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Jornal do Sindicato dos Médicos de Minas Gerais Impresso Especial 9912163762/2007 DRMG Sind. dos Médicos Estado MG ...CORREIOS... Ano 4 - nº 17 - maio/junho 2008 PÁG 9 FORMAÇÃO MÉDICA COOPERATIVISMO INTERNACIONAL SINDICATOS DO BRASIL FENAM TRABALHO MÉDICO Evento na Espanha debate a realidade do trabalho médico e saúde Fórum nacional em Brasília trouxe novas abordagens sobre o tema Residência Médica é tema de debate na Assembléia Legislativa O Sinmed-MG enviou represen- tantes para o Fórum Iberoamerica- no de Entidades Médicas, de 12 a 14 de maio, em Madri, uma partici- pação importante para ampliar os horizontes sobre o universo que en- volve o trabalho médico na Amé- rica Latina e Península Ibérica. Ao final, foi elaborado o documento "Declaração de Madri", com as prin- cipais conclusões do encontro. PÁG. 3 Em Roraima, o Sindicato dos Médicos passa por grandes e importantes mudanças, graças à atuação marcante da nova diretoria A Federação Nacional dos Médicos realizou o IX Congresso Médico e elegeu a nova diretoria da entidade para a Gestão 2008-2010 Realizado em conjunto pelas três principais entidades médicas – Fenam, CFM e AMB – o fórum representou um grande avanço na discussão sobre a organização do trabalho médico. A presença de Minas foi a mais sig- nificativa no evento, com a partici- pação de aproximadamente 30 repre- sentantes, entre eles diretores do Sin- med-MG. O Estado é referência em cooperativismo médico. PÁG. 4 Os principais problemas que afligem a residência médica no Estado e no país foram discutidos na Assembléia Legislativa de Minas Gerais, em reunião com represen- tantes de entidades médicas. O Sin- dicato dos Médicos, que participa das discussões da Comissão Estadual de Residência Médica (Cerem/MG), tam- bém esteve presente na mesa de convidados do debate. PÁG. 8 Os médicos do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg), respaldados pelo Sindicato dos Médicos de Minas Gerais (Sinmed-MG), enfim obtiveram da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag) a promessa de que o governo apre- sentará, até a primeira semana de julho, uma minuta do tão esperado projeto de lei para a criação do cargo e da carreira desses profissionais. Os médicos da Fhemig e do Hemominas já obtiveram essas conquistas, quando foi aprovado o Projeto de Lei 2.462/2005. Em assembléia realizada no dia 11 de junho, com o auditório lotado, no Centro de Estudos do Hospital Go- vernador Israel Pinheiro, os médicos, já bastante des- crentes com as promessas não cumpridas e com os rumos que a entidade vem seguindo, resolveram dar um voto de confiança ao governo e aguardar o projeto de lei. Uma nova assembléia será marcada em julho com o objetivo de avaliar a proposta e decidir os próximos passos do movimento. PÁG 5 PÁG 9 MÉDICOS DO IPSEMG: AVANÇA A LUTA POR CARGO E CARREIRA Assembléia no dia 11 de junho mostrou uma grande mobilização da categoria LUTAS SINDICAIS PÁG. 5 PÁG. 6 PÁG. 7 Alessandro Carvalho PÁG 12 RETRATO DA PROFISSÃO O médico obstetra João Guilherme Franco, de Poços de Caldas, traça um panorama do exercício da medicina no interior

Impresso TRABALHO MÉDICO Especial - sinmedmg.org.br · organização do trabalho médico. A presença de Minas foi a mais sig-nificativa no evento, com a partici- ... Os médicos

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Jornal do Sindicato dos Médicos de Minas Gerais

ImpressoEspecial

9912163762/2007 DRMG

Sind. dos Médicos Estado MG

...CORREIOS...

Ano 4 - nº 17 - maio/junho 2008

PÁG

9

FORMAÇÃO MÉDICACOOPERATIVISMOINTERNACIONAL

SINDICATOS DO BRASILFENAM

TRABALHO MÉDICO

Evento na Espanha debate a realidade dotrabalho médico e saúde

Fórum nacional em Brasília trouxe novasabordagens sobre o tema

Residência Médica étema de debate naAssembléia Legislativa

O Sinmed-MG enviou represen-tantes para o Fórum Iberoamerica-no de Entidades Médicas, de 12 a 14de maio, em Madri, uma partici-pação importante para ampliar oshorizontes sobre o universo que en-volve o trabalho médico na Amé-rica Latina e Península Ibérica. Aofinal, foi elaborado o documento"Declaração de Madri", com as prin-cipais conclusões do encontro.

PÁG. 3

Em Roraima, o Sindicato dos Médicos

passa por grandes e importantes

mudanças, graças à atuação

marcante da nova diretoria

A Federação Nacional dos Médicos

realizou o IX Congresso Médico e

elegeu a nova diretoria da entidade

para a Gestão 2008-2010

Realizado em conjunto pelas trêsprincipais entidades médicas – Fenam,CFM e AMB – o fórum representou umgrande avanço na discussão sobre aorganização do trabalho médico. Apresença de Minas foi a mais sig-nificativa no evento, com a partici-pação de aproximadamente 30 repre-sentantes, entre eles diretores do Sin-med-MG. O Estado é referência emcooperativismo médico.

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Os principais problemas queafligem a residência médica noEstado e no país foram discutidos naAssembléia Legislativa de MinasGerais, em reunião com represen-tantes de entidades médicas. O Sin-dicato dos Médicos, que participa dasdiscussões da Comissão Estadual deResidência Médica (Cerem/MG), tam-bém esteve presente na mesa deconvidados do debate.

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Os médicos do Instituto de Previdência dos Servidoresdo Estado de Minas Gerais (Ipsemg), respaldados peloSindicato dos Médicos de Minas Gerais (Sinmed-MG),enfim obtiveram da Secretaria de Estado de Planejamentoe Gestão (Seplag) a promessa de que o governo apre-sentará, até a primeira semana de julho, uma minuta dotão esperado projeto de lei para a criação do cargo e dacarreira desses profissionais. Os médicos da Fhemig e doHemominas já obtiveram essas conquistas, quando foiaprovado o Projeto de Lei 2.462/2005.

Em assembléia realizada no dia 11 de junho, com oauditório lotado, no Centro de Estudos do Hospital Go-vernador Israel Pinheiro, os médicos, já bastante des-crentes com as promessas não cumpridas e com os rumosque a entidade vem seguindo, resolveram dar um voto deconfiança ao governo e aguardar o projeto de lei. Umanova assembléia será marcada em julho com o objetivode avaliar a proposta e decidir os próximos passos domovimento.

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MÉDICOS DO IPSEMG: AVANÇA A LUTA POR CARGO E CARREIRA

Assembléia no dia 11 de junho mostrou uma grande mobilização da categoria

LUTAS SINDICAIS

Projeto de Lei é aprovado: médicos da Fhemig e Hemominasrecebem apenas 3% de reajuste

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Sindicato dos Médicos realizaassembléia no Risoleta Neves e dá início à campanha salarial

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Médicos de Ribeirão das Nevesnão estão satisfeitos comresposta da Secretaria de Saúde

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Alessandro Carvalho

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RETRATO DA PROFISSÃO

O médico obstetra João Guilherme

Franco, de Poços de Caldas,

traça um panorama do exercício

da medicina no interior

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TRABALHO MÉDICO - MAIO/JUNHO 2008SINMED-MG EM FOCO2

EDITORIAL

EXPEDIENTE

Publicação do Sinmed-MG

Sindicato dos Médicos de Minas Gerais

Rua Padre Rolim, 120 - São Lucas 30130 090 - BH - MG Fone: (31) [email protected] – www.sinmedmg.org.br

Conselho Diretor - Diretoria Executiva: AméliaMaria Fernandes Pessôa, Aroldo Gonçalves de Carvalho(licenciado), Cristiano Gonzaga da Matta Machado, ÉlsonViolante, Fernando Luiz de Mendonça (licenciado), JacóLampert, Maria Madalena dos Santos e Souza.Conselho Diretor - Demais Membros: Aloísio Daherde Melo, André Christiano dos Santos, Camilo Batista Goulart,Djard Lisboa Moreira Filho, Eduardo Almeida CunhaFilgueiras, Geraldo José Coelho Ribeiro, Luís EdmundoNoronha Teixeira, Luiz Felipe Viotti Fernandes, MarcoAntônio Torres, Margarida Constança Sofal Delgado, Maria deFátima Braz, Paulo Eustáquio Marra Pinto, Regina FátimaBarbosa Eto, Salim Antônio Issa.Conselho Fiscal: Eliane de Souza, Helder Avelino YankousSantos, José Alvarenga Caldeira, Josemar de Almeida Moura,Luciana Rabelo Ferreira, Maria Lucinda Macedo Foureaux. Ouvidoria Sindical: Ewaldo A. Fraga de MattosJúnior e Márcio Costa Bichara.Assessoria de Comunicação: Mônica Salomão - MT10.543/MGJornalista Responsável: Regina Perillo - MT 11.697/SPTextos e Edição: Regina Perillo ComunicaçãoProjeto gráfico: Zoo ComunicaçãoDiagramação e ilustrações: Genin GuerraFotos: Gláucia RodriguesImpressão: Gráfica PampulhaTiragem: 24.000 exemplares

OS ARTIGOS ASSINADOS SÃO DERESPONSABILIDADE DOS AUTORES

O departamento de Comunicação e Eventos do Sin-med-MG entra em uma fase de muitas mudanças e no-vidades. A proposta é intensificar o relacionamentocom os médicos e facilitar o acesso a informações,tanto referentes à atuação e conquistas sindicais quantoaos assuntos da área médica em geral. Todos osprodutos da Comunicação estão de "cara" nova.

"Além das mudanças no jornal ‘Trabalho Médico’, queestá maior e com o conteúdo mais diversificado, a Co-municação também investiu bastante na reestruturação dosite", informa a jornalista Mônica Salomão, que, após trêsanos no sindicato, assumiu a coordenação do departamento.

Com um visual mais clean e moderno, o site tambémestá mais dinâmico, interativo e agradável de navegar.Segundo a coordenadora, a idéia foi aumentar a funcio-nalidade da página, para que o médico consiga teracesso rápido ao que procura.

Entre as novidades do site, Mônica destaca o link"Sinmed na mídia", para o médico ficar por dentro detodos os assuntos que foram noticiados pela imprensareferentes ao sindicato, com matérias em áudio, vídeo eimpressas. Outro espaço novo do site é a "Agenda",onde os profissionais podem buscar informações bási-cas sobre as deliberações das assembléias, imedia-tamente após a sua realização.

