncia a pedagogia poacutes-meacutetodo consiste em um sistema

tridimensional articulado em trecircs paracircmetros pedagoacutegicos inter-relacionados - a saber o paracircmetro

da particularidade da praticabilidade e da possibilidade Isso significa em linhas gerais que a

pedagogia poacutes-meacutetodo visa - em oposiccedilatildeo agrave pedagogia baseada em meacutetodos - a facilitaccedilatildeo e o

avanccedilo de um ensino de liacutenguas sensiacutevel ao contexto e embasado em uma verdadeira compreensatildeo

das particularidades linguiacutesticas socioculturais e poliacuteticas locais a ruptura com a noccedilatildeo artificial

estabelecida da existecircncia de papeacuteis antagocircnicas entre aqueles que fazem teoria - ou seja os

teoacutericos - e aqueles que fazem praacutetica - ou seja os professores - associada agrave concepccedilatildeo de que a

esse professor cabe a construccedilatildeo de suas proacuteprias teorias sobre a praacutetica e o impulsionamento da

consciecircncia sociopoliacutetica que os participantes carregam consigo de modo a auxiliaacute-los na sua busca

35

Capiacutetulo 2 Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas material poacutes-meacutetodo() -explorando interseccedilotildees

pela formaccedilatildeo identitaacuteria e pela transformaccedilatildeo social - sendo aprendizes professores e formadores

de professores tratados como coexploradores

Consideramos que materiais didaacuteticos de natureza virtual livre podem ser associados agrave pedagogia

poacutes-meacutetodo na medida em que tambeacutem refletem os paracircmetros pedagoacutegicos da particularidade

da praticabilidade e da possibilidade De fato esse tipo de material didaacutetico em essecircncia tal

qual o software livre pressupotildee a possibilidade de contextualizaccedilatildeo - ou seja de personalizaccedilatildeo

sob demandas advindas de contextos de uso de debate sobre interesses e ideologias impliacutecitas

em sua proacutepria gecircnese - bem como na concepccedilatildeo de materiais didaacuteticos de outras naturezas

como por exemplo de materiais didaacuteticos fechados e de discussatildeo sobre as implicaccedilotildees de

sua utilizaccedilatildeo na vida dos usuaacuterios Isso significa que esse tipo de material didaacutetico tambeacutem

pressupotildee o empoderamento do professor oferecendo-lhe niacuteveis mais profundos de apropriaccedilatildeo e

de personalizaccedilatildeo - se comparados por exemplo com materiais didaacuteticos fechados

36

Capiacutetulo 3

Software livre no contexto de

ensino-aprendizagem de liacutenguas - por

que (natildeo) utilizar

Neste capiacutetulo trazemos para debate a questatildeo das controveacutersias a respeito do uso de software livre

em detrimento ao software proprietaacuterio Consideramos oportuno abordar esse tema na medida em

que adotamos o uso de software livre ou de formatos livres como condiccedilatildeo para a caracterizaccedilatildeo de

materiais didaacuteticos virtuais de ensino e aprendizagem de liacutenguas como livres Uma leitura atenta do

capiacutetulo mostraraacute que as controveacutersias satildeo de naturezas diversas apontando temaacuteticas nucleares

que perpassam desde o niacutevel teacutecnico ateacute os niacuteveis econocircmico e filosoacutefico - entre outros Interessa-

nos sobremaneira perceber que a utilizaccedilatildeo de software livre poderaacute trazer implicaccedilotildees para o

campo do ensino de liacutenguas - tomado como contexto educacional - seja no acircmbito da formaccedilatildeo de

professores seja em contexto de ensino-aprendizagem de um idioma Ademais consideramos que

as controveacutersias relativas ao uso de software livre - em oposiccedilatildeo ao software proprietaacuterio - podem

ser estendidas para o uso de Material Didaacutetico Virtual Livre - consideradas proporcionalmente as

especificidades de cada um dos artefatos - em detrimento a materiais didaacuteticos fechados

Em linhas gerais discorremos sobre as controveacutersias - as quais giram em torno das vantagens e

dos pontos criacuteticos do uso de software livre - nas seccedilotildees 31 e 32 Na seccedilatildeo 33 propomos um

aprofundamento a respeito da dimensatildeo produtiva de artefatos ou tecnologias com potencial altruiacutesta

Em outras palavras discutimos os modelos de negoacutecio que podem ser adotados com o intuito de

estabelecer uma gestatildeo sustentaacutevel para projetos ou iniciativas livres

31 Vantagens relacionadas ao uso de software livre

Nesta seccedilatildeo - como anunciado - iniciamos o debate sobre as controveacutersias relativas ao uso do

software livre Revisitamos para tanto uma seacuterie de vantagens relativas ao uso de software livre

em oposiccedilatildeo ao proprietaacuterio Reunimos e apresentamos - de forma sinteacutetica - por meio do QUAD

31 as vantagens que seratildeo abordadas

Conforme nos lembram Sabino e Kon (2009 p 7) a principal vantagem do software livre se refere

37

Vantagens relacionadas ao uso de software livre

Quadro 31 Vantagens do software livre em relaccedilatildeo ao proprietaacuterio

Liberdade de compartilhamento do coacutedigofonte

Sabino e Kon (2009)

Incentivo agrave cultura da reciclagem Sabino e Kon (2009)

Maior potencial para qualidade Sabino e Kon (2009) Raymond (1998)

Atuaccedilatildeo da inteligecircncia coletiva Sabino e Kon (2009) Raymond (1998)

Modelo de produccedilatildeo coletiva do conheci-mento

Ramos (2008) Miranda (2003)

Alternativa agrave pirataria Ramos (2008) Free Software FoundationEurope (SD)

Independecircncia do usuaacuterio em relaccedilatildeo a umuacutenico fornecedor ou tecnologia proprietaacuteria

Sabino e Kon (2009) Free Software Founda-tion Europe (SD) Hexsel (2002) Stallman(SD) Almeida (2000) Silveira (2004)

Baixo custo financeiro Free Software Foundation Europe (SD)Ramos (2008) Almeida (2000) Hexsel(2002) Siqueira (2009)

Maior potencial para inclusatildeo Michelazzo (2003) Free Software Founda-tion Europe (SD) Ramos (2008) Lamas(2004) Stallman (SD) Silva (2010 p 4)

Empoderamento do usuaacuterio Michelazzo (2003)

Vantagem reprodutiva e de variabilidademaior possibilidade de autopreservaccedilatildeo en-quanto espeacutecie

Oliva (2000)

Esfera governamental vantagem macroe-conomica maior seguranccedila autonomia tec-noloacutegica independecircncia de fornecedoresdemocracia

Silveira (2004)

38

Vantagens relacionadas ao uso de software livre

ao fato de que o seu coacutedigo fonte pode ser livremente compartilhado Essa caracteriacutestica permite

evitar a duplicaccedilatildeo de esforccedilos - ou seja o investimento de tempo energia e recursos financeiros

na reinvenccedilatildeo da roda - quando entidades diferentes estatildeo interessadas no desenvolvimento de

aplicativos com funcionalidades semelhantes (SABINO KON 2009 p 7) Em outras palavras

eles se referem agrave cultura da reciclagem do reaproveitamento dos esforccedilos e soluccedilotildees de terceiros

disponibilizadas em caraacuteter livre como ponto de partida para novos projetos Trata-se conforme

Pretto (2012 p 101) de valores coincidentes com a chamada cultura Hacker De fato para o autor

() o olhar atento no que eacute feito pelo outro a continuidade do coacutedigo apartir do produzido a remixagem das informaccedilotildees e novamente a disponi-bilizaccedilatildeo desses resultados mesmo que parciais para toda a comunidadeeacute parte intriacutenseca do jeito de trabalhar dos hackers (PRETTO 2012 p101)

A hipoacutetese de que o software livre tem condiccedilotildees de apresentar maior qualidade do que o

software proprietaacuterio - dados os respectivos modelos de construccedilatildeo - satildeo tambeacutem apontados por

Sabino e Kon (2009 p 7) em consonacircncia com Raymond (1998) como uma vantagem daquele

sobre esse O potencial para uma maior qualidade do software livre estaacute associado ao seu processo

de desenvolvimento horizontal e colaborativo (SILVEIRA 2004 p 63) reconhecido como modelo

bazar (RAYMOND 1998 p 1) o qual permite e pressupotildee que os coacutedigos sejam revisados por

diversos programadores conectados pela rede mundial de computadores Dessa forma - ao contrario

do modelo fechado e hierarquizado caracteriacutestico da induacutestria do software proprietaacuterio (SILVEIRA

2004 p 63) reconhecido por Raymond (1998) como modelo catedral - a forma de desenvolvimento

do software livre conta com a vantagem da accedilatildeo da inteligecircncia coletiva ou ainda com o que pode

ser reconhecido como a Lei de Linus para a qual dados olhos suficientes todos os bugs satildeo

superficiais(SABINO KON 2009 p 7)

Raymond (1998 p 12) corrobora essa visatildeo ressaltando o papel fundamental do coordenador

de desenvolvimento em contextos pautados pelo modelo bazar Ele afirma que de fato muitas

cabeccedilas satildeo inevitavelmente melhores que uma desde que um coordenador tenha a sua disposiccedilatildeo

uma miacutedia tatildeo boa quanto a Internet e que tenha a capacidade de liderar sem coerccedilatildeo O autor

aprofunda o seu ponto de vista - o qual consideramos de teor bastante funcional e pragmaacutetico e

condizente com a natureza do Material Didaacutetico Virtual Livre - por meio do seguinte comentaacuterio

Eu acredito que o futuro do software de coacutedigo aberto iraacute pertencer gra-dativamente a pessoas que () deixam para traacutes a catedral e abraccedilamo bazar Isto natildeo quer dizer que uma visatildeo individual e brilhante natildeo iraacutemais ter importacircncia ao contraacuterio eu acredito que o estado da arte dosoftware de coacutedigo aberto iraacute pertencer a pessoas que iniciem de uma visatildeoindividual e brilhante entatildeo amplificando-a atraveacutes da construccedilatildeo efetiva deuma comunidade voluntaacuteria de interesse () Nenhum desenvolvedor decoacutedigo fechado pode competir com o conjunto de talento que a comunidade() pode dar para resolver um problema Muito poucos podem ateacute mesmoser capazes de pagar as mais de duzentas pessoas que tecircm contribuiacutedopara [um determinado projeto no modelo bazar] Talvez no final a culturade coacutedigo aberto iraacute triunfar natildeo porque a cooperaccedilatildeo eacute moralmente cor-reta ou a proteccedilatildeo do software eacute moralmente errada (assumindo que vocecirc

39

Vantagens relacionadas ao uso de software livre

acredita na uacuteltima o que natildeo faz tanto o Linus [Tourvalds] como eu) massimplesmente porque o mundo do software de coacutedigo fechado natildeo podevencer uma corrida evolucionaacuteria com as comunidades de coacutedigo abertoque podem colocar mais tempo haacutebil () em um problema (RAYMOND1998 p 12)

Em termos educativos segundo Ramos (2008 p 2) e FREE SOFTWARE FOUNDATION

EUROPE (sd p 1) a vantagem de se usar software livre se baseia no fato de que os aprendizes

poderatildeo perceber em seu modo de produccedilatildeo o grande potencial do trabalho colaborativo realizado

por comunidades virtuais distribuiacutedas geograficamente e unidas pela Internet (RAMOS 2008 p

2) Aleacutem do valor positivo atribuiacutedo agrave colaboraccedilatildeo em si o papel das Tecnologias da Informaccedilatildeo

e da Comunicaccedilatildeo nesse contexto podem ser colocadas em destaque auxiliando o aprendiz a

tornar-se um cidadatildeo com capacidade de tirar o melhor proveito dessas tecnologias na sociedade

da informaccedilatildeo (RAMOS 2008 p 2) Para Miranda (2003 p 263) esse modo de produccedilatildeo do

software livre resgata o que a humanidade carrega de melhor ou seja o conhecimento produzido e

apropriado coletivamente(MIRANDA 2003 p 263) Ao utilizar software livre conforme lembra FREE

SOFTWARE FOUNDATION EUROPE (sd p1) a escola oferece um bom exemplo perante a tarefa

de ensinar os alunos a compartilhar e colaborar envolvendo-os na comunidade que compartilha

conhecimento - ou seja a comunidade do software livre

Ramos (2008 p 2) e FREE SOFTWARE FOUNDATION EUROPE (sd p 2) lembram que

o software livre pode ser usado como alternativa agrave pirataria De fato a sua utilizaccedilatildeo representa

conformidade perante a lei (RAMOS 2008 p 2) em casos de uso e coacutepia que seriam considerados

criminosos no universo do software proprietaacuterio Os autores se referem a um desestiacutemulo agrave cultura

da pirataria No acircmbito escolar isso significa que os alunos natildeo seratildeo incentivados ou tentados

a gerar e instalar coacutepias ilegais (RAMOS 2008 p 2) dado que poderatildeo fazecirc-lo de modo livre e

previamente consentido ao utilizarem software livre Vale lembrar que natildeo eacute incomum no contexto

de ensino formal - incluindo o acircmbito do ensino e aprendizagem de liacutenguas - o estabelecimento

da cultura da pirataria representado pelo uso indevido de fotocoacutepias e de software educacional

proprietaacuterio seja por parte do professor seja por parte dos alunos

A esse respeito Miranda (2003 p 261) reconhece que a cultura da pirataria eacute tambeacutem explorada

por empresas de software proprietaacuterio com o intuito de difundir o seu produto para em seguida obter

o pagamento das licenccedilas por meio de campanhas antipirataria - muitas vezes apoiadas pelo poder

puacuteblico no cumprimento do seu papel legiacutetimo de entidade reguladora - sobretudo direcionadas

a empresas de meacutedio-grande porte e universidades (MIRANDA 2003 p 261) Stallman (sd p

1) e FREE SOFTWARE FOUNDATION EUROPE (sd p 1) apresentam raciociacutenio semelhante

Com efeito segundo Stallman (sd p 1) natildeo eacute incomum que empresas de software proprietaacuterio

ofereccedilam amostras graacutetis para escolas com a expectativa de conseguirem clientes que no futuro

iratildeo pagar pelo serviccedilo com o qual estiveram habituados a trabalhar em seu universo escolar A

FREE SOFTWARE FOUNDATION EUROPE (sd p 1) referindo-se especialmente agrave educaccedilatildeo

infantil e baacutesica argumenta que se as escolas ensinam os seus aprendizes a confiar no software

proprietaacuterio daratildeo agrave eles dependecircncia por algo que para ter direito agrave sua utilizaccedilatildeo futura teratildeo que

pagar e que em geral desestimula a partilha e a boa vontade na sociedade(FREE SOFTWARE

FOUNDATION EUROPE sd p 1)

40

Vantagens relacionadas ao uso de software livre

Vantagem semelhante apontam Sabino e Kon (2009 p 7) FREE SOFTWARE FOUNDATION

EUROPE (sd p 1) Hexsel (2002 p 12) Stallman (sd p 1) e Almeida (2000 p 4) quando

argumentam que a utilizaccedilatildeo de software livre garante independecircncia do usuaacuterio - seja ele um

indiviacuteduo ou uma instituiccedilatildeo tal como escolas universidades empresas ou governos - em relaccedilatildeo a

um uacutenico fornecedor ou a uma uacutenica tecnologia proprietaacuteria Nesse sentido Hexsel (2002 p 12)

explica que existe um risco inerente ao se adotar um plano de negoacutecio dependente de um uacutenico

fornecedor de software ou sistema informatizado na medida em que esse fornecedor pode encerrar

a produccedilatildeo - deixando o seu cliente sem o respaldo teacutecnico necessaacuterio - ou decidir lanccedilar uma nova

e melhoradaversatildeo do seu software - obrigando o cliente a comprar novas licenccedilas (SABINO KON

2009 p 7) - geralmente muito onerosas (ALMEIDA 2000 p 4) - caso queira se atualizar No

universo do software livre conforme Hexsel (2002 p 12) essa dependecircncia natildeo existe jaacute que o

seu coacutedigo fonte natildeo eacute propriedade de uma entidade Isso significa que natildeo haacute possibilidade de um

determinado produto ser descontinuado pela conveniecircncia comercial do fornecedor Mesmo no caso

da distribuiccedilatildeo de um software livre for de responsabilidade de um grupo a sua extinccedilatildeo natildeo seraacute

um problema para os seus clientes dado que seraacute possiacutevel encontrar outras versotildees do programa

na Internet bem como obter auxiacutelio teacutecnico por parte da comunidade - tambeacutem por meio da rede

mundial de computadores - ou em uacuteltima instacircncia contratar programadores para que a manutenccedilatildeo

- ou alteraccedilotildees - sejam feitos em seus programas (HEXSEL 2002 p 13) Essas alternativas ou

seja essa independecircncia so eacute possiacutevel por se tratar de software de coacutedigo aberto ou livre

FREE SOFTWARE FOUNDATION EUROPE (sd p 2) Ramos (2008 p 1) Almeida (2000

p 3) Hexsel (2002 p 13) e Siqueira (2009 p 15) apontam o baixo custo financeiro como uma

vantagem associada agrave utilizaccedilatildeo de software livre Hexsel (2002 p 13) lembra que o desembolso

inicial para obtenccedilatildeo de sistemas livres eacute proacuteximo de zero Ele explica que os gastos de compra

normalmente equivalem ao preccedilo de custo de distribuiccedilatildeo ou seja os custos do suporte fiacutesico - tais

como CDs DVDs - e de documentaccedilatildeo - como por exemplo manuais de instruccedilatildeo - quando essa

se apresenta em suporte impresso Ademais esses programas podem ser baixados pela Internet

gratuitamente excluindo-se os custos de conexatildeo Esse custo segundo Hexsel (2002 p 13) de

qualquer modo consiste em uma pequena fraccedilatildeo dos produtos comerciais similares(HEXSEL

2002 p 13) No caso dos sistemas proprietaacuterios conforme argumenta Hexsel (2002 p 13) aleacutem

do valor pago pela licenccedila haveraacute um custo alto para manutenccedilatildeo jaacute que existe uma dependecircncia

de serviccedilos monopolizados pelo fornecedor ou providos por outras empresas ou consultores

individuais(HEXSEL 2002 p 13) O autor acrescenta que eacute possiacutevel estimar que o preccedilo

de manutenccedilatildeo de um sistema livre no pior caso equivalha ao mesmo serviccedilo relativo a um

sistema proprietaacuterio Ele lembra que entretanto o suporte pode ser encontrado gratuitamente

em comunidades de programadores disponibilizadas na Internet Consideramos oportuno lembrar

que o acesso ao coacutedigo fonte pode estabelecer uma maior concorrecircncia entre os programadores

o que pode controlar os preccedilos jaacute que todos tem acesso ao coacutedigo e o cliente poderaacute escolher o

serviccedilo que melhor lhe atrair em termos econocircmicos Ramos (2008 p 1) e FREE SOFTWARE

FOUNDATION EUROPE (sd p 2) discutem essa vantagem focalizando o ambiente escolar Os

autores argumentam que os recursos financeiros que seriam gastos na compra de programas podem

ser investidos em outros segmentos tais quais atualizaccedilotildees dos computadores da escola formaccedilatildeo

41

Vantagens relacionadas ao uso de software livre

de professores e funcionaacuterio e melhorias diversas A escolha por uma gestatildeo mais econocircmica

conforme sugere Ramos (2008 p 1) pode representar um maior compromisso com a instituiccedilatildeo

sendo especialmente relevante para a sociedade em se tratando de instituiccedilotildees puacuteblicas

O potencial para inclusatildeo - em seus diversos acircmbitos - tambeacutem eacute apontado como uma vantagem

relativa ao uso de software livre conforme Michelazzo (2003 p 269) FREE SOFTWARE FOUN-

DATION EUROPE (sd p 1) Ramos (2008 p 2) Lamas (2004 p 40) Stallman (sd p 1) e

Silva (2010 p 4) Michelazzo (2003 p 269) sugere que se bem trabalhado e agregado agrave grade

curricular as tecnologias livres podem ser um elemento definidor para a transiccedilatildeo de um status quo

da educaccedilatildeo marcada pela presenccedila de uma geraccedilatildeo de operadores de tecla(MICHELAZZO 2003

p 269) para uma geraccedilatildeo capaz de compreender como as coisas funcionam e delas poderem

se apropriar com mais autonomia Em alusatildeo agrave possibilidade de estudo e funcionamento de uma

tecnologia livre em detrimento agrave impossibilidade premeditada de fazecirc-lo em um sistema proprietaacuterio

o autor lembra que o software livre deve ser explorado a fim de apresentar como as coisas ocorrem

e natildeo somente como programar para que ocorram(MICHELAZZO 2003 p 269) Essa forma de

empoderamento para Michelazzo (2003 p 269) natildeo se limita agrave questatildeo teacutecnica mas encontra

reflexo tambeacutem na esfera social jaacute que aleacutem das aptidotildees teacutecnicas envolve o desenvolvimento

do caraacuteter formando cidadatildeos que podem contribuir para o coletivo mediante suas descobertas

seu aprendizado seus erros e acertosMichelazzo (2003 p 270) Lamas (2004 p 40) corrobora a

argumentaccedilatildeo observando que o software livre representa a diferenccedila entre exclusatildeo e inclusatildeo

digital(LAMAS 2004 p 40) na medida em que se apresenta disponiacutevel para qualquer um a custos

que se aproximam de zero ao contraacuterio das tecnologias proprietaacuterias com seus preccedilos exorbitantes

FREE SOFTWARE FOUNDATION EUROPE (sd p 1) abordando o assunto a partir do ponto de

vista escolar - em consonacircncia com Stallman (sd p 1) e Almeida (2000 p 2) - acrescenta que o

software livre traz igualdade na casa(FREE SOFTWARE FOUNDATION EUROPE sd p 1) jaacute

que

Com o software livre os professores podem dar uma coacutepia para cada alunoAssim os pais natildeo ficam em posiccedilatildeo de tomar uma decisatildeo financeira e ascrianccedilas de famiacutelias com menos recursos financeiros podem aprender comas mesmas ferramentas que qualquer outra crianccedila (FREE SOFTWAREFOUNDATION EUROPE sd p 1)

Consideramos que essa afirmaccedilatildeo pode ser estendida para todos os niacuteveis de ensino formal do

sistema educacional brasileiro natildeo se restringindo portanto agrave educaccedilatildeo infantil

Ainda sobre o vantajoso potencial para inclusatildeo das tecnologias livres Silva (2010 p 4) faz

menccedilatildeo ao altruiacutesmo produtivo Ele traz agrave tona projetos de vieacutes livres e colaborativos tal qual a

Wikipedia 19 o OpenStreetView 20 e o Grameen Bank 21 observando que todos eles tecircm como

base o altruiacutesmo um conceito - conforme lembra o proacuteprio Silva (2010 p 4) - trazido por Augusto

Comte para descrever uma das mais nobres disposiccedilotildees humanas a inclinaccedilatildeo inata do homem a

dedicar-se ao bem estar do proacuteximo(SILVA 2010 p 4) O autor baseia a sua argumentaccedilatildeo no

exemplo do Grameen Bank uma empresa de Bangladesh especializada em microcreacutedito que ao

19httpwwwwikipediaorg20httpopenstreetvieworg21httpwwwgrameencom

42

Vantagens relacionadas ao uso de software livre

contraacuterio dos bancos convencionais confere legibilidade para empreacutestimos a clientes que tiverem

menos condiccedilotildees De fato conforme lembra Silva (2010 p 4) o banco eacute uma empresa social

que estipula como restriccedilatildeo uacutenica para ilegibilidade de contratos de empreacutestimo os casos de natildeo

pagamento

Em sua argumentaccedilatildeo Silva (2010 p 4) natildeo expressa uma definiccedilatildeo clara do termo altruiacutesmo

produtivo Contudo segundo nossa interpretaccedilatildeo o autor parece se referir agrave qualidade de um projeto

de ser altruiacutesta ao inveacutes de comungar com modelos que visam apenas - e de modo impiedoso

- o proacuteprio lucro em detrimento ao bem estar dos demais Compreendemos - em consonacircncia

com Souza (2010a) 22 - que altruiacutesmo produtivo se refere agrave qualidade de um produto ou modo

de produccedilatildeo que contenha potencial altruiacutesta mas que ao mesmo tempo carregue possibilidade

de lucro financeiro por parte dos atores envolvidos Dessa forma por exemplo um sistema livre

eacute intrinsecamente altruiacutesta na medida em que ao licencia-lo como tal o seu autor entende que o

fruto do seu trabalho poderaacute ajudar ao proacuteximo e agrave sociedade em geral Concomitantemente esse

profissional poderaacute obter lucro financeiro ao ser contratado por exemplo por terceiros seja para

a manutenccedilatildeo do seu sistema seja para sua adaptaccedilatildeo agraves demandas locais Consideramos esse

aspecto uma vantagem das tecnologias livres em relaccedilatildeo agraves proprietaacuterias Em adiccedilatildeo atribuiacutemos a

mesma caracteriacutestica e portanto a mesma vantagem ao Material Didaacutetico Virtual Livre Materiais

didaacuteticos dessa natureza poderatildeo ser utilizados por alunos e escolas de baixa renda Seus autores

no entanto poderatildeo obter lucro financeiro prestando serviccedilo de manutenccedilatildeo ou adaptaccedilatildeo agraves

realidades e demandas de ensino locais em qualquer contexto educacional

Encerramos esta seccedilatildeo apresentando a visatildeo de dois autores sobre as vantagens do uso de

software livre Silveira (2004 p 38) - o primeiro deles - aponta uma seacuterie de motivos para que o

Brasil opte para o uso de software livre Consideramos que os argumentos relacionados a essa

dimensatildeo podem tambeacutem ter reflexo em uma avaliaccedilatildeo local - em uma escola ou universidade por

exemplo - sobre a opccedilatildeo pela utilizaccedilatildeo de software livre Oliva (2000 p 1) por sua vez lanccedilando

matildeo de uma analogia entre o software e os seres vivos com base em argumentos da teoria da

evoluccedilatildeo de Darwin defende que o software livre apresenta uma vantagem competitiva com relaccedilatildeo

ao proprietaacuterio Trata-se de uma argumentaccedilatildeo de cunho filosoacutefico a qual consideramos bastante

peculiar e talvez pouco aplicaacutevel perante uma avaliaccedilatildeo sobre o uso do software livre Natildeo obstante

essa peculiaridade e essa provaacutevel baixa aplicabilidade praacutetica consideramos vaacutelido traze-la agrave tona

com o intuito gerar maiores reflexotildees sobre a natureza do software livre

Silveira (2004 p 38) aponta cinco argumentos em favor da utilizaccedilatildeo do software livre como

referecircncia para o uso e desenvolvimento das tecnologias da informaccedilatildeo por parte do governo Satildeo

eles o argumento macroeconocircmico o argumento de seguranccedila o argumento da autonomia tecnoloacute-

gica o argumento da independecircncia de fornecedores e o argumento democraacutetico Observamos que

dentre eles pelo menos dois argumentos ja foram tratados nesta seccedilatildeo o argumento autonomia

tecnoloacutegica e da independecircncia de fornecedores

A vantagem macroeconomia conforme Silveira (2004 p 39) refere-se essencialmente a uma

acentuada reduccedilatildeo de envio de royalties derivados do pagamento de licenccedilas de software para

22Tivemos a oportunidade de apresentar e debater essa questatildeo em 2010 no acircmbito do XI SLA ndash Seminaacuteriode Linguiacutestica Aplicada realizado na Universidade Federal da Bahia (Salvador BA)

43

Vantagens relacionadas ao uso de software livre

o exterior Essa diminuiccedilatildeo gera maior sustentabilidade para a dinacircmica da inclusatildeo digital da

sociedade brasileira e de informatizaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo das empresas e instituiccedilotildees (SILVEIRA

2004 p 39) No que se refere ao acircmbito escolar brasileiro Silveira (2004 p 39) calcula uma quantia

de 300 milhotildees de doacutelares gastos em compras de licenccedilas para informatizar aproximadamente

100 mil escolas sendo cada uma em meacutedia com 30 computadores A sua conta esta baseada

na compra de licenccedilas de uso de software baacutesico - tal qual sistemas operacionais e software de

escritoacuterio como editores de texto e imagens planilhas de caacutelculos etc - os quais poderiam ser

substituiacutedos por equivalentes livres gerando um custo muito menor Sobre o aspecto da seguranccedila

Silveira (2004 p 40) explica que o software livre ao contraacuterio do proprietaacuterio apresenta maior

transparecircncia podendo ser plenamente auditado dado que apresenta o coacutedigo aberto Dessa forma

o governo pode analisar o software que adquire excluir rotinas duvidosas detectar falhas graves

ou ateacute mesmo o envio de informaccedilotildees para outros governos (SILVEIRA 2004 p 40) O autor

lembra que empresas proprietaacuterias geralmente cobram para liberar esse acesso o qual deveria ser

um direito do usuaacuterio(SILVEIRA 2004 p 40) Ademais algumas empresas para ceder o acesso

exigem um contrato de confiabilidade o que lhes permite abrir um processo caso entendam que o

auditor copiou alguma linha de coacutedigo

A utilizaccedilatildeo de software livre para Silveira (2004 p 40) apresenta a vantagem de reforccedilar a

autonomia e a capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica do paiacutes na medida em que permite que usuaacuterios nacionais

sejam desenvolvedores internacionais(SILVEIRA 2004 p 40) De fato teacutecnicos engenheiros e

especialistas podem se atualizar por meio do estudo dos coacutedigos e da documentaccedilatildeo do software

livre decorrente da adaptaccedilatildeo agraves demandas locais (SILVEIRA 2004 p 40) Aleacutem disso a participa-

ccedilatildeo em projetos internacionais motiva o acumulo de inteligecircncia e experiecircncia pelos programadores

brasileiro melhorando nossa capacidade de gerar tecnologia(SILVEIRA 2004 p 41) e confirmando

nosso papel de desenvolvedores e natildeo somente de consumidores dessa novas tecnologias A inde-

pendecircncia dos fornecedores - ao optar pelo software livre - permite que o governo faccedila atualizaccedilotildees

ou alteraccedilotildees nos sistemas pagando menos e exigindo melhor qualidade(SILVEIRA 2004 p 41)

A independecircncia de uma uacutenica empresa gera um mercado mais concorrente em que as empresas

locais se sentiratildeo com uma maior motivaccedilatildeo para gerar negoacutecios no exterior e se concentrarem

na venda de desenvolvimento capacitaccedilatildeo e suporte (SILVEIRA 2004 p 42) Em relaccedilatildeo ao

argumento democraacutetico enfim Silveira (2004 p 42) lembra que as tecnologias da informaccedilatildeo estatildeo

cada vez mais se tornando os meios de expressatildeo de economia cultura e conhecimento Elas

satildeo o cerne de uma sociedade em rede (SILVEIRA 2004 p 42) Nesse contexto a limitaccedilatildeo do

seu acesso - bem como a ideia de que tais tecnologias satildeo propriedade privada de poucos grupos

econocircmicos comeccedila a ser percebido como uma violaccedilatildeo dos direitos fundamentais(SILVEIRA

2004 p 42) do ser humano As tecnologias da informaccedilatildeo precisam ser livres e desenvolvidas de

modo democraacutetico e colaborativo (SILVEIRA 2004 p 42) Compreendemos que ao optar pelo

software livre o governo poderaacute contribuir nesse sentido

Oliva (2000 p 1) defende que o software livre apresenta uma vantagem competitiva com relaccedilatildeo

ao software proprietaacuterio Conforme anunciado ele o faz por meio de uma analogia entre formas

de vida e unidades de software considerando argumentos relativos agrave seleccedilatildeo natural - tais como a

facilidade de reproduccedilatildeo e aumento da variabilidade ocorrecircncias caras agrave preservaccedilatildeo da espeacutecie

44

Vantagens relacionadas ao uso de software livre

O autor inicia a analogia estabelecendo algumas equivalecircncias entre conceitos do acircmbito do

desenvolvimento de software e das ciecircncias naturais (OLIVA 2000 p 1) Ele estabelece por

exemplo que um programa pode ser considerado uma espeacutecie a coacutepia de um programa um

indiviacuteduo e o surgimento de uma nova versatildeo uma espeacutecie variante de um individuo Da mesma

forma enquanto a demanda do usuaacuterio para o uso de um software equivale ao nicho de uma espeacutecie

o trabalho das CPUs dos usuaacuterios corresponde agrave comida pela qual o indiviacuteduo compete e enfim

os desenvolvedores e mantenedores agraves forccedilas ocultas da natureza que introduzem variaccedilotildees nas

espeacutecies(OLIVA 2000 p 1)

A analogia de Oliva (2000 p 1) prossegue em seu desenvolvimento com base em duas

conclusotildees de Charles Darwin - citadas a seguir e referenciadas como 1 e 2 - configurando a

vantagem reprodutiva e a vantagem da variabilidade Satildeo elas

1 Uma grande quantidade de variedade sobre a qual diferenccedilas in-dividuais estatildeo presentes seratildeo evidentemente favoraacuteveis (para aproduccedilatildeo de novas formas por meio da seleccedilatildeo natural) Um grandenuacutemero de indiviacuteduos por oferecer uma melhor chance em um dadoperiacuteodo para o aparecimento de variedades ricas vai compensaruma menor quantidade de variabilidade em cada indiviacuteduo sendoacredito um elemento muito importante de sucesso [preservaccedilatildeo daespeacutecie] (DARWIN 1859)

2 () variaccedilotildees natildeo obstante leves e advindas de qualquer causa seelas satildeo em qualquer grau relevantes para os indiviacuteduos de umaespeacutecie nas suas infinitamente complexas relaccedilotildees com outros seresorgacircnicos e com a sua condiccedilatildeo fiacutesica de vida tenderatildeo a contribuircom a preservaccedilatildeo desses indiviacuteduos (DARWIN 1859)

Oliva (2000 p 2) aborda a vantagem da reprodutividade lembrando que o software livre tem

um enorme potencial para deixar muitos descendentes tendendo agrave proliferaccedilatildeo Isso ocorre natildeo soacute

pelas liberdades a ele atribuiacutedas mas tambeacutem pelo seu baixo preccedilo Tal raciociacutenio natildeo vale para

o software proprietaacuterio jaacute que geralmente sua reproduccedilatildeo eacute feita na maior parte das vezes por

clonagem e com menos frequecircncia pelo lanccedilamento de novas versotildees dado que se trata de um

processo caro (OLIVA 2000 p 2) O que se vecirc portanto segundo o autor eacute a proliferaccedilatildeo de

coacutepias sem variaccedilatildeo ou seja de clones

Oliva (2000 p 3) ao discorrer sobre a vantagem da variabilidade observa que as variaccedilotildees

de um software natildeo satildeo aleatoacuterias - ao contraacuterio das espeacutecies naturais - mas criadas pelos desen-

volvedores a partir das necessidades dos usuaacuterios Esses por sua vez no caso do software livre

carregam o poder de dirigir a variaccedilatildeo na medida em que alteram o software - seja por contra proacutepria

seja contratando algueacutem para faze-lo seja enfim publicando a sua demanda em um foacuterum ou lista

de e-mails com a expectativa de que um voluntaacuterio o ajude no desenvolvimento gratuitamente ou

em troca de algum tipo de pagamento (OLIVA 2000 p 3) Segundo o autor parece oacutebvio no que

se refere ao software livre que a liberdade de fazer mudanccedilas e de redistribuir as novas variaccedilotildees

aumenta a variedade da espeacutecie - ou seja do software - tornando-os mais adequados para outros

nichos ainda que desconhecidos quando da sua criaccedilatildeo

Conforme explica Oliva (2000 p 3) uma variaccedilatildeo que apresenta uma vantagem competitiva

em relaccedilatildeo agrave versatildeo original - ou seja uma variaccedilatildeo que introduz uma funccedilatildeo uacutetil para uma grande

45

Pontos criacuteticos relativos ao uso de software livre

variedade de nichos - pode ser aceita por uma maior quantidade de administradores de outros

projetos e rapidamente proliferar-se Por outro lado quando a variante natildeo eacute vantajosa natildeo eacute

aceita e perece ficando apenas no seu nicho

Oliva (2000 p 2) argumenta enfim que seria possiacutevel supor que a maioria dos usuaacuterios mesmo

tendo acesso ao coacutedigo fonte natildeo faccedilam alteraccedilotildees mas distribuem coacutepias iguais (clones) Em

resposta a essa possibilidade ele lembra que se um nuacutemero suficiente de pessoas lanccedila matildeo do

coacutedigo para altera-lo o niacutevel de variaccedilatildeo do software livre seraacute maior do que do software proprietaacuterio

(OLIVA 2000 p 3)

Compreendemos em siacutentese que Oliva (2000) por meio de sua argumentaccedilatildeo defende que

o software livre em detrimento ao proprietaacuterio apresenta melhor capacidade de reproduccedilatildeo e de

geraccedilatildeo de variedade dados os respectivos modelos de desenvolvimento O software livre portanto

teraacute maiores condiccedilotildees de autopreservaccedilatildeo enquanto espeacutecie

32 Pontos criacuteticos relativos ao uso de software livre

Trazemos para debate nesta seccedilatildeo alguns pontos criacuteticos relativos ao uso de software livre

Satildeo eles a ausecircncia de garantias e a inesistecircncia de um proprietaacuterio ou responsaacutevel legal a

inconsistecircncia da interface do usuaacuterio a dificuldade de instalaccedilatildeo e configuraccedilatildeo sobretudo para

usuaacuterios principiantes a qualidade a imagem e a reputaccedilatildeo a escassez de matildeo de obra para o

desenvolvimento e suporte bem como o seu alto custo e a exposiccedilatildeo da propriedade intelectual

Em acordo com Alencar (2007 p 75) percebemos que os pontos criacuteticos apresentados

consistem em problemas de software em geral natildeo se limitando portanto agraves soluccedilotildees livres Com

efeito seraacute possiacutevel notar no decorrer da seccedilatildeo uma tentativa de relativizar cada um deles Cabe

observar ainda que esse tema eacute tratado de diversas maneiras pelos autores e pesquisadores que

abordam o assunto Enquanto Alencar (2007 p 75) por exemplo refere-se ao tema como limitaccedilotildees

do software livre Hexsel (2002 p 16) e Sabino e Kon (2009 p 8) utilizam o termo desvantagem

Melo (2009 p 1) por sua vez preferem a expressatildeo pontos fracos do software livre

Sabino e Kon (2009 p 8) e Hexsel (2002 p 18) apontam a ausecircncia de garantias - associada agrave

inexistecircncia de um proprietaacuterio ou responsaacutevel legal - como um aspecto do software livre que pode

ser considerado desvantajoso em detrimento ao proprietaacuterio Conforme explicam Sabino e Kon (2009

p 8) soluccedilotildees livres podem significar problemas caso seja necessaacuterio o fornecimento de garantias

ou ainda em casos de ocorrecircncia de prejuiacutezos pela falha do sistema dado que suas licenccedilas em

geral eximem o autor de qualquer responsabilidade tanto quanto eacute permitido pela lei(SABINO

KON 2009 p 8) Hexsel (2002 p 1) relativiza a questatildeo lembrando que a existecircncia de um

proprietaacuterio natildeo prevecirc necessariamente garantias relacionadas a eventuais prejuiacutezos decorrentes

do uso de um software Ademais eles observam que as empresas de software proprietaacuterio tambeacutem

tentam ao maacuteximo em seus contratos eximirem-se de responsabilidades tanto quanto permitido

pela lei Sabino e Kon (2009 p 8) acrescentam que independente das claacuteusulas de ausecircncia

de responsabilidade algumas empresas de software livre optam pelo fornecimento de garantias e

suporte em forma de serviccedilo

A inconsistecircncia - e a natildeo uniformidade - da interface de usuaacuterio eacute trazida por Hexsel (2002 p 16)

46

Pontos criacuteticos relativos ao uso de software livre

e Melo (2009 p 1) como um ponto criacutetico relativo agrave utilizaccedilatildeo do software livre Os autores explicam

que essa caracteriacutestica tem raiacutezes no modelo de desenvolvimento descentralizado caracteriacutestico

desse tipo de software Trata-se de uma questatildeo que apesar de existente - ou seja com a qual

o usuaacuterio de fato poderaacute se deparar - natildeo corresponde a todos os casos de software livre Os

autores ressaltam a existecircncia de projetos especializados de desenvolvimento cujo foco estaacute na

resoluccedilatildeo dessa situaccedilatildeo Melo (2009 p 8) lembra enfim que empresas de software proprietaacuterio

natildeo estatildeo isentas dessa praacutetica De fato - comenta o autor - natildeo satildeo incomuns as descontinuidades

de interface de usuaacuterio de uma versatildeo proprietaacuteria para a outra

Hexsel (2002 p 16) e Melo (2009 p 1) apontam a dificuldade de instalaccedilatildeo e de configuraccedilatildeo

como uma questatildeo problemaacutetica relativa ao uso de software livre sobretudo para usuaacuterios iniciantes

ou sem conhecimentos especiacuteficos de programaccedilatildeo Hexsel (2002 p 16) explica que essa questatildeo

estaacute relacionada com a natureza do software livre e com o seu modo de desenvolvimento Ele lembra

que os primeiros usuaacuterios satildeo normalmente os proacuteprios programadores - ou usuaacuterios avanccedilados -

os quais tecircm praacutetica na instalaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de programas Hexsel (2002 p 17) e Melo (2009 p

2) argumentam que mesmo em se tratando de software proprietaacuterio a facilidade de instalaccedilatildeo e

administraccedilatildeo pode ser ilusoacuteria Apesar da relativa facilidade os procedimentos de instalaccedilatildeo podem

apresentar outros pontos negativos como por exemplo a inflexibilidade Em adiccedilatildeo Melo (2009 p

2) observa que a facilidade de instalaccedilatildeo tanto para o software livre quanto para o proprietaacuterio deve

ser analisada caso a caso Compreendemos que certamente o grau de facilidade de instalaccedilatildeo

- bem como o investimento na usabilidade de telas de instalaccedilatildeo dependeratildeo do publico alvo do

software em questatildeo

Sabino e Kon (2009 p 8) observam que a qualidade a imagem e reputaccedilatildeo tambeacutem satildeo

vistos como um aspecto de desvantagem no que se refere agrave utilizaccedilatildeo do software livre Segundo

os autores a inexistecircncia de uma empresa de renome como referecircncia para um software pode

representar para os potenciais usuaacuterios a possibilidade de abandono e de interrupccedilatildeo de suporte

para o produto Corrobora para essa desconfianccedila o fato de o software ser distribuiacutedo de forma

gratuita (SABINO KON 2009 p 8) Para Hexsel (2002 p 20) essa crenccedila de que a gratuidade do

software eacute incompatiacutevel com qualidade eacute falsa e confusa Existe de fato para o autor uma falta de

informaccedilatildeo impliacutecita nessa concepccedilatildeo jaacute que o software livre natildeo eacute necessariamente graacutetis mas

distribuiacutedo sem custos - ou por um custo muito baixo Ainda sobre essa falta de informaccedilatildeo Hexsel

(2002 p 20) ressalta que uma fraccedilatildeo significativa da internet eacute construiacuteda por software livre sendo

a sua existecircncia viaacutevel por causa da disponibilidade desses softwares como coacutedigo fonte aberto

Segundo Hexsel (2002 p 17) Melo (2009 p 1) e Sabino e Kon (2009 p 8) a escassez de

matildeo de obra - bem como o seu alto custo - para o desenvolvimento e suporte de software livre pode

ser vista como uma desvantagem No sentido de desconstruir a veracidade dessa constataccedilatildeo os

autores chamam a atenccedilatildeo para o presenccedila da documentaccedilatildeo e dos variados canais - tais como

foacuteruns listas de discussatildeo e sites de desenvolvimento - em que os usuaacuterios poderatildeo tirar duacutevidas

e receber auxiacutelio por parte da comunidade - ou seja programadores usuaacuterios mais experientes

ou ateacute mesmo os proacuteprios desenvolvedores de um determinado sistema Hexsel (2002 p 17)

observa ainda que na medida em que um determinado sistema se difunde a demanda por pessoal

capacitado para instalaccedilatildeo operaccedilatildeo e administraccedilatildeo tende a aumentar

47

Iniciativas livres e seus modelos de negoacutecio explorando a produtividade altruiacutesta

Sabino e Kon (2009 p 8) enfim observam que a opccedilatildeo por um modelo aberto pode ser

percebido como uma desvantagem para os seus autores e produtores dada a oacutebvia exposiccedilatildeo

de propriedade intelectual Nesse caso segundo os autores caberaacute agrave empresa responsaacutevel pela

produccedilatildeo estabelecer ou manter diferenciais para que a longo prazo o seu mercado seja garantido

(SABINO KON 2009 p 8) Em contrapartida conforme argumentam Sabino e Kon (2009 p 8)

seraacute mais difiacutecil para uma empresa conseguir vantagem competitiva sobre a outra se o produto

de software for registrado com uma licenccedila que determine obrigatoriedade na manutenccedilatildeo das

liberdades em caso de qualquer diferencial no produto Dessa forma o diferencial poderaacute tambeacutem

ser absorvido pela empresa que primeiro expocircs o seu coacutedigo Cabe ressaltar que observamos

nesse raciociacutenio a ideia essencial do copyleft (FARIA 2011 p 24) ou seja de forccedilar a manutenccedilatildeo

das liberdades conforme discutido no capiacutetulo 1 desta tese

33 Iniciativas livres e seus modelos de negoacutecio explo-

rando a produtividade altruiacutesta

Na seccedilatildeo 31 apontamos como vantagem das tecnologias livres - incluindo Material Didaacutetico Virtual

Livre - o seu potencial para agregar o altruiacutesmo a formas de obtenccedilatildeo de renda ou seja o que

consideramos como altruiacutesmo produtivo Nesta seccedilatildeo exploramos um puco mais essa vantagem

trazendo para debate alguns possiacuteveis modelos de negoacutecio relacionados agrave utilizaccedilatildeo de tecnologias

e artefatos livres tais como o software livre os Recursos Educacionais Abertos e o Material Didaacutetico

Virtual Livre Aprofundamos portanto em seu aspecto produtivo

Em acordo com Santos (2013 p 11) consideramos que o termo modelo de negoacutecio nesta

seccedilatildeo refere-se agrave capacidade - ou os meios - que as instituiccedilotildees de ensino tem ao seu dispor

para recuperarem seus investimentos em projetos livres de modo a torna-los mais sustentaacuteveis

Essa questatildeo se justifica como lembra Santos (2013 p 11) pelo fato de que a implementaccedilatildeo de

projetos dessa natureza apresentam custos que podem ir dos mais baixos a grandes investimentos

dependendo do tipo de iniciativa que se pretenda realizar(SANTOS 2013 p 11) Cabe mencionar

que enquanto a autora se refere aos Recursos Educacionais Abertos nosso foco satildeo o software

livre e o Material Didaacutetico Virtual Livre Compreendemos que os comentaacuterios de Santos (2013 p

11) - bem como dos demais autores citados nesta seccedilatildeo cujo foco de anaacutelise tem como objeto

a noccedilatildeo de Recursos Educacionais Abertos - se aplicam a gestatildeo de projetos envolvendo os trecircs

artefatos citados dada a sua natureza livre comum Ademais consideramos que esses modelos de

negoacutecio podem balizar natildeo apenas o trabalho das instituiccedilotildees de ensino mas tambeacutem dos vaacuterios

atores envolvidos na gestatildeo de iniciativas livres - tais como programadores e professores-autores de

material didaacutetico

Santos (2013 p 12) aponta sete modelos de negoacutecio comumente utilizados por instituiccedilotildees de

ensino superior em seus esforccedilos de implementaccedilatildeo de projetos envolvendo Recursos Educacionais

Abertos Satildeo eles doaccedilatildeo assinatura contribuiccedilatildeo patrociacutenio institucional governamental e

comercial A doaccedilatildeo ocorre quando uma Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental (ONG) ou outro tipo

de organizaccedilatildeo - por exemplo uma fundaccedilatildeo - paga pela produccedilatildeo e disseminaccedilatildeo do artefato

48

Iniciativas livres e seus modelos de negoacutecio explorando a produtividade altruiacutesta

livre A assinatura ocorre quando uma instituiccedilatildeo de ensino - ou outra organizaccedilatildeo - pagam para

serem membros de um consoacutercio que gerencia a elaboraccedilatildeo e disseminaccedilatildeo de artefatos livres

Na contribuiccedilatildeo o autor se responsabiliza pelos custos e produccedilatildeo dos mesmos(SANTOS 2013

p 12) O patrociacutenio consiste no financiamento da produccedilatildeo e disseminaccedilatildeo dos artefatos livres

por parte das instituiccedilotildees educacionais - ou outra instituiccedilatildeo - em troca de publicidade O modelo

institucional caracteriza-se quando uma instituiccedilatildeo educacional paga pela criaccedilatildeo do conteuacutedo e

disseminaccedilatildeo como parte da sua missatildeo(SANTOS 2013 p 12) O modelo governamental por sua

vez eacute caracterizado quando o financiamento eacute assumido de modo centralizado pelo governo em

prol de seus objetivos Enfim o modelo comercial se caracteriza quando o aluno paga - geralmente

uma quantia simboacutelica(SANTOS 2013 p 12) - pelo conteuacutedo serviccedilo ou certificado

Baseados em Santos (2013 p 15) consideramos que iniciativas livres tal qual Recursos

Educacinais Abertos ou Material Didaacutetico Virtual Livre podem agregar valor agraves instituiccedilotildees que os

utilizam Santos (2013 p 15) lembra que esse valor eacute em grande parte intangiacutevel como o reforccedilo

do compromisso com o empreendedorismo social vinculado agrave imagem institucional(SANTOS 2013

p 15) o aumento da visibilidade da instituiccedilatildeo e o fato de que esses recursos podem funcionar como

uma vitrine para a instituiccedilatildeo principalmente quando difundidos na rede mundial de computadores

A autora lembra que de fato essa utilizaccedilatildeo apresentam grande potencial para gerar matriacutecula e

consequentemente gerar renda indireta (SANTOS 2013 p 15)

Litto (2006 p 76) observa a existecircncia de uma grande variaccedilatildeo nas estrateacutegias institucionais de

produccedilatildeo de Recursos Educacionais Abertos Ele explica que algumas delas seguem uma poliacutetica

top down (de cima para baixo) na qual a administraccedilatildeo coordena todas essas atividades(LITTO

2006 p 76) e uma poliacutetica bottom up (de baixo para cima) marcada por esforccedilos individuais de

professores pioneiros(LITTO 2006 p 76) Em consonacircncia com Beshear (2005) Litto (2006 p 76)

deflagra a existecircncia de trecircs tipos de coleccedilotildees institucionais de Recursos Educacionais Abertos o

mandiacutebula o bastatildeo e o cenoura O mandiacutebula conssite no modelto biblioteca de recursos apoiada

na ideia de que se construiacutermos eles [os usuaacuterios] viratildeo(LITTO 2006 p 76) e na promoccedilatildeo

de campanhas com objetivo de persuadir a utilizaccedilatildeo por parte dos usuaacuterios o modelo bastatildeo

por sua vez toma forma quando a administraccedilatildeo instrui o corpo docente a usar determinados

Recursos Educacionais Abertos em substituiccedilatildeo a livros texto comerciais O modelo cenoura enfim

configura-se como tal perante a existecircncia de uma poliacutetica de incentivos - em forma de reduccedilatildeo

de taxas ou aumento de auxiacutelios - para que o corpo discente e docente criem e usem Recursos

Educacionais Abertos (LITTO 2006 p 76)

A Wikipedia por meio da entrada Open bussines 23 reconhece a existecircncia de diversos tipos de

modelos de negoacutecios abertos por meio dos quais eacute possiacutevel obter lucro financeiro com a utilizaccedilatildeo

de software livre ou ainda financiar o seu desenvolvimento Segundo a Wikipedia apesar de seu

status legal a aceitaccedilatildeo dos modelos de negoacutecio abertos por parte da comunidade do software livre

pode variar De fato alguns modelos satildeo considerados controversos ou desprovidos de eacutetica outros

satildeo aceitos outros ainda satildeo recomendados pela comunidade como por exemplo a obtenccedilatildeo de

renda por meio da cobranccedila pelo serviccedilo (BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE

23O termo Open Bussines foi traduzido por FUNDACAO GETULIO VARGAS (sd) como modelos de negoacutecioabertos

49

Iniciativas livres e seus modelos de negoacutecio explorando a produtividade altruiacutesta

sd)

Nesse sentido BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE (sd) apresenta treze

modelos o licenciamento duplo a venda de serviccedilos profissionais a venda de produtos custo-

mizados a venda do software como serviccedilo as parcerias com organizaccedilotildees patrocinadoras o

sistema de doaccedilotildees voluntaacuterias o sistema de bounties o sistema de preacute-compra ou crowdfunding o

software como publicidade a venda de extensotildees proprietaacuterias adicionais a venda de determinados

componentes de um produto de software o re-licenciamento de um software aberto para proprietaacuterio

a abertura gradual do software e a ofuscaccedilatildeo do coacutedigo fonte

Em linhas gerais o licenciamento duplo consiste em licenciar um software com duas licenccedilas

(BLANCO 2006 BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE sd) de naturezas

diversas Normalmente utiliza-se uma licenccedila aberta e uma proprietaacuteria (BLANCO 2006 p 1)

Nesse modelo conforme lembra BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE (sd)

a versatildeo proprietaacuteria pode ser vendida com o intuito de patrocinar a continuidade da versatildeo livre

do projeto A venda de serviccedilos profissionais eacute a forma mais conhecida e recomendada pela

comunidade de software livre (BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE sd) Ela

consiste em cobrar pelos serviccedilos - como treinamento suporte teacutecnico ou consultoria - em detrimento

a cobranccedila pelo software A venda de produtos customizados consiste na comercializaccedilatildeo de itens

- tais como camisetas canecas chaveiros mouse-pads etc - com o logotipo da empresa ou do

software livre A venda do software como serviccedilo consiste por sua vez na comercializaccedilatildeo de

assinaturas para acesso a software que permanecem no servidor ou seja serviccedilos online tal qual o

serviccedilo de cloud computing (BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE sd) Cabe

ressaltar que tal serviccedilo apesar de legal pode ser considerado inadequado e incoerente com a ideia

do software livre jaacute que forccedila os usuaacuterios a pagar cada vez mais pelo uso de sistemas cujo coacutedigo eacute

inacessiacutevel De fato ainda que livre o usuaacuterio natildeo teraacute acesso (JOHNSON 2008)

A parceria com organizaccedilotildees patrocinadoras consiste na associaccedilatildeo com governos univer-

sidades empresas ou outro tipo de instituiccedilatildeo natildeo governamental (BUSINESS MODELS FOR

OPEN-SOURCE SOFTWARE sd) que forneccedila fonte de renda para o projeto de desenvolvimento

de um software livre O sistema de doaccedilotildees voluntaacuterias se configura quando o responsaacutevel por

um projeto de desenvolvimento - seja uma instituiccedilatildeo seja um programador independente - pede

doaccedilotildees para arrecadar fundos para o seu projeto O sistema de bounties consiste na arrecadaccedilatildeo

de fundos entre os usuaacuterios de um aplicativo livre com o intuito de desenvolver e implementar uma

determinada funcionalidade nesse aplicativo (BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFT-

WARE sd) Modelo semelhante eacute o modelo de preacute-compra ou crowdfunding que funciona por meio

da arrecadaccedilatildeo de fundos advindos de doaccedilatildeo O modelo do software livre como publicidade prevecirc a

disponibilizaccedilatildeo de espaccedilos para a fixaccedilatildeo de banners ou outro tipo de propaganda por meio da qual

ocorre a arrecadaccedilatildeo (BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE sd) A venda de

extensotildees proprietaacuterias adicionais consiste na accedilatildeo de disponibilizar extensotildees plugins ou add-ons

proprietaacuterios (BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE sd) natildeo essenciais de

modo que seu uso seja condicionado ao pagamento Uma variante desse modelo segundo BUSI-

NESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE (sd) eacute a venda de determinados componentes

de um produto de software o qual consiste em manter proprietaacuterio determinado aspecto do conteuacutedo

50

Iniciativas livres e seus modelos de negoacutecio explorando a produtividade altruiacutesta

de um software de coacutedigo aberto (BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE sd)

tornando-o acessiacutevel em troca de pagamento Esse eacute o caso por exemplo de um videogame em

que determinados aspectos graacuteficos ou sonoros permanecem proprietaacuterios sendo o seu coacutedigo

fonte baacutesico livre Para obter uma experiecircncia completa do videogame o usuaacuterio teraacute que comprar o

conteuacutedo proprietaacuterio

O re-licenciamento segundo a BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE (sd)

ocorre quando uma empresa reverte a licenccedila de um sistema livre - completamente desenvolvido

em seu acircmbito - para proprietaacuterio de modo a poder comercializar legalmente o produto A abertura

gradual do software se configura quando o acesso agraves versotildees mais recentes eacute dado apenas para

usuaacuterios pagantes Conforme lembra BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE

(sd) uma das maneiras de disponibilizaccedilatildeo gradual ocorre quando uma empresa disponibiliza seu

software proprietaacuterio - atribuindo-lhe uma licenccedila livre - apoacutes um longo periacuteodo de comercializaccedilatildeo

ou quando alcanccedilado o retorno financeiro pretendido Ao fazecirc-lo a empresa tenta evitar que o seu

software seja abandonado e se torne obsoleto jaacute que daraacute a chance para que a comunidade de

software livre continue o seu desenvolvimento e suporte (BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE

SOFTWARE sd) Enfim o uacuteltimo modelo discutido em BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE

SOFTWARE (sd) - o qual percebemos natildeo esta diretamente relacionado com a obtenccedilatildeo de

retorno financeiro em projetos de software livre - consiste no ofuscamento do coacutedigo fonte Esse

termo segundo a REVISTA BRASILEIRA DE WEB (2013) e BUSINESS MODELS FOR OPEN-

SOURCE SOFTWARE (sd) refere-se agrave tentativa deliberada de dificultar a compreensatildeo de um

coacutedigo fonte Essa tentativa se daacute por exemplo por meio da inserccedilatildeo de coacutedigo natildeo destrutivo

redundante ou de nomes de variaacuteveis sem sentido - entre outros (REVISTA BRASILEIRA DE WEB

2013)

Consideramos como jaacute mencionado que os modelos discutidos em Santos (2013 p 12) e

em Litto (2006 p 76) satildeo viaacuteveis igualmente para a gestatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

conforme nossa concepccedilatildeo apresentada nesta tese Em adiccedilatildeo percebemos que tais modelos

natildeo satildeo excludentes entre siacute podendo servir de inspiraccedilatildeo para que os atores envolvidos - ou seja

entre outros instituiccedilotildees escolares professores-autores diretores coordenadores pedagoacutegicos -

descubram criem ou derivem novos meios de gestatildeo sustentaacutevel caso decidam pela utilizaccedilatildeo

de Material Didaacutetico Virtual Livre Ademais consideramos que a mesma inspiraccedilatildeo pode ser

encontrada nos modelos de negoacutecio abertos discutidos em BUSINESS MODELS FOR OPEN-

SOURCE SOFTWARE (sd) ainda que os mesmos se refiram ao software livre Vale ressaltar

que a utilizaccedilatildeo de alguns desses modelos descaracterizaria o material didaacutetico virtual como livre

excluindo naturalmente o seu aspecto altruiacutesta Isso ocorre por exemplo quando adotada a

estrategia de converter o licenciamento livre para proprietaacuterio com o intuito de legalizar a sua venda

ou ainda a utilizaccedilatildeo do material como serviccedilo disponiacutevel mediante pagamento

51

Capiacutetulo 4

Metodologia de produccedilatildeo de Material

Didaacutetico Virtual Livre

Neste capiacutetulo apresentamos e discutimos quatro aspectos que consideramos nucleares em relaccedilatildeo

agrave metodologia - ou processo - que adotamos para a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Satildeo eles a utilizaccedilatildeo de modelos instrucionais - em especial o modelo ADDIE (GAGNEacute et al

2005 ROTHWELL KAZANAS 2003 SEELS GLASGOW 1998 p 21 p 55 p 7 ) o modelo da

Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas (ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA

FILHO 2010) e o Quadro para Escrita de Material Didaacutetico de Liacutenguas (JOLLY BOLITHO 1998

p 90) as teacutecnicas de buscas de insumos livres as teacutecnicas de licenciamento do material didaacutetico

virtual atribuindo-lhe uma licenccedila livre ou flexiacutevel e a utilizaccedilatildeo de software livre

Observamos que durante a nossa pesquisa tivemos a oportunidade de experimentar e avaliar

cada um desses quatro aspectos Ademais pudemos agregar elementos relacionados ao contexto

de ensino-aprendizagem de liacutenguas de modo que a metodologia - ou processo - de produccedilatildeo de

Material Didaacutetico Virtual Livre com a qual trabalhamos pudesse oferecer condiccedilotildees para - do nosso

ponto de vista - melhor apoiar a praacutetica do professor de idiomas

O modelo ADDIE o modelo de Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas e Quadro para Elaboraccedilatildeo

de Material Didaacutetico de Ensino de Liacutenguas - os quais podem ser originalmente compreendidos como

modelos que visam em linhas gerais o entendimento de contextos instrucionais e o suporte

ao planejamento e operacionalizaccedilatildeo de cursos em seus diversos aspectos sendo o segundo

e o terceiro dirigidos ao contexto de ensino de liacutenguas - foram tomados como referecircncia para

operacionalizaccedilatildeo de Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres em contexto de ensino e aprendizagem de

liacutenguas Em outras palavras aleacutem de consideramos os trecircs modelos como arcabouccedilos teoacutericos

adequados para a compreensatildeo da atividade instrucional em si adotamos os modelos como

instrumentos para que o professor-autor pudesse se guiar na operacionalizaccedilatildeo do Material Didaacutetico

Virtual Livre bem como na documentaccedilatildeo dessa praacutetica

Os aspectos relativos agrave busca de insumos livres eou flexiacuteveis e agrave atribuiccedilatildeo de liberdades ao

Material Didaacutetico Virtual Livre satildeo abordados a partir de um vieacutes praacutetico-operativo com exemplos

de uso de ferramentas disponiacuteveis na Internet e estatildeo em sintonia com as reflexotildees propostas em

EDUCACcedilAtildeO ABERTA (2011) Cabe lembrar que a rede mundial de computadores apresenta uma

52

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

dinacircmica metamoacuterfica e efecircmera e que por isso os instrumentos citados podem natildeo ser perenes

cabendo ao professor-autor atualizar-se continuamente Dessa forma interessa-nos sobremaneira

ilustrar a praacutetica Consideramos que a compreensatildeo dessa praacutetica - natildeo obstante a possibilidade de

mudanccedilas nos aspectos das ferramentas em si - pode contribuir - entre outras maneiras - para o

desenvolvimento das habilidades relativas agrave operacionalizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre no

contexto de ensino e aprendizagem de idiomas especificadamente de italiano como LEL2

Abordamos enfim a utilizaccedilatildeo de software livre como suporte para o Material Didaacutetico Virtual

Livre trazendo para debate os dois programas que analisamos e utilizamos em nossa pesquisa

Trata-se do sistema de criaccedilatildeo de blogs e gerenciamento de conteuacutedos para web denominado

WORDPRESS (sd) 24 e do programa de autoria intitulado (EXElearning sd) 25 Nosso objetivo eacute o

de apresentar as caracteriacutesticas gerais de ambos os programas bem como os aspectos que nos

motivaram a utilizaacute-los Optamos por natildeo debater todos os recursos e funccedilotildees de cada um deles

De fato consideramos que esse aprofundamento fugiria ao escopo desta tese

41 Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacute-

tico Virtual Livre

Trazemos nesta seccedilatildeo para debate a dimensatildeo relativa agrave utilizaccedilatildeo de modelos instrucionais

como referecircncia teoacuterico-operativa para a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre no contexto

instrucional especiacutefico de ensino-aprendizagem de liacutenguas Consideramos oportuno introduzir o

debate colocando em pauta reflexotildees sobre a natureza dos modelos instrucionais em geral para

em seguida discutir o modelo baacutesico ADDIE (GAGNEacute et al 2005 ROTHWELL KAZANAS 2003

SEELS GLASGOW 1998 p 21 p 55 p 7 ) o Modelo de Operaccedilatildeo Global de Ensino de

Linguas (ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA FILHO 2010) e o Quadro para

Elaboraccedilatildeo de Material Didaacutetico de Ensino de Liacutenguas (JOLLY BOLITHO 1998 p 90)

Seraacute possiacutevel notar no decorrer da sessatildeo que os modelos citados - natildeo obstante apresentem

singularidades e focos ligeiramente diferentes - dialogam entre si na medida em que todos eles

refletem essencialmente uma metodologia operativa norteada pela resoluccedilatildeo de problemas instrucio-

nais representando dessa forma propostas instrucionais sensiacuteveis ao contexto - em consonacircncia

com a concepccedilatildeo da Pedagogia Poacutes-meacutetodo e a natureza do Material Didaacutetico Virtual Livre conforme

discutido no capiacutetulo 2 desta tese Nosso objetivo eacute o de apresentaacute-los discuti-los e quando possiacutevel

destacar relaccedilotildees entre eles e com o contexto de produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre para o

ensino de liacutenguas - conforme investigado em nossa pesquisa de doutoramento e discutido nesta tese

Percebemos de fato no decorrer de nossa pesquisa bem como de nossa praacutetica que o estudo e a

compreensatildeo dos trecircs modelos pode auxiliar de modo positivo o cumprimento dessa tarefa - a saber

a tarefa de produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre Consideramos que as noccedilotildees trazidas pela

compreensatildeo dos trecircs modelos satildeo complementares

Dessa forma notamos que o modelo ADDIE (GAGNEacute et al 2005 ROTHWELL KAZANAS

24httpwwwwordpressorg25httpwwwexelearningorg

53

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

2003 SEELS GLASGOW 1998 p 21 p 55 p 7 ) pode auxiliar na compreensatildeo de contextos

instrucionais em geral bem como de outros modelos instrucionais na medida em que consiste em

um modelo instrucional baacutesico a partir do qual eacute possiacutevel estabelecer outros modelos inserindo

adaptaccedilotildees decorrentes de demandas especiacuteficas Percebemos que o Modelo da Operaccedilatildeo Global

de Ensino de Liacutenguas (ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA FILHO 2010 p

18) e o Quadro para Produccedilatildeo de Material Didaacutetico para o Ensino de Liacutenguas (JOLLY BOLITHO

1998 p 96) por sua vez podem auxiliar na compreensatildeo de processos instrucionais relativos

ao contexto especiacutefico de ensino e aprendizagem de liacutenguas - bem como desse contexto em si -

sendo o primeiro - do nosso ponto de vista - com um vieacutes predominantemente descritivo e o segundo

com um vieacutes operativo-procedimental e especificadamente relativo agrave produccedilatildeo de material didaacutetico

Ambos de fato abordam dimensotildees e aspectos especiacuteficos desse contexto Se por um lado o

professor-autor de Material Didaacutetico Virtual Livre poderaacute compreender melhor o contexto instrucional

para o qual iraacute produzir o seu material didaacutetico - ou seja o contexto de ensino e aprendizagem de

liacutenguas - por meio do Modelo da Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas (ALMEIDA FILHO 1993

ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA FILHO 2010 p 18) por outro poderaacute operacionalizar essa

atividade por meio do Quadro para Produccedilatildeo de Material Didaacutetico para o Ensino de Liacutenguas (JOLLY

BOLITHO 1998 p 96)

411 Visatildeo geral sobre modelos instrucionais

Um modelo de design instrucional pode ser visto como um quadro procedimental para a produccedilatildeo

sistemaacutetica de instruccedilatildeo (THOMAS 2010 p 187) Ele incorpora estrateacutegias baacutesicas do design

instrucional tais como entre outras a anaacutelise do puacuteblico alvo - ou seja levantamento e avaliaccedilatildeo

das necessidades do aprendiz - a determinaccedilatildeo dos objetivos de aprendizagem e a avaliaccedilatildeo do

processo instrucional em seus diversos aspectos (THOMAS 2010 GAGNEacute et al 2005 p 187

p 21 ) Aleacutem disso esse construto informa como elementos e estrateacutegias instrucionais podem

ser integradas e operacionalizadas na produccedilatildeo e realizaccedilatildeo de cursos (THOMAS 2010 p 187)

dado que descreve a maneira de conduzir as suas diversas etapas (GUSTAFSON BRANCH 2002

p 19) Conforme observam Gustafson e Branch (2002 p 19) um modelo de design instrucional

permite a visualizaccedilatildeo de todo o processo aleacutem de estabelecer diretrizes para sua gestatildeo e para

a comunicaccedilatildeo entre os eventuais membros da equipe gestora de um projeto instrucional e seus

eventuais clientes

Gagneacute et al (2005 p 19) e Seels e Glasgow (1998 p 165) lembram que um modelo instrucional

consiste em uma tentativa de representaccedilatildeo de processos de design instrucional podendo tomar

variadas formas verbal visual tridimensional (SEELS GLASGOW 1998 p 166) espiral curviliacuteneo

em cascata sequencial (GAGNEacute et al 2005 p 41) - entre outras Seels e Glasgow (1998)

acrescentam que independente da forma o seu objetivo eacute o de apresentar uma visatildeo sobre a

realidade - ou seja sobre processos de design instrucional De acordo com Gagneacute et al (2005 p

41) cada tipo de representaccedilatildeo apresenta benefiacutecios no que diz respeito ao apoio e agrave comunicaccedilatildeo

no processo como um todo e podem ser alguns mais ou menos efetivos do que outros Os autores

observam que para ser realmente efetivo um modelo deve ser permeado com indicaccedilotildees dos

papeacuteis e tarefas dos profissionais envolvidos (stakeholders) em um dado projeto instrucional A

54

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

forma desse modelo seraacute mais efetiva se corresponder agraves demandas instrucionais locais as quais

podem ser mais ou menos complexas exigindo de fato um ou outro tipo de representaccedilatildeo (GAGNEacute

et al 2005 p 41) Dessa forma de acordo com Gagneacute et al (2005 p 42) o desafio do designer

instrucional - ou de outro profissional envolvido no design de cursos tal qual um professor-autor de

material didaacutetico para o ensino de liacutenguas - tange por um lado o saber elaborar e aplicar processos

instrucionais em um dado contexto e por outro lado o saber representar ou comunicar o processo

em termos de modelo instrucional

Cabe ressaltar enfim que um modelo nunca seraacute uma representaccedilatildeo completa da realidade -

ou seja de um processo de design instrucional - dado o niacutevel de abstraccedilatildeo necessaacuterio para traduzir

essa realidade em termos teoacutericos (SEELS GLASGOW 1998 p 166) Assim cada modelo poderaacute

enfatizar diferentes aspectos do processo de design instrucional (SEELS GLASGOW 1998 p 165)

incluir indicaccedilotildees de atividades paralelas e iterativas a serem realizadas no decorrer do processo

acompanhar anotaccedilotildees ou descriccedilotildees a respeito da ordem de cumprimento das etapas e de como

elas devem ser cumpridas (SEELS GLASGOW 1998 p 167) - entre outras caracteriacutesticas Gagneacute

et al (2005 p 38) corroborando essa noccedilatildeo de diversidade tipoloacutegica identificam pelo menos dois

tipos de modelos instrucionais a saber os modelos geneacutericos e os modelos situados Enquanto os

modelos geneacutericos tendem a representar uma abordagem - ou conceito de um autor sobre como

o processo de design instrucional deveria ser conduzido - que possa ser aplicada em uma grande

variedade de contextos ambientes de aprendizagem ou sistemas de acesso agrave instruccedilatildeo (GAGNEacute

et al 2005 p 38) os modelos situados satildeo desenvolvidos por organizaccedilotildees especialmente para

representar balizar e controlar os seus processos de design de sistemas instrucionais (GAGNEacute et

al 2005 p 39) Esses modelos conforme lembram Gagneacute et al (2005 p 39) normalmente natildeo

satildeo publicados por serem proprietaacuterios ou por representarem as demandas instrucionais especiacuteficas

de uma organizaccedilatildeo

Nas proacuteximas subseccedilotildees apresentamos e discutimos os modelos ADDIE (GAGNEacute et al 2005

ROTHWELL KAZANAS 2003 SEELS GLASGOW 1998 p 21 p 55 p 7 ) o Modelo de

Operaccedilatildeo Global de Ensino de Linguas (ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA

FILHO 2010 p 18) e o Quadro para Elaboraccedilatildeo de Material Didaacutetico de Ensino de Liacutenguas (JOLLY

BOLITHO 1998 p 90) e apontamos quando possiacutevel as relaccedilotildees entre eles e com o contexto de

produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas

412 O modelo ADDIE - modelo instrucional baacutesico

Um dos modelos instrucionais mais baacutesicos e essenciais (CARR-CHELLMAN 2010 GUSTAFSON

BRANCH 2002 GAGNEacute et al 2005 SEELS GLASGOW 1998 p 3 p 18 p 21 p 7) consiste

no modelo denominado ADDIE Trata-se de um modelo formado por 5 (cinco) componentes que

segundo Gagneacute et al (2005 p 38) e Rothwell e Kazanas (2003 p 3) representam as etapas de

um projeto instrucional consoante com a metodologia de resoluccedilatildeo de problemas de performance

humana sendo nesse caso direcionado a problemas de ordem instrucional Satildeo elas Anaacutelise

(Analysis) Desenho (Design) Desenvolvimento (Development) Implementaccedilatildeo (Implementation) e

Avaliaccedilatildeo (Evaluation) Elas estatildeo representadas na FIG 42 Suas inicias em inglecircs compotildeem o

acrocircnimo ADDIE (CARR-CHELLMAN 2010 GAGNEacute et al 2005 ROTHWELL KAZANAS 2003 p

55

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Figura 41 Componentes de um problemaFonte adaptado de Rothwell e Kazanas (2003 p 36)

3 p 21 p 55)

Essas etapas de fato conforme Gagneacute et al (2005 p 38) e Rothwell e Kazanas (2003 p 3)

correspondem aos principais estaacutegios de modelos dirigidos agrave resoluccedilatildeo sistemaacutetica de problemas

instrucionais - jaacute que envolve em linhas gerais a identificaccedilatildeo dos problemas (de ordem instrucional)

e suas causas (anaacutelise) a elaboraccedilatildeo de propostas para soluccedilatildeo dos problemas identificados

(design) a elaboraccedilatildeo da soluccedilatildeo (desenvolvimento) a experimentaccedilatildeo (implementaccedilatildeo) e final-

mente a tentativa de constataccedilatildeo do sucesso da soluccedilatildeo proposta (avaliaccedilatildeo) - e estaacute de acordo

com a concepccedilatildeo de design instrucional propostas em Seels e Glasgow (1998 p 1) os quais

compreendem essa atividade como o processo de resolver problemas instrucionais por meio da

anaacutelise sistemaacutetica das condiccedilotildees de aprendizagem(SEELS GLASGOW 1998 p 1)

Vale mencionar que Rothwell e Kazanas (2003 p 35) concebem problemas de performance

humana como o resultado de uma discrepacircncia entre o estado vigente - ou seja o que eacute - e o estado

ideal - ou seja o que deveria ser - a qual demanda accedilotildees presentes ou futuras para ser solucionada

(ROTHWELL KAZANAS 2003 p 35) Enquanto o estado vigente eacute chamado de Condiccedilatildeo e

representa o estado de coisas existentes o estado ideal eacute chamado de Criteacuterio e representa o estado

de coisas desejaacutevel (ROTHWELL KAZANAS 2003 p 35) Os autores explicam que a diferenccedila

entre Condiccedilatildeo e Criteacuterio eacute uma lacuna ou seja pode ser visto como o problema As razotildees

para essa lacuna satildeo a Causa do problema as consequecircncias dessa lacuna os seus Sintomas

(ROTHWELL KAZANAS 2003 p 35) Duas satildeo as accedilotildees principais que Rothwell e Kazanas

(2003 p 35) sugerem para a resoluccedilatildeo dessa lacuna a coleta de informaccedilotildees sobre a Condiccedilatildeo e

a identificaccedilatildeo do Criteacuterio A coleta de informaccedilotildees visa melhor compreender a Condiccedilatildeo sendo

feita por meio de perguntas agraves pessoas a respeito do problema (ROTHWELL KAZANAS 2003

p 35) Os autores observam que identificar o Criteacuterio consiste na identificaccedilatildeo do estado ideal ou

desejado ou seja o que deveria acontecer ou o que pessoas deveriam saber fazer A FIG 41 traz

uma representaccedilatildeo esquemaacutetica do raciociacutenio de Rothwell e Kazanas (2003 p 35)

56

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Figura 42 As fases do modelo ADDIEFonte adaptado de Hanley (2009)

Gagneacute et al (2005 p 21) aleacutem de reconhecerem que o modelo ADDIE eacute como um todo

baseado na metodologia de resoluccedilatildeo de problemas lembram que atividades desse tipo - ou seja

de resoluccedilatildeo de problemas - estatildeo presentes em cada uma de suas fases ou etapas Ademais a

respeito da dinacircmica da atividade instrucional representada pelo modelo (FIG 42) Gagneacute et al

(2005 p 21) acrescentam que o processo natildeo ocorre necessariamente de modo linear podendo

comeccedilar em qualquer uma das etapas Dessa forma conforme exemplificam os autores o processo

pode se iniciar a partir de uma proposta de redesenho de um curso ou curriacuteculo Eacute possiacutevel de fato

que comece pela fase de avaliaccedilatildeo e que com base nos dados dessa avaliaccedilatildeo seja necessaacuterio

retornar agraves etapas precedentes de modo a avaliar se ocorreram mudanccedilas - como nas caracteriacutesticas

dos aprendizes por exemplo - ou ainda se existe uma demanda por engendrar revisotildees relativas

aos objetivos conteuacutedos ou atividades de aprendizagem (GAGNEacute et al 2005 p 22)

Consideramos oportuno nos proacuteximos paraacutegrafos discutir com mais atenccedilatildeo cada uma das

fases do modelo ADDIE - de modo a melhor compreendecirc-lo - bem como apontar algumas relaccedilotildees

com o contexto de utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Iniciamos o debate lembrando que cada uma das fases apresentam subcomponentes - os

quais descrevemos por meio do QUAD 41 - expressos por Gagneacute et al (2005 p 22) em forma

de recomendaccedilotildees relativas ao desenvolvimento de cada uma delas A observaccedilatildeo desses sub-

componentes pode auxiliar o profissional que adota o modelo ADDIE a melhor compreendecirc-lo a

sistematizar o seu trabalho e ainda a propor mudanccedilas e adaptaccedilotildees no proacuteprio modelo quando

necessaacuterio

Em linhas gerais o objetivo da fase de Anaacutelise eacute o de compreender o contexto instrucional em

57

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 41 Componentes e subcomponentes do modelo ADDIE

Componentes Subcomponentes

Anaacutelise a) Determinaccedilatildeo das necessidades para as quais a instruccedilatildeoseraacute a soluccedilatildeo b) Conduccedilatildeo de uma anaacutelise instrucional afim de determinar os objetivos relativos agraves dimensotildees cogniti-vas afetivas e motoras a serem desenvolvidos durante o cursoc) Determinaccedilatildeo das habilidades que se espera que os estu-dantes desenvolvam e qual delas iraacute causar impacto para aaprendizagem durante o curso d) Anaacutelise do tempo disponiacute-vel e do tempo que seraacute utilizado para o curso e) Anaacutelise decontexto e de recursos

Design a) Traduccedilatildeo das metas do curso em resultados que se esperaque os alunos alcancem ao final do curso b) Determinaccedilatildeodos toacutepicos ou unidades instrucionais a serem cumpridas bemcomo o tempo que seraacute necessaacuterio para cada um deles c)Organizaccedilatildeo das unidades em sequecircncia considerando-seos objetivos do curso d) Especificaccedilatildeo para cada unidadedo que se espera que os alunos saibam ao concluiacute-las e)Estabelecimento das liccedilotildees e atividades de aprendizagempara cada unidade f) Estabelecimento de especificaccedilotildeespara avaliaccedilatildeo da aprendizagem dos estudantes

Desenvolvimento a) Tomada de decisotildees sobre os tipos de materiais didaacuteticose atividades de aprendizagem b) Preparaccedilatildeo das versotildeesprototiacutepicas dos materiais didaacuteticos ou atividades c) Experi-mentaccedilatildeo dos materiais didaacuteticos com membros do puacuteblicoalvo d) Revisatildeo refinamento e produccedilatildeo dos materiais didaacuteti-cos e atividades e) Elaboraccedilatildeo das instruccedilotildees de ensino oumateriais complementares

Implementaccedilatildeo a) Aquisiccedilatildeo dos materiais didaacuteticos a serem adotados pelosprofessores ou pelos estudantes b) Fornecimento de ajudaou suporte caso necessaacuterio

Avaliaccedilatildeo a) Implementaccedilatildeo de planos de avaliaccedilatildeo dos estudantes doprograma b) Implementaccedilatildeo de planos para manutenccedilatildeo erevisatildeo do curso

Fonte adaptado de (GAGNEacute et al 2005)

58

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

que se insere o projeto incluindo as necessidades dos aprendizes (GAGNEacute et al 2005 SEELS

GLASGOW 1998 p 23 p 8) Gagneacute et al (2005 p 23) apresentam um exemplo a respeito do teor

das decisotildees que o designer instrucional - ou outro profissional envolvido na tarefa de design de um

curso - deveraacute tomar durante a fase de anaacutelise Os autores mostram que um curso de Anatomia por

exemplo serviraacute tanto para estudantes de patologias da voz quanto para estudantes de Psicologia

do Esporte O foco da disciplina no entanto deveraacute mudar de acordo com as necessidades de

cada profissional (GAGNEacute et al 2005 p 23) Em outras palavras isso quer dizer que o foco do

curso deveraacute ser diferenciado para cada tipo de puacuteblico-alvo Percebemos que accedilotildees e demandas

anaacutelogas podem ser vistas na praacutexis do professor de idiomas quando por exemplo varia o grau de

exigecircncia de uma atividade de compreensatildeo de um texto autecircntico complexo de acordo com o niacutevel

de proficiecircncia dos alunos

A fase de deign consiste em estabelecer os objetivos educacionais a serem alcanccedilados as

habilidades e competecircncias que se espera que os aprendizes tenham desenvolvido ao final do

percurso instrucional as estrateacutegias educacionais necessaacuterias para se cumprir essa meta e os

instrumentos de avaliaccedilatildeo que seratildeo utilizados (GAGNEacute et al 2005 SEELS GLASGOW 1998 p

26 p 11) Um produto gerado nessa fase segundo Gagneacute et al (2005 p 26) seria um documento

contendo o planejamento do curso

Ainda com relaccedilatildeo agrave fase de design Gagneacute et al (2005 p 27) ressaltam a possibilidade de se

fazer uma prototipaccedilatildeo raacutepida Essa atividade consiste em testar elementos do design instrucional

em elaboraccedilatildeo de modo a se avaliar a sua eficiecircncia Os autores recomendam que a prototipaccedilatildeo

seja feita o quanto antes e justificam essa accedilatildeo por dois motivos em primeiro lugar porque por

meio de um protoacutetipo o eventual cliente poderaacute constatar se o produto estaacute satisfatoacuterio em segundo

porque ao fazecirc-lo as chances de se obter um design final inadequado aos objetivos pedagoacutegicos do

curso seriam menores

Vale ressaltar que Gagneacute et al (2005) lidam com a ideia de que um projeto instrucional pode ser

encomendado por terceiros Os clientes poderiam ser escolas entidades governamentais ou ateacute

empresas preocupadas com a formaccedilatildeocapacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios os quais contratam um

profissional - por exemplo um designer instrucional - para elaborar e gerir os percursos formativos

Os estudos apresentados em Gagneacute et al (2005) de fato tem como meta contribuir com a formaccedilatildeo

profissional do designer instrucional Em nosso estudo contudo focalizamos a figura do professor

de idiomas que a priori ao elaborar seus cursos e materiais didaacuteticos pode mobilizar competecircncias

anaacutelogas agraves de um designer instrucional

Consideramos vaacutelidas e aceitaacuteveis situaccedilotildees em que o professor de idiomas se coloque como

autor de materiais didaacuteticos para utilizaccedilatildeo de terceiros - sejam colegas escolas entidades gover-

namentais ou empresas Agrave diferenccedila de autores de livros didaacuteticos que elaboram percursos de

aprendizagem descontextualizados - ou de prateleira - esses professores elaborariam os cursos

e materiais didaacuteticos ndash para escolas empresas entidades governamentais ou grupos privados

ndash tomando o cuidado de envolver os professores da casa (no caso de escolas) no processo de

elaboraccedilatildeo da melhor maneira possiacutevel como autores ou coautores

Essa postura seria jaacute suficiente do nosso ponto de vista para aproximar o trabalho daqueles

ndash a saber os autores de livros didaacuteticos de prateleira ndash agrave era dos meacutetodos e destes ndash a saber

59

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

professores-autores que elaboram materiais didaacuteticos para escolas ndash a uma pedagogia Poacutes-meacutetodo -

conforme discutido no capiacutetulo 2 desta tese - ainda que nesse caso as funccedilotildees de professor autor

e pesquisador eventualmente natildeo recaiam estritamente sobre o mesmo indiviacuteduo ndash a saber o

mesmo professor ou o professor da casa no caso de contrataccedilatildeo para produccedilatildeo de material didaacutetico

ad hoc em uma determinada escola

A etapa de Desenvolvimento tem como meta a confecccedilatildeo ou a escolha do material instrucional

levando em consideraccedilatildeo tanto os objetivos pedagoacutegicos previamente estabelecidos na fase de

Design quanto os resultados da anaacutelise de contexto sistematizados na fase de Avaliaccedilatildeo Refere-se

portanto agrave preparaccedilatildeo dos materiais didaacuteticos que seratildeo utilizados no ambiente de aprendizagem

(GAGNEacute et al 2005 SEELS GLASGOW 1998 p 31 p 12)

Trata-se de uma etapa cujo trabalho pode ser abordado a partir de vaacuterias perspectivas depen-

dendo por exemplo de aspectos como a variaccedilatildeo dos objetivos instrucionais a adequaccedilatildeo dos

materiais didaacuteticos existentes ou as caracteriacutesticas do contexto de aplicaccedilatildeo do curso ou material

didaacutetico (GAGNEacute et al 2005 p 31) Em alguns contextos educacionais ndash conforme nos lembram

Gagneacute et al (2005 p 31) ndash o curriacuteculo o curso ou o material didaacutetico jaacute existem e podem ndash ou

devem ndash ser utilizados o maacuteximo possiacutevel em sua versatildeo integral agrave exigecircncia por exemplo da escola

ou de esferas superiores Em outros contextos natildeo existem materiais didaacuteticos que correspondem

aos objetivos definidos o que demanda a elaboraccedilatildeo de novos materiais Em outros ainda existem

materiais didaacuteticos ou partes deles que podem ser incorporados a novos materiais ou que precisam

ser adaptados a novos modos de acesso por parte do aprendiza (GAGNEacute et al 2005 p 31)

Gagneacute et al (2005 p 31) com base nessa variedade de contextos estabelecem quatro

categorias de situaccedilotildees de desenvolvimento ndash ou seja de preparaccedilatildeo do material didaacutetico relativo

ao seu curso ndash que o designer instrucional e do nosso ponto de vista tambeacutem o professor-autor de

Material Didaacutetico Virtual Livre poderaacute enfrentar Satildeo elas 1) a elaboraccedilatildeo de um novo curso - eou

seus respectivos materiais didaacuteticos 2) o trabalho com curriacuteculos e materiais didaacuteticos existentes 3)

a reformulaccedilatildeo de materiais didaacuteticos existentes - modificando objetivos e conteuacutedos ou aplicando

o material em novos contextos de aplicaccedilatildeo - e 4) a incorporaccedilatildeo de materiais existentes em um

novo curso

A elaboraccedilatildeo de um novo curso (eou seus respectivos materiais didaacuteticos) eacute concebida por

Gagneacute et al (2005 p 32) como a atividade primaacuteria para a qual o designer instrucional eacute formado

Os autores nos lembram que na maioria dos cursos esse profissional lanccedila matildeo de todo o processo

de produccedilatildeo desenvolvendo aulas ou modelos ineacuteditos Consideramos que o professor de idiomas

eventualmente pode se deparar com essa tarefa em sua praacutexis

O trabalho com curriacuteculos e materiais didaacuteticos existentes eacute uma situaccedilatildeo tiacutepica em que o

professor trabalha com o curriacuteculos livros didaacuteticos e materiais suplementares adotados pela escola

ou sistema educacional (GAGNEacute et al 2005 p 31) Nesse contexto normalmente os professores

preparam aulas de acordo com os objetivos e conteuacutedos fornecidos pelos materiais didaacuteticos Essa

abordagem natildeo estaacute de acordo com uma praacutetica que ressalta a importacircncia de se estabelecerem

metas e objetivos locais antes de elaborar e desenvolver esforccedilos instrucionais Entretanto conforme

argumentam os autores curriacuteculos e materiais fornecidos podem ser o resultado de processos

de desenvolvimento que resultaram em objetivos e conteuacutedos apropriados para um determinado

60

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

contexto Nesse caso cabe ao professor segundo Gagneacute et al (2005 p 32) desenvolver planos de

aula que incorporem os seus proacuteprios estilos de ensino ou ateacute mesmo criar unidades de trabalho

suplementares considerando demandas locais

A reformulaccedilatildeo de materiais didaacuteticos existentes - modificando objetivos e conteuacutedos ou aplicando

o material em novos contextos - eacute uma situaccedilatildeo de desenvolvimento que ocorre frequentemente

conforme Gagneacute et al (2005 p 32) na elaboraccedilatildeo de cursos empresariais mas podem ocorrer

tambeacutem no ambiente escolar Um exemplo desse constexto seria a adaptaccedilatildeo de um programa

existente para um contexto especiacutefico tal como modificar ou complementar seminaacuterios geneacutericos

de modo a corresponder agraves demandas de uma organizaccedilatildeo especiacuteficas (GAGNEacute et al 2005 p 31)

O trabalho do designer instrucional ndash ou do professor-autor ndash nesse caso conforme argumentam

Gagneacute et al (2005 p 32) seria conduzir anaacutelises e definir necessidades e objetivos dentro

das organizaccedilotildees e em seguida estudar os materiais existentes de modo a determinar quais

modificaccedilotildees ou complementaccedilotildees seriam necessaacuterias para corresponder agraves demandas locais Essa

seria uma accedilatildeo coerente com a perspectiva de trabalho com o modelo ADDIE

A incorporaccedilatildeo de materiais existentes em um novo curso eacute tambeacutem um contexto que o

designer instrucional - ou professor-autor de materiais didaacuteticos - poderaacute encontrar na fase de

desenvolvimento Esse profissional apoacutes trabalhar na anaacutelise e no subsequente estabelecimento

de objetivos considera a elaboraccedilatildeo de novos materiais mas tambeacutem avalia a possibilidade de

incorporaccedilatildeo ou adaptaccedilatildeo de materiais didaacuteticos existentes

Constatamos ndash a partir de nossa experiecircncia docente bem como no decorrer de nossa pesquisa

ndash que os contextos apontados pelos autores satildeo tambeacutem recorrentes no campo do ensino de

liacutenguas De fato observamos que eacute trabalho comum na praacutexis do professor de idiomas avaliar

e incorporar materiais didaacuteticos ou curriacuteculos elaborados por terceiros ndash sejam impressos sejam

virtuais ndash aos seus proacuteprios cursos Consideramos que essa praacutetica viabiliza e enriquece o trabalho

desse professor que nem sempre - em consonacircncia com Masuhara (1998 p 247) - teria tempo e

condiccedilotildees para elaborar materiais didaacuteticos novos a cada desafio instrucional Percebemos de fato

que o seu trabalho se torna rico na medida em que ao adotaacute-la esse profissional entra em contato

com novas ideias novos pontos de vista novas soluccedilotildees expressas em forma de materiais didaacuteticos

sobre temas da sua aacuterea de atuaccedilatildeo

Corroboram nossa percepccedilatildeo entre outros os debates de Tomlinsom (2001) Tomlinsom (2003a)

sobre a relevacircncia da atividade de produccedilatildeo de material didaacutetico para a formaccedilatildeo do professor de

idiomas - seja inicial seja continuada - e para a sua praacutetica de ensino quotidiana Nesse sentido

Tomlinsom (2001 p 66) defende que experiecircncias monitoradas de desenvolvimento de material

didaacutetico consistem em momentos propiacutecios para que o professor adquira consciecircncia teoacuterica e

praacutetica ou seja compreenda - e saiba aplicar - teorias de ensino e aprendizagem de liacutenguas e

alcance desenvolvimento pessoal e profissional O mesmo princiacutepio se refere de acordo com

Tomlinsom (2003a p 518) agrave atuaccedilatildeo em equipes de desenvolvimento de materiais didaacuteticos desde

que os membros da equipe - ou seja os professores envolvidos - possam mobilizar em conjunto

suas experiecircncias e saberes a fim de alcanccedilar seu objetivo de desenvolvimento - seja um livro

didaacutetico um conjunto de materiais complementares para a aula da semana que vem(TOMLINSOM

2003a p 518) ou materiais para um curso de niacutevel institucional ou nacional O autor acrescenta

61

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

que de fato os membros da equipe podem adquirir enorme consciecircncia de todos os aspectos do

ensino e aprendizagem - bem como desenvolver habilidades que seratildeo extremamente uacuteteis em

suas experiecircncias (de ensino) futuras e adquirir confianccedila e autoestima - se for dado a esse grupo a

liberdade e os recursos para que compreendam e utilizem a sua proacutepria abordagem e quadros de

referecircncia (TOMLINSOM 2003a p 518)

O desenvolvimento profissional e pessoal para Tomlinsom (2003a p 518) seraacute ainda mais

eficiente se os membros da equipe participarem de todas as atividades de desenvolvimento - a

saber para o autor a anaacutelise das necessidades dos aprendizes a determinaccedilatildeo da abordagem

pedagoacutegica dos quadros de referecircncia para o desenvolvimento de materiais didaacuteticos e do syllabus

o esboccedilo e a experimentaccedilatildeo de amostras de unidades a revisatildeo do syllabus da abordagem e

dos quadros de referecircncia a busca e o desenvolvimento dos textos e a produccedilatildeo monitoramento

experimentaccedilatildeo revisatildeo e ediccedilatildeo dos materiais didaacuteticos

Aleacutem da ideia de que o processo de elaboraccedilatildeo de material didaacutetico pode ser tatildeo vaacutelido quanto o

seu produto no que diz respeito agrave formaccedilatildeo e agrave praacutexis quotidiana do professor de idiomas Tomlinsom

(2001 p 66) - pressupondo o uso de livro didaacutetico - lembra que avaliaccedilatildeo adaptaccedilatildeo e produccedilatildeo de

materiais didaacuteticos satildeo tarefas que esse professor deveraacute necessariamente saber realizar dado

que nenhum livro didaacutetico seraacute ideal para uma turma ou grupo

Observamos que o trabalho com Material Didaacutetico Virtual Livre se adeacutequa a toda essa variedade

de contextos que como mencionado permeia tambeacutem a praacutetica do professor de idiomas Seria

equivocado portanto imaginar que o trabalho com materiais didaacuteticos dessa natureza limita o

professor agrave funccedilatildeo de criar os proacuteprios materiais didaacuteticos ou de criar materiais originais a cada

situaccedilatildeo de ensino Tal afirmaccedilatildeo de fato seria incoerente para um tipo de material didaacutetico

essencialmente predisposto a se beneficiar da inteligecircncia coletiva como eacute o caso do Material

Didaacutetico Virtual Livre

Finalizada nossa proposta de reflexatildeo sobre a fase de Desenvolvimento do modelo ADDIE

(GAGNEacute et al 2005 ROTHWELL KAZANAS 2003 SEELS GLASGOW 1998 p 21 p 55

p 7 ) - bem como temas correlatos - concluiacutemos esta seccedilatildeo trazendo para debate as etapas de

Implementaccedilatildeo e Avaliaccedilatildeo previstas no modelo

A fase de Implementaccedilatildeo segundo Gagneacute et al (2005 p 34) pode se referir a dois momentos -

a saber a execuccedilatildeo do curso em si ou seja quando o curso se inicia para o puacuteblico-alvo e o uso

do material em testes por exemplo durante a prototipaccedilatildeo raacutepida Ademais Gagneacute et al (2005 p

34) apontam 5 (cinco) princiacutepios que devem ser observados na etapa de Implementaccedilatildeo Esses

princiacutepios se referem agraves dimensotildees de 1) gestatildeo de sistemas de aprendizagem 2) orientaccedilatildeo ao

estudante 3) mudanccedila de gestatildeo 4) condiccedilotildees do contexto de aplicaccedilatildeo e 5) planos de manutenccedilatildeo

do curso

Esses princiacutepios ndash apresentados e discutidos no QUAD 42 ndash contribuem para uma melhor

compreensatildeo da fase de Implementaccedilatildeo e consequentemente para nossa proposta de trabalho

com Material Didaacutetico Virtual Livre dado que adotamos o modelo ADDIE como um dos modelos

de referecircncia para o seu processo de produccedilatildeo Ressaltamos que no QUAD 42 os princiacutepios

se encontram em forma de recomendaccedilotildees ao designer instrucional Em nosso estudo conforme

discutido anteriormente consideramos tais recomendaccedilotildees - as quais devem ser vistas como

62

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 42 Princiacutepios a serem considerados na etapa de Implementaccedilatildeo - modelo ADDIE

1 Desenvolva um sistema de gestatildeo de aprendizagem que seja ade-quado aos requisitos do contexto Esse sistema pode ser simples ndashcomo a utilizaccedilatildeo de um diaacuterio de classe ndash ou complexo como umsistema de informaccedilatildeo que contem registros dos requisitos e neces-sidades de cada estudante competecircncias especiacuteficas adquiridas emcada uma das etapas de aprendizagem concluiacutedas hora e data deconclusatildeo de eventos de aprendizagem e programaccedilatildeo para eventosfuturos

2 Providencie suporte e orientaccedilatildeo aos estudantes - Em muitas situa-ccedilotildees os estudantes natildeo tem ideia clara do que seraacute esperado delesdas atividades que vatildeo acontecer ou como devem se preparar parao curso

3 Planeje suporte - Inclua meios de treinar os instrutores e promoversuporte necessaacuterio para que eles sejam facilitadores efetivos Edi-toras de livros didaacuteticos geralmente fornecem manuais do professorEsses materiais no entanto devem eventualmente ser adaptados(ou materiais novos devem ser criados) de modo que correspondammelhor aos objetivos do curso

4 Faccedila planos relacionados ao contexto de aplicaccedilatildeo - Deve-se con-siderar os aspectos do contexto de aplicaccedilatildeo que poderatildeo afetar aimplementaccedilatildeo do curso incluindo requisitos tecnoloacutegicos suportelocal para ensino a distacircncia se for o caso horaacuterios adequados paraas aulas disponibilidade de instrutores e potenciais conflitos noshoraacuterios dos alunos

5 Faccedila planos de manutenccedilatildeo do curso ndash programe-se para vaacuterios tiposde avaliaccedilatildeo para o monitoramento do conteuacutedo do curso visando aprecisatildeo e os prazos Observe continuamente a relevacircncia do cursopara os objetivos e requisitos de aprendizagem da organizaccedilatildeo emque se aplica a instruccedilatildeo

Fonte adaptado de Gagneacute et al (2005 p 32)

63

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

sugestotildees e natildeo como regras - direcionadas ao professor de idiomas envolvido no processo de

produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Enfim em linhas gerais a etapa de avaliaccedilatildeo figura como a uacuteltima etapa do modelo ADDIE

Contudo conforme Gagneacute et al (2005 p 35) a avaliaccedilatildeo ocorre em todo o processo e focaliza

aleacutem dos alunos os elementos do curso ndash tal como o curriacuteculo e os materiais didaacuteticos envolvidos ndash

e o processo em si

413 Modelo de Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas

O Modelo de Operaccedilatildeo Global de Ensino de Liacutenguas (ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO

2002 ALMEIDA FILHO 2010) consiste em uma tentativa de compreensatildeo da constituiccedilatildeo e do funci-

onamento da grande e complexa operaccedilatildeo de ensino-aprendizagem de uma LE(ALMEIDA FILHO

2010 p 20) considerando-se para isso a anaacutelise do processo de ensinar outras liacutenguas Esse

processo conforme sugere o autor envolve 4 (quatro) dimensotildees ou fases distintas intrinsecamente

relacionadas umas com as outras e influenciadas por uma dada abordagem ou seja a abordagem

de ensinar do professor Satildeo elas

1 o planejamento das unidades de um curso

2 a produccedilatildeo de materiais didaacuteticos ou a seleccedilatildeo deles

3 as experiecircncias na com e sobre a liacutengua-alvo realizadas com osalunos principalmente dentro mas tambeacutem fora da sala de aula e

4 a avaliaccedilatildeo de rendimento dos alunos (mas tambeacutem a proacutepria autoa-valiaccedilatildeo do professor e avaliaccedilatildeo dos alunos eou externa do trabalhodo professor)

(ALMEIDA FILHO 2010 p 17)

Tomando por base sua proposta de representaccedilatildeo graacutefica simplificada do modelo - a qual

apresentamos por meio da FIG 43 - em um comentaacuterio a respeito da sua dinacircmica Almeida Filho

(1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010) observa que alteraccedilotildees em uma das fases pode

causar mudanccedilas nas demais em cadeia em forma de movimentos proativos e retroativos ou seja

respectivamente para frente - da esquerda para a direita - e para traacutes - da direita para a esquerda

Segundo o autor por exemplo em uma situaccedilatildeo nova de ensino - ou seja aquela que comeccedila com

grupos para os quais natildeo havia provisotildees anteriores de ensino na L-alvo(ALMEIDA FILHO 2010 p

18) ou com grupos em que se abandonou as provisotildees anteriores em prol de uma nova proposta

- as fases podem ser trabalhadas ordenadamente da esquerda para a direita De modo anaacutelogo

alteraccedilotildees podem ser iniciadas em qualquer fase em situaccedilotildees em que jaacute estaacute posto um dado

ensino Em ambos os casos conforme Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho

(2010 p 18) mudanccedilas equilibradoras ocorreratildeo nas outras fases por meio dos jaacute mencionados

efeitos proativos e retroativos A esse respeito Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida

Filho (2010 p 18) acrescenta que satildeo sempre comuns contradiccedilotildees e conflitos ainda que todo o

sistema da operaccedilatildeo global seja de tipo rsquoecoloacutegicorsquo harmonizador(ALMEIDA FILHO 2010 p 18)

64

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Figura 43 Modelo da Operaccedilatildeo Global do Ensino de LiacutenguasFonte adaptado de Almeida Filho (2010 p 22)

De um modo geral segundo Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010

p 18) quanto mais agrave direita ocorrer uma alteraccedilatildeo maior efeito retroativo potencial ela teraacute sobre

as outras fases ou dimensotildees Quanto mais agrave esquerda maior seraacute o potencial proativo Contudo

conforme lembra Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010 p 18) o ponto -

ou fase - em que a alteraccedilatildeo ocorre tambeacutem pode ser relevante Dessa forma natildeo eacute garantido que

mudanccedilas em fases mais agrave esquerda garantam alteraccedilotildees agrave frente com o mesmo vigor Isso quer

dizer por exemplo segundo o autor que um planejamento novo pode natildeo contar com alteraccedilotildees

- ou adaptaccedilotildees - agrave frente adequadas - tais como materiais procedimentos e avaliaccedilotildees Em

contrapartida a suacutebita inserccedilatildeo de um novo sistema de avaliaccedilatildeo - ou seja mudanccedila a direita -

causaraacute uma demanda mais intensa de ajuste agrave esquerda dado que de acordo com Almeida Filho

(1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010 p 19) avaliaccedilotildees tem um grande poder de

controle institucional

Conforme mencionado no iniacutecio desta seccedilatildeo e representado na FIG 43 para Almeida Filho

(1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010 p 17) as etapas ou dimensotildees do processo de

ensinar uma liacutengua satildeo influenciados pela Abordagem de Ensinar do Professor a qual para o autor

tambeacutem poderaacute sofrer mudanccedilas ou rupturas profundas no decorrer do processo mediante reflexatildeo

e estudo(ALMEIDA FILHO 2010 p 19) por parte do professor Essa abordagem para o autor

exerce uma forccedila potencial que orienta as decisotildees e accedilotildees do professor ao longo do tempo nesse

processo de ensinar normalmente materializado na forma de sessotildees ou aulas (ALMEIDA FILHO

2010 p 17) Cabe mencionar que para Almeida Filho (2010 p 17) uma abordagem equivale a

um conjunto de disposiccedilotildees conhecimentos crenccedilas pressupostos eeventualmente princiacutepios sobre o que eacute linguagem humana LE e o que eaprender e ensinar uma liacutengua alvo Como se trata de educaccedilatildeo em liacutenguaestrangeira principiada em contextos formais escolares frequentemente taisdisposiccedilotildees e conhecimentos precisam abranger tambeacutem as concepccedilotildeesde homem ou pessoa humana de sala de aula e dos papeacuteis representadosde professor e de aluno de uma nova liacutengua (ALMEIDA FILHO 2010 p 17)

65

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Figura 44 Modelo Ampliado da Operaccedilatildeo Global do Ensino de LiacutenguasFonte Almeida Filho (2010 p 22)

Para Almeida Filho (2010 p 20) as concepccedilotildees de linguagem de aprender e ensinar uma liacutengua

alvo presentes em sua concepccedilatildeo de Abordagem de Ensinar do Professor mantem-se com a

mateacuteria prima das competecircncias dos professores(ALMEIDA FILHO 2010 p 20) ou seja as

competecircncias impliacutecita aplicada e profissional A primeira diz respeito as intuiccedilotildees crenccedilas e

experiecircncias sobre o que eacute ensinar que o professor possui (ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA

FILHO 2002 ALMEIDA FILHO 2010 p 21) A segunda eacute aquela que capacita o professor a

ensinar de acordo com o que sabe conscientemente(ALMEIDA FILHO 2010 p 21) ou seja

permite-lhe explicar de modo plausiacutevel porque ensina como ensina e porque obteacutem os resultados

que obteacutem A terceira por sua vez consiste em reconhecer seus deveres potencial e importacircncia

social no exerciacutecio do magisteacuterio na aacuterea de ensino de liacutenguas(ALMEIDA FILHO 2010 p 21)

Aleacutem da Abordagem do Professor Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho

(2010 p 21) reconhece outras forccedilas atuantes na construccedilatildeo do processo de ensino-aprendiza gem

as quais conforme notamos na representaccedilatildeo graacutefica ampliada do Modelo de Operaccedilatildeo Global de

Ensino de Liacutenguas (FIG 44) pairam sobre essa abordagem em uma correlaccedilatildeo direta Satildeo elas

os filtros afetivos do professor e dos aprendizes que envolvem ansiedades bloqueios motivaccedilatildeo

pressotildees dos grupos cansaccedilo fiacutesico e oscilaccedilotildees eventuais a abordagem de aprender do aluno a

abordagem de ensino subjacente ao material didaacutetico adotado e os valores desejados por outros no

contexto escolar - tais como a instituiccedilatildeo o diretor os outros professores liacutederes mais velhos eou

com maior poder na instituiccedilatildeo (ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA FILHO

2010 p 21)

Almeida Filho (1996 p 1) aprofunda suas reflexotildees sobre o Modelo de Operaccedilatildeo Global de

Ensino de Liacutenguas abordando a questatildeo (ou etapa) do planejamento de cursos de idiomas o qual

para ele geralmente materializa-se em um documento escrito e expliacutecito O autor confere ao tema

dessa vez um ponto de vista mais operativo e menos descritivo se comparado com Almeida Filho

66

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

(1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010) - citados e discutidos neste capiacutetulo Trata-se o

planejamento para o autor de uma atividade fundamental no processo de ensino de uma liacutengua

especialmente em se tratando de contexto formal Segundo Almeida Filho (1996 p 2) de maneira

restrita o planejamento - o qual geralmente materializa-se em um documento escrito e expliacutecito -

consiste no

processo ordenado e mapeado de decisotildees sobre inserccedilotildees de conteuacutedolinguiacutestico (amostras da liacutengua-alvo explicaccedilotildees generalizaccedilotildees sobreaspectos sistematizaacuteveis dessas amostras e automatizaccedilotildees eventuais)do tipo de processo que seraacute engendrado no curso e da reflexatildeo sobreas decisotildees e resultados das experiecircncias miacutenimas na e sobre a liacutengua-alvo num curso de liacutengua apresentado em forma de unidades de ensino-aprendizagem

(ALMEIDA FILHO 1996 p 2)

O planejamento portanto conforme Almeida Filho (1996 p 1) envolve a previsatildeo de conteuacutedos e

amostras da natureza das experiecircncias com e na liacutengua alvo e em consonacircncia com Stenhouse

(1975) a reserva de procedimentos e momentos para a reflexatildeo sobre o proacuteprio planejamento sobre

materiais procedimentos de aula e de avaliaccedilatildeo jaacute implementados Para Almeida Filho (1996 p 1) -

em sintonia com a visatildeo de Gagneacute et al (2005) a respeito do modelo instrucional ADDIE apresentada

e discutida neste capiacutetulo - o planejamento consiste em uma atividade sensiacutevel ao contexto jaacute que

eacute precedido - no acircmbito da Operaccedilatildeo Global de Ensino de Liacutenguas - pelo reconhecimento - almenos

- dos dados principais do contexto mais amplo em que se insere a situaccedilatildeo de ensino

Em adiccedilatildeo essa atividade prevecirc a explicaccedilatildeo dos pressupostos sobre liacutengualinguagem humana

e sobre ensinar e aprender liacutenguas com os quais o planejador pretende trabalhar (ALMEIDA FILHO

1996 VIANA 1997 p 1 p 33) sendo as suas decisotildees orientadas por uma abordagem de ensinar

liacutenguas e tomadas no sentido de alcanccedilar os objetivos reconhecidos dos aprendizes (ALMEIDA

FILHO 1996 VIANA 1997 p 2 p 33) Conforme lembra Viana (1997 p 33) a descoberta do

perfil dos aprendizes - a qual de fato eacute considerada como essencial - eacute realizada geralmente por

meio do levantamento de dados contextuais focalizando necessidades interesses expectativas e

eventuais fantasias [sobre a liacutengua] dos aprendizes(VIANA 1997 p 33)

Almeida Filho (1996) representa essa concepccedilatildeo de planejamento tambeacutem em termos de accedilotildees

para o planejador Satildeo elas

bull Interpretaccedilatildeo do contexto e antecedentes

bull Justificativa para aprender a liacutengua alvo

bull Definiccedilatildeo dos interesses e necessidades

bull Especificaccedilatildeo de niacuteveis ou ciclos

bull Alinhamento dos materiais meacutetodos e avaliaccedilotildees

bull Definiccedilatildeo dos objetivos

bull Definiccedilatildeo das unidades

bull Avaliaccedilatildeo interna (do planejamento) e momento de reflexatildeo

67

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

(ALMEIDA FILHO 1996)

Compreendemos que Almeida Filho (1996) materializa a ideia de planejamento aplicando em

algumas momentos um vieacutes relativo agrave abordagem comunicativa ou seja o que podemos reconhecer

como dimensatildeo comunicativa Isso acontece por exemplo quando sugere que as categorias Recorte

Comunicativo e Funccedilotildees (comunicativas) sejam consideradas para a atividade de Especificaccedilatildeo

de Unidades (ALMEIDA FILHO 1996 p 11) Natildeo obstante consideramos que o seu conceito

de planejamento pode ser abstraiacutedo de modo que outras abordagens possam ser materializadas

conforme uma dada Abordagem de Ensinar - em consonacircncia com a concepccedilatildeo do Modelo Global

de Ensino de Liacutenguas Assim o tomamos em nosso debate e em nossa praacutetica de produccedilatildeo de

Material Didaacutetico Virtual Livre Com efeito lanccedilamos matildeo do arcabouccedilo teoacuterico relativo a esse

conceito com o cuidado de natildeo impor a visatildeo de que o planejamento deve ser feito necessariamente

pelo vieacutes da abordagem comunicativa

A partir da anaacutelise da concepccedilatildeo de planejamento (ALMEIDA FILHO 1996) consideramos

plausiacutevel dizer que o Modelo de Operaccedilatildeo Global de Ensino de Liacutenguas (ALMEIDA FILHO 1993

ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA FILHO 2010) - tal qual o modelo ADDIE (GAGNEacute et al 2005

