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Anais Eletrônicos do IX Congresso Brasileiro de História da Educação João Pessoa Universidade Federal da Paraíba 15 a 18 de agosto de 2017 ISSN 2236-1855 4504 IMPRENSA E DOCÊNCIA EM PERNAMBUCO, 1883-1884 Yan Soares Santos 1 Dayana Raquel Pereira de Lima 2 Adriana Maria Paulo da Silva 3 Introdução A imprensa pedagógica do século XIX, sobretudo revistas e jornais do (para) os professores(as) públicos(a) primários(as) consistem em importantes fontes, as quais, dentre outros aspectos, permite nos aproximarmos dos discursos dos(as) professores (públicos e particulares) e das compreensões acerca de seu trabalho, articulando atividades individuais e coletivas, demarcando espaços de atuação e de diálogos com a sociedade. As publicações de periódicos próprios, quinzenais, entre os anos de 1883 e 1884 - sob a guarda do Arquivo Público Estadual Jordão Emerenciano (APEJE) -, dezessete números de 1883 e cinco números de 1884, intitulados Revista do Grêmio dos Professores Primários, escritos pelos membros da Sociedade do Grêmio dos Professores Primários, cuja fundação e regulamentação estatutária ocorreram em 25 de março de 1878, permite-nos pensar os(as) docentes como intelectuais, criadores e mediadores de ações políticas, engajados nas problemáticas práticas de seu trabalho, divulgando-o e promovendo debates (GONTIJO, 2005, p. 263). Nos discursos do Grêmio, a década de 1880 apareceu como um período de crise econômica em Pernambuco, cujos desdobramentos comprometeram os pagamentos dos funcionários provinciais, causando reclamações, denúncias e debates por parte dos(as) docentes públicos, direcionados ao governo provincial. A difícil situação pela qual passavam, com ordenados atrasados, sendo obrigados a recorrerem à empréstimos para suprimento das 1 Mestre em Educação pela Universidade Federal de Pernambuco. Campus Recife. E-mail: <[email protected]>. 2 Mestre em Educação pela Universidade Federal de Pernambuco. Campus Recife. E-mail: <[email protected]>. 3 Doutora em História pela Universidade Federal de Pernambuco. Professora Adjunta no Departamento de Métodos e Técnicas de Ensino da Universidade Federal de Pernambuco. Campus Recife. E-mail: <[email protected]>. Líder do grupo de pesquisa “História da Educação e das práticas de educabilidade no mundo ibero-americano” (http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/1487285749398911).

IMPRENSA E DOCÊNCIA EM PERNAMBUCO, 1883-1884 · IMPRENSA E DOCÊNCIA EM PERNAMBUCO, 1883-1884 ... Estatuto do Grêmio dos Professores Primários, ... magistério por meio de aprovação

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Anais Eletrônicos do IX Congresso Brasileiro de História da Educação João Pessoa – Universidade Federal da Paraíba – 15 a 18 de agosto de 2017

ISSN 2236-1855 4504

IMPRENSA E DOCÊNCIA EM PERNAMBUCO, 1883-1884

Yan Soares Santos1

Dayana Raquel Pereira de Lima2

Adriana Maria Paulo da Silva3

Introdução

A imprensa pedagógica do século XIX, sobretudo revistas e jornais do (para) os

professores(as) públicos(a) primários(as) consistem em importantes fontes, as quais, dentre

outros aspectos, permite nos aproximarmos dos discursos dos(as) professores (públicos e

particulares) e das compreensões acerca de seu trabalho, articulando atividades individuais e

coletivas, demarcando espaços de atuação e de diálogos com a sociedade.

As publicações de periódicos próprios, quinzenais, entre os anos de 1883 e 1884 - sob

a guarda do Arquivo Público Estadual Jordão Emerenciano (APEJE) -, dezessete números de

1883 e cinco números de 1884, intitulados Revista do Grêmio dos Professores Primários,

escritos pelos membros da Sociedade do Grêmio dos Professores Primários, cuja fundação e

regulamentação estatutária ocorreram em 25 de março de 1878, permite-nos pensar os(as)

docentes como intelectuais, criadores e mediadores de ações políticas, engajados nas

problemáticas práticas de seu trabalho, divulgando-o e promovendo debates (GONTIJO,

2005, p. 263).

Nos discursos do Grêmio, a década de 1880 apareceu como um período de crise

econômica em Pernambuco, cujos desdobramentos comprometeram os pagamentos dos

funcionários provinciais, causando reclamações, denúncias e debates por parte dos(as)

docentes públicos, direcionados ao governo provincial. A difícil situação pela qual passavam,

com ordenados atrasados, sendo obrigados a recorrerem à empréstimos para suprimento das

1 Mestre em Educação pela Universidade Federal de Pernambuco. Campus Recife. E-mail: <[email protected]>.

2 Mestre em Educação pela Universidade Federal de Pernambuco. Campus Recife. E-mail: <[email protected]>.

3 Doutora em História pela Universidade Federal de Pernambuco. Professora Adjunta no Departamento de Métodos e Técnicas de Ensino da Universidade Federal de Pernambuco. Campus Recife. E-mail: <[email protected]>. Líder do grupo de pesquisa “História da Educação e das práticas de educabilidade no mundo ibero-americano” (http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/1487285749398911).

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necessidades básicas, os empurrava a lutar entre duas alternativas: “ou abandonar as

cadeiras e procurar a capital, ou morrer de fome” (GRÊMIO, nº 06, 1883, p. 02 e 03).

Através de seus periódicos, o Grêmio dos Professores Públicos Primários pretendia

combater o aniquilamento, melhorar e uniformizar a instrução pública (GRÊMIO, 1883, nº

1, p. 01).

Esta comunicação se subdividirá em duas partes. A primeira consistirá na descrição do

Estatuto do Grêmio dos Professores Primários, destacando sua organização hierárquica

interna e seus fins. A segunda parte analisará as recorrentes discussões presentes nas revistas

do Grêmio, destacando àquelas relativas ao fechamento de escolas públicas primárias, às

mudanças e exceções encontradas nas leis e regulamentos criados referentes à Instrução

Pública e as problemáticas práticas envolvendo a habilitação4 docente para o exercício do

magistério, para fins de compreender as “táticas” e “estratégias” fabricadas pelos(as)

docentes naquela ocasião, saindo não somente em defesa da profissão, mas também dos seus

postos e locais de trabalho (DE CERTEAU, 1998).

Da organização do Grêmio dos Professores Primários

Em 22 de Janeiro de 1878, o então presidente da província Desembargador Francisco

de Assis Oliveira Maciel, aprovou os estatutos do Grêmio dos Professores Primários de

Pernambuco. Os estatutos foram divididos em sete capítulos, cada qual com um objetivo

específico.

O primeiro capítulo intitulou-se “Da organização do grêmio”, com quatro artigos, nos

quais foram apresentadas as categorias de sócios dentro da associação. O Grêmio contou com

Sócios Efetivos, Correspondentes, Honorários e Beneméritos. Os primeiros, Sócios Efetivos,

eram os únicos capazes de ocupar cargos altos da associação. O pré-requisito para ser Sócio

Efetivo era ser professor público, contratado e/ou particular, da Instrução primária

(exclusivamente), para ambos os sexos em qualquer dos graus existentes na província.

