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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MÊNDES PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO INCLUSIVA INCLUSÃO ESCOLAR DO ALUNO CADEIRANTE Auta Ignácia da Silva Garcia Rio de Janeiro 2009

INCLUSÃO ESCOLAR DO ALUNO CADEIRANTE Auta Ignácia … · pessoa com necessidade educativa e merecedora de atenção e respeito. ... físicas, sensoriais ou intelectuais, decorrentes

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UNIVERSIDADE CANDIDO MÊNDES

PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO INCLUSIVA

INCLUSÃO ESCOLAR DO ALUNO CADEIRANTE

Auta Ignácia da Silva Garcia

Rio de Janeiro

2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MÊNDES

PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO INCLUSIVA

INCLUSÃO ESCOLAR DO ALUNO CADEIRANTE

Auta Ignácia da Silva Garcia

Monografia apresentada ao curso de

Pós-graduação em Educação Inclusiva

como requisito parcial para a obtenção

do grau de especialista em Educação

Inclusiva.

Rio de Janeiro

2009

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DEDICATÓRIA

Com imensa ternura , tenho a alegria de oferecer

este trabalho como homenagem aos meus

familiares pelo apoio e compreensão que a todo

tempo deles recebi. Nos momentos de pesquisa e

reflexão tinha a certeza de estar sendo

acompanhada por uma torcida vibrante que

sonhava com meu sucesso. Quero dividir com

todos vocês as sensações que agora sinto de um

dever cumprido. Confesso que sem a presença

silenciosa, mas calorosa de todos vocês seria muito

mais difícil o alcance da meta.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pelos objetivos

alcançados e por ter feito com que eu concluísse

mais uma etapa de minha vida.

Agradeço especialmente aos meus pais pelo

carinho e pelo apoio, os quais sempre me foram

dedicados.

Aos mestres e ao meu orientador (a), Doutor

(a). . . ,pelo conhecimento adquirido e por me

mostrarem o caminho para a elaboração deste

trabalho.

E aos meus amigos e companheiros de classe, que

de alguma forma, contribuíram na elaboração desta

monografia

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"É necessário ir além da compreensão teórica e

científica. Precisamos de ações efetivas que

conduzam ao resgate da vida, da dignidade e do

respeito."

(Maríl ia Boaron-2007)

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RESUMO

Tratou a presente monografia de um estudo sobre a inclusão escolar do

aluno cadeirante. Inicialmente, fez-se uma conceituação sobre as

modalidades de deficiências. O trabalho prosseguiu abordando a questão do

cadeirante e suas necessidades. Outro fator chave foi a análise da educação

inclusiva na escola. Ponto alto do trabalho foi a inclusão especial do

cadeirante.

Palavras-chave: Inclusão; Educação; Cadeirante.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I - DEFICIÊNCIAS:CONCEITUAÇÃO E

MODALIDADES

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1.1 Significados do termo deficiência 12

1.2Categorias de deficiência 13

1.2.1 Deficiência mental 14

1.2.2 Deficiência motora 15

1.2.3 Deficiência visual 16

1.2.4 Deficiência múltipla 16

1.3 Classificação das Necessidades Especiais 16

1.4 Medidas para a Prevenção de Deficiências 17

1.4.1 Prevenção primária 18

1.4.2 Prevenção secundária 19

1.4.3 Prevenção terciária 19

1.5 A integração da Pessoa Portadora de Deficiência e suas

Perspectivas

20

1.5.1 Integração 20

1.5.2 Princípios para a integração social dos deficientes 21

CAPITULO II: O CADEIRANTE E SUAS NECESSIDADES 23

2.1 A Lesão Medular 23

2.2 A Cadeira de Rodas e suas Implicações 25

2.3.Adaptando-se à vida e suas Exigências 28

2.4 Adaptações do Espaço Físico 30

CAPITULO III EDUCAÇÃO INCLUSIVA NA ESCOLA 33

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3.1 Fusão do Ensino Regular 37

3.2 O Papel do Professor na Integração 39

3.3 Atendimento ao aluno portador de Necessidades Especiais. 42

CAPITULO IV: INCLUSÃO ESPECIAL DO CADEIRANTE 44

4.1 Escola Inclusiva: Acolhida do cadeirante 44

4.2. A Escola Inclusiva: Condições Técnicas 46

4.3 O Professor da Escola Inclusiva 52

4.4 Atenção dos Professores ao Aluno Cadeirante 51

CONCLUSÃO 53

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 55

ANEXOS 52

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INTRODUÇÃO

As concepções referentes deficiências, ao longo da história, podem

ser divididas em pré-científicas e científicas. Com relação a concepções

pré-científíca, esta refere-se a à Antiguidade e Idade Média, quando a

compreensão sobre à deficiência remetia ao sobrenatural. No final da Idade

Média dissiminou-se a idéia de que todos são filhos de Deus , então as

organizações religiosas através de espaços assistenciais abrigavam as

pessoas doentes de todos os tipos.

No período conhecido como Renascimento, surgem as concepções

denominadas então de científicas. Neste período iniciam as buscas das

causas das deficiências, através dos estudos e dissecação dos corpos

humanos. A partir do século XVIII assiste-se à evolução da medicina, as

pessoas com deficiência são vistas como doentes e passam a ter direito a

tratamento médico.

A preocupação com a educação dos portadores de necessidades

especiais se fortaleceu na década de 80, primeiramente nos países

desenvolvidos, depois nos países periféricos. Tal público durante muito

tempo ficou sem assistência de uma política pública educacional. O

objetivo maior desse movimento é destacar o desenvolvimento educacional

entre os portadores de necessidades especiais, sobretudo nas aulas de

Educação Física. Pertencem a esse grupo aqueles com algum tipo de

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necessidade especial , como também aqueles que necessitam de cuidados

pedagógicos especiais.

Nesse sentido, a escolha do termo portadores de necessidades

especiais indica a existência de uma demanda distinta dos demais alunos,

que é levada em conta pelo professor para futuras adaptações no

planejamento das aulas.

Durante muito tempo, as dificuldades enfrentadas cotidianamente

pelas pessoas portadoras de deficiência foram camufladas. Tal fato ressalta

o descaso de grande parte da sociedade com os indivíduos que não são

considerados “normais”. Sabe-se que há muitas diferenças existentes entre

os indivíduos, já que cada um desenvolve suas competências e habilidades

de maneira diferenciada. As pessoas “desconhecem” as diferenças e, por

isso, o estudo sobre a integração dos Portadores de Necessidades Especiais

se faz necessário e muito beneficia a pluralidade de idéias, de conceitos e

de fatos expostos que antes só eram de conhecimento de um pequeno grupo

específico e visa contribuir, assim, para uma solução na integração da

pessoa com necessidade educativa e merecedora de atenção e respeito.

A educação é um veículo capaz de levar o indivíduo à reflexão sobre

vários aspectos de sua vida e da sociedade em que vive. Desta forma, a

inclusão dos portadores de necessidades especiais nas aulas de Educação

Física remete o problema às condições encontradas nas escolas, em termos

de recursos e possibilidades que podem ser oferecidos por esta escola e

pelos professores de Educação Física.

As barreiras sociais são as principais dificuldades encontradas pelos

portadores, caracterizadas, por exemplo, pela falta de acesso a lugares

públicos, como as escolas. Busca-se, portanto, através de uma educação de

qualidade, proporcionar o direito de acesso para todos, sem considerar as

diferenças entre os alunos que serão atendidos adequadamente. Isto é, os

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portadores de necessidades especiais seriam incluídos como mais um aluno

regular na escola e nas aulas de Educação Física.

Qualquer que seja o quadro numérico que tracemos acerca da

incidência de deficiência física, bem como de sua repercussão em termos

de avanços legais, as dimensões sociais e individuais impostas pela

deficiência na vida dos cadeirantes não poderá ser configurada. È plausível

pensar que somente os estudos de caso serão capazes de mostrar os severos

comprometimentos afetivos e sociais que se instalam no dia-a-dia dos

cadeirantes.

