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RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA ÍNDICE DE PESQUISA DA 2ª TURMA RECURSAL ADRIANA ZANDONADE-103 Alexandre Hideo Wenichi-10 ALEXANDRE PERON-108 ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO-62 ANA CAROLINE SOUZA DE ALMEIDA ROCHA-152 ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN-101, 66, 78 ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES-13, 148 BRUNO MIRANDA COSTA-1, 128, 130, 135, 142, 7, 74 Carolina Augusta da Rocha Rosado-107, 31, 5 DARIO PEREIRA DE CARVALHO-126 ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA-29 ES001528 - CARLOS DORSCH-149 ES003433 - DIMAS PINTO VIEIRA-135 ES003575 - JULIO FERNANDES SOARES-14 ES003841 - NELSON DE MEDEIROS TEIXEIRA-21 ES003844 - ANA MARIA DA ROCHA CARVALHO-149 ES004048 - JADER NOGUEIRA-105 ES004142 - JOSE IRINEU DE OLIVEIRA-132 ES004367 - JOAO BATISTA DALLAPICCOLA SAMPAIO-128 ES004621 - ERILDO PINTO-24 ES004798E - ANDRÉ TRANCOSO DE SOUZA-65 ES004925 - HENRIQUE SOARES MACEDO-97 ES005145E - Tadeu Trancoso de Souza-65 ES005215 - JEFFERSON PEREIRA-100 ES005595 - JOAO MIGUEL ARAUJO DOS SANTOS-29 ES006639 - ANTONIO JOSE PEREIRA DE SOUZA-65, 79 ES006799 - MARCO CESAR G. BORGES-156 ES006985 - JAMILSON SERRANO PORFIRIO-67, 72 ES007019 - VERA LÚCIA FÁVARES-155, 158 ES007025 - ADENILSON VIANA NERY-112, 115, 120, 127, 131, 148, 151, 154, 31, 53, 55 ES007457 - ADEMIR JOSE DA SILVA-68 ES007583 - EUCLERIO DE AZEVEDO SAMPAIO JUNIOR-128 ES007860 - MARCELO ALVARENGA PINTO-24 ES007981 - VALERIA ANGELA COLOMBI COGO-76, 98 ES007990 - SIMONE ELENA SOARES-14 ES008522 - EDGARD VALLE DE SOUZA-86, 99 ES008573 - SEDNO ALEXANDRE PELISSARI-128 ES008598 - MAURA RUBERTH GOBBI-155, 158 ES008642 - Valdoreti Fernandes Mattos-110, 113, 114 ES008690 - MANOEL FERNANDES ALVES-20 ES008817 - MARIA REGINA COUTO ULIANA-136, 77 ES009196 - RODRIGO SALES DOS SANTOS-125 ES009400 - ROBERTO MORAES BUTICOSKY-125 ES009588 - ANTONIO AUGUSTO DALAPÍCOLA SAMPAIO-128 ES009624 - JOAQUIM AUGUSTO DE AZEVEDO SAMPAIO-128 ES009746 - CHARLES WAGNER GREGÓRIO-76, 98 ES009752 - ISRAEL GOMES VINAGRE-75 ES009962 - CRISTIANO ROSSI CASSARO-38, 48 ES009967 - SEBASTIÃO FERNANDO ASSIS-39 ES010117 - JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY-10, 129, 4, 6 ES010152 - ANDRE FRANCISCO LUCHI-150 ES010321 - OLDER VASCO DALBEM DE OLIVEIRA-146, 147, 3 ES010417 - FLAVIA SCALZI PIVATO-155, 158

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RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA:

ÍNDICE DE PESQUISA DA 2ª TURMA RECURSAL

ADRIANA ZANDONADE-103Alexandre Hideo Wenichi-10ALEXANDRE PERON-108ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO-62ANA CAROLINE SOUZA DE ALMEIDA ROCHA-152ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN-101, 66, 78ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES-13, 148BRUNO MIRANDA COSTA-1, 128, 130, 135, 142, 7, 74Carolina Augusta da Rocha Rosado-107, 31, 5DARIO PEREIRA DE CARVALHO-126ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA-29ES001528 - CARLOS DORSCH-149ES003433 - DIMAS PINTO VIEIRA-135ES003575 - JULIO FERNANDES SOARES-14ES003841 - NELSON DE MEDEIROS TEIXEIRA-21ES003844 - ANA MARIA DA ROCHA CARVALHO-149ES004048 - JADER NOGUEIRA-105ES004142 - JOSE IRINEU DE OLIVEIRA-132ES004367 - JOAO BATISTA DALLAPICCOLA SAMPAIO-128ES004621 - ERILDO PINTO-24ES004798E - ANDRÉ TRANCOSO DE SOUZA-65ES004925 - HENRIQUE SOARES MACEDO-97ES005145E - Tadeu Trancoso de Souza-65ES005215 - JEFFERSON PEREIRA-100ES005595 - JOAO MIGUEL ARAUJO DOS SANTOS-29ES006639 - ANTONIO JOSE PEREIRA DE SOUZA-65, 79ES006799 - MARCO CESAR G. BORGES-156ES006985 - JAMILSON SERRANO PORFIRIO-67, 72ES007019 - VERA LÚCIA FÁVARES-155, 158ES007025 - ADENILSON VIANA NERY-112, 115, 120, 127, 131, 148, 151, 154, 31, 53, 55ES007457 - ADEMIR JOSE DA SILVA-68ES007583 - EUCLERIO DE AZEVEDO SAMPAIO JUNIOR-128ES007860 - MARCELO ALVARENGA PINTO-24ES007981 - VALERIA ANGELA COLOMBI COGO-76, 98ES007990 - SIMONE ELENA SOARES-14ES008522 - EDGARD VALLE DE SOUZA-86, 99ES008573 - SEDNO ALEXANDRE PELISSARI-128ES008598 - MAURA RUBERTH GOBBI-155, 158ES008642 - Valdoreti Fernandes Mattos-110, 113, 114ES008690 - MANOEL FERNANDES ALVES-20ES008817 - MARIA REGINA COUTO ULIANA-136, 77ES009196 - RODRIGO SALES DOS SANTOS-125ES009400 - ROBERTO MORAES BUTICOSKY-125ES009588 - ANTONIO AUGUSTO DALAPÍCOLA SAMPAIO-128ES009624 - JOAQUIM AUGUSTO DE AZEVEDO SAMPAIO-128ES009746 - CHARLES WAGNER GREGÓRIO-76, 98ES009752 - ISRAEL GOMES VINAGRE-75ES009962 - CRISTIANO ROSSI CASSARO-38, 48ES009967 - SEBASTIÃO FERNANDO ASSIS-39ES010117 - JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY-10, 129, 4, 6ES010152 - ANDRE FRANCISCO LUCHI-150ES010321 - OLDER VASCO DALBEM DE OLIVEIRA-146, 147, 3ES010417 - FLAVIA SCALZI PIVATO-155, 158

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ES010785 - PEDRO COSTA-46, 47, 50, 52, 58, 96ES011273 - BRUNO SANTOS ARRIGONI-56ES011274 - KÉZIA NICOLINI-39ES011348 - ALINE RUDIO SOARES FRACALOSSI-118ES011434 - TATIANA MARQUES FRANÇA-155, 158ES011758 - ANILSON BOLSANELO-119, 71ES011851 - ALESSANDRA SANTOS DE ATAIDE-109ES011926 - CLEUSINEIA L. PINTO DA COSTA-65, 79ES011936 - LUCIANO MOREIRA DOS ANJOS-152ES012008 - ANA CAROLINA DO NASCIMENTO MACHADO-155, 158ES012147 - GABRIELLI MARTINELLI DE OLIVEIRA SILVA-123ES012201 - JOCIANI PEREIRA NEVES-155, 158ES012249 - FREDERICO AUGUSTO MACHADO-2ES012396 - WESLEY CORREA CARVALHO-27, 9ES012399 - GUSTAVO SABAINI DOS SANTOS-117ES012411 - MARCELO CARVALHINHO VIEIRA-8ES012584 - JULIANA CARDOZO CITELLI-32, 44ES012594 - MARIA LUZIA PEREIRA GOMES-119, 71ES012622 - SALATIEL BARBOSA JUNIOR-107ES012700 - RODRIGO SEBASTIÃO SOUZA-132ES012709 - LEANDRO FREITAS DE SOUZA-153ES012938 - JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES-15, 43, 69, 70ES013010 - FRANCISCO MACHADO NASCIMENTO-95ES013058 - GLAUCO BARBOSA DOS REIS-26ES013088 - EDSON VIGUINI-59ES013172 - RAMON FERREIRA COUTINHO PETRONETTO-157, 28, 78ES013203 - RENATA MILHOLO CARREIRO AVELLAR-155ES013434 - HERMINIO SILVA NETO-100ES013596 - ACLIMAR NASCIMENTO TIMBOÍBA-153, 23, 51, 57ES013950 - ANDERSON RIBEIRO DA SILVA-128ES014177 - PHILIPI CARLOS TESCH BUZAN-34ES014388 - OZIEL NOGUEIRA ALMEIDA-92ES014556 - ALEXANDRE MATOS LIMA-64ES014562 - VICTOR SANTOS CALDEIRA-128ES014617 - RODRIGO CAMPANA FIOROT-90ES014648 - Mer Stella Borges Mendonça-156ES014742 - WALAS OLIVEIRA SOARES-63ES014935 - RONILCE ALESSANDRA AGUIEIRAS-107, 155, 158ES015129 - Jaqueline Rossoni dos Santos-66ES015179 - DANIELLI VALLADÃO FRAGA-137, 138ES015283 - WANESSA ALDRIGUES CANDIDO-37, 87ES015336 - CAROLINE ANASTÁCIA DOS SANTOS NASCIMENTO-128ES015426 - SAYLES RODRIGO SCHUTZ-74ES015473 - FELIPE GUEDES STREIT-128ES015489 - CLAUDIA IVONE KURTH-134ES015542 - RAPHAEL JACCOUD VALORY SILVEIRA-1ES015554 - ANDRÉ RICARDO TELES SOUZA-138ES015618 - MARIA DE LOURDES COIMBRA DE MACEDO-13, 19, 84ES015715 - Rafael Antônio Freitas-85ES015723 - GERALDO BENICIO-1ES015788 - JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS-106, 116, 5, 82ES015907 - WILLIAN PEREIRA PRUCOLI-42, 49ES016093 - ANDRE RICARDO TELES SOUZA-137ES016179 - FLAVIO DE ASSIS NICCHIO-89ES016427 - WAGNER IZOTON ROCHA-128ES016437 - LARA CHAGAS VAN DER PUT-155, 158

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ES016487 - ROQUE FELIX NICCHIO-89ES016520 - NATANAEL REZENDE BATISTA-83ES016533 - ENEIAS DO NASCIMENTO BATISTA-128, 83ES016726 - MARAIZA XAVIER DA SILVA-68ES016750 - EVERALDO MARTINUZZO DE OLIVEIRA-30ES016751 - Valber Cruz Cereza-133, 73ES016812 - JAQUELINE GOMES-60ES016822 - PAULA GHIDETTI NERY LOPES-112, 115, 127, 131, 53ES016966 - Eliza Thomaz de Oliveira-132ES016969 - ALICE SAMPAIO PELISSARI-128ES017116 - GERALDO PEREIRA FUNDÃO DOS SANTOS-84ES017122 - RODRIGO NUNES LOPES-115, 127, 131, 53ES017151 - KARIME SILVA SIVIERO-155, 158ES017409 - RAFAELLA CHRISTINA BENÍCIO-130, 33, 41, 91ES017552 - MARCELO NUNES DA SILVEIRA-106, 116, 5, 82ES017801 - RAIANE SILVA ROSETTI MACHADO-128ES017915 - Lauriane Real Cereza-133, 73ES017920 - WILLIAN CONSTATINO BASSANI-60ES018049 - ARIELLA DUTRA LIMA-3ES018381 - Roney da Silva-100ES018438 - ROSANA DE JESUS GUILHERME-105ES018446 - GERALDO BENICIO-130, 33, 41, 91ES018484 - JOUSELI RODRIGUES BARBOSA-128ES018489 - MARIA ELIANA SOUZA-11ES018526 - RAFAEL AUGUSTO DE AZEVEDO SAMPAIO-128ES018662 - GILVERTON LODI GUIMARÃES-38, 48ES019010 - RAFAELA VIEIRA VIZEU-128ES019015 - FELIPE CONRADO SOUZA-33ES019164 - RENATO JUNQUEIRA CARVALHO-34ES019206 - DAIANY BIONDO-76, 80, 98ES019221 - AMAURI BRAS CASER-139, 144, 145, 40, 54ES019430 - PEDRO GERALDO FERREIRA DA COSTA-79ES019572 - JONES ALVARENGA PINTO-24ES019632 - THIAGO PERRONI FRAGA-137, 138ES019645 - ALEX SANDRO SALAZAR-146, 147ES019803 - LARISSA CRISTIANI BENÍCIO-41, 91ES019936 - ANDRÉ TRANCOSO DE SOUZA-79ES020468 - EVANDRO JOSE LAGO-36ES020602 - MARCUS VINICIUS DUARTE-111ES020677 - EFIGENIA CAMILO DA SILVA-16, 18, 22ES020702 - MARCELI APARECIDA DE JESUS DA SILVA-140, 142, 143ES021038 - CARLOS BERKENBROCK-74, 81ES021302 - VALÉRIA DALBÓ-79ES129454 - GASPARINO RODRIGUES DOS SANTOS JUNIOR-17, 25EUGENIO CANTARINO NICOLAU-111, 15, 153, 25, 43, 51, 57, 59, 60, 70, 87, 9GISELA PAGUNG TOMAZINI-138GUSTAVO CABRAL VIEIRA-45HENRIQUE BICALHO CIVINELLI DE ALMEIDA-154Isabela Boechat B. B. de Oliveira-106, 123, 137, 156, 157JAILTON AUGUSTO FERNANDES-151, 55JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA-118, 143, 64, 68JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA-121, 158, 35, 42JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA-129, 140, 22, 34, 81, 91JULIANA BARBOSA ANTUNES-100, 115, 120, 131, 133, 136, 79, 84Karina Rocha Mitleg Bayerl-101, 121LIDIANE DA PENHA SEGAL-122, 124, 94

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LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO-109, 116, 16, 30, 36, 92LUIZ CLÁUDIO SALDANHA SALES-119, 144, 40, 44, 46, 47, 48, 50, 54, 56, 58, 75, 76, 80, 97MARCELA BRAVIN BASSETTO-104, 134, 14, 141, 155MARCOS FIGUEREDO MARÇAL-61, 94MARCOS JOSÉ DE JESUS-105, 149, 28, 3, 83MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO-132, 65, 73, 88MARINA RIBEIRO FLEURY-146, 147MG079335 - NILSON BERNARDES DA COSTA-108MG088808 - EDSON ROBERTO SIQUEIRA JUNIOR-88MG094008 - JOSE RIBAMAR MATOS AMARAL-108MG097144 - JULIARDI ZIVIANI-12, 2MG120179 - ALVIMAR CARDOSO RAMOS-93OLÍVIA BRAZ VIEIRA DE MELO-85Paulo Henrique Vaz Fidalgo-150, 39PEDRO GALLO VIEIRA-24PEDRO INOCENCIO BINDA-139, 145, 32, 38, 52, 71, 95, 96, 98RAFAEL NOGUEIRA DE LUCENA-112, 77, 86RICARDO FIGUEIREDO GIORI-102, 104, 35, 61, 7RJ159451 - Priscilla Dutra Almeida-85RODRIGO COSTA BUARQUE-122, 124, 62, 82RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA-19SC015426 - SAYLES RODRIGO SCHUTZ-81SERGIO ROBERTO LEAL DOS SANTOS-12, 2, 4, 6SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI-102, 18, 26, 8, 89TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS-11THIAGO COSTA BOLZANI-33, 49, 90, 93THIAGO DE ALMEIDA RAUPP-20, 53, 99UBIRATAN CRUZ RODRIGUES-110, 113, 114, 117, 17, 23, 27, 37, 67, 69, 72VILMAR LOBO ABDALAH JR.-127VINICIUS DOMINGUES FERREIRA-21

2ª Turma RecursalJUIZ(a) FEDERAL DR(a). PABLO COELHO CHARLES GOMES

Nro. Boletim 2015.000066 DIRETOR(a) DE SECRETARIA LILIA COELHO DE CARVALHO MAT. 10061

01/07/2015Expediente do dia

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

1 - 0015528-02.2009.4.02.5001/01 (2009.50.01.015528-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x ANTÔNIO FRANCISCO DE OLIVEIRA(ADVOGADO: ES015542 - RAPHAEL JACCOUD VALORY SILVEIRA, ES015723 - GERALDO BENICIO.).RECURSO Nº 0015528-02.2009.4.02.5001/01 (2009.50.01.015528-3/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ANTÔNIO FRANCISCO DE OLIVEIRARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO-EMENTAPREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO COM CÔMPUTO DE ATIVIDADE ESPECIAL.MECÂNICO. ENQUADRAMENTO PROFISSIONAL. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.1. INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL interpõe recurso inominado, às fls. 151/156, contra sentença (fls.141/147) proferida pelo MM. Juiz do 2º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgouprocedente o pedido inicial, para condenar o réu a conceder aposentadoria por tempo de contribuição integral ao autor,computando como tempo especial (coeficiente de conversão de 1,40) o período laborado entre 07/11/1977 a 23/10/1982,11/01/1983 a 14/12/1985, 29/01/1986 a 13/03/1989, 01/07/1989 a 15/02/1990, 20/07/1990 a 01/11/1993 e 01/12/1993 a28/04/1995.2. O INSS alega que, em relação ao período compreendido entre 07/11/1977 e 23/10/1982, não há laudo técnico pericial

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para comprovar a exposição ao agente nocivo “ruído”. Em relação aos períodos de 11/01/1983 a 14/12/1985, 29/01/1986 a13/03/1989, 01/07/1989 a 15/02/1990, 20/07/1990 a 01/11/1993 e 01/12/1993 a 28/04/1995, sustenta que é impossível oenquadramento por grupo profissional da atividade de mecânico de automóveis. Argumenta que não existe jurisprudênciadominante que sustente a tese de que o mecânico de automóveis, empregado em oficina mecânica vinculada a comérciode automóveis, possui direito à contagem ficta do tempo de serviço à conta da suposta atividade sob condições especiais.Pugna pelo provimento do recurso, com a reforma da sentença, para que sejam julgados improcedentes os pedidos iniciais.3. ANTONIO FRANCISCO DE OLIVEIRA oferece contrarrazões às fls. 170/179. Sustenta que a elaboração de laudotécnico apenas surgiu com a edição da Lei n. 9.528/97 e que a única exigência que esta norma faz é que o formulário PPPseja elaborado de acordo com o laudo técnico de condições ambientais de trabalho, sendo desnecessária a apresentaçãodo laudo. Ressalta que a única exigência legal não é a de que seja apresentado o laudo técnico, mas tão somente que oformulário PPP seja elaborado de acordo com os resultados consignados no laudo. Em relação à profissão de mecânico,aponta que a jurisprudência pátria tem orientação no sentido de reconhecer a profissão de mecânico como suscetível deser considerada atividade especial para fins previdenciários. Pugna pela manutenção da sentença.4. Presentes os pressupostos processuais, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.5. No caso dos autos, a parte autora pretende obter aposentadoria por tempo de contribuição com cômputo de atividadeespecial. O período impugnado em sede recursal está compreendido entre 07/11/1977 a 23/10/1982, 11/01/1983 a14/12/1985, 29/01/1986 a 13/03/1989, 01/07/1989 a 15/02/1990, 20/07/1990 a 01/11/1993 e 01/12/1993 a 28/04/1995.6. É garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada comoperigosa, insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos n. 53.831/64 e 83.080/79), antes dapromulgação da Lei n.º 9.032/95, independentemente da produção de laudo pericial comprovando a efetiva exposição aagentes nocivos. Entre 29 de abril de 1995 e 05 de março de 1997, vigente a Lei 9.032/95, é necessária a demonstração deexposição a agentes nocivos por qualquer meio de prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor doDecreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como daespecial condição de nocividade ou periculosidade.7. O art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, em sua redação originária, preconizava que a aposentadoria especialseria devida ao segurado, uma vez cumprida a carência exigida em lei, “conforme a atividade profissional, sujeito acondições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física”, sendo que “o tempo de serviço exercidoalternadamente em atividade comum e em atividade profissional sob condições especiais que sejam ou venham a serconsideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão segundo os critérios deequivalência estabelecidos pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, para efeito de qualquer benefício”.8. Promulgada a Lei n. 9.032/95, o art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, passaram a ter a seguinte redação:Art. 57 – A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tivertrabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem à saúde ou a integridade física, durante 15, 20 ou 25 anos,conforme dispuser a lei...........................§3o – A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o INSS, do tempo detrabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridadefísica, durante o período mínimo fixado.§4o – O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos químicos, físicos,biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para aconcessão de qualquer benefício.

9. Das regras transcritas, observa-se que não basta a mera enunciação da atividade profissional desempenhada, sendonecessária a demonstração de que houve efetiva exposição aos agentes nocivos, físicos, biológicos ou associação deagentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, a partir da Lei n. 9.032/95. Outrossim, o art. 58, da Lei n. 8.213/91, queveiculava regra que dispunha que a relação de atividades profissionais à saúde ou à integridade física seria objeto de leiespecífica, teve tal preceito alterado com a edição da Medida Provisória n. 1.523, de 11 de outubro de 1996, posteriormenteconvertida na Lei n. 9.528/97, que lhe deu a seguinte redação:Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou àintegridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria especial de que trata o artigo anterior será definidapelo Poder Executivo.§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na formaestabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudotécnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.§ 2º Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar informação sobre a existência de tecnologia deproteção coletiva que diminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e recomendação sobre a suaadoção pelo estabelecimento respectivo.§ 3º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos existentes no ambiente detrabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com orespectivo laudo estará sujeita à penalidade prevista no art. 133 desta Lei.§ 4º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelotrabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica desse documento.

10. Regulamentada a norma pelo Decreto n. 2.172, de 05 de março de 1997, a comprovação da efetiva exposição aosagentes nocivos deveria se dar mediante formulário, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico decondições do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, que deve retratar ascondições em que o trabalho é efetivamente prestado, arrolando a tecnologia de proteção empregada e a descrição doambiente de trabalho.

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11. Destarte, a atividade especial pode dar-se até 28 de abril de 1995 pela realização de atividade profissional legalmenteconsiderada prejudicial à saúde ou à integridade física do trabalhador. Entre 29 de abril de 1995 a 05 de março de 1997,vigente a Lei n. 9.032, é necessária a demonstração de exposição a agente nocivo por qualquer meio de prova. A partir de06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rollegal, ou comprovada em concreto, bem como da especial condição de penosidade ou periculosidade.12. No que se refere ao agente nocivo ruído, o nível caracterizador da nocividade é de 80 decibéis até 05/03/1997 (ediçãodo Decreto n. 2.172/97), de 90 dB até 18/11/2003 (edição do Decreto n. 4.882/2003), quando houve uma atenuação e oíndice passou a ser de 85 dB, nos termos pacificados pela jurisprudência, (STJ, 6ª T., AgREsp 727497, Rel. Min. HamiltonCarvalhido, v. u., DJU 01.08.05, p. 603; TRF 3ª R., 10ª T AC 1518937, Rel. Des. Fed. Sérgio Nascimento, v.u., CJ114.03.12; TRF 3ª R., 7ª T.AC 849874, Rel. Des. Fed. Walter do Amaral, v. u., CJ1 30.03.10, p. 861; TRF 3ª R., 9ª T., AI291692, Rel. Des. Fed. Marisa Santos, v. u., DJU 16.08.07, p. 475).13. Em relação ao período compreendido entre 07/11/1977 e 23/10/1982, consta nos autos cópia da CTPS (fl. 16), a qualdemonstra que o autor exerceu a função de emalador. No Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) de fls. 21/22, háindicação de que o autor exerceu a função de emalador entre 07/11/1977 e 31/01/1979, e a função de ajudante de descargaentre 01/02/1979 e 23/10/1982. Entre 07/11/1977 e 31/01/1979, esteve submetido a ruído de 87 dB(A). Entre 01/02/1979 e23/10/1982, o ruído equivalia a 85 dB(A). Há responsável pelos registros ambientais. O PPP foi datado e assinado pelorepresentante da empresa. Nesse caso, não há necessidade de que o laudo técnico seja entregue junto com o PPP. O valorprobatório do PPP não depende invariavelmente da concomitante exibição do correspondente laudo técnico. Em regra,presume-se que o PPP tenha sido expedido em conformidade com o laudo técnico. Como o INSS não impugnouespecificamente o PPP, não há necessidade de que o laudo seja juntado. Ademais, o art. 258, I da Instrução NormativaINSS/PRES n. 77/2015, atualmente em vigor, prevê que, se o PPP contempla períodos laborados até 31/12/2003, o LTCATé dispensado. Assim dispõe o citado enunciado normativo:Art. 258. Para caracterizar o exercício de atividade sujeita a condições especiais o segurado empregado ou trabalhadoravulso deverá apresentar, original ou cópia autenticada da Carteira Profissional - CP ou da Carteira de Trabalho ePrevidência Social - CTPS, observado o art. 246, acompanhada dos seguintes documentos: I - para períodos laborados até 28 de abril de 1995, véspera da publicação da Lei nº 9.032, de 28 de abril de 1995: a) os antigos formulários de reconhecimento de períodos laborados em condições especiais emitidos até 31 de dezembrode 2003, e quando se tratar de exposição ao agente físico ruído, será obrigatória a apresentação, também, do LaudoTécnico de Condições Ambientais do Trabalho - LTCAT; oub) Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP emitido a partir de 1 de janeiro de 2004;

14. A análise do dispositivo acima permite inferir que, quando o PPP é apresentado, não se faz necessária a apresentaçãodo Laudo Técnico. Caso contrário, a alínea b repetiria os mesmos termos da alínea a quanto à necessidade de se juntar olaudo técnico, o que não ocorre. Dessa forma, entendo devida a conversão em especial do tempo compreendido entre07/11/1977 e 23/10/1982.15. No que atine aos períodos compreendidos entre 11/01/1983 a 14/12/1985, 29/01/1986 a 13/03/1989, 01/07/1989 a15/02/1990, 20/07/1990 a 01/11/1993 e 01/12/1993 a 28/04/1995, o autor exerceu diversas funções, tais como: ajudante demecânica, mecânico de veículo, mecânico II (CTPS – fls. 18/20). A ilustre magistrada sentenciante considerou todos osperíodos como especiais pelo enquadramento na atividade de mecânico.16. Entre 11/01/1983 e 14/12/1985, há PPP nos autos (fl. 23), com indicação dos agentes nocivos ruído (mas não mencionaa intensidade), óleo, graxa mineral e hidrocarbonetos. Não há responsável pelos registros ambientais, nem pelamonitoração biológica. O aludido PPP foi emitido em 11/09/2009, com assinatura do representante da empresa. Para operíodo de 29/01/1986 a 13/03/1989, o PPP encontra-se à fl. 24, com indicação de ruído, óleo, graxa mineral ehidrocarbonetos. Não há especificação do nível de ruído, tampouco se aponta o responsável pelos registros ambientais. Háindicação de responsável pela monitoração biológica apenas a partir de 22/04/2005. O PPP foi emitido em 11/09/2009 eassinado pelo representante da empresa. Para o interstício de 01/07/1989 a 15/02/1990, o PPP encontra-se à fl. 25. Não háindicação de agentes nocivos. Para o período de 20/07/1990 a 01/11/1993, consta o formulário DIRBEN-8030 (fl. 26). Aempresa afirmou possuir laudo pericial. Na conclusão do laudo, há a informação de que o segurado ficou exposto ao calor epressão sonora abaixo dos níveis de tolerância. Quanto ao ruído, este foi estabelecido entre 80 e 85 decibéis. O formuláriofoi emitido em 26/12/2003 e contém a assinatura do representante da empresa. O laudo referente a tal período encontra-seàs fls. 27/30. Conforme o laudo, o autor esteve exposto a ruído entre 80 e 85 dB(A) até 01/11/1993. Por fim, em relação aoperíodo de 01/12/1993 a 28/04/1995, há PPP nos autos à fl. 32. Não há responsável pela monitoração biológica ou pelosregistros ambientais. Há indicação de que, no período trabalhado, a empresa não possui avaliação ambiental, motivo peloqual não existe nenhum agente nocivo apontado.17. Reputo que os períodos de 11/01/1983 a 14/12/1985, 29/01/1986 a 13/03/1989, 01/07/1989 a 15/02/1990 e 01/12/1993a 28/04/1995 não permitem o cômputo de atividade especial, caso sejam considerados os documentos comprobatóriosexistentes nos autos, diante da ausência de responsável pelos registros ambientais ou, até mesmo, pela ausência deagentes nocivos. Por outro lado, o período de 20/07/1990 a 01/11/1993 permite o cômputo da atividade especial, diante dosdados fornecidos pelo formulário DIRBEN-8030 e pelo laudo técnico.18. Resta, ainda, a possibilidade de enquadramento por categoria especial em relação aos períodos de 11/01/1983 a14/12/1985 (Construtora Apia Ltda), 29/01/1986 a 13/03/1989 (Construtora Apia Ltda), 01/07/1989 a 15/02/1990 (DirecionalTransportes Ltda) e 01/12/1993 a 28/04/1995 (Viação Capixaba Ltda). Nestes interregnos temporais, o autor exerceu aatividade de mecânico em empresas de construção civil e transporte, razão por que considero tais lapsos temporais comoespeciais pelo enquadramento no item 1.2.11 do Anexo ao Decreto n. 53.831/64, tendo-se em vista a exposiçãopermanente a hidrocarbonetos, considerando-se a atividade fim de seus empregadores. A propósito, colaciono ementa doacórdão prolatado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região em julgamento da APELREEX 5008017-33.2011.404.7104

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(Quinta Turma, Rel. Juíza Federal Maria Isabel Pezzi Klein, D.E. 06/09/2013):PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO/CONTRIBUIÇÃO. APOSENTADORIA ESPECIAL.CONVERSÃO DO PERÍODO ESPECIAL EM COMUM. LEI Nº 9.032/95 E LEI Nº 9.711/98. REQUISITOS PREENCHIDOS.POSSIBILIDADE. AGENTES NOCIVOS QUÍMICOS - RADIAÇÕES NÃO-IONIZANTES E DERIVADOS DEHIDROCARBONETOS. MECÂNICO. USO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL - EPI'S. AUSENTE APROVA EFETIVA DA ELIMINAÇÃO DOS RISCOS À SAÚDE HUMANA. FONTE DE CUSTEIO DO BENEFÍCIO. PRÉVIOAFASTAMENTO DAS ATIVIDADES DO SEGURADO COMO CONDIÇÃO À IMPLANTAÇÃO DO BENEFÍCIO. LEI Nº8.213/91, ARTIGO 57, § 8º. INCONSTITUCIONALIDADE DECLARADA PELA CORTE ESPECIAL DO TRF4R.

�PRESCRIÇÃO. SUCUMBÊNCIA. PREQUESTIONAMENTO. 1. A satisfação das condicionantes estabelecidas na legislaçãode regência, principalmente na Lei nº 9.032/95 e na Lei nº 9.711/98 autoriza a conversão de tempo de serviço comum em

�especial, e vice-versa. 2. Até 28/04/1995 é admissível o reconhecimento da especialidade por categoria profissional ou porsujeição a agentes nocivos, aceitando-se qualquer meio de prova (exceto para ruído); a partir de 29-04-1995 não mais épossível o enquadramento por categoria profissional, devendo existir comprovação da sujeição a agentes nocivos, porqualquer meio de prova, até 05-03-1997 e, a partir de então, por meio de formulário embasado em laudo técnico, ou por

�meio de perícia técnica. 3. A atividade do segurado, no caso, ostenta natureza especial em face da sujeição do seguradoaos efeitos de agentes insalubres de natureza química. Profissional da área de mecânica em cujo iter da jornada laboraestava cotidiana, permanente e habitualmente submetido aos melefícios de derivados de hidrocarbonetos e de radiações

�não-ionizantes. 4. O uso de EPI's (equipamentos de proteção), por si só, não basta para afastar o caráter especial dasatividades desenvolvidas pelo segurado. Seria necessária uma efetiva demonstração da elisão das consequências nocivas,além de prova da fiscalização do empregador sobre o uso permanente dos dispositivos protetores da saúde do obreiro,

�durante toda a jornada de trabalho. 5. O ônus do adequado recolhimento das contribuições do segurado empregado queobra em condições especiais não integra o seu rol de responsabilidades tributárias. Tal pertence ao empregador, devendo aAutarquia, observando a legislação de regência e acaso interesse tenha, adotar cautelas necessárias a satisfazer o suposto

�crédito que reputa lhe seja devido a título de prévia fonte de custeio para ensejar a implantação/revisão do benefício. 6. Oprévio afastamento do segurado de suas atividades laborais não é pressuposto à implantação do benefício qualificado,porque o preceituado no artigo 57, § 8º, da Lei nº 8.213/91 foi declarado inconstitucional pela egrégia Corte Especial deste

� �Regional. 7. Ausência de prescrição quinquenal. Inteligência da Súmula nº 85 do STJ. 8. Sucumbência dosada em atenção�aos precedentes da Turma em demandas de similar jaez. 9. Prequestionamento, quanto à legislação invocada,

estabelecido pelas razões de decidir.

19. Dessa forma, todos os períodos impugnados pelo recorrente correspondem a tempo de atividade especial, motivo peloqual resta incólume a sentença recorrida, a qual apurou o tempo total de 36 anos, 5 meses e 30 dias.20. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Condeno o recorrente ao pagamento de honoráriosadvocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (art. 55, da Lei n. 9.099/95), observada adiretriz contida no enunciado nº 111 da súmula da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (“Os honoráriosadvocatícios, nas ações previdenciárias, não incidem sobre as prestações vencidas após a sentença”).21. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.22. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

91005 - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO

2 - 0004081-69.2006.4.02.5050/02 (2006.50.50.004081-1/02) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: SERGIO ROBERTO LEAL DOS SANTOS.) x JORGE BROETTO (ADVOGADO: ES012249 - FREDERICOAUGUSTO MACHADO, MG097144 - JULIARDI ZIVIANI.).RECURSO Nº 0004081-69.2006.4.02.5050/02 (2006.50.50.004081-1/02)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: JORGE BROETTORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO INTERPOSTOS CONTRA DECISÃO MONOCRÁTICA. ADMISSIBILIDADE COMOAGRAVO REGIMENTAL. JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE NEGATIVO DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO INTEMPESTIVO.IMPOSSIBILIDADE DE JUÍZO DE ADEQUAÇÃO AO PARADIGMA FIRMADO EM REPERCUSSÃO GERAL.MANUTENÇÃO DO ACÓRDÃO PROLATADO PELA TURMA RECURSAL.

O INSS interpõe embargos de declaração, às fls. 215/217, nos quais alega que a decisão monocrática, de fls. 212/213,contém vícios de omissão e contradição. Para tanto, aduz que a decisão é omissa, pois não se pronunciou sobre aaplicação do art. 328-A, do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, o qual determinaria que “o Tribunal de origemou a Turma Recursal faça a adequação, retratando-se ou não, independente de qual seja a posição quanto àadmissibilidade do recurso”. Sustenta que a remessa dos autos ao Supremo Tribunal Federal exige a prévia negativa deretratação do Tribunal ou Turma Recursal que deixar de aplicar o paradigma firmado em julgamento de recurso

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extraordinário, em regime de repercussão geral (art. 543-B, §4º, do Código de Processo Civil; art. 328-A, §2º, do RegimentoInterno do STF).

02. É o relatório.

03. Em juízo de admissibilidade dos Embargos de Declaração, assinalo que, embora tenha entendimento pessoal deque os embargos de declaração possam ser interpostos contra qualquer ato judicial com conteúdo decisório, observo que ajurisprudência majoritária é favorável à admissão dos embargos de declaração, interpostos com o intuito de substituir adecisão monocrática do relator impugnada, como agravo regimental (cf. STJ, EDcl na Rcl 19.350/MT, Segunda Seção, Rel.Min. Moura Ribeiro, DJE 26.09.2014; EDcl no ARESP 519.224/SC, Terceira Turma, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJE09.10.2014), sendo essa a regra veiculada pelo art. 557, § 1º, do Código de Processo Civil.

04. Nesses termos, com base nos princípios da economia processual e da fungibilidade e, por não considerar errogrosseiro, tendo sido observado o prazo recursal, os embargos de declaração de fls. 215/217 são admitidos como agravoregimental.

05. Presentes os pressupostos para a admissibilidade do recurso, passo à análise do seu mérito.

06. Para melhor exame dos vícios alegados pelo INSS, observo que o objeto da demanda originária é a revisão darenda mensal inicial da aposentadoria por invalidez a que faz jus a parte autora, com base no artigo 29, § 5º da Lei8.213/91. A sentença julgou procedente o pedido (fls. 61/63), o que foi reiterado pelo acórdão prolatado pela TurmaRecursal (fls. 77/78).

07. Em sede de Pedido de Uniformização, a TNU manteve o acórdão recorrido (fls. 102/103). O INSS apresentoupedido de reconsideração/agravo interno às fls. 106/124, inadmitidos às fls. 125/127 e, subsequentemente, interpôsembargos de declaração, não conhecidos às fls. 138/144. A autarquia, então, ofereceu incidente de uniformização (fls.157/168) e recurso extraordinário, sob o fundamento de inconstitucionalidade do artigo 9º, § 4º da Resolução do CJF, porofensa aos artigos 5º, LIV e LV, e 22, I da Constituição da República de 1988. Pugnou, assim, pela anulação da decisãomonocrática do MM. Ministro Presidente da TNU que inadmitiu o agravo interno de fls. 91/99-v. Subsidiariamente requereua substituição de tal decisão para julgar improcedente o pedido autoral (fls. 146/156).

08. O Pedido de Uniformização e o Recurso Extraordinário tiveram o seguimento negado pelo MM. MinistroPresidente da TNU, sob o fundamento de intempestividade, por terem sido apresentados após interposição de agravointerno e embargos de declaração tidos por incabíveis, aduzindo-se, ainda, ausência de prequestionamento, no que tangeao princípio contributivo e ao artigo 195, § 5º, da Constituição da República de 1988 (fls. 171/186), tal como se infere daleitura do seguinte trecho (fls. 182/183):“Não merece admissão o presente recurso extraordinário, quanto à ofensa aos artigos 195, parágrafo 5º, e 201, caput eparágrafo 1º, da Constituição Federal, por intempestivo, uma vez que manifestado somente após incabíveis agravo internoe embargos declaratórios, interposto e opostos ao decisum do Presidente da Turma Nacional de Uniformização, quedeterminou a “devolução deste incidente, para que seja mantido o acórdão recorrido”, nos termos do inciso IV do artigo 5ºda Resolução n. 390, de 17 de setembro de 2004, que não comporta recurso para o Colegiado da Turma Nacional.A data de intimação pessoal da decisão impugnada, qual seja 27 de junho de 2008, constituiu dies a quo do prazo deinterposição do Recurso Extraordinário, que somente foi apresentado em 12 de dezembro de 2008, portanto mais de trintadias após o seu término.Manifestamente intempestivo o Recurso Extraordinário, em relação à violação dos artigos 195, parágrafo 5º, e 201, caput eparágrafo 1º, da Constituição Federal, porque interposto para além do prazo que não se suspende ou prorroga por funçãode interposição e dedução de recurso e pedido incabíveis, a sua inadmissão é medida imperativa.De qualquer modo, esse tema constitucional não se constituiu em matéria dos julgados da Turma Recursal e Nacional,resultando não prequestionada a matéria.”

09. Da decisão que negou seguimento ao Recurso Extraordinário foi interposto agravo de instrumento (nº 758213 –0004081-69.2006.4.02.5050/02), para que fosse declarada a nulidade da decisão que inadmitiu o agravo interno e,subsidiariamente, quanto ao mérito, a reforma da decisão do MM. Presidente da TNU, a fim de que fosse julgadoimprocedente o pedido da parte autora.

10. O MM. Presidente da TNU decidiu que os autos deveriam ser remetidos ao Supremo Tribunal Federal, nostermos do art. 544, §2º, do Código de Processo Civil (fl. 190-v), tendo sido determinado, pelo MM. Ministro Gilmar Mendes,em decisão de fl. 194, que eles fossem devolvidos à origem para que se aguardasse o julgamento do RE-RG 583.834, talcomo preconiza o art. 543-B, do Código de Processo Civil. Concluído o julgamento do RE 583.834, o MM. Presidente daTNU determinou o retorno dos autos ao Supremo Tribunal Federal (fl. 197-v), o que deu ensejo à decisão de fl. 200, na qualo Exmo. Min. Relator decidiu que o feito deveria retornar ao tribunal de origem para que se observasse o disposto pelo art.543-B, do Código de Processo Civil, seja para retratar-se da decisão anteriormente proferida ou para mantê-la por outrofundamento (fl. 200).

11. Às fls. 212/213, esta Relatoria decidiu que não seria possível o juízo de adequação do acórdão impugnado aoparadigma firmado em julgamento do RE 583.834, pois o Recurso Extraordinário, que fora interposto, é intempestivo,motivo por que os autos deveriam ser devolvidos ao Supremo Tribunal Federal, ante a manutenção do acórdão recorrido.

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12. Consoante o relatório acima expendido, verifico que não há vício a ser sanado, pois a decisão, de fls. 212/213,não contém premissas contraditórias entre si ou entre estas e a conclusão obtida. De igual modo, não identifico omissão,pois foi afirmado que a intempestividade do recurso extraordinário implica o juízo negativo de sua admissibilidade, o que éum óbice à análise do seu mérito e, por conseguinte, à avaliação acerca da compatibilidade do acórdão da Turma Recursale o paradigma do Supremo Tribunal Federal, proferido em julgamento do RE 583.834, em regime de repercussão geral.Nesse sentido, decidiu o STF em julgamento do AgR no RE 497.406/PR (Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE29/03/2011):AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. INTEMPESTIVIDADE. REPERCUSSÃO GERAL. VÍCIOFORMAL DO RECURSO. INVIABILIDADE DO EXAME DAS QUESTÕES DE FUNDO. O recurso extraordinário éintempestivo, porquanto interposto antes do julgamento dos embargos de declaração, sem que se tenha notícia nos autosde sua posterior ratificação. O entendimento desta Corte é no sentido de que o prazo para interposição de recurso se iniciacom a publicação, no órgão oficial, do acórdão que julgou os embargos declaratórios, uma vez que estes interrompem oprazo para interposição do extraordinário. A aplicação da sistemática de repercussão geral pressupõe que o recurso sejaformalmente viável. Agravo regimental a que se nega provimento.

13. Ante o exposto, conheço os Embargos de Declaração como Agravo Regimental e, no mérito, nego-lheprovimento para manter o acórdão prolatado pela Turma Recursal da Seção Judiciária do Espírito Santo, uma vez que oRecurso Extraordinário, cujo julgamento se pretende por via do Agravo de Instrumento interposto, é intempestivo.

14. Nesses termos, em obediência à decisão de fl. 200, remetam-se os autos ao Supremo Tribunal Federal, deacordo com o art. 328-A, do Regimento Interno daquela Corte.

15. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

3 - 0005691-96.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005691-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.) x LUZIMAR DE SOUZA XAVIER (ADVOGADO:ES018049 - ARIELLA DUTRA LIMA, ES010321 - OLDER VASCO DALBEM DE OLIVEIRA.) x OS MESMOS.RECURSO Nº 0005691-96.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005691-7/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS E LUZIMAR DE SOUZA XAVIERRECORRIDO: OS MESMOSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO COM CÔMPUTO DE ATIVIDADE ESPECIAL.AUXILIAR ODONTOLÓGICO. RECONHECIMENTO DA ATIVIDADE ESPECIAL. TEMPO INSUFICIENTE PARA ACONCESSÃO DE APOSENTADORIA. RECURSO DO INSS CONHECIDO E DESPROVIDO. RECURSO DA PARTEAUTORA CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.1. INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL e LUZIMAR DE SOUZA XAVIER interpõem recursos inominados, às fls.111/115 e 118/140, respectivamente, contra sentença (fls. 107/108) proferida pelo MM. Juiz do 3º Juizado Especial Federalda Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou parcialmente procedente o pedido para condenar o réu a converter emcomum o tempo de serviço especial referente ao período de 03/05/1993 a 28/04/1995, mediante aplicação do fator demultiplicação 1,2, assim como julgou improcedente o pedido de reconhecimento de tempo de serviço especial nos períodosde 29/04/1995 a 01/12/1995 e 15/05/1997 a 30/04/2003 e, ainda, julgou improcedente o pedido de condenação do réu aconceder a aposentadoria por tempo de contribuição.2. O INSS alega que a atividade desenvolvida pela autora consistia em auxiliar o dentista em procedimentos odontológicos,limpar e esterilizar os materiais utilizados e auxiliar nas tarefas administrativas da clínica odontológica, funções que não aexpunham de forma habitual e permanente a agentes nocivos. Pugna pelo provimento do recurso, para julgar improcedenteo pedido autoral.3. LUZIMAR DE SOUZA XAVIER sustenta que esteve exposta a risco biológico durante a sua jornada de trabalho. Alegaque não é razoável que o magistrado firme seu entendimento em mero pressuposto, de modo a contrariar as informaçõestécnicas carreadas aos autos. Argumenta que o Perfil Profissiográfico Previdenciário não precisa trazer a informação deque a exposição a agentes nocivos é habitual e permanente, visto que, apenas quando a exposição não se dá desta forma,é que há referência a respeito da duração da exposição. Afirma que é devido o enquadramento como atividade especial doperíodo compreendido entre 15/05/1997 e 30/04/2003, por correspondência com o código 25 do Anexo ao Decreto n.2.172/97, o qual estabelece como agentes insalubres aqueles relacionados com microorganismos e parasitas infecciosos eseus produtos tóxicos, típicos de atividades desempenhadas em ambientes hospitalares. Pugna pelo provimento dorecurso, para que o pedido seja julgado totalmente procedente e seja concedida aposentadoria integral desde a data deentrada do requerimento.4. LUZIMAR DE SOUZA XAVIER apresenta contrarrazões às fls. 143/151. Aponta que a autarquia não tem razão em suasalegações. Primeiro, porque trabalhou exposta aos agentes insalubres de forma habitual e permanente. Segundo, porque o

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enquadramento em questão não depende de comprovação de habitualidade. Pugna pelo desprovimento do recurso do réu.5. O INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL apresenta contrarrazões às fls. 156/161. Sustenta que a atividade daautora não está elencada como especial e que, a partir de 29/04/1995, é incabível a caracterização de tempo de serviçoespecial por atividade profissional. Requer o desprovimento do recurso interposto pela parte autora.6. Presentes os pressupostos processuais, conheço os recursos e passo à análise do mérito.7. É garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada comoperigosa, insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos n. 53.831/64 e 83.080/79), antes dapromulgação da Lei n.º 9.032/95, independentemente da produção de laudo pericial comprovando a efetiva exposição aagentes nocivos. Entre 29 de abril de 1995 e 05 de março de 1997, vigente a Lei 9.032/95, é necessária a demonstração deexposição a agentes nocivos por qualquer meio de prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor doDecreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como daespecial condição de nocividade ou periculosidade.8. O art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, em sua redação originária, preconizava que a aposentadoria especialseria devida ao segurado, uma vez cumprida a carência exigida em lei, “conforme a atividade profissional, sujeito acondições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física”, sendo que “o tempo de serviço exercidoalternadamente em atividade comum e em atividade profissional sob condições especiais que sejam ou venham a serconsideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão segundo os critérios deequivalência estabelecidos pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, para efeito de qualquer benefício”.9. Promulgada a Lei n. 9.032/95, o art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, passaram a ter a seguinte redação:Art. 57 – A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tivertrabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem à saúde ou a integridade física, durante 15, 20 ou 25 anos,conforme dispuser a lei...........................§3o – A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o INSS, do tempo detrabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridadefísica, durante o período mínimo fixado.§4o – O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos químicos, físicos,biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para aconcessão de qualquer benefício.

10. Das regras transcritas, observa-se que não basta a mera enunciação da atividade profissional desempenhada, sendonecessária a demonstração de que houve efetiva exposição aos agentes nocivos, físicos, biológicos ou associação deagentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, a partir da Lei n. 9.032/95. Outrossim, o art. 58, da Lei n. 8.213/91, queveiculava regra que dispunha que a relação de atividades profissionais à saúde ou à integridade física seria objeto de leiespecífica, teve tal preceito alterado com a edição da Medida Provisória n. 1.523, de 11 de outubro de 1996, posteriormenteconvertida na Lei n. 9.528/97, que lhe deu a seguinte redação:Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou àintegridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria especial de que trata o artigo anterior será definidapelo Poder Executivo.§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na formaestabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudotécnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.§ 2º Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar informação sobre a existência de tecnologia deproteção coletiva que diminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e recomendação sobre a suaadoção pelo estabelecimento respectivo.§ 3º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos existentes no ambiente detrabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com orespectivo laudo estará sujeita à penalidade prevista no art. 133 desta Lei.§ 4º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelotrabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica desse documento.

11. Regulamentada a norma pelo Decreto n. 2.172, de 05 de março de 1997, a comprovação da efetiva exposição aosagentes nocivos deveria se dar mediante formulário, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico decondições do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, que deve retratar ascondições em que o trabalho é efetivamente prestado, arrolando a tecnologia de proteção empregada e a descrição doambiente de trabalho.12. Destarte, a atividade especial pode dar-se até 28 de abril de 1995 pela realização de atividade profissional legalmenteconsiderada prejudicial à saúde ou à integridade física do trabalhador. Entre 29 de abril de 1995 a 05 de março de 1997,vigente a Lei n. 9.032, é necessária a demonstração de exposição a agente nocivo por qualquer meio de prova. A partir de06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rollegal, ou comprovada em concreto, bem como da especial condição de penosidade ou periculosidade.13. O interstício considerado como tempo especial de serviço está compreendido entre 03/05/1993 e 28/04/1995. Por suavez, os períodos de 29/04/1995 a 01/12/1995 e 15/05/1997 a 30/04/2003 não restaram reconhecidos pelo magistradosentenciante.14. No intervalo de 03/05/1993 a 01/12/1995, a autora exerceu o trabalho de auxiliar de atividade odontológica (fl. 30). OPerfil Profissiográfico Previdenciário encontra-se às fls. 37/38. Há responsável pelos registros ambientais no período eindicação de exposição a vírus e bactérias. O formulário PPP foi emitido em 27/04/2011 e devidamente assinado pelorepresentante da empresa. Por sua vez, entre 15/05/1997 e 30/04/2003, a autora também trabalhou como auxiliar de

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atividade odontológica (fl. 30). O formulário PPP encontra-se às fls. 39/40 e foi emitido em 27/04/2011, e nele consta aassinatura do representante do empregador. Há responsável pela monitoração biológica e indicação de exposição a vírus ebactérias.15. O magistrado sentenciante afastou a especialidade do labor a partir de 29/04/1995 pelo fato de os formulários PPP’snão demonstrarem a exposição de forma habitual e permanente. A exposição permanente ao agente danoso só deve serexigida após a entrada em vigor da Lei n. 9.032/95. Este é o entendimento firmado pela jurisprudência, contrariando, assim,a alegação do INSS de que a exposição permanente ao agente nocivo é requisito exigível desde o Decreto n. 53.831/64 (cf.STJ, AgRg no REsp 1.142.056/RS, Quinta Turma, Rel. Ministra Laurita Vaz, Quinta Turma, julgado em 20/9/2012, DJe26/9/2012). Afasto, assim, os argumentos expostos pelo INSS em sua peça recursal, a fim de manter o períodocompreendido entre 03/05/1993 e 28/04/1995 como tempo especial de serviço.16. Com o advento da Lei n. 9.032/95, a comprovação da atividade especial passou a ser efetuada por meio dos formuláriosSB-40 e DSS-8030, além de ser necessária a demonstração da efetiva exposição aos agentes nocivos, inclusive de modohabitual e permanente. Os antigos formulários para requerimento de aposentadoria especial só podem ser aceitos paraperíodos laborados até 31/12/2003 e desde que emitidos até esta data. Após 31/12/2003, a comprovação deve ser feitaatravés do Perfil Profissiográfico Previdenciário. Nesse último caso, o segurado não precisa exibir o laudo técnico, a não serque o INSS aduza alguma impugnação ao teor do PPP.17. Em relação à alegada ausência de indicação de habitualidade e permanência na atividade realizada pela autora,ressalto que o formulário PPP é padronizado pela própria autarquia e não há qualquer campo para preenchimento destainformação. Com isso, é desproporcional e irrazoável o argumento do INSS de que houve omissão na elaboração do PPP.Como este formulário foi elaborado com base no laudo técnico que fica em poder da empresa, presumo que a indicação dehabitualidade e permanência conste do laudo, a partir do qual restou preenchido o PPP de fls. 37/38. Sendo assim, operíodo de 29/04/1995 a 01/12/1995 também deve ser reconhecido como de atividade especial.18. No recurso sob análise, saliento que no PPP, de fls. 39/40, relata-se que a autora trabalhou como auxiliar de atividadesodontológicas entre 15/05/1997 e 30/04/2003, cujas atribuições consistiam em “auxiliar o dentista nos procedimentosodontológicos, limpar e esterilizar os materiais utilizados”. Embora o senso comum possa associar a atividade de auxílioodontológico a atribuições burocráticas, saliento que o documento singulariza o período no qual a demandante apenasdesempenhou atividades administrativas (01/05/2003 a 01/03/2011), sendo possível concluir que o volume de atendimentoprestado pelo consultório odontológico do Serviço Social do Comércio – SESC, em Vila Velha, era significativo a ponto deexpor a autora de modo permanente a agentes infecto-contagiantes. Logo, o interstício entre 15/05/1997 e 30/04/2003 deveser considerado como de trabalho prestado sob condições insalubres para fins previdenciários. Em apoio a esseentendimento, anoto os seguintes julgados:PREVIDENCIÁRIO. PROCESSO CIVIL. SENTENÇA CITRA PETITA. NULIDADE. ART. 515, § 3º DO CPC. EXEGESEEXTENSIVA. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO/CONTRIBUIÇÃO. AUXILIAR DE ENFERMAGEM.CONVERSÃO DE TEMPO ESPECIAL EM COMUM. POSSIBILIDADE. CÁLCULO DA RENDA MENSAL INICIAL.VALORES DOS SALÁRIOS-DE-CONTRIBUIÇÃO. ERRO CONFIGURADO. RECÁLCULO.- Anulada sentença citra petita,mostra-se possível a apreciação da lide, de pronto, pelo Tribunal ad quem. Exegese extensiva do art. 515, § 3º,do CPC.- Oprazo decadencial previsto na Lei nº 8.213/91 (art. 103), com a redação dada pelas Leis nºs. 9.528/97, 9.711/98 e10.839/2004, somente se aplica aos benefícios concedidos após a vigência das referidas normas, que não possuem efeitosretroativos. Precedentes.- Em se tratando de relação de natureza continuativa, a prescrição não atinge o fundo do direito,mas, tão-somente, as prestações compreendidas nos cinco anos anteriores à propositura da ação. Verbete 85 da Súmulado STJ.- À exceção do agente ruído, somente se exige a comprovação, por laudo pericial, do labor exercido em condiçõesespeciais após o advento da Lei nº 9.528/97. Dessarte, anteriormente, ao seu aparecimento, o mero enquadramento daatividade no rol dos Decretos nº 53.831/64 e 83.080/79 bastava à configuração da especialidade do serviço.- A atividadeexercida pela autora, comprovada através dos formulários SB-40 e DSS-8030, encontra-se enquadrada, tanto no item 1.3.2(trabalhos permanentes expostos ao contato com doentes ou materiais infecto-contagiantes- assistência médico,odontológica, hospitalar e outras atividade afins), bem assim, no item 2.1.3 (ocupações de médicos, dentistas eenfermeiros), sendo forçoso o reconhecimento da sua especialidade.- Comprovado que a Autarquia Securitária considerousalários-de-contribuição com valores diversos daqueles, efetivamente, recolhidos, de rigor o recálculo da renda mensalinicial da benesse.- Pedido procedente.(TRF da 3ª Região, AC 00082951220014039999, Décima Turma, Rel. Des. Fed. Anna Maria Pimentel, DJF3 20/08/2008)

PREVIDENCIÁRIO. ATIVIDADE ESPECIAL. AGENTES BIOLÓGICOS (SANGUE E SALIVA). RECONHECIMENTO DETEMPO DE SERVIÇO COMUM - ARTIGO 55, § 3º DA LEI Nº 8.213/91. REVISÃO DE APOSENTADORIA POR TEMPO DECONTRIBUIÇÃO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. 1.Pretende a Autora a revisão de aposentadoria por tempo decontribuição e de pensão por morte, mediante cômputo dos períodos laborados em condições especiais e do tempo deserviço comum trabalhado para a empresa 'Despachante Toledo'. 2.As atividades exercidas no período de 27/11/1995 a31/01/2006, na Prefeitura Municipal de Penápolis, como auxiliar odontológico, em que estava exposto a agente agressivobiológico (saliva e sangue de pacientes), podem ser consideradas especiais, eis que devidamente comprovadas pelosmeios exigidos (formulário padrão, Perfil Profissiográfico Previdenciário e laudo pericial). 3.É possível, ainda, oreconhecimento do tempo de serviço prestado como auxiliar de escritório, no Despachante Tonello (de 01/01/1965 a31/05/1967). 4.Nos termos do artigo 55, § 3º da Lei nº 8.213/91, "a comprovação do tempo de serviço para os efeitos destaLei, inclusive mediante justificação administrativa ou judicial, conforme o disposto no artigo 108, só produzirá efeito quandobaseada em início de prova material, não sendo admitida prova exclusivamente testemunhal, salvo na ocorrência de motivode força maior ou caso fortuito, conforme disposto no Regulamento". 5.A fim de comprovar os períodos acimamencionados, o Autor apresentou: a) declaração do ex-empregador; b) certidão da Prefeitura Municipal de Penápolisatestando a existência da empresa "Antonio Tonello", no ramo de 'Despachante Policial'. 6.As testemunhas ouvidascorroboraram este início de prova material, afirmando que o autor trabalhou na empresa referida, como auxiliar deescritório, no período indicado na inicial. 7.Não custa lembrar que no caso do segurado empregado, a responsabilidade pelo

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recolhimento das contribuições previdenciárias é do empregador, cabendo ao INSS tomar as providências cabíveis para orecebimento de seus créditos. 8.É devida a revisão do benefício desde a data da concessão, compensando-se eventuaispagamentos ocorridos na via administrativa e ressalvando as parcelas colhidas pela prescrição qüinqüenal. 9.Em virtude dasucumbência, arcará o INSS com os honorários advocatícios, ora arbitrados em 15% (quinze por cento) sobre o valor dacondenação, nos termos do § 3º do artigo 20 do Código de Processo Civil e conforme entendimento sufragado pela 10ªTurma desta Corte Regional. Ressalte-se que a base de cálculo sobre a qual incidirá mencionado percentual será compostadas prestações vencidas entre o termo inicial do benefício e a data da presente decisão, em consonância com a Súmula nº111 do Superior Tribunal de Justiça e de acordo com a orientação jurisprudencial pacificada pela Terceira Seção daquelaegrégia Corte. 10.Remessa oficial, tida por interposta, e Apelação do INSS parcialmente providas.(TRF da 3ª Região, AC 00301780520084039999, Décima Turma, Rel. Juíza Federal Giselle França, DJF3 30/07/2008)

19. Com o reconhecimento do tempo de atividade especial prestado entre 03/05/1993 e 28/04/1995, a autora completou 27anos, 4 meses e 28 dias de tempo de contribuição, o que foi insuficiente para a concessão da aposentadoria por tempo decontribuição. Com o reconhecimento de que os períodos compreendidos entre 29/04/1995 e 01/12/1995, assim como entre15/05/1997 e 30/04/2003 também são especiais, acrescento ao tempo anteriormente computado mais 1 ano, 3 meses e 22dias (fator de conversão de 1,2), totalizando, por fim, 28 anos, 8 meses e 20 dias. Entretanto, o tempo apurado ainda éinsuficiente para a concessão do benefício pleiteado pela autora.20. Ante o exposto, conheço o recurso inominado interposto pelo INSS e nego-lhe provimento. Conheço o recursointerposto pela parte autora e dou-lhe parcial provimento, para determinar que os períodos compreendidos entre 29/04/1995e 01/12/1995 e entre 15/05/1997 e 30/04/2003 sejam considerados especiais, com aplicação do índice de conversão 1,2.Honorários advocatícios devidos pelo recorrente vencido (INSS), correspondentes a 10% sobre o valor da causa (art. 55 daLei nº 9.099/95).21. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.22. É como voto.

ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

91005 - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO

4 - 0004557-10.2006.4.02.5050/02 (2006.50.50.004557-2/02) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: SERGIO ROBERTO LEAL DOS SANTOS.) x OTAVIO LEAL DE AGUIAR (ADVOGADO: ES010117 - JOAOFELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.).RECURSO Nº 0004557-10.2006.4.02.5050/02 (2006.50.50.004557-2/02)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: OTAVIO LEAL DE AGUIARRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO INTERPOSTOS CONTRA DECISÃO MONOCRÁTICA. ADMISSIBILIDADE COMOAGRAVO REGIMENTAL. JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE NEGATIVO DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO INTEMPESTIVO.IMPOSSIBILIDADE DE JUÍZO DE ADEQUAÇÃO AO PARADIGMA FIRMADO EM REPERCUSSÃO GERAL.MANUTENÇÃO DO ACÓRDÃO PROLATADO PELA TURMA RECURSAL.

O INSS interpõe embargos de declaração, às fls. 189/191, nos quais alega que a decisão monocrática, de fls. 186/187,contém vícios de omissão e contradição. Para tanto, aduz que a decisão é omissa, pois não se pronunciou sobre aaplicação do art. 328-A, do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, o qual determinaria que “o Tribunal de origemou a Turma Recursal faça a adequação, retratando-se ou não, independente de qual seja a posição quanto àadmissibilidade do recurso”. Sustenta que a remessa dos autos ao Supremo Tribunal Federal exige a prévia negativa deretratação do Tribunal ou Turma Recursal que deixar de aplicar o paradigma firmado em julgamento de recursoextraordinário, em regime de repercussão geral (art. 543-B, §4º, do Código de Processo Civil; art. 328-A, §2º, do RegimentoInterno do STF).

02. É o relatório.

03. Em juízo de admissibilidade dos Embargos de Declaração, assinalo que, embora tenha entendimento pessoal deque os embargos de declaração possam ser interpostos contra qualquer ato judicial com conteúdo decisório, observo que ajurisprudência majoritária é favorável à admissão dos embargos de declaração, interpostos com o intuito de substituir adecisão monocrática do relator impugnada, como agravo regimental (cf. STJ, EDcl na Rcl 19.350/MT, Segunda Seção, Rel.Min. Moura Ribeiro, DJE 26.09.2014; EDcl no ARESP 519.224/SC, Terceira Turma, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJE09.10.2014), sendo essa a regra veiculada pelo art. 557, § 1º, do Código de Processo Civil.

04. Nesses termos, com base nos princípios da economia processual e da fungibilidade e, por não considerar errogrosseiro, tendo sido observado o prazo recursal, os embargos de declaração de fls. 189/191 são admitidos como agravo

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regimental.

05. Presentes os pressupostos para a admissibilidade do recurso, passo à análise do seu mérito.

06. Para melhor exame dos vícios alegados pelo INSS, observo que o objeto da demanda originária é a revisão darenda mensal inicial da aposentadoria por invalidez a que faz jus a parte autora, com base no artigo 29, § 5º da Lei8.213/91. A sentença julgou procedente o pedido (fls. 38/40), o que foi reiterado pelo acórdão prolatado pela TurmaRecursal (fl. 57).

07. Em sede de Pedido de Uniformização, a TNU manteve o acórdão recorrido (fls. 87/88). O INSS apresentoupedido de reconsideração/agravo interno às fls. 91/99-v, inadmitidos às fls. 101/103 e, subsequentemente, interpôsembargos de declaração, não conhecidos às fls. 114/121. A autarquia, então, ofereceu incidente de uniformização (fls.124/130-v) e recurso extraordinário, sob o fundamento de inconstitucionalidade do artigo 9º, § 4º da Resolução do CJF, porofensa aos artigos 5º, LIV e LV, e 22, I da Constituição da República de 1988. Pugnou, assim, pela anulação da decisãomonocrática do MM. Ministro Presidente da TNU que inadmitiu o agravo interno de fls. 91/99-v. Subsidiariamente requereua substituição de tal decisão para julgar improcedente o pedido autoral (fls. 131/141-v).

08. O Pedido de Uniformização e o Recurso Extraordinário tiveram o seguimento negado pelo MM. MinistroPresidente da TNU, sob o fundamento de intempestividade, por terem sido apresentados após interposição de agravointerno e embargos de declaração tidos por incabíveis, aduzindo-se, ainda, ausência de prequestionamento, no que tangeao princípio contributivo e ao artigo 195, § 5º, da Constituição da República de 1988 (fls. 144/159), tal como se infere daleitura do seguinte trecho (fls. 155/156):“Não merece admissão o presente recurso extraordinário, quanto à ofensa aos artigos 195, parágrafo 5º, e 201, caput eparágrafo 1º, da Constituição Federal, por intempestivo, uma vez que manifestado somente após incabíveis agravo internoe embargos declaratórios, interposto e opostos ao decisum do Presidente da Turma Nacional de Uniformização, quedeterminou a “devolução deste incidente, para que seja mantido o acórdão recorrido”, nos termos do inciso IV do artigo 5ºda Resolução n. 390, de 17 de setembro de 2004, que não comporta recurso para o Colegiado da Turma Nacional.A data de intimação pessoal da decisão impugnada, qual seja 27 de junho de 2008, constituiu dies a quo do prazo deinterposição do Recurso Extraordinário, que somente foi apresentado em 12 de dezembro de 2008, portanto mais de trintadias após o seu término.Manifestamente intempestivo o Recurso Extraordinário, em relação à violação dos artigos 195, parágrafo 5º, e 201, caput eparágrafo 1º, da Constituição Federal, porque interposto para além do prazo que não se suspende ou prorroga por funçãode interposição e dedução de recurso e pedido incabíveis, a sua inadmissão é medida imperativa.De qualquer modo, esse tema constitucional não se constituiu em matéria dos julgados da Turma Recursal e Nacional,resultando não prequestionada a matéria.”

09. Da decisão que negou seguimento ao Recurso Extraordinário foi interposto agravo de instrumento (nº752698-4/40 – 0004557-10.2006.4.02.5050/02), para que fosse declarada a nulidade da decisão que inadmitiu o agravointerno e, subsidiariamente, quanto ao mérito, a reforma da decisão do MM. Presidente da TNU, a fim de que fosse julgadoimprocedente o pedido da parte autora.

10. O MM. Presidente da TNU decidiu que os autos deveriam ser remetidos ao Supremo Tribunal Federal, nostermos do art. 544, §2º, do Código de Processo Civil (fl. 164-v), tendo sido determinado, pelo MM. Ministro Gilmar Mendes,em decisão de fl. 168, que eles fossem devolvidos à origem para que se aguardasse o julgamento do RE-RG 583.834, talcomo preconiza o art. 543-B, do Código de Processo Civil. Concluído o julgamento do RE 583.834, o MM. Presidente daTNU determinou o retorno dos autos ao Supremo Tribunal Federal (fl. 172-v), o que deu ensejo à decisão de fl. 174, na qualo Exmo. Min. Relator decidiu que o feito deveria retornar ao tribunal de origem para que se observasse o disposto pelo art.543-B, do Código de Processo Civil, seja para retratar-se da decisão anteriormente proferida ou para mantê-la por outrofundamento (fl. 174).

11. Às fls. 186/187, esta Relatoria decidiu que não seria possível o juízo de adequação do acórdão impugnado aoparadigma firmado em julgamento do RE 583.834, pois o Recurso Extraordinário, que fora interposto, é intempestivo,motivo por que os autos deveriam ser devolvidos ao Supremo Tribunal Federal, ante a manutenção do acórdão recorrido.

12. Consoante o relatório acima expendido, verifico que não há vício a ser sanado, pois a decisão, de fls. 186/187,não contém premissas contraditórias entre si ou entre estas e a conclusão obtida. De igual modo, não identifico omissão,pois foi afirmado que a intempestividade do recurso extraordinário implica o juízo negativo de sua admissibilidade, o que éum óbice à análise do seu mérito e, por conseguinte, à avaliação acerca da compatibilidade do acórdão da Turma Recursale o paradigma do Supremo Tribunal Federal, proferido em julgamento do RE 583.834, em regime de repercussão geral.Nesse sentido, decidiu o STF em julgamento do AgR no RE 497.406/PR (Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE29/03/2011):AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. INTEMPESTIVIDADE. REPERCUSSÃO GERAL. VÍCIOFORMAL DO RECURSO. INVIABILIDADE DO EXAME DAS QUESTÕES DE FUNDO. O recurso extraordinário éintempestivo, porquanto interposto antes do julgamento dos embargos de declaração, sem que se tenha notícia nos autosde sua posterior ratificação. O entendimento desta Corte é no sentido de que o prazo para interposição de recurso se iniciacom a publicação, no órgão oficial, do acórdão que julgou os embargos declaratórios, uma vez que estes interrompem oprazo para interposição do extraordinário. A aplicação da sistemática de repercussão geral pressupõe que o recurso sejaformalmente viável. Agravo regimental a que se nega provimento.

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13. Ante o exposto, conheço os Embargos de Declaração como Agravo Regimental e, no mérito, nego-lheprovimento para manter o acórdão prolatado pela Turma Recursal da Seção Judiciária do Espírito Santo, uma vez que oRecurso Extraordinário, cujo julgamento se pretende por via do Agravo de Instrumento interposto, é intempestivo.

14. Nesses termos, em obediência à decisão de fl. 174, remetam-se os autos ao Supremo Tribunal Federal, deacordo com o art. 328-A, do Regimento Interno daquela Corte.

15. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

5 - 0001003-76.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.001003-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.) x ODENIR GERALDO VIEIRA (ADVOGADO:ES017552 - MARCELO NUNES DA SILVEIRA, ES015788 - JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS.) x OS MESMOS.RECURSO Nº 0001003-76.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.001003-2/01)RECORRENTES: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL E ODENIR GERALDO VIEIRARECORRIDOS: OS MESMOSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO COM CÔMPUTO DE ATIVIDADE ESPECIAL.RUÍDO. EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL. RECURSO DO AUTOR PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESSAPARTE, PROVIDO. RECURSO DO INSS CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.1. INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL e ODENIR GERALDO VIEIRA interpõem recursos inominados, às fls.98/131 e 132/154, respectivamente, contra sentença (fls. 88/95) proferida pelo MM. Juiz do Juizado Especial Federal deSerra, que julgou parcialmente procedente o pedido inicial, de forma a reconhecer o caráter especial do labor exercido entre13/08/1976 a 18/10/1985 e 19/06/1991 a 25/02/2000.2. O INSS alega que, a partir de 06/03/1997, o limite máximo de ruído ao qual o segurado poderia ser exposto era de 90dB(A), valor superior ao que o autor foi submetido (86,6 dB(A) sem considerar o EPI e 84 dB(A) ao considerá-lo), motivopelo qual não é cabível o reconhecimento de tempo especial entre 06/03/1997 e 25/02/2000. Argumenta que a utilização deEquipamento de Proteção Individual (EPI) eficaz afasta a especialidade da atividade. Afirma que desconsiderar a utilizaçãodo EPI eficaz implicaria, ainda, violação ao devido processo legal e aos princípios do equilíbrio atuarial e financeiro e daprévia fonte de custeio. Por fim, aduz não ser possível ao magistrado atuar como legislador positivo. Pugna pelo provimentodo recurso, com a reforma da sentença, para que seja julgado improcedente o pedido inicial.3. ODENIR GERALDO VIEIRA sustenta que o período compreendido entre 08/03/2001 a 22/07/2002 deve ser reconhecidocomo especial, visto que abrangido pelo laudo técnico de fl. 23. Afirma que houve avaliação superficial sobre osdocumentos de fls. 25/26 e 78/80, os quais demonstram níveis de ruído superiores ao limite legal. Por fim, alega que hánecessidade de reforma do cálculo de tempo de contribuição apurado administrativamente. Requer a reforma da sentençacom a concessão da aposentadoria por tempo de contribuição.4. Em relação aos documentos de fls. 25/26 e 78/80, ressalto que fazem referência aos períodos em que o autor laborou naempresa “Polido Têxtil S/A”, compreendidos entre 09/08/2004 e 30/07/2010. O recorrente apontou que foram analisadossuperficialmente, mas apenas fez referência ao agente nocivo “ruído”. Importa salientar que não houve análise superficialdo agente indicado pelo autor. O magistrado sentenciante relatou, expressamente, que alguns períodos atingiram níveis deruído superiores a 85 decibéis. Todavia, deixava de considerá-los especiais por entender que o Perfil ProfissiográficoPrevidenciário não havia sido instruído com o respectivo histograma ou memória de cálculo. Como o autor não impugnouespecificamente este fato, e fez referência genérica aos motivos que levaram ao indeferimento deste período, deixo deconhecer o recurso nessa parte.5. No mesmo sentido, a impugnação ao cálculo administrativo não demonstra qual seria o tempo de contribuição correto aser considerado, e sequer aponta o erro que teria sido cometido pelo Juízo monocrático. Em virtude da ausência deimpugnação específica, deixo de conhecer o recurso nesse pormenor.6. Passo à análise do recurso do INSS e do recurso do autor, na parte em que conhecido.7. É garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada comoperigosa, insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos n. 53.831/64 e 83.080/79), antes dapromulgação da Lei n.º 9.032/95, independentemente da produção de laudo pericial comprovando a efetiva exposição aagentes nocivos. Entre 29 de abril de 1995 e 05 de março de 1997, vigente a Lei 9.032/95, é necessária a demonstração deexposição a agentes nocivos por qualquer meio de prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor doDecreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como daespecial condição de nocividade ou periculosidade.8. O art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, em sua redação originária, preconizava que a aposentadoria especialseria devida ao segurado, uma vez cumprida a carência exigida em lei, “conforme a atividade profissional, sujeito acondições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física”, sendo que “o tempo de serviço exercido

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alternadamente em atividade comum e em atividade profissional sob condições especiais que sejam ou venham a serconsideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão segundo os critérios deequivalência estabelecidos pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, para efeito de qualquer benefício”.9. Promulgada a Lei n. 9.032/95, o art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, passaram a ter a seguinte redação:Art. 57 – A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tivertrabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem à saúde ou a integridade física, durante 15, 20 ou 25 anos,conforme dispuser a lei...........................§3o – A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o INSS, do tempo detrabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridadefísica, durante o período mínimo fixado.§4o – O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos químicos, físicos,biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para aconcessão de qualquer benefício.

10. Das regras transcritas, observa-se que não basta a mera enunciação da atividade profissional desempenhada, sendonecessária a demonstração de que houve efetiva exposição aos agentes nocivos, físicos, biológicos ou associação deagentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, a partir da Lei n. 9.032/95. Outrossim, o art. 58, da Lei n. 8.213/91, queveiculava regra que dispunha que a relação de atividades profissionais à saúde ou à integridade física seria objeto de leiespecífica, teve tal preceito alterado com a edição da Medida Provisória n. 1.523, de 11 de outubro de 1996, posteriormenteconvertida na Lei n. 9.528/97, que lhe deu a seguinte redação:Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou àintegridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria especial de que trata o artigo anterior será definidapelo Poder Executivo.§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na formaestabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudotécnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.§ 2º Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar informação sobre a existência de tecnologia deproteção coletiva que diminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e recomendação sobre a suaadoção pelo estabelecimento respectivo.§ 3º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos existentes no ambiente detrabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com orespectivo laudo estará sujeita à penalidade prevista no art. 133 desta Lei.§ 4º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelotrabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica desse documento.

11. Regulamentada a norma pelo Decreto n. 2.172, de 05 de março de 1997, a comprovação da efetiva exposição aosagentes nocivos deveria se dar mediante formulário, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico decondições do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, que deve retratar ascondições em que o trabalho é efetivamente prestado, arrolando a tecnologia de proteção empregada e a descrição doambiente de trabalho.12. Destarte, a atividade especial pode dar-se até 28 de abril de 1995 pela realização de atividade profissional legalmenteconsiderada prejudicial à saúde ou à integridade física do trabalhador. Entre 29 de abril de 1995 a 05 de março de 1997,vigente a Lei n. 9.032, é necessária a demonstração de exposição a agente nocivo por qualquer meio de prova. A partir de06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rollegal, ou comprovada em concreto, bem como da especial condição de penosidade ou periculosidade.13. No que se refere ao agente nocivo ruído, o nível caracterizador da nocividade é de 80 decibéis até 05/03/1997 (ediçãodo Decreto n. 2.172/97), de 90 dB até 18/11/2003 (edição do Decreto n. 4.882/2003), quando houve uma atenuação e oíndice passou a ser de 85 dB, nos termos pacificados pela jurisprudência, (STJ, 6ª T., AgREsp 727497, Rel. Min. HamiltonCarvalhido, v. u., DJU 01.08.05, p. 603; TRF 3ª R., 10ª T AC 1518937, Rel. Des. Fed. Sérgio Nascimento, v.u., CJ114.03.12; TRF 3ª R., 7ª T.AC 849874, Rel. Des. Fed. Walter do Amaral, v. u., CJ1 30.03.10, p. 861; TRF 3ª R., 9ª T., AI291692, Rel. Des. Fed. Marisa Santos, v. u., DJU 16.08.07, p. 475).14. O INSS aponta que o período compreendido entre 06/03/1997 e 25/02/2000 não pode ser considerado especial pelofato de o Decreto n. 2.172/97 ter alterado o nível caracterizador de ruído para 90 decibéis. Neste aspecto, a autarquiaprevidenciária tem razão. A jurisprudência pacificou-se no sentido de que o tempo de trabalho laborado com exposição aruído é considerado especial para fins de conversão nos termos do seguinte acórdão do Superior Tribunal de Justiça, queensejou o cancelamento do enunciado n. 32, da súmula da jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização:PREVIDENCIÁRIO. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. ÍNDICE MÍNIMO DE RUÍDO A SERCONSIDERADO PARA FINS DE CONTAGEM DE TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL. APLICAÇÃO RETROATIVA DOÍNDICE SUPERIOR A 85 DECIBÉIS PREVISTO NO DECRETO N. 4.882/2003. IMPOSSIBILIDADE. TEMPUS REGITACTUM. INCIDÊNCIA DO ÍNDICE SUPERIOR A 90 DECIBÉIS NA VIGÊNCIA DO DECRETO N. 2.172/97.ENTENDIMENTO DA TNU EM DESCOMPASSO COM A JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE SUPERIOR.1. Incidente de uniformização de jurisprudência interposto pelo INSS contra acórdão da Turma Nacional de Uniformizaçãodos Juizados Especiais Federais que fez incidir ao caso o novo texto do enunciado n. 32/TNU: O tempo de trabalholaborado com exposição a ruído é considerado especial, para fins de conversão em comum, nos seguintes níveis: superiora 80 decibéis, na vigência do Decreto n. 53.831/64 e, a contar de 5 de março de 1997, superior a 85 decibéis, por força daedição do Decreto n. 4.882, de 18 de novembro de 2003, quando a Administração Pública reconheceu e declarou anocividade à saúde de tal índice de ruído.

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2. A contagem do tempo de trabalho de forma mais favorável àquele que esteve submetido a condições prejudiciais àsaúde deve obedecer a lei vigente na época em que o trabalhador esteve exposto ao agente nocivo, no caso ruído. Assim,na vigência do Decreto n. 2.172, de 5 de março de 1997, o nível de ruído a caracterizar o direito à contagem do tempo detrabalho como especial deve ser superior a 90 decibéis, só sendo admitida a redução para 85 decibéis após a entrada emvigor do Decreto n. 4.882, de 18 de novembro de 2003. Precedentes: AgRg nos EREsp 1157707/RS, Rel. Min. João Otáviode Noronha, Corte Especial, DJe 29/05/2013; AgRg no REsp 1326237/SC, Rel. Min. Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe13/05/2013; REsp 1365898/RS, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 17/04/2013; AgRg no REsp 1263023/SC,Rel. Min. Gilson Dipp, Quinta Turma, DJe 24/05/2012; e AgRg no REsp 1146243/RS, Rel. Min. Maria Thereza de AssisMoura, DJe 12/03/2012.3. Incidente de uniformização provido.(Pet 9059/RS, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 28/08/2013, DJe 09/09/2013)

15. Conforme explicitado no precedente do Superior Tribunal de Justiça, o ruído deve ser considerado nos seguintes níveis:i) na vigência do Decreto nº 53.831/64 até 04/03/1997: 80 decibéis; ii) entre 05/03/1997 e 17/11/2003: 90 decibéis; iii) apartir de 18/11/2003: 85 decibéis. Dessa forma, excluo do tempo considerado especial pelo magistrado sentenciante operíodo de 06/03/1997 a 25/02/2000.16. O INSS alega que o uso de Equipamento de Proteção Individual - EPI afastaria a inflûencia dos agentes nocivos àsaúde do segurado e, por conseguinte, implicaria que o cômputo do tempo de serviço prestado em tais condições nãosofresse incremento. Contudo, o fornecimento de Equipamento de Proteção Individual, ainda que usado continuamente,não basta para que seja descaracterizado o prejuízo inerente à prestação de serviço em condições de insalubridade (cf.enunciado n. 289, da súmula da jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho), sendo necessária a efetiva prova de quea utilização do EPI tenha sido capaz de eliminar os efeitos negativos decorrentes do trabalho realizado com exposição aagentes nocivos (cf. STJ, AgRg no ARESP 567.415/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Og Fernandes, DJE 15.10.2014; AgRgno ARESP 551.460/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 09.10.2014; RESP 720.082/MG, Quinta Turma,Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJ 10.04.2006, p. 279). Acrescento que, para o agente ruído, o uso de EPI não basta paraafastar o prejuízo à saúde, pois os danos decorrentes à sua exposição não se limitam ao aparelho auditivo, sendo este oentendimento consolidado no enunciado n. 9 da súmula da TNU (“O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI),ainda que elimine a insalubridade, no caso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especialprestado”).17. Cumpre destacar que a orientação, segundo a qual a declaração do empregador sobre a eficácia do uso deEquipamento de Proteção Individual não excluiria o incremento do cômputo do tempo de serviço, foi acatada pelo SupremoTribunal Federal em julgamento do ARE 664.335/SC (Pleno, Rel. Min. Luiz Fux, DJE 11.02.2015), em regime derepercussão geral, ocasião na qual também se afastou a alegação de que esta interpretação acarretava majoração debenefício previdenciário sem a respectiva fonte de custeio.18. Por sua vez, o autor impugna o indeferimento do período de 08/03/2001 a 22/07/2002 como de atividade especial.Nesse interstício, o autor esteve empregado na empresa “INBRAC”, como operador de produção (Carteira de Trabalho ePrevidência Social de fl. 14). Conforme o Perfil Profissiográfico Previdenciário de fls. 23/24, o autor esteve exposto a ruídoequivalente a 95,9 dB(A). Havia responsável pelos registros ambientais e pela monitoração biológica. O PPP foi emitido em20/04/2010 e encontra-se assinado pelo representante legal da empresa. Diante das informações apresentadas peloformulário acima, reputo que a atividade exercida entre 08/03/2001 e 22/07/2002 deve ser considerada especial.19. Ante o exposto, conheço o recurso do INSS e dou-lhe parcial provimento para excluir do tempo de atividade especial operíodo compreendido entre 06/03/1997 e 25/02/2000. Conheço, em parte, o recurso do autor e, na parte conhecida,dou-lhe provimento, a fim de incluir como tempo especial o período compreendido entre 08/03/2001 e 22/07/2002.20. Defiro ao autor os benefícios da gratuidade de justiça (fls. 5 e 8). Sem custas. Sem condenação em honorários, dianteda sucumbência recíproca.21. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

91005 - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO

6 - 0006844-43.2006.4.02.5050/02 (2006.50.50.006844-4/02) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: SERGIO ROBERTO LEAL DOS SANTOS.) x EDIVAL SOUZA DA COSTA (ADVOGADO: ES010117 - JOAOFELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.).RECURSO Nº 0006844-43.2006.4.02.5050/02 (2006.50.50.006844-4/02)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: EDIVAL SOUZA DA COSTARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO INTERPOSTOS CONTRA DECISÃO MONOCRÁTICA. ADMISSIBILIDADE COMOAGRAVO REGIMENTAL. JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE NEGATIVO DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO INTEMPESTIVO.IMPOSSIBILIDADE DE JUÍZO DE ADEQUAÇÃO AO PARADIGMA FIRMADO EM REPERCUSSÃO GERAL.