Porém, para um professor particular conseguir associar-se como Efetivo era necessária a

admissão de sua proposta apresentada ao Conselho da associação. Os Sócios

4 Neste artigo, o uso do termo “habilitar” está de acordo com os sentidos encontrados nas legislações, regulamento e regimentos da instrução pública do XIX. Ao final de cada ano letivo, os professores escolhiam os alunos com melhor desempenho na sala de aula para se submeterem aos exames anuais como forma de verificar se eles estavam “habilitados” naquele nível de escolarização, bem como a qualidade do trabalho do professor (no sentido de ter sido ou não capaz de “habilitar” seus alunos). Naquele tempo, ao número de aprovação de alunos nos exames anuais atribuía-se uma gratificação, denominada “gratificação por mérito”. Outro sentido ao termo em questão servia para conceder o título de “efetivo” ao professor que comprovasse ser apto ao trabalho do magistério por meio de aprovação em concurso público.

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Correspondentes foram também professores e professoras, como os descritos acima, mas

residentes de outra província que não Pernambuco (ESTATUTOS, 1878: 5).

Os sócios Honorários eram os professores secundários ou funcionários superiores da

instrução pública que, por seus préstimos à instrução pública primária e ao Grêmio, se

tornaram recomendáveis de compor o quadro de sócios. Estes sócios seriam uma estratégia

do Grêmio para, sem abrir mão de sua autonomia, articular-se com sujeitos políticos mais

“importantes”, tendo em vista obtenção de apoios as suas demandas e questões.

Por fim, os Beneméritos, foram aqueles prestadores de “serviços importantes” para o

Grêmio, os quais, do ponto de vista estratégico, serviam-lhe para obtenção de “recursos”

humanos e/ou materiais destinados também à resolução das suas demandas. (ESTATUTOS,

1878: 6).

O segundo capítulo intitulado “Da direção do grêmio”, com um total de 7 artigos,

apresentou a hierarquia dos sócios na sociedade e suas regras de funcionamento. Na

composição hierárquica do Grêmio, havia um Presidente e Vice-Presidente; primeiro e

segundo secretário; orador; tesoureiro; procurador e quatro conselheiros. Os responsáveis

por ocupar os cargos de Presidente a procurador eram apenas os sócios Efetivos votados em

conselho, e os conselheiros só poderiam ser sócios efetivos.

O terceiro capítulo, composto por 3 artigos, tratou dos “fins que se propõe o grêmio,

meios de os conseguir”, destacando que sua principal intenção social era “o aperfeiçoamento

da instrução primária e do magistério que a professa” (ESTATUTOS, 1878: 9) e, “a criação e

conservação de um Montepio, que ampare os sócios Efetivos em suas aposentadorias,

moléstias [...] e às suas famílias...” (ESTATUTOS, 1878: 9). Segundo este documento os

primeiros e principais do Grêmio estavam relacionados exclusivamente ao melhoramento das

condições de trabalho, vida e morte dos docentes primários.

O auxílio mútuo era uma estratégia comum dos trabalhadores associados que por não

conseguirem custear serviços básicos para a sobrevivência e labuta diária, poderiam pugnar

por uma proteção mais efetiva junto a uma associação capaz de incorporá-los em seu quadro

de sócios. No caso, era pago uma “joia” (dez mil réis), ou seja, uma quantia mínima inicial

para ingressar na associação e um valor mensal (três mil réis) à associação que seria revertido

para os fundos sociais, descritos no capítulo VI5. A inclusão do Montepio, ou seja, um fundo

5 Sobre a organização da Sociedade Propagadora da Instrução Pública, seus objetivos, finalidades e ações promovidas na cidade do Recife entre os anos de 1872 a 1903, para fins de aprofundamentos sobre essas, ver. SANTOS, Yan Soares. A sociedade propaganda da instrução pública e suas ações de qualificação profissional em Recife (1872-1903). 129 f. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Federal de Pernambuco, Recife: UFPE, 2014.

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guardado por um banco (aberto assim que se atingissem dez contos de réis e teria uma

direção especial exclusiva para tratar desse valor) no qual serviria para o auxílio mútuo dos

associados, é um ponto importante a ser colocado, pois, esse valor era revertido em serviços

básicos como aposentadorias para os Sócios Efetivos por qualquer moléstia que excedesse o

tempo das licenças concebidas, e um valor pago às famílias e viúvas de algum sócio efetivo. O

Grêmio inaugurava suas atividades destacando a necessidade de se pugnar por questões

importantes aos docentes da época, inclusive custear serviços básicos.

O capítulo IV intitulado “Direitos e Deveres dos associados”, com um total de seis

artigos, do 16º ao 22º, especificou as responsabilidades cabíveis a cada sócio. As atribuições

foram variadas, desde a especificação dos valores que deveriam ser pagos para garantir o

gozo dos direitos, até a afirmação desses direitos. Os sócios efetivos tinham o direito “ao gozo

de todos os direitos pecuniários e honoríficos” presentes nos estatutos (ESTATUTOS, 1878:

10).

O primeiro dever de um sócio efetivo era o de “exercer bem o cargo” para o qual fosse

eleito, provando a possibilidade de exercê-lo. Se por ventura um sócio efetivo deixasse de

pagar a mensalidade de três mil réis à associação, no intervalo de três meses, teria seus

direitos perdidos. Porém, o artigo 22 abria uma exceção à regra da perda de direitos, pois,

continuava no gozo de todos os direitos aqueles sócios efetivos que alcançassem um alto

cargo dentro da associação ou no magistério. Ou seja, a inadimplência tendia a ser

secundária com relação ao prestígio (interno ou externo) do associado. Por sua vez os sócios

Correspondentes, Honorários e Beneméritos tinham apenas o direito de ocupar um cargo de

honra na sala das sessões do Grêmio – os beneméritos ainda poderiam, se assim quisessem,

conservar um retrato na sala das sessões. Ou seja, estas categorias tinham apenas o direito de

presenciarem as sessões.

O Capítulo V intitulado “Das atribuições”, composto pelos artigos 23 ao 34, descreveu

detalhadamente as atribuições específicas de cada grupo de sócios e de cada membro no

exercício dos cargos da associação. Trataram-se de onze artigos sequenciados

hierarquicamente, ou seja, o 23º destacou as atribuições do Presidente da associação (com

um total de sete incisos), caminhando sucessivamente até as atribuições do Conselheiros a

partir do artigo 30, bem como às atribuições da Comissão de Proteção (artigo 31)– promover

em favor do associado qualquer coisa por ele requerido, principalmente relativo ao exercício

do magistério–; às atribuições dos Conselheiros Auxiliares (artigo 32)– informar ao

Presidente do Conselho sobre qualquer assunto da instrução primária e exercer em suas

comarcas o que lhe for atribuído pela Comissão de Proteção. O último artigo, o 34, desse

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capítulo se debruçou sobre as atribuições das Assembleias Gerais do Grêmio, encarregadas

de aprovar ou não as medidas propostas pelo Conselho, sancionar o título de sócio

Benemérito, e resolver qualquer medida que ainda não fosse prevista pelos estatutos

(ESTATUTOS, 1878: 11).