ROTHWELL KAZANAS 2003 SEELS GLASGOW 1998 p 21 p 55 p 7) - pode ser considerado

como um modelo instrucional baseado na metodologia de resoluccedilatildeo de problemas de performance

humana (ROTHWELL KAZANAS 2003 p 35) sendo nesse caso dirigido a problemas de ordem

instrucional Essa constataccedilatildeo se justifica na medida em que - baseados na concepccedilatildeo de problemas

de performance humana apresentada por Rothwell e Kazanas (2003 p 35) discutida na seccedilatildeo

412 deste capiacutetulo - consideramos que o delineamento do perfil do contexto para o qual a instruccedilatildeo

seraacute projetada pode estabelecer uma discrepacircncia em relaccedilatildeo aos objetivos que seratildeo definidos

para uma dada situaccedilatildeo de ensino e aprendizagem de liacutenguas Em outras palavras constatamos

a possibilidade de estabelecimento de uma discrepacircncia - ou problema - entre um estado vigente

(estado de Condiccedilatildeo) - ou seja as competecircncias e saberes relacionados agrave liacutengua alvo vigentes - e um

estado ideal (estado de Criteacuterio) representado pelas competecircncias e saberes relacionados agrave liacutengua

alvo que se espera que os aprendizes alcancem com o apoio de um dado contexto instrucional

Em adiccedilatildeo percebemos que a concepccedilatildeo do Modelo de Operaccedilatildeo Global de Ensino de Liacutenguas

bem como da accedilatildeo de planejamento refletem as conclusotildees a que chegam Richards e Renandya

(2002 p 65) e Finney (2002 p 74) apoacutes estudo comparado entre modelos de planejamento de

curriacuteculo syllabus e materiais didaacuteticos no acircmbito do ensino e aprendizagem de liacutenguas Com efeito

segundo Richards e Renandya (2002 p 65)

os processos de desenvolvimento de curriacuteculo e de design de syllabus noacircmbito do ensino de liacutenguas geralmente envolvem a avaliaccedilatildeo das necessi-dades dos aprendizes em um dado programa de liacutengua o desenvolvimentode metas e objetivos o planejamento do syllabus a seleccedilatildeo de abordagensde ensino e de materiais didaacuteicos e a decisatildeo sobre procedimentos ecriteacuterios de avaliaccedilatildeo

(RICHARDS RENANDYA 2002 p 65)

Para Finney (2002 p 74) natildeo obstante a miriacuteade de modelos destacam-se como aspectos

centrais a anaacutelise de necessidades a ecircnfase no processo e no produto o foco no aprendiz e na

68

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

aprendizagem a avaliaccedilatildeo de cada estaacutegio e a necessidade de interaccedilatildeo e integraccedilatildeo entre os

diferentes aspectos do design e da implementaccedilatildeo de processos

Concluiacutemos os debates sobre o Modelo de Operaccedilatildeo Global de Ensino de Liacutenguas relacionando-

o - conforme Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010) - com as propostas de

Anthony (1963) e Richards e Rodgers (1982) as quais se referem agrave querela sobre a definiccedilatildeo dos

termos abordagem meacutetodo metodologia e teacutecnica estabelecida no campo da Linguiacutestica Aplicada

em especial no que se refere ao ensino de liacutenguas estrangeiras

Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010 p 20) reconhece que Anthony

(1963) se esforccedilou no sentido de esclarecer a confusatildeo terminoloacutegica ao apresentar em 1963 a

sua hoje claacutessica e pioneira(ALMEIDA FILHO 2010 p 20) hierarquia entre os termos abordagem

meacutetodo e teacutecnica De fato conforme Richards e Rodgers (1982 p 15) no modelo de Anthony abor-

dagem se refere ao niacutevel no qual hipoacuteteses e crenccedilas sobre o que eacute liacutengua e o que eacute aprendizagem

de liacutenguas satildeo especificadas meacutetodo eacute o niacutevel em que a teoria eacute colocada em praacutetica e em que

satildeo feitas escolhas sobre habilidades e conteuacutedos seratildeo trabalhados - bem como sobre a ordem de

apresentaccedilatildeo dos conteuacutedos Teacutecnica enfim consiste no niacutevel em que procedimentos de sala de

aula satildeo descritos (RICHARDS RODGERS 1982 p 15)

Richards e Rodgers (1982) por sua vez conforme Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002)

Almeida Filho (2010 p 19) retomam a questatildeo concebendo meacutetodometodologia no topo da hierar-

quia e subordinando a eles os conceitos de abordagem planejamento (design) 26 e procedimento

(teacutecnica) no mesmo niacutevel (ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA FILHO 2010

p 19) Com efeito Richards e Rodgers (1982 p 154) em oposiccedilatildeo agrave proposta terminoloacutegica

de Anthony (1963) preferem considerar meacutetodo como um termo geneacuterico para a especificaccedilatildeo e

interrelaccedilatildeo entre teoria e praacutetica(RICHARDS RODGERS 1982 p 154) e raciocinar em termos

de abordagem design e procedimentos Para os autores

() abordagem define as concepccedilotildees crenccedilas e teorias sobre a naturezada linguagem as quais operam como construto axiomaacutetico ou pontosde referecircncia e provem fundamento teoacuterico para o que os professoresde liacutenguas em uacuteltima anaacutelise fazem com os alunos em sala de aula() design especifica a relaccedilatildeo entre teorias sobre linguagem e sobreaprendizagem agrave forma e agrave funccedilatildeo das atividades e dos materiais no contextoinstrucional () o procedimento emfim compreende as teacutecnicas e praacuteticasde sala de aula as quais satildeo consequecircncias de determinados designs eabordagens

(RICHARDS RODGERS 1982 p 154)

Cabe lembrar que ao propor mudanccedilas no arcabouccedilo de Anthony (1963) Richards e Rodgers (1982)

tem como meta o estabelecimento de um quadro que possa ser utilizado para descrever avaliar e

comparar meacutetodos de ensino de liacutenguas (RICHARDS RODGERS 1982 p 164) frente agrave - entatildeo -

proliferaccedilatildeo de meacutetodos de ensino de liacutenguas (RICHARDS RODGERS 1982 p 153)

Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010) estabelece pelo menos trecircs

pontos de divergecircncia entre os trecircs arcabouccedilos teoacutericos O primeiro ponto consiste no fato de que

26Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010) prefere traduzir os termos design etechnique (RICHARDS RODGERS 1982) como planejamento e procedimento respectivamente

69

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

para Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010 p 20) Anthony (1963) e

Richards e Rodgers (1982) a rigor natildeo trabalham com um modelo teoacuterico articulado - tal qual o

Modelo de Operaccedilatildeo Global de Ensino de Liacutenguas - e sim com um arcabouccedilo fixo de posiccedilotildees

conceituais(ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA FILHO 2010 p 20) Ele

ressalta que Anthony (1963) e Richards e Rodgers (1982) natildeo prevem os movimentos proativo e

retroativo - ao contraacuterio do Modelo de Operaccedilatildeo Global de Ensino de Liacutenguas o qual conforme

discutido nesta seccedilatildeo prevecirc um movimento ordenado da esquerda para a direita (ou vice versa)

e de cima para baixo considerando-se a atuaccedilatildeo da abordagem dominante O segundo ponto diz

respeito ao fato de que Richards e Rodgers (1982) natildeo faz discriminaccedilatildeo entre planejamento de

cursos e sua materializaccedilatildeo em unidades de material didaacutetico na fase que chama de planejamento

Aleacutem disso o autor natildeo considera uma fase de avaliaccedilatildeo O terceiro e uacuteltimo ponto se refere a

constataccedilatildeo de que Anthony (1963) e Richards e Rodgers (1982) natildeo prevem a possiblidade de

ruptura na abordagem de ensinar do professor por meio de reflexatildeo sobre o processo de ensino e

aprendizagem

A esse respeito consideramos oportuno lembrar que cada um dos autores - a saber Anthony

(1963) Richards e Rodgers (1982) e Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho

(2010) - propotildeem seus respectivos quadros teoacutericos a partir de objetivos e contextos diferentes

Dessa forma associamos os modelos de Anthony (1963) Richards e Rodgers (1982) e Almeida Filho

(1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010) respectivamente a um contexto histoacuterico cuja

demanda estava em estabelecer os primeiros passos na sistematizaccedilatildeo dos conceitos relativos ao

ensino aprendizagem de liacutenguas considerando-se o campo da Linguiacutestica Aplicada 27 a proliferaccedilatildeo

de meacutetodos e agrave busca do meacutetodo ideal 28 e enfim a predominacircncia e a valorizaccedilatildeo da abordagem

comunicativa como referecircncia para o ensino de liacutenguas 29

414 Modelo de Elaboraccedilatildeo de Materiais Didaacuteticos de Ensino de Liacuten-

guas

Jolly e Bolitho (1998 p 90) apresentam e discutem o Modelo de Elaboraccedilatildeo de Materiais Didaacuteticos

Trata-se de um modelo instrucional cujo objetivo eacute de fato o de representar o processo de elaboraccedilatildeo

de materiais didaacuteticos para o contexto de ensino e aprendizagem de liacutenguas Ele eacute composto por

seis atividades nucleares representadas pela FIG 45 - a saber identificaccedilatildeo da demanda para

produccedilatildeo do material didaacutetico identificaccedilao da necessidade de investigaccedilatildeo teoacuterica efetivaccedilatildeo

contextual efetivaccedilatildeo pedagoacutegica produccedilatildeo uso e avaliaccedilatildeo - as quais encontram reflexo direto em

demandas locais advindas do contexto de ensino e aprendizagem de idiomas conforme argumentam

os autores

A demanda - problema ou necessidade relativa ao acircmbito do ensino e aprendizagem de liacutenguas

- pode ser exemplificada conforme Jolly e Bolitho (1998 p 90) pela constataccedilatildeo de que o livro

27O debate sobre a situaccedilatildeo da Linguiacutestica Aplicada no seacuteculo XX pode ser vista em Richards e Rodgers(1982 p 14)

28De acordo com Richards e Rodgers (1982 p 1)29Conforme Richards e Renandya (2002 p 65) existe uma predominacircncia da abordagem comunicativa na

deacutecada de 1980

70

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Figura 45 Modelo de Elaboraccedilatildeo de Materiais Didaacuteticos de Ensino de LiacutenguasFonte adaptado de Jolly e Bolitho (1998 p 98)

didaacutetico em uso - considerando-se um determinado grupo - natildeo apresenta textos autecircnticos ou

atividades especiacuteficas tais quais atividades de leitura e produccedilatildeo escrita Uma vez constatada

a demanda por esses tipos de textos e atividades - as quais o livro didaacutetico natildeo contempla - o

professor se encontra perante a tarefa de elaborar materiais didaacuteticos de modo a supri-la Estaacute

posta desse modo a fase de identificaccedilatildeo de demanda para produccedilatildeo de material didaacutetico (JOLLY

BOLITHO 1998 p 90)

Apoacutes identificar a demanda o professor poderaacute se deparar com conteuacutedos (significados funccedilotildees

habilidades etc) que natildeo domina ou que precisam ser revistos Jolly e Bolitho (1998 p 91) trazem

como exemplo as noccedilotildees sobre o uso de palavras da liacutengua inglesa - tais como nought nil nothing

zero o - cujo uso pode causar duacutevidas para os aprendizes dessa liacutengua De fato ao perceber que

precisa rever os toacutepicos em termos teoacuterico o professor estaacute no acircmbito da fase de identificaccedilatildeo da

necessidade de investigaccedilatildeo teoacuterica segundo Jolly e Bolitho (1998 p 91)

A efetivaccedilatildeo contextual dos novos materiais propostos estaacute relacionada agrave busca de ideias con-

textos e textos apropriados a uma determinada turma Dessa forma conforme Jolly e Bolitho (1998

p 92) poderaacute haver um problema de efetivaccedilatildeo contextual caso sejam utilizadas atividades que

apresentem temas discrepantes com a realidade local como por exemplo o debate sobre problemas

relativos agrave neve ou agraves manhatildes geladas em atividades dirigidas a paiacuteses tropicais (JOLLY BOLITHO

1998 p 92) Encontramos consonacircncia com o ponto de vista dos autores nas recomendaccedilotildees

e consideraccedilotildees culturais dirigidas aos professores de liacutengua inglesa de Alberta Canadaacute Com

efeito ALBERTA EDUCATION (2007 p 35) recomenda que os professores aprendam sobre o

conhecimento cultural e linguiacutestico preacutevio dos alunos estrangeiros com os quais vatildeo trabalhar que

tenham sensibilidade poliacutetica com relaccedilatildeo a esse puacuteblico - dada a possibilidade de surgimento

de conflitos poliacuteticos pregressos ao se tocarem em determinados assuntos e que evitem visotildees

esteriotipadas sobre a sua cultura de origem

Concordamos com os autores quando chamam a atenccedilatildeo para a adequaccedilatildeo entre os temas

propostos e os contextos locais dos aprendizes Entretanto consideramos plausiacutevel tambeacutem

71

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 43 Quadro comparativo entre os modelos ADDIE Operaccedilatildeo Global de Ensino deLiacutenguas e Quadro de Elaboraccedilatildeo de Material Didaacutetico para o Ensino de Liacutenguas

ADDIE (GAGNE et al

2005 ROTHWELL e KA-

ZANAS 2003 SEELS e

GLASGOW 1998)

OPERACcedilAtildeO GLO-BAL DE ENSINODE LIacuteNGUAS(ALMEIDA FILHO (1993

2002 2010)

QUADRO DEELABORACcedilAtildeODE MATERIALDIDAacuteTICO PARAO ENSINO DELIacuteNGUAS (JOLLY e

BOLITHO 1998)

CONTEXTO INS-TRUCIONAL

Geral Ensino de liacutenguas Ensino de liacutenguas

PERSPECTIVAPREDOMI-NANTE

Teoacuterico-operativa Descritiva Teoacuterico-operativa

PRODUTO OUFOCO PRINCI-PAL

Percurso de en-sino e aprendiza-gem

Percurso de en-sino e aprendiza-gem

Material didaacutetico

BASE METODO-LOacuteGICA OPE-RACIONAL

Resoluccedilatildeo de pro-blemas instrucio-nais e sensibili-dade ao contexto

Resoluccedilatildeo de pro-blemas instrucio-nais e sensibili-dade ao contexto

Resoluccedilatildeo de pro-blemas instrucio-nais e sensibili-dade ao contexto

DINAcircMICA Ordem de fasespre-estabelecidamas o processopode inciar emqualquer umade acordo com ademanda

Ordem de fasespre-estabelecidaMovimentaccedilatildeoproativa e retro-ativa Modeloharmonizador ouecoloacutegico

Ordem de fasespre-estabelecidamas o processopode inciar emqualquer umade acordo com ademanda

72

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

momentos em que satildeo explorados em sala de aula temas relativos agrave cultura alvo que podem natildeo

corresponder agrave cultura local dos aprendizes dada a relevacircncia da compreensatildeo dessa cultura alvo

em se tratando de aprendizagem de uma liacutengua estrangeira a ela associada Compreendemos que

caberaacute ao professor a sensibilidade para abordaacute-los - e quando necessaacuterio elaborar os materiais

didaacuteticos correspondentes - sem perder de vista a noccedilatildeo de efetivaccedilatildeo contextual

Compotildeem ainda o modelo descrito e debatido em Jolly e Bolitho (1998 p 90) a efetivaccedilatildeo

pedagoacutegica a produccedilatildeo fiacutesica do material didaacutetico o seu uso e avaliaccedilatildeo

A efetivaccedilatildeo pedagoacutegica do material didaacutetico diz respeito agrave busca por atividades e agrave elaboraccedilatildeo

apropriadas Dessa forma uma efetivaccedilatildeo pedagoacutegica falha pode ser constatada por exemplo

conforme Jolly e Bolitho (1998 p 93) quando se percebe que o material didaacutetico natildeo estaacute claro o

suficiente a ponto de levar o aluno ao erro ou ao fracasso na realizaccedilatildeo da atividade Os autores

lembram que a escrita eficiente das instruccedilotildees das atividades propostas tem papel decisivo na

efetivaccedilatildeo pedagoacutegica (JOLLY BOLITHO 1998 p 93)

A preocupaccedilatildeo com a produccedilatildeo fiacutesica do material didaacutetico envolve consideraccedilotildees sobre o seu

layout Jolly e Bolitho (1998 p 95) lembram que aparecircncia fiacutesica do material estaacute relacionada agrave sua

efetividade e agrave motivaccedilatildeo dos aprendizes Os autores citam como exemplo de falha relativa a esse

aspecto a confusatildeo provocada por imagens de qualidade ruim e a desmotivaccedilatildeo advinda de uma

maacute organizaccedilatildeo dos espaccedilos entre os elementos de uma paacutegina de um livro didaacutetico

Enfim Jolly e Bolitho (1998 p 96) lembram que o uso eacute uma oportunidade para equacionar o

material didaacutetico com as necessidades que motivaram a sua produccedilatildeo criando contexto propiacutecio

para sua avaliaccedilatildeo Essa avaliaccedilatildeo de fato em linhas gerais consiste para Jolly e Bolitho (1998

p 95) na tentativa de constatar se o material corresponde agraves demandas locais - ou se deve ser

descartado ou adaptado Ademais para os autores a avaliaccedilatildeo pode ser vista como elementos

motivador da dinamicidade do processo de elaboraccedilatildeo de materiais didaacuteticos dado que impulsiona

a revisitaccedilatildeo das outras atividades - a dinacircmica do processo estaacute representada na FIG 45 pelas

setas Para Jolly e Bolitho (1998 p 96) o processo de elaboraccedilatildeo de materiais didaacuteticos eacute dinacircmico

e autoajustaacutevel

Concluiacutemos esta subseccedilatildeo apresentando um quadro comparativo (QUAD 43)que relaciona os

trecircs modelos descritos e analisados neste capiacutetulo - os quais conforme mencionado tomamos como

referecircncia para a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em nossa pesquisa de doutoramento e

em nossa praacutetica Satildeo eles o modelo ADDIE (GAGNEacute et al 2005 ROTHWELL KAZANAS 2003

SEELS GLASGOW 1998 p 21 p 55 p 7 ) o modelo da Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas

(ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA FILHO 2010 p 18) e o Quadro para

Escrita de Material Didaacutetico de Liacutenguas (JOLLY BOLITHO 1998 p 90) O quadro comparativo

(QUAD 43) traz as caracteriacutesticas dos modelos que consideramos baacutesicas

73

A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre

42 A busca por insumos livres beneficiando-se da Cul-

tura Livre

Nesta seccedilatildeo apresentamos a teacutecnica por meio da qual o professor-autor de Materiais Didaacuteticos

Virtuais Livres poderaacute obter insumos livres (textos sons imagem etc) Ela foi experimentada

em todos os contextos de produccedilatildeo de materiais didaacuteticos dessa natureza no decorrer de nossa

pesquisa

Conforme discutido no capiacutetulo 1 desta tese uma das caracteriacutesticas do Material Didaacutetico Virtual

Livre que do nosso ponto de vista permite-nos atribuir-lhe especificidade ndash em relaccedilatildeo aos demais

tipos de materiais didaacuteticos ndash e classificaacute-lo como livre consiste na utilizaccedilatildeo de insumos livres

em sua composiccedilatildeo ou seja insumos registrados sob uma Licenccedila Livre tal qual definido pela

Freedomdefined (sd)

Adotamos a proposta da organizaccedilatildeo natildeo governamental Creative Commons como referecircncia

para nossos trabalhos Essa organizaccedilatildeo propotildee - como debatido no capiacutetulo 1 desta tese - um

conjunto de 6 (seis) licenccedilas flexiacuteveis (QUAD 13) cuja funccedilatildeo eacute identificar e descrever as permissotildees

de utilizaccedilatildeo que os autoresartistas desejam atribuir aos seus respectivos trabalhos

Cabe lembrar que consideramos em conformidade com Faria (2011 p 26) - que nem to-

das as licenccedilas do conjunto Creative Commons podem ser classificadas como Licenccedilas Livres

(FREEDOMDEFINED sd) De fato a presenccedila dos atributos Uso natildeo comerciale Natildeo a obras

derivadassubtraem esse status Consequentemente consideramos que a utilizaccedilatildeo de insumos

com licenccedilas flexiacuteveis que apresentam um desses atributos conferem ao material didaacutetico virtual a

condiccedilatildeo de Livre com Algumas Restriccedilotildees 30

Em termos praacuteticos insumos com licenccedilas Creative Commons podem ser obtidos na Internet

(websites foacuteruns blogs redes sociais etc) Ademais esse insumo pode ser encontrado e even-

tualmente classificado em websites ou repositoacuterios especiacuteficos tais como o Jamendo (sd) 31 e

o Flickr (sd) respectivamente especializados em muacutesica e imagens Caberaacute ao professor que

pretende elaborar materiais didaacuteticos virtuais livres acessar tais espaccedilos virtuais identificar o tipo de

licenccedila atribuiacuteda ao insumo e avaliar se a licenccedila poderaacute ser utilizada em seu material didaacutetico de

modo a caracterizaacute-lo como Livre ou como Livre com Algumas Restriccedilotildees respeitando as liberdades

atribuiacutedas pelos autores dos insumos

O processo de localizaccedilatildeo de insumos livres pode ser otimizado por meio da utilizaccedilatildeo de

mecanismos de busca especiacuteficos ndash como o mecanismo de busca interno do jaacute citado Flickr filtros de

busca especializados disponibilizados em motores de busca convencionais ndash como o motor de busca

do SPINXPRESS (sd) 32 ou ainda pela utilizaccedilatildeo de programas especiacuteficos de compartilhamento

de arquivos ndash como o programa SPINXPRESS (sd) 33

A FIG 46 apresenta uma ferramenta disponibilizada na paacutegina da organizaccedilatildeo natildeo governa-

mental Creative Commons que auxilia o usuaacuterio a localizar insumos licenciados por meio do seu

30A relaccedilatildeo entre Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres com AlgumasRestriccedilotildees e suas respectivas licenccedilas pode ser vista no capiacutetulo 1 e estaacute mapeado no QUAD 14

31httpwwwjamendocom32httpwwwgooglecombr33httpwwwspinxpresscom

74

A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre

Figura 46 Ferramenta de busca do Creative Commons - tela principalFonte adaptado de CREATIVE COMMONS (sd)

conjunto de licenccedilas a partir de palavras chave Ele solicita a indicaccedilatildeo do repositoacuterio ndash para o qual

apontaraacute a pesquisa ndash e permite que esse usuaacuterio especifique as caracteriacutesticas da licenccedila desejada

Ademais o usuaacuterio poderaacute indicar se deseja encontrar insumos cujos autores permitem o uso para

fins comerciais eou modificaccedilatildeo adaptaccedilatildeo ou uso em outras obras

De fato o usuaacuterio poderaacute buscar insumos por exemplo relacionados ao Palio di Siena ou agrave

Divina Commedia Para tanto ele poderaacute utilizar as expressatildeo Palio di Siena ou Divina Commedia

indicando que deseja apontar sua busca para o repositoacuterio Jamendo Ao escolher esse repositoacuterio

ele tem consciecircncia de que encontraraacute em caso de busca bem sucedida muacutesicas ou viacutedeos

relacionados agraves expressotildees indicadas dado que o Jamendo eacute um repositoacuterio especializado nesse

tipo de insumo A busca poderaacute ser ainda mais especiacutefica se o usuaacuterio por exemplo marcar a opccedilatildeo

de filtragem ldquomodificar adaptar ou usar noutras obrasrdquo referente ao insumo

Ressaltamos que a utilizaccedilatildeo dessa ferramenta natildeo isenta o usuaacuterio da tarefa de observar se os

insumos encontrados estatildeo realmente licenciados de acordo as especificaccedilotildees da busca Segundo

CREATIVE COMMONS BRASIL (sd)

Note por favor que a searchcreativecommonsorg natildeo eacute um motor depesquisa Pelo contraacuterio oferece uma forma conveniente de acesso aserviccedilos de pesquisa disponibilizados por outras entidades independentesA CC natildeo tem qualquer controle sobre os resultados Natildeo assuma queos resultados apresentados pela pesquisa neste portal foram licenciadoscom uma licenccedila CC Deve verificar sempre que a obra estaacute efectivamentelicenciada com uma licenccedila CC seguindo o respectivo link Dado que parautilizar uma licenccedila CC natildeo eacute necessaacuterio qualquer registo a CC natildeo dispotildeede nenhuma forma de determinar o que foi ou natildeo foi disponibilizado nostermos de uma licenccedila CC Se tiver qualquer duacutevida a este respeito devecontactar directamente o detentor dos direitos de autor ou tentar contactar

75

A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre

Figura 47 Documentaccedilatildeo de insumos identificaccedilatildeo da licenccedila de uma imagemFonte adaptado de Flickr (sd)

o site onde encontrou o conteuacutedo (CREATIVE COMMONS BRASIL sd)

Tomamos essa ressalva como recomendaccedilatildeo geral para o processo de produccedilatildeo de Material

Didaacutetico Virtual Livre Recomendamos essa avaliaccedilatildeo ad hoc por parte do professor-autor mesmo

que se trate de uma pesquisa feita por intermediaccedilatildeo de qualquer outro canal Deve-se ter consci-

ecircncia de que nesse caso natildeo estaacute em jogo apenas a questatildeo da postura eacutetica profissional mas

tambeacutem a possibilidade de puniccedilatildeo legal pelo uso indevido de insumos cujas liberdades de utilizaccedilatildeo

foram estabelecidas por licenccedilas Creative Commons Vale lembrar que conforme Gabriel (2013

p 49) e CREATIVE COMMONS BRASIL (sd) essas licenccedilas jaacute foram traduzidas e adaptadas agrave

legislaccedilatildeo de vaacuterios paiacuteses - dentre os quais o Brasil - e que o seu uso indevido pode ser julgado

como violaccedilatildeo de direitos autorais

Recomendamos que o professor-autor de Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres - ou Livres com

Restriccedilotildees - lance matildeo de registros pessoais datados - aleacutem da disponibilizaccedilatildeo da fonte de

dados no proacuteprio material didaacutetico com as condiccedilotildees originais de licenciamento dos trabalhos

subjacentes como discutido no capiacutetulo 1 e citado na Tabela 15 desta tese - por meio dos quais

poderaacute comprovar as liberdades estabelecidas para os insumos utilizados em suas sequencias

didaacuteticas livres resguardando-se legalmente Essa documentaccedilatildeo pode ser feita por exemplo por

meio da captaccedilatildeo de imagens em que apareccedilam o conteuacutedo e a respectiva licenccedila A FIG 47

apresenta uma tela em que constam os dados de licenciamento de uma imagem A letra (A) na FIG

47 indica a licenccedila atribuiacuteda agrave imagem Nesse caso trata-se de uma licenccedila Creative Commons ndash

Atribuiccedilatildeo natildeo comercial - Compartilha igual

Nas seccedilotildees subsequentes apresentamos alguns exemplos reais de buscas de insumos livres

Natildeo eacute nossa intenccedilatildeo apresentar todos os recursos e repositoacuterios especializados em conteuacutedo com

76

A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre

Figura 48 Flikr - Tela de busca manual de imagens com licenccedilas Creative CommonsFonte adaptado de Flickr (sd)

licenccedila Creative Commmons mas sim ilustrar melhor algumas possibilidades de busca Trazemos

como exemplos buscas realizadas a partir de temas aleatoacuterios da cultura italiana utilizando os

repositoacuterios Flickr e Jamendo bem como o filtro do motor de busca do Google e o programa de

compartilhamento especializado Spinxpress

421 Busca de insumos livres com o Flickr imagens

O Flickr eacute um site de gerenciamento e compartilhamento de imagens que oferece a possibilidade de

armazenar e buscar imagens com licenccedila Creative Commons configurando-se dessa forma como

um repositoacuterio de imagens com licenccedilas flexiacuteveis

A partir do site eacute possiacutevel empreender buscas manuais e mecacircnicas As buscas manuais

ou seja sem o auxiacutelio de mecanismos de busca podem ser feitas pela paacutegina intitulada Explo-

rarCreative Commons(FIG 48) cujo acesso se daacute pelo item Explorardo seu menu principal

do Flickr O usuaacuterio ao abrir a paacutegina poderaacute manualmente explorar as imagens as quais se

apresentam organizadas de acordo com os 6 (seis) tipos de licenccedilas propostas pela organizaccedilatildeo

natildeo governamental Creative Commons A FIG 48 apresenta 2 (duas) das 6 (seis) categorias ndash a

saber as categorias Atribuiccedilatildeoe Atribuiccedilatildeo - natildeo a obras derivadas

As buscas automaacuteticas por sua vez podem ser empreendidas com o motor de busca interno

disponibilizado na mesma paacutegina ExplorarCreative Commons A FIG 49 mostra as primeiras 28

(vinte e oito) fotos de um total de 4829 (quatro mil oitocentos e vinte e nove) referenciadas pelo

termo chiesa cujas liberdades estatildeo representadas pela licenccedila Creative Commons ndash Atribuiccedilatildeo

A partir das paacuteginas de resultados o usuaacuterio poderaacute selecionar a imagem desejada clicando

sobre ela e em seguida proceder com a confirmaccedilatildeo do tipo de licenccedila Selecionamos como

exemplo a imagem de uma igreja do povoado de Cittagrave Nova em Moacutedena Itaacutelia (FIG 410)

77

A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre

Figura 49 Flickr resultado de busca de imagens Creative Commons ndash Atribuiccedilatildeo com otermo chiesa

Fonte adaptado de Flickr (sd)

Identificamos ao acessar a imagem que a foto eacute de autoria de Roberto Ferrari e que ela foi tirada

no dia 4 de junho de 2006 (FIG 410 - A) com uma maacutequina fotograacutefica modelo Canon PowerShot

G6 (FIG 410 - A) Confirmamos ainda que o autor da foto atribuiu uma licenccedila Creative Commons

ndash Atribuiccedilatildeo-CompartilhaIgual (FIG 410 - B)

Essa licenccedila permite que a foto seja reproduzida distribuiacuteda e adaptada mesmo que para

fins comerciais desde que a autoria da foto seja mencionada nos trabalhos derivados e que tais

trabalhos sejam licenciados com a mesma licenccedila da foto

422 Busca de insumos livres com o SpinXpress miacutedias em geral

O Spinxpress consiste em um projeto que viabiliza a elaboraccedilatildeo de trabalhos envolvendo miacutedias

Ele tem como meta a disponibilizaccedilatildeo de ferramentas para busca e compartilhamento de miacutedias

de qualquer tamanho tipo ou licenccedilas incluindo o conjunto de licenccedilas Creative Commons A

procura por miacutedias livres pode ser feita no proacuteprio site do projeto com o auxilio de um mecanismo de

busca intitulado Get Media ou por meio de um programa de compartilhamento de arquivos instalado

localmente O mecanismo de busca online (FIG 411) permite que o usuaacuterio escolha o tema o

tipo de licenccedila e de miacutedia desejados bem como a fonte de pesquisa De fato aleacutem de cobrir o

proacuteprio repositoacuterio o mecanismo de busca varre tambeacutem repositoacuterios e paacuteginas externas Conforme

declarado no proacuteprio site o Get Media busca em

1 Repositoacuterios - tais como o The Internet Archive 34 o Flickr e o bliptv35

34httparchiveorgindexphp35httpwwwbliptv

78

A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre

Figura 410 Flickr resultado de busca de imagens Creative Commons ndash Atribuiccedilatildeo com otermo chiesa uma igreja em Citta Nova Moacutedena Itaacutelia

Fonte adaptado de Flickr (sd)

2 Bancos de dados armazenados e atualizados constantemente peloSPINXPRESS (sd) e pelo Magnatune (sd) 36 e

3 Feeds RSS incluindo o ccMixter CCHits e o Freelog

(SPINXPRESS sd)

O programa de compartilhamento de arquivos do SpinXpress - cujo download pode ser feito no

site do projeto - permite que o usuaacuterio distribua e procure miacutedias com licenccedila Creative Commons

A FIG 412 mostra os resultados de uma busca que realizamos com a expressatildeo italiana musica

leggera Cabe mencionar que a versatildeo do programa de compartilhamento do SpinXpress que

utilizamos nesta busca natildeo oferece a possibilidade de filtragem pelo tipo de licenccedila Entre os

programas e aplicativos estudados e utilizados em nossa pesquisa percebemos que esse foi o

menos eficiente em termos de localizaccedilatildeo de insumos livres De fato a expressatildeo musica leggera

apresentou-nos apenas 4 (quatro) arquivos como resultado (FIG 412 - A) sendo esses registrados

com a licenccedilas Creative Commons - Atribuiccedilatildeo - Uso natildeo comercial - ou seja como discutido no

capiacutetulo 1 desta tese uma licenccedila que apesar de flexiacutevel seraacute considerada natildeo livre

As informaccedilotildees sobre os arquivos encontrados podem ser vistas ao se posicionar sobre eles

o ponteiro do mouse Como indicado na FIG 412 ao fazecirc-lo apareceraacute um quadro (FIG 412 -

B) com as informaccedilotildees Trata-se conforme mencionamos de um arquivo de muacutesica cuja licenccedila

permite a sua reproduccedilatildeo distribuiccedilatildeo e adaptaccedilatildeo desde que natildeo seja para fins comerciais e que

a sua autoria seja declarada nos trabalhos derivados Vale lembrar que a utilizaccedilatildeo desse insumo -

consideramos - atribui o status de Livre com Restriccedilotildees ao material didaacutetico virtual dada a presenccedila

do atributo Uso natildeo comercialem seu licenciamento

36httpmagnatunecom

79

A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre

Figura 411 Tela do mecanismo de busca online do SpinXpressFonte adaptado de SPINXPRESS (sd)

Figura 412 SpinXpress resultado de busca de miacutedias com o termo musica leggeraFonte adaptado de SPINXPRESS (sd)

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A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre

423 Busca de Insumos Livres com o Jamendo muacutesicas

O Jamendo eacute um site de distribuiccedilatildeo de muacutesicas livres sediado em Luxemburgo Trata-se - de acordo

com Wikipedia por meio da entrada Jamendo - em linhas gerais de um repositoacuterio de muacutesicas

que conta com 25 empregados e que pode ser considerado um dos principais protagonistas no

movimento da muacutesica livre na Franccedila(JAMENDO sd)

O seu modelo de negoacutecio - segundo JAMENDO (sd) - visa tanto o financiamento proacuteprio quanto

dos artistas Ele envolve 3 (trecircs) canais ou formas de obtenccedilatildeo de receita publicidade recebimento

de doaccedilotildees dos usuaacuterios do site e contratos comerciais pelo Jamendo PRO A renda com publicidade

eacute dividida em 50 entre o site e os artistas sendo que cada um dos artistas recebe de acordo com

a quantidade de visualizaccedilotildees de suas muacutesicas em relaccedilatildeo aos demais As doaccedilotildees satildeo recebidas

inteiramente pelos artistas subtraiacuteda de uma pequena porcentagem para o site O Jamendo PRO

enfim consiste em uma loja de compra de licenccedilas para uso comercial As muacutesicas adquiridas

pelo Jamendo PRO seratildeo utilizadas por exemplo em ambientes de aeroportos restaurantes

supermercados filmes ou documentaacuterios (JAMENDO sd) Conforme lembra JAMENDO (sd) os

canais France 2 (FRANCE 2 - TV sd) 37 e Arte (ARTE - TV sd) 38 utilizam com regularidade as

obras do Jamendo PRO

Vale mencionar que os usuaacuterios podem ouvir o seu conteuacutedo no proacuteprio site ou ainda baixaacute-lo

Aleacutem de muacutesicas o Jamendo disponibiliza uma radio online por meio de streaming

As buscas de insumos no Jamendo ndash tal qual no Flikr ndash podem ser feitas manualmente ou com

a ajuda de um mecanismo de busca disponiacutevel em uma de suas paacuteginas O usuaacuterio - conforme

observa a Wikipedia ainda por meio da entrada Jamendo - em sua busca manual pode encontrar

muacutesicas e aacutelbuns utilizando-se de tags correspondentes ao estilo musical - jazz rock pop reggae

- de sua preferecircncia A FIG 413 apresenta o mecanismo de busca avanccedilada do Jamendo Ele

permite que o usuaacuterio faccedila a filtragem da busca especificando o paiacutes de origem (FIG 413 - A) a

liacutengua (FIG 413 - B) e o tipo de licenccedila (FIG413 - C) desejados

Empreendemos uma busca no Jamendo utilizando a tag pop e especificando o paiacutes e a liacutengua

desejada ndash Itaacutelia e italiano respectivamente Procuramos por muacutesicas com atribuiccedilatildeo Creative

Commons - Atribuiccedilatildeo - compartilha igual A FIG 414 apresenta um dos resultados encontrados

Trata-se da canccedilatildeo intitulada Sogno de Andrea Pardi Giuggie Alberto Bruzzese

Confirmamos ndash por meio de uma anaacutelise ad hoc ndash o tipo de licenccedila atribuiacuteda agrave canccedilatildeo (FIG 414

- A) Trata-se de fato da licenccedila Creative Commons - Atribuiccedilatildeo - compartilha igual A reproduccedilatildeo

distribuiccedilatildeo e adaptaccedilatildeo da muacutesica Sogno estatildeo permitidas inclusive para fins comerciais desde

que as obras derivadas mencionem a sua autoria e que a licenccedila seja perpetuada

37France 2 eacute o principal canal de televisatildeo puacuteblico francecircs e o segundo mais visto na Franccedila(FRANCE 2sd)

38Arte - Association Relative agrave la Teacuteleacutevision Europeacuteenne Trata-se de uma rede de televisatildeo franco-alematildeque procura promover uma programaccedilatildeo de qualidade no que se refere ao mundo das artes e da cultura Suasede se localiza em Estrasburgo (Franccedila) com filial em Baden-Baden (Alemanha)(ARTE sd)

81

A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre

Figura 413 Tela de busca avanccedilada do JamendoFonte adaptado de Jamendo (sd)

Figura 414 Resultados de busca no Jamendo a canccedilatildeo Sogno e sua licenccedilaFonte adaptado de Jamendo (sd)

82

A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre

Figura 415 Motor de busca Google - tela da filtragem avanccediladaFonte adaptado de Google (sd)

424 Busca de Insumos livres utilizando o Google arquivos e paacutegi-

nas da web em geral

O motor de busca da empresa Google apresenta diversas opccedilotildees de filtragem para suas pesquisas

Em sua busca avanccedilada o usuaacuterio poderaacute especificar a maneira como a expressatildeo deveraacute ser

procurada ndash por exemplo pela palavra exata por todas as palavras ou excluindo todas as expressotildees

ndash restringir a busca pelo idioma pela regiatildeo pela uacuteltima atualizaccedilatildeo pelo site ou domiacutenio ou ainda

pelos direitos de uso do item procurado ndash entre outras A opccedilatildeo Direitos de Uso oferece as 6 (seis)

possibilidades de licenccedilas Creative Commons A FIG 415 apresenta parte da tela do filtro avanccedilado

Em (A) podemos ver a opccedilatildeo Direitos de Uso a qual nos interessa especialmente na busca por

insumos com licenccedilas flexiacuteveis ou dentre elas com licenccedilas livres

Apresentamos como exemplo o resultado de uma busca em que utilizamos a palavra italiana

quotidiano Lanccedilamos matildeo da opccedilatildeo de filtragem intitulada Direitos de Uso restringindo a busca a

sites cujo conteuacutedo apresentasse itens livres para uso modificaccedilatildeo e compartilhamento inclusive

para fins comerciais Para isso escolhemos a opccedilatildeo Sem restriccedilotildees de uso ou compartilhamento

mesmo comercialmente no menu de opccedilotildees Parte dos resultados da busca pode ser vista na FIG

416 a qual apresenta as 4 (quatro) primeiras paacuteginas de um total de 132000 (cento e trinta e duas

mil)

Acessamos um dos links indicados e encontramos o site intitulado Radio Frequenza Appenino

Trata-se em linhas gerais de um projeto que visa dar voz aos jovens dos povoados da regiatildeo dos

Alpes Bolonheses (RFA sd) na Itaacutelia A proposta eacute que por meio da utilizaccedilatildeo de canais de

comunicaccedilatildeoinformaccedilatildeo e de uma postura de jornalismo participativo esses jovens desenvolvam

noccedilotildees de cidadania discutindo sobre temaacuteticas ligadas agrave imigraccedilatildeo agrave intercultura e ao encontro de

geraccedilotildees entre outros temas

O site da RFA - Radio Frequenza Appenino - disponibiliza uma seacuterie de programas de raacutedio e TV

em liacutengua italiana por meio de canais Livestream A FIG 417 apresenta um desses canais Ele

permite que os internautas vejam a transmissatildeo (FIG 417 - A) e interajam com os apresentadores -

83

Atribuiccedilatildeo de liberdades ao material didaacutetico virtual promovendo a cultura livre

Figura 416 Exemplo de resultado de busca por licenccedila - motor de busca Googlequotidiano

Fonte adaptado de Google (sd)

bem como com outros internautas - por meio de um chat (FIG 417 - B)

Confirmamos (FIG 417 - C) que todo o conteuacutedo disponibilizado no site da RFA - Radio

Frequenza Appenino - poderaacute ser reproduzido distribuiacutedo e adaptado inclusive para fins comerciais

desde que nos trabalhos derivados seja feita atribuiccedilatildeo aos seus autores

43 Atribuiccedilatildeo de liberdades ao material didaacutetico virtual

promovendo a cultura livre

Nesta seccedilatildeo discutimos o terceiro e uacuteltimo aspecto relativo agrave metodologia de produccedilatildeo de material

didaacutetico de natureza virtual livre conforme haviamos anunciado Trazemos para debate as teacutecnicas

adotadas para a realizaccedilatildeo do licenciamento desse tipo de material didaacutetico

Em termos operativos licenciar o material didaacutetico virtual como Livre significa atribuir-lhe uma

licenccedila livre ou seja em nossa proposta uma das 6 (seis) licenccedilas Creative Commons que natildeo

contenham os atributos Uso natildeo Comerciale Natildeo a obras derivadas De fato conforme discutido

no capiacutetulo 1 desta tese consideramos que a presenccedila de insumos licenciados com esses dois

atributos confere-lhe o status de Livre com Algumas Restriccedilotildees Em ambos os casos - a saber Livre

ou Livre com Restriccedilotildees - a atribuiccedilatildeo de licenccedilas envolve em linhas gerais

1 a anaacutelise da Sequecircncia Didaacutetica a ser licenciada

2 a anaacutelise e a escolha da licenccedila flexiacutevel adequada

3 e a aplicaccedilatildeo da licenccedila agrave Sequecircncia Didaacutetica

84

Atribuiccedilatildeo de liberdades ao material didaacutetico virtual promovendo a cultura livre

Figura 417 Radio Frequenza Appenino - canal com conteuacutedo livreFonte adaptado de RFA (sd)

Figura 418 Mecanismo informatizado de atribuiccedilatildeo de licenccedila Creative CommonsFonte adaptado de CREATIVE COMMONS BRASIL (sd)

85

Atribuiccedilatildeo de liberdades ao material didaacutetico virtual promovendo a cultura livre

Figura 419 Resultado do processo de escolha da licenccedila Creative CommonsFonte adaptado de CREATIVE COMMONS BRASIL (sd)

O processo de escolha das licenccedilas que adotamos em nossa pesquisa - bem como em nossa

praacutetica - realiza-se com o auxiacutelio de um mecanismo informatizado disponibilizado na paacutegina da

organizaccedilatildeo natildeo governamental Creative Commons e reproduzido na FIG 418 A partir desse

mecanismo o usuaacuterio responderaacute perguntas relativas agraves caracteriacutesticas que deseja atribuir agrave licenccedila

do seu trabalho Ele indicaraacute por exemplo o tiacutetulo do trabalho o nome do autor a URL do trabalho

a URL do material usado como fonte do trabalho ndash ou seja no caso de produccedilatildeo de Material Didaacutetico

Virtual Livre dos insumos utilizados - o contato para outras permissotildees e informaccedilotildees sobre o

estilo do siacutembolo que seraacute gerado e associado ao trabalho

A FIG 419 apresenta o resultado final do processo de escolha da licenccedila Creative Commons

Licenciamos como exemplo uma Sequecircncia Didaacutetica fictiacutecia de nossa autoria denominada Sequecircn-

cia Didaacutetica 1 Atribuiacutemos agrave sequecircncia a licenccedila Creative Commons - Atribuiccedilatildeo Indicamos tambeacutem

a fonte - fictiacutecia - do insumo ou seja o site wwwsitedeorigemcom Esses dados seratildeo anexados agrave

sequencia didaacutetica conforme apresentados na FIG 419 - A Para tanto basta recortar o coacutedigo

HTLM gerado pelo mecanismo (FIG 419 - B) e inseri-lo na sequecircncia didaacutetica virtual para a qual a

licenccedila foi criada

86

O uso de software livre

44 O uso de software livre

Abordamos nesta seccedilatildeo o aspecto da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre relativo agrave utilizaccedilatildeo

de software livre como suporte Para tanto apresentamos nas subseccedilotildees posteriores um debate

acerca dos programas que utilizamos em nossa pesquisa Satildeo eles o sistema de criaccedilatildeo de

blogs e gerenciamento de conteuacutedos Wordpress e o programa de autoria EXElearning Conforme

anunciamos na introduccedilatildeo deste capiacutetulo nosso objetivo eacute o de apresentar as suas caracteriacutesticas

gerais

Vale ressaltar que nossa escolha por esses programas se deu principalmente por se tratarem

de software natildeo proprietaacuterio customizaacuteveis de acesso gratuito e de faacutecil utilizaccedilatildeo instalaccedilatildeo e

customizaccedilatildeo por usuaacuterios natildeo programadores Contribuiu ainda para nossa escolha - entre outros

fatores - a presenccedila de variados recursos que correspondem agrave praacutetica relacionada ao ensino e

aprendizagem de liacutenguas - tais como entre outros atividades de verdadeiro ou falso cloze e muacuteltipla

escolha ou seja formatos de atividades consagrados e de ampla utilizaccedilatildeo nesse contexto - e

a qualidade apresentada por ambos no que tange aspectos que vatildeo desde o seu funcionamento

ateacute a sua interface - a qual consideramos com efeito bastante amigaacutevel Isso significa em outras

palavras que consideramos ambos os programas coerentes com a nossa concepccedilatildeo de Material

Didaacutetico Virtual Livre e adequados para produccedilatildeo desse tipo de material didaacutetico em contextos de

ensino e aprendizagem de liacutenguas sobretudo em contextos formais

441 O sistema de blogs e de gerenciamento de conteudos para web

Wordpress

O Wordpress consiste em um sistema livre de publicaccedilatildeo e gerenciamento de blogs e conteuacutedos

para web De fato conforme nos lembra Lary (2010 p 19) o Wordpress eacute um sistema flexiacutevel

que pode ser usado em projetos colaborativos em departamentos de universidades na criaccedilatildeo de

portfoacutelios de artistas sites para empresas e certamente blogs pessoais

Trata-se o Wordpress de um sistema de faacutecil instalaccedilatildeo configuraccedilatildeo e utilizaccedilatildeo Como

observa Lary (2010 p 21) ele oferece uma rica ediccedilatildeo de textos a possibilidade de utilizaccedilatildeo de

miacutedias embutidas (tais como viacutedeos imagens e sons) um eficiente sistema de gerenciamento de

menus a possibilidade de utilizaccedilatildeo de temas diversos widgets - ou seja componentes de arrastar

e colar que podem ser fixados nas barras laterias (LARY 2010 p 22) - e plug-ins - entre outras

caracteriacutesticas

A FIG 420 apresenta a tela de ediccedilatildeo de posts do Wordpress Ressaltamos a presenccedila do

Painel de gerenciamento (FIG 420 - A) da aacuterea de ediccedilatildeo de posts (FIG 420 - B) a qual apresenta

as opccedilotildees de ediccedilatildeo em versatildeo texto ou HTML o painel recursos de publicaccedilatildeo (FIG 420 - C) e o

painel de gerenciamento de tags

Ilustramos por meio da FIG 421 o conjunto de paineacuteis de administraccedilatildeo do Wordpress Per-

cebemos por meio do painel uma amostra dos recursos oferecidos pelo sistema De fato ele

apresenta recursos ligados agrave administraccedilatildeo de posts miacutedias paacuteginas comentaacuterios aparecircncia

plug-insusuaacuterios ferramentas configuraccedilotildees e paineacuteis

87

O uso de software livre

Figura 420 Wordpress Tela de ediccedilatildeo e de postsFonte adaptado de CODEX WORDPRESS (sd)

Figura 421 Wordpress Paineacuteis de administraccedilatildeoFonte adaptado de CODEX WORDPRESS (sd)

88

O uso de software livre

442 O programa de autoria EXElearning

O EXElearning eacute um programa de autoria livre elaborado com o apoio do governo neozelandecircs

e da organizaccedilatildeo natildeo governamental neozelandesa de pesquisa e desenvolvimento educacional

CORE 39 nos acircmbitos da Universidade de Auckland 40 da Universidade de Tecnologia de Auckland41 e do Politeacutecnico Tairawhiti 42 (EXElearning sd) com o intuito de auxiliar professores e demais

acadecircmicos na tarefa de elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de conteuacutedo na web sem a necessidade de

conhecimento especiacutefico de linguagens de programaccedilatildeo (EXElearning sd SILVA 2011 p 43)

Conforme nos lembram EXElearning (sd) e Silva (2011 p 43) o EXElearning permite que o

conteuacutedo produzido seja publicado nos padrotildees IMS Content Package IMS Common Cartridge

SCORM 12 aleacutem de paacuteginas HTML - o que consideramos demonstra que os seus autores tiveram

a intenccedilatildeo de facilitar ao maacuteximo a interoperabilidade do EXElearning jaacute que os formatos citados

configuram-se como padrotildees criados para promover a interoperabilidade entre programas Citamos

como exemplo de interoperabilidade o fato de que Sequecircncias Didaacuteticas salvas no padratildeo SCORM

12 podem ser lidas e utilizadas tambeacutem no Ambiente Virtual de Aprendizagem Moodle 43

O programa de autoria EXElearning pode ser obtido gratuitamente por meio de download na

paacutegina do projeto a que pertence ou seja projeto EXElearning 44 Ele apresenta como caracteriacutestica

como lembra Silva (2011 p 44) o fato de que o acesso agrave sua interface de utilizaccedilatildeo se da

sem a necessidade de conexatildeo agrave rede por meio dos navegadores Firefox (livre) Internet Explorer

(proprietaacuterio) e Chrome (livre) Dessa forma uma vez instalado o software o usuaacuterio encontraraacute

uma interface veloz intuitiva e faacutecil de trabalhar(SILVA 2011 p 44) Apresentamos por meio da

FIG 422 a interface de trabalho do EXElearning e os seus componentes Na interface podemos

destacar as 4 (quatro) principais aacutereas de operaccedilatildeo o Menu Principal (FIG 422 - A) o Painel de

Destaque que mostra a estrutura das atividades em forma de aacutervore (FIG 422 - B) o Painel Idevice

que contem os tipos de atividades padratildeo que o programa oferece ao usuaacuterio e que podem ser

inseridos nas atividades eou Sequecircncias Didaacuteticas (FIG 422 - C) e a Aacuterea de trabalho (FIG 422 -

D)

Destacamos ainda na FIG422 dois aspectos da interface com o intuito de melhor compreender

o seu funcionamento Em primeiro lugar observamos que a Aacuterea de trabalho (FIG 422 - D)

apresenta um trecho de uma Sequecircncia Didaacutetica intitulada The goose that laid the golden eggs 45

por meio da qual o autor propotildee em siacutentese que o aprendiz faccedila uma reflexatildeo a respeito de um

texto disponibilizado em aacuteudio e em forma de texto escrito com o mesmo nome da atividade Em

segundo lugar ressaltamos no Painel Idevice o conjunto de tipos de atividades e elementos que o

programa de autoria EXElearning disponibiliza em seu formato padratildeo Cada um dos itens da lista

apresenta um tipo de atividade preacute-estruturada com determinadas caracteriacutesticas e com a qual o

usuaacuterio poderaacute trabalhar em sua Sequecircncia Didaacutetica Apresentamos com base em Silva (2011

39httpwwwcore-edorg40httpwwwaucklandacnzuoa41httpwwwautacnz42httpwwweitacnztairawhiti43httpwwwmoodleorgbr44httpwwwexelearningorg45Em portuguecircs O ganso dos ovos de ouro

89

O uso de software livre

Figura 422 EXElearning - interface e seus componentesFonte Adaptado de EXElearning (sd)

p 47) em portuguecircs no QUAD 44 os tipos de atividades (Idevices) disponibilizadas no Painel

Idevice acompanhadas de suas respectivas funccedilotildees Acrescentamos que o EXElearning permite

que os usuaacuterios criem novos modelos de atividades

90

O uso de software livre

Quadro 44 EXElearning e sua tipologia de atividades (Idevices)

IDevice DescriccedilatildeoObjetivos Identifica os objetivos da atividade ou Sequecircncia Didaacutetica elaborada

Preacute-requisitos

Considera os preacute-requisitos e conhecimentos que se espera que o aprendiz possua paramelhor compreensatildeo das atividades

Atividade Trata-se de um modelo de tarefa simples O apredniz poderaacute fazer a leitura de um pequenotexto pensar nas respostas e ao clicar em um botatildeo saber se as suas hipoacuteteses deresposta estatildeo corretas ou natildeo

Cloze Neste modelo de atividade algumas palavras ou expressotildees satildeo ocultados de modo queo aprendiz preencha os espaccedilos em branco com as expressotildees corretas

Atividades deLeitura

Esta atividade consiste na disponibilizaccedilatildeo de um espaccedilo para leitura (ou seja inserccedilatildeode um texto) a solicitaccedilatildeo de uma reflexatildeo sobre a leitura e de feedback associado agraveproposta de reflexatildeo

Ampliador deimagens

Permite a visualizaccedilatildeo ampliada de partes de uma determinada figura inserida pelo autor

Applet Java Permite a inserccedilatildeo de applets Java para compor o conteuacutedo das atividades ou SequecircnciasDidaacuteticas

Artigo Wikibo-oks

Permite que o EXElearning busque arquivos relacionados a um determinado termodiretamente na Wikipedia importando o texto para a atividade ou Sequecircncia Didaacutetica

Estudo decaso

Apresenta uma determinada situaccedilatildeo ou caso de modo que o aprendiz possa se envolverem estudos de caso ou seja compreender um caso e aplicar o que aprendeu em novassituaccedilotildees

Galeria deImagens

Permite a criaccedilatildeo de um aacutelbum com imagens

Verdadeiroou falso

Permite a criaccedilatildeo de atividades de verdadeiro ou falso

Muacuteltipla esco-lha

Satildeo apresentadas diferentes respostas para que o aprendiz possa escolha a mais ade-quada a uma solicitaccedilatildeo

RSS Permite a inserccedilatildeo de conteuacutedos disponibilizados via RSS

Reflexatildeo Apresenta as mesmas propriedades do recurso Atividade

SCORM Quiz Consiste em uma atividade em formato de QUIZ

Selaccedilatildeo muacutelti-pla

Ideal para situaccedilotildees em que haja mais de uma opccedilatildeo que responda adequadamente agravessolicitaccedilotildees feitas no enunciado

Siacutetio web ex-terno

Permite que um site da web possa ser visualizado em uma atividade sem que hajanecessidade de que uma nova janela do navegador seja aberta

Texto livre Permite a inserccedilatildeo de diferentes miacutedias em uma atividade - textos aacuteudios imagensviacutedeos etc

Fonte adaptado de Silva (2011 p 47)

91

Capiacutetulo 5

Metodologia de pesquisa

Neste capiacutetulo apresentamos e discutimos os diversos aspectos envolvidos na metodologia de

pesquisa empregada em nosso estudo Os debates giram entorno da dimensatildeo empiacuterica da

investigaccedilatildeo ndash a saber a identificaccedilatildeo e anaacutelise dos Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 425)

relacionados agrave utilizaccedilatildeo de material didaacutetico de natureza virtual livre - ou seja agrave sua produccedilatildeo e ao

seu uso em sala de aula presencial - em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano LEL2

Durante a explanaccedilatildeo apontamos e discutimos as escolhas teoacuterico-metodoloacutegicas que adotamos

em nossa investigaccedilatildeo incluindo o desenho da pesquisa no que se refere aos contextos estudados

e agraves estrateacutegias de levantamento e anaacutelise de dados empregadas

Essencialmente nossa abordagem investigativa foi de natureza qualitativa e se balizou por um

vieacutes epistemoloacutegico existencial (natildeo determinista) construtivista (STAKE 2011 p 42) e interpretativo

A coleta de dados se deu em dois contextos distintos - a saber (1) em sala de aula presencial

de italiano como LEL2 - contexto em que investigamos os Problemas de Ensino relativos ao uso

do Material Didaacutetico Virtual Livre - e (2) em curso de formaccedilatildeo para professores em serviccedilo e em

preacute-serviccedilo de italiano como LEL2 - contexto em que investigamos os Problemas de Ensino relativos

ao aspecto da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

51 A Pesquisa em Problemas de Ensino

Pesquisas em Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 425) relacionados ao ensino de liacutenguas

estrangeiras satildeo ainda incipientes A carecircncia de literatura sobre esse tema motivou-nos a refletir

sobre a natureza dos Problemas de Ensino e a partir daiacute estabelecer a abordagem metodoloacutegico-

cientiacutefica que melhor viabilizasse a investigaccedilatildeo sobre os Problemas de Ensino relacionados agrave

utilizaccedilatildeo de material didaacutetico de natureza virtual e livre

Encontramos em Ortale (2010 p 425) ndash bem como na praacutetica da Profa Dra Fernanda Landucci

Ortale 46 no acircmbito da disciplina intitulada Atividades de Estaacutegio italianondash 47 os indiacutecios de como

esse objeto de estudo poderia ser abordado

46Professora do curso de Letrasitaliano da Universidade de Satildeo Paulo47Disciplina pertencente ao curriacuteculo do curso de Licenciatura em Letras Italiano da Faculdade de Filosofia

Letras Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo

92

A Pesquisa em Problemas de Ensino

Em um contexto de formaccedilatildeo de professores de liacutengua italiana - ou seja durante a disciplina

ldquoAtividades de Estaacutegio italianordquo- a autora lanccedila matildeo de Relatos de Problemas de Ensino como

deflagradores ldquode reflexotildees sobre a praacutetica de sala de aulardquo (ORTALE 2010 p 425) Tais Relatos

satildeo identificados por seus alunos (professores de liacutengua italiana em preacute-serviccedilo) basicamente

de trecircs (3) maneiras 1) por meio de reflexotildees sobre a proacutepria praacutetica pregressa ndash no caso de

professores em formaccedilatildeo com experiecircncia de ensino de liacutengua italiana 2) por meio de reflexotildees

sobre a proacutepria experiecircncia como aluno em cursos de liacutengua italiana e 3) por meio de entrevistas

com professores que jaacute tenham praacutetica no ensino de liacutengua italiana ndash sendo as estrateacutegias didaacuteticas

2 e 3 utilizadas no caso de o aluno natildeo ter tido qualquer praacutetica antecedente com ensino de liacutengua

italiana Segundo a autora referindo-se agrave sua proposta de trabalho

()solicitamos a professores de italiano (liacutengua estrangeira) que escreves-sem sobre situaccedilotildees problemaacuteticas que enfrentavam em sala de aula Aesses escritos demos a denominaccedilatildeo de lsquoRelatos de Problemas de Ensinorsquo(ORTALE 2010 p 425)

Ainda em Ortale (2010 p 425) encontramos uma definiccedilatildeo de Relato de Problema de Ensino ndash

a qual citamos ipsis litteris a seguir ndash bem como alguns exemplos desses relatos ndash apresentados

no QUAD 71 Segundo a autora

Podemos definir lsquoRelato de Problema de Ensinorsquo como uma narrativa oudescriccedilatildeo sobre a sala de aula realizada por um professor e que podeapresentar dificuldades preocupaccedilotildees com praacuteticas futuras ou percepccedilotildeesnegativas sobre praacuteticas jaacute realizadas (ORTALE 2010 p 425)

Uma leitura atenta dos exemplos apresentados no QUAD 71 mostraraacute que os Relatos de

Problemas de Ensino apontam para variadas dimensotildees da praacutexis do professor de liacutenguas (ORTALE

2010 p 426) A constataccedilatildeo dessa multiplicidade dimensional pode ser corroborada pela proposta

de categorizaccedilatildeo de Problemas de Ensino indicadas em Ortale (2010 p 426) A saber

()interaccedilatildeo professor-aluno ou aluno-aluno conhecimento da liacutengua-alvorelaccedilatildeo professor-livro didaacutetico ensino das habilidades comunicativas pla-nejamento de aula ensino da gramaacutetica correccedilatildeo papel da liacutengua ma-ternatraduccedilatildeo (ORTALE 2010 p 426)

Concluiacutemos apoacutes a investigaccedilatildeo teoacuterica e a observaccedilatildeo de campo - acompanhando a disciplina

ldquoAtividades de Estaacutegio italianoldquo 48 que a maneira mais adequada para investigarmos os Problemas

de Ensino relacionados ao uso de Material Didaacutetico Virtual Livre em contexto formal de ensino-

aprendizagem de liacutengua italiana como L2LE dar-se-ia por meio do levantamento desses problemas

junto a professores de italiano em serviccedilo e em preacute-serviccedilo - em contexto de utilizaccedilatildeo desse

tipo especiacutefico de material didaacutetico - por meio de praacuteticas investigativas de cunho epistemoloacutegico

qualitativo interpretativo e construtivista A opccedilatildeo por esse vieacutes teoacuterico-metodoloacutegico configura-

se como reflexo da praacutetica da prof Dra Fernanda Landucci Ortale que de fato acessa os

48Acompanhei a disciplina em sua totalidade durante o primeiro semestre de 2012 exercendo a funccedilatildeode estagiaacuterio no acircmbito do PAE - Programa de Aperfeiccediloamento para o Ensino oferecido aos alunos dapoacutes-graduaccedilatildeo da Universidade de Satildeo Paulo como parte de sua formaccedilatildeo didaacutetica para atuaccedilatildeo no ensinosuperior

93

Estudo qualitativo

Quadro 51 Exemplos de Relatos de Problemas de Ensino

Exemplo 1 ldquoNem sempre consigo responder perguntas de vocabulaacuterio dos alunose digo que vou levar a resposta na aula seguinte mas me sinto malmesmo assimrdquo

Exemplo 2 ldquoTenho na mesma turma uma aluna de 13 e outra de 69 anos Paramim eacute muito difiacutecil conseguir administrar a classe com tanta diferenccedilade interesses e necessidades

Exemplo 3 ldquoTenho grupos grandes de quase 20 alunos e haacute muita diferenccedilana velocidade de realizaccedilatildeo das atividades Alguns terminam muitoraacutepido os exerciacutecios e me olham com impaciecircnciardquo

Exemplo 4 ldquoAlunos que querem traduzir tudo atrapalham a aula Agraves vezes meesforccedilo para fazer gestos e explicaccedilotildees em italiano e no final osalunos traduzem para o portuguecircs e ainda pedem uma confirmaccedilatildeominhardquo

Fonte adaptado de Ortale (2010 p 425)

Problemas de Ensino por meio de relatos e pela natureza personaliacutestica desses relatos - dado que

satildeo expressatildeo da percepccedilatildeo dos professores carregada de sentido em relaccedilatildeo aos contextos de

ensino-aprendizagem em que estatildeo inseridos

Subjaz a essa escolha certamente a ideia de que a realidade eacute construiacuteda a partir do ponto

de vista e interpretaccedilatildeo dos sujeitos que a experimentam conforme uma visatildeo epistemoloacutegica

construtivista (GRBICH 2007 STAKE 1995 p 3 p 99) O mesmo vale para o conhecimento o

qual eacute outrossim construiacutedo pelos sujeitos em sua relaccedilatildeo interpretada com o mundo e em contexto

de investigaccedilatildeo em consenso com as percepccedilotildees do pesquisador

A opccedilatildeo por uma abordagem qualitativa de vieacutes interpretativo e construtivista bem como o

desenho de nossa pesquisa satildeo debatidos com mais detalhes nas seccedilotildees subsequentes Ademais

essa escolha apresenta reflexo na maneira como os dados satildeo analisados e apresentados nesta

tese

52 Estudo qualitativo

Pesquisas do tipo qualitativo segundo Brown e Rodgers (2002 p 12) opotildeem-se a pesquisas do

tipo quantitativo na medida em que satildeo predominantemente baseadas em dados natildeo-numeacutericos

Strauss e Corbin (2008 p 23) ao propor um estudo sobre teacutecnicas de teoria fundamentada definem

pesquisas qualitativas como qualquer tipo de pesquisa que produza resultados natildeo atingidos por meio

de procedimentos estatiacutesticos ou de outras formas de quantificaccedilatildeo Nesse caso anaacutelises qualitativas

satildeo concebidas como processos natildeo-matemaacuteticos de interpretaccedilatildeo ministrados a fim de descobrir

94

Estudo qualitativo

conceitos e relaccedilotildees a partir dos dados brutos e de organizaacute-los em um esquema explanatoacuterio

teoacuterico (STRAUSS CORBIN 2008 p 24) Os autores lembram ainda que a quantificaccedilatildeo de dados

- como no caso do censo ou de informaccedilotildees histoacutericas sobre pessoas ou objetos estudados - natildeo

muda o caraacuteter qualitativo de uma pesquisa quando o grosso da anaacutelise eacute interpretativo (STRAUSS

CORBIN 2008 p 23)

Stake (2011 p 21) caracteriza a pesquisa qualitativa em oposiccedilatildeo agrave quantitativa ressaltando

que enquanto o raciociacutenio desta estaacute fortemente baseado em atributos lineares mediccedilotildees e anaacutelises

estatiacutesticas o pensamento daquela se baseia principalmente na percepccedilatildeo e compreensatildeo humana

O autor observa que entretanto todo pensamento cientiacutefico consiste em uma mescla das duas

abordagens Stake (2011 p 23) Por esse prisma diferencia-las seria mais uma questatildeo de ecircnfase

do que de limites (STAKE 2011 STAKE 1995 p 29 p 36) haja vista que em estudos qualitativos

ideias quantitativas de enumeraccedilatildeo tem o seu espaccedilo e que em estudos quantitativos estatildeo

pressupostos a interpretaccedilatildeo do pesquisador e alguma descriccedilatildeo em linguagem natural (STAKE

2011 STAKE 1995 p 29 p 36)

Stake (1995) e Stake (2011) aprofundam o debate argumentando que a diferenccedila entre investiga-

ccedilotildees qualitativas e quantitativas natildeo satildeo fundamentalmente balizadas pela diferenccedila entre descriccedilatildeo

verbal e dados numeacutericos (STAKE 1995 STAKE 2011 p 37 p 67) mas sim respectivamente pela

diferenccedila entre a procura pelo conhecimento personaliacutestico e o estudo de medidas objetivas a busca

por ocorrecircncias e a busca por causa e efeito a percepccedilatildeo do conhecimento como algo construiacutedo

por um vieacutes pessoal e como descoberta do mundo como ele eacute a atribuiccedilatildeo de um papel pessoal e

impessoal para o pesquisador e a investigaccedilatildeo para obter compreensatildeo e para obter explicaccedilatildeo Por

conseguinte a epistemologia qualitativa eacute concebida como construtivista experiencial situacional e

personaliacutestica (STAKE 2011 p 42) em detrimento agrave epistemologia positivista

Retomamos a oposiccedilatildeo entre os objetivos de investigar para obter compreensatildeo (epistemologia

qualitativa) e investigar para obter explicaccedilatildeo (epistemologia quantitativa) por considera-la importante

para a compreensatildeo do ponto de vista de Stake (2011) e Stake (1995) sobre a abordagem qualitativa

e consequentemente ampliar nossa visatildeo sobre o tema Os autores (STAKE 1995 STAKE 2011

p 37 p 67) se baseiam na proposta de distinccedilatildeo feita pelo filoacutesofo Georg Henrik von Wright 49

o qual segundo eles percebe a existecircncia de uma sutil diferenccedila epistemoloacutegica entre os dois

conceitos natildeo obstante reconheccedila que explicaccedilotildees carregam o objetivo de promover compreensatildeo

e que compreensatildeo seja frequentemente expressa em termos de explicaccedilatildeo (STAKE 1995 STAKE

2011 p 38 p 67) Trata-se segundo Stake (2011 p 67) de uma distinccedilatildeo ligeiramente parecida

com as distinccedilotildees entre medicar o paciente e cuidar do paciente e promover um ensino centrado

no professor e um ensino centrado no aluno Certamente o meacutedico promove as duas accedilotildees mas

cuidar do paciente denota mais pessoalidade Preparar-se para ensinar de forma didaacutetica no caso

do professor eacute conceitualmente diferente de organizar oportunidades experienciais para os alunos

Prosseguindo com o debate Stake (2011 p 67) e Stake (1995 p 38) observam que von Wright

associa a ideia de busca por explicaccedilatildeo ao pensamento de causa e efeito - tiacutepico de abordagens

quantitativas - e a ideia de busca por compreensatildeo agrave procura pela compreensatildeo humana - tiacutepico

de abordagens qualitativas A fim de elucidar ainda mais a questatildeo Stake (1995 p 38) propotildee a

49Os autores se referem a Wright (1971) em seu livro Explanation and Understanding

95

Estudo qualitativo

anaacutelise de duas perguntas de pesquisa relacionadas ao contexto da educaccedilatildeo as quais representam

respectivamente uma preocupaccedilatildeo em explicar e uma preocupaccedilatildeo em compreender Satildeo elas

1 O fato de a carga de ensino ter aumentado de quatro para cinco aulasestaacute afetando a qualidade do ensino

2 Os professores que residem fora da comunidade estatildeo trabalhandomenos que a carga justa de trabalho

(STAKE 1995 p 38)

Dessa forma segundo Stake (1995 p 38) enquanto a primeira representa uma inquietaccedilatildeo com

a explicaccedilatildeo da causa de uma eventual variaccedilatildeo da qualidade do ensino (busca pela explicaccedilatildeo) a

segunda representa uma preocupaccedilatildeo com a descriccedilatildeo de ocorrecircncias mais ou menos simultacircneas

sem a expectativa de explicaccedilatildeo causal ou seja uma preocupaccedilatildeo com a compreensatildeo Conforme

discutido o primeiro exemplo estaacute associado a uma abordagem quantitativa O segundo por sua

vez a uma abordagem qualitativa

Fraenkel e Wallen (2003 p 430) trazendo o debate sobre pesquisas qualitativas para o contexto

educacional - contexto que nos interessa especialmente nesta tese dado que nos concentramos

no ensino formal de liacutengua italiana como L2LE - corrobora o ponto de vista de Stake (1995

p 38) ao dizer que enquanto o pesquisador quantitativo procura observar quatildeo acuradamente

aprendizagens atitudes e ideias se desenvolvem no contexto de ensino-aprendizagem - por meio

de comparaccedilotildees entre meacutetodos de ensino alternativos em pesquisas experimentais por exemplo

(FRAENKEL WALLEN 2003 p 430) - pesquisadores qualitativos querem saber mais do que em

que medidaou quatildeo bemalgo eacute feito em sala de aula Em outras palavras eles se envolvem na

busca por impressotildees mais holiacutesticas - ou seja por um retrato mais completo - sobre o que estaacute

ocorrendo nesse contexto Pesquisadores qualitativos segundo Fraenkel e Wallen (2003 p 430)

propotildeem-se a investigar por exemplo

bull Como professores ensinam suas respectivas mateacuterias

bull Que tipo de praacutetica eles adotam em sua rotina

bull Que tipo de coisas os estudantes fazem

bull Em que tipo de atividades se envolvem

bull Quais satildeo as regras do jogo impliacutecitas ou explicitas que parecemajudar ou atrapalhar o processo de aprendizagem50

(FRAENKEL WALLEN 2003 p 230)

No que se refere agrave metodologia de investigaccedilatildeo ainda segundo Fraenkel e Wallen (2003 p

430) o pesquisador qualitativo a fim de tentar responder essas questotildees pode documentar as

experiecircncias diaacuterias dos professores e dos estudantes - focando em uma ou no maacuteximo em um

pequeno nuacutemero de turmas - observando-as de modo mais regular possiacutevel e tentando descrever

o que vecirc da maneira mais completa e rica possiacutevel (FRAENKEL WALLEN 2003 p 430) Esse

50Traduccedilatildeo nossa

96

Estudo qualitativo

Quadro 52 Teacutecnicas de coletas de dados tiacutepicas de abordagens qualitativas

bull observaccedilotildees ou notas de campo

bull leitura de diaacuterios - em forma detexto viacutedeo ou aacuteudio

bull entrevistas individuais ou emgrupo

bull registros em aacuteudio e viacutedeo

bull leitura de documentos - tais comolivros revistas correio eletrocircnicopaacuteginas da internet e propaganda(impressa filmada ou televisio-nada)

bull gravaccedilotildees em viacutedeo de sessotildeesde laboratoacuterio

bull gravaccedilotildees de viacutedeos de transmis-soes de tv

bull anaacutelise de fotografias filmes e vi-deos caseiros

bull registro de conversas em gruposde bate-papo na internet

bull entre outros

Fonte adaptado de Brown e Rodgers (2002) Creswell (2010) Bogdan e Biklen

(1994) e (GIBBS 2009)

pesquisador poderaacute ainda lanccedilar matildeo de uma gama de teacutecnicas de obtenccedilatildeo de dados tiacutepicas de

abordagens qualitativas conforme indicam Brown e Rodgers (2002 p 12) Creswell (2010 p 213)

Bogdan e Biklen (1994 p 73) e Gibbs (2009 p 17) Reunimos exemplos dessas teacutecnicas no QUAD

52

Grbich (2007 p 3) aborda a questatildeo da metodologia qualitativa inserindo-a no quadro teoacuterico-

metodoloacutegico das quatro principais tradiccedilotildees epistemoloacutegicas (GRBICH 2007 p 2) da pesquisa

cientiacutefica ocidental dos uacuteltimos duzentos anos Satildeo elas o Positivismo ou Empirismo a Criacutetica

Emancipatoacuteria o Construtivismo ou Interpretativismo e o Poacutes-modernismo A autora em conso-

nacircncia com Fraenkel e Wallen (2003 p 432) associa o emprego de abordagens qualitativas agraves

trecircs uacuteltimas e consequentemente o emprego da abordagem quantitativa agrave primeira Ela lembra

que todas satildeo passiveis de criacuteticas e - concordando com Fraenkel e Wallen (2003 p 443) - que a

escolha de uma ou outra - ou do emprego conjunto de mais de uma tradiccedilatildeo - dependeraacute da natureza

da pesquisa envolvida das questotildees de pesquisa e da preferecircncia ou orientaccedilatildeo do pesquisador

(GRBICH 2007 p 14) Consideramos que trazecirc-las para debate contribui com nossos esforccedilos

de compreensatildeo da natureza da pesquisa qualitativa e por conseguinte da natureza da praacutetica

investigativa que adotamos em nossa pesquisa De fato como jaacute mencionado nesta seccedilatildeo nossa

abordagem ao investigar os eventuais Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 425) relativos ao

uso de Material Didaacutetico Virtual Livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano como

LEL2 foi de natureza qualitativa e de vieacutes interpretativo e construtivista

Em linhas gerais o positivismo ou Empirismo tem suas raiacutezes e o seu predomiacutenio na Europa

no seacuteculo XVIII (GRBICH 2007 FRAENKEL WALLEN 2003 p 4 p 432) momento em que o

positivismo o otimismo a razatildeo e o progresso pairam como discurso dominante ou seja no contexto

97

Estudo qualitativo

da chamada era do Iluminismo Acreditava-se que o conhecimento cientiacutefico poderia ser alcanccedilado

pelo homem racional capaz de desvendar uma realidade completamente conheciacutevel objetiva de

um universo exterior ordenado (GRBICH 2007 FRAENKEL WALLEN 2003 p 10 p 432) por

meio da observaccedilatildeo e de processos de pensamento loacutegico O conhecimento portanto apresenta-

se como resultado de processos de deduccedilatildeo criaccedilatildeo de hipoacuteteses identificaccedilatildeo de variaacuteveis e

mediccedilotildees em pesquisas experimentais que por sua vez resultam na identificaccedilatildeo de causalidade

permitindo prediccedilotildees sobre fatos corretamente avaliados pela loacutegica matemaacutetica (GRBICH 2007 p

5) Parte-se da premissa baacutesica de que existe uma realidade laacute fora independente dos sujeitos

dirigida por leis naturais esperando para ser descoberta pela Ciecircncia (FRAENKEL WALLEN 2003

p 425) Existe uma ecircnfase na quebra dos fenocircmenos em peccedilas manipulaacuteveis visando o estudo e

eventual reordenaccedilatildeo do todo e a visatildeo do cientista desinteressado que se mantem a parte do

objeto de estudo - incluindo seus preconceitos e valores - (FRAENKEL WALLEN 2003 p 425)

Suas caracteriacutesticas dominantes incluem princiacutepios cientiacuteficos regularidade ordem loacutegica dedutiva

leis da natureza observaccedilatildeo e experiecircncia (razatildeo) causalidade linearidade (unidimensional)

determinismo loacutegico (tudo eacute causado por alguma coisa em uma longa linha de causalidades)

e abordagens analiacuteticas e estatiacutesticas baseadas em fatos verdadeiros(GRBICH 2007 p 4)

Ademais satildeo enfatizados a classificaccedilatildeo o ordenamento e a hierarquizaccedilatildeo bem como a prediccedilatildeo

e a universalizaccedilatildeo de resultados A autoridade central da coisa depreendida e publicada pelo

autor satildeo supremos (GRBICH 2007 p 5) O conhecimento reside em grandes teorias reforccediladas

por processos de mensuraccedilatildeo cientiacutefica e pensamento racionalista armazenado em disciplinas

especialiacutesticas com fronteiras definidas e cuidadosamente protegidas (GRBICH 2007 p 5) Vale

ressaltar que as principais criacuteticas a essa tradiccedilatildeo giram em torno do debate sobre a plausibilidade

de a ciecircncia poder fornecer todas as respostas sobre a realidade e de os pesquisadores conseguirem

controlar as variaacuteveis e mostrar resultados previsiacuteveis e explicaacuteveis (GRBICH 2007 p 5)

A Criacutetica Emancipatoacuteria surge a partir do contexto de mudanccedilas econocircmicas ocorridas por causa

da industrializaccedilatildeo e o subsequente reconhecimento das criacuteticas de Karl Marx agrave exploraccedilatildeo lucro e

poder do capitalismo e do conflito de classes (GRBICH 2007 p 6) Parte-se do princiacutepio de que

as referidas mudanccedilas geram uma sociedade fragmentada A realidade eacute vista como algo que natildeo

existe por si mas que eacute fruto de uma histoacuteria obscura e construiacuteda por sistemas sociais e poliacuteticos

exploradores compreendendo interesses competitivos em que o conhecimento eacute controlado para

servir aos detentores do poder (GRBICH 2007 p 6) O poder do autor a universalidade do

conhecimento o conceito de singularidade e originalidade satildeo questionados (GRBICH 2007 p 7)

Nesse contexto a raccedila a idade o grau de pobreza a poliacutetica e a cultura satildeo estudados com o intuito

de melhor compreender as identidades individuais e a forma como essas identidades foram moldadas

por instituiccedilotildees culturais dominantes - tais como a miacutedia a ciecircncia e a religiatildeo (GRBICH 2007 p 7)

Figura deste modo como um importante foco da tradiccedilatildeo Criacutetica Emancipatoacuteria a documentaccedilatildeo

de confrontos entre detentores e desprovidos de poder (poliacutetico ou econocircmico)(GRBICH 2007 p

7) Espera-se que a pesquisa traga emancipaccedilatildeo de grupos e indiviacuteduos oprimidos por meio de

mudanccedilas sociais (GRBICH 2007 p 7)

O Construtivismo ou Interpretativismo (GRBICH 2007 p 3) tomado aqui como tradiccedilatildeo

epistemoloacutegica - cuja compreensatildeo nos interessa sobremaneira nesta tese - eacute caracterizado pela

98

Estudo qualitativo

crenccedila na inexistecircncia de um conhecimento independente desassociado do pensamento (GRBICH

2007 STAKE 1995 p 3 p 100) A realidade eacute vista como fluida mutaacutevel socialmente construiacuteda

e existente dentro da mente dos sujeitos O conhecimento eacute subjetivo construiacutedo e baseado em

sinais e siacutembolos compartilhados e reconhecidos entre os membros de um grupo ou cultura No

acircmbito investigativo esse conhecimento eacute construiacutedo na interaccedilatildeo entre pesquisador e informante

por meio de consenso (GRBICH 2007 p 8) Pressupotildeem-se muacuteltiplas realidades experimentadas

de modo diferente por pessoas diferentes O foco da investigaccedilatildeo estaacute dessa forma na exploraccedilatildeo

do modo como as pessoas interpretam e constroem sentido considerando-se suas experiecircncias de

mundo (STAKE 1995 p 99) e em como contextos eventos situaccedilotildees e o seu lugar (dos sujeitos

incluindo o pesquisador) em ambientes sociais mais amplos influenciam na construccedilatildeo desses

sentidos (GRBICH 2007 p 8) A subjetividade (a visatildeo do pesquisador e como ela foi construiacuteda) e

a intersubjetividade (reconstruccedilatildeo de visotildees por meio de interaccedilotildees com outros via linguagem oral e

textos escritos) satildeo portanto de interesse para essa tradiccedilatildeo (GRBICH 2007 p 8)

Grbich (2007 p 9) situa temporalmente o Poacutes-modernismo - tomado aqui tambeacutem como

tradiccedilatildeo epistemoloacutegica - nas uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX Segundo a autora percebe-se nesse

periacuteodo uma valorizaccedilatildeo do ante-heroacutei do indiviacuteduo complexo e multidimensional em oposiccedilatildeo a

sujeitos com pontos de vista autoritaacuterio unificado poderoso e centralizado (GRBICH 2007 p 9)

Nessa tradiccedilatildeo o mundo eacute visto como algo complexo e caoacutetico A realidade eacute transacional multipla-

mente construiacuteda e natildeo pode ser explicada por grandes narrativas ou metanarrativas (FRAENKEL

WALLEN 2003 p 433) - como por exemplo o Marxismo ou o Budismo que fazem afirmaccedilotildees uni-

versais sobre a realidade a fim de explica-la - A busca por essa realidade eacute portanto condicionada

pela compreensatildeo de que a sociedade as leis as poliacuteticas a linguagem as fronteiras disciplinares

a coleta e interpretaccedilatildeo de dados satildeo construiacutedos cultural e socialmente Nesse contexto ruptura

provocaccedilatildeo e formas muacuteltiplas de accedilatildeo satildeo essenciais para colocar essas construccedilotildees a parte

e expor o mundo da forma como ele eacute (GRBICH 2007 p 9) A ideia de significado eacute preferida

agrave de conhecimento jaacute que esse seria aprisionado pelos discursos produzidos para manutenccedilatildeo

do poder e de interesses e para controlar o acesso da populaccedilatildeo a outras explicaccedilotildees (GRBICH

2007 p 9) Ademais esses significados satildeo reconhecidos como criaccedilotildees individuais e necessitam

de interpretaccedilatildeo negociaccedilatildeo e desconstruccedilatildeo (GRBICH 2007 p 10) No acircmbito da pesquisa a

comunicaccedilatildeo interativa torna-se o contexto no qual o significado eacute esclarecido

Dessa forma com base nos debates e reflexotildees apresentados nesta seccedilatildeo atribuiacutemos agrave

nossa investigaccedilatildeo uma ecircnfase qualitativa (STRAUSS CORBIN 2008 STAKE 2011 STAKE

1995 FRAENKEL WALLEN 2003) de vieacutes construtivista interpretativo experiencial situacional e

personaliacutestico (STAKE 2011 GRBICH 2007 p 4 p 8)

De fato em nossa investigaccedilatildeo procuramos compreender as possiacuteveis implicaccedilotildees do uso de

materiais didaacuteticos de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano

como LEL2 considerando natildeo apenas a nossa percepccedilatildeo enquanto pesquisadores mas tambeacutem

o ponto de vista dos professores de liacutengua italiana para estrangeiros em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

participantes da pesquisa

Conforme jaacute mencionado na seccedilatildeo 51 nossa abordagem pressupotildee a concepccedilatildeo de que a

realidade e o conhecimento satildeo construiacutedos por meio da interpretaccedilatildeo que os sujeitos fazem a

99

Consideraccedilotildees sobre a eacutetica na pesquisa

partir da experimentaccedilatildeo do mundo Nesse caso as implicaccedilotildees tomadas aqui como Problemas de

Ensino (ORTALE 2010 p 425) satildeo experienciadas pelos sujeitos participantes em sua praacutetica

de ensino que as percebem por um vieacutes interpretativo e as reconhecem como tal Enquanto

pesquisadores tentamos investigar essa percepccedilatildeo dos sujeitos participantes professores em

serviccedilo e em preacute-serviccedilo de modo a identificar os Problemas de Ensino experienciados e percebidos

considerando tambeacutem a nossa interpretaccedilatildeo Nessa empresa investigativa conforme pressupotildee

uma epistemologia qualitativa de vieacutes construtivista (STAKE 2011 GRBICH 2007 p 4 p 8) os

contextos satildeo fortemente considerados e descritos (FRAENKEL WALLEN 2003 p 430) dado o

seu papel na construccedilatildeo das percepccedilotildees de todos os envolvidos

Buscamos dessa forma por ocorrecircncias (implicaccedilotildees) - bem como por suas eventuais correla-

ccedilotildees nos contextos investigados - e natildeo por relaccedilotildees de causa e efeito em tentativas de mediccedilatildeo de

variaccedilatildeo de qualidade de ensino Tal postura nos aproxima agrave uma praacutetica investigativa interessada

mais na compreensatildeo do que na explicaccedilatildeo o que conforme vimos em Stake (1995 p 37) e

Stake (2011 p 67) representa uma abordagem tipicamente relacionada agrave epistemologia qualitativa

Interessa-nos de fato uma visatildeo holiacutestica (FRAENKEL WALLEN 2003 p 430) um retrato mais

completo das implicaccedilotildees do uso de Material Didaacutetico Virtual Livre nos contextos investigados

Ressaltamos enfim que em nossa investigaccedilatildeo lanccedilamos matildeo de procedimentos e anaacutelises

tiacutepicos de abordagens qualitativas Com efeito utilizamos notas de campo diaacuterios de aula ques-

tionaacuterio aberto registro de conversas por e-mail gravaccedilatildeo em aacuteudio e viacutedeo - instrumentos de

coleta de dados tipicamente qualitativos (BROWN RODGERS 2002 CRESWELL 2010 BOGDAN

BIKLEN 1994 GIBBS 2009 p 12 p 213 p 73 p 17) bem como procedimentos de anaacutelise natildeo

estatiacutesticos ou matemaacuteticos os quais segundo Strauss e Corbin (2008 p 23) atribuem caraacuteter

qualitativo agrave pesquisa

53 Consideraccedilotildees sobre a eacutetica na pesquisa

Diversos pesquisadores e autores (CRESWELL 2010 COHEN MANION MORRISON 2011

GIBBS 2009 BOGDAN BIKLEN 1994 LUDKE ANDREacute 1986 STAKE 2011 GRBICH 2007

FRAENKEL WALLEN 2003 p 116 p 75 p 23 p 75 p 49 p 218 p 207 p 442) que

discorrem sobre abordagens e metodologias qualitativas ressaltam a importacircncia de se considerarem

os aspectos eacuteticos nesse tipo de empreendimento cientiacutefico bem como a de incluir um debate sobre

essa questatildeo no relatoacuterio da pesquisa seja ele uma tese dissertaccedilatildeo ou monografia

Questotildees e dilemas eacuteticos perpassam todas instacircncias de uma investigaccedilatildeo qualitativa (COHEN

MANION MORRISON 2011 p 76) Da escolha do tema agrave apresentaccedilatildeo dos resultados passando

pela coleta e anaacutelise dos dados Cohen Manion e Morrison (2011 p 75) lembram por exemplo da

relaccedilatildeo custo benefiacutecio presente no planejamento de propostas de pesquisas Trata-se de um dilema

que consiste em avaliar os provaacuteveis benefiacutecios sociais de uma pesquisa - como por exemplo privar

a sociedade dos resultados de uma pesquisa que poderia melhorar a condiccedilatildeo humana - em relaccedilatildeo

aos custos pessoais dos participantes - como por exemplo ofensa agrave dignidade embaraccedilo perda de

confianccedila em relaccedilotildees sociais e perda de autonomia (COHEN MANION MORRISON 2011 p 75)

- Segundo Gibbs (2009 p 23) questotildees eacuteticas afetam mais as etapas de planejamento e coleta

100

Consideraccedilotildees sobre a eacutetica na pesquisa

de dados jaacute que envolvem muitas vezes conteuacutedos pessoais e discursos que os informantes natildeo

fariam em outros contextos - tais como criacuteticas e opiniotildees pessoais sobre instituiccedilotildees e terceiros

Em todos os momentos da investigaccedilatildeo de fato o pesquisador qualitativo deveraacute tomar decisotildees

que podem ou natildeo colocar em xeque a sua conduta Observamos que nesta tese natildeo temos a

intenccedilatildeo de explorar a questatildeo da eacutetica na pesquisa qualitativa em todas as suas dimensotildees apesar

de termos consciecircncia de tais nuances e de as termos confrontado naturalmente de um modo ou

de outro em nosso percurso investigativo Privilegiamos em consonacircncia com Gibbs (2009 p 23)

os aspectos que consideramos mais criacuteticos em nossa proposta de pesquisa ou seja os aspectos

relativos ao trato com os sujeitos humanos participantes da investigaccedilatildeo principalmente no que se

refere agrave coleta anaacutelise e publicaccedilatildeo dos dados

Em uma investigaccedilatildeo cientiacutefica a conduta eacutetica estaacute relacionada agrave observaccedilatildeo das normas

relativas aos procedimentos considerados corretos e incorretos por um determinado grupo (BOGDAN

BIKLEN 1994 p 75) ou conselho de eacutetica formado por profissionais das aacutereas de especializaccedilatildeo da

pesquisa (COHEN MANION MORRISON 2011 p 75) A inexistecircncia de um coacutedigo deontoloacutegico

ou mesmo de uma comissatildeo de eacutetica no entanto pode ser compensada sem danos a uma

postura eacutetica aceitaacutevel pela observaccedilatildeo de princiacutepios gerais - como apresentado no QUAD 53 -

de convenccedilotildees para o trabalho de campo (PUNCH 1986 apud BOGDAN BIKLEN 1994 p 76)

ou ateacute mesmo pelos valores pessoais do investigador o qual eventualmente resolveraacute dilemas

eacuteticos com base no que julga serem comportamentos adequados (BOGDAN BIKLEN 1994 p 78)

(FRANKFORT-NACHMIAS NACHMIAS 1992 apud COHEN MANION MORRISON 2011 p 75)

A esse respeito Bogdan e Biklen (1994 p 78) lembram que mesmo a presenccedila de um coacutedigo

deontoloacutegico especiacutefico pode natildeo ser suficiente para a resoluccedilatildeo de dilemas eacuteticos complexos que

podem surgir em pesquisas qualitativas envolvendo sujeitos humanos cabendo ao pesquisador

mais uma vez lanccedilar matildeo dos valores pessoais cuidando para que os sujeitos envolvidos natildeo

sofram danos Antes de tudo conforme nos lembra Creswell (2010 p 232) o pesquisador tem a

obrigaccedilatildeo de respeitar os direitos as necessidades os valores e os desejos dos informantes

Stake (2011 p 223) ressalta a hipoacutetese da existecircncia de uma zona de privacidade a qual seria

relativa e situacional podendo variar de acordo com a pessoa ou circunstacircncia O pesquisador nesse

caso coloca-se em um difiacutecil estado de monitoramento em sua investigaccedilatildeo a fim de encontrar

a zona de privacidade dos sujeitos humanos com os quais trabalha e na qual ele natildeo deve entrar

(STAKE 2011 p 223)

Gibbs (2009 p 23) e Cohen Manion e Morrison (2011 p 77) trazem agrave tona a questatildeo da

relevacircncia do consentimento totalmente informado que consiste em linhas gerais na condiccedilatildeo de

que os participantes devem ser informados sobre o que estaacute em foco na pesquisa sobre o que lhes

aconteceraacute durante e apoacutes o processo (quando for o caso) e sobre o destino dos dados fornecidos

(GIBBS 2009 COHEN MANION MORRISON 2011 p 23 p 80) O princiacutepio do consentimento

totalmente informado se baseia na premissa do direito agrave liberdade e ao exerciacutecio do livre arbiacutetrio

dos sujeitos (COHEN MANION MORRISON 2011 p 77) os quais deveratildeo se sentir livres para

participar ou natildeo da pesquisa

Em nosso estudo conforme jaacute dito nesta seccedilatildeo tivemos o cuidado de observar e prever questotildees

e implicaccedilotildees eacuteticas relacionadas ao trato com os participantes especialmente no que se refere agrave

101

Consideraccedilotildees sobre a eacutetica na pesquisa

Quadro 53 Princiacutepios gerais de eacutetica na pesquisa qualitativa em educaccedilatildeo

1 As identidades dos sujeitos devem ser protegidas para que a informaccedilatildeo queo investigador recolhe natildeo possa causar-lhes qualquer tipo de transtorno ouprejuiacutezo O anonimato deve contemplar natildeo soacute o material escrito mas tambeacutemos relatos verbais de informaccedilatildeo recolhida durante as observaccedilotildees O investiga-dor natildeo deve revelar a terceiros informaccedilotildees sobre os seus sujeitos e deve terparticular cuidado para que a informaccedilatildeo que partilha no local da investigaccedilatildeonatildeo venha a ser utilizada de forma poliacutetica ou pessoal

2 Os sujeitos devem ser tratados respeitosamente e de modo a obter a suacooperaccedilatildeo na investigaccedilatildeo Ainda que alguns autores defendam o uso dainvestigaccedilatildeo dissimulada verifica-se consenso relativo a que na maioria dascircunstacircncias os sujeitos devem ser informados sobre os objetivos da investi-gaccedilatildeo e o seu consentimento obtido Os investigadores natildeo devem mentir aossujeitos nem registrar conversas ou imagens com gravadores escondidos

3 Ao negociar a autorizaccedilatildeo para efetuar um estudo o investigador deve ser claroe expliacutecito com todos os participantes relativamente aos termos do acordo edeve respeitaacute-los ateacute a conclusatildeo do estudo Se aceitar fazer algo como moedade troca pela autorizaccedilatildeo deve manter a sua palavra Se concordar em natildeopublicar os seus resultados deve igualmente manter a palavra dada Dado queos investigadores levam a seacuterio as promessas que fazem deve-se ser realistanas negociaccedilotildees

4 Seja autecircntico quando escrever os resultados Ainda que as conclusotildees a quechega possam por razotildees ideoloacutegicas natildeo lhe agradar e se possam verificarpressotildees por parte de terceiros para apresentar alguns resultados que os dadosnatildeo contemplam a caracteriacutestica mais importante de um investigador deve sera sua devoccedilatildeo e fidelidade aos dados que obteacutem Confeccionar ou distorcerdados constitui o pecado mortal de um cientista

Fonte adaptado de Bogdan e Biklen (1994 p 77)

102

Consideraccedilotildees sobre a validade interna da pesquisa

Quadro 54 Salvaguardas para proteccedilatildeo dos participantes desta pesquisa

1 Os informantes concordaram e cederam ao pesquisador por meio de permissatildeoescrita o direito de coleta anaacutelise e publicaccedilatildeo - em qualquer eacutepoca ou meiode divulgaccedilatildeo - dos dados informados

2 Os informantes concederam uma permissatildeo por escrito (Apecircndice A) cedendoao pesquisador o direito de filmagem e gravaccedilatildeo de aacuteudio

3 O pesquisador concordou por meio de contrato escrito em omitir os dadospessoais dos participantes da pesquisa

4 Os interesses direitos e desejos dos informantes foram considerados emprimeiro lugar quando foram feitas escolhas relativas aos dados (CRESWELL2010 p 223)

5 As interpretaccedilotildees e anaacutelises dos dados cedidos permaneceratildeo disponibilizadaspara os informantes por meio desta tese e de outros canais tais como artigos eapresentaccedilotildees orais em congressos

6 Os participantes foram informados sobre todos os dispositivos e atividadesde coleta de dados Os dados portanto nunca foram coletados sem que osinformantes soubessem

coleta anaacutelise e publicaccedilatildeo dos dados Empregamos para tanto com o objetivo de proteger os

direitos e a privacidade dos informantes as salvaguardas indicadas no QUAD 54

54 Consideraccedilotildees sobre a validade interna da pesquisa

A validade eacute um dos pontos fundamentais de uma pesquisa qualitativa (CRESWELL 2010 p 224)

Preocupar-se com a validade interna em uma pesquisa de cunho qualitativo segundo Creswell e

Miller (2000 apud CRESWELL 2010 p 225) significa determinar se os resultados satildeo precisos

do ponto de vista do pesquisador dos participantes ou dos leitores de um relato O pesquisador

pode fazer essa verificaccedilatildeo lanccedilando matildeo de alguns procedimentos ou estrateacutegias de validade tais

como a triangulaccedilatildeo de diferentes fontes de informaccedilatildeo (CRESWELL 2010 p 226) a verificaccedilatildeo

dos membros a utilizaccedilatildeo de uma descriccedilatildeo rica e densa para a comunicaccedilatildeo dos resultados o

esclarecimento do vieacutes que o pesquisador traz para o estudo a apresentaccedilatildeo das informaccedilotildees

negativas ou discrepacircncias encontradas as quais se opotildeem aos temas a permanecircncia por um

tempo prolongado no campo a revisatildeo por pares e a utilizaccedilatildeo de um auditor externo para examinar

todo o projeto

Em termos operacionais referindo-se agrave validaccedilatildeo interna Creswell (2010 p 226) recomenda a

utilizaccedilatildeo de muacuteltiplas estrateacutegias ndash com o intuito de melhorar a capacidade do pesquisador para

avaliar a precisatildeo dos resultados ndash e a subsequente identificaccedilatildeo e discussatildeo nos relatoacuterios de

103

Consideraccedilotildees sobre a validade interna da pesquisa

pesquisa sobre as estrateacutegias adotadas

Gibbs (2009 p 118) associa a validade agrave busca pela qualidade da pesquisa seja ela qualitativa

ou quantitativa Em pesquisas quantitativas bem como qualitativas de vieacutes realista a validade

estaacute associada agrave uma tentativa de garantir que a anaacutelise esteja o mais proacuteximo possiacutevel do que

estaacute realmente acontecendo Essa preocupaccedilatildeo perde o sentido segundo o autor em pesquisas

qualitativas de vieacutes construtivista - como a nossa - jaacute que elas partem da premissa teoacuterica de que natildeo

existe uma realidade simples para ser verificada com relaccedilatildeo agraves anaacutelises mas sim muacuteltiplas visotildees

e interpretaccedilotildees (GIBBS 2009 p 118) Contudo ressalta Gibbs (2009 p 118) o pesquisador

qualitativo construtivista notaraacute a possibilidade de que em meio a grande variedade de possiacuteveis

descriccedilotildees e interpretaccedilotildees apresentadas pelos pesquisadores poderaacute haver posiccedilotildees claramente

tendenciosas e parciais ou ainda completamente tolas ou equivocadas Dessa forma em anaacutelises

e descriccedilotildees construtivistas [p]ode natildeo haver verdade simples e absoluta mas ainda assim pode

haver erro(GIBBS 2009 p 119)

A questatildeo da triangulaccedilatildeo estaacute tambeacutem fortemente associada agrave ideia de validade conforme

podemos ver em Stake (2011 p 138) e Gibbs (2009 p 120) Segundo Stake (2011 p 138) as

formas mais simples de triangulaccedilatildeo em pesquisas qualitativas consistem em observar inuacutemeras

vezes ver a partir de mais de um acircngulo (GIBBS 2009 p 120) e verificar com os envolvidos

Percebemos que todas elas carregam a ideia essencial de triangulaccedilatildeo como verificaccedilatildeo adicional

Stake (2011 p 139) assumindo uma postura claramente construtivista aprofunda o debate

dizendo que o objetivo da triangulaccedilatildeo vai aleacutem da confirmaccedilatildeo e validaccedilatildeo configurando-se como

uma forma de diferenciaccedilatildeo em uma situaccedilatildeo de ganho muacutetuo A triangulaccedilatildeo nesse caso pode

dar ao pesquisador mais confianccedila para concluir que o significado foi determinado corretamente ou

que seraacute necessaacuterio analisar as diferenccedilas para perceber significados muacuteltiplos e importantes Em

outras palavras

Se a verificaccedilatildeo adicional confirma que percebemos o significado corre-tamente noacutes ganhamos Se a verificaccedilatildeo adicional natildeo confirma podesignificar que existem mais significados para descobrir uma forma diferentede ganhar (STAKE 2011 139)

Dessa forma conforme Stake (2011 p 139) relatos conflitantes entre informantes de uma

pesquisa podem deflagrar a necessidade de identificaccedilatildeo de mais de um grupo Esse seria o caso

por exemplo em que alguns bancaacuterios afirmam que as regras satildeo justas enquanto outros dizem

que as regras satildeo injustas Esse conflito poderia significar - entre outras interpretaccedilotildees - que

bancaacuterios receacutem-contratados ou bancaacuterios que lidam com reclamaccedilotildees veem a questatildeo de forma

diferente (STAKE 2011 p 139)

Fraenkel e Wallen (2003 p 444) em sintonia com Stake (2011 p 139) acrescentam que a

verificaccedilatildeo adicional - ou seja a triangulaccedilatildeo - pode ser feita lanccedilando-se matildeo de instrumentos

de coleta de dados qualitativos e quantitativos Os autores citam como exemplo uma pesquisa

mista (ou seja que mescla teacutecnicas de abordagens qualitativas e quantitativas) envolvendo quatro

professores do ensino meacutedio A fim de obter um retrato do que ocorria cotidianamente em sala de

aula bem como identificar teacutecnicas e comportamentos efetivos dos professores foram utilizados

obervaccedilotildees de campo diaacuterios e entrevistas com os professores e alunos (instrumentos tiacutepicos de

104

Consideraccedilotildees sobre a validade interna da pesquisa

Quadro 55 Estrateacutegias de validaccedilatildeo adotadas nesta pesquisa

Etapa Estrateacutegias

Levantamentode dados

Triangulaccedilatildeo de diferentes fontes de informaccedilatildeoRevisatildeo por pares (peer debriefing)

ApresentaccedilatildeoDescriccedilatildeo rica e densa para comunicar nossos resultadosEsclarecimento do vieacutes que trouxemos para o estudo

pesquisas qualitativas) em conjunto com listas de checagem de performance listas de ranqueamento

e fluxogramas de debates (instrumentos tiacutepicos de pesquisas quantitativas) A triangulaccedilatildeo conforme

observam Fraenkel e Wallen (2003 p 444) ocorreu portanto natildeo apenas entre as observaccedilotildees

diaacuterios e entrevistas com prefessores e alunos Elas envolveram tambeacutem a sua comparaccedilatildeo com

dados quantitativos advindos da anaacutelise das interaccedilotildees em sala de aula e do rendimento dos alunos

Em nossa pesquisa adotamos mais de uma estrateacutegia de validaccedilatildeo - as quais apresentamos no

QUAD 55 - conforme recomendado em Creswell (2010 p 226) Com efeito procuramos fornecer

uma descriccedilatildeo a mais rica possiacutevel dos contextos investigados bem como esclarecer da melhor

maneira possiacutevel o nosso vieacutes investigativo Percebemos que essas estrateacutegias se relacionam -

mas natildeo se restringem - agrave apresentaccedilatildeo dos resultados e anaacutelises da pesquisa Consideramos

que uma descriccedilatildeo rica e densa pressupotildee a relevacircncia do contexto para a compreensatildeo de

anaacutelises qualitativas bem como o vieacutes personaliacutestico inerentes a essas anaacutelises As descriccedilotildees

transportam os leitores para o local e proporcionam agrave discussatildeo um elemento de experiecircncias

compartilhadas(CRESWELL 2010 p 226) O esclarecimento do vieacutes que o pesquisador traz para

o estudo por sua vez segundo Creswell (2010 p 226) cria uma narrativa honesta com os leitores e

abre espaccedilo para a reflexividade ou seja para o que Gibbs (2009 p 119) em acordo com Creswell

(2010 p 226) define como

o reconhecimento de que o produto da pesquisa reflete inevitavelmenteparte das origens e da formaccedilatildeo do meio e das preferecircncias do pesquisa-dor(GIBBS 2009 p 119)

Lanccedilamos matildeo ainda em nosso estudo das estrateacutegias de revisatildeo por pares (peer debriefing)

e de triangulaccedilatildeo as quais estatildeo associadas principalmente agrave coleta de dados Subjaz a essa

estrateacutegia nosso intuito de localizar os pontos de convergecircncia entre os diversos olhares a respeito

do fenocircmeno observado os Problemas de Ensino Com efeito lanccedilamos matildeo - conforme jaacute discutido

nesta seccedilatildeo - de diaacuterios de aula notas de campo questionaacuterios e relatos dos participantes em

forma de e-mail e registro em aacuteudio e viacutedeo A partir dos pontos de vista expressos e percebidos por

meio dessas fontes foi possiacutevel identificar os Problemas de Ensino relativos agrave utilizaccedilatildeo de material

didaacutetico de natureza virtual livre em contexto formal de aprendizagem de italiano L2LE

Dado o vieacutes qualitativo construtivista do nosso estudo empregamos a estrateacutegia de triangulaccedilatildeo

tomando-a como possibilidade de verificaccedilatildeo adicional (GIBBS 2009 STAKE 2011 p 120 p 138)

e como forma de diferenciaccedilatildeo (STAKE 2011 p 139) ou seja considerando a eventual necessidade

de analisar diferenccedilas (entre nossas anaacutelises e o ponto de vista dos sujeitos participantes) a fim de

105

Delimitaccedilatildeo do estudo contextos e estrateacutegias de coleta de dados

reconhecer significados muacuteltiplos e importantes enriquecendo nossa anaacutelise Enfim ao empregar-

mos a triangulaccedilatildeo consideramos a possibilidade de muacuteltiplas interpretaccedilotildees mas tentamos evitar

posicionamentos tendenciosos parciais ou equivocados conforme Gibbs (2009 p 118)

55 Delimitaccedilatildeo do estudo contextos e estrateacutegias de co-

leta de dados

Tivemos como meta de pesquisa conforme jaacute mencionado a investigaccedilatildeo dos Problemas de

Ensino (ORTALE 2010 p 425) relacionados agrave utilizaccedilatildeo de material didaacutetico de natureza virtual

livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano como LEL2 tendo sido o termo

utilizaccedilatildeodesdobrado para fins de pesquisa em utilizaccedilatildeo em sala de aula presencial e produccedilatildeo

A partir desse desdobramento e a fim de alcanccedilar nosso objetivo estabelecemos dois contextos de

coleta de dados - a saber disciplinas de italiano como LEL2 e curso de formaccedilatildeo de professores de

italiano em serviccedilo e em preacute-serviccedilo - os quais representamos respectivamente nos QUADROS 56

e 57

Os Problemas de Ensino relativos ao uso de material didaacutetico de natureza virtual livre em contexto

presencial e formal de ensino-aprendizagem de italiano como LEL2 foram investigados no decorrer

de duas disciplinas de liacutengua italiana oferecidas em niacutevel de graduaccedilatildeo na mesma liacutengua junto agrave

faculdade de Letras de uma universidade puacuteblica do estado de Satildeo Paulo Durante as disciplinas

o professor responsaacutevel por ambas foi convidado a utilizar em determinadas aulas Sequecircncias

Didaacuteticas (SD) virtuais livres - relacionadas ao tema e ao momento da disciplina - elaboradas pelo

pesquisador com a sua colaboraccedilatildeo Dessa forma criamos em conjunto um total de seis (6)

Sequecircncias Didaacuteticas virtuais livres as quais indicamos no QUAD 56 com as referecircncias de SD1

(Sequecircncia Didaacutetica 1) a SD6 (Sequecircncia Didaacutetica 6) Satildeo elas respectivamente Viaggio che

senso ha per te questa parola Un viaggio in bici Mangia che ti fa bene Napoli e i ragazzi Vivere a

modo mio - mi sono trasferita in Germania e Shok culturale 51

Nesse contexto a fim de perceber os eventuais Problemas de Ensino - relativos ao uso de

Material Didaacutetico Virtual Livre em sala de aula presencial - lanccedilamos matildeo de observaccedilatildeo e notas

de campo anaacutelise de diaacutelogos entre o pesquisador e o professor - materializados em forma de

e-mails e trocados durante o periacuteodo de elaboraccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do material didaacutetico anaacutelise de

diaacuterio de aula - redigido pelo professor e questionaacuterios - sendo esses tambeacutem respondidos pelo

professor Vale ressaltar que nossos olhares se dirigiram ao professor e sua praacutetica sem no entanto

desconsiderar o contexto e os outros componentes da sala de aula investigada O QUAD 56 indica

os momentos em que utilizamos essas teacutecnicas de levantamento de dados bem como a frequecircncia

com que o fizemos Observamos que nem sempre foi possiacutevel manter uma frequecircncia regular no

que diz respeito agraves teacutecnicas utilizadas Esse eacute o caso da confecccedilatildeo dos diaacuterios de classe Conforme

mostrado no QUAD 56 houve uma diminuiccedilatildeo da utilizaccedilatildeo desse artefato da Sessatildeo 1 para a

Sessatildeo 3 Isso ocorreu principalmente pela natildeo adaptaccedilatildeo do professor a esse tipo de atividade

51Apresentamos no Apecircndice B as Sequecircncias Didaacuteticas Viaggio che senso ha per te questa parola eUn viaggio in bici

106

Delimitaccedilatildeo do estudo contextos e estrateacutegias de coleta de dados

Aula Obser

vaccedilatilde

oNc

E-mail

s

Diarios

deau

la

Questi

onaacuter

io

Aplica

ccedilatildeo

deSD

Inf

adici

onais

Sessatildeo 117 horas

1 x x x xSD1Viaggio chesenso ha perte questaparola SD2Un viaggio inbiciprogramawordpress

2 x x3 x x x4 x x x5 x x x6 x x x SD17 x x x8 x x x9 x x x10 x x x SD2

Sessatildeo 213 horas

1 x xSD3 Mangiache ti fabene SD4Napoli e iragazziprogramawordpress

2 x x3 x x x4 x x x SD35 x x x6 x x7 x x8 x x SD4

Sessatildeo 325 horas

1 x x

SD5 Viverea modo mio -mi sonotrasferito inGermaniaSD6 ShokCulturaleprogramaEXElearning

2 x x3 x x4 x x5 x x6 x x7 x x SD58 x x9 x x10 x x11 x x12 x x13 x x14 x x15 x x SD6

Quadro 56 Coleta de dados I - utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em contexto dedisciplinas presenciais de italiano como LEL2

107

Delimitaccedilatildeo do estudo contextos e estrateacutegias de coleta de dados

Aula Ativida

des

Av diagn

oacutestic

a

Notas

deca

mpo

Quest

Aberto

Regist

roaacuteu

dio

Regist

roviacuted

eo

Inf

adici

onais

Dimensatildeo formativa do curso Dimensatildeo investigativa coleta de dados

Sessatildeo 120 horas

Preacute-curso

x

1 At1 x x At1 Buscade insumoslivres At2Utilizaccedilatildeo doprograma deautoriaEXElearningAt3ElaboraccedilatildeodeSequecircnciasDidaacuteticas deitaliano LEL2At4 Imple-mentaccedilatildeodasSequecircnciasDidaacuteticas noprograma deautoriaEXElearningAt5Atribuiccedilatildeo delicenccedilaslivres agravesSequecircnciasDidaacuteticasProduzidasmdashmdashmdashApSddApresenta-ccedilatildeo e Sessatildeode debate

2 At2 x x

3At1At2At3

x x x

4

At1At2At3At4

x x x

5

At1At2At3At4At5

x x x

ApSdd x

Sessatildeo 220 horas

Preacute-curso

x

1 At1 x x2 At2 x x x

3At1At2At3

x x x

4

At1At2At3At4

x x x

5

At1At2At3At4At5

x x x

ApSdd x

Quadro 57 Coleta de dados II - produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em contextode curso de formaccedilatildeo de professores de italiano LEL2

108

Delimitaccedilatildeo do estudo contextos e estrateacutegias de coleta de dados

De fato natildeo insistimos em sua confecccedilatildeo a fim de evitar o desconforto do professor-informante

