144
RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL ADELSON CREMONINI DO NASCIMENTO-99 ADENILSON VIANA NERY-100, 21, 38, 39, 93, 96 ADRIANA ZANDONADE-102 ALCINA MARIA COSTA NOGUEIRA LOPES-96 ALESSANDRA RIBEIRO DIAS-14 ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO-13, 32, 7, 72, 81, 90 ANA BEATRIZ LINS BARBOSA-65, 68, 88 ANA CAROLINA PINTOR LADEIRA-87 ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN-50, 54 ANAMELIA GRAFANASSI MOREIRA-8 ANDERSON MACOHIN SIEGEL-50, 51, 56 ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES-100, 21 ANDRÉ DIAS IRIGON-87 ANTONIO JOSE PEREIRA DE SOUZA-20 ANTONIO VALDEMIR PEREIRA COUTINHO-1, 102 BRUNO DE CASTRO QUEIROZ-34 BRUNO MIRANDA COSTA-26, 27, 29, 30, 32, 42, 46 BRUNO SANTOS ARRIGONI-19 CARLOS BERKENBROCK-47 CARLOS ESTEVAN FIOROT MALACARNE-15 Carolina Augusta da Rocha Rosado-10, 59, 71 CELSO PEDRONI JUNIOR-84 CLAUDIA IVONE KURTH-16, 79 CLEBSON DA SILVEIRA-13, 74, 78, 80, 81 CLEUSINEIA L. PINTO DA COSTA-20 CYNTHIA MARIA SOARES BRAGATO-43 DANIEL ASSAD GALVÊAS-75, 76, 77, 78, 82 DANILO THEML CARAM-12 DIOGO ASSAD BOECHAT-82 DRABLER LIPPER B. L. DE OLIVEIRA-101 DULCINEIA ZUMACH LEMOS PEREIRA-24, 25, 64 EDGARD VALLE DE SOUZA-18 EDSON ROBERTO SIQUEIRA JUNIOR-17 ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-63 ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA-101, 18, 99 FABRICIO PERES SALES-84 FELICIA SCABELLO SILVA-3 FERNANDA ANDRADE SANTANA-101 GERALDO BENICIO-31 GERALDO PEREIRA FUNDÃO DOS SANTOS-44 GERONIMO THEML DE MACEDO-69 GUSTAVO CABRAL VIEIRA-11, 37 GUSTAVO DE RESENDE RAPOSO-8, 9 GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA-66 HENRIQUE ROCHA FRAGA-8 HENRIQUE SOARES MACEDO-19 HERMANN RAFAEL BARBOSA STEIN-15 IMERO DEVENS-8 Isabela Boechat B. B. de Oliveira-36 IZAEL DE MELLO REZENDE-85 JAILTON AUGUSTO FERNANDES-38, 39, 93 JANICE MUNIZ DE MELO-91 JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS-33, 57, 7

ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

  • Upload
    hatruc

  • View
    216

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA:

ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL

ADELSON CREMONINI DO NASCIMENTO-99ADENILSON VIANA NERY-100, 21, 38, 39, 93, 96ADRIANA ZANDONADE-102ALCINA MARIA COSTA NOGUEIRA LOPES-96ALESSANDRA RIBEIRO DIAS-14ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO-13, 32, 7, 72, 81, 90ANA BEATRIZ LINS BARBOSA-65, 68, 88ANA CAROLINA PINTOR LADEIRA-87ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN-50, 54ANAMELIA GRAFANASSI MOREIRA-8ANDERSON MACOHIN SIEGEL-50, 51, 56ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES-100, 21ANDRÉ DIAS IRIGON-87ANTONIO JOSE PEREIRA DE SOUZA-20ANTONIO VALDEMIR PEREIRA COUTINHO-1, 102BRUNO DE CASTRO QUEIROZ-34BRUNO MIRANDA COSTA-26, 27, 29, 30, 32, 42, 46BRUNO SANTOS ARRIGONI-19CARLOS BERKENBROCK-47CARLOS ESTEVAN FIOROT MALACARNE-15Carolina Augusta da Rocha Rosado-10, 59, 71CELSO PEDRONI JUNIOR-84CLAUDIA IVONE KURTH-16, 79CLEBSON DA SILVEIRA-13, 74, 78, 80, 81CLEUSINEIA L. PINTO DA COSTA-20CYNTHIA MARIA SOARES BRAGATO-43DANIEL ASSAD GALVÊAS-75, 76, 77, 78, 82DANILO THEML CARAM-12DIOGO ASSAD BOECHAT-82DRABLER LIPPER B. L. DE OLIVEIRA-101DULCINEIA ZUMACH LEMOS PEREIRA-24, 25, 64EDGARD VALLE DE SOUZA-18EDSON ROBERTO SIQUEIRA JUNIOR-17ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-63ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA-101, 18, 99FABRICIO PERES SALES-84FELICIA SCABELLO SILVA-3FERNANDA ANDRADE SANTANA-101GERALDO BENICIO-31GERALDO PEREIRA FUNDÃO DOS SANTOS-44GERONIMO THEML DE MACEDO-69GUSTAVO CABRAL VIEIRA-11, 37GUSTAVO DE RESENDE RAPOSO-8, 9GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA-66HENRIQUE ROCHA FRAGA-8HENRIQUE SOARES MACEDO-19HERMANN RAFAEL BARBOSA STEIN-15IMERO DEVENS-8Isabela Boechat B. B. de Oliveira-36IZAEL DE MELLO REZENDE-85JAILTON AUGUSTO FERNANDES-38, 39, 93JANICE MUNIZ DE MELO-91JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS-33, 57, 7

Page 2: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY-36, 49, 59JOSÉ DE OLIVEIRA GOMES-23JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA-58, 90JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES-97JOSE RIBAMAR MATOS AMARAL-12JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA-28, 48, 62JULIANA ALMENARA ANDAKU-64Juliana Almenara Andaku-24JULIANA CARDOZO CITELLI-43JULIANA PENHA DA SILVA-43Kleison Ferreira-67Lauriane Real Cereza-95, 98LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45LEOPOLDO DAHER MARTINS-102LIDIANE DA PENHA SEGAL-26, 27, 89LIDIANE ZUMACH LEMOS PEREIRA-63, 64LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO-56, 61LUCIANO ANTONIO FIOROT-91Luciano José Ribeiro de Vasconcelos Filho-20LUCIENE TREVIZANI GONÇALVES-14LUIZA MARTINS DE ASSIS SILVA-75, 77, 82MARCELA BRAVIN BASSETTO-49, 51, 52MARCELA REIS SILVA-17, 23, 98MARCELO ABELHA RODRIGUES-8MARCELO DUARTE FREITAS ASSAD-76, 78MARCELO MATEDI ALVES-45, 65, 68, 69MARCELO PAGANI DEVENS-8MARCOS ADRIANE MACHADO-94MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO-48, 52, 54, 55, 57, 58, 60, 61, 73, 92Marcos Figueredo Marçal-31, 34, 60, 77, 82, 85MARCOS JOSÉ DE JESUS-16MARCOS ROGERIO FERREIRA PATRICIO-2, 4, 40, 41, 5, 6MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA-25MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI-66, 67, 9MARIA DE LOURDES COIMBRA DE MACEDO-44MARIA RODRIGUES DE ALCANTARA-42MARIANA PIMENTEL MIRANDA DOS SANTOS-85NANCI APARECIDA DOMINGUES CARVALHO-2, 4, 75, 76, 92NILSON BERNARDES DA COSTA-12OLÍVIA BRAZ VIEIRA DE MELO-94, 95PATRÍCIA MARIA MANTHAYA-35PAULA ABRANCHES ARAÚJO SILVA-3PEDRO INOCENCIO BINDA-19PHILIPI CARLOS TESCH BUZAN-31PRICILA CANDIDO LIMA LEAL-88RAFAEL GONÇALVES VASCONCELOS-75, 76, 77, 82RAUL DIAS BORTOLINI-50, 51, 56RENATO PIANCA FILHO-8RICARDO FIGUEIREDO GIORI-11, 91ROBERTA ALVES DA SILVA-88RODRIGO BARBOSA DE BARROS-1, 102RODRIGO LOPES BRANDÃO-34, 46RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA-44ROGERIO LUIZ MACHADO-94ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA-72, 79

Page 3: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

RUTH SALVADOR SILVA PASSOS-43SAMYRA CARNEIRO PERUCHI-8SARITA DO NASCIMENTO FREITAS-85SAYLES RODRIGO SCHUTZ-47SEBASTIAO EDELCIO FARDIN-43SERGIO DE LIMA FREITAS JUNIOR-22SHIZUE SOUZA KITAGAWA-83SILVANA SILVA DE SOUZA-10SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI-47, 55, 63, 89TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS-53THIAGO AARÃO DE MORAES-28, 29, 30, 74TIELY PEDRONI HELEODORO-84UBIRATAN CRUZ RODRIGUES-15, 35, 40, 41, 5, 6, 84, 97ULISSES COSTA DA SILVA-99URBANO LEAL PEREIRA-23Valber Cruz Cereza-95, 98VALTEMIR DA SILVA-37, 80VALTER JOSÉ COVRE-16, 79VERA LUCIA SAADE RIBEIRO-70VILMAR LOBO ABDALAH JR.-73VINICIUS DINIZ SANTANA-50, 51, 53, 56, 62VINICIUS BIS LIMA-83Vinícius de Lacerda Aleodim Campos-22VIVIANE MILED MONTEIRO CALIL SALIM-86

1ª Turma RecursalJUIZ(a) FEDERAL DR(a). ROGERIO MOREIRA ALVES

Nro. Boletim 2012.000211 DIRETOR(a) DE SECRETARIA

14/12/2012Expediente do dia

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

1 - 0001894-20.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.001894-2/01) ER CONSULTORIA E TREINAMENTO LTDA (ADVOGADO:ANTONIO VALDEMIR PEREIRA COUTINHO.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: RODRIGO BARBOSA DE BARROS.).E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE CONTRADIÇÃO ENTRE O ACÓRDÃO E DISPOSITIVO LEGAL E NÃOENTRE AS DISPOSIÇÕES CONTIDAS NO PRÓPRIO ACÓRDÃO – RECONHECIMENTO DA INCOMPETÊNCIAABSOLUTA EM FACE DA ILEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM DA PARTE AUTORA PARA DEMANDAR EM JUIZADOSESPECIAIS FEDERAIS – EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NÃO CONHECIDOS - ACÓRDÃO E SENTENÇA ANULADOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão de fl. 246, que reconheceu a legitimidade ativada autora para, na condição de prestadora de serviço, cobrar restituição do valor da contribuição previdenciária retido sobreo valor bruto da nota fiscal, bem como negou provimento ao recurso inominado por ela interposto, tendo em vista a suaresponsabilidade contratual (cláusula sexta, item 6.2.2.1) por arrecadar a contribuição incidente sobre a remuneração dosprofessores, segurados contribuintes individuais, e por não haver nos autos nenhuma prova documental da afirmação deque os funcionários do CEFETS envolvidos na segunda etapa de treinamento eram remunerados pelo FUNCEFETES.Alega a embargante que este colegiado foi contraditório à regra do art. 333, I e II do CPC, uma vez que foi provado o fatoconstitutivo do direito, com o contrato de prestação de serviço coma CST, a nota fiscal e o comprovante de retenção doimposto, além da RAIS negativa, comprovando a inexistência de empregados no quadro de funcionários da embargante. Ofato modificativo do direito, qual seja, existência de empregados e falta de recolhimento dos impostos, é que não foicomprovado pela União, que o alegou. Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta do CEFETES e doFINCEFETES, não tendo como obter cópia do contrato firmado entre aquelas empresas, bem como ao recolhimento dacontribuição previdenciária.

Detecto causa que exclui a competência dos Juizados Especiais Federais para processar e julgar essa ação. Como secuida de competência absoluta, a matéria é de ordem pública e deve ser aferida de ofício.

Page 4: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

São legitimados a figurar como autores em ação que tramite em Juizados Especiais Federais as pessoas físicas e, dentreas pessoas jurídicas, somente as microempresas e as empresas de pequeno porte (artigo 6º, I, da Lei 10.259/01). No casodos autos, afere-se que a empresa autora não é microempresa nem empresa de pequeno porte, uma vez que, analisando adenominação lançada na petição inicial e no comprovante de inscrição no CNPJ, afere-se que do nome empresarial nãoconsta a expressão “microempresa” ou “ME”; nem consta a expressão "empresa de pequeno porte", ou “EPP”.

À luz da legislação de regência, ao menos desde 1994 existe a indispensabilidade de a microempresa ser identificada pelasexpressões “microempresa” ou “ME”; e de a empresa de pequeno porte ser identificada pelas expressões “empresa depequeno porte” ou “EPP”. É o que se infere do disposto no artigo 6º da Lei 8.864/94; no artigo 7º da Lei 9.841/99; e no artigo72 da Lei Complementar nº 123/2006, cujas redações seguem abaixo:

Artigo 6º da Lei 8.864/94: “Art. 6° Feita a comuni cação, e independentemente de alteração do ato constitutivo, amicroempresa adotará, em seguida ao seu nome, a expressão "microempresa" ou, abreviadamente, "ME", e a empresa depequeno porte, a expressão "empresa de pequeno porte", ou "EPP". Parágrafo único. E privativo de microempresa deempresa de pequeno porte o uso das expressões de que trata este artigo.”

Artigo 7º da Lei 9.841/99: “Art. 7º Feita a comunicação, e independentemente de alteração do ato constitutivo, amicroempresa adotará, em seguida ao seu nome, a expressão "microempresa" ou, abreviadamente, "ME", e a empresa depequeno porte, a expressão "empresa de pequeno porte" ou "EPP". Parágrafo único. É privativo de microempresa e deempresa de pequeno porte o uso das expressões de que trata este artigo.”

Artigo 72 da Lei Complementar nº 123/2006: “Art. 72. As microempresas e as empresas de pequeno porte, nos termos dalegislação civil, acrescentarão à sua firma ou denominação as expressões “Microempresa” ou “Empresa de PequenoPorte”, ou suas respectivas abreviações, “ME” ou “EPP”, conforme o caso, sendo facultativa a inclusão do objeto dasociedade.”

Essa determinação legal nos sucessivos diplomas que regulam o tratamento conferido às microempresas e empresas depequeno porte também esteve – como está – presente nas Instruções Normativas do Departamento Nacional de RegistroComercial que tratam da formação do nome empresarial e da proteção a ele conferida. A instrução que atualmente seencontra em vigor é a IN-DNRC nº 116/2011, cujo artigo 14 tem a seguinte redação:

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 116, DE 22 DE NOVEMBRO DE 2011.Dispõe sobre a formação do nome empresarial, sua proteção e dá outras providências.(...)Art. 14. As microempresas e empresas de pequeno porte acrescentarão à sua firma ou denominação asexpressões “Microempresa” ou “Empresa de Pequeno Porte”, ou suas respectivas abreviações, “ME” ou “EPP”.

À luz desse contexto, a autora é uma sociedade empresária limitada, mas não posso considerá-la, nem supor, que se cuidade uma microempresa ou empresas de pequeno porte, visto que de sua denominação não consta nenhuma dasexpressões que a lei considera indispensáveis para tanto.

Visto que a parte autora não é uma microempresa nem é uma empresa de pequeno porte, falta-lhe legitimação ativa parademandar em Juizado Especial Federal.

Como a petição inicial foi subscrita por advogado (e, consequentemente, pode ser processado em vara comum), reconheçoa incompetência absoluta dos Juizados Especiais Federais para processar e julgar a ação; uma vez que o acórdão nãotransitou em julgado (por força dos embargos de declaração interpostos), reconheço a nulidade do acórdão e da sentençaproferida pelo JEF, razão pela qual voto pela anulação de ambos e pela ulterior remessa dos autos a uma das varas cíveiscom competência tributária desta SJ-ES.

Embargos de declaração não conhecidos. Acórdão e sentença anulados, em face da incompetência absoluta dos JuizadosEspeciais Federais, devendo os autos serem distribuídos entre uma das varas cíveis com competência tributária destaSJ-ES.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NÃO CONHECER dos embargos de declaração e, de ofício,ANULAR acórdão e sentença proferidos, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante dopresente julgado.

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

Page 5: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

2 - 0000877-95.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000877-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSÉ BENTO DIAS(ADVOGADO: MARCOS ROGERIO FERREIRA PATRICIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: NANCI APARECIDA DOMINGUES CARVALHO.).Processo nº 0000877-95.2012.4.02.5053/01 – Juízo de Origem: 1ª VF de LinharesRecorrente: JOSÉ BENTO DIASRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTARECURSO INOMINADO. REVISÃO. INTERESSE DE AGIR VERIFICADO. INEXISTE ÓBICE À APRECIAÇÃO DAMATÉRIA DE FUNDO, ANTE O IMPLEMENTO SUPERVENIENTE DA CONDIÇÃO DA AÇÃO FALTANTE NO PROCESSOPRIMITIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ACORDO. PROJEÇÃO NACIONAL. CITAÇÃO. AUSÊNCIA. RECURSO CONHECIDOE, NO MÉRITO, PROVIDO. SENTENÇA ANULADA.

Este recurso inominado foi interposto pelo autor às fls. 29-35, em razão de sentença (fls. 26-27) que julgou o feito extintosem resolução de mérito, nos termos do art. 267, inciso V, do Código de Processo Civil - CPC. Sustenta o recorrente, emresumo, que a ação anteriormente proposta, tombada sob o nº 0000355-68.2012.4.02.5053, foi extinta por falta de interessede agir, tendo em vista que a revisão dos benefícios será realizada administrativamente, nos termos doMemorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15 de abril de 2010. Assevera que na hipótese de não haverresolução de mérito a sentença não faz coisa julgada material, de modo que a ação poderá ser reproposta, salvo se extintapor reconhecimento de perempção, litispendência ou coisa julgada; o que não foi o caso. Aponta jurisprudência do SuperiorTribunal de Justiça, assente sobre a desnecessidade de prévio requerimento administrativo em se tratando de pleitos denatureza previdenciária.Anota que nos autos da Ação Civil Pública - ACP nº 0002320-59.2012.403.6183, ajuizada perante a 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo, foi deferida liminar para que o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS efetuasse a revisãodos benefícios de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e pensões decorrentes, concedidas com base nos Decretosnº 3.265/1999 e nº 5.545/2005, entre 1999 e 2009. Contudo, o INSS recorreu da decisão afirmando que não teria condiçõesde cumpri-la, sob pena de prejuízo aos seus cofres. Em prosseguimento, em 10.8.2012, foi noticiado acordo entre oSindicato, Procuradoria e INSS quanto ao procedimento de revisão e pagamento dos benefícios calculados com equívoco;conforme divulgado na mídia, a maioria dos segurados prejudicados pelo erro da Previdência receberá a revisão somente apartir de 2019. Por esses motivos e, alega, diante da incerteza em relação ao regular processamento da revisão, requerseja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial.Não foram apresentadas contrarrazões.Em obséquio à clareza e à contextualização deste feito, consigne-se, em súmula estrita, a causa de pedir e o desfecho daação primitiva. Cuida-se de revisão da renda mensal de benefício previdenciário por incapacidade/pensões decorrentes,nos termos do inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, esquadro de novos parâmetros para o cálculo do salário debenefício, cuja base passou a assentar na média aritmética simples dos maiores salários de contribuição correspondentes a80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo; julgada extinta sem resolução de mérito, por ausência de interessede agir, nos termos do art. 267, inciso VI, do Código de Processo Civil – CPC.A sentença de primeiro grau acha-se assim redigida, verbis:“Trata-se de pedido de revisão de benefício previdenciário, nos termos do art. 29,II, da lei 8213/91.

À fl. 24, surgiu informação dando conta da existência de outro processo, nº 0000355-68.2012.4.02.5053, com identidade departes e pedido, já tendo, inclusive, sido proferida sentença, a qual julgou o feito extinto, sem resolução do mérito, ante afalta de interesse processual, uma vez que a revisão pretendida está sendo feita administrativamente.

Analisando os autos, verifico a configuração da coisa julgada, enquanto pressuposto processual negativo, que se delineiacom a tríplice identidade dos elementos das ações (art. 301, § 2º, CPC); não há fatos novos ou supervenientes quemodifiquem a causa de pedir.

Assim, em razão da existência de outro processo, com mesmas partes, pedidos ecausa de pedir, o presente feito deve ser extinto.

Dispositivo

Isto posto, JULGO O FEITO EXTINTO sem resolução de mérito, nos termos do art. 267, V, do CPC, em razão da coisajulgada.”

O recorrente opõe a objeção de que não houve coisa julgada material na ação de nº 0000355-68.2012.4.02.5053, motivopela qual não há impedimento à sua repropositura. Assinala que somente nas hipóteses de perempção, litispendência oucoisa julgada material a ação não pode ser reproposta.Extrai-se de tal objeção a seguinte racionalidade:Somente quando verificada a existência de coisa julgada material ou nas demais hipóteses do inciso V do art. 267 do CPChá impedimento à repropositura da ação.Não houve coisa julgada material neste caso nem se trata de perempção ou litispendência (inciso V do citado preceptivo),verificando-se tão somente a ocorrência de coisa julgada formal.

Page 6: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

Logo, não há impedimento à repropositura da ação.

Não é bem assim. Tal raciocínio parte da premissa equivocada de que somente as hipóteses de coisa julgada material,perempção ou litispendência consubstanciam fator impediente à nova propositura da ação.De ordinário, a definição de coisa julgada formal tem sido abordada pela doutrina da seguinte forma:“a imutabilidade da sentença como ato jurídico processual. Consiste no impedimento de qualquer recurso ou expedienteprocessual destinado a impugná-la, de modo que, naquele processo, nenhum outro julgamento se fará. No processo emque se deu a coisa julgada formal, o ato jurídico sentença é representado pela sentença ou acórdão que, por não comportarrecurso algum, haja transitado em julgado (CPC, art. 467). A coisa julgada formal é um dos dois aspectos do instituto dacoisa julgada e opera exclusivamente no interior do processo em que se situa a sentença sujeita a ela. Tem, portanto, uma

�feição e uma missão puramente técnico-processuais” . (grifei)“A coisa julgada formal, porém, só é capaz de pôr termo ao processo, impedindo que se reabra a discussão acerca doobjeto do processo no mesmo feito. A mera existência de coisa julgada formal é incapaz de impedir que tal discussão

�ressurja em outro processo” . (grifei)Sem embargo dos respeitáveis entendimentos, despontam no panorama doutrinário novas abordagens lançando luzessobre a compreensão do tema – projeção de efeitos da coisa julgada nas sentenças meramente terminativas -,observando-se hipóteses em que a repropositura da ação não é admitida de forma automática, de per se. Significa dizer,por outras palavras, que mesmo as sentenças proferidas sem resolução de mérito – de parte as hipóteses elencadas noinciso V do art. 267 do CPC – são aptas a projetar efeitos exógenos (para fora do processo), enquanto não implementadosos requisitos faltantes, entendidos como aqueles que ensejaram a própria extinção.

�Confira-se, nessa linha, lição de Nelson Nery Junior e Maria de Andrade Nery :Repropositura da ação. Como a sentença de extinção do processo sem resolução do mérito (CPC 267) não faz coisajulgada material, a lide objeto daquele processo não foi julgada, razão pela qual pode ser reproposta a ação. A repropositurada ação não é admitida de forma automática, devendo implementar-se o requisito faltante que ocasionou a extinção doprocesso. Por exemplo: processo extinto por ilegitimidade de parte somente admite repropositura se sobrevier circunstânciaque implemente essa condição faltante no processo anterior. Do contrário, a repropositura pura e simples, sem essaobservância, acarretaria nova extinção do processo sem resolução do mérito por falta de interesse processual (CPC, 267VI).Ressai claro do excerto acima transcrito que não apenas as hipóteses de coisa julgada material, perempção oulitispendência constituem fator impediente à reprositura da ação, como também aquelas de extinção do processo semresolução de mérito em relação às quais não se tenha implementado o requisito que a determinou. Por isso equivocadas asrazões fundantes do recurso.Tenha-se presente, em abono da melhor exegese, que no art. 268 do CPC (“salvo o disposto no art. 267, V, a extinção doprocesso não obsta a que o autor intente de novo a ação [...]”), encontram-se implicitamente encartadas tais considerações,isto é, nada obsta que o autor intente de novo a ação, desde que por óbvio implementados os requisitos que determinarama extinção do processo sem resolução de mérito.Neste específico e concreto contexto, o processo primitivo (0000355-68.2012.4.02.5053) foi extinto por falta de interesse deagir, elemento que de par com a legitimidade ad causam e possibilidade jurídica do pedido compõe a trilogia das condiçõesda ação, relacionada no inciso VI do art. 267 do CPC.Assim, razão acudirá ao recorrente se e somente se verificada a superveniência de interesse processual em virtude damodificação do substrato fático subjacente, porquanto foi a ausência desse requisito o motivo determinante da extinção doprocesso.Nesse passo, o recorrente invoca a existência de acordo entabulado entre os autores (Ministério Público Federal e SindicatoNacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical) e o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, naAção Civil Pública - ACP nº 0002320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, jáhomologado por sentença, mediante o qual a revisão dos benefícios de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e aspensões deles decorrentes, concedidos no período de 1999 e 2009, deverá observar certo cronograma para o pagamentodos valores atrasados; de modo que “a maioria dos segurados prejudicados pelo erro da Previdência receberá a revisãosomente a partir de 2019”, conforme as razões do recurso.Em relação a tais fatos, assim me pronunciei quando da primeira inclusão em pauta (28.11.2012):“Não obstante e sem embargo da novidade inaugurada em sede recursal, não se sabe a respeito (i) da veracidade de talacordo (não foi coligido ao recurso nenhum elemento de prova, apenas ventilada a sua existência) ou (ii) dos termos emque entabulado, sendo mesmo desarrazoado tomá-lo como suficiente à caracterização do interesse processual. E, aindaque assim não fosse, nos estritos termos da disposição contida no art. 16 da Lei nº 7.347/1985, que disciplina a Ação CivilPública - ACP, a sentença civil – no caso, homologatória de acordo – fará coisa julgada erga omnes, nos limites dacompetência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas”.De forma que: “em tese, eventual sorte da Ação Civil Pública ajuizada em São Paulo irradia efeitos (eficácia) somente nosseus limites territoriais, não interferindo no procedimento revisional adotado nas agências previdenciárias de outrosEstados”.Contudo, à vista de que (a) o prazo para contrarrazões ao recurso inominado transcorreu in albis, donde o INSSefetivamente obteve ciência do fato novo e não o impugnou, restando incontroverso; (b) os fatos notórios ou mesmoincontroversos não dependem de prova (incisos I e III do art. 334 do Código de Processo Civil); (c) a decisão que antecipouos efeitos da tutela na referida Ação Civil Pública nº 0002320-59.2012.403.6183 foi proferida com abrangência em todo o

�território nacional , pelo que afastada a incidência do art. 16 da Lei nº 7.247/1985; (d) o acordo firmado supervenientemente�entre a parte autora e o INSS foi homologado por sentença , presumindo-se sua extensão também em todo o território

(após o trânsito em julgado), até porque motivado pelo impacto nacional do passivo gerado pela revisão, algo na ordem de�R$ 6,0 (seis) bilhões, consoante cálculos do INSS, datados de agosto de 2012 ; e (e) o pagamento foi escalonado durante

o período de 10 (dez) anos, segundo cronograma resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional, executado na forma

Page 7: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

prevista no Ofício Conjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF; refleti melhor e passo a adotar o entendimento de queimplementado, sim, supervenientemente, o requisito faltante não ação tombada sob o nº 000355-68.2012.4.02.5053, qual ointeresse de agir.De fato, consoante os dados do citado Ofício Conjunto, o pagamento seguirá as diretrizes abaixo:segurados ou dependentes com benefícios ativos e com 60 anos ou mais: pagamento a ser feito em 2013;segurados ou dependentes com benefícios ativos, idade de 46 a 59 anos, e montante atrasado de até R$ 6 mil: pagamentoem 2014;segurados ou dependentes com benefícios ativos, idade de 46 a 59 anos, e montante atrasado de R$ 6 mil até R$ 19 mil:pagamento a ser feito em 2015;segurados ou dependentes com benefícios ativos, idade de 46 a 59 anos, e montante atrasado acima de R$ 19 mil:pagamento a ser feito em 2016;segurados ou dependentes com benefícios ativos, idade de até 45 anos, e valores atrasados de até R$ 6 mil: pagamentoem 2016;segurados ou dependentes com benefícios ativos com idade de até 45 anos, e montante atrasado de R$ 6 mil até R$ 15mil: pagamento em 2017;segurados ou dependentes com benefícios ativos, idade de até 45 anos, e montante atrasado acima de R$ 15 mil:pagamento em 2018;segurados com benefícios cessados/suspensos, e com 60 anos ou mais: pagamento em 2019;segurados com benefícios cessados/suspensos, e idade de 46 anos a 59 anos: pagamento em 2020;segurados com benefícios cessados/suspensos, com idade de até 45 e valores atrasados de até R$ 6 mil:pagamento em2021;segurados com benefícios cessados/suspensos, com idade de até 45 anos e valores atrasados acima de R$ 6 mil:pagamento em 2022.

O cronograma prioriza o pagamento para benefícios ativos e beneficiários idosos, não sendo admitida a antecipação,exceto para aqueles titulares de benefício que estejam acometidos de neoplasia maligna, doença terminal, ou portadores dovírus HIV, ou, ainda, cujos parentes das categorias descritas nos incisos I a III do art. 16 da Lei nº 8.213/1991 encontrem-seem uma destas situações. Desse contexto nasce o interesse processual do recorrente o qual opõe-se a esseescalonamento.Noutro ângulo, inexiste óbice processual ao exercício da continuidade do direito de ação individual ante a inexistência delitispendência entre as demandas, consoante a regra do art. 104 do Código de Defesa do consumidor (Precedentes: REsp1243887; REsp 1247150) e o inequívoco intuito de não se sujeitar aos efeitos da coisa julgada da ação coletiva em tela.Portanto, considerando que o processo não está apto ao imediato julgamento (princípio da causa madura), vez queproferida sentença sem a citação do INSS (fls. 26-27), voto para anular a sentença; e outra ser proferida com exame domérito.Recurso conhecido e provido. Sentença anulada.Sem condenação em custas e honorários advocatícios, ante o disposto no art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele dar provimento, para anular a sentença,na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

3 - 0000607-53.2007.4.02.5051/01 (2007.50.51.000607-5/01) FAZENDA NACIONAL (PROCDOR: PAULA ABRANCHESARAÚJO SILVA.) x VANDERLEI ANDREON (ADVOGADO: FELICIA SCABELLO SILVA.).E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – PREQUESTIONAMENTO – AUSÊNCIA DE VÍCIO A SER SANADO - EMBARGOSCONHECIDOS E IMPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo autor em face do acórdão de fls. 306/307, que deu provimento aosembargos de declaração opostos pelo INSS para reconhecer a ausência do interesse de agir e extinguir o processo semjulgamento do mérito, em razão da ausência de requerimento administrativo para restituição dos valores relativos acontribuição previdenciária incidente sobre os subsídios dos exercentes de mandado eletivo. Alega o embargante que o

Page 8: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

presente recurso objetiva o prequestionamento da matéria, tendo em vista que o acórdão fere a Constituição (art. 5º, XXXV)e diverge da jurisprudência de outros tribunais. Pede a reforma do acórdão.Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 doCPC, constantes do decisum embargado, não se prestando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,tampouco ao mero prequestionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso extraordinário,porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando presente omissão de ponto fundamental, contradição entre afundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razões desenvolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, osembargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, contradição, omissão oudúvida.Não restou, assim, caracterizada nenhuma das hipóteses legais previstas para oposição de embargos declaratórios,descabendo a utilização de dito recurso para modificação do julgado.Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHE PROVIMENTO, naforma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

4 - 0000876-13.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000876-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSÉ LUIZ COUTINHO DASCANDEIAS (ADVOGADO: MARCOS ROGERIO FERREIRA PATRICIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: NANCI APARECIDA DOMINGUES CARVALHO.).Processo nº 0000876-13.2012.4.02.5053/01 – Juízo de Origem: 1ª VF de LinharesRecorrente: JOSÉ LUIZ COUTINHO DAS CANDEIASRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTARECURSO INOMINADO. REVISÃO. INTERESSE DE AGIR VERIFICADO. INEXISTE ÓBICE À APRECIAÇÃO DAMATÉRIA DE FUNDO, ANTE O IMPLEMENTO SUPERVENIENTE DA CONDIÇÃO DA AÇÃO FALTANTE NO PROCESSOPRIMITIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ACORDO. PROJEÇÃO NACIONAL. CITAÇÃO. AUSÊNCIA. RECURSO CONHECIDOE, NO MÉRITO, PROVIDO. SENTENÇA ANULADA.

Este recurso inominado foi interposto pelo autor às fls. 27-33, em razão de sentença (fls. 24-25) que julgou o feito extintosem resolução de mérito, nos termos do art. 267, inciso V, do Código de Processo Civil - CPC. Sustenta o recorrente, emresumo, que a ação anteriormente proposta, tombada sob o nº 0000360-60.2012.4.02.5053 (em verdade:0000362-60.2012.4.02.5053), foi extinta por falta de interesse de agir, tendo em vista que a revisão dos benefícios serárealizada administrativamente, nos termos do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15 de abril de2010. Assevera que na hipótese de não haver resolução de mérito a sentença não faz coisa julgada material, de modo quea ação poderá ser reproposta, salvo se extinta por reconhecimento de perempção, litispendência ou coisa julgada; o quenão foi o caso. Aponta jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, assente sobre a desnecessidade de préviorequerimento administrativo em se tratando de pleitos de natureza previdenciária.Anota que nos autos da Ação Civil Pública - ACP nº 0002320-59.2012.403.6183, ajuizada perante a 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo, foi deferida liminar para que o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS efetuasse a revisãodos benefícios de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e pensões decorrentes, concedidas com base nos Decretosnº 3.265/1999 e nº 5.545/2005, entre 1999 e 2009. Contudo, o INSS recorreu da decisão afirmando que não teria condiçõesde cumpri-la, sob pena de prejuízo aos seus cofres. Em prosseguimento, em 10.8.2012, foi noticiado acordo entre oSindicato, Procuradoria e INSS quanto ao procedimento de revisão e pagamento dos benefícios calculados com equívoco;conforme divulgado na mídia, a maioria dos segurados prejudicados pelo erro da Previdência receberá a revisão somente apartir de 2019. Por esses motivos e, alega, diante da incerteza em relação ao regular processamento da revisão, requerseja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial.Não foram apresentadas contrarrazões.Em obséquio à clareza e à contextualização deste feito, consigne-se, em súmula estrita, a causa de pedir e o desfecho daação primitiva. Cuida-se de revisão da renda mensal de benefício previdenciário por incapacidade/pensões decorrentes,nos termos do inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, esquadro de novos parâmetros para o cálculo do salário debenefício, cuja base passou a assentar na média aritmética simples dos maiores salários de contribuição correspondentes a80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo; julgada extinta sem resolução de mérito, por ausência de interessede agir, nos termos do art. 267, inciso VI, do Código de Processo Civil – CPC.A sentença de primeiro grau acha-se assim redigida, verbis:“Trata-se de pedido de revisão de benefício previdenciário, nos termos do art. 29,II, da lei 8213/91.

Page 9: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

À fl. 22, surgiu informação dando conta da existência de outro processo, nº 0000360-60.2012.4.02.5053, com identidade departes e pedido, já tendo, inclusive, sido proferida sentença, a qual julgou o feito extinto, sem resolução do mérito, ante afalta de interesse processual, uma vez que a revisão pretendida está sendo feita administrativamente.

Analisando os autos, verifico a configuração da coisa julgada, enquanto pressuposto processual negativo, que se delineiacom a tríplice identidade dos elementos das ações (art. 301, § 2º, CPC); não há fatos novos ou supervenientes quemodifiquem a causa de pedir.

Assim, em razão da existência de outro processo, com mesmas partes, pedidos ecausa de pedir, o presente feito deve ser extinto.

Dispositivo

Isto posto, JULGO O FEITO EXTINTO sem resolução de mérito, nos termos do art. 267, V, do CPC, em razão da coisajulgada.”

O recorrente opõe a objeção de que não houve coisa julgada material na ação de nº 0000362-60.2012.4.02.5053, motivopela qual não há impedimento à sua repropositura. Assinala que somente nas hipóteses de perempção, litispendência oucoisa julgada material a ação não pode ser reproposta.Extrai-se de tal objeção a seguinte racionalidade:Somente quando verificada a existência de coisa julgada material ou nas demais hipóteses do inciso V do art. 267 do CPChá impedimento à repropositura da ação.Não houve coisa julgada material neste caso nem se trata de perempção ou litispendência (inciso V do citado preceptivo),verificando-se tão somente a ocorrência de coisa julgada formal.Logo, não há impedimento à repropositura da ação.

Não é bem assim. Tal raciocínio parte da premissa equivocada de que somente as hipóteses de coisa julgada material,perempção ou litispendência consubstanciam fator impediente à nova propositura da ação.De ordinário, a definição de coisa julgada formal tem sido abordada pela doutrina da seguinte forma:“a imutabilidade da sentença como ato jurídico processual. Consiste no impedimento de qualquer recurso ou expedienteprocessual destinado a impugná-la, de modo que, naquele processo, nenhum outro julgamento se fará. No processo emque se deu a coisa julgada formal, o ato jurídico sentença é representado pela sentença ou acórdão que, por não comportarrecurso algum, haja transitado em julgado (CPC, art. 467). A coisa julgada formal é um dos dois aspectos do instituto dacoisa julgada e opera exclusivamente no interior do processo em que se situa a sentença sujeita a ela. Tem, portanto, uma

�feição e uma missão puramente técnico-processuais” . (grifei)“A coisa julgada formal, porém, só é capaz de pôr termo ao processo, impedindo que se reabra a discussão acerca doobjeto do processo no mesmo feito. A mera existência de coisa julgada formal é incapaz de impedir que tal discussão

�ressurja em outro processo” . (grifei)Sem embargo dos respeitáveis entendimentos, despontam no panorama doutrinário novas abordagens lançando luzessobre a compreensão do tema – projeção de efeitos da coisa julgada nas sentenças meramente terminativas -,observando-se hipóteses em que a repropositura da ação não é admitida de forma automática, de per se. Significa dizer,por outras palavras, que mesmo as sentenças proferidas sem resolução de mérito – de parte as hipóteses elencadas noinciso V do art. 267 do CPC – são aptas a projetar efeitos exógenos (para fora do processo), enquanto não implementadosos requisitos faltantes, entendidos como aqueles que ensejaram a própria extinção.

�Confira-se, nessa linha, lição de Nelson Nery Junior e Maria de Andrade Nery :Repropositura da ação. Como a sentença de extinção do processo sem resolução do mérito (CPC 267) não faz coisajulgada material, a lide objeto daquele processo não foi julgada, razão pela qual pode ser reproposta a ação. A repropositurada ação não é admitida de forma automática, devendo implementar-se o requisito faltante que ocasionou a extinção doprocesso. Por exemplo: processo extinto por ilegitimidade de parte somente admite repropositura se sobrevier circunstânciaque implemente essa condição faltante no processo anterior. Do contrário, a repropositura pura e simples, sem essaobservância, acarretaria nova extinção do processo sem resolução do mérito por falta de interesse processual (CPC, 267VI).Ressai claro do excerto acima transcrito que não apenas as hipóteses de coisa julgada material, perempção oulitispendência constituem fator impediente à reprositura da ação, como também aquelas de extinção do processo semresolução de mérito em relação às quais não se tenha implementado o requisito que a determinou. Por isso equivocadas asrazões fundantes do recurso.Tenha-se presente, em abono da melhor exegese, que no art. 268 do CPC (“salvo o disposto no art. 267, V, a extinção doprocesso não obsta a que o autor intente de novo a ação [...]”), encontram-se implicitamente encartadas tais considerações,isto é, nada obsta que o autor intente de novo a ação, desde que por óbvio implementados os requisitos que determinarama extinção do processo sem resolução de mérito.Neste específico e concreto contexto, o processo primitivo (0000362-60.2012.4.02.5053) foi extinto por falta de interesse deagir, elemento que de par com a legitimidade ad causam e possibilidade jurídica do pedido compõe a trilogia das condiçõesda ação, relacionada no inciso VI do art. 267 do CPC.Assim, razão acudirá ao recorrente se e somente se verificada a superveniência de interesse processual em virtude damodificação do substrato fático subjacente, porquanto foi a ausência desse requisito o motivo determinante da extinção doprocesso.

Page 10: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

Nesse passo, o recorrente invoca a existência de acordo entabulado entre os autores (Ministério Público Federal e SindicatoNacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical) e o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, naAção Civil Pública - ACP nº 0002320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, jáhomologado por sentença, mediante o qual a revisão dos benefícios de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e aspensões deles decorrentes, concedidos no período de 1999 e 2009, deverá observar certo cronograma para o pagamentodos valores atrasados; de modo que “a maioria dos segurados prejudicados pelo erro da Previdência receberá a revisãosomente a partir de 2019”, conforme as razões do recurso.Em relação a tais fatos, assim me pronunciei quando da primeira inclusão em pauta (28.11.2012):“Não obstante e sem embargo da novidade inaugurada em sede recursal, não se sabe a respeito (i) da veracidade de talacordo (não foi coligido ao recurso nenhum elemento de prova, apenas ventilada a sua existência) ou (ii) dos termos emque entabulado, sendo mesmo desarrazoado tomá-lo como suficiente à caracterização do interesse processual. E, aindaque assim não fosse, nos estritos termos da disposição contida no art. 16 da Lei nº 7.347/1985, que disciplina a Ação CivilPública - ACP, a sentença civil – no caso, homologatória de acordo – fará coisa julgada erga omnes, nos limites dacompetência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas”.De forma que: “em tese, eventual sorte da Ação Civil Pública ajuizada em São Paulo irradia efeitos (eficácia) somente nosseus limites territoriais, não interferindo no procedimento revisional adotado nas agências previdenciárias de outrosEstados”.Contudo, à vista de que (a) o prazo para contrarrazões ao recurso inominado transcorreu in albis, donde o INSSefetivamente obteve ciência do fato novo e não o impugnou, restando incontroverso; (b) os fatos notórios ou mesmoincontroversos não dependem de prova (incisos I e III do art. 334 do Código de Processo Civil); (c) a decisão que antecipouos efeitos da tutela na referida Ação Civil Pública nº 0002320-59.2012.403.6183 foi proferida com abrangência em todo o

�território nacional , pelo que afastada a incidência do art. 16 da Lei nº 7.247/1985; (d) o acordo firmado supervenientemente�entre a parte autora e o INSS foi homologado por sentença , presumindo-se sua extensão também em todo o território

(após o trânsito em julgado), até porque motivado pelo impacto nacional do passivo gerado pela revisão, algo na ordem de�R$ 6,0 (seis) bilhões, consoante cálculos do INSS, datados de agosto de 2012 ; e (e) o pagamento foi escalonado durante

o período de 10 (dez) anos, segundo cronograma resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional, executado na formaprevista no Ofício Conjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF; refleti melhor e passo a adotar o entendimento de queimplementado, sim, supervenientemente, o requisito faltante não ação tombada sob o nº 0000362-60.2012.4.02.5053, qualo interesse de agir.De fato, consoante os dados do citado Ofício Conjunto, o pagamento seguirá as diretrizes abaixo:segurados ou dependentes com benefícios ativos e com 60 anos ou mais: pagamento a ser feito em 2013;segurados ou dependentes com benefícios ativos, idade de 46 a 59 anos, e montante atrasado de até R$ 6 mil: pagamentoem 2014;segurados ou dependentes com benefícios ativos, idade de 46 a 59 anos, e montante atrasado de R$ 6 mil até R$ 19 mil:pagamento a ser feito em 2015;segurados ou dependentes com benefícios ativos, idade de 46 a 59 anos, e montante atrasado acima de R$ 19 mil:pagamento a ser feito em 2016;segurados ou dependentes com benefícios ativos, idade de até 45 anos, e valores atrasados de até R$ 6 mil: pagamentoem 2016;segurados ou dependentes com benefícios ativos com idade de até 45 anos, e montante atrasado de R$ 6 mil até R$ 15mil: pagamento em 2017;segurados ou dependentes com benefícios ativos, idade de até 45 anos, e montante atrasado acima de R$ 15 mil:pagamento em 2018;segurados com benefícios cessados/suspensos, e com 60 anos ou mais: pagamento em 2019;segurados com benefícios cessados/suspensos, e idade de 46 anos a 59 anos: pagamento em 2020;segurados com benefícios cessados/suspensos, com idade de até 45 e valores atrasados de até R$ 6 mil:pagamento em2021;segurados com benefícios cessados/suspensos, com idade de até 45 anos e valores atrasados acima de R$ 6 mil:pagamento em 2022.

O cronograma prioriza o pagamento para benefícios ativos e beneficiários idosos, não sendo admitida a antecipação,exceto para aqueles titulares de benefício que estejam acometidos de neoplasia maligna, doença terminal, ou portadores dovírus HIV, ou, ainda, cujos parentes das categorias descritas nos incisos I a III do art. 16 da Lei nº 8.213/1991 encontrem-seem uma destas situações. Desse contexto nasce o interesse processual do recorrente o qual opõe-se a esseescalonamento.Noutro ângulo, inexiste óbice processual ao exercício da continuidade do direito de ação individual ante a inexistência delitispendência entre as demandas, consoante a regra do art. 104 do Código de Defesa do consumidor (Precedentes: REsp1243887; REsp 1247150) e o inequívoco intuito de não se sujeitar aos efeitos da coisa julgada da ação coletiva em tela.Portanto, considerando que o processo não está apto ao imediato julgamento (princípio da causa madura), vez queproferida sentença sem a citação do INSS (fls. 24-25), voto para anular a sentença; e outra ser proferida com exame domérito.Recurso conhecido e provido. Sentença anulada.Sem condenação em custas e honorários advocatícios, ante o disposto no art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995.

A C Ó R D Ã O

Page 11: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele dar provimento, para anular a sentença,na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

5 - 0000890-94.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000890-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALESSANDRO DO CARMODONATO (ADVOGADO: MARCOS ROGERIO FERREIRA PATRICIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).Processo nº 0000890-94.2012.4.02.5053/01 – Juízo de Origem: 1ª VF de LinharesRecorrente: ALESSANDRO DO CARMO DONATORecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTARECURSO INOMINADO. REVISÃO. INTERESSE DE AGIR VERIFICADO. INEXISTE ÓBICE À APRECIAÇÃO DAMATÉRIA DE FUNDO, ANTE O IMPLEMENTO SUPERVENIENTE DA CONDIÇÃO DA AÇÃO FALTANTE NO PROCESSOPRIMITIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ACORDO. PROJEÇÃO NACIONAL. CITAÇÃO. AUSÊNCIA. RECURSO CONHECIDOE, NO MÉRITO, PROVIDO. SENTENÇA ANULADA.

Este recurso inominado foi interposto pelo autor às fls. 24-30, em razão de sentença (fls. 21-22) que julgou o feito extintosem resolução de mérito, nos termos do art. 267, inciso V, do Código de Processo Civil - CPC. Sustenta o recorrente, emresumo, que a ação anteriormente proposta, tombada sob o nº 0000357-38.2012.4.02.5053, foi extinta por falta de interessede agir, tendo em vista que a revisão dos benefícios será realizada administrativamente, nos termos doMemorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15 de abril de 2010. Assevera que na hipótese de não haverresolução de mérito a sentença não faz coisa julgada material, de modo que a ação poderá ser reproposta, salvo se extintapor reconhecimento de perempção, litispendência ou coisa julgada; o que não foi o caso. Aponta jurisprudência do SuperiorTribunal de Justiça, assente sobre a desnecessidade de prévio requerimento administrativo em se tratando de pleitos denatureza previdenciária.Anota que nos autos da Ação Civil Pública - ACP nº 0002320-59.2012.403.6183, ajuizada perante a 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo, foi deferida liminar para que o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS efetuasse a revisãodos benefícios de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e pensões decorrentes, concedidas com base nos Decretosnº 3.265/1999 e nº 5.545/2005, entre 1999 e 2009. Contudo, o INSS recorreu da decisão afirmando que não teria condiçõesde cumpri-la, sob pena de prejuízo aos seus cofres. Em prosseguimento, em 10.8.2012, foi noticiado acordo entre oSindicato, Procuradoria e INSS quanto ao procedimento de revisão e pagamento dos benefícios calculados com equívoco;conforme divulgado na mídia, a maioria dos segurados prejudicados pelo erro da Previdência receberá a revisão somente apartir de 2019. Por esses motivos e, alega, diante da incerteza em relação ao regular processamento da revisão, requerseja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial.Não foram apresentadas contrarrazões.Em obséquio à clareza e à contextualização deste feito, consigne-se, em súmula estrita, a causa de pedir e o desfecho daação primitiva. Cuida-se de revisão da renda mensal de benefício previdenciário por incapacidade/pensões decorrentes,nos termos do inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, esquadro de novos parâmetros para o cálculo do salário debenefício, cuja base passou a assentar na média aritmética simples dos maiores salários de contribuição correspondentes a80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo; julgada extinta sem resolução de mérito, por ausência de interessede agir, nos termos do art. 267, inciso VI, do Código de Processo Civil – CPC.A sentença de primeiro grau acha-se assim redigida, verbis:“Trata-se de pedido de revisão de benefício previdenciário, nos termos do art. 29,II, da lei 8213/91.

À fl. 19, surgiu informação dando conta da existência de outro processo, nº 0000357-38.2012.4.02.5053, com identidade departes e pedido, já tendo, inclusive, sido proferida sentença, a qual julgou o feito extinto, sem resolução do mérito, ante afalta de interesse processual, uma vez que a revisão pretendida está sendo feita administrativamente.

Analisando os autos, verifico a configuração da coisa julgada, enquanto pressuposto processual negativo, que se delineiacom a tríplice identidade dos elementos das ações (art. 301, § 2º, CPC); não há fatos novos ou supervenientes quemodifiquem a causa de pedir.

Assim, em razão da existência de outro processo, com mesmas partes, pedidos e causa de pedir, o presente feito deve serextinto.

Dispositivo

Isto posto, JULGO O FEITO EXTINTO sem resolução de mérito, nos termos do art. 267, V, do CPC, em razão da coisajulgada.”

Page 12: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

O recorrente opõe a objeção de que não houve coisa julgada material na ação de nº 0000357-38.2012.4.02.5053, motivopela qual não há impedimento à sua repropositura. Assinala que somente nas hipóteses de perempção, litispendência oucoisa julgada material a ação não pode ser reproposta.Extrai-se de tal objeção a seguinte racionalidade:Somente quando verificada a existência de coisa julgada material ou nas demais hipóteses do inciso V do art. 267 do CPChá impedimento à repropositura da ação.Não houve coisa julgada material neste caso nem se trata de perempção ou litispendência (inciso V do citado preceptivo),verificando-se tão somente a ocorrência de coisa julgada formal.Logo, não há impedimento à repropositura da ação.

Não é bem assim. Tal raciocínio parte da premissa equivocada de que somente as hipóteses de coisa julgada material,perempção ou litispendência consubstanciam fator impediente à nova propositura da ação.De ordinário, a definição de coisa julgada formal tem sido abordada pela doutrina da seguinte forma:“a imutabilidade da sentença como ato jurídico processual. Consiste no impedimento de qualquer recurso ou expedienteprocessual destinado a impugná-la, de modo que, naquele processo, nenhum outro julgamento se fará. No processo emque se deu a coisa julgada formal, o ato jurídico sentença é representado pela sentença ou acórdão que, por não comportarrecurso algum, haja transitado em julgado (CPC, art. 467). A coisa julgada formal é um dos dois aspectos do instituto dacoisa julgada e opera exclusivamente no interior do processo em que se situa a sentença sujeita a ela. Tem, portanto, uma

�feição e uma missão puramente técnico-processuais” . (grifei)“A coisa julgada formal, porém, só é capaz de pôr termo ao processo, impedindo que se reabra a discussão acerca doobjeto do processo no mesmo feito. A mera existência de coisa julgada formal é incapaz de impedir que tal discussão

�ressurja em outro processo” . (grifei)Sem embargo dos respeitáveis entendimentos, despontam no panorama doutrinário novas abordagens lançando luzessobre a compreensão do tema – projeção de efeitos da coisa julgada nas sentenças meramente terminativas -,observando-se hipóteses em que a repropositura da ação não é admitida de forma automática, de per se. Significa dizer,por outras palavras, que mesmo as sentenças proferidas sem resolução de mérito – de parte as hipóteses elencadas noinciso V do art. 267 do CPC – são aptas a projetar efeitos exógenos (para fora do processo), enquanto não implementadosos requisitos faltantes, entendidos como aqueles que ensejaram a própria extinção.

�Confira-se, nessa linha, lição de Nelson Nery Junior e Maria de Andrade Nery :Repropositura da ação. Como a sentença de extinção do processo sem resolução do mérito (CPC 267) não faz coisajulgada material, a lide objeto daquele processo não foi julgada, razão pela qual pode ser reproposta a ação. A repropositurada ação não é admitida de forma automática, devendo implementar-se o requisito faltante que ocasionou a extinção doprocesso. Por exemplo: processo extinto por ilegitimidade de parte somente admite repropositura se sobrevier circunstânciaque implemente essa condição faltante no processo anterior. Do contrário, a repropositura pura e simples, sem essaobservância, acarretaria nova extinção do processo sem resolução do mérito por falta de interesse processual (CPC, 267VI).Ressai claro do excerto acima transcrito que não apenas as hipóteses de coisa julgada material, perempção oulitispendência constituem fator impediente à reprositura da ação, como também aquelas de extinção do processo semresolução de mérito em relação às quais não se tenha implementado o requisito que a determinou. Por isso equivocadas asrazões fundantes do recurso.Tenha-se presente, em abono da melhor exegese, que no art. 268 do CPC (“salvo o disposto no art. 267, V, a extinção doprocesso não obsta a que o autor intente de novo a ação [...]”), encontram-se implicitamente encartadas tais considerações,isto é, nada obsta que o autor intente de novo a ação, desde que por óbvio implementados os requisitos que determinarama extinção do processo sem resolução de mérito.Neste específico e concreto contexto, o processo primitivo (0000357-38.2012.4.02.5053) foi extinto por falta de interesse deagir, elemento que de par com a legitimidade ad causam e possibilidade jurídica do pedido compõe a trilogia das condiçõesda ação, relacionada no inciso VI do art. 267 do CPC.Assim, razão acudirá ao recorrente se e somente se verificada a superveniência de interesse processual em virtude damodificação do substrato fático subjacente, porquanto foi a ausência desse requisito o motivo determinante da extinção doprocesso.Nesse passo, o recorrente invoca a existência de acordo entabulado entre os autores (Ministério Público Federal e SindicatoNacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical) e o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, naAção Civil Pública - ACP nº 0002320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, jáhomologado por sentença, mediante o qual a revisão dos benefícios de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e aspensões deles decorrentes, concedidos no período de 1999 e 2009, deverá observar certo cronograma para o pagamentodos valores atrasados; de modo que “a maioria dos segurados prejudicados pelo erro da Previdência receberá a revisãosomente a partir de 2019”, conforme as razões do recurso.Em relação a tais fatos, assim me pronunciei quando da primeira inclusão em pauta (28.11.2012):“Não obstante e sem embargo da novidade inaugurada em sede recursal, não se sabe a respeito (i) da veracidade de talacordo (não foi coligido ao recurso nenhum elemento de prova, apenas ventilada a sua existência) ou (ii) dos termos emque entabulado, sendo mesmo desarrazoado tomá-lo como suficiente à caracterização do interesse processual. E, aindaque assim não fosse, nos estritos termos da disposição contida no art. 16 da Lei nº 7.347/1985, que disciplina a Ação CivilPública - ACP, a sentença civil – no caso, homologatória de acordo – fará coisa julgada erga omnes, nos limites dacompetência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas”.De forma que: “em tese, eventual sorte da Ação Civil Pública ajuizada em São Paulo irradia efeitos (eficácia) somente nosseus limites territoriais, não interferindo no procedimento revisional adotado nas agências previdenciárias de outrosEstados”.

Page 13: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

Contudo, à vista de que (a) o prazo para contrarrazões ao recurso inominado transcorreu in albis, donde o INSSefetivamente obteve ciência do fato novo e não o impugnou, restando incontroverso; (b) os fatos notórios ou mesmoincontroversos não dependem de prova (incisos I e III do art. 334 do Código de Processo Civil); (c) a decisão que antecipouos efeitos da tutela na referida Ação Civil Pública nº 0002320-59.2012.403.6183 foi proferida com abrangência em todo o

�território nacional , pelo que afastada a incidência do art. 16 da Lei nº 7.247/1985; (d) o acordo firmado supervenientemente�entre a parte autora e o INSS foi homologado por sentença , presumindo-se sua extensão também em todo o território

(após o trânsito em julgado), até porque motivado pelo impacto nacional do passivo gerado pela revisão, algo na ordem de�R$ 6,0 (seis) bilhões, consoante cálculos do INSS, datados de agosto de 2012 ; e (e) o pagamento foi escalonado durante

o período de 10 (dez) anos, segundo cronograma resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional, executado na formaprevista no Ofício Conjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF; refleti melhor e passo a adotar o entendimento de queimplementado, sim, supervenientemente, o requisito faltante não ação tombada sob o nº 0000357-38.2012.4.02.5053, qualo interesse de agir.De fato, consoante os dados do citado Ofício Conjunto, o pagamento seguirá as diretrizes abaixo:segurados ou dependentes com benefícios ativos e com 60 anos ou mais: pagamento a ser feito em 2013;segurados ou dependentes com benefícios ativos, idade de 46 a 59 anos, e montante atrasado de até R$ 6 mil: pagamentoem 2014;segurados ou dependentes com benefícios ativos, idade de 46 a 59 anos, e montante atrasado de R$ 6 mil até R$ 19 mil:pagamento a ser feito em 2015;segurados ou dependentes com benefícios ativos, idade de 46 a 59 anos, e montante atrasado acima de R$ 19 mil:pagamento a ser feito em 2016;segurados ou dependentes com benefícios ativos, idade de até 45 anos, e valores atrasados de até R$ 6 mil: pagamentoem 2016;segurados ou dependentes com benefícios ativos com idade de até 45 anos, e montante atrasado de R$ 6 mil até R$ 15mil: pagamento em 2017;segurados ou dependentes com benefícios ativos, idade de até 45 anos, e montante atrasado acima de R$ 15 mil:pagamento em 2018;segurados com benefícios cessados/suspensos, e com 60 anos ou mais: pagamento em 2019;segurados com benefícios cessados/suspensos, e idade de 46 anos a 59 anos: pagamento em 2020;segurados com benefícios cessados/suspensos, com idade de até 45 e valores atrasados de até R$ 6 mil:pagamento em2021;segurados com benefícios cessados/suspensos, com idade de até 45 anos e valores atrasados acima de R$ 6 mil:pagamento em 2022.

O cronograma prioriza o pagamento para benefícios ativos e beneficiários idosos, não sendo admitida a antecipação,exceto para aqueles titulares de benefício que estejam acometidos de neoplasia maligna, doença terminal, ou portadores dovírus HIV, ou, ainda, cujos parentes das categorias descritas nos incisos I a III do art. 16 da Lei nº 8.213/1991 encontrem-seem uma destas situações. Desse contexto nasce o interesse processual do recorrente o qual opõe-se a esseescalonamento.Noutro ângulo, inexiste óbice processual ao exercício da continuidade do direito de ação individual ante a inexistência delitispendência entre as demandas, consoante a regra do art. 104 do Código de Defesa do consumidor (Precedentes: REsp1243887; REsp 1247150) e o inequívoco intuito de não se sujeitar aos efeitos da coisa julgada da ação coletiva em tela.Portanto, considerando que o processo não está apto ao imediato julgamento (princípio da causa madura), vez queproferida sentença sem a citação do INSS (fls. 21-22), voto para anular a sentença; e outra ser proferida com exame domérito.Recurso conhecido e provido. Sentença anulada.Sem condenação em custas e honorários advocatícios, ante o disposto no art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele dar provimento, para anular a sentença,na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

6 - 0000889-12.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000889-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANTONIO AZEVEDO DOSSANTOS (ADVOGADO: MARCOS ROGERIO FERREIRA PATRICIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).Processo nº 0000889-12.2012.4.02.5053/01 – Juízo de Origem: 1ª VF de LinharesRecorrente: ANTONIO AZEVEDO DOS SANTOSRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

Page 14: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

EMENTARECURSO INOMINADO. REVISÃO. INTERESSE DE AGIR VERIFICADO. INEXISTE ÓBICE À APRECIAÇÃO DAMATÉRIA DE FUNDO, ANTE O IMPLEMENTO SUPERVENIENTE DA CONDIÇÃO DA AÇÃO FALTANTE NO PROCESSOPRIMITIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ACORDO. PROJEÇÃO NACIONAL. CITAÇÃO. AUSÊNCIA. RECURSO CONHECIDOE, NO MÉRITO, PROVIDO. SENTENÇA ANULADA.

Este recurso inominado foi interposto pelo autor às fls. 25-31, em razão de sentença (fls. 22-23) que julgou o feito extintosem resolução de mérito, nos termos do art. 267, inciso V, do Código de Processo Civil - CPC. Sustenta o recorrente, emresumo, que a ação anteriormente proposta, tombada sob o nº 0000354-83.2012.4.02.5053, foi extinta por falta de interessede agir, tendo em vista que a revisão dos benefícios será realizada administrativamente, nos termos doMemorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15 de abril de 2010. Assevera que na hipótese de não haverresolução de mérito a sentença não faz coisa julgada material, de modo que a ação poderá ser reproposta, salvo se extintapor reconhecimento de perempção, litispendência ou coisa julgada; o que não foi o caso. Aponta jurisprudência do SuperiorTribunal de Justiça, assente sobre a desnecessidade de prévio requerimento administrativo em se tratando de pleitos denatureza previdenciária.Anota que nos autos da Ação Civil Pública - ACP nº 0002320-59.2012.403.6183, ajuizada perante a 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo, foi deferida liminar para que o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS efetuasse a revisãodos benefícios de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e pensões decorrentes, concedidas com base nos Decretosnº 3.265/1999 e nº 5.545/2005, entre 1999 e 2009. Contudo, o INSS recorreu da decisão afirmando que não teria condiçõesde cumpri-la, sob pena de prejuízo aos seus cofres. Em prosseguimento, em 10.8.2012, foi noticiado acordo entre oSindicato, Procuradoria e INSS quanto ao procedimento de revisão e pagamento dos benefícios calculados com equívoco;conforme divulgado na mídia, a maioria dos segurados prejudicados pelo erro da Previdência receberá a revisão somente apartir de 2019. Por esses motivos e, alega, diante da incerteza em relação ao regular processamento da revisão, requerseja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial.Não foram apresentadas contrarrazões.Em obséquio à clareza e à contextualização deste feito, consigne-se, em súmula estrita, a causa de pedir e o desfecho daação primitiva. Cuida-se de revisão da renda mensal de benefício previdenciário por incapacidade/pensões decorrentes,nos termos do inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, esquadro de novos parâmetros para o cálculo do salário debenefício, cuja base passou a assentar na média aritmética simples dos maiores salários de contribuição correspondentes a80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo; julgada extinta sem resolução de mérito, por ausência de interessede agir, nos termos do art. 267, inciso VI, do Código de Processo Civil – CPC.A sentença de primeiro grau acha-se assim redigida, verbis:“Trata-se de pedido de revisão de benefício previdenciário, nos termos do art. 29,II, da lei 8213/91.

À fl. 20, surgiu informação dando conta da existência de outro processo, nº 0000354-83.2012.4.02.5053, com identidade departes e pedido, já tendo, inclusive, sido proferida sentença, a qual julgou o feito extinto, sem resolução do mérito, ante afalta de interesse processual, uma vez que a revisão pretendida está sendo feita administrativamente.

Analisando os autos, verifico a configuração da coisa julgada, enquanto pressuposto processual negativo, que se delineiacom a tríplice identidade dos elementos das ações (art. 301, § 2º, CPC); não há fatos novos ou supervenientes quemodifiquem a causa de pedir.

Assim, em razão da existência de outro processo, com mesmas partes, pedidos e causa de pedir, o presente feito deve serextinto.

Dispositivo

Isto posto, JULGO O FEITO EXTINTO sem resolução de mérito, nos termos do art. 267, V, do CPC, em razão da coisajulgada.”

O recorrente opõe a objeção de que não houve coisa julgada material na ação de nº 0000354-83.2012.4.02.5053, motivopela qual não há impedimento à sua repropositura. Assinala que somente nas hipóteses de perempção, litispendência oucoisa julgada material a ação não pode ser reproposta.Extrai-se de tal objeção a seguinte racionalidade:Somente quando verificada a existência de coisa julgada material ou nas demais hipóteses do inciso V do art. 267 do CPChá impedimento à repropositura da ação.Não houve coisa julgada material neste caso nem se trata de perempção ou litispendência (inciso V do citado preceptivo),verificando-se tão somente a ocorrência de coisa julgada formal.Logo, não há impedimento à repropositura da ação.

Não é bem assim. Tal raciocínio parte da premissa equivocada de que somente as hipóteses de coisa julgada material,perempção ou litispendência consubstanciam fator impediente à nova propositura da ação.De ordinário, a definição de coisa julgada formal tem sido abordada pela doutrina da seguinte forma:“a imutabilidade da sentença como ato jurídico processual. Consiste no impedimento de qualquer recurso ou expedienteprocessual destinado a impugná-la, de modo que, naquele processo, nenhum outro julgamento se fará. No processo emque se deu a coisa julgada formal, o ato jurídico sentença é representado pela sentença ou acórdão que, por não comportar

Page 15: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

recurso algum, haja transitado em julgado (CPC, art. 467). A coisa julgada formal é um dos dois aspectos do instituto dacoisa julgada e opera exclusivamente no interior do processo em que se situa a sentença sujeita a ela. Tem, portanto, uma

�feição e uma missão puramente técnico-processuais” . (grifei)“A coisa julgada formal, porém, só é capaz de pôr termo ao processo, impedindo que se reabra a discussão acerca doobjeto do processo no mesmo feito. A mera existência de coisa julgada formal é incapaz de impedir que tal discussão

�ressurja em outro processo” . (grifei)Sem embargo dos respeitáveis entendimentos, despontam no panorama doutrinário novas abordagens lançando luzessobre a compreensão do tema – projeção de efeitos da coisa julgada nas sentenças meramente terminativas -,observando-se hipóteses em que a repropositura da ação não é admitida de forma automática, de per se. Significa dizer,por outras palavras, que mesmo as sentenças proferidas sem resolução de mérito – de parte as hipóteses elencadas noinciso V do art. 267 do CPC – são aptas a projetar efeitos exógenos (para fora do processo), enquanto não implementadosos requisitos faltantes, entendidos como aqueles que ensejaram a própria extinção.

�Confira-se, nessa linha, lição de Nelson Nery Junior e Maria de Andrade Nery :Repropositura da ação. Como a sentença de extinção do processo sem resolução do mérito (CPC 267) não faz coisajulgada material, a lide objeto daquele processo não foi julgada, razão pela qual pode ser reproposta a ação. A repropositurada ação não é admitida de forma automática, devendo implementar-se o requisito faltante que ocasionou a extinção doprocesso. Por exemplo: processo extinto por ilegitimidade de parte somente admite repropositura se sobrevier circunstânciaque implemente essa condição faltante no processo anterior. Do contrário, a repropositura pura e simples, sem essaobservância, acarretaria nova extinção do processo sem resolução do mérito por falta de interesse processual (CPC, 267VI).Ressai claro do excerto acima transcrito que não apenas as hipóteses de coisa julgada material, perempção oulitispendência constituem fator impediente à reprositura da ação, como também aquelas de extinção do processo semresolução de mérito em relação às quais não se tenha implementado o requisito que a determinou. Por isso equivocadas asrazões fundantes do recurso.Tenha-se presente, em abono da melhor exegese, que no art. 268 do CPC (“salvo o disposto no art. 267, V, a extinção doprocesso não obsta a que o autor intente de novo a ação [...]”), encontram-se implicitamente encartadas tais considerações,isto é, nada obsta que o autor intente de novo a ação, desde que por óbvio implementados os requisitos que determinarama extinção do processo sem resolução de mérito.Neste específico e concreto contexto, o processo primitivo (0000354-83.2012.4.02.5053) foi extinto por falta de interesse deagir, elemento que de par com a legitimidade ad causam e possibilidade jurídica do pedido compõe a trilogia das condiçõesda ação, relacionada no inciso VI do art. 267 do CPC.Assim, razão acudirá ao recorrente se e somente se verificada a superveniência de interesse processual em virtude damodificação do substrato fático subjacente, porquanto foi a ausência desse requisito o motivo determinante da extinção doprocesso.Nesse passo, o recorrente invoca a existência de acordo entabulado entre os autores (Ministério Público Federal e SindicatoNacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical) e o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, naAção Civil Pública - ACP nº 0002320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, jáhomologado por sentença, mediante o qual a revisão dos benefícios de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e aspensões deles decorrentes, concedidos no período de 1999 e 2009, deverá observar certo cronograma para o pagamentodos valores atrasados; de modo que “a maioria dos segurados prejudicados pelo erro da Previdência receberá a revisãosomente a partir de 2019”, conforme as razões do recurso.Em relação a tais fatos, assim me pronunciei quando da primeira inclusão em pauta (28.11.2012):“Não obstante e sem embargo da novidade inaugurada em sede recursal, não se sabe a respeito (i) da veracidade de talacordo (não foi coligido ao recurso nenhum elemento de prova, apenas ventilada a sua existência) ou (ii) dos termos emque entabulado, sendo mesmo desarrazoado tomá-lo como suficiente à caracterização do interesse processual. E, aindaque assim não fosse, nos estritos termos da disposição contida no art. 16 da Lei nº 7.347/1985, que disciplina a Ação CivilPública - ACP, a sentença civil – no caso, homologatória de acordo – fará coisa julgada erga omnes, nos limites dacompetência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas”.De forma que: “em tese, eventual sorte da Ação Civil Pública ajuizada em São Paulo irradia efeitos (eficácia) somente nosseus limites territoriais, não interferindo no procedimento revisional adotado nas agências previdenciárias de outrosEstados”.Contudo, à vista de que (a) o prazo para contrarrazões ao recurso inominado transcorreu in albis, donde o INSSefetivamente obteve ciência do fato novo e não o impugnou, restando incontroverso; (b) os fatos notórios ou mesmoincontroversos não dependem de prova (incisos I e III do art. 334 do Código de Processo Civil); (c) a decisão que antecipouos efeitos da tutela na referida Ação Civil Pública nº 0002320-59.2012.403.6183 foi proferida com abrangência em todo o

�território nacional , pelo que afastada a incidência do art. 16 da Lei nº 7.247/1985; (d) o acordo firmado supervenientemente�entre a parte autora e o INSS foi homologado por sentença , presumindo-se sua extensão também em todo o território

(após o trânsito em julgado), até porque motivado pelo impacto nacional do passivo gerado pela revisão, algo na ordem de�R$ 6,0 (seis) bilhões, consoante cálculos do INSS, datados de agosto de 2012 ; e (e) o pagamento foi escalonado durante

o período de 10 (dez) anos, segundo cronograma resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional, executado na formaprevista no Ofício Conjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF; refleti melhor e passo a adotar o entendimento de queimplementado, sim, supervenientemente, o requisito faltante não ação tombada sob o nº 0000354-83.2012.4.02.5053, qualo interesse de agir.De fato, consoante os dados do citado Ofício Conjunto, o pagamento seguirá as diretrizes abaixo:segurados ou dependentes com benefícios ativos e com 60 anos ou mais: pagamento a ser feito em 2013;segurados ou dependentes com benefícios ativos, idade de 46 a 59 anos, e montante atrasado de até R$ 6 mil: pagamentoem 2014;segurados ou dependentes com benefícios ativos, idade de 46 a 59 anos, e montante atrasado de R$ 6 mil até R$ 19 mil:

Page 16: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

pagamento a ser feito em 2015;segurados ou dependentes com benefícios ativos, idade de 46 a 59 anos, e montante atrasado acima de R$ 19 mil:pagamento a ser feito em 2016;segurados ou dependentes com benefícios ativos, idade de até 45 anos, e valores atrasados de até R$ 6 mil: pagamentoem 2016;segurados ou dependentes com benefícios ativos com idade de até 45 anos, e montante atrasado de R$ 6 mil até R$ 15mil: pagamento em 2017;segurados ou dependentes com benefícios ativos, idade de até 45 anos, e montante atrasado acima de R$ 15 mil:pagamento em 2018;segurados com benefícios cessados/suspensos, e com 60 anos ou mais: pagamento em 2019;segurados com benefícios cessados/suspensos, e idade de 46 anos a 59 anos: pagamento em 2020;segurados com benefícios cessados/suspensos, com idade de até 45 e valores atrasados de até R$ 6 mil:pagamento em2021;segurados com benefícios cessados/suspensos, com idade de até 45 anos e valores atrasados acima de R$ 6 mil:pagamento em 2022.