O Capítulo VI intitulado “dos fundos sociais”, composto pelo artigo 35, com 5 incisos,

descreveu os fundos materiais da associação. Metade da joia dos sócios efetivos e dois das

suas mensalidades eram destinas para o Montepio (ESTATUTOS, 1878: 15-16).

O último capítulo intitulado Capítulo VII, “Disposições Gerais”, abrigando os artigos

36 ao artigo 54 e, destes importa destacar os dois últimos. O artigo 53 previu que, se por

alguma ventura o Grêmio deixasse de funcionar (algo possível se houvesse duas Assembleias

Gerais consecutivas com dois terços dos membros presentes) e o Montepio não tivesse sido

ainda criado, a quantia arrecadada para o mesmo seria posta em leilão e o resultado deste

doado a Santa Casa da Misericórdia. Já o último artigo do Estatuto decidiu sobre a

necessidade de reformulação do próprio documento, e isso aconteceria no intervalo de cinco

anos (se assim a Assembleia achasse necessário) ou antes, se o Montepio estivesse

funcionando.

Podemos inferir, a partir da leitura da documentação em questão que, muito embora

o “auxílio mútuo” - através da criação e conservação do Montepio como principal mecanismo

de amparo dos sócios - bem como as preocupações em torno do “aperfeiçoamento da

instrução primária e do magistério”, fossem duas das finalidades centrais do Grêmio, as

leituras dos periódicos produzidos pelos associados, mostraram que, as disputas políticas

pelos postos de trabalho e as problemáticas práticas da docência, extrapolaram as ditas

finalidades associativas. É o que veremos nas discussões a seguir.

A revista do Grêmio dos Professores Primários e suas recorrentes discussões

Importantes nomes do magistério público primário de Pernambuco compunham a

comissão de redação da revista: Vicente de Moraes Mello, Cyrillo A. da S. Santiago Augusto

José M. Wanderley, Francisco Carlos Fragoso e Christovão de Barros Gomes Porto. Aos

leitores interessados em assinarem a revista, podiam obter os exemplares, anualmente, pelo

valor de 6 réis, caso morassem fora da província de Pernambuco; e 5 réis, caso morassem na

província.

Os periódicos do Grêmio, em média, apresentaram oito páginas, cada um, com

exceção dos números 13 e 14, os quais apresentaram doze páginas em decorrência da

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publicação dos relatórios da instrução pública e de um manual contendo as alternativas dos

associados para mudanças na situação educacional da província, respectivamente.

O padrão não se repetiu só no quantitativo de páginas, mas também na estrutura das

revistas, geralmente subdividida em seis seções principais. A primeira seção, intitulada

“Apresentação” (conhecida também por “Matéria de capa”), trazia debates relativos às

variadas temáticas sobre instrução pública e os expedientes práticos da docência, tais como: a

supressão das escolas noturnas, os pagamentos de ordenados e gratificações, as impressões

referentes aos congressos pedagógicos ocorridos na Corte, a importância da participação do

magistério público primário na confecção dos regulamentos e legislações educacionais,

nomeações e provimento das aulas públicas, dentre outros.

A segunda seção, intitulada “Parte Noticiosa” descrevia as ações empreendidas pelas

diferentes instâncias governamentais – pela presidência da província, pelo conselho literário

do Grêmio e pela Inspetoria Geral - a respeito da instrução pública e trabalho docente:

deferimento ou não das petições dos(as) docentes públicos(as), criação e supressão de escolas

públicas, nomeações ou exonerações de delegados literários, aprovação de materiais

didáticos usados nas escolas públicas primárias, movimentação da Biblioteca do Grêmio,

dentre outros.

A seção “Parte Pedagógica” abarcava informações de ordem pedagógica aplicadas

pelos(as) docentes nas escolas públicas, como o exercício da Caixa Econômica Escolar e os

saberes de higiene nas escolas, oferecidas, geralmente, aos alunos da Escola Normal.

Na “Parte Escolar” descrevia-se detalhadamente os tipos de lições escolares e seus

respectivos dias e turmas para aplicação nas escolas, bem como as matérias sobre a

importância e aplicação do método de ensino Intuitivo destinado aos(as) docentes.

Na “Parte Literária”, encontramos o desenvolvimento de poesias de autoria dos(as)

professores(as) e uma subseção chamada “Pensamento Progressista”, na qual há recortes de

ideias pedagógicas relativas ao magistério feminino e a condição de mulher naquela ocasião.

Por último, na seção “A quem interessar”, para além de informações referentes à

venda e publicação de livros considerados importantes para uso nas escolas urbanas e rurais,

e listas contendo os nomes dos(as) professores(as) associados, juntamente com o pagamento

de 5 mil contos de réis de anuidade, verificamos o dia e local das reuniões do Conselho do

Grêmio, ocorridas sempre às quintas-feiras de todas as semanas em que não houvesse

feriado, na sede localizada na rua Pedro Affonso, nº 29, bairro de Santo Amaro (arrabalde de

Recife), sala próxima à biblioteca da própria associação.

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Não obstante a estrutura dos periódicos supracitada, salientamos que os debates a

respeito do trabalho docente, nas fontes em questão, não representaram os posicionamentos

de todo o professorado público da província de Pernambuco. Trata-se da divulgação das

ideias do(as) docentes públicos primários associados ao Grêmio dos Professores Primários.

Muito embora a expressão “classe do professorado pernambucano” fosse largamente

referenciada nos periódicos, relativizamos esse discurso, sobretudo a partir da verificação de

que, num total de 869 docentes públicos primários de Pernambuco nos anos de 1883 e 18846,

apenas 165 professores e professoras públicos eram sócios(as) do Grêmio, no mesmo

período7. Em termos percentuais, os(as) professores(as) associados(as) correspondiam

apenas a 19% do total de docentes da província pernambucana.

Apresentados a estrutura dos periódicos investigados, bem como os limites na

dimensão de representação dos discursos veiculados pelo Grêmio, adentraremos as

discussões mais recorrentes encontradas nas revistas, isto é, àquelas relativas ao fechamento

de escolas públicas primárias, as mudanças e exceções encontradas nas leis e regulamentos

criados referentes à Instrução Pública – sobretudo, incidindo diretamente nos pagamentos

das gratificações- e as problemáticas práticas envolvendo a habilitação docente para o

exercício do magistério.

