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Ano 3 | Número 8 | Abril de 2017 DE ALUNO PARA ALUNO A informação que você não esperava! Conheça a trajetória de Nátalia Coutinho, aluna da FEA que cursa disciplinas optativas no Insper. ARTIGO Da Casa Azul ao Palácio do Planalto - O que há em comum entre Dilma e Park? Entenda o impeachment da ex-presidente sul-coreana em um comparativo à política brasileira. ENTIDADES Entender perspectivas econômicas é essencial para qualquer profissional. Para tanto, a Insper Júnior perfaz a trajetória do pensamento de importantes economistas brasileiros. Conheça a rotina de funcionários e alunos portadores de deficiência na instituição. Inclusão e Diversidade no Insper

Inclusão e Diversidade no Insper · na vida de vestibulandos de baixa renda 14 Capa ... O debate atual é, portan-to, ... Grupo Econômico do Plano Real

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Ano 3 | Número 8 | Abril de 2017

DE ALUNO PARA ALUNO A informação que você não esperava! Conheça a trajetória de Nátalia Coutinho, aluna da FEA que cursa disciplinas optativas no Insper.

ARTIGO Da Casa Azul ao Palácio do Planalto - O que há em comum entre Dilma e Park? Entenda o impeachment da ex-presidente sul-coreana em um comparativo à política brasileira.

ENTIDADES Entender perspectivas econômicas é essencial para qualquer profi ssional. Para tanto, a Insper Júnior perfaz a trajetória do pensamento de importantes economistas brasileiros.

Conheça a rotina de funcionários e alunos portadores de deficiência na instituição.

Inclusãoe Diversidade no Insper

2 | Abril 2017

ÍND

ICE

EQUIPEJoão Vitor SantosPresidente

Camila de Camargo BarsceviciusDiretora de Marketing

Deborah KangDiretora de Redação

Gabriela MarcottiDiretora Financeira

Fernanda CarvalhoDiretora de Inovação

Sarah VendrameDiretora de Revisão

Ana HenriquesColaboradora

Bruna KimuraColaboradora

Carolina BortolussiColaboradora

Clara MarinsColaboradora

Eduarda BuenoColaboradora

Felipe ScandiuzziColaborador

Flávia MoisesColaboradora

Hugo DaherColaborador

Luciana NavarroColaboradora

Marcela De GobbiColaboradora

Maria Clara LuquesColaboradora

Vitória KakiharaColaboradora

PDesign ComunicaçãoDireção de Arte e Editoração Eletrônica

A revista Insper Post é uma publicação dos alunos do Insper.

Ano 3 | Número 8 | Abril de 2017

4 EntidadesSaiba mais sobre momentos econômicos importantes para o Brasil.

10 EntidadesSaiba mais sobre o suporte e a importância do Cursinho Insper na vida de vestibulandos de baixa renda

14CapaConheça o Núcleo de Acessibilidade do Insper e todos os projetos voltados à inclusão de pessoas portadoras de defi ciência na faculdade.

6 EntidadesInFinance apresenta uma análise do processo de desbancarização

11 De Aluno para AlunoNatália Coutinho, aluna da FEA USP, apresenta Informações sobre intercâmbio entre as duas universidades.

7 EntidadesNovos projetos e gestão. Participe da história da Enactus no Insper.

8EntidadesMacroeconomia Internacional – os efeitos da queda da taxa de juros.

EngenhariaProjetos e inovações em seus dois anos dos cursos de engenharia no Insper.12

AlumniDe assistente de pesquisa a campeão nacional do CFA Research Challenge, entenda como a indecisão fez Pedro Carvalho se encontrar profi ssionalmente.19ArtigoPor uma análise comparativa entre Brasil e Coréia do Sul, entenda o processo de impeachment na Coréia. 20

Quem FazBateu a vontade de tomar açaí? Vem conhecer a história do Zé da Casa do Pão de Queijo.24

ArtigoEntenda o que fomenta uma das maiores discussões políticas da Era Trump.22

18 InternationalDescubra como um norte-americano se sente no Brasil.

Insper AconteceUm importante meio de transporte não poluente, sustentável e saudável. Conheça o movimento Pedala Insper26Cruzadinha27

3 | Abril 2017

Por vezes procuramos aquele gás para animar nossos projetos e estudos, entretanto, mais efi -caz que a cafeína é o propósito. Ter um objetivo e ver sua construção tende a nos estimular a ir além, e foi esse propelente que encontrei no Insper Post.

Calma. Eu sei que as coisas nem sempre são claras, por vezes não sabemos ao certo o que queremos e, não raro, é no caminho da vida que vamos nos encontrando. Olha lá na seção Alumni e foca no conselho!

Na verdade, me refi ro a todo o desenvolvimento pessoal e profi ssional, o orgulho ao ver a sinergia da família que construímos e o trabalho incrível realizado por cada colaborador na edifi cação da revista. De Jornal Opinião a Insper Post, construímos uma história e fi zemos da marca algo presente na vida de nossos leitores.

Sair da zona de conforto vai muito além de um clichê motivacional. Mudanças vêm com mo-vimento e pequenos atos geram sim grandes efeitos. Ser você a mudança no mundo é muito importante, seja através do empreendedorismo social, gerindo uma franquia da Casa do Pão de Queijo, realizando análises econômicas ou trocando experiências de vida.

Todos temos habilidades e conhecimentos distintos. Inclusão é respeito, e viver em sociedade requer tolerância. É com esses ideais que nos solidifi camos como entidade de comunicação, incentivando sempre o diálogo.

Uns gostam de conhecer os projetos das organizações estudantis, outros, novidades institu-cionais e tem aqueles apaixonados pela cruzadinha - a gente sabe que você olhou a cruza-dinha antes! Mas, agora, do Brasil à Coréia do Sul, te convidamos a mergulhar no trabalho impecável de nossos redatores.

Assim, entender que cada conteúdo presente na revista contém, além do corpo de texto, o es-boço da comunidade Insper. Um retrato delineado pelo tempo e dedicação ao tema da inclu-são e diversidade; pela motivação e engajamento nas organizações estudantis; pela vontade de fazer a diferença na vida do outro. Para, mesmo que de forma singela, fazer parte daquilo que chamamos de legado.

EDIT

OR

IAL O sentido por trás

dos textos

João Vitor Santos,Presidente do Insper Post.

Propósito: aquilo que se busca alcançar; fi nalidade, intuito.

4 | Abril 2017

Em “Do Larida ao Real: um compilado histórico da luta contra hiperinfl ação”, a tese é de que não havia, durante a dé-cada de 80, conhecimento econômico

sufi ciente para evitar os diversos planos frustra-dos de estabilização econômica, e daí a curva de aprendizado entre a proposta “Larida” e o Plano Real, apesar de parecer frustrante, foi de-terminante para o resultado fi nal. (Leia mais em www.insperjr.com.br)

No entanto, hoje, entende-se que o conheci-mento é mais sólido. Por isso, da mesma forma que torna-se mais fácil identifi car os problemas das tentativas de correção da infl ação anterio-res ao Real, parece mais fácil descrever uma agenda de medidas que seriam efi cientes para solucionar a crise brasileira atual.

A crise econômica se manifesta com queda de produto, grande desemprego e crise fi s-cal. O rombo nas contas públicas registrado em 2015 foi considerado o pior da história do Brasil. O governo foi obrigado a contabili-zar o pagamento das “pedaladas fi scais”, mas mesmo assim se isentou dos motivos pelos quais houve deterioração das contas públi-cas. Mesmo com a aprovação de uma emen-da constitucional que congela os gastos pú-blicos pelos próximos 20 anos - corrigindo--os apenas pela infl ação - e que dá início a

um período de austeridade econômica e or-todoxia, a perspectiva para 2017 é de défi cit primário, com uma meta estipulada foi de dé-fi cit de 139 bilhões de reais.

Numa entrevista ao programa “Roda Viva” em março de 2016, Marcos Lisboa elucidou que a

Entidades

Um paralelo histórico

4

Por Renata Serson, consultora do Núcleo Econômico da 32ª gestão da Insper Junior.

Grupo Econômico do Plano Real. Da esquerda para direita: Pérsio Arida, Edmar Bacha, Gustavo Franco, Pedro Malan e Andre Lara Resende

5 | Abril 2017

Um paralelo histórico

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economia brasileira enfrenta problemas estru-turais graves e que estamos pagando o preço do constante adiamento do confronto de algu-mas questões centrais. Num cenário econômi-co que pouco mudou desde então, cita a insol-vência de diversos governos estaduais e pro-blemas de funcionalismo crônicos. Temos um governo pródigo na concessão disseminada de benefícios para pequenos grupos organiza-dos, e isso é feito por meio da limitação da con-corrência e por regras desiguais para agentes iguais. Taxas de juros subsidiadas e concessões especiais para alguns fazem com que empresas - que podem não se envolver com a inovação e destruição criativa - sejam protegidas e, en-tão, não necessariamente as forças de merca-do têm como atuar. Nesse contexto, podemos denotar o Brasil como o “país da meia entrada”, em que uns se benefi ciam às custas de outros.