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CAPÍTULO I

DEFICIÊNCIAS:

CONCEITUAÇÃO E MODALIDADES

1.1 Significados do termo deficiência

Não obstante as conceituações que prevaleciam antigamente,

percebe-se, atualmente, uma preocupação geral com a denominação a ser

utilizada para definir os portadores de necessidades especiais. É natural

que termos como "anormal" “aleijado”, “inválido”, “mutilado”, não sejam

mais aceitos, uma vez que vêm carregados de preconceitos e, sendo assim,

mostram-se contrários aos critérios atuais de identificação de tais

necessidades, isentos discriminação.

De acordo com NASCIMENTO (2005), o vocábulo “deficiência”, em

inglês “disabili ty” e, em espanhol “discapacidad”, constitui um termo

genérico para todo o segmento de indivíduos portadores de necessidades

especiais, não importando a seqüela ou o tipo específico de deficiência

apresentada.

Segundo Bueno (2006), é importante definir os termos “pessoa

portadora de deficiência” e “indivíduo portador de necessidades

especiais”, entendendo suas diferenças. De acordo com este autor, a

primeira expressão refere-se ao

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“indivíduo que apresenta significativas diferenças físicas, sensoriais ou intelectuais, decorrentes de fatores inatos ou adquiridos, de caráter permanente que ocasionam dificuldade em sua interação com o meio físico e social”.(p.38)

Já a segunda expressão, “trata da pessoa que apresenta, em caráter

permanente ou temporário, algum tipo de deficiência física, sensorial ,

cognitiva, múltipla, condutas t ípicas ou altas habilidades, necessitando, por

isso, de recursos especializados para desenvolver mais plenamente o seu

potencial e/ou superar ou minimizar suas dificuldades”.(p.39)

Como se pode constatar, deficiência não constitui incapacidade. Esta

última seria uma

“impossibilidade temporária ou permanente de executar determinadas tarefas, como decorrência de deficiências, interferindo nas atividades funcionais do indivíduo”.(Idem pág 39)

O indivíduo deficiente não é, portanto, um ser humano incapaz.

Possui muitas aptidões e necessidades que podem e precisam ser

desenvolvidas para ele poder atuar de forma produtiva e integrada à

sociedade. (UNICEF, 2006)

1.2 Categorias de deficiência

Tradicionalmente, as deficiências são classificadas a partir do órgão

ou sentido afetado, o que permite dividi-la nas categorias mental, física,

visual, auditiva e múltipla.

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Segundo dados da ONU, ainda não confirmados oficialmente, 10%

da população de países em desenvolvimento sofre de algum tipo de

deficiência. (SOUZA, 2006)

A seguir, serão apresentadas as principais características e

classificações de cada uma dessas categorias.

1.2.1 Deficiência mental

De acordo com o Plano Nacional de Educação Especial (2005), a

deficiência mental pode ser definida como

“Funcionamento intelectual significativamente abaixo da média, coexistindo com limitações relativas a duas ou mais das seguintes áreas de habilidades adaptativas: comunicação, autocuidado, habilidades sociais, participação familiar e comunitária, autonomia, saúde, segurança, funcionalidade acadêmica, de lazer e de trabalho. manifesta-se antes dos 18 anos de idade”. (p. 78)

O indivíduo portador de deficiência mental possui capacidade

intelectual abaixo da média, oriunda das primeiras fases de

desenvolvimento, em conjunto com limitações associadas a duas, ou mais

áreas da conduta adaptativas, ou da incapacidade da pessoa em responder

adequadamente às demandas da sociedade. Isto pode ser verificado nos

seguintes aspectos: comunicação, cuidados pessoais, habilidades sociais,

desempenho na família e comunidade, independência na locomoção, saúde e

segurança, desempenho escolar, lazer e trabalho.

Os médicos Stard e Seguin ( Revista Marie Claire, 1999)

ressaltam a necessidade de um diagnóstico diferencial da

deficiência mental. Segundo Marie Claire (1999)

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“A deficiência mental não pode ser confundida com doença mental (distúrbios emocionais, psicoses, etc.) , nem com problemas ou distúrbios de aprendizagem; tampouco com peculiaridades advindas do ambiente cultural (diferenças l ingüisticas, de hábitos, etc.) (p.23)

1.2.2 Deficiência motora

A mobilidade, a coordenação motora geral ou de fala, decorrente de

lesões neurológicas, neuromusculares e ortopédicas ou de malformação,

congênita ou adquirida, são afetadas por condições não-sensoriais, tais

como perda ou redução da capacidade motora, que engloba vários tipos de

limitação motora:, a saber: paraplegia, tetraplegia, e paralisia cerebral. "Ou

seja, há um comprometimento da capacidade motora, nos padrões

considerados normais para a espécie humana".(Idem)

“A deficiência física implica falha das funções motoras. Na maioria das vezes, a inteligência fica preservada, com exceção dos casos em que células da área de intel igência são atingidas no cérebro”.(Idem, p. 55)

1.2.3 Deficiência auditiva

De acordo com publicação da UNICEF (2006), pode-se entender

deficiência auditiva como a “perda total ou parcial, congênita ou adquirida,

da capacidade de compreender a fala do ouvido”(pág. 21). A Classificação

dada em dois modos, a saber: surdez leve/moderada (até 70 decibéis, onde –

a pessoa, embora com dificuldade, consegue expressar-se oralmente e

perceber a voz humana, com ou sem uso de aparelho auditivo) e surdez

severa/profunda (perda auditiva acima de 70 decibéis, é aquela onde há

impedimento a pessoa em entender, com ou sem aparelho auditivo a voz

humana).

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1.2.3 Deficiência visual

É a redução ou perda total da visão. Sua manifestação se dá de dois

modos distintos: cegueira, que é perda total ou resíduo mínimo da visão, a

qual necessita do método Braille como meio de lei tura e escri ta, além de

outros recursos didáticos; O segundo modo é a visão reduzida, que é a

acuidade visual entre 6/20 e 6/60 no melhor dos dois olhos (UNICEF,

2006).

1.2.4 Deficiência múltipla

Ocorre quando em uma mesma pessoa há associação de duas, ou mais

deficiências primárias (mental, visual, auditiva, física), atrasando o

desenvolvimento global e a capacidade adaptativa.(Idem)

1.3 Classificação das Necessidades Especiais

É comum se encontrar alguns grupos de classificação no que

concerne às necessidades especiais enfocadas pelos sistemas educacionais

segundo Souza (2006) nos meios educacionais é comum o uso dos termos

abaixo:

—Desvios mentais; abrangem pessoas intelectualmente lentas

quanto à capacidade de aprendizado;

—Deficiências sensoriais, referem-se a pessoas portadoras de

necessidades especiais, de ordem auditiva ou visual.

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—Desordens de comunicação: são pessoas com distúrbios de

aprendizagem e deficiências da fala e da l inguagem.

—Desordens do comportamento; equivalem distúrbios

emocionais e desajustamentos sociais.

—Deficiências múlt iplas e graves. Este termo aplica-se a

pessoas com paralisia cerebral e retardamento mental, surdez e

cegueira, bem como deficiências físicas e intelectuais mais

graves. Nem sempre, os portadores desta linha de tem

condições de candidatar-se à escola comunitária.

Segundo o Plano Nacional de Educação Especial (2005), a definição,

mais comumente empregada, para deficiência mental é a criada pelos

membros da Associação Americana de Deficiência Mental (AAMD). Segue-

se à definição da AAMD, uma explicação que se traduz, em termos

práticos: as pessoas com desvios mentais apresentam um funcionamento

intelectual geral significativamente abaixo ou acima da média, o qual

coexiste com falhas no comportamento adaptador e se manifesta durante o

período de desenvolvimento. Tal desvio acontece devido ao fato de estes

indivíduos não satisfazerem padrões de independência e responsabilidade

social esperados pelos componentes de seu grupo etário e cultural.

1.4 Medidas para a Prevenção de Deficiências

Medidas de diversas naturezas podem ser tomadas para prevenir o

surgimento de deficiências em indivíduos de todas as idades. Segundo a

UNICEF (2006), tais medidas correspondem a ações em nível primário,

secundário e terciário de prevenção.

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1.4.1 Prevenção primária

Voltada para a comunidade em geral, a prevenção primária tem o

objetivo de diminuir a incidência de doenças e acidentes que possam ser

causadores de deficiência. Ações políticas e dispositivos legais como o

Estatuto da Criança e do Adolescente, fazem parte dos instrumentos legais

que contribuem para minimizar tal problema.