Acrescentamos que o QUAD 56 apresenta trecircs (3) sessotildees de coleta de dados cujos limites

estabelecemos em funccedilatildeo das respectivas aulas de aplicaccedilatildeo das Sequecircncias Didaacuteticas (SD) virtuais

livres - a saber as aulas seis (6) e dez (10) para a sessatildeo 1 as aulas quatro (4) e oito (8) para

a sessatildeo 2 e as aulas sete (7) e quinze (15) para a sessatildeo 3 Dessa forma natildeo obstante as

aproximadas cento e cinquenta (150) horas de observaccedilatildeo de sala de aula que empreendemos

acompanhando as disciplinas em sua integralidade - os dados relativos a esse contexto foram

coletados no intervalo das trecircs (3) sessotildees indicadas no QUAD 56 perfazendo um total aproximado

de cinquenta e cinco (55) horas

Os Problemas de Ensino relacionados agrave produccedilatildeo do Material Didaacutetico Virtual Livre por sua

vez foram observados no contexto de um curso de formaccedilatildeo oferecido em duas ediccedilotildees no acircmbito

de duas universidades puacuteblicas brasileiras - uma no estado de Santa Catarina e outra no estado

de Satildeo Paulo - em que um total aproximado de 25 professores de liacutengua italiana em serviccedilo e em

preacute-serviccedilo foram convidados a produzir Sequecircncias Didaacuteticas (SD) de natureza virtual livre para o

ensino-aprendizagem de italiano como LEL2 52

Em essecircncia o curso de formaccedilatildeo que elaboramos e ministramos teve uma carga-horaacuteria

de 20 horas (cada uma das ediccedilotildees) e foi baseado em uma abordagem de ensino-aprendizagem

construtivista Tivemos como objetivo principal por meio do curso oferecer a oportunidade de

desenvolvimento das principais competecircncias que consideramos necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo de

Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de italiano como LEL2 Satildeo elas

bull buscar e reconhecer insumos livres

bull utilizar e reconhecer programas de autoria livres (ou que gerem formatos livres)

bull elaborar sequecircncias didaacuteticas de italiano como LEL2

bull atribuir licenccedilas livres a sequecircncias didaacuteticas de proacutepria autoria

Propomos a fim de criar oportunidades para o desenvolvimento dessas competecircncias seis

atividades problema nucleares de natureza praacutetica - indicadas no QUAD 57 com as referecircncias

de At1 (Atividade 1) a At6 (Atividade 6) A saber respectivamente Busca de insumos livres

Utilizaccedilatildeo do programa de autoria EXElearning Elaboraccedilatildeo de Sequecircncias Didaacuteticas de italiano

como LEL2 Implementaccedilatildeo das Sequecircncias Didaacuteticas no programa de autoria EXElearning e

Atribuiccedilatildeo de licenccedilas livres agraves Sequecircncias Didaacuteticas (SD) produzidas - com as quais os cursistas se

deparavam gradativa e cumulativamente em uma dinacircmica espiral conforme indicamos na Figura

51 Acrescentamos que os participantes foram motivados desde o iniacutecio do curso por uma questatildeo

problema cujo desafio consistia em elaborar uma Sequecircncia Didaacutetica (SD) virtual livre para o ensino

de liacutengua italiana considerando um contexto de ensino-aprendizagem dessa liacutengua com o qual o

cursista (ou grupo de cursistas) jaacute trabalhavam ou jaacute tinha trabalhado Adotamos essa estrateacutegia a

fim de balizar as atividades e trazer significado e tom personaliacutestico para a produccedilatildeo de Sequecircncias

Didaacuteticas sugerida

52Apresentamos no Apecircndice B algumas das Sequecircncias Didaacuteticas produzidas durante os cursos

109

Delimitaccedilatildeo do estudo contextos e estrateacutegias de coleta de dados

Figura 51 Dinacircmica de curso experimentaccedilatildeo gradativa e cumulativa de atividadesproblema nucleares

Utilizamos nesse caso como estrateacutegias de coleta de dados para a percepccedilatildeo dos eventuais

Problemas de Ensino relativos agrave produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de italiano

como LEL2 gravaccedilotildees em viacutedeo e aacuteudio questionaacuterio aberto e notas de campo - conforme indicado

no QUAD 57 Registramos em aacuteudio as interaccedilotildees entre os participantes em seus grupos de

trabalho nos momentos em que as atividades relacionadas agrave produccedilatildeo do Material Didaacutetico Virtual

Livre (At1 a At6) ocorriam Esse registro gerou um total aproximado de cinquenta e nove (59) horas

- sendo vinte e sete (27) horas na sessatildeo 1 e trinta e duas (32) horas na sessatildeo 2 Gravamos em

viacutedeo o momento da apresentaccedilatildeo do material didaacutetico produzido pelos professores-cursistas bem

como a subsequente sessatildeo de reflexatildeo e debate coletivo sobre trabalho - a qual referenciamos

no QUAD 57 como ApSdd (Apresentaccedilatildeo e sessatildeo de debate) Essa gravaccedilatildeo resultou em um

total de aproximado de uma hora e quarenta minutos (140mim) - sendo aproximadamente cinquenta

minutos (50mim) para cada uma das sessotildees Cabe relatar que esse momento de apresentaccedilatildeo

dos trabalhos concluiacutedos - ou seja de Sequecircncias Didaacuteticas virtuais livres de italiano como LEL2 -

aconteceu ao final do curso e que as reflexotildees foram fruto da interaccedilatildeo entre o pesquisador e os

participantes depois de cada apresentaccedilatildeo Durante todo o curso em consonacircncia com Ortale (2010

p 425) pedimos ainda que os participantes relatassem em forma de texto escrito as dificuldades

ou problemas que estavam enfrentando durante a produccedilatildeo do Material Didaacutetico Virtual Livre e como

estavam solucionando essas dificuldades ou problemas Esses relatos foram documentados em

forma de e-mail e motivados por meio de questionaacuterio aberto dirigido aos cursistas

Observamos enfim que tal qual no contexto de utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre -

QUAD 56- as estrateacutegias de coleta de dados natildeo foram utilizadas com uma frequecircncia regular

Citamos por exemplo o registro em aacuteudio representado no QUAD 57 o qual foi utilizado da aula

trecircs (3) a cinco (5) na sessatildeo um (1) e da aula dois (2) a cinco (5) na sessatildeo dois (2) Tambeacutem

nesse caso tivemos o cuidado de utiliza-lo de modo a respeitar o conforto dos informantes

110

Capiacutetulo 6

Perfil dos informantes

Neste capiacutetulo apresentamos o perfil dos informantes que participaram de nossa pesquisa Conforme

discutido no capiacutetulo 5 desta tese referimos-nos a um professor de liacutengua italiana do ensino superior

puacuteblico brasileiro - cuja praacutetica de sala de aula envolvendo a utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual

Livre investigamos - e dois grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo participantes do

curso de formaccedilatildeo - sendo esses envolvidos com a produccedilatildeo desse tipo de material didaacutetico no

acircmbito de nossa pesquisa

O levantamento foi realizado com o auxiacutelio de questionaacuterios associados a observaccedilatildeo e anaacutelises

documentais quando necessaacuterio Os questionaacuterios foram respondidos antes dos respectivos periacuteo-

dos de observaccedilatildeo acompanhamento e levantamento de dados Em outras palavras realizamos

uma avaliaccedilatildeo diagnoacutestica direcionada ao professor e aos dois grupos de professores em serviccedilo e

em preacute-serviccedilo Em linhas gerais buscamos investigar por meio dos questionaacuterios - e eventual-

mente das observaccedilotildees e anaacutelises documentais - a familiaridade dos participantes no que se refere

ao uso de novas tecnologias - bem como aspectos do seu letramento digital da sua praacutetica de sala

de aula de seus haacutebitos habilidades e competecircncias relativas agrave produccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de material

didaacutetico para o ensino de liacutenguas e dos respectivos contextos de utilizaccedilatildeo do Material Didaacutetico

Virtual Livre - no acircmbito de realizaccedilatildeo de nossa pesquisa - quando pertinente

Cabe mencionar que lanccedilamos matildeo de recursos matemaacuteticos simples em nossa tentativa de

delinear o perfil dos dois grupos envolvidos com a produccedilatildeo De fato em detrimento ao perfil pessoal

do professor do ensino superior puacuteblico envolvido com a utilizaccedilatildeo do material didaacutetico focalizamos o

seu perfil enquanto grupo Consideramos que a utilizaccedilatildeo de recursos matemaacuteticos nesse contexto

natildeo contradiz nossa proposta metodoloacutegica discutida no capiacutetulo 5 Com efeito tais recursos foram

utilizados com o objetivo de melhor compreender o perfil dos grupos de professores ou seja de uma

fraccedilatildeo do conjunto total dos informantes As anaacutelises dos Problemas de Ensino por sua vez foram

feitas a partir de um prisma qualitativo As seccedilotildees subsequentes apresentam respectivamente

nossa anaacutelise sobre o perfil do professor e dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

111

Perfil do professor do ensino superior puacuteblico

61 Perfil do professor do ensino superior puacuteblico

Em nossa avaliaccedilatildeo diagnoacutestica bem como em nossas observaccedilotildees de campo e anaacutelise documental

- materializada em registro de troca de mensagens eletrocircnicas entre o pesquisador e o professor

- consideramos pertinente focalizar especialmente dois aspectos do perfil do professor a sua

familiaridade com a utilizaccedilatildeo de novas tecnologias em sala de aula - especialmente o computador -

e a sua maneira de apropriaccedilatildeo e uso de material didaacutetico tambeacutem em sala de aula Os debates

desta seccedilatildeo giram em torno desses dois eixos Consideramos oportuno destacar que o professor de

liacutengua italiana informante de nossa pesquisa possui experiecircncia de mais de 15 (quinze) anos com

o ensino dessa liacutengua em contexto formal superior puacuteblico brasileiro

No que se refere ao primeiro aspecto percebemos que o professor eventualmente utiliza o

computador em sala de aula visando sobretudo o acesso agrave internet Desse modo presenciamos

em nossa observaccedilatildeo de campo pelo menos duas atividades espontaneamente elaboradas por

esse profissional envolvendo pesquisa agrave rede mundial de computadores por parte dos alunos

Percebemos contudo que o professor parece considerar que natildeo possui familiaridade com o uso do

computador e de determinados recursos da Internet conforme excerto destacado abaixo Trata-se

de uma mensagem do professor destinada ao pesquisador em que se discute o uso de um blog

como suporte agraves atividades a serem realizadas em sala de aula

acabei de olhar o blog e amanhatilde gostaria que me explicasse algumasquestotildees teacutecnicas pois sou muito ignorante no assunto [] seria umaespeacutecie de moodle mais ou menos isso natildeo Achei muito interessante e estou gostando da ideia da mudanccedila mesmo

Professor informante

Ainda sobre o excerto destacamos que a ideia de mudanccedila proferida pelo informante refere-se agrave

sua concepccedilatildeo de que precisa utilizar mais o computador e a Internet em suas aulas

Em relaccedilatildeo agrave questatildeo da apropriaccedilatildeo do material didaacutetico em sala de aula percebemos que o

professor tem o haacutebito de adotar um livro didaacutetico em suas disciplinas de liacutengua italiana Segundo ele

- conforme observamos no excerto de seu relato a seguir - esse artefato carrega o aspecto positivo

de auxiliar tanto o professor quanto os aprendizes - sobretudo os iniciantes - no que se refere agrave

organizaccedilatildeo da aula e dos estudos - respectivamente - na medida em que permite a visualizaccedilatildeo

sequencial do programa e do conteuacutedo do curso Nas palavras do professor informante

Acredito que seja fundamental para os niacuteveis iniciais ter como apoio umlivro didaacutetico a fim de auxiliar os alunos a visualizarem a sequecircncia doprograma proposto [] o referido livro auxilia o professor a encaminhar oprograma

Professor informante

Ademais para ele o uso do livro didaacutetico desencadeia um sentimento de seguranccedila no decorrer de

sua praacutetica de sala de aula conforme percebemos em seu relato Trata-se de um artefato incompleto

Eu particularmente sinto-me mais seguro e me organizo melhor tendo umlivro como apoio

112

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

Professor informante

Natildeo obstante tais caracteriacutesticas notamos que o professor se apropria do livro didaacutetico amparado

pela concepccedilatildeo de que se trata de um artefato incompleto e nem sempre compatiacutevel com as

demandas reais locais do contexto de ensino-aprendizagem em que se insere Como tal cabe ao

professor adaptaacute-lo e ateacute subverter a proposta dos autores quando achar necessaacuterio Em adiccedilatildeo

notamos que o professor carrega a noccedilatildeo de que subverter o livro didaacutetico - evitando um esquema

de aula repetitivo - pode significar a oferta de um curso mais motivador para os aprendizes De fato

em suas palavras

Faz-se necessaacuteria a adoccedilatildeo de materiais complementares pois um livronunca esgota todas as possibilidades Ademais ha a especificidade de cadagrupo e o professor tem que ter a sensibilidade de adequar as atividades[] muitas vezes as unidades natildeo satildeo seguidas [pelo professor] da formaproposta [] Outro ponto eacute a necessidade de constante motivaccedilatildeo seo esquemase repete de forma ininterrupta as aulas e o ritmo tornam-secansativos

Professor informante

Entre os materiais complementares utilizados pelo professor informante estatildeo livros sobre a cultura

alvo materiais elaborados por outros professores - e adaptados agraves necessidades locais muacutesicas

filmes e leituras diversas

Consideramos pertinente concluir que o professor informante possui vasta experiecircncia com

ensino de italiano em contexto formal superior puacuteblico brasileiro que possui pouco familiaridade

com o uso de computador e da Internet utilizando-os eventualmente em sua praacutetica de sala de

aula e que se apropria do livro didaacutetico considerando-o de grande valia no que se refere ao aspecto

organizativo do empreendimento de ensino e aprendizagem mas que deve ser complementado

adaptado e as vezes subvertido de modo a corresponder agraves demandas locais

62 Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-

serviccedilo

Nesta seccedilatildeo conforme anunciado discutimos os resultados da avaliaccedilatildeo diagnoacutestica que realizamos

junto aos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo de liacutengua italiana participantes de

nossa pesquisa com o intuito de estabelecer o seu perfil Analisamos especificadamente os

graacuteficos obtidos a partir de suas respostas Nossa investigaccedilatildeo perpassou trecircs aacutereas as quais

consideramos pertinentes com as demandas - ou seja habilidades e competecircncias - relativas agrave

produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre Satildeo elas a experiecircncia com ensino de italiano os

haacutebitos de planejamento de aulas e de apropriaccedilatildeo do material didaacutetico e o letramento digital Aleacutem

de nossas anaacutelises distribuiacutedas nas proacuteximas subseccedilotildees formulamos um quadro esquemaacutetico por

meio do qual apresentamos o perfil predominante dos grupos 1 e 2 Trata-se do QUAD 61

Consideramos oportuno ressaltar que estamos sintonizados com as concepccedilotildees de Buzato

(2006a apud BUZATO 2006b) Buzato (2006b) e Romero (2008) a respeito da noccedilatildeo de letramento

113

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

Quadro 61 Perfil predominante dos grupos 1 e 2

Grupo 1 Grupo 2

Experiecircncia com ensino de italianoExperiecircncia 1 Sim SimContextos de atuaccedilatildeo predominante 2 Extensatildeo universi-

taacuteriaEscola de idiomas

Haacutebitos de planejamento de aulas e de apropriaccedilatildeo do material didaacutetico 2

Haacutebito predominante de preparaccedilatildeode aulas

Consulta a materi-ais didaacuteticos alter-nativos

Consulta a manu-ais do professor

Haacutebito predominante de produccedilatildeo dematerial didaacutetico

Seleccedilatildeo defragmentos de ma-teriais de autoriade terceiros comocomplemento aolivro didaacutetico

Seleccedilatildeo defragmentos de ma-teriais de autoriade terceiros comocomplemento aolivro didaacutetico

Recursos da Internet predominante-mente utilizados na praacutetica de sala deaula

E-mail e paacuteginaweb

E-mail e paacuteginaweb

Letramento digital 1

Recursos para utilizaccedilatildeo dos quais amaioria dos participantes se declaracompetente

E-mail e redes so-ciais

E-mail e redes so-ciais

Artefatos para editoraccedilatildeo dos quais amaioria dos participantes se declaracompetente

Texto eslide e ima-gem

Texto

Experiecircncia predominante com insta-laccedilatildeo de software

Sem experiecircnciae sem noccedilatildeo decomo se faz

Pelo menos umavez

Experiecircncia predominante com utiliza-ccedilatildeo de Ambientes Virtuais de Apren-dizagem

Como aluno(a) emcurso presencial

Como aluno(a) emcurso presencial

Experiecircncia predominante com insta-laccedilatildeo de Ambientes Virtuais de Apren-dizagem

Inexistente Quase inexistente

1 Nuacutemero total de respondentes 21 para o grupo 1 e 11 para o grupo 22 Nuacutemero total de respondentes com experiecircncia docente 16 para o grupo 1 e 10 para o grupo 2 Diferenccedilas entre os valores totais natildeo significativas no que se refere ao perfil predominante dos grupos

114

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

digital quando abordamos esse aspecto em nossa avaliaccedilatildeo diagnoacutestica Dessa forma concordamos

com a concepccedilatildeo de Buzato (2006a apud BUZATO 2006b p 16) quando diz que

Letramentos digitais (LDs) satildeo conjuntos de letramentos (praacuteticas sociais)que se apoiam entrelaccedilam e apropriam muacutetua e continuamente por meiode dispositivos digitais para finalidades especiacuteficas tanto em contextossocioculturais geograficamente e temporalmente limitados quanto naquelesconstruiacutedos pela interaccedilatildeo mediada eletronicamente (BUZATO 2006aapud BUZATO 2006b p 16)

Em adiccedilatildeo concordamos com Buzato (2006b p 8) quando acrescenta dois corolaacuterios a essa

definiccedilatildeo Satildeo eles

Corolaacuterio 1 Por reunirem conjuntos de coacutedigos modali-dades e tecnologias que se entrelaccedilam osLDs satildeo inevitavelmente hiacutebridos e instaacuteveistemporalmente de modo que a condiccedilatildeode letrado digitalestaacute sempre restrita a mo-mentos e finalidades especiacuteficas

Corolaacuterio 2 Por serem praacuteticas sociais e natildeo variaacuteveisautocircnomas os letramentos digitais tanto afe-tam as culturas e os contextos nos quaissatildeo introduzidos ou que ajudam a constituirquanto por eles satildeo afetados de modo queseus efeitossociais e cognitivos variaratildeoem funccedilatildeo dos contextos socioculturais efinalidades envolvidos na sua apropriaccedilatildeo(BUZATO 2006b p 8)

Concordamos enfim com Romero (2008 p 237) quando associa a competecircncia tecnoloacutegica

ao letramento digital - lembrando que essa competecircncia estaacute relacionada agrave aquisiccedilatildeo de habilidades

para a promoccedilatildeo da integraccedilatildeo das tecnologias no processo de ensino-aprendizagem - e quando

conforme destacam Garcia et al (2011 p 83) descreve trecircs competecircncias que o professor que

trabalha com novas tecnologias deve apresentar Satildeo elas as competecircncias tecnoloacutegicas didaacuteticas

e tutoriais - descritas no QUAD 62

621 Experiecircncia com ensino de italiano

Conforme os graacuteficos apresentados no QUAD 63 observamos que a maioria dos participantes

dos grupos 1 e 2 possuem experiecircncia com o ensino de liacutengua italiana Referimos-nos a 76 dos

membros do grupo 1 e 91 dos membros do grupo 2 53 Percebemos ainda por meio dos graacuteficos

apresentados no QUAD 64 que essa experiecircncia se refere predominantemente aos contextos

53O nuacutemero total de respondentes estaacute indicado em cada um dos graacuteficos apresentados nesta seccedilatildeo Nessecaso consideramos 21 respondentes para o grupo 1 e 11 para o grupo 2 ou seja o total de respondentes comou sem experiecircncia como professor(-a) Decidimos omitir o nuacutemero total de respondentes de nossas anaacutelisestextuais visando tornaacute-las mais claras e menos redundantes Percebemos que as variaccedilotildees apresentadas aose considerarem ora todos os respondentes ora os participantes com experiecircncia docente natildeo implica emdiferenccedilas significativas no que se refere ao perfil predominante dos grupos

115

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

Quadro 62 Competecircncias tecnoloacutegicas conforme Romero (2008)

Competecircncias tecnoloacutegicas Domiacutenio de ferramentas de cria-ccedilatildeo e aplicaccedilotildees com o uso da in-ternet

Competecircncias didaacuteticas Capacidade de criar materiais eproduzir tarefas relevantes para osalunos de adaptaccedilatildeo a novos for-matos e processos de ensino deproduccedilatildeo de ambientes direciona-dos agrave autorregulaccedilatildeo por parte doaluno e utilizaccedilatildeo de muacuteltiplos re-cursos e possibilidades de explo-raccedilatildeo

Competecircncias tutoriais Habilidades de comunicaccedilatildeo men-talidade aberta para novas pro-postas e sugestotildees capacidadede adaptaccedilatildeo a caracteriacutesticase condiccedilotildees dos alunos e paraacompanhar o processo de ensino-aprendizagem do aluno

Fonte adaptado de Garcia et al (2011 p 83)

116

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

de extensatildeo universitaacuteria - para o grupo 1 - e escola de idiomas - para o grupo 2 De fato 88

dos participantes com experiecircncia do grupo 1 declarou a extensatildeo universitaacuteria como contexto

de atuaccedilatildeo enquanto 100 dos informantes - ou seja professores com experiecircncia - do grupo 2

declarou a escola de idiomas Vale observar que em ambos os grupos a experiecircncia em contexto

de aula particular individual aparece em segundo lugar tendo sido declarada respectivamente por

44 dos membros com experiecircncia do grupo 1 e por 80 tambeacutem dos membros com experiecircncia

do grupo 2

Consideramos plausiacutevel concluir a partir dos dados observados que ambos os grupos apre-

sentam perfil marcado pela experiecircncia com ensino de liacutengua italiana sendo essa relacionada

sobretudo a cursos livres - ou seja cursos de extensatildeo universitaacuteria e escolas de idiomas

622 Haacutebitos de planejamento de aulas e de apropriaccedilatildeo do material

didaacutetico

Em nossa anaacutelise dos graacuteficos apresentados pelos quadros 65 66 e 67 percebemos trecircs aspectos

proeminentes O primeiro se refere ao haacutebito de utilizar-se da pesquisa durante a preparaccedilatildeo das

aulas declarado pela maioria dos respondentes dos grupos 1 e 2 Conforme indicam os graacuteficos

contidos no QUAD 65 enquanto 88 dos respondentes com experiecircncia de ensino do grupo 1

afirma ver a proposta do mesmo assunto da aula em outros materiais 70 da mesma categoria de

respondentes do grupo 2 afirma ler manuais do professor durante essa tarefa O segundo aspecto

consiste no fato de que para a maior parte dos informantes com experiecircncia em ensino de italiano

de ambos os grupos a atividade de produccedilatildeo de material didaacutetico significa seleccedilatildeo de fragmentos ou

atividades de materiais didaacuteticos de autoria de terceiros sendo essa produccedilatildeo realizada com o intuito

de complementar um livro didaacutetico adotado Referimos-nos a 50 para o grupo 1 e 50 para o grupo

2 conforme o QUAD 66 O terceiro aspecto enfim refere-se agrave utilizaccedilatildeo de recursos da Internet

em sala de aula Com base nos graacuteficos apresentados pelo QUAD 67 consideramos plausiacutevel

dizer que a utilizaccedilatildeo de recursos da Internet eacute uma realidade para os respondentes - professores

com experiecircncia - dos grupos 1 e 2 Entre os recursos mais utilizados por ambos os grupos estatildeo

o e-mail e a paacutegina web Tais recursos de acordo com os graacuteficos alternam-se em primeiro e

segundo lugar de forma destacada dos demais nos grupos 1 e 2 Com efeito enquanto 81 dos

respondentes com experiecircncia de ensino do grupo 1 afirma utilizar o e-mail e 69 do mesmo grupo

declara utilizar a paacutegina web 70 dos respondentes da mesma categoria pertencentes ao grupo 2

dizem utilizar esse e 60 aquele

Quadro 63 Experiecircncia com ensino de italiano - grupos 1 e 2

Grupo 121 respondentes

76Sim24Natildeo

0 50 100

Grupo 211 respondentes

91Sim9Natildeo

0 50 100

117

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

Quadro 64 Contextos de ensino relativos agrave experiecircncia dos participantes - grupos 1 e 2

Grupo 116 respondentes 1

13Escola de idiomas38Aula particular - a partir de 2 alunos44Aula particular - individual

88Extensatildeo universitaacuteria13Ensino infantil13Ensino baacutesico

6Ensino meacutedio13Ensino superior

6Outros0 50 100

Grupo 210 respondentes 2

100Escola de idiomas10Aula particular - a partir de 2 alunos

80Aula particular - individual40Extensatildeo universitaacuteria

20Ensino infantil10Ensino baacutesico

0Ensino meacutedio0Ensino superior

20Outros0 50 100

1 Nuacutemero total de respondentes com experiecircncia como professor(-a) do grupo 12 Nuacutemero total de respondentes com experiecircncia como professor(-a) do grupo 2 Em ambos os grupos os respondentes puderam marcar mais de uma opccedilatildeo

118

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

Quadro 65 Haacutebitos de preparaccedilatildeo de aulas - grupos 1 e 2

Grupo 116 respondentes 1

1 Leio manuais do professor

2 Vejo a proposta do mesmo assunto da aula em outros mat

3 Procuro materiais ou seq didaacuteticas prontas na Internet

4 Consulto falantes nativos - pessoalmente ou pela Internet

5 Troco ideias com outros professores(-as)

6 Preparo minhas aulas sozinho(-a)

7 Natildeo tenho experiecircncia como professor(-a)

--

311882

313194

445566

257

0 50 100

Grupo 210 respondentes 2

1 Leio manuais do professor

2 Vejo a proposta do mesmo assunto da aula em outros mat

3 Procuro materiais ou seq didaacuteticas prontas na Internet

4 Consulto falantes nativos - pessoalmente ou pela Internet

5 Troco ideias com outros professores(-as)

6 Preparo minhas aulas sozinho(-a)

7 Natildeo tenho experiecircncia como professor(-a)

--

701502503

404405

606107

0 50 100

1 Nuacutemero total de respondentes com experiecircncia como professor(-a) do grupo 12 Nuacutemero total de respondentes com experiecircncia como professor(-a) do grupo 2 Em ambos os grupos os respondentes puderam marcar mais de uma opccedilatildeo

Parece-nos pertinente dizer que - de forma predominante no que se refere aos haacutebitos de

planejamento de suas aulas e de apropriaccedilatildeo do material didaacutetico - ambos os grupos apresentam o

haacutebito de realizar pesquisas a materiais de autoria de terceiros durante o planejamento das aulas

que ambos os grupos satildeo marcados pelo haacutebito de produccedilatildeo de material didaacutetico sendo essa

atividade para os dois grupos caracterizada como anaacutelise e seleccedilatildeo de fragmentos ou atividades

de materiais didaacuteticos de autoria de terceiros - e sendo tal seleccedilatildeo realizada com o intuito de

complementar a utilizaccedilatildeo de um livro didaacutetico e que emfim a utilizaccedilatildeo de recursos da rede

mundial de computadores para os dois grupos eacute uma realidade sendo o e-mail e a paacutegina web os

recursos mais utilizados pelos respondentes

Cabe acrescentar que consideramos plausiacutevel - diante do exposto sobre o cenaacuterio de produccedilatildeo

de material didaacutetico experienciado pelos respondentes do grupo 1 e 2 - extrapolar os dados e

sugerir que esse cenaacuterio pode indicar que os respondentes - sobretudo do grupo 1 cuja maioria

dos participantes declarou consultar outros materiais didaacuteticos sobre o mesmo assunto de sua aula -

carregam a noccedilatildeo de que o livro didaacutetico de per si natildeo eacute suficiente para corresponder as demandas

locais - o que incentiva a complementaccedilatildeo declarada como habitual para a maioria dos informantes

conforme os graacuteficos apresentados no QUAD 66

119

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

Quadro 66 Haacutebitos de produccedilatildeo de material didaacutetico - grupos 1 e 2

Grupo 116 respondentes 1

1 Produzo o material didaacutetico que utilizo-sou autor(a) do mat

2 Produzo o mat didaacutetico que utilizo-natildeo sou autor(a) seleciono e organizo

trechos de mat de terceiros

3 Utilizo somente livros didaacuteticos-ou apostilas de autoria de terceiros-incluindo

CDs DVDs etc

4 Utilizo livros didaacuteticos e complemento com material extra - geralmente de

minha autoria

5 Utilizo liv didaacuteticos e complemento com mat extra - geralmente fragmentos

ou atividades de terceiros

6 Natildeo tenho experiecircncia como professor(a)

61

382

03

134

505

256

0 50 100

Grupo 210 respondentes 2

1 Produzo o material didaacutetico que utilizo-sou autor(a) do mat

2 Produzo o mat didaacutetico que utilizo-natildeo sou autor(a) seleciono e organizo

trechos de mat de terceiros

3 Utilizo somente livros didaacuteticos - ou apostilas de autoria de terceiros-

incluindo CDs DVDs etc

4 Utilizo livros didaacuteticos e complemento com material extra-geralmente de

minha autoria

5 Utilizo liv didaacuteticos e complemento com mat extra-geralmente fragmentos

ou atividades de terceiros

6 Natildeo tenho experiecircncia como professor(a)

101

02

203

204

505

106

0 50 100

1 Nuacutemero total de respondentes com experiecircncia como professor(-a) do grupo 12 Nuacutemero total de respondentes com experiecircncia como professor(-a) do grupo 2 Em ambos os grupos os respondentes puderam marcar mais de uma opccedilatildeo

120

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

623 Letramento Digital

A partir de nossa leitura dos graacuteficos apresentados pelos quadros 68 69 610 e 611 percebemos

quatro caracteriacutesticas predominantes relativas ao letramento digital dos professores em serviccedilo e

em preacute-serviccedilo componentes dos grupos 1 e 2 Em primeiro lugar percebemos que os participantes

de ambos os grupos parecem ter familiaridade com a utilizaccedilatildeo de recursos da rede mundial de

computadores Com efeito de acordo com os graacuteficos apresentados por meio do QUAD 68 quase

a totalidade dos respondentes dos grupos 1 e 2 declarou saber utilizar pelo menos dois dos recursos

anunciados o e-mail e as redes sociais Dessa forma enquanto 100 dos respondentes do

grupo 1 declarou saber utilizar o e-mail e 90 declarou saber utilizar as redes sociais 91 dos

respondentes do grupo 2 declarou saber utilizar tanto um quanto o outro Chamou-nos agrave atenccedilatildeo

tambeacutem com relaccedilatildeo aos mesmos graacuteficos o fato de que a maioria dos respondentes de ambos

os grupos declarou saber utilizar outros recursos Com relaccedilatildeo ao grupo 1 destacamos que 62

dos participantes declarou saber utilizar o blog e 57 a paacutegina web No que se refere ao grupo 2

ressaltamos que 73 dos respondentes declarou saber utilizar o motor de buscas e a paacutegina web

enquanto 55 declarou saber utilizar o blog

Em segundo lugar percebemos que os informantes estatildeo tambeacutem familiarizados com a editora-

ccedilatildeo digital tendo sido a experiecircncia com ediccedilatildeo de textos digitais a que mais se destacou em ambos

os grupos De fato de acordo com os graacuteficos apresentados no QUAD 69 86 dos respondentes

do grupo 1 e 73 do grupo 2 declarou ter experiecircncia com ediccedilatildeo de textos em formato digital

Notamos tambeacutem a partir de nossa leitura dos mesmos graacuteficos que a experiecircncia com editoraccedilatildeo

de eslides em formato digital e de imagens - tambeacutem em formato digital - apareceu em segundo

e terceiro lugares respectivamente tambeacutem para ambos os grupos tendo sido de modo mais

expressivo no que se refere ao grupo 1 De fato enquanto 67 dos respondentes do grupo 1

declarou ter experiecircncia com editoraccedilatildeo de eslides e 62 com a editoraccedilatildeo de imagens 36 dos

respondentes do grupo 2 declarou ter experiecircncia com editoraccedilatildeo de eslides e 27 com editoraccedilatildeo

de imagens

Em terceiro lugar notamos que os informantes dos grupos 1 e 2 parecem ter pouca familiaridade

com a instalaccedilatildeo de software tendo o grupo 2 declarado maior experiecircncia com essa tarefa De fato

conforme os graacuteficos apresentados pelo QUAD 610 a maior parte dos respondentes do grupo 1 -

ou seja 38 - declarou nunca ter instalado um software natildeo tendo ideia de como se executa essa

tarefa No que se refere ao grupo 2 73 dos informantes declarou ter instalado algum software pelo

menos uma vez

Em quarto lugar - e de modo natildeo menos importante - percebemos - a partir de nossa anaacutelise

dos graacuteficos apresentados no QUAD 611 - dois aspectos que merecem atenccedilatildeo O primeiro deles

se refere agrave utilizaccedilatildeo de Ambientes Virtuais de Aprendizagem e o segundo agrave experiecircncia com a

instalaccedilatildeo desse tipo de sistema de software Em ambos os grupos se destaca a experiecircncia de

utilizaccedilatildeo de Ambientes Virtuais de Aprendizagem como aluno(a) em sala de aula presencial sendo

esse uso marcado de forma mais expressiva no grupo 1 De fato conforme os graacuteficos apresentados

no QUAD 611 enquanto 57 dos respondentes desse grupo declarou ter tido essa experiecircncia

27 dos informantes do grupo 2 fez a mesma declaraccedilatildeo Cabe ressaltar que essa utilizaccedilatildeo por

parte do grupo 2 se destaca perante as demais no mesmo graacutefico - a saber utilizaccedilatildeo como aluno

121

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

Quadro 67 Utilizaccedilatildeo de recursos da Internet na praacutetica de sala de aula - grupos 1 e 2

Grupo 116 respondentes 1

81E-mail44Blog

38Motor de buscas69Paacutegina web

6Microblog25Redes sociais

0Programas de autoria6Sistemas wiki

25Natildeo tenho experiecircncia como professor(-a)44Outros

0 50 100Grupo 2

10 respondentes 2

60E-mail10Blog

50Motor de buscas70Paacutegina web

0Microblog10Redes sociais10Programas de autoria

0Sistemas wiki10Natildeo tenho experiecircncia como professor(-a)

20Outros0 50 100

1 Nuacutemero total de respondentes com experiecircncia como professor(-a) do grupo 12 Nuacutemero total de respondentes com experiecircncia como professor(-a) do grupo 2 Em ambos os grupos os respondentes puderam marcar mais de uma opccedilatildeo

122

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

Quadro 68 Competecircncia relativa agrave utilizaccedilatildeo de recursos da Internet - grupos 1 e 2

Grupo 121 respondentes 1

100E-mail62Blog

29Motor de buscas57Paacutegina web

24Microblog90Redes sociais

0 50 100Grupo 2

11 respondentes 2

91E-mail55Blog

73Motor de buscas73Paacutegina web

27Microblog91Redes sociais

0 50 1001 Nuacutemero total de respondentes do grupo 12 Nuacutemero total de respondentes do grupo 2

Em ambos os grupos os respondentes puderam marcar mais de uma opccedilatildeo

em cursos a distacircncia 9 utilizaccedilatildeo como professor em cursos a distacircncia 0 e utilizaccedilatildeo como

professor em cursos presenciais 18 - ainda que natildeo seja tatildeo saliente quanto o mesmo item do

grupo 1 Quanto agrave instalaccedilatildeo desse tipo de sistema de software ambos os grupos parecem ter

pouca ou nenhuma experiecircncia Dessa forma de acordo com os mesmos graacuteficos apresentados

no QUAD 611 24 dos respondentes do grupo 1 e 64 dos informantes do grupo 2 declarou

nunca ter realizado essa tarefa Vale observar que essa anaacutelise corrobora a interpretaccedilatildeo relativa agrave

experiecircncia com instalaccedilatildeo de software discutida nesta seccedilatildeo e ancorada nos graacuteficos apresentados

no QUAD 610

Consideramos plausiacutevel enfim dizer que - em relaccedilatildeo ao letramento digital - os informantes

majoritariamente possuem familiaridade com a utilizaccedilatildeo de recursos da Internet declarando

competecircncia para uso de uma gama deles - sobretudo e-mail redes sociais blogs paacuteginas web

e motores de busca e possuem experiecircncia e familiaridade com a editoraccedilatildeo digital de artefatos

diversos - sobretudo textos eslides e imagens Esses mesmos informantes no entanto possuem

de forma predominante experiecircncia com Ambientes Virtuais de Aprendizagem apenas do ponto de

vista do usuaacuterio-aluno(a) e apresentam pouca ou nenhuma competecircncia declarada para a instalaccedilatildeo

de software

123

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

Quadro 69 Experiecircncia com editoraccedilatildeo digital - grupos 1 e 2

Grupo 121 respondentes 1

62Imagens86Textos

10Paacutegina web24Muacutesicas24Viacutedeos

67Slides10Sequecircncias didaacuteticas em programas de autoria10Nunca editei nenhum dos itens acima

5Outros0 50 100

Grupo 211 respondentes 2

27Imagens73Textos

0Paacutegina web18Muacutesicas18Viacutedeos

36Slides9Sequecircncias didaacuteticas em programas de autoria

18Nunca editei nenhum dos itens acima9Outros

0 50 1001 Nuacutemero total de respondentes do grupo 12 Nuacutemero total de respondentes do grupo 2

Em ambos os grupos os respondentes puderam marcar mais de uma opccedilatildeo

124

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

Quadro 610 Experiecircncia com instalaccedilatildeo de software - grupos 1 e 2

Grupo 121 respondentes 21

19Pelo menos uma vez19com frequecircncia24Nunca - mas tenho idea de como se faz

38Nunca - natildeo tenho ideia de como se faz0 50 100Grupo 2

11 respondentes 2

73Pelo menos uma vez9com frequecircncia

0Nunca - mas tenho idea de como se faz18Nunca - natildeo tenho ideia de como se faz

0 204060801001 Nuacutemero total de respondentes do grupo 12 Nuacutemero total de respondentes do grupo 2

Em ambos os grupos os respondentes puderam marcar apenas uma opccedilatildeo

Quadro 611 Experiecircncia com Ambientes Virtuais de Aprendizagem - grupos 1 e 2

Grupo 121 respondentes 1

24Jaacute utilizei como aluno(-a) em cursos a distacircncia57Jaacute utilizei como aluno(-a) em cursos presenciais

5Jaacute utilizei como professor(-a) em cursos a distacircncia5Jaacute utilizei como professor(-a) em cursos presenciais

0Jaacute instalei24Nunca instalei

14Natildeo sei o que eacute0 50 100

Grupo 211 respondentes 2

9Jaacute utilizei como aluno(-a) em cursos a distacircncia27Jaacute utilizei como aluno(-a) em cursos presenciais

0Jaacute utilizei como professor(-a) em cursos a distacircncia18Jaacute utilizei como professor(-a) em cursos presenciais

9Jaacute instalei64Nunca instalei

18Natildeo sei o que eacute0 50 100

1 Nuacutemero total de respondentes do grupo 12 Nuacutemero total de respondentes do grupo 2

Em ambos os grupos os respondentes puderam marcar mais de uma opccedilatildeo

125

Capiacutetulo 7

Anaacutelise dos Problemas de Ensino

Apresentamos neste capiacutetulo os resultados de nossa pesquisa de campo ou seja trazemos para

debate os Problemas de Ensino relativos agrave produccedilatildeo e agrave utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano como LEL2 Em linhas gerais identificamos

7 (sete) Problemas de Ensino relativos ao contexto de produccedilatildeo e 4 (quatro) Problemas de Ensino

relativos ao contexto de utilizaccedilatildeo Esses Problemas - descritos e mapeados no QUAD 71 - seratildeo

discutidos nas subseccedilotildees 71 e 72 deste capiacutetulo Com efeito na seccedilatildeo 71 trazemos para debate

os Problemas de Ensino relativos ao contexto de produccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual

livre - ocorrida durante as duas ediccedilotildees de um curso de formaccedilatildeo de professores de liacutengua italiana

em serviccedilo e em preacute-serviccedilo que organizamos e ministramos no acircmbito de duas universidades

puacuteblicas brasileiras sendo uma no estado de Santa Catarina e outra no estado de Satildeo Paulo - e na

seccedilatildeo 72 os Problemas de Ensino relativos ao contexto de utilizaccedilatildeo desse tipo de material didaacutetico

em sala de aula presencial de ensino-aprendizagem de italiano como LEL2 - ocorrida em duas

disciplinas de liacutengua italiana ofertadas em niacutevel de graduaccedilatildeo na mesma liacutengua junto agrave faculdade

de Letras de uma universidade puacuteblica do Estado de Satildeo Paulo

Os Problemas de Ensino foram identificados por meio da anaacutelise dos Relatos de Problemas de

Ensino sendo esses depurados a partir dos nossos registros de pesquisa conforme debatemos no

capiacutetulo 5 - a saber 1) gravaccedilotildees em viacutedeo e aacuteudio respostas a questionaacuterio aberto e notas de

campo - para o contexto de produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre e 2) notas de campo e-mails

entre o pesquisador e o informante diaacuterio de aula e respostas a questionaacuterio - para o contexto de

utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Cabe observar que nossas anaacutelises - fundamentadas em uma perspectiva qualitativa de vieacutes

construtivista e interpretativista conforme discutimos no capiacutetulo 5 deste trabalho - estatildeo em sintonia

com dois arcabouccedilos teoacuterico-metodoloacutegicos Referimos-nos agrave loacutegica do trabalho de formaccedilatildeo de

professores de liacutengua italiana - desenvolvido pela Profa Dra Fernanda Landucci Ortale alicerccedilado

no conceito de Aprendizagem Baseada na Resoluccedilatildeo de Problemas envolvendo os conceitos de

Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 425) e Relatos de Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p

425) como discutido no capiacutetulo 5 desta tese - e nas teacutecnicas e procedimentos de desenvolvimento

de teoria fundamentada conforme Strauss e Corbin (2008) Em linhas de siacutentese esses autores

compreendem que a teorizaccedilatildeo envolve a construccedilatildeo de esquemas explanatoacuterios sendo esses

126

Capiacutetulo 7 Anaacutelise dos Problemas de Ensino

Quadro 71 Problemas de Ensino relacionados agrave produccedilatildeo e agrave utilizaccedilatildeo de materiaisdidaacuteticos de natureza virtual livre

Dimensatildeo Problemas de Ensino Relatos

Produccedilatildeo Dificuldade para encontrar insumos desejadosregistrados com licenccedilas flexiacuteveis

PD-1 a PD-7PD-13 e PD-27QUAD 73

Inseguranccedila (e resistecircncia) associada agrave utiliza-ccedilatildeo de insumos livres no material didaacutetico

PD-8 a PD-10QUAD 74

Crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteti-cos de natureza virtual livre necessariamenteaumenta a carga horaacuteria de trabalho docente

PD-11 a PD-13QUAD 75

Dificuldade em lidar com a natureza dinacircmicae o estado de artefato em construccedilatildeoque osoftware livre pode apresentar

PD-14 QUAD 76

Dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas PD-15 a PD-20QUAD 78

Dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitaise de sequecircncias didaacuteticas digitais

PD-21 a PD-25QUAD 79

Dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware PD-26 QUAD710

Utilizaccedilatildeo Dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes oumiacutedias que podem ser utilizados para organizaras Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar comelas em sala de aula presencial

UT-1 a UT-4QUAD 711

Crenccedila de que a escassez de material didaacuteticoimpresso na sala de aula presencial poderaacute sermal vista pelos discentes

UT-5 QUAD 712

Dificuldade em compreender o funcionamento dosoftware utilizado em sala de aula

UT-6 a UT-8QUAD 713

Preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardwaree do software que abrigam e fornecem acessoagraves Sequecircncias Didaacuteticas

UT-9 a UT-12QUAD 714

PD-produccedilatildeo UT-utilizaccedilatildeo

127

Capiacutetulo 7 Anaacutelise dos Problemas de Ensino

caracterizados pela integraccedilatildeo de conceitos bem definidos por meio de declaraccedilotildees de relaccedilotildees De

fato para Strauss e Corbin (2008 p 29) o termo teoria se refere a

um conjunto de conceitos bem desenvolvidos relacionados por meio de de-claraccedilotildees de relaccedilotildees que juntas constituem uma estrutura integrada quepode ser usada para explicar ou prever fenocircmenos [sociais] (STRAUSSCORBIN 2008 p 29)

Ademais esse arcabouccedilo teoacuterico-metodoloacutegico - condizente com uma perspectiva qualitativa cons-

trutivista e interpretativista - envolve entre outras teacutecnicas analiacuteticas como codificaccedilatildeo aberta

codificaccedilatildeo axial e codificaccedilatildeo seletiva - ou seja respectivamente a criaccedilatildeo de conceitos e catego-

rias a partir dos dados brutos (STRAUSS CORBIN 2008 p 103) a criaccedilatildeo de relacionamentos

entre categorias e subcategorias (STRAUSS CORBIN 2008 123) e a integraccedilatildeo dos conceitos

(STRAUSS CORBIN 2008 p 143)

Desse modo uma leitura atenta de nossas anaacutelises mostraraacute que abordamos tanto os Pro-

blemas de Ensino quanto as suas respectivas estrateacutegias de resoluccedilatildeo conforme relatado pelos

informantes ou de acordo com nosso ponto de vista Mostraraacute tambeacutem que optamos por trabalhar

com a perspectiva da criaccedilatildeo de teoria fundamentada (STRAUSS CORBIN 2008) sendo essa

naturalmente distanciada do seu foco estritamente socioloacutegico ou seja adaptada agrave problemaacutetica

que abordamos em nossa pesquisa - a saber as implicaccedilotildees da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico

Virtual Livre em contexto formal e presencial de ensino-aprendizagem de liacutengua italiana como LEL2

materializadas em forma de Problemas de Ensino

Cabe ressaltar que as implicaccedilotildees pedagoacutegicas decorrentes de nossa pesquisa aproximam-se

mais dos contextos de formaccedilatildeo de professores de idiomas - em especial de liacutengua italiana - e menos

dos contextos de ensino-aprendizagem tambeacutem de idiomas Satildeo de fato melhor caracterizadas

como implicaccedilotildees para a formaccedilatildeo de professores Consideramos que essas implicaccedilotildees estatildeo

relacionadas especialmente aos debates relativos agrave resoluccedilatildeo dos Problemas de Ensino levantados

em nossa pesquisa Optamos nesta tese por natildeo inaugurar uma seccedilatildeo individual para tratar dessas

implicaccedilotildees pedagoacutegicas Ao contraacuterio preferimos mantecirc-las distribuiacutedas no texto deste capiacutetulo de

modo que permanecessem associadas aos debates sobre os Problemas de Ensino aos quais estatildeo

respectivamente ligadas

Observamos que quando pertinente procuramos engendrar reflexotildees no sentido de contemplar

nossa hipoacutetese de trabalho anunciada no capiacutetulo introdutoacuterio desta tese - a saber a hipoacutetese

de que a utilizaccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-

aprendizagem de liacutengua italiana como LEL2 deflagra uma seacuterie de implicaccedilotildees observaacuteveis e

especiacuteficas ndash as quais podem ser definidas em termos de Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p

425) ndash dada a sua natureza peculiar ou seja livre

Destacamos enfim que buscamos estruturar nossas reflexotildees neste capiacutetulo de modo a

contemplar da melhor maneira possiacutevel os objetivos especiacuteficos de nossa pesquisa conforme

propomos tambeacutem no capiacutetulo introdutoacuterio

128

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

71 Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produ-

ccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Nesta seccedilatildeo apresentamos e discutimos os Problemas de Ensino relacionados agrave Produccedilatildeo de

Material Didaacutetico Virtual Livre ocorrida nos contextos das duas ediccedilotildees do curso de formaccedilatildeo de

professores de liacutengua italiana em serviccedilo e em preacute-serviccedilo que ministramos no acircmbito de duas

universidades puacuteblicas brasileiras - sendo uma no estado de Santa Catarina e outra no estado de

Satildeo Paulo

Em nossa anaacutelise identificamos um total de 27 (vinte e sete) Relatos de Problemas de Ensino

ligados agrave produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre os quais procuramos agrupar de acordo com

o(s) respectivo(s) tema(s) Os relatos apontaram para 7 (sete) Problemas de Ensino fundamentais

os quais mapeamos por meio do QUAD 71 e discutimos nas subseccedilotildees de 711 a 717 Satildeo eles

1 Dificuldade para encontrar insumos desejados registrados com licenccedilas flexiacuteveis

2 Inseguranccedila (e resistecircncia) associada agrave utilizaccedilatildeo de insumos livres no material didaacutetico

3 Crenccedila de que o uso de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre necessariamente aumenta

a carga horaacuteria de trabalho docente

4 Dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica e o estado de artefato em construccedilatildeoque o

software livre pode apresentar

5 Dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas

6 Dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e de sequecircncias didaacuteticas digitais

7 Dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware

Vale ressaltar que os trecircs uacuteltimos Problemas de Ensino relativos agrave produccedilatildeo de materiais

didaacuteticos de natureza virtual e livre que identificamos em nossa pesquisa e que trazemos para

debate neste tese estatildeo especialmente relacionados ao desenvolvimento do letramento e da

competecircncia digital docente Com efeito uma leitura atenta de nossas anaacutelises mostraraacute que esses

Problemas de Ensino se relacionam agraves concepccedilotildees de letramento digital discutidas por Buzato

(2006a apud BUZATO 2006b) Buzato (2006b) e Romero (2008) - conforme apresentamos no

capiacutetulo 6 desta tese - e apontam para o desenvolvimento de competecircncias digitais relacionadas agrave

praacutetica docente inserida em meio agraves novas Tecnologias da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo (TICS)

de acordo Espanha (2013) Esse distribui as competecircncias digitais - as quais descrevemos no

QUAD 72 - em quatro dimensotildees Informaccedilatildeo Comunicaccedilatildeo Criaccedilatildeo de Conteuacutedo Seguranccedila e

Resoluccedilatildeo de Problemas

711 Dificuldade para encontrar insumos desejados registrados com

licenccedilas flexiacuteveis

A dificuldade para encontrar insumos desejados (ou especiacuteficos) que fossem registrados com

licenccedilas flexiacuteveis podem ser percebidos por meio dos relatos de PD-1 a PD-7 (QUAD 73) PD-13

129

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 72 Competecircncias digitais esperadas para o docente conforme Espanha (2013)

Dimensatildeo Competecircncia

Informaccedilatildeo Identificar localizar recuperar armazenarorganizar e analisar a informaccedilatildeo digitalavaliando a sua finalidade e relevacircncia

Comunicaccedilatildeo Comunicar-se em ambientes virtuais com-partilhar recursos por meio de ferramentasem rede conectar-se e colaborar por meiode ferramentas digitais interagir e partici-par de comunidades e redes consciecircnciaintercultural

Criaccedilatildeo de Conteuacutedo Criar e editar conteuacutedos novos (textos ima-gens viacutedeos) integrar e reelaborar co-nhecimentos e conteuacutedos anteriores rea-lizar produccedilotildees artiacutesticas conteuacutedo mul-timiacutedia e programaccedilatildeo de computadoressaber aplicar os direitos de propriedade in-telectual e as licenccedilas de uso

Seguranccedila Proteccedilatildeo pessoal proteccedilatildeo de dados pro-teccedilatildeo de identidade virtual uso seguro esustentaacutevel

Resoluccedilatildeo de Proble-mas

Identificar necessidades e recursos digitaistomar decisotildees para escolher a ferramentadigital apropriada de acordo com a finali-dade ou necessidade resolver problemasconceituais atraveacutes do meio virtual resolverproblemas teacutecnicos uso criativo da tecno-logia atualizar as proacuteprias competecircncia eas dos outros

Fonte adaptado de Espanha (2013 p 13)

130

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

(QUAD 75) e PD-26 (QUAD 710) Notamos que a ideia de insumos desejados se refere tanto a

uma forma idealizada de insumo - representado por exemplo pela expressatildeo um texto que fosse

legal(relato PD-2) - quanto a demandas de insumos especiacuteficos para as respectivas Sequecircncias

Didaacuteticas em elaboraccedilatildeo - tais como viacutedeos ou muacutesicas que falassem do corpo (relato PD-3)

viacutedeos que apresentassem uma receita culinaacuteria especiacutefica (relato PD-4) ou ainda imagens de

determinados materiais escolares (relato PD-6)

Percebemos ainda nos relatos de PD-1 a PD-7 PD-13 e PD-26 a referecircncia agrave busca de

soluccedilotildees perante a dificuldade de encontrar insumos especiacuteficos registrados com licenccedilas flexiacuteveis

As tentativas de solucionar o problema encaminharam-se em trecircs sentidos melhorar a busca

produzir os proacuteprios insumos e fazer adaptaccedilotildees nas sequecircncias didaacuteticas A melhoria da busca foi

compreendida no sentido de intensificaacute-la - ou seja simplesmente continuar procurando (relatos

PD-3 e PD-5) - e no sentido de refinaacute-la por meio da utilizaccedilatildeo de filtros e motores de busca

especializados em insumos registrados com licenccedilas flexiacuteveis (relato PD-7) A produccedilatildeo de insumos

por sua vez girou em torno da elaboraccedilatildeo de textos (relato PD-4) e da criaccedilatildeo de imagens (relato

PD-5) Emfim a mudanccedila de um ou mais aspectos abordados na sequecircncia didaacutetica - a ser

elaborada - ocorreu de modo a adaptaacute-la - a Sequecircncia Didaacutetica - aos insumos com licenccedilas flexiacuteveis

encontrados Esse eacute o caso por exemplo trazido agrave tona no relato n 6 em que se optou por associar

o estudo dos artigos agraves cores - em detrimento ao vocabulaacuterio relativo aos materiais escolares dada

a falta de imagens desse grupo de itens que fossem registrados com licenccedilas flexiacuteveis

Consideramos plausiacutevel compreender esse Problema de Ensino - ou seja a dificuldade de

encontrar insumos que sejam concomitantemente registrados com licenccedilas flexiacuteveis e condizentes

com as demandas de um determinado projeto de elaboraccedilatildeo de sequecircncias didaacuteticas - como a

experimentaccedilatildeo de questotildees e preocupaccedilotildees que sejam talvez novas para a praacutetica dos professores-

informantes mas que podem ser consideradas tiacutepicas no acircmbito da produccedilatildeo de material didaacutetico

no modelo de Economia Guttemberg (SHIRKY 2010 p 42) - como por exemplo no acircmbito das

editoras Com efeito natildeo seraacute difiacutecil constatar que equipes editoriais eventualmente tenham por

exemplo que adotar estrateacutegias de criaccedilatildeo de insumo - como elaborar seus proacuteprios textos ou

imagens tal qual relatado pelos informantes desta pesquisa - de modo a contornar a falta de insumos

adequados ou a impossibilidade de compra dos direitos de uso de um determinado insumo - ou

ateacute mesmo de modo a tentar diminuir os custos de produccedilatildeo do material didaacutetico Nesse caso a

constataccedilatildeo desse Problema de Ensino poderia sinalizar um efeito do empoderamento do professor

de idiomas o qual enquanto produtor do seu proacuteprio material didaacutetico assume responsabilidades que

em outra circunstacircncia seriam atribuiacutedas a terceiros Naturalmente um professor que assume uma

postura condizente com a concepccedilatildeo poacutes-meacutetodo buscando agregar agrave sua praacutetica as dimensotildees de

pesquisa e produccedilatildeo do seu material didaacutetico deveraacute em alguma medida absorver habilidades

competecircncias e conflitos relativos a esses dois acircmbitos

131

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 73 Relatos-produccedilatildeo dificuldade de encontrar insumos com licenccedilas flexiacuteveis

PD-1 [Encontramos dificuldade para] conseguir uma imagem para utilizar com seusdireitos livres [Informante 16]

PD-2 () foi bem difiacutecil achar um texto que fosse legal neacute Que tivesse especificadaa licenccedila Entatildeo a gente natildeo teve muita opccedilatildeo Entatildeo a escolha do texto foiassim ldquo- Ah esse texto taacute licenciado Entatildeo vai esse mesmordquo Natildeo foi ldquo - Ahporque esse texto eacute legal interessanterdquo Natildeo foi nada disso [Informante 1]

PD-3 A gente tambeacutem queria iniciar com um viacutedeo ou uma muacutesica que falasse docorpo mas a gente natildeo encontrou uma que tivesse a licenccedila adequadaa gente podia procurar mais e achar quem sabe neacute [Informante 8]

PD-4 () como a gente procurou na internet viacutedeos da pasta a boscaiolla a genteencontrou no como era o mesmo Giallozanfrano um viacutedeo excelentemas ele natildeo tinha licenccedila pra ser utilizado entatildeo a gente pensou na Mariella(componente do grupo de trabalho que fala italiano como liacutengua materna) fazera apresentaccedilatildeo em italiano da receita e a gente ia utilizar o recurso das imagenspra ir ilustrando para os alunos Essa receita esse texto foi a Mariella queescreveu entatildeo eacute de autoria do nosso grupo [Informante 8]

PD-5 () foi uma dificuldade muito grande pra encontrar as imagens sem o copyrightneacute Que a gente pudesse utilizar entatildeo eu ateacute teve uma imagem que eutive que tirar uma foto em casa do sal que natildeo teve a Socircnia (componentedo grupo de trabalho) ajudou muito porque ela conseguiu encontrar teve umafacilidade maior pra encontrar as imagens pra gente [Informante 8]

PD-6 Como o objetivo central era estudar os artigos na verdade a gente pensouinicialmente [em] comeccedilar com algo que fosse visual pra eles na sala deaula mas noacutes natildeo conseguimos imagens livres de de por exemplo eacutemateriais de utilizaccedilatildeo caneta laacutepis ou mesmo sala de aula a gente pensouem pegar uma imagem completa assim noacutes natildeo conseguimos Entatildeo noacutesmudamos ateacute conseguirmos essa imagem livre (imagem de uma cesta comfrutas) e mudamos o foco [Informante 11] Tivemos que pensar num tema paraessa imagem entatildeo resolvemos trabalhar com o tema cores e dentro do temacores trabalhar com os artigos [Informante 3]

PD-7 A segunda e uacuteltima dificuldade foi para encontrarmos um viacutedeo que se en-caixasse na categoria de Creative Commons pois os primeiros encontradosestavam hospedados no Youtube e eram de licenccedila copyright Para solucionar-mos o problema decidimos pesquisar no wwwcreativecommonsorg sites deviacutedeos que possuam licenccedila livre copyleft Encontramos o site wwwvimeocomque os disponibiliza de forma livre e expliciacuteta qual o tipo de CC (Creative Com-mons) [Informante 9]

132

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

712 Inseguranccedila (e resistecircncia) associada agrave utilizaccedilatildeo de insumos

livres no material didaacutetico

O sentimento de inseguranccedila perante a utilizaccedilatildeo de insumos livres no material didaacutetico - bem

como a resistecircncia em fazecirc-lo - podem ser constatados nos relatos de PD-8 a PD-10 (QUAD 74)

Identificamos por meio da anaacutelise desses relatos que os insumos livres foram percebidos pelos

informantes de dois modos sendo ambos - consideramos - negativos ainda que em intensidades

diferentes Satildeo eles definitiva e intrinsecamente ruins - ou seja de qualidade duvidosa - por um

lado e por outro de caraacuteter alternativo cuja utilizaccedilatildeo poderia natildeo agradar aos alunos Dessa

forma associamos o sentimento de resistecircncia ao primeiro aspecto - a saber a crenccedila de que esses

insumos satildeo intrinsecamente de baixa qualidade por serem livres - e o sentimento de inseguranccedila

ao segundo - ou seja agrave crenccedila de que a sua utilizaccedilatildeo pode natildeo agradar aos alunos Vale ressaltar

que o julgamento sobre a qualidade dos insumos livres eacute colocada em xeque pelos informantes

em oposiccedilatildeo aos insumos advindos de um modelo de produccedilatildeo fechado ou seja que reflete a

concepccedilatildeo da Economia Guttemberg (SHIRKY 2010 p 42) - tais como editoras gravadoras ou

produtoras Esses de fato seriam supostamente mais famosos e mais familiares tanto para os

alunos quanto para os professores de modo que lhes agradariam mais Para expressar o seu ponto

de vista negativo sobre os insumos livres os informantes lanccedilaram matildeo de conceitos como pouco

interessante (relato PD-9) desconhecido - com uma carga pejorativa (relato PD-9) desatualizado

(relato PD-10) e alternativo (relato PD-10)

Cabe observar que a crenccedila de que a qualidade dos produtos culturais livres eacute intrinsecamente

maacute remete agrave ideia de que o aumento da facilidade de publicaccedilatildeo proporcionada pelo desenvolvimento

tecnoloacutegico diminui a qualidade das publicaccedilotildees como um todo - conforme ocorrido com o advento

da prensa moacutevel de Guttemberg e da Internet (SHIRKY 2010 p 46) Consideramos equivocada

a associaccedilatildeo dessa concepccedilatildeo com aquela na medida em que a diminuiccedilatildeo da qualidade das

publicaccedilotildees considerado todo o seu universo natildeo equivale agrave concepccedilatildeo de que um produto cultural

seraacute de maacute qualidade pelo fato de ser livre Com efeito encontramos materiais com boa e com maacute

qualidade tanto no acircmbito do modelo de produccedilatildeo cultural fechado quanto livre A qualidade seraacute

condicionada por outros fatores

Percebemos ainda sobre esse Problema de Ensino o relato de pelo menos uma estrateacutegia

adotada no sentido de tentar solucionaacute-la Frente ao surgimento da crenccedila de que insumos livres

poderiam natildeo agradar aos alunos o professor-informante decidiu utilizar insumos de aacuteudio que

considerou remeter a aspectos da cultura italiana que lhe pareciam adequados ou uacuteteis para serem

abordados em uma aula de liacutengua e cultura italianas Referimos-nos ao relato PD-11 em que o

professor informante explica ter escolhido a utilizaccedilatildeo de muacutesicas do grupo Armada Brancaleone

ao associaacute-lo ao claacutessico filme italiano LrsquoArmata Brancaleone o qual fora produzido dentro de um

modelo de produccedilatildeo fechado Compreendemos que a resoluccedilatildeo de Problemas de Ensino motivados

por crenccedilas passam pelo exerciacutecio de reflexatildeo e ampliaccedilatildeo do contato com o artefato focalizado - ou

seja sobre o qual se tem a crenccedila Encontramos concepccedilatildeo anaacuteloga em Silva (2011 p 2) Vieira

Abrahatildeo (2004 p 133) e White (2008 p 125) quando ressaltam a explicitaccedilatildeo a conscientizaccedilatildeo e

a reflexatildeo sobre crenccedilas ou aglomerados de crenccedilas (SILVA 2005) - relacionadas nesse caso agrave

dimensatildeo do ensino e aprendizagem de liacutenguas - como accedilotildees chave em percursos de formaccedilatildeo

133

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 74 Relatos-produccedilatildeo inseguranccedila (e resistecircncia) relativa agrave utilizaccedilatildeo de insumoslivres no material didaacutetico

PD-8 Aquilo que a gente disse () natildeo eacute nem um artigo que a gente achou ldquoah eacutemuito interessanterdquo () Era o que tinha pra conseguir fazer a atividade Essaaliaacutes seria uma de minhas criacuteticas no sentido de natildeo encontramos nada demuito inte () tipo uma canccedilatildeo conhecida pra poder trabalhar Natildeo O quetinha era umas coisas assim do tipo ldquoAh taacute quem eacute esse que fez essa canccedilatildeonerdquo (tom irocircnico) Entatildeo num num foi muito interessante [Informante 2]

PD-9 () e com relaccedilatildeo a viacutedeos tambeacutem encontramos dificuldade para colocarporque tambeacutem inicialmente a gente tem aquela ideia de se trazer as muacutesicasatualizadas e essas na verdade satildeo as que a gente natildeo encontra liberdadesas liberdades no site entatildeo as muacutesicas atuais que estatildeo tocando nas raacutedios[Informante 11]

PD-10 Quando pensei em pesquisar muacutesicas achei um pouco complicado usar osite jamendocom pois a impressatildeo que tive foi que os artistas e muacutesicasencontradas eram um pouco alternativos Natildeo que isso seja um problema masnormalmente os alunos gostam mais daquilo que eacute mais famoso mais familiar aeles Como soluccedilatildeo escolhi um grupo que se chamava Armada Brancaleone e oaacutelbum Dura Lex pois achei interessantes[] () [O] nome do grupo () retomaum claacutessico do cinema italiano e () provavelmente poderia ser um ponto deapoio para os alunos [Informante 6]

134

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

de professores de idiomas visando auxiliaacute-los a entender suas accedilotildees e procedimentos em sala de

aula(SILVA 2011 p 2) de modo a aprimorar a sua praacutetica Dessa forma no caso do Problema de

Ensino apontado - por exemplo - as reflexotildees podem girar em torno de conceitos como qualidade -

em se tratando dos insumos - induacutestria cultural e ateacute sobre o proacuteprio conceito de crenccedila - entre outros

A aproximaccedilatildeo com o objeto focalizado por sua vez pode ser realizado por meio da ampliaccedilatildeo de

buscas e da anaacutelise dos insumos encontrados

Consideramos enfim que Problemas de Ensino relacionados a crenccedilas - como a inseguranccedila e

a resistecircncia associadas agrave utilizaccedilatildeo de insumos livres no material didaacutetico discutido nesta subseccedilatildeo

e a crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre necessariamente aumenta

a carga horaacuteria de trabalho trazida para debate na proacutexima subseccedilatildeo - natildeo seratildeo especiacuteficos no

que diz respeito a materiais didaacuteticos de natureza virtual livre De fato crenccedilas podem se referir

a artefatos e construtos de diversas naturezas - como por exemplo a uma liacutengua ao ensino agrave

aprendizagem aos programas e curriacuteculos ou ateacute mesmo ao ensino de liacutenguas enquanto profissatildeo

conforme destacam e discutem Richards e Lockhart (1996 p 30-40) atendo-se ao universo

do ensino-aprendizagem de liacutenguas Contudo eacute possiacutevel que existam crenccedilas que apontem para

caracteriacutesticas especiacuteficas desse tipo de material - ou seja materiais didaacuteticos de natureza virtual livre

- em determinado periacuteodo de tempo e contexto sociocultural tal qual - entre outros - a presenccedila de

insumos produzidos e publicados em um modelo de produccedilatildeo livre os quais conforme observamos

nesta subseccedilatildeo poderatildeo ser considerados portadores de uma suposta maacute qualidade intriacutenseca

Vale observar que ao propor essa reflexatildeo referimos-nos agraves crenccedilas sobre materiais didaacuteticos de

ensino de liacutenguas em especial sobre materiais de natureza virtual livre

713 Crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza vir-

tual livre necessariamente aumenta a carga horaacuteria de trabalho

docente

A crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre necessariamente aumenta

a carga horaacuteria de trabalho docente estaacute relacionada aos relatos de PD-11 a PD-13 (QUAD 75)

Essa crenccedila se refere agrave visatildeo de que a tarefa de produzir percursos didaacuteticos partindo-se do marco

zero seraacute necessaacuteria para todos os contextos de ensino com os quais o docente de idiomas iraacute se

deparar caso decida pela utilizaccedilatildeo desse tipo de material didaacutetico em sua praacutetica Nesse caso

ignora-se a possibilidade da utilizaccedilatildeo de Sequecircncias Didaacuteticas jaacute produzidas por terceiros - ou pelo

professor autor em momentos anteriores - cuja adequaccedilatildeo se decirc por nenhuma ou quase nenhuma

adaptaccedilatildeo Desse modo ignora-se tambeacutem a possibilidade do surgimento espontacircneo de uma rede

de compartilhamento de Sequecircncias Didaacuteticas e da accedilatildeo da inteligecircncia coletiva Percebemos ainda

que essa crenccedila reflete a ideia de que materiais didaacuteticos de natureza virtual e livre natildeo seriam

compatiacuteveis com uma dinacircmica profissional docente marcada por um processo de proletarizaccedilatildeo -

ou seja um processo de precarizaccedilatildeo assalariamento e coletivizaccedilatildeo conforme Hypoacutelito (1994) e

Wenzel (1991) Como bem explicam Tumolo e Fontana (2008 p 163)

Hypoacutelito (1994) afirma ser a proletarizaccedilatildeo um processo de assalariamentoe precarizaccedilatildeo profissional no qual estaacute submetido um grande nuacutemero de

135

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 75 Relatos-produccedilatildeo crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos de naturezalivre necessariamente aumenta a carga horaacuteria de trabalho docente

PD-11 () vou ser muito sincero ateacute de uma forma ateacute um pouco digamosdepondo contra mim mesmo mas escuta se eu tiver que procurar demaiseu vou desistir da atividade [Informante 2] E se vocecirc encontrar uma atividadepronta de um colega Que jaacute procurou () e que jaacute taacute quase pronta pra vocecircusar [Pesquisador]

PD-12 A questatildeo eacute pelo menos essa eacute a minha realidade eu nem acho que eacuteassim uma realidade agradaacutevel de expor aqui pros colegas mas eacute umarealidade em que vocecirc fala ldquo- Olha mal tenho tempo de ler um texto pro curso[de poacutes graduaccedilatildeo] que eu tou fazendo e aiacute eu vou sair procurando uma coisaque eu acho(dirigindo-se agrave turma) concordam que vocecirc natildeo vai mostrar paraa sala alguma coisa que vocecirc ache lixo neacute Entatildeo assim primeiro tem queeu ouvir eu ter alguma sensaccedilatildeo e tal () Eu acho que vai ser muito difiacutecilque aconteccedila (referindo-se ao trabalho de produccedilatildeo de Material Didaacutetico VirtualLivre conforme acabara de experimentar) [Informante 2]

PD-13 () vou fazer outra colocaccedilatildeo assim acredito tambeacutem que natildeo sejasomente a gente demorou bastante pra conseguir claro que inicialmenteisso acontece tambeacutem pela falta de praacutetica de conhecimento de praacuteticamas tambeacutem de encontrar os materiais encontrar aquilo que noacutes estamosquerendo e a gente vai se adaptando e vamos tendo outras necessidadestambeacutem [Informante 11] Loacutegico que a maior dificuldade eacute encontrar a licenccedilaadequada a gente ficou muito tempo procurando - ah natildeo esse natildeo daacuteporque natildeo tem licenccedila esse natildeo daacute porque natildeo tem licenccedila[Informante1] E com isso uma consequecircncia maior de grande dificuldade eacute o tempo agente perde tempo para preparar um material desse acho que isso eacute umaquestatildeo central assim o tempo do professor preparaccedilatildeo de aula neacute[informante 11] Mas acho que isso vem dentro tambeacutem da nossa [Informante1] Tem tem tambeacutem a questatildeo de agente natildeo conhecer de natildeo conhecerbem ainda o programa de natildeo estar habituado as resistecircncias tambeacutem quea gente tem pelo fato de estar muito habituado a outras coisas [Informante11] e depois que a gente acha um siacutetio que jaacute tem as imagens liberadas agente jaacute sabe o que tem ali natildeo precisa ficar ah natildeo precisa ficar procurandoimagens sei que ali naquele site tem [Informante 1]

136

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

trabalhadores Jaacute para Wenzel (1991) a proletarizaccedilatildeo eacute resultado daproduccedilatildeo capitalista que retira do trabalhador o controle sobre o processoprodutivo Trabalhador proletaacuterio eacute a negaccedilatildeo do trabalhador individual ea afirmaccedilatildeo do trabalhador coletivo Na anaacutelise desses pesquisadores odocente eacute proletaacuterio na medida em que sofre um processo de precarizaccedilatildeoe assalariamento e se afirma como um trabalhador coletivo (TUMOLOFONTANA 2008 p 163)

Consideramos nesse caso que o aumento da necessidade de assumir cargas horaacuterias de

sala de aula maiores - comprometendo-se por exemplo com mais turmas mais alunos ou mais

escolas como uma tentativa de aumento de renda - e a eventual diminuiccedilatildeo do tempo disponiacutevel

para produzir material didaacutetico respectivamente como aspectos da precarizaccedilatildeo e do controle sobre

o processo de produccedilatildeo

Percebemos por meio da anaacutelise dos relatos de PD-11 a PD-13 que a atividade de preparaccedilatildeo

de material didaacutetico foi concebida como algo de importacircncia secundaacuteria ou seja como uma perda

de tempo - conforme expressado por exemplo pela frase a gente perde tempo produzindo esse

tipo de material(relato PD-13) Compreendemos que essa concepccedilatildeo estaacute diretamente relacionada

aos valores estabelecidos por um contexto de proletarizaccedilatildeo docente (HYPOacuteLITO 1994 WENZEL

1991) em que se atribui mais valor em gastar tempo com mais horas aula do que com a atividade de

produccedilatildeo de material didaacutetico Essa concepccedilatildeo pode se opor por exemplo agrave ideia de que a produccedilatildeo

de material didaacutetico constitui-se de uma tarefa essencialmente importante para a atividade de ensino

e para a formaccedilatildeo docente continuada (TOMLINSOM 2003b TOMLINSOM 2001 JOHNSON

2003 p 445 p 67 p 10) - aleacutem de representar um aspecto do empoderamento do professor na

medida em que lhe permite tomar decisotildees relativas aos diversos aspectos de sua praacutexis como por

exemplo a escolha dos insumos com os quais pretende trabalhar Decisotildees essas que em algumas

perspectivas teoacuterico-metodoloacutegicas seriam tomadas por terceiros - tais como por exemplo autores

de livros didaacuteticos baseados em meacutetodos especiacuteficos de ensino de liacutenguas Parece-nos dessa forma

estabelecida respectivamente a relaccedilatildeo antagocircnica entre o docente como trabalhador coletivo

proletaacuterio e como trabalhador individual Parece-nos oportuno lembrar enfim que consideramos que

os Problemas de Ensino relacionados a crenccedilas podem ser trabalhados em direccedilatildeo agrave sua resoluccedilatildeo

- no que tange agrave formaccedilatildeo de professores de idiomas - pelo exerciacutecio de reflexatildeo e ampliaccedilatildeo do

contato com o(s) objeto(s) envolvidos na construccedilatildeo da crenccedila

714 Dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica e o estado de ar-

tefato em construccedilatildeoque o software livre pode apresentar

A dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica e o estado de artefato em construccedilatildeoque o

software livre pode apresentar estaacute relacionada ao relato PD-14 (QUAD 76) A partir da leitura

desse relato percebemos que a inquietaccedilatildeo dos professores-participantes se refere agrave presenccedila

de elementos da interface do software que poderatildeo ficar sem uso na versatildeo final (publicada) de

algumas sequecircncias didaacuteticas caso o professor-autor decida natildeo seguir os modelos de atividades

oferecidos pelo programa de autoria subvertendo-o de acordo com as proacuteprias demandas Vale

lembrar que esse software - a saber o EXElearning sobre o qual falamos no capiacutetulo 4 desta tese -

137

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 76 Relato-produccedilatildeo Dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica e o estado deartefato em construccedilatildeoque o software livre pode apresentar

PD-14 A gente acabou descobrindo por exemplo que se vocecirc () coloca o seu cursorna dica (elemento do software utilizado) e da um enter esse esse iacuteconede dica vai ficar ali eternamente () ou pelo menos a gente natildeo descobriu[como usar] () Aiacute a gente acabou criando uma dica ali que natildeo eacute verdadeque nem eacute uma dica () eacute uma observaccedilatildeo porque eu brinquei ateacute com o[pesquisador] que eu falei ldquo - Poxa se eu lanccedilo isso pro aluno usar ele vaifalar - Que raio de programador eacute esse que coloca umas coisas vazias neacute ldquoAiacute a gente acabou criando umas sabe assim umas muletas [Informante 2]

de fato disponibiliza diversas tipologias pre-estabelecidas para os usuaacuterios - tais como questotildees

de muacuteltipla escolha de verdadeiro ou falso de preenchimento de lacunas entre outras No caso

apontado o professor-informante se refere ao iacutecone dica- presente em alguns modelos e atividades

- o qual natildeo pode ser desabilitado pelo usuaacuterio mesmo que natildeo seja utilizado

Compreendemos que tal inquietaccedilatildeo estaacute relacionada agrave percepccedilatildeo do programa de autoria livre

como um artefato que se apresenta em estado final e imutaacutevel Ignora-se dessa modo a ideia de

que o usuaacuterio - ou grupo de usuaacuterios - poderaacute promover alteraccedilotildees em niacutevel de programaccedilatildeo caso

queira adaptaacute-lo agraves suas demandas locais ou simplesmente aos padrotildees funcionais ou esteacuteticos de

sua preferecircncia Em outras palavras ignora-se a essecircncia do software livre ou seja o fato de que a

sua criaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo pressupotildee a ideia de que esse artefato poderaacute ser alterado em niacutevel de

coacutedigo por outros usuaacuterios-programadores de modo a serem adaptados agraves suas necessidades

Consideramos plausiacutevel a partir de nossa anaacutelise desse relato sugerir o estabelecimento de

dois perfis referenciais antagocircnicos representativos dos professores-usuaacuterios de software livre em

sua praacutetica de ensino Referimos-nos ao usuaacuterio estaacutetico em oposiccedilatildeo ao usuaacuterio proativo ou livre

Enquanto o primeiro percebe o software livre por meio de uma perspectiva proprietaacuteria - satisfazendo-

se em usar apenas o que o software oferece da maneira como oferece ou seja contentando-se

apenas com niacuteveis superficiais ou controlados de personalizaccedilatildeo e de apropriaccedilatildeo - o segundo

percebe o software livre como tal almejando niacuteveis profundos de personalizaccedilatildeo e apropriaccedilatildeo

considerando sempre a possibilidade de alcanccedilar tais niacuteveis Destacamos essas caracteriacutesticas por

meio do QUAD 77

Desse modo parece-nos coerente dizer que os professores-participantes referenciados por meio

do relato PD-14 apresentaram percepccedilotildees e atitudes que naquele contexto - e naquele momento

- parecem apontar mais para um perfil estaacutetico e menos para um perfil proativo (ou livre) perante

a utilizaccedilatildeo de software livre na praacutetica docente Consideramos que tais professores perceberam

o software livre com o qual trabalhavam a partir de uma perspectiva proprietaacuteria De acordo com

o seu relato frente a uma demanda de personalizaccedilatildeo impossiacutevel de ser resolvida pelas funccedilotildees

oferecidas ao usuaacuterio natildeo lhes ocorreu propor alteraccedilotildees em niacutevel de coacutedigo Com efeito o relato

deflagra a necessidade de personalizaccedilatildeo - representada pelo desejo de retirar o elemento dica

138

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 77 Usuaacuterio estaacutetico e usuaacuterio proativo (livre) - perfis referenciais antagocircnicos

Usuaacuterio estaacutetico Usuaacuterio proativo (livre)

Percebe o software livre por umaperspectiva proprietaacuteria ainda quesaiba o conceito de software livre

Percebe o software livre por umaperspectiva livre

Sente-se confortaacutevel com niacuteveissuperficiais de apropriaccedilatildeo do soft-ware que utiliza natildeo considera su-perar esses niacuteveis

Almeja niacuteveis profundos de apro-priaccedilatildeo do software que utilizaconsidera a possibilidade de alcan-ccedilar tais niacuteveis

Sente-se confortaacutevel com niacuteveismiacutenimos ou controlados de perso-nalizaccedilatildeo do software que utilizanatildeo considera a superaccedilatildeo dessesniacuteveis

Almeja niacuteveis maacuteximos de perso-nalizaccedilatildeo do software que utilizaconsidera a possibilidade de alcan-ccedilar tais niacuteveis

presente na interface de algumas atividades do programa de autoria EXElearning - e indica uma

tentativa de soluccedilatildeo baseada em uma maquiagem daquele elemento - utilizando-o para observaccedilotildees

e natildeo para dicas conforme marca a frase Aiacute a gente acabou criando () umas muletas(relato

PD-14) Esse mesmo relato entretanto natildeo indica que foi considerada a possibilidade de se fazerem

alteraccedilotildees no niacutevel de coacutedigo como soluccedilatildeo para essa questatildeo Parece que eles natildeo levaram em

conta essa possibilidade Consideramos que naturalmente em outros contextos e outros momentos

os perfis poderatildeo variar entre os dois polos referenciais que apresentamos ou seja entre o usuaacuterio

estaacutetico e o proativo ou livre

Vale ressaltar que o trabalho de formaccedilatildeo docente relativo a esse Problema de Ensino pode apon-

tar para o desenvolvimento de uma competecircncia digital especiacutefica relacionada ao desenvolvimento

de conteuacutedo conforme Espanha (2013 p 13) Referimos-nos a saber realizar programaccedilatildeo de

computadores Citamos essa competecircncia no QUAD 72 Consideramos que ela pode variar desde

a aprendizagem de noccedilotildees gerais sobre programaccedilatildeo ateacute o saber programar em niacutevel avanccedilado

Julgamos enfim que a dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica e o estado de artefato em

construccedilatildeoque o software livre pode apresentar (PE-4) natildeo parece ser especiacutefica no que se refere

aos materiais didaacuteticos de natureza virtual livre Com efeito ele pode ser enfrentado tambeacutem em

contextos de utilizaccedilatildeo de materiais de outras naturezas desde que se utilize software livre - ainda

que seja estritamente relacionado ao universo dos materiais didaacuteticos de natureza virtual livre

715 Dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas

A dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas se refere aos relatos de PD-15 a PD-20 (QUAD

78) Conforme percebemos em nossa anaacutelise essa dificuldade estaacute relacionada a trecircs fatores a maacute

localizaccedilatildeo das informaccedilotildees sobre a licenccedila de uso dos insumos nos repositoacuterios concernentes a

139

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 78 Relatos-produccedilatildeo dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas

PD-15 Aqui nesse caso a gente conseguiu copiar e colar neacute O texto Porque aimagem natildeo tava livre Soacute o texto tava livre Para modificaccedilatildeo e veiculaccedilatildeo Natildeopara comercializaccedilatildeo E foi um trauma um trauma encontrar () o negocinhoescrito la embaixo (referindo-se ao peacute de paacutegina do site onde estava localizadaa indicaccedilatildeo de licenccedila) [Informante 3]

PD-16 A gente pensou primeiro em explorar uma foto que tem nesse artigo () e comoa foto natildeo era licenciada assim natildeo tinha uma licenccedila especiacutefica pra a foto() a gente natildeo podia usar soacute a foto () como tinha a licenccedila na paacutegina agente usou o texto inteiro a paacutegina toda neacute [Informante 1]

PD-17 O problema enfrentado durante a busca de material livre na internet eacute que nemsempre as licenccedilas estatildeo a mostra o que dificulta a pesquisa Nos sites debusca de material livre em geral natildeo encontramos muitas coisas O materialem maior quantidade satildeo muacutesicas mas viacutedeos e filmes encontram-se em poucaquantidade Fotos tambeacutem satildeo acessiacuteveis Natildeo procurei textos Entender osignificado da licenccedila tambeacutem foi difiacutecil no caso de um viacutedeo porque dizia acessolivre mas natildeo mostrava a licenccedila Os problemas foram resolvidos conversandocom os colegas de curso que me ajudaram a entender as legendas quandopossiacutevel [Informante 13]

PD-18 [Tivemos dificuldade para] entender os coacutedigos das licenccedilas respectivos agrave[nossa] busca Pedimos auxiacutelio do professor e da colega ao lado para sanar asduacutevidas [Informante 14]

PD-19 [Tivemos] [d]ificuldade em encontrar sites com viacutedeos e muacutesicas onde estejainformado o tipo de direitos reservados [Informante 12]

PD-20 Natildeo encontramos a indicaccedilatildeo especiacutefica de direitos autorais do Youtube [Infor-mante 15 ]

ausecircncia de informaccedilotildees sobre a licenccedila de uso dos insumos tambeacutem nos repositoacuterios concernentes

e a incompreensatildeo das informaccedilotildees sobre as licenccedilas de uso quando essas se encontram e estatildeo

bem sinalizadas O primeiro fator pode ser percebido por exemplo pelos excertos foi um trauma

() encontrar o negocinho escrito la embaixo (referindo-se ao peacute de paacutegina do site onde estava

localizada a indicaccedilatildeo de licenccedila)(relato PD-15) e Entender o significado da licenccedila tambeacutem foi

difiacutecil no caso de um viacutedeo porque dizia acesso livre mas natildeo mostrava a licenccedila(relato PD-17)

O segundo fator por sua vez pode ser visto por meio dos excertos Nem sempre as licenccedilas

estatildeo agrave mostra (relato PD-17)e natildeo encontramos a indicaccedilatildeo especiacutefica de direitos autorais do

Youtube(relato PD-20) O terceiro fator enfim pode ser exemplificado pelo excerto [Tivemos

dificuldade para] entender os coacutedigos das licenccedilas respectivos agrave [nossa] busca(relato PD-18)

Percebemos que os dois primeiros fatores - a saber a maacute localizaccedilatildeo das informaccedilotildees sobre as

licenccedilas de uso dos insumos e a ausecircncia dessas informaccedilotildees em seus repositoacuterios - natildeo estatildeo

140

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

diretamente relacionados aos professores-informantes em sua accedilatildeo de busca de insumos dado

que a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo desses repositoacuterios foi feita por terceiros Compreendemos que

aos professores-autores caberaacute nesse caso aprofundar a pesquisa de modo a tentar estabelecer

quais seriam as licenccedilas encontrando-as por exemplo em outros repositoacuterios e outras fontes

caso queiram utilizar um determinado insumo cuja licenccedila natildeo estaacute clara Natildeo obstante o trabalho

formativo relacionado agrave resoluccedilatildeo dos Problemas de Ensino motivados por esses fatores poderaacute

seguir no sentido de conscientizar os docentes sobre a importacircncia de se estabelecerem e de se

publicarem com clareza as licenccedilas relativas aos insumos e agraves sequecircncias didaacuteticas livres com

os quais estatildeo trabalhando e os quais pretendem publicar Ademais esse cuidado aponta para

o desenvolvimento de uma competecircncia digital especiacutefica relacionada agrave criaccedilatildeo de conteuacutedo

conforme Espanha (2013 p 13) ou seja Saber aplicar os direitos de propriedade intelectual e as

licenccedilas de uso(ESPANHA 2013 p 13) Citamos essa competecircncia no QUAD 72

Notamos que o terceiro fator por sua vez relaciona-se diretamente aos professores-informantes

em sua accedilatildeo de busca de insumos Trata-se da incompreensatildeo das informaccedilotildees sobre as licenccedilas de

uso dos insumos quando tais indicaccedilotildees estatildeo presentes e bem sinalizadas Compreendemos que a

resoluccedilatildeo desse problema bem como um possiacutevel caminho de formaccedilatildeo docente a ele relacionado

aponta naturalmente para o estudo e compreensatildeo da codificaccedilatildeo das licenccedilas independente do

conjunto referencial de licenccedilas adotado Esse estudo tambeacutem aponta para a jaacute citada competecircncia

digital relacionada agrave criaccedilatildeo de conteuacutedo trazida agrave tona em Espanha (2013 p 13) a qual repetimos

aqui Saber aplicar os direitos de propriedade intelectual e as licenccedilas de uso(ESPANHA 2013

p 13) Consideramos que saber aplicar pressupotildee compreendecirc-los - tanto os direitos quanto as

licenccedilas

Os relatos de PD-15 a PD-20 deflagraram tambeacutem a accedilatildeo de pedir ajuda aos colegas como

a principal estrateacutegia adotada pelos professores-participantes por eles referenciado Com efeito

destacamos as frases Os problemas foram resolvidos conversando com os colegas de curso

que me ajudaram a entender as legendas quando possiacutevel(relato PD-17) e Pedimos auxiacutelio do

professor e da colega ao lado para sanar as duacutevidas(relato PD-18) as quais deflagram essa accedilatildeo

Cabe mencionar que a iniciativa de pedir e oferecer auxiacutelio figura como uma accedilatildeo essencialmente

relacionada ao desenvolvimento de projetos de natureza livre - tal qual o software livre cujos

programadores e usuaacuterios tradicionalmente tentam estabelecer e manter comunidades de apoio

mutuo Percebemos que um dos principais objetivos ao fazecirc-lo consiste em facilitar a atuaccedilatildeo da

inteligecircncia coletiva em seus projetos Entendemos que essa atitude seraacute tambeacutem fundamental para

o desenvolvimento de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre Esse aspecto poderaacute ser abordado

em percursos de formaccedilatildeo de professores de idiomas e estaacute em sintonia com duas competecircncia

apontadas por Espanha (2013 p 13) - a saber conectar-se e colaborar por meio de ferramentas

digitaise interagir e participar de comunidades e redes Ambas segundo Espanha (2013 p 13)

estatildeo associadas agrave dimensatildeo da Comunicaccedilatildeo conforme apresentamos no QUAD 72

Compreendemos enfim que a dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas pode ser experi-

enciada em contextos de produccedilatildeo de materiais didaacuteticos de qualquer natureza ainda que esteja -

consideramos - estreitamente relacionado agrave produccedilatildeo de materiais didaacuteticos virtuais de natureza

livre Mesmo a produccedilatildeo de materiais fechados pode envolver a utilizaccedilatildeo de insumos registrados

141

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

com licenccedilas flexiacuteveis ou a sua exclusatildeo consciente Tanto essa decisatildeo quanto aquela envolvem a

compreensatildeo das licenccedilas A adoccedilatildeo e o entendimento do conjunto referencial de licenccedilas adotado

- independente de qual seja - estatildeo relacionados agraves demandas de adaptaccedilatildeo das leis de direitos

autorais agraves praacuteticas de produccedilatildeo e circulaccedilatildeo de bens culturais que se estabelecem com o advento

de novas tecnologias digitais Tais adaptaccedilotildees e tais praacuteticas de produccedilatildeo e circulaccedilatildeo podem

afetar a praacutetica de todos os docentes e natildeo apenas uma determinado perfil Corrobora nossa

argumentaccedilatildeo a percepccedilatildeo de Espanha (2013 p 13) quando considera importante que o docente

da era digital saiba aplicar os direitos de propriedade intelectual e as licenccedilas de uso(ESPANHA

2013 p 13) Compreendemos que Espanha (2013 p 13) se refere a todos os docentes que atuam

ou vatildeo atuar na era digital

716 Dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e de Sequecircn-

cias Didaacuteticas digitais

A dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e sequecircncias didaacuteticas digitais pode ser percebida

por meio dos relatos de PD-21 a PD-25 (QUAD 79) Observamos de fato que os relatos indicam

a ocorrecircncia de dificuldades com a ediccedilatildeo de imagens - como expressa o excerto [Encontramos

problemas para] editar a imagem(relato PD-21) - e com a ediccedilatildeo das Sequecircncias Didaacuteticas pro-

duzidas com o programa de autoria EXElearning - conforme exemplificam os excertos Algueacutem

consegue dizer por que eu natildeo tou conseguindo movecirc-la(referindo-se a uma janela que abriga um

site na Sequecircncia Didaacutetica apresentada) (relato PD-23) e Eacute que o viacutedeo ela conseguiu colocar

ali Conte como foi essa epopeia(relato PD-25) ou seja como foi difiacutecil inserir o viacutedeo em uma

atividade da Sequecircncia Didaacutetica que estavam produzindo

Compreendemos que os problemas relativos agrave ediccedilatildeo das Sequecircncias Didaacuteticas podem estar

relacionados agrave pouca familiaridade dos professores-participantes com o programa de autoria

que utilizavam naquele contexto e naquele momento De fato percebemos que alguns relatos

podem deflagrar situaccedilotildees em que a resoluccedilatildeo dos problemas envolveu a aprendizagem ou a

percepccedilatildeo de um aspecto recurso ou possibilidade de configuraccedilatildeo do programa de autoria ateacute

entatildeo despercebidos pelos professores-participantes citados nos relatos Tomamos como exemplo

os relatos PD-24 e PD-25 Ambos deflagram situaccedilotildees em que os informantes declaram ter percebido

peculiaridades da dinacircmica do programa apoacutes a publicaccedilatildeo das Sequecircncias Didaacuteticas que produziam

Dessa forma enquanto no relato PD-24 os professores-participantes perceberam que o tamanho do

artigo utilizado como insumo seria diferente na versatildeo editaacutevel e na versatildeo publicada da Sequecircncia

Didaacutetica produzida no relato PD-26 o informante declara ter percebido que o viacutedeo - que acabara de

inserir - funciona normalmente na versatildeo publicada natildeo obstante apareccedila desconfigurado na versatildeo

editaacutevel Estes satildeo os trechos a partir dos quais percebemos tais relaccedilotildees A gente acabou de

descobrir depois de publicar que o artigo natildeo aparece inteiro como ele apareceria pra gente(relato

PD-24) e Ah entatildeo foi super difiacutecil mas depois eu descobri que na verdade todo o trabalho

que eu tive pra por o viacutedeo natildeo precisava ter porque na hora de publicar ele ele [funciona

normalmente](relato PD-26) Em adiccedilatildeo percebemos que no relato PD-24 a possibilidade de

optar por outras configuraccedilotildees eacute apontada pelo pesquisador No relato PD-26 o proacuteprio informante

142

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 79 Relatos-produccedilatildeo dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e desequecircncia didaacuteticas digitais

PD-21 [Encontramos problemas para] editar a imagem (problema ainda natildeo resolvido)(Informante 15)

PD-22 aiacute aqui foi uma das dificuldades que a gente teve no programa que as opccedilotildeeseram vino bianco vino rosso e aranciata e o programa natildeo sei como natildeoaceitou a gente tentou a Socircnia (componente do grupo de trabalho) reiniciouneacute Comeccedilou tudo de novo do zero e mesmo assim o programa natildeo aceitoue ficou essa opccedilatildeo eacute entatildeo isso aqui seria uma terceira alternativa que natildeodeu certo na nossa programaccedilatildeo [Informante 8]

PD-23 () se eu conseguir abrir a janela taacute gente Vocecircs veem (riso) o site Algueacutemconsegue dizer por que eu natildeo tou conseguindo movecirc-la (referindo-se auma janela que abriga um site na sequecircncia didaacutetica apresentada) (Seguemexplicaccedilotildees dos colegas sobre como o informante poderia rolar a tela a que serefere mostrando as partes escondidas do texto) Brigado gente eacute que apessoa natildeo eacute muito (referindo-se a si mesmo e sua dificuldade em utilizar oprograma) [Informante 2]

PD-24 Nessa configuraccedilatildeo que a gente taacute mostrando aqui () eu natildeo consigo abrirmais essa janela entatildeo eu natildeo vou conseguir [rolar a paacutegina com o texto]() A gente acabou de descobrir depois de publicar que o artigo natildeo apareceinteiro como ele apareceria pra gente [Informante 2] Entatildeo vocecircs escolheramqual tamanho [para a janela que abriga o texto na sequecircncia apresentada]Pequeno meacutedio ou ( ) grande [dependendo do tamanho] o aluno vai terque [rolar ou natildeo a paacutegina] [Pesquisador] Da forma como aparecia pra genteo aluno tinha a visatildeo inteira Como se ele abrisse o site neacute () O site podeporque o site disse que pode mas a foto separadamente natildeo porque a gentenatildeo tem a licenccedila pra foto [Informante 2]

PD-25 Entatildeo a partir do viacutedeo [Informante 4] Eacute que o viacutedeo ela conseguiu colocarali Conte como foi essa epopeia [Informante 3] Ah entatildeo foi super difiacutecil masdepois eu descobri que na verdade todo o trabalho que eu tive pra por o viacutedeonatildeo precisava ter porque na hora de publicar ele ele [funciona normalmente][Informante 4]

143

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

declara ter feito a descoberta

Consideramos que esse Problema de Ensino - bem como essas situaccedilotildees descritas - remetem

agrave questatildeo do desenvolvimento da competecircncia digital no que se refere a saber utilizar programas

de ediccedilatildeo - ou de criaccedilatildeo de conteuacutedo - em geral - conforme Romero (2008) a qual destaca

dentre as competecircncias tecnoloacutegicas que se espera que os docentes desenvolvam o domiacutenio de

ferramentas de criaccedilatildeo (QUAD 62) Naturalmente percebemos os esforccedilos de desenvolvimento

dessa competecircncia como um possiacutevel caminho a ser seguido tanto em contextos de formaccedilatildeo

docente quanto em contextos de praacutetica no sentido de solucionar esse Problema de Ensino

Vale destacar o relato PD-22 em que situaccedilatildeo descrita pode apontar tanto para a competecircncia

dos professores participantes ali referenciados quanto para problemas que podem ocorrer no

programa de autoria Trata-se de uma situaccedilatildeo com a qual os professores autores poderatildeo se

defrontar em sua praacutetica De fato ao trabalharem com qualquer programa seja livre ou proprietaacuterio

esses profissionais poderatildeo se deparar com algum tipo de falha desse software Compreendemos

que lidar com essa situaccedilatildeo tambeacutem passa pelo desenvolvimento de competecircncias especiacuteficas

tal qual conforme Espanha (2013 p 13) referindo-se agrave dimensatildeo da Resoluccedilatildeo de Problemas

saber resolver problemas teacutecnicos(QUAD 72) sendo essa - do nosso ponto de vista - tomada

em sentido amplo e significando desde resolver por contra proacutepria ateacute saber encontrar e selecionar

quem melhor poderaacute auxiliar nessa tarefa

Ressaltamos enfim que a dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e de Sequecircncias

Didaacuteticas Digitais natildeo seraacute especiacutefica em relaccedilatildeo agrave produccedilatildeo de material didaacutetico de natureza virtual

livre podendo ocorrer de fato na produccedilatildeo de materiais didaacuteticos de qualquer natureza desde que -

naturalmente - envolva a ediccedilatildeo de artefatos digitais

717 Dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware

O uacuteltimo Problema de Ensino relacionado agrave produccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre

que identificamos em nossa pesquisa - a saber a dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware - pode

ser visto no relato PD-26 (QUAD 710) Percebemos por meio desse relato uma situaccedilatildeo em que

os professores-participantes citados pelo informante deparam-se com um arquivo de viacutedeo cujo

componente de aacuteudio natildeo pode ser ouvido em um dos computadores do seu grupo de trabalho Tal

situaccedilatildeo pode ser deflagrada por meio do excerto [tivemos] dificuldades no meu computador a

gente natildeo conseguia ouvir e soacute um deles que jaacute vinham com o texto escrito que a gente poderia

saber o que tava escrito(relato PD-26)

Associamos essa questatildeo - tal qual fizemos em nossa anaacutelise sobre a dificuldade relativa agrave

ediccedilatildeo de insumos digitais e sequecircncias didaacuteticas digitais - tanto a um mal funcionamento do compu-

tador em niacutevel de hardware ou de software quanto a questotildees relacionadas agraves competecircncias dos

professores-participantes no que se refere agrave utilizaccedilatildeo de computadores ou de software especiacuteficos

Consideramos que esse Problema de Ensino remete ao desenvolvimento de determinadas competecircn-

cias digitais tais como as jaacute citadas saber utilizar programas de ediccedilatildeo ou de criaccedilatildeo de conteuacutedo

em geral conforme Romero (2008) referindo-se agraves Competecircncias Tecnoloacutegicas (QUAD 62) e

saber resolver problemas teacutecnicos conforme aponta Espanha (2013 p 13) referindo-se agrave dimensatildeo

da Resoluccedilatildeo de Problemas (QUAD 72) Cabe lembrar que essa referecircncia agraves competecircncias

144

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em salade aula presencial

Quadro 710 Relato-produccedilatildeo dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware

PD-26 A gente tentou inicialmente eacute acho que foi a dificuldade geral de todos osgrupos neacute Viacutedeos e imagens ah a Rosana (componente do grupo detrabalho) conseguiu achar um site que tinha um tambeacutem mudaria um pouco onosso foco neacute Que tinham aacuteudios de faacutebulas [tivemos] dificuldades no meucomputador a gente natildeo conseguia ouvir e soacute um deles que jaacute vinham como texto escrito que a gente poderia saber o que tava escrito soacute que daiacute eramuito uma dificuldade muito maior tempos verbais muito avanccedilados paranossa aula [Informante 11]

citadas aponta naturalmente para um possiacutevel caminho de formaccedilatildeo docente no que se refere ao

Problema de Ensino abordado ou seja a dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware

Consideramos oportuno observar enfim que esse tipo de problema - tal qual a dificuldade

relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e de Sequecircncias Didaacuteticas digitais discutida na subseccedilatildeo

anterior (716) - natildeo parece ser especiacutefico em relaccedilatildeo agrave produccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza

virtual livre Ele pode ocorrer de fato em processos de produccedilatildeo de materiais didaacuteticos virtuais

de outras naturezas como por exemplo de materiais didaacuteticos virtuais fechados Com efeito

um insumo de viacutedeo por exemplo pode natildeo funcionar em todo e qualquer computador seja por

problema de incompatibilidade por mal funcionamento do hardware ou porque o professor-autor

simplesmente natildeo sabe configurar o seu computador adequadamente

72 Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utiliza-

ccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em sala de aula

presencial

Discutimos nesta seccedilatildeo os Problemas de Ensino relacionados agrave utilizaccedilatildeo de material didaacutetico de

natureza virtual livre ocorrida em duas disciplinas de liacutengua italiana ofertadas em niacutevel de graduaccedilatildeo

na mesma liacutengua junto agrave faculdade de Letras de uma universidade puacuteblica do estado de Satildeo Paulo

Em nossa anaacutelise identificamos um total de 11 (onze) Relatos de Problemas de Ensino ligados

ao aspecto da utilizaccedilatildeo os quais procuramos reunir de acordo com o(s) respectivo(s) temas(s) A

partir desses relatos percebemos 4 (quatro) Problemas de Ensino fundamentais - mapeados no

QUAD 71 e discutidos nas subseccedilotildees de 721 a 724 Satildeo eles

1 Dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que podem ser utilizados para organizar

as Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas em sala de aula presencial

2 Crenccedila de que a escassez de material didaacutetico impresso poderaacute ser mal vista pelos discentes

3 Dificuldade em compreender o funcionamento do software utilizado em sala de aula

145

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em salade aula presencial

4 Preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e do software que abrigam e fornecem

acesso agraves Sequecircncias Didaacuteticas

Consideramos que todos esses Problemas de Ensino estatildeo relacionados ao aspecto digital do

material didaacutetico de natureza virtual livre Desse modo natildeo os consideramos especiacuteficos no que se

refere a materiais dessa natureza ainda que sejam caracteriacutesticos e que possam ser fortemente

associados ao seu universo Com efeito a dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes - sendo nesse

caso suportes para artefatos digitais a crenccedila de que a escassez de material impresso poderaacute ser

mal vista pelos alunos a dificuldade de compreender o funcionamento do software utilizado em sala

de aula e a preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e do software poderatildeo ser percebidas

na utilizaccedilatildeo de materiais didaacuteticos abertos ou fechados desde que sejam virtuais

721 Dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que po-

dem ser utilizados para organizar as Sequecircncias Didaacuteticas e

para trabalhar com elas em sala de aula presencial

A dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que podem ser utilizadas para organizar as

Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas em sala de aula presencial podem ser constatadas

por meio dos relatos de UT-1 a UT-4 (QUAD 711) Percebemos que essa dificuldade de adaptaccedilatildeo

se desdobra em dois aspectos principais a ansiedade e a orientaccedilatildeo do professor sendo que essa -

a dimensatildeo da orientaccedilatildeo - diz respeito agrave mudanccedila de referecircncia do livro didaacutetico impresso para o

computador e agrave ocupaccedilatildeo do espaccedilo fiacutesico da sala de aula pelo professor enquanto leciona

Enquanto o aspecto da ansiedade pode ser visto pelo excerto () [se] trata de uma ansiedade

particular de adaptaccedilatildeo agraves novas tecnologias(relato UT-1) os aspectos relativos agrave mudanccedila de

referecircncia do livro impresso para o computador e agrave ocupaccedilatildeo do espaccedilo fiacutesico podem ser percebidos

pelos trechos eu me senti um pouco confuso e me confundi um pouco ao trabalhar os toacutepicos

da aula(relato UT-2) e [Sinto] dificuldade em abandonar o apoio concreto do livro[UT-3] - para

o aspecto da mudanccedila de referecircncia - e Nos dias em que usamos o computador fiquei bastante

tempo sentado posiccedilatildeo que natildeo eacute nada usual para mim pois prefiro caminhar e circular entre as

carteiras[UT-4] - para o aspecto da ocupaccedilatildeo do espaccedilo

Cabe observar que as aulas ocorreram em dois ambientes um laboratoacuterio de informaacutetica e uma

sala de aula com um computador No laboratoacuterio havia um projetor e uma seacuterie de computadores

de mesa fixos em bancadas paralelas sendo um deles disponiacutevel - agrave frente - para o professor

Na sala de aula por sua vez havia um projetor e um computador de mesa para o professor

- aleacutem da rede sem fio disponibilizada pela faculdade Compreendemos que naturalmente a

escolha de outras tecnologias - tais como notebooks netbooks tablets ou ateacute mesmo smartphones

- para uso do professor nesse caso poderia ter contribuiacutedo para uma melhor adaptaccedilatildeo entre

tecnologias e preferecircncias desse profissional no que se refere agrave ocupaccedilatildeo do espaccedilo da sala de

aula Conhecer novas tecnologias parece ser um dos caminhos para que em sua formaccedilatildeo inicial

ou continuada o docente de liacutenguas tenha agrave sua disposiccedilatildeo um leque maior de possibilidades e

para que aperfeiccediloe sua habilidade de escolha desses artefatos em sua praacutetica Isso de fato pode

contribuir para a resoluccedilatildeo do Problema de Ensino que destacamos nesta subseccedilatildeo - a saber

146

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em salade aula presencial

Quadro 711 Relatos-utilizaccedilatildeo dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias quepodem ser utilizados para organizar as Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas em

sala de aula presencial

UT-1 A minha dificuldade pessoal em relaccedilatildeo ao meio virtual parece natildeo ter afetado oandamento das aulas e do programa pois [se] trata de uma ansiedade particularde adaptaccedilatildeo agraves novas tecnologias [Professor-informante - D8]

UT-2 Nesse dia eu me senti ainda um pouco confuso e me confundi um pouco aotrabalhar os toacutepicos da aula Num determinado momento pedi ao [pesquisador]que escrevesse as perguntas na lousa mas ele logo me alertou que natildeo serianecessaacuterio pois estava tudo no site e visiacutevel aos alunos De qualquer formaa intervenccedilatildeo do [pesquisador] foi fundamental para que eu me orientasse naatividade [Professor-informante - D2]

UT-3 [Sinto] dificuldade em abandonar o apoio ldquoconcretordquo do livro apesar de entendera ldquoconcretuderdquo da rede [Professor-informante - D8]

UT-4 Aleacutem do computador usei a lousa (acho importante utilizaacute-la a fim de quebrar oritmo e fazecirc-los prestar atenccedilatildeo num outro meio) que me auxiliou no momentode trabalhar com as ideias que vinham deles Nos dias em que usamos ocomputador fiquei bastante tempo sentado posiccedilatildeo que natildeo eacute nada usual paramim pois prefiro caminhar e circular entre as carteiras Acho que tambeacutem porisso usei a lousa a fim de me deslocar de um lugar a outro [Professor-informante- D2]

147

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em salade aula presencial

a dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que podem ser utilizados para organizar

Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas em sala de aula presencial - no que se refere a

ambos os aspectos identificados ou seja tanto a ansiedade quanto a orientaccedilatildeo do professor

sendo essa ainda desdobrada em dificuldade relativa agrave mudanccedila de referecircncia do livro didaacutetico

para o computador e agrave ocupaccedilatildeo do espaccedilo fiacutesico da sala de aula pelo docente

Compreendemos enfim que o trabalho relativo agrave questatildeo da ansiedade relatada pelo professor-

informante - tambeacutem em contexto de formaccedilatildeo inicial ou continuada - pode passar pelo autoconheci-

mento - com o objetivo de compreender o motivo desse sentimento - e pela ampliaccedilatildeo do contato

com as novas tecnologias de modo que se tornem parte da sua praacutetica e do seu cotidiano tal qual o

livro didaacutetico impresso Ademais entendemos que essas accedilotildees podem tambeacutem contribuir para que

o professor consiga se sentir confortaacutevel ao utilizar novos sistemas de referecircncias que podem surgir

com a utilizaccedilatildeo das novas tecnologias em sala de aula presencial

722 Crenccedila de que a escassez de material didaacutetico impresso na sala

de aula presencial poderaacute ser mal vista pelos discentes

A crenccedila de que a escassez de material didaacutetico impresso na sala de aula presencial poderaacute ser mal

vista pelos alunos e alunas se destaca no relato UT-5 (QUAD 712) De fato percebemos por meio

do relato que o professor-informante declara ter levado uma grande quantidade de material didaacutetico

impresso em sua bolsa para a sala de aula mesmo tendo percebido que seria desnecessaacuterio

jaacute que todo o material da aula estava em meio virtual e todo o hardware que seria utilizado para

acessaacute-lo estava instalado na sala de aula Fator chave para essa decisatildeo conforme relata o

professor-informante consiste em sua crenccedila de que a ausecircncia desses artefatos poderia ser

avaliada negativamente Ele natildeo se permitiu fazecirc-lo pois acreditou que seria demais(relato UT-5) ir

para a sala de aula carregando apenas uma bolsa com os seus pertences

Conforme mencionamos na seccedilatildeo 71 consideramos que Problemas de Ensino baseados em

crenccedilas podem ser abordados principalmente por meio do exerciacutecio de reflexatildeo e de ampliaccedilatildeo

do contato com os elementos envolvidos na construccedilatildeo da crenccedila Percebemos nesse caso que

confrontar a questatildeo com os alunos em sala de aula pode ser uma via de soluccedilatildeo - sendo que esse

confronto pode se desdobrar tanto em uma reflexatildeo dirigida com os alunos no sentido de trazer

a questatildeo agrave tona e motivar a percepccedilatildeo de que o material para a aula estaacute acessiacutevel quanto na

eventual dissoluccedilatildeo da crenccedila motivada pelo acesso agrave verdadeira percepccedilatildeo dos alunos sobre a

questatildeo Nesse caso de fato ao saber que os alunos natildeo veem com maus olhos a questatildeo da

escassez de materiais impressos em sala de aula a crenccedila poderaacute ser diluiacuteda

723 Dificuldade em compreender o funcionamento do software utili-

zado em sala de aula

Percebemos a dificuldade em compreender o funcionamento do software utilizado em sala de

aula por meio dos relatos de UT-6 a UT-8 (QUAD 713) Nesses relatos de fato o professor-

informante declara ter sentido dificuldade em compreender o funcionamento dos programas utilizados

148

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em salade aula presencial

Quadro 712 Relatos-utilizaccedilatildeo crenccedila de que a escassez de material didaacutetico impressona sala de aula presencial poderaacute ser mal vista pelos discentes

UT-5 Hoje acordei olhei para a bolsa com o material para a aula () e pensei puxanatildeo precisaria nem levar essa bolsa pesada comigo O material estaacute todo laacute (nocomputador) Mas aiacute achei demais chegar soacute com minha bolsa pessoal semmaterial pesado livros e folhas () Levei a bolsa com quase todo o peso masa uacutenica coisa que usei foi a lista de presenccedila [Professor-informante - D2]

Quadro 713 Relatos-utilizaccedilatildeo dificuldade em compreender o funcionamento do softwareutilizado em sala de aula

UT-6 [sinto] falta de praacutetica (pouca familiaridade) com a tecnologia agrave disposiccedilatildeo (deminha parte principalmente) [Professor-informante - D8]

UT-7 ( ) acabei de olhar o blog e amanhatilde gostaria que me explicasse algumasquestotildees teacutecnicas [dirigindo-se ao pesquisador] pois sou muito ignorante noassunto [] seria uma espeacutecie de Moodle mais ou menos isso natildeo [referindo-se ao blog Wordpress utilizado para organizar o material didaacutetico nas aulas]Achei muito interessante e estou gostando da ideia da mudanccedila mesmo[Professor-informante - D1]