O cronograma prioriza o pagamento para benefícios ativos e beneficiários idosos, não sendo admitida a antecipação,exceto para aqueles titulares de benefício que estejam acometidos de neoplasia maligna, doença terminal, ou portadores dovírus HIV, ou, ainda, cujos parentes das categorias descritas nos incisos I a III do art. 16 da Lei nº 8.213/1991 encontrem-seem uma destas situações. Desse contexto nasce o interesse processual do recorrente o qual opõe-se a esseescalonamento.Noutro ângulo, inexiste óbice processual ao exercício da continuidade do direito de ação individual ante a inexistência delitispendência entre as demandas, consoante a regra do art. 104 do Código de Defesa do consumidor (Precedentes: REsp1243887; REsp 1247150) e o inequívoco intuito de não se sujeitar aos efeitos da coisa julgada da ação coletiva em tela.Portanto, considerando que o processo não está apto ao imediato julgamento (princípio da causa madura), vez queproferida sentença sem a citação do INSS (fls. 22-23), voto para anular a sentença; e outra ser proferida com exame domérito.Recurso conhecido e provido. Sentença anulada.Sem condenação em custas e honorários advocatícios, ante o disposto no art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele dar provimento, para anular a sentença,na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

7 - 0006198-62.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.006198-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.) x AMANDA SOARES(DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.).Processo nº. 2008.50.50.006198-7/01– Juízo de origem: 1º JEFEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIALEmbargado: AMANDA SOARESRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T AEMBARGOS DE DECLARAÇÃO. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. AMPARO SOCIAL A IDOSO. OMISSÃO.CONTRADIÇÃO. PREQUESTIONAMENTO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NO ACÓRDÃO EMBARGADO. RECURSODESPROVIDO.Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social às fls. 156-172, em razão de acórdãoproferido pela Turma Recursal (fls. 153-154). Aduz a embargante, em resumo, que o julgado é omisso e contraditório,porquanto privilegiou dada interpretação ao art. 20 da Lei nº 8.742/1993 em detrimento dos artigos 195, §5º, e 203, inciso V,da Constituição da República. Dessa forma, requer sejam sanados os apontados vícios e prequestionada a tese autárquica.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da argüição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão e contradição no julgado.Inexiste omissão/contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada.Calha pertinente rememorar, nesse passo, fragmento elucidativo do julgado, in verbis:7. O art. 203, V, da Constituição Federal dispõe que cabe à lei definir os critérios para a concessão do benefício assistencialde amparo à pessoa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, do estatuto do

Page 17: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

Idoso, a decisão judicial não está deixando de buscar na lei as diretrizes para identificação do beneficiário. Não se trata deaplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.

No que tange à regra da contrapartida (§5º do art. 195 da CR), a seu turno, releva destacar - conquanto importante àsolvabilidade do Sistema Previdenciário - deve ser mantida sem um mínimo de aviltamento da dignidade humana, sendopassível, tal como os princípios, de harmonização com outros ideais inseridos no contexto constitucional como métodocontraceptivo à desigualdade e fomentador da distribuição de renda.Consigne-se, a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo; ademais, acontradição passível de correção por esta via deve pressupor antagonismo lógico entre duas premissas necessariamenteintrínsecas ao próprio julgado, limitando-se este Juízo à verificação do encadeamento racional entre as proposiçõesinternas do texto. Nada disso foi apontado pelo embargante.Outrossim, o fato de o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre os artigos de lei que a parte alegaincidir à espécie não leva à conclusão de que ofendido o art. 48 da Lei nº 9.099/1995 ou 535 do Código de Processo Civil,pois o julgador, desde que fundamente suficientemente sua decisão, não está obrigado a responder todas as alegações daspartes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, de talsorte que a insatisfação quanto ao deslinde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem que seachem presentes os elementos constitutivos definidos pela Lei como causa eficiente de sua incidência.Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer, mas desprover os embargos de declaração, na forma daementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

8 - 0005957-88.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.005957-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SEBASTIAO LUIZ LOPES(ADVOGADO: HENRIQUE ROCHA FRAGA, RENATO PIANCA FILHO, IMERO DEVENS, SAMYRA CARNEIROPERUCHI.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: GUSTAVO DE RESENDE RAPOSO.) x FUNDAÇÃO DE SEGURIDADESOCIAL DOS EMPREGADOS DA COMPANHIA SIDERURGICA DE TUBARÃO - FUNSSEST (ADVOGADO: MARCELOABELHA RODRIGUES, MARCELO PAGANI DEVENS, ANAMELIA GRAFANASSI MOREIRA.) x OS MESMOS.Processo nº. 2008.50.50.005957-9/01 – Juízo de origem: 1º JEFEmbargante: SEBASTIÃO LUIZ LOPESEmbargado: UNIÃORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T AEMBARGOS DE DECLARAÇÃO. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. DESISTÊNCIA DO RECURSOCONDICIONADA AO DEFERIMENTO DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIONO ACÓRDÃO EMBARGADO. RECURSO DESPROVIDO.Trata-se de embargos de declaração opostos pela parte autora às fls. 322-323, em razão de acórdão proferido pela TurmaRecursal (fls. 317-320). Aduz a embargante, em resumo, que a decisão é omissa, porquanto não enfrenta a alegação deque o regramento do imposto de renda expressamente veda a incidência sobre as verbas percebidas por empregadosativos ou inativos a título de participação nos lucros da empresa, na forma do art. 10 da Lei nº 9.249/1995 e art. 39, incisoXXIX, do Decreto nº 3000/1999. Ademais, que faz jus ao deferimento da Gratuidade de Justiça. Dessa forma, requer sejasanado o apontado vício.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da argüição da parte embargante, verifica-seque esta aponta a existência de omissão no julgado.Calha pertinente consignar, desde logo, que o autor, ora embargante, requereu no bojo do recurso inominado a desistênciadeste acaso indeferida a Gratuidade de Justiça, o que de fato aconteceu.Homologada a desistência do recurso inominado em virtude de tal condicionante, o embargante pretende nesta via nãoapenas a reconsideração do decisum no que tange ao indeferimento da Gratuidade de Justiça, como também nova análiseacerca de aspectos inerentes ao mérito da ação.Oportuno rememorar, a bem da clareza, fragmento elucidativo do julgado, in verbis:O escopo do benefício da assistência judiciária gratuita é possibilitar ao individuo sem recursos o acesso à justiça.Compulsando os autos, tenho que a renda auferida pelo recorrente atende ao pagamento das custas processuais semprejuízo de sua própria subsistência ou de sua família. De fato, o autor aufere somente à título de aposentadoria o importede R$ 2.477,56 (dois mil quatrocentos e setenta e sete reais e cinqüenta e seis reais), conforme anotações lançadas nodemonstrativo de fl. 30. Isto posto, indefiro o pedido de assistência judiciária gratuita.O autor condiciona a desistência do recurso ao deferimento da assistência judiciária gratuita, logo, não subsiste o interesserecursal. Trata-se de ato dispositivo que independe de consentimento da parte adversária (CPC, art. 501) e de

Page 18: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

homologação judicial para a produção de efeitos. Isso porque os atos praticados pelas partes produzem efeitos imediatos(CPC, art. 158), somente necessitando de homologação para produzir efeitos à desistência da ação (CPC, art. 158,parágrafo único), e não a desistência do recurso.

Consigne-se, a via dos embargos declaratórios não é adequada para veiculação de mero inconformismo, razão pela qualnada tenho a prover quanto ao pedido de reconsideração do indeferimento da Gratuidade de Justiça.No que diz com o mérito da ação, decerto tal análise encontra-se prejudicada diante da desistência do recurso inominado.5. Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer, mas desprover os embargos de declaração, na forma daementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

9 - 0005857-36.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.005857-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SANDRA IZABEL LOBATOALBANI LIMA (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: GUSTAVO DERESENDE RAPOSO.).Processo n.º 2008.50.50.005857-5/01 – Juízo de origem: 1º JEFEmbargante: UNIÃOEmbargado: SANDRA IZABEL LOBATO ALBANI LIMARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T AEMBARGOS DE DECLARAÇÃO. TRIBUTÁRIO. RESTITUIÇÃO DE IMPOSTO DE RENDA INCIDENTE SOBRECOMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. PRESCRIÇÃO. INCIDÊNCIA. RECURSO PROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pela UNIÃO às 92-95, em razão de acórdão que reconheceu a prescriçãodecenal e anulou a sentença (fls. 86-87). Aduz o embargante, em resumo, que a decisão é omissa e contraditória,porquanto: (i) não analisou as preliminares de inépcia da inicial e incompetência dos Juizados Especiais; (ii) não supriu aausência de intimação sobre os documentos juntados pela autora após a contestação, consoante prevê o §4º do art. 515 doCPC; e (iii) cabe à parte autora a apresentação da documentação pertinente à causa; e (iv) os cálculos da autora nãoindicam recebimento e restituição do imposto de renda em cada ano calendário. Dessa forma, requer sejam sanados osapontados vícios.Embora os embargos de declaração, nos termos do art. 535 do Código de Processo Civil, limitem-se a suprir omissões,aportar clareza ou retificar eventuais contradições existentes no bojo da decisão recorrida, tenho que o caso em apreçoveicula exceção passível de apreciação por esta via.E assim entendo porque existem “defeitos atípicos” que, na falta de outro expediente hábil ou por medida de saudáveleconomia, emendam-se mediante os declaratórios.O acórdão embargado superou a prejudicial de mérito (prescrição) suscitada pela União nas contrarrazões ao recursoinominado. Adotou-se como razões de decidir, na oportunidade, o seguinte precedente do Superior Tribunal de Justiça -STJ:CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. LEI INTERPRETATIVA. PRAZO DE PRESCRIÇÃO PARA A REPETIÇÃO DEINDÉBITO, NOS TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. LC 118/2005: NATUREZAMODIFICATIVA (E NÃO SIMPLESMENTE INTERPRETATIVA) DO SEU ARTIGO 3º. INCONSTITUCIONALIDADE DO SEUART. 4º, NA PARTE QUE DETERMINA A APLICAÇÃO RETROATIVA. (...) 3. O art. 3º da LC 118/2005, a pretexto deinterpretar esses mesmos enunciados, conferiu-lhes, na verdade, um sentido e um alcance diferente daquele dado peloJudiciário. Ainda que defensável a 'interpretação' dada, não há como negar que a Lei inovou no plano normativo, poisretirou das disposições interpretadas um dos seus sentidos possíveis, justamente aquele tido como correto pelo STJ,intérprete e guardião da legislação federal. 4. Assim, tratando-se de preceito normativo modificativo, e não simplesmenteinterpretativo, o art. 3º da LC 118/2005 só pode ter eficácia prospectiva, incidindo apenas sobre situações que venham aocorrer a partir da sua vigência. 5. O artigo 4º, segunda parte, da LC 118/2005, que determina a aplicação retroativa do seuart. 3º, para alcançar inclusive fatos passados, ofende o princípio constitucional da autonomia e independência dos poderes(CF, art. 2º) e o da garantia do direito adquirido, do ato jurídico perfeito e da coisa julgada (CF, art. 5º, XXXVI). (...)(Argüição de Inconstitucionalidade nos EREsp 644.736/PE – Relator Ministro Teori Albino Zavascki - Data do julgamento:06/06/2007 - DJU 27.08.2007 p. 170)

Em conseqüência e atento ao fato de que a Lei Complementar nº 118/2005 somente regula os fatos ocorridos a partir de9.6.2005 (120 dias após a publicação, conforme art. 4º), concluiu o magistrado que a prescrição segue o prazo de 10 (dez)anos in casu. Não obstante, deixou de analisar as demais questões de fundo (art. 515, § 1º, do CPC) à vista de questãoantecedente e essencial para a higidez do processo, vale dizer, da necessidade de intimação da parte ré acerca dosdocumentos juntados pela autora após a contestação e antes da prolação de sentença (fls. 45-48), pelo que esta foi

Page 19: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

anulada a fim de dar prosseguimento à instrução do processo.Em que pese o r. entendimento, supervenientemente ao acórdão embargado o Supremo Tribunal Federal - STF assentou,no julgamento do Recurso Extraordinário nº 566.621/RS, que o prazo prescricional de dez anos aplica-se somente às açõesajuizadas antes da consumação da vacatio legis, ou seja, até 9.6.2005, e não, na linha da diretriz exegética apontada nasentença, aos fatos ocorridos até então. Ademais, declarou-se a inconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da LeiComplementar nº 118/2005.A ementa do julgado acha-se assim redigida, verbis:DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 –DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS –APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOSAJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação daPrimeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetiçãoou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts.150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se auto-proclamado interpretativa, implicou inovaçãonormativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Leisupostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência deviolação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete,como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo ereduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato,pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensõespendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa aoprincípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça.Afastando-se as aplicações inconstitucionais e resguardando-se, no mais, a eficácia da norma, permite-se a aplicação doprazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corteno enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas quetomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos.Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/08, que pretendeu a aplicação do novoprazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral, tampoucoimpede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC 118/05,considerando-se válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão-somente às ações ajuizadas após o decurso da vacatiolegis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543-B, § 3º, do CPC aos recursos sobrestados.Recurso extraordinário desprovido.Ora, sabe-se que a prescrição é matéria cognoscível de ofício pelo juiz, a qualquer tempo e grau de jurisdição. De parteisso, não se deve perder de vista que o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais peloSupremo Tribunal Federal é inexigível (CPC, § 1º do art. 475-L), sendo prudente, por irradiação do direito fundamental a umprocesso sem dilações indevidas, adequar o acórdão aos parâmetros fixados pelo STF.Nesse mister, repise-se, o prazo prescricional deve obedecer o seguinte regramento: (i) em relação às ações ajuizadasantes de 9.6.2005, incide o prazo prescricional de 10 (dez) anos e (ii) quanto às ações ajuizadas após 9.6.2005, o prazoprescricional corresponde a 5 (cinco) anos.Por sua vez o termo inicial da contagem do prazo prescricional será “o mês em que o beneficiário efetivamente passou aperceber o benefício correspondente à aposentadoria complementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei 9.250/95passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996” (AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRATURMA, julgado em 20/05/2010, DJe 14.6.2010)Como a parte autora, ora recorrida, aposentou-se em 17.10.2001 (fl. 47) e a ação foi ajuizada em 26.9.2008 transcorrerammais de cinco anos da data da aposentadoria; logo, está prescrita a pretensão de obter o ressarcimento das retenções doimposto de renda.Consigne-se, por derradeiro, o objeto desta ação é afeito, sim, à competência dos Juizados Especiais Federais. No Conflitode Competência nº 101.969/ES, DJE 12.03.2009, o egrégio Superior Tribunal de Justiça afirmou que a jurisprudênciadaquela Corte “é no sentido de que a eventual necessidade de perícia não exclui da competência dos Juizados Especiais ojulgamento das causas cujo proveito econômico não exceda sessenta salários mínimos”. A análise das demais questõessuscitadas pelo embargante encontra-se prejudicada diante da conclusão jurisdicional adotada.Nessas condições, dou provimento ao recurso para extinguir o processo com resolução de mérito, na forma do art. 269,inciso IV, do Código de Processo Civil.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer dos embargos de declaração a e eles dar provimento, naforma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

Page 20: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

10 - 0004479-74.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004479-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VINICIUS BARROZO DACONCEIÇAO (ADVOGADO: SILVANA SILVA DE SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.).Processo n.º 0004479-74.2010.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 2º JEFRecorrente: VINICIUS BARROZO DA CONCEIÇÃORecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. MISERABILIDADE AFERIDA EMCONCRETO. MENOR. PRETEÇÃOÀ INFÂNCIA. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO. SENTENÇAREFORMADA.

Este recurso inominado foi interposto pela parte autora às fls. 133-139, em razão de sentença (fls. 129-130) que julgouimprocedente o pedido de concessão do Benefício de Prestação Continuada – BPC a deficiente genérico previsto no art. 20,§ 2º, da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS). Sustenta o recorrente (atualmente com x anos deidade), em resumo, que sofre de cardiopatia congênita grave necessitando de uso diário de medicamentos e cuidadosespeciais e que apesar de preencher todos os requisitos para a concessão do benefício assistencial e de ter o laudo socialfavorável à sua pretensão, o magistrado entendeu que a renda per capita é superior a ¼ do salário mínimo. Assinala que oseu genitor está desempregado e que mesmo quando em atividade recebia um salário fixo no valor de R$ 622,88(seiscentos e vinte e dois reais e oitenta e oito centavos), montante insuficiente para atender às necessidades da família,principalmente em virtude dos encargos provenientes da doença. Alega, ademais, que a negativa da concessão dobenefício assistencial afronta o fundamento da dignidade da pessoa humana. Assevera, ainda, que o Superior Tribunal deJustiça - STJ tem se manifestado no sentido de que a condição de miserabilidade pode ser aferida por outros meios.Postula, assim, seja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial.

As contrarrazões encontram-se nas fls. 144-148.

Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), com aredação conferida pela Lei nº 12.435, em vigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011), obenefício assistencial de prestação continuada corresponde à garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa comdeficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover aprópria manutenção nem de tê-la provida por sua família. Para os efeitos de aplicação do citado dispositivo, a família serácomposta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, osirmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (§1º).

Consigne-se, anteriormente à alteração promovida pela Lei nº 12.435/2011 a definição de família pela LOAS estavacondicionada ao art. 16 da Lei nº 8.213/1991. Tal preceptivo elenca como dependentes do segurado: (i) o cônjuge, acompanheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido; e(ii) o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido.

�Por sua vez, na esteira do novel § 2º, introduzido pela Lei nº 12.470/2011 e extraído mutatis mutandis da Convenção sobre�Direitos das Pessoas com Deficiência da Organização das Nações Unidas - ONU , considera-se pessoa com deficiência

aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interaçãocom diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com asdemais pessoas; e, na forma do §3º, incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família cujarenda mensal per capita seja inferior a ¼ (um quarto) do salário-mínimo.

Interessante registrar, nessa linha, a supressão da expressão “para a vida independente e para o trabalho” do extinto inciso�II do §2º do art. 20 . Com efeito, doravante considera-se impedimento de longo prazo, para os fins do parágrafo 2º, acima

epigrafado, apenas aquele que produza efeitos pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos (§ 10), restando, à evidência, revogadoo requisito da dupla incapacidade.

A bem de ver, a revogação da dupla incapacidade veio ao encontro da jurisprudência sumulada da Turma Nacional deUniformização - TNU assente em que: “para os efeitos do art. 20, §2º, da Lei nº 8.742, de 1993, incapacidade para a vidaindependente não é só aquela que impede as atividades mais elementares da pessoa, mas também a impossibilita deprover ao próprio sustento” (verbete nº 29), subtraindo da ordem jurídica a tênue linha que extremava aquela primeira daincapacidade para o trabalho.

Importa realçar, arrematando a parte introdutória da exposição, que nenhum óbice se coloca à aplicação das inovaçõestrazidas pelas Leis nº 12.435/2011 e nº 12.470/2011 aos casos em que o requerimento administrativo é anterior à suaentrada em vigor, desde que mais benéficas à parte requerente e modulados, em abono do princípio tempus regit actum, osefeitos financeiros da condenação para a data da publicação das respectivas Leis, 7.7.2011 ou 1.9.2011, na ordem,conforme se tenham por implementados os requisitos para a concessão do benefício assistencial com supedâneo em umaou outra.

Page 21: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

Lançadas essas premissas, a controvérsia diz com o requisito atinente à renda per capita.

Antes de ingressar na análise de mérito convém explicitar – para a correta figuração da situação fática relacionada com acausa de pedir recursal –, aspectos referentes ao histórico clínico do recorrente: consoante a perícia de fls. 93-101 este foidiagnosticado com doença cardíaca congênita complexa, patologia que o incapacita de forma total e temporária, vale dizer,“até que se realize cirurgia definitiva e que o menor tenha aptidão profissional e constitucional para o exercício de umaatividade laboral” (quesito nº 10 – fl. 15).

De par com isso, cabe sumariar o teor do relatório social de fls. 71-82. No que tange à composição familiar, consta daresposta ao quesito n° 1 (fl. 74) que o recorrente (02 anos de idade) reside com a mãe, Sra. Marta Judite Barrozo, com 39anos e com seu pai, Sr. Pedro da Conceição, com 43 anos de idade à época da feitura do relatório (12.1.2011). Por suavez, segundo a resposta ao quesito nº 4 (fl. 74), tem-se que a renda familiar advém unicamente do seguro desemprego dogenitor, no importe de R$ 550,00 (quinhentos e cinqüenta reais), cabendo desde logo a ressalva de que tais valores nãointegram, para os fins da LOAS, o cálculo da renda per capita ante o caráter precário e excepcional.

As despesas totalizam R$ 365,00 (trezentos e sessenta e cinco reais), distribuídos entre medicação de uso contínuo, contade água, de energia e alimentação (fl. 74). Somam-se a esse valor outros gastos com gás, remédios extraordinários,vestuário, etc.

Averbe-se, outrossim, o apartamento onde reside a família é próprio (pertencente à genitora), com padrões simples, dealvenaria, composto por cinco cômodos (três quartos, uma sala e uma cozinha) e um banheiro. O piso é de cerâmica e oteto de laje; observou-se que o imóvel oferece boas condições de habitação (fl. 71). Ademais, a família não é assistida pornenhum programa assistencial do governo.

Em parecer conclusivo, ressaltou a assistente social, que:

“A parte autora é criança (dois anos de idade). Conforme declaração possui patologia que demanda cuidados especiais eseu pai com a baixa renda não vem conseguindo garantir de forma digna a sua subsistência.Vale destacar que segundo informação o pai do autor está em situação de desemprego, restam apenas duas parcelas doseguro desemprego para receber.Outro agravante enfrentado pela família é o fato da mãe do requerente não poder se ausentar de casa para ajudar nocomplemento da renda familiar, já que precisa oferecer os cuidados diários demandados pela enfermidade do filho.Mediante visita domiciliar foi possível identificar que se trata de família que vivencia estado de fragilidade sócio-econômica.Dessa forma, entende-se que a concessão do benefício pleiteado é de extrema importância para que essa criança possater um desfecho em consonância com os princípios da dignidade humana e proteção aos direitos básicos de sobrevivência.”(grifei – fl. 73)

Como se vê, com a exclusão dos valores recebidos a título de seguro desemprego, na forma da fundamentação supra, arenda familiar passa a ser nula, pelo que preenchido o requisito da renda per capita inferior a ¼ do salário mínimo.

O Instituto Nacional do Seguro Social – INSS opõe a objeção, em sede de contrarrazões, de que é inverossímil que o pai dorecorrente não tenha logrado novo emprego ou mesmo trabalho informal em nicho onde os profissionais são disputados(construção civil; atividade de pedreiro).

Ora, desnecessário enfatizar que a mera conjectura ou especulação a respeito de suposto fato extintivo do direito do autor,in casu, a assunção superveniente de atividade laborativa pelo genitor seja mediante registro na Carteira de Trabalho ePrevidência Social - CTPS seja no mercado informal, evidentemente com retribuição financeira apta a superar o critério darenda mínima, distancia-se de um dos eixos principais em torno do qual deve gravitar o onus probandi: o art. 333 do Códigode Processo Civil - CPC.

Com efeito, não basta invocar a existência de determinado fato, modificativo ou extintivo, sem a correspondentecontrapartida probatória, nem pressupor situação fática desfavorável ao autor com base em elementos voláteis como oaquecimento de determinado nicho do mercado de trabalho; sobretudo quando se afasta da coordenada básica que orientaa atividade hermenêutico-constitucional nos feitos assistenciais: o princípio in dubio pro misero.

Nesse passo, quadra ressaltar, em nenhuma das falas do INSS, vale dizer, seja por ocasião da Contestação (fls. 105-109),ofertada em 20.7.2011, ou mesmo quando das contrarrazões apresentadas em 30.11.2011 (fls. 144-148), foi trazido aosautos qualquer elemento que evidencie modificação do quadro fático relatado pela assistente social em 12.1.2011,limitando-se apenas a afirmar que não ficou comprovada a situação de desemprego superveniente. Por óbvio, se o genitordo autor estivesse empregado formalmente tal dado seria facilmente comprovado por intermédio de extrato do CadastroNacional de Informações Sociais – CNIS, ônus de que não se desincumbiu o INSS. Por outro lado, ainda que o pai, porhipótese, esteja trabalhando na informalidade, vivendo de “bicos” e similares, tal fato, por si só e necessariamente, nãoimplica o reconhecimento de que ultrapassado o critério da renda per capita não superior a ¼ do salário mínimo.

Registre-se, ademais, ao órgão judicante decerto se lhe permite valer da denominada presunção hominis, utilizando as“máximas da experiência” como norte interpretativo, até porque na base do sistema processual brasileiro acha-se oprincípio da persuasão racional e não o da íntima convicção do juiz. Nesse passo, não se afigura adequado utilizar-se de

Page 22: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

tais máximas como premissas hábeis a embasar conclusão jurisdicional denegatória quando a realidade fático-jurídicaretratada nos autos conduz este órgão julgador à compreensão diversa em prol do recorrente.

Não sobeja realçar que ao Estado cabe aplicar o direito infraconstitucional de modo consoante aos direitos constitucionais.Para além da assim chamada “interpretação conforme a Constituição”, no entanto, coloca-se a obrigação da “interpretaçãoconsoante os direitos fundamentais” (grundrechtskonforme Auslegung), em cujo cerne aflora a necessidade do PoderPúblico de, dentro de um universo de interpretações possíveis, escolher sempre aquela que melhor se coadunar com osdireitos fundamentais; como neste caso.

Volvendo ao que está retratado nos autos, ainda que a habitação da família não ostente primo ictu oculi os padrões demiserabilidade - como bem lançado pelo magistrado de primeiro grau, trata-se de casa própria, grande, e de alvenaria – aconstatação de renda per capita inferior a ¼ do salário mínimo, nos termos do item nº 15, denota, in casu, presunçãoabsoluta de miserabilidade, não sendo possível ser confrontada com outros critérios.

Nesse sentido, a jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização - TNU, in verbis:

VOTO-EMENTA INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. LOAS. RENDA PER CAPITAINFERIOR A ¼ DO SALÁRIO-MÍNIMO - PRESUNÇÃO ABSOLUTA DE MISERABILIDADE. PRECEDENTES DO STJ E DATNU. INCIDENTE CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. 1. Pedido de concessão de benefício assistencial. 2.Sentença parcialmente procedente condenando o INSS a conceder o benefício assistencial desde a data da citação da Ré.3. Recurso do INSS. A 2ª Turma Recursal do Paraná deu provimento ao Recurso reformando a sentença. O acórdãoreconheceu que a parte autora tem renda per capita inferior a ¼ do salário mínimo, porém firmou entendimento de que nãorestou comprovado o estado de miserabilidade. 4. Incidente de Uniformização de Jurisprudência interposto pela parteautora, com fundamento no art. 14, § 2º, da Lei nº 10.259/2001. 5. Alegação de que o acórdão é divergente de precedentesdesta Turma Nacional de Uniformização (2008.70.51.001848-9) e de jurisprudência do STJ. 6. Admissão do incidente pelaPresidência da Turma Recursal de origem. 7. Similitude fática e jurídica amplamente demonstrada entre o acórdão e osparadigmas. 8. Restou consolidado no âmbito da jurisprudência tanto do STJ quanto desta TNU que a renda per capitainferior a ¼ do salário-mínimo faz presumir a situação de miserabilidade para fim de concessão de benefício assistencial,não se admitindo a utilização de outros critérios para verificação desse pressuposto. Nesse sentido: “AGRAVOREGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS ASSISTÊNCIA SOCIAL.PREVISÃO CONSTITUCIONAL. AFERIÇÃO DA CONDIÇÃO ECONÔMICA POR OUTROS MEIOS LEGÍTIMOS.VIABILIDADE. PRECEDENTES. PROVA. REEXAME. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA N.º 7/STJ.INCIDÊNCIA.REPERCUSSÃO GERAL. RECONHECIMENTO. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. SOBRESTAMENTO.NÃO APLICAÇÃO. 1. (...) 2. "A limitação do valor da renda per capita familiar não deve ser considerada a única forma de secomprovar que a pessoa não possui outros meios para prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família,pois é apenas um elemento objetivo para se aferir a necessidade, ou seja, presume-se absolutamente a miserabilidadequando comprovada a renda per capita inferior a 1/4 do salário mínimo.”(REsp 1.112.557/MG, Rel. Min. NAPOLEÃONUNES MAIA FILHO, TERCEIRA SEÇÃO, DJe 20/11/2009). 3. (...) 5. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRgno REsp 1267161/PR, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em 13/09/2011, DJe 28/09/2011)” (Grifei).Ainda a TNU: “PREVIDENCIÁRIO – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DE PRESTAÇÃO CONTINUADA (LOAS) – EXCLUSÃODE APOSENTADORIA DE MEMBRO DO GRUPO FAMILIAR NO CÔMPUTO DA RENDA – MATÉRIA PACIFICADA NATURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO – RENDA INFERIOR A ¼ DO SALÁRIO MÍNIMO CONSTITUI PRESUNÇÃOABSOLUTA DE MISERABILIDADE - INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO CONHECIDO E PROVIDO 1. Incidente deuniformização suscitado pela parte autora, em face de decisão que desconsiderou a condição de miserabilidade, em razãode, apesar de a renda mensal per capita ser inferior a ¼ do salário mínimo, as condições da residência da autora afastarema presunção de miserabilidade. 2. A renda mensal per capita inferior a ¼ do salário mínimo denota presunção absoluta demiserabilidade, não sendo possível ser confrontada com os outros critérios. 3. Incidente de Uniformização Nacionalconhecido e provido. (PEDILEF 200870650015977, JUIZ FEDERAL VLADIMIR SANTOS VITOVISKY, DOU 08/07/2011SEÇÃO 1.)” (Grifei). 9. Voto para reafirmar o entendimento do STJ e da TNU no sentido de que, uma vez demonstrada quea renda per capita da parte autora é inferior a ¼ do salário-mínimo, deve ser presumida de forma absoluta sua situação demiserabilidade para fim de concessão de benefício assistencial. 10. Determinação de retorno dos autos à Turma Recursalde origem para adequação do julgado. 11. Incidente de uniformização de jurisprudência conhecido e parcialmente provido,

�nos termos acima. (PEDIDO 201070500195518, Juíza Federal MARISA CLÁUDIA GONÇALVES CUCIO, DJ 26/10/2012.)

Acresce a isso, a confluência das regras constitucionais de proteção à infância dentre as quais sobreleva o art. 227 daConstituição da República, que assim orienta “é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, aoadolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, èprofissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-losa salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”. Na linha dos princípios,mutatis mutandis, postos no art. 4º, incisos I a IV da Lei nº 8.742/1993.

Assim, considerando que o recorrente é menor em tenra idade, gozando como tal do amparo constitucional à infância, ediante da situação de desemprego do genitor, não sendo aqui o lugar para se discutir se é provável ou não que se tenhareempregado, bem como da verificada dificuldade de a genitora ausentar-se da casa, já que precisa oferecer cuidadosdiários demandados pela enfermidade do filho, da fragilidade socioeconômica e, ainda, à conta da possibilidade dereavaliação das condições que lhe dera origem (art. 21 da Lei nº 8.742/1993), o benefício assistencial ora pleiteado serevela essencial não apenas ao seu desenvolvimento, como também à manutenção e subsistência mínima da família.

Page 23: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

No que tange ao termo inicial do benefício, fixo a data de 12.1.2011 (feitura do relatório social), momento em que foipossível constatar a situação de miserabilidade do autor, dentre outros fatores, pela situação de desemprego do pai;enquanto que, na data de entrada do requerimento administrativo (DER), este percebia salário com rendimento bruto noimporte de R$ 686,40 (seiscentos e oitenta e seis reais e quarenta centavos), conforme se extrai do relatório do recursoadministrativo à fl. 59, cuja divisão por 3 (três) membros da família resulta valor pretérito per capita superior ao limite legal.

Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para condenar o INSS ao pagamento do benefício de prestaçãocontinuada ao deficiente, com DIB em 12.1.2011, na forma da fundamentação supra.

Tendo em conta o tempo decorrido, o quadro de carência realçado acima e a natureza alimentar da matéria, de par com osfundamentos fáticos e jurídicos lançados, concedo a antecipação da tutela para determinar ao INSS que promova aimplantação do benefício assistencial no prazo de 30 (trinta) dias, comprovando-a nos autos até o decurso final do aludidoprazo.

Sem custas ou condenação em honorários advocatícios ante o disposto no art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele dar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

11 - 0004804-15.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004804-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SILVIA MARIA ROSA DASILVA (DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).Processo nº. 0004804-15.2011.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEFRecorrente: SILVIA MARIA ROSA DA SILVARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE LABORAL TOTAL EDEFINITIVA VERIFICADA. CONDIÇÕES PESSOAIS. CONSIDERAÇÃO. DATA DE INÍCIO DO BENEFÍCIO. CESSAÇÃOADMINISTRATIVA. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.

Este recurso inominado foi interposto pela autora às fls. 132-137, em razão de sentença (fls. 128-129) que julgouimprocedente o pedido de restabelecimento do benefício previdenciário de auxílio-doença e sua conversão emaposentadoria por invalidez.Sustenta a recorrente, em resumo, que sofre de obesidade, hipertensão arterial, asma, artrose de mãos, coluna e joelhos ecoluna e insuficiência venosa crônica, encontrando-se total e permanentemente incapacitada para o trabalho, portanto, semcondições de retomar suas atividades laborativas habituais de doméstica/faxineira. Aduz que, ante a inobservância doconjunto probatório e o risco de perecimento de sua integridade física, a perícia e, consequentemente, a sentença recorridaestão eivadas de nulidade. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedente o pedido deduzidona inicial.As contrarrazões foram apresentadas às fls. 141-143.Consoante disposição contida no caput do art. 59 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS), obenefício previdenciário de auxílio-doença será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período decarência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) diasconsecutivos. Já a aposentadoria por invalidez, pela dicção do art. 42 da precitada Lei, será devida, uma vez cumprida,quando for o caso, a carência exigida, ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for consideradoincapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á pagaenquanto permanecer nesta condição.Percebe-se, da análise dos preceptivos acima, a similitude entre os benefícios de auxílio-doença e aposentadoria porinvalidez, exigindo-se em um e outro: (i) qualidade de segurado; (ii) cumprimento do período de carência (12 meses, na

�forma do art. 25, inciso I, da LBPS, observado o disposto no parágrafo único do art. 24 ) e (iii) superveniência de

Page 24: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

incapacidade para o exercício de qualquer atividade garantidora da subsistência, observada a regra inserta no §2º do art.�42 . A diferença entre tais benefícios reside na extensão dos efeitos da incapacidade, vale dizer, a incapacidade apta a

ensejar a concessão do benefício de auxílio-doença deve assumir necessariamente feição temporária, ao passo que aaposentadoria por invalidez requer incapacidade definitiva, insuscetível de reabilitação.Lançadas as premissas, registre-se, a controvérsia diz com a existência ou não de incapacidade para o trabalho,encontrando-se preenchidos os demais requisitos (fl. 126).Antes de ingressar na análise de mérito, convém explicitar aspectos relevantes para a figuração da situação fáticaensejadora da causa de pedir recursal, esquematizados no quadro a seguir:Histórico previdenciário:Percepção de auxílio-doença nos períodos de 5.10.2004 a 12.11.2004 (Plenus); 27.1.2005 a 16.5.2005 (Plenus) e12.11.2010 a 3.2.2011 (fl. 126).Histórico clínico:Paciente submetida a tratamento cirúrgico na mão direita (dedo em gatilho), e cirurgia de Síndrome do Túnel do Carpo empunho direito, no ano de 2007. Refere tratamento cirúrgico de insuficiência crônica de membros inferiores em novembro de2010 e que teve complicações no pós-cirúrgico e processo infeccioso (fls. 109-110).Receituário à fl. 69, de 10.7.2008, onde consta que a paciente é portadora de insuficiência venosa crônica, com dor, edema,pruridos,etc., e necessidade de repouso domiciliar.Exame de ecodoppler venoso de MMII (fl. 17), datado em 2.6.2009, onde se verifica refluxo nas safenas internas direita eesquerda; e receituário de 19.11.10 referindo cirurgia de varicectomia e necessidade de repouso (fl. 20).Laudo médico à fl. 23, de 2.2.11, descritivo de sintomas de rinite alérgica e dispnéia.Resumo de alta do Hospital estadual de Atenção clínica, de 6.1.2012 relatando melhora dos sintomas referidos pelapaciente (febre, cefaléia, tontura evoluindo com dor e presença de sinais flogisticos em MI esquerdo).Ficha de atendimento médico ambulatorial às fls. 70-73 e 78-101.(ii) laudo de perícia médica administrativa: ( ) sim (x) nãoObservações: -Histórico laboral:Idade: 59; Escolaridade: 3ª série (fl. 57)Profissão/ocupação: Trabalhou como servente, auxiliar de serviços gerais, doméstica e cozinheira, desempregadaatualmente (fl. 57).Observações: último vínculo trabalhista rescindido em 2005, na função de cozinheira (fl. 109)Reabilitação profissional:( ) sim (x) nãoObservações: -

Consigne-se, de outra parte, conforme a primeira perícia do juízo (42-46), realizada por especialista em cirurgia vascular eangiologia em 12.9.2011, a recorrente foi diagnosticada com obesidade, hipertensão arterial, artrose de joelhos e coluna einsuficiência venosa crônica (quesito nº 1 – fl. 42); em relação ao quadro venoso periférico, no sentir do perito, não háalteração que contra-indique o exercício da atividade habitual, desde que seguidas as orientações médicas (quesito nº 9 –fl. 43). Consignou o perito que as demais comorbidades, como a obesidade e artrose, podem ser melhor avaliadas porespecialistas. Ao ser questionado sobre o risco de agravamento da doença, asseverou que “o quadro de insuficiênciavenosa encontra-se compensado após tratamento cirúrgico. O risco de agravamento da doença tem relação maior com oexcesso ponderal da autora e poderá ocorrer mesmo sem realizar suas atividades habituais, caso não siga as orientaçõesmédicas.” (quesito n° 10 – fl. 43). Ademais, não ve rificou necessidade de adaptações no local de trabalho (quesito nº 15 - fl.44).De acordo com a segunda perícia (fls. 57-61), realizada por especialista em ortopedia e traumatologia em 2.12.2011, arecorrente foi diagnosticada com alteração circulatória nas pernas com edema crônico (quesito n° 1 – f l. 59), patologia que,no entanto, não a incapacita para o exercício de sua atividade habitual; registrou o perito a possibilidade de uso de meiaselásticas (quesito n° 9 – fl. 59). Assinalou que a paciente não apresenta limitações funcionais (quesito n° 11 – fl. 59) e quenão há necessidade de adaptações no posto de trabalho(quesito n° 15 – fl. 59). Consignou, em excerto c onclusivo (fl. 58),que a recorrente “apresentou quadro de dedo em gatilho na mão direita que é um processo inflamatório que leva à dor eressalto ao fazer movimento com os dedos. Apresentou quadro de síndrome do túnel do carpo à direita que é um processoinflamatório do punho com compressão nervosa”; mas “foi tratada e não apresenta mais nenhuma alteração relacionada àspatologias”. Remanesce, no entanto, o quadro de insuficiência venosa e edema nas pernas.Realizada a terceira perícia médica por médico especialista em clínica geral, medicina do trabalho e gastroenterologia em8.5.2012 (fls. 109-112), a recorrida foi diagnosticada com insuficiência venosa crônica, obesidade, hipertensão arterial,artrose (já descritas na perícia anterior) e queixas de asma brônquica (quesito n° 1 – fl. 110). Ao se r questionado sobre orisco de agravamento das doenças, o perito respondeu que “a periciada tem condições de exercer suas atividadeshabituais, porém com as limitações de sua faixa etária. Portanto a periciada corre risco de morte e/ou agravamento de seuestado de saúde, mesmo sem exercer suas atividades habituais.” (quesito n° 10 – fl. 111). Asseverou qu e a recorrentepermaneceu incapaz apenas no período em que foi submetida a tratamento angiológico e tratamento cirúrgico epós-cirúrgico, sendo que há seis ou doze meses atrás já não havia incapacidade (quesito n° 12 – fl. 11 2). Ademais, uma vezverificada a capacidade laborativa e levando em conta a idade da recorrente, que não há necessidade de reabilitação(quesito n° 17 – fl. 112).Extrai-se dos laudos periciais acima sintetizados que a recorrente é portadora de insuficiência venosa crônica, aliada aoutras comorbidades, como obesidade, hipertensão arterial, artrose de joelhos e de coluna. Ademais, a Síndrome do Túneldo Carpo já foi tratada. Em relação àquela primeira patologia (insuficiência venosa crônica), aparentemente preponderante,o quadro encontra-se compensado após tratamento cirúrgico; no entanto, o excesso de peso pode implicar o agravamento

Page 25: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

da doença. A idade é outro fator importante no que respeita à produtividade e ao desempenho laboral.Consigne-se, isoladamente consideradas decerto tais patologias não consubstanciam fator impediente do exercício laboral.No entanto, analisadas dentro de uma perspectiva holística e transdisciplinar - vale dizer, conglobadamente e à vista dacondição socioeconômica, profissional e cultural do (a) segurado (a) –, denotam a existência de incapacidade não apenaspara a atividade profissional habitual da recorrente (cozinheira), a qual demanda moderado a intenso esforço físico epermanência por longos períodos na posição em pé, como para toda e qualquer atividade que lhe garanta a subsistência.Com efeito, em face das limitações impostas pela idade, pelo perfil profissiográfico e pelo quadro clínico diagnosticadoafigura-se pouco factível o (re) ingresso da recorrente no mercado de trabalho em igualdade de condições com os demaistrabalhadores da mesma categoria profissional e sem risco de agravamento do quadro clínico, donde se conclui pelaincapacidade total e definitiva. Assim colocado, a recorrente faz jus à aposentadoria por invalidez.Oportuno registrar, a Turma Nacional de Uniformização – TNU já assentou que “a possibilidade de reabilitação profissionalnão deve ser analisada exclusivamente sob o ponto de vista clínico e físico. Em tese, havendo incapacidade parcial para otrabalho, circunstâncias de natureza socioeconomica, profissional e cultural devem ser levadas em conta para aferir seexiste, na prática, real possibilidade de reingresso no mercado de trabalho”. Vale conferir o aresto jurisprudencial, verbis:VOTO-EMENTA APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE PARCIAL PARA O TRABALHO. ANÁLISE DASCONDIÇÕES PESSOAIS PARA DESCARTAR POSSIBILIDADE DE REABILITAÇÃO PROFISSIONAL. 1. A sentença julgouprocedente o pedido para condenar o INSS a restabelecer o benefício de aposentadoria por invalidez desde a suacessação, em 14.10.2008. O acórdão recorrido reformou a sentença por considerar que, embora não haja dúvidas acercada incapacidade parcial do autor, atestada por meio de perícia médica judicial, este possui pouco mais de 40 anos – jovem,portanto –, podendo ser qualificado para outra profissão após a reabilitação de sua saúde. Todavia, o julgado ignorou aapreciação das condições pessoais para efeito de descartar a possibilidade de reabilitação profissional. 2. O incidente deuniformização não embute pretensão direta a reexame de prova, mas apenas arguição de divergência jurisprudencial emtorno de critério jurídico para valoração da prova. Não cabe à TNU decidir se, no caso concreto, as condições pessoais dorequerente são suficientes para caracterizar a impossibilidade de reingresso no mercado de trabalho, mas apenas definir,em tese, se tais condições precisam ser levadas em conta na aferição da possibilidade de reabilitação profissional. 3. Apossibilidade de reabilitação profissional não deve ser analisada exclusivamente sob o ponto de vista clínico e físico. Emtese, havendo incapacidade parcial para o trabalho, circunstâncias de natureza socioeconômica, profissional e cultural,devem ser levadas em conta para aferir se existe, na prática, real possibilidade de reingresso no mercado de trabalho. 4. Aoignorar tais questões, trazidas nas provas relacionadas nos autos, a exemplo do extrato do Cadastro Nacional deInformações Sociais (fl. 13), no qual consta o analfabetismo como nível de escolaridade do segurado; e do extrato deInformações do Benefício (fl. 12), que indica a condição de desempregado do autor, o acórdão recorrido divergiu doentendimento consolidado na TNU. 5. Incidente conhecido e parcialmente provido para: (a) reafirmar a tese de que apossibilidade de reabilitação profissional não deve ser analisada exclusivamente sob o ponto de vista clínico e físico; (b)anular o acórdão recorrido; (c) determinar a devolução dos autos à Turma Recursal de origem para que retome o

�julgamento do recurso inominado interposto em face da sentença, com adequação à tese jurídica ora firmada. (PEDIDO00168413020084013200, JUIZ FEDERAL HERCULANO MARTINS NACIF, DJ 05/11/2012.)Fixo a data de início do benefício - DIB em 4.2.2011, seja porque a incapacidade laborativa não sofreu solução decontinuidade, seja porque os elementos constitutivos definidos pela Lei nº 8.213/1991 como causa eficiente de incidência doart. 42 já se faziam presentes quando então.Averbe-se, a análise das condições pessoais do (a) segurado (a) não apenas pode como deve ser analisada no âmbitoadministrativo quando de requerimentos de benefícios por incapacidade sem que isso represente mácula ao princípio dalegalidade encartado no art. 37 da Constituição da República.Primeiro, porque a expressão “insusceptível de reabilitação”, inserida no citado art. 42, admite mais de um significadominimamente razoável – vale dizer: ao ângulo meramente clínico ou sob o viés holístico e transdisciplinar - acerca da

�interpretação apropriada para dar a melhor satisfação ao objetivo da Lei, colorindo-se de certo matiz de discricionariedade ;e segundo, porque à Administração Pública importa atender de maneira adequada e com justeza ao interesse público, oque se vislumbra, neste específico contexto, mediante a atribuição de máxima efetividade ao direito fundamental àPrevidência Social (CR, art. 6º).Pelo exposto conheço do recurso e a ele dou provimento, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS àconcessão e implantação de aposentadoria por invalidez em favor da recorrente, com DIB em 4.2.2011, consoante afundamentação supra.Tendo em conta o tempo decorrido e a natureza alimentar da matéria, de par com os fundamentos fáticos e jurídicoslançados, concedo a antecipação da tutela para determinar ao INSS que promova a implantação da aposentadoria porinvalidez no prazo de 30 (trinta) dias, comprovando-a nos autos até o decurso final do aludido prazo.

Sem custas ou condenação em honorários advocatícios, ante o disposto no caput do art. 55 da Lei nº 9.099/1995.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele dar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Page 26: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

12 - 0000194-24.2006.4.02.5003/01 (2006.50.03.000194-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: DANILO THEML CARAM.) x DIMAS ALVES DOS SANTOS (ADVOGADO: NILSONBERNARDES DA COSTA, JOSE RIBAMAR MATOS AMARAL.).Processo n.º 2006.50.03.000194-6/01 – Juízo de origem: 1ª VF São MateusEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargado: DIMAS ALVES DOS SANTOSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T AEMBARGOS DE DECLARAÇÃO. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. MANDATO ELETIVO.PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. RECURSO PROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social às fls. 222-223, em razão da decisãomonocrática de fls. 217-219. Aduz o embargante, em resumo, que a decisão é contraditória, porquanto a pretensão derestituição nesta ação diz com os valores recolhidos no período de janeiro de 1998 até 18.9.2004, em que houve o exercíciode mandato eletivo, e não “de junho de 2001 a setembro de 2004”, conforme lançado na decisão embargada. Assevera,nessa linha, que a contradição reside exatamente em não se declarar a prescrição dos valores recolhidos anteriormente a23 de junho de 2006, data do ajuizamento da ação, à vista daquele primeiro período. Dessa forma, requer seja sanado oapontado vício.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da argüição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de contradição no julgado.Com razão a embargante. Vejamos o teor do acórdão impugnado, no que respeita a irresignação vertida neste recurso:“Considerando que os valores a serem restituídos são os descontados do subsídio do autor a título de contribuiçãoprevidenciária para o RGPS de junho de 2001 até setembro de 2004 (fls. 149) e que a presente ação somente foi ajuizadaem 10.10.2006 (fl. 2), não está prescrita a pretensão de obter o ressarcimento do indébito tributário (fundo de direito).”Observa-se, do fragmento acima transcrito, que o marco inicial da condenação, isto é, junho de 2001, não coincideexatamente com a retroação de cinco anos da data do ajuizamento da ação, 23.6.2006. É bem verdade que o excertoalude a 10.10.2006, data de ajuizamento diversa daquela primeira (23.6.2006); entretanto, cuida-se de mero erro material,conforme se extrai da fl. 2 destes autos.Assim, a bem da clareza e correção dos termos inicial e final da condenação, fixo as datas de 23.6.2001 e 18.9.2004 – enão genericamente junho de 2001 e setembro de 2004 -, à vista da prescrição quinquenal.Embargos de declaração conhecidos e providos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer dos embargos de declaração a e eles dar provimento, naforma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

13 - 0002284-19.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002284-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE DOS REIS (DEF.PUB:ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: CLEBSONDA SILVEIRA.).Processo nº 0002284-19.2010.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3° JEFRecorrente: JOSÉ DOS REISRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADELABORAL NÃO VERIFICADA. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo autor às fls. 70-78, em razão de sentença (fls. 66-67) que julgou improcedente opedido de restabelecimento do benefício previdenciário de auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por invalidez.Sustenta o recorrente, em resumo, que sofre de radiculopatia (CID M54.1), Síndrome do túnel do carpo (CID G56.0),

Page 27: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

espondiloartrose lombar e pequena retrolise de L4-L5, e que apesar do perito ter reconhecido a existência das doenças,concluiu, equivocadamente, pela capacidade para o trabalho. Aduz que as limitações funcionais constatadas são de caráterdefinitivo e incompatíveis com o desempenho da sua atividade habitual de encarregado de construção civil. Alega,ademais, que o laudo pericial é vago e omisso pelo fato de não ter considerado suas condições pessoais ou a possibilidadede agravamento da doença em decorrência do exercício laboral. Sustenta que o magistrado fundamentou a decisão combase apenas no laudo pericial, deixando de analisar o conjunto probatório. Pretende, assim, seja conhecido e provido orecurso, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial.As contrarrazões foram apresentadas às fls. 82-84.Consoante disposição contida no caput do art. 59 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS), obenefício previdenciário de auxílio-doença será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período decarência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) diasconsecutivos. Já a aposentadoria por invalidez, pela dicção do art. 42 da precitada Lei, será devida, uma vez cumprida,quando for o caso, a carência exigida, ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for consideradoincapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á pagaenquanto permanecer nesta condição.Percebe-se, da análise dos preceptivos acima, a similitude entre os benefícios de auxílio-doença e aposentadoria porinvalidez, exigindo-se em um e outro: (i) qualidade de segurado; (ii) cumprimento do período de carência (12 meses, na

�forma do art. 25, inciso I, da LBPS, observado o disposto no parágrafo único do art. 24 ) e (iii) superveniência deincapacidade para o exercício de qualquer atividade garantidora da subsistência, observada a regra inserta no §2 do art.�42 . A diferença entre tais benefícios reside na extensão dos efeitos da incapacidade, vale dizer, a incapacidade apta a

ensejar a concessão do benefício de auxílio-doença deve assumir necessariamente feição temporária, ao passo que aaposentadoria por invalidez requer incapacidade definitiva, insuscetível de reabilitação.Lançadas as premissas, registre-se, a controvérsia diz com a existência ou não de incapacidade para o trabalho,encontrando-se preenchidos os demais requisitos.Antes de ingressar na análise de mérito, propriamente dita, convém explicitar aspectos relevantes para a figuração dasituação fática ensejadora da causa de pedir recursal, esquematizados no quadro a seguir:Histórico previdenciário:Percepção de auxílio-doença de 31.5.2008 a 30.1.2010 (Plenus)Histórico clínico:Atestados médicos particulares às fls. 32-34, datados de março e abril de 2010, nos quais se evidencia quadro deespondiloartrose e abaulamentos discais lombares, com compressão radicular, além de Síndrome do Túnel do Carpo; semmelhora com tratamento fisioterápico e medicamentoso.Laudo de eletroneutomiografia de fl. 35, datado em 29.3.2010, cuja conclusão aponta a existência de comprometimentoperiférico mielínico dos nervos medianos nos punhos compatível com Síndrome do Túnel do Carpo.Relatório de médico do trabalho (fl. 37), datado em 5.3.2010, acorde em que o recorrente “embora não realize atividade quedependam (sic) de esforço físico nos MMI e SS, ele atua com freqüência em movimentos de flexão e extensão da colunavertebral, que desencadeia (sic), crises álgicas”. E que “no momento ele encontra-se com limitação importante nosmovimentos de lateralidade e flexão da Coluna Vertebral e Lasegue positivo.Laudo de ressonância magnética da coluna lombar (fl. 40), de 8.5.2009, com impressão de espondiloartrose lombar;pequena retrolistese; abaulamento discal difuso em L2-L3 e L3-L4 e pseudo-abaulamento discal difuso em L4-L5, amboscomprimindo o saco dural e reduzindo a amplitude dos forames neurais; e estenose secundária pequena do canal vertebralL4-L5.Laudo de perícia médica administrativa: ( ) sim (x) nãoHistórico laboral:Idade: 58 anosProfissão/ocupação: Conforme cópia da Carteira de Trabalho e Previdência Social – CTPS de fls. 18-31, o recorrente vematuando como carpinteiro e encarregado de obra na construção civil desde 1976.Reabilitação profissional:( ) sim (x) não

Consigne-se, de outra parte, conforme a perícia médica do Juízo (fl. 52), realizada por especialista em ortopedia em28.7.2010, o recorrente foi diagnosticado com artrose da coluna lombar com protusões discais L2-L5 (quesito nº 1),patologia que, no sentir do perito, não o incapacita para o exercício da atividade habitual (quesito n° 9). Questionado sobreas características da doença, o perito respondeu que “o exame físico não apresentou limitações funcionais da colunavertebral, com boa mobilidade articular, sem causar incapacidade funcional para o trabalho.” (quesito nº 2), Assinalou que orecorrente pode continuar a exercer a atividade habitual sem risco de agravamento da doença ou mesmo de causaracidentes no trabalho (quesito nº 10).Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outras circunstâncias ou fatos

�comprovados nos autos, ainda que não alegados pela parte (art. 131 do Código de Processo Civil - CPC ). Entretanto, nocaso em apreço, o substrato-fático realçado no item nº 7 não se mostra apto a afastar a conclusão do perito judicial,cabendo realçar, a bem desse particular, que a doença, por si só, não garante o benefício: o evento deflagrador é aincapacidade.Com efeito, o laudo de ressonância magnética da coluna lombar a fls. 40 não corrobora o alegado quadro de crises álgicase compressão radicular, em perfeita harmonia com o resultado da perícia médica.Some-se a isso, a circunstância de que ”o laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericialproduzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa,há de prevalecer sobre o particular” (enunciado nº 8 desta Turma Recursal). Portanto, somente na via da excepcionalidade

Page 28: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

o laudo oficial cede passo aos elementos de prova carreados pelo (a) requerente, vale dizer, diante de prova materialrobusta e harmônica ou comprovada e grave falha no laudo pericial, hipóteses não verificadas neste caso.Calha pertinente registrar, nesse passo, que “o médico assistente diagnostica e trata. Não lhe cabe averiguar a veracidadedos fatos narrados pelo paciente, mas acreditar (esta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnósticonosológico e propondo o tratamento que considere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências deque a queixa de doença incapacitante é verdadeira. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico assistente não é fontesegura da existência da incapacidade para o trabalho” (Recurso nº 0000018-16.2011.4.02.5053/01, julgado na sessão de14.12.2011 por esta Turma Recursal, da relatoria do Juiz Federal Rogerio Moreira Alves).Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 45, naforma do art. 12 da Lei nº. 1.060/1950.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

14 - 0000027-75.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000027-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MAURO CEOLIN(ADVOGADO: LUCIENE TREVIZANI GONÇALVES, ALESSANDRA RIBEIRO DIAS.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS.Processo nº. 0000027-75.2011.4.02.5053/01 – Juízo de Origem: 1ª VF LinharesRecorrente: MAURO CEOLINRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADELABORAL NÃO VERIFICADA. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo autor às fls. 130-139, em razão de sentença (fls. 127-128) que julgouimprocedente o pedido de concessão do benefício previdenciário de auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria porinvalidez.Sustenta o recorrente, em resumo, que sofre de tumor retrorretal, diabetes mellitus, hipertensão arterial, dislipidemia,tabagismo e hepatite, encontrando-se permanentemente incapacitado para o trabalho. Aduz que a conclusão do laudopericial do Juízo contrasta os laudos médicos particulares de fls. 21-29, assentes sobre a incapacidade para o trabalho.Alega, ademais, que o perito do Juízo não é especialista nas doenças apresentadas, pelo que deveria ter sido determinadanova perícia médica, cujo pedido foi indeferido pelo magistrado. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso,anulando-se a sentença.Não foram apresentadas contrarrazões, conforme certidão de fl. 142.Consoante disposição contida no caput do art. 59 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS), obenefício previdenciário de auxílio-doença será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período decarência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) diasconsecutivos. Já a aposentadoria por invalidez, pela dicção do art. 42 da precitada Lei, será devida, uma vez cumprida,quando for o caso, a carência exigida, ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for consideradoincapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á pagaenquanto permanecer nesta condição.Percebe-se, da análise dos preceptivos acima, a similitude entre os benefícios de auxílio-doença e aposentadoria porinvalidez, exigindo-se em um e outro: (i) qualidade de segurado; (ii) cumprimento do período de carência (12 meses, na

�forma do art. 25, inciso I, da LBPS, observado o disposto no parágrafo único do art. 24 ) e (iii) superveniência deincapacidade para o exercício de qualquer atividade garantidora da subsistência, observada a regra inserta no §2 do art.�42 . A diferença entre tais benefícios reside na extensão dos efeitos da incapacidade, vale dizer, a incapacidade apta a

ensejar a concessão do benefício de auxílio-doença deve assumir necessariamente feição temporária, ao passo que aaposentadoria por invalidez requer incapacidade definitiva, insuscetível de reabilitação.Lançadas as premissas, registre-se, a controvérsia diz com a existência ou não de incapacidade para o trabalho,encontrando-se preenchidos os demais requisitos (fl. 55).

Page 29: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

Antes de ingressar na análise de mérito, propriamente dita, convém explicitar aspectos relevantes para a figuração dasituação fática ensejadora da causa de pedir recursal, esquematizados no quadro a seguir:Histórico previdenciário:Percepção de auxílio-doença nos períodos de 07/07/2006 a 06/04/2008; de 06/04/2008 a 31/05/2009; e de 08/07/2010 a30/09/2010 (fl. 55).Histórico clínico:Atestados médicos particulares às fls. 21- 22, contemporâneos a março de 2007, nos quais se evidencia que o recorrentefoi atendido com episódios depressivos, insuficiência coronariana crônica, hipertensão arterial, diabetes mellitus, doençadiverticular dos cólons, gastrite erosiva crônica, esteatose hepática, tendo sofrido infarto agudo no ano de 1997.Relatório médico, datado em 16.7.2010, com diagnóstico de Tumor retrorretal; sem sintomatologia. Cirurgia realizada noHospital Sírio Libanês em 8.7.2010, sem intercorrências. Alta hospitalar em 12.7.2010. Orientações: retorno gradativo àsatividades habituais; repetir ressonância magnética de pelve em seis meses; e reavaliação.(ii) laudo de perícia médica administrativa: ( ) sim (x) nãoHistórico laboral:Idade: 58 anosProfissão/ocupação: EmpresárioReabilitação profissional:( ) sim (x) não

Consigne-se, de outra parte, conforme a perícia do Juízo (fl. 70-72), o recorrente foi examinado, apresentando-se commarcha normal, tensão arterial 120/80 mmHg, fácies atípica, aparelho cardiovascular normal, lúcido e orientado,expressando-se verbalmente de forma normal e com boa higiene (fl. 71); ocasião em que foi solicitada a realização dosexames de Cintilografia Miocárdica de Repouso e Esforço para embasar a conclusão pericial (fl. 71), os quais foramjuntados às fls. 80-97. Na continuação (fls. 99-101), o perito firmou o diagnóstico de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS),Doença das Artérias Coronárias (DAC), Diabetes, Mellitus tipo 2 e Hepatite B (quesito nº 1 – fl. 99), patologias que, no seusentir, não o incapacitam para a atividade habitual, bem como para o exercício de qualquer atividade que lhe garanta asubsistência (quesito n° 4 – fl. 100). Asseverou, a demais, que não há nexo de causalidade entre as doenças e o trabalhodesempenhado pelo recorrente (quesito nº 5 - fl. 101).Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outras circunstâncias ou fatos

�comprovados nos autos, ainda que não alegados pela parte (art. 131 do Código de Processo Civil - CPC ). Entretanto, nocaso em apreço, o substrato-fático realçado no item nº 7 não se mostra apto a afastar a conclusão do perito judicial,cabendo realçar, a bem desse particular, que a doença, por si só, não garante o benefício: o evento deflagrador é aincapacidade.Some-se a isso, a circunstância de que ”o laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericialproduzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa,há de prevalecer sobre o particular” (enunciado nº 8 desta Turma Recursal). Portanto, somente na via da excepcionalidadeo laudo oficial cede passo aos elementos de prova carreados pelo (a) requerente, vale dizer, diante de prova materialrobusta e harmônica ou comprovada e grave falha no laudo pericial, hipóteses não verificadas neste caso.Calha pertinente registrar, nesse passo, que “o médico assistente diagnostica e trata. Não lhe cabe averiguar a veracidadedos fatos narrados pelo paciente, mas acreditar (esta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnósticonosológico e propondo o tratamento que considere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências deque a queixa de doença incapacitante é verdadeira. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico assistente não é fontesegura da existência da incapacidade para o trabalho” (Recurso nº 0000018-16.2011.4.02.5053/01, julgado na sessão de14.12.2011 por esta Turma Recursal, da relatoria do Juiz Federal Rogerio Moreira Alves).Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefício da assistência judiciáriagratuita à fl. 49, na forma do art. 12 da Lei nº. 1.060/1950.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Page 30: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

15 - 0000890-65.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000890-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x MARIA DE LOURDES VALI FALQUETO(ADVOGADO: HERMANN RAFAEL BARBOSA STEIN, CARLOS ESTEVAN FIOROT MALACARNE.).Processo nº 0000890-65.2010.4.02.5053/01 – Juízo de origem: 1ª VF LinharesEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargada: MARIA DE LOURDES VALI FALQUETORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T AEMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. RENDA FAMILIAR.OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. PREQUESTIONAMENTO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NO JULGADO. RECURSODESPROVIDO.Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional de Seguro Social – INSS às fls. 165-174, em razão deacórdão proferido pela Turma Recursal (fls. 159-161). Alega o embargante, em resumo, que o julgado é omisso econtraditório, porquanto concede aposentadoria por idade rural à autora sem embargo do documento de fls. 112-113, o qualatesta o exercício de atividade urbana remunerada pelo cônjuge. Assevera que os valores percebidos pelo cônjuge darecorrida, no importe de 01 (um) salário mínimo ou mais, são bastantes à descaracterização do regime de economiafamiliar. Dessa forma, requer sejam sanados os apontados vícios e prequestionada a tese autárquica.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da argüição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão e contradição no julgado.

Inexiste omissão ou contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada.Calha pertinente rememorar, nesse passo, fragmento elucidativo do julgado, in verbis:“Diferentemente do que argumentou o INSS, a jurisprudência atual da TNU afirma que o fato de um cônjuge trabalhar ematividade urbana, por si só, não descaracteriza o regime de economia familiar. [...]Não tenho como depreender que a atividade do marido da autora torne dispensável o exercício, pela autora, de atividaderural. Tal comprovação deveria ser feita pelo réu, que desse ônus não se desincumbiu.Sublinhe-se que, não obstante a existência de vínculo urbano recente, o esposo da autora já recebeu benefício de auxíliodoença como segurado especial por duas vezes (fls. 71).”

Consigne-se, a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo; ademais, acontradição passível de correção por esta via deve pressupor antagonismo lógico entre duas premissas necessariamenteintrínsecas ao próprio julgado, limitando-se este Juízo à verificação do encadeamento racional entre as proposiçõesinternas do texto. Nada disso foi apontado pelo embargante.Outrossim, o fato de o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre os artigos de lei que a parte alegaincidir à espécie não leva à conclusão de que ofendido o art. 48 da Lei nº 9.099/1995 ou 535 do Código de Processo Civil,pois o julgador, desde que fundamente suficientemente sua decisão, não está obrigado a responder todas as alegações daspartes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, de talsorte que a insatisfação quanto ao deslinde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem que seachem presentes os elementos constitutivos definidos pela Lei como causa eficiente de sua incidência.Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer, mas desprover os embargos de declaração, na forma daementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

16 - 0004298-73.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004298-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LAURITA SCHULZESTRELOF (ADVOGADO: CLAUDIA IVONE KURTH, VALTER JOSÉ COVRE.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.).Processo nº 0004298-73.2010.4.02.5050/01– Juízo de origem: 3º JEF Vitória

Page 31: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

Embargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargada: LAURITA SCHULZ ESTRELOFRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T AEMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. RENDA FAMILIAR.OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. PREQUESTIONAMENTO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NO JULGADO. RECURSODESPROVIDO.Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional de Seguro Social – INSS às fls. 182-190, em razão deacórdão proferido pela Turma Recursal (fls. 175-178). Alega o embargante, em resumo, que o julgado é omisso econtraditório, porquanto concede aposentadoria por idade rural à autora sem embargo do documento de fls. 78-79, o qualatesta o exercício de atividade urbana remunerada pelo cônjuge. Assevera que os valores percebidos pelo cônjuge darecorrida, no importe de 01 (um) salário mínimo ou mais, são bastantes à descaracterização do regime de economiafamiliar. Dessa forma, requer sejam sanados os apontados vícios e prequestionada a tese autárquica.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da argüição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão e contradição no julgado.

Inexiste omissão ou contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada.Calha pertinente rememorar, nesse passo, fragmento elucidativo do julgado, in verbis:9. Importa salientar que o fato de o marido da recorrente ter desenvolvido atividade urbana (10.11.1994 a 28.02.1996,28.10.1996 a 19.11.1996, 13.10.1997 a 31.05.1998, 22.09.2000 a 19.11.2000, 01.03.2006 a 31.12.2006, 01.03.2007 a18.06.2007 e 19.06.2007 a 18.07.2007 – fl. 78) não prejudica a contagem do tempo de atividade rural em outros períodos.Mesmo descontados os períodos em que o marido da recorrente exerceu atividade urbana, a recorrente logrou obter tempode atividade rural equivalente à carência exigida por Lei. Ao depois, o regime de economia familiar somente estariadescaracterizado se a renda obtida na atividade urbana fosse suficiente para a manutenção da família, de forma a tornardispensável a atividade agrícola (art. 11, inc. VII, §1º, da Lei nº8.213/1991).

Consigne-se, a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo; ademais, acontradição passível de correção por esta via deve pressupor antagonismo lógico entre duas premissas necessariamenteintrínsecas ao próprio julgado, limitando-se este Juízo à verificação do encadeamento racional entre as proposiçõesinternas do texto. Nada disso foi apontado pelo embargante.Outrossim, o fato de o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre os artigos de lei que a parte alegaincidir à espécie não leva à conclusão de que ofendido o art. 48 da Lei nº 9.099/1995 ou 535 do Código de Processo Civil,pois o julgador, desde que fundamente suficientemente sua decisão, não está obrigado a responder todas as alegações daspartes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, de talsorte que a insatisfação quanto ao deslinde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem que seachem presentes os elementos constitutivos definidos pela Lei como causa eficiente de sua incidência.Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer, mas desprover os embargos de declaração, na forma daementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

17 - 0000178-18.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000178-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.) x AMELIA MARIA DA SILVA OLIVEIRA (ADVOGADO:EDSON ROBERTO SIQUEIRA JUNIOR.).Processo nº 0000178-18.2009.4.02.5051/01 – Juízo de origem: 1ª VF CachoeiroEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargada: AMELIA MARIA DA SILVA OLIVEIRARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

Page 32: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. OMISSÃO.CONTRADIÇÃO. PREQUESTIONAMENTO. RENDA FAMILIAR. EXERCÍCIO INDIVIDUAL DA ATIVIDADE RURAL.QUALIDADE DE SEGURADA ESPECIAL MANTIDA. “TESE DOS TRÊS ANOS”. INOVAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIONO ACÓRDÃO EMBARGADO. RECURSO CONHECIDO, MAS DESPROVIDO.Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional de Seguro Social – INSS às fls. 188-202, em razão deacórdão proferido pela Turma Recursal (fls. 184-185). Alega o embargante, em resumo, que o julgado é omisso econtraditório, porquanto deixou de examinar o fato de os valores percebidos pelo cônjuge da recorrida, no importe deaproximadamente 02 (dois) salários mínimos, serem bastantes à descaracterização do regime de economia familiar.Assevera que o acórdão embargado violou jurisprudência pacífica da Turma Nacional de Uniformização - TNU ao nãoreconhecer a perda da qualidade de segurada especial, após o transcurso de 3 (três) anos de afastamento do labor rural.Dessa forma, requer sejam sanados os apontados vícios e prequestionada a tese autárquica.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da argüição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão e contradição no julgado.

Inexiste omissão ou contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada.De fato, a análise acerca dos valores percebidos, a título de salário, pelo cônjuge da embargante ressai absolutamentedispensável, porquanto verificado o exercício de atividade rural em caráter individual e não em regime de economia familiar.Calha pertinente rememorar, nesse passo, fragmento elucidativo do julgado, in verbis:“10. Por fim, é importante frisar que a atividade urbana exercida pelo marido em nada altera a conclusão jurisdicionaladotada, uma vez que a recorrida permaneceu, à exceção dos anos compreendidos entre 1985 e 1990, trabalhando naroça. Pelo inciso VII, art. 11 da Lei 8.213/91 a atividade rural pode ser exercida individualmente.”

