8
IMPRENSA EVANGÉLICA Pulilka-sc nos primeiros loi"Cfii'os sulilmiliis do cniln mez.— Assiitim-se no esiTipliiiiii tln reilaerfio, rua do Hospício n. 99. Poi" niiiio (i$, scmoslri! õ,S, Irimcslre lí>,">OI). Numero auilso 320 réis. rc. 13- SABBADO 6 DE MAIO 1864. IMPRENSV EVANGÉLICA 41 j£ov«»i'Bi<» «• » <>ai,MÍ«!i« i'cli^i»NO. Ocenjiiiiidri-nns dc novo com o iissumiito da cir- ralar do ministro d" império dc 11 dc Março do !• rrente anno, tão aereiiieute aggredida pela im- i-rensa ultramoiitana do paiz. não nos propomos discutir a.s relações entre o estado e a igreja, que dão aquelle attribuições dc promulgar avisos taes ;V- autoridades ecclesiasticas. Nas actiiaes circumstnncias, temos, que o governo i.ão tez senão cumprir com seu indeclinável dever i" nãu tratou do negocio cedo ou forte em dema- xiii. (Juiinto a nós o facto de um governo tão mo- dt.Tado como o do império, que os mesmos im- t ttgnadoros da circular ein questão, arguem de íodifleiviite e relaxado cm tudo que diz respeito á religião, quanto n nós, dizemos, este simples facto i a prova a mais triste e concludente da neces- -idade palpitante ale attençfio e de acção as mais [¦romptas e enérgicas das autoridades competentes, qnaesquer que sejão. a este respeito. Xão ha porem quem o conteste. Xinguem aeeusa i Kxni. ministro do império de ter. em seu quadro .-oinbrio, exagerado no estado actual o descuido I- pouco desenvolvimento do ensino religioso entre uos. A queixa a este respeito sc tciu tornado chro- ;.áca em todo o paiz. As pastoraes dos prelados), os rdiitorios dos ministros respectivos, os oradores das .-sembloas. a imprensa de um e outro partido, tudo >ie tem voz e tribuna para fallar, confessa e pro- íi:ga a negligencia e relaxação que existem neste ; mto. Quo o todos assUic muita razão no que dizem, .¦' menor observação basta para convencer no pen- -idor. A maior parte de nossa mocidade illustrada 7a. timbre de nada saber da religião. Dizem: Queremos seguir a religião de nossos pais e guar- oiir as conveniências sociaes. Isto nos basta. Não queremos saber de nada que perturbe-nos a cons- ciência e ainda menos cuidar delia. » E do povo ignorante e menos instruído quantos milhares ha. que nada absolutamente sabem da religião, senão ó o Padre Nosso, Ave-Maria, .Salve-Rainhsi, as ora- ções que dirigem a seus santos particulares pa- droeiros e talvez o Credo Apostólico e os Dez Man- (lamentos, e estes troncados e redivididos, como se achão nas cartilhas em voga no ensino primário. Todos quantos quizerem podem verificai' por si que nisto não ha exageração alguma, mesmo quanto á corte e as outras grandes cidades, que se julgao o centro das luzes da nação. Quanto ao interior sabemos por indagações pessoaes em varias partes, que ainda é peior, se tanto é possível. Um muitas partes é tal a ignorância e superstição, que o povo traz no corpo, como efticazes contra todo o mal, e como meios de alcançar o próprio céo, contos os mais ridículos e absurdos, que santeiros es- trangeiros vendem por orações supra-sanías; havendo mesmo caso (com pezar o dizemos) em que pa- rochos em suas igrejas tèm benzido de uma vez centenares destas blasphemas zombadas da re- ligião. o maior zelo religioso de alguns entre este po- bre povo mostra-se ein discutir qual imagem (do Senhor Bom Jesus, por exemplo), seja a mais mi- lagrosa, a deste ou a daquelle lugar. Tão pouco liade alguém contestar o que diz a circular de (pie tratamos, de ser n desfnrokimentti dax reriliiilfn rrlitjioxti* f ti prnpaqtirfio dnn cerdadeiras firiirnx uniu iin-e-tsiilntle indffliimrel de todu it sioeiedadr hem rtiitstitiiida »' cicilisada. Tal desenvolvimento, tal propagação, são con- dições sem as quaes não pôde haver felicidade social nem prosperidade nacional em paiz algum. .Sem estes, nenhum governo, por sábio e forte que seja, nem legislação alguma, por justa e benigna que seja, pôde conseguir o bem estar do povo. Muito bem disse, em uma das ultimas sessões do senado, tratando deste assunipto, o senador Fon-

IMPRENSA EVANGÉLICAmemoria.bn.br/pdf/376582/per376582_1864_00013.pdf · ó o Padre Nosso, Ave-Maria, .Salve-Rainhsi, as ora-ções que dirigem a seus santos particulares pa-droeiros

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: IMPRENSA EVANGÉLICAmemoria.bn.br/pdf/376582/per376582_1864_00013.pdf · ó o Padre Nosso, Ave-Maria, .Salve-Rainhsi, as ora-ções que dirigem a seus santos particulares pa-droeiros

IMPRENSA EVANGÉLICAPulilka-sc nos primeiros !¦ loi"Cfii'os sulilmiliis do cniln mez.— Assiitim-se no esiTipliiiiii tln reilaerfio, rua do Hospício n. 99.

Poi" niiiio (i$, scmoslri! õ,S, Irimcslre lí>,">OI). Numero auilso 320 réis.

rc. 13- SABBADO 6 DE MAIO 1864.

IMPRENSV EVANGÉLICA

41 j£ov«»i'Bi<» «• » <>ai,MÍ«!i« i'cli^i»NO.