UT-8 ( ) natildeo consegui usar o [Ambiente Virtual de Aprendizagem] como gostaria[tive] dificuldade em alimentar o site com exerciacutecios propostas motivadorasavisos aos alunos (continuei a usar o e-mail para os avisos tradicionais e paraenvio de material extra) [Professor-informante - D8]

em suas aulas ou seja o sistema de blog Wordpress 54 e o Ambiente Virtual de Aprendizagem

disponibilizado pela universidade em que leciona - baseado no sistema MOODLE 55 Essa dificuldade

pode ser percebida pelos excertos [sinto] falta de praacutetica (pouca familiaridade) com a tecnologia

agrave disposiccedilatildeo(relato UT-6) acabei de olhar o blog e amanhatilde gostaria que me explicasse algumas

questotildees teacutecnicas [dirigindo-se ao pesquisador] pois sou muito ignorante no assunto(relato UT-7)

e natildeo consegui usar o [Ambiente Virtual de Aprendizagem] como gostaria[relato UT-8]

Notamos que frente agrave dificuldade de compreender o funcionamento dos programas utilizados

em suas aulas o professor-informante optou pela utilizaccedilatildeo de recursos digitais cujo funcionamento

lhe era familiar Nesse caso referimos-nos ao e-mail conforme relato do professor-informante

continuei a usar o e-mail para os avisos tradicionais e para envio de material extra(relato UT-8)

Compreendemos que aleacutem da opccedilatildeo de lanccedilar matildeo de recursos digitais familiares o estudo do

funcionamento dos novos programas e sistemas com os quais o professor pode se deparar em

54httpwwwwordpressorgbr55httpwwwmoodleorg

149

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em salade aula presencial

sua praacutetica consiste em uma possiacutevel estrateacutegia perante esse Problema de Ensino - a saber a

dificuldade de compreender o funcionamento do software utilizado em sala de aula

Vale ressaltar enfim que nem sempre o professor poderaacute escolher todos os recursos digitais com

os quais pretende trabalhar Eacute possiacutevel como no caso aqui apresentado que esse profissional tenha

a sua disposiccedilatildeo um sistema - como por exemplo um Ambiente Virtual de Aprendizagem - utilizado

pela instituiccedilatildeo em que trabalha e que por motivos diversos tenha que utilizaacute-lo Naturalmente esse

debate aponta para o desenvolvimento de competecircncias relativas ao uso de novas tecnologias ou

seja conforme Romero (2008) - descrito no QUAD 62 - para as competecircncias tecnoloacutegicas as

quais como explicam Garcia et al (2011 p 83) referem-se ao domiacutenio de ferramentas de criaccedilatildeo

e aplicaccedilotildees com uso da internet(GARCIA et al 2011 p 83)

724 Preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e do software

que abrigam e fornecem acesso agraves Sequecircncias Didaacuteticas

A preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e do software que abrigam e fornecem acesso

agraves Sequecircncias Didaacuteticas pode ser identificada nos relatos de UT-9 a UT-11 descritos no QUAD

714 Percebemos que tal preocupaccedilatildeo - nesse caso - estaacute diretamente relacionada com o fato

de que um eventual mal funcionamento desses artefatos pode atrasar ou ateacute mesmo inviabilizar a

aula Consideramos que a preocupaccedilatildeo com um provaacutevel atraso da aula pode ser vista por meio

da anaacutelise dos relatos UT-10 e UT-11 na iacutentegra A preocupaccedilatildeo com uma eventual inviabilizaccedilatildeo

dessa atividade por sua vez pode ser deflagrada pelo excerto a uacutenica preocupaccedilatildeo que tenho eacute o

som(relato UT-9) o qual se insere - nesse relato - no contexto do planejamento de uma possiacutevel

atividade de compreensatildeo oral

Notamos que frente agrave essa preocupaccedilatildeo o professor-informante cogitou a ideia de um plano

B ou seja uma atividade alternativa a ser feita no caso de natildeo funcionamento do hardware Essa

estrateacutegia pode ser vista no relato UT-9 quando ele diz talvez um plano B referindo-se a esse

plano alternativo em caso de mal funcionamento do som Consideramos que essa situaccedilatildeo aponta

para o fato de que naturalmente o uso de novas tecnologias - quaisquer que sejam - em sala de

aula poderaacute motivar novas demandas novos olhares por parte do professor e novas estrateacutegias

relacionadas agraves tarefas de planejamento e de execuccedilatildeo de seus cursos e aulas - o que aponta

outrossim para o desenvolvimento contiacutenuo de novas habilidades e competecircncias

150

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em salade aula presencial

Quadro 714 Relatos-utilizaccedilatildeo preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e dosoftware que abrigam e fornecem acesso agraves Sequecircncias Didaacuteticas

UT-9 Oacutetima a atividade para segunda Para o dia 1o eu tinha pensado num ripassopara a prova mas estou pensando ( ) se natildeo seria melhor fazer a prova deascolto Estaremos na sala [dos computadores] se natildeo me engano talvez umviacutedeo com o tema viagem ou supermercado a uacutenica preocupaccedilatildeo que tenho eacuteo som talvez um plano B [Professor-informante - D5]

UT-10 [percebo uma] dificuldade teacutecnica demora em ligar os computadores conse-quentemente demora em iniciar a aula rede lenta [Professor-informante -D8]

UT-11 Devido a uma questatildeo teacutecnica o trabalho acessando o site com materialdidaacutetico proposto ( ) atrasou um pouco mas natildeo prejudicou o andamento daaula [Professor-informante - D2]

151

Capiacutetulo 8

Conclusotildees

Nossa pesquisa teve como objetivo explorar as implicaccedilotildees relacionadas agrave utilizaccedilatildeo de material

didaacutetico de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano LEL2

sendo essas implicaccedilotildees especificadas e tratadas em forma de Problemas de Ensino (ORTALE

2010 p 425) e sendo o termo utilizaccedilatildeo desdobrado em dois aspectos o aspecto da utilizaccedilatildeo - em

sala de aula presencial - e o aspecto da produccedilatildeo Aleacutem disso tivemos como meta - em sintonia

com a metodologia de formaccedilatildeo de professores de italiano proposta pela Profa Dra Fernanda

Landucci Ortale no acircmbito da disciplina Atividades de Estaacutegio discutida no capiacutetulo 5 desta tese

- observar e discutir possiacuteveis caminhos ou estrateacutegias de resoluccedilatildeo dos problemas identificados

Nossa investigaccedilatildeo foi motivada e orientada tambeacutem pela hipoacutetese de que a utilizaccedilatildeo de materiais

didaacuteticos de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de liacutengua italiana

como LEL2 deflagra uma seacuterie de implicaccedilotildees observaacuteveis e especiacuteficas ndash as quais podem ser

definidas em termos de Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 425) ndash dada a sua natureza

peculiar ou seja livre Buscamos em nossas conclusotildees contemplar essas metas e questotildees

de pesquisa Para tanto destacamos 4 dimensotildees discutidas nas seccedilotildees de 81 a 84 Satildeo elas

as caracteriacutesticas gerais dos Problemas de Ensino identificados nesta pesquisa (seccedilatildeo 81) as

possiacuteveis estrateacutegias ou caminhos de resoluccedilatildeo dos Problemas de Ensino identificados (seccedilatildeo 82)

a hipoacutetese de pesquisa (seccedilatildeo 83) e finalmente a metodologia e os possiacuteveis desdobramentos

futuros de nossa investigaccedilatildeo (seccedilatildeo 84)

81 Das caracteriacutesticas gerais dos Problemas de Ensino

identificados nesta pesquisa

Encontramos em nossa investigaccedilatildeo um total de 11 (onze) Problemas de Ensino - 7 (sete) relacio-

nados ao aspecto da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre e 4 (quatro) relativos ao aspecto da

utilizaccedilatildeo desse tipo de material didaacutetico em sala de aula presencial de ensino-aprendizagem de

italiano como LEL2 Satildeo eles de 1 a 7 relacionados ao primeiro aspecto e de 8 a 11 ao segundo

conforme tambeacutem indicamos na tabela 71

PE-1 Dificuldade para encontrar insumos desejados registrados com licenccedilas flexiacuteveis

152

Das caracteriacutesticas gerais dos Problemas de Ensino identificados nesta pesquisa

PE-2 Inseguranccedila (e resistecircncia) associada agrave utilizaccedilatildeo de insumos livres no material didaacutetico

PE-3 Crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre necessariamente

aumenta a carga horaacuteria de trabalho docente

PE-4 Dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica e o estado de artefato em construccedilatildeoque o

software livre pode apresentar

PE-5 Dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas

PE-6 Dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e de sequecircncias didaacuteticas digitais

PE-7 Dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware

PE-8 Dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que podem ser utilizados para organizar

as Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas em sala de aula presencial

PE-9 Crenccedila de que a escassez de material didaacutetico impresso na sala de aula presencial poderaacute

ser mal vista pelos discentes

PE-10 Dificuldade em compreender o funcionamento do software utilizado em sala de aula

PE-11 Preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e do software que abrigam e fornecem

acesso agraves Sequecircncias Didaacuteticas

Notamos por meio de nossa anaacutelise a proeminecircncia de dois fatores as crenccedilas a respeito de

materiais didaacuteticos de natureza virtual livre e a demanda pelo desenvolvimento de competecircncias

relacionadas aos aspectos virtual e livre desse tipo de material didaacutetico Com efeito 3 (trecircs) dos

Problemas de Ensino se relacionam estritamente agraves crenccedilas e 4 (quatro) agraves demandas ligadas ao

desenvolvimento de competecircncias digitais por parte do professor

Destacamos para o primeiro aspecto a crenccedila de que insumos livres satildeo intrinsecamente de

maacute qualidade o que pode gerar um sentimento de inseguranccedila relativo agrave utilizaccedilatildeo de materiais

de natureza livre (PE-1) a crenccedila de que o trabalho com material didaacutetico de natureza virtual livre

deveraacute ser produzido do zero a cada novo contexto de ensino e aprendizagem o que pode embasar

por sua vez a crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos dessa natureza necessariamente

aumenta a carga horaacuteria de trabalho docente (PE-2) - tornando nesse caso tal utilizaccedilatildeo inviaacutevel

perante a condiccedilatildeo de proletarizaccedilatildeo do professor e a crenccedila de que a escassez de material didaacutetico

impresso na sala de aula presencial poderaacute ser vista de forma negativa pelos alunos (PE-9) jaacute

que eles poderiam associar a qualidade da aula agrave quantidade de material impresso presente nesse

ambiente

No que se refere ao segundo aspecto - a saber a demanda pelo desenvolvimento de compe-

tecircncias especiacuteficas - ressaltamos a falta ou a maacute localizaccedilatildeo das indicaccedilotildees sobre a licenccedila de

uso dos insumos e a incompreensatildeo dessas licenccedilas por parte do professor-autor quando estatildeo

claramente indicadas as quais englobamos agrave dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas (PE-5)

e associamos agraves seguintes competecircncias requeridas para o docente da era digital saber aplicar

os direitos de propriedade intelectual e as licenccedilas de uso(ESPANHA 2013 p 13) conectar-se

153

Das caracteriacutesticas gerais dos Problemas de Ensino identificados nesta pesquisa

e colaborar por meio de ferramentas digitais(ESPANHA 2013 p 13) e interagir e participar de

comunidades e redes(ESPANHA 2013 p 13) - sendo as duas ultimas ligadas a accedilotildees de apoio

muacutetuo com o intuito de aprender sobre a codificaccedilatildeo de licenccedilas flexiacuteveis ou o estabelecimento

de licenccedilas pouco claras eventualmente encontradas em insumos a dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo

de insumos e Sequecircncias Didaacuteticas digitais (PE-6) - tanto relacionada agrave falta de conhecimento do

professor a esse respeito quanto a problemas com o hardware ou o software com que trabalha

a dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware (PE-7) que tambeacutem pode se referir tanto a falta

de conhecimento do professor no sentido de natildeo conseguir configurar o software ou o hardware

de modo adequado quanto a falhas deses artefatos e enfim a dificuldade em compreender o

funcionamento do software utilizado em sala de aula (PE-10) a qual pode tambeacutem ser associada agrave

falta de conhecimento do professor a respeito dessa utilizaccedilatildeo

Compreendemos que esses trecircs uacuteltimos Problemas de Ensino (PE-5 PE-6 e PE-7) estatildeo

relacionados ao domiacutenio de ferramentas de criaccedilatildeo e aplicaccedilotildees com uso da internet conforme

Romero (2008 apud GARCIA et al 2011 p 83) e que ademais as dificuldades de ediccedilatildeo

de insumos e de Sequecircncias Didaacuteticas digitais (PE-6) e de utilizaccedilatildeo de hardware (PE-7) estatildeo

tambeacutem associadas a saber resolver problemas teacutecnicos de acordo com Espanha (2013 p 13)

Compreendemos esse saber como uma noccedilatildeo que pode transitar entre saber resolver por conta

proacutepria e saber encontrar ajuda e recursos para soluccedilatildeo

Quanto aos demais Problemas de Ensino - a saber PE-1 PE-4 PE-8 e PE-11 - percebemos

em linha de siacutentese que a dificuldade para encontrar insumos desejados registrados com licenccedilas

flexiacuteveis (PE-1) refere-se agrave tarefa de selecionar insumos que correspondam a uma determinada

finalidade - estabelecida para a Sequecircncia Didaacutetica em elaboraccedilatildeo - e que ao mesmo tempo

possuam licenccedilas flexiacuteveis ou ainda determinada configuraccedilatildeo de licenccedila flexiacutevel a dificuldade

em lidar com a natureza dinacircmica e o estado de artefato em construccedilatildeoque o software livre pode

apresentar (PE-4) estaacute relacionada agrave percepccedilatildeo e agrave atitude do professor-autor perante o uso de

software dessa natureza em sua praacutetica Essa constataccedilatildeo nos motivou a propor o estabelecimento

de dois perfis antagocircnicos de professores-usuaacuterios de software livre - a saber o usuaacuterio estaacutetico e o

usuaacuterio proativo ou livre Em linhas gerais enquanto esse percebe o software livre como tal - alme-

jando niacuteveis profundos de personalizaccedilatildeo e de apropriaccedilatildeo considerando sempre a possibilidade

de alcanccedilar tais niacuteveis aquele o vecirc por meio de uma perspectiva proprietaacuteria satisfazendo-se em

usar apenas o que o software oferece contentando-se com niacuteveis superficiais ou controlados de

personalizaccedilatildeo e apropriaccedilatildeo a dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que podem

ser utilizados para organizar as Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas em sala de aula

presencial (PE-8) estaacute relacionada agrave ansiedade do professor - perante o uso de novas tecnologias

- e a sua orientaccedilatildeo em sala de aula sendo que essa diz respeito agrave mudanccedila de referecircncia do

livro didaacutetico impresso para o computador (de mesa) e agrave ocupaccedilatildeo do espaccedilo fiacutesico da sala de

aula enquanto leciona a preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware (PE-11) enfim estaacute

diretamente relacionada agrave preocupaccedilatildeo com eventuais atrasos - ou ateacute mesmo com a inviabilizaccedilatildeo

- das aulas

154

Das possiacuteveis estrateacutegias ou caminhos de resoluccedilatildeo dos Problemas de Ensino identificados nestapesquisa

82 Das possiacuteveis estrateacutegias ou caminhos de resoluccedilatildeo

dos Problemas de Ensino identificados nesta pesquisa

Destacamos a respeito das estrateacutegias de resoluccedilatildeo dos Problemas de Ensino identificados em

nossa pesquisa e dos possiacuteveis caminhos de formaccedilatildeo docente a eles relacionados - ou seja agraves

implicaccedilotildees para a formaccedilatildeo de professores de idiomas em especial de liacutengua italiana inicial ou

continuada - que em linhas gerais um dos possiacuteveis caminhos de formaccedilatildeo relacionados aos

Problemas de Ensino baseados em crenccedilas - a saber PE-2 PE-3 e PE-9 - passa do nosso ponto

de vista pelo exerciacutecio de reflexatildeo e pela ampliaccedilatildeo do contato com o(s) objeto(s) envolvido(s)

na construccedilatildeo da crenccedila Tomamos como exemplo as crenccedilas de que insumos de natureza livre

possuem maacute qualidade intriacutenseca (associada ao PE-2) e de que a escassez de material didaacutetico

impresso em sala de aula presencial poderaacute ser mal vista pelos alunos (PE-9) Com efeito as

tentativas de resoluccedilatildeo desses problemas podem girar em torno respectivamente da reflexatildeo

sobre os conceitos de qualidade induacutestria cultural e ateacute mesmo da proacutepria ideia de crenccedila e

do levantamento das opiniotildees dos alunos sobre a presenccedila ou ausecircncia de materiais didaacuteticos

impressos em sala de aula Vale ressaltar que essa questatildeo aponta para o universo das crenccedilas

sobre materiais didaacuteticos de ensino de liacutenguas especialmente sobre os materiais didaacuteticos de

natureza virtual livre

Em adiccedilatildeo percebemos que os Problemas de Ensino relacionados a crenccedilas podem tambeacutem

apontar para estrateacutegias de resoluccedilatildeo adicionais como por exemplo a utilizaccedilatildeo de insumos que

faccedilam referecircncia a produtos culturais do universo fechado tal qual relatado em nossa pesquisa

frente ao problema PE-2 ou seja a inseguranccedila (e resistecircncia) associada agrave utilizaccedilatildeo de insumos

livres no material didaacutetico

O trabalho com Problemas de Ensino que envolvem a mobilizaccedilatildeo de competecircncias especiacuteficas

(PE-5 PE-6 PE-7 e PE-10) pode consistir por sua vez na identificaccedilatildeo das competecircncias requeridas

a cada caso e naturalmente no desenvolvimento dessas competecircncias pelo professor tanto em

formaccedilatildeo inicial quanto em formaccedilatildeo continuada Percebemos que em adiccedilatildeo a essa concepccedilatildeo

geral alguns problemas de ensino que envolvem a mobilizaccedilatildeo de competecircncias especiacuteficas - tais

quais dominar ferramentas de criaccedilatildeo e aplicaccedilotildees com uso da internet(ROMERO 2008 apud

GARCIA et al 2011 p 83) e saber resolver problemas teacutecnicos(ESPANHA 2013 p 13) - podem

tambeacutem apontar para estrateacutegias de resoluccedilatildeo adicionais as quais naturalmente podem sugerir

caminhos de formaccedilatildeo docente Destacamos por exemplo os Problemas de Ensino PE-5 e PE-10

De fato podem figurar como estrateacutegias de soluccedilatildeo para a dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das

licenccedilas (PE-5) o aprofundamento das buscas de insumos com o intuito de descobrir ou estabelecer

uma licenccedila pouco clara referente a um determinado insumo a melhoria da compreensatildeo do

sistema de licenciamento adotado pelo autor do insumo e a busca de auxiacutelio junto a colegas ou agrave

comunidade Podem figurar outrossim como possiacuteveis estrateacutegias para a soluccedilatildeo da dificuldade em

compreender o funcionamento do software utilizado em sala de aula (PE-10) a opccedilatildeo por tecnologias

com as quais o professor tenha mais familiaridade

Percebemos que os demais problemas de Ensino de nossa lista - a saber PE-1 PE-4 PE-8 e

PE-11 - tambeacutem apresentaram uma seacuterie de estrateacutegias que podem ser associadas agrave sua resoluccedilatildeo

155

Da hipoacutetese de pesquisa

e a possiacuteveis direcionamentos para o trabalho de formaccedilatildeo docente Consideramos oportuno

destaca-los Dessa forma a dificuldade para encontrar insumos desejados registrados com licenccedilas

flexiacuteveis (PE-1) pode ser associada agraves seguintes estrateacutegias melhorar a busca - no sentido de

intensificaacute-la e de refinaacute-la com o auxiacutelio de motores de busca especializados produzir os proacuteprios

insumos e fazer mudanccedilas na Sequecircncia Didaacutetica de modo a adaptaacute-la aos insumos encontrados

conforme relatado pelos professores-informantes de nossa pesquisa A dificuldade em lidar com

a natureza dinacircmica e o estado de artefato em construccedilatildeoque o software livre pode apresentar

(PE-4) aponta de acordo com nossa concepccedilatildeo para a intensificaccedilatildeo do exerciacutecio de reflexatildeo

sobre a essecircncia do software livre para a participaccedilatildeo em projetos de criaccedilatildeo e desenvolvimento

desse tipo de artefato com o intuito de conhecer melhor a sua dinacircmica de desenvolvimento

e as suas possibilidades de personalizaccedilatildeo e para a aquisiccedilatildeo de noccedilotildees de programaccedilatildeo A

dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que podem ser utilizados para organizar as

Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas em sala de aula presencial (PE-8) pode ser por

sua vez associada agraves seguintes estrateacutegias utilizaccedilatildeo de tecnologias sintonizadas com a praacutetica do

professor ampliaccedilatildeo do uso de novas tecnologias em sala de aula com o intuito de torna-las invisiacuteveis

tal qual tecnologias tradicionais como o livro didaacutetico impresso e reflexatildeo sobre sentimentos - como

ansiedade - que podem causar problemas relativos agrave utilizaccedilatildeo de novas tecnologias A preocupaccedilatildeo

com o funcionamento do hardware (PE-11) enfim pode ser associada agrave elaboraccedilatildeo de atividades

alternativas a serem realizadas em caso de mal funcionamento do hardware conforme vimos nos

relatos apresentados nesta pesquisa

83 Da hipoacutetese de pesquisa

Em resposta agrave nossa hipoacutetese de pesquisa - anunciada no capiacutetulo introdutoacuterio desta tese e

retomada na abertura do presente capiacutetulo - a saber a hipoacutetese de que a utilizaccedilatildeo de materiais

didaacuteticos de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de liacutengua italiana

como LEL2 deflagra uma seacuterie de implicaccedilotildees observaacuteveis e especiacuteficas as quais podem ser

definidas em termos de Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 425) dada a sua natureza peculiar

ou seja livre - notamos que apesar de se tratar de um tipo de material didaacutetico que de fato carrega

especificidades os Problemas de Ensino a ele relacionados natildeo parecem ser especiacuteficos jaacute que

podem girar em torno tambeacutem de materiais didaacuteticos de outras naturezas - tal qual materiais

didaacuteticos fechados ou frutos da Economia Guttemberg (SHIRKY 2010 p 42) Preferimos considerar

esses Problemas de Ensino como caracteriacutesticos dos materiais didaacuteticos de natureza virtual livre de

modo a rarear o aspecto de exclusividade que o termo especiacutefico pode denotar Vale mencionar que

em nossa pesquisa os Problemas de Ensino figuram como implicaccedilotildees observaacuteveis

Dessa forma notamos que crenccedilas - as quais conforme vimos destacam-se entre os Problemas

de Ensino que elencamos nesta pesquisa - podem de fato referir-se a materiais didaacuteticos (ou

artefatos ou construtos) de outras naturezas (natildeo livre) - ainda que tenhamos constatado a existecircncia

de crenccedilas que apontem para caracteriacutesticas desse tipo de material didaacutetico em um determinado

contexto sociocultural Citamos por exemplo a presenccedila de insumos produzidos e publicados em

um modelo de produccedilatildeo livre os quais podem ser considerados portadores de uma maacute qualidade

156

Da metodologia e dos possiacuteveis desdobramentos futuros desta pesquisa

intriacutenseca (PE-2) ou sua existecircncia em formato digital que por sua vez pode acarretar na escassez

de material didaacutetico impresso em sala de aula presencial e na subsequente avaliaccedilatildeo negativa dessa

situaccedilatildeo por parte dos alunos (PE-9) Com efeito essas crenccedilas podem se referir a outros tipos de

materiais didaacuteticos em outros contextos socioculturais

Raciociacutenio igual pode ser aplicado aos demais Problemas de Ensino levantados em nossa

pesquisa Desse modo percebemos que os problemas PE-6 PE-7 PE-8 PE-10 e PE-11 podem

ocorrer tanto em materiais didaacuteticos de natureza livre quanto fechados desde que sejam virtuais

Com efeito estatildeo todos relacionados ao uso de software ou hardware Em adiccedilatildeo notamos que

a dificuldade para encontrar insumos desejados registrados com licenccedilas flexiacuteveis (PE-1) pode

corresponder agrave dificuldade anaacuteloga vivenciada em contextos de produccedilatildeo de materiais didaacuteticos

fechados Natildeo seraacute difiacutecil por exemplo constatar a dificuldade em encontrar insumos que sejam

adequados ao projeto pedagoacutegico de uma determinada Sequecircncia Didaacutetica (fechada) e que con-

comitantemente natildeo carreguem impedimentos de uso - tais como preccedilo muito alto ou falta de

anuecircncia dos respectivos autores ou detentores dos seus direitos A dificuldade em lidar com a

natureza dinacircmica e o estado de artefato em construccedilatildeoque o software livre pode apresentar (PE-4)

ainda que seja estritamente relacionada ao universo dos materiais didaacuteticos de natureza virtual livre

pode ser enfrentado tambeacutem em contextos de utilizaccedilatildeo de materiais de outras naturezas desde

que se utilize software livre A dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas (PE-5) enfim apesar

de apontar para uma atividade caracteriacutestica do trabalho com materiais livres pode ser enfrentada

durante a produccedilatildeo de materiais de natureza fechada Esse tipo de produccedilatildeo de fato poderaacute incluir

o uso de insumos livres ou ateacute mesmo a sua exclusatildeo deliberada Isso significa que a compreensatildeo

de licenccedilas e coleccedilotildees de licenccedilas flexiacuteveis figura como competecircncia requerida tanto para autores

de materiais didaacuteticos livres quanto de materiais didaacuteticos fechados Compreendemos que essa

competecircncia estaacute relacionada agraves demandas de adaptaccedilatildeo das leis de direitos autorais agraves praacuteticas

de produccedilatildeo e circulaccedilatildeo de bens culturais estabelecidas com a chegada de novas tecnologias

Essas adaptaccedilotildees e praacuteticas de produccedilatildeo e circulaccedilatildeo podem afetar a praacutetica de todos os docentes

independentemente do perfil Conforme jaacute mencionado neste capiacutetulo ratifica nossa argumentaccedilatildeo

a percepccedilatildeo de Espanha (2013 p 13) quando considera importante que o docente da era digital

saiba aplicar os direitos de propriedade intelectual e as licenccedilas de uso(ESPANHA 2013 p 13)

Entendemos que Espanha (2013 p 13) se refere a todos os docentes que atuam ou vatildeo atuar na

era digital

84 Da metodologia e dos possiacuteveis desdobramentos fu-

turos desta pesquisa

Concluiacutemos que a metodologia que empregamos em nossa pesquisa - fundamentada em uma pers-

pectiva qualitativa de vieacutes construtivista e interpretativista - mostrou-se adequada para a investigaccedilatildeo

dos Problemas de Ensino dada a sua natureza personaliacutestica Consideramos tambeacutem adequados os

contextos e os instrumentos de coletas de dados que adotamos em nossa investigaccedilatildeo Com efeito

conseguimos perceber os Problemas de Ensino relativos agrave utilizaccedilatildeo e agrave produccedilatildeo de materiais

157

Da metodologia e dos possiacuteveis desdobramentos futuros desta pesquisa

didaacuteticos de natureza virtual livre respectivamente por meio dos contextos escolhidos - ou seja

duas disciplinas de liacutengua italiana e duas ediccedilotildees de um curso de formaccedilatildeo de professores em

serviccedilo e em preacute-serviccedilo dessa liacutengua Os instrumentos de levantamento de dados - a saber 1)

gravaccedilotildees em viacutedeo e aacuteudio respostas a questionaacuterio aberto e notas de campo para o contexto

de produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre e 2) notas de campo e-mails entre o pesquisador e

o informante diaacuterio de aula e respostas a questionaacuterio para o contexto de utilizaccedilatildeo de Material

Didaacutetico Virtual Livre - por sua vez foram eficientes na medida em que por meio deles conseguimos

recolher os Relatos de Problemas de Ensino a partir dos quais identificamos os Problemas de

Ensino Cabe observar enfim que consideramos especialmente produtivos os diaacutelogos abertos em

grupo que tivemos com os professores-participantes das duas ediccedilotildees dos cursos de formaccedilatildeo

imediatamente apoacutes as aulas - ou seja imediatamente apoacutes a experiecircncia de produccedilatildeo - sobre os

Problemas de Ensino enfrentados durante a atividade de produccedilatildeo de material didaacutetico Percebemos

que nessas seccedilotildees destacaram-se dois aspectos a quantidade e a qualidade das impressotildees dos

informantes sobre as suas experiecircncias de produccedilatildeo incluindo os Relatos de Problemas de Ensino

Compreendemos que o aumento da qualidade estaacute relacionada agrave manifestaccedilatildeo de Relatos de

Problemas de Ensino mais profundos e mais variados - ou seja que apontam para uma diversidade

maior de temas correlacionados Consideramos que poderiacuteamos ter explorado mais essas seccedilotildees

de diaacutelogo em nossa pesquisa Pretendemos fazecirc-lo em eventuais investigaccedilotildees futuras sobre

Problemas de Ensino

Percebemos enfim que nossa pesquisa pode apontar para almenos 3 (trecircs) possiacuteveis desdo-

bramentos O primeiro estaacute relacionado agrave proeminecircncia de Problemas de Ensino ligados a crenccedilas

percebida em nossas anaacutelises Dado esse fato consideramos pertinente nos questionar sobre a

possibilidade da existecircncia e da natureza de outras crenccedilas sobre materiais didaacuteticos de natureza

virtual livre O segundo por sua vez consiste na promoccedilatildeo de novas investigaccedilotildees sobre Problemas

de Ensino sendo dessa vez em contextos de ensino e aprendizagem de liacutengua italiana em que

materiais didaacuteticos de natureza virtual livre sejam - ou tenham sido - adotados pelo docente em

sua praacutetica diaacuteria por iniciativa proacutepria ou seja em situaccedilotildees de uso mais autecircnticas O terceiro

desdobramento enfim consiste na elaboraccedilatildeo de repertoacuterios de Problemas de Ensino relacionados

ao uso de material didaacutetico de natureza virtual livre bem como das respectivas propostas e possibili-

dades de soluccedilatildeo Esse desdobramento pode entre outros fatores reunir dados que poderatildeo ser

uacuteteis em processos de formaccedilatildeo de professores de idiomas tanto para o formador quanto para os

docentes-participantes em formaccedilatildeo especialmente quando adotadas metodologias baseadas na

Resoluccedilatildeo de Problemas de Ensino tal qual vimos em Ortale (2010 p 425)

158

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VIANA N Planejamento de unidades em cursos de portuguecircs In ALMEIDA FILHO J C P (Ed)Paracircmetros atuais no ensino de Portuguecircs Liacutengua Estrangeira Campinas Pontes 1997

VIEIRA ABRAHAtildeO M H Crenccedilas pressupostos e conhecimentos de alunos-professores de liacutenguaestrangeira e sua formaccedilatildeo inicial In Praacutetica de Ensino de Liacutengua Estrangeira experiecircncias ereflexotildees Campinas SP Pontes Editores Arte Liacutengua 2004 cap 7 p 131ndash152

WENZEL R L O professor e o trabalho abstrato uma anaacutelise da (des)qualificaccedilatildeo do professorDissertaccedilatildeo (Mestrado) mdash Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC 1991

WHITE C Beliefs and good language learners In GRIFFTHS C (Ed) Lessons from GoodLanguage Learners Cambridge CAMBRIDGE University PRESS 2008 p 121ndash130

WORDPRESS sd Disponiacutevel em lthttpwwwwordpressorggt Acesso em 20 maio 2014

168

Referecircncias

WRIGHT G von Explanation and Understanding Routledge 1971 (Routledge libraryeditions History and philosophy of science) ISBN 9780415470216 Disponiacutevel emlthttpbooksgooglecombrbooksid=7TM7ngEACAAJgt

169

Apecircndice A - Carta de consentimento

TERMO DE CONSENTIMENTO COLETA E PUBLICACcedilAtildeO DE DADOS PARA

PESQUISA

Eu xxxxx portador do CPF n xxxxx autorizo o senhor Rocircmulo Francisco de Souza

ndash doutorando junto ao programa de poacutes-graduaccedilatildeo em Liacutengua Literatura e Cultura

Italianas da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo

Paulo ndash a publicar em qualquer meio de divulgaccedilatildeo e em qualquer eacutepoca os dados por

mim fornecidos por meio de questionaacuterio gravaccedilatildeo de voz eou viacutedeo e observaccedilatildeo

de sala de aula em contexto de pesquisa de doutorado no periacuteodo de xx a xx de xxxx

de xxxxx durante o curso de extensatildeo ldquoProduccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

e Aplicaccedilotildees para o Ensino de Italiano LEL2rdquo oferecido junto agrave Universidade xxxxx

DESDE QUE O MEU NOME MINHA IMAGEM E MINHA VOZ OU QUALQUER OUTRO

DADO PESSOAL MEU SEJAM OMITIDOS

Data xx xx xx

Assinatura xxxxx

Pesquisador ndash Prof Msc Rocircmulo Francisco de Souza

Orientadora ndash Profa Dra Paola Giustina Baccin (USP)

170

Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas

Exemplos de Sequecircncias Didaacuteticas produzidas pelos professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo nos

cursos de formaccedilatildeo (Il corpo Umano e Pasta a Boscaiola) e pelo pesquisador em conjunto com o

professor-informante (Viaggio che senso ha per te questa parola e Un Viaggio in Bici) Cada uma

das imagens apresenta uma atividade ou um conjunto de atividades que compotildeem as sequecircncias

Os planos de aula referentes agraves Sequecircncias Didaacuteticas satildeo de autoria dos professores-participantes

autores das sequecircncias Todas as atividades produzidas durante as duas ediccedilotildees do curso de

formaccedilatildeo se encontram em versatildeo HTML no DVD que acompanha esta tese ou pelo QRcode abaixo

perfazendo um total de 6 Sequecircncias Didaacuteticas

Acesso ao conteuacutedo do DVDque acompanha esta tese

wwwromulosouzacombrdvdtese

Sequecircncia Didaacutetica Il corpo umano

Plano de aula - Il Corpo Umano

Titulo Il corpo umano

Niacutevel iniciante - adulto

Habilidades desenvolvidas compreensatildeo e produccedilatildeo oral e escrita - sempre com

relaccedilatildeo ao corpo humano

Objetivo geral conhecer o vocabulaacuterio referente ao corpo humano

Tempo previsto aprox 45min

Recursos digitais envolvidos pesquisa em sites da internet (Flickr Google Creative

Commons) Exelearning

Insumos imagens

171

Apecircndice Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas

172

Apecircndice Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas

173

Apecircndice Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas

Sequecircncia Didaacutetica Pasta a Boscaiola

Plano de aula - Pasta a Boscaiola

Titulo Cibo Italiano - Pasta a Boscaiola

Niacutevel baacutesico

Habilidades desenvolvidas compreensatildeo oral vocabulaacuterio especiacutefico da receita

Objetivo geral apresentar por meio de uma receita os verbos no presente do indicativo

e o vocabulaacuterio de comida

Objetivos especiacuteficos o aluno deve ser capaz de

1 Conhecer alguns alimentos tiacutepicos da culinaacuteria italiana

2 Compreender o vocabulaacuterio da receita de forma geral

3 Utilizar alguns verbos no presente do indicativo

4 Produzir uma explicaccedilatildeo oral e escrita da receita

5 Sugerir complementos tiacutepicos brasileiros na receita

6 Comparar as diferenccedilas culturais entre a culinaacuteria italiana e brasileira

7 Identificar os verbos italianos quando conjugados

8 Conhecer o vocabulaacuterio das medidas em italiano

9 Participar de discussotildees em grupos e conseguir expressar suas opiniotildees em

italiano

Tempo previsto 1haula

Recursos digitais envolvidos Photoshop CS3 (editor de imagens) pesquisa em sites

da internet (Flickr Google Creative Commons)

Insumos imagens

Sequecircncia de aula passo a passo

1 Exposiccedilatildeo do tema da aula e questionar os alunos se conhecem a ldquopasta boscai-

olardquo (5 minutos)

2 A professora encenaraacute o preparo da pasta e apresentaraacute os ingredientes que

seratildeo utilizados utilizaremos imagens para ilustrar a receita (10 minutos)

3 Propor aos alunos um exerciacutecio de verifica do vocabulaacuterio que acabaram de

conhecer (5 minutos)

4 Em duplas propor aos alunos a ldquoatividade clozerdquo a fim de utilizar a conjugaccedilatildeo

verbal presente do indicativo de verbos utilizados na culinaacuteria (15 minutos)

174

Apecircndice Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas

175

Apecircndice Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas

Sequecircncia Didaacutetica Viaggio che senso ha per te questa parola

Plano de aula - Viaggio che senso ha per te questa parola

Titulo Viaggio che senso ha per te questa parola

Niacutevel inicianteintermediario - adulto

Habilidades desenvolvidas compreensatildeo e produccedilatildeo oral

Objetivo geral introduzir o tema viagens conhecer o vocabulaacuterio referente a esse

tema

Tempo previsto aprox 30min

Recursos digitais envolvidos pesquisa em sites da internet (Flickr BlipTV Google)

Wordpress

Insumos viacutedeo

176

Apecircndice Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas

Sequecircncia Didaacutetica Un viaggio in bici

Plano de aula - Un Viaggio In Bici

Titulo Un viaggio in bici

Niacutevel iniciante - adulto

Habilidades desenvolvidas compreensatildeo e produccedilatildeo oral e escrita - relacionado ao

tema viagens

Objetivo geral fazer planos para o futuro introduzir o futuro do indicativo e as expres-

sotildees para referir-se ao futuro

Tempo previsto aprox 1haula

Recursos digitais envolvidos pesquisa em sites da internet (Flickr Google blip TV)

Wordpress

Insumos viacutedeo

177

Apecircndice Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas

178

  • Implicaccedilotildees do uso de Material Didaacutetico VirtualLivre em contexto formal de ensino-aprendizagemde italiano como LEL2 - a perspectiva dosProblemas de Ensino
    • Agradecimentos
    • Resumo
    • Abstract
    • Riassunto
    • Sumaacuterio
    • Lista de quadros
    • Lista de Figuras
    • Introduccedilatildeo
      • Cenaacuterio de abertura problematizaccedilatildeo e delineamento dapesquisa
      • Hipoacutetese
      • Justificativa
      • Objetivo geral
      • Objetivos especiacuteficos
      • Organizaccedilatildeo e estrutura capitular da tese
        • Capiacutetulo 1 Material Didaacutetico Virtual Livre - nossaconcepccedilatildeo
          • 11 A cultura livre
          • 12 O software livre
          • 13 Licenccedilas Livres e a licenccedila Creative Commons
          • 14 Afinal o que chamamos de Material Didaacutetico VirtualLivre
            • Capiacutetulo 2 Material Didaacutetico Virtual Livre para oensino de liacutenguas materialpoacutes-meacutetodo() - explorandointerseccedilotildees
            • Capiacutetulo 3 Software livre no contexto deensino-aprendizagem de liacutenguas - porque (natildeo) utilizar
              • 31 Vantagens relacionadas ao uso de software livre
              • 32 Pontos criacuteticos relativos ao uso de software livre
              • 33 Iniciativas livres e seus modelos de negoacutecio explorandoa produtividade altruiacutesta
                • Capiacutetulo 4 Metodologia de produccedilatildeo de MaterialDidaacutetico Virtual Livre
                  • 41 Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material DidaacuteticoVirtual Livre
                    • 411 Visatildeo geral sobre modelos instrucionais
                    • 412 O modelo ADDIE - modelo instrucional baacutesico
                    • 413 Modelo de Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas
                    • 414 Modelo de Elaboraccedilatildeo de Materiais Didaacuteticos de Ensino de Liacutenguas
                      • 42 A busca por insumos livres beneficiando-se da CulturaLivre
                        • 421 Busca de insumos livres com o Flickr imagens
                        • 422 Busca de insumos livres com o SpinXpress miacutedias em geral
                        • 423 Busca de Insumos Livres com o Jamendo muacutesicas
                        • 424 Busca de Insumos livres utilizando o Google arquivos e paacuteginasda web em geral
                          • 43 Atribuiccedilatildeo de liberdades ao material didaacutetico virtualpromovendo a cultura livre
                          • 44 O uso de software livre
                            • 441 O sistema de blogs e de gerenciamento de conteudos para webWordpress
                            • 442 O programa de autoria EXElearning
                                • Capiacutetulo 5 Metodologia de pesquisa
                                  • 51 A Pesquisa em Problemas de Ensino
                                  • 52 Estudo qualitativo
                                  • 53 Consideraccedilotildees sobre a eacutetica na pesquisa
                                  • 54 Consideraccedilotildees sobre a validade interna da pesquisa
                                  • 55 Delimitaccedilatildeo do estudo contextos e estrateacutegias de coletade dados
                                    • Capiacutetulo 6 Perfil dos informantes
                                      • 61 Perfil do professor do ensino superior puacuteblico
                                      • 62 Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacuteserviccedilo
                                        • 621 Experiecircncia com ensino de italiano
                                        • 622 Haacutebitos de planejamento de aulas e de apropriaccedilatildeo do materialdidaacutetico
                                        • 623 Letramento Digital
                                            • Capiacutetulo 7 Anaacutelise dos Problemas de Ensino
                                              • 71 Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeode Material Didaacutetico Virtual Livre
                                                • 711 Dificuldade para encontrar insumos desejados registrados comlicenccedilas flexiacuteveis
                                                • 712 Inseguranccedila (e resistecircncia) associada agrave utilizaccedilatildeo de insumoslivres no material didaacutetico
                                                • 713 Crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtuallivre necessariamente aumenta a carga horaacuteria de trabalhodocente
                                                • 714 Dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica e o estado de artefatoem construccedilatildeoque o software livre pode apresentar
                                                • 715 Dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas
                                                • 716 Dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e de SequecircnciasDidaacuteticas digitais
                                                • 717 Dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware
                                                  • 72 Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utilizaccedilatildeode Material Didaacutetico Virtual Livre em sala de aulapresencial
                                                    • 721 Dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que podemser utilizados para organizar as Sequecircncias Didaacuteticas epara trabalhar com elas em sala de aula presencial
                                                    • 722 Crenccedila de que a escassez de material didaacutetico impresso na salade aula presencial poderaacute ser mal vista pelos discentes
                                                    • 723 Dificuldade em compreender o funcionamento do software utilizadoem sala de aula
                                                    • 724 Preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e do softwareque abrigam e fornecem acesso agraves Sequecircncias Didaacuteticas
                                                        • Capiacutetulo 8 Conclusotildees
                                                          • 81 Das caracteriacutesticas gerais dos Problemas de Ensinoidentificados nesta pesquisa
                                                          • 82 Das possiacuteveis estrateacutegias ou caminhos de resoluccedilatildeodos Problemas de Ensino identificados nesta pesquisa
                                                          • 83 Da hipoacutetese de pesquisa
                                                          • 84 Da metodologia e dos possiacuteveis desdobramentos futurosdesta pesquisa
                                                            • Referecircncias
                                                            • Apecircndice A - Carta de consentimento
                                                            • Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas
Page 4: Implicações do uso de Material Didático Virtual Livre em

Agrave MINHA FAMIacuteLIA

E AOS MEUS AMIGOS

iv

Agradecimentos

Agrave Maria Silva e Souza minha matildee ao Paulo Eustaacutequio de Souza (In memoriam) meu pai e ao

Paulo Eustaacutequio de Souza Juacutenior meu irmatildeo pelo apoio imprescindiacutevel ao Francisco Louzimar

da Silva meu tio e agrave Maria Ruth Silva minha avoacute pelo apoio e incentivo agrave toda minha famiacutelia

pelo apoio

aos amigos e amigas Gilson Santos Joseacute Euriacutealo dos Reis Maria de Lourdes Camilo Re-

gina Vale Isabel Cristina Valeacuteria Hufnagel Marilene Viggiano Helmy Franco Jovacircnio Nas-

cimento Alexandre Antoniazzi Adriana Pitarello Mateus Gomes Enzo Silva Thiago Dias

da Silva Juliana Moreti Tatiana Vasconcelos Andrea Saffioti Raquel Caldas Eacuterica Salatini

Renata Cabral Daniela Aparecida Vieira Vinicio Corrias Ana Luiza Leite Bado Adriana Du-

arte Giovana Fumes Gustavo Henriques Hurbano de Mello Cauecirc Tamburini Tamara Ferreira

Paula de Oliveira Ariane Souza Santos Leite Luciane Correa Ferreira Alessandra Caramori

Benilde Schultz Karine Marielly Beatriz Quevedo Camargo Gladys Plens de Camargo Egis-

vanda Sandes Youssef Cherem Lauro Ceacutesar e Wagner F Silva pelo apoio e companhia nas

horas incertas

agrave Profa Dra Paola Gisutina Baccin pela confianccedila pela orientaccedilatildeo e pelo sustento da liberdade

de pensamento e de accedilatildeo Sou eternamente grato agrave Profa Dra Fernanda Landucci Ortale pelo

diaacutelogo pelos cafeacutes e pelo apoio agrave Profa Dra Denise Bertolli Braga pelas acertadas observaccedilotildees

sobre este trabalho agrave Profa Dra Carolina Torquato Pizzolo pelo apoio agrave Profa Dra Karine

Simoni pelo apoio

aos alunos e professores do Setor de Italiano da Universidade Federal de Santa Catarina pelo

incentivo e pelo apoio financeiro aos colegas do coletivo REA-Brasil pelos debates aos colegas das

comunidades LaTeX-br e abnTeX2 pelo diaacutelogo e pelo apoio agrave CAPES e ao Governo Federal Bra-

sileiro pelo apoio financeiro dirigido a esta pesquisa e agrave minha formaccedilatildeo aos alunos e professores

do Setor de Liacutengua Literatura e Cultura Italianas da Universidade de Satildeo Paulo aos profes-

sores e demais funcionaacuterios da FFLCH (Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas) da USP

agrave Universidade de Satildeo Paulo agrave cidade de Satildeo Paulo e aos paulistanos que me receberam de

braccedilos abertos

v

NON DUCOR DUCO

Natildeo sou conduzido conduzo

vi

Resumo

SOUZA R F Implicaccedilotildees do uso de Material Didaacutetico Virtual Livre em contexto formal de

ensino-aprendizagem de italiano como LEL2 - a perspectiva dos Problemas de Ensino 2014

177 f Tese (doutorado) - Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas - Universidade de Satildeo

Paulo Satildeo Paulo 2014

Nossa pesquisa teve como objetivo explorar as implicaccedilotildees relativas agrave utilizaccedilatildeo de material didaacutetico

de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano LEL2 As impli-

caccedilotildees foram tratadas em forma de Problemas de Ensino e o termo utilizaccedilatildeo foi desdobrado em

dois aspectos utilizaccedilatildeo em sala de aula presencial e produccedilatildeo Orientou-nos a hipoacutetese de que o

uso de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de

liacutengua italiana como LEL2 deflagra uma seacuterie de implicaccedilotildees observaacuteveis e especiacuteficas ndash as quais

podem ser definidas em termos de Problemas de Ensino (ORTALE 2010) ndash dada a sua natureza

peculiar ou seja livre A fim de alcanccedilar nossos objetivos lanccedilamos matildeo de uma metodologia

qualitativa de vieacutes construtivista e interpretativista Os Problemas de Ensino foram identificados por

meio da anaacutelise de Relatos de Problemas de Ensino (ORTALE 2010) Balizaram nossas anaacutelises

a metodologia de formaccedilatildeo de professores alicerccedilada na ideia de Aprendizagem Baseada em

Problemas (ABP) explicitada em Ortale (2010) e as teacutecnicas e procedimentos de desenvolvimento

de teoria fundamentada conforme Strauss e Corbin (2008) Os Problemas de Ensino relativos agrave

utilizaccedilatildeo foram investigados em duas disciplinas de liacutengua italiana ofertadas em niacutevel de graduaccedilatildeo

junto agrave Faculdade de Letras de uma universidade puacuteblica do estado de Satildeo Paulo Os Problemas

de Ensino relativos agrave produccedilatildeo foram pesquisados nos contextos de duas ediccedilotildees de um curso de

formaccedilatildeo de professores de liacutengua italiana em serviccedilo e em preacute-serviccedilo que ministramos no acircmbito

de duas universidades puacuteblicas brasileiras - uma no estado de Santa Catarina e outra no estado

de Satildeo Paulo Encontramos um total de 11 (onze) Problemas de Ensino - 7 (sete) relacionados

ao aspecto da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre e 4 (quatro) relacionados ao aspecto da

utilizaccedilatildeo Notamos por meio de nossa anaacutelise a proeminecircncia de dois fatores associados aos

Problemas de Ensino encontrados as crenccedilas a respeito de materiais didaacuteticos de natureza virtual

livre e a demanda pelo desenvolvimento de competecircncias relativas aos aspectos virtual e livre desse

tipo de material didaacutetico Concluiacutemos que os Problemas de Ensino identificados natildeo satildeo especiacuteficos

mas sim caracteriacutesticos dos materiais didaacuteticos de natureza virtual livre

Palavras-chave Linguiacutestica Linguiacutestica Aplicada Ensino de Liacutengua Estrangeira Italiano Material

Didaacutetico Virtual Livre Problemas de Ensino

vii

Abstract

SOUZA R F Implications of the use of Free Virtual Educational Materials in the context of for-

mal teaching and learning Italian FLSL - the perspective of the Problems of Teaching 2014

177 f Tese (doutorado) - Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas - Universidade de Satildeo

Paulo Satildeo Paulo 2014

The aim of our research was to explore the implications related to the use of Free Virtual Educati-

onal Materials in the context of formal teaching and learning Italian as FLSL The implications were

dealt as Problems of Teaching (ORTALE 2010) and the term use was considered according to two

aspects use in presential classrooms and production The hypothesis was that the use of Free Virtual

Educational Materials in the context of formal teaching and learning Italian as FLSL triggers a series

of observable and specific implications which can be defined in terms of Problems of Teaching due

to its peculiar nature that is being a free educational material The methodology adopted here was

qualitative both constructivist and interpretativist The Problems of Teaching were identified through

the analysis of the Reports of Problems of Teaching (ORTALE 2010) The analyses were based

on the methodology of teacher education supported by the idea of Problem-Based Learning (PBL)

explained in Ortale (2010) and the techniques and procedures of the Grounded Theory according

to Strauss e Corbin (2008) The Problems of Teaching related to the use were investigated in two

undergraduate subjects of Italian Language offered by the College of Arts in a public university in Satildeo

Paulo state The Problems of Teaching related to the production were researched in the context of

two editions of the training course for teachers of Italian Language in-service and pre-service taught

at two Brazilian public universities ndash one in Santa Catarina state and the other in Satildeo Paulo state

We have found the total of 11 (eleven) Problems of Teaching ndash 7 (seven) related to the aspect of

production of Free Virtual Educational Materials and 4 (four) related to the aspect of its use We have

noticed through our analysis the prominence of two factors associated to the Problems of Teaching

which were found in the research the beliefs regarding Free Virtual Educational Materials and the

demand to develop the competences related to the free and virtual aspects of this sort of material We

concluded that the Problems of Teaching identified here are not specific but are typical of educational

materials that are virtual and free

Keywords Linguistics Applied Linguistics Teaching of Foreign Language Italian Free Virtual

Educational Materials Problems of Teaching

viii

Riassunto

SOUZA R F Implicazioni dellrsquouso di Materiale Didattico Virtuale Libero in contesto di in-

segnamento e di apprendimento formale di lingua italiana come LSL2 - la prospettiva dei

Problemi Didattici 2014 177 f Tese (doutorado) - Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias

Humanas - Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2014

La presente ricerca si egrave proposta di esplorare le implicazioni riguardanti lrsquouso di materiali didat-

tici di essenza virtuale e libera in contesto di insegnamento e di apprendimento formale di lingua

italiana come LSL2 Le implicazioni sono state trattate sotto forma di Problemi Didattici (ORTALE

2010) e lrsquouso egrave stato visto sotto due aspetti lrsquoutilizzazione durante lrsquoinsegnamento in presenza e

la produzione Ci ha guidato lrsquoipotesi che lrsquouso di materiali didattici di essenza virtuale e libera in

contesto di insegnamento e di apprendimento formale di lingua italiana come LSL2 innesca una

serie di implicazioni specifiche e osservabili - le quali possono essere definite in termini di Problemi

Didattici - data la sua peculiare natura libera Per raggiungere i nostri obiettivi abbiamo utilizzato

una metodologia qualitativa di carattere costruttivista e interpretativa I Problemi Didattici sono stati

identificati attraverso lrsquoanalisi delle Storie dei Problemi Didattici (ORTALE 2010) Hanno guidato

le nostre analisi la metodologia di formazione docenti basata sullrsquoidea di Problem-Based Learning

(PBL) trattata in Ortale (2010) e le tecniche e procedure riguardanti lo svilluppo di grounded theory

(STRAUSS CORBIN 2008) I Problemi Didattici riguardanti lrsquoutilizzo sono stati studiati in due corsi di

lingua italiana dei corsi di laurea della Facoltagrave di Lettere di unrsquouniversitagrave pubblica nello stato di Satildeo

Paulo I Problemi Didattici riguardanti la produzione sono stati studiati in due edizioni di un corso di

formazione per insegnanti di lingua italiana in servizio e in pre-servizio in due universitagrave pubbliche

brasiliane - una nello stato di Santa Catarina e lrsquoaltra nello stato di Satildeo Paulo Abbiamo individuato

un totale di undici (11) Problemi Didattici - 7 (sette) legati allrsquoaspetto della produzione di Materiale

Didattico Virtuale Libero e 4 (quattro) legati allrsquoaspetto dellrsquoutilizzo Notiamo dalla nostra analisi la

preminenza di due fattori associati ai Problemi Didattici trovati le credenze sui materiali didattici di

essenza virtuale e libera e la necessitagrave di sviluppo delle competenze relative agli aspetti virtuale e

libero di questo tipo di materiale didattico Si conclude che i Problemi Didattici individuati non sono

specifici ma sono tipici dei materiali didattici di essenza virtuale e libera

Parole-chiave Linguistica Linguistica Applicata Glottodidattica Italiano Materiale Didattico Virtuale

Libero Problemi Didattici

ix

Sumaacuterio

Folha de Aprovaccedilatildeo iii

iv

Agradecimentos v

Resumo vii

Abstract viii

Riassunto ix

Introduccedilatildeo 1

Cenaacuterio de abertura problematizaccedilatildeo e delineamento da pesquisa 1

Hipoacutetese 5

Justificativa 6

Objetivo geral 6

Objetivos especiacuteficos 7

Organizaccedilatildeo e estrutura capitular da tese 7

1 Material Didaacutetico Virtual Livre - nossa concepccedilatildeo 11

11 A cultura livre 11

12 O software livre 13

13 Licenccedilas Livres e a licenccedila Creative Commons 16

14 Afinal o que chamamos de Material Didaacutetico Virtual Livre 21

2 Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas material poacutes-meacutetodo() -

explorando interseccedilotildees 26

3 Software livre no contexto de ensino-aprendizagem de liacutenguas - por que (natildeo) utilizar 37

31 Vantagens relacionadas ao uso de software livre 37

32 Pontos criacuteticos relativos ao uso de software livre 46

33 Iniciativas livres e seus modelos de negoacutecio explorando a produtividade altruiacutesta 48

4 Metodologia de produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre 52

41 Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre 53

x

SUMAacuteRIO xi

411 Visatildeo geral sobre modelos instrucionais 54

412 O modelo ADDIE - modelo instrucional baacutesico 55

413 Modelo de Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas 64

414 Modelo de Elaboraccedilatildeo de Materiais Didaacuteticos de Ensino de Liacutenguas 70

42 A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre 74

421 Busca de insumos livres com o Flickr imagens 77

422 Busca de insumos livres com o SpinXpress miacutedias em geral 78

423 Busca de Insumos Livres com o Jamendo muacutesicas 81

424 Busca de Insumos livres utilizando o Google arquivos e paacuteginas da web em

geral 83

43 Atribuiccedilatildeo de liberdades ao material didaacutetico virtual promovendo a cultura livre 84

44 O uso de software livre 87

441 O sistema de blogs e de gerenciamento de conteudos para web Wordpress 87

442 O programa de autoria EXElearning 89

5 Metodologia de pesquisa 92

51 A Pesquisa em Problemas de Ensino 92

52 Estudo qualitativo 94

53 Consideraccedilotildees sobre a eacutetica na pesquisa 100

54 Consideraccedilotildees sobre a validade interna da pesquisa 103

55 Delimitaccedilatildeo do estudo contextos e estrateacutegias de coleta de dados 106

6 Perfil dos informantes 111

61 Perfil do professor do ensino superior puacuteblico 112

62 Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo 113

621 Experiecircncia com ensino de italiano 115

622 Haacutebitos de planejamento de aulas e de apropriaccedilatildeo do material didaacutetico 117

623 Letramento Digital 121

7 Anaacutelise dos Problemas de Ensino 126

71 Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual

Livre 129

711 Dificuldade para encontrar insumos desejados registrados com licenccedilas flexiacuteveis129

712 Inseguranccedila (e resistecircncia) associada agrave utilizaccedilatildeo de insumos livres no material

didaacutetico 133

713 Crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre neces-

sariamente aumenta a carga horaacuteria de trabalho docente 135

714 Dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica e o estado de artefato em

construccedilatildeoque o software livre pode apresentar 137

715 Dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas 139

716 Dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e de Sequecircncias Didaacuteticas

digitais 142

717 Dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware 144

SUMAacuteRIO xii

72 Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual

Livre em sala de aula presencial 145

721 Dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que podem ser utilizados

para organizar as Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas em sala de

aula presencial 146

722 Crenccedila de que a escassez de material didaacutetico impresso na sala de aula

presencial poderaacute ser mal vista pelos discentes 148

723 Dificuldade em compreender o funcionamento do software utilizado em sala

de aula 148

724 Preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e do software que abrigam e

fornecem acesso agraves Sequecircncias Didaacuteticas 150

8 Conclusotildees 152

81 Das caracteriacutesticas gerais dos Problemas de Ensino identificados nesta pesquisa 152

82 Das possiacuteveis estrateacutegias ou caminhos de resoluccedilatildeo dos Problemas de Ensino identi-

ficados nesta pesquisa 155

83 Da hipoacutetese de pesquisa 156

84 Da metodologia e dos possiacuteveis desdobramentos futuros desta pesquisa 157

Referecircncias 159

Apecircndice A - Carta de consentimento 170

Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas 171

Lista de quadros

11 As 4 liberdades de um Trabalho Cultural Livre 14

12 Condiccedilotildees baacutesicas de licenciamento Creative Commons 18

13 Conjunto de licenccedilas Creative Commons 19

14 Os materiais didaacuteticos fechado Virtual Livre Virtual Livre com Algumas Restriccedilotildees e

suas licenccedilas 22

15 Caraacuteter livre a materiais didaacuteticos virtuais algumas condiccedilotildees 23

16 Os materiais didaacuteticos fechado Virtual Livre Virtual Livre com Algumas Restriccedilotildees e

seus suportes 24

21 A educaccedilatildeo na sociedade industrial e na sociedade da informaccedilatildeo 28

22 Desvantagens dos meacutetodos 30

31 Vantagens do software livre em relaccedilatildeo ao proprietaacuterio 38

41 Componentes e subcomponentes do modelo ADDIE 58

42 Princiacutepios a serem considerados na etapa de Implementaccedilatildeo - modelo ADDIE 63

43 Quadro comparativo entre os modelos ADDIE Operaccedilatildeo Global de Ensino de Liacutenguas

e Quadro de Elaboraccedilatildeo de Material Didaacutetico para o Ensino de Liacutenguas 72

44 EXElearning e sua tipologia de atividades (Idevices) 91

51 Exemplos de Relatos de Problemas de Ensino 94

52 Teacutecnicas de coletas de dados tiacutepicas de abordagens qualitativas 97

53 Princiacutepios gerais de eacutetica na pesquisa qualitativa em educaccedilatildeo 102

54 Salvaguardas para proteccedilatildeo dos participantes desta pesquisa 103

55 Estrateacutegias de validaccedilatildeo adotadas nesta pesquisa 105

56 Coleta de dados I - utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em contexto de

disciplinas presenciais de italiano como LEL2 107

57 Coleta de dados II - produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em contexto de curso

de formaccedilatildeo de professores de italiano LEL2 108

61 Perfil predominante dos grupos 1 e 2 114

62 Competecircncias tecnoloacutegicas conforme Romero (2008) 116

63 Experiecircncia com ensino de italiano - grupos 1 e 2 117

64 Contextos de ensino relativos agrave experiecircncia dos participantes - grupos 1 e 2 118

65 Haacutebitos de preparaccedilatildeo de aulas - grupos 1 e 2 119

xiii

LISTA DE QUADROS xiv

66 Haacutebitos de produccedilatildeo de material didaacutetico - grupos 1 e 2 120

67 Utilizaccedilatildeo de recursos da Internet na praacutetica de sala de aula - grupos 1 e 2 122

68 Competecircncia relativa agrave utilizaccedilatildeo de recursos da Internet - grupos 1 e 2 123

69 Experiecircncia com editoraccedilatildeo digital - grupos 1 e 2 124

610 Experiecircncia com instalaccedilatildeo de software - grupos 1 e 2 125

611 Experiecircncia com Ambientes Virtuais de Aprendizagem - grupos 1 e 2 125

71 Problemas de Ensino relacionados agrave produccedilatildeo e agrave utilizaccedilatildeo de materiais didaacuteticos de

natureza virtual livre 127

72 Competecircncias digitais esperadas para o docente conforme Espanha (2013) 130

73 Relatos-produccedilatildeo dificuldade de encontrar insumos com licenccedilas flexiacuteveis 132

74 Relatos-produccedilatildeo inseguranccedila (e resistecircncia) relativa agrave utilizaccedilatildeo de insumos livres

no material didaacutetico 134

75 Relatos-produccedilatildeo crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza livre

necessariamente aumenta a carga horaacuteria de trabalho docente 136

76 Relato-produccedilatildeo Dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica e o estado de artefato

em construccedilatildeoque o software livre pode apresentar 138

77 Usuaacuterio estaacutetico e usuaacuterio proativo (livre) - perfis referenciais antagocircnicos 139

78 Relatos-produccedilatildeo dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas 140

79 Relatos-produccedilatildeo dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e de sequecircncia

didaacuteticas digitais 143

710 Relato-produccedilatildeo dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware 145

711 Relatos-utilizaccedilatildeo dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que podem

ser utilizados para organizar as Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas em

sala de aula presencial 147

712 Relatos-utilizaccedilatildeo crenccedila de que a escassez de material didaacutetico impresso na sala de

aula presencial poderaacute ser mal vista pelos discentes 149

713 Relatos-utilizaccedilatildeo dificuldade em compreender o funcionamento do software utilizado

em sala de aula 149

714 Relatos-utilizaccedilatildeo preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e do software que

abrigam e fornecem acesso agraves Sequecircncias Didaacuteticas 151

Lista de Figuras

11 Material Didaacutetico Virtual Livre e seus conceitos subjacentes 21

41 Componentes de um problema Fonte adaptado de Rothwell e Kazanas (2003 p 36) 56

42 As fases do modelo ADDIE Fonte adaptado de Hanley (2009) 57

43 Modelo da Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas Fonte adaptado de Almeida Filho

(2010 p 22) 65

44 Modelo Ampliado da Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas Fonte Almeida Filho

(2010 p 22) 66

45 Modelo de Elaboraccedilatildeo de Materiais Didaacuteticos de Ensino de Liacutenguas Fonte adaptado

de Jolly e Bolitho (1998 p 98) 71

46 Ferramenta de busca do Creative Commons - tela principal Fonte adaptado de

CREATIVE COMMONS (sd) 75

47 Documentaccedilatildeo de insumos identificaccedilatildeo da licenccedila de uma imagem Fonte adaptado

de Flickr (sd) 76

48 Flikr - Tela de busca manual de imagens com licenccedilas Creative Commons Fonte

adaptado de Flickr (sd) 77

49 Flickr resultado de busca de imagens Creative Commons ndash Atribuiccedilatildeo com o termo

chiesa Fonte adaptado de Flickr (sd) 78

410 Flickr resultado de busca de imagens Creative Commons ndash Atribuiccedilatildeo com o termo

chiesa uma igreja em Citta Nova Moacutedena Itaacutelia Fonte adaptado de Flickr (sd) 79

411 Tela do mecanismo de busca online do SpinXpress Fonte adaptado de SPINXPRESS

(sd) 80

412 SpinXpress resultado de busca de miacutedias com o termo musica leggera Fonte adap-

tado de SPINXPRESS (sd) 80

413 Tela de busca avanccedilada do Jamendo Fonte adaptado de Jamendo (sd) 82

414 Resultados de busca no Jamendo a canccedilatildeo Sogno e sua licenccedila Fonte adaptado

de Jamendo (sd) 82

415 Motor de busca Google - tela da filtragem avanccedilada Fonte adaptado de Google (sd) 83

416 Exemplo de resultado de busca por licenccedila - motor de busca Google quotidiano

Fonte adaptado de Google (sd) 84

417 Radio Frequenza Appenino - canal com conteuacutedo livre Fonte adaptado de RFA (sd) 85

418 Mecanismo informatizado de atribuiccedilatildeo de licenccedila Creative Commons Fonte adap-

tado de CREATIVE COMMONS BRASIL (sd) 85

xv

LISTA DE FIGURAS xvi

419 Resultado do processo de escolha da licenccedila Creative Commons Fonte adaptado de

CREATIVE COMMONS BRASIL (sd) 86

420 Wordpress Tela de ediccedilatildeo e de posts Fonte adaptado de CODEX WORDPRESS (sd) 88

421 Wordpress Paineacuteis de administraccedilatildeo Fonte adaptado de CODEX WORDPRESS (sd) 88

422 EXElearning - interface e seus componentes Fonte Adaptado de EXElearning (sd) 90

51 Dinacircmica de curso experimentaccedilatildeo gradativa e cumulativa de atividades problema

nucleares 110

Introduccedilatildeo

Cenaacuterio de abertura problematizaccedilatildeo e delineamento da

pesquisa

O mundo estaacute se tornando cada vez mais aberto Os sinais e iniciativas de abertura podem ser

percebidos de modo mais intenso nas uacuteltimas deacutecadas (BONK 2009 LITTO 2009 LITTO 2006

TAPSCOTT WILLIAMS 2013 TAPSCOTT WILLIAMS 2007 VAZ RIBEIRO MATHEUS 2010

NIKOI et al 2011) Isso ocorre fundamentalmente graccedilas ao desenvolvimento e agrave popularizaccedilatildeo

da Internet e das Tecnologias da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo

As relaccedilotildees econocircmicas e sociais estatildeo adquirindo novos formatos (GIMENES 2013 p 9) tanto

na esfera puacuteblica quanto na esfera privada De fato por meio da rede mundial de computadores

pessoas compram e vendem organizam movimentos sociais com a ajuda de pessoas geografica-

mente distantes estabelecem os mais diversos tipos de relacionamentos compartilham saberes

e colaboram uns com os outros seja para fins comerciais seja pela simples vontade de ajudar

(SHIRKY 2010 p 18) ou de divulgar opiniotildees pessoais

Empresas governos e ateacute grupos de pesquisa institucionalizados (TAPSCOTT WILLIAMS 2007

p 23) rompendo com modelos claacutessicos estritamente hierarquizados (TAPSCOTT WILLIAMS

2007 p 9) de produccedilatildeo e gestatildeo assumem posturas de abertura expondo seus problemas

(TAPSCOTT WILLIAMS 2007 TAPSCOTT WILLIAMS 2013) - sobretudo por meio da Internet - com

a expectativa de canalizar soluccedilotildees advindas da inteligecircncia coletiva (LEVY 2007 p 28) Em outras

palavras eles exploram o chamado excedente cognitivo 1 (SHIRKY 2010 p 15) assumindo um

modelo conhecido como crowdsourcing2 (TAPSCOTT WILLIAMS 2007 BRITO 2008 BENKLER

2002 p 11 p 144 p 375)

Especialmente no caso da governanccedila puacuteblica essa abertura ocorre tambeacutem com o intuito

de promover a circulaccedilatildeo o uso e o reuso de dados e documentos oficiais (NOVA ZELAcircNDIA

2010 OPEN GOVERNMENT PARTNERSHIP 2011 p 3 p 1) - tais como conjuntos de dados

geoespaciais cientiacuteficos e de performance administrativa estatiacutesticas oficiais imagens fotograacuteficas

1Shirky (2010 15) ao falar de excedente cognitivo refere-se ao tempo livre coletivo que todos noacutespossuiacutemos o qual pode ser gasto em atividades individuais - tal como assistir TV - ou em grandes projetoscoletivos - como por exemplo a elaboraccedilatildeo de entradas da Wikipedia Nesse caso o tempo livre pode servisto como um bem social geral

2O crowdsoursing eacute um modelo de produccedilatildeo que utiliza a inteligecircncia e os conhecimentos coletivosde voluntaacuterios espalhados pela internet para resolver problemas criar conteuacutedo ou desenvolver novastecnologias(TAPSCOTT WILLIAMS 2007 p 11)

1

Cenaacuterio de abertura problematizaccedilatildeo e delineamento da pesquisa

filmes e recursos educacionais (NOVA ZELAcircNDIA 2010 p 3) - visando o crescimento criativo

cultural e econocircmico de indiviacuteduos organizaccedilotildees comerciais e sem fins lucrativos da sociedade civil

bem como o aumento da sustentabilidade e a presenccedila de benefiacutecios puacuteblicos mais amplos (NOVA

ZELAcircNDIA 2010 p 3)

Estrateacutegias de governo aberto tem sido adotadas em paiacuteses como Estados Unidos Austraacutelia

Reino Unido Nova Zelacircndia (AGUNE FILHO BOLLIGER 2010 p 9) e Brasil Ademais segundo

dados da OPEN GOVERNMENT PARTNERSHIP (2013) mais de 50 paiacuteses assinaram a Declaraccedilatildeo

de Governo Aberto assumindo a intenccedilatildeo de adotaacute-las

A educaccedilatildeo assim como as relaccedilotildees sociais econocircmicas empresariais e governamentais

tambeacutem experimenta novas possibilidades e formatos com vieses de abertura Dessa forma

universidades escolas e institutos passam a disponibilizar via web conteuacutedos e programas de

seus cursos (LITTO 2009 p 304) - permitindo muitas vezes sua ediccedilatildeo e reuso - os quais ateacute

entatildeo circulavam de forma restrita confirmando e configurando o que Litto (2006 p 73) e Litto

(2009 p 304) reconhecem como paradigma da escassez (vs paradigma da abundacircncia) ou

seja uma visatildeo marcada pela crenccedila de que as coisas realmente boas ocorrem em quantidades

pequenas acessiacuteveis apenas para os mais ricos e estudiosos (LITTO 2006 p 73) Como exemplo

de abertura podemos citar o MIT 3 que em 2001 decide abrir os seus acervos de informaccedilatildeo e de

conhecimento que nessa instituiccedilatildeo auxiliam a aprendizagem (LITTO 2009 BARBOSA ARIMOTO

2013 p 304 p 18) estabelecendo precedente para diversas universidades tais como - entre outras

- as universidades norte americanas da Califoacuternia de Harvard de Princenton da Pennsylvania de

Michigan e Yale (OPENCOURSEWARE sd OPENCOURSEWARE 2011)

Bonk (2009 p 8) tambeacutem percebe sinais de abertura no acircmbito da educaccedilatildeo Nesse sentido

ele aponta 10 (dez) openers ou seja tendecircncias tecnoloacutegicas com vieacutes de abertura que do seu

ponto de vista contribuem para a transformaccedilatildeo da educaccedilatildeo e da vida no seacuteculo XXI Satildeo elas

1 Web busca no universo dos e-Books

2 E-learning e blended learning

3 Disponibilidade de fontes abertas e software livre

4 Recursos Reutilizaacuteveis e OpenCourseWare

5 Repositoacuterios de objetos de aprendizagem e portais

6 Participaccedilatildeo do aprendiz em comunidades de informaccedilatildeo aberta

7 Colaboraccedilatildeo eletrocircnica

8 Realidades alternativas de aprendizagem

9 Mobilidade e portabilidade de tempo real

10 Redes de aprendizagem personalizada

(BONK 2009 p 8)

O mesmo jaacute citado avanccedilo tecnoloacutegico - ou seja o contiacutenuo desenvolvimento e popularizaccedilatildeo

da Internet e das Tecnologias da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo - permite a adoccedilatildeo de praacuteticas ateacute entatildeo

3Massachusetts Institute of Technology

2

Cenaacuterio de abertura problematizaccedilatildeo e delineamento da pesquisa

restritas a poucos grupos A Economia Guttemberg (SHIRKY 2010 p 42) parece demonstrar sinais

de enfraquecimento Isso significa que atividades como ediccedilatildeo publicaccedilatildeo e circulaccedilatildeo de bens

culturais imateriais (textos muacutesicas viacutedeos etc) jaacute natildeo dependem de grandes corporaccedilotildees ndash tais

como editoras gravadoras ou produtoras ndash nem tampouco de grandes e arriscados investimentos

financeiros Com efeito qualquer indiviacuteduo que tenha acesso agrave rede mundial de computadores pode

tornar o seu trabalho puacuteblico bastando para isso o preenchimento de um cadastro - quando muito

- e o clique em um botatildeo virtual cuja funccedilatildeo eacute realizar a publicaccedilatildeo (SHIRKY 2010 p 45) Mais

do que uma cultura livre ndash ou seja em que a circulaccedilatildeo de cultura eacute menos controlada (LESSIG

2004 p 48) ndash o que percebemos eacute a presenccedila de uma cultura do compartilhamento da abundacircncia

(LITTO 2006 p 73) em que pessoas e instituiccedilotildees se propotildeem a compartilhar experiecircncias e

conhecimentos - muitos dos quais ateacute entatildeo restritos - ainda que para fins comerciais

As implicaccedilotildees decorrentes da formaccedilatildeo desse cenaacuterio de novas possibilidades e formatos

de abertura (BONK 2009 LITTO 2009 LITTO 2006 TAPSCOTT WILLIAMS 2013 TAPSCOTT

WILLIAMS 2007 VAZ RIBEIRO MATHEUS 2010 NIKOI et al 2011) e de abundacircncia (LITTO

2006 LITTO 2009 p 73 p 304) podem ser sentidas na praacutexis dos professores de liacutenguas uma

vez que culturas e bens culturais materiais e imateriais figuram como instrumento e mateacuteria prima do

seu trabalho De fato no decorrer de nossa experiecircncia docente no Brasil - a qual compreende tanto

o ensino de liacutengua e cultura italianas quanto a formaccedilatildeo de professores dessa liacutengua especialmente

para o uso de novas tecnologias no ensino 4 - chamaram-nos agrave atenccedilatildeo duas questotildees ambas

relacionadas ao uso de material didaacutetico em contexto formal de ensino-aprendizagem

Percebemos em primeiro lugar um recorrente sentimento de desorientaccedilatildeo relativo ao direito

de uso de insumos (tais como muacutesicas textos e imagens) de terceiros em materiais didaacuteticos de

autoria proacutepria sobretudo para utilizaccedilatildeo em contextos formais e institucionalizados de ensino e

aprendizagem tais como escolas e universidades Em outras palavras esses profissionais frente ao

mar de possibilidades nunca antes navegado(LITTO 2009 p 304) - de abundacircncia (LITTO 2006

LITTO 2009 p 73 p 304) - de insumos digitais provenientes sobretudo da internet - e frente agrave

facilidade com que poderiam acessaacute-los e editaacute-los - questionavam-se a respeito das possibilidades

e direitos de utilizaccedilatildeo desses insumos em seus trabalhos formais Vale observar que eacute possiacutevel

nesse caso que estejamos presenciando o enfrentamento de questotildees por parte do professor de

idiomas ateacute entatildeo tiacutepicas do universo editorial

Em segundo lugar - mas de forma natildeo menos significativa - percebemos uma inquietaccedilatildeo tam-

beacutem recorrente entre os professores de italiano como liacutengua estrangeira com os quais convivemos

em nossa carreira perante situaccedilotildees em que se viam obrigados a utilizar materiais didaacuteticos impres-

sos - principalmente em forma de livros e apostilas - claramente adotados por motivos de natureza

econocircmica envolvendo lucro financeiro pessoal de colegas - algumas vezes em contextos de ensino

puacuteblico - e o favorecimento de determinados autores e editoras muitos dos quais estrangeiros dada

a natureza do assunto tratado - a saber liacutengua e cultura italianas Notamos que a inquietaccedilatildeo

nesse caso referia-se mais ao sentimento de aprisionamento do professor e menos agrave accedilatildeo de lucrar

4Nossa experiecircncia como professor de italiano completa 11 anos no ano de publicaccedilatildeo desta tese tendosido viecircnciada no Brasil em contextos de aula particular de cursos livres especialmente extensatildeo universitaacuteriae escolas de idiomas de ensino meacutedio regular em escolas da rede privada e de ensino universitaacuterio emcurso de Letras no acircmbito do ensino superior puacuteblico brasileiro

3

Cenaacuterio de abertura problematizaccedilatildeo e delineamento da pesquisa

financeiramente com produtos educacionais - tal como livro didaacutetico - em si Parece-nos que tal

sensaccedilatildeo se coloca em maior evidecircncia quando em contraste com as possibilidades de ampliaccedilatildeo

de acesso emergentes no cenaacuterio de abertura e de abundacircncia jaacute mencionados

Consideramos essas questotildees - ambas relacionadas ao uso de material didaacutetico - como exemplos

de implicaccedilotildees - em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano como LEL2 - decorrentes

da presenccedila de um cenaacuterio de abertura (BONK 2009 LITTO 2009 LITTO 2006 TAPSCOTT

WILLIAMS 2013 TAPSCOTT WILLIAMS 2007 VAZ RIBEIRO MATHEUS 2010 NIKOI et al

2011) de abundacircncia (LITTO 2006 LITTO 2009 p 73 p 304) e de sinais de falecircncia da Economia

Guttemberg (SHIRKY 2010 p 42) Satildeo elas que datildeo origem agrave nossa investigaccedilatildeo - ainda antes

de formalizaacute-la em termos de pesquisa de doutoramento - na medida em que ao confrontaacute-las

questionamo-nos sobre a existecircncia de outras implicaccedilotildees e em caso afirmativo sobre quais seriam

essas implicaccedilotildees

Simultaneamente ao surgimento de nossos questionamentos - bem como no decorrer de nossa

investigaccedilatildeo teoacuterica preliminar - entramos em contato com grupos de pesquisa em software livre

Percebemos a partir desse encontro - e dos diversos que se seguiram - que poderia ser viaacutevel a

utilizaccedilatildeo de material didaacutetico de caraacuteter livre ou aberto 5 tal qual a essecircncia do software livre no

ensino-aprendizagem de italiano como LEL2 em contexto formal - dada a presenccedila do jaacute mencionado

cenaacuterio de abertura - e que havia ao mesmo tempo uma demanda e uma carecircncia relacionadas a

pesquisas formais sobre as implicaccedilotildees dessa utilizaccedilatildeo

Decidimos assim empreender a pesquisa recolocando nossas questotildees de modo que elas

focalizassem natildeo as implicaccedilotildees relativas agrave presenccedila de um cenaacuterio de abertura mas sim as

implicaccedilotildees relacionadas agrave utilizaccedilatildeo de material didaacutetico compatiacutevel com esse cenaacuterio ou seja

material didaacutetico essencialmente aberto ou livre Com efeito perguntamo-nos se haveria implicaccedilotildees

e em caso afirmativo quais seriam essas implicaccedilotildees decorrentes do uso de material didaacutetico

dessa natureza em contexto formal de ensino-aprendizagem de liacutengua italiana como LEL2

Reforccedilou a escolha por essa mudanccedila de foco a nossa constataccedilatildeo de que alguns estados

brasileiros haviam jaacute apresentado e concretizado propostas de utilizaccedilatildeo de materiais didaacuteticos que

se pretendiam de algum modo abertos ou livres em suas escolas puacuteblicas Esse eacute o caso por

exemplo do Governo do Estado do Paranaacute que em 2006 por meio de sua Secretaria de Educaccedilatildeo

empreendeu o projeto Folhas (SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCACcedilAtildeO DO PARANAacute sd)

lanccedilando propostas de livros didaacuteticos virtuais denominados puacuteblicos distribuiacutedos em formato digital

e alinhados com uma proposta de abertura

Determinado o foco e as questotildees de pesquisa concentramo-nos em como as implicaccedilotildees

poderiam ser observadas e analisadas O desafio se colocou em termos teoacutericos-metodoloacutegicos

e operacionais Encontramos em Ortale (2010) um arcabouccedilo teoacuterico-metodoloacutegico que poderia

balizar a nossa investigaccedilatildeo dando forma e tratabilidade agrave nossa ideia abstrata de implicaccedilotildees

Esse arcabouccedilo - que seraacute debatido com mais profundidade no decorrer desta tese - constroacutei-se

em torno dos conceitos de Problemas de Ensino e Narrativas de Problemas de Ensino Em nossa

pesquisa eles satildeo relacionados agrave utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre pelo professor de

5Consideramos que os especificadores livre e aberto podem ser usados com o mesmo sentido Entretantoconforme discutido no capiacutetulo 1 preferimos o termo livre por uma questatildeo de coerecircncia com as expressotildeessoftware livre cultura livre e licenccedila livre

4

Hipoacutetese

italiano LEL2 em contexto formal de ensino-aprendizagem

Decidimos frente ao desafio operacional da investigaccedilatildeo convidar professores de liacutengua italiana

como LEL2 a utilizar materiais didaacuteticos de natureza virtual livre nos contextos formais de ensino-

aprendizagem dessa liacutengua em que atuavam Optamos pelo contexto de ensino superior puacuteblico

dado que no inicio do doutoramento acabaacutevamos de concluir uma experiecircncia de docecircncia - de

aproximadamente 18 (dezoito) meses - nesse contexto - Aleacutem da nossa familiaridade com a praacutetica

de ensino superior - o que nos deixava mais a vontade para empreender investigaccedilotildees nesse

ambiente - percebemos nesse acircmbito uma grande demanda por materiais didaacutetico e de formaccedilatildeo

profissional e acadecircmica de natureza virtual livre - principalmente pelo fato de se tratar de um

contexto de ensino puacuteblico

Durante a investigaccedilatildeo percebemos que seria necessaacuterio articular o termo utilizaccedilatildeo em produ-

ccedilatildeo e utilizaccedilatildeo em sala de aula presencial Dessa maneira reconfiguramos o cenaacuterio de pesquisa

de modo que pudeacutessemos contemplar os dois aspectos De fato para investigar as implicaccedilotildees - ou

Problemas de Ensino - relacionados agrave produccedilatildeo de material didaacutetico de natureza virtual livre elabo-

ramos e ministramos dois cursos envolvendo professores de italiano em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

Mantivemos o acircmbito do ensino superior como contexto de investigaccedilatildeo referente agraves implicaccedilotildees

decorrentes da utilizaccedilatildeo de materiais didaacuteticos dessa natureza Consideramos ambos os aspectos

como pertencentes agrave praacutetica de ensino-aprendizagem em contexto formal Esses contextos seratildeo

retomados e debatidos de forma mais detalhadas no capiacutetulo 5 - Metodologia de Pesquisa

Enfim vale mencionar que consideramos relevante para o desenvolvimento de nossa pes-

quisa tentar compreender a natureza livre do material didaacutetico cujas implicaccedilotildees no ensino formal

investigamos bem com discorrer sobre essa natureza e correlacionaacute-la ao contexto e tradiccedilotildees

teoacutericas relativos ao campo da Linguiacutestica Aplicada no que se refere especialmente ao ensino

aprendizagem de liacutenguas e os seus materiais didaacuteticos Compreendemos que essa caracteriacutestica -

ou seja a qualidade de ser livre - confere-lhe grau de especificidade

Tendo em vista o cenaacuterio de abertura a problematizaccedilatildeo e o traccedilado geral de nosso percurso -

discutidos nesta seccedilatildeo - apresentamos nossa pesquisa cujo escopo permeia o estudo de materiais

didaacuteticos virtuais de natureza livre e as implicaccedilotildees da sua utilizaccedilatildeo em contexto formal de ensino-

aprendizagem de italiano como LEL2 - tendo sido o termo utilizaccedilatildeo desdobrado em produccedilatildeo e

utilizaccedilatildeo em sala de aula presencial

Nas seccedilotildees subsequentes descrevemos as caracteriacutesticas que consideramos essenciais para

uma melhor compreensatildeo do desenho que propomos para nossa investigaccedilatildeo bem como desta tese

- a saber a hipoacutetese de pesquisa a justificativa os objetivos geral e especiacuteficos e a organizaccedilatildeo

capitular da tese

Hipoacutetese

O estudo que apresentamos e discutimos nesta tese organiza-se e se orienta pela nossa hipoacutetese

de que a utilizaccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-

aprendizagem de liacutengua italiana como LEL2 deflagra uma seacuterie de implicaccedilotildees observaacuteveis e

especiacuteficas ndash as quais podem ser definidas em termos de Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p

5

Objetivo geral

425) ndash dada a sua natureza peculiar ou seja livre

Justificativa

A justificativa da investigaccedilatildeo que apresentamos nesta tese consolida-se perante a demanda por

pesquisas no acircmbito do ensino-aprendizagem de liacutenguas - especialmente de italiano como LEL2

- em contexto formal relacionadas agrave presenccedila de um cenaacuterio de abertura (BONK 2009 LITTO

2009 LITTO 2006 TAPSCOTT WILLIAMS 2013 TAPSCOTT WILLIAMS 2007 VAZ RIBEIRO

MATHEUS 2010 NIKOI et al 2011) de abundacircncia (LITTO 2006 LITTO 2009 p 73 p 304) de

recursos digitais e de sinais de falecircncia da Economia Guttemberg (SHIRKY 2010 p 42)

Consideramos que essas pesquisas - como a que empreendemos e apresentamos - poderatildeo

auxiliar os professores de idiomas - assim como os outros profissionais envolvidos no ofiacutecio do

ensino de liacutenguas tais como coordenadores linguiacutestas aplicados ou gestores em seus esforccedilos de

compreensatildeo e eventual apropriaccedilatildeo das novas perspectivas e na superaccedilatildeo dos desafios teoacutericos-

metodoloacutegicos e profissionais que se configuram a partir da presenccedila do mencionado cenaacuterio de

abertura

Parece-nos oportuno justificar tambeacutem o desenvolvimento desta pesquisa - dado o seu caraacuteter

interdisciplinar - no acircmbito do Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Liacutengua Literatura e Cultura Italianas

da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da USP Consideramos essa filiaccedilatildeo pertinente

e justificada na medida em que as reflexotildees e resultados apresentados poderatildeo trazer benefiacutecios

diretos para todos os envolvidos no ensino de liacutengua italiana no Brasil contribuindo para um

enriquecimento desse setor O acesso agraves vaacuterias aacutereas do conhecimento foi feito portanto em funccedilatildeo

do ensino da liacutengua italiana como LEL2

Ademais a escolha da liacutengua de aplicaccedilatildeo ndash a saber a liacutengua italiana ndash dos estudos apresen-

tados nesta tese pressupotildee o apoio e a avaliaccedilatildeo de especialistas em ensino de liacutengua italiana

para estrangeiros e liacutenguistas aplicados os quais se encontram no programa de Poacutes-graduaccedilatildeo

em Liacutengua Literatura e Cultura Italianas da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da

Universidade de Satildeo Paulo

Objetivo geral

O propoacutesito deste estudo eacute o de explorar as implicaccedilotildees relacionadas agrave utilizaccedilatildeo de material

didaacutetico de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano LEL2 Tais

implicaccedilotildees foram especificadas e tratadas em termos de Problemas de Ensino ou seja foram

coletadas e analisadas por meio de Narrativas de Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 425)

Ademais o termo utilizaccedilatildeo foi desdobrado em dois aspectos - a saber a produccedilatildeo de material

didaacutetico e a sua utilizaccedilatildeo em sala de aula presencial

6

Organizaccedilatildeo e estrutura capitular da tese

Objetivos especiacuteficos

bull Observar e discutir os Problemas de Ensino decorrentes da produccedilatildeo de material didaacutetico de

natureza virtual livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano como LEL2

bull Observar e discutir os Problemas de Ensino relativos agrave utilizaccedilatildeo em sala de aula presencial

de material didaacutetico de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de

italiano como LEL2

bull Observar e avaliar as possibilidades de utilizaccedilatildeo de insumos registrados com licenccedilas livres

na produccedilatildeo de materiais didaacuteticos de italiano L2LE e de natureza virtual livre

bull Apresentar e discutir possiacuteveis estrateacutegias que apontem para a resoluccedilatildeo dos Problemas de

Ensino levantados na pesquisa

Organizaccedilatildeo e estrutura capitular da tese

No CAPIacuteTULO 1 discutimos o conceito de Material Didaacutetico Virtual Livre com o qual trabalhamos

em nossa pesquisa e tambeacutem nesta tese Contemplamos apenas os conceitos que do nosso ponto

de vista justificam a utilizaccedilatildeo do especificador livre para esse tipo de material didaacutetico Dessa

forma as discussotildees abrangem as ideias de Cultura Livre (LESSIG 2004 p 48) de software livre

(FREE SOFTWARE FOUNDATION sd) e de Licenccedila Livre (FREEDOMDEFINED sd apud FARIA

2011 p 21) A partir dos debates propostos nesse capiacutetulo eacute possiacutevel perceber que a maneira

como concebemos o Material Didaacutetico Virtual Livre estaacute em sintonia com os conceitos de Trabalhos

Culturais Livres (FREEDOMDEFINED sd) e de Recursos Educacionais Abertos (THE WILLIAM

AND FLORA HEWLETT FOUNDATION SD BARBOSA ARIMOTO 2013 p 18) Os conceitos

se relacionam principalmente pelo fato de serem os trecircs baseados na filosofia do software livre

sendo cada um deles - consideramos - uma tentativa de aplicaccedilatildeo dessa filosofia em artefatos

diferentes de software Relacionamos ainda o conceito de Material Didaacutetico Virtual Livre com as

noccedilotildees de Material Didaacutetico Virtual Livre com Algumas Restriccedilotildees - que propomos - e de material

didaacutetico fechado

No CAPIacuteTULO 2 trazemos para debate a nossa hipoacutetese de que materiais didaacuteticos de natureza

virtual livre estatildeo sintonizados com a pedagogia poacutes-meacutetodo (KUMARAVADIVELU 2001 KUMA-

RAVADIVELU 2006b) podendo nesse caso ser tomados como materiais didaacuteticos de caraacuteter

poacutes-meacutetodo ou simplesmente materiais didaacuteticos poacutes-meacutetodo Para tanto discutimos o paradigma

da chamada pedagogia poacutes-meacutetodo considerando a conjectura teoacuterica de falecircncia da pedagogia

dos meacutetodos no acircmbito do ensino e aprendizagem de liacutenguas Compreendemos em siacutentese que

os materiais didaacuteticos de natureza virtual livre podem ser associados agrave pedagogia poacutes-meacutetodo na

medida em que refletem os paracircmetros pedagoacutegicos da particularidade da praticabilidade e da

possibilidade - os quais conforme Kumaravadivelu (2001) Kumaravadivelu (2006b) caracterizam a

essecircncia da pedagogia poacutes-meacutetodo Em outras palavras a noccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza

7

Organizaccedilatildeo e estrutura capitular da tese

virtual livre pressupotildee respectivamente em sua essecircncia tal qual a pedagogia poacutes-meacutetodo a sensi-

bilidade ao contexto de utilizaccedilatildeo o empoderamento do professor e o incentivo a questionamentos

de status quo e agrave transformaccedilatildeo social sobretudo no que se refere aos aprendizes Consideramos

enfim que levantar esse debate significa tambeacutem ampliar a oportunidade de melhor compreender

as caracteriacutesticas dos materiais didaacuteticos de natureza virtual livre

No CAPIacuteTULO 3 abordamos a questatildeo das controveacutersias a respeito do uso de software livre em

oposiccedilatildeo ao software proprietaacuterio Aleacutem disso propomos um aprofundamento a respeito da dimensatildeo

produtiva de artefatos ou tecnologias com potencial altruiacutesta As controveacutersias satildeo de naturezas diver-

sas apontando temaacuteticas nucleares que perpassam desde o niacutevel teacutecnico ateacute os niacuteveis econocircmico e

filosoacutefico - entre outros Interessa-nos sobremaneira perceber que a utilizaccedilatildeo de software livre

poderaacute trazer implicaccedilotildees para o campo do ensino de liacutenguas - tomado como contexto educacional -

tanto no acircmbito da formaccedilatildeo de professores quanto em contexto de ensino-aprendizagem de um

idioma Consideramos que as controveacutersias relativas ao uso de software livre - em oposiccedilatildeo ao

software proprietaacuterio - podem ser estendidas de modo anaacutelogo ao uso de Material Didaacutetico Virtual

Livre - em detrimento a materiais didaacuteticos fechados O debate sobre as controveacutersias giram em

torno das vantagens e dos pontos criacuteticos do uso de software livre A proposta de aprofundamento

relacionada agrave dimensatildeo produtiva de artefatos ou tecnologias com potencial altruiacutesta se refere em

outras palavras agrave uma discussatildeo sobre os modelos de negoacutecio que podem ser adotados a fim de

estabelecer uma gestatildeo sustentaacutevel para projetos ou iniciativas livres

No CAPIacuteTULO 4 apresentamos e discutimos quatro aspectos que consideramos centrais em relaccedilatildeo

agrave metodologia que adotamos para orientar a produccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual

livre Satildeo eles a utilizaccedilatildeo de modelos instrucionais - em especial o modelo ADDIE (GAGNEacute

et al 2005 ROTHWELL KAZANAS 2003 SEELS GLASGOW 1998 p 21 p 55 p 7 ) o

modelo da Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas (ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO 2002

ALMEIDA FILHO 2010 p 18) e o Quadro para Escrita de Material Didaacutetico de Liacutenguas (JOLLY

BOLITHO 1998 p 90) as teacutecnicas de buscas de insumos livres as teacutecnicas de licenciamento do

material didaacutetico virtual atribuindo-lhe uma licenccedila livre ou flexiacutevel e a utilizaccedilatildeo de software livre O

modelo ADDIE o modelo de Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas e Quadro para Elaboraccedilatildeo de

Material Didaacutetico de Ensino de Liacutenguas - os quais podem ser compreendidos como modelos que

visam em linhas gerais o entendimento de contextos instrucionais e o suporte ao planejamento e

operacionalizaccedilatildeo de cursos em seus diversos aspectos sendo o segundo e o terceiro dirigidos ao

contexto de ensino de liacutenguas - foram tomados como referecircncia para operacionalizaccedilatildeo de Materiais

Didaacuteticos Virtuais Livres em contexto de ensino e aprendizagem de liacutenguas Os aspectos relativos agrave

busca de insumos livres eou flexiacuteveis e agrave atribuiccedilatildeo de liberdades ao material didaacutetico de natureza

virtual livre satildeo abordados a partir de um vieacutes praacutetico-operativo com exemplos de uso de ferramentas

disponiacuteveis na Internet e estatildeo em sintonia com as reflexotildees propostas em EDUCACcedilAtildeO ABERTA

(2011) A utilizaccedilatildeo de software livre como suporte para o Material Didaacutetico Virtual Livre enfim

envolve o debate sobre os dois programas livres que analisamos e utilizamos em nossa pesquisa

Trata-se do sistema de criaccedilatildeo de blogs e gerenciamento de conteuacutedos para web denominado

8

Organizaccedilatildeo e estrutura capitular da tese

Wordpress e do programa de autoria intitulado EXElearning Nesse caso buscamos apresentar

as caracteriacutesticas gerais de ambos os programas bem como os aspectos que nos motivaram a

utilizaacute-los

No CAPIacuteTULO 5 focalizamos os diversos aspectos relacionados agrave metodologia de pesquisa empre-

gada em nosso estudo Os debates giram em torno da dimensatildeo empiacuterica da investigaccedilatildeo ndash a saber

a identificaccedilatildeo e anaacutelise dos Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 425) relacionados agrave produccedilatildeo

de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre e agrave sua utilizaccedilatildeo em sala de aula presencial de

italiano como LEL2 Durante a explanaccedilatildeo apontamos as escolhas teoacuterico-metodoloacutegicas adotadas

nesta investigaccedilatildeo incluindo os contextos estudados e as estrateacutegias de levantamento e anaacutelise de

dados empregadas Em linhas de siacutentese nossa abordagem investigativa foi de natureza qualitativa

e se balizou por um vieacutes epistemoloacutegico existencial (natildeo determinista) construtivista (STAKE 2011

p 42) e interpretativo A coleta de dados se deu em dois contextos distintos (1) em sala de aula

presencial de italiano como LEL2 - contexto em que investigamos os Problemas de Ensino relativos

ao uso do Material Didaacutetico Virtual Livre - e (2) em curso de formaccedilatildeo para professores em serviccedilo

e em preacute-serviccedilo de italiano como LEL2 - contexto em que investigamos os Problemas de Ensino

relativos ao aspecto da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

No CAPIacuteTULO 6 apresentamos o perfil dos informantes que participaram de nossa pesquisa um

professor de liacutengua italiana do ensino superior puacuteblico brasileiro - cuja praacutetica de sala de aula

envolvendo a utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre investigamos - e dois grupos de profes-

sores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo participantes de duas ediccedilotildees do curso de formaccedilatildeo - sendo

esses envolvidos com a produccedilatildeo desse tipo de material didaacutetico no acircmbito de nossa pesquisa

O levantamento foi realizado por meio de questionaacuterios observaccedilatildeo e anaacutelises documentais Os

questionaacuterios foram respondidos antes dos respectivos periacuteodos de observaccedilatildeo acompanhamento

e levantamento de dados figurando como avaliaccedilatildeo diagnoacutestica direcionada ao professor e aos

dois grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo Em linhas gerais buscamos investigar a

familiaridade dos participantes no que se refere ao uso de novas tecnologias - bem como aspectos do

seu letramento digital da sua praacutetica de sala de aula de seus haacutebitos habilidades e competecircncias

relativas agrave produccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de material didaacutetico para o ensino de liacutenguas e dos respectivos

contextos de utilizaccedilatildeo do Material Didaacutetico Virtual Livre - no acircmbito de realizaccedilatildeo de nossa pesquisa

- quando pertinente Percebemos que o professor informante possui vasta experiecircncia com ensino

de italiano em contexto formal superior puacuteblico brasileiro que possui pouca familiaridade com

o uso de computador e da Internet utilizando-os eventualmente em sua praacutetica de sala de aula

e que se apropria do livro didaacutetico considerando-o de grande valia no que se refere ao aspecto

organizativo do empreendimento de ensino e aprendizagem - tanto para os alunos quanto para

o professor - mas que deve ser complementado adaptado e as vezes subvertido de modo a

corresponder agraves demandas locais Percebemos que os grupos de professores em serviccedilo e em

preacute-serviccedilo por sua vez possuem experiecircncia de ensino de italiano atuando predominantemente

em contexto de extensatildeo universitaacuteria e de escola de idiomas que tem como haacutebito a consulta a

materiais didaacuteticos alternativos e a manuais do professor a seleccedilatildeo de fragmentos de materiais

9

Organizaccedilatildeo e estrutura capitular da tese

de autoria de terceiros como complementaccedilatildeo ao livro didaacutetico que adotam em sua praacutetica e que

utilizam predominantemente o e-mail e a paacutegina web e que possuem maior experiecircncia com a

atividade de utilizaccedilatildeo - tais como editoraccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de Ambientes Virtuais de Aprendizagem -

de recursos digitais do que com a atividade de instalaccedilatildeo desses recursos Figuram como recursos

e atividades com os quais os informantes declaram possuir maior familiaridade e-mail redes sociais

textos imagens e eslaide

No CAPIacuteTULO 7 trazemos os resultados de nossa pesquisa de campo ou seja trazemos para

debate os Problemas de Ensino relativos agrave produccedilatildeo e agrave utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano como LEL2 Em linhas gerais identificamos

7 (sete) Problemas de Ensino relativos ao contexto de produccedilatildeo e 4 (quatro) Problemas de Ensino

relativos ao contexto de utilizaccedilatildeo Satildeo eles dificuldade para encontrar insumos desejados registra-

dos com licenccedilas flexiacuteveis inseguranccedila (e resistecircncia) associada agrave utilizaccedilatildeo de insumos livres no

material didaacutetico crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre necessaria-

mente aumenta a carga horaacuteria de trabalho docente dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica

e o estado de artefato em construccedilatildeoque o software livre pode apresentar dificuldade relativa agrave

identificaccedilatildeo das licenccedilas dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e de sequecircncias didaacuteticas

digitais dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou

miacutedias que podem ser utilizados para organizar as Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas

em sala de aula presencial crenccedila de que a escassez de material didaacutetico impresso na sala de aula

presencial poderaacute ser mal vista pelos discentes dificuldade em compreender o funcionamento do

software utilizado em sala de aula e preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e do software

que abrigam e fornecem acesso agraves Sequecircncias Didaacuteticas

No CAPIacuteTULO 8 enfim tecemos as consideraccedilotildees finais sobre a nossa pesquisa As discussotildees

estatildeo distribuiacutedas em trecircs aspectos as caracteriacutesticas gerais dos Problemas de Ensino identificados

nesta pesquisa as possiacuteveis estrateacutegias ou caminhos de resoluccedilatildeo dos Problemas de Ensino

identificados a hipoacutetese de pesquisa e finalmente a metodologia e os possiacuteveis desdobramentos

futuros de nossa investigaccedilatildeo

10

Capiacutetulo 1

Material Didaacutetico Virtual Livre - nossa

concepccedilatildeo

Neste capiacutetulo apresentamos e discutimos o conceito de Material Didaacutetico Virtual Livre com o qual

trabalhamos em nossa pesquisa e consequentemente em nossa tese Contemplamos apenas

os conceitos que do nosso ponto de vista justificam a utilizaccedilatildeo do especificador livre para esse

tipo de material didaacutetico Dessa forma os debates giram em torno das ideias de Cultura Livre

(LESSIG 2004 p 48) de software livre (FREE SOFTWARE FOUNDATION sd) e de Licenccedila

Livre (FREEDOMDEFINED sd apud FARIA 2011 p 21)

No decorrer dos debates apontamos sempre que possiacutevel caracteriacutesticas que justificam a

utilizaccedilatildeo desse especificador e que portanto caracterizam o material didaacutetico como livre Cabe

lembrar que nosso trabalho e nossas discussotildees se concentram em materiais didaacuteticos para o ensino

de liacutenguas Em especial conforme jaacute mencionado nossa investigaccedilatildeo se concentra no acircmbito

do ensino de liacutengua italiana como LEL2 Consideramos esse debate essencial jaacute que conforme

acenado na introduccedilatildeo desta tese trabalhamos com a ideia de que o termo livre indica um aspecto

- ou seja sua natureza livre - que torna esse tipo de material didaacutetico especiacutefico e que portanto

pode gerar Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 425) tambeacutem especiacuteficos

A partir dos debates propostos nas seccedilotildees subsequentes seraacute possiacutevel perceber que a maneira

como concebemos o Material Didaacutetico Virtual Livre estaacute em sintonia com os conceitos de Trabalhos

Culturais Livres (FREEDOMDEFINED sd) e de Recursos Educacionais Abertos (THE WILLIAM

AND FLORA HEWLETT FOUNDATION SD BARBOSA ARIMOTO 2013) Os conceitos se

relacionam principalmente pelo fato de que satildeo os trecircs baseados na filosofia do software livre

sendo cada um deles uma tentativa de aplicaccedilatildeo dessa filosofia em artefatos diferentes de software

11 A cultura livre

Lessig (2004) discute a questatildeo da cultura livre focalizando em especial o papel dos direitos

autorais frente aos paradigmas e agraves praacuteticas culturais (produccedilatildeo divulgaccedilatildeo e consumo de bens

culturais) estabelecidos com o advento das novas tecnologias da informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo O autor

afirma que toda cultura se caracteriza como livre sendo que umas satildeo mais livres que outras A

11

A cultura livre

natildeo-liberdade de uma cultura reside no fato de os seus bens culturais serem dominados por grandes

corporaccedilotildees o que restringiria o seu acesso

Em uma cultura menos livre a possibilidade de se criar a partir de obras de terceiros torna-se

dificultada por dispositivos restritivos como o Copyright mdash especialmente no que diz respeito agrave

criaccedilatildeo de obras derivadas Nas palavras de Lessig (2004 p 48)

[c]ulturas livres satildeo culturas que deixam uma grande parcela de si abertapara outros poderem trabalhar em cima conteuacutedo controlado ou que exigepermissatildeo representa muito menos da cultura (LESSIG 2004 p 48)

Uma anaacutelise superficial a respeito do conceito de cultura livre poderia evidenciar a ideia errocircnea

de que uma cultura livre eacute uma cultura sem propriedade Lessig (2004 p 18) pronuncia-se a esse

respeito afirmando que

o oposto de uma cultura livre eacute uma lsquocultura da permissatildeorsquo mdash uma culturana qual os criadores podem criar apenas com a permissatildeo dos poderososou dos criadores do passado (LESSIG 2004 p 18)

Ele defende um equiliacutebrio relativo agrave detenccedilatildeo da produccedilatildeo cultural produzida pela sociedade

ou seja nem uma anarquia nem algum tipo de feudalismo Nesse contexto portanto natildeo se estaacute

pregando que os artistas por exemplo natildeo sejam considerados autores e natildeo possam receber pelos

seus trabalhos

A partir desse ponto de vista eacute possiacutevel relacionar o surgimento das novas tecnologias da

informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo mdash sobretudo as baseadas na Internet mdash e a questatildeo da cultura livre

Essas tecnologias podem facilitar o aumento (ou manutenccedilatildeo) da liberdade ou seja da possibilidade

de se criar sobre outras obras Essa facilidade com que as pessoas por meio dessas tecnologias

conseguem consumir e produzir cultura (acessar bens culturais e criar a partir dos mesmos) tende

a minar uma estrutura marcada pela tentativa de controle do processo por parte de grandes

corporaccedilotildees Como visto acima isso caracterizaria uma sociedade como menos livre

Frente agraves reflexotildees propostas em Lessig (2004) consideramos que o material didaacutetico denomi-

nado livre deveraacute ser o produto de um processo de produccedilatildeo livre ou seja processo em que os

autores tiveram a liberdade de consumir outros produtos culturais 6 sem a necessidade de chancela

de grupos ou corporaccedilotildees que figurem como detentores desses produtos Seguindo o mesmo

raciociacutenio esse material como um bem cultural deveraacute ter conteuacutedo livre contribuindo assim com

a circulaccedilatildeo livre da cultura

Ressaltamos que essa tentativa de caracterizaccedilatildeo soacute eacute possiacutevel na medida em que estamos

considerando o material didaacutetico de ensino de liacutenguas como produtos culturais que tambeacutem seratildeo

constituiacutedos por outros produtos culturais como muacutesicas textos imagens etc Produtos esses ndash os

materiais didaacuteticos ndash que tambeacutem poderatildeo ser apropriados por outros indiviacuteduos para elaboraccedilatildeo

de novos bens culturais

6Nesta tese utilizamos as expressotildees bens culturais e produtos culturais como equivalentes

12

O software livre

12 O software livre

Um software eacute criado a partir de uma linguagem de alto niacutevel tais como C Cobol ou Java perfeita-

mente compreensiacuteveis pelo ser humano Utilizando-se dessas linguagens o programador produz o

chamado coacutedigo-fonte Para que esse coacutedigo possa ser compreendido pelo computador ele precisa

passar por um processo de compilaccedilatildeo que o transformaraacute em linguagem binaacuteria (TAURION 2004

p 15)

O claacutessico atual e hegemocircnico (TAURION 2004 SILVEIRA 2004) modelo de desenvolvimento

e distribuiccedilatildeo de software consiste em ceder ao usuaacuterio uma licenccedila para o seu uso fornecendo-lhe

apenas a versatildeo do programa em linguagem binaacuteria Trata-se do modelo de software proprietaacuterio

(TAURION 2004 p 15)

Segundo Silveira (2004 p 10) em um modelo de software proprietaacuterio o usuaacuterio natildeo adquire

um produto dado que natildeo poderaacute alteraacute-lo reformaacute-lo ou sequer revendecirc-lo como poderia fazer com

uma casa por exemplo se fosse sua Ele possui apenas uma licenccedila para usaacute-lo permanecendo

como seu dono a empresa ou o programador responsaacutevel pelo seu desenvolvimento De fato o

usuaacuterio natildeo poderaacute alteraacute-lo ou revendecirc-lo natildeo apenas porque natildeo teraacute acesso ao seu coacutedigo-fonte

mas tambeacutem porque a licenccedila de uso natildeo lhe permite isso O modelo de negoacutecios do software

proprietaacuterio eacute portanto baseado em licenccedilas de propriedade e ldquovive do aprisionamento de seus

clientes ao pagamento de licenccedilas de usordquo (SILVEIRA 2004 65)

O software livre ao contraacuterio do software proprietaacuterio insere-se em um modelo de negoacutecio

caracterizado pelas liberdades de uso coacutepia modificaccedilatildeo e redistribuiccedilatildeo (SILVEIRA 2004 FREE

SOFTWARE FOUNDATION sd) Nesse modelo o coacutedigo-fonte tambeacutem eacute distribuiacutedo o que torna

o programa legiacutevel e passiacutevel de ser modificado Aleacutem de alterar o programa o usuaacuterio poderaacute

copiaacute-lo e redistribuiacute-lo sem restriccedilotildees Segundo Taurion (2004 p 17) o programador do software

livre ldquooutorga a todos direitos de usar copiar alterar e redistribuir o programardquo

Segundo a FREE SOFTWARE FOUNDATION (sd) o software livre se refere com mais exatidatildeo

a 4 (quatro) liberdades a saber

-A liberdade de executar o programa para qualquer propoacutesito (liberdade no

0)

-A liberdade de estudar como o programa funciona e adaptaacute-lo para as suasnecessidades (liberdade no 1) Acesso ao coacutedigo-fonte eacute um preacute-requisitopara esta liberdade

-A liberdade de redistribuir coacutepias de modo que vocecirc possa ajudar ao seuproacuteximo (liberdade no 2)

-A liberdade de aperfeiccediloar o programa e liberar os seus aperfeiccediloamentosde modo que toda a comunidade se beneficie (liberdade no 3) Acesso aocoacutedigo-fonte eacute um preacute-requisito para esta liberdade (FREE SOFTWAREFOUNDATION sd)

A filosofia do software livre eacute nitidamente diferente da filosofia do chamado software proprietaacuterio

na medida em que a distribuiccedilatildeo deste se restringe apenas agrave liberaccedilatildeo da sua versatildeo executaacutevel ou

seja do seu coacutedigo binaacuterio Esse tipo de distribuiccedilatildeo impede que seu usuaacuterio ou outros programado-

res vejam e estudem as soluccedilotildees de programaccedilatildeo relativas agravequele software jaacute que o acesso ao seu

13

O software livre

Quadro 11 As 4 liberdades de um Trabalho Cultural Livre

bull A liberdade de usar o trabalho e aproveitar os benefiacutecios do seu uso

bull A liberdade de estudar o trabalho e de aplicar o conhecimento dele adquirido

bull A liberdade de fazer coacutepias e distribuiacute-las em todo ou em parte da informaccedilatildeoou expressatildeo

bull A liberdade de fazer mudanccedilas e melhoramentos e de distribuir trabalhosderivados

Fonte adaptado de Freedomdefined (sd)

coacutedigo-fonte natildeo eacute possiacutevel

A partir dessas reflexotildees a respeito da filosofia do software livre bem como a descriccedilatildeo do seu

processo de negoacutecio eacute possiacutevel atribuir algumas caracteriacutesticas aos materiais didaacuteticos de natureza

livre De fato para que o material didaacutetico seja livre ele deveraacute se inserir em um modelo de negoacutecio

caracterizado pelas liberdades de uso coacutepia modificaccedilatildeo e redistribuiccedilatildeo para qualquer um para

qualquer finalidade ou seja fundamentar-se - resguardadas as diferenccedilas entre os dois produtos

- em liberdades equivalentes agraves 4 (quatro) liberdades atribuiacutedas pela Free Software Foundation

ao software livre Ademais ele deveraacute ser disponibilizado de modo que essas liberdades sejam

garantidas

Encontramos expressatildeo para nossos anseios por liberdades equivalentes para o Material Didaacutetico

