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INTELIGÊNCIA FINANCEIRA

Indicadores sociais da população negra da Grande Florianópolis

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Análise dos indicadores sociais da população negra da Grande Florianópolis pela Ceres Inteligência Financeira, empresa de pesquisa contratada pela Coordenadoria de Politicas de Igualdade Racial da Prefeitura de Florianopolis

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  • INTELIGNCIA FINANCEIRA

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    Ceres Inteligncia Financeira Ltda. | R. dos Otoni, 296 - 6 andar, Belo Horizonte, MG | Brasil

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    Maro / 2012

    Estudo dos Indicadores Socioeconmicos da

    Populao Negra da Grande Florianpolis

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    Contedo

    Objetivos .................................................................................................................................................. 5

    A Populao Negra no Brasil e no estado de Santa Catarina ................................................................ 6

    Aspectos Metodolgicos ......................................................................................................................... 8

    Demografia e Domiclio ......................................................................................................................... 10

    Composio e Crescimento da Populao ....................................................................................... 10

    Gnero ............................................................................................................................................... 15

    Estrutura Etria.................................................................................................................................. 16

    Situao do domiclio ........................................................................................................................ 18

    Consideraes Finais ........................................................................................................................ 21

    Renda e Pobreza .................................................................................................................................. 23

    Renda ................................................................................................................................................ 23

    Pobreza e Indigncia ......................................................................................................................... 38

    Histrico e Evoluo ...................................................................................................................... 38

    O impacto do gasto pblico na pobreza ........................................................................................ 39

    Relao entre crescimento, desigualdade e pobreza .................................................................... 39

    Anlise dos Indicadores ................................................................................................................. 40

    Consideraes Finais ........................................................................................................................ 47

    Educao ............................................................................................................................................... 48

    Anos de estudo.................................................................................................................................. 48

    Analfabetismo .................................................................................................................................... 51

    Censo Escolar e Censo do Ensino Superior ..................................................................................... 56

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    Participao do Negro no Ensino Superior ....................................................................................... 57

    Procedncia da Rede de Ensino ....................................................................................................... 58

    Sistema de Cotas e Incluso do Negro no Ensino Superior ............................................................. 59

    Evaso de negros do Ensino Fundamental e Mdio ........................................................................ 62

    Cursos de Ensino Superior ............................................................................................................... 63

    Consideraes Finais ........................................................................................................................ 65

    Mercado de Trabalho ............................................................................................................................ 67

    Populao Economicamente Ativa (PEA) ......................................................................................... 67

    Populao Economicamente Ativa (PEA) por Grupos de Escolaridade ....................................... 69

    Taxa de Desemprego ........................................................................................................................ 73

    Taxa de Desemprego por Faixa Etria .......................................................................................... 74

    Taxa de Desemprego por Grupo de Escolaridade ........................................................................ 74

    Informalidade ..................................................................................................................................... 75

    Vnculos ............................................................................................................................................. 76

    Perfil dos Ocupados (empregos formais) .......................................................................................... 76

    O mercado de trabalho formal ....................................................................................................... 76

    Escolaridade do Trabalhador Negro .............................................................................................. 79

    Setor ............................................................................................................................................... 83

    Hierarquia ....................................................................................................................................... 87

    Renda vs. Educao ......................................................................................................................... 88

    Geral ............................................................................................................................................... 88

    Florianpolis ................................................................................................................................... 90

    So Jos ........................................................................................................................................ 91

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    Palhoa .......................................................................................................................................... 91

    Biguau .......................................................................................................................................... 92

    Renda vs. Municpios vs. Educao ................................................................................................. 93

    Renda vs. Setor vs. Escolaridade ..................................................................................................... 95

    Renda vs. Ocupao vs. Setor.......................................................................................................... 98

    Renda vs. Ocupaes ..................................................................................................................... 100

    Cargos de Chefia ......................................................................................................................... 100

    Servios e Vendedor .................................................................................................................... 102

    Servios Administrativos .............................................................................................................. 103

    Construo e Indstria ................................................................................................................. 104

    Consideraes Finais ...................................................................................................................... 105

    Sade .................................................................................................................................................. 107

    Origem dos dados ........................................................................................................................... 107

    Expectativa de Vida ......................................................................................................................... 107

    Taxas de Mortalidade e Fecundidade ............................................................................................. 110

    Exames e Atendimentos Mdicos ................................................................................................... 114

    Tipos de Parto ................................................................................................................................. 115

    Casos de AIDS ................................................................................................................................ 116

    Consideraes Finais ...................................................................................................................... 116

    Anlise Economtrica .......................................................................................................................... 118

    Introduo ...................................................................................................................................... 118

    Metodologia e Dados .................................................................................................................... 118

    Resultados ..................................................................................................................................... 120

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    Equao de Rendimentos ............................................................................................................ 120

    Decomposio de Rendimentos Negros/No-Negros ................................................................. 124

    Concluses ................................................................................................................................. 127

    Bibliografia.................................................................................................................................. 128

    Anexo 1 ....................................................................................................................................... 129

    Anexo 2 ....................................................................................................................................... 130

    Consideraes Finais .......................................................................................................................... 131

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    Objetivos

    O presente relatrio faz parte do objeto de execuo de contrato com base no EDITAL DE PREGO

    ELETRNICO N. 401/SMAP/DLC/2011, que pressupe a contratao de estudo sobre levantamento

    de indicadores socioeconmicos da populao negra da Grande Florianpolis, com o objetivo de

    subsidiar os gestores e conselhos de polticas pblicas locais, com informaes, anlises e

    recomendaes em relao evoluo decenal sobre as condies de insero dos trabalhadores

    negros no mercado de trabalho formal na Grande Florianpolis.

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    A Populao Negra no Brasil e no estado de Santa Catarina

    O povo brasileiro o produto da unio de trs etnias distintas: Negro, ndio e Branco. Devido a este

    fato, a mestiagem est presente em todo o pas com maior ou menor intensidade a depender da

    regio. A presena de negros no Brasil remete mo-de-obra escrava que foi trazida da frica,

    principalmente entre os sculos XVI e XIX. O modelo adotado de colonizao e desenvolvimento do

    nosso pas estava embasado na escravido como parte integrante do sistema econmico, social,

    cultural e ideolgico.

    Durante mais de 300 anos, o fluxo de escravos para a regio Sul do pas teve origem da frica, mas

    tambm de regies porturias do Nordeste do pas. Com a Lei Eusbio de Queiros e outras medidas

    que inviabilizaram o trfico negreiro, o nmero de crioulos e negros nascidos no Brasil foi aumentado,

    em detrimento da reduo dos africanos. Em Santa Catarina, o trfico interno de mo-de-obra era

    marcante, o que contribuiu para a diminuio no nmero de escravos.

    Atualmente, esse estado possui uma pequena presena de afro-descendentes, pois no passado se

    caracterizou como uma colnia de povoamento, sendo a economia voltada para subsistncia e a

    populao marcada pela presena de imigrantes europeus. Em regies que foram colnias de

    explorao, marcadas pela necessidade da mo-de-obra escrava, hoje em dia percebe-se que h um

    nmero maior de negros na populao.

    Apesar de ser ntida a contribuio do negro na cultura brasileira, atravs da msica, eventos

    religiosos e gastronomia, e dos diversos movimentos de resistncia (Irmandades Negras, Quilombos,

    Insurreies Negras e Movimentos Abolicionistas), os estudos e as atitudes intelectuais voltados

    positivamente questo do negro s se desenvolveram, efetivamente, no sculo XX. Polticas

    pblicas de sua afirmao no Brasil uma etapa contempornea desse longo processo histrico. As

    cotas nas universidades pblicas so uma parte estratgica desse movimento.

    Em um cenrio ainda mais recente, a populao negra voltou a ser maioria oficial no pas nos ltimos

    5 anos. O estado de Santa Catarina o que tem menor proporo de negros em seu contingente

    populacional, enquanto os estados de Par, Bahia e Maranho possuem as maiores propores.

    Os negros so metade da populao brasileira, mas em mdia 65% dos pobres, aproximadamente

    15% so analfabetos e possuem um rendimento mdio 25% inferior aos no-negros. As profisses de

    menor reconhecimento social so em sua maioria ocupados por negros. Quando negros e no-

    negros possuem as mesmas condies para ocupar determinada vaga no mercado de trabalho,

    normalmente os brancos so privilegiados. Dessa forma, torna-se importante que sejam institudas

    diversas prticas voltadas para a democracia nas relaes inter-raciais e garantia da equidade de

    condies sociais, econmicas, culturais e educacionais e que estejam atentas aos investimentos e

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    iniciativas necessrios no combate a pontos crticos, que de fato promovam a mudana desse

    cenrio, sem infringir a isonomia de direito de cada cidado.

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    Aspectos Metodolgicos

    A questo de referncia do trabalho o tratamento de indicadores scio-econmicos que permitam a

    anlise sob a tica dos estratos raciais. Nesse aspecto, a definio de raa ou cor ser feita seguindo

    o critrio definido pelo IBGE, qual seja, negros a auto identificao para pardos e pretos. Neste

    trabalho consideraremos a distino simples entre negros e no-negros.

    O foco geogrfico a Regio Metropolitana de Florianpolis [RMF], que foi criada pela lei

    complementar estadual n 162 de 1998 e revalidada pela lei complementar estadual n 495 de 2010.

    formada por 22 municpios, sendo o ncleo metropolitano composto por 9 municpios (Florianpolis,

    So Jos, Palhoa, Biguau, Santo Amaro da Imperatriz, Governador Celso Ramos, Antnio Carlos,

    gua Mornas e So Pedro de Alcntara) e outros 13 municpios na rea de expanso da Regio

    Metropolitana (Alfredo Wagner, Angelina, Anitpolis, Canelinha, Garopaba, Leoberto Leal, Major

    Gercino, Nova Trento, Paulo Lopes, Rancho Queimado, So Bonifcio, So Joo Batista e Tijucas).