Para o próximo semestre, a coordenadora adiantaque o departamento irá trazer um novo produto, parafacilitar ainda mais o acesso dos médicos às notícias do

O Sindicato dos Médicos fortalece ainda mais a suacomunicação com a renovação de seus produtos. Alémdas reformulações gráficas, os produtos da comu-nicação ampliaram seu conteúdo, para poder apro-fundar discussões importantes e oferecer novas opor-tunidades de participação dos médicos.

O site foi todo reestruturado, está mais objetivo e fácil denavegar e ganha um conteúdo mais dinâmico. O "TrabalhoMédico" também mudou, como você constata a partir destaedição, a 17ª. Trocamos o papel, adotando o reciclado,ecologicamente mais adequado. Desde o início, nospreocupamos em fazer um jornal rico em informações, comorientações importantes para os médicos e colocando empauta as grandes discussões locais e nacionais sobre a saúde.A identidade não se perde, mas para atender o grandevolume de notícias e poder diversificar mais os assuntos, oinformativo tem agora 12 páginas, em edições bimestrais.

Entre as novas seções, trazemos a "Sindicatos doBrasil". A proposta é mostrar as diferentes realidadesnacionais, por meio de entrevistas com dirigentes deoutras entidades. O destaque desta edição é o Sindicatodos Médicos de Roraima, que passa por uma fase de

grandes e importantes mudanças, graças à atuaçãomarcante da nova diretoria.

Outra novidade é a seção "Retrato da Profissão", quemostra o trabalho do médico em diferentes situações.Inauguramos a página com uma entrevista com o médicoJoão Guilherme Franco, de Poços de Caldas, que fala dasparticularidades do exercício da medicina no interior.

As principais campanhas por melhorias salariais e dascondições de trabalho foram agrupadas na seção "LutasSindicais", que tem uma diagramação diferenciada. Nestaedição, mostramos que os médicos do Ipsemg estão a umpasso para recuperar o cargo de médico – que lhes foitirado no início de 2005 – e de conquistarem a carreira demédicos. Também mostramos nossa indignação com oaumento oferecido aos médicos da Fhemig e do He-mominas, cujo projeto já foi votado e aprovado, naAssembléia Legislativa.

Inauguramos também a coluna "Espaço Opinião",para receber cartas e artigos elaborados pela própriadiretoria e por outros profissionais, médicos ou não,que possam contribuir com novas idéias para o en-tendimento de questões relacionadas à saúde.

Outros assuntos de destaque são os diferentes fóruns dediscussão, envolvendo temas relacionados ao trabalhomédico. Nesta edição, destacamos dois eventos. O primeirodeles é o Fórum Iberoamericano de Entidades Médicas, quelevou alguns de nossos diretores até Madri para conhecer asdiferentes realidades de países da América Latina e daPenínsula Ibérica. Foi um encontro de extrema im-portância, que proporcionou uma grande troca de ex-periências entre os participantes. Uma excelente opor-tunidade para situar o momento em que se encontra oBrasil, os avanços e o muito que ainda há por fazer.

O segundo encontro de grande importância foi oFórum Nacional do Cooperativismo Médico, em Brasília.Realizado em conjunto pelas entidades médicas, foi umaoportunidade impar de elucidar questões relativas ao temae aprofundar aspectos ainda polêmicos, como o coope-rativismo no SUS. Referência em cooperativismo médico,Minas foi o Estado com o maior número de participantesno evento, que contou inclusive com a presença dosecretário municipal de Saúde, Helvécio Magalhães Júnior.

Diretoria do Sinmed-MG

COMUNICAÇÃO TRAZ NOVIDADES E AMPLIAO RELACIONAMENTO COM A CATEGORIA

O Sinmed-MG pede aos médicos que mantenhamseus dados cadastrais atualizados. Endereços, telefonese outros meios de contato corretos são de sumaimportância para que o sindicato se comunique com omédico e garanta que ele receba informações de inte-resse e fique por dentro da atuação da entidade.

O recadastramento pode ser feito pessoalmente,na sede do sindicato, por telefone (31-3241-2811) oupelo site (www. sinmedmg.org.br) que agora, com anova versão, traz um link específico para a atua-lização, oferecendo mais agilidade e praticidade parao envio de informações.

sindicato e assuntos da área de interesse geral – anewsletter, um boletim informativo, recebido via e-mail.

Segundo Mônica, a Comunicação pretende, ainda,trabalhar bastante com ações de responsabilidadesocial dentro da entidade, com novas campanhas eprojetos. No ano passado, o sindicato criou o projeto"Saúde em Movimento pela Paz", que obteve a adesãode vários parceiros; e tem apoiado o projeto "BH peloParto Normal", da Secretaria Municipal de Saúde, umacontribuição importante para dar visibilidade aostemas na sociedade.

Nova versão do site do Sinmed-MG

Atualize seu cadastro

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SINMED-MG PARTICIPA DE EVENTO INTERNACIONAL PARADEBATER ASPECTOS DO TRABALHO MÉDICO E SAÚDE

TRABALHO MÉDICO - MAIO/JUNHO 2008DESTAQUE

I FÓRUM IBEROAMERICANO DE ENTIDADES MÉDICAS

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Tendo como principal foco o universo do trabalhomédico, o I Fórum Iberoamericano de Entidades Médicas(FIEM), realizado entre os dias 12 e 14 de maio, emMadri, reuniu representantes de diversos países da Amé-rica Latina e Península Ibérica.

O evento aconteceu na sede da Organização MédicaColegial da Espanha e contou com uma expressiva presençadas principais entidades médicas do país – Fenam, AMB eCFM, e vários sindicatos. Participaram, ainda, entre outrospaíses, Argentina, Bolívia, Chile, Costa Rica, Honduras, Pe-ru, Portugal, Uruguai e a anfitriã, Espanha.

Pelo Sindicato dos Médicos de Minas Gerais estiverampresentes o presidente, Cristiano da Matta Machado; asecretária geral, Amélia Pessôa; e os diretores Élson Vio-lante, Maria Madalena dos Santos e Souza e Jacó Lam-pert. Matta Machado e Jacó representaram também a Fe-deração Sudeste dos Médicos, da Fenam.

Amélia Pessôa destaca que o fórum foi muito importantepara ampliar a visão sobre o trabalho médico, a partir daexperiência de países em diferentes níveis de desenvolvimento:"O encontro discutiu tudo o que envolve o trabalho médico,passando por temas como formação, remuneração, condiçõespara o exercício da profissão, jornada e gestão da saúde. Osvários exemplos foram um parâmetro importante para verem que aspectos o Brasil já avançou e os caminhos futuros".

O cenário dos diversos países permitiu várias constatações,diz a secretária geral: "O sistema público de saúde da Espanhaalia um financiamento adequado a constantes inovações. Poroutro lado, o grau de exigência da população e, também, dacategoria médica é maior. Já em alguns países da América Latina,a situação é pior. Na realidade, a grande questão é o valor quecada governo dá à saúde e o quanto investe no segmento. Issodetermina desde o nível de satisfação dos profissionais queatuam na área, como os médicos, até a qualidade do atendimentoprestado à população".

Segundo ela, o ponto em comum, na maioria dos paísesparticipantes, principalmente os da América Latina, são os baixossalários; as más condições para o exercício da profissão; e anecessidade de vários vínculos, para conseguir uma remuneraçãorazoável, o que leva a uma carga excessiva de trabalho.

Fluxo migratório

Um assunto muito discutido foi o incremento do fluxomigratório entre os países presentes. "O médico está sempreaspirando a uma condição melhor. Assim, vemos médicos dealguns países da América Latina querendo vir para o Brasil, osdo Brasil mudando para a Espanha, os da Espanha e Portugalpara a Alemanha e assim por diante", exemplifica Amélia.

Segundo ela, grande parte das discussões do fórum se deuem torno da validação do diploma e da necessidade doreconhecimento do título de especialista, no caso dos médicosmigrantes. Outro ponto polêmico e motivo de acirradosdebates foi a questão da parceria entre Venezuela e Cuba, paraa formação de profissionais para trabalhar em outros países.

No fim do evento, os participantes produziram o do-cumento "Declaração de Madri", elaborado a partir dosdebates e da reflexão sobre a situação da saúde na AméricaLatina e Península Ibérica. O manifesto apresenta as principaisconclusões do evento e está aqui reproduzido.

Madri, 14 de maio de 2008.

Manifestações:

1. O cenário da humanidade no início do terceiromilênio apresenta uma situação muito crítica, não só emtermos econômicos, mas também sociais, de saúde, am-biental e cultural, com as alterações que afetam anatureza humana.

2. O crescimento vertical da ciência e da tecnologianão oferece oportunidades para investimentos degrande utilidade social. As conquistas só são possíveispara aqueles que podem adquirir ao melhor preço. Osrecursos, geralmente, não permitem o crescimentohorizontal das realizações.

3. Não há tempo para se adaptar e responder a novassituações, que, ao surgirem de forma inesperada, põem emevidência uma ética adaptada a cada situação e a falta depolíticas com base no conhecimento.

4. Existe um desenvolvimento tecnológico e umasaturação demográfica nos países mais poderosos, comestilos de vida consumista e materialista, em contradiçãocom o crescimento cada vez maior da pobreza, pro-vocando um aumento das desigualdades em saúde.

5. O mundo rico tem de aceitar, perceber e com-preender que a vida e a saúde humana dependem dasociedade como um todo, com ampla e responsávelparticipação de diferentes setores. Os países do mundonão conseguiram equilibrar organismos, procedimentos eleis, e deixam grandes lacunas como a distribuição derecursos humanos de saúde e as garantias de fornecimentoe acesso a medicamentos, que necessitam estabelecer e

definir mecanismos que regulem e orientem sobre essasquestões, nas quais os que estão em um pior posiciona-mento têm sempre a perder.

6. Nos últimos anos, ocorrem em países ricos, comonunca ocorreram antes, situações de crescente demandade médicos de qualquer procedência, agravadas pelafalta de regulação, suscetibilidade entre os "bene-ficiários" e desconhecimento quase total dos temasmencionados e suas conseqüências entre a populaçãoem geral, que não foram suficientemente divulgados,apesar dos esforços desenvolvidos por algumas ins-tituições, principalmente médicas.

7. Nesse sentido, a má distribuição e utilização derecursos médicos nos países desenvolvidos levam,muitas vezes, a desviar para os países menos de-senvolvidos seus recursos humanos, desabastecendo,assim, sua assistência à saúde.