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MANUTENÇÃO DO ACÓRDÃO PROLATADO PELA TURMA RECURSAL.

O INSS interpõe embargos de declaração, às fls. 174/176, nos quais alega que a decisão monocrática, de fls. 171/172,contém vícios de omissão e contradição. Para tanto, aduz que a decisão é omissa, pois não se pronunciou sobre aaplicação do art. 328-A, do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, o qual determinaria que “o Tribunal de origemou a Turma Recursal faça a adequação, retratando-se ou não, independente de qual seja a posição quanto àadmissibilidade do recurso”. Sustenta que a remessa dos autos ao Supremo Tribunal Federal exige a prévia negativa deretratação do Tribunal ou Turma Recursal que deixar de aplicar o paradigma firmado em julgamento de recursoextraordinário, em regime de repercussão geral (art. 543-B, §4º, do Código de Processo Civil; art. 328-A, §2º, do RegimentoInterno do STF).

02. É o relatório.

03. Em juízo de admissibilidade dos Embargos de Declaração, assinalo que, embora tenha entendimento pessoal deque os embargos de declaração possam ser interpostos contra qualquer ato judicial com conteúdo decisório, observo que ajurisprudência majoritária é favorável à admissão dos embargos de declaração, interpostos com o intuito de substituir adecisão monocrática do relator impugnada, como agravo regimental (cf. STJ, EDcl na Rcl 19.350/MT, Segunda Seção, Rel.Min. Moura Ribeiro, DJE 26.09.2014; EDcl no ARESP 519.224/SC, Terceira Turma, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJE09.10.2014), sendo essa a regra veiculada pelo art. 557, § 1º, do Código de Processo Civil.

04. Nesses termos, com base nos princípios da economia processual e da fungibilidade e, por não considerar errogrosseiro, tendo sido observado o prazo recursal, os embargos de declaração de fls. 174/176 são admitidos como agravoregimental.

05. Presentes os pressupostos para a admissibilidade do recurso, passo à análise do seu mérito.

06. Para melhor exame dos vícios alegados pelo INSS, observo que o objeto da demanda originária é a revisão darenda mensal inicial da aposentadoria por invalidez a que faz jus a parte autora, com base no artigo 29, § 5º da Lei8.213/91. A sentença julgou procedente o pedido (fls. 50/52), o que foi reiterado pelo acórdão prolatado pela TurmaRecursal (fl. 65).

07. Em sede de Pedido de Uniformização, a TNU manteve o acórdão recorrido (fls. 95/96). O INSS apresentoupedido de reconsideração/agravo interno às fls. 99/114, inadmitidos às fls. 116/118 e, subsequentemente, interpôsembargos de declaração, não conhecidos às fls. 124/125. A autarquia, então, ofereceu recurso extraordinário, sob ofundamento de inconstitucionalidade do artigo 9º, § 4º da Resolução do CJF, por ofensa aos artigos 5º, LIV e LV, e 22, I daConstituição da República de 1988. Pugnou, assim, pela anulação da decisão monocrática do MM. Ministro Presidente daTNU que inadmitiu o agravo interno de fls. 91/99-v. Subsidiariamente requereu a substituição de tal decisão para julgarimprocedente o pedido autoral (fls. 128/139-v).

08. O Recurso Extraordinário teve o seguimento negado pelo MM. Ministro Presidente da TNU, sob o fundamento deintempestividade, por ter sido apresentado após interposição de agravo interno e embargos de declaração tidos porincabíveis, aduzindo-se, ainda, ausência de prequestionamento, no que tange ao princípio contributivo e ao artigo 195, § 5º,da Constituição da República de 1988 (fls. 142/152), tal como se infere da leitura do seguinte trecho (fl. 151):“Não merece admissão o presente recurso extraordinário, por intempestivo, eis que manifestado somente após incabíveisagravo interno e embargos declaratórios, interposto e opostos ao decisum do Presidente da Turma Nacional deUniformização, que não comporta recurso para o Colegiado da Turma Nacional e determinou a “devolução deste incidente,para que fosse mantido o acórdão recorrido”, nos termos do inciso IV do artigo 5º da Resolução n. 390, de 17 de setembrode 2004.A data de intimação pessoal da decisão impugnada, qual seja 17 de junho de 2008, constituiu dies a quo do prazo deinterposição do Recurso Extraordinário, que somente foi apresentado em 12 de dezembro de 2008, portanto mais de trintadias após o seu término.De qualquer modo, os temas constitucionais, relativos ao princípio contributivo e ao artigo 195, parágrafo 5º, da ConstituiçãoFederal, não se constituíram em matéria dos julgados das Turmas Recursal e Nacional, resultando não prequestionada amatéria, até porque embargos declaratórios incabíveis opostos à decisão relativa a agravo interno incabível não se prestama prequestionamento, mesmo para o Supremo Tribunal Federal, mormente porque, em relação ao decisum da Presidênciada Turma Nacional de Uniformização, são intempestivos.”

09. Da decisão que negou seguimento ao Recurso Extraordinário foi interposto agravo de instrumento (nº757926-4/40 – 0006844-43.2006.4.02.5050/02), para que fosse declarada a nulidade da decisão que inadmitiu o agravointerno e, subsidiariamente, quanto ao mérito, a reforma da decisão do MM. Presidente da TNU, a fim de que fosse julgadoimprocedente o pedido da parte autora.

10. O MM. Presidente da TNU decidiu que os autos deveriam ser remetidos ao Supremo Tribunal Federal, nostermos do art. 544, §2º, do Código de Processo Civil (fl. 155-v), tendo sido determinado pelo Supremo Tribunal Federal queeles fossem devolvidos à origem para que se aguardasse o julgamento do RE-RG 583.834, tal como preconiza o art. 543-B,do Código de Processo Civil (fl. 156v). Concluído o julgamento do RE 583.834, o MM. Presidente da TNU determinou oretorno dos autos ao Supremo Tribunal Federal (fl. 157-v), o que deu ensejo à decisão de fls. 159/160, na qual o Exmo. Min.Ayres Britto decidiu que o feito deveria retornar ao tribunal de origem para que se observasse o disposto pelo art. 543-B, do

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Código de Processo Civil, seja para retratar-se da decisão anteriormente proferida ou para mantê-la por outro fundamento(fls. 159/160).

11. Às fls. 171/172, esta Relatoria decidiu que não seria possível o juízo de adequação do acórdão impugnado aoparadigma firmado em julgamento do RE 583.834, pois o Recurso Extraordinário, que fora interposto, é intempestivo,motivo por que os autos deveriam ser devolvidos ao Supremo Tribunal Federal, ante a manutenção do acórdão recorrido.

12. Consoante o relatório acima expendido, verifico que não há vício a ser sanado, pois a decisão, de fls. 171/172,não contém premissas contraditórias entre si ou entre estas e a conclusão obtida. De igual modo, não identifico omissão,pois foi afirmado que a intempestividade do recurso extraordinário implica o juízo negativo de sua admissibilidade, o que éum óbice à análise do seu mérito e, por conseguinte, à avaliação acerca da compatibilidade do acórdão da Turma Recursale o paradigma do Supremo Tribunal Federal, proferido em julgamento do RE 583.834, em regime de repercussão geral.Nesse sentido, decidiu o STF em julgamento do AgR no RE 497.406/PR (Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE29/03/2011):AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. INTEMPESTIVIDADE. REPERCUSSÃO GERAL. VÍCIOFORMAL DO RECURSO. INVIABILIDADE DO EXAME DAS QUESTÕES DE FUNDO. O recurso extraordinário éintempestivo, porquanto interposto antes do julgamento dos embargos de declaração, sem que se tenha notícia nos autosde sua posterior ratificação. O entendimento desta Corte é no sentido de que o prazo para interposição de recurso se iniciacom a publicação, no órgão oficial, do acórdão que julgou os embargos declaratórios, uma vez que estes interrompem oprazo para interposição do extraordinário. A aplicação da sistemática de repercussão geral pressupõe que o recurso sejaformalmente viável. Agravo regimental a que se nega provimento.

13. Ante o exposto, conheço os Embargos de Declaração como Agravo Regimental e, no mérito, nego-lheprovimento para manter o acórdão prolatado pela Turma Recursal da Seção Judiciária do Espírito Santo, uma vez que oRecurso Extraordinário, cujo julgamento se pretende por via do Agravo de Instrumento interposto, é intempestivo.

14. Nesses termos, em obediência à decisão de fls. 159/160, remetam-se os autos ao Supremo Tribunal Federal, deacordo com o art. 328-A, do Regimento Interno daquela Corte.

15. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

7 - 0006066-34.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006066-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ROMOALDO JOSÉMORELLATO (DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).RECURSO Nº 0006066-34.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006066-7/01)RECORRENTE: ROMOALDO JOSÉ MORELLATORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO COM CÔMPUTO DE TEMPO DE ATIVIDADEESPECIAL. INFORMAÇÕES DIVERGENTES NOS DOCUMENTOS ENCARTADOS AOS AUTOS. NÃO COMPROVAÇÃODE EFETIVA EXPOSIÇÃO AO AGENTE NOCIVO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.1. ROMOALDO JOSÉ MORELATTO interpõe recurso inominado, às fls. 60/66, contra sentença (fls. 55/57) proferida peloMM. Juiz do 3º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedente o pedido decondenação do INSS a conceder a aposentadoria por tempo de contribuição; improcedente o pedido de reconhecimento deatividade especial nos períodos de 16/05/1974 a 15/04/1981, 16/08/1981 a 18/02/1992 e 01/07/1992 a 13/11/1998; eprocedente o pedido para condenar o réu a averbar o tempo de serviço referente ao período de 05/01/1973 a 26/04/1973.2. O recorrente alega que os agentes nocivos “frio” e “calor” dispensam a apresentação de laudo técnico. Sustenta que oformulário de fl. 21 deixou claro que havia exposição habitual e permanente aos agentes nocivos citados e que o exercícioda função de açougueiro se dava com constante entrada e saída de uma câmara frigorífica. Aponta que é possível oenquadramento especial pelo tipo de serviço prestado. Em relação ao agente biológico, argumenta que, mesmo que oreferido agente não tenha sido mencionado, é notória a sua presença em locais de trabalho nos quais sejam manuseadascarnes, gorduras, sangue, serras de corte de carnes, máquinas de moer carne e produtos diversos de limpeza. Pugna peloprovimento do recurso, com a reforma da sentença, para que sejam julgados procedentes os pedidos iniciais.3. O INSS ofereceu contrarrazões, à fl. 71, apenas reiterando todos os termos da contestação.4. Presentes os pressupostos processuais, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.5. No caso dos autos, a parte autora pretende obter aposentadoria por tempo de contribuição, com cômputo de atividadeespecial. Os períodos impugnados em sede recursal estão compreendidos entre 16/05/1974 a 15/04/1981, 16/08/1981 a

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18/02/1992 e 01/07/1992 a 13/11/1998.6. É garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada comoperigosa, insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos n. 53.831/64 e 83.080/79), antes dapromulgação da Lei n.º 9.032/95, independentemente da produção de laudo pericial comprovando a efetiva exposição aagentes nocivos. Entre 29 de abril de 1995 e 05 de março de 1997, vigente a Lei 9.032/95, é necessária a demonstração deexposição a agentes nocivos por qualquer meio de prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor doDecreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como daespecial condição de nocividade ou periculosidade.7. O art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, em sua redação originária, preconizava que a aposentadoria especialseria devida ao segurado, uma vez cumprida a carência exigida em lei, “conforme a atividade profissional, sujeito acondições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física”, sendo que “o tempo de serviço exercidoalternadamente em atividade comum e em atividade profissional sob condições especiais que sejam ou venham a serconsideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão segundo os critérios deequivalência estabelecidos pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, para efeito de qualquer benefício”.8. Promulgada a Lei n. 9.032/95, o art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, passaram a ter a seguinte redação:Art. 57 – A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tivertrabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem à saúde ou a integridade física, durante 15, 20 ou 25 anos,conforme dispuser a lei...........................§3o – A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o INSS, do tempo detrabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridadefísica, durante o período mínimo fixado.§4o – O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos químicos, físicos,biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para aconcessão de qualquer benefício.

9. Das regras transcritas, observa-se que não basta a mera enunciação da atividade profissional desempenhada, sendonecessária a demonstração de que houve efetiva exposição aos agentes nocivos, físicos, biológicos ou associação deagentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, a partir da Lei n. 9.032/95. Outrossim, o art. 58, da Lei n. 8.213/91, queveiculava regra que dispunha que a relação de atividades profissionais à saúde ou à integridade física seria objeto de leiespecífica, teve tal preceito alterado com a edição da Medida Provisória n. 1.523, de 11 de outubro de 1996, posteriormenteconvertida na Lei n. 9.528/97, que lhe deu a seguinte redação:Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou àintegridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria especial de que trata o artigo anterior será definidapelo Poder Executivo.§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na formaestabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudotécnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.§ 2º Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar informação sobre a existência de tecnologia deproteção coletiva que diminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e recomendação sobre a suaadoção pelo estabelecimento respectivo.§ 3º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos existentes no ambiente detrabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com orespectivo laudo estará sujeita à penalidade prevista no art. 133 desta Lei.§ 4º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelotrabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica desse documento.

10. Regulamentada a norma pelo Decreto n. 2.172, de 05 de março de 1997, a comprovação da efetiva exposição aosagentes nocivos deveria se dar mediante formulário, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico decondições do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, que deve retratar ascondições em que o trabalho é efetivamente prestado, arrolando a tecnologia de proteção empregada e a descrição doambiente de trabalho.11. Destarte, a atividade especial pode dar-se até 28 de abril de 1995 pela realização de atividade profissional legalmenteconsiderada prejudicial à saúde ou à integridade física do trabalhador. Entre 29 de abril de 1995 a 05 de março de 1997,vigente a Lei n. 9.032, é necessária a demonstração de exposição a agente nocivo por qualquer meio de prova. A partir de06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rollegal, ou comprovada em concreto, bem como da especial condição de penosidade ou periculosidade.12. Em relação ao período de 16/05/1974 a 15/04/1981, o autor exerceu a função de zelador de supermercado, conformeanotação na carteira de trabalho e previdência social (fl. 8). Entre 16/08/1981 a 18/02/1992, a função exercida foi dedespachante (fl. 10). Entre 01/07/1992 e 13/11/1998, o autor atuou como encarregado de açougue (fl. 10). Por sua vez, oPerfil Profissiográfico Previdenciário, juntado aos autos às fls. 18/20, faz referência ao mesmo período em que o autorexerceu a função de zelador (16/05/1974 a 15/04/1981), porém o qualifica como açougueiro, cuja atividade era atender aosclientes, desossar, cortar, moer, pesar, embalar carnes e limpar a bancada de cortes de carne. Não há indicação de qualseria o agente nocivo ao qual o autor estava exposto. O PPP foi emitido em 19/02/2009 e está assinado por representanteda empresa.13. O PPP referido no item 12 foi emitido quase trinta anos após o término do vínculo empregatício do autor. A meraemissão extemporânea não é capaz de inutilizar o documento para fins de prova, contudo, o PPP retrata função diversadaquela constante na carteira de trabalho e previdência social. Se a CTPS foi considerada válida para comprovar o tempo

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de trabalho exercido entre 05/01/1973 e 26/04/1973 (período não impugnado no presente recurso, mas concedido emsentença) por apresentar presunção relativa de veracidade de seus dados, não é possível que, quanto ao segundo vínculo,o mesmo documento seja considerado inidôneo. Dessa forma, as informações divergentes trazidas pelo PPP não podemser consideradas válidas por retratar trabalho que conflita com os dados da CTPS.14. Entre 16/08/1981 e 18/02/1992, a CTPS indica a função de despachante na mesma empresa na qual o autor haviatrabalhado entre 16/05/1974 a 15/04/1981. O formulário de informações sobre atividade com exposição a agentesagressivos (fl. 21) atesta que o autor era encarregado de açougue. Ante a contradição de dados, utilizo os mesmosfundamentos expostos no item 13 para afastar o exercício da função de açougueiro.15. Por fim, o interstício compreendido entre 01/07/1992 e 13/11/1998 está retratado no PPP de fls. 26/28. O documento foiemitido em 02/04/2008, encontra-se assinado por representante da empresa e possui responsável pelos registrosambientais. Porém, apenas traz o fator de risco ergonômico “postura”, o que não gera direito a cômputo de atividadeespecial.16. É importante ressaltar que o mero fato de o empregador emitir Perfil Profissiográfico Previdenciário não é garantia paraque o trabalhador tenha direito a cômputo de tempo especial em sua aposentadoria por tempo de contribuição ou tenhadireito à aposentadoria especial. Faz-se necessário que sejam relacionados os agentes nocivos aos quais o empregadoestá exposto. Da mesma forma, não é possível afirmar que a atividade de açougueiro seja por si insalubre, ante asuposição de que este profissional entre em câmaras frigoríficas, pois este trabalho pode ser realizado de diferentesmaneiras, muitas das quais não implicam exposição permanente ao frio de modo nocivo. No recurso ora analisado, aprofissão do autor não se enquadra nos anexos constantes dos Decretos ns. 53.831/64 e 83.080/79, tampouco háreferência, na descrição de suas atividades, de que se expusesse a temperaturas excessivamente baixas como operadorde câmara frigorífica. Nesse sentido, posicionou-se o Tribunal Regional Federal da 4ª Região em julgamento da AC2004.4.01.0583317/RS (Sexta Turma, Rel. Des. Fed. Luiz Alberto D’Azevedo Aurvalle, D.E. 06/10/2008):PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO. ATIVIDADE ESPECIAL. NÃO COMPROVAÇÃO DA

�INSALUBRIDADE. INVERSÃO DA SUCUMBÊNCIA. AJG. 1. A Lei nº 9.711, de 20-11-1998, e o Regulamento Geral daPrevidência Social aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 06-05-1999, resguardam o direito adquirido de os segurados teremconvertido o tempo de serviço especial em comum, até 28-05-1998, observada, para fins de enquadramento, a legislação

�vigente à época da prestação do serviço. 2. Até 28-04-1995 é admissível o reconhecimento da especialidade por categoriaprofissional ou por sujeição a agentes nocivos, aceitando-se qualquer meio de prova (exceto para ruído); a partir de29-04-1995 não mais é possível o enquadramento por categoria profissional, devendo existir comprovação da sujeição aagentes nocivos por qualquer meio de prova até 05-03-1997 e, a partir de então e até 28-05-1998, por meio de formulário

�embasado em laudo técnico, ou por meio de perícia técnica. 3. Em que pese a documentação acostada aos autos, não hácomo reconhecer a especialidade da atividade urbana do autor nos períodos postulados, tendo em vista a ausência delaudos técnicos (periciais ou ambientais) ou formulários SB 40 ou DSS 8030. Ademais, mesmo que fosse considerada aatividade profissional do segurado como açougueiro, a mesma não está prevista como insalubre ou perigosa nos decretos

�reguladores da legislação previdenciária. 4. Invertidos os ônus da sucumbência para condenar a parte autora aopagamento de honorários advocatícios ao Procurador do INSS, fixados em R$ 415,00 (quatrocentos e quinze reais).Suspensa a condenação em face da parte autora litigar ao abrigo da AJG (art. 12 da Lei 1.060/50).

16. Portanto, a análise das provas carreadas aos autos não permite que se conclua favoravelmente ao pedido dorecorrente.17. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas e honoráriosadvocatícios, em razão do benefício de gratuidade de justiça concedido (fl. 57).18. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

8 - 0007160-85.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.007160-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FRANCISCO LOPES(ADVOGADO: ES012411 - MARCELO CARVALHINHO VIEIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).RECURSO Nº 0007160-85.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.007160-9/01)RECORRENTE: FRANCISCO LOPESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DA RENDA MENSAL INICIAL. DECADÊNCIA. PEDIDO JULGADO IMPROCEDENTE EMJUÍZO DE ADEQUAÇÃO.1. Trata-se de recurso interposto pela parte autora (fls. 123/125) contra sentença (fls. 118/121) que julgou improcedentepedido para condenar o INSS a revisar a RMI do benefício previdenciário concedido em 12/04/1994, após reconhecimentodo período trabalhado entre 11/01/69 e 31/07/72 como especial. Contrarrazões às fls. 129/133. O acórdão deu parcialprovimento ao recurso, para, reconhecer como especial o período trabalhado entre 11/01/69 e 31/07/72, bem comocondenar o INSS a proceder à revisão da RMI do beneficio previdenciário do autor (fls. 141/152 e 173). Interpostos RecursoExtraordinário e Pedido de Uniformização de Jurisprudência pelo INSS, o MM. Juiz Federal Gestor das Turmas Recursaisda Seção Judiciária do Espírito Santo determinou o encaminhamento dos autos a essa relatoria para apreciar a adequaçãodo acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 626.489/SE à presente hipótese.

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2. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.3. O art. 103, caput, da Lei n 8.213/91, em sua redação original, fixava o prazo prescricional de cinco anos para que fossempleiteadas as prestações não pagas nem reclamadas à época própria. Posteriormente, a Medida Provisória n. 1.5239, de 27de junho de 1997, convertida na Lei n 9.528, de 10 de dezembro de 1997, modificou sua redação, passando o art. 103,caput, a dispor que: “É de 10 anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiáriopara a revisão do ato de concessão de benefício, a contar do dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeiraprestação ou, quando for o caso, do dia em que tomar conhecimento da decisão indeferitória definitiva no âmbitoadministrativo”. Com a publicação da Medida Provisória n. 1.663-15, de 22 de outubro de 1998, convertida na Lei n 9.711,de 20 de novembro de 1998, o prazo decadencial foi reduzido para cinco anos. Em seguida, com a edição da MedidaProvisória n 138, de 19 de novembro de 2003, convertida na Lei n. 10.839, de 05 de fevereiro de 2004, tal lapso temporal foinovamente alterado para dez anos.4. O Superior Tribunal de Justiça, no julgamento dos Recursos Especiais 1.309.529/PR e 1.326.114/SC (Primeira Seção,Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 04.06.2013, DJE 13.05.2013), decidiu, no regime previsto pelo art. 543-C, do Código deProcesso Civil, que “incide o prazo de decadência do art. 103, da Lei 8.213/91, instituído pela Medida Provisória1.523-9/1997, convertida na Lei 9.528/1997, no direito de revisão dos benefícios concedidos ou indeferidos anteriormente aesse preceito normativo, com termo a quo a contar da sua vigência (28.6.1997)”. A Corte também fixou que, tendo sido obenefício concedido após a aplicação da nova redação do art. 103, da Lei n. 8.213/91, o referido prazo decadencial poderáter dois marcos iniciais: “o primeiro a contar do dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação, osegundo, quando for o caso de requerimento administrativo, do dia em que tomar conhecimento da decisão indeferitóriadefinitiva no âmbito administrativo” (RESP 144.0868/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJE02.05.2014).5. O Supremo Tribunal Federal, ao decidir o Recurso Extraordinário 626.489/SE (Rel. Min. Luís Roberto Barroso, j.16.10.2013), na sistemática da repercussão geral, julgou que: “inexiste prazo decadencial para a concessão inicial debenefício previdenciário”; é legítima a “a instituição de prazo decadencial de dez anos apara a revisão de benefício jáconcedido, com fundamento no princípio da segurança jurídica, no interesse em evitar a eternização dos litígios e na buscade equilíbrio financeiro e atuarial para o sistema previdenciário”; bem como “o prazo decadencial de dez anos, instituídopela Medida Provisória 1.523, de 28.06.1997, tem como termo inicial o dia 1º de agosto de 1997, por força de disposiçãonela expressamente prevista. Tal regra incide, inclusive, sobre benefícios concedidos anteriormente, sem que isso importeem retroatividade vedada pela Constituição”.6. No presente recurso, a parte autora pede a revisão de renda mensal inicial de benefício-previdenciário concedido em 12de abril de 1994 (fl. 35), sem que houvesse prévio requerimento administrativo de igual teor. Ajuizada a ação em 19 denovembro de 2008, há que ser declarada a decadência ao direito de revisão da renda mensal inicial do benefício, nostermos do art. 103, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Medida Provisória 1.523-9/1997, convertida na Lei9.528/1997, porque já transcorrido lapso temporal superior a dez anos a contar de 1º de agosto de 1997.7. Recurso conhecido e desprovido. Sentença substituída para declarar a decadência do direito da parte autora (art. 269, IV,do Código de Processo Civil e art. 210 do Código Civil de 2002). Sem condenação ao pagamento de custas e honoráriosadvocatícios, em razão do benefício de gratuidade de justiça deferido (art. 12, da Lei n. 1060/50) (fl. 107).8. Intimem-se as partes. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.9. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

9 - 0000314-38.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000314-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.) x RÔMULO BAIÔCO (ADVOGADO: ES012396- WESLEY CORREA CARVALHO.).RECURSO Nº 0000314-38.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000314-9/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: RÔMULO BAIÔCORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO COM CÔMPUTO DE ATIVIDADE ESPECIAL.CARPINTEIRO. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. MOTORISTA. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.1. INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL interpõe recurso inominado, às fls. 332/338, contra sentença (fls.326/331) proferida pelo MM. Juiz do Juizado Especial Federal de Linhares, que julgou procedente o pedido inicial, paracondenar o réu a conceder à parte autora a aposentadoria por tempo de contribuição integral, com DIB em 11/03/2010 (datado requerimento administrativo).2. O recorrente alega que, em relação ao período compreendido entre 01/03/1972 e 28/04/1995, não há nenhum formulárionos autos que comprove a especialidade do trabalho. No que tange ao período de 01/03/1972 a 18/03/1972, relata que odocumento apresentado comprova que o autor era carpinteiro, categoria profissional que não é enquadrada como especialpela legislação previdenciária. Em relação aos interstícios de 01/04/1976 a 31/01/1984 e 01/11/1994 a 28/04/1995, apontaque os registros de emprego não constam do Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS) e que, além disso, o autorera contribuinte individual. Sustenta que o período de 01/04/1976 a 28/04/1995, no qual o autor exerceu a função demotorista, não permite o enquadramento como atividade especial, visto que esta ocupação só tem especial proteçãoprevidenciária quando se refere a motoristas de ônibus e de caminhão. Pugna pela reforma da sentença para que sejam

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julgados improcedentes os pedidos autorais.3. RÔMULO BAIÔCO não ofereceu contrarrazões (fl. 342).4. Presentes os pressupostos processuais, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.5. No caso dos autos, a parte autora pretende obter aposentadoria por tempo de contribuição integral, com cômputo deatividade especial. Os períodos considerados como tempo especial pela sentença são os seguintes: 01/03/1972 a18/03/1972, 01/04/1976 a 31/12/1976, 01/07/1977 a 30/09/1977, 01/11/1977 a 28/02/1981, 01/04/1981 a 30/12/1984,01/02/1985 a 30/10/1994 e 07/11/1994 a 28/04/1995 (tabela de fls. 329/330).6. É garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada comoperigosa, insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos n. 53.831/64 e 83.080/79), antes dapromulgação da Lei n.º 9.032/95, independentemente da produção de laudo pericial comprovando a efetiva exposição aagentes nocivos. Entre 29 de abril de 1995 e 05 de março de 1997, vigente a Lei 9.032/95, é necessária a demonstração deexposição a agentes nocivos por qualquer meio de prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor doDecreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como daespecial condição de nocividade ou periculosidade.7. O art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, em sua redação originária, preconizava que a aposentadoria especialseria devida ao segurado, uma vez cumprida a carência exigida em lei, “conforme a atividade profissional, sujeito acondições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física”, sendo que “o tempo de serviço exercidoalternadamente em atividade comum e em atividade profissional sob condições especiais que sejam ou venham a serconsideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão segundo os critérios deequivalência estabelecidos pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, para efeito de qualquer benefício”.8. Promulgada a Lei n. 9.032/95, o art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, passaram a ter a seguinte redação:Art. 57 – A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tivertrabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem à saúde ou a integridade física, durante 15, 20 ou 25 anos,conforme dispuser a lei...........................§3o – A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o INSS, do tempo detrabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridadefísica, durante o período mínimo fixado.§4o – O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos químicos, físicos,biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para aconcessão de qualquer benefício.

9. Das regras transcritas, observa-se que não basta a mera enunciação da atividade profissional desempenhada, sendonecessária a demonstração de que houve efetiva exposição aos agentes nocivos, físicos, biológicos ou associação deagentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, a partir da Lei n. 9.032/95. Outrossim, o art. 58, da Lei n. 8.213/91, queveiculava regra que dispunha que a relação de atividades profissionais à saúde ou à integridade física seria objeto de leiespecífica, teve tal preceito alterado com a edição da Medida Provisória n. 1.523, de 11 de outubro de 1996, posteriormenteconvertida na Lei n. 9.528/97, que lhe deu a seguinte redação:Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou àintegridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria especial de que trata o artigo anterior será definidapelo Poder Executivo.§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na formaestabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudotécnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.§ 2º Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar informação sobre a existência de tecnologia deproteção coletiva que diminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e recomendação sobre a suaadoção pelo estabelecimento respectivo.§ 3º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos existentes no ambiente detrabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com orespectivo laudo estará sujeita à penalidade prevista no art. 133 desta Lei.§ 4º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelotrabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica desse documento.

10. Em relação ao período compreendido entre 01/03/1972 a 18/03/1972, verifico que consta nos autos cópia da Carteira deTrabalho e Previdência Social (CTPS) que demonstra que a profissão do autor era “carpinteiro” (fl. 25). A atividade decarpinteiro não consta do rol dos anexos constantes dos Decretos ns. 53.831/64 e 83.080/79. Contudo, registro que osreferidos anexos trazem relação exemplificativa de atividades especiais. O não enquadramento da atividade exercida pelosegurado em uma daquelas consideradas presumidamente especiais não impede, por si só, a caracterização daespecialidade do tempo de serviço. Contudo, deve restar comprovado, por perícia ou documento idôneo, que a atividade éinsalubre, perigosa ou penosa. No caso dos autos, não há qualquer documento que comprove que a atividade de carpinteirofoi exercida em condições especiais de trabalho, motivo pelo qual o autor não faz jus à conversão deste período.11. No que concerne aos períodos compreendidos entre 01/04/1976 a 31/12/1976, 01/07/1977 a 30/09/1977, 01/11/1977 a28/02/1981, 01/04/1981 a 30/12/1984, 01/02/1985 a 30/10/1994 e 07/11/1994 a 28/04/1995, o magistrado sentencianteconsiderou que o autor comprovou a atividade de motorista de caminhão com suas declarações de imposto de renda e comnotas fiscais de prestação de serviços de frete. O autor, por ser contribuinte individual, precisaria provar que exercia aatividade considerada especial pela legislação. Seu cadastro junto ao INSS foi feito com o código de ocupação 98.620(condutor de veículos). A microficha de fl. 29 demonstra que o segurado iniciou suas contribuições junto ao Regime Geralde Previdência Social em abril de 1976. A microficha de fl. 28 traz as contribuições vertidas entre abril de 1976 e dezembro

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de 1976. As contribuições efetuadas entre maio e junho de 1981, agosto de 1981 a março de 1982, junho de 1982 afevereiro de 1984 estão contidas na fl. 29. A própria autarquia apurou o recolhimento destas contribuições conforme podeser verificado à fl. 30.12. Por sua vez, o segurado encartou aos autos os recibos de pagamento das contribuições previdenciárias referentes aosmeses/anos de maio, julho, agosto, setembro, novembro e dezembro de 1977 (fl. 184 e 186); janeiro a dezembro de 1978(fls. 187/192); janeiro a dezembro de 1979 (fls. 193/198); janeiro a dezembro de 1980 (fls. 199/204); janeiro a dezembro de1981 (fls. 205/211); janeiro a dezembro de 1982 (fls. 211/217); janeiro a dezembro de 1983 (fls. 217/223); janeiro adezembro de 1984 (fls. 224/229). Constam, ainda, recibos de entrega de declaração de rendimentos de diversos anos dasdécadas de 70, 80 e 90, nos quais há registro da ocupação de motorista e propriedade de caminhão Mercedes-Benz. Osegurado colacionou recibos de pagamento a autônomo, referentes a fretamentos do caminhão.13. Diante de todas as provas que o autor carreou aos autos, entendo que restou devidamente comprovado que exercia aatividade de motorista de caminhão nos períodos de 01/04/1976 a 31/12/1976, 01/07/1977 a 30/09/1977, 01/11/1977 a28/02/1981, 01/04/1981 a 30/12/1984, 01/02/1985 a 30/10/1994 e 07/11/1994 a 28/04/1995. A ausência de informação dealguns dos meses no CNIS não é capaz de infirmar a prova produzida pelo autor, tendo em vista que este juntou cópias dospagamentos realizados à autarquia. Ademais, saliento que, no intervalo aludido, inexistia impedimento para que ocontribuinte individual obtivesse aposentadoria especial, de acordo com sua categoria profissional, valendo, a propósito, atranscrição da ementa do acórdão prolatado pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento do AgRg no RESP1.419.039/RS (Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 28/05/2014):PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. OMISSÃO INEXISTENTE. TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL. CONTRIBUINTEINDIVIDUAL. RECONHECIMENTO. POSSIBILIDADE. TEMPUS REGIT ACTUM.1. O Tribunal de origem reconheceu como tempo de serviço em condição especial o período de trabalho exercido comomotorista de caminhão em firma individual entre 1º.5.1981 a 24.4.1995.2. Conforme jurisprudência do STJ, em observância ao princípio do tempus regit actum, ao reconhecimento de tempo deserviço especial deve-se aplicar a legislação vigente no momento da efetiva atividade laborativa. Sendo assim, inaplicável oDecreto 3.048/99 à espécie, pois não vigente à época.3. Não havia, no período anterior a 11.12.1998, data de vigência da Lei n. 9.732/98, norma que tratasse da obrigatoriedadede recolhimento de contribuição para custear a aposentadoria especial. E, ainda assim, o sistema previdenciário garantiaaos trabalhadores sujeitos a agentes nocivos o direito à aposentadoria especial.Agravo regimental improvido.

14. A contagem do tempo de contribuição fica assim distribuída:Data EntradaData SaídaCoeficienteDias Equivalentesamd

01/03/197218/03/19721,0018 --18

01/04/197631/12/19761,40385 1-20

01/07/197730/09/19771,40129 -47

01/11/197728/02/1981

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1,401.702 4729

01/04/198130/12/19841,401.918 532

01/02/198530/10/19941,404.983 13725

01/05/199930/06/20001,00427 121

01/01/200230/08/20031,00607 1729

01/12/200330/12/20031,0030 --30

01/04/200428/02/20051,00334 -1030

01/07/200530/09/20061,00457 13

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1

01/11/200630/03/20091,00881 2429

01/10/200911/03/20101,00162 -510

07/11/199428/04/19951,40242 -729

15/04/200915/08/20091,00123 -41

29/04/199510/06/19971,00774 2114

Total:

3612

15. Comparando-se a tabela acima com aquela de fls. 329/330, assinalo que, a despeito de ter sido excluído o período emque o autor trabalhou como carpinteiro do cômputo do tempo especial, o tempo total de serviço é maior, pois houve um errono cálculo de fls. 329/330, percebido quando se constata a existência de uma indevida inversão na sua primeira linha(01/03/1972 a 18/02/1972, quando o correto seria 18/02/1972 a 01/03/1972). A supressão do equívoco não interfere naconcessão do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição integral, pois o saldo final é ainda superior a 35 anos.16. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe parcial provimento apenas para excluir do cômputo de tempo de atividadeespecial o período compreendido entre 01/03/1972 a 18/03/1972, o qual não influi no julgamento de procedência do pedidopara concessão de aposentadoria por tempo de contribuição integral. Sem condenação ao pagamento de custas (art. 4º, I,da Lei n. 9.289/96). Sucumbente em maior fração, condeno o INSS ao pagamento de honorários advocatícios, os quais fixoem 5% (cinco por cento) sobre o valor das prestações vencidas até a data da prolação da sentença, de acordo com o art.55, da Lei n. 9.099/95, e o enunciado n. 111, da súmula da jurisprudência do STJ.17. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)

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FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

10 - 0004557-10.2006.4.02.5050/01 (2006.50.50.004557-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Alexandre Hideo Wenichi.) x OTAVIO LEAL DE AGUIAR (ADVOGADO: ES010117- JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.).RECURSO Nº 0004557-10.2006.4.02.5050/01 (2006.50.50.004557-2/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: OTAVIO LEAL DE AGUIARRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

AGRAVO REGIMENTAL CONTRA DECISÃO MONOCRÁTICA QUE INADMITIU EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.SOBRESTAMENTO DA TRAMITAÇÃO, NO JUIZADO DE ORIGEM, ATÉ QUE SEJA CONCLUÍDO O JULGAMENTO DOAGRAVO DE INSTRUMENTO PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.

O INSS interpõe Agravo Regimental, às fls. 254/260, contra decisão monocrática de fl. 249, que negou seguimento aEmbargos de Declaração por considerá-los incabíveis contra decisão monocrática anterior. Em suas razões, afirma quedisposição de Regimento Interno não pode se sobrepor à legislação processual e que, na hipótese, deveria incidir oprincípio da fungibilidade recursal.

02. É o relatório.

03. Em análise do Agravo Regimental, interposto para que se proceda ao julgamento de Embargos de Declaraçãoantes interpostos, assinalo que, embora tenha entendimento pessoal de que os embargos de declaração possam serinterpostos contra qualquer ato judicial com conteúdo decisório, observo que a jurisprudência majoritária é favorável àadmissão dos embargos de declaração, interpostos com o intuito de substituir a decisão monocrática do relator impugnada,como agravo regimental (cf. STJ, EDcl na Rcl 19.350/MT, Segunda Seção, Rel. Min. Moura Ribeiro, DJE 26.09.2014; EDclno ARESP 519.224/SC, Terceira Turma, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJE 09.10.2014), sendo essa a regra veiculadapelo art. 557, § 1º, do Código de Processo Civil.

04. Nesses termos, com base nos princípios da economia processual e da fungibilidade e, por não considerar errogrosseiro, tendo sido observado o prazo recursal, os embargos de declaração de fls. 240/247 deveriam ter sido admitidoscomo agravo regimental, razão por que adentro ao exame das alegações neles expendidas.

05. Para melhor exame dos vícios alegados pelo INSS, observo que o objeto da presente demanda é a revisão darenda mensal inicial da aposentadoria por invalidez a que faz jus a parte autora, com base no artigo 29, § 5º, da Lei8.213/91. A sentença julgou procedente o pedido (fls. 26/28), o que foi reiterado pelo acórdão prolatado pela TurmaRecursal (fl. 46).

06. Em sede de Pedido de Uniformização, a TNU manteve o acórdão recorrido (fls. 77/78). O INSS apresentoupedido de reconsideração/agravo interno às fls. 82/99, inadmitidos às fls. 101/103 e, subsequentemente, interpôs embargosde declaração, não conhecidos às fls. 116/123. A autarquia, então, ofereceu incidente de uniformização (fls. 127/140) erecurso extraordinário, sob o fundamento de inconstitucionalidade do artigo 9º, § 4º da Resolução do CJF, por ofensa aosartigos 5º, LIV e LV, e 22, I da Constituição da República de 1988. Pugnou, assim, pela anulação da decisão monocráticado MM. Ministro Presidente da TNU que inadmitiu o agravo interno de fls. 82/99. Subsidiariamente requereu a substituiçãode tal decisão para julgar improcedente o pedido autoral (fls. 141/162).

07. O Pedido de Uniformização e o Recurso Extraordinário tiveram o seguimento negado pelo MM. MinistroPresidente da TNU, sob o fundamento de intempestividade, por terem sido apresentados após interposição de agravointerno e embargos de declaração tidos por incabíveis, aduzindo-se, ainda, ausência de prequestionamento, no que tangeao princípio contributivo e ao artigo 195, § 5º, da Constituição da República de 1988 (fls. 165/180), tal como se infere daleitura do seguinte trecho (fls. 176/177):“Não merece admissão o presente recurso extraordinário, quanto à ofensa aos artigos 195, parágrafo 5º, e 201, caput eparágrafo 1º, da Constituição Federal, por intempestivo, uma vez que manifestado somente após incabíveis agravo internoe embargos declaratórios, interposto e opostos ao decisum do Presidente da Turma Nacional de Uniformização, quedeterminou a “devolução deste incidente, para que seja mantido o acórdão recorrido”, nos termos do inciso IV do artigo 5ºda Resolução n. 390, de 17 de setembro de 2004, que não comporta recurso para o Colegiado da Turma Nacional.A data de intimação pessoal da decisão impugnada, qual seja 27 de junho de 2008, constituiu dies a quo do prazo deinterposição do Recurso Extraordinário, que somente foi apresentado em 12 de dezembro de 2008, portanto mais de trintadias após o seu término.Manifestamente intempestivo o Recurso Extraordinário, em relação à violação dos artigos 195, parágrafo 5º, e 201, caput eparágrafo 1º, da Constituição Federal, porque interposto para além do prazo que não se suspende ou prorroga por funçãode interposição e dedução de recurso e pedido incabíveis, a sua inadmissão é medida imperativa.De qualquer modo, esse tema constitucional não se constituiu em matéria dos julgados da Turma Recursal e Nacional,resultando não prequestionada a matéria.”

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08. Da decisão que negou seguimento ao Recurso Extraordinário foi interposto Agravo de Instrumento (nº752698-4/40 – 0004557-10.2006.4.02.5050/02), para que fosse declarada a nulidade da decisão que inadmitiu o agravointerno e, subsidiariamente, quanto ao mérito, a reforma da decisão do MM. Presidente da TNU, a fim de que fosse julgadoimprocedente o pedido da parte autora (fl. 182).

09. Devolvidos os presentes autos da Turma Nacional de Uniformização, foi determinada a sua remessa para oJuizado de origem (fls. 183/184), o qual suspendeu o processo, até o julgamento do Agravo de Instrumento n.0004557-10.2006.4.02.5050/02 (fl. 222), sobrestado, com base no artigo 543-B, § 1º do CPC.

10. Julgado o Recurso Extraordinário nº 583.834/SC, os presentes autos foram solicitados ao Juizado de origem, nostermos do despacho proferido no Agravo de Instrumento nº 0004557-10.2006.4.02.5050/02 (cópias de fls. 223/225), parafins de cumprimento do disposto no artigo 543-B do CPC. Por determinação do MM. Juiz Federal Gestor das TurmasRecursais da Seção Judiciária do Espírito Santo (fl. 229), a presente ação foi redistribuída para esta Relatoria para fins deadequação do julgado.

11. Contudo, nos autos do Agravo de Instrumento nº 0004557-10.2006.4.02.5050/02, esta Relatoria decidiu que nãoseria possível o juízo de adequação do acórdão impugnado ao paradigma firmado em julgamento do RE 583.834, pois oRecurso Extraordinário, que fora interposto, é intempestivo, motivo por que os autos deveriam ser devolvidos ao SupremoTribunal Federal, ante a manutenção do acórdão recorrido. Sendo assim, determinou-se o retorno dos presentes autos aoJuizado de origem para aguardar o julgamento do Agravo de Instrumento n. 0004557-10.2006.4.02.5050/02 (AI n.752698-4/40).

12. No que atine à alegação de ausência de intimação da autarquia da decisão que determinou a remessa do Agravode Instrumento n. 0004557-10.2006.4.02.5050/02 (AI n. 752698-4/40) ao Supremo Tribunal Federal, verifico que asdecisões proferidas nestes autos e nos autos do Agravo de Instrumento n. 0004557-10.2006.4.02.5050/02, no dia23/05/2014, foram publicadas no dia 12/06/2014. O INSS foi intimado da decisão proferida nesta ação em 13/06/2014,quando acessou eletronicamente os autos (fl. 239). Contudo, por se tratar de processo que ainda tramita sob a forma física,a intimação da autarquia da decisão proferida nos autos do Agravo de Instrumento n. 0004557-10.2006.4.02.5050/02somente ocorreu em 18/07/2014, quando o INSS fez carga do processo e, subsequentemente, interpôs embargos dedeclaração contra a decisão monocrática lá proferida. Sendo assim, não subsiste interesse na alegação de ausência deintimação da decisão proferida nos autos do Agravo de Instrumento n. 0004557-10.2006.4.02.5050/02.

13. Logo, reputo prejudicada a análise da alegada omissão no que tange à aplicação do disposto nos artigos 543-B,§4º, do Código de Processo Civil e 328-A, §2º, do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, tendo em vista ojulgamento, nesta data, dos embargos de declaração interpostos nos autos do Agravo de Instrumento n.0004557-10.2006.4.02.5050/02, com idêntico teor.

14. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração como Agravo Regimental e, no mérito, nego-lhe provimentopara manter a decisão embargada.

15. Nestes termos, em obediência à decisão de fls. 236/237, devolvam-se os autos ao Juizado de origem, ondedeverão aguardar o julgamento do Agravo de Instrumento n. 0004557-10.2006.4.02.5050/02 (AI n. 752698-4/40).

16. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

11 - 0004063-72.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004063-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS.) x LUIZ CARLOS TEIXEIRA (ADVOGADO:ES018489 - MARIA ELIANA SOUZA.).RECURSO Nº 0004063-72.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004063-6/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: LUIZ CARLOS TEIXEIRARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO COM CÔMPUTO DE ATIVIDADE ESPECIAL.INEXIGÊNCIA DE FORMULÁRIO DE ATIVIDADES ESPECIAIS EM MOMENTO ANTERIOR A 14.10.1996. LAUDOTÉCNICO. RUÍDO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.1. INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL interpõe recurso inominado, às fls. 93/104, contra sentença (fls. 87/89)proferida pelo MM. Juiz do 3º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou parcialmenteprocedente o pedido inicial, para condenar o réu a reconhecer tempo especial no período de 01/08/1990 a 18/10/1996,convertendo-o em tempo comum e conceder ao autor aposentadoria por tempo de contribuição, com proventos integrais eDIB em 14/08/2012.

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2. O INSS alega que, em relação ao período compreendido entre 01/08/1990 e 18/10/1996, não há Perfil ProfissiográficoPrevidenciário (PPP) ou qualquer formulário próprio (DSS 8030, DIRBEN 8030, SB 40 ou equivalente) para comprovar aexposição a agentes nocivos. Sustenta que apenas há nos autos laudo técnico, o qual não pode ser aceito de forma isoladacomo prova de labor em condições especiais. Destaca que o autor não colacionou os documentos trazidos aos autos noâmbito administrativo, tendo pleiteado apenas aposentadoria por tempo de contribuição, sem juntar qualquer documentoque comprovasse enquadramento de tempo especial. Por fim, aponta que não é possível que o magistrado consideretempo de contribuição posterior ao requerimento administrativo com base no Cadastro Nacional de Informações Sociais(CNIS). Pugna pelo provimento do recurso, com a reforma da sentença, para que sejam julgados improcedentes os pedidosiniciais.3. LUIZ CARLOS TEIXEIRA oferece contrarrazões às fls. 110/111. Sustenta que preencheu os requisitos necessários parao enquadramento na atividade especial, o que lhe dá o direito ao benefício de aposentadoria por tempo de serviço integral.Pugna pela manutenção da sentença.4. No momento da apresentação das contrarrazões, o autor apresentou recurso inominado adesivo pleiteando a reforma dasentença, com a consideração como tempo especial do período compreendido entre 12/06/1979 e 01/09/1988. Emdespacho de fl. 124, o Juízo monocrático negou seguimento ao recurso em razão da incompatibilidade do recurso adesivocom o rito sumaríssimo dos Juizados Especiais.5. Presentes os pressupostos processuais, conheço o recurso e passo à análise do mérito.6. No caso dos autos, a parte autora pretende obter aposentadoria por tempo de contribuição com cômputo de atividadeespecial. O período impugnado em sede recursal está compreendido entre 01/08/1990 e 18/10/1996, assim como aqueleposterior ao requerimento administrativo.7. É garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada comoperigosa, insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos n. 53.831/64 e 83.080/79), antes dapromulgação da Lei n.º 9.032/95, independentemente da produção de laudo pericial comprovando a efetiva exposição aagentes nocivos. Entre 29 de abril de 1995 e 05 de março de 1997, vigente a Lei 9.032/95, é necessária a demonstração deexposição a agentes nocivos por qualquer meio de prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor doDecreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como daespecial condição de nocividade ou periculosidade.8. O art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, em sua redação originária, preconizava que a aposentadoria especialseria devida ao segurado, uma vez cumprida a carência exigida em lei, “conforme a atividade profissional, sujeito acondições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física”, sendo que “o tempo de serviço exercidoalternadamente em atividade comum e em atividade profissional sob condições especiais que sejam ou venham a serconsideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão segundo os critérios deequivalência estabelecidos pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, para efeito de qualquer benefício”.9. Promulgada a Lei n. 9.032/95, o art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, passaram a ter a seguinte redação:Art. 57 – A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tivertrabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem à saúde ou a integridade física, durante 15, 20 ou 25 anos,conforme dispuser a lei...........................§3o – A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o INSS, do tempo detrabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridadefísica, durante o período mínimo fixado.§4o – O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos químicos, físicos,biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para aconcessão de qualquer benefício.

10. Das regras transcritas, observa-se que não basta a mera enunciação da atividade profissional desempenhada, sendonecessária a demonstração de que houve efetiva exposição aos agentes nocivos, físicos, biológicos ou associação deagentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, a partir da Lei n. 9.032/95. Outrossim, o art. 58, da Lei n. 8.213/91, queveiculava regra que dispunha que a relação de atividades profissionais à saúde ou à integridade física seria objeto de leiespecífica, teve tal preceito alterado com a edição da Medida Provisória n. 1.523, de 11 de outubro de 1996, posteriormenteconvertida na Lei n. 9.528/97, que lhe deu a seguinte redação:Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou àintegridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria especial de que trata o artigo anterior será definidapelo Poder Executivo.§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na formaestabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudotécnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.§ 2º Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar informação sobre a existência de tecnologia deproteção coletiva que diminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e recomendação sobre a suaadoção pelo estabelecimento respectivo.§ 3º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos existentes no ambiente detrabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com orespectivo laudo estará sujeita à penalidade prevista no art. 133 desta Lei.§ 4º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelotrabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica desse documento.

11. Regulamentada a norma pelo Decreto n. 2.172, de 05 de março de 1997, a comprovação da efetiva exposição aosagentes nocivos deveria se dar mediante formulário, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico de

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condições do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, que deve retratar ascondições em que o trabalho é efetivamente prestado, arrolando a tecnologia de proteção empregada e a descrição doambiente de trabalho.12. Destarte, a atividade especial pode dar-se até 28 de abril de 1995 pela realização de atividade profissional legalmenteconsiderada prejudicial à saúde ou à integridade física do trabalhador. Entre 29 de abril de 1995 a 05 de março de 1997,vigente a Lei n. 9.032, é necessária a demonstração de exposição a agente nocivo por qualquer meio de prova. A partir de06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rollegal, ou comprovada em concreto, bem como da especial condição de penosidade ou periculosidade.13. No que se refere ao agente nocivo ruído, o nível caracterizador da nocividade é de 80 decibéis até 05/03/1997 (ediçãodo Decreto n. 2.172/97), de 90 dB até 18/11/2003 (edição do Decreto n. 4.882/2003), quando houve uma atenuação e oíndice passou a ser de 85 dB, nos termos pacificados pela jurisprudência, (STJ, 6ª T., AgREsp 727497, Rel. Min. HamiltonCarvalhido, v. u., DJU 01.08.05, p. 603; TRF 3ª R., 10ª T AC 1518937, Rel. Des. Fed. Sérgio Nascimento, v.u., CJ114.03.12; TRF 3ª R., 7ª T.AC 849874, Rel. Des. Fed. Walter do Amaral, v. u., CJ1 30.03.10, p. 861; TRF 3ª R., 9ª T., AI291692, Rel. Des. Fed. Marisa Santos, v. u., DJU 16.08.07, p. 475).14. No que atine ao período compreendido entre 01/08/1990 e 18/10/1996, consta nos autos cópia da Carteira de Trabalhoe Previdência Social (fl. 10), que demonstra que o cargo exercido pelo autor era o de “operador de empilhadeira”, assimcomo laudo técnico sobre riscos ambientais, confeccionado por engenheiro de segurança do trabalho e emitido em14/09/1999, que concluiu que a exposição do empregado ao agente físico “ruído” ocorria em níveis equivalentes a 94 dB(A)(fls. 41/42). Não consta nos autos o formulário preenchido pela empresa, quer seja DSS-8030, SB-40, DIRBEN-8030 ouPPP.15. Para o agente nocivo “ruído” sempre foi necessária a comprovação de exposição através de laudo técnico, visto que setrata de agente quantitativo e não qualitativo. Entretanto, a exigência da emissão de formulário de atividade especial apenasfoi veiculada com a MP 1.523/96, posteriormente convertida na Lei n. 9.528/97. Portanto, antes de 14/10/1996 (data deinício da vigência da MP 1.523), o segurado pode comprovar exposição a agente nocivo por qualquer meio de provadocumental. Assim, a eventual ausência do formulário DSS-8030, SB-40, DIRBEN-8030 ou PPP pode ser suprida poroutros documentos. O que se faz necessário é que haja nos autos laudo técnico que ateste a presença do agente ruído edemonstre o nível aferido pelo técnico. Afasto, dessa forma, a alegação do INSS de que o segurado não comprovou aexposição nociva através de formulário próprio.16. No que concerne ao período considerado como tempo de contribuição pelo Juízo monocrático com base no CNIS eapós a data do requerimento administrativo, entendo que tal medida é não apenas válida, mas propícia à efetividade dasdecisões judiciais. Saliento que o autor formulou pedido expresso nesse sentido, conforme se extrai da leitura do 4ºparágrafo de fl. 02, o que afasta alegação de que o julgamento teria extrapolado os limites do pleito deduzido na petiçãoinicial. O INSS contestou o mérito da ação e afastou a possibilidade de que fosse concedida aposentadoria por tempo decontribuição ao autor. A procedência parcial do pedido do autor (apenas com o reconhecimento do tempo exercido emcondições especiais) o levaria novamente à instância administrativa e, porventura, novamente ao Judiciário. Cabe ressaltarque a data de início do benefício foi fixada na data da prolação da sentença, não tendo reflexos pretéritos. Pretende-se,com tal atitude, não suprimir instâncias (consoante alegado pela autarquia), porém zelar pela efetividade das decisõesjudiciais e pela manutenção da paz social.17. Utilizo o mesmo fundamento apresentado no item anterior para afastar a tese exposta pelo recorrente no sentido de queo autor não requereu administrativamente o cômputo de tempo especial. O fato de o autor apenas ter pleiteadoaposentadoria, por tempo de contribuição com utilização de tempo comum, resta superado pela contestação apresentadapelo INSS em sentido diverso daquele pretendido pela outra parte.18. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Condeno o recorrente ao pagamento de honoráriosadvocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (art. 55, da Lei n. 9.099/95), observada adiretriz contida no enunciado nº 111 da súmula da jurisprudência do STJ (“Os honorários advocatícios, nas açõesprevidenciárias, não incidem sobre as prestações vencidas após a sentença”).19. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.20. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

12 - 0004081-69.2006.4.02.5050/01 (2006.50.50.004081-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SERGIO ROBERTO LEAL DOS SANTOS.) x JORGE BROETTO (ADVOGADO:MG097144 - JULIARDI ZIVIANI.).RECURSO Nº 0004081-69.2006.4.02.5050/01 (2006.50.50.004081-1/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: JORGE BROETTORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

AGRAVO REGIMENTAL CONTRA DECISÃO MONOCRÁTICA QUE INADMITIU EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.SOBRESTAMENTO DA TRAMITAÇÃO, NO JUIZADO DE ORIGEM, ATÉ QUE SEJA CONCLUÍDO O JULGAMENTO DOAGRAVO DE INSTRUMENTO PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.

O INSS interpõe Agravo Regimental, às fls. 243/249, contra decisão monocrática de fl. 238, que negou seguimento a

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Embargos de Declaração por considerá-los incabíveis contra decisão monocrática anterior. Em suas razões, afirma quedisposição de Regimento Interno não pode se sobrepor à legislação processual e que, na hipótese, deveria incidir oprincípio da fungibilidade recursal.

02. É o relatório.

03. Em análise do Agravo Regimental, interposto para que se proceda ao julgamento de Embargos de Declaraçãoantes interpostos, assinalo que, embora tenha entendimento pessoal de que os embargos de declaração possam serinterpostos contra qualquer ato judicial com conteúdo decisório, observo que a jurisprudência majoritária é favorável àadmissão dos embargos de declaração, interpostos com o intuito de substituir a decisão monocrática do relator impugnada,como agravo regimental (cf. STJ, EDcl na Rcl 19.350/MT, Segunda Seção, Rel. Min. Moura Ribeiro, DJE 26.09.2014; EDclno ARESP 519.224/SC, Terceira Turma, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJE 09.10.2014), sendo essa a regra veiculadapelo art. 557, § 1º, do Código de Processo Civil.

04. Nesses termos, com base nos princípios da economia processual e da fungibilidade e, por não considerar errogrosseiro, tendo sido observado o prazo recursal, os embargos de declaração de fls. 229/236 deveriam ter sido admitidoscomo agravo regimental, razão por que adentro ao exame das alegações neles expendidas.

05. Para melhor análise dos vícios alegados pelo INSS, observo que o objeto da presente demanda é a revisão darenda mensal inicial da aposentadoria por invalidez a que faz jus a parte autora, com base no artigo 29, § 5º, da Lei8.213/91. A sentença julgou procedente o pedido (fls. 59/61), o que foi reiterado pelo acórdão prolatado pela TurmaRecursal (fls. 79/80).

06. Em sede de Pedido de Uniformização, a TNU manteve o acórdão recorrido (fls. 105/106). O INSS apresentoupedido de reconsideração/agravo interno às fls. 110/128, inadmitidos às fls. 130/132 e, subsequentemente, interpôsembargos de declaração, não conhecidos às fls. 144/150. A autarquia, então, ofereceu incidente de uniformização (fls.174/185) e recurso extraordinário, sob o fundamento de inconstitucionalidade do artigo 9º, § 4º da Resolução do CJF, porofensa aos artigos 5º, LIV e LV, e 22, I da Constituição da República de 1988. Pugnou, assim, pela anulação da decisãomonocrática do MM. Ministro Presidente da TNU que inadmitiu o agravo interno de fls. 82/99. Subsidiariamente requereu asubstituição de tal decisão para julgar improcedente o pedido autoral (fls. 153/173).

07. O Pedido de Uniformização e o Recurso Extraordinário tiveram o seguimento negado pelo MM. MinistroPresidente da TNU, sob o fundamento de intempestividade, por terem sido apresentados após interposição de agravointerno e embargos de declaração tidos por incabíveis, aduzindo-se, ainda, ausência de prequestionamento, no que tangeao princípio contributivo e ao artigo 195, § 5º, da Constituição da República de 1988 (fls. 189/204), tal como se infere daleitura do seguinte trecho (fls. 200/201):“Não merece admissão o presente recurso extraordinário, quanto à ofensa aos artigos 195, parágrafo 5º, e 201, caput eparágrafo 1º, da Constituição Federal, por intempestivo, uma vez que manifestado somente após incabíveis agravo internoe embargos declaratórios, interposto e opostos ao decisum do Presidente da Turma Nacional de Uniformização, quedeterminou a “devolução deste incidente, para que seja mantido o acórdão recorrido”, nos termos do inciso IV do artigo 5ºda Resolução n. 390, de 17 de setembro de 2004, que não comporta recurso para o Colegiado da Turma Nacional.A data de intimação pessoal da decisão impugnada, qual seja 27 de junho de 2008, constituiu dies a quo do prazo deinterposição do Recurso Extraordinário, que somente foi apresentado em 12 de dezembro de 2008, portanto mais de trintadias após o seu término.Manifestamente intempestivo o Recurso Extraordinário, em relação à violação dos artigos 195, parágrafo 5º, e 201, caput eparágrafo 1º, da Constituição Federal, porque interposto para além do prazo que não se suspende ou prorroga por funçãode interposição e dedução de recurso e pedido incabíveis, a sua inadmissão é medida imperativa.De qualquer modo, esse tema constitucional não se constituiu em matéria dos julgados da Turma Recursal e Nacional,resultando não prequestionada a matéria.”

08. Da decisão que negou seguimento ao Recurso Extraordinário foi interposto Agravo de Instrumento n.0004081-69.2006.4.02.5050/02 (AI n. 758213-2/40), para que fosse declarada a nulidade da decisão que inadmitiu o agravointerno e, subsidiariamente, quanto ao mérito, a reforma da decisão do MM. Presidente da TNU, a fim de que fosse julgadoimprocedente o pedido da parte autora (fl. 208).

09. Devolvidos os presentes autos da Turma Nacional de Uniformização, foi determinada a sua remessa para oJuizado de origem (fl. 209), o qual suspendeu o processo, até o julgamento do Agravo de Instrumento n.0004081-69.2006.4.02.5050/02 (fl. 210), sobrestado, com base no artigo 543-B, § 1º do CPC.

10. Julgado o Recurso Extraordinário nº 583.834/SC, os presentes autos foram solicitados ao Juizado de origem, nostermos do despacho proferido no Agravo de Instrumento n. 0004081-69.2006.4.02.5050/02 (cópias de fls. 214/2016), parafins de cumprimento do disposto no artigo 543-B do CPC. Por determinação do MM. Juiz Federal Gestor das TurmasRecursais da Seção Judiciária do Espírito Santo (fl. 218), a presente ação foi redistribuída para esta Relatoria para fins deadequação do julgado.

11. Contudo, nos autos do Agravo de Instrumento n. 0004081-69.2006.4.02.5050/02, esta Relatoria decidiu que nãoseria possível o juízo de adequação do acórdão impugnado ao paradigma firmado em julgamento do RE 583.834, pois oRecurso Extraordinário, que fora interposto, é intempestivo, motivo por que os autos deveriam ser devolvidos ao Supremo

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Tribunal Federal, ante a manutenção do acórdão recorrido. Sendo assim, determinou-se o retorno dos presentes autos aoJuizado de origem para aguardar o julgamento do Agravo de Instrumento n. 0004081-69.2006.4.02.5050/02 (AI n.758213-2/40).

12. No que atine à alegação de ausência de intimação da autarquia da decisão que determinou a remessa do Agravode Instrumento n. 0004081-69.2006.4.02.5050/02 (AI n. 758213-2/40) ao Supremo Tribunal Federal, verifico que asdecisões proferidas nestes autos e nos autos do Agravo de Instrumento n. 0004081-69.2006.4.02.5050/02, no dia23/05/2014, foram publicadas no dia 12/06/2014. O INSS foi intimado da decisão proferida nesta ação em 13/06/2014,quando acessou eletronicamente os autos (fl. 228). Contudo, por se tratar de processo que ainda tramita sob a forma física,a intimação da autarquia da decisão proferida nos autos do Agravo de Instrumento n. 0004081-69.2006.4.02.5050/02somente ocorreu em 18/07/2014, quando o INSS fez carga do processo e, subsequentemente, interpôs embargos dedeclaração contra a decisão monocrática lá proferida. Sendo assim, não subsiste interesse na alegação de ausência deintimação da decisão proferida nos autos do Agravo de Instrumento n. 0004081-69.2006.4.02.5050/02.

13. Prejudicada a análise da alegada omissão no que tange à aplicação do disposto nos artigos 543-B, §4º, doCódigo de Processo Civil e 328-A, §2º, do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, tendo em vista o julgamento,nesta data, dos embargos de declaração interpostos nos autos do Agravo de Instrumento n.0004081-69.2006.4.02.5050/02, com idêntico teor.

14. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração como Agravo Regimental e, no mérito, nego-lhe provimentopara manter a decisão embargada.

15. Nestes termos, em obediência à decisão de fls. 236/237, devolvam-se os autos ao Juizado de origem, ondedeverão aguardar o julgamento do Agravo de Instrumento n. 0004081-69.2006.4.02.5050/02 (AI n. 758213-2/40).

16. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

13 - 0000504-38.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000504-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x JOSE PRATTI(ADVOGADO: ES015618 - MARIA DE LOURDES COIMBRA DE MACEDO.).RECURSO Nº 0000504-38.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000504-2/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: JOSE PRATTIRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO COM CÔMPUTO DE ATIVIDADE ESPECIAL.TRATORISTA. ANALOGIA À FUNÇÃO DE MOTORISTA DE CAMINHÃO. POSSIBILIDADE DE CÔMPUTO DE ATIVIDADEESPECIAL APÓS O DECRETO N. 2.172/1997. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.1. INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL interpõe recurso inominado, às fls. 70/80, contra sentença (fls. 64/69)proferida pelo MM. Juiz do Juizado Especial Federal de São Mateus, que julgou parcialmente procedente o pedido inicial,para condenar o réu a computar os períodos de 01/09/1978 a 31/03/1988, 01/11/1988 a 14/08/1990 e 12/06/1995 a15/04/1999 como de efetivo exercício de atividade especial, convertendo-os em tempo comum, bem como a conceder aoautor aposentadoria por tempo de contribuição com proventos proporcionais, a contar da data do requerimentoadministrativo (31/03/2010).2. O recorrente alega que, entre 01/09/1978 e 31/03/1988, não houve comprovação da exposição a ruído através de laudotécnico. Sustenta que o próprio Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) de fls. 33/34 deixa claro que, naquela época, nãoexistia monitoramento de riscos ambientais. Em relação à ocupação cadastrada (tratorista), afirma que o item 2.4.4 doDecreto n. 53.831/64 apenas prevê as atividades de “motorneiros e condutores de bondes, motoristas e cobradores deônibus e motoristas e ajudantes de caminhão”. Em relação ao período compreendido entre 01/11/1988 e 14/08/1990, aautarquia sustenta que o autor não comprovou a condução de ônibus ou de caminhão, não sendo possível oenquadramento como tratorista. Por fim, em relação ao período de 12/06/1995 a 15/04/1999, argumenta que, a partir doDecreto n. 2.172/97, que regulamentou a Lei n. 9.032/95, deixou de existir tempo de serviço especial por exposição aagentes periculosos. Pugna pelo provimento do recurso, com a reforma da sentença, para que sejam julgadosimprocedentes os pedidos iniciais.3. JOSÉ PRATTI ofereceu contrarrazões, às fls. 87/90. Sustenta que a jurisprudência dos Tribunais equipara a atividade detratorista à atividade de motorista. Colaciona precedentes dos Tribunais e pugna pela manutenção da sentença.4. Presentes os pressupostos processuais, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.5. No caso dos autos, a parte autora pretende obter aposentadoria por tempo de contribuição proporcional, com cômputo deatividade especial. Os períodos impugnados em sede recursal estão compreendidos entre 01/09/1978 a 31/03/1988,01/11/1988 a 14/08/1990 e 12/06/1995 a 15/04/1999.6. É garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada comoperigosa, insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos n. 53.831/64 e 83.080/79), antes da

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promulgação da Lei n.º 9.032/95, independentemente da produção de laudo pericial comprovando a efetiva exposição aagentes nocivos. Entre 29 de abril de 1995 e 05 de março de 1997, vigente a Lei 9.032/95, é necessária a demonstração deexposição a agentes nocivos por qualquer meio de prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor doDecreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como daespecial condição de nocividade ou periculosidade.7. O art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, em sua redação originária, preconizava que a aposentadoria especialseria devida ao segurado, uma vez cumprida a carência exigida em lei, “conforme a atividade profissional, sujeito acondições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física”, sendo que “o tempo de serviço exercidoalternadamente em atividade comum e em atividade profissional sob condições especiais que sejam ou venham a serconsideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão segundo os critérios deequivalência estabelecidos pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, para efeito de qualquer benefício”.8. Promulgada a Lei n. 9.032/95, o art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, passaram a ter a seguinte redação:Art. 57 – A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tivertrabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem à saúde ou a integridade física, durante 15, 20 ou 25 anos,conforme dispuser a lei...........................§3o – A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o INSS, do tempo detrabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridadefísica, durante o período mínimo fixado.§4o – O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos químicos, físicos,biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para aconcessão de qualquer benefício.

9. Das regras transcritas, observa-se que não basta a mera enunciação da atividade profissional desempenhada, sendonecessária a demonstração de que houve efetiva exposição aos agentes nocivos, físicos, biológicos ou associação deagentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, a partir da Lei n. 9.032/95. Outrossim, o art. 58, da Lei n. 8.213/91, queveiculava regra que dispunha que a relação de atividades profissionais à saúde ou à integridade física seria objeto de leiespecífica, teve tal preceito alterado com a edição da Medida Provisória n. 1.523, de 11 de outubro de 1996, posteriormenteconvertida na Lei n. 9.528/97, que lhe deu a seguinte redação:Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou àintegridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria especial de que trata o artigo anterior será definidapelo Poder Executivo.§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na formaestabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudotécnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.§ 2º Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar informação sobre a existência de tecnologia deproteção coletiva que diminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e recomendação sobre a suaadoção pelo estabelecimento respectivo.§ 3º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos existentes no ambiente detrabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com orespectivo laudo estará sujeita à penalidade prevista no art. 133 desta Lei.§ 4º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelotrabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica desse documento.

10. Em relação aos períodos compreendidos entre 01/09/1978 e 31/03/1988 e entre 01/11/1988 e 14/08/1990, interstíciosnos quais o autor exerceu a profissão de tratorista, reputo prevalecer o entendimento que equipara esta profissão à demotorista de caminhão ou de ônibus. Com efeito, a atividade de tratorista tem sido admitida pela jurisprudência dosTribunais Regionais Federais como especial, por analogia à atividade de motorista de caminhão (Apelação em Mandado deSegurança nº 200138000143033, Relator Miguel Ângelo de Alvarenga Lopes, TRF1, 3º Turma Suplementar, DJF1 em24/08/2011, página 195; AC nº 200101990408125, Relator José Amilcar Machado, TRF1, Primeira Turma, e-DJF1 em03/06/2008, página 1495; AC nº 1057748, Relator Miguel di Pierro, TRF3, 9ª Turma, decisão proferida em 12/09/2011;APELREEX nº 1081158, Relator Miguel di Pierro, TRF3, 9ª Turma, decisão prolatada em 12/09/2011; APELREEX200671990048804, Relator João Batista Pinto Silveira, TRF4, 6ª Turma, D.E 13/05/2010; AC 200204010045281, RelatorCelso Kipper, TRF4, 5ª Turma, D.E 21/06/2007), sendo esta também a orientação acatada pela Turma Nacional deUniformização dos Juizados Especiais Federais (PEDILEF 05038656320104058401, Rel. Juíza Federal Marisa CláudiaGonçalves Cucio):PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO INTERPOSTO PELO INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL. PEDIDO DEAPOSENTADORIA ESPECIAL. RECONHECIMENTO DA FUNÇÃO DETRATORISTA COMO ESPECIAL. EQUIPARAÇÃOA MOTORISTA. POSSIBILIDADE. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO IMPROVIDO. 1. Pedido de aposentadoria especial, comreconhecimento de atividade insalubre e/ou penosa na função de tratorista, equiparado a motorista. 2. Sentença julgouimprocedente o pedido. 3. Acórdão da Turma Recursal do Rio Grande do Norte, proveu o recurso da parte autora econdenou o INSS a conceder o benefício de aposentadoria especial ao autor, considerando a função de tratorista comoespecial,em equiparação à atividade de motorista. 4. Inconformado, o Instituto réu interpôs Pedido de Uniformização, comfundamento no art. 14 da Lei nº 10.259/2.001, que foi admitido pelo Presidente da Turma Recursal de origem. 5. OIncidente de Uniformização é tempestivo e deve ser conhecido. 6. Em recente decisão proferida por essa E. TurmaNacional de Uniformização, restou pacificada a matéria com julgamento da questão nos termos do art. 7ºdo RegimentoInterno, cujo voto-ementa se transcreve: PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERALPROCESSO Nº: 2009.50.53.000401-9 REQUERENTE: INSS REQUERIDO(A): REYNALDO MIRANDA DA SILVA

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RELATOR: ANTONIO FERNANDO SCHENKEL DO AMARAL E SILVA EMENTA-VOTO PREVIDENCIÁRIO. TEMPO DESERVIÇO ESPECIAL. EQUIPARAÇÃO ENTRE TRATORISTA E MOTORISTA. POSSIBILIDADE. 1. No PEDILEF200651510118434, de relatoria do Exmo. Juiz Federal José Antonio Savaris (sessão de 14/06/2011, DJ 25/11/2011) a TNUfirmou a seguinte premissa de Direito: “A equiparação a categoria profissional para o enquadramento de atividade especial,fundada que deve estar no postulado da igualdade, somente se faz possível quando apresentados elementos que autorizema conclusão de que a insalubridade, a penosidade ou a periculosidade, que se entende presente por presunção nacategoria paradigma, se faz também presente na categoria que se pretende a ela igualar”.2. O STJ, no AgRg no REsp794092/MG (Rel. Ministra LAURITA VAZ, Quinta Turma, Fonte DJ 28/05/2007, p. 394) firmou tese no mesmo sentido, aodispor que“o rol de atividades arroladas nos Decretos n.os 53.831/64 e 83.080/79 é exemplificativo, não existindoimpedimento em considerar que outras atividades sejam tidas como insalubres, perigosas ou penosas, desde que estejamdevidamente comprovadas”. Precedentes: AgRg no Ag 803513 / RJ (DJ 18/12/2006, p. 493), Resp 765215 / RJ (DJ06/02/2006, p. 305), entre outros. 3. Pedido do INSS conhecido e improvido. 4. Outrossim, sugere-se ao Presidente desteColegiado que, com base no entendimento já consolidado nesta Turma, promova a devolução de todos os processos quetenham por objeto esta mesma questão, nos termos do artigo 7º do Regimento Interno desta Turma. ACÓRDÃO Vistos erelatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia Turma Nacional De Uniformização negarprovimento ao recurso nos termos do voto e notas taquigráficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.Sessão de 27 de junho de 2012. 7. Processo distribuído a esta relatora em data posterior ao julgamento, e na mesma datada publicação do acórdão supra mencionado. 8. Incidente que se conhece e, por ausência da publicidade do julgamento, nadata da distribuição, nega-se provimento por aplicação do item 74 do Quadro Informativo, dos processos julgados,conforme art. 7º da Resolução CJF n. 22, de 4/9/2008.

11. No que atine ao período compreendido entre 12/06/1995 e 15/04/1999, o recorrente sustenta que a Turma Nacional deUniformização pacificou o entendimento segundo o qual, a partir do Decreto n. 2.172/97, que regulamentou a Lei n.9.032/95, deixou de existir tempo de serviço especial por exposição a agentes periculosos. Em relação ao referidoargumento, reputo que a regulamentação da Lei n. 9.032/95 não afastou a possibilidade de consideração de atividadeespecial, apenas modificou a forma de se comprovar a efetiva exposição a agentes nocivos.12. Regulamentada a norma pelo Decreto n. 2.172, de 05 de março de 1997, a comprovação da efetiva exposição aosagentes nocivos deveria ocorrer mediante formulário, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico decondições do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, que deve retratar ascondições em que o trabalho é efetivamente prestado, arrolando a tecnologia de proteção empregada e a descrição doambiente de trabalho. Sendo assim, a atividade especial pode dar-se até 28 de abril de 1995 pela realização de atividadeprofissional legalmente considerada prejudicial à saúde ou à integridade física do trabalhador. Entre 29 de abril de 1995 a05 de março de 1997, vigente a Lei n. 9.032, é necessária a demonstração de exposição a agente nocivo por qualquer meiode prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial dainsalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como da especial condição de penosidade ou periculosidade.Com efeito, a alteração legislativa apenas trouxe novas formas de comprovação da atividade, mas não impossibilitou acontagem diferenciada como pretende alegar o recorrente. Afasto, assim, os argumentos expostos nesse sentido.13. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96).Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor dacondenação (art. 55, da Lei n. 9.099/95), observada a diretriz contida no enunciado nº 111 da súmula da jurisprudência doSTJ (“Os honorários advocatícios, nas ações previdenciárias, não incidem sobre as prestações vencidas após a sentença”).14. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.15. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

14 - 0000597-07.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000597-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x ADEMAR NOGUEIRA NEVES (ADVOGADO:ES007990 - SIMONE ELENA SOARES, ES003575 - JULIO FERNANDES SOARES.).RECURSO Nº 0000597-07.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000597-8/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ADEMAR NOGUEIRA NEVESRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.RECURSO NÃO CONHECIDO.

ADEMAR NOGUEIRA NEVES interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 179/189, contra acórdão prolatado àsfls. 168/176. Em suas razões recursais, o embargante não aponta qualquer dos vícios previstos no art. 535 do Código deProcesso Civil, limitando-se a revolver as questões de mérito já debatidas em sede de recurso inominado, ao argumentarque o conteúdo do acórdão infringe o princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da Constituição da República de1988) e o tamanho da embarcação (arqueação bruta) não é capaz de determinar a natureza da atividade pesqueirarealizada.

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02. Em análise das razões declinadas nos Embargos de Declaração interpostos, não identifico a alegação de efetivovício relacionado à omissão, obscuridade ou contradição. Em verdade, o embargante pretende rediscutir a matéria jáapreciada na decisão colegiada, ao buscar a revisão da conclusão e dos fundamentos adotados no acórdão que foramcontrários ao seu pedido. Logo, não apontada quaisquer das hipóteses de cabimento do art. 535, do Código de ProcessoCivil, e do art. 48, da Lei n. 9.099/95, o recurso não deve ser conhecido. Por oportuno, transcrevo ementa de julgado doSupremo Tribunal Federal que enfrentou questão semelhante.

EMENTAS: 1. RECURSO. Agravo. Regimental. Inadmissibilidade. Interposição por advogado sem instrumento de mandato.Ato inexistente. Jurisprudência assentada. Ausência de razões novas. Decisão mantida. Embargos de declaraçãorejeitados. Embargos declaratórios não se prestam a modificar capítulo decisório, salvo quando a modificação figureconseqüência inarredável da sanação de vício de omissão, obscuridade ou contradição do ato embargado. 2. RECURSO.Embargos de declaração. Jurisprudência assentada sobre a matéria. Caráter meramente abusivo. Litigância de má-fé.Imposição de multa. Aplicação do art. 557, § 2º, cc. arts. 14, II e III, e 17, VII, do CPC. Quando abusiva a interposição deagravo, manifestamente inadmissível ou infundado, deve o Tribunal condenar o agravante a pagar multa ao

�agravado. (RE-AgR-ED 570858, Rel. Min. Cezar Peluso).

03. Posto isso, não conheço os Embargos de Declaração.

04. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

05. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

15 - 0000901-26.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000901-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.) x GELSON FALCAO (ADVOGADO: ES012938- JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES.).RECURSO Nº 0000901-26.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000901-6/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: GELSON FALCAORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO COM CÔMPUTO DE ATIVIDADE ESPECIAL.ELETRICISTA. ENQUADRAMENTO PROFISSIONAL. EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL. RECURSOCONHECIDO E DESPROVIDO.1. INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL interpõe recurso inominado, às fls. 110/119, contra sentença (fls.100/105) proferida pelo MM. Juiz do Juizado Especial Federal de Linhares, que julgou procedente o pedido inicial, paracondenar o réu a conceder aposentadoria por tempo de contribuição integral ao autor, a contar da data do requerimentoadministrativo (03/04/2012), bem como a pagar os valores atrasados com correção monetária e juros de mora de 1% aomês desde a citação e, a partir de julho de 2009, correção monetária conforme a Lei n. 11.960/2009, respeitada aprescrição quinquenal.2. O INSS alega, preliminarmente, que não houve requerimento administrativo de reconhecimento de atividadesdesenvolvidas em condições especiais entre 1977 e 1991, motivo pelo qual não caberia ao Juízo monocrático concederaposentadoria com base nesse interstício. No mérito, sustenta que não houve agente nocivo capaz de gerar direito aoreconhecimento de tempo especial entre 01/05/1982 e 16/04/1983, 01/10/1991 e 16/12/1992 e entre 01/11/1993 e08/08/1994, visto que os laudos apresentados indicam que o autor exerce a função de eletricista, categoria profissional nãoenquadrada como especial pela legislação previdenciária. Aduz que os referidos laudos não trazem elementos técnicospara o enquadramento de qualquer agente nocivo. Argumenta que houve utilização eficaz de Equipamentos de ProteçãoIndividual, motivo pelo qual não é possível reconhecer a especialidade das atividades exercidas pelo autor. Afirma que oslaudos são extemporâneos às atividades praticadas e não há provas de que a situação física descrita no laudo seja amesma que existia na época em que o autor trabalhou no local. Por fim, requer seja respeitado o limite de competência doJuizado Especial Federal, parâmetro no qual se incluem 12 parcelas vincendas posteriores a ajuizamento da ação. Pugnapelo provimento do recurso, com a reforma da sentença, para que seja julgado improcedente o pedido inicial.3. GELSON FALCÃO oferece contrarrazões às fls. 125/129. Sustenta que a profissão de eletricista não demandacomprovação da efetiva exposição a agentes nocivos para o período anterior à edição da Lei n. 9.032/95. Pugna pelamanutenção da sentença.4. Presentes os pressupostos processuais, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.5. No caso dos autos, a parte autora pretende obter aposentadoria por tempo de contribuição com cômputo de atividadeespecial. Os períodos impugnados pelo recorrente estão compreendidos entre 22/03/1977 e 08/08/1994.6. Preliminarmente, examino a alegada falta de interesse de agir apontada pelo réu. O autor requereu administrativamente aconcessão de aposentadoria por tempo de contribuição em 03/04/2012 (fl. 85). Na análise do pedido, o INSS apreciou otempo de atividade especial prestado em períodos intercalados entre 1982 e 2011. Como a profissão de eletricista permite oenquadramento como atividade especial pelo simples exercício da profissão (até a edição da Lei n. 9.032/95), é possívelconcluir que a autarquia deveria ter aferido, no momento de sua análise, todos os interstícios que possibilitassem aconversão de tempo especial em tempo comum, mesmo que o autor não tivesse requerido expressamente todos eles.Afinal, é dever do INSS conceder o melhor benefício ao segurado, sem esperar que este realize o pedido da forma mais

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correta e completa. Afasto, dessa forma, a preliminar arguida e passo à análise do mérito.7. É garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada comoperigosa, insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos n. 53.831/64 e 83.080/79), antes dapromulgação da Lei n.º 9.032/95, independentemente da produção de laudo pericial comprovando a efetiva exposição aagentes nocivos. Entre 29 de abril de 1995 e 05 de março de 1997, vigente a Lei 9.032/95, é necessária a demonstração deexposição a agentes nocivos por qualquer meio de prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor doDecreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como daespecial condição de nocividade ou periculosidade.8. O art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, em sua redação originária, preconizava que a aposentadoria especialseria devida ao segurado, uma vez cumprida a carência exigida em lei, “conforme a atividade profissional, sujeito acondições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física”, sendo que “o tempo de serviço exercidoalternadamente em atividade comum e em atividade profissional sob condições especiais que sejam ou venham a serconsideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão segundo os critérios deequivalência estabelecidos pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, para efeito de qualquer benefício”.9. Promulgada a Lei n. 9.032/95, o art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, passaram a ter a seguinte redação:Art. 57 – A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tivertrabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem à saúde ou a integridade física, durante 15, 20 ou 25 anos,conforme dispuser a lei...........................§3o – A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o INSS, do tempo detrabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridadefísica, durante o período mínimo fixado.§4o – O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos químicos, físicos,biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para aconcessão de qualquer benefício.