    Segundo o Censo do IBGE de 2010, no ncleo metropolitano residem 877.706 pessoas, chegando a

    1.012.831 habitantes ao incluir a rea de expanso.

    Abaixo esto descritas as principais fontes de informaes e qual o tratamento metodolgico que foi

    dado para construo dos indicadores:

    1) Censos Demogrficos do IBGE, disponvel no banco de dados da SIDRA;

    2) Atlas Racial do Brasil, produzido em 2005 pelo PNUD-CEDEPLAR;

    3) Sistema CAGED e RAIS para avaliao do mercado formal de trabalho;

    4) Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios (PNAD) do IBGE.

    Os Censos Demogrficos do IBGE permitiram a construo de indicadores para cada municpio da

    Regio Metropolitana de Florianpolis, bem como a anlise comparativa com indicadores para todas

    as Unidades da Federao e regies brasileiras. Sua periodicidade decenal e o objetivo aqui

    comparar a evoluo dos indicadores entre os Censos de 2000 e 2010.

    O Atlas Racial do Brasil, disponibilizado pelo PNUD-CEDEPLAR em 2005, permitiu a avaliao de

    indicadores sobre as condies de sade, acesso a servios de sade, desigualdades de renda e

    condies de trabalho, inadequao do domiclio de moradia, taxa de ocupao da mo-de-obra,

    participao na fora de trabalho, informaes sobre previdncia, educao e sade reprodutiva.

    Contudo, tais informaes esto disponveis somente para as unidades da federao, o que nos

    permite apenas comparar o estado de Santa Catarina com as demais unidades da federao

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    brasileira. A fonte primria de informaes so os Censos Demogrficos do IBGE e as Pesquisas

    Amostrais do IBGE: PNAD e POF.

    Os sistemas CAGED e RAIS permitiram a avaliao em nvel municipal. As informaes do CAGED

    referem-se s movimentaes mensais no mercado de trabalho formal e as informaes da RAIS so

    anuais, descrevendo o perfil da mo-de-obra do mercado de trabalho formal.

    As Pesquisas Nacionais por Amostra de Domiclios (PNADs) so produzidas anualmente pelo IBGE,

    cobrindo informaes para residentes em todas as unidades da federao, no sendo representativo

    para os municpios. Contudo, possvel construir informaes que representam uma proxy para o

    principal centro urbano da unidade da federao considerando o municpio como maior setor

    censitrio coberto na amostragem. Foram consultadas informaes das PNADs de 2001 e 2009 e

    estas permitiram construir indicadores sobre o perfil populacional, destacando aspectos sobre o

    mercado de trabalho, educao e renda.

    Paralelamente, foram contatadas diversas secretarias do municpio de Florianpolis que possuem

    dados que so recortes especficos de amostras da populao em suas diversas caractersticas. A

    Secretaria Municipal de Sade de Florianpolis forneceu alguns dados internos que auxiliaram na

    complementao da anlise do tema relacionado.

    Sobre a estruturao do relatrio, este est dividido atravs dos seguintes tpicos: indicadores

    demogrficos e de domiclio, pobreza e renda, educao, mercado de trabalho e sade. Apesar dos

    temas estarem separados, buscou-se avaliar conjuntamente os indicadores mais relevantes das

    diferentes reas, com o objetivo de estabelecer concluses que auxiliem no diagnstico racial da

    populao da Regio Metropolitana de Florianpolis. Por ltimo, foi realizado um estudo

    economtrico com a proposio de um modelo que identificasse a relevncia da discriminao, bem

    como os fatores principais de desajuste e que levariam desigualdade de rendimentos entre a

    populao negra e no-negra nos diversos nveis de escolaridade.

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    Demografia e Domiclio

    Composio e Crescimento da Populao

    Estima-se que o Brasil possui cerca de191 milhes de habitantes segundo o Censo Demogrfico

    2010. Apesar do aumento da populao (tabela abaixo), percebe-se que a taxa de crescimento

    populacional diminuiu, passando de um ndice mdio anual de 1,63% de 1991 a 2000 para 1,30%de

    2000 a 2010. A desacelerao do crescimento populacional analogamente observada na Regio

    Metropolitana de Florianpolis, no entanto, a uma taxa mdia anual expressivamente mais elevada:

    2,94%de 1991 a 2000 para 2,42% de 2000 a 2010.

    Tabela 1 - Populao em milhares (m), 1991-2010

    Fonte: IBGE - Censo Demogrfico

    Ao analisar a composio da populao brasileira segundo a classificao racial observa-se que

    cerca de 51% dos habitantes se auto intitulam negros (IBGE - Censo Demogrfico 2010). Este

    cenrio consequncia do grande crescimento da populao negra, que se acentuou

    substancialmente do ano 2000 para 2010, atingindo uma taxa mdia anual de crescimento de 2,47%

    neste perodo, o que resultou em um aumento de 9%da populao negra de 1991 a 2000 e

    posteriormente de 28% at 2010. A quantidade de habitantes no-negros no pas, at ento superior,

    passou a ser menor que a de negros, o que pode ser observado no grfico abaixo.

    1991 2000 2010 91-00 00-10

    Brasil 146.816 169.873 190.756 16% 12%

    RM Florianpolis 629 816 1.012 30% 24%

    Brasil Variao

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    Grfico 1 - Evoluo da Populao segundo a Classificao Racial em milhes (MM), Brasil 1991 - 2010

    Fonte: IBGE Censo Demogrfico

    A populao da Regio Metropolitana de Florianpolis apresenta uma distribuio segundo a

    classificao racial bastante distinta do cenrio nacional como observado no grfico abaixo. Este fato

    observado em toda a regio sul do Brasil e reafirmado pelo estado de Santa Catarina que possui a

    menor proporo de negros do pas (15,35%).

    Grfico 2 - Composio da Populao segundo a Classificao Racial em milhares (m), Brasil 2010

    77

    16 1

    94

    70

    6 21

    97

    0

    50

    100

    150

    200

    250

    1991 1991 - 2000 2000 - 2010 2010

    no-negros negros

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    60%

    70%

    80%

    90%

    100%

    1991 2000 2010 1991 2000 2010

    Brasil RM Florianpolis

    no-negros negros sem declarao

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    Fonte: IBGE Censo Demogrfico

    Apesar disso, a Regio Metropolitana de Florianpolis acompanhou a tendncia nacional de

    crescimento da populao negra apresentando taxas mdias anuais de crescimento superiores a

    populao de no-negros no perodo analisado, com crescimento mdio de 4,96% de 1991 a 2000 e

    6,64% de 2000 a 2010. Como resultado, a populao de negros na Regio Metropolitana de

    Florianpolis sofreu um aumento de 55% de 1991 a 2000 e de 90% de 2000 a 2010, o que pode ser

    evidenciado no grfico abaixo.

    Grfico 3 - Evoluo da Populao segundo a Classificao Racial em milhares, Regio Metropolitana de Florianpolis 1991 - 2010

    Fonte: IBGE Censo Demogrfico

    Destaca-se o grande aumento no nmero de habitantes sem declarao racial tanto no Brasil quanto

    na Regio Metropolitana de Florianpolis no ano 2000. No Brasil cerca de 535 mil habitantes no

    declaravam cor em 1991, aumentando para prximo de 1 milho e 200 mil em 2000 e retornando a

    cerca de 7 mil em 2010. Na Regio Metropolitana de Florianpolis a quantidade de habitantes sem

    declarao de raa saiu de cerca de 2 mil em 1991 para 4 mil em 2000 e posteriormente caiu para

    menos de 50 habitantes em 2010. Essa grande variao no minimiza o crescimento exponencial

    observado da populao negra, pois a amostra de no declarantes muita pequena em relao

    totalidade da populao como pode ser observado no grfico da Composio da Populao segundo

    a Classificao Racial em milhares (m), Brasil 2010.

    Como consequncia destes acontecimentos a proporo de negros entre negros e no-negros sofreu

    grande variao. Na Regio Metropolitana de Florianpolis a proporo de habitantes negros tem

    variado positivamente no perodo de 1991 a 2010, ao contrrio do comportamento observado no pas,

    na regio sul e at mesmo no estado de Santa Catarina. Essas regies apresentaram uma variao

    negativa at o ano 2000. Contudo, percebe-se que quando o perodo de 2000 a 2010 analisado, a

    580

    159

    133

    872

    48

    26

    67 140

    0

    200

    400

    600

    800

    1000

    1200

    1991 1991 - 2000 2000 - 2010 2010

    no-negros negros

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    proporo de negros se eleva em todas as regies citadas, com taxas mais expressivas em Santa

    Catarina e na Regio Metropolitana de Florianpolis. (tabela abaixo)

    Tabela 2 - Proporo de Negros entre Negros e No-negros, 1991 2010

    Fonte: IBGE Censo Demogrfico

    A Regio Metropolitana de Santa Catarina apresenta forte concentrao da populao negra do

    estado (91%) em quatro das vinte e duas cidades desta regio conforme grfico abaixo.