Em relação à jurisprudência da TNU, igualmente não há falar em omissão, uma vez que a denominada “tese dos três anos”não foi invocada nas razões do recurso inominado (fls. 150-158).Consigne-se, a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo; ademais, acontradição passível de correção por esta via deve pressupor antagonismo lógico entre duas premissas necessariamenteintrínsecas ao próprio julgado, limitando-se este Juízo à verificação do encadeamento racional entre as proposiçõesinternas do texto. Nada disso foi apontado pelo embargante.Outrossim, o fato de o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre os artigos de lei que a parte alegaincidir à espécie não leva à conclusão de que ofendido o art. 48 da Lei nº 9.099/1995 ou 535 do Código de Processo Civil,pois o julgador, desde que fundamente suficientemente sua decisão, não está obrigado a responder todas as alegações daspartes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, de talsorte que a insatisfação quanto ao deslinde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem que seachem presentes os elementos constitutivos definidos pela Lei como causa eficiente de sua incidência.Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer, mas desprover os embargos de declaração, na forma daementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

18 - 0000863-56.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000863-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA.) x CELESTINO DURAES DE OLIVEIRA (ADVOGADO:EDGARD VALLE DE SOUZA.).Processo nº 0000863-56.2008.4.02.5052/01 – Juízo de origem: 1ª VF São MateusEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargado: CELESTINO DURAES DE OLIVEIRARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T AEMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. RENDA FAMILIAR.QUALIDADE DE SEGURADO ESPECIAL. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NO ACÓRDÃO EMBARGADO.RECURSO CONHECIDO, MAS DESPROVIDO.Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional de Seguro Social – INSS às fls. 211-213, em razão deacórdão proferido pela Turma Recursal (fl. 208). Alega o embargante, em resumo, que o julgado é omisso e contraditório,

Page 33: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

porquanto deixa de analisar a perda de qualidade de segurado, sem embargo do afastamento do labor rural no período de17.09.1993 a 03.2001. Assevera que a existência de vínculo urbano superior a três anos, segundo entendimento recente daTurma Nacional de Uniformização – TNU, acarreta a perda da qualidade de segurado especial. Ademais, que em27.10.2010 fora concedida aposentadoria por tempo de contribuição à esposa do recorrido com renda base superior a 01(um) salário mínimo, fato este que denota incompatibilidade com o regime de economia familiar. Dessa forma, requer sejamsanados os apontados vícios e, ainda, que haja manifestação quanto à concessão de aposentadoria por tempo decontribuição a cônjuge do recorrido.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da argüição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão no julgado.

Não há omissão no julgado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foram devidamente analisados nadecisão colegiada.

No que tange à denominada “tese dos três anos”, verifica-se que, em verdade, não fora arguida em nenhuma outraoportunidade nestes autos, cuidando-se, pois, de questão nova, incabível de ser aduzida em sede de embargos dedeclaração, haja vista tal espécie recursal ter por único escopo expurgar eventual obscuridade, contradição, omissão oudúvida do julgado combatido, conforme já salientado no item nº 02. Importa, in casu, que o somatório dos períodosdescontínuos é suficiente para completar tempo equivalente à carência da aposentadoria, em conformidade com o item nº 1do julgado.

Quanto à alegação de que o recebimento de aposentadoria por tempo de contribuição pela esposa do embargado, noimporte de R$ 623,13 (seiscentos e vinte e três reais e treze centavos), implica a descaracterização do regime de economiafamiliar, não bastasse tratar de fato superveniente à perfeição e completude dos requisitos da aposentadoria por idade ruralora pleiteada, verifica-se que o acórdão é claro ao dispor que o mero exercício de atividade urbana, pela esposa, naprefeitura municipal no período de 1.3.1980 a 1.10.2001 não o priva da qualidade de segurado especial.

De revés, a percepção de proventos de aposentadoria em valor pouco superior ao mínimo somente corrobora anecessidade do trabalho rural na perspectiva da subsistência familiar, quando em atividade.

Consigne-se, a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo.Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer, mas desprover os embargos de declaração, na forma daementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

19 - 0000716-87.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000716-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LAURENTINA WALGERRODRIGUES (ADVOGADO: BRUNO SANTOS ARRIGONI, HENRIQUE SOARES MACEDO.) x INSTITUTO NACIONALDO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.).Processo nº 2009.50.54.000716-9/01– Juízo de origem: 1ª VF ColatinaEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargado: LAURENTINA WALGNER RODRIGUESRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T AEMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. RENDA FAMILIAR.OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. PREQUESTIONAMENTO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NO JULGADO. RECURSOPARCIALMENTE PROVIDO.Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional de Seguro Social – INSS às fls. 321-328, em razão deacórdão proferido pela Turma Recursal (fls. 302-304). Alega o embargante, em resumo, que o julgado é omisso econtraditório, porquanto concede aposentadoria por idade rural à autora sem embargo do documento de fl. 253, o qualatesta o exercício de atividade urbana remunerada pelo cônjuge; e não pronuncia a prescrição qüinqüenal. Assevera que osvalores percebidos pelo cônjuge da recorrida, no importe de 01 (um) salário mínimo, são bastantes à descaracterização doregime de economia familiar. Dessa forma, requer sejam sanados os apontados vícios e prequestionada a tese autárquica.

Page 34: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da argüição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão e contradição no julgado.

No que tange à análise da renda familiar inexiste omissão/contradição no acórdão impugnado. Todos os pontosnecessários ao julgamento da causa foram devidamente analisados na decisão colegiada.Calha pertinente rememorar, nesse passo, fragmento elucidativo do julgado, in verbis:Importa salientar que a mera percepção de aposentadoria por idade no valor de um salário mínimo (fl. 205) nãodescaracteriza o regime de economia familiar. O regime de economia familiar somente estaria descaracterizado se a rendaobtida fosse suficiente para a manutenção da família, de forma a tornar dispensável a atividade agrícola (art. 11, inciso VII,§ 1º da Lei nº 8.213/1991).Assim, para a configuração do regime de economia familiar é exigência inexorável que o labor rurícola seja indispensável àsubsistência do trabalhador e que seja exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização deempregados permanentes (art. 11, inciso VII, § 1º da Lei nº 8.213/1991), circunstâncias que verifico presentes no casoconcreto

Consigne-se, a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo; ademais, acontradição passível de correção por esta via deve pressupor antagonismo lógico entre duas premissas necessariamenteintrínsecas ao próprio julgado, limitando-se à verificação do encadeamento racional entre as proposições internas do texto.Nada disso foi apontado pelo embargante.Outrossim, o fato de o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre os artigos de lei que a parte alegaincidir à espécie não leva à conclusão de que ofendido o art. 48 da Lei nº 9.099/1995 ou 535 do Código de Processo Civil,pois o julgador, desde que fundamente suficientemente sua decisão, não está obrigado a responder todas as alegações daspartes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, de talsorte que a insatisfação quanto ao deslinde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem que seachem presentes os elementos constitutivos definidos pela Lei como causa eficiente de sua incidência.No que refere à prescrição qüinqüenal, com razão o embargante. De fato, uma vez fixado o termo inicial da condenação em6.12.2002 (fl. 247) cabe pronunciar a prescrição relativamente às parcelas vencidas nos cinco anos que antecederam o

�ajuizamento da ação, em consonância com o verbete nº 85 da Súmula do Superior Tribunal de Justiça .Embargos de declaração conhecidos e providos em parte.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer e prover em parte os embargos de declaração, na formada ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

20 - 0001713-79.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001713-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LUZIA SUDRE DE AMORIM(ADVOGADO: ANTONIO JOSE PEREIRA DE SOUZA, CLEUSINEIA L. PINTO DA COSTA.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Luciano José Ribeiro de Vasconcelos Filho.).Processo nº 0001713-79.2009.4.02.5051/01– Juízo de origem: 1ª VF CachoeiroEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargado: LUZIA SUDRE DE AMORIMRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T AEMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. RENDA FAMILIAR.OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. PREQUESTIONAMENTO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NO JULGADO. RECURSODESPROVIDO.Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional de Seguro Social – INSS às fls. 173-182, em razão deacórdão proferido pela Turma Recursal (fls. 168-170). Alega o embargante, em resumo, que o julgado é omisso econtraditório, porquanto concede aposentadoria por idade rural à autora sem embargo da constatação de atividade urbananos períodos de 3.5.82 a 30.6.83, 1.7.88 a 19.8.1995 e 1.4.2005 a 2.1.2007. Ademais, que a Turma Recursal deixou deanalisar a (in)dispensabilidade da renda proveniente do trabalho rural da autora. Dessa forma, requer sejam sanados osapontados vícios e prequestionada a tese autárquica.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da argüição do embargante, verifica-se que

Page 35: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

este aponta a existência de omissão e contradição no julgado.

Inexiste omissão/contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada.Calha pertinente rememorar, nesse passo, fragmento elucidativo do julgado, in verbis:9. Importa salientar que o fato de a recorrente ter desenvolvido atividade urbana, auferindo o mínimo legal, de 03.05.1982 a30.06.1983, 01.07.1988 a 19.08.1995 (fl. 32), e 01.04.2005 a 02.01.2007 (fl. 103) não prejudica a contagem do tempo deatividade rural em outros períodos. A legislação previdenciária permite que a atividade rural seja exercida em períodosdescontínuos (art. 39, inciso I, da Lei nº 8.213/1991). Ao depois, restou demonstrado pela prova oral que não houve soluçãode continuidade do exercício da lida rural, caso em que se impõe o cômputo do período trabalhado para os fins de carência.10. Assim, para a configuração do regime de economia familiar é exigência inexorável que o labor rurícola sejaindispensável à subsistência do trabalhador e que seja exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem autilização de empregados permanentes (art. 11, inciso VII, § 1º da Lei nº. 8.213/1991), circunstâncias que verifico presentesno caso concreto.

Consigne-se, a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo; ademais, acontradição passível de correção por esta via deve pressupor antagonismo lógico entre duas premissas necessariamenteintrínsecas ao próprio julgado, limitando-se à verificação do encadeamento racional entre as proposições internas do texto.Nada disso foi apontado pelo embargante.Outrossim, o fato de o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre os artigos de lei que a parte alegaincidir à espécie não leva à conclusão de que ofendido o art. 48 da Lei nº 9.099/1995 ou 535 do Código de Processo Civil,pois o julgador, desde que fundamente suficientemente sua decisão, não está obrigado a responder todas as alegações daspartes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, de talsorte que a insatisfação quanto ao deslinde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem que seachem presentes os elementos constitutivos definidos pela Lei como causa eficiente de sua incidência.Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer, mas desprover os embargos de declaração, na forma daementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

21 - 0000362-39.2007.4.02.5052/01 (2007.50.52.000362-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x LUZIA MARIAGONCALVES DE OLIVEIRA (ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.).Processo nº. 2007.50.52.000362-9/01 – Juízo de origem: 1ª VF São MateusEmbargante: LUZIA MARIA GONÇALVES DE OLIVEIRAEmbargado: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIALRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T AEMBARGOS DE DECLARAÇÃO. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. AMPARO SOCIAL A PORTADOR DEDEFICIÊNCIA FÍSICA. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NO ACÓRDÃO EMBARGADO. RECURSO DESPROVIDO.Trata-se de embargos de declaração opostos pela parte autora a fls. 123-124, em razão de acórdão proferido pela TurmaRecursal (fl. 121). Aduz a embargante, em resumo, que a decisão é omissa, porquanto faz jus ao recebimento do benefícioassistencial pleiteado, notadamente à vista de suas condições pessoais (57 anos de idade, pouca escolaridade e quadroclínico incapacitante) e da jurisprudência da Turma Nacional de uniformização - TNU. Dessa forma, requer seja sanado oapontado vício.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da argüição da parte embargante, verifica-seque esta aponta a existência de omissão no julgado.Inexiste omissão no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foram devidamenteanalisados na decisão colegiada.Calha pertinente rememorar, nesse passo, fragmento elucidativo do julgado, in verbis:O laudo pericial concluiu pela existência de incapacidade parcial e definitiva para trabalhar em atividades que exijam esforçofísico. Portanto, a recorrida estaria apta a exercer atividades leves. Não há, porém, prova de que a recorrida tenha históricode experiência profissional em atividade dependente de esforço físico. O laudo pericial relatou que a recorrida era costureira(fl. 51), atividade que não depende de esforço físico. Não estando caracterizada a incapacidade para a vida independente e

Page 36: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

para o trabalho, é indevida a concessão do benefício assistencial.Recurso provido para reformar a sentença, desconstituindo a condenação do INSS a conceder benefício de prestaçãocontinuada. Antecipação de tutela revogada sem efeitos retroativos, tendo em vista a natureza alimentar do benefícioassistencial.

Ressalte-se que os embargos de declaração não se prestam a materializar nítido questionário dirigido ao julgador, pois oprocesso, enquanto instrumento de distribuição da justiça, não tem a pretensão de viabilizar verdadeiros diálogos entre oslitigantes e as magistraturas. Esta via, portanto, não é adequada para veiculação de mero inconformismo diante daconclusão jurisdicional adotada.5. Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer, mas desprover os embargos de declaração, na forma daementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

22 - 0000981-98.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000981-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.) x JORGE RIBEIRO DOS SANTOS(ADVOGADO: SERGIO DE LIMA FREITAS JUNIOR.).Processo nº 2009.50.51.000981-4/01– Juízo de origem: 1ª VF CachoeiroEmbargante: JORGE RIBEIRO DOS SANTOSEmbargado: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T AEMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. AMPARO SOCIAL AIDOSO. RENDA FAMILIAR. CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NO JULGADO. RECURSO DESPROVIDO.Trata-se de embargos de declaração opostos pela parte autora às fls. 105-108, em razão de acórdão proferido pela TurmaRecursal (fls. 101-102). Alega o embargante, em resumo, que o julgado é contraditório, porquanto não considerou queconta com mais de 72 anos de idade e que sua esposa percebe aposentadoria por invalidez. Assevera que osmedicamentos utilizados pela esposa são comprados com os proventos da referida aposentadoria. Ademais, que foisubmetido a cirurgia cardíaca no ano de 2004. Dessa forma, requer seja sanado o apontado vício.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da argüição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de contradição no julgado.

Inexiste contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foram devidamenteanalisados na decisão colegiada.Calha pertinente rememorar, nesse passo, fragmento elucidativo do julgado, in verbis:Da disciplina legal vigorante no direito brasileiro, insculpida no parágrafo único, art.34 do Estatuto do Idoso, deflui que “obenefício já concedido a qualquer membro da família nos termos do caput não será computado para os fins do cálculo darenda familiar per capita a que se refere a Loas”.Os tribunais têm aplicado analogicamente o referido dispositivo, de modo a amparar o idoso que possua no grupo familiarpessoa que aufira benefício previdenciário no valor mínimo e que também seja idosa. Ocorre que a esposa do autor estavalonge de completar 65 anos em 09.07.2004, data do requerimento administrativo (fl.33). Logo, em relação a ela, não épossível a aplicação analógica do parágrafo único, art. 34 do Estatuto do Idoso.

Consigne-se, a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo; ademais, acontradição passível de correção por esta via deve pressupor antagonismo lógico entre duas premissas necessariamenteintrínsecas ao próprio julgado, limitando-se à verificação do encadeamento racional entre as proposições internas do texto.Nada disso foi apontado pelo embargante.Ademais, importa assinalar que gastos com a aquisição de medicamentos não são dedutíveis da renda mensal familiar paraos fins de aferição da renda per capita, porquanto fornecidos pelo Sistema Único de Saúde – SUS, importante mecanismo

�de promoção da equidade no atendimento das necessidades de saúde da população .Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

A C Ó R D Ã O

Page 37: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer, mas desprover os embargos de declaração, na forma daementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

23 - 0001012-21.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001012-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.) x JOAQUINA MARIA DE SOUSA (ADVOGADO: JOSÉ DEOLIVEIRA GOMES, URBANO LEAL PEREIRA.).Processo nº 0001012-21.2009.4.02.5051/01– Juízo de origem: 1ª VF CachoeiroEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargado: JOAQUINA MARIA DE SOUSARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T AEMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. RENDA FAMILIAR.OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. PREQUESTIONAMENTO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NO JULGADO. RECURSODESPROVIDO.Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional de Seguro Social – INSS às fls. 76-84, em razão deacórdão proferido pela Turma Recursal (fls. 71-73). Alega o embargante, em resumo, que o julgado é omisso econtraditório, porquanto concede aposentadoria por idade rural à autora sem embargo dos documentos de fls. 29-35, osquais atestam o exercício de atividade urbana pelo ex-cônjuge e pelo atual companheiro da recorrida. Ademais, que caberiaà parte autora ter provado ao órgão julgador qual era efetivamente o rendimento proveniente do trabalho rural de modo apermitir análise mais acurada da renda familiar. Dessa forma, requer sejam sanados os apontados vícios e prequestionadaa tese autárquica.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da argüição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão e contradição no julgado.

Inexiste omissão/contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada.Calha pertinente rememorar, nesse passo, fragmento elucidativo do julgado, in verbis:“5.Em acréscimo, quadra registrar que o fato de o ex-marido e atual companheiro da recorrida desenvolverem atividadeurbana (fls. 30-35) não prejudica a contagem do tempo de atividade rural em outros períodos. Ao depois, o regime deeconomia familiar somente estaria descaracterizado se a renda obtida na atividade urbana fosse suficiente para amanutenção da família, de forma a tornar dispensável a atividade agrícola (art. 11, inc. VII, §1º, da Lei nº 8.213/1991).Nesse diapasão, oportuno recordar o teor do verbete nº 41 da Súmula da TNU: “A circunstância de um dos integrantes donúcleo familiar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural comosegurado especial, condição que deve ser analisada no caso concreto”.

Não é despiciendo assinalar, para mais, que o ônus da prova quanto a eventual fato extintivo do direito do autor (in casu, aalegada incompatibilidade da renda com o regime de economia familiar), nos termos do inciso II do art. 333 do Código deProcesso Civil – CPC, incumbe exclusivamente ao réu, ônus de que não se desincumbiu in casu.Consigne-se, a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo; ademais, acontradição passível de correção por esta via deve pressupor antagonismo lógico entre duas premissas necessariamenteintrínsecas ao próprio julgado, limitando-se à verificação do encadeamento racional entre as proposições internas do texto.Nada disso foi apontado pelo embargante.Outrossim, o fato de o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre os artigos de lei que a parte alegaincidir à espécie não leva à conclusão de que ofendido o art. 48 da Lei nº 9.099/1995 ou 535 do Código de Processo Civil,pois o julgador, desde que fundamente suficientemente sua decisão, não está obrigado a responder todas as alegações daspartes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, de talsorte que a insatisfação quanto ao deslinde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem que seachem presentes os elementos constitutivos definidos pela Lei como causa eficiente de sua incidência.Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer, mas desprover os embargos de declaração, na forma da

Page 38: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

24 - 0002232-23.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002232-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ABIUDE PINTO DO ROSARIO(ADVOGADO: DULCINEIA ZUMACH LEMOS PEREIRA.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: Juliana Almenara Andaku.).Processo nº 0002232-23.2010.4.02.5050/01 – Juízo de origem: 2º JEF de VitóriaEmbargante: ABIUDE PINTO DO ROSARIOEmbargado: UNIÃORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. TRIBUTÁRIO. RESTITUIÇÃO DE IMPOSTO DE RENDA. BENEFÍCIO DA GRATUIDADEDE JUSTIÇA. HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS. CONDENAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO. ERRO MATERIALVERIFICADO. EMBARGOS PROVIDOS. ACÓRDÃO RETIFICADO EM MÍNIMA PARTE.

Trata-se de embargos de declaração opostos pela parte autora à fl. 96, em razão de acórdão proferido pela Turma Recursal(fls. 91-94). Alega o embargante, em resumo, que o acórdão guerreado é obscuro, porquanto lhe impôs condenação emhonorários de sucumbência, a despeito de beneficiário de Gratuidade de Justiça. Dessa forma, requer seja sanado oapontado vício e reformado o acórdão objurgado.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de obscuridade no julgado.

Nada obstante, em realidade, cuida-se de mero erro material.

Com efeito, o art. 55 da Lei nº 9.099/1995 preceitua que apenas o recorrente, quando vencido, arcará com os ônus desucumbência relativos a custas e honorários advocatícios. Todavia, considerando que a parte Recorrente é beneficiária deGratuidade de Justiça, conforme fl. 26, não se impõe a condenação em honorários, nos termos do Enunciado nº 27 dasTurmas Recursais do Rio de Janeiro, que assim orienta: “Não é cabível a condenação em honorários advocatícios quandoo recorrente vencido for beneficiário da assistência judiciária”.

Em sendo assim, mister proceder-se à retificação do julgado apenas e tão somente nesse ponto, mantendo-o em seusdemais termos.

Embargos de declaração conhecidos e providos para sanear o julgado embargado, de modo que em seu item 13 (fl. 94)passe a constar a seguinte redação:

“13) Custas isentas, nos termos do art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96. Sem condenação em honorários advocatícios ante odeferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 26, na forma, ressalvado o entendimento deste relator, do art. 12 da Lei n°1.060/1950”.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e prover os embargos de declaração, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

25 - 0002230-53.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002230-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ERNANE PINTO LOBO(ADVOGADO: DULCINEIA ZUMACH LEMOS PEREIRA.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: MARCUS VINÍCIUS CHAGASSARAIVA.).Processo nº 0002230-53.2010.4.02.5050/01 – Juízo de origem: 2º JEF de VitóriaEmbargante: ERNANE PINTO LOBOEmbargada: UNIÃORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

Page 39: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. TRIBUTÁRIO. RESTITUIÇÃO DE IMPOSTO DE RENDA. BENEFÍCIO DA GRATUIDADEDE JUSTIÇA. HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS. CONDENAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO. ERRO MATERIALVERIFICADO. EMBARGOS PROVIDOS. ACÓRDÃO RETIFICADO EM MÍNIMA PARTE.

Trata-se de embargos de declaração opostos pela parte autora à fl. 88, em razão de acórdão proferido pela Turma Recursal(fls. 83-86). Alega o embargante, em resumo, que o acórdão guerreado é obscuro, porquanto lhe impôs condenação emhonorários de sucumbência, a despeito de beneficiário de Gratuidade de Justiça. Dessa forma, requer seja sanado oapontado vício e reformado o acórdão objurgado.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de obscuridade no julgado.

Nada obstante, em realidade, cuida-se de mero erro material.

Com efeito, o art. 55 da Lei nº 9.099/1995 preceitua que apenas o recorrente, quando vencido, arcará com os ônus desucumbência relativos a custas e honorários advocatícios. Todavia, considerando que a parte Recorrente é beneficiária deGratuidade de Justiça, conforme fl. 24, não se impõe a condenação em honorários, nos termos do Enunciado nº 27 dasTurmas Recursais do Rio de Janeiro, que assim orienta: “Não é cabível a condenação em honorários advocatícios quandoo recorrente vencido for beneficiário da assistência judiciária”.

Em sendo assim, mister proceder-se à retificação do julgado apenas e tão somente nesse ponto, mantendo-o em seusdemais termos.

Embargos de declaração conhecidos e providos para sanear o julgado embargado, de modo que em seu item 13 (fl. 86)passe a constar a seguinte redação:

“13) Custas isentas, nos termos do art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96. Sem condenação em honorários advocatícios ante odeferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 24, na forma, ressalvado o entendimento deste relator, do art. 12 da Lei n°1.060/1950”.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e prover os embargos de declaração, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

26 - 0003985-49.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003985-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x VALDEIR MARÇAL BARBOSA (DEF.PUB: LIDIANEDA PENHA SEGAL.).Processo nº 0003985-49.2009.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargado: VALDEIR MARÇAL BARBOSARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONDENAÇÃO DO INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL EM HONORÁRIOSSUCUMBENCIAIS. IMPOSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 421 DO STJ. INTERPRETAÇÃO ESTENDIDA.OMISSÃO RECONHECIDA. EMBARGOS PROVIDOS. ACÓRDÃO REFORMADO EM MÍNIMA PARTE.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS às fls. 80-86, em razão deacórdão proferido pela Turma Recursal (fls.74-76). Alega o embargante, em resumo, que o acórdão guerreado é omisso,porquanto não se manifestou sobre a incidência do art. 381 do Código Civil, bem como da Súmula nº 421 do SuperiorTribunal de Justiça no caso em tela. Dessa forma, requer seja sanado o apontado vício.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejam

Page 40: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

presentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão no julgado.

A meu juízo, o recurso merece ser provido. O acórdão impugnado afigura-se, de fato, omisso no ponto que defronteabordar-se-á.

Compulsando os autos, verifica-se que a embargada encontra-se amparada pela Defensoria Pública da União, conformefls. 62-66. Doutra parte, constata-se ter sido imposta à Autarquia embargante condenação ao pagamento honorários desucumbência, com base no art. 55, caput, da Lei n.º 9.099/1995 (fl. 76).

Pois bem. Dispõe o art. 381 do Código Civil, verbis: “extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se confundamas qualidades de credor e devedor”.

Por sua vez, orienta a Súmula nº 421 do Superior Tribunal de Justiça: “os honorários advocatícios não são devidos àDefensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença”.

Ora, como ressabido, as autarquias, e dentre elas o embargante, constituem pessoas jurídicas de direito público, criadaspor lei, nos termos do Decreto-lei nº 200/1967 e do art. 37, inciso XIX, da Constituição da República. E, sendo dotada depersonalidade jurídica própria, “é titular de direitos e obrigações próprios, distintos daqueles pertencentes ao ente que ainstituiu”. (DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 23ª ed. São Paulo: Atlas, 2010, p. 429). Já a DefensoriaPública da União afigura-se como mero, mas não menos importante, órgão pertencente ao Poder Público Federal, sempersonalidade jurídica própria, apresentando-se vinculada ao orçamento da União, nada obstante gozar de algumasprerrogativas, como autonomia funcional. Com base nisso, poder-se-ia concluir a priori pela inaplicabilidade da Súmula nº421 do STJ, dada a inexistência de confusão entre as figuras de credor (DPU) e devedor (INSS) no caso em tela.

Ocorre que, conquanto se trate de ente com personalidade jurídica própria, distinta da União, ao INSS vem sendo conferidotratamento de Fazenda Pública (Federal), por gerir recursos e interesses públicos federais, consoante ressai dos arts. 8º da

� �Lei nº 8.620/1993 e 24-A da Lei nº 9.028/1995 .

Nessas circunstâncias, ao enunciado sumular nº 421 do STJ há que ser conferida interpetação cum grano salis, de modo acompatibilizá-la com o ordenamento e prestigiar a teleologia do verbete, estendendo-a não apenas aos casos em que aDefensoria Pública contenda com pessoa jurídica de direito público a que pertença, mas também àqueles outros em queatue contra pessoa jurídica que integre a mesma Fazenda Pública, como é o caso dos autos.

Nesse sentido já decidiu o Superior Tribunal de Justiça, senão vejamos:

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ARTIGO 535, II, DO CPC.ALEGADA VIOLAÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. ARTIGO 381 DO CC. CONFUSÃO. AUTARQUIA PREVIDENCIÁRIA -RIOPREVIDÊNCIA E DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL. JULGAMENTO PELA CORTE ESPECIAL. REPRESENTATIVODA CONTROVÉRSIA.1. Tendo o Tribunal a quo apreciado, com a devida clareza, a matéria relevante para a análise e o julgamento do recurso,não há se falar em violação ao art. 535 do Código de Processo Civil.2. A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp 1.199.715/RJ, representativo de controvérsiarepetitiva, de relatoria do Ministro Arnaldo Esteves Lima, julgado em 16/2/11, firmou o entendimento no sentido de tambémnão serem devidos honorários advocatícios à Defensoria Pública quando ela atua contra pessoa jurídica de direito públicoque integra a mesma Fazenda Pública.3. Recurso especial a que se dá parcial provimento.(REsp 1102459/RJ, Rel. Ministro ADILSON VIEIRA MACABU (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RJ), QUINTATURMA, julgado em 22/05/2012, DJe 26/06/2012)

Igual entendimento foi esposado em recente julgado pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Confira-se:

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. SALÁRIO-MATERNIDADE. PARTE AUTORA ACOMPANHADA PORADVOGADO CONTRATADO PELO SERVIÇO DE ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA MUNICIPAL. FIXAÇÃO DE HONORÁRIOSADVOCATÍCIOS. POSSIBILIDADE. 1. "I. Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atuacontra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença nem quando ela atua contra pessoa jurídica que integra a mesmaFazenda Pública, conforme Súmula 421/STJ e REsp 1.199.715/RJ. II. Na hipótese dos autos, a parte autora está assistidapelo Serviço de Assistência Judiciária do Município de Tapauá/AM, em causa contra o Instituto Nacional do Seguro Social,daí não ocorrendo o instituto da confusão, circunstância que autoriza a incidência da condenação nos honoráriosadvocatícios de sucumbência. III. Atuando os advogados como se defensores públicos fossem, uma vez que estãopatrocinando ações em face da assistência judiciária e gratuita ? custeada e fornecida pelo Município de Tapauá/AM, nosmesmos termos do § 5º do art. 4ºda Lei Complementar 80/1994 ?, cabível é aplicar-lhes analogicamente o inciso III do art.46 da referida Lei Complementar, que veda aos defensores públicos receberem honorários em razão de suas atribuições.IV. Destinam-se ao próprio Município de Tapauá/AM as verbas sucumbenciais nas ações patrocinadas por advogados porele contratados para cumprir os objetivos da assistência judiciária e gratuita à população." (AC0017428-92.2011.4.01.9199/AM, Rel. Desembargador Federal Kassio Nunes Marques, Primeira Turma, e-DJF1 p.449 de22/06/2012). 2. Honorários advocatícios fixados em 10% sobre o valor das prestações, a serem revertidos em favor do

Page 41: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

�Município de Tapauá/AM. 3. Apelação parcialmente provida. (AC , DESEMBARGADORA FEDERAL NEUZA MARIA ALVESDA SILVA, TRF1 - SEGUNDA TURMA, e-DJF1 DATA:27/09/2012 PAGINA:104.)

Diante disso, forçoso concluir que o caso em apreço escapou ao tratamento acima exposto, uma vez que, a despeito deintegrarem a mesma Fazenda Pública (Federal), fora o INSS condenado ao pagamento de verba honorária sucumbencialem favor DPU, o que enseja a reforma do acórdão impugnado apenas e tão somente no que diz com esse pormenor,devendo ser mantido incólume em seus demais termos.

Embargos de declaração conhecidos e providos. Condenação no pagamento de honorários advocatícios em favor daembargada desconstituída.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer e prover os embargos de declaração, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

27 - 0002855-87.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002855-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x MARIA IZABEL SALLES DAVEL (DEF.PUB:LIDIANE DA PENHA SEGAL.).Processo nº 0002855-87.2010.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargada: MARIA IZABEL SALLES DAVELRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONDENAÇÃO DO INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL EM HONORÁRIOSSUCUMBENCIAIS. IMPOSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 421 DO STJ. INTERPRETAÇÃO ESTENDIDA.OMISSÃO RECONHECIDA. EMBARGOS PROVIDOS. ACÓRDÃO REFORMADO EM MÍNIMA PARTE.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS às fls. 109-115, em razão deacórdão proferido pela Turma Recursal (fls.103-105). Alega o embargante, em resumo, que o acórdão guerreado é omisso,porquanto não se manifestou acerca da incidência do art. 381 do Código Civil, bem como da Súmula nº 421 do SuperiorTribunal de Justiça no caso em tela. Dessa forma, requer seja sanado o apontado vício.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão no julgado.

A meu juízo, o recurso merece ser provido. O acórdão impugnado afigura-se, de fato, omisso no ponto que defronteabordar-se-á.

Compulsando os autos, verifica-se que a embargada encontra-se amparada pela Defensoria Pública da União - DPU,conforme fls. 89-90. Doutra parte, constata-se ter sido imposta à Autarquia embargante condenação ao pagamentohonorários de sucumbência, com base no art. 55, caput, da Lei n.º 9.099/1995 (fl. 105).

Pois bem. Dispõe o art. 381 do Código Civil, verbis: “extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se confundamas qualidades de credor e devedor”.

Por sua vez, orienta a Súmula nº 421 do Superior Tribunal de Justiça: “os honorários advocatícios não são devidos àDefensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença”.

Ora, como ressabido, as autarquias, e dentre elas o embargante, constituem pessoas jurídicas de direito público, criadaspor lei, nos termos do Decreto-lei nº 200/1967 e do art. 37, inciso XIX, da Constituição da República. E, sendo dotada depersonalidade jurídica própria, “é titular de direitos e obrigações próprios, distintos daqueles pertencentes ao ente que ainstituiu”. (DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 23ª ed. São Paulo: Atlas, 2010, p. 429). Já a DefensoriaPública da União afigura-se como mero, mas não menos importante, órgão pertencente ao Poder Público Federal, sempersonalidade jurídica própria, apresentando-se vinculada ao orçamento da União, nada obstante gozar de algumasprerrogativas, como autonomia funcional. Com base nisso, poder-se-ia concluir a priori pela inaplicabilidade da Súmula nº

Page 42: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

421 do STJ, dada a inexistência de confusão entre as figuras de credor (DPU) e devedor (INSS) no caso em tela.

Ocorre que, conquanto se trate de ente com personalidade jurídica própria, distinta da União, ao INSS vem sendo conferidotratamento de Fazenda Pública (Federal), por gerir recursos e interesses públicos federais, consoante ressai dos arts. 8º da

� �Lei nº 8.620/1993 e 24-A da Lei nº 9.028/1995 .

Nessas circunstâncias, ao enunciado sumular nº 421 do STJ há que ser conferida interpetação cum grano salis, de modo acompatibilizá-la com o ordenamento e prestigiar a teleologia do verbete, estendendo-a não apenas aos casos em que aDefensoria Pública contenda com pessoa jurídica de direito público a que pertença, mas também àqueles outros em queatue contra pessoa jurídica que integre a mesma Fazenda Pública, como é o caso dos autos.

Nesse sentido já decidiu o Superior Tribunal de Justiça, senão vejamos:

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ARTIGO 535, II, DO CPC.ALEGADA VIOLAÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. ARTIGO 381 DO CC. CONFUSÃO. AUTARQUIA PREVIDENCIÁRIA -RIOPREVIDÊNCIA E DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL. JULGAMENTO PELA CORTE ESPECIAL. REPRESENTATIVODA CONTROVÉRSIA.1. Tendo o Tribunal a quo apreciado, com a devida clareza, a matéria relevante para a análise e o julgamento do recurso,não há se falar em violação ao art. 535 do Código de Processo Civil.2. A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp 1.199.715/RJ, representativo de controvérsiarepetitiva, de relatoria do Ministro Arnaldo Esteves Lima, julgado em 16/2/11, firmou o entendimento no sentido de tambémnão serem devidos honorários advocatícios à Defensoria Pública quando ela atua contra pessoa jurídica de direito públicoque integra a mesma Fazenda Pública.3. Recurso especial a que se dá parcial provimento.(REsp 1102459/RJ, Rel. Ministro ADILSON VIEIRA MACABU (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RJ), QUINTATURMA, julgado em 22/05/2012, DJe 26/06/2012)

Igual entendimento foi esposado em recente julgado pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Confira-se:

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. SALÁRIO-MATERNIDADE. PARTE AUTORA ACOMPANHADA PORADVOGADO CONTRATADO PELO SERVIÇO DE ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA MUNICIPAL. FIXAÇÃO DE HONORÁRIOSADVOCATÍCIOS. POSSIBILIDADE. 1. "I. Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atuacontra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença nem quando ela atua contra pessoa jurídica que integra a mesmaFazenda Pública, conforme Súmula 421/STJ e REsp 1.199.715/RJ. II. Na hipótese dos autos, a parte autora está assistidapelo Serviço de Assistência Judiciária do Município de Tapauá/AM, em causa contra o Instituto Nacional do Seguro Social,daí não ocorrendo o instituto da confusão, circunstância que autoriza a incidência da condenação nos honoráriosadvocatícios de sucumbência. III. Atuando os advogados como se defensores públicos fossem, uma vez que estãopatrocinando ações em face da assistência judiciária e gratuita ? custeada e fornecida pelo Município de Tapauá/AM, nosmesmos termos do § 5º do art. 4ºda Lei Complementar 80/1994 ?, cabível é aplicar-lhes analogicamente o inciso III do art.46 da referida Lei Complementar, que veda aos defensores públicos receberem honorários em razão de suas atribuições.IV. Destinam-se ao próprio Município de Tapauá/AM as verbas sucumbenciais nas ações patrocinadas por advogados porele contratados para cumprir os objetivos da assistência judiciária e gratuita à população." (AC0017428-92.2011.4.01.9199/AM, Rel. Desembargador Federal Kassio Nunes Marques, Primeira Turma, e-DJF1 p.449 de22/06/2012). 2. Honorários advocatícios fixados em 10% sobre o valor das prestações, a serem revertidos em favor do

�Município de Tapauá/AM. 3. Apelação parcialmente provida. (AC , DESEMBARGADORA FEDERAL NEUZA MARIA ALVESDA SILVA, TRF1 - SEGUNDA TURMA, e-DJF1 DATA:27/09/2012 PAGINA:104.)

Diante disso, forçoso concluir que o caso em apreço escapou ao tratamento acima exposto, uma vez que, a despeito deintegrarem a mesma Fazenda Pública (Federal), fora o INSS condenado ao pagamento de verba honorária sucumbencialem favor DPU, o que enseja a reforma do acórdão impugnado apenas e tão somente no que diz com esse pormenor,devendo ser mantido incólume em seus demais termos.

Embargos de declaração conhecidos e providos. Condenação no pagamento de honorários advocatícios em favor daembargada desconstituída.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer e prover os embargos de declaração, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

28 - 0005446-22.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005446-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.) x PALMERINO GUINZA (ADVOGADO:

Page 43: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

THIAGO AARÃO DE MORAES.).Processo nº 0005446-22.2010.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 2º JEF de VitóriaEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargado: PALMERINO GUINZARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. OMISSÃO.CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS NO JULGADO. PREQUESTIONAMENTO. RECURSO DESPROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS às fls. 101-125, em razão deacórdão proferido pela Turma Recursal (fls. 94-97). Alega o embargante, em resumo, que o julgado guerreado é omisso,porquanto não se manifestou a respeito da incidência do art. 5º, inciso XXXV, da Constituição da República no caso emtela; e, ainda, contraditório em relação à jurisprudência firmada pelos Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal deJustiça, bem como pela Turma Nacional de Uniformização quanto à imprescindibilidade de prévio requerimentoadministrativo em demandas deste jaez. Dessa forma, requer sejam sanados os apontados vícios e prequestionada a teseautárquica.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão e contradição no julgado.

Inexiste omissão ou contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada, inclusive no que tange aos alegados itens supostamente omissos econtraditórios.

Calha pertinente rememorar, nesse passo, fragmento elucidativo do julgado, in verbis:“7) De fato, afigura-se, a priori, necessária a demonstração – pelo autor - de que a tutela vindicada traduz imperativo fático,jurídico e legal, de modo a revelar genuíno interesse processual. Consigne-se, não se pretende com isso criar óbice aoamplo acesso à justiça ou vilipendiar a garantia da inafastabilidade da jurisdição, constitucionalmente assegurados (art. 5º,XXXV, da Constituição da República), mas, sim, evitar a inflação crescente das demandas judiciais e consequenteassoberbamento da máquina judiciária, zelando pela celeridade da massa de ações previdenciárias e pela qualidade daprestação jurisdicional.

8) Sem embargo dessas considerações, tenho que este caso merece tratamento distinto, porquanto no cerne da causa depedir recursal aflora questão que o diferencia dos congêneres, é dizer, a sentença recorrida não julgou extinto o processosem resolução de mérito, na forma do art. 267, inciso VI, do Código de Processo Civil, como nos demais casos – a exemplodos insertos na nota de rodapé – mas superou a preliminar de carência de ação por falta de interesse de agir no alvitre deque:

‘(...) De acordo com o entendimento pacificado no âmbito E. STJ, a ausência de prévio requerimento administrativo nãoconstitui óbice para que o segurado pleiteie, judicialmente, a revisão de seu benefício previdenciário” (AGRESP 1.179.627,Quinta Turma, DJE 07/06/2010).A parte autora pretende a revisão do seu benefício previdenciário pela aplicação do disposto no artigo 29, inciso II da Lei8.213/1991, com a redação dada pela Lei 9.876, que entrou em vigor em 29 de novembro de 1999, bem como o pagamentodas diferenças vencidas e vincendas.O conflito antes existente sobre a forma de cálculo do salário de benefício já restou solucionado pelo Decreto 6.939 de18/08/2009 que alterou a redação do § 4º, do artigo 188-A, do Decreto 3.048/99 – que determinava que o segurado quecontasse com menos de 144 contribuições no período básico de cálculo, o salário-debenefício corresponderia à soma dossalários de contribuição dividida pelo número de contribuições apurado. A nova redação conferida ao indigitado parágrafoconsagra o disposto no artigo 29, II, nos seguintes termos: “Nos casos de auxíliodoença e de aposentadoria por invalidez, osalário-de-benefício consiste na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitentapor cento do período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994 até a data do início do benefício.Sendo assim, o benefício que recebe a parte autora deverá ser calculado nos termos do disposto no artigo 29, inciso II, daLei 8.213/91, pela média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondente a oitenta por cento detodo o período contributivo.’ (fls. 60-61)

Consigne-se, a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo; ademais, acontradição passível de correção por esta via deve pressupor antagonismo lógico entre duas premissas necessariamenteintrínsecas ao próprio julgado, limitando-se este Juízo à verificação do encadeamento racional entre as proposiçõesinternas do texto. Nada disso foi apontado pelo embargante.

Outrossim, o fato de o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre os artigos de lei que a parte alegaincidir à espécie não leva à conclusão de que ofendido o art. 48 da Lei nº 9.099/1995 ou 535 do Código de Processo Civil,pois o julgador, desde que fundamente suficientemente sua decisão, não está obrigado a responder todas as alegações das

Page 44: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

partes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, de talsorte que a insatisfação quanto ao deslinde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem que seachem presentes os elementos constitutivos definidos pela Lei como causa eficiente de sua incidência.

Embargos de declaração conhecidos e desprovidos.A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer, mas desprover os embargos de declaração, na forma daementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

29 - 0005442-82.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005442-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x ANDRE LUIZ DOS SANTOS (ADVOGADO:THIAGO AARÃO DE MORAES.).Processo nº 0005442-82.2010.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 2º JEF de VitóriaEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargado: ANDRE LUIZ DOS SANTOSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. OMISSÃO.CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS NO JULGADO. PREQUESTIONAMENTO. RECURSO DESPROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS às fls. 88-112, em razão deacórdão proferido pela Turma Recursal (fls. 81-84). Alega o embargante, em resumo, que o julgado guerreado é omisso,porquanto não se manifestou a respeito da incidência do art. 5º, inciso XXXV, da Constituição da República no caso emtela; e, ainda, contraditório em relação à jurisprudência firmada pelos Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal deJustiça, bem como pela Turma Nacional de Uniformização quanto à imprescindibilidade de prévio requerimentoadministrativo em demandas deste jaez. Dessa forma, requer sejam sanados os apontados vícios e prequestionada a teseautárquica.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão e contradição no julgado.

Inexiste omissão ou contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada, inclusive no que tange aos alegados itens supostamente omissos econtraditórios.

Calha pertinente rememorar, nesse passo, fragmento elucidativo do julgado, in verbis:“7) De fato, afigura-se, a priori, necessária a demonstração – pelo autor - de que a tutela vindicada traduz imperativo fático,jurídico e legal, de modo a revelar genuíno interesse processual. Consigne-se, não se pretende com isso criar óbice aoamplo acesso à justiça ou vilipendiar a garantia da inafastabilidade da jurisdição, constitucionalmente assegurados (art. 5º,XXXV, da Constituição da República), mas, sim, evitar a inflação crescente das demandas judiciais e consequenteassoberbamento da máquina judiciária, zelando pela celeridade da massa de ações previdenciárias e pela qualidade daprestação jurisdicional.

8) Sem embargo dessas considerações, tenho que este caso merece tratamento distinto, porquanto no cerne da causa depedir recursal aflora questão que o diferencia dos congêneres, é dizer, a sentença recorrida não julgou extinto o processosem resolução de mérito, na forma do art. 267, inciso VI, do Código de Processo Civil, como nos demais casos – a exemplodos insertos na nota de rodapé – mas superou a preliminar de carência de ação por falta de interesse de agir no alvitre deque:

‘(...) De acordo com o entendimento pacificado no âmbito E. STJ, a ausência de prévio requerimento administrativo nãoconstitui óbice para que o segurado pleiteie, judicialmente, a revisão de seu benefício previdenciário” (AGRESP 1.179.627,Quinta Turma, DJE 07/06/2010).A parte autora pretende a revisão do seu benefício previdenciário pela aplicação do disposto no artigo 29, inciso II da Lei8.213/1991, com a redação dada pela Lei 9.876, que entrou em vigor em 29 de novembro de 1999, bem como o pagamentodas diferenças vencidas e vincendas.O conflito antes existente sobre a forma de cálculo do salário de benefício já restou solucionado pelo Decreto 6.939 de

Page 45: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

18/08/2009 que alterou a redação do § 4º, do artigo 188-A, do Decreto 3.048/99 – que determinava que o segurado quecontasse com menos de 144 contribuições no período básico de cálculo, o salário-debenefício corresponderia à soma dossalários de contribuição dividida pelo número de contribuições apurado. A nova redação conferida ao indigitado parágrafoconsagra o disposto no artigo 29, II, nos seguintes termos: “Nos casos de auxíliodoença e de aposentadoria por invalidez, osalário-de-benefício consiste na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitentapor cento do período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994 até a data do início do benefício.Sendo assim, o benefício que recebe a parte autora deverá ser calculado nos termos do disposto no artigo 29, inciso II, daLei 8.213/91, pela média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondente a oitenta por cento detodo o período contributivo.’ (fls. 44-45)”

Consigne-se, a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo; ademais, acontradição passível de correção por esta via deve pressupor antagonismo lógico entre duas premissas necessariamenteintrínsecas ao próprio julgado, limitando-se este Juízo à verificação do encadeamento racional entre as proposiçõesinternas do texto. Nada disso foi apontado pelo embargante.

Outrossim, o fato de o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre os artigos de lei que a parte alegaincidir à espécie não leva à conclusão de que ofendido o art. 48 da Lei nº 9.099/1995 ou 535 do Código de Processo Civil,pois o julgador, desde que fundamente suficientemente sua decisão, não está obrigado a responder todas as alegações daspartes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, de talsorte que a insatisfação quanto ao deslinde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem que seachem presentes os elementos constitutivos definidos pela Lei como causa eficiente de sua incidência.

Embargos de declaração conhecidos e desprovidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer, mas desprover os embargos de declaração, na forma daementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

30 - 0001502-75.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001502-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x JESIEL DOS SANTOS VASCONCELLOS(ADVOGADO: THIAGO AARÃO DE MORAES.).Processo nº 0001502-75.2011.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 2º JEF de VitóriaEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargado: JESIEL DOS SANTOS VASCONCELLOSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. OMISSÃO.CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS NO JULGADO. PREQUESTIONAMENTO. RECURSO DESPROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS às fls. 88-112, em razão deacórdão proferido pela Turma Recursal (fls. 81-84). Alega o embargante, em resumo, que o julgado guerreado é omisso,porquanto não se manifestou a respeito da incidência do art. 5º, inciso XXXV, da Constituição da República no caso emtela; e, ainda, contraditório em relação à jurisprudência firmada pelos Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal deJustiça, bem como pela Turma Nacional de Uniformização quanto à imprescindibilidade de prévio requerimentoadministrativo em demandas deste jaez. Dessa forma, requer sejam sanados os apontados vícios e prequestionada a teseautárquica.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão e contradição no julgado.

Inexiste omissão ou contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada, inclusive no que tange aos alegados itens supostamente omissos econtraditórios.

Page 46: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

Calha pertinente rememorar, nesse passo, fragmento elucidativo do julgado, in verbis:

“7) De fato, afigura-se, a priori, necessária a demonstração – pelo autor - de que a tutela vindicada traduz imperativo fático,jurídico e legal, de modo a revelar genuíno interesse processual. Consigne-se, não se pretende com isso criar óbice aoamplo acesso à justiça ou vilipendiar a garantia da inafastabilidade da jurisdição, constitucionalmente assegurados (art. 5º,XXXV, da Constituição da República), mas, sim, evitar a inflação crescente das demandas judiciais e consequenteassoberbamento da máquina judiciária, zelando pela celeridade da massa de ações previdenciárias e pela qualidade daprestação jurisdicional.

8) Sem embargo dessas considerações, tenho que este caso merece tratamento distinto, porquanto no cerne da causa depedir recursal aflora questão que o diferencia dos congêneres, é dizer, a sentença recorrida não julgou extinto o processosem resolução de mérito, na forma do art. 267, inciso VI, do Código de Processo Civil, como nos demais casos – a exemplodos insertos na nota de rodapé – mas superou a preliminar de carência de ação por falta de interesse de agir no alvitre deque:

‘(...) De acordo com o entendimento pacificado no âmbito E. STJ, a ausência de prévio requerimento administrativo nãoconstitui óbice para que o segurado pleiteie, judicialmente, a revisão de seu benefício previdenciário” (AGRESP 1.179.627,Quinta Turma, DJE 07/06/2010).A parte autora pretende a revisão do seu benefício previdenciário pela aplicação do disposto no artigo 29, inciso II da Lei8.213/1991, com a redação dada pela Lei 9.876, que entrou em vigor em 29 de novembro de 1999, bem como o pagamentodas diferenças vencidas e vincendas.O conflito antes existente sobre a forma de cálculo do salário de benefício já restou solucionado pelo Decreto 6.939 de18/08/2009 que alterou a redação do § 4º, do artigo 188-A, do Decreto 3.048/99 – que determinava que o segurado quecontasse com menos de 144 contribuições no período básico de cálculo, o salário-debenefício corresponderia à soma dossalários de contribuição dividida pelo número de contribuições apurado. A nova redação conferida ao indigitado parágrafoconsagra o disposto no artigo 29, II, nos seguintes termos: “Nos casos de auxíliodoença e de aposentadoria por invalidez, osalário-de-benefício consiste na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitentapor cento do período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994 até a data do início do benefício.Sendo assim, o benefício que recebe a parte autora deverá ser calculado nos termos do disposto no artigo 29, inciso II, daLei 8.213/91, pela média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondente a oitenta por cento detodo o período contributivo.’ (fls. 44-45)”

Consigne-se, a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo; ademais, acontradição passível de correção por esta via deve pressupor antagonismo lógico entre duas premissas necessariamenteintrínsecas ao próprio julgado, limitando-se este Juízo à verificação do encadeamento racional entre as proposiçõesinternas do texto. Nada disso foi apontado pelo embargante.

Outrossim, o fato de o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre os artigos de lei que a parte alegaincidir à espécie não leva à conclusão de que ofendido o art. 48 da Lei nº 9.099/1995 ou 535 do Código de Processo Civil,pois o julgador, desde que fundamente suficientemente sua decisão, não está obrigado a responder todas as alegações daspartes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, de talsorte que a insatisfação quanto ao deslinde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem que seachem presentes os elementos constitutivos definidos pela Lei como causa eficiente de sua incidência.

Embargos de declaração conhecidos e desprovidos.A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer, mas desprover os embargos de declaração, na forma daementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

31 - 0012934-15.2009.4.02.5001/01 (2009.50.01.012934-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.) x SEBASTIÃO RAMOS DA SILVA (ADVOGADO:PHILIPI CARLOS TESCH BUZAN, GERALDO BENICIO.) x OS MESMOS.Processo nº 0012934-15.2009.4.02.5001/01 – Juízo de Origem: 2º JEF de VitóriaEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargado: SEBASTIÃO RAMOS DA SILVARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. CONTAGEM ESPECIAL DE

Page 47: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

TEMPO DE SERVIÇO E AVERBAÇÃO DE TEMPO DE ATIVIDADE RURAL. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIADE VÍCIO NO JULGADO. PREQUESTIONAMENTO. RECURSO DESPROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS às fls. 167-183, em razão deacórdão proferido pela Turma Recursal (fls. 160-163). Alega o embargante, em resumo, que o acórdão guerreado é omissoe contraditório, porquanto não se manifestou sobre os seguintes pontos: i) eficácia do equipamento de proteção individual -EPI para o agente nocivo ruído, a qual, uma vez constatada pela sentença de piso e reconhecida pelo acórdão embargado,impede a consideração do tempo de serviço especial a partir de 18.11.2003 ante a inexistência de nocividade; ii) incidênciados arts. 195, § 5º e 201, § 1º da Constituição da República no caso em tela, eis que o cômputo do mencionado períodoimportará majoração de benefício previdenciário sem a respectiva fonte de custeio, bem como adoção de requisitos ecritérios diversos dos legalmente exigidos para concessão de aposentadoria especial a segurado do Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Dessa forma, requer sejam sanados os apontados vícios e prequestionada a tese autárquica.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão e contradição no julgado.

Inexiste omissão ou contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada, inclusive no que tange à caracterização da especialidade do tempo deserviço, conquanto utilizado EPI eficaz.

Calha pertinente rememorar, nesse passo, fragmento elucidativo do julgado, in verbis:“6. Quadra destacar, por oportuno, que a utilização de equipamentos de proteção individual (EPIs) não se revela capaz dedescaracterizar a especialidade da atividade, na esteira da orientação consolidada pela TNU, consoante se extrai doenunciado da Súmula nº. 09: “O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), ainda que elimine a insalubridade, nocaso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado”. Ademais, no caso concreto, aautarquia não logrou êxito em demonstrar qualquer eficácia dos equipamentos de proteção, apenas invocando,genericamente, sua funcionalidade para reduzir os níveis de pressão sonora. Reconhecida a especialidade da atividadepela exposição ao agente “ruído”, dispensável se torna a discussão sobre as exigências legais para a aferição do fator“calor”.”

Quanto à aventada tese de incidência dos arts. 195, § 5º e 201, § 1º, da Constituição da República, verifica-se que, emverdade, não fora arguida em nenhuma outra oportunidade nestes autos, cuidando-se, pois, de questão nova, incabível deser aduzida em sede de embargos de declaração, haja vista tal espécie recursal ter por único escopo expurgar eventualobscuridade, contradição, omissão ou dúvida do julgado combatido, conforme já salientado no item nº 02.

Consigne-se, a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo; ademais, acontradição passível de correção por esta via deve pressupor antagonismo lógico entre duas premissas necessariamenteintrínsecas ao próprio julgado, limitando-se este Juízo à verificação do encadeamento racional entre as proposiçõesinternas do texto. Nada disso foi apontado pelo embargante.

Outrossim, o fato de o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre os artigos de lei que a parte alegaincidir à espécie não leva à conclusão de que ofendido o art. 48 da Lei nº 9.099/1995 ou 535 do Código de Processo Civil,pois o julgador, desde que fundamente suficientemente sua decisão, não está obrigado a responder todas as alegações daspartes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, de talsorte que a insatisfação quanto ao deslinde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem que seachem presentes os elementos constitutivos definidos pela Lei como causa eficiente de sua incidência.

Embargos de declaração conhecidos e desprovidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer, mas desprover os embargos de declaração, na forma daementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

32 - 0005751-40.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005751-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) IRENI FERREIRA DOSSANTOS (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).Processo nº 0005751-40.2009.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Page 48: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

Embargada: IRENI FERREIRA DOS SANTOSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. FLEXIBILIZAÇÃODO CRITÉRIO OBJETIVO DE MISERABILIDADE. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS NOJULGADO. RECURSO DESPROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS à fl. 57-73, em razão deacórdão proferido pela Turma Recursal (fls. 51-52). Alega o embargante, em resumo, que o julgado guerreado é omisso econtraditório, porquanto, ao flexibilizar a aplicação do art. 20, § 3º, da Lei nº 8.742/1993 para preenchimento do requisito damiserabilidade, incorreu em expressa violação aos arts. 195, §5º, e 203, inciso V, da Constituição da República. Dessaforma, requer sejam sanados os apontados vícios e prequestionada a tese autárquica.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão e contradição no julgado.Inexiste omissão ou contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada.Calha pertinente rememorar, nesse passo, fragmento elucidativo do julgado, in verbis:“3. A condição de miserabilidade é controversa nos autos. O mandado de constatação (fls. 24/25) atesta que o grupofamiliar é composto somente por uma pessoa (autora). A renda familiar é de R$195,00 (cento e noventa e cinco reais),proveniente de pensão alimentícia. A despesa familiar é de R$100,00 (cem reais), referente ao pagamento do aluguel deum cômodo. Ao chegar ao local, o oficial de justiça foi proibido pela proprietária do imóvel, Srª Maria das Graças, defotografar o cômodo em que reside a recorrente.

4. Considerando o montante da renda auferida pela recorrente (R$ 195,00) e que o grupo familiar é constituído por umapessoa (autora), objetivamente não foi preenchido o requisito de renda inferior ao limite de ¼ do salário mínimo.

5. Contudo, a Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp 1.112.557/MG pelo rito dos recursosrepetitivos, pacificou o entendimento de que o critério de aferição da renda mensal previsto no §3º do art.20 da Lei nº8.742/93 deve ser considerado apenas como uma limite mínimo de renda, sem descartar, porém, a possibilidade de o juizlevar em consideração outros fatores referentes à situação econômico-financeira do beneficiário e que tenham o condão decomprovar a condição de miserabilidade da parte e de sua família. Assim, ainda que a renda familiar mensal seja superior a¼ do salário mínimo, é possível a aferição da condição de hipossuficiência econômica por outros meios.”

Nada obstante a ausência de vício a ser sanado, não é ocioso repisar que, nos termos do art. 203, inciso V, da Constituiçãoda República, incumbe à lei definir os critérios para a concessão do benefício assistencial de amparo à pessoa portadora dedeficiência e ao idoso. Assim, ao flexibilizar a aplicação do art. 20, § 3º, da Lei nº 8.742/1993, não está o julgadorabstendo-se de seguir as diretivas legais na aferição do requisito da miserabilidade, eis que não se vale de simplesaplicação de critério subjetivo, mas sim de método de hermenêutica jurídica.No que tange à regra da contrapartida (§5º do art. 195 da CR), a seu turno, releva destacar - conquanto importante àsolvabilidade do Sistema Previdenciário - deve ser mantida sem um mínimo de aviltamento da dignidade humana, sendopassível, tal como os princípios, de harmonização com outros ideais inseridos no contexto constitucional como métodocontraceptivo à desigualdade e fomentador da distribuição de renda.Consigne-se, a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo; ademais, acontradição passível de correção por esta via deve pressupor antagonismo lógico entre duas premissas necessariamenteintrínsecas ao próprio julgado, limitando-se este Juízo à verificação do encadeamento racional entre as proposiçõesinternas do texto. Nada disso foi apontado pelo embargante.Outrossim, o fato de o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre os artigos de lei que a parte alegaincidir à espécie não leva à conclusão de que ofendido o art. 48 da Lei nº 9.099/1995 ou 535 do Código de Processo Civil,pois o julgador, desde que fundamente suficientemente sua decisão, não está obrigado a responder todas as alegações daspartes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, de talsorte que a insatisfação quanto ao deslinde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem que seachem presentes os elementos constitutivos definidos pela Lei como causa eficiente de sua incidência.Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer, mas desprover os embargos de declaração, na forma daementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

Page 49: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

33 - 0002828-07.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002828-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.) x NADIR GARCIA.Processo nº 0002828-07.2010.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 1º JEF de VitóriaEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargada: NADIR GARCIARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. APLICAÇÃODIRETA DO PARÁGRAFO ÚNICO DO ESTATUTO DO IDOSO. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOSNO JULGADO. RECURSO DESPROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS à fl. 77-93, em razão deacórdão proferido pela Turma Recursal (fls. 71-72). Alega o embargante, em resumo, que o julgado guerreado é omisso econtraditório, porquanto, ao aplicar analogicamente a disposição contida no art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso,incorreu em expressa violação aos arts. 195, §5º, e 203, inciso V, da Constituição da República. Dessa forma, requer sejamsanados os apontados vícios e prequestionada a tese autárquica.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da argüição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão e contradição no julgado.Inexiste omissão ou contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada.Calha pertinente rememorar, nesse passo, fragmento elucidativo do julgado, in verbis:“4. Da disciplina legal vigorante no direito brasileiro, insculpida no parágrafo único, art.34 do Estatuto do Idoso, deflui que “obenefício já concedido a qualquer membro da família nos termos do caput não será computado para os fins do cálculo darenda familiar per capita a que se refere a Loas”.

5. Os tribunais têm conferido interpretação extensiva ao referido dispositivo, de modo a amparar o idoso que possua nogrupo familiar deficiente que também aufira benefício assistencial. Ao ampliar as hipóteses de concessão do beneplácito, adecisão judicial não está deixando de buscar na lei as diretrizes para identificação do beneficiário. Não se trata de aplicaçãode critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna da ordem jurídica.

6. Nenhuma dúvida suscitará a afirmativa, considerando o princípio de que todo Sistema exige um mínimo de coerência,sendo oportuno rememorar o vetusto brocardo “ubi eadem ratio ibi idem jus” (onde houver o mesmo fundamento, haverá omesmo direito).

7. Assim, seria ilógico desamparar o idoso que possui na família deficiente beneficiário da Assistência Social, quandoambos as situações – do idoso e deficiente que fazem jus à assistência – são igualmente precárias.

8. Com base no que acima se argumentou, tenho como não violados os dispositivos constitucionais ventilados no recurso.”

No que tange à regra da contrapartida (§5º do art. 195 da CR), a seu turno, releva destacar - conquanto importante àsolvabilidade do Sistema Previdenciário - deve ser mantida sem um mínimo de aviltamento da dignidade humana, sendopassível, tal como os princípios, de harmonização com outros ideais inseridos no contexto constitucional como métodocontraceptivo à desigualdade e fomentador da distribuição de renda.Consigne-se, a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo; ademais, acontradição passível de correção por esta via deve pressupor antagonismo lógico entre duas premissas necessariamenteintrínsecas ao próprio julgado, limitando-se este Juízo à verificação do encadeamento racional entre as proposiçõesinternas do texto. Nada disso foi apontado pelo embargante.Outrossim, o fato de o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre os artigos de lei que a parte alegaincidir à espécie não leva à conclusão de que ofendido o art. 48 da Lei nº 9.099/1995 ou 535 do Código de Processo Civil,pois o julgador, desde que fundamente suficientemente sua decisão, não está obrigado a responder todas as alegações daspartes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, de talsorte que a insatisfação quanto ao deslinde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem que seachem presentes os elementos constitutivos definidos pela Lei como causa eficiente de sua incidência.Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer, mas desprover os embargos de declaração, na forma daementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João Andrade

Page 50: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

Juiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

34 - 0003038-58.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003038-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ELENIZIA PEREIRA(ADVOGADO: RODRIGO LOPES BRANDÃO, BRUNO DE CASTRO QUEIROZ.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.).Processo nº 0003038-58.2010.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargada: ELENIZIA PEREIRARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. REVISÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO.INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS NO JULGADO. PREQUESTIONAMENTO. RECURSO DESPROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS às fls. 65-68, em razão deacórdão proferido pela Turma Recursal (fls. 58-61). Alega o embargante, em resumo, que o julgado guerreado é omisso econtraditório, porquanto não se manifestou sobre o entendimento esposado pela Turma Recursal do Rio de Janeiro de nãocabimento de recurso contra sentença terminativa, no âmbito dos Juizados Especiais Federais. Invoca, outrossim, odisposto no art. 5º da Lei nº 10.259/2001, segundo o qual admitir-se-á nos Juizados Federais recurso de sentençadefinitiva, exceto nos casos de deferimento de medidas cautelares no curso do processo para evitar dano de difícilreparação. Dessa forma, requer sejam sanados os apontados vícios e prequestionada a tese autárquica.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão e contradição no julgado.

Inexiste omissão ou contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada, inclusive no que tange ao entendimento perfilhado por esta Turma Recursaldo Espírito Santo quanto à possibilidade de interposição de recurso de sentença terminativa na seara dos JuizadosEspeciais Federais.

Calha pertinente rememorar, nesse passo, fragmento elucidativo do julgado, in verbis:“Preliminarmente, admito o recurso inominado manejado pela parte autora. A impossibilidade de interposição de recurso desentença terminativa, no âmbito dos Juizados, merece revisão em face da própria interpretação que se pretendeu dar àexpressão “sentença definitiva”. Em análise do termo, entendo que o legislador utilizou a expressão numa concepção maisampla, e não em sentido estritamente técnica à luz da teoria geral do processo, é dizer, de forma a significar decisões quedefinem o desfecho do processo. Veja-se, inclusive, que o Enunciado n.º 12 da TR/ES foi cancelado na sessão dejulgamento do dia 14.04.2009. Nesse passo, entendo cabível a interposição de recurso inominado em face de sentençasterminativas, visto que estas também encerram o processo.”

Sobre o posicionamento encapado pela Turma Recursal do Rio de Janeiro a respeito do tema, verifica-se tratar-se de tesenão arguida em nenhuma outra oportunidade nestes autos, afigurando-se, pois, questão nova, incabível de ser aduzida emsede de embargos de declaração, haja vista tal espécie recursal ter por único escopo expurgar eventual obscuridade,contradição, omissão ou dúvida do julgado combatido, conforme já salientado no item nº 02.

Consigne-se, a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo; ademais, acontradição passível de correção por esta via deve pressupor antagonismo lógico entre duas premissas necessariamenteintrínsecas ao próprio julgado, limitando-se este Juízo à verificação do encadeamento racional entre as proposiçõesinternas do texto. Nada disso foi apontado pelo embargante.

Outrossim, o fato de o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre os artigos de lei que a parte alegaincidir à espécie não leva à conclusão de que ofendido o art. 48 da Lei nº 9.099/1995 ou 535 do Código de Processo Civil,pois o julgador, desde que fundamente suficientemente sua decisão, não está obrigado a responder todas as alegações daspartes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, de talsorte que a insatisfação quanto ao deslinde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem que seachem presentes os elementos constitutivos definidos pela Lei como causa eficiente de sua incidência.

Embargos de declaração conhecidos e desprovidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer, mas desprover os embargos de declaração, na forma da

Page 51: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

35 - 0000566-75.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000566-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOALDO FARIAS SOUZA(ADVOGADO: PATRÍCIA MARIA MANTHAYA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x OS MESMOS.Processo nº 0000566-75.2010.4.02.5053/01 – Juízo de Origem: 1ª VF de LinharesEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargado: JOALDO FARIAS SOUZARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO.INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS NO JULGADO. INSURGÊNCIA CONTRA O MÉRITO DO DECISUM. RECURSODESPROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS à fl. 103-111, em razão deacórdão proferido pela Turma Recursal (fls. 98-99). Alega o embargante, em resumo, que o julgado guerreado é omisso econtraditório ao determinar a concessão de aposentadoria por invalidez conquanto inexista incapacidade total e definitiva,vale dizer, insuscetível de reabilitação profissional. Argumenta que antes da efetiva submissão do segurado a taisprogramas de reabilitação, não dispõe o magistrado de aptidão técnico-administrativa para concluir de modo factível pelaimpossibilidade de reabilitação, mesmo porque não há nos autos prova da existência de incapacidade total e definitiva parao labor. Dessa forma, requer sejam sanados os apontados vícios e prequestionada a tese autárquica.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da argüição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão e contradição no julgado.

Inexiste omissão ou contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada, sobretudo no que tange à existência de incapacidade total e definitiva, aliadaà improbabilidade de reabilitação do embargado.

Calha pertinente rememorar, nesse passo, fragmento elucidativo do julgado, in verbis:“3. Sem razão a Autarquia Previdenciária, quanto ao fato de o magistrado ter concedido amparo à pretensão deaposentadoria por invalidez, nada obstante o laudo pericial tenha ressalvado a possibilidade de reabilitação profissional(quesito nº 12– fls. 52). É indispensável recapitular que o juiz não está adstrito ao laudo pericial, seja judicial ouadministrativo, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatos provados nos autos (CPC, art. 436).

4. Assim, o magistrado prolator da sentença, no correto alvitre de que as condições pessoais da parte autora (48 anos deidade, ausência de experiência profissional [trabalhador rural] e baixo grau de instrução escolar) em cotejo com o quadroclínico diagnosticado tornam pouco provável, senão impossível, sua reinserção no mercado de trabalho, entendeu quecuida a hipótese, em verdade, de incapacidade total e definitiva.”

Consigne-se, a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo; ademais, acontradição passível de correção por este Juízo por esta via deve pressupor antagonismo lógico entre duas premissasnecessariamente intrínsecas ao próprio julgado, limitando-se à verificação do encadeamento racional entre as proposiçõesinternas do texto. Nada disso foi apontado pelo embargante.

Outrossim, o fato de o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre os artigos de lei que a parte alegaincidir à espécie não leva à conclusão de que ofendido o art. 48 da Lei nº 9.099/1995 ou 535 do Código de Processo Civil,pois o julgador, desde que fundamente suficientemente sua decisão, não está obrigado a responder todas as alegações daspartes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, de talsorte que a insatisfação quanto ao deslinde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem que seachem presentes os elementos constitutivos definidos pela Lei como causa eficiente de sua incidência.

Embargos de declaração conhecidos e desprovidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer, mas desprover os embargos de declaração, na forma da

Page 52: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

36 - 0005260-96.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005260-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JUVENAL DA SILVA(ADVOGADO: JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.).Processo nº 0005260-96.2010.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargado: JUVENAL DA SILVARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA.INSURGÊNCIA CONTRA O MÉRITO DO DECISUM . RECURSO DESPROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS à fl. 67-80, em razão deacórdão proferido pela Turma Recursal (fls. 60-63). Alega o embargante, em resumo, que o julgado é omisso e contraditórioao determinar a concessão de aposentadoria por invalidez conquanto inexista incapacidade total e definitiva, vale dizer,insuscetível de reabilitação profissional. Argumenta que antes da efetiva submissão do segurado a tais programas dereabilitação, não dispõe o magistrado de aptidão técnico-administrativa para concluir de modo factível pela impossibilidadede reabilitação. Invoca violação ao art. 93, inciso IX, da Constituição da República. Dessa forma, requer sejam sanados osapontados vícios e prequestionada a tese autárquica.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da argüição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão e contradição no julgado.

Inexiste omissão ou contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada, sobretudo no que tange à existência de incapacidade total e definitiva, aliadaà improbabilidade de reabilitação do embargado.

Calha pertinente rememorar, nesse passo, fragmento elucidativo do voto, in verbis:“No entanto, em análise das condições pessoais do autor, por considerar que a sua idade avançada (52 anos de idade - fl.09) e o possível baixo grau de instrução e qualificação não permitirão a sua recolocação no mercado de trabalho, concluoque a incapacidade laboral, neste caso, é total e definitiva, de modo que se encontram preenchidos os requisitos para aconcessão da aposentadoria por invalidez.

Vale enfatizar que tais condições pessoais fazem com que se torne extremamente difícil (senão impossível) para asegurada obter uma vaga de emprego que não exija esforço físico, diante da conjuntura atual do mercado de trabalho, aqual, inegavelmente, privilegia os mais jovens e os que detêm maior e mais variada formação educacional e profissional.