Também estamos num país cujo governo diz proteger o trabalhador e o faz por meio de re-gras trabalhistas generosas. A constante justi-fi cativa da fraqueza da parte trabalhadora, os altos custos de contratação e manutenção de mão de obra e até mesmo a regra de salário mínimo podem ser considerados fatores que geram inefi ciências para o mercado de traba-lho. Devido às regras estabelecidas em 1988, o

custo de manter um trabalhador é muito caro, o que caracteriza o “Custo Brasil”.

Os colapsos de infraestrutura e de logística são grandes desafi os brasileiros para gerar aumento de produtividade, e atacar tais pon-tos seria, então, um dos primeiros passos da agenda de reformas necessárias. Medidas emergenciais, segundo Lisboa, seriam a refor-ma da previdência com convergência para re-gras observadas no resto do mundo, a abertu-ra do país, adoção de políticas sociais de ver-dade e com foco nos mais pobres, o ataque aos privilégios de forma a tratar os setores e agentes da economia como iguais e, por fi m, tornar mais simples o sistema tributário, cuja complexidade atual contribui para a provisão de regimes desiguais.

Há um consenso entre economistas sobre questões centrais da economia, o que não ha-via na década de 80. O debate atual é, portan-to, político. O governo e o legislativo são res-ponsáveis por conduzir reformas que econo-mistas, há anos, dizem ser necessárias. Porém, realizá-las passaria pela revisão de privilégios e, por isso, há grande interesse no entrave da implementação de regras importantes.

“Não é por falta de ideias, teorias e modelos que a nossa economia deixa de seguir um ca-minho de prosperidade. Sabemos que, na im-plementação de políticas, a ciência econômi-ca – talvez infelizmente – tenha papel limitado. Muitas boas ideias não vão adiante por outros interesses políticos, prioridades outras, etc. Neste momento, a nós economistas não resta muito senão ‘lavar as mãos’”, opina a professo-ra Luciana Yeung.

Este visível paradoxo histórico atrapalha nos-so desenvolvimento. Em uma época em que não tínhamos os conhecimentos atuais e as medidas econômicas eram tomadas real-mente “às cegas” frente ao problema infl a-cionário, ousou-se a tentativa de mudanças, mesmo que fosse por situação extraordiná-ria, como a hiperinfl ação. Hoje, quando te-mos tudo para acreditar que, teoricamente, a “agenda republicana” seria efi ciente para superar os índices econômicos precários, há grande incerteza sobre a capacidade de mu-dança por parte dos formuladores de política e por toda sociedade.

Grupo Econômico do Plano Real. Da esquerda para direita: Pérsio Arida, Edmar Bacha, Gustavo Franco, Pedro Malan e Andre Lara Resende

6 | Abril 2017

Desbancarização

Desbancarização é o processo no qual a população tira seu dinheiro dos bancos e passa a investi-lo de

forma mais profi ssional, por meio de corretoras, assets ou casas de investi-mento, por exemplo. Com essa mudança, obtém-se assessoria de pessoas que tem o know-how ne-cessário, para que se te-nha acesso a mais formas de investimento e a uma maior rentabilidade. Esse movimento já ocorreu nos Estados Unidos, onde a população tem 80% de sua riqueza fora dos ban-cos, na Europa e, agora, no Brasil, prometen-do um grande movimento nos próximos anos.

O grande negócio de um banco é obter di-nheiro a juros baixos e investi-lo a juros altos. Um dos investimentos mais comuns por meio do qual os bancos arrecadam fundos é a ca-derneta de poupança, a qual paga cerca da 6% ao ano. Com o dinheiro obtido através da poupança, os bancos fazem uma série de in-vestimentos, ganhando o spread. Um exem-plo de rentabilização desses é o empréstimo por meio do cheque especial, no qual che-gam a cobrar 181% de juros ao ano.

Apesar de um empréstimo por meio de che-que especial ou qualquer tipo de rendimen-

to de 181% ao ano serem de difícil acesso para pessoas físicas, analisar esses números

evidencia um ganho po-tencial que indivíduos poderiam ter ao retirar sua riqueza dos bancos. Um demonstrativo disso são os tremendos lucros que os bancos vêm ten-do, mesmo em períodos de crise.

Uma empresa que tem liderado esse movimen-to e tentado deixar claro para a população o ga-nho que pode ser obtido ao profi ssionalizar suas aplicações é a XP Inves-

timentos. Eles oferecem atendimento per-sonalizado aos seus clientes e apresentaram um recorde de crescimento no ano de 2015, o que evidencia a tendência da desbancari-zação no Brasil.

Esse processo pode ser lento, mas desde o início dos anos 2000, com o aumento da ri-queza da população e pessoas ascendendo de classe, observou-se um aumento signifi ca-tivo no número de investidores. Com um au-mento da quantidade de serviços disponíveis e um maior esclarecimento da população, a retirada do dinheiro dos bancos e uma me-lhora na qualidade de investimento do bra-sileiro tende a ser observada nos próximos anos.

Entidades

Por Gabriel Lopes Ferreira, aluno do 5º semestre de Economia e membro do núcleo de Private Equity do InFinance.

7 | Abril 2017

O poder

Socialdo Empreendedorismo

A Enactus está voltando ao Insper e com ela uma questão: “qual é o im-pacto que você quer ter no mundo? ”

No Insper, a Enactus nasceu em 2013 e, devido à enorme dedicação e comprometi-mento de seus integrantes, conseguiu realizar diversos projetos. Um deles com reconheci-mento internacional: a Renovatio. Hoje, devido as suas proporções a ONG impacta a vida de milhares de pessoas fora do Insper.

Sabemos que podemos gerar mudanças atra-vés do empenho e resiliência de nossa equi-pe no desenvolvimento e implementação dos projetos sociais. Por isso, todos os integrantes da Enactus estão comprometidos em usar o empreendedorismo como ferramenta de trans-formação!

“Você não vai acabar com a pobreza no mun-do, mas cada vida que nós transformamos, é uma pessoa a menos na pobreza! É um impac-to imenso! ” - Alvin Rohrs, ex-CEO da Enactus WorldWide.

Mas afi nal, o que é Enactus?

A Enactus é uma organização internacional sem fi ns lucrativos, que, a partir do engajamento de estudantes, acadêmicos e empresários realiza projetos que empoderam indivíduos da socie-dade, principalmente os que se encontram na base da pirâmide.

Tem interesse? Siga a Enactus nas redes sociais e aguarde novidades!

Enactus Insper

8 | Abril 2017

Por que as Taxa de Juros Mundiais estão tão baixas? Saiba suas causas e consequências no longo prazo.

O sonho brasileiro de taxas mais baixas está tornando-se pesadelo mundo afora, onde as taxas reais de juros encontram-se próximas de zero. No entanto, menores taxas de juros não consti tuem necessariamente um ambiente econômico mais próspero, refutando-se a hipótese de linearidade, caracterizada por “quanto menor a taxa de juros melhor”; taxas de juros reais muito baixas ou ne-gati vas podem ser prejudiciais, causando inúmeras complicações de curto e longo prazo.

No passado, em episódios como a crise de 1929 e de 2008, por exemplo, os juros a índices negati vos

eram encarados como uma patologia, uma medida de curto prazo em períodos de crise. Hoje, com uma perspecti va de longo prazo, juros negati vos ou pró-ximos de zero já não são mais casos isolados, mas uma nova realidade a ser estudada.

Origem

Em contramão ao senso comum, as baixas taxas de juros não são apenas um pane econômico momen-tâneo, mas sim resultado de um longo processo his-tórico.

A inserção da mulher no mercado de trabalho gerou uma diminuição na taxa de fecundidade. Essa menor taxa, aliada ao aumento da longevidade, acarretou um envelhecimento da população em quase todo o mundo que, por possuir uma maior expectati va de

Entidades

Por Felipe Aued e Yuri Mannes, diretores de Conteúdo e Projetos do Consilium, respectivamente.

POR QUE AS TAXA DE JUROS MUNDIAIS ESTÃO TÃO BAIXAS? SAIBA SUAS CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS NO LONGO PRAZO.

9 | Abril 2017

vida, tende a ter uma maior propensão a poupar. Ou seja, um comprometi mento do consumo pre-sente para garanti r uma aposentadoria estável.

No gráfi co vemos a relação entre o envelhecimento da população e a quanti dade de poupança sobre o PIB. É fácil observarmos que uma população mais velha implica uma maior poupança relati va.