    Grfico 4 - Pareto da Populao de Negros por Municpio da RM Florianpolis

    Fonte: IBGE Censo Demogrfico

    1991 2000 2010 Variao 91 - 00 Variao 00 - 10

    Brasil 47,61% 44,98% 50,74% -5,53% 12,81%

    Centro-Oeste 52,16% 48,63% 55,78% -6,76% 14,69%

    Nordeste 73,10% 66,28% 68,98% -9,33% 4,07%

    Norte 75,77% 69,75% 73,53% -7,94% 5,41%

    Sudeste 36,29% 36,30% 43,60% 0,03% 20,13%

    Sul 16,09% 15,30% 20,58% -4,90% 34,50%

    Santa Catarina 9,90% 9,74% 15,35% -1,58% 57,58%

    RM Florianpolis 7,60% 9,08% 13,87% 19,47% 52,68%

    0%

    20%

    40%

    60%

    80%

    100%

    120%

    0

    10.000

    20.000

    30.000

    40.000

    50.000

    60.000

    70.000

    Populao Negra [%] Acumulado

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    Florianpolis, So Jos, Palhoa e Biguau tambm despontam como os municpios mais populosos

    e que possuem a maior proporo de negros na populao, o que exposto na tabela abaixo.

    Destaca-se ainda as taxas de crescimento da populao de negros destes municpios do ano 2000

    para 2010 que pode ser comparada na tabela de Crescimento mdio Anual da Populao de Negros,

    2000 2010. Alm disso, esses municpios so responsveis por 87% do Produto Interno Bruto da

    Regio Metropolitana de Florianpolis (IBGE- Produto Interno Bruto dos Municpios 2005-2009).

    Tabela 3 Proporo de Negros da Regio Metropolitana de Florianpolis, por municpio

    Fonte: IBGE Censo Demogrfico

    Tabela 4 - Crescimento mdio Anual da Populao de Negros, 2000 2010

    Fonte: IBGE Censo Demogrfico

    Municpio [%]

    Biguau 15,59%

    Palhoa 15,09%

    So Jos 15,06%

    Florianpolis 14,68%

    So Pedro de Alcntara 14,08%

    Canelinha 13,30%

    Tijucas 13,22%

    Alfredo Wagner 12,06%

    Paulo Lopes 10,80%

    So Joo Batista 10,67%

    Garopaba 9,05%

    Santo Amaro da Imperatriz 7,79%

    Governador Celso Ramos 7,18%

    Nova Trento 7,06%

    Rancho Queimado 6,70%

    Antnio Carlos 5,90%

    guas Mornas 5,10%

    Anitpolis 3,89%

    Major Gercino 2,71%

    Angelina 2,19%

    So Bonifcio 1,73%

    Leoberto Leal 0,95%

    negros no - negros

    Biguau - SC 7,69% 1,19%

    Palhoa - SC 7,42% 2,36%

    So Jos - SC 6,90% 1,31%

    Florianpolis - SC 5,20% 1,73%

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    Gnero

    Analisando a populao pela classificao de gnero, observa-se que a distribuio de homens e

    mulheres no Brasil e na Regio Metropolitana de Florianpolis equnime: 51% dos habitantes so

    mulheres (para cada habitante homem existe 1,03 mulheres no ano de 2000 e 1,04 em 2010). Esta

    proporo tambm observada no ano 2010, evidenciando que o crescimento do nmero de

    habitantes homens e mulheres tem sido muito prximo (tabela abaixo).

    Tabela 5 - Crescimento da Populao segundo o Gnero e Raa, 2000 - 2010

    Fonte: IBGE Censo Demogrfico

    Quando considerada a populao negra, a distribuio segundo o gnero similar, porm a situao

    se inverte: 51% da populao negra so homens tanto no Brasil, quanto na Regio Metropolitana de

    Florianpolis em 2000. Este cenrio permanece inalterado na Regio Metropolitana de Florianpolis

    em 2010 e se equaliza em 50% nacionalmente, o que exposto no grfico abaixo. As taxas de

    crescimento para os habitantes com classificao racial negra, porm, so substancialmente

    superiores como foi verificado anteriormente.

    Grfico 5 - Distribuio da Populao segundo o Gnero e Raa, 2000 - 2010

    Fonte: IBGE Censo Demogrfico

    Brasil RM Florianpolis Brasil RM Florianpolis

    Homens 11,73% 23,32% 1,12% 2,12%

    Mulheres 12,84% 24,63% 1,22% 2,23%

    Homens negros 25,87% 89,51% 2,33% 6,60%

    Mulheres negras 29,33% 91,10% 2,61% 6,69%

    Variao 00-10 Variao Mdia 00 - 10

    0%

    20%

    40%

    60%

    80%

    100%

    2000 2010 2000 2010

    Brasil RM Florianpolis

    Homens negros Mulheres negras

    Homens no - negros Mulheres no - negras

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    Estrutura Etria

    A populao brasileira passa por um processo de envelhecimento que verificado por meio da

    reduo da camada considerada jovem dos habitantes. Os indivduos com idade de 0 a 19 anos que

    no ano 2000 correspondiam a 40% da populao, sofreram uma reduo mdia de 0,81% ao ano no

    perodo de 2000 a 2010, chegando neste ltimo ano a corresponder a 33% da populao brasileira.

    As demais faixas etrias apresentaram aumento no nmero de habitantes destacando-se as faixas de

    50 a 59, 60 a 69, e 70 ou mais anos de idade com um aumento de 47%, 39% e 46% respectivamente

    de 2000 a 2010 (20% da populao). A maioria da populao brasileira, no entanto, se encontra na

    faixa etria de 20 a 49 anos (47%) com destaque para a faixa de 30 a 39 anos de idade que possui

    16% dos habitantes do Brasil. Homens e mulheres apresentam distribuio etria similar, a populao

    masculina apresenta uma concentrao levemente superior dos habitantes de 0 a 19 anos de idade:

    34,18%, contra 31,84% na populao feminina.

    A Regio Metropolitana de Florianpolis vive um processo de envelhecimento similar ao que

    acontece no pas. No entanto, nesta regio a camada da populao que possui de 0 a 19 anos de

    idade corresponde a uma parcela ainda menor da populao, saindo de 37% no ano 2000 para 28%

    em 2010. Essa reduo ocorreu por meio de uma taxa de decrescimento de 0,39% ao ano no perodo

    de 2000 a 2010. Destaca-se que a quantidade de habitantes enquadrados nas faixas de 0 a 4 e 5 a 9

    anos de idade foi reduzida em 11% em ambas as faixas.

    As demais faixas etrias sofreram um aumento no nmero de habitantes, constatando assim que a

    Regio Metropolitana de Florianpolis est em um processo de envelhecimento mais avanado

    quando comparada com o cenrio nacional. As faixas de 50 a 59, 60 a 69 e 70 ou mais anos de idade

    demonstraram um aumento de 76%, 68% e 62% respectivamente de 2000 a 2010 (21% da

    populao).

    Assim como em nvel nacional, a maior parcela da populao desta regio se enquadra na faixa de

    20 a 49 anos de idade (50%) se destacando tambm a populao de 30 a 39 anos que corresponde a

    17% dos habitantes da Regio Metropolitana de Florianpolis.

    A populao feminina apresenta uma concentrao levemente maior de habitantes em faixas etrias

    superiores no comparativo com a populao masculina: 23% das mulheres da Regio Metropolitana

    de Florianpolis possuem 50 anos ou mais de idade, contra 20% da populao masculina. Esta

    estrutura pode ser analisada nas pirmides etrias abaixo.

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    Grficos 6 e 7 - Pirmide Etria, Regio Metropolitana de Florianpolis - 2000 e 2010

    Fonte: IBGE Censo Demogrfico

    Quando considerados apenas os habitantes negros da Regio Metropolitana de Florianpolis,

    observa-se que esta populao mais jovem, apresentando maior proporo de habitantes em todas

    as faixas etrias de 0 a 39 anos de idade (73%). A populao de no-negros possui 63% dos

    habitantes alocados nessa faixa.

    Com o grande crescimento da populao negra observado no perodo entre o ano 2000 e 2010,

    comentado anteriormente, nenhuma faixa etria da populao negra sofreu reduo no nmero de

    habitantes, apresentando um aumento mdio de 94% por faixa etria. Destacam-se as faixas de 30 a

    39 anos com aumento de 110%, de 50 a 59 anos com aumento de 165% e de 70 ou mais anos de

    idade com aumento de 112%. A pirmide etria da populao negra pode ser analisada abaixo.

    Grficos 8 e 9 -Pirmide Etria da Populao Negra, Regio Metropolitana de Florianpolis - 2000 e 2010

    Fonte: IBGE Censo Demogrfico

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    Situao do domiclio

    A Regio Metropolitana de Florianpolis possui uma elevada taxa de urbanizao, sendo que 92% da

    populao reside em reas urbanas, situao superior a taxa de urbanizao observada no cenrio

    nacional de 84% (IBGE Censo Demogrfico 2010). A distribuio da populao segundo a situao

    do domiclio era similarmente observada no ano 2000 com taxas de urbanizao no Brasil de 81% e

    na Regio Metropolitana de Florianpolis de 90%.

    Quando considerada a populao de negros, o ndice tambm elevado e observa-se que a

    populao urbana sofreu um aumento no perodo de 2000 a 2010, o que pode ser observado no

    grfico a seguir. Da populao negra da Regio Metropolitana de Florianpolis, 5,34% possuem

    domiclio em rea rural contra 8,44% da populao no-negra. Apenas como base comparativa, no

    estado de Santa Catarina 15,64% da populao negra rural.

    Grfico 10 - Distribuio da Populao Negra segundo a Situao do Domiclio, 2000 e 2010

    Fonte: IBGE Censo Demogrfico

    Estima-se que em Florianpolis, Palhoa e So Jos cerca de 24 mil habitantes residam em

    aglomerados subnormais, assentamentos irregulares conhecidos como favelas, invases, grotas,

    baixadas, comunidades, vilas, ressacas, mocambos, palafitas, entre outros. Da populao destes

    aglomerados 40% so negros. No grfico abaixo, notvel que a proporo da populao negra que

    possui domiclio em aglomerados subnormais superior proporo da populao de no-negros.