Segue jurisprudência que corrobora o entendimento acima adotado: “[...] Ponderando-se, no caso, as condições pessoaisda autora e constatando-se, desse modo, a sua total incapacidade para o exercício do trabalho, é de ser concedidaaposentadoria por invalidez. 4. Levando em conta que o argumento apresentado pelo INSS, para negativa do benefíciopleiteado em juízo, somente consiste na possibilidade de alteração da atividade laboral exercida pela segurada, comausência de esforço físico e de tensão nervosa, cumpre reconhecer que com a informação trazida pelos laudos periciais dojuízo de fls. 42 e 52, e pela farta documentação anexada pela parte, que corrobora suas alegações, não há dúvida quantoao reconhecimento da enfermidade incapacitante atestada nos autos passível de permitir o deferimento do benefício. [...]”(Tribunal Regional Federal da 1ª Região – Segunda Turma – Processo n. 200101000003901 – Relatora: Juíza FederalNEUZA MARIA ALVES DA SILVA – Julgado em: 07/04/2010 – Publicado em: 13/05/2010).

Destarte, diante de tudo quanto fora exposto, entendo que está constatada a incapacidade laboral Total e Definitiva doautor, restando concluir que ele faz jus ao benefício de aposentadoria por invalidez, merecendo provimento, portanto, o seurecurso.”

Consigne-se, a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo; ademais, acontradição passível de correção por este Juízo por esta via deve pressupor antagonismo lógico entre duas premissasnecessariamente intrínsecas ao próprio julgado, limitando-se à verificação do encadeamento racional entre as proposiçõesinternas do texto. Nada disso foi apontado pelo embargante.

Outrossim, o fato de o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre os artigos de lei que a parte alegaincidir à espécie não leva à conclusão de que ofendido o art. 48 da Lei nº 9.099/1995 ou 535 do Código de Processo Civil,

Page 53: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

pois o julgador, desde que fundamente suficientemente sua decisão, não está obrigado a responder todas as alegações daspartes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, de talsorte que a insatisfação quanto ao deslinde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem que seachem presentes os elementos constitutivos definidos pela Lei como causa eficiente de sua incidência.

Embargos de declaração conhecidos e desprovidos.

O autor, ora embargado, informa à fl. 83 que o INSS não cumpriu o comando de antecipação dos efeitos da tutela constantedo acórdão impugnado. Diante disso, intime-se, COM URGÊNCIA, o embargante para, no prazo de 05 (cinco) dias,comprovar nos autos o cumprimento da antecipação dos efeitos da tutela nos moldes determinados às fls. 60-63, sob penade imposição de multa diária.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer, mas desprover os embargos de declaração, na forma daementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

37 - 0003332-47.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003332-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.) x ANTONIO CARLOS LEITE DE OLIVA(ADVOGADO: VALTEMIR DA SILVA.).Processo nº 0003332-47.2009.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 2º JEF de VitóriaEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargado: ANTONIO CARLOS LEITE DE OLIVARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RECONHECIMENTO DE ATIVIDADE EXERCIDA SOB CONDIÇÕES ESPECIAIS.CONVERSÃO EM TEMPO COMUM. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NO JULGADO.PREQUESTIONAMENTO. RECURSO DESPROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS às fls. 215-231, em razão deacórdão proferido pela Turma Recursal (fls. 206-211). Alega o embargante, em resumo, que o acórdão guerreado foiomisso e contraditório, porquanto não se manifestou sobre os seguintes pontos: i) eficácia do equipamento de proteçãoindividual - EPI para o agente nocivo ruído, a qual, uma vez constatada pela sentença de piso e reconhecida pelo acórdãoembargado, impede a consideração do tempo de serviço especial a partir de 18.11.2003 ante a inexistência de nocividade;ii) incidência dos arts. 195, § 5º e 201, § 1º da Constituição da República no caso em tela, eis que o cômputo domencionado período importará majoração de benefício previdenciário sem a respectiva fonte de custeio, bem como adoçãode requisitos e critérios diversos dos legalmente exigidos para concessão de aposentadoria especial a segurado do RegimeGeral de Previdência Social – RGPS. Dessa forma, requer sejam sanados os apontados vícios e prequestionada a teseautárquica.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão e contradição no julgado.

Inexiste omissão ou contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada, inclusive no que tange à caracterização da especialidade do tempo deserviço, conquanto utilizado EPI eficaz.

Nesse ponto, calha pertinente rememorar fragmento elucidativo do julgado, in verbis:

“6. Nesse ponto, quadra destacar que a utilização de equipamentos de proteção individual – EPI, embora tenha aptidãopara atenuar a agressividade do agente nocivo (ruído, in casu), não é capaz de afastar a especialidade da atividade. Talentendimento já se encontra pacificado na jurisprudência da TNU, consoante se extrai do teor da Súmula nº. 09 (“O uso deEquipamento de Proteção Individual (EPI), ainda que elimine a insalubridade, no caso de exposição a ruído, nãodescaracteriza o tempo de serviço especial prestado”).”

Quanto à aventada tese de incidência dos arts. 195, § 5º e 201, § 1º, da Constituição da República, verifica-se que, emverdade, não fora arguida em nenhuma outra oportunidade nestes autos, cuidando-se, pois, de questão nova, incabível deser aduzida em sede de embargos de declaração, haja vista tal espécie recursal ter por único escopo expurgar eventual

Page 54: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

obscuridade, contradição, omissão ou dúvida do julgado combatido, conforme já salientado no item nº 02.

Consigne-se, a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo; ademais, acontradição passível de correção por esta via deve pressupor antagonismo lógico entre duas premissas necessariamenteintrínsecas ao próprio julgado, limitando-se este Juízo à verificação do encadeamento racional entre as proposiçõesinternas do texto. Nada disso foi apontado pelo embargante.

Outrossim, o fato de o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre os artigos de lei que a parte alegaincidir à espécie não leva à conclusão de que ofendido o art. 48 da Lei nº 9.099/1995 ou 535 do Código de Processo Civil,pois o julgador, desde que fundamente suficientemente sua decisão, não está obrigado a responder todas as alegações daspartes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, de talsorte que a insatisfação quanto ao deslinde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem que seachem presentes os elementos constitutivos definidos pela Lei como causa eficiente de sua incidência.

Embargos de declaração conhecidos e desprovidos.

Por seu turno, nada a prover acerca do requerido pelo autor, ora embargado, à fl. 234, ante a não ocorrência de trânsito emjulgado e por se tratar de decisum cuja execução dar-se-á, oportunamente, na forma do art. 16 da Lei nº 10.259/2001,consoante assinalado à fl. 179.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer, mas desprover os embargos de declaração, na forma daementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

38 - 0000054-61.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000054-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JAILTON AUGUSTO FERNANDES.) x ADALGISA CATARINA DE ALMEIDASANTOS (ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.).Processo n.º 0000054-61.2011.4.02.5052/01 – Juízo de Origem: 1ª VF São MateusRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : ADALGISA CATARINA DE ALMEIDA SANTOSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ESTATUTODO IDOSO. EQUIVALÊNCIA ENTRE O CASO CONCRETO E A SITUAÇÃO HIPOTÉTICA DA LEI. REQUISITOSPREENCHIDOS. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo Instituto Nacional de Seguro Social – INSS às fls. 52-59, em razão de sentença(fls. 42-45) que julgou procedente o pedido de concessão do Benefício de Prestação Continuada – BPC ao idoso previstono art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS). Sustenta o recorrente, em resumo, que oparágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso é claro ao estabelecer que não será computado para os fins do cálculo darenda familiar somente o benefício assistencial concedido a qualquer de seus membros. Aduz que se o legislador quisesseexcluir de tal cálculo o valor referente a quaisquer outros benefícios, a exemplo dos previdenciários, teria assentado adiretriz de forma expressa. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedidodeduzido na inicial.

As contrarrazões encontram-se nas fls. 66-67.

Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), com aredação conferida pela Lei nº 12.435, em vigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011), obenefício assistencial de prestação continuada corresponde à garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa comdeficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover aprópria manutenção nem tê-la provida por sua família. Para os efeitos de aplicação do citado dispositivo, a família serácomposta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, osirmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (§1º).

Consigne-se, anteriormente à alteração promovida pela Lei nº 12.435/2011 a definição de família pela LOAS estavacondicionada ao art. 16 da Lei nº 8.213/1991. Tal preceptivo elenca como dependentes do segurado: (i) o cônjuge, acompanheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido; e

Page 55: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

(ii) o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido.

�Por sua vez, na esteira do novel § 2º, introduzido pela Lei nº 12.470/2011 e extraído mutatis mutandis da Convenção sobre�Direitos das Pessoas com Deficiência da Organização das Nações Unidas - ONU , considera-se pessoa com deficiência

aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interaçãocom diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com asdemais pessoas; e, na forma do §3º, incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família cujarenda mensal per capita seja inferior a ¼ (um quarto) do salário-mínimo.

Interessante registrar, nessa linha, a supressão da expressão “para a vida independente e para o trabalho”, constante do�extinto inciso II do §2º do art. 20 . Com efeito, doravante considera-se impedimento de longo prazo, para os fins do

parágrafo 2º, acima epigrafado, apenas aquele que produza efeitos pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos (§ 10), restando, àevidência, revogado o requisito da dupla incapacidade.

A bem de ver, a revogação da dupla incapacidade veio ao encontro da jurisprudência sumulada da Turma Nacional deUniformização - TNU assente em que: “para os efeitos do art. 20, §2º, da Lei nº 8.742, de 1993, incapacidade para a vidaindependente não é só aquela que impede as atividades mais elementares da pessoa, mas também a impossibilita deprover ao próprio sustento” (verbete nº 29), subtraindo da ordem jurídica a tênue linha que extremava aquela primeira daincapacidade para o trabalho.

Importa realçar, arrematando a parte introdutória da exposição, que nenhum óbice se coloca à aplicação das inovaçõestrazidas pelas Leis nº 12.435/2011 e nº 12.470/2011 aos casos em que o requerimento administrativo é anterior à suaentrada em vigor, desde que mais benéficas à parte requerente e modulados, em abono do princípio tempus regit actum, osefeitos financeiros da condenação para a data da publicação das respectivas Leis, 7.7.2011 ou 1.9.2011, na ordem,conforme se tenham por implementados os requisitos para a concessão do benefício assistencial com supedâneo em umaou outra.

Lançadas as premissas, registre-se, a controvérsia diz com o requisito atinente à renda per capita, especificamente se épossível ou não a aplicação analógica do parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) de modo queo valor do benefício previdenciário auferido por qualquer membro idoso da família, no patamar mínimo, também sejaexcluído do cômputo da renda familiar.

Antes de ingressar na análise de mérito, convém sumariar o teor do relatório social de fls. 16-17. No que tange àcomposição familiar, consta a informação (fl. 16) de que a recorrida (74 anos) reside com o esposo, Sr. Gerônimo Lino dosSantos, com 77 anos de idade à época da feitura do relatório (19.08.2011). Por sua vez, tem-se que a renda familiar advémda aposentadoria por idade auferida pelo cônjuge da recorrida, no importe de R$ 545,00 (quinhentos e quarenta e cincoreais – fl. 17).

Não foram informados gastos com despesas ordinárias e extraordinárias; à exceção de alguns medicamentos de usocontínuo, comprados pela recorrida porque “não tem condições físicas para aguardar o fornecimento através do setorpúblico – SUS” (fl. 16).

Nesse passo, quadra realçar que a recorrida “possui diversas doenças oriundas da idade, principalmente diabetes eproblemas cardíacos”, necessitando da ajuda de terceiros para realizar as atividades domésticas (fl. 16). Doutro vértice, seuesposo possui deficiência visual e auditiva, necessitando também do cuidado de terceiros para os afazeres cotidianos. (fl.17)

Averbe-se, outrossim, a casa onde reside a família é cedida pelo proprietário do imóvel rural, de alvenaria, cobertura detelha, com instalações elétrica e hidráulica; é constituída por dois cômodos (quarto e cozinha) e o banheiro fica na parteexterna. Ademais, a família não é assistida por nenhum programa assistencial do governo.

Como se vê, do cotejo entre o montante da renda familiar (R$ 545,00) e a composição legal da família (recorrida e esposo)resulta que objetivamente não foi preenchido o requisito atinente à renda per capita inferior a ¼ do salário mínimo (renda

� �per capita = R$ 272,50 ; ¼ do salário mínimo = R$ 136,25 ).

Descortina-se no horizonte do autora/recorrida, entretanto, a possibilidade de aplicação analógica do parágrafo único do art.34 do Estatuto do Idoso, se e somente se presentes os elementos constitutivos relacionados como causa eficiente de suaincidência, vale dizer, a existência de (i) lacuna normativa; (ii) identidade de razão jurídica entre o caso não previsto e

�aquele semelhante estabelecido por lei, pois que todo Sistema exige um mínimo de coerência ; e (iii) equivalênciafático-jurídica entre o caso concreto e a situação hipotética da lei.

Vejamos o que dispõe o caput do artigo 34 do Estatuto e seu parágrafo único:

“Art. 34. Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, que não possuam meios para prover sua subsistência, nem detê-la provida por sua família, é assegurado o benefício mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos termos da Lei Orgânica daAssistência Social – Loas.Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer membro da família nos termos do caput não será computado para osfins do cálculo da renda familiar per capita a que se refere a Loas.” (grifei)

Page 56: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

Verifica-se, portanto, a rigor da redação e ao ângulo de quem pleiteia o BPC, que somente o benefício assistencialconcedido a outro membro idoso da família (a partir de 65 anos) será excluído do cálculo da renda familiar per capita. Logo,não previu a lei a exclusão de benefício previdenciário.

Ocorre que o silêncio da lei, neste específico contexto, não se afina com o chamado “silêncio eloqüente”, entendido como aomissão intencional e peremptória, mas, muito ao revés, evidencia uma lacuna normativo-axiológica, carente de colmataçãopelos órgãos constitucionalmente investidos nesse mister.

Isso porque a tábua de valores assentados constitucionalmente, da qual é expoente de relevo o fundamento da dignidadeda pessoa humana (Constituição da República, inciso III do art. 1º), não tolera que situações de premência no campo dadignidade e sobrevivência sejam tratadas de maneira díspare quando verificada a identidade das razões jurídicasfundantes, neste caso consubstanciadas na garantia de um patamar digno existencial àqueles que se encontrem na faixada “renda per capita inferior a ¼ do salário mínimo vigente”. Em outras palavras, substancialmente não há qualquerdiferença, de vez que a renda familiar e a necessidade em ambos os casos são as mesmas.

Acresce a isso, não se coaduna com princípio da razoabilidade (art. 29 da Lei nº 9.784/1999) que o percipiente de benefíciode natureza previdenciária e que, portanto, verteu contribuições para o Sistema encontre-se em situação jurídicadesfavorável em relação àquele que provavelmente não as efetuou, como é o caso do beneficiário da Lei Orgânica daAssistencial Social. Tais distorções da arquitetura legislativa com efeito ensejam reparação nos casos concretos – semdesbordar dos limites jurídicos instituídos -, traduzindo o exercício típico da função jurisdicional.

Nessa linha, nenhuma afronta há ao protoprincípio da separação dos poderes, mesmo porque tal princípio, longe derepresentar uma “rigidez dogmática”, deve ser interpretado à luz dos propósitos que o animaram, isto é, em consonânciacom a efetividade dos direitos fundamentais. No que tange à regra da contrapartida, a seu turno, releva destacar -conquanto importante à solvabilidade do Sistema Previdenciário - deve ser mantida sem um mínimo de aviltamento dadignidade humana, sendo passível, tal como os princípios, de harmonização com outros ideais inseridos no contextoconstitucional como método contraceptivo à desigualdade e fomentador da distribuição de renda.

Verificada a lacuna e a identidade das razões jurídicas, resta saber se subsume o caso concreto, em seus contornosessenciais, à situação hipotética do parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso. Tenha-se como norte para o uso daanalogia que o benefício previdenciário deve ser auferido (i) à semelhança do BPC em valor mínimo e (ii) por pessoa dogrupo familiar com 65 anos de idade ou mais.

Nesse mesmo rumo, a jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização:

PREVIDENCIÁRIO. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. ART. 34 DO ESTATUTO DO IDOSO(LEI Nº. 70.741/2003). APLICAÇÃO ANALÓGICA A BENEFÍCIO DE IDOSO. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DE VALORMÍNIMO RECEBIDO POR IDOSO DO GRUPO FAMILIAR. EXCLUSÃO DA RENDA DO GRUPO FAMILIAR PARA FINS DEBENEFÍCIO ASSISTENCIAL. 1. Para fins de concessão de benefício assistencial à pessoa idosa, o disposo no parágrafoúnico do art. 34 do Estatuto do Idoso (Lei nº. 70.741/2003) aplica-se por analogia para a exclusão de um benefícioprevidenciário de valor mínimo recebido por membro idoso do grupo familiar, o qual também fica excluído do grupo parafins de cálculo da renda familiar per capta. 2. A interpretação abrigada no acórdão de origem já observa o entendimentodesta Turma, autorizando a aplicação da questão de ordem nº 13, o que leva ao não conhecimento do incidente. 2. Pedido

�de uniformização não conhecido. (PEDIDO 200772520024887, JUÍZA FEDERAL ROSANA NOYA WEIBEL KAUFMANN,DOU 13/05/2011 SEÇÃO 1.)

No caso em apreço, o esposo da recorrida efetivamente recebe benefício previdenciário no valor mínimo (fl. 11) e contacom idade superior a 65 anos (77 anos à época do relatório social - 20.08.2011), enquadrando-se, portanto, no mínimoetário exigido pela legislação. Logo, em relação a ele é possível a aplicação analógica do parágrafo único do art. 34 doEstatuto do Idoso.

Com a exclusão dos valores atinentes aos proventos de aposentadoria por idade recebidos pelo esposo da recorrida arenda familiar passa a ser nula, o que atrai o deferimento do benefício assistencial ora pleiteado.

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10%sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa

Page 57: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

39 - 0000107-42.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000107-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JAILTON AUGUSTO FERNANDES.) x LUZIA MARIA DE JESUS MENEGUSSI(ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.).Processo n.º 0000107-42.2011.4.02.5052/01 – Juízo de Origem: 1ª VF São MateusRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : LUZIA MARIA DE JESUS MENEGUSSIRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ESTATUTODO IDOSO. EQUIVALÊNCIA ENTRE O CASO CONCRETO E A SITUAÇÃO HIPOTÉTICA DA LEI. REQUISITOSPREENCHIDOS. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo Instituto Nacional de Seguro Social – INSS às fls. 47-54, em razão de sentença(fls. 37-40) que julgou procedente o pedido de concessão do Benefício de Prestação Continuada – BPC ao idoso previstono art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS). Sustenta o recorrente, em resumo, que oparágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso é claro ao estabelecer que não será computado para os fins do cálculo darenda familiar somente o benefício assistencial concedido a qualquer de seus membros. Aduz que se o legislador quisesseexcluir de tal cálculo o valor referente a quaisquer outros benefícios, a exemplo dos previdenciários, teria assentado adiretriz de forma expressa. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedidodeduzido na inicial.

As contrarrazões encontram-se nas fls. 61-62.

Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), com aredação conferida pela Lei nº 12.435, em vigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011), obenefício assistencial de prestação continuada corresponde à garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa comdeficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover aprópria manutenção nem tê-la provida por sua família. Para os efeitos de aplicação do citado dispositivo, a família serácomposta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, osirmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (§1º).

Consigne-se, anteriormente à alteração promovida pela Lei nº 12.435/2011 a definição de família pela LOAS estavacondicionada ao art. 16 da Lei nº 8.213/1991. Tal preceptivo elenca como dependentes do segurado: (i) o cônjuge, acompanheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido; e(ii) o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido.

�Por sua vez, na esteira do novel § 2º, introduzido pela Lei nº 12.470/2011 e extraído mutatis mutandis da Convenção sobre�Direitos das Pessoas com Deficiência da Organização das Nações Unidas - ONU , considera-se pessoa com deficiência

aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interaçãocom diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com asdemais pessoas; e, na forma do §3º, incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família cujarenda mensal per capita seja inferior a ¼ (um quarto) do salário-mínimo.

Interessante registrar, nessa linha, a supressão da expressão “para a vida independente e para o trabalho”, constante do�extinto inciso II do §2º do art. 20 . Com efeito, doravante considera-se impedimento de longo prazo, para os fins do

parágrafo 2º, acima epigrafado, apenas aquele que produza efeitos pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos (§ 10), restando, àevidência, revogado o requisito da dupla incapacidade.

A bem de ver, a revogação da dupla incapacidade veio ao encontro da jurisprudência sumulada da Turma Nacional deUniformização - TNU assente em que: “para os efeitos do art. 20, §2º, da Lei nº 8.742, de 1993, incapacidade para a vidaindependente não é só aquela que impede as atividades mais elementares da pessoa, mas também a impossibilita deprover ao próprio sustento” (verbete nº 29), subtraindo da ordem jurídica a tênue linha que extremava aquela primeira daincapacidade para o trabalho.

Importa realçar, arrematando a parte introdutória da exposição, que nenhum óbice se coloca à aplicação das inovaçõestrazidas pelas Leis nº 12.435/2011 e nº 12.470/2011 aos casos em que o requerimento administrativo é anterior à suaentrada em vigor, desde que mais benéficas à parte requerente e modulados, em abono do princípio tempus regit actum, os

Page 58: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

efeitos financeiros da condenação para a data da publicação das respectivas Leis, 7.7.2011 ou 1.9.2011, na ordem,conforme se tenham por implementados os requisitos para a concessão do benefício assistencial com supedâneo em umaou outra.

Lançadas as premissas, registre-se, a controvérsia diz com o requisito atinente à renda per capita, especificamente se épossível ou não a aplicação analógica do parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) de modo queo valor do benefício previdenciário auferido por qualquer membro idoso da família, no patamar mínimo, também sejaexcluído do cômputo da renda familiar.

Antes de ingressar na análise de mérito, convém sumariar o teor do relatório social de fls. 14-15. No que tange àcomposição familiar, consta a informação de que a recorrida (65 anos; do lar) reside com o esposo, Sr. Adelino LourençoMenegussi, com 82 anos de idade à época da feitura do relatório (19.09.2011). Por sua vez, tem-se que a renda familiaradvém da aposentadoria por invalidez auferida pelo cônjuge da recorrida, no importe de R$ 545,00 (quinhentos e quarentae cinco reais – fl. 14).

Não foram informados gastos com despesas ordinárias e extraordinárias; à exceção de alguns medicamentos de usocontínuo, comprados pela família para não interromper o tratamento (fl. 14).

Nesse passo, quadra realçar que a recorrida realiza tratamento para menopausa e catarata, ao amparo do Sistema Únicode Saúde – SUS. Doutro vértice, seu esposo “realizou cirurgia de próstata, de catarata e possui deficiência auditiva, sendoassistido através do Sistema Único de Saúde – SUS, municipal, na Unidade Básica do bairro Porto, para controle dedoenças onde recebe o medicamento quando necessário” (fl. 15).

Consignou a assistente social, ademais, que “o casal para terem acesso aos serviços de saúde fica hospedado naresidência da filha, Sra. Claudineia, no bairro porto, já que na região onde residem não possui Unidade de Saúde e nemtransporte público, para chegarem à cidade necessitam caminhar muitas horas, pois, não possuem meio de transporteparticular.” (fl. 15)

Averbe-se, outrossim, a casa onde reside a família é própria, de alvenaria, coberta com telha, possui instalações elétrica ehidráulica; é constituída por quatro cômodos (dois quartos, sala e cozinha), área de serviço e banheiro. Ademais, a famílianão é assistida por nenhum programa assistencial do governo (fl. 14).

Como se vê, do cotejo entre o montante da renda familiar (R$ 545,00) e a composição legal da família (recorrida e esposo)resulta que objetivamente não foi preenchido o requisito atinente à renda per capita inferior a ¼ do salário mínimo (renda

� �per capita = R$ 272,50 ; ¼ do salário mínimo = R$ 136,25 ).

Descortina-se no horizonte do autora/recorrida, entretanto, a possibilidade de aplicação analógica do parágrafo único do art.34 do Estatuto do Idoso, se e somente se presentes os elementos constitutivos relacionados como causa eficiente de suaincidência, vale dizer, a existência de (i) lacuna normativa; (ii) identidade de razão jurídica entre o caso não previsto e

�aquele semelhante estabelecido por lei, pois que todo Sistema exige um mínimo de coerência ; e (iii) equivalênciafático-jurídica entre o caso concreto e a situação hipotética da lei.

Vejamos o que dispõe o caput do artigo 34 do Estatuto e seu parágrafo único:

“Art. 34. Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, que não possuam meios para prover sua subsistência, nem detê-la provida por sua família, é assegurado o benefício mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos termos da Lei Orgânica daAssistência Social – Loas.Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer membro da família nos termos do caput não será computado para osfins do cálculo da renda familiar per capita a que se refere a Loas.” (grifei)

Verifica-se, portanto, a rigor da redação e ao ângulo de quem pleiteia o BPC, que somente o benefício assistencialconcedido a outro membro idoso da família (a partir de 65 anos) será excluído do cálculo da renda familiar per capita. Logo,não previu a lei a exclusão de benefício previdenciário.

Ocorre que o silêncio da lei, neste específico contexto, não se afina com o chamado “silêncio eloqüente”, entendido como aomissão intencional e peremptória, mas, muito ao revés, evidencia uma lacuna normativo-axiológica, carente de colmataçãopelos órgãos constitucionalmente investidos nesse mister.

Isso porque a tábua de valores assentados constitucionalmente, da qual é expoente de relevo o fundamento da dignidadeda pessoa humana (Constituição da República, inciso III do art. 1º), não tolera que situações de premência no campo dadignidade e sobrevivência sejam tratadas de maneira díspare quando verificada a identidade das razões jurídicasfundantes, neste caso consubstanciadas na garantia de um patamar digno existencial àqueles que se encontrem na faixada “renda per capita inferior a ¼ do salário mínimo vigente”. Em outras palavras, substancialmente não há qualquerdiferença, de vez que a renda familiar e a necessidade em ambos os casos são as mesmas.

Acresce a isso, não se coaduna com princípio da razoabilidade (art. 29 da Lei nº 9.784/1999) que o percipiente de benefíciode natureza previdenciária e que, portanto, verteu contribuições para o Sistema encontre-se em situação jurídica

Page 59: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

desfavorável em relação àquele que provavelmente não as efetuou, como é o caso do beneficiário da Lei Orgânica daAssistencial Social. Tais distorções da arquitetura legislativa com efeito ensejam reparação nos casos concretos –semdesbordar dos limites jurídicos instituídos -, traduzindo o exercício típico da função jurisdicional.

Nessa linha, nenhuma afronta há ao protoprincípio da separação dos poderes, mesmo porque tal princípio, longe derepresentar uma “rigidez dogmática”, deve ser interpretado à luz dos propósitos que o animaram, isto é, em consonânciacom a efetividade dos direitos fundamentais. No que tange à regra da contrapartida, a seu turno, releva destacar -conquanto importante à solvabilidade do Sistema Previdenciário - deve ser mantida sem um mínimo de aviltamento dadignidade humana, sendo passível, tal como os princípios, de harmonização com outros ideais inseridos no contextoconstitucional como método contraceptivo à desigualdade e fomentador da distribuição de renda.

Verificada a lacuna e a identidade das razões jurídicas, resta saber se subsume o caso concreto, em seus contornosessenciais, à situação hipotética do parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso. Tenha-se como norte para o uso daanalogia que o benefício previdenciário deve ser auferido (i) à semelhança do BPC em valor mínimo e (ii) por pessoa dogrupo familiar com 65 anos de idade ou mais.

Nesse mesmo rumo, a jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização:

PREVIDENCIÁRIO. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. ART. 34 DO ESTATUTO DO IDOSO(LEI Nº. 70.741/2003). APLICAÇÃO ANALÓGICA A BENEFÍCIO DE IDOSO. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DE VALORMÍNIMO RECEBIDO POR IDOSO DO GRUPO FAMILIAR. EXCLUSÃO DA RENDA DO GRUPO FAMILIAR PARA FINS DEBENEFÍCIO ASSISTENCIAL. 1. Para fins de concessão de benefício assistencial à pessoa idosa, o disposo no parágrafoúnico do art. 34 do Estatuto do Idoso (Lei nº. 70.741/2003) aplica-se por analogia para a exclusão de um benefícioprevidenciário de valor mínimo recebido por membro idoso do grupo familiar, o qual também fica excluído do grupo parafins de cálculo da renda familiar per capta. 2. A interpretação abrigada no acórdão de origem já observa o entendimentodesta Turma, autorizando a aplicação da questão de ordem nº 13, o que leva ao não conhecimento do incidente. 2. Pedido

�de uniformização não conhecido. (PEDIDO 200772520024887, JUÍZA FEDERAL ROSANA NOYA WEIBEL KAUFMANN,DOU 13/05/2011 SEÇÃO 1.)

No caso em apreço, o esposo da recorrida efetivamente recebe benefício previdenciário no valor mínimo (fl. 06) e contacom idade superior a 65 anos (82 anos à época do relatório social - 19.09.2011), enquadrando-se, portanto, no mínimoetário exigido pela legislação. Logo, em relação a ele é possível a aplicação analógica do parágrafo único do art. 34 doEstatuto do Idoso.

Com a exclusão dos valores atinentes aos proventos de aposentadoria por invalidez recebidos pelo esposo da recorrida arenda familiar passa a ser nula, o que atrai o deferimento do benefício assistencial ora pleiteado.

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10%sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João Andrade

Page 60: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

Juiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

40 - 0000888-27.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000888-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ATANAILTON ALVES DEJESUS SOUZA (ADVOGADO: MARCOS ROGERIO FERREIRA PATRICIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).Processo nº 0000888-27.2012.4.02.5053/01 – Juízo de Origem: 1ª VF de LinharesRecorrente: ATANAILTON ALVES DE JESUS SOUZARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTARECURSO INOMINADO. REVISÃO. INTERESSE DE AGIR VERIFICADO. INEXISTE ÓBICE À APRECIAÇÃO DAMATÉRIA DE FUNDO, ANTE O IMPLEMENTO SUPERVENIENTE DA CONDIÇÃO DA AÇÃO FALTANTE NO PROCESSOPRIMITIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ACORDO. PROJEÇÃO NACIONAL. CITAÇÃO. AUSÊNCIA. RECURSO CONHECIDOE, NO MÉRITO, PROVIDO. SENTENÇA ANULADA.

Este recurso inominado foi interposto pelo autor às fls. 27-33, em razão de sentença (fl. 24) que julgou o feito extinto semresolução de mérito, nos termos do art. 267, inciso V, do Código de Processo Civil - CPC. Sustenta o recorrente, emresumo, que a ação anteriormente proposta, tombada sob o nº 0000314-04.2012.4.02.5053, foi extinta por falta de interessede agir, tendo em vista que a revisão dos benefícios será realizada administrativamente, nos termos doMemorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15 de abril de 2010. Assevera que na hipótese de não haverresolução de mérito a sentença não faz coisa julgada material, de modo que a ação poderá ser reproposta, salvo se extintapor reconhecimento de perempção, litispendência ou coisa julgada; o que não foi o caso. Aponta jurisprudência do SuperiorTribunal de Justiça, assente sobre a desnecessidade de prévio requerimento administrativo em se tratando de pleitos denatureza previdenciária.Anota que nos autos da Ação Civil Pública - ACP nº 0002320-59.2012.403.6183, ajuizada perante a 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo, foi deferida liminar para que o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS efetuasse a revisãodos benefícios de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e pensões decorrentes, concedidas com base nos Decretosnº 3.265/1999 e nº 5.545/2005, entre 1999 e 2009. Contudo, o INSS recorreu da decisão afirmando que não teria condiçõesde cumpri-la, sob pena de prejuízo aos seus cofres. Em prosseguimento, em 10.8.2012, foi noticiado acordo entre oSindicato, Procuradoria e INSS quanto ao procedimento de revisão e pagamento dos benefícios calculados com equívoco;conforme divulgado na mídia, a maioria dos segurados prejudicados pelo erro da Previdência receberá a revisão somente apartir de 2019. Por esses motivos e, alega, diante da incerteza em relação ao regular processamento da revisão, requerseja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial.Não foram apresentadas contrarrazões.Em obséquio à clareza e à contextualização deste feito, consigne-se, em súmula estrita, a causa de pedir e o desfecho daação primitiva. Cuida-se de revisão da renda mensal de benefício previdenciário por incapacidade/pensões decorrentes,nos termos do inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, esquadro de novos parâmetros para o cálculo do salário debenefício, cuja base passou a assentar na média aritmética simples dos maiores salários de contribuição correspondentes a80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo; julgada extinta sem resolução de mérito, por ausência de interessede agir, nos termos do art. 267, inciso VI, do Código de Processo Civil – CPC.A sentença de primeiro grau acha-se assim redigida, verbis:“Trata-se de pedido de revisão de benefício previdenciário, nos termos do art. 29,II, da lei 8213/91.

À fl. 21, surgiu informação dando conta da existência de outro processo, nº 0000314-04.2012.4.02.5053, com identidade departes e pedido, já tendo, inclusive, sido proferida sentença, a qual julgou o feito extinto, sem resolução do mérito, ante afalta de interesse processual, uma vez que a revisão pretendida está sendo feita administrativamente.

Analisando os autos, verifico a configuração da coisa julgada, enquanto pressuposto processual negativo, que se delineiacom a tríplice identidade dos elementos das ações (art. 301, § 2º, CPC); não há fatos novos ou supervenientes quemodifiquem a causa de pedir.

Assim, em razão da existência de outro processo, com mesmas partes, pedidos e causa de pedir, o presente feito deve serextinto.

Dispositivo

Isto posto, JULGO O FEITO EXTINTO sem resolução de mérito, nos termos do art. 267, V, do CPC, em razão da coisajulgada.”

O recorrente opõe a objeção de que não houve coisa julgada material na ação de nº 0000314-04.2012.4.02.5053, motivopela qual não há impedimento à sua repropositura. Assinala que somente nas hipóteses de perempção, litispendência oucoisa julgada material a ação não pode ser reproposta.Extrai-se de tal objeção a seguinte racionalidade:Somente quando verificada a existência de coisa julgada material ou nas demais hipóteses do inciso V do art. 267 do CPC

Page 61: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

há impedimento à repropositura da ação.Não houve coisa julgada material neste caso nem se trata de perempção ou litispendência (inciso V do citado preceptivo),verificando-se tão somente a ocorrência de coisa julgada formal.Logo, não há impedimento à repropositura da ação.

Não é bem assim. Tal raciocínio parte da premissa equivocada de que somente as hipóteses de coisa julgada material,perempção ou litispendência consubstanciam fator impediente à nova propositura da ação.De ordinário, a definição de coisa julgada formal tem sido abordada pela doutrina da seguinte forma:“a imutabilidade da sentença como ato jurídico processual. Consiste no impedimento de qualquer recurso ou expedienteprocessual destinado a impugná-la, de modo que, naquele processo, nenhum outro julgamento se fará. No processo emque se deu a coisa julgada formal, o ato jurídico sentença é representado pela sentença ou acórdão que, por não comportarrecurso algum, haja transitado em julgado (CPC, art. 467). A coisa julgada formal é um dos dois aspectos do instituto dacoisa julgada e opera exclusivamente no interior do processo em que se situa a sentença sujeita a ela. Tem, portanto, uma

�feição e uma missão puramente técnico-processuais” . (grifei)“A coisa julgada formal, porém, só é capaz de pôr termo ao processo, impedindo que se reabra a discussão acerca doobjeto do processo no mesmo feito. A mera existência de coisa julgada formal é incapaz de impedir que tal discussão

�ressurja em outro processo” . (grifei)Sem embargo dos respeitáveis entendimentos, despontam no panorama doutrinário novas abordagens lançando luzessobre a compreensão do tema – projeção de efeitos da coisa julgada nas sentenças meramente terminativas -,observando-se hipóteses em que a repropositura da ação não é admitida de forma automática, de per se. Significa dizer,por outras palavras, que mesmo as sentenças proferidas sem resolução de mérito – de parte as hipóteses elencadas noinciso V do art. 267 do CPC – são aptas a projetar efeitos exógenos (para fora do processo), enquanto não implementadosos requisitos faltantes, entendidos como aqueles que ensejaram a própria extinção.

�Confira-se, nessa linha, lição de Nelson Nery Junior e Maria de Andrade Nery :Repropositura da ação. Como a sentença de extinção do processo sem resolução do mérito (CPC 267) não faz coisajulgada material, a lide objeto daquele processo não foi julgada, razão pela qual pode ser reproposta a ação. A repropositurada ação não é admitida de forma automática, devendo implementar-se o requisito faltante que ocasionou a extinção doprocesso. Por exemplo: processo extinto por ilegitimidade de parte somente admite repropositura se sobrevier circunstânciaque implemente essa condição faltante no processo anterior. Do contrário, a repropositura pura e simples, sem essaobservância, acarretaria nova extinção do processo sem resolução do mérito por falta de interesse processual (CPC, 267VI).Ressai claro do excerto acima transcrito que não apenas as hipóteses de coisa julgada material, perempção oulitispendência constituem fator impediente à reprositura da ação, como também aquelas de extinção do processo semresolução de mérito em relação às quais não se tenha implementado o requisito que a determinou. Por isso equivocadas asrazões fundantes do recurso.Tenha-se presente, em abono da melhor exegese, que no art. 268 do CPC (“salvo o disposto no art. 267, V, a extinção doprocesso não obsta a que o autor intente de novo a ação [...]”), encontram-se implicitamente encartadas tais considerações,isto é, nada obsta que o autor intente de novo a ação, desde que por óbvio implementados os requisitos que determinarama extinção do processo sem resolução de mérito.Neste específico e concreto contexto, o processo primitivo (0000314-04.2012.4.02.5053) foi extinto por falta de interesse deagir, elemento que de par com a legitimidade ad causam e possibilidade jurídica do pedido compõe a trilogia das condiçõesda ação, relacionada no inciso VI do art. 267 do CPC.Assim, razão acudirá ao recorrente se e somente se verificada a superveniência de interesse processual em virtude damodificação do substrato fático subjacente, porquanto foi a ausência desse requisito o motivo determinante da extinção doprocesso.Nesse passo, o recorrente invoca a existência de acordo entabulado entre os autores (Ministério Público Federal e SindicatoNacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical) e o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, naAção Civil Pública - ACP nº 0002320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, jáhomologado por sentença, mediante o qual a revisão dos benefícios de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e aspensões deles decorrentes, concedidos no período de 1999 e 2009, deverá observar certo cronograma para o pagamentodos valores atrasados; de modo que “a maioria dos segurados prejudicados pelo erro da Previdência receberá a revisãosomente a partir de 2019”, conforme as razões do recurso.Em relação a tais fatos, assim me pronunciei quando da primeira inclusão em pauta (28.11.2012):“Não obstante e sem embargo da novidade inaugurada em sede recursal, não se sabe a respeito (i) da veracidade de talacordo (não foi coligido ao recurso nenhum elemento de prova, apenas ventilada a sua existência) ou (ii) dos termos emque entabulado, sendo mesmo desarrazoado tomá-lo como suficiente à caracterização do interesse processual. E, aindaque assim não fosse, nos estritos termos da disposição contida no art. 16 da Lei nº 7.347/1985, que disciplina a Ação CivilPública - ACP, a sentença civil – no caso, homologatória de acordo – fará coisa julgada erga omnes, nos limites dacompetência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas”.De forma que: “em tese, eventual sorte da Ação Civil Pública ajuizada em São Paulo irradia efeitos (eficácia) somente nosseus limites territoriais, não interferindo no procedimento revisional adotado nas agências previdenciárias de outrosEstados”.Contudo, à vista de que (a) o prazo para contrarrazões ao recurso inominado transcorreu in albis, donde o INSSefetivamente obteve ciência do fato novo e não o impugnou, restando incontroverso; (b) os fatos notórios ou mesmoincontroversos não dependem de prova (incisos I e III do art. 334 do Código de Processo Civil); (c) a decisão que antecipouos efeitos da tutela na referida Ação Civil Pública nº 0002320-59.2012.403.6183 foi proferida com abrangência em todo o

�território nacional , pelo que afastada a incidência do art. 16 da Lei nº 7.247/1985; (d) o acordo firmado supervenientemente�entre a parte autora e o INSS foi homologado por sentença , presumindo-se sua extensão também em todo o território

Page 62: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

(após o trânsito em julgado), até porque motivado pelo impacto nacional do passivo gerado pela revisão, algo na ordem de�R$ 6,0 (seis) bilhões, consoante cálculos do INSS, datados de agosto de 2012 ; e (e) o pagamento foi escalonado durante

o período de 10 (dez) anos, segundo cronograma resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional, executado na formaprevista no Ofício Conjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF; refleti melhor e passo a adotar o entendimento de queimplementado, sim, supervenientemente, o requisito faltante não ação tombada sob o nº 0000314-04.2012.4.02.5053, qualo interesse de agir.De fato, consoante os dados do citado Ofício Conjunto, o pagamento seguirá as diretrizes abaixo:segurados ou dependentes com benefícios ativos e com 60 anos ou mais: pagamento a ser feito em 2013;segurados ou dependentes com benefícios ativos, idade de 46 a 59 anos, e montante atrasado de até R$ 6 mil: pagamentoem 2014;segurados ou dependentes com benefícios ativos, idade de 46 a 59 anos, e montante atrasado de R$ 6 mil até R$ 19 mil:pagamento a ser feito em 2015;segurados ou dependentes com benefícios ativos, idade de 46 a 59 anos, e montante atrasado acima de R$ 19 mil:pagamento a ser feito em 2016;segurados ou dependentes com benefícios ativos, idade de até 45 anos, e valores atrasados de até R$ 6 mil: pagamentoem 2016;segurados ou dependentes com benefícios ativos com idade de até 45 anos, e montante atrasado de R$ 6 mil até R$ 15mil: pagamento em 2017;segurados ou dependentes com benefícios ativos, idade de até 45 anos, e montante atrasado acima de R$ 15 mil:pagamento em 2018;segurados com benefícios cessados/suspensos, e com 60 anos ou mais: pagamento em 2019;segurados com benefícios cessados/suspensos, e idade de 46 anos a 59 anos: pagamento em 2020;segurados com benefícios cessados/suspensos, com idade de até 45 e valores atrasados de até R$ 6 mil:pagamento em2021;segurados com benefícios cessados/suspensos, com idade de até 45 anos e valores atrasados acima de R$ 6 mil:pagamento em 2022.

O cronograma prioriza o pagamento para benefícios ativos e beneficiários idosos, não sendo admitida a antecipação,exceto para aqueles titulares de benefício que estejam acometidos de neoplasia maligna, doença terminal, ou portadores dovírus HIV, ou, ainda, cujos parentes das categorias descritas nos incisos I a III do art. 16 da Lei nº 8.213/1991 encontrem-seem uma destas situações. Desse contexto nasce o interesse processual do recorrente o qual opõe-se a esseescalonamento.Noutro ângulo, inexiste óbice processual ao exercício da continuidade do direito de ação individual ante a inexistência delitispendência entre as demandas, consoante a regra do art. 104 do Código de Defesa do consumidor (Precedentes: REsp1243887; REsp 1247150) e o inequívoco intuito de não se sujeitar aos efeitos da coisa julgada da ação coletiva em tela.Portanto, considerando que o processo não está apto ao imediato julgamento (princípio da causa madura), vez queproferida sentença sem a citação do INSS (fl. 24), voto para anular a sentença; e outra ser proferida com exame do mérito.Recurso conhecido e provido. Sentença anulada.Sem condenação em custas e honorários advocatícios, ante o disposto no art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele dar provimento, para anular a sentença,na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele dar provimento, para anular a sentença,na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

41 - 0000896-04.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000896-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) OLIVIA MARIA FERRARI DE

Page 63: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

ALCANTARA (ADVOGADO: MARCOS ROGERIO FERREIRA PATRICIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).Processo nº 0000896-04.2012.4.02.5053/01 – Juízo de Origem: 1ª VF de LinharesRecorrente: OLIVIA MARIA FERRARI DE ALCANTARARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTARECURSO INOMINADO. REVISÃO. INTERESSE DE AGIR VERIFICADO. INEXISTE ÓBICE À APRECIAÇÃO DAMATÉRIA DE FUNDO, ANTE O IMPLEMENTO SUPERVENIENTE DA CONDIÇÃO DA AÇÃO FALTANTE NO PROCESSOPRIMITIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ACORDO. PROJEÇÃO NACIONAL. CITAÇÃO. AUSÊNCIA. RECURSO CONHECIDOE, NO MÉRITO, PROVIDO. SENTENÇA ANULADA.

Este recurso inominado foi interposto pela autora às fls. 27-33, em razão de sentença (fls. 24-25) que julgou o feito extintosem resolução de mérito, nos termos do art. 267, inciso V, do Código de Processo Civil - CPC. Sustenta a recorrente, emresumo, que a ação anteriormente proposta, tombada sob o nº 0000456-08.2012.4.02.5053, foi extinta por falta de interessede agir, tendo em vista que a revisão dos benefícios será realizada administrativamente, nos termos doMemorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15 de abril de 2010. Assevera que na hipótese de não haverresolução de mérito a sentença não faz coisa julgada material, de modo que a ação poderá ser reproposta, salvo se extintapor reconhecimento de perempção, litispendência ou coisa julgada; o que não foi o caso. Aponta jurisprudência do SuperiorTribunal de Justiça, assente sobre a desnecessidade de prévio requerimento administrativo em se tratando de pleitos denatureza previdenciária.Anota que nos autos da Ação Civil Pública - ACP nº 0002320-59.2012.403.6183, ajuizada perante a 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo, foi deferida liminar para que o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS efetuasse a revisãodos benefícios de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e pensões decorrentes, concedidas com base nos Decretosnº 3.265/1999 e nº 5.545/2005, entre 1999 e 2009. Contudo, o INSS recorreu da decisão afirmando que não teria condiçõesde cumpri-la, sob pena de prejuízo aos seus cofres. Em prosseguimento, em 10.8.2012, foi noticiado acordo entre oSindicato, Procuradoria e INSS quanto ao procedimento de revisão e pagamento dos benefícios calculados com equívoco;conforme divulgado na mídia, a maioria dos segurados prejudicados pelo erro da Previdência receberá a revisão somente apartir de 2019. Por esses motivos e, alega, diante da incerteza em relação ao regular processamento da revisão, requerseja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial.Não foram apresentadas contrarrazões.Em obséquio à clareza e à contextualização deste feito, consigne-se, em súmula estrita, a causa de pedir e o desfecho daação primitiva. Cuida-se de revisão da renda mensal de benefício previdenciário por incapacidade/pensões decorrentes,nos termos do inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, esquadro de novos parâmetros para o cálculo do salário debenefício, cuja base passou a assentar na média aritmética simples dos maiores salários de contribuição correspondentes a80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo; julgada extinta sem resolução de mérito, por ausência de interessede agir, nos termos do art. 267, inciso VI, do Código de Processo Civil – CPC.A sentença de primeiro grau acha-se assim redigida, verbis:“Trata-se de pedido de revisão de benefício previdenciário, nos termos do art. 29,II, da lei 8213/91.

À fl. 22, surgiu informação dando conta da existência de outro processo, nº 0000456-08.2012.4.02.5053, com identidade departes e pedido, já tendo, inclusive, sido proferida sentença, a qual julgou o feito extinto, sem resolução do mérito, ante afalta de interesse processual, uma vez que a revisão pretendida está sendo feita administrativamente.

Analisando os autos, verifico a configuração da coisa julgada, enquanto pressuposto processual negativo, que se delineiacom a tríplice identidade dos elementos das ações (art. 301, § 2º, CPC); não há fatos novos ou supervenientes quemodifiquem a causa de pedir.

Assim, em razão da existência de outro processo, com mesmas partes, pedidos ecausa de pedir, o presente feito deve ser extinto.

Dispositivo

Isto posto, JULGO O FEITO EXTINTO sem resolução de mérito, nos termos do art. 267, V, do CPC, em razão da coisajulgada.”

A recorrente opõe a objeção de que não houve coisa julgada material na ação de nº 0000456-08.2012.4.02.5053, motivopela qual não há impedimento à sua repropositura. Assinala que somente nas hipóteses de perempção, litispendência oucoisa julgada material a ação não pode ser reproposta.Extrai-se de tal objeção a seguinte racionalidade:Somente quando verificada a existência de coisa julgada material ou nas demais hipóteses do inciso V do art. 267 do CPChá impedimento à repropositura da ação.Não houve coisa julgada material neste caso nem se trata de perempção ou litispendência (inciso V do citado preceptivo),verificando-se tão somente a ocorrência de coisa julgada formal.

Page 64: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

Logo, não há impedimento à repropositura da ação.

Não é bem assim. Tal raciocínio parte da premissa equivocada de que somente as hipóteses de coisa julgada material,perempção ou litispendência consubstanciam fator impediente à nova propositura da ação.De ordinário, a definição de coisa julgada formal tem sido abordada pela doutrina da seguinte forma:“a imutabilidade da sentença como ato jurídico processual. Consiste no impedimento de qualquer recurso ou expedienteprocessual destinado a impugná-la, de modo que, naquele processo, nenhum outro julgamento se fará. No processo emque se deu a coisa julgada formal, o ato jurídico sentença é representado pela sentença ou acórdão que, por não comportarrecurso algum, haja transitado em julgado (CPC, art. 467). A coisa julgada formal é um dos dois aspectos do instituto dacoisa julgada e opera exclusivamente no interior do processo em que se situa a sentença sujeita a ela. Tem, portanto, uma

�feição e uma missão puramente técnico-processuais” . (grifei)“A coisa julgada formal, porém, só é capaz de pôr termo ao processo, impedindo que se reabra a discussão acerca doobjeto do processo no mesmo feito. A mera existência de coisa julgada formal é incapaz de impedir que tal discussão

�ressurja em outro processo” . (grifei)Sem embargo dos respeitáveis entendimentos, despontam no panorama doutrinário novas abordagens lançando luzessobre a compreensão do tema – projeção de efeitos da coisa julgada nas sentenças meramente terminativas -,observando-se hipóteses em que a repropositura da ação não é admitida de forma automática, de per se. Significa dizer,por outras palavras, que mesmo as sentenças proferidas sem resolução de mérito – de parte as hipóteses elencadas noinciso V do art. 267 do CPC – são aptas a projetar efeitos exógenos (para fora do processo), enquanto não implementadosos requisitos faltantes, entendidos como aqueles que ensejaram a própria extinção.

�Confira-se, nessa linha, lição de Nelson Nery Junior e Maria de Andrade Nery :Repropositura da ação. Como a sentença de extinção do processo sem resolução do mérito (CPC 267) não faz coisajulgada material, a lide objeto daquele processo não foi julgada, razão pela qual pode ser reproposta a ação. A repropositurada ação não é admitida de forma automática, devendo implementar-se o requisito faltante que ocasionou a extinção doprocesso. Por exemplo: processo extinto por ilegitimidade de parte somente admite repropositura se sobrevier circunstânciaque implemente essa condição faltante no processo anterior. Do contrário, a repropositura pura e simples, sem essaobservância, acarretaria nova extinção do processo sem resolução do mérito por falta de interesse processual (CPC, 267VI).Ressai claro do excerto acima transcrito que não apenas as hipóteses de coisa julgada material, perempção oulitispendência constituem fator impediente à reprositura da ação, como também aquelas de extinção do processo semresolução de mérito em relação às quais não se tenha implementado o requisito que a determinou. Por isso equivocadas asrazões fundantes do recurso.Tenha-se presente, em abono da melhor exegese, que no art. 268 do CPC (“salvo o disposto no art. 267, V, a extinção doprocesso não obsta a que o autor intente de novo a ação [...]”), encontram-se implicitamente encartadas tais considerações,isto é, nada obsta que o autor intente de novo a ação, desde que por óbvio implementados os requisitos que determinarama extinção do processo sem resolução de mérito.Neste específico e concreto contexto, o processo primitivo (0000456-08.2012.4.02.5053) foi extinto por falta de interesse deagir, elemento que de par com a legitimidade ad causam e possibilidade jurídica do pedido compõe a trilogia das condiçõesda ação, relacionada no inciso VI do art. 267 do CPC.Assim, razão acudirá a recorrente se e somente se verificada a superveniência de interesse processual em virtude damodificação do substrato fático subjacente, porquanto foi a ausência desse requisito o motivo determinante da extinção doprocesso.Nesse passo, a recorrente invoca a existência de acordo entabulado entre os autores (Ministério Público Federal e SindicatoNacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical) e o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, naAção Civil Pública - ACP nº 0002320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, jáhomologado por sentença, mediante o qual a revisão dos benefícios de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e aspensões deles decorrentes, concedidos no período de 1999 e 2009, deverá observar certo cronograma para o pagamentodos valores atrasados; de modo que “a maioria dos segurados prejudicados pelo erro da Previdência receberá a revisãosomente a partir de 2019”, conforme as razões do recurso.Em relação a tais fatos, assim me pronunciei quando da primeira inclusão em pauta (28.11.2012):“Não obstante e sem embargo da novidade inaugurada em sede recursal, não se sabe a respeito (i) da veracidade de talacordo (não foi coligido ao recurso nenhum elemento de prova, apenas ventilada a sua existência) ou (ii) dos termos emque entabulado, sendo mesmo desarrazoado tomá-lo como suficiente à caracterização do interesse processual. E, aindaque assim não fosse, nos estritos termos da disposição contida no art. 16 da Lei nº 7.347/1985, que disciplina a Ação CivilPública - ACP, a sentença civil – no caso, homologatória de acordo – fará coisa julgada erga omnes, nos limites dacompetência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas”.De forma que: “em tese, eventual sorte da Ação Civil Pública ajuizada em São Paulo irradia efeitos (eficácia) somente nosseus limites territoriais, não interferindo no procedimento revisional adotado nas agências previdenciárias de outrosEstados”.Contudo, à vista de que (a) o prazo para contrarrazões ao recurso inominado transcorreu in albis, donde o INSSefetivamente obteve ciência do fato novo e não o impugnou, restando incontroverso; (b) os fatos notórios ou mesmoincontroversos não dependem de prova (incisos I e III do art. 334 do Código de Processo Civil); (c) a decisão que antecipouos efeitos da tutela na referida Ação Civil Pública nº 0002320-59.2012.403.6183 foi proferida com abrangência em todo o

�território nacional , pelo que afastada a incidência do art. 16 da Lei nº 7.247/1985; (d) o acordo firmado supervenientemente�entre a parte autora e o INSS foi homologado por sentença , presumindo-se sua extensão também em todo o território

(após o trânsito em julgado), até porque motivado pelo impacto nacional do passivo gerado pela revisão, algo na ordem de�R$ 6,0 (seis) bilhões, consoante cálculos do INSS, datados de agosto de 2012 ; e (e) o pagamento foi escalonado durante

o período de 10 (dez) anos, segundo cronograma resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional, executado na forma

Page 65: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

prevista no Ofício Conjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF; refleti melhor e passo a adotar o entendimento de queimplementado, sim, supervenientemente, o requisito faltante não ação tombada sob o nº 0000456-08.2012.4.02.5053, qualo interesse de agir.De fato, consoante os dados do citado Ofício Conjunto, o pagamento seguirá as diretrizes abaixo:segurados ou dependentes com benefícios ativos e com 60 anos ou mais: pagamento a ser feito em 2013;segurados ou dependentes com benefícios ativos, idade de 46 a 59 anos, e montante atrasado de até R$ 6 mil: pagamentoem 2014;segurados ou dependentes com benefícios ativos, idade de 46 a 59 anos, e montante atrasado de R$ 6 mil até R$ 19 mil:pagamento a ser feito em 2015;segurados ou dependentes com benefícios ativos, idade de 46 a 59 anos, e montante atrasado acima de R$ 19 mil:pagamento a ser feito em 2016;segurados ou dependentes com benefícios ativos, idade de até 45 anos, e valores atrasados de até R$ 6 mil: pagamentoem 2016;segurados ou dependentes com benefícios ativos com idade de até 45 anos, e montante atrasado de R$ 6 mil até R$ 15mil: pagamento em 2017;segurados ou dependentes com benefícios ativos, idade de até 45 anos, e montante atrasado acima de R$ 15 mil:pagamento em 2018;segurados com benefícios cessados/suspensos, e com 60 anos ou mais: pagamento em 2019;segurados com benefícios cessados/suspensos, e idade de 46 anos a 59 anos: pagamento em 2020;segurados com benefícios cessados/suspensos, com idade de até 45 e valores atrasados de até R$ 6 mil:pagamento em2021;segurados com benefícios cessados/suspensos, com idade de até 45 anos e valores atrasados acima de R$ 6 mil:pagamento em 2022.

O cronograma prioriza o pagamento para benefícios ativos e beneficiários idosos, não sendo admitida a antecipação,exceto para aqueles titulares de benefício que estejam acometidos de neoplasia maligna, doença terminal, ou portadores dovírus HIV, ou, ainda, cujos parentes das categorias descritas nos incisos I a III do art. 16 da Lei nº 8.213/1991 encontrem-seem uma destas situações. Desse contexto nasce o interesse processual do recorrente o qual opõe-se a esseescalonamento.Noutro ângulo, inexiste óbice processual ao exercício da continuidade do direito de ação individual ante a inexistência delitispendência entre as demandas, consoante a regra do art. 104 do Código de Defesa do consumidor (Precedentes: REsp1243887; REsp 1247150) e o inequívoco intuito de não se sujeitar aos efeitos da coisa julgada da ação coletiva em tela.Portanto, considerando que o processo não está apto ao imediato julgamento (princípio da causa madura), vez queproferida sentença sem a citação do INSS (fls. 24-25), voto para anular a sentença; e outra ser proferida com exame domérito.Recurso conhecido e provido. Sentença anulada.Sem condenação em custas e honorários advocatícios, ante o disposto no art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele dar provimento, para anular a sentença,na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

42 - 0003412-40.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003412-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x IVAN CARLOS DOS SANTOS (ADVOGADO:MARIA RODRIGUES DE ALCANTARA.).Processo nº 0003412-40.2011.4.02.5050/01 Origem: 3º JEF de Vitória-ES

Recorrente: Instituto Nacional do Seguro Social – INSS

Recorrido: Ivan Carlos dos Santos

Relator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LONGO HISTÓRICO DE DOENÇALIMITATIVA. CONDIÇÕES PESSOAIS E SOCIAIS DO SEGURADO. RECURSO IMPROVIDO. SENTANÇA MANTIDAPELOS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS.

Page 66: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

Este recurso foi interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS em virtude da r. sentença proferida nas fls.229-234 a qual julgou procedente pedido no sentido da condenação do recorrente, nos termos a seguir retratados, in verbis:

“(...) a) Restabelecer o benefício de aposentadoria por invalidez NB 075.290.329-2 desde a cessação, em 9/7/2007,Aplicam-se juros de mora a partir da citação. Para efeito de correção monetária e de juros de mora, aplicam-se os índicesoficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança (art. 5º da Lei nº 11.960/2009);

b) Suspender a cobrança indevida do valor de R$ 8.694,12, recebido pelo autor no período de 9/7/2007 a 30/9/2009.”...

O benefício apresenta os seguintes dados básicos:

Histórico: DIB em 1º/6/1986 e cessação em 9/7/2007 (fl. 174)Valores pagos considerados no período de: 9/7/2007 até 30/9/2009 (fl. 109).Pagamento efetuado até 14/10/2009 (fls. 239-240)Idade do recorrido: 57 anosProfissão/ocupação: marceneiro (fl. 18)

Oportuno destacar excertos das razões recursais do INSS, a saber:

O benefício em discussão foi cessado:

(...) em razão de ter sido constatado que o autor não mais apresentava incapacidade para o trabalho, em perícia realizadaapós denúncia anônima à Ouvidoria do INSS, bem como que ele havia retornado voluntariamente à atividade laboral.

..........................................................................................................omissis

A sentença, mesmo após dois laudos periciais afirmando a inexistência de incapacidade total e definitiva para o trabalho,julgou procedente o pedido para condenar o Instituto a restabelecer o benefício de aposentadoria por invalidez desde acessação.

..........................................................................................................omissis

Em 28/08/2009, a Ouvidoria do INSS recebeu uma denúncia anônima, nos seguintes termos (fls. 27):

“O CIDADÃO DENUNCIA QUE O SEGURADO IVAN CARLOS DOS SANTOS, FILHO DE NANCY CONCEIÇÃO DOSSANTOS, PORTADOR DO RG Nº 335072, CUJA DATA DE NASCIMENTO É 15/09/1955, RECEBE INDEVIDAMENTE OBENEFÍCIO Nº 0752903292, POIS ESTÁ TRABALHANDO COM SERVIÇOS GERAIS COMO PINTURA, PEDREIRO, ETCNA EMPRESA ASSOCIAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS DO ESPÍRITO SANTO QUE FICA NA RUA PEDROPALÁCIOS, 155, CENTRO, VITÓRIA-ES. SOLICITA PROVIDÊNCIAS.”

Diante de tal denúncia, o INSS convocou a parte autora para comparecer à APS, para realização de perícia médica, a fimde avaliar se ele ainda permanecia incapaz para o trabalho, bem como diligenciou para verificar se o segurado haviaretornado voluntariamente ao trabalho. (Grifo não original)

Realizada a perícia (fls. 95/96 – 09/07/2007), o médico que examinou o autor concluiu: “não há incapacidade laborativanesta data”.

Com base em tal conclusão da perícia médica, o INSS comunicou ao segurado que seu benefício seria cessado (fls. 97 –Carta de 10/08/2007, recebida em 21/08/2007), facultando-lhe prazo para apresentação de defesa, o que não foi feito pelaparte autora, cessando os pagamentos do benefício em 14/10/2009.

Após referida data, o autor protocolou recurso intempestivo que, nada obstante, foi analisado pela Autarquia Previdenciáriasendo que a perícia médica atestou novamente a capacidade do segurado, o que afasta o direito ao referido benefício.

Considerando que o laudo que atestou a capacidade do autor foi emitido em 09/07/2007, detectou-se então que houvepagamento indevido do benefício no período de 09/07/2007 a 30/09/2009, no valor total de R$ 8.694,12, em março/2011(fls. 109), o que foi devidamente comunicado ao segurado, para que fosse efetuado o ressarcimento, na forma do art. 154,§ 2º, do Decreto 3.048/89.

..........................................................................................................omissis

Ato contínuo, realizada a primeira perícia médica judicial (fls. 124/125), o perito do juízo concluiu que não há doença nemlimitações neurológicas, estando a parte autora apta física e mentalmente para a realização de seu trabalho habitual e, porconseguinte, não possui qualquer incapacidade.

A segunda perícia médica também concluiu pela inexistência de incapacidade total e definitiva no autor, asseverando

Page 67: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

apenas a existência de limitações para o desempenho de atividades de risco, o que é o caso do autor, que exerceu suaúltima atividade laborativa em alegorias de carnaval!

.........................................................................................................omissis

O MM. Juiz asseverou que o primeiro perito somente concluiu pela inexistência de incapacidade laborativa porque analisouexames “antigos”, datados de 2010!

Ora, Excelências, o procedimento administrativo que culminou com a cessação do benefício do autor teve origem em 2006!

Se em 2010 os exames não mostravam qualquer tipo de alteração no estado de saúde do requerente, isso corrobora oprocedimento levado a cabo pelo instituto e todas as conclusões periciais no sentido da inexistência de incapacidadelaborativa.

Além disso, FOI CONFIRMADO PELO INSS QUE O AUTOR HAVIA RETORNADO À ATIVIDADE, SOBRETUDOCONFORME SE PODE VERIFICAR PELOS EXTRATOS DO CNIS ACOSTADOS À PEÇA DE RESPOSTA DOINSTITUTO, OS QUAIS COMPROVAM A EXISTÊNCIA DE SALÁRIOS DE CONTRIBUIÇÃO NOS ANOS 2004 E 2006,COM RECOLHIMENTO DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS, VIA GFIP, não escapando a parte autora dessemecanismo que demonstra formalmente o retorno voluntário ao trabalho, apesar dele ter trabalhado, na maior parte dotempo, informalmente.

Por sua vez, a r. sentença recorrida ao analisar a matéria fático-jurídica, pontuou os aspectos a seguir realçados, in litteris:

“O primeiro perito neurologista avaliou que o autor diz ser nervoso, com esquecimento e sofre de crises com perda dossentidos (fl. 124). Atestou que não há alteração no exame neurológico que está normal (quesito 2). Afirmou que o autorpossui aptidão para exercer a atividade habitual porque há doença neurológica (quesito 9). Concluiu que não há limitações(quesito 11).

O segundo perito neurológico avaliou que o autor relatou diagnóstico de epilepsia desde a infância (fl. 188) e afirmou que aconclusão do laudo depende da realização de exames, mapeamento e ressonância recentes, dosagem sérica e fenobarbitale acido valpróico e carbamezinpina (quesito 2).

Após a realização dos exame pelo autor, o segundo perito confirmou o diagnóstico de epilepsia (fl. 216). Afirmou que oautor não possui aptidão para exercer a atividade habitual de marceneiro e relatou que a última atividade foi em alegoria decarnaval (quesitos 8/9). Atestou que o autor deve evitar atividade que apresente risco (quesito 11). Concluiu que háincapacidade parcial definitiva para o trabalho (quesito 14). Ressaltou que o autor pode ser reabilitado para outra atividade(quesito 17). [Grifei]

O INSS impugnou o laudo pericial (fls. 222/224). Alegou que o perito não analisou os exames juntados pelo autor. Ocorreque a avaliação da aptidão para o trabalho é questão técnica que deve necessariamente ser analisada por médico. O peritoafirmou que sua conclusão se baseou na anamnese, exame de ressonância magnética do encéfalo, mapeamento cerebral,dosagem sérica e fenobarbital e dosagem sérica de carbamazepina (quesito 3).

O INSS alegou que na resposta ao quesito 9, o perito limitou-se a informar ser possível a reabilitação, mas não avaliou suascondições físicas em relação às atividades. Ocorre que essa resposta não compromete a conclusão dom laudo pericial.Quando o perito respondeu que o autor pode ser reabilitado para outra atividade é porque concluiu que o autor não poderáexercer as atividades relacionadas no quesito 8. Não há qualquer possibilidade de interpretação diversa.

O INSS alegou que na resposta ao quesito 11, o perito não informou quais as atividades que representam riscos. O peritofoi conclusivo em afirmar que o autor possui limitação para exercer atividades que apresentam riscos. Não cabe ao peritorelacionar as inúmeras atividades que o autor poderia empreender sem riscos para sua saúde. A exclusão das atividadesde risco fica a cargo do INSS no momento da eventual processo de reabilitação profissional.

O INSS alegou que o perito não respondeu de forma diligente a data do início da incapacidade e que o primeiro peritodescartou a existência de incapacidade para o trabalho. De fato, o perito se eximiu de apontar a data do início daincapacidade (quesito 12). Ocorre que a lacuna pode ser suprida pelos atestados datados de 4/9/2007 (fl. 41), 26/10/2009(fl. 42, 20/4/2010 (fl. 51 e 53) e 24/8/2010 (fl. 55). São admissíveis como fonte de prova complementar os atestados demédico assistente que sejam contemporâneos ao momento do cancelamento do benefício e que revelem dadosconvergentes com o laudo pericial. Presume-se, assim, que na data do cancelamento do benefício, em 9/7/2007, o autorcontinuava incapacitado para o trabalho.

O fato de o primeiro perito não ter constatado incapacidade para o trabalho não afasta a conclusão do segundo laudopericial. O primeiro perito se baseou em exames antigos: exame neurológico e ressonância magnética do cérebro (quesito3, fl. 124) e concluiu que o exame de ressonância magnética do cérebro sugeriu diagnóstico de normalidade (quesito 4, fl.124). Os exames neurológicos nos quais o primeiro perito se baseou são datados de 6/7/1993 (fl. 46), 20/4/2010 (fl. 50) e24/8/2010 (fl. 55). O exame de ressonância magnética do cérebro está datado de 24/8/2010 (fl. 70). Por isso, o segundoperito solicitou a realização de exames recentes para a conclusão do laudo (fl. 188). Com base nos recentes exames

Page 68: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

realizados pelo autor, o segundo perito concluiu pela existência de incapacidade defintiva para o trabalho com possibilidadede reabilitação profissional (fls. 216/219).

O INSS alegou que o CNIS comprovou que o autor auferiu renda formal entre 2004 e 2006, demonstrando a má-fé do autor.O autor passou a receber mensalidade de recuperação por um período de cinco anos antes da cessação ocorrida em9/7/2007 (fl. 228). Isso significa que o autor sofreu redução gradual dos seus proventos até a total cessação.

O fato de a parte autora ter exercido atividade remunerada em momento posterior à prematura cessação gradual dobenefício, mediante recebimento de mensalidade de recuperação, não exonera o INSS da responsabilidade de pagar osvalores retroativos referentes a tal período. Tampouco indica que o segurado estava capaz de exercer sua profissão. Talfato significa, na verdade, que em razão da indevida cessação do benefício realizada pelo INSS, a parte autora foi obrigadaa retornar ao mercado de trabalho para obter o seu sustento, apesar de não estar plenamente restabelecida de suaconvalescença.

Entendimento diverso representaria uma terceira punição à parte autora que, primeiro, já foi privada de receber o benefícioprevidenciário a que fazia jus no tempo devido; segundo, foi obrigada a retornar à suas atividades apesar de não estarplenamente recuperada para tanto; e terceiro, ver-se-ia impedida de receber as prestações previdenciárias vencidasexatamente por ter sido obrigada a retornar ao trabalho antes de seu completo restabelecimento. E, com isso, não se podecompactuar.

.....................................................................................................................omissis

O perito concluiu que o autor pode ser reabilitado para outra atividade que não implique em risco para sua saúde. Ocorreque a possibilidade de reabilitação profissional não deve ser analisada exclusivamente sob o ponto de vista clínico e físico.As condições pessoais do segurado, tais como idade, grau de instrução e histórico de atividades, também são relevantespara efeito de definir a real possibilidade de reingresso no mercado de trabalho. Em se tratando de trabalhador com 57 anosde idade e com experiência profissional de ajudante de marcenaria (fl. 18), portador de epilepsia e, além de tudo, fora domercado formal de trabalho por um período de quase vinte anos em decorrência da mesma patologia ora diagnosticada(epilepsia), é improvável a recolocação profissional em qualquer atividade compatível com sua limitação funcional. O autor,portanto, tem direito à aposentadoria por invalidez.

O perito examinou os exames recentes apresentados pelo autor em 23/6/2012 e confirmou que a incapacidade do autor édefinitiva. Este juízo reconheceu que a incapacidade do autor para o trabalho não teve solução de continuidade.”...

Contrarrazões nas fls. 248-252 pugnando, em síntese, pelo reconhecimento da decadência e a seguir, pela negativa deprovimento ao recurso, à conta dos elementos coligidos acerca da incapacidade total e permanente do autor para otrabalho.

Passo ao voto.

A causa de pedir recursal tal como realçado acima, implica desde logo considerar: a) se o recorrente apurou em toda suaextensão a denúncia retratada precedentemente, no sentido de que o autor encontrava-se voluntariamente trabalhandoenquanto recebia a aposentadoria por invalidez?

Responde-se: não se identifica nos autos o resultado concreto e circunstanciado desse desiderato informado pelo INSS;este apenas submeteu o recorrido a perícia médica administrativa a qual concluiu pela ausência de incapacidade para otrabalho;

b) diante desse quadro, o INSS tratou de cancelar o benefício e manteve o recorrido percebendo mensalidade derecuperação (art. 47 da Lei nº 8.213/1991) e consequente pagamento de benefício até 14/10/2009 (fls. 239-240);

c) a cessação do benefício, portanto, foi a conclusão da perícia médica administrativa no sentido de inexistir incapacidadepara o trabalho. Essa conclusão veio a ser superada, ante o quadro mórbido constatado pela a segunda perícia médicajudicial, conjugada com a documentação médica levada em conta na sentença;

d) o histórico clínico do recorrido e as circunstancias pessoais e sócio-profissionais demonstradas, de fato não levam – nalinha do que foi apreciado e decidido pelo juízo de primeiro grau – a concluir no sentido da capacidade do recorrido para otrabalho; e

e) registre-se, o quadro mórbido do recorrido vem de longe, a DIB ANTERIOR à discussão em tela data de 28/05/1982 (fl.247).