Ocenjiiiiidri-nns dc novo com o iissumiito da cir-ralar do ministro d" império dc 11 dc Março do!• rrente anno, tão aereiiieute aggredida pela im-i-rensa ultramoiitana do paiz. não nos propomosdiscutir a.s relações entre o estado e a igreja, quedão aquelle attribuições dc promulgar avisos taes;V- autoridades ecclesiasticas.

Nas actiiaes circumstnncias, temos, que o governoi.ão tez senão cumprir com seu indeclinável deveri" nãu tratou do negocio cedo ou forte em dema-xiii. (Juiinto a nós o facto de um governo tão mo-dt.Tado como o do império, que os mesmos im-t ttgnadoros da circular ein questão, arguem deíodifleiviite e relaxado cm tudo que diz respeito áreligião, quanto n nós, dizemos, este simples factoi a prova a mais triste e concludente da neces--idade palpitante ale attençfio e de acção as mais

[¦romptas e enérgicas das autoridades competentes,

qnaesquer que sejão. a este respeito.Xão ha porem quem o conteste. Xinguem aeeusa

i Kxni. ministro do império de ter. em seu quadro.-oinbrio, exagerado no estado actual o descuidoI- pouco desenvolvimento do ensino religioso entreuos. A queixa a este respeito sc tciu tornado chro-;.áca em todo o paiz. As pastoraes dos prelados), osrdiitorios dos ministros respectivos, os oradores das.-sembloas. a imprensa de um e outro partido, tudo

>ie tem voz e tribuna para fallar, confessa e pro-íi:ga a negligencia e relaxação que existem neste

; mto.Quo o todos assUic muita razão no que dizem,

.¦' menor observação basta para convencer no pen--idor.

A maior parte de nossa mocidade illustrada7a. timbre de nada saber da religião. Dizem:• Queremos seguir a religião de nossos pais e guar-oiir as conveniências sociaes. Isto nos basta. Não

queremos saber de nada que perturbe-nos a cons-ciência e ainda menos cuidar delia. » E do povoignorante e menos instruído quantos milhares ha.que nada absolutamente sabem da religião, senãoó o Padre Nosso, Ave-Maria, .Salve-Rainhsi, as ora-

ções que dirigem a seus santos particulares pa-droeiros e talvez o Credo Apostólico e os Dez Man-(lamentos, e estes troncados e redivididos, como seachão nas cartilhas em voga no ensino primário.

Todos quantos quizerem podem verificai' por si

que nisto não ha exageração alguma, mesmo quantoá corte e as outras grandes cidades, que se julgaoo centro das luzes da nação. Quanto ao interiorsabemos por indagações pessoaes em varias partes,que ainda é peior, se tanto é possível. Um muitas

partes é tal a ignorância e superstição, que o povotraz no corpo, como efticazes contra todo o mal,e como meios de alcançar o próprio céo, contosos mais ridículos e absurdos, que santeiros es-trangeiros vendem por orações supra-sanías; havendomesmo caso (com pezar o dizemos) em que pa-rochos em suas igrejas tèm benzido de uma vezcentenares destas blasphemas zombadas da re-ligião.

o maior zelo religioso de alguns entre este po-bre povo mostra-se ein discutir qual imagem (doSenhor Bom Jesus, por exemplo), seja a mais mi-lagrosa, a deste ou a daquelle lugar.

Tão pouco liade alguém contestar o que diz a

circular de (pie tratamos, de ser n desfnrokimentti

dax reriliiilfn rrlitjioxti* f ti prnpaqtirfio dnn cerdadeirasfiriirnx uniu iin-e-tsiilntle indffliimrel de todu it sioeiedadr

hem rtiitstitiiida »' cicilisada.Tal desenvolvimento, tal propagação, são con-

dições sem as quaes não pôde haver felicidade

social nem prosperidade nacional em paiz algum.

.Sem estes, nenhum governo, por sábio e forte queseja, nem legislação alguma, por justa e benigna

que seja, pôde conseguir o bem estar do povo.Muito bem disse, em uma das ultimas sessões

do senado, tratando deste assunipto, o senador Fon-

Page 2: IMPRENSA EVANGÉLICAmemoria.bn.br/pdf/376582/per376582_1864_00013.pdf · ó o Padre Nosso, Ave-Maria, .Salve-Rainhsi, as ora-ções que dirigem a seus santos particulares pa-droeiros

IMPRENSA EVANGÉLICA

seca: • O que o paiz carece não é tanto de novas leis,eomo de novos costumes.

O povo, sendo bem instruído e moralisado, poderiaser feliz com a legislação vigente; sem a mudança decostumes e o prevalecer da boa moral, nenhum pro-vcito se tirará das leis, ainda as mais acertadas.

Temos, portanto, que a falta de ensino religioso,tjue todos confessam e lastimam, é o presagio maisassustador para o futuro do nosso paiz, se não se lheoppuzer prompto e efficaz remédio.

O remédio, porém, o modo por quc este deve serapplicado, a responsabilidade e sobro quem ella pese :eis os pontos sobre que divergem as opiniões dos queparecem nisso interessar-se.

A circular do govorno, vagamente é verdade, mascom toda a delicadeza, indica onde elle julga quepesa a maior responsabilidade. No mesmo trecho seindica o meio efficaz", sendo este bem applicado. dei-emediar o mal; e, sem a concurrencia do qual, osmelhores esforços de qualquer governo serão mallo-g-rados,

Diz o referido trecho :« Nao ignora V. Ex. Revma. quanto depende do

exacto cumprimento dos deveres parochiues a satis-facão de tão importante necessidade; e que é princi-palmente no seio da familia, sob as inspirações doministro de Deos, que o menino deve receber a edu-cação e desenvolver as qualidades do coração. >

Não queremos dizer que o governo, com este, nemeom todos os avisos que neste mesmo sentido possareferendar, terá desempenhado todo o seu dever.