    Nesta anlise, a Regio Metropolitana de Florianpolis no foi considerada pelo fato do cadastro de

    aglomerados subnormais do IBGE possuir apenas dados referentes aos municpios citados.

    0%

    20%

    40%

    60%

    80%

    100%

    2000 2010 2000 2010

    Brasil RM Florianpolis

    Urbana

    Rural

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    Grfico 11 - Proporo de Habitantes que residem em Aglomerados Subnormais, 2010

    Fonte: IBGE Censo Demogrfico

    De forma anloga, observa-se que a proporo de domiclios em que o responsvel negro

    apresenta uma proporo mais expressiva de domiclios com carncia de servios de infraestrutura.

    Apesar disso, a proporo de domiclios nesta situao diminuiu no perodo de 2001 a 2009, o que

    pode ser observado no grfico abaixo. Os domiclios urbanos so classificados como carentes de

    servios de infraestrutura quando no contam com pelo menos um dos seguintes servios: energia

    eltrica, rede de abastecimento de gua com canalizao interna, rede coletora de esgoto, pluvial ou

    fossa sptica, lixo coletado direta ou indiretamente. No caso de domiclios rurais, a carncia ser

    caracterizada pela ausncia de pelos menos trs dos servios mencionados.

    Grfico 12 Proporo da Populao residente em Domiclios com Carncia de Servios de Infraestrutura segundo a classificao racial do responsvel pelo domiclio, 2001 e 2009

    Fonte: IBGE PNAD

    0,00%

    2,00%

    4,00%

    6,00%

    8,00%

    10,00%

    12,00%

    14,00%

    16,00%

    18,00%

    negros no - negros negros no - negros negros no - negros negros no - negros

    Brasil Florianpolis - SC Palhoa - SC So Jos - SC

    0,00%

    10,00%

    20,00%

    30,00%

    40,00%

    50,00%

    60,00%

    2001 2009 2001 2009

    no - negros negros

    Brasil Santa Catarina RM Florianpolis

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    A proporo de domiclios que possuem densidade excessiva de moradores por dormitrio mais

    elevada no caso de domiclios em que o responsvel negro. A densidade excessiva de moradores

    por dormitrio observada quando residem no domiclio mais de trs pessoas por dormitrio e pode

    ser verificada no grfico abaixo. A Regio Metropolitana de Florianpolis apresenta resultados

    inferiores ao cenrio observado nacionalmente e a proporo de domiclios em adensamento

    excessivo diminuiu em todas regies analisadas no perodo do ano 2001 a 2009.

    Grfico 13 Proporo de Domiclios com Densidade Excessiva de Moradores por Dormitrio segundo a classificao racial do responsvel pelo domiclio, 2001 e 2009

    Fonte: IBGE PNAD

    Quando a populao de negros analisada considerando os tipos de espcie domstica, percebe-se

    que os habitantes negros esto em maior proporo do que a populao de no-negros em

    domiclios classificados como estendidos, tanto no Brasil quanto na Regio Metropolitana de

    Florianpolis. 21,43% da populao de negros no pas residem em unidades domsticas estendidas

    contra 16,82% dos no-negros. Na Regio Metropolitana de Florianpolis essa proporo de

    18,81% entre os negros contra 13,53% na populao de no-negros. Alm disso, a proporo dos

    habitantes negros em unidades domsticas classificadas como unipessoal superior a de no-negros

    (3,79% dos negros contra 2,38% dos no-negros). Destaca-se que a grande maioria da populao se

    enquadra na unidade domstica nuclear onde no Brasil se encontram 65% da populao e na Regio

    Metropolitana de Florianpolis 64%. A proporo de negros segundo a espcie de unidade domstica

    exposta no grfico abaixo.

    0,00%

    2,00%

    4,00%

    6,00%

    8,00%

    10,00%

    12,00%

    2001 2009 2001 2009

    no-negros negros

    Brasil Santa Catarina RM Florianpolis

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    Grfico 14 - Proporo de Negros segundo a Espcie de unidade domstica, 2010

    Fonte: IBGE Censo Demogrfico

    A espcie da unidade domstica existente foi classificada como Unipessoal quando constituda por

    uma nica pessoa; Estendida, quando constituda somente pela pessoa responsvel com pelo

    menos um parente, formando uma famlia que no se enquadre em um dos tipos descritos como

    nuclear; Composta, quando constituda pela pessoa responsvel, com ou sem parente(s), e com

    pelo menos uma pessoa sem parentesco agregado(a), pensionista, convivente, empregado(a)

    domstico(a), parente do empregado(a) domstico(a); Nuclear, quando constituda por pessoa

    responsvel com cnjuge, pessoa responsvel com cnjuge e com pelo menos um lho(a) ou

    enteado(a), pessoa responsvel com pelo menos um lho(a) ou enteado(a), pessoa responsvel com

    pai ou padrasto e com me ou madrasta, pessoa responsvel com pai ou padrasto, com me ou

    madrasta e com pelo menos um irmo ou irm, pessoa responsvel com pai ou padrasto, pessoa

    responsvel com me ou madrasta, pessoa responsvel com pai ou padrasto e com pelo menos um

    irmo ou irm ou pessoa responsvel com me ou madrasta e com pelo menos um irmo ou irm.

    Consideraes Finais

    Diante do cenrio supracitado conclusivo que a populao, tanto nacionalmente quanto na Regio

    Metropolitana de Florianpolis cresceu at 2010, porm em um ritmo desacelerado quando

    comparado com perodos anteriores (1991 a 2000).

    A populao negra, no entanto, demonstra um cenrio inverso. Verifica-se uma acelerao do

    crescimento no nmero de habitantes negros em ambas as regies analisadas no mesmo perodo.

    Em decorrncia deste acontecimento a populao de negros se tornou maior que a de no-negros no

    Brasil, na primeira dcada do sculo XXI.

    0%

    20%

    40%

    60%

    80%

    100%

    Brasil RM Florianpolis Brasil RM Florianpolis

    no-negros negros

    Composta Estendida Nuclear Unipessoal

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    Apesar do grande crescimento da populao negra observado na Regio Metropolitana de

    Florianpolis, os habitantes com classificao racial negra so minoria nesta regio e se concentram

    substancialmente em quatro municpios (Florianpolis, Palhoa, So Jos e Biguau).

    As mulheres constituem maioria da populao no pas e na Regio Metropolitana de Florianpolis.

    Entretanto, quando considerada a populao negra da Regio Metropolitana de Florianpolis a

    populao masculina maior. Contudo, de forma geral, observa-se um equilbrio entre a populao

    segundo a classificao por gnero.

    Percebe-se que a populao brasileira vive um processo de envelhecimento que se apresenta de

    forma mais acentuada na Regio Metropolitana de Florianpolis. A populao negra mostra-se mais

    jovem ao continuar apresentando crescimento nas faixas etrias inferiores da estrutura etria da

    populao.

    A concentrao demogrfica em regies urbanas substancial em todo pas e na Regio

    Metropolitana de Florianpolis o cenrio no distinto. Em meio urbanizao exposta a situao

    de domiclios classificados como aglomerados subnormais, favelas e similares, onde a populao de

    negros aparece em propores significantemente superiores a de no-negros. Os domiclios em que

    o responsvel negro apresentam, proporcionalmente, maior carncia de servios bsicos de

    infraestrutura e ainda possuem maior adensamento excessivo de moradores por dormitrio. Por fim,

    verifica-se que a presena de domiclios constitudos por um maior nmero de habitantes (unidade

    domstica nuclear) predominante no cenrio nacional e na Regio Metropolitana de Florianpolis.

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    Renda e Pobreza

    Renda

    As disparidades observadas na renda constituem uma importante fonte de informaes sobre as

    desigualdades raciais. Observa-se que o rendimento mensal domiciliar, domiciliar per capita e familiar

    de no-negros so sempre maiores do que os de negros. Analisa-se, adicionalmente, o impacto da

    segmentao segundo localizao, sexo e raa do chefe de famlia. Em seguida, h a anlise dos

    efeitos da ocupao e da escolaridade sobre a razo do rendimento mdio entre indivduos negros e

    no-negros. Busca-se captar as desigualdades por meio do coeficiente de Gini e do ndice de

    Entropia de Theil, abordando o primeiro de maneira mais grfica e analtica. Por fim, faz-se uma

    anlise descritiva da populao da Regio Metropolitana de Florianpolis, em termos de classes de

    rendimento nominal mensal.

    Os impactos da segmentao racial nos rendimentos mensais domiciliares e familiares, para todas as

    unidades domiciliares, so expostos a seguir, para Santa Catarina.

    Grfico 15 - Rendimento mensal domiciliar para todas as unidades domiciliares, em termos reais e nominais, para o Estado de Santa Catarina

    Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios de 2001 2009

    Observa-se que, em termos reais, a diferena entre o rendimento mensal domiciliar de negros e no-

    negros est sempre entre R$ 822,67 (em 2004, a menor diferena) e R$ 1002,92 (em 2005, a maior

    diferena).