10. Das regras transcritas, observa-se que não basta a mera enunciação da atividade profissional desempenhada, sendonecessária a demonstração de que houve efetiva exposição aos agentes nocivos, físicos, biológicos ou associação deagentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, a partir da Lei n. 9.032/95. Outrossim, o art. 58, da Lei n. 8.213/91, queveiculava regra que dispunha que a relação de atividades profissionais à saúde ou à integridade física seria objeto de leiespecífica, teve tal preceito alterado com a edição da Medida Provisória n. 1.523, de 11 de outubro de 1996, posteriormenteconvertida na Lei n. 9.528/97, que lhe deu a seguinte redação:Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou àintegridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria especial de que trata o artigo anterior será definidapelo Poder Executivo.§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na formaestabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudotécnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.§ 2º Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar informação sobre a existência de tecnologia deproteção coletiva que diminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e recomendação sobre a suaadoção pelo estabelecimento respectivo.§ 3º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos existentes no ambiente detrabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com orespectivo laudo estará sujeita à penalidade prevista no art. 133 desta Lei.§ 4º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelotrabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica desse documento.

11. Regulamentada a norma pelo Decreto n. 2.172, de 05 de março de 1997, a comprovação da efetiva exposição aosagentes nocivos deveria se dar mediante formulário, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico decondições do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, que deve retratar ascondições em que o trabalho é efetivamente prestado, arrolando a tecnologia de proteção empregada e a descrição doambiente de trabalho.12. Destarte, a atividade especial pode dar-se até 28 de abril de 1995 pela realização de atividade profissional legalmenteconsiderada prejudicial à saúde ou à integridade física do trabalhador. Entre 29 de abril de 1995 a 05 de março de 1997,vigente a Lei n. 9.032, é necessária a demonstração de exposição a agente nocivo por qualquer meio de prova. A partir de06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rollegal, ou comprovada em concreto, bem como da especial condição de penosidade ou periculosidade.13. No que se refere ao agente nocivo ruído, o nível caracterizador da nocividade é de 80 decibéis até 05/03/1997 (ediçãodo Decreto n. 2.172/97), de 90 dB até 18/11/2003 (edição do Decreto n. 4.882/2003), quando houve uma atenuação e oíndice passou a ser de 85 dB, nos termos pacificados pela jurisprudência, (STJ, 6ª T., AgREsp 727497, Rel. Min. HamiltonCarvalhido, v. u., DJU 01.08.05, p. 603; TRF 3ª R., 10ª T AC 1518937, Rel. Des. Fed. Sérgio Nascimento, v.u., CJ114.03.12; TRF 3ª R., 7ª T.AC 849874, Rel. Des. Fed. Walter do Amaral, v. u., CJ1 30.03.10, p. 861; TRF 3ª R., 9ª T., AI291692, Rel. Des. Fed. Marisa Santos, v. u., DJU 16.08.07, p. 475).14. A autarquia previdenciária impugna o reconhecimento de atividade especial entre os anos de 1977 e 1992, com base noenquadramento profissional. Aponta que a profissão de eletricista não consta do rol de profissões que permite oreconhecimento de atividade especial pelo simples enquadramento. Todavia, a atividade desempenhada pelo recorridoconsta no Quadro Anexo ao Decreto 53.831/64 (Código 1.1.8, Campo de Aplicação - Eletricidade - Operações em locaiscom eletricidade em condições de perigo de vida; Serviços e Atividades Profissionais - Trabalhos permanentes em

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instalações ou equipamentos elétricos com risco de acidentes - eletricistas, cabistas, montadores e outros). O autorapresentou cópia da Carteira de Trabalho e Previdência Social (fls. 22/33), que aponta a função de auxiliar de eletricista eeletricista, motivo pelo qual faz jus ao enquadramento efetuado.15. O INSS alega que o uso de Equipamento de Proteção Individual - EPI afastaria a influência dos agentes nocivos àsaúde do segurado e, por conseguinte, implicaria que o cômputo do tempo de serviço prestado em tais condições nãosofresse incremento. Contudo, o fornecimento de Equipamento de Proteção Individual, ainda que usado continuamente,não basta para que seja descaracterizado o prejuízo inerente à prestação de serviço em condições de insalubridade (cf.enunciado n. 289, da súmula da jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho), sendo necessária a efetiva prova de quea utilização do EPI tenha sido capaz de eliminar os efeitos negativos decorrentes do trabalho realizado com exposição aagentes nocivos (cf. STJ, AgRg no ARESP 567.415/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Og Fernandes, DJE 15.10.2014; AgRgno ARESP 551.460/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 09.10.2014; RESP 720.082/MG, Quinta Turma,Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJ 10.04.2006, p. 279). Acrescento que, para o agente ruído, o uso de EPI não basta paraafastar o prejuízo à saúde, pois os danos decorrentes à sua exposição não se limitam ao aparelho auditivo, sendo este oentendimento consolidado no enunciado n. 9 da súmula da TNU (“O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI),ainda que elimine a insalubridade, no caso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especialprestado”).16. Cumpre destacar que a orientação, segundo a qual a declaração do empregador sobre a eficácia do uso deEquipamento de Proteção Individual não excluiria o incremento do cômputo do tempo de serviço, foi acatada pelo SupremoTribunal Federal em julgamento do ARE 664.335/SC (Pleno, Rel. Min. Luiz Fux, DJE 11.02.2015), em regime derepercussão geral, ocasião na qual também se afastou a alegação de que esta interpretação acarretava majoração debenefício previdenciário sem a respectiva fonte de custeio.17. No que atine à apresentação de laudos técnicos extemporâneos, reputo que a matéria desborda do conteúdosentencial, visto que o cômputo da atividade especial exercida entre 22/03/1977 e 08/08/1994 apenas considerou aatividade exercida pelo autor e não os laudos encartados aos autos.18. No que se refere às prestações vencidas e vincendas para fins de fixação de competência dos Juizados EspeciaisFederais, verifico que a data do requerimento administrativo foi 03/04/2012 (fl. 85) e a data de ajuizamento da ação foi03/08/2012 (fl. 87). Houve o transcurso de apenas 4 meses entre os marcos temporais e o INSS não colacionou a memóriade cálculos que indicasse se o montante a ser pago supera o valor fixado para os Juizados Federais. Afasto, assim, estaalegação recursal.19. Reformo a sentença, parcialmente, para substituir, de ofício, a taxa de juros aplicada, a fim de que seja fixada nostermos da Lei n. 11.960/09 (citação posterior à alteração da Lei n. 9.494/97 – fl. 88).20. Ante o exposto, conheço o recurso do INSS, mas nego-lhe provimento. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96).Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, correspondentes a 10% sobre o valor da causa (art. 55 da Lei nº9.099/95).21. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.22. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

16 - 0114892-68.2014.4.02.5001/01 (2014.50.01.114892-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MOACIR OLIVEIRA(ADVOGADO: ES020677 - EFIGENIA CAMILO DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.).RECURSO Nº 0114892-68.2014.4.02.5001/01 (2014.50.01.114892-0/01)RECORRENTE: MOACIR OLIVEIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.MOACIR OLIVEIRA interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 107/108, contra acórdão proferido às fls. 99/104,ao argumento de existência de omissão. Para tanto, sustenta que a expressão “a partir da data de publicação destaemenda” não foi devidamente esclarecida na decisão colegiada. Esclarece que pretende a declaração da finalidade dacitada expressão, contida no art. 14 da Emenda Constitucional n. 20/98 e no art. 5º da Emenda Constitucional n. 41/03.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso deEmbargos de Declaração, novo julgamento da causa motivado pela irresignação de uma das partes em face doposicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração não é cabível o empréstimo de efeitos infringentespara rediscutir questão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. JorgeScartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSO

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INTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

05. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

17 - 0000678-10.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000678-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x JOSE DEODORO ALVES CABRAL(ADVOGADO: ES129454 - GASPARINO RODRIGUES DOS SANTOS JUNIOR.) x OS MESMOS.RECURSO Nº 0000678-10.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000678-3/01)RECORRENTES: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS E JOSÉ DEODORO ALVES CABRALRECORRIDOS: OS MESMOSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO COM CÔMPUTO DE ATIVIDADE ESPECIAL.RUÍDO. EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL. RECURSO DO AUTOR NÃO CONHECIDO. RECURSO DO INSSCONHECIDO E DESPROVIDO.1. INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL e JOSÉ DEODORO ALVES CABRAL interpõem recursos inominados, àsfls. 113/120 e 124/127, respectivamente, contra sentença (fls. 106/112) proferida pelo MM. Juiz do Juizado Especial Federalde Linhares, que julgou procedente o pedido e condenou o INSS a conceder ao autor aposentadoria por tempo decontribuição integral, com DIB em 12/08/2010 (data do requerimento administrativo), assim como a pagar a quantia vencida,com correção monetária e juros de mora de 1% ao mês desde a citação e, a partir de julho de 2009, correção monetáriaconforme a Lei n. 11.960/2009.2. O INSS alega que o segurado, para fazer jus à contagem de tempo como especial, deverá fazer prova do exercício deatividade prejudicial à saúde com a demonstração de que esteve efetivamente exposto a algum agente físico, químico oubiológico. Alega que a sentença não considerou o afastamento da especialidade pela utilização de Equipamento deProteção Individual. Sustenta que desconsiderar a utilização do EPI eficaz implicaria, ainda, em violação ao devido processolegal e aos princípios do equilíbrio atuarial e financeiro e da prévia fonte de custeio. Pugna pelo provimento do recurso, coma reforma da sentença, para que seja julgado improcedente o pedido inicial.3. JOSÉ DEODORO ALVES CABRAL sustenta que, no andamento do processo, houve alteração do enunciado n. 32, dasúmula de jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização, o que proporciona a obtenção do benefício de

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aposentadoria especial no lugar do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição. Afirma que o períodocompreendido entre 06/03/1997 e 18/11/2003 não foi convertido sob a alegação de que o nível de ruído a que esteveexposto foi de 86,4 dB(A), e que, para o período intervalo, a lei exigia o mínimo de 90 dB(A). Todavia, aduz que a afirmativaacima sofreu modificação jurisprudencial, motivo pelo qual faz jus à reforma da sentença com a concessão deaposentadoria especial.4. Em contrarrazões, o INSS aponta que houve revogação da assistência judiciária gratuita e que, em virtude deste fato, orecurso do autor é deserto. Sustenta que os níveis de ruído já estão com índices definidos pelo Superior Tribunal de Justiçae que merece desprovimento o recurso do autor.5. Ao se analisar os autos, verifico que não foi feito o recolhimento das custas recursais pelo autor e a gratuidade de justiçaconcedida foi revogada em sentença (fl. 107). Dessa forma, encontra-se deserto o recurso inominado de fls. 124/127,motivo pelo qual deixo de conhecê-lo.6. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso do INSS e passo à análise do seu mérito.7. É garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada comoperigosa, insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos n. 53.831/64 e 83.080/79), antes dapromulgação da Lei n.º 9.032/95, independentemente da produção de laudo pericial comprovando a efetiva exposição aagentes nocivos. Entre 29 de abril de 1995 e 05 de março de 1997, vigente a Lei 9.032/95, é necessária a demonstração deexposição a agentes nocivos por qualquer meio de prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor doDecreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como daespecial condição de nocividade ou periculosidade.8. O art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, em sua redação originária, preconizava que a aposentadoria especialseria devida ao segurado, uma vez cumprida a carência exigida em lei, “conforme a atividade profissional, sujeito acondições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física”, sendo que “o tempo de serviço exercidoalternadamente em atividade comum e em atividade profissional sob condições especiais que sejam ou venham a serconsideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão segundo os critérios deequivalência estabelecidos pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, para efeito de qualquer benefício”.9. Promulgada a Lei n. 9.032/95, o art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, passaram a ter a seguinte redação:Art. 57 – A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tivertrabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem à saúde ou a integridade física, durante 15, 20 ou 25 anos,conforme dispuser a lei...........................§3o – A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o INSS, do tempo detrabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridadefísica, durante o período mínimo fixado.§4o – O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos químicos, físicos,biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para aconcessão de qualquer benefício.

10. Das regras transcritas, observa-se que não basta a mera enunciação da atividade profissional desempenhada, sendonecessária a demonstração de que houve efetiva exposição aos agentes nocivos, físicos, biológicos ou associação deagentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, a partir da Lei n. 9.032/95. Outrossim, o art. 58, da Lei n. 8.213/91, queveiculava regra que dispunha que a relação de atividades profissionais à saúde ou à integridade física seria objeto de leiespecífica, teve tal preceito alterado com a edição da Medida Provisória n. 1.523, de 11 de outubro de 1996, posteriormenteconvertida na Lei n. 9.528/97, que lhe deu a seguinte redação:Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou àintegridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria especial de que trata o artigo anterior será definidapelo Poder Executivo.§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na formaestabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudotécnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.§ 2º Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar informação sobre a existência de tecnologia deproteção coletiva que diminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e recomendação sobre a suaadoção pelo estabelecimento respectivo.§ 3º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos existentes no ambiente detrabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com orespectivo laudo estará sujeita à penalidade prevista no art. 133 desta Lei.§ 4º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelotrabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica desse documento.

11. Regulamentada a norma pelo Decreto n. 2.172, de 05 de março de 1997, a comprovação da efetiva exposição aosagentes nocivos deveria se dar mediante formulário, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico decondições do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, que deve retratar ascondições em que o trabalho é efetivamente prestado, arrolando a tecnologia de proteção empregada e a descrição doambiente de trabalho.12. Destarte, a atividade especial pode dar-se até 28 de abril de 1995 pela realização de atividade profissional legalmenteconsiderada prejudicial à saúde ou à integridade física do trabalhador. Entre 29 de abril de 1995 a 05 de março de 1997,vigente a Lei n. 9.032, é necessária a demonstração de exposição a agente nocivo por qualquer meio de prova. A partir de06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rollegal, ou comprovada em concreto, bem como da especial condição de penosidade ou periculosidade.

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13. No que se refere ao agente nocivo ruído, o nível caracterizador da nocividade é de 80 decibéis até 05/03/1997 (ediçãodo Decreto n. 2.172/97), de 90 dB até 18/11/2003 (edição do Decreto n. 4.882/2003), quando houve uma atenuação e oíndice passou a ser de 85 dB, nos termos pacificados pela jurisprudência, (STJ, 6ª T., AgREsp 727497, Rel. Min. HamiltonCarvalhido, v. u., DJU 01.08.05, p. 603; TRF 3ª R., 10ª T AC 1518937, Rel. Des. Fed. Sérgio Nascimento, v.u., CJ114.03.12; TRF 3ª R., 7ª T.AC 849874, Rel. Des. Fed. Walter do Amaral, v. u., CJ1 30.03.10, p. 861; TRF 3ª R., 9ª T., AI291692, Rel. Des. Fed. Marisa Santos, v. u., DJU 16.08.07, p. 475).14. O INSS alega que o uso de Equipamento de Proteção Individual - EPI afastaria a influência dos agentes nocivos àsaúde do segurado e, por conseguinte, implicaria que o cômputo do tempo de serviço prestado em tais condições nãosofresse incremento. Contudo, o fornecimento de Equipamento de Proteção Individual, ainda que usado continuamente,não basta para que seja descaracterizado o prejuízo inerente à prestação de serviço em condições de insalubridade (cf.enunciado n. 289, da súmula da jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho), sendo necessária a efetiva prova de quea utilização do EPI tenha sido capaz de eliminar os efeitos negativos decorrentes do trabalho realizado com exposição aagentes nocivos (cf. STJ, AgRg no ARESP 567.415/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Og Fernandes, DJE 15.10.2014; AgRgno ARESP 551.460/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 09.10.2014; RESP 720.082/MG, Quinta Turma,Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJ 10.04.2006, p. 279). Acrescento que, para o agente ruído, o uso de EPI não basta paraafastar o prejuízo à saúde, pois os danos decorrentes à sua exposição não se limitam ao aparelho auditivo, sendo este oentendimento consolidado no enunciado n. 9 da súmula da TNU (“O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI),ainda que elimine a insalubridade, no caso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especialprestado”).15. Cumpre destacar que a orientação, segundo a qual a declaração do empregador sobre a eficácia do uso deEquipamento de Proteção Individual não excluiria o incremento do cômputo do tempo de serviço, foi acatada pelo SupremoTribunal Federal em julgamento do ARE 664.335/SC (Pleno, Rel. Min. Luiz Fux, DJE 11.02.2015), em regime derepercussão geral, ocasião na qual também se afastou a alegação de que esta interpretação acarretava majoração debenefício previdenciário sem a respectiva fonte de custeio.16. Reformo a sentença, parcialmente, para substituir, de ofício, a taxa de juros aplicada, a fim de que seja fixada nostermos da Lei n. 11.960/09 (citação posterior à alteração da Lei n. 9.494/97 – fl. 85).

17. Ante o exposto, deixo de conhecer o recurso interposto pelo autor e conheço o recurso do INSS para negar-lheprovimento. Condenação do autor em custas processuais. Sem condenação em custas para o INSS (art. 4º, I, da Lei9.289/96). Diante da sucumbência recíproca, deixo de condenar os recorrentes em honorários advocatícios.18. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.19. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

18 - 0002272-97.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002272-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) GENES ESTANISLAU KOBE(ADVOGADO: ES020677 - EFIGENIA CAMILO DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).RECURSO Nº 0002272-97.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002272-2/01)RECORRENTE: GENES ESTANISLAU KOBERECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.

GENES ESTANISLAU KOBE interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 182/183, contra acórdão proferido às fls.174/179, ao argumento de existência de omissão. Para tanto, sustenta que a expressão “a partir da data de publicaçãodesta emenda” não foi devidamente esclarecida na decisão colegiada. Esclarece que pretende a declaração da finalidadeda citada expressão, contida no art. 14 da Emenda Constitucional n. 20/98 e no art. 5º da Emenda Constitucional n. 41/03.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso deEmbargos de Declaração, novo julgamento da causa motivado pela irresignação de uma das partes em face doposicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração não é cabível o empréstimo de efeitos infringentespara rediscutir questão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. JorgeScartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIO

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JURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

05. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

19 - 0000438-58.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000438-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.) x JOAO GERALDO DE JESUS(ADVOGADO: ES015618 - MARIA DE LOURDES COIMBRA DE MACEDO.).RECURSO Nº 0000438-58.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000438-4/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: JOAO GERALDO DE JESUSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO-EMENTAPREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO COM CÔMPUTO DE ATIVIDADE ESPECIAL.EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL. RUÍDO. ENTENDIMENTO DA TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO.RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.1. INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL interpõe recurso inominado, às fls. 194/203, contra sentença (fls.188/193) proferida pelo MM. Juiz do Juizado Especial Federal de São Mateus, que julgou procedente o pedido inicial, paracondenar o réu a conceder aposentadoria por tempo de contribuição integral ao autor, a contar da data do requerimentoadministrativo (28/10/2009), bem como a pagar os valores atrasados, atualizados na forma do art. 1º-F da Lei n. 9.494/97,com a redação que lhe foi dada pela Lei n. 11.960/2009.2. O INSS alega que, embora o autor afirme ter trabalhado em ambiente exposto a ruído, houve a utilização eficaz deEquipamento de Proteção Individual (EPI), o que afasta a caracterização da atividade como especial. Afirma que, para operíodo compreendido entre 05/01/1982 e 22/07/1991, não há que se falar em atividade especial visto que a profissão demotosserrista não estava elencada no Decreto n. 53.831/64 ou no anexo II do Decreto n. 83.080/79. Para o interstício de12/03/1992 a 08/04/1995, aponta que o laudo técnico de fl. 23 foi apresentado sem assinatura, sem carimbo e semindicação do responsável pela sua emissão. Por sua vez, em relação ao período de 01/03/1982 a 15/10/1986, sustenta quenão foi identificado o emitente do laudo DSS 8030, fato que, somado à sua extemporaneidade, impede que haja oenquadramento como atividade exercida em condições especiais. Em relação ao período de 02/2000 a 12/2004, aduz que oautor foi admitido como servente e não como frentista, sendo certo que o recorrido só poderia exercer esta última função deforma eventual. Pugna pelo provimento do recurso, com a reforma da sentença, para que seja julgado improcedente opedido inicial.3. JOÃO GERALDO DE JESUS oferece contrarrazões às fls. 209/211. Sustenta que a sentença deve ser mantida, visto que

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a matéria foi examinada em sintonia com as provas constantes nos autos. Afirma que a utilização de Equipamento deProteção Individual não descaracteriza o exercício de atividade especial. Em relação ao período de 12/03/1992 a08/04/1995, aponta que a assinatura do responsável pela empresa encontra-se à fl. 22 e a assinatura/carimbo do técnicoresponsável pelo laudo técnico encontra-se à fl. 23. Pugna pela manutenção da sentença.4. Presentes os pressupostos processuais, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.5. No caso dos autos, a parte autora pretende obter aposentadoria por tempo de contribuição com cômputo de atividadeespecial. Os períodos impugnados pelo recorrente estão compreendidos entre 05/01/1982 e 22/07/1991, 13/03/1992 e08/04/1995 e 01/05/2001 e 09/12/2003.6. É garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada comoperigosa, insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos n. 53.831/64 e 83.080/79), antes da ediçãoda Lei n.º 9.032/95, independentemente da produção de laudo pericial comprovando a efetiva exposição a agentes nocivos.Entre 29 de abril de 1995 e 05 de março de 1997, vigente a Lei 9.032/95, é necessária a demonstração de exposição aagentes nocivos por qualquer meio de prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n.2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como da especialcondição de nocividade ou periculosidade.7. O art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, em sua redação originária, preconizava que a aposentadoria especialseria devida ao segurado, uma vez cumprida a carência exigida em lei, “conforme a atividade profissional, sujeito acondições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física”, sendo que “o tempo de serviço exercidoalternadamente em atividade comum e em atividade profissional sob condições especiais que sejam ou venham a serconsideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão segundo os critérios deequivalência estabelecidos pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, para efeito de qualquer benefício”.8. Promulgada a Lei n. 9.032/95, o art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, passaram a ter a seguinte redação:Art. 57 – A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tivertrabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem à saúde ou a integridade física, durante 15, 20 ou 25 anos,conforme dispuser a lei...........................§3o – A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o INSS, do tempo detrabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridadefísica, durante o período mínimo fixado.§4o – O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos químicos, físicos,biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para aconcessão de qualquer benefício.

9. Das regras transcritas, observa-se que não basta a mera enunciação da atividade profissional desempenhada, sendonecessária a demonstração de que houve efetiva exposição aos agentes nocivos, físicos, biológicos ou associação deagentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, a partir da Lei n. 9.032/95. Outrossim, o art. 58, da Lei n. 8.213/91, queveiculava regra que dispunha que a relação de atividades profissionais à saúde ou à integridade física seria objeto de leiespecífica, teve tal preceito alterado com a edição da Medida Provisória n. 1.523, de 11 de outubro de 1996, posteriormenteconvertida na Lei n. 9.528/97, que lhe deu a seguinte redação:Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou àintegridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria especial de que trata o artigo anterior será definidapelo Poder Executivo.§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na formaestabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudotécnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.§ 2º Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar informação sobre a existência de tecnologia deproteção coletiva que diminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e recomendação sobre a suaadoção pelo estabelecimento respectivo.§ 3º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos existentes no ambiente detrabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com orespectivo laudo estará sujeita à penalidade prevista no art. 133 desta Lei.§ 4º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelotrabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica desse documento.

10. Regulamentada a norma pelo Decreto n. 2.172, de 05 de março de 1997, a comprovação da efetiva exposição aosagentes nocivos deveria se dar mediante formulário, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico decondições do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, que deve retratar ascondições em que o trabalho é efetivamente prestado, arrolando a tecnologia de proteção empregada e a descrição doambiente de trabalho.11. Destarte, a atividade especial pode dar-se até 28 de abril de 1995 pela realização de atividade profissional legalmenteconsiderada prejudicial à saúde ou à integridade física do trabalhador. Entre 29 de abril de 1995 a 05 de março de 1997,vigente a Lei n. 9.032, é necessária a demonstração de exposição a agente nocivo por qualquer meio de prova. A partir de06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rollegal, ou comprovada em concreto, bem como da especial condição de penosidade ou periculosidade.12. No que se refere ao agente nocivo ruído, o nível caracterizador da nocividade é de 80 decibéis até 05/03/1997 (ediçãodo Decreto n. 2.172/97), de 90 dB até 18/11/2003 (edição do Decreto n. 4.882/2003), quando houve uma atenuação e oíndice passou a ser de 85 dB, nos termos pacificados pela jurisprudência, (STJ, 6ª T., AgREsp 727497, Rel. Min. HamiltonCarvalhido, v. u., DJU 01.08.05, p. 603; TRF 3ª R., 10ª T AC 1518937, Rel. Des. Fed. Sérgio Nascimento, v.u., CJ1

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14.03.12; TRF 3ª R., 7ª T.AC 849874, Rel. Des. Fed. Walter do Amaral, v. u., CJ1 30.03.10, p. 861; TRF 3ª R., 9ª T., AI291692, Rel. Des. Fed. Marisa Santos, v. u., DJU 16.08.07, p. 475).13. No que se refere ao período compreendido entre 05/01/1982 e 22/07/1991, verifico que o autor trabalhou como ajudantede produção (fl. 15). Entre 12/03/1992 e 08/04/1995, exerceu a função de operador de motosserra (fl. 16) e, entre01/05/2001 e 09/12/2003, a função de auxiliar de serviços gerais (fl. 18). No primeiro período impugnado, o autor esteveexposto a ruído equivalente a 94,6 dB(A), conforme formulário sobre atividades exercidas em condições especiais (fl. 19).Consoante dados contidos no citado documento, a empresa possuía laudo técnico pericial e a exposição era habitual epermanente. O formulário foi assinado pelo representante da empresa e foi emitido em 31/12/2003, tendo sido juntadolaudo técnico à fl. 20.14. O interstício compreendido entre 12/03/1992 e 08/04/1995 encontra-se exposto no formulário de informações sobreatividades exercidas em condições especiais de fl. 22. O formulário foi emitido em 09/04/1995, com identificação dorepresentante da empresa. Há indicação de que a empresa possui laudo técnico pericial e do agente nocivo “ruído”. O laudotécnico de fl. 23 indica ruído de 96,5 dB(A), com exposição habitual e permanente.15. Em relação ao período de 01/05/2001 a 09/12/2003, verifico que o recorrido esteve exposto a ruído de 91,8 dB(A),conforme Perfil Profissiográfico Previdenciário de fls. 27/28. O PPP encontra-se assinado pelo representante da empresa,datado em 11/07/2007, com indicação de responsável pelos registros ambientais e pelos resultados de monitoraçãobiológica.16. A análise feita nos documentos que comprovam os períodos especiais acima indicados permite afastar os argumentosrecursais do INSS. A especialidade do período compreendido entre 05/01/1982 e 22/07/1991 ocorreu pela efetiva exposiçãoa ruído, e não pelo enquadramento por categoria profissional. Sendo assim, não há que se falar que a profissão demotosserrista não se encontra elencada nos Decretos n. 53.831/64 e 83.070/79. Por sua vez, a alegação de que o laudo defl. 23 encontra-se sem assinatura e sem carimbo não prospera, visto que tais dados estão corretamente identificados nodocumento. O laudo de fl. 19 traz expressamente a identificação do emitente do formulário DSS-8030, com indicação donome, cargo e assinatura legíveis. Por fim, no período de maio de 2000 a dezembro de 2004, o agente nocivo consideradofoi o “ruído”, motivo pelo qual não há que se falar que a atividade de servente não expunha o autor a risco de acidente ouexplosão.17. O INSS alega que o uso de Equipamento de Proteção Individual - EPI afastaria a influência dos agentes nocivos àsaúde do segurado e, por conseguinte, implicaria que o cômputo do tempo de serviço prestado em tais condições nãosofresse incremento. Contudo, o fornecimento de Equipamento de Proteção Individual, ainda que usado continuamente,não basta para que seja descaracterizado o prejuízo inerente à prestação de serviço em condições de insalubridade (cf.enunciado n. 289, da súmula da jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho), sendo necessária a efetiva prova de quea utilização do EPI tenha sido capaz de eliminar os efeitos negativos decorrentes do trabalho realizado com exposição aagentes nocivos (cf. STJ, AgRg no ARESP 567.415/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Og Fernandes, DJE 15.10.2014; AgRgno ARESP 551.460/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 09.10.2014; RESP 720.082/MG, Quinta Turma,Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJ 10.04.2006, p. 279). Acrescento que, para o agente ruído, o uso de EPI não basta paraafastar o prejuízo à saúde, pois os danos decorrentes à sua exposição não se limitam ao aparelho auditivo, sendo este oentendimento consolidado no enunciado n. 9 da súmula da TNU (“O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI),ainda que elimine a insalubridade, no caso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especialprestado”).18. Cumpre destacar que a orientação, segundo a qual a declaração do empregador sobre a eficácia do uso deEquipamento de Proteção Individual não excluiria o incremento do cômputo do tempo de serviço, foi acatada pelo SupremoTribunal Federal em julgamento do ARE 664.335/SC (Pleno, Rel. Min. Luiz Fux, DJE 11.02.2015), em regime derepercussão geral, ocasião na qual também se afastou a alegação de que esta interpretação acarretava majoração debenefício previdenciário sem a respectiva fonte de custeio.19. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Condeno o recorrente ao pagamento de honoráriosadvocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (art. 55, da Lei n. 9.099/95), observada adiretriz contida no enunciado nº 111 da súmula da jurisprudência do STJ (“Os honorários advocatícios, nas açõesprevidenciárias, não incidem sobre as prestações vencidas após a sentença”).20. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.21. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

20 - 0001036-41.2012.4.02.5052/01 (2012.50.52.001036-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO DE ALMEIDA RAUPP.) x ADMILSON RODRIGUES DAMASCENO(ADVOGADO: ES008690 - MANOEL FERNANDES ALVES.).RECURSO Nº 0001036-41.2012.4.02.5052/01 (2012.50.52.001036-8/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ADMILSON RODRIGUES DAMASCENORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.

ADMILSON RODRIGUES DAMASCENO interpõe recurso de Embargos de Declaração para fins de prequestionamento,

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sob a alegação de omissão e contradição. Sustenta que o juiz deve decidir a causa através do livre convencimentomotivado, com a apreciação de todo o conjunto probatório e não apenas dos subsídios fornecidos pelo perito judicial. Afirmaque há laudos médicos juntados aos autos que comprovam a incapacidade para o trabalho. Requer sejam apreciados osprincípios da dignidade humana e da universalidade da cobertura da Previdência Social (arts. 1º, III, e 201, da Constituiçãoda República de 1988).

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso deEmbargos de Declaração, novo julgamento da causa motivado pela irresignação de uma das partes em face doposicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração não é cabível o empréstimo de efeitos infringentespara rediscutir questão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. JorgeScartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

05. Outrossim, a matéria trazida pelo embargante foi expressamente tratada nos itens 7 a 9 do acórdão de fls. 80/84.

06. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

07. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

08. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

21 - 0002269-81.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.002269-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JUAREZ PAULO MARTINS(ADVOGADO: ES003841 - NELSON DE MEDEIROS TEIXEIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: VINICIUS DOMINGUES FERREIRA.).RECURSO Nº 0002269-81.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.002269-7/01)RECORRENTE: JUAREZ PAULO MARTINSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO-EMENTA

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PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO COM CÔMPUTO DE ATIVIDADE ESPECIAL.PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO COM FALHAS NA ELABORAÇÃO. FATO CONSTITUTIVO. ÔNUS DAPARTE AUTORA. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.

1. JUAREZ PAULO MARTINS interpõe recurso inominado, às fls. 125/133, contra sentença (de fls. 117/119, integrada pelasentença de fl. 124), proferida pela MMa. Juíza do Juizado Especial Federal de Cachoeiro de Itapemirim, que julgouimprocedente o pedido de concessão de aposentadoria por tempo de contribuição com cômputo de atividade especial.2. O recorrente alega que o fundamento utilizado para indeferir administrativamente seu benefício difere das razõesinvocadas pelo Juízo sentenciante para julgar improcedente o pedido. Sustenta que a autarquia não discute a validade daforma dos formulários apresentados e impugna, especificamente, a existência de Equipamento de Proteção Individual (EPI)eficaz, a ausência de laudo e a impossibilidade de conversão em tempo especial após 28/05/1998. Argumenta que todos osformulários PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário) estão devidamente assinados pelo empregador e, ao final, constamos nomes dos profissionais que participaram da elaboração do LTCAT. Afirma que, se houve erro no preenchimento doPPP, este não pode fundamentar a sentença, visto que o segurado não pode ser punido por erro do empregador. Pugnapelo provimento do recurso para que seja reformada a sentença.3. O INSS não ofereceu contrarrazões (certidão de fl. 134).4. Presentes os pressupostos processuais, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.5. No caso dos autos, a parte autora pretende obter a conversão em atividade especial do tempo trabalhado entre18/02/1974 e 17/10/1974 (fl. 26), 21/10/1980 e 30/11/1983 (fl. 27), 01/12/1983 e 05/11/1986 (fl. 28), 14/05/1988 e20/06/1988 (fl. 29), 20/05/1991 e 07/12/1992 (fl. 30), 31/05/1994 e 08/05/1997 (fl. 31), 15/05/2000 e 25/06/2008 (fls. 32/33).6. É garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada comoperigosa, insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos n. 53.831/64 e 83.080/79), antes dapromulgação da Lei n.º 9.032/95, independentemente da produção de laudo pericial comprovando a efetiva exposição aagentes nocivos. Entre 29 de abril de 1995 e 05 de março de 1997, vigente a Lei 9.032/95, é necessária a demonstração deexposição a agentes nocivos por qualquer meio de prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor doDecreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como daespecial condição de nocividade ou periculosidade.7. O art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, em sua redação originária, preconizava que a aposentadoria especialseria devida ao segurado, uma vez cumprida a carência exigida em lei, “conforme a atividade profissional, sujeito acondições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física”, sendo que “o tempo de serviço exercidoalternadamente em atividade comum e em atividade profissional sob condições especiais que sejam ou venham a serconsideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão segundo os critérios deequivalência estabelecidos pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, para efeito de qualquer benefício”.8. Promulgada a Lei n. 9.032/95, o art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, passaram a ter a seguinte redação:Art. 57 – A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tivertrabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem à saúde ou a integridade física, durante 15, 20 ou 25 anos,conforme dispuser a lei...........................§3o – A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o INSS, do tempo detrabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridadefísica, durante o período mínimo fixado.§4o – O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos químicos, físicos,biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para aconcessão de qualquer benefício.

9. Das regras transcritas, observa-se que não basta a mera enunciação da atividade profissional desempenhada, sendonecessária a demonstração de que houve efetiva exposição aos agentes nocivos, físicos, biológicos ou associação deagentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, a partir da Lei n. 9.032/95. Outrossim, o art. 58, da Lei n. 8.213/91, queveiculava regra que dispunha que a relação de atividades profissionais à saúde ou à integridade física seria objeto de leiespecífica, teve tal preceito alterado com a edição da Medida Provisória n. 1.523, de 11 de outubro de 1996, posteriormenteconvertida na Lei n. 9.528/97, que lhe deu a seguinte redação:

Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou àintegridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria especial de que trata o artigo anterior será definidapelo Poder Executivo.§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na formaestabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudotécnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.§ 2º Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar informação sobre a existência de tecnologia deproteção coletiva que diminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e recomendação sobre a suaadoção pelo estabelecimento respectivo.§ 3º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos existentes no ambiente detrabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com orespectivo laudo estará sujeita à penalidade prevista no art. 133 desta Lei.§ 4º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelotrabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica desse documento.

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10. Regulamentada a norma pelo Decreto n. 2.172, de 05 de março de 1997, a comprovação da efetiva exposição aosagentes nocivos deveria se dar mediante formulário, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico decondições do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, que deve retratar ascondições em que o trabalho é efetivamente prestado, arrolando a tecnologia de proteção empregada e a descrição doambiente de trabalho.11. Destarte, a atividade especial pode dar-se até 28 de abril de 1995 pela realização de atividade profissional legalmenteconsiderada prejudicial à saúde ou à integridade física do trabalhador. Entre 29 de abril de 1995 a 05 de março de 1997,vigente a Lei n. 9.032, é necessária a demonstração de exposição a agente nocivo por qualquer meio de prova. A partir de06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rollegal, ou comprovada em concreto, bem como da especial condição de penosidade ou periculosidade.12. No que se refere ao agente nocivo ruído, o nível caracterizador da nocividade é de 80 decibéis até 05/03/1997 (ediçãodo Decreto n. 2.172/97), de 90 dB até 18/11/2003 (edição do Decreto n. 4.882/2003), quando houve uma atenuação e oíndice passou a ser de 85 dB, nos termos pacificados pela jurisprudência, (STJ, 6ª T., AgREsp 727497, Rel. Min. HamiltonCarvalhido, v. u., DJU 01.08.05, p. 603; TRF 3ª R., 10ª T AC 1518937, Rel. Des. Fed. Sérgio Nascimento, v.u., CJ114.03.12; TRF 3ª R., 7ª T.AC 849874, Rel. Des. Fed. Walter do Amaral, v. u., CJ1 30.03.10, p. 861; TRF 3ª R., 9ª T., AI291692, Rel. Des. Fed. Marisa Santos, v. u., DJU 16.08.07, p. 475).13. No caso dos autos, a sentença não reconheceu quaisquer dos períodos alegados pelo autor como de efetivo exercícioespecial. Para tanto, apontou falhas no preenchimento dos documentos apresentados às fls. 26/33.14. No período compreendido entre 18/02/1974 e 17/10/1974, o autor exerceu a função de auxiliar de pedreiro (fl. 21).Colacionou PPP (fl. 26), o qual demonstra que esteve exposto a ruído no nível de 92,4 decibéis. Não há responsável pelosregistros ambientais. Entre 21/10/1980 e 30/11/1983, o autor exerceu a função de conferente (fl. 22). O PPP referente a talperíodo (fl. 27) aponta a exposição a 88,9 decibéis. Não há responsável pelos registros ambientais. Entre 01/12/1983 e05/11/1986, o autor foi conferente (fl. 22). O PPP referente a tal período (fl. 28) aponta a exposição a 88,9 decibéis, semindicação do responsável pelos registros ambientais. Entre 14/05/1988 e 20/06/1988, o autor exerceu a função debalanceiro (fl. 22). Esteve exposto a ruído equivalente a 88,9 decibéis. Não há responsável pelos registros ambientais (fl.29). Entre 20/05/1991 e 07/12/1992, o autor foi conferente de estoque (fl. 23). O PPP referente a tal período (fl. 30) aponta aexposição a 88,9 decibéis, sem indicação do responsável pelos registros ambientais. Entre 31/05/1994 e 08/05/1997, oautor exerceu a função de conferente (fl. 24). O PPP de fl. 31 aponta a existência de ruído equivalente a 88,9 decibéis. Háresponsável pelos registros ambientais a partir de 16/08/1994. O formulário está datado e assinado pelo responsável pelaempresa. Entre 15/05/2000 e 25/06/2008, o autor foi conferente (fl. 19). O PPP constante nos autos indica ruído equivalentea 88,9 decibéis. Há indicação dos profissionais responsáveis pelos registros ambientais (fls. 32/33).14. O PPP é formulário preenchido pela empresa e deve ser assinado por seu representante legal. Não se faz necessárioque o engenheiro de segurança do trabalho ou médico do trabalho assine o PPP. Contudo, estes profissionais devem serindicados como responsáveis pelos registros ambientais e/ou biológicos. A falta de preenchimento dos campos destinadosà indicação dos profissionais faz presumir que o PPP tenha sido elaborado sem suporte em laudo técnico pericial, fato queo torna nulo. A questão que ora se apresenta não consiste em exigir que o segurado colacione aos autos o laudo técnico,mas sim que o PPP esteja devidamente preenchido. A empresa preenche o formulário com base no laudo técnico que foielaborado pelo profissional habilitado para tanto. A alegação do autor de que não pode ser prejudicado pela falha nopreenchimento do formulário não é capaz de isentá-lo do ônus de provar o fato constitutivo do seu direito. É impossívelreconhecer a especialidade dos períodos para os quais foi apresentado PPP que não aponta o profissional habilitadoresponsável pelos registros ambientais. Dessa forma, os períodos compreendidos entre 18/02/1974 a 17/10/1974,21/10/1980 a 30/11/1983, 01/12/1983 a 05/11/1986, 14/05/1988 a 20/06/1988 e 20/05/1991 a 07/12/1992 não permitemcontagem diferenciada de tempo de serviço. Insta destacar que sempre foi exigida prova de efetiva exposição dotrabalhador ao agente ruído, independentemente da categoria profissional do segurado (cf. STJ, AgRg no ARESP621.531/SP, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 11/05/2015).15. No período compreendido entre 31/05/1994 e 08/05/1997, há indicação de responsável pelos registros ambientais (apartir de 16/08/1994). O nível de ruído a que estava exposto o autor era de 88,9 decibéis. Contudo, a partir de 06/03/1997,por força do Decreto n. 2.172/97, o nível caracterizador de nocividade passou a ser de 90 decibéis. Assim, a atividade sópode ser considerada especial entre 16/08/1994 e 05/03/1997.16. Por fim, entre 15/05/2000 e 25/06/2008 o autor esteve exposto a 88,9 decibéis. Até 18/11/2003 não é possível oreconhecimento da especialidade do labor, visto que o Decreto n. 2.172/97 exigia 90 decibéis como nível caracterizador denocividade. A partir de 19/11/2003, o índice passou a ser de 85 decibéis. Dessa forma, como o autor esteve exposto aíndice de 88,9 decibéis, faz jus à conversão do tempo especial em tempo comum entre 19/11/2003 e 25/06/2008, com ofator de conversão de 1,4.17. Ao serem considerados especiais os interstícios de 16/08/1994 a 05/03/1997 e 19/11/2003 a 25/06/2008, deve seracrescido o período de 2 anos, 10 meses e 10 dias que, somados aos 28 anos, 2 meses e 27 dias de tempo de contribuiçãoapurados pelo INSS, totaliza 31 anos, 1 mês e 7 dias, tempo insuficiente para a concessão de aposentadoria por tempo decontribuição.18. Ante o exposto, conheço o recurso do autor, para dar-lhe parcial provimento e julgar parcialmente procedente o pedidoinicial para condenar o INSS a considerar como tempo de atividade especial os períodos compreendidos entre 16/08/1994 a05/03/1997 e 19/11/2003 a 25/06/2008, convertendo-os pelo fator de 1,40. Sem condenação em custas (art. 4º, II, da Lei n.9.289/96). Sem condenação ao pagamento de honorários advocatícios (art. 55, 2ª parte, Lei n. 9.099/95).19. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.20. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

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Juiz Federal Relator

22 - 0114891-83.2014.4.02.5001/01 (2014.50.01.114891-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MOACIR OLIVEIRA(ADVOGADO: ES020677 - EFIGENIA CAMILO DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.).RECURSO Nº 0114891-83.2014.4.02.5001/01 (2014.50.01.114891-9/01)RECORRENTE: MOACIR OLIVEIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.

MOACIR OLIVEIRA interpõe recurso de Embargos de Declaração para fins de prequestionamento. Pugna pelo provimentodo presente recurso para reparar o equívoco na correta identificação da causa de pedir. Aponta que, para fins deprequestionamento, devem ser indicados os motivos que justificam a aplicação do art. 103 da Lei n. 8.213/91, bem como oexato alcance da expressão “ato de concessão”.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso deEmbargos de Declaração, novo julgamento da causa motivado pela irresignação de uma das partes em face doposicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração não é cabível o empréstimo de efeitos infringentespara rediscutir questão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. JorgeScartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

05. Ademais, a matéria trazida pelo embargante foi expressamente tratada nos itens 2 a 6 do acórdão de fls. 70/72.

06. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

07. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

08. É como voto.

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(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

23 - 0000391-81.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000391-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LUIZ APARECIDOGOLFETTO (ADVOGADO: ES013596 - ACLIMAR NASCIMENTO TIMBOÍBA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x OS MESMOS.RECURSO Nº 0000391-81.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000391-1/01)RECORRENTES: LUIZ APARECIDO GOLFETTO E INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIALRECORRIDOS: OS MESMOSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO COM CÔMPUTO DE ATIVIDADE ESPECIAL.RUÍDO. INEXISTÊNCIA DE RESPONSÁVEL PELOS REGISTROS AMBIENTAIS. RECURSO DO INSS CONHECIDO EPROVIDO. RECURSO DO AUTOR CONHECIDO E DESPROVIDO.1. INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL e LUIZ APARECIDO GOLFETTO interpõem recursos inominados, às fls.100/114 e 126/135, respectivamente, contra sentença (fls. 87/91) proferida pelo MM. Juiz do Juizado Especial Federal deLinhares, que julgou procedente o pedido para conceder à parte autora a aposentadoria por tempo de contribuição integral,com data de início do benefício em 24/05/2010 (data do ajuizamento da ação).2. O INSS alega que o Juízo sentenciante decidiu além dos limites da demanda, visto que concedeu o benefício deaposentadoria por tempo de contribuição com cômputo de período trabalhado após o requerimento administrativo. Sustentaque o ponto controvertido da lide é a legalidade do ato administrativo de indeferimento, ocorrido em 2008, e que o Juízomonocrático, ao condenar a autarquia da forma como o fez, tornou nula a sentença. Argumenta, caso seja mantida asentença, que não é possível a incidência de juros de mora, ao se considerar que agiu dentro da legalidade ao indeferir obenefício. Aduz que não deve ser reconhecida a atividade especial entre 04/10/1993 e 21/11/1994 por exposição ao agentenocivo “ruído”, em virtude da ausência de laudo técnico que embase o Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP). Alegaque no PPP não consta que o autor esteve exposto ao ruído de modo habitual e permanente. Afirma que a sentença nãoanalisou o afastamento da especialidade pela utilização de Equipamento de Proteção Individual. Sustenta quedesconsiderar a utilização do EPI eficaz implicaria, ainda, violação ao devido processo legal, aos princípios do equilíbrioatuarial e financeiro e da prévia fonte de custeio. Por eventualidade, requer que o pagamento das parcelas atrasadasapenas ocorra após o trânsito em julgado da decisão recorrida. Pugna pelo provimento do recurso, com a reforma dasentença, para que seja julgado improcedente o pedido inicial.3. LUIZ APARECIDO GOLFETTO sustenta que trabalhou sob a influência do agente nocivo “tetracloreto de carbono” entre19/06/1981 e 28/02/1985, razão pela qual este período deve ser considerado como de atividade especial. Aponta quetrabalhou em escavação subterrânea e escavação a céu aberto entre 25/11/1988 e 01/12/1989, o que permite oenquadramento nos itens 2.3.1 e 2.3.2 do Anexo ao Decreto n. 53.831/64. Afirma que a desconsideração destes doisinterstícios impediu a concessão do benefício na data do requerimento administrativo, motivo pelo qual devem sernovamente analisados. Requer a reforma parcial da sentença para que seja alterada a data de início do benefício de24/05/2010 (data do ajuizamento da ação) para 06/06/2008 (data do requerimento administrativo).4. O INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL não ofereceu contrarrazões (certidão de fl. 138).5. LUIZ APARECIDO GOLFETTO oferece contrarrazões às fls. 118/125. Alega que deve ser afastado o argumento deausência de requerimento administrativo, visto que a apresentação do pedido em 06/06/2008 é suficiente para lastrear adecisão judicial. Apresenta o enunciado n. 9, da súmula de jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização, como basepara que seja considerado o tempo trabalho com uso de Equipamento de Proteção Individual. Por fim, requer a manutençãodos juros de mora.6. Presentes os pressupostos processuais, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.7. A autarquia previdenciária sustenta que a sentença é nula por abranger período contributivo posterior ao requerimentoadministrativo. Entendo que, em demandas previdenciárias, faz-se necessário que o julgador considere fatos posterioresque possam alterar o resultado da lide, caso não haja ampliação da causa de pedir (art. 462, do Código de Processo Civil).Para tanto, deve ser sublinhado que a tutela jurisdicional pleiteada visa à concessão de benefício previdenciário, nãohavendo óbice para que o tempo de contribuição posterior ao indeferimento administrativo seja computado na análise de talpleito, pois cuida-se de matéria que dispensaria dilação probatória adicional. Esta conclusão é confirmada, com maiorênfase, na presente hipótese, pois, em obediência ao princípio da legalidade, a Administração Pública deve evitar que osconflitos se perpetuem, o que não se ajustaria à situação na qual a parte autora tivesse que renovar pedido, no âmbitoadministrativo, apenas para ver considerado tempo adicional, trabalhado ao longo da tramitação de processo judicial.Contudo, em homenagem à segurança jurídica, destaco que o Superior Tribunal de Justiça perfilha orientação, segundo aqual o tempo de trabalho e as contribuições vertidas após o ajuizamento da ação não devem ser consideradas para cálculodo benefício previdenciário concedido judicialmente (RESP 1.420.700/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro CampbellMarques, DJE 28/05/2015), motivo por que o período trabalhado pelo autor – após a propositura do presente feito – nãopoderia ter sido incluído na sentença recorrida.8. É garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada comoperigosa, insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos n. 53.831/64 e 83.080/79), antes da ediçãoda Lei n.º 9.032/95, independentemente da produção de laudo pericial comprovando a efetiva exposição a agentes nocivos.Entre 29 de abril de 1995 e 05 de março de 1997, vigente a Lei 9.032/95, é necessária a demonstração de exposição aagentes nocivos por qualquer meio de prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n.2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como da especial

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condição de nocividade ou periculosidade.9. O art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, em sua redação originária, preconizava que a aposentadoria especialseria devida ao segurado, uma vez cumprida a carência exigida em lei, “conforme a atividade profissional, sujeito acondições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física”, sendo que “o tempo de serviço exercidoalternadamente em atividade comum e em atividade profissional sob condições especiais que sejam ou venham a serconsideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão segundo os critérios deequivalência estabelecidos pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, para efeito de qualquer benefício”.10. Promulgada a Lei n. 9.032/95, o art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, passaram a ter a seguinte redação:Art. 57 – A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tivertrabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem à saúde ou a integridade física, durante 15, 20 ou 25 anos,conforme dispuser a lei...........................§3o – A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o INSS, do tempo detrabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridadefísica, durante o período mínimo fixado.§4o – O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos químicos, físicos,biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para aconcessão de qualquer benefício.

11. Das regras transcritas, observa-se que não basta a mera enunciação da atividade profissional desempenhada, sendonecessária a demonstração de que houve efetiva exposição aos agentes nocivos, físicos, biológicos ou associação deagentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, a partir da Lei n. 9.032/95. Outrossim, o art. 58, da Lei n. 8.213/91, queveiculava regra que dispunha que a relação de atividades profissionais à saúde ou à integridade física seria objeto de leiespecífica, teve tal preceito alterado com a edição da Medida Provisória n. 1.523, de 11 de outubro de 1996, posteriormenteconvertida na Lei n. 9.528/97, que lhe deu a seguinte redação:Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou àintegridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria especial de que trata o artigo anterior será definidapelo Poder Executivo.§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na formaestabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudotécnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.§ 2º Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar informação sobre a existência de tecnologia deproteção coletiva que diminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e recomendação sobre a suaadoção pelo estabelecimento respectivo.§ 3º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos existentes no ambiente detrabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com orespectivo laudo estará sujeita à penalidade prevista no art. 133 desta Lei.§ 4º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelotrabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica desse documento.

12. Regulamentada a norma pelo Decreto n. 2.172, de 05 de março de 1997, a comprovação da efetiva exposição aosagentes nocivos deveria se dar mediante formulário, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico decondições do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, que deve retratar ascondições em que o trabalho é efetivamente prestado, arrolando a tecnologia de proteção empregada e a descrição doambiente de trabalho.13. Destarte, a atividade especial pode dar-se até 28 de abril de 1995 pela realização de atividade profissional legalmenteconsiderada prejudicial à saúde ou à integridade física do trabalhador. Entre 29 de abril de 1995 a 05 de março de 1997,vigente a Lei n. 9.032, é necessária a demonstração de exposição a agente nocivo por qualquer meio de prova. A partir de06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rollegal, ou comprovada em concreto, bem como da especial condição de penosidade ou periculosidade.14. No que se refere ao agente nocivo ruído, o nível caracterizador da nocividade é de 80 decibéis até 05/03/1997 (ediçãodo Decreto n. 2.172/97), de 90 dB até 18/11/2003 (edição do Decreto n. 4.882/2003), quando houve uma atenuação e oíndice passou a ser de 85 dB, nos termos pacificados pela jurisprudência, (STJ, 6ª T., AgREsp 727497, Rel. Min. HamiltonCarvalhido, v. u., DJU 01.08.05, p. 603; TRF 3ª R., 10ª T AC 1518937, Rel. Des. Fed. Sérgio Nascimento, v.u., CJ114.03.12; TRF 3ª R., 7ª T.AC 849874, Rel. Des. Fed. Walter do Amaral, v. u., CJ1 30.03.10, p. 861; TRF 3ª R., 9ª T., AI291692, Rel. Des. Fed. Marisa Santos, v. u., DJU 16.08.07, p. 475).15. O INSS aponta que o período compreendido entre 04/10/1993 e 21/11/1994 não pode ser considerado especial emvirtude da ausência de laudo técnico que embase o Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP). Alega que, no PPP, nãoconsta que o autor esteve exposto ao ruído de modo habitual e permanente. Em análise dos autos, observo que o autorexerceu o cargo de “encarregado de laboratório” no período impugnado. O Perfil Profissiográfico Previdenciário desteperíodo (fls. 55/56) aponta que o autor esteve exposto a ruído equivalente a 83,4 dB(A). Não há responsável pelos registrosambientais neste intervalo, assim como também não há responsável pela monitoração biológica. O PPP foi emitido em24/02/2010. As atividades descritas no formulário apontam que o autor gerenciava a execução de trabalhos técnicos nolaboratório, com análise de amostras de solo, concreto e areia; controlava os estoques dos produtos químicos, a calibraçãoe manutenção dos aparelhos do laboratório.16. A descrição das atividades exercidas pelo segurado, assim como a ausência de responsável pelos registros ambientaisno período, permite concluir que não houve prestação de serviço sujeita ao agente nocivo “ruído”. Embora o PPP indiqueque o nível de ruído equivalia a 83,4 dB(A), as demais informações não corroboram a nocividade alegada. Dessa forma,

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reputo que o interstício compreendido entre 04/10/1993 e 21/11/1994 deve ser considerado como tempo comum.17. O INSS alega, ainda, que o uso de Equipamento de Proteção Individual - EPI afastaria a inflûencia dos agentes nocivosà saúde do segurado e, por conseguinte, implicaria que o cômputo do tempo de serviço prestado em tais condições nãosofresse incremento. Como o período impugnado já restou descaracterizado pelos argumentos expostos no item anterior,reputo prejudicada a análise desta questão.18. Por sua vez, o autor impugna o indeferimento dos períodos de 19/06/1981 a 28/02/1985 e 25/11/1988 a 01/12/1989como de atividade especial. Afirma que, entre 19/06/1981 a 28/02/1985, trabalhou sob a influência do agente nocivo“tetracloreto de carbono”. Conforme o formulário DSS-8030 de fl. 29, o autor exerceu o cargo de “laboratorista de solos”, nocampo e no laboratório, na construção da Usina Hidrelétrica de Três Irmãos. O formulário foi assinado pelo representanteda empresa e pelo técnico em segurança do trabalho. Apesar de relacionar que o autor executava atividades comtetracloreto de carbono, o formulário expressamente afirma que os agentes nocivos não foram determinados, o que indicapresença mínima do agente nocivo. Em relação ao interstício compreendido entre 25/11/1988 a 01/12/1989, o PPP juntadoaos autos (fls. 31/32) não traz responsável pelos registros ambientais, nem pelo resultado de monitoração biológica.19. O PPP é formulário preenchido pela empresa e deve ser assinado por seu representante legal. Não se faz necessárioque o engenheiro de segurança do trabalho ou médico do trabalho assine o PPP. Contudo, estes profissionais devem serindicados como responsáveis pelos registros ambientais e/ou biológicos. A falta de preenchimento dos campos destinadosà indicação dos profissionais afasta a força probatória do PPP, fazendo presumir que ele foi elaborado sem suporte emlaudo técnico pericial. Dessa forma, as provas colacionadas pelo autor não permitem infirmar a conclusão do magistradosentenciante.20. O provimento da alegação recursal da autarquia, no que tange ao período de 04/10/1993 a 21/11/1994, implica asubtração de 5 meses e 13 dias do total encontrado em sentença. Com isso, até o ajuizamento da ação (24/05/2010), oautor apenas completou 34 anos, 11 meses e 7 dias de tempo de contribuição. Como o INSS foi citado em 14/06/2010(Informação obtida no Sistema Informatizado Apolo), no momento em que tomou ciência da lide e dela pode oferecercontestação, o autor ainda não havia completado os 35 anos necessários.21. Diante dos fatos apresentados, e considerando que todos os pedidos do autor foram improcedentes, entendo que aconcessão da aposentadoria por tempo de contribuição com cômputo de atividade especial restou prejudicada. A decisãoadministrativa do INSS foi legitimamente tomada, o que afasta a condenação imposta na sentença. Por mais que asmodificações fáticas posteriores tenham que ser levadas em conta pelo julgador, o caso específico – no qual não foireconhecido qualquer tipo de atividade especial – impede a concessão judicial da aposentadoria.22. Ante o exposto, conheço o recurso do INSS e dou-lhe provimento. Conheço o recurso do autor e nego-lhe provimento.Sentença reformada para julgar improcedente o pedido inicial nos termos do art. 269, I do Código de Processo Civil.Condeno o autor em custas processuais e honorários advocatícios, os quais fixo em R$ 500,00 (quinhentos reais). Semcondenação em custas e honorários para o INSS (art. 4º, I, da Lei 9.289/96 e art. 55, 2ª parte da Lei n. 9.099/95).23. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

24 - 0002282-44.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002282-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: PEDRO GALLO VIEIRA.) x FABRÍCIO PEREIRA COSTA E OUTROS (ADVOGADO: ES007860 - MARCELOALVARENGA PINTO, ES019572 - JONES ALVARENGA PINTO, ES004621 - ERILDO PINTO.).RECURSO Nº 0002282-44.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002282-5/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: FABRÍCIO PEREIRA COSTARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.

FABRÍCIO PEREIRA COSTA, MÁRIO CESAR CARVALHO, CESAR LEANDRO DOS SANTOS PEREIRA, BENEIR CUNHADA SILVA JUNIOR e FÁBIO ROSADO BARBOSA interpõem recurso de Embargos de Declaração, às fls. 222/223, contraacórdão proferido às fls. 218/219, ao argumento de existência de omissão. Para tanto, sustentam que a Turma Recursalnão se manifestou quanto à violação do art. 5º, caput da Constituição da República de 1988, que consagra o princípio daisonomia de tratamento.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, tal como se infere da leitura do parágrafo 6º do voto condutor dadecisão recorrida. Logo, não se mostra admissível, mediante a interposição de recurso de Embargos de Declaração, novojulgamento da causa motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamento esposado pelo colegiado.Aos Embargos de Declaração não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questão analisada peladecisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSO

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INTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

05. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

25 - 0000691-09.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000691-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.) x FRANCISCO DA SILVA (ADVOGADO:ES129454 - GASPARINO RODRIGUES DOS SANTOS JUNIOR.).RECURSO Nº 0000691-09.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000691-6/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: FRANCISCO DA SILVARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO COM CÔMPUTO DE ATIVIDADE ESPECIAL.EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL. RUÍDO. HIDROCARBONETOS. RECURSO CONHECIDO EDESPROVIDO.1. INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL interpõe recurso inominado, às fls. 91/98, contra sentença (fls. 85/90)proferida pelo MM. Juiz do Juizado Especial Federal de Linhares, que julgou procedente o pedido inicial, para condenar oréu a conceder aposentadoria por tempo de contribuição integral ao autor, a contar da data do requerimento administrativo(28/07/2009), bem como a pagar os valores atrasados, atualizados na forma do art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, com a redaçãoque lhe foi dada pela Lei n. 11.960/2009, a partir de julho de 2009.2. O INSS alega que as funções de auxiliar de mecânico, chefe de seção e mecânico, não estão enquadradas comoespeciais pela legislação previdenciária e, portanto, não há direito ao incremento do tempo de contribuição. Aponta que oagente ruído sempre exigiu a apresentação de laudo técnico. Em relação aos outros agentes nocivos identificados nasentença, aduz que os documentos de fls. 26, 27, 34 e 41 demonstram a ausência de atividade especial. Afirma que o PerfilProfissiográfico Previdenciário e os laudos técnicos não especificam a exposição ao agente nocivo “hidrocarboneto”.Ademais, sustenta que, com o advento do Decreto n. 2.172/97, deixou de existir a previsão relativa à exposição ahidrocarbonetos. Afirma que, embora o autor alegue ter trabalhado em ambiente exposto a ruído, houve a utilização eficazde Equipamento de Proteção Individual (EPI), o que afasta a caracterização da atividade como especial. Por fim, ressaltaque os laudos que o autor juntou são extemporâneos às atividades praticadas. Pugna pelo provimento do recurso, com areforma da sentença, para que seja julgado improcedente o pedido inicial.

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3. FRANCISCO DA SILVA oferece contrarrazões às fls. 103/108. Sustenta que os períodos em que exerceu a função demecânico devem ser analisados sob uma perspectiva qualitativa. Colaciona julgados da Turma Nacional de Uniformizaçãoque destacam a utilização de Equipamentos de Proteção Individual e os laudos extemporâneos. Pugna pela manutenção dasentença.4. Pressentes os pressupostos processuais, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.5. No caso dos autos, a parte autora pretende obter aposentadoria por tempo de contribuição com cômputo de atividadeespecial. Os períodos impugnados pelo recorrente estão compreendidos entre 01/12/1974 e 21/05/1975, 01/12/1977 e13/11/1978, 03/01/1982 e 01/06/1986, 01/07/1986 e 28/10/1986, 31/10/1986 e 30/09/1991, 01/02/1993 e 25/07/1996,01/11/1996 e 31/12/2003.6. É garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada comoperigosa, insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos n. 53.831/64 e 83.080/79), antes dapromulgação da Lei n.º 9.032/95, independentemente da produção de laudo pericial comprovando a efetiva exposição aagentes nocivos. Entre 29 de abril de 1995 e 05 de março de 1997, vigente a Lei 9.032/95, é necessária a demonstração deexposição a agentes nocivos por qualquer meio de prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor doDecreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como daespecial condição de nocividade ou periculosidade.7. O art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, em sua redação originária, preconizava que a aposentadoria especialseria devida ao segurado, uma vez cumprida a carência exigida em lei, “conforme a atividade profissional, sujeito acondições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física”, sendo que “o tempo de serviço exercidoalternadamente em atividade comum e em atividade profissional sob condições especiais que sejam ou venham a serconsideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão segundo os critérios deequivalência estabelecidos pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, para efeito de qualquer benefício”.8. Promulgada a Lei n. 9.032/95, o art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, passaram a ter a seguinte redação:Art. 57 – A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tivertrabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem à saúde ou a integridade física, durante 15, 20 ou 25 anos,conforme dispuser a lei...........................§3o – A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o INSS, do tempo detrabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridadefísica, durante o período mínimo fixado.§4o – O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos químicos, físicos,biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para aconcessão de qualquer benefício.

9. Das regras transcritas, observa-se que não basta a mera enunciação da atividade profissional desempenhada, sendonecessária a demonstração de que houve efetiva exposição aos agentes nocivos, físicos, biológicos ou associação deagentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, a partir da Lei n. 9.032/95. Outrossim, o art. 58, da Lei n. 8.213/91, queveiculava regra que dispunha que a relação de atividades profissionais à saúde ou à integridade física seria objeto de leiespecífica, teve tal preceito alterado com a edição da Medida Provisória n. 1.523, de 11 de outubro de 1996, posteriormenteconvertida na Lei n. 9.528/97, que lhe deu a seguinte redação:Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou àintegridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria especial de que trata o artigo anterior será definidapelo Poder Executivo.§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na formaestabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudotécnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.§ 2º Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar informação sobre a existência de tecnologia deproteção coletiva que diminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e recomendação sobre a suaadoção pelo estabelecimento respectivo.§ 3º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos existentes no ambiente detrabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com orespectivo laudo estará sujeita à penalidade prevista no art. 133 desta Lei.§ 4º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelotrabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica desse documento.

10. Regulamentada a norma pelo Decreto n. 2.172, de 05 de março de 1997, a comprovação da efetiva exposição aosagentes nocivos deveria se dar mediante formulário, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico decondições do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, que deve retratar ascondições em que o trabalho é efetivamente prestado, arrolando a tecnologia de proteção empregada e a descrição doambiente de trabalho.11. Destarte, a atividade especial pode dar-se até 28 de abril de 1995 pela realização de atividade profissional legalmenteconsiderada prejudicial à saúde ou à integridade física do trabalhador. Entre 29 de abril de 1995 a 05 de março de 1997,vigente a Lei n. 9.032, é necessária a demonstração de exposição a agente nocivo por qualquer meio de prova. A partir de06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rollegal, ou comprovada em concreto, bem como da especial condição de penosidade ou periculosidade.12. No que se refere ao agente nocivo ruído, o nível caracterizador da nocividade é de 80 decibéis até 05/03/1997 (ediçãodo Decreto n. 2.172/97), de 90 dB até 18/11/2003 (edição do Decreto n. 4.882/2003), quando houve uma atenuação e oíndice passou a ser de 85 dB, nos termos pacificados pela jurisprudência, (STJ, 6ª T., AgREsp 727497, Rel. Min. Hamilton

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Carvalhido, v. u., DJU 01.08.05, p. 603; TRF 3ª R., 10ª T AC 1518937, Rel. Des. Fed. Sérgio Nascimento, v.u., CJ114.03.12; TRF 3ª R., 7ª T.AC 849874, Rel. Des. Fed. Walter do Amaral, v. u., CJ1 30.03.10, p. 861; TRF 3ª R., 9ª T., AI291692, Rel. Des. Fed. Marisa Santos, v. u., DJU 16.08.07, p. 475).13. Em relação aos períodos compreendidos entre 01/12/1977 e 13/11/1978 e entre 03/01/1982 e 01/06/1986, verifico quehá nos autos Formulários DIRBEN 8030 (fls. 26/27), os quais indicam que o autor esteve exposto a ruído e calor. Ambos osformulários apontam a existência de laudo técnico, exposição de forma habitual e permanente aos agentes nocivos, e ruídoentre 80 e 85 dB(A). O laudo técnico de fls. 28/32 confirma as informações sobre os agentes nocivos. Foi emitido em28/12/2003 e assinado pelo engenheiro de segurança do trabalho.14. Em relação ao período de 31/10/1986 a 30/09/1991, o autor colaciona formulário DIRBEN 8030 (fl. 34), assinado pelorepresentante da empresa e emitido em 26/12/2003. O formulário descreve exposição a níveis de ruído entre 80 e 85 dB(A).O laudo técnico de fls. 35/39 aponta exposição média a ruído equivalente a 84,1 dB(A). O laudo foi emitido em 28/12/2013 eassinado pelo engenheiro de segurança do trabalho.15. O interstício de 01/12/1974 a 21/05/1975 resta comprovado pelo Formulário DSS-8030, de fl. 48. O autor esteve expostoa hidrocarbonetos, óleo e graxa, além de ruído de 82,4 dB(A). O formulário foi emitido em 31/12/2003 e encontra-seassinado pelo representante da empresa. O laudo técnico pericial referente a este período encontra-se às fls. 53/55. Foiemitido em 31/12/2003 e assinado pelo médico do trabalho. Confirma a intensidade do ruído apontada no formulário de fl.48.16. O interstício de 01/07/1986 a 28/10/1986 resta comprovado pelo Formulário DSS-8030, de fl. 49. O autor esteve expostoa hidrocarbonetos, óleo e graxa, além de ruído de 82,4 dB(A). O formulário foi emitido em 31/12/2003 e encontra-seassinado pelo representante da empresa. O laudo técnico pericial referente a este período encontra-se às fls. 53/55. Foiemitido em 31/12/2003 e assinado pelo médico do trabalho. Confirma a intensidade do ruído apontada no formulário de fl.49.17. O interstício de 01/02/1993 a 25/07/1996 resta comprovado pelo Formulário DSS-8030, de fl. 50. O autor esteve expostoa hidrocarbonetos, óleo e graxa, além de ruído de 82,4 dB(A). O formulário foi emitido em 31/12/2003 e encontra-seassinado pelo representante da empresa. O laudo técnico pericial referente a este período encontra-se às fls. 53/55. Foiemitido em 31/12/2003 e assinado pelo médico do trabalho. Confirma a intensidade do ruído apontada no formulário de fl.50.18. O interstício de 01/11/1996 a 31/12/2003 resta comprovado pelo Formulário DSS-8030, de fl. 51. O autor esteve expostoa hidrocarbonetos, óleo e graxa, além de ruído de 82,4 dB(A). O formulário foi emitido em 31/12/2003 e encontra-seassinado pelo representante da empresa. Para o período posterior a 06/03/1997, com a edição do Decreto n. 2.172/97, olimite de tolerância para ruído aumentou para 90 dB(A), motivo pelo qual o ruído de 82,4 dB(A) não pode ser consideradocomo nocivo. O formulário aponta, ainda, que o autor esteve exposto a hidrocarbonetos, óleo e graxa. Passo, assim, aanalisar a exposição a estes agentes no período impugnado.19. A exposição a hidrocarbonetos, nos quais se incluem o óleo e a graxa, estão expressamente indicados no Anexo aoDecreto n. 53.831/64, em seu item 1.2.11. Conforme o formulário DSS-8030, a utilização de Equipamento de ProteçãoIndividual, como luvas de segurança para proteção das mãos e calçado de segurança para proteção dos pés apenasamenizavam a ação agressiva dos agentes, sem, contudo, eliminá-los.20. Pela análise dos documentos acima elencados, verifico que houve perfeita concordância entre a situação fáticavivenciada pelo segurado e as exigências estabelecidas em lei para a consideração de atividade especial. Noutro giro, aextemporaneidade não é suficiente para desacreditá-los, não havendo qualquer comando legal que exija que o formuláriode comprovação de atividade especial seja emitido logo após a prestação do labor (cf. TNU, PEDILEF00008975520094036317, Rel. Juiz Federal Janilson Bezerra de Siqueira, DOU 31/08/2012). O que deve ser verificado é seo formulário emitido corresponde ao documento que, ao tempo da emissão, encontrava-se regulamentado.21. O INSS alega que o uso de Equipamento de Proteção Individual - EPI afastaria a influência dos agentes nocivos àsaúde do segurado e, por conseguinte, implicaria que o cômputo do tempo de serviço prestado em tais condições nãosofresse incremento. Contudo, o fornecimento de Equipamento de Proteção Individual, ainda que usado continuamente,não basta para que seja descaracterizado o prejuízo inerente à prestação de serviço em condições de insalubridade (cf.enunciado n. 289, da súmula da jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho), sendo necessária a efetiva prova de quea utilização do EPI tenha sido capaz de eliminar os efeitos negativos decorrentes do trabalho realizado com exposição aagentes nocivos (cf. STJ, AgRg no ARESP 567.415/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Og Fernandes, DJE 15.10.2014; AgRgno ARESP 551.460/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 09.10.2014; RESP 720.082/MG, Quinta Turma,Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJ 10.04.2006, p. 279). Acrescento que, para o agente ruído, o uso de EPI não basta paraafastar o prejuízo à saúde, pois os danos decorrentes à sua exposição não se limitam ao aparelho auditivo, sendo este oentendimento consolidado no enunciado n. 9 da súmula da TNU (“O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI),ainda que elimine a insalubridade, no caso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especialprestado”).22. Cumpre destacar que a orientação, segundo a qual a declaração do empregador sobre a eficácia do uso deEquipamento de Proteção Individual não excluiria o incremento do cômputo do tempo de serviço, foi acatada pelo SupremoTribunal Federal em julgamento do ARE 664.335/SC (Pleno, Rel. Min. Luiz Fux, DJE 11.02.2015), em regime derepercussão geral, ocasião na qual também se afastou a alegação de que esta interpretação acarretava majoração debenefício previdenciário sem a respectiva fonte de custeio.23. Dessa forma, reputo que a especialidade dos períodos reconhecidos em sentença encontra-se amoldada ao que exigea legislação pertinente.24. Os juros de mora deverão incidir a partir da citação, por aplicação analógica do enunciado nº 204 da súmula dajurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, bem como a aplicação da nova redação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, umavez que, no caso dos autos, a citação ocorreu após a entrada em vigor da Lei nº 11.960/09. Determino, de ofício, aincidência dos juros mora a contar da citação, devendo ser observada, neste particular, a nova redação do art. 1º-F da Leinº 9.494/97, a partir da entrada em vigor da Lei n. 11.960/09.

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25. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Reformo a sentença, parcialmente, para substituir, de ofício,a taxa de juros aplicada, a fim de que seja fixada nos termos da Lei n. 11.960/09 (citação posterior à alteração da Lei n.9.494/97 – fl. 61). Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento)sobre o valor da condenação (art. 55, da Lei n. 9.099/95), observada a diretriz contida no enunciado nº 111 da súmula dajurisprudência do STJ (“Os honorários advocatícios, nas ações previdenciárias, não incidem sobre as prestações vencidasapós a sentença”).26. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.27. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

26 - 0006424-28.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.006424-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DÉBORA ANDREA DE SÁ EOUTROS (ADVOGADO: ES013058 - GLAUCO BARBOSA DOS REIS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).RECURSO Nº 0006424-28.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.006424-4/01)RECORRENTE: DÉBORA ANDREA DE SÁRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC. OMISSÃO.RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.

O INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL interpõe recurso de Embargos de Declaração sob a alegação daexistência de omissão e contradição. Sustenta que o art. 201, IV, da Constituição da República de 1988, assim como o art.13, da Emenda Constitucional n. 20 de 1998, dispõem que o benefício de auxílio-reclusão apenas será concedido aosdependentes dos segurados de baixa renda, ao passo que a decisão proferida pela Turma Recursal contrariou a referidanorma. Aponta que o art. 116, do Decreto n. 3.048/99, teve sua constitucionalidade reconhecida pelo Supremo TribunalFederal em decisão na qual se decidiu que é o último salário-de-contribuição do recluso que deve servir de parâmetroquando se trata de concessão de auxílio-reclusão.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso deEmbargos de Declaração, novo julgamento da causa motivado pela irresignação de uma das partes em face doposicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração não é cabível o empréstimo de efeitos infringentespara rediscutir questão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. JorgeScartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Ressalto que o fundamento para a concessão do benefício de auxílio-reclusão pautou-se no desemprego dosegurado no momento da prisão. Dessa forma, a discussão acerca da renda mensal do segurado não é pertinente, vistoque era nula. O entendimento esposado por esta Turma converge com o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça,assim como explicitado no item 04 do acórdão embargado (fl. 129).

05. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

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06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

27 - 0000060-31.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000060-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x CARLOS ROBERTO CARARA (ADVOGADO:ES012396 - WESLEY CORREA CARVALHO.).RECURSO Nº 0000060-31.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000060-8/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: CARLOS ROBERTO CARARARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO COM CÔMPUTO DE ATIVIDADE ESPECIAL.INEXISTÊNCIA DE RESPONSÁVEL PELOS REGISTROS AMBIENTAIS. LAUDO TÉCNICO DIVERGENTE EM RELAÇÃOAO PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO. LAUDO ELABORADO COM BASE EM RELATÓRIO. RECURSOCONHECIDO E PROVIDO.

1. INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL interpõe recurso inominado, às fls. 109/116, contra sentença (fls.103/108), proferida pelo MM. Juiz do Juizado Especial Federal de Linhares, que julgou procedente o pedido de concessãode aposentadoria por tempo de contribuição integral, com cômputo de atividade especial e data de início do benefício em25/04/2011 (data do requerimento administrativo).2. O recorrente alega que o autor não comprovou exposição ao agente nocivo “ruído” em níveis superiores ao permitidopela legislação. Ademais, afirma que os laudos são extemporâneos e indicam a utilização de Equipamento de ProteçãoIndividual (EPI) durante a jornada de trabalho. Pugna pela reforma da sentença para que seja julgado improcedente opedido inicial.3. CARLOS ROBERTO CARARA oferece contrarrazões às fls. 125/128. A peça encartada aos autos pelo autor foidenominada “contrarrazões” e, na fl. 125, há requerimento de manutenção da sentença. Por outro lado, no decorrer de suaexposição, o autor pleiteia a reforma parcial da sentença para que seja convertido o período de 06/03/1997 a 08/10/2001,assim como lhe seja concedida a aposentadoria especial em substituição à aposentadoria por tempo de contribuição.Pontua que devem ser mantidos como especiais os períodos já considerados na sentença.4. Em análise dos pressupostos processuais, conheço o recurso do INSS e deixo de conhecer a manifestação do autor, defls. 125/128, como recurso inominado, em razão da discrepância entre o conteúdo da peça e os seus requerimentos. Postoisso, passo à análise do mérito.5. No caso dos autos, os períodos impugnados pelo recorrente foram considerados especiais em razão do agente nocivo“ruído”, nos seguintes interstícios: 01/08/1979 a 28/02/1982, 01/03/1982 a 19/06/1984, 01/09/1984 a 08/02/1989, 01/07/1989a 16/10/1992, 02/05/1993 a 05/03/1997, 03/05/2004 a 10/08/2006 e 22/07/2007 a 14/10/2008.6. É garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada comoperigosa, insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos n. 53.831/64 e 83.080/79), antes da ediçãoda Lei n.º 9.032/95, independentemente da produção de laudo pericial comprovando a efetiva exposição a agentes nocivos.Entre 29 de abril de 1995 e 05 de março de 1997, vigente a Lei 9.032/95, é necessária a demonstração de exposição aagentes nocivos por qualquer meio de prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n.2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como da especialcondição de nocividade ou periculosidade.7. O art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, em sua redação originária, preconizava que a aposentadoria especialseria devida ao segurado, uma vez cumprida a carência exigida em lei, “conforme a atividade profissional, sujeito acondições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física”, sendo que “o tempo de serviço exercidoalternadamente em atividade comum e em atividade profissional sob condições especiais que sejam ou venham a serconsideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão segundo os critérios deequivalência estabelecidos pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, para efeito de qualquer benefício”.8. Promulgada a Lei n. 9.032/95, o art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, passaram a ter a seguinte redação:Art. 57 – A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tivertrabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem à saúde ou a integridade física, durante 15, 20 ou 25 anos,conforme dispuser a lei...........................§3o – A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o INSS, do tempo detrabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridadefísica, durante o período mínimo fixado.§4o – O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos químicos, físicos,biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para a

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concessão de qualquer benefício.

9. Das regras transcritas, observa-se que não basta a mera enunciação da atividade profissional desempenhada, sendonecessária a demonstração de que houve efetiva exposição aos agentes nocivos, físicos, biológicos ou associação deagentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, a partir da Lei n. 9.032/95. Outrossim, o art. 58, da Lei n. 8.213/91, queveiculava regra que dispunha que a relação de atividades profissionais à saúde ou à integridade física seria objeto de leiespecífica, teve tal preceito alterado com a edição da Medida Provisória n. 1.523, de 11 de outubro de 1996, posteriormenteconvertida na Lei n. 9.528/97, que lhe deu a seguinte redação:

Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou àintegridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria especial de que trata o artigo anterior será definidapelo Poder Executivo.§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na formaestabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudotécnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.§ 2º Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar informação sobre a existência de tecnologia deproteção coletiva que diminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e recomendação sobre a suaadoção pelo estabelecimento respectivo.§ 3º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos existentes no ambiente detrabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com orespectivo laudo estará sujeita à penalidade prevista no art. 133 desta Lei.§ 4º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelotrabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica desse documento.