Resta sem duvida ainda muito a fazer de sua parte,e muito que merece a sua prompta attencão. Nemqueremos inculcar que os actuaes prelados do impe-rio sejão os únicos responsáveis pelos males de quese queixam, ou que sejam competentes para fazervigorar os meios remediaes indicados.

Ninguém ignora que elles lutam com sérias diffi-euldades, e que os seus esforços para corrigir abusostèm suscitado opposição tal, que foi-lhes mister re-cuar ou cahir. Sem que o clero de boa vontade coo-pere com os prelados, estes pouco ou nada podemconseguir.

Quanto ao clero mesmo porém e o papel que re-presenta na quadra actual, nada accrescentamos aoque fica expendido em o nosso artigo anterior. Nãoqueremos fazer-lhe injustiça.

Forçoso é confessar que ha vidos na organisaçãoexistente das cousas, e circunistancias de que ellesnão são responsáveis, que inhibem os parochos deprestar a devida attencão ao ensino religioso. No

interior principalmente, onde as freguezias são gran-des, o serviço exigido dos vigários é pesado, senfioimpossível.

Um ordenado mesquinho, que não lhes suppro asnecessidades, arrasta-os muitas vezes a cuidar emoutros negócios, ou a praticar extorsões provocan-tes no cumprimento mesmo de seus sagrados deveres.C.unpre, pois, não esquecer em tudo que os minis-tros dc Deos, até os mais dedicados, são homenscomo os outros, feitos de carne e sangue, e sujeito^ás condições communs da vida mortal.

Resta, todavia, uma verdade incontestável uo ipi-.--diz a circulai- do governo : que a salisfneão tln nec-xxi-tlnitr iln ensino religioso tlepeiiile rui grande parti- tln cin, i<icumprimento tins tlereres pnrnehines, t- que v priiuipat-mente nn sein tln fumiU», sob as inspiraçòrs dn miiiistt:ide Deus, tjur sp ha dr realizar este tlesideraiitm. em seupleno sentido. Visto o que fi-.-a acima exposto, e apouca esperança de acção prompta e eíiicaz da partedos outros a quem este dever incumbe, dirigimosnosso appello principalmente aos pais de familia.Sem a sua cooperação, dará em nada o prestimo omais valioso dos prelados e do clero; e estes, umavez que os pais cumpram fielmente com os seus de-veres, não podem continuar no descuido dos seus.Diz-se : tal é o sacerdote, qual é o povo. Com igualrazão se pôde dizer: qual é o povo, tal será o sacer-dote.

Nada aproveita desconceituar o clero, e abundarem queixas e abuso contra elle. Nada se conseguirápor o povo encruznr os braços e gritar contra a rela-xação do governo, e supplicar-lhe o desempenho ileseus suppostos deveres. E' somente pela iniciativaindividual, particular e social que um povo se pôde.tornai' grande e feliz. A moral publica provém damoralidade individual. A renovação nacional não sefaz em massa; mas pela ele cação de seus membros indi-vidiiulim-itie. Nossa época é emphaticamente a épocado povo. O governo não tem obrigação de carregar esustentar o povo, mas o povo o governo. Os pastoressão para guiar e apascentar as ovelhas, mas paraleva-las em corpo e em peso não, senão só por acasoas fracas e doentes e os cordeirinhos desamparados.E1 emphaticamente no seio da familia e instruídopelos pais de familia, que o menino deve receber aeducação religiosa e desenvolver as qualidades docoração.

Pais de familia! esta é uma responsabilidade a quenão vos podeis subtrahir. Uedicando-vos a este sa-grado dever, com o Evangelho, a fonte do toda amoral e religião, na mão, e, se. quizerdes, com cate-

Page 3: IMPRENSA EVANGÉLICAmemoria.bn.br/pdf/376582/per376582_1864_00013.pdf · ó o Padre Nosso, Ave-Maria, .Salve-Rainhsi, as ora-ções que dirigem a seus santos particulares pa-droeiros

IMPRENSA EVANGÉLICA

chisinos ou compêndios de doutrina tirados delle,heis de achar a vossa própria felicidade, heis de as-segurar o bem-estar temporal e eterno de vossosfilhos, o contribuir para a salvaçãa e prosperidadede vossa pátria.

Folgamos ter a favor de nossas idéas o distinctoprelado metropolitano da Bahia, que tem por variasvezes exhortado as mais de familia principalmente ase esmerarem na instrucção religiosa de seus filhos,e a usarem para isto de liçOes tiradas das sagradasescripturas. Concluímos por transcrever aqui o que aeste respeito ordenou Moysés aos israelitas, e quetem toda a força da autoridade divina : i Ponde nosvossos corações e nos vossos espíritos estas minha.-palavras, e trazei-as suspensas nas vossas mãos porsignal, e collocai-as entre os vossos olhos.

Ensinai a vossos filhos que as meditem, quandoestiveres assentado em tua casa, ou caniinhtires, equando te deitares ou tu levantares.

Escrevc-las has sobre ob postes e as portas de tuacasa. i (/-:.i.so(i() XI: 18—20).

laiibertlnde E&^iigiosn.

Lemos no Cruzeiro dn Hrasil de lü de Abrilpróximo passado o seguinte, que contem verda-des dignas da mais séria consideração : « Nos paizesonde o eatholicismo não tem a chamada protee-cão do governo, a liberdade é mais ampla e aReligião Catholica cresce mais desassombrada.