    R$ 0

    R$ 500

    R$ 1.000

    R$ 1.500

    R$ 2.000

    R$ 2.500

    R$ 3.000

    R$ 3.500

    2001 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

    valor nominal para negros valor nominal para no-negros

    valor real para negros valor real para no-negros

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    O padro do grfico de rendimento mensal familiar demonstra, assim como no grfico de rendimento

    mensal domiciliar, a disparidade, em termos reais, de renda existente entre os segmentos raciais

    destacados, sendo a menor diferena em 2004, no valor de R$ 854,88, e a maior diferena em 2007,

    no valor de R$ 1035,85. Em termos nominais, a menor diferena ocorre em 2002, no valor de R$

    557,43, e a maior em 2009, no valor de R$ 995,93. Para o rendimento mensal familiar, em termos

    nominais, a menor diferena ocorre em 2002, no valor de R$ 555,03, e a maior em 2009, no valor de

    R$ 1034,69.

    Uma anlise preliminar dos impactos da segmentao racial sobre a renda domiciliar per capita,

    conciliando o rendimento enquanto varivel de anlise ao nmero de pessoas situadas por domiclio

    feita a seguir.

    Grfico 16 - Rendimento mensal domiciliar per capita, em termos reais e nominais, para o Estado de Santa Catarina

    Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios de 2001 2009

    Observa-se que, enquanto o rendimento mensal domiciliar per capita do no-negro alcana o valor de

    R$ 915,87, o do negro apresenta o valor de R$ 552,50. Em termos reais, a menor diferena ocorre

    em 2004, no valor de R$ 285,67, enquanto a maior diferena ocorre em 2009, no valor de R$363,38.

    Em termos nominais, a menor diferena ocorre em 2004, no valor de R$ 220,18, enquanto a maior

    diferena ocorre em 2009, no valor de R$ 363,38.

    Para analisar os impactos sociais derivados da situao econmica dos indivduos segmentados por

    raas, fez-se necessrio observar, primeiramente, aspectos classificatrios do rendimento mdio de

    pessoas ocupadas, segundo gnero (sexos masculino e feminino) e localizao (rural e urbano).

    R$ 0

    R$ 100

    R$ 200

    R$ 300

    R$ 400

    R$ 500

    R$ 600

    R$ 700

    R$ 800

    R$ 900

    R$ 1.000

    2004 2005 2006 2007 2008 2009

    valor nominal para negros valor nominal para no-negros

    valor real para negros valor real para no-negros

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    Optou-se, nesta anlise, pela nfase de utilizao da razo do rendimento mdio entre negros e no-

    negros, no sentido de captar a magnitude da desigualdade.

    Grfico 17 - Razo do rendimento mdio (negros / no-negros) de pessoas ocupadas segmentados por meio rural e urbano

    Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios de 2001 e 2009

    Com relao localizao (meio rural e urbano), observamos que, no Brasil, a desigualdade do

    rendimento mdio entre negros e no-negros vem diminuindo, visto que a razo aumentou, em

    termos relativos, em cerca de 9,36%. Variao relativa positiva ocorre, tambm, para a Regio

    Metropolitana de Florianpolis, que situou-se em 33,62%. Observa-se que no meio rural, para o

    perodo considerado, houve uma reduo considervel na discrepncia do rendimento mdio entre

    negros e no-negros. No meio urbano, um crescimento da razo observado apenas para o Brasil

    como um todo, no valor de 18,07%. Para a Regio Metropolitana de Florianpolis, ocorre uma

    reduo da razo em cerca de 3,02%, indicando que, neste perodo, a desigualdade de rendimento

    mdio para pessoas ocupadas aumentou, considerando a segregao racial em questo.

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    60%

    70%

    80%

    90%

    2001 2009 2001 2009

    Rural Urbano

    Brasil

    RM Florianopolis

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    Grfico 18 - Rendimento mdio em termos absolutos, para negros e no-negros, por meio rural e urbano

    Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios de 2001 2009

    Em termos absolutos, observamos que o rendimento mdio dos no-negros brasileiros, residentes no

    meio rural, cresceu de R$ 426,44 para R$ 558,94, enquanto que a dos negros foi de R$ 222,72 para

    R$ 319,26. Ainda para o meio rural, na Regio Metropolitana de Florianpolis, observa-se que, para

    no-negros, o rendimento mdio de 2001 era R$ 473,08 e passou a ser R$ 644,11 em 2009. Para os

    negros residentes na Regio Metropolitana, o rendimento mdio foi de R$ 291,75 em 2001 para R$

    530,82 em 2009.

    Na rea urbana observamos que os rendimentos mdios so, em geral, mais altos. Os negros

    ganhavam mais em 2001 na rea urbana do que os negros em 2009 na rea rural, em termos

    nominais. Em 2001, no-negros brasileiros residentes em reas urbanas obtiveram um rendimento

    mdio de R$ 1424,48, enquanto negros nessa mesma categoria auferiram um rendimento mdio de

    R$ 708,90. Em 2009, no-negros obtiveram uma reduo em seu rendimento mdio, para R$

    1416,41. Em contrapartida, negros obtiveram um aumento de rendimento, para R$ 832,32. Exceto

    para os no-negros no perodo de 2001 a 2009 que residiam em reas urbanas, observamos que a

    Regio Metropolitana em anlise obtm, em mdia, rendimentos maiores. Nas localizaes urbanas

    dessa regio, para no-negros em 2001, o rendimento mdio foi de R$ 1050,31, enquanto que, para

    os negros, foi de R$ 727,51. J em 2009, ambos auferiram um aumento eu seu rendimento mdio,

    sendo que no-negros alcanaram o valor de R$ 1332,30 e segmento dos negros atingiu um

    rendimento de R$ 894,88.

    Grfico 19 - Razo do rendimento mdio (negros / no-negros) de pessoas ocupadas por sexo

    R$ 0

    R$ 200

    R$ 400

    R$ 600

    R$ 800

    R$ 1.000

    R$ 1.200

    R$ 1.400

    R$ 1.600

    2001 2009 2001 2009 2001 2009 2001 2009

    no-negros negros no-negros negros

    Rural Urbano

    Brasil RM Florianopolis

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    Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios de 2001 2009

    Considerando os aspectos de gnero, para mulheres no Brasil foi observado um aumento relativo na

    razo de rendimento mdio em torno de 18,35%.Ocorre uma reduo da razo para a Regio

    Metropolitana de Florianpolis para as mulheres no valor de 1,65%, ou seja, um aumento da

    desigualdade entre mulheres negras e no-negras no perodo. Para os homens a desigualdade

    expressa pela razo diminuiu, tanto no Brasil como na Regio Metropolitana de Florianpolis. Na

    primeira regio, ocorre um aumento de 20,71% enquanto que, para a segunda, um aumento de

    4,41%.

    Grfico 20 - Razo do rendimento mdio familiar (negros / no-negros), por raa do chefe de famlia, para meio urbano e rural

    Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios de 2001 2009

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

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    2001 2009 2001 2009

    Mulher Homem

    Brasil

    RM Florianopolis

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    60%

    70%

    80%

    90%

    2001 2009 2001 2009

    Rural Urbano

    Brasil RM Florianopolis

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    Observa-se, a partir do grfico acima, que no meio rural brasileiro a razo do rendimento aumentou,

    em termos relativos, cerca de 12,17%. J no meio urbano brasileiro, o aumento percentual foi

    superior, de cerca de 20,33%. Para a Regio Metropolitana de Florianpolis, h um aumento

    percentual de 6,70% no meio rural e uma reduo de 1,47% no meio urbano. No perodo de 2001 a

    2009, para a Regio Metropolitana, a desigualdade racial passa por um crescimento, no que tange ao

    rendimento mdio por raa do chefe de famlia.

    Grfico 21 - Razo do rendimento mdio familiar (negros / no-negros), por raa do chefe de famlia, classificado por sexo

    Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios de 2001 2009

    De maneira anloga, define-se a razo do rendimento mdio familiar entre negros e no-negros (por

    raa do chefe de famlia), segmentado por gnero. Entre as mulheres brasileiras, observa-se um

    crescimento de 22,23% na razo de rendimento mdio. Entre os homens brasileiros este crescimento

    se mostra um pouco menor, cerca de 20,38%. Entretanto, a razo do rendimento mdio para o Brasil

    menos desigual para os homens (52,67%) do que para as mulheres (50,90%). Para elas, na Regio

    Metropolitana de Florianpolis, observa-se um crescimento percentual da razo de rendimento

    elevado (cerca de 44,25%). Para os homens, na mesma regio, houve uma reduo dessa razo,

    mostrando que o nvel de desigualdade aumentou no perodo.

    0%

    10%

    20%

    30%

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    Mulher Homem

    Brasil RM Florianopolis

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    Grfico 22 - Razo do rendimento mdio (negros / no-negros) de pessoas ocupadas, classificado por escolaridade

    Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios de 2001 2009

    As desigualdades tendem a diminuir por meio de um aumento na razo do rendimento mdio. No

    Brasil, isso ocorre para todos os nveis de escolaridade. Para a Regio Metropolitana de

    Florianpolis, ocorre uma reduo da razo de rendimento mdio para o ensino fundamental

    incompleto. Observa-se que, para a parcela da populao desprovida de instruo, h um

    crescimento da razo do rendimento mdio entre negros e no-negros, sendo este mais expressivo

    na Regio Metropolitana de Florianpolis (cerca de 9,33%) do que no Brasil (cerca de 1,99%).

    Para os brasileiros que no concluram o ensino fundamental observa-se um aumento relativo na

    razo de rendimento de 7,83%. Para os residentes na Regio Metropolitana a situao ficou mais

    desigual para esta escolaridade, considerando uma reduo relativa da razo da ordem de 7,99%.

    Para o segmento populacional que concluiu o ensino fundamental, foi observado que a desigualdade

    diminui, em maior proporo, para a Regio Metropolitana de Florianpolis (cerca de 20,46%) do que

    no Brasil (cerca de 4,61%). Para aqueles que no completaram o ensino mdio, o cenrio se repete,

    sendo um aumento relativo de 2,50% para a Regio Metropolitana e de 0,44% para o Brasil.