Abertura e fechamento das escolas noturnas

Contestando as informações trazidas à época de que as escolas noturnas por inciativa

governamental8 foram criadas, primeiramente no Maranhão, em 1868, depois em Sergipe

(1870) e na Corte (1878), o Inspetor Geral da Instrução Pública, João Barbalho Uchôa

6 Os quantitativos, especificamente, por ano correspondem a 475 docentes públicos(as) primários(as), em 1883; e 394 docentes, em 1884. Estas informações foram retiradas, respectivamente de INSTRUÇÃO PÚBLICA. Relatório apresentado ao Exmo. Sr. Presidente da Província pelo Inspetor João Barbalho Uchôa Cavalcanti em 31 de janeiro de 1883. Recife: Typographia de Manoel Figueroa de Faria & Filhos, 1883, p. 08; 1883- 1880- Fala do Desembargador José Manoel de Freitas. Disponível em: <http://brazil.crl.edu/bsd/bsd/701/000033.html>. Acesso em: mar. 2017.

7 O quantitativo geral dos associados(as) foi obtido a partir do somatório dos nomes dos(as) docentes, contidos nas listas dos pagamentos da anuidade, nos 22 periódicos investigados. Ver. PERNAMBUCO. Revista do Grêmio dos Professores Primários, nº 01 a 17, APEJE, Recife, 1883; e PERNAMBUCO. Revista do Grêmio dos Professores Primários, nº 01, 05, 06, 10 e 15, APEJE, Recife, 1884.

8 Em Pernambuco, desde 1860, os cursos noturnos existiram, inicialmente, sob a subvenção das associações particulares, como a abertura das aulas noturnas de primeiras letras e geometria, oferecidas pela Sociedade dos Artistas Mecânicos e Liberais (MAC CORD, 2010, p. 155). E na Corte, também na década de 1860, com a abertura dos cursos noturnos oferecidos pelas associações, embora o Regulamento de 1854 já sinalizasse a preocupação governamental sobre esse assunto, ao destacar, em seu art. 71, que as escolas de segundo grau com dois professores estariam obrigadas, alternadamente por mês ou por ano, a ensinarem matérias de instrução primária aos adultos, duas vezes por semana, nas horas que ficassem livres (COSTA, 2011, p. 58)

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Cavalcanti, afirmava no detalhado Relatório da Instrução de 1879, que muito antes das

localidades mencionadas, as escolas noturnas pernambucanas já existiam desde 18669.

Os adultos que precisavam do ensino elementar, os filhos de artistas, os aprendizes

constituíam o público que frequentavam as escolas noturnas. Descrita pelo Inspetor João

Barbalho Uchôa Cavalcanti, como “alavanca poderosa do melhoramento das classes

inferiores, foco de luz aceso em benefício do povo deserdado de instrução pela necessidade do

serviço noturno” (CAVALCANTI, J. B. U, 1879, p. 53), as escolas noturnas seriam providas

gratuitamente pelos professores públicos nas casas e com as mobílias das escolas diurnas, e,

conforme o relatório de 1879, sendo computado na jubilação (aposentadoria) o tempo desse

ensino até dois terços. Soma-se a isso, o pagamento de uma gratificação de 800 mil réis

aos(as) docentes com mais tempo de serviço no magistério (INSTRUÇÃO PÚBLICA.

Regulamento Orgânico da Administração do Ensino Público, 1879, p. 28 e 50). Estes fatores

foram motivos de desconfianças e insatisfações por parte dos(as) docentes públicos(as).

Nos meses de março e abril de 1883, os redatores lançaram, nos números 1 e 2 do

periódico, artigos contrários à supressão das escolas noturnas. Para além dos apontamentos

relativos às lacunas existentes nas reformas da instrução pública, cujo alcance facilitava a

entrada no magistério de indivíduos inabilitados, os redatores denunciaram as práticas de

supressão de onze escolas primárias noturnas. Seguindo o disposto no art. 52 do

Regulamento de 07 de abril de 1879, seriam suprimidas as escolas diurnas que funcionassem

com a frequência igual ou superior a 12 alunos em sala de aula, fato que incidia sobre o não

pagamento das gratificações aos(as) docentes.

Contudo, o referido regulamento estabelecia, em seu art. 157, um número mínimo de

10 alunos em sala de aula para o funcionamento das escolas noturnas na província.

Dispositivo legal que, na prática, não era cumprido pelas autoridades da instrução, em

virtude do fechamento de 11 escolas noturnas primárias, em locais nos quais, segundo os

redatores, funcionavam com uma frequência de alunos superior a exigida por lei.

Como forma de comprovação do alegado acima, vejamos o quantitativo de matrícula e

frequência da escola noturna da Passagem da Madalena (arrabalde de Recife).

9 Agradecemos ao professor José Gonçalves Gondra por nos facilitar o acesso ao relatório do Barbalho Uchôa Cavalcanti. Sobre a criação dos cursos noturnos em Pernambuco, ver. CAVALCANTI, J. B. U. Instrução pública: estudo sobre o sistema de ensino primário e organização pedagógica das escolas da Corte, Rio de Janeiro e Pernambuco. Recife: Typographia de Manoel Figueiroa de Faria & Filhos, 1879, p. 53

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TABELA 1

QUANTIDADE MENSAL DE MATRÍCULA E FREQUÊNCIA DA ESCOLA NOTURNA DA PASSAGEM DA MADALENA

MESES MATRÍCULA FREQUÊNCIA

Janeiro 18 11

Fevereiro 19 14

Março 21 13

Abril 23 13

Maio 23 13

Junho 24 14

Julho 24 12

Agosto 25 12

Setembro 25 13

Outubro 25 13

Novembro 25 13

Dezembro 25 13

Fonte: PERNAMBUCO. Revista do Grêmio dos Professores Primários. Recife: 10 de abril de 1883, Ano I, nº 2, 1883, p. 01.

Os quantitativos da tabela acima demonstram que o número de frequência dos alunos

na escola da Madalena era superior ao determinado pelo art. 157 do regulamento (10 alunos)

e, ainda assim, foi a escola suprimida - juntamente com as da Boa Vista, do Cabo, de São

Pedro Mártir de Olinda e Nazaré, na mesma situação - por “condições desfavoráveis das

finanças da província”.

Agravavam-se mais ainda os casos de supressão das escolas, quando se sabia da

existência de outras, na freguesia do Recife, sem a frequência mensal mínima de alunos

estipulada por lei. A este respeito e não sendo intenção dos(as) docentes em acusarem os

professores que as regiam, pois não ganhavam quaisquer gratificações, demonstravam a

incoerência no uso do discurso de supressão das aulas noturnas com base na contenção de

despesas e, por isso, reafirmaram a importância das aulas como espaços de atendimento de

alunos adultos e dos quais, por motivos atendíveis, não tinham condições de frequentarem as

aulas diurnas, razão apontada pelo art. 157 do referido Regulamento.

Fazendo um esforço comparativo de análise, elaboramos uma tabela com as

estatísticas educacionais referentes às escolas noturnas primárias na província de

Pernambuco, desde 1866 (ano de criação), até o ano de 1884 (um ano após o debate

promovido na revista do Grêmio). Com base nos relatórios dos presidentes da província e do

Inspetor Geral da Instrução Pública, Barbalho Uchôa Cavalcanti, pretendemos cruzar os

discursos elaborados pelo Grêmio e pelas autoridades provinciais.