10. Regulamentada a norma pelo Decreto n. 2.172, de 05 de março de 1997, a comprovação da efetiva exposição aosagentes nocivos deveria se dar mediante formulário, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico decondições do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, que deve retratar ascondições em que o trabalho é efetivamente prestado, arrolando a tecnologia de proteção empregada e a descrição doambiente de trabalho.11. Destarte, a atividade especial pode dar-se até 28 de abril de 1995 pela realização de atividade profissional legalmenteconsiderada prejudicial à saúde ou à integridade física do trabalhador. Entre 29 de abril de 1995 a 05 de março de 1997,vigente a Lei n. 9.032, é necessária a demonstração de exposição a agente nocivo por qualquer meio de prova. A partir de06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rollegal, ou comprovada em concreto, bem como da especial condição de penosidade ou periculosidade.12. No que se refere ao agente nocivo ruído, o nível caracterizador da nocividade é de 80 decibéis até 05/03/1997 (ediçãodo Decreto n. 2.172/97), de 90 dB até 18/11/2003 (edição do Decreto n. 4.882/2003), quando houve uma atenuação e oíndice passou a ser de 85 dB, nos termos pacificados pela jurisprudência, (STJ, 6ª T., AgREsp 727497, Rel. Min. HamiltonCarvalhido, v. u., DJU 01.08.05, p. 603; TRF 3ª R., 10ª T AC 1518937, Rel. Des. Fed. Sérgio Nascimento, v.u., CJ114.03.12; TRF 3ª R., 7ª T.AC 849874, Rel. Des. Fed. Walter do Amaral, v. u., CJ1 30.03.10, p. 861; TRF 3ª R., 9ª T., AI291692, Rel. Des. Fed. Marisa Santos, v. u., DJU 16.08.07, p. 475).13. O laudo técnico de fls. 26/27 refere-se ao período de 01/08/1979 a 28/02/1982, no qual o segurado exercia a função de“braçal”. Os níveis de ruído estão compreendidos entre 90,4 e 99,8 dB(A), com exposição habitual e permanente. Não haviaequipamento de proteção individual à época do trabalho. O Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) de fls. 24/25, emitidoem 14/09/2008, indica ruído em intensidade de 94,9 dB(A). Apenas há indicação de responsável pelos registros ambientaispara o ano de 1995 (momento posterior ao período avaliado).13. Em relação aos períodos compreendidos entre 01/03/1982 e 19/06/1984, 01/09/1984 e 08/02/1989, 01/07/1989 e16/10/1992, 02/05/1993 e 05/03/1997, há PPP nos autos (fls. 29/30). Há indicação de nível de ruído equivalente a 90 dB(A)e ausência de equipamento de proteção individual eficaz. Entretanto, apenas há responsável pelos registros ambientais emrelação ao ano de 1995. O laudo técnico de fls. 31/32 indica que a medição foi realizada em 07/03/1995 e detectou nível deruído equivalente a 90 dB(A), com exposição habitual e permanente. O laudo foi confeccionado em 14/09/2008 porengenheiro de segurança do trabalho distinto daquele indicado no PPP. A mesma incongruência entre os responsáveistécnicos pode ser notada em relação ao período de 01/08/1979 e 28/02/1982.13. A extemporaneidade do laudo técnico não é óbice ao reconhecimento da atividade especial, desde que o profissionalque o confeccione faça uma análise atual do local de trabalho do segurado na empresa. Se os dados atuais são prejudiciaisà saúde do trabalhador, é possível presumir que as condições no passado eram ainda piores. Contudo, no caso dos autos,o engenheiro de segurança do trabalho, que elaborou os laudos, referiu-se a um relatório de avaliação realizado nasinstalações da empresa em março de 1995 e afirmou que os dados quantitativos de lá haviam sido extraídos. O perito nãocompareceu ao local de trabalho do autor para elaboração do laudo e medição dos níveis quantitativos de ruído. Como osdados do PPP indicam a inexistência de responsável pelos registros ambientais, reputo indevida a conversão destesperíodos para tempo especial.14. Os períodos de 03/05/2004 a 10/08/2006 e 22/06/2007 a 14/10/2008 estão indicados no PPP de fl. 47. Há indicação deruído de 93,0 dB(A) e ausência de EPI eficaz. Apenas há indicação de responsável pelos registros ambientais no ano de2009 (momento posterior aos períodos avaliados). O laudo técnico de fls. 48/49 foi elaborado em 20/10/2009 e indicouexposição habitual e permanente a ruído. O mesmo engenheiro de segurança do trabalho que elaborou o laudo é indicadono PPP como responsável pelos registros ambientais, mas apenas em relação ao ano de 2009. Diante das divergênciasapresentadas entre o PPP e o laudo técnico, afasto a especialidade do trabalho nos períodos discutidos.15. O PPP é formulário preenchido pela empresa e deve ser assinado por seu representante legal. Não se faz necessárioque o engenheiro de segurança do trabalho ou médico do trabalho assine o PPP. Contudo, estes profissionais devem ser

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indicados como responsáveis pelos registros ambientais e/ou biológicos. A falta de preenchimento dos campos destinadosà indicação dos profissionais faz presumir que o PPP tenha sido elaborado sem suporte em laudo técnico pericial, fato queo torna nulo. Da mesma forma, nulo é o PPP que traz informações que destoam do laudo apresentado.16. Diante dessas considerações, entendo que o autor não faz jus à conversão dos períodos impugnados. Sem a conversãoefetuada na sentença, o segurado não perfaz o tempo necessário para a concessão da aposentadoria por tempo decontribuição integral.17. A revogação da antecipação dos efeitos da tutela caracteriza-se como consectário lógico do julgado que dá provimentoao recurso da parte ré para julgar improcedente o pedido. Com efeito, não se pode cogitar da subsistência da tutelaantecipada, ante a sua natureza precária e a ausência de autonomia em relação ao resultado final do julgamento (art. 273,§§4º e 5º, do Código de Processo Civil). Saliento minha convicção pessoal de que a parte que recebe valores por força detutela judicial carente de eficácia definitiva, tem ciência da possibilidade de reversão do título e, por conseguinte, assume osriscos inerentes à situação jurídica criada. A precariedade dos pagamentos assim efetuados implica o dever de devoluçãodas verbas recebidas em decorrência de tutela provisória (art. 475-O, II, do Código de Processo Civil), ainda que concedidaem sentença suscetível de ser atacada por recurso despido de efeito suspensivo, por não ser legítimo impor ao réudiminuição patrimonial baseada em suporte fático-jurídico que não se mostre suficiente para o julgamento definitivo deprocedência do pedido e consequente confirmação da decisão anterior. Contudo, a maioria dos integrantes das TurmasRecursais da Seção Judiciária do Espírito Santo tem posicionamento diverso, contrário à devolução de parcelas recebidaspor força de antecipação de tutela, diante do caráter alimentar de tais verbas. Para promoção de maior segurança jurídica,acolho – a despeito de convicção pessoal em sentido contrário – tal orientação.18. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para julgar improcedente o pedido formulado pela parte autora,na forma do art. 269, I, do Código de Processo Civil. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios,de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.19. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.20. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

28 - 0001985-42.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001985-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.) x CLAUDINA VERVLOET LITTIG (ADVOGADO:ES013172 - RAMON FERREIRA COUTINHO PETRONETTO.).RECURSO Nº 0001985-42.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001985-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: CLAUDINA VERVLOET LITTIGRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. REVOGAÇÃO DE TUTELA ANTECIPADA. INEXISTÊNCIA DE CONTRADIÇÃO.RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.

O INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL interpõe recurso de Embargos de Declaração sob a alegação daexistência de omissão e contradição. Alega que a decisão colegiada não se manifestou expressamente quanto à posição doSuperior Tribunal de Justiça favorável à restituição de valores pagos ao segurado por força de decisão judicial, de caráterprovisório, revogada ou cassada. Assevera que a posição adotada pela maioria da Turma choca-se com o entendimento doSTJ, que deliberou pela possibilidade de devolução de benefício previdenciário pago via antecipação de tutela que vem aser posteriormente revogada.

02. Passando-se ao exame de possíveis vícios, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, consignoque, da leitura do acórdão ora guerreado, não identifico a presença de contradição apta a modificar a decisão colegiada. Oargumento trazido pelo ora embargante ataca o mérito do acórdão e não representa contradição, vício que deve seranalisado internamente, ou seja, no âmbito da própria decisão. A contradição que autoriza a oposição de embargosdeclaratórios é aquela na qual reste claro que o julgador proferiu posicionamentos diferentes dentro do julgado e assumiuposição contrária àquela anteriormente apresentada.

03. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso deEmbargos de Declaração, novo julgamento da causa motivado pela irresignação de uma das partes em face doposicionamento esposado. Insta salientar que o colegiado debateu a existência do acórdão prolatado pelo Superior Tribunalde Justiça em recurso representativo de controvérsia, porém, por maioria, optou por perfilhar a orientação veiculada peloenunciado n. 51, da súmula da jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização, conforme se infere da leitura dacertidão de fl. 124. Aos Embargos de Declaração não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questãoanalisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIO

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JURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

05. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

06. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

29 - 0000364-64.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000364-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) APARICIO ANARIO PEREIRA(ADVOGADO: ES005595 - JOAO MIGUEL ARAUJO DOS SANTOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA.).RECURSO Nº 0000364-64.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000364-2/01)RECORRENTE: APARICIO ANARIO PEREIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO COM CÔMPUTO DE TEMPO DE ATIVIDADEESPECIAL. MOTORISTA. PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO INCOMPLETO E DIVERGENTE. RECURSOCONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.

1. APARÍCIO ANARIO PEREIRA interpõe recurso inominado, às fls. 115/118, contra sentença (fls. 109/113) proferida peloMM. Juiz do Juizado Especial Federal de Linhares, que julgou improcedente o pedido de aposentadoria por tempo decontribuição integral.2. O recorrente alega, em relação ao período compreendido entre 01/11/1995 e 15/07/1999, que o Perfil ProfissiográficoPrevidenciário (PPP) de fl. 95 atesta que trabalhou em exposição a ruído em níveis de 80 dB. Sustenta que, no mínimo,deve ser reconhecido o labor especial até 05/03/1997, data de vigência do novo patamar de ruído. Em relação ao períodode 01/09/1978 a 06/09/1982, aponta que, apesar de sua Carteira de Trabalho e Previdência Social, apresentar o registro de“ajudante”, sempre realizou, de fato, a função de motorista. Afirma que anexou foto datada de abril de 1981, a qual revelaque dirigia o caminhão da empresa. Requer que, mesmo com o reconhecimento da função de ajudante de motorista, sejaaplicada a norma protetiva por analogia. Por fim, alega que, a partir de 01/11/1980, passou a exercer a função de motoristavendedor, consoante alteração da própria Carteira de Trabalho, motivo pelo qual deve ser reconhecido, no mínimo, o tempoespecial de tal período, após mudança de categoria. Pugna pelo provimento do recurso, com a reforma da sentença, paraque seja julgado procedente o pedido inicial.3. O INSS não ofereceu contrarrazões, embora regularmente intimado (certidão de fl. 122).4. Presentes os pressupostos processuais, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.5. No caso dos autos, a parte autora pretende obter aposentadoria por tempo de contribuição integral, com cômputo deatividade especial. Os períodos impugnados em sede recursal estão compreendidos entre 01/09/1978 a 06/09/1982 e entre01/11/1995 e 15/07/1999.6. É garantida a conversão, como especial, do tempo de serviço prestado em atividade profissional elencada comoperigosa, insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos n. 53.831/64 e 83.080/79), antes dapromulgação da Lei n.º 9.032/95, independentemente da produção de laudo pericial comprovando a efetiva exposição aagentes nocivos. Entre 29 de abril de 1995 e 05 de março de 1997, vigente a Lei 9.032/95, é necessária a demonstração deexposição a agentes nocivos por qualquer meio de prova. A partir de 06 de março de 1997, com a entrada em vigor doDecreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rol legal, ou comprovada em concreto, bem como daespecial condição de nocividade ou periculosidade.7. O art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, em sua redação originária, preconizava que a aposentadoria especialseria devida ao segurado, uma vez cumprida a carência exigida em lei, “conforme a atividade profissional, sujeito acondições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física”, sendo que “o tempo de serviço exercidoalternadamente em atividade comum e em atividade profissional sob condições especiais que sejam ou venham a serconsideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão segundo os critérios deequivalência estabelecidos pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, para efeito de qualquer benefício”.

Page 58: ÍNDICE DE PESQUISA DA 2ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · Boletim 2015.000066 DIRETOR(a) DE SECRETARIA LILIA COELHO DE CARVALHO MAT. 10061 Expediente do dia 01/07/2015 ... técnico

8. Promulgada a Lei n. 9.032/95, o art. 57, caput, §§3o e 4o, da Lei n. 8.213/91, passaram a ter a seguinte redação:Art. 57 – A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tivertrabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem à saúde ou a integridade física, durante 15, 20 ou 25 anos,conforme dispuser a lei...........................§3o – A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o INSS, do tempo detrabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridadefísica, durante o período mínimo fixado.§4o – O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos químicos, físicos,biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para aconcessão de qualquer benefício.

9. Das regras transcritas, observa-se que não basta a mera enunciação da atividade profissional desempenhada, sendonecessária a demonstração de que houve efetiva exposição aos agentes nocivos, físicos, biológicos ou associação deagentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, a partir da Lei n. 9.032/95. Outrossim, o art. 58, da Lei n. 8.213/91, queveiculava regra que dispunha que a relação de atividades profissionais à saúde ou à integridade física seria objeto de leiespecífica, teve tal preceito alterado com a edição da Medida Provisória n. 1.523, de 11 de outubro de 1996, posteriormenteconvertida na Lei n. 9.528/97, que lhe deu a seguinte redação:Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou àintegridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria especial de que trata o artigo anterior será definidapelo Poder Executivo.§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na formaestabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudotécnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.§ 2º Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar informação sobre a existência de tecnologia deproteção coletiva que diminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e recomendação sobre a suaadoção pelo estabelecimento respectivo.§ 3º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos existentes no ambiente detrabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com orespectivo laudo estará sujeita à penalidade prevista no art. 133 desta Lei.§ 4º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelotrabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica desse documento.

10. Regulamentada a norma pelo Decreto n. 2.172, de 05 de março de 1997, a comprovação da efetiva exposição aosagentes nocivos deveria se dar mediante formulário, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico decondições do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, que deve retratar ascondições em que o trabalho é efetivamente prestado, arrolando a tecnologia de proteção empregada e a descrição doambiente de trabalho.11. Destarte, a atividade especial pode dar-se até 28 de abril de 1995 pela realização de atividade profissional legalmenteconsiderada prejudicial à saúde ou à integridade física do trabalhador. Entre 29 de abril de 1995 a 05 de março de 1997,vigente a Lei n. 9.032, é necessária a demonstração de exposição a agente nocivo por qualquer meio de prova. A partir de06 de março de 1997, com a entrada em vigor do Decreto n. 2.172/97, exige-se prova pericial da insalubridade pelo rollegal, ou comprovada em concreto, bem como da especial condição de penosidade ou periculosidade.12. Em relação ao período de 01/09/1978 a 06/09/1982, verifico que o autor exerceu a função de ajudante de vendas (fl.15), na empresa “Transportadora Arariboia S.A.”. Não há formulário de informações de atividades exercidas sob condiçõesespeciais ou formulário PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário) que indique a exposição a agente nocivo. Contudo, acópia da CTPS (anotações gerais - fl. 17) informa que o autor passou a exercer a atividade de motorista vendedor a partirde 01/11/1980. A foto juntada aos autos à fl. 96 apenas corrobora a alteração promovida pelo empregador em 1980, masnão é capaz de gerar a presunção de que o autor exercia a função de motorista desde 1978. Dessa forma, o autor faz jus àcontagem de tempo de atividade especial entre 01/11/1980 e 06/09/1982, com o fator de conversão de 1,4, o que lheacrescenta 266 dias (08 meses e 26 dias de acréscimo).13. O recorrente também alega ter exercido atividade especial entre 01/11/1995 e 15/07/1999. Em relação a este período,verifico que há nos autos cópia da Carteira de Trabalho e Previdência Social, na qual consta o cargo de motorista vendedor.Entretanto, após 28/04/1995, faz-se necessário que o segurado demonstre a efetiva exposição a agente nocivo, nãobastando o mero enquadramento por categoria profissional. O Perfil Profissiográfico Previdenciário de fls. 59/60, emitido em19/01/2010 e assinado por representante legal da empresa, não faz qualquer referência a agente nocivo ou fator de risco,assim como não informa qualquer profissional responsável por registros ambientais nesse período. O mesmo período estáretratado no PPP de fl. 95. Contudo, este último documento apresenta apenas a primeira parte do formulário, trazinformações que não constam do PPP de fls. 59/60 (apesar de referirem-se ao mesmo interstício), indica profissionalresponsável pelos registros ambientais que não constava no PPP anterior e sequer apresenta data de emissão. Por estesmotivos, descarto o PPP de fl. 95 como prova apta a comprovar a especialidade do labor, diante das claras divergênciasapresentadas com o PPP de fls. 59/60, este sim, encartado na íntegra.14. Dessa forma, o recorrente apenas faz jus ao aumento de 08 meses e 26 dias de tempo de serviço, representado peloacréscimo após a conversão do período de 01/11/1980 a 06/09/1982. O Juízo monocrático considerou que o autor haviacompletado 33 anos, 2 meses e 16 dias de tempo de contribuição. Com o acréscimo ora concedido, o autor passa a ter 33anos, 11 meses e 12 dias de tempo de contribuição, tempo insuficiente para a concessão de aposentadoria por tempo decontribuição integral.15. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe parcial provimento apenas para considerar como tempo de atividade

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especial o período compreendido entre 01/11/1980 e 06/09/1982. Sem condenação ao pagamento de custas e honoráriosadvocatícios, diante do benefício de gratuidade de justiça concedido (fl. 102, art. 12, da Lei n. 1.060/50).16. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

30 - 0003584-79.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003584-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.) x JOSE MENDES (ADVOGADO:ES016750 - EVERALDO MARTINUZZO DE OLIVEIRA.).RECURSO Nº 0003584-79.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003584-7/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: JOSE MENDESRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.CONTRADIÇÃO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.

O INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL interpõe recurso de Embargos de Declaração sob a alegação daexistência de omissão e contradição. Sustenta que o acórdão embargado reconheceu tempo de serviço em decorrência desentença trabalhista homologatória. Aponta que há contradição com o entendimento firmado pelo Superior Tribunal deJustiça em relação a tal matéria, visto que aquela Corte entende que a sentença proferida na Justiça do Trabalho deve seescorar em início de prova material para que possa ser aceita no âmbito previdenciário.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Passando-se ao exame de possíveis vícios, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, consignoque, da leitura do acórdão ora guerreado, não identifico a presença de contradição apta a modificar a decisão colegiada. Oargumento trazido pelo ora embargante ataca o mérito do acórdão e não representa contradição, vício que deve seranalisado internamente, ou seja, no âmbito da própria decisão. A contradição que autoriza a oposição de embargosdeclaratórios é aquela na qual reste claro que o julgador proferiu posicionamentos diferentes dentro do julgado e assumiuposição contrária àquela anteriormente apresentada.

04. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso deEmbargos de Declaração, novo julgamento da causa motivado pela irresignação de uma das partes em face doposicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração não é cabível o empréstimo de efeitos infringentespara rediscutir questão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. JorgeScartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

05. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)

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FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

31 - 0000559-86.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000559-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.) x VALTER FONTOURA (ADVOGADO:ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.).RECURSO Nº 0000559-86.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000559-5/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: VALTER FONTOURARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. REVOGAÇÃO DE TUTELA ANTECIPADA. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSALSOB A ÓTICA DA NECESSIDADE E DA SUCUMBÊNCIA. EMBARGOS NÃO CONHECIDOS.

VALTER FONTOURA interpõe recurso de Embargos de Declaração, à fl. 75, sob a alegação da existência de omissão eobscuridade. Alega que a decisão colegiada não ficou clara em relação à autorização de restituição de valores percebidos atítulo de antecipação de tutela. Sustenta que apenas devem ser devolvidos os valores que, comprovadamente, tenham sidopagos em duplicidade.

Em relação à impugnação da devolução das verbas recebidas a título de antecipação de tutela, verifico que não háinteresse de agir da parte autora, porque o relator do acórdão, prolatado às fls. 67/71, teve o capítulo do seu voto, referenteà restituição dos valores recebidos a título de benefício previdenciário, superado pelo entendimento majoritário favorável àaplicação do enunciado n. 51 da súmula de jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização, consoante se extrai dacertidão de fl. 72, que assim dispõe: a 2ª Turma Recursal, por unanimidade, não conheceu do recurso ante a ausênciasuperveniente de interesse processual, nos termos do voto/ementa do relator; vencido em parte o relator no que tange àdevolução dos recursos enquanto vigeu a tutela antecipada, visto que, por maioria, deliberou-se aplicar o Enunciado 51 daTNU.

03. O provimento jurisdicional pretendido pelo embargante já foi alcançado, o que denota a inutilidade dos embargosde declaração. Dessa forma, por ausência de interesse recursal, não conheço do recurso interposto pela parte autora.

04. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

05. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

32 - 0112952-56.2014.4.02.5005/01 (2014.50.05.112952-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.) x MARIA RODRIGUES DA SILVA (ADVOGADO:ES012584 - JULIANA CARDOZO CITELLI.).RECURSO Nº 0112952-56.2014.4.02.5005/01 (2014.50.05.112952-3/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MARIA RODRIGUES DA SILVARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RENÚNCIA AO BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA. PEDIDO PARA CONCESSÃO DENOVO BENEFÍCIO COM O APROVEITAMENTO DO PERÍODO EM QUE O SEGURADO CONTINUOU A TRABALHAR ERECOLHER CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. “DESAPOSENTAÇÃO”. RECURSO DO INSS CONHECIDO EPROVIDO. PEDIDO IMPROCEDENTE.

1. O INSS interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedentes os pedidos para desconstituição debenefício de aposentadoria por tempo de contribuição e concessão de novo benefício de igual espécie, mediante oacréscimo de período em que a parte autora continuou a trabalhar e a recolher contribuições previdenciárias.2. Em suas razões recursais, a autarquia previdenciária pugna pelo recebimento do presente recurso no duplo efeito, emrazão do reconhecimento de repercussão geral no RE n. 661.256. No mérito sustenta: i) a vedação ao emprego decontribuições posteriores à aposentadoria tem amparo no art. 18, §2º, da Lei n. 8.213/91, e no princípio da solidariedade(arts. 194, V, VI, e 195, da Constituição da República de 1988); ii) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a umaespécie que apenas contribui para o custeio do sistema sem fazer jus à obtenção de aposentadoria; iii) a renúncia unilateralà aposentadoria concedida anteriormente infringiria a proteção ao ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da Constituição daRepública de 1988) e se oporia à opção anterior de requerer benefício com menor tempo de contribuição e renda mensal

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inferior; iv) a renúncia à aposentadoria deveria ser aceita somente se houvesse a restituição dos valores que já foram pagosao segurado, a esse título, pelo INSS a fim de que não haja infração ao disposto pelos arts. 11, §3º, e 12, §4º, da Lei n.8.212/91; v) o julgamento do pedido compromete o equilíbrio financeiro-atuarial da Seguridade Social (art. 195, §5º, c/c art.201, caput, da Constituição da República de 1988); e vi) a atualização monetária deve observar a regra prevista pelo art.1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09.3. A parte autora, em contrarrazões, pugna pela manutenção da sentença.4. Inicialmente, assinalo que o reconhecimento de repercussão geral, no RE 661.256, não tem o condão de impedir ojulgamento de recurso inominado que verse sobre a mesma questão afeta ao julgamento do Supremo Tribunal Federal. Oartigo 543-B, § 1º, do Código de Processo Civil, determina o sobrestamento dos recursos extraordinários cuja matéria sejaobjeto de repercussão geral, razão por que os demais recursos seguem o seu processamento, conforme previsão legal.5. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, em julgamento do RESP 1.334.488/SC (Rel. Min. Herman Benjamin,DJE 14.05.2013), no regime do art. 543-C, do Código de Processo Civil, decidiu que: i) o segurado tem direito a renunciar àaposentadoria anteriormente concedida para computar período contributivo utilizado, conjuntamente com os salários decontribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão de posterior e nova aposentação; e ii) “osbenefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares,prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessãode novo e posterior jubilamento”.6. Na fundamentação adotada no acórdão referido, observou-se que os arts. 18, §2º; 81, II; e 82, da Lei n. 8.213/91,dispunham originalmente que o aposentado, que continuasse a trabalhar e a contribuir para o Regime da PrevidênciaSocial, teria direito à reabilitação profissional, auxílio-acidente e ao pecúlio, o qual corresponderia ao total das contribuiçõespagas após sua aposentadoria a serem pagas em parcela única. As Leis ns. 9.032/95 e 9.527/97 suprimiram o pecúlio edeixaram expresso que as contribuições vertidas pelo segurado, já aposentado, seriam destinadas ao custeio daSeguridade Social (art. 11, §3º, da Lei n. 8.213/91), não fazendo ele jus a prestação alguma da Previdência Social emdecorrência do exercício dessa atividade posterior, ressalvados o salário-família e a reabilitação profissional enquantoestivesse empregado (art. 18, §2º, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.527/97).7. Em âmbito infralegal, o art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, dispôs, em seu caput (redação dada pelo Decreto n.3.265/99), que as aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial concedidas no Regime Geral da PrevidênciaSocial são “irreversíveis e irrenunciáveis”. O parágrafo único, do art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, consoante asalterações promovidas pelo Decreto n. 4.729/03, também prevê que “o segurado pode desistir do seu pedido deaposentadoria desde que manifeste essa intenção e requeira o arquivamento definitivo do pedido antes do recebimento doprimeiro pagamento do benefício, ou de sacar o respectivo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ou Programa deIntegração Social, ou até trinta dias da data do processamento do benefício, prevalecendo o que ocorrer primeiro”.8. A ausência de dispositivo legal que proibisse a renúncia à aposentadoria anterior e a compreensão de que o direito aobenefício é de natureza disponível, podendo o segurado deixar de exercê-lo ao seu alvedrio, deram suporte ao acórdãoprolatado pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do recurso especial representativo de controvérsia aludido.Entretanto, a resolução das questões infraconstitucionais relacionadas à causa não dirimem os questionamentosconstitucionais relacionados à renúncia ao benefício de aposentadoria para que haja aproveitamento das contribuiçõesvertidas pelo segurado, que continuou a trabalhar, com o intuito de obter benefício mais vantajoso, valendo destacar quetais questões pendem de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal no RE 661.256, recebido no regime de repercussãogeral.9. Com efeito, observo que a Seguridade Social é financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta (art. 195,caput, da Constituição da República de 1988), o que infirma a existência de um sistema contributivo rígido, ante a ausênciade uma correspondência imediata entre as contribuições vertidas e os benefícios a que os segurados façam jus. A receitadestinada ao sistema pretende contemplar os gastos incorridos com o propósito de assegurar a sua “universalidade decobertura e atendimento” e a “seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços” (art. 194, I e III, daConstituição da República de 1988). Esses traços compõem o conteúdo jurídico do princípio da solidariedade (art. 3º, III, daConstituição da República de 1988), cujo objetivo supõe que as prestações estatais devem “chegar àquelas pessoas que seencontram numa situação mais débil, mais desfavorecida e mais desvantajosa” (Gregorio Peces-Barba Martinez. Leccionesde derechos fundamentales. Madrid: Dykison, 2004, p. 178) o que, no direito previdenciário, alia-se à “participação social eintergeracional do ônus financeiro de sustento do sistema” e à adoção de elementos próprios à noção de repartição(Simone Barbisan Fortes, Leandro Paulsen. Direito da seguridade social: prestações e custeio da previdência, assistência esaúde. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p. 48), o que se verifica nas hipóteses em que os benefícios pagos sãosuperiores às contribuições vertidas pelo segurado ou mesmo são recebidos sem que tenha ocorrido qualquer recolhimentode valores com tal objetivo.10. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento da ADI 3.128/DF (Rel. p/ acórdão Min. Cezar Peluso, DJ18.02.2005, p. 4), na qual se discutia a constitucionalidade do art. 4º, caput, da Emenda Constitucional n. 41/03, queinstituiu contribuição previdenciária sobre os proventos de aposentadoria dos servidores públicos e as pensões devidas aosseus dependentes, reiterou que o regime da previdência social não tem natureza jurídica contratual, motivo por que inexistedireito a exigir que haja um sinalagma entre as contribuições vertidas e o rendimento mensal do benefício, uma vez que acontribuição previdenciária é “um tributo predestinado ao custeio da atuação do Estado na área da previdência social, que éterreno privilegiado de transcendentes interesses públicos ou coletivos”. O Min. Cezar Peluso, após destacar que o art. 3º,da Constituição da República de 1988, enuncia que, entre os objetivos fundamentais da República, estão a construção deuma “sociedade, livre, justa e solidária” (inciso I), a erradicação da pobreza, da marginalização e a redução dasdesigualdades sociais e regionais (inciso III), assinalou que:“A previdência social, como conjunto de prestações sociais (art. 7º, XXIV), exerce relevante papel no cumprimento dessesobjetivos e, nos claros termos do art. 195, caput, deve ser financiada por toda a sociedade, de forma equitativa (art. 194, §único, V). De modo que, quando o sujeito passivo paga a contribuição previdenciária, não está apenas subvencionando, emparte, a própria aposentadoria, senão concorrendo também, como membro da sociedade, para a alimentação do sistema,

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só cuja subsistência, aliás, permitirá que, preenchidas as condições, venha a receber proventos vitalícios ao aposentar-se.”11. A essa fundamentação, acrescento que, presentes os requisitos legais, cabe ao segurado, que continua a trabalhar, adefinição do tempo em que exercerá o seu direito à aposentadoria. O exercício desse direito, sob determinadas condiçõesfáticas, terá repercussão econômica, cuja aceitação depende da avaliação feita pelo segurado que pode sopesar seuinteresse em postergar a data de aposentação para que aufira benefício em valor maior. Contudo, feita a escolha edeclarada a vontade favorável ao recebimento da aposentadoria, há formação de ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, daConstituição da República de 1988), cujo proveito pecuniário pode ser renunciado pelo titular do direito, desde que esse atounilateral não venha a causar diminuição patrimonial futura à administração pública. Entendimento diverso implicaria suporque o Regime Geral da Previdência Social opera como um sistema de capitalização, o que não encontra embasamento nasua disciplina constitucional.12. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para julgar improcedentes os pedidos formulados pela parteautora, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil. Sem condenação ao pagamento de custas e honoráriosadvocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

33 - 0002238-93.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002238-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO COSTA BOLZANI.) x MARIO TADEU COUTINHO NEGRI (ADVOGADO:ES017409 - RAFAELLA CHRISTINA BENÍCIO, ES019015 - FELIPE CONRADO SOUZA, ES018446 - GERALDOBENICIO.).RECURSO Nº 0002238-93.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002238-5/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MARIO TADEU COUTINHO NEGRIRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC. RECURSOCONHECIDO E DESPROVIDO.

MÁRIO TADEU COUTINHO NEGRI interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 77/81, contra acórdão prolatadoàs fls. 68/74, ao argumento de existência de omissão. Para tanto, sustenta que a decisão colegiada deixou de se manifestarquanto aos demais documentos juntados aos autos e quanto aos fundamentos expostos na sentença substituída,especificamente quanto à validade do PPP como meio de prova. Assevera que as falhas apontadas no PPP não foramcomprovadas e que o julgador deveria ter determinado a baixa do feito em diligência para solucionar as controvérsias naemissão do documento. Afirma que há violação ao art. 201, § 1º da Constituição da República de 1988. Requer oconhecimento e provimento do recurso.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Passando-se ao exame de possíveis vícios, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, consignoque, da leitura do acórdão ora guerreado, não identifico a presença de omissão apta a modificar a decisão colegiada. Aocorrência de falhas no PPP não foi o único fundamento utilizado para a substituição da sentença, tendo em vista querestou configurado que a descrição das atividades do segurado não pode ser equiparada às atividades executadas pelostrabalhadores que manuseiam diretamente as máquinas e equipamentos. Ainda em relação às falhas apontadas nodocumento, reputo que cabe ao demandante trazer aos autos a prova dos fatos constitutivos de seu direito, não sendopossível reabrir a instrução processual, em sede recursal, para que lhe seja dada nova oportunidade para que sedesincumba de ônus que lhe cabe (art. 333, I, do Código de Processo Civil).

04. Verifico que houve a análise adequada e escorreita dos fatos e fundamentos jurídicos e dos requerimentosformulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso de Embargos de Declaração, novo julgamento dacausa motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargosde Declaração não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questão analisada pela decisão atacada.(STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou de

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obscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

05. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

06. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

07. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

08. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

34 - 0102719-25.2015.4.02.5050/01 (2015.50.50.102719-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ZENIT JOSÉ CORDEIRO(ADVOGADO: ES019164 - RENATO JUNQUEIRA CARVALHO, ES014177 - PHILIPI CARLOS TESCH BUZAN.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.).RECURSO Nº 0102719-25.2015.4.02.5050/01 (2015.50.50.102719-0/01)RECORRENTE: ZENIT JOSÉ CORDEIRORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RENÚNCIA AO BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA. PEDIDO PARA CONCESSÃO DENOVO BENEFÍCIO COM O APROVEITAMENTO DO PERÍODO EM QUE O SEGURADO CONTINUOU A TRABALHAR ERECOLHER CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. “DESAPOSENTAÇÃO”. RECURSO DA PARTE AUTORACONHECIDO E DESPROVIDO. PEDIDO IMPROCEDENTE.

1. A parte autora interpõe recurso inominado contra sentença que julgou improcedentes os pedidos para desconstituição debenefício de aposentadoria por tempo de contribuição e concessão de novo benefício de igual espécie, mediante oacréscimo de período em que ela continuou a trabalhar e a recolher contribuições previdenciárias.2. Em suas razões recursais, a parte autora sustenta: i) não há previsão legal para o ato de “desaposentação”, tampouco hánorma legal que vede a sua concessão; ii) a aposentadoria é direito personalíssimo; iii) a renúncia à aposentadoria nãorepresenta desequilíbrio atuarial ou financeiro ao sistema protetivo; iv) não cabe devolução de quaisquer valores járecebidos a título de aposentadoria anterior, por se tratar de verba de caráter alimentar e porque não houve irregularidadeem sua concessão.3. O INSS, em contrarrazões, pugna pela manutenção da sentença.4. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, em julgamento do RESP 1.334.488/SC (Rel. Min. Herman Benjamin,DJE 14.05.2013), no regime do art. 543-C, do Código de Processo Civil, decidiu que: i) o segurado tem direito a renunciar àaposentadoria anteriormente concedida para computar período contributivo utilizado, conjuntamente com os salários decontribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão de posterior e nova aposentação; e ii) “osbenefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares,prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessãode novo e posterior jubilamento”.5. Na fundamentação adotada no acórdão referido, observou-se que os arts. 18, §2º; 81, II; e 82, da Lei n. 8.213/91,dispunham originalmente que o aposentado, que continuasse a trabalhar e a contribuir para o Regime da PrevidênciaSocial, teria direito à reabilitação profissional, auxílio-acidente e ao pecúlio, o qual corresponderia ao total das contribuiçõespagas após sua aposentadoria a serem pagas em parcela única. As Leis ns. 9.032/95 e 9.527/97 suprimiram o pecúlio edeixaram expresso que as contribuições vertidas pelo segurado, já aposentado, seriam destinadas ao custeio daSeguridade Social (art. 11, §3º, da Lei n. 8.213/91), não fazendo ele jus a prestação alguma da Previdência Social em

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decorrência do exercício dessa atividade posterior, ressalvados o salário-família e a reabilitação profissional enquantoestivesse empregado (art. 18, §2º, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.527/97).6. Em âmbito infralegal, o art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, dispôs, em seu caput (redação dada pelo Decreto n.3.265/99), que as aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial concedidas no Regime Geral da PrevidênciaSocial são “irreversíveis e irrenunciáveis”. O parágrafo único, do art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, consoante asalterações promovidas pelo Decreto n. 4.729/03, também prevê que “o segurado pode desistir do seu pedido deaposentadoria desde que manifeste essa intenção e requeira o arquivamento definitivo do pedido antes do recebimento doprimeiro pagamento do benefício, ou de sacar o respectivo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ou Programa deIntegração Social, ou até trinta dias da data do processamento do benefício, prevalecendo o que ocorrer primeiro”.7. A ausência de dispositivo legal que proibisse a renúncia à aposentadoria anterior e a compreensão de que o direito aobenefício é de natureza disponível, podendo o segurado deixar de exercê-lo ao seu alvedrio, deram suporte ao acórdãoprolatado pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do recurso especial representativo de controvérsia aludido.Entretanto, a resolução das questões infraconstitucionais relacionadas à causa não dirimem os questionamentosconstitucionais relacionados à renúncia ao benefício de aposentadoria para que haja aproveitamento das contribuiçõesvertidas pelo segurado, que continuou a trabalhar, com o intuito de obter benefício mais vantajoso, valendo destacar quetais questões pendem de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal no RE 661.256, recebido no regime de repercussãogeral.8. Com efeito, observo que a Seguridade Social é financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta (art. 195,caput, da Constituição da República de 1988), o que infirma a existência de um sistema contributivo rígido, ante a ausênciade uma correspondência imediata entre as contribuições vertidas e os benefícios a que os segurados façam jus. A receitadestinada ao sistema pretende contemplar os gastos incorridos com o propósito de assegurar a sua “universalidade decobertura e atendimento” e a “seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços” (art. 194, I e III, daConstituição da República de 1988). Esses traços compõem o conteúdo jurídico do princípio da solidariedade (art. 3º, III, daConstituição da República de 1988), cujo objetivo supõe que as prestações estatais devem “chegar àquelas pessoas que seencontram numa situação mais débil, mais desfavorecida e mais desvantajosa” (Gregorio Peces-Barba Martinez. Leccionesde derechos fundamentales. Madrid: Dykison, 2004, p. 178) o que, no direito previdenciário, alia-se à “participação social eintergeracional do ônus financeiro de sustento do sistema” e à adoção de elementos próprios à noção de repartição(Simone Barbisan Fortes, Leandro Paulsen. Direito da seguridade social: prestações e custeio da previdência, assistência esaúde. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p. 48), o que se verifica nas hipóteses em que os benefícios pagos sãosuperiores às contribuições vertidas pelo segurado ou mesmo são recebidos sem que tenha ocorrido qualquer recolhimentode valores com tal objetivo.9. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento da ADI 3.128/DF (Rel. p/ acórdão Min. Cezar Peluso, DJ18.02.2005, p. 4), na qual se discutia a constitucionalidade do art. 4º, caput, da Emenda Constitucional n. 41/03, queinstituiu contribuição previdenciária sobre os proventos de aposentadoria dos servidores públicos e as pensões devidas aosseus dependentes, reiterou que o regime da previdência social não tem natureza jurídica contratual, motivo por que inexistedireito a exigir que haja um sinalagma entre as contribuições vertidas e o rendimento mensal do benefício, uma vez que acontribuição previdenciária é “um tributo predestinado ao custeio da atuação do Estado na área da previdência social, que éterreno privilegiado de transcendentes interesses públicos ou coletivos”. O Min. Cezar Peluso, após destacar que o art. 3º,da Constituição da República de 1988, enuncia que, entre os objetivos fundamentais da República, estão a construção deuma “sociedade, livre, justa e solidária” (inciso I), a erradicação da pobreza, da marginalização e a redução dasdesigualdades sociais e regionais (inciso III), assinalou que:“A previdência social, como conjunto de prestações sociais (art. 7º, XXIV), exerce relevante papel no cumprimento dessesobjetivos e, nos claros termos do art. 195, caput, deve ser financiada por toda a sociedade, de forma equitativa (art. 194, §único, V). De modo que, quando o sujeito passivo paga a contribuição previdenciária, não está apenas subvencionando, emparte, a própria aposentadoria, senão concorrendo também, como membro da sociedade, para a alimentação do sistema,só cuja subsistência, aliás, permitirá que, preenchidas as condições, venha a receber proventos vitalícios ao aposentar-se.”10. A essa fundamentação, acrescento que, presentes os requisitos legais, cabe ao segurado, que continua a trabalhar, adefinição do tempo em que exercerá o seu direito à aposentadoria. O exercício desse direito, sob determinadas condiçõesfáticas, terá repercussão econômica, cuja aceitação depende da avaliação feita pelo segurado que pode sopesar seuinteresse em postergar a data de aposentação para que aufira benefício em valor maior. Contudo, feita a escolha edeclarada a vontade favorável ao recebimento da aposentadoria, há formação de ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, daConstituição da República de 1988), cujo proveito pecuniário pode ser renunciado pelo titular do direito, desde que esse atounilateral não venha a causar diminuição patrimonial futura à administração pública. Entendimento diverso implicaria suporque o Regime Geral da Previdência Social opera como um sistema de capitalização, o que não encontra embasamento nasua disciplina constitucional.11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50 (fl. 18).

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

35 - 0006207-19.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.006207-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.) x ANTERIO JOSE SANTANA(DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.).RECURSO Nº 0006207-19.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.006207-3/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ANTERIO JOSE SANTANA

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RELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DESPROVIMENTO DO RECURSO INOMINADO DO INSS. CONDENAÇÃO DA PARTERECORRENTE AO PAGAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. RECORRIDO ASSISTIDO NOS AUTOS PELADEFENSORIA PÚBLICA. ENUNCIADO Nº 421 DA SÚMULA DO STJ. PRECEDENTE FIRMADO NA SISTEMÁTICA DOART. 543-C DO CPC. VERBA HONORÁRIA INDEVIDA. RECURSO PROVIDO.

O INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 83/88, contra acórdão prolatado às fls. 73/78, ao argumentode existência de contradição. Sustenta, para tanto, que, embora a parte recorrida esteja representada em juízo pelaDefensoria Pública da União, o acórdão embargado condenou a autarquia embargante ao pagamento de honoráriosadvocatícios à ordem de 10% sobre o valor da condenação. Alega que o STJ assentou o entendimento de que não sãodevidos honorários advocatícios à DPU quando esta atua contra a mesma Fazenda Pública da qual é parte integrante, nostermos do enunciado n. 421 da súmula de sua jurisprudência. Afirma que a condenação contraria a interpretação dalegislação federal feita pelo STJ. Requer a discussão acerca das teses recursais suscitadas, inclusive para fins deprequestionamento.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Examinando o alegado vício, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, observo que a parteautora, ora embargada, foi assistida nos autos pela Defensoria Pública da União, o que afasta a condenação do INSS aopagamento de honorários advocatícios. Com efeito, de acordo com o entendimento firmado pelo Superior Tribunal deJustiça, sob a sistemática do art. 543-C do Código de Processo Civil, não são devidos honorários à Defensoria Públicaquando ela atua contra pessoa jurídica de direito público integrante da mesma Fazenda Pública. Transcrevo, por oportuno,a ementa do julgado:

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA REPETITIVA.RIOPREVIDÊNCIA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. PAGAMENTO EM FAVOR DA DEFENSORIA PÚBLICA DOESTADO DO RIO DE JANEIRO. NÃO CABIMENTO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.1. "Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direitopúblico à qual pertença" (Súmula 421/STJ).2. Também não são devidos honorários advocatícios à Defensoria Pública quando ela atua contra pessoa jurídica de direitopúblico que integra a mesma Fazenda Pública.3. Recurso especial conhecido e provido, para excluir da condenação imposta ao recorrente o pagamento de honoráriosadvocatícios.(REsp 1199715/RJ, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, CORTE ESPECIAL, julgado em 16/02/2011, DJe12/04/2011).

04. Ampliou-se, assim, o alcance do enunciado nº 421 da súmula do STJ, cujo teor consta da ementa acimacolacionada. Desta feita, o INSS, por ser autarquia federal, não deve sofrer condenação ao pagamento de honoráriosadvocatícios em favor da DPU.

05. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, dou-lhes provimento para excluir a condenação doINSS ao pagamento de honorários advocatícios no acórdão embargado.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

36 - 0106368-95.2015.4.02.5050/01 (2015.50.50.106368-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA LUZINETE AMARAL(ADVOGADO: ES020468 - EVANDRO JOSE LAGO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.).RECURSO Nº 0106368-95.2015.4.02.5050/01 (2015.50.50.106368-6/01)RECORRENTE: MARIA LUZINETE AMARALRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RENÚNCIA AO BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA. PEDIDO PARA CONCESSÃO DENOVO BENEFÍCIO COM O APROVEITAMENTO DO PERÍODO EM QUE O SEGURADO CONTINUOU A TRABALHAR ERECOLHER CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. “DESAPOSENTAÇÃO”. RECURSO DA PARTE AUTORA

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CONHECIDO E DESPROVIDO. PEDIDO IMPROCEDENTE.

1. A parte autora interpõe recurso inominado contra sentença que julgou improcedentes os pedidos para desconstituição debenefício de aposentadoria por tempo de serviço e concessão de novo benefício de igual espécie, mediante o acréscimo deperíodo em que ela continuou a trabalhar e a recolher contribuições previdenciárias.2. Em suas razões recursais, a parte autora sustenta: i) a “desaposentação” não viola os princípios do ato jurídico perfeito edo direito adquirido; ii) a aposentadoria é direito patrimonial disponível; e iii) não cabe devolução de quaisquer valores járecebidos a título de aposentadoria anterior, por se tratar de verba de caráter alimentar e porque não houve irregularidadeem sua concessão.3. O INSS, em contrarrazões, pugna pela manutenção da sentença.4. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, em julgamento do RESP 1.334.488/SC (Rel. Min. Herman Benjamin,DJE 14.05.2013), no regime do art. 543-C, do Código de Processo Civil, decidiu que: i) o segurado tem direito a renunciar àaposentadoria anteriormente concedida para computar período contributivo utilizado, conjuntamente com os salários decontribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão de posterior e nova aposentação; e ii) “osbenefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares,prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessãode novo e posterior jubilamento”.5. Na fundamentação adotada no acórdão referido, observou-se que os arts. 18, §2º; 81, II; e 82, da Lei n. 8.213/91,dispunham originalmente que o aposentado, que continuasse a trabalhar e a contribuir para o Regime da PrevidênciaSocial, teria direito à reabilitação profissional, auxílio-acidente e ao pecúlio, o qual corresponderia ao total das contribuiçõespagas após sua aposentadoria a serem pagas em parcela única. As Leis ns. 9.032/95 e 9.527/97 suprimiram o pecúlio edeixaram expresso que as contribuições vertidas pelo segurado, já aposentado, seriam destinadas ao custeio daSeguridade Social (art. 11, §3º, da Lei n. 8.213/91), não fazendo ele jus a prestação alguma da Previdência Social emdecorrência do exercício dessa atividade posterior, ressalvados o salário-família e a reabilitação profissional enquantoestivesse empregado (art. 18, §2º, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.527/97).6. Em âmbito infralegal, o art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, dispôs, em seu caput (redação dada pelo Decreto n.3.265/99), que as aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial concedidas no Regime Geral da PrevidênciaSocial são “irreversíveis e irrenunciáveis”. O parágrafo único, do art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, consoante asalterações promovidas pelo Decreto n. 4.729/03, também prevê que “o segurado pode desistir do seu pedido deaposentadoria desde que manifeste essa intenção e requeira o arquivamento definitivo do pedido antes do recebimento doprimeiro pagamento do benefício, ou de sacar o respectivo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ou Programa deIntegração Social, ou até trinta dias da data do processamento do benefício, prevalecendo o que ocorrer primeiro”.7. A ausência de dispositivo legal que proibisse a renúncia à aposentadoria anterior e a compreensão de que o direito aobenefício é de natureza disponível, podendo o segurado deixar de exercê-lo ao seu alvedrio, deram suporte ao acórdãoprolatado pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do recurso especial representativo de controvérsia aludido.Entretanto, a resolução das questões infraconstitucionais relacionadas à causa não dirimem os questionamentosconstitucionais relacionados à renúncia ao benefício de aposentadoria para que haja aproveitamento das contribuiçõesvertidas pelo segurado, que continuou a trabalhar, com o intuito de obter benefício mais vantajoso, valendo destacar quetais questões pendem de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal no RE 661.256, recebido no regime de repercussãogeral.8. Com efeito, observo que a Seguridade Social é financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta (art. 195,caput, da Constituição da República de 1988), o que infirma a existência de um sistema contributivo rígido, ante a ausênciade uma correspondência imediata entre as contribuições vertidas e os benefícios a que os segurados façam jus. A receitadestinada ao sistema pretende contemplar os gastos incorridos com o propósito de assegurar a sua “universalidade decobertura e atendimento” e a “seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços” (art. 194, I e III, daConstituição da República de 1988). Esses traços compõem o conteúdo jurídico do princípio da solidariedade (art. 3º, III, daConstituição da República de 1988), cujo objetivo supõe que as prestações estatais devem “chegar àquelas pessoas que seencontram numa situação mais débil, mais desfavorecida e mais desvantajosa” (Gregorio Peces-Barba Martinez. Leccionesde derechos fundamentales. Madrid: Dykison, 2004, p. 178) o que, no direito previdenciário, alia-se à “participação social eintergeracional do ônus financeiro de sustento do sistema” e à adoção de elementos próprios à noção de repartição(Simone Barbisan Fortes, Leandro Paulsen. Direito da seguridade social: prestações e custeio da previdência, assistência esaúde. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p. 48), o que se verifica nas hipóteses em que os benefícios pagos sãosuperiores às contribuições vertidas pelo segurado ou mesmo são recebidos sem que tenha ocorrido qualquer recolhimentode valores com tal objetivo.9. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento da ADI 3.128/DF (Rel. p/ acórdão Min. Cezar Peluso, DJ18.02.2005, p. 4), na qual se discutia a constitucionalidade do art. 4º, caput, da Emenda Constitucional n. 41/03, queinstituiu contribuição previdenciária sobre os proventos de aposentadoria dos servidores públicos e as pensões devidas aosseus dependentes, reiterou que o regime da previdência social não tem natureza jurídica contratual, motivo por que inexistedireito a exigir que haja um sinalagma entre as contribuições vertidas e o rendimento mensal do benefício, uma vez que acontribuição previdenciária é “um tributo predestinado ao custeio da atuação do Estado na área da previdência social, que éterreno privilegiado de transcendentes interesses públicos ou coletivos”. O Min. Cezar Peluso, após destacar que o art. 3º,da Constituição da República de 1988, enuncia que, entre os objetivos fundamentais da República, estão a construção deuma “sociedade, livre, justa e solidária” (inciso I), a erradicação da pobreza, da marginalização e a redução dasdesigualdades sociais e regionais (inciso III), assinalou que:“A previdência social, como conjunto de prestações sociais (art. 7º, XXIV), exerce relevante papel no cumprimento dessesobjetivos e, nos claros termos do art. 195, caput, deve ser financiada por toda a sociedade, de forma equitativa (art. 194, §único, V). De modo que, quando o sujeito passivo paga a contribuição previdenciária, não está apenas subvencionando, emparte, a própria aposentadoria, senão concorrendo também, como membro da sociedade, para a alimentação do sistema,

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só cuja subsistência, aliás, permitirá que, preenchidas as condições, venha a receber proventos vitalícios ao aposentar-se.”10. A essa fundamentação, acrescento que, presentes os requisitos legais, cabe ao segurado, que continua a trabalhar, adefinição do tempo em que exercerá o seu direito à aposentadoria. O exercício desse direito, sob determinadas condiçõesfáticas, terá repercussão econômica, cuja aceitação depende da avaliação feita pelo segurado que pode sopesar seuinteresse em postergar a data de aposentação para que aufira benefício em valor maior. Contudo, feita a escolha edeclarada a vontade favorável ao recebimento da aposentadoria, há formação de ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, daConstituição da República de 1988), cujo proveito pecuniário pode ser renunciado pelo titular do direito, desde que esse atounilateral não venha a causar diminuição patrimonial futura à administração pública. Entendimento diverso implicaria suporque o Regime Geral da Previdência Social opera como um sistema de capitalização, o que não encontra embasamento nasua disciplina constitucional.11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50 (fl. 26).

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

37 - 0000479-51.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000479-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARCOS ALBERTOMONFARDINI (ADVOGADO: ES015283 - WANESSA ALDRIGUES CANDIDO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x OS MESMOS.RECURSO Nº 0000479-51.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000479-1/01)RECORRENTE: MARCOS ALBERTO MONFARDINI E INSSRECORRIDO: OS MESMOSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC. RECURSOCONHECIDO E DESPROVIDO.

MARCOS ALBERTO MONFARDINI interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 248/254, contra acórdão prolatadoàs fls. 241/245, ao argumento de existência de omissão. Para tanto, sustenta que a Turma não se manifestou quanto àmatéria de fundo constitucional alegada em sua defesa. Assevera que a supressão do direito à desaposentação configuraatentado aos princípios da dignidade humana (art. 1º, III, da Constituição da República de 1988) e da isonomia. Requer osobrestamento do recurso em virtude da repercussão geral reconhecida no RE 661.256. Por fim, pugna pelo conhecimentoe provimento dos presentes embargos.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. A existência de repercussão geral reconhecida no Recurso Extraordinário 661.256 não é capaz de suspender ojulgamento do presente recurso, pois o sobrestamento previsto pelo art. 543-B, §1º, do Código de Processo Civil, somenteabrange os recursos extraordinários interpostos que versem acerca da mesma questão afeta ao julgamento do SupremoTribunal Federal.

04. Passando-se ao exame de possíveis vícios, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, consignoque, da leitura do acórdão ora guerreado, não identifico a presença de omissão apta a modificar a decisão colegiada.

05. Verifico que houve a análise adequada e escorreita dos fatos e fundamentos jurídicos e dos requerimentosformulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso de Embargos de Declaração, novo julgamento dacausa motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargosde Declaração não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questão analisada pela decisão atacada.(STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto a

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justificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

06. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

07. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

08. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

09. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

38 - 0107863-02.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.107863-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.) x ANGELA MARIA AVELAR DOS SANTOS SILVA(ADVOGADO: ES018662 - GILVERTON LODI GUIMARÃES, ES009962 - CRISTIANO ROSSI CASSARO.).RECURSO Nº 0107863-02.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.107863-5/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ANGELA MARIA AVELAR DOS SANTOS SILVARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RENÚNCIA AO BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA. PEDIDO PARA CONCESSÃO DENOVO BENEFÍCIO COM O APROVEITAMENTO DO PERÍODO EM QUE O SEGURADO CONTINUOU A TRABALHAR ERECOLHER CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. “DESAPOSENTAÇÃO”. RECURSO DO INSS CONHECIDO EPROVIDO. PEDIDO IMPROCEDENTE.

1. O INSS interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedentes os pedidos para desconstituição debenefício de aposentadoria por tempo de contribuição e concessão de novo benefício de igual espécie, mediante oacréscimo de período em que a parte autora continuou a trabalhar e a recolher contribuições previdenciárias.2. Em suas razões recursais, a autarquia previdenciária pugna pelo recebimento do presente recurso no duplo efeito, emrazão do reconhecimento de repercussão geral no RE n. 661.256. No mérito sustenta: i) a vedação ao emprego decontribuições posteriores à aposentadoria tem amparo no art. 18, §2º, da Lei n. 8.213/91, e no princípio da solidariedade(arts. 194, V, VI, e 195, da Constituição da República de 1988); ii) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a umaespécie que apenas contribui para o custeio do sistema sem fazer jus à obtenção de aposentadoria; iii) a renúncia unilateralà aposentadoria concedida anteriormente infringiria a proteção ao ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da Constituição daRepública de 1988) e se oporia à opção anterior de requerer benefício com menor tempo de contribuição e renda mensalinferior; iv) a renúncia à aposentadoria deveria ser aceita somente se houvesse a restituição dos valores que já foram pagosao segurado, a esse título, pelo INSS a fim de que não haja infração ao disposto pelos arts. 11, §3º, e 12, §4º, da Lei n.8.212/91; v) o julgamento do pedido compromete o equilíbrio financeiro-atuarial da Seguridade Social (art. 195, §5º, c/c art.201, caput, da Constituição da República de 1988); e vi) a atualização monetária deve observar a regra prevista pelo art.1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09.3. A parte autora, em contrarrazões, pugna pela manutenção da sentença.4. Inicialmente, assinalo que o reconhecimento de repercussão geral, no RE 661.256, não tem o condão de impedir ojulgamento de recurso inominado que verse sobre a mesma questão afeta ao julgamento do Supremo Tribunal Federal. Oartigo 543-B, § 1º, do Código de Processo Civil, determina o sobrestamento dos recursos extraordinários cuja matéria sejaobjeto de repercussão geral, razão por que os demais recursos seguem o seu processamento, conforme previsão legal.5. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, em julgamento do RESP 1.334.488/SC (Rel. Min. Herman Benjamin,DJE 14.05.2013), no regime do art. 543-C, do Código de Processo Civil, decidiu que: i) o segurado tem direito a renunciar àaposentadoria anteriormente concedida para computar período contributivo utilizado, conjuntamente com os salários decontribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão de posterior e nova aposentação; e ii) “osbenefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares,

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prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessãode novo e posterior jubilamento”.6. Na fundamentação adotada no acórdão referido, observou-se que os arts. 18, §2º; 81, II; e 82, da Lei n. 8.213/91,dispunham originalmente que o aposentado, que continuasse a trabalhar e a contribuir para o Regime da PrevidênciaSocial, teria direito à reabilitação profissional, auxílio-acidente e ao pecúlio, o qual corresponderia ao total das contribuiçõespagas após sua aposentadoria a serem pagas em parcela única. As Leis ns. 9.032/95 e 9.527/97 suprimiram o pecúlio edeixaram expresso que as contribuições vertidas pelo segurado, já aposentado, seriam destinadas ao custeio daSeguridade Social (art. 11, §3º, da Lei n. 8.213/91), não fazendo ele jus a prestação alguma da Previdência Social emdecorrência do exercício dessa atividade posterior, ressalvados o salário-família e a reabilitação profissional enquantoestivesse empregado (art. 18, §2º, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.527/97).7. Em âmbito infralegal, o art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, dispôs, em seu caput (redação dada pelo Decreto n.3.265/99), que as aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial concedidas no Regime Geral da PrevidênciaSocial são “irreversíveis e irrenunciáveis”. O parágrafo único, do art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, consoante asalterações promovidas pelo Decreto n. 4.729/03, também prevê que “o segurado pode desistir do seu pedido deaposentadoria desde que manifeste essa intenção e requeira o arquivamento definitivo do pedido antes do recebimento doprimeiro pagamento do benefício, ou de sacar o respectivo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ou Programa deIntegração Social, ou até trinta dias da data do processamento do benefício, prevalecendo o que ocorrer primeiro”.8. A ausência de dispositivo legal que proibisse a renúncia à aposentadoria anterior e a compreensão de que o direito aobenefício é de natureza disponível, podendo o segurado deixar de exercê-lo ao seu alvedrio, deram suporte ao acórdãoprolatado pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do recurso especial representativo de controvérsia aludido.Entretanto, a resolução das questões infraconstitucionais relacionadas à causa não dirimem os questionamentosconstitucionais relacionados à renúncia ao benefício de aposentadoria para que haja aproveitamento das contribuiçõesvertidas pelo segurado, que continuou a trabalhar, com o intuito de obter benefício mais vantajoso, valendo destacar quetais questões pendem de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal no RE 661.256, recebido no regime de repercussãogeral.9. Com efeito, observo que a Seguridade Social é financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta (art. 195,caput, da Constituição da República de 1988), o que infirma a existência de um sistema contributivo rígido, ante a ausênciade uma correspondência imediata entre as contribuições vertidas e os benefícios a que os segurados façam jus. A receitadestinada ao sistema pretende contemplar os gastos incorridos com o propósito de assegurar a sua “universalidade decobertura e atendimento” e a “seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços” (art. 194, I e III, daConstituição da República de 1988). Esses traços compõem o conteúdo jurídico do princípio da solidariedade (art. 3º, III, daConstituição da República de 1988), cujo objetivo supõe que as prestações estatais devem “chegar àquelas pessoas que seencontram numa situação mais débil, mais desfavorecida e mais desvantajosa” (Gregorio Peces-Barba Martinez. Leccionesde derechos fundamentales. Madrid: Dykison, 2004, p. 178) o que, no direito previdenciário, alia-se à “participação social eintergeracional do ônus financeiro de sustento do sistema” e à adoção de elementos próprios à noção de repartição(Simone Barbisan Fortes, Leandro Paulsen. Direito da seguridade social: prestações e custeio da previdência, assistência esaúde. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p. 48), o que se verifica nas hipóteses em que os benefícios pagos sãosuperiores às contribuições vertidas pelo segurado ou mesmo são recebidos sem que tenha ocorrido qualquer recolhimentode valores com tal objetivo.10. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento da ADI 3.128/DF (Rel. p/ acórdão Min. Cezar Peluso, DJ18.02.2005, p. 4), na qual se discutia a constitucionalidade do art. 4º, caput, da Emenda Constitucional n. 41/03, queinstituiu contribuição previdenciária sobre os proventos de aposentadoria dos servidores públicos e as pensões devidas aosseus dependentes, reiterou que o regime da previdência social não tem natureza jurídica contratual, motivo por que inexistedireito a exigir que haja um sinalagma entre as contribuições vertidas e o rendimento mensal do benefício, uma vez que acontribuição previdenciária é “um tributo predestinado ao custeio da atuação do Estado na área da previdência social, que éterreno privilegiado de transcendentes interesses públicos ou coletivos”. O Min. Cezar Peluso, após destacar que o art. 3º,da Constituição da República de 1988, enuncia que, entre os objetivos fundamentais da República, estão a construção deuma “sociedade, livre, justa e solidária” (inciso I), a erradicação da pobreza, da marginalização e a redução dasdesigualdades sociais e regionais (inciso III), assinalou que:“A previdência social, como conjunto de prestações sociais (art. 7º, XXIV), exerce relevante papel no cumprimento dessesobjetivos e, nos claros termos do art. 195, caput, deve ser financiada por toda a sociedade, de forma equitativa (art. 194, §único, V). De modo que, quando o sujeito passivo paga a contribuição previdenciária, não está apenas subvencionando, emparte, a própria aposentadoria, senão concorrendo também, como membro da sociedade, para a alimentação do sistema,só cuja subsistência, aliás, permitirá que, preenchidas as condições, venha a receber proventos vitalícios ao aposentar-se.”11. A essa fundamentação, acrescento que, presentes os requisitos legais, cabe ao segurado, que continua a trabalhar, adefinição do tempo em que exercerá o seu direito à aposentadoria. O exercício desse direito, sob determinadas condiçõesfáticas, terá repercussão econômica, cuja aceitação depende da avaliação feita pelo segurado que pode sopesar seuinteresse em postergar a data de aposentação para que aufira benefício em valor maior. Contudo, feita a escolha edeclarada a vontade favorável ao recebimento da aposentadoria, há formação de ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, daConstituição da República de 1988), cujo proveito pecuniário pode ser renunciado pelo titular do direito, desde que esse atounilateral não venha a causar diminuição patrimonial futura à administração pública. Entendimento diverso implicaria suporque o Regime Geral da Previdência Social opera como um sistema de capitalização, o que não encontra embasamento nasua disciplina constitucional.12. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para julgar improcedentes os pedidos formulados pela parteautora, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil. Sem condenação ao pagamento de custas e honoráriosadvocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.

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(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

39 - 0000088-30.2011.4.02.5054/01 (2011.50.54.000088-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOÃO BATISTA MACEDO(ADVOGADO: ES009967 - SEBASTIÃO FERNANDO ASSIS, ES011274 - KÉZIA NICOLINI.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Paulo Henrique Vaz Fidalgo.).RECURSO Nº 0000088-30.2011.4.02.5054/01 (2011.50.54.000088-1/01)RECORRENTE: JOÃO BATISTA MACEDORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DESCONTO DE VALORES PAGOS ADMINISTRATIVAMENTE SOB O MESMO TÍTULO.OMISSÃO. EMBARGOS CONHECIDOS E PROVIDOS.

O INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 114/118, sob aalegação da existência de omissão. Sustenta que, no acórdão embargado, não consta a determinação de que os valorespagos administrativamente, sob o mesmo título, devam ser descontados. Assevera que há informações nos autos arespeito da concessão administrativa do benefício no decorrer do trâmite processual, fato que deveria ter sido analisado naprolação do voto.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. A autarquia previdenciária requer a determinação expressa de que os valores pagos a título de auxílio-doençasejam descontados do montante a ser executado nesta ação. Aponta que houve recebimento do benefício por três períodosdurante o trâmite processual (04/11/2011 a 27/05/2012, 28/05/2012 a 19/03/2013, 28/05/2013 a 13/06/2013) e que osegurado está com benefício ativo por força de concessão administrativa desde 14/06/2013.

04. De fato, as parcelas pagas administrativamente, em períodos coincidentes com a concessão judicial, devem serdescontadas do valor total a ser pago à parte autora. Admitir entendimento contrário levaria ao enriquecimento sem causado autor, o qual estaria recebendo em duplicidade parcelas que já foram prestadas pelo INSS. Dessa forma, do montante aser requisitado na fase executória deste acórdão, devem ser descontados os valores que o autor já auferiu.

05. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, dou-lhes provimento para determinar que asparcelas pagas sob o mesmo título, no período compreendido na concessão judicial, sejam descontadas do montante a serrequisitado.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

40 - 0114669-53.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.114669-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LUIZ CLÁUDIO SALDANHA SALES.) x SILVANO ROMANHA DO NASCIMENTO(ADVOGADO: ES019221 - AMAURI BRAS CASER.).RECURSO Nº 0114669-53.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.114669-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: SILVANO ROMANHA DO NASCIMENTORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RENÚNCIA AO BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA. PEDIDO PARA CONCESSÃO DENOVO BENEFÍCIO COM O APROVEITAMENTO DO PERÍODO EM QUE O SEGURADO CONTINUOU A TRABALHAR ERECOLHER CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. “DESAPOSENTAÇÃO”. RECURSO DO INSS CONHECIDO EPROVIDO. PEDIDO IMPROCEDENTE.

1. O INSS interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedentes os pedidos para desconstituição debenefício de aposentadoria por tempo de contribuição e concessão de novo benefício de igual espécie, mediante oacréscimo de período em que a parte autora continuou a trabalhar e a recolher contribuições previdenciárias.2. Em suas razões recursais, a autarquia previdenciária pugna pelo recebimento do presente recurso no duplo efeito, emrazão do reconhecimento de repercussão geral no RE n. 661.256. No mérito sustenta: i) a vedação ao emprego de

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contribuições posteriores à aposentadoria tem amparo no art. 18, §2º, da Lei n. 8.213/91, e no princípio da solidariedade(arts. 194, V, VI, e 195, da Constituição da República de 1988); ii) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a umaespécie que apenas contribui para o custeio do sistema sem fazer jus à obtenção de aposentadoria; iii) a renúncia unilateralà aposentadoria concedida anteriormente infringiria a proteção ao ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da Constituição daRepública de 1988) e se oporia à opção anterior de requerer benefício com menor tempo de contribuição e renda mensalinferior; iv) a renúncia à aposentadoria deveria ser aceita somente se houvesse a restituição dos valores que já foram pagosao segurado, a esse título, pelo INSS a fim de que não haja infração ao disposto pelos arts. 11, §3º, e 12, §4º, da Lei n.8.212/91; v) o julgamento do pedido compromete o equilíbrio financeiro-atuarial da Seguridade Social (art. 195, §5º, c/c art.201, caput, da Constituição da República de 1988); e vi) a atualização monetária deve observar a regra prevista pelo art.1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09.3. A parte autora, em contrarrazões, pugna pela manutenção da sentença.4. Inicialmente, assinalo que o reconhecimento de repercussão geral, no RE 661.256, não tem o condão de impedir ojulgamento de recurso inominado que verse sobre a mesma questão afeta ao julgamento do Supremo Tribunal Federal. Oartigo 543-B, § 1º, do Código de Processo Civil, determina o sobrestamento dos recursos extraordinários cuja matéria sejaobjeto de repercussão geral, razão por que os demais recursos seguem o seu processamento, conforme previsão legal.5. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, em julgamento do RESP 1.334.488/SC (Rel. Min. Herman Benjamin,DJE 14.05.2013), no regime do art. 543-C, do Código de Processo Civil, decidiu que: i) o segurado tem direito a renunciar àaposentadoria anteriormente concedida para computar período contributivo utilizado, conjuntamente com os salários decontribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão de posterior e nova aposentação; e ii) “osbenefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares,prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessãode novo e posterior jubilamento”.6. Na fundamentação adotada no acórdão referido, observou-se que os arts. 18, §2º; 81, II; e 82, da Lei n. 8.213/91,dispunham originalmente que o aposentado, que continuasse a trabalhar e a contribuir para o Regime da PrevidênciaSocial, teria direito à reabilitação profissional, auxílio-acidente e ao pecúlio, o qual corresponderia ao total das contribuiçõespagas após sua aposentadoria a serem pagas em parcela única. As Leis ns. 9.032/95 e 9.527/97 suprimiram o pecúlio edeixaram expresso que as contribuições vertidas pelo segurado, já aposentado, seriam destinadas ao custeio daSeguridade Social (art. 11, §3º, da Lei n. 8.213/91), não fazendo ele jus a prestação alguma da Previdência Social emdecorrência do exercício dessa atividade posterior, ressalvados o salário-família e a reabilitação profissional enquantoestivesse empregado (art. 18, §2º, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.527/97).7. Em âmbito infralegal, o art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, dispôs, em seu caput (redação dada pelo Decreto n.3.265/99), que as aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial concedidas no Regime Geral da PrevidênciaSocial são “irreversíveis e irrenunciáveis”. O parágrafo único, do art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, consoante asalterações promovidas pelo Decreto n. 4.729/03, também prevê que “o segurado pode desistir do seu pedido deaposentadoria desde que manifeste essa intenção e requeira o arquivamento definitivo do pedido antes do recebimento doprimeiro pagamento do benefício, ou de sacar o respectivo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ou Programa deIntegração Social, ou até trinta dias da data do processamento do benefício, prevalecendo o que ocorrer primeiro”.8. A ausência de dispositivo legal que proibisse a renúncia à aposentadoria anterior e a compreensão de que o direito aobenefício é de natureza disponível, podendo o segurado deixar de exercê-lo ao seu alvedrio, deram suporte ao acórdãoprolatado pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do recurso especial representativo de controvérsia aludido.Entretanto, a resolução das questões infraconstitucionais relacionadas à causa não dirimem os questionamentosconstitucionais relacionados à renúncia ao benefício de aposentadoria para que haja aproveitamento das contribuiçõesvertidas pelo segurado, que continuou a trabalhar, com o intuito de obter benefício mais vantajoso, valendo destacar quetais questões pendem de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal no RE 661.256, recebido no regime de repercussãogeral.9. Com efeito, observo que a Seguridade Social é financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta (art. 195,caput, da Constituição da República de 1988), o que infirma a existência de um sistema contributivo rígido, ante a ausênciade uma correspondência imediata entre as contribuições vertidas e os benefícios a que os segurados façam jus. A receitadestinada ao sistema pretende contemplar os gastos incorridos com o propósito de assegurar a sua “universalidade decobertura e atendimento” e a “seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços” (art. 194, I e III, daConstituição da República de 1988). Esses traços compõem o conteúdo jurídico do princípio da solidariedade (art. 3º, III, daConstituição da República de 1988), cujo objetivo supõe que as prestações estatais devem “chegar àquelas pessoas que seencontram numa situação mais débil, mais desfavorecida e mais desvantajosa” (Gregorio Peces-Barba Martinez. Leccionesde derechos fundamentales. Madrid: Dykison, 2004, p. 178) o que, no direito previdenciário, alia-se à “participação social eintergeracional do ônus financeiro de sustento do sistema” e à adoção de elementos próprios à noção de repartição(Simone Barbisan Fortes, Leandro Paulsen. Direito da seguridade social: prestações e custeio da previdência, assistência esaúde. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p. 48), o que se verifica nas hipóteses em que os benefícios pagos sãosuperiores às contribuições vertidas pelo segurado ou mesmo são recebidos sem que tenha ocorrido qualquer recolhimentode valores com tal objetivo.10. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento da ADI 3.128/DF (Rel. p/ acórdão Min. Cezar Peluso, DJ18.02.2005, p. 4), na qual se discutia a constitucionalidade do art. 4º, caput, da Emenda Constitucional n. 41/03, queinstituiu contribuição previdenciária sobre os proventos de aposentadoria dos servidores públicos e as pensões devidas aosseus dependentes, reiterou que o regime da previdência social não tem natureza jurídica contratual, motivo por que inexistedireito a exigir que haja um sinalagma entre as contribuições vertidas e o rendimento mensal do benefício, uma vez que acontribuição previdenciária é “um tributo predestinado ao custeio da atuação do Estado na área da previdência social, que éterreno privilegiado de transcendentes interesses públicos ou coletivos”. O Min. Cezar Peluso, após destacar que o art. 3º,da Constituição da República de 1988, enuncia que, entre os objetivos fundamentais da República, estão a construção deuma “sociedade, livre, justa e solidária” (inciso I), a erradicação da pobreza, da marginalização e a redução das

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desigualdades sociais e regionais (inciso III), assinalou que:“A previdência social, como conjunto de prestações sociais (art. 7º, XXIV), exerce relevante papel no cumprimento dessesobjetivos e, nos claros termos do art. 195, caput, deve ser financiada por toda a sociedade, de forma equitativa (art. 194, §único, V). De modo que, quando o sujeito passivo paga a contribuição previdenciária, não está apenas subvencionando, emparte, a própria aposentadoria, senão concorrendo também, como membro da sociedade, para a alimentação do sistema,só cuja subsistência, aliás, permitirá que, preenchidas as condições, venha a receber proventos vitalícios ao aposentar-se.”11. A essa fundamentação, acrescento que, presentes os requisitos legais, cabe ao segurado, que continua a trabalhar, adefinição do tempo em que exercerá o seu direito à aposentadoria. O exercício desse direito, sob determinadas condiçõesfáticas, terá repercussão econômica, cuja aceitação depende da avaliação feita pelo segurado que pode sopesar seuinteresse em postergar a data de aposentação para que aufira benefício em valor maior. Contudo, feita a escolha edeclarada a vontade favorável ao recebimento da aposentadoria, há formação de ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, daConstituição da República de 1988), cujo proveito pecuniário pode ser renunciado pelo titular do direito, desde que esse atounilateral não venha a causar diminuição patrimonial futura à administração pública. Entendimento diverso implicaria suporque o Regime Geral da Previdência Social opera como um sistema de capitalização, o que não encontra embasamento nasua disciplina constitucional.12. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para julgar improcedentes os pedidos formulados pela parteautora, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil. Sem condenação ao pagamento de custas e honoráriosadvocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

41 - 0000035-75.2013.4.02.5055/02 (2013.50.55.000035-7/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS x DJALMA COUTINHO ARAUJO (ADVOGADO: ES018446 - GERALDO BENICIO, ES017409 -RAFAELLA CHRISTINA BENÍCIO, ES019803 - LARISSA CRISTIANI BENÍCIO.).RECURSO Nº 0000035-75.2013.4.02.5055/02 (2013.50.55.000035-7/02)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: DJALMA COUTINHO ARAUJORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RENÚNCIA AO BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA. PEDIDO PARA CONCESSÃO DENOVO BENEFÍCIO COM O APROVEITAMENTO DO PERÍODO EM QUE O SEGURADO CONTINUOU A TRABALHAR ERECOLHER CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. “DESAPOSENTAÇÃO”. RECURSO DO INSS CONHECIDO EPROVIDO. PEDIDO IMPROCEDENTE.

1. O INSS interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedentes os pedidos para desconstituição debenefício de aposentadoria por tempo de contribuição e concessão de novo benefício de igual espécie, mediante oacréscimo de período em que a parte autora continuou a trabalhar e a recolher contribuições previdenciárias.2. Em suas razões recursais, a autarquia previdenciária pugna pelo recebimento do presente recurso no duplo efeito, emrazão do reconhecimento de repercussão geral no RE n. 661.256. No mérito sustenta: i) a vedação ao emprego decontribuições posteriores à aposentadoria tem amparo no art. 18, §2º, da Lei n. 8.213/91, e no princípio da solidariedade(arts. 194, V, VI, e 195, da Constituição da República de 1988); ii) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a umaespécie que apenas contribui para o custeio do sistema sem fazer jus à obtenção de aposentadoria; iii) a renúncia unilateralà aposentadoria concedida anteriormente infringiria a proteção ao ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da Constituição daRepública de 1988) e se oporia à opção anterior de requerer benefício com menor tempo de contribuição e renda mensalinferior; iv) a renúncia à aposentadoria deveria ser aceita somente se houvesse a restituição dos valores que já foram pagosao segurado, a esse título, pelo INSS a fim de que não haja infração ao disposto pelos arts. 11, §3º, e 12, §4º, da Lei n.8.212/91; v) o julgamento do pedido compromete o equilíbrio financeiro-atuarial da Seguridade Social (art. 195, §5º, c/c art.201, caput, da Constituição da República de 1988); e vi) a atualização monetária deve observar a regra prevista pelo art.1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09.3. A parte autora, em contrarrazões, pugna pela manutenção da sentença.4. Inicialmente, assinalo que o reconhecimento de repercussão geral, no RE 661.256, não tem o condão de impedir ojulgamento de recurso inominado que verse sobre a mesma questão afeta ao julgamento do Supremo Tribunal Federal. Oartigo 543-B, § 1º, do Código de Processo Civil, determina o sobrestamento dos recursos extraordinários cuja matéria sejaobjeto de repercussão geral, razão por que os demais recursos seguem o seu processamento, conforme previsão legal.5. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, em julgamento do RESP 1.334.488/SC (Rel. Min. Herman Benjamin,DJE 14.05.2013), no regime do art. 543-C, do Código de Processo Civil, decidiu que: i) o segurado tem direito a renunciar àaposentadoria anteriormente concedida para computar período contributivo utilizado, conjuntamente com os salários decontribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão de posterior e nova aposentação; e ii) “osbenefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares,prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessãode novo e posterior jubilamento”.6. Na fundamentação adotada no acórdão referido, observou-se que os arts. 18, §2º; 81, II; e 82, da Lei n. 8.213/91,dispunham originalmente que o aposentado, que continuasse a trabalhar e a contribuir para o Regime da PrevidênciaSocial, teria direito à reabilitação profissional, auxílio-acidente e ao pecúlio, o qual corresponderia ao total das contribuições

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pagas após sua aposentadoria a serem pagas em parcela única. As Leis ns. 9.032/95 e 9.527/97 suprimiram o pecúlio edeixaram expresso que as contribuições vertidas pelo segurado, já aposentado, seriam destinadas ao custeio daSeguridade Social (art. 11, §3º, da Lei n. 8.213/91), não fazendo ele jus a prestação alguma da Previdência Social emdecorrência do exercício dessa atividade posterior, ressalvados o salário-família e a reabilitação profissional enquantoestivesse empregado (art. 18, §2º, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.527/97).7. Em âmbito infralegal, o art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, dispôs, em seu caput (redação dada pelo Decreto n.3.265/99), que as aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial concedidas no Regime Geral da PrevidênciaSocial são “irreversíveis e irrenunciáveis”. O parágrafo único, do art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, consoante asalterações promovidas pelo Decreto n. 4.729/03, também prevê que “o segurado pode desistir do seu pedido deaposentadoria desde que manifeste essa intenção e requeira o arquivamento definitivo do pedido antes do recebimento doprimeiro pagamento do benefício, ou de sacar o respectivo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ou Programa deIntegração Social, ou até trinta dias da data do processamento do benefício, prevalecendo o que ocorrer primeiro”.8. A ausência de dispositivo legal que proibisse a renúncia à aposentadoria anterior e a compreensão de que o direito aobenefício é de natureza disponível, podendo o segurado deixar de exercê-lo ao seu alvedrio, deram suporte ao acórdãoprolatado pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do recurso especial representativo de controvérsia aludido.Entretanto, a resolução das questões infraconstitucionais relacionadas à causa não dirimem os questionamentosconstitucionais relacionados à renúncia ao benefício de aposentadoria para que haja aproveitamento das contribuiçõesvertidas pelo segurado, que continuou a trabalhar, com o intuito de obter benefício mais vantajoso, valendo destacar quetais questões pendem de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal no RE 661.256, recebido no regime de repercussãogeral.9. Com efeito, observo que a Seguridade Social é financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta (art. 195,caput, da Constituição da República de 1988), o que infirma a existência de um sistema contributivo rígido, ante a ausênciade uma correspondência imediata entre as contribuições vertidas e os benefícios a que os segurados façam jus. A receitadestinada ao sistema pretende contemplar os gastos incorridos com o propósito de assegurar a sua “universalidade decobertura e atendimento” e a “seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços” (art. 194, I e III, daConstituição da República de 1988). Esses traços compõem o conteúdo jurídico do princípio da solidariedade (art. 3º, III, daConstituição da República de 1988), cujo objetivo supõe que as prestações estatais devem “chegar àquelas pessoas que seencontram numa situação mais débil, mais desfavorecida e mais desvantajosa” (Gregorio Peces-Barba Martinez. Leccionesde derechos fundamentales. Madrid: Dykison, 2004, p. 178) o que, no direito previdenciário, alia-se à “participação social eintergeracional do ônus financeiro de sustento do sistema” e à adoção de elementos próprios à noção de repartição(Simone Barbisan Fortes, Leandro Paulsen. Direito da seguridade social: prestações e custeio da previdência, assistência esaúde. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p. 48), o que se verifica nas hipóteses em que os benefícios pagos sãosuperiores às contribuições vertidas pelo segurado ou mesmo são recebidos sem que tenha ocorrido qualquer recolhimentode valores com tal objetivo.10. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento da ADI 3.128/DF (Rel. p/ acórdão Min. Cezar Peluso, DJ18.02.2005, p. 4), na qual se discutia a constitucionalidade do art. 4º, caput, da Emenda Constitucional n. 41/03, queinstituiu contribuição previdenciária sobre os proventos de aposentadoria dos servidores públicos e as pensões devidas aosseus dependentes, reiterou que o regime da previdência social não tem natureza jurídica contratual, motivo por que inexistedireito a exigir que haja um sinalagma entre as contribuições vertidas e o rendimento mensal do benefício, uma vez que acontribuição previdenciária é “um tributo predestinado ao custeio da atuação do Estado na área da previdência social, que éterreno privilegiado de transcendentes interesses públicos ou coletivos”. O Min. Cezar Peluso, após destacar que o art. 3º,da Constituição da República de 1988, enuncia que, entre os objetivos fundamentais da República, estão a construção deuma “sociedade, livre, justa e solidária” (inciso I), a erradicação da pobreza, da marginalização e a redução dasdesigualdades sociais e regionais (inciso III), assinalou que:“A previdência social, como conjunto de prestações sociais (art. 7º, XXIV), exerce relevante papel no cumprimento dessesobjetivos e, nos claros termos do art. 195, caput, deve ser financiada por toda a sociedade, de forma equitativa (art. 194, §único, V). De modo que, quando o sujeito passivo paga a contribuição previdenciária, não está apenas subvencionando, emparte, a própria aposentadoria, senão concorrendo também, como membro da sociedade, para a alimentação do sistema,só cuja subsistência, aliás, permitirá que, preenchidas as condições, venha a receber proventos vitalícios ao aposentar-se.”11. A essa fundamentação, acrescento que, presentes os requisitos legais, cabe ao segurado, que continua a trabalhar, adefinição do tempo em que exercerá o seu direito à aposentadoria. O exercício desse direito, sob determinadas condiçõesfáticas, terá repercussão econômica, cuja aceitação depende da avaliação feita pelo segurado que pode sopesar seuinteresse em postergar a data de aposentação para que aufira benefício em valor maior. Contudo, feita a escolha edeclarada a vontade favorável ao recebimento da aposentadoria, há formação de ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, daConstituição da República de 1988), cujo proveito pecuniário pode ser renunciado pelo titular do direito, desde que esse atounilateral não venha a causar diminuição patrimonial futura à administração pública. Entendimento diverso implicaria suporque o Regime Geral da Previdência Social opera como um sistema de capitalização, o que não encontra embasamento nasua disciplina constitucional.12. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para julgar improcedentes os pedidos formulados pela parteautora, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil. Sem condenação ao pagamento de custas e honoráriosadvocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

42 - 0004690-42.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004690-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANILDO NUNES

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GONÇALVES (ADVOGADO: ES015907 - WILLIAN PEREIRA PRUCOLI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL- INSS (PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).RECURSO Nº 0004690-42.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004690-4/01)RECORRENTE: ANILDO NUNES GONÇALVESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC. RECURSOCONHECIDO E DESPROVIDO.

O INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 103/105, sob aalegação da existência de contradição. Sustenta que o acórdão impugnado o condenou a converter o benefício deauxílio-doença em aposentadoria por invalidez desde a data da perícia (06/09/2012), sob o fundamento de que o autorpossui 63 anos de idade. Aponta que esta idade apenas foi alcançada atualmente e que, na data da perícia, o autor eramais jovem, motivo pelo qual a DIB deveria ter sido fixada na data da sessão de julgamento desta Turma Recursal.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. A autarquia previdenciária contesta a fixação da DIB na data da perícia judicial sob a alegação de que o votocondutor baseou-se na idade atual da parte autora para converter o benefício de auxílio-doença em aposentadoria porinvalidez. Sustenta que, se a idade foi utilizada como fundamento do acórdão, a DIB deveria corresponder à data da sessãode julgamento.

04. Verifica-se dos itens 07 e 08 do voto condutor (fls. 94/95), que a idade do autor foi apenas um dos fundamentosdo acórdão. Os eventos clínicos e cirúrgicos foram detalhadamente relatados no item 07, e a conclusão a que se chegouderiva da convergência das informações trazidas nos autos pelos laudos particulares. A menção à idade da parte autoradeu-se ao lado da indicação de sua data de nascimento, a qual se somou aos demais elementos probatórios paraconcluir-se que o benefício de auxílio-doença deveria ser convertido em aposentadoria por invalidez.

05. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

06. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

07. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

08. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

43 - 0000395-50.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000395-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.) x MARLENE FERNANDES PESSOA(ADVOGADO: ES012938 - JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES.).RECURSO Nº 0000395-50.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000395-6/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MARLENE FERNANDES PESSOARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. REVOGAÇÃO DE TUTELA ANTECIPADA. INEXISTÊNCIA DE CONTRADIÇÃO.

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RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.

O INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL interpõe recurso de Embargos de Declaração sob a alegação daexistência de omissão e contradição. Alega que a decisão colegiada não se manifestou expressamente quanto à posição doSuperior Tribunal de Justiça de admitir a restituição de valores pagos ao segurado por força de decisão judicial, de caráterprovisório, revogada ou cassada. Assevera que a posição adotada pela maioria da Turma choca-se com o entendimento doSTJ, que deliberou pela possibilidade de devolução de benefício previdenciário pago via antecipação de tutela que vem aser posteriormente revogada.

02. Passando-se ao exame de possíveis vícios, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, consignoque, da leitura do acórdão ora guerreado, não identifico a presença de contradição apta a modificar a decisão colegiada. Oargumento trazido pelo ora embargante ataca o mérito do acórdão e não representa contradição, vício que deve seranalisado internamente, ou seja, no âmbito da própria decisão. A contradição que autoriza a oposição de embargosdeclaratórios é aquela na qual reste claro que o julgador proferiu posicionamentos diferentes dentro do julgado e assumiuposição contrária àquela anteriormente apresentada.

03. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso deEmbargos de Declaração, novo julgamento da causa motivado pela irresignação de uma das partes em face doposicionamento esposado. Insta salientar que o colegiado debateu a existência do acórdão prolatado pelo Superior Tribunalde Justiça em recurso representativo de controvérsia, porém, por maioria, optou por perfilhar a orientação veiculada peloenunciado n. 51, da súmula da jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização, conforme se infere da leitura dacertidão de fl. 98. Aos Embargos de Declaração não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questãoanalisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

05. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

06. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

44 - 0110369-98.2014.4.02.5005/01 (2014.50.05.110369-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LUIZ CLÁUDIO SALDANHA SALES.) x IZALETE FREIRE DE ALMEIDA LULIO(ADVOGADO: ES012584 - JULIANA CARDOZO CITELLI.).RECURSO Nº 0110369-98.2014.4.02.5005/01 (2014.50.05.110369-8/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: IZALETE FREIRE DE ALMEIDA LULIORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RENÚNCIA AO BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA. PEDIDO PARA CONCESSÃO DENOVO BENEFÍCIO COM O APROVEITAMENTO DO PERÍODO EM QUE O SEGURADO CONTINUOU A TRABALHAR ERECOLHER CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. “DESAPOSENTAÇÃO”. RECURSO DO INSS CONHECIDO EPROVIDO. PEDIDO IMPROCEDENTE.

1. O INSS interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedentes os pedidos para desconstituição debenefício de aposentadoria por tempo de contribuição e concessão de novo benefício de igual espécie, mediante o

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acréscimo de período em que a parte autora continuou a trabalhar e a recolher contribuições previdenciárias.2. Em suas razões recursais, a autarquia previdenciária sustenta: i) a vedação ao emprego de contribuições posteriores àaposentadoria tem amparo no art. 18, §2º, da Lei n. 8.213/91, e no princípio da solidariedade (arts. 194, V, VI, e 195, daConstituição da República de 1988); ii) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie que apenascontribui para o custeio do sistema sem fazer jus à obtenção de aposentadoria; iii) a renúncia unilateral à aposentadoriaconcedida anteriormente infringiria a proteção ao ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da Constituição da República de 1988)e se oporia à opção anterior de requerer benefício com menor tempo de contribuição e renda mensal inferior; iv) a renúnciaà aposentadoria deveria ser aceita somente se houvesse a restituição dos valores que já foram pagos ao segurado, a essetítulo, pelo INSS a fim de que não haja infração ao disposto pelos arts. 11, §3º, e 12, §4º, da Lei n. 8.212/91; e v) ojulgamento do pedido compromete o equilíbrio financeiro-atuarial da Seguridade Social (art. 195, §5º, c/c art. 201, caput, daConstituição da República de 1988).3. A parte autora, em contrarrazões, pugna pela manutenção da sentença.4. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, em julgamento do RESP 1.334.488/SC (Rel. Min. Herman Benjamin,DJE 14.05.2013), no regime do art. 543-C, do Código de Processo Civil, decidiu que: i) o segurado tem direito a renunciar àaposentadoria anteriormente concedida para computar período contributivo utilizado, conjuntamente com os salários decontribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão de posterior e nova aposentação; e ii) “osbenefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares,prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessãode novo e posterior jubilamento”.5. Na fundamentação adotada no acórdão referido, observou-se que os arts. 18, §2º; 81, II; e 82, da Lei n. 8.213/91,dispunham originalmente que o aposentado, que continuasse a trabalhar e a contribuir para o Regime da PrevidênciaSocial, teria direito à reabilitação profissional, auxílio-acidente e ao pecúlio, o qual corresponderia ao total das contribuiçõespagas após sua aposentadoria a serem pagas em parcela única. As Leis ns. 9.032/95 e 9.527/97 suprimiram o pecúlio edeixaram expresso que as contribuições vertidas pelo segurado, já aposentado, seriam destinadas ao custeio daSeguridade Social (art. 11, §3º, da Lei n. 8.213/91), não fazendo ele jus a prestação alguma da Previdência Social emdecorrência do exercício dessa atividade posterior, ressalvados o salário-família e a reabilitação profissional enquantoestivesse empregado (art. 18, §2º, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.527/97).6. Em âmbito infralegal, o art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, dispôs, em seu caput (redação dada pelo Decreto n.3.265/99), que as aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial concedidas no Regime Geral da PrevidênciaSocial são “irreversíveis e irrenunciáveis”. O parágrafo único, do art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, consoante asalterações promovidas pelo Decreto n. 4.729/03, também prevê que “o segurado pode desistir do seu pedido deaposentadoria desde que manifeste essa intenção e requeira o arquivamento definitivo do pedido antes do recebimento doprimeiro pagamento do benefício, ou de sacar o respectivo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ou Programa deIntegração Social, ou até trinta dias da data do processamento do benefício, prevalecendo o que ocorrer primeiro”.7. A ausência de dispositivo legal que proibisse a renúncia à aposentadoria anterior e a compreensão de que o direito aobenefício é de natureza disponível, podendo o segurado deixar de exercê-lo ao seu alvedrio, deram suporte ao acórdãoprolatado pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do recurso especial representativo de controvérsia aludido.Entretanto, a resolução das questões infraconstitucionais relacionadas à causa não dirimem os questionamentosconstitucionais relacionados à renúncia ao benefício de aposentadoria para que haja aproveitamento das contribuiçõesvertidas pelo segurado, que continuou a trabalhar, com o intuito de obter benefício mais vantajoso, valendo destacar quetais questões pendem de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal no RE 661.256, recebido no regime de repercussãogeral.8. Com efeito, observo que a Seguridade Social é financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta (art. 195,caput, da Constituição da República de 1988), o que infirma a existência de um sistema contributivo rígido, ante a ausênciade uma correspondência imediata entre as contribuições vertidas e os benefícios a que os segurados façam jus. A receitadestinada ao sistema pretende contemplar os gastos incorridos com o propósito de assegurar a sua “universalidade decobertura e atendimento” e a “seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços” (art. 194, I e III, daConstituição da República de 1988). Esses traços compõem o conteúdo jurídico do princípio da solidariedade (art. 3º, III, daConstituição da República de 1988), cujo objetivo supõe que as prestações estatais devem “chegar àquelas pessoas que seencontram numa situação mais débil, mais desfavorecida e mais desvantajosa” (Gregorio Peces-Barba Martinez. Leccionesde derechos fundamentales. Madrid: Dykison, 2004, p. 178) o que, no direito previdenciário, alia-se à “participação social eintergeracional do ônus financeiro de sustento do sistema” e à adoção de elementos próprios à noção de repartição(Simone Barbisan Fortes, Leandro Paulsen. Direito da seguridade social: prestações e custeio da previdência, assistência esaúde. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p. 48), o que se verifica nas hipóteses em que os benefícios pagos sãosuperiores às contribuições vertidas pelo segurado ou mesmo são recebidos sem que tenha ocorrido qualquer recolhimentode valores com tal objetivo.9. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento da ADI 3.128/DF (Rel. p/ acórdão Min. Cezar Peluso, DJ18.02.2005, p. 4), na qual se discutia a constitucionalidade do art. 4º, caput, da Emenda Constitucional n. 41/03, queinstituiu contribuição previdenciária sobre os proventos de aposentadoria dos servidores públicos e as pensões devidas aosseus dependentes, reiterou que o regime da previdência social não tem natureza jurídica contratual, motivo por que inexistedireito a exigir que haja um sinalagma entre as contribuições vertidas e o rendimento mensal do benefício, uma vez que acontribuição previdenciária é “um tributo predestinado ao custeio da atuação do Estado na área da previdência social, que éterreno privilegiado de transcendentes interesses públicos ou coletivos”. O Min. Cezar Peluso, após destacar que o art. 3º,da Constituição da República de 1988, enuncia que, entre os objetivos fundamentais da República, estão a construção deuma “sociedade, livre, justa e solidária” (inciso I), a erradicação da pobreza, da marginalização e a redução dasdesigualdades sociais e regionais (inciso III), assinalou que:“A previdência social, como conjunto de prestações sociais (art. 7º, XXIV), exerce relevante papel no cumprimento dessesobjetivos e, nos claros termos do art. 195, caput, deve ser financiada por toda a sociedade, de forma equitativa (art. 194, §

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único, V). De modo que, quando o sujeito passivo paga a contribuição previdenciária, não está apenas subvencionando, emparte, a própria aposentadoria, senão concorrendo também, como membro da sociedade, para a alimentação do sistema,só cuja subsistência, aliás, permitirá que, preenchidas as condições, venha a receber proventos vitalícios ao aposentar-se.”10. A essa fundamentação, acrescento que, presentes os requisitos legais, cabe ao segurado, que continua a trabalhar, adefinição do tempo em que exercerá o seu direito à aposentadoria. O exercício desse direito, sob determinadas condiçõesfáticas, terá repercussão econômica, cuja aceitação depende da avaliação feita pelo segurado que pode sopesar seuinteresse em postergar a data de aposentação para que aufira benefício em valor maior. Contudo, feita a escolha edeclarada a vontade favorável ao recebimento da aposentadoria, há formação de ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, daConstituição da República de 1988), cujo proveito pecuniário pode ser renunciado pelo titular do direito, desde que esse atounilateral não venha a causar diminuição patrimonial futura à administração pública. Entendimento diverso implicaria suporque o Regime Geral da Previdência Social opera como um sistema de capitalização, o que não encontra embasamento nasua disciplina constitucional.11. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para julgar improcedentes os pedidos formulados pela parteautora, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil. Sem condenação ao pagamento de custas e honoráriosadvocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

45 - 0001309-26.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.001309-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.) x LUCINEIA ROSA.RECURSO Nº 0001309-26.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.001309-1/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: LUCINEIA ROSARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. REVOGAÇÃO DE TUTELA ANTECIPADA. INEXISTÊNCIA DE CONTRADIÇÃO.RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.

O INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL interpõe recurso de Embargos de Declaração sob a alegação daexistência de omissão e contradição. Alega que a decisão colegiada não se manifestou expressamente quanto à posição doSuperior Tribunal de Justiça de admitir a restituição de valores pagos ao segurado por força de decisão judicial, de caráterprovisório, revogada ou cassada. Assevera que a posição adotada pela maioria da Turma choca-se com o entendimento doSTJ, que deliberou pela possibilidade de devolução de benefício previdenciário pago via antecipação de tutela que vem aser posteriormente revogada.

02. Passando-se ao exame de possíveis vícios, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, consignoque, da leitura do acórdão ora guerreado, não identifico a presença de contradição apta a modificar a decisão colegiada. Oargumento trazido pelo ora embargante ataca o mérito do acórdão e não representa contradição, vício que deve seranalisado internamente, ou seja, no âmbito da própria decisão. A contradição que autoriza a oposição de embargosdeclaratórios é aquela na qual reste claro que o julgador proferiu posicionamentos diferentes dentro do julgado e assumiuposição contrária àquela anteriormente apresentada.

03. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso deEmbargos de Declaração, novo julgamento da causa motivado pela irresignação de uma das partes em face doposicionamento esposado. Insta salientar que o colegiado debateu a existência do acórdão prolatado pelo Superior Tribunalde Justiça em recurso representativo de controvérsia, porém, por maioria, optou por perfilhar a orientação veiculada peloenunciado n. 51, da súmula da jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização, conforme se infere da leitura dacertidão de fl. 97. Aos Embargos de Declaração não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questãoanalisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).

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3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

05. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

06. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

46 - 0102344-12.2015.4.02.5054/01 (2015.50.54.102344-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LUIZ CLÁUDIO SALDANHA SALES.) x EDESIO DA FRAGA MIRANDA(ADVOGADO: ES010785 - PEDRO COSTA.).RECURSO Nº 0102344-12.2015.4.02.5054/01 (2015.50.54.102344-4/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: EDESIO DA FRAGA MIRANDARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RENÚNCIA AO BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA. PEDIDO PARA CONCESSÃO DENOVO BENEFÍCIO COM O APROVEITAMENTO DO PERÍODO EM QUE O SEGURADO CONTINUOU A TRABALHAR ERECOLHER CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. “DESAPOSENTAÇÃO”. RECURSO DO INSS CONHECIDO EPROVIDO. PEDIDO IMPROCEDENTE.

1. O INSS interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedentes os pedidos para desconstituição debenefício de aposentadoria por tempo de contribuição e concessão de novo benefício de igual espécie, mediante oacréscimo de período em que a parte autora continuou a trabalhar e a recolher contribuições previdenciárias.2. Em suas razões recursais, a autarquia previdenciária sustenta: i) a vedação ao emprego de contribuições posteriores àaposentadoria tem amparo no art. 18, §2º, da Lei n. 8.213/91, e no princípio da solidariedade (arts. 194, V, VI, e 195, daConstituição da República de 1988); ii) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie que apenascontribui para o custeio do sistema sem fazer jus à obtenção de aposentadoria; iii) a renúncia unilateral à aposentadoriaconcedida anteriormente infringiria a proteção ao ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da Constituição da República de 1988)e se oporia à opção anterior de requerer benefício com menor tempo de contribuição e renda mensal inferior; iv) a renúnciaà aposentadoria deveria ser aceita somente se houvesse a restituição dos valores que já foram pagos ao segurado, a essetítulo, pelo INSS a fim de que não haja infração ao disposto pelos arts. 11, §3º, e 12, §4º, da Lei n. 8.212/91; e v) ojulgamento do pedido compromete o equilíbrio financeiro-atuarial da Seguridade Social (art. 195, §5º, c/c art. 201, caput, daConstituição da República de 1988).3. A parte autora, em contrarrazões, pugna pela manutenção da sentença.4. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, em julgamento do RESP 1.334.488/SC (Rel. Min. Herman Benjamin,DJE 14.05.2013), no regime do art. 543-C, do Código de Processo Civil, decidiu que: i) o segurado tem direito a renunciar àaposentadoria anteriormente concedida para computar período contributivo utilizado, conjuntamente com os salários decontribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão de posterior e nova aposentação; e ii) “osbenefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares,prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessãode novo e posterior jubilamento”.5. Na fundamentação adotada no acórdão referido, observou-se que os arts. 18, §2º; 81, II; e 82, da Lei n. 8.213/91,dispunham originalmente que o aposentado, que continuasse a trabalhar e a contribuir para o Regime da PrevidênciaSocial, teria direito à reabilitação profissional, auxílio-acidente e ao pecúlio, o qual corresponderia ao total das contribuiçõespagas após sua aposentadoria a serem pagas em parcela única. As Leis ns. 9.032/95 e 9.527/97 suprimiram o pecúlio edeixaram expresso que as contribuições vertidas pelo segurado, já aposentado, seriam destinadas ao custeio daSeguridade Social (art. 11, §3º, da Lei n. 8.213/91), não fazendo ele jus a prestação alguma da Previdência Social emdecorrência do exercício dessa atividade posterior, ressalvados o salário-família e a reabilitação profissional enquantoestivesse empregado (art. 18, §2º, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.527/97).6. Em âmbito infralegal, o art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, dispôs, em seu caput (redação dada pelo Decreto n.3.265/99), que as aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial concedidas no Regime Geral da PrevidênciaSocial são “irreversíveis e irrenunciáveis”. O parágrafo único, do art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, consoante asalterações promovidas pelo Decreto n. 4.729/03, também prevê que “o segurado pode desistir do seu pedido deaposentadoria desde que manifeste essa intenção e requeira o arquivamento definitivo do pedido antes do recebimento doprimeiro pagamento do benefício, ou de sacar o respectivo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ou Programa deIntegração Social, ou até trinta dias da data do processamento do benefício, prevalecendo o que ocorrer primeiro”.7. A ausência de dispositivo legal que proibisse a renúncia à aposentadoria anterior e a compreensão de que o direito aobenefício é de natureza disponível, podendo o segurado deixar de exercê-lo ao seu alvedrio, deram suporte ao acórdãoprolatado pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do recurso especial representativo de controvérsia aludido.

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Entretanto, a resolução das questões infraconstitucionais relacionadas à causa não dirimem os questionamentosconstitucionais relacionados à renúncia ao benefício de aposentadoria para que haja aproveitamento das contribuiçõesvertidas pelo segurado, que continuou a trabalhar, com o intuito de obter benefício mais vantajoso, valendo destacar quetais questões pendem de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal no RE 661.256, recebido no regime de repercussãogeral.8. Com efeito, observo que a Seguridade Social é financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta (art. 195,caput, da Constituição da República de 1988), o que infirma a existência de um sistema contributivo rígido, ante a ausênciade uma correspondência imediata entre as contribuições vertidas e os benefícios a que os segurados façam jus. A receitadestinada ao sistema pretende contemplar os gastos incorridos com o propósito de assegurar a sua “universalidade decobertura e atendimento” e a “seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços” (art. 194, I e III, daConstituição da República de 1988). Esses traços compõem o conteúdo jurídico do princípio da solidariedade (art. 3º, III, daConstituição da República de 1988), cujo objetivo supõe que as prestações estatais devem “chegar àquelas pessoas que seencontram numa situação mais débil, mais desfavorecida e mais desvantajosa” (Gregorio Peces-Barba Martinez. Leccionesde derechos fundamentales. Madrid: Dykison, 2004, p. 178) o que, no direito previdenciário, alia-se à “participação social eintergeracional do ônus financeiro de sustento do sistema” e à adoção de elementos próprios à noção de repartição(Simone Barbisan Fortes, Leandro Paulsen. Direito da seguridade social: prestações e custeio da previdência, assistência esaúde. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p. 48), o que se verifica nas hipóteses em que os benefícios pagos sãosuperiores às contribuições vertidas pelo segurado ou mesmo são recebidos sem que tenha ocorrido qualquer recolhimentode valores com tal objetivo.9. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento da ADI 3.128/DF (Rel. p/ acórdão Min. Cezar Peluso, DJ18.02.2005, p. 4), na qual se discutia a constitucionalidade do art. 4º, caput, da Emenda Constitucional n. 41/03, queinstituiu contribuição previdenciária sobre os proventos de aposentadoria dos servidores públicos e as pensões devidas aosseus dependentes, reiterou que o regime da previdência social não tem natureza jurídica contratual, motivo por que inexistedireito a exigir que haja um sinalagma entre as contribuições vertidas e o rendimento mensal do benefício, uma vez que acontribuição previdenciária é “um tributo predestinado ao custeio da atuação do Estado na área da previdência social, que éterreno privilegiado de transcendentes interesses públicos ou coletivos”. O Min. Cezar Peluso, após destacar que o art. 3º,da Constituição da República de 1988, enuncia que, entre os objetivos fundamentais da República, estão a construção deuma “sociedade, livre, justa e solidária” (inciso I), a erradicação da pobreza, da marginalização e a redução dasdesigualdades sociais e regionais (inciso III), assinalou que:“A previdência social, como conjunto de prestações sociais (art. 7º, XXIV), exerce relevante papel no cumprimento dessesobjetivos e, nos claros termos do art. 195, caput, deve ser financiada por toda a sociedade, de forma equitativa (art. 194, §único, V). De modo que, quando o sujeito passivo paga a contribuição previdenciária, não está apenas subvencionando, emparte, a própria aposentadoria, senão concorrendo também, como membro da sociedade, para a alimentação do sistema,só cuja subsistência, aliás, permitirá que, preenchidas as condições, venha a receber proventos vitalícios ao aposentar-se.”10. A essa fundamentação, acrescento que, presentes os requisitos legais, cabe ao segurado, que continua a trabalhar, adefinição do tempo em que exercerá o seu direito à aposentadoria. O exercício desse direito, sob determinadas condiçõesfáticas, terá repercussão econômica, cuja aceitação depende da avaliação feita pelo segurado que pode sopesar seuinteresse em postergar a data de aposentação para que aufira benefício em valor maior. Contudo, feita a escolha edeclarada a vontade favorável ao recebimento da aposentadoria, há formação de ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, daConstituição da República de 1988), cujo proveito pecuniário pode ser renunciado pelo titular do direito, desde que esse atounilateral não venha a causar diminuição patrimonial futura à administração pública. Entendimento diverso implicaria suporque o Regime Geral da Previdência Social opera como um sistema de capitalização, o que não encontra embasamento nasua disciplina constitucional.11. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para julgar improcedentes os pedidos formulados pela parteautora, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil. Sem condenação ao pagamento de custas e honoráriosadvocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

47 - 0102343-27.2015.4.02.5054/01 (2015.50.54.102343-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LUIZ CLÁUDIO SALDANHA SALES.) x JOSE SANTOS DE MELO (ADVOGADO:ES010785 - PEDRO COSTA.).RECURSO Nº 0102343-27.2015.4.02.5054/01 (2015.50.54.102343-2/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: JOSE SANTOS DE MELORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RENÚNCIA AO BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA. PEDIDO PARA CONCESSÃO DENOVO BENEFÍCIO COM O APROVEITAMENTO DO PERÍODO EM QUE O SEGURADO CONTINUOU A TRABALHAR ERECOLHER CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. “DESAPOSENTAÇÃO”. RECURSO DO INSS CONHECIDO EPROVIDO. PEDIDO IMPROCEDENTE.

1. O INSS interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedentes os pedidos para desconstituição de

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benefício de aposentadoria por tempo de contribuição e concessão de novo benefício de igual espécie, mediante oacréscimo de período em que a parte autora continuou a trabalhar e a recolher contribuições previdenciárias.2. Em suas razões recursais, a autarquia previdenciária sustenta: i) a vedação ao emprego de contribuições posteriores àaposentadoria tem amparo no art. 18, §2º, da Lei n. 8.213/91, e no princípio da solidariedade (arts. 194, V, VI, e 195, daConstituição da República de 1988); ii) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie que apenascontribui para o custeio do sistema sem fazer jus à obtenção de aposentadoria; iii) a renúncia unilateral à aposentadoriaconcedida anteriormente infringiria a proteção ao ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da Constituição da República de 1988)e se oporia à opção anterior de requerer benefício com menor tempo de contribuição e renda mensal inferior; iv) a renúnciaà aposentadoria deveria ser aceita somente se houvesse a restituição dos valores que já foram pagos ao segurado, a essetítulo, pelo INSS a fim de que não haja infração ao disposto pelos arts. 11, §3º, e 12, §4º, da Lei n. 8.212/91; e v) ojulgamento do pedido compromete o equilíbrio financeiro-atuarial da Seguridade Social (art. 195, §5º, c/c art. 201, caput, daConstituição da República de 1988).3. A parte autora, em contrarrazões, pugna pela manutenção da sentença.4. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, em julgamento do RESP 1.334.488/SC (Rel. Min. Herman Benjamin,DJE 14.05.2013), no regime do art. 543-C, do Código de Processo Civil, decidiu que: i) o segurado tem direito a renunciar àaposentadoria anteriormente concedida para computar período contributivo utilizado, conjuntamente com os salários decontribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão de posterior e nova aposentação; e ii) “osbenefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares,prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessãode novo e posterior jubilamento”.5. Na fundamentação adotada no acórdão referido, observou-se que os arts. 18, §2º; 81, II; e 82, da Lei n. 8.213/91,dispunham originalmente que o aposentado, que continuasse a trabalhar e a contribuir para o Regime da PrevidênciaSocial, teria direito à reabilitação profissional, auxílio-acidente e ao pecúlio, o qual corresponderia ao total das contribuiçõespagas após sua aposentadoria a serem pagas em parcela única. As Leis ns. 9.032/95 e 9.527/97 suprimiram o pecúlio edeixaram expresso que as contribuições vertidas pelo segurado, já aposentado, seriam destinadas ao custeio daSeguridade Social (art. 11, §3º, da Lei n. 8.213/91), não fazendo ele jus a prestação alguma da Previdência Social emdecorrência do exercício dessa atividade posterior, ressalvados o salário-família e a reabilitação profissional enquantoestivesse empregado (art. 18, §2º, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.527/97).6. Em âmbito infralegal, o art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, dispôs, em seu caput (redação dada pelo Decreto n.3.265/99), que as aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial concedidas no Regime Geral da PrevidênciaSocial são “irreversíveis e irrenunciáveis”. O parágrafo único, do art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, consoante asalterações promovidas pelo Decreto n. 4.729/03, também prevê que “o segurado pode desistir do seu pedido deaposentadoria desde que manifeste essa intenção e requeira o arquivamento definitivo do pedido antes do recebimento doprimeiro pagamento do benefício, ou de sacar o respectivo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ou Programa deIntegração Social, ou até trinta dias da data do processamento do benefício, prevalecendo o que ocorrer primeiro”.7. A ausência de dispositivo legal que proibisse a renúncia à aposentadoria anterior e a compreensão de que o direito aobenefício é de natureza disponível, podendo o segurado deixar de exercê-lo ao seu alvedrio, deram suporte ao acórdãoprolatado pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do recurso especial representativo de controvérsia aludido.Entretanto, a resolução das questões infraconstitucionais relacionadas à causa não dirimem os questionamentosconstitucionais relacionados à renúncia ao benefício de aposentadoria para que haja aproveitamento das contribuiçõesvertidas pelo segurado, que continuou a trabalhar, com o intuito de obter benefício mais vantajoso, valendo destacar quetais questões pendem de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal no RE 661.256, recebido no regime de repercussãogeral.8. Com efeito, observo que a Seguridade Social é financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta (art. 195,caput, da Constituição da República de 1988), o que infirma a existência de um sistema contributivo rígido, ante a ausênciade uma correspondência imediata entre as contribuições vertidas e os benefícios a que os segurados façam jus. A receitadestinada ao sistema pretende contemplar os gastos incorridos com o propósito de assegurar a sua “universalidade decobertura e atendimento” e a “seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços” (art. 194, I e III, daConstituição da República de 1988). Esses traços compõem o conteúdo jurídico do princípio da solidariedade (art. 3º, III, daConstituição da República de 1988), cujo objetivo supõe que as prestações estatais devem “chegar àquelas pessoas que seencontram numa situação mais débil, mais desfavorecida e mais desvantajosa” (Gregorio Peces-Barba Martinez. Leccionesde derechos fundamentales. Madrid: Dykison, 2004, p. 178) o que, no direito previdenciário, alia-se à “participação social eintergeracional do ônus financeiro de sustento do sistema” e à adoção de elementos próprios à noção de repartição(Simone Barbisan Fortes, Leandro Paulsen. Direito da seguridade social: prestações e custeio da previdência, assistência esaúde. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p. 48), o que se verifica nas hipóteses em que os benefícios pagos sãosuperiores às contribuições vertidas pelo segurado ou mesmo são recebidos sem que tenha ocorrido qualquer recolhimentode valores com tal objetivo.9. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento da ADI 3.128/DF (Rel. p/ acórdão Min. Cezar Peluso, DJ18.02.2005, p. 4), na qual se discutia a constitucionalidade do art. 4º, caput, da Emenda Constitucional n. 41/03, queinstituiu contribuição previdenciária sobre os proventos de aposentadoria dos servidores públicos e as pensões devidas aosseus dependentes, reiterou que o regime da previdência social não tem natureza jurídica contratual, motivo por que inexistedireito a exigir que haja um sinalagma entre as contribuições vertidas e o rendimento mensal do benefício, uma vez que acontribuição previdenciária é “um tributo predestinado ao custeio da atuação do Estado na área da previdência social, que éterreno privilegiado de transcendentes interesses públicos ou coletivos”. O Min. Cezar Peluso, após destacar que o art. 3º,da Constituição da República de 1988, enuncia que, entre os objetivos fundamentais da República, estão a construção deuma “sociedade, livre, justa e solidária” (inciso I), a erradicação da pobreza, da marginalização e a redução dasdesigualdades sociais e regionais (inciso III), assinalou que:“A previdência social, como conjunto de prestações sociais (art. 7º, XXIV), exerce relevante papel no cumprimento desses

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objetivos e, nos claros termos do art. 195, caput, deve ser financiada por toda a sociedade, de forma equitativa (art. 194, §único, V). De modo que, quando o sujeito passivo paga a contribuição previdenciária, não está apenas subvencionando, emparte, a própria aposentadoria, senão concorrendo também, como membro da sociedade, para a alimentação do sistema,só cuja subsistência, aliás, permitirá que, preenchidas as condições, venha a receber proventos vitalícios ao aposentar-se.”10. A essa fundamentação, acrescento que, presentes os requisitos legais, cabe ao segurado, que continua a trabalhar, adefinição do tempo em que exercerá o seu direito à aposentadoria. O exercício desse direito, sob determinadas condiçõesfáticas, terá repercussão econômica, cuja aceitação depende da avaliação feita pelo segurado que pode sopesar seuinteresse em postergar a data de aposentação para que aufira benefício em valor maior. Contudo, feita a escolha edeclarada a vontade favorável ao recebimento da aposentadoria, há formação de ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, daConstituição da República de 1988), cujo proveito pecuniário pode ser renunciado pelo titular do direito, desde que esse atounilateral não venha a causar diminuição patrimonial futura à administração pública. Entendimento diverso implicaria suporque o Regime Geral da Previdência Social opera como um sistema de capitalização, o que não encontra embasamento nasua disciplina constitucional.11. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para julgar improcedentes os pedidos formulados pela parteautora, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil. Sem condenação ao pagamento de custas e honoráriosadvocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

48 - 0107868-24.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.107868-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LUIZ CLÁUDIO SALDANHA SALES.) x MANOEL PEDRO TULLER (ADVOGADO:ES018662 - GILVERTON LODI GUIMARÃES, ES009962 - CRISTIANO ROSSI CASSARO.).RECURSO Nº 0107868-24.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.107868-4/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MANOEL PEDRO TULLERRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.CONTRADIÇÃO. PREQUESTIONAMENTO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.

MANOEL PEDRO TULLER interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 122/128, contra acórdão proferido às fls.115/119, para fins de prequestionamento, ao argumento de existência de contradição entre o entendimento adotado noacórdão e aquele adcatado pelo Superior Tribunal de Justiça e pelo Supremo Tribunal Federal no que tange à matéria dedesaposentação. Sustenta que o propósito dos embargos não é protelatório, mas o de efetuar o prequestionamento da tesede defesa.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Passando-se ao exame de possíveis vícios, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, consignoque, da leitura do acórdão ora guerreado, não identifico a presença de contradição apta a modificar a decisão colegiada. Oargumento trazido pelo ora embargante ataca o mérito do acórdão e não representa contradição, vício que deve seranalisado internamente, ou seja no âmbito da própria decisão. A contradição, que autoriza a interposição de embargosdeclaratórios, é aquela observada entre as premissas da fundamentação do julgado, ou entre estas e a conclusãoesposada, não sendo cabível o recurso se alagada divergência entre a decisão judicial e o posicionamento adotado porinstância superior.

04. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados (itens 03 a 09), não sendo admissível, mediante a interposição derecurso de Embargos de Declaração, novo julgamento da lide motivado pela irresignação de uma das partes em face doposicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração não é cabível o empréstimo de efeitos infringentespara rediscutir questão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. JorgeScartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou de

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obscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

05. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

06. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

07. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

08. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

49 - 0000625-72.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000625-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO COSTA BOLZANI.) x FABIO VIEIRA COSTA (ADVOGADO: ES015907 -WILLIAN PEREIRA PRUCOLI.) x OS MESMOS.RECURSO Nº 0000625-72.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000625-9/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS E FÁBIO VIEIRA COSTARECORRIDO: OS MESMOSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA. ÍNDICE PREVISTO NO ART. 1º-F DA LEI N. 9.494/97 COMA REDAÇÃO DADA PELA LEI N. 11.960/09. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL SOB A ÓTICA DA NECESSIDADE EDA SUCUMBÊNCIA. INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO. EMBARGOS PARCIALMENTE CONHECIDOS E, NA PARTECONHECIDA, DESPROVIDOS.

O INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL interpõe recurso de Embargos de Declaração sob a alegação daexistência de omissão e contradição. Assevera que não foram indicados exames e laudos específicos para legitimar oafastamento do laudo pericial. Alega que a decisão colegiada adotou critérios de atualização monetária em contrariedade aoresultado final do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal, em julgamento de questão de ordem, nas ADIs 4.357 e4.425. Sustenta que a decisão proferida pelo STF, em controle concentrado de constitucionalidade, possui eficácia paratodos e efeito vinculante em relação à Administração e aos demais órgãos do Poder Judiciário. Requer a aplicação do art.1º-F da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09.

Em relação à impugnação do índice de correção monetária, verifico que não há interesse de agir por parte da autarquiaprevidenciária, porque o relator do acórdão, prolatado às fls. 124/128, teve o capítulo do seu voto, referente aos critérios deatualização monetária, superado pelo entendimento majoritário favorável à aplicação da regra do art. 1º-F, da Lei n.9.494/97, de acordo com a alteração promovida pela Lei n. 11.960/09, consoante se extrai da certidão de fl. 129, que assimdispõe: a 2ª Turma Recursal, por unanimidade, deu parcial provimento ao recurso, nos termos do voto/ementa do relator e;por maioria, vencido o relator, no que tange à correção monetária e juros de mora, adotando-se como fundamento ojulgamento do RE 856175/ES para determinar que a incidência da correção monetária e juros de mora se dê pelo critérioprevisto no art. 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09.

03. O provimento jurisdicional pretendido pelo embargante – no que atine ao índice de correção monetária – já foialcançado, o que denota a inutilidade dos embargos de declaração, uma vez que a atualização monetária e a incidência dejuros moratórios seguem os critérios ora pleiteados. Dessa forma, por ausência de interesse recursal, conheço apenas

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parcialmente do recurso interposto pelo INSS.

04. No que atine à alegada inexistência de indicação dos laudos particulares que embasaram a conclusão judicial,reputo que não há qualquer omissão na decisão colegiada, diante da indicação expressa no item 09 (fl. 125) de quaisatestados médicos foram utilizados para embasar a concessão do benefício por incapacidade, valendo salientar que taisprovas foram cotejadas em conjunto com os demais dados fáticos extraídos do acervo probatório.

05. Ante o exposto, conheço parcialmente os embargos de declaração e, na parte conhecida, nego-lhes provimento.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

50 - 0102832-64.2015.4.02.5054/01 (2015.50.54.102832-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LUIZ CLÁUDIO SALDANHA SALES.) x JURACI SABINO COSTA (ADVOGADO:ES010785 - PEDRO COSTA.).RECURSO Nº 0102832-64.2015.4.02.5054/01 (2015.50.54.102832-6/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: JURACI SABINO COSTARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RENÚNCIA AO BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA. PEDIDO PARA CONCESSÃO DENOVO BENEFÍCIO COM O APROVEITAMENTO DO PERÍODO EM QUE O SEGURADO CONTINUOU A TRABALHAR ERECOLHER CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. “DESAPOSENTAÇÃO”. RECURSO DO INSS CONHECIDO EPROVIDO. PEDIDO IMPROCEDENTE.

1. O INSS interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedentes os pedidos para desconstituição debenefício de aposentadoria por tempo de serviço e concessão de novo benefício de igual espécie, mediante o acréscimo deperíodo em que a parte autora continuou a trabalhar e a recolher contribuições previdenciárias.2. Em suas razões recursais, a autarquia previdenciária sustenta: i) a vedação ao emprego de contribuições posteriores àaposentadoria tem amparo no art. 18, §2º, da Lei n. 8.213/91, e no princípio da solidariedade (arts. 194, V, VI, e 195, daConstituição da República de 1988); ii) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie que apenascontribui para o custeio do sistema sem fazer jus à obtenção de aposentadoria; iii) a renúncia unilateral à aposentadoriaconcedida anteriormente infringiria a proteção ao ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da Constituição da República de 1988)e se oporia à opção anterior de requerer benefício com menor tempo de contribuição e renda mensal inferior; iv) a renúnciaà aposentadoria deveria ser aceita somente se houvesse a restituição dos valores que já foram pagos ao segurado, a essetítulo, pelo INSS a fim de que não haja infração ao disposto pelos arts. 11, §3º, e 12, §4º, da Lei n. 8.212/91; e v) ojulgamento do pedido compromete o equilíbrio financeiro-atuarial da Seguridade Social (art. 195, §5º, c/c art. 201, caput, daConstituição da República de 1988).3. A parte autora, em contrarrazões, pugna pela manutenção da sentença.4. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, em julgamento do RESP 1.334.488/SC (Rel. Min. Herman Benjamin,DJE 14.05.2013), no regime do art. 543-C, do Código de Processo Civil, decidiu que: i) o segurado tem direito a renunciar àaposentadoria anteriormente concedida para computar período contributivo utilizado, conjuntamente com os salários decontribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão de posterior e nova aposentação; e ii) “osbenefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares,prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessãode novo e posterior jubilamento”.5. Na fundamentação adotada no acórdão referido, observou-se que os arts. 18, §2º; 81, II; e 82, da Lei n. 8.213/91,dispunham originalmente que o aposentado, que continuasse a trabalhar e a contribuir para o Regime da PrevidênciaSocial, teria direito à reabilitação profissional, auxílio-acidente e ao pecúlio, o qual corresponderia ao total das contribuiçõespagas após sua aposentadoria a serem pagas em parcela única. As Leis ns. 9.032/95 e 9.527/97 suprimiram o pecúlio edeixaram expresso que as contribuições vertidas pelo segurado, já aposentado, seriam destinadas ao custeio daSeguridade Social (art. 11, §3º, da Lei n. 8.213/91), não fazendo ele jus a prestação alguma da Previdência Social emdecorrência do exercício dessa atividade posterior, ressalvados o salário-família e a reabilitação profissional enquantoestivesse empregado (art. 18, §2º, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.527/97).6. Em âmbito infralegal, o art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, dispôs, em seu caput (redação dada pelo Decreto n.3.265/99), que as aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial concedidas no Regime Geral da PrevidênciaSocial são “irreversíveis e irrenunciáveis”. O parágrafo único, do art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, consoante asalterações promovidas pelo Decreto n. 4.729/03, também prevê que “o segurado pode desistir do seu pedido deaposentadoria desde que manifeste essa intenção e requeira o arquivamento definitivo do pedido antes do recebimento doprimeiro pagamento do benefício, ou de sacar o respectivo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ou Programa deIntegração Social, ou até trinta dias da data do processamento do benefício, prevalecendo o que ocorrer primeiro”.7. A ausência de dispositivo legal que proibisse a renúncia à aposentadoria anterior e a compreensão de que o direito ao

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benefício é de natureza disponível, podendo o segurado deixar de exercê-lo ao seu alvedrio, deram suporte ao acórdãoprolatado pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do recurso especial representativo de controvérsia aludido.Entretanto, a resolução das questões infraconstitucionais relacionadas à causa não dirimem os questionamentosconstitucionais relacionados à renúncia ao benefício de aposentadoria para que haja aproveitamento das contribuiçõesvertidas pelo segurado, que continuou a trabalhar, com o intuito de obter benefício mais vantajoso, valendo destacar quetais questões pendem de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal no RE 661.256, recebido no regime de repercussãogeral.8. Com efeito, observo que a Seguridade Social é financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta (art. 195,caput, da Constituição da República de 1988), o que infirma a existência de um sistema contributivo rígido, ante a ausênciade uma correspondência imediata entre as contribuições vertidas e os benefícios a que os segurados façam jus. A receitadestinada ao sistema pretende contemplar os gastos incorridos com o propósito de assegurar a sua “universalidade decobertura e atendimento” e a “seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços” (art. 194, I e III, daConstituição da República de 1988). Esses traços compõem o conteúdo jurídico do princípio da solidariedade (art. 3º, III, daConstituição da República de 1988), cujo objetivo supõe que as prestações estatais devem “chegar àquelas pessoas que seencontram numa situação mais débil, mais desfavorecida e mais desvantajosa” (Gregorio Peces-Barba Martinez. Leccionesde derechos fundamentales. Madrid: Dykison, 2004, p. 178) o que, no direito previdenciário, alia-se à “participação social eintergeracional do ônus financeiro de sustento do sistema” e à adoção de elementos próprios à noção de repartição(Simone Barbisan Fortes, Leandro Paulsen. Direito da seguridade social: prestações e custeio da previdência, assistência esaúde. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p. 48), o que se verifica nas hipóteses em que os benefícios pagos sãosuperiores às contribuições vertidas pelo segurado ou mesmo são recebidos sem que tenha ocorrido qualquer recolhimentode valores com tal objetivo.9. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento da ADI 3.128/DF (Rel. p/ acórdão Min. Cezar Peluso, DJ18.02.2005, p. 4), na qual se discutia a constitucionalidade do art. 4º, caput, da Emenda Constitucional n. 41/03, queinstituiu contribuição previdenciária sobre os proventos de aposentadoria dos servidores públicos e as pensões devidas aosseus dependentes, reiterou que o regime da previdência social não tem natureza jurídica contratual, motivo por que inexistedireito a exigir que haja um sinalagma entre as contribuições vertidas e o rendimento mensal do benefício, uma vez que acontribuição previdenciária é “um tributo predestinado ao custeio da atuação do Estado na área da previdência social, que éterreno privilegiado de transcendentes interesses públicos ou coletivos”. O Min. Cezar Peluso, após destacar que o art. 3º,da Constituição da República de 1988, enuncia que, entre os objetivos fundamentais da República, estão a construção deuma “sociedade, livre, justa e solidária” (inciso I), a erradicação da pobreza, da marginalização e a redução dasdesigualdades sociais e regionais (inciso III), assinalou que:“A previdência social, como conjunto de prestações sociais (art. 7º, XXIV), exerce relevante papel no cumprimento dessesobjetivos e, nos claros termos do art. 195, caput, deve ser financiada por toda a sociedade, de forma equitativa (art. 194, §único, V). De modo que, quando o sujeito passivo paga a contribuição previdenciária, não está apenas subvencionando, emparte, a própria aposentadoria, senão concorrendo também, como membro da sociedade, para a alimentação do sistema,só cuja subsistência, aliás, permitirá que, preenchidas as condições, venha a receber proventos vitalícios ao aposentar-se.”10. A essa fundamentação, acrescento que, presentes os requisitos legais, cabe ao segurado, que continua a trabalhar, adefinição do tempo em que exercerá o seu direito à aposentadoria. O exercício desse direito, sob determinadas condiçõesfáticas, terá repercussão econômica, cuja aceitação depende da avaliação feita pelo segurado que pode sopesar seuinteresse em postergar a data de aposentação para que aufira benefício em valor maior. Contudo, feita a escolha edeclarada a vontade favorável ao recebimento da aposentadoria, há formação de ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, daConstituição da República de 1988), cujo proveito pecuniário pode ser renunciado pelo titular do direito, desde que esse atounilateral não venha a causar diminuição patrimonial futura à administração pública. Entendimento diverso implicaria suporque o Regime Geral da Previdência Social opera como um sistema de capitalização, o que não encontra embasamento nasua disciplina constitucional.11. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para julgar improcedentes os pedidos formulados pela parteautora, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil. Sem condenação ao pagamento de custas e honoráriosadvocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

51 - 0000133-03.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000133-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.) x HELENICE ROSA SENADOR DE ROMA EOUTRO (ADVOGADO: ES013596 - ACLIMAR NASCIMENTO TIMBOÍBA.).RECURSO Nº 0000133-03.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000133-9/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: HELENICE ROSA SENADOR DE ROMARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA. ÍNDICE PREVISTO NO ART. 1º-F DA LEI N. 9.494/97 COMA REDAÇÃO DADA PELA LEI N. 11.960/09. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL SOB A ÓTICA DA NECESSIDADE EDA SUCUMBÊNCIA. INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO. EMBARGOS PARCIALMENTE CONHECIDOS E, NA PARTECONHECIDA, DESPROVIDOS.

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O INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL interpõe recurso de Embargos de Declaração sob a alegação daexistência de omissão e contradição. Sustenta que o art. 201, IV da Constituição da República de 1988, assim como o art.13 da Emenda Constitucional n. 20 de 1998, dispõem que o benefício de auxílio-reclusão apenas será concedido aosdependentes dos segurados de baixa renda, ao passo que a decisão proferida pela Turma Recursal contrariou tal norma.Aponta que o art. 116, do Decreto n. 3.048/99, teve sua constitucionalidade reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal emdecisão na qual se decidiu que é o último salário-de-contribuição do recluso que deve servir de parâmetro quando se tratade concessão de auxílio-reclusão. Alega que a decisão colegiada adotou critérios de atualização monetária emcontrariedade ao resultado final do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal, em julgamento de questão de ordem,nas ADIs 4.357 e 4.425. Assevera que a decisão proferida pelo STF, em controle concentrado de constitucionalidade,possui eficácia para todos e efeito vinculante em relação à Administração e aos demais órgãos do Poder Judiciário. Requera aplicação do art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09.

Em relação à impugnação do índice de correção monetária, verifico que não há interesse de agir por parte da autarquiaprevidenciária, porque o relator do acórdão, prolatado às fls. 94/99, teve o capítulo do seu voto, referente aos critérios deatualização monetária, superado pelo entendimento majoritário favorável à aplicação da regra do art. 1º-F, da Lei n.9.494/97, de acordo com a alteração promovida pela Lei n. 11.960/09, consoante se extrai da certidão de fl. 100, que assimdispõe: no que se refere ao critério de incidência de juros e correção monetária, o relator, que o alterava de ofício, restouvencido; a Turma, por maioria, deliberou manter o critério fixado na sentença.

03. O provimento jurisdicional pretendido pelo embargante – no que atine ao índice de correção monetária – já foialcançado, o que denota a inutilidade dos embargos de declaração, uma vez que a atualização monetária e a incidência dejuros moratórios seguem os critérios ora pleiteados. Dessa forma, por ausência de interesse recursal, conheço apenasparcialmente do recurso interposto pelo INSS.

04. No que atine à alegada ofensa ao art. 201, IV da Constituição da República de 1988, assim como ao art. 13 daEmenda Constitucional n. 20 de 1998, reputo inexistir qualquer omissão. O fundamento para a concessão do benefício deauxílio-reclusão pautou-se no desemprego do segurado no momento da prisão. Dessa forma, a discussão acerca da rendamensal do segurado não é pertinente, visto que era nula. O entendimento esposado por esta Turma converge com oposicionamento do Superior Tribunal de Justiça, tal como explicitado no item 08 do acórdão embargado (fl. 95).

05. Ante o exposto, conheço parcialmente os embargos de declaração e, na parte conhecida, nego-lhes provimento.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

52 - 0111032-94.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.111032-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.) x JAIR DE ALMEIDA (ADVOGADO: ES010785 -PEDRO COSTA.).RECURSO Nº 0111032-94.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.111032-4/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: JAIR DE ALMEIDARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RENÚNCIA AO BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA. PEDIDO PARA CONCESSÃO DENOVO BENEFÍCIO COM O APROVEITAMENTO DO PERÍODO EM QUE O SEGURADO CONTINUOU A TRABALHAR ERECOLHER CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. “DESAPOSENTAÇÃO”. RECURSO DO INSS CONHECIDO EPROVIDO. PEDIDO IMPROCEDENTE.

1. O INSS interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedentes os pedidos para desconstituição debenefício de aposentadoria por tempo de contribuição e concessão de novo benefício de igual espécie, mediante oacréscimo de período em que a parte autora continuou a trabalhar e a recolher contribuições previdenciárias.2. Em suas razões recursais, a autarquia previdenciária pugna pelo recebimento do presente recurso no duplo efeito, emrazão do reconhecimento de repercussão geral no RE n. 661.256. No mérito sustenta: i) a vedação ao emprego decontribuições posteriores à aposentadoria tem amparo no art. 18, §2º, da Lei n. 8.213/91, e no princípio da solidariedade(arts. 194, V, VI, e 195, da Constituição da República de 1988); ii) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a umaespécie que apenas contribui para o custeio do sistema sem fazer jus à obtenção de aposentadoria; iii) a renúncia unilateralà aposentadoria concedida anteriormente infringiria a proteção ao ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da Constituição daRepública de 1988) e se oporia à opção anterior de requerer benefício com menor tempo de contribuição e renda mensalinferior; iv) a renúncia à aposentadoria deveria ser aceita somente se houvesse a restituição dos valores que já foram pagosao segurado, a esse título, pelo INSS a fim de que não haja infração ao disposto pelos arts. 11, §3º, e 12, §4º, da Lei n.

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8.212/91; v) o julgamento do pedido compromete o equilíbrio financeiro-atuarial da Seguridade Social (art. 195, §5º, c/c art.201, caput, da Constituição da República de 1988); e vi) a atualização monetária deve observar a regra prevista pelo art.1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09.3. A parte autora, em contrarrazões, pugna pela manutenção da sentença.4. Inicialmente, assinalo que o reconhecimento de repercussão geral, no RE 661.256, não tem o condão de impedir ojulgamento de recurso inominado que verse sobre a mesma questão afeta ao julgamento do Supremo Tribunal Federal. Oartigo 543-B, § 1º, do Código de Processo Civil, determina o sobrestamento dos recursos extraordinários cuja matéria sejaobjeto de repercussão geral, razão por que os demais recursos seguem o seu processamento, conforme previsão legal.5. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, em julgamento do RESP 1.334.488/SC (Rel. Min. Herman Benjamin,DJE 14.05.2013), no regime do art. 543-C, do Código de Processo Civil, decidiu que: i) o segurado tem direito a renunciar àaposentadoria anteriormente concedida para computar período contributivo utilizado, conjuntamente com os salários decontribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão de posterior e nova aposentação; e ii) “osbenefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares,prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessãode novo e posterior jubilamento”.6. Na fundamentação adotada no acórdão referido, observou-se que os arts. 18, §2º; 81, II; e 82, da Lei n. 8.213/91,dispunham originalmente que o aposentado, que continuasse a trabalhar e a contribuir para o Regime da PrevidênciaSocial, teria direito à reabilitação profissional, auxílio-acidente e ao pecúlio, o qual corresponderia ao total das contribuiçõespagas após sua aposentadoria a serem pagas em parcela única. As Leis ns. 9.032/95 e 9.527/97 suprimiram o pecúlio edeixaram expresso que as contribuições vertidas pelo segurado, já aposentado, seriam destinadas ao custeio daSeguridade Social (art. 11, §3º, da Lei n. 8.213/91), não fazendo ele jus a prestação alguma da Previdência Social emdecorrência do exercício dessa atividade posterior, ressalvados o salário-família e a reabilitação profissional enquantoestivesse empregado (art. 18, §2º, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.527/97).7. Em âmbito infralegal, o art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, dispôs, em seu caput (redação dada pelo Decreto n.3.265/99), que as aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial concedidas no Regime Geral da PrevidênciaSocial são “irreversíveis e irrenunciáveis”. O parágrafo único, do art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, consoante asalterações promovidas pelo Decreto n. 4.729/03, também prevê que “o segurado pode desistir do seu pedido deaposentadoria desde que manifeste essa intenção e requeira o arquivamento definitivo do pedido antes do recebimento doprimeiro pagamento do benefício, ou de sacar o respectivo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ou Programa deIntegração Social, ou até trinta dias da data do processamento do benefício, prevalecendo o que ocorrer primeiro”.8. A ausência de dispositivo legal que proibisse a renúncia à aposentadoria anterior e a compreensão de que o direito aobenefício é de natureza disponível, podendo o segurado deixar de exercê-lo ao seu alvedrio, deram suporte ao acórdãoprolatado pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do recurso especial representativo de controvérsia aludido.Entretanto, a resolução das questões infraconstitucionais relacionadas à causa não dirimem os questionamentosconstitucionais relacionados à renúncia ao benefício de aposentadoria para que haja aproveitamento das contribuiçõesvertidas pelo segurado, que continuou a trabalhar, com o intuito de obter benefício mais vantajoso, valendo destacar quetais questões pendem de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal no RE 661.256, recebido no regime de repercussãogeral.9. Com efeito, observo que a Seguridade Social é financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta (art. 195,caput, da Constituição da República de 1988), o que infirma a existência de um sistema contributivo rígido, ante a ausênciade uma correspondência imediata entre as contribuições vertidas e os benefícios a que os segurados façam jus. A receitadestinada ao sistema pretende contemplar os gastos incorridos com o propósito de assegurar a sua “universalidade decobertura e atendimento” e a “seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços” (art. 194, I e III, daConstituição da República de 1988). Esses traços compõem o conteúdo jurídico do princípio da solidariedade (art. 3º, III, daConstituição da República de 1988), cujo objetivo supõe que as prestações estatais devem “chegar àquelas pessoas que seencontram numa situação mais débil, mais desfavorecida e mais desvantajosa” (Gregorio Peces-Barba Martinez. Leccionesde derechos fundamentales. Madrid: Dykison, 2004, p. 178) o que, no direito previdenciário, alia-se à “participação social eintergeracional do ônus financeiro de sustento do sistema” e à adoção de elementos próprios à noção de repartição(Simone Barbisan Fortes, Leandro Paulsen. Direito da seguridade social: prestações e custeio da previdência, assistência esaúde. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p. 48), o que se verifica nas hipóteses em que os benefícios pagos sãosuperiores às contribuições vertidas pelo segurado ou mesmo são recebidos sem que tenha ocorrido qualquer recolhimentode valores com tal objetivo.10. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento da ADI 3.128/DF (Rel. p/ acórdão Min. Cezar Peluso, DJ18.02.2005, p. 4), na qual se discutia a constitucionalidade do art. 4º, caput, da Emenda Constitucional n. 41/03, queinstituiu contribuição previdenciária sobre os proventos de aposentadoria dos servidores públicos e as pensões devidas aosseus dependentes, reiterou que o regime da previdência social não tem natureza jurídica contratual, motivo por que inexistedireito a exigir que haja um sinalagma entre as contribuições vertidas e o rendimento mensal do benefício, uma vez que acontribuição previdenciária é “um tributo predestinado ao custeio da atuação do Estado na área da previdência social, que éterreno privilegiado de transcendentes interesses públicos ou coletivos”. O Min. Cezar Peluso, após destacar que o art. 3º,da Constituição da República de 1988, enuncia que, entre os objetivos fundamentais da República, estão a construção deuma “sociedade, livre, justa e solidária” (inciso I), a erradicação da pobreza, da marginalização e a redução dasdesigualdades sociais e regionais (inciso III), assinalou que:“A previdência social, como conjunto de prestações sociais (art. 7º, XXIV), exerce relevante papel no cumprimento dessesobjetivos e, nos claros termos do art. 195, caput, deve ser financiada por toda a sociedade, de forma equitativa (art. 194, §único, V). De modo que, quando o sujeito passivo paga a contribuição previdenciária, não está apenas subvencionando, emparte, a própria aposentadoria, senão concorrendo também, como membro da sociedade, para a alimentação do sistema,só cuja subsistência, aliás, permitirá que, preenchidas as condições, venha a receber proventos vitalícios ao aposentar-se.”11. A essa fundamentação, acrescento que, presentes os requisitos legais, cabe ao segurado, que continua a trabalhar, a

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definição do tempo em que exercerá o seu direito à aposentadoria. O exercício desse direito, sob determinadas condiçõesfáticas, terá repercussão econômica, cuja aceitação depende da avaliação feita pelo segurado que pode sopesar seuinteresse em postergar a data de aposentação para que aufira benefício em valor maior. Contudo, feita a escolha edeclarada a vontade favorável ao recebimento da aposentadoria, há formação de ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, daConstituição da República de 1988), cujo proveito pecuniário pode ser renunciado pelo titular do direito, desde que esse atounilateral não venha a causar diminuição patrimonial futura à administração pública. Entendimento diverso implicaria suporque o Regime Geral da Previdência Social opera como um sistema de capitalização, o que não encontra embasamento nasua disciplina constitucional.12. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para julgar improcedentes os pedidos formulados pela parteautora, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil. Sem condenação ao pagamento de custas e honoráriosadvocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

53 - 0000692-60.2012.4.02.5052/01 (2012.50.52.000692-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO DE ALMEIDA RAUPP.) x MARINETE GONCALO DE OLIVEIRA(ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY, ES017122 - RODRIGO NUNES LOPES, ES016822 - PAULAGHIDETTI NERY LOPES.).RECURSO Nº 0000692-60.2012.4.02.5052/01 (2012.50.52.000692-4/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MARINETE GONCALO DE OLIVEIRARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. REVOGAÇÃO DE TUTELA ANTECIPADA. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSALSOB A ÓTICA DA NECESSIDADE E DA SUCUMBÊNCIA. INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO. EMBARGOS PARCIALMENTECONHECIDOS E, NA PARTE CONHECIDA, DESPROVIDOS.

MARINETE GONÇALO DE OLIVEIRA interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 69/70, sob a alegação daexistência de omissão. Alega que o acórdão não se manifestou expressamente quanto à aplicação do art. 436, do Códigode Processo Civil, que permite ao julgador firmar seu convencimento mediante outros elementos e fatos comprovados nosautos, porquanto não adstrito ao laudo pericial. Sustenta que o art. 115, da Lei n. 8.213/91, não prevê a devolução debenefícios recebidos em virtude de decisão judicial.

Em relação à impugnação da devolução das verbas recebidas a título de antecipação de tutela, verifico que não háinteresse de agir da autora, porque o relator do acórdão, prolatado às fls. 61/66, teve o capítulo do seu voto, referente àrestituição dos valores recebidos a título de benefício previdenciário, superado pelo entendimento majoritário favorável àaplicação do enunciado n. 51 da súmula de jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização, consoante se extrai dacertidão de fl. 67, que assim dispõe: a 2ª Turma Recursal, por unanimidade, deu provimento ao recurso, nos termos dovoto/ementa do relator; vencido em parte o relator no que tange à devolução dos recursos enquanto vigeu a tutelaantecipada, visto que, por maioria, deliberou-se aplicar o Enunciado 51 da TNU.

03. O provimento jurisdicional pretendido pelo embargante – no que atine à dispensa na devolução das parcelasrecebidas – já foi alcançado, o que denota a inutilidade dos embargos de declaração. Dessa forma, por ausência deinteresse recursal, conheço apenas parcialmente do recurso interposto pela parte autora.

04. No que tange à alegada omissão quanto à análise de outros elementos probatórios além do laudo pericial,destaco que o acórdão contém referência expressa aos atestados médicos juntados pela autora no seu item 6 (fl. 62). Logo,verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos e fundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados,não sendo admissível, mediante a interposição de recurso de Embargos de Declaração, novo julgamento da causamotivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargos deDeclaração não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questão analisada pela decisão atacada.(STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou de

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obscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

05. Ante o exposto, conheço parcialmente os embargos de declaração e, na parte conhecida, nego-lhes provimento.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

54 - 0105911-51.2015.4.02.5054/01 (2015.50.54.105911-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LUIZ CLÁUDIO SALDANHA SALES.) x SEBASTIÃO JOSÉ DALLA BERNARDINA(ADVOGADO: ES019221 - AMAURI BRAS CASER.).RECURSO Nº 0105911-51.2015.4.02.5054/01 (2015.50.54.105911-6/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: SEBASTIÃO JOSÉ DALLA BERNARDINARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RENÚNCIA AO BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA. PEDIDO PARA CONCESSÃO DENOVO BENEFÍCIO COM O APROVEITAMENTO DO PERÍODO EM QUE O SEGURADO CONTINUOU A TRABALHAR ERECOLHER CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. “DESAPOSENTAÇÃO”. RECURSO DO INSS CONHECIDO EPROVIDO. PEDIDO IMPROCEDENTE.

1. O INSS interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedentes os pedidos para desconstituição debenefício de aposentadoria por tempo de contribuição e concessão de novo benefício de igual espécie, mediante oacréscimo de período em que a parte autora continuou a trabalhar e a recolher contribuições previdenciárias.2. Em suas razões recursais, a autarquia previdenciária sustenta: i) a vedação ao emprego de contribuições posteriores àaposentadoria tem amparo no art. 18, §2º, da Lei n. 8.213/91, e no princípio da solidariedade (arts. 194, V, VI, e 195, daConstituição da República de 1988); ii) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie que apenascontribui para o custeio do sistema sem fazer jus à obtenção de aposentadoria; iii) a renúncia unilateral à aposentadoriaconcedida anteriormente infringiria a proteção ao ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da Constituição da República de 1988)e se oporia à opção anterior de requerer benefício com menor tempo de contribuição e renda mensal inferior; iv) a renúnciaà aposentadoria deveria ser aceita somente se houvesse a restituição dos valores que já foram pagos ao segurado, a essetítulo, pelo INSS a fim de que não haja infração ao disposto pelos arts. 11, §3º, e 12, §4º, da Lei n. 8.212/91; e v) ojulgamento do pedido compromete o equilíbrio financeiro-atuarial da Seguridade Social (art. 195, §5º, c/c art. 201, caput, daConstituição da República de 1988).3. A parte autora, em contrarrazões, pugna pela manutenção da sentença.4. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, em julgamento do RESP 1.334.488/SC (Rel. Min. Herman Benjamin,DJE 14.05.2013), no regime do art. 543-C, do Código de Processo Civil, decidiu que: i) o segurado tem direito a renunciar àaposentadoria anteriormente concedida para computar período contributivo utilizado, conjuntamente com os salários decontribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão de posterior e nova aposentação; e ii) “osbenefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares,prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessãode novo e posterior jubilamento”.5. Na fundamentação adotada no acórdão referido, observou-se que os arts. 18, §2º; 81, II; e 82, da Lei n. 8.213/91,dispunham originalmente que o aposentado, que continuasse a trabalhar e a contribuir para o Regime da PrevidênciaSocial, teria direito à reabilitação profissional, auxílio-acidente e ao pecúlio, o qual corresponderia ao total das contribuiçõespagas após sua aposentadoria a serem pagas em parcela única. As Leis ns. 9.032/95 e 9.527/97 suprimiram o pecúlio edeixaram expresso que as contribuições vertidas pelo segurado, já aposentado, seriam destinadas ao custeio daSeguridade Social (art. 11, §3º, da Lei n. 8.213/91), não fazendo ele jus a prestação alguma da Previdência Social emdecorrência do exercício dessa atividade posterior, ressalvados o salário-família e a reabilitação profissional enquantoestivesse empregado (art. 18, §2º, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.527/97).6. Em âmbito infralegal, o art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, dispôs, em seu caput (redação dada pelo Decreto n.3.265/99), que as aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial concedidas no Regime Geral da PrevidênciaSocial são “irreversíveis e irrenunciáveis”. O parágrafo único, do art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, consoante asalterações promovidas pelo Decreto n. 4.729/03, também prevê que “o segurado pode desistir do seu pedido deaposentadoria desde que manifeste essa intenção e requeira o arquivamento definitivo do pedido antes do recebimento doprimeiro pagamento do benefício, ou de sacar o respectivo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ou Programa de

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Integração Social, ou até trinta dias da data do processamento do benefício, prevalecendo o que ocorrer primeiro”.7. A ausência de dispositivo legal que proibisse a renúncia à aposentadoria anterior e a compreensão de que o direito aobenefício é de natureza disponível, podendo o segurado deixar de exercê-lo ao seu alvedrio, deram suporte ao acórdãoprolatado pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do recurso especial representativo de controvérsia aludido.Entretanto, a resolução das questões infraconstitucionais relacionadas à causa não dirimem os questionamentosconstitucionais relacionados à renúncia ao benefício de aposentadoria para que haja aproveitamento das contribuiçõesvertidas pelo segurado, que continuou a trabalhar, com o intuito de obter benefício mais vantajoso, valendo destacar quetais questões pendem de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal no RE 661.256, recebido no regime de repercussãogeral.8. Com efeito, observo que a Seguridade Social é financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta (art. 195,caput, da Constituição da República de 1988), o que infirma a existência de um sistema contributivo rígido, ante a ausênciade uma correspondência imediata entre as contribuições vertidas e os benefícios a que os segurados façam jus. A receitadestinada ao sistema pretende contemplar os gastos incorridos com o propósito de assegurar a sua “universalidade decobertura e atendimento” e a “seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços” (art. 194, I e III, daConstituição da República de 1988). Esses traços compõem o conteúdo jurídico do princípio da solidariedade (art. 3º, III, daConstituição da República de 1988), cujo objetivo supõe que as prestações estatais devem “chegar àquelas pessoas que seencontram numa situação mais débil, mais desfavorecida e mais desvantajosa” (Gregorio Peces-Barba Martinez. Leccionesde derechos fundamentales. Madrid: Dykison, 2004, p. 178) o que, no direito previdenciário, alia-se à “participação social eintergeracional do ônus financeiro de sustento do sistema” e à adoção de elementos próprios à noção de repartição(Simone Barbisan Fortes, Leandro Paulsen. Direito da seguridade social: prestações e custeio da previdência, assistência esaúde. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p. 48), o que se verifica nas hipóteses em que os benefícios pagos sãosuperiores às contribuições vertidas pelo segurado ou mesmo são recebidos sem que tenha ocorrido qualquer recolhimentode valores com tal objetivo.9. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento da ADI 3.128/DF (Rel. p/ acórdão Min. Cezar Peluso, DJ18.02.2005, p. 4), na qual se discutia a constitucionalidade do art. 4º, caput, da Emenda Constitucional n. 41/03, queinstituiu contribuição previdenciária sobre os proventos de aposentadoria dos servidores públicos e as pensões devidas aosseus dependentes, reiterou que o regime da previdência social não tem natureza jurídica contratual, motivo por que inexistedireito a exigir que haja um sinalagma entre as contribuições vertidas e o rendimento mensal do benefício, uma vez que acontribuição previdenciária é “um tributo predestinado ao custeio da atuação do Estado na área da previdência social, que éterreno privilegiado de transcendentes interesses públicos ou coletivos”. O Min. Cezar Peluso, após destacar que o art. 3º,da Constituição da República de 1988, enuncia que, entre os objetivos fundamentais da República, estão a construção deuma “sociedade, livre, justa e solidária” (inciso I), a erradicação da pobreza, da marginalização e a redução dasdesigualdades sociais e regionais (inciso III), assinalou que:“A previdência social, como conjunto de prestações sociais (art. 7º, XXIV), exerce relevante papel no cumprimento dessesobjetivos e, nos claros termos do art. 195, caput, deve ser financiada por toda a sociedade, de forma equitativa (art. 194, §único, V). De modo que, quando o sujeito passivo paga a contribuição previdenciária, não está apenas subvencionando, emparte, a própria aposentadoria, senão concorrendo também, como membro da sociedade, para a alimentação do sistema,só cuja subsistência, aliás, permitirá que, preenchidas as condições, venha a receber proventos vitalícios ao aposentar-se.”10. A essa fundamentação, acrescento que, presentes os requisitos legais, cabe ao segurado, que continua a trabalhar, adefinição do tempo em que exercerá o seu direito à aposentadoria. O exercício desse direito, sob determinadas condiçõesfáticas, terá repercussão econômica, cuja aceitação depende da avaliação feita pelo segurado que pode sopesar seuinteresse em postergar a data de aposentação para que aufira benefício em valor maior. Contudo, feita a escolha edeclarada a vontade favorável ao recebimento da aposentadoria, há formação de ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, daConstituição da República de 1988), cujo proveito pecuniário pode ser renunciado pelo titular do direito, desde que esse atounilateral não venha a causar diminuição patrimonial futura à administração pública. Entendimento diverso implicaria suporque o Regime Geral da Previdência Social opera como um sistema de capitalização, o que não encontra embasamento nasua disciplina constitucional.11. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para julgar improcedentes os pedidos formulados pela parteautora, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil. Sem condenação ao pagamento de custas e honoráriosadvocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

55 - 0000978-43.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000978-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JAILTON AUGUSTO FERNANDES.) x MARIONICE SOUZA NEVES (ADVOGADO:ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.).RECURSO Nº 0000978-43.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000978-1/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MARIONICE SOUZA NEVESRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. REVOGAÇÃO DE TUTELA ANTECIPADA. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSALSOB A ÓTICA DA NECESSIDADE E DA SUCUMBÊNCIA. INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO. EMBARGOS PARCIALMENTE

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CONHECIDOS E, NA PARTE CONHECIDA, DESPROVIDOS.

MARIONICE SOUZA NEVES interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 153/154, sob a alegação da existênciade omissão. Alega que o acórdão não se manifestou expressamente quanto à aplicação do art. 436, do Código de ProcessoCivil, que permite ao julgador firmar seu convencimento mediante outros elementos e fatos comprovados nos autos,porquanto não adstrito ao laudo pericial. Sustenta que o art. 115 da Lei n. 8.213/91 não prevê a devolução de benefíciosrecebidos em virtude de decisão judicial. Por fim, aponta que não houve manifestação a respeito do período em querecebeu o benefício administrativamente.

Em relação à impugnação da devolução das verbas recebidas a título de antecipação de tutela, verifico que não háinteresse de agir da autora, porque o relator do acórdão, prolatado às fls. 146/150, teve o capítulo do seu voto, referente àrestituição dos valores recebidos a título de benefício previdenciário, superado pelo entendimento majoritário favorável àaplicação do enunciado n. 51 da súmula de jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização, consoante se extrai dacertidão de fl. 151, que assim dispõe: a 2ª Turma Recursal, por unanimidade, deu provimento ao recurso, nos termos dovoto/ementa do relator; vencido em parte o relator no que tange à devolução dos recursos enquanto vigeu a tutelaantecipada, visto que, por maioria, deliberou-se aplicar o Enunciado 51 da TNU.

03. O provimento jurisdicional pretendido pela embargante – no que atine à dispensa na devolução das parcelasrecebidas – já foi alcançado, o que denota a inutilidade dos embargos de declaração. Dessa forma, por ausência deinteresse recursal, conheço apenas parcialmente do recurso interposto pela parte autora.

04. No que tange à alegada omissão quanto à análise de outros elementos probatórios além do laudo pericial,destaco que o acórdão contém referência expressa aos atestados médicos juntados pela autora no seu item 7 (fl. 147).Logo, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos e fundamentos jurídicos e dos requerimentosformulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso de Embargos de Declaração, novo julgamento dacausa motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargosde Declaração não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questão analisada pela decisão atacada.(STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

05. Ante o exposto, conheço parcialmente os embargos de declaração e, na parte conhecida, nego-lhes provimento.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

56 - 0106133-19.2015.4.02.5054/01 (2015.50.54.106133-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LUIZ CLÁUDIO SALDANHA SALES.) x JOSIAS PRUDÊNCIO (ADVOGADO:ES011273 - BRUNO SANTOS ARRIGONI.).RECURSO Nº 0106133-19.2015.4.02.5054/01 (2015.50.54.106133-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: JOSIAS PRUDÊNCIORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RENÚNCIA AO BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA. PEDIDO PARA CONCESSÃO DENOVO BENEFÍCIO COM O APROVEITAMENTO DO PERÍODO EM QUE O SEGURADO CONTINUOU A TRABALHAR E

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RECOLHER CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. “DESAPOSENTAÇÃO”. RECURSO DO INSS CONHECIDO EPROVIDO. PEDIDO IMPROCEDENTE.

1. O INSS interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedentes os pedidos para desconstituição debenefício de aposentadoria por idade e concessão de novo benefício de igual espécie, mediante o acréscimo de período emque a parte autora continuou a trabalhar e a recolher contribuições previdenciárias.2. Em suas razões recursais, a autarquia previdenciária sustenta: i) a vedação ao emprego de contribuições posteriores àaposentadoria tem amparo no art. 18, §2º, da Lei n. 8.213/91, e no princípio da solidariedade (arts. 194, V, VI, e 195, daConstituição da República de 1988); ii) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie que apenascontribui para o custeio do sistema sem fazer jus à obtenção de aposentadoria; iii) a renúncia unilateral à aposentadoriaconcedida anteriormente infringiria a proteção ao ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da Constituição da República de 1988)e se oporia à opção anterior de requerer benefício com menor tempo de contribuição e renda mensal inferior; iv) a renúnciaà aposentadoria deveria ser aceita somente se houvesse a restituição dos valores que já foram pagos ao segurado, a essetítulo, pelo INSS a fim de que não haja infração ao disposto pelos arts. 11, §3º, e 12, §4º, da Lei n. 8.212/91; e v) ojulgamento do pedido compromete o equilíbrio financeiro-atuarial da Seguridade Social (art. 195, §5º, c/c art. 201, caput, daConstituição da República de 1988).3. A parte autora, em contrarrazões, pugna pela manutenção da sentença.4. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, em julgamento do RESP 1.334.488/SC (Rel. Min. Herman Benjamin,DJE 14.05.2013), no regime do art. 543-C, do Código de Processo Civil, decidiu que: i) o segurado tem direito a renunciar àaposentadoria anteriormente concedida para computar período contributivo utilizado, conjuntamente com os salários decontribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão de posterior e nova aposentação; e ii) “osbenefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares,prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessãode novo e posterior jubilamento”.5. Na fundamentação adotada no acórdão referido, observou-se que os arts. 18, §2º; 81, II; e 82, da Lei n. 8.213/91,dispunham originalmente que o aposentado, que continuasse a trabalhar e a contribuir para o Regime da PrevidênciaSocial, teria direito à reabilitação profissional, auxílio-acidente e ao pecúlio, o qual corresponderia ao total das contribuiçõespagas após sua aposentadoria a serem pagas em parcela única. As Leis ns. 9.032/95 e 9.527/97 suprimiram o pecúlio edeixaram expresso que as contribuições vertidas pelo segurado, já aposentado, seriam destinadas ao custeio daSeguridade Social (art. 11, §3º, da Lei n. 8.213/91), não fazendo ele jus a prestação alguma da Previdência Social emdecorrência do exercício dessa atividade posterior, ressalvados o salário-família e a reabilitação profissional enquantoestivesse empregado (art. 18, §2º, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.527/97).6. Em âmbito infralegal, o art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, dispôs, em seu caput (redação dada pelo Decreto n.3.265/99), que as aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial concedidas no Regime Geral da PrevidênciaSocial são “irreversíveis e irrenunciáveis”. O parágrafo único, do art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, consoante asalterações promovidas pelo Decreto n. 4.729/03, também prevê que “o segurado pode desistir do seu pedido deaposentadoria desde que manifeste essa intenção e requeira o arquivamento definitivo do pedido antes do recebimento doprimeiro pagamento do benefício, ou de sacar o respectivo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ou Programa deIntegração Social, ou até trinta dias da data do processamento do benefício, prevalecendo o que ocorrer primeiro”.7. A ausência de dispositivo legal que proibisse a renúncia à aposentadoria anterior e a compreensão de que o direito aobenefício é de natureza disponível, podendo o segurado deixar de exercê-lo ao seu alvedrio, deram suporte ao acórdãoprolatado pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do recurso especial representativo de controvérsia aludido.Entretanto, a resolução das questões infraconstitucionais relacionadas à causa não dirimem os questionamentosconstitucionais relacionados à renúncia ao benefício de aposentadoria para que haja aproveitamento das contribuiçõesvertidas pelo segurado, que continuou a trabalhar, com o intuito de obter benefício mais vantajoso, valendo destacar quetais questões pendem de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal no RE 661.256, recebido no regime de repercussãogeral.8. Com efeito, observo que a Seguridade Social é financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta (art. 195,caput, da Constituição da República de 1988), o que infirma a existência de um sistema contributivo rígido, ante a ausênciade uma correspondência imediata entre as contribuições vertidas e os benefícios a que os segurados façam jus. A receitadestinada ao sistema pretende contemplar os gastos incorridos com o propósito de assegurar a sua “universalidade decobertura e atendimento” e a “seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços” (art. 194, I e III, daConstituição da República de 1988). Esses traços compõem o conteúdo jurídico do princípio da solidariedade (art. 3º, III, daConstituição da República de 1988), cujo objetivo supõe que as prestações estatais devem “chegar àquelas pessoas que seencontram numa situação mais débil, mais desfavorecida e mais desvantajosa” (Gregorio Peces-Barba Martinez. Leccionesde derechos fundamentales. Madrid: Dykison, 2004, p. 178) o que, no direito previdenciário, alia-se à “participação social eintergeracional do ônus financeiro de sustento do sistema” e à adoção de elementos próprios à noção de repartição(Simone Barbisan Fortes, Leandro Paulsen. Direito da seguridade social: prestações e custeio da previdência, assistência esaúde. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p. 48), o que se verifica nas hipóteses em que os benefícios pagos sãosuperiores às contribuições vertidas pelo segurado ou mesmo são recebidos sem que tenha ocorrido qualquer recolhimentode valores com tal objetivo.9. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento da ADI 3.128/DF (Rel. p/ acórdão Min. Cezar Peluso, DJ18.02.2005, p. 4), na qual se discutia a constitucionalidade do art. 4º, caput, da Emenda Constitucional n. 41/03, queinstituiu contribuição previdenciária sobre os proventos de aposentadoria dos servidores públicos e as pensões devidas aosseus dependentes, reiterou que o regime da previdência social não tem natureza jurídica contratual, motivo por que inexistedireito a exigir que haja um sinalagma entre as contribuições vertidas e o rendimento mensal do benefício, uma vez que acontribuição previdenciária é “um tributo predestinado ao custeio da atuação do Estado na área da previdência social, que éterreno privilegiado de transcendentes interesses públicos ou coletivos”. O Min. Cezar Peluso, após destacar que o art. 3º,

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da Constituição da República de 1988, enuncia que, entre os objetivos fundamentais da República, estão a construção deuma “sociedade, livre, justa e solidária” (inciso I), a erradicação da pobreza, da marginalização e a redução dasdesigualdades sociais e regionais (inciso III), assinalou que:“A previdência social, como conjunto de prestações sociais (art. 7º, XXIV), exerce relevante papel no cumprimento dessesobjetivos e, nos claros termos do art. 195, caput, deve ser financiada por toda a sociedade, de forma equitativa (art. 194, §único, V). De modo que, quando o sujeito passivo paga a contribuição previdenciária, não está apenas subvencionando, emparte, a própria aposentadoria, senão concorrendo também, como membro da sociedade, para a alimentação do sistema,só cuja subsistência, aliás, permitirá que, preenchidas as condições, venha a receber proventos vitalícios ao aposentar-se.”10. A essa fundamentação, acrescento que, presentes os requisitos legais, cabe ao segurado, que continua a trabalhar, adefinição do tempo em que exercerá o seu direito à aposentadoria. O exercício desse direito, sob determinadas condiçõesfáticas, terá repercussão econômica, cuja aceitação depende da avaliação feita pelo segurado que pode sopesar seuinteresse em postergar a data de aposentação para que aufira benefício em valor maior. Contudo, feita a escolha edeclarada a vontade favorável ao recebimento da aposentadoria, há formação de ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, daConstituição da República de 1988), cujo proveito pecuniário pode ser renunciado pelo titular do direito, desde que esse atounilateral não venha a causar diminuição patrimonial futura à administração pública. Entendimento diverso implicaria suporque o Regime Geral da Previdência Social opera como um sistema de capitalização, o que não encontra embasamento nasua disciplina constitucional.11. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para julgar improcedentes os pedidos formulados pela parteautora, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil. Sem condenação ao pagamento de custas e honoráriosadvocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

57 - 0001044-49.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.001044-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.) x SEBASTIANA DO ROSÁRIO RIGONI(ADVOGADO: ES013596 - ACLIMAR NASCIMENTO TIMBOÍBA.).RECURSO Nº 0001044-49.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.001044-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: SEBASTIANA DO ROSÁRIO RIGONIRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.

INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 115/120, contra acórdão prolatado às fls. 106/111 que condenoua autarquia ao pagamento das parcelas vencidas corrigidas monetariamente, mediante incidência do INPC/IBGE. Paratanto, sustenta que os critérios de atualização monetária adotados contrariam o resultado final do acórdão prolatado peloSupremo Tribunal Federal em julgamento de questão de ordem nas ADIs 4.357 e 4.425.

Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço os Embargosde Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADIs 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j.14.03.2013, DJE 18.12.2013), declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão“independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pelaEmenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados osmesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria ainconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio daisonomia ao incorrer no mesmo vício. O referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine àextensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dosdébitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da Repúblicade 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.

04. Em julgamento de questão de ordem, realizado no dia 25/03/2015, houve manifestação explícita do STF sobre osprecatórios expedidos no âmbito da Administração Pública Federal, os quais devem ser atualizados “com base nos arts. 27das Leis nº 12.919/13 e Lei nº 13.080/15, que fixam o IPCA-E como índice de correção monetária”, razão por que entendoque o INPC/IBGE deve ser aplicado para atualização monetária das prestações vencidas em demandas previdenciárias, aopasso que o IPCA/IBGE deve incidir nas ações relacionadas às verbas devidas aos servidores públicos federais.

05. Apesar de a maioria dos integrantes das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo terposicionamento diverso, favorável à aplicação do art. 1º - F, da Lei n. 9.494/97, conforme alteração promovida pela Lei n.11.960/09, para atualização monetária e juros moratórios, entendo que não houve qualquer omissão no acórdão impugnadodigna de permitir o provimento dos presentes embargos. Embora o voto condutor não contenha menção explícita ao

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julgamento realizado pelo Supremo Tribunal Federal, em sessão do dia 25/03/2015, os magistrados da Segunda TurmaRecursal tinham ciência do seu conteúdo, o qual foi objeto de análise no acórdão ora recorrido. A divergência quanto àinterpretação da decisão proferida em questão de ordem, suscitada nas ADIs 4.357/DF e 4.425/DF, deu azo a convicçõesnão congruentes, o que causou resultados diferentes conforme o conjunto dos magistrados votantes em cada recurso.Contudo, tal disparidade não é hipótese legal para cabimento de embargos de declaração, por não se tratar de vício deomissão, contradição ou obscuridade interno à decisão judicial.