Segundo Souza (2006), as medidas voltadas para a prevenção

primária das deficiências podem ser esquematizadas como descrito abaixo:

— Medidas pré-natais

condições de saneamento básico;

cuidados especiais em regiões de risco radioativo;

planejamento familiar;

aconselhamento genético pré-natal;

acompanhamento da gestação (saúde e nutrição materna);

diagnóstico pré-natal .

— Medidas perinatais

atendimento médico-hospitalar de qualidade por ocasião do parto;

atendimento de qualidade ao recém-nascido;

Screening neonatal;

PKU (teste do pezinho).

— Medidas pós-natais

condições de saneamento básico;

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serviços de puericultura adequados (que incluem as campanhas de

vacinação);

prevenção de acidentes domésticos.

1.4.2 Prevenção secundária

São aquelas ações que reduzem a duração dos problemas já existentes

ou revertem seus efeitos. São exemplos de prevenção secundária, o

diagnóstico precoce, os programas que incluem dieta para crianças com

fenilcetonúria, os programas de estimulação precoce, e outros.

1.4.3 Prevenção terciária

Mais apropriada às pessoas que já vivem a condição de deficiência

mental, a prevenção terciária objetiva possibilitar o pleno desenvolvimento

das potencialidades do indivíduo, diminuindo as eventuais defasagens

provocadas por sua condição. Tais ações incluem, entre outros o

atendimento psicológico, o pedagógico (pré-escolar, escolar, de preparação

para o trabalho, etc.) . (UNICEF, 2006 p. 12)

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1.5 A integração da Pessoa Portadora de Deficiência e suas Perspectivas

1.5.1 Integração

Entende-se como integração o

“Processo bilateral que pressupõe a participação e a ação partilhada, ao mesmo tempo dividida e somada. É um movimento de conquista de espaço (interno e externo), tanto daquele que pertence ao chamado grupo minoritário em relação aos demais participantes da comunidade”. (Revista Integração, 2000, p. 16)

O termo integração também é usado para caracterizar um “Processo

dinâmico de part icipação das pessoas, num contexto relacional, legitimando

sua interação nos grupos sociais”. (Revista Integração, 2000, p.18)

A reabilitação, por sua vez, corresponde ao

“Conjunto de medidas de natureza médica, social , educativa e profissional, destinadas a preparar ou reintegrar o indivíduo, com o objetivo de fazê-lo alcançar o maior nível possível de sua capacidade ou potencialidade”. (UNICEF, 2006)

Ainda segundo a Revista Integração (2000), entende-se como

princípio da integração, a aceitação daquele que se insere em algum grupo

com base nos valores democráticos: igualdade (viver em sociedade tendo

iguais direitos, privilégios e deveres como todos os indivíduos),

participação ativa (requisito indispensável à verdadeira interação social) e

respeito à pessoa.

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1.5.2 Princípios para a integração social dos deficientes

Vários são os princípios que regem a integração social dos

deficientes. O primeiro é o princípio da est imulação essencial que

significa:

“Conjunto organizado de estímulos e treinamento adequados, oferecido, nos primeiros anos de vida. Nas crianças já identificadas como deficientes e àquelas de alto risco, de modo a lhes garantir uma evolução tão normal quanto possível”. (p.24)

. Princípio das potencialidades

É a predisposição latente no indivíduo que, a partir de estimulação

interna e/ou externa, desenvolve a capacidade de produzir.

. Princípio do ajuste econômico com a dimensão humana

Valor atribuído à dignidade dos portadores de necessidades especiais,

como seres humanos completos.

. Princípio da legitimidade

Participação das pessoas portadoras de necessidades especiais na

elaboração e formulação de polí ticas públicas e programas.

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. Princípio da normalização

“Princípio da base filosófica – ideológica da integração que oferece para os portadores de necessidades especiais, modo e condições de vida diária o mais semelhantes possível às formas e condições de vida do resto da sociedade”.(Idem p.25)

Cabe observar que prevalece, sempre, o direito da pessoa portadora

de necessidades especiais de ter condições especiais reconhecidas e

atendidas pela sociedade. (Política Nacional de Educação Especial)

. Princípio da individualização

Adequação do atendimento educacional a cada portador de

necessidades especiais, respeitando seu ri tmo e característ icas individuais.

. Princípio epistemológico da construção do real

Conciliação entre o que fazer para o atendimento às aspirações e

interesses dos portadores de necessidades especiais e à aplicação dos meios

disponíveis. (UNICEF, 2006)

Encerrada a classificação das necessidades especiais cabe, agora, um

estudo específico sobre o cadeirante, o que será feito no próximo capítulo

desta monografia.

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CAPITULO II

O CADEIRANTE E SUAS NECESSIDADES

2.1 A Lesão Medular

Muitas são as pesquisas e estudos em que o fator fundamental é a

identificação dos problemas de saúde que atingem os cadeirantes, e

constituem a lesão medular. Em geral instalam-se de forma abrupta e

demandam, no início, diferentes cuidados médicos e terapêuticos, os

chamados tratamentos de reabilitação.

NÉRI (2003, p. 31) registrou em um serviço especializado em

reabilitação de portadores de lesão medular, em Belo Horizonte, no ano de

2006, um total de 514 internações devidas à lesão medular. Deste total ,

43% adquiriram lesão por acidente de trânsito, 29% por agressão por arma

de fogo e 16% devido a quedas de altura. Com relação à faixa etária dos

pacientes atendidos, verificou que 36% situava-se numa faixa entre 20 e 29

anos, 23% no intervalo de 30 a 39 anos e 17% no intervalo entre 40 a 49

anos.

A lesão Medular atinge de maneira terrível o portador de deficiência

física. Ataca principalmente homens adultos que se encontram em idade

produtiva. O mais terrível e inaceitável,é a condição na qual são

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considerados por muitos na sociedade, considerados como “inválidos”.

Muitos são compelidos a se aposentar.

Ao levar em consideração que muitos são chefes de família, pode-se

imaginar a repercussão desse tipo de preconceito a nível social familiar e

social para cada um desses homens, muitas vezes ainda jovens. A esse

respeito, Neri (2003) comenta:

“(.. . ) estudos mostram que a lesão medular em homens adultos quando ataca, apenas a metade dessas pessoas consegue retornar ao mercado formal de trabalho, permanecendo nas malhas da previdência social . Segundo dados do Ministério do Trabalho, os que retornam à atividade tendem a ganhar menos que os não deficientes. Estes índices fazem da deficiência um assunto de primeira ordem, não apenas do ponto de vista médico, mas como elemento gerador de impactos econômicos, sociais e políticos claros” (p.21).

Estudos mostram qual a medula espinhal faz parte do sistema nervoso

central , localiza-se no interior da coluna espinhal e é responsável pelo

processamento de informações relacionadas à motricidade, sensibilidade e

fenômenos neuro vegetativos que ocorrem entre cérebro e corpo. A medula

espinhal está consti tuída por 31 pares de nervos espinhais periféricos

formados pelas raízes dorsal e ventral. A raiz dorsal da medula é

responsável pelo encaminhamento de informações sobre sensibilidade as

quais advêm de várias partes do corpo. A raiz ventral, que é composta de

fibras nervosas, leva as informações de movimentos para os diferentes

músculos do corpo. (BARTALOTTI, 2006 p. 52)

Qualquer tipo de agressão sofrido pela medula espinhal compromete

a capacidade de processar informações de movimentos, de sensibilidade e,

até mesmo interfere nas atividades neurovegetativas. Tal comprometimento

pode ser total ou parcial. (Araújo, 2003 p. 31).