Virtual Livre em Freedomdefined (sd) Com efeito ao caracterizar Trabalhos Culturais Livres - ou

seja trabalhos culturais que podem ser livremente estudados aplicados copiados eou modificados

por qualquer um para qualquer finalidade(FREEDOMDEFINED sd) - os autores dessa instituiccedilatildeo

adaptam as 4 (quatro) liberdades do software livre de modo a poder atribuiacute-las a trabalhos culturais

caracterizando-os dessa forma como livres Essas liberdades as quais consideramos aplicaacuteveis

tambeacutem aos Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres satildeo descritas no QUAD 11 Consideramos que

a tentativa de garantir essas liberdades encontra-se em utilizar software livre ou formatos livres 7

como suporte para materiais didaacuteticos virtuais de natureza livre

Uma anaacutelise simples a respeito das distribuiccedilotildees de software livre e proprietaacuterio pode evidenciar

o fato de que a filosofia do software livre permite uma maior circulaccedilatildeo do conhecimento e estimula o

trabalho colaborativo A circulaccedilatildeo do conhecimento se daacute exatamente pelo fato de o coacutedigo-fonte

do software livre ser aberto podendo ser estudado por quem quer que seja O trabalho colaborativo

por sua vez eacute estimulado pela liberdade de alterar utilizar e redistribuir o software Cabe lembrar

que a condiccedilatildeo fundamental da redistribuiccedilatildeo de novas versotildees eacute a manutenccedilatildeo da liberaccedilatildeo do

7O termo formato se refere agrave maneira como um arquivo seraacute gravado ou seja agrave sua extensatildeo (CULTURAUFPA sd SUDREacute 2013 p 34) Assim como um software ou um aplicativo os formatos de arquivos tambeacutempodem ser livres ou proprietaacuterios Satildeo exemplos de formatos proprietaacuterios o doc (formato de documentosdo Microsoft Word) e o pps (formato de apresentaccedilotildees do Microsoft PowerPoint) Os formatos odt (paraarquivos de texto) e odp (para apresentaccedilotildees de slides) satildeo por sua vez exemplos de formatos livres

14

O software livre

coacutedigo-fonte o que garante que o software continue livre e que outros programadores possam

tambeacutem gozar de suas liberdades

O trabalho colaborativo caracteriacutestico da filosofia do software livre evoca imediatamente a ideia

de inteligecircncia coletiva proposta em Levy (2007 p 28) Segundo esse autor a inteligecircncia coletiva

Eacute uma inteligecircncia distribuiacuteda por toda a parte incessantemente valorizadacoordenada em tempo real que resulta em uma mobilizaccedilatildeo efetiva dascompetecircncias Acrescentemos agrave nossa definiccedilatildeo este complemento indis-pensaacutevel a base e o objetivo da inteligecircncia coletiva satildeo o reconhecimentoe o enriquecimento muacutetuo das pessoas () Uma inteligecircncia distribuiacutedapor toda parte tal eacute o nosso axioma inicial Ningueacutem sabe tudo todossabem alguma coisa todo o saber estaacute na humanidade (LEVY 2007 p28)

O debate proposto por Levy (2007) a respeito da inteligecircncia coletiva estaacute diretamente relacio-

nado com as novas possibilidades de interaccedilatildeo oferecidas pelo ciberespaccedilo Ele se refere agraves novas

tecnologias digitais que facilitam sensivelmente o trabalho colaborativo e consequentemente a

manifestaccedilatildeo da inteligecircncia coletiva

Quando diferentes programadores de diferentes partes do mundo por iniciativa proacutepria de

forma siacutencrona ou assiacutencrona decidem aprimorar um programa agregando valor ao mesmo cada

qual com a sua competecircncia a inteligecircncia coletiva se manifesta Essa dinacircmica de trabalho soacute eacute

possiacutevel a partir de uma filosofia como a do software livre - em oposiccedilatildeo ao modelo proprietaacuterio

Para que o material didaacutetico seja caracterizado como livre consideramos que ele deve ser

suscetiacutevel agrave accedilatildeo da inteligecircncia coletiva como concebida por Levy (2007 p 28) Em outras palavras

esse material poderaacute ser produzido por vaacuterios autores os quais poderatildeo aprimoraacute-lo segundo as

suas competecircncias individuais gerando novas versotildees Saber programar eacute a competecircncia requerida

para se alterar um software livre Da mesma maneira competecircncias operativas - tais como entre

outros saber elaborar unidades didaacuteticas materiais didaacuteticos e exames de verificaccedilatildeo (DIADORI

2001 p 199) - bem como niacuteveis baacutesicos de letramento digital seratildeo condiccedilatildeo para o trabalho de

elaboraccedilatildeo do material didaacutetico livre

Uma interpretaccedilatildeo equivocada a respeito do software livre poderia se instalar ao se associarem

as suas liberdades agrave condiccedilatildeo de distribuiccedilatildeo gratuita do mesmo De fato o software livre natildeo

precisa ser necessariamente distribuiacutedo de forma gratuita O usuaacuterioprogramador tem a liberdade

de alterar um software livre e vender a sua nova versatildeo desde que o mantenha livre ldquoSoftware

livre eacute uma questatildeo de liberdade natildeo de preccedilordquo (FREE SOFTWARE FOUNDATION sd) A esse

respeito Morimoto (2009 p 15) acrescenta que

Existe a possibilidade de ganhar algum dinheiro vendendo CDs gravadospor exemplo mas como todo mundo pode fazer a mesma coisa eacute precisovender por um preccedilo relativamente baixo cobrando pelo trabalho de grava-ccedilatildeo e natildeo pelo software em si que estaacute largamente disponiacutevel (MORIMOTO2009 p 15)

Emfim Silveira (2004) lembra que o modelo de negoacutecio do software livre eacute baseado em serviccedilos

e procura vender desenvolvimento capacitaccedilatildeo e suporte Se por um lado o programador natildeo

15

Licenccedilas Livres e a licenccedila Creative Commons

tem lucro financeiro com a venda de programas de coacutedigo aberto ele o teraacute com a prestaccedilatildeo de

serviccedilos advinda do uso e da adaptaccedilatildeo do software livre para determinados contextos ou demandas8 O programador portanto recebe pelo seu serviccedilo e natildeo pela venda do software O mesmo

princiacutepio poderaacute ser atribuiacutedo ao trabalho com materiais didaacuteticos virtuais de natureza livre De

fato professores com as devidas competecircncias poderatildeo se apropriar do material livre e adaptaacute-lo a

contextos especiacuteficos sendo pagos por esse trabalho 9 Capacitaccedilatildeo e suporte tambeacutem satildeo tarefas

cabiacuteveis para atuaccedilatildeo do professor em um modelo de negoacutecio livre capacitaccedilatildeo para o uso do

material didaacutetico de natureza livre e suporte didaacutetico e operacional para a sua utilizaccedilatildeo por terceiros

Observamos dessa forma a possibilidade de abertura de novos nichos de atuaccedilatildeo para o

profissional de letras decorrentes da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre Para que ele

possa atuar nessas novas frentes de trabalho deveraacute necessariamente desenvolver competecircncias

operativas (DIADORI 2001 p 199) e aumentar o seu niacutevel de letramento digital ou seja desenvolver

as competecircncias necessaacuterias para o uso das novas tecnologias no acircmbito do ensinoaprendizagem

de liacutenguas

13 Licenccedilas Livres e a licenccedila Creative Commons

Creative Commons eacute uma proposta de licenccedila de uso mais flexiacutevel (CREATIVE COMMONS sd

JOSGRILBERG 2008 p 113) - ou menos restritiva - que o Copyright e mais restritiva que o Domiacutenio

Puacuteblico (GABRIEL 2013 p 48) Conforme nos lembra Gabriel (2013 p 48) se o Copyright carrega

a ideia de todos os direitos reservados o Domiacutenio Puacuteblico significa sem direitos reservados e o

Creative Commons alguns direitos reservados

A licenccedila Creative Commons formatada em 2002 (FARIA 2011 p 22) foi concebida por

Lawrence Lessig (ROSENBERG 2004 JOSGRILBERG 2008 GABRIEL 2013 p 432 p 113 p

47) advogado estadunidense com o objetivo de facilitar o processo de uso e compartilhamento de

obras Essa tentativa de facilitaccedilatildeo se configura na medida em que propotildee eliminar a burocracia

desse processo de uso e compartilhamento imposto pelo Copyright (JOSGRILBERG 2008 p 114)

O Creative Commons de fato consiste em um sistema de licenciamento em que o artista ou autor

define quais direitos e liberdades seratildeo atribuiacutedas agrave sua produccedilatildeo No ato do licenciamento seraacute

estabelecido por exemplo se a obra poderaacute ser executada comercializada ou ateacute modificada por

terceiros Tais condiccedilotildees de uso satildeo agregadas ao produto e passam a ser visiacuteveis ao puacuteblico que

seraacute assim informado a respeito do que pode ou natildeo pode fazer com ele Dessa forma espera-se

a extinccedilatildeo da figura do intermediaacuterios - por exemplo de advogados - e da burocracia jaacute que as

permissotildees de uso estatildeo previamente estabelecidas pelos autores

O QUAD 12 apresenta as condiccedilotildees baacutesicas de licenciamento que o autor poderaacute atribuir agrave

sua obra Note-se que no ato do licenciamento ele poderaacute combinaacute-las de modo a delinear com

precisatildeo os direitos que pretende estabelecer para a obra Segundo a CREATIVE COMMONS

8Tome-se como exemplo um programador que eacute contratado por uma padaria ou uma farmaacutecia paraadaptar um software livre as suas necessidades especiacuteficas

9Tome-se agora como exemplo um professor com a competecircncia necessaacuteria contratado por umainstituiccedilatildeo para adaptar o material didaacutetico livre para a sua realidade ou seja para o seu contexto de ensinoEntendemos por adaptaccedilatildeo em consonacircncia com Mezzadri (2003) a produccedilatildeo de material ad hoc

16

Licenccedilas Livres e a licenccedila Creative Commons

BRASIL (sd) o uso indevido das obras sob a licenccedila Creative Commons poderaacute ser julgado como

violaccedilatildeo de direitos autorais Ademais Gabriel (2013 p 49) observa que essas licenccedilas jaacute foram

traduzidas e adaptadas agrave legislaccedilatildeo de diversos paiacuteses inclusive agraves do Brasil Essa informaccedilatildeo

corrobora a ideia de que o objetivo da licenccedila Creative Commons natildeo eacute abolir os direitos autorais

mas flexibilizaacute-los

As condiccedilotildees baacutesicas de licenciamento apresentadas no QUAD 12 combinadas entre si

compotildeem o conjunto de 6 (seis) licenccedilas Creative Commons ndash a saber Atribuiccedilatildeo Atribuiccedilatildeo - sem

derivados Atribuiccedilatildeo - natildeo comercial - compartilha igual Atribuiccedilatildeo - compartilha igual Atribuiccedilatildeo -

natildeo comercial e Atribuiccedilatildeo - natildeo comercial - sem derivados ndash reunidas e descritas no QUAD 13

Cabe ao autor escolher uma das propostas e conferi-la ao seu trabalho de acordo com as liberdades

que deseja atribuir-lhe

Em termos operacionais o registro das obras eacute feito pela Internet nas proacuteprias paacuteginas da

organizaccedilatildeo natildeo governamental sem fins lucrativos tambeacutem chamada Creative Commons Aleacutem do

sistema de registro suas paacuteginas oferecem em associaccedilatildeo com empresas como Google 10 Yahoo11 e Flickr 12 - entre outras - motores de busca especializados na localizaccedilatildeo de material registrado

sob a licenccedila Creative Commons

Natildeo obstante a clara flexibilidade das licenccedilas Creative Commons em detrimento agrave proposta

do Copyright conforme discute Faria (2011 p 25) nem todas as licenccedilas Creative Commons

podem ser consideradas livres O autor fundamenta a sua constataccedilatildeo no conceito de Licenccedila

Livre proposto em Freedomdefined (sd) a qual - consideramos - relaciona-se estritamente com a

essecircncia da filosofia do software livre conforme proposto pela Free Software Foundation - discutido

na seccedilatildeo 12 deste capiacutetulo - ou seja consiste na ideia de que

[L]icenccedila [L]ivre eacute toda licenccedila que garante ao receptor de uma obra prote-gida por direito autoral as liberdades de utilizar e gozar dos benefiacutecios deseu uso[] copiar e distribuir[] estudar e modificar[] e distribuir modificaccedilotildeesdaquela obra (FREEDOMDEFINED sd apud FARIA 2011 p 21)

Dessa forma ainda segundo Faria (2011 p 26) algumas licenccedilas apresentam atributos que

violam as liberdades de coacutepia distribuiccedilatildeo e modificaccedilatildeo - conforme a citada definiccedilatildeo de licenccedila

livre - e portanto natildeo podem ser incluiacutedas em obras designadas como livres Como exemplo Faria

(2011 p 26) cita os atributos Natildeo a obras derivadase Uso natildeo comercial Enquanto a primeira

natildeo permite a modificaccedilatildeo a segunda subtrai a liberdade comercial de uso da obra derivada

Consideramos que ao interpretar a subtraccedilatildeo da liberdade de uso comercial da obra derivada

como um desvio do conceito de Licenccedila Livre Freedomdefined (sd apud FARIA 2011 p 26)

dialoga com a ideia - discutida na seccedilatildeo 12 desta tese - de que segundo a Free Software Foundation

software livre eacute uma questatildeo de liberdade e natildeo de preccedilo Dessa forma uma licenccedila que restringe o

uso comercial natildeo estaria de acordo com a noccedilatildeo de Licenccedila Livre (FREEDOMDEFINED sd) e

naturalmente tampouco com a filosofia do software livre (FREE SOFTWARE FOUNDATION sd)

Faria (2011 p 25) cita como exemplos de atributos que caracterizam a licenccedila como livre a

10wwwgooglecombr11wwwyahoocombr12wwwflickrcom

17

Licenccedilas Livres e a licenccedila Creative Commons

Quadro 12 Condiccedilotildees baacutesicas de licenciamento Creative Commons

Condiccedilatildeoda licenccedila

Explicaccedilatildeo Exemplo

Atribuiccedilatildeo Vocecirc permite que outras pes-soas copiem distribuam e exe-cutem sua obra protegida pordireitos autorais mdash e as obrasderivadas criadas a partir delamdash mas somente se for dado creacute-dito da maneira que vocecirc esta-beleceu

Joana publica sua fotografia com alicenccedila de Atribuiccedilatildeo por que ela de-seja que todos usem suas fotos con-tanto que lhe deem creacutedito Beto en-contra na Internet a fotografia de Jo-ana e deseja mostraacute-la na primeira paacute-gina de seu website Beto coloca a fo-tografia de Joana em seu site e indicade forma clara a autoria da mesma

Uso natildeo-comercial

Vocecirc permite que outras pes-soas copiem distribuam e exe-cutem sua obra mdash e as obrasderivadas criadas a partir delamdash mas somente para fins natildeocomerciais

Gustavo publica sua fotografia em seuwebsite com uma licenccedila de Uso NatildeoComercial Camila imprime a fotogra-fia de Gustavo Camila natildeo estaacute auto-rizada a vender a impressatildeo da foto-grafia sem a autorizaccedilatildeo de Gustavo

Natildeo aobras de-rivadas

Vocecirc permite que outras pes-soas copiem distribuam e exe-cutem somente coacutepias exatasda sua obra mas natildeo obras de-rivadas

Sara licencia a gravaccedilatildeo de sua muacute-sica com uma licenccedila Natildeo a ObrasDerivadas Joatildeo deseja cortar umafaixa da muacutesica de Sara e incluiacute-la emsua proacutepria obra remixando-a e cri-ando uma obra totalmente nova Joatildeonatildeo pode fazer isso sem autorizaccedilatildeode Sara

Compartilhamento pelamesmalicenccedila

Vocecirc pode permitir que outraspessoas distribuam obras de-rivadas somente sob uma li-cenccedila idecircntica agrave licenccedila querege sua obra

A fotografia de Gustavo eacute licenciadasob as condiccedilotildees de Uso Natildeo Comer-cial e Compartilhamento pela mesmaLicenccedila Camila eacute uma artista ama-dora de colagem Ela usa a foto-grafia de Gustavo em uma de suascolagens A condiccedilatildeo do Comparti-lhamento pela mesma Licenccedila exigeque Camila disponibilize sua colagemcom uma licenccedila Uso Natildeo Comercialplus-Compartilhamento pela mesmaLicenccedila Esta condiccedilatildeo faz com queCamila disponibilize sua obra a todasas pessoas sob os mesmos termoscom os quais Gustavo disponibilizoua ela

Fonte adaptado de CREATIVE COMMONS BRASIL (sd)

18

Licenccedilas Livres e a licenccedila Creative Commons

Quadro 13 Conjunto de licenccedilas Creative Commons

Atribuiccedilatildeo - CC BY Esta licenccedila permiteque outros distribuam remixem adapteme construam sobre a sua obra mesmo co-mercialmente desde que lhe deem creacuteditopela criaccedilatildeo original Esta eacute a licenccedila maisaberta dentre as oferecidas Recomendadopara ampla divulgaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos ma-teriais licenciados

Atribuiccedilatildeo-natildeo comercial - compartilha igual- CC BY-NC-SA Esta licenccedila permite queoutros remixem faccedilam tweak e construamsobre o seu trabalho natildeo comercialmentecontanto que atribuam creacutedito a vocecirc e li-cenciem as novas criaccedilotildees sob os mesmostermos

Atribuiccedilatildeo-natildeo comercial - CC BY-NC Estalicenccedila permite que outros remixem adap-tem e criem obras natildeo comerciais e apesarde suas obras novas deverem creacuteditos avocecirc vocecirc e ser natildeo comerciais natildeo preci-sam ser licenciadas nos mesmos termos

Atribuiccedilatildeo-sem derivados - CC BY-ND Estalicenccedila permite a redistribuiccedilatildeo comercial enatildeo comercial desde que a obra permaneccedilainalterada com creacutedito para vocecirc

Atribuiccedilatildeo-compartilha igual - CC BY-SAEsta licenccedila permite que outros remixemfaccedilam tweak e construam sobre a sua obramesmo para fins comerciais contanto queatribuam creacutedito a vocecirc e licenciem as no-vas criaccedilotildees sob os mesmos paracircmetrosEsta licenccedila eacute muitas vezes comparada aoCopyleft ndash licenccedilas de software livre e opensource Todas as novas obras com base nasua levaratildeo a mesma licenccedila entatildeo quais-quer derivados tambeacutem permitiratildeo o uso co-mercial Esta eacute a licenccedila utilizada pela Wiki-pedia e eacute recomendada para materiais quese beneficiariam de conteuacutedo da Wikipediae de projetos igualmente licenciados

Atribuiccedilatildeo - natildeo comercial - sem derivados- CC BY-NC-ND Esta licenccedila eacute a mais res-tritiva das nossas seis licenccedilas principaispermitindo que os outros faccedilam o downloadde suas obras e compartilhem-nas desdeque deem creacutedito a vocecirc natildeo as alterem oufaccedilam uso comercial delas

Fonte adaptado de (CREATIVE COMMONS BRASIL sd)

19

Licenccedilas Livres e a licenccedila Creative Commons

Atribuiccedilatildeoe a Atribuiccedilatildeo - compartilhamento pela mesma licenccedila Conforme lembra Faria (2011

p 25) a Atribuiccedilatildeorequer apenas que o autor da obra original seja citado da maneira como definir

Nesse caso qualquer um pode copiar distribuir e modificar inclusive para fins comerciais desde que

preserve os creacuteditos da obra original (FARIA 2011 p 25) Ele acrescenta que esse atributo quando

utilizado individualmente permite a maacutexima disseminaccedilatildeo do material licenciado A Atribuiccedilatildeo -

compartilhamento pela mesma licenccedila por sua vez requer que - aleacutem de o autor da obra original

ser citado da maneira como definir - o trabalho derivado seja distribuiacutedo com a mesma licenccedila Faria

(2011 p 26) lembra que esse mecanismo de preservaccedilatildeo da liberdade eacute tambeacutem conhecido como

Copyleft

Cabe mencionar que o Copyleft termo originalmente associado agrave licenccedila de uso de software

livre denominada GPL por Richard Stallman foi criado pelo artista e programador Don Hopkins o

qual o definiu como all rights reversed13 fazendo trocadilho com Copyright - all rights reserved14

(FARIA 2011 p 24) Em outras palavras o Copyleft pode ser definido como

uma forma de usar a legislaccedilatildeo de proteccedilatildeo dos direitos autorais com oobjetivo de retirar barreiras agrave utilizaccedilatildeo difusatildeo e modificaccedilatildeo de uma obracriativa devido agrave aplicaccedilatildeo claacutessica das normas de propriedade intelec-tual exigindo que as mesmas liberdades sejam preservadas em versotildeesmodificadas (FARIA 2011 p 24)

Definido como tal de acordo com Faria (2011 p 24) e Gabriel (2013 p 47) o Copyleft se

diferencia do Domiacutenio Puacuteblico na medida em que apresenta restriccedilotildees que precisam ser observadas

Lembramos que o Domiacutenio Puacuteblico por sua vez permite qualquer utilizaccedilatildeo de uma obra

Consideramos enfim que materiais didaacuteticos virtuais para serem classificados como livres

deveratildeo ser compostos por insumos sinalizados de alguma maneira como livres Esse material

deveraacute ao mesmo tempo possuir uma licenccedila livre que especifique as liberdades a ele atribuiacutedas

Tomamos nesse caso o termo livre conforme definido em Freedomdefined (sd) citado em Faria

(2011 p 21) e discutido neste seccedilatildeo Isso significa que apesar de adotarmos a licenccedila Creative

Commons em nosa pesquisa - bem como considerar os 6 (seis) tipos de licenccedilas funcionais

no acircmbito da produccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de materiais didaacuteticos de ensino-aprendizagem de liacutenguas -

concordamos com Faria (2011 p 26) quando observa que nem todas as suas licenccedilas poderatildeo

ser vistas como livres Concordamos ainda que os atributos Natildeo a obras derivadase Uso natildeo

comercialmarcam esse descompasso

Ademais dada a flexibilidade e a funcionalidade do conjunto de licenccedilas Creative Commons

- bem como a sua discrepacircncia com relaccedilatildeo ao universo do Copyright ou seja de um universo

fechado marcado pela burocracia e pela desfavorecimento da Cultura Livre (LESSIG 2004 p 18) -

parece-nos aceitaacutevel considerar que esses atributos - a saber Natildeo a obras derivadase Uso natildeo

comercialidentificam o que vamos reconhecer como Material Didaacutetico Virtual Livre com Algumas

Restriccedilotildees

13Todos os direitos revertidos14Todos os direitos reservados

20

Afinal o que chamamos de Material Didaacutetico Virtual Livre

Figura 11 Material Didaacutetico Virtual Livre e seus conceitos subjacentes

14 Afinal o que chamamos de Material Didaacutetico Virtual

Livre

Considerados os debates das seccedilotildees anteriores eacute possiacutevel apontar alguns dos traccedilos que do nosso

ponto de vista caracterizam o material didaacutetico virtual como livre

Conforme mencionado consideramos que o Material Didaacutetico Virtual Livre deveraacute ser o produto

de um processo de produccedilatildeo livre ou seja processo em que os autores tiveram a liberdade de

consumir outros produtos culturais sem a necessidade de permissatildeo de grupos ou corporaccedilotildees que

figurem como detentores desses produtos Seguindo o mesmo raciociacutenio esse material como um

bem cultural deveraacute ele proacuteprio figurar como livre contribuindo assim com a circulaccedilatildeo livre da

cultura Em outras palavras trata-se de um tipo de material didaacutetico que em essecircncia beneficia-se

da cultura livre - conforme definido em Lessig (2004 p 48) - ao mesmo tempo em que a promove

(SOUZA 2010b SOUZA 2011c SOUZA 2011a SOUZA 2011b) ndash sendo naturalmente suscetiacutevel

agrave accedilatildeo da inteligecircncia coletiva como concebida por Levy (2007 p 28)

Consideramos que para que isso ocorra esse material didaacutetico deveraacute se inserir em um modelo

de negoacutecio livre - ou seja caracterizado pelas liberdades de uso coacutepia modificaccedilatildeo e redistribuiccedilatildeo

(FREE SOFTWARE FOUNDATION sd SILVEIRA 2004 p 9) para qualquer um e para qualquer

fim (FREE SOFTWARE FOUNDATION sd) - utilizar como suporte um software livre ou em

consonacircncia com Freedomdefined (sd) formatos livres Ele deveraacute tambeacutem consumir insumos

livres e ser ele proacuteprio registrado com uma licenccedila livre sendo o termo Licenccedila Livre tomado em

ambos os casos segundo a definiccedilatildeo da Freedomdefined (sd) - ou seja que essencialmente

proteja a manutenccedilatildeo das liberdades de uso coacutepia distribuiccedilatildeo e modificaccedilatildeo A FIG 11 ilustra

21

Afinal o que chamamos de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 14 Os materiais didaacuteticos fechado Virtual Livre Virtual Livre com AlgumasRestriccedilotildees e suas licenccedilas

Material didaacuteticofechado

Material DidaacuteticoVirtual Livre com

AlgumasRestriccedilotildees

Material DidaacuteticoVirtual Livre

Licenccedilaproacutepria

eoudos in-sumos

bull Copyright bull CC-BY-NC

bull CC-BY-NC-SA

bull CC-BY-ND

bull CC-BY-NC-ND

bull CC-BY

bull CC-BY-SA(Copyleft)

por meio de um mapa conceitual as relaccedilotildees entre os principais conceitos discutidos a respeito da

caracterizaccedilatildeo do Material Didaacutetico Virtual Livre

Em adiccedilatildeo consideramos que a presenccedila dos atributos Uso natildeo comercial(NC) e Natildeo a obras

derivadas(ND) em sua licenccedila - eou dos insumos que utiliza caracteriza o material didaacutetico virtual

como Material Didaacutetico Virtual Livre com Algumas Restriccedilotildees O QUAD 14 mostra a relaccedilatildeo entre

materiais didaacuteticos fechados Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres e Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres

com Algumas Restriccedilotildees no que diz respeito ao tipo de licenccedila

Encontramos em Freedomdefined (sd) e na Wikipedia - sendo nesta por meio da entrada

LICENCcedilAS CREATIVE COMMONS (sd) - concepccedilotildees equivalentes agraves nossas a respeito da

natureza livre do material didaacutetico virtual De fato a Freedomdefined (sd) aponta 4 (quatro)

caracteriacutesticas as quais denomina Condiccedilotildees Adicionais para Atribuiccedilatildeo de Caraacuteter Livre a um

Trabalho Cultural Satildeo elas a disponibilidade da fonte de dados o uso de um formato livre nenhuma

restriccedilatildeo teacutecnica e nenhuma outra restriccedilatildeo ou limitaccedilatildeo A Wikipedia por sua vez por meio da

entrada LICENCcedilAS CREATIVE COMMONS (sd) aponta para a necessidade de atribuiccedilatildeo clara de

autoria dos trabalhos subjacentes a uma obra derivada Por meio do QUAD 15 apresentamos uma

amalgamaccedilatildeo dos pontos de vista da Freedomdefined (sd) e da Wikipedia os quais - consideramos

- aleacutem de dialogar com alguns aspectos da nossa concepccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre pode

auxiliar os trabalhos praacutetico-operativos (tais como produccedilatildeo e reconhecimento) com materiais dessa

natureza no acircmbito do ensino-aprendizagem de liacutenguas

Destacamos a partir do exposto no QUAD 15 o debate sobre o uso de formatos livres Concor-

damos com a Freedomdefined (sd) quando assumem que a condiccedilatildeo de liberdade dos Trabalhos

Culturais Livres seraacute mantida no caso de uso de formatos natildeo livres - por razotildees praacuteticas - quando

disponibilizada uma coacutepia em formato livre e no caso de uso de formatos digitais patenteados -

22

Afinal o que chamamos de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 15 Caraacuteter livre a materiais didaacuteticos virtuais algumas condiccedilotildees

Disponibilidade dafonte de dados

Onde um trabalho final foi obtido por meio de compilaccedilatildeo ou pro-cessamento de um arquivo fonte ou de muacuteltiplos arquivos fontetodas as fontes de dados subjacentes devem estar disponiacuteveisjuntamente com o trabalho propriamente dito sob as condiccedilotildeesoriginais Pode ser uma partitura de uma composiccedilatildeo musical osmodelos usados em uma cena em 3D os dados de uma publica-ccedilatildeo cientiacutefica os coacutedigos fonte de um programa de computadorou qualquer outra informaccedilatildeo deste tipo

Disponibilidade deindicaccedilotildees clarassobre as licenccedilasdas fontes de dados

Onde um trabalho final foi obtido por meio da compilaccedilatildeo ouprocessamento de um arquivo fonte ou de muacuteltiplos arquivos fonteas licenccedilas de todas as fontes de dados subjacentes devem estardisponiacuteveis juntamente com o trabalho propriamente dito deforma clara Isso significa incluir quaisquer avisos de direitosautorais (se aplicaacutevel) Citar o nome pseudocircnimo ou user ID doautor (Internet) Citar o tiacutetulo ou nome da obra caso haja algum(no caso de Internet) Citar sobre qual licenccedila a obra se encontraMencionar se a obra eacute derivada ou adaptada Se for adaptadpapor exemplo indicar Esta eacute uma traduccedilatildeo para o portuguecircs de[nome da obra original] de [autor]ou Roteiro baseado em [obraoriginal] [autor]

Uso de um formatolivre

Para arquivos digitais o formato no qual um trabalho eacute disponi-bilizado natildeo deve ser protegido por patentes a menos que sejaemitida uma permissatildeo livre de royalties mundial ilimitada e irrevo-gaacutevel para que se faccedila uso da tecnologia patenteada Enquantoformatos natildeo-livres podem agraves vezes ser usados por razotildees praacuteti-cas uma coacutepia em formato livre deve estar disponiacutevel para que otrabalho seja considerado livre

Nenhuma restriccedilatildeoteacutecnica

O trabalho deve estar disponiacutevel de maneira que nenhuma medidateacutecnica seja usada para limitar as liberdades acima enumeradas

Nenhuma outra res-triccedilatildeo ou limitaccedilatildeo

O trabalho propriamente dito natildeo deve estar coberto por restriccedilotildeeslegais (patentes contratos etc) ou limitaccedilotildees (como direitos deprivacidade) o que anularia as liberdades acima enumeradas [as4 (quatro) liberdades anunciadas no QUAD 11] Um trabalhopode fazer uso de isenccedilotildees legais ao direito autoral (para citartrabalhos sob direito autoral) embora apenas as suas porccedilotildeesque satildeo inambiguamente livres constituem um trabalho livre

Fonte adaptado de Freedomdefined (sd) e LICENCcedilAS CREATIVE COMMONS (sd)

23

Afinal o que chamamos de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 16 Os materiais didaacuteticos fechado Virtual Livre Virtual Livre com AlgumasRestriccedilotildees e seus suportes

Material didaacuteticofechado

Material DidaacuteticoVirtual Livre com

Algumas Restriccedilotildees

Material DidaacuteticoVirtual Livre

Tipo desuportedigital

bull Software eouformato proprie-taacuterio

bull Formato propri-etaacuterio legiacutevel eeditaacutevel por soft-ware livre En-quanto a condi-ccedilatildeo for vaacutelida

bull Software eou for-mato livres

bull Formato proprie-taacuterio com coacutepiaem formato livre

bull Formato patente-ado com permis-satildeo livre de royal-ties

tambeacutem por razotildees praacuteticas - quando emitida uma permissatildeo livre de royalties sendo essa de abran-

gecircncia mundial e irrevogaacutevel Consideramos esse raciociacutenio vaacutelido tambeacutem para Materiais Didaacuteticos

Virtuais Livres Com efeito em ambos os casos o material didaacutetico virtual permaneceraacute livre mediante

o cumprimento das respectivas condiccedilotildees - a saber a disponibilidade de uma coacutepia em formato

livre e de uma permissatildeo livre de royalties de abrangecircncia mundial e irrevogaacutevel Acrescentamos

que por outro lado vamos considerar Material Didaacutetico Virtual Livre com Algumas Restriccedilotildees os

casos em que forem utilizados formatos natildeo livres - ou proprietaacuterios - tais como entre outros os

formatos doc (formato de texto do Microsoft Word) e pps (formato de apresentaccedilotildees do Microsoft

Power Point) - sem a disponibilizaccedilatildeo de uma versatildeo em formato livre quando (e enquanto) esses

formatos proprietaacuterios puderem ser lidos e editados por aplicativos livres Indicamos no QUAD 16

a relaccedilatildeo entre materiais didaacuteticos fechados Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres e Materiais Didaacuteticos

Virtuais Livres com Algumas Restriccedilotildees no que se refere ao tipo de suporte digital

Concluiacutemos esta subseccedilatildeo - e este capiacutetulo - trazendo para debate dois aspectos relacionados

a maneira como concebemos Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres em nossa pesquisa e consequen-

temente nesta tese O primeiro aspecto consiste em nossa visatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

como Sequecircncias Didaacuteticas (OLIVEIRA 2013 p 53) A fim de discuti-lo retomamos o conceito

de Recursos Educacionais Abertos (THE WILLIAM AND FLORA HEWLETT FOUNDATION SD

BARBOSA ARIMOTO 2013 p 18) Cabe lembrar que esse conceito tal qual o de Trabalhos Cultu-

rais Livres (FREEDOMDEFINED sd) dialoga em essecircncia com a nossa visatildeo sobre Materiais

Didaacuteticos Virtuais Livres Conforme dissemos no iniacutecio deste capiacutetulo todos os trecircs conceitos podem

ser interpretados como tentativas de aplicaccedilatildeo da filosofia do software livre em artefatos diferentes

de software O segundo diz respeito agrave nossa escolha pela utilizaccedilatildeo do especificador livre - em

detrimento a aberto - na expressatildeo Material Didaacutetico Virtual Livre

24

Afinal o que chamamos de Material Didaacutetico Virtual Livre

De acordo com THE WILLIAM AND FLORA HEWLETT FOUNDATION (SD) Recursos Educaci-

onais Abertos

satildeo recursos de ensino aprendizagem e pesquisa que estatildeo em domiacuteniopuacuteblico ou foram disponibilizados com uma licenccedila de propriedade intelec-tual que permite a liberdade de uso e reaproveitamento por outros (THEWILLIAM AND FLORA HEWLETT FOUNDATION SD)

Conforme lembram THE WILLIAM AND FLORA HEWLETT FOUNDATION (SD) e Barbosa e

Arimoto (2013 p 18) esse conceito foi definido pela Unesco em 2002 e se refere a cursos completos

materiais de cursos moacutedulos livros texto viacutedeos provas software ou qualquer outra ferramenta

ou teacutecnica usada para apoiar o acesso ao conhecimento

Observamos que em nossa pesquisa - bem como nesta tese - nossa visatildeo de Material Didaacutetico

Virtual Livre estaacute relacionada agrave ideia de Sequecircncia Didaacutetica tal qual definida em Oliveira (2013 p

53) encontrando reflexo tambeacutem em Dolz J Noverraz e Schneuwly (2004 p 83) Segundo Oliveira

(2013 p 53) uma Sequecircncia Didaacutetica pode ser definida como

um conjunto de atividades conectadas entre si e [que] prescinde de umplanejamento para delimitaccedilatildeo de cada etapa eou atividade para trabalharos conteuacutedos disciplinares de forma integrada para uma melhor dinacircmicano processo ensino-aprendizagem (OLIVEIRA 2013 p 53)

Dessa forma apesar da ancestralidade comum entre os dois conceitos a visatildeo de que a

expressatildeo Recursos Educacionais Abertos - conforme THE WILLIAM AND FLORA HEWLETT

FOUNDATION (SD) e Barbosa e Arimoto (2013 p 18) - pode ser utilizado para referenciar

nominalmente artefatos de naturezas diversas (tais como livros texto programas ou software)

diferencia-se da maneira como concebemos Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres ou seja como

Sequecircncias Didaacuteticas (OLIVEIRA 2013 p 53) materializadas em formato digital

Por fim justificamos nossa escolha pelo especificador livre - em oposiccedilatildeo a aberto - na ex-

pressatildeo Material Didaacutetico Virtual Livre Natildeo obstante considerarmos os termos aberto e livre

intercambiaacuteveis nessa expressatildeo optamos pelo termo livre por consideraacute-lo mais coerente com as

expressotildees relativas aos conceitos que do nosso ponto de vista - conforme discutimos neste capiacutetulo

- fundamentam-no A saber Cultura Livre (LESSIG 2004 48) software livre (FREE SOFTWARE

FOUNDATION sd) e Licenccedila Livre (FREEDOMDEFINED sd)

Esperamos que por meio do debate apresentado neste capiacutetulo a respeito da natureza livre do

material didaacutetico virtual tenha sido possiacutevel expressar nossa percepccedilatildeo - anunciada na introduccedilatildeo

desta tese - de que esse tipo de material didaacutetico apresenta especificidades e que portanto -

conforme nossa hipoacutetese - ao ser inserido no acircmbito do ensino-aprendizagem de italiano como

LEL2 pode apresentar Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 45) tambeacutem especiacuteficos A partir

do exposto eacute possiacutevel por exemplo observar que a praacutetica de elaboraccedilatildeo de materiais didaacuteticos

com insumos provenientes da Internet bem como a publicaccedilatildeo de materiais didaacuteticos de autoria

proacutepria na rede mundial de computadores - as quais se apresentam jaacute consagradas na rotina de

professores de idiomas - distingui-se da praacutetica especiacutefica de produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual

Livre dada justamente a sua natureza livre

25

Capiacutetulo 2

Material Didaacutetico Virtual Livre para o

ensino de liacutenguas material

poacutes-meacutetodo() - explorando

interseccedilotildees

Neste capiacutetulo trazemos para debate a nossa hipoacutetese de que materiais didaacuteticos de natureza virtual

livre estatildeo sintonizados com a pedagogia poacutes-meacutetodo (KUMARAVADIVELU 2001 KUMARAVADI-

VELU 2006b) podendo nesse caso ser tomados como materiais didaacuteticos de caraacuteter poacutes-meacutetodo

ou simplesmente materiais didaacuteticos poacutes-meacutetodo 15 Para tanto discutimos o paradigma da cha-

mada pedagogia poacutes-meacutetodo considerando a conjectura teoacuterica de falecircncia da pedagogia dos

meacutetodos no acircmbito do ensino e aprendizagem de liacutenguas No decorrer dos debates apontamos as

interseccedilotildees entre os dois arcabouccedilos teoacutericos - ou seja materiais didaacuteticos de natureza virtual livre

e a pedagogia poacutes-meacutetodo - quando consideramos pertinente Compreendemos em siacutentese que

os materiais didaacuteticos de natureza virtual livre podem ser associados agrave pedagogia poacutes-meacutetodo na

medida em que refletem os paracircmetros pedagoacutegicos da particularidade da praticabilidade e da

possibilidade - os quais conforme Kumaravadivelu (2001) Kumaravadivelu (2006b) caracterizam a

essecircncia da pedagogia poacutes-meacutetodo Em outras palavras a noccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza

virtual livre pressupotildee respectivamente em sua essecircncia tal qual a pedagogia poacutes-meacutetodo a sensi-

bilidade ao contexto de utilizaccedilatildeo o empoderamento do professor e o incentivo a questionamentos

de status quo e agrave transformaccedilatildeo social sobretudo no que se refere aos aprendizes Consideramos

enfim que levantar esse debate significa tambeacutem ampliar a oportunidade de melhor compreender

as caracteriacutesticas dos materiais didaacuteticos de natureza virtual livre

Cabe ressaltar que ao propormos essa relaccedilatildeo estamos em acordo com Santana (2012 p

140) e Alencar (2007) os quais tambeacutem acenam para uma aproximaccedilatildeo de construtos de natureza

15Tivemos a oportunidade de debater essa hipoacutetese em 2010 no acircmbito da disciplina O Ensino-Aprendizagem de Liacutenguas a Partir da Deacutecada de 1970 ministrado pela Profa Dra Fernanda LanducciOrtale ofertada pelo Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Liacutengua Literatura e Cultura Italianas da USP e em2011 no acircmbito do VII Congresso Internacional da ABRALIN (Associaccedilatildeo Brasileira de Linguiacutestica) realizadoUniversidade Federal do Paranaacute (Curitiba - PR) - (SOUZA 2011c)

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Capiacutetulo 2 Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas material poacutes-meacutetodo() -explorando interseccedilotildees

virtual livre direta ou indiretamente agraves concepccedilotildees do educador brasileiro Paulo Freire Conforme

mencionamos no decorrer deste capiacutetulo o paracircmetro da possibilidade estaacute baseado - entre outros

autores - nas concepccedilotildees desse pesquisador (KUMARAVADIVELU 2001 KUMARAVADIVELU

2006b KUMARAVADIVELU 2003 p 542 p 174 p 13) Com efeito Santana (2012 p 140) aponta

a concepccedilatildeo de Recursos Educacionais Abertos como um importante caminho para a concretizaccedilatildeo

de algumas das mudanccedilas sociais esperadas pela emergecircncia das tecnologias digitais(SANTANA

2012 p 140) ou seja para a concretizaccedilatildeo das possibilidades da educaccedilatildeo na era da informaccedilatildeo -

em detrimento ao modelo de educaccedilatildeo na era industrial - conforme Flecha e Elboj (2000) Nesse

caso em siacutentese a educaccedilatildeo na sociedade da informaccedilatildeo estaacute associada agrave concepccedilatildeo de Paulo

Freire - ainda na deacutecada de 1970 - da educaccedilatildeo como um processo de praacutetica de liberdade e como

ferramenta de transformaccedilatildeo Essa educaccedilatildeo conforme os autores permite que os indiviacuteduos

imersos na sociedade da informaccedilatildeo possam ser - entre outras expectativas - sujeitos de suas

proacuteprias aprendizagens (FLECHA ELBOJ 2000 p 144) Apresentamos por meio do QUAD 21 as

caracteriacutesticas da educaccedilatildeo na sociedade industrial - ou seja correspondente agraves demandas vigentes

nas sociedades industriais - e da educaccedilatildeo na sociedade da informaccedilatildeo - ou seja uma educaccedilatildeo

que para Flecha e Elboj (2000 p 146) pode corresponder aos desafios dessa sociedade

Alencar (2007) por sua vez parece sugerir que a condiccedilatildeo de software livre corresponde

agraves concepccedilotildees de Freire (1967 p 24) a respeito do papel de tecnologias em uma perspectiva

educacional libertadora Nesse sentido - entre vaacuterios outros aspectos abordados em seu estudo -

Alencar (2007) lembra que para Freire (1967)

()a tecnologia aleacutem de ser compreendida apreendida deve ser contextu-alizada - contextualizar a tecnologia em si proacutepria sua gecircnese e utilizaccedilatildeodesvelando os interesses e a ideologia impliacutecita os benefiacutecios e as limita-ccedilotildees do uso - em seguida identificaacute-la com o contexto local discutindo suasimplicaccedilotildees na vida dos usuaacuterios ativos e a melhor forma de incorporaacute-lapara o bem daquele grupo naquele contexto(ALENCAR 2007 p 38)

Compreendemos desse modo que Alencar (2007) evoca em seu trabalho os pensamentos do

educador brasileiro Paulo Freire com o intuito de associaacute-los agrave concepccedilatildeo de software livre - construto

esse tambeacutem focalizado em sua pesquisa Vale lembrar que em essecircncia de fato a noccedilatildeo de

software livre pressupotildee a possibilidade de contextualizaccedilatildeo ou seja de sua personalizaccedilatildeo sob

demandas advindas dos contextos de uso de debate sobre interesses e ideologias impliacutecitas em

sua proacutepria gecircnese - bem como na concepccedilatildeo do construto software em geral e de discussatildeo sobre

as implicaccedilotildees de sua utilizaccedilatildeo na vida dos usuaacuterios Consideramos que esses pressupostos satildeo

tambeacutem vaacutelidos para a noccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre ou para qualquer outro

construto dessa natureza

A necessidade da elaboraccedilatildeo de uma pedagogia poacutes-meacutetodo surge segundo Kumaravadivelu

(2001 p 537) da insatisfaccedilatildeo com as limitaccedilotildees da ideia de meacutetodo e do conseguinte modelo

de formaccedilatildeo de professores de idiomas marcado por uma abordagem descendente em que o

professor-formador transmite um conjunto de conhecimentos preestabelecidos ao professor em

formaccedilatildeo sugerindo-lhe as melhores praacuteticas modelando o seu comportamento enquanto docente

e avaliando os seus haacutebitos pedagoacutegicos (KUMARAVADIVELU 2001 p 551) Nesse sentido

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Capiacutetulo 2 Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas material poacutes-meacutetodo() -explorando interseccedilotildees

Quadro 21 A educaccedilatildeo na sociedade industrial e na sociedade da informaccedilatildeo

A educaccedilatildeo na sociedade industrial A educaccedilatildeo na sociedade da informa-ccedilatildeo

Funccedilatildeo reprodutora da educaccedilatildeo Funccedilatildeo transformadora da educaccedilatildeoConcepccedilatildeo totalizante da escola Haacute processos educativos nas comunidades

Burocratizaccedilatildeo e academicismo que setransferem tanto aos profissionais quantoaos outros participantes

Concepccedilatildeo ampla de aprendizagem comosocializaccedilatildeo participativa e comunicativaque recupere os objetivos mais utoacutepicos daeducaccedilatildeo de jovens e adultos

Concepccedilatildeo de ciecircncia em compartimentosestanques

Concepccedilatildeo interdisciplinar de ciecircncia

Metodologia baseada na concepccedilatildeo taylo-rista da pedagogia de objetivos

Metodologia baseada nos princiacutepios deaprendizagem dialoacutegica

Transmissatildeo de uma cultura ocidental Processos transculturais que se baseiamna convivecircncia multicultural

Metodologia eminentemente expositiva eutilizaccedilatildeo de fichas como materiais baacutesicosde aprendizagem

Incorporaccedilatildeo das novas tecnologias aosprocessos de aprendizagem

Fonte adaptado de Santana (2012 p 141) e Flecha e Elboj (2000 p 146)

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Capiacutetulo 2 Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas material poacutes-meacutetodo() -explorando interseccedilotildees

alguns autores como Brown (2002 p 10) e Allwright (1991 p 7) apontam algumas limitaccedilotildees ou

criacuteticas relativas aos meacutetodos de ensino de liacutenguas as quais reunimos por meio do QUAD Em

consonacircncia com esses autores Kumaravadivelu (2006b p 163-168) elenca uma seacuterie de mitos

relacionados agrave ideia de meacutetodo os quais segundo ele representam uma visatildeo inflamada sobre

essa ideia Satildeo eles

1 Existe o melhor meacutetodo pronto e esperando para ser encontrado

2 Meacutetodos constituem o princiacutepio organizativo para o ensino de liacutenguas

3 Meacutetodos contem um valor universal e satildeo historicamente neutros

4 Teoacutericos constroem conhecimento e professores consomem conheci-mento

5 Meacutetodos satildeo neutros e natildeo possuem motivaccedilotildees ideoloacutegicas

(KUMARAVADIVELU 2006b p 163-168)

Em linhas gerais conforme o autor o primeiro mito estaacute relacionado agrave busca - quase obsessiva

- pela determinaccedilatildeo por meios cientiacuteficos de qual seria o melhor meacutetodo de ensino de liacutenguas

Essa busca se mostra improdutiva e inviaacutevel na medida em que - entre outros fatores - a pesquisa

sobre a eficaacutecia de meacutetodos envolve elementos que natildeo podem ser controlados - tais como as

demandas objetivos e variantes dos aprendizes e o perfil do professor (KUMARAVADIVELU 2006b

p 164) O segundo mito aponta para a concepccedilatildeo de que os meacutetodos poderiam figurar como o

centro de toda a operaccedilatildeo de ensino e aprendizagem de liacutenguas tornando-se referecircncia para todos

os componentes dessa operaccedilatildeo - tais como o design do curriacuteculo a elaboraccedilatildeo do material didaacutetico

ou as estrateacutegias de ensino Percebeu-se contudo que os meacutetodos satildeo construtos demasiadamente

limitados para explicar satisfatoriamente as complexidades do ensino e aprendizagem de liacutenguas e

que ademais a concentraccedilatildeo excessiva nesses construtos significou o desprezo de outros aspectos

tambeacutem envolvidos nessa atividade - tais como a cogniccedilatildeo do professor e dos aprendizes os

contextos culturais ou as percepccedilotildees dos aprendizes (KUMARAVADIVELU 2006b p 165) O

terceiro mito se refere agrave concepccedilatildeo de que um meacutetodo pode ser usado em qualquer contexto

Cabe mencionar conforme Kumaravadivelu (2006b p 165) que meacutetodos satildeo construiacutedos a partir

de contextos e demandas idealizados e que por isso satildeo essencialmente desconectados das

realidades em que satildeo aplicados que a busca por meacutetodos universalmente aplicaacuteveis consiste em

um exerciacutecio de forccedila descendente e que ao fazecirc-lo ignora-se aleacutem dos jaacute citados elementos

contextuais o fato de que os profissionais envolvidos na atividade de ensino e aprendizagem de

liacutenguas possuem algum tipo de experiecircncia com essa tarefa O quarto mito estaacute relacionado agrave

separaccedilatildeo entre teoria e praacutetica no campo do ensino de liacutenguas marcada pelo estabelecimento

artificial de papeacuteis antagocircnicos e bem definidos para o teoacuterico e para o professor Enquanto agravequele

cabe a construccedilatildeo de conhecimento a esse fica a tarefa da praacutetica Tal configuraccedilatildeo natildeo se

difere segundo Kumaravadivelu (2006b p 166) de uma relaccedilatildeo entre produtores e consumidores

de bens de consumo O autor observa que tal qual uma relaccedilatildeo comercial o estabelecimento

desse modelo cria a ideia de uma classe privilegiada - representada pelos teoacutericos - e de uma

classe natildeo privilegiada - representada pelos professores Essa relaccedilatildeo hieraacuterquica ainda conforme

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Capiacutetulo 2 Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas material poacutes-meacutetodo() -explorando interseccedilotildees

Quadro 22 Desvantagens dos meacutetodos

bull Satildeo construiacutedos considerando-se as diferenccedilas de um para o outro ainda quesimilaridades podem ser mais importantes jaacute que meacutetodos que satildeo diferentesem termos de princiacutepios abstratos parecem ser muito mais similares na praacuteticade sala de aula

bull Simplificam de modo infeliz uma seacuterie de fatores altamente complexos comopor exemplo considerar as semelhanccedilas entre aprendizes quando as diferenccedilaspodem ser mais relevantes

bull Desvia energia de questotildees potencialmente mais produtivas uma vez que otempo gasto para aprender como implementar um meacutetodo particular significamenos tempo para outras atividades como por exemplo o design de tarefas desala de aula

bull Gera lealdade agrave uma marca o que seraacute improvavelmente uacutetil para a profissatildeo[professor de idiomas] uma vez que promove rivalidades inuacuteteis sobre questotildeesessencialmente irrelevantes

bull Gera condescendecircncia por transmitir a impressatildeo de que respostas foram defato encontradas para todas as principais questotildees metodoloacutegicas da nossaprofissatildeo [professor de idiomas]

bull Oferece um senso de coerecircncia raso e externamente derivado para profes-sores de liacutenguas o que pode inibir o desenvolvimento de uma personalidademais profunda e em uacuteltima instacircncia de um senso de coerecircncia mais valiosointernamente derivado

bull Meacutetodos satildeo demasiadamente prescritivos assumindo demais sobre um con-texto antes desse contexto ter sido identificado Eles satildeo portanto supergene-ralizados no que diz respeito agrave sua aplicaccedilatildeo em situaccedilotildees praacuteticas

bull Geralmente meacutetodos satildeo distintos nos estaacutegios iniciais de um curso de liacutenguasmas satildeo muito semelhantes uns aos outros nos estaacutegios mais avanccedilados

bull Pensava-se que os meacutetodos podiam ser empiricamente testados por meiode quantificaccedilatildeo cientiacutefica de modo a determinar qual seria o melhor meacutetodoDescobrimos que algo intuitivo e um pouco artesanal natildeo pode jamais serverificado claramente por validaccedilatildeo empiacuterica

bull Meacutetodos satildeo carregados de agendas poliacuteticas e mercenaacuterias por parte deseus produtores Frequentemente criam um centro de poder em torno de siacutetornaram-se veiacuteculos de um imperialismo linguiacutestico visando o desempodera-mento perifeacuterico

Fonte adaptado de Brown (2002 p 10) e Allwright (1991 p 7)

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Capiacutetulo 2 Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas material poacutes-meacutetodo() -explorando interseccedilotildees

Kumaravadivelu (2006b p 166) contribuiu para aumentar o conflito entre essas duas classes ao

inveacutes de estimular o diaacutelogo Compreendemos que essa perspectiva ademais pode ser associada

agraves praacuteticas de consumo caracteriacutesticas de modelos de negoacutecios fechados em que o consumidor natildeo

tem poder para apropriar-se integralmente dos construtos ou artefatos que consome - como ocorre

por exemplo no modelo de negoacutecios em que o software proprietaacuterio se insere O quinto e uacuteltimo

mito enfim estaacute relacionado agrave constataccedilatildeo de que o conceito de meacutetodo reflete uma determinada

visatildeo de mundo articulando-se em relaccedilotildees desiguais de interesse ou seja carregando em si o que

Pennycook (1989 597) reconheceu como conhecimento de interesse Kumaravadivelu (2006b p

167) observa ainda que o conceito de meacutetodo eacute tambeacutem um construto que causa marginalidade O

autor aponta pelo menos dois aspectos a segregaccedilatildeo entre gecircneros e entre nativos e natildeo nativos O

primeiro caso se refere ao estabelecimento da ideia de que os homens satildeo responsaacuteveis pela teoria

e as mulheres pela praacutetica - considerando-se o que ele chamou de forccedila de trabalhode ensino de

inglecircs O segundo caso diz respeito agrave marginalizaccedilatildeo dos natildeo nativos no que diz respeito ao ensino

de liacutenguas

Kumaravadivelu (2001 p 538) e Kumaravadivelu (2006b p 171) percebem a pedagogia

poacutes-meacutetodo como um sistema tridimensional composto por trecircs paracircmetros pedagoacutegicos inter-

relacionados - a saber o paracircmetro da particularidade da praticabilidade e da possibilidade Em

linhas de siacutentese o paracircmetro da particularidade estaacute relacionado agrave opccedilatildeo por uma pedagogia

sensiacutevel ao contexto ou seja embasada em uma compreensatildeo verdadeira das particularidades

linguiacutesticas socioculturais e poliacuteticas locais(KUMARAVADIVELU 2001 p 544) Esse paracircmetro

rejeita portanto a escolha pela utilizaccedilatildeo de princiacutepios e procedimentos geneacutericos e predetermi-

nados elaborados com o intuito de cumprir metas tambeacutem geneacutericas e predeterminadas (KUMA-

RAVADIVELU 2001 KUMARAVADIVELU 2006b p 544 p 171) - tal como - compreendemos -

pressuposto no paradigma dos meacutetodos O paracircmetro da praticabilidade por sua vez estaacute rela-

cionado agrave rejeiccedilatildeo de um modelo artificial em que figura uma relaccedilatildeo dicotocircmica entre teoacutericos -

cuja funccedilatildeo eacute produzir conhecimento - e professores - cuja funccedilatildeo se restringe a consumir esse

conhecimento (KUMARAVADIVELU 2001 p 544) De fato a pedagogia poacutes-meacutetodo busca romper

com essa relaccedilatildeo encorajando professores a teorizar a partir de sua praacutetica e praticar o que

teorizaram(KUMARAVADIVELU 2001 KUMARAVADIVELU 2006b p 544 p 173) O paracircmetro

da possibilidade enfim estaacute relacionado agrave opccedilatildeo por trazer agrave tona a consciecircncia sociopoliacutetica que

os aprendizes carregam consigo para a sala de aula rejeitando desse modo uma concepccedilatildeo de

que o ensino-aprendizagem de liacutenguas se restringe aos elementos linguiacutesticos funcionais obtidos

em sala de aula (KUMARAVADIVELU 2001 p 545) Esse paracircmetro - inspirado principalmente

nos trabalhos de Paulo Freire Simon (1988) Giroux (1988) Auerbach (1995) e Benesch (2001)

para os quais conforme Kumaravadivelu (2001 p 538) e Kumaravadivelu (2006b p 171) toda

pedagogia implica em relaccedilotildees de poder e dominaccedilatildeo sendo implementadas de modo a criar e

sustentar desigualdades - conta com o reforccedilo do posicionamento dos aprendizes e professores

enquanto sujeitos como estrateacutegia para encorajaacute-los a questionar o status quo de subjugaccedilatildeo em

que se encontram (KUMARAVADIVELU 2001 542)

Vale mencionar que para Kumaravadivelu (2001 p 538) o termo pedagogia se refere em

sentido amplo tanto aos temas relativos agraves estrateacutegias de sala de aula aos materiais instrucionais

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Capiacutetulo 2 Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas material poacutes-meacutetodo() -explorando interseccedilotildees

agraves metas curriculares agraves medidas de avaliaccedilatildeo quanto a uma gama de experiecircncias poliacuteticas

histoacutericas socioculturais que podem influenciar - direta ou indiretamente - o ensino de liacutenguas

estrangeiras

Kumaravadivelu (2006a p 66) argumenta que a transiccedilatildeo de uma pedagogia baseada em

meacutetodo para uma pedagogia poacutes-meacutetodo pode ser sinalizada pelas concepccedilotildees de que meacutetodos natildeo

satildeo neutros - ou seja conforme Pennycook (1989 p 589) eles refletem um ponto de vista particular

sobre o mundo articulando relaccedilotildees desiguais de poder e interesse - e de que natildeo existe o melhor

meacutetodo - conforme Prabhu (1990 p 172) Nesse caso apontando para a perspectiva da pedagogia

poacutes-meacutetodo o que importa ainda segundo Prabhu (1990 p 172) eacute que o professor baseado no

que ele chama de senso de plausibilidade entenda como a sua atividade docente pode melhor

auxiliar os alunos em sua aprendizagem considerando as demandas do contexto de aplicaccedilatildeo - ou

seja empoderando o professor

Cabe observar que Kumaravadivelu (1994) reforccedila essa predileccedilatildeo consciente pelo empodera-

mento do professor - caracteriacutestico da perspectiva da pedagogia poacutes-meacutetodo - explicitando o que ele

chamou de condiccedilatildeo poacutes-meacutetodo ou seja uma condiccedilatildeo marcada pela descentralizaccedilatildeo da tarefa

de elaboraccedilatildeo de teorias e das tomadas de decisotildees pedagoacutegicas Em suas palavras

Se o conceito habitual de meacutetodo outorga aos teoacutericos a elaboraccedilatildeo deteorias pedagoacutegicas baseadas em conhecimento teoacuterico a condiccedilatildeo poacutes-meacutetodo empodera os participantes [professores] para que elaborem teoriasbaseadas na pratica de sala de aula Se o conceito de meacutetodo outorga aosteoacutericos a centralidade das tomadas de decisotildees de cunho pedagoacutegico acondiccedilatildeo poacutes-meacutetodo habilita os participantes a praacuteticas inovadoras locaise especiacuteficas baseadas na sala de aula (KUMARAVADIVELU 1994 p29)

Ainda segundo Kumaravadivelu (1994 p 29) a condiccedilatildeo poacutes-meacutetodo eacute alicerccedilada em trecircs

aspectos a busca por uma alternativa ao meacutetodo no lugar da busca de um meacutetodo alternativo a

autonomia do professor e o pragmatismo baseado em princiacutepios A condiccedilatildeo poacutes-meacutetodo portanto

reconhece o potencial do professor natildeo soacute para o ensino em termos praacuteticos mas tambeacutem para

agir com autonomia em questotildees acadecircmicas e administrativas impostas por instituiccedilotildees curriacuteculos

e livros didaacuteticos(KUMARAVADIVELU 1994 p 30) e estimula o desenvolvimento de uma postura

reflexiva e de competecircncias que lhe permitam analisar e avaliar a proacutepria praacutetica e iniciar e administrar

mudanccedilas em sala de aula As accedilotildees e decisotildees do professor para Kumaravadivelu (1994 p 30)

seriam balizadas pelo que ele denominou de pragmatismo baseado em princiacutepios - ou seja em uma

pedagogia pragmaacutetica em que o professor toma decisotildees de cunho pedagoacutegico associando teoria e

praacutetica a partir do contexto de aplicaccedilatildeo e com base em sua avaliaccedilatildeo criacutetica oferecendo um tipo

de ensino informado (KUMARAVADIVELU 1994 p 31) - ou ainda pelo jaacute mencionado senso de

plausibilidade (PRABHU 1990 p 172)

Dessa forma a realizaccedilatildeo de uma pedagogia poacutes-meacutetodo para Kumaravadivelu (2006b p

185) envolve a adoccedilatildeo de propostas que permitam uma clara e consequente quebra do conceito

de meacutetodo que ofereccedila um quadro de referecircncia coerente e compreensivo dentro dos limites

permitidos pelo estado atual do conhecimento e que ofereccedila um conjunto de ideias bem definido

e bem explicado que possa guiar aspectos importantes das atividades de sala de aula de ensino

32

Capiacutetulo 2 Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas material poacutes-meacutetodo() -explorando interseccedilotildees

de L2 Kumaravadivelu (2006b p 165) cita pelo menos trecircs quadros de referecircncia - considerados

por ele como sendo de orientaccedilatildeo poacutes-meacutetodo - que podem corresponder a essas demandas o

quadro referencial tridimensional de Stern 16 o quadro referencial praacutetico-exploratoacuterio de Allwright17 e o seu quadro referencial de macroestrateacutegias 18 Interessa-nos aqui mais do que explorar as

caracteriacutesticas de cada um dos quadros compreender que todos eles pressupotildee a autonomia e a

centralidade no professor e no contexto de aplicaccedilatildeo A titulo de exemplo observamos que o quadro

referencial de Kumaravadivelu eacute constituiacutedo de macro e microestrateacutegias As macroestrateacutegias

podem ser vistas como planos gerais derivados de conhecimento teoacuterico empiacuterico e pedagoacutegico

sobre ensino e aprendizagem de L2 (KUMARAVADIVELU 2003 KUMARAVADIVELU 1994 p 38 p

32) Elas satildeo referecircncias gerais sobre as quais o professor pode gerar microestrateacutegias ou teacutecnicas

contextualizadas as quais por sua vez seratildeo utilizadas em sala de aula As microestrateacutegias desse

modo funcionam como operacionalizadoras das macroestrateacutegias Vale ressaltar que conforme

Kumaravadivelu (2003 p 38) e Kumaravadivelu (1994 p 32) o quadro de macroestrateacutegias eacute neutro

no que se refere a teorias e meacutetodos Isso natildeo significa que eacute desconectado de teorias mas que natildeo

eacute coagido por uma teoria especiacutefica sobre liacutengua aprendizagem ou ensino (KUMARAVADIVELU

2003 KUMARAVADIVELU 1994 p 38 p 32)

Aleacutem de concentra-se no papel do professor - sobre o qual discutimos ateacute agora - Kumaravadivelu

(2006b) aponta as caracteriacutesticas e funccedilotildees esperadas para o aprendiz e para o formador de

professores de idiomas na perspectiva da pedagogia poacutes-meacutetodo ou seja caracteriacutesticas e funccedilotildees

consistentes com os paracircmetros da particularidade da praticabilidade e da possibilidade Desse

modo na perspectiva da pedagogia poacutes meacutetodo espera-se que o aprendiz seja - ou se torne -

personagem ativo e autocircnomo em seu processo de aprendizagem tomando decisotildees inclusive

em niacutevel pedagoacutegico (KUMARAVADIVELU 2006b p 176) com o intuito de aperfeiccediloar esse

processo Nesse caso conforme Kumaravadivelu (2006b p 176) a autonomia eacute vista por meio

de dois aspectos um mais estrito e outro mais amplo Em termos estritos autonomia significa o

desenvolvimento da capacidade de aprender a aprender sendo essa accedilatildeo tomada como um fim em si

mesma (KUMARAVADIVELU 2006b p 177) Significa assumir o comando da proacutepria aprendizagem

- ou seja assumir a responsabilidade pela determinaccedilatildeo dos objetivos de aprendizagem pela

definiccedilatildeo dos conteuacutedos e progressotildees pela seleccedilatildeo dos meacutetodos e teacutecnicas apropriados pelo

monitoramento dos processos de aprendizagem e pela avaliaccedilatildeo do que foi aprendido conforme

Holec (1988 apud KUMARAVADIVELU 2006b) - e aprender a lanccedilar matildeo de estrateacutegias - cognitivas

metacognitivas sociais afetivas etc - de forma apropriada com o objetivo de realizar metas

de aprendizagem estabelecidas (KUMARAVADIVELU 2006b p 176) acessando criando ou

descobrindo modos pessoais de aprendizagem de liacutenguas Para Kumaravadivelu (2006b p 177) na

praacutetica caberaacute ao aprendiz

bull Identificar seus estilos e estrateacutegias pessoais de aprendizagem demodo a conhecer as suas limitaccedilotildees e pontos fracos como aprendizesde liacutenguas

bull Enriquecer seus estilos e estrateacutegias de aprendizagem incorporando

16Stern (1983) Stern (1985) Stern Allen e Harley (1992)17Allwright (1993)18Kumaravadivelu (2003)

33

Capiacutetulo 2 Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas material poacutes-meacutetodo() -explorando interseccedilotildees

estilos e estrateacutegias de aprendizes de sucesso

bull Buscar por oportunidades adicionais de contato com a liacutengua indoaleacutem da sala de aula acessando recursos de bibliotecas centros deaprendizagens ou miacutedia eletrocircnica como a Internet

bull Colaborar com outros aprendizes na reuniatildeo de informaccedilotildees sobreum projeto especiacutefico em que estiverem trabalhando

bull Tirar vantagem de oportunidades de comunicaccedilatildeo com falantes com-petentes na liacutengua alvo

(KUMARAVADIVELU 2006b p 177)

Em termos amplos autonomia significa libertar-se ou seja tornar-se - mais do que um aprendiz

eficiente - um pensador criacutetico empoderado capaz de reconhecer os entraves soacutecio-poliacuteticos que

o impedem de realizar de modo pleno o seu potencial humano Nas palavras de Kumaravadivelu

(2006b p 177)

A autonomia libertadora vai muito aleacutem [do aprender a aprender] procu-rando auxiliar os aprendizes a reconhecer os entraves soacutecio-poliacuteticos queos impedem de realizar plenamente o seu potencial humano e munindo-lhescom as ferramentas intelectuais e cognitivas necessaacuterias para superaacute-los

(KUMARAVADIVELU 2006b p 177)

Segundo Kumaravadivelu (2006b p 178) essa autonomia libertadora poderaacute ser incentivada por

meio das seguintes accedilotildees

bull Encorajando os aprendizes a assumir com a ajuda dos professoreso papel de mini-etnoacutegrafos de modo que possam investigar e com-preender como por exemplo liacutengua como ideologia pode servir ainteresses escusos

bull Fazendo-os refletir sobre a formaccedilatildeo de suas identidades por meioda escrita de diaacuterios ou outros textos sobre assuntos que os estimulea pensar em quem satildeo e como se relacionam ao mundo social

bull Ajudando-os no que se refere agrave formaccedilatildeo de comunidades de apren-dizagem em que possam desenvolver grupos socialmente coesose unificados de apoio mutuo buscando auto-conhecimento e auto-aperfeiccediloamento

bull Oferecendo oportunidades para que possam explorar as inuacutemeraspossibilidades oferecidas pela Internet e posteriormente trazendopara a sala de aula os seus proacuteprios toacutepicos e materiais para debatebem como suas perspectivas individuais sobre os temas

(KUMARAVADIVELU 2006b p 178)

O formador de professores na perspectiva da pedagogia poacutes-meacutetodo segundo Kumaravadivelu

(2006b p 182) teraacute a funccedilatildeo de criar condiccedilotildees para que os professores em formaccedilatildeo adquiram

autoridade e autonomia necessaacuterias para que possam assumir uma postura reflexiva sobre a sua

34

Capiacutetulo 2 Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas material poacutes-meacutetodo() -explorando interseccedilotildees

praacutetica dando-lhe forma e implementando mudanccedilas quando considerar oportuno O autor aponta

para a necessidade do estabelecimento de uma relaccedilatildeo dialoacutegica entre formador e professores em

formaccedilatildeo de modo que a experiecircncia natildeo se limite a um mero passar por arcabouccedilos teoacutericos

considerando-se dessa forma a perspectiva do professor em formaccedilatildeo suas crenccedilas valores e

conhecimentos como parte do processo de aprendizagem (KUMARAVADIVELU 2006b p 183) Em

termos praacuteticos o papel do formador na perspectiva da pedagogia poacutes-meacutetodo envolve

bull Reconhecer e ajudar os professores em formaccedilatildeo a reconhecer asdesigualdades construiacutedas nos programas correntes de formaccedilatildeo deprofessores os quais tratam teoacutericos como produtores de conheci-mento e professores como consumidores de conhecimento

bull Permitir que futuros professores possam articular seus pensamentose experiecircncias bem como compartilhar suas crenccedilas pessoais con-cepccedilotildees e saberes a respeito do ensino e aprendizagem de liacutenguasdurante todo o percursos de formaccedilatildeo

bull Encorajar os futuros professores a pensarem criticamente de modoque possam relacionar o seu conhecimento pessoal com o conheci-mento profissional com ao qual estatildeo sendo expostos monitorandocomo cada um formata ou eacute formatado pelo outro avaliando como oconhecimento profissional geneacuterico pode ser usado para construir asua proacutepria teoria sobre a praacutetica

bull Criar condiccedilotildees para que os professores em formaccedilatildeo possam ad-quirir habilidades analiacuteticas baacutesicas sobre o discurso de sala de aulaque iratildeo auxilia-lo a compreender a natureza das interaccedilotildees nessecontexto

bull Direcionar parte de suas agendas de pesquisa para o que Cameronet al (1992) chamaram de pesquisa empoderada ou seja pes-quisa com - em detrimento agrave pesquisa sobre - seus professores emformaccedilatildeo

bull Expor os professores em formaccedilatildeo a uma pedagogia da possibilidadeajudando-os a engajar-se criticamente com autores que tem trazidonossa consciecircncia sobre poder e poliacutetica ideias e ideologias quealimentam a formaccedilatildeo de professores de idiomas

(KUMARAVADIVELU 2006b p 183)

Dado o exposto vimos que em essecircncia a pedagogia poacutes-meacutetodo consiste em um sistema

tridimensional articulado em trecircs paracircmetros pedagoacutegicos inter-relacionados - a saber o paracircmetro

da particularidade da praticabilidade e da possibilidade Isso significa em linhas gerais que a

pedagogia poacutes-meacutetodo visa - em oposiccedilatildeo agrave pedagogia baseada em meacutetodos - a facilitaccedilatildeo e o

avanccedilo de um ensino de liacutenguas sensiacutevel ao contexto e embasado em uma verdadeira compreensatildeo

das particularidades linguiacutesticas socioculturais e poliacuteticas locais a ruptura com a noccedilatildeo artificial

estabelecida da existecircncia de papeacuteis antagocircnicas entre aqueles que fazem teoria - ou seja os

teoacutericos - e aqueles que fazem praacutetica - ou seja os professores - associada agrave concepccedilatildeo de que a

esse professor cabe a construccedilatildeo de suas proacuteprias teorias sobre a praacutetica e o impulsionamento da

consciecircncia sociopoliacutetica que os participantes carregam consigo de modo a auxiliaacute-los na sua busca

35

Capiacutetulo 2 Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas material poacutes-meacutetodo() -explorando interseccedilotildees

pela formaccedilatildeo identitaacuteria e pela transformaccedilatildeo social - sendo aprendizes professores e formadores

de professores tratados como coexploradores

Consideramos que materiais didaacuteticos de natureza virtual livre podem ser associados agrave pedagogia

poacutes-meacutetodo na medida em que tambeacutem refletem os paracircmetros pedagoacutegicos da particularidade

da praticabilidade e da possibilidade De fato esse tipo de material didaacutetico em essecircncia tal

qual o software livre pressupotildee a possibilidade de contextualizaccedilatildeo - ou seja de personalizaccedilatildeo

sob demandas advindas de contextos de uso de debate sobre interesses e ideologias impliacutecitas

em sua proacutepria gecircnese - bem como na concepccedilatildeo de materiais didaacuteticos de outras naturezas

como por exemplo de materiais didaacuteticos fechados e de discussatildeo sobre as implicaccedilotildees de

sua utilizaccedilatildeo na vida dos usuaacuterios Isso significa que esse tipo de material didaacutetico tambeacutem

pressupotildee o empoderamento do professor oferecendo-lhe niacuteveis mais profundos de apropriaccedilatildeo e

de personalizaccedilatildeo - se comparados por exemplo com materiais didaacuteticos fechados

36

Capiacutetulo 3

Software livre no contexto de

ensino-aprendizagem de liacutenguas - por

que (natildeo) utilizar

Neste capiacutetulo trazemos para debate a questatildeo das controveacutersias a respeito do uso de software livre

em detrimento ao software proprietaacuterio Consideramos oportuno abordar esse tema na medida em

que adotamos o uso de software livre ou de formatos livres como condiccedilatildeo para a caracterizaccedilatildeo de

materiais didaacuteticos virtuais de ensino e aprendizagem de liacutenguas como livres Uma leitura atenta do

capiacutetulo mostraraacute que as controveacutersias satildeo de naturezas diversas apontando temaacuteticas nucleares

que perpassam desde o niacutevel teacutecnico ateacute os niacuteveis econocircmico e filosoacutefico - entre outros Interessa-

nos sobremaneira perceber que a utilizaccedilatildeo de software livre poderaacute trazer implicaccedilotildees para o

campo do ensino de liacutenguas - tomado como contexto educacional - seja no acircmbito da formaccedilatildeo de

professores seja em contexto de ensino-aprendizagem de um idioma Ademais consideramos que

as controveacutersias relativas ao uso de software livre - em oposiccedilatildeo ao software proprietaacuterio - podem

ser estendidas para o uso de Material Didaacutetico Virtual Livre - consideradas proporcionalmente as

especificidades de cada um dos artefatos - em detrimento a materiais didaacuteticos fechados

Em linhas gerais discorremos sobre as controveacutersias - as quais giram em torno das vantagens e

dos pontos criacuteticos do uso de software livre - nas seccedilotildees 31 e 32 Na seccedilatildeo 33 propomos um

aprofundamento a respeito da dimensatildeo produtiva de artefatos ou tecnologias com potencial altruiacutesta

Em outras palavras discutimos os modelos de negoacutecio que podem ser adotados com o intuito de

estabelecer uma gestatildeo sustentaacutevel para projetos ou iniciativas livres

31 Vantagens relacionadas ao uso de software livre

Nesta seccedilatildeo - como anunciado - iniciamos o debate sobre as controveacutersias relativas ao uso do

software livre Revisitamos para tanto uma seacuterie de vantagens relativas ao uso de software livre

em oposiccedilatildeo ao proprietaacuterio Reunimos e apresentamos - de forma sinteacutetica - por meio do QUAD

31 as vantagens que seratildeo abordadas

Conforme nos lembram Sabino e Kon (2009 p 7) a principal vantagem do software livre se refere

37

Vantagens relacionadas ao uso de software livre

Quadro 31 Vantagens do software livre em relaccedilatildeo ao proprietaacuterio

Liberdade de compartilhamento do coacutedigofonte

Sabino e Kon (2009)

Incentivo agrave cultura da reciclagem Sabino e Kon (2009)

Maior potencial para qualidade Sabino e Kon (2009) Raymond (1998)

Atuaccedilatildeo da inteligecircncia coletiva Sabino e Kon (2009) Raymond (1998)

Modelo de produccedilatildeo coletiva do conheci-mento

Ramos (2008) Miranda (2003)

Alternativa agrave pirataria Ramos (2008) Free Software FoundationEurope (SD)

Independecircncia do usuaacuterio em relaccedilatildeo a umuacutenico fornecedor ou tecnologia proprietaacuteria

Sabino e Kon (2009) Free Software Founda-tion Europe (SD) Hexsel (2002) Stallman(SD) Almeida (2000) Silveira (2004)

Baixo custo financeiro Free Software Foundation Europe (SD)Ramos (2008) Almeida (2000) Hexsel(2002) Siqueira (2009)

Maior potencial para inclusatildeo Michelazzo (2003) Free Software Founda-tion Europe (SD) Ramos (2008) Lamas(2004) Stallman (SD) Silva (2010 p 4)

Empoderamento do usuaacuterio Michelazzo (2003)

Vantagem reprodutiva e de variabilidademaior possibilidade de autopreservaccedilatildeo en-quanto espeacutecie

Oliva (2000)

Esfera governamental vantagem macroe-conomica maior seguranccedila autonomia tec-noloacutegica independecircncia de fornecedoresdemocracia

Silveira (2004)

38

Vantagens relacionadas ao uso de software livre

ao fato de que o seu coacutedigo fonte pode ser livremente compartilhado Essa caracteriacutestica permite

evitar a duplicaccedilatildeo de esforccedilos - ou seja o investimento de tempo energia e recursos financeiros

na reinvenccedilatildeo da roda - quando entidades diferentes estatildeo interessadas no desenvolvimento de

aplicativos com funcionalidades semelhantes (SABINO KON 2009 p 7) Em outras palavras

eles se referem agrave cultura da reciclagem do reaproveitamento dos esforccedilos e soluccedilotildees de terceiros

disponibilizadas em caraacuteter livre como ponto de partida para novos projetos Trata-se conforme

Pretto (2012 p 101) de valores coincidentes com a chamada cultura Hacker De fato para o autor

() o olhar atento no que eacute feito pelo outro a continuidade do coacutedigo apartir do produzido a remixagem das informaccedilotildees e novamente a disponi-bilizaccedilatildeo desses resultados mesmo que parciais para toda a comunidadeeacute parte intriacutenseca do jeito de trabalhar dos hackers (PRETTO 2012 p101)

A hipoacutetese de que o software livre tem condiccedilotildees de apresentar maior qualidade do que o

software proprietaacuterio - dados os respectivos modelos de construccedilatildeo - satildeo tambeacutem apontados por

Sabino e Kon (2009 p 7) em consonacircncia com Raymond (1998) como uma vantagem daquele

sobre esse O potencial para uma maior qualidade do software livre estaacute associado ao seu processo

de desenvolvimento horizontal e colaborativo (SILVEIRA 2004 p 63) reconhecido como modelo

bazar (RAYMOND 1998 p 1) o qual permite e pressupotildee que os coacutedigos sejam revisados por

diversos programadores conectados pela rede mundial de computadores Dessa forma - ao contrario

do modelo fechado e hierarquizado caracteriacutestico da induacutestria do software proprietaacuterio (SILVEIRA

2004 p 63) reconhecido por Raymond (1998) como modelo catedral - a forma de desenvolvimento

do software livre conta com a vantagem da accedilatildeo da inteligecircncia coletiva ou ainda com o que pode

ser reconhecido como a Lei de Linus para a qual dados olhos suficientes todos os bugs satildeo

superficiais(SABINO KON 2009 p 7)

Raymond (1998 p 12) corrobora essa visatildeo ressaltando o papel fundamental do coordenador

de desenvolvimento em contextos pautados pelo modelo bazar Ele afirma que de fato muitas

cabeccedilas satildeo inevitavelmente melhores que uma desde que um coordenador tenha a sua disposiccedilatildeo

uma miacutedia tatildeo boa quanto a Internet e que tenha a capacidade de liderar sem coerccedilatildeo O autor

aprofunda o seu ponto de vista - o qual consideramos de teor bastante funcional e pragmaacutetico e

condizente com a natureza do Material Didaacutetico Virtual Livre - por meio do seguinte comentaacuterio

Eu acredito que o futuro do software de coacutedigo aberto iraacute pertencer gra-dativamente a pessoas que () deixam para traacutes a catedral e abraccedilamo bazar Isto natildeo quer dizer que uma visatildeo individual e brilhante natildeo iraacutemais ter importacircncia ao contraacuterio eu acredito que o estado da arte dosoftware de coacutedigo aberto iraacute pertencer a pessoas que iniciem de uma visatildeoindividual e brilhante entatildeo amplificando-a atraveacutes da construccedilatildeo efetiva deuma comunidade voluntaacuteria de interesse () Nenhum desenvolvedor decoacutedigo fechado pode competir com o conjunto de talento que a comunidade() pode dar para resolver um problema Muito poucos podem ateacute mesmoser capazes de pagar as mais de duzentas pessoas que tecircm contribuiacutedopara [um determinado projeto no modelo bazar] Talvez no final a culturade coacutedigo aberto iraacute triunfar natildeo porque a cooperaccedilatildeo eacute moralmente cor-reta ou a proteccedilatildeo do software eacute moralmente errada (assumindo que vocecirc

39

Vantagens relacionadas ao uso de software livre

acredita na uacuteltima o que natildeo faz tanto o Linus [Tourvalds] como eu) massimplesmente porque o mundo do software de coacutedigo fechado natildeo podevencer uma corrida evolucionaacuteria com as comunidades de coacutedigo abertoque podem colocar mais tempo haacutebil () em um problema (RAYMOND1998 p 12)

Em termos educativos segundo Ramos (2008 p 2) e FREE SOFTWARE FOUNDATION

EUROPE (sd p 1) a vantagem de se usar software livre se baseia no fato de que os aprendizes

poderatildeo perceber em seu modo de produccedilatildeo o grande potencial do trabalho colaborativo realizado

por comunidades virtuais distribuiacutedas geograficamente e unidas pela Internet (RAMOS 2008 p

2) Aleacutem do valor positivo atribuiacutedo agrave colaboraccedilatildeo em si o papel das Tecnologias da Informaccedilatildeo

e da Comunicaccedilatildeo nesse contexto podem ser colocadas em destaque auxiliando o aprendiz a

tornar-se um cidadatildeo com capacidade de tirar o melhor proveito dessas tecnologias na sociedade

da informaccedilatildeo (RAMOS 2008 p 2) Para Miranda (2003 p 263) esse modo de produccedilatildeo do

software livre resgata o que a humanidade carrega de melhor ou seja o conhecimento produzido e

apropriado coletivamente(MIRANDA 2003 p 263) Ao utilizar software livre conforme lembra FREE

SOFTWARE FOUNDATION EUROPE (sd p1) a escola oferece um bom exemplo perante a tarefa

de ensinar os alunos a compartilhar e colaborar envolvendo-os na comunidade que compartilha

conhecimento - ou seja a comunidade do software livre

Ramos (2008 p 2) e FREE SOFTWARE FOUNDATION EUROPE (sd p 2) lembram que

o software livre pode ser usado como alternativa agrave pirataria De fato a sua utilizaccedilatildeo representa

conformidade perante a lei (RAMOS 2008 p 2) em casos de uso e coacutepia que seriam considerados

criminosos no universo do software proprietaacuterio Os autores se referem a um desestiacutemulo agrave cultura

da pirataria No acircmbito escolar isso significa que os alunos natildeo seratildeo incentivados ou tentados

a gerar e instalar coacutepias ilegais (RAMOS 2008 p 2) dado que poderatildeo fazecirc-lo de modo livre e

previamente consentido ao utilizarem software livre Vale lembrar que natildeo eacute incomum no contexto

de ensino formal - incluindo o acircmbito do ensino e aprendizagem de liacutenguas - o estabelecimento

da cultura da pirataria representado pelo uso indevido de fotocoacutepias e de software educacional

proprietaacuterio seja por parte do professor seja por parte dos alunos

A esse respeito Miranda (2003 p 261) reconhece que a cultura da pirataria eacute tambeacutem explorada

por empresas de software proprietaacuterio com o intuito de difundir o seu produto para em seguida obter

o pagamento das licenccedilas por meio de campanhas antipirataria - muitas vezes apoiadas pelo poder

puacuteblico no cumprimento do seu papel legiacutetimo de entidade reguladora - sobretudo direcionadas

a empresas de meacutedio-grande porte e universidades (MIRANDA 2003 p 261) Stallman (sd p

1) e FREE SOFTWARE FOUNDATION EUROPE (sd p 1) apresentam raciociacutenio semelhante

Com efeito segundo Stallman (sd p 1) natildeo eacute incomum que empresas de software proprietaacuterio

ofereccedilam amostras graacutetis para escolas com a expectativa de conseguirem clientes que no futuro

iratildeo pagar pelo serviccedilo com o qual estiveram habituados a trabalhar em seu universo escolar A

FREE SOFTWARE FOUNDATION EUROPE (sd p 1) referindo-se especialmente agrave educaccedilatildeo

infantil e baacutesica argumenta que se as escolas ensinam os seus aprendizes a confiar no software

proprietaacuterio daratildeo agrave eles dependecircncia por algo que para ter direito agrave sua utilizaccedilatildeo futura teratildeo que

pagar e que em geral desestimula a partilha e a boa vontade na sociedade(FREE SOFTWARE

FOUNDATION EUROPE sd p 1)

40

Vantagens relacionadas ao uso de software livre

Vantagem semelhante apontam Sabino e Kon (2009 p 7) FREE SOFTWARE FOUNDATION

EUROPE (sd p 1) Hexsel (2002 p 12) Stallman (sd p 1) e Almeida (2000 p 4) quando

argumentam que a utilizaccedilatildeo de software livre garante independecircncia do usuaacuterio - seja ele um

indiviacuteduo ou uma instituiccedilatildeo tal como escolas universidades empresas ou governos - em relaccedilatildeo a

um uacutenico fornecedor ou a uma uacutenica tecnologia proprietaacuteria Nesse sentido Hexsel (2002 p 12)

explica que existe um risco inerente ao se adotar um plano de negoacutecio dependente de um uacutenico

fornecedor de software ou sistema informatizado na medida em que esse fornecedor pode encerrar

a produccedilatildeo - deixando o seu cliente sem o respaldo teacutecnico necessaacuterio - ou decidir lanccedilar uma nova

e melhoradaversatildeo do seu software - obrigando o cliente a comprar novas licenccedilas (SABINO KON

2009 p 7) - geralmente muito onerosas (ALMEIDA 2000 p 4) - caso queira se atualizar No

universo do software livre conforme Hexsel (2002 p 12) essa dependecircncia natildeo existe jaacute que o

seu coacutedigo fonte natildeo eacute propriedade de uma entidade Isso significa que natildeo haacute possibilidade de um

determinado produto ser descontinuado pela conveniecircncia comercial do fornecedor Mesmo no caso

da distribuiccedilatildeo de um software livre for de responsabilidade de um grupo a sua extinccedilatildeo natildeo seraacute

um problema para os seus clientes dado que seraacute possiacutevel encontrar outras versotildees do programa

na Internet bem como obter auxiacutelio teacutecnico por parte da comunidade - tambeacutem por meio da rede

mundial de computadores - ou em uacuteltima instacircncia contratar programadores para que a manutenccedilatildeo

- ou alteraccedilotildees - sejam feitos em seus programas (HEXSEL 2002 p 13) Essas alternativas ou

seja essa independecircncia so eacute possiacutevel por se tratar de software de coacutedigo aberto ou livre

FREE SOFTWARE FOUNDATION EUROPE (sd p 2) Ramos (2008 p 1) Almeida (2000

p 3) Hexsel (2002 p 13) e Siqueira (2009 p 15) apontam o baixo custo financeiro como uma

vantagem associada agrave utilizaccedilatildeo de software livre Hexsel (2002 p 13) lembra que o desembolso

inicial para obtenccedilatildeo de sistemas livres eacute proacuteximo de zero Ele explica que os gastos de compra

normalmente equivalem ao preccedilo de custo de distribuiccedilatildeo ou seja os custos do suporte fiacutesico - tais

como CDs DVDs - e de documentaccedilatildeo - como por exemplo manuais de instruccedilatildeo - quando essa

se apresenta em suporte impresso Ademais esses programas podem ser baixados pela Internet

gratuitamente excluindo-se os custos de conexatildeo Esse custo segundo Hexsel (2002 p 13) de

qualquer modo consiste em uma pequena fraccedilatildeo dos produtos comerciais similares(HEXSEL

2002 p 13) No caso dos sistemas proprietaacuterios conforme argumenta Hexsel (2002 p 13) aleacutem

do valor pago pela licenccedila haveraacute um custo alto para manutenccedilatildeo jaacute que existe uma dependecircncia

de serviccedilos monopolizados pelo fornecedor ou providos por outras empresas ou consultores

individuais(HEXSEL 2002 p 13) O autor acrescenta que eacute possiacutevel estimar que o preccedilo

de manutenccedilatildeo de um sistema livre no pior caso equivalha ao mesmo serviccedilo relativo a um

sistema proprietaacuterio Ele lembra que entretanto o suporte pode ser encontrado gratuitamente

em comunidades de programadores disponibilizadas na Internet Consideramos oportuno lembrar

que o acesso ao coacutedigo fonte pode estabelecer uma maior concorrecircncia entre os programadores

o que pode controlar os preccedilos jaacute que todos tem acesso ao coacutedigo e o cliente poderaacute escolher o

serviccedilo que melhor lhe atrair em termos econocircmicos Ramos (2008 p 1) e FREE SOFTWARE

FOUNDATION EUROPE (sd p 2) discutem essa vantagem focalizando o ambiente escolar Os

autores argumentam que os recursos financeiros que seriam gastos na compra de programas podem

ser investidos em outros segmentos tais quais atualizaccedilotildees dos computadores da escola formaccedilatildeo

41

Vantagens relacionadas ao uso de software livre

de professores e funcionaacuterio e melhorias diversas A escolha por uma gestatildeo mais econocircmica

conforme sugere Ramos (2008 p 1) pode representar um maior compromisso com a instituiccedilatildeo

sendo especialmente relevante para a sociedade em se tratando de instituiccedilotildees puacuteblicas

O potencial para inclusatildeo - em seus diversos acircmbitos - tambeacutem eacute apontado como uma vantagem

relativa ao uso de software livre conforme Michelazzo (2003 p 269) FREE SOFTWARE FOUN-

DATION EUROPE (sd p 1) Ramos (2008 p 2) Lamas (2004 p 40) Stallman (sd p 1) e

Silva (2010 p 4) Michelazzo (2003 p 269) sugere que se bem trabalhado e agregado agrave grade

curricular as tecnologias livres podem ser um elemento definidor para a transiccedilatildeo de um status quo

da educaccedilatildeo marcada pela presenccedila de uma geraccedilatildeo de operadores de tecla(MICHELAZZO 2003

p 269) para uma geraccedilatildeo capaz de compreender como as coisas funcionam e delas poderem

se apropriar com mais autonomia Em alusatildeo agrave possibilidade de estudo e funcionamento de uma

tecnologia livre em detrimento agrave impossibilidade premeditada de fazecirc-lo em um sistema proprietaacuterio

o autor lembra que o software livre deve ser explorado a fim de apresentar como as coisas ocorrem

e natildeo somente como programar para que ocorram(MICHELAZZO 2003 p 269) Essa forma de

empoderamento para Michelazzo (2003 p 269) natildeo se limita agrave questatildeo teacutecnica mas encontra

reflexo tambeacutem na esfera social jaacute que aleacutem das aptidotildees teacutecnicas envolve o desenvolvimento

do caraacuteter formando cidadatildeos que podem contribuir para o coletivo mediante suas descobertas

seu aprendizado seus erros e acertosMichelazzo (2003 p 270) Lamas (2004 p 40) corrobora a

argumentaccedilatildeo observando que o software livre representa a diferenccedila entre exclusatildeo e inclusatildeo

digital(LAMAS 2004 p 40) na medida em que se apresenta disponiacutevel para qualquer um a custos

que se aproximam de zero ao contraacuterio das tecnologias proprietaacuterias com seus preccedilos exorbitantes

FREE SOFTWARE FOUNDATION EUROPE (sd p 1) abordando o assunto a partir do ponto de

vista escolar - em consonacircncia com Stallman (sd p 1) e Almeida (2000 p 2) - acrescenta que o

software livre traz igualdade na casa(FREE SOFTWARE FOUNDATION EUROPE sd p 1) jaacute

que

Com o software livre os professores podem dar uma coacutepia para cada alunoAssim os pais natildeo ficam em posiccedilatildeo de tomar uma decisatildeo financeira e ascrianccedilas de famiacutelias com menos recursos financeiros podem aprender comas mesmas ferramentas que qualquer outra crianccedila (FREE SOFTWAREFOUNDATION EUROPE sd p 1)

Consideramos que essa afirmaccedilatildeo pode ser estendida para todos os niacuteveis de ensino formal do

sistema educacional brasileiro natildeo se restringindo portanto agrave educaccedilatildeo infantil

Ainda sobre o vantajoso potencial para inclusatildeo das tecnologias livres Silva (2010 p 4) faz

menccedilatildeo ao altruiacutesmo produtivo Ele traz agrave tona projetos de vieacutes livres e colaborativos tal qual a

Wikipedia 19 o OpenStreetView 20 e o Grameen Bank 21 observando que todos eles tecircm como

base o altruiacutesmo um conceito - conforme lembra o proacuteprio Silva (2010 p 4) - trazido por Augusto

Comte para descrever uma das mais nobres disposiccedilotildees humanas a inclinaccedilatildeo inata do homem a

dedicar-se ao bem estar do proacuteximo(SILVA 2010 p 4) O autor baseia a sua argumentaccedilatildeo no

exemplo do Grameen Bank uma empresa de Bangladesh especializada em microcreacutedito que ao

19httpwwwwikipediaorg20httpopenstreetvieworg21httpwwwgrameencom

42

Vantagens relacionadas ao uso de software livre

contraacuterio dos bancos convencionais confere legibilidade para empreacutestimos a clientes que tiverem

menos condiccedilotildees De fato conforme lembra Silva (2010 p 4) o banco eacute uma empresa social

que estipula como restriccedilatildeo uacutenica para ilegibilidade de contratos de empreacutestimo os casos de natildeo

pagamento

Em sua argumentaccedilatildeo Silva (2010 p 4) natildeo expressa uma definiccedilatildeo clara do termo altruiacutesmo

produtivo Contudo segundo nossa interpretaccedilatildeo o autor parece se referir agrave qualidade de um projeto

de ser altruiacutesta ao inveacutes de comungar com modelos que visam apenas - e de modo impiedoso

- o proacuteprio lucro em detrimento ao bem estar dos demais Compreendemos - em consonacircncia

com Souza (2010a) 22 - que altruiacutesmo produtivo se refere agrave qualidade de um produto ou modo

de produccedilatildeo que contenha potencial altruiacutesta mas que ao mesmo tempo carregue possibilidade

de lucro financeiro por parte dos atores envolvidos Dessa forma por exemplo um sistema livre

eacute intrinsecamente altruiacutesta na medida em que ao licencia-lo como tal o seu autor entende que o

fruto do seu trabalho poderaacute ajudar ao proacuteximo e agrave sociedade em geral Concomitantemente esse

profissional poderaacute obter lucro financeiro ao ser contratado por exemplo por terceiros seja para

a manutenccedilatildeo do seu sistema seja para sua adaptaccedilatildeo agraves demandas locais Consideramos esse

aspecto uma vantagem das tecnologias livres em relaccedilatildeo agraves proprietaacuterias Em adiccedilatildeo atribuiacutemos a

mesma caracteriacutestica e portanto a mesma vantagem ao Material Didaacutetico Virtual Livre Materiais

didaacuteticos dessa natureza poderatildeo ser utilizados por alunos e escolas de baixa renda Seus autores

no entanto poderatildeo obter lucro financeiro prestando serviccedilo de manutenccedilatildeo ou adaptaccedilatildeo agraves

realidades e demandas de ensino locais em qualquer contexto educacional

Encerramos esta seccedilatildeo apresentando a visatildeo de dois autores sobre as vantagens do uso de

software livre Silveira (2004 p 38) - o primeiro deles - aponta uma seacuterie de motivos para que o

Brasil opte para o uso de software livre Consideramos que os argumentos relacionados a essa

dimensatildeo podem tambeacutem ter reflexo em uma avaliaccedilatildeo local - em uma escola ou universidade por

exemplo - sobre a opccedilatildeo pela utilizaccedilatildeo de software livre Oliva (2000 p 1) por sua vez lanccedilando

matildeo de uma analogia entre o software e os seres vivos com base em argumentos da teoria da

evoluccedilatildeo de Darwin defende que o software livre apresenta uma vantagem competitiva com relaccedilatildeo

ao proprietaacuterio Trata-se de uma argumentaccedilatildeo de cunho filosoacutefico a qual consideramos bastante

peculiar e talvez pouco aplicaacutevel perante uma avaliaccedilatildeo sobre o uso do software livre Natildeo obstante

essa peculiaridade e essa provaacutevel baixa aplicabilidade praacutetica consideramos vaacutelido traze-la agrave tona

com o intuito gerar maiores reflexotildees sobre a natureza do software livre

Silveira (2004 p 38) aponta cinco argumentos em favor da utilizaccedilatildeo do software livre como

referecircncia para o uso e desenvolvimento das tecnologias da informaccedilatildeo por parte do governo Satildeo

eles o argumento macroeconocircmico o argumento de seguranccedila o argumento da autonomia tecnoloacute-

gica o argumento da independecircncia de fornecedores e o argumento democraacutetico Observamos que

dentre eles pelo menos dois argumentos ja foram tratados nesta seccedilatildeo o argumento autonomia

tecnoloacutegica e da independecircncia de fornecedores

A vantagem macroeconomia conforme Silveira (2004 p 39) refere-se essencialmente a uma

acentuada reduccedilatildeo de envio de royalties derivados do pagamento de licenccedilas de software para

22Tivemos a oportunidade de apresentar e debater essa questatildeo em 2010 no acircmbito do XI SLA ndash Seminaacuteriode Linguiacutestica Aplicada realizado na Universidade Federal da Bahia (Salvador BA)

43

Vantagens relacionadas ao uso de software livre

o exterior Essa diminuiccedilatildeo gera maior sustentabilidade para a dinacircmica da inclusatildeo digital da

sociedade brasileira e de informatizaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo das empresas e instituiccedilotildees (SILVEIRA

2004 p 39) No que se refere ao acircmbito escolar brasileiro Silveira (2004 p 39) calcula uma quantia

de 300 milhotildees de doacutelares gastos em compras de licenccedilas para informatizar aproximadamente

100 mil escolas sendo cada uma em meacutedia com 30 computadores A sua conta esta baseada

na compra de licenccedilas de uso de software baacutesico - tal qual sistemas operacionais e software de

escritoacuterio como editores de texto e imagens planilhas de caacutelculos etc - os quais poderiam ser

substituiacutedos por equivalentes livres gerando um custo muito menor Sobre o aspecto da seguranccedila

Silveira (2004 p 40) explica que o software livre ao contraacuterio do proprietaacuterio apresenta maior

transparecircncia podendo ser plenamente auditado dado que apresenta o coacutedigo aberto Dessa forma

o governo pode analisar o software que adquire excluir rotinas duvidosas detectar falhas graves

ou ateacute mesmo o envio de informaccedilotildees para outros governos (SILVEIRA 2004 p 40) O autor

lembra que empresas proprietaacuterias geralmente cobram para liberar esse acesso o qual deveria ser

um direito do usuaacuterio(SILVEIRA 2004 p 40) Ademais algumas empresas para ceder o acesso

exigem um contrato de confiabilidade o que lhes permite abrir um processo caso entendam que o

auditor copiou alguma linha de coacutedigo

A utilizaccedilatildeo de software livre para Silveira (2004 p 40) apresenta a vantagem de reforccedilar a

autonomia e a capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica do paiacutes na medida em que permite que usuaacuterios nacionais

sejam desenvolvedores internacionais(SILVEIRA 2004 p 40) De fato teacutecnicos engenheiros e

especialistas podem se atualizar por meio do estudo dos coacutedigos e da documentaccedilatildeo do software

livre decorrente da adaptaccedilatildeo agraves demandas locais (SILVEIRA 2004 p 40) Aleacutem disso a participa-

ccedilatildeo em projetos internacionais motiva o acumulo de inteligecircncia e experiecircncia pelos programadores

brasileiro melhorando nossa capacidade de gerar tecnologia(SILVEIRA 2004 p 41) e confirmando

nosso papel de desenvolvedores e natildeo somente de consumidores dessa novas tecnologias A inde-

pendecircncia dos fornecedores - ao optar pelo software livre - permite que o governo faccedila atualizaccedilotildees

ou alteraccedilotildees nos sistemas pagando menos e exigindo melhor qualidade(SILVEIRA 2004 p 41)

A independecircncia de uma uacutenica empresa gera um mercado mais concorrente em que as empresas

locais se sentiratildeo com uma maior motivaccedilatildeo para gerar negoacutecios no exterior e se concentrarem

na venda de desenvolvimento capacitaccedilatildeo e suporte (SILVEIRA 2004 p 42) Em relaccedilatildeo ao

argumento democraacutetico enfim Silveira (2004 p 42) lembra que as tecnologias da informaccedilatildeo estatildeo

cada vez mais se tornando os meios de expressatildeo de economia cultura e conhecimento Elas

satildeo o cerne de uma sociedade em rede (SILVEIRA 2004 p 42) Nesse contexto a limitaccedilatildeo do

seu acesso - bem como a ideia de que tais tecnologias satildeo propriedade privada de poucos grupos

econocircmicos comeccedila a ser percebido como uma violaccedilatildeo dos direitos fundamentais(SILVEIRA

2004 p 42) do ser humano As tecnologias da informaccedilatildeo precisam ser livres e desenvolvidas de

modo democraacutetico e colaborativo (SILVEIRA 2004 p 42) Compreendemos que ao optar pelo

software livre o governo poderaacute contribuir nesse sentido

Oliva (2000 p 1) defende que o software livre apresenta uma vantagem competitiva com relaccedilatildeo

ao software proprietaacuterio Conforme anunciado ele o faz por meio de uma analogia entre formas

de vida e unidades de software considerando argumentos relativos agrave seleccedilatildeo natural - tais como a

facilidade de reproduccedilatildeo e aumento da variabilidade ocorrecircncias caras agrave preservaccedilatildeo da espeacutecie

44

Vantagens relacionadas ao uso de software livre

O autor inicia a analogia estabelecendo algumas equivalecircncias entre conceitos do acircmbito do

desenvolvimento de software e das ciecircncias naturais (OLIVA 2000 p 1) Ele estabelece por

exemplo que um programa pode ser considerado uma espeacutecie a coacutepia de um programa um

indiviacuteduo e o surgimento de uma nova versatildeo uma espeacutecie variante de um individuo Da mesma

forma enquanto a demanda do usuaacuterio para o uso de um software equivale ao nicho de uma espeacutecie

o trabalho das CPUs dos usuaacuterios corresponde agrave comida pela qual o indiviacuteduo compete e enfim

os desenvolvedores e mantenedores agraves forccedilas ocultas da natureza que introduzem variaccedilotildees nas

espeacutecies(OLIVA 2000 p 1)

A analogia de Oliva (2000 p 1) prossegue em seu desenvolvimento com base em duas

conclusotildees de Charles Darwin - citadas a seguir e referenciadas como 1 e 2 - configurando a

vantagem reprodutiva e a vantagem da variabilidade Satildeo elas

1 Uma grande quantidade de variedade sobre a qual diferenccedilas in-dividuais estatildeo presentes seratildeo evidentemente favoraacuteveis (para aproduccedilatildeo de novas formas por meio da seleccedilatildeo natural) Um grandenuacutemero de indiviacuteduos por oferecer uma melhor chance em um dadoperiacuteodo para o aparecimento de variedades ricas vai compensaruma menor quantidade de variabilidade em cada indiviacuteduo sendoacredito um elemento muito importante de sucesso [preservaccedilatildeo daespeacutecie] (DARWIN 1859)

2 () variaccedilotildees natildeo obstante leves e advindas de qualquer causa seelas satildeo em qualquer grau relevantes para os indiviacuteduos de umaespeacutecie nas suas infinitamente complexas relaccedilotildees com outros seresorgacircnicos e com a sua condiccedilatildeo fiacutesica de vida tenderatildeo a contribuircom a preservaccedilatildeo desses indiviacuteduos (DARWIN 1859)

Oliva (2000 p 2) aborda a vantagem da reprodutividade lembrando que o software livre tem

um enorme potencial para deixar muitos descendentes tendendo agrave proliferaccedilatildeo Isso ocorre natildeo soacute

pelas liberdades a ele atribuiacutedas mas tambeacutem pelo seu baixo preccedilo Tal raciociacutenio natildeo vale para

o software proprietaacuterio jaacute que geralmente sua reproduccedilatildeo eacute feita na maior parte das vezes por

clonagem e com menos frequecircncia pelo lanccedilamento de novas versotildees dado que se trata de um

processo caro (OLIVA 2000 p 2) O que se vecirc portanto segundo o autor eacute a proliferaccedilatildeo de

coacutepias sem variaccedilatildeo ou seja de clones

Oliva (2000 p 3) ao discorrer sobre a vantagem da variabilidade observa que as variaccedilotildees

de um software natildeo satildeo aleatoacuterias - ao contraacuterio das espeacutecies naturais - mas criadas pelos desen-

volvedores a partir das necessidades dos usuaacuterios Esses por sua vez no caso do software livre

carregam o poder de dirigir a variaccedilatildeo na medida em que alteram o software - seja por contra proacutepria

seja contratando algueacutem para faze-lo seja enfim publicando a sua demanda em um foacuterum ou lista

de e-mails com a expectativa de que um voluntaacuterio o ajude no desenvolvimento gratuitamente ou

em troca de algum tipo de pagamento (OLIVA 2000 p 3) Segundo o autor parece oacutebvio no que

se refere ao software livre que a liberdade de fazer mudanccedilas e de redistribuir as novas variaccedilotildees

aumenta a variedade da espeacutecie - ou seja do software - tornando-os mais adequados para outros

nichos ainda que desconhecidos quando da sua criaccedilatildeo

Conforme explica Oliva (2000 p 3) uma variaccedilatildeo que apresenta uma vantagem competitiva

em relaccedilatildeo agrave versatildeo original - ou seja uma variaccedilatildeo que introduz uma funccedilatildeo uacutetil para uma grande

45

Pontos criacuteticos relativos ao uso de software livre

variedade de nichos - pode ser aceita por uma maior quantidade de administradores de outros

projetos e rapidamente proliferar-se Por outro lado quando a variante natildeo eacute vantajosa natildeo eacute

aceita e perece ficando apenas no seu nicho

Oliva (2000 p 2) argumenta enfim que seria possiacutevel supor que a maioria dos usuaacuterios mesmo

tendo acesso ao coacutedigo fonte natildeo faccedilam alteraccedilotildees mas distribuem coacutepias iguais (clones) Em

resposta a essa possibilidade ele lembra que se um nuacutemero suficiente de pessoas lanccedila matildeo do

coacutedigo para altera-lo o niacutevel de variaccedilatildeo do software livre seraacute maior do que do software proprietaacuterio

(OLIVA 2000 p 3)

Compreendemos em siacutentese que Oliva (2000) por meio de sua argumentaccedilatildeo defende que

o software livre em detrimento ao proprietaacuterio apresenta melhor capacidade de reproduccedilatildeo e de

geraccedilatildeo de variedade dados os respectivos modelos de desenvolvimento O software livre portanto

teraacute maiores condiccedilotildees de autopreservaccedilatildeo enquanto espeacutecie

32 Pontos criacuteticos relativos ao uso de software livre

Trazemos para debate nesta seccedilatildeo alguns pontos criacuteticos relativos ao uso de software livre

Satildeo eles a ausecircncia de garantias e a inesistecircncia de um proprietaacuterio ou responsaacutevel legal a

inconsistecircncia da interface do usuaacuterio a dificuldade de instalaccedilatildeo e configuraccedilatildeo sobretudo para

usuaacuterios principiantes a qualidade a imagem e a reputaccedilatildeo a escassez de matildeo de obra para o

desenvolvimento e suporte bem como o seu alto custo e a exposiccedilatildeo da propriedade intelectual

Em acordo com Alencar (2007 p 75) percebemos que os pontos criacuteticos apresentados

consistem em problemas de software em geral natildeo se limitando portanto agraves soluccedilotildees livres Com

efeito seraacute possiacutevel notar no decorrer da seccedilatildeo uma tentativa de relativizar cada um deles Cabe

observar ainda que esse tema eacute tratado de diversas maneiras pelos autores e pesquisadores que

abordam o assunto Enquanto Alencar (2007 p 75) por exemplo refere-se ao tema como limitaccedilotildees

do software livre Hexsel (2002 p 16) e Sabino e Kon (2009 p 8) utilizam o termo desvantagem

Melo (2009 p 1) por sua vez preferem a expressatildeo pontos fracos do software livre

Sabino e Kon (2009 p 8) e Hexsel (2002 p 18) apontam a ausecircncia de garantias - associada agrave

inexistecircncia de um proprietaacuterio ou responsaacutevel legal - como um aspecto do software livre que pode

ser considerado desvantajoso em detrimento ao proprietaacuterio Conforme explicam Sabino e Kon (2009

p 8) soluccedilotildees livres podem significar problemas caso seja necessaacuterio o fornecimento de garantias

ou ainda em casos de ocorrecircncia de prejuiacutezos pela falha do sistema dado que suas licenccedilas em

geral eximem o autor de qualquer responsabilidade tanto quanto eacute permitido pela lei(SABINO

KON 2009 p 8) Hexsel (2002 p 1) relativiza a questatildeo lembrando que a existecircncia de um

proprietaacuterio natildeo prevecirc necessariamente garantias relacionadas a eventuais prejuiacutezos decorrentes

do uso de um software Ademais eles observam que as empresas de software proprietaacuterio tambeacutem

tentam ao maacuteximo em seus contratos eximirem-se de responsabilidades tanto quanto permitido

pela lei Sabino e Kon (2009 p 8) acrescentam que independente das claacuteusulas de ausecircncia

de responsabilidade algumas empresas de software livre optam pelo fornecimento de garantias e

suporte em forma de serviccedilo

A inconsistecircncia - e a natildeo uniformidade - da interface de usuaacuterio eacute trazida por Hexsel (2002 p 16)

46

Pontos criacuteticos relativos ao uso de software livre

e Melo (2009 p 1) como um ponto criacutetico relativo agrave utilizaccedilatildeo do software livre Os autores explicam

que essa caracteriacutestica tem raiacutezes no modelo de desenvolvimento descentralizado caracteriacutestico

desse tipo de software Trata-se de uma questatildeo que apesar de existente - ou seja com a qual

o usuaacuterio de fato poderaacute se deparar - natildeo corresponde a todos os casos de software livre Os

autores ressaltam a existecircncia de projetos especializados de desenvolvimento cujo foco estaacute na

resoluccedilatildeo dessa situaccedilatildeo Melo (2009 p 8) lembra enfim que empresas de software proprietaacuterio

natildeo estatildeo isentas dessa praacutetica De fato - comenta o autor - natildeo satildeo incomuns as descontinuidades

de interface de usuaacuterio de uma versatildeo proprietaacuteria para a outra

Hexsel (2002 p 16) e Melo (2009 p 1) apontam a dificuldade de instalaccedilatildeo e de configuraccedilatildeo

como uma questatildeo problemaacutetica relativa ao uso de software livre sobretudo para usuaacuterios iniciantes

ou sem conhecimentos especiacuteficos de programaccedilatildeo Hexsel (2002 p 16) explica que essa questatildeo

estaacute relacionada com a natureza do software livre e com o seu modo de desenvolvimento Ele lembra

que os primeiros usuaacuterios satildeo normalmente os proacuteprios programadores - ou usuaacuterios avanccedilados -

os quais tecircm praacutetica na instalaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de programas Hexsel (2002 p 17) e Melo (2009 p

2) argumentam que mesmo em se tratando de software proprietaacuterio a facilidade de instalaccedilatildeo e

administraccedilatildeo pode ser ilusoacuteria Apesar da relativa facilidade os procedimentos de instalaccedilatildeo podem

apresentar outros pontos negativos como por exemplo a inflexibilidade Em adiccedilatildeo Melo (2009 p

2) observa que a facilidade de instalaccedilatildeo tanto para o software livre quanto para o proprietaacuterio deve

ser analisada caso a caso Compreendemos que certamente o grau de facilidade de instalaccedilatildeo

- bem como o investimento na usabilidade de telas de instalaccedilatildeo dependeratildeo do publico alvo do

software em questatildeo

Sabino e Kon (2009 p 8) observam que a qualidade a imagem e reputaccedilatildeo tambeacutem satildeo

vistos como um aspecto de desvantagem no que se refere agrave utilizaccedilatildeo do software livre Segundo

os autores a inexistecircncia de uma empresa de renome como referecircncia para um software pode

representar para os potenciais usuaacuterios a possibilidade de abandono e de interrupccedilatildeo de suporte

para o produto Corrobora para essa desconfianccedila o fato de o software ser distribuiacutedo de forma

gratuita (SABINO KON 2009 p 8) Para Hexsel (2002 p 20) essa crenccedila de que a gratuidade do

software eacute incompatiacutevel com qualidade eacute falsa e confusa Existe de fato para o autor uma falta de

informaccedilatildeo impliacutecita nessa concepccedilatildeo jaacute que o software livre natildeo eacute necessariamente graacutetis mas

distribuiacutedo sem custos - ou por um custo muito baixo Ainda sobre essa falta de informaccedilatildeo Hexsel