Não obstante, o baixo crescimento do PIB registra-do nas últi mas décadas está também entre fatores que infl uenciam esse processo. Em uma economia dinâmica e crescente, os altos retornos dos investi -mentos manteriam os juros de equilíbrio elevados, mesmo com a grande poupança. Já com uma eco-nomia mundial quase recessiva, como observada nos últi mos tempos, as poucas e baixas expectati vas de retorno forçam a propensão a investi r para bai-xo, e com ele a taxa de juros de equilíbrio. Ou seja, os investi mentos estão altos e equilibrados com a poupança, mas para isso os juros se mantêm baixos.

Quais as suas implicações?

O Mundo está à base da morfina: juros baixos e alta liquidez com dinheiro abundante. Uma situa-ção retroalimentada e dependente. Recentemen-

te, o Fundo Monetário Internacional (FMI) decla-rou que, se os bancos centrais não segurarem as taxas juros baixas, a economia mundial, que cres-

ceu apenas 3,1 por cento no ano passado, pode entrar em colap-so – uma vez que uma taxa de crescimento mundial abaixo de 3% já é considerada recessão por diversos economistas.

Estamos vivendo um fenôme-no novo na história econômica, em que taxas menores não es-tão, sequer, necessariamente esti mulando o consumo como esperado. Em alguns países, a poupança é majoritariamente gerada a parti r da previdência, a redução do juros no longo prazo pode representar uma diminui-ção do consumo; as pessoas que estão para se aposentar precisa-rão poupar mais para gerar mais

renda no futuro a parti r de juros.

Outra complicação é que os baixos rendimentos de aplicações fi nanceiras menos arrojadas podem gerar um maior fl uxo para aplicações de risco, em busca de retornos maiores. Aumentando, assim, a vulnerabilidade do sistema fi nanceiro, o que pode acarretar na formação de bolhas econômicas e fu-turas crises.

Em cenários semelhantes, geralmente são tomadas providências anti cíclicas, como políti ca fi scal expan-sionista e redução de juros. Entretanto, com taxas em patamares tão baixos e uma signifi cati va parce-la das famílias endividadas em períodos pós-crise, medidas de redução de juros acabam debilitadas e são menos efeti vas como munição em períodos re-cessivos.

Com um crescimento global atenuado e um sistema fi nanceiro vulnerável orquestrado, qual seria o novo diagnósti co que podemos esperar para uma possí-vel crise futura?

htt p://data.worldbank.org/indicator/NY.GDP.MKTP.KD.ZGhtt p://www.tradingeconomics.com/country-list/interest-ratehtt p://pt.tradingeconomics.com/country-list/interest-ratehtt p://data.worldbank.org/indicator/FR.INR.RINRhtt p://oglobo.globo.com/economia/brasil-conti nua-com-maior-taxa-de-juros-reais-do-mundo-18512294 htt p://www.lemonde.fr/economie/arti cle/2015/10/21/faiblesse-des-taux-d-interet-raisons-et-consequences_4793902_3234.html

Bibliografi a:

10 | Abril 2017

Entidades

uma oportunidade para alunos de baixa renda

Oferecer um curso pré-vestibular, no Insper, que consiga tornar acessível uma educação de qualidade para pessoas de baixa renda. Essa é a mis-

são do Cursinho Insper, um projeto fundado em 2014 e administrado pelo GAS (Grupo de ação social), que contribuí para a realização do sonho de muitos estudantes.

Gerenciado por alunos da graduação e sem fi ns lucrativos, o Cursinho oferece aulas de sábado no período da manhã e da tarde, fornecendo também, com o apoio de patrocinadores, ali-mentação e material didático gratuito para to-dos os alunos. Atualmente, o corpo docente é formado por alunos da graduação e as aulas englobam todas as matérias cobradas nos pro-cessos seletivos de Administração, Economia e Engenharia do Insper.

O contato dos alunos com o Cursinho não aca-ba após a aprovação no vestibular. Vários voltam em busca de auxiliar na manutenção do projeto, como em outras áreas do GAS. A gestão 2017.1 conta com 2 ex-alunos trabalhando como mem-bros e participantes do corpo docente. Um grande exemplo é o aluno Reinaldo Freitas, que contribuiu para a venda de rifas no “Momento Gas”, fazendo suas famosas Palhas Italianas.

Uma das partes mais importantes do projeto é a preparação e a divulgação de informações sobre o processo de bolsas de estudo, forne-cidos pelo Insper. Os futuros bolsistas contam,

no meio do curso, com uma palestra com o co-ordenador de bolsas, Guilherme Rios, além de dicas de ex-alunos para a entrevista, realizada logo após a aprovação no vestibular. Até o ano passado, o Insper contava com 11% dos alunos com bolsas de estudos, sendo 15 deles alunos do Cursinho.

“O cursinho foi, além de fundamental para a minha entrada no Insper, uma experiência que acrescentou no meu caráter e que hoje me move para ajudar outras pessoas. As pessoas que conheci, os amigos que levo até hoje, o co-nhecimento além do conteúdo: tudo inerente ao que, acredito eu, faz do cursinho uma única essência a ser incorporada no espírito de cada ingresso bolsista na faculdade – companheiris-mo, reconhecimento e, acima de tudo, gratidão. ” – Explica Carlos Minamoto, ex-aluno do cursi-nho e bolsista no Insper.

Por Nicolas Roveri

11 | Abril 2017

Passar na faculdade foi um dos momentos mais marcantes dos meus singelos 22 anos. Por outro lado, foi um dos mais difíceis. Eu escolhi o curso de Administração e, quando

prestei o vestibular, passei na FEA USP e no Insper também. Junto com a alegria, veio a responsabili-dade de escolher para qual faculdade ir. E, sincera-mente, com 19 anos, eu não tinha certeza de nada na vida. Depois de pensar muito, decidi estudar na FEA, mas fi quei com uma dor absurda no coração por deixar o Insper para trás. Por outro lado, tinha certeza que um dia retornaria – provavelmente para fazer MBA. E não é que eu voltei? E mais cedo do que eu pensava.

Nas férias do fi nal do ano de 2016, recebi um e-mail informando que o processo seletivo para o Inter-câmbio entre FEA-USP e Insper estava aberto. Não pensei duas vezes! Felizmente, passei. Descobri que poucos alunos sabem da existência desse pro-grama, então acho importante divulgar. Os alunos da FEA podem se matricular em disciplinas optati-vas do Insper e vice-versa. Então, sim, os alunos do Insper serão muito bem-vindos na USP!

Estou atualmente no sétimo semestre da faculda-de e, para o intercâmbio, escolhi me matricular na disciplina Tendências em Marketing, com a profes-sora Lúcia Guilhoto. Estava apreensiva sobre como seria essa experiência, mas estou adorando. Todos foram muito receptivos e estavam dispostos a me ajudar – o que me deixou muito mais tranquila. A professora é ótima e a qualidade da aula é excelen-te - sem contar que a estrutura do Insper dispensa quaisquer comentários.

Os anos de faculdade devem ser aproveitados da melhor maneira possível pelos alunos, seja partici-pando de entidades, estagiando em diferentes em-

presas, estudando em outro país. No meu caso, por mais que eu quisesse, desisti de estudar fora por um semestre em virtude de gostar muito do meu está-gio. Não queria sair do trabalho e deixar passar uma possível oportunidade de efetivação. Mas, ao mes-mo tempo, depois de três anos seguidos indo para a FEA todos os dias, sentia a necessidade de expe-rimentar alguma coisa diferente, para sair da rotina.

O intercâmbio no Insper foi a alternativa perfeita. Eu recomendo que os alunos de ambas as faculda-des se inscrevam no programa, para conhecer uma realidade diferente e “sair da sua zona de confor-to”. É uma satisfação muito grande estar no Insper. Agradeço imensamente a todos que me recebe-ram e estão ajudando a melhorar essa experiência.

Espero encontrar alunos do Insper na FEA! Preten-do recebê-los tão bem quanto fui recebida aqui. Obrigada, Insper!

Intercâmbio FEA-USP e Insper: uma oportunidade para alunos de baixa renda super recomendo!

Natália de Oliveira Coutinho, aluna do 7º semestre de Administração da USP

De aluno para aluno

12 | Abril 2017

DOIS ANOSDE ENGENHARIA

O curso de Engenharia surgiu no ano de 2015, englobando as engenharias me-cânica, mecatrônica e de computação. Após anos de idealização e trabalho

para o colocar em vigor, aqui estamos: dois anos já se passaram, e agora a terceira turma também já

entrou. Inovador e prático, o curso nasceu envolto por expectativas e dúvidas, e até hoje é alvo da curiosidade do mercado de trabalho, alunos de Ensino Médio e até alunos de outras faculdades. Mas, afi nal, o que aconteceu nesses dois anos e em que situação se encontra o curso agora?