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Os prognóstico da lesão medular podem estar relacionados a

diferentes processos que lhe venham a danificar o bom funcionamento,

como a etiologia da lesão e o grau de comprometimento da medula. O nível

de comprometimento depende da altura da lesão medular e de sua

gravidade. As lesões no nível da coluna cervical acarretam casos de

tetraplegia, comprometendo as funções motoras ou sensitivas, repercutindo

nos braços, no tronco e nas pernas. As lesões nos níveis torácico, lombar

ousacral relacionam-se com quadros de paraplegia, tendo como

conseqüência comprometimentos motores e/ou sensitivos no tronco e nas

pernas ou apenas nas pernas.( GREVE , 2001 p. 54)

Cabe ressaltar que o conhecimento médico construído a respeito de

lesão medular agrega a possibilidade de auxiliar o indivíduo a conviver

com o estado do seu corpo na atualidade. Entretanto,tal conhecimento não

deve ser uti lizado como verdade absoluta, distanciando a pessoa afetada

pela lesão de sua experiência, mas como estratégia que a auxilie a se

conhecer, interpretar e re-significar as mudanças que ocorreram. Uma

forma de viver que servia de ponte para experiência pessoal e não como

fator que distâncie o individuo do convívio familiar e social.(Idem pág.56)

2.2 A Cadeira de Rodas e suas Implicações

A contribuição dos tratamentos de reabil itação para o cadeirante se

configura como um desafio de retomar a vida que o acidente ou a doença

ocasionaram reiniciar a vida, não ficar alheio na expectativa de futuramente

escapar da paralisia.(Araújo, 2003 p. 55).

Com a perda de movimentos, inevitavelmente o cadeirante passa por

momentos de sofrimento e limitações em sua locomoção. As restrições são

causadas pelo de movimentos, os portadores de lesões medulares, assim

como de paraplegia (perda da função motora das pernas), voltaram a sofrer

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novamente: são dores freqüentes nas mãos, pulsos e cotovelos, decorrentes

do uso de cadeiras de rodas inadequadas. Muitos, por receberem orientação

correta, sofrem ainda mais para usar sua cadeira de rodas. Tal fatonão

ocorreria, se houvesse pessoas especializadas e fornecer as explicações

necessárias aos cadeirantes e seus familiares, importa, também que a

família do cadeirante se empenhe em adquirir orientações para o uso

correto da cadeira de rodas, e obedecer corretamente as instruções

recebidas..

O alerta foi realizado pelos profissionais da área da fisioterapia

norte-americana durante o 2º Simpósio Brasileiro de Adequação Postural

em Cadeira de Rodas. Realizado em Março de 2006 em São Paulo foi

organizado pela Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) e

por uma fabricante de cadeira de rodas. Conforme ALEXANDRE e

ANGERAMI: (2007)

Cerca de metade dos que usam cadeira de rodas tem dores nos braços", destacou os estudos fei tos, onde os fisioterapeutas citam dados compilados ao longo de nove anos por um painel de especialistas e entidades de usuários financiados pela organização Veteranos Paralisados da América, que, nos EUA, dá suporte a pessoas que tiveram lesões medulares ao lutar em guerras.(pág.77)

Ainda segundo ALEXANDRE e ANGERAMI(2007, p.82), o uso

contínuo e inadequado da cadeira de rodas, afeta a qualidade de vida, da

respiração à independência para realizar tarefas, isto demonstra a

necessidade de os cadeirantes obterem a cadeira mais adequada às suas

necessidades, ou seja: aquela que garanta estabilidade do tronco e pélvis,

com almofadas que balanceiem adequadamente a pressão do corpo para

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evitar feridas, que permitam movimentos suaves e não lesionem as

art iculações.

Coforme mostra NERI (2003, )“(. . . ) para a locomoção da pessoa com

deficiência física motora, o uso da cadeira de rodas é como uma roupa que

é vestida”.(pág 74) Portanto a cadeira deve ser ajustada como uma roupa.

Assim como não dá para usar uma calça que cai, é inviável uma cadeira em

que a pessoa com necessidades especiais de locomoção que venha a

escorregar.

No Brasil , desde o ano de 2007, segundo informa o Jornal da

Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – (APAE) , edição junho e

julho 2007, de Bagé, editado pela Divisão de Medicina de Reabilitação do

Hospital das Clínicas e Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência

do Estado do Rio Grande do Sul, especialistas em reabilitação reivindicam

que o Ministério da Saúde passe a financiar também a adequação das

cadeiras de rodas às necessidades dos pacientes, isto não está previsto na

tabela de procedimentos que remunera os serviços de reabilitação. Com

recursos disponíveis, será possível bancar encostos de cabeça, cintos para

garantir estabilidade, almofadas melhores, rodas adaptadas, fatores que

facili tariam em muito a vida do cadeirante.

Segundo destaca GREVE (2001, p. 121), as dores que sofre o

cadeirante, muitas vezes são decorrentes do próprio processo de adaptação.

No entanto, podem ser conseqüências de uma prescrição inadequada. Sabe-

se que muito se pensa sobre a adaptação de móveis para o local de trabalho

de quem fica o dia todo sentado, como o escritório por exemplo,

infelizmente não se lembra. Ainda, de quem fica o maior tempo sentado na

cadeira de rodas

O Ministério da Saúde informou que as orientações sobre o uso da

cadeira de rodas dependem do SUS que lhe financia a aquisição. O

financiamento conta com recursos programados para a reabilitação, mas a

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adaptação das cadeiras conforme informou a secretário do Ministério, ainda

está em análise. Esta situação não impede que os gestores locais remunerem

tais serviços e que promovam as adaptações necessárias nas cadeiras,

afirmou na reportagem Érika Moura da Cruz, coordenadora da Área Técnica

Saúde da Pessoa com Deficiência do ministério. (Jornal do Conselho

Nacional de Saúde Setembro de 2007 — ano 2— número 4).

Ainda conforme a reportagem do jornal Conselho Social, o promotor

Júlio Botelho, do Grupo de Proteção à Pessoa Portadora de Deficiência do

Ministério Público de São Paulo entende que as adaptações são necessárias,

mas ainda é alvo de controvérsias. Não existe unanimidade sobre quantos

itens devam ser fornecidos pelos SUS e há a pressão do alto custo dos

orçamentos já realizados.

2.3.Adaptando-se à vida e suas Exigências

Os dados implicados em 2004 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE 2004 relativos ao censo de 2000, mostram a existência no

Brasil de 24,5 milhões de pessoas portadoras de algum tipo de deficiência

física, mental , audit iva, visual ou múltipla, correspondendo a 14,5% da

população brasileira. Desse total, 4,1% são portadores de algum tipo de

deficiência física, tetraplegia, paraplegia ou hemiplegia permanente, 1

milhão de deficientes esperam por prótese, órteses e meios auxiliares como

a cadeira de rodas.

Estudos têm mostrado, assim como a própria prática diária, que as

pessoas que utilizam cadeiras de rodas, os chamados cadeirantes enfrentam

consideráveis dificuldades de locomoção e acesso, principalmente nos

centros urbanos, pelo maior fluxo de pessoas,e enfrenta-se demonstrando

maior discriminação social .

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Em 1944, o neurologista e neurocirurgião alemão, Ludwing Guttman,

deu início ao processo que tornou sistematizada a prática desportiva entre

os cadeirantes, criando o Centro Nacional de Lesionados Medulares no

Hospital de Stoke Mandeville. O objetivo era tratar homens e mulheres do

exército inglês feridos na Segunda Guerra Mundial . Dr. Guttman, após

realizar os estudos em particular com cadeirantes, procurou adaptar o

esporte aos conceitos de reabilitação física e emocional. O neurologista

acreditava no valor do esporte para a pessoa com deficiência, quer para sair

da depressão quer como forma de eleger um novo objetivo de vida, pois a

prática desportiva seria fundamental para a integração social (TURINI e

DACOSTA, 2002). Para a inclusão dos cadeirantes no convívio social ,

participando ainda de atividades físicas, iniciou-os de forma lenta no

desporto, adaptando jogos e outras atividades.

Registros mostram que a Alemanha se colocou como o primeiro país

de prática desportiva organizada, quando em 1918, um grupo de deficientes

lesionados na Primeira Grande Guerra se reuniu para disputas desportivas

(TURINI e DACOSTA, 2002).

Os esportes em muito têm contribuído para a interação social e

aumento da auto-estima do cadeirante. Um desses esportes é o basquetebol.

Trata-se de um esporte coletivo que pela intenção obrigatória facili ta a

integração de pessoas deficientes com outras nas mesmas condições.

Infelizmente por apresentarem dificuldades na locomoção, e por

conta de uma sociedade despreparada para aceitá-lo,. os cadeirantes

encontram obstáculos em sua integração social . Os esportes tem a função de

amenizar tal resistência, ajudando tais pessoas a vencerem o preconceito e

se relacionaram de forma linear com as demais.