(2002 p 20) ressalta que uma fraccedilatildeo significativa da internet eacute construiacuteda por software livre sendo

a sua existecircncia viaacutevel por causa da disponibilidade desses softwares como coacutedigo fonte aberto

Segundo Hexsel (2002 p 17) Melo (2009 p 1) e Sabino e Kon (2009 p 8) a escassez de

matildeo de obra - bem como o seu alto custo - para o desenvolvimento e suporte de software livre pode

ser vista como uma desvantagem No sentido de desconstruir a veracidade dessa constataccedilatildeo os

autores chamam a atenccedilatildeo para o presenccedila da documentaccedilatildeo e dos variados canais - tais como

foacuteruns listas de discussatildeo e sites de desenvolvimento - em que os usuaacuterios poderatildeo tirar duacutevidas

e receber auxiacutelio por parte da comunidade - ou seja programadores usuaacuterios mais experientes

ou ateacute mesmo os proacuteprios desenvolvedores de um determinado sistema Hexsel (2002 p 17)

observa ainda que na medida em que um determinado sistema se difunde a demanda por pessoal

capacitado para instalaccedilatildeo operaccedilatildeo e administraccedilatildeo tende a aumentar

47

Iniciativas livres e seus modelos de negoacutecio explorando a produtividade altruiacutesta

Sabino e Kon (2009 p 8) enfim observam que a opccedilatildeo por um modelo aberto pode ser

percebido como uma desvantagem para os seus autores e produtores dada a oacutebvia exposiccedilatildeo

de propriedade intelectual Nesse caso segundo os autores caberaacute agrave empresa responsaacutevel pela

produccedilatildeo estabelecer ou manter diferenciais para que a longo prazo o seu mercado seja garantido

(SABINO KON 2009 p 8) Em contrapartida conforme argumentam Sabino e Kon (2009 p 8)

seraacute mais difiacutecil para uma empresa conseguir vantagem competitiva sobre a outra se o produto

de software for registrado com uma licenccedila que determine obrigatoriedade na manutenccedilatildeo das

liberdades em caso de qualquer diferencial no produto Dessa forma o diferencial poderaacute tambeacutem

ser absorvido pela empresa que primeiro expocircs o seu coacutedigo Cabe ressaltar que observamos

nesse raciociacutenio a ideia essencial do copyleft (FARIA 2011 p 24) ou seja de forccedilar a manutenccedilatildeo

das liberdades conforme discutido no capiacutetulo 1 desta tese

33 Iniciativas livres e seus modelos de negoacutecio explo-

rando a produtividade altruiacutesta

Na seccedilatildeo 31 apontamos como vantagem das tecnologias livres - incluindo Material Didaacutetico Virtual

Livre - o seu potencial para agregar o altruiacutesmo a formas de obtenccedilatildeo de renda ou seja o que

consideramos como altruiacutesmo produtivo Nesta seccedilatildeo exploramos um puco mais essa vantagem

trazendo para debate alguns possiacuteveis modelos de negoacutecio relacionados agrave utilizaccedilatildeo de tecnologias

e artefatos livres tais como o software livre os Recursos Educacionais Abertos e o Material Didaacutetico

Virtual Livre Aprofundamos portanto em seu aspecto produtivo

Em acordo com Santos (2013 p 11) consideramos que o termo modelo de negoacutecio nesta

seccedilatildeo refere-se agrave capacidade - ou os meios - que as instituiccedilotildees de ensino tem ao seu dispor

para recuperarem seus investimentos em projetos livres de modo a torna-los mais sustentaacuteveis

Essa questatildeo se justifica como lembra Santos (2013 p 11) pelo fato de que a implementaccedilatildeo de

projetos dessa natureza apresentam custos que podem ir dos mais baixos a grandes investimentos

dependendo do tipo de iniciativa que se pretenda realizar(SANTOS 2013 p 11) Cabe mencionar

que enquanto a autora se refere aos Recursos Educacionais Abertos nosso foco satildeo o software

livre e o Material Didaacutetico Virtual Livre Compreendemos que os comentaacuterios de Santos (2013 p

11) - bem como dos demais autores citados nesta seccedilatildeo cujo foco de anaacutelise tem como objeto

a noccedilatildeo de Recursos Educacionais Abertos - se aplicam a gestatildeo de projetos envolvendo os trecircs

artefatos citados dada a sua natureza livre comum Ademais consideramos que esses modelos de

negoacutecio podem balizar natildeo apenas o trabalho das instituiccedilotildees de ensino mas tambeacutem dos vaacuterios

atores envolvidos na gestatildeo de iniciativas livres - tais como programadores e professores-autores de

material didaacutetico

Santos (2013 p 12) aponta sete modelos de negoacutecio comumente utilizados por instituiccedilotildees de

ensino superior em seus esforccedilos de implementaccedilatildeo de projetos envolvendo Recursos Educacionais

Abertos Satildeo eles doaccedilatildeo assinatura contribuiccedilatildeo patrociacutenio institucional governamental e

comercial A doaccedilatildeo ocorre quando uma Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental (ONG) ou outro tipo

de organizaccedilatildeo - por exemplo uma fundaccedilatildeo - paga pela produccedilatildeo e disseminaccedilatildeo do artefato

48

Iniciativas livres e seus modelos de negoacutecio explorando a produtividade altruiacutesta

livre A assinatura ocorre quando uma instituiccedilatildeo de ensino - ou outra organizaccedilatildeo - pagam para

serem membros de um consoacutercio que gerencia a elaboraccedilatildeo e disseminaccedilatildeo de artefatos livres

Na contribuiccedilatildeo o autor se responsabiliza pelos custos e produccedilatildeo dos mesmos(SANTOS 2013

p 12) O patrociacutenio consiste no financiamento da produccedilatildeo e disseminaccedilatildeo dos artefatos livres

por parte das instituiccedilotildees educacionais - ou outra instituiccedilatildeo - em troca de publicidade O modelo

institucional caracteriza-se quando uma instituiccedilatildeo educacional paga pela criaccedilatildeo do conteuacutedo e

disseminaccedilatildeo como parte da sua missatildeo(SANTOS 2013 p 12) O modelo governamental por sua

vez eacute caracterizado quando o financiamento eacute assumido de modo centralizado pelo governo em

prol de seus objetivos Enfim o modelo comercial se caracteriza quando o aluno paga - geralmente

uma quantia simboacutelica(SANTOS 2013 p 12) - pelo conteuacutedo serviccedilo ou certificado

Baseados em Santos (2013 p 15) consideramos que iniciativas livres tal qual Recursos

Educacinais Abertos ou Material Didaacutetico Virtual Livre podem agregar valor agraves instituiccedilotildees que os

utilizam Santos (2013 p 15) lembra que esse valor eacute em grande parte intangiacutevel como o reforccedilo

do compromisso com o empreendedorismo social vinculado agrave imagem institucional(SANTOS 2013

p 15) o aumento da visibilidade da instituiccedilatildeo e o fato de que esses recursos podem funcionar como

uma vitrine para a instituiccedilatildeo principalmente quando difundidos na rede mundial de computadores

A autora lembra que de fato essa utilizaccedilatildeo apresentam grande potencial para gerar matriacutecula e

consequentemente gerar renda indireta (SANTOS 2013 p 15)

Litto (2006 p 76) observa a existecircncia de uma grande variaccedilatildeo nas estrateacutegias institucionais de

produccedilatildeo de Recursos Educacionais Abertos Ele explica que algumas delas seguem uma poliacutetica

top down (de cima para baixo) na qual a administraccedilatildeo coordena todas essas atividades(LITTO

2006 p 76) e uma poliacutetica bottom up (de baixo para cima) marcada por esforccedilos individuais de

professores pioneiros(LITTO 2006 p 76) Em consonacircncia com Beshear (2005) Litto (2006 p 76)

deflagra a existecircncia de trecircs tipos de coleccedilotildees institucionais de Recursos Educacionais Abertos o

mandiacutebula o bastatildeo e o cenoura O mandiacutebula conssite no modelto biblioteca de recursos apoiada

na ideia de que se construiacutermos eles [os usuaacuterios] viratildeo(LITTO 2006 p 76) e na promoccedilatildeo

de campanhas com objetivo de persuadir a utilizaccedilatildeo por parte dos usuaacuterios o modelo bastatildeo

por sua vez toma forma quando a administraccedilatildeo instrui o corpo docente a usar determinados

Recursos Educacionais Abertos em substituiccedilatildeo a livros texto comerciais O modelo cenoura enfim

configura-se como tal perante a existecircncia de uma poliacutetica de incentivos - em forma de reduccedilatildeo

de taxas ou aumento de auxiacutelios - para que o corpo discente e docente criem e usem Recursos

Educacionais Abertos (LITTO 2006 p 76)

A Wikipedia por meio da entrada Open bussines 23 reconhece a existecircncia de diversos tipos de

modelos de negoacutecios abertos por meio dos quais eacute possiacutevel obter lucro financeiro com a utilizaccedilatildeo

de software livre ou ainda financiar o seu desenvolvimento Segundo a Wikipedia apesar de seu

status legal a aceitaccedilatildeo dos modelos de negoacutecio abertos por parte da comunidade do software livre

pode variar De fato alguns modelos satildeo considerados controversos ou desprovidos de eacutetica outros

satildeo aceitos outros ainda satildeo recomendados pela comunidade como por exemplo a obtenccedilatildeo de

renda por meio da cobranccedila pelo serviccedilo (BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE

23O termo Open Bussines foi traduzido por FUNDACAO GETULIO VARGAS (sd) como modelos de negoacutecioabertos

49

Iniciativas livres e seus modelos de negoacutecio explorando a produtividade altruiacutesta

sd)

Nesse sentido BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE (sd) apresenta treze

modelos o licenciamento duplo a venda de serviccedilos profissionais a venda de produtos custo-

mizados a venda do software como serviccedilo as parcerias com organizaccedilotildees patrocinadoras o

sistema de doaccedilotildees voluntaacuterias o sistema de bounties o sistema de preacute-compra ou crowdfunding o

software como publicidade a venda de extensotildees proprietaacuterias adicionais a venda de determinados

componentes de um produto de software o re-licenciamento de um software aberto para proprietaacuterio

a abertura gradual do software e a ofuscaccedilatildeo do coacutedigo fonte

Em linhas gerais o licenciamento duplo consiste em licenciar um software com duas licenccedilas

(BLANCO 2006 BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE sd) de naturezas

diversas Normalmente utiliza-se uma licenccedila aberta e uma proprietaacuteria (BLANCO 2006 p 1)

Nesse modelo conforme lembra BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE (sd)

a versatildeo proprietaacuteria pode ser vendida com o intuito de patrocinar a continuidade da versatildeo livre

do projeto A venda de serviccedilos profissionais eacute a forma mais conhecida e recomendada pela

comunidade de software livre (BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE sd) Ela

consiste em cobrar pelos serviccedilos - como treinamento suporte teacutecnico ou consultoria - em detrimento

a cobranccedila pelo software A venda de produtos customizados consiste na comercializaccedilatildeo de itens

- tais como camisetas canecas chaveiros mouse-pads etc - com o logotipo da empresa ou do

software livre A venda do software como serviccedilo consiste por sua vez na comercializaccedilatildeo de

assinaturas para acesso a software que permanecem no servidor ou seja serviccedilos online tal qual o

serviccedilo de cloud computing (BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE sd) Cabe

ressaltar que tal serviccedilo apesar de legal pode ser considerado inadequado e incoerente com a ideia

do software livre jaacute que forccedila os usuaacuterios a pagar cada vez mais pelo uso de sistemas cujo coacutedigo eacute

inacessiacutevel De fato ainda que livre o usuaacuterio natildeo teraacute acesso (JOHNSON 2008)

A parceria com organizaccedilotildees patrocinadoras consiste na associaccedilatildeo com governos univer-

sidades empresas ou outro tipo de instituiccedilatildeo natildeo governamental (BUSINESS MODELS FOR

OPEN-SOURCE SOFTWARE sd) que forneccedila fonte de renda para o projeto de desenvolvimento

de um software livre O sistema de doaccedilotildees voluntaacuterias se configura quando o responsaacutevel por

um projeto de desenvolvimento - seja uma instituiccedilatildeo seja um programador independente - pede

doaccedilotildees para arrecadar fundos para o seu projeto O sistema de bounties consiste na arrecadaccedilatildeo

de fundos entre os usuaacuterios de um aplicativo livre com o intuito de desenvolver e implementar uma

determinada funcionalidade nesse aplicativo (BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFT-

WARE sd) Modelo semelhante eacute o modelo de preacute-compra ou crowdfunding que funciona por meio

da arrecadaccedilatildeo de fundos advindos de doaccedilatildeo O modelo do software livre como publicidade prevecirc a

disponibilizaccedilatildeo de espaccedilos para a fixaccedilatildeo de banners ou outro tipo de propaganda por meio da qual

ocorre a arrecadaccedilatildeo (BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE sd) A venda de

extensotildees proprietaacuterias adicionais consiste na accedilatildeo de disponibilizar extensotildees plugins ou add-ons

proprietaacuterios (BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE sd) natildeo essenciais de

modo que seu uso seja condicionado ao pagamento Uma variante desse modelo segundo BUSI-

NESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE (sd) eacute a venda de determinados componentes

de um produto de software o qual consiste em manter proprietaacuterio determinado aspecto do conteuacutedo

50

Iniciativas livres e seus modelos de negoacutecio explorando a produtividade altruiacutesta

de um software de coacutedigo aberto (BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE sd)

tornando-o acessiacutevel em troca de pagamento Esse eacute o caso por exemplo de um videogame em

que determinados aspectos graacuteficos ou sonoros permanecem proprietaacuterios sendo o seu coacutedigo

fonte baacutesico livre Para obter uma experiecircncia completa do videogame o usuaacuterio teraacute que comprar o

conteuacutedo proprietaacuterio

O re-licenciamento segundo a BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE (sd)

ocorre quando uma empresa reverte a licenccedila de um sistema livre - completamente desenvolvido

em seu acircmbito - para proprietaacuterio de modo a poder comercializar legalmente o produto A abertura

gradual do software se configura quando o acesso agraves versotildees mais recentes eacute dado apenas para

usuaacuterios pagantes Conforme lembra BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE SOFTWARE

(sd) uma das maneiras de disponibilizaccedilatildeo gradual ocorre quando uma empresa disponibiliza seu

software proprietaacuterio - atribuindo-lhe uma licenccedila livre - apoacutes um longo periacuteodo de comercializaccedilatildeo

ou quando alcanccedilado o retorno financeiro pretendido Ao fazecirc-lo a empresa tenta evitar que o seu

software seja abandonado e se torne obsoleto jaacute que daraacute a chance para que a comunidade de

software livre continue o seu desenvolvimento e suporte (BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE

SOFTWARE sd) Enfim o uacuteltimo modelo discutido em BUSINESS MODELS FOR OPEN-SOURCE

SOFTWARE (sd) - o qual percebemos natildeo esta diretamente relacionado com a obtenccedilatildeo de

retorno financeiro em projetos de software livre - consiste no ofuscamento do coacutedigo fonte Esse

termo segundo a REVISTA BRASILEIRA DE WEB (2013) e BUSINESS MODELS FOR OPEN-

SOURCE SOFTWARE (sd) refere-se agrave tentativa deliberada de dificultar a compreensatildeo de um

coacutedigo fonte Essa tentativa se daacute por exemplo por meio da inserccedilatildeo de coacutedigo natildeo destrutivo

redundante ou de nomes de variaacuteveis sem sentido - entre outros (REVISTA BRASILEIRA DE WEB

2013)

Consideramos como jaacute mencionado que os modelos discutidos em Santos (2013 p 12) e

em Litto (2006 p 76) satildeo viaacuteveis igualmente para a gestatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

conforme nossa concepccedilatildeo apresentada nesta tese Em adiccedilatildeo percebemos que tais modelos

natildeo satildeo excludentes entre siacute podendo servir de inspiraccedilatildeo para que os atores envolvidos - ou seja

entre outros instituiccedilotildees escolares professores-autores diretores coordenadores pedagoacutegicos -

descubram criem ou derivem novos meios de gestatildeo sustentaacutevel caso decidam pela utilizaccedilatildeo

de Material Didaacutetico Virtual Livre Ademais consideramos que a mesma inspiraccedilatildeo pode ser

encontrada nos modelos de negoacutecio abertos discutidos em BUSINESS MODELS FOR OPEN-

SOURCE SOFTWARE (sd) ainda que os mesmos se refiram ao software livre Vale ressaltar

que a utilizaccedilatildeo de alguns desses modelos descaracterizaria o material didaacutetico virtual como livre

excluindo naturalmente o seu aspecto altruiacutesta Isso ocorre por exemplo quando adotada a

estrategia de converter o licenciamento livre para proprietaacuterio com o intuito de legalizar a sua venda

ou ainda a utilizaccedilatildeo do material como serviccedilo disponiacutevel mediante pagamento

51

Capiacutetulo 4

Metodologia de produccedilatildeo de Material

Didaacutetico Virtual Livre

Neste capiacutetulo apresentamos e discutimos quatro aspectos que consideramos nucleares em relaccedilatildeo

agrave metodologia - ou processo - que adotamos para a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Satildeo eles a utilizaccedilatildeo de modelos instrucionais - em especial o modelo ADDIE (GAGNEacute et al

2005 ROTHWELL KAZANAS 2003 SEELS GLASGOW 1998 p 21 p 55 p 7 ) o modelo da

Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas (ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA

FILHO 2010) e o Quadro para Escrita de Material Didaacutetico de Liacutenguas (JOLLY BOLITHO 1998

p 90) as teacutecnicas de buscas de insumos livres as teacutecnicas de licenciamento do material didaacutetico

virtual atribuindo-lhe uma licenccedila livre ou flexiacutevel e a utilizaccedilatildeo de software livre

Observamos que durante a nossa pesquisa tivemos a oportunidade de experimentar e avaliar

cada um desses quatro aspectos Ademais pudemos agregar elementos relacionados ao contexto

de ensino-aprendizagem de liacutenguas de modo que a metodologia - ou processo - de produccedilatildeo de

Material Didaacutetico Virtual Livre com a qual trabalhamos pudesse oferecer condiccedilotildees para - do nosso

ponto de vista - melhor apoiar a praacutetica do professor de idiomas

O modelo ADDIE o modelo de Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas e Quadro para Elaboraccedilatildeo

de Material Didaacutetico de Ensino de Liacutenguas - os quais podem ser originalmente compreendidos como

modelos que visam em linhas gerais o entendimento de contextos instrucionais e o suporte

ao planejamento e operacionalizaccedilatildeo de cursos em seus diversos aspectos sendo o segundo

e o terceiro dirigidos ao contexto de ensino de liacutenguas - foram tomados como referecircncia para

operacionalizaccedilatildeo de Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres em contexto de ensino e aprendizagem de

liacutenguas Em outras palavras aleacutem de consideramos os trecircs modelos como arcabouccedilos teoacutericos

adequados para a compreensatildeo da atividade instrucional em si adotamos os modelos como

instrumentos para que o professor-autor pudesse se guiar na operacionalizaccedilatildeo do Material Didaacutetico

Virtual Livre bem como na documentaccedilatildeo dessa praacutetica

Os aspectos relativos agrave busca de insumos livres eou flexiacuteveis e agrave atribuiccedilatildeo de liberdades ao

Material Didaacutetico Virtual Livre satildeo abordados a partir de um vieacutes praacutetico-operativo com exemplos

de uso de ferramentas disponiacuteveis na Internet e estatildeo em sintonia com as reflexotildees propostas em

EDUCACcedilAtildeO ABERTA (2011) Cabe lembrar que a rede mundial de computadores apresenta uma

52

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

dinacircmica metamoacuterfica e efecircmera e que por isso os instrumentos citados podem natildeo ser perenes

cabendo ao professor-autor atualizar-se continuamente Dessa forma interessa-nos sobremaneira

ilustrar a praacutetica Consideramos que a compreensatildeo dessa praacutetica - natildeo obstante a possibilidade de

mudanccedilas nos aspectos das ferramentas em si - pode contribuir - entre outras maneiras - para o

desenvolvimento das habilidades relativas agrave operacionalizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre no

contexto de ensino e aprendizagem de idiomas especificadamente de italiano como LEL2

Abordamos enfim a utilizaccedilatildeo de software livre como suporte para o Material Didaacutetico Virtual

Livre trazendo para debate os dois programas que analisamos e utilizamos em nossa pesquisa

Trata-se do sistema de criaccedilatildeo de blogs e gerenciamento de conteuacutedos para web denominado

WORDPRESS (sd) 24 e do programa de autoria intitulado (EXElearning sd) 25 Nosso objetivo eacute o

de apresentar as caracteriacutesticas gerais de ambos os programas bem como os aspectos que nos

motivaram a utilizaacute-los Optamos por natildeo debater todos os recursos e funccedilotildees de cada um deles

De fato consideramos que esse aprofundamento fugiria ao escopo desta tese

41 Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacute-

tico Virtual Livre

Trazemos nesta seccedilatildeo para debate a dimensatildeo relativa agrave utilizaccedilatildeo de modelos instrucionais

como referecircncia teoacuterico-operativa para a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre no contexto

instrucional especiacutefico de ensino-aprendizagem de liacutenguas Consideramos oportuno introduzir o

debate colocando em pauta reflexotildees sobre a natureza dos modelos instrucionais em geral para

em seguida discutir o modelo baacutesico ADDIE (GAGNEacute et al 2005 ROTHWELL KAZANAS 2003

SEELS GLASGOW 1998 p 21 p 55 p 7 ) o Modelo de Operaccedilatildeo Global de Ensino de

Linguas (ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA FILHO 2010) e o Quadro para

Elaboraccedilatildeo de Material Didaacutetico de Ensino de Liacutenguas (JOLLY BOLITHO 1998 p 90)

Seraacute possiacutevel notar no decorrer da sessatildeo que os modelos citados - natildeo obstante apresentem

singularidades e focos ligeiramente diferentes - dialogam entre si na medida em que todos eles

refletem essencialmente uma metodologia operativa norteada pela resoluccedilatildeo de problemas instrucio-

nais representando dessa forma propostas instrucionais sensiacuteveis ao contexto - em consonacircncia

com a concepccedilatildeo da Pedagogia Poacutes-meacutetodo e a natureza do Material Didaacutetico Virtual Livre conforme

discutido no capiacutetulo 2 desta tese Nosso objetivo eacute o de apresentaacute-los discuti-los e quando possiacutevel

destacar relaccedilotildees entre eles e com o contexto de produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre para o

ensino de liacutenguas - conforme investigado em nossa pesquisa de doutoramento e discutido nesta tese

Percebemos de fato no decorrer de nossa pesquisa bem como de nossa praacutetica que o estudo e a

compreensatildeo dos trecircs modelos pode auxiliar de modo positivo o cumprimento dessa tarefa - a saber

a tarefa de produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre Consideramos que as noccedilotildees trazidas pela

compreensatildeo dos trecircs modelos satildeo complementares

Dessa forma notamos que o modelo ADDIE (GAGNEacute et al 2005 ROTHWELL KAZANAS

24httpwwwwordpressorg25httpwwwexelearningorg

53

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

2003 SEELS GLASGOW 1998 p 21 p 55 p 7 ) pode auxiliar na compreensatildeo de contextos

instrucionais em geral bem como de outros modelos instrucionais na medida em que consiste em

um modelo instrucional baacutesico a partir do qual eacute possiacutevel estabelecer outros modelos inserindo

adaptaccedilotildees decorrentes de demandas especiacuteficas Percebemos que o Modelo da Operaccedilatildeo Global

de Ensino de Liacutenguas (ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA FILHO 2010 p

18) e o Quadro para Produccedilatildeo de Material Didaacutetico para o Ensino de Liacutenguas (JOLLY BOLITHO

1998 p 96) por sua vez podem auxiliar na compreensatildeo de processos instrucionais relativos

ao contexto especiacutefico de ensino e aprendizagem de liacutenguas - bem como desse contexto em si -

sendo o primeiro - do nosso ponto de vista - com um vieacutes predominantemente descritivo e o segundo

com um vieacutes operativo-procedimental e especificadamente relativo agrave produccedilatildeo de material didaacutetico

Ambos de fato abordam dimensotildees e aspectos especiacuteficos desse contexto Se por um lado o

professor-autor de Material Didaacutetico Virtual Livre poderaacute compreender melhor o contexto instrucional

para o qual iraacute produzir o seu material didaacutetico - ou seja o contexto de ensino e aprendizagem de

liacutenguas - por meio do Modelo da Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas (ALMEIDA FILHO 1993

ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA FILHO 2010 p 18) por outro poderaacute operacionalizar essa

atividade por meio do Quadro para Produccedilatildeo de Material Didaacutetico para o Ensino de Liacutenguas (JOLLY

BOLITHO 1998 p 96)

411 Visatildeo geral sobre modelos instrucionais

Um modelo de design instrucional pode ser visto como um quadro procedimental para a produccedilatildeo

sistemaacutetica de instruccedilatildeo (THOMAS 2010 p 187) Ele incorpora estrateacutegias baacutesicas do design

instrucional tais como entre outras a anaacutelise do puacuteblico alvo - ou seja levantamento e avaliaccedilatildeo

das necessidades do aprendiz - a determinaccedilatildeo dos objetivos de aprendizagem e a avaliaccedilatildeo do

processo instrucional em seus diversos aspectos (THOMAS 2010 GAGNEacute et al 2005 p 187

p 21 ) Aleacutem disso esse construto informa como elementos e estrateacutegias instrucionais podem

ser integradas e operacionalizadas na produccedilatildeo e realizaccedilatildeo de cursos (THOMAS 2010 p 187)

dado que descreve a maneira de conduzir as suas diversas etapas (GUSTAFSON BRANCH 2002

p 19) Conforme observam Gustafson e Branch (2002 p 19) um modelo de design instrucional

permite a visualizaccedilatildeo de todo o processo aleacutem de estabelecer diretrizes para sua gestatildeo e para

a comunicaccedilatildeo entre os eventuais membros da equipe gestora de um projeto instrucional e seus

eventuais clientes

Gagneacute et al (2005 p 19) e Seels e Glasgow (1998 p 165) lembram que um modelo instrucional

consiste em uma tentativa de representaccedilatildeo de processos de design instrucional podendo tomar

variadas formas verbal visual tridimensional (SEELS GLASGOW 1998 p 166) espiral curviliacuteneo

em cascata sequencial (GAGNEacute et al 2005 p 41) - entre outras Seels e Glasgow (1998)

acrescentam que independente da forma o seu objetivo eacute o de apresentar uma visatildeo sobre a

realidade - ou seja sobre processos de design instrucional De acordo com Gagneacute et al (2005 p

41) cada tipo de representaccedilatildeo apresenta benefiacutecios no que diz respeito ao apoio e agrave comunicaccedilatildeo

no processo como um todo e podem ser alguns mais ou menos efetivos do que outros Os autores

observam que para ser realmente efetivo um modelo deve ser permeado com indicaccedilotildees dos

papeacuteis e tarefas dos profissionais envolvidos (stakeholders) em um dado projeto instrucional A

54

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

forma desse modelo seraacute mais efetiva se corresponder agraves demandas instrucionais locais as quais

podem ser mais ou menos complexas exigindo de fato um ou outro tipo de representaccedilatildeo (GAGNEacute

et al 2005 p 41) Dessa forma de acordo com Gagneacute et al (2005 p 42) o desafio do designer

instrucional - ou de outro profissional envolvido no design de cursos tal qual um professor-autor de

material didaacutetico para o ensino de liacutenguas - tange por um lado o saber elaborar e aplicar processos

instrucionais em um dado contexto e por outro lado o saber representar ou comunicar o processo

em termos de modelo instrucional

Cabe ressaltar enfim que um modelo nunca seraacute uma representaccedilatildeo completa da realidade -

ou seja de um processo de design instrucional - dado o niacutevel de abstraccedilatildeo necessaacuterio para traduzir

essa realidade em termos teoacutericos (SEELS GLASGOW 1998 p 166) Assim cada modelo poderaacute

enfatizar diferentes aspectos do processo de design instrucional (SEELS GLASGOW 1998 p 165)

incluir indicaccedilotildees de atividades paralelas e iterativas a serem realizadas no decorrer do processo

acompanhar anotaccedilotildees ou descriccedilotildees a respeito da ordem de cumprimento das etapas e de como

elas devem ser cumpridas (SEELS GLASGOW 1998 p 167) - entre outras caracteriacutesticas Gagneacute

et al (2005 p 38) corroborando essa noccedilatildeo de diversidade tipoloacutegica identificam pelo menos dois

tipos de modelos instrucionais a saber os modelos geneacutericos e os modelos situados Enquanto os

modelos geneacutericos tendem a representar uma abordagem - ou conceito de um autor sobre como

o processo de design instrucional deveria ser conduzido - que possa ser aplicada em uma grande

variedade de contextos ambientes de aprendizagem ou sistemas de acesso agrave instruccedilatildeo (GAGNEacute

et al 2005 p 38) os modelos situados satildeo desenvolvidos por organizaccedilotildees especialmente para

representar balizar e controlar os seus processos de design de sistemas instrucionais (GAGNEacute et

al 2005 p 39) Esses modelos conforme lembram Gagneacute et al (2005 p 39) normalmente natildeo

satildeo publicados por serem proprietaacuterios ou por representarem as demandas instrucionais especiacuteficas

de uma organizaccedilatildeo

Nas proacuteximas subseccedilotildees apresentamos e discutimos os modelos ADDIE (GAGNEacute et al 2005

ROTHWELL KAZANAS 2003 SEELS GLASGOW 1998 p 21 p 55 p 7 ) o Modelo de

Operaccedilatildeo Global de Ensino de Linguas (ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA

FILHO 2010 p 18) e o Quadro para Elaboraccedilatildeo de Material Didaacutetico de Ensino de Liacutenguas (JOLLY

BOLITHO 1998 p 90) e apontamos quando possiacutevel as relaccedilotildees entre eles e com o contexto de

produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de liacutenguas

412 O modelo ADDIE - modelo instrucional baacutesico

Um dos modelos instrucionais mais baacutesicos e essenciais (CARR-CHELLMAN 2010 GUSTAFSON

BRANCH 2002 GAGNEacute et al 2005 SEELS GLASGOW 1998 p 3 p 18 p 21 p 7) consiste

no modelo denominado ADDIE Trata-se de um modelo formado por 5 (cinco) componentes que

segundo Gagneacute et al (2005 p 38) e Rothwell e Kazanas (2003 p 3) representam as etapas de

um projeto instrucional consoante com a metodologia de resoluccedilatildeo de problemas de performance

humana sendo nesse caso direcionado a problemas de ordem instrucional Satildeo elas Anaacutelise

(Analysis) Desenho (Design) Desenvolvimento (Development) Implementaccedilatildeo (Implementation) e

Avaliaccedilatildeo (Evaluation) Elas estatildeo representadas na FIG 42 Suas inicias em inglecircs compotildeem o

acrocircnimo ADDIE (CARR-CHELLMAN 2010 GAGNEacute et al 2005 ROTHWELL KAZANAS 2003 p

55

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Figura 41 Componentes de um problemaFonte adaptado de Rothwell e Kazanas (2003 p 36)

3 p 21 p 55)

Essas etapas de fato conforme Gagneacute et al (2005 p 38) e Rothwell e Kazanas (2003 p 3)

correspondem aos principais estaacutegios de modelos dirigidos agrave resoluccedilatildeo sistemaacutetica de problemas

instrucionais - jaacute que envolve em linhas gerais a identificaccedilatildeo dos problemas (de ordem instrucional)

e suas causas (anaacutelise) a elaboraccedilatildeo de propostas para soluccedilatildeo dos problemas identificados

(design) a elaboraccedilatildeo da soluccedilatildeo (desenvolvimento) a experimentaccedilatildeo (implementaccedilatildeo) e final-

mente a tentativa de constataccedilatildeo do sucesso da soluccedilatildeo proposta (avaliaccedilatildeo) - e estaacute de acordo

com a concepccedilatildeo de design instrucional propostas em Seels e Glasgow (1998 p 1) os quais

compreendem essa atividade como o processo de resolver problemas instrucionais por meio da

anaacutelise sistemaacutetica das condiccedilotildees de aprendizagem(SEELS GLASGOW 1998 p 1)

Vale mencionar que Rothwell e Kazanas (2003 p 35) concebem problemas de performance

humana como o resultado de uma discrepacircncia entre o estado vigente - ou seja o que eacute - e o estado

ideal - ou seja o que deveria ser - a qual demanda accedilotildees presentes ou futuras para ser solucionada

(ROTHWELL KAZANAS 2003 p 35) Enquanto o estado vigente eacute chamado de Condiccedilatildeo e

representa o estado de coisas existentes o estado ideal eacute chamado de Criteacuterio e representa o estado

de coisas desejaacutevel (ROTHWELL KAZANAS 2003 p 35) Os autores explicam que a diferenccedila

entre Condiccedilatildeo e Criteacuterio eacute uma lacuna ou seja pode ser visto como o problema As razotildees

para essa lacuna satildeo a Causa do problema as consequecircncias dessa lacuna os seus Sintomas

(ROTHWELL KAZANAS 2003 p 35) Duas satildeo as accedilotildees principais que Rothwell e Kazanas

(2003 p 35) sugerem para a resoluccedilatildeo dessa lacuna a coleta de informaccedilotildees sobre a Condiccedilatildeo e

a identificaccedilatildeo do Criteacuterio A coleta de informaccedilotildees visa melhor compreender a Condiccedilatildeo sendo

feita por meio de perguntas agraves pessoas a respeito do problema (ROTHWELL KAZANAS 2003

p 35) Os autores observam que identificar o Criteacuterio consiste na identificaccedilatildeo do estado ideal ou

desejado ou seja o que deveria acontecer ou o que pessoas deveriam saber fazer A FIG 41 traz

uma representaccedilatildeo esquemaacutetica do raciociacutenio de Rothwell e Kazanas (2003 p 35)

56

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Figura 42 As fases do modelo ADDIEFonte adaptado de Hanley (2009)

Gagneacute et al (2005 p 21) aleacutem de reconhecerem que o modelo ADDIE eacute como um todo

baseado na metodologia de resoluccedilatildeo de problemas lembram que atividades desse tipo - ou seja

de resoluccedilatildeo de problemas - estatildeo presentes em cada uma de suas fases ou etapas Ademais a

respeito da dinacircmica da atividade instrucional representada pelo modelo (FIG 42) Gagneacute et al

(2005 p 21) acrescentam que o processo natildeo ocorre necessariamente de modo linear podendo

comeccedilar em qualquer uma das etapas Dessa forma conforme exemplificam os autores o processo

pode se iniciar a partir de uma proposta de redesenho de um curso ou curriacuteculo Eacute possiacutevel de fato

que comece pela fase de avaliaccedilatildeo e que com base nos dados dessa avaliaccedilatildeo seja necessaacuterio

retornar agraves etapas precedentes de modo a avaliar se ocorreram mudanccedilas - como nas caracteriacutesticas

dos aprendizes por exemplo - ou ainda se existe uma demanda por engendrar revisotildees relativas

aos objetivos conteuacutedos ou atividades de aprendizagem (GAGNEacute et al 2005 p 22)

Consideramos oportuno nos proacuteximos paraacutegrafos discutir com mais atenccedilatildeo cada uma das

fases do modelo ADDIE - de modo a melhor compreendecirc-lo - bem como apontar algumas relaccedilotildees

com o contexto de utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Iniciamos o debate lembrando que cada uma das fases apresentam subcomponentes - os

quais descrevemos por meio do QUAD 41 - expressos por Gagneacute et al (2005 p 22) em forma

de recomendaccedilotildees relativas ao desenvolvimento de cada uma delas A observaccedilatildeo desses sub-

componentes pode auxiliar o profissional que adota o modelo ADDIE a melhor compreendecirc-lo a

sistematizar o seu trabalho e ainda a propor mudanccedilas e adaptaccedilotildees no proacuteprio modelo quando

necessaacuterio

Em linhas gerais o objetivo da fase de Anaacutelise eacute o de compreender o contexto instrucional em

57

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 41 Componentes e subcomponentes do modelo ADDIE

Componentes Subcomponentes

Anaacutelise a) Determinaccedilatildeo das necessidades para as quais a instruccedilatildeoseraacute a soluccedilatildeo b) Conduccedilatildeo de uma anaacutelise instrucional afim de determinar os objetivos relativos agraves dimensotildees cogniti-vas afetivas e motoras a serem desenvolvidos durante o cursoc) Determinaccedilatildeo das habilidades que se espera que os estu-dantes desenvolvam e qual delas iraacute causar impacto para aaprendizagem durante o curso d) Anaacutelise do tempo disponiacute-vel e do tempo que seraacute utilizado para o curso e) Anaacutelise decontexto e de recursos

Design a) Traduccedilatildeo das metas do curso em resultados que se esperaque os alunos alcancem ao final do curso b) Determinaccedilatildeodos toacutepicos ou unidades instrucionais a serem cumpridas bemcomo o tempo que seraacute necessaacuterio para cada um deles c)Organizaccedilatildeo das unidades em sequecircncia considerando-seos objetivos do curso d) Especificaccedilatildeo para cada unidadedo que se espera que os alunos saibam ao concluiacute-las e)Estabelecimento das liccedilotildees e atividades de aprendizagempara cada unidade f) Estabelecimento de especificaccedilotildeespara avaliaccedilatildeo da aprendizagem dos estudantes

Desenvolvimento a) Tomada de decisotildees sobre os tipos de materiais didaacuteticose atividades de aprendizagem b) Preparaccedilatildeo das versotildeesprototiacutepicas dos materiais didaacuteticos ou atividades c) Experi-mentaccedilatildeo dos materiais didaacuteticos com membros do puacuteblicoalvo d) Revisatildeo refinamento e produccedilatildeo dos materiais didaacuteti-cos e atividades e) Elaboraccedilatildeo das instruccedilotildees de ensino oumateriais complementares

Implementaccedilatildeo a) Aquisiccedilatildeo dos materiais didaacuteticos a serem adotados pelosprofessores ou pelos estudantes b) Fornecimento de ajudaou suporte caso necessaacuterio

Avaliaccedilatildeo a) Implementaccedilatildeo de planos de avaliaccedilatildeo dos estudantes doprograma b) Implementaccedilatildeo de planos para manutenccedilatildeo erevisatildeo do curso

Fonte adaptado de (GAGNEacute et al 2005)

58

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

que se insere o projeto incluindo as necessidades dos aprendizes (GAGNEacute et al 2005 SEELS

GLASGOW 1998 p 23 p 8) Gagneacute et al (2005 p 23) apresentam um exemplo a respeito do teor

das decisotildees que o designer instrucional - ou outro profissional envolvido na tarefa de design de um

curso - deveraacute tomar durante a fase de anaacutelise Os autores mostram que um curso de Anatomia por

exemplo serviraacute tanto para estudantes de patologias da voz quanto para estudantes de Psicologia

do Esporte O foco da disciplina no entanto deveraacute mudar de acordo com as necessidades de

cada profissional (GAGNEacute et al 2005 p 23) Em outras palavras isso quer dizer que o foco do

curso deveraacute ser diferenciado para cada tipo de puacuteblico-alvo Percebemos que accedilotildees e demandas

anaacutelogas podem ser vistas na praacutexis do professor de idiomas quando por exemplo varia o grau de

exigecircncia de uma atividade de compreensatildeo de um texto autecircntico complexo de acordo com o niacutevel

de proficiecircncia dos alunos

A fase de deign consiste em estabelecer os objetivos educacionais a serem alcanccedilados as

habilidades e competecircncias que se espera que os aprendizes tenham desenvolvido ao final do

percurso instrucional as estrateacutegias educacionais necessaacuterias para se cumprir essa meta e os

instrumentos de avaliaccedilatildeo que seratildeo utilizados (GAGNEacute et al 2005 SEELS GLASGOW 1998 p

26 p 11) Um produto gerado nessa fase segundo Gagneacute et al (2005 p 26) seria um documento

contendo o planejamento do curso

Ainda com relaccedilatildeo agrave fase de design Gagneacute et al (2005 p 27) ressaltam a possibilidade de se

fazer uma prototipaccedilatildeo raacutepida Essa atividade consiste em testar elementos do design instrucional

em elaboraccedilatildeo de modo a se avaliar a sua eficiecircncia Os autores recomendam que a prototipaccedilatildeo

seja feita o quanto antes e justificam essa accedilatildeo por dois motivos em primeiro lugar porque por

meio de um protoacutetipo o eventual cliente poderaacute constatar se o produto estaacute satisfatoacuterio em segundo

porque ao fazecirc-lo as chances de se obter um design final inadequado aos objetivos pedagoacutegicos do

curso seriam menores

Vale ressaltar que Gagneacute et al (2005) lidam com a ideia de que um projeto instrucional pode ser

encomendado por terceiros Os clientes poderiam ser escolas entidades governamentais ou ateacute

empresas preocupadas com a formaccedilatildeocapacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios os quais contratam um

profissional - por exemplo um designer instrucional - para elaborar e gerir os percursos formativos

Os estudos apresentados em Gagneacute et al (2005) de fato tem como meta contribuir com a formaccedilatildeo

profissional do designer instrucional Em nosso estudo contudo focalizamos a figura do professor

de idiomas que a priori ao elaborar seus cursos e materiais didaacuteticos pode mobilizar competecircncias

anaacutelogas agraves de um designer instrucional

Consideramos vaacutelidas e aceitaacuteveis situaccedilotildees em que o professor de idiomas se coloque como

autor de materiais didaacuteticos para utilizaccedilatildeo de terceiros - sejam colegas escolas entidades gover-

namentais ou empresas Agrave diferenccedila de autores de livros didaacuteticos que elaboram percursos de

aprendizagem descontextualizados - ou de prateleira - esses professores elaborariam os cursos

e materiais didaacuteticos ndash para escolas empresas entidades governamentais ou grupos privados

ndash tomando o cuidado de envolver os professores da casa (no caso de escolas) no processo de

elaboraccedilatildeo da melhor maneira possiacutevel como autores ou coautores

Essa postura seria jaacute suficiente do nosso ponto de vista para aproximar o trabalho daqueles

ndash a saber os autores de livros didaacuteticos de prateleira ndash agrave era dos meacutetodos e destes ndash a saber

59

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

professores-autores que elaboram materiais didaacuteticos para escolas ndash a uma pedagogia Poacutes-meacutetodo -

conforme discutido no capiacutetulo 2 desta tese - ainda que nesse caso as funccedilotildees de professor autor

e pesquisador eventualmente natildeo recaiam estritamente sobre o mesmo indiviacuteduo ndash a saber o

mesmo professor ou o professor da casa no caso de contrataccedilatildeo para produccedilatildeo de material didaacutetico

ad hoc em uma determinada escola

A etapa de Desenvolvimento tem como meta a confecccedilatildeo ou a escolha do material instrucional

levando em consideraccedilatildeo tanto os objetivos pedagoacutegicos previamente estabelecidos na fase de

Design quanto os resultados da anaacutelise de contexto sistematizados na fase de Avaliaccedilatildeo Refere-se

portanto agrave preparaccedilatildeo dos materiais didaacuteticos que seratildeo utilizados no ambiente de aprendizagem

(GAGNEacute et al 2005 SEELS GLASGOW 1998 p 31 p 12)

Trata-se de uma etapa cujo trabalho pode ser abordado a partir de vaacuterias perspectivas depen-

dendo por exemplo de aspectos como a variaccedilatildeo dos objetivos instrucionais a adequaccedilatildeo dos

materiais didaacuteticos existentes ou as caracteriacutesticas do contexto de aplicaccedilatildeo do curso ou material

didaacutetico (GAGNEacute et al 2005 p 31) Em alguns contextos educacionais ndash conforme nos lembram

Gagneacute et al (2005 p 31) ndash o curriacuteculo o curso ou o material didaacutetico jaacute existem e podem ndash ou

devem ndash ser utilizados o maacuteximo possiacutevel em sua versatildeo integral agrave exigecircncia por exemplo da escola

ou de esferas superiores Em outros contextos natildeo existem materiais didaacuteticos que correspondem

aos objetivos definidos o que demanda a elaboraccedilatildeo de novos materiais Em outros ainda existem

materiais didaacuteticos ou partes deles que podem ser incorporados a novos materiais ou que precisam

ser adaptados a novos modos de acesso por parte do aprendiza (GAGNEacute et al 2005 p 31)

Gagneacute et al (2005 p 31) com base nessa variedade de contextos estabelecem quatro

categorias de situaccedilotildees de desenvolvimento ndash ou seja de preparaccedilatildeo do material didaacutetico relativo

ao seu curso ndash que o designer instrucional e do nosso ponto de vista tambeacutem o professor-autor de

Material Didaacutetico Virtual Livre poderaacute enfrentar Satildeo elas 1) a elaboraccedilatildeo de um novo curso - eou

seus respectivos materiais didaacuteticos 2) o trabalho com curriacuteculos e materiais didaacuteticos existentes 3)

a reformulaccedilatildeo de materiais didaacuteticos existentes - modificando objetivos e conteuacutedos ou aplicando

o material em novos contextos de aplicaccedilatildeo - e 4) a incorporaccedilatildeo de materiais existentes em um

novo curso

A elaboraccedilatildeo de um novo curso (eou seus respectivos materiais didaacuteticos) eacute concebida por

Gagneacute et al (2005 p 32) como a atividade primaacuteria para a qual o designer instrucional eacute formado

Os autores nos lembram que na maioria dos cursos esse profissional lanccedila matildeo de todo o processo

de produccedilatildeo desenvolvendo aulas ou modelos ineacuteditos Consideramos que o professor de idiomas

eventualmente pode se deparar com essa tarefa em sua praacutexis

O trabalho com curriacuteculos e materiais didaacuteticos existentes eacute uma situaccedilatildeo tiacutepica em que o

professor trabalha com o curriacuteculos livros didaacuteticos e materiais suplementares adotados pela escola

ou sistema educacional (GAGNEacute et al 2005 p 31) Nesse contexto normalmente os professores

preparam aulas de acordo com os objetivos e conteuacutedos fornecidos pelos materiais didaacuteticos Essa

abordagem natildeo estaacute de acordo com uma praacutetica que ressalta a importacircncia de se estabelecerem

metas e objetivos locais antes de elaborar e desenvolver esforccedilos instrucionais Entretanto conforme

argumentam os autores curriacuteculos e materiais fornecidos podem ser o resultado de processos

de desenvolvimento que resultaram em objetivos e conteuacutedos apropriados para um determinado

60

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

contexto Nesse caso cabe ao professor segundo Gagneacute et al (2005 p 32) desenvolver planos de

aula que incorporem os seus proacuteprios estilos de ensino ou ateacute mesmo criar unidades de trabalho

suplementares considerando demandas locais

A reformulaccedilatildeo de materiais didaacuteticos existentes - modificando objetivos e conteuacutedos ou aplicando

o material em novos contextos - eacute uma situaccedilatildeo de desenvolvimento que ocorre frequentemente

conforme Gagneacute et al (2005 p 32) na elaboraccedilatildeo de cursos empresariais mas podem ocorrer

tambeacutem no ambiente escolar Um exemplo desse constexto seria a adaptaccedilatildeo de um programa

existente para um contexto especiacutefico tal como modificar ou complementar seminaacuterios geneacutericos

de modo a corresponder agraves demandas de uma organizaccedilatildeo especiacuteficas (GAGNEacute et al 2005 p 31)

O trabalho do designer instrucional ndash ou do professor-autor ndash nesse caso conforme argumentam

Gagneacute et al (2005 p 32) seria conduzir anaacutelises e definir necessidades e objetivos dentro

das organizaccedilotildees e em seguida estudar os materiais existentes de modo a determinar quais

modificaccedilotildees ou complementaccedilotildees seriam necessaacuterias para corresponder agraves demandas locais Essa

seria uma accedilatildeo coerente com a perspectiva de trabalho com o modelo ADDIE

A incorporaccedilatildeo de materiais existentes em um novo curso eacute tambeacutem um contexto que o

designer instrucional - ou professor-autor de materiais didaacuteticos - poderaacute encontrar na fase de

desenvolvimento Esse profissional apoacutes trabalhar na anaacutelise e no subsequente estabelecimento

de objetivos considera a elaboraccedilatildeo de novos materiais mas tambeacutem avalia a possibilidade de

incorporaccedilatildeo ou adaptaccedilatildeo de materiais didaacuteticos existentes

Constatamos ndash a partir de nossa experiecircncia docente bem como no decorrer de nossa pesquisa

ndash que os contextos apontados pelos autores satildeo tambeacutem recorrentes no campo do ensino de

liacutenguas De fato observamos que eacute trabalho comum na praacutexis do professor de idiomas avaliar

e incorporar materiais didaacuteticos ou curriacuteculos elaborados por terceiros ndash sejam impressos sejam

virtuais ndash aos seus proacuteprios cursos Consideramos que essa praacutetica viabiliza e enriquece o trabalho

desse professor que nem sempre - em consonacircncia com Masuhara (1998 p 247) - teria tempo e

condiccedilotildees para elaborar materiais didaacuteticos novos a cada desafio instrucional Percebemos de fato

que o seu trabalho se torna rico na medida em que ao adotaacute-la esse profissional entra em contato

com novas ideias novos pontos de vista novas soluccedilotildees expressas em forma de materiais didaacuteticos

sobre temas da sua aacuterea de atuaccedilatildeo

Corroboram nossa percepccedilatildeo entre outros os debates de Tomlinsom (2001) Tomlinsom (2003a)

sobre a relevacircncia da atividade de produccedilatildeo de material didaacutetico para a formaccedilatildeo do professor de

idiomas - seja inicial seja continuada - e para a sua praacutetica de ensino quotidiana Nesse sentido

Tomlinsom (2001 p 66) defende que experiecircncias monitoradas de desenvolvimento de material

didaacutetico consistem em momentos propiacutecios para que o professor adquira consciecircncia teoacuterica e

praacutetica ou seja compreenda - e saiba aplicar - teorias de ensino e aprendizagem de liacutenguas e

alcance desenvolvimento pessoal e profissional O mesmo princiacutepio se refere de acordo com

Tomlinsom (2003a p 518) agrave atuaccedilatildeo em equipes de desenvolvimento de materiais didaacuteticos desde

que os membros da equipe - ou seja os professores envolvidos - possam mobilizar em conjunto

suas experiecircncias e saberes a fim de alcanccedilar seu objetivo de desenvolvimento - seja um livro

didaacutetico um conjunto de materiais complementares para a aula da semana que vem(TOMLINSOM

2003a p 518) ou materiais para um curso de niacutevel institucional ou nacional O autor acrescenta

61

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

que de fato os membros da equipe podem adquirir enorme consciecircncia de todos os aspectos do

ensino e aprendizagem - bem como desenvolver habilidades que seratildeo extremamente uacuteteis em

suas experiecircncias (de ensino) futuras e adquirir confianccedila e autoestima - se for dado a esse grupo a

liberdade e os recursos para que compreendam e utilizem a sua proacutepria abordagem e quadros de

referecircncia (TOMLINSOM 2003a p 518)

O desenvolvimento profissional e pessoal para Tomlinsom (2003a p 518) seraacute ainda mais

eficiente se os membros da equipe participarem de todas as atividades de desenvolvimento - a

saber para o autor a anaacutelise das necessidades dos aprendizes a determinaccedilatildeo da abordagem

pedagoacutegica dos quadros de referecircncia para o desenvolvimento de materiais didaacuteticos e do syllabus

o esboccedilo e a experimentaccedilatildeo de amostras de unidades a revisatildeo do syllabus da abordagem e

dos quadros de referecircncia a busca e o desenvolvimento dos textos e a produccedilatildeo monitoramento

experimentaccedilatildeo revisatildeo e ediccedilatildeo dos materiais didaacuteticos

Aleacutem da ideia de que o processo de elaboraccedilatildeo de material didaacutetico pode ser tatildeo vaacutelido quanto o

seu produto no que diz respeito agrave formaccedilatildeo e agrave praacutexis quotidiana do professor de idiomas Tomlinsom

(2001 p 66) - pressupondo o uso de livro didaacutetico - lembra que avaliaccedilatildeo adaptaccedilatildeo e produccedilatildeo de

materiais didaacuteticos satildeo tarefas que esse professor deveraacute necessariamente saber realizar dado

que nenhum livro didaacutetico seraacute ideal para uma turma ou grupo

Observamos que o trabalho com Material Didaacutetico Virtual Livre se adeacutequa a toda essa variedade

de contextos que como mencionado permeia tambeacutem a praacutetica do professor de idiomas Seria

equivocado portanto imaginar que o trabalho com materiais didaacuteticos dessa natureza limita o

professor agrave funccedilatildeo de criar os proacuteprios materiais didaacuteticos ou de criar materiais originais a cada

situaccedilatildeo de ensino Tal afirmaccedilatildeo de fato seria incoerente para um tipo de material didaacutetico

essencialmente predisposto a se beneficiar da inteligecircncia coletiva como eacute o caso do Material

Didaacutetico Virtual Livre

Finalizada nossa proposta de reflexatildeo sobre a fase de Desenvolvimento do modelo ADDIE

(GAGNEacute et al 2005 ROTHWELL KAZANAS 2003 SEELS GLASGOW 1998 p 21 p 55

p 7 ) - bem como temas correlatos - concluiacutemos esta seccedilatildeo trazendo para debate as etapas de

Implementaccedilatildeo e Avaliaccedilatildeo previstas no modelo

A fase de Implementaccedilatildeo segundo Gagneacute et al (2005 p 34) pode se referir a dois momentos -

a saber a execuccedilatildeo do curso em si ou seja quando o curso se inicia para o puacuteblico-alvo e o uso

do material em testes por exemplo durante a prototipaccedilatildeo raacutepida Ademais Gagneacute et al (2005 p

34) apontam 5 (cinco) princiacutepios que devem ser observados na etapa de Implementaccedilatildeo Esses

princiacutepios se referem agraves dimensotildees de 1) gestatildeo de sistemas de aprendizagem 2) orientaccedilatildeo ao

estudante 3) mudanccedila de gestatildeo 4) condiccedilotildees do contexto de aplicaccedilatildeo e 5) planos de manutenccedilatildeo

do curso

Esses princiacutepios ndash apresentados e discutidos no QUAD 42 ndash contribuem para uma melhor

compreensatildeo da fase de Implementaccedilatildeo e consequentemente para nossa proposta de trabalho

com Material Didaacutetico Virtual Livre dado que adotamos o modelo ADDIE como um dos modelos

de referecircncia para o seu processo de produccedilatildeo Ressaltamos que no QUAD 42 os princiacutepios

se encontram em forma de recomendaccedilotildees ao designer instrucional Em nosso estudo conforme

discutido anteriormente consideramos tais recomendaccedilotildees - as quais devem ser vistas como

62

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 42 Princiacutepios a serem considerados na etapa de Implementaccedilatildeo - modelo ADDIE

1 Desenvolva um sistema de gestatildeo de aprendizagem que seja ade-quado aos requisitos do contexto Esse sistema pode ser simples ndashcomo a utilizaccedilatildeo de um diaacuterio de classe ndash ou complexo como umsistema de informaccedilatildeo que contem registros dos requisitos e neces-sidades de cada estudante competecircncias especiacuteficas adquiridas emcada uma das etapas de aprendizagem concluiacutedas hora e data deconclusatildeo de eventos de aprendizagem e programaccedilatildeo para eventosfuturos

2 Providencie suporte e orientaccedilatildeo aos estudantes - Em muitas situa-ccedilotildees os estudantes natildeo tem ideia clara do que seraacute esperado delesdas atividades que vatildeo acontecer ou como devem se preparar parao curso

3 Planeje suporte - Inclua meios de treinar os instrutores e promoversuporte necessaacuterio para que eles sejam facilitadores efetivos Edi-toras de livros didaacuteticos geralmente fornecem manuais do professorEsses materiais no entanto devem eventualmente ser adaptados(ou materiais novos devem ser criados) de modo que correspondammelhor aos objetivos do curso

4 Faccedila planos relacionados ao contexto de aplicaccedilatildeo - Deve-se con-siderar os aspectos do contexto de aplicaccedilatildeo que poderatildeo afetar aimplementaccedilatildeo do curso incluindo requisitos tecnoloacutegicos suportelocal para ensino a distacircncia se for o caso horaacuterios adequados paraas aulas disponibilidade de instrutores e potenciais conflitos noshoraacuterios dos alunos

5 Faccedila planos de manutenccedilatildeo do curso ndash programe-se para vaacuterios tiposde avaliaccedilatildeo para o monitoramento do conteuacutedo do curso visando aprecisatildeo e os prazos Observe continuamente a relevacircncia do cursopara os objetivos e requisitos de aprendizagem da organizaccedilatildeo emque se aplica a instruccedilatildeo

Fonte adaptado de Gagneacute et al (2005 p 32)

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Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

sugestotildees e natildeo como regras - direcionadas ao professor de idiomas envolvido no processo de

produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Enfim em linhas gerais a etapa de avaliaccedilatildeo figura como a uacuteltima etapa do modelo ADDIE

Contudo conforme Gagneacute et al (2005 p 35) a avaliaccedilatildeo ocorre em todo o processo e focaliza

aleacutem dos alunos os elementos do curso ndash tal como o curriacuteculo e os materiais didaacuteticos envolvidos ndash

e o processo em si

413 Modelo de Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas

O Modelo de Operaccedilatildeo Global de Ensino de Liacutenguas (ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO

2002 ALMEIDA FILHO 2010) consiste em uma tentativa de compreensatildeo da constituiccedilatildeo e do funci-

onamento da grande e complexa operaccedilatildeo de ensino-aprendizagem de uma LE(ALMEIDA FILHO

2010 p 20) considerando-se para isso a anaacutelise do processo de ensinar outras liacutenguas Esse

processo conforme sugere o autor envolve 4 (quatro) dimensotildees ou fases distintas intrinsecamente

relacionadas umas com as outras e influenciadas por uma dada abordagem ou seja a abordagem

de ensinar do professor Satildeo elas

1 o planejamento das unidades de um curso

2 a produccedilatildeo de materiais didaacuteticos ou a seleccedilatildeo deles

3 as experiecircncias na com e sobre a liacutengua-alvo realizadas com osalunos principalmente dentro mas tambeacutem fora da sala de aula e

4 a avaliaccedilatildeo de rendimento dos alunos (mas tambeacutem a proacutepria autoa-valiaccedilatildeo do professor e avaliaccedilatildeo dos alunos eou externa do trabalhodo professor)

(ALMEIDA FILHO 2010 p 17)

Tomando por base sua proposta de representaccedilatildeo graacutefica simplificada do modelo - a qual

apresentamos por meio da FIG 43 - em um comentaacuterio a respeito da sua dinacircmica Almeida Filho

(1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010) observa que alteraccedilotildees em uma das fases pode

causar mudanccedilas nas demais em cadeia em forma de movimentos proativos e retroativos ou seja

respectivamente para frente - da esquerda para a direita - e para traacutes - da direita para a esquerda

Segundo o autor por exemplo em uma situaccedilatildeo nova de ensino - ou seja aquela que comeccedila com

grupos para os quais natildeo havia provisotildees anteriores de ensino na L-alvo(ALMEIDA FILHO 2010 p

18) ou com grupos em que se abandonou as provisotildees anteriores em prol de uma nova proposta

- as fases podem ser trabalhadas ordenadamente da esquerda para a direita De modo anaacutelogo

alteraccedilotildees podem ser iniciadas em qualquer fase em situaccedilotildees em que jaacute estaacute posto um dado

ensino Em ambos os casos conforme Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho

(2010 p 18) mudanccedilas equilibradoras ocorreratildeo nas outras fases por meio dos jaacute mencionados

efeitos proativos e retroativos A esse respeito Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida

Filho (2010 p 18) acrescenta que satildeo sempre comuns contradiccedilotildees e conflitos ainda que todo o

sistema da operaccedilatildeo global seja de tipo rsquoecoloacutegicorsquo harmonizador(ALMEIDA FILHO 2010 p 18)

64

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Figura 43 Modelo da Operaccedilatildeo Global do Ensino de LiacutenguasFonte adaptado de Almeida Filho (2010 p 22)

De um modo geral segundo Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010

p 18) quanto mais agrave direita ocorrer uma alteraccedilatildeo maior efeito retroativo potencial ela teraacute sobre

as outras fases ou dimensotildees Quanto mais agrave esquerda maior seraacute o potencial proativo Contudo

conforme lembra Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010 p 18) o ponto -

ou fase - em que a alteraccedilatildeo ocorre tambeacutem pode ser relevante Dessa forma natildeo eacute garantido que

mudanccedilas em fases mais agrave esquerda garantam alteraccedilotildees agrave frente com o mesmo vigor Isso quer

dizer por exemplo segundo o autor que um planejamento novo pode natildeo contar com alteraccedilotildees

- ou adaptaccedilotildees - agrave frente adequadas - tais como materiais procedimentos e avaliaccedilotildees Em

contrapartida a suacutebita inserccedilatildeo de um novo sistema de avaliaccedilatildeo - ou seja mudanccedila a direita -

causaraacute uma demanda mais intensa de ajuste agrave esquerda dado que de acordo com Almeida Filho

(1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010 p 19) avaliaccedilotildees tem um grande poder de

controle institucional

Conforme mencionado no iniacutecio desta seccedilatildeo e representado na FIG 43 para Almeida Filho

(1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010 p 17) as etapas ou dimensotildees do processo de

ensinar uma liacutengua satildeo influenciados pela Abordagem de Ensinar do Professor a qual para o autor

tambeacutem poderaacute sofrer mudanccedilas ou rupturas profundas no decorrer do processo mediante reflexatildeo

e estudo(ALMEIDA FILHO 2010 p 19) por parte do professor Essa abordagem para o autor

exerce uma forccedila potencial que orienta as decisotildees e accedilotildees do professor ao longo do tempo nesse

processo de ensinar normalmente materializado na forma de sessotildees ou aulas (ALMEIDA FILHO

2010 p 17) Cabe mencionar que para Almeida Filho (2010 p 17) uma abordagem equivale a

um conjunto de disposiccedilotildees conhecimentos crenccedilas pressupostos eeventualmente princiacutepios sobre o que eacute linguagem humana LE e o que eaprender e ensinar uma liacutengua alvo Como se trata de educaccedilatildeo em liacutenguaestrangeira principiada em contextos formais escolares frequentemente taisdisposiccedilotildees e conhecimentos precisam abranger tambeacutem as concepccedilotildeesde homem ou pessoa humana de sala de aula e dos papeacuteis representadosde professor e de aluno de uma nova liacutengua (ALMEIDA FILHO 2010 p 17)

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Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Figura 44 Modelo Ampliado da Operaccedilatildeo Global do Ensino de LiacutenguasFonte Almeida Filho (2010 p 22)

Para Almeida Filho (2010 p 20) as concepccedilotildees de linguagem de aprender e ensinar uma liacutengua

alvo presentes em sua concepccedilatildeo de Abordagem de Ensinar do Professor mantem-se com a

mateacuteria prima das competecircncias dos professores(ALMEIDA FILHO 2010 p 20) ou seja as

competecircncias impliacutecita aplicada e profissional A primeira diz respeito as intuiccedilotildees crenccedilas e

experiecircncias sobre o que eacute ensinar que o professor possui (ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA

FILHO 2002 ALMEIDA FILHO 2010 p 21) A segunda eacute aquela que capacita o professor a

ensinar de acordo com o que sabe conscientemente(ALMEIDA FILHO 2010 p 21) ou seja

permite-lhe explicar de modo plausiacutevel porque ensina como ensina e porque obteacutem os resultados

que obteacutem A terceira por sua vez consiste em reconhecer seus deveres potencial e importacircncia

social no exerciacutecio do magisteacuterio na aacuterea de ensino de liacutenguas(ALMEIDA FILHO 2010 p 21)

Aleacutem da Abordagem do Professor Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho

(2010 p 21) reconhece outras forccedilas atuantes na construccedilatildeo do processo de ensino-aprendiza gem

as quais conforme notamos na representaccedilatildeo graacutefica ampliada do Modelo de Operaccedilatildeo Global de

Ensino de Liacutenguas (FIG 44) pairam sobre essa abordagem em uma correlaccedilatildeo direta Satildeo elas

os filtros afetivos do professor e dos aprendizes que envolvem ansiedades bloqueios motivaccedilatildeo

pressotildees dos grupos cansaccedilo fiacutesico e oscilaccedilotildees eventuais a abordagem de aprender do aluno a

abordagem de ensino subjacente ao material didaacutetico adotado e os valores desejados por outros no

contexto escolar - tais como a instituiccedilatildeo o diretor os outros professores liacutederes mais velhos eou

com maior poder na instituiccedilatildeo (ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA FILHO

2010 p 21)

Almeida Filho (1996 p 1) aprofunda suas reflexotildees sobre o Modelo de Operaccedilatildeo Global de

Ensino de Liacutenguas abordando a questatildeo (ou etapa) do planejamento de cursos de idiomas o qual

para ele geralmente materializa-se em um documento escrito e expliacutecito O autor confere ao tema

dessa vez um ponto de vista mais operativo e menos descritivo se comparado com Almeida Filho

66

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

(1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010) - citados e discutidos neste capiacutetulo Trata-se o

planejamento para o autor de uma atividade fundamental no processo de ensino de uma liacutengua

especialmente em se tratando de contexto formal Segundo Almeida Filho (1996 p 2) de maneira

restrita o planejamento - o qual geralmente materializa-se em um documento escrito e expliacutecito -

consiste no

processo ordenado e mapeado de decisotildees sobre inserccedilotildees de conteuacutedolinguiacutestico (amostras da liacutengua-alvo explicaccedilotildees generalizaccedilotildees sobreaspectos sistematizaacuteveis dessas amostras e automatizaccedilotildees eventuais)do tipo de processo que seraacute engendrado no curso e da reflexatildeo sobreas decisotildees e resultados das experiecircncias miacutenimas na e sobre a liacutengua-alvo num curso de liacutengua apresentado em forma de unidades de ensino-aprendizagem

(ALMEIDA FILHO 1996 p 2)

O planejamento portanto conforme Almeida Filho (1996 p 1) envolve a previsatildeo de conteuacutedos e

amostras da natureza das experiecircncias com e na liacutengua alvo e em consonacircncia com Stenhouse

(1975) a reserva de procedimentos e momentos para a reflexatildeo sobre o proacuteprio planejamento sobre

materiais procedimentos de aula e de avaliaccedilatildeo jaacute implementados Para Almeida Filho (1996 p 1) -

em sintonia com a visatildeo de Gagneacute et al (2005) a respeito do modelo instrucional ADDIE apresentada

e discutida neste capiacutetulo - o planejamento consiste em uma atividade sensiacutevel ao contexto jaacute que

eacute precedido - no acircmbito da Operaccedilatildeo Global de Ensino de Liacutenguas - pelo reconhecimento - almenos

- dos dados principais do contexto mais amplo em que se insere a situaccedilatildeo de ensino

Em adiccedilatildeo essa atividade prevecirc a explicaccedilatildeo dos pressupostos sobre liacutengualinguagem humana

e sobre ensinar e aprender liacutenguas com os quais o planejador pretende trabalhar (ALMEIDA FILHO

1996 VIANA 1997 p 1 p 33) sendo as suas decisotildees orientadas por uma abordagem de ensinar

liacutenguas e tomadas no sentido de alcanccedilar os objetivos reconhecidos dos aprendizes (ALMEIDA

FILHO 1996 VIANA 1997 p 2 p 33) Conforme lembra Viana (1997 p 33) a descoberta do

perfil dos aprendizes - a qual de fato eacute considerada como essencial - eacute realizada geralmente por

meio do levantamento de dados contextuais focalizando necessidades interesses expectativas e

eventuais fantasias [sobre a liacutengua] dos aprendizes(VIANA 1997 p 33)

Almeida Filho (1996) representa essa concepccedilatildeo de planejamento tambeacutem em termos de accedilotildees

para o planejador Satildeo elas

bull Interpretaccedilatildeo do contexto e antecedentes

bull Justificativa para aprender a liacutengua alvo

bull Definiccedilatildeo dos interesses e necessidades

bull Especificaccedilatildeo de niacuteveis ou ciclos

bull Alinhamento dos materiais meacutetodos e avaliaccedilotildees

bull Definiccedilatildeo dos objetivos

bull Definiccedilatildeo das unidades

bull Avaliaccedilatildeo interna (do planejamento) e momento de reflexatildeo

67

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

(ALMEIDA FILHO 1996)

Compreendemos que Almeida Filho (1996) materializa a ideia de planejamento aplicando em

algumas momentos um vieacutes relativo agrave abordagem comunicativa ou seja o que podemos reconhecer

como dimensatildeo comunicativa Isso acontece por exemplo quando sugere que as categorias Recorte

Comunicativo e Funccedilotildees (comunicativas) sejam consideradas para a atividade de Especificaccedilatildeo

de Unidades (ALMEIDA FILHO 1996 p 11) Natildeo obstante consideramos que o seu conceito

de planejamento pode ser abstraiacutedo de modo que outras abordagens possam ser materializadas

conforme uma dada Abordagem de Ensinar - em consonacircncia com a concepccedilatildeo do Modelo Global

de Ensino de Liacutenguas Assim o tomamos em nosso debate e em nossa praacutetica de produccedilatildeo de

Material Didaacutetico Virtual Livre Com efeito lanccedilamos matildeo do arcabouccedilo teoacuterico relativo a esse

conceito com o cuidado de natildeo impor a visatildeo de que o planejamento deve ser feito necessariamente

pelo vieacutes da abordagem comunicativa

A partir da anaacutelise da concepccedilatildeo de planejamento (ALMEIDA FILHO 1996) consideramos

plausiacutevel dizer que o Modelo de Operaccedilatildeo Global de Ensino de Liacutenguas (ALMEIDA FILHO 1993

ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA FILHO 2010) - tal qual o modelo ADDIE (GAGNEacute et al 2005

ROTHWELL KAZANAS 2003 SEELS GLASGOW 1998 p 21 p 55 p 7) - pode ser considerado

como um modelo instrucional baseado na metodologia de resoluccedilatildeo de problemas de performance

humana (ROTHWELL KAZANAS 2003 p 35) sendo nesse caso dirigido a problemas de ordem

instrucional Essa constataccedilatildeo se justifica na medida em que - baseados na concepccedilatildeo de problemas

de performance humana apresentada por Rothwell e Kazanas (2003 p 35) discutida na seccedilatildeo

412 deste capiacutetulo - consideramos que o delineamento do perfil do contexto para o qual a instruccedilatildeo

seraacute projetada pode estabelecer uma discrepacircncia em relaccedilatildeo aos objetivos que seratildeo definidos

para uma dada situaccedilatildeo de ensino e aprendizagem de liacutenguas Em outras palavras constatamos

a possibilidade de estabelecimento de uma discrepacircncia - ou problema - entre um estado vigente

(estado de Condiccedilatildeo) - ou seja as competecircncias e saberes relacionados agrave liacutengua alvo vigentes - e um

estado ideal (estado de Criteacuterio) representado pelas competecircncias e saberes relacionados agrave liacutengua

alvo que se espera que os aprendizes alcancem com o apoio de um dado contexto instrucional

Em adiccedilatildeo percebemos que a concepccedilatildeo do Modelo de Operaccedilatildeo Global de Ensino de Liacutenguas

bem como da accedilatildeo de planejamento refletem as conclusotildees a que chegam Richards e Renandya

(2002 p 65) e Finney (2002 p 74) apoacutes estudo comparado entre modelos de planejamento de

curriacuteculo syllabus e materiais didaacuteticos no acircmbito do ensino e aprendizagem de liacutenguas Com efeito

segundo Richards e Renandya (2002 p 65)

os processos de desenvolvimento de curriacuteculo e de design de syllabus noacircmbito do ensino de liacutenguas geralmente envolvem a avaliaccedilatildeo das necessi-dades dos aprendizes em um dado programa de liacutengua o desenvolvimentode metas e objetivos o planejamento do syllabus a seleccedilatildeo de abordagensde ensino e de materiais didaacuteicos e a decisatildeo sobre procedimentos ecriteacuterios de avaliaccedilatildeo

(RICHARDS RENANDYA 2002 p 65)

Para Finney (2002 p 74) natildeo obstante a miriacuteade de modelos destacam-se como aspectos

centrais a anaacutelise de necessidades a ecircnfase no processo e no produto o foco no aprendiz e na

68

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

aprendizagem a avaliaccedilatildeo de cada estaacutegio e a necessidade de interaccedilatildeo e integraccedilatildeo entre os

diferentes aspectos do design e da implementaccedilatildeo de processos

Concluiacutemos os debates sobre o Modelo de Operaccedilatildeo Global de Ensino de Liacutenguas relacionando-

o - conforme Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010) - com as propostas de

Anthony (1963) e Richards e Rodgers (1982) as quais se referem agrave querela sobre a definiccedilatildeo dos

termos abordagem meacutetodo metodologia e teacutecnica estabelecida no campo da Linguiacutestica Aplicada

em especial no que se refere ao ensino de liacutenguas estrangeiras

Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010 p 20) reconhece que Anthony

(1963) se esforccedilou no sentido de esclarecer a confusatildeo terminoloacutegica ao apresentar em 1963 a

sua hoje claacutessica e pioneira(ALMEIDA FILHO 2010 p 20) hierarquia entre os termos abordagem

meacutetodo e teacutecnica De fato conforme Richards e Rodgers (1982 p 15) no modelo de Anthony abor-

dagem se refere ao niacutevel no qual hipoacuteteses e crenccedilas sobre o que eacute liacutengua e o que eacute aprendizagem

de liacutenguas satildeo especificadas meacutetodo eacute o niacutevel em que a teoria eacute colocada em praacutetica e em que

satildeo feitas escolhas sobre habilidades e conteuacutedos seratildeo trabalhados - bem como sobre a ordem de

apresentaccedilatildeo dos conteuacutedos Teacutecnica enfim consiste no niacutevel em que procedimentos de sala de

aula satildeo descritos (RICHARDS RODGERS 1982 p 15)

Richards e Rodgers (1982) por sua vez conforme Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002)

Almeida Filho (2010 p 19) retomam a questatildeo concebendo meacutetodometodologia no topo da hierar-

quia e subordinando a eles os conceitos de abordagem planejamento (design) 26 e procedimento

(teacutecnica) no mesmo niacutevel (ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA FILHO 2010

p 19) Com efeito Richards e Rodgers (1982 p 154) em oposiccedilatildeo agrave proposta terminoloacutegica

de Anthony (1963) preferem considerar meacutetodo como um termo geneacuterico para a especificaccedilatildeo e

interrelaccedilatildeo entre teoria e praacutetica(RICHARDS RODGERS 1982 p 154) e raciocinar em termos

de abordagem design e procedimentos Para os autores

() abordagem define as concepccedilotildees crenccedilas e teorias sobre a naturezada linguagem as quais operam como construto axiomaacutetico ou pontosde referecircncia e provem fundamento teoacuterico para o que os professoresde liacutenguas em uacuteltima anaacutelise fazem com os alunos em sala de aula() design especifica a relaccedilatildeo entre teorias sobre linguagem e sobreaprendizagem agrave forma e agrave funccedilatildeo das atividades e dos materiais no contextoinstrucional () o procedimento emfim compreende as teacutecnicas e praacuteticasde sala de aula as quais satildeo consequecircncias de determinados designs eabordagens

(RICHARDS RODGERS 1982 p 154)

Cabe lembrar que ao propor mudanccedilas no arcabouccedilo de Anthony (1963) Richards e Rodgers (1982)

tem como meta o estabelecimento de um quadro que possa ser utilizado para descrever avaliar e

comparar meacutetodos de ensino de liacutenguas (RICHARDS RODGERS 1982 p 164) frente agrave - entatildeo -

proliferaccedilatildeo de meacutetodos de ensino de liacutenguas (RICHARDS RODGERS 1982 p 153)

Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010) estabelece pelo menos trecircs

pontos de divergecircncia entre os trecircs arcabouccedilos teoacutericos O primeiro ponto consiste no fato de que

26Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010) prefere traduzir os termos design etechnique (RICHARDS RODGERS 1982) como planejamento e procedimento respectivamente

69

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

para Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010 p 20) Anthony (1963) e

Richards e Rodgers (1982) a rigor natildeo trabalham com um modelo teoacuterico articulado - tal qual o

Modelo de Operaccedilatildeo Global de Ensino de Liacutenguas - e sim com um arcabouccedilo fixo de posiccedilotildees

conceituais(ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA FILHO 2010 p 20) Ele

ressalta que Anthony (1963) e Richards e Rodgers (1982) natildeo prevem os movimentos proativo e

retroativo - ao contraacuterio do Modelo de Operaccedilatildeo Global de Ensino de Liacutenguas o qual conforme

discutido nesta seccedilatildeo prevecirc um movimento ordenado da esquerda para a direita (ou vice versa)

e de cima para baixo considerando-se a atuaccedilatildeo da abordagem dominante O segundo ponto diz

respeito ao fato de que Richards e Rodgers (1982) natildeo faz discriminaccedilatildeo entre planejamento de

cursos e sua materializaccedilatildeo em unidades de material didaacutetico na fase que chama de planejamento

Aleacutem disso o autor natildeo considera uma fase de avaliaccedilatildeo O terceiro e uacuteltimo ponto se refere a

constataccedilatildeo de que Anthony (1963) e Richards e Rodgers (1982) natildeo prevem a possiblidade de

ruptura na abordagem de ensinar do professor por meio de reflexatildeo sobre o processo de ensino e

aprendizagem

A esse respeito consideramos oportuno lembrar que cada um dos autores - a saber Anthony

(1963) Richards e Rodgers (1982) e Almeida Filho (1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho

(2010) - propotildeem seus respectivos quadros teoacutericos a partir de objetivos e contextos diferentes

Dessa forma associamos os modelos de Anthony (1963) Richards e Rodgers (1982) e Almeida Filho

(1993) Almeida Filho (2002) Almeida Filho (2010) respectivamente a um contexto histoacuterico cuja

demanda estava em estabelecer os primeiros passos na sistematizaccedilatildeo dos conceitos relativos ao

ensino aprendizagem de liacutenguas considerando-se o campo da Linguiacutestica Aplicada 27 a proliferaccedilatildeo

de meacutetodos e agrave busca do meacutetodo ideal 28 e enfim a predominacircncia e a valorizaccedilatildeo da abordagem

comunicativa como referecircncia para o ensino de liacutenguas 29

414 Modelo de Elaboraccedilatildeo de Materiais Didaacuteticos de Ensino de Liacuten-

guas

Jolly e Bolitho (1998 p 90) apresentam e discutem o Modelo de Elaboraccedilatildeo de Materiais Didaacuteticos

Trata-se de um modelo instrucional cujo objetivo eacute de fato o de representar o processo de elaboraccedilatildeo

de materiais didaacuteticos para o contexto de ensino e aprendizagem de liacutenguas Ele eacute composto por

seis atividades nucleares representadas pela FIG 45 - a saber identificaccedilatildeo da demanda para

produccedilatildeo do material didaacutetico identificaccedilao da necessidade de investigaccedilatildeo teoacuterica efetivaccedilatildeo

contextual efetivaccedilatildeo pedagoacutegica produccedilatildeo uso e avaliaccedilatildeo - as quais encontram reflexo direto em

demandas locais advindas do contexto de ensino e aprendizagem de idiomas conforme argumentam

os autores

A demanda - problema ou necessidade relativa ao acircmbito do ensino e aprendizagem de liacutenguas

- pode ser exemplificada conforme Jolly e Bolitho (1998 p 90) pela constataccedilatildeo de que o livro

27O debate sobre a situaccedilatildeo da Linguiacutestica Aplicada no seacuteculo XX pode ser vista em Richards e Rodgers(1982 p 14)

28De acordo com Richards e Rodgers (1982 p 1)29Conforme Richards e Renandya (2002 p 65) existe uma predominacircncia da abordagem comunicativa na

deacutecada de 1980

70

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Figura 45 Modelo de Elaboraccedilatildeo de Materiais Didaacuteticos de Ensino de LiacutenguasFonte adaptado de Jolly e Bolitho (1998 p 98)

didaacutetico em uso - considerando-se um determinado grupo - natildeo apresenta textos autecircnticos ou

atividades especiacuteficas tais quais atividades de leitura e produccedilatildeo escrita Uma vez constatada

a demanda por esses tipos de textos e atividades - as quais o livro didaacutetico natildeo contempla - o

professor se encontra perante a tarefa de elaborar materiais didaacuteticos de modo a supri-la Estaacute

posta desse modo a fase de identificaccedilatildeo de demanda para produccedilatildeo de material didaacutetico (JOLLY

BOLITHO 1998 p 90)

Apoacutes identificar a demanda o professor poderaacute se deparar com conteuacutedos (significados funccedilotildees

habilidades etc) que natildeo domina ou que precisam ser revistos Jolly e Bolitho (1998 p 91) trazem

como exemplo as noccedilotildees sobre o uso de palavras da liacutengua inglesa - tais como nought nil nothing

zero o - cujo uso pode causar duacutevidas para os aprendizes dessa liacutengua De fato ao perceber que

precisa rever os toacutepicos em termos teoacuterico o professor estaacute no acircmbito da fase de identificaccedilatildeo da

necessidade de investigaccedilatildeo teoacuterica segundo Jolly e Bolitho (1998 p 91)

A efetivaccedilatildeo contextual dos novos materiais propostos estaacute relacionada agrave busca de ideias con-

textos e textos apropriados a uma determinada turma Dessa forma conforme Jolly e Bolitho (1998

p 92) poderaacute haver um problema de efetivaccedilatildeo contextual caso sejam utilizadas atividades que

apresentem temas discrepantes com a realidade local como por exemplo o debate sobre problemas

relativos agrave neve ou agraves manhatildes geladas em atividades dirigidas a paiacuteses tropicais (JOLLY BOLITHO

1998 p 92) Encontramos consonacircncia com o ponto de vista dos autores nas recomendaccedilotildees

e consideraccedilotildees culturais dirigidas aos professores de liacutengua inglesa de Alberta Canadaacute Com

efeito ALBERTA EDUCATION (2007 p 35) recomenda que os professores aprendam sobre o

conhecimento cultural e linguiacutestico preacutevio dos alunos estrangeiros com os quais vatildeo trabalhar que

tenham sensibilidade poliacutetica com relaccedilatildeo a esse puacuteblico - dada a possibilidade de surgimento

de conflitos poliacuteticos pregressos ao se tocarem em determinados assuntos e que evitem visotildees

esteriotipadas sobre a sua cultura de origem

Concordamos com os autores quando chamam a atenccedilatildeo para a adequaccedilatildeo entre os temas

propostos e os contextos locais dos aprendizes Entretanto consideramos plausiacutevel tambeacutem

71

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 43 Quadro comparativo entre os modelos ADDIE Operaccedilatildeo Global de Ensino deLiacutenguas e Quadro de Elaboraccedilatildeo de Material Didaacutetico para o Ensino de Liacutenguas

ADDIE (GAGNE et al

2005 ROTHWELL e KA-

ZANAS 2003 SEELS e

GLASGOW 1998)

OPERACcedilAtildeO GLO-BAL DE ENSINODE LIacuteNGUAS(ALMEIDA FILHO (1993

2002 2010)

QUADRO DEELABORACcedilAtildeODE MATERIALDIDAacuteTICO PARAO ENSINO DELIacuteNGUAS (JOLLY e

BOLITHO 1998)

CONTEXTO INS-TRUCIONAL

Geral Ensino de liacutenguas Ensino de liacutenguas

PERSPECTIVAPREDOMI-NANTE

Teoacuterico-operativa Descritiva Teoacuterico-operativa

PRODUTO OUFOCO PRINCI-PAL

Percurso de en-sino e aprendiza-gem

Percurso de en-sino e aprendiza-gem

Material didaacutetico

BASE METODO-LOacuteGICA OPE-RACIONAL

Resoluccedilatildeo de pro-blemas instrucio-nais e sensibili-dade ao contexto

Resoluccedilatildeo de pro-blemas instrucio-nais e sensibili-dade ao contexto

Resoluccedilatildeo de pro-blemas instrucio-nais e sensibili-dade ao contexto

DINAcircMICA Ordem de fasespre-estabelecidamas o processopode inciar emqualquer umade acordo com ademanda

Ordem de fasespre-estabelecidaMovimentaccedilatildeoproativa e retro-ativa Modeloharmonizador ouecoloacutegico

Ordem de fasespre-estabelecidamas o processopode inciar emqualquer umade acordo com ademanda

72

Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

momentos em que satildeo explorados em sala de aula temas relativos agrave cultura alvo que podem natildeo

corresponder agrave cultura local dos aprendizes dada a relevacircncia da compreensatildeo dessa cultura alvo

em se tratando de aprendizagem de uma liacutengua estrangeira a ela associada Compreendemos que

caberaacute ao professor a sensibilidade para abordaacute-los - e quando necessaacuterio elaborar os materiais

didaacuteticos correspondentes - sem perder de vista a noccedilatildeo de efetivaccedilatildeo contextual

Compotildeem ainda o modelo descrito e debatido em Jolly e Bolitho (1998 p 90) a efetivaccedilatildeo

pedagoacutegica a produccedilatildeo fiacutesica do material didaacutetico o seu uso e avaliaccedilatildeo

A efetivaccedilatildeo pedagoacutegica do material didaacutetico diz respeito agrave busca por atividades e agrave elaboraccedilatildeo

apropriadas Dessa forma uma efetivaccedilatildeo pedagoacutegica falha pode ser constatada por exemplo

conforme Jolly e Bolitho (1998 p 93) quando se percebe que o material didaacutetico natildeo estaacute claro o

suficiente a ponto de levar o aluno ao erro ou ao fracasso na realizaccedilatildeo da atividade Os autores

lembram que a escrita eficiente das instruccedilotildees das atividades propostas tem papel decisivo na

efetivaccedilatildeo pedagoacutegica (JOLLY BOLITHO 1998 p 93)

A preocupaccedilatildeo com a produccedilatildeo fiacutesica do material didaacutetico envolve consideraccedilotildees sobre o seu

layout Jolly e Bolitho (1998 p 95) lembram que aparecircncia fiacutesica do material estaacute relacionada agrave sua

efetividade e agrave motivaccedilatildeo dos aprendizes Os autores citam como exemplo de falha relativa a esse

aspecto a confusatildeo provocada por imagens de qualidade ruim e a desmotivaccedilatildeo advinda de uma

maacute organizaccedilatildeo dos espaccedilos entre os elementos de uma paacutegina de um livro didaacutetico

Enfim Jolly e Bolitho (1998 p 96) lembram que o uso eacute uma oportunidade para equacionar o

material didaacutetico com as necessidades que motivaram a sua produccedilatildeo criando contexto propiacutecio

para sua avaliaccedilatildeo Essa avaliaccedilatildeo de fato em linhas gerais consiste para Jolly e Bolitho (1998

p 95) na tentativa de constatar se o material corresponde agraves demandas locais - ou se deve ser

descartado ou adaptado Ademais para os autores a avaliaccedilatildeo pode ser vista como elementos

motivador da dinamicidade do processo de elaboraccedilatildeo de materiais didaacuteticos dado que impulsiona

a revisitaccedilatildeo das outras atividades - a dinacircmica do processo estaacute representada na FIG 45 pelas

setas Para Jolly e Bolitho (1998 p 96) o processo de elaboraccedilatildeo de materiais didaacuteticos eacute dinacircmico

e autoajustaacutevel

Concluiacutemos esta subseccedilatildeo apresentando um quadro comparativo (QUAD 43)que relaciona os

trecircs modelos descritos e analisados neste capiacutetulo - os quais conforme mencionado tomamos como

referecircncia para a produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em nossa pesquisa de doutoramento e

em nossa praacutetica Satildeo eles o modelo ADDIE (GAGNEacute et al 2005 ROTHWELL KAZANAS 2003

SEELS GLASGOW 1998 p 21 p 55 p 7 ) o modelo da Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas

(ALMEIDA FILHO 1993 ALMEIDA FILHO 2002 ALMEIDA FILHO 2010 p 18) e o Quadro para

Escrita de Material Didaacutetico de Liacutenguas (JOLLY BOLITHO 1998 p 90) O quadro comparativo

(QUAD 43) traz as caracteriacutesticas dos modelos que consideramos baacutesicas

73

A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre

42 A busca por insumos livres beneficiando-se da Cul-

tura Livre

Nesta seccedilatildeo apresentamos a teacutecnica por meio da qual o professor-autor de Materiais Didaacuteticos

Virtuais Livres poderaacute obter insumos livres (textos sons imagem etc) Ela foi experimentada

em todos os contextos de produccedilatildeo de materiais didaacuteticos dessa natureza no decorrer de nossa

pesquisa

Conforme discutido no capiacutetulo 1 desta tese uma das caracteriacutesticas do Material Didaacutetico Virtual

Livre que do nosso ponto de vista permite-nos atribuir-lhe especificidade ndash em relaccedilatildeo aos demais

tipos de materiais didaacuteticos ndash e classificaacute-lo como livre consiste na utilizaccedilatildeo de insumos livres

em sua composiccedilatildeo ou seja insumos registrados sob uma Licenccedila Livre tal qual definido pela

Freedomdefined (sd)

Adotamos a proposta da organizaccedilatildeo natildeo governamental Creative Commons como referecircncia

para nossos trabalhos Essa organizaccedilatildeo propotildee - como debatido no capiacutetulo 1 desta tese - um

conjunto de 6 (seis) licenccedilas flexiacuteveis (QUAD 13) cuja funccedilatildeo eacute identificar e descrever as permissotildees

de utilizaccedilatildeo que os autoresartistas desejam atribuir aos seus respectivos trabalhos

Cabe lembrar que consideramos em conformidade com Faria (2011 p 26) - que nem to-

das as licenccedilas do conjunto Creative Commons podem ser classificadas como Licenccedilas Livres

(FREEDOMDEFINED sd) De fato a presenccedila dos atributos Uso natildeo comerciale Natildeo a obras

derivadassubtraem esse status Consequentemente consideramos que a utilizaccedilatildeo de insumos

com licenccedilas flexiacuteveis que apresentam um desses atributos conferem ao material didaacutetico virtual a

condiccedilatildeo de Livre com Algumas Restriccedilotildees 30

Em termos praacuteticos insumos com licenccedilas Creative Commons podem ser obtidos na Internet

(websites foacuteruns blogs redes sociais etc) Ademais esse insumo pode ser encontrado e even-

tualmente classificado em websites ou repositoacuterios especiacuteficos tais como o Jamendo (sd) 31 e

o Flickr (sd) respectivamente especializados em muacutesica e imagens Caberaacute ao professor que

pretende elaborar materiais didaacuteticos virtuais livres acessar tais espaccedilos virtuais identificar o tipo de

licenccedila atribuiacuteda ao insumo e avaliar se a licenccedila poderaacute ser utilizada em seu material didaacutetico de

modo a caracterizaacute-lo como Livre ou como Livre com Algumas Restriccedilotildees respeitando as liberdades

atribuiacutedas pelos autores dos insumos

O processo de localizaccedilatildeo de insumos livres pode ser otimizado por meio da utilizaccedilatildeo de

mecanismos de busca especiacuteficos ndash como o mecanismo de busca interno do jaacute citado Flickr filtros de

busca especializados disponibilizados em motores de busca convencionais ndash como o motor de busca

do SPINXPRESS (sd) 32 ou ainda pela utilizaccedilatildeo de programas especiacuteficos de compartilhamento

de arquivos ndash como o programa SPINXPRESS (sd) 33

A FIG 46 apresenta uma ferramenta disponibilizada na paacutegina da organizaccedilatildeo natildeo governa-

mental Creative Commons que auxilia o usuaacuterio a localizar insumos licenciados por meio do seu

30A relaccedilatildeo entre Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres com AlgumasRestriccedilotildees e suas respectivas licenccedilas pode ser vista no capiacutetulo 1 e estaacute mapeado no QUAD 14

31httpwwwjamendocom32httpwwwgooglecombr33httpwwwspinxpresscom

74

A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre

Figura 46 Ferramenta de busca do Creative Commons - tela principalFonte adaptado de CREATIVE COMMONS (sd)

conjunto de licenccedilas a partir de palavras chave Ele solicita a indicaccedilatildeo do repositoacuterio ndash para o qual

apontaraacute a pesquisa ndash e permite que esse usuaacuterio especifique as caracteriacutesticas da licenccedila desejada

Ademais o usuaacuterio poderaacute indicar se deseja encontrar insumos cujos autores permitem o uso para

fins comerciais eou modificaccedilatildeo adaptaccedilatildeo ou uso em outras obras

De fato o usuaacuterio poderaacute buscar insumos por exemplo relacionados ao Palio di Siena ou agrave

Divina Commedia Para tanto ele poderaacute utilizar as expressatildeo Palio di Siena ou Divina Commedia

indicando que deseja apontar sua busca para o repositoacuterio Jamendo Ao escolher esse repositoacuterio

ele tem consciecircncia de que encontraraacute em caso de busca bem sucedida muacutesicas ou viacutedeos

relacionados agraves expressotildees indicadas dado que o Jamendo eacute um repositoacuterio especializado nesse

tipo de insumo A busca poderaacute ser ainda mais especiacutefica se o usuaacuterio por exemplo marcar a opccedilatildeo

de filtragem ldquomodificar adaptar ou usar noutras obrasrdquo referente ao insumo

Ressaltamos que a utilizaccedilatildeo dessa ferramenta natildeo isenta o usuaacuterio da tarefa de observar se os

insumos encontrados estatildeo realmente licenciados de acordo as especificaccedilotildees da busca Segundo

CREATIVE COMMONS BRASIL (sd)

Note por favor que a searchcreativecommonsorg natildeo eacute um motor depesquisa Pelo contraacuterio oferece uma forma conveniente de acesso aserviccedilos de pesquisa disponibilizados por outras entidades independentesA CC natildeo tem qualquer controle sobre os resultados Natildeo assuma queos resultados apresentados pela pesquisa neste portal foram licenciadoscom uma licenccedila CC Deve verificar sempre que a obra estaacute efectivamentelicenciada com uma licenccedila CC seguindo o respectivo link Dado que parautilizar uma licenccedila CC natildeo eacute necessaacuterio qualquer registo a CC natildeo dispotildeede nenhuma forma de determinar o que foi ou natildeo foi disponibilizado nostermos de uma licenccedila CC Se tiver qualquer duacutevida a este respeito devecontactar directamente o detentor dos direitos de autor ou tentar contactar

75

A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre

Figura 47 Documentaccedilatildeo de insumos identificaccedilatildeo da licenccedila de uma imagemFonte adaptado de Flickr (sd)

o site onde encontrou o conteuacutedo (CREATIVE COMMONS BRASIL sd)

Tomamos essa ressalva como recomendaccedilatildeo geral para o processo de produccedilatildeo de Material

Didaacutetico Virtual Livre Recomendamos essa avaliaccedilatildeo ad hoc por parte do professor-autor mesmo

que se trate de uma pesquisa feita por intermediaccedilatildeo de qualquer outro canal Deve-se ter consci-

ecircncia de que nesse caso natildeo estaacute em jogo apenas a questatildeo da postura eacutetica profissional mas

tambeacutem a possibilidade de puniccedilatildeo legal pelo uso indevido de insumos cujas liberdades de utilizaccedilatildeo

foram estabelecidas por licenccedilas Creative Commons Vale lembrar que conforme Gabriel (2013

p 49) e CREATIVE COMMONS BRASIL (sd) essas licenccedilas jaacute foram traduzidas e adaptadas agrave

legislaccedilatildeo de vaacuterios paiacuteses - dentre os quais o Brasil - e que o seu uso indevido pode ser julgado

como violaccedilatildeo de direitos autorais

Recomendamos que o professor-autor de Materiais Didaacuteticos Virtuais Livres - ou Livres com

Restriccedilotildees - lance matildeo de registros pessoais datados - aleacutem da disponibilizaccedilatildeo da fonte de

dados no proacuteprio material didaacutetico com as condiccedilotildees originais de licenciamento dos trabalhos

subjacentes como discutido no capiacutetulo 1 e citado na Tabela 15 desta tese - por meio dos quais

poderaacute comprovar as liberdades estabelecidas para os insumos utilizados em suas sequencias

didaacuteticas livres resguardando-se legalmente Essa documentaccedilatildeo pode ser feita por exemplo por

meio da captaccedilatildeo de imagens em que apareccedilam o conteuacutedo e a respectiva licenccedila A FIG 47

apresenta uma tela em que constam os dados de licenciamento de uma imagem A letra (A) na FIG

47 indica a licenccedila atribuiacuteda agrave imagem Nesse caso trata-se de uma licenccedila Creative Commons ndash

Atribuiccedilatildeo natildeo comercial - Compartilha igual

Nas seccedilotildees subsequentes apresentamos alguns exemplos reais de buscas de insumos livres

Natildeo eacute nossa intenccedilatildeo apresentar todos os recursos e repositoacuterios especializados em conteuacutedo com

76

A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre

Figura 48 Flikr - Tela de busca manual de imagens com licenccedilas Creative CommonsFonte adaptado de Flickr (sd)

licenccedila Creative Commmons mas sim ilustrar melhor algumas possibilidades de busca Trazemos

como exemplos buscas realizadas a partir de temas aleatoacuterios da cultura italiana utilizando os

repositoacuterios Flickr e Jamendo bem como o filtro do motor de busca do Google e o programa de

compartilhamento especializado Spinxpress

421 Busca de insumos livres com o Flickr imagens

O Flickr eacute um site de gerenciamento e compartilhamento de imagens que oferece a possibilidade de

armazenar e buscar imagens com licenccedila Creative Commons configurando-se dessa forma como

um repositoacuterio de imagens com licenccedilas flexiacuteveis

A partir do site eacute possiacutevel empreender buscas manuais e mecacircnicas As buscas manuais

ou seja sem o auxiacutelio de mecanismos de busca podem ser feitas pela paacutegina intitulada Explo-

rarCreative Commons(FIG 48) cujo acesso se daacute pelo item Explorardo seu menu principal

do Flickr O usuaacuterio ao abrir a paacutegina poderaacute manualmente explorar as imagens as quais se

apresentam organizadas de acordo com os 6 (seis) tipos de licenccedilas propostas pela organizaccedilatildeo

natildeo governamental Creative Commons A FIG 48 apresenta 2 (duas) das 6 (seis) categorias ndash a

saber as categorias Atribuiccedilatildeoe Atribuiccedilatildeo - natildeo a obras derivadas

As buscas automaacuteticas por sua vez podem ser empreendidas com o motor de busca interno

disponibilizado na mesma paacutegina ExplorarCreative Commons A FIG 49 mostra as primeiras 28

(vinte e oito) fotos de um total de 4829 (quatro mil oitocentos e vinte e nove) referenciadas pelo

termo chiesa cujas liberdades estatildeo representadas pela licenccedila Creative Commons ndash Atribuiccedilatildeo

A partir das paacuteginas de resultados o usuaacuterio poderaacute selecionar a imagem desejada clicando

sobre ela e em seguida proceder com a confirmaccedilatildeo do tipo de licenccedila Selecionamos como

exemplo a imagem de uma igreja do povoado de Cittagrave Nova em Moacutedena Itaacutelia (FIG 410)

77

A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre

Figura 49 Flickr resultado de busca de imagens Creative Commons ndash Atribuiccedilatildeo com otermo chiesa

Fonte adaptado de Flickr (sd)

Identificamos ao acessar a imagem que a foto eacute de autoria de Roberto Ferrari e que ela foi tirada

no dia 4 de junho de 2006 (FIG 410 - A) com uma maacutequina fotograacutefica modelo Canon PowerShot

G6 (FIG 410 - A) Confirmamos ainda que o autor da foto atribuiu uma licenccedila Creative Commons

ndash Atribuiccedilatildeo-CompartilhaIgual (FIG 410 - B)

Essa licenccedila permite que a foto seja reproduzida distribuiacuteda e adaptada mesmo que para

fins comerciais desde que a autoria da foto seja mencionada nos trabalhos derivados e que tais

trabalhos sejam licenciados com a mesma licenccedila da foto

422 Busca de insumos livres com o SpinXpress miacutedias em geral

O Spinxpress consiste em um projeto que viabiliza a elaboraccedilatildeo de trabalhos envolvendo miacutedias

Ele tem como meta a disponibilizaccedilatildeo de ferramentas para busca e compartilhamento de miacutedias

de qualquer tamanho tipo ou licenccedilas incluindo o conjunto de licenccedilas Creative Commons A

procura por miacutedias livres pode ser feita no proacuteprio site do projeto com o auxilio de um mecanismo de

busca intitulado Get Media ou por meio de um programa de compartilhamento de arquivos instalado

localmente O mecanismo de busca online (FIG 411) permite que o usuaacuterio escolha o tema o

tipo de licenccedila e de miacutedia desejados bem como a fonte de pesquisa De fato aleacutem de cobrir o

proacuteprio repositoacuterio o mecanismo de busca varre tambeacutem repositoacuterios e paacuteginas externas Conforme

declarado no proacuteprio site o Get Media busca em

1 Repositoacuterios - tais como o The Internet Archive 34 o Flickr e o bliptv35

34httparchiveorgindexphp35httpwwwbliptv

78

A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre

Figura 410 Flickr resultado de busca de imagens Creative Commons ndash Atribuiccedilatildeo com otermo chiesa uma igreja em Citta Nova Moacutedena Itaacutelia

Fonte adaptado de Flickr (sd)

2 Bancos de dados armazenados e atualizados constantemente peloSPINXPRESS (sd) e pelo Magnatune (sd) 36 e

3 Feeds RSS incluindo o ccMixter CCHits e o Freelog

(SPINXPRESS sd)

O programa de compartilhamento de arquivos do SpinXpress - cujo download pode ser feito no

site do projeto - permite que o usuaacuterio distribua e procure miacutedias com licenccedila Creative Commons

A FIG 412 mostra os resultados de uma busca que realizamos com a expressatildeo italiana musica

leggera Cabe mencionar que a versatildeo do programa de compartilhamento do SpinXpress que

utilizamos nesta busca natildeo oferece a possibilidade de filtragem pelo tipo de licenccedila Entre os

programas e aplicativos estudados e utilizados em nossa pesquisa percebemos que esse foi o

menos eficiente em termos de localizaccedilatildeo de insumos livres De fato a expressatildeo musica leggera

apresentou-nos apenas 4 (quatro) arquivos como resultado (FIG 412 - A) sendo esses registrados

com a licenccedilas Creative Commons - Atribuiccedilatildeo - Uso natildeo comercial - ou seja como discutido no

capiacutetulo 1 desta tese uma licenccedila que apesar de flexiacutevel seraacute considerada natildeo livre

As informaccedilotildees sobre os arquivos encontrados podem ser vistas ao se posicionar sobre eles

o ponteiro do mouse Como indicado na FIG 412 ao fazecirc-lo apareceraacute um quadro (FIG 412 -

B) com as informaccedilotildees Trata-se conforme mencionamos de um arquivo de muacutesica cuja licenccedila

permite a sua reproduccedilatildeo distribuiccedilatildeo e adaptaccedilatildeo desde que natildeo seja para fins comerciais e que

a sua autoria seja declarada nos trabalhos derivados Vale lembrar que a utilizaccedilatildeo desse insumo -

consideramos - atribui o status de Livre com Restriccedilotildees ao material didaacutetico virtual dada a presenccedila

do atributo Uso natildeo comercialem seu licenciamento

36httpmagnatunecom

79

A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre

Figura 411 Tela do mecanismo de busca online do SpinXpressFonte adaptado de SPINXPRESS (sd)

Figura 412 SpinXpress resultado de busca de miacutedias com o termo musica leggeraFonte adaptado de SPINXPRESS (sd)

80

A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre

423 Busca de Insumos Livres com o Jamendo muacutesicas

O Jamendo eacute um site de distribuiccedilatildeo de muacutesicas livres sediado em Luxemburgo Trata-se - de acordo

com Wikipedia por meio da entrada Jamendo - em linhas gerais de um repositoacuterio de muacutesicas

que conta com 25 empregados e que pode ser considerado um dos principais protagonistas no

movimento da muacutesica livre na Franccedila(JAMENDO sd)

O seu modelo de negoacutecio - segundo JAMENDO (sd) - visa tanto o financiamento proacuteprio quanto

dos artistas Ele envolve 3 (trecircs) canais ou formas de obtenccedilatildeo de receita publicidade recebimento

de doaccedilotildees dos usuaacuterios do site e contratos comerciais pelo Jamendo PRO A renda com publicidade

eacute dividida em 50 entre o site e os artistas sendo que cada um dos artistas recebe de acordo com

a quantidade de visualizaccedilotildees de suas muacutesicas em relaccedilatildeo aos demais As doaccedilotildees satildeo recebidas

inteiramente pelos artistas subtraiacuteda de uma pequena porcentagem para o site O Jamendo PRO

enfim consiste em uma loja de compra de licenccedilas para uso comercial As muacutesicas adquiridas

pelo Jamendo PRO seratildeo utilizadas por exemplo em ambientes de aeroportos restaurantes

supermercados filmes ou documentaacuterios (JAMENDO sd) Conforme lembra JAMENDO (sd) os

canais France 2 (FRANCE 2 - TV sd) 37 e Arte (ARTE - TV sd) 38 utilizam com regularidade as

obras do Jamendo PRO

Vale mencionar que os usuaacuterios podem ouvir o seu conteuacutedo no proacuteprio site ou ainda baixaacute-lo

Aleacutem de muacutesicas o Jamendo disponibiliza uma radio online por meio de streaming

As buscas de insumos no Jamendo ndash tal qual no Flikr ndash podem ser feitas manualmente ou com

a ajuda de um mecanismo de busca disponiacutevel em uma de suas paacuteginas O usuaacuterio - conforme

observa a Wikipedia ainda por meio da entrada Jamendo - em sua busca manual pode encontrar

muacutesicas e aacutelbuns utilizando-se de tags correspondentes ao estilo musical - jazz rock pop reggae

- de sua preferecircncia A FIG 413 apresenta o mecanismo de busca avanccedilada do Jamendo Ele

permite que o usuaacuterio faccedila a filtragem da busca especificando o paiacutes de origem (FIG 413 - A) a

liacutengua (FIG 413 - B) e o tipo de licenccedila (FIG413 - C) desejados

Empreendemos uma busca no Jamendo utilizando a tag pop e especificando o paiacutes e a liacutengua

desejada ndash Itaacutelia e italiano respectivamente Procuramos por muacutesicas com atribuiccedilatildeo Creative

Commons - Atribuiccedilatildeo - compartilha igual A FIG 414 apresenta um dos resultados encontrados

Trata-se da canccedilatildeo intitulada Sogno de Andrea Pardi Giuggie Alberto Bruzzese

Confirmamos ndash por meio de uma anaacutelise ad hoc ndash o tipo de licenccedila atribuiacuteda agrave canccedilatildeo (FIG 414

- A) Trata-se de fato da licenccedila Creative Commons - Atribuiccedilatildeo - compartilha igual A reproduccedilatildeo

distribuiccedilatildeo e adaptaccedilatildeo da muacutesica Sogno estatildeo permitidas inclusive para fins comerciais desde

que as obras derivadas mencionem a sua autoria e que a licenccedila seja perpetuada

37France 2 eacute o principal canal de televisatildeo puacuteblico francecircs e o segundo mais visto na Franccedila(FRANCE 2sd)

38Arte - Association Relative agrave la Teacuteleacutevision Europeacuteenne Trata-se de uma rede de televisatildeo franco-alematildeque procura promover uma programaccedilatildeo de qualidade no que se refere ao mundo das artes e da cultura Suasede se localiza em Estrasburgo (Franccedila) com filial em Baden-Baden (Alemanha)(ARTE sd)

81

A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre

Figura 413 Tela de busca avanccedilada do JamendoFonte adaptado de Jamendo (sd)

Figura 414 Resultados de busca no Jamendo a canccedilatildeo Sogno e sua licenccedilaFonte adaptado de Jamendo (sd)

82

A busca por insumos livres beneficiando-se da Cultura Livre

Figura 415 Motor de busca Google - tela da filtragem avanccediladaFonte adaptado de Google (sd)

424 Busca de Insumos livres utilizando o Google arquivos e paacutegi-

nas da web em geral

O motor de busca da empresa Google apresenta diversas opccedilotildees de filtragem para suas pesquisas

Em sua busca avanccedilada o usuaacuterio poderaacute especificar a maneira como a expressatildeo deveraacute ser

procurada ndash por exemplo pela palavra exata por todas as palavras ou excluindo todas as expressotildees

ndash restringir a busca pelo idioma pela regiatildeo pela uacuteltima atualizaccedilatildeo pelo site ou domiacutenio ou ainda

pelos direitos de uso do item procurado ndash entre outras A opccedilatildeo Direitos de Uso oferece as 6 (seis)

possibilidades de licenccedilas Creative Commons A FIG 415 apresenta parte da tela do filtro avanccedilado

Em (A) podemos ver a opccedilatildeo Direitos de Uso a qual nos interessa especialmente na busca por

insumos com licenccedilas flexiacuteveis ou dentre elas com licenccedilas livres

Apresentamos como exemplo o resultado de uma busca em que utilizamos a palavra italiana

quotidiano Lanccedilamos matildeo da opccedilatildeo de filtragem intitulada Direitos de Uso restringindo a busca a

sites cujo conteuacutedo apresentasse itens livres para uso modificaccedilatildeo e compartilhamento inclusive

para fins comerciais Para isso escolhemos a opccedilatildeo Sem restriccedilotildees de uso ou compartilhamento

mesmo comercialmente no menu de opccedilotildees Parte dos resultados da busca pode ser vista na FIG

416 a qual apresenta as 4 (quatro) primeiras paacuteginas de um total de 132000 (cento e trinta e duas

mil)

Acessamos um dos links indicados e encontramos o site intitulado Radio Frequenza Appenino

Trata-se em linhas gerais de um projeto que visa dar voz aos jovens dos povoados da regiatildeo dos

Alpes Bolonheses (RFA sd) na Itaacutelia A proposta eacute que por meio da utilizaccedilatildeo de canais de

comunicaccedilatildeoinformaccedilatildeo e de uma postura de jornalismo participativo esses jovens desenvolvam

noccedilotildees de cidadania discutindo sobre temaacuteticas ligadas agrave imigraccedilatildeo agrave intercultura e ao encontro de

geraccedilotildees entre outros temas

O site da RFA - Radio Frequenza Appenino - disponibiliza uma seacuterie de programas de raacutedio e TV

em liacutengua italiana por meio de canais Livestream A FIG 417 apresenta um desses canais Ele

permite que os internautas vejam a transmissatildeo (FIG 417 - A) e interajam com os apresentadores -

83

Atribuiccedilatildeo de liberdades ao material didaacutetico virtual promovendo a cultura livre

Figura 416 Exemplo de resultado de busca por licenccedila - motor de busca Googlequotidiano

Fonte adaptado de Google (sd)

bem como com outros internautas - por meio de um chat (FIG 417 - B)

Confirmamos (FIG 417 - C) que todo o conteuacutedo disponibilizado no site da RFA - Radio

Frequenza Appenino - poderaacute ser reproduzido distribuiacutedo e adaptado inclusive para fins comerciais

desde que nos trabalhos derivados seja feita atribuiccedilatildeo aos seus autores

43 Atribuiccedilatildeo de liberdades ao material didaacutetico virtual

promovendo a cultura livre

Nesta seccedilatildeo discutimos o terceiro e uacuteltimo aspecto relativo agrave metodologia de produccedilatildeo de material

didaacutetico de natureza virtual livre conforme haviamos anunciado Trazemos para debate as teacutecnicas

adotadas para a realizaccedilatildeo do licenciamento desse tipo de material didaacutetico

Em termos operativos licenciar o material didaacutetico virtual como Livre significa atribuir-lhe uma

licenccedila livre ou seja em nossa proposta uma das 6 (seis) licenccedilas Creative Commons que natildeo

contenham os atributos Uso natildeo Comerciale Natildeo a obras derivadas De fato conforme discutido

no capiacutetulo 1 desta tese consideramos que a presenccedila de insumos licenciados com esses dois

atributos confere-lhe o status de Livre com Algumas Restriccedilotildees Em ambos os casos - a saber Livre

ou Livre com Restriccedilotildees - a atribuiccedilatildeo de licenccedilas envolve em linhas gerais

1 a anaacutelise da Sequecircncia Didaacutetica a ser licenciada

2 a anaacutelise e a escolha da licenccedila flexiacutevel adequada

3 e a aplicaccedilatildeo da licenccedila agrave Sequecircncia Didaacutetica

84

Atribuiccedilatildeo de liberdades ao material didaacutetico virtual promovendo a cultura livre