Por Maria Clara Luques

Engenharia

13 | Abril 2017

• O Curso

A proposta principal do curso é ter uma gradua-ção em Engenharia que seja prática, em que os alunos, desde o primeiro semestre, se envolvam com prototipagem, design e eletrônica, sem a se-quência “natural” de ter apenas matérias teóricas (ciclo básico) nos primeiros anos. Aqui, o Enge-nheiro sairá preparado para o mercado, já tendo trabalhado com laboratórios, equipamentos in-dustriais e até com usuários dos produtos, cortesia da trilha de design do curso.

Essa característica de inovação é um dos dife-renciais mais atraentes. Segundo o aluno da ter-ceira turma de Engenharia Mecatrônica, Wesley Gabriel Albano da Silva, “a inovação no curso de engenharia é fundamental. Por ser uma área ex-tremamente antiga, seu ensino pode se tornar muito tradicionalista, logo, faculdades antigas ganham uma enorme vantagem. Porém, ao adi-cionar a criatividade e a inovação, modelos de ensino mais despojados saem na frente, com a vantagem de não precisarem seguir o mesmo caminho para solucionar problemas antigos, ao mesmo tempo em que procuram por novos pro-blemas a serem solucionados. ”

As disciplinas contam com um diferencial muito interessante: os NINJAS. Eles são alunos que já passaram pela matéria e ajudam os que estão cursando-a atualmente. Assim como a Engenha-ria Insper, esse nome diferenciado - que signifi ca “Need Information Now, Just Ask” - tem inspira-ção na universidade americana de Olin, Massa-chusetts. Além de ajudar nas aulas, os NINJAS dão monitoramento e ajudam com dúvidas ex-ternas, quando disponíveis.

Por ser um curso novo, é normal que não esteja perfeito. Principalmente para a primeira turma, algumas difi culdades apareceram (e ainda apa-recerão) nas aulas, afi nal o pioneirismo não deixa de ser uma aventura num lugar nunca explorado. O modo encontrado para lidar com esses pro-blemas contribui para que as disciplinas estejam sempre melhorando: a Co-Criação. Esse método se resume em ofi cinas, separadas por matérias, de exposição das difi culdades e brainstorm de ideias para melhorar o curso, contando com colabora-ção dos professores e dos alunos interessados. Assim, as melhorias decididas num semestre en-tram em vigor para a próxima turma, garantindo que o ensino está sempre voltado para o aluno, e sempre se atualizando de acordo com as necessi-dades apresentadas.

“Eu tive uma vida escolar bem conturbada por não me encaixar no modelo tradicional que a minha escola oferecia e, por muito tempo, achei que eu era o problema. O que me fascina [no Insper] é a abertura que ele dá para os alunos ajudarem a modelar o curso e a criatividade e pensamento lógico que suas metodologias de-senvolvem no aluno”, afi rma José Hélio Paiva Neto, da Engenharia da Computação

• Os alunos

Já foi afi rmado várias vezes que o aluno faz o cur-so - e na Engenharia não poderia ser diferente. Os alunos, apesar de terem perfi s bem diferenciados, são todos muito engajados e participativos. O es-tilo co-working do curso é bem presente no dia a dia; no intervalo das aulas, o espaço de descon-tração do quarto andar fi ca cheio de alunos, sen-do para fazer trabalhos juntos, ajudar amigos com as entregas de exercício ou então para realmente descontrair, com a sensação do momento - os ta-buleiros de xadrez disponíveis.

“Fazemos projetos e exercícios em duplas e gru-pos desde o início do curso em todas as disci-plinas, sempre valorizando as diferenças dos membros e incentivando a interação dos alunos. “, conta Phelipe Muller.

Cheios de espírito esportivo e animação, os alunos adoram se reunir para campeonatos. Em 2016, cria-ram a “Copa Minerva de Futsal”, em que qualquer aluno do curso podia formar um time e se inscrever para participar, com jogos durante a semana, aqui mesmo no quinto andar. Na primeira semana de 2017, rolou a “Pizza Wars”, evento que juntou os alu-nos e professores para comer muita pizza e jogar vi-deogames, além de se conhecer melhor. Já no mês de março desse ano, aconteceu o campeonato de xadrez, chamado de “Roque n’ Roll”, com o mesmo intuito de integrar os alunos de maneira divertida.

Aliás, integração é o que não falta no curso. Reu-niões de recriação de espaço, ou então com os coordenadores do curso, as reuniões já mencio-nadas de co-criação das disciplinas, eventos, cam-peonatos e espaço colaborativo.

Tudo isso contribui para que o curso de Engenha-ria seja diferenciado e tão desejado atualmente, com várias universidades aderindo algumas ca-racterísticas semelhantes. Aulas colaborativas e práticas, alunos acostumados a trabalhar em gru-po e, acima de tudo, um curso que é voltado para os alunos e modifi cado em função das necessida-des deles. Isso é Engenharia Insper.

14 | Abril 2017

INCLUSÃO E DIVERSIDADENO INSPER

Capa

A diversidade é uma relevante medida para a promoção do respeito e tole-rância - importantes aspectos da cida-dania. Respeitar o outro exige empatia para romper a ignorância e aprender

com o diferente. Todos temos características que nos diferem de modo que encarar e respeitá-las tende a ser a melhor forma de inclusão e sinergia.

Quase 24% da população brasileira é composta por pessoas que possuem algum tipo de defi ci-ência. De acordo com o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE), o Bra-sil possui 45 milhões de Pessoas com Defi ciên-cia (PCDs). Infelizmente, o país ainda é pobre em acessibilidade e na infraestrutura de vias públicas, transporte e assistência para a efetiva locomoção e inclusão dos PCDs.

Contudo, com a crescente pressão por leis direcio-nadas à inclusão e acessibilidade, portadores de defi ciência têm alcançado direitos extremamente relevantes para sua inserção no mercado de traba-lho. No Brasil, a Lei nº 8213 de 24 de julho de 1991 determina que a empresa com mais de 100 empre-gados, deve contratar entre 2% e 5% de funcioná-rios que tenham alguma defi ciência, o que resulta, segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais 2015, em um contingente de 403,2 mil pes-soas com defi ciência trabalhando formalmente.

Assim, em acordo com sua cultura de promoção da diversidade, o Insper trabalha na inclusão de pessoas portadoras de defi ciências ao corpo de funcionários. O projeto iniciou através de uma parceria com a Serasa Experian com pedidos de contratações, na qual formou-se uma turma para receber aulas de capacitação e indicação para o processo seletivo. Além disso, foi promovido tam-bém, no mesmo ano, um curso de libras de for-ma a potencializar o engajamento da comunidade nesse ambiente.

Por João Vitor Santos e Deborah Kang

Espaços de uso prioritário a cadeirantes, Auditório Steffi e Max Perlman

15 | Abril 2017

INCLUSÃO E DIVERSIDADEConforme relata Luana Lima, responsável pelo Ins-per Pessoas – “Para se adequar à legislação, con-tratamos várias consultorias e disponibilizamos os nossos processos seletivos para pessoas com de-fi ciência. Porém, isso não deu certo, porque muitas vezes a pessoa sem defi ciência era mais capaci-tada. Então, em 2014 passamos a trabalhar com

vagas específi cas para essas pessoas. Lançamos na nossa intranet um programa de indicação de PCDs também, que temos até hoje”.

Em 2015, o Insper lançou o programa Cultivan-do Diversidade visando todos os tipos de inclu-são junto com um parceiro, a Ser Especial: uma associação que visa a capacitação e inclusão de pessoas com defi ciência intelectual. Foram visita-dos alguns locais de trabalho e o Insper se inte-ressou pela contratação de aprendizes, iniciando o treinamento de sensibilização com toda a escola por meio da ONG. A associação mapeou as áreas que mais tinham oportunidades de receber esses aprendizes e fez indicações, dos quais foram con-tratados oito aprendizes com expediente de seis horas diárias, quatro vezes por semana no Insper.

Aliado às contratações, foi criado o NAI (Núcleo de Acessibilidade Insper), visando eliminar bar-reiras no trabalho e na vida acadêmica no Insper. Conforme explica Luana, a acessibilidade abrange vários aspectos: arquitetônico, aptidão a receber pessoas com cadeira de rodas; pedagógico, se podemos oferecer o material em Braille; digital e atitudinal, que implica no comportamento respei-toso de toda a comunidade. Para tanto, o projeto do prédio novo já tem apoio de uma consultoria especializada em acessibilidade.

Assim como qualquer outro colaborador sem de-fi ciência, eles se identifi cam mais ou menos com as atividades. Algumas áreas que têm a oportuni-dade de trabalhar com pessoas com defi ciência intelectual desenvolvem uma visão diferente em relação ao trabalho em equipe. Gestores passam a ter uma atenção maior para a equipe, pois conse-guem disseminar sua atenção para outras pessoas do grupo também.

Após um ano de projeto, Luana relata que foi per-ceptível o quanto alguns deles conseguiram se desenvolver e desenvolver a questão de autono-mia em relação aos pais, que deram feedbacks positivos. “Um pai falou que o fi lho não conseguia sair de casa sozinho. Hoje em dia, ele vai e volta do trabalho sozinho. Tivemos um momento de con-fraternização aqui na escola no fi nal do ano para os colaboradores e aprendizes. Um deles afi rmou: “essa é a melhor noite da minha vida”.