8. A cada dia é mais necessário unir esforços e vontadesde instituições nacionais e supranacionais que permitamconscientizar e formar opinião sobre essa situação. Os Es-tados devem sentir a necessidade de implementar políticasdestinadas a proteger e garantir os recursos à saúde queestão disponíveis para as áreas menos desenvolvidas, emvez de tirá-los conforme a demanda.

Compromissos:

O compromisso comum se estabelece em entendera interdependência restrita ao mundo iberoamericanoem termos de recursos de saúde, comércio e uso dosavanços científicos e tecnológicos para benefíciocoletivo, além dos interesses e das fronteiras.

Temos de respeitar as peculiaridades organiza-cionais, estruturais e as condições de cada país sobe-rano; trabalhar os campos em comum que beneficiem odesenvolvimento da profissão médica para a melhoriada qualidade voltada ao paciente. Pós-graduação, qua-lificações, educação, segurança do paciente, registrosprofissionais, informação fármaco-terapêutica etc.

Ressaltar, no âmbito geográfico dos subscrevestes, aorganização e a obrigatoriedade de registro em órgão nor-mativo dos profissionais de saúde como garantia deprofissionalismo independente, a serviço das necessidadesda sociedade em geral e do paciente em particular.

Rejeitar o uso político da saúde e de seus profissionais,desvirtuando as expectativas de esperança da população.

Promover a defesa de sistemas de saúde pública euniversal, acessíveis a todas as pessoas, com normas dequalidade homogêneas.

Por isso, se faz extremamente necessário pro-mover a criação de um organismo autônomo, per-manente e plenamente democrático, que nasça poriniciativa e vontade própria das entidades médicas ede outras instituições participantes, impulsionando asocialização do conhecimento, a institucionalizaçãodas regras que satisfaçam a todos e que cumpram astarefas de pesquisa, formação, orientação, asses-soramento, divulgação, estruturação, coordenação emtermos de limites e controle de recursos de saúde,especialmente os recursos humanos e farmacêuticos,e que atendam desde os aspectos bioéticos até osaspectos legais.

(Tradução: Denise Teixeira - Assessoria de Comunicação - Fenam)

DECLARAÇÃO DE MADRI

Genin

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O I Fórum Nacional do CooperativismoMédico, realizado nos dias 4 a 6 de junho,representou um grande avanço na discussãosobre a organização do trabalho médico.O fato de o fórum ser assinado em conjuntopela Federação Nacional dos Médicos (Fenam),Conselho Federal de Medicina (CFM) eAssociação Médica Brasileira (AMB) deuuma dimensão maior à iniciativa e mostrou aimportância de se aprofundar o assuntono âmbito das três entidades médicas.

O evento contou com uma série deconferências, palestras, mesas-redondas edebates. A presença de Minas foi a maissignificativa, com a participação de aproxi-madamente 30 representantes. Pelo sin-dicato, participaram o presidente, Cris-tiano da Matta Machado; a secretária geral,Amélia Pêssoa; e os diretores Jacó Lam-pert, Maria Madalena dos Santos e Souzae Eduardo Filgueiras.

"Sob o ponto de vista de organização,o cooperativismo médico em Minas Ge-rais é o mais estruturado do país e foiimportante mostrar essa experiência ", diza secretária geral, Amélia Pessôa. Elalembra alguns números na área de saúdesuplementar. Com cerca de 4.600 coope-rados, a Unimed-BH é referência noBrasil, em número de médicos. A Fe-deração Nacional das Cooperativas Médi-cas (Fencom), com 41 cooperativas as-sociadas e 115 mil cooperados, nasceu emMinas Gerais e se expandiu para outrosEstados do país. Recentemente, Belo

TRABALHO MÉDICO - MAIO/JUNHO 2008DEFESA DO TRABALHO MÉDICO 4

FÓRUM EM BRASÍLIA DISCUTE O COOPERATIVISMOMÉDICO: EXPERIÊNCIA DE MINAS GERAIS FOI DESTAQUE

Fencom mostraexperiência pioneira

Reunião no CongressoNacional em defesa da legitimidade

Aproveitando que o assunto estava napauta do dia, com a realização do FórumNacional, 26 representantes das coope-rativas de trabalho médico do sistemaFencom se reuniram, no dia 5 de junho,no Congresso Nacional, com deputadosfederais da Frente Cooperativista (Fren-coop) e representantes da Frente Parla-mentar de Saúde (FPS), entre eles, opresidente, Rafael Guerra.

O objetivo foi debater questões relati-vas às fiscalizações e autuações sofridaspor hospitais e cooperativas de trabalhomédico em Belo Horizonte. Na reunião,o modelo de cooperativismo médico dosistema Fencom foi apresentado, assimcomo um histórico das fiscalizações e au-tuações. Os presentes solicitaram aos de-

COOPERATIVISMO MÉDICO

Representantes de entidades médicas reunidas em Brasília, no fórum

Reunião no Congresso Nacional, com representantes da Fencom

Horizonte passou a contar com a maiorcooperativa de crédito da área de saúde doBrasil, com a fusão da Credicom e daUnicred-BH, formando a Sicoob Credicom.

Matta Machado destacou que o Sin-med-MG se sente um pouco "pai" doevento, pois a atual diretoria sempre de-fendeu o cooperativismo como alternativapara a organização do trabalho médico:"Quando assumimos o sindicato, há qua-tro anos, o desconhecimento e a incom-preensão sobre cooperativismo eram mui-to grandes e, hoje, já existe uma visão maisrealista sobre o tema. Eventos como ofórum de Belo Horizonte, em fevereiroúltimo, e o de Brasília são importantespara elucidar uma série de questões queantes estavam nebulosas e trazer um novoângulo de visão para o assunto".

Sobre os temas em discussão, ele diz queo grande gargalo até agora tem sido aquestão das cooperativas no SUS: "Há umaincompreensão muito grande por parte doMinistério Público, que considera as coope-rativas como uma terceirização de serviços eprecarização de mão-de-obra, sem nenhumaoutra possibilidade".

Para o presidente, é preciso diferenciar omédico que trabalha em hospitais públicos eunidades básicas ou de atenção secundáriadaqueles que prestam serviços para o SUSem um hospital privado e cujo repasse dehonorários, depois da extinção do Código 7,passou a ser feito diretamente aos hospitaise não mais aos profissionais.

"Ficou claro que a categoria não abremão do acesso constitucional ao serviçopúblico por meio de concurso e da carreira

A Fencom foi a primeira fe-deração de cooperativas médicas afirmar uma parceria com uma pre-feitura para repasse dos honoráriosmédicos, decisão regulamentada pelaPortaria 48, desde dezembro de 2004.O sucesso da experiência foi relatadopelo próprio secretário municipal deSaúde de Belo Horizonte, HelvécioMagalhães Júnior, durante o FórumNacional de Cooperativismo Médico.

O diretor presidente da Fencom,José Augusto Ferreira, destacou que acooperativa é uma alternativa muitointeressante para a classe médica por-que elimina a intermediação e torna omédico gestor de sua atividade: "O mo-vimento cooperativista representa umaforma de organização da categoriamédica, comprometida com a atuali-zação das relações com os hospitais ecompradores de serviços, a busca desoluções negociadas, as relações deparceria, e, principalmente, com a va-lorização do trabalho médico. Nesseaspecto, a Fencom firma-se, cada vezmais, como referência nacional. O de-bate foi relevante e rico, mas precisacontinuar e ser ampliado".

permitem que o médico seja senhor do seupróprio trabalho". O presidente da Asso-ciação Médica de Minas Gerais, José CarlosVianna Collares Filho, destaca que a crise éuma chance para que as entidades se unamna construção de um movimento co-operativista cada vez mais forte.

Em Belo Horizonte, os deputados dascomissões de Saúde e do Trabalho, daPrevidência e da Ação Social da As-

sembléia Legislativa também se reuniram,no dia 18 de junho, para discutir o assunto.O presidente da comissão, deputadoCarlos Mosconi (PSDB), considera afiscalização do ministério rigorosa naavaliação do vínculo empregatício entremédicos e hospitais. Os deputados vão sereunir novamente para aprovar um re-querimento e pedir uma audiência comos ministérios da Saúde e do Trabalho.

de médico, mas existem muitas situações emque o cooperativismo se apresenta comouma importante forma de organização dotrabalho e isso precisa ser melhor avaliado",ponderou o presidente do sindicato.

putados ações em prol da legitimidade domovimento cooperativista, por meio deprojetos de lei que regulamentem o co-operativismo de trabalho.

Antes, no dia 29 de abril, as entidadesmédicas estiveram reunidas em Belo Hori-zonte, também para discutir as autuaçõesque vêm ocorrendo e um plano de ação emdefesa da legalidade das cooperativas.Segundo o diretor presidente da Fencom,José Augusto Ferreira, os problemas come-çaram um mês após a crise da saúde noNordeste, em agosto de 2007. "A grandecobertura que a mídia deu ao movimentoevidenciou a ação das cooperativas. A partirdaí, hospitais e cooperativas de Belo Ho-rizonte passaram a receber a visita defiscais da Delegacia Regional do Trabalho– DRT", explica.

Para o presidente do Sindicato dos Mé-dicos de Minas Gerais, Cristiano da MattaMachado, a presunção da ilegalidade dascooperativas se dá pela visão do trabalhoexclusivamente submisso: "As cooperativas

Divulgação - Fencom

Márcio de Arrudas

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TRABALHO MÉDICO - MAIO/JUNHO 2008LUTAS SINDICAIS 5

MÉDICOS DO IPSEMG AGUARDAM MINUTA DEPROJETO DE LEI QUE INSTITUI CARGO E CARREIRA

Reajuste de 3% para médicos da Fhemig e Hemominas é uma vergonha

Sindicato aguarda a nova lista do enquadramento

Os médicos do Instituto de Previdênciados Servidores do Estado de Minas Gerais(Ipsemg) estão próximos de reconquistar ocargo de médico. Em 2005, eles foramincluídos na categoria "analista de seguri-dade social", o que os coloca em grandedesvantagem perante os médicos do Estado,além da inadequação da classificação.

Mobilizados há mais de um ano, e com oapoio do Sindicato dos Médicos de MinasGerais (Sinmed-MG), eles, enfim, obtive-ram, da Secretaria de Estado de Plane-jamento e Gestão (Seplag), o compromissode que o governo apresentará, até a primeirasemana de julho, uma minuta de projeto delei para a criação do cargo e da carreira demédico no Ipsemg, à semelhança do que jáé praticado na Fhemig e no Hemominas.