« A igreja não quer proteccão, dizia um sábiofraneez , só quer liberdade, e eada dia os factosvRo confirmando este axioma.

« Em parte alguma do mundo a igreja é maislivre e mais verdadeiramente protegida do que nosEstados-Unidos, e no emtanto que nos códigos daConfederação Americana não se acha—ser o Calho-lifismn a Itelitjirio do F.stmln. »

Vé e of>ra«.O capitulo segundo da Epístola de .S. Thiago,

quanto a. mim, parece descrever um desposorio es-piritual. Nós somos convidados ao noivado. E comoouti-'ora nas vodas em Cana de Galilea, O DivinoMestre assiste e completa as nupcias. As partes, queestão para se unir, são somente personagens sym-bolicas, mas ao mesmo tempo verdadeiras e pare-cidas com a vida.

A noiva e joven e bella, sempre joven, envoltasempre cm luz como em uma vestimenta. Seme-

lhante a Eva de Milton, seu semblante é clarocomo o dia, seu olhar firme e cheio de confiança.Ella não é da terra, mas nascida no céo, dondetraz sua linhagem impressa em todas as feiçõesde seu refulgente rosto. Fe —tal ê seu nome, efilha de Deos.

Ao pé delia mostra-se um, cuja robusta figurafoi feita para façanhas de bravura e de força. Elleé musculoso e athletico. Seu olhar denuncia valor,a destresa está nos seus dedos e no seu braço aforça. Foi feito para tratar, para obrar e soffrer,foi formado para a contenda e para a lucta. Seunome é acçao.

Com ritos solemnes se achão inseparavelmenteunidos. Devem-se amar e obedecer reciprocamente.De continuo devem elles intentar, soffrer e ven-cer juntos. Porquanto hão de ser fructiferos emtudo quanto é bom na terra. Em quanto unidos,pronuncia .Tehovah sobre elles uma benção maisrica do que a que alegrou as nupcias de Isaac eRebeca, ou de Jacob e Lia. Em quanto unidos hãode viver, crescer e vencer. Separados, hão de de-finhar e perecer. Criados um para outro, unidose juntes, seus dias de luta e de victoria teem decorrer até á consuminação dos séculos. Assim ferãounidas pela Sabedoria Infinita a fé e as obras, eá íac-e dã creação inteira foi solemnemente decre-tado : « O que Deos unio o homem não separe. »

Desta união nasceu uma gloriosa progenie. Todasas grandes acções, que hão enuobrecido e èle-vudo a humanidade reconhecem essa ascendência.

A fé e as obras teem sido as causadoras e exe-cutoras, debaixo de Deos, de tudo quanto é bom,grande e perduravel na igreja de Jesus Christo ;é por ellas que existe a mesma igreja. Sob esteduplo impulso e com esta dupla senha sahiraOalegres, com seu evangelho, os primeiros apóstolosa pregar ás nações. Não bastava crer o evange-lho, devião prégal-o. (1) Não bastava amar no co-ração ; a vida inteira devia ser uma personificaçãoe enchente de amor. Não era suííiciente ter umespirito manso e humilde; a nova igreja deviaretribuir o mal pelo bem, e assim vencer o malcom o bem. (2) A igreja devia de ser não somentesã de coração como tambem activa em membrose músculos. (3) Ella ia ser uma igreja militante,combatendo com ardor pela fé, que foi dada aossantos (4), uma igreja corajosa e firme pelo evan-

[V Mattl). 28, 19 e 20.(51 Rom. 1? e21.(3'í Timotheo 4, 1 e S.(i) S. Judas 1 e 3.

Page 4: IMPRENSA EVANGÉLICAmemoria.bn.br/pdf/376582/per376582_1864_00013.pdf · ó o Padre Nosso, Ave-Maria, .Salve-Rainhsi, as ora-ções que dirigem a seus santos particulares pa-droeiros

IMPRENSA EVANGÉLICA

gelho (5), uma igreja supplicaute, orando sem in-termissao (ti), um igreja occupada, remindo o tempo

(7), uma igreja paciente, soflreudo com toda lou-

ganimidade(8), uma igreja vencedora, evangeli-zando todas as nações. (9) Seus modelos erão lio-mens de le e de obras. Por toda Iliada apostólicao grande apóstolo parece correr como um raio,incendiando e consumindo. Elle é todo abrazadode zelo. Em Lystra repreheiide os illudidos adora-dores (lü), em Jerusalém faz frente aos phariseuse ao tribuno nas escadas da cidadeila (li), espantaAgrippano tribunal de Cesarea — prega em Romao evangelho aviltado, tanto em seu próprio apo-sento alugado como ua corte de César. (V2)

E' em toda parte o crente aetivisaino, com umcoração para sentir e uma mão para obrar. K taesteem sido sempre desde então os verdadeiros evan-geligtas de Deos. Irmãos! digne-se Deos honrar-uos fazendo-nos taes.

Uma fé sã como a dos mesmos apóstolos nãosalvará o mundo perecendo em torno de nós, se ellanao se exprimir em obras. « Queres tu pois sa-ber, ó homem, » e todos vós, homens em toda aherança de Deos, « que a fe sem obras é morta,porque bem como um corpo sem espirito e morto,assim também a fé sem obras è morta. ¦ (13)

(Ciiijler liwluzidu.)

ü.tecia uu u leitura «Ia UifiiíaPOU ADOLFO .VlilNOIl.

i.Ullli I.Conversa sobre a insjiiraçúü du Btbliu.