Pois bem. A sentença recorrida reptou todos os pontos fáticos e jurídicos da matéria. Nenhum aspecto relevante deixou deser pontualmente apreciado e decidido.

Noutro vértice, conforme convenientemente analisado nos pontos principais da sentença acima retratada, afigura-se claro o

Page 69: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

quadro mórbido do recorrido, com 57 (cinqüenta e sete) anos de idade, após mais de 20 (vinte) anos de aposentadoria porinvalidez. Assim colocado, não se justifica, nas circunstâncias, lançá-lo às incertezas de um mercado de trabalho – alémdas limitações graves de saúde – para, a seguir, inexoravelmente, obrigá-lo a de novo bater às portas da Previdência Socialem busca do mínimo para uma vida digna. Isso de modo algum é razoável, nem justo.

Na linha, frise-se, do entendimento consolidado pela Turma Nacional de Uniformização – TNU in verbis: “Uma vezreconhecida a incapacidade parcial para o trabalho, o juiz deve analisar as condições pessoais e sociais do segurado para aconcessão de aposentadoria por invalidez.”

Portanto, na forma do art. 46 da Lei nº 9.099/1995 e art. 1º da Lei nº 10.259/2001, confirmo a sentença pelos própriosfundamentos.

Custas inexigíveis (art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996). O recorrente vencido arcará com a verba honorária, estabelecidaem 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).

Acórdão

Acordam os Juízes Federais integrantes da Turma Recursal da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo, àunanimidade, no sentido de conhecer do Recurso, para lhe negar provimento, na forma da ementa que passa a integrar ojulgado.

Vitória, 12 de dezembro de 2012

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal - Relator

43 - 0000674-38.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000674-8/01) SILVESTRE SCARAMUSSA (ADVOGADO: CYNTHIAMARIA SOARES BRAGATO, RUTH SALVADOR SILVA PASSOS, JULIANA PENHA DA SILVA, JULIANA CARDOZOCITELLI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SEBASTIAO EDELCIO FARDIN.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSeção Judiciária do Espírito SantoTurma Recursal dos Juizados Especiais Federais

Processo nº 0000674-38.2009.4.02.5054/01 – Juízo de Origem: 1ª VF ColatinaEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargado: SILVESTRE SCARAMUSSARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NOJULGADO. PREQUESTIONAMENTO. RECURSO DESPROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS à fl. 239, frente e verso, emrazão de acórdão proferido pela Turma Recursal (fls. 236-237). Alega o embargante, em resumo, que o acórdão guerreadofoi omisso, porquanto não se manifestou acerca do vínculo urbano mantido pelo embargado no momento do requerimentoadministrativo e por período superior a 03 (três) anos, bem como sobre a declaração em que admitiu contar com diversosmeeiros. Invoca a existência de violação ao preceptivo do art. 93, inciso IX, da Constituição da República. Dessa forma,requer seja sanado o apontado vício e prequestionada a tese autárquica.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da argüição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão no julgado.

Inexiste omissão no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foram devidamenteanalisados na decisão colegiada, inclusive no que tange à coadjuvação de trabalhador meeiro, abordada no item 10.

Demais disso, o vínculo urbano do embargado em nenhum momento foi ponto controverso nos autos, uma vez queadmitido desde a peça inaugural, tendo sido requerido, a propósito, o desconto do correspondente período para fins de

Page 70: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

contagem da carência legalmente exigida.

Consigne-se, a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo. Outrossim, ofato de o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre os artigos de lei que a parte alega incidir àespécie não leva à conclusão de que ofendido o art. 48 da Lei nº 9.099/1995 ou 535 do Código de Processo Civil, pois ojulgador, desde que fundamente suficientemente sua decisão, não está obrigado a responder todas as alegações daspartes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, de talsorte que a insatisfação quanto ao deslinde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem que seachem presentes os elementos constitutivos definidos pela Lei como causa eficiente de sua incidência.

A jurisprudência pátria, ao decidir questionamentos quanto às possibilidades de interposição dessa via recursal, assim jádecidiu: “Mesmo nos embargos de declaração com fim de prequestionamento, devem-se observar os lindes traçados no art.535 do CPC (obscuridade, dúvida, contradição, omissão e, por construção pretoriana integrativa, a hipótese de erromaterial). Esse recurso não é meio hábil ao reexame da causa”. (STJ – Primeira Turma, Resp. 11465-0-SP, rel. Min.Demócrito Reinaldo, DJU 15-02-93).

Embargos de declaração conhecidos e desprovidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer, mas desprover os embargos de declaração, na forma daementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

44 - 0000087-22.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000087-0/01) MARIA LEONOR SILVA SILVESTRE (ADVOGADO:GERALDO PEREIRA FUNDÃO DOS SANTOS, MARIA DE LOURDES COIMBRA DE MACEDO.) x INSTITUTO NACIONALDO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.).Processo nº 0000087-22.2009.4.02.5052/01 – Juízo de origem: 1ª VF São MateusEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargada: MARIA LEONOR SILVA SILVESTRERelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T AEMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. RENDA FAMILIAR. INÍCIODE PROVA MATERIAL. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. PREQUESTIONAMENTO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NO ACÓRDÃOEMBARGADO. RECURSO CONHECIDO, MAS DESPROVIDO.Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional de Seguro Social – INSS às fls. 140-150, em razão deacórdão proferido pela Turma Recursal (fls. 137-138). Alega o embargante, em resumo, que o julgado é omisso econtraditório, porquanto concede aposentadoria por idade rural à autora sem embargo do documento de fls. 75-77, o qualatesta o exercício de atividade urbana remunerada pelo cônjuge. Assevera que os valores percebidos pelo cônjuge darecorrida, no importe de quase 02 (dois) salários mínimos, são bastantes à descaracterização do regime de economiafamiliar. Alega, ainda, que os documentos de fls. 103-106 não podem ser considerados como início razoável de provamaterial. Dessa forma, requer sejam sanados os apontados vícios e prequestionada a tese autárquica.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da argüição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão e contradição no julgado.

Inexiste omissão no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foram devidamenteanalisados na decisão colegiada.Calha pertinente rememorar, nesse passo, fragmento elucidativo do julgado, in verbis:“4) No caso dos autos, percebe-se que o labor do cônjuge da recorrente na construção civil, e mesmo o da própria ematividades na zona urbana concomitantemente ao lavor rural, não afastaram a necessidade do trabalho rural por parte daautora, o que não desconfigura o regime de economia familiar mencionado nas normas. Tal é o sentido da Súmula nº 41 daTNU. Ademais, mostram-se presentes os demais requisitos para a concessão do benefício, o início da prova material (fls.103/106, em vias da época) e depoimentos diversos atestando o labor rural do casal.”

Consigne-se, a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo; ademais, acontradição passível de correção por esta via deve pressupor antagonismo lógico entre duas premissas necessariamenteintrínsecas ao próprio julgado, limitando-se este Juízo à verificação do encadeamento racional entre as proposiçõesinternas do texto. Nada disso foi apontado pelo embargante.Outrossim, o fato de o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre os artigos de lei que a parte alega

Page 71: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

incidir à espécie não leva à conclusão de que ofendido o art. 48 da Lei nº 9.099/1995 ou 535 do Código de Processo Civil,pois o julgador, desde que fundamente suficientemente sua decisão, não está obrigado a responder todas as alegações daspartes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, de talsorte que a insatisfação quanto ao deslinde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem que seachem presentes os elementos constitutivos definidos pela Lei como causa eficiente de sua incidência.

Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer, mas desprover os embargos de declaração, na forma daementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

45 - 0004104-39.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004104-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) WALTER JOSÉ PIROLA(ADVOGADO: LEONARDO PIZZOL VINHA, MARCELO MATEDI ALVES.) x FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE -FUNASA (PROCDOR: LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI.).1ª Turma Recursal - 2. Juiz RelatorPROCESSO: 0004104-39.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004104-5/01)

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. GRATIFICAÇÃO DE ATIVIDADE DE COMBATE E CONTROLE DEENDEMIAS (GACEN). VANTAGEM SUBSTITUTIVA DA INDENIZAÇÃO DE CAMPO PREVISTA NA LEI Nº 8.216/1991.RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Cuida-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão de sentença que julgou improcedentea pretensão de declaração de ilegalidade da compensação de valores efetuada pela ré, bem como a restituição dos valoresrecebidos a título de indenização de campo compensados com aqueles devidos em virtude da instituição da Gratificação deAtividade de Combate e Controle de Endemias (GACEN).Sustenta o recorrente, em suas razões recursais, que a medida provisória que instituiu a GACEN previu o seu pagamentoretroativamente ao mês de março de 2008; no entanto, o pagamento dos meses de março, abril, maio e junho somente foicreditado no mês de outubro, compensando-se tais valores com aqueles recebidos a título de indenização de campo. Alegaque foi compelida a devolver o valor relativo às diferenças recebidas a maior a título de indenização de campo, no período.Ademais, que nenhuma compensação é devida, eis que de boa-fé e, notadamente, ante a ausência de previsão legal para areferida compensação. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedente o pedido deduzidona inicial.A Gratificação de Atividade de Combate e Controle de Endemias (GACEN) foi instituída pela Lei nº 11.784/2008, a elafazendo jus os agentes públicos encarregados do combate e controle de endemias, submetidos ao regime estatutário, naforma do seu artigo 54[1], em substituição à verba conhecida como “indenização de campo”, objeto de disciplina da Lei nº8.216/1991.Consoante disposição contida no § 7º do artigo 53 da Lei nº 11.784/2008, a aludida gratificação substitui para todos osefeitos a indenização de campo prevista no artigo 16 da Lei nº 8.216/1991, pelo que não se admite a percepção desta nosmesmos meses em que a GACEN é devida.Consigne-se, conquanto não autorizada expressamente a compensação, na espécie, não cabe invocar o princípio dalegalidade abstratamente, sendo certo que a percepção simultânea da Gratificação de Atividade de Combate e Controle deEndemias – GACEN e indenização de campo não se coaduna com a ordem constitucional vigente, a razoabilidade e amoralidade, da qual se extrai como corolário cardeal da atuação administrativa.No julgamento do Mandado de Segurança n. 25.641-DF, o STF evoluiu a sua jurisprudência no que refere à restituição dequantias recebidas de boa-fé por servidor público. Com efeito, no aludido julgamento, o STF afirmou que a restituiçãotorna-se desnecessária quando concomitantes os seguintes requisitos: i) presença de boa-fé do servidor; ii) ausência, porparte do servidor, de influência ou interferência para a concessão da vantagem impugnada; iii) existência de dúvidaplausível sobre a interpretação, validade ou incidência da norma infringida, no momento da edição do ato que autorizou opagamento da vantagem impugnada; iv) interpretação razoável, embora errônea, da lei pela Administração. (MS n. 25.641,Rel. Min. Eros Grau. Plenário, 22.11.2007). No caso dos autos, não estão presentes os requisitos iii e iv acima indicados.Nessa ordem de idéias, justifica-se a intervenção administrativa, no sentido da compensação, na medida em que

Page 72: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

necessária para o suprimento de sua finalidade, a fim de evitar locupletamento indevido em desfavor dos cofres públicos.Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, ante o deferimento do benefício daassistência judiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

46 - 0006050-17.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006050-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x ZELIA PEREIRA RODRIGUES (ADVOGADO:RODRIGO LOPES BRANDÃO.).1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator

PROCESSO: 0006050-17.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006050-1/01)

E M E N T A

REVISÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO – SALÁRIOS-DE-CONTRIBUIÇÃO CORRESPONDENTES A 80 % DETODO O PERÍODO CONTRIBUTIVO – CONCESSÃO DO BENEFÍCIO NA VIGÊNCIA DA MEDIDA PROVISÓRIA Nº242/2005 – REJEIÇÃO DA MEDIDA PELO SENADO – RETORNO DA LEGISLAÇÃO ANTERIOR – RECURSOCONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 39/41, que julgou parcialmenteprocedente o pedido autoral, condenando a autarquia ré a revisar o salário-de-benefício do auxílio-doença NB520.434.029-3, com base na média dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a 80 % de todo o períodocontributivo, desprezando-se os 20 % menores salários, e a pagar as diferenças incidentes sobre as prestações nãoatingidas pela prescrição quinquenal, com correção monetária e juros de mora.

2. Alega o recorrente, em suas razões recursais, que, na época da concessão do auxílio-doença da parte autora, estavavigente a Medida Provisória nº 242, de 24/03/2005, que determinava o cálculo do benefício da maneira como foi realizado, oque restringiu o valor destes benefícios ao valor da última contribuição do segurado. Aduz que tal norma continua a seraplicada aos benefícios concedidos na vigência da respectiva Medida, visto que não houve edição de decreto legislativopara disciplinar as relações jurídicas decorrentes da Medida Provisória. Requer, assim, a total improcedência do pedidoautoral em relação à revisão pretendida.

3. A questão discutida nos autos cinge-se à aplicação da Medida Provisória nº 242, que entrou em vigor em 28/03/2005,passando a dispor que o salário-de-benefício da aposentadoria por invalidez e do auxílio-doença consistiria na “médiaaritmética simples dos 36 últimos salários-de-contribuição ou, não alcançando esse limite, na média aritmética simples dossalários-de-contribuição existentes”. Por Ato Declaratório do Presidente do Senado Federal, publicado em 21/07/2005,foram rejeitados os pressupostos constitucionais de relevância e urgência da Medida Provisória 242/2005, ensejando o seuarquivamento, fazendo ressurgir a norma que vigia quando da sua edição, no caso a Lei nº 9.876/99.

4. Nesse sentido:

PREVIDENCIÁRIO. CONSTITUCIONAL. REVISÃO DE BENEFÍCIO. AUXÍLIO-DOENÇA. CÁLCULO DA RMI. MEDIDAPROVISÓRIA 242/2005. APLICAÇÃO INDEVIDA. MEDIDA PROVISÓRIA REJEITADA E ARQUIVADA. RETORNO DALEGISLAÇÃO ANTERIOR. LEI 9.876/99. 1. A Carta de Concessão/Memória de Cálculo de fls. 35/38 revela que foiconcedido à autora o benefício de auxílio-doença, com início a partir de 15/04/2005, em cujo cálculo da RMI foramconsiderados os 36 (trinta e seis) últimos salários-de-contribuição, compreendendo os meses de março/2002 afevereiro/2005, consoante a previsão do art. 29, III, da Lei 8.213/91, na redação dada pela MP 242/2005. 2. A MP 242/2005deu nova redação do art. 29 da Lei 8.213/91, estabelecendo, com relação ao benefício de auxílio-doença, que osalário-de-benefício deveria corresponder à "média aritmética simples dos trinta e seis últimos salários-de-contribuição ou,não alcançando esse limite, na média aritmética simples dos salários-de-contribuição existentes." 3. Por Ato Declaratório doPresidente do Senado Federal, publicado em 21/07/2005, foram rejeitados os pressupostos constitucionais de relevância eurgência da Medida Provisória 242/2005, ensejando o seu arquivamento, fazendo ressurgir a norma que vigia quando dasua edição, no caso a Lei 9.876/99. 4. A prova dos autos demonstra que no cálculo da RMI do auxílio-doença da autora foi

Page 73: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

observado o critério estabelecido pela MP 242/2005. Assim, é devida a revisão da RMI do benefício, para que no cálculo doseu valor inicial seja observada a regra do art. 29 da Lei 8.213/91, com a redação dada pela Lei 9.876/99. 5. Correçãomonetária com base nos índices previstos no Manual de Orientação de Procedimentos para Cálculos na Justiça Federal,mesmo após a entrada em vigor da Lei 11.960/09, ante a imprestabilidade da utilização da TR (atualmente aplicada naremuneração das cadernetas de poupança) para esse fim, conforme decidido pelo STF no julgamento da ADI nº 493/DF,fato que torna desnecessária nova apreciação do tema pelo Órgão colegiado desta Casa. 6. Juros de mora mantidos em1% ao mês, a partir da citação quanto às prestações a ela anteriores, e dos respectivos vencimentos quanto àssubseqüentes, reduzida essa taxa para 0,5% ao mês a partir da entrada em vigor da Lei 11.960/09. 7. Verba honoráriafixada em 10% (dez por cento) das parcelas vencidas até o momento da prolação da sentença (§ 3º do art. 20 do CPC e

�Súmula 111/STJ). 8. Apelação e remessa oficial, tida por interposta, parcialmente providas. (AC 200801990012066,DESEMBARGADORA FEDERAL NEUZA MARIA ALVES DA SILVA, TRF1 - SEGUNDA TURMA, 17/03/2011).

5. Cumpre registrar que, em que pese a inércia do Congresso Nacional na edição de Decreto Legislativo destinado a regeras relações jurídicas consolidadas durante a vigência da medida provisória 242, o magistrado pode e deve submetê-la aocontrole de constitucionalidade, eis que tal espécie normativa serve de suporte ao ato de concessão do benefícioprevidenciário cuja legalidade se controverte.

6. Assim, correto o entendimento do Juízo a quo ao afastar a aplicação dos efeitos da Medida Provisória, por se tratar ocaso de concessão de benefício previdenciário submetido a controle judicial de legalidade, possibilidade que permite aanálise da inconstitucionalidade incidental do ato. O magistrado prolator da sentença, no correto alvitre de que a MP 242padece de vício formal de constitucionalidade, dada a inexistência de urgência que justificasse a modificação do critério decálculo de benefícios previdenciários, afastou sua aplicação no caso concreto, com efeitos retroativos ao início da vigênciada norma jurídica inconstitucional.

7. Desta forma, o salário-de-benefício do auxílio-doença deve ser revisto conforme o art. 29, II da Lei nº 8.213/91, com aredação conferida pela Lei nº 9.876/99, a fim de exprimir a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição,correspondentes a 80 % de todo o período contributivo.

8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

9. Custas ex lege. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios, que ora arbitro em 10 %sobre o valor da condenação.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

47 - 0000352-10.2012.4.02.5055/01 (2012.50.55.000352-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) HILDA DE CARVALHOPEDRO (ADVOGADO: SAYLES RODRIGO SCHUTZ, CARLOS BERKENBROCK.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator

PROCESSO: 0000352-10.2012.4.02.5055/01 (2012.50.55.000352-4/01)

V O T O

Trata-se de recurso inominado interposto por Hilda de Carvalho Pedro em face da sentença de fls. 21/22, que julgou extintoo processo, sem resolução de mérito, nos termos do art. 267, VI do Código de Processo Civil. Entendeu o magistrado a quoque não há utilidade em se pleitear ao Judiciário provimento concessivo quando não se demonstra resistência pelaAdministração, o que denota ausência de substrato à própria causa de pedir.

A recorrente requer a reforma da sentença originária sustentando a desnecessidade de prévio requerimento administrativo,bem como o exaurimento da via administrativa como requisito de admissibilidade para ação. Ressalta que, uma vezinvocada a tutela jurisdicional, o Poder Judiciário está obrigado a prestá-la, com base no princípio da “indeclinabilidade dajurisdição”. Requer, por fim, a devolução dos autos para seu trâmite legal, com consequente julgamento de procedência dopedido.

A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentido deconfirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recurso

Page 74: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

consistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição.

Como o ato normativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não sefazia necessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

Entretanto, novos fatos concorrem para a alteração do entendimento firmado anteriormente, entre eles:

existência da ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, naqual o MPF e outro autor pleitearam a revisão dos benefícios por incapacidade concedidos após 29/11/1999 em que, noperíodo básico de cálculo, foram considerados 100% dos salários-de-contribuição, com o intuito de que sejamconsiderados apenas os 80% maiores salários-de-contribuição;os autores e o INSS celebraram acordo que, em 05/09/2012, foi homologado por sentença pelo Juízo da 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo;a petição em que se entabulou o acordo homologado por sentença prevê um cronograma de pagamento dos valoresatrasados;esse cronograma se estende de fevereiro de 2013 até abril de 2022 tendo por base, precipuamente, o critério da idade dosegurado (os mais idosos recebem anteriormente); e conforme o teor da 1ª nota de rodapé da petição em que se formalizouo acordo, “o conograma é resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional e será executado na forma prevista no OfícioConjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF (anexo)”.

Inicialmente, fiquei em dúvida a respeito da extensão da sentença que homologou o acordo relativamente aos seguradosresidentes nesta Seção Judiciária do Espírito Santo, uma vez que o artigo 16 da Lei nº 7.347/85 estipula que a sentençaproferida em ação civil pública “...fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator...”.

A sentença nada diz a respeito do artigo 16 da Lei nº 7.374/85; o que me faria, em linha de princípio, a supor a suaincidência. Ocorre que, em pesquisa na internet, aferi que a decisão que antecipou os efeitos da tutela na referida Ação CivilPública nº 2320-59.2012..403.6183, afirmou-se o que segue: “(...) Ante o exposto, defiro a liminar, com abrangência emtodo o território nacional, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social a revisar, nos termos do artigo 188-A doDecreto n.º 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto n.º 6.939/2009, os benefícios (...).”. Ademais, no já mencionadoOfício Conjunto nº 2/2012/SOPEF/STN/SOF, que foi referido na petição que formalizou o acordo na ação civil pública, oSecretário do Tesouro Nacional e o Secretário Adjunto da SOF dirigiram-se ao Presidente do INSS propondo o cronogramade pagamento antes mencionado; e no item 12 desse ofício é mencionado que “(...) tendo em vista o atendimento dadecisão judicial e levando em consideração o relevante aspecto social que afeta os beneficiários afetados pelo recálculo...,propomos a revisão dos atuais benefícios e... de forma escalonada durante o período de 10 anos (...).”

Em suma, o ofício mencionado foi elaborado com o escopo de cumprir a decisão que antecipou os efeitos da tutela na AçãoCivil Pública nº 2320-59.2012.403.6183; decisão esta que foi explícita ao informar que a mesma abrangia todo o territórionacional.

Tudo isto está a demonstrar que: (a) a incidência do artigo 16 da Lei nº 7.347/85 foi afastada (ainda que de forma implícita);(b) que os efeitos da sentença lavrada na Ação Civil Pública nº 2320-59.2012.403.6183 atingirão (se a mesma transitou emjulgado) todos os segurados que tiveram seus benefícios por incapacidade erroneamente calculados em face da dicçãoatual do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91; (c) excetuam-se desse grupo aqueles segurados que ajuizaram ações individuais erecusarem a pedir a suspensão das mesmas em face do ajuizamento daquela ação coletiva, nos termos do artigo 104 doCDC.

Por fim, no que refere a esse ponto, registro que a adoção da providência prevista na parte final do artigo 104 do CDCnuma ação em que o direito discutido já foi inclusive reconhecido administrativamente pelo réu (como é o caso dos autos)seria uma medida que iria de encontro aos critérios que orientam os Juizados Especiais, notadamente os critérios daceleridade, informalidade e simplicidade (artigo 2º da Lei n.º 9.099/95).

Por todo o exposto, concluo que existe interesse de agir.

Em primeiro lugar, registro que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, explicitamentereferido no recurso inominado, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civilpública nº 2320-59.2012.403.6183.

O INSS também aduziu ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo.

Ocorre que, no caso concreto, a falta de interesse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão ésimples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

Page 75: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Reconhecido o interesse recursal, verifico que a autora aponta a não-aplicação do inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/91 nocálculo de seu benefício. Argumenta que a RMI deve ser recalculada, considerando os 80% dos maioressalários-de-contribuição e desconsiderando os 20% menores salários-de-contribuição, com a adequação das respectivasprestações.

Entretanto, verifico que o processo não está apto para imediato julgamento, não podendo ser aplicado o art. 515, § 3º doCódigo de Processo Civil e nem o art. 285-A do mesmo diploma legal, tendo em vista que a sentença não foi deimprocedência, mas de extinção sem julgamento do mérito, sem citação da autarquia previdenciária.

Sendo assim, ANULO A SENTENÇA proferida pelo Juízo a quo, a fim de que outra seja proferida em seu lugar.

É como voto.E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO – AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR POR FALTA DE REQUERIMENTOADMINISTRATIVO – ENTENDIMENTO SUPERADO APÓS ACORDO ENTABULADO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA–RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA ANULADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, a fim de ANULAR ASENTENÇA, na forma do voto e ementa constantes dos autos, que passam a integrar o presente julgado.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

48 - 0005507-43.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005507-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) OZENIR COSMERODRIGUES (ADVOGADO: MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.).1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator

PROCESSO: 0005507-43.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005507-0/01)

V O T O

Trata-se de recurso inominado interposto por Ozenir Cosme Rodrigues em face da sentença de fl. 12, que julgou extinto oprocesso, sem resolução de mérito, nos termos do art. 267, VI do Código de Processo Civil. Entendeu o magistrado a quoque não há utilidade em se pleitear ao Judiciário provimento concessivo quando não se demonstra resistência pelaAdministração, o que denota ausência de substrato à própria causa de pedir.

O recorrente requer a reforma da sentença originária sustentando a desnecessidade de prévio requerimento administrativo,bem como o exaurimento da via administrativa como requisito de admissibilidade para ação. Ressalta que, uma vezinvocada a tutela jurisdicional, o Poder Judiciário está obrigado a prestá-la, com base no princípio da “indeclinabilidade dajurisdição”. Requer, por fim, a devolução dos autos para seu trâmite legal, com consequente julgamento de procedência dopedido.

A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentido deconfirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição.

Como o ato normativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não sefazia necessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

Page 76: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

Entretanto, novos fatos concorrem para a alteração do entendimento firmado anteriormente, entre eles:

existência da ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, naqual o MPF e outro autor pleitearam a revisão dos benefícios por incapacidade concedidos após 29/11/1999 em que, noperíodo básico de cálculo, foram considerados 100% dos salários-de-contribuição, com o intuito de que sejamconsiderados apenas os 80% maiores salários-de-contribuição;os autores e o INSS celebraram acordo que, em 05/09/2012, foi homologado por sentença pelo Juízo da 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo;a petição em que se entabulou o acordo homologado por sentença prevê um cronograma de pagamento dos valoresatrasados;esse cronograma se estende de fevereiro de 2013 até abril de 2022 tendo por base, precipuamente, o critério da idade dosegurado (os mais idosos recebem anteriormente); e conforme o teor da 1ª nota de rodapé da petição em que se formalizouo acordo, “o conograma é resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional e será executado na forma prevista no OfícioConjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF (anexo)”.

Inicialmente, fiquei em dúvida a respeito da extensão da sentença que homologou o acordo relativamente aos seguradosresidentes nesta Seção Judiciária do Espírito Santo, uma vez que o artigo 16 da Lei nº 7.347/85 estipula que a sentençaproferida em ação civil pública “...fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator...”.

A sentença nada diz a respeito do artigo 16 da Lei nº 7.374/85; o que me faria, em linha de princípio, a supor a suaincidência. Ocorre que, em pesquisa na internet, aferi que a decisão que antecipou os efeitos da tutela na referida Ação CivilPública nº 2320-59.2012..403.6183, afirmou-se o que segue: “(...) Ante o exposto, defiro a liminar, com abrangência emtodo o território nacional, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social a revisar, nos termos do artigo 188-A doDecreto n.º 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto n.º 6.939/2009, os benefícios (...).”. Ademais, no já mencionadoOfício Conjunto nº 2/2012/SOPEF/STN/SOF, que foi referido na petição que formalizou o acordo na ação civil pública, oSecretário do Tesouro Nacional e o Secretário Adjunto da SOF dirigiram-se ao Presidente do INSS propondo o cronogramade pagamento antes mencionado; e no item 12 desse ofício é mencionado que “(...) tendo em vista o atendimento dadecisão judicial e levando em consideração o relevante aspecto social que afeta os beneficiários afetados pelo recálculo...,propomos a revisão dos atuais benefícios e... de forma escalonada durante o período de 10 anos (...).”

Em suma, o ofício mencionado foi elaborado com o escopo de cumprir a decisão que antecipou os efeitos da tutela na AçãoCivil Pública nº 2320-59.2012.403.6183; decisão esta que foi explícita ao informar que a mesma abrangia todo o territórionacional.

Tudo isto está a demonstrar que: (a) a incidência do artigo 16 da Lei nº 7.347/85 foi afastada (ainda que de forma implícita);(b) que os efeitos da sentença lavrada na Ação Civil Pública nº 2320-59.2012.403.6183 atingirão (se a mesma transitou emjulgado) todos os segurados que tiveram seus benefícios por incapacidade erroneamente calculados em face da dicçãoatual do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91; (c) excetuam-se desse grupo aqueles segurados que ajuizaram ações individuais erecusarem a pedir a suspensão das mesmas em face do ajuizamento daquela ação coletiva, nos termos do artigo 104 doCDC.

Por fim, no que refere a esse ponto, registro que a adoção da providência prevista na parte final do artigo 104 do CDCnuma ação em que o direito discutido já foi inclusive reconhecido administrativamente pelo réu (como é o caso dos autos)seria uma medida que iria de encontro aos critérios que orientam os Juizados Especiais, notadamente os critérios daceleridade, informalidade e simplicidade (artigo 2º da Lei n.º 9.099/95).

Por todo o exposto, concluo que existe interesse de agir.

Em primeiro lugar, registro que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, explicitamentereferido no recurso inominado, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civilpública nº 2320-59.2012.403.6183.

O INSS também aduziu ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo.

Ocorre que, no caso concreto, a falta de interesse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão ésimples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Reconhecido o interesse recursal, verifico que a autora aponta a não-aplicação do inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/91 nocálculo de seu benefício. Argumenta que a RMI deve ser recalculada, considerando os 80% dos maioressalários-de-contribuição e desconsiderando os 20% menores salários-de-contribuição, com a adequação das respectivas

Page 77: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

prestações.

Entretanto, verifico que o processo não está apto para imediato julgamento, não podendo ser aplicado o art. 515, § 3º doCódigo de Processo Civil e nem o art. 285-A do mesmo diploma legal, tendo em vista que a sentença não foi deimprocedência, mas de extinção sem julgamento do mérito, sem citação da autarquia previdenciária.

Sendo assim, ANULO A SENTENÇA proferida pelo Juízo a quo, a fim de que outra seja proferida em seu lugar.

É como voto.E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO – AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR POR FALTA DE REQUERIMENTOADMINISTRATIVO – ENTENDIMENTO SUPERADO APÓS ACORDO ENTABULADO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA–RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA ANULADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, a fim de ANULAR ASENTENÇA, na forma do voto e ementa constantes dos autos, que passam a integrar o presente julgado.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

49 - 0000173-63.2011.4.02.5006/01 (2011.50.06.000173-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) AMAURI SENHORINHA DOSREIS (ADVOGADO: JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.).1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator

PROCESSO: 0000173-63.2011.4.02.5006/01 (2011.50.06.000173-7/01)

V O T O

Trata-se de recurso inominado interposto por Amauri Senhorinha dos Reis em face da sentença de fls. 24/26, que julgouextinto o processo, sem resolução de mérito, nos termos do art. 267, I c/c art. 295, III do Código de Processo Civil.Entendeu o magistrado a quo que não há utilidade em se pleitear ao Judiciário provimento concessivo quando não sedemonstra resistência pela Administração, o que denota ausência de substrato à própria causa de pedir.

O recorrente requer a reforma da sentença originária sustentando a desnecessidade de prévio requerimento administrativo,bem como o exaurimento da via administrativa como requisito de admissibilidade para ação. Ressalta que, uma vezinvocada a tutela jurisdicional, o Poder Judiciário está obrigado a prestá-la, com base no princípio da “indeclinabilidade dajurisdição”. Requer, por fim, a devolução dos autos para seu trâmite legal, com consequente julgamento de procedência dopedido.

A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentido deconfirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição.

Como o ato normativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não sefazia necessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

Entretanto, novos fatos concorrem para a alteração do entendimento firmado anteriormente, entre eles:

existência da ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, naqual o MPF e outro autor pleitearam a revisão dos benefícios por incapacidade concedidos após 29/11/1999 em que, noperíodo básico de cálculo, foram considerados 100% dos salários-de-contribuição, com o intuito de que sejamconsiderados apenas os 80% maiores salários-de-contribuição;os autores e o INSS celebraram acordo que, em 05/09/2012, foi homologado por sentença pelo Juízo da 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo;a petição em que se entabulou o acordo homologado por sentença prevê um cronograma de pagamento dos valores

Page 78: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

atrasados;esse cronograma se estende de fevereiro de 2013 até abril de 2022 tendo por base, precipuamente, o critério da idade dosegurado (os mais idosos recebem anteriormente); e conforme o teor da 1ª nota de rodapé da petição em que se formalizouo acordo, “o conograma é resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional e será executado na forma prevista no OfícioConjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF (anexo)”.

Inicialmente, fiquei em dúvida a respeito da extensão da sentença que homologou o acordo relativamente aos seguradosresidentes nesta Seção Judiciária do Espírito Santo, uma vez que o artigo 16 da Lei nº 7.347/85 estipula que a sentençaproferida em ação civil pública “...fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator...”.

A sentença nada diz a respeito do artigo 16 da Lei nº 7.374/85; o que me faria, em linha de princípio, a supor a suaincidência. Ocorre que, em pesquisa na internet, aferi que a decisão que antecipou os efeitos da tutela na referida Ação CivilPública nº 2320-59.2012..403.6183, afirmou-se o que segue: “(...) Ante o exposto, defiro a liminar, com abrangência emtodo o território nacional, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social a revisar, nos termos do artigo 188-A doDecreto n.º 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto n.º 6.939/2009, os benefícios (...).”. Ademais, no já mencionadoOfício Conjunto nº 2/2012/SOPEF/STN/SOF, que foi referido na petição que formalizou o acordo na ação civil pública, oSecretário do Tesouro Nacional e o Secretário Adjunto da SOF dirigiram-se ao Presidente do INSS propondo o cronogramade pagamento antes mencionado; e no item 12 desse ofício é mencionado que “(...) tendo em vista o atendimento dadecisão judicial e levando em consideração o relevante aspecto social que afeta os beneficiários afetados pelo recálculo...,propomos a revisão dos atuais benefícios e... de forma escalonada durante o período de 10 anos (...).”

Em suma, o ofício mencionado foi elaborado com o escopo de cumprir a decisão que antecipou os efeitos da tutela na AçãoCivil Pública nº 2320-59.2012.403.6183; decisão esta que foi explícita ao informar que a mesma abrangia todo o territórionacional.

Tudo isto está a demonstrar que: (a) a incidência do artigo 16 da Lei nº 7.347/85 foi afastada (ainda que de forma implícita);(b) que os efeitos da sentença lavrada na Ação Civil Pública nº 2320-59.2012.403.6183 atingirão (se a mesma transitou emjulgado) todos os segurados que tiveram seus benefícios por incapacidade erroneamente calculados em face da dicçãoatual do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91; (c) excetuam-se desse grupo aqueles segurados que ajuizaram ações individuais erecusarem a pedir a suspensão das mesmas em face do ajuizamento daquela ação coletiva, nos termos do artigo 104 doCDC.

Por fim, no que refere a esse ponto, registro que a adoção da providência prevista na parte final do artigo 104 do CDCnuma ação em que o direito discutido já foi inclusive reconhecido administrativamente pelo réu (como é o caso dos autos)seria uma medida que iria de encontro aos critérios que orientam os Juizados Especiais, notadamente os critérios daceleridade, informalidade e simplicidade (artigo 2º da Lei n.º 9.099/95).

Por todo o exposto, concluo que existe interesse de agir.

Em primeiro lugar, registro que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, explicitamentereferido no recurso inominado, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civilpública nº 2320-59.2012.403.6183.

O INSS também aduziu ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo.

Ocorre que, no caso concreto, a falta de interesse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão ésimples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Reconhecido o interesse recursal, verifico que a autora aponta a não-aplicação do inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/91 nocálculo de seu benefício. Argumenta que a RMI deve ser recalculada, considerando os 80% dos maioressalários-de-contribuição e desconsiderando os 20% menores salários-de-contribuição, com a adequação das respectivasprestações.

Entretanto, verifico que o processo não está apto para imediato julgamento, não podendo ser aplicado o art. 515, § 3º doCódigo de Processo Civil e nem o art. 285-A do mesmo diploma legal, tendo em vista que a sentença não foi deimprocedência, mas de extinção sem julgamento do mérito, sem citação da autarquia previdenciária.

Sendo assim, ANULO A SENTENÇA proferida pelo Juízo a quo, a fim de que outra seja proferida em seu lugar.

É como voto.E M E N T A

Page 79: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO – AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR POR FALTA DE REQUERIMENTOADMINISTRATIVO – ENTENDIMENTO SUPERADO APÓS ACORDO ENTABULADO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA–RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA ANULADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, a fim de ANULAR ASENTENÇA, na forma do voto e ementa constantes dos autos, que passam a integrar o presente julgado.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

50 - 0005114-21.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005114-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VITOR LUIZ REISEN(ADVOGADO: VINICIUS DINIZ SANTANA, ANDERSON MACOHIN SIEGEL, RAUL DIAS BORTOLINI.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.).1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator

PROCESSO: 0005114-21.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005114-2/01)

V O T O

Trata-se de recurso inominado interposto por Vitor Luiz Reisen em face da sentença de fl. 21, que julgou extinto o processo,sem resolução de mérito, nos termos do art. 267, VI do Código de Processo Civil. Entendeu o magistrado a quo que não háutilidade em se pleitear ao Judiciário provimento concessivo quando não se demonstra resistência pela Administração, oque denota ausência de substrato à própria causa de pedir.

O recorrente requer a reforma da sentença originária sustentando a desnecessidade de prévio requerimento administrativo,bem como o exaurimento da via administrativa como requisito de admissibilidade para ação. Ressalta que, uma vezinvocada a tutela jurisdicional, o Poder Judiciário está obrigado a prestá-la, com base no princípio da “indeclinabilidade dajurisdição”. Requer, por fim, a devolução dos autos para seu trâmite legal, com consequente julgamento de procedência dopedido.

A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentido deconfirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição.

Como o ato normativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não sefazia necessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

Entretanto, novos fatos concorrem para a alteração do entendimento firmado anteriormente, entre eles:

existência da ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, naqual o MPF e outro autor pleitearam a revisão dos benefícios por incapacidade concedidos após 29/11/1999 em que, noperíodo básico de cálculo, foram considerados 100% dos salários-de-contribuição, com o intuito de que sejamconsiderados apenas os 80% maiores salários-de-contribuição;os autores e o INSS celebraram acordo que, em 05/09/2012, foi homologado por sentença pelo Juízo da 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo;a petição em que se entabulou o acordo homologado por sentença prevê um cronograma de pagamento dos valoresatrasados;esse cronograma se estende de fevereiro de 2013 até abril de 2022 tendo por base, precipuamente, o critério da idade dosegurado (os mais idosos recebem anteriormente); e conforme o teor da 1ª nota de rodapé da petição em que se formalizouo acordo, “o conograma é resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional e será executado na forma prevista no OfícioConjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF (anexo)”.

Inicialmente, fiquei em dúvida a respeito da extensão da sentença que homologou o acordo relativamente aos seguradosresidentes nesta Seção Judiciária do Espírito Santo, uma vez que o artigo 16 da Lei nº 7.347/85 estipula que a sentençaproferida em ação civil pública “...fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator...”.

Page 80: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

A sentença nada diz a respeito do artigo 16 da Lei nº 7.374/85; o que me faria, em linha de princípio, a supor a suaincidência. Ocorre que, em pesquisa na internet, aferi que a decisão que antecipou os efeitos da tutela na referida Ação CivilPública nº 2320-59.2012..403.6183, afirmou-se o que segue: “(...) Ante o exposto, defiro a liminar, com abrangência emtodo o território nacional, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social a revisar, nos termos do artigo 188-A doDecreto n.º 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto n.º 6.939/2009, os benefícios (...).”. Ademais, no já mencionadoOfício Conjunto nº 2/2012/SOPEF/STN/SOF, que foi referido na petição que formalizou o acordo na ação civil pública, oSecretário do Tesouro Nacional e o Secretário Adjunto da SOF dirigiram-se ao Presidente do INSS propondo o cronogramade pagamento antes mencionado; e no item 12 desse ofício é mencionado que “(...) tendo em vista o atendimento dadecisão judicial e levando em consideração o relevante aspecto social que afeta os beneficiários afetados pelo recálculo...,propomos a revisão dos atuais benefícios e... de forma escalonada durante o período de 10 anos (...).”

Em suma, o ofício mencionado foi elaborado com o escopo de cumprir a decisão que antecipou os efeitos da tutela na AçãoCivil Pública nº 2320-59.2012.403.6183; decisão esta que foi explícita ao informar que a mesma abrangia todo o territórionacional.

Tudo isto está a demonstrar que: (a) a incidência do artigo 16 da Lei nº 7.347/85 foi afastada (ainda que de forma implícita);(b) que os efeitos da sentença lavrada na Ação Civil Pública nº 2320-59.2012.403.6183 atingirão (se a mesma transitou emjulgado) todos os segurados que tiveram seus benefícios por incapacidade erroneamente calculados em face da dicçãoatual do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91; (c) excetuam-se desse grupo aqueles segurados que ajuizaram ações individuais erecusarem a pedir a suspensão das mesmas em face do ajuizamento daquela ação coletiva, nos termos do artigo 104 doCDC.

Por fim, no que refere a esse ponto, registro que a adoção da providência prevista na parte final do artigo 104 do CDCnuma ação em que o direito discutido já foi inclusive reconhecido administrativamente pelo réu (como é o caso dos autos)seria uma medida que iria de encontro aos critérios que orientam os Juizados Especiais, notadamente os critérios daceleridade, informalidade e simplicidade (artigo 2º da Lei n.º 9.099/95).

Por todo o exposto, concluo que existe interesse de agir.

Em primeiro lugar, registro que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, explicitamentereferido no recurso inominado, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civilpública nº 2320-59.2012.403.6183.

O INSS também aduziu ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo.

Ocorre que, no caso concreto, a falta de interesse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão ésimples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Reconhecido o interesse recursal, verifico que a autora aponta a não-aplicação do inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/91 nocálculo de seu benefício. Argumenta que a RMI deve ser recalculada, considerando os 80% dos maioressalários-de-contribuição e desconsiderando os 20% menores salários-de-contribuição, com a adequação das respectivasprestações.

Entretanto, verifico que o processo não está apto para imediato julgamento, não podendo ser aplicado o art. 515, § 3º doCódigo de Processo Civil e nem o art. 285-A do mesmo diploma legal, tendo em vista que a sentença não foi deimprocedência, mas de extinção sem julgamento do mérito, sem citação da autarquia previdenciária.

Sendo assim, ANULO A SENTENÇA proferida pelo Juízo a quo, a fim de que outra seja proferida em seu lugar.

É como voto.E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO – AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR POR FALTA DE REQUERIMENTOADMINISTRATIVO – ENTENDIMENTO SUPERADO APÓS ACORDO ENTABULADO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA–RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA ANULADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, a fim de ANULAR A

Page 81: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

SENTENÇA, na forma do voto e ementa constantes dos autos, que passam a integrar o presente julgado.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

51 - 0005709-20.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005709-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARCUS VINICIUS DACOSTA (ADVOGADO: RAUL DIAS BORTOLINI, ANDERSON MACOHIN SIEGEL, VINICIUS DINIZ SANTANA.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.).1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator

PROCESSO: 0005709-20.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005709-0/01)

V O T O

Trata-se de recurso inominado interposto por Marcus Vinicius da Costa em face da sentença de fl. 22, que julgou extinto oprocesso, sem resolução de mérito, nos termos do art. 267, VI do Código de Processo Civil. Entendeu o magistrado a quoque não há utilidade em se pleitear ao Judiciário provimento concessivo quando não se demonstra resistência pelaAdministração, o que denota ausência de substrato à própria causa de pedir.

O recorrente requer a reforma da sentença originária sustentando a desnecessidade de prévio requerimento administrativo,bem como o exaurimento da via administrativa como requisito de admissibilidade para ação. Ressalta que, uma vezinvocada a tutela jurisdicional, o Poder Judiciário está obrigado a prestá-la, com base no princípio da “indeclinabilidade dajurisdição”. Requer, por fim, a devolução dos autos para seu trâmite legal, com consequente julgamento de procedência dopedido.

A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentido deconfirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição.

Como o ato normativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não sefazia necessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

Entretanto, novos fatos concorrem para a alteração do entendimento firmado anteriormente, entre eles:

existência da ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, naqual o MPF e outro autor pleitearam a revisão dos benefícios por incapacidade concedidos após 29/11/1999 em que, noperíodo básico de cálculo, foram considerados 100% dos salários-de-contribuição, com o intuito de que sejamconsiderados apenas os 80% maiores salários-de-contribuição;os autores e o INSS celebraram acordo que, em 05/09/2012, foi homologado por sentença pelo Juízo da 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo;a petição em que se entabulou o acordo homologado por sentença prevê um cronograma de pagamento dos valoresatrasados;esse cronograma se estende de fevereiro de 2013 até abril de 2022 tendo por base, precipuamente, o critério da idade dosegurado (os mais idosos recebem anteriormente); e conforme o teor da 1ª nota de rodapé da petição em que se formalizouo acordo, “o conograma é resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional e será executado na forma prevista no OfícioConjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF (anexo)”.

Inicialmente, fiquei em dúvida a respeito da extensão da sentença que homologou o acordo relativamente aos seguradosresidentes nesta Seção Judiciária do Espírito Santo, uma vez que o artigo 16 da Lei nº 7.347/85 estipula que a sentençaproferida em ação civil pública “...fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator...”.

A sentença nada diz a respeito do artigo 16 da Lei nº 7.374/85; o que me faria, em linha de princípio, a supor a suaincidência. Ocorre que, em pesquisa na internet, aferi que a decisão que antecipou os efeitos da tutela na referida Ação CivilPública nº 2320-59.2012..403.6183, afirmou-se o que segue: “(...) Ante o exposto, defiro a liminar, com abrangência emtodo o território nacional, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social a revisar, nos termos do artigo 188-A doDecreto n.º 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto n.º 6.939/2009, os benefícios (...).”. Ademais, no já mencionadoOfício Conjunto nº 2/2012/SOPEF/STN/SOF, que foi referido na petição que formalizou o acordo na ação civil pública, oSecretário do Tesouro Nacional e o Secretário Adjunto da SOF dirigiram-se ao Presidente do INSS propondo o cronogramade pagamento antes mencionado; e no item 12 desse ofício é mencionado que “(...) tendo em vista o atendimento da

Page 82: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

decisão judicial e levando em consideração o relevante aspecto social que afeta os beneficiários afetados pelo recálculo...,propomos a revisão dos atuais benefícios e... de forma escalonada durante o período de 10 anos (...).”

Em suma, o ofício mencionado foi elaborado com o escopo de cumprir a decisão que antecipou os efeitos da tutela na AçãoCivil Pública nº 2320-59.2012.403.6183; decisão esta que foi explícita ao informar que a mesma abrangia todo o territórionacional.

Tudo isto está a demonstrar que: (a) a incidência do artigo 16 da Lei nº 7.347/85 foi afastada (ainda que de forma implícita);(b) que os efeitos da sentença lavrada na Ação Civil Pública nº 2320-59.2012.403.6183 atingirão (se a mesma transitou emjulgado) todos os segurados que tiveram seus benefícios por incapacidade erroneamente calculados em face da dicçãoatual do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91; (c) excetuam-se desse grupo aqueles segurados que ajuizaram ações individuais erecusarem a pedir a suspensão das mesmas em face do ajuizamento daquela ação coletiva, nos termos do artigo 104 doCDC.

Por fim, no que refere a esse ponto, registro que a adoção da providência prevista na parte final do artigo 104 do CDCnuma ação em que o direito discutido já foi inclusive reconhecido administrativamente pelo réu (como é o caso dos autos)seria uma medida que iria de encontro aos critérios que orientam os Juizados Especiais, notadamente os critérios daceleridade, informalidade e simplicidade (artigo 2º da Lei n.º 9.099/95).

Por todo o exposto, concluo que existe interesse de agir.

Em primeiro lugar, registro que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, explicitamentereferido no recurso inominado, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civilpública nº 2320-59.2012.403.6183.

O INSS também aduziu ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo.

Ocorre que, no caso concreto, a falta de interesse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão ésimples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Reconhecido o interesse recursal, verifico que a autora aponta a não-aplicação do inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/91 nocálculo de seu benefício. Argumenta que a RMI deve ser recalculada, considerando os 80% dos maioressalários-de-contribuição e desconsiderando os 20% menores salários-de-contribuição, com a adequação das respectivasprestações.

Entretanto, verifico que o processo não está apto para imediato julgamento, não podendo ser aplicado o art. 515, § 3º doCódigo de Processo Civil e nem o art. 285-A do mesmo diploma legal, tendo em vista que a sentença não foi deimprocedência, mas de extinção sem julgamento do mérito, sem citação da autarquia previdenciária.

Sendo assim, ANULO A SENTENÇA proferida pelo Juízo a quo, a fim de que outra seja proferida em seu lugar.

É como voto.E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO – AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR POR FALTA DE REQUERIMENTOADMINISTRATIVO – ENTENDIMENTO SUPERADO APÓS ACORDO ENTABULADO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA–RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA ANULADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, a fim de ANULAR ASENTENÇA, na forma do voto e ementa constantes dos autos, que passam a integrar o presente julgado.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

Page 83: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

52 - 0000773-34.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.000773-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOÃO PACHECO SOARES(ADVOGADO: MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.).1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator

PROCESSO: 0000773-34.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.000773-2/01)

V O T O

Trata-se de recurso inominado interposto por João Pacheco Soares em face da sentença de fls. 15/17, que julgou extinto oprocesso, sem resolução de mérito, nos termos do art. 267, I c/c art. 295, III do Código de Processo Civil. Entendeu omagistrado a quo que não há utilidade em se pleitear ao Judiciário provimento concessivo quando não se demonstraresistência pela Administração, o que denota ausência de substrato à própria causa de pedir.

O recorrente requer a reforma da sentença originária sustentando a desnecessidade de prévio requerimento administrativo,bem como o exaurimento da via administrativa como requisito de admissibilidade para ação. Ressalta que, uma vezinvocada a tutela jurisdicional, o Poder Judiciário está obrigado a prestá-la, com base no princípio da “indeclinabilidade dajurisdição”. Requer, por fim, a devolução dos autos para seu trâmite legal, com consequente julgamento de procedência dopedido.

A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentido deconfirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição.

Como o ato normativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não sefazia necessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

Entretanto, novos fatos concorrem para a alteração do entendimento firmado anteriormente, entre eles:

existência da ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, naqual o MPF e outro autor pleitearam a revisão dos benefícios por incapacidade concedidos após 29/11/1999 em que, noperíodo básico de cálculo, foram considerados 100% dos salários-de-contribuição, com o intuito de que sejamconsiderados apenas os 80% maiores salários-de-contribuição;os autores e o INSS celebraram acordo que, em 05/09/2012, foi homologado por sentença pelo Juízo da 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo;a petição em que se entabulou o acordo homologado por sentença prevê um cronograma de pagamento dos valoresatrasados;esse cronograma se estende de fevereiro de 2013 até abril de 2022 tendo por base, precipuamente, o critério da idade dosegurado (os mais idosos recebem anteriormente); e conforme o teor da 1ª nota de rodapé da petição em que se formalizouo acordo, “o conograma é resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional e será executado na forma prevista no OfícioConjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF (anexo)”.

Inicialmente, fiquei em dúvida a respeito da extensão da sentença que homologou o acordo relativamente aos seguradosresidentes nesta Seção Judiciária do Espírito Santo, uma vez que o artigo 16 da Lei nº 7.347/85 estipula que a sentençaproferida em ação civil pública “...fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator...”.

A sentença nada diz a respeito do artigo 16 da Lei nº 7.374/85; o que me faria, em linha de princípio, a supor a suaincidência. Ocorre que, em pesquisa na internet, aferi que a decisão que antecipou os efeitos da tutela na referida Ação CivilPública nº 2320-59.2012..403.6183, afirmou-se o que segue: “(...) Ante o exposto, defiro a liminar, com abrangência emtodo o território nacional, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social a revisar, nos termos do artigo 188-A doDecreto n.º 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto n.º 6.939/2009, os benefícios (...).”. Ademais, no já mencionadoOfício Conjunto nº 2/2012/SOPEF/STN/SOF, que foi referido na petição que formalizou o acordo na ação civil pública, oSecretário do Tesouro Nacional e o Secretário Adjunto da SOF dirigiram-se ao Presidente do INSS propondo o cronogramade pagamento antes mencionado; e no item 12 desse ofício é mencionado que “(...) tendo em vista o atendimento dadecisão judicial e levando em consideração o relevante aspecto social que afeta os beneficiários afetados pelo recálculo...,propomos a revisão dos atuais benefícios e... de forma escalonada durante o período de 10 anos (...).”

Em suma, o ofício mencionado foi elaborado com o escopo de cumprir a decisão que antecipou os efeitos da tutela na AçãoCivil Pública nº 2320-59.2012.403.6183; decisão esta que foi explícita ao informar que a mesma abrangia todo o territórionacional.

Tudo isto está a demonstrar que: (a) a incidência do artigo 16 da Lei nº 7.347/85 foi afastada (ainda que de forma implícita);(b) que os efeitos da sentença lavrada na Ação Civil Pública nº 2320-59.2012.403.6183 atingirão (se a mesma transitou em

Page 84: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

julgado) todos os segurados que tiveram seus benefícios por incapacidade erroneamente calculados em face da dicçãoatual do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91; (c) excetuam-se desse grupo aqueles segurados que ajuizaram ações individuais erecusarem a pedir a suspensão das mesmas em face do ajuizamento daquela ação coletiva, nos termos do artigo 104 doCDC.

Por fim, no que refere a esse ponto, registro que a adoção da providência prevista na parte final do artigo 104 do CDCnuma ação em que o direito discutido já foi inclusive reconhecido administrativamente pelo réu (como é o caso dos autos)seria uma medida que iria de encontro aos critérios que orientam os Juizados Especiais, notadamente os critérios daceleridade, informalidade e simplicidade (artigo 2º da Lei n.º 9.099/95).

Por todo o exposto, concluo que existe interesse de agir.

Em primeiro lugar, registro que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, explicitamentereferido no recurso inominado, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civilpública nº 2320-59.2012.403.6183.

O INSS também aduziu ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo.

Ocorre que, no caso concreto, a falta de interesse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão ésimples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Reconhecido o interesse recursal, verifico que a autora aponta a não-aplicação do inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/91 nocálculo de seu benefício. Argumenta que a RMI deve ser recalculada, considerando os 80% dos maioressalários-de-contribuição e desconsiderando os 20% menores salários-de-contribuição, com a adequação das respectivasprestações.

Entretanto, verifico que o processo não está apto para imediato julgamento, não podendo ser aplicado o art. 515, § 3º doCódigo de Processo Civil e nem o art. 285-A do mesmo diploma legal, tendo em vista que a sentença não foi deimprocedência, mas de extinção sem julgamento do mérito, sem citação da autarquia previdenciária.

Sendo assim, ANULO A SENTENÇA proferida pelo Juízo a quo, a fim de que outra seja proferida em seu lugar.

É como voto.E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO – AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR POR FALTA DE REQUERIMENTOADMINISTRATIVO – ENTENDIMENTO SUPERADO APÓS ACORDO ENTABULADO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA–RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA ANULADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, a fim de ANULAR ASENTENÇA, na forma do voto e ementa constantes dos autos, que passam a integrar o presente julgado.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

53 - 0005763-20.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005763-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANGELA MARIA DAL COL(ADVOGADO: VINICIUS DINIZ SANTANA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: TELMASUELI FEITOSA DE FREITAS.).1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator

PROCESSO: 0005763-20.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005763-2/01)

V O T O

Page 85: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

Trata-se de recurso inominado, interposto por ANGELA MARIA DAL COL, em face da sentença de fls. 44/46, que julgouextinto o processo, sem resolução de mérito, nos termos do art. 51, caput, da Lei nº 9.099/95 e art. 1º da Lei nº 10.259/01c/c o art. 267, VI, terceira figura, do Código de Processo Civil. Entendeu o magistrado a quo que não há utilidade em sepleitear ao Judiciário provimento concessivo quando não se demonstra resistência pela Administração, o que denotaausência de substrato à própria causa de pedir.

A recorrente requer a reforma da sentença originária sustentando a desnecessidade de prévio requerimento administrativo,bem como o exaurimento da via administrativa como requisito de admissibilidade para ação. Ressalta que, uma vezinvocada a tutela jurisdicional, o Poder Judiciário está obrigado a prestá-la, com base no princípio da “indeclinabilidade dajurisdição”. Requer, por fim, a devolução dos autos para seu trâmite legal, com consequente julgamento de procedência dopedido.

A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentido deconfirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição.

Como o ato normativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não sefazia necessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

Entretanto, novos fatos concorrem para a alteração do entendimento firmado anteriormente, entre eles:

existência da ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, naqual o MPF e outro autor pleitearam a revisão dos benefícios por incapacidade concedidos após 29/11/1999 em que, noperíodo básico de cálculo, foram considerados 100% dos salários-de-contribuição, com o intuito de que sejamconsiderados apenas os 80% maiores salários-de-contribuição;os autores e o INSS celebraram acordo que, em 05/09/2012, foi homologado por sentença pelo Juízo da 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo;a petição em que se entabulou o acordo homologado por sentença prevê um cronograma de pagamento dos valoresatrasados;esse cronograma se estende de fevereiro de 2013 até abril de 2022 tendo por base, precipuamente, o critério da idade dosegurado (os mais idosos recebem anteriormente); e conforme o teor da 1ª nota de rodapé da petição em que se formalizouo acordo, “o conograma é resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional e será executado na forma prevista no OfícioConjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF (anexo)”.

Inicialmente, fiquei em dúvida a respeito da extensão da sentença que homologou o acordo relativamente aos seguradosresidentes nesta Seção Judiciária do Espírito Santo, uma vez que o artigo 16 da Lei nº 7.347/85 estipula que a sentençaproferida em ação civil pública “...fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator...”.

A sentença nada diz a respeito do artigo 16 da Lei nº 7.374/85; o que me faria, em linha de princípio, a supor a suaincidência. Ocorre que, em pesquisa na internet, aferi que a decisão que antecipou os efeitos da tutela na referida Ação CivilPública nº 2320-59.2012..403.6183, afirmou-se o que segue: “(...) Ante o exposto, defiro a liminar, com abrangência emtodo o território nacional, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social a revisar, nos termos do artigo 188-A doDecreto n.º 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto n.º 6.939/2009, os benefícios (...).”. Ademais, no já mencionadoOfício Conjunto nº 2/2012/SOPEF/STN/SOF, que foi referido na petição que formalizou o acordo na ação civil pública, oSecretário do Tesouro Nacional e o Secretário Adjunto da SOF dirigiram-se ao Presidente do INSS propondo o cronogramade pagamento antes mencionado; e no item 12 desse ofício é mencionado que “(...) tendo em vista o atendimento dadecisão judicial e levando em consideração o relevante aspecto social que afeta os beneficiários afetados pelo recálculo...,propomos a revisão dos atuais benefícios e... de forma escalonada durante o período de 10 anos (...).”

Em suma, o ofício mencionado foi elaborado com o escopo de cumprir a decisão que antecipou os efeitos da tutela na AçãoCivil Pública nº 2320-59.2012.403.6183; decisão esta que foi explícita ao informar que a mesma abrangia todo o territórionacional.

Tudo isto está a demonstrar que: (a) a incidência do artigo 16 da Lei nº 7.347/85 foi afastada (ainda que de forma implícita);(b) que os efeitos da sentença lavrada na Ação Civil Pública nº 2320-59.2012.403.6183 atingirão (se a mesma transitou emjulgado) todos os segurados que tiveram seus benefícios por incapacidade erroneamente calculados em face da dicçãoatual do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91; (c) excetuam-se desse grupo aqueles segurados que ajuizaram ações individuais erecusarem a pedir a suspensão das mesmas em face do ajuizamento daquela ação coletiva, nos termos do artigo 104 doCDC.

Por fim, no que refere a esse ponto, registro que a adoção da providência prevista na parte final do artigo 104 do CDCnuma ação em que o direito discutido já foi inclusive reconhecido administrativamente pelo réu (como é o caso dos autos)seria uma medida que iria de encontro aos critérios que orientam os Juizados Especiais, notadamente os critérios da

Page 86: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

celeridade, informalidade e simplicidade (artigo 2º da Lei n.º 9.099/95).

Por todo o exposto, concluo que existe interesse de agir.

Em primeiro lugar, registro que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, explicitamentereferido no recurso inominado, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civilpública nº 2320-59.2012.403.6183.

O INSS também aduziu ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo.

Ocorre que, no caso concreto, a falta de interesse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão ésimples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Reconhecido o interesse recursal, passo a analisar o mérito. Ressalte-se que o INSS foi citado, conforme certidão de fl. 36.

Nos termos do art. 515, § 3º do Código de Processo Civil, nos casos de extinção do processo sem julgamento de mérito, otribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições deimediato julgamento, razão pela qual deixo de anular a sentença e passo a julgar o pleito.

Em seu pedido inicial, a autora aponta a não-aplicação do inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/91. Argumenta que a RMI deveser recalculada, considerando 80% dos maiores salários-de-contribuição e desconsiderando os 20% menoressalários-de-contribuição, com a adequação das respectivas prestações.

O parâmetro utilizado pela autarquia para a apuração da RMI do benefício da parte autora, ao que tudo indica, contraria alegislação previdenciária, em especial, o art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, segundo o qual, o “salário-de-benefício consiste namédia aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a oitenta por cento de todo o períodocontributivo."

A Lei nº 9.876/99, por seu turno, estabelece critérios para o cálculo dos benefícios previdenciários: "Art. 3º - Para osegurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir as condiçõesexigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social, no cálculo do salário-de-benefício seráconsiderada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, oitenta porcento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado o disposto nos incisos I e IIdo § 6º, do art. 29, da Lei nº 8.213/91, com a redação dada por esta Lei."

Na verdade, o art. 3º da Lei nº 9.876/99 trouxe ao sistema previdenciário regra de transição para os segurados já filiados àPrevidência Social à época de sua vigência e determina que, para apuração do cálculo do salário-de-benefício, se considerea média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, 80% de todo o períodocontributivo decorrido desde a competência julho/94, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29 da Lei n.º8.213/91. Assim, apurada a mencionada média, deveria incidir um divisor, correspondente a um percentual (nunca inferior a60%) sobre o número de meses compreendidos entre julho/94 e a data do requerimento.

O Enunciado nº 47 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais desta Seção Judiciária dispõe que, para aaposentadoria por invalidez e para o auxílio-doença concedido sob a vigência da Lei nº 9.876/99, o salário-de-benefíciodeve ser apurado com base na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% doperíodo contributivo, independentemente da data de filiação do segurado e do número de contribuições mensais no períodocontributivo, frisando que é ilegal o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/99, acrescentado pelo Decreto nº 5.545/2005.

Denota-se, assim, que há ilegalidade no critério utilizado pelo INSS, que tem como base o Decreto nº 3.048/99. O art. 32, §20, do Decreto nº 3.048/99 elege como fator objetivo para considerar 100% dos salários-de-contribuição (em vez de apenas80%) o número de contribuições no período contributivo (menos de 144 contribuições), fator esse que não tem previsão nalei. Com efeito, para obtenção da RMI do benefício previdenciário já referido, deveria, nos termos da legislação supracitada,ter efetuado a média aritmética simples quantos aos 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuiçãodesconsiderando os 20% (vinte por cento) menores.

Tendo em vista a utilização de todos os salários (100%), torna-se evidente o prejuízo ocasionado no valor do benefício daparte autora, merecendo acolhimento sua pretensão.

Em face de todo o exposto, revejo meu entendimento firmado anteriormente para DAR PROVIMENTO ao recurso da parteautora para julgar procedente o pedido inicial e CONDENAR O INSS na obrigação de rever o valor da Renda Mensal Inicialdo benefício previdenciário, apurando novo salário-de-benefício calculado com base na média aritmética simples dos

Page 87: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo, devendo a rendamensal ser fixada em R$ 286,08 (15/05/2004). Condeno, ainda, a autarquia previdenciária a pagar à parte autora,respeitada a prescrição quinquenal, os atrasados de R$ 23,33, atualizados até 06/2011. Tudo conforme os cálculoselaborados pela Contadoria do Juízo (fls. 29/34).

Ao valor em execução serão acrescidas as diferenças decorrentes da nova RMI apurada nas prestações vincendas dobenefício até a efetiva implantação da mesma, bem como os encargos de correção monetária e juros de mora a partir dacitação, nos termos do art. 1º-F da Lei 9.494/97, com a nova redação dada pela Lei nº 11.960/09.

Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, na formado art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

É como voto.

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO – AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR POR FALTA DE REQUERIMENTOADMINISTRATIVO – ENTENDIMENTO SUPERADO APÓS ACORDO ENTABULADO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA –ANÁLISE DO MÉRITO – ART. 515, § 3º DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – APLICAÇÃO DO ART. 29, II DA LEI Nº8.213/91 – ENUNCIADO Nº 47 DA TURMA RECURSAL DO ESPÍRITO SANTO – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO –SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma do voto e ementaconstantes dos autos, que passam a integrar o presente julgado.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

54 - 0005527-34.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005527-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) IDEBRANDO CARDOSOSANTOS (ADVOGADO: MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.).1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator

PROCESSO: 0005527-34.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005527-5/01)

V O T O

Trata-se de recurso inominado interposto por Idebrando Cardoso Santos em face da sentença de fl. 21, que julgou extinto oprocesso, sem resolução de mérito, nos termos do art. 267, VI do Código de Processo Civil. Entendeu o magistrado a quoque não há utilidade em se pleitear ao Judiciário provimento concessivo quando não se demonstra resistência pelaAdministração, o que denota ausência de substrato à própria causa de pedir.

O recorrente requer a reforma da sentença originária sustentando a desnecessidade de prévio requerimento administrativo,bem como o exaurimento da via administrativa como requisito de admissibilidade para ação. Ressalta que, uma vezinvocada a tutela jurisdicional, o Poder Judiciário está obrigado a prestá-la, com base no princípio da “indeclinabilidade dajurisdição”. Requer, por fim, a devolução dos autos para seu trâmite legal, com consequente julgamento de procedência dopedido.

A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentido deconfirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição.

Page 88: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

Como o ato normativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não sefazia necessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

Entretanto, novos fatos concorrem para a alteração do entendimento firmado anteriormente, entre eles:

existência da ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, naqual o MPF e outro autor pleitearam a revisão dos benefícios por incapacidade concedidos após 29/11/1999 em que, noperíodo básico de cálculo, foram considerados 100% dos salários-de-contribuição, com o intuito de que sejamconsiderados apenas os 80% maiores salários-de-contribuição;os autores e o INSS celebraram acordo que, em 05/09/2012, foi homologado por sentença pelo Juízo da 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo;a petição em que se entabulou o acordo homologado por sentença prevê um cronograma de pagamento dos valoresatrasados;esse cronograma se estende de fevereiro de 2013 até abril de 2022 tendo por base, precipuamente, o critério da idade dosegurado (os mais idosos recebem anteriormente); e conforme o teor da 1ª nota de rodapé da petição em que se formalizouo acordo, “o conograma é resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional e será executado na forma prevista no OfícioConjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF (anexo)”.

Inicialmente, fiquei em dúvida a respeito da extensão da sentença que homologou o acordo relativamente aos seguradosresidentes nesta Seção Judiciária do Espírito Santo, uma vez que o artigo 16 da Lei nº 7.347/85 estipula que a sentençaproferida em ação civil pública “...fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator...”.

A sentença nada diz a respeito do artigo 16 da Lei nº 7.374/85; o que me faria, em linha de princípio, a supor a suaincidência. Ocorre que, em pesquisa na internet, aferi que a decisão que antecipou os efeitos da tutela na referida Ação CivilPública nº 2320-59.2012..403.6183, afirmou-se o que segue: “(...) Ante o exposto, defiro a liminar, com abrangência emtodo o território nacional, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social a revisar, nos termos do artigo 188-A doDecreto n.º 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto n.º 6.939/2009, os benefícios (...).”. Ademais, no já mencionadoOfício Conjunto nº 2/2012/SOPEF/STN/SOF, que foi referido na petição que formalizou o acordo na ação civil pública, oSecretário do Tesouro Nacional e o Secretário Adjunto da SOF dirigiram-se ao Presidente do INSS propondo o cronogramade pagamento antes mencionado; e no item 12 desse ofício é mencionado que “(...) tendo em vista o atendimento dadecisão judicial e levando em consideração o relevante aspecto social que afeta os beneficiários afetados pelo recálculo...,propomos a revisão dos atuais benefícios e... de forma escalonada durante o período de 10 anos (...).”

Em suma, o ofício mencionado foi elaborado com o escopo de cumprir a decisão que antecipou os efeitos da tutela na AçãoCivil Pública nº 2320-59.2012.403.6183; decisão esta que foi explícita ao informar que a mesma abrangia todo o territórionacional.

Tudo isto está a demonstrar que: (a) a incidência do artigo 16 da Lei nº 7.347/85 foi afastada (ainda que de forma implícita);(b) que os efeitos da sentença lavrada na Ação Civil Pública nº 2320-59.2012.403.6183 atingirão (se a mesma transitou emjulgado) todos os segurados que tiveram seus benefícios por incapacidade erroneamente calculados em face da dicçãoatual do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91; (c) excetuam-se desse grupo aqueles segurados que ajuizaram ações individuais erecusarem a pedir a suspensão das mesmas em face do ajuizamento daquela ação coletiva, nos termos do artigo 104 doCDC.

Por fim, no que refere a esse ponto, registro que a adoção da providência prevista na parte final do artigo 104 do CDCnuma ação em que o direito discutido já foi inclusive reconhecido administrativamente pelo réu (como é o caso dos autos)seria uma medida que iria de encontro aos critérios que orientam os Juizados Especiais, notadamente os critérios daceleridade, informalidade e simplicidade (artigo 2º da Lei n.º 9.099/95).

Por todo o exposto, concluo que existe interesse de agir.

Em primeiro lugar, registro que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, explicitamentereferido no recurso inominado, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civilpública nº 2320-59.2012.403.6183.

O INSS também aduziu ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo.

Ocorre que, no caso concreto, a falta de interesse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão ésimples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Reconhecido o interesse recursal, verifico que a autora aponta a não-aplicação do inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/91 no

Page 89: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

cálculo de seu benefício. Argumenta que a RMI deve ser recalculada, considerando os 80% dos maioressalários-de-contribuição e desconsiderando os 20% menores salários-de-contribuição, com a adequação das respectivasprestações.

Entretanto, verifico que o processo não está apto para imediato julgamento, não podendo ser aplicado o art. 515, § 3º doCódigo de Processo Civil e nem o art. 285-A do mesmo diploma legal, tendo em vista que a sentença não foi deimprocedência, mas de extinção sem julgamento do mérito, sem citação da autarquia previdenciária.

Sendo assim, ANULO A SENTENÇA proferida pelo Juízo a quo, a fim de que outra seja proferida em seu lugar.

É como voto.