As práticas esportivas realizadas pelos cadeirantes visam,

igualmente, à sua adaptação à cadeira de rodas. Assim aprendem a melhor

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se locomover sozinhos, ou seja, através de atividades desportivas a pessoa

fica mais independente e autoconfiante.

2.4 Adaptações do Espaço Físico

Outra situação que exige atenção em relação ao cadeirante, diz

respeito á sua locomoção nos espaços urbanos e dentro das intuições. O

desejável é que desde o planejamento das obras se leve em conta as pessoas

com necessidades especiais no que respeita ao cadeirante é fundamental

considerar critérios de ergonomia para deslocamentos e uso do espaço

construído, bem como dos equipamentos que tais pessoas vão utilizar. A

estratégia para unir ergonomia e arquitetura se inicia com a elaboração do

projeto, pois este é o momento de decisões muitas vezes definit ivas e

irritáveis, ambientes físicos (ELY, 2003).

Precisa ser levado em consideração, que as necessidades do

cadeirante assim: interferem em todo o projeto da edificação. Importa

observar as medidas antropométricas de alcance, assim como as

necessidades do conjunto usuário/cadeira para seus deslocamentos por

todos espaços interiores , alcance de portas, janelas, armários, bancadas,

acionamento de dispositivos, além de outros.

Cumpre assegurar ao cadeirante as condições mínimas de

independência e conforto dentro de sua própria casa, já que fora dela a

sociedade ainda tem muito que a Existe dentro da legislação brasileira uma

norma regulamentadora que disciplina a questão. Trata-se se da NBR950

esta norma determina os critérios mínimos de acessibilidade, como

rampas,vias de circulações, adaptação dos sanitários, etc. Tais providências

visam a assegurar o melhor uso dos espaços pela pessoa com necessidade

especiais de locomoção.

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Quais os principais problemas encontrados pelo cadeirante ainda

dentro de sua própria casa? Conforme CARVALHO(2001).

“(.. . ) acessos e circulações com dimensões insuficientes para garantir a passagem e acesso livre, dificultando as manobras da cadeira de rodas; inexistência dos componentes de ajuda prostét ica; distribuição de mobiliário que inviabil iza o acesso aos espaços e móveis; desrespeito às dimensões de alcance vertical e horizontal; e relação entre interior e exterior deficiente com janelas pequenas, altas e com comandos fora do alcance do cadeirante”.(pág 67)

Portanto os projetos para a construção de casas que busquem atender

o cadeirante, necessitam priorizar a acessibilidade a todos os espaços.

Part indo assim da premissa básica de que o nível mínimo de adaptação do

espaço ao cadeirante deve contemplar todas as al terações físicas

necessárias para garantir maior durabil idade funcional para a habitação.

Este projeto deve também permitir que outras adaptações qualitativas

sejam feitas futuramente edificação, sem necessidade de demolições e

reconstruções. Nesta ótica, as dimensões mínimas dos cômodos

contemplam a circulação dos usuários, inclusive do cadeirante, a previsão

de todos os elementos de ajuda ao cadeirante, necessários para o uso da

habitação, a distribuição e acesso para util ização do mobiliário e

equipamentos, alturas de tomadas e interruptores dentro da faixa de alcance

das mãos.

Os vãos de janela adequados em termos de alturas mínimas, o

acionamento de trincos e comandos das esquadrias, entre outros. Após as

alterações, o cadeirante acessa todos os ambientes da edificação, dispondo

com segurança de espaço para o giro da cadeira em todos os ambientes.

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Outro espaço importante na construção como observa

CARVALHO(2001), diz respeito ao banheiro

“(.. . )o banheiro deve ser devidamente equipado e todas as portas e janelas substi tuídas visando à garantia de circulação e maior integração entre interior e exterior, o que permite que no futuro substitua-se alguma das janelas por porta-janela e criem-se efetivas ligações do espaço interno com o espaço externo da casa”.(pág 94)

Conforme ELY(2003), é possível adaptar uma habitação de interesse

geral social e torná-la variável ao cadeirante. Nada impede, que as

modificações sejam feitas gradualmente, a partir de um nível mínimo de

adaptação inicial que garanta e possibilite as futuras alterações ou

complementações.

Considerando as técnicas de construção atuais e os materiais

comercialmente disponíveis, existe um acréscimo no custo da edificação

voltada ao cadeirante mesmo que as alterações sejam feitas já no projeto

(Carvalho, 2003 p. 134). Contudo, o custo da adaptação de uma edificação

já construída seria superior às adaptações na fase do projeto, assim como a

própria viabilidade das al terações fica seriamente comprometida no caso da

edificação já construída.

Em suma, diante do universo das necessidades, o portador de

deficiência física motora, ou seja, o cadeirante é um dos indivíduos mais

fortemente penalizados pela falta de acessibilidade do espaço urbano e do

edificado. No caso de inclusão na escola esta questão da

acessibilidadeassume contornos mais complexos, que no momento próprio,

serão examinados neste trabalho.

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CAPITULO III

EDUCAÇÃO INCLUSIVA NA ESCOLA

Para as pessoas ditas “normais”, o mundo de certa forma está

preparado e adequado à atende-las, oferecendo condições para o convívio

em sociedade. De modo geral , os seres humanos nem sempre se encontram

preparados para atender e aceitar as diferenças existentes entre eles.

A sociedade foi educada para seguir determinados modelos, bem

como padrões físicos e de comportamento difundidos pela cultura do meio

em que vive. Segundo ARNAY: (199).

“ Grande parte dos indivíduos que compõem a sociedade ignora as diferenças e as necessidades que esta impõem. Desta forma, estudos buscam a integrar as pessoas Portadores de Deficiências à sociedade dita moderna. Mostra-se necessários difundir conceitos e conhecimentos, até então restritos a um pequeno grupo específico, composto, basicamente, por profissionais da área de saúde e familiares de deficientes, a necessidade em contribuir para a maior aceitação e inclusão do deficiente em vários campos do mundo moderno. Ainda é muito pouco o acesso e facilidade de locomoção e interação do portador de necessidade especial .” (p.78)

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Pesquisas recentes, tem mostrado o alto índice de repetência

escolar. Um dos fatores dos altos índices de repetência é a estrutura como

se encontra a escola. Entretanto, no imaginário social, como na cultura

escolar, os altos índices de repetência encontra-se principalmente entre

certos alunos pobres e os portadores de necessidades especiais.

Para enfrentar as exigências da escolaridade regular, existe a

crença, na qual o simplismo das afirmações do senso comum e até mesmo,

em certos argumentos e interpretações teóricas sobre o tema que definem

os alunos portadores de necessidades especiais como incapazes de assimilar

o conteúdo estudado em sala de aula. Por outro lado, já se conhece o efeito

motivador do meio escolar regular, no desenvolvimento de pessoas

portadoras de deficiências. Como aponta ARNAY (1998 pg 148):

(. . .) é preciso respeitar os educandos em sua individualidade, de modo a não se condenar uma parte deles ao fracasso. No entanto, a maioria dos educadores, ainda não incorporou a idéia de que os humanos são seres únicos, singulares e que é injusto, e inadequado; categorizar as pessoas a qualquer pretexto.

Os alunos de modo geral, são capazes de desenvolver suas

capacidades, e demonstrar seu potencial, de uma maneira ou outra, onde

muitos possuem maior aptidão para determinada área.Segundo salienta

(Moreira, 1995 pg 52):

A pessoa com necessidades especiais pode desenvolver o seu potencial e, todo indivíduo, dentro de um processo de ensino aprendizagem, tem a condição de se integrar emocionalmente, contribuindo de alguma forma para o meio em que vive. Contrariam, assim, aqueles que se apegam a crenças e atitudes ultrapassadas cuja idéia esta ligada ao sendo comum.

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Toda a criança, mesmo antes de iniciar sua vida escolar, apresenta

capacidade para aprender, independente das suas condições físicas.

Segundo SKLIAR:(2006)as crianças, mesmo as especiais,

(. . .) passaram a ser avaliadas como crianças capazes de aprender, mesmo face a dificuldades circunstanciais. Cabe portanto, atender aos princípios da inclusão social que abrangem aceitação das diferenças individuais, valorização de cada pessoa, convivência dentro da diversidade humana e aprendizagem por meio da cooperação.(p.55)

Integração, palavra que geralmente está associada à inserção da

pessoa portadora de necessidades especiais no convívio social , a qual deve

ser preparada para viver em sociedade, e a sociedade precisa adequar-se

para inseri-la em seu universo.