16 | Abril 2017

Capa

Bruno Costa, 23 anos, diagnosticado com Transtor-no do Espectro Autista (TEA), é um dos aprendizes orientados pela Ser Especial e contratados pelo Insper, atua como responsável pela organização do acervo de livros e manutenção da biblioteca Telles. Ele e seus colegas de trabalho foram en-trevistados pela equipe do Insper Post.

Luciana Arjona, gestora da biblioteca, explica suas expectativas com a chegada de Bruno à equipe: “Na verdade, a gente não tinha expectativa, pois não fazíamos ideia de como seria. Tivemos uma preocupação de preparar o ambiente para ele para que conseguisse fazer as coisas de forma organizada. O Ricardo, tutor dele, fi cou bastante tempo pensando numa solução. Quando ele veio, percebemos que poderíamos construir isso junto com ele”.

Com a ansiedade inicial da equipe inteira para recebe-lo, a gestora conta que ao longo do tem-po Bruno contribuiu muito além do que imaginavam a princí-pio. “Tem um grau de detalhismo impres-sionante pareado com a capacidade de resolver problemas”.

“Bruno é uma gratís-sima surpresa que foi muito bem acolhida pela equipe. Além de economizar muito tempo, melhorou a entrega de qualida-de. Bruno trouxe uma ingenuidade, uma delicadeza, um cli-ma muito mais amoro-so, solidário e empático. Não consigo pensar em nada ruim com a vinda dele” – Relata Luciana.

Para auxiliar no direcionamento de tarefas e desenvolvimento com o trabalho, Ricardo Ro-drigues é o tutor de Bruno. Seu dilema inicial era conseguir passar para o colaborador as primeiras ideias do trabalho. “Foi por questão de minutos que Bruno conseguiu entender e demandou mais do que o estoque de trabalho que tínhamos. Mudanças positivas ocorreram: ele consegue fazer tarefas que não fazíamos por falta de braço, por falta de detalhismo, de capacidade técnica que a equipe tinha. Ele é uma peça fundamental para o grupo”.

Bruno Zanardo, colega de trabalho, cita que pron-tamente percebeu que Bruno não precisaria ser tratado de forma diferente. ”Ele é um membro da equipe como qualquer outro. Não tem um degrau entre ele e o resto do pessoal. Ele é mais um dos colaboradores da biblioteca. Logo que eu voltei [ao Insper, após outro trabalho], fui avisado do Bruno e eu já comecei imaginando mil coisas. Como eu cheguei depois, ele me acolheu da for-ma como ele acolhe todo mundo que chega; não importa se é uma visita ou mais uma pessoa que vem trabalhar: ele tem uma delicadeza no lidar com as pessoas. Ele tem uma empatia que muitos não têm”.

Questionados sobre os desafi os Luciana e Ricardo mencionam que o principal se direciona à comuni-cação implícita, isto é, falta de malícia no ambien-te de trabalho, de entender uma piada dúbia que para os demais são muito óbvias; brincadeiras que

acontecem no dia a dia, ou de coisas que acontecem de fora.

Além disso, Luciana conta que inicialmen-te havia uma difi cul-dade na interação com os alunos. “Ele fi cava nervoso antes, mas hoje ele faz isso com tranquilidade. Quando precisamos fazer uma reunião lá dentro, ele fi ca aten-dendo os alunos. E ele até pergunta nome dos alunos. Ele gosta de comunica-ção, cumprimenta

qualquer pessoa que entra na sala. É super edu-cado”.

Por conta desses trabalhos e projetos, além de re-ceber um selo da Ser Especial de Amigo da pes-soa com defi ciência, o Insper foi matéria na Folha de São Paulo sobre a inclusão no mercado de tra-balho.

Além dos colaboradores, há um intensivo trabalho de promoção da diversidade em toda a comunida-de. Atualmente, quando os alunos entram para o Insper, eles podem preencher um espaço na ma-trícula se necessitam de algum tipo de adaptação. Considerando os alunos declarados, apenas um por cento estavam cadastrados em casos especiais de difi culdade de aprendizagem. Dentre estes, 9%

Salas de aula com mesas acessíveis para cadeirantes

17 | Abril 2017

Insper Post: Bruno, fala um pouquinho sobre você; o

que gosta de fazer?

Bruno Costa: Eu toco instrumentos musicais: violão, guitarra, bateria, uma gaita que recebi de aniversá-rio, baixo e canto. Também sei fazer escultura de papel. Por exemplo, há muitos anos, fi z uma torre de energia elétrica, escultura da banda Beatles que fi z de bonecos de papel. Eu sei fazer pão de queijo, até trouxe para os funcionários. Eles gostam.

IP: Antes de trabalhar no Insper, o que você fazia?

BC: Antes de trabalhar, eu estudei no colégio Lima Guimarães. Ficava só em casa, assistia à televisão e ia para a academia. Depois conheci o PTI – Projeto de Trabalho Integrado, que é vinculado à Ser Es-pecial. A Raquel, orientadora da Ser Especial, me tirou do PTI porque eu não fazia nada. Ficava na re-cepção sentado. Foi quando aprendi na ofi cina de

informática como usar o Excel. Em 2015, eu fui duas vezes para a entrevista da Citibank na Paulista, mas não consegui.

IP: E quando você começou aqui?

BC: Eu fui para a PTI para escrever um currículo para o Insper. Aí, fui direto até a Vila Olímpia e gostei. Era começo do ano passado e deram uma aula para nós sobre o treinamento do Insper para preparar entrevista. Eu passei pelo teste e outra entrevista. Eu me saí bem. Os dias se passaram e ligaram para o meu telefone. A Raquel disse que eu passei na seleção do Insper. Fiquei feliz, porque é o meu primeiro emprego. Chegamos no Insper com 8 aprendizes para ver os andares e depois fui contratado. Tudo começou no dia 4 de abril de 2016. O primeiro dia de trabalho. Eu fi quei um pouquinho tímido, mas já passou.

Quando cheguei, cuidava do acervo, preparava li-vros. Preparo livros porque os alunos têm de estu-dar para as provas. Para um livro fi car pronto, levo ele para a recepção, coloco etiqueta e etiqueta magnética, carimbo, código de barra e código de lombada.

IP: O que você mais gosta de fazer aqui?

BC: Várias coisas. Eu gosto mais de preparar livros, revistas, CDs, DVDs. A equipe é bem descontra-ída, rimos muito juntos. Uma vez o diretor Irineu desceu aqui e disse “você está indo muito bem. Você está se desenvolvendo. Parabéns, eu tenho muito orgulho de você”, fi quei tão feliz.

têm dislexia e 91% possuem TDAH - transtorno do défi cit de atenção com hiperatividade.

Francisco Pereira, 20 anos, aluno do primeiro se-mestre de administração no Insper, possui um tipo da doença neurológica chamada Charcot-Marie--Tooth, que difi culta seu equilíbrio, bem como mo-vimento do calcanhar, e das articulações inferiores. Francisco explica que a comunidade, felizmente, tem sido solícita em ajudá-lo com a locomoção. “Sempre tem alguém para me ajudar; tanto profes-sor, colaboradores do Insper ou mesmo um ami-go. Com relação às festas, eles sempre disponibilizam um lugar melhor, com menos locomoção, e uma pulseirinha de identifi cação. Eu também procuro ir em festa e eventos menos movimentados, com uma estrutura melhor”.

Questionado sobre sua vida no Insper o aluno conta que tem gostado bastante do curso e que o apoio dos colegas é ge-neroso. “Não é fácil. Eu desper-tei um outro lado de mim que eu

não conhecia, que é o lado que gosta e deve estudar. Aqui no Insper, tem uma atmosfera di-recionada a estudar. Quanto à doença, os meus colegas de sala me dão total apoio, assistência, tudo o que precisar”.

Francisco também contou que a acessibilidade foi um ponto decisivo ao escolher a faculdade: “Diferente de outras faculdades que passei, aqui, é basicamente um prédio grande, com corredo-res super largos e altos; elevadores para todos os lados. Para mim aqui é muito bom em acessibi-

lidade. Ando 10 passos do carro e estou no elevador. Ando mais dez e estou na sala”.

“Agora em 2017, o nosso obje-tivo é fortalecer esse novo pro-grama, cultivando diversidade, divulgar e engajar a comunida-de Insper – alunos, docentes, co-laboradores, funcionários – com o tema de inclusão de pessoas com deficiência, aproximá-los e ter acessibilidade à comunida-de“- reitera Luana Lima.

Bruno Costa, colaborador Insper

Francisco Pereira, aluno de administração.