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TABELA 2 AULAS NOTURNAS EM PERNAMBUCO (1866-1884)10

ANO AULAS

1866 -

1867 -

1868 4

1869 4

1870 4

1871 4

1872 11

1873 13

1874 13

1875 17

1876 23

1877 24

1878 26

1879 -

1880 22

1881 42

1882 42

1883 43

1884 55

Fontes: Relatórios dos Presidentes da Província Pernambucana,

correspondentes aos períodos de 1866-1874 e 1879-188311.

De acordo com a tabela, na década de 1860, talvez pelo fato da recente criação das

aulas noturnas na província, houve uma tímida (ou quase invariável) quantidade. A mudança

neste quadro dá-se, precisamente, a partir de 1872, quando há uma curva ascendente no

10 No caso pernambucano, não encontramos, nas bases documentais investigadas, o quantitativo de criação das escolas noturnas primárias referentes aos anos de 1866 e 1867. O mesmo ocorreu com relação ao ano de 1879. A este respeito, suspeitamos, que por se tratar de um ano no qual ocorria a reorganização do ensino público por parte das autoridades educacionais e, por isso, as estatísticas educacionais só foram viáveis no ano posterior.

11 Disponível em: <http://www-apps.crl.edu/brazil/provincial/pernambuco>. Último acesso em março de 2017. Relatórios dos Inspetores da Instrução Pública de Pernambuco, correspondentes aos períodos de 1875-1878 e 1884, ver. INSTRUÇÃO PÚBLICA. Relatório apresentado ao Exmo. Sr. Presidente da Província pelo Inspetor João Barbalho Uchôa Cavalcanti em 30 de janeiro de 1875. Recife: Typographia de Manoel Figueroa de Faria & Filhos, 1875, p. 08; INSTRUÇÃO PÚBLICA. Relatório apresentado ao Presidente da Província Dr. Pedro Vicente de Azevedo pelo Inspetor João Barbalho Uchôa Cavalcanti em 31 de janeiro de 1876. Recife: Typographia de Manoel Figueroa de Faria & Filhos, 1876, p. 05; INSTRUÇÃO PÚBLICA. Relatório apresentado ao Presidente da Província pelo Inspetor João Barbalho Uchôa Cavalcanti em 31 de janeiro de 1877. Recife: Typographia de Manoel Figueroa de Faria & Filhos, 1877, p. 03; INSTRUÇÃO PÚBLICA. Relatório apresentado ao Presidente da Província pelo Inspetor João Barbalho Uchôa Cavalcanti em 31 de outubro de 1878. Recife: Typographia de Manoel Figueroa de Faria & Filhos, 1878, p.04; INSTRUÇÃO PÚBLICA. Relatório apresentado ao Presidente da Província Dr. Pedro Vicente de Azevedo pelo Inspetor João Barbalho Uchôa Cavalcanti em 31 de outubro de 1884. Recife: Typographia de Manoel Figueroa de Faria & Filhos, 1884, p. 04.

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quantitativo de aulas, sofrendo uma queda no ano de 1880 (a este respeito, ainda não

sabemos o motivo), e voltando a crescer, vertiginosamente, de 1881 a 1884.

Cruzando o mencionado debate a respeito da supressão das aulas noturnas, em 1883,

na revista do Grêmio, com o vertiginoso aumento na criação das aulas – de 43 para 55 - no

período de 1883-1884, podemos inferir que, talvez, as elaboradas reclamações dos(as)

docentes, fazendo, até mesmo, uso de estatísticas mensais de matrícula e frequência dos

alunos nas escolas locais, surtiram efeito, sobretudo se considerarmos também o

restabelecimento de 6 das 11 escolas noturnas suprimidas, conforme informação trazida pelo

Relatório do Inspetor Barbalho Uchôa Cavalcanti, em 1884 (RELATÓRIO, 1884, p. 04).

As lacunas encontradas nas legislações e regulamentos recém-criados nas décadas de

1880, foram alvos, mais uma vez, dos escritos do Grêmio como forma de defender um dos

expedientes práticos mais importantes e, há muito, existentes no magistério público

pernambucano: as gratificações.

As gratificações dos(as) docentes públicos(as) em disputa

Nos periódicos do Grêmio dos Professores Primários, os debates referentes às

gratificações foram um dos mais recorrentes e acalorados, dentre os assuntos investigados.

Este dispositivo, existente desde a primeira metade do século XIX (SILVA, 2007), geraram

intensos conflitos entre os professores e poderes públicos, e entre os próprios professores, já

que se tratavam de vantagens acrescidas aos ordenados, a depender da forma pela qual os(as)

docentes exerciam seu trabalho.

Em 25 de abril de 1883, o Grêmio apontou as gratificações como um mecanismo de

‘animo’ para o professorado, sendo o magistério primário uma prática que, dentro de poucos

anos, mesmo com o interesse, dedicação e zelo, levava o(a) docente ao esgotamento de uma

vida sedentária, origem de muitos males.

À época, eram três as gratificações a que os(as) docentes se referiam. As gratificações

de exercício, a qual, segundo a discussão, convidava o(a) docente a mostrar-se assíduos em

suas escolas. A gratificação de mérito – concedida aos que tem exercido o magistério por

mãos de 15 anos, com assiduidade e zelo – propunha-se a animar o(a) docente e convidar a

não arrefecer os esforços empregados nos anos de trabalho, pois “só por meio de um estímulo

se pode conseguir que um corpo e um espírito já bastante trabalhados continuem na mesma

atividade anterior” (GRÊMIO, nº 3, 1883, p. 01). E, por fim, a gratificação de antiguidade –

concedida aos que completassem 25 anos de exercício efetivo e continuavam no magistério –

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além de se tratar de um convite para continuar com os bons serviços, torna-se uma

recompensa do muito que já foi prestado ao andamento da instrução pública.

Após a descrição dos tipos e vantagens das gratificações, os redatores da revista

adentraram numa polêmica, ao questionarem novamente a efetividade das Instruções de 27

de fevereiro de 1883, a qual fez modificações e acréscimos aos artigos 144 e 147 do

Regulamento de 07 de abril de 1879, referentes as condições para concessão das gratificações.

Na ocasião, a crítica incidiu, especificamente, sobre as disposições do inciso V, do artigo 7º

das Instruções, o qual dizia que “o número de alunos aprovados em exames (para poder o

professor justificar o aproveitamento dos alunos) é fixado em dois por ano nas escolas dos

povoados; em três nas vilas, em quatro as vilas que forem sede de comarca; em cinco nas

cidades, nos arrabaldes desta capital e em seis nos diversos bairros desta” (GRÊMIO, 1883,

nº 3, p. 01).

A exigência no quantitativo mínimo de aprovação dos alunos para o pagamento das

gratificações foi motivo de disputas entre os(as) docentes. Aos docentes zelosos pelo

magistério, acrescentava-se mais exigência, ao passo que àqueles(as) ociosos, abriam-se

exceções, sobretudo em relação às situações envolvendo trocas de serviços eleitorais. Por isso,

pugnavam por Instruções que não fossem ocasionais, que pudessem servir para todos os

tempos.