A notícia de que a Câmara de CoordenaçãoGeral Planejamento Gestão e Finanças doEstado de Minas Gerais havia aprovado a rei-vindicação foi comunicada, dia 11 de junho, aoSinmed-MG e à comissão de mobilização doInstituto pelos técnicos da Superintendência daCentral de Políticas de Recursos Humanos,em reunião na sede da secretaria.

O segundo ponto da pauta enviada àCâmara – equiparação salarial aos médicos daFhemig e Hemominas – não foi contempladoneste momento. Segundo o diretor adminis-trativo financeiro do sindicato, Jacó Lampert,os técnicos informaram que é necessária,primeiramente, a aprovação do projeto paraque a discussão avance nesse sentido.

Na noite do mesmo dia, reunidos emassembléia no Centro de Estudos do Hospi-tal Governador Israel Pinheiro, cerca de 100

A direção do Sinmed-MG consideravergonhoso o aumento concedido aos mé-dicos que trabalham na Fhemig e Hemo-minas. O Projeto de Lei (PL) 1.973/07 que,entre outros assuntos, tratava do reajustedos médicos foi votado e aprovado naAssembléia Legislativa, em 1º turno, dia 4, eem 2º, dia 25 de junho. Os aumentos foram,diferenciados para as categorias, cabendoaos médicos da Fhemig e Hemominas umreajuste de 3%. Nenhuma das emendas quebeneficiariam a categoria foi aprovada.

Na avaliação do presidente do Sinmed-MG,Cristiano da Matta Machado, vários esforçosforam realizados para mostrar ao governo doEstado e à sociedade a situação aviltante que osmédicos enfrentam, inclusive com a elaboração

de um relatório detalhando a situação dosprofissionais, e a veiculação de uma campanhapublicitária: "O médico é e será sempre peçafundamental para que o governo implementecom sucesso os programas de saúde. O quequeremos é um trabalho digno, para poderoferecer um serviço de qualidade à popu-lação. Venceu a insensibilidade do governo edos parlamentares para perceber que a saúdevai mal no Estado e que pode piorar aindamais sem a valorização dos profissionais queatuam no setor".

Apesar da derrota, Matta Machado dizque a categoria deve manter-se mobilizada emostrar sua insatisfação, e que o sindicatovai buscar novas formas para garantir me-lhorias ao trabalho médico.

Os 600 médicos do Instituto dePrevidência dos Servidores do Estadode Minas Gerais (Ipsemg) são o maispuro exemplo do que o Estado estáfazendo com os profissionais da redeestadual de saúde.

Quem pode ficar motivado tendo umvencimento base em torno de R$ 1.000,sendo alijado do PCCS dos médicos doEstado (conforme projeto de lei pro-mulgado em 2005), tratado como "analis-tas de seguridade social" e não como médi-cos; e enfrentando péssimas condições detrabalho para o atendimento adequado dosservidores estaduais e suas famílias? A si-tuação ainda é agravada pelas indefiniçõesque cercam os médicos do Ipsemg, emrelação ao futuro da entidade.

Durante as assembléias, os médi-cos têm externado a necessidade deinúmeras mudanças no Instituto.

Embora a Câmara de CoordenaçãoGeral Planejamento Gestão e Finan-ças do Estado de Minas Gerais tenhaaprovado, em reunião realizada dia 29de abril, o enquadramento de mais 238médicos na jornada de 24 horas, a listaainda não apareceu. Por meio deofício, o sindicato solicitou à Fun-dação Hospitalar de Minas Gerais(Fhemig) a divulgação dos nomes.

Em abril, durante reunião na Se-cretaria de Estado de Saúde (SES), opresidente da Fhemig, Luís Márcio deAraújo Ramos, havia informado aosrepresentantes do sindicato que, de

acordo com o cronograma, a novaetapa seria em maio, o que nãoocorreu. Estão previstos, ainda, mais94 enquadramentos em outubro pró-ximo, e 94 em abril de 2009, finali-zando o processo.

Desde a implantação do Plano deCarreira, Cargos e Salários, em 2005, oSindicato dos Médicos vem nego-ciando junto à Fhemig para que osmédicos que cumpriam a jornada de24 horas semanais, mas recebiam 12em forma de horas extras, tenhamseus benefícios calculados com basenas 24 horas trabalhadas.

Descaso: do salário à falta de condiçõesde trabalho

IPSEMG

PROJETO DE LEI 1.973/07FHEMIG

médicos deliberaram, por unanimidade, aguar-dar, em estado de assembléia permanente, oenvio do projeto para avaliação.

Também decidiram entregar um docu-mento à direção do Ipsemg e ao governoreafirmando que, além de garantir a carreira e ocargo de médico, a categoria continua mo-bilizada para a solução dos problemas relativosao vencimento básico, que está muito defasado.Os profissionais reivindicam, ainda, que umacomissão de médicos do Ipsemg tenha acessoaos relatórios da consultoria que avalia oInstituto, para que possa contribuir nas deci-sões e participar dos destinos da entidade.

Uma nova assembléia será marcada pelacomissão de mobilização em julho, com oobjetivo de analisar a proposta que vai serencaminhada pelo governo e decidir ospróximos passos do movimento.

Clima de desconfiança

Apesar da boa notícia, o clima da assem-bléia do dia 11 ainda era de muita descrença.Segundo os médicos, as promessas têm sidomuitas, mas nada de efetivo aconteceu noúltimo ano, agravando os problemas com aadministração do Ipsemg.

O sindicato pediu um voto de confiança aosmédicos, dizendo que, até o momento, a Seplagtem cumprido com suas promessas e que todosos esforços devem ser no sentido de garantir aconquista do cargo e carreira de médico.

O presidente do Sinmed-MG, Cristianoda Matta Machado, disse que os médicos doIpsemg mostraram uma grande capacidade deorganização e de mobilização, o que tem sidofundamental para os resultados alcançadosaté agora. Lembrou a união da categoria nas

Em assembléia, médicos decidem aguardar projeto do governo

manifestações de protesto, que chamaram aatenção de toda mídia, e nas duas paralisaçõesde 24 horas, nos dias 6 e 27 de maio. Deacordo com balanço realizado pelo Sinmed-MG, todas as consultas agendadas no Centrode Especialidades Médicas do Ipsemg foramcanceladas, com a adesão de 100% dos mé-dicos que trabalham no local. No HospitalGovernador Israel Pinheiro, também conhe-cido como Hospital da Previdência, somenteos casos de urgência e emergência foramatendidos, conforme prevê a lei.

Alessandro Carvalho

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TRABALHO MÉDICO - MAIO/JUNHO 2008LUTAS SINDICAIS6

ASSEMBLÉIA NO RISOLETA NEVESDEFINE PAUTA DE REIVINDICAÇÕES

O Sinmed-MG realizou, no dia 9 dejunho, uma Assembléia Geral Extraor-dinária com médicos do Hospital RisoletaTolentino Neves (HRTN), em VendaNova. O objetivo do encontro, o pri-meiro promovido pelo sindicato nohospital, foi levantar uma pauta de rei-vindicações dos médicos no local, quetêm como data-base 1º de junho.

A assembléia foi conduzida pela dire-tora de Defesa Profissional do Sinmed-MG, Maria Madalena dos Santos e Souza,também diretora clínica do HRTN, com aparticipação da advogada Sônia Couto,especialista em Direito do Trabalho.

No hospital trabalham cerca de 400médicos que foram enquadrados, no anopassado, no acordo coletivo do Sintappi-MG (Sindicato dos Trabalhadores emEmpresas de Assessoramento, Pesquisas,Perícias e Informações do Estado deMinas Gerais). Madalena explica que osindicato quer um acordo coletivo à partepara os médicos, de forma a contemplarmelhor as especificidades da categoria.

Segundo a diretora, os médicos reivin-dicam direitos próprios da categoria que nãoforam observados no acordo coletivo feitopelo Sintappi, gerando um passivo traba-lhista que pode ser reivindicado no futuro.Os médicos também se queixam das con-dições de trabalho para atendimento dos

pacientes, principalmente nos finais desemana, quando a demanda aumenta.Falta de estar médico adequado no setorde internação, ausência de macas, cor-redores cheios, escalas incompletas e ainexistência de um plano de carreira dacategoria são outros problemas. Segundoeles, o Pronto Socorro do hospital adotao modelo de atendimento de "portasabertas", o que, muitas vezes, faz com quesua capacidade seja ultrapassada.

Depois de redigida pelo sindicato eaprovada pelos médicos do HRTN em novaassembléia, a pauta será encaminhada para adireção do hospital para negociação.

A pauta contempla, entre outros itens:

- Piso nacional da Fenam- Construção de um Plano de Carreira,Cargos e Salários (PCCS) que traga pers-pectiva de futuro, fator de motivação efixação do medico- Regulamentação do Banco de Horas pe-lo sindicato- Negociação de adicionais de periferia definais de semana e de urgência- Cumprimento de normas trabalhistas,como pagamento em dobro nos feriados,adicional de insalubridade sobre três salá-rios-mínimos e descanso intrajornada- Adequação do estacionamento para os carros

Hospital da SES inaugurado em 1998, sob administração da Fhemig.Em 2004, publicação do edital de concurso para Termo de Parceria entre o governode Minas Gerais e uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público),para gerenciamento e execução de atividades e serviços de saúde, vencendo a Unifenas(processo interrompido por ação judicial).Em final de 2005, a UFMG e a Fundep aceitam o convite de se constituir comoparceiros públicos do projeto da SES/MG e SMS/BH.Celebração do convênio em 31/5/2006 com a entrada da UFMG e Fundep nagestão do HRTN em 1/6/2006.Pronto Socorro com modelo assistencial de “portas abertas” para traumas e urgênciasclínicas, tendo também uma maternidade de risco habitual em parceria com aSMS/BH.O HRTN atende BH e região metropolitana, em especial os municípios de Ribeirãoda Neves, Santa Luzia, Vespasiano e Lagoa Santa, com um número expressivo deatendimentos/dia, principalmente em ortopedia. Também possui missão de ensinopara vários cursos da área de saúde da UFMG.

Sindicato reivindica a volta das reuniõesespecíficas com a Secretaria de Saúde

Negociação aberta para a pauta do Sinamge e Sindicato dos Hospitais

Médicos do Sofia Feldman aprovam acordocoletivo com 5,5% de reajuste salarial

O Sindicato dos Médicos está reivin-dicando a volta das reuniões dos dire-tores da entidade e médicos da rede comrepresentantes da Secretaria de Saúde deBH. Os encontros foram acordados nacampanha salarial do ano passado, comouma forma de estabelecer um diálogosobre as condições de trabalho e me-lhorias na rede municipal de saúde.