Na inclusão, é a sociedade que se modifica para a pessoa com

necessidades especiais. O objetivo passa a ser então, a busca pelo seu

desenvolvimento e sua capacidade para exercer a cidadania. Cabe a escola,

enquanto inst ituição de formação do cidadão, preparar-se para receber o

aluno especial, adaptando-se a todas as necessidades do aluno e não o

contrário.

Surge no final da década de 1950, o princípio da normalização,

dando origem à integração e à inclusão do aluno com necessidades

especiais. A deficiência ou os distúrbios da aprendizagem não são deste

modo, negados mas a escola passa a estar mais aparelhada tecnicamente.

Para Fonseca:(1995)

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“O processo pedagógico que se baseia na integração deve ser gradual e dinâmico, pois tende a tomar diversas formas adequadas às necessidades de cada indivíduo.A integração não se julga, apenas se administra. Não obstante, diz que é necessário o preparo e o treinamento daqueles que vão gerir as ações. Assegura, ainda, que a integração só irá ocorrer através da ocupação, seja a que nível for.”(p.73)

A integração escolar para GLAT(1995, pg 28) representa “um ponto

de chegada e não de partida”. Desta forma, para uma integração eficaz, é

necessária a integração física. O uso do espaço físico escolar na hora da

merenda, do recreio, da higiene pessoal , no ônibus, assim como a

freqüência em aula do aluno portador de necessidades especial é essencial

para o bom convívio entre todos.

Aos educadores, cabe também distinguir a integração funcional, na

qual os alunos com e sem deficiência participam das mesmas atividades. A

integração social , está relacionada a comunidade escolar, responsável por

elaborar um currículo, o qual seja capaz de reunir todos os educadores para

que possam trocar idéias, experiências e conhecimentos a respeito dos

alunos, em especial dos portadores de necessidades.

Conforme Fonseca:(1995)

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“ Acredita-se que o aprimoramento da qualidade do ensino regular e a adição de princípios educacionais válidos para todos os alunos, resultarão, naturalmente, na inclusão escolar dos deficientes. Em conseqüência, a educação, em relação ao aluno com necessidades especais adquirirá uma nova significação. Tornando-se uma modalidade de ensino destinada, não apenas a um grupo exclusivo de alunos, o dos deficientes, mas, isto sim, especializada ao aluno e dedicada à pesquisa e ao desenvolvimento de novas maneiras, compatíveis com os ideais democráticos de uma educação para todos.” (p 94)

Nessa perspectiva, os desafios para os educadores inúmeros, toda e

qualquer investida no sentido de se ministrar um ensino especializado,

proporcionando ao aluno tornar-se independe. Que ele possa ultrapassar as

condições atuais de estruturação do ensino escolar, e atuar na sociedade de

forma participativa e consiente.

3.1 Fusão do Ensino Regular

A incorporação de elementos no ensino regular visa criar uma nova

estrutura, na qual desapareçam os elementos iniciais, tal qual eles são

originalmente. Assim, ao instalar uma classe especial em uma escola

regular, nada mais do que uma justaposição de recursos, assim como o são

outros, que se dispõem do mesmo modo. Segundo Souza: (2006)

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“ (.. .) no que respeita à consecução de um ensino especializado no aluno, outros obstáculos implicam na adequação de novos conhecimentos provenientes das investigações atuais em pedagogia e de outras ciências às salas de aula. As intervenções tipicamente do ensino escolar, têm seu embasamento específico e são capazes de sistematizar os conhecimentos técnicos e as disciplinas curriculares.” ( p.47)

O paradigma que persiste em relação ao atendimento especializado e

segregativo é extremamente forte e enraizado no ideário das instituições de

ensino, bem como, na prática dos profissionais que atuam no ensino

especial. A diferenciação entre os significados específicos dos progressos

de integração e inclusão escolar reforça, ainda mais, a vigência do

paradigma tradicional de serviços e muitos continuam a mantê-lo,

paradigma tradicional de serviços e muitos continuam a mantê-lo, embora

estejam defendendo a integração.

A integração do aluno com necessidades especiais tem sido

compreendida de diversas maneiras, quando aplicada à escola. Os diversos

significados que lhe são atribuídos devem-se ao uso do termo para

expressar fins diferentes, sejam eles pedagógicos, sociais, filosóficos e

outros, conforme GLAT (1995)

“ O emprego do vocábulo é encontrado até mesmo, para designar alunos agrupados em escolas exclusivas para deficientes, ou mesmo, em classes especiais, grupos de lazer e residências específicas para pessoas portadoras de necessidades especiais.” (p 52):

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Considerando que a integração dos portadores de necessidades

especiais é preocupação de especialistas e educadores ligados ao ensino,

verifica-se nos últimos tempos uma maior abertura da sociedade sobre o

assunto. Observa-se também a procura dos seus direitos por parte dos

próprios portadores de deficiências ou de suas famílias. Atualmente, os

portadores com deficiências expõem-se mais, seja falando ou sendo vistos,

pois existe uma tendência mundial de proporcionar acolhida para os que

sofrem discriminação e estão marginalizados na sociedade.

3.2 O Papel do Professor na Integração

Deve-se ressaltar o fato da grande importância de se oferecer

orientação adequada aos docentes. Para que estes profissionais envolvidos

com o ensino possam atuar na integração dos portadores de necessidades

especiais no meio escolar, estimulando esses alunos através de atividades

próprias e dinâmicas.

O professor é o profissional responsável pelo contato direto entre o

aluno e a instituição escolar. Contudo, ele não é uma ponte de ligação

estática, um agente transmissor de conhecimentos. Segundo salienta Beyer

(2001, pg 26), “ o professor é um transformador de ações, e isto porque,

através de estratégias e atividades, pode provocar a assimilação de

conteúdo e a aprendizagem do aluno”.

Com o objetivo de que ocorra as adequadas ações pedagógicas, é

necessário que se entenda a aprendizagem como um processo contínuo.

Ressalta FONSECA: (1995)pg 38).

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“ (. . . )ressaltam que a compreensão se desenvolve quando há o confronto de novas idéias com os conhecimentos anteriores. A aprendizagem acontece de forma individual, pois é diferente para cada indivíduo.” (p 52)

Também, considerada um processo social, a inclusão do portador

com necessidades especiais, quando partilhada em grupo torna-se

agradável, ativa e todos percebem as mudanças causadas pelo processo.

Cabe ao professor planejar atividades que estimulem o raciocínio, a

criatividade e o senso crítico do educando. Porém, é necessário que ele

próprio busque novos conhecimentos dentro de sua área de interesses.

Segundo ARNAY:(1998)

“ (. . . ) a principal função do organizador prévio é a de servir de ponte entre o que o aprendiz já sabe e o que ele deve saber, a fim de que o material possa ser aprendido de forma significativa.” (p 78):

O número de profissionais da educação interessados em aprofundar-

se na área de educação especial tem aumentado nestes útimos tempos. Mas

essa porcentagem ainda é mínima em relação ao número dos que estão

desinformados, e desinteressados com relação ao assunto. Esse interesse

representa um crescimento na qualidade do atendimento aos alunos

portadores, ou não. de deficiências, matriculados no ensino fundamental.

Quando o aluno apresenta necessidades educativas especiais, o

profissional deverá desenvolver uma ação baseado em processo pedagógico,

considerando desde os diferentes aspectos individuais até as relações

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implicadas nas estruturas mais amplas do espaço escolar, cultural e social

(Revista de Integração, 2001, p.30)

O MEC no Plano Decenal de Educação Para Todos (2003-2013) prevê

um sistema educacional que envolva os aspectos sociais, econômicos,

culturais e polít icos enfatizando a falta de criatividade do sistema para

atender a determinadas situações específicas, como jovens engajados na

força de trabalho, portadores de necessidades especiais, minorias, grupos

extremamente pobres e assim por diante,

O MEC ressalta as dificuldades no provimento do ensino de

qualidade para atender a essas especificidades e chama a atenção para uma

ausência de metodologias e processos adequados para operar com tais

clientelas, principalmente a dos marginalizados social e economicamente.

(Revista Integração, 2000).