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO – AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR POR FALTA DE REQUERIMENTOADMINISTRATIVO – ENTENDIMENTO SUPERADO APÓS ACORDO ENTABULADO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA–RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA ANULADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, a fim de ANULAR ASENTENÇA, na forma do voto e ementa constantes dos autos, que passam a integrar o presente julgado.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

55 - 0003639-30.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003639-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) AURENTINO MARQUES(ADVOGADO: MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator

PROCESSO: 0003639-30.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003639-6/01)

V O T O

Trata-se de recurso inominado interposto por Aurentino Marques em face da sentença de fls. 26/27, que julgou extinto oprocesso, sem resolução de mérito, por ausência de interesse de agir, tendo em vista a probabilidade de a parte autora vero objeto da causa satisfeito na via administrativa, considerando que o INSS irá proceder à revisão administrativa dosbenefícios de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez, mediante simples requerimento dos beneficiários.

O recorrente requer a reforma da sentença, sustentando a inexistência de previsão constitucional acerca do esgotamentoda via administrativa como requisito de admissibilidade para ação.

A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentido deconfirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição.

Como o ato normativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não sefazia necessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

Entretanto, novos fatos concorrem para a alteração do entendimento firmado anteriormente, entre eles:

existência da ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, naqual o MPF e outro autor pleitearam a revisão dos benefícios por incapacidade concedidos após 29/11/1999 em que, no

Page 90: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

período básico de cálculo, foram considerados 100% dos salários-de-contribuição, com o intuito de que sejamconsiderados apenas os 80% maiores salários-de-contribuição;os autores e o INSS celebraram acordo que, em 05/09/2012, foi homologado por sentença pelo Juízo da 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo;a petição em que se entabulou o acordo homologado por sentença prevê um cronograma de pagamento dos valoresatrasados;esse cronograma se estende de fevereiro de 2013 até abril de 2022 tendo por base, precipuamente, o critério da idade dosegurado (os mais idosos recebem anteriormente); e conforme o teor da 1ª nota de rodapé da petição em que se formalizouo acordo, “o conograma é resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional e será executado na forma prevista no OfícioConjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF (anexo)”.

Inicialmente, fiquei em dúvida a respeito da extensão da sentença que homologou o acordo relativamente aos seguradosresidentes nesta Seção Judiciária do Espírito Santo, uma vez que o artigo 16 da Lei nº 7.347/85 estipula que a sentençaproferida em ação civil pública “...fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator...”.

A sentença nada diz a respeito do artigo 16 da Lei nº 7.374/85; o que me faria, em linha de princípio, a supor a suaincidência. Ocorre que, em pesquisa na internet, aferi que a decisão que antecipou os efeitos da tutela na referida Ação CivilPública nº 2320-59.2012..403.6183, afirmou-se o que segue: “(...) Ante o exposto, defiro a liminar, com abrangência emtodo o território nacional, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social a revisar, nos termos do artigo 188-A doDecreto n.º 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto n.º 6.939/2009, os benefícios (...).”. Ademais, no já mencionadoOfício Conjunto nº 2/2012/SOPEF/STN/SOF, que foi referido na petição que formalizou o acordo na ação civil pública, oSecretário do Tesouro Nacional e o Secretário Adjunto da SOF dirigiram-se ao Presidente do INSS propondo o cronogramade pagamento antes mencionado; e no item 12 desse ofício é mencionado que “(...) tendo em vista o atendimento dadecisão judicial e levando em consideração o relevante aspecto social que afeta os beneficiários afetados pelo recálculo...,propomos a revisão dos atuais benefícios e... de forma escalonada durante o período de 10 anos (...).”

Em suma, o ofício mencionado foi elaborado com o escopo de cumprir a decisão que antecipou os efeitos da tutela na AçãoCivil Pública nº 2320-59.2012.403.6183; decisão esta que foi explícita ao informar que a mesma abrangia todo o territórionacional.

Tudo isto está a demonstrar que: (a) a incidência do artigo 16 da Lei nº 7.347/85 foi afastada (ainda que de forma implícita);(b) que os efeitos da sentença lavrada na Ação Civil Pública nº 2320-59.2012.403.6183 atingirão (se a mesma transitou emjulgado) todos os segurados que tiveram seus benefícios por incapacidade erroneamente calculados em face da dicçãoatual do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91; (c) excetuam-se desse grupo aqueles segurados que ajuizaram ações individuais erecusarem a pedir a suspensão das mesmas em face do ajuizamento daquela ação coletiva, nos termos do artigo 104 doCDC.

Por fim, no que refere a esse ponto, registro que a adoção da providência prevista na parte final do artigo 104 do CDCnuma ação em que o direito discutido já foi inclusive reconhecido administrativamente pelo réu (como é o caso dos autos)seria uma medida que iria de encontro aos critérios que orientam os Juizados Especiais, notadamente os critérios daceleridade, informalidade e simplicidade (artigo 2º da Lei n.º 9.099/95).

Por todo o exposto, concluo que existe interesse de agir.

Em primeiro lugar, registro que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, explicitamentereferido no recurso inominado, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civilpública nº 2320-59.2012.403.6183.

O INSS também aduziu ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo.

Ocorre que, no caso concreto, a falta de interesse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão ésimples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Reconhecido o interesse recursal, passo a analisar o mérito. Ressalte-se que o INSS foi citado, conforme certidão de fl. 20.

Nos termos do art. 515, § 3º do Código de Processo Civil, nos casos de extinção do processo sem julgamento de mérito, otribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições deimediato julgamento, razão pela qual deixo de anular a sentença e passo a julgar o pleito.

Em seu pedido inicial, o autor aponta a não-aplicação do inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/91. Argumenta que a RMI deveser recalculada, considerando 80% dos maiores salários-de-contribuição e desconsiderando os 20% menores

Page 91: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

salários-de-contribuição, com a adequação das respectivas prestações.

O parâmetro utilizado pela autarquia para a apuração da RMI do benefício da parte autora, ao que tudo indica, contraria alegislação previdenciária, em especial, o art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, segundo o qual, o “salário-de-benefício consiste namédia aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a oitenta por cento de todo o períodocontributivo."

A Lei nº 9.876/99, por seu turno, estabelece critérios para o cálculo dos benefícios previdenciários: "Art. 3º - Para osegurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir as condiçõesexigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social, no cálculo do salário-de-benefício seráconsiderada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, oitenta porcento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado o disposto nos incisos I e IIdo § 6º, do art. 29, da Lei nº 8.213/91, com a redação dada por esta Lei."

Na verdade, o art. 3º da Lei nº 9.876/99 trouxe ao sistema previdenciário regra de transição para os segurados já filiados àPrevidência Social à época de sua vigência e determina que, para apuração do cálculo do salário-de-benefício, se considerea média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, 80% de todo o períodocontributivo decorrido desde a competência julho/94, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29 da Lei n.º8.213/91. Assim, apurada a mencionada média, deveria incidir um divisor, correspondente a um percentual (nunca inferior a60%) sobre o número de meses compreendidos entre julho/94 e a data do requerimento.

O Enunciado nº 47 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais desta Seção Judiciária dispõe que, para aaposentadoria por invalidez e para o auxílio-doença concedido sob a vigência da Lei nº 9.876/99, o salário-de-benefíciodeve ser apurado com base na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% doperíodo contributivo, independentemente da data de filiação do segurado e do número de contribuições mensais no períodocontributivo, frisando que é ilegal o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/99, acrescentado pelo Decreto nº 5.545/2005.

Denota-se, assim, que há ilegalidade no critério utilizado pelo INSS, que tem como base o Decreto nº 3.048/99. O art. 32, §20, do Decreto nº 3.048/99 elege como fator objetivo para considerar 100% dos salários-de-contribuição (em vez de apenas80%) o número de contribuições no período contributivo (menos de 144 contribuições), fator esse que não tem previsão nalei. Com efeito, para obtenção da RMI do benefício previdenciário já referido, deveria, nos termos da legislação supracitada,ter efetuado a média aritmética simples quantos aos 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuiçãodesconsiderando os 20% (vinte por cento) menores.

Tendo em vista a utilização de todos os salários (100%), torna-se evidente o prejuízo ocasionado no valor do benefício daparte autora, merecendo acolhimento sua pretensão.

Em face de todo o exposto, revejo meu entendimento firmado anteriormente para DAR PROVIMENTO ao recurso da parteautora para julgar procedente o pedido inicial e CONDENAR O INSS na obrigação de rever o valor das Rendas MensaisIniciais dos benefícios previdenciários do autor (Auxílio-doença nº 127.514.739-6 e Aposentadoria por Invalidez nº137.827.015-8), apurando novos salários-de-benefício calculados com base na média aritmética simples dos maioressalários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo, e considerando no cálculo daaposentadoria por invalidez o reflexo da revisão da RMI do auxílio-doença. Condeno, ainda, a autarquia previdenciária apagar à parte autora, respeitada a prescrição quinquenal, os valores correspondentes às parcelas atrasadas, que deverãoser corrigidas monetariamente desde o momento em que deveriam ter sido pagas, nos termos da Lei nº 11.960/2009 quealterou o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97.

Deverá o INSS, após a obrigação de fazer, informar ao Juízo a quo os valores a serem requisitados. Quanto à não liquidezdesta decisão, ressalto o fato de que o INSS possui maiores condições de elaborar os cálculos dos valores em atraso, eque tal posicionamento se coaduna com a disposição do Enunciado nº 04 da Turma Recursal do Espírito Santo. Desta feita,após a apuração administrativa dos valores em comento, a ser considerada como obrigação de fazer, na forma do art. 16da Lei nº 10.259/2001, será então expedido o requisitório adequado.

Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, na formado art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

É como voto.E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO – AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR POR FALTA DE REQUERIMENTOADMINISTRATIVO – ENTENDIMENTO SUPERADO APÓS ACORDO ENTABULADO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA –ANÁLISE DO MÉRITO – ART. 515, § 3º DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – APLICAÇÃO DO ART. 29, II DA LEI Nº8.213/91 – ENUNCIADO Nº 47 DA TURMA RECURSAL DO ESPÍRITO SANTO – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO –SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da

Page 92: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma do voto e ementaconstantes dos autos, que passam a integrar o presente julgado.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

56 - 0003108-41.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003108-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ROGERIO ANTONIORODRIGUES CRUZ (ADVOGADO: VINICIUS DINIZ SANTANA, ANDERSON MACOHIN SIEGEL, RAUL DIASBORTOLINI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITOSANTO.).1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator

PROCESSO: 0003108-41.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003108-8/01)

V O T O

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fls. 35/37, que julgou extinto oprocesso, sem resolução de mérito, por ausência de interesse de agir, nos termos do art. 51, caput, da Lei nº 9.09995 e noart. 267, VI, do CPC, tendo em vista que, conforme Memorando Circular nº 28/INSSDIRBEN, o INSS irá proceder à revisãodos benefícios de forma administrativa, mediante simples requerimento administrativo.

O recorrente requer a reforma da sentença, sustentando a inexistência de previsão constitucional acerca do esgotamentoda via administrativa como requisito de admissibilidade para ação.

A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentido deconfirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição.

Como o ato normativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não sefazia necessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

Entretanto, novos fatos concorrem para a alteração do entendimento firmado anteriormente, entre eles:

existência da ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, naqual o MPF e outro autor pleitearam a revisão dos benefícios por incapacidade concedidos após 29/11/1999 em que, noperíodo básico de cálculo, foram considerados 100% dos salários-de-contribuição, com o intuito de que sejamconsiderados apenas os 80% maiores salários-de-contribuição;os autores e o INSS celebraram acordo que, em 05/09/2012, foi homologado por sentença pelo Juízo da 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo;a petição em que se entabulou o acordo homologado por sentença prevê um cronograma de pagamento dos valoresatrasados;esse cronograma se estende de fevereiro de 2013 até abril de 2022 tendo por base, precipuamente, o critério da idade dosegurado (os mais idosos recebem anteriormente); e conforme o teor da 1ª nota de rodapé da petição em que se formalizouo acordo, “o conograma é resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional e será executado na forma prevista no OfícioConjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF (anexo)”.

Inicialmente, fiquei em dúvida a respeito da extensão da sentença que homologou o acordo relativamente aos seguradosresidentes nesta Seção Judiciária do Espírito Santo, uma vez que o artigo 16 da Lei nº 7.347/85 estipula que a sentençaproferida em ação civil pública “...fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator...”.

A sentença nada diz a respeito do artigo 16 da Lei nº 7.374/85; o que me faria, em linha de princípio, a supor a suaincidência. Ocorre que, em pesquisa na internet, aferi que a decisão que antecipou os efeitos da tutela na referida Ação CivilPública nº 2320-59.2012..403.6183, afirmou-se o que segue: “(...) Ante o exposto, defiro a liminar, com abrangência emtodo o território nacional, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social a revisar, nos termos do artigo 188-A doDecreto n.º 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto n.º 6.939/2009, os benefícios (...).”. Ademais, no já mencionadoOfício Conjunto nº 2/2012/SOPEF/STN/SOF, que foi referido na petição que formalizou o acordo na ação civil pública, oSecretário do Tesouro Nacional e o Secretário Adjunto da SOF dirigiram-se ao Presidente do INSS propondo o cronogramade pagamento antes mencionado; e no item 12 desse ofício é mencionado que “(...) tendo em vista o atendimento dadecisão judicial e levando em consideração o relevante aspecto social que afeta os beneficiários afetados pelo recálculo...,propomos a revisão dos atuais benefícios e... de forma escalonada durante o período de 10 anos (...).”

Page 93: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

Em suma, o ofício mencionado foi elaborado com o escopo de cumprir a decisão que antecipou os efeitos da tutela na AçãoCivil Pública nº 2320-59.2012.403.6183; decisão esta que foi explícita ao informar que a mesma abrangia todo o territórionacional.

Tudo isto está a demonstrar que: (a) a incidência do artigo 16 da Lei nº 7.347/85 foi afastada (ainda que de forma implícita);(b) que os efeitos da sentença lavrada na Ação Civil Pública nº 2320-59.2012.403.6183 atingirão (se a mesma transitou emjulgado) todos os segurados que tiveram seus benefícios por incapacidade erroneamente calculados em face da dicçãoatual do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91; (c) excetuam-se desse grupo aqueles segurados que ajuizaram ações individuais erecusarem a pedir a suspensão das mesmas em face do ajuizamento daquela ação coletiva, nos termos do artigo 104 doCDC.

Por fim, no que refere a esse ponto, registro que a adoção da providência prevista na parte final do artigo 104 do CDCnuma ação em que o direito discutido já foi inclusive reconhecido administrativamente pelo réu (como é o caso dos autos)seria uma medida que iria de encontro aos critérios que orientam os Juizados Especiais, notadamente os critérios daceleridade, informalidade e simplicidade (artigo 2º da Lei n.º 9.099/95).

Por todo o exposto, concluo que existe interesse de agir.

Em primeiro lugar, registro que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, explicitamentereferido no recurso inominado, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civilpública nº 2320-59.2012.403.6183.

O INSS também aduziu ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo.

Ocorre que, no caso concreto, a falta de interesse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão ésimples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Reconhecido o interesse recursal, passo a analisar o mérito. Ressalte-se que o INSS foi citado, conforme certidão de fl. 29.

Nos termos do art. 515, § 3º do Código de Processo Civil, nos casos de extinção do processo sem julgamento de mérito, otribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições deimediato julgamento, razão pela qual deixo de anular a sentença e passo a julgar o pleito.

Em seu pedido inicial, o autor aponta a não-aplicação do inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/91. Argumenta que a RMI deveser recalculada, considerando 80% dos maiores salários-de-contribuição e desconsiderando os 20% menoressalários-de-contribuição, com a adequação das respectivas prestações.

O parâmetro utilizado pela autarquia para a apuração da RMI do benefício da parte autora, ao que tudo indica, contraria alegislação previdenciária, em especial, o art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, segundo o qual, o “salário-de-benefício consiste namédia aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a oitenta por cento de todo o períodocontributivo."

A Lei nº 9.876/99, por seu turno, estabelece critérios para o cálculo dos benefícios previdenciários: "Art. 3º - Para osegurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir as condiçõesexigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social, no cálculo do salário-de-benefício seráconsiderada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, oitenta porcento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado o disposto nos incisos I e IIdo § 6º, do art. 29, da Lei nº 8.213/91, com a redação dada por esta Lei."

Na verdade, o art. 3º da Lei nº 9.876/99 trouxe ao sistema previdenciário regra de transição para os segurados já filiados àPrevidência Social à época de sua vigência e determina que, para apuração do cálculo do salário-de-benefício, se considerea média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, 80% de todo o períodocontributivo decorrido desde a competência julho/94, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29 da Lei n.º8.213/91. Assim, apurada a mencionada média, deveria incidir um divisor, correspondente a um percentual (nunca inferior a60%) sobre o número de meses compreendidos entre julho/94 e a data do requerimento.

O Enunciado nº 47 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais desta Seção Judiciária dispõe que, para aaposentadoria por invalidez e para o auxílio-doença concedido sob a vigência da Lei nº 9.876/99, o salário-de-benefíciodeve ser apurado com base na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% doperíodo contributivo, independentemente da data de filiação do segurado e do número de contribuições mensais no período

Page 94: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

contributivo, frisando que é ilegal o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/99, acrescentado pelo Decreto nº 5.545/2005.

Denota-se, assim, que há ilegalidade no critério utilizado pelo INSS, que tem como base o Decreto nº 3.048/99. O art. 32, §20, do Decreto nº 3.048/99 elege como fator objetivo para considerar 100% dos salários-de-contribuição (em vez de apenas80%) o número de contribuições no período contributivo (menos de 144 contribuições), fator esse que não tem previsão nalei. Com efeito, para obtenção da RMI do benefício previdenciário já referido, deveria, nos termos da legislação supracitada,ter efetuado a média aritmética simples quantos aos 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuiçãodesconsiderando os 20% (vinte por cento) menores.

Tendo em vista a utilização de todos os salários (100%), torna-se evidente o prejuízo ocasionado no valor do benefício daparte autora, merecendo acolhimento sua pretensão.

Em face de todo o exposto, revejo meu entendimento firmado anteriormente para DAR PROVIMENTO ao recurso da parteautora para julgar procedente o pedido inicial e CONDENAR O INSS na obrigação de rever o valor das Rendas MensaisIniciais dos benefícios previdenciários do autor (Auxílios-doença nºs 521.656.004-8 e 523.900.633-0), apurando novossalários-de-benefício calculados com base na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuiçãocorrespondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo. Condeno, ainda, a autarquia previdenciária a pagar àparte autora, respeitada a prescrição quinquenal, os valores correspondentes às parcelas atrasadas, que deverão sercorrigidas monetariamente desde o momento em que deveriam ter sido pagas, nos termos da Lei nº 11.960/2009 quealterou o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97.

Deverá o INSS, após a obrigação de fazer, informar ao Juízo a quo os valores a serem requisitados. Quanto à não liquidezdesta decisão, ressalto o fato de que o INSS possui maiores condições de elaborar os cálculos dos valores em atraso, eque tal posicionamento se coaduna com a disposição do Enunciado nº 04 da Turma Recursal do Espírito Santo. Desta feita,após a apuração administrativa dos valores em comento, a ser considerada como obrigação de fazer, na forma do art. 16da Lei nº 10.259/2001, será então expedido o requisitório adequado.

Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, na formado art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

É como voto.

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO – AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR POR FALTA DE REQUERIMENTOADMINISTRATIVO – ENTENDIMENTO SUPERADO APÓS ACORDO ENTABULADO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA –ANÁLISE DO MÉRITO – ART. 515, § 3º DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – APLICAÇÃO DO ART. 29, II DA LEI Nº8.213/91 – ENUNCIADO Nº 47 DA TURMA RECURSAL DO ESPÍRITO SANTO – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO –SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma do voto e ementaconstantes dos autos, que passam a integrar o presente julgado.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

57 - 0000758-65.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.000758-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) BENEDITO CALISTO(ADVOGADO: MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.).1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator

PROCESSO: 0000758-65.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.000758-6/01)

V O T O

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fls. 24/26, que julgou extinto o

Page 95: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

processo, sem resolução de mérito, por ausência de interesse de agir, nos termos do art. 267, VI, do CPC, tendo em vistaque, conforme Memorando Circular nº 28/INSSDIRBEN, o INSS irá proceder à revisão dos benefícios de formaadministrativa, mediante simples requerimento administrativo.

O recorrente requer a reforma da sentença, sustentando a inexistência de previsão constitucional acerca do esgotamentoda via administrativa como requisito de admissibilidade para ação.

A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentido deconfirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição.

Como o ato normativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não sefazia necessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

Entretanto, novos fatos concorrem para a alteração do entendimento firmado anteriormente, entre eles:

existência da ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, naqual o MPF e outro autor pleitearam a revisão dos benefícios por incapacidade concedidos após 29/11/1999 em que, noperíodo básico de cálculo, foram considerados 100% dos salários-de-contribuição, com o intuito de que sejamconsiderados apenas os 80% maiores salários-de-contribuição;os autores e o INSS celebraram acordo que, em 05/09/2012, foi homologado por sentença pelo Juízo da 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo;a petição em que se entabulou o acordo homologado por sentença prevê um cronograma de pagamento dos valoresatrasados;esse cronograma se estende de fevereiro de 2013 até abril de 2022 tendo por base, precipuamente, o critério da idade dosegurado (os mais idosos recebem anteriormente); e conforme o teor da 1ª nota de rodapé da petição em que se formalizouo acordo, “o conograma é resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional e será executado na forma prevista no OfícioConjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF (anexo)”.

Inicialmente, fiquei em dúvida a respeito da extensão da sentença que homologou o acordo relativamente aos seguradosresidentes nesta Seção Judiciária do Espírito Santo, uma vez que o artigo 16 da Lei nº 7.347/85 estipula que a sentençaproferida em ação civil pública “...fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator...”.

A sentença nada diz a respeito do artigo 16 da Lei nº 7.374/85; o que me faria, em linha de princípio, a supor a suaincidência. Ocorre que, em pesquisa na internet, aferi que a decisão que antecipou os efeitos da tutela na referida Ação CivilPública nº 2320-59.2012..403.6183, afirmou-se o que segue: “(...) Ante o exposto, defiro a liminar, com abrangência emtodo o território nacional, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social a revisar, nos termos do artigo 188-A doDecreto n.º 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto n.º 6.939/2009, os benefícios (...).”. Ademais, no já mencionadoOfício Conjunto nº 2/2012/SOPEF/STN/SOF, que foi referido na petição que formalizou o acordo na ação civil pública, oSecretário do Tesouro Nacional e o Secretário Adjunto da SOF dirigiram-se ao Presidente do INSS propondo o cronogramade pagamento antes mencionado; e no item 12 desse ofício é mencionado que “(...) tendo em vista o atendimento dadecisão judicial e levando em consideração o relevante aspecto social que afeta os beneficiários afetados pelo recálculo...,propomos a revisão dos atuais benefícios e... de forma escalonada durante o período de 10 anos (...).”

Em suma, o ofício mencionado foi elaborado com o escopo de cumprir a decisão que antecipou os efeitos da tutela na AçãoCivil Pública nº 2320-59.2012.403.6183; decisão esta que foi explícita ao informar que a mesma abrangia todo o territórionacional.

Tudo isto está a demonstrar que: (a) a incidência do artigo 16 da Lei nº 7.347/85 foi afastada (ainda que de forma implícita);(b) que os efeitos da sentença lavrada na Ação Civil Pública nº 2320-59.2012.403.6183 atingirão (se a mesma transitou emjulgado) todos os segurados que tiveram seus benefícios por incapacidade erroneamente calculados em face da dicçãoatual do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91; (c) excetuam-se desse grupo aqueles segurados que ajuizaram ações individuais erecusarem a pedir a suspensão das mesmas em face do ajuizamento daquela ação coletiva, nos termos do artigo 104 doCDC.

Por fim, no que refere a esse ponto, registro que a adoção da providência prevista na parte final do artigo 104 do CDCnuma ação em que o direito discutido já foi inclusive reconhecido administrativamente pelo réu (como é o caso dos autos)seria uma medida que iria de encontro aos critérios que orientam os Juizados Especiais, notadamente os critérios daceleridade, informalidade e simplicidade (artigo 2º da Lei n.º 9.099/95).

Por todo o exposto, concluo que existe interesse de agir.

Em primeiro lugar, registro que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, explicitamentereferido no recurso inominado, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civil

Page 96: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

pública nº 2320-59.2012.403.6183.

O INSS também aduziu ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo.

Ocorre que, no caso concreto, a falta de interesse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão ésimples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Reconhecido o interesse recursal, passo a analisar o mérito. Ressalte-se que o INSS foi citado, conforme certidão de fl. 17.

Nos termos do art. 515, § 3º do Código de Processo Civil, nos casos de extinção do processo sem julgamento de mérito, otribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições deimediato julgamento, razão pela qual deixo de anular a sentença e passo a julgar o pleito.

Em seu pedido inicial, o autor aponta a não-aplicação do inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/91. Argumenta que a RMI deveser recalculada, considerando 80% dos maiores salários-de-contribuição e desconsiderando os 20% menoressalários-de-contribuição, com a adequação das respectivas prestações.

O parâmetro utilizado pela autarquia para a apuração da RMI do benefício da parte autora, ao que tudo indica, contraria alegislação previdenciária, em especial, o art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, segundo o qual, o “salário-de-benefício consiste namédia aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a oitenta por cento de todo o períodocontributivo."

A Lei nº 9.876/99, por seu turno, estabelece critérios para o cálculo dos benefícios previdenciários: "Art. 3º - Para osegurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir as condiçõesexigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social, no cálculo do salário-de-benefício seráconsiderada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, oitenta porcento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado o disposto nos incisos I e IIdo § 6º, do art. 29, da Lei nº 8.213/91, com a redação dada por esta Lei."

Na verdade, o art. 3º da Lei nº 9.876/99 trouxe ao sistema previdenciário regra de transição para os segurados já filiados àPrevidência Social à época de sua vigência e determina que, para apuração do cálculo do salário-de-benefício, se considerea média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, 80% de todo o períodocontributivo decorrido desde a competência julho/94, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29 da Lei n.º8.213/91. Assim, apurada a mencionada média, deveria incidir um divisor, correspondente a um percentual (nunca inferior a60%) sobre o número de meses compreendidos entre julho/94 e a data do requerimento.

O Enunciado nº 47 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais desta Seção Judiciária dispõe que, para aaposentadoria por invalidez e para o auxílio-doença concedido sob a vigência da Lei nº 9.876/99, o salário-de-benefíciodeve ser apurado com base na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% doperíodo contributivo, independentemente da data de filiação do segurado e do número de contribuições mensais no períodocontributivo, frisando que é ilegal o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/99, acrescentado pelo Decreto nº 5.545/2005.

Denota-se, assim, que há ilegalidade no critério utilizado pelo INSS, que tem como base o Decreto nº 3.048/99. O art. 32, §20, do Decreto nº 3.048/99 elege como fator objetivo para considerar 100% dos salários-de-contribuição (em vez de apenas80%) o número de contribuições no período contributivo (menos de 144 contribuições), fator esse que não tem previsão nalei. Com efeito, para obtenção da RMI do benefício previdenciário já referido, deveria, nos termos da legislação supracitada,ter efetuado a média aritmética simples quantos aos 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuiçãodesconsiderando os 20% (vinte por cento) menores.

Tendo em vista a utilização de todos os salários (100%), torna-se evidente o prejuízo ocasionado no valor do benefício daparte autora, merecendo acolhimento sua pretensão.

Em face de todo o exposto, revejo meu entendimento firmado anteriormente para DAR PROVIMENTO ao recurso da parteautora para julgar procedente o pedido inicial e CONDENAR O INSS na obrigação de rever o valor das Rendas MensaisIniciais dos benefícios previdenciários do autor (Auxílio-doença nº 136.619.881-3 e Aposentadoria por Invalidez nº138.101.780-8), apurando novos salários-de-benefício calculados com base na média aritmética simples dos maioressalários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo, e considerando no cálculo daaposentadoria por invalidez o reflexo da revisão da RMI do auxílio-doença. Condeno, ainda, a autarquia previdenciária apagar à parte autora, respeitada a prescrição quinquenal, os valores correspondentes às parcelas atrasadas, que deverãoser corrigidas monetariamente desde o momento em que deveriam ter sido pagas, nos termos da Lei nº 11.960/2009 quealterou o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97.

Page 97: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

Deverá o INSS, após a obrigação de fazer, informar ao Juízo a quo os valores a serem requisitados. Quanto à não liquidezdesta decisão, ressalto o fato de que o INSS possui maiores condições de elaborar os cálculos dos valores em atraso, eque tal posicionamento se coaduna com a disposição do Enunciado nº 04 da Turma Recursal do Espírito Santo. Desta feita,após a apuração administrativa dos valores em comento, a ser considerada como obrigação de fazer, na forma do art. 16da Lei nº 10.259/2001, será então expedido o requisitório adequado.

Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, na formado art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

É como voto.E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO – AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR POR FALTA DE REQUERIMENTOADMINISTRATIVO – ENTENDIMENTO SUPERADO APÓS ACORDO ENTABULADO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA –ANÁLISE DO MÉRITO – ART. 515, § 3º DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – APLICAÇÃO DO ART. 29, II DA LEI Nº8.213/91 – ENUNCIADO Nº 47 DA TURMA RECURSAL DO ESPÍRITO SANTO – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO –SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma do voto e ementaconstantes dos autos, que passam a integrar o presente julgado.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

58 - 0001068-71.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.001068-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DADIR CANDEIA DA SILVA(ADVOGADO: MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator

PROCESSO: 0001068-71.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.001068-8/01)

V O T O

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fls. 32/34, que julgou extinto oprocesso, sem resolução de mérito, por ausência de interesse de agir, nos termos doa RT. 267, VI, do CPC, tendo em vistaque a partir da edição do Memorando Circular nº 28/INSSDIRBEN, o INSS vem concedendo pela via administrativa asrevisões de benefícios, nos termos do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91.

O recorrente requer a reforma da sentença, sustentando a inexistência de previsão constitucional acerca do esgotamentoda via administrativa como requisito de admissibilidade para ação.

A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentido deconfirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição.

Como o ato normativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não sefazia necessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

Entretanto, novos fatos concorrem para a alteração do entendimento firmado anteriormente, entre eles:

existência da ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, naqual o MPF e outro autor pleitearam a revisão dos benefícios por incapacidade concedidos após 29/11/1999 em que, noperíodo básico de cálculo, foram considerados 100% dos salários-de-contribuição, com o intuito de que sejamconsiderados apenas os 80% maiores salários-de-contribuição;

Page 98: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

os autores e o INSS celebraram acordo que, em 05/09/2012, foi homologado por sentença pelo Juízo da 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo;a petição em que se entabulou o acordo homologado por sentença prevê um cronograma de pagamento dos valoresatrasados;esse cronograma se estende de fevereiro de 2013 até abril de 2022 tendo por base, precipuamente, o critério da idade dosegurado (os mais idosos recebem anteriormente); e conforme o teor da 1ª nota de rodapé da petição em que se formalizouo acordo, “o conograma é resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional e será executado na forma prevista no OfícioConjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF (anexo)”.

Inicialmente, fiquei em dúvida a respeito da extensão da sentença que homologou o acordo relativamente aos seguradosresidentes nesta Seção Judiciária do Espírito Santo, uma vez que o artigo 16 da Lei nº 7.347/85 estipula que a sentençaproferida em ação civil pública “...fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator...”.

A sentença nada diz a respeito do artigo 16 da Lei nº 7.374/85; o que me faria, em linha de princípio, a supor a suaincidência. Ocorre que, em pesquisa na internet, aferi que a decisão que antecipou os efeitos da tutela na referida Ação CivilPública nº 2320-59.2012..403.6183, afirmou-se o que segue: “(...) Ante o exposto, defiro a liminar, com abrangência emtodo o território nacional, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social a revisar, nos termos do artigo 188-A doDecreto n.º 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto n.º 6.939/2009, os benefícios (...).”. Ademais, no já mencionadoOfício Conjunto nº 2/2012/SOPEF/STN/SOF, que foi referido na petição que formalizou o acordo na ação civil pública, oSecretário do Tesouro Nacional e o Secretário Adjunto da SOF dirigiram-se ao Presidente do INSS propondo o cronogramade pagamento antes mencionado; e no item 12 desse ofício é mencionado que “(...) tendo em vista o atendimento dadecisão judicial e levando em consideração o relevante aspecto social que afeta os beneficiários afetados pelo recálculo...,propomos a revisão dos atuais benefícios e... de forma escalonada durante o período de 10 anos (...).”

Em suma, o ofício mencionado foi elaborado com o escopo de cumprir a decisão que antecipou os efeitos da tutela na AçãoCivil Pública nº 2320-59.2012.403.6183; decisão esta que foi explícita ao informar que a mesma abrangia todo o territórionacional.

Tudo isto está a demonstrar que: (a) a incidência do artigo 16 da Lei nº 7.347/85 foi afastada (ainda que de forma implícita);(b) que os efeitos da sentença lavrada na Ação Civil Pública nº 2320-59.2012.403.6183 atingirão (se a mesma transitou emjulgado) todos os segurados que tiveram seus benefícios por incapacidade erroneamente calculados em face da dicçãoatual do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91; (c) excetuam-se desse grupo aqueles segurados que ajuizaram ações individuais erecusarem a pedir a suspensão das mesmas em face do ajuizamento daquela ação coletiva, nos termos do artigo 104 doCDC.

Por fim, no que refere a esse ponto, registro que a adoção da providência prevista na parte final do artigo 104 do CDCnuma ação em que o direito discutido já foi inclusive reconhecido administrativamente pelo réu (como é o caso dos autos)seria uma medida que iria de encontro aos critérios que orientam os Juizados Especiais, notadamente os critérios daceleridade, informalidade e simplicidade (artigo 2º da Lei n.º 9.099/95).

Por todo o exposto, concluo que existe interesse de agir.

Em primeiro lugar, registro que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, explicitamentereferido no recurso inominado, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civilpública nº 2320-59.2012.403.6183.

O INSS também aduziu ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo.

Ocorre que, no caso concreto, a falta de interesse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão ésimples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Reconhecido o interesse recursal, passo a analisar o mérito. Ressalte-se que o INSS foi citado, conforme certidão de fl. 18.

Nos termos do art. 515, § 3º do Código de Processo Civil, nos casos de extinção do processo sem julgamento de mérito, otribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições deimediato julgamento, razão pela qual deixo de anular a sentença e passo a julgar o pleito.

Em seu pedido inicial, o autor aponta a não-aplicação do inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/91. Argumenta que a RMI deveser recalculada, considerando 80% dos maiores salários-de-contribuição e desconsiderando os 20% menoressalários-de-contribuição, com a adequação das respectivas prestações.

Page 99: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

O parâmetro utilizado pela autarquia para a apuração da RMI do benefício da parte autora, ao que tudo indica, contraria alegislação previdenciária, em especial, o art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, segundo o qual, o “salário-de-benefício consiste namédia aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a oitenta por cento de todo o períodocontributivo."

A Lei nº 9.876/99, por seu turno, estabelece critérios para o cálculo dos benefícios previdenciários: "Art. 3º - Para osegurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir as condiçõesexigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social, no cálculo do salário-de-benefício seráconsiderada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, oitenta porcento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado o disposto nos incisos I e IIdo § 6º, do art. 29, da Lei nº 8.213/91, com a redação dada por esta Lei."

Na verdade, o art. 3º da Lei nº 9.876/99 trouxe ao sistema previdenciário regra de transição para os segurados já filiados àPrevidência Social à época de sua vigência e determina que, para apuração do cálculo do salário-de-benefício, se considerea média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, 80% de todo o períodocontributivo decorrido desde a competência julho/94, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29 da Lei n.º8.213/91. Assim, apurada a mencionada média, deveria incidir um divisor, correspondente a um percentual (nunca inferior a60%) sobre o número de meses compreendidos entre julho/94 e a data do requerimento.

O Enunciado nº 47 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais desta Seção Judiciária dispõe que, para aaposentadoria por invalidez e para o auxílio-doença concedido sob a vigência da Lei nº 9.876/99, o salário-de-benefíciodeve ser apurado com base na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% doperíodo contributivo, independentemente da data de filiação do segurado e do número de contribuições mensais no períodocontributivo, frisando que é ilegal o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/99, acrescentado pelo Decreto nº 5.545/2005.

Denota-se, assim, que há ilegalidade no critério utilizado pelo INSS, que tem como base o Decreto nº 3.048/99. O art. 32, §20, do Decreto nº 3.048/99 elege como fator objetivo para considerar 100% dos salários-de-contribuição (em vez de apenas80%) o número de contribuições no período contributivo (menos de 144 contribuições), fator esse que não tem previsão nalei. Com efeito, para obtenção da RMI do benefício previdenciário já referido, deveria, nos termos da legislação supracitada,ter efetuado a média aritmética simples quantos aos 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuiçãodesconsiderando os 20% (vinte por cento) menores.

Tendo em vista a utilização de todos os salários (100%), torna-se evidente o prejuízo ocasionado no valor do benefício daparte autora, merecendo acolhimento sua pretensão.

Em face de todo o exposto, revejo meu entendimento firmado anteriormente para DAR PROVIMENTO ao recurso da parteautora para julgar procedente o pedido inicial e CONDENAR O INSS na obrigação de rever o valor das Rendas MensaisIniciais dos benefícios previdenciários do autor (Auxílio-doença nº 132.660.353-9 e Aposentadoria por Invalidez nº136.465.053-0), apurando novos salários-de-benefício calculados com base na média aritmética simples dos maioressalários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo, e considerando no cálculo daaposentadoria por invalidez o reflexo da revisão da RMI do auxílio-doença. Condeno, ainda, a autarquia previdenciária apagar à parte autora, respeitada a prescrição quinquenal, os valores correspondentes às parcelas atrasadas, que deverãoser corrigidas monetariamente desde o momento em que deveriam ter sido pagas, nos termos da Lei nº 11.960/2009 quealterou o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97.

Deverá o INSS, após a obrigação de fazer, informar ao Juízo a quo os valores a serem requisitados. Quanto à não liquidezdesta decisão, ressalto o fato de que o INSS possui maiores condições de elaborar os cálculos dos valores em atraso, eque tal posicionamento se coaduna com a disposição do Enunciado nº 04 da Turma Recursal do Espírito Santo. Desta feita,após a apuração administrativa dos valores em comento, a ser considerada como obrigação de fazer, na forma do art. 16da Lei nº 10.259/2001, será então expedido o requisitório adequado.

Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, na formado art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

É como voto.E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO – AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR POR FALTA DE REQUERIMENTOADMINISTRATIVO – ENTENDIMENTO SUPERADO APÓS ACORDO ENTABULADO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA –ANÁLISE DO MÉRITO – ART. 515, § 3º DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – APLICAÇÃO DO ART. 29, II DA LEI Nº8.213/91 – ENUNCIADO Nº 47 DA TURMA RECURSAL DO ESPÍRITO SANTO – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO –SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma do voto e ementaconstantes dos autos, que passam a integrar o presente julgado.

Page 100: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

59 - 0003103-53.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003103-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.) x JOÃO MIGUEL PAULINO (ADVOGADO:JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.).VOTO-VISTA

Conforme consignou o eminente Relator, trata-se de recurso inominado interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Socialcontra a sentença de fls. 42-43, que julgou procedente em parte o pedido revisional, a despeito do Memorando-CircularConjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, que obriga as instâncias administrativas dessa Autarquia a efetuar arevisão reclamada. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso, julgando-se extinto o processo sem resolução demérito, na forma do inciso VI do artigo 267 do Código de processo Civil, pelo não preenchimento da condicionante do direitode ação denominada interesse processual.

Em verdade, o INSS recorreu para que esta Turma Recursal repisasse, mais uma vez, seu entendimento já sedimentado arespeito da matéria em foco, qual seja: nas ações em que se pleiteiam revisões dos benefícios de incapacidade, com baseno disposto no artigo 29, II, da Lei 8.213/91 (acrescentado pela Lei 9.876/99), como regra geral inexiste interesse de agir,visto que o INSS reconhecera o equívoco que realizara no cálculo da RMI de tais benefícios, tomando por base 100% dossalários-de-contribuição, sem excluir os 20% menores (como passou a determinar o referido dispositivo legal); e o INSSdeterminara a realização administrativa dessas revisões, o que se deu através do Memorando-Circular Conjunto nº21/DIRBEN/ PFEINSS, de 15.04.2010.

Não obstante, na presente ação o autor-recorrido trouxe prova documental dos seguintes eventos:

existência da ação civil pública nº 2320-59.2012..403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, naqual o MPF e outro autor pleitearam a revisão dos benefícios por incapacidade concedidos após 29/11/199 em que, noperíodo básico de cálculo, foram considerados 100% dos salários-de-contribuição, com o intuito de que sejamconsiderados apenas os 80% maiores salários-de-contribuição;os autores e o INSS celebraram acordo que, em 05/09/2012, foi homologado por sentença pelo Juízo da 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo;a petição em que se entabulou o acordo homologado por sentença prevê um cronograma de pagamento dos valoresatrasados;esse cronograma se estende de fevereiro de 2013 até abril de 2022 tendo por base, precipuamente, o critério da idade dosegurado (os mais idosos recebem anteriormente); e conforme o teor da 1ª nota de rodapé da petição em que se formalizouo acordo, “o conograma é resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional e será executado na forma prevista no OfícioConjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF (anexo)”.

Inicialmente, fiquei em dúvida a respeito da extensão da sentença que homologou o acordo relativamente aos seguradosresidentes nesta Seção Judiciária do Espírito Santo, uma vez que o artigo 16 da Lei 7.347/85 estipula que a sentençaproferida em ação civil pública “...fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator...”.

A sentença nada diz a respeito do artigo 16 da Lei 7.374/85; o que me faria, em linha de princípio, a supor a sua incidência.Ocorre que, em pesquisa na internet, aferi que a decisão que antecipou os efeitos da tutela na referida Ação Civil Pública nº2320-59.2012..403.6183, afirmou-se o que segue: “(...) Ante o exposto, defiro a liminar, com abrangência em todo oterritório nacional, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social a revisar, nos termos do artigo 188-A do Decreto n.º3.048/99, com a redação dada pelo Decreto n.º 6.939/2009, os benefícios (...).”. Ademais, no já mencionado OfícioConjunto nº 2/2012/SOPEF/STN/SOF, que foi referido na petição que formalizou o acordo na ação civil pública, oSecretário do Tesouro Nacional e o Secretário Adjunto da SOF dirigiram-se ao Presidente do INSS propondo o cronogramade pagamento antes mencionado; e no item 12 desse ofício é mencionado que “(...) tendo em vista o atendimento dadecisão judicial e levando em consideração o relevante aspecto social que afeta os beneficiários afetados pelo recálculo...,propomos a revisão dos atuais benefícios e... de forma escalonada durante o período de 10 anos (...).”

Em suma, o ofício mencionado foi elaborado com o escopo de cumprir a decisão que antecipou os efeitos da tutela na AçãoCivil Pública nº 2320-59.2012..403.6183; decisão esta que foi explícita ao informar que a mesma abrangia todo o territórionacional.

Tudo isto está a demonstrar que: (a) a incidência do artigo 16 da Lei 7.347/85 foi afastada (ainda que de forma implícita);(b) que os efeitos da sentença lavrada na Ação Civil Pública nº 2320-59.2012.403.6183 atingirão (se a mesma transitou emjulgado) todos os segurados que tiveram seus benefícios por incapacidade erroneamente calculados em face da dicçãoatual doa art. 29, II, da Lei 8.213/91; (c) excetuam-se desse grupo aqueles segurados que ajuizaram ações individuais erecusarem a pedir a suspensão das mesmas em face do ajuizamento daquela ação coletiva, nos termos do artigo 104 doCDC.

Page 101: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

Por fim, no que refere a esse ponto, registro que a adoção da providência prevista na parte final do artigo 104 do CDCnuma ação em que o direito discutido já foi inclusive reconhecido administrativamente pelo réu (como é o caso dos autos)seria uma medida que iria de encontro aos critérios que orientam os Juizados Especiais, notadamente os critérios daceleridade, informalidade e simplicidade (artigo 2º da Lei n.º 9.099/95).

Por todo o exposto, concluo que existe interesse de agir.

A sentença recorrida julgou procedente em parte o pedido. O INSS recorreu alegando ausência de interesse de agir. Oeminente Relator negou seguimento ao recurso, por entender que o mesmo não preenchia requisito intrínseco deadmissibilidade, visto que “(...)o recurso visa não à obtenção de situação mais favorável, mas à mesma situaçãoreconhecida na sentença – revisão da renda mensal de benefício previdenciário por incapacidade, nos termos do inciso IIdo art. 29 da lei nº 8.213/1991 -, carecendo de substrato fático-jurídico apto a ensejar o seu conhecimento.(...)”

Em primeiro lugar, registro que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, explicitamentereferido no recurso inominado, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civilpública nº 2320-59.2012..403.6183.

O INSS também aduziu ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo.

Ocorre que, no caso concreto, a falta de interesse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão ésimples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012..403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2023.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Em face de todo o exposto, respeitosamente abro divergência do Relator, para ADMITIR o recurso; e, quanto ao objetorecursal, uma vez que o mesmo se restringe à alegação de ausência de interesse de agir, voto no sentido de NEGARPROVIMENTO ao recurso.

É como voto.Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE EM FACE DA REDAÇÃO DO ARTIGO 29, II, DALEI 8.213/91 (DADA PELA LEI 9.876/99) – ALTERAÇÃO DO ENTENDIMENTO DESTA TURMA RECURSAL, OCORRIDAEM FACE DE FATO SUPERVENIENTE – EXISTÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR – RECURSO IMPROVIDO –SENTENÇA MANTIDA.1 – O recurso interposto pelo INSS visa ao reconhecimento da inexistência de interesse de agir.2 – O Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010 obriga as instâncias administrativas do INSS aefetuar a revisão dos benefícios de incapacidade, com base no disposto no artigo 29, II, da Lei 8.213/91 (acrescentado pelaLei 9.876/99). Em face de tal posicionamento da Administração Pública Previdenciária, esta TR-ES, reiteradamente,entendia inexistir interesse de agir nas ações em que se pleiteavam tais revisões.3 – Contudo, ocorreu fato superveniente a motivar a alteração do entendimento dessa Turma Recursal. Tal fato consiste nacelebração e homologação de acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012..403.6183, que tramitou na 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo-SP; e nesse acordou se prevê um escalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios epagamento dos atrasados. Por conseguinte, se alguém pleitear tal revisão administrativamente, terá como resposta que opagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento; ou seja, a depender da idade do segurado, é possívelque o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2023.4 - Ante esse contexto específico (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado para efetivar opagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, não obstante aausência de requerimento administrativo.5 – Recurso do INSS improvido. Sentença mantida.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DO REÚ, na forma do voto-vista

Page 102: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

e ementa constante dos autos.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

60 - 0003680-94.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003680-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VALTEMAR DOS REISCOUTO (ADVOGADO: MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.).1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator

PROCESSO: 0003680-94.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003680-3/01)

V O T O

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fls. 37/39, que julgou extinto oprocesso, sem resolução de mérito, por ausência de interesse de agir, nos termos do art. 51, caput, da Lei nº 9.09995 e noart. 267, VI, do CPC, tendo em vista que, conforme Memorando Circular nº 28/INSSDIRBEN, o INSS irá proceder à revisãodos benefícios de forma administrativa, mediante simples requerimento administrativo.

O recorrente requer a reforma da sentença, sustentando a inexistência de previsão constitucional acerca do esgotamentoda via administrativa como requisito de admissibilidade para ação.

A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentido deconfirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição.

Como o ato normativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não sefazia necessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

Entretanto, novos fatos concorrem para a alteração do entendimento firmado anteriormente, entre eles:

existência da ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, naqual o MPF e outro autor pleitearam a revisão dos benefícios por incapacidade concedidos após 29/11/1999 em que, noperíodo básico de cálculo, foram considerados 100% dos salários-de-contribuição, com o intuito de que sejamconsiderados apenas os 80% maiores salários-de-contribuição;os autores e o INSS celebraram acordo que, em 05/09/2012, foi homologado por sentença pelo Juízo da 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo;a petição em que se entabulou o acordo homologado por sentença prevê um cronograma de pagamento dos valoresatrasados;esse cronograma se estende de fevereiro de 2013 até abril de 2022 tendo por base, precipuamente, o critério da idade dosegurado (os mais idosos recebem anteriormente); e conforme o teor da 1ª nota de rodapé da petição em que se formalizouo acordo, “o conograma é resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional e será executado na forma prevista no OfícioConjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF (anexo)”.

Inicialmente, fiquei em dúvida a respeito da extensão da sentença que homologou o acordo relativamente aos seguradosresidentes nesta Seção Judiciária do Espírito Santo, uma vez que o artigo 16 da Lei nº 7.347/85 estipula que a sentençaproferida em ação civil pública “...fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator...”.

A sentença nada diz a respeito do artigo 16 da Lei nº 7.374/85; o que me faria, em linha de princípio, a supor a suaincidência. Ocorre que, em pesquisa na internet, aferi que a decisão que antecipou os efeitos da tutela na referida Ação CivilPública nº 2320-59.2012..403.6183, afirmou-se o que segue: “(...) Ante o exposto, defiro a liminar, com abrangência emtodo o território nacional, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social a revisar, nos termos do artigo 188-A doDecreto n.º 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto n.º 6.939/2009, os benefícios (...).”. Ademais, no já mencionadoOfício Conjunto nº 2/2012/SOPEF/STN/SOF, que foi referido na petição que formalizou o acordo na ação civil pública, oSecretário do Tesouro Nacional e o Secretário Adjunto da SOF dirigiram-se ao Presidente do INSS propondo o cronogramade pagamento antes mencionado; e no item 12 desse ofício é mencionado que “(...) tendo em vista o atendimento dadecisão judicial e levando em consideração o relevante aspecto social que afeta os beneficiários afetados pelo recálculo...,propomos a revisão dos atuais benefícios e... de forma escalonada durante o período de 10 anos (...).”

Em suma, o ofício mencionado foi elaborado com o escopo de cumprir a decisão que antecipou os efeitos da tutela na Ação

Page 103: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

Civil Pública nº 2320-59.2012.403.6183; decisão esta que foi explícita ao informar que a mesma abrangia todo o territórionacional.

Tudo isto está a demonstrar que: (a) a incidência do artigo 16 da Lei nº 7.347/85 foi afastada (ainda que de forma implícita);(b) que os efeitos da sentença lavrada na Ação Civil Pública nº 2320-59.2012.403.6183 atingirão (se a mesma transitou emjulgado) todos os segurados que tiveram seus benefícios por incapacidade erroneamente calculados em face da dicçãoatual do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91; (c) excetuam-se desse grupo aqueles segurados que ajuizaram ações individuais erecusarem a pedir a suspensão das mesmas em face do ajuizamento daquela ação coletiva, nos termos do artigo 104 doCDC.

Por fim, no que refere a esse ponto, registro que a adoção da providência prevista na parte final do artigo 104 do CDCnuma ação em que o direito discutido já foi inclusive reconhecido administrativamente pelo réu (como é o caso dos autos)seria uma medida que iria de encontro aos critérios que orientam os Juizados Especiais, notadamente os critérios daceleridade, informalidade e simplicidade (artigo 2º da Lei n.º 9.099/95).

Por todo o exposto, concluo que existe interesse de agir.

Em primeiro lugar, registro que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, explicitamentereferido no recurso inominado, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civilpública nº 2320-59.2012.403.6183.

O INSS também aduziu ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo.

Ocorre que, no caso concreto, a falta de interesse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão ésimples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Reconhecido o interesse recursal, passo a analisar o mérito. Ressalte-se que o INSS foi citado, conforme certidão de fl. 20.

Nos termos do art. 515, § 3º do Código de Processo Civil, nos casos de extinção do processo sem julgamento de mérito, otribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições deimediato julgamento, razão pela qual deixo de anular a sentença e passo a julgar o pleito.

Em seu pedido inicial, o autor aponta a não-aplicação do inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/91. Argumenta que a RMI deveser recalculada, considerando 80% dos maiores salários-de-contribuição e desconsiderando os 20% menoressalários-de-contribuição, com a adequação das respectivas prestações.

O parâmetro utilizado pela autarquia para a apuração da RMI do benefício da parte autora, ao que tudo indica, contraria alegislação previdenciária, em especial, o art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, segundo o qual, o “salário-de-benefício consiste namédia aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a oitenta por cento de todo o períodocontributivo."

A Lei nº 9.876/99, por seu turno, estabelece critérios para o cálculo dos benefícios previdenciários: "Art. 3º - Para osegurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir as condiçõesexigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social, no cálculo do salário-de-benefício seráconsiderada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, oitenta porcento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado o disposto nos incisos I e IIdo § 6º, do art. 29, da Lei nº 8.213/91, com a redação dada por esta Lei."

Na verdade, o art. 3º da Lei nº 9.876/99 trouxe ao sistema previdenciário regra de transição para os segurados já filiados àPrevidência Social à época de sua vigência e determina que, para apuração do cálculo do salário-de-benefício, se considerea média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, 80% de todo o períodocontributivo decorrido desde a competência julho/94, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29 da Lei n.º8.213/91. Assim, apurada a mencionada média, deveria incidir um divisor, correspondente a um percentual (nunca inferior a60%) sobre o número de meses compreendidos entre julho/94 e a data do requerimento.

O Enunciado nº 47 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais desta Seção Judiciária dispõe que, para aaposentadoria por invalidez e para o auxílio-doença concedido sob a vigência da Lei nº 9.876/99, o salário-de-benefíciodeve ser apurado com base na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% doperíodo contributivo, independentemente da data de filiação do segurado e do número de contribuições mensais no períodocontributivo, frisando que é ilegal o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/99, acrescentado pelo Decreto nº 5.545/2005.

Page 104: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

Denota-se, assim, que há ilegalidade no critério utilizado pelo INSS, que tem como base o Decreto nº 3.048/99. O art. 32, §20, do Decreto nº 3.048/99 elege como fator objetivo para considerar 100% dos salários-de-contribuição (em vez de apenas80%) o número de contribuições no período contributivo (menos de 144 contribuições), fator esse que não tem previsão nalei. Com efeito, para obtenção da RMI do benefício previdenciário já referido, deveria, nos termos da legislação supracitada,ter efetuado a média aritmética simples quantos aos 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuiçãodesconsiderando os 20% (vinte por cento) menores.

Tendo em vista a utilização de todos os salários (100%), torna-se evidente o prejuízo ocasionado no valor do benefício daparte autora, merecendo acolhimento sua pretensão.

Em face de todo o exposto, revejo meu entendimento firmado anteriormente para DAR PROVIMENTO ao recurso da parteautora para julgar procedente o pedido inicial e CONDENAR O INSS na obrigação de rever o valor das Rendas MensaisIniciais dos benefícios previdenciários do autor (Auxílio-doença nº 125.292.640-2 e Aposentadoria por Invalidez nº137.949.325-8), apurando novos salários-de-benefício calculados com base na média aritmética simples dos maioressalários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo, e considerando no cálculo daaposentadoria por invalidez o reflexo da revisão da RMI do auxílio-doença. Condeno, ainda, a autarquia previdenciária apagar à parte autora, respeitada a prescrição quinquenal, os valores correspondentes às parcelas atrasadas, que deverãoser corrigidas monetariamente desde o momento em que deveriam ter sido pagas, nos termos da Lei nº 11.960/2009 quealterou o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97.

Deverá o INSS, após a obrigação de fazer, informar ao Juízo a quo os valores a serem requisitados. Quanto à não liquidezdesta decisão, ressalto o fato de que o INSS possui maiores condições de elaborar os cálculos dos valores em atraso, eque tal posicionamento se coaduna com a disposição do Enunciado nº 04 da Turma Recursal do Espírito Santo. Desta feita,após a apuração administrativa dos valores em comento, a ser considerada como obrigação de fazer, na forma do art. 16da Lei nº 10.259/2001, será então expedido o requisitório adequado.

Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, na formado art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

É como voto.E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO – AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR POR FALTA DE REQUERIMENTOADMINISTRATIVO – ENTENDIMENTO SUPERADO APÓS ACORDO ENTABULADO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA –ANÁLISE DO MÉRITO – ART. 515, § 3º DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – APLICAÇÃO DO ART. 29, II DA LEI Nº8.213/91 – ENUNCIADO Nº 47 DA TURMA RECURSAL DO ESPÍRITO SANTO – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO –SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma do voto e ementaconstantes dos autos, que passam a integrar o presente julgado.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

61 - 0003660-06.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003660-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) NILSON SCHWARTZ DECARVALHO (ADVOGADO: MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL- INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.).1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator

PROCESSO: 0003660-06.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003660-8/01)

V O T O

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fls. 26/28, que julgou extinto oprocesso, sem resolução de mérito, por ausência de interesse de agir, nos termos do art. 51, caput, da Lei nº 9.09995 e noart. 267, VI, do CPC, tendo em vista que, conforme Memorando Circular nº 28/INSSDIRBEN, o INSS irá proceder à revisãodos benefícios de forma administrativa, mediante simples requerimento administrativo.

O recorrente requer a reforma da sentença, sustentando a inexistência de previsão constitucional acerca do esgotamentoda via administrativa como requisito de admissibilidade para ação.

Page 105: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentido deconfirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição.

Como o ato normativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não sefazia necessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

Entretanto, novos fatos concorrem para a alteração do entendimento firmado anteriormente, entre eles:

existência da ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, naqual o MPF e outro autor pleitearam a revisão dos benefícios por incapacidade concedidos após 29/11/1999 em que, noperíodo básico de cálculo, foram considerados 100% dos salários-de-contribuição, com o intuito de que sejamconsiderados apenas os 80% maiores salários-de-contribuição;os autores e o INSS celebraram acordo que, em 05/09/2012, foi homologado por sentença pelo Juízo da 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo;a petição em que se entabulou o acordo homologado por sentença prevê um cronograma de pagamento dos valoresatrasados;esse cronograma se estende de fevereiro de 2013 até abril de 2022 tendo por base, precipuamente, o critério da idade dosegurado (os mais idosos recebem anteriormente); e conforme o teor da 1ª nota de rodapé da petição em que se formalizouo acordo, “o conograma é resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional e será executado na forma prevista no OfícioConjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF (anexo)”.

Inicialmente, fiquei em dúvida a respeito da extensão da sentença que homologou o acordo relativamente aos seguradosresidentes nesta Seção Judiciária do Espírito Santo, uma vez que o artigo 16 da Lei nº 7.347/85 estipula que a sentençaproferida em ação civil pública “...fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator...”.

A sentença nada diz a respeito do artigo 16 da Lei nº 7.374/85; o que me faria, em linha de princípio, a supor a suaincidência. Ocorre que, em pesquisa na internet, aferi que a decisão que antecipou os efeitos da tutela na referida Ação CivilPública nº 2320-59.2012..403.6183, afirmou-se o que segue: “(...) Ante o exposto, defiro a liminar, com abrangência emtodo o território nacional, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social a revisar, nos termos do artigo 188-A doDecreto n.º 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto n.º 6.939/2009, os benefícios (...).”. Ademais, no já mencionadoOfício Conjunto nº 2/2012/SOPEF/STN/SOF, que foi referido na petição que formalizou o acordo na ação civil pública, oSecretário do Tesouro Nacional e o Secretário Adjunto da SOF dirigiram-se ao Presidente do INSS propondo o cronogramade pagamento antes mencionado; e no item 12 desse ofício é mencionado que “(...) tendo em vista o atendimento dadecisão judicial e levando em consideração o relevante aspecto social que afeta os beneficiários afetados pelo recálculo...,propomos a revisão dos atuais benefícios e... de forma escalonada durante o período de 10 anos (...).”

Em suma, o ofício mencionado foi elaborado com o escopo de cumprir a decisão que antecipou os efeitos da tutela na AçãoCivil Pública nº 2320-59.2012.403.6183; decisão esta que foi explícita ao informar que a mesma abrangia todo o territórionacional.

Tudo isto está a demonstrar que: (a) a incidência do artigo 16 da Lei nº 7.347/85 foi afastada (ainda que de forma implícita);(b) que os efeitos da sentença lavrada na Ação Civil Pública nº 2320-59.2012.403.6183 atingirão (se a mesma transitou emjulgado) todos os segurados que tiveram seus benefícios por incapacidade erroneamente calculados em face da dicçãoatual do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91; (c) excetuam-se desse grupo aqueles segurados que ajuizaram ações individuais erecusarem a pedir a suspensão das mesmas em face do ajuizamento daquela ação coletiva, nos termos do artigo 104 doCDC.

Por fim, no que refere a esse ponto, registro que a adoção da providência prevista na parte final do artigo 104 do CDCnuma ação em que o direito discutido já foi inclusive reconhecido administrativamente pelo réu (como é o caso dos autos)seria uma medida que iria de encontro aos critérios que orientam os Juizados Especiais, notadamente os critérios daceleridade, informalidade e simplicidade (artigo 2º da Lei n.º 9.099/95).

Por todo o exposto, concluo que existe interesse de agir.

Em primeiro lugar, registro que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, explicitamentereferido no recurso inominado, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civilpública nº 2320-59.2012.403.6183.

O INSS também aduziu ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo.

Ocorre que, no caso concreto, a falta de interesse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão ésimples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear tal

Page 106: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

revisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Reconhecido o interesse recursal, passo a analisar o mérito. Ressalte-se que o INSS foi citado, conforme certidão de fl. 20.

Nos termos do art. 515, § 3º do Código de Processo Civil, nos casos de extinção do processo sem julgamento de mérito, otribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições deimediato julgamento, razão pela qual deixo de anular a sentença e passo a julgar o pleito.

Em seu pedido inicial, o autor aponta a não-aplicação do inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/91. Argumenta que a RMI deveser recalculada, considerando 80% dos maiores salários-de-contribuição e desconsiderando os 20% menoressalários-de-contribuição, com a adequação das respectivas prestações.

O parâmetro utilizado pela autarquia para a apuração da RMI do benefício da parte autora, ao que tudo indica, contraria alegislação previdenciária, em especial, o art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, segundo o qual, o “salário-de-benefício consiste namédia aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a oitenta por cento de todo o períodocontributivo."

A Lei nº 9.876/99, por seu turno, estabelece critérios para o cálculo dos benefícios previdenciários: "Art. 3º - Para osegurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir as condiçõesexigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social, no cálculo do salário-de-benefício seráconsiderada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, oitenta porcento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado o disposto nos incisos I e IIdo § 6º, do art. 29, da Lei nº 8.213/91, com a redação dada por esta Lei."

Na verdade, o art. 3º da Lei nº 9.876/99 trouxe ao sistema previdenciário regra de transição para os segurados já filiados àPrevidência Social à época de sua vigência e determina que, para apuração do cálculo do salário-de-benefício, se considerea média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, 80% de todo o períodocontributivo decorrido desde a competência julho/94, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29 da Lei n.º8.213/91. Assim, apurada a mencionada média, deveria incidir um divisor, correspondente a um percentual (nunca inferior a60%) sobre o número de meses compreendidos entre julho/94 e a data do requerimento.

O Enunciado nº 47 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais desta Seção Judiciária dispõe que, para aaposentadoria por invalidez e para o auxílio-doença concedido sob a vigência da Lei nº 9.876/99, o salário-de-benefíciodeve ser apurado com base na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% doperíodo contributivo, independentemente da data de filiação do segurado e do número de contribuições mensais no períodocontributivo, frisando que é ilegal o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/99, acrescentado pelo Decreto nº 5.545/2005.

Denota-se, assim, que há ilegalidade no critério utilizado pelo INSS, que tem como base o Decreto nº 3.048/99. O art. 32, §20, do Decreto nº 3.048/99 elege como fator objetivo para considerar 100% dos salários-de-contribuição (em vez de apenas80%) o número de contribuições no período contributivo (menos de 144 contribuições), fator esse que não tem previsão nalei. Com efeito, para obtenção da RMI do benefício previdenciário já referido, deveria, nos termos da legislação supracitada,ter efetuado a média aritmética simples quantos aos 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuiçãodesconsiderando os 20% (vinte por cento) menores.

Tendo em vista a utilização de todos os salários (100%), torna-se evidente o prejuízo ocasionado no valor do benefício daparte autora, merecendo acolhimento sua pretensão.

Em face de todo o exposto, revejo meu entendimento firmado anteriormente para DAR PROVIMENTO ao recurso da parteautora para julgar procedente o pedido inicial e CONDENAR O INSS na obrigação de rever o valor das Rendas MensaisIniciais dos benefícios previdenciários do autor (Auxílio-doença nº 120.952.351-2 e Aposentadoria por Invalidez nº126.559.967-7), apurando novos salários-de-benefício calculados com base na média aritmética simples dos maioressalários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo, e considerando no cálculo daaposentadoria por invalidez o reflexo da revisão da RMI do auxílio-doença. Condeno, ainda, a autarquia previdenciária apagar à parte autora, respeitada a prescrição quinquenal, os valores correspondentes às parcelas atrasadas, que deverãoser corrigidas monetariamente desde o momento em que deveriam ter sido pagas, nos termos da Lei nº 11.960/2009 quealterou o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97.

Deverá o INSS, após a obrigação de fazer, informar ao Juízo a quo os valores a serem requisitados. Quanto à não liquidezdesta decisão, ressalto o fato de que o INSS possui maiores condições de elaborar os cálculos dos valores em atraso, eque tal posicionamento se coaduna com a disposição do Enunciado nº 04 da Turma Recursal do Espírito Santo. Desta feita,após a apuração administrativa dos valores em comento, a ser considerada como obrigação de fazer, na forma do art. 16da Lei nº 10.259/2001, será então expedido o requisitório adequado.

Page 107: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, na formado art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

É como voto.E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO – AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR POR FALTA DE REQUERIMENTOADMINISTRATIVO – ENTENDIMENTO SUPERADO APÓS ACORDO ENTABULADO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA –ANÁLISE DO MÉRITO – ART. 515, § 3º DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – APLICAÇÃO DO ART. 29, II DA LEI Nº8.213/91 – ENUNCIADO Nº 47 DA TURMA RECURSAL DO ESPÍRITO SANTO – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO –SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma do voto e ementaconstantes dos autos, que passam a integrar o presente julgado.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

62 - 0005107-63.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005107-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ARLETE MARION(ADVOGADO: VINICIUS DINIZ SANTANA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉVICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.).1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator

PROCESSO: 0005107-63.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005107-1/01)

V O T O

Trata-se de recurso inominado interposto por Arlete Marion em face da sentença de fls. 44/46, que julgou extinto oprocesso, sem resolução de mérito, nos termos do art. 51, caput, da Lei nº 9.099/95 e art. 1º da Lei nº 10.259/01 c/c o art.267, VI, terceira figura, do Código de Processo Civil. Entendeu o magistrado a quo que não há utilidade em se pleitear aoJudiciário provimento concessivo quando não se demonstra resistência pela Administração, o que denota ausência desubstrato à própria causa de pedir.

A recorrente requer a reforma da sentença originária sustentando a desnecessidade de prévio requerimento administrativo,bem como o exaurimento da via administrativa como requisito de admissibilidade para ação. Ressalta que, uma vezinvocada a tutela jurisdicional, o Poder Judiciário está obrigado a prestá-la, com base no princípio da “indeclinabilidade dajurisdição”. Requer, por fim, a devolução dos autos para seu trâmite legal, com consequente julgamento de procedência dopedido.

A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentido deconfirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição.

Como o ato normativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não sefazia necessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

Entretanto, novos fatos concorrem para a alteração do entendimento firmado anteriormente, entre eles:

existência da ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, naqual o MPF e outro autor pleitearam a revisão dos benefícios por incapacidade concedidos após 29/11/1999 em que, noperíodo básico de cálculo, foram considerados 100% dos salários-de-contribuição, com o intuito de que sejamconsiderados apenas os 80% maiores salários-de-contribuição;os autores e o INSS celebraram acordo que, em 05/09/2012, foi homologado por sentença pelo Juízo da 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo;a petição em que se entabulou o acordo homologado por sentença prevê um cronograma de pagamento dos valoresatrasados;esse cronograma se estende de fevereiro de 2013 até abril de 2022 tendo por base, precipuamente, o critério da idade do

Page 108: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

segurado (os mais idosos recebem anteriormente); e conforme o teor da 1ª nota de rodapé da petição em que se formalizouo acordo, “o conograma é resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional e será executado na forma prevista no OfícioConjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF (anexo)”.

Inicialmente, fiquei em dúvida a respeito da extensão da sentença que homologou o acordo relativamente aos seguradosresidentes nesta Seção Judiciária do Espírito Santo, uma vez que o artigo 16 da Lei nº 7.347/85 estipula que a sentençaproferida em ação civil pública “...fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator...”.

A sentença nada diz a respeito do artigo 16 da Lei nº 7.374/85; o que me faria, em linha de princípio, a supor a suaincidência. Ocorre que, em pesquisa na internet, aferi que a decisão que antecipou os efeitos da tutela na referida Ação CivilPública nº 2320-59.2012..403.6183, afirmou-se o que segue: “(...) Ante o exposto, defiro a liminar, com abrangência emtodo o território nacional, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social a revisar, nos termos do artigo 188-A doDecreto n.º 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto n.º 6.939/2009, os benefícios (...).”. Ademais, no já mencionadoOfício Conjunto nº 2/2012/SOPEF/STN/SOF, que foi referido na petição que formalizou o acordo na ação civil pública, oSecretário do Tesouro Nacional e o Secretário Adjunto da SOF dirigiram-se ao Presidente do INSS propondo o cronogramade pagamento antes mencionado; e no item 12 desse ofício é mencionado que “(...) tendo em vista o atendimento dadecisão judicial e levando em consideração o relevante aspecto social que afeta os beneficiários afetados pelo recálculo...,propomos a revisão dos atuais benefícios e... de forma escalonada durante o período de 10 anos (...).”

Em suma, o ofício mencionado foi elaborado com o escopo de cumprir a decisão que antecipou os efeitos da tutela na AçãoCivil Pública nº 2320-59.2012.403.6183; decisão esta que foi explícita ao informar que a mesma abrangia todo o territórionacional.

Tudo isto está a demonstrar que: (a) a incidência do artigo 16 da Lei nº 7.347/85 foi afastada (ainda que de forma implícita);(b) que os efeitos da sentença lavrada na Ação Civil Pública nº 2320-59.2012.403.6183 atingirão (se a mesma transitou emjulgado) todos os segurados que tiveram seus benefícios por incapacidade erroneamente calculados em face da dicçãoatual do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91; (c) excetuam-se desse grupo aqueles segurados que ajuizaram ações individuais erecusarem a pedir a suspensão das mesmas em face do ajuizamento daquela ação coletiva, nos termos do artigo 104 doCDC.

Por fim, no que refere a esse ponto, registro que a adoção da providência prevista na parte final do artigo 104 do CDCnuma ação em que o direito discutido já foi inclusive reconhecido administrativamente pelo réu (como é o caso dos autos)seria uma medida que iria de encontro aos critérios que orientam os Juizados Especiais, notadamente os critérios daceleridade, informalidade e simplicidade (artigo 2º da Lei n.º 9.099/95).

Por todo o exposto, concluo que existe interesse de agir.

Em primeiro lugar, registro que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, explicitamentereferido no recurso inominado, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civilpública nº 2320-59.2012.403.6183.

O INSS também aduziu ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo.

Ocorre que, no caso concreto, a falta de interesse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão ésimples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Reconhecido o interesse recursal, passo a analisar o mérito. Ressalte-se que o INSS foi citado, conforme certidão de fl. 37.