Figura 417 Radio Frequenza Appenino - canal com conteuacutedo livreFonte adaptado de RFA (sd)

Figura 418 Mecanismo informatizado de atribuiccedilatildeo de licenccedila Creative CommonsFonte adaptado de CREATIVE COMMONS BRASIL (sd)

85

Atribuiccedilatildeo de liberdades ao material didaacutetico virtual promovendo a cultura livre

Figura 419 Resultado do processo de escolha da licenccedila Creative CommonsFonte adaptado de CREATIVE COMMONS BRASIL (sd)

O processo de escolha das licenccedilas que adotamos em nossa pesquisa - bem como em nossa

praacutetica - realiza-se com o auxiacutelio de um mecanismo informatizado disponibilizado na paacutegina da

organizaccedilatildeo natildeo governamental Creative Commons e reproduzido na FIG 418 A partir desse

mecanismo o usuaacuterio responderaacute perguntas relativas agraves caracteriacutesticas que deseja atribuir agrave licenccedila

do seu trabalho Ele indicaraacute por exemplo o tiacutetulo do trabalho o nome do autor a URL do trabalho

a URL do material usado como fonte do trabalho ndash ou seja no caso de produccedilatildeo de Material Didaacutetico

Virtual Livre dos insumos utilizados - o contato para outras permissotildees e informaccedilotildees sobre o

estilo do siacutembolo que seraacute gerado e associado ao trabalho

A FIG 419 apresenta o resultado final do processo de escolha da licenccedila Creative Commons

Licenciamos como exemplo uma Sequecircncia Didaacutetica fictiacutecia de nossa autoria denominada Sequecircn-

cia Didaacutetica 1 Atribuiacutemos agrave sequecircncia a licenccedila Creative Commons - Atribuiccedilatildeo Indicamos tambeacutem

a fonte - fictiacutecia - do insumo ou seja o site wwwsitedeorigemcom Esses dados seratildeo anexados agrave

sequencia didaacutetica conforme apresentados na FIG 419 - A Para tanto basta recortar o coacutedigo

HTLM gerado pelo mecanismo (FIG 419 - B) e inseri-lo na sequecircncia didaacutetica virtual para a qual a

licenccedila foi criada

86

O uso de software livre

44 O uso de software livre

Abordamos nesta seccedilatildeo o aspecto da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre relativo agrave utilizaccedilatildeo

de software livre como suporte Para tanto apresentamos nas subseccedilotildees posteriores um debate

acerca dos programas que utilizamos em nossa pesquisa Satildeo eles o sistema de criaccedilatildeo de

blogs e gerenciamento de conteuacutedos Wordpress e o programa de autoria EXElearning Conforme

anunciamos na introduccedilatildeo deste capiacutetulo nosso objetivo eacute o de apresentar as suas caracteriacutesticas

gerais

Vale ressaltar que nossa escolha por esses programas se deu principalmente por se tratarem

de software natildeo proprietaacuterio customizaacuteveis de acesso gratuito e de faacutecil utilizaccedilatildeo instalaccedilatildeo e

customizaccedilatildeo por usuaacuterios natildeo programadores Contribuiu ainda para nossa escolha - entre outros

fatores - a presenccedila de variados recursos que correspondem agrave praacutetica relacionada ao ensino e

aprendizagem de liacutenguas - tais como entre outros atividades de verdadeiro ou falso cloze e muacuteltipla

escolha ou seja formatos de atividades consagrados e de ampla utilizaccedilatildeo nesse contexto - e

a qualidade apresentada por ambos no que tange aspectos que vatildeo desde o seu funcionamento

ateacute a sua interface - a qual consideramos com efeito bastante amigaacutevel Isso significa em outras

palavras que consideramos ambos os programas coerentes com a nossa concepccedilatildeo de Material

Didaacutetico Virtual Livre e adequados para produccedilatildeo desse tipo de material didaacutetico em contextos de

ensino e aprendizagem de liacutenguas sobretudo em contextos formais

441 O sistema de blogs e de gerenciamento de conteudos para web

Wordpress

O Wordpress consiste em um sistema livre de publicaccedilatildeo e gerenciamento de blogs e conteuacutedos

para web De fato conforme nos lembra Lary (2010 p 19) o Wordpress eacute um sistema flexiacutevel

que pode ser usado em projetos colaborativos em departamentos de universidades na criaccedilatildeo de

portfoacutelios de artistas sites para empresas e certamente blogs pessoais

Trata-se o Wordpress de um sistema de faacutecil instalaccedilatildeo configuraccedilatildeo e utilizaccedilatildeo Como

observa Lary (2010 p 21) ele oferece uma rica ediccedilatildeo de textos a possibilidade de utilizaccedilatildeo de

miacutedias embutidas (tais como viacutedeos imagens e sons) um eficiente sistema de gerenciamento de

menus a possibilidade de utilizaccedilatildeo de temas diversos widgets - ou seja componentes de arrastar

e colar que podem ser fixados nas barras laterias (LARY 2010 p 22) - e plug-ins - entre outras

caracteriacutesticas

A FIG 420 apresenta a tela de ediccedilatildeo de posts do Wordpress Ressaltamos a presenccedila do

Painel de gerenciamento (FIG 420 - A) da aacuterea de ediccedilatildeo de posts (FIG 420 - B) a qual apresenta

as opccedilotildees de ediccedilatildeo em versatildeo texto ou HTML o painel recursos de publicaccedilatildeo (FIG 420 - C) e o

painel de gerenciamento de tags

Ilustramos por meio da FIG 421 o conjunto de paineacuteis de administraccedilatildeo do Wordpress Per-

cebemos por meio do painel uma amostra dos recursos oferecidos pelo sistema De fato ele

apresenta recursos ligados agrave administraccedilatildeo de posts miacutedias paacuteginas comentaacuterios aparecircncia

plug-insusuaacuterios ferramentas configuraccedilotildees e paineacuteis

87

O uso de software livre

Figura 420 Wordpress Tela de ediccedilatildeo e de postsFonte adaptado de CODEX WORDPRESS (sd)

Figura 421 Wordpress Paineacuteis de administraccedilatildeoFonte adaptado de CODEX WORDPRESS (sd)

88

O uso de software livre

442 O programa de autoria EXElearning

O EXElearning eacute um programa de autoria livre elaborado com o apoio do governo neozelandecircs

e da organizaccedilatildeo natildeo governamental neozelandesa de pesquisa e desenvolvimento educacional

CORE 39 nos acircmbitos da Universidade de Auckland 40 da Universidade de Tecnologia de Auckland41 e do Politeacutecnico Tairawhiti 42 (EXElearning sd) com o intuito de auxiliar professores e demais

acadecircmicos na tarefa de elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo de conteuacutedo na web sem a necessidade de

conhecimento especiacutefico de linguagens de programaccedilatildeo (EXElearning sd SILVA 2011 p 43)

Conforme nos lembram EXElearning (sd) e Silva (2011 p 43) o EXElearning permite que o

conteuacutedo produzido seja publicado nos padrotildees IMS Content Package IMS Common Cartridge

SCORM 12 aleacutem de paacuteginas HTML - o que consideramos demonstra que os seus autores tiveram

a intenccedilatildeo de facilitar ao maacuteximo a interoperabilidade do EXElearning jaacute que os formatos citados

configuram-se como padrotildees criados para promover a interoperabilidade entre programas Citamos

como exemplo de interoperabilidade o fato de que Sequecircncias Didaacuteticas salvas no padratildeo SCORM

12 podem ser lidas e utilizadas tambeacutem no Ambiente Virtual de Aprendizagem Moodle 43

O programa de autoria EXElearning pode ser obtido gratuitamente por meio de download na

paacutegina do projeto a que pertence ou seja projeto EXElearning 44 Ele apresenta como caracteriacutestica

como lembra Silva (2011 p 44) o fato de que o acesso agrave sua interface de utilizaccedilatildeo se da

sem a necessidade de conexatildeo agrave rede por meio dos navegadores Firefox (livre) Internet Explorer

(proprietaacuterio) e Chrome (livre) Dessa forma uma vez instalado o software o usuaacuterio encontraraacute

uma interface veloz intuitiva e faacutecil de trabalhar(SILVA 2011 p 44) Apresentamos por meio da

FIG 422 a interface de trabalho do EXElearning e os seus componentes Na interface podemos

destacar as 4 (quatro) principais aacutereas de operaccedilatildeo o Menu Principal (FIG 422 - A) o Painel de

Destaque que mostra a estrutura das atividades em forma de aacutervore (FIG 422 - B) o Painel Idevice

que contem os tipos de atividades padratildeo que o programa oferece ao usuaacuterio e que podem ser

inseridos nas atividades eou Sequecircncias Didaacuteticas (FIG 422 - C) e a Aacuterea de trabalho (FIG 422 -

D)

Destacamos ainda na FIG422 dois aspectos da interface com o intuito de melhor compreender

o seu funcionamento Em primeiro lugar observamos que a Aacuterea de trabalho (FIG 422 - D)

apresenta um trecho de uma Sequecircncia Didaacutetica intitulada The goose that laid the golden eggs 45

por meio da qual o autor propotildee em siacutentese que o aprendiz faccedila uma reflexatildeo a respeito de um

texto disponibilizado em aacuteudio e em forma de texto escrito com o mesmo nome da atividade Em

segundo lugar ressaltamos no Painel Idevice o conjunto de tipos de atividades e elementos que o

programa de autoria EXElearning disponibiliza em seu formato padratildeo Cada um dos itens da lista

apresenta um tipo de atividade preacute-estruturada com determinadas caracteriacutesticas e com a qual o

usuaacuterio poderaacute trabalhar em sua Sequecircncia Didaacutetica Apresentamos com base em Silva (2011

39httpwwwcore-edorg40httpwwwaucklandacnzuoa41httpwwwautacnz42httpwwweitacnztairawhiti43httpwwwmoodleorgbr44httpwwwexelearningorg45Em portuguecircs O ganso dos ovos de ouro

89

O uso de software livre

Figura 422 EXElearning - interface e seus componentesFonte Adaptado de EXElearning (sd)

p 47) em portuguecircs no QUAD 44 os tipos de atividades (Idevices) disponibilizadas no Painel

Idevice acompanhadas de suas respectivas funccedilotildees Acrescentamos que o EXElearning permite

que os usuaacuterios criem novos modelos de atividades

90

O uso de software livre

Quadro 44 EXElearning e sua tipologia de atividades (Idevices)

IDevice DescriccedilatildeoObjetivos Identifica os objetivos da atividade ou Sequecircncia Didaacutetica elaborada

Preacute-requisitos

Considera os preacute-requisitos e conhecimentos que se espera que o aprendiz possua paramelhor compreensatildeo das atividades

Atividade Trata-se de um modelo de tarefa simples O apredniz poderaacute fazer a leitura de um pequenotexto pensar nas respostas e ao clicar em um botatildeo saber se as suas hipoacuteteses deresposta estatildeo corretas ou natildeo

Cloze Neste modelo de atividade algumas palavras ou expressotildees satildeo ocultados de modo queo aprendiz preencha os espaccedilos em branco com as expressotildees corretas

Atividades deLeitura

Esta atividade consiste na disponibilizaccedilatildeo de um espaccedilo para leitura (ou seja inserccedilatildeode um texto) a solicitaccedilatildeo de uma reflexatildeo sobre a leitura e de feedback associado agraveproposta de reflexatildeo

Ampliador deimagens

Permite a visualizaccedilatildeo ampliada de partes de uma determinada figura inserida pelo autor

Applet Java Permite a inserccedilatildeo de applets Java para compor o conteuacutedo das atividades ou SequecircnciasDidaacuteticas

Artigo Wikibo-oks

Permite que o EXElearning busque arquivos relacionados a um determinado termodiretamente na Wikipedia importando o texto para a atividade ou Sequecircncia Didaacutetica

Estudo decaso

Apresenta uma determinada situaccedilatildeo ou caso de modo que o aprendiz possa se envolverem estudos de caso ou seja compreender um caso e aplicar o que aprendeu em novassituaccedilotildees

Galeria deImagens

Permite a criaccedilatildeo de um aacutelbum com imagens

Verdadeiroou falso

Permite a criaccedilatildeo de atividades de verdadeiro ou falso

Muacuteltipla esco-lha

Satildeo apresentadas diferentes respostas para que o aprendiz possa escolha a mais ade-quada a uma solicitaccedilatildeo

RSS Permite a inserccedilatildeo de conteuacutedos disponibilizados via RSS

Reflexatildeo Apresenta as mesmas propriedades do recurso Atividade

SCORM Quiz Consiste em uma atividade em formato de QUIZ

Selaccedilatildeo muacutelti-pla

Ideal para situaccedilotildees em que haja mais de uma opccedilatildeo que responda adequadamente agravessolicitaccedilotildees feitas no enunciado

Siacutetio web ex-terno

Permite que um site da web possa ser visualizado em uma atividade sem que hajanecessidade de que uma nova janela do navegador seja aberta

Texto livre Permite a inserccedilatildeo de diferentes miacutedias em uma atividade - textos aacuteudios imagensviacutedeos etc

Fonte adaptado de Silva (2011 p 47)

91

Capiacutetulo 5

Metodologia de pesquisa

Neste capiacutetulo apresentamos e discutimos os diversos aspectos envolvidos na metodologia de

pesquisa empregada em nosso estudo Os debates giram entorno da dimensatildeo empiacuterica da

investigaccedilatildeo ndash a saber a identificaccedilatildeo e anaacutelise dos Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 425)

relacionados agrave utilizaccedilatildeo de material didaacutetico de natureza virtual livre - ou seja agrave sua produccedilatildeo e ao

seu uso em sala de aula presencial - em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano LEL2

Durante a explanaccedilatildeo apontamos e discutimos as escolhas teoacuterico-metodoloacutegicas que adotamos

em nossa investigaccedilatildeo incluindo o desenho da pesquisa no que se refere aos contextos estudados

e agraves estrateacutegias de levantamento e anaacutelise de dados empregadas

Essencialmente nossa abordagem investigativa foi de natureza qualitativa e se balizou por um

vieacutes epistemoloacutegico existencial (natildeo determinista) construtivista (STAKE 2011 p 42) e interpretativo

A coleta de dados se deu em dois contextos distintos - a saber (1) em sala de aula presencial

de italiano como LEL2 - contexto em que investigamos os Problemas de Ensino relativos ao uso

do Material Didaacutetico Virtual Livre - e (2) em curso de formaccedilatildeo para professores em serviccedilo e em

preacute-serviccedilo de italiano como LEL2 - contexto em que investigamos os Problemas de Ensino relativos

ao aspecto da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

51 A Pesquisa em Problemas de Ensino

Pesquisas em Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 425) relacionados ao ensino de liacutenguas

estrangeiras satildeo ainda incipientes A carecircncia de literatura sobre esse tema motivou-nos a refletir

sobre a natureza dos Problemas de Ensino e a partir daiacute estabelecer a abordagem metodoloacutegico-

cientiacutefica que melhor viabilizasse a investigaccedilatildeo sobre os Problemas de Ensino relacionados agrave

utilizaccedilatildeo de material didaacutetico de natureza virtual e livre

Encontramos em Ortale (2010 p 425) ndash bem como na praacutetica da Profa Dra Fernanda Landucci

Ortale 46 no acircmbito da disciplina intitulada Atividades de Estaacutegio italianondash 47 os indiacutecios de como

esse objeto de estudo poderia ser abordado

46Professora do curso de Letrasitaliano da Universidade de Satildeo Paulo47Disciplina pertencente ao curriacuteculo do curso de Licenciatura em Letras Italiano da Faculdade de Filosofia

Letras Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo

92

A Pesquisa em Problemas de Ensino

Em um contexto de formaccedilatildeo de professores de liacutengua italiana - ou seja durante a disciplina

ldquoAtividades de Estaacutegio italianordquo- a autora lanccedila matildeo de Relatos de Problemas de Ensino como

deflagradores ldquode reflexotildees sobre a praacutetica de sala de aulardquo (ORTALE 2010 p 425) Tais Relatos

satildeo identificados por seus alunos (professores de liacutengua italiana em preacute-serviccedilo) basicamente

de trecircs (3) maneiras 1) por meio de reflexotildees sobre a proacutepria praacutetica pregressa ndash no caso de

professores em formaccedilatildeo com experiecircncia de ensino de liacutengua italiana 2) por meio de reflexotildees

sobre a proacutepria experiecircncia como aluno em cursos de liacutengua italiana e 3) por meio de entrevistas

com professores que jaacute tenham praacutetica no ensino de liacutengua italiana ndash sendo as estrateacutegias didaacuteticas

2 e 3 utilizadas no caso de o aluno natildeo ter tido qualquer praacutetica antecedente com ensino de liacutengua

italiana Segundo a autora referindo-se agrave sua proposta de trabalho

()solicitamos a professores de italiano (liacutengua estrangeira) que escreves-sem sobre situaccedilotildees problemaacuteticas que enfrentavam em sala de aula Aesses escritos demos a denominaccedilatildeo de lsquoRelatos de Problemas de Ensinorsquo(ORTALE 2010 p 425)

Ainda em Ortale (2010 p 425) encontramos uma definiccedilatildeo de Relato de Problema de Ensino ndash

a qual citamos ipsis litteris a seguir ndash bem como alguns exemplos desses relatos ndash apresentados

no QUAD 71 Segundo a autora

Podemos definir lsquoRelato de Problema de Ensinorsquo como uma narrativa oudescriccedilatildeo sobre a sala de aula realizada por um professor e que podeapresentar dificuldades preocupaccedilotildees com praacuteticas futuras ou percepccedilotildeesnegativas sobre praacuteticas jaacute realizadas (ORTALE 2010 p 425)

Uma leitura atenta dos exemplos apresentados no QUAD 71 mostraraacute que os Relatos de

Problemas de Ensino apontam para variadas dimensotildees da praacutexis do professor de liacutenguas (ORTALE

2010 p 426) A constataccedilatildeo dessa multiplicidade dimensional pode ser corroborada pela proposta

de categorizaccedilatildeo de Problemas de Ensino indicadas em Ortale (2010 p 426) A saber

()interaccedilatildeo professor-aluno ou aluno-aluno conhecimento da liacutengua-alvorelaccedilatildeo professor-livro didaacutetico ensino das habilidades comunicativas pla-nejamento de aula ensino da gramaacutetica correccedilatildeo papel da liacutengua ma-ternatraduccedilatildeo (ORTALE 2010 p 426)

Concluiacutemos apoacutes a investigaccedilatildeo teoacuterica e a observaccedilatildeo de campo - acompanhando a disciplina

ldquoAtividades de Estaacutegio italianoldquo 48 que a maneira mais adequada para investigarmos os Problemas

de Ensino relacionados ao uso de Material Didaacutetico Virtual Livre em contexto formal de ensino-

aprendizagem de liacutengua italiana como L2LE dar-se-ia por meio do levantamento desses problemas

junto a professores de italiano em serviccedilo e em preacute-serviccedilo - em contexto de utilizaccedilatildeo desse

tipo especiacutefico de material didaacutetico - por meio de praacuteticas investigativas de cunho epistemoloacutegico

qualitativo interpretativo e construtivista A opccedilatildeo por esse vieacutes teoacuterico-metodoloacutegico configura-

se como reflexo da praacutetica da prof Dra Fernanda Landucci Ortale que de fato acessa os

48Acompanhei a disciplina em sua totalidade durante o primeiro semestre de 2012 exercendo a funccedilatildeode estagiaacuterio no acircmbito do PAE - Programa de Aperfeiccediloamento para o Ensino oferecido aos alunos dapoacutes-graduaccedilatildeo da Universidade de Satildeo Paulo como parte de sua formaccedilatildeo didaacutetica para atuaccedilatildeo no ensinosuperior

93

Estudo qualitativo

Quadro 51 Exemplos de Relatos de Problemas de Ensino

Exemplo 1 ldquoNem sempre consigo responder perguntas de vocabulaacuterio dos alunose digo que vou levar a resposta na aula seguinte mas me sinto malmesmo assimrdquo

Exemplo 2 ldquoTenho na mesma turma uma aluna de 13 e outra de 69 anos Paramim eacute muito difiacutecil conseguir administrar a classe com tanta diferenccedilade interesses e necessidades

Exemplo 3 ldquoTenho grupos grandes de quase 20 alunos e haacute muita diferenccedilana velocidade de realizaccedilatildeo das atividades Alguns terminam muitoraacutepido os exerciacutecios e me olham com impaciecircnciardquo

Exemplo 4 ldquoAlunos que querem traduzir tudo atrapalham a aula Agraves vezes meesforccedilo para fazer gestos e explicaccedilotildees em italiano e no final osalunos traduzem para o portuguecircs e ainda pedem uma confirmaccedilatildeominhardquo

Fonte adaptado de Ortale (2010 p 425)

Problemas de Ensino por meio de relatos e pela natureza personaliacutestica desses relatos - dado que

satildeo expressatildeo da percepccedilatildeo dos professores carregada de sentido em relaccedilatildeo aos contextos de

ensino-aprendizagem em que estatildeo inseridos

Subjaz a essa escolha certamente a ideia de que a realidade eacute construiacuteda a partir do ponto

de vista e interpretaccedilatildeo dos sujeitos que a experimentam conforme uma visatildeo epistemoloacutegica

construtivista (GRBICH 2007 STAKE 1995 p 3 p 99) O mesmo vale para o conhecimento o

qual eacute outrossim construiacutedo pelos sujeitos em sua relaccedilatildeo interpretada com o mundo e em contexto

de investigaccedilatildeo em consenso com as percepccedilotildees do pesquisador

A opccedilatildeo por uma abordagem qualitativa de vieacutes interpretativo e construtivista bem como o

desenho de nossa pesquisa satildeo debatidos com mais detalhes nas seccedilotildees subsequentes Ademais

essa escolha apresenta reflexo na maneira como os dados satildeo analisados e apresentados nesta

tese

52 Estudo qualitativo

Pesquisas do tipo qualitativo segundo Brown e Rodgers (2002 p 12) opotildeem-se a pesquisas do

tipo quantitativo na medida em que satildeo predominantemente baseadas em dados natildeo-numeacutericos

Strauss e Corbin (2008 p 23) ao propor um estudo sobre teacutecnicas de teoria fundamentada definem

pesquisas qualitativas como qualquer tipo de pesquisa que produza resultados natildeo atingidos por meio

de procedimentos estatiacutesticos ou de outras formas de quantificaccedilatildeo Nesse caso anaacutelises qualitativas

satildeo concebidas como processos natildeo-matemaacuteticos de interpretaccedilatildeo ministrados a fim de descobrir

94

Estudo qualitativo

conceitos e relaccedilotildees a partir dos dados brutos e de organizaacute-los em um esquema explanatoacuterio

teoacuterico (STRAUSS CORBIN 2008 p 24) Os autores lembram ainda que a quantificaccedilatildeo de dados

- como no caso do censo ou de informaccedilotildees histoacutericas sobre pessoas ou objetos estudados - natildeo

muda o caraacuteter qualitativo de uma pesquisa quando o grosso da anaacutelise eacute interpretativo (STRAUSS

CORBIN 2008 p 23)

Stake (2011 p 21) caracteriza a pesquisa qualitativa em oposiccedilatildeo agrave quantitativa ressaltando

que enquanto o raciociacutenio desta estaacute fortemente baseado em atributos lineares mediccedilotildees e anaacutelises

estatiacutesticas o pensamento daquela se baseia principalmente na percepccedilatildeo e compreensatildeo humana

O autor observa que entretanto todo pensamento cientiacutefico consiste em uma mescla das duas

abordagens Stake (2011 p 23) Por esse prisma diferencia-las seria mais uma questatildeo de ecircnfase

do que de limites (STAKE 2011 STAKE 1995 p 29 p 36) haja vista que em estudos qualitativos

ideias quantitativas de enumeraccedilatildeo tem o seu espaccedilo e que em estudos quantitativos estatildeo

pressupostos a interpretaccedilatildeo do pesquisador e alguma descriccedilatildeo em linguagem natural (STAKE

2011 STAKE 1995 p 29 p 36)

Stake (1995) e Stake (2011) aprofundam o debate argumentando que a diferenccedila entre investiga-

ccedilotildees qualitativas e quantitativas natildeo satildeo fundamentalmente balizadas pela diferenccedila entre descriccedilatildeo

verbal e dados numeacutericos (STAKE 1995 STAKE 2011 p 37 p 67) mas sim respectivamente pela

diferenccedila entre a procura pelo conhecimento personaliacutestico e o estudo de medidas objetivas a busca

por ocorrecircncias e a busca por causa e efeito a percepccedilatildeo do conhecimento como algo construiacutedo

por um vieacutes pessoal e como descoberta do mundo como ele eacute a atribuiccedilatildeo de um papel pessoal e

impessoal para o pesquisador e a investigaccedilatildeo para obter compreensatildeo e para obter explicaccedilatildeo Por

conseguinte a epistemologia qualitativa eacute concebida como construtivista experiencial situacional e

personaliacutestica (STAKE 2011 p 42) em detrimento agrave epistemologia positivista

Retomamos a oposiccedilatildeo entre os objetivos de investigar para obter compreensatildeo (epistemologia

qualitativa) e investigar para obter explicaccedilatildeo (epistemologia quantitativa) por considera-la importante

para a compreensatildeo do ponto de vista de Stake (2011) e Stake (1995) sobre a abordagem qualitativa

e consequentemente ampliar nossa visatildeo sobre o tema Os autores (STAKE 1995 STAKE 2011

p 37 p 67) se baseiam na proposta de distinccedilatildeo feita pelo filoacutesofo Georg Henrik von Wright 49

o qual segundo eles percebe a existecircncia de uma sutil diferenccedila epistemoloacutegica entre os dois

conceitos natildeo obstante reconheccedila que explicaccedilotildees carregam o objetivo de promover compreensatildeo

e que compreensatildeo seja frequentemente expressa em termos de explicaccedilatildeo (STAKE 1995 STAKE

2011 p 38 p 67) Trata-se segundo Stake (2011 p 67) de uma distinccedilatildeo ligeiramente parecida

com as distinccedilotildees entre medicar o paciente e cuidar do paciente e promover um ensino centrado

no professor e um ensino centrado no aluno Certamente o meacutedico promove as duas accedilotildees mas

cuidar do paciente denota mais pessoalidade Preparar-se para ensinar de forma didaacutetica no caso

do professor eacute conceitualmente diferente de organizar oportunidades experienciais para os alunos

Prosseguindo com o debate Stake (2011 p 67) e Stake (1995 p 38) observam que von Wright

associa a ideia de busca por explicaccedilatildeo ao pensamento de causa e efeito - tiacutepico de abordagens

quantitativas - e a ideia de busca por compreensatildeo agrave procura pela compreensatildeo humana - tiacutepico

de abordagens qualitativas A fim de elucidar ainda mais a questatildeo Stake (1995 p 38) propotildee a

49Os autores se referem a Wright (1971) em seu livro Explanation and Understanding

95

Estudo qualitativo

anaacutelise de duas perguntas de pesquisa relacionadas ao contexto da educaccedilatildeo as quais representam

respectivamente uma preocupaccedilatildeo em explicar e uma preocupaccedilatildeo em compreender Satildeo elas

1 O fato de a carga de ensino ter aumentado de quatro para cinco aulasestaacute afetando a qualidade do ensino

2 Os professores que residem fora da comunidade estatildeo trabalhandomenos que a carga justa de trabalho

(STAKE 1995 p 38)

Dessa forma segundo Stake (1995 p 38) enquanto a primeira representa uma inquietaccedilatildeo com

a explicaccedilatildeo da causa de uma eventual variaccedilatildeo da qualidade do ensino (busca pela explicaccedilatildeo) a

segunda representa uma preocupaccedilatildeo com a descriccedilatildeo de ocorrecircncias mais ou menos simultacircneas

sem a expectativa de explicaccedilatildeo causal ou seja uma preocupaccedilatildeo com a compreensatildeo Conforme

discutido o primeiro exemplo estaacute associado a uma abordagem quantitativa O segundo por sua

vez a uma abordagem qualitativa

Fraenkel e Wallen (2003 p 430) trazendo o debate sobre pesquisas qualitativas para o contexto

educacional - contexto que nos interessa especialmente nesta tese dado que nos concentramos

no ensino formal de liacutengua italiana como L2LE - corrobora o ponto de vista de Stake (1995

p 38) ao dizer que enquanto o pesquisador quantitativo procura observar quatildeo acuradamente

aprendizagens atitudes e ideias se desenvolvem no contexto de ensino-aprendizagem - por meio

de comparaccedilotildees entre meacutetodos de ensino alternativos em pesquisas experimentais por exemplo

(FRAENKEL WALLEN 2003 p 430) - pesquisadores qualitativos querem saber mais do que em

que medidaou quatildeo bemalgo eacute feito em sala de aula Em outras palavras eles se envolvem na

busca por impressotildees mais holiacutesticas - ou seja por um retrato mais completo - sobre o que estaacute

ocorrendo nesse contexto Pesquisadores qualitativos segundo Fraenkel e Wallen (2003 p 430)

propotildeem-se a investigar por exemplo

bull Como professores ensinam suas respectivas mateacuterias

bull Que tipo de praacutetica eles adotam em sua rotina

bull Que tipo de coisas os estudantes fazem

bull Em que tipo de atividades se envolvem

bull Quais satildeo as regras do jogo impliacutecitas ou explicitas que parecemajudar ou atrapalhar o processo de aprendizagem50

(FRAENKEL WALLEN 2003 p 230)

No que se refere agrave metodologia de investigaccedilatildeo ainda segundo Fraenkel e Wallen (2003 p

430) o pesquisador qualitativo a fim de tentar responder essas questotildees pode documentar as

experiecircncias diaacuterias dos professores e dos estudantes - focando em uma ou no maacuteximo em um

pequeno nuacutemero de turmas - observando-as de modo mais regular possiacutevel e tentando descrever

o que vecirc da maneira mais completa e rica possiacutevel (FRAENKEL WALLEN 2003 p 430) Esse

50Traduccedilatildeo nossa

96

Estudo qualitativo

Quadro 52 Teacutecnicas de coletas de dados tiacutepicas de abordagens qualitativas

bull observaccedilotildees ou notas de campo

bull leitura de diaacuterios - em forma detexto viacutedeo ou aacuteudio

bull entrevistas individuais ou emgrupo

bull registros em aacuteudio e viacutedeo

bull leitura de documentos - tais comolivros revistas correio eletrocircnicopaacuteginas da internet e propaganda(impressa filmada ou televisio-nada)

bull gravaccedilotildees em viacutedeo de sessotildeesde laboratoacuterio

bull gravaccedilotildees de viacutedeos de transmis-soes de tv

bull anaacutelise de fotografias filmes e vi-deos caseiros

bull registro de conversas em gruposde bate-papo na internet

bull entre outros

Fonte adaptado de Brown e Rodgers (2002) Creswell (2010) Bogdan e Biklen

(1994) e (GIBBS 2009)

pesquisador poderaacute ainda lanccedilar matildeo de uma gama de teacutecnicas de obtenccedilatildeo de dados tiacutepicas de

abordagens qualitativas conforme indicam Brown e Rodgers (2002 p 12) Creswell (2010 p 213)

Bogdan e Biklen (1994 p 73) e Gibbs (2009 p 17) Reunimos exemplos dessas teacutecnicas no QUAD

52

Grbich (2007 p 3) aborda a questatildeo da metodologia qualitativa inserindo-a no quadro teoacuterico-

metodoloacutegico das quatro principais tradiccedilotildees epistemoloacutegicas (GRBICH 2007 p 2) da pesquisa

cientiacutefica ocidental dos uacuteltimos duzentos anos Satildeo elas o Positivismo ou Empirismo a Criacutetica

Emancipatoacuteria o Construtivismo ou Interpretativismo e o Poacutes-modernismo A autora em conso-

nacircncia com Fraenkel e Wallen (2003 p 432) associa o emprego de abordagens qualitativas agraves

trecircs uacuteltimas e consequentemente o emprego da abordagem quantitativa agrave primeira Ela lembra

que todas satildeo passiveis de criacuteticas e - concordando com Fraenkel e Wallen (2003 p 443) - que a

escolha de uma ou outra - ou do emprego conjunto de mais de uma tradiccedilatildeo - dependeraacute da natureza

da pesquisa envolvida das questotildees de pesquisa e da preferecircncia ou orientaccedilatildeo do pesquisador

(GRBICH 2007 p 14) Consideramos que trazecirc-las para debate contribui com nossos esforccedilos

de compreensatildeo da natureza da pesquisa qualitativa e por conseguinte da natureza da praacutetica

investigativa que adotamos em nossa pesquisa De fato como jaacute mencionado nesta seccedilatildeo nossa

abordagem ao investigar os eventuais Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 425) relativos ao

uso de Material Didaacutetico Virtual Livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano como

LEL2 foi de natureza qualitativa e de vieacutes interpretativo e construtivista

Em linhas gerais o positivismo ou Empirismo tem suas raiacutezes e o seu predomiacutenio na Europa

no seacuteculo XVIII (GRBICH 2007 FRAENKEL WALLEN 2003 p 4 p 432) momento em que o

positivismo o otimismo a razatildeo e o progresso pairam como discurso dominante ou seja no contexto

97

Estudo qualitativo

da chamada era do Iluminismo Acreditava-se que o conhecimento cientiacutefico poderia ser alcanccedilado

pelo homem racional capaz de desvendar uma realidade completamente conheciacutevel objetiva de

um universo exterior ordenado (GRBICH 2007 FRAENKEL WALLEN 2003 p 10 p 432) por

meio da observaccedilatildeo e de processos de pensamento loacutegico O conhecimento portanto apresenta-

se como resultado de processos de deduccedilatildeo criaccedilatildeo de hipoacuteteses identificaccedilatildeo de variaacuteveis e

mediccedilotildees em pesquisas experimentais que por sua vez resultam na identificaccedilatildeo de causalidade

permitindo prediccedilotildees sobre fatos corretamente avaliados pela loacutegica matemaacutetica (GRBICH 2007 p

5) Parte-se da premissa baacutesica de que existe uma realidade laacute fora independente dos sujeitos

dirigida por leis naturais esperando para ser descoberta pela Ciecircncia (FRAENKEL WALLEN 2003

p 425) Existe uma ecircnfase na quebra dos fenocircmenos em peccedilas manipulaacuteveis visando o estudo e

eventual reordenaccedilatildeo do todo e a visatildeo do cientista desinteressado que se mantem a parte do

objeto de estudo - incluindo seus preconceitos e valores - (FRAENKEL WALLEN 2003 p 425)

Suas caracteriacutesticas dominantes incluem princiacutepios cientiacuteficos regularidade ordem loacutegica dedutiva

leis da natureza observaccedilatildeo e experiecircncia (razatildeo) causalidade linearidade (unidimensional)

determinismo loacutegico (tudo eacute causado por alguma coisa em uma longa linha de causalidades)

e abordagens analiacuteticas e estatiacutesticas baseadas em fatos verdadeiros(GRBICH 2007 p 4)

Ademais satildeo enfatizados a classificaccedilatildeo o ordenamento e a hierarquizaccedilatildeo bem como a prediccedilatildeo

e a universalizaccedilatildeo de resultados A autoridade central da coisa depreendida e publicada pelo

autor satildeo supremos (GRBICH 2007 p 5) O conhecimento reside em grandes teorias reforccediladas

por processos de mensuraccedilatildeo cientiacutefica e pensamento racionalista armazenado em disciplinas

especialiacutesticas com fronteiras definidas e cuidadosamente protegidas (GRBICH 2007 p 5) Vale

ressaltar que as principais criacuteticas a essa tradiccedilatildeo giram em torno do debate sobre a plausibilidade

de a ciecircncia poder fornecer todas as respostas sobre a realidade e de os pesquisadores conseguirem

controlar as variaacuteveis e mostrar resultados previsiacuteveis e explicaacuteveis (GRBICH 2007 p 5)

A Criacutetica Emancipatoacuteria surge a partir do contexto de mudanccedilas econocircmicas ocorridas por causa

da industrializaccedilatildeo e o subsequente reconhecimento das criacuteticas de Karl Marx agrave exploraccedilatildeo lucro e

poder do capitalismo e do conflito de classes (GRBICH 2007 p 6) Parte-se do princiacutepio de que

as referidas mudanccedilas geram uma sociedade fragmentada A realidade eacute vista como algo que natildeo

existe por si mas que eacute fruto de uma histoacuteria obscura e construiacuteda por sistemas sociais e poliacuteticos

exploradores compreendendo interesses competitivos em que o conhecimento eacute controlado para

servir aos detentores do poder (GRBICH 2007 p 6) O poder do autor a universalidade do

conhecimento o conceito de singularidade e originalidade satildeo questionados (GRBICH 2007 p 7)

Nesse contexto a raccedila a idade o grau de pobreza a poliacutetica e a cultura satildeo estudados com o intuito

de melhor compreender as identidades individuais e a forma como essas identidades foram moldadas

por instituiccedilotildees culturais dominantes - tais como a miacutedia a ciecircncia e a religiatildeo (GRBICH 2007 p 7)

Figura deste modo como um importante foco da tradiccedilatildeo Criacutetica Emancipatoacuteria a documentaccedilatildeo

de confrontos entre detentores e desprovidos de poder (poliacutetico ou econocircmico)(GRBICH 2007 p

7) Espera-se que a pesquisa traga emancipaccedilatildeo de grupos e indiviacuteduos oprimidos por meio de

mudanccedilas sociais (GRBICH 2007 p 7)

O Construtivismo ou Interpretativismo (GRBICH 2007 p 3) tomado aqui como tradiccedilatildeo

epistemoloacutegica - cuja compreensatildeo nos interessa sobremaneira nesta tese - eacute caracterizado pela

98

Estudo qualitativo

crenccedila na inexistecircncia de um conhecimento independente desassociado do pensamento (GRBICH

2007 STAKE 1995 p 3 p 100) A realidade eacute vista como fluida mutaacutevel socialmente construiacuteda

e existente dentro da mente dos sujeitos O conhecimento eacute subjetivo construiacutedo e baseado em

sinais e siacutembolos compartilhados e reconhecidos entre os membros de um grupo ou cultura No

acircmbito investigativo esse conhecimento eacute construiacutedo na interaccedilatildeo entre pesquisador e informante

por meio de consenso (GRBICH 2007 p 8) Pressupotildeem-se muacuteltiplas realidades experimentadas

de modo diferente por pessoas diferentes O foco da investigaccedilatildeo estaacute dessa forma na exploraccedilatildeo

do modo como as pessoas interpretam e constroem sentido considerando-se suas experiecircncias de

mundo (STAKE 1995 p 99) e em como contextos eventos situaccedilotildees e o seu lugar (dos sujeitos

incluindo o pesquisador) em ambientes sociais mais amplos influenciam na construccedilatildeo desses

sentidos (GRBICH 2007 p 8) A subjetividade (a visatildeo do pesquisador e como ela foi construiacuteda) e

a intersubjetividade (reconstruccedilatildeo de visotildees por meio de interaccedilotildees com outros via linguagem oral e

textos escritos) satildeo portanto de interesse para essa tradiccedilatildeo (GRBICH 2007 p 8)

Grbich (2007 p 9) situa temporalmente o Poacutes-modernismo - tomado aqui tambeacutem como

tradiccedilatildeo epistemoloacutegica - nas uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX Segundo a autora percebe-se nesse

periacuteodo uma valorizaccedilatildeo do ante-heroacutei do indiviacuteduo complexo e multidimensional em oposiccedilatildeo a

sujeitos com pontos de vista autoritaacuterio unificado poderoso e centralizado (GRBICH 2007 p 9)

Nessa tradiccedilatildeo o mundo eacute visto como algo complexo e caoacutetico A realidade eacute transacional multipla-

mente construiacuteda e natildeo pode ser explicada por grandes narrativas ou metanarrativas (FRAENKEL

WALLEN 2003 p 433) - como por exemplo o Marxismo ou o Budismo que fazem afirmaccedilotildees uni-

versais sobre a realidade a fim de explica-la - A busca por essa realidade eacute portanto condicionada

pela compreensatildeo de que a sociedade as leis as poliacuteticas a linguagem as fronteiras disciplinares

a coleta e interpretaccedilatildeo de dados satildeo construiacutedos cultural e socialmente Nesse contexto ruptura

provocaccedilatildeo e formas muacuteltiplas de accedilatildeo satildeo essenciais para colocar essas construccedilotildees a parte

e expor o mundo da forma como ele eacute (GRBICH 2007 p 9) A ideia de significado eacute preferida

agrave de conhecimento jaacute que esse seria aprisionado pelos discursos produzidos para manutenccedilatildeo

do poder e de interesses e para controlar o acesso da populaccedilatildeo a outras explicaccedilotildees (GRBICH

2007 p 9) Ademais esses significados satildeo reconhecidos como criaccedilotildees individuais e necessitam

de interpretaccedilatildeo negociaccedilatildeo e desconstruccedilatildeo (GRBICH 2007 p 10) No acircmbito da pesquisa a

comunicaccedilatildeo interativa torna-se o contexto no qual o significado eacute esclarecido

Dessa forma com base nos debates e reflexotildees apresentados nesta seccedilatildeo atribuiacutemos agrave

nossa investigaccedilatildeo uma ecircnfase qualitativa (STRAUSS CORBIN 2008 STAKE 2011 STAKE

1995 FRAENKEL WALLEN 2003) de vieacutes construtivista interpretativo experiencial situacional e

personaliacutestico (STAKE 2011 GRBICH 2007 p 4 p 8)

De fato em nossa investigaccedilatildeo procuramos compreender as possiacuteveis implicaccedilotildees do uso de

materiais didaacuteticos de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano

como LEL2 considerando natildeo apenas a nossa percepccedilatildeo enquanto pesquisadores mas tambeacutem

o ponto de vista dos professores de liacutengua italiana para estrangeiros em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

participantes da pesquisa

Conforme jaacute mencionado na seccedilatildeo 51 nossa abordagem pressupotildee a concepccedilatildeo de que a

realidade e o conhecimento satildeo construiacutedos por meio da interpretaccedilatildeo que os sujeitos fazem a

99

Consideraccedilotildees sobre a eacutetica na pesquisa

partir da experimentaccedilatildeo do mundo Nesse caso as implicaccedilotildees tomadas aqui como Problemas de

Ensino (ORTALE 2010 p 425) satildeo experienciadas pelos sujeitos participantes em sua praacutetica

de ensino que as percebem por um vieacutes interpretativo e as reconhecem como tal Enquanto

pesquisadores tentamos investigar essa percepccedilatildeo dos sujeitos participantes professores em

serviccedilo e em preacute-serviccedilo de modo a identificar os Problemas de Ensino experienciados e percebidos

considerando tambeacutem a nossa interpretaccedilatildeo Nessa empresa investigativa conforme pressupotildee

uma epistemologia qualitativa de vieacutes construtivista (STAKE 2011 GRBICH 2007 p 4 p 8) os

contextos satildeo fortemente considerados e descritos (FRAENKEL WALLEN 2003 p 430) dado o

seu papel na construccedilatildeo das percepccedilotildees de todos os envolvidos

Buscamos dessa forma por ocorrecircncias (implicaccedilotildees) - bem como por suas eventuais correla-

ccedilotildees nos contextos investigados - e natildeo por relaccedilotildees de causa e efeito em tentativas de mediccedilatildeo de

variaccedilatildeo de qualidade de ensino Tal postura nos aproxima agrave uma praacutetica investigativa interessada

mais na compreensatildeo do que na explicaccedilatildeo o que conforme vimos em Stake (1995 p 37) e

Stake (2011 p 67) representa uma abordagem tipicamente relacionada agrave epistemologia qualitativa

Interessa-nos de fato uma visatildeo holiacutestica (FRAENKEL WALLEN 2003 p 430) um retrato mais

completo das implicaccedilotildees do uso de Material Didaacutetico Virtual Livre nos contextos investigados

Ressaltamos enfim que em nossa investigaccedilatildeo lanccedilamos matildeo de procedimentos e anaacutelises

tiacutepicos de abordagens qualitativas Com efeito utilizamos notas de campo diaacuterios de aula ques-

tionaacuterio aberto registro de conversas por e-mail gravaccedilatildeo em aacuteudio e viacutedeo - instrumentos de

coleta de dados tipicamente qualitativos (BROWN RODGERS 2002 CRESWELL 2010 BOGDAN

BIKLEN 1994 GIBBS 2009 p 12 p 213 p 73 p 17) bem como procedimentos de anaacutelise natildeo

estatiacutesticos ou matemaacuteticos os quais segundo Strauss e Corbin (2008 p 23) atribuem caraacuteter

qualitativo agrave pesquisa

53 Consideraccedilotildees sobre a eacutetica na pesquisa

Diversos pesquisadores e autores (CRESWELL 2010 COHEN MANION MORRISON 2011

GIBBS 2009 BOGDAN BIKLEN 1994 LUDKE ANDREacute 1986 STAKE 2011 GRBICH 2007

FRAENKEL WALLEN 2003 p 116 p 75 p 23 p 75 p 49 p 218 p 207 p 442) que

discorrem sobre abordagens e metodologias qualitativas ressaltam a importacircncia de se considerarem

os aspectos eacuteticos nesse tipo de empreendimento cientiacutefico bem como a de incluir um debate sobre

essa questatildeo no relatoacuterio da pesquisa seja ele uma tese dissertaccedilatildeo ou monografia

Questotildees e dilemas eacuteticos perpassam todas instacircncias de uma investigaccedilatildeo qualitativa (COHEN

MANION MORRISON 2011 p 76) Da escolha do tema agrave apresentaccedilatildeo dos resultados passando

pela coleta e anaacutelise dos dados Cohen Manion e Morrison (2011 p 75) lembram por exemplo da

relaccedilatildeo custo benefiacutecio presente no planejamento de propostas de pesquisas Trata-se de um dilema

que consiste em avaliar os provaacuteveis benefiacutecios sociais de uma pesquisa - como por exemplo privar

a sociedade dos resultados de uma pesquisa que poderia melhorar a condiccedilatildeo humana - em relaccedilatildeo

aos custos pessoais dos participantes - como por exemplo ofensa agrave dignidade embaraccedilo perda de

confianccedila em relaccedilotildees sociais e perda de autonomia (COHEN MANION MORRISON 2011 p 75)

- Segundo Gibbs (2009 p 23) questotildees eacuteticas afetam mais as etapas de planejamento e coleta

100

Consideraccedilotildees sobre a eacutetica na pesquisa

de dados jaacute que envolvem muitas vezes conteuacutedos pessoais e discursos que os informantes natildeo

fariam em outros contextos - tais como criacuteticas e opiniotildees pessoais sobre instituiccedilotildees e terceiros

Em todos os momentos da investigaccedilatildeo de fato o pesquisador qualitativo deveraacute tomar decisotildees

que podem ou natildeo colocar em xeque a sua conduta Observamos que nesta tese natildeo temos a

intenccedilatildeo de explorar a questatildeo da eacutetica na pesquisa qualitativa em todas as suas dimensotildees apesar

de termos consciecircncia de tais nuances e de as termos confrontado naturalmente de um modo ou

de outro em nosso percurso investigativo Privilegiamos em consonacircncia com Gibbs (2009 p 23)

os aspectos que consideramos mais criacuteticos em nossa proposta de pesquisa ou seja os aspectos

relativos ao trato com os sujeitos humanos participantes da investigaccedilatildeo principalmente no que se

refere agrave coleta anaacutelise e publicaccedilatildeo dos dados

Em uma investigaccedilatildeo cientiacutefica a conduta eacutetica estaacute relacionada agrave observaccedilatildeo das normas

relativas aos procedimentos considerados corretos e incorretos por um determinado grupo (BOGDAN

BIKLEN 1994 p 75) ou conselho de eacutetica formado por profissionais das aacutereas de especializaccedilatildeo da

pesquisa (COHEN MANION MORRISON 2011 p 75) A inexistecircncia de um coacutedigo deontoloacutegico

ou mesmo de uma comissatildeo de eacutetica no entanto pode ser compensada sem danos a uma

postura eacutetica aceitaacutevel pela observaccedilatildeo de princiacutepios gerais - como apresentado no QUAD 53 -

de convenccedilotildees para o trabalho de campo (PUNCH 1986 apud BOGDAN BIKLEN 1994 p 76)

ou ateacute mesmo pelos valores pessoais do investigador o qual eventualmente resolveraacute dilemas

eacuteticos com base no que julga serem comportamentos adequados (BOGDAN BIKLEN 1994 p 78)

(FRANKFORT-NACHMIAS NACHMIAS 1992 apud COHEN MANION MORRISON 2011 p 75)

A esse respeito Bogdan e Biklen (1994 p 78) lembram que mesmo a presenccedila de um coacutedigo

deontoloacutegico especiacutefico pode natildeo ser suficiente para a resoluccedilatildeo de dilemas eacuteticos complexos que

podem surgir em pesquisas qualitativas envolvendo sujeitos humanos cabendo ao pesquisador

mais uma vez lanccedilar matildeo dos valores pessoais cuidando para que os sujeitos envolvidos natildeo

sofram danos Antes de tudo conforme nos lembra Creswell (2010 p 232) o pesquisador tem a

obrigaccedilatildeo de respeitar os direitos as necessidades os valores e os desejos dos informantes

Stake (2011 p 223) ressalta a hipoacutetese da existecircncia de uma zona de privacidade a qual seria

relativa e situacional podendo variar de acordo com a pessoa ou circunstacircncia O pesquisador nesse

caso coloca-se em um difiacutecil estado de monitoramento em sua investigaccedilatildeo a fim de encontrar

a zona de privacidade dos sujeitos humanos com os quais trabalha e na qual ele natildeo deve entrar

(STAKE 2011 p 223)

Gibbs (2009 p 23) e Cohen Manion e Morrison (2011 p 77) trazem agrave tona a questatildeo da

relevacircncia do consentimento totalmente informado que consiste em linhas gerais na condiccedilatildeo de

que os participantes devem ser informados sobre o que estaacute em foco na pesquisa sobre o que lhes

aconteceraacute durante e apoacutes o processo (quando for o caso) e sobre o destino dos dados fornecidos

(GIBBS 2009 COHEN MANION MORRISON 2011 p 23 p 80) O princiacutepio do consentimento

totalmente informado se baseia na premissa do direito agrave liberdade e ao exerciacutecio do livre arbiacutetrio

dos sujeitos (COHEN MANION MORRISON 2011 p 77) os quais deveratildeo se sentir livres para

participar ou natildeo da pesquisa

Em nosso estudo conforme jaacute dito nesta seccedilatildeo tivemos o cuidado de observar e prever questotildees

e implicaccedilotildees eacuteticas relacionadas ao trato com os participantes especialmente no que se refere agrave

101

Consideraccedilotildees sobre a eacutetica na pesquisa

Quadro 53 Princiacutepios gerais de eacutetica na pesquisa qualitativa em educaccedilatildeo

1 As identidades dos sujeitos devem ser protegidas para que a informaccedilatildeo queo investigador recolhe natildeo possa causar-lhes qualquer tipo de transtorno ouprejuiacutezo O anonimato deve contemplar natildeo soacute o material escrito mas tambeacutemos relatos verbais de informaccedilatildeo recolhida durante as observaccedilotildees O investiga-dor natildeo deve revelar a terceiros informaccedilotildees sobre os seus sujeitos e deve terparticular cuidado para que a informaccedilatildeo que partilha no local da investigaccedilatildeonatildeo venha a ser utilizada de forma poliacutetica ou pessoal

2 Os sujeitos devem ser tratados respeitosamente e de modo a obter a suacooperaccedilatildeo na investigaccedilatildeo Ainda que alguns autores defendam o uso dainvestigaccedilatildeo dissimulada verifica-se consenso relativo a que na maioria dascircunstacircncias os sujeitos devem ser informados sobre os objetivos da investi-gaccedilatildeo e o seu consentimento obtido Os investigadores natildeo devem mentir aossujeitos nem registrar conversas ou imagens com gravadores escondidos

3 Ao negociar a autorizaccedilatildeo para efetuar um estudo o investigador deve ser claroe expliacutecito com todos os participantes relativamente aos termos do acordo edeve respeitaacute-los ateacute a conclusatildeo do estudo Se aceitar fazer algo como moedade troca pela autorizaccedilatildeo deve manter a sua palavra Se concordar em natildeopublicar os seus resultados deve igualmente manter a palavra dada Dado queos investigadores levam a seacuterio as promessas que fazem deve-se ser realistanas negociaccedilotildees

4 Seja autecircntico quando escrever os resultados Ainda que as conclusotildees a quechega possam por razotildees ideoloacutegicas natildeo lhe agradar e se possam verificarpressotildees por parte de terceiros para apresentar alguns resultados que os dadosnatildeo contemplam a caracteriacutestica mais importante de um investigador deve sera sua devoccedilatildeo e fidelidade aos dados que obteacutem Confeccionar ou distorcerdados constitui o pecado mortal de um cientista

Fonte adaptado de Bogdan e Biklen (1994 p 77)

102

Consideraccedilotildees sobre a validade interna da pesquisa

Quadro 54 Salvaguardas para proteccedilatildeo dos participantes desta pesquisa

1 Os informantes concordaram e cederam ao pesquisador por meio de permissatildeoescrita o direito de coleta anaacutelise e publicaccedilatildeo - em qualquer eacutepoca ou meiode divulgaccedilatildeo - dos dados informados

2 Os informantes concederam uma permissatildeo por escrito (Apecircndice A) cedendoao pesquisador o direito de filmagem e gravaccedilatildeo de aacuteudio

3 O pesquisador concordou por meio de contrato escrito em omitir os dadospessoais dos participantes da pesquisa

4 Os interesses direitos e desejos dos informantes foram considerados emprimeiro lugar quando foram feitas escolhas relativas aos dados (CRESWELL2010 p 223)

5 As interpretaccedilotildees e anaacutelises dos dados cedidos permaneceratildeo disponibilizadaspara os informantes por meio desta tese e de outros canais tais como artigos eapresentaccedilotildees orais em congressos

6 Os participantes foram informados sobre todos os dispositivos e atividadesde coleta de dados Os dados portanto nunca foram coletados sem que osinformantes soubessem

coleta anaacutelise e publicaccedilatildeo dos dados Empregamos para tanto com o objetivo de proteger os

direitos e a privacidade dos informantes as salvaguardas indicadas no QUAD 54

54 Consideraccedilotildees sobre a validade interna da pesquisa

A validade eacute um dos pontos fundamentais de uma pesquisa qualitativa (CRESWELL 2010 p 224)

Preocupar-se com a validade interna em uma pesquisa de cunho qualitativo segundo Creswell e

Miller (2000 apud CRESWELL 2010 p 225) significa determinar se os resultados satildeo precisos

do ponto de vista do pesquisador dos participantes ou dos leitores de um relato O pesquisador

pode fazer essa verificaccedilatildeo lanccedilando matildeo de alguns procedimentos ou estrateacutegias de validade tais

como a triangulaccedilatildeo de diferentes fontes de informaccedilatildeo (CRESWELL 2010 p 226) a verificaccedilatildeo

dos membros a utilizaccedilatildeo de uma descriccedilatildeo rica e densa para a comunicaccedilatildeo dos resultados o

esclarecimento do vieacutes que o pesquisador traz para o estudo a apresentaccedilatildeo das informaccedilotildees

negativas ou discrepacircncias encontradas as quais se opotildeem aos temas a permanecircncia por um

tempo prolongado no campo a revisatildeo por pares e a utilizaccedilatildeo de um auditor externo para examinar

todo o projeto

Em termos operacionais referindo-se agrave validaccedilatildeo interna Creswell (2010 p 226) recomenda a

utilizaccedilatildeo de muacuteltiplas estrateacutegias ndash com o intuito de melhorar a capacidade do pesquisador para

avaliar a precisatildeo dos resultados ndash e a subsequente identificaccedilatildeo e discussatildeo nos relatoacuterios de

103

Consideraccedilotildees sobre a validade interna da pesquisa

pesquisa sobre as estrateacutegias adotadas

Gibbs (2009 p 118) associa a validade agrave busca pela qualidade da pesquisa seja ela qualitativa

ou quantitativa Em pesquisas quantitativas bem como qualitativas de vieacutes realista a validade

estaacute associada agrave uma tentativa de garantir que a anaacutelise esteja o mais proacuteximo possiacutevel do que

estaacute realmente acontecendo Essa preocupaccedilatildeo perde o sentido segundo o autor em pesquisas

qualitativas de vieacutes construtivista - como a nossa - jaacute que elas partem da premissa teoacuterica de que natildeo

existe uma realidade simples para ser verificada com relaccedilatildeo agraves anaacutelises mas sim muacuteltiplas visotildees

e interpretaccedilotildees (GIBBS 2009 p 118) Contudo ressalta Gibbs (2009 p 118) o pesquisador

qualitativo construtivista notaraacute a possibilidade de que em meio a grande variedade de possiacuteveis

descriccedilotildees e interpretaccedilotildees apresentadas pelos pesquisadores poderaacute haver posiccedilotildees claramente

tendenciosas e parciais ou ainda completamente tolas ou equivocadas Dessa forma em anaacutelises

e descriccedilotildees construtivistas [p]ode natildeo haver verdade simples e absoluta mas ainda assim pode

haver erro(GIBBS 2009 p 119)

A questatildeo da triangulaccedilatildeo estaacute tambeacutem fortemente associada agrave ideia de validade conforme

podemos ver em Stake (2011 p 138) e Gibbs (2009 p 120) Segundo Stake (2011 p 138) as

formas mais simples de triangulaccedilatildeo em pesquisas qualitativas consistem em observar inuacutemeras

vezes ver a partir de mais de um acircngulo (GIBBS 2009 p 120) e verificar com os envolvidos

Percebemos que todas elas carregam a ideia essencial de triangulaccedilatildeo como verificaccedilatildeo adicional

Stake (2011 p 139) assumindo uma postura claramente construtivista aprofunda o debate

dizendo que o objetivo da triangulaccedilatildeo vai aleacutem da confirmaccedilatildeo e validaccedilatildeo configurando-se como

uma forma de diferenciaccedilatildeo em uma situaccedilatildeo de ganho muacutetuo A triangulaccedilatildeo nesse caso pode

dar ao pesquisador mais confianccedila para concluir que o significado foi determinado corretamente ou

que seraacute necessaacuterio analisar as diferenccedilas para perceber significados muacuteltiplos e importantes Em

outras palavras

Se a verificaccedilatildeo adicional confirma que percebemos o significado corre-tamente noacutes ganhamos Se a verificaccedilatildeo adicional natildeo confirma podesignificar que existem mais significados para descobrir uma forma diferentede ganhar (STAKE 2011 139)

Dessa forma conforme Stake (2011 p 139) relatos conflitantes entre informantes de uma

pesquisa podem deflagrar a necessidade de identificaccedilatildeo de mais de um grupo Esse seria o caso

por exemplo em que alguns bancaacuterios afirmam que as regras satildeo justas enquanto outros dizem

que as regras satildeo injustas Esse conflito poderia significar - entre outras interpretaccedilotildees - que

bancaacuterios receacutem-contratados ou bancaacuterios que lidam com reclamaccedilotildees veem a questatildeo de forma

diferente (STAKE 2011 p 139)

Fraenkel e Wallen (2003 p 444) em sintonia com Stake (2011 p 139) acrescentam que a

verificaccedilatildeo adicional - ou seja a triangulaccedilatildeo - pode ser feita lanccedilando-se matildeo de instrumentos

de coleta de dados qualitativos e quantitativos Os autores citam como exemplo uma pesquisa

mista (ou seja que mescla teacutecnicas de abordagens qualitativas e quantitativas) envolvendo quatro

professores do ensino meacutedio A fim de obter um retrato do que ocorria cotidianamente em sala de

aula bem como identificar teacutecnicas e comportamentos efetivos dos professores foram utilizados

obervaccedilotildees de campo diaacuterios e entrevistas com os professores e alunos (instrumentos tiacutepicos de

104

Consideraccedilotildees sobre a validade interna da pesquisa

Quadro 55 Estrateacutegias de validaccedilatildeo adotadas nesta pesquisa

Etapa Estrateacutegias

Levantamentode dados

Triangulaccedilatildeo de diferentes fontes de informaccedilatildeoRevisatildeo por pares (peer debriefing)

ApresentaccedilatildeoDescriccedilatildeo rica e densa para comunicar nossos resultadosEsclarecimento do vieacutes que trouxemos para o estudo

pesquisas qualitativas) em conjunto com listas de checagem de performance listas de ranqueamento

e fluxogramas de debates (instrumentos tiacutepicos de pesquisas quantitativas) A triangulaccedilatildeo conforme

observam Fraenkel e Wallen (2003 p 444) ocorreu portanto natildeo apenas entre as observaccedilotildees

diaacuterios e entrevistas com prefessores e alunos Elas envolveram tambeacutem a sua comparaccedilatildeo com

dados quantitativos advindos da anaacutelise das interaccedilotildees em sala de aula e do rendimento dos alunos

Em nossa pesquisa adotamos mais de uma estrateacutegia de validaccedilatildeo - as quais apresentamos no

QUAD 55 - conforme recomendado em Creswell (2010 p 226) Com efeito procuramos fornecer

uma descriccedilatildeo a mais rica possiacutevel dos contextos investigados bem como esclarecer da melhor

maneira possiacutevel o nosso vieacutes investigativo Percebemos que essas estrateacutegias se relacionam -

mas natildeo se restringem - agrave apresentaccedilatildeo dos resultados e anaacutelises da pesquisa Consideramos

que uma descriccedilatildeo rica e densa pressupotildee a relevacircncia do contexto para a compreensatildeo de

anaacutelises qualitativas bem como o vieacutes personaliacutestico inerentes a essas anaacutelises As descriccedilotildees

transportam os leitores para o local e proporcionam agrave discussatildeo um elemento de experiecircncias

compartilhadas(CRESWELL 2010 p 226) O esclarecimento do vieacutes que o pesquisador traz para

o estudo por sua vez segundo Creswell (2010 p 226) cria uma narrativa honesta com os leitores e

abre espaccedilo para a reflexividade ou seja para o que Gibbs (2009 p 119) em acordo com Creswell

(2010 p 226) define como

o reconhecimento de que o produto da pesquisa reflete inevitavelmenteparte das origens e da formaccedilatildeo do meio e das preferecircncias do pesquisa-dor(GIBBS 2009 p 119)

Lanccedilamos matildeo ainda em nosso estudo das estrateacutegias de revisatildeo por pares (peer debriefing)

e de triangulaccedilatildeo as quais estatildeo associadas principalmente agrave coleta de dados Subjaz a essa

estrateacutegia nosso intuito de localizar os pontos de convergecircncia entre os diversos olhares a respeito

do fenocircmeno observado os Problemas de Ensino Com efeito lanccedilamos matildeo - conforme jaacute discutido

nesta seccedilatildeo - de diaacuterios de aula notas de campo questionaacuterios e relatos dos participantes em

forma de e-mail e registro em aacuteudio e viacutedeo A partir dos pontos de vista expressos e percebidos por

meio dessas fontes foi possiacutevel identificar os Problemas de Ensino relativos agrave utilizaccedilatildeo de material

didaacutetico de natureza virtual livre em contexto formal de aprendizagem de italiano L2LE

Dado o vieacutes qualitativo construtivista do nosso estudo empregamos a estrateacutegia de triangulaccedilatildeo

tomando-a como possibilidade de verificaccedilatildeo adicional (GIBBS 2009 STAKE 2011 p 120 p 138)

e como forma de diferenciaccedilatildeo (STAKE 2011 p 139) ou seja considerando a eventual necessidade

de analisar diferenccedilas (entre nossas anaacutelises e o ponto de vista dos sujeitos participantes) a fim de

105

Delimitaccedilatildeo do estudo contextos e estrateacutegias de coleta de dados

reconhecer significados muacuteltiplos e importantes enriquecendo nossa anaacutelise Enfim ao empregar-

mos a triangulaccedilatildeo consideramos a possibilidade de muacuteltiplas interpretaccedilotildees mas tentamos evitar

posicionamentos tendenciosos parciais ou equivocados conforme Gibbs (2009 p 118)

55 Delimitaccedilatildeo do estudo contextos e estrateacutegias de co-

leta de dados

Tivemos como meta de pesquisa conforme jaacute mencionado a investigaccedilatildeo dos Problemas de

Ensino (ORTALE 2010 p 425) relacionados agrave utilizaccedilatildeo de material didaacutetico de natureza virtual

livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano como LEL2 tendo sido o termo

utilizaccedilatildeodesdobrado para fins de pesquisa em utilizaccedilatildeo em sala de aula presencial e produccedilatildeo

A partir desse desdobramento e a fim de alcanccedilar nosso objetivo estabelecemos dois contextos de

coleta de dados - a saber disciplinas de italiano como LEL2 e curso de formaccedilatildeo de professores de

italiano em serviccedilo e em preacute-serviccedilo - os quais representamos respectivamente nos QUADROS 56

e 57

Os Problemas de Ensino relativos ao uso de material didaacutetico de natureza virtual livre em contexto

presencial e formal de ensino-aprendizagem de italiano como LEL2 foram investigados no decorrer

de duas disciplinas de liacutengua italiana oferecidas em niacutevel de graduaccedilatildeo na mesma liacutengua junto agrave

faculdade de Letras de uma universidade puacuteblica do estado de Satildeo Paulo Durante as disciplinas

o professor responsaacutevel por ambas foi convidado a utilizar em determinadas aulas Sequecircncias

Didaacuteticas (SD) virtuais livres - relacionadas ao tema e ao momento da disciplina - elaboradas pelo

pesquisador com a sua colaboraccedilatildeo Dessa forma criamos em conjunto um total de seis (6)

Sequecircncias Didaacuteticas virtuais livres as quais indicamos no QUAD 56 com as referecircncias de SD1

(Sequecircncia Didaacutetica 1) a SD6 (Sequecircncia Didaacutetica 6) Satildeo elas respectivamente Viaggio che

senso ha per te questa parola Un viaggio in bici Mangia che ti fa bene Napoli e i ragazzi Vivere a

modo mio - mi sono trasferita in Germania e Shok culturale 51

Nesse contexto a fim de perceber os eventuais Problemas de Ensino - relativos ao uso de

Material Didaacutetico Virtual Livre em sala de aula presencial - lanccedilamos matildeo de observaccedilatildeo e notas

de campo anaacutelise de diaacutelogos entre o pesquisador e o professor - materializados em forma de

e-mails e trocados durante o periacuteodo de elaboraccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do material didaacutetico anaacutelise de

diaacuterio de aula - redigido pelo professor e questionaacuterios - sendo esses tambeacutem respondidos pelo

professor Vale ressaltar que nossos olhares se dirigiram ao professor e sua praacutetica sem no entanto

desconsiderar o contexto e os outros componentes da sala de aula investigada O QUAD 56 indica

os momentos em que utilizamos essas teacutecnicas de levantamento de dados bem como a frequecircncia

com que o fizemos Observamos que nem sempre foi possiacutevel manter uma frequecircncia regular no

que diz respeito agraves teacutecnicas utilizadas Esse eacute o caso da confecccedilatildeo dos diaacuterios de classe Conforme

mostrado no QUAD 56 houve uma diminuiccedilatildeo da utilizaccedilatildeo desse artefato da Sessatildeo 1 para a

Sessatildeo 3 Isso ocorreu principalmente pela natildeo adaptaccedilatildeo do professor a esse tipo de atividade

51Apresentamos no Apecircndice B as Sequecircncias Didaacuteticas Viaggio che senso ha per te questa parola eUn viaggio in bici

106

Delimitaccedilatildeo do estudo contextos e estrateacutegias de coleta de dados

Aula Obser

vaccedilatilde

oNc

E-mail

s

Diarios

deau

la

Questi

onaacuter

io

Aplica

ccedilatildeo

deSD

Inf

adici

onais

Sessatildeo 117 horas

1 x x x xSD1Viaggio chesenso ha perte questaparola SD2Un viaggio inbiciprogramawordpress

2 x x3 x x x4 x x x5 x x x6 x x x SD17 x x x8 x x x9 x x x10 x x x SD2

Sessatildeo 213 horas

1 x xSD3 Mangiache ti fabene SD4Napoli e iragazziprogramawordpress

2 x x3 x x x4 x x x SD35 x x x6 x x7 x x8 x x SD4

Sessatildeo 325 horas

1 x x

SD5 Viverea modo mio -mi sonotrasferito inGermaniaSD6 ShokCulturaleprogramaEXElearning

2 x x3 x x4 x x5 x x6 x x7 x x SD58 x x9 x x10 x x11 x x12 x x13 x x14 x x15 x x SD6

Quadro 56 Coleta de dados I - utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em contexto dedisciplinas presenciais de italiano como LEL2

107

Delimitaccedilatildeo do estudo contextos e estrateacutegias de coleta de dados

Aula Ativida

des

Av diagn

oacutestic

a

Notas

deca

mpo

Quest

Aberto

Regist

roaacuteu

dio

Regist

roviacuted

eo

Inf

adici

onais

Dimensatildeo formativa do curso Dimensatildeo investigativa coleta de dados

Sessatildeo 120 horas

Preacute-curso

x

1 At1 x x At1 Buscade insumoslivres At2Utilizaccedilatildeo doprograma deautoriaEXElearningAt3ElaboraccedilatildeodeSequecircnciasDidaacuteticas deitaliano LEL2At4 Imple-mentaccedilatildeodasSequecircnciasDidaacuteticas noprograma deautoriaEXElearningAt5Atribuiccedilatildeo delicenccedilaslivres agravesSequecircnciasDidaacuteticasProduzidasmdashmdashmdashApSddApresenta-ccedilatildeo e Sessatildeode debate

2 At2 x x

3At1At2At3

x x x

4

At1At2At3At4

x x x

5

At1At2At3At4At5

x x x

ApSdd x

Sessatildeo 220 horas

Preacute-curso

x

1 At1 x x2 At2 x x x

3At1At2At3

x x x

4

At1At2At3At4

x x x

5

At1At2At3At4At5

x x x

ApSdd x

Quadro 57 Coleta de dados II - produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em contextode curso de formaccedilatildeo de professores de italiano LEL2

108

Delimitaccedilatildeo do estudo contextos e estrateacutegias de coleta de dados

De fato natildeo insistimos em sua confecccedilatildeo a fim de evitar o desconforto do professor-informante

Acrescentamos que o QUAD 56 apresenta trecircs (3) sessotildees de coleta de dados cujos limites

estabelecemos em funccedilatildeo das respectivas aulas de aplicaccedilatildeo das Sequecircncias Didaacuteticas (SD) virtuais

livres - a saber as aulas seis (6) e dez (10) para a sessatildeo 1 as aulas quatro (4) e oito (8) para

a sessatildeo 2 e as aulas sete (7) e quinze (15) para a sessatildeo 3 Dessa forma natildeo obstante as

aproximadas cento e cinquenta (150) horas de observaccedilatildeo de sala de aula que empreendemos

acompanhando as disciplinas em sua integralidade - os dados relativos a esse contexto foram

coletados no intervalo das trecircs (3) sessotildees indicadas no QUAD 56 perfazendo um total aproximado

de cinquenta e cinco (55) horas

Os Problemas de Ensino relacionados agrave produccedilatildeo do Material Didaacutetico Virtual Livre por sua

vez foram observados no contexto de um curso de formaccedilatildeo oferecido em duas ediccedilotildees no acircmbito

de duas universidades puacuteblicas brasileiras - uma no estado de Santa Catarina e outra no estado

de Satildeo Paulo - em que um total aproximado de 25 professores de liacutengua italiana em serviccedilo e em

preacute-serviccedilo foram convidados a produzir Sequecircncias Didaacuteticas (SD) de natureza virtual livre para o

ensino-aprendizagem de italiano como LEL2 52

Em essecircncia o curso de formaccedilatildeo que elaboramos e ministramos teve uma carga-horaacuteria

de 20 horas (cada uma das ediccedilotildees) e foi baseado em uma abordagem de ensino-aprendizagem

construtivista Tivemos como objetivo principal por meio do curso oferecer a oportunidade de

desenvolvimento das principais competecircncias que consideramos necessaacuterias para a elaboraccedilatildeo de

Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de italiano como LEL2 Satildeo elas

bull buscar e reconhecer insumos livres

bull utilizar e reconhecer programas de autoria livres (ou que gerem formatos livres)

bull elaborar sequecircncias didaacuteticas de italiano como LEL2

bull atribuir licenccedilas livres a sequecircncias didaacuteticas de proacutepria autoria

Propomos a fim de criar oportunidades para o desenvolvimento dessas competecircncias seis

atividades problema nucleares de natureza praacutetica - indicadas no QUAD 57 com as referecircncias

de At1 (Atividade 1) a At6 (Atividade 6) A saber respectivamente Busca de insumos livres

Utilizaccedilatildeo do programa de autoria EXElearning Elaboraccedilatildeo de Sequecircncias Didaacuteticas de italiano

como LEL2 Implementaccedilatildeo das Sequecircncias Didaacuteticas no programa de autoria EXElearning e

Atribuiccedilatildeo de licenccedilas livres agraves Sequecircncias Didaacuteticas (SD) produzidas - com as quais os cursistas se

deparavam gradativa e cumulativamente em uma dinacircmica espiral conforme indicamos na Figura

51 Acrescentamos que os participantes foram motivados desde o iniacutecio do curso por uma questatildeo

problema cujo desafio consistia em elaborar uma Sequecircncia Didaacutetica (SD) virtual livre para o ensino

de liacutengua italiana considerando um contexto de ensino-aprendizagem dessa liacutengua com o qual o

cursista (ou grupo de cursistas) jaacute trabalhavam ou jaacute tinha trabalhado Adotamos essa estrateacutegia a

fim de balizar as atividades e trazer significado e tom personaliacutestico para a produccedilatildeo de Sequecircncias

Didaacuteticas sugerida

52Apresentamos no Apecircndice B algumas das Sequecircncias Didaacuteticas produzidas durante os cursos

109

Delimitaccedilatildeo do estudo contextos e estrateacutegias de coleta de dados

Figura 51 Dinacircmica de curso experimentaccedilatildeo gradativa e cumulativa de atividadesproblema nucleares

Utilizamos nesse caso como estrateacutegias de coleta de dados para a percepccedilatildeo dos eventuais

Problemas de Ensino relativos agrave produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre para o ensino de italiano

como LEL2 gravaccedilotildees em viacutedeo e aacuteudio questionaacuterio aberto e notas de campo - conforme indicado

no QUAD 57 Registramos em aacuteudio as interaccedilotildees entre os participantes em seus grupos de

trabalho nos momentos em que as atividades relacionadas agrave produccedilatildeo do Material Didaacutetico Virtual

Livre (At1 a At6) ocorriam Esse registro gerou um total aproximado de cinquenta e nove (59) horas

- sendo vinte e sete (27) horas na sessatildeo 1 e trinta e duas (32) horas na sessatildeo 2 Gravamos em

viacutedeo o momento da apresentaccedilatildeo do material didaacutetico produzido pelos professores-cursistas bem

como a subsequente sessatildeo de reflexatildeo e debate coletivo sobre trabalho - a qual referenciamos

no QUAD 57 como ApSdd (Apresentaccedilatildeo e sessatildeo de debate) Essa gravaccedilatildeo resultou em um

total de aproximado de uma hora e quarenta minutos (140mim) - sendo aproximadamente cinquenta

minutos (50mim) para cada uma das sessotildees Cabe relatar que esse momento de apresentaccedilatildeo

dos trabalhos concluiacutedos - ou seja de Sequecircncias Didaacuteticas virtuais livres de italiano como LEL2 -

aconteceu ao final do curso e que as reflexotildees foram fruto da interaccedilatildeo entre o pesquisador e os

participantes depois de cada apresentaccedilatildeo Durante todo o curso em consonacircncia com Ortale (2010

p 425) pedimos ainda que os participantes relatassem em forma de texto escrito as dificuldades

ou problemas que estavam enfrentando durante a produccedilatildeo do Material Didaacutetico Virtual Livre e como

estavam solucionando essas dificuldades ou problemas Esses relatos foram documentados em

forma de e-mail e motivados por meio de questionaacuterio aberto dirigido aos cursistas

Observamos enfim que tal qual no contexto de utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre -

QUAD 56- as estrateacutegias de coleta de dados natildeo foram utilizadas com uma frequecircncia regular

Citamos por exemplo o registro em aacuteudio representado no QUAD 57 o qual foi utilizado da aula

trecircs (3) a cinco (5) na sessatildeo um (1) e da aula dois (2) a cinco (5) na sessatildeo dois (2) Tambeacutem

nesse caso tivemos o cuidado de utiliza-lo de modo a respeitar o conforto dos informantes

110

Capiacutetulo 6

Perfil dos informantes

Neste capiacutetulo apresentamos o perfil dos informantes que participaram de nossa pesquisa Conforme

discutido no capiacutetulo 5 desta tese referimos-nos a um professor de liacutengua italiana do ensino superior

puacuteblico brasileiro - cuja praacutetica de sala de aula envolvendo a utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual

Livre investigamos - e dois grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo participantes do

curso de formaccedilatildeo - sendo esses envolvidos com a produccedilatildeo desse tipo de material didaacutetico no

acircmbito de nossa pesquisa

O levantamento foi realizado com o auxiacutelio de questionaacuterios associados a observaccedilatildeo e anaacutelises

documentais quando necessaacuterio Os questionaacuterios foram respondidos antes dos respectivos periacuteo-

dos de observaccedilatildeo acompanhamento e levantamento de dados Em outras palavras realizamos

uma avaliaccedilatildeo diagnoacutestica direcionada ao professor e aos dois grupos de professores em serviccedilo e

em preacute-serviccedilo Em linhas gerais buscamos investigar por meio dos questionaacuterios - e eventual-

mente das observaccedilotildees e anaacutelises documentais - a familiaridade dos participantes no que se refere

ao uso de novas tecnologias - bem como aspectos do seu letramento digital da sua praacutetica de sala

de aula de seus haacutebitos habilidades e competecircncias relativas agrave produccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de material

didaacutetico para o ensino de liacutenguas e dos respectivos contextos de utilizaccedilatildeo do Material Didaacutetico

Virtual Livre - no acircmbito de realizaccedilatildeo de nossa pesquisa - quando pertinente

Cabe mencionar que lanccedilamos matildeo de recursos matemaacuteticos simples em nossa tentativa de

delinear o perfil dos dois grupos envolvidos com a produccedilatildeo De fato em detrimento ao perfil pessoal

do professor do ensino superior puacuteblico envolvido com a utilizaccedilatildeo do material didaacutetico focalizamos o

seu perfil enquanto grupo Consideramos que a utilizaccedilatildeo de recursos matemaacuteticos nesse contexto

natildeo contradiz nossa proposta metodoloacutegica discutida no capiacutetulo 5 Com efeito tais recursos foram

utilizados com o objetivo de melhor compreender o perfil dos grupos de professores ou seja de uma

fraccedilatildeo do conjunto total dos informantes As anaacutelises dos Problemas de Ensino por sua vez foram

feitas a partir de um prisma qualitativo As seccedilotildees subsequentes apresentam respectivamente

nossa anaacutelise sobre o perfil do professor e dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

111

Perfil do professor do ensino superior puacuteblico

61 Perfil do professor do ensino superior puacuteblico

Em nossa avaliaccedilatildeo diagnoacutestica bem como em nossas observaccedilotildees de campo e anaacutelise documental

- materializada em registro de troca de mensagens eletrocircnicas entre o pesquisador e o professor

- consideramos pertinente focalizar especialmente dois aspectos do perfil do professor a sua

familiaridade com a utilizaccedilatildeo de novas tecnologias em sala de aula - especialmente o computador -

e a sua maneira de apropriaccedilatildeo e uso de material didaacutetico tambeacutem em sala de aula Os debates

desta seccedilatildeo giram em torno desses dois eixos Consideramos oportuno destacar que o professor de

liacutengua italiana informante de nossa pesquisa possui experiecircncia de mais de 15 (quinze) anos com

o ensino dessa liacutengua em contexto formal superior puacuteblico brasileiro

No que se refere ao primeiro aspecto percebemos que o professor eventualmente utiliza o

computador em sala de aula visando sobretudo o acesso agrave internet Desse modo presenciamos

em nossa observaccedilatildeo de campo pelo menos duas atividades espontaneamente elaboradas por

esse profissional envolvendo pesquisa agrave rede mundial de computadores por parte dos alunos

Percebemos contudo que o professor parece considerar que natildeo possui familiaridade com o uso do

computador e de determinados recursos da Internet conforme excerto destacado abaixo Trata-se

de uma mensagem do professor destinada ao pesquisador em que se discute o uso de um blog

como suporte agraves atividades a serem realizadas em sala de aula

acabei de olhar o blog e amanhatilde gostaria que me explicasse algumasquestotildees teacutecnicas pois sou muito ignorante no assunto [] seria umaespeacutecie de moodle mais ou menos isso natildeo Achei muito interessante e estou gostando da ideia da mudanccedila mesmo

Professor informante

Ainda sobre o excerto destacamos que a ideia de mudanccedila proferida pelo informante refere-se agrave

sua concepccedilatildeo de que precisa utilizar mais o computador e a Internet em suas aulas

Em relaccedilatildeo agrave questatildeo da apropriaccedilatildeo do material didaacutetico em sala de aula percebemos que o

professor tem o haacutebito de adotar um livro didaacutetico em suas disciplinas de liacutengua italiana Segundo ele

- conforme observamos no excerto de seu relato a seguir - esse artefato carrega o aspecto positivo

de auxiliar tanto o professor quanto os aprendizes - sobretudo os iniciantes - no que se refere agrave

organizaccedilatildeo da aula e dos estudos - respectivamente - na medida em que permite a visualizaccedilatildeo

sequencial do programa e do conteuacutedo do curso Nas palavras do professor informante

Acredito que seja fundamental para os niacuteveis iniciais ter como apoio umlivro didaacutetico a fim de auxiliar os alunos a visualizarem a sequecircncia doprograma proposto [] o referido livro auxilia o professor a encaminhar oprograma

Professor informante

Ademais para ele o uso do livro didaacutetico desencadeia um sentimento de seguranccedila no decorrer de

sua praacutetica de sala de aula conforme percebemos em seu relato Trata-se de um artefato incompleto

Eu particularmente sinto-me mais seguro e me organizo melhor tendo umlivro como apoio

112

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

Professor informante

Natildeo obstante tais caracteriacutesticas notamos que o professor se apropria do livro didaacutetico amparado

pela concepccedilatildeo de que se trata de um artefato incompleto e nem sempre compatiacutevel com as

demandas reais locais do contexto de ensino-aprendizagem em que se insere Como tal cabe ao

professor adaptaacute-lo e ateacute subverter a proposta dos autores quando achar necessaacuterio Em adiccedilatildeo

notamos que o professor carrega a noccedilatildeo de que subverter o livro didaacutetico - evitando um esquema

de aula repetitivo - pode significar a oferta de um curso mais motivador para os aprendizes De fato

em suas palavras

Faz-se necessaacuteria a adoccedilatildeo de materiais complementares pois um livronunca esgota todas as possibilidades Ademais ha a especificidade de cadagrupo e o professor tem que ter a sensibilidade de adequar as atividades[] muitas vezes as unidades natildeo satildeo seguidas [pelo professor] da formaproposta [] Outro ponto eacute a necessidade de constante motivaccedilatildeo seo esquemase repete de forma ininterrupta as aulas e o ritmo tornam-secansativos

Professor informante

Entre os materiais complementares utilizados pelo professor informante estatildeo livros sobre a cultura

alvo materiais elaborados por outros professores - e adaptados agraves necessidades locais muacutesicas

filmes e leituras diversas

Consideramos pertinente concluir que o professor informante possui vasta experiecircncia com

ensino de italiano em contexto formal superior puacuteblico brasileiro que possui pouco familiaridade

com o uso de computador e da Internet utilizando-os eventualmente em sua praacutetica de sala de

aula e que se apropria do livro didaacutetico considerando-o de grande valia no que se refere ao aspecto

organizativo do empreendimento de ensino e aprendizagem mas que deve ser complementado

adaptado e as vezes subvertido de modo a corresponder agraves demandas locais

62 Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-

serviccedilo

Nesta seccedilatildeo conforme anunciado discutimos os resultados da avaliaccedilatildeo diagnoacutestica que realizamos

junto aos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo de liacutengua italiana participantes de

nossa pesquisa com o intuito de estabelecer o seu perfil Analisamos especificadamente os

graacuteficos obtidos a partir de suas respostas Nossa investigaccedilatildeo perpassou trecircs aacutereas as quais

consideramos pertinentes com as demandas - ou seja habilidades e competecircncias - relativas agrave

produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre Satildeo elas a experiecircncia com ensino de italiano os

haacutebitos de planejamento de aulas e de apropriaccedilatildeo do material didaacutetico e o letramento digital Aleacutem

de nossas anaacutelises distribuiacutedas nas proacuteximas subseccedilotildees formulamos um quadro esquemaacutetico por

meio do qual apresentamos o perfil predominante dos grupos 1 e 2 Trata-se do QUAD 61

Consideramos oportuno ressaltar que estamos sintonizados com as concepccedilotildees de Buzato

(2006a apud BUZATO 2006b) Buzato (2006b) e Romero (2008) a respeito da noccedilatildeo de letramento

113

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

Quadro 61 Perfil predominante dos grupos 1 e 2

Grupo 1 Grupo 2

Experiecircncia com ensino de italianoExperiecircncia 1 Sim SimContextos de atuaccedilatildeo predominante 2 Extensatildeo universi-

taacuteriaEscola de idiomas

Haacutebitos de planejamento de aulas e de apropriaccedilatildeo do material didaacutetico 2

Haacutebito predominante de preparaccedilatildeode aulas

Consulta a materi-ais didaacuteticos alter-nativos

Consulta a manu-ais do professor

Haacutebito predominante de produccedilatildeo dematerial didaacutetico

Seleccedilatildeo defragmentos de ma-teriais de autoriade terceiros comocomplemento aolivro didaacutetico

Seleccedilatildeo defragmentos de ma-teriais de autoriade terceiros comocomplemento aolivro didaacutetico

Recursos da Internet predominante-mente utilizados na praacutetica de sala deaula

E-mail e paacuteginaweb

E-mail e paacuteginaweb

Letramento digital 1

Recursos para utilizaccedilatildeo dos quais amaioria dos participantes se declaracompetente

E-mail e redes so-ciais

E-mail e redes so-ciais

Artefatos para editoraccedilatildeo dos quais amaioria dos participantes se declaracompetente

Texto eslide e ima-gem

Texto

Experiecircncia predominante com insta-laccedilatildeo de software

Sem experiecircnciae sem noccedilatildeo decomo se faz

Pelo menos umavez

Experiecircncia predominante com utiliza-ccedilatildeo de Ambientes Virtuais de Apren-dizagem

Como aluno(a) emcurso presencial

Como aluno(a) emcurso presencial

Experiecircncia predominante com insta-laccedilatildeo de Ambientes Virtuais de Apren-dizagem

Inexistente Quase inexistente

1 Nuacutemero total de respondentes 21 para o grupo 1 e 11 para o grupo 22 Nuacutemero total de respondentes com experiecircncia docente 16 para o grupo 1 e 10 para o grupo 2 Diferenccedilas entre os valores totais natildeo significativas no que se refere ao perfil predominante dos grupos

114

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

digital quando abordamos esse aspecto em nossa avaliaccedilatildeo diagnoacutestica Dessa forma concordamos

com a concepccedilatildeo de Buzato (2006a apud BUZATO 2006b p 16) quando diz que

Letramentos digitais (LDs) satildeo conjuntos de letramentos (praacuteticas sociais)que se apoiam entrelaccedilam e apropriam muacutetua e continuamente por meiode dispositivos digitais para finalidades especiacuteficas tanto em contextossocioculturais geograficamente e temporalmente limitados quanto naquelesconstruiacutedos pela interaccedilatildeo mediada eletronicamente (BUZATO 2006aapud BUZATO 2006b p 16)

Em adiccedilatildeo concordamos com Buzato (2006b p 8) quando acrescenta dois corolaacuterios a essa

definiccedilatildeo Satildeo eles

Corolaacuterio 1 Por reunirem conjuntos de coacutedigos modali-dades e tecnologias que se entrelaccedilam osLDs satildeo inevitavelmente hiacutebridos e instaacuteveistemporalmente de modo que a condiccedilatildeode letrado digitalestaacute sempre restrita a mo-mentos e finalidades especiacuteficas

Corolaacuterio 2 Por serem praacuteticas sociais e natildeo variaacuteveisautocircnomas os letramentos digitais tanto afe-tam as culturas e os contextos nos quaissatildeo introduzidos ou que ajudam a constituirquanto por eles satildeo afetados de modo queseus efeitossociais e cognitivos variaratildeoem funccedilatildeo dos contextos socioculturais efinalidades envolvidos na sua apropriaccedilatildeo(BUZATO 2006b p 8)

Concordamos enfim com Romero (2008 p 237) quando associa a competecircncia tecnoloacutegica

ao letramento digital - lembrando que essa competecircncia estaacute relacionada agrave aquisiccedilatildeo de habilidades

para a promoccedilatildeo da integraccedilatildeo das tecnologias no processo de ensino-aprendizagem - e quando

conforme destacam Garcia et al (2011 p 83) descreve trecircs competecircncias que o professor que

trabalha com novas tecnologias deve apresentar Satildeo elas as competecircncias tecnoloacutegicas didaacuteticas

e tutoriais - descritas no QUAD 62

621 Experiecircncia com ensino de italiano

Conforme os graacuteficos apresentados no QUAD 63 observamos que a maioria dos participantes

dos grupos 1 e 2 possuem experiecircncia com o ensino de liacutengua italiana Referimos-nos a 76 dos

membros do grupo 1 e 91 dos membros do grupo 2 53 Percebemos ainda por meio dos graacuteficos

apresentados no QUAD 64 que essa experiecircncia se refere predominantemente aos contextos

53O nuacutemero total de respondentes estaacute indicado em cada um dos graacuteficos apresentados nesta seccedilatildeo Nessecaso consideramos 21 respondentes para o grupo 1 e 11 para o grupo 2 ou seja o total de respondentes comou sem experiecircncia como professor(-a) Decidimos omitir o nuacutemero total de respondentes de nossas anaacutelisestextuais visando tornaacute-las mais claras e menos redundantes Percebemos que as variaccedilotildees apresentadas aose considerarem ora todos os respondentes ora os participantes com experiecircncia docente natildeo implica emdiferenccedilas significativas no que se refere ao perfil predominante dos grupos

115

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

Quadro 62 Competecircncias tecnoloacutegicas conforme Romero (2008)

Competecircncias tecnoloacutegicas Domiacutenio de ferramentas de cria-ccedilatildeo e aplicaccedilotildees com o uso da in-ternet

Competecircncias didaacuteticas Capacidade de criar materiais eproduzir tarefas relevantes para osalunos de adaptaccedilatildeo a novos for-matos e processos de ensino deproduccedilatildeo de ambientes direciona-dos agrave autorregulaccedilatildeo por parte doaluno e utilizaccedilatildeo de muacuteltiplos re-cursos e possibilidades de explo-raccedilatildeo

Competecircncias tutoriais Habilidades de comunicaccedilatildeo men-talidade aberta para novas pro-postas e sugestotildees capacidadede adaptaccedilatildeo a caracteriacutesticase condiccedilotildees dos alunos e paraacompanhar o processo de ensino-aprendizagem do aluno

Fonte adaptado de Garcia et al (2011 p 83)

116

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

de extensatildeo universitaacuteria - para o grupo 1 - e escola de idiomas - para o grupo 2 De fato 88

dos participantes com experiecircncia do grupo 1 declarou a extensatildeo universitaacuteria como contexto

de atuaccedilatildeo enquanto 100 dos informantes - ou seja professores com experiecircncia - do grupo 2

declarou a escola de idiomas Vale observar que em ambos os grupos a experiecircncia em contexto

de aula particular individual aparece em segundo lugar tendo sido declarada respectivamente por

44 dos membros com experiecircncia do grupo 1 e por 80 tambeacutem dos membros com experiecircncia

do grupo 2

Consideramos plausiacutevel concluir a partir dos dados observados que ambos os grupos apre-

sentam perfil marcado pela experiecircncia com ensino de liacutengua italiana sendo essa relacionada

sobretudo a cursos livres - ou seja cursos de extensatildeo universitaacuteria e escolas de idiomas

622 Haacutebitos de planejamento de aulas e de apropriaccedilatildeo do material

didaacutetico

Em nossa anaacutelise dos graacuteficos apresentados pelos quadros 65 66 e 67 percebemos trecircs aspectos

proeminentes O primeiro se refere ao haacutebito de utilizar-se da pesquisa durante a preparaccedilatildeo das

aulas declarado pela maioria dos respondentes dos grupos 1 e 2 Conforme indicam os graacuteficos

contidos no QUAD 65 enquanto 88 dos respondentes com experiecircncia de ensino do grupo 1

afirma ver a proposta do mesmo assunto da aula em outros materiais 70 da mesma categoria de

respondentes do grupo 2 afirma ler manuais do professor durante essa tarefa O segundo aspecto

consiste no fato de que para a maior parte dos informantes com experiecircncia em ensino de italiano

de ambos os grupos a atividade de produccedilatildeo de material didaacutetico significa seleccedilatildeo de fragmentos ou

atividades de materiais didaacuteticos de autoria de terceiros sendo essa produccedilatildeo realizada com o intuito

de complementar um livro didaacutetico adotado Referimos-nos a 50 para o grupo 1 e 50 para o grupo

2 conforme o QUAD 66 O terceiro aspecto enfim refere-se agrave utilizaccedilatildeo de recursos da Internet

em sala de aula Com base nos graacuteficos apresentados pelo QUAD 67 consideramos plausiacutevel

dizer que a utilizaccedilatildeo de recursos da Internet eacute uma realidade para os respondentes - professores

com experiecircncia - dos grupos 1 e 2 Entre os recursos mais utilizados por ambos os grupos estatildeo

o e-mail e a paacutegina web Tais recursos de acordo com os graacuteficos alternam-se em primeiro e

segundo lugar de forma destacada dos demais nos grupos 1 e 2 Com efeito enquanto 81 dos

respondentes com experiecircncia de ensino do grupo 1 afirma utilizar o e-mail e 69 do mesmo grupo

declara utilizar a paacutegina web 70 dos respondentes da mesma categoria pertencentes ao grupo 2

dizem utilizar esse e 60 aquele

Quadro 63 Experiecircncia com ensino de italiano - grupos 1 e 2

Grupo 121 respondentes

76Sim24Natildeo

0 50 100

Grupo 211 respondentes

91Sim9Natildeo

0 50 100

117

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

Quadro 64 Contextos de ensino relativos agrave experiecircncia dos participantes - grupos 1 e 2

Grupo 116 respondentes 1

13Escola de idiomas38Aula particular - a partir de 2 alunos44Aula particular - individual

88Extensatildeo universitaacuteria13Ensino infantil13Ensino baacutesico

6Ensino meacutedio13Ensino superior

6Outros0 50 100

Grupo 210 respondentes 2

100Escola de idiomas10Aula particular - a partir de 2 alunos

80Aula particular - individual40Extensatildeo universitaacuteria

20Ensino infantil10Ensino baacutesico

0Ensino meacutedio0Ensino superior

20Outros0 50 100

1 Nuacutemero total de respondentes com experiecircncia como professor(-a) do grupo 12 Nuacutemero total de respondentes com experiecircncia como professor(-a) do grupo 2 Em ambos os grupos os respondentes puderam marcar mais de uma opccedilatildeo

118

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

Quadro 65 Haacutebitos de preparaccedilatildeo de aulas - grupos 1 e 2

Grupo 116 respondentes 1

1 Leio manuais do professor

2 Vejo a proposta do mesmo assunto da aula em outros mat

3 Procuro materiais ou seq didaacuteticas prontas na Internet

4 Consulto falantes nativos - pessoalmente ou pela Internet

5 Troco ideias com outros professores(-as)

6 Preparo minhas aulas sozinho(-a)

7 Natildeo tenho experiecircncia como professor(-a)

--

311882

313194

445566

257

0 50 100

Grupo 210 respondentes 2

1 Leio manuais do professor

2 Vejo a proposta do mesmo assunto da aula em outros mat

3 Procuro materiais ou seq didaacuteticas prontas na Internet

4 Consulto falantes nativos - pessoalmente ou pela Internet

5 Troco ideias com outros professores(-as)

6 Preparo minhas aulas sozinho(-a)

7 Natildeo tenho experiecircncia como professor(-a)

--

701502503

404405

606107

0 50 100

1 Nuacutemero total de respondentes com experiecircncia como professor(-a) do grupo 12 Nuacutemero total de respondentes com experiecircncia como professor(-a) do grupo 2 Em ambos os grupos os respondentes puderam marcar mais de uma opccedilatildeo

Parece-nos pertinente dizer que - de forma predominante no que se refere aos haacutebitos de

planejamento de suas aulas e de apropriaccedilatildeo do material didaacutetico - ambos os grupos apresentam o

haacutebito de realizar pesquisas a materiais de autoria de terceiros durante o planejamento das aulas

que ambos os grupos satildeo marcados pelo haacutebito de produccedilatildeo de material didaacutetico sendo essa

atividade para os dois grupos caracterizada como anaacutelise e seleccedilatildeo de fragmentos ou atividades

de materiais didaacuteticos de autoria de terceiros - e sendo tal seleccedilatildeo realizada com o intuito de

complementar a utilizaccedilatildeo de um livro didaacutetico e que emfim a utilizaccedilatildeo de recursos da rede

mundial de computadores para os dois grupos eacute uma realidade sendo o e-mail e a paacutegina web os

recursos mais utilizados pelos respondentes

Cabe acrescentar que consideramos plausiacutevel - diante do exposto sobre o cenaacuterio de produccedilatildeo

de material didaacutetico experienciado pelos respondentes do grupo 1 e 2 - extrapolar os dados e

sugerir que esse cenaacuterio pode indicar que os respondentes - sobretudo do grupo 1 cuja maioria

dos participantes declarou consultar outros materiais didaacuteticos sobre o mesmo assunto de sua aula -

carregam a noccedilatildeo de que o livro didaacutetico de per si natildeo eacute suficiente para corresponder as demandas

locais - o que incentiva a complementaccedilatildeo declarada como habitual para a maioria dos informantes

conforme os graacuteficos apresentados no QUAD 66

119

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

Quadro 66 Haacutebitos de produccedilatildeo de material didaacutetico - grupos 1 e 2

Grupo 116 respondentes 1

1 Produzo o material didaacutetico que utilizo-sou autor(a) do mat

2 Produzo o mat didaacutetico que utilizo-natildeo sou autor(a) seleciono e organizo

trechos de mat de terceiros

3 Utilizo somente livros didaacuteticos-ou apostilas de autoria de terceiros-incluindo

CDs DVDs etc

4 Utilizo livros didaacuteticos e complemento com material extra - geralmente de

minha autoria

5 Utilizo liv didaacuteticos e complemento com mat extra - geralmente fragmentos

ou atividades de terceiros

6 Natildeo tenho experiecircncia como professor(a)

61

382

03

134

505

256

0 50 100

Grupo 210 respondentes 2

1 Produzo o material didaacutetico que utilizo-sou autor(a) do mat

2 Produzo o mat didaacutetico que utilizo-natildeo sou autor(a) seleciono e organizo

trechos de mat de terceiros

3 Utilizo somente livros didaacuteticos - ou apostilas de autoria de terceiros-

incluindo CDs DVDs etc

4 Utilizo livros didaacuteticos e complemento com material extra-geralmente de

minha autoria

5 Utilizo liv didaacuteticos e complemento com mat extra-geralmente fragmentos

ou atividades de terceiros

6 Natildeo tenho experiecircncia como professor(a)

101

02

203

204

505

106

0 50 100

1 Nuacutemero total de respondentes com experiecircncia como professor(-a) do grupo 12 Nuacutemero total de respondentes com experiecircncia como professor(-a) do grupo 2 Em ambos os grupos os respondentes puderam marcar mais de uma opccedilatildeo

120

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

623 Letramento Digital

A partir de nossa leitura dos graacuteficos apresentados pelos quadros 68 69 610 e 611 percebemos

quatro caracteriacutesticas predominantes relativas ao letramento digital dos professores em serviccedilo e

em preacute-serviccedilo componentes dos grupos 1 e 2 Em primeiro lugar percebemos que os participantes

de ambos os grupos parecem ter familiaridade com a utilizaccedilatildeo de recursos da rede mundial de

computadores Com efeito de acordo com os graacuteficos apresentados por meio do QUAD 68 quase

a totalidade dos respondentes dos grupos 1 e 2 declarou saber utilizar pelo menos dois dos recursos

anunciados o e-mail e as redes sociais Dessa forma enquanto 100 dos respondentes do

grupo 1 declarou saber utilizar o e-mail e 90 declarou saber utilizar as redes sociais 91 dos

respondentes do grupo 2 declarou saber utilizar tanto um quanto o outro Chamou-nos agrave atenccedilatildeo

tambeacutem com relaccedilatildeo aos mesmos graacuteficos o fato de que a maioria dos respondentes de ambos

os grupos declarou saber utilizar outros recursos Com relaccedilatildeo ao grupo 1 destacamos que 62

dos participantes declarou saber utilizar o blog e 57 a paacutegina web No que se refere ao grupo 2

ressaltamos que 73 dos respondentes declarou saber utilizar o motor de buscas e a paacutegina web

enquanto 55 declarou saber utilizar o blog

Em segundo lugar percebemos que os informantes estatildeo tambeacutem familiarizados com a editora-

ccedilatildeo digital tendo sido a experiecircncia com ediccedilatildeo de textos digitais a que mais se destacou em ambos

os grupos De fato de acordo com os graacuteficos apresentados no QUAD 69 86 dos respondentes

do grupo 1 e 73 do grupo 2 declarou ter experiecircncia com ediccedilatildeo de textos em formato digital

Notamos tambeacutem a partir de nossa leitura dos mesmos graacuteficos que a experiecircncia com editoraccedilatildeo

de eslides em formato digital e de imagens - tambeacutem em formato digital - apareceu em segundo

e terceiro lugares respectivamente tambeacutem para ambos os grupos tendo sido de modo mais

expressivo no que se refere ao grupo 1 De fato enquanto 67 dos respondentes do grupo 1

declarou ter experiecircncia com editoraccedilatildeo de eslides e 62 com a editoraccedilatildeo de imagens 36 dos

respondentes do grupo 2 declarou ter experiecircncia com editoraccedilatildeo de eslides e 27 com editoraccedilatildeo

de imagens

Em terceiro lugar notamos que os informantes dos grupos 1 e 2 parecem ter pouca familiaridade

com a instalaccedilatildeo de software tendo o grupo 2 declarado maior experiecircncia com essa tarefa De fato

conforme os graacuteficos apresentados pelo QUAD 610 a maior parte dos respondentes do grupo 1 -

ou seja 38 - declarou nunca ter instalado um software natildeo tendo ideia de como se executa essa

tarefa No que se refere ao grupo 2 73 dos informantes declarou ter instalado algum software pelo

menos uma vez

Em quarto lugar - e de modo natildeo menos importante - percebemos - a partir de nossa anaacutelise

dos graacuteficos apresentados no QUAD 611 - dois aspectos que merecem atenccedilatildeo O primeiro deles

se refere agrave utilizaccedilatildeo de Ambientes Virtuais de Aprendizagem e o segundo agrave experiecircncia com a

instalaccedilatildeo desse tipo de sistema de software Em ambos os grupos se destaca a experiecircncia de

utilizaccedilatildeo de Ambientes Virtuais de Aprendizagem como aluno(a) em sala de aula presencial sendo

esse uso marcado de forma mais expressiva no grupo 1 De fato conforme os graacuteficos apresentados

no QUAD 611 enquanto 57 dos respondentes desse grupo declarou ter tido essa experiecircncia

27 dos informantes do grupo 2 fez a mesma declaraccedilatildeo Cabe ressaltar que essa utilizaccedilatildeo por

parte do grupo 2 se destaca perante as demais no mesmo graacutefico - a saber utilizaccedilatildeo como aluno

121

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

Quadro 67 Utilizaccedilatildeo de recursos da Internet na praacutetica de sala de aula - grupos 1 e 2

Grupo 116 respondentes 1

81E-mail44Blog

38Motor de buscas69Paacutegina web

6Microblog25Redes sociais

0Programas de autoria6Sistemas wiki

25Natildeo tenho experiecircncia como professor(-a)44Outros

0 50 100Grupo 2

10 respondentes 2

60E-mail10Blog

50Motor de buscas70Paacutegina web

0Microblog10Redes sociais10Programas de autoria

0Sistemas wiki10Natildeo tenho experiecircncia como professor(-a)

20Outros0 50 100

1 Nuacutemero total de respondentes com experiecircncia como professor(-a) do grupo 12 Nuacutemero total de respondentes com experiecircncia como professor(-a) do grupo 2 Em ambos os grupos os respondentes puderam marcar mais de uma opccedilatildeo

122

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

Quadro 68 Competecircncia relativa agrave utilizaccedilatildeo de recursos da Internet - grupos 1 e 2

Grupo 121 respondentes 1

100E-mail62Blog

29Motor de buscas57Paacutegina web

24Microblog90Redes sociais

0 50 100Grupo 2

11 respondentes 2

91E-mail55Blog

73Motor de buscas73Paacutegina web

27Microblog91Redes sociais

0 50 1001 Nuacutemero total de respondentes do grupo 12 Nuacutemero total de respondentes do grupo 2

Em ambos os grupos os respondentes puderam marcar mais de uma opccedilatildeo

em cursos a distacircncia 9 utilizaccedilatildeo como professor em cursos a distacircncia 0 e utilizaccedilatildeo como

professor em cursos presenciais 18 - ainda que natildeo seja tatildeo saliente quanto o mesmo item do

grupo 1 Quanto agrave instalaccedilatildeo desse tipo de sistema de software ambos os grupos parecem ter

pouca ou nenhuma experiecircncia Dessa forma de acordo com os mesmos graacuteficos apresentados

no QUAD 611 24 dos respondentes do grupo 1 e 64 dos informantes do grupo 2 declarou

nunca ter realizado essa tarefa Vale observar que essa anaacutelise corrobora a interpretaccedilatildeo relativa agrave

experiecircncia com instalaccedilatildeo de software discutida nesta seccedilatildeo e ancorada nos graacuteficos apresentados

no QUAD 610

Consideramos plausiacutevel enfim dizer que - em relaccedilatildeo ao letramento digital - os informantes

majoritariamente possuem familiaridade com a utilizaccedilatildeo de recursos da Internet declarando

competecircncia para uso de uma gama deles - sobretudo e-mail redes sociais blogs paacuteginas web

e motores de busca e possuem experiecircncia e familiaridade com a editoraccedilatildeo digital de artefatos

diversos - sobretudo textos eslides e imagens Esses mesmos informantes no entanto possuem

de forma predominante experiecircncia com Ambientes Virtuais de Aprendizagem apenas do ponto de

vista do usuaacuterio-aluno(a) e apresentam pouca ou nenhuma competecircncia declarada para a instalaccedilatildeo

de software

123

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

Quadro 69 Experiecircncia com editoraccedilatildeo digital - grupos 1 e 2

Grupo 121 respondentes 1

62Imagens86Textos

10Paacutegina web24Muacutesicas24Viacutedeos

67Slides10Sequecircncias didaacuteticas em programas de autoria10Nunca editei nenhum dos itens acima

5Outros0 50 100

Grupo 211 respondentes 2

27Imagens73Textos

0Paacutegina web18Muacutesicas18Viacutedeos

36Slides9Sequecircncias didaacuteticas em programas de autoria

18Nunca editei nenhum dos itens acima9Outros

0 50 1001 Nuacutemero total de respondentes do grupo 12 Nuacutemero total de respondentes do grupo 2

Em ambos os grupos os respondentes puderam marcar mais de uma opccedilatildeo

124

Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo

Quadro 610 Experiecircncia com instalaccedilatildeo de software - grupos 1 e 2

Grupo 121 respondentes 21

19Pelo menos uma vez19com frequecircncia24Nunca - mas tenho idea de como se faz

38Nunca - natildeo tenho ideia de como se faz0 50 100Grupo 2

11 respondentes 2

73Pelo menos uma vez9com frequecircncia

0Nunca - mas tenho idea de como se faz18Nunca - natildeo tenho ideia de como se faz

0 204060801001 Nuacutemero total de respondentes do grupo 12 Nuacutemero total de respondentes do grupo 2

Em ambos os grupos os respondentes puderam marcar apenas uma opccedilatildeo

Quadro 611 Experiecircncia com Ambientes Virtuais de Aprendizagem - grupos 1 e 2

Grupo 121 respondentes 1

24Jaacute utilizei como aluno(-a) em cursos a distacircncia57Jaacute utilizei como aluno(-a) em cursos presenciais

5Jaacute utilizei como professor(-a) em cursos a distacircncia5Jaacute utilizei como professor(-a) em cursos presenciais

0Jaacute instalei24Nunca instalei

14Natildeo sei o que eacute0 50 100

Grupo 211 respondentes 2

9Jaacute utilizei como aluno(-a) em cursos a distacircncia27Jaacute utilizei como aluno(-a) em cursos presenciais

0Jaacute utilizei como professor(-a) em cursos a distacircncia18Jaacute utilizei como professor(-a) em cursos presenciais

9Jaacute instalei64Nunca instalei

18Natildeo sei o que eacute0 50 100

1 Nuacutemero total de respondentes do grupo 12 Nuacutemero total de respondentes do grupo 2

Em ambos os grupos os respondentes puderam marcar mais de uma opccedilatildeo

125

Capiacutetulo 7

Anaacutelise dos Problemas de Ensino

Apresentamos neste capiacutetulo os resultados de nossa pesquisa de campo ou seja trazemos para

debate os Problemas de Ensino relativos agrave produccedilatildeo e agrave utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano como LEL2 Em linhas gerais identificamos

7 (sete) Problemas de Ensino relativos ao contexto de produccedilatildeo e 4 (quatro) Problemas de Ensino

relativos ao contexto de utilizaccedilatildeo Esses Problemas - descritos e mapeados no QUAD 71 - seratildeo

discutidos nas subseccedilotildees 71 e 72 deste capiacutetulo Com efeito na seccedilatildeo 71 trazemos para debate

os Problemas de Ensino relativos ao contexto de produccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual

livre - ocorrida durante as duas ediccedilotildees de um curso de formaccedilatildeo de professores de liacutengua italiana

em serviccedilo e em preacute-serviccedilo que organizamos e ministramos no acircmbito de duas universidades

puacuteblicas brasileiras sendo uma no estado de Santa Catarina e outra no estado de Satildeo Paulo - e na

seccedilatildeo 72 os Problemas de Ensino relativos ao contexto de utilizaccedilatildeo desse tipo de material didaacutetico

em sala de aula presencial de ensino-aprendizagem de italiano como LEL2 - ocorrida em duas

disciplinas de liacutengua italiana ofertadas em niacutevel de graduaccedilatildeo na mesma liacutengua junto agrave faculdade

de Letras de uma universidade puacuteblica do Estado de Satildeo Paulo

Os Problemas de Ensino foram identificados por meio da anaacutelise dos Relatos de Problemas de

Ensino sendo esses depurados a partir dos nossos registros de pesquisa conforme debatemos no

capiacutetulo 5 - a saber 1) gravaccedilotildees em viacutedeo e aacuteudio respostas a questionaacuterio aberto e notas de

campo - para o contexto de produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre e 2) notas de campo e-mails

entre o pesquisador e o informante diaacuterio de aula e respostas a questionaacuterio - para o contexto de

utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Cabe observar que nossas anaacutelises - fundamentadas em uma perspectiva qualitativa de vieacutes

construtivista e interpretativista conforme discutimos no capiacutetulo 5 deste trabalho - estatildeo em sintonia

com dois arcabouccedilos teoacuterico-metodoloacutegicos Referimos-nos agrave loacutegica do trabalho de formaccedilatildeo de

professores de liacutengua italiana - desenvolvido pela Profa Dra Fernanda Landucci Ortale alicerccedilado

no conceito de Aprendizagem Baseada na Resoluccedilatildeo de Problemas envolvendo os conceitos de

Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 425) e Relatos de Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p

425) como discutido no capiacutetulo 5 desta tese - e nas teacutecnicas e procedimentos de desenvolvimento

de teoria fundamentada conforme Strauss e Corbin (2008) Em linhas de siacutentese esses autores

compreendem que a teorizaccedilatildeo envolve a construccedilatildeo de esquemas explanatoacuterios sendo esses