06. A divergência na interpretação da decisão tomada pelo Supremo, no julgamento da questão de ordem, não écapaz de viciar o acórdão, o que denota o mero caráter protelatório do recurso, interposto com a intenção de prevalecer oentendimento da autarquia a respeito da matéria. Diante disso, aplico multa equivalente a 1% (um por cento) do valor dacausa, consoante previsão normativa prevista no parágrafo único do art. 538 do Código de Processo Civil.

07. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

08. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

09. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

58 - 0101199-18.2015.4.02.5054/01 (2015.50.54.101199-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LUIZ CLÁUDIO SALDANHA SALES.) x ILDA RODRIGUES (ADVOGADO:ES010785 - PEDRO COSTA.).RECURSO Nº 0101199-18.2015.4.02.5054/01 (2015.50.54.101199-5/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ILDA RODRIGUESRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RENÚNCIA AO BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA. PEDIDO PARA CONCESSÃO DENOVO BENEFÍCIO COM O APROVEITAMENTO DO PERÍODO EM QUE O SEGURADO CONTINUOU A TRABALHAR ERECOLHER CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. “DESAPOSENTAÇÃO”. RECURSO DO INSS CONHECIDO EPROVIDO. PEDIDO IMPROCEDENTE.

1. O INSS interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedentes os pedidos para desconstituição debenefício de aposentadoria por tempo de contribuição e concessão de novo benefício de igual espécie, mediante oacréscimo de período em que a parte autora continuou a trabalhar e a recolher contribuições previdenciárias.2. Em suas razões recursais, a autarquia previdenciária sustenta: i) a vedação ao emprego de contribuições posteriores àaposentadoria tem amparo no art. 18, §2º, da Lei n. 8.213/91, e no princípio da solidariedade (arts. 194, V, VI, e 195, daConstituição da República de 1988); ii) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie que apenascontribui para o custeio do sistema sem fazer jus à obtenção de aposentadoria; iii) a renúncia unilateral à aposentadoriaconcedida anteriormente infringiria a proteção ao ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da Constituição da República de 1988)e se oporia à opção anterior de requerer benefício com menor tempo de contribuição e renda mensal inferior; iv) a renúnciaà aposentadoria deveria ser aceita somente se houvesse a restituição dos valores que já foram pagos ao segurado, a essetítulo, pelo INSS a fim de que não haja infração ao disposto pelos arts. 11, §3º, e 12, §4º, da Lei n. 8.212/91; v) o julgamentodo pedido compromete o equilíbrio financeiro-atuarial da Seguridade Social (art. 195, §5º, c/c art. 201, caput, daConstituição da República de 1988).3. A parte autora, em contrarrazões, pugna pela manutenção da sentença.4. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, em julgamento do RESP 1.334.488/SC (Rel. Min. Herman Benjamin,DJE 14.05.2013), no regime do art. 543-C, do Código de Processo Civil, decidiu que: i) o segurado tem direito a renunciar àaposentadoria anteriormente concedida para computar período contributivo utilizado, conjuntamente com os salários decontribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão de posterior e nova aposentação; e ii) “osbenefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares,prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessãode novo e posterior jubilamento”.5. Na fundamentação adotada no acórdão referido, observou-se que os arts. 18, §2º; 81, II; e 82, da Lei n. 8.213/91,dispunham originalmente que o aposentado, que continuasse a trabalhar e a contribuir para o Regime da PrevidênciaSocial, teria direito à reabilitação profissional, auxílio-acidente e ao pecúlio, o qual corresponderia ao total das contribuiçõespagas após sua aposentadoria a serem pagas em parcela única. As Leis ns. 9.032/95 e 9.527/97 suprimiram o pecúlio edeixaram expresso que as contribuições vertidas pelo segurado, já aposentado, seriam destinadas ao custeio daSeguridade Social (art. 11, §3º, da Lei n. 8.213/91), não fazendo ele jus a prestação alguma da Previdência Social emdecorrência do exercício dessa atividade posterior, ressalvados o salário-família e a reabilitação profissional enquantoestivesse empregado (art. 18, §2º, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.527/97).6. Em âmbito infralegal, o art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, dispôs, em seu caput (redação dada pelo Decreto n.3.265/99), que as aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial concedidas no Regime Geral da Previdência

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Social são “irreversíveis e irrenunciáveis”. O parágrafo único, do art. 181-B, do Decreto n. 3.048/99, consoante asalterações promovidas pelo Decreto n. 4.729/03, também prevê que “o segurado pode desistir do seu pedido deaposentadoria desde que manifeste essa intenção e requeira o arquivamento definitivo do pedido antes do recebimento doprimeiro pagamento do benefício, ou de sacar o respectivo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ou Programa deIntegração Social, ou até trinta dias da data do processamento do benefício, prevalecendo o que ocorrer primeiro”.7. A ausência de dispositivo legal que proibisse a renúncia à aposentadoria anterior e a compreensão de que o direito aobenefício é de natureza disponível, podendo o segurado deixar de exercê-lo ao seu alvedrio, deram suporte ao acórdãoprolatado pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do recurso especial representativo de controvérsia aludido.Entretanto, a resolução das questões infraconstitucionais relacionadas à causa não dirimem os questionamentosconstitucionais relacionados à renúncia ao benefício de aposentadoria para que haja aproveitamento das contribuiçõesvertidas pelo segurado, que continuou a trabalhar, com o intuito de obter benefício mais vantajoso, valendo destacar quetais questões pendem de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal no RE 661.256, recebido no regime de repercussãogeral.8. Com efeito, observo que a Seguridade Social é financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta (art. 195,caput, da Constituição da República de 1988), o que infirma a existência de um sistema contributivo rígido, ante a ausênciade uma correspondência imediata entre as contribuições vertidas e os benefícios a que os segurados façam jus. A receitadestinada ao sistema pretende contemplar os gastos incorridos com o propósito de assegurar a sua “universalidade decobertura e atendimento” e a “seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços” (art. 194, I e III, daConstituição da República de 1988). Esses traços compõem o conteúdo jurídico do princípio da solidariedade (art. 3º, III, daConstituição da República de 1988), cujo objetivo supõe que as prestações estatais devem “chegar àquelas pessoas que seencontram numa situação mais débil, mais desfavorecida e mais desvantajosa” (Gregorio Peces-Barba Martinez. Leccionesde derechos fundamentales. Madrid: Dykison, 2004, p. 178) o que, no direito previdenciário, alia-se à “participação social eintergeracional do ônus financeiro de sustento do sistema” e à adoção de elementos próprios à noção de repartição(Simone Barbisan Fortes, Leandro Paulsen. Direito da seguridade social: prestações e custeio da previdência, assistência esaúde. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p. 48), o que se verifica nas hipóteses em que os benefícios pagos sãosuperiores às contribuições vertidas pelo segurado ou mesmo são recebidos sem que tenha ocorrido qualquer recolhimentode valores com tal objetivo.9. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento da ADI 3.128/DF (Rel. p/ acórdão Min. Cezar Peluso, DJ18.02.2005, p. 4), na qual se discutia a constitucionalidade do art. 4º, caput, da Emenda Constitucional n. 41/03, queinstituiu contribuição previdenciária sobre os proventos de aposentadoria dos servidores públicos e as pensões devidas aosseus dependentes, reiterou que o regime da previdência social não tem natureza jurídica contratual, motivo por que inexistedireito a exigir que haja um sinalagma entre as contribuições vertidas e o rendimento mensal do benefício, uma vez que acontribuição previdenciária é “um tributo predestinado ao custeio da atuação do Estado na área da previdência social, que éterreno privilegiado de transcendentes interesses públicos ou coletivos”. O Min. Cezar Peluso, após destacar que o art. 3º,da Constituição da República de 1988, enuncia que, entre os objetivos fundamentais da República, estão a construção deuma “sociedade, livre, justa e solidária” (inciso I), a erradicação da pobreza, da marginalização e a redução dasdesigualdades sociais e regionais (inciso III), assinalou que:“A previdência social, como conjunto de prestações sociais (art. 7º, XXIV), exerce relevante papel no cumprimento dessesobjetivos e, nos claros termos do art. 195, caput, deve ser financiada por toda a sociedade, de forma equitativa (art. 194, §único, V). De modo que, quando o sujeito passivo paga a contribuição previdenciária, não está apenas subvencionando, emparte, a própria aposentadoria, senão concorrendo também, como membro da sociedade, para a alimentação do sistema,só cuja subsistência, aliás, permitirá que, preenchidas as condições, venha a receber proventos vitalícios ao aposentar-se.”10. A essa fundamentação, acrescento que, presentes os requisitos legais, cabe ao segurado, que continua a trabalhar, adefinição do tempo em que exercerá o seu direito à aposentadoria. O exercício desse direito, sob determinadas condiçõesfáticas, terá repercussão econômica, cuja aceitação depende da avaliação feita pelo segurado que pode sopesar seuinteresse em postergar a data de aposentação para que aufira benefício em valor maior. Contudo, feita a escolha edeclarada a vontade favorável ao recebimento da aposentadoria, há formação de ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, daConstituição da República de 1988), cujo proveito pecuniário pode ser renunciado pelo titular do direito, desde que esse atounilateral não venha a causar diminuição patrimonial futura à administração pública. Entendimento diverso implicaria suporque o Regime Geral da Previdência Social opera como um sistema de capitalização, o que não encontra embasamento nasua disciplina constitucional.11. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para julgar improcedentes os pedidos formulados pela parteautora, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil. Sem condenação ao pagamento de custas e honoráriosadvocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

59 - 0001015-96.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.001015-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.) x ERMELINDA FERNANDES FRANCO(ADVOGADO: ES013088 - EDSON VIGUINI.).RECURSO Nº 0001015-96.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.001015-4/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ERMELINDA FERNANDES FRANCORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

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VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.

INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 116/126, contra acórdão prolatado às fls. 105/112 que condenoua autarquia ao pagamento das parcelas vencidas corrigidas monetariamente, mediante incidência do INPC/IBGE. Paratanto, sustenta que os critérios de atualização monetária adotados contrariam o resultado final do acórdão prolatado peloSupremo Tribunal Federal em julgamento de questão de ordem nas ADIs 4.357 e 4.425.

Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço os Embargosde Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADIs 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j.14.03.2013, DJE 18.12.2013), declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão“independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pelaEmenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados osmesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria ainconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio daisonomia ao incorrer no mesmo vício. O referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine àextensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dosdébitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da Repúblicade 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.

04. Em julgamento de questão de ordem, realizado no dia 25/03/2015, houve manifestação explícita do STF sobre osprecatórios expedidos no âmbito da Administração Pública Federal, os quais devem ser atualizados “com base nos arts. 27das Leis nº 12.919/13 e Lei nº 13.080/15, que fixam o IPCA-E como índice de correção monetária”, razão por que entendoque o INPC/IBGE deve ser aplicado para atualização monetária das prestações vencidas em demandas previdenciárias, aopasso que o IPCA/IBGE deve incidir nas ações relacionadas às verbas devidas aos servidores públicos federais.

05. Apesar de a maioria dos integrantes das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo terposicionamento diverso, favorável à aplicação do art. 1º - F, da Lei n. 9.494/97, conforme alteração promovida pela Lei n.11.960/09, para atualização monetária e juros moratórios, entendo que não houve qualquer omissão no acórdão impugnadodigna de permitir o provimento dos presentes embargos. Embora o voto condutor não contenha menção explícita aojulgamento realizado pelo Supremo Tribunal Federal, em sessão do dia 25/03/2015, os magistrados da Segunda TurmaRecursal tinham ciência do seu conteúdo, o qual foi objeto de análise no acórdão ora recorrido. A divergência quanto àinterpretação da decisão proferida em questão de ordem, suscitada nas ADIs 4.357/DF e 4.425/DF, deu azo a convicçõesnão congruentes, o que causou resultados diferentes conforme o conjunto dos magistrados votantes em cada recurso.Contudo, tal disparidade não é hipótese legal para cabimento de embargos de declaração, por não se tratar de vício deomissão, contradição ou obscuridade interno à decisão judicial.

06. A divergência na interpretação da decisão tomada pelo Supremo, no julgamento da questão de ordem, não écapaz de viciar o acórdão, o que denota o mero caráter protelatório do recurso, interposto com a intenção de prevalecer oentendimento da autarquia a respeito da matéria. Diante disso, aplico multa equivalente a 1% (um por cento) do valor dacausa, consoante previsão normativa prevista no parágrafo único do art. 538 do Código de Processo Civil.

07. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

08. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

09. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

60 - 0000589-84.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000589-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.) x MARLENE GONÇALVES DA VITORIA(ADVOGADO: ES017920 - WILLIAN CONSTATINO BASSANI, ES016812 - JAQUELINE GOMES.).RECURSO Nº 0000589-84.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000589-4/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MARLENE GONÇALVES DA VITORIARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.

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INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 109/119, contra acórdão prolatado às fls. 98/105 que condenou aautarquia ao pagamento das parcelas vencidas corrigidas monetariamente, mediante incidência do INPC/IBGE. Para tanto,sustenta que os critérios de atualização monetária adotados contrariam o resultado final do acórdão prolatado peloSupremo Tribunal Federal em julgamento de questão de ordem nas ADIs 4.357 e 4.425.

Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço os Embargosde Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADIs 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j.14.03.2013, DJE 18.12.2013), declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão“independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pelaEmenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados osmesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria ainconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio daisonomia ao incorrer no mesmo vício. O referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine àextensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dosdébitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da Repúblicade 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.

04. Em julgamento de questão de ordem, realizado no dia 25/03/2015, houve manifestação explícita do STF sobre osprecatórios expedidos no âmbito da Administração Pública Federal, os quais devem ser atualizados “com base nos arts. 27das Leis nº 12.919/13 e Lei nº 13.080/15, que fixam o IPCA-E como índice de correção monetária”, razão por que entendoque o INPC/IBGE deve ser aplicado para atualização monetária das prestações vencidas em demandas previdenciárias, aopasso que o IPCA/IBGE deve incidir nas ações relacionadas às verbas devidas aos servidores públicos federais.

05. Apesar de a maioria dos integrantes das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo terposicionamento diverso, favorável à aplicação do art. 1º - F, da Lei n. 9.494/97, conforme alteração promovida pela Lei n.11.960/09, para atualização monetária e juros moratórios, entendo que não houve qualquer omissão no acórdão impugnadodigna de permitir o provimento dos presentes embargos. Embora o voto condutor não contenha menção explícita aojulgamento realizado pelo Supremo Tribunal Federal, em sessão do dia 25/03/2015, os magistrados da Segunda TurmaRecursal tinham ciência do seu conteúdo, o qual foi objeto de análise no acórdão ora recorrido. A divergência quanto àinterpretação da decisão proferida em questão de ordem, suscitada nas ADIs 4.357/DF e 4.425/DF, deu azo a convicçõesnão congruentes, o que causou resultados diferentes conforme o conjunto dos magistrados votantes em cada recurso.Contudo, tal disparidade não é hipótese legal para cabimento de embargos de declaração, por não se tratar de vício deomissão, contradição ou obscuridade interno à decisão judicial.

06. A divergência na interpretação da decisão tomada pelo Supremo, no julgamento da questão de ordem, não écapaz de viciar o acórdão, o que denota o mero caráter protelatório do recurso, interposto com a intenção de prevalecer oentendimento da autarquia a respeito da matéria. Diante disso, aplico multa equivalente a 1% (um por cento) do valor dacausa, consoante previsão normativa prevista no parágrafo único do art. 538 do Código de Processo Civil.

07. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

08. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

09. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

61 - 0007834-58.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007834-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) NAIRA DOS SANTOS(DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:MARCOS FIGUEREDO MARÇAL.).RECURSO Nº 0007834-58.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007834-2/01)RECORRENTE: NAIRA DOS SANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. NAIRA DOS SANTOS interpõe recurso inominado, às fls. 130/133, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do 1° JuizadoEspecial Federal, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder o benefício de auxílio-doença econvertê-lo em aposentadoria por invalidez. A parte autora afirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício

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de atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alegaque o seu efetivo exercício profissional não é possível devido às suas condições de saúde e pessoais, as quaisimpossibilitam o desempenho da atividade de empregada doméstica.

2. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 138/140, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que os laudosemitidos pelos peritos nomeados pelo Juízo atestam a plena capacidade laboral da recorrente.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

6. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

7. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 21/24e 33) indicam que ela é acometida de epilepsia grave crônica, crises convulsivas generalizadas, tontura, transtorno psíquicoe mental. De igual modo, nos atestados de fls. 21/23, os médicos subscritores afirmaram que ela estaria sem condições deexercer atividades laborais. Noutro giro, foram confeccionados 02 (dois) laudos por peritos nomeados judicialmente. Noprimeiro (fls. 63/65), subscrito por especialista em psiquiatria, afirma-se que não foram constatados sinais ou sintomaspsicopatológicos que caracterize doença mental. Conclui que não há incapacidade laborativa. No segundo (fls. 103/105),lavrado por neurologista, afirma-se que a recorrente é acometida de epilepsia, sofrendo com sintomas de crises convulsivase distúrbio de ansiedade. Conclui que não há incapacidade laborativa, porque a autora faz uso regular de medicaçãoanticonvulsiva e tratamento acobertado pela rede pública de saúde (quesitos n° 10, 11 e 23).

8. Observo que os laudos dos peritos judiciais estão idoneamente fundamentados. A despeito da gravidade da doença, hárelato de que ela está controlada, bem como o trabalho desempenhado pela autora (serviço de limpeza, trabalho doméstico)não traz risco aos cuidados de sua saúde. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção dascondições dignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deveser acompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos osrequisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados.

9. As condições pessoais da autora só teriam relevância se a perícia judicial tivesse constatado incapacidade parcial para otrabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática, descartada, paraefeito de converter auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Entretanto, não tendo sido confirmada nenhumalimitação funcional, o quadro social isoladamente considerado não basta para respaldar a concessão do auxílio-doença. Apropósito, destaco o teor do enunciado nº 77, da súmula da jurisprudência da TNU: “O julgador não é obrigado a analisar ascondições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual”.

10. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honorários advocatícios,tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

11. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

62 - 0000129-91.2011.4.02.5055/02 (2011.50.55.000129-8/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) LIDIA MARIA DE PAULAJUSTINO (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: RODRIGO COSTA BUARQUE.).RECURSO Nº 0000129-91.2011.4.02.5055/02 (2011.50.55.000129-8/02)RECORRENTE: LIDIA MARIA DE PAULA JUSTINORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELA

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CAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. LÍDIA MARIA DE PAULA JUSTINO interpõe recurso inominado, às fls. 146/151, contra sentença proferida pelo MM. Juizdo Juizado Especial Federal de Serra, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder o benefíciode auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez. A parte autora afirma que é portadora de doençaincapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto dasprovas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possível devido às suas condições desaúde e pessoais, as quais impossibilitam o desempenho da atividade de servente de limpeza.

2. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 156/157, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral da recorrente, conforme conclusões jáapresentadas pelo médico perito da autarquia.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

6. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

7. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 28/30e 34) indicam que ela é acometida de osteoartrose e limitação funcional em joelhos direito e esquerdo. De igual modo, nosatestados de fls. 29, os médicos subscritores afirmaram que ela estaria incapacitada para o trabalho, sem indicar se deforma definitiva ou temporária. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que a recorrentesofreu fratura de ramos ísquios-pubianos, sendo conservador sem alterações. Ademais, apresenta leve artrose dos joelhoscom mobilidade normal e sem alterações funcionais. Conclui que não há incapacidade laborativa para o trabalho deservente de limpeza.

8. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condiçõesdignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve seracompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos osrequisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados.

9. As condições pessoais do autor só teriam relevância se a perícia judicial tivesse constatado incapacidade parcial para otrabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática, descartada, paraefeito de converter auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Entretanto, não tendo sido confirmada nenhumalimitação funcional, o quadro social isoladamente considerado não basta para respaldar a concessão do auxílio-doença. Apropósito, destaco o teor do enunciado nº 77, da súmula da jurisprudência da TNU: “O julgador não é obrigado a analisar ascondições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual”.

10. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honorários advocatícios,tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

11. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

63 - 0001043-64.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.001043-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA MARLENE PEREIRADE PAULO (ADVOGADO: ES014742 - WALAS OLIVEIRA SOARES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS.RECURSO Nº 0001043-64.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.001043-9/01)RECORRENTE: MARIA MARLENE PEREIRA DE PAULORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

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VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.

INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 88/98, contra acórdão prolatado às fls. 79/84, que condenou aautarquia ao pagamento das parcelas vencidas corrigidas monetariamente, mediante incidência do INPC/IBGE. Para tanto,sustenta que os critérios de atualização monetária adotados contrariam o resultado final do acórdão prolatado peloSupremo Tribunal Federal em julgamento de questão de ordem nas ADIs 4.357 e 4.425.

Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço os Embargosde Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADIs 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j.14.03.2013, DJE 18.12.2013), declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão“independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pelaEmenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados osmesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria ainconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio daisonomia ao incorrer no mesmo vício. O referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine àextensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dosdébitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da Repúblicade 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.

04. Em julgamento de questão de ordem, realizado no dia 25/03/2015, houve manifestação explícita do STF sobre osprecatórios expedidos no âmbito da Administração Pública Federal, os quais devem ser atualizados “com base nos arts. 27das Leis nº 12.919/13 e Lei nº 13.080/15, que fixam o IPCA-E como índice de correção monetária”, razão por que entendoque o INPC/IBGE deve ser aplicado para atualização monetária das prestações vencidas em demandas previdenciárias, aopasso que o IPCA/IBGE deve incidir nas ações relacionadas às verbas devidas aos servidores públicos federais.

05. Apesar de a maioria dos integrantes das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo terposicionamento diverso, favorável à aplicação do art. 1º - F, da Lei n. 9.494/97, conforme alteração promovida pela Lei n.11.960/09, para atualização monetária e juros moratórios, entendo que não houve qualquer omissão no acórdão impugnadodigna de permitir o provimento dos presentes embargos. Embora o voto condutor não contenha menção explícita aojulgamento realizado pelo Supremo Tribunal Federal, em sessão do dia 25/03/2015, os magistrados da Segunda TurmaRecursal tinham ciência do seu conteúdo, o qual foi objeto de análise no acórdão ora recorrido. A divergência quanto àinterpretação da decisão proferida em questão de ordem, suscitada nas ADIs 4.357/DF e 4.425/DF, deu azo a convicçõesnão congruentes, o que causou resultados diferentes conforme o conjunto dos magistrados votantes em cada recurso.Contudo, tal disparidade não é hipótese legal para cabimento de embargos de declaração, por não se tratar de vício deomissão, contradição ou obscuridade interno à decisão judicial.

06. A divergência na interpretação da decisão tomada pelo Supremo, no julgamento da questão de ordem, não écapaz de viciar o acórdão, o que denota o mero caráter protelatório do recurso, interposto com a intenção de prevalecer oentendimento da autarquia a respeito da matéria. Diante disso, aplico multa equivalente a 1% (um por cento) do valor dacausa, consoante previsão normativa prevista no parágrafo único do art. 538 do Código de Processo Civil.

07. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

08. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

09. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

64 - 0000393-17.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000393-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.) x SONIA DOS SANTOS(ADVOGADO: ES014556 - ALEXANDRE MATOS LIMA.) x BEATRIZ DE JESUS OLIVEIRA E OUTRO.RECURSO Nº 0000393-17.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000393-9/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: SONIA DOS SANTOSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.

Page 100: ÍNDICE DE PESQUISA DA 2ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · Boletim 2015.000066 DIRETOR(a) DE SECRETARIA LILIA COELHO DE CARVALHO MAT. 10061 Expediente do dia 01/07/2015 ... técnico

INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 247/251, contra acórdão prolatado às fls. 228/232 que condenoua autarquia ao pagamento das parcelas vencidas corrigidas monetariamente, mediante incidência do INPC/IBGE. Paratanto, sustenta que os critérios de atualização monetária adotados contrariam o resultado final do acórdão prolatado peloSupremo Tribunal Federal em julgamento de questão de ordem nas ADIs 4.357 e 4.425.

Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço os Embargosde Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADIs 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j.14.03.2013, DJE 18.12.2013), declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão“independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pelaEmenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados osmesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria ainconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio daisonomia ao incorrer no mesmo vício. O referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine àextensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dosdébitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da Repúblicade 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.

04. Em julgamento de questão de ordem, realizado no dia 25/03/2015, houve manifestação explícita do STF sobre osprecatórios expedidos no âmbito da Administração Pública Federal, os quais devem ser atualizados “com base nos arts. 27das Leis nº 12.919/13 e Lei nº 13.080/15, que fixam o IPCA-E como índice de correção monetária”, razão por que entendoque o INPC/IBGE deve ser aplicado para atualização monetária das prestações vencidas em demandas previdenciárias, aopasso que o IPCA/IBGE deve incidir nas ações relacionadas às verbas devidas aos servidores públicos federais.

05. Apesar de a maioria dos integrantes das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo terposicionamento diverso, favorável à aplicação do art. 1º - F, da Lei n. 9.494/97, conforme alteração promovida pela Lei n.11.960/09, para atualização monetária e juros moratórios, entendo que não houve qualquer omissão no acórdão impugnadodigna de permitir o provimento dos presentes embargos. Embora o voto condutor não contenha menção explícita aojulgamento realizado pelo Supremo Tribunal Federal, em sessão do dia 25/03/2015, os magistrados da Segunda TurmaRecursal tinham ciência do seu conteúdo, o qual foi objeto de análise no acórdão ora recorrido. A divergência quanto àinterpretação da decisão proferida em questão de ordem, suscitada nas ADIs 4.357/DF e 4.425/DF, deu azo a convicçõesnão congruentes, o que causou resultados diferentes conforme o conjunto dos magistrados votantes em cada recurso.Contudo, tal disparidade não é hipótese legal para cabimento de embargos de declaração, por não se tratar de vício deomissão, contradição ou obscuridade interno à decisão judicial.

06. A divergência na interpretação da decisão tomada pelo Supremo, no julgamento da questão de ordem, não écapaz de viciar o acórdão, o que denota o mero caráter protelatório do recurso, interposto com a intenção de prevalecer oentendimento da autarquia a respeito da matéria. Diante disso, aplico multa equivalente a 1% (um por cento) do valor dacausa, consoante previsão normativa prevista no parágrafo único do art. 538 do Código de Processo Civil.

07. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

08. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

09. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

65 - 0003637-23.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.003637-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE ROBERTO DEFREITAS (ADVOGADO: ES006639 - ANTONIO JOSE PEREIRA DE SOUZA, ES005145E - Tadeu Trancoso de Souza,ES004798E - ANDRÉ TRANCOSO DE SOUZA, ES011926 - CLEUSINEIA L. PINTO DA COSTA.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.).RECURSO Nº 0003637-23.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.003637-3/01)RECORRENTE: JOSE ROBERTO DE FREITASRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. JOSÉ ROBERTO FREITAS interpõe recurso inominado, às fls. 103/118, contra sentença proferida pelo MM. Juiz doJuizado Especial Federal de Cachoeiro de Itapemirim, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS aconceder o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez. A parte autora afirma que é portadora

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de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou oconjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possível devido às suascondições de saúde, as quais impossibilitam o desempenho da atividade de lavrador.

2. O INSS não ofereceu contrarrazões, conforme certidão de fl. 120.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

6. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

7. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pelo autor (fls. 21, 22)indicam que ele foi operado de hérnia de disco-lombar em 2013. Porém, ainda apresenta queixa de dor lombar, limitação demovimento da cintura pélvica que se acentua com esforço físico e aparente discopatia. De igual modo, nos atestados de fls.21, os médicos subscritores afirmaram que ele estaria incapacitado para o trabalho, sem indicar se de forma definitiva outemporária. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que o recorrente é portador deartrose em coluna lombar. Todavia, destaca que o periciado está em condições de realizar as suas atividades habituais deforma adequada, não apresentando compressão radicular ou limitações para movimentos. Conclui que não háincapacidade laborativa para o trabalho de lavrador.

8. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado. Cabe ressaltar que a criação da SeguridadeSocial pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para otrabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistênciado trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderáadotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dos segurados.

9. Acrescento que, após a prolação da sentença, não deve ser admitida a juntada de novos atestados médicos, sob o riscode ampliar-se a causa de pedir da demanda, valendo destacar, nesse sentido, o teor do enunciado n. 84 das TurmasRecursais da Seção Judiciária do Rio de Janeiro: “O momento processual da aferição da incapacidade para fins debenefícios previdenciários ou assistenciais é o da confecção do laudo pericial, constituindo violação ao princípio docontraditório e da ampla defesa a juntada, após esse momento, de novos documentos ou a formulação de novas alegaçõesque digam respeito à afirmada incapacidade, seja em razão da mesma afecção ou de outra”.

10. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honorários advocatícios,tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

11. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

66 - 0000340-65.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.000340-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA DAS GRAÇASSANTOS DE SOUZA (ADVOGADO: ES015129 - Jaqueline Rossoni dos Santos.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.).RECURSO Nº 0000340-65.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.000340-7/01)RECORRENTE: MARIA DAS GRAÇAS SANTOS DE SOUZARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. MARIA DAS GRAÇAS DE SOUZA interpõe recurso inominado, às fls. 70/81, contra sentença proferida pelo MM. Juiz doJuizado Especial Federal de Linhares, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder o benefício

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de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez. A parte autora afirma que é portadora de doençaincapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto dasprovas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possível devido às suas condições desaúde, as quais impossibilitam o desempenho da atividade de doméstica.

2. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 85/87, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudo emitidopor perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral da recorrente, conforme conclusões já apresentadas pelomédico perito da autarquia.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

6. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

7. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 31, 32,33) indicam que ela é acometida de sequela de síndrome do túnel do carpo bilateral, e estava impossibilitada de realizaresforço físico. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que a recorrente é portadora desíndrome do túnel do carpo bilateral. Ocorre que a autora passou por três cirurgias do lado direito e uma do lado esquerdo,apresentou boa evolução e pode realizar as suas atividades habituais. Conclui que não há incapacidade laborativa para otrabalho de empregada doméstica.

8. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condiçõesdignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve seracompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos osrequisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados.

9. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendoem vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

10. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

11. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

67 - 0001140-64.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.001140-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x LUZIA RIBEIRO PEREIRA (ADVOGADO:ES006985 - JAMILSON SERRANO PORFIRIO.).RECURSO Nº 0001140-64.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.001140-7/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: LUZIA RIBEIRO PEREIRARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.

INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 105/110, contra acórdão prolatado às fls. 92/101, que condenoua autarquia ao pagamento das parcelas vencidas corrigidas monetariamente, mediante incidência do INPC/IBGE. Paratanto, sustenta que os critérios de atualização monetária adotados contrariam o resultado final do acórdão prolatado peloSupremo Tribunal Federal em julgamento de questão de ordem nas ADIs 4.357 e 4.425.

Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço os Embargosde Declaração e passo à análise do seu mérito.

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03. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADIs 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j.14.03.2013, DJE 18.12.2013), declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão“independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pelaEmenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados osmesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria ainconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio daisonomia ao incorrer no mesmo vício. O referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine àextensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dosdébitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da Repúblicade 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.

04. Em julgamento de questão de ordem, realizado no dia 25/03/2015, houve manifestação explícita do STF sobre osprecatórios expedidos no âmbito da Administração Pública Federal, os quais devem ser atualizados “com base nos arts. 27das Leis nº 12.919/13 e Lei nº 13.080/15, que fixam o IPCA-E como índice de correção monetária”, razão por que entendoque o INPC/IBGE deve ser aplicado para atualização monetária das prestações vencidas em demandas previdenciárias, aopasso que o IPCA/IBGE deve incidir nas ações relacionadas às verbas devidas aos servidores públicos federais.

05. Apesar de a maioria dos integrantes das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo terposicionamento diverso, favorável à aplicação do art. 1º - F, da Lei n. 9.494/97, conforme alteração promovida pela Lei n.11.960/09, para atualização monetária e juros moratórios, entendo que não houve qualquer omissão no acórdão impugnadodigna de permitir o provimento dos presentes embargos. Embora o voto condutor não contenha menção explícita aojulgamento realizado pelo Supremo Tribunal Federal, em sessão do dia 25/03/2015, os magistrados da Segunda TurmaRecursal tinham ciência do seu conteúdo, o qual foi objeto de análise no acórdão ora recorrido. A divergência quanto àinterpretação da decisão proferida em questão de ordem, suscitada nas ADIs 4.357/DF e 4.425/DF, deu azo a convicçõesnão congruentes, o que causou resultados diferentes conforme o conjunto dos magistrados votantes em cada recurso.Contudo, tal disparidade não é hipótese legal para cabimento de embargos de declaração, por não se tratar de vício deomissão, contradição ou obscuridade interno à decisão judicial.

06. A divergência na interpretação da decisão tomada pelo Supremo, no julgamento da questão de ordem, não écapaz de viciar o acórdão, o que denota o mero caráter protelatório do recurso, interposto com a intenção de prevalecer oentendimento da autarquia a respeito da matéria. Diante disso, aplico multa equivalente a 1% (um por cento) do valor dacausa, consoante previsão normativa prevista no parágrafo único do art. 538 do Código de Processo Civil.

07. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

08. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

09. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

68 - 0000173-13.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.000173-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANTONIO COELHO DECARVALHO (ADVOGADO: ES007457 - ADEMIR JOSE DA SILVA, ES016726 - MARAIZA XAVIER DA SILVA.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).RECURSO Nº 0000173-13.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.000173-0/01)RECORRENTE: ANTONIO COELHO DE CARVALHORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. ANTÔNIO COELHO DE CARVALHO interpõe recurso inominado, às fls. 141/150, contra sentença proferida pelo MM.Juiz do 1° Juizado Especial Federal de Serra, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder obenefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez. A parte autora afirma que é portadora de doençaincapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto dasprovas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possível devido às suas condições desaúde, as quais impossibilitam o desempenho da atividade de pedreiro.

2. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 166/171, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente, conforme conclusões jáapresentadas pelo médico perito da autarquia.

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3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

6. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

7. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pelo autor (fls. 19/22, 25 e81) indicam que ele apresenta hipertensão arterial sistêmica, sofreu derrame há aproximadamente 13 anos e recuperou-separcialmente, ficando hemiplégico com perda da força motora no dimídio direito. De igual modo, nos atestados de fls. 19, 20e 81, os médicos subscritores afirmaram que ele estaria incapacitado para o trabalho sem indicar se de forma definitiva outemporária. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, médico cardiologista, afirma-se que orecorrente é portador de hipertensão arterial sistêmica. Conclui que não há incapacidade laborativa (fls. 98/99). No laudoredigido pelo perito nomeado judicialmente, médico neurologista, afirma-se que o recorrente apresenta histórico de acidentevascular cerebral, relato de hemiparesia à direita, mas sem alteração da fala e sem atrofia e sem espasticidade em dimídiodireito. Conclui que não há incapacidade laborativa para o trabalho de pedreiro (fls. 117/119).

8. Observo que os laudos dos peritos judiciais estão idoneamente fundamentados e foram firmados em data posterior aosatestados juntados pelo recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção dascondições dignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deveser acompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos osrequisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados.

9. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendoem vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

10. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

11. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

69 - 0000330-55.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000330-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x JOSENITA VIEIRA BRITO (ADVOGADO:ES012938 - JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES.).RECURSO Nº 0000330-55.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000330-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: JOSENITA VIEIRA BRITORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.

INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 111/116, contra acórdão prolatado às fls. 98/107, que condenoua autarquia ao pagamento das parcelas vencidas corrigidas monetariamente, mediante incidência do INPC/IBGE. Paratanto, sustenta que os critérios de atualização monetária adotados contrariam o resultado final do acórdão prolatado peloSupremo Tribunal Federal em julgamento de questão de ordem nas ADIs 4.357 e 4.425.

Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço os Embargosde Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADIs 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j.14.03.2013, DJE 18.12.2013), declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão“independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pelaEmenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados osmesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a

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inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio daisonomia ao incorrer no mesmo vício. O referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine àextensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dosdébitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da Repúblicade 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.

04. Em julgamento de questão de ordem, realizado no dia 25/03/2015, houve manifestação explícita do STF sobre osprecatórios expedidos no âmbito da Administração Pública Federal, os quais devem ser atualizados “com base nos arts. 27das Leis nº 12.919/13 e Lei nº 13.080/15, que fixam o IPCA-E como índice de correção monetária”, razão por que entendoque o INPC/IBGE deve ser aplicado para atualização monetária das prestações vencidas em demandas previdenciárias, aopasso que o IPCA/IBGE deve incidir nas ações relacionadas às verbas devidas aos servidores públicos federais.

05. Apesar de a maioria dos integrantes das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo terposicionamento diverso, favorável à aplicação do art. 1º - F, da Lei n. 9.494/97, conforme alteração promovida pela Lei n.11.960/09, para atualização monetária e juros moratórios, entendo que não houve qualquer omissão no acórdão impugnadodigna de permitir o provimento dos presentes embargos. Embora o voto condutor não contenha menção explícita aojulgamento realizado pelo Supremo Tribunal Federal, em sessão do dia 25/03/2015, os magistrados da Segunda TurmaRecursal tinham ciência do seu conteúdo, o qual foi objeto de análise no acórdão ora recorrido. A divergência quanto àinterpretação da decisão proferida em questão de ordem, suscitada nas ADIs 4.357/DF e 4.425/DF, deu azo a convicçõesnão congruentes, o que causou resultados diferentes conforme o conjunto dos magistrados votantes em cada recurso.Contudo, tal disparidade não é hipótese legal para cabimento de embargos de declaração, por não se tratar de vício deomissão, contradição ou obscuridade interno à decisão judicial.

06. A divergência na interpretação da decisão tomada pelo Supremo, no julgamento da questão de ordem, não écapaz de viciar o acórdão, o que denota o mero caráter protelatório do recurso, interposto com a intenção de prevalecer oentendimento da autarquia a respeito da matéria. Diante disso, aplico multa equivalente a 1% (um por cento) do valor dacausa, consoante previsão normativa prevista no parágrafo único do art. 538 do Código de Processo Civil.

07. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

08. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

09. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

70 - 0000434-18.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000434-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARLEY PASSAMANI,representada por sua genitora, MARIA ALTOÉ PASSAMANI (ADVOGADO: ES012938 - JOSÉ LUCAS GOMESFERNANDES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.)x OS MESMOS.RECURSO Nº 0000434-18.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000434-4/01)RECORRENTE: MARLEY PASSAMANI, representada por sua genitora, MARIA ALTOÉ PASSAMANI E INSSRECORRIDO: OS MESMOSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.

INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 174/179, contra acórdão prolatado às fls. 162/169, que condenoua autarquia ao pagamento das parcelas vencidas corrigidas monetariamente, mediante incidência do INPC/IBGE. Paratanto, sustenta que os critérios de atualização monetária adotados contrariam o resultado final do acórdão prolatado peloSupremo Tribunal Federal em julgamento de questão de ordem nas ADIs 4.357 e 4.425.

Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço os Embargosde Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADIs 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j.14.03.2013, DJE 18.12.2013), declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão“independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pelaEmenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados osmesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria ainconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio daisonomia ao incorrer no mesmo vício. O referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine àextensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dos

Page 106: ÍNDICE DE PESQUISA DA 2ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · Boletim 2015.000066 DIRETOR(a) DE SECRETARIA LILIA COELHO DE CARVALHO MAT. 10061 Expediente do dia 01/07/2015 ... técnico

débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da Repúblicade 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.

04. Em julgamento de questão de ordem, realizado no dia 25/03/2015, houve manifestação explícita do STF sobre osprecatórios expedidos no âmbito da Administração Pública Federal, os quais devem ser atualizados “com base nos arts. 27das Leis nº 12.919/13 e Lei nº 13.080/15, que fixam o IPCA-E como índice de correção monetária”, razão por que entendoque o INPC/IBGE deve ser aplicado para atualização monetária das prestações vencidas em demandas previdenciárias, aopasso que o IPCA/IBGE deve incidir nas ações relacionadas às verbas devidas aos servidores públicos federais.

05. Apesar de a maioria dos integrantes das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo terposicionamento diverso, favorável à aplicação do art. 1º - F, da Lei n. 9.494/97, conforme alteração promovida pela Lei n.11.960/09, para atualização monetária e juros moratórios, entendo que não houve qualquer omissão no acórdão impugnadodigna de permitir o provimento dos presentes embargos. Embora o voto condutor não contenha menção explícita aojulgamento realizado pelo Supremo Tribunal Federal, em sessão do dia 25/03/2015, os magistrados da Segunda TurmaRecursal tinham ciência do seu conteúdo, o qual foi objeto de análise no acórdão ora recorrido. A divergência quanto àinterpretação da decisão proferida em questão de ordem, suscitada nas ADIs 4.357/DF e 4.425/DF, deu azo a convicçõesnão congruentes, o que causou resultados diferentes conforme o conjunto dos magistrados votantes em cada recurso.Contudo, tal disparidade não é hipótese legal para cabimento de embargos de declaração, por não se tratar de vício deomissão, contradição ou obscuridade interno à decisão judicial.

06. A divergência na interpretação da decisão tomada pelo Supremo, no julgamento da questão de ordem, não écapaz de viciar o acórdão, o que denota o mero caráter protelatório do recurso, interposto com a intenção de prevalecer oentendimento da autarquia a respeito da matéria. Diante disso, aplico multa equivalente a 1% (um por cento) do valor dacausa, consoante previsão normativa prevista no parágrafo único do art. 538 do Código de Processo Civil.

07. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

08. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

09. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

71 - 0107755-07.2013.4.02.5054/01 (2013.50.54.107755-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) PEDRO NOGUEIRA(ADVOGADO: ES012594 - MARIA LUZIA PEREIRA GOMES, ES011758 - ANILSON BOLSANELO.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.).RECURSO Nº 0107755-07.2013.4.02.5054/01 (2013.50.54.107755-9/01)RECORRENTE: PEDRO NOGUEIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. PEDRO NOGUEIRA interpõe recurso inominado, às fls. 126/131, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do JuizadoEspecial Federal de Colatina, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a restabelecer o benefício deaposentadoria por invalidez. A parte autora afirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividadelaboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seuefetivo exercício profissional não é possível devido às suas condições de saúde, as quais impossibilitam o desempenho daatividade de lavrador.

2. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 134 e 135, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que as razõesde inconformismo decorrem ou de equivocada interpretação normativa ou de apelo fundado em argumentos de naturezaexclusivamente humanitária e dissociada do Direito, não devendo ser acolhidas.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. Ressalto, inicialmente, que o pedido de realização de nova perícia não veio acompanhado de fundamentação idônea ademonstrar que a perícia realizada não esclareceu suficientemente a matéria, razão por que ele não deve ser acolhido emsede recursal (art. 437, do Código de Processo Civil). Ademais, da leitura das conclusões do perito judicial, não observodiscrepância entre as doenças que ele diagnosticou na parte autora e aquelas enunciadas nos documentos queacompanharam a peça vestibular. Com efeito, a TNU tem orientação no sentido de que a perícia médica por especialista,como solicitada pela parte autora, somente tem cabimento na hipótese de doença ou quadro médico complexo, o que não

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se verifica no caso concreto, conforme conclusões do especialista nomeado (PEDILEF nº 2008.72.51.003146-2/SC, Rel.Juíza Fed. Joana Carolina L. Pereira, julgado em 16/11/2009 e PEDILEF nº 2008.72.51.001862-7/SC, Rel. Juíza Fed.Jacqueline Michels Bilhalva, julgado em 11/05/2010).

6. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

7. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

8. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pelo autor (fls. 11, 14, 56,62, 65, 68/69) indicam que ele é acometido de estenose traqueal pós-traqueostomia. De igual modo, no atestado de fl. 62 omédico subscritor afirma que ele estaria incapacitado para o trabalho por tempo indeterminado. O atestado de fl. 65,subscrito no ano de 2002, indica que o autor estaria incapacitado de forma temporária, não delimitando o período daincapacidade. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que o recorrente é portador deestenose traqueal pós-traqueostomia. Todavia, tal lesão não impede que o autor realize as suas atividades de formaadequada. Conclui que não há incapacidade laborativa para o trabalho de lavrador.

9. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pelo recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condiçõesdignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve seracompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos osrequisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados.

10. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honorários advocatícios,tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

11. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

72 - 0000480-70.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000480-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x ALTAMIRO JOAO DA SILVA (ADVOGADO:ES006985 - JAMILSON SERRANO PORFIRIO.).RECURSO Nº 0000480-70.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000480-4/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ALTAMIRO JOAO DA SILVARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.

INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 86/91, contra acórdão prolatado às fls. 75/82, que condenou aautarquia ao pagamento das parcelas vencidas corrigidas monetariamente, mediante incidência do INPC/IBGE. Para tanto,sustenta que os critérios de atualização monetária adotados contrariam o resultado final do acórdão prolatado peloSupremo Tribunal Federal em julgamento de questão de ordem nas ADIs 4.357 e 4.425.

Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço os Embargosde Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADIs 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j.14.03.2013, DJE 18.12.2013), declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão“independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pelaEmenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados osmesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria ainconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio daisonomia ao incorrer no mesmo vício. O referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine à

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extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dosdébitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da Repúblicade 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.

04. Em julgamento de questão de ordem, realizado no dia 25/03/2015, houve manifestação explícita do STF sobre osprecatórios expedidos no âmbito da Administração Pública Federal, os quais devem ser atualizados “com base nos arts. 27das Leis nº 12.919/13 e Lei nº 13.080/15, que fixam o IPCA-E como índice de correção monetária”, razão por que entendoque o INPC/IBGE deve ser aplicado para atualização monetária das prestações vencidas em demandas previdenciárias, aopasso que o IPCA/IBGE deve incidir nas ações relacionadas às verbas devidas aos servidores públicos federais.

05. Apesar de a maioria dos integrantes das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo terposicionamento diverso, favorável à aplicação do art. 1º - F, da Lei n. 9.494/97, conforme alteração promovida pela Lei n.11.960/09, para atualização monetária e juros moratórios, entendo que não houve qualquer omissão no acórdão impugnadodigna de permitir o provimento dos presentes embargos. Embora o voto condutor não contenha menção explícita aojulgamento realizado pelo Supremo Tribunal Federal, em sessão do dia 25/03/2015, os magistrados da Segunda TurmaRecursal tinham ciência do seu conteúdo, o qual foi objeto de análise no acórdão ora recorrido. A divergência quanto àinterpretação da decisão proferida em questão de ordem, suscitada nas ADIs 4.357/DF e 4.425/DF, deu azo a convicçõesnão congruentes, o que causou resultados diferentes conforme o conjunto dos magistrados votantes em cada recurso.Contudo, tal disparidade não é hipótese legal para cabimento de embargos de declaração, por não se tratar de vício deomissão, contradição ou obscuridade interno à decisão judicial.

06. A divergência na interpretação da decisão tomada pelo Supremo, no julgamento da questão de ordem, não écapaz de viciar o acórdão, o que denota o mero caráter protelatório do recurso, interposto com a intenção de prevalecer oentendimento da autarquia a respeito da matéria. Diante disso, aplico multa equivalente a 1% (um por cento) do valor dacausa, consoante previsão normativa prevista no parágrafo único do art. 538 do Código de Processo Civil.

07. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

08. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

09. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

73 - 0101112-42.2013.4.02.5051/01 (2013.50.51.101112-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CARLOS HENRIQUE BAYERPAULO (ADVOGADO: ES016751 - Valber Cruz Cereza, ES017915 - Lauriane Real Cereza.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.).RECURSO Nº 0101112-42.2013.4.02.5051/01 (2013.50.51.101112-1/01)RECORRENTE: CARLOS HENRIQUE BAYER PAULORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. CARLOS HENRIQUE BAYER PAULO interpõe recurso inominado, às fls. 77/83, contra sentença proferida pelo MM. Juizdo Juizado Especial Federal de Cachoeiro de Itapemirim, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS aconceder o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez. A parte autora afirma que é portadorade doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou oconjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possível devido às suascondições de saúde e pessoais, as quais impossibilitam o desempenho da atividade de lavrador.

2. O INSS não ofereceu contrarrazões, conforme certidão de fl. 85

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. O recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo teria indeferido o requerimento de novaperícia médica com especialistas. Contudo, ressalto que o pedido de realização de nova perícia não veio acompanhado defundamentação idônea a demonstrar que a perícia realizada não esclareceu suficientemente a matéria, razão por que elenão deve ser acolhido em sede recursal (art. 437, do Código de Processo Civil). Ademais, da leitura das conclusões doperito judicial, não observo discrepância entre as doenças que ele diagnosticou na parte autora e aquelas enunciadas nosdocumentos que acompanharam a peça vestibular. Com efeito, a TNU tem orientação no sentido de que a perícia médica

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por especialista, como solicitada pela parte autora, somente tem cabimento na hipótese de doença ou quadro médicocomplexo, o que não se verifica no caso concreto, conforme conclusões do especialista nomeado (PEDILEF nº2008.72.51.003146-2/SC, Rel. Juíza Fed. Joana Carolina L. Pereira, julgado em 16/11/2009 e PEDILEF nº2008.72.51.001862-7/SC, Rel. Juíza Fed. Jacqueline Michels Bilhalva, julgado em 11/05/2010).

6. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

7. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

8. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 26/30)indicam que ela é acometida de espondiloartrose lombar e hérnia de disco lombar. De igual modo, nos atestados de fls.26/30, os médicos subscritores afirmaram que ela estaria incapacitada para o trabalho, sem indicar se de forma definitivaou temporária. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que o recorrente é portador delombalgia. Todavia, o perito destaca que o exame físico se encontra dentro da normalidade. Conclui que não háincapacidade laborativa para o trabalho de lavrador.

9. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pelo recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condiçõesdignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve seracompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos osrequisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados.

10. As condições pessoais do autor só teriam relevância se a perícia judicial tivesse constatado incapacidade parcial para otrabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática, descartada, paraefeito de converter auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Entretanto, não tendo sido confirmada nenhumalimitação funcional, o quadro social isoladamente considerado não basta para respaldar a concessão do auxílio-doença. Apropósito, destaco o teor do enunciado nº 77, da súmula da jurisprudência da TNU: “O julgador não é obrigado a analisar ascondições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual”.

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honorários advocatícios,tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

74 - 0100797-80.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.100797-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x ANTONIO EDITO GAVA (ADVOGADO: ES021038 -CARLOS BERKENBROCK, ES015426 - SAYLES RODRIGO SCHUTZ.).RECURSO Nº 0100797-80.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.100797-6/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ANTONIO EDITO GAVARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA. ÍNDICE PREVISTO NO ART. 1º-F DA LEI N. 9.494/97 COMA REDAÇÃO DADA PELA LEI N. 11.960/09. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL SOB A ÓTICA DA NECESSIDADE EDA SUCUMBÊNCIA. EMBARGOS NÃO CONHECIDOS.

O INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL interpõe recurso de Embargos de Declaração sob a alegação daexistência de omissão e contradição. Alega que a decisão colegiada adotou critérios de atualização monetária emcontrariedade ao resultado final do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal, em julgamento de questão de ordem,nas ADIs 4.357 e 4.425. Assevera que a decisão proferida pelo STF, em controle concentrado de constitucionalidade,possui eficácia para todos e efeito vinculante em relação à Administração e aos demais órgãos do Poder Judiciário. Requera aplicação do art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09.

02. Em análise aos autos, verifico que não há interesse de agir por parte da autarquia previdenciária em relação à

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impugnação do índice de correção monetária, porque o relator do acórdão, prolatado às fls. 162/165, teve o capítulo do seuvoto, referente aos critérios de atualização monetária, superado pelo entendimento majoritário favorável à aplicação daregra do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, de acordo com a alteração promovida pela Lei n. 11.960/09, consoante se extrai dacertidão de fl. 166, que assim dispõe: a 2ª Turma Recursal, por unanimidade, negou provimento ao recurso, nos termos dovoto/ementa do relator e; por maioria, vencido o relator, no que tange à correção monetária e juros de mora, adotando-secomo fundamento o julgamento do RE 856175/ES para determinar que a incidência da correção monetária e juros de morase dê pelo critério previsto no art. 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09. Nesses termos, mantém-seíntegra a sentença recorrida (art. 46, da Lei n. 9.099/95), a qual fixou os índices oficiais de remuneração básica e jurosaplicados à caderneta de poupança (art. 5º da Lei n. 11.960/09) para tal propósito.

03. O provimento jurisdicional pretendido pelo embargante já foi alcançado, o que denota a inutilidade dos embargosde declaração, uma vez que a atualização monetária e a incidência de juros moratórios seguem os critérios ora pleiteados.Dessa forma, por ausência de interesse recursal, não conheço o recurso interposto pelo INSS.

04. Diante da interposição manifestamente inócua dos embargos, em contrariedade ao conteúdo implícito dacertidão de julgamento, aplico multa equivalente a 1% (um por cento) do valor da causa, consoante previsão normativaprevista no parágrafo único do art. 538 do Código de Processo Civil.

05. Ante o exposto, deixo de conhecer os embargos de declaração, por ausência de interesse recursal.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

75 - 0104858-69.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.104858-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARLI DE AZEVEDOGABRET (ADVOGADO: ES009752 - ISRAEL GOMES VINAGRE.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: LUIZ CLÁUDIO SALDANHA SALES.).RECURSO Nº 0104858-69.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.104858-8/01)RECORRENTE: MARLI DE AZEVEDO GABRETRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. MARLI DE AZEVEDO GABRET interpõe recurso inominado, às fls. 114/120, contra sentença proferida pelo MM. Juiz doJuizado Especial Federal de Colatina, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder o benefíciode auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez. A parte autora afirma que é portadora de doençaincapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto dasprovas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possível devido às suas condições desaúde, as quais impossibilitam o desempenho da atividade de costureira.

2. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 123/124, nas quais requer o desprovimento do recurso. Reitera os termos daspetições apresentadas anteriormente, em especial a contestação.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo teria indeferido o requerimento de novaperícia médica com especialistas. Contudo, ressalto que o pedido de realização de nova perícia não veio acompanhado defundamentação idônea a demonstrar que a perícia realizada não esclareceu suficientemente a matéria, razão por que elenão deve ser acolhido em sede recursal (art. 437, do Código de Processo Civil). Com efeito, a TNU tem orientação nosentido de que a perícia médica por especialista, como solicitada pela parte autora, somente tem cabimento na hipótese dedoença ou quadro médico complexo, o que não se verifica no caso concreto, conforme conclusões do especialistanomeado (PEDILEF nº 2008.72.51.003146-2/SC, Rel. Juíza Fed. Joana Carolina L. Pereira, julgado em 16/11/2009 ePEDILEF nº 2008.72.51.001862-7/SC, Rel. Juíza Fed. Jacqueline Michels Bilhalva, julgado em 11/05/2010).

6. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

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7. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

8. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 56, 58,59, 63, 65, 66 e 73/82) indicam que ela é acometida de espondiloartrose lombar e discopatia degenerativa. De igual modo,nos atestados de fls. 56, 58, 59 e 66 os médicos subscritores afirmaram que ela estaria incapacitada para o trabalho, semindicar se de forma definitiva ou temporária. O médico responsável pelos atestados de folhas 65 e 68 indica necessidade derepouso por três e quatro meses. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que arecorrente não é portadora de doença incapacitante. O perito destaca que os exames realizados encontram-se dentro danormalidade. Conclui que não há incapacidade laborativa para o trabalho de costureira.

9. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condiçõesdignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve seracompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos osrequisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados.

10. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honorários advocatícios,tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

11. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

76 - 0000206-69.2012.4.02.5054/01 (2012.50.54.000206-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) NOEMI MARIANA PIMENTEL(ADVOGADO: ES019206 - DAIANY BIONDO, ES009746 - CHARLES WAGNER GREGÓRIO, ES007981 - VALERIAANGELA COLOMBI COGO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LUIZ CLÁUDIOSALDANHA SALES.).RECURSO Nº 0000206-69.2012.4.02.5054/01RECORRENTE: NOEMI MARIANA PIMENTELRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. NOEMI MARIANA PIMENTEL interpõe recurso inominado, às fls. 77/81, contra sentença proferida pelo MM. Juiz doJuizado Especial Federal de Colatina, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder o benefíciode auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez. A parte autora afirma que é portadora de doençaincapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto dasprovas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possível devido às suas condições desaúde, as quais impossibilitam o desempenho da atividade de faxineira.

2. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 89/90, nas quais requer o desprovimento do recurso. Reitera os termos daspetições anteriormente ofertadas, em especial a contestação.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

6. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

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7. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 5/9)indicam que ela foi submetida à gastroplastia no dia 10/08/2011, é acometida de depressão endógena, distúrbiocomportamental, obesidade, hipertensão arterial sistêmica. De igual modo, nos atestados de fls. 6, 8 e 9, os médicossubscritores afirmaram que ela estaria incapacitada para o trabalho, não indicando se de forma definitiva ou temporária. Porsua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que não é possível comprovar doença com basenos documentos apresentados e com o exame médico pericial realizado. Conclui que não há incapacidade laborativa para otrabalho de faxineira.

8. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente. Em consulta ao banco de dados do CNIS, constato que a autora teve administrativamente deferidoo benefício de auxílio-doença em 14/05/2015, com cessação prevista para 24/06/2015 (fl. 95). Contudo, não se mostrapossível concluir que a causa de tal benefício é a mesma declinada na petição inicial, sendo certo que doenças coronárias ede fundo psicológico, tal como a depressão endógena, podem ter períodos de controle maior, em que o paciente se mostreassintomático. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas detrabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhadapelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legaispara a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

9. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendoem vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

10. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

11. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

77 - 0000731-86.2014.4.02.5052/01 (2014.50.52.000731-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RAFAEL NOGUEIRA DE LUCENA.) x GERALDO DOS ANJOS CARVALHO(ADVOGADO: ES008817 - MARIA REGINA COUTO ULIANA.).RECURSO Nº 0000731-86.2014.4.02.5052/01 (2014.50.52.000731-7/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: GERALDO DOS ANJOS CARVALHORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA. ÍNDICE PREVISTO NO ART. 1º-F DA LEI N. 9.494/97 COMA REDAÇÃO DADA PELA LEI N. 11.960/09. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL SOB A ÓTICA DA NECESSIDADE EDA SUCUMBÊNCIA. EMBARGOS NÃO CONHECIDOS.

O INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL interpõe recurso de Embargos de Declaração sob a alegação daexistência de omissão e contradição. Alega que a decisão colegiada adotou critérios de atualização monetária emcontrariedade ao resultado final do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal, em julgamento de questão de ordem,nas ADIs 4.357 e 4.425. Assevera que a decisão proferida pelo STF, em controle concentrado de constitucionalidade,possui eficácia para todos e efeito vinculante em relação à Administração e aos demais órgãos do Poder Judiciário. Requera aplicação do art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09.

Em análise aos autos, verifico que não há interesse de agir por parte da autarquia previdenciária em relação à impugnaçãodo índice de correção monetária, porque o relator do acórdão, prolatado às fls. 99/100, teve o capítulo do seu voto,referente aos critérios de atualização monetária, superado pelo entendimento majoritário favorável à aplicação da regra doart. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, de acordo com a alteração promovida pela Lei n. 11.960/09, consoante se extrai da certidão defl. 101, que assim dispõe: a 2ª Turma Recursal, por unanimidade, negou provimento ao recurso, nos termos do voto/ementado relator e; por maioria, vencido o relator, no que tange à correção monetária e juros de mora, adotando-se comofundamento o julgamento do RE 856175/ES para determinar que a incidência da correção monetária e juros de mora se dêpelo critério previsto no art. 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09. Nesses termos, mantém-seíntegra a sentença recorrida (art. 46, da Lei n. 9.099/95), a qual fixou os índices oficiais de remuneração básica e jurosaplicados à caderneta de poupança (art. 5º da Lei n. 11.960/09) para tal propósito.

03. O provimento jurisdicional pretendido pelo embargante já foi alcançado, o que denota a inutilidade dos embargosde declaração, uma vez que a atualização monetária e a incidência de juros moratórios seguem os critérios ora pleiteados.Dessa forma, por ausência de interesse recursal, não conheço o recurso interposto pelo INSS.

04. Diante da interposição manifestamente inócua dos embargos, em contrariedade ao conteúdo implícito da

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certidão de julgamento, aplico multa equivalente a 1% (um por cento) do valor da causa, consoante previsão normativaprevista no parágrafo único do art. 538 do Código de Processo Civil.

05. Ante o exposto, deixo de conhecer os embargos de declaração, por ausência de interesse recursal.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

78 - 0002449-61.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002449-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.) x EDNA OLIVEIRA DOS REIS(ADVOGADO: ES013172 - RAMON FERREIRA COUTINHO PETRONETTO.).RECURSO Nº 0002449-61.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002449-4/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: EDNA OLIVEIRA DOS REISRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA. ÍNDICE PREVISTO NO ART. 1º-F DA LEI N. 9.494/97 COMA REDAÇÃO DADA PELA LEI N. 11.960/09. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL SOB A ÓTICA DA NECESSIDADE EDA SUCUMBÊNCIA. EMBARGOS NÃO CONHECIDOS.

O INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL interpõe recurso de Embargos de Declaração sob a alegação daexistência de omissão e contradição. Alega que a decisão colegiada adotou critérios de atualização monetária emcontrariedade ao resultado final do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal, em julgamento de questão de ordem,nas ADIs 4.357 e 4.425. Assevera que a decisão proferida pelo STF, em controle concentrado de constitucionalidade,possui eficácia para todos e efeito vinculante em relação à Administração e aos demais órgãos do Poder Judiciário. Requera aplicação do art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09.

Em análise aos autos, verifico que não há interesse de agir por parte da autarquia previdenciária em relação à impugnaçãodo índice de correção monetária, porque o relator do acórdão, prolatado às fls. 70/76, teve o capítulo do seu voto, referenteaos critérios de atualização monetária, superado pelo entendimento majoritário favorável à aplicação da regra do art. 1º-F,da Lei n. 9.494/97, de acordo com a alteração promovida pela Lei n. 11.960/09, consoante se extrai da certidão de fl. 77,que assim dispõe: a 2ª Turma Recursal, por unanimidade, negou provimento ao recurso, nos termos do voto/ementa dorelator. No que se refere ao critério de incidência de juros e correção monetária, o relator, que o alterava de ofício, restouvencido; a Turma, por maioria, deliberou manter o critério fixado na sentença. Nesses termos, mantém-se íntegra asentença recorrida (art. 46, da Lei n. 9.099/95), a qual fixou os índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados àcaderneta de poupança (art. 5º da Lei n. 11.960/09) para tal propósito.

03. O provimento jurisdicional pretendido pelo embargante já foi alcançado, o que denota a inutilidade dos embargosde declaração, uma vez que a atualização monetária e a incidência de juros moratórios seguem os critérios ora pleiteados.Dessa forma, por ausência de interesse recursal, não conheço o recurso interposto pelo INSS.

04. Diante da interposição manifestamente inócua dos embargos, em contrariedade ao conteúdo implícito dacertidão de julgamento, aplico multa equivalente a 1% (um por cento) do valor da causa, consoante previsão normativaprevista no parágrafo único do art. 538 do Código de Processo Civil.

05. Ante o exposto, deixo de conhecer os embargos de declaração, por ausência de interesse recursal.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

79 - 0106220-52.2013.4.02.5051/01 (2013.50.51.106220-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSÉ DELSON PRAVATO(ADVOGADO: ES006639 - ANTONIO JOSE PEREIRA DE SOUZA, ES011926 - CLEUSINEIA L. PINTO DA COSTA,ES019430 - PEDRO GERALDO FERREIRA DA COSTA, ES019936 - ANDRÉ TRANCOSO DE SOUZA, ES021302 -VALÉRIA DALBÓ.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JULIANA BARBOSAANTUNES.).

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RECURSO Nº 0106220-52.2013.4.02.5051/01 (2013.50.51.106220-7/01)RECORRENTE: JOSÉ DELSON PRAVATORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. JOSÉ DELSON PRAVATO interpõe recurso inominado, às fls. 138/150, contra sentença proferida pelo MM. Juiz doJuizado Especial Federal de Cachoeiro de Itapemirim, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS aconceder o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez. A parte autora afirma que é portadorade doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou oconjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possível devido às suascondições de saúde, as quais impossibilitam o desempenho da atividade de porteiro.

2. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 152/155, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente, conforme conclusões jáapresentadas pelo médico perito da autarquia.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

6. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

7. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 22/27)indicam que ela é acometida de insuficiência segmentar de safena interna com junção safeno femoral competente; sinaisde tromboflebite antiga na safena interna; insuficiência segmentar de safena externa com junção safeno poplíteocompetente, refluxo nas veias fibulares e tibiais posteriores. Ademais, indicam que o paciente é portador de distúrbiospsiquiátricos de longa data. De igual modo, no atestado de fl. 23, o médico subscritor afirmou que ela estaria incapacitadapara o trabalho por tempo indeterminado. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que orecorrente apresenta histórico de trombose. Destaca-se que o periciado apresentou leve edema em membros inferiores,sem sinais de erisipela e ausência de dor a palpação. Conclui que não há incapacidade laborativa para o trabalho deporteiro.

8. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pelo recorrente. A objetividade das respostas apresentadas pelo especialista nomeado não torna a perícia nula,pois ofertado esclarecimento suficiente para a formação da convicção do julgador sobre a aptidão da parte autora para otrabalho. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

9. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendoem vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

10. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

11. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

80 - 0000770-48.2012.4.02.5054/01 (2012.50.54.000770-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SUERLI CRISTINABERNARDONE OTACÍLIO (ADVOGADO: ES019206 - DAIANY BIONDO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL- INSS (PROCDOR: LUIZ CLÁUDIO SALDANHA SALES.).

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RECURSO Nº 0000770-48.2012.4.02.5054/01 (2012.50.54.000770-3/01)RECORRENTE: SUERLI CRISTINA BERNARDONE OTACÍLIORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. SUERLI CRISTINA BERNARDONE OTACÍLIO interpõe recurso inominado, às fls. 118/121, contra sentença proferidapelo MM. Juiz do Juizado Especial Federal de Colatina, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS aconceder o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez. A parte autora afirma que é portadorade doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou oconjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possível devido às suascondições de saúde, as quais impossibilitam o desempenho da atividade de auxiliar de limpeza.

2. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 124/125, nas quais requer o desprovimento do recurso. Reitera os termos daspetições anteriormente ofertadas, em especial a contestação.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

6. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

7. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 7/12 e22/23) indicam que ela é acometida de insuficiência cardíaca e valvulopatia. De igual modo, nos atestados de fls. 7/12 e22/23, os médicos subscritores afirmaram que ela estaria incapacitada para o trabalho, sem indicar se de forma definitivaou temporária. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que a recorrente, nascida em03/11/1983, é portadora de valvulopatia reumática em mitral, tratada com troca valvar. Conclui que não há incapacidadelaborativa para o trabalho de auxiliar de limpeza.

8. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condiçõesdignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve seracompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos osrequisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados.

9. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendoem vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

10. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

11. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

81 - 0102307-31.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.102307-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.) x ALDINO COFFER (ADVOGADO:SC015426 - SAYLES RODRIGO SCHUTZ, ES021038 - CARLOS BERKENBROCK.).RECURSO Nº 0102307-31.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.102307-6/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ALDINO COFFERRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

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EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA. ÍNDICE PREVISTO NO ART. 1º-F DA LEI N. 9.494/97 COMA REDAÇÃO DADA PELA LEI N. 11.960/09. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL SOB A ÓTICA DA NECESSIDADE EDA SUCUMBÊNCIA. EMBARGOS NÃO CONHECIDOS.

O INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL interpõe recurso de Embargos de Declaração sob a alegação daexistência de omissão e contradição. Alega que a decisão colegiada adotou critérios de atualização monetária emcontrariedade ao resultado final do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal, em julgamento de questão de ordem,nas ADIs 4.357 e 4.425. Assevera que a decisão proferida pelo STF, em controle concentrado de constitucionalidade,possui eficácia para todos e efeito vinculante em relação à Administração e aos demais órgãos do Poder Judiciário. Requera aplicação do art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09.

Em análise aos autos, verifico que não há interesse de agir por parte da autarquia previdenciária em relação à impugnaçãodo índice de correção monetária, porque o relator do acórdão, prolatado às fls. 117/120, teve o capítulo do seu voto,referente aos critérios de atualização monetária, superado pelo entendimento majoritário favorável à aplicação da regra doart. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, de acordo com a alteração promovida pela Lei n. 11.960/09, consoante se extrai da certidão defl. 121, que assim dispõe: a 2ª Turma Recursal, por unanimidade, negou provimento ao recurso, nos termos do voto/ementado relator e; por maioria, vencido o relator, no que tange à correção monetária e juros de mora, adotando-se comofundamento o julgamento do RE 856175/ES para determinar que a incidência da correção monetária e juros de mora se dêpelo critério previsto no art. 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09. Nesses termos, mantém-seíntegra a sentença recorrida (art. 46, da Lei n. 9.099/95), a qual fixou os índices oficiais de remuneração básica e jurosaplicados à caderneta de poupança (art. 5º da Lei n. 11.960/09) para tal propósito.

03. O provimento jurisdicional pretendido pelo embargante já foi alcançado, o que denota a inutilidade dos embargosde declaração, uma vez que a atualização monetária e a incidência de juros moratórios seguem os critérios ora pleiteados.Dessa forma, por ausência de interesse recursal, não conheço o recurso interposto pelo INSS.

04. Diante da interposição manifestamente inócua dos embargos, em contrariedade ao conteúdo implícito dacertidão de julgamento, aplico multa equivalente a 1% (um por cento) do valor da causa, consoante previsão normativaprevista no parágrafo único do art. 538 do Código de Processo Civil.

05. Ante o exposto, deixo de conhecer os embargos de declaração, por ausência de interesse recursal.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

82 - 0000597-21.2012.4.02.5055/01 (2012.50.55.000597-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VALDENIR RIBEIRO ROCHA(ADVOGADO: ES017552 - MARCELO NUNES DA SILVEIRA, ES015788 - JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO COSTA BUARQUE.).RECURSO Nº 0000597-21.2012.4.02.5055/01 (2012.50.55.000597-1/01)RECORRENTE: VALDENIR RIBEIRO ROCHARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. VALDENIR RIBEIRO ROCHA interpõe recurso inominado, às fls. 237/245, contra sentença proferida pelo MM. Juiz doJuizado Especial Federal de Serra, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder o benefício deauxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez. A parte autora afirma que é portadora de doença incapacitantepara o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadasaos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possível devido às suas condições de saúde e pessoais, asquais impossibilitam o desempenho da atividade de porteiro/segurança patrimonial.

2. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 250/251, nas quais requer o desprovimento do recurso.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:

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a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

6. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

7. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pelo autor (fls. 10/26)indicam que o paciente iniciou o quadro álgico na região lombo-sacra no início de 2007 após ter sido alvejado por projétil dearma de fogo durante sua atividade de trabalho anterior. Ademais, sofreu lesão no jejuno com cólon descendente,apresenta sequela neurológica de trauma lombar e espondiloartrose. De igual modo, nos atestados de fls. 10, 11/12, 14/15o médico subscritor afirmou que ele estaria incapacitado para o trabalho de forma definitiva. Por sua vez, no laudo redigidopela perita nomeada judicialmente, afirma-se que o recorrente apresenta protusão discal de L2 a L3. Todavia, tal lesão nãoimpede que o autor realize as suas atividades de forma adequada. Conclui que não há incapacidade laborativa para otrabalho de porteiro/segurança patrimonial.

8. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pelo recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condiçõesdignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve seracompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos osrequisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados. Ademais, conforme consulta ao banco de dados do CNIS, o recorrente teve vínculosempregatícios após o sinistro que teria dado origem à incapacidade alegada (fl. 257).

9. As condições pessoais do autor só teriam relevância se a perícia judicial tivesse constatado incapacidade parcial para otrabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática, descartada, paraefeito de converter auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Entretanto, não tendo sido confirmada nenhumalimitação funcional, o quadro social isoladamente considerado não basta para respaldar a concessão do auxílio-doença. Apropósito, destaco o teor do enunciado nº 77, da súmula da jurisprudência da TNU: “O julgador não é obrigado a analisar ascondições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual”.

10. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honorários advocatícios,tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

11. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

83 - 0006769-91.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.006769-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSEMARO DE JESUSSILVA (ADVOGADO: ES016520 - NATANAEL REZENDE BATISTA, ES016533 - ENEIAS DO NASCIMENTO BATISTA.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.).RECURSO Nº 0006769-91.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.006769-5/01)RECORRENTE: JOSEMARO DE JESUS SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA. ÍNDICE PREVISTO NO ART. 1º-F DA LEI N. 9.494/97 COMA REDAÇÃO DADA PELA LEI N. 11.960/09. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL SOB A ÓTICA DA NECESSIDADE EDA SUCUMBÊNCIA. EMBARGOS NÃO CONHECIDOS.

O INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL interpõe recurso de Embargos de Declaração sob a alegação daexistência de omissão e contradição. Alega que a decisão colegiada adotou critérios de atualização monetária emcontrariedade ao resultado final do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal, em julgamento de questão de ordem,nas ADIs 4.357 e 4.425. Assevera que a decisão proferida pelo STF, em controle concentrado de constitucionalidade,possui eficácia para todos e efeito vinculante em relação à Administração e aos demais órgãos do Poder Judiciário. Requera aplicação do art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09.

Em análise aos autos, verifico que não há interesse de agir por parte da autarquia previdenciária em relação à impugnaçãodo índice de correção monetária, porque o relator do acórdão, prolatado às fls. 109/114, teve o capítulo do seu voto,referente aos critérios de atualização monetária, superado pelo entendimento majoritário favorável à aplicação da regra do

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art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, de acordo com a alteração promovida pela Lei n. 11.960/09, consoante se extrai da certidão defl. 115, que assim dispõe: a 2ª Turma Recursal, por unanimidade, negou provimento ao recurso, nos termos do voto/ementado relator. No que se refere ao critério de incidência de juros e correção monetária, o relator, que o alterava de ofício, restouvencido; a Turma, por maioria, deliberou manter o critério fixado na sentença. Nesses termos, mantém-se íntegra asentença recorrida (art. 46, da Lei n. 9.099/95), a qual fixou os índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados àcaderneta de poupança (art. 5º da Lei n. 11.960/09) para tal propósito.

03. O provimento jurisdicional pretendido pelo embargante já foi alcançado, o que denota a inutilidade dos embargosde declaração, uma vez que a atualização monetária e a incidência de juros moratórios seguem os critérios ora pleiteados.Dessa forma, por ausência de interesse recursal, não conheço o recurso interposto pelo INSS.

04. Diante da interposição manifestamente inócua dos embargos, em contrariedade ao conteúdo implícito dacertidão de julgamento, aplico multa equivalente a 1% (um por cento) do valor da causa, consoante previsão normativaprevista no parágrafo único do art. 538 do Código de Processo Civil.

05. Ante o exposto, deixo de conhecer os embargos de declaração, por ausência de interesse recursal.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

84 - 0000302-22.2014.4.02.5052/01 (2014.50.52.000302-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANGELA MARIA ROCHASOUZA (ADVOGADO: ES017116 - GERALDO PEREIRA FUNDÃO DOS SANTOS, ES015618 - MARIA DE LOURDESCOIMBRA DE MACEDO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JULIANA BARBOSAANTUNES.).RECURSO Nº 0000302-22.2014.4.02.5052/01 (2014.50.52.000302-6/01)RECORRENTE: ANGELA MARIA ROCHA SOUZARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. ANGELA MARIA ROCHA SOUZA interpõe recurso inominado, às fls. 61/63, contra sentença proferida pelo MM. Juiz doJuizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder obenefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez. A parte autora afirma que é portadora de doençaincapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto dasprovas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possível devido às suas condições desaúde, as quais impossibilitam o desempenho da atividade de acompanhante de transporte escolar.

2. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 67/69, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudo emitidopor perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral da recorrente, conforme conclusões já apresentadas pelomédico perito da autarquia.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. Ressalto, inicialmente, que o pedido de realização de nova perícia não veio acompanhado de fundamentação idônea ademonstrar que a perícia realizada não esclareceu suficientemente a matéria, razão por que ele não deve ser acolhido emsede recursal (art. 437, do Código de Processo Civil). Ademais, da leitura das conclusões do perito judicial, não observodiscrepância entre as doenças que ele diagnosticou na parte autora e aquelas enunciadas nos documentos queacompanharam a peça vestibular.

6. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

7. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,

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caput, da Lei n. 8.213/91).

8. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 26/29)indicam que ela é acometida de bursite e lesão de tendão supra-espinhal. De igual modo, nos atestados de fls. 26, 27, 28 e29 os médicos subscritores afirmaram que ela estaria incapacitada para o trabalho de forma temporária, apontando,respectivamente, os períodos de 120 dias, 90 dias, 3 meses e 6 meses. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeadojudicialmente, afirma-se que a recorrente foi operada em decorrência de lesões degenerativas do ombro direito e obtevebons resultados. Ademais, a autora apresenta boa mobilidade no ombro direito e pode manter sua atividade laboral habitual.Conclui que não há incapacidade laborativa para o trabalho de acompanhante de transporte escolar.

9. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condiçõesdignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve seracompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos osrequisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados. Ademais, conforme consulta ao banco de dados do CNIS, a recorrente teve vínculosempregatícios a suposta data de início da inaptidão para o trabalho, o que infirma a alegada incapacidade laboral.

10. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honorários advocatícios,tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

11. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

85 - 0000571-06.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000571-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: OLÍVIA BRAZ VIEIRA DE MELO.) x MARIA DA PENHA GALDINO (ADVOGADO:RJ159451 - Priscilla Dutra Almeida, ES015715 - Rafael Antônio Freitas.).RECURSO Nº 0000571-06.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000571-9/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MARIA DA PENHA GALDINORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA. ÍNDICE PREVISTO NO ART. 1º-F DA LEI N. 9.494/97 COMA REDAÇÃO DADA PELA LEI N. 11.960/09. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL SOB A ÓTICA DA NECESSIDADE EDA SUCUMBÊNCIA. EMBARGOS NÃO CONHECIDOS.

O INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL interpõe recurso de Embargos de Declaração sob a alegação daexistência de omissão e contradição. Alega que a decisão colegiada adotou critérios de atualização monetária emcontrariedade ao resultado final do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal, em julgamento de questão de ordem,nas ADIs 4.357 e 4.425. Assevera que a decisão proferida pelo STF, em controle concentrado de constitucionalidade,possui eficácia para todos e efeito vinculante em relação à Administração e aos demais órgãos do Poder Judiciário. Requera aplicação do art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09.

Em análise aos autos, verifico que não há interesse de agir por parte da autarquia previdenciária em relação à impugnaçãodo índice de correção monetária, porque o relator do acórdão, prolatado às fls. 143/151, teve o capítulo do seu voto,referente aos critérios de atualização monetária, superado pelo entendimento majoritário favorável à aplicação da regra doart. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, de acordo com a alteração promovida pela Lei n. 11.960/09, consoante se extrai da certidão defl. 152, que assim dispõe: a 2ª Turma Recursal, por unanimidade, negou provimento ao recurso, nos termos do voto/ementado relator. No que se refere ao critério de incidência de juros e correção monetária, o relator, que o alterava de ofício, restouvencido; a Turma, por maioria, deliberou manter o critério fixado na sentença. Nesses termos, mantém-se íntegra asentença recorrida (art. 46, da Lei n. 9.099/95), a qual fixou os índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados àcaderneta de poupança (art. 5º da Lei n. 11.960/09) para tal propósito.

03. O provimento jurisdicional pretendido pelo embargante já foi alcançado, o que denota a inutilidade dos embargosde declaração, uma vez que a atualização monetária e a incidência de juros moratórios seguem os critérios ora pleiteados.Dessa forma, por ausência de interesse recursal, não conheço o recurso interposto pelo INSS.

04. Diante da interposição manifestamente inócua dos embargos, em contrariedade ao conteúdo implícito dacertidão de julgamento, aplico multa equivalente a 1% (um por cento) do valor da causa, consoante previsão normativaprevista no parágrafo único do art. 538 do Código de Processo Civil.

Page 120: ÍNDICE DE PESQUISA DA 2ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · Boletim 2015.000066 DIRETOR(a) DE SECRETARIA LILIA COELHO DE CARVALHO MAT. 10061 Expediente do dia 01/07/2015 ... técnico

05. Ante o exposto, deixo de conhecer os embargos de declaração, por ausência de interesse recursal.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

86 - 0000289-23.2014.4.02.5052/01 (2014.50.52.000289-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EDIANA DA CONCEICAO DESOUZA (ADVOGADO: ES008522 - EDGARD VALLE DE SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: RAFAEL NOGUEIRA DE LUCENA.).RECURSO Nº 0000289-23.2014.4.02.5052/01 (2014.50.52.000289-7/01)RECORRENTE: EDIANA DA CONCEICAO DE SOUZARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO PARA CIÊNCIAE MANIFESTAÇÃO ACERCA DO LAUDO PERICIAL. OMISSÃO SOBRE ENFERMIDADES RELEVANTES QUEACOMETEM A RECORRENTE. NULIDADE DA SENTENÇA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E PROVIDO.

1. EDIANA DA CONCEIÇÃO DE SOUZA interpõe recurso inominado, às fls. 54/56, contra sentença proferida pelo MM. Juizdo Juizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder obenefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez. A parte autora alega ofensa ao princípio docontraditório, ante a ausência de intimação para manifestação sobre o laudo pericial. Ademais, afirma que é portadora dedoença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjuntodas provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possível devido às suas condições desaúde, as quais impossibilitam o desempenho da atividade de cuidadora de idosos.

2. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 64/67, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudo emitidopor perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral da recorrente, conforme conclusões já apresentadas pelomédico perito do INSS.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.

6. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

7. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 13 e15/16, 18) indicam que ela é acometida de artrose de coluna lombar e lombociatalgia crônica devido à hérnia de discolombar. De igual modo, nos atestados de fls. 15, 16 e 18 os médicos subscritores afirmaram que ela estaria incapacitadapara o trabalho por tempo indeterminado. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que arecorrente é portadora de processo degenerativo da coluna lombar sem sinais de compressão nervosa no exame clínico oude ressonância. Ademais, relata que a autora apresentou queixa de dor no joelho esquerdo, tendo mobilidade normal, seminstabilidade. Conclui que não há incapacidade laborativa para o trabalho de cuidadora de idosos.

8. Em análise da alegada nulidade da sentença, observo que a parte autora é representada por advogados regularmenteconstituídos desde o ajuizamento da ação. Compulsando os autos, verifico que a demandante não foi intimada para semanifestar sobre o laudo pericial de fls. 28/31.