íContiuuiiÇilo.)O Sr. I.uasallc-:— Muito bem. senhor, vós acabais

de explicar-me o pensamento de Rousseau, que éadmiravelmente justo e completo. Eu não quereriaabusar da generosidade de meu adversário, mascomo vós o dizeis; primeiro que tudo a verdade.Eis-me bem collocado, penso, para refutar vossasobjecções. Não falta senão uma bateria e eu dis-ponho de tres; seria, uma calamidade se m'as des-montasseis todas,

O Sr. cura:—Examinemos ma lestas tre.-

i' 17.

-.7 Filipp. 1 ,. 27.,C) l.o ToiTiiioniiviií(7) Efisjí,;. ;,,, je18j Ci>lo-,srii;,es í c 5, ,, Cai). 3. l-> ,• j;j1-° '•orintiiio.s 13 p 7(9) Romanos 10 o 18

'

(10; Actos li, 7 até 17Çolossensf: 1 e 23.(ll; Ai"tns.—Caps. 21 c ;;iii) ArtusiS, 311 c 31.Filippimses 1 e 13, o Cap i o "¦'i,13; S. rniíw S, 20 f 2li

explicações vos bastaria, cuiivenlio nisso. Todas a-tres vos parecem admissíveis: é o que importa vòr.Por onde quereis conieçar?

O Sr. Lusstil/c:—Pelo encontro fortuito. E' ummeio sim]iles. Porque não acreditariamos nós quecertas predicções aventuradas pelos pretendidos pro-phetas do antigo testamento forao cumpridas porum capricho da fortuna, como pude acontecer quedados jogados ao acaso apresentem uma face dc-terminada? Por mais precisa, por mais abundanteque seja a prophecia. isto não é rigorosammiTeimpossível.

O Sr. n//v/:—Estu ultima reflexão é uni pu:w su-phisma; mas vós não sois por elle responsável, eRousseau «piem vol-a suggerio. Não disputemossobre as palavras. Isto não é rigorosamente im-possível, não, se por isso mis entendei* somenteque o contrario não implica contradicção. ColüihI,,isto é todavia absolutamente impossível, quanto a-prophecias que tivessem um certo grilo de precisãoe de particularidade. Não c rigorosamente impossi-vel tão pouco, que a ordem do mundo tenha sidoproduzida por átomos que se encontrarão um diano espaço, ou que caracteres do tvpogr.ihia pro-jectadas ao acaso produzào a Kin-bln completa;.'portanto estas supposioões são absurdas. Subeis vó<quem o diz? o próprio Rousseau; e como o ho-mem que uppellava do rei Felippo tocado de vinhopara Felippe em jejum, eu também opponho Rous-seau imparcial a Rousseau prevenido.

« Fallo-so-me quanto .-o quizer de combinaçõese de probabilidades: de ouc vo- serve reduzir-meao silencio, se não podeis induzir-me a persuasão?e como tirar-me-liieis vó- o sentimento involun-lario que vio contraria sempre a meu pezar?... Eunão devo ser suprendido quo nma cousa aconteçaquar.do é em si possível, e que a dilliculdade doacoiiteciineiitu e cuiiipen-ada pela quantidade delanços, coinenlio nisso. Kntretanto se se me vies-edi/.er que caracteres de typ ...graphia lançados a .acaso tinhão iiroduzido a !'.iu-idti perfeitameniearranjada, eu não daria mu sói passo para ir vmrificar a mentira. Dir-se-nie-ha. vós esqueceis aquantidade de lanços. Ma- destes lanços, quanto*devo eu suppõr para tornar a combinação plausi-vel? Quanto a mim, que não vejo senão sonin, tenho o inlinito para apostar contra um queseu resultado nao é citei to do acaso. » ("j

Vós o entendeis, senhor. Os principio» que vosparecem incontestáveis quando se trata de provar

KiiuaSKíiii, 1'rtijessiuit ttt- fu, >lu ,ur,in- Saroi/ard.

Page 5: IMPRENSA EVANGÉLICAmemoria.bn.br/pdf/376582/per376582_1864_00013.pdf · ó o Padre Nosso, Ave-Maria, .Salve-Rainhsi, as ora-ções que dirigem a seus santos particulares pa-droeiros

IMPRENSA EVANGÉLICA

a existência de Deus, lembrai-vos delles quandose trata de verificar as, provas da revelação : é tudoquanto exijo.

O Sr. Lasmlle:— Consinto: combinação ha que naopoderia vir do acaso, e a linguagem de Rousseausobre a coincidência fortuita du acontecimento coma prophecia é talvez um pouco absoluta. Consistesempre em que as prophecias deverão ser bem de-terminadas, bem explicitas para que esta coinci-dencia possa ser admittida.

Porquanto, ainda que se não veja caracteres lan-eados ao acaso produzirem uma Kiieida, vè-se por"tanto neste gênero encontros bem singulares e quediffieiliueute serião acreditados, se a isso não obri-gassem os factos.

Referindo o incêndio de Sallauches, os jornaesfizerão observar que a mesma catastrophe já tinhatido lugar nesta villa em um dia de Páscoa, haalguns séculos.

Recentemente fallarão de um velho que morrerana mesma idade e no mesmo dia do anno que seupai e que o pai de seu pai.

Quantos sonhos, quantos presentimentos cum-pridos nao se cita! nem por isso vós credes nossonhos e nos presentimentos. São jogos do acasoabandonado completamente a si mesmo. Eile po-dera fazer mais ainda por pouco que seja ajudadopela prudência humana, como pôde sel-o por umapredicção. O propheta pôde por um calculo hábildistinguir as conseqüências prováveis de certassituações; ou antes, pode revestir suas predicçOesie uma linguagem assaz equivoca para que ellasnao possao deixar de ser cumpridas de uma ma-neira ou de outra. E' assim que o oráculo de Del-phos não se arriscava expor-se muito respondendoa (Jresus que elle estragaria um grande impériose declarasse a guerra a Cyrus: e Nostradamus>em ser feiticeiro, tem muitas prophecias que serealisão a seu modo. Mas eis o que é aiuda maisadmirável. O aruspice Vettius Valente, que viviacem annos antes de .lesus Christo, julgou que apotência romana devia durar doze séculos, se eraverdade que Romulus vio doze abutres quando comRenius seu irmão consultou o vôo dos pássaros; eettéctivameute doze séculos pouco mais ou menosdecorrerão entre a fundação de Roma e a quedatio império do oceideute.