    Para a categoria dos indivduos que concluram o ensino mdio foi observado que a desigualdade

    diminuiu em proporo menor para o Brasil (cerca de 2,66%) do que para a regio metropolitana de

    Florianpolis (cerca de 8,47%).

    Observa-se maior crescimento relativo da razo do rendimento mdio para a Regio Metropolitana,

    entre todos os nveis de escolaridade, para aqueles que no concluram o ensino superior, no valor

    de 62,89%. No Brasil, este percentual foi de apenas 16,44%. Vale ressaltar que, entre todas as

    0

    0,2

    0,4

    0,6

    0,8

    1

    1,2

    1,4

    2001 2009 2001 2009 2001 2009 2001 2009 2001 2009 2001 2009 2001 2009

    Seminstruo

    Fundamentalincompleto

    Fundamentalcompleto

    Mdioincompleto

    Mdiocompleto

    Superiorincompleto

    Superiorcompleto

    Brasil RM Florianopolis

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    categorias de escolaridade, a nica em que a razo de rendimento mdio maior do que uma

    unidade a de ensino superior incompleto, para a Regio Metropolitana, no valor de 1,3540. Para os

    indivduos que concluram o ensino superior, foi observado um crescimento da razo do rendimento

    mdio no valor de 16,36% para o Brasil e de 9,96% para a Regio Metropolitana.

    Tabela 6 - Razo do rendimento mdio (negros / no-negros) de pessoas ocupadas por posio na ocupao

    Regio Brasil RM Florianpolis

    Ano 2001 2009 2001 2009

    Empregado com carteira de trabalho assinada 60.07% 70.60% 75.81% 78.17%

    Militar 66.79% 81.19% 0.00% 0.00%

    Funcionrio pblico estatutrio 63.97% 70.18% 106.80% 56.88%

    Outro empregado sem carteira de trabalho assinada 53.26% 62.29% 81.08% 88.37%

    Trab. domstico com carteira de trabalho assinada 91.72% 93.61% 92.23% 105.12%

    Trab. domstico sem carteira de trabalho assinada 82.47% 84.22% 94.36% 98.71%

    Conta prpria 47.82% 54.43% 61.41% 90.79%

    Empregador 56.80% 61.98% 39.47% 62.43%

    Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios de 2001 2009

    Para o Brasil, observa-se que h um crescimento da razo do rendimento mdio em todas as

    posies de ocupao, o que sugere uma diminuio na desigualdade entre raas no perodo. Os

    maiores incrementos na razo de rendimento mdio, no caso do Brasil, foram nas reas de ocupao

    militar (21,55%), empregado com carteira de trabalho assinada (17,53%) e outro empregado sem

    carteira de trabalho assinada (16,97%).

    Na Regio Metropolitana de Florianpolis houve um crescimento na razo do rendimento mdio para

    todas as categorias, exceto na ocupao de funcionrio pblico estatutrio. Os maiores crescimentos

    da razo no rendimento mdio foram nas categorias de ocupao de empregador (58,18%) e conta

    prpria (47,84%). Para 2009, a nica posio na ocupao onde o segmento dos negros obteve um

    rendimento mdio igual ou maior do que o dos no-negros, na Regio Metropolitana de Florianpolis,

    foi a de trabalho domstico com carteira de trabalho assinada.

    Com relao s medidas de desigualdade, se faz necessria a anlise de ndices que, por meio de

    sua metodologia, consigam captar a magnitude das diferenas de rendimento, tanto no aspecto

    familiar (per capita) como no contexto do trabalho. Duas medidas so utilizadas para tentar captar

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    estas desigualdades e sua evoluo entre 2001 e 2009, quais sejam: o coeficiente de Gini e o ndice

    de Entropia de Theil. Segue uma breve descrio da cada uma dessas metodologias, bem como a

    forma de anlise dos resultados.

    O coeficiente de Gini mensura a disperso estatstica, no sentido de captar as diferenas entre

    valores ao longo de uma distribuio de frequncias. definido, matematicamente, baseado na curva

    de Lorenz, utilizando a proporo da renda total da populao no eixo das ordenadas e a populao

    acumulada, segundo classificao da renda (em ordem crescente), no eixo das abscissas. O

    coeficiente de Gini pode ser pensado como a razo entre a rea que se encontra entre a linha de

    perfeita igualdade e a curva de Lorenz e a rea total sob a linha de perfeita igualdade. Se a rea

    entre a curva de Lorenz e a linha de perfeita igualdade X, e a rea sob a curva de Lorenz Y, o

    coeficiente de Gini ser X / (X + Y). Como X + Y resultam em 0,5, sendo a rea de um tringulo

    retngulo de base e altura iguais a 1, o coeficiente de Gini ser correspondente a duas vezes a rea

    entre a curva de Lorenz e a linha de perfeita igualdade. De maneira anloga, o coeficiente de Gini

    pode ser escrito como uma unidade subtrada de duas vezes a rea abaixo da curva de Lorenz.

    Considerando a curva de Lorenz como uma funo genrica F(x), o coeficiente de Gini pode ser

    calculado como:

    ( )

    O coeficiente de Gini resulta em um valor entre 0 e 1, onde o valor 0 corresponde uma situao de

    completa igualdade e, conforme este valor aumenta, a distribuio da renda vai se tornando cada vez

    mais desigual, at que atinja o valor 1, situao de completa desigualdade.

    A partir dos dados do PNAD, observam-se os seguintes padres de comportamento da desigualdade,

    para a renda familiar per capita, segmentando-se as informaes por raa:

    Grfico 23 - Coeficientes de Gini para a renda familiar per capita, para negros e no-negros

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    Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios de 2001 2009

    Observa-se que o coeficiente de Gini diminuiu, de 2001 para 2009, tanto para negros como para no-

    negros, e para ambas as regies em anlise. Para o segmento racial dos no-negros no Brasil houve

    uma reduo do coeficiente da ordem de 8,37%. Para a mesma classificao de raa, na Regio

    Metropolitana de Florianpolis, houve uma reduo da ordem de 5,10%. Em valores absolutos, o

    coeficiente de Gini para a Regio Metropolitana de Florianpolis (G = 0,453) menor do que no Brasil

    (G = 0,533) em 2009, o que indica uma menor desigualdade de rendimento familiar per capita entre

    no-negros para a primeira regio. Para a classificao racial de negros, observou-se uma reduo

    percentual relativa do coeficiente de Gini da ordem de 7,07% para o Brasil, enquanto que, para a

    Regio Metropolitana de Florianpolis, observou-se uma reduo de 17,22%. Comparativamente, no

    ano de 2009, a desigualdade de renda familiar per capita ocorre com maior intensidade entre no-

    negros, tanto no Brasil como na Regio Metropolitana de Florianpolis, em termos da medida de

    desigualdade em questo.

    0

    0,1

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    No-Negro Negro

    Brasil RM Florianpolis

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    Grfico 24 - Coeficiente de Gini para a renda do trabalho, para negros e no-negros

    Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios de 2001 2009

    No perodo de 2001 a 2009, ocorre a reduo do coeficiente de Gini para todos os segmentos raciais.

    Para no-negros, no Brasil, a reduo relativa da ordem de 7,60%. Para a Regio Metropolitana de

    Florianpolis, a reduo de apenas 1,07%. No caso dos negros, no Brasil, ocorre uma queda

    relativa de 6,17% no coeficiente, enquanto que, no mesmo perodo, a reduo de 12,25% para a

    Regio Metropolitana de Florianpolis. Para esta ltima regio, observa-se que a segmentao racial

    dos negros apresenta menor coeficiente de Gini (G = 0,356) do que a dos no-negros (0,466), o que

    indica que as desigualdades de renda no trabalho so menores entre indivduos do primeiro grupo.

    Considerando apenas a segmentao racial dos negros, no ano de 2009, observa-se que a

    desigualdade de renda no trabalho maior no Brasil como um todo (G = 0,470), do que na Regio

    Metropolitana de Florianpolis (G = 0,356).

    O ndice de Entropia de Theil, tambm chamado de L de Theil, pode ser assim descrito:

    ( )

    ( )

    ( )

    onde a renda do i simo indivduo, Y a renda total da regio e n o nmero total de pessoas.

    Conforme o valor de L aumenta, maior a disparidade na distribuio da renda, uma vez que a

    desigualdade provm de uma maior concentrao da renda.

    Grfico 25 - ndice de Entropia de Theil para a renda familiar per capita, para negros e no-negros

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    2001 2009 2001 2009

    No-Negro Negro

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    Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios de 2001 2009

    H uma reduo do ndice de Theil, tanto no Brasil como para a Regio Metropolitana, para ambas as

    segmentaes raciais, com exceo dos no-negros na Regio Metropolitana de Florianpolis. No

    caso dos no-negros, para o Brasil, observa-se uma reduo relativa da ordem de 16,17% no ndice

    de Theil, de 2001 para 2009. Para o mesmo segmento racial, houve um incremento relativo de

    10,66% no ndice, o que indica um aumento da concentrao de renda familiar per capita e,

    obviamente, uma maior desigualdade dentro da referida classe. Para a totalidade de negros

    brasileiros, houve uma reduo relativa do coeficiente da ordem de 14,42%. Para a Regio

    Metropolitana de Florianpolis, observou-se uma queda de 30,80%, indicando que a desigualdade de

    renda familiar per capita vem reduzindo com mais eficcia. Comparando a situao dos negros no

    Brasil (L = 0,4944) e na Regio Metropolitana de Florianpolis (L = 0,2816), as desigualdades intra-

    segmento so menores para a segunda regio. Apenas para a Regio Metropolitana, a segmentao

    racial dos no-negros apresenta um ndice de Theil maior (L = 0,5264) do que a dos negros (L =

    0,2671), indicando que as desigualdades intra-segmento so consideravelmente menores entre

    negros.