18 | Abril 2017

International

The beauty of traveling abroad is the ability to carry much more baggage than just a roll on suitcase or carryon backpack. While traveling abroad, we carry the emotional baggage of

leaving home, the cultural baggage of our background and experiences, and the mental baggage of our ed-ucation, values and goals. My biggest goal while com-ing to Brazil was to bring as much baggage back to the US as possible. I came to Brazil looking for much more than just clothes, fl ags, magnets and postcards. I came here looking to cul-tivate the best friendships, experiences, and opportu-nities as possible, so that I could return to the States with more courage, knowl-edge and global perspec-tive than I brought here with me.

I chose Brazil because of the country’s ability to provide me with so many “new” things. A new lan-guage, culture, climate, food, and especially new sights. Brazilians have a positive perspective on life that is hard to fi nd in most Americans. In Brazil, chal-lenges are overcome, friends are made, laughs are shared, and people are generous. The enthusiasm that Brazilians have for life is admirable, and something I’m excited to be exposed to everyday. In another capacity, Brazil chose me. I met one of my closest friends while abroad last summer, and he told me about Insper and São Paulo. His passion for Insper and enthusiasm for his culture, was enough to inspire me to apply to In-sper and have spent the last month living with his fami-ly here. Their open arms and overwhelming generosity is consistent with what I’ve seen to be a constant trait throughout all Brazilians I’ve met thus far.

The biggest challenge I’ve faced thus far in Brazil is the language barrier. I start every sentence in English, pro-cess things much slower than everyone else, and strug-gle with something as simple as ordering a pizza. This challenge has provided me opportunity for the most growth while in Brazil. I got excited when I mastered how to pronounce “Obrigado”, and was thrilled when my Uber driver understood me asking “À próxima esquerda, por favor”. The joy of learning new words and applying

them directly has made this challenge more like a com-petition. I get excited to read Portuguese subtitles on fi lms, and am constantly asking for translations on different English words.

Despite Brazil’s great dif-ferences from the US, the things I miss the most from home are my friends and family, peanut butter, and our cultural diversity. I cer-tainly miss going to restau-rants or getting on a bus and not being so easily taken for

a gringo. It’s diffi cult to adjust to people staring when you answer your phone in English or don’t know how to ask for a different size in the store without Google Translate.

The best experience I’ve had thus far was going to Rio de Janeiro for Carnaval. The Brazilian spirit that you read about in books and see on TV cannot be described in any other way. The energy and excitement in Brazil during Carnaval is unmatched by any other holiday or occa-sion that we have in the US. People during Carnaval are genuinely happy to be alive and forget all the negativity that we deal with in our everyday lives. It’s truly beautiful and I’m thankful I got to be a part of it. Brazil has nothing more than exceeded my greatest expectations, and I’m so happy I decided to come here!!

The WholePor Braden Marstaller, estudante de Administração da Wheaton College University, nos Estados Unidos.

Experience

19 | Abril 2017

Alumni

Ver-me escrevendo um Conselho de Veterano pode fazer parecer que a minha trajetória foi linear e previsível. Longe disso! No meu caso, foi justamente a incerteza e indecisão que me fi zeram experi-mentar de tudo antes de me encontrar. Aconselho que tirem máximo proveito de todas as (infi nitas) oportunidades que a faculdade lhes proporciona para identifi car o seu ramo de interesse e, princi-palmente, se diferenciar frente aos demais candidatos.

A minha entrada no Insper foi uma saída por completo da minha zona de conforto. Ao che-gar em São Paulo, vindo de Salvador, dei de cara com a ausência completa de amigos e família e com uma rotina muito mais pesada de estudos, o que me fez inclusive questionar a racionalidade da minha escolha.

Com o tempo, o que a princípio enxerguei como uma difi culdade acabou se mostrando como uma grande oportunidade: oportunidade de expandir e diversifi car meu círculo social, de vivenciar experiências distintas e, principalmen-te, de aproveitar ao máximo todas as experiên-cias acadêmicas e profi ssionais que o Insper me ofereceria.

No 3º semestre ingressei, a convite do Prof. Dr. Rodrigo Moita, no Programa de Estudos Avança-dos (“PEA”), no qual, em conjunto, elaboramos

um paper que daria origem à minha tese de con-clusão de curso e consegui entender as oportu-nidades e limitações de uma carreira acadêmica.

Desde a saída do PEA até a descoberta fi nal da carreira que hoje sigo, passei pela Insper Jr. Con-sulting, dei aulas particulares, fi z intercâmbio em Cingapura, fi z estágios de férias e participei da OSCIP Bem Gasto. Mas foi no 6º semestre que, a convite do Prof. Dr. Michael Viriato, eu encontrei no CFA Research Challenge a combinação de in-teresse e aptidão. Nossa equipe acabou vencen-do a etapa nacional da competição de valuation e indo representar o Brasil na etapa continental em Denver, EUA. Foi então que entendi o valor e o reconhecimento do embasamento técnico diferenciado que o aluno Insper possui no mer-cado de trabalho, e que enxerguei, pela primeira vez, a recompensa de todo o tempo e esforço que investi ao longo do curso.

O que fazem os Ex-alunos do Insper hoje?

alumni:

Conselho de Veterano:

Vida profi ssional:

Nome: Pedro Campos Carvalho

Idade: 24 anos

Curso: Economia

Formatura: Jun-2015

Contato: [email protected]

20 | Abril 2017

Artigo

Parecem não existir muitos fatores em comum entre dois países separados por 18 mil quilômetros de oceanos e terra, mas quando se envolve política,

é sempre possível inferir semelhanças. Trump e Marie Le Pen, a dupla antiglobalização, e mais recentemente, Park Geun-Hye e Dilma Rouseff. Em uma rápida análise política é fá-cil elencar características em comum: duas pioneiras no cargo mais alto do poder exe-cutivo, cujos mandatos foram cassados pelo processo de impeachment. Têm elas, porém, diferenças entre as suas histórias.

Park Geun-Hye nasceu em 1952, fi lha de Yuk Yong Soo e Park Jong-Hee, o ditador que consolidou a base para o crescimento eco-nômico de um país destruído pela recente guerra, a Coréia do Sul. Seu pai também fez fama ao ser considerado um dos mais cruéis ditadores da história do país. Ambos foram assassinados por motivos políticos, deixan-do-a órfã em 1979. Foi em torno dessa épo-ca que a presidente conheceu Choi Soon Sil, fi lha de Choe-Tae-Min, mentor de seu pai e líder de uma ordem religiosa xamã e cristã. Assim, o relacionamento das duas mulheres começou e culminou no que é hoje: Choi, tornou-se a mentora espiritual de Park.

Não é do relacionamento das duas, porém, que se sente o furor da nação. Acredita-se que Choi – que não é membro do gabinete do governo

e não possuí qualquer instituição da Casa Azul – não tenha experiência nem instrução para exercer o papel que praticou. A mentora esteve por trás de todas as decisões de Park, inclusive ações de grande impacto para o país.

Além de aconselhar em nomeações de mem-bros do alto escalão do governo, Choi, re-cebeu diversas doações para as fundações benfi cientes de sua propriedade, como a Fun-dação de esportes K e Fundação MIR, equiva-lente a 77,4 bilhões (R$ 133 milhões). Tais montante foram arrecadados por meio da in-timação da presidente aos líderes das maio-res companhias da Coreia do Sul, como Hyun-dai, LG, Samsung e SK. Um dos montantes, da Hyundai, foi equivalente a 8,5 bilhões. Para Fundação K foram transferidos 28,8 bilhões provenientes de 19 empresas.

Foram repassados pela Samsung 12,5 bilhões (R$ 69 milhões), o que despertou desconfi an-ça dos procuradores sul-coreanos, já que este montante era muito alto comparado aos valores transferidos de outras companhias. Assim, sus-peita-se que o chefe da Samsung, Lee Jae Yong, em troca das doações às fundações de Choi, foi favorecido pela presidente em várias ocasiões - quando o pai de Lee transferiu a liderança da empresa ao fi lho, após renunciar o seu cargo de presidente do conglomerado devido a um escândalo nacional; e recentemente, quando duas empresas afi liadas da Samsung fundiram.

Por Deborah Kang

Casa azule o Palácio do Planalto

21 | Abril 2017

Com as doações da Samsung no ano de 2015, levantou-se suspeitas de que os fundos foram doados sob pressão externa, por serem aber-rantemente grandes. Tais suspeitas foram confi r-madas quando um deputado do partido Minjoo revelou gravações da confi ssão de um funcioná-rio de uma das companhias que fi zeram a do-ação – o chefe da Casa Azul e braço direito da presidente, An Jong Bom, pressionara represen-tantes de grandes companhias que faziam parte da Federação de Indústrias coreanas para ceder verbas à Fundação MIR. Descobriu-se ainda que todos os deveres burocráti-cos e permissões da construção de um imóvel no nome da fundação foram aprovadas em pou-co mais de cinco ho-ras, concessões que demoram, em mé-dia, três semanas.