Nos termos do art. 515, § 3º do Código de Processo Civil, nos casos de extinção do processo sem julgamento de mérito, otribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições deimediato julgamento, razão pela qual deixo de anular a sentença e passo a julgar o pleito.

Em seu pedido inicial, a autora aponta a não-aplicação do inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/91. Argumenta que a RMI deveser recalculada, considerando 80% dos maiores salários-de-contribuição e desconsiderando os 20% menoressalários-de-contribuição, com a adequação das respectivas prestações.

O parâmetro utilizado pela autarquia para a apuração da RMI do benefício da parte autora, ao que tudo indica, contraria alegislação previdenciária, em especial, o art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, segundo o qual, o “salário-de-benefício consiste namédia aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a oitenta por cento de todo o períodocontributivo."

Page 109: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

A Lei nº 9.876/99, por seu turno, estabelece critérios para o cálculo dos benefícios previdenciários: "Art. 3º - Para osegurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir as condiçõesexigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social, no cálculo do salário-de-benefício seráconsiderada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, oitenta porcento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado o disposto nos incisos I e IIdo § 6º, do art. 29, da Lei nº 8.213/91, com a redação dada por esta Lei."

Na verdade, o art. 3º da Lei nº 9.876/99 trouxe ao sistema previdenciário regra de transição para os segurados já filiados àPrevidência Social à época de sua vigência e determina que, para apuração do cálculo do salário-de-benefício, se considerea média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, 80% de todo o períodocontributivo decorrido desde a competência julho/94, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29 da Lei n.º8.213/91. Assim, apurada a mencionada média, deveria incidir um divisor, correspondente a um percentual (nunca inferior a60%) sobre o número de meses compreendidos entre julho/94 e a data do requerimento.

O Enunciado nº 47 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais desta Seção Judiciária dispõe que, para aaposentadoria por invalidez e para o auxílio-doença concedido sob a vigência da Lei nº 9.876/99, o salário-de-benefíciodeve ser apurado com base na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% doperíodo contributivo, independentemente da data de filiação do segurado e do número de contribuições mensais no períodocontributivo, frisando que é ilegal o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/99, acrescentado pelo Decreto nº 5.545/2005.

Denota-se, assim, que há ilegalidade no critério utilizado pelo INSS, que tem como base o Decreto nº 3.048/99. O art. 32, §20, do Decreto nº 3.048/99 elege como fator objetivo para considerar 100% dos salários-de-contribuição (em vez de apenas80%) o número de contribuições no período contributivo (menos de 144 contribuições), fator esse que não tem previsão nalei. Com efeito, para obtenção da RMI do benefício previdenciário já referido, deveria, nos termos da legislação supracitada,ter efetuado a média aritmética simples quantos aos 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuiçãodesconsiderando os 20% (vinte por cento) menores.

Tendo em vista a utilização de todos os salários (100%), torna-se evidente o prejuízo ocasionado no valor do benefício daparte autora, merecendo acolhimento sua pretensão.

Em face de todo o exposto, revejo meu entendimento firmado anteriormente para DAR PROVIMENTO ao recurso da parteautora para julgar procedente o pedido inicial e CONDENAR O INSS na obrigação de rever o valor da Renda Mensal Inicialdo benefício previdenciário, apurando novo salário-de-benefício calculado com base na média aritmética simples dosmaiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo, devendo a rendamensal ser fixada em R$ 384,32 (01/02/2006). Condeno, ainda, a autarquia previdenciária a pagar à parte autora,respeitada a prescrição quinquenal, os atrasados de R$ 193,54, atualizados até 07/2011. Tudo conforme os cálculoselaborados pela Contadoria do Juízo (fls. 30/35).

Ao valor em execução serão acrescidas as diferenças decorrentes da nova RMI apurada nas prestações vincendas dobenefício até a efetiva implantação da mesma, bem como os encargos de correção monetária e juros de mora a partir dacitação, nos termos do art. 1º-F da Lei 9.494/97, com a nova redação dada pela Lei nº 11.960/09.

Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, na formado art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

É como voto.

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO – AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR POR FALTA DE REQUERIMENTOADMINISTRATIVO – ENTENDIMENTO SUPERADO APÓS ACORDO ENTABULADO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA –ANÁLISE DO MÉRITO – ART. 515, § 3º DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – APLICAÇÃO DO ART. 29, II DA LEI Nº8.213/91 – ENUNCIADO Nº 47 DA TURMA RECURSAL DO ESPÍRITO SANTO – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO –SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma do voto e ementaconstantes dos autos, que passam a integrar o presente julgado.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

Page 110: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

63 - 0005226-24.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005226-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ADALBERTO DE JESUSPATUSSI (ADVOGADO: ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA, LIDIANE ZUMACH LEMOS PEREIRA.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x OSMESMOS.1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator

PROCESSO: 0005226-24.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005226-9/01)

E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, em face da sentença que julgou improcedente seu pedidoinicial. Pleiteia a recorrente a condenação do INSS a recalcular a RMI do benefício de aposentadoria por invalidez na formado § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/91. A recorrente discute a interpretação do citado artigo para efeito de revisão da rendamensal inicial de aposentadoria por invalidez mediante contagem do tempo de gozo de auxílio-doença (não-intercalado comperíodos de atividade) como salário-de-contribuição.

2. Em sessão plenária realizada em 21/09/2011, o Supremo Tribunal Federal decidiu, em recurso submetido à sistemáticada repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91 apenas é aplicável nos casos em que o auxílio-doença, dentrodo período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada com períodos de atividadenormal, de maneira que o segurado não esteja no gozo de auxílio-doença no interregno imediatamente anterior àconcessão da aposentadoria por invalidez.

3. Em consonância com essa exegese, o art. 55, II, da Lei nº 8.213/91 considera o tempo de gozo de auxílio-doença comotempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede aconversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gerasalários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo de salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez. Eis a ementa do julgado:

“CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).

4. Dessa forma, com base no art. 543-B, § 3º do Código de Processo Civil, conheço do recurso da parte autora e a ele negoprovimento a fim de confirmar in totum a sentença proferida pelo Juízo a quo. Quanto ao recurso do INSS, verifico que omesmo, além de intempestivo, não guarda qualquer correlação lógica com os fundamentos da sentença, motivo pelo qualratifico a decisão do Juízo a quo que negou seguimento ao recurso.

5. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios tendo em vista o deferimento da assistência judiciáriagratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DO AUTOR E NÃOCONHECER DO RECURSO DO INSS, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

64 - 0002246-07.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002246-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) WILSON LIMA JUNIOR

Page 111: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

(ADVOGADO: LIDIANE ZUMACH LEMOS PEREIRA, DULCINEIA ZUMACH LEMOS PEREIRA.) x UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: JULIANA ALMENARA ANDAKU.).1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator

PROCESSO: 0002246-07.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002246-0/01)

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. CONDENAÇÃO EM VERBAHONORÁRIA. SUSPENSÃO DA OBRIGAÇÃO. ART. 12 DA LEI Nº 1.060/1950. EMBARGOS ACOLHIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo autor em face do acórdão de fls. 132/135, que negou provimento aorecurso inominado por ele interposto, mantendo a sentença que julgou improcedente o pedido de declaração de inexistênciade relação jurídica que o obrigue a recolher imposto de renda sobre o valor recebido a título de férias não gozadas. Alega oembargante que é beneficiário do benefício de assistência judiciária gratuita, fazendo-se necessária a suspensão daexigibilidade do pagamento dos honorários, para que não cause nenhuma dúvida futura.Os embargos de declaração, nos termos do artigo 535 do CPC e do art. 48 da Lei n.º 9.099/95, limitam-se a supriromissões, aportar clareza ou retificar eventuais contradições ou dúvidas existentes no bojo da decisão recorrida.In casu, conquanto o vício apontado não esteja assim intitulado nos embargos, trata-se de omissão quanto ao benefício daassistência judiciária gratuita, deferida pelo despacho de fl. 25 e não mencionada no acórdão que condenou o autor emhonorários advocatícios, restando, pois, configurada a ocorrência do vício.Assiste razão ao embargante. Conforme art. 12 da Lei nº 1.060/50, a parte beneficiada pela isenção do pagamento dascustas fica obrigada a pagá-las, desde que possa fazê-lo, sem prejuízo do sustento próprio ou da família. Se dentro de 5(cinco) anos, a contar da sentença final, o assistido não puder satisfazer tal pagamento, a obrigação ficará prescrita. Assimé que deve constar do julgamento a suspensão da obrigação de pagamento da verba honorária, na forma do art. 12 da Leinº 1.060/50.Embargos conhecidos e providos para, sanando a omissão reconhecida, declarar o acórdão de fls. 132/135, para dele fazerconstar a suspensão da obrigação de pagamento da verba honorária, na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E DAR-LHES PROVIMENTO, naforma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

65 - 0002906-64.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002906-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x LIDIA SILVA MACHADO (ADVOGADO: LEONARDO PIZZOL VINHA,MARCELO MATEDI ALVES.) x OS MESMOS.1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator

PROCESSO: 0002906-64.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002906-9/01)

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – OMISSÃO. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. COMPENSAÇÃO DE HONORÁRIOSADVOCATÍVIOS. OMISSÃO NÃO RECONHECIDA. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO INTEGRALMENTEMANTIDO.Trata-se de embargos de declaração opostos pela União em face do acórdão de fls. 88/91, que negou provimento aorecurso inominado por ela interposto, bem como não conheceu do recurso inominado interposto pela parte autora,mantendo a sentença que condenou a União ao pagamento da diferença apurada a título de GDPST entre os pontos pagosaos aposentados/pensionistas e os pontos pagos aos servidores ativos. O acórdão condenou a União ao pagamento dehonorários advocatícios fixados em 10% do valor da condenação. Alega a embargante que o acórdão padece decontradição apenas no que toca à sua condenação em honorários advocatícios, tendo em vista que houve sucumbênciarecíproca, não tendo sido conhecido o recurso da parte autora que também visava a reforma da sentença.Os embargos de declaração, nos termos do artigo 535 do CPC e do art. 48 da Lei n.º 9.099/95, limitam-se a suprir

�omissões, aportar clareza ou retificar eventuais contradições ou dúvidas existentes no bojo da decisão recorrida. 3. Nãoassiste razão à embargante. Não há que se falar em sucumbência recíproca nestes autos, visto que o recurso da parteautora sequer foi conhecido, pelo que não se pode considerá-la vencida. O art. 55 da Lei nº 9.099/95 é expresso aoestabelecer que somente o recorrente vencido será condenado ao pagamento das custas processuais. A União foitotalmente vencida em seu recurso, configurando-se a hipótese do referido dispositivo.

Page 112: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

Ademais, não fosse o recurso da União, o processo sequer teria sido remetido à Turma Recursal, visto que o recurso daautora foi inadmitido já no primeiro grau de jurisdição.Embargos conhecidos e improvidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

66 - 0001076-34.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.001076-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA.) x JOAO BAPTISTA LIMA (ADVOGADO: MARIA DEFÁTIMA DOMENEGHETTI.).1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator

PROCESSO: 0001076-34.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.001076-5/01)

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO CONFIGURADA. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. DECAIMENTO DEPARTE MÍNIMA DO PEDIDO. CONDENAÇÃO DA PARTE CONTRÁRIA EM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.POSSIBILIDADE. ART. 21, § ÚNICO, DO CPC. ART. 55 DA LEI Nº 9.099/95. EMBARGOS PROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pela parte autora em face do acórdão de fls. 145/147, que deu parcialprovimento ao recurso inominado interposto pela União apenas no que diz respeito ao método para o cálculo do indébitorelativo ao imposto de renda incidente sobre a complementação de aposentadoria. Alega a embargante que, ao nãocondenar em verba de sucumbência, usando a fundamentação do art. 21 do CPC, o acórdão não especificou onde a autorafoi vencida. Ressalta que o art. 55 da Lei nº 9.099/95 serviria para enquadrar o recorrente, parte vencida, no ônus dasucumbência. Requer seja fixada verba de sucumbência em 10% do valor total da demanda.Os embargos de declaração, nos termos do artigo 535 do CPC e do art. 48 da Lei n.º 9.099/95, limitam-se a supriromissões, aportar clareza ou retificar eventuais contradições ou dúvidas existentes no bojo da decisão recorrida.In casu, a embargante aponta vício consistente na ausência de condenação da União em honorários advocatícios adespeito de ter a parte autora decaído de parte mínima do pedido. Conquanto não esteja assim intitulado nos embargos,trata-se de vício de contradição, verificada entre as disposições do próprio acórdão quanto condenação e a sucumbência.A sucumbência recíproca importa, a teor do art. 21 do CPC, na compensação recíproca e proporcional dos honorários entreas partes, admitindo, contudo, o parágrafo primeiro do mesmo artigo, a condenação da parte contrária quando um doslitigantes decair de parte mínima do pedido.Assiste razão à embargante, tendo em vista que a União foi vencida em seu recurso, tendo a parte autora decaído dopedido em mínima parte, apenas quanto à metodologia de cálculo do indébito cuja repetição foi concedida. Configura-se,assim, a hipótese do art. 55 da Lei nº 9.099/95, impondo-se a condenação da recorrente vencida (União) em honoráriosadvocatícios.Embargos conhecidos e providos para, sanando a contradição apontada, declarar o acórdão de fls. 145/147 e condenar aUnião em honorários advocatícios de 10% do valor da condenação, com fulcro no art. 21, § 1º, do CPC e no art. 55 da Leinº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E DAR-LHES PROVIMENTO, naforma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

67 - 0001092-85.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.001092-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL

Page 113: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

(PROCDOR: Kleison Ferreira.) x DENISE FEROLLA DE LIMA (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator

PROCESSO: 0001092-85.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.001092-3/01)

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO CONFIGURADA. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. DECAIMENTO DEPARTE MÍNIMA DO PEDIDO. CONDENAÇÃO DA PARTE CONTRÁRIA EM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.POSSIBILIDADE. ART. 21, § ÚNICO, DO CPC. ART. 55 DA LEI Nº 9.099/95. EMBARGOS PROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pela parte autora em face do acórdão de fls. 186/188, que deu parcialprovimento ao recurso inominado interposto pela União apenas no que diz respeito ao método para o cálculo do indébitorelativo ao imposto de renda incidente sobre a complementação de aposentadoria. Alega a embargante que, ao nãocondenar em verba de sucumbência, usando a fundamentação do art. 21 do CPC, o acórdão não especificou onde a autorafoi vencida. Ressalta que o art. 55 da Lei nº 9.099/95 serviria para enquadrar o recorrente, parte vencida, no ônus dasucumbência. Requer seja fixada verba de sucumbência em 10% do valor total da demanda.Os embargos de declaração, nos termos do artigo 535 do CPC e do art. 48 da Lei n.º 9.099/95, limitam-se a supriromissões, aportar clareza ou retificar eventuais contradições ou dúvidas existentes no bojo da decisão recorrida.In casu, a embargante aponta vício consistente na ausência de condenação da União em honorários advocatícios adespeito de ter a parte autora decaído de parte mínima do pedido. Conquanto não esteja assim intitulado nos embargos,trata-se de vício de contradição, verificada entre as disposições do próprio acórdão quanto condenação e a sucumbência.A sucumbência recíproca importa, a teor do art. 21 do CPC, na compensação recíproca e proporcional dos honorários entreas partes, admitindo, contudo, o parágrafo primeiro do mesmo artigo, a condenação da parte contrária quando um doslitigantes decair de parte mínima do pedido.Assiste razão à embargante, tendo em vista que a União foi vencida em seu recurso, tendo a parte autora decaído dopedido em mínima parte, apenas quanto à metodologia de cálculo do indébito cuja repetição foi concedida. Configura-se,assim, a hipótese do art. 55 da Lei nº 9.099/95, impondo-se a condenação da recorrente vencida (União) em honoráriosadvocatícios.Embargos conhecidos e providos para, sanando a contradição apontada, declarar o acórdão de fls. 186/188 e condenar aUnião em honorários advocatícios de 10% do valor da condenação, com fulcro no art. 21, § 1º, do CPC e no art. 55 da Leinº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E DAR-LHES PROVIMENTO, naforma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

68 - 0002948-16.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002948-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x WALMIR DE LIMA MENDANHA (ADVOGADO: LEONARDO PIZZOLVINHA, MARCELO MATEDI ALVES.) x OS MESMOS.1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator

PROCESSO: 0002948-16.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002948-3/01)

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – OMISSÃO. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. COMPENSAÇÃO DE HONORÁRIOSADVOCATÍVIOS. OMISSÃO NÃO RECONHECIDA. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO INTEGRALMENTEMANTIDO.Trata-se de embargos de declaração opostos pela União em face do acórdão de fls. 80/81, que negou provimento aorecurso inominado por ela interposto, bem como não conheceu do recurso inominado interposto pela parte autora,mantendo a sentença que condenou a União ao pagamento da diferença apurada a título de GDASST e de GDPST entreos pontos pagos aos aposentados/pensionistas e os pontos pagos aos servidores ativos. O acórdão condenou a União aopagamento de honorários advocatícios fixados em 10% do valor da condenação. Alega a embargante que o acórdãopadece de contradição apenas no que toca à sua condenação em honorários advocatícios, tendo em vista que houvesucumbência recíproca, não tendo sido conhecido o recurso da parte autora que também visava a reforma da sentença.Os embargos de declaração, nos termos do artigo 535 do CPC e do art. 48 da Lei n.º 9.099/95, limitam-se a suprir

Page 114: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

�omissões, aportar clareza ou retificar eventuais contradições ou dúvidas existentes no bojo da decisão recorrida. 3. Nãoassiste razão à embargante. Não há que se falar em sucumbência recíproca nestes autos, visto que o recurso da parteautora sequer foi conhecido, pelo que não se pode considerá-la vencida. O art. 55 da Lei nº 9.099/95 é expresso aoestabelecer que somente o recorrente vencido será condenado ao pagamento das custas processuais. A União foitotalmente vencida em seu recurso, configurando-se a hipótese do referido dispositivo.Ademais, não fosse o recurso da União, o processo sequer teria sido remetido à Turma Recursal, visto que o recurso daautora foi inadmitido já no primeiro grau de jurisdição.Embargos conhecidos e improvidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

69 - 0001832-72.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001832-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: GERONIMO THEML DE MACEDO.) x LEVINO CORIOLANO DE CASTRO AGUIAR (ADVOGADO:LEONARDO PIZZOL VINHA, MARCELO MATEDI ALVES.) x OS MESMOS.1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator

PROCESSO: 0001832-72.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001832-1/01)

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – OMISSÃO. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. COMPENSAÇÃO DE HONORÁRIOSADVOCATÍVIOS. OMISSÃO NÃO RECONHECIDA. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO INTEGRALMENTEMANTIDO.Trata-se de embargos de declaração opostos pela União em face do acórdão de fls. 89/92, que negou provimento aorecurso inominado por ela interposto, bem como não conheceu do recurso inominado interposto pela parte autora,mantendo a sentença que condenou a União ao pagamento da GDPST entre os pontos pagos aosaposentados/pensionistas e os 80 pontos pagos aos servidores ativos entre 29/08/2008 (data de publicação da MP441/2008) e 22/11/2010 (data da publicação da Portaria nº 3.627/GM/MS). O acórdão condenou a União ao pagamento dehonorários advocatícios fixados em 10% do valor da condenação. Alega a embargante que o acórdão padece decontradição apenas no que toca à sua condenação em honorários advocatícios, tendo em vista que houve sucumbênciarecíproca, não tendo sido conhecido o recurso da parte autora que também visava a reforma da sentença.Os embargos de declaração, nos termos do artigo 535 do CPC e do art. 48 da Lei n.º 9.099/95, limitam-se a suprir

�omissões, aportar clareza ou retificar eventuais contradições ou dúvidas existentes no bojo da decisão recorrida. 3. Nãoassiste razão à embargante. Não há que se falar em sucumbência recíproca nestes autos, visto que o recurso da parteautora sequer foi conhecido, pelo que não se pode considerá-la vencida. O art. 55 da Lei nº 9.099/95 é expresso aoestabelecer que somente o recorrente vencido será condenado ao pagamento das custas processuais. A União foitotalmente vencida em seu recurso, configurando-se a hipótese do referido dispositivo.Ademais, não fosse o recurso da União, o processo sequer teria sido remetido à Turma Recursal, visto que o recurso daautora foi inadmitido já no primeiro grau de jurisdição.Embargos conhecidos e improvidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

70 - 0001586-47.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.001586-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FUNDAÇÃO NACIONAL DESAÚDE - FUNASA (PROCDOR: VERA LUCIA SAADE RIBEIRO.) x ALAIR ANDRADE.

Page 115: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator

PROCESSO: 0001586-47.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.001586-6/01)

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – CONTRADIÇÃO RECONHECIDA – SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA - CONDENAÇÃODO RECORRENTE EM HONORÁRIOS – POSSIBILIDADE EM FACE DA SUCUMBÊNCIA DA RECORRIDA EM PARTEMÍNIMA DO PEDIDO – ART. 21, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC – ART. 55 DA LEI Nº 9.099/95 - EMBARGOSCONHECIDOS E PROVIDOS EM PARTE – MANTIDO RESULTADO DO JULGAMENTO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pela Fundação Nacional de Saúde - FUNASA em face do acórdão de fls.96/98, que deu parcial provimento ao recurso inominado por ela interposto, reformando, apenas quanto ao termo final dosefeitos da condenação, a sentença que a condenou a pagar à parte autora a GDATA, posteriormente substituída pelaDGASST, nos termos em que paga aos servidores da ativa. Alega a embargante que, apesar da sucumbência recíproca, oacórdão a condenou em honorários advocatícios de 5% do valor da condenação, quando deveriam ter sido compensadosos honorários, conforme art. 21 do CPC, não se aplicando a regra do parágrafo único do referido artigo nem o art. 55 da Leinº 9.099/95.Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 doCPC, constantes do decisum embargado, não se prestando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,tampouco ao mero prequestionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso extraordinário,porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando presente omissão de ponto fundamental, contradição entre afundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razões desenvolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, osembargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, contradição, omissão oudúvida.In casu, a embargante aponta vício consistente na sua condenação em honorários advocatícios a despeito da sucumbênciarecíproca. Conquanto não esteja assim nomeado nos embargos, trata-se de vício de contradição entre as disposiçõesconstantes do próprio acórdão, tendo em vista que a sucumbência recíproca importa, a teor do art. 21 do CPC, nacompensação recíproca e proporcional dos honorários entre as partes.A sucumbência da parte autora/recorrida foi mínima, considerando que houve apenas limitação dos efeitos da condenação -estabelecida na sentença até que seja instituída nova disciplina para aferição de avaliação individual e institucional - aotermo final de 29/02/2008, tendo em vista que a partir de 01/03/2008 a GDASST foi extinta para os servidores da carreira daprevidência, da saúde e do trabalho, pelo art. 39 da Lei nº 11.784/2008.Os efeitos da condenação fatalmente cessariam a partir da extinção da gratificação, independentemente da explicitaçãodessa data no acórdão embargado, o que corrobora a conclusão de que a parte autora/recorrida sucumbiu em partemínima do pedido, impondo-se, assim, a condenação do recorrente em honorários, conforme art. 55 da Lei nº 9.099/95.Embargos conhecidos e parcialmente providos. Contradição reconhecida e sanada nos termos acima, sem alteração doresultado do julgamento do recurso inominado.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E DAR-LHES PARCIALPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

71 - 0001520-67.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.001520-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FUNDAÇÃO NACIONAL DESAÚDE - FUNASA (PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.) x IARA PEREIRA.1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator

PROCESSO: 0001520-67.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.001520-9/01)

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – CONTRADIÇÃO RECONHECIDA – SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA - CONDENAÇÃODO RECORRENTE EM HONORÁRIOS – POSSIBILIDADE EM FACE DA SUCUMBÊNCIA DA RECORRIDA EM PARTEMÍNIMA DO PEDIDO – ART. 21, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC – ART. 55 DA LEI Nº 9.099/95 - EMBARGOSCONHECIDOS E PROVIDOS EM PARTE – MANTIDO RESULTADO DO JULGAMENTO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pela Fundação Nacional de Saúde - FUNASA em face do acórdão de fls.98/100, que deu parcial provimento ao recurso inominado por ela interposto, reformando, apenas quanto ao termo final dos

Page 116: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

efeitos da condenação, a sentença que a condenou a pagar à parte autora a GDATA, posteriormente substituída pelaDGASST, nos termos em que paga aos servidores da ativa. Alega a embargante que, apesar da sucumbência recíproca, oacórdão a condenou em honorários advocatícios de 5% do valor da condenação, quando deveriam ter sido compensadosos honorários, conforme art. 21 do CPC, não se aplicando a regra do parágrafo único do referido artigo nem o art. 55 da Leinº 9.099/95.Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 doCPC, constantes do decisum embargado, não se prestando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,tampouco ao mero prequestionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso extraordinário,porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando presente omissão de ponto fundamental, contradição entre afundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razões desenvolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, osembargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, contradição, omissão oudúvida.In casu, a embargante aponta vício consistente na sua condenação em honorários advocatícios a despeito da sucumbênciarecíproca. Conquanto não esteja assim nomeado nos embargos, trata-se de vício de contradição entre as disposiçõesconstantes do próprio acórdão, tendo em vista que a sucumbência recíproca importa, a teor do art. 21 do CPC, nacompensação recíproca e proporcional dos honorários entre as partes.A sucumbência da parte autora/recorrida foi mínima, considerando que houve apenas limitação dos efeitos da condenação -estabelecida na sentença até que seja instituída nova disciplina para aferição de avaliação individual e institucional - aotermo final de 29/02/2008, tendo em vista que a partir de 01/03/2008 a GDASST foi extinta para os servidores da carreira daprevidência, da saúde e do trabalho, pelo art. 39 da Lei nº 11.784/2008.Os efeitos da condenação fatalmente cessariam a partir da extinção da gratificação, independentemente da explicitaçãodessa data no acórdão embargado, o que corrobora a conclusão de que a parte autora/recorrida sucumbiu em partemínima do pedido, impondo-se, assim, a condenação do recorrente em honorários, conforme art. 55 da Lei nº 9.099/95.Embargos conhecidos e parcialmente providos. Contradição reconhecida e sanada nos termos acima, sem alteração doresultado do julgamento do recurso inominado.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E DAR-LHES PARCIALPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

72 - 0002873-11.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002873-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.) x MARIA DAS GRAÇAS ALVES PAIXÃO(DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.).1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator

PROCESSO: 0002873-11.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002873-5/01)

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE OMISSÃO – AUXÍLIO-DOENÇA – DOENÇA QUE ISENTA DECARÊNCIA – INCAPACIDADE POSTERIOR AO REINGRESSO – DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO – ATUAÇÃOCONTRA O INSS – HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS INDEVIDOS – SÚMULA Nº 421 DO SUPERIOR TRIBUNAL DEJUSTIÇA – EMBARGOS CONHECIDOS E PARCIALMENTE PROVIDOS.

1.Trata-se de embargos de declaração, opostos pelo INSS, em face do acórdão de fls. 96/97, que negou provimento aorecurso inominado por ele interposto. Alega o embargante que a autora ingressou no RGPS já portadora de insuficiênciarenal crônica, não sendo possível a dispensa da carência. Sustenta que deve ser analisada a data de início da doença enão a data de início da incapacidade. Aduz ainda o embargante que houve omissão em relação ao entendimento do STJ edo STF quanto ao fato de não haver condenação ao pagamento de honorários advocatícios em favor da Defensoria Públicada União quando esta atua contra pessoa jurídica de direito público a qual pertença.

2. Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535do CPC, constantes do decisum embargado, não se prestando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,tampouco ao mero prequestionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso extraordinário,porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando presente omissão de ponto fundamental, contradição entre afundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razões desenvolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, osembargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, contradição, omissão oudúvida. In casu, pela leitura das argumentações do embargante, verifica-se que este aponta a existência de omissão nadecisão proferida por esta Turma.

Page 117: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

3. Quanto à alegação de omissão pelo fato de o acórdão não ter acolhido o entendimento do INSS quanto à dispensa decarência para portadores de nefropatia (se deveria ser analisada a data de início da doença ou da incapacidade), não háqualquer vício a ser sanado. O que ocorreu foi a rejeição da tese defendida pelo ora embargante. O Colegiado entendeuque a dispensa da carência deve ocorrer por se tratar de nefropatia grave, devendo ser observada a data de início daincapacidade e não a data de início da doença, o que se coaduna com o art. 59, Parágrafo Único da Lei nº 8.213/91.

4. Em relação á omissão no tocante aos honorários sucumbenciais, depreende-se correto o entendimento do embargante.Conforme a súmula 421 do STJ, de 13/05/2010, os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quandoela atua contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença.

5. Nesse sentido:

PROCESSUAL CIVIL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. DEFENSORIA PÚBLICA. CONFUSÃO ENTRE CREDOR EDEVEDOR. ORIENTAÇÃO DO STJ FIRMADA EM JULGAMENTO SOB O REGIME DOS RECURSOS REPETITIVOS. 1.Não são devidos honorários advocatícios à Defensoria Pública quando atua contra a pessoa jurídica de direito público daqual é parte integrante. 2. Entendimento sedimentado nesta Corte quando do julgamento do REsp 1.108.013/RJ, da

�relatoria da Ministra Eliana Calmon, com base na lei dos recursos repetitivos. 3. Agravo regimental não provido. (AGA200802744867, CASTRO MEIRA, STJ - SEGUNDA TURMA, 30/09/2010).

PROCESSUAL CIVIL. QUERELA NULLITATIS. ALEGAÇÃO DE VÍCIO. COISA JULGADA. EXTINÇÃO SEM RESOLUÇÃODO MÉRITO. HONORÁRIOS. DEFENSORIA PÚBLICA. INSS. 1- As hipóteses de ataque à coisa julgada são veiculadas,em regra, pela ação rescisória. Enquanto a rescisória permite a rescisão da sentença nos casos expressa e taxativamenteelencados no art. 485 do CPC, há casos nos quais a sentença tem vícios tão graves que sobrevivem ao trânsito julgado epodem ser alegados a qualquer tempo (vícios transrescisórios - como a ausência de citação, ou a citação nula). É inviável aquerella nullitatis quando o processo que se pretende declarar nulo correu regularmente, e o vício que se assinala é aalegada existência de julgado que não se limitou ao pedido. Inviável fabricar hipótese de ação de nulidade do julgado paracontornar a vedação da ação rescisória, cujo manejo é proibido no Juizado Especial (artigo 59 da Lei nº 9.099/95). Eventualvício, contido em sentença anterior, deveria ter sido alegado no momento processual oportuno. 2-Noutro giro, não cabe acondenação do INSS em verba honorária pelo INSS em favor da Defensoria da União. Ainda que a Defensoria Pública daUnião seja órgão público vinculado ao Ministério da Justiça, e o INSS tenha natureza de autarquia federal, ambos estão no

�âmbito do mesmo ente federativo. Precedentes. Apelações desprovidas. (AC 200850010023933, Desembargador FederalGUILHERME COUTO, TRF2 - SEXTA TURMA ESPECIALIZADA, E-DJF2R - Data::05/03/2012 - Página::222/223.)

6. Verifica-se, assim, que houve vício no acórdão anteriormente prolatado, razão pela qual devem ser conhecidos eparcialmente providos os presentes embargos, a fim de se excluir a condenação em honorários advocatícios.

7. Embargos de declaração conhecidos e parcialmente providos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PARCIAL PROVIMENTO AORECURSO, na forma do voto/ementa constante dos autos que faz parte integrante do julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

73 - 0000804-54.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.000804-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE ROBERTO BAETA(ADVOGADO: MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: VILMAR LOBO ABDALAH JR..).E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE OMISSÃO – JUROS DE MORA - MEDIDA PROVISÓRIA2.180-35/2001 - LEI Nº 11.960/2009 – EMBARGOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão de fls. 57/58, que deu provimento ao recursoinominado interposto pela parte autora, condenando-o a revisar a renda mensal do benefício previdenciário da parte autoraa partir de 1º/1/2004, mediante adequação ao novo limite máximo para o valor dos benefícios do RGPS instituído pelaEmenda Constitucional nº 41/2003, bem como a pagar as diferenças decorrentes da revisão incidentes sobre as prestaçõespagas a partir daquela data, respeitada a prescrição quinquenal. O acórdão determinou, ainda, a aplicação de juros de moracontados a partir da citação, mais correção monetária, baseados nos índices oficiais de caderneta de poupança. Alega oembargante que houve omissão quanto à determinação contida na Medida Provisória nº 2.180-35, de 24/08/2001, que, aoacrescentar o art. 1º-F à Lei nº 9.494/97, determinou que os juros de mora aplicáveis às condenações da Fazenda Públicaseriam de 0,5% ao mês até 26/06/2009, data do advento da Lei nº 11.960/2009. Diz que também há omissão no que tangeà sistemática da correção monetária e dos juros de mora após a alteração legal mencionada.

Page 118: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

A Medida Provisória nº 2.180-35/2001 alterou o percentual de juros de mora, tão somente, nas condenações impostas àFazenda Pública para pagamento de verbas remuneratórias devidas a servidores e empregados públicos, não oestendendo aos benefícios previdenciários do RGPS. Apenas com o advento da Lei nº 11.960/2009, em 29/06/2009, é queforam incluídas todas as condenações impostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza. Ressalte-se queos precedentes mencionados nos embargos, ao se referirem à inclusão dos benefícios previdenciários dentre ospagamentos sobre os quais incidem juros de 0,5% ao mês, tratam especificamente de benefícios de servidores públicos enão de benefícios do RGPS.A despeito disso, o acórdão determinou a aplicação de juros de mora contados a partir da citação, mais correção monetária,baseados nos índices oficiais de caderneta de poupança. Não houve, portanto, omissão, uma vez que se entendeu pelaaplicação do disposto no art. 1º-F da Lei nº 9.494/97 com a redação dada pela Lei nº 11.960/2009 (Nas condenaçõesimpostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza e para fins de atualização monetária, remuneração docapital e compensação da mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais deremuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança) a todo o período de apuração dos atrasados, inclusive oanterior ao advento dessa última lei.Embargos conhecidos e improvidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

74 - 0000654-73.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.000654-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANDRIANA FERREIRA(ADVOGADO: THIAGO AARÃO DE MORAES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:CLEBSON DA SILVEIRA.).E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE OMISSÃO – JUROS DE MORA - MEDIDA PROVISÓRIA2.180-35/2001 - LEI Nº 11.960/2009 – EMBARGOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão de fls. 71/72, que deu provimento ao recursoinominado interposto pela parte autora, condenando-o a revisar a renda mensal do benefício previdenciário da parte autoraa partir de 1º/1/2004, mediante adequação ao novo limite máximo para o valor dos benefícios do RGPS instituído pelaEmenda Constitucional nº 41/2003, bem como a pagar as diferenças decorrentes da revisão incidentes sobre as prestaçõespagas a partir daquela data, respeitada a prescrição quinquenal. O acórdão determinou, ainda, a aplicação de juros de moracontados a partir da citação, mais correção monetária, baseados nos índices oficiais de caderneta de poupança. Alega oembargante que houve omissão quanto à determinação contida na Medida Provisória nº 2.180-35, de 24/08/2001, que, aoacrescentar o art. 1º-F à Lei nº 9.494/97, determinou que os juros de mora aplicáveis às condenações da Fazenda Públicaseriam de 0,5% ao mês até 26/06/2009, data do advento da Lei nº 11.960/2009. Diz que também há omissão no que tangeà sistemática da correção monetária e dos juros de mora após a alteração legal mencionada.A Medida Provisória nº 2.180-35/2001 alterou o percentual de juros de mora, tão somente, nas condenações impostas àFazenda Pública para pagamento de verbas remuneratórias devidas a servidores e empregados públicos, não oestendendo aos benefícios previdenciários do RGPS. Apenas com o advento da Lei nº 11.960/2009, em 29/06/2009, é queforam incluídas todas as condenações impostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza. Ressalte-se queos precedentes mencionados nos embargos, ao se referirem à inclusão dos benefícios previdenciários dentre ospagamentos sobre os quais incidem juros de 0,5% ao mês, tratam especificamente de benefícios de servidores públicos enão de benefícios do RGPS.A despeito disso, o acórdão determinou a aplicação de juros de mora contados a partir da citação, mais correção monetária,baseados nos índices oficiais de caderneta de poupança. Não houve, portanto, omissão, uma vez que se entendeu pelaaplicação do disposto no art. 1º-F da Lei nº 9.494/97 com a redação dada pela Lei nº 11.960/2009 (Nas condenaçõesimpostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza e para fins de atualização monetária, remuneração docapital e compensação da mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais deremuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança) a todo o período de apuração dos atrasados, inclusive oanterior ao advento dessa última lei.Embargos conhecidos e improvidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

75 - 0000038-98.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.000038-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) PEDRO VAZ DOS SANTOS(ADVOGADO: LUIZA MARTINS DE ASSIS SILVA, DANIEL ASSAD GALVÊAS, RAFAEL GONÇALVES VASCONCELOS.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: NANCI APARECIDA DOMINGUES CARVALHO.).E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE OMISSÃO – JUROS DE MORA - MEDIDA PROVISÓRIA

Page 119: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

2.180-35/2001 - LEI Nº 11.960/2009 – EMBARGOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão de fls. 66/67, que deu provimento ao recursoinominado interposto pela parte autora, condenando-o a revisar a renda mensal do benefício previdenciário da parte autoraa partir de 1º/1/2004, mediante adequação ao novo limite máximo para o valor dos benefícios do RGPS instituído pelaEmenda Constitucional nº 41/2003, bem como a pagar as diferenças decorrentes da revisão incidentes sobre as prestaçõespagas a partir daquela data, respeitada a prescrição quinquenal. O acórdão determinou, ainda, a aplicação de juros de moracontados a partir da citação, mais correção monetária, baseados nos índices oficiais de caderneta de poupança. Alega oembargante que houve omissão quanto à determinação contida na Medida Provisória nº 2.180-35, de 24/08/2001, que, aoacrescentar o art. 1º-F à Lei nº 9.494/97, determinou que os juros de mora aplicáveis às condenações da Fazenda Públicaseriam de 0,5% ao mês até 26/06/2009, data do advento da Lei nº 11.960/2009. Diz que também há omissão no que tangeà sistemática da correção monetária e dos juros de mora após a alteração legal mencionada.A Medida Provisória nº 2.180-35/2001 alterou o percentual de juros de mora, tão somente, nas condenações impostas àFazenda Pública para pagamento de verbas remuneratórias devidas a servidores e empregados públicos, não oestendendo aos benefícios previdenciários do RGPS. Apenas com o advento da Lei nº 11.960/2009, em 29/06/2009, é queforam incluídas todas as condenações impostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza. Ressalte-se queos precedentes mencionados nos embargos, ao se referirem à inclusão dos benefícios previdenciários dentre ospagamentos sobre os quais incidem juros de 0,5% ao mês, tratam especificamente de benefícios de servidores públicos enão de benefícios do RGPS.A despeito disso, o acórdão determinou a aplicação de juros de mora contados a partir da citação, mais correção monetária,baseados nos índices oficiais de caderneta de poupança. Não houve, portanto, omissão, uma vez que se entendeu pelaaplicação do disposto no art. 1º-F da Lei nº 9.494/97 com a redação dada pela Lei nº 11.960/2009 (Nas condenaçõesimpostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza e para fins de atualização monetária, remuneração docapital e compensação da mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais deremuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança) a todo o período de apuração dos atrasados, inclusive oanterior ao advento dessa última lei.Embargos conhecidos e improvidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

76 - 0000035-46.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.000035-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MÁRCIA GUIMARÃESAMORIM (ADVOGADO: MARCELO DUARTE FREITAS ASSAD, DANIEL ASSAD GALVÊAS, RAFAEL GONÇALVESVASCONCELOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: NANCI APARECIDADOMINGUES CARVALHO.).E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE OMISSÃO – JUROS DE MORA - MEDIDA PROVISÓRIA2.180-35/2001 - LEI Nº 11.960/2009 – EMBARGOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão de fls. 45/46, que deu provimento ao recursoinominado interposto pela parte autora, condenando-o a revisar a renda mensal do benefício previdenciário da parte autoraa partir de 1º/1/2004, mediante adequação ao novo limite máximo para o valor dos benefícios do RGPS instituído pelaEmenda Constitucional nº 41/2003, bem como a pagar as diferenças decorrentes da revisão incidentes sobre as prestaçõespagas a partir daquela data, respeitada a prescrição quinquenal. O acórdão determinou, ainda, a aplicação de juros de moracontados a partir da citação, mais correção monetária, baseados nos índices oficiais de caderneta de poupança. Alega oembargante que houve omissão quanto à determinação contida na Medida Provisória nº 2.180-35, de 24/08/2001, que, aoacrescentar o art. 1º-F à Lei nº 9.494/97, determinou que os juros de mora aplicáveis às condenações da Fazenda Públicaseriam de 0,5% ao mês até 26/06/2009, data do advento da Lei nº 11.960/2009. Diz que também há omissão no que tangeà sistemática da correção monetária e dos juros de mora após a alteração legal mencionada.A Medida Provisória nº 2.180-35/2001 alterou o percentual de juros de mora, tão somente, nas condenações impostas àFazenda Pública para pagamento de verbas remuneratórias devidas a servidores e empregados públicos, não oestendendo aos benefícios previdenciários do RGPS. Apenas com o advento da Lei nº 11.960/2009, em 29/06/2009, é queforam incluídas todas as condenações impostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza. Ressalte-se queos precedentes mencionados nos embargos, ao se referirem à inclusão dos benefícios previdenciários dentre ospagamentos sobre os quais incidem juros de 0,5% ao mês, tratam especificamente de benefícios de servidores públicos enão de benefícios do RGPS.A despeito disso, o acórdão determinou a aplicação de juros de mora contados a partir da citação, mais correção monetária,baseados nos índices oficiais de caderneta de poupança. Não houve, portanto, omissão, uma vez que se entendeu pelaaplicação do disposto no art. 1º-F da Lei nº 9.494/97 com a redação dada pela Lei nº 11.960/2009 (Nas condenaçõesimpostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza e para fins de atualização monetária, remuneração docapital e compensação da mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais deremuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança) a todo o período de apuração dos atrasados, inclusive oanterior ao advento dessa última lei.Embargos conhecidos e improvidos.

Page 120: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

77 - 0000033-76.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.000033-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE LUIZ SARCINELLI DOSSANTOS (ADVOGADO: LUIZA MARTINS DE ASSIS SILVA, DANIEL ASSAD GALVÊAS, RAFAEL GONÇALVESVASCONCELOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.).E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE OMISSÃO – JUROS DE MORA - MEDIDA PROVISÓRIA2.180-35/2001 - LEI Nº 11.960/2009 – EMBARGOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão de fls. 89/90, que deu provimento ao recursoinominado interposto pela parte autora, condenando-o a revisar a renda mensal do benefício previdenciário da parte autoraa partir de 1º/1/2004, mediante adequação ao novo limite máximo para o valor dos benefícios do RGPS instituído pelaEmenda Constitucional nº 41/2003, bem como a pagar as diferenças decorrentes da revisão incidentes sobre as prestaçõespagas a partir daquela data, respeitada a prescrição quinquenal. O acórdão determinou, ainda, a aplicação de juros de moracontados a partir da citação, mais correção monetária, baseados nos índices oficiais de caderneta de poupança. Alega oembargante que houve omissão quanto à determinação contida na Medida Provisória nº 2.180-35, de 24/08/2001, que, aoacrescentar o art. 1º-F à Lei nº 9.494/97, determinou que os juros de mora aplicáveis às condenações da Fazenda Públicaseriam de 0,5% ao mês até 26/06/2009, data do advento da Lei nº 11.960/2009. Diz que também há omissão no que tangeà sistemática da correção monetária e dos juros de mora após a alteração legal mencionada.A Medida Provisória nº 2.180-35/2001 alterou o percentual de juros de mora, tão somente, nas condenações impostas àFazenda Pública para pagamento de verbas remuneratórias devidas a servidores e empregados públicos, não oestendendo aos benefícios previdenciários do RGPS. Apenas com o advento da Lei nº 11.960/2009, em 29/06/2009, é queforam incluídas todas as condenações impostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza. Ressalte-se queos precedentes mencionados nos embargos, ao se referirem à inclusão dos benefícios previdenciários dentre ospagamentos sobre os quais incidem juros de 0,5% ao mês, tratam especificamente de benefícios de servidores públicos enão de benefícios do RGPS.A despeito disso, o acórdão determinou a aplicação de juros de mora contados a partir da citação, mais correção monetária,baseados nos índices oficiais de caderneta de poupança. Não houve, portanto, omissão, uma vez que se entendeu pelaaplicação do disposto no art. 1º-F da Lei nº 9.494/97 com a redação dada pela Lei nº 11.960/2009 (Nas condenaçõesimpostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza e para fins de atualização monetária, remuneração docapital e compensação da mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais deremuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança) a todo o período de apuração dos atrasados, inclusive oanterior ao advento dessa última lei.Embargos conhecidos e improvidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

78 - 0000554-21.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.000554-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CARLOS ALBERTOMARTINS (ADVOGADO: MARCELO DUARTE FREITAS ASSAD, DANIEL ASSAD GALVÊAS.) x INSTITUTO NACIONALDO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: CLEBSON DA SILVEIRA.).E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE OMISSÃO – JUROS DE MORA - MEDIDA PROVISÓRIA2.180-35/2001 - LEI Nº 11.960/2009 – EMBARGOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão de fls. 60/61, que deu provimento ao recursoinominado interposto pela parte autora, condenando-o a revisar a renda mensal do benefício previdenciário da parte autoraa partir de 1º/1/2004, mediante adequação ao novo limite máximo para o valor dos benefícios do RGPS instituído pelaEmenda Constitucional nº 41/2003, bem como a pagar as diferenças decorrentes da revisão incidentes sobre as prestaçõespagas a partir daquela data, respeitada a prescrição quinquenal. O acórdão determinou, ainda, a aplicação de juros de moracontados a partir da citação, mais correção monetária, baseados nos índices oficiais de caderneta de poupança. Alega oembargante que houve omissão quanto à determinação contida na Medida Provisória nº 2.180-35, de 24/08/2001, que, aoacrescentar o art. 1º-F à Lei nº 9.494/97, determinou que os juros de mora aplicáveis às condenações da Fazenda Públicaseriam de 0,5% ao mês até 26/06/2009, data do advento da Lei nº 11.960/2009. Diz que também há omissão no que tangeà sistemática da correção monetária e dos juros de mora após a alteração legal mencionada.A Medida Provisória nº 2.180-35/2001 alterou o percentual de juros de mora, tão somente, nas condenações impostas àFazenda Pública para pagamento de verbas remuneratórias devidas a servidores e empregados públicos, não oestendendo aos benefícios previdenciários do RGPS. Apenas com o advento da Lei nº 11.960/2009, em 29/06/2009, é que

Page 121: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

foram incluídas todas as condenações impostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza. Ressalte-se queos precedentes mencionados nos embargos, ao se referirem à inclusão dos benefícios previdenciários dentre ospagamentos sobre os quais incidem juros de 0,5% ao mês, tratam especificamente de benefícios de servidores públicos enão de benefícios do RGPS.A despeito disso, o acórdão determinou a aplicação de juros de mora contados a partir da citação, mais correção monetária,baseados nos índices oficiais de caderneta de poupança. Não houve, portanto, omissão, uma vez que se entendeu pelaaplicação do disposto no art. 1º-F da Lei nº 9.494/97 com a redação dada pela Lei nº 11.960/2009 (Nas condenaçõesimpostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza e para fins de atualização monetária, remuneração docapital e compensação da mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais deremuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança) a todo o período de apuração dos atrasados, inclusive oanterior ao advento dessa última lei.Embargos conhecidos e improvidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

79 - 0005007-45.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005007-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) BERNADETHE SIMONETTIPIOROTTI (ADVOGADO: CLAUDIA IVONE KURTH, VALTER JOSÉ COVRE.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.).E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE OMISSÃO – JUROS DE MORA - MEDIDA PROVISÓRIA2.180-35/2001 - LEI Nº 11.960/2009 – EMBARGOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão de fls. 140/142, que deu provimento aorecurso inominado interposto pela parte autora, condenando-o a conceder o benefício de aposentadoria rural por idade comDIB em 24/02/2003 (fl. 51), data do requerimento administrativo, bem como ao pagamento das parcelas vencidas. Alega oembargante que houve omissão quanto à determinação contida na Medida Provisória nº 2.180-35, de 24/08/2001, que, aoacrescentar o art. 1º-F à Lei nº 9.494/97, determinou que os juros de mora aplicáveis às condenações da Fazenda Públicaseriam de 0,5% ao mês até 26/06/2009, data do advento da Lei nº 11.960/2009.Não se configura a omissão apontada, uma vez que o acórdão embargado determinou expressamente o pagamento dasparcelas vencidas, corrigidas monetariamente, respeitada a prescrição qüinqüenal, acrescido de correção monetária desdeo momento em que deveriam ter sido pagos, com base na tabela de precatórios, e juros de mora de 1% ao mês a contar dacitação até 30/06/2009 e, a partir de então, nos termos da Lei 11.960/2009. Uma vez considerada não aplicável ao caso,não havia qualquer razão ou necessidade sequer de se mencionar a MP 2.180-35, de 24/08/2001, no julgamento.De qualquer forma, esclareço que a Medida Provisória nº 2.180-35/2001 alterou o percentual de juros de mora, tãosomente, nas condenações impostas à Fazenda Pública para pagamento de verbas remuneratórias devidas a servidores eempregados públicos, não o estendendo aos benefícios previdenciários do RGPS. Apenas com o advento da Lei nº11.960/2009, em 29/06/2009, é que foram incluídas todas as condenações impostas à Fazenda Pública,independentemente de sua natureza.Ressalte-se que os precedentes mencionados nos embargos, ao se referirem à inclusão dos benefícios previdenciáriosdentre os pagamentos sobre os quais incidem juros de 0,5% ao mês, tratam especificamente de benefícios de servidorespúblicos e não de benefícios do RGPS.Embargos conhecidos e improvidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

80 - 0003394-87.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003394-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSÉ DE RIBAMARCAVALCANTE MARTINS (ADVOGADO: VALTEMIR DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: CLEBSON DA SILVEIRA.).E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE OMISSÃO – JUROS DE MORA - MEDIDA PROVISÓRIA2.180-35/2001 - LEI Nº 11.960/2009 – EMBARGOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão de fls. 85/86, que deu provimento ao recursoinominado interposto pela parte autora, condenando-o a implantar o benefício de aposentadoria por tempo de contribuiçãoem favor da parte autora, bem como ao pagamento dos atrasados a partir da data do requerimento administrativo,01.10.2007, até a efetiva implantação do benefício. O acórdão determinou, ainda, que sobre as prestações vencidasincidem, até 30/06/2009, correção monetária e juros de mora à taxa de 1% ao mês a partir da citação, e dessa data emdiante, aplicam-se os índices oficiais de remuneração básica e juros próprios da caderneta de poupança (art. 5º da Lei nº

Page 122: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

11.960/2009). Alega o embargante que houve omissão quanto à determinação contida na Medida Provisória nº 2.180-35, de24/08/2001, que, ao acrescentar o art. 1º-F à Lei nº 9.494/97, determinou que os juros de mora aplicáveis às condenaçõesda Fazenda Pública seriam de 0,5% ao mês até 26/06/2009, data do advento da Lei nº 11.960/2009.Não se configura a omissão apontada, uma vez que o acórdão embargado determinou expressamente que sobre asprestações vencidas incidem, até 30/06/2009, correção monetária e juros de mora à taxa de 1% ao mês a partir da citação.Desta data em diante, aplicam-se os índices oficiais de remuneração básica e juros próprios da caderneta de poupança (art.5º da Lei nº 11.960/2009). Uma vez considerada não aplicável ao caso, não havia qualquer razão ou necessidade sequer dese mencionar a MP 2.180-35, de 24/08/2001, no julgamento.De qualquer forma, esclareço que a Medida Provisória nº 2.180-35/2001 alterou o percentual de juros de mora, tãosomente, nas condenações impostas à Fazenda Pública para pagamento de verbas remuneratórias devidas a servidores eempregados públicos, não o estendendo aos benefícios previdenciários do RGPS. Apenas com o advento da Lei nº11.960/2009, em 29/06/2009, é que foram incluídas todas as condenações impostas à Fazenda Pública,independentemente de sua natureza.Ressalte-se que os precedentes mencionados nos embargos, ao se referirem à inclusão dos benefícios previdenciáriosdentre os pagamentos sobre os quais incidem juros de 0,5% ao mês, tratam especificamente de benefícios de servidorespúblicos e não de benefícios do RGPS.Embargos conhecidos e improvidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

81 - 0003344-27.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003344-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DORACI CUSTÓDIOCORREA (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: CLEBSON DA SILVEIRA.).E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE OMISSÃO – JUROS DE MORA - MEDIDA PROVISÓRIA2.180-35/2001 - LEI Nº 11.960/2009 – EMBARGOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão de fls. 83/84, que deu provimento ao recursoinominado interposto pela parte autora, condenando-o a implantar o benefício de aposentadoria por invalidez em favor daparte autora, bem como ao pagamento dos atrasados a título de auxílio-doença a partir da data de sua indevida cessaçãoadministrativa (08.12.2008) até a efetiva implantação da aposentadoria por invalidez. O acórdão determinou, ainda, queincidem, até 30/06/2009, correção monetária e juros de mora à taxa de 1% ao mês a partir da citação, e dessa data emdiante, aplicam-se os índices oficiais de remuneração básica e juros próprios da caderneta de poupança (art. 5º da Lei nº11.960/2009). Alega o embargante que houve omissão quanto à determinação contida na Medida Provisória nº 2.180-35, de24/08/2001, que, ao acrescentar o art. 1º-F à Lei nº 9.494/97, determinou que os juros de mora aplicáveis às condenaçõesda Fazenda Pública seriam de 0,5% ao mês até 26/06/2009, data do advento da Lei nº 11.960/2009.Não se configura a omissão apontada, uma vez que o acórdão embargado determinou expressamente que sobre asprestações vencidas incidem, até 30/06/2009, correção monetária e juros de mora à taxa de 1% ao mês a partir da citação.Desta data em diante, aplicam-se os índices oficiais de remuneração básica e juros próprios da caderneta de poupança (art.5º da Lei nº 11.960/2009). Uma vez considerada não aplicável ao caso, não havia qualquer razão ou necessidade sequer dese mencionar a MP 2.180-35, de 24/08/2001, no julgamento.De qualquer forma, esclareço que a Medida Provisória nº 2.180-35/2001 alterou o percentual de juros de mora, tãosomente, nas condenações impostas à Fazenda Pública para pagamento de verbas remuneratórias devidas a servidores eempregados públicos, não o estendendo aos benefícios previdenciários do RGPS. Apenas com o advento da Lei nº11.960/2009, em 29/06/2009, é que foram incluídas todas as condenações impostas à Fazenda Pública,independentemente de sua natureza.Ressalte-se que os precedentes mencionados nos embargos, ao se referirem à inclusão dos benefícios previdenciáriosdentre os pagamentos sobre os quais incidem juros de 0,5% ao mês, tratam especificamente de benefícios de servidorespúblicos e não de benefícios do RGPS.Embargos conhecidos e improvidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

82 - 0000032-91.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.000032-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOEL DE OLIVEIRA(ADVOGADO: LUIZA MARTINS DE ASSIS SILVA, DANIEL ASSAD GALVÊAS, DIOGO ASSAD BOECHAT, RAFAELGONÇALVES VASCONCELOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos FigueredoMarçal.).E M E N T A

Page 123: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE OMISSÃO – JUROS DE MORA - MEDIDA PROVISÓRIA2.180-35/2001 - LEI Nº 11.960/2009 – EMBARGOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão de fls. 89/90, que deu provimento ao recursoinominado interposto pela parte autora, condenando-o a revisar a renda mensal do benefício previdenciário da parte autoraa partir de 1º/1/2004, mediante adequação ao novo limite máximo para o valor dos benefícios do RGPS instituído pelaEmenda Constitucional nº 41/2003, bem como a pagar as diferenças decorrentes da revisão incidentes sobre as prestaçõespagas a partir daquela data, respeitada a prescrição quinquenal. O acórdão determinou, ainda, a aplicação de juros de moracontados a partir da citação, mais correção monetária, baseados nos índices oficiais de caderneta de poupança. Alega oembargante que houve omissão quanto à determinação contida na Medida Provisória nº 2.180-35, de 24/08/2001, que, aoacrescentar o art. 1º-F à Lei nº 9.494/97, determinou que os juros de mora aplicáveis às condenações da Fazenda Públicaseriam de 0,5% ao mês até 26/06/2009, data do advento da Lei nº 11.960/2009. Diz que também há omissão no que tangeà sistemática da correção monetária e dos juros de mora após a alteração legal mencionada.A Medida Provisória nº 2.180-35/2001 alterou o percentual de juros de mora, tão somente, nas condenações impostas àFazenda Pública para pagamento de verbas remuneratórias devidas a servidores e empregados públicos, não oestendendo aos benefícios previdenciários do RGPS. Apenas com o advento da Lei nº 11.960/2009, em 29/06/2009, é queforam incluídas todas as condenações impostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza. Ressalte-se queos precedentes mencionados nos embargos, ao se referirem à inclusão dos benefícios previdenciários dentre ospagamentos sobre os quais incidem juros de 0,5% ao mês, tratam especificamente de benefícios de servidores públicos enão de benefícios do RGPS.A despeito disso, o acórdão determinou a aplicação de juros de mora contados a partir da citação, mais correção monetária,baseados nos índices oficiais de caderneta de poupança. Não houve, portanto, omissão, uma vez que se entendeu pelaaplicação do disposto no art. 1º-F da Lei nº 9.494/97 com a redação dada pela Lei nº 11.960/2009 (Nas condenaçõesimpostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza e para fins de atualização monetária, remuneração docapital e compensação da mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais deremuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança) a todo o período de apuração dos atrasados, inclusive oanterior ao advento dessa última lei.Embargos conhecidos e improvidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

91002 - RECURSO/MEDIDA URGÊNCIA CÍVEL

83 - 0006272-48.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006272-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO FEDERAL DEEDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO ESPÍRITO SANTO - IFES (PROCDOR: SHIZUE SOUZA KITAGAWA.) xANTONIO PINTO DA HORA (ADVOGADO: VINICIUS BIS LIMA.).E M E N T A

PROCESSUAL CIVIL – RECURSO EM FACE DE DECISÃO CONCESSIVA DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA –SUSPENSÃO DE DESCONTOS EM PROVENTOS DE APOSENTADORIA - ART. 5º DA LEI Nº 10.259/01 - AUSÊNCIA DERISCO DE LESÃO GRAVE E DE DIFÍCIL REPARAÇÃO – ART. 527, II DO CPC – APLICABILIDADE.

Trata-se de recurso interposto pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo – IFES contra adecisão do juízo de primeiro grau (fl. 43) que determinou a suspensão do desconto nos proventos de aposentadoria daparte autora, relativos a suposto pagamento indevido.A admissibilidade do recurso interposto contra decisão que defere ou indefere antecipação dos efeitos da tutela (medidascautelares no curso do processo, na dicção do art. 4º da Lei 10.259/01) em ação que tramita em Juizado Especial Federal,há de ser aferida utilizando-se, por analogia, o sistema de recurso de agravo de instrumento, tal qual previsto no caput doartigo 522 do Código de Processo Civil.A integração da lacuna existente na Lei n.º 10.259/01 não deve ser feita tal qual ocorre, por meio de norma infralegal (artigo59 da Resolução nº 01/2007 do TRF da 2ª Região), havendo disposição legal expressa para caso análogo.O regime instituído pela Lei n.º 11.187/05 restringiu o manejo do agravo de instrumento, de modo que o agravo retido nosautos se tornou a regra geral. Não faria sentido admitir-se o recurso previsto na primeira parte do art. 5º da Lei n.º 10.259/01quando, em situação análoga, não se poderia admitir o agravo de instrumento, que seria faltamente convertido em retido,tendo por suposto a inexistência de risco de a decisão atacada causar lesão grave e de difícil reparação (artigo 527, II,CPC). Tal posicionamento iria de encontro aos critérios que orientam o processo no âmbito dos Juizados Especiais,notadamente os critérios da economia processual e celeridade.A suspensão dos descontos em proventos de aposentadoria é fato jurídico que não gera, por si só, risco de lesão grave ede difícil reparação ao IFES, sendo a complementação desse suporte fático (“lesão grave e de difícil reparação”) umrequisito de admissibilidade do recurso previsto na primeira parte do art. 5º da Lei nº 10.259/01.Recurso não conhecido.ACÓRDÃOVistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado

Page 124: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo NÃO CONHECER DO RECURSO, na forma da ementa constantedos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

84 - 0000282-04.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000282-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x MARIA DA CONCEIÇÃO LIVRAMENTOMOREIRA (ADVOGADO: CELSO PEDRONI JUNIOR, FABRICIO PERES SALES, TIELY PEDRONI HELEODORO.).E M E N T A

PROCESSUAL CIVIL – RECURSO EM FACE DE DECISÃO CONCESSIVA DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA –IMPLEMENTAÇÃO DE AUXÍLIO-DOENÇA - ART. 5º DA LEI Nº 10.259/01 - AUSÊNCIA DE RISCO DE LESÃO GRAVE EDE DIFÍCIL REPARAÇÃO – ART. 527, II DO CPC – APLICABILIDADE.Trata-se de recurso interposto pelo INSS contra a decisão do juízo de primeiro grau (fl. 91) que determinou a implantaçãoimediata do benefício de auxílio-doença, bem como que o recorrente realize perícia médica administrativa para reavaliaçãomédica da autora a fim de subsidiar pronunciamento judicial sobre a manutenção ou não da antecipação da tutela e aprópria sentença.A admissibilidade do recurso interposto contra decisão que defere ou indefere antecipação dos efeitos da tutela (medidascautelares no curso do processo, na dicção do art. 4º da Lei 10.259/01) em ação que tramita em Juizado Especial Federal,há de ser aferida utilizando-se, por analogia, o sistema de recurso de agravo de instrumento, tal qual previsto no caput doartigo 522 do Código de Processo Civil.A integração da lacuna existente na Lei n.º 10.259/01 não deve ser feita tal qual ocorre, por meio de norma infralegal (artigo59 da Resolução nº 01/2007 do TRF da 2ª Região), havendo disposição legal expressa para caso análogo.O regime instituído pela Lei n.º 11.187/05 restringiu o manejo do agravo de instrumento, de modo que o agravo retido nosautos se tornou a regra geral. Não faria sentido admitir-se o recurso previsto na primeira parte do art. 5º da Lei n.º 10.259/01quando, em situação análoga, não se poderia admitir o agravo de instrumento, que seria faltamente convertido em retido,tendo por suposto a inexistência de risco de a decisão atacada causar lesão grave e de difícil reparação (artigo 527, II,CPC). Tal posicionamento iria de encontro aos critérios que orientam o processo no âmbito dos Juizados Especiais,notadamente os critérios da economia processual e celeridade.A implantação de benefício de auxílio-doença cuja renda mensal equivale a um salário mínimo mensal é fato jurídico quenão gera, por si só, risco de lesão grave e de difícil reparação ao INSS, sendo a complementação desse suporte fático(“lesão grave e de difícil reparação”) um requisito de admissibilidade do recurso previsto na primeira parte do art. 5º da Leinº 10.259/01.Recurso não conhecido.ACÓRDÃOVistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo NÃO CONHECER DO RECURSO, na forma da ementa constantedos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

85 - 0000062-92.2012.4.02.5055/01 (2012.50.55.000062-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.) x JADILCEA DUARTE DOS SANTOS (ADVOGADO:IZAEL DE MELLO REZENDE, SARITA DO NASCIMENTO FREITAS, MARIANA PIMENTEL MIRANDA DOS SANTOS.).E M E N T A

PROCESSUAL CIVIL – RECURSO EM FACE DE DECISÃO CONCESSIVA DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA –RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO-DOENÇA - ART. 5º DA LEI Nº 10.259/01 - AUSÊNCIA DE RISCO DE LESÃO GRAVEE DE DIFÍCIL REPARAÇÃO – ART. 527, II DO CPC – APLICABILIDADE.Trata-se de recurso interposto pelo INSS contra a decisão do juízo de primeiro grau (fls. 62/64) que deferiu medidaantecipatória de tutela para determinar ao recorrente o imediato restabelecimento do benefício previdenciário deauxílio-doença da autora.A admissibilidade do recurso interposto contra decisão que defere ou indefere antecipação dos efeitos da tutela (medidascautelares no curso do processo, na dicção do art. 4º da Lei 10.259/01) em ação que tramita em Juizado Especial Federal,há de ser aferida utilizando-se, por analogia, o sistema de recurso de agravo de instrumento, tal qual previsto no caput doartigo 522 do Código de Processo Civil.A integração da lacuna existente na Lei n.º 10.259/01 não deve ser feita tal qual ocorre, por meio de norma infralegal (artigo59 da Resolução nº 01/2007 do TRF da 2ª Região), havendo disposição legal expressa para caso análogo.O regime instituído pela Lei n.º 11.187/05 restringiu o manejo do agravo de instrumento, de modo que o agravo retido nosautos se tornou a regra geral. Não faria sentido admitir-se o recurso previsto na primeira parte do art. 5º da Lei n.º 10.259/01quando, em situação análoga, não se poderia admitir o agravo de instrumento, que seria faltamente convertido em retido,tendo por suposto a inexistência de risco de a decisão atacada causar lesão grave e de difícil reparação (artigo 527, II,CPC). Tal posicionamento iria de encontro aos critérios que orientam o processo no âmbito dos Juizados Especiais,notadamente os critérios da economia processual e celeridade.O restabelecimento, por meio de antecipação de tutela, de benefício previdenciário cuja renda mensal equivale a um saláriomínimo mensal, é fato jurídico que não gera, por si só, risco de lesão grave e de difícil reparação ao INSS, sendo acomplementação desse suporte fático (“lesão grave e de difícil reparação”) um requisito de admissibilidade do recursoprevisto na primeira parte do art. 5º da Lei nº 10.259/01.Recurso não conhecido.ACÓRDÃOVistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo NÃO CONHECER DO RECURSO, na forma da ementa constante

Page 125: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

86 - 0000320-39.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.000320-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FUNDAÇÃO NACIONAL DESAÚDE - FUNASA (PROCDOR: VIVIANE MILED MONTEIRO CALIL SALIM.) x LINDAURA ALVES DUTRA.E M E N T A

PROCESSUAL CIVIL – RECURSO EM FACE DE DECISÃO CONCESSIVA DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA –SUSPENSÃO DE DESCONTOS EFETUADOS NO VALOR DA PENSÃO RECEBIDA PELA PARTE AUTORA - ART. 5º DALEI Nº 10.259/01 - AUSÊNCIA DE RISCO DE LESÃO GRAVE E DE DIFÍCIL REPARAÇÃO – ART. 527, II DO CPC –APLICABILIDADE.

Trata-se de recurso interposto pela Fundação Nacional de Saúde - FUNASA contra a decisão do juízo de primeiro grau (fls.42/43) que deferiu medida antecipatória de tutela para determinar à recorrente que se abstenha de efetuar qualquerdesconto administrativo referente aos valores supostamente indevidos pagos à demandante, bem como deixe de efetuar ainscrição de seu nome em cadastros restritivos de crédito, procedendo ao seu imediato cancelamento caso esta já tenhaocorrido.A admissibilidade do recurso interposto contra decisão que defere ou indefere antecipação dos efeitos da tutela (medidascautelares no curso do processo, na dicção do art. 4º da Lei 10.259/01) em ação que tramita em Juizado Especial Federal,há de ser aferida utilizando-se, por analogia, o sistema de recurso de agravo de instrumento, tal qual previsto no caput doartigo 522 do Código de Processo Civil.A integração da lacuna existente na Lei n.º 10.259/01 não deve ser feita tal qual ocorre, por meio de norma infralegal (artigo59 da Resolução nº 01/2007 do TRF da 2ª Região), havendo disposição legal expressa para caso análogo.O regime instituído pela Lei n.º 11.187/05 restringiu o manejo do agravo de instrumento, de modo que o agravo retido nosautos se tornou a regra geral. Não faria sentido admitir-se o recurso previsto na primeira parte do art. 5º da Lei n.º 10.259/01quando, em situação análoga, não se poderia admitir o agravo de instrumento, que seria faltamente convertido em retido,tendo por suposto a inexistência de risco de a decisão atacada causar lesão grave e de difícil reparação (artigo 527, II,CPC). Tal posicionamento iria de encontro aos critérios que orientam o processo no âmbito dos Juizados Especiais,notadamente os critérios da economia processual e celeridade.Abster-se de efetuar desconto administrativo na pensão por morte recebida pela autora, bem como de efetuar a inscriçãode seu nome em cadastros restritivos de crédito, conforme determinado na decisão recorrida, é fato jurídico que não gera,por si só, risco de lesão grave e de difícil reparação à FUNASA, sendo a complementação desse suporte fático (“lesãograve e de difícil reparação”) um requisito de admissibilidade do recurso previsto na primeira parte do art. 5º da Lei nº10.259/01.Recurso não conhecido.ACÓRDÃOVistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo NÃO CONHECER DO RECURSO, na forma da ementa constantedos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

87 - 0001565-97.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.001565-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.) x ZOLIMA ESMIDER MACHADO (ADVOGADO: ANACAROLINA PINTOR LADEIRA.).E M E N T A

PROCESSUAL CIVIL – RECURSO EM FACE DE DECISÃO CONCESSIVA DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA –SUSPENSÃO DE DESCONTOS EFETUADOS NO VALOR DA PENSÃO RECEBIDA PELA PARTE AUTORA - ART. 5º DALEI Nº 10.259/01 - AUSÊNCIA DE RISCO DE LESÃO GRAVE E DE DIFÍCIL REPARAÇÃO – ART. 527, II DO CPC –APLICABILIDADE.

Trata-se de recurso interposto pelo INSS contra a decisão do juízo de primeiro grau (fls. 159/161) que deferiu medidaantecipatória de tutela para determinar ao recorrente que suspenda os descontos de 30% que vêm sendo realizados nobenefício de pensão recebido pela autora.A admissibilidade do recurso interposto contra decisão que defere ou indefere antecipação dos efeitos da tutela (medidascautelares no curso do processo, na dicção do art. 4º da Lei 10.259/01) em ação que tramita em Juizado Especial Federal,há de ser aferida utilizando-se, por analogia, o sistema de recurso de agravo de instrumento, tal qual previsto no caput doartigo 522 do Código de Processo Civil.A integração da lacuna existente na Lei n.º 10.259/01 não deve ser feita tal qual ocorre, por meio de norma infralegal (artigo59 da Resolução nº 01/2007 do TRF da 2ª Região), havendo disposição legal expressa para caso análogo.O regime instituído pela Lei n.º 11.187/05 restringiu o manejo do agravo de instrumento, de modo que o agravo retido nosautos se tornou a regra geral. Não faria sentido admitir-se o recurso previsto na primeira parte do art. 5º da Lei n.º 10.259/01quando, em situação análoga, não se poderia admitir o agravo de instrumento, que seria faltamente convertido em retido,tendo por suposto a inexistência de risco de a decisão atacada causar lesão grave e de difícil reparação (artigo 527, II,CPC). Tal posicionamento iria de encontro aos critérios que orientam o processo no âmbito dos Juizados Especiais,notadamente os critérios da economia processual e celeridade.A suspensão, em sede de antecipação de tutela, de descontos mensais efetuados no valor da pensão recebida pela autoraé fato jurídico que não gera, por si só, risco de lesão grave e de difícil reparação ao INSS, sendo a complementação dessesuporte fático (“lesão grave e de difícil reparação”) um requisito de admissibilidade do recurso previsto na primeira parte doart. 5º da Lei nº 10.259/01.