Tasso parece ter aigures annuuciado a revolu-

çao franceza, e Seneca, talvez vos recordeis, pre-disse a descoberta da America com uma clarezaque mal poderão exceder vossos prophetas judeus.

Lembro-me ter lido em um philosopho inglezas seguintes palavras:

• ' Mostrai-me em vossa bíblia uma prophecia tãoclara e tão exactamente verificada pela historia,como a que por puro acaso fez Seneca da desço-berta da America por Christovão Colombo, e euserei crente.

(Continua)

Tliirxa ou a f&vv» attractiva da ti-iu..,CiiittiiHiai;iio.:

Maria — assim se chamava a boa senhora pas-tora — fitou satisfeita seus olhos na forma nobrejuvenil. Ella, o sentio, tinha diante de si um pro-blema dos admiráveis caminhos de Deos com uma.mulher, e lisougeava-se de poder talvez por meiodeste accidente saber alguma cousa da solução domesmo. Orando em silencio, seu diligente amordeu-se pressa, em empregar os meios ordinários,para revocar a desfallecida ao uso de seus sentidos.Durou seu tempo, antes que se manifestassem osprimeiros indícios da vida novamente despertada;tão profundo tinha sido o desmaio ua vehemenciada agitação de sua alma! Abrio finalmente os olhos.Maria, para não assustal-a immediatamente com avista inesperada de uma pessoa estranha, entroucom toda a delicadeza e cuidado, approxhnou-sedevagar de sua cabeceira, e com carinhosa attencãocontemplava a tornada aos sentidos.

A poncella começou a balbuciar algumas palavras.Inclinando-se de mansinho sobre ella, Maria a

escutava. Erão as palavras da maldicção, que ella,repetia com interrupções: « O seu sangue caiasobre nós, e sobre nossos filhos. »

— Oh! Santíssimo Deos ! Compadece-te, de mim !eu pobre filha de Israel oh! seu sangue sobre mim!Então de novo a dor da angustia de seu coraçãosubjugou a vida que tornava, e ella recahio emdeüquio ainda mais profundo do que o primeiro.As poucas palavras interrompidas trespassarão ocoração da interessada Maria; ella não pôde contersuas lagrimas. Foi lhe dado então penetrar o enigma.A desconhecida — porquanto não era mais estranhaao seu coração, que para ella sentia-se attrahidoem fraternal amor— era pois uma filha de Israeluma Judia. Confirmou ainda mais isto um olharmuito penetrante em seu semblante.

Mas uma semelhante joven, uma rica filha deIsrael, na igreja, tao movida e dominada da palavrada Cruz, quanto era por isso impossível não sereconhecer nella um poderoso trabalho da graça

Page 6: IMPRENSA EVANGÉLICAmemoria.bn.br/pdf/376582/per376582_1864_00013.pdf · ó o Padre Nosso, Ave-Maria, .Salve-Rainhsi, as ora-ções que dirigem a seus santos particulares pa-droeiros

IMPRENSA EVANGÉLICA

do Espirito, em sua profunda dor de angustia osignal da obra do Senhor que não mata mas vivi-fica—em tudo isto presentia Maria uma ainda queencoberta porém magnífica prova do fiel Salvadordos peccadores. Ella redobrava então o amor e zelode seu empenho em fazer voltar a desfallecida aogozo de seus sentidos. Durou muito tempo até queella tornasse a abrir os olhos.

Maria estava justamente inclinada sobre ella, enão pôde reprimir as lagrimas, que provocava odoce, melancólico movimento de seu coração. Aestrangeira abrio os olhos. Seu primeiro golpe devista cahio sobre o rosto de Maria, que attenta sobreella deixava resplandecer em suas lagrimas a parteque seu amor tomava por ella.

Onde estou eu? Quem é esta? Perguntava ellaeonftisamente — E' um anjo? Mas os anjos não cho-ri-so; ah! talvez que os mesmos anjos chorem sobreo miserável Israel! Oh / filhos de maldição quesomos!

Assim se lamentava a donzella torcendo na dôrsuas mãos. Maria pegou-lhe as mãos, apertou-asdocemente, e com a mais intima expressão de in-terésse disse-lhe: • Tranquillisai-vos, minha que-rida! Vós estais nas mãos do amor de uma irmã;

fiando na sua graça. Assim faílaudo tomou denovo as mãos da estrangeira e contemplou-a coma expressão do mais intimo amor. A desconhecidaporém estava muito agitada e combatia comsigomesmo. Ella quizera apartar-se. mas não lhe erapossível, e rompeu nestas palavras! i Quanto soisamável para com uma forasteira! Vosso amorfaz-me tanto bem! Oxalá podesse eu fundir meucoração no vosso; mas ah! como me sinto inquieta!separai-vos de mim. E quando Maria sorrindo-seternamente fez um signal com a cabeça; como ?proseguio ella; não me tendes ódio, nao sentiscontra mim antipathia , quando vos digo a quepovo pertenço? Podeis tributar amor a uma pobrefilha de maldição, a uma filha de Israel, a umajudia ? Que sois filha de Abraham, já o tinha euanticipadaniente conhecido por uma exclamaçãoque vós deixastes escapar despertando do desmaio;mas tenho a boa confiança de que tambem havei»de trilhar nas pegadas da fé de Abraham, do paidos crentes.