Paulo Marra, do Conselho Diretor ediretor jurídico (interino) do Sinmed-MG,conta que as reuniões estão suspensasdesde janeiro, quando a Prefeitura propôsque os temas relativos à urgência eemergência fossem debatidos, em con-junto, na Mesa Municipal de Negociaçãodo SUS (MESASUS).

Segundo Marra, a mudança não foiprodutiva, já que muitos assuntos quedizem respeito exclusivamente à categorianão são colocados em pauta. "Nas reu-niões específicas, a experiência dos mé-

dicos permitia um nível de aprofunda-mento muito maior que na MESASUS,em que participam várias outras cate-gorias. Com a argumentação correta dequem vive o dia-a-dia, algumas sugestõesnossas foram implementadas ou estão emestudo. Queremos voltar com as reu-niões só com os gestores, sindicato emédicos que trabalham nos setoresenvolvidos nas discussões", diz.

Foram acordados, anteriormente, coma Secretaria Municipal de Saúde, a dis-cussão dos seguintes grandes temas: RedeBásica; Centro de Referência de SaúdeMental (Cersam); Unidades de ProntoAtendimento (UPAs) e Serviço de Aten-dimento Móvel de Urgência (SAMU);Hospital Odilon Behrens (HMOB);Atenção Secundária (especialistas) e Nú-cleo de Cirurgia Ambulatorial. As reu-niões já realizadas contemplaram os pro-blemas da Rede Básica, UPAs e SAMU.

Em Assembléia Geral Extraordinária,realizada no dia 16 de junho, na sede doSinmed-MG, foi aprovado o início dasnegociações para acordo coletivo dosmédicos do Sinamge (Sindicato das Em-presas de Medicina de Grupo) e do Sin-dicato dos Hospitais, Clínicas e Casas de

Saúde de Minas Gerais. Durante a reunião,que contou com a presença da diretoria dosindicato, acompanhada do advogado JoséCosta, e de médicos associados, foi discutidaa pauta mínima de reivindicações dosprofissionais, que inclui, entre outros itens,questões salariais e carga horária.

Em decisão unânime, os médicoslotados no Hospital Sofia Feldman apro-varam a proposta de Acordo Coletivo deTrabalho entre o hospital e o Sindicato dosMédicos de Minas Gerais (Sinmed-MG).Um dos itens do acordo é o reajuste salarialde 5,5%, concedido desde o dia 1º de maio.Além do salário, outros pontos destacados

na proposta referem-se à jornada detrabalho dos médicos, com duração fixadaem até 44 horas semanais, com direito aorecebimento de horas extras; e adicionalde insalubridade de 20%. Também foiautorizada a realização de plantão de 24horas semanais. O acordo estará em vigoraté 31 de julho de 2009.

HOSPITAL RISOLETA NEVES

SOBRE O HOSPITAL

SINAMGE E SINDICATO DOS HOSPITAIS

SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDESOFIA FELDMAN

Adriano Perdigão

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LUTAS SINDICAIS TRABALHO MÉDICO - MAIO/JUNHO 2008 7

RESPOSTA DA SECRETARIA DE SAÚDE NÃO ATENDE MÉDICOS DE RIBEIRÃO DAS NEVES

Sindicato e secretário de Contagem se reúnem para retomar negociações

Sinmed-MG conta com 23 delegados sindicais, na capital e no interior

Criação da Comissãode Negociações é prioridadeOs médicos especialistas lotados na

Prefeitura de Ribeirão das Neves queparticiparam da reunião regular no últimodia 4 de junho, na sede do Sinmed-MG,demonstraram insatisfação com a respos-ta dada pelos gestores quanto às reivin-dicações da categoria.

Os profissionais solicitaram a revisãoda relação do número de atendimentospor hora de trabalho, propondo o cum-primento de três consultas a cada 60 mi-nutos. Em resposta, a Secretaria Mu-nicipal de Saúde informou que a medidaimplica na redução da oferta dos ser-viços e que não é possível tomar ne-nhuma decisão antes que seja realizadoum estudo desse impacto. A SMSA pe-diu prazo de 90 dias para apresentaruma posição.

Na avaliação do diretor de FormaçãoProfissional e Ações Sindicais do Sinmed-MG, Élson Violante, os médicos que hojeatendem 44 pacientes em 12 horas deplantão ficam sobrecarregados e o prazosolicitado só vai agravar essa situação. "Darconta desse elevado número de pacientesé física e tecnicamente inviável", explica.

Quanto ao item da pauta referente àextensão do adicional de 30% – atualmentepago aos médicos com carga horária de 12horas – para os demais profissionais comjornada de 20 e 24 horas, a Secretaria deSaúde argumentou que precisa realizar umestudo do impacto financeiro, mas se com-prometeu, em função das limitações da le-gislação eleitoral, a apresentar a propostade alteração de lei no início de 2009.

O Sinmed-MG, por meio de ofício

enviado à SMSA no dia 9 de junho, solicitouuma reunião para informar ao gestor aposição de recusa dos médicos à propostada Prefeitura. O sindicato entende que, porcausa da grande carência de profissionaisem Ribeirão das Neves, inclusive espe-cialistas, oferecer condições de trabalhoestressantes ou inadequadas tende a agravara situação. "O diálogo é fundamental para,pelo menos, fixar os médicos que aindatrabalham no município e não aumentar,ainda mais, a rotatividade. Do contrário,existe a possibilidade real do êxodo dessesmédicos para outras cidades", diz Violante.

A reunião de dirigentes do Sindicato dosMédicos de Minas Gerais com a secretáriade saúde de Ribeirão das Neves, RenataLeandro Figueiredo e Silva, foi marcadapara o dia 2 de julho, às 17 horas.

O presidente do sindicato, Cristiano daMatta Machado, e os diretores ÉlsonViolante e Djard Lisboa, se reuniram, nodia 11 de junho, com o secretário de go-verno de Contagem, Paulo César Funghi.O encontro foi uma tentativa da Prefei-tura de se aproximar da categoria e dosindicato, já que as relações estavambastante estremecidas desde os últimosacontecimentos, quando os médicos,exercendo um direito legal de luta, foramalvo de uma ação judicial ocasionada por

uma paralisação por melhores condiçõessalariais e de trabalho. Por decisão doTribunal de Justiça de Minas Gerais, aliminar foi suspensa, em 25 de abril,marcando um importante passo para quea Prefeitura refletisse sobre a "neces-sidade de agir com responsabilidade e efi-ciência, sem ofensas aos direitos dos tra-balhadores, em respeito à classe médica eà população” diz Matta Machado.

Durante a reunião, o sindicato colocoucomo principais reivindicações o paga-

Após reunião com membros doConselho Municipal de Saúde de Di-vinópolis, o Sinmed-MG aguarda re-sultado da assembléia que irá votar acriação da Comissão de NegociaçãoPermanente, idealizada pelas entida-des médicas como forma de facilitaras negociações com a Prefeitura sobreas condições de trabalho dos médicosda rede municipal.

Segundo a diretora de Defesa Pro-fissional, Maria Madalena dos Santos eSouza, durante a reunião, os membrospropuseram a formação da comissãodentro do próprio Conselho, por umade suas Câmaras Técnicas. Outra op-ção seria a comissão atuar de formaindependente. Neste caso, o Conselhoexige a participação de representantesde outras áreas da saúde.

"O sindicato não se opõe a nenhumadas duas opções. O importante é que acomissão se concretize. Independen-temente da base de sua formação, todosos envolvidos – entidades médicas, mé-dicos, profissionais da saúde em geral emunicípio – desempenharão papéis im-portantes no processo de negociação",declara a diretora.

Ela explica que o trabalho da comis-são será avaliar as condições de trabalhono sistema público de Divinópolis epropor soluções que assegurem ummelhor atendimento à população. Alémda criação da Comissão de NegociaçãoPermanente, Madalena conta que oSinmed-MG está batalhando tambémpela agilidade na execução das obras dereforma do Pronto Socorro da cidade.

RIBEIRÃO DAS NEVES

CONTAGEM

DELEGADOS SINDICAIS

DIVINÓPOLIS

Prova de que a categoria está cada vez mais unida na luta pelos seus direitos, oSinmed-MG possui 23 delegados sindicais, em diversos locais de trabalho, na capitale no interior. Eleitos pelos colegas, os delegados são responsáveis por fazer a ligaçãoentre os profissionais de sua região e a entidade, assumindo tarefas como avaliaras condições de trabalho, levantar as reivindicações dos médicos e mobilizá-losnas campanhas. Veja quem são os representantes do sindicato:

Estado - por local de trabalho

CGP - Centro Geral de Pediatria: HelenaPinheiro Garrido (CRM 9.504)Hemominas: Edson Freixo Chivitarese (CRM 23.581)

Maternidade Odete Valadares: AríeteDomingues de Araújo (CRM 24.429)

PBH - por local de trabalho

Hospital Municipal Odilon Behrens:

mento dos dias parados; cumprimentointegral do acordo firmado em 2007, jáque os médicos estatutários da Secretariade Saúde do município não foram con-templados com o reajuste acordado; cons-tituição da mesa do SUS e elaboração doPlano de Carreira, Cargos e Salários(PCCS) para os concursados.

Outro ponto levantado foram as máscondições de trabalho, alvo de constantesdenúncias no sindicato. "Nosso objetivo éretomar as negociações. Na próximareunião, vamos ver se a Prefeitura deContagem está mesmo interessada e comboa vontade em apresentar soluções paramelhorar o quadro da saúde no mu-nicípio", afirma Matta Machado.

José Luiz Lopes (CRM 13.463)PAM Campos Sales: Fernando Antônio P. da Silva (CRM 12.831)PAM Padre Eustáquio: Cláudio Oliveira Ianni (CRM 14.876)PAM Sagrada Família: Caetano Moreira de Freitas (CRM 26.256)José Carlos de Souza (CRM 12.740)PAM Saudade: Andréa Chaimowicz (CRM 21.311)UPA Norte: Maria Cristina Vignolo (CRM15.212) UPA Oeste: Jorge Alcântara M. de Araújo Jr. (CRM 26.124)

Outros municípiosContagemMaternidade Municipal de Contagem

Cristiane de Faria (CRM 25.503)

PSF e UAI Ressaca

Ricardo do Nascimento Rodrigues (CRM 38.590)Jorge Henrique Kothe Januzzi (CRM 35.017)

DivinópolisAlberto Gigante Quadros (CRM 12.914)

Ouro PretoDarllem Govas Pimenta Barreira (CRM 25.822) Silvia Almeida de Oliveira Costa Martinez (CRM 26.049)Ana Luisa Nazaria de Carvalho Monte (CRM 25.794)Cloves Eduardo Batalha Franklin (CRM 15.786)

Poços de CaldasAntônio Augusto de Almeida Matthes (CRM 19.938)

UberlândiaUAI Morumbi: Amélio Marques Neto (CRM 39.187) UAI Luizote: Marcelo Tavares Machado (CRM 33.903)UAI Planalto: Sandra Márcia de Faria (CRM 31.541)

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TRABALHO MÉDICO - MAIO/JUNHO 2008FORMAÇÃO PROFISSIONAL8

QUALIDADE E OFERTA DA RESIDÊNCIA MÉDICA EM DEBATE NA ALMG

DEBATE

A prática da residência médica no Brasilcompleta 31 anos em 2008, mas a re-gulamentação da especialização médica e oseu reflexo no sistema de saúde brasileiroainda geram polêmica entre os profis-sionais de saúde. Com o objetivo de dis-cutir o assunto, a Comissão de Saúde daAssembléia Legislativa de Minas Geraisrealizou, em abril, um debate público sobrea residência médica no Estado mineiro.