9. No que concerne à ausência de intimação sobre o laudo pericial, verifico que assiste razão à recorrente. A par dasconsiderações doutrinárias acerca do princípio do contraditório, saliento que o Supremo Tribunal Federal, em julgamento doMS 25.787 (Pleno, DJ 14.09.2007), bem demarcou o seu conteúdo, ao ser destacado, no voto condutor do Min. GilmarMendes que: “(...) a pretensão à tutela jurídica, que corresponde exatamente à garantia consagrada no art. 5o, LV, daConstituição, contém os seguintes direitos: 1) direito de informação (...), que obriga o órgão julgador a informar à partecontrária dos atos praticados no processo e sobre os elementos dele constantes; 2) direito de manifestação (...), que

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assegura ao defendente a possibilidade de manifestar-se oralmente ou por escrito sobre os elementos fáticos e jurídicosconstantes do processo; 3) direito de ver seus argumentos considerados (...), que exige do julgador capacidade, apreensãoe isenção de ânimo (...) para contemplar as razões apresentadas.”

10. Desse modo, sublinho que a falta de intimação da autora, por intermédio de seus patronos constituídos, para que semanifestasse sobre o conteúdo do laudo pericial acarretou efetiva infração ao contraditório e ao devido processo legal, porsuprimir a possibilidade de impugnação ao laudo e de discussão acerca das conclusões obtidas pelo perito nomeado peloJuízo. Sendo certo que o julgamento de improcedência do pedido baseou-se nas avaliações da perita judicial, restademonstrado que a prova teve interferência direta na formação da convicção do magistrado sentenciante, o que por sidenota o prejuízo sofrido pela autora.

11. Logo, verificado o cerceamento de defesa da recorrente, resta configurada a nulidadeda sentença.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para que seja declarada a nulidade da sentença de fls. 49/50,para determinar o retorno dos autos à origem, a fim de que o perito seja intimado para oferecer resposta aos quesitos defls. 26/27, com intimação das partes para ciência e manifestação, e posterior prolação de nova sentença. Sem custas ehonorários advocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

87 - 0000325-04.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000325-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.) x JARBAS ROQUE PEREIRA DAS POSSES(ADVOGADO: ES015283 - WANESSA ALDRIGUES CANDIDO.).RECURSO Nº 0000325-04.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000325-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: JARBAS ROQUE PEREIRA DAS POSSESRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.JARBAS ROQUE PEREIRA DAS POSSES interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 198/199, contra acórdãoproferido às fls. 193/195, que declarou a decadência ao direito de revisão da renda mensal do benefício previdenciário, aoargumento da existência de contradição. Para tanto, sustenta que a aposentadoria por tempo de contribuição foi requeridaem 13/05/1998, mas deferida somente em 24/03/1999. Aduz, ainda, que o mencionado benefício foi revisado no ano de2000 e a presente ação ajuizada no ano de 2010, dentro do interregno previsto para revisão do ato administrativo.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Em análise da contradição alegada pela parte autora, destaco que a contradição é vício a ser corrigido pelosembargos de declaração caso no julgado existam “proposições entre si inconciliáveis” (José Carlos Barbosa Moreira.Comentários ao Código de Processo Civil. Vol. V. 9ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001, p. 548). No acórdão recorrido, nãoidentifico a existência de premissas contraditórias entre si, ou conclusões que divirjam da fundamentação expendida. Nãohá qualquer contradição ao se reconhecer a decadência ao direito de revisão da renda mensal do benefício previdenciário,com DIB em 13/05/1998 (fl. 9), ainda que o benefício tenha sido concedido em 1999 (fl. 109), uma vez que a ação foiajuizada em 03/05/2010. A revisão do benefício realizada no ano de 2000 (fls. 131/133) não teve o condão de suspender,tampouco interromper o prazo decadencial (art. 207 do Código Civil). Com efeito, o pedido do autor, tal como declinado napetição inicial, não visa à declaração de nulidade de ato administrativo praticado por ocasião da revisão do benefícioocorrida em 2000, mas à revisão da renda mensal inicial, por meio do cômputo de tempo de contribuição, referente atrabalho prestado em condições de nocividade, consoante provas já existentes no momento de sua aposentadoria.

04. Outrossim, verifico que a pretensão manifestada pela parte embargante não se conforma à via estreita dosdeclaratórios. É que os embargos de declaração constituem recurso de integração, e não de revisão, cuja fundamentaçãoestá estritamente vinculada às hipóteses enunciadas nos artigos 535, do Código de Processo Civil, e 48, da Lei n. 9.099/95.Restam incabíveis, portanto, na via eleita, a rediscussão da matéria já debatida e decidida, e a reapreciação dos elementosde prova já valorados.

05. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

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07. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

88 - 0001364-71.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.001364-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) PEDRO ANTÔNIO PEREIRA(ADVOGADO: MG088808 - EDSON ROBERTO SIQUEIRA JUNIOR.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.).RECURSO Nº 0001364-71.2012.4.02.5051/01RECORRENTE: PEDRO ANTÔNIO PEREIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. PEDRO ANTÔNIO PEREIRA interpõe recurso inominado, às fls. 100/103, contra sentença proferida pelo MM. Juiz doJuizado Especial Federal de Cachoeiro de Itapemirim, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS arestabelecer o benefício de aposentadoria por invalidez ou, sucessivamente, conceder o benefício de auxílio-doença. Aparte autora afirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento deimprocedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissionalnão é possível devido às suas condições de saúde, as quais impossibilitam o desempenho da atividade de lavrador.

2. O INSS não ofereceu contrarrazões, conforme certidão de fl. 105.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. O recorrente pede, alternativamente e para evitar a anulação da sentença, que se produza prova pericial indireta combase no princípio da celeridade e informalidade. Não sendo isso possível, alega que a sentença deve ser declarada nula,porque o Juízo a quo teria indeferido o requerimento de nova perícia médica com especialistas. Contudo, ressalto que opedido de realização de nova perícia não veio acompanhado de fundamentação idônea a demonstrar que a períciarealizada não esclareceu suficientemente a matéria, razão por que ele não deve ser acolhido em sede recursal (art. 437, doCódigo de Processo Civil). Ademais, da leitura das conclusões do perito judicial, não observo discrepância entre as doençasque ele diagnosticou na parte autora e aquelas enunciadas nos documentos que acompanharam a peça vestibular. Comefeito, a TNU tem orientação no sentido de que a perícia médica por especialista, como solicitada pela parte autora,somente tem cabimento na hipótese de doença ou quadro médico complexo, o que não se verifica no caso concreto,conforme conclusões do especialista nomeado (PEDILEF nº 2008.72.51.003146-2/SC, Rel. Juíza Fed. Joana Carolina L.Pereira, julgado em 16/11/2009 e PEDILEF nº 2008.72.51.001862-7/SC, Rel. Juíza Fed. Jacqueline Michels Bilhalva,julgado em 11/05/2010).

6. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

7. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

8. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 56 e57) indicam que ela é coronariopata com IAM anterior e realizou o implante de stent na descendente anterior com sucesso.De igual modo, nos atestados de fls. 56 e 57, os médicos subscritores afirmaram que ela estaria incapacitada para otrabalho, sem indicar se de forma definitiva ou temporária. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeadojudicialmente, afirma-se que o recorrente é portador de cardiopatia isquêmica e fora submetido à angioplastia com sucesso.Todavia, com base na análise de laudos apensos e em exame clínico, observou-se que o aparelho cardiovascularapresenta funcionamento regular e que o recorrente não apresenta alienação mental. Conclui que não há incapacidadelaborativa para o trabalho de lavrador.

9. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pelo recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condiçõesdignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser

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acompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos osrequisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados.

10. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honorários advocatícios,tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

11. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

89 - 0001396-45.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001396-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x JOSÉ ALVES DOS SANTOS(ADVOGADO: ES016487 - ROQUE FELIX NICCHIO, ES016179 - FLAVIO DE ASSIS NICCHIO.).RECURSO Nº 0001396-45.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001396-4/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: JOSÉ ALVES DOS SANTOSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC. RECURSOCONHECIDO E DESPROVIDO.

INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 126/132, contra acórdão proferido às fls. 119/122 que negouprovimento ao recurso inominado interposto pela autarquia e manteve a sua condenação ao pagamento de indenização pordanos morais, ao argumento de omissão e contradição. Para tanto, sustenta que o INSS pode rever a concessão debenefício quando detectar, por perícia médica administrativa, que o segurado readquiriu a capacidade laborativa, mesmoque haja ação judicial em curso. Aduz que o acórdão embargado teria se omitido quanto à verificação da prova dossupostos danos morais sofridos pela parte autora.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso deEmbargos de Declaração, novo julgamento da motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamentoesposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutirquestão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Em análise da contradição alegada, destaco que ela é vício a ser corrigido pelos embargos de declaração casono julgado existam “proposições entre si inconciliáveis” (José Carlos Barbosa Moreira. Comentários ao Código de ProcessoCivil. Vol. V. 9ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001, p. 548). No acórdão recorrido, não identifico a existência de premissascontraditórias entre si, ou conclusões que divirjam da fundamentação expendida. Com efeito, o acórdão é explicito aofundamentar que indeferimento do benefício previdenciário é causa para o pagamento de indenização por danos morais seo ato administrativo se baseou em ilegalidade manifesta ou exercício abusivo do poder de controle da Administração

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Pública, que pudesse gerar transtorno psicológico excepcional característico ao dano extrapatrimonial (arts. 186 e 187, doCódigo Civil, art. 37, §6º, da Constituição da República de 1988). Ressaltou, que na hipótese, o indeferimento do benefíciodivergiu da fundamentação apresentada pelo médico perito da autarquia ao examinar a parte autora, o que constituiriamanifesta ilegalidade, por vício de motivo do ato administrativo, a ensejar a manutenção da condenação ao pagamento deindenização por danos morais.

05. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

90 - 0000138-88.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.000138-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CLARINDO FANTIN(ADVOGADO: ES014617 - RODRIGO CAMPANA FIOROT.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: THIAGO COSTA BOLZANI.).RECURSO Nº 0000138-88.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.000138-1/01)RECORRENTE: CLARINDO FANTINRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC. RECURSOCONHECIDO E DESPROVIDO.

INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 92/98, contra acórdão proferido às fls. 87/89 que deu parcialprovimento ao recurso inominado interposto pela parte autora e condenou a autarquia a restabelecer o benefício deauxílio-doença desde a data da sua cessação até a data em que fora implantado novo benefício de auxílio-doença. Paratanto, sustenta que não houve manifestação acerca da causa para a concessão do novo benefício. Aduz que a causa deconcessão do benefício restabelecido, cardiomiopatia dilatada, é distinta da causa de concessão do benefício atual, câncerde próstata e que a causa de pedir da inicial não contém o câncer de próstata como fundamento dos pedidos.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso deEmbargos de Declaração, novo julgamento da causa motivado pela irresignação de uma das partes em face doposicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração não é cabível o empréstimo de efeitos infringentespara rediscutir questão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. JorgeScartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. O acórdão ressaltou que a análise conjunta dos documentos carreados aos autos resultou na conclusão de queinexistia prova de que o autor tivesse recuperado sua aptidão para seu trabalho habitual, com o controle dos episódios dehemorragia (item 5). O deferimento de novo benefício de auxílio-doença apenas corroborou a alegação de permanência daincapacidade, independentemente da doença que se manifestava com maior intensidade na concessão do benefício, dada

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a persistência da inaptidão para o trabalho.

05. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

91 - 0106143-81.2013.4.02.5006/01 (2013.50.06.106143-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ROBERTO SANTOSPIMENTEL (ADVOGADO: ES018446 - GERALDO BENICIO, ES017409 - RAFAELLA CHRISTINA BENÍCIO, ES019803 -LARISSA CRISTIANI BENÍCIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTESANTIAGO JUNQUEIRA.).RECURSO Nº 0106143-81.2013.4.02.500601RECORRENTE: ROBERTO SANTOS PIMENTELRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. ROBERTO SANTOS PIMENTEL interpõe recurso inominado, às fls. 148/154, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do1° Juizado Especial Federal de Serra, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder o benefíciode auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez. A parte autora afirma que é portadora de doençaincapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto dasprovas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possível devido às suas condições desaúde, as quais impossibilitam o desempenho da atividade de desenhista de tubulação.

2. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 158/159, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente, conforme conclusões jáapresentadas pelo médico perito da autarquia.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

6. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

7. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 35, 37,38, 69 e 70) indicam que ela foi submetida à osteotomia de joelho direito, artroscopia em joelho esquerdo e à reconstruçãode ligamento cruzado anterior em joelho direito, com boa evolução. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeadojudicialmente, afirma-se que o recorrente é portador de artrose do joelho direito, já tendo realizado cirurgia de reconstruçãoligamentar e osteotomia corretiva. Aduz que o recorrente tem mobilidade quase completa do joelho direito com crepitaçãodiscreta. Ressalta que a atividade realizada pelo recorrente não necessita de esforço físico. Conclui que não háincapacidade laborativa para o trabalho de desenhista de tubulação.

8. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pelo recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condiçõesdignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve seracompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos osrequisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados.

9. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendoem vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

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10. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

11. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

92 - 0000933-94.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.000933-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DINAH SANTANA DEOLIVEIRA PINTO (ADVOGADO: ES014388 - OZIEL NOGUEIRA ALMEIDA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.).RECURSO Nº 0000933-94.2013.4.02.5053/01RECORRENTE: DINAH SANTANA DE OLIVEIRA PINTORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. DINAH SANTANA DE OLIVEIRA PINTO interpõe recurso inominado, às fls. 62/66, contra sentença proferida pelo MM.Juiz do Juizado Especial Federal de Linhares, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder obenefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez. A parte autora afirma que é portadora de doençaincapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto dasprovas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possível devido às suas condições desaúde, as quais impossibilitam o desempenho da atividade de professora.

2. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 67/69, nas quais requer o desprovimento do recurso. Reporta-se aos argumentoslançados na contestação.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

6. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

7. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 17/25)indicam que ela é portadora de síndrome do túnel do carpo; tendinopatia bilateral do manguito e tendinite calcária no ombro.De igual modo, nos atestados de fls. 21 e 22, os médicos subscritores afirmaram que ela estaria incapacitada para otrabalho de forma temporária pelo período de 90 dias. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente,afirma-se que a recorrente é portadora de síndrome do impacto em ambos os ombros e síndrome do túnel do carpo emambos os punhos. Destaca que não é possível afirmar relação nexo-causal com o trabalho e que a incapacidade durousomente no período de convalescência após a cirurgia dos punhos. Ademais, a periciada respondeu positivamente aosexames realizados nas mãos, punhos e ombros. Conclui que não há incapacidade laborativa para o trabalho de professora.

8. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e pode embasar a convicção do magistrado.Sublinho que a concessão de licença médica, pelo empregador da autora não é, por si, fato capaz de superar asconclusões firmadas pelo conhecimento técnico do perito judicial. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Socialpressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho,temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência dotrabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderáadotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dos segurados.

9. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendoem vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

10. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

11. É como voto.

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(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

93 - 0002383-81.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002383-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO COSTA BOLZANI.) x PEDRO HENRIQUE DEODATO PEREIRA(ADVOGADO: MG120179 - ALVIMAR CARDOSO RAMOS.).RECURSO Nº 0002383-81.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002383-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: PEDRO HENRIQUE DEODATO PEREIRARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC. RECURSOCONHECIDO E DESPROVIDO.

INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 131/135, contra acórdão proferido às fls. 121/125 que negouprovimento ao recurso inominado por ele interposto e manteve a sentença que julgou procedente o pedido de concessão deauxílio-reclusão, ao argumento de omissão e contradição. Para tanto, sustenta que não houve manifestação acerca dahabitualidade no pagamento das horas extras. Aduz que a remuneração de dezembro não abrangeu a totalidade dos dias,pois o segurado foi preso em 24/12/2011.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso deEmbargos de Declaração, novo julgamento da causa motivado pela irresignação de uma das partes em face doposicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração não é cabível o empréstimo de efeitos infringentespara rediscutir questão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. JorgeScartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. No acórdão, analisou-se expressamente o fundamento do recurso inominado interposto pelo INSS quanto àinterferência da hora-extra para a apuração do salário-de-contribuição, tendo sido destacado que a eventualidade do seupagamento não permitiria que ela fosse computada para obter-se uma renda mensal fixa, superior ao salário contratual(item 08, fl. 122), não sendo tal convicção infirmada pelos documentos juntados às fls. 32, 35 e 62.

05. Em análise da contradição alegada, destaco que a contradição é vício a ser corrigido pelos embargos dedeclaração caso no julgado existam “proposições entre si inconciliáveis” (José Carlos Barbosa Moreira. Comentários aoCódigo de Processo Civil. Vol. V. 9ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001, p. 548). No acórdão recorrido, não identifico aexistência de premissas contraditórias entre si, ou conclusões que divirjam da fundamentação expendida. Não há qualquercontradição no que atine à consideração do último salário-de-contribuição do segurado. O fato de o segurado não tertrabalhado durante todo o mês de dezembro foi considerado, tendo sido ressaltado que o seu salário contratual era de R$695,00, os quais – somados ao salário-família – redundavam em R$ 715,74 (item 8).

06. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

07. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

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08. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

94 - 0006323-25.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.006323-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS FIGUEREDO MARÇAL.) x JUDITE PEREIRA DA CRUZ (DEF.PUB:LIDIANE DA PENHA SEGAL.).RECURSO Nº 0006323-25.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.006323-5/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: JUDITE PEREIRA DA CRUZRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC. RECURSOCONHECIDO E DESPROVIDO.

JUDITE PEREIRA DA CRUZ interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 159/162, contra acórdão proferido às fls.148/155 que deu provimento ao recurso inominado por interposto pelo INSS e reformou a sentença para julgarimprocedente o pedido de restabelecimento do benefício de auxílio-doença, com a conversão em aposentadoria porinvalidez, ao argumento de obscuridade. Sustenta, inicialmente, ofensa aos princípios do devido processo legal, docontraditório de da ampla defesa (art. 5º, LIV e LV, da Constituição da República de 1988), uma vez que não teveoportunidade de se manifestar sobre o documento de fl. 134, o qual teria embasado o livre convencimento do voto condutor.Aduz que o acórdão avaliou parcialmente a atividade habitual da embargante. Sustenta que, segundo o sistema PLENUS, aatividade da autora seria comerciária (fl. 134). No entanto, no mesmo documento, há informação de que a contribuinteestaria desempregada. Aduz que, considerando-se a situação de desemprego, a estigmatização da doença no meio laboralé evidente.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. De início, destaco, quanto à petição de fls. 164/165, que estive em gozo de férias no mês de maio, o queimpossibilitou a inclusão em pauta dos presentes embargos em sessão subsequente à sua interposição.

04. Em análise do mérito do recurso, afasto a alegação de nulidade do acórdão, por eventual infração aos princípiosdo devido processo legal, do contraditório de da ampla defesa (art. 5º, LIV e LV, da Constituição da República de 1988),pois o documento de fl. 134 não contém dados estranhos ao conhecimento da parte autora, eis que apenas veicula osdados fornecidos pela demandante à Previdência Social.

05. Ademais, da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso deEmbargos de Declaração, novo julgamento da causa motivado pela irresignação de uma das partes em face doposicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração não é cabível o empréstimo de efeitos infringentespara rediscutir questão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. JorgeScartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

06. O acórdão foi claro ao afirmar que não foi constatada incapacidade laborativa para a atividade de auxiliar deserviços gerais, tendo apenas ressaltado que a parte autora está registrada no sistema PLENUS como comerciária (item

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10). No acórdão, observou-se que a concessão do benefício por incapacidade não é consequência imediata da contraçãodo vírus HIV, sendo importante analisar o quadro clínico do segurado e se há comprovada impossibilidade de sua inserçãoem novo emprego ou do exercício da sua atividade habitual, destacando-se que a situação de desemprego não basta paracaracterizar a incapacidade laborativa.

07. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

08. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

09. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

95 - 0102129-07.2013.4.02.5054/01 (2013.50.54.102129-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SEBASTIANA RODRIGUESDE SOUZA (ADVOGADO: ES013010 - FRANCISCO MACHADO NASCIMENTO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.).RECURSO Nº 0102129-07.2013.4.02.5054/01 (2013.50.54.102129-3/01)RECORRENTE: SEBASTIANA RODRIGUES DE SOUZARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. SEBASTIANA RODRIGUES DE SOUZA interpõe recurso inominado, às fls. 61/64, contra sentença proferida pelo MM.Juiz do Juizado Especial Federal de Colatina, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder obenefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez. A parte autora afirma que é portadora de doençaincapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto dasprovas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possível devido às suas condições desaúde, as quais impossibilitam o desempenho da atividade de auxiliar de serviços gerais como faxineira de rua.

2. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 66/67, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudo emitidopor perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral da recorrente, conforme conclusões já apresentadas pelomédico perito da autarquia.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

6. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91). Também é controversa a qualidade de segurada da parte autora.

7. De acordo com o extrato do CNIS de fl. 52, a autora deixou de contribuir para a Previdência Social a partir dacompetência de 10/2011. Sendo assim, perdeu a qualidade de segurada em 16/12/2012 (art. 15, II, §4º, da Lei n. 8.213/91).O requerimento administrativo para concessão do benefício de auxílio-doença, que se pretende ver concedido na presenteação, foi apresentado em 22/11/2012 (fl. 18), quando a autora ostentava a qualidade de segurada.

8. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 17, 28e 29) indicam que ela é acometida de miocardiopatia e insuficiência coronária. De igual modo, nos atestados de fls. 17 e 28,o médico subscritor afirmou que ela estaria incapacitada para o trabalho, sem indicar se de forma definitiva ou temporária.Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que a recorrente é portadora de angina estável.Todavia, a autora está em condições de realizar suas atividades habituais de maneira adequada. Conclui que não háincapacidade laborativa para o trabalho de auxiliar de serviços gerais como faxineira de rua.

9. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições

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dignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve seracompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos osrequisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados. Ademais, conforme consulta ao banco de dados do CNIS, a recorrente manteve o recolhimentode contribuições previdenciária, na qualidade de contribuinte individual, o que constitui indício da continuidade do trabalho.

10. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honorários advocatícios,tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

11. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

96 - 0105913-55.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.105913-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.) x CLERIO LUIZ DE BORTOLO (ADVOGADO:ES010785 - PEDRO COSTA.).RECURSO Nº 0105913-55.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.105913-6/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: CLERIO LUIZ DE BORTOLORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC. RECURSOCONHECIDO E DESPROVIDO.

CLÉRIO LUIZ DE BORTOLO interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 208/209, contra acórdão proferido às fls.201/205 ao argumento da existência de contradição. Para tanto, sustenta que o acórdão embargado ora fundamenta quenão há necessariamente correlação entre o valor de contribuição e o valor do benefício de aposentadoria, ora afirma que ovalor do benefício depende do valor da contribuição e do tempo de contribuição.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Em análise da contradição alegada pela parte autora, destaco que a contradição é vício a ser corrigido pelosembargos de declaração caso no julgado existam “proposições entre si inconciliáveis” (José Carlos Barbosa Moreira.Comentários ao Código de Processo Civil. Vol. V. 9ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001, p. 548). No acórdão recorrido, nãoidentifico a existência de premissas contraditórias entre si, ou conclusões que divirjam da fundamentação expendida.Inexiste contradição em sustentar que a Seguridade Social é financiada por toda a sociedade e que não possui naturezacontratual, motivo pelo qual inexiste direito de exigir que haja um sinalagma entre as contribuições vertidas e o rendimentomensal do benefício, no que tange à contribuição previdenciária sobre os proventos de aposentadoria, e afirmar que oexercício do direito à aposentadoria terá repercussão econômica relacionada ao momento em que ele é exercido. ASeguridade Social contempla diversas fontes de custeio as quais devem propiciar o pagamento de benefícios em diferentesvalores, motivo por que não há uma correlação exata entre as contribuições vertidas pelo segurado e o benefício que eleauferirá, pois os princípios da solidariedade, da universalidade da cobertura, da seletividade e distributividade na prestaçãodos benefícios (art. 194, I e III, da Constituição da República de 1988) concorrem para a definição dos critérios atuariais queserão empregados na sua apuração.

04. Outrossim, verifico que a pretensão manifestada pela parte autora (ora embargante) não se conforma à viaestreita dos declaratórios. É que os embargos de declaração constituem recurso de integração, e não de revisão, cujafundamentação está estritamente vinculada às hipóteses enunciadas nos artigos 535, do Código de Processo Civil, e 48, daLei n. 9.099/95. Restam incabíveis, portanto, na via eleita, a rediscussão da matéria já debatida e decidida, e a reapreciaçãodos elementos de prova já valorados.

05. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

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97 - 0109737-22.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.109737-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ZENILDA MARIA COLONACARDOSO (ADVOGADO: ES004925 - HENRIQUE SOARES MACEDO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL- INSS (PROCDOR: LUIZ CLÁUDIO SALDANHA SALES.).RECURSO Nº 0109737-22.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.109737-0/01)RECORRENTE: ZENILDA MARIA COLONA CARDOSORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. ZENILDA MARIA COLONA CARDOSO interpõe recurso inominado, às fls. 49/56, contra sentença proferida pelo MM.Juiz do Juizado Especial Federal de Colatina, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder obenefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez. A parte autora afirma que é portadora de doençaincapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto dasprovas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possível devido às suas condições desaúde, as quais impossibilitam o desempenho da atividade de manicure e cabeleireira.

2. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 59/60, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudo emitidopor perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral da recorrente, conforme conclusões já apresentadas pelomédico perito da autarquia.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo não teria analisado a manifestação daparte autora quanto ao lado do pericial. Contudo, ressalto que a sentença analisou a impugnação de fls. 31/32 e indeferiu opedido de realização de nova perícia (fl. 44). Ademais, da leitura das conclusões do perito judicial, não observo discrepânciaentre as doenças que ele diagnosticou na parte autora e aquelas enunciadas nos documentos que acompanharam a peçavestibular, razão por que o indeferimento do pleito para realização de nova perícia mostra-se acertado, especialmente pornão haver prova de que o especialista tenha desconsiderado os elementos essenciais para avaliação do quadro clínico darecorrente.

6. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

7. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

8. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 9/11)indicam que ela é acometida de hipertensão e apresenta histórico de AVC. É importante destacar que os médicossubscritores não afirmaram que ela estaria incapacitada para o trabalho de forma definitiva ou temporária, apenas frisaramque a autora deve poupar-se dos esforços que enfrenta em suas atividades laborais. Por sua vez, no laudo redigido peloperito nomeado judicialmente, afirma-se que a recorrente não é portadora de qualquer doença ou lesão. Quanto aosexames realizados pela parte autora, afirma que o ecocardiograma não apresentou alterações, o holter apresentou curvasugestiva de hipotensão, a cintilografia miocárdica não apresentou sinais de alteração da perfusão e função ventricularesquerda e o teste ergométrico não apresentou critério para isquemia miocárdica. Conclui que não há incapacidadelaborativa para o trabalho de manicure e cabeleireira.

9. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condiçõesdignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve seracompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos osrequisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados. Ademais, conforme consulta ao banco de dados do CNIS, a recorrente manteve o recolhimentode contribuições previdenciária, na qualidade de contribuinte individual, o que constitui indício da continuidade do trabalho.

10. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honorários advocatícios,tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

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11. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

98 - 0000492-13.2013.4.02.5054/01 (2013.50.54.000492-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MIGUEL ARCANJOPINHEIRO MENEGUELI (ADVOGADO: ES019206 - DAIANY BIONDO, ES009746 - CHARLES WAGNER GREGÓRIO,ES007981 - VALERIA ANGELA COLOMBI COGO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:PEDRO INOCENCIO BINDA.).RECURSO Nº 0000492-13.2013.4.02.5054/01 (2013.50.54.000492-5/01)RECORRENTE: MIGUEL ARCANJO PINHEIRO MENEGUELIRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. MIGUEL ARCANJO PINHEIRO MENEGUELI interpõe recurso inominado, às fls. 64/67, contra sentença proferida peloMM. Juiz do Juizado Especial Federal de Colatina, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a concedero benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez. A parte autora afirma que é portadora dedoença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjuntodas provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possível devido às suas condições desaúde, as quais impossibilitam o desempenho da atividade de taxista.

2. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 75/76, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudo emitidopor perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente, conforme conclusões já apresentadas pelomédico perito da autarquia.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

6. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

7. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 8, 9 e25) indicam que ela é acometida de sequela de acidente vascular cerebral, quadro depressivo e afasia. De igual modo, nosatestados de fls. 8 e 9 os médicos subscritores afirmaram que ela estaria incapacitada para o trabalho, sem indicar se deforma definitiva ou temporária. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que o recorrenteé portador de sequela de acidente vascular cerebral. Conclui que não há incapacidade laborativa para o trabalho deajudante de pedreiro, profissão exercida pelo autor, conforme por ele informado no laudo. Insta destacar que o autor sofreuacidente vascular encefálico em 25/06/2012 (fl. 44), o que o teria incapacitado para a profissão de taxista e, porconseguinte, deu causa ao recebimento do benefício de auxílio-doença entre 26/12/2011 e 04/03/2013 (fl. 80). Entretanto,tal como relatado no exame pericial, o demandante passou a trabalhar como auxiliar de pedreiro, atividade para o qual estáapto, segundo conclusão do especialista nomeado (fl. 44), motivo por que não mais subsiste fundamento para a concessãodo benefício de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez.

8. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pelo recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condiçõesdignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve seracompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos osrequisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados. Ademais, conforme consulta ao banco de dados do CNIS, a recorrente manteve o recolhimentode contribuições previdenciária, na qualidade de contribuinte individual, o que constitui indício da continuidade do trabalho.

9. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo

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em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

10. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

11. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

99 - 0001082-64.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.001082-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA ESTER VIDOTTOROSSIM (ADVOGADO: ES008522 - EDGARD VALLE DE SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: THIAGO DE ALMEIDA RAUPP.).RECURSO Nº 0001082-64.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.001082-0/01)RECORRENTE: MARIA ESTER VIDOTTO ROSSIMRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC. RECURSOCONHECIDO E DESPROVIDO.

MARIA ESTER VIDOTTO ROSSIM interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 105/108, contra acórdão proferidoàs fls. 96/102 que negou provimento ao recurso inominado por ela interposto e manteve a sentença que julgouimprocedente o pedido de concessão de benefício assistencial. Para tanto, sustenta que há dúvida quanto à exclusão ounão do valor da aposentadoria do marido da autora da renda familiar. Aduz que não houve manifestação acerca daincapacidade de a parte autora prover sua própria manutenção.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso deEmbargos de Declaração, novo julgamento da causa motivado pela irresignação de uma das partes em face doposicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração não é cabível o empréstimo de efeitos infringentespara rediscutir questão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. JorgeScartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. O acórdão é expresso ao afirmar que a interpretação adotada pelo magistrado sentenciante está embasada naorientação do Supremo Tribunal Federal, segundo o qual a renda percebida pelo aposentado, maior de 65 anos, no valor deum salário-mínimo deve ser excluída (item 11). Destacou, ainda, que a renda mensal do núcleo familiar era superior a ¼ dosalário-mínimo, especialmente porque o filho possuía renda equivalente ao salário-mínimo vigente e a família dademandante não externa situação de grave miserabilidade que implique a superação do limite legal (item 13).

05. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.

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(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

100 - 0000001-78.2014.4.02.5051/01 (2014.50.51.000001-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ELISETE SOUZA MARTINSMONTEIRO (ADVOGADO: ES005215 - JEFFERSON PEREIRA, ES018381 - Roney da Silva, ES013434 - HERMINIOSILVA NETO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JULIANA BARBOSA ANTUNES.).RECURSO Nº 0000001-78.2014.4.02.5051/01 (2014.50.51.000001-6/01)RECORRENTE: ELISETE SOUZA MARTINS MONTEIRORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. ELISETE SOUZA MARTINS MONTEIRO interpõe recurso inominado, às fls. 70/74, contra sentença proferida pelo MM.Juiz do Juizado Especial Federal de Cachoeiro de Itapemirim, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSSa conceder o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez. A parte autora afirma que éportadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedênciadesconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Aduz que a sentença é nula, pois houve cerceamento do seudireito ao contraditório e à ampla defesa. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possível devido às suascondições de saúde, as quais impossibilitam o desempenho da atividade de professora de educação básica infantil.

2. O INSS não ofereceu contrarrazões, conforme certidão de fl. 76.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo teria indeferido o requerimento paraque o perito fosse intimado para complementar o laudo. O questionamento aludido solicitava que fossem descritas asatividades laborais da autora, observando os movimentos realizados, a posição corporal, ferramentas utilizadas e a jornadade trabalhado. Solicitava, ainda, que fosse respondido se dentre as medidas a serem adotadas para o tratamento dasdoenças que acometem a autora está o repouso. Contudo, da leitura das conclusões do perito judicial, não observodiscrepância entre as doenças que ele diagnosticou na parte autora e aquelas enunciadas nos documentos queacompanharam a petição inicial, razão por que o indeferimento do pleito para esclarecimentos mostra-se acertado,especialmente por não haver prova de que o especialista tenha desconsiderado os elementos essenciais para avaliação doquadro clínico da recorrente (art. 5º, LIV e LV, da Constituição da República de 1988), tendo-se em vista que as respostasdadas já são suficientes para análise das questões essenciais à resolução da causa.

6. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

7. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

8. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 15 e16) indicam que ela é acometida de lombalgia, espondilodiscopatia lombar degenerativa, abaulamentos discais difusos,além de sintomas de pânico e impulsividade. De igual modo, no atestado de fl. 16, o médico subscritor afirmou que elaestaria incapacitada para o trabalho, sem indicar se de forma definitiva ou temporária. Por sua vez, no laudo redigido peloperito nomeado judicialmente, afirma-se que a recorrente é portadora de lombalgia e depressão. Todavia, a periciadaapresentou-se orientada, com humor estável e não foi detectada contratura paravertebral lombrosacra, bem como nãoforam observados sinais flogísticos e hipotrofias em articulações em joelhos ou tornozelos. Ademais, a recorrente realizoumovimentos com facilidade. Conclui que não há incapacidade laborativa para o trabalho de professora de educação básicainfantil.

9. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condiçõesdignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve seracompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos osrequisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados. Ademais, conforme consulta ao banco de dados do CNIS, a recorrente teve vínculos

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empregatícios após o encerramento do seu benefício anterior, o que infirma a alegada incapacidade laboral (fls. 80/81).

10. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honorários advocatícios,tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

11. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

101 - 0003652-63.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003652-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DAILANE SANTOS SILVA(DEF.PUB: Karina Rocha Mitleg Bayerl.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULABARRETO MONTEIRO ROTHEN.).RECURSO Nº 0003652-63.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003652-5/01)RECORRENTE: DAILANE SANTOS SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC. RECURSOCONHECIDO E DESPROVIDO.

DAILANE SANTOS SILVA interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 174/179, contra acórdão proferido às fls.151/159 que negou provimento ao recurso inominado por ela interposto e manteve a sentença que julgou parcialmenteprocedente o pedido de concessão de benefício assistencial. Para tanto, sustenta que não houve manifestação acerca dareal situação econômica da autora e de sua família, tendo sido aplicado o critério do § 3º do artigo 20, da Lei n. 8.742/93,tomando-se como base para o cálculo apenas a renda mensal familiar bruta, desconsiderando-se as despesas médicas e opagamento de aluguel.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso deEmbargos de Declaração, novo julgamento da causa motivado pela irresignação de uma das partes em face doposicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração não é cabível o empréstimo de efeitos infringentespara rediscutir questão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. JorgeScartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. O acórdão ressaltou que apesar de a parte autora afirmar que a renda auferida por sua mãe não supria asnecessidades da família, o percebimento de auxílio-doença e remuneração levava à conclusão contrária (item 12).

05. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nesse

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sentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

06. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

07. Intime-se a parte autora, pessoalmente e através da Defensoria Pública da União, para dizer se aceita que acorreção dos valores atrasados seja feita de acordo com a literalidade da redação do art. 1º-F da lei 9494/97, de modo aviabilizar a desistência do recurso extraordinário interposto pelo INSS.

08. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

09. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

102 - 0000356-28.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000356-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) NAIR CESARIA DA ROCHA(DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).RECURSO Nº 0000356-28.2013.4.02.505001RECORRENTE: NAIR CESARIA DA ROCHARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. NAIR CESARIA DA ROCHA interpõe recurso inominado, às fls. 42/48, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do 3°Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo, que julgou improcedentes os pedidos paracondenar o INSS a conceder o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez. A parte autoraafirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedênciadesconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possíveldevido às suas condições de saúde e pessoais, as quais impossibilitam o desempenho da atividade de salgadeiraautônoma.

2. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 52/56, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudo emitidopor perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral da recorrente, conforme conclusões já apresentadas pelomédico perito da autarquia.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o laudo pericial, que fundamentou a sentença,atestou a capacidade laborativa da parte autora, apesar de ter constatado a existência de várias enfermidades, limitantespor natureza. Em exame da questão, ressalto que a oposição às conclusões apresentadas pelo especialista está reservadaao âmbito da crítica às provas produzidas no curso da dilação processual. A contrariedade ao posicionamento expresso nolaudo não é por si suficiente para inquiná-lo de nulidade, se ausente indício de que o profissional não cumpriuescrupulosamente o seu encargo ou não preenchida hipótese de impedimento ou suspeição do perito nomeado (arts. 422 e423, do Código de Processo Civil).

6. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

7. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total e

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permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

8. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 13 e14) indicam que ela é acometida de espondilodiscoartrose lombar e abaulamentos discais difusos. De igual modo, noatestado de fl. 13, o médico subscritor afirma que ela estaria incapacitada para o trabalho, sem especificar se de formadefinitiva ou temporária. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que a recorrente éportadora de artrose da coluna lombar com abaulamentos discais e hérnia discal com estreitamento foraminal. Aponta quea parte autora possui boa mobilidade e não apresenta alterações neurológicas nos membros. Ademais, o perito destacaque a periciada relatou trabalhar sentada e não levantar peso. Conclui que não há incapacidade laborativa para o trabalhode salgadeira autônoma.

9. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e pode legitimamente embasar a convicção dojulgador. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados. Ademais, conforme consulta ao banco de dados do CNIS, a recorrente manteve o recolhimento de contribuiçõesprevidenciária, na qualidade de contribuinte individual, o que constitui indício da continuidade do trabalho.

10. Acrescento que, após a prolação da sentença, não deve ser admitida a juntada de novos atestados médicos, sob o riscode ampliar-se a causa de pedir da demanda, valendo destacar, nesse sentido, o teor do enunciado n. 84 das TurmasRecursais da Seção Judiciária do Rio de Janeiro: “O momento processual da aferição da incapacidade para fins debenefícios previdenciários ou assistenciais é o da confecção do laudo pericial, constituindo violação ao princípio docontraditório e da ampla defesa a juntada, após esse momento, de novos documentos ou a formulação de novas alegaçõesque digam respeito à afirmada incapacidade, seja em razão da mesma afecção ou de outra”.

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honorários advocatícios,tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

103 - 0006396-89.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.006396-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: ADRIANA ZANDONADE.) x BIANCA ASSIS VALENTIM E OUTRO.RECURSO Nº 0006396-89.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.006396-0/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: BIANCA ASSIS VALENTIMRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC. RECURSOCONHECIDO E DESPROVIDO.

UNIÃO interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 68/71, contra acórdão proferido às fls. 62/66 ao argumento daexistência de contradição. Para tanto, sustenta que relativamente à pretensão condenatória, ou seja, repetição dos valorescorrespondentes à contribuição previdenciária retida sobre o valor pago a título de adicional de treinamento, deveriaprevalecer a orientação fixada no item 5 do acórdão embargado, uma vez que não haveria na Resolução CJF n. 307/2014qualquer referência à retroação dos seus efeitos.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Em análise da contradição alegada pela parte autora, destaco que a contradição é vício a ser corrigido pelosembargos de declaração caso no julgado existam “proposições entre si inconciliáveis” (José Carlos Barbosa Moreira.Comentários ao Código de Processo Civil. Vol. V. 9ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001, p. 548). No acórdão recorrido, nãoidentifico a existência de premissas contraditórias entre si, ou conclusões que divirjam da fundamentação expendida. Nãohá qualquer contradição em ressalvar convicção pessoal acerca do tema e concluir pela aplicação do entendimento fixadopela Administração, que adotou orientação que denota o reconhecimento extrajudicial do pedido formulado pela parteautora, o qual não precisa expressamente indicar a sua repercussão econômica pretérita.

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04. Outrossim, verifico que a pretensão manifestada pela parte embargante não se conforma à via estreita dosdeclaratórios. É que os embargos de declaração constituem recurso de integração, e não de revisão, cuja fundamentaçãoestá estritamente vinculada às hipóteses enunciadas nos artigos 535, do Código de Processo Civil, e 48, da Lei n. 9.099/95.Restam incabíveis, portanto, na via eleita, a rediscussão da matéria já debatida e decidida.

05. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

104 - 0003795-47.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.003795-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) PEDRO JULIO DO AMARAL(DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:MARCELA BRAVIN BASSETTO.).RECURSO Nº 0003795-47.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.003795-6/01)RECORRENTE: PEDRO JULIO DO AMARALRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. PEDRO JULIO DO AMARAL interpõe recurso inominado, às fls. 148/154, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do 3ºJuizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedentes os pedidos para condenar oINSS a conceder o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez. A parte autora afirma que éportadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedênciadesconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possíveldevido às suas condições de saúde, as quais impossibilitam o desempenho da atividade de soldador.

2. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 158/161, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente, conforme conclusões jáapresentadas pelo médico perito da autarquia.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

6. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

7. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 23/42)indicam que ela é acometida de insuficiência venosa crônica. De igual modo, nos atestados de fls. 23, 24, 25, 28 e 29 osmédicos subscritores afirmaram que a referida insuficiência dificulta a realização da atividade laboral do autor, sendonecessário que haja repouso domiciliar. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, médicoangiologista – cirurgião vascular, afirma-se que o recorrente apresenta quadro de insuficiência venosa crônica compensadaem membros inferiores. O perito destacou que as orientações de tratamento e profilaxia de insuficiência devem serseguidas de maneira rigorosa. Conclui que não há incapacidade laborativa para o trabalho de soldador (fls. 77/82 e 93/94).No laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, médico ortopedista, afirma-se que o recorrente é portador declaudicação intermitente que piora em longas distâncias e dor na perna. Conclui que não há incapacidade laborativa para otrabalho de soldador (fls. 108/110).

8. Observo que os laudos dos peritos judiciais estão idoneamente fundamentados e foram firmados em datas posterioresaos atestados juntados pelo recorrente. Insta salientar que o destaque feito pelo perito angiologista, quanto à necessáriaobediência às orientações de tratamento e medidas de profilaxia, inserem-se no âmbito das recomendações ordinárias de

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cuidado, independentemente da atividade desenvolvida pelo segurado (resposta ao quesito suplementar n. 1, fl. 93). Caberessaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho, razão por que acomprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparo necessáriopara a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para a concessão dosbenefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dos segurados.

9. As condições pessoais do autor só teriam relevância se a perícia judicial tivesse constatado incapacidade parcial para otrabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática, descartada, paraefeito de converter auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Entretanto, não tendo sido confirmada nenhumalimitação funcional, o quadro social isoladamente considerado não basta para respaldar a concessão do auxílio-doença. Apropósito, destaco o teor do enunciado nº 77, da súmula da jurisprudência da TNU: “O julgador não é obrigado a analisar ascondições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual”.

10. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honorários advocatícios,tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

11. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

105 - 0006097-20.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.006097-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.) x CALMIR FERNANDO CURTY (ADVOGADO:ES018438 - ROSANA DE JESUS GUILHERME, ES004048 - JADER NOGUEIRA.).RECURSO Nº 0006097-20.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.006097-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: CALMIR FERNANDO CURTYRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC. RECURSOCONHECIDO E DESPROVIDO.

CALMIR FERNANDO CURTY interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 270/275, contra acórdão proferido àsfls. 261/267 que deu provimento ao recurso inominado interposto pelo INSS e reformou a sentença, para julgarimprocedente o pedido de concessão de auxílio-doença e conversão em aposentadoria por invalidez. Para tanto, sustentaque não houve manifestação acerca do enunciado n. 47, da jurisprudência da TNU. Aduz que não houve manifestaçãoacerca do princípio in dúbio pro mísero. Alega, ainda, ausência de manifestação quanto aos laudos médicos carreados aosautos.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso deEmbargos de Declaração, novo julgamento da causa motivado pela irresignação de uma das partes em face doposicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração não é cabível o empréstimo de efeitos infringentespara rediscutir questão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. JorgeScartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitos

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infringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. O acórdão analisou os laudos médicos carreados aos autos (item 7), e foi claro ao afirmar que a perícia judicialconcluiu que não há incapacidade laborativa para o desempenho da função de porteiro, atividade para a qual o autor forareabilitado. Ademais, esclareceu que as condições pessoais do autor só teriam relevância se a perícia judicial tivesseconstatado incapacidade parcial para o trabalho, o que não ocorreu na hipótese (item 10).

05. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

06. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

07. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

08. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

106 - 0004905-47.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.004905-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANA PEREIRA DA SILVA(ADVOGADO: ES017552 - MARCELO NUNES DA SILVEIRA, ES015788 - JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.).RECURSO Nº 0004905-47.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.004905-7/01)RECORRENTE: ANA PEREIRA DA SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. ANA PEREIRA DA SILVA interpõe recurso inominado, às fls. 75/83, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do 3°Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedentes os pedidos para condenar oINSS a conceder o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez. A parte autora afirma que éportadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedênciadesconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possíveldevido às suas condições de saúde e pessoais, as quais impossibilitam o desempenho da atividade de faxineira.

2. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 87/88, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudo emitidopor perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral da recorrente, conforme conclusões já apresentadas pelomédico perito da autarquia.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

6. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total e

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permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

7. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 14, 17,19, 21, 23 e 24) indicam que ela realizou cirurgia do ombro direito. Ademais, apontam que a recorrente é portadora deSíndrome de Sjögren, dor crônica, tendinite de bíceps com ruptura crítica do supra. De igual modo, nos atestados de fls. 14,17, 19, 23 e 24, os médicos subscritores afirmaram que ela estaria incapacitada para o trabalho, sem indicar se de formadefinitiva ou temporária (fls. 17, 23 e 24) e, pelo período de 90 dias (fls. 14, 19). Por sua vez, no laudo redigido peloprimeiro perito nomeado judicialmente, especialista em clínica médica e medicina do trabalho, afirma-se que a recorrente foisubmetida à cirurgia do ombro direito em agosto/2013 que corrigiu a lesão do ombro. Acrescenta-se que a autora está emfase de tratamento médico e acompanhamento clínico da Síndrome de Sjögren, fibromialgia e hipertensão. O segundoperito, médico ortopedista, faz referência ao pós-operatório do ombro, destacando que fica mantida a aptidão física emental para exercer suas atividades habituais. Por fim, ambos os peritos judiciais chegam à conclusão de que não háincapacidade laborativa para o trabalho de faxineira.

8. Observo que os laudos dos peritos judiciais estão idoneamente fundamentados e foram firmados em data posterior aosatestados juntados pela recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção dascondições dignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deveser acompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos osrequisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados. Ademais, conforme consulta ao banco de dados do CNIS, a recorrente manteve o recolhimentode contribuições previdenciária, na qualidade de contribuinte individual, o que constitui indício da continuidade do trabalho

9. As condições pessoais da autora só teriam relevância se a perícia judicial tivesse constatado incapacidade parcial para otrabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática, descartada, paraefeito de converter auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Entretanto, não tendo sido confirmada nenhumalimitação funcional, o quadro social isoladamente considerado não basta para respaldar a concessão do auxílio-doença. Apropósito, destaco o teor do enunciado nº 77, da súmula da jurisprudência da TNU: “O julgador não é obrigado a analisar ascondições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual”.

10. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honorários advocatícios,tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

11. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

107 - 0005503-74.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005503-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.) x MANOEL FRANCISCO CARDOSO(ADVOGADO: ES014935 - RONILCE ALESSANDRA AGUIEIRAS, ES012622 - SALATIEL BARBOSA JUNIOR.).RECURSO Nº 0005503-74.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005503-7/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MANOEL FRANCISCO CARDOSORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC. RECURSOCONHECIDO E DESPROVIDO.

MANOEL FRANCISCO CARDOSO interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 321/325, contra acórdão proferidoàs fls. 312/318 ao argumento da existência de contradição. Para tanto, sustenta que o acórdão teria afirmado apossibilidade de reabilitação após realização de cirurgia, até mesmo o retorno para a atividade habitual, porém julgouimprocedente o pedido de concessão de aposentadoria por invalidez. Aduz que a intervenção cirúrgica é de naturezafacultativa.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Em análise da contradição alegada pela parte autora, destaco que a contradição é vício a ser corrigido pelosembargos de declaração caso no julgado existam “proposições entre si inconciliáveis” (José Carlos Barbosa Moreira.Comentários ao Código de Processo Civil. Vol. V. 9ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001, p. 548). No acórdão recorrido, nãoidentifico a existência de premissas contraditórias entre si, ou conclusões que divirjam da fundamentação expendida. Nãohá qualquer contradição em afirmar que os requisitos para concessão de aposentadoria por invalidez não foram

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preenchidos, uma vez que a perícia judicial não atestou a incapacidade laborativa no momento do exame, tendo sidoressaltado que a incapacidade não seria permanente, pois o autor não se nega a realizar a cirurgia capaz de solucionar adoença que ocasiona incapacidade em determinados momentos. Portanto, não se trata de cirurgia para recuperar acapacidade laborativa, uma vez que não foi demonstrada incapacidade, mas a existência de períodos de inaptidãolaborativa, os quais poderão deixar de ocorrer após a intervenção cirúrgica.

04. Outrossim, verifico que a pretensão manifestada pela parte embargante não se conforma à via estreita dosdeclaratórios. É que os embargos de declaração constituem recurso de integração, e não de revisão, cuja fundamentaçãoestá estritamente vinculada às hipóteses enunciadas nos artigos 535, do Código de Processo Civil, e 48, da Lei n. 9.099/95.Restam incabíveis, portanto, na via eleita, a rediscussão da matéria já debatida e decidida, e a reapreciação dos elementosde prova já valorados.

05. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

108 - 0000184-77.2006.4.02.5003/01 (2006.50.03.000184-3/01) UNIAO FEDERAL (PROCDOR: ALEXANDRE PERON.) xJOSE ARNALDO DA FONSECA (ADVOGADO: MG079335 - NILSON BERNARDES DA COSTA, MG094008 - JOSERIBAMAR MATOS AMARAL.).RECURSO Nº 0000184-77.2006.4.02.5003/01 (2006.50.03.000184-3/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: JOSE ARNALDO DA FONSECARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

Trata-se de Recurso Extraordinário, destrancado pelo Agravo de Instrumento n. 0000184-77.2006.4.02.5003/02, interpostopela União, contra acórdão que manteve sentença que condenou a União a restituir à parte autora o indébito recolhido,afastando a prescrição alegada no recurso inominado. A recorrente requer seja considerado constitucional o art. 4º da LC118/05 na parte em que determinou a aplicação retroativa do art. 3º da mesma lei, reformando-se o acórdão.

No julgamento do RE 566.621/RS (que substituiu o RE 561.908/RS como paradigma de repercussão geral), em 04/08/2011,o Supremo Tribunal Federal, por maioria, tendo como relatora a Ministra Ellen Gracie, pacificou o entendimento de que, nasações de repetição de indébito ou compensação de indébito tributário ajuizadas após 09/06/2005, o prazo prescricional é de05 (cinco) anos. Segue ementa:

DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 –DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS –APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOSAJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005.Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para ostributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anoscontados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN.A LC 118/05, embora tenha se auto-proclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido.Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova.Inocorrência de violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa tambémse submete, como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação.A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por leinova, fulminando, de imediato, pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como aaplicação imediata às pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhumaregra de transição, implicam ofensa ao princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e degarantia do acesso à Justiça.Afastando-se as aplicações inconstitucionais e resguardando-se, no mais, a eficácia da norma, permite-se a aplicação doprazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corteno enunciado 445 da Súmula do Tribunal.O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que tomassem ciência do novo prazo, mastambém que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos.Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/05, que pretendeu a aplicação do novoprazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral, tampoucoimpede iniciativa legislativa em contrário.

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Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, considerando-se válida a aplicação do novoprazo de 5 anos tão-somente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 dejunho de 2005.Aplicação do art. 543-B, § 3º, do CPC aos recursos sobrestados.Recurso extraordinário desprovido.

A presente ação foi ajuizada após 09/06/2005 (em 23/06/2006), estando o acórdão recorrido em confronto com oentendimento firmado pelo STF, cabendo a respectiva adequação, com fulcro no art. 543-B, § 3º, do Código de ProcessoCivil, o que passo a fazer.

Considerando que o indébito a ser repetido foi recolhido no período de janeiro de 2001 a novembro de 2004, restamprescritas as parcelas relativas aos meses de janeiro de 2001 a junho de 2001.Pelo exposto, com fulcro no art. 543-B, § 3º, do CPC, procedo à adequação do acórdão de fls. 181/182 para dar parcialprovimento ao recurso inominado da União e alterar a sentença apenas para limitar a condenação às parcelas recolhidasnos cinco anos anteriores ao ajuizamento da ação. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o dispostono art. 55 da Lei nº 9.099/95.

É como voto.

FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

109 - 0106889-27.2014.4.02.5001/01 (2014.50.01.106889-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANTÔNIO CARLOSBERNARDO LIMA (ADVOGADO: ES011851 - ALESSANDRA SANTOS DE ATAIDE.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.).RECURSO Nº 0106889-27.2014.4.02.5001/01 (2014.50.01.106889-4/01)RECORRENTE: ANTÔNIO CARLOS BERNARDO LIMARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. ANTÔNIO CARLOS BERNARDO LIMA interpõe recurso inominado, às fls. 144/149, contra sentença proferida pelo MM.Juiz do 3º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedentes os pedidos paracondenar o INSS a conceder o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez. A parte autoraafirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedênciadesconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possíveldevido às suas condições de saúde, as quais impossibilitam o desempenho da atividade de coletor de lixo.

2. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 153/154, nas quais requer o desprovimento do recurso. Reporta-se aos demaisargumentos lançados na contestação.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

6. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

7. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 34/37)indicam que ela apresenta quadro psicótico não especificado e dificuldade em aderir ao tratamento. Ademais, apresentahistória de crise tipo convulsiva. De igual modo, nos atestados de fls. 34/37 os médicos subscritores afirmaram que elaestaria incapacitada para o trabalho, sem especificar se de forma definitiva ou temporária. Por sua vez, no laudo redigidopelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que o recorrente é portador de transtorno psicótico agudo e transitório.Todavia, a pessoa examinada não apresentou sintomas psiquiátricos significativos que comprometessem seu desempenholaboral. Conclui que não há incapacidade laborativa para o trabalho de coletor de lixo (fls. 45/48, 60 e 85.

8. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e pode legitimamente embasar a convicção do

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julgador. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

9. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendoem vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

10. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

11. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

110 - 0000799-38.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000799-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) GILSON DE SOUZA(ADVOGADO: ES008642 - Valdoreti Fernandes Mattos.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).RECURSO Nº 0000799-38.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000799-4/01)RECORRENTE: GILSON DE SOUZARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ANÁLISE CONJUNTA DO ACERVO PROBATÓRIO.INCAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E PROVIDO.

1. GILSON DE SOUZA interpõe recurso inominado, às fls. 85/92, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do JuizadoEspecial Federal de Linhares, que julgou parcialmente procedente o pedido para condenar o INSS a conceder o benefíciode auxílio-doença, indeferindo, contudo, sua conversão em aposentadoria por invalidez. A parte autora afirma que éportadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de parcial procedênciadesconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possíveldevido às suas condições de saúde e pessoais, as quais impossibilitam o desempenho da atividade de trabalhador rural.Sustenta que, em razão de sua avançada idade, não apresenta condições de reingressar ao mercado de trabalho,necessitando, assim, ser aposentado por invalidez. Pugna pela concessão do benefício a partir da data do requerimentoadministrativo, ocorrido em 25/11/2008.

2. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado (fl. 95).

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

6. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

7. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 14, 15,16 e 17) indicam que ela é acometida de quadro álgico crônico em coluna vertebral e ombros, em razão de artrose gravelombar e moderada cervical, com piora da dor aos esforços e tendinite e artrose nos ombros. De igual modo, nos atestadosde fls. 16 e 17, o médico subscritor afirma que o recorrente está incapacitado para o trabalho, sem indicar se de formadefinitiva ou temporária. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que o recorrente éportador de lesão coxo-artrose de quadril e lesão degenerativa da coluna. Afirma que a origem da lesão é de caráterdegenerativo Conclui que há incapacidade laborativa definitiva para o trabalho de trabalhador rural. Aduz não ser possívelapontar a data do início da incapacidade (item 5). Afirma que existia incapacidade na data da propositura da ação. Informaque a parte autora permaneceu incapacitada desde o início da doença, cuja data não precisou, até a propositura da ação.Conclui que a reabilitação seria muito difícil, em razão da idade da parte autora e de sua instrução escolar.

8. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e pode legitimamente embasar a convicção do

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julgador. Embora o douto magistrado sentenciante tenha concluído que o demandante faria jus apenas à percepção dobenefício de auxílio-doença, com DIB na data do laudo, apesar de ter dispensado a reabilitação, em razão de suascondições pessoais, observo que o quadro clínico de incapacidade é corroborado pela idade do recorrente que, nascido em06/08/1954 (fl. 10), conta hoje com 60 anos de idade, e sua instrução escolar (ensino fundamental completo, fl. 55) queseriam reais impeditivos para que ele aprendesse atividade diversa daquela que habitualmente exercia. Ressalto, ainda,que o perito foi categórico ao afirmar que a incapacidade laborativa da parte autora permaneceu desde o seu início, cujadata não pôde precisar, até a propositura da ação. Sendo assim, a data do início do benefício de aposentadoria porinvalidez deve ser fixada na data do ajuizamento da ação (01/09/2011 – fl. 35).

9. No que tange à concessão do benefício de auxílio-doença entre a data do requerimento administrativo (25/11/2008) e apropositura da presente demanda, ressalto que as restrições físicas que acometem o autor tiveram origem em acidenteocorrido em 2001, conforme relato feito pelas testemunhas em audiência de instrução e julgamento. A partir de talocorrência, o demandante percebeu o benefício de auxílio-doença por períodos intercalados, não tendo sido juntadadocumentação pelo INSS que atestasse que a causa de tais benefícios fosse diversa. Portanto, constatado que a doençaósseo-muscular tem natureza degenerativa e que o trabalho desempenhado até 2009 ocorreu para assegurar asubsistência do demandante, a despeito de suas limitações, entendo que ele faz jus à concessão do benefício deauxílio-doença desde a data do requerimento administrativo (25/11/2008) até o ajuizamento da presente ação, quando eledeve ser convertido em aposentadoria por invalidez, conforme fundamentação acima expendida.

10. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para julgar o pedido procedente, nos termos do art. 269, I, doCódigo de Processo Civil, a fim de condenar o INSS a conceder o benefício de auxílio-doença entre 25/11/2008 até01/09/2011, data do ajuizamento da demanda, quando ele deverá ser convertido em aposentadoria por invalidez. Semcondenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.

11. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

111 - 0001177-23.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.001177-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ADÉZIO ANTÔNIO RIGOTIAZEREDO (ADVOGADO: ES020602 - MARCUS VINICIUS DUARTE.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.).RECURSO Nº 0001177-23.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.001177-5/01)RECORRENTE: ADÉZIO ANTÔNIO RIGOTI AZEREDORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. ADÉZIO ANTONIO RIGOTI AZEREDO interpõe recurso inominado, às fls. 71/76, contra sentença proferida pelo MM.Juiz do Juizado Especial Federal de Linhares, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder obenefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez. A parte autora afirma que é portadora de doençaincapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto dasprovas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possível devido às suas condições desaúde, as quais impossibilitam o desempenho da atividade de lavrador.

2. O INSS não ofereceu contrarrazões, conforme certidão de fl. 79.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

6. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

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7. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado médico carreado pela parte autora (fl. 16) indicaque ela é acometida de sequela de fratura e pseudo-artrose de escafóide no punho direito, evoluindo para quadro deosteoartrose grave em punho direito. Ressalto que os documentos de fls. 17/18 dizem respeito à pessoa diversa do autor.Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que o recorrente sofreu fratura do fêmuresquerdo e no punho direito. Foi operado, sendo que no fêmur houve recuperação completa da mobilidade; no punho,houve a redução da mobilidade, mas tal redução não impede o autor de trabalhar, tendo sido relatado pelo especialista que“o autor está com calosidade na mão incompatível com o tempo alegado de inatividade” (fl. 46). Conclui que não háincapacidade laborativa para o trabalho de lavrador.

8. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pelo recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condiçõesdignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve seracompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos osrequisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados.

9. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendoem vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

10. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

11. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

112 - 0000011-22.2014.4.02.5052/01 (2014.50.52.000011-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA APARECIDA DEMELO SILVA (ADVOGADO: ES016822 - PAULA GHIDETTI NERY LOPES, ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RAFAEL NOGUEIRA DE LUCENA.).RECURSO Nº 0000011-22.2014.4.02.5052/01 (2014.50.52.000011-6/01)RECORRENTE: MARIA APARECIDA DE MELO SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. MARIA APARECIDA DE MELO SILVA interpõe recurso inominado, às fls. 37/42, contra sentença proferida pelo MM. Juizdo Juizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder obenefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez. A parte autora afirma que é portadora de doençaincapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto dasprovas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possível devido às suas condições desaúde e pessoais, as quais impossibilitam o desempenho da atividade de trabalhadora rural.

2. O INSS não ofereceu contrarrazões, conforme certidão de fl. 53.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo teria indeferido o requerimento paraque o perito fosse intimado para apresentar resposta aos quesitos formulados na inicial e para complementar o laudo. Oquestionamento aludido solicitava que fossem respondidos quais os motivos que ensejaram a concessão do benefíciocessado e se ainda persistem. Solicitava, ainda, a complementação das respostas aos quesitos 2, 3, 5, 6, 7 e 8,apresentados pelo Juízo. Contudo, da leitura das conclusões do perito judicial, não observo discrepância entre as doençasque ele diagnosticou na parte autora e aquelas enunciadas nos documentos que acompanharam a petição inicial, razão porque o indeferimento do pleito para esclarecimentos mostra-se acertado, especialmente por não haver prova de que oespecialista tenha desconsiderado os elementos essenciais para avaliação do quadro clínico da recorrente. As respostasapresentadas foram suficientes para o esclarecimento da questão técnico-científica controversa nos autos. Logo, aausência de análise de todos os quesitos formulados não comprometeu o devido processo legal e o contraditório (art. 5º,LIV e LV, da Constituição da República de 1988).

6. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade de

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recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

7. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

8. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 11, 14,15, 16 e 17) indicam que ela é acometida de osteoartrose em quadril direito, lombalgia, escoliose lombar destro convexa,formações osteofiticas anteriores e marginais nos corpos vertebrais de L3 a L5. De igual modo, nos atestados de fls. 11, 16e 17, os médicos subscritores afirmaram que ela estaria incapacitada para o trabalho, sem indicar se de forma definitiva outemporária. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que a recorrente é portadora deartrose da coluna lombar com mobilidade normal, sem compressões nervosas. Conclui que não há incapacidade laborativapara exercer a função de trabalhadora rural.

9. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e pode legitimamente embasar a convicção dojulgador. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

10. As condições pessoais da autora só teriam relevância se a perícia judicial tivesse constatado incapacidade parcial parao trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática, descartada,para efeito de converter auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Entretanto, não tendo sido confirmada nenhumalimitação funcional, o quadro social isoladamente considerado não basta para respaldar a concessão do auxílio-doença. Apropósito, destaco o teor do enunciado nº 77, da súmula da jurisprudência da TNU: “O julgador não é obrigado a analisar ascondições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual”.

11. Acrescento que, após a prolação da sentença, não deve ser admitida a juntada de novos atestados médicos, sob o riscode ampliar-se a causa de pedir da demanda, valendo destacar, nesse sentido, o teor do enunciado n. 84 das TurmasRecursais da Seção Judiciária do Rio de Janeiro: “O momento processual da aferição da incapacidade para fins debenefícios previdenciários ou assistenciais é o da confecção do laudo pericial, constituindo violação ao princípio docontraditório e da ampla defesa a juntada, após esse momento, de novos documentos ou a formulação de novas alegaçõesque digam respeito à afirmada incapacidade, seja em razão da mesma afecção ou de outra”.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honorários advocatícios,tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

113 - 0000157-65.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000157-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x LAURINDO DONATELI (ADVOGADO:ES008642 - Valdoreti Fernandes Mattos.).RECURSO Nº 0000157-65.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000157-8/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: LAURINDO DONATELIRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO APÓS A PERDA DAQUALIDADE DE SEGURADO. IMPLEMENTO DE TODOS OS REQUISITOS LEGAIS DE FORMA CONCOMITANTE, EMMOMENTO ANTERIOR AO TÉRMINO DO TRABALHO RURAL RECURSO DO INSS CONHECIDO E DESPROVIDO.1. O benefício de aposentadoria rural por idade é concedido ao segurado especial, nos termos do art. 11, VII, da Lei n.8.213/91, que tenha idade mínima de 60 anos, se homem, e 55 anos, se mulher, tendo laborado individualmente ou emregime de economia familiar (§1º), em atividade rural por tempo igual ao número de meses correspondentes à carênciaexigida, sendo dispensável o recolhimento de contribuições (arts. 39, I, 48, §2º, da Lei n. 8.213/91).2. O direito à aposentadoria passa a integrar o patrimônio jurídico do sujeito quando preenchidos os requisitos para a suafruição, tal como veiculado pelo enunciado n. 359, da súmula da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que tambémé aplicável aos segurados no Regime Geral da Previdência Social, conforme o decidido - em regime de repercussão geral -no RE 630.501/RS (Pleno, Rel. p/acórdão Min. Marco Aurélio, DJE 23.08.2013).

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3. Jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização no sentido de que a qualidade de segurado especial não é afastadase apenas um dos membros da família exerce a atividade rural (enunciado n. 41).4. O enunciado n. 54 da súmula de jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização dispõe que, para a concessão deaposentadoria por idade de trabalhador rural, o tempo de exercício de atividade equivalente à carência deve ser aferido noperíodo imediatamente anterior ao requerimento administrativo ou à data do implemento da idade mínima. Constatação, nahipótese em estudo, de que o autor preencheu todos os requisitos legais antes de deixar o labor rural.5. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sem condenação em custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Honoráriosadvocatícios correspondentes a 10% (dez por cento) do valor da condenação (art. 55, da Lei n. 9.099/95), observada adiretriz contida no enunciado nº 111 da súmula de jurisprudência dominante do STJ.

RELATÓRIO

O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 80/85, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do Juizado Especial Federal deLinhares (fls. 76/79), que julgou procedente o pedido inicial para condená-lo a implantar em favor da parte autora obenefício de aposentadoria rural por idade e a pagar as prestações vencidas desde a data do requerimento administrativo(12/07/2010), com observância da prescrição quinquenal e o teto fixado para o Juizado Especial Federal.

02. O recorrente alega que o cônjuge do autor foi servidora pública do município de Linhares, tendo provavelmentese aposentado, em 2009, com proventos superiores ao salário mínimo. Destaca que o labor urbano do cônjuge sempre foiessencial para a manutenção do grupo familiar, tendo em vista que o autor está afastado da lide rural desde 2005. Afirmaque a alegação de que o autor se afastou da lavoura em 2005, por motivo de doença, não está comprovada e sequer foirequerido o benefício de auxílio-doença na época. Assevera que a legislação exige o exercício de atividade rural no períodoimediatamente anterior ao requerimento do benefício. Pugna pela reforma da sentença, para que o pedido seja julgadoimprocedente.

03. A parte autora oferece contrarrazões às fls. 101/110. Alega que preencheu os requisitos para a concessão daaposentadoria rural desde 2005, visto que completou 60 anos de idade e a carência necessária para a aposentadoria antesde se afastar do labor rural. Argumenta que sua esposa é aposentada como servente e aufere, mensalmente, R$ 667,22(referente ao mês de maio de 2012), valor que nunca foi suficiente para a manutenção da família. Afirma que acircunstância de um dos integrantes do núcleo familiar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, adescaracterização do trabalhador rural como segurado especial, conforme o enunciado n. 41 da súmula de jurisprudênciada Turma Nacional de Uniformização. Pugna pelo desprovimento do recurso.

04. É o relatório.VOTO

05. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

06. Em análise da controvérsia relacionada ao cumprimento dos requisitos para o benefício de aposentadoria ruralpor idade, destaco que o segurado especial, nos termos do art. 11, VII, da Lei n. 8.213/91, deverá ter idade mínima de 60anos, se homem, e 55 anos, se mulher, tendo laborado individualmente ou em regime de economia familiar (§1º), ematividade rural por tempo igual ao número de meses correspondentes à carência exigida, sendo dispensável o recolhimentode contribuições (arts. 39, I, 48, §2º, da Lei n. 8.213/91).

07. O Regime Geral da Previdência Social contém regra de transição específica para os segurados especiais aoassegurar-lhes o direito de requerer aposentadoria por idade, no valor de um salário mínimo, durante quinze anos, contadosa partir da data de sua vigência, desde que comprovado o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no períodoimediatamente anterior ao requerimento do benefício, em número de meses idêntico à carência exigida (art. 143, da Lei n.8.213/91). Complementando o artigo 143 na disciplina da transição de regimes, o artigo 142 da Lei 8.213/91 estabeleceuque para o segurado inscrito na Previdência Social Urbana até 24 de julho de 1991, bem como para o trabalhador e oempregador rural cobertos pela Previdência Social Rural, a carência das aposentadorias por idade, por tempo de serviço eespecial deve obedecer a uma tabela que prevê prazos menores no período de 1991 a 2010.

08. Cumpre destacar que o Supremo Tribunal Federal tem firme orientação de que o direito à aposentadoria passa aintegrar o patrimônio jurídico do sujeito quando preenchidos os requisitos para a sua fruição, tal como veiculado peloenunciado n. 359, da súmula da sua jurisprudência, que também é aplicável aos segurados no Regime Geral daPrevidência Social, conforme o decidido - em regime de repercussão geral - no RE 630.501/RS (Pleno, Rel. p/acórdão Min.Marco Aurélio, DJE 23.08.2013).

09. Em exame da questão, observo que a aposentadoria por idade concedida ao segurado especial – a par dorecolhimento de contribuição - tem um preponderante caráter assistencial, cujo propósito seria infirmado caso seu titularfosse proprietário ou tivesse a posse de imóvel rural de significativa extensão que, para ser explorado, exigiria um conjuntode atividades além daquelas tipicamente desempenhadas em regime de economia familiar.

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10. A comprovação do exercício da atividade rural constitui, porém, desafio maior ao julgador, uma vez que aapreciação dos elementos trazidos à formação de sua convicção deve considerar as dificuldades patentes do trabalhodesempenhado pelo rurícola que raramente possui ampla documentação de sua atividade laborativa. Embora ajurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tenha consolidado, no enunciado 149 de sua súmula, que “a provaexclusivamente testemunhal não basta à comprovação da atividade rurícola, para efeito de obtenção de benefícioprevidenciário”, deve ser rejeitada a aplicação literal do art. 106, da Lei nº 8.213/91, cujo rol de documentos é meramenteexemplificativo, e não taxativo, conforme amplamente reconhecido pela jurisprudência. Nesse sentido, trago à colação oseguinte julgado:PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADORA RURAL. ATIVIDADE LABORAL NO PERÍODO DECARÊNCIA. COMPROVAÇÃO RECONHECIDA PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. PROVA TESTEMUNHAL CONSISTENTE.PRETENSÃO DE REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 7/STJ.1. Não é necessário que o início de prova material diga respeito a todo período de carência estabelecido pelo art. 143 da Lein. 8.213/91, desde que a prova testemunhal amplie sua eficácia probatória, vinculando-o, pelo menos, a uma fraçãodaquele período.2. O rol de documentos descrito no art. 106 da Lei n. 8.213/91 é meramente exemplificativo, e não taxativo. Foram aceitascomo início de prova material do tempo de serviço rural as Certidões de óbito e de casamento, as quais qualificaram comolavrador o cônjuge da requerente de benefício previdenciário.3. O Tribunal de origem considerou que as provas testemunhais serviram para corroborar as provas documentais. Modificaro referido argumento, a fim de entender pela ausência de comprovação da atividade rural pelo período de carência,demandaria evidente reexame de provas, o que é vedado nesta Corte, nos termos da Súmula 7/STJ. Agravo regimentalimprovido.(AgRg no AREsp 360.761/GO, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, j. 01/10/2013, DJE 09/10/2013) (original semgrifos).

11. A melhor exegese do dispositivo demanda, portanto, uma leitura inspirada na persuasão racional do magistrado(art. 131, do Código de Processo Civil) que não deve desprezar certos critérios legais de valoração das provas e asdificuldades vivenciadas pelos trabalhadores rurais.

12. Destarte, ainda que os critérios de valoração de cada prova venham a ser definidos na apreciação do casoconcreto levado a juízo, a demonstração do desempenho de atividade rurícola para obtenção de aposentadoria por idadeem seu valor mínimo requer início de prova material (art. 55, §3o, da Lei n. 8.213/91).

13. Da análise dos autos, observo que o recorrido nasceu em 22/05/1945 (fl. 22) e pretende ver reconhecido oexercício de atividade rural durante período superior à carência legalmente exigida para a obtenção do benefício pretendido.Para tanto, juntou: i) certidão de casamento, celebrado em 1969, na qual consta sua qualificação como “lavrador” (fl. 23); ii)cópia da Carteira de Trabalho e Previdência Social, com anotações de vínculos de emprego como trabalhador rural (entre26/06/1972 e 13/09/1972) e vigia noturno (entre 18/10/1992 e 22/11/1992) (fl. 25); iii) contribuição sindical do ano de 2001(fl. 30); iv) escritura de compra e venda de imóvel rural, em que consta o autor como outorgante comprador, lavrada em29/11/1988 (fls. 33/36); v) escritura de compra e venda de imóvel rural, em que consta o autor como outorgante vendedor,lavrada em 06/08/2003 (fls. 31/32); vi) ITR do ano de 2002 (fls. 37/39).

14. O INSS, em sede administrativa, indeferiu o requerimento apresentado pela parte autora em 12/07/2010, sob oargumento de ausência de cumprimento do período de carência (fl. 54).

15. No caso dos autos, o autor completou a idade mínima exigida para a aposentadoria por idade rural em22/05/2005, mesmo ano em que se afastou do labor rural. De acordo com a tabela progressiva do art. 142 da Lei n.8.213/91, precisava comprovar 144 meses (12 anos) de trabalho rural em regime de economia familiar. Em 1992, tevevínculo de trabalho urbano, o que impede a consideração de provas produzidas nesse interstício (18/10/1992 a 22/11/2992)como início de prova material. Com isso, as escrituras públicas de compra e venda de imóvel rural situado no município deRio Bananal, lavradas nos anos de 1988 e 2003, assim como o ITR e a contribuição sindical, são os documentos servíveispara se comprovar o alegado exercício de atividade rural.

16. Consta nos autos, o extrato do Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS) do cônjuge do autor, o qualdemonstra que ela trabalhou para a Prefeitura de Rio Bananal entre 05/04/1988 e 30/11/1991, assim como para a Prefeiturade Linhares entre 17/03/1995 e 12/2008. Conforme o contracheque juntado às contrarrazões, o cônjuge do autor auferiapouco mais de um salário mínimo em maio de 2012, valor que, de fato, não é óbice para desconstituir a qualidade desegurado especial do demandante. Ademais, o enunciado n. 41, da súmula da jurisprudência da Turma Nacional deUniformização, dispõe que: “A circunstância de um dos integrantes do núcleo familiar desempenhar atividade urbana nãoimplica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural como segurado especial, condição que deve ser analisada nocaso concreto”.

17. Todavia, a hipótese ora em estudo abrange tema mais amplo que o simples fato de o cônjuge do autor terexercido atividade urbana. Trata-se, no caso, de aferir se o segurado pode afastar-se do labor rural e, anos depois, requerera aposentadoria rural sob a alegação de ter direito adquirido. O demandante alega que se afastou da roça em 2005, ano noqual completou 60 anos de idade e apresentava mais de 12 anos de labor rural. O autor afirma que ficou doente e, por talrazão, teve que se mudar para a zona urbana. O requerimento para concessão de aposentadoria por idade foi apresentadoem 2010, cinco anos após o afastamento do labor rural. O enunciado n. 54 da súmula de jurisprudência da Turma Nacional

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de Uniformização dispõe que, para a concessão de aposentadoria por idade de trabalhador rural, o tempo de exercício deatividade equivalente à carência deve ser aferido no período imediatamente anterior ao requerimento administrativo ou àdata do implemento da idade mínima. Como o autor realizou o pedido apenas em 2010, a primeira possibilidade trazida peloenunciado não pode ser aplicada. Resta analisar se é possível ao autor requerer a aposentadoria por idade como direitoadquirido pelo fato de, em 2005, ter preenchido os requisitos impostos pela legislação. A análise da matéria perpassa peladicção do art. 3º, § 1º da Lei n. 10.666/03, o qual prevê que a perda da qualidade de segurado não será considerada para aconcessão do benefício de aposentadoria por idade, desde que o segurado conte com, no mínimo, o tempo de contribuiçãocorrespondente ao exigido para efeito de carência na data do requerimento do benefício. Tal dispositivo, conformeentendimento do Superior Tribunal de Justiça no julgamento da Pet 7.476/PR, não é aplicável aos trabalhadores rurais.Entretanto, importa salientar que o voto condutor do Incidente de Uniformização levou em consideração o caso de umasegurada que cumpriu a carência, mas, afastou-se do labor rural, antes de completar a idade mínima, o que torna o casodiverso do ora estudado, no qual o autor preencheu tanto a carência (144 meses) quanto a idade mínima (60 anos) antesdo afastamento da lavoura. Sendo assim, não se faz possível alegar que o autor não tem direito adquirido à aposentadoriapor idade rural, mas, ressalto, pela constatação de que preencheu todos os requisitos antes de mudar-se para a zonaurbana.

18. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Os juros de mora deverão ser calculados a partir dacitação, observado o disposto no 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação determinada pela Lei nº 11.960/09. Semcondenação em custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, osquais fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (art. 55, da Lei n. 9.099/95), observada a diretriz contida noenunciado nº 111 da súmula da jurisprudência do STJ (“Os honorários advocatícios, nas ações previdenciárias, não incidemsobre as prestações vencidas após a sentença”).

19. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

20. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

114 - 0000406-16.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000406-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) GISELE SUAVE CARDOSO(ADVOGADO: ES008642 - Valdoreti Fernandes Mattos.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).RECURSO Nº 0000406-16.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000406-3/01)RECORRENTE: GISELE SUAVE CARDOSORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

BENEFÍCIO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. RENDA MÍNIMA MENSAL PER CAPITA. NÃO EXCLUSÃO DE BENEFÍCIOPREVIDENCIÁRIO RECEBIDO POR MEMBRO DO GRUPO FAMILIAR. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO EDESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. O benefício assistencial, previsto no art. 203, V, da Constituição da República de 1988, será pago, no valor de um saláriomínimo, à pessoa portadora de deficiência e ao idoso incapaz de manter a própria subsistência ou tê-la provida por suafamília. A sua disciplina legal segue o disposto pelo art. 20, da Lei n. 8.742/93, com a redação dada pela Lei n. 12.435/11,que define os conceitos de família (§1º) - grupo, que viva em coabitação, formado pelo “requerente, o cônjuge oucompanheiro, os pais e na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e os enteadossolteiros e os menores tutelados” – e de pessoa portadora de deficiência (§2º). O art. 20, da Lei n. 8.742/93, também fixa opatamar etário mínimo para descrição de pessoa idosa (65 anos) e o limite de ¼ do salário-mínimo vigente per capita, comoparâmetro para aferição de miserabilidade da família.2. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 580.963/PR (Pleno, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJE 14.11.2013), emregime de repercussão geral, rejeitou a possibilidade de adotar-se interpretação com resultado extensivo do critério de ½ dosalário-mínimo vigente, definido em programas sociais, para aferição da condição de privação econômica exigida para aconcessão do benefício de prestação continuada ao idoso e ao deficiente. Contudo, a Corte decidiu que o art. 34, parágrafoúnico, da Lei n. 10.741/2003, seria parcialmente inconstitucional por omissão, porquanto não haveria critério legítimo dedistinção para que os benefícios previdenciários recebidos por idosos, de até um salário mínimo, não fossem excluídos docômputo da renda do núcleo familiar.3. O benefício previdenciário, no valor de um salário mínimo, recebido por pessoa aposentada por invalidez, com idadeinferior a 65 anos, não deve ser excluído dos rendimentos do núcleo familiar para aferição da renda per capita exigida paraconcessão do benefício assistencial de prestação continuada.4. Conjunto probatório contrário ao pedido da parte autora. Renda familiar per capita superior a ¼ do salário-mínimovigente. Condição de miserabilidade não configurada.5. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, em razão dobenefício de gratuidade de justiça (art. 12, da Lei n. 1.060/50).

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RELATÓRIO

GISELE SUAVE CARDOSO, representada por seu curador JOSÉ FRANCISCO CARDOSO, interpõe recurso inominado, àsfls. 127/137, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do Juizado Especial Federal de Linhares (fls. 122/125), que julgouimprocedente seu pedido para concessão de benefício assistencial de prestação continuada, a contar da data do primeirodo requerimento administrativo, em 01.09.00.

02. Em suas razões, alega que: i) é portadora de doença mental grave, desde seu nascimento, estando total edefinitivamente incapacitada para o trabalho; e ii) no tocante ao requisito da renda familiar, previsto no art. 20, § 3º, da Lei8.742/93, a jurisprudência é no sentido de permitir o reconhecimento da condição de miserabilidade por outros meios deprova.

03. O INSS, embora intimado à fl. 140, não ofereceu contrarrazões.

04. Despacho, às fls. 150/155, no qual se determina a intimação do INSS para que manifeste eventual interesse empropor acordo.

05. O INSS, à fl. 157, afirma a inexistência de interesse na obtenção de acordo.

06. É o relatório.

VOTO

07. Presentes os pressupostos processuais, conheço o recurso e passo ao exame do seu mérito.

08. O benefício assistencial, previsto no art. 203, V, da Constituição da República de 1988, será pago, no valor de umsalário mínimo, à pessoa portadora de deficiência e ao idoso incapaz de manter a própria subsistência ou tê-la provida porsua família. A sua disciplina legal segue o disposto pelo art. 20, da Lei n. 8.742/93, com a redação dada pelas Leis n.12.435/11 e 12.470/11, que define os conceitos de família (§1º) - grupo, que viva em coabitação, formado pelo “requerente,o cônjuge ou companheiro, os pais e na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e osenteados solteiros e os menores tutelados” – e de pessoa portadora de deficiência (§2º). O art. 20, da Lei n. 8.742/93,também fixa o patamar etário mínimo para descrição de pessoa idosa (65 anos) e o limite de ¼ do salário-mínimo vigenteper capita, como parâmetro para aferição de miserabilidade da família.