Não é verdade que procurais a Jesus crucifi-cado? Vós sois para mim uma querida irmã. Porum momento conservou-se em silencio a estran-gmeira: seus olhos trahião sua gratidão para com

pois ainda que me sejais inteiramente estranha, o amor, que para seu despedaçado coração erameu coração sente-se não obstante attrahido para um balsamo refrigerante. Disse ella então: « .Sim!vós o mais que é possível. Ficai perfeitamentetranquilla! Com tão agradável consolação tornouella ao inteiro uso de suas faculdades. Quando sevio em uma casa estranha, em companhia de umadesconhecida, foi grande a sua perplexidade. Mariacomprehendeu seu pensamento, e com a ternuraprópria de seu affecto prevenio-o.

Rogou-lhe com todo o carinho, quizesse tomaralgum conforto; contou-lhe onde ella se achava,e o que lhe tivera acontecido na igreja.

Ah! Sim! só agora é que o sei bem—disse ellacom expressão de angustia, que a dominou denovo.—As terríveis palavras: « O seu sangue caiasobre nós e sobre nossos filhos! » Oh! ellas mepenetrão no coração como uma punhalada! Oh!minha amiga, cobrai animo, respondia-lhe Maria!Para vós, eu o espero com plena confiança, amaldição se tem tornado em hençao. Sobre vóso sangue do cordeiro de Deos brada: graça! graça!Ah! vós dizeis bem; mas sabeis por veatura quemeu sou? Eu não pergunto por isso; vosso segredoe para mim sagrado. Sede vós embora quem querque sejais, o salvador dos peccadores assiste a cada

eu devo abrir-lhe o meu coração. Ella deve ouvira minha historia. Talvez com isto me procuretambem alguma tranquillidade á minha alma.

Quiz a sensível pastora dissuadira deste propo-sito, temendo que a narrativa lhe occasionassealguma irritação de espirito, de que podesse depoisarrepender-se. Sobre a segurança repetida, queera uma necessidade para seu coração o commu-nicar-se então com ella francamente, com tantoque tomasse antes algum alimento, ella com todoo gosto se achava prompta, para ouvir a historia,da qual se promettia não tanto a satisfação dacuriosidade , como principalmente um gozo ricode benções para o seu coração.

• Chamo-me Thirza S.—Assim começou a joven,e para sua admiração, ouvio então Maria o nomedo grande judéo banqueiro da cidade, que já lheera conhecido de fama, gozando da nomeada deuma riqueza fabulosa.—Olhais-me admirada, nobresenhora pastora? Certamente! Quando penso no

que me tem acontecido ultimamente, torno-me

para mim mesma uma admiração. Dig-o-vos pois,. .com plena liberbade; creio de todo o coração,

peccador que se arrepende de seus peccados con-! que vosso Jesus é o Messias promettido, e ah !

Page 7: IMPRENSA EVANGÉLICAmemoria.bn.br/pdf/376582/per376582_1864_00013.pdf · ó o Padre Nosso, Ave-Maria, .Salve-Rainhsi, as ora-ções que dirigem a seus santos particulares pa-droeiros

IMPRENSA EVANGÉLICA

de quão boa vontade quizera tambem eu ter partena sua graça! Não tenho mais no meu coraçãoalgum outro desejo senão que elle se queira tornar tambem meu Salvador. Oh! se eu fora nas-t-ida para ser christã! Como ! ? interrompeu-a Mariacom uma animadora consolação: não disse o Se-nhor Jesus: « o que vem a mim não no lançareilora » ", tende portanto vós perfeita confiança agora,aquelie que começou em vós a boa obra, tiadecompletal-a. Mas de que maneira vos tem o Se-nhor conduzido a e.~te conhecimento ? Isto ainda épara mim um problema. Nada menos o é para mim.Agora lembro-me distinctamente: as minhas pri-meiras impressões recebi-as quando menina emuma escola chrislã. Meu pai, que é um Israelitaparticularmente rigoroso, e, que infelizmente nutrecontra Jesus e a fé christã um ódio vehemente ;sc elle tivesse podido prever a possibilidade deeu, já nessa tenra idade, ter sido capaz detaes impressões, nunca por certo me teria man-dado a essa escola. Eu lia com as outras meninasno Novo Testamento, com ellas aprendia as pa-rabolas eversiculos e recordo-me muito claramenteagora, que sentia uma grande alegTia na historiade Jesus e principalmente na da sua Paixão. Crês-eendo em idade, fui para outra escola, e estasprimeiras impressões da escola das meninas forâoquasi de todo esquecidas. Assim cresci. Debaixo(lo ponto de vista mundano minha educação foiesmerada. Meu pai instruio-me nos usos judaicosque elle observava do modo mais escrupuloso. Massenti ao mesmo tempo ficar-me o coração vazio.Em compensação não sentia necessidade mais al-guina. Sou a única filha. Podeis facilmente figu-rar-vos, como, nos planos de meu pai, andava ex-pressamente disposto e providenciado tudo quantopodia excitar e satisfazer a vaidade e gostos de-ma joven filha.

Ah! com que vergonha faço eu hoje o meuretrospecto nesses annos (pie vivia em pura vai-dade!. ...

(Continua.)

Publicaçito Religiosa.

TUDO ESTA CUMPBIDO.

<i'nitão sobre a Paixão de Xnsso Senhor Jentx Christo,

pelo Her. 1. G. Simonlon, pastor emngdico noRio de Janeiro.