O presidente do Sindicato dos Médicosde Minas Gerais (Sinmed-MG), Cristiano da

Matta Machado, participou da mesa dedebates do encontro, juntamente comHermann Von Tiesenhausen, presidentedo Conselho Regional de Medicina deMinas Gerais; Reginaldo Valácio, pre-sidente da Comissão Estadual de Re-sidência Médica; Francisco José Penna,diretor da Faculdade de Medicina daUFMG e Antônio Joaquim Fernandes,representante do Ministério Público.

Um dos pontos levantados no eventofoi a desigualdade entre o número de for-

RESIDÊNCIA MÉDICA EM NÚMEROS

Escolas de Medicina em Minas Gerais 27Escolas de Medicina no Brasil 175

Privadas 104 59%Federais 44 25%Estaduais 24 13%Municipais 3 1,71%Vagas de Residência Médica em Minas Gerais (categoria R1) 1.032Vagas de Residência Médica no Brasil (categoria R1) 10.777Número de candidatos por vaga em Minas Gerais 2,7

* Fontes: MEC e www.escolasmedicas.com.br

ESCOLAS

O Sinmed-MG está trabalhan-do em busca da qualificação daresidência médica no Estado. Osindicato participa do Plenário daComissão Estadual de ResidênciaMédica (Cerem/MG), órgão nor-mativo e de apoio aos residentesem nível regional, que forneceorientação pedagógica e credenciaos 271 programas de residência deMinas Gerais. Quem representa aentidade na Cerem/MG é Mar-garida Sofal Delgado, do Con-selho Diretor.

mandos em medicina em Minas Gerais e aoferta de vagas de residência. Hoje são emtorno de 2,7 candidatos por vaga. A dis-paridade deve aumentar com o acréscimodo número de formados ao ano. Estima-seque apenas 37% dos futuros formandostenham acesso às vagas.

A ampliação do número de escolasmédicas no país foi criticada por Cristianoda Matta Machado, mas o presidente doSinmed-MG defendeu a criação de novasvagas de residências nas instituições exis-tentes em Minas e no resto do país: "Éimportante ampliar o número das vagas deresidência, mas com o cuidado de garantira qualidade da formação desses médicos".

Outro ponto levantado pelos parti-cipantes durante o debate foi a escassez dealgumas especialidades médicas no mer-cado. Atualmente no Brasil, existem váriasvagas à espera de um candidato quali-ficado. De acordo com Matta Machado, épreciso que a estrutura da residênciamédica esteja ligada às necessidades dopaís. "Se nós temos gargalos de algumasespecialidades que são mais necessárias,precisamos formar mais médicos nessasáreas, mas garantindo que eles tenham

condição de carreira adequada e umsistema público capaz de fixar os pro-fissionais".

Segundo o presidente, para que osistema público consiga preencher todasas vagas em oferta no país, é preciso,ainda, melhorar as condições de trabalho esalariais dos médicos.

Sinmed-MG na Cerem/MG

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FENAM

REGIÃO NORTE

TRABALHO MÉDICO - MAIO/JUNHO 2008SINDICATOS DO BRASIL 9

RORAIMA ALCANÇA GRANDES VITÓRIAS, APESAR DA CARÊNCIA DE RECURSOS

Após alguns anos de descaso das ges-tões anteriores, a nova diretoria do Sin-dicato dos Médicos de Roraima retoma aluta sindical e assume o compromisso dereestruturar a entidade, ampliando suaatuação e representatividade para que osmédicos e, conseqüentemente, a popu-lação sejam beneficiados.

Na presidência da entidade há apenas trêsmeses, Luiz Evandro Sena, lembra que, alémdos gargalos comuns entre os médicosbrasileiros, Roraima possui o agravante de seruma das regiões mais pobres do país, com61% da população vivendo abaixo da linha dapobreza. Diante dessa realidade, a atençãobásica à saúde é bastante precária. Todo oEstado conta com cerca de 480 médicos epossui apenas um hospital geral, umamaternidade, um hospital municipal infantil eas unidades do Programa de Saúde daFamília. "Em muitos casos, precisamos

encaminhar pacientes para outros Estadosporque aqui não temos estrutura nem pro-fissionais", lamenta.

Outro entrave é a falta de recursos para asobrevivência da entidade. Para solucionaresse problema financeiro, o presidente contaque a própria diretoria está "bancando" osindicato nesse processo de reestruturação,inclusive a aquisição de uma sede, pois atual-mente está funcionando "de favor" em umprédio do Conselho Regional de Medicina.

"Nosso sindicato é muito pobre. Nãotemos sede, imóveis, nenhum bem, masestamos superando essas dificuldades pormeio de um trabalho intenso junto aoscolegas e instituições médicas com o ob-jetivo de conseguir novas adesões", declara.Segundo ele, os retornos já estão apa-recendo – o número de filiados saltou de 70para pouco menos de 200. "A idéia é atingir90% dos profissionais", diz.

Médicos do PSF: 33 dias de greve e muitas conquistas

"Com o apoio das entidades médicas esindicatos de várias partes do país, oSinmed Roraima deu o primeiro passopara retomar a luta sindical: a criação doMovimento dos Médicos do Programa deSaúde de Família (PSF) contra as irre-gularidades dos contratos de trabalho e ossalários defasados – sete anos sem reajus-te", declara o presidente.

Depois de um processo de negociaçãodesgastante com a Prefeitura de Boa Vis-ta, o que levou a 33 dias de paralisação, omovimento alcançou importantes vitó-rias para os médicos do PSF. "Con-seguimos o Plano de Carreira, Cargos eSalários, concurso público no prazo deum ano e, de imediato, a realização deprocesso seletivo com contrato de tra-

balho e aumento do salário de R$ 6 milpara R$ 8.200".

Segundo Sena, somente com o pro-cesso seletivo foi possível completar todasas 53 unidades de PSF do município deBoa Vista e ainda ficaram 20 médicos nareserva, o que não acontecia antes; pelocontrário, havia dificuldade de preencheras vagas devido à falta de atrativos.

Satisfeito com as primeiras conquis-tas, Sena ressalta a importância dasensibilização dos profissionais, um dosprincipais focos do trabalho dessa gestão."Sem a união da categoria, a entidade nãotem forças", diz o presidente, destacandoque o movimento do PSF conseguiu en-volver 80% dos médicos do município. "Aexpectativa é de que esse número cresçacada vez mais, já que a categoria estávendo as respostas positivas desse en-gajamento", completa.

O Sindicato dos Médicos de Roraima passa por uma fase de grandes e importantes mudanças, graças à atuação marcante da nova diretoria,empossada há apenas dois meses. Conheça um pouco da realidade dos colegas do Norte do Brasil, em uma das regiões mais pobres do país

CONGRESSO EM CANELA (RS) ELEGE A NOVA DIRETORIA DA FEDERAÇÃO

A Federação Nacional dos Médicos(Fenam) realizou o seu IX Congresso Mé-dico, nos dias 25 a 28 de junho, emCanela, no Rio Grande do Sul. Este ano, oevento teve como tema central "Re-muneração e trabalho médico".

Um dos pontos altos do congressofoi a eleição da diretoria da Fenam –Gestão 2008-2010, realizada no últimodia. A Federação passa a ser presididapor Paulo de Argollo Mendes, que, deacordo com o estatuto da entidade, éoriundo da Federação Sul-Brasileira(abrange os Estados de Santa Catarina,Paraná e Rio Grande do Sul).

Participaram do evento como dele-gados os seguintes membros do sindicato:Cristiano da Matta Machado, presidente, e

o ouvidor Márcio Bichara, representandoa Fenam; e os diretores Jacó Lampert eAmélia Pessôa, representando a Fe-deração Sudeste dos Médicos (Fesu-med). Já o Sinmed-MG foi representadopelos diretores Marco Antônio Torres,Maria Madalena dos Santos e Souza,Paulo Marra, Djard Lisboa, GeraldoRibeiro e Regina Eto.

Como membro da diretoria da Fe-nam, Márcio Bichara afirma que essaedição do congresso foi marcada pordiscussões importantes sobre análise deconjuntura e movimento médico; vín-culos de trabalho no setor público; tra-balho e ética médica; e organização sin-dical. Os participantes também votaramem modificações no estatuto da Fede-

A cerimônia de abertura do IXCongresso Médico da Fenam, dia 25de junho, em Canela, contou com apresença de representantes da cate-goria médica de todas as regiões doBrasil e de autoridades, como o de-putado federal Rafael Guerra, presi-dente da Frente Parlamentar da Saú-de; o diretor da Agência Nacional deSaúde Suplementar (ANS), LeôncioFeitosa; e o secretário de Saúde deNiterói (RJ), Luiz Roberto Tenório.

O congresso trouxe importantesdiscussões sobre a proposta dePCCS, elaborada pela Fenam, Asso-ciação Médica Brasileira (AMB), peloConselho Federal de Medicina (CFM)e cinco sindicatos, com a orientaçãode técnicos da Fundação GetúlioVargas. O tema foi apresentado pelosecretário de Relações Trabalhistasda Fenam, Waldir Cardoso. Tambémforam debatidos o modelo de gestão

da saúde, as alternativas de finan-ciamento do Sistema Único de Saúde(SUS) e os vínculos do trabalho nosetor público.

Além disso, aconteceram confe-rências sobre controle social e mer-cado de saúde suplementar e valo-rização do trabalho médico, com ospalestrantes: André Pereira Neto, daFundação Instituto Oswaldo Cruz –Fiocruz; Maria Helena Lemos daSilva, do Conselho Estadual de Saú-de do Rio Grande do Sul; e o diretorde Desenvolvimento Setorial da Agên-cia Nacional de Saúde Suplementar(ANS), Leôncio Feitosa.