Como estratégia para a universalização do Ensino Fundamental

adota-se, uma integração à escola de portadores de deficiência, visando,

desse modo, segundo NASCIMENTO:(2005)

Favorecer o desenvolvimento infantil , nos aspectos físico, motor, emocional, intelectual e social; promover a ampliação de experiências e conhecimentos; e contribuir para que sua interação e convivência na sociedade sejam produtivas e marcadas pelos valores de solidariedade, liberdade, cooperação e respeito. (p 61).

Não resta dúvidas, de que a educação é fundamental para o progresso

social dos indivíduos, e das sociedades: portanto, os preconceitos e

estereótipos não devem existir no processo educacional.

A escola tem necessidade de apoio e subsídios ao corpo docente, na

tarefa de integrar alunos portadores de necessidade especiais, detectando os

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sintomas de dificuldades individuais e organizando o planejamento de

atividades pedagógicas que favoreçam o desenvolvimento e a aprendizagem

destes alunos especiais e de toda a classe escolar.

Enfatiza-se que as escolas devem estar conscientes das clínicas e

outros locais de atendimento e assistência, conhecendo informações para o

encaminhamento do aluno e sua família quando necessário.

3.3 Atendimento ao aluno portador de Necessidades Especiais.

Segundo a Revista Integração(2000), no Município do Rio de

Janeiro, 327 escolas recebem o apoio técnico do Instituto Helena Antipoff.

Alunos que apresentam deficiência, defasagem escolar, doença ou

superdotação são encaminhados para um tipo de escola ou sala de aula que

melhor atenda a suas necessidades.

No início do ano letivo, faz-se um levantamento nos

estabelecimentos e as diretoras são orientadas para detectar alunos com

alguma deficiência e informar à SME, de modo que esta, forneça à criança

um atendimento adequado, paralelo aos estudos fornecidos pela escola

fundamental. Através deste levantamento, a divisão de Ensino Especial faz

o acompanhamento e a orientação dos alunos e a capacitação do professor,

de acordo com a modalidade específica de atendimento.

Cabe ressaltar, que cada escola incluirá no seu Projeto Político-

Pedagógico, o atendimento aos alunos especiais e o planejamento das

correspondentes ações pedagógicas, que serão organizados em parceria com

órgãos técnicos governamentais. (BUENO,2006 pg 46)

Alguns fatores, beneficiam a integração dos alunos portadores de

necessidades especiais no Ensino Fundamental. Entre eles se pode citar:

programas de atendimento precoce; mudanças na organização, estruturas,

metodologia e objetivos da escola; redução da proporção professor e aluno

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por sala; currículo único, mas flexível; modificações na estrutura física da

escola, atendendo a necessidades de locomoção dos alunos com deficiências

físicas e motoras; recursos humanos e materiais didáticos adequados à

clientela; trabalho interdisciplinar nas equipes; elaboração do projeto

político - pedagógico escolar; capacitação e aperfeiçoamento dos

profissionais envolvidos na integração escolar.(MEC, 2005).

Percebe-se que alguns fatores dificultam os programas de inclusão,

como a falta de informações de atendimento especializado, de ambientes,

adequados, do cumprimento exato das leis sobre um atendimento mais

humanizado, cercado de amor e carinho. Nota-se que os responsáveis pela

inclusão, as vezes constituem uma barreira aparentemente intransponível

(Bartalloti, 2006 pg 54).

Contudo, diante da certeza que os "limites" são flexíveis, nota-se a

necessidade da integração da pessoa portadora de deficiência no contexto

escolar. É necessário, para que isso ocorra plenamente a colaboração de

todos, principalmente, daqueles que part icipam como atores no espaço

escolar.

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CAPITULO IV

INCLUSÃO ESPECIAL DO CADEIRANTE

4.1 Escola Inclusiva: Acolhida do cadeirante.

A inclusão dos portadores de necessidades especiais é um tema

freqüentemente debatido no âmbito das ciências da saúde. Contudo, nas

décadas mais recentes tem sido objeto de estudo das chamadas ciências

humanas, ou seja, psicologia social, antropologia, sociologia e também de

uma área específica de conhecimento teórico e prático da educação,

denominada de Educação Inclusiva. A part ir de seus referenciais teóricos

esses campos de saber buscam compreender a deficiência como inerente à

diversidade humana, atravessada por relações sociais, culturais e

históricas.

Vale lembrar, que escola inclusiva, é aquela que não diferencia com

base em julgamentos entre “normais e anormais”, “perfeitos e não

perfeitos”. Mas escola inclusiva é aquela que educa de uma mesma forma

todos os alunos, independentemente de serem ou não portadores de

necessidades especiais. Para BARTALOTTI: (2006)

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Incluir uma criança “diferente” na escola regular significa proporcionar a todos os alunos o aprendizado de conviver com a diversidade, sem anulá-la. Experiência esta que faz parte de toda cultura, de qualquer sociedade. Isto quer dizer que não é possível apagar as diferenças, inclusive no que diz respeito a aprendizado. Portanto, a inclusão como imaginamos e idealizamos não é a mesma que vemos na prática. Mas isto não é um problema.(p 36)

A instituição escolar deve ser apropriada para receber os alunos

inclusivos, começando pelo seu espaço físico, em especial o cadeirante. No

projeto de construção da escola, já deve constar de rampas para receber os

alunos que utilizam cadeira de rodas, barras de apoio, principalmente nos

banheiros; e as carteiras.

No entanto muitas escolas estão despreparadas para receber as

crianças que utilizam cadeira de rodas. Da mesma forma os professores

também precisam estar preparados para receber os alunos cadeirantes. O

que nem sempre acontece, pois a formação acadêmica em muitos casos tem

se mostrado ineficiente nestes casos

Isto exige de cada professor uma grande dose de força e de empenho

pedagógico. Pois ao olhar para uma turma de alunos, e no meio deles

encontrar um que se utiliza da cadeira de rodas, pode ser constrangedor, ao

mesmo tempo que se torna um desafio para superar obstáculos tanto para o

educando, quanto para o educador.

Mas o professor deve ter o entendimento, e saber que todos podem

aprender. Todos têm uma lição a ensinar para os demais, inclusive o aluno

cadeirante. No entanto isso é algo que está na contramão de quase tudo que

se vive na sociedade, e na contramão de boa parte do pensamento

pedagógico Segundo FALKENBACH: ( 1999)

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(.. .) para obter uma relação positiva com o aluno, o professor deve primeiro recebê-lo emocionalmente antes de analisar quem ele é, pois pode acontecer de o professor tratar o aluno com pré julgamentos, levando em conta a sua aparência, agindo assim com preconceito. Com este pré- julgamento pode existir uma barreira na relação de professor e aluno. Seria certo se o professor recebesse e tratasse o aluno com necessidades especiais com atenção e de coração aberto para que este aluno possa criar uma relação de segurança e de respeito com o professor, para com isso evoluir no seu crescimento pessoal e de aprendizagem., (p. 38)

4.2. A Escola Inclusiva: Condições Técnicas

Para que a escola possa ser considerada adaptada ao cadeirante, o

espaço físico precisa seguir algumas normas técnicas, permitindo assim o

acesso universal de todo e qualquer aluno que utilize cadeira de rodas,

independente do modelo e tamanho da mesma.

A seguir são apresentadas algumas normas e conceitos básicos

(SICORD), para o que se refere à circulação e ao alcance de um cadeirante,

que podem servir de referencia para a adaptação mínima de uma escola:

— Superfície

As áreas de circulação devem ter superfície regular, firme, estável

e antiderrapante, sob qualquer condição climática, admitindo-se

inclinação transversal da superfície de até 2%.

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— Dimensões

Devem assegurar faixa de circulação livre de barreiras ou

obstáculos, de modo a permitir: que o cadeirante possa circular

normalmente.

— Deslocamento

Deve ser em linha reta. Larguras mínimas necessárias:

— 0,80 m para circulação de uma cadeira de rodas, pelas

portas e

obstáculos fixos;

— 1,20 m para circulação simultânea de uma pessoa e uma

cadeira de rodas

— 1,50 m para circulação simultânea de duas cadeiras de

rodas.

— Manobra

De rotação sem deslocamento. Áreas mínimas necessárias:

— 1,20 m por 1,20 m para rotação de 90º;

— 1,50m por 1,20m para rotação de 180º;

— um círculo de 1,50m de diâmetro para rotação de 360º.