Na prática, o direito ao pagamento das gratificações de mérito não deveria relacionar-

se a obrigação de comprovação do número determinado de alunos, e na quantidade que

querem as instruções, pois outros aspectos de maior importância pesavam na balança da

instrução pública, como a qualidade do ensino-aprendizagem à época.

A situação de aprendizagem dos alunos das escolas primárias confrontava-se com

duas realidades práticas. A primeira relativa ao não fornecimento de condições necessárias

para o bom funcionamento das escolas, apesar do discurso de obrigatoriedade escolar e seu

consequente aumento no número de frequência nas aulas. A segunda associava-se a relação

entre a divisão das escolas e o grau de aprendizagem dos alunos. A este respeito, apesar da

divisão das escolas em três graus, poucos eram os alunos que completavam o aprendizado do

segundo grau, e menor ainda os que completavam o terceiro grau. Isto ocorria porque, para

os pais, o ensino do 1º grau era suficiente, quando não dispensavam o exame, ou levavam

seus filhos para uma aula secundária, ou os faziam seguir qualquer outra profissão, padrões

existentes desde a primeira metade do século XIX (SILVA, 2007). O agravante se dava

quando de escolas localizadas no interior da província, nas quais os pais se contentavam com

os filhos saberem dirigir ou responder um escrito.

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ISSN 2236-1855 4516

Após o demonstrativo quadro da instrução pública, salvas algumas exceções, as duas

realidades práticas sobrepunham-se ao número mínimo exigido de alunos aprovados

anualmente como condição para comprovação do mérito do(a) docente e sua respectiva

gratificação, já que há fatores que independem da vontade do(a) docente.

As desavenças criadas pelas exigências das Instruções, segundo os redatores,

desencadeavam meios de burlá-las em sua execução, de forma que elas continuaram a existir

sem efeitos práticos (GRÊMIO, 1883, nº 4, 1883).

As desconfianças relativas aos pagamentos das gratificações e as exceções práticas

permitidas pelas legislações e poderes públicos só amentaram. Sobre o prazo de solicitação

dos requerimentos para o pagamento das gratificações por antiguidade, ou seja, aquelas

concedidas aos docentes com mais de 15 anos de efetivo exercício no magistério, afirmaram:

A política das províncias que tudo estraga e corrompe muitas vezes embaraça os delegados que as dirigem, e na impossibilidade de ser dizer não a um protetor, dele se poderia facilmente desembaraçar a autoridade com semelhante resolução. É daí que tem surgido tais resoluções. Tem acontecido que alguns professores, não tendo satisfeito as exigências da lei no decurso dos 15 anos, demoram-se em requerer a gratificação de mérito, fazendo-os anos depois, quando consideravam preenchidas aquelas exigências, embora fora daquele período (GRÊMIO, p. 01, nº 05, 1883).

Adentrando aos aspectos os limites dos prazos exigidos aos professores para o envio

de requerimentos referentes às gratificações por mérito, conforme citação acima, reclamava-

se do citado no artigo 8º das Instruções de 27 de fevereiro, cujo conteúdo estipulava um

prazo máximo de seis meses para o requerimento em questão. Contudo, a existência de casos

foras das legislações, sobretudo quando em época eleitoral, indicavam a fragilidade de

permanência dos dispositivos tanto de exigência do número mínimo de alunos aprovados

anualmente, quanto dos prazos limites para solicitação das gratificações de mérito,

pertencentes às Instruções de fevereiro de 1883. Logo, uma saída apontada foi a continuidade

prática do Regulamento de 07 de abril de 1879, quando se estabeleceu o ordenado e

gratificações conforme a divisão das escolas em entrâncias, pois considerava o tempo, os

bons serviços e os concursos públicos dos(as) docentes, estabelecendo a ordem e hierarquia

da instrução pública12.

Procurando aproximar-se o quanto possível dos dispositivos do Regulamento de 1879,

os questionamentos referentes às exigências contidas nas Instruções de 27 de fevereiro de

12 Para o aprofundamento da leitura sobre os objetivos, fundamentos e perspectivas práticas das entrâncias no século XIX, ver LIMA, Dayana Raquel Pereira de. Sinais do “desconforto” no exercício da docência pública em Recife e Olinda (1860-1880). 2014. 176f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Recife, 2014, p. 129-154.

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1883, debruçava-se sobre aos privilégios concedidos a alguns docentes em detrimento de

outros. Logo, não se fazia justiça a privação de alguns professores do direito que lhe foi

conferido por lei (ou seja, pelos dispositivos do Regulamento de 1879), já que não é o número

de alunos habilitados que traz o mérito ao professor, tampouco a existência de um prazo

limite para o requerimento das gratificações de mérito, prejudicando os professores de

localidades distantes, pois estariam impossibilitados de requerer dentro dos 6 meses

estipulados para tal.

Os postos de trabalho e a habilitação docente

Nos últimos números dos periódicos do Grêmio, a relação provimento das cadeiras da

instrução pública e habilitações exigidas legalmente para provê-las apareceram em diferentes

ocasiões.

Responsabilizando os(as) docentes públicos pela confecções das reformas da

instrução primária e o aperfeiçoamento do ensino, tornava-se urgente o provimento das aulas

públicas por docentes habilitados, passando o magistério pelo crível de um curso (as Escolas

Normais), de um concurso público, e da prática pedagógica, como formas de alçar as

qualidades suficientes àqueles(as) que o exerce. E daí resultou a problematiza central para os

professores ocuparem seus postos de trabalho: qual a qualidade dos processos de nomeações

atribuídas aos(as) docentes públicos(as) primários(as)?

Os casos de indivíduos inabilitados para garantir os direitos à regência de uma cadeira

como professores públicos, recorriam a subterfúgios de toda a ordem, encontrando

protetores nesta causa, como o fim de recompensas eleitorais, ou de preparação do terreno

para uma eleição futura, confrontava-se com as exigências legais e práticas para o bom

desempenho do magistério público.

Para isso, segundo os redatores dos periódicos, era indispensável a entrada de

docentes conscientes de seus direitos e deveres, moralizados, experientes em seu ofício,

sempre corrigindo os desvios de índole e os costumes. Fatores possíveis de serem alcançados

por meio de experiências realizadas, senão em um estabelecimento apropriado, capaz de

garantir um magistério convenientemente habilitado, as escolas normais.

Obstante as perspectivas de satisfação plena ou não nos espaços de formação docente

fornecidos pelas escolas normais, a defesa dos associados dava-se em função da

uniformização do plano de ensino adotados nesses estabelecimentos. Só assim seria possível

a administração provincial ter um controle sobre uma nomeação justa àqueles(as) docentes

na ocupação de seus postos de trabalho.