Durante o congresso foi lan-çado o livro da história dos 35anos da Fenam. São 126 páginasque relatam os principais fatos domovimento médico nacional, des-de que a Federação foi fundada,em maio de 1973.

Encontro é prestigiado por autoridades nacionais

Viviane Dreher

Secretário Municipal de Saúde de Niterói, Luiz Roberto Tenório, foi um dos palestrantes

ração que irão torná-la mais democrática."A Fenam conta agora com novas

secretarias e diretorias, criadas para aten-der melhor a crescente demanda de outras

áreas de atuação da entidade, cada vezmais expressivas, como a de Saúde Su-plementar, Condição Feminina e Edu-cação Permanente", destaca Bichara.

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EVENTO EM BELO HORIZONTE VAI DEBATER A ASSISTÊNCIA OBSTÉTRICA E PERINATAL NO BRASIL

TRABALHO MÉDICO - MAIO/JUNHO 2008AGENDA10

MORTALIDADE MATERNA E NEONATAL

Simpósio das Unimeds de Minas Gerais em São João del-Rei

As elevadas ta-xas de mortalidadematerna e infantil eo alto índice de ce-sarianas têm preo-cupado os especia-listas do setor. Paradiscutir o modelo

obstétrico e perinatal oferecido no Brasil ena capital mineira, a Comissão Perinatalda Secretaria Municipal de Saúde deBelo Horizonte realiza entre os dias 20 a22 de agosto, na Associação Médica deMinas Gerais (AMMG), o evento "Para-doxo perinatal brasileiro: mudando pa-radigmas para a redução da mortalidadematerna e neonatal".

O encontro tem o apoio do Minis-tério da Saúde e das entidades par-ceiras do movimento BH pelo PartoNormal, entre elas o Sinmed-MG, e iráreunir especialistas nacionais e inter-nacionais com o objetivo de promo-

ver a troca de experiências e co-nhecimento entre os profissionais desaúde, gestores e pesquisadores daárea de saúde perinatal e materna.

Segundo Miriam Rego de CastroLeão, enfermeira-obstetra da ComissãoPerinatal da Secretaria Municipal deSaúde e também da comissão organi-zadora do evento, entre as principaisquestões que serão trabalhadas na pro-gramação estão a redução da morte ma-terna e infantil e o incentivo à assistênciahumanizada, baseada em evidência cien-tífica, na gravidez, parto e nascimento.

Programação

O encontro vai promover cinco ofi-cinas de trabalho e uma série de con-ferências que irão discutir os principaisdesafios do setor. As oficinas devemreunir em torno de 60 participantescada, e terão como objetivo produzir

um relatório sobre cada tema traba-lhado, com recomendações para aspolíticas públicas brasileiras.

De acordo com a programação pre-liminar do evento, os temas das oficinassão: "Aumento da prematuridade nopaís: melhoria de acesso à tecnologia ouprematuridade evitável?"; "Evitabilidadede óbitos infantis e perinatais"; "Expe-riências de redução da mortalidade ma-terna"; "Práticas baseadas em evidên-cias científicas no parto e nascimento:experiências no setor público e privado"e "Práticas baseadas em evidênciascientíficas no parto e nascimento: opapel da mídia".

Na parte da programação dedicadaàs conferências, estão previstas apalestra "Parto e nascimento no mun-do contemporâneo", ministrada pelodr. Michel Odent, de Londres; e asmesas-redondas "Modelos assisten-ciais no parto e nascimento", coor-

denada pela profª. Robbie DavisFloyd, da Universidade do Texas(EUA) e "Evidências e experiênciassobre a questão da cesariana", quereunirá diversos especialistas brasi-leiros, entre outras atividades.

O evento também terá um espaçodedicado a uma exposição de foto-grafias desenvolvida pelo dr. PauloBatistuta, para a Semana Mundial peloRespeito ao Nascimento, que apre-senta imagens do contato imediato damãe e o bebê.

De acordo com a comissão or-ganizadora do evento, todas as ofi-cinas terão reserva de vagas paramembros da Comissão Perinatal, dasentidades parceiras do movimento BHpelo Parto Normal e representantesdas maternidades e da rede municipalde saúde de Belo Horizonte. Maisinformações pelo site www.pbh.gov.br/smsa/bhpelopartonormal.

A 21ª edição do Simpósio das Uni-meds do Estado de Minas Gerais(SUEMG) foi realizada entre os dias 18e 20 de junho, em São João del-Rei. Oevento contou com várias palestras edebates sobre o tema "Desenvolver asaúde através do cooperativismo, sus-tentabilidade e valor à vida".

Realizado anualmente, o SUEMG temcomo objetivo promover a reciclagemde conhecimento, a integração e a troca deexperiências entre os dirigentes e técnicos doSistema Unimed mineiro. Participaram doevento, pelo Sinmed-MG, os diretores Cris-tiano da Matta Machado, Amélia Pessôa, JacóLampert,Eduardo Filgueiras e Geraldo Ribeiro.

Mesa de abertura do evento, que busca integração e troca de experiências

UNIMED

Minas proíbe o exercício da optometria no Estado

OPTOMETRIA

A Secretaria de Estado de Saúdede Minas Gerais tomou uma impor-tante medida para valorizar e res-guardar a atuação dos oftalmolo-gistas no Estado. Baseada nos ter-mos do Art.38 do Decreto Nº20.931/32, a Secretaria suspendeu, apartir de 26 de março, a emissão denovos Alvarás Sanitários para opto-metristas e declarou nula a validadedos que foram eventualmente emitidos.

Com essa medida, foi proibido noEstado o licenciamento de consul-tórios de optometria, o aviamento dereceitas de óculos e a adaptação delentes de contato por esses técnicos,assim como a presença de equipa-mentos oftalmológicos para exameocular em óticas.

A optometria é o exame de re-fração, isto é, determina o grau doolho. Só pode ser realizado pelomédico oftalmologista, pois ela éapenas uma etapa do exame com-pleto. "O exame ocular vai muitoalém de uma consulta para óculos,

pois permite o diagnóstico de nu-merosas doenças que comprome-tem outros setores do nosso cor-po", esclarece o oftalmologista Ju-les Ayoub, ex-membro do Con-selho Fiscal do Sinmed-MG ecoordenador de Oftalmologia So-cial da SES-MG.

O Conselho Federal de Medi-cina (CFM) afirmou que os téc-nicos ópticos devem apenas fazera manipulação ou fabricação delentes de grau, de acordo com pres-crição médica.

Ayoub ressalta que a medida foinecessária, uma vez que exames ediagnósticos vinham sendo feitospor técnicos, geralmente em óticasou em consultórios que funcionamem parceria com as lojas. "Através depromoções que garantem óculos abaixo custo, esses profissionais sãomuito conhecidos e procurados,principalmente pela população maiscarente e que possui menos in-formação", afirmou Ayoub.

Juninho Viegas/Paulo Filho Fotografia

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CARTA DO LEITOR

Nesses quatro anos à frente dadiretoria do Sindicato dos Médi-cosde MG, muitas têm sido as vitóriasalcançadas. As vivências positivassão essenciais para man-ter viva aesperança e a capacidade de luta.Entretanto, quero relatar e analisaralgumas experiências im-portantes,que trazem vivências ne-gativas e

que revelam perigo e ameaça para a democracia.Recentemente, numa campanha salarial e por me-

lhores condições de trabalho em cidade da região me-tropolitana de Belo Horizonte, a categoria decidiu, apósvárias tentativas infrutíferas de negociar, realizar pa-ralisações de advertência, visando demonstrar à Pre-feitura o grau de mobilização da categoria e tentar, assim,provocar uma negociação com a administração.

A Prefeitura foi para a imprensa dizer que não negociacom categoria em greve e, após alguns dias, obteve de-cisão provisória de autoridade judiciária da comarcadecretando a ilegalidade da greve. Tal decisão, que não sebaseou em questões formais ou falhas na comunicaçãodo movimento às autoridades, foi claramente política.

Supostamente baseada no princípio do direito à vida,condena o movimento que, na luta por melhores condiçõesde trabalho e, em última análise, pelas condições de aten-dimento à população, garantiu o atendimento a urgências eemergências, em clara manifestação em defesa da vida.

Em outra ocasião, estivemos em audiência com umprefeito do interior de Minas que não pagava os saláriosdos médicos há meses e descumpria seguidamente acor-dos para colocar os vencimentos em dia. Após expor asituação ao prefeito, este afirmou em tom irritado e hostilque ninguém comparecera ao seu gabinete para reivin-dicar o salário do prefeito, que também, segundo ele, es-tava atrasado, que não existe sindicato de prefeitos, queele devia, não negava e não sabia quando pagaria.

A empáfia e falta de vergonha nesse caso só pode serexplicada por gerações de mando e poder, sem con-testação. É conhecido o caso dessa cidade, onde duasfamílias se alternam no poder há quase duzentos anos,numa clara demonstração da fragilidade de nossa demo-cracia. A mobilização dos médicos acabou forçando oprefeito a colocar os salários em dia.

É freqüente tomarmos conhecimento de medidas ju-diciais obrigando médicos a trabalhar sem remuneração,em regime de plantão 24 horas em 365 dias do ano, res-taurando no Brasil o regime escravocrata.

Ao reivindicar condições mínimas de trabalho, ou seja,consultório com aeração, pia para lavar as mãos e pri-vacidade para atendimento, os médicos de determinadaunidade pública de serviços periciais estão sendo subme-tidos a processo administrativo de cunho claramente reta-liatório, inclusive com avaliações individuais com textosidênticos, num claro desrespeito ao direito de defesa.

Por todo o Estado, promotores muitas vezes se arvoramem legisladores e determinam a gestores e funcionários pú-blicos medidas inviáveis ou de legalidade, no mínimo, ques-tionável. Secretários de Saúde, em não raras oportunidades, sãoobrigados a fornecer medicamentos importados sem registrona Anvisa. Isso significa que para cumprir a ordem judicial osecretário precisará cometer o crime de contrabando.

As medidas provisórias continuam sendo usadas paralegislar sobre qualquer assunto, mesmo sem relevância, tran-cando a pauta do Congresso Nacional e transferindo para opoder executivo a tarefa de legislar, transformando o Con-gresso num balcão de negócios onde são trocadas emendasparlamentares ao orçamento da União por votos no plenário.

Ao se comemorar os 20 anos da chamada ConstituiçãoCidadã, é fundamental que toda a sociedade se debruce so-bre os muitos exemplos de autoritarismo e abuso que ain-da temos nesse país. Vastas regiões das grandes cidadesestão entregues a grupos armados, numa clara demons-tração de barbárie, onde o Estado não se faz presente.