    Grfico 26 - ndice de entropia de Theil para renda do trabalho, para negros e no-negros

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    Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios de 2001 2009

    O ndice de Theil, para a renda do trabalho, segue um padro de comportamento semelhante ao da

    renda familiar per capita, havendo aumento apenas para a segmentao racial dos no-negros na

    Regio Metropolitana de Florianpolis. Para os no-negros brasileiros, observou-se uma reduo do

    ndice de Theil da ordem de 12,87%. Para negros brasileiros, esta reduo cai para 2,32%. Para no-

    negros residentes na Regio Metropolitana de Florianpolis, o aumento no ndice foi de 23,28%,

    enquanto que, para os negros, houve reduo de 9,58%. Comparando as segmentaes raciais no

    ano de 2009, para a Regio Metropolitana, observou-se que os negros apresentam menor valor do

    ndice (L = 0,2671), do que os no-negros (L = 0,5264), o que indica que h menor desigualdade de

    renda no trabalho para os primeiros.

    O coeficiente de Gini e o ndice de entropia de Theil esto definidos em valores absolutos, no

    demonstrando exatamente a magnitude da desigualdade de renda. Dessa forma, mostrou-se

    necessrio definir a renda acumulada em termos do acmulo da populao, em ordem crescente de

    renda.

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    Grficos 27 e 28 - Distribuio da renda do trabalho, para negros e no-negros, no Brasil

    Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios de 2001 2009

    Para no-negros brasileiros, em 2001, observa-se que 90% da populao detinha cerca de 54,34%

    da renda. Em 2009, este valor passou a ser 57,63%, ou seja, as desigualdades entre no-negros

    diminuram no perodo. Para negros, em 2001, observamos que sua distribuio de renda mais

    igualitria, sendo que 90% da populao acumula cerca de 60,03% da renda. Houve uma pequena

    melhora na distribuio da renda para esta mesma distribuio da populao em 2009, para cerca de

    61,78%.

    Grficos 29 e 30 - Distribuio da renda do trabalho, para negros e no-negros, na Regio Metropolitana de Florianpolis

    Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios de 2001 2009

    Para os no-negros residentes na Regio Metropolitana de Florianpolis, observa-se uma distribuio

    mais igualitria da renda comparativamente ao Brasil para o decil de 90%, de cerca de 62,93%. Para

    os negros este valor 68,38%. Ao longo do perodo de anlise, observa-se um acrscimo na

    desigualdade de renda entre no-negros, passando a 61,42%. Para negros a desigualdade reduziu,

    0%

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    no-negros em 2009 negros em 2009

    Linha de Igualdade

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    70%

    80%

    90%

    100%

    0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

    no-negros em 2001 negros em 2001

    Linha de Igualdade

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    60%

    70%

    80%

    90%

    100%

    0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

    no-negros em 2009 negros em 2009

    Linha de Igualdade

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    considerando um acrscimo no percentual de renda acumulado at o decil de 90% da populao para

    70,92%. Para no-negros brasileiros, a razo 90/10 passou de 10,67, em 2001, para 10 em 2009,

    indicando um intervalo recente menor para as faixas extremas de renda. Na Regio Metropolitana,

    essa razo foi de 5,83 para 5,38 no perodo. Entre os negros brasileiros, a razo 90/10 foi de 9,12

    para 8,33. Para negros residentes na Regio Metropolitana, observamos um decrscimo de 9,75 para

    3,75 no perodo.

    Tabela 7 - Rendimento nominal mensal de pessoas com 10 anos ou mais de idade, ocupadas na semana de referncia, para a Regio Metropolitana de Florianpolis

    Ano 2000 2010

    Raa no-negros negros no-negros negros

    At 1 salrio mnimo 7.95% 11.60% 27.09% 42.92%

    Mais de 1 a 2 salrios mnimos 22.02% 32.16% 32.59% 33.77%

    Mais de 2 a 5 salrios mnimos 35.75% 39.46% 25.79% 16.76%

    Mais de 5 a 10 salrios mnimos 17.62% 11.07% 8.77% 3.26%

    Mais de 10 salrios mnimos 12.22% 4.45% 3.62% 1.04%

    Sem rendimento 4.44% 1.26% 2.03% 2.19%

    Sem declarao 0% 0% 0.12% 0.06%

    Total 100.00% 100.00% 100.00% 100.00%

    Fonte: Censos de 2000 e 2010

    O segmento racial dos negros est disposto, em sua maioria, abaixo de 5 salrios mnimos em 2000,

    com cerca de 83,22% da classe inserida nessa categoria. Em 2010, esse percentual aumenta para

    93,45%. Entre os indivduos que ganham menos de um salrio mnimo, observa-se a preponderncia

    de negros. Em 2000, 11,60% do total de negros recebiam at um salrio mnimo, enquanto que, para

    no-negros, esse percentual era de 7,95%. Em 2010 essa disparidade aumenta considerando que

    42,92% do total de negros recebiam at um salrio mnimo enquanto, para no-negros, este

    percentual de 27,09%.

    A maior concentrao em 2010 nas faixas de renda menores, especialmente at 1 salrio mnimo,

    ocorre tanto para negros, quanto no-negros. Isso se deve ao ganho real ocorrido no salrio mnimo

    nos ltimos dez anos, que atingiu 81,74% em termos reais. Na comparao, no entanto, entre negros

    e no-negros, a proporo dessas distribuies e a concentrao de indivduos nas faixas que

    envolvem salrios mais baixos atingiu mais os negros.

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    Pobreza e Indigncia

    Histrico e Evoluo

    Um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milnio definido pela ONU Erradicar a extrema pobreza

    e a fome. Apesar de existirem diferentes formas de mensurar a pobreza e a indigncia,

    historicamente, no Brasil, a melhoria desses ndices esteve associada a perodos de crescimento

    econmico.

    Analisando as ltimas trs dcadas do sculo XX so perceptveis os nveis de avano da reduo da

    pobreza nos momentos de maior crescimento da economia brasileira. Na dcada de 1970, a

    proporo de pobres foi bastante reduzida em todo o Brasil, especialmente na regio Sul, onde o

    indicador caiu de quase 70% para 32%. Acompanhando o crescimento econmico da dcada, o

    estado de Santa Catarina teve a proporo reduzida de 63% para 26%.

    A dcada de 80, marcada por estagnao econmica e altos ndices de inflao, presenciou um

    cenrio de crescimento da pobreza no Brasil e em todas as suas regies. Na regio Sul, a proporo

    de pobres subiu quase 15,5% ao longo desse perodo. Com a estabilizao da economia e as

    polticas sociais adotadas na dcada de 1990, a proporo de pobres caiu de cerca de 31% para

    20,5% na regio Sul. vlido ressaltar que o estado de Santa Catarina e a Regio Metropolitana de

    Florianpolis apresentam resultados positivos de destaque com relao pobreza, se comparado ao

    restante do Brasil e da regio Sul.

    Figura 1 - Proporo de pobres com renda per capita abaixo de meio salrio mnimo (em 2000)

    Fonte: Relatrio PNUD Brasil, emitido pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul)

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    O impacto do gasto pblico na pobreza

    Em relatrio emitido pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), denominado

    Coleo de Estudos Regionais sobre os Objetivos de Desenvolvimento do Milnio, avaliou-se a

    relao entre os gastos pblicos em cada estado da regio Sul na dcada de 90 e o desempenho da

    pobreza. Tal avaliao busca mensurar o impacto do gasto pblico total, gasto com educao e

    cultura, com sade e saneamento, principalmente na reduo da proporo de pobres. Alm dessas

    avaliaes, busca-se relacionar tambm com o total de beneficiados do sistema de previdncia

    social, como uma proxy dos programas de transferncia de renda.

    Para o gasto pblico total, durante toda a dcada de 90, houve crescimento absoluto e relativo (em

    percentual do PIB) concomitantemente queda da pobreza. De 1992 a 2001, encontrou-se uma

    correlao negativa de 0,43 para o estado de Santa Catarina. A despesa com educao e cultura

    reduziu seu valor em relao ao PIB, apesar de ter aumentado em valor absoluto. A correlao

    encontrada com a proporo de pobres foi a mais alta, estando negativa em 0,95 para o estado em

    questo. A correlao dos gastos pblicos em sade e saneamento com a varivel em estudo foi de

    0,90. Por fim, no foi observada relao significativa entre pobreza e nmero de beneficiados da

    previdncia social.

    Estudos de comportamento histrico como esse tm relevncia para auxiliar na definio de qual

    rea investir ao pensar em polticas pblicas voltadas para a pobreza. Apesar dos gastos em todas as

    reas serem importantes, tem-se que aes em educao possuem maior impacto na melhoria do

    desempenho dos indicadores de pobreza.

    Relao entre crescimento, desigualdade e pobreza

    Ainda no relatrio que avalia o desempenho da regio Sul com relao aos Objetivos de

    Desenvolvimento do Milnio, foram gerados modelos estatsticos de regresso com o objetivo de

    determinar a elasticidade da pobreza em relao ao crescimento. Como variveis representativas do

    crescimento, os modelos foram elaborados segundo a variao do PIB e variao da renda domiciliar

    mdia. Como varivel dependente, tem-se o percentual de pobres ou indigentes para determinado

    estado.