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— Manobra

De rotação com deslocamento. As medidas são definidas em função

do raio necessário para efetuar a rotação.

— Rampas

Devem ter inclinação transversal de no máximo 2% e largura mínima

admissível de 1,20m, sendo recomendável 1,50 m.

— Patamares

Estarão disponíveis no início e término da rampa, com no

mínimo 1,20 m na direção do movimento, além da área de circulação

djacente. Patamares externos com inclinação transversal máxima de

2%.

— Portas

Devem possui vão livre de no mínimo 0,80 m (inclusive de

elevadores); ausência de esforço superior a 35,61N para puxá-la ou

empurrá-la; abertura em um único movimento; maçanetas tipo alavanca;

revestimento resistente a impactos provocados por bengalas, muletas e

cadeira de rodas (de sua parte inferior até uma altura mínima de 0,40 m).

4.3 O Professor da Escola Inclusiva

No espaço escolar, o aluno cadeirante também pode e deve part icipar

de das atividades físicas. No entanto, quando o assunto é atividades físicas

e esporte adaptado, seja ele nas escolas públicas ou privadas, sabe-se que

muitos professores na sua grande maioria se sentem despreparados para

trabalham com esses alunos e suas necessidades.

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Muitos são os fatores que limitam o trabalho do professor de

Educação Física como; a falta de orientações teóricas e práticas na

formação acadêmica. Falta material bibliográfico, há desconhecimento

sobre deficiência, deficientes, esportes geralmente participar não tem

chance de cursos de aperfeiçoamento ou, até mesmo, o fato de nunca terem

tido contato com um cadeirante. Estas podem ser consideradas como

justificativas às dificuldades em trabalhar nas aulas de educação física no

ensino regular, com alunos que apresentam estas características.

Os exercícios físicos, assim como atividades lúdicas visam facilitar

a independência do aluno cadeirante e sua autonomia. As atividades

desenvolvidas pelos professores também estimulam a autonomia no aluno.

A independência na locomoção é um passo importante neste processo.

O professor poderá auxiliar ainda o aluno cadeirante na correção da

postura, seja no ensino do uso de muletas seja no manejo de cadeira de

rodas. Compete ao professor intervir na el iminação de barreiras

arquitetônicas existentes na área escolar.

Compete ainda aos professores conversar com o grupo de alunos ,

refletindo sobre como e até que momento o auxílio é necessário para o

colega cadeirante, pedindo ajuda do grupo para as possibilidades de

adaptação de materiais para a aula.Segundo CIDADE & FREITAS (2002)

A percepção do professor sobre a forma como o aluno se envolve nas atividades será de extrema importância, pois é fundamental identificar o aluno que não faz ou não consegue executar uma atividade por dificuldade, fal ta de estímulos anteriores, auto-piedade, entre tantos outros fatores. Neste momento, a intervenção do professor será o diferencial do qual o aluno necessita. (p.49)

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É importante que o professor, não só o de educação física, mas todos

os educadores envolvidos, observe às necessidades do aluno cadeirante, sua

realidade escolar estrutura física, material, e características. Para que o

processo de ensino-aprendizagem atenda às necessidades do aluno

cadeirante, assim como dos demais. Sendo assim, é necessário considerar

alguns aspectos:

— Se o aluno cadeirante consegue ficar atento ou, mesmo,

responder às tarefas por muito tempo.

— O aluno tem atenção, ou cansa fácil.

— O uso dos aparelhos dificulta ou impede um bom

desenvolvimento das at ividades.

— Propor atividades que envolvam o aluno com deficiência

sem desestimular a participação dos demais alunos.

— Avaliar se é interessante que o aluno participe por muito

tempo de atividades intensas e, ou complementares.

Por conta do exposto, Costa (1996) sugere que:

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(. . . ) por meio de jogos e brincadeiras diversas, alunos que necessitam da cadeira de rodas, venham ter a oportunidade de vivenciar experiências que provavelmente não tenham tido anteriormente. Portanto, cabe ao professor tomar o cuidado, em não esperar num primeiro momento um sucesso absoluto. Por outro lado, deve cuidar para não causar excesso de estímulos, com materiais e jogos totalmente desconhecidos, pois o medo e a insegurança são sentimentos que normalmente acompanham crianças com pouca experiência motora e social que, poucos, pela mudança no comportamento afetivo, sentir-se-ão dispostas a superar e envolver-se nas experiências.(p.55)

4.4 Atenção dos Professores ao Aluno Cadeirante

O professor preparado para a inclusão tem condições de identificar

as dificuldades pelas quais o aluno com necessidades especiais esteja

passando, em determinado momento da aprendizagem. A capacitação

adequada e de qualidade, permite ao professor saber que pode contar na

instituição de ensino com uma equipe multiprofissional para lhe dar apoio,

caso os métodos pedagógicos adotados não estejam apresentando resultado

na aquisição de conhecimento do aluno com necessidades especiais.

É importante saber se, no início do ano letivo, o aluno é usuário de

próteses ou órteses, se será adequado realizar as aulas com ou sem estes

aparelhos. O uso dos acessórios sugeridos como faixas, é para que o aluno

possa sentir-se mais seguro e estável na cadeira de rodas, podendo

melhorar suas habilidades e capacidades motoras na cadeira.

O professor de educação física poderá utilizar-se de alguns artifícios

que vão lhe auxiliar na sua relação com o aluno cadeirante, e que possa

ajudá-lo no processo de iniciação para orientar o seu aluno no

desenvolvimento das atividades.observará se o aluno está bem sentado, por

exemplo. A orientação poderá ser no sentido de colocar uma almofada,

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faixas abdominais ou no pé para ajustar melhor o corpo à cadeira. Fixar o

quadril no assento da cadeira ou na base do encosto, propiciando um ajuste

melhor do aluno à cadeira, que facili tará a condução do equipamento.

Professores orientados de acordo com as exigências da polí tica de

educação inclusiva terão conhecimentos e condições reais para assumir

uma turma que inclua portador de necessidades especiais. Transforma-se-a

assim, num instrumento de integração entre eles e uma sociedade mais

acolhedora.

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CONCLUSÃO

Ao término desta monografia, verificou-se a necessidade do

professor aprimorar seus conhecimentos continuamente, aperfeiçoando-se

no conhecimento de libras. Bem como saber a importância do braile,

auxiliar e adaptar os materiais para as pessoas com necessidades especiais.

Cabeainda ao professor ensinar e recorrer a recursos que propiciem a

aprendizagem , atendendo as reais necessidades e considerando

característ icas individuais de todo os seus alunos.

O profissional da educação precisa estar ciente da sua função no

trabalho com o ser humano. Necessita ampliar seus conhecimentos em

vários campos, saber trabalhar com a diversidade, respeitar e valorizar o

diferente, rever os seus conceitos principalmente no que se refere a

inclusão.

O estudo ainda propôs a revisão de valores, conceitos e pré-

conceitos, permitindo desarmar-se e lançar-se para o grande desafio que é

aprender com o outro, sabendo que esta aprendizagem termina quando

surge um novo desafio a ser enfrentado.

Nesse contexto, a inclusão educacional apresenta um papel

fundamental no princípio de inclusão social, pois é na escola que o

indivíduo se desenvolve, intelecto e socialmente. Além disso, a aceitação

da diferença é percebida de forma mais natural na infância do que na idade

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adulta, isso se dá, principalmente, porque o pré-conceito do mundo que

cerca a criança ainda não está formado nessa fase da sua vida, por isso, ela

trata de forma natural as diferenças.

Portanto, espera-se que os líderes políticos observem e coloquem na

pauta de seus projetos uma atenção maior aos Portadores de Necessidades

Especiais, para que estes indivíduos possam part icipar ativamente como

cidadãos em nossa sociedade. Pessoas estas que apresentam um grande

potencial para somar, e assim tirar a imagem de desamparo e descrédito

que muitos carregam.

Muito ainda se tem para estudar, e um longo caminho a percorrer

para que a inclusão possa ocorrer em todas as dimensões, este caminho

poderá tornar-se mais fácil se todos os envolvidos buscarem informações,

não apenas em livros ou debates, mas também com pessoas envolvidas

diretamente no trabalho de inclusão e principalmente com o indivíduo

portador de uma necessidade especial

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ANEXOS

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