126

Capiacutetulo 7 Anaacutelise dos Problemas de Ensino

Quadro 71 Problemas de Ensino relacionados agrave produccedilatildeo e agrave utilizaccedilatildeo de materiaisdidaacuteticos de natureza virtual livre

Dimensatildeo Problemas de Ensino Relatos

Produccedilatildeo Dificuldade para encontrar insumos desejadosregistrados com licenccedilas flexiacuteveis

PD-1 a PD-7PD-13 e PD-27QUAD 73

Inseguranccedila (e resistecircncia) associada agrave utiliza-ccedilatildeo de insumos livres no material didaacutetico

PD-8 a PD-10QUAD 74

Crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteti-cos de natureza virtual livre necessariamenteaumenta a carga horaacuteria de trabalho docente

PD-11 a PD-13QUAD 75

Dificuldade em lidar com a natureza dinacircmicae o estado de artefato em construccedilatildeoque osoftware livre pode apresentar

PD-14 QUAD 76

Dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas PD-15 a PD-20QUAD 78

Dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitaise de sequecircncias didaacuteticas digitais

PD-21 a PD-25QUAD 79

Dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware PD-26 QUAD710

Utilizaccedilatildeo Dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes oumiacutedias que podem ser utilizados para organizaras Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar comelas em sala de aula presencial

UT-1 a UT-4QUAD 711

Crenccedila de que a escassez de material didaacuteticoimpresso na sala de aula presencial poderaacute sermal vista pelos discentes

UT-5 QUAD 712

Dificuldade em compreender o funcionamento dosoftware utilizado em sala de aula

UT-6 a UT-8QUAD 713

Preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardwaree do software que abrigam e fornecem acessoagraves Sequecircncias Didaacuteticas

UT-9 a UT-12QUAD 714

PD-produccedilatildeo UT-utilizaccedilatildeo

127

Capiacutetulo 7 Anaacutelise dos Problemas de Ensino

caracterizados pela integraccedilatildeo de conceitos bem definidos por meio de declaraccedilotildees de relaccedilotildees De

fato para Strauss e Corbin (2008 p 29) o termo teoria se refere a

um conjunto de conceitos bem desenvolvidos relacionados por meio de de-claraccedilotildees de relaccedilotildees que juntas constituem uma estrutura integrada quepode ser usada para explicar ou prever fenocircmenos [sociais] (STRAUSSCORBIN 2008 p 29)

Ademais esse arcabouccedilo teoacuterico-metodoloacutegico - condizente com uma perspectiva qualitativa cons-

trutivista e interpretativista - envolve entre outras teacutecnicas analiacuteticas como codificaccedilatildeo aberta

codificaccedilatildeo axial e codificaccedilatildeo seletiva - ou seja respectivamente a criaccedilatildeo de conceitos e catego-

rias a partir dos dados brutos (STRAUSS CORBIN 2008 p 103) a criaccedilatildeo de relacionamentos

entre categorias e subcategorias (STRAUSS CORBIN 2008 123) e a integraccedilatildeo dos conceitos

(STRAUSS CORBIN 2008 p 143)

Desse modo uma leitura atenta de nossas anaacutelises mostraraacute que abordamos tanto os Pro-

blemas de Ensino quanto as suas respectivas estrateacutegias de resoluccedilatildeo conforme relatado pelos

informantes ou de acordo com nosso ponto de vista Mostraraacute tambeacutem que optamos por trabalhar

com a perspectiva da criaccedilatildeo de teoria fundamentada (STRAUSS CORBIN 2008) sendo essa

naturalmente distanciada do seu foco estritamente socioloacutegico ou seja adaptada agrave problemaacutetica

que abordamos em nossa pesquisa - a saber as implicaccedilotildees da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico

Virtual Livre em contexto formal e presencial de ensino-aprendizagem de liacutengua italiana como LEL2

materializadas em forma de Problemas de Ensino

Cabe ressaltar que as implicaccedilotildees pedagoacutegicas decorrentes de nossa pesquisa aproximam-se

mais dos contextos de formaccedilatildeo de professores de idiomas - em especial de liacutengua italiana - e menos

dos contextos de ensino-aprendizagem tambeacutem de idiomas Satildeo de fato melhor caracterizadas

como implicaccedilotildees para a formaccedilatildeo de professores Consideramos que essas implicaccedilotildees estatildeo

relacionadas especialmente aos debates relativos agrave resoluccedilatildeo dos Problemas de Ensino levantados

em nossa pesquisa Optamos nesta tese por natildeo inaugurar uma seccedilatildeo individual para tratar dessas

implicaccedilotildees pedagoacutegicas Ao contraacuterio preferimos mantecirc-las distribuiacutedas no texto deste capiacutetulo de

modo que permanecessem associadas aos debates sobre os Problemas de Ensino aos quais estatildeo

respectivamente ligadas

Observamos que quando pertinente procuramos engendrar reflexotildees no sentido de contemplar

nossa hipoacutetese de trabalho anunciada no capiacutetulo introdutoacuterio desta tese - a saber a hipoacutetese

de que a utilizaccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-

aprendizagem de liacutengua italiana como LEL2 deflagra uma seacuterie de implicaccedilotildees observaacuteveis e

especiacuteficas ndash as quais podem ser definidas em termos de Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p

425) ndash dada a sua natureza peculiar ou seja livre

Destacamos enfim que buscamos estruturar nossas reflexotildees neste capiacutetulo de modo a

contemplar da melhor maneira possiacutevel os objetivos especiacuteficos de nossa pesquisa conforme

propomos tambeacutem no capiacutetulo introdutoacuterio

128

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

71 Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produ-

ccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Nesta seccedilatildeo apresentamos e discutimos os Problemas de Ensino relacionados agrave Produccedilatildeo de

Material Didaacutetico Virtual Livre ocorrida nos contextos das duas ediccedilotildees do curso de formaccedilatildeo de

professores de liacutengua italiana em serviccedilo e em preacute-serviccedilo que ministramos no acircmbito de duas

universidades puacuteblicas brasileiras - sendo uma no estado de Santa Catarina e outra no estado de

Satildeo Paulo

Em nossa anaacutelise identificamos um total de 27 (vinte e sete) Relatos de Problemas de Ensino

ligados agrave produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre os quais procuramos agrupar de acordo com

o(s) respectivo(s) tema(s) Os relatos apontaram para 7 (sete) Problemas de Ensino fundamentais

os quais mapeamos por meio do QUAD 71 e discutimos nas subseccedilotildees de 711 a 717 Satildeo eles

1 Dificuldade para encontrar insumos desejados registrados com licenccedilas flexiacuteveis

2 Inseguranccedila (e resistecircncia) associada agrave utilizaccedilatildeo de insumos livres no material didaacutetico

3 Crenccedila de que o uso de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre necessariamente aumenta

a carga horaacuteria de trabalho docente

4 Dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica e o estado de artefato em construccedilatildeoque o

software livre pode apresentar

5 Dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas

6 Dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e de sequecircncias didaacuteticas digitais

7 Dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware

Vale ressaltar que os trecircs uacuteltimos Problemas de Ensino relativos agrave produccedilatildeo de materiais

didaacuteticos de natureza virtual e livre que identificamos em nossa pesquisa e que trazemos para

debate neste tese estatildeo especialmente relacionados ao desenvolvimento do letramento e da

competecircncia digital docente Com efeito uma leitura atenta de nossas anaacutelises mostraraacute que esses

Problemas de Ensino se relacionam agraves concepccedilotildees de letramento digital discutidas por Buzato

(2006a apud BUZATO 2006b) Buzato (2006b) e Romero (2008) - conforme apresentamos no

capiacutetulo 6 desta tese - e apontam para o desenvolvimento de competecircncias digitais relacionadas agrave

praacutetica docente inserida em meio agraves novas Tecnologias da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo (TICS)

de acordo Espanha (2013) Esse distribui as competecircncias digitais - as quais descrevemos no

QUAD 72 - em quatro dimensotildees Informaccedilatildeo Comunicaccedilatildeo Criaccedilatildeo de Conteuacutedo Seguranccedila e

Resoluccedilatildeo de Problemas

711 Dificuldade para encontrar insumos desejados registrados com

licenccedilas flexiacuteveis

A dificuldade para encontrar insumos desejados (ou especiacuteficos) que fossem registrados com

licenccedilas flexiacuteveis podem ser percebidos por meio dos relatos de PD-1 a PD-7 (QUAD 73) PD-13

129

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 72 Competecircncias digitais esperadas para o docente conforme Espanha (2013)

Dimensatildeo Competecircncia

Informaccedilatildeo Identificar localizar recuperar armazenarorganizar e analisar a informaccedilatildeo digitalavaliando a sua finalidade e relevacircncia

Comunicaccedilatildeo Comunicar-se em ambientes virtuais com-partilhar recursos por meio de ferramentasem rede conectar-se e colaborar por meiode ferramentas digitais interagir e partici-par de comunidades e redes consciecircnciaintercultural

Criaccedilatildeo de Conteuacutedo Criar e editar conteuacutedos novos (textos ima-gens viacutedeos) integrar e reelaborar co-nhecimentos e conteuacutedos anteriores rea-lizar produccedilotildees artiacutesticas conteuacutedo mul-timiacutedia e programaccedilatildeo de computadoressaber aplicar os direitos de propriedade in-telectual e as licenccedilas de uso

Seguranccedila Proteccedilatildeo pessoal proteccedilatildeo de dados pro-teccedilatildeo de identidade virtual uso seguro esustentaacutevel

Resoluccedilatildeo de Proble-mas

Identificar necessidades e recursos digitaistomar decisotildees para escolher a ferramentadigital apropriada de acordo com a finali-dade ou necessidade resolver problemasconceituais atraveacutes do meio virtual resolverproblemas teacutecnicos uso criativo da tecno-logia atualizar as proacuteprias competecircncia eas dos outros

Fonte adaptado de Espanha (2013 p 13)

130

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

(QUAD 75) e PD-26 (QUAD 710) Notamos que a ideia de insumos desejados se refere tanto a

uma forma idealizada de insumo - representado por exemplo pela expressatildeo um texto que fosse

legal(relato PD-2) - quanto a demandas de insumos especiacuteficos para as respectivas Sequecircncias

Didaacuteticas em elaboraccedilatildeo - tais como viacutedeos ou muacutesicas que falassem do corpo (relato PD-3)

viacutedeos que apresentassem uma receita culinaacuteria especiacutefica (relato PD-4) ou ainda imagens de

determinados materiais escolares (relato PD-6)

Percebemos ainda nos relatos de PD-1 a PD-7 PD-13 e PD-26 a referecircncia agrave busca de

soluccedilotildees perante a dificuldade de encontrar insumos especiacuteficos registrados com licenccedilas flexiacuteveis

As tentativas de solucionar o problema encaminharam-se em trecircs sentidos melhorar a busca

produzir os proacuteprios insumos e fazer adaptaccedilotildees nas sequecircncias didaacuteticas A melhoria da busca foi

compreendida no sentido de intensificaacute-la - ou seja simplesmente continuar procurando (relatos

PD-3 e PD-5) - e no sentido de refinaacute-la por meio da utilizaccedilatildeo de filtros e motores de busca

especializados em insumos registrados com licenccedilas flexiacuteveis (relato PD-7) A produccedilatildeo de insumos

por sua vez girou em torno da elaboraccedilatildeo de textos (relato PD-4) e da criaccedilatildeo de imagens (relato

PD-5) Emfim a mudanccedila de um ou mais aspectos abordados na sequecircncia didaacutetica - a ser

elaborada - ocorreu de modo a adaptaacute-la - a Sequecircncia Didaacutetica - aos insumos com licenccedilas flexiacuteveis

encontrados Esse eacute o caso por exemplo trazido agrave tona no relato n 6 em que se optou por associar

o estudo dos artigos agraves cores - em detrimento ao vocabulaacuterio relativo aos materiais escolares dada

a falta de imagens desse grupo de itens que fossem registrados com licenccedilas flexiacuteveis

Consideramos plausiacutevel compreender esse Problema de Ensino - ou seja a dificuldade de

encontrar insumos que sejam concomitantemente registrados com licenccedilas flexiacuteveis e condizentes

com as demandas de um determinado projeto de elaboraccedilatildeo de sequecircncias didaacuteticas - como a

experimentaccedilatildeo de questotildees e preocupaccedilotildees que sejam talvez novas para a praacutetica dos professores-

informantes mas que podem ser consideradas tiacutepicas no acircmbito da produccedilatildeo de material didaacutetico

no modelo de Economia Guttemberg (SHIRKY 2010 p 42) - como por exemplo no acircmbito das

editoras Com efeito natildeo seraacute difiacutecil constatar que equipes editoriais eventualmente tenham por

exemplo que adotar estrateacutegias de criaccedilatildeo de insumo - como elaborar seus proacuteprios textos ou

imagens tal qual relatado pelos informantes desta pesquisa - de modo a contornar a falta de insumos

adequados ou a impossibilidade de compra dos direitos de uso de um determinado insumo - ou

ateacute mesmo de modo a tentar diminuir os custos de produccedilatildeo do material didaacutetico Nesse caso a

constataccedilatildeo desse Problema de Ensino poderia sinalizar um efeito do empoderamento do professor

de idiomas o qual enquanto produtor do seu proacuteprio material didaacutetico assume responsabilidades que

em outra circunstacircncia seriam atribuiacutedas a terceiros Naturalmente um professor que assume uma

postura condizente com a concepccedilatildeo poacutes-meacutetodo buscando agregar agrave sua praacutetica as dimensotildees de

pesquisa e produccedilatildeo do seu material didaacutetico deveraacute em alguma medida absorver habilidades

competecircncias e conflitos relativos a esses dois acircmbitos

131

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 73 Relatos-produccedilatildeo dificuldade de encontrar insumos com licenccedilas flexiacuteveis

PD-1 [Encontramos dificuldade para] conseguir uma imagem para utilizar com seusdireitos livres [Informante 16]

PD-2 () foi bem difiacutecil achar um texto que fosse legal neacute Que tivesse especificadaa licenccedila Entatildeo a gente natildeo teve muita opccedilatildeo Entatildeo a escolha do texto foiassim ldquo- Ah esse texto taacute licenciado Entatildeo vai esse mesmordquo Natildeo foi ldquo - Ahporque esse texto eacute legal interessanterdquo Natildeo foi nada disso [Informante 1]

PD-3 A gente tambeacutem queria iniciar com um viacutedeo ou uma muacutesica que falasse docorpo mas a gente natildeo encontrou uma que tivesse a licenccedila adequadaa gente podia procurar mais e achar quem sabe neacute [Informante 8]

PD-4 () como a gente procurou na internet viacutedeos da pasta a boscaiolla a genteencontrou no como era o mesmo Giallozanfrano um viacutedeo excelentemas ele natildeo tinha licenccedila pra ser utilizado entatildeo a gente pensou na Mariella(componente do grupo de trabalho que fala italiano como liacutengua materna) fazera apresentaccedilatildeo em italiano da receita e a gente ia utilizar o recurso das imagenspra ir ilustrando para os alunos Essa receita esse texto foi a Mariella queescreveu entatildeo eacute de autoria do nosso grupo [Informante 8]

PD-5 () foi uma dificuldade muito grande pra encontrar as imagens sem o copyrightneacute Que a gente pudesse utilizar entatildeo eu ateacute teve uma imagem que eutive que tirar uma foto em casa do sal que natildeo teve a Socircnia (componentedo grupo de trabalho) ajudou muito porque ela conseguiu encontrar teve umafacilidade maior pra encontrar as imagens pra gente [Informante 8]

PD-6 Como o objetivo central era estudar os artigos na verdade a gente pensouinicialmente [em] comeccedilar com algo que fosse visual pra eles na sala deaula mas noacutes natildeo conseguimos imagens livres de de por exemplo eacutemateriais de utilizaccedilatildeo caneta laacutepis ou mesmo sala de aula a gente pensouem pegar uma imagem completa assim noacutes natildeo conseguimos Entatildeo noacutesmudamos ateacute conseguirmos essa imagem livre (imagem de uma cesta comfrutas) e mudamos o foco [Informante 11] Tivemos que pensar num tema paraessa imagem entatildeo resolvemos trabalhar com o tema cores e dentro do temacores trabalhar com os artigos [Informante 3]

PD-7 A segunda e uacuteltima dificuldade foi para encontrarmos um viacutedeo que se en-caixasse na categoria de Creative Commons pois os primeiros encontradosestavam hospedados no Youtube e eram de licenccedila copyright Para solucionar-mos o problema decidimos pesquisar no wwwcreativecommonsorg sites deviacutedeos que possuam licenccedila livre copyleft Encontramos o site wwwvimeocomque os disponibiliza de forma livre e expliciacuteta qual o tipo de CC (Creative Com-mons) [Informante 9]

132

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

712 Inseguranccedila (e resistecircncia) associada agrave utilizaccedilatildeo de insumos

livres no material didaacutetico

O sentimento de inseguranccedila perante a utilizaccedilatildeo de insumos livres no material didaacutetico - bem

como a resistecircncia em fazecirc-lo - podem ser constatados nos relatos de PD-8 a PD-10 (QUAD 74)

Identificamos por meio da anaacutelise desses relatos que os insumos livres foram percebidos pelos

informantes de dois modos sendo ambos - consideramos - negativos ainda que em intensidades

diferentes Satildeo eles definitiva e intrinsecamente ruins - ou seja de qualidade duvidosa - por um

lado e por outro de caraacuteter alternativo cuja utilizaccedilatildeo poderia natildeo agradar aos alunos Dessa

forma associamos o sentimento de resistecircncia ao primeiro aspecto - a saber a crenccedila de que esses

insumos satildeo intrinsecamente de baixa qualidade por serem livres - e o sentimento de inseguranccedila

ao segundo - ou seja agrave crenccedila de que a sua utilizaccedilatildeo pode natildeo agradar aos alunos Vale ressaltar

que o julgamento sobre a qualidade dos insumos livres eacute colocada em xeque pelos informantes

em oposiccedilatildeo aos insumos advindos de um modelo de produccedilatildeo fechado ou seja que reflete a

concepccedilatildeo da Economia Guttemberg (SHIRKY 2010 p 42) - tais como editoras gravadoras ou

produtoras Esses de fato seriam supostamente mais famosos e mais familiares tanto para os

alunos quanto para os professores de modo que lhes agradariam mais Para expressar o seu ponto

de vista negativo sobre os insumos livres os informantes lanccedilaram matildeo de conceitos como pouco

interessante (relato PD-9) desconhecido - com uma carga pejorativa (relato PD-9) desatualizado

(relato PD-10) e alternativo (relato PD-10)

Cabe observar que a crenccedila de que a qualidade dos produtos culturais livres eacute intrinsecamente

maacute remete agrave ideia de que o aumento da facilidade de publicaccedilatildeo proporcionada pelo desenvolvimento

tecnoloacutegico diminui a qualidade das publicaccedilotildees como um todo - conforme ocorrido com o advento

da prensa moacutevel de Guttemberg e da Internet (SHIRKY 2010 p 46) Consideramos equivocada

a associaccedilatildeo dessa concepccedilatildeo com aquela na medida em que a diminuiccedilatildeo da qualidade das

publicaccedilotildees considerado todo o seu universo natildeo equivale agrave concepccedilatildeo de que um produto cultural

seraacute de maacute qualidade pelo fato de ser livre Com efeito encontramos materiais com boa e com maacute

qualidade tanto no acircmbito do modelo de produccedilatildeo cultural fechado quanto livre A qualidade seraacute

condicionada por outros fatores

Percebemos ainda sobre esse Problema de Ensino o relato de pelo menos uma estrateacutegia

adotada no sentido de tentar solucionaacute-la Frente ao surgimento da crenccedila de que insumos livres

poderiam natildeo agradar aos alunos o professor-informante decidiu utilizar insumos de aacuteudio que

considerou remeter a aspectos da cultura italiana que lhe pareciam adequados ou uacuteteis para serem

abordados em uma aula de liacutengua e cultura italianas Referimos-nos ao relato PD-11 em que o

professor informante explica ter escolhido a utilizaccedilatildeo de muacutesicas do grupo Armada Brancaleone

ao associaacute-lo ao claacutessico filme italiano LrsquoArmata Brancaleone o qual fora produzido dentro de um

modelo de produccedilatildeo fechado Compreendemos que a resoluccedilatildeo de Problemas de Ensino motivados

por crenccedilas passam pelo exerciacutecio de reflexatildeo e ampliaccedilatildeo do contato com o artefato focalizado - ou

seja sobre o qual se tem a crenccedila Encontramos concepccedilatildeo anaacuteloga em Silva (2011 p 2) Vieira

Abrahatildeo (2004 p 133) e White (2008 p 125) quando ressaltam a explicitaccedilatildeo a conscientizaccedilatildeo e

a reflexatildeo sobre crenccedilas ou aglomerados de crenccedilas (SILVA 2005) - relacionadas nesse caso agrave

dimensatildeo do ensino e aprendizagem de liacutenguas - como accedilotildees chave em percursos de formaccedilatildeo

133

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 74 Relatos-produccedilatildeo inseguranccedila (e resistecircncia) relativa agrave utilizaccedilatildeo de insumoslivres no material didaacutetico

PD-8 Aquilo que a gente disse () natildeo eacute nem um artigo que a gente achou ldquoah eacutemuito interessanterdquo () Era o que tinha pra conseguir fazer a atividade Essaaliaacutes seria uma de minhas criacuteticas no sentido de natildeo encontramos nada demuito inte () tipo uma canccedilatildeo conhecida pra poder trabalhar Natildeo O quetinha era umas coisas assim do tipo ldquoAh taacute quem eacute esse que fez essa canccedilatildeonerdquo (tom irocircnico) Entatildeo num num foi muito interessante [Informante 2]

PD-9 () e com relaccedilatildeo a viacutedeos tambeacutem encontramos dificuldade para colocarporque tambeacutem inicialmente a gente tem aquela ideia de se trazer as muacutesicasatualizadas e essas na verdade satildeo as que a gente natildeo encontra liberdadesas liberdades no site entatildeo as muacutesicas atuais que estatildeo tocando nas raacutedios[Informante 11]

PD-10 Quando pensei em pesquisar muacutesicas achei um pouco complicado usar osite jamendocom pois a impressatildeo que tive foi que os artistas e muacutesicasencontradas eram um pouco alternativos Natildeo que isso seja um problema masnormalmente os alunos gostam mais daquilo que eacute mais famoso mais familiar aeles Como soluccedilatildeo escolhi um grupo que se chamava Armada Brancaleone e oaacutelbum Dura Lex pois achei interessantes[] () [O] nome do grupo () retomaum claacutessico do cinema italiano e () provavelmente poderia ser um ponto deapoio para os alunos [Informante 6]

134

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

de professores de idiomas visando auxiliaacute-los a entender suas accedilotildees e procedimentos em sala de

aula(SILVA 2011 p 2) de modo a aprimorar a sua praacutetica Dessa forma no caso do Problema de

Ensino apontado - por exemplo - as reflexotildees podem girar em torno de conceitos como qualidade -

em se tratando dos insumos - induacutestria cultural e ateacute sobre o proacuteprio conceito de crenccedila - entre outros

A aproximaccedilatildeo com o objeto focalizado por sua vez pode ser realizado por meio da ampliaccedilatildeo de

buscas e da anaacutelise dos insumos encontrados

Consideramos enfim que Problemas de Ensino relacionados a crenccedilas - como a inseguranccedila e

a resistecircncia associadas agrave utilizaccedilatildeo de insumos livres no material didaacutetico discutido nesta subseccedilatildeo

e a crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre necessariamente aumenta

a carga horaacuteria de trabalho trazida para debate na proacutexima subseccedilatildeo - natildeo seratildeo especiacuteficos no

que diz respeito a materiais didaacuteticos de natureza virtual livre De fato crenccedilas podem se referir

a artefatos e construtos de diversas naturezas - como por exemplo a uma liacutengua ao ensino agrave

aprendizagem aos programas e curriacuteculos ou ateacute mesmo ao ensino de liacutenguas enquanto profissatildeo

conforme destacam e discutem Richards e Lockhart (1996 p 30-40) atendo-se ao universo

do ensino-aprendizagem de liacutenguas Contudo eacute possiacutevel que existam crenccedilas que apontem para

caracteriacutesticas especiacuteficas desse tipo de material - ou seja materiais didaacuteticos de natureza virtual livre

- em determinado periacuteodo de tempo e contexto sociocultural tal qual - entre outros - a presenccedila de

insumos produzidos e publicados em um modelo de produccedilatildeo livre os quais conforme observamos

nesta subseccedilatildeo poderatildeo ser considerados portadores de uma suposta maacute qualidade intriacutenseca

Vale observar que ao propor essa reflexatildeo referimos-nos agraves crenccedilas sobre materiais didaacuteticos de

ensino de liacutenguas em especial sobre materiais de natureza virtual livre

713 Crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza vir-

tual livre necessariamente aumenta a carga horaacuteria de trabalho

docente

A crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre necessariamente aumenta

a carga horaacuteria de trabalho docente estaacute relacionada aos relatos de PD-11 a PD-13 (QUAD 75)

Essa crenccedila se refere agrave visatildeo de que a tarefa de produzir percursos didaacuteticos partindo-se do marco

zero seraacute necessaacuteria para todos os contextos de ensino com os quais o docente de idiomas iraacute se

deparar caso decida pela utilizaccedilatildeo desse tipo de material didaacutetico em sua praacutetica Nesse caso

ignora-se a possibilidade da utilizaccedilatildeo de Sequecircncias Didaacuteticas jaacute produzidas por terceiros - ou pelo

professor autor em momentos anteriores - cuja adequaccedilatildeo se decirc por nenhuma ou quase nenhuma

adaptaccedilatildeo Desse modo ignora-se tambeacutem a possibilidade do surgimento espontacircneo de uma rede

de compartilhamento de Sequecircncias Didaacuteticas e da accedilatildeo da inteligecircncia coletiva Percebemos ainda

que essa crenccedila reflete a ideia de que materiais didaacuteticos de natureza virtual e livre natildeo seriam

compatiacuteveis com uma dinacircmica profissional docente marcada por um processo de proletarizaccedilatildeo -

ou seja um processo de precarizaccedilatildeo assalariamento e coletivizaccedilatildeo conforme Hypoacutelito (1994) e

Wenzel (1991) Como bem explicam Tumolo e Fontana (2008 p 163)

Hypoacutelito (1994) afirma ser a proletarizaccedilatildeo um processo de assalariamentoe precarizaccedilatildeo profissional no qual estaacute submetido um grande nuacutemero de

135

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 75 Relatos-produccedilatildeo crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos de naturezalivre necessariamente aumenta a carga horaacuteria de trabalho docente

PD-11 () vou ser muito sincero ateacute de uma forma ateacute um pouco digamosdepondo contra mim mesmo mas escuta se eu tiver que procurar demaiseu vou desistir da atividade [Informante 2] E se vocecirc encontrar uma atividadepronta de um colega Que jaacute procurou () e que jaacute taacute quase pronta pra vocecircusar [Pesquisador]

PD-12 A questatildeo eacute pelo menos essa eacute a minha realidade eu nem acho que eacuteassim uma realidade agradaacutevel de expor aqui pros colegas mas eacute umarealidade em que vocecirc fala ldquo- Olha mal tenho tempo de ler um texto pro curso[de poacutes graduaccedilatildeo] que eu tou fazendo e aiacute eu vou sair procurando uma coisaque eu acho(dirigindo-se agrave turma) concordam que vocecirc natildeo vai mostrar paraa sala alguma coisa que vocecirc ache lixo neacute Entatildeo assim primeiro tem queeu ouvir eu ter alguma sensaccedilatildeo e tal () Eu acho que vai ser muito difiacutecilque aconteccedila (referindo-se ao trabalho de produccedilatildeo de Material Didaacutetico VirtualLivre conforme acabara de experimentar) [Informante 2]

PD-13 () vou fazer outra colocaccedilatildeo assim acredito tambeacutem que natildeo sejasomente a gente demorou bastante pra conseguir claro que inicialmenteisso acontece tambeacutem pela falta de praacutetica de conhecimento de praacuteticamas tambeacutem de encontrar os materiais encontrar aquilo que noacutes estamosquerendo e a gente vai se adaptando e vamos tendo outras necessidadestambeacutem [Informante 11] Loacutegico que a maior dificuldade eacute encontrar a licenccedilaadequada a gente ficou muito tempo procurando - ah natildeo esse natildeo daacuteporque natildeo tem licenccedila esse natildeo daacute porque natildeo tem licenccedila[Informante1] E com isso uma consequecircncia maior de grande dificuldade eacute o tempo agente perde tempo para preparar um material desse acho que isso eacute umaquestatildeo central assim o tempo do professor preparaccedilatildeo de aula neacute[informante 11] Mas acho que isso vem dentro tambeacutem da nossa [Informante1] Tem tem tambeacutem a questatildeo de agente natildeo conhecer de natildeo conhecerbem ainda o programa de natildeo estar habituado as resistecircncias tambeacutem quea gente tem pelo fato de estar muito habituado a outras coisas [Informante11] e depois que a gente acha um siacutetio que jaacute tem as imagens liberadas agente jaacute sabe o que tem ali natildeo precisa ficar ah natildeo precisa ficar procurandoimagens sei que ali naquele site tem [Informante 1]

136

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

trabalhadores Jaacute para Wenzel (1991) a proletarizaccedilatildeo eacute resultado daproduccedilatildeo capitalista que retira do trabalhador o controle sobre o processoprodutivo Trabalhador proletaacuterio eacute a negaccedilatildeo do trabalhador individual ea afirmaccedilatildeo do trabalhador coletivo Na anaacutelise desses pesquisadores odocente eacute proletaacuterio na medida em que sofre um processo de precarizaccedilatildeoe assalariamento e se afirma como um trabalhador coletivo (TUMOLOFONTANA 2008 p 163)

Consideramos nesse caso que o aumento da necessidade de assumir cargas horaacuterias de

sala de aula maiores - comprometendo-se por exemplo com mais turmas mais alunos ou mais

escolas como uma tentativa de aumento de renda - e a eventual diminuiccedilatildeo do tempo disponiacutevel

para produzir material didaacutetico respectivamente como aspectos da precarizaccedilatildeo e do controle sobre

o processo de produccedilatildeo

Percebemos por meio da anaacutelise dos relatos de PD-11 a PD-13 que a atividade de preparaccedilatildeo

de material didaacutetico foi concebida como algo de importacircncia secundaacuteria ou seja como uma perda

de tempo - conforme expressado por exemplo pela frase a gente perde tempo produzindo esse

tipo de material(relato PD-13) Compreendemos que essa concepccedilatildeo estaacute diretamente relacionada

aos valores estabelecidos por um contexto de proletarizaccedilatildeo docente (HYPOacuteLITO 1994 WENZEL

1991) em que se atribui mais valor em gastar tempo com mais horas aula do que com a atividade de

produccedilatildeo de material didaacutetico Essa concepccedilatildeo pode se opor por exemplo agrave ideia de que a produccedilatildeo

de material didaacutetico constitui-se de uma tarefa essencialmente importante para a atividade de ensino

e para a formaccedilatildeo docente continuada (TOMLINSOM 2003b TOMLINSOM 2001 JOHNSON

2003 p 445 p 67 p 10) - aleacutem de representar um aspecto do empoderamento do professor na

medida em que lhe permite tomar decisotildees relativas aos diversos aspectos de sua praacutexis como por

exemplo a escolha dos insumos com os quais pretende trabalhar Decisotildees essas que em algumas

perspectivas teoacuterico-metodoloacutegicas seriam tomadas por terceiros - tais como por exemplo autores

de livros didaacuteticos baseados em meacutetodos especiacuteficos de ensino de liacutenguas Parece-nos dessa forma

estabelecida respectivamente a relaccedilatildeo antagocircnica entre o docente como trabalhador coletivo

proletaacuterio e como trabalhador individual Parece-nos oportuno lembrar enfim que consideramos que

os Problemas de Ensino relacionados a crenccedilas podem ser trabalhados em direccedilatildeo agrave sua resoluccedilatildeo

- no que tange agrave formaccedilatildeo de professores de idiomas - pelo exerciacutecio de reflexatildeo e ampliaccedilatildeo do

contato com o(s) objeto(s) envolvidos na construccedilatildeo da crenccedila

714 Dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica e o estado de ar-

tefato em construccedilatildeoque o software livre pode apresentar

A dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica e o estado de artefato em construccedilatildeoque o

software livre pode apresentar estaacute relacionada ao relato PD-14 (QUAD 76) A partir da leitura

desse relato percebemos que a inquietaccedilatildeo dos professores-participantes se refere agrave presenccedila

de elementos da interface do software que poderatildeo ficar sem uso na versatildeo final (publicada) de

algumas sequecircncias didaacuteticas caso o professor-autor decida natildeo seguir os modelos de atividades

oferecidos pelo programa de autoria subvertendo-o de acordo com as proacuteprias demandas Vale

lembrar que esse software - a saber o EXElearning sobre o qual falamos no capiacutetulo 4 desta tese -

137

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 76 Relato-produccedilatildeo Dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica e o estado deartefato em construccedilatildeoque o software livre pode apresentar

PD-14 A gente acabou descobrindo por exemplo que se vocecirc () coloca o seu cursorna dica (elemento do software utilizado) e da um enter esse esse iacuteconede dica vai ficar ali eternamente () ou pelo menos a gente natildeo descobriu[como usar] () Aiacute a gente acabou criando uma dica ali que natildeo eacute verdadeque nem eacute uma dica () eacute uma observaccedilatildeo porque eu brinquei ateacute com o[pesquisador] que eu falei ldquo - Poxa se eu lanccedilo isso pro aluno usar ele vaifalar - Que raio de programador eacute esse que coloca umas coisas vazias neacute ldquoAiacute a gente acabou criando umas sabe assim umas muletas [Informante 2]

de fato disponibiliza diversas tipologias pre-estabelecidas para os usuaacuterios - tais como questotildees

de muacuteltipla escolha de verdadeiro ou falso de preenchimento de lacunas entre outras No caso

apontado o professor-informante se refere ao iacutecone dica- presente em alguns modelos e atividades

- o qual natildeo pode ser desabilitado pelo usuaacuterio mesmo que natildeo seja utilizado

Compreendemos que tal inquietaccedilatildeo estaacute relacionada agrave percepccedilatildeo do programa de autoria livre

como um artefato que se apresenta em estado final e imutaacutevel Ignora-se dessa modo a ideia de

que o usuaacuterio - ou grupo de usuaacuterios - poderaacute promover alteraccedilotildees em niacutevel de programaccedilatildeo caso

queira adaptaacute-lo agraves suas demandas locais ou simplesmente aos padrotildees funcionais ou esteacuteticos de

sua preferecircncia Em outras palavras ignora-se a essecircncia do software livre ou seja o fato de que a

sua criaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo pressupotildee a ideia de que esse artefato poderaacute ser alterado em niacutevel de

coacutedigo por outros usuaacuterios-programadores de modo a serem adaptados agraves suas necessidades

Consideramos plausiacutevel a partir de nossa anaacutelise desse relato sugerir o estabelecimento de

dois perfis referenciais antagocircnicos representativos dos professores-usuaacuterios de software livre em

sua praacutetica de ensino Referimos-nos ao usuaacuterio estaacutetico em oposiccedilatildeo ao usuaacuterio proativo ou livre

Enquanto o primeiro percebe o software livre por meio de uma perspectiva proprietaacuteria - satisfazendo-

se em usar apenas o que o software oferece da maneira como oferece ou seja contentando-se

apenas com niacuteveis superficiais ou controlados de personalizaccedilatildeo e de apropriaccedilatildeo - o segundo

percebe o software livre como tal almejando niacuteveis profundos de personalizaccedilatildeo e apropriaccedilatildeo

considerando sempre a possibilidade de alcanccedilar tais niacuteveis Destacamos essas caracteriacutesticas por

meio do QUAD 77

Desse modo parece-nos coerente dizer que os professores-participantes referenciados por meio

do relato PD-14 apresentaram percepccedilotildees e atitudes que naquele contexto - e naquele momento

- parecem apontar mais para um perfil estaacutetico e menos para um perfil proativo (ou livre) perante

a utilizaccedilatildeo de software livre na praacutetica docente Consideramos que tais professores perceberam

o software livre com o qual trabalhavam a partir de uma perspectiva proprietaacuteria De acordo com

o seu relato frente a uma demanda de personalizaccedilatildeo impossiacutevel de ser resolvida pelas funccedilotildees

oferecidas ao usuaacuterio natildeo lhes ocorreu propor alteraccedilotildees em niacutevel de coacutedigo Com efeito o relato

deflagra a necessidade de personalizaccedilatildeo - representada pelo desejo de retirar o elemento dica

138

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 77 Usuaacuterio estaacutetico e usuaacuterio proativo (livre) - perfis referenciais antagocircnicos

Usuaacuterio estaacutetico Usuaacuterio proativo (livre)

Percebe o software livre por umaperspectiva proprietaacuteria ainda quesaiba o conceito de software livre

Percebe o software livre por umaperspectiva livre

Sente-se confortaacutevel com niacuteveissuperficiais de apropriaccedilatildeo do soft-ware que utiliza natildeo considera su-perar esses niacuteveis

Almeja niacuteveis profundos de apro-priaccedilatildeo do software que utilizaconsidera a possibilidade de alcan-ccedilar tais niacuteveis

Sente-se confortaacutevel com niacuteveismiacutenimos ou controlados de perso-nalizaccedilatildeo do software que utilizanatildeo considera a superaccedilatildeo dessesniacuteveis

Almeja niacuteveis maacuteximos de perso-nalizaccedilatildeo do software que utilizaconsidera a possibilidade de alcan-ccedilar tais niacuteveis

presente na interface de algumas atividades do programa de autoria EXElearning - e indica uma

tentativa de soluccedilatildeo baseada em uma maquiagem daquele elemento - utilizando-o para observaccedilotildees

e natildeo para dicas conforme marca a frase Aiacute a gente acabou criando () umas muletas(relato

PD-14) Esse mesmo relato entretanto natildeo indica que foi considerada a possibilidade de se fazerem

alteraccedilotildees no niacutevel de coacutedigo como soluccedilatildeo para essa questatildeo Parece que eles natildeo levaram em

conta essa possibilidade Consideramos que naturalmente em outros contextos e outros momentos

os perfis poderatildeo variar entre os dois polos referenciais que apresentamos ou seja entre o usuaacuterio

estaacutetico e o proativo ou livre

Vale ressaltar que o trabalho de formaccedilatildeo docente relativo a esse Problema de Ensino pode apon-

tar para o desenvolvimento de uma competecircncia digital especiacutefica relacionada ao desenvolvimento

de conteuacutedo conforme Espanha (2013 p 13) Referimos-nos a saber realizar programaccedilatildeo de

computadores Citamos essa competecircncia no QUAD 72 Consideramos que ela pode variar desde

a aprendizagem de noccedilotildees gerais sobre programaccedilatildeo ateacute o saber programar em niacutevel avanccedilado

Julgamos enfim que a dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica e o estado de artefato em

construccedilatildeoque o software livre pode apresentar (PE-4) natildeo parece ser especiacutefica no que se refere

aos materiais didaacuteticos de natureza virtual livre Com efeito ele pode ser enfrentado tambeacutem em

contextos de utilizaccedilatildeo de materiais de outras naturezas desde que se utilize software livre - ainda

que seja estritamente relacionado ao universo dos materiais didaacuteticos de natureza virtual livre

715 Dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas

A dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas se refere aos relatos de PD-15 a PD-20 (QUAD

78) Conforme percebemos em nossa anaacutelise essa dificuldade estaacute relacionada a trecircs fatores a maacute

localizaccedilatildeo das informaccedilotildees sobre a licenccedila de uso dos insumos nos repositoacuterios concernentes a

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Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 78 Relatos-produccedilatildeo dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas

PD-15 Aqui nesse caso a gente conseguiu copiar e colar neacute O texto Porque aimagem natildeo tava livre Soacute o texto tava livre Para modificaccedilatildeo e veiculaccedilatildeo Natildeopara comercializaccedilatildeo E foi um trauma um trauma encontrar () o negocinhoescrito la embaixo (referindo-se ao peacute de paacutegina do site onde estava localizadaa indicaccedilatildeo de licenccedila) [Informante 3]

PD-16 A gente pensou primeiro em explorar uma foto que tem nesse artigo () e comoa foto natildeo era licenciada assim natildeo tinha uma licenccedila especiacutefica pra a foto() a gente natildeo podia usar soacute a foto () como tinha a licenccedila na paacutegina agente usou o texto inteiro a paacutegina toda neacute [Informante 1]

PD-17 O problema enfrentado durante a busca de material livre na internet eacute que nemsempre as licenccedilas estatildeo a mostra o que dificulta a pesquisa Nos sites debusca de material livre em geral natildeo encontramos muitas coisas O materialem maior quantidade satildeo muacutesicas mas viacutedeos e filmes encontram-se em poucaquantidade Fotos tambeacutem satildeo acessiacuteveis Natildeo procurei textos Entender osignificado da licenccedila tambeacutem foi difiacutecil no caso de um viacutedeo porque dizia acessolivre mas natildeo mostrava a licenccedila Os problemas foram resolvidos conversandocom os colegas de curso que me ajudaram a entender as legendas quandopossiacutevel [Informante 13]

PD-18 [Tivemos dificuldade para] entender os coacutedigos das licenccedilas respectivos agrave[nossa] busca Pedimos auxiacutelio do professor e da colega ao lado para sanar asduacutevidas [Informante 14]

PD-19 [Tivemos] [d]ificuldade em encontrar sites com viacutedeos e muacutesicas onde estejainformado o tipo de direitos reservados [Informante 12]

PD-20 Natildeo encontramos a indicaccedilatildeo especiacutefica de direitos autorais do Youtube [Infor-mante 15 ]

ausecircncia de informaccedilotildees sobre a licenccedila de uso dos insumos tambeacutem nos repositoacuterios concernentes

e a incompreensatildeo das informaccedilotildees sobre as licenccedilas de uso quando essas se encontram e estatildeo

bem sinalizadas O primeiro fator pode ser percebido por exemplo pelos excertos foi um trauma

() encontrar o negocinho escrito la embaixo (referindo-se ao peacute de paacutegina do site onde estava

localizada a indicaccedilatildeo de licenccedila)(relato PD-15) e Entender o significado da licenccedila tambeacutem foi

difiacutecil no caso de um viacutedeo porque dizia acesso livre mas natildeo mostrava a licenccedila(relato PD-17)

O segundo fator por sua vez pode ser visto por meio dos excertos Nem sempre as licenccedilas

estatildeo agrave mostra (relato PD-17)e natildeo encontramos a indicaccedilatildeo especiacutefica de direitos autorais do

Youtube(relato PD-20) O terceiro fator enfim pode ser exemplificado pelo excerto [Tivemos

dificuldade para] entender os coacutedigos das licenccedilas respectivos agrave [nossa] busca(relato PD-18)

Percebemos que os dois primeiros fatores - a saber a maacute localizaccedilatildeo das informaccedilotildees sobre as

licenccedilas de uso dos insumos e a ausecircncia dessas informaccedilotildees em seus repositoacuterios - natildeo estatildeo

140

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

diretamente relacionados aos professores-informantes em sua accedilatildeo de busca de insumos dado

que a elaboraccedilatildeo e publicaccedilatildeo desses repositoacuterios foi feita por terceiros Compreendemos que

aos professores-autores caberaacute nesse caso aprofundar a pesquisa de modo a tentar estabelecer

quais seriam as licenccedilas encontrando-as por exemplo em outros repositoacuterios e outras fontes

caso queiram utilizar um determinado insumo cuja licenccedila natildeo estaacute clara Natildeo obstante o trabalho

formativo relacionado agrave resoluccedilatildeo dos Problemas de Ensino motivados por esses fatores poderaacute

seguir no sentido de conscientizar os docentes sobre a importacircncia de se estabelecerem e de se

publicarem com clareza as licenccedilas relativas aos insumos e agraves sequecircncias didaacuteticas livres com

os quais estatildeo trabalhando e os quais pretendem publicar Ademais esse cuidado aponta para

o desenvolvimento de uma competecircncia digital especiacutefica relacionada agrave criaccedilatildeo de conteuacutedo

conforme Espanha (2013 p 13) ou seja Saber aplicar os direitos de propriedade intelectual e as

licenccedilas de uso(ESPANHA 2013 p 13) Citamos essa competecircncia no QUAD 72

Notamos que o terceiro fator por sua vez relaciona-se diretamente aos professores-informantes

em sua accedilatildeo de busca de insumos Trata-se da incompreensatildeo das informaccedilotildees sobre as licenccedilas de

uso dos insumos quando tais indicaccedilotildees estatildeo presentes e bem sinalizadas Compreendemos que a

resoluccedilatildeo desse problema bem como um possiacutevel caminho de formaccedilatildeo docente a ele relacionado

aponta naturalmente para o estudo e compreensatildeo da codificaccedilatildeo das licenccedilas independente do

conjunto referencial de licenccedilas adotado Esse estudo tambeacutem aponta para a jaacute citada competecircncia

digital relacionada agrave criaccedilatildeo de conteuacutedo trazida agrave tona em Espanha (2013 p 13) a qual repetimos

aqui Saber aplicar os direitos de propriedade intelectual e as licenccedilas de uso(ESPANHA 2013

p 13) Consideramos que saber aplicar pressupotildee compreendecirc-los - tanto os direitos quanto as

licenccedilas

Os relatos de PD-15 a PD-20 deflagraram tambeacutem a accedilatildeo de pedir ajuda aos colegas como

a principal estrateacutegia adotada pelos professores-participantes por eles referenciado Com efeito

destacamos as frases Os problemas foram resolvidos conversando com os colegas de curso

que me ajudaram a entender as legendas quando possiacutevel(relato PD-17) e Pedimos auxiacutelio do

professor e da colega ao lado para sanar as duacutevidas(relato PD-18) as quais deflagram essa accedilatildeo

Cabe mencionar que a iniciativa de pedir e oferecer auxiacutelio figura como uma accedilatildeo essencialmente

relacionada ao desenvolvimento de projetos de natureza livre - tal qual o software livre cujos

programadores e usuaacuterios tradicionalmente tentam estabelecer e manter comunidades de apoio

mutuo Percebemos que um dos principais objetivos ao fazecirc-lo consiste em facilitar a atuaccedilatildeo da

inteligecircncia coletiva em seus projetos Entendemos que essa atitude seraacute tambeacutem fundamental para

o desenvolvimento de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre Esse aspecto poderaacute ser abordado

em percursos de formaccedilatildeo de professores de idiomas e estaacute em sintonia com duas competecircncia

apontadas por Espanha (2013 p 13) - a saber conectar-se e colaborar por meio de ferramentas

digitaise interagir e participar de comunidades e redes Ambas segundo Espanha (2013 p 13)

estatildeo associadas agrave dimensatildeo da Comunicaccedilatildeo conforme apresentamos no QUAD 72

Compreendemos enfim que a dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas pode ser experi-

enciada em contextos de produccedilatildeo de materiais didaacuteticos de qualquer natureza ainda que esteja -

consideramos - estreitamente relacionado agrave produccedilatildeo de materiais didaacuteticos virtuais de natureza

livre Mesmo a produccedilatildeo de materiais fechados pode envolver a utilizaccedilatildeo de insumos registrados

141

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

com licenccedilas flexiacuteveis ou a sua exclusatildeo consciente Tanto essa decisatildeo quanto aquela envolvem a

compreensatildeo das licenccedilas A adoccedilatildeo e o entendimento do conjunto referencial de licenccedilas adotado

- independente de qual seja - estatildeo relacionados agraves demandas de adaptaccedilatildeo das leis de direitos

autorais agraves praacuteticas de produccedilatildeo e circulaccedilatildeo de bens culturais que se estabelecem com o advento

de novas tecnologias digitais Tais adaptaccedilotildees e tais praacuteticas de produccedilatildeo e circulaccedilatildeo podem

afetar a praacutetica de todos os docentes e natildeo apenas uma determinado perfil Corrobora nossa

argumentaccedilatildeo a percepccedilatildeo de Espanha (2013 p 13) quando considera importante que o docente

da era digital saiba aplicar os direitos de propriedade intelectual e as licenccedilas de uso(ESPANHA

2013 p 13) Compreendemos que Espanha (2013 p 13) se refere a todos os docentes que atuam

ou vatildeo atuar na era digital

716 Dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e de Sequecircn-

cias Didaacuteticas digitais

A dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e sequecircncias didaacuteticas digitais pode ser percebida

por meio dos relatos de PD-21 a PD-25 (QUAD 79) Observamos de fato que os relatos indicam

a ocorrecircncia de dificuldades com a ediccedilatildeo de imagens - como expressa o excerto [Encontramos

problemas para] editar a imagem(relato PD-21) - e com a ediccedilatildeo das Sequecircncias Didaacuteticas pro-

duzidas com o programa de autoria EXElearning - conforme exemplificam os excertos Algueacutem

consegue dizer por que eu natildeo tou conseguindo movecirc-la(referindo-se a uma janela que abriga um

site na Sequecircncia Didaacutetica apresentada) (relato PD-23) e Eacute que o viacutedeo ela conseguiu colocar

ali Conte como foi essa epopeia(relato PD-25) ou seja como foi difiacutecil inserir o viacutedeo em uma

atividade da Sequecircncia Didaacutetica que estavam produzindo

Compreendemos que os problemas relativos agrave ediccedilatildeo das Sequecircncias Didaacuteticas podem estar

relacionados agrave pouca familiaridade dos professores-participantes com o programa de autoria

que utilizavam naquele contexto e naquele momento De fato percebemos que alguns relatos

podem deflagrar situaccedilotildees em que a resoluccedilatildeo dos problemas envolveu a aprendizagem ou a

percepccedilatildeo de um aspecto recurso ou possibilidade de configuraccedilatildeo do programa de autoria ateacute

entatildeo despercebidos pelos professores-participantes citados nos relatos Tomamos como exemplo

os relatos PD-24 e PD-25 Ambos deflagram situaccedilotildees em que os informantes declaram ter percebido

peculiaridades da dinacircmica do programa apoacutes a publicaccedilatildeo das Sequecircncias Didaacuteticas que produziam

Dessa forma enquanto no relato PD-24 os professores-participantes perceberam que o tamanho do

artigo utilizado como insumo seria diferente na versatildeo editaacutevel e na versatildeo publicada da Sequecircncia

Didaacutetica produzida no relato PD-26 o informante declara ter percebido que o viacutedeo - que acabara de

inserir - funciona normalmente na versatildeo publicada natildeo obstante apareccedila desconfigurado na versatildeo

editaacutevel Estes satildeo os trechos a partir dos quais percebemos tais relaccedilotildees A gente acabou de

descobrir depois de publicar que o artigo natildeo aparece inteiro como ele apareceria pra gente(relato

PD-24) e Ah entatildeo foi super difiacutecil mas depois eu descobri que na verdade todo o trabalho

que eu tive pra por o viacutedeo natildeo precisava ter porque na hora de publicar ele ele [funciona

normalmente](relato PD-26) Em adiccedilatildeo percebemos que no relato PD-24 a possibilidade de

optar por outras configuraccedilotildees eacute apontada pelo pesquisador No relato PD-26 o proacuteprio informante

142

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

Quadro 79 Relatos-produccedilatildeo dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e desequecircncia didaacuteticas digitais

PD-21 [Encontramos problemas para] editar a imagem (problema ainda natildeo resolvido)(Informante 15)

PD-22 aiacute aqui foi uma das dificuldades que a gente teve no programa que as opccedilotildeeseram vino bianco vino rosso e aranciata e o programa natildeo sei como natildeoaceitou a gente tentou a Socircnia (componente do grupo de trabalho) reiniciouneacute Comeccedilou tudo de novo do zero e mesmo assim o programa natildeo aceitoue ficou essa opccedilatildeo eacute entatildeo isso aqui seria uma terceira alternativa que natildeodeu certo na nossa programaccedilatildeo [Informante 8]

PD-23 () se eu conseguir abrir a janela taacute gente Vocecircs veem (riso) o site Algueacutemconsegue dizer por que eu natildeo tou conseguindo movecirc-la (referindo-se auma janela que abriga um site na sequecircncia didaacutetica apresentada) (Seguemexplicaccedilotildees dos colegas sobre como o informante poderia rolar a tela a que serefere mostrando as partes escondidas do texto) Brigado gente eacute que apessoa natildeo eacute muito (referindo-se a si mesmo e sua dificuldade em utilizar oprograma) [Informante 2]

PD-24 Nessa configuraccedilatildeo que a gente taacute mostrando aqui () eu natildeo consigo abrirmais essa janela entatildeo eu natildeo vou conseguir [rolar a paacutegina com o texto]() A gente acabou de descobrir depois de publicar que o artigo natildeo apareceinteiro como ele apareceria pra gente [Informante 2] Entatildeo vocecircs escolheramqual tamanho [para a janela que abriga o texto na sequecircncia apresentada]Pequeno meacutedio ou ( ) grande [dependendo do tamanho] o aluno vai terque [rolar ou natildeo a paacutegina] [Pesquisador] Da forma como aparecia pra genteo aluno tinha a visatildeo inteira Como se ele abrisse o site neacute () O site podeporque o site disse que pode mas a foto separadamente natildeo porque a gentenatildeo tem a licenccedila pra foto [Informante 2]

PD-25 Entatildeo a partir do viacutedeo [Informante 4] Eacute que o viacutedeo ela conseguiu colocarali Conte como foi essa epopeia [Informante 3] Ah entatildeo foi super difiacutecil masdepois eu descobri que na verdade todo o trabalho que eu tive pra por o viacutedeonatildeo precisava ter porque na hora de publicar ele ele [funciona normalmente][Informante 4]

143

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

declara ter feito a descoberta

Consideramos que esse Problema de Ensino - bem como essas situaccedilotildees descritas - remetem

agrave questatildeo do desenvolvimento da competecircncia digital no que se refere a saber utilizar programas

de ediccedilatildeo - ou de criaccedilatildeo de conteuacutedo - em geral - conforme Romero (2008) a qual destaca

dentre as competecircncias tecnoloacutegicas que se espera que os docentes desenvolvam o domiacutenio de

ferramentas de criaccedilatildeo (QUAD 62) Naturalmente percebemos os esforccedilos de desenvolvimento

dessa competecircncia como um possiacutevel caminho a ser seguido tanto em contextos de formaccedilatildeo

docente quanto em contextos de praacutetica no sentido de solucionar esse Problema de Ensino

Vale destacar o relato PD-22 em que situaccedilatildeo descrita pode apontar tanto para a competecircncia

dos professores participantes ali referenciados quanto para problemas que podem ocorrer no

programa de autoria Trata-se de uma situaccedilatildeo com a qual os professores autores poderatildeo se

defrontar em sua praacutetica De fato ao trabalharem com qualquer programa seja livre ou proprietaacuterio

esses profissionais poderatildeo se deparar com algum tipo de falha desse software Compreendemos

que lidar com essa situaccedilatildeo tambeacutem passa pelo desenvolvimento de competecircncias especiacuteficas

tal qual conforme Espanha (2013 p 13) referindo-se agrave dimensatildeo da Resoluccedilatildeo de Problemas

saber resolver problemas teacutecnicos(QUAD 72) sendo essa - do nosso ponto de vista - tomada

em sentido amplo e significando desde resolver por contra proacutepria ateacute saber encontrar e selecionar

quem melhor poderaacute auxiliar nessa tarefa

Ressaltamos enfim que a dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e de Sequecircncias

Didaacuteticas Digitais natildeo seraacute especiacutefica em relaccedilatildeo agrave produccedilatildeo de material didaacutetico de natureza virtual

livre podendo ocorrer de fato na produccedilatildeo de materiais didaacuteticos de qualquer natureza desde que -

naturalmente - envolva a ediccedilatildeo de artefatos digitais

717 Dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware

O uacuteltimo Problema de Ensino relacionado agrave produccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre

que identificamos em nossa pesquisa - a saber a dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware - pode

ser visto no relato PD-26 (QUAD 710) Percebemos por meio desse relato uma situaccedilatildeo em que

os professores-participantes citados pelo informante deparam-se com um arquivo de viacutedeo cujo

componente de aacuteudio natildeo pode ser ouvido em um dos computadores do seu grupo de trabalho Tal

situaccedilatildeo pode ser deflagrada por meio do excerto [tivemos] dificuldades no meu computador a

gente natildeo conseguia ouvir e soacute um deles que jaacute vinham com o texto escrito que a gente poderia

saber o que tava escrito(relato PD-26)

Associamos essa questatildeo - tal qual fizemos em nossa anaacutelise sobre a dificuldade relativa agrave

ediccedilatildeo de insumos digitais e sequecircncias didaacuteticas digitais - tanto a um mal funcionamento do compu-

tador em niacutevel de hardware ou de software quanto a questotildees relacionadas agraves competecircncias dos

professores-participantes no que se refere agrave utilizaccedilatildeo de computadores ou de software especiacuteficos

Consideramos que esse Problema de Ensino remete ao desenvolvimento de determinadas competecircn-

cias digitais tais como as jaacute citadas saber utilizar programas de ediccedilatildeo ou de criaccedilatildeo de conteuacutedo

em geral conforme Romero (2008) referindo-se agraves Competecircncias Tecnoloacutegicas (QUAD 62) e

saber resolver problemas teacutecnicos conforme aponta Espanha (2013 p 13) referindo-se agrave dimensatildeo

da Resoluccedilatildeo de Problemas (QUAD 72) Cabe lembrar que essa referecircncia agraves competecircncias

144

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em salade aula presencial

Quadro 710 Relato-produccedilatildeo dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware

PD-26 A gente tentou inicialmente eacute acho que foi a dificuldade geral de todos osgrupos neacute Viacutedeos e imagens ah a Rosana (componente do grupo detrabalho) conseguiu achar um site que tinha um tambeacutem mudaria um pouco onosso foco neacute Que tinham aacuteudios de faacutebulas [tivemos] dificuldades no meucomputador a gente natildeo conseguia ouvir e soacute um deles que jaacute vinham como texto escrito que a gente poderia saber o que tava escrito soacute que daiacute eramuito uma dificuldade muito maior tempos verbais muito avanccedilados paranossa aula [Informante 11]

citadas aponta naturalmente para um possiacutevel caminho de formaccedilatildeo docente no que se refere ao

Problema de Ensino abordado ou seja a dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware

Consideramos oportuno observar enfim que esse tipo de problema - tal qual a dificuldade

relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e de Sequecircncias Didaacuteticas digitais discutida na subseccedilatildeo

anterior (716) - natildeo parece ser especiacutefico em relaccedilatildeo agrave produccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza

virtual livre Ele pode ocorrer de fato em processos de produccedilatildeo de materiais didaacuteticos virtuais

de outras naturezas como por exemplo de materiais didaacuteticos virtuais fechados Com efeito

um insumo de viacutedeo por exemplo pode natildeo funcionar em todo e qualquer computador seja por

problema de incompatibilidade por mal funcionamento do hardware ou porque o professor-autor

simplesmente natildeo sabe configurar o seu computador adequadamente

72 Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utiliza-

ccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em sala de aula

presencial

Discutimos nesta seccedilatildeo os Problemas de Ensino relacionados agrave utilizaccedilatildeo de material didaacutetico de

natureza virtual livre ocorrida em duas disciplinas de liacutengua italiana ofertadas em niacutevel de graduaccedilatildeo

na mesma liacutengua junto agrave faculdade de Letras de uma universidade puacuteblica do estado de Satildeo Paulo

Em nossa anaacutelise identificamos um total de 11 (onze) Relatos de Problemas de Ensino ligados

ao aspecto da utilizaccedilatildeo os quais procuramos reunir de acordo com o(s) respectivo(s) temas(s) A

partir desses relatos percebemos 4 (quatro) Problemas de Ensino fundamentais - mapeados no

QUAD 71 e discutidos nas subseccedilotildees de 721 a 724 Satildeo eles

1 Dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que podem ser utilizados para organizar

as Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas em sala de aula presencial

2 Crenccedila de que a escassez de material didaacutetico impresso poderaacute ser mal vista pelos discentes

3 Dificuldade em compreender o funcionamento do software utilizado em sala de aula

145

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em salade aula presencial

4 Preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e do software que abrigam e fornecem

acesso agraves Sequecircncias Didaacuteticas

Consideramos que todos esses Problemas de Ensino estatildeo relacionados ao aspecto digital do

material didaacutetico de natureza virtual livre Desse modo natildeo os consideramos especiacuteficos no que se

refere a materiais dessa natureza ainda que sejam caracteriacutesticos e que possam ser fortemente

associados ao seu universo Com efeito a dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes - sendo nesse

caso suportes para artefatos digitais a crenccedila de que a escassez de material impresso poderaacute ser

mal vista pelos alunos a dificuldade de compreender o funcionamento do software utilizado em sala

de aula e a preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e do software poderatildeo ser percebidas

na utilizaccedilatildeo de materiais didaacuteticos abertos ou fechados desde que sejam virtuais

721 Dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que po-

dem ser utilizados para organizar as Sequecircncias Didaacuteticas e

para trabalhar com elas em sala de aula presencial

A dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que podem ser utilizadas para organizar as

Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas em sala de aula presencial podem ser constatadas

por meio dos relatos de UT-1 a UT-4 (QUAD 711) Percebemos que essa dificuldade de adaptaccedilatildeo

se desdobra em dois aspectos principais a ansiedade e a orientaccedilatildeo do professor sendo que essa -

a dimensatildeo da orientaccedilatildeo - diz respeito agrave mudanccedila de referecircncia do livro didaacutetico impresso para o

computador e agrave ocupaccedilatildeo do espaccedilo fiacutesico da sala de aula pelo professor enquanto leciona

Enquanto o aspecto da ansiedade pode ser visto pelo excerto () [se] trata de uma ansiedade

particular de adaptaccedilatildeo agraves novas tecnologias(relato UT-1) os aspectos relativos agrave mudanccedila de

referecircncia do livro impresso para o computador e agrave ocupaccedilatildeo do espaccedilo fiacutesico podem ser percebidos

pelos trechos eu me senti um pouco confuso e me confundi um pouco ao trabalhar os toacutepicos

da aula(relato UT-2) e [Sinto] dificuldade em abandonar o apoio concreto do livro[UT-3] - para

o aspecto da mudanccedila de referecircncia - e Nos dias em que usamos o computador fiquei bastante

tempo sentado posiccedilatildeo que natildeo eacute nada usual para mim pois prefiro caminhar e circular entre as

carteiras[UT-4] - para o aspecto da ocupaccedilatildeo do espaccedilo

Cabe observar que as aulas ocorreram em dois ambientes um laboratoacuterio de informaacutetica e uma

sala de aula com um computador No laboratoacuterio havia um projetor e uma seacuterie de computadores

de mesa fixos em bancadas paralelas sendo um deles disponiacutevel - agrave frente - para o professor

Na sala de aula por sua vez havia um projetor e um computador de mesa para o professor

- aleacutem da rede sem fio disponibilizada pela faculdade Compreendemos que naturalmente a

escolha de outras tecnologias - tais como notebooks netbooks tablets ou ateacute mesmo smartphones

- para uso do professor nesse caso poderia ter contribuiacutedo para uma melhor adaptaccedilatildeo entre

tecnologias e preferecircncias desse profissional no que se refere agrave ocupaccedilatildeo do espaccedilo da sala de

aula Conhecer novas tecnologias parece ser um dos caminhos para que em sua formaccedilatildeo inicial

ou continuada o docente de liacutenguas tenha agrave sua disposiccedilatildeo um leque maior de possibilidades e

para que aperfeiccediloe sua habilidade de escolha desses artefatos em sua praacutetica Isso de fato pode

contribuir para a resoluccedilatildeo do Problema de Ensino que destacamos nesta subseccedilatildeo - a saber

146

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em salade aula presencial

Quadro 711 Relatos-utilizaccedilatildeo dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias quepodem ser utilizados para organizar as Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas em

sala de aula presencial

UT-1 A minha dificuldade pessoal em relaccedilatildeo ao meio virtual parece natildeo ter afetado oandamento das aulas e do programa pois [se] trata de uma ansiedade particularde adaptaccedilatildeo agraves novas tecnologias [Professor-informante - D8]

UT-2 Nesse dia eu me senti ainda um pouco confuso e me confundi um pouco aotrabalhar os toacutepicos da aula Num determinado momento pedi ao [pesquisador]que escrevesse as perguntas na lousa mas ele logo me alertou que natildeo serianecessaacuterio pois estava tudo no site e visiacutevel aos alunos De qualquer formaa intervenccedilatildeo do [pesquisador] foi fundamental para que eu me orientasse naatividade [Professor-informante - D2]

UT-3 [Sinto] dificuldade em abandonar o apoio ldquoconcretordquo do livro apesar de entendera ldquoconcretuderdquo da rede [Professor-informante - D8]

UT-4 Aleacutem do computador usei a lousa (acho importante utilizaacute-la a fim de quebrar oritmo e fazecirc-los prestar atenccedilatildeo num outro meio) que me auxiliou no momentode trabalhar com as ideias que vinham deles Nos dias em que usamos ocomputador fiquei bastante tempo sentado posiccedilatildeo que natildeo eacute nada usual paramim pois prefiro caminhar e circular entre as carteiras Acho que tambeacutem porisso usei a lousa a fim de me deslocar de um lugar a outro [Professor-informante- D2]

147

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em salade aula presencial

a dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que podem ser utilizados para organizar

Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas em sala de aula presencial - no que se refere a

ambos os aspectos identificados ou seja tanto a ansiedade quanto a orientaccedilatildeo do professor

sendo essa ainda desdobrada em dificuldade relativa agrave mudanccedila de referecircncia do livro didaacutetico

para o computador e agrave ocupaccedilatildeo do espaccedilo fiacutesico da sala de aula pelo docente

Compreendemos enfim que o trabalho relativo agrave questatildeo da ansiedade relatada pelo professor-

informante - tambeacutem em contexto de formaccedilatildeo inicial ou continuada - pode passar pelo autoconheci-

mento - com o objetivo de compreender o motivo desse sentimento - e pela ampliaccedilatildeo do contato

com as novas tecnologias de modo que se tornem parte da sua praacutetica e do seu cotidiano tal qual o

livro didaacutetico impresso Ademais entendemos que essas accedilotildees podem tambeacutem contribuir para que

o professor consiga se sentir confortaacutevel ao utilizar novos sistemas de referecircncias que podem surgir

com a utilizaccedilatildeo das novas tecnologias em sala de aula presencial

722 Crenccedila de que a escassez de material didaacutetico impresso na sala

de aula presencial poderaacute ser mal vista pelos discentes

A crenccedila de que a escassez de material didaacutetico impresso na sala de aula presencial poderaacute ser mal

vista pelos alunos e alunas se destaca no relato UT-5 (QUAD 712) De fato percebemos por meio

do relato que o professor-informante declara ter levado uma grande quantidade de material didaacutetico

impresso em sua bolsa para a sala de aula mesmo tendo percebido que seria desnecessaacuterio

jaacute que todo o material da aula estava em meio virtual e todo o hardware que seria utilizado para

acessaacute-lo estava instalado na sala de aula Fator chave para essa decisatildeo conforme relata o

professor-informante consiste em sua crenccedila de que a ausecircncia desses artefatos poderia ser

avaliada negativamente Ele natildeo se permitiu fazecirc-lo pois acreditou que seria demais(relato UT-5) ir

para a sala de aula carregando apenas uma bolsa com os seus pertences

Conforme mencionamos na seccedilatildeo 71 consideramos que Problemas de Ensino baseados em

crenccedilas podem ser abordados principalmente por meio do exerciacutecio de reflexatildeo e de ampliaccedilatildeo

do contato com os elementos envolvidos na construccedilatildeo da crenccedila Percebemos nesse caso que

confrontar a questatildeo com os alunos em sala de aula pode ser uma via de soluccedilatildeo - sendo que esse

confronto pode se desdobrar tanto em uma reflexatildeo dirigida com os alunos no sentido de trazer

a questatildeo agrave tona e motivar a percepccedilatildeo de que o material para a aula estaacute acessiacutevel quanto na

eventual dissoluccedilatildeo da crenccedila motivada pelo acesso agrave verdadeira percepccedilatildeo dos alunos sobre a

questatildeo Nesse caso de fato ao saber que os alunos natildeo veem com maus olhos a questatildeo da

escassez de materiais impressos em sala de aula a crenccedila poderaacute ser diluiacuteda

723 Dificuldade em compreender o funcionamento do software utili-

zado em sala de aula

Percebemos a dificuldade em compreender o funcionamento do software utilizado em sala de

aula por meio dos relatos de UT-6 a UT-8 (QUAD 713) Nesses relatos de fato o professor-

informante declara ter sentido dificuldade em compreender o funcionamento dos programas utilizados

148

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em salade aula presencial

Quadro 712 Relatos-utilizaccedilatildeo crenccedila de que a escassez de material didaacutetico impressona sala de aula presencial poderaacute ser mal vista pelos discentes

UT-5 Hoje acordei olhei para a bolsa com o material para a aula () e pensei puxanatildeo precisaria nem levar essa bolsa pesada comigo O material estaacute todo laacute (nocomputador) Mas aiacute achei demais chegar soacute com minha bolsa pessoal semmaterial pesado livros e folhas () Levei a bolsa com quase todo o peso masa uacutenica coisa que usei foi a lista de presenccedila [Professor-informante - D2]

Quadro 713 Relatos-utilizaccedilatildeo dificuldade em compreender o funcionamento do softwareutilizado em sala de aula

UT-6 [sinto] falta de praacutetica (pouca familiaridade) com a tecnologia agrave disposiccedilatildeo (deminha parte principalmente) [Professor-informante - D8]

UT-7 ( ) acabei de olhar o blog e amanhatilde gostaria que me explicasse algumasquestotildees teacutecnicas [dirigindo-se ao pesquisador] pois sou muito ignorante noassunto [] seria uma espeacutecie de Moodle mais ou menos isso natildeo [referindo-se ao blog Wordpress utilizado para organizar o material didaacutetico nas aulas]Achei muito interessante e estou gostando da ideia da mudanccedila mesmo[Professor-informante - D1]

UT-8 ( ) natildeo consegui usar o [Ambiente Virtual de Aprendizagem] como gostaria[tive] dificuldade em alimentar o site com exerciacutecios propostas motivadorasavisos aos alunos (continuei a usar o e-mail para os avisos tradicionais e paraenvio de material extra) [Professor-informante - D8]

em suas aulas ou seja o sistema de blog Wordpress 54 e o Ambiente Virtual de Aprendizagem

disponibilizado pela universidade em que leciona - baseado no sistema MOODLE 55 Essa dificuldade

pode ser percebida pelos excertos [sinto] falta de praacutetica (pouca familiaridade) com a tecnologia

agrave disposiccedilatildeo(relato UT-6) acabei de olhar o blog e amanhatilde gostaria que me explicasse algumas

questotildees teacutecnicas [dirigindo-se ao pesquisador] pois sou muito ignorante no assunto(relato UT-7)

e natildeo consegui usar o [Ambiente Virtual de Aprendizagem] como gostaria[relato UT-8]

Notamos que frente agrave dificuldade de compreender o funcionamento dos programas utilizados

em suas aulas o professor-informante optou pela utilizaccedilatildeo de recursos digitais cujo funcionamento

lhe era familiar Nesse caso referimos-nos ao e-mail conforme relato do professor-informante

continuei a usar o e-mail para os avisos tradicionais e para envio de material extra(relato UT-8)

Compreendemos que aleacutem da opccedilatildeo de lanccedilar matildeo de recursos digitais familiares o estudo do

funcionamento dos novos programas e sistemas com os quais o professor pode se deparar em

54httpwwwwordpressorgbr55httpwwwmoodleorg

149

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em salade aula presencial

sua praacutetica consiste em uma possiacutevel estrateacutegia perante esse Problema de Ensino - a saber a

dificuldade de compreender o funcionamento do software utilizado em sala de aula

Vale ressaltar enfim que nem sempre o professor poderaacute escolher todos os recursos digitais com

os quais pretende trabalhar Eacute possiacutevel como no caso aqui apresentado que esse profissional tenha

a sua disposiccedilatildeo um sistema - como por exemplo um Ambiente Virtual de Aprendizagem - utilizado

pela instituiccedilatildeo em que trabalha e que por motivos diversos tenha que utilizaacute-lo Naturalmente esse

debate aponta para o desenvolvimento de competecircncias relativas ao uso de novas tecnologias ou

seja conforme Romero (2008) - descrito no QUAD 62 - para as competecircncias tecnoloacutegicas as

quais como explicam Garcia et al (2011 p 83) referem-se ao domiacutenio de ferramentas de criaccedilatildeo

e aplicaccedilotildees com uso da internet(GARCIA et al 2011 p 83)

724 Preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e do software

que abrigam e fornecem acesso agraves Sequecircncias Didaacuteticas

A preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e do software que abrigam e fornecem acesso

agraves Sequecircncias Didaacuteticas pode ser identificada nos relatos de UT-9 a UT-11 descritos no QUAD

714 Percebemos que tal preocupaccedilatildeo - nesse caso - estaacute diretamente relacionada com o fato

de que um eventual mal funcionamento desses artefatos pode atrasar ou ateacute mesmo inviabilizar a

aula Consideramos que a preocupaccedilatildeo com um provaacutevel atraso da aula pode ser vista por meio

da anaacutelise dos relatos UT-10 e UT-11 na iacutentegra A preocupaccedilatildeo com uma eventual inviabilizaccedilatildeo

dessa atividade por sua vez pode ser deflagrada pelo excerto a uacutenica preocupaccedilatildeo que tenho eacute o

som(relato UT-9) o qual se insere - nesse relato - no contexto do planejamento de uma possiacutevel

atividade de compreensatildeo oral

Notamos que frente agrave essa preocupaccedilatildeo o professor-informante cogitou a ideia de um plano

B ou seja uma atividade alternativa a ser feita no caso de natildeo funcionamento do hardware Essa

estrateacutegia pode ser vista no relato UT-9 quando ele diz talvez um plano B referindo-se a esse

plano alternativo em caso de mal funcionamento do som Consideramos que essa situaccedilatildeo aponta

para o fato de que naturalmente o uso de novas tecnologias - quaisquer que sejam - em sala de

aula poderaacute motivar novas demandas novos olhares por parte do professor e novas estrateacutegias

relacionadas agraves tarefas de planejamento e de execuccedilatildeo de seus cursos e aulas - o que aponta

outrossim para o desenvolvimento contiacutenuo de novas habilidades e competecircncias

150

Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utilizaccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre em salade aula presencial

Quadro 714 Relatos-utilizaccedilatildeo preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e dosoftware que abrigam e fornecem acesso agraves Sequecircncias Didaacuteticas

UT-9 Oacutetima a atividade para segunda Para o dia 1o eu tinha pensado num ripassopara a prova mas estou pensando ( ) se natildeo seria melhor fazer a prova deascolto Estaremos na sala [dos computadores] se natildeo me engano talvez umviacutedeo com o tema viagem ou supermercado a uacutenica preocupaccedilatildeo que tenho eacuteo som talvez um plano B [Professor-informante - D5]

UT-10 [percebo uma] dificuldade teacutecnica demora em ligar os computadores conse-quentemente demora em iniciar a aula rede lenta [Professor-informante -D8]

UT-11 Devido a uma questatildeo teacutecnica o trabalho acessando o site com materialdidaacutetico proposto ( ) atrasou um pouco mas natildeo prejudicou o andamento daaula [Professor-informante - D2]

151

Capiacutetulo 8

Conclusotildees

Nossa pesquisa teve como objetivo explorar as implicaccedilotildees relacionadas agrave utilizaccedilatildeo de material

didaacutetico de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de italiano LEL2

sendo essas implicaccedilotildees especificadas e tratadas em forma de Problemas de Ensino (ORTALE

2010 p 425) e sendo o termo utilizaccedilatildeo desdobrado em dois aspectos o aspecto da utilizaccedilatildeo - em

sala de aula presencial - e o aspecto da produccedilatildeo Aleacutem disso tivemos como meta - em sintonia

com a metodologia de formaccedilatildeo de professores de italiano proposta pela Profa Dra Fernanda

Landucci Ortale no acircmbito da disciplina Atividades de Estaacutegio discutida no capiacutetulo 5 desta tese

- observar e discutir possiacuteveis caminhos ou estrateacutegias de resoluccedilatildeo dos problemas identificados

Nossa investigaccedilatildeo foi motivada e orientada tambeacutem pela hipoacutetese de que a utilizaccedilatildeo de materiais

didaacuteticos de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de liacutengua italiana

como LEL2 deflagra uma seacuterie de implicaccedilotildees observaacuteveis e especiacuteficas ndash as quais podem ser

definidas em termos de Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 425) ndash dada a sua natureza

peculiar ou seja livre Buscamos em nossas conclusotildees contemplar essas metas e questotildees

de pesquisa Para tanto destacamos 4 dimensotildees discutidas nas seccedilotildees de 81 a 84 Satildeo elas

as caracteriacutesticas gerais dos Problemas de Ensino identificados nesta pesquisa (seccedilatildeo 81) as

possiacuteveis estrateacutegias ou caminhos de resoluccedilatildeo dos Problemas de Ensino identificados (seccedilatildeo 82)

a hipoacutetese de pesquisa (seccedilatildeo 83) e finalmente a metodologia e os possiacuteveis desdobramentos

futuros de nossa investigaccedilatildeo (seccedilatildeo 84)

81 Das caracteriacutesticas gerais dos Problemas de Ensino

identificados nesta pesquisa

Encontramos em nossa investigaccedilatildeo um total de 11 (onze) Problemas de Ensino - 7 (sete) relacio-

nados ao aspecto da produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre e 4 (quatro) relativos ao aspecto da

utilizaccedilatildeo desse tipo de material didaacutetico em sala de aula presencial de ensino-aprendizagem de

italiano como LEL2 Satildeo eles de 1 a 7 relacionados ao primeiro aspecto e de 8 a 11 ao segundo

conforme tambeacutem indicamos na tabela 71

PE-1 Dificuldade para encontrar insumos desejados registrados com licenccedilas flexiacuteveis

152

Das caracteriacutesticas gerais dos Problemas de Ensino identificados nesta pesquisa

PE-2 Inseguranccedila (e resistecircncia) associada agrave utilizaccedilatildeo de insumos livres no material didaacutetico

PE-3 Crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtual livre necessariamente

aumenta a carga horaacuteria de trabalho docente

PE-4 Dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica e o estado de artefato em construccedilatildeoque o

software livre pode apresentar

PE-5 Dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas

PE-6 Dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e de sequecircncias didaacuteticas digitais

PE-7 Dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware

PE-8 Dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que podem ser utilizados para organizar

as Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas em sala de aula presencial

PE-9 Crenccedila de que a escassez de material didaacutetico impresso na sala de aula presencial poderaacute

ser mal vista pelos discentes

PE-10 Dificuldade em compreender o funcionamento do software utilizado em sala de aula

PE-11 Preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e do software que abrigam e fornecem

acesso agraves Sequecircncias Didaacuteticas

Notamos por meio de nossa anaacutelise a proeminecircncia de dois fatores as crenccedilas a respeito de

materiais didaacuteticos de natureza virtual livre e a demanda pelo desenvolvimento de competecircncias

relacionadas aos aspectos virtual e livre desse tipo de material didaacutetico Com efeito 3 (trecircs) dos

Problemas de Ensino se relacionam estritamente agraves crenccedilas e 4 (quatro) agraves demandas ligadas ao

desenvolvimento de competecircncias digitais por parte do professor

Destacamos para o primeiro aspecto a crenccedila de que insumos livres satildeo intrinsecamente de

maacute qualidade o que pode gerar um sentimento de inseguranccedila relativo agrave utilizaccedilatildeo de materiais

de natureza livre (PE-1) a crenccedila de que o trabalho com material didaacutetico de natureza virtual livre

deveraacute ser produzido do zero a cada novo contexto de ensino e aprendizagem o que pode embasar

por sua vez a crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos dessa natureza necessariamente

aumenta a carga horaacuteria de trabalho docente (PE-2) - tornando nesse caso tal utilizaccedilatildeo inviaacutevel

perante a condiccedilatildeo de proletarizaccedilatildeo do professor e a crenccedila de que a escassez de material didaacutetico

impresso na sala de aula presencial poderaacute ser vista de forma negativa pelos alunos (PE-9) jaacute

que eles poderiam associar a qualidade da aula agrave quantidade de material impresso presente nesse

ambiente

No que se refere ao segundo aspecto - a saber a demanda pelo desenvolvimento de compe-

tecircncias especiacuteficas - ressaltamos a falta ou a maacute localizaccedilatildeo das indicaccedilotildees sobre a licenccedila de

uso dos insumos e a incompreensatildeo dessas licenccedilas por parte do professor-autor quando estatildeo

claramente indicadas as quais englobamos agrave dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas (PE-5)

e associamos agraves seguintes competecircncias requeridas para o docente da era digital saber aplicar

os direitos de propriedade intelectual e as licenccedilas de uso(ESPANHA 2013 p 13) conectar-se

153

Das caracteriacutesticas gerais dos Problemas de Ensino identificados nesta pesquisa

e colaborar por meio de ferramentas digitais(ESPANHA 2013 p 13) e interagir e participar de

comunidades e redes(ESPANHA 2013 p 13) - sendo as duas ultimas ligadas a accedilotildees de apoio

muacutetuo com o intuito de aprender sobre a codificaccedilatildeo de licenccedilas flexiacuteveis ou o estabelecimento

de licenccedilas pouco claras eventualmente encontradas em insumos a dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo

de insumos e Sequecircncias Didaacuteticas digitais (PE-6) - tanto relacionada agrave falta de conhecimento do

professor a esse respeito quanto a problemas com o hardware ou o software com que trabalha

a dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware (PE-7) que tambeacutem pode se referir tanto a falta

de conhecimento do professor no sentido de natildeo conseguir configurar o software ou o hardware

de modo adequado quanto a falhas deses artefatos e enfim a dificuldade em compreender o

funcionamento do software utilizado em sala de aula (PE-10) a qual pode tambeacutem ser associada agrave

falta de conhecimento do professor a respeito dessa utilizaccedilatildeo

Compreendemos que esses trecircs uacuteltimos Problemas de Ensino (PE-5 PE-6 e PE-7) estatildeo

relacionados ao domiacutenio de ferramentas de criaccedilatildeo e aplicaccedilotildees com uso da internet conforme

Romero (2008 apud GARCIA et al 2011 p 83) e que ademais as dificuldades de ediccedilatildeo

de insumos e de Sequecircncias Didaacuteticas digitais (PE-6) e de utilizaccedilatildeo de hardware (PE-7) estatildeo

tambeacutem associadas a saber resolver problemas teacutecnicos de acordo com Espanha (2013 p 13)

Compreendemos esse saber como uma noccedilatildeo que pode transitar entre saber resolver por conta

proacutepria e saber encontrar ajuda e recursos para soluccedilatildeo

Quanto aos demais Problemas de Ensino - a saber PE-1 PE-4 PE-8 e PE-11 - percebemos

em linha de siacutentese que a dificuldade para encontrar insumos desejados registrados com licenccedilas

flexiacuteveis (PE-1) refere-se agrave tarefa de selecionar insumos que correspondam a uma determinada

finalidade - estabelecida para a Sequecircncia Didaacutetica em elaboraccedilatildeo - e que ao mesmo tempo

possuam licenccedilas flexiacuteveis ou ainda determinada configuraccedilatildeo de licenccedila flexiacutevel a dificuldade

em lidar com a natureza dinacircmica e o estado de artefato em construccedilatildeoque o software livre pode

apresentar (PE-4) estaacute relacionada agrave percepccedilatildeo e agrave atitude do professor-autor perante o uso de

software dessa natureza em sua praacutetica Essa constataccedilatildeo nos motivou a propor o estabelecimento

de dois perfis antagocircnicos de professores-usuaacuterios de software livre - a saber o usuaacuterio estaacutetico e o

usuaacuterio proativo ou livre Em linhas gerais enquanto esse percebe o software livre como tal - alme-

jando niacuteveis profundos de personalizaccedilatildeo e de apropriaccedilatildeo considerando sempre a possibilidade

de alcanccedilar tais niacuteveis aquele o vecirc por meio de uma perspectiva proprietaacuteria satisfazendo-se em

usar apenas o que o software oferece contentando-se com niacuteveis superficiais ou controlados de

personalizaccedilatildeo e apropriaccedilatildeo a dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que podem

ser utilizados para organizar as Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas em sala de aula

presencial (PE-8) estaacute relacionada agrave ansiedade do professor - perante o uso de novas tecnologias

- e a sua orientaccedilatildeo em sala de aula sendo que essa diz respeito agrave mudanccedila de referecircncia do

livro didaacutetico impresso para o computador (de mesa) e agrave ocupaccedilatildeo do espaccedilo fiacutesico da sala de

aula enquanto leciona a preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware (PE-11) enfim estaacute

diretamente relacionada agrave preocupaccedilatildeo com eventuais atrasos - ou ateacute mesmo com a inviabilizaccedilatildeo

- das aulas

154

Das possiacuteveis estrateacutegias ou caminhos de resoluccedilatildeo dos Problemas de Ensino identificados nestapesquisa

82 Das possiacuteveis estrateacutegias ou caminhos de resoluccedilatildeo

dos Problemas de Ensino identificados nesta pesquisa

Destacamos a respeito das estrateacutegias de resoluccedilatildeo dos Problemas de Ensino identificados em

nossa pesquisa e dos possiacuteveis caminhos de formaccedilatildeo docente a eles relacionados - ou seja agraves

implicaccedilotildees para a formaccedilatildeo de professores de idiomas em especial de liacutengua italiana inicial ou

continuada - que em linhas gerais um dos possiacuteveis caminhos de formaccedilatildeo relacionados aos

Problemas de Ensino baseados em crenccedilas - a saber PE-2 PE-3 e PE-9 - passa do nosso ponto

de vista pelo exerciacutecio de reflexatildeo e pela ampliaccedilatildeo do contato com o(s) objeto(s) envolvido(s)

na construccedilatildeo da crenccedila Tomamos como exemplo as crenccedilas de que insumos de natureza livre

possuem maacute qualidade intriacutenseca (associada ao PE-2) e de que a escassez de material didaacutetico

impresso em sala de aula presencial poderaacute ser mal vista pelos alunos (PE-9) Com efeito as

tentativas de resoluccedilatildeo desses problemas podem girar em torno respectivamente da reflexatildeo

sobre os conceitos de qualidade induacutestria cultural e ateacute mesmo da proacutepria ideia de crenccedila e

do levantamento das opiniotildees dos alunos sobre a presenccedila ou ausecircncia de materiais didaacuteticos

impressos em sala de aula Vale ressaltar que essa questatildeo aponta para o universo das crenccedilas

sobre materiais didaacuteticos de ensino de liacutenguas especialmente sobre os materiais didaacuteticos de

natureza virtual livre

Em adiccedilatildeo percebemos que os Problemas de Ensino relacionados a crenccedilas podem tambeacutem

apontar para estrateacutegias de resoluccedilatildeo adicionais como por exemplo a utilizaccedilatildeo de insumos que

faccedilam referecircncia a produtos culturais do universo fechado tal qual relatado em nossa pesquisa

frente ao problema PE-2 ou seja a inseguranccedila (e resistecircncia) associada agrave utilizaccedilatildeo de insumos

livres no material didaacutetico

O trabalho com Problemas de Ensino que envolvem a mobilizaccedilatildeo de competecircncias especiacuteficas

(PE-5 PE-6 PE-7 e PE-10) pode consistir por sua vez na identificaccedilatildeo das competecircncias requeridas

a cada caso e naturalmente no desenvolvimento dessas competecircncias pelo professor tanto em

formaccedilatildeo inicial quanto em formaccedilatildeo continuada Percebemos que em adiccedilatildeo a essa concepccedilatildeo

geral alguns problemas de ensino que envolvem a mobilizaccedilatildeo de competecircncias especiacuteficas - tais

quais dominar ferramentas de criaccedilatildeo e aplicaccedilotildees com uso da internet(ROMERO 2008 apud

GARCIA et al 2011 p 83) e saber resolver problemas teacutecnicos(ESPANHA 2013 p 13) - podem

tambeacutem apontar para estrateacutegias de resoluccedilatildeo adicionais as quais naturalmente podem sugerir

caminhos de formaccedilatildeo docente Destacamos por exemplo os Problemas de Ensino PE-5 e PE-10

De fato podem figurar como estrateacutegias de soluccedilatildeo para a dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das

licenccedilas (PE-5) o aprofundamento das buscas de insumos com o intuito de descobrir ou estabelecer

uma licenccedila pouco clara referente a um determinado insumo a melhoria da compreensatildeo do

sistema de licenciamento adotado pelo autor do insumo e a busca de auxiacutelio junto a colegas ou agrave

comunidade Podem figurar outrossim como possiacuteveis estrateacutegias para a soluccedilatildeo da dificuldade em

compreender o funcionamento do software utilizado em sala de aula (PE-10) a opccedilatildeo por tecnologias

com as quais o professor tenha mais familiaridade

Percebemos que os demais problemas de Ensino de nossa lista - a saber PE-1 PE-4 PE-8 e

PE-11 - tambeacutem apresentaram uma seacuterie de estrateacutegias que podem ser associadas agrave sua resoluccedilatildeo

155

Da hipoacutetese de pesquisa

e a possiacuteveis direcionamentos para o trabalho de formaccedilatildeo docente Consideramos oportuno

destaca-los Dessa forma a dificuldade para encontrar insumos desejados registrados com licenccedilas

flexiacuteveis (PE-1) pode ser associada agraves seguintes estrateacutegias melhorar a busca - no sentido de

intensificaacute-la e de refinaacute-la com o auxiacutelio de motores de busca especializados produzir os proacuteprios

insumos e fazer mudanccedilas na Sequecircncia Didaacutetica de modo a adaptaacute-la aos insumos encontrados

conforme relatado pelos professores-informantes de nossa pesquisa A dificuldade em lidar com

a natureza dinacircmica e o estado de artefato em construccedilatildeoque o software livre pode apresentar

(PE-4) aponta de acordo com nossa concepccedilatildeo para a intensificaccedilatildeo do exerciacutecio de reflexatildeo

sobre a essecircncia do software livre para a participaccedilatildeo em projetos de criaccedilatildeo e desenvolvimento

desse tipo de artefato com o intuito de conhecer melhor a sua dinacircmica de desenvolvimento

e as suas possibilidades de personalizaccedilatildeo e para a aquisiccedilatildeo de noccedilotildees de programaccedilatildeo A

dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que podem ser utilizados para organizar as

Sequecircncias Didaacuteticas e para trabalhar com elas em sala de aula presencial (PE-8) pode ser por

sua vez associada agraves seguintes estrateacutegias utilizaccedilatildeo de tecnologias sintonizadas com a praacutetica do

professor ampliaccedilatildeo do uso de novas tecnologias em sala de aula com o intuito de torna-las invisiacuteveis

tal qual tecnologias tradicionais como o livro didaacutetico impresso e reflexatildeo sobre sentimentos - como

ansiedade - que podem causar problemas relativos agrave utilizaccedilatildeo de novas tecnologias A preocupaccedilatildeo

com o funcionamento do hardware (PE-11) enfim pode ser associada agrave elaboraccedilatildeo de atividades

alternativas a serem realizadas em caso de mal funcionamento do hardware conforme vimos nos

relatos apresentados nesta pesquisa

83 Da hipoacutetese de pesquisa

Em resposta agrave nossa hipoacutetese de pesquisa - anunciada no capiacutetulo introdutoacuterio desta tese e

retomada na abertura do presente capiacutetulo - a saber a hipoacutetese de que a utilizaccedilatildeo de materiais

didaacuteticos de natureza virtual livre em contexto formal de ensino-aprendizagem de liacutengua italiana

como LEL2 deflagra uma seacuterie de implicaccedilotildees observaacuteveis e especiacuteficas as quais podem ser

definidas em termos de Problemas de Ensino (ORTALE 2010 p 425) dada a sua natureza peculiar

ou seja livre - notamos que apesar de se tratar de um tipo de material didaacutetico que de fato carrega

especificidades os Problemas de Ensino a ele relacionados natildeo parecem ser especiacuteficos jaacute que

podem girar em torno tambeacutem de materiais didaacuteticos de outras naturezas - tal qual materiais

didaacuteticos fechados ou frutos da Economia Guttemberg (SHIRKY 2010 p 42) Preferimos considerar

esses Problemas de Ensino como caracteriacutesticos dos materiais didaacuteticos de natureza virtual livre de

modo a rarear o aspecto de exclusividade que o termo especiacutefico pode denotar Vale mencionar que

em nossa pesquisa os Problemas de Ensino figuram como implicaccedilotildees observaacuteveis

Dessa forma notamos que crenccedilas - as quais conforme vimos destacam-se entre os Problemas

de Ensino que elencamos nesta pesquisa - podem de fato referir-se a materiais didaacuteticos (ou

artefatos ou construtos) de outras naturezas (natildeo livre) - ainda que tenhamos constatado a existecircncia

de crenccedilas que apontem para caracteriacutesticas desse tipo de material didaacutetico em um determinado

contexto sociocultural Citamos por exemplo a presenccedila de insumos produzidos e publicados em

um modelo de produccedilatildeo livre os quais podem ser considerados portadores de uma maacute qualidade

156

Da metodologia e dos possiacuteveis desdobramentos futuros desta pesquisa

intriacutenseca (PE-2) ou sua existecircncia em formato digital que por sua vez pode acarretar na escassez

de material didaacutetico impresso em sala de aula presencial e na subsequente avaliaccedilatildeo negativa dessa

situaccedilatildeo por parte dos alunos (PE-9) Com efeito essas crenccedilas podem se referir a outros tipos de

materiais didaacuteticos em outros contextos socioculturais

Raciociacutenio igual pode ser aplicado aos demais Problemas de Ensino levantados em nossa

pesquisa Desse modo percebemos que os problemas PE-6 PE-7 PE-8 PE-10 e PE-11 podem

ocorrer tanto em materiais didaacuteticos de natureza livre quanto fechados desde que sejam virtuais

Com efeito estatildeo todos relacionados ao uso de software ou hardware Em adiccedilatildeo notamos que

a dificuldade para encontrar insumos desejados registrados com licenccedilas flexiacuteveis (PE-1) pode

corresponder agrave dificuldade anaacuteloga vivenciada em contextos de produccedilatildeo de materiais didaacuteticos

fechados Natildeo seraacute difiacutecil por exemplo constatar a dificuldade em encontrar insumos que sejam

adequados ao projeto pedagoacutegico de uma determinada Sequecircncia Didaacutetica (fechada) e que con-

comitantemente natildeo carreguem impedimentos de uso - tais como preccedilo muito alto ou falta de

anuecircncia dos respectivos autores ou detentores dos seus direitos A dificuldade em lidar com a

natureza dinacircmica e o estado de artefato em construccedilatildeoque o software livre pode apresentar (PE-4)

ainda que seja estritamente relacionada ao universo dos materiais didaacuteticos de natureza virtual livre

pode ser enfrentado tambeacutem em contextos de utilizaccedilatildeo de materiais de outras naturezas desde

que se utilize software livre A dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas (PE-5) enfim apesar

de apontar para uma atividade caracteriacutestica do trabalho com materiais livres pode ser enfrentada

durante a produccedilatildeo de materiais de natureza fechada Esse tipo de produccedilatildeo de fato poderaacute incluir

o uso de insumos livres ou ateacute mesmo a sua exclusatildeo deliberada Isso significa que a compreensatildeo

de licenccedilas e coleccedilotildees de licenccedilas flexiacuteveis figura como competecircncia requerida tanto para autores

de materiais didaacuteticos livres quanto de materiais didaacuteticos fechados Compreendemos que essa

competecircncia estaacute relacionada agraves demandas de adaptaccedilatildeo das leis de direitos autorais agraves praacuteticas

de produccedilatildeo e circulaccedilatildeo de bens culturais estabelecidas com a chegada de novas tecnologias

Essas adaptaccedilotildees e praacuteticas de produccedilatildeo e circulaccedilatildeo podem afetar a praacutetica de todos os docentes

independentemente do perfil Conforme jaacute mencionado neste capiacutetulo ratifica nossa argumentaccedilatildeo

a percepccedilatildeo de Espanha (2013 p 13) quando considera importante que o docente da era digital

saiba aplicar os direitos de propriedade intelectual e as licenccedilas de uso(ESPANHA 2013 p 13)

Entendemos que Espanha (2013 p 13) se refere a todos os docentes que atuam ou vatildeo atuar na

era digital

84 Da metodologia e dos possiacuteveis desdobramentos fu-

turos desta pesquisa

Concluiacutemos que a metodologia que empregamos em nossa pesquisa - fundamentada em uma pers-

pectiva qualitativa de vieacutes construtivista e interpretativista - mostrou-se adequada para a investigaccedilatildeo

dos Problemas de Ensino dada a sua natureza personaliacutestica Consideramos tambeacutem adequados os

contextos e os instrumentos de coletas de dados que adotamos em nossa investigaccedilatildeo Com efeito

conseguimos perceber os Problemas de Ensino relativos agrave utilizaccedilatildeo e agrave produccedilatildeo de materiais

157

Da metodologia e dos possiacuteveis desdobramentos futuros desta pesquisa

didaacuteticos de natureza virtual livre respectivamente por meio dos contextos escolhidos - ou seja

duas disciplinas de liacutengua italiana e duas ediccedilotildees de um curso de formaccedilatildeo de professores em

serviccedilo e em preacute-serviccedilo dessa liacutengua Os instrumentos de levantamento de dados - a saber 1)

gravaccedilotildees em viacutedeo e aacuteudio respostas a questionaacuterio aberto e notas de campo para o contexto

de produccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre e 2) notas de campo e-mails entre o pesquisador e

o informante diaacuterio de aula e respostas a questionaacuterio para o contexto de utilizaccedilatildeo de Material

Didaacutetico Virtual Livre - por sua vez foram eficientes na medida em que por meio deles conseguimos

recolher os Relatos de Problemas de Ensino a partir dos quais identificamos os Problemas de

Ensino Cabe observar enfim que consideramos especialmente produtivos os diaacutelogos abertos em

grupo que tivemos com os professores-participantes das duas ediccedilotildees dos cursos de formaccedilatildeo

imediatamente apoacutes as aulas - ou seja imediatamente apoacutes a experiecircncia de produccedilatildeo - sobre os

Problemas de Ensino enfrentados durante a atividade de produccedilatildeo de material didaacutetico Percebemos

que nessas seccedilotildees destacaram-se dois aspectos a quantidade e a qualidade das impressotildees dos

informantes sobre as suas experiecircncias de produccedilatildeo incluindo os Relatos de Problemas de Ensino

Compreendemos que o aumento da qualidade estaacute relacionada agrave manifestaccedilatildeo de Relatos de

Problemas de Ensino mais profundos e mais variados - ou seja que apontam para uma diversidade

maior de temas correlacionados Consideramos que poderiacuteamos ter explorado mais essas seccedilotildees

de diaacutelogo em nossa pesquisa Pretendemos fazecirc-lo em eventuais investigaccedilotildees futuras sobre

Problemas de Ensino

Percebemos enfim que nossa pesquisa pode apontar para almenos 3 (trecircs) possiacuteveis desdo-

bramentos O primeiro estaacute relacionado agrave proeminecircncia de Problemas de Ensino ligados a crenccedilas

percebida em nossas anaacutelises Dado esse fato consideramos pertinente nos questionar sobre a

possibilidade da existecircncia e da natureza de outras crenccedilas sobre materiais didaacuteticos de natureza

virtual livre O segundo por sua vez consiste na promoccedilatildeo de novas investigaccedilotildees sobre Problemas

de Ensino sendo dessa vez em contextos de ensino e aprendizagem de liacutengua italiana em que

materiais didaacuteticos de natureza virtual livre sejam - ou tenham sido - adotados pelo docente em

sua praacutetica diaacuteria por iniciativa proacutepria ou seja em situaccedilotildees de uso mais autecircnticas O terceiro

desdobramento enfim consiste na elaboraccedilatildeo de repertoacuterios de Problemas de Ensino relacionados

ao uso de material didaacutetico de natureza virtual livre bem como das respectivas propostas e possibili-

dades de soluccedilatildeo Esse desdobramento pode entre outros fatores reunir dados que poderatildeo ser

uacuteteis em processos de formaccedilatildeo de professores de idiomas tanto para o formador quanto para os

docentes-participantes em formaccedilatildeo especialmente quando adotadas metodologias baseadas na

Resoluccedilatildeo de Problemas de Ensino tal qual vimos em Ortale (2010 p 425)

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Radical Openness Four Principles of Unthinkable Success [Sl] TED Conferences 201370 p

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169

Apecircndice A - Carta de consentimento

TERMO DE CONSENTIMENTO COLETA E PUBLICACcedilAtildeO DE DADOS PARA

PESQUISA

Eu xxxxx portador do CPF n xxxxx autorizo o senhor Rocircmulo Francisco de Souza

ndash doutorando junto ao programa de poacutes-graduaccedilatildeo em Liacutengua Literatura e Cultura

Italianas da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo

Paulo ndash a publicar em qualquer meio de divulgaccedilatildeo e em qualquer eacutepoca os dados por

mim fornecidos por meio de questionaacuterio gravaccedilatildeo de voz eou viacutedeo e observaccedilatildeo

de sala de aula em contexto de pesquisa de doutorado no periacuteodo de xx a xx de xxxx

de xxxxx durante o curso de extensatildeo ldquoProduccedilatildeo de Material Didaacutetico Virtual Livre

e Aplicaccedilotildees para o Ensino de Italiano LEL2rdquo oferecido junto agrave Universidade xxxxx

DESDE QUE O MEU NOME MINHA IMAGEM E MINHA VOZ OU QUALQUER OUTRO

DADO PESSOAL MEU SEJAM OMITIDOS

Data xx xx xx

Assinatura xxxxx

Pesquisador ndash Prof Msc Rocircmulo Francisco de Souza

Orientadora ndash Profa Dra Paola Giustina Baccin (USP)

170

Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas

Exemplos de Sequecircncias Didaacuteticas produzidas pelos professores em serviccedilo e em preacute-serviccedilo nos

cursos de formaccedilatildeo (Il corpo Umano e Pasta a Boscaiola) e pelo pesquisador em conjunto com o

professor-informante (Viaggio che senso ha per te questa parola e Un Viaggio in Bici) Cada uma

das imagens apresenta uma atividade ou um conjunto de atividades que compotildeem as sequecircncias

Os planos de aula referentes agraves Sequecircncias Didaacuteticas satildeo de autoria dos professores-participantes

autores das sequecircncias Todas as atividades produzidas durante as duas ediccedilotildees do curso de

formaccedilatildeo se encontram em versatildeo HTML no DVD que acompanha esta tese ou pelo QRcode abaixo

perfazendo um total de 6 Sequecircncias Didaacuteticas

Acesso ao conteuacutedo do DVDque acompanha esta tese

wwwromulosouzacombrdvdtese

Sequecircncia Didaacutetica Il corpo umano

Plano de aula - Il Corpo Umano

Titulo Il corpo umano

Niacutevel iniciante - adulto

Habilidades desenvolvidas compreensatildeo e produccedilatildeo oral e escrita - sempre com

relaccedilatildeo ao corpo humano

Objetivo geral conhecer o vocabulaacuterio referente ao corpo humano

Tempo previsto aprox 45min

Recursos digitais envolvidos pesquisa em sites da internet (Flickr Google Creative

Commons) Exelearning

Insumos imagens

171

Apecircndice Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas

172

Apecircndice Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas

173

Apecircndice Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas

Sequecircncia Didaacutetica Pasta a Boscaiola

Plano de aula - Pasta a Boscaiola

Titulo Cibo Italiano - Pasta a Boscaiola

Niacutevel baacutesico

Habilidades desenvolvidas compreensatildeo oral vocabulaacuterio especiacutefico da receita

Objetivo geral apresentar por meio de uma receita os verbos no presente do indicativo

e o vocabulaacuterio de comida

Objetivos especiacuteficos o aluno deve ser capaz de

1 Conhecer alguns alimentos tiacutepicos da culinaacuteria italiana

2 Compreender o vocabulaacuterio da receita de forma geral

3 Utilizar alguns verbos no presente do indicativo

4 Produzir uma explicaccedilatildeo oral e escrita da receita

5 Sugerir complementos tiacutepicos brasileiros na receita

6 Comparar as diferenccedilas culturais entre a culinaacuteria italiana e brasileira

7 Identificar os verbos italianos quando conjugados

8 Conhecer o vocabulaacuterio das medidas em italiano

9 Participar de discussotildees em grupos e conseguir expressar suas opiniotildees em

italiano

Tempo previsto 1haula

Recursos digitais envolvidos Photoshop CS3 (editor de imagens) pesquisa em sites

da internet (Flickr Google Creative Commons)

Insumos imagens

Sequecircncia de aula passo a passo

1 Exposiccedilatildeo do tema da aula e questionar os alunos se conhecem a ldquopasta boscai-

olardquo (5 minutos)

2 A professora encenaraacute o preparo da pasta e apresentaraacute os ingredientes que

seratildeo utilizados utilizaremos imagens para ilustrar a receita (10 minutos)

3 Propor aos alunos um exerciacutecio de verifica do vocabulaacuterio que acabaram de

conhecer (5 minutos)

4 Em duplas propor aos alunos a ldquoatividade clozerdquo a fim de utilizar a conjugaccedilatildeo

verbal presente do indicativo de verbos utilizados na culinaacuteria (15 minutos)

174

Apecircndice Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas

175

Apecircndice Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas

Sequecircncia Didaacutetica Viaggio che senso ha per te questa parola

Plano de aula - Viaggio che senso ha per te questa parola

Titulo Viaggio che senso ha per te questa parola

Niacutevel inicianteintermediario - adulto

Habilidades desenvolvidas compreensatildeo e produccedilatildeo oral

Objetivo geral introduzir o tema viagens conhecer o vocabulaacuterio referente a esse

tema

Tempo previsto aprox 30min

Recursos digitais envolvidos pesquisa em sites da internet (Flickr BlipTV Google)

Wordpress

Insumos viacutedeo

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Apecircndice Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas

Sequecircncia Didaacutetica Un viaggio in bici

Plano de aula - Un Viaggio In Bici

Titulo Un viaggio in bici

Niacutevel iniciante - adulto

Habilidades desenvolvidas compreensatildeo e produccedilatildeo oral e escrita - relacionado ao

tema viagens

Objetivo geral fazer planos para o futuro introduzir o futuro do indicativo e as expres-

sotildees para referir-se ao futuro

Tempo previsto aprox 1haula

Recursos digitais envolvidos pesquisa em sites da internet (Flickr Google blip TV)

Wordpress

Insumos viacutedeo

177

Apecircndice Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas

178

  • Implicaccedilotildees do uso de Material Didaacutetico VirtualLivre em contexto formal de ensino-aprendizagemde italiano como LEL2 - a perspectiva dosProblemas de Ensino
    • Agradecimentos
    • Resumo
    • Abstract
    • Riassunto
    • Sumaacuterio
    • Lista de quadros
    • Lista de Figuras
    • Introduccedilatildeo
      • Cenaacuterio de abertura problematizaccedilatildeo e delineamento dapesquisa
      • Hipoacutetese
      • Justificativa
      • Objetivo geral
      • Objetivos especiacuteficos
      • Organizaccedilatildeo e estrutura capitular da tese
        • Capiacutetulo 1 Material Didaacutetico Virtual Livre - nossaconcepccedilatildeo
          • 11 A cultura livre
          • 12 O software livre
          • 13 Licenccedilas Livres e a licenccedila Creative Commons
          • 14 Afinal o que chamamos de Material Didaacutetico VirtualLivre
            • Capiacutetulo 2 Material Didaacutetico Virtual Livre para oensino de liacutenguas materialpoacutes-meacutetodo() - explorandointerseccedilotildees
            • Capiacutetulo 3 Software livre no contexto deensino-aprendizagem de liacutenguas - porque (natildeo) utilizar
              • 31 Vantagens relacionadas ao uso de software livre
              • 32 Pontos criacuteticos relativos ao uso de software livre
              • 33 Iniciativas livres e seus modelos de negoacutecio explorandoa produtividade altruiacutesta
                • Capiacutetulo 4 Metodologia de produccedilatildeo de MaterialDidaacutetico Virtual Livre
                  • 41 Modelos instrucionais e a produccedilatildeo de Material DidaacuteticoVirtual Livre
                    • 411 Visatildeo geral sobre modelos instrucionais
                    • 412 O modelo ADDIE - modelo instrucional baacutesico
                    • 413 Modelo de Operaccedilatildeo Global do Ensino de Liacutenguas
                    • 414 Modelo de Elaboraccedilatildeo de Materiais Didaacuteticos de Ensino de Liacutenguas
                      • 42 A busca por insumos livres beneficiando-se da CulturaLivre
                        • 421 Busca de insumos livres com o Flickr imagens
                        • 422 Busca de insumos livres com o SpinXpress miacutedias em geral
                        • 423 Busca de Insumos Livres com o Jamendo muacutesicas
                        • 424 Busca de Insumos livres utilizando o Google arquivos e paacuteginasda web em geral
                          • 43 Atribuiccedilatildeo de liberdades ao material didaacutetico virtualpromovendo a cultura livre
                          • 44 O uso de software livre
                            • 441 O sistema de blogs e de gerenciamento de conteudos para webWordpress
                            • 442 O programa de autoria EXElearning
                                • Capiacutetulo 5 Metodologia de pesquisa
                                  • 51 A Pesquisa em Problemas de Ensino
                                  • 52 Estudo qualitativo
                                  • 53 Consideraccedilotildees sobre a eacutetica na pesquisa
                                  • 54 Consideraccedilotildees sobre a validade interna da pesquisa
                                  • 55 Delimitaccedilatildeo do estudo contextos e estrateacutegias de coletade dados
                                    • Capiacutetulo 6 Perfil dos informantes
                                      • 61 Perfil do professor do ensino superior puacuteblico
                                      • 62 Perfil dos grupos de professores em serviccedilo e em preacuteserviccedilo
                                        • 621 Experiecircncia com ensino de italiano
                                        • 622 Haacutebitos de planejamento de aulas e de apropriaccedilatildeo do materialdidaacutetico
                                        • 623 Letramento Digital
                                            • Capiacutetulo 7 Anaacutelise dos Problemas de Ensino
                                              • 71 Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da produccedilatildeode Material Didaacutetico Virtual Livre
                                                • 711 Dificuldade para encontrar insumos desejados registrados comlicenccedilas flexiacuteveis
                                                • 712 Inseguranccedila (e resistecircncia) associada agrave utilizaccedilatildeo de insumoslivres no material didaacutetico
                                                • 713 Crenccedila de que a adoccedilatildeo de materiais didaacuteticos de natureza virtuallivre necessariamente aumenta a carga horaacuteria de trabalhodocente
                                                • 714 Dificuldade em lidar com a natureza dinacircmica e o estado de artefatoem construccedilatildeoque o software livre pode apresentar
                                                • 715 Dificuldade relativa agrave identificaccedilatildeo das licenccedilas
                                                • 716 Dificuldade relativa agrave ediccedilatildeo de insumos digitais e de SequecircnciasDidaacuteticas digitais
                                                • 717 Dificuldade relativa agrave utilizaccedilatildeo de hardware
                                                  • 72 Problemas de Ensino relativos agrave dimensatildeo da utilizaccedilatildeode Material Didaacutetico Virtual Livre em sala de aulapresencial
                                                    • 721 Dificuldade de adaptaccedilatildeo a novos suportes ou miacutedias que podemser utilizados para organizar as Sequecircncias Didaacuteticas epara trabalhar com elas em sala de aula presencial
                                                    • 722 Crenccedila de que a escassez de material didaacutetico impresso na salade aula presencial poderaacute ser mal vista pelos discentes
                                                    • 723 Dificuldade em compreender o funcionamento do software utilizadoem sala de aula
                                                    • 724 Preocupaccedilatildeo com o funcionamento do hardware e do softwareque abrigam e fornecem acesso agraves Sequecircncias Didaacuteticas
                                                        • Capiacutetulo 8 Conclusotildees
                                                          • 81 Das caracteriacutesticas gerais dos Problemas de Ensinoidentificados nesta pesquisa
                                                          • 82 Das possiacuteveis estrateacutegias ou caminhos de resoluccedilatildeodos Problemas de Ensino identificados nesta pesquisa
                                                          • 83 Da hipoacutetese de pesquisa
                                                          • 84 Da metodologia e dos possiacuteveis desdobramentos futurosdesta pesquisa
                                                            • Referecircncias
                                                            • Apecircndice A - Carta de consentimento
                                                            • Apecircndice B - Sequecircncias Didaacuteticas
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