Page 126: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

Recurso não conhecido.ACÓRDÃOVistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo NÃO CONHECER DO RECURSO, na forma da ementa constantedos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

88 - 0004949-71.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004949-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x FELIPPE AHNERT (ADVOGADO: ROBERTA ALVES DA SILVA, PRICILACANDIDO LIMA LEAL.).E M E N T A

PROCESSUAL CIVIL – RECURSO EM FACE DE DECISÃO CONCESSIVA DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA PARAFORNECIMENTO DE MEDICAMENTO - ART. 5º DA LEI Nº 10.259/01 - AUSÊNCIA DE RISCO DE LESÃO GRAVE E DEDIFÍCIL REPARAÇÃO – ART. 527, II DO CPC – APLICABILIDADE.

Trata-se de recurso interposto pela União contra a decisão do juízo de primeiro grau (fls. 59/60) que deferiu medidaantecipatória de tutela para determinar aos réus providenciarem e entregarem à parte autora os medicamentos prescritosem destaque (270 fitas reagentes para uso no Gricosimetro Acruchek Active, Lantus 03 canetas – Insulina Glargina100ul/ml e Insulina Lispro – Humalog), na quantidade e pelo tempo estabelecido pelo profissional médico que acompanha aevolução de sua enfermidade.A admissibilidade do recurso interposto contra decisão que defere ou indefere antecipação dos efeitos da tutela (medidascautelares no curso do processo, na dicção do art. 4º da Lei 10.259/01) em ação que tramita em Juizado Especial Federal,há de ser aferida utilizando-se, por analogia, o sistema de recurso de agravo de instrumento, tal qual previsto no caput doartigo 522 do Código de Processo Civil.A integração da lacuna existente na Lei n.º 10.259/01 não deve ser feita tal qual ocorre, por meio de norma infralegal (artigo59 da Resolução nº 01/2007 do TRF da 2ª Região), havendo disposição legal expressa para caso análogo.O regime instituído pela Lei n.º 11.187/05 restringiu o manejo do agravo de instrumento, de modo que o agravo retido nosautos se tornou a regra geral. Não faria sentido admitir-se o recurso previsto na primeira parte do art. 5º da Lei n.º 10.259/01quando, em situação análoga, não se poderia admitir o agravo de instrumento, que seria faltamente convertido em retido,tendo por suposto a inexistência de risco de a decisão atacada causar lesão grave e de difícil reparação (artigo 527, II,CPC). Tal posicionamento iria de encontro aos critérios que orientam o processo no âmbito dos Juizados Especiais,notadamente os critérios da economia processual e celeridade.A determinação, em sede de antecipação de tutela, de fornecimento à parte autora de medicamento prescrito porprofissional médico é fato jurídico que não gera, por si só, risco de lesão grave e de difícil reparação à União, sendo acomplementação desse suporte fático (“lesão grave e de difícil reparação”) um requisito de admissibilidade do recursoprevisto na primeira parte do art. 5º da Lei nº 10.259/01.Recurso não conhecido.ACÓRDÃOVistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo NÃO CONHECER DO RECURSO, na forma da ementa constantedos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

89 - 0004256-58.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004256-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x IRACY DO NASCIMENTOMACHADO (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x OS MESMOS.1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator

PROCESSO: 0004256-58.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004256-0/01)

E M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – ART. 34, PARÁGRAFO ÚNICO DOESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA – REQUISITOS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA –RECURSOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS.

1. O processo permaneceu sobrestado com fulcro no artigo 543-B, § 1º, do Código de Processo Civil. Entretanto, o referidodispositivo de lei refere-se exclusivamente ao sobrestamento de recursos extraordinários. Assim sendo, não há óbice aojulgamento do recurso inominado, razão pela qual passo a julgar.

2. Trata-se de recursos inominados, interpostos pelo INSS e IRACY DO NASCIMENTO MACHADO, em face da sentença(fls. 51/54) que julgou procedente o pedido inicial da autora, condenando a autarquia à concessão do benefício assistencialde prestação continuada, com DIB em 14/05/2009. Alega o INSS, em suas razões recursais, que o entendimento do juízo aquo acerca do art. 34, parágrafo único do Estatuto do Idoso, em não contabilizar o benefício previdenciário (aposentadoriapor idade do esposo) para fins de cálculo da renda familiar per capita, seria uma inovação legislativa, e não umainterpretação analógica, impossibilitando, portanto, sua aplicação pelo Poder Judiciário. O recurso da parte autora sustenta

Page 127: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

que não deve prosperar a forma de aplicação dos juros de mora fixados na sentença de piso, devendo ser reformada paraque se estabeleça que as prestações mensais deverão ser atualizadas pela correção monetária, acrescidas da taxa dejuros de 1% ao mês.

3. Nos termos do artigo 20 da Lei nº 8.742/93, Lei Orgânica da Assistência Social, o benefício de prestação continuada égarantido no valor de um salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprove não possuirmeios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Para efeitos de aplicação do dispositivo,considera-se portadora de deficiência a pessoa incapacitada para a vida independente e para o trabalho e, da mesmaforma, considera-se incapaz de prover a manutenção do portador de deficiência ou idoso a família cuja renda mensal percapita seja inferior a ¼ do salário mínimo.

4. A alegação do INSS de que a aplicação analógica do art. 34, parágrafo único, implica ilegalidade, não merece prosperar.O entendimento firmado na sentença a quo sustenta-se nas interpretações sistemática e teleológica, que são plenamenteacolhidas no âmbito jurídico. Na técnica sistemática, cabe ao magistrado considerar aqueles dispositivos legais que seinterrelacionam, analisando-os de forma conjunta, para que sejam inseridos da melhor forma possível no contexto jurídico.Já a técnica teleológica permite ao magistrado analisar a finalidade social da lei, ou seja, a intenção que o legisladorpossuía ao elaborar a norma.

5. Com efeito, deve ser adotada uma interpretação sistemática do apontado artigo 34, parágrafo único, do Estatuto doIdoso, possibilitando a desconsideração de benefícios previdenciários, e não apenas os benefícios assistenciais percebidospor outros membros da família do interessado, para fins de cálculo da renda per capita. O entendimento contrário,defendido pela autarquia previdenciária, de prevalecer a interpretação literal no sentido de que somente o benefícioassistencial pode ser excluído para fins de percepção do benefício previsto na LOAS, engendraria uma situaçãoabsolutamente paradoxal, haja vista que aquele que nunca contribuiu para a Previdência Social e recebe o benefícioassistencial tem seu valor excluído para fins de percepção do mesmo benefício por outro idoso da família, ao passo queaquele que contribuiu para o INSS e percebe, na velhice, aposentadoria de um salário mínimo, não teria tal possibilidade.Essa situação, além de violar o princípio constitucional da igualdade, infringe, ainda, os limites da razoabilidade. A dignidadeda pessoa humana não pode ser ferida por mera interpretação literal, podendo o poder judiciário realizar interpretaçõesteleológicas e sistemáticas do ordenamento jurídico.

6. Tal entendimento está em consonância com o Enunciado nº 46 da Turma Recursal do Espírito Santo, que aduz: “A rendamensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a pessoa com mais de 65 anos de idade nãodeve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei Orgânica daAssistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO - Boletim daJustiça Federal, 06/04/2009, pág. 03 - anexo)”. É possível, ainda, verificar tal entendimento na jurisprudência mais recente:

“O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capitadesprestigia o segurado que contribuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,na medida em que este tem de compartilhar esse valor com seu grupo familiar. 4. Em respeito aos princípios da igualdade eda razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita qualquer benefício de valor mínimo recebido pormaior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário, aplicando-se, analogicamente, o disposto noparágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso. (5ª Turma Recursal – TRSP: Processo 00161457720074036302 –02/03/2012)”

7. O parecer socioeconômico (fls. 28/46) constatou que a única fonte de renda da família, composta pela recorrida (75 anosde idade) e seu marido (92 anos de idade), é o benefício de aposentadoria por invalidez no valor de um salário mínimorecebido pelo esposo da autora (fl. 22). Deve-se, portanto, com base na interpretação sistemática, ser desconsiderada aaposentadoria do mesmo no cálculo da renda per capita. Resta, por conseguinte, preenchido o requisito objetivo para aconcessão do benefício de amparo assistencial, visto que a renda per capita é nula.

8. Com relação à aplicação dos juros de mora, verifica-se que a citação do réu aperfeiçoou-se após 30/06/2009 (fls. 47/48),data da entrada em vigor da Lei nº 11.960/2009. Como a citada lei tem aplicação imediata sobre os processos pendentes(Precedente: STF - RE 559.445 – Rel. Ellen Gracie – DJe 10/06/2009), a partir desta data deve ser aplicada a nova redaçãodo artigo 1º-F da Lei nº 9.494/97, que segue abaixo:

“Nas condenações impostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza e para fins de atualização monetária,remuneração do capital e compensação da mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índicesoficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança.”

9. Assim, até 29/06/2009, a correção monetária segue a tabela de precatórios da justiça federal e os juros moratóriosseguem a taxa de 1% ao mês, a partir da citação. Como a citação só se deu após 29/06/2009, não restam razões paraquestionar a fixação dos juros de mora conforme estabelecido pelo magistrado a quo, visto que este cumpriu asdeterminações exigidas pela nova redação conferida ao artigo 1°-F da Lei n° 9.494/97.

10. Recursos conhecidos e improvidos. Sentença mantida.

11. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios.

Page 128: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AOS RECURSOS, na forma da ementaconstante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

90 - 0001119-97.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001119-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ELY MEDEIROS GOMES(DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator

PROCESSO: 0001119-97.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001119-3/01)

E M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – REQUISITOS NÃO PREENCHIDOS –RENDA SUPERIOR A ¼ DO SALÁRIO MÍNIMO – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. O processo permaneceu sobrestado com fulcro no artigo 543-B, § 1º, do Código de Processo Civil. Entretanto, o referidodispositivo de lei refere-se exclusivamente ao sobrestamento de recursos extraordinários. Assim sendo, não há óbice aojulgamento do recurso inominado, razão pela qual passo a julgar.

2. Trata-se de recurso inominado, interposto por ELY MEDEIROS GOMES, em face da sentença (fls. 57/58) que julgouimprocedente o seu pedido inicial de concessão do benefício assistencial de prestação continuada. Alega a recorrente, emsuas razões recursais, que apesar de auferir renda per capita superior a ¼ do salário mínimo, esta encontra-secomprometida em virtude de empréstimos, possibilitando, assim, concluir que a renda líquida é, na verdade, R$ 565,49(quinhentos e sessenta e cinco reais e quarenta e nove centavos), conforme demonstra o documento acostado nas fls.55/56. Com base nisso, a autora pleiteia que haja a concessão do benefício assistencial. O INSS apresentou contrarrazões,pugnando pela manutenção da sentença.

3. Nos termos do artigo 20 da Lei nº 8.742/93, Lei Orgânica da Assistência Social, o benefício de prestação continuada égarantido no valor de um salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprove não possuirmeios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Para efeitos de aplicação do dispositivo,considera-se portadora de deficiência a pessoa incapacitada para a vida independente e para o trabalho e, da mesmaforma, considera-se incapaz de prover a manutenção do portador de deficiência ou idoso a família cuja renda mensal percapita seja inferior a ¼ do salário mínimo.

4. A recorrida requereu o benefício administrativamente em 16/11/2010, tendo sido o mesmo negado sob a alegação deque a renda per capita era igual ou superior a ¼ (um quarto) do salário mínimo mensal (fl. 7). O parecer socioeconômico(fls. 36/39), datado de 09/06/2011, constatou que a única fonte de renda da família, composta pela recorrente (70 anos deidade) e seu marido (64 anos de idade), é proveniente do benefício de aposentadoria por idade recebida pelo esposo novalor de R$ 807,45 (oitocentos e sete reais e quarenta e cinco centavos).

5. Ao se analisar a renda obtida pelo marido da recorrida, é possível verificar que esta supera consideravelmente oparâmetro estabelecido pela Lei n° 8.742/93. Import a destacar que, ainda que se leve em consideração a renda líquida,descontando-se os empréstimos realizados, a recorrida não atingiria o requisito da renda per capita mensal inferior a ¼ dosalário mínimo.

6. Como mencionado pelo respeitável juiz a quo, ainda que o limite legal seja ultrapassado, nada impede a aferição dacondição de hipossuficiência econômica por outros meios. Ocorre que as constatações obtidas pelo oficial de justiça nãoindicam condição de miserabilidade do núcleo familiar.

7. Isto se confirma na medida em que se observa, conforme parecer sócio-econômico (fls. 36/39), as condições ebenfeitorias do local de moradia, inclusive, a quantidade de recursos instalados, os equipamentos que a autora possui e osmóveis da casa. A recorrente mora, frisa-se, em bairro que apresenta infra-estrutura urbana básica, em casa de alvenaria,coberto por teto de laje, piso de cimento liso, dotada de instalações hidráulicas e elétricas, e que se encontra em razoáveiscondições de higiene e habitabilidade.

8. Após todos os dados coletados no relatório social, é plausível a compreensão de que a renda familiar, obtida através dobenefício previdenciário, é suficiente para prover a manutenção da recorrida. O que se depreende, de fato e de formaindubitável, é que não há condição alguma de miserabilidade. Ora, não se pode considerar miserável, sob pena de seconfundir e se perder os parâmetros diferenciadores existentes entre o estado de pobreza e de miserabilidade, um indivíduo

Page 129: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

que reside em uma casa em condições tão favoráveis (piso de cimento, instalações hidráulicas e elétricas, condições dehigiene e habitabilidade) e que possui tantos recursos.

9. Por todo o exposto, ao verificar que a recorrida não atende aos requisitos previstos no art. 20 da Lei nº 8.742/93, nãomerecem guarida os argumentos apresentados no pleito recursal. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

10. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistênciajudiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

91 - 0000690-67.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000690-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JANICE MUNIZ DE MELO.) x JOSE ELADIO GASPARI (DEF.PUB: RICARDOFIGUEIREDO GIORI, LUCIANO ANTONIO FIOROT.).1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator

PROCESSO: 0000690-67.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000690-9/01)

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – OMISSÃO – EXISTÊNCIA – DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO – ATUAÇÃO CONTRAO INSS – HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS INDEVIDOS – SÚMULA Nº 421 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA –EMBARGOS CONHECIDOS E PROVIDOS.

1. Trata-se de embargos de declaração, opostos pelo INSS, em face do acórdão de fls. 77/78 que negou provimento aorecurso por ela interposto. Alega o embargante que houve omissão em relação ao entendimento do STJ e do STF quantoao fato de não haver condenação ao pagamento de honorários advocatícios em favor da Defensoria Pública da Uniãoquando esta atua contra pessoa jurídica de direito público a qual pertença.2. Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535do CPC, constantes do decisum embargado, não se prestando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,tampouco ao mero prequestionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso extraordinário,porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando presente omissão de ponto fundamental, contradição entre afundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razões desenvolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, osembargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, contradição, omissão oudúvida. In casu, pela leitura das argumentações do embargante, verifica-se que este aponta a existência de omissão nadecisão proferida por esta Turma.3. Quanto à alegação de omissão no tocante aos honorários sucumbenciais, depreende-se correto o entendimento doembargante. Conforme a súmula 421 do STJ, de 13/05/2010, os honorários advocatícios não são devidos à DefensoriaPública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença.4. Nesse sentido:

PROCESSUAL CIVIL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. DEFENSORIA PÚBLICA. CONFUSÃO ENTRE CREDOR EDEVEDOR. ORIENTAÇÃO DO STJ FIRMADA EM JULGAMENTO SOB O REGIME DOS RECURSOS REPETITIVOS. 1.Não são devidos honorários advocatícios à Defensoria Pública quando atua contra a pessoa jurídica de direito público daqual é parte integrante. 2. Entendimento sedimentado nesta Corte quando do julgamento do REsp 1.108.013/RJ, da

�relatoria da Ministra Eliana Calmon, com base na lei dos recursos repetitivos. 3. Agravo regimental não provido. (AGA200802744867, CASTRO MEIRA, STJ - SEGUNDA TURMA, 30/09/2010).

PROCESSUAL CIVIL. QUERELA NULLITATIS. ALEGAÇÃO DE VÍCIO. COISA JULGADA. EXTINÇÃO SEM RESOLUÇÃODO MÉRITO. HONORÁRIOS. DEFENSORIA PÚBLICA. INSS. 1- As hipóteses de ataque à coisa julgada são veiculadas,em regra, pela ação rescisória. Enquanto a rescisória permite a rescisão da sentença nos casos expressa e taxativamenteelencados no art. 485 do CPC, há casos nos quais a sentença tem vícios tão graves que sobrevivem ao trânsito julgado epodem ser alegados a qualquer tempo (vícios transrescisórios - como a ausência de citação, ou a citação nula). É inviável aquerella nullitatis quando o processo que se pretende declarar nulo correu regularmente, e o vício que se assinala é aalegada existência de julgado que não se limitou ao pedido. Inviável fabricar hipótese de ação de nulidade do julgado paracontornar a vedação da ação rescisória, cujo manejo é proibido no Juizado Especial (artigo 59 da Lei nº 9.099/95). Eventualvício, contido em sentença anterior, deveria ter sido alegado no momento processual oportuno. 2-Noutro giro, não cabe acondenação do INSS em verba honorária pelo INSS em favor da Defensoria da União. Ainda que a Defensoria Pública da

Page 130: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

União seja órgão público vinculado ao Ministério da Justiça, e o INSS tenha natureza de autarquia federal, ambos estão no�âmbito do mesmo ente federativo. Precedentes. Apelações desprovidas. (AC 200850010023933, Desembargador Federal

GUILHERME COUTO, TRF2 - SEXTA TURMA ESPECIALIZADA, E-DJF2R - Data::05/03/2012 - Página::222/223.)

5. Verifica-se, assim, que houve vício no acórdão anteriormente prolatado, razão pela qual devem ser conhecidos eprovidos os presentes embargos, a fim de se excluir a condenação em honorários advocatícios.

6. Embargos de declaração conhecidos e providos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E DAR-LHES PROVIMENTO, naforma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

92 - 0000770-79.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.000770-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ELIANE SANTOS SILVAOLIVEIRA (ADVOGADO: MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: NANCI APARECIDA DOMINGUES CARVALHO.).1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator

PROCESSO: 0000770-79.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.000770-7/01)

V O T O

Trata-se de recurso inominado interposto por Eliane Santos Silva Oliveira em face da sentença de fls. 15/17, que julgouextinto o processo, sem resolução de mérito, nos termos do art. 267, VI do Código de Processo Civil. Entendeu omagistrado a quo que não há utilidade em se pleitear ao Judiciário provimento concessivo quando não se demonstraresistência pela Administração, o que denota ausência de substrato à própria causa de pedir.

A recorrente requer a reforma da sentença originária sustentando a desnecessidade de prévio requerimento administrativo,bem como o exaurimento da via administrativa como requisito de admissibilidade para ação. Ressalta que, uma vezinvocada a tutela jurisdicional, o Poder Judiciário está obrigado a prestá-la, com base no princípio da “indeclinabilidade dajurisdição”. Requer, por fim, a devolução dos autos para seu trâmite legal, com consequente julgamento de procedência dopedido.

A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentido deconfirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição.

Como o ato normativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não sefazia necessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

Entretanto, novos fatos concorrem para a alteração do entendimento firmado anteriormente, entre eles:

existência da ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183, que tramita na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, naqual o MPF e outro autor pleitearam a revisão dos benefícios por incapacidade concedidos após 29/11/1999 em que, noperíodo básico de cálculo, foram considerados 100% dos salários-de-contribuição, com o intuito de que sejamconsiderados apenas os 80% maiores salários-de-contribuição;os autores e o INSS celebraram acordo que, em 05/09/2012, foi homologado por sentença pelo Juízo da 2ª Vara FederalPrevidenciária de São Paulo;a petição em que se entabulou o acordo homologado por sentença prevê um cronograma de pagamento dos valoresatrasados;esse cronograma se estende de fevereiro de 2013 até abril de 2022 tendo por base, precipuamente, o critério da idade dosegurado (os mais idosos recebem anteriormente); e conforme o teor da 1ª nota de rodapé da petição em que se formalizouo acordo, “o conograma é resultado da interlocução junto ao Tesouro Nacional e será executado na forma prevista no OfícioConjunto nº 2/2012/SUPEF/STN/SOF (anexo)”.

Inicialmente, fiquei em dúvida a respeito da extensão da sentença que homologou o acordo relativamente aos segurados

Page 131: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

residentes nesta Seção Judiciária do Espírito Santo, uma vez que o artigo 16 da Lei nº 7.347/85 estipula que a sentençaproferida em ação civil pública “...fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator...”.

A sentença nada diz a respeito do artigo 16 da Lei nº 7.374/85; o que me faria, em linha de princípio, a supor a suaincidência. Ocorre que, em pesquisa na internet, aferi que a decisão que antecipou os efeitos da tutela na referida Ação CivilPública nº 2320-59.2012..403.6183, afirmou-se o que segue: “(...) Ante o exposto, defiro a liminar, com abrangência emtodo o território nacional, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social a revisar, nos termos do artigo 188-A doDecreto n.º 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto n.º 6.939/2009, os benefícios (...).”. Ademais, no já mencionadoOfício Conjunto nº 2/2012/SOPEF/STN/SOF, que foi referido na petição que formalizou o acordo na ação civil pública, oSecretário do Tesouro Nacional e o Secretário Adjunto da SOF dirigiram-se ao Presidente do INSS propondo o cronogramade pagamento antes mencionado; e no item 12 desse ofício é mencionado que “(...) tendo em vista o atendimento dadecisão judicial e levando em consideração o relevante aspecto social que afeta os beneficiários afetados pelo recálculo...,propomos a revisão dos atuais benefícios e... de forma escalonada durante o período de 10 anos (...).”

Em suma, o ofício mencionado foi elaborado com o escopo de cumprir a decisão que antecipou os efeitos da tutela na AçãoCivil Pública nº 2320-59.2012.403.6183; decisão esta que foi explícita ao informar que a mesma abrangia todo o territórionacional.

Tudo isto está a demonstrar que: (a) a incidência do artigo 16 da Lei nº 7.347/85 foi afastada (ainda que de forma implícita);(b) que os efeitos da sentença lavrada na Ação Civil Pública nº 2320-59.2012.403.6183 atingirão (se a mesma transitou emjulgado) todos os segurados que tiveram seus benefícios por incapacidade erroneamente calculados em face da dicçãoatual do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91; (c) excetuam-se desse grupo aqueles segurados que ajuizaram ações individuais erecusarem a pedir a suspensão das mesmas em face do ajuizamento daquela ação coletiva, nos termos do artigo 104 doCDC.

Por fim, no que refere a esse ponto, registro que a adoção da providência prevista na parte final do artigo 104 do CDCnuma ação em que o direito discutido já foi inclusive reconhecido administrativamente pelo réu (como é o caso dos autos)seria uma medida que iria de encontro aos critérios que orientam os Juizados Especiais, notadamente os critérios daceleridade, informalidade e simplicidade (artigo 2º da Lei n.º 9.099/95).

Por todo o exposto, concluo que existe interesse de agir.

Em primeiro lugar, registro que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, explicitamentereferido no recurso inominado, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civilpública nº 2320-59.2012.403.6183.

O INSS também aduziu ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo.

Ocorre que, no caso concreto, a falta de interesse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão ésimples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Reconhecido o interesse recursal, verifico que a autora aponta a não-aplicação do inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/91 nocálculo de seu benefício. Argumenta que a RMI deve ser recalculada, considerando os 80% dos maioressalários-de-contribuição e desconsiderando os 20% menores salários-de-contribuição, com a adequação das respectivasprestações.

Entretanto, verifico que o processo não está apto para imediato julgamento, não podendo ser aplicado o art. 515, § 3º doCódigo de Processo Civil e nem o art. 285-A do mesmo diploma legal, tendo em vista que a sentença não foi deimprocedência, mas de extinção sem julgamento do mérito, sem citação da autarquia previdenciária.

Sendo assim, ANULO A SENTENÇA proferida pelo Juízo a quo, a fim de que outra seja proferida em seu lugar.

É como voto.E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO – AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR POR FALTA DE REQUERIMENTOADMINISTRATIVO – ENTENDIMENTO SUPERADO APÓS ACORDO ENTABULADO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA–RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA ANULADA.

A C Ó R D Ã O

Page 132: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, a fim de ANULAR ASENTENÇA, na forma do voto e ementa constantes dos autos, que passam a integrar o presente julgado.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

93 - 0000387-81.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000387-0/01) MARIO EUCLIDES CAMPO (ADVOGADO: ADENILSONVIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JAILTON AUGUSTO FERNANDES.).

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO-DOENÇA – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORAL –LAUDO MÉDICO PERICIAL – PREVALÊNCIA SOBRE LAUDO PARTICULAR – SENTENÇA MANTIDA – RECURSOCONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por MARIO EUCLIDES CAMPO (33 anos de idade, jogador profissional defutebol), em face da sentença de fls. 53/54, que julgou improcedente os seus pedidos de restabelecimento do benefício deauxílio-doença e indenização por danos morais. Alega o recorrente, em suas razões recursais, que é portador de sinfisitepúbica, de modo que se encontra impossibilitado de exercer atividade laboral. Com isso, requer a reforma da sentença,almejando que seu pedido inicial seja julgado procedente, ou que haja a anulação da sentença para que sejam respondidosos quesitos do juízo de fls. 40/41 de forma mais detalhada. O INSS apresentou contrarrazões, pugnando pela manutençãoda sentença.2. O auxílio-doença, conforme o artigo 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for ocaso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15(quinze) dias consecutivos.3. A parte autora recebeu o benefício de auxílio-doença entre os períodos de 01/07/2003 a 30/08/2008 (fl. 09). Com acessação, realizou pedido de reconsideração do benefício de auxílio-doença em 18/09/2008 (fl. 08), sendo que este foiindeferido sob o argumento de que não foi constatada, em exame realizado pela perícia médica do INSS, a incapacidadepara o seu trabalho ou para a sua atividade habitual.4. Preliminarmente, entendo desnecessário o retorno dos autos para que sejam complementados os quesitos do juízoacerca da perícia médica judicial (fls. 40/41), como requer o autor. A matéria foi suficientemente esclarecida pelo peritomédico, que é especialista habilitado para realização de perícias de forma imparcial, não havendo qualquer nulidade naprodução da prova. Sendo assim, não há o que se discorrer com relação ao cerceamento do direito à ampla defesa.5. Ao se analisar o conjunto probatório presente nos autos, verifica-se, mediante perícia médica judicial (fl. 45/47), que orecorrente não apresentou exames e laudos suficientemente capazes de comprovar a persistência da patologia.Ressalte-se também, que na perícia médica realizada, o autor não apresentou testes positivos para a constatação dadoença (sinfisite púbica). Com isso, o perito afirma que o recorrente encontra-se apto, não apresentando incapacidade paradesenvolver atividades profissionais.6. Apesar de o recorrente apresentar laudos indicativos da existência de enfermidade (fls. 16/17), vale ressaltar o teor doEnunciado 08 da Turma Recursal do Espírito Santo: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médicopericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidadelaborativa, há de prevalecer sobre o particular”. Ademais, o mero fato de alguém ser portador de uma doença não viabiliza aconcessão do benefício pretendido; para tanto, a doença há de incapacitar o autor, sendo que a configuração desserequisito (incapacidade) foi excluída pela conclusão do laudo pericial.7. Assim, não havendo incapacidade, não merecem guarida os argumentos expostos no pleito recursal.8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.9. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistênciajudiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

94 - 0002126-29.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.002126-3/01) CIRLETE DALTIO ESPAVIER (ADVOGADO: ROGERIO

Page 133: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

LUIZ MACHADO, MARCOS ADRIANE MACHADO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:OLÍVIA BRAZ VIEIRA DE MELO.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0002126-29.2008.4.02.5051/01RECORRENTE: CIRLETE DALTIO ESPAVIERRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – CONFIGURAÇÃO DA INCAPACIDADE TOTAL ETEMPORÁRIA – ANÁLISE DE OUTROS ELEMENTOS DE PROVA – INCAPACIDADE INICIADA QUANDO A PARTEAUTORA AINDA DETINHA A QUALIDADE DE SEGURADA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL – RECURSO CONHECIDO EPARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO, para, no mérito,DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante dopresente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

95 - 0000606-63.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000606-2/01) MARIA DE FÁTIMA ROSA CORREA (ADVOGADO:Lauriane Real Cereza, Valber Cruz Cereza.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: OLÍVIABRAZ VIEIRA DE MELO.).RECURSO DE SENTENÇA Nº. 0000606-63.2010.4.02.5051/01RECORRENTE: MARIA DE FÁTIMA ROSA CORREARECORRIDO(A): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO OU APOSENTADORIA PORINVALIDEZ – INÍCIO DA ALEGADA INCAPACIDADE ANTERIOR AO REINGRESSO NO RGPS – RECURSOCONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 48/49, que julgouimprocedente o pleito autoral de restabelecimento do benefício auxílio-doença e/ou aposentadoria por invalidez, ante aconstatação de que a data do início da incapacidade é anterior à data do seu reingresso no RGPS. Em razões de recurso, arecorrente sustenta que se encontra incapacitada para o exercício de suas atividades laborativas habituais desde acessação do benefício em julho de 1999, época em que a autora era segurada do INSS. Ademais, alega que o laudopericial não demonstra clareza e tampouco relata a verdade dos fatos, devendo ser anulada a sentença e decretada ainvalidade da perícia médica pela divergência entre seus próprios quesitos. Contrarrazões às fls. 57/62.

A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, Lei n.º9.099/95).

A controvérsia dos autos cinge-se, tão somente, à data do início da incapacidade da autora, visto que a sua incapacidadepara o trabalho restou amplamente reconhecida, inclusive pelo INSS (fls. 30/33). Conforme constatação do douto peritojudicial, a autora possui espondilodiscoartrose cervical com compressão de raízes nervosas, enfermidade que a incapacitaparcial e definitivamente para o exercício de sua atividade habitual. No entanto, segundo o perito, a incapacidadeencontra-se instalada desde 05/12/2008, época em que a autora não ostentava a qualidade de segurada da PrevidênciaSocial. Com efeito, a recorrente verteu contribuições para o RGPS até 04/01/2000, mantendo a qualidade de segurada até,no máximo, 16/03/2001, tendo em vista que não ocorreu, no caso em questão, nenhuma das possibilidades de prorrogaçãodo período de graça. Após esse período, a autora voltou a contribuir apenas em 08/12/2008, quando já se encontravainapta para o labor.

A autora sustenta que sua incapacidade retroage ao ano de 1999. No entanto, não há elementos probatórios suficientes ame convencer de tal argumento, visto que somente foram carreados aos autos laudos datados em época posterior ao seuperíodo de graça, ou seja, quando a mesma já não ostentava mais a qualidade de segurada. Ademais, alega a autora que

Page 134: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

juntou laudo médico (fl. 20), datado de 22/01/2002, atestando a existência de esporão de calcâneo, o que configuraincapacidade laborativa. Contudo, por mais que tal enfermidade possa gerar incapacidade, a autora não teria o direito aobenefício, haja vista que a mesma já havia perdido a sua qualidade de segurada desde março/2001. Logo, há que seconcluir que o reingresso no sistema em 11/2008 ocorreu quando a autora já se encontrava incapacitada para o labor.

Diante dessas informações, tenho que a parte não faz jus a qualquer benefício previdenciário, restando caracterizado que aparte autora só contribuiu para o RGPS após a instalação da incapacidade para o trabalho, circunstância que inviabiliza aconcessão dos benefícios pretendidos, nos termos do art. 59, parágrafo único, da Lei 8.213/91:

Art. 59. (...)Parágrafo único – Não será devido auxílio-doença ao segurado que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social jáportador da doença ou da lesão invocada como causa para o benefício, salvo quando da incapacidade sobrevier por motivode progressão ou agravamento dessa doença ou lesão.

Ressalta-se que o termo “se filiar” alcança tanto o ingresso quanto o reingresso do segurado no regime de previdênciasocial. A lei se refere ao gênero (filiação), que, por certo, engloba as duas espécies (ingresso e reingresso). Assim sendo,em razão de a incapacidade da autora ter se consolidado quando esta não mais detinha a qualidade de segurado, bemcomo considerando que a autora reingressou no sistema já portadora de incapacidade, não faz jus a qualquer dosbenefícios requeridos.

Vale ressaltar que, a despeito da regra prescrita no art. 436 do CPC, a perícia judicial é de extrema importância para auxiliaro julgador em seu convencimento, quando os documentos médicos da parte requerente não puderem, eficientemente,comprovar aquilo que é motivo de controvérsia na lide. Destarte, havendo laudos divergentes, não há como considerar osdocumentos apresentados pela autora em detrimento da conclusão do perito oficial, a menos que os laudos particulares semostrem suficientes à comprovação da incapacidade alegada ou em caso de comprovada e grave falha no laudo oficial,hipóteses que não ocorreram no caso vertente, excluindo-se, desse modo, a necessidade de realização de nova provatécnica ou até mesmo de complementação do parecer apresentado.

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (art. 46 da Lei 9.099/95).

Condenação do recorrente vencido ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a situação financeira da parte, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistênciajudiciária gratuita à fl. 2, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

96 - 0000983-65.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000983-5/01) IRACY SANTOS MOREIRA (ADVOGADO: ADENILSONVIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ALCINA MARIA COSTA NOGUEIRALOPES.).RECURSO DE SENTENÇA N°. 0000983-65.2009.4.02.5052/0 1RECORRENTE: IRACY SANTOS MOREIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – SEGURADO ESPECIAL – NÃOCOMPROVAÇÃO DO PERÍODO DE CARÊNCIA EXIGIDO – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇAMANTIDA.

1. Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, em face da sentença de fls. 97/100, que julgouimprocedente o pedido da exordial, não concedendo à autora a aposentadoria rural por idade. Sustenta a recorrente, emsuas razões, que restou comprovado o efetivo exercício de atividade rural pelo período carência exigido por lei. Por fim,postula a reforma da sentença, bem como a condenação do recorrido em danos morais. Contrarrazões às fls.107/112.

2. Em primeiro lugar, deve-se ressaltar que, nos termos do art. 39, I, da Lei nº 8.213/91, para fins de recebimento de

Page 135: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

aposentadoria rural por idade, o segurado especial do inciso VII do artigo 11 desta lei, além de comprovar a idade mínima(55 anos/mulher; 60 anos/homem), nos moldes do artigo 48, § 1º do mesmo diploma normativo, deve comprovar o efetivoexercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento dobenefício, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefício postulado.

3. Visando o reconhecimento do exercício de atividade rural, o serviço deve ser comprovado ao menos por início derazoável prova material contemporânea à época dos fatos, nos termos do art. 55, § 3º da Lei nº 8.213/91 e, para que talatividade se enquadre no regime de economia familiar, faz-se necessário que o trabalho dos membros da família sejaindispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar, e que seja exercido emcondições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados, conforme o § 1º do artigo 11 da Lei nº8.213/91. Vale mencionar que o inciso VII, do artigo 11, da supracitada lei, permite que a atividade rural seja exercidaindividualmente.

4. A autora juntou aos autos do processo, a título de início de prova material, os seguintes documentos: i) certidão decasamento, celebrado em 1974, a qual informa a profissão de seu marido como sendo comerciante e a sua comocostureira (fl. 13); ii) certidão de óbito do pai da autora, na qual ele é qualificado como lavrador (fl. 14); iii) fichas dematrícula escolar (fls. 67/68) que a qualificam como lavradora.

5. Tais provas, contudo, não formam suficiente início de prova material. A certidão de casamento, conforme descrito, nãoqualifica a autora, nem seu esposo como lavradores. Ademais, o CNIS do ex-marido da autora aponta que ele possuiudiversos vínculos de natureza urbana, os quais se prolongaram desde 1976 até o ano de 2000, quando foi aposentado porinvalidez (fls. 87/90) com benefício de valor elevado, o que claramente desnatura a atividade rural em regime de economiafamiliar no período em que estiveram casados (1974 a 1989). A parte autora em seu depoimento pessoal alegou queconviveu apenas 05 (cinco) anos com o ex-conjugue, mas o divórcio somente foi obtido em 1989.

6. A certidão de óbito do genitor da autora, datada de 1999, também não possui aptidão para atestar a qualidade delavradora da autora pelo período necessário ao cumprimento da carência, na medida em que ela deixou a residênciapaterna desde quando se casou em 1974, não havendo provas de que tenha voltada a morar com eles.

7. Por fim, as fichas de matrícula escolar de fls. 67/68, embora qualifiquem a autora como lavradora, sequer estão datadas,não possuindo valor probatório para comprovar o período de carência.

8. Além disso, a própria autora, em depoimento pessoal, mencionou ter continuado a trabalhar na sua parte de terra após apartilha dos alqueires apenas durante um período, pois depois adoeceu e teve que vender essa propriedade, vindo a morarna cidade.

6. Diante deste cenário, imperioso concluir que não há nos autos início de prova material suficiente a comprovar o exercíciode labor rural pelo período de carência exigido em lei, sendo que a prova testemunhal, por si só, não basta para comprovara atividade rurícola (Súmula 149 do STJ). Portanto, não resta caracterizado o direito da autora à aposentadoria rural poridade.

7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

8. Condenação da recorrente vencida ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerando-se a complexidade da causa, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistênciajudiciária gratuita à fl. 69, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/50.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

97 - 0000296-85.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000296-5/01) REINALDO BETO DE SOUZA (ADVOGADO: JOSÉ LUCASGOMES FERNANDES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZRODRIGUES.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000296-85.2009.4.02.5053/01RECORRENTE: REINALDO BETO DE SOUZARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

Page 136: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA –ART. 20 DA LEI 8.742/93 – AUTOR PORTADOR DE DOENÇA MENTAL – CONFIGURAÇÃO DA INCAPACIDADE TOTALE DEFINITIVA PARA AS ATIVIDADES LABORATIVAS – CONDENAÇÃO DO INSS AO PAGAMENTO DE VALORES EMATRASO, REFERENTES AO PERÍODO DE 10/06/2009 A 11/10/2011 – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO –SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

98 - 0000945-56.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000945-0/01) ILZA DOS SANTOS ALMEIDA (ADVOGADO: Lauriane RealCereza, Valber Cruz Cereza.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA REISSILVA.) x OS MESMOS.RECURSO DE SENTENÇA Nº. 0000945-56.2009.4.02.5051/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS e ILZA DOS SANTOS ALMEIDARECORRIDO: OS MESMOSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI 8.742/93 –ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, DA LEI 10.741/03 – POSSIBILIDADE -CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DE MISERABILIDADE – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEVIDO – DIB FIXADA NADATA DA SENTENÇA – RECURSOS CONHECIDOS – RECURSO DA AUTORA IMPROVIDO – RECURSO DO RÉUPARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA.

1. Trata-se de recursos inominados interpostos pela parte autora e pelo INSS em face da sentença de fls. 56/59, que julgouprocedente o pedido de concessão do benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93 (LOAS) em favor da requerenteidosa. Em razões de recurso, sustenta o INSS (primeiro recorrente) que a aplicação do parágrafo único do art. 34 da Lei nº10.741/03 é restrita à percepção de benefício assistencial concedido a idosos de uma mesma família, não autorizandointerpretação ampliativa para abranger outros benefícios previdenciários, de modo que a aposentadoria por tempo decontribuição recebida pelo esposo da autora não pode ser desconsiderada para o cálculo da renda mensal per capita dogrupo familiar. Ademais, sustenta o recorrente que não foram preenchidos os requisitos para a concessão do benefício,uma vez que a renda familiar ultrapassa ¼ do salário mínimo, uma vez que o benefício de aposentadoria de seucompanheiro era superior ao valor do salário mínimo até dezembro/2009, requerendo por fim, no caso de assim nãoentenderem, requer que seja alterada a DIB para a data da prolação da sentença (28/06/2010). Contrarrazões às fls. 79/81.

2. Por sua vez, pretende a parte autora (segunda recorrente) a alteração da data inicial de concessão do benefício para adata do requerimento administrativo (05/08/2008 – fl.17), haja vista, naquela ocasião, ela já se encontraria em situação demiserabilidade. Contrarrazões às fls. 86/90.

3. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de prestação continuada é garantido no valor de umsalário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais, que comprove nãopossuir meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Por conseguinte, considera-se incapazde prover à manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ dosalário mínimo vigente (§3º, art. 20 da Lei 8.742/93).

4. Observa-se, pelo relatório social (fls.22/25), que a autora, atualmente com 71 (setenta e um) anos de idade (fl.11), resideunicamente com seu esposo, o Sr. José Almeida Martins, o qual recebe aposentadoria por tempo de contribuição no valorde um salário mínimo mensal. Ambos residem em uma casa própria, guarnecida com móveis e equipamentos simples. Noparecer social, a assistente informou que a autora é portadora de insuficiência venosa crônica em membros inferiores, comúlceras de longa data e dermato esclerose em tornozelos, de evolução arrastada, fazendo uso de diversos medicamentos etratamento com oxigenoterapia hiperbárica (fls.31/32). Ademais, relatou que a recorrida também sofre com problemaspsiquiátricos, já tendo sido internada em clinicas psiquiátricas por onze vezes, como consta do laudo de fls. 18.

5. A Lei 10.741/03, em seu art. 34, parágrafo único, estabeleceu que o benefício de prestação continuada, anteriormenteconcedido a qualquer dos membros componentes do grupo familiar, que seja idoso e tenha pelo menos 65 anos de idade,não será computado para fins de cálculo da renda mensal per capita familiar a que se refere à supracitada Lei Orgânica.

Page 137: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

6. Ora, a presente situação assemelha-se àquela prevista no art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso. Assim como obenefício assistencial de prestação continuada concedido a membro da família com pelo menos 65 anos de idade, aaposentadoria com renda mínima recebida por membro da família que preencha o requisito etário também não deve sercomputada para os fins da renda familiar per capita.

7. Com efeito, esta Turma Recursal já enfrentou a questão por diversas vezes, tendo sumulado o entendimento por meio doVerbete nº 46, in verbis:

A renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a pessoa com mais de 65 anos deidade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da LeiOrgânica de da Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO -Boletim da Justiça Federal, 06/04/2009, pág 03 - anexo)

8. No mesmo sentido já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça, em incidente de uniformização de jurisprudência,senão vejamos:

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. RENDA MENSAL PER CAPITAFAMILIAR. EXCLUSÃO DE BENEFÍCIO DE VALOR MÍNIMO PERCEBIDO POR MAIOR DE 65 ANOS. ART. 34,PARÁGRAFO ÚNICO, LEI Nº 10.741/2003. APLICAÇÃO ANALÓGICA.1. A finalidade da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), ao excluir da renda do núcleo familiar o valor do benefícioassistencial percebido pelo idoso, foi protegê-lo, destinando essa verba exclusivamente à sua subsistência.2. Nessa linha de raciocínio, também o benefício previdenciário no valor de um salário mínimo recebido por maior de 65anos deve ser afastado para fins de apuração da renda mensal per capita objetivando a concessão de benefício deprestação continuada.3. O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capitadesprestigia o segurado que contribuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,na medida em que este tem de compartilhar esse valor com seu grupo familiar.4. Em respeito aos princípios da igualdade e da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capitaqualquer benefício de valor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário,aplicando-se, analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatutodo Idoso.5. Incidente de uniformização a que se nega provimento.(STJ, 3ª Seção, Pet. 7203/PE, Rel. Min. Maria Thereza de AssisMoura, j. em 10/08/2011).9. O art. 203, V, da Constituição Federal dispõe que cabe à lei definir os critérios para a concessão do benefício assistencialde amparo à pessoa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, do estatuto doIdoso, a decisão judicial não está deixando de buscar na lei as diretrizes para identificação do beneficiário. Não se trata deaplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.

10. Ambos os recorrentes pretendem a alteração da data do início do benefício. O INSS requer a fixação na data dasentença, enquanto a autora busca a retroação dos efeitos da sentença à data do requerimento administrativo. Entendoassistir razão ao INSS. Explico: a Autarquia Previdenciária, integrante da Administração Pública direta da União,encontra-se jungida ao princípio da estrita legalidade, de modo que somente pode fazer ou deixar de fazer o que a leiexpressamente determinada. Nesse sentido, não lhe cabe a aplicação analógica de dispositivos legais para a concessão debenefício, a menos que houvesse expressa autorização legal. Nesse sentido, a meu ver, o indeferimento administrativo nãofoi indevido. Em casos como tais, em que a concessão de benefício assistencial (assim como no caso dos previdenciários)leva em consideração a análise de outras circunstâncias de caráter pessoal não expressamente previstas em lei, deve obenefício ser fixado na data da primeira decisão favorável, no caso, na data da sentença de primeiro grau.

11. Recursos conhecidos. Recurso da autora improvido. Recurso do INSS parcialmente provido para fixar a data do iníciodo benefício na data da sentença de origem. Sentença reformada em mínima parte.

12. Condenação do recorrente vencido (parte autora) ao pagamento das custas e de honorários advocatícios, os quais,considerando a pouca complexidade da causa, fixo em R$ 100,00 (cem reais), nos termos do artigo 55, caput da Lei n.9.099/1995 e artigo 20, § 3º, alíneas “a”, “b” e “c” c/c art. 21, parágrafo único, ambos do CPC. O INSS não deve sercondenado aos ônus de sucumbência, pois seu recurso foi parcialmente provido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DOS RECURSOSe, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO DO RÉU E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DA AUTORA, naforma da ementa constante dos autos, que passa a integrar presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

Page 138: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

99 - 0000661-42.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000661-2/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA.) x ZELINA MOZER CREMONINI (ADVOGADO: ULISSES COSTA DA SILVA,ADELSON CREMONINI DO NASCIMENTO.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 2009.50.53.000661-2/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ZELINA MOZER CREMONINIRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. ARTIGO 20 DA LEI N.º8.742/93. RENDA PER CAPITA DO GRUPO FAMILIAR. REQUISITO NÃO OBJETIVO. ANÁLISE DE TODOS OSELEMENTOS DE PROVA NO CASO CONCRETO. JURISPRUDÊNCIA DO STJ. CONFIGURAÇÃO DE ESTADO DEVULNERABILIDADE. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA POR FUNDAMENTO DIVERSO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls. 46/51, que julgouprocedente o pedido de concessão do benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93 (LOAS) em favor da requerenteidosa. Alega o INSS, em razões recursais, que a aplicação do parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/03 é restrita àpercepção de benefício assistencial concedidos a idosos de uma mesma família, não autorizando interpretação ampliativapara abranger outros benefícios previdenciários, de modo que a aposentadoria por invalidez recebida pelo esposo da autoranão pode ser desconsiderada para o cálculo da renda mensal per capita do grupo familiar, pois o mesmo não é idoso nãopodendo ser desconsiderada sua renda. Contrarrazões às fls. 60/66

2. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art.46, Lei n.º9.099/95).

3. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de prestação continuada é garantido no valor de um saláriomínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais, que comprove não possuirmeios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Por conseguinte, considera-se incapaz de proverà manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do saláriomínimo vigente (§3º, art. 20 da Lei 8.742/93).

4. A recente jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça acolheu a tese de que o critério de renda fixado no § 3º do art.20 da Lei n.º 8.742/93 somente deve ser considerado como um limite objetivo mínimo para apuração da situação depobreza, abaixo do qual o estado de miserabilidade resta objetivamente caracterizado. Contudo, não se descarta apossibilidade de valoração de outros fatores na investigação da condição de hipossuficiência do idoso ou do portador dedeficiência, por meio da qual o magistrado poderá captar outros dados – não menos objetivos – que revelem, no casoconcreto, possível situação de vulnerabilidade da parte e de sua família. Nesse sentido, colaciona-se, a seguir, aresto doSTJ:

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS.ASSISTÊNCIA SOCIAL. PREVISÃO CONSTITUCIONAL. AFERIÇÃO DA CONDIÇÃO ECONÔMICA POR OUTROSMEIOS LEGÍTIMOS. VIABILIDADE. PRECEDENTES. PROVA. REEXAME. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA N.º 7/STJ.INCIDÊNCIA. 1. Este Superior Tribunal pacificou entendimento no sentido de que o critério de aferição da renda mensalprevisto no § 3.º do art. 20 da Lei n.º 8.742/93 deverá ser observado como um mínimo, não excluindo a possibilidade de queo julgador, ao analisar o caso concreto, lance mão de outros elementos probatórios que afirmem a condição demiserabilidade da parte e de sua família. 2. "A limitação do valor da renda per capita familiar não deve ser considerada aúnica forma de se comprovar que a pessoa não possui outros meios para prover a própria manutenção ou de tê-la providapor sua família, pois é apenas um elemento objetivo para se aferir a necessidade, ou seja, presume-se absolutamente amiserabilidade quando comprovada a renda per capita inferior a 1/4 do salário mínimo." (REsp 1.112.557/MG, Rel. Min.NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Terceira Seção, DJe 20/11/2009). 3. Assentando a Corte Regional estaremdemonstrados os requisitos à concessão do benefício assistencial, verificar se a renda mensal da família supera, ou não,um quarto de um salário-mínimo encontra óbice no enunciado da Súmula n.º 7 da Jurisprudência do Superior Tribunal deJustiça. 4. Agravo regimental a que se nega provimento. – AGA 201001621770, OG FERNANDES, STJ - SEXTA TURMA,17/12/2010 (sem grifos no original)

5. As circunstâncias que subjazem ao caso concreto conduzem à conclusão de que o grupo familiar da recorrida, compostopor ela e seu esposo aposentado por invalidez, não detém ganhos habituais suficientes a garantir uma digna mantença vital,notadamente diante dos problemas de saúde que acometem o esposo da recorrida. A única renda do casal provém daaposentadoria no valor de um salário mínimo recebida pelo esposo da autora. Por outro lado, é imperioso destacar que asdespesas da família totalizam o valor de R$ 510,15 (quinhentos e dez reais e quinze centavos). Nesses termos, emborahaja concordância com a tese do INSS de que o caso dos autos não enseja a aplicação analógica do art. 34, parágrafoúnico, na medida em que o marido da autora possui apenas 62 (sessenta e dois) anos de idade atualmente, entendo que,sem dúvida, resta demonstrada a total condição de miserabilidade da família.

6. Com efeito, embora o Supremo Tribunal Federal já tenha se manifestado pela constitucionalidade do art. 20, § 3º da Lein.º 8.742/93, entendo cabível a aplicação do dispositivo a partir da análise sistemática dos demais elementos de prova dosautos. Nesse sentido: "(...) Os inúmeros casos concretos que são objeto do conhecimento dos juízes e tribunais por todo opaís, e chegam a este Tribunal pela via da reclamação ou do recurso extraordinário, têm demonstrado que os critérios

Page 139: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

objetivos estabelecidos pela Lei 8.742/93 são insuficientes para atestar que o idoso ou o deficiente não possuem meios deprover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família. Constatada tal insuficiência, os juízes e tribunais nadamais têm feito do que comprovar a condição de miserabilidade do indivíduo que pleiteia o benefício por outros meios deprova. Não se declara a inconstitucionalidade do art. 20, § 3º, da Lei nº 8.742/93, mas apenas se reconhece a possibilidadede que esse parâmetro objetivo seja conjugado, no caso concreto, com outros fatores indicativos do estado de penúria docidadão. Em alguns casos, procede-se à interpretação sistemática da legislação superveniente que estabelece critériosmais elásticos para a concessão de benefícios assistenciais (...). O Tribunal parece caminhar no sentido de se admitir que ocritério de ¼ do salário mínimo pode ser conjugado com outros fatores indicativos do estado de miserabilidade do indivíduoe de sua família para a concessão do benefício assistencial de que trata o art. 203, inciso V, da Constituição". (Rcl 4374 MC/ PE – PERNAMBUCO, MEDIDA CAUTELAR NA RECLAMAÇÃO Relator(a): Min. GILMAR MENDES Julgamento:01/02/2007 – grifos nossos).

7. Finalmente, e ante tudo quanto fora exposto, imperioso registrar que não se vislumbra, na tese adotada neste julgado,qualquer violação ao multimencionado dispositivo legal (art. 20, caput e §3º da Lei n.º 8.742/93), tampouco ao art. 203, V,da Constituição Federal, como suscitado pelo recorrente, exatamente porque, conforme amplamente explanado, não senega a aplicação da norma legal que fixa critério de renda, mas, tão somente, confere-se-lhe aplicação enquanto requisitoabsoluto mínimo.

8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida por fundamento diverso.

9. Sem custas (art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96). Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios,arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 55, caput, da Lei n. 9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

100 - 0000544-88.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000544-8/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x ADELINO KLOS E OUTROS (ADVOGADO:ADENILSON VIANA NERY.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000544-88.2008.4.02.5052/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ADELINO KLOS E OUTROSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI 8.742/93 –ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, DA LEI 10.741/03 – POSSIBILIDADE –DESVINCULAÇÃO DA FILHA E DO NETO DA AUTORA DO GRUPO FAMILIAR – CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DEMISERABILIDADE – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEVIDO – RECURSO IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls. 31/34, que julgouprocedente o pedido de concessão do benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93 (LOAS) em favor da requerenteidosa. Alega o INSS, em razões recursais, que a renda do grupo familiar da autora é incompatível com o benefícioassistencial, eis que ultrapassa o limite legal de ¼ do salário mínimo vigente por membro da família. Contrarrazões as fls.49/50.

2. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de prestação continuada é garantido no valor de um saláriomínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais, que comprove não possuirmeios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Por conseguinte, considera-se incapaz de proverà manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do saláriomínimo vigente (§3º, art. 20 da Lei 8.742/93).

3. Observa-se, pelo relatório social de fls. 20/23, que a autora reside com o esposo, uma filha e o neto. A renda da família éproveniente da aposentadoria por idade recebida pelo marido da autora, Sr. Adelino Kloss, no valor de um salário mínimo, ede R$100,00 (cem reais) advindos de pequenos bicos realizados por Cirleny Kloss, filha da requerente. Por fim, foi relatadoque a autora possui diversas moléstias, como hipertensão, anemia, diabetes e erisipela, que a impossibilitam de exerceratividades que requeiram esforço físico e exigem a aquisição constante de medicamentos.

4. Conforme o § 1º, art. 20 da Lei nº 8.742.93, considera-se integrante da família o requerente, o cônjuge ou companheiro,

Page 140: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e osmenores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto. A nova redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011 ao referidodispositivo, deixou de prever, como parte do núcleo familiar, apenas os “filhos menores de 21 anos”, abrangendo noconceito de núcleo familiar todos os “filhos solteiros, desde que vivam sob o mesmo teto”. De fato, o novo texto possui umcaráter ampliador, eis que possibilita o cômputo da renda da filho(a) maior de 21 anos no cálculo da renda per capita dogrupo familiar, se este habitar na mesma residência dos pais e for solteiro. Ocorre que, no presente caso, a filha darequerente, além de viver com os pais e ser solteira, possui um filho de cinco anos, o que, a meu ver, é fato suficiente paradesvincular a Sr. Cirleny e seu filho do grupo familiar da requerente idosa, haja vista a constituição de um novo núcleofamiliar.

5. Sendo assim, tem-se que a família é constituída apenas pela autora e seu esposo, não podendo a sua filha e seu netointegrarem a mesma, para efeitos de concessão do benefício assistencial de prestação continuada.

6. A Lei nº 10.741/03, em seu art. 34, parágrafo único, estabeleceu que o benefício de prestação continuada, anteriormenteconcedido a qualquer dos membros componentes do grupo familiar, que seja idoso e tenha pelo menos 65 anos de idade,não será computado para fins de cálculo da renda mensal per capita familiar a que se refere à supracitada Lei Orgânica.

7. Ora, a presente situação assemelha-se àquela prevista no art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso. Assim, como obenefício assistencial de prestação continuada concedido a membro da família com pelo menos 65 anos de idade, aaposentadoria com renda mínima recebida por membro da família que preencha o requisito etário também não deve sercomputada para os fins da renda familiar per capita.8. Com efeito, esta Turma Recursal já enfrentou a questão por diversas vezes, tendo sumulado o entendimento por meio doVerbete nº 46, in verbis:

A renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a pessoa com mais de 65 anos deidade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da LeiOrgânica de da Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO -Boletim da Justiça Federal, 06/04/2009, pág 03 - anexo)

9. No mesmo sentido já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça, em incidente de uniformização de jurisprudência,senão vejamos:

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. RENDA MENSAL PER CAPITAFAMILIAR. EXCLUSÃO DE BENEFÍCIO DE VALOR MÍNIMO PERCEBIDO POR MAIOR DE 65 ANOS. ART. 34,PARÁGRAFO ÚNICO, LEI Nº 10.741/2003. APLICAÇÃO ANALÓGICA.1. A finalidade da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), ao excluir da renda do núcleo familiar o valor do benefícioassistencial percebido pelo idoso, foi protegê-lo, destinando essa verba exclusivamente à sua subsistência.2. Nessa linha de raciocínio, também o benefício previdenciário no valor de um salário mínimo recebido por maior de 65anos deve ser afastado para fins de apuração da renda mensal per capita objetivando a concessão de benefício deprestação continuada.3. O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capitadesprestigia o segurado que contribuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,na medida em que este tem de compartilhar esse valor com seu grupo familiar.4. Em respeito aos princípios da igualdade e da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capitaqualquer benefício de valor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário,aplicando-se, analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatutodo Idoso.5. Incidente de uniformização a que se nega provimento.(STJ, 3ª Seção, Pet. 7203/PE, Rel. Min. Maria Thereza de AssisMoura, j. em 10/08/2011).

10. O art. 203, V, da Constituição Federal dispõe que cabe à lei definir os critérios para a concessão do benefícioassistencial de amparo à pessoa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, doestatuto do Idoso, a decisão judicial não está deixando de buscar na lei as diretrizes para identificação do beneficiário. Nãose trata de aplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.

11. Desse modo, atendo-se ao fato de que a única renda do grupo familiar decorre do valor de um salário mínimo mensalpercebido pelo esposo da autora, a título de aposentadoria por idade, entendo que deve ser desconsiderado o valorproveniente da aposentadoria, de modo que a renda familiar passará a ser nula, fato este que atrai o deferimento dobenefício assistencial pleiteado.

12. Cabe ressaltar, no entanto, que, diante do falecimento da autora (fl. 65) e da posterior habilitação dos sucessores (fls.62/71), o benefício será devido aos mesmos, a título de parcelas atrasadas, desde o requerimento administrativo(04/10/2006 – fl. 10) até a morte da requerente (31/12/2008 – fl. 65).13. A Turma Nacional de Uniformização já assentou que “a despeito do caráter personalíssimo do benefício assistencial, háque se reconhecer a possibilidade de pagamento dos atrasados aos sucessores do demandante falecido no curso doprocesso” (PEDILEF n° 2006.38.00.748812-7 - rel. Ju íza Federal JOANA CAROLINA LINS PEREIRA -DJU de 30/01/2009).Não obsta o prosseguimento do feito o pedido de habilitação realizado após o prazo previsto no art. 51, inciso V, da Lei nº9.099/95, porquanto o referido dispositivo legal deve ser exegeticamente compreendido e dimensionado tomando-se por

Page 141: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

gabarito máximo o princípio da dignidade da pessoa humana (Constituição da República, inciso III, do art. 1º). Em outraspalavras, significa dizer que a forma, neste caso, não deve preponderar sobre o conteúdo da prestação jurisdicionalvindicada, necessária à efetividade do reconhecido direito - seja em 1º grau seja nas demais instâncias recursais. Assim,não se afigura lícito desacolher a pretensão ora veiculada por pressuposto formal, tolerando-se o elastério do prazoinicialmente previsto pela legislação (trinta dias), notadamente em razão do lapso temporal necessário à consecução dasdiligências instrutórias do pedido de habilitação, nem sempre condizentes com a realidade da mecânica processual.

14. Ademais, como se sabe, os Juizados Especiais foram criados com o escopo de garantir o efetivo acesso das classesmenos favorecidas à Justiça. Tanto é assim que, da mesma forma que na Justiça do Trabalho, desobrigou-se a parteinteressada de constituir advogado no primeiro grau de jurisdição, permitindo-se o ingresso direto nos Juizados, mediantesimples termo de comparecimento. Em consonância com esse espírito, diversos formalismos processuais foramabrandados, privilegiando-se os princípios da informalidade e da oralidade, por exemplo, mormente quando as formalidadespodem levar ao ajuizamento de nova ação.

13. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

14. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10% (dez porcento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995 e artigo 20, § 3º, alíneas “a”, “b” e “c” c/c art. 21,parágrafo único, ambos do CPC.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

101 - 0000489-03.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000489-5/01) GEISIBEL ALVES DE CASTRO x MAISA DE CASTROBAYERL (ADVOGADO: DRABLER LIPPER B. L. DE OLIVEIRA, FERNANDA ANDRADE SANTANA.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 2009.50.53.000489-5/01EMBARGANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIALEMBARGADO: GEISIBEL ALVES DE CASTRO E OUTRORELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE DE SEGURADO ESPECIAL.TRABALHADOR RURAL. CARACTERIZAÇÃO DO REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. INDISPENSABILIDADE DOLABOR RURAL. AUSÊNCIA DE OMISSÃO. MERO INCONFORMISMO. PRETENSÃO DE REVISÃO DO MÉRITORECURSAL. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 81/83, porintermédio dos quais o embargante aponta suposta omissão no julgado, consistente na ausência de manifestação sobre oargumento do INSS de que a renda predominante do falecido segurado provinha de Contrato de Arrendamento (fls. 29/31),por meio do qual o de cujus e sua esposa arrendaram mais de 70% (setenta por cento) de sua propriedade a terceiros, demodo que a extração de leite e a fabricação de queijo configuravam mera complementação de renda. Ademais, alega oembargante haver contradição no julgado por ter a MM. Juíza Federal Relatora considerado o contrato de arrendamento de70% (sententa por cento) da propriedade rural como início de prova material.

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismoda parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida. Nocaso sob apreço, no entanto, infere-se, com clareza, que o embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito jádecidido em sede de julgamento do recurso.

O acórdão embargado concluiu, de modo expresso, que o autor exercia atividade rural em regime de economia familiarquando de sua morte, não afastando essa condição o fato de seu marido ter arrendado parte de sua propriedade atercieors, senão vejamos:

Ademais, as testemunhas afirmaram que o mesmo residia no imóvel rural juntamente com a recorrente, sobrevivendo daextração de leite das rezes de vizinhos, que em troca do arrendamento de pasto lhe cediam o leite para exploração..

Sobre o tema, com a publicação, em 24/09/2003, do Decreto nº 4.845, que acrescentou o § 18 ao art. 9º do Regulamentoda Previdência Social (Dec. nº 3.048/99), não resta qualquer dúvida no sentido de que a existência de contrato de parceriareferente a área de até 50% do imóvel rural não descaracteriza a condição de segurado especial do arrendador, se este

Page 142: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

permanece trabalhando na atividade agrícola. Veja-se o teor do dispositivo em comento:

§ 18. Não descaracteriza a condição de segurado especial a outorga de até cinqüenta por cento de imóvel rural, cuja áreatotal seja de no máximo quatro módulos fiscais, por meio de contrato de parceria ou meação, desde que outorgante eoutorgado continuem a exercer a respectiva atividade individualmente ou em regime de economia familiar.

Ocorre que, no caso dos autos, o segurado arrendou aproximadamente 70% (setenta por cento) de sua propriedade que,por sua vez, possuída pouco mais de 4 módulos fiscais (fl. 39). Apesar disso, não reputo ter havido omissão no julgado.Tais critérios, a despeito de serem de observância obrigatória pela Autarquia Previdenciária – jungida que está aAdministração ao princípio da estrita legalidade – não obrigam o Poder Judiciário, a meu ver, de modo irremediável. Emoutras palavras, pode o julgador se valer de outras provas para entender que o segurado exercia atividade rural em regimede economia familiar, com renda predominantemente advinda do seu labor rural.

Na vertente hipótese, restou assente que o de cujus permaneceu a exercer atividades eminentemente rurais – extração deleite e fabricação artesanal de queijo. Por outro lado, não reputo que a renda obtida do contrato de arrendamento tenha sidode tal monta a afastar a indispensabilidade do labor rurícula, pois, consoante se infere das fls. 29/31, foi pago o valor de R$14.508,00 (quatorze mil e quinhentos reais) pelo período de arrendamento de 30 meses, o que equivale a uma rendamensal de aproximadamente R$ 480,00 (quatrocentos e quinhentos reais).

Desta feita, não se vislumbra qualquer omissão no julgado impugnado, mas, tão somente, adoção de tese jurídicaconflitante com os interesses do embargante, razão pela qual não merecem acolhida os embargos aviados.

Por fim, também não há que se falar em contradição no julgado. O fato de a MM. Juíza Federal Relatora ter considerado ocontrato de arrendamento de 70% (sententa por cento) da propriedade rural como início de prova material não caracterizacontradição interna da decisão. Ressalte-se que ao magistrado é lícito emprestar à prova dos autos a qualidade que,motivadamente, entender cabível, não se prestando os embargos de declaração para rediscutir a valoração conferida a ela.

Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

102 - 0001896-87.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.001896-6/01) ER CONSULTORIA E TREINAMENTO LTDA(ADVOGADO: ANTONIO VALDEMIR PEREIRA COUTINHO, LEOPOLDO DAHER MARTINS.) x UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ADRIANA ZANDONADE, RODRIGO BARBOSA DE BARROS.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 2008.50.50.006309-1/01EMBARGANTE: TADEU DE MOURA GOMES E OUTROSEMBARGADO(A): UNIÃO FEDERALRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. LEI N. 9.711/98. RETENÇÃO DE11% SOBRE O VALOR DA FATURA OU DA NOTA FISCAL. AUSÊNCIA DE DIREITO À RESTITUIÇÃO.RECONHECIMENTO DA INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA EM FACE DA ILEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM DA PARTEAUTORA PARA DEMANDAR EM JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NÃOCONHECIDOS. ACÓRDÃO E SENTENÇA ANULADOS.

I. Cuida-se de Embargos de Declaração opostos pela autora, ora embargantes, em face do acórdão proferido pela TurmaRecursal às fls. 156/160, em que se alega suposta omissão do julgado. Segundo a embargante, esta Turma Recursalinverteu o ônus da prova quando da formação do seu convencimento.

II. Detecto causa que exclui a competência dos Juizados Especiais Federais para processar e julgar essa ação. Como secuida de competência absoluta, a matéria é de ordem pública e deve ser aferida de ofício.

III. São legitimados a figurar como autores em ação que tramite em Juizados Especiais Federais as pessoas físicas e,dentre as pessoas jurídicas, somente as microempresas e as empresas de pequeno porte (artigo 6º, I, da Lei 10.259/01).

Page 143: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

No caso dos autos, afere-se que a empresa autora não é microempresa nem empresa de pequeno porte, uma vez que,analisando a denominação lançada na petição inicial e no comprovante de inscrição no CNPJ, afere-se que do nomeempresarial não consta a expressão “microempresa” ou “ME”; nem consta a expressão "empresa de pequeno porte", ou“EPP”.

IV. À luz da legislação de regência, ao menos desde 1994 existe a indispensabilidade de a microempresa ser identificadapelas expressões “microempresa” ou “ME”; e de a empresa de pequeno porte ser identificada pelas expressões “empresade pequeno porte” ou “EPP”. É o que se infere do disposto no artigo 6º da Lei 8.864/94; no artigo 7º da Lei 9.841/99; e noartigo 72 da Lei Complementar nº 123/2006, cujas redações seguem abaixo:

Artigo 6º da Lei 8.864/94: “Art. 6° Feita a comuni cação, e independentemente de alteração do ato constitutivo, amicroempresa adotará, em seguida ao seu nome, a expressão "microempresa" ou, abreviadamente, "ME", e a empresa depequeno porte, a expressão "empresa de pequeno porte", ou "EPP". Parágrafo único. E privativo de microempresa deempresa de pequeno porte o uso das expressões de que trata este artigo.”

Artigo 7º da Lei 9.841/99: “Art. 7º Feita a comunicação, e independentemente de alteração do ato constitutivo, amicroempresa adotará, em seguida ao seu nome, a expressão "microempresa" ou, abreviadamente, "ME", e a empresa depequeno porte, a expressão "empresa de pequeno porte" ou "EPP". Parágrafo único. É privativo de microempresa e deempresa de pequeno porte o uso das expressões de que trata este artigo.”

Artigo 72 da Lei Complementar nº 123/2006: “Art. 72. As microempresas e as empresas de pequeno porte, nos termos dalegislação civil, acrescentarão à sua firma ou denominação as expressões “Microempresa” ou “Empresa de PequenoPorte”, ou suas respectivas abreviações, “ME” ou “EPP”, conforme o caso, sendo facultativa a inclusão do objeto dasociedade.”

V. Essa determinação legal nos sucessivos diplomas que regulam o tratamento conferido às microempresas e empresas depequeno porte também esteve – como está – presente nas Instruções Normativas do Departamento Nacional de RegistroComercial que tratam da formação do nome empresarial e da proteção a ele conferida. A instrução que atualmente seencontra em vigor é a IN-DNRC nº 116/2011, cujo artigo 14 tem a seguinte redação:

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 116, DE 22 DE NOVEMBRO DE 2011.Dispõe sobre a formação do nome empresarial, sua proteção e dá outras providências.(...)Art. 14. As microempresas e empresas de pequeno porte acrescentarão à sua firma ou denominação asexpressões “Microempresa” ou “Empresa de Pequeno Porte”, ou suas respectivas abreviações, “ME” ou “EPP”.

VI. À luz desse contexto, a autora é uma sociedade empresária limitada, mas não posso considerá-la, nem supor, que secuida de uma microempresa ou empresas de pequeno porte, visto que de sua denominação não consta nenhuma dasexpressões que a lei considera indispensáveis para tanto.

VII. Não sendo a autora uma microempresa, nem uma empresa de pequeno porte, falta-lhe legitimação ativa parademandar em Juizado Especial Federal.

VIII. Como a petição inicial foi subscrita por advogado (e, consequentemente, pode ser processado em vara comum),reconheço a incompetência absoluta dos Juizados Especiais Federais para processar e julgar a ação; uma vez que oacórdão não transitou em julgado (por força dos embargos de declaração interpostos), reconheço a nulidade do acórdão eda sentença proferida pelo JEF, razão pela qual voto pela anulação de ambos e pela ulterior remessa dos autos a uma dasvaras cíveis com competência tributária desta SJ-ES.

IX. Embargos de declaração não conhecidos. Acórdão e sentença anulados, em face da incompetência absoluta dosJuizados Especiais Federais, devendo os autos serem distribuídos entre uma das varas cíveis com competência tributáriadesta SJ-ES..

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NÃO CONHECER dos embargos de declaração e, de ofício,ANULAR acórdão e sentença proferidos, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante dopresente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

Acolher os embargosTotal 4 : Anular a sentença e julgar prejudicado o recursoTotal 9 :

Page 144: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · LEONARDO PIZZOL VINHA-45, 65, 68, 69 LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-45 ... Argumenta a embargante que é pessoa jurídica distinta

Dar parcial provimentoTotal 3 : Dar provimentoTotal 23 : Dar provimento ao rec. do réu e negar o do autorTotal 1 : Não conhecer o recursoTotal 6 : Negar provimentoTotal 31 : Rejeitar os embargosTotal 25 :