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ISSN 2236-1855 4518

Por outro lado, as fragilidades percebidas no desenvolvimento pedagógico presentes

no ensino de cada matéria nos cursos normais, apesar das habilitações de seus professores,

apontavam para a necessidade de maior atenção dada pelas instâncias educacionais com

relação as nomeações dos mestres normais, os quais, segundo os associados, seriam

selecionados, por acesso – àqueles com maior tempo de serviço no magistério - mesmo por

concurso público, dentre os professores primários mais distintos da província. Senão,

continuariam a existir casos de baixa qualidade no ensino primário pelos alunos egressos nas

escolas normais, já que

[...] ignoram os meios de bem ensinar, logo que se acham revestidos do título de professor. Isto prova por demais que a matéria foi bem ensinada como preparatório, e mal ensinada com relação ao papel do professor primário que mais tarde o aluno seria chamado a representar (GRÊMIO, nº 14, 1884, p. 11, grifo nosso).

Como alternativa para sanar o desinteresse em ensinar dos alunos egressos das

escolas normais, os concursos públicos se apresentavam como um importante mecanismo de

comprovação de habilitação docente, não só para fins de conter os abusos que se tinha

largamente dado em decorrência da nomeação sem concurso, mas também para evitar a

entrada no magistério de indivíduos inabilitados, os quais, por cursarem a Escola Normal,

nunca chegaram a obter diploma.

Fazendo uma digressão, podemos afirmar que o debate relativo a nomeação de

docentes egressos das Escolas Normais, sem concursos públicos encontra precedentes legais

desde a promulgação da Lei de criação da Escola Normal, n. 598, de 13 de maio de 1864, cujo

art. 14 foi específico em autorizar o presidente da província a nomear pela primeira vez os

mestres normais, independente de concurso, podendo recair essas nomeações em alguns dos

atuais professores de instrução primária que por sua ilustração, dedicação e prática longa e

proveitosa no ensino público fossem julgados dignos disto13.

As brechas nas legislações e as solicitações referentes à dispensa do concurso para

exercer o magistério primário, não raro, causaram incômodos na relação entre os próprios

docentes, como visto na fragilidade pedagógica dos egressos da Escola Normal não nomeados

através de concursos públicos, considerados como

13 Para aprofundamentos relativos aos concursos públicos de docentes em Recife, no século XIX, ver. LIMA, Dayana Raquel Pereira de. Os concursos públicos de professores(as) públicos(as) primários(as) em Recife, na segunda metade do século XIX. In. Anais do Simpósio Trabalho, historiografia e fontes documentais. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2017, p. 165-181. Disponível em https://drive.google.com/file/d/0B2khU7hCVDpPYWJlcldVRVVzc0U/view. Último acesso em março de 2017. Especificamente, sobre os dispositivos legais referentes à Escola Normal, ver. PERNAMBUCO. Lei n. 598, de 13 de maio de 1864. Cria a Escola Normal na cidade do Recife. In: PERNAMBUCO. Coleção de Leis Provinciais de. Estante 29. Pratileira 02. Brasileira 02. n. 22. Ano 61/69. Ano de 1864, p. 104-109, APEJE, Recife-PE.

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ISSN 2236-1855 4519

os possuídos de intenções ferinas para os que direta ou indiretamente foram, por serviços políticos, agraciados com o título de professores primários, alguns dos quais terão em breve tempo de estar nas melhores cadeiras da capital (GRÊMIO, nº 16, 1883, p. 01, grifo nosso).

As barganhas políticas individuais, vez por outra, apresentaram-se nos periódicos do

Grêmio como um empecilho central para o andamento moral da instrução pública, afetando

a qualidade do ensino, a manutenção das escolas e a defesa dos postos de trabalho.

Sabemos que os docentes públicos atuantes na província estiveram na linha de frente,

juntamente com as famílias e os políticos da terra, construindo as práticas de escolarização

provinciais e, ao mesmo tempo, definindo os componentes técnicos, políticos e pedagógicos

constitutivos da docência no período, entre fins do século XVIII e ao longo do século XIX

(SILVA, 2007, p. 149-267; LIMA, 2014).

A este respeito, o agravante maior se dava quando, conforme fala dos associados, as

autoridades educacionais confeccionavam inúmeras reformas, leis e regulamentos que, na

maioria das vezes, eram inadequadas e desorganizadas, abrindo espaço para o

desaparecimento de prorrogativas e garantias em favor do professorado de Pernambuco14.

Nesta perspectiva, reclamavam contra as práticas docentes e governamentais que não se

firmassem em autorizações legais, tais como, a extinção das escolas noturnas, a supressão de

cadeiras diurnas frequentadas por menos de 20 alunos, o pagamento reduzido dos ordenados

e os impeditivos para as concessões das gratificações (GRÊMIO, nº 10, 1884, p. 01).

Considerações Finais

Por intermédio da leitura do Estatuto do Grêmio, percebemos que o “auxílio mútuo” e

o “melhoramento da instrução pública e do magistério” consistiam em duas de suas

finalidades centrais, as quais foram extrapoladas nos debates dos redatores-associados,

encontrados nos periódicos.

Adentrando as discussões presentes nos periódicos quinzenais da dita associação,

três aspectos foram mais recorrentes: as reivindicações contrárias ao fechamento das escolas

noturnas, as disputas em torno do pagamento dos ordenados e gratificações docentes, e as

contradições entre a habilitação docente e o provimento das aulas públicas primárias na

província.

14 Vale salientar que os debates a respeito do trabalho docente, nas fontes em questão, não representam os posicionamentos de todo o professorado público da província de Pernambuco. Trata-se da divulgação das ideias de parte do professorado pernambucano do século XIX, especificamente, dos membros da Sociedade do Grêmio dos Professores Primários, muito embora a expressão “classe do professorado pernambucano” fosse largamente referenciadas nos periódicos investigados.

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Com relação ao fechamento das escolas noturnas, fazendo uso dos periódicos, os

associados pugnaram pela continuidade do funcionamento das aulas noturnas da província

ao disputarem diretamente com os cortes de gastos feitos pelos cofres provinciais. A este

respeito, fazendo uso das brechas encontradas nos regulamentos da década de 1880,

questionaram a efetividade legalizada dos discursos sobre a escolarização da época.

As discussões sobre o pagamento dos ordenados e gratificações, presentes nas revistas,

extrapolaram as exigências legais e adentraram a outros aspectos de maior importância que

pesavam na balança da instrução pública, como as dificuldades no exercício da docência

pública.

Por último, a habilitação docente e o provimento das aulas públicas primárias na

província causaram incômodos na relação entre os próprios docentes, decorrentes das

solicitações referentes à dispensa do concurso para exercer o magistério primário, dada aos

alunos egressos da Escola Normal, desde a lei n. 598 de 1864. Este dispositivo legal motivou

questionamentos por parte dos associados do Grêmio referentes às competências dos alunos-

mestres em exercerem o trabalho docente. Havia, por sua vez, a defesa do ingresso dos

professores públicos primários mais distintos da província como formadores dos alunos da

Escola Normal, alternativa mais viável, segundo os associados, em diminuir (ou acabar) as

fragilidades pedagógicas encontradas nas aulas desse estabelecimento.

Fontes

Fontes Impressas:

APEJE

Estatutos do Grêmio

ESTATUTOS do Grêmio dos Professores Primários em Pernambuco. Recife: Typografia do Tempo, 1878.