As duas organiza-ções, quando foram criadas, não só se tornaram as maiores fundações do país de um dia para o outro, mas também foram presididas por pes-soas inexperientes em organizações dessa di-mensão. O presidente da Fundação K, Jong Don Chun, por exemplo, era dono de uma casa de massagem frequentada por Choi Soon Sil, a ami-ga da presidente. Também não foram incluídos representantes das companhias doadoras para fazer parte do grupo do conselho.

Dessa forma, Park Geun-Hye foi acusada, de violar o sigilo dos assuntos estaduais, abusar de seu poder e violar os direitos de liberdade e propriedade de empresas. Assim, sua his-tória como presidente morreu no dia 10 de março de 2017.

A mineira Dilma Rouseff nasceu cinco anos antes que Park, em 1947. Desde a sua juven-tude, participou de movimentos políticos mi-litantes, sendo presa em 1974. Se formou três

anos depois, em economia pela UFRS. Passou ela por vários cargos políticos até se eleger presidente do Brasil, dando continuidade ao governo petista.

Frequentemente aconselhada pelo ex-pre-sidente Lula, foi reeleita em 2014, pela elei-ção mais acirrada da história do país. Anos depois, além de suspeitas de fi nanciamentos de campanha em troca de favores políticos, foi acusada de fazer manobras fi scais para es-

conder fi ssuras no orçamento e criar créditos suplemen-tares. Tais créditos suplementares per-mitiram ao governo realizar pagamen-tos sem ter mais dinheiro em caixa – foram seis ao longo do ano de 2016.

Além disso, o go-verno deixou de pagar taxas aos

bancos públicos – Caixa, BNDES, Banco do Brasil – e consequentemente adquiriu uma dí-vida, o que é proibido pela Lei da Responsa-bilidade Fiscal. No mesmo ano, com a decisão do Senado a votar 61 a favor e 20 contra o im-peachment, Dilma Rouseff em agosto de 2016, assim como Park, foi afastada da presidência.

Não há realmente muito em comum entre os dois países; são separados por terras e mares, falam línguas diferentes, têm culturas diferen-tes, mas em um ponto os dois convergem: a prática torpe de utilizar descumprimento da lei para a ganhos pessoais. Nesse compara-tivo, ambos utilizaram empresas e a própria máquina pública em benefício pessoal e de parceiros. Em suma, demonstraram a susce-tibilidade do Estado à pouca consciência co-letiva de seus gestores, delineando, assim, os perigosos efeitos da corrupção nas decisões de um país.

Casa Azul – é o equivalente da Casa Branca dos EUA – o seu teto é azul, daí o seu nome.SK – é uma companhia de TI que atua no ramo de telecomunicação, química e tecnologia.

- é a unidade monetária da Coreai do Sul; pronuncia-se won.

Vocabulário:

Park Geun-hye ao lado de Dilma Rouseff

22 | Abril 2017

Artigo

Durante as últimas eleições americanas e durante os primeiros meses do go-verno Trump, muito se falou sobre o Obamacare. Pelo lado Republicano,

o programa foi extremamente criticado pela maioria dos candidatos, já no lado Democrata o programa foi ferrenhamente defendido. Porém, como sabemos, não só a presidência como o controle das duas casas foi conquistada pelos Republicanos e, consequentemente, a iminên-cia da revogação do Obamacare é inegável.

Mas afi nal, o que exatamente é o Obamacare e porque o partido Republicano quer revoga-lo?

O Patient Protection and Affordable Care Act (PPACA ou somente ACA), popularmente co-nhecido como Obamacare, é um estatuto fede-ral elaborado pelo governo de Barack Obama e aprovado durante o 111º Congresso Ameri-cano em março de 2010. Nele estão contidas diversas cláusulas, cujas principais no debate de sua revogação são:

- A expansão do Medicaid: um programa de subsídios para que famílias vivendo na extrema pobreza possam pagar seguro saúde e cuja ex-pansão consistiria em aumentar a faixa de renda e facilitar a entrada de pessoas em tal programa;

- O Individual Mandate: que requer que qual-quer pessoa que não possui seguro saúde via seus empregadores, adquira tal serviço, Me-dicaid ou Medicare, sujeito ao pagamento de multa anual;

- O Employer Mandate: essa cláusula exige que qualquer empregador que tenha mais de 50 funcionários (em período integral) ofereça aos mesmos um seguro saúde considerado “aces-sível” ou sujeito a multa de US$ 2000 por fun-cionário durante o ano fi scal;

- Exchanges: tal cláusula estabeleceu um mer-cado online regulado e administrado pelo go-verno federal ou estadual, em que as pessoas físicas e pequenos negócios podem negociar e comprar seus planos de saúde.

Até então, é difícil de entender a polêmica em torno desse projeto. Assim sendo, o que levou os Republicanos a iniciarem essa incansável busca pela revogação da legislação?

Relatórios elaborados por órgãos apartidários dentro do congresso, como o Congressional Budget Offi ce (CBO) e o Joint Tax Comittee (JCT), bem como um relatório do então House Speaker, John Boehner (R-OH), expõem alguns motivos que justifi cariam a revogação do ACA, dos quais destaco:

- O problema do Employer Mandate: penaliza as pequenas empresas, incentivando-as a parar de contratar funcionários em tempo integral, e até demitir funcionários para não entrar na ca-racterização dessa cláusula. Ademais, existe um problema que não está explicitamente exposto no texto original do ACA. Dentro dessa cláusula há uma seção afi rmando que, se o empregador oferecer um seguro acessível a seus funcioná-rios mas estes recusarem e recorrerem a um

Por Lorenzo O. Grandini, aluno do 3º semestre de Economia

O Fim do Obamacare

23 | Abril 2017

seguro subsidiado, o empregador não só paga uma multa, como a multa têm um valor maior (US$ 3000) do que se ele não oferecer o seguro.

- O Small Business Tax Credit: para reduzir a penalização sobre as pequenas empresas, foi criada essa cláusula na qual descontos nos im-postos são distribuídos às pequenas empresas, porém as estimativas do CBO e da NFIB apon-tam que apenas 12% das pequenas empresas no país seriam benefi ciadas pela medida, de-vido à extensão da burocracia para o requeri-mento desse desconto.

- Consequências Fiscais: quando plenamente implementado, o ACA irá custar US$ 2,6 tri-lhões e adicionaria US$ 701 bilhões ao défi cit das contas federais nos pri-meiros 10 anos do programa. Além de aumentar signifi can-temente a máquina governamental com a criação de 10.000 novas páginas de regulações e 160 novos comitês, comissões, conselhos e bureaus.

Estabelecidos os pontos a favor da revogação, chegamos no principal problema que Donald Trump e os Republicanos enfrentarão durante o 115º Congresso Americano. Como revogar o Obamacare? E mais importante, como subs-titui-lo?

O plano mais recente que temos conhecimen-to é o American Healthcare Act apresentado no começo de março de 2017, que já sofre diversas críticas de ambos os lados do corredor. As críti-cas Republicanas dizem que o novo plano não passa de um Obamacare 2.0, já as críticas De-mocratas permanecem inalteradas. Esse novo plano estabelece o fi m do Individual e Employer Mandate, substituindo as multas estabelecidas por essas cláusulas com créditos fi scais entre US$2000 e US$14000 anuais para famílias de baixa e média renda não asseguradas. O plano também acabaria com a expansão do Medicaid no formato atual, substituindo-o por uma “me-sada” per-capita anual fornecida aos estados para aplicação às famílias que fazem parte do programa. Algumas cláusulas do ACA seriam mantidas, como o Essential Health Benefi ts e os Exchanges, embora esses “mercados” estarem

sujeitos a algumas reformas que incentivariam uma maior competição entre as seguradoras.

De acordo com a análise preliminar do CBO, o novo plano levaria a um aumento de 24 milhões de cidadãos não assegurados até 2026 mas, ao contrário do que se pensa (e do antigo plano, o H.R 3762), esse aumento nas pessoas sem se-guro, ocorreria devido à saída de pessoas que se asseguraram em razão do Individual Manda-te - em comparação com o último plano, esse número é 25% menor. Já os prêmios pagos para se assegurar tenderiam a aumentar 20% em re-lação à atual legislação, mas até 2026 o prêmio médio individual estaria 10% mais barato do que sob o ACA. Isso ocorre devido a uma combina-

ção de fatores, como a eliminação de al-guns requerimentos das seguradoras e pessoas mais jovens se assegurando. Do ponto de vista fi scal, o novo plano redu-

ziria o défi cit fi scal Americano em US$ 337 bi-lhões no período entre 2017-2026, comparado a um aumento de US$ 701 bilhões sob o ACA. É claro que existem falhas no novo plano, como a instabilidade que a nova legislação causaria nos “Exchanges” para seguro individual, além do já mencionado aumento de pessoas sem seguro.