Neste opusculo se achao expostas, com summa

habilidade, as relações entre o culto sacrilieialda igreja judaica e o verdadeiro sacrifício pelopeccado, feito por Nosso Senhor Jesus Christo,na sua morte sobre a cruz. Ahi está claramenteexplicado, quanto é plena, perfeita e livre a sal-vaçao, alcançada por Nosso Bemdito Salvador eofferecida dt graça no evangelho.

Recommendamos aos leitores que examinem estaobra, comparando-a com a santa palavra de Deos,para a qual o autor mesmo appella, como paraa única fonte de suas doutrinas e conclusões.

A obra se vende em casa dos Srs. Laemmert &.C.a, rua da Quitanda n. 77.

íBÍOITISBV*.Pela graça é que sois salvos mediante a fé,

e isto não vem de vós: porque é um domde Deos. — Eph. 2:8.

PROVAS.Matt. 16:17. —João 6:44.—Rom. 3:20—24, e

11:6.— Eph. 1:19.—Phil. 1:29.-2." Jim.—1:9.—Jito 3:5—7.

Breve Catechismo para meninos.

.Continuação do n. 13.)

171. — Podeis crer e arrepender-vos por vós mes-mos ?

Não ; fé e arrependimento são um dom de Deos.172. — Xão sois vós de natureza estranha a Deos e

muito longe delle ?Sim; mas pelo sangue e Espirito de Jesus-Christo

me approximo delle.j73._QUaes são os meios ordinários de nos salvar-

mos em Christo ?A palavra, os sacramentos e a oração.174.—Quantos sacramentos ha ?Dous.175.—Quaes são?O baptismo e a cêa do Senhor.176.—Quem instituio estes sacramentos?Jesus-Christo, o unico rei e cabeça da igreja.

177.—Para que fim instituio Christo estes sacra-

mentos ?Para nos salvar e applicar os seus benefícios.178. —Até quando continuarão na igreja o baptismo

e a cêa do Senhor?Até a segunda vinda de Christo.

Page 8: IMPRENSA EVANGÉLICAmemoria.bn.br/pdf/376582/per376582_1864_00013.pdf · ó o Padre Nosso, Ave-Maria, .Salve-Rainhsi, as ora-ções que dirigem a seus santos particulares pa-droeiros

8 IMPRENSA EVANGÉLICA

179.—Com que íoi Christo baptisado ?Com água.180. — O que significa a ag-ua usada no baptismo ?O precioso sangue de Christo.181.—De que nos purifica o precioso sangue de

Christo ?Da immundicia e do delicto do peccado.182.—De que peccado careceis vós de ser purifica-

dos na infância ?Do peccado original.183.—Em nome de quem fostes baptisados ?Em nome do Pai, do Filho e do Espirito-Santo.184.—O que renunciastes vós em vosso baptismo ?O serviço do diabo, do mundo e da carne.18.5.— O que promettestes vós em vosso baptismo ?Tomar só o Senhor por meu Deos em Christo, e

servi-lo para sempre.186. —Como podeis cumprir com as promessas do

vosso baptismo ?Tenho de rogar diariamente a Deos a graça precisa

para fazê-lo.187.—Podeis por vós mesmos devidamente orar ?Nao; mas devo instar com Christo, para que elle

mesmo me ensine e ajude a orar.188.—Por que meio é que Christo nos ensina e

ajuda a orar ?Por sua palavra e seu Espirito.183. — Que exemplo de oração nos deixou Christo

em sua palavra ?A oração do Senhor ?190.—Podeis dizer a oração do Senhor'?Sim. Pai Nosso, que estás uo ceo, ete.191.—Quantas supplicas ha nella?Seis.192.—Qual é a primeira ?Sanctificado seja o teu nome.193.—Qual é a segunda ?Venha a nós o teu reino.194.—Qual a terceira ?Seja feita a tua vontade, assim na terra como no

céo.195.—Qual a quarta?O pao nosso de cada dia nos dá hoje.196.—Qual a quinta?E perdoa-nos as nossas dividas, assim como nós

tambem perdoamos aos nossos devedores.197.—Qual é a sexta petição ou supplica?Nao nos deixes cahir em tentação, mas livra-nos

do mal.198.—Como é que o Espirito de Christo vos habi-

lita a orar?

Dando-me uni coração para orar, e ensinando-meo que devo pedir.

199-—Aceita Deos os rogos de nossos lábios?Nao : se elles nao procedem do coração.200.—Podeis orar com o coração, sem ajuda do

Espirito de Deos?Não posso.201.—Como olha Deos para a oração dos mal-

vados?Como para uma cousa abominável.202.—Estaes pois disposto a receber a Christo.

orar com ardor e viver piamente ?Sim : pela graça de Deos, ajudando-me ella. farei

tudo isso.203.—Qual será o resultado das vossas oraçõe-

sinceras e vida santa ?O pleno gozo de Deos em Christo, e triuniphante

louvor á Elle para sempre e sempre.

AlIlCIl.

MLimito «Ie louvor.

Ai! é verdade que por mim.Morreu o Salvador,Que por um verme tal qual sou.Mostrou tanto amor.

Jesus de sen santo corpoO sangue derramou ;Assim á ira forte exposto.Vida p'i-n mim comprou.

Sobre a cruz elle levouOs meus crimes em si ;Que infinita graça foi !E tudo para mim.

O mesmo sol não pôde vèr,Mas sua luz fechou,Emquanto Christo o CreadorA' morte se baixou.

Assim tambem eu devo olharA cruz com confusão,E meus olhos desfazerEm santa gratidão.

Mas toda força de amargôr,Nfto pôde te pagar,Aqui Senhor, teu todo sou,Mais nada posso dar.

Typ. — perseverança — rua (lo Hosi)1'' d ii. '*9.