    Nos diversos modelos apresentados, foram observados diferentes graus de correlao, alguns deles

    mais elsticos e outros inelsticos, a depender do perodo, da regio em estudo e da varivel

    utilizada para representar o crescimento. O que todos tm em comum a relao negativa,

    demonstrando que em um cenrio de crescimento da economia a proporo de pobres ou indigentes

    tende a ser reduzida com maior ou menor intensidade.

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    Figura 2 - Elasticidade da pobreza em relao ao crescimento por estado

    Fonte: Relatrio PNUD Brasil, emitido pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul)

    Outro teste realizado foi a verificao do impacto da desigualdade na relao entre crescimento e

    pobreza, ou seja, verificar se uma maior desigualdade de renda reduz o impacto do crescimento na

    diminuio da pobreza. Utilizando o coeficiente de Gini como varivel da desigualdade, foi verificado

    que menores valores deste esto vinculados a uma elasticidade maior entre pobreza e crescimento.

    Tal fato mostra que o crescimento econmico mais efetivo para o combate pobreza em locais com

    melhor distribuio de renda.

    Anlise dos Indicadores

    Para estimar o tamanho da pobreza necessrio definir inicialmente a linha de pobreza a ser

    considerada de tal modo que sejam considerados pobres aqueles que possuem renda familiar per

    capita abaixo desta linha. Por sua vez, para definir o tamanho da indigncia considera-se uma linha

    de indigncia que naturalmente a metade da linha de pobreza. Dessa forma, pode-se pensar em

    linhas de pobreza e indigncia absoluta (um valor fixo) ou uma linha de pobreza e indigncia relativa

    (um valor relativo a algum parmetro da distribuio de renda).1

    Contudo, no h consenso de qual deva ser a linha de pobreza. Por exemplo, o Banco Mundial, em

    seu Relatrio de Desenvolvimento Mundial de 1990, estabeleceu que a linha de indigncia absoluta

    de US$ 1 por dia por pessoa e de US$ 2 por dia por pessoa para a linha de pobreza absoluta. No

    Brasil, inicialmente adotaram-se critrios com base no salrio mnimo: salrio mnimo familiar

    mensal para linha de pobreza e de salrio mnimo para a linha de indigncia. Contudo, verificou-se

    rapidamente que uma linha de pobreza comum para todas as unidades da federao no algo

    apropriado dado o grande diferencial do padro de consumo.

    1 Exemplo: considerar a linha de pobreza seja 25% da mediana da distribuio de renda.

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    Outra forma de construir uma linha de indigncia calcular o valor mnimo necessrio para adquirir

    uma cesta alimentar que fornea um valor nutricional mnimo para uma pessoa durante um perodo

    de um ms. J uma linha de pobreza deveria tambm adicionar a esta cesta alimentar o valor mnimo

    para satisfazer outras necessidades bsicas (habitao, vesturio, higiene, sade, educao,

    transporte, etc). Neste sentido, possvel construir linhas de pobreza que sejam adequadas ao

    padro de consumo local, sem referncia ao salrio mnimo, de modo que as pessoas sero pobres

    pelo mesmo parmetro: a capacidade de consumo.

    A partir das Pesquisas de Oramento Familiar (POF), Rocha (1997, 2006)2 construiu linhas de

    pobreza e indigncia para as regies, unidades da federao, regies metropolitanas e local de

    residncia (urbano ou rural). Com isso, pode-se estabelecer linhas de pobreza e indigncia que

    consideravam as discrepncias significativas das estruturas de consumo e de preos ao consumidor

    dentro do pas. A Tabela 8 destaca os valores da linha de pobreza para os anos de 2001 e 2009.

    Deve-se ficar claro que os valores da linha de pobreza e indigncia para a Regio Metropolitana

    maior que do urbano, que por sua vez tambm maior que da zona rural.

    Ressalta-se que para este trabalho, considerou-se o valor da linha de pobreza da regio Sul para

    representar a Regio Metropolitana de Florianpolis, uma vez que na POF no h a definio dessa

    rea. Ademais, adotou-se o critrio de trazer a renda familiar per capita de 2001 a valores reais de

    2009 usando o mesmo ndice de preos para a construo das linhas de pobreza (ou seja, R$ de

    2001 / 0,54406 = Valores reais de 2009).

    2Rocha, Snia (1997). Do Consumo Observado Linha de Pobreza. Pesquisa e Planejamento Econmico, vol.27

    (2), agosto de 1997.

    Rocha, Sonia (2006). Pobreza no Brasil: afinal de que se trata?. Editora FGV, Rio de Janeiro, 2006.

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    Tabela 8 - Valores da linha de pobreza e indigncia

    Uma vez definida a linha de pobreza, pode-se construir indicadores que mensuram a pobreza e

    indigncia. Os indicadores mais usados so os construdos por Foster, Greer &Thorbecke (1984)3

    que ficaram conhecidos como famlia FGT(). Neste caso, FGT(0) representa a proporo de pobres,

    ou seja, o percentual de pessoas que possuem renda familiar per capita abaixo da linha de pobreza

    (indigncia). O indicador FGT(1) representa o hiato de pobreza, ou seja, a proporo de pessoas em

    3Foster, James; Joel Greerand Erik Thorbecke (1984). A class of decomposable poverty measures.Econometrica.

    2 81: 761766.

    set. / 2001 set. / 2009 set. / 2001 set. / 2009

    em R$ % SM em R$ % SM em R$ % SM em R$ % SM

    Norte

    Belm 103.65 0.58 190.36 0.41 32.79 0.18 65.89 0.14

    Urbano 90.35 0.50 165.93 0.36 32.27 0.18 64.86 0.14

    Rural 83.24 0.18 42.81 0.09

    Nordeste

    Fortaleza 100.60 0.56 177.73 0.38 35.11 0.20 61.53 0.13

    Recife 146.12 0.81 264.81 0.57 45.50 0.25 79.28 0.17

    Salvador 132.95 0.74 235.67 0.51 43.85 0.24 74.67 0.16

    Urbano 89.30 0.50 159.52 0.34 31.29 0.17 54.17 0.12

    Rural 53.86 0.30 96.22 0.21 27.18 0.15 47.06 0.10

    M.G./E.S.

    Belo Horizonte126.10 0.70 231.92 0.50 36.52 0.20 66.88 0.14

    Urbano 84.78 0.47 155.92 0.34 31.48 0.17 57.65 0.12

    Rural 50.19 0.28 92.30 0.20 25.25 0.14 46.25 0.10

    Rio de Janeiro

    Metrpole 150.80 0.84 265.65 0.57 48.68 0.27 83.05 0.18

    Urbano 93.82 0.52 165.29 0.36 35.33 0.20 60.29 0.13

    Rural 68.49 0.38 120.66 0.26 27.91 0.16 47.62 0.10

    So Paulo

    Metrpole 188.04 1.04 316.39 0.68 47.99 0.27 86.35 0.19

    Urbano 120.16 0.67 202.17 0.43 39.17 0.22 70.47 0.15

    Rural 75.59 0.42 127.19 0.27 30.80 0.17 55.42 0.12

    Sul

    Curitiba 124.13 0.69 205.34 0.44 34.77 0.19 60.78 0.13

    Porto Alegre 96.20 0.53 168.51 0.36 38.00 0.21 67.07 0.14

    Urbano 82.73 0.46 140.38 0.30 32.92 0.18 57.84 0.12

    Rural 55.78 0.31 94.64 0.20 25.97 0.14 45.62 0.10

    Centro-Oeste

    Braslia 171.44 0.95 308.12 0.66 37.89 0.21 70.03 0.15

    Goinia 159.64 0.89 289.07 0.62 37.12 0.18 69.45 0.15

    Urbano 121.55 0.68 220.10 0.47 32.31 0.18 60.44 0.13

    Rural 69.81 0.39 126.41 0.27 24.32 0.14 45.50 0.10

    Nota: Salrio Mnimo de 2001 = R$180,00 ; Salrio Mnimo de 2009 = R$ 465,00

    Linha de Pobreza Linha de IndignciaRegies e

    Estatos

    Fonte: Elaborao de Sonia Rocha com base na POF ("Do Consumo Observado Linha de

    Pobreza", in Pesquisa e Planejamento Econmico, vol.27 (2), agosto de 1997.

    Valores da Linha de Pobreza e Indigncia para 2001 e 2009

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    famlias com renda per capita abaixo da linha de pobreza ponderando pela distncia relativa linha

    de pobreza. Neste sentido, o indicador FGT(1) representa a distncia mdia dos pobres em relao

    linha de pobreza. Comparativamente, o FGT(0) mensura a proporo de pobres dando peso igual

    para todos os pobres, enquanto o FGT(1) pondera relativamente mais os pobres que esto mais

    distantes da linha de pobreza (indigncia). J o indicador FGT(2), chamado de hiato quadrtico da

    pobreza, considera a proporo de pessoas em famlias com renda per capita abaixo da linha de

    pobreza (indigncia) ponderando pela distncia quadrtica relativa linha de pobreza. tambm

    conhecido como severidade (intensidade) da pobreza absoluta.

    Naturalmente quando as pessoas se questionam sobre o tamanho da pobreza esto preocupadas

    com o FGT(0), ou seja, interessados em saber quantos pobres existem em relao ao total da

    populao. Contudo, em se tratando de poltica pblica, este indicador no o mais adequado. Se a

    meta reduzir a pobreza pode-se perfeitamente transferir um valor monetrio fixo para aqueles que

    esto mais prximos da linha de pobreza e assim cumprir a meta com o menor custo possvel. O

    resultado ser menor proporo de pobres, mas a pobreza resultante ser mais