A resistência Democrata já era mais que espera-da, dado que independentemente do plano apre-sentado pelo governo Trump, os mesmos jamais abririam mão do maior - e talvez único - legado da presidência de Barack Obama. O lado curioso, e que difere do último plano dos Republicanos, é a grande dissonância dentro do partido, em que muitos Republicanos se opõem veementemente ao novo plano, alegando não reduzir impostos como o prometido e ser fi scalmente redundante na retirada do Individual Mandate.

Já do ponto de vista de quem lhes escreve, o American Healthcare Act é uma saudável con-cessão ao lado Democrata do debate e, ao mesmo tempo, mantém a consciência fi scal e a diminuição da máquina tão pregadas pelos Republicanos. Em suma, tal legislação seria um ótimo primeiro passo em busca da união das duas casas e do povo americano, caso o am-biente político americano não estivesse tão ba-nalizado como hoje.

Mas afinal, o que exatamente é o Obamacare e porque o partido

Republicano quer revoga-lo?

24 | Abril 2017

Quem Faz

Quem FazJOSÉ AMANDIO

Insper Post: Você é de São Paulo?

José Amandio: Não, eu sou do Nordeste, sou da Bahia. Eu vim pra São Paulo tem uns 35 anos, sou mais paulista do que baiano.

IP: Você é casado? Tem fi lhos?

JA: Sou casado e tenho fi lhos. Tenho duas fi lhas maiores de idade e sou casado tem uns 29 anos.

IP: Quais são suas atividades preferidas nos fi ns de semana?

JA: Trabalho no sábado e descanso no domingo pra segunda-feira começar a batalha de novo. Aqui é de segunda a sábado, e quando tem fe-riado não abre mesmo. Abriu, nós estamos aqui. Não abriu, nós estamos descansando.IP: Você sempre trabalhou na área que atua atual-mente? O que fazia antes?

JA: Na Casa do Pão de Queijo? Mais de 30 anos já. Trabalhei em lanchonete como balconista e atendente também. Sempre trabalhei nesse ramo, por mais de 30 anos, gerenciando loja.

IP: Desde quando você trabalha na Casa do Pão de Queijo no Insper?

JA: Aqui no Insper vamos fazer 3 anos agora em julho. Trabalho aqui desde quando abriu lá em-baixo e mudou aqui para cima. Vai fazer 3 anos.

IP: O que você tem a dizer sobre sua relação com os alunos do Insper?

JA: Nossa, é demais! A relação é boa com todo mundo. Conheço muita gente aqui e o pessoal me conhece demais. Se eu estou aqui o pessoal chega “ô Zé, ô Zé”. É Zé pra lá, Zé pra cá. Então eu conheço o pessoal demais. Isso foi sempre assim

Por Felipe Scandiuzzi

Mais conhecido como Zé da Casa do Pão de Queijo, é um dos funcionários mais co-nhecidos do Insper. Todos os dias, Zé ge-rencia a loja para garantir um serviço de qualidade para seus clientes.

25 | Abril 2017

em qualquer loja que eu trabalhei do Pão de Quei-jo. É aquele negócio, se trabalhar direitinho, aten-der o pessoal bem, você só tem elogio, né? Elogio de aluno, de professores, de todos. De professo-res a gente tem elogios quase todo dia. Pai de alu-no que vem aqui e pergunta “Zé, essa loja é sua?”, eu falo “não, eu gerencio só”. Eles falam: “do jeito que você toma conta da loja a gente acha que a loja é sua né?” Eu falo que “não, se fosse minha era desse jeito, se eu estou gerenciando é desse jeito também”, não é porque não é minha que eu vou trabalhar de qualquer jeito não. Sempre trabalhei desse jeito pra não ter problema, principalmente com o cliente, né? Então sempre atender o pes-soal bem, tratar o pessoal bem. Sua loja tem que estar sempre impecável, principalmente limpa. Do mesmo jeito que você está vendo tudo limpo aqui, vai ver se entrar na cozinha. Esse problema a gente não tem, o pessoal é bom demais.

IP: Qual é sua pior e melhor qualidade?

JA: Pra falar a verdade eu não tenho um pon-to pior. Porque eu não tenho preguiça de fazer nada. Qualquer coisa, eu vou e faço. Hoje a gente

pega o pessoal de 18, 19 anos e não tá aguen-tando nada, nem se abaixar. Eu digo: “meu, se você chegar aqui na minha idade, e tomara que você chegue, que nem eu estou, você tá premia-do, hein?”, porque só de Casa do Pão de Queijo eu tenho mais ou menos 33 anos.

IP: Quais são seus planos para o futuro?

JA: Continuar trabalhando nesse ramo, ou pra mim ou pra outros. Até meu patrão já perguntou isso: “Zé, eu sei que não falta muito tempo pra você se aposentar pelo tempo que você está na Casa do Pão de Queijo, pelo tempo de serviço, quero saber se você vai continuar trabalhando com a gente” E eu digo: “olha, não sei se vou continuar trabalhando pra vocês, mas que eu vou trabalhar sempre, eu vou. Ou pra mim, ou trabalhando pra vocês, ou pra outra pessoa”. Eu não pretendo parar. Quando você para é por-que você não está aguentando, fi ca doente, né? Aí é diferente. Mas graças a Deus eu quero aposentar e continuar trabalhando. Sempre tive esse pique, desde quando era novo na Casa do Pão de Queijo.

26 | Abril 2017

Insper Acontece

Bike, Magrela, Camelo, conhecida por diferentes nomes e apelidos a bicicle-ta tem alcançado grande visibilidade nas discussões de mobilidade urbana

nas grandes cidades, por ser um importante meio de transporte não poluente. Segundo a pesquisa Origem/Destino realizada pelo Me-trô em 2007, a cidade de São Paulo tinha 155 mil viagens de bicicleta/dia. Uma atualização da mesma pesquisa em 2010 - “O uso de bi-cicletas na RMSP”- apontou 214 mil viagens/dia na cidade.

Assim, motivados pela quantidade de pessoas cada vez mais incentivadas a usar a bicicleta, como esporte e lazer, o Design Challenge e a Associação Atlética Insper construíram o Peda-la Insper, um mês repleto de novidades e ativi-dades ligadas à Bike.

O Pedala Insper tem como objetivo a cons-cientização dos alunos para o uso da bicicleta como um meio de transporte sustentável, bara-to e saudável. Além de proporcionar uma inte-gração através do esporte. Com programação estendida entre o dia 16 de abril ao dia 16 de maio, os organizadores realizaram workshops, palestras, além de publicações de dicas de como se locomover por São Paulo de forma se-gura e prazerosa. Será realizada também uma

competição entre os participantes para que possam concorrer a diversos prêmios e se sin-tam confortáveis com o transporte.

O marco inicial do evento é a chamada Pedala-da Insper realizada no dia 16 de abril às 09:00 até 12:00. A coletividade é a energia que move todo o evento. Assim, para incentivar o início das ativações, a Pedalada é uma oportunida-de de unir a galera, amigos e familiares, além de turistar por São Paulo para tirar fotos, ver suas paisagens, e passear por pontos turísticos como Ibirapuera, Paulista e Masp.

Nessa sintonia, portanto, o movimento Pedala Insper tenta trazer a cada aluno o sentimento positivo de pedalar e interagir com os colegas de faculdade, para dessa forma potencializar uma cultura colaborativa, com grupos de ciclis-mo e trocas de experiências, criando assim um Insper de duas rodas, com mais bikes, magre-las e camelos.

Uma paixão de duas rodasPor Equipe Pedala Insper

RELIZAÇÃO:

27 | Abril 2017

Cruzadinha

HORIZONTAL 5. Novo nome da entidade cultural6. Deixou saudade e sono7. Lugar de trocar de roupas9. Preço da coxinha no segundo andar12. Pedaço do frango que da origem ao estereótipo de aluno Insper13. Anhembi tem e o Insper não14. Quem para em vaga de defi ciente mesmo sem precisar é15. Fechou e deixou saudade17. Quem faz os lanches na Anhembi18. Programa favorito do Sérgio do MultiInsper

VERTICAL1. Segundo economistas, se não tiver reforma na previdência os próximos idosos vão passar:2. Nova cronista do Insper3. Atividade complementar aos sábados4. Nova opção de café8. Deixou saudade e fome10. Nome verdadeiro do Pavão11. Segundo Wagner Moura, antes de se aposentar as pessoas vão:16. Iglu do Insper

Respostas:

Horizontal 5. VEGA6. MenosUm7. Vestiário9. Abusivo12. Coxa13. Starbucks14. Otário15. MiniExtra17. Bruno18. CaféFilosófi co

Vertical1. Fome2. CamilaBoscov3. Teatro4. ContémCafé8. SantoCone10. Nosso Quintal11. Morrer16. Nerdbox

cruzadinha

28 | Abril 2017

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