Livros de Leis, Decretos e Resoluções de Pernambuco:

PERNAMBUCO. Lei n. 598, de 13 de maio de 1864. Cria a Escola Normal na cidade do Recife. In: PERNAMBUCO. Coleção de Leis Provinciais de. Estante 29. Pratileira 02. Brasileira 02. n. 22. Ano 61/69. Ano de 1864, p. 104-109, APEJE, Recife-PE.

Revistas:

PERNAMBUCO. Revista o Grêmio dos Professores Primários, nº 01, APEJE, Recife, 1883, p.01-08;

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ISSN 2236-1855 4521

PERNAMBUCO. Revista o Grêmio dos Professores Primários, nº 02, APEJE, Recife, 1883, p.01-08;

PERNAMBUCO. Revista o Grêmio dos Professores Primários, nº 03, APEJE, Recife, 1883, p.01-08;

PERNAMBUCO. Revista o Grêmio dos Professores Primários, nº 04, APEJE, Recife, 1883, p.01-08

PERNAMBUCO. Revista o Grêmio dos Professores Primários, nº 05, APEJE, Recife, 1883, p.01-08

PERNAMBUCO. Revista o Grêmio dos Professores Primários, nº 06, APEJE, Recife, 1883, p.01-08

PERNAMBUCO. Revista o Grêmio dos Professores Primários, nº 07, APEJE, Recife, 1883, p.01-08

PERNAMBUCO. Revista o Grêmio dos Professores Primários, nº 08, APEJE, Recife, 1883, p.01-08

PERNAMBUCO. Revista o Grêmio dos Professores Primários, nº 09, APEJE, Recife, 1883, p.01-08.

PERNAMBUCO. Revista o Grêmio dos Professores Primários, nº 10, APEJE, Recife, 1883, p.01-08.

PERNAMBUCO. Revista o Grêmio dos Professores Primários, nº 11, APEJE, Recife, 1883, p.01-08.

PERNAMBUCO. Revista o Grêmio dos Professores Primários, nº 12, APEJE, Recife, 1883, p.01-08.

PERNAMBUCO. Revista o Grêmio dos Professores Primários, nº 13, APEJE, Recife, 1883, p.01-12.

PERNAMBUCO. Revista o Grêmio dos Professores Primários, nº 14, APEJE, Recife, 1883, p.01-12.

PERNAMBUCO. Revista o Grêmio dos Professores Primários, nº 15, APEJE, Recife, 1883, p.01-08.

PERNAMBUCO. Revista o Grêmio dos Professores Primários, nº 16, APEJE, Recife, 1883, p.01-08.

PERNAMBUCO. Revista o Grêmio dos Professores Primários, nº 17, APEJE, Recife, 1883, p.01-08.

PERNAMBUCO. Revista o Grêmio dos Professores Primários, nº 01, APEJE, Recife, 1884, p.01-08.

PERNAMBUCO. Revista o Grêmio dos Professores Primários, nº 05, APEJE, Recife, 1884, p.01-08.

PERNAMBUCO. Revista o Grêmio dos Professores Primários, nº 06, APEJE, Recife, 1884, p.01-08.

PERNAMBUCO. Revista o Grêmio dos Professores Primários, nº 10, APEJE, Recife, 1884, p.01-08.

PERNAMBUCO. Revista o Grêmio dos Professores Primários, nº 15, APEJE, Recife, 1884, p.01-08.

Relatórios dos Inspetores da Instrução Pública da Província de Pernambuco

INSTRUÇÃO PÚBLICA. Relatório apresentado ao Exmo. Sr. Presidente da Província pelo Inspetor João Barbalho Uchôa Cavalcanti em 30 de janeiro de 1875. Recife: Typographia de Manoel Figueroa de Faria & Filhos, 1875, p. 08;

INSTRUÇÃO PÚBLICA. Relatório apresentado ao Presidente da Província Dr. Pedro Vicente de Azevedo pelo Inspetor João Barbalho Uchôa Cavalcanti em 31 de janeiro de 1876. Recife: Typographia de Manoel Figueroa de Faria & Filhos, 1876, p. 05;

INSTRUÇÃO PÚBLICA. Relatório apresentado ao Presidente da Província pelo Inspetor João Barbalho Uchôa Cavalcanti em 31 de janeiro de 1877. Recife: Typographia de Manoel Figueroa de Faria & Filhos, 1877, p. 03;

Anais Eletrônicos do IX Congresso Brasileiro de História da Educação João Pessoa – Universidade Federal da Paraíba – 15 a 18 de agosto de 2017

ISSN 2236-1855 4522

INSTRUÇÃO PÚBLICA. Relatório apresentado ao Presidente da Província pelo Inspetor João Barbalho Uchôa Cavalcanti em 31 de outubro de 1878. Recife: Typographia de Manoel Figueroa de Faria & Filhos, 1878, p.04;

CAVALCANTI, J. B. U. INSTRUÇÃO PÚBLICA: estudo sobre o sistema de ensino primário e organização pedagógica das escolas da Corte, Rio de Janeiro e Pernambuco. Recife: Typographia de Manoel Figueiroa de Faria & Filhos, 1879

INSTRUÇÃO PÚBLICA. Relatório apresentado ao Presidente da Província Dr. Pedro Vicente de Azevedo pelo Inspetor João Barbalho Uchôa Cavalcanti em 31 de outubro de 1884. Recife: Typographia de Manoel Figueroa de Faria & Filhos, 1884, p. 04.

INTERNET:

Relatórios dos Presidentes da Província de Pernambuco: 1866 – Fala do Presidente João Lustosa da Cunha Paranaguá. Disponível em

http://brazil.crl.edu/bsd/bsd/681/. Último acesso em março de 2017. 1867 – Fala do Presidente Francisco de Paula da Silveira Lobo. Disponível em

http://brazil.crl.edu/bsd/bsd/682/000022.html. Último acesso em março de 2017. 1868 – Fala do Presidente Barão de Villa Bella. Disponível em

http://brazil.crl.edu/bsd/bsd/683/000020.html. Último acesso em março de 2017. 1869 – Relatório do Presidente Conde de Baependy. Disponível em

http://brazil.crl.edu/bsd/bsd/684/000010.html. Último acesso em março de 2017. 1870 – Relatório do senador Frederico de Almeida e Albuquerque. Disponível em

http://brazil.crl.edu/bsd/bsd/685/000011.html. Último acesso em março de 2017. 1871 – Fala do Presidente Diogo Velho Cavalcanti de Albuquerque. Disponível em

http://brazil.crl.edu/bsd/bsd/686/000015.html. Último acesso em março de 2017. 1872 - Fala do Presidente João José de Oliveira Junqueira. Disponível em

http://brazil.crl.edu/bsd/bsd/687/000026.html. Último acesso em março de 2017. 1874 – Fala do Presidente Dr. Henrique Pereira de Lucena. Disponível em

http://brazil.crl.edu/bsd/bsd/689/000028.html. Último acesso em março de 2017. 1879 – Fala do Presidente Dr. Adolpho de Barros Cavalcante de Lacerda. Disponível em

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