A sociedade deve se mobilizar para garantir a de-mocracia e o Estado Democrático de Direito, cons-tantemente ameaçados. Temos que garantir, pelo voto,que nossos representantes sejam cidadãos compro-metidos com a manutenção da liberdade e da demo-cracia. O Judiciário e o Ministério Público devem tomardecisões baseadas na realidade, sem usurpar as tarefasespecíficas de cada um dos poderes da República.

Por fim, quero citar dois exemplos de que nosso Judiciáriotem capacidade de tomar decisões que garantam um Estadodemocrático e laico, demonstrando que, com muita luta epersistência, ainda podemos ter esperança. O primeiro é ofato de que a decisão da 1º instância que decretou li-minarmente a ilegalidade do movimento dos médicos foisuspensa pelo Tribunal de Justiça, até julgamento final demérito. O segundo foi a decisão do Supremo TribunalFederal que libera as pesquisas com células-troncoembrionárias, salvando o Brasil do atraso fundamentalistae garantindo o laicismo do Estado brasileiro.

Cristiano da Matta Machado,

presidente do Sinmed-MG

TRABALHO MÉDICO - MAIO/JUNHO 2008ESPAÇO OPINIÃO

ARTIGO: AUTORITARISMO PERSISTENTE

11

Aos valorosos companheiros do Sinmed-MG

Ficamos orgulhosos de confirmar que o movimentomédico vem ganhando espaços e alcançando vitóriasrelevantes, o que já é sem tempo. Afinal, cingidos pelaspéssimas condições laborais, salários aviltantes, in-sensibilidade de gestores públicos e privados, estamospremidos por necessidades imperiosas de sobre-vivência, esbarrando sempre na indiferença daquelesque se dizem argutos e paladinos da saúde pública eprivada no Brasil.

Deparar com argumentos de que reivindicaçõespertinentes de adequadas condições de trabalho e sa-lários justos têm impedimentos na Lei de Res-ponsabilidade Fiscal, por exemplo, nada mais re-presenta senão o efetivo afastamento dessas auto-ridades para com a saúde do povo brasileiro.

Ao verificarmos, com grande êxito, a intervençãoda Justiça Mineira em reconhecer e consagrarverdadeira legitimidade de movimentos justos, nadamais nos resta do que exteriorizar efusivos cum-primentos aos colegas de Minas Gerais, em especial,aqueles afeitos à Prefeitura Municipal de Contagem e,sem questionamentos, à brilhante condução por partedo Sindicato dos Médicos de Minas Gerais e suabatalhadora diretoria, com referência à prontaintervenção do seu departamento jurídico. Vitóriasdesse nível engrandecem o sindicalismo. Parabéns.

Em nome do Simesp, sua diretoria, corpo funcional eem meu nome pessoal, externo nossa grande satisfação.

Cid Carvalhaes, presidente do Sindicato

dos Médicos de São Paulo - Simesp

Agradecimento à CEDM

Gostaria de registrar o meu agradecimento aoSindicato dos Médicos de Minas Gerais, por meio dapessoa do dr. José Alvarenga Caldeira, e à Comissão deDefesa do Médico, pela assistência e eficiência com a qualfoi tratado o meu caso. Meu sincero obrigado por toda aajuda que recebi se estende, ainda, à Associação Médicade Minas Gerais e ao advogado Auro Valadares.

Sérgio Luiz Ivar do Sul, médico

ginecologista-obstetra - Contagem

Revista Médica tem editorial do Sinmed-MG

O presidente do Sindicato dos Médicos de Minas Ge-rais, Cristiano da Matta Machado, assinou o editorial da se-gunda edição da nova “Revista Médica de Minas Gerais”(RMMG edição 17/3-4).

Depois de descrever alguns dos problemas relacionadosao trabalho médico, Cristiano diz que a parceria do sin-dicato com a Revista Médica contribui não só para a ediçãoda produção do conhecimento em todas as esferas, mastambém para colocar na agenda científica temas ligados aotrabalho e que carecem de fundamentação e profundidade

para enfrentar os grandes desafios que se apresentam.Uma das publicações científicas da área mais antigas do

Estado, a RMMG ganhou "cara nova" desde dezembro do anopassado, com mudanças nos projetos gráfico e editorial.

A "Revista Médica de Minas Gerais" também passoupor uma reformulação do seu modelo de gestão, im-prescindível para o êxito do projeto. O Sindicato dos Mé-dicos integra o novo Conselho Gestor, juntamente comoutras nove organizações do setor de saúde do Estado:Associação Médica de Minas Gerais, Conselho Regional deMedicina de Minas Gerais, Cooperativa Editora e deCultura Médica, Faculdade de Ciências Médicas de MinasGerais, Faculdade de Medicina da UFMG, FederaçãoNacional das Cooperativas Médicas, Secretaria Estadual deSaúde, Secretaria Municipal de Saúde e Unimed-BH.

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TRABALHO MÉDICO MAIO/JUNHO 2008

ENDEREÇO PARA DEVOLUÇÃO: Sindicato dos Médicos de Minas Gerais – Sinmed-MG

Rua Padre Rolim, 120 - São Lucas

CEP: 30130 090 - BH - MG

RETRATO DA PROFISSÃO12

nando o médico a se atualizar constan-temente e ele nem sempre consegue. Achoque essas são as principais causas.

Organização da categoria médica

Acho que a organização da categoriamédica no interior é mais precáriaporque as necessidades de se agir emconjunto são menores. Quanto menor acidade, mais difícil é de se agregar oscolegas. A visão do médico do interior

sobre um sindicato não é muito clara.Ele não acredita que uma instituição queestá há muitos quilômetros de distânciapossa ajudá-lo de alguma maneira.

Atualização da profissão

A internet trouxe muita facilidade parao médico do interior, mas, sem dúvida, omédico da capital tem muito maisoportunidade de se reciclar e de trocarexperiências com os colegas.

Pressão política

Acredito que as pressões políticas paracom o médico do interior sejam mais diretase possam influenciar os profissionais a acei-tarem condições inadequadas de trabalho,embora isso não ocorra com freqüência emPoços de Caldas devido ao respaldo que omédico tem de suas instituições represen-tativas (AMPC, Seccional do CRM, Sec-cional da Comissão Estadual de Defesa doMédico e representante do sindicato).

Saúde pública e privada

Em Poços de Caldas temos que dividir asaúde em duas categorias: a pública (70% dapopulação) e a privada (30% da população),com as cooperativas e medicina de grupo. Nasaúde pública, embora deixe muito a desejar,podemos dizer que não há calamidades comofalta de leitos, falta de atendimentos deemergência, pessoas deitadas em corredoresetc. Um problema que vejo com os médicosdo PSF é o fato de não serem registradospela Secretaria de Saúde. Como conquista,vejo a prevalência das instituições de defesade classe, que os defendem de abusos doshospitais e do poder público. Na saúde pri-vada, a cidade oferece a maioria dos trata-mentos da capital, com algumas exceçõesnas áreas de cirurgia cardíaca, transplantes etc.

Condições de trabalho

No interior a vida é menos complicada,não temos o trânsito e as longas distânciasdas cidades maiores. A remuneração médicavem decaindo a cada ano, o que obriga amaioria dos profissionais, mesmo no in-terior, a ter mais de um emprego ou trabalhopara levar uma vida digna. No geral, achoque os médicos do interior trabalham menosdo que os das capitais. Por outro lado,existem muitas situações semelhantes entreos profissionais da capital e do interior:trabalhar pelo SUS é muito difícil devido àbaixíssima remuneração dos procedimentose das consultas, o salário da prefeitura deixamuito a desejar, os convênios exigem muitotrabalho e têm uma remuneração baixa e ocliente particular praticamente desapare-ceu. Pelo exposto, a carreira médica não éuma boa opção financeira, atualmente.

"MOTIVAÇÃO FILOSÓFICA NA ESCOLHA DA PROFISSÃO"DR JOÃO GUILHERME FRANCO

Sobre a profissão

A minha opção por ser médico foi bemfilosófica. Vejo na medicina uma maneirade poder ajudar o próximo e contribuirpara um mundo melhor, deixando algo debom nesses exíguos anos que por aquipassamos. Tenho paixão pelo que faço eexerço a profissão com muita vontade atéhoje, embora a idade já me limite umpouco, principalmente em obstetrícia,devido aos partos de madrugada.

A carreira

Estou em Poços de Caldas há 26 anose não posso reclamar de minha ascensãoprofissional, social e pessoal. Ligado àárea médica fui secretário de Saúde epresidente da Associação Médica localpor dois mandatos.

Relação médico-paciente no interior

A relação médico-paciente está mudandomuito. Inicialmente, quando não existia ointermediário (SUS, convênios, cooperati-vas), ela era de mais confiança e respeito.A relação ficou mais desgastada, imparcial,distante. Hoje, é comum o paciente nãosaber o nome do médico que lhe operou.Acho que essa impessoalidade é maior nascapitais, mas, infelizmente, a situação estámudando também no interior, onde, nor-malmente, o médico é mais respeitado,tem um tratamento mais cordial e umreconhecimento maior pela população.Os consultórios tradicionais estão sendosubstituídos por pronto-atendimentos,onde o paciente quer uma resoluçãoimediata de seu problema.

O porquê da mudança

São vários os motivos: falta de tempodo médico, que possui vários empregospara sua sobrevivência, excesso de pro-fissionais que se formam a cada ano,geralmente despreparados, que aceitamqualquer emprego, gerando má remu-neração. Presença dos convênios médicosque se interpuseram entre o médico e opaciente. Aumento do conhecimento dapopulação sobre as doenças, princi-palmente por meio da internet, pressio-

Dr. João Guilherme Franco fala da sua escolha e do dia-a-dia da profissão em Poços de Caldas, interior de Minas. Aos 55 anos de idade e médico obstetrahá 31 anos, nosso entrevistado trabalha em consultório próprio, na Secretaria Municipal de Saúde e no Pronto Atendimento do Hospital Unimed

João Guilherme em frente a um dos locais de trabalho

População: cerca de 150.000 habitantesNúmero de profissionais: cerca de 400 médicos Referência regional: Hospital da Santa Casa Hospitais menores, que atendem os convênios: Hospital da Unimed,Hospital Pedro Sanches e Hospital Santa Lúcia. Há, ainda, mais dois hospitaisda Secretaria de Saúde que atendem internações clínicas.

MEDICINA EM POÇOS DE CALDAS

Arquivo pessoal