09. No presente recurso, a deficiência que incapacita a parte autora é incontroversa (fls. 91/95). Entretanto, o pedidopara concessão do benefício assistencial de prestação continuada foi julgado improcedente, porque a renda mensal percapita do núcleo familiar seria superior ao limite legal. Para tanto, o magistrado sentenciante consignou, baseado nasconclusões apresentadas em laudo socioeconômico (fls. 108/111), que, a despeito de a renda familiar ser formadaexclusivamente pelos proventos de aposentadoria por invalidez recebida pelo companheiro da autora, ela não viveria emcondições de miserabilidade.

10. Cumpre destacar que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 580.963/PR (Pleno, Rel. Min. GilmarMendes, DJE 14.11.2013), em regime de repercussão geral, rejeitou a possibilidade de adotar-se interpretação comresultado extensivo do critério de ½ do salário-mínimo vigente, definido em programas sociais, para aferição da condição deprivação econômica exigida para a concessão do benefício de prestação continuada ao idoso e ao deficiente. Contudo, aCorte decidiu que o art. 34, parágrafo único, da Lei n. 10.741/2003, seria parcialmente inconstitucional por omissão,porquanto não haveria critério legítimo de distinção para que os benefícios previdenciários recebidos por idosos, de até umsalário mínimo, não fossem excluídos do cômputo da renda do núcleo familiar. A propósito, transcrevo a ementa doacórdão referido:Benefício assistencial de prestação continuada ao idoso e ao deficiente. Art. 203, V, da Constituição. A Lei de Organizaçãoda Assistência Social (LOAS), ao regulamentar o art. 203, V, da Constituição da República, estabeleceu os critérios paraque o benefício mensal de um salário mínimo seja concedido aos portadores de deficiência e aos idosos que comprovemnão possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família. 2. Art. 20, § 3º, da Lei 8.742/1993 e adeclaração de constitucionalidade da norma pelo Supremo Tribunal Federal na ADI 1.232. Dispõe o art. 20, § 3º, da Lei8.742/93 que: “considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de deficiência ou idosa a família cujarenda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo”. O requisito financeiro estabelecido pela Lei tevesua constitucionalidade contestada, ao fundamento de que permitiria que situações de patente miserabilidade social fossemconsideradas fora do alcance do benefício assistencial previsto constitucionalmente. Ao apreciar a Ação Direta deInconstitucionalidade 1.232-1/DF, o Supremo Tribunal Federal declarou a constitucionalidade do art. 20, § 3º, da LOAS. 3.Decisões judiciais contrárias aos critérios objetivos preestabelecidos e processo de inconstitucionalização dos critériosdefinidos pela Lei 8.742/1993. A decisão do Supremo Tribunal Federal, entretanto, não pôs termo à controvérsia quanto àaplicação em concreto do critério da renda familiar per capita estabelecido pela LOAS. Como a Lei permaneceu inalterada,elaboraram-se maneiras de contornar o critério objetivo e único estipulado pela LOAS e de avaliar o real estado demiserabilidade social das famílias com entes idosos ou deficientes. Paralelamente, foram editadas leis que estabeleceramcritérios mais elásticos para concessão de outros benefícios assistenciais, tais como: a Lei 10.836/2004, que criou o Bolsa

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Família; a Lei 10.689/2003, que instituiu o Programa Nacional de Acesso à Alimentação; a Lei 10.219/01, que criou o BolsaEscola; a Lei 9.533/97, que autoriza o Poder Executivo a conceder apoio financeiro a municípios que instituírem programasde garantia de renda mínima associados a ações socioeducativas. O Supremo Tribunal Federal, em decisõesmonocráticas, passou a rever anteriores posicionamentos acerca da intransponibilidade dos critérios objetivos. Verificou-sea ocorrência do processo de inconstitucionalização decorrente de notórias mudanças fáticas (políticas, econômicas esociais) e jurídicas (sucessivas modificações legislativas dos patamares econômicos utilizados como critérios de concessãode outros benefícios assistenciais por parte do Estado brasileiro). 4. A inconstitucionalidade por omissão parcial do art. 34,parágrafo único, da Lei 10.741/2003. O Estatuto do Idoso dispõe, no art. 34, parágrafo único, que o benefício assistencial jáconcedido a qualquer membro da família não será computado para fins do cálculo da renda familiar per capita a que serefere a LOAS. Não exclusão dos benefícios assistenciais recebidos por deficientes e de previdenciários, no valor de até umsalário mínimo, percebido por idosos. Inexistência de justificativa plausível para discriminação dos portadores de deficiênciaem relação aos idosos, bem como dos idosos beneficiários da assistência social em relação aos idosos titulares debenefícios previdenciários no valor de até um salário mínimo. Omissão parcial inconstitucional. 5. Declaração deinconstitucionalidade parcial, sem pronúncia de nulidade, do art. 34, parágrafo único, da Lei 10.741/2003. 6. Recursoextraordinário a que se nega provimento.

11. Passando-se à análise das provas carreadas aos autos, destaco que o estudo das condições sócio-econômicas(fls. 108/111) concluiu que a parte autora reside com seu companheiro. A renda do núcleo é composta unicamente pelaaposentadoria percebida pelo cônjuge, no valor de um salário-mínimo, o que torna a renda familiar per capita superior a ¼do salário-mínimo vigente à época. Verifico, ainda, que o grupo familiar reside em imóvel cedido pelos genitores da autora.A residência é de alvenaria, coberta com telha do tipo colonial e piso cerâmico. É subdividida em quarto e banheiro, e temboas condições de habitabilidade e higiene. A casa possui energia elétrica e água encanada. O esgoto é depositado emfossa séptica e o lixo doméstico é coletado. Quanto às despesas domésticas habituais, afirmou-se que são gastos emmédia R$ 140,00 (cento e quarenta reais) com alimentação e R$ 221,20 (duzentos e vinte e um reais e vinte centavos) commedicamentos.

12. No caso dos autos não é cabível a aplicação analógica do art. 34, parágrafo único da Lei 10.741/2003, permitindodesconsiderar o valor de um salário-mínimo referente ao benefício previdenciário do genitor. A norma referida não dispõeque o benefício previdenciário, no valor de um salário mínimo, recebido por pessoa aposentada invalidez, com idade inferiora 65 anos, deva ser excluído dos rendimentos do núcleo familiar para aferição da renda per capita exigida para concessãodo benefício assistencial de prestação continuada.

13. A adoção de tal entendimento encontra suporte na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. RENDA MENSAL PER CAPITAFAMILIAR. EXCLUSÃO DE BENEFÍCIO DE VALOR MÍNIMO PERCEBIDO POR MAIOR DE 65 ANOS. ART. 34,PARÁGRAFO ÚNICO, LEI Nº 10.741/2003. APLICAÇÃO ANALÓGICA.1. A finalidade da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), ao excluir da renda do núcleo familiar o valor do benefícioassistencial percebido pelo idoso, foi protegê-lo, destinando essa verba exclusivamente à sua subsistência.2. Nessa linha de raciocínio, também o benefício previdenciário no valor de um salário mínimo recebido por maior de 65anos deve ser afastado para fins de apuração da renda mensal per capita objetivando a concessão de benefício deprestação continuada.3. O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capitadesprestigia o segurado que contribuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,na medida em que este tem de compartilhar esse valor com seu grupo familiar.4. Em respeito aos princípios da igualdade e da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capitaqualquer benefício de valor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário,aplicando-se, analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso.5. Incidente de uniformização a que se nega provimento.(PET 7203, Terceira Seção, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJE 11/10/2011)

14. Sendo assim, o requisito da miserabilidade necessário à concessão do benefício pretendido não restoucomprovado nos autos.

15. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas ehonorários advocatícios, em razão do benefício de gratuidade de justiça, nos termos do art. 12, da Lei n. 1.060/50 (fl. 72).

16. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

17. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

115 - 0102052-67.2014.4.02.5052/01 (2014.50.52.102052-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE DE JESUS PEREIRA(ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY, ES017122 - RODRIGO NUNES LOPES, ES016822 - PAULAGHIDETTI NERY LOPES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JULIANA BARBOSAANTUNES.).RECURSO Nº 0102052-67.2014.4.02.5052/01 (2014.50.52.102052-4/01)

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RECORRENTE: JOSE DE JESUS PEREIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. JOSÉ DE JESUS PEREIRA interpõe recurso inominado, às fls. 58/62, contra sentença proferida pela MMa. Juíza doJuizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder obenefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez. A parte autora afirma que é portadora de doençaincapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto dasprovas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possível devido às suas condições desaúde, as quais impossibilitam o desempenho da atividade de lavrador.

2. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 68/70, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudo emitidopor perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente, conforme conclusões já apresentadas pelomédico perito da autarquia.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. O recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo teria indeferido o requerimento paraque o perito fosse intimado para apresentar resposta aos quesitos formulados na inicial e para complementar o laudo.Contudo, da leitura das conclusões do perito judicial, não observo discrepância entre as doenças que ele diagnosticou naparte autora e aquelas enunciadas nos documentos que acompanharam a petição inicial, razão por que o indeferimento dopleito para esclarecimentos mostra-se acertado, especialmente por não haver prova de que o especialista tenhadesconsiderado os elementos essenciais para avaliação do quadro clínico da recorrente. As respostas apresentadas peloespecialista nomeado foram suficientes para esclarecimento da questão técnico-científica controversa. Logo, não restaconfigurada infração ao devido processo legal e ao contraditório, pela ausência de resposta a todos os quesitos redigidospela parte autora (art. 5º, LIV e LV, da Constituição da República de 1988).

6. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

7. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

8. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 30/32,34 e 35) indicam que ela é acometida de hemorragia intracraniana e disfunção cerebral provocada por acidenteautomobilístico. Ademais, informam que o autor é acometido de lombalgia e dores no quadril. De igual modo, nosatestados de fls. 30 e 31 os médicos subscritores afirmaram que ela estaria incapacitada para o trabalho de formatemporária pelo período de seis e três meses, respectivamente. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeadojudicialmente, afirma-se que o recorrente é portador de artrose da coluna cervical e lombar e sofreu acidente de moto comluxação da clavícula direita, já consolidada. Todavia, apresenta coluna cervical e lombar com mobilidade normal, semcomprometimento neurológico nos membros. Conclui que não há incapacidade laborativa para o trabalho de lavrador.

9. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pelo recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condiçõesdignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve seracompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos osrequisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados.

10. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honorários advocatícios,tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

11. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

12. É como voto.

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(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

116 - 0004608-40.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.004608-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANNA DA PENHADEMONIER SIQUEIRA (ADVOGADO: ES017552 - MARCELO NUNES DA SILVEIRA, ES015788 - JOSE ROBERTOLOPES DOS SANTOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DOESPÍRITO SANTO.).RECURSO Nº 0004608-40.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.004608-1/01)RECORRENTE: ANNA DA PENHA DEMONIER SIQUEIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. ANNA DA PENHA DEMONIER SIQUEIRA interpõe recurso inominado, às fls. 72/80, contra sentença proferida pelo MM.Juiz do 1° Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedentes os pedidos paracondenar o INSS a conceder o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez. A parte autoraafirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedênciadesconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possíveldevido às suas condições de saúde e pessoais, as quais impossibilitam o desempenho da atividade de costureira.

2. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 85/87, nas quais requer o desprovimento do recurso. Reporta-se aos demaisargumentos lançados na contestação.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

6. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

7. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 16/20)indicam que ela é acometida de lombociatalgia bilateral, tendinite no joelho esquerdo e fratura bilateral dos punhos. De igualmodo, nos atestados de fls. 17 e 18 os médicos subscritores afirmaram que a autora estaria incapacitada para o trabalhosem indicar se de forma definitiva ou temporária. A médica responsável pelos atestados de fls. 19 e 20 afirmou que elaestaria incapacitada de forma temporária, devendo afastar-se de suas atividades laborativas pelo período de 90 dias. Porsua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que a recorrente é portadora de tendinite no punhodireito e dedos em gatilho que foram operados com recuperação completa da mobilidade. Ademais, a autora sofreu fraturanos dois punhos há dois anos, com consolidação completa e perda da mobilidade no punho esquerdo em grau leve.Todavia, não foram verificadas alterações que comprometessem as atividades habituais da autora. Conclui que não háincapacidade laborativa para o trabalho de costureira.

8. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condiçõesdignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve seracompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos osrequisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados. Ademais, conforme consulta ao banco de dados do CNIS, a recorrente manteve o recolhimentode contribuições previdenciária, na qualidade de contribuinte individual, o que constitui indício da continuidade do trabalho

9. As condições pessoais da autora só teriam relevância se a perícia judicial tivesse constatado incapacidade parcial para otrabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática, descartada, paraefeito de converter auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Entretanto, não tendo sido confirmada nenhumalimitação funcional, o quadro social isoladamente considerado não basta para respaldar a concessão do auxílio-doença. Apropósito, destaco o teor do enunciado nº 77, da súmula da jurisprudência da TNU: “O julgador não é obrigado a analisar ascondições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual”.

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10. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honorários advocatícios,tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

11. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

117 - 0000308-31.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000308-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x EDIVALDO OLIVEIRA MARQUES(ADVOGADO: ES012399 - GUSTAVO SABAINI DOS SANTOS.) x OS MESMOS.RECURSO Nº 0000308-31.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000308-3/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: OS MESMOSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. DIB.DATA DO AJUIZAMENTO DA AÇÃO RECURSO DO INSS CONHECIDO E DESPROVIDO. RECURSO DA PARTEAUTORA CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.

1. O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 92/130, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do Juizado Especial Federalde Linhares, que julgou parcialmente procedente o pedido para condenar o INSS a conceder o benefício de aposentadoriapor invalidez, desde a data da perícia judicial, ocorrida em 05/01/2012. A autarquia afirma que a sentença merece serreformada, uma vez que o autor não ostentaria a qualidade de segurado. Aduz que o primeiro laudo emitido por peritonomeado pelo Juízo constatou a plena capacidade laborativa da parte autora, assim como ocorrera nas sete períciasadministrativas, realizadas por quatro médicos distintos. Sustenta que a sentença é nula porque não teria fundamentado aescolha entre os laudos periciais.

2. A parte autora ofereceu contrarrazões, às fls. 138/140, nas quais requer o desprovimento do recurso interposto peloINSS.

3. O autor também interpõe recurso, às fls. 141/144, e alega que a sentença merece reparo no que atine à data fixada comode início do benefício. Aduz que a incapacidade laborativa existiria desde que foi realizada cirurgia que inseriu doisparafusos em sua coluna lombar. Aponta que o perito judicial teria afirmado que a incapacidade teria permanecido desdeseu início até a propositura da ação e que o tratamento cirúrgico não representou melhora do quadro clínico. Afirma que fezjus à percepção do benefício de auxílio-doença por, aproximadamente, quatro anos, entre 2000 e 2010. Pugna pelacondenação do INSS ao pagamento do benefício a partir da data da cessação do benefício de auxílio-doença, ocorrida em12/09/2008 (fl. 12), com desconto das parcelas percebidas no período de 02/10/2009 a 16/12/2010.

4. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado (fl. 147).

5. É o Relatório.

6. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

7. O INSS alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo não teria fundamentado a escolha entre oslaudos periciais, o primeiro que constatou a incapacidade laborativa da parte autora, e, o segundo, que atestou aincapacidade total e permanente do demandante. O magistrado sentenciante declinou fundamentação específica para nãoacolher as conclusões do primeiro perito nomeado, por considerá-las contraditórias, uma vez que o especialista afirmou queo autor estava apto para o trabalho, embora não pudesse desempenhar atividades que exigissem esforço físico (fl. 90), oque afasta a arguição de nulidade apresentada pelo INSS. Acrescento que o INSS teve ciência da designação de novaperícia, não tendo se manifestado a respeito. Ressalto que, do confronto entre o primeiro laudo pericial (fls. 51/54) e osdemais atestados médicos coligidos nos autos, há significativa discrepância, a qual não foi resolvida pelas respostas dadaspelo especialista primeiramente nomeado pelo Juízo a quo, motivo pelo qual a análise deve ser feita com base no segundolaudo pericial. Ademais, a existência de pronunciamentos de médicos do INSS em sentido divergente da conclusão dosegundo perito não é causa suficiente para a substituição da sentença, valendo observar que os peritos da autarquia oraafirmavam, ora negavam, a existência de capacidade do autor para o trabalho (fls. 108/130).

8. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

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9. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

10. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o demandante fez jus à percepção do benefício deauxílio-doença nos períodos de 15/08/2006 a 12/09/2008 (517.824.365-6) e 02/10/2009 e 16/12/2010 (537.630.554-2), fl.12. O atestado médico carreado pela parte autora (fl. 28), subscrito no período em que ela não recebeu o benefício deauxílio-doença, de 13/09/2008 a 01/10/2009 e de 17/12/2010 a 05/01/2012 - data da DIB fixada na sentença - indica que elaé portadora de hérnia discal lombar, CID M54.5. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, no qualse fundamentou o magistrado sentenciante, afirma-se que o recorrente é portador de hérnia de disco lombar, com dor nacoluna de forte intensidade que irradia para membro inferior que cursa com dormência, perda da força muscular. Concluique há incapacidade laborativa total e definitiva. Aduz não ser possível apontar a data do início da incapacidade (item 8).Afirma, com base em exame clínico e radiológico, que existia incapacidade na data da propositura da ação (fl. 81). Informaque a parte autora permaneceu incapacitada desde o início da doença, cuja data não precisou, até a propositura da ação(fls. 79/82).

11. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e pode legitimamente embasar a convicção dojulgador. Embora o douto magistrado sentenciante tenha concluído que o demandante faria jus à percepção do benefício deaposentadoria por invalidez a partir da data da realização da perícia judicial, observo que o perito foi categórico ao afirmar,com base em exame clínico e radiológico, que a incapacidade laborativa da parte autora permaneceu desde o seu início,cuja data não pôde precisar, até a propositura da ação. Sendo assim, a data do início do benefício de aposentadoria porinvalidez deve ser fixada na data do ajuizamento da ação (19/04/2011 – fl. 33), considerando que não há nos autos laudosmédicos que demonstrem a data do início da incapacidade, uma vez que, à exceção do atestado médico de fl. 28, osdocumentos carreados aos autos pela parte autora se referem aos períodos em que ela fez jus à percepção do benefício deauxílio-doença, portanto, não são hábeis a comprovar a incapacidade nos períodos em que o INSS indeferiu o benefício.Ressalto que a parte autora sequer informou a data em que realizou a cirurgia que inseriu dois parafusos em sua colunalombar.

12. Observo que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j.14.03.2013, DJE 18.12.2013), declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão“independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pelaEmenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados osmesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria ainconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio daisonomia ao incorrer no mesmo vício. O referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine àextensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dosdébitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da Repúblicade 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime. Emjulgamento de questão de ordem, realizado no dia 25/03/2015, houve manifestação explícita do STF sobre os precatóriosexpedidos no âmbito da Administração Pública Federal, os quais devem ser atualizados “com base nos arts. 27 das Leis nº12.919/13 e Lei nº 13.080/15, que fixam o IPCA-E como índice de correção monetária”, razão por que entendo que oINPC/IBGE deve ser aplicado para atualização monetária das prestações vencidas em demandas previdenciárias, ao passoque o IPCA/IBGE deve incidir nas ações relacionadas às verbas devidas aos servidores públicos federais. Contudo, amaioria dos integrantes das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo tem posicionamento diverso, favorávelà aplicação do art. 1º - F, da Lei n. 9.494/97, conforme alteração promovida pela Lei n. 11.960/09, para atualizaçãomonetária e juros moratórios. Para promoção de maior segurança jurídica, acolho – a despeito de convicção pessoal emsentido contrário – tal orientação.

13. Ante o exposto, conheço o recurso do INSS e nego-lhe provimento. Conheço o recurso da parte autora e dou-lhe parcialprovimento para reformar em parte a sentença e estabelecer a data do início do benefício de aposentadoria por invalidezem 19/04/2011, data do ajuizamento da ação. Sem custas pelo INSS (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Honorários advocatíciosdevidos pelo INSS, correspondentes a 10% sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei nº 9.099/95). Sem condenação aopagamento de custas e honorários advocatícios, quanto à parte autora, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.

14. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

15. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

118 - 0000185-56.2013.4.02.5055/01 (2013.50.55.000185-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARGARIDA ZAMBORLINICARRETTA (ADVOGADO: ES011348 - ALINE RUDIO SOARES FRACALOSSI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).RECURSO Nº 0000185-56.2013.4.02.5055/01 (2013.50.55.000185-4/01)

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RECORRENTE: MARGARIDA ZAMBORLINI CARRETTARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. INEXISTÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. CONTRADIÇÃO.PERPLEXIDADE NA AVALIAÇÃO DAS PROVAS. NULIDADE DA SENTENÇA.

1. MARGARIDA ZAMBORLINI CARRETA interpõe recurso inominado, às fls. 87/93, contra sentença proferida pelo MM.Juiz do Juizado Especial Federal de Serra, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder obenefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez. A parte autora afirma que é portadora de doençaincapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto dasprovas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possível devido às suas condições desaúde, as quais impossibilitam o desempenho da atividade de doméstica.

2. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 98/103, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral da recorrente, conforme conclusões jáapresentadas pelo médico perito da autarquia.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

6. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

7. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 14, 16e 19/22) indicam que ela é acometida de alterações involutivas encefálicas próprias para a faixa etária, associadas àcomponente de leucomicroangiopatia; sequela de fratura dos corpos vertebrais, formações osteofitárias nos corposvertebrais lombares; redução do espaço discal entre L5-S1; sinais de artrose inter-apofisária lombar; baixa massa óssea.Destaca-se que não foram apresentados laudos particulares que indicassem que a autora estaria incapacitada para otrabalho. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que a recorrente apresenta históricode lombalgia. Todavia, a periciada apresenta coluna lombar compatível com a sua idade e não apresenta atrofia muscularou sinais de sequelas de doença neurológica. Conclui que não há incapacidade laborativa para o trabalho de doméstica.

8. Observo que o perito nomeado pelo juízo de origem não fundamentou seu laudo de forma suficiente. O expert nãoapontou, de forma clara e convincente, os motivos que o levaram a concluir que a recorrente está apta a exercer suaatividade habitual. Entretanto, o respeitável Juízo a quo, ao proferir sentença, afirmou que a parte autora não comprovou aexistência de incapacidade que autorize a concessão do benefício, inexistindo nos autos documentos capazes de infirmar aconclusão pericial, o que levou ao julgamento de improcedência dos pedidos.

9. Contudo, o laudo pericial mostra-se excessivamente lacônico e desprovido de fundamentação idônea. Ademais, não hádocumentos suplementares que possam dirimir a questão relacionada à efetiva aptidão da autora para o trabalho, o quetorna imprescindível a realização de novo exame pericial. Os motivos que balizaram as conclusões divergentes doespecialista não são óbvios e exigem que haja pronúncia específica e fundamentada sobre eles, nos termos do art. 435, doCódigo de Processo Civil. Ressalto que o reconhecimento da nulidade apontada baseia-se igualmente no poder deinstrução conferido ao julgador (art. 130, do Código de Processo Civil), que pode determinar a realização de perícia – aindaque em fase recursal – se o acervo probatório não permita que ele forme conclusão segura sobre o pedido deduzido (art.437, do Código de Processo Civil). Nesse sentido, posicionou-se o Superior Tribunal de Justiça nos seguintes julgados:PROCESSUAL CIVIL. PRODUÇÃO DE PROVA PERICIAL. DETERMINAÇÃO DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE. APLICAÇÃODO ART. 130 DO CPC. PRECLUSÃO QUE NÃO SE APLICA, NA HIPÓTESE. ART. 183 DO CPC. AUSÊNCIA DEPREQUESTIONAMENTO. RECURSO ESPECIAL. INADMISSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 211/STJ EADEMAIS, DA SÚMULA N. 83/STJ.I - A matéria inserta no dispositivo infraconstitucional suscitado (art. 183 do CPC) não foi objeto do julgamento a quo, sequerimplicitamente, carecendo o recurso especial do pressuposto específico do prequestionamento (Incidência da Súmula n.211/STJ).II - Demais disso, esta Corte tem entendimento pacífico no sentido de que a livre iniciativa do magistrado, na busca pelaverdade real, torna-o imune aos efeitos da preclusão, sendo lícita a determinação de produção de prova pericial, queindevidamente não foi deferida em primeira instância, mesmo de ofício (art. 130 do CPC).

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III - Noutras palavras, ainda que tenha havido o anterior indeferimento da produção de prova pericial, pelo juízo de primeirograu, ainda assim pode o Tribunal de apelação, de ofício, determinar tal produção, se entender pela sua indispensabilidade.IV - Precedentes citados: AgRg no REsp nº 738.576/DF, Rel. Min. NANCY ANDRIGHI, DJ de 12/09/2005; Edcl no Ag nº646.486/MT, Rel. Min. BARROS MONTEIRO, DJ de 29/08/2005; AgRg no AG nº 655.888/MG, Rel. Min. ARNALDOESTEVES DE LIMA, DJ de 22/08/2005; REsp nº 406.862/MG, Rel. Min. CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, DJ de07/04/2003.V - Aplicação, de qualquer modo, da Súmula n. 83/STJ.VI - Recurso especial não conhecido. Manutenção do acórdão que determinou a realização de nova perícia judicial.(RESP 896.072/DF, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJE 05.05.2008)

PROCESSO CIVIL. AGRAVO NO RECURSO ESPECIAL. INICIATIVA PROBATÓRIA DO JUIZ. PERÍCIA DETERMINADADE OFÍCIO. POSSIBILIDADE MITIGAÇÃO DO PRINCÍPIO DA DEMANDA. PRECEDENTES.- Os juízos de primeiro e segundo graus de jurisdição, sem violação ao princípio da demanda, podem determinar as provasque lhes aprouverem, a fim de firmar seu juízo de livre convicção motivado, diante do que expõe o art. 130 do CPC.- A iniciativa probatória do magistrado, em busca da verdade real, com realização de provas de ofício, é amplíssima, porqueé feita no interesse público de efetividade da Justiça.Agravo no recurso especial improvido.(AgRg no RESP 738.576/DF, Terceira Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJ 12.09.2005)

10. Ante o exposto, declaro a nulidade da sentença para determinar o retorno dos autos à origem, a fim de que sejadesignado novo exame pericial, proferindo-se nova sentença. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, pornão terem as partes dado causa à nulidade identificada.

11. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

119 - 0103708-53.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.103708-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) IRAN ARNHOLZ(ADVOGADO: ES011758 - ANILSON BOLSANELO, ES012594 - MARIA LUZIA PEREIRA GOMES.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LUIZ CLÁUDIO SALDANHA SALES.).RECURSO Nº 0103708-53.2014.4.02.5054/01RECORRENTE: IRAN ARNHOLZRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ANÁLISE CONJUNTA DO ACERVOPROBATÓRIO. INCAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO EPARCIALMENTE PROVIDO.1. IRAN ARNHOLZ interpõe recurso inominado, às fls. 117/122, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do JuizadoEspecial Federal de Colatina, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder o benefício deauxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez. A parte autora afirma que é portadora de doença incapacitantepara o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadasaos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possível devido às suas condições de saúde, as quaisimpossibilitam o desempenho da atividade de lavrador.

2. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 125/126, nas quais requer o desprovimento do recurso. Reitera os termos daspetições anteriormente ofertadas, em especial a contestação.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. Ressalto, inicialmente, que o pedido de realização de nova perícia não veio acompanhado de fundamentação idônea ademonstrar que a perícia realizada não esclareceu suficientemente a matéria, razão por que ele não deve ser acolhido emsede recursal (art. 437, do Código de Processo Civil). Ademais, da leitura das conclusões do perito judicial, não observodiscrepância entre as doenças que ele diagnosticou na parte autora e aquelas enunciadas nos documentos queacompanharam a peça vestibular. Com efeito, a TNU tem orientação no sentido de que a perícia médica por especialista,como solicitada pela parte autora, somente tem cabimento na hipótese de doença ou quadro médico complexo, o que nãose verifica no caso concreto, conforme conclusões do especialista nomeado (PEDILEF nº 2008.72.51.003146-2/SC, Rel.Juíza Fed. Joana Carolina L. Pereira, julgado em 16/11/2009 e PEDILEF nº 2008.72.51.001862-7/SC, Rel. Juíza Fed.Jacqueline Michels Bilhalva, julgado em 11/05/2010).

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6. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

7. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

8. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 10/12)indicam que ela é acometida de epilepsia de difícil controle, evoluindo com déficit cognitivo. De igual modo, em taisatestados, os médicos subscritores afirmaram que ela estaria incapacitada para o trabalho, sem indicar se de formadefinitiva ou temporária. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que o recorrente éportador de epilepsia em controle parcial com medicação. Destaca que as crises epilépticas possuem frequência de relativocontrole. Aduz que o recorrente sempre apresentou epilepsia e mesmo assim desempenhava suas atividades. Conclui quenão há incapacidade laborativa para o trabalho de lavrador.

9. Da análise conjunta das provas carreadas aos autos, depreende-se que os médicos, integrantes do Sistema Único deSaúde, que acompanham a evolução clínica do autor, afirmaram que a doença era de difícil controle, ao passo que oespecialista nomeado aponta que “as crises epilépticas estão com uma frequência de relativo controle”, tendo anotado queo último episódio de crise do demandante ocorreu 15 dias antes da perícia (fl. 88). Nesses termos, entendo que devaprevalecer a avaliação veiculada nos atestados médicos quanto à ausência de capacidade laborativa do demandante para otrabalho rural, especialmente porque a segurança do autor, que manuseia instrumentos de corte, poderia ser comprometidadada a ocorrência das referidas crises, com episódios em curto espaço de tempo. Acrescento que o fato de o autor, nascidoem 10/11/1974, já ter desempenhado trabalho diverso corrobora a possibilidade de ele ser reabilitado para outra profissãoque não o exponha à situação de risco encontrada na atividade rural, motivo por que o julgamento de procedência deve serlimitado à concessão do benefício de auxílio-doença. A data do início do benefício deve coincidir com a data do atestadomédico mais remoto (29/11/2011, fl. 12), em que se atestou a inaptidão para o trabalho, valendo ressaltar que esta éposterior à data de entrada do requerimento administrativo (26/04/2011, fl. 66). Outrossim, a qualidade de seguradoespecial resta provada, uma vez que o INSS homologou requerimento para que fosse reconhecido o período trabalhadoentre 27/12/2007 e 20/04/2011 nesta qualidade (fl. 50).

10. Observo que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j.14.03.2013, DJE 18.12.2013), declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão“independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pelaEmenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados osmesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria ainconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio daisonomia ao incorrer no mesmo vício. O referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine àextensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dosdébitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da Repúblicade 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime. Emjulgamento de questão de ordem, realizado no dia 25/03/2015, houve manifestação explícita do STF sobre os precatóriosexpedidos no âmbito da Administração Pública Federal, os quais devem ser atualizados “com base nos arts. 27 das Leis nº12.919/13 e Lei nº 13.080/15, que fixam o IPCA-E como índice de correção monetária”, razão por que entendo que oINPC/IBGE deve ser aplicado para atualização monetária das prestações vencidas em demandas previdenciárias, ao passoque o IPCA/IBGE deve incidir nas ações relacionadas às verbas devidas aos servidores públicos federais. Contudo, amaioria dos integrantes das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo tem posicionamento diverso, favorávelà aplicação do art. 1º - F, da Lei n. 9.494/97, conforme alteração promovida pela Lei n. 11.960/09, para atualizaçãomonetária e juros moratórios. Para promoção de maior segurança jurídica, acolho – a despeito de convicção pessoal emsentido contrário – tal orientação.

11. Os juros de mora deverão incidir a partir da citação, por aplicação analógica do enunciado nº 204 da súmula dajurisprudência do STJ, com a aplicação da nova redação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, uma vez que, no caso dos autos, acitação ocorreu após a entrada em vigor da Lei nº 11.960/09.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento em parte para julgar o pedido parcialmente procedente, nostermos do art. 269, I, do Código de Processo Civil, a fim de condenar o INSS a conceder o benefício de auxílio-doença, acontar de 29/11/2011, data em que se atestou a inaptidão para o trabalho, e a pagar as parcelas vencidas atualizadasmonetariamente, nos termos do artigo 1º - F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09. Os juros demora deverão incidir a contar da citação, de acordo com o previsto pelo artigo 1º - F, da Lei n. 9.494/97, com a redaçãodada pela Lei n. 11.960/09. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, nos termos do art. 55, daLei n. 9.099/95.

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

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14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

91003 - MANDADO DE SEGURANÇA/ATO JUIZADO ESPECIAL

120 - 0000542-26.2005.4.02.5052/02 (2005.50.52.000542-3/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JULIANA BARBOSA ANTUNES.) x JUIZ FEDERAL DA VARA FEDERAL DE SÃOMATEUS x CRISTIANA RODRIGUES DE SOUZA (ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.).RECURSO Nº 0000542-26.2005.4.02.5052/02 (2005.50.52.000542-3/02)IMPETRANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSIMPETRADO: JUIZ FEDERAL DA VARA FEDERAL DE SÃO MATEUSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

MANDADO DE SEGURANÇA. OMISSÃO NO ACÓRDÃO EM RELAÇÃO AO ÍNDICE DE ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA.APLICAÇÃO DO ART. 1º-F DA LEI Nº 9.494/97 COM A REDAÇÃO DADA PELA LEI N. 11.960/09. SEGURANÇACONCEDIDA.

O INSS, às fls. 03/11, impetra mandado de segurança, com requerimento para concessão de liminar, contra decisão doMM. Juiz Federal do Juizado Especial Federal de São Mateus, proferida nos autos n. 0000542-26.2005.4.02.5052, querejeitou a impugnação apresentada pelo ora impetrante contra os cálculos que embasaram a expedição de precatório.

02. O impetrante alega que a apuração realizada pela Contadoria do Juízo a quo mostra-se equivocada ao aplicarpara todo o período em questão o índice de correção monetária IPCA-E. Sustenta que deveria ser empregado índicedeterminado pela Lei n. 11.960/09 (TR) até a entrada em vigor da Lei de Diretrizes Orçamentárias para o exercício de 2014,quando então deveria incidir o IPCA-E. No entanto, aduz que a impugnação apresentada no processo originário foi rejeitadasob o fundamento de que a simples possibilidade de modulação dos efeitos da decisão do STF não impede o cumprimentodo decidido pelo Plenário da Corte. Sustenta que a diferença encontrada resultante da não aplicação da referida lei, atédezembro de 2013, seria de R$ 11.090,94 (onze mil e noventa reais e noventa e quatro centavos). Alega que o Exmo. Sr.Ministro Relator das mencionadas ADIs vem concedendo liminares em reclamações constitucionais em face de decisõesque afastem a aplicação da sistemática anterior à declaração de inconstitucionalidade parcial da EC nº 62/09, porreconhecer que o plenário da Suprema Corte do STF ainda não examinou a questão da modulação dos efeitos dojulgamento. Por fim, pede que seja determinada a incidência dos índices oficiais de remuneração básica aplicados àcaderneta de poupança (TR) para as parcelas vencidas a partir de julho de 2009, até dezembro de 2013. Sucessivamente,postula a aplicação da TR até 13/03/2013, haja vista a observância de efeitos ex nunc da declaração deinconstitucionalidade.

03. Documentos juntados às fls. 12/75.

04. Decisão, de fls. 76/79, na qual a liminar pleiteada foi indeferida.

05. Citada, a litisconsorte Cristina Rodrigues de Souza apresentou defesa às fls. 98/99. Sustentou que a ação deveser extinta sem julgamento do mérito, tendo em vista a impossibilidade de seu cabimento para discutir matéria já transitadaem julgado. No mérito, apontou que deve prevalecer a legislação específica para a matéria, a qual define o INPC/IBGEcomo índice de atualização dos benefícios previdenciários.

06. Informações prestadas pelo MM. Juiz Federal do Juizado Especial Federal de São Mateus à fl. 94.

07. O Ministério Público Federal lançou parecer, à fl. 95, em que considerou que as partes estão regularmenterepresentadas e não há interesse individual ou coletivo apto a ensejar a sua intervenção. Protestou pelo seguimento dofeito.

08. É o Relatório.

09. A impetração de mandado de segurança contra decisão judicial interlocutória é juridicamente possível nashipóteses em que ela não possa ser substituída mediante interposição de recurso com efeito suspensivo (enunciado n. 267,da súmula da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal; art. 5º, II, da Lei n. 12.016/09). A orientação restritiva, que limitaa admissibilidade da ação constitucional para impugnar decisão judicial se constatada teratologia ou determinaçãoevidentemente discrepante de lei, é abrandada no rito dos Juizados Especiais Federais, tendo-se em vista o não cabimentode recurso contra decisão que não verse sobre tutela cautelar ou antecipada (arts. 4º e 5º, da Lei n. 10.259/01).

10. Contudo, a consideração de tais elementos para a impetração do mandado de segurança deve observar os

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princípios da celeridade e da oralidade, uma vez que a referida ação constitucional não deve ser convertida em um novorecurso de agravo, contra a orientação que guia a disciplina dos Juizados Especiais Federais.

11. Compulsando-se os autos, verifico que a decisão judicial é suscetível de discussão pela via mandamental, umavez que poderá implicar prejuízo irreversível à parte na fase de execução da sentença condenatória, especialmente porquenão seria cabível meio de impugnação alternativo. A propósito, ressalto que não há previsão legal para cabimento derecurso inominado contra decisão interlocutória proferida para correção de eventual erro material detectado em sentençatransitada em julgado. Entendimento diverso, data vênia, implica violação ao princípio da taxatividade dos recursos,permitindo-se que o magistrado crie, em violação ao art. 22, I, da Constituição da República de 1988, nova hipótese deimpugnação desprovida de amparo legal.

12. Observo que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. LuizFux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão“independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12, da Constituição da República de 1988, incluído pelaEmenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados osmesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria ainconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio daisonomia ao incorrer no mesmo vício. O referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine àextensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dosdébitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da Repúblicade 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.

13. Em julgamento de questão de ordem, realizado no dia 25/03/2015, houve manifestação explícita do STF sobre osprecatórios expedidos no âmbito da Administração Pública Federal, os quais devem ser atualizados “com base nos arts. 27das Leis nº 12.919/13 e Lei nº 13.080/15, que fixam o IPCA-E como índice de correção monetária”, razão por que entendoque o INPC/IBGE deve ser aplicado para atualização monetária das prestações vencidas em demandas previdenciárias, aopasso que o IPCA/IBGE deve incidir nas ações relacionadas às verbas devidas aos servidores públicos federais.

14. Contudo, a maioria dos integrantes das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo temposicionamento diverso, favorável à aplicação do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, conforme alteração promovida pela Lei n.11.960/09, para atualização monetária e juros moratórios. Para promoção de maior segurança jurídica, acolho – a despeitode convicção pessoal em sentido contrário – tal orientação.

15. A par da fundamentação acima expendida, insta salientar que o índice de atualização monetária das parcelasvencidas não foi objeto da condenação veiculada pela sentença transitada em julgado. Conforme pode ser observado nasfls. 21/22 desta ação, o INSS foi condenado a pagar as prestações vencidas desde 29/09/2005 (DIB), devidamentecorrigidas e acrescidas de juros de mora na razão de 1% ao mês. O índice de correção monetária não restou definido,motivo pelo qual não há coisa julgada sobre essa questão. No caso, deve ser aplicado o art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, com aredação conferida pela Lei n. 11.960/09, dado o pronunciamento do Supremo Tribunal Federal sobre a matéria.

16. Posto isso, julgo procedente o pedido, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil, e concedo asegurança, para anular a decisão de fls. 196/197 dos autos originários e determinar que a autoridade coatora aplique acorreção monetária com base no art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, que trouxe novoregramento para a atualização monetária e juros devidos pela Fazenda Pública.

17. Sem condenação ao pagamento de honorários advocatícios, de acordo com o art. 25, da Lei n. 12.016/09. Deixode condenar a litisconsorte necessária ao pagamento de custas, em razão do benefício de gratuidade de justiça requeridooriginariamente. Dê-se ciência ao Ministério Público Federal.

18. Certificado o trânsito em julgado, comunique-se o teor do acórdão à autoridade coatora, dê-se baixa earquivem-se os autos.

19. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

121 - 0007206-40.2009.4.02.5050/02 (2009.50.50.007206-0/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.) x JUÍZO FEDERAL DO 2ºJUIZADO ESPECIAL FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO x MARIA DE LOURDES FERREIRA BARCELOS (DEF.PUB: KarinaRocha Mitleg Bayerl.).RECURSO Nº 0007206-40.2009.4.02.5050/02 (2009.50.50.007206-0/02)IMPETRANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSIMPETRADO: JUÍZO FEDERAL DO 2º JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DO ESPÍRITO SANTORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

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MANDADO DE SEGURANÇA. COISA JULGADA. APLICAÇÃO DO ART. 1º-F DA LEI Nº 9.494/97 COM A REDAÇÃODADA PELA LEI N. 11.960/09. SEGURANÇA CONCEDIDA.

O INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, às fls. 03/19, impetra mandado de segurança, com requerimento paraconcessão de liminar, contra decisão do MM. Juiz Federal do 2º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do EspíritoSanto, proferida nos autos n. 0007206-40.2009.4.02.5050, que determinou a aplicação do INPC para fins de atualizaçãomonetária das parcelas vencidas.

02. O impetrante alega que a decisão recorrida não pode prevalecer, porque o acórdão prolatado nas ADIs 4.357/DFe 4.425/DF ainda não transitou em julgado. Aduz que a modulação dos efeitos da decisão proferida pelo Supremo TribunalFederal nas ADIs 4.357/DF e 4.425/DF encontra-se pendente de julgamento. Sustenta que deveria ser aplicado índicedeterminado pela Lei n. 11.960/09 (TR) a partir da sua vigência. Requer o deferimento de medida liminar, para suspenderos efeitos da decisão impugnada, até final julgamento do presente writ, suspendendo o pagamento do precatório n.50.00502.2014.000769. Por fim, pede que seja determinada a incidência dos índices oficiais de remuneração básicaaplicados à caderneta de poupança (TR) para as parcelas vencidas, afastando-se o INPC ao menos até a modulação deefeitos da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal.

03. Documentos juntados às fls. 20/31.

04. Decisão, de fls. 32/35, na qual a liminar pleiteada foi indeferida.

05. Citada, a litisconsorte Maria de Lourdes Ferreira Barcelos, não se manifestou.

06. Informações prestadas pelo MM. Juiz Federal do 2º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do EspíritoSanto às fls. 46/48.

07. O Ministério Público Federal lançou parecer, à fl. 53, em que considerou que as partes estão regularmenterepresentadas e não há nenhum interesse individual ou coletivo apto a ensejar a sua intervenção. Protestou peloseguimento do feito.

08. É o Relatório.

09. A impetração de mandado de segurança contra decisão judicial interlocutória é juridicamente possível nashipóteses em que ela não possa ser substituída mediante interposição de recurso com efeito suspensivo (enunciado n. 267,da súmula da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, art. 5º, II, da Lei n. 12.016/09). A orientação restritiva, que limitaa admissibilidade da ação constitucional para impugnar decisão judicial se constatada teratologia ou determinaçãoevidentemente discrepante de lei, é abrandada no rito dos Juizados Especiais Federais, tendo-se em vista o não cabimentode recurso contra decisão que não verse sobre tutela cautelar ou antecipada (arts. 4º e 5º, da Lei n. 10.259/01).

10. Contudo, a consideração de tais elementos para a impetração do mandado de segurança deve observar osprincípios da celeridade e da oralidade, uma vez que a referida ação constitucional não deve ser convertida em um novorecurso de agravo, contra a orientação que guia a disciplina dos Juizados Especiais Federais.

11. Compulsando-se os autos, verifico que a decisão judicial é suscetível de discussão pela via mandamental, umavez que poderá implicar prejuízo irreversível à parte na fase de execução da sentença condenatória, especialmente porquenão seria cabível meio de impugnação alternativo. A propósito, ressalto que não há previsão legal para cabimento derecurso inominado contra decisão interlocutória proferida para correção de eventual erro material detectado em sentençatransitada em julgado. Entendimento diverso, data vênia, implica violação ao princípio da taxatividade dos recursos,permitindo-se que o magistrado crie, em violação ao art. 22, I, da Constituição da República de 1988, nova hipótese deimpugnação desprovida de amparo legal.

12. Observo que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. LuizFux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão“independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12, da Constituição da República de 1988, incluído pelaEmenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados osmesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria ainconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio daisonomia ao incorrer no mesmo vício. O referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine àextensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dosdébitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da Repúblicade 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.

13. Em julgamento de questão de ordem, realizado no dia 25/03/2015, houve manifestação explícita do STF sobre osprecatórios expedidos no âmbito da Administração Pública Federal, os quais devem ser atualizados “com base nos arts. 27das Leis nº 12.919/13 e Lei nº 13.080/15, que fixam o IPCA-E como índice de correção monetária”, razão por que entendoque o INPC/IBGE deve ser aplicado para atualização monetária das prestações vencidas em demandas previdenciárias, aopasso que o IPCA/IBGE deve incidir nas ações relacionadas às verbas devidas aos servidores públicos federais.

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14. Contudo, a maioria dos integrantes das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo temposicionamento diverso, favorável à aplicação do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, conforme alteração promovida pela Lei n.11.960/09, para atualização monetária e juros moratórios. Para promoção de maior segurança jurídica, acolho – a despeitode convicção pessoal em sentido contrário – tal orientação.

15. A par da fundamentação acima expendida, insta salientar que a atualização monetária das parcelas vencidas, emobediência ao disposto pelo art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, foi objeto dacondenação veiculada pela sentença transitada em julgado, sobre a qual recaem os efeitos da coisa julgada (art. 5º, XXXVI,da Constituição da República de 1988, art. 463, do Código de Processo Civil). A impossibilidade de rediscussão dessaquestão veda que ela possa ser novamente decidida em fase de cumprimento da sentença, se a parte interessada não sevaler dos meios de impugnação admitidos pelo ordenamento jurídico para rescisão do julgado, ainda que se argua ainconstitucionalidade do ato normativo sobre o qual se embasou o título judicial executivo. Nesse sentido, posicionou-se oSupremo Tribunal Federal em julgamento, no regime de repercussão geral, do RE 730.462/SP (Pleno, Rel. Min. TeoriZavascki, Informativo n. 787, 25 a 29 de maio de 2015):A decisão do Supremo Tribunal Federal que declara a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade de preceito normativonão produz a automática reforma ou rescisão das decisões anteriores que tenham adotado entendimento diferente. Paraque haja essa reforma ou rescisão, será indispensável a interposição do recurso próprio ou, se for o caso, a propositura daação rescisória própria, nos termos do art. 485, V, do CPC, observado o respectivo prazo decadencial (CPC, art. 495). Combase nessa orientação, o Plenário negou provimento a recurso extraordinário em que discutida a eficácia temporal dedecisão transitada em julgado fundada em norma superveniente declarada inconstitucional pelo STF. À época do trânsitoem julgado da sentença havia preceito normativo segundo o qual, nos casos relativos a eventuais diferenças nos saldos doFGTS, não caberiam honorários advocatícios. Dois anos mais tarde, o STF declarara a inconstitucionalidade da verba quevedava honorários. Por isso, o autor da ação voltara a requerer a fixação dos honorários. Examinava-se, assim, se adeclaração de inconstitucionalidade posterior teria reflexos automáticos sobre a sentença anterior transitada em julgado. ACorte asseverou que não se poderia confundir a eficácia normativa de uma sentença que declara a inconstitucionalidade —que retira do plano jurídico a norma com efeito “ex tunc” — com a eficácia executiva, ou seja, o efeito vinculante dessadecisão. O efeito vinculante não nasceria da inconstitucionalidade, mas do julgado que assim a declarasse. Desse modo, oefeito vinculante seria “pro futuro”, isto é, da decisão do Supremo para frente, não atingindo os atos passados, sobretudo acoisa julgada. Apontou que, quanto ao passado, seria indispensável a ação rescisória. Destacou que, em algumashipóteses, ao declarar a inconstitucionalidade de norma, o STF modularia os efeitos para não atingir os processos julgados,em nome da segurança jurídica.

16. Posto isso, julgo procedente o pedido, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil, e concedo asegurança, para anular a decisão de fls. 188/191 dos autos originários e determinar que a autoridade coatora aplique acorreção monetária com base no art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09.

17. Sem condenação ao pagamento de honorários advocatícios, de acordo com o art. 25, da Lei n. 12.016/09. Deixode condenar a litisconsorte necessária ao pagamento de custas, em razão do benefício de gratuidade de justiça requeridooriginariamente. Dê-se ciência ao Ministério Público Federal.

18. Certificado o trânsito em julgado, comunique-se o teor do acórdão à autoridade coatora, dê-se baixa earquivem-se os autos.

19. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

122 - 0000332-05.2010.4.02.5050/02 (2010.50.50.000332-5/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA DA PENHAMOREIRA (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x Juiz Federal do 2º Juizado Especial Federal x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO COSTA BUARQUE.).MANDADO DE SEGURANÇA 0000332-05.2010.4.02.5050/02(2010.50.50.000332-5/02)IMPETRANTE: MARIA DA PENHA MOREIRAIMPETRADO: Juiz Federal do 2º Juizado Especial FederalRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

MANDADO DE SEGURANÇA. COISA JULGADA. APLICAÇÃO DO ART. 1º-F DA LEI Nº 9.494/97 COM A REDAÇÃODADA PELA LEI N. 11.960/09. SEGURANÇA DENEGADA.

MARIA DA PENHA MOREIRA, assistida pela DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO, às fls. 03/15, impetra mandado desegurança contra decisão do MM. Juiz Federal do 2º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo,proferida nos autos n. 0000332-05.2010.4.02.5050, que determinou a aplicação do art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, com a novaredação dada pela Lei n. 11.960/09, para fins de correção monetária das parcelas atrasadas, assim como disposto nasentença de fls. 101/104.

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02. A impetrante alega que a decisão recorrida não pode prevalecer, tendo em vista o teor do acórdão prolatado nasADIs 4.357/DF e 4.425/DF. Aduz que, com a declaração de inconstitucionalidade por arrastamento do art. 5º da Lei n.11.960/2009, houve a modificação do Manual de Cálculos da Justiça Federal, e voltou a prevalecer o INPC/IBGE comoindexador de correção monetária nas condenações impostas à Fazenda Pública em ações previdenciárias. Sustenta que jáestá pacificado, no âmbito das duas Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo, o entendimento pelaaplicação imediata da decisão do Supremo Tribunal Federal nos processos em trâmite. Argumenta que as decisõesfundadas em ato normativo tido por inconstitucional podem ser revisadas, conforme prevê o art. 475-L, § 1º do Código deProcesso Civil. Por fim, pede que seja concedida a segurança para que o ato coator seja cassado e seja declarada anulidade da decisão ora impugnada, com a aplicação do INPC para a correção monetária do débito.

03. Documentos juntados às fls. 16/215.

04. Decisão, de fls. 216/218, na qual não houve apreciação de medida liminar, ante a ausência de pedido expressonesse sentido.

05. Citado, o INSS manifestou-se às fls. 232/236. Alegou que não é cabível a impetração de mandado de segurançaante a ausência de ilegalidade apta a fundamentar este tipo de ação. No mérito, apontou que o pedido ofende a coisajulgada e que a decisão do Supremo Tribunal Federal nas ADI’s 4.357/DF e 4.425/DF deve ser aplicada com a modulaçãodos efeitos.

06. Informações prestadas pelo MM. Juiz Federal do 2º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do EspíritoSanto às fls. 220/228.

07. O Ministério Público Federal lançou parecer, às fls. 237/240, em que opinou pela extinção do processo semresolução do mérito, em virtude da existência de coisa julgada. Afirmou que a impetrante pretende desconstituir a coisajulgada por meio da presente ação, o que viola o princípio da segurança jurídica das decisões judiciais.

08. É o Relatório.

09. A impetração de mandado de segurança contra decisão judicial interlocutória é juridicamente possível nashipóteses em que ela não possa ser substituída mediante interposição de recurso com efeito suspensivo (enunciado n. 267,da súmula da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, art. 5º, II, da Lei n. 12.016/09). A orientação restritiva, que limitaa admissibilidade da ação constitucional para impugnar decisão judicial se constatada teratologia ou determinaçãoevidentemente discrepante de lei, é abrandada no rito dos Juizados Especiais Federais, tendo-se em vista o não cabimentode recurso contra decisão que não verse sobre tutela cautelar ou antecipada (arts. 4º e 5º, da Lei n. 10.259/01).

10. Contudo, a consideração de tais elementos para a impetração do mandado de segurança deve observar osprincípios da celeridade e da oralidade, uma vez que a referida ação constitucional não deve ser convertida em um novorecurso de agravo, contra a orientação que guia a disciplina dos Juizados Especiais Federais.

11. Compulsando-se os autos, verifico que a decisão judicial é suscetível de discussão pela via mandamental, umavez que poderá implicar prejuízo irreversível à parte na fase de execução da sentença condenatória, especialmente porquenão seria cabível meio de impugnação alternativo. A propósito, ressalto que não há previsão legal para cabimento derecurso inominado contra decisão interlocutória proferida para correção de eventual erro material detectado em sentençatransitada em julgado. Entendimento diverso, data vênia, implica violação ao princípio da taxatividade dos recursos,permitindo-se que o magistrado crie, em violação ao art. 22, I, da Constituição da República de 1988, nova hipótese deimpugnação desprovida de amparo legal.

12. Observo que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. LuizFux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão“independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12, da Constituição da República de 1988, incluído pelaEmenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados osmesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria ainconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio daisonomia ao incorrer no mesmo vício. O referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine àextensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dosdébitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da Repúblicade 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.

13. Em julgamento de questão de ordem, realizado no dia 25/03/2015, houve manifestação explícita do STF sobre osprecatórios expedidos no âmbito da Administração Pública Federal, os quais devem ser atualizados “com base nos arts. 27das Leis nº 12.919/13 e Lei nº 13.080/15, que fixam o IPCA-E como índice de correção monetária”, razão por que entendoque o INPC/IBGE deve ser aplicado para atualização monetária das prestações vencidas em demandas previdenciárias, aopasso que o IPCA/IBGE deve incidir nas ações relacionadas às verbas devidas aos servidores públicos federais.

14. Contudo, a maioria dos integrantes das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo temposicionamento diverso, favorável à aplicação do art. 1º - F, da Lei n. 9.494/97, conforme alteração promovida pela Lei n.

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11.960/09, para atualização monetária e juros moratórios. Para promoção de maior segurança jurídica, acolho – a despeitode convicção pessoal em sentido contrário – tal orientação.

15. Insta salientar que a aplicação do art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, com a nova redação dada pela Lei n. 11.960/09,para fins de atualização monetária das parcelas atrasadas, foi determinada em sentença transitada em julgado, o que vedaa modificação superveniente da forma de apuração acobertada pela coisa julgada (art. 5º, XXXIX, da Constituição daRepública de 1988, arts. 463 e 467, do Código de Processo Civil), consoante iterativa jurisprudência do Superior Tribunal deJustiça (cf. AgRg no RESP 1.260.836/RS, Terceira Turma, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJE 25/02/2014; AgRg noRESP 1.254.877/RS, Quarta Turma, Rel. Min. Luís Felipe Salomão, DJE 27/04/2012).

16. Posto isso, julgo improcedente o pedido, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil, e denego asegurança pretendida pela parte autora.

17. Sem condenação ao pagamento de honorários advocatícios, de acordo com o art. 25, da Lei n. 12.016/09. Defiroo benefício de gratuidade de justiça requerido. Sem custas em razão do disposto pelo art. 4º, II, da Lei n. 9.289/96. Dê-seciência ao Ministério Público Federal.

18. Certificado o trânsito em julgado, comunique-se o teor do acórdão à autoridade coatora, dê-se baixa earquivem-se os autos.

19. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

123 - 0005877-85.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.005877-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.) x Juiz Federal do 3º Juizado Especial Federal xHERALDO EVANGELISTA (ADVOGADO: ES012147 - GABRIELLI MARTINELLI DE OLIVEIRA SILVA.).MANDADO DE SEGURANÇA 0005877-85.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.005877-3/01)IMPETRANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSIMPETRADO: Juiz Federal do 3º Juizado Especial FederalRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

MANDADO DE SEGURANÇA. CUMULAÇÃO DE AUXÍLIO-ACIDENTE COM APOSENTADORIA. PREVISÃO LEGAL.COISA JULGADA. SEGURANÇA DENEGADA.

INSS, às fls. 03/16, impetra mandado de segurança, com requerimento para concessão de liminar, contra decisão do MM.Juiz Federal do 3º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, proferida nos autos n.0005877-85.2012.4.02.5050 (fl. 441 dos autos originais), que, em fase de cumprimento de sentença, determinou que elerevisasse a planilha de cálculos de fls. 350/352 (autos originais), para excluir a compensação dos valores recebidos a títulode auxílio-acidente.

02. O impetrante alega que a Lei n. 9.528/97, ao conferir nova redação ao art. 34, II, c/c o §2º do artigo 86, da Lei8.213/91, criou o marco jurídico da impossibilidade de cumulação do auxílio-acidente com qualquer aposentadoria. Aduzque o artigo 34, II, da Lei n. 8.213/91, integrou os valores recebidos a título de auxílio-acidente à base da renda mensal daaposentadoria, todavia não os incluiu na hipótese de incidência tributária. Alega que, diferentemente do que sustenta osegurado, o seu auxílio-acidente não possui caráter vitalício, por ter sido concedido com DIB em 15/04/1998, portanto apósa entrada em vigor da Lei n. 9.528/97. Afirma que está comprovado nos autos que os valores recebidos a título deauxílio-acidente foram computados como salário-de-contribuição da aposentadoria por tempo de contribuição. Sustenta queo fato de não ter sido discutido, no processo referente à aposentadoria, o concomitante recebimento de benefício deauxílio-acidente não impede que o impetrante realize a compensação dos valores recebidos a esse título no período em quepassou a ser inacumulável com a aposentadoria concedida. Aduz que, a rigor, não pretende a restituição de valoresirrepetíveis, mas impedir que haja recebimento em duplicidade.

03. Documentos juntados às fls. 17/477.

04. Decisão, de fls. 484/488, na qual a liminar pleiteada foi deferida, a fim de suspender o pagamento do precatóriono valor determinado pelo MM. Juiz Federal do 3º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo.

05. Citado, o litisconsorte Heraldo Evangelista, alegou que não compete à Justiça Federal o julgamento das causasrelacionadas a acidente de trabalho e, em razão disso, não lhe competiria proferir qualquer decisão acerca da possibilidadedo recebimento conjunto dos benefícios de auxílio-acidente e aposentadoria por tempo de contribuição. Asseverou querestou demonstrada a sua boa fé no recebimento dos valores a título de benefício acidentário. Requereu o sobrestamentodo feito até o julgamento do Recurso Extraordinário 687.813/RS, no qual se discute a possibilidade de cumulação deauxílio-acidente e aposentadoria.

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06. Informações prestadas pelo MM. Juiz Federal do 3º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do EspíritoSanto às fls. 481/482.

07. O Ministério Público Federal, à fl. 555, aduziu que as partes estão regularmente representadas e não háinteresse individual ou coletivo apto a ensejar a sua intervenção. Protestou pelo seguimento do feito.

08. É o Relatório.

09. O impetrado arguiu, preliminarmente, a incompetência desta Justiça para o julgamento e processamento do feito.Contudo, a preliminar suscitada é rejeitada, pois a impetração de mandado de segurança contra ato de magistrado deJuizado Especial Federal atrai a competência da Turma Recursal, pelo critério ratione personae, em obediência ao dispostopelo art. 109, VIII, da Constituição da República de 1988 (enunciado n. 376, da súmula da jurisprudência do SuperiorTribunal de Justiça), de acordo com a orientação firmada pelo Supremo Tribunal Federal, em regime de repercussão geral,no julgamento do RE 586.789/PR (Pleno, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJE 24/04/2012). Na hipótese, tampouco sevislumbra a causa prevista para definição da competência da Justiça do Trabalho, nos termos do art. 114, IV, daConstituição da República de 1988, pois a questão controversa cinge-se à possibilidade de cumulação de benefíciosprevidenciários, tema que envolve análise da disciplina financeira do Regime Geral da Previdência Social. Nesse sentido,transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 461.005/SP (PrimeiraTurma, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJE 08/05/2008):ACUMULAÇÃO DE PROVENTOS DE APOSENTADORIA COM AUXÍLIO SUPLEMENTAR. RECURSO JULGADO PORTURMA RECURSAL DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL PREVIDENCIÁRIO. MATÉRIA QUE NÃO SE INSERE NARESSALVA CONTEMPLADA PELO ART. 109, I, DA CF. QUESTÃO QUE ENVOLVE APENAS ACIDENTE DE TRABALHO.COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. RE IMPROVIDO. I - Tratando-se de matéria de interesse do INSS, qual seja, apossibilidade ou não de acumulação de proventos da aposentadoria com o auxílio suplementar, a matéria refoge àcompetência da Justiça comum. II - Questão que não se enquadra na ressalva do art. 109, I, da CF, visto que não cuidaexclusivamente de acidente do trabalho. III - Reconhecida a competência da Justiça Federal para julgar o feito. IV - Recursoextraordinário improvido.

10. De igual modo, sublinho que a repercussão geral reconhecida no RE 687.813/RS não configura causa desuspensão do julgamento do presente mandado de segurança, uma vez que a legislação processual somente prevê osobrestamento de outros recursos extraordinários que versem acerca da mesma questão (art. 543-B, §§1º e 3º, do Códigode Processo Civil). O acórdão a ser prolatado pelo Supremo Tribunal Federal apenas condiciona o julgamento de outrorecurso extraordinário, motivo pelo qual o julgamento desta ação não se encontra obstado pela existência de repercussãogeral reconhecida para o assunto discutido.

12. A impetração de mandado de segurança contra decisão judicial interlocutória é juridicamente possível nashipóteses em que ela não possa ser substituída mediante interposição de recurso com efeito suspensivo (enunciado n. 267,da súmula da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal; art. 5º, II, da Lei n. 12.016/09). A orientação restritiva, que limitaa admissibilidade da ação constitucional para impugnar decisão judicial se constatada teratologia ou determinaçãoevidentemente discrepante de lei, é abrandada no rito dos Juizados Especiais Federais, tendo-se em vista o não cabimentode recurso contra decisão que não verse sobre tutela cautelar ou antecipada (arts. 4º e 5º, da Lei n. 10.259/01).

13. Contudo, a consideração de tais elementos para a impetração do mandado de segurança deve observar osprincípios da celeridade e da oralidade, uma vez que a referida ação constitucional não deve ser convertida em um novorecurso de agravo, contra a orientação que guia a disciplina dos Juizados Especiais Federais.

14. Compulsando-se os autos, verifico que a decisão judicial é suscetível de discussão pela via mandamental, umavez que poderá implicar prejuízo irreversível à parte na fase de execução da sentença condenatória, especialmente porquenão seria cabível meio de impugnação alternativo. A propósito, ressalto que não há previsão legal para cabimento derecurso inominado contra decisão interlocutória proferida para correção de eventual erro material detectado em sentençatransitada em julgado. Entendimento diverso, data vênia, implica violação ao princípio da taxatividade dos recursos,permitindo-se que o magistrado crie, em violação ao art. 22, I, da Constituição da República de 1988, nova hipótese deimpugnação desprovida de amparo legal.

15. O exequente, nos autos n. 0005877-85.2012.4.02.5050, formulou pedido para que o INSS fosse condenado acomputar como especiais os períodos indicados na inicial e a conceder ao autor o benefício de aposentadoria integral portempo de contribuição, com DIB em 30/10/2009. Citado, o INSS sustentou a improcedência do pedido, sem se pronunciarsobre o auxílio-acidente percebido pelo autor (fls. 240/260 dos autos originais).

16. A sentença, de fls. 283/289 dos autos originais, condenou o réu a conceder aposentadoria por tempo decontribuição, com proventos integrais e efeitos retroativos à data do requerimento administrativo (30/10/2009). Contra areferida decisão, não houve a interposição de recurso, tendo sido certificado o seu trânsito em julgado em 16 de outubro de2013 (fl. 293 dos autos originais).

17. Instado a informar o valor das prestações vencidas (fl. 348 dos autos originais), o INSS juntou a planilha decálculos de fls. 350/352 dos autos originais, compensando os valores recebidos pelo segurado a título de auxílio-acidenteno período de 30/10/2009 a 31/10/2013. Impugnados os cálculos, bem como a cessação do benefício de auxílio-acidente

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(fls. 356/361 dos autos originais), foi proferida a decisão de fl. 441 dos autos originais, estabelecendo que a legalidade docancelamento do auxílio-acidente não poderia ser analisada nos autos daquela ação por ter sido ventilada após a prolaçãoda sentença. Consignou, ainda, que não houve autorização para a compensação dos valores recebidos a título deauxílio-acidente naqueles autos, o que impediria o INSS de realizá-la de ofício. O fundamento para impedir a compensaçãoé que a impossibilidade de acumular auxílio-acidente e aposentadoria, bem como não obrigação de devolução de verbasalimentares recebidas de boa-fé são questões estranhas à lide.

18. Cumpre salientar que a legislação veda a acumulação do benefício de auxílio-acidente com a aposentadoria doregime geral. O benefício acidentário n. 127.810.117-6 foi deferido ao autor com DIB em 15/04/1998, com base em vínculoempregatício existente no período de 21/04/1987 a 11/04/1996 (fls. 362/365 dos autos originais). Ocorre que aaposentadoria por tempo de contribuição foi deferida com DIB em 30/09/2009, após as modificações introduzidas pela Lei n.9.528/97. O Superior Tribunal de Justiça, em sede de recurso repetitivo (REsp n. 1.296.673/MG), entendeu que aacumulação do auxílio-acidente com proventos de aposentadoria só é possível se a lesão incapacitante e o início daaposentadoria ocorreram antes da edição da MP 1.596/97, convertida na Lei 9.528/97. Veja-se a ementa do julgado:RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC NÃO CONFIGURADA. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DOCPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSO REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. CUMULAÇÃO DE BENEFÍCIOS.AUXÍLIO-ACIDENTE E APOSENTADORIA. ART. 86, §§ 2º E 3º, DA LEI 8.213/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELAMEDIDA PROVISÓRIA 1.596-14/1997, POSTERIORMENTE CONVERTIDA NA LEI 9.528/1997. CRITÉRIO PARARECEBIMENTO CONJUNTO. LESÃO INCAPACITANTE E APOSENTADORIA ANTERIORES À PUBLICAÇÃO DACITADA MP (11.11.1997). DOENÇA PROFISSIONAL OU DO TRABALHO. DEFINIÇÃO DO MOMENTO DA LESÃOINCAPACITANTE. ART. 23 DA LEI 8.213/1991. CASO CONCRETO. INCAPACIDADE POSTERIOR AO MARCO LEGAL.CONCESSÃO DO AUXÍLIO-ACIDENTE. INVIABILIDADE.1. Trata-se de Recurso Especial interposto pela autarquia previdenciária com intuito de indeferir a concessão do benefíciode auxílio-acidente, pois a manifestação da lesão incapacitante ocorreu depois da alteração imposta pela Lei 9.528/1997 aoart. 86 da Lei de Benefícios, que vedou o recebimento conjunto do mencionado benefício com aposentadoria.2. A solução integral da controvérsia, com fundamento suficiente, não caracteriza ofensa ao art. 535 do CPC.3. A acumulação do auxílio-acidente com proventos de aposentadoria pressupõe que a eclosão da lesão incapacitante,ensejadora do direito ao auxílio-acidente, e o início da aposentadoria sejam anteriores à alteração do art. 86, §§ 2º e 3º, daLei 8.213/1991 ("§ 2º O auxílio-acidente será devido a partir do dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença,independentemente de qualquer remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado, vedada sua acumulação comqualquer aposentadoria; § 3º O recebimento de salário ou concessão de outro benefício, exceto de aposentadoria,observado o disposto no § 5º, não prejudicará a continuidade do recebimento do auxílio-acidente."), promovida em11.11.1997 pela Medida Provisória 1.596-14/1997, que posteriormente foi convertida na Lei 9.528/1997. (...)4. Para fins de fixação do momento em que ocorre a lesão incapacitante em casos de doença profissional ou do trabalho,deve ser observada a definição do art. 23 da Lei 8.213/1991, segundo a qual "considera-se como dia do acidente, no casode doença profissional ou do trabalho, a data do início da incapacidade laborativa para o exercício da atividade habitual, ouo dia da segregação compulsória, ou o dia em que for realizado o diagnóstico, valendo para este efeito o que ocorrerprimeiro". Nesse sentido: REsp 537.105/SP, Rel. Ministro Hamilton Carvalhido, Sexta Turma, DJ 17/5/2004, p. 299; AgRgno REsp 1.076.520/SP, Rel. Ministro Jorge Mussi, Quinta Turma, DJe 9/12/2008; AgRg no Resp 686.483/SP, Rel. MinistroHamilton Carvalhido, Sexta Turma, DJ 6/2/2006; (AR 3.535/SP, Rel. Ministro Hamilton Carvalhido, Terceira Seção, DJe26/8/2008).5. No caso concreto, a lesão incapacitante eclodiu após o marco legal fixado (11.11.1997), conforme assentado no acórdãorecorrido (fl. 339/STJ), não sendo possível a concessão do auxílio-acidente por ser inacumulável com a aposentadoriaconcedida e mantida desde 1994.6. Recurso Especial provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(REsp 1296673/MG, Primeira Seção, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 22/08/2012, DJe 03/09/2012).

19. Na decisão de fls. 484/488, consignei que o direito à compensação opera-se de forma imediata (art. 368, doCódigo Civil), razão por que a preclusão consumativa, inerente à formação da coisa julgada, não prevaleceria na hipótese.Contudo, em análise mais detida dos fundamentos declinados na decisão judicial impugnada e na contestação apresentadapelo segurado, constato que, por imperativo de segurança jurídica (art. 5º, XXXVI, da Constituição da República de 1988), aexceção de compensação, em fase de execução, somente deve ser admitida se o crédito contraposto tiver origem em dataposterior à formação do título judicial executivo (art. 741, VI, do Código de Processo Civil). Da análise dos autos, observoque o INSS tinha conhecimento da implantação do auxílio-acidente ao ser citado para contestar o pedido na demanda emque o autor pleiteara a concessão de aposentadoria por tempo de contribuição, quando deveria ter declinado toda a matériade defesa – incluindo os consectários da condenação – em obediência ao princípio da eventualidade, tal como previsto peloart. 300, do Código de Processo Civil (cf. STJ, RESP 1.720.028/MA, Segunda Turma, Rel. Min. Adhemar Maciel, DJ19/10/1998, p. 72).

20. As alegações da autarquia previdenciária fundadas na vedação do enriquecimento sem causa e na repercussãodo auxílio-acidente para cálculo do valor do salário-de-benefício da aposentadoria por tempo de contribuição deveriam tersido contempladas na contestação apresentada nos autos n. 0005877-85.2012.4.02.5050 e, portanto, não podem ser oraalegadas para suplementar deficiência encontrada na peça de defesa. Jungido o magistrado à regra do art. 463, do Códigode Processo Civil, a decisão proferida pela autoridade coatora não se mostra ilegal, tampouco abusiva, estando, ao revés,de acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. AUXÍLIO-ACIDENTE.COMPENSAÇÃO. EXCESSO DE EXECUÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. COISA JULGADA. OBSERVÂNCIA.1. Em sede de embargos à execução, não há falar em compensação dos valores recebidos a título de auxílio-doença e

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auxílio-acidente se não houve essa previsão no título judicial, tendo em conta o instituto da coisa julgada.2. Agravo regimental a que se nega provimento.(AgRg no Ag 1.302.703/SP, Sexta Turma, Rel. Min. Maria Thereza de Assis moura, DJE 28/11/2011)

21. Posto isso, julgo improcedente o pedido, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil, e revogo aliminar concedida às fls. 484/488.

22. Sem condenação ao pagamento de honorários advocatícios, de acordo com o art. 25, da Lei n. 12.016/09. Deixode condenar a litisconsorte necessária ao pagamento de custas, em razão do benefício de gratuidade de justiça requeridooriginariamente. Dê-se ciência ao Ministério Público Federal.

23. Certificado o trânsito em julgado, comunique-se o teor do acórdão à autoridade coatora, dê-se baixa earquivem-se os autos.

24. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

124 - 0000800-32.2011.4.02.5050/02 (2011.50.50.000800-5/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) GABRIEL BATISTA DESALES (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x Juiz Federal do 2º Juizado Especial Federal x INSTITUTO NACIONALDO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO COSTA BUARQUE.).RECURSO Nº 0000800-32.2011.4.02.5050/02 (2011.50.50.000800-5/02)IMPETRANTE: GABRIEL BATISTA DE SALESIMPETRADO: Juiz Federal do 2º Juizado Especial FederalRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

MANDADO DE SEGURANÇA. COISA JULGADA. APLICAÇÃO DO ART. 1º-F DA LEI Nº 9.494/97 COM A REDAÇÃODADA PELA LEI N. 11.960/09. SEGURANÇA DENEGADA.

GABRIEL BATISTA DE SALES, assistido pela DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO, às fls. 03/15, impetra mandado desegurança contra decisão do MM. Juiz Federal do 2º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo,proferida nos autos n. 0000800-32.2011.4.02.5050, que determinou a aplicação do art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, com a novaredação dada pela Lei n. 11.960/09, para fins de correção monetária das parcelas atrasadas, assim como disposto nasentença de fls. 157/160.

02. O impetrante alega que a decisão recorrida não pode prevalecer, tendo em vista o teor do acórdão prolatado nasADIs 4.357/DF e 4.425/DF. Aduz que, com a declaração de inconstitucionalidade por arrastamento do art. 5º da Lei n.11.960/2009, houve a modificação do Manual de Cálculos da Justiça Federal, e voltou a prevalecer o INPC/IBGE comoindexador de correção monetária nas condenações impostas à Fazenda Pública em ações previdenciárias. Sustenta que jáestá pacificado, no âmbito das duas Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo, o entendimento pelaaplicação imediata da decisão do Supremo Tribunal Federal nos processos em trâmite. Argumenta que as decisõesfundadas em ato normativo tido por inconstitucional podem ser revisadas, conforme prevê o art. 475-L, § 1º do Código deProcesso Civil. Por fim, pede que seja concedida a segurança para que o ato coator seja cassado e seja declarada anulidade da decisão ora impugnada, com a aplicação do INPC para a correção monetária do débito.

03. Documentos juntados às fls. 16/276.

04. Decisão, de fls. 279/281, na qual não houve apreciação de medida liminar, ante a ausência de pedido expressonesse sentido.

05. Citado, o INSS manifestou-se às fls. 295/299. Alegou que não é cabível a impetração de mandado de segurançaante a ausência de ilegalidade apta a fundamentar este tipo de ação. No mérito, apontou que o pedido ofende a coisajulgada e que a decisão do Supremo Tribunal Federal nas ADI’s 4.357/DF e 4.425/DF deve ser aplicada com a modulaçãodos efeitos.

06. Informações prestadas pelo MM. Juiz Federal do 2º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do EspíritoSanto às fls. 283/291.

07. O Ministério Público Federal lançou parecer, às fls. 300/303, em que oficiou pela extinção do processo semresolução do mérito, em virtude da existência de coisa julgada. Afirmou que o impetrante pretende desconstituir a coisajulgada por meio da presente ação, o que viola o princípio da segurança jurídica das decisões judiciais.

08. É o Relatório.

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09. A impetração de mandado de segurança contra decisão judicial interlocutória é juridicamente possível nashipóteses em que ela não possa ser substituída mediante interposição de recurso com efeito suspensivo (enunciado n. 267,da súmula da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, art. 5º, II, da Lei n. 12.016/09). A orientação restritiva, que limitaa admissibilidade da ação constitucional para impugnar decisão judicial se constatada teratologia ou determinaçãoevidentemente discrepante de lei, é abrandada no rito dos Juizados Especiais Federais, tendo-se em vista o não cabimentode recurso contra decisão que não verse sobre tutela cautelar ou antecipada (arts. 4º e 5º, da Lei n. 10.259/01).

10. Contudo, a consideração de tais elementos para a impetração do mandado de segurança deve observar osprincípios da celeridade e da oralidade, uma vez que a referida ação constitucional não deve ser convertida em um novorecurso de agravo, contra a orientação que guia a disciplina dos Juizados Especiais Federais.

11. Compulsando-se os autos, verifico que a decisão judicial é suscetível de discussão pela via mandamental, umavez que poderá implicar prejuízo irreversível à parte na fase de execução da sentença condenatória, especialmente porquenão seria cabível meio de impugnação alternativo. A propósito, ressalto que não há previsão legal para cabimento derecurso inominado contra decisão interlocutória proferida para correção de eventual erro material detectado em sentençatransitada em julgado. Entendimento diverso, data vênia, implica violação ao princípio da taxatividade dos recursos,permitindo-se que o magistrado crie, em violação ao art. 22, I, da Constituição da República de 1988, nova hipótese deimpugnação desprovida de amparo legal.

12. Observo que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. LuizFux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão“independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12, da Constituição da República de 1988, incluído pelaEmenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados osmesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria ainconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio daisonomia ao incorrer no mesmo vício. O referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine àextensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dosdébitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da Repúblicade 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.

13. Em julgamento de questão de ordem, realizado no dia 25/03/2015, houve manifestação explícita do STF sobre osprecatórios expedidos no âmbito da Administração Pública Federal, os quais devem ser atualizados “com base nos arts. 27das Leis nº 12.919/13 e Lei nº 13.080/15, que fixam o IPCA-E como índice de correção monetária”, razão por que entendoque o INPC/IBGE deve ser aplicado para atualização monetária das prestações vencidas em demandas previdenciárias, aopasso que o IPCA/IBGE deve incidir nas ações relacionadas às verbas devidas aos servidores públicos federais.

14. Contudo, a maioria dos integrantes das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo temposicionamento diverso, favorável à aplicação do art. 1º - F, da Lei n. 9.494/97, conforme alteração promovida pela Lei n.11.960/09, para atualização monetária e juros moratórios. Para promoção de maior segurança jurídica, acolho – a despeitode convicção pessoal em sentido contrário – tal orientação.

15. Insta salientar que a aplicação do art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, com a nova redação dada pela Lei n. 11.960/09,para fins de atualização monetária das parcelas atrasadas, foi determinada em sentença transitada em julgado, o que vedaa modificação superveniente da forma de apuração acobertada pela coisa julgada (art. 5º, XXXIX, da Constituição daRepública de 1988, arts. 463 e 467, do Código de Processo Civil), consoante iterativa jurisprudência do Superior Tribunal deJustiça (cf. AgRg no RESP 1.260.836/RS, Terceira Turma, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJE 25/02/2014; AgRg noRESP 1.254.877/RS, Quarta Turma, Rel. Min. Luís Felipe Salomão, DJE 27/04/2012).

16. Posto isso, julgo improcedente o pedido, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil, e denego asegurança pretendida pela parte autora.

17. Sem condenação ao pagamento de honorários advocatícios, de acordo com o art. 25, da Lei n. 12.016/09. Defiroo benefício de gratuidade de justiça requerido. Sem custas em razão do disposto pelo art. 4º, II, da Lei n. 9.289/96. Dê-seciência ao Ministério Público Federal.

18. Certificado o trânsito em julgado, comunique-se o teor do acórdão à autoridade coatora, dê-se baixa earquivem-se os autos.

19. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

125 - 0004027-98.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004027-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CEF-CAIXA ECONOMICA

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FEDERAL (ADVOGADO: ES009196 - RODRIGO SALES DOS SANTOS.) x ALBERTO TOMIHIRO MAKINO (ADVOGADO:ES009400 - ROBERTO MORAES BUTICOSKY.).RECURSO Nº 0004027-98.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004027-7/01)RECORRENTE: CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERALRECORRIDO: ALBERTO TOMIHIRO MAKINORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO-EMENTARESPONSABILIDADE CIVIL. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. VALOR DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.REDUÇÃO. TERMO INICIAL DOS JUROS DE MORA. ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA. RECURSO CONHECIDO EPARCIALMENTE PROVIDO.1. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL interpõe recurso inominado, às fls. 88/94, contra sentença (fls. 82/85) proferida pelo MM.Juiz do 2º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou procedente o pedido inicial, paradeclarar a inexistência de obrigação de pagamento das compras realizadas em 23/08/2008, nos valores de R$ 400,00 e R$250,00, assim como condenou a recorrente a indenizar o autor, a título de danos morais, no valor de R$ 9.300,00 (nove mile trezentos reais), sobre o qual devem incidir correção monetária pelo INPC e juros de mora de 1% ao mês, a contar do atoilícito.2. A recorrente alega que a repercussão dos fatos danosos deve ser objetivamente apresentada e a parte autora não logrouêxito em demonstrar qualquer ofensa moral. Sustenta que o valor fixado pelo Juízo sentenciante, a título de indenização pordanos morais, foi excessivo. Argumenta que o índice de correção monetária estipulado na sentença está incorreto, vistoque deve obedecer à Tabela de Correção Monetária da Justiça Federal para as ações condenatórias em geral, e não serfixada no INPC. Em relação aos juros de mora, requer que o marco inicial seja fixado no momento do arbitramento do valorindenizatório, consoante o enunciado n. 362 da súmula de jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. Pugna peloprovimento do recurso, com a reforma da sentença, para que seja julgado improcedente o pedido inicial. Pelaeventualidade, requer a diminuição da quantia estipulada como indenização por danos morais, a alteração do índice decorreção monetária e do marco inicial dos juros de mora.3. ALBERTO TOMIHIRO MAKINO oferece contrarrazões às fls. 101/112. Sustenta que o dano moral restou comprovado,tendo em vista sua inscrição nos cadastros de proteção ao crédito em razão da ausência de pagamento das compras quenão realizou. Argumenta que o dano moral decorrente da inscrição indevida no cadastro de inadimplentes é considerado inre ipsa, não sendo necessário que se prove a ocorrência do prejuízo. Afirma que foi diligente em comunicar o furto logoapós a sua ocorrência, motivo pelo qual a recorrente teve tempo hábil para averiguar os fatos junto ao estabelecimentocomercial, mas não o fez. Em relação à redução do valor da indenização, aponta que houve fixação razoável pelo juizsentenciante, o que impõe a confirmação da sentença.4. Presentes os pressupostos processuais, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.5. A Caixa Econômica Federal, empresa pública federal, está sujeita ao regime jurídico próprio às demais pessoas jurídicasde direito privado (art. 173, §1º, II, da Lei n. 8.078/90), submetendo-se à disciplina positivada pelo Código de Defesa doConsumidor, quando configurada a hipótese prevista pelo art. 3º, §2º, da Lei n. 8.078/90 (enunciado n. 247, da súmula dajurisprudência predominante do Superior Tribunal de Justiça).6. A assunção do princípio da boa-fé objetiva (art. 4º, III, da Lei n. 8.078/90, e art. 422, do Código Civil vigente) nas relaçõescontratuais sobressai como parâmetro de lealdade e probidade a ser observado antes e durante a conclusão e execução daavença. Os contratantes não devem reconhecer seus direitos como posições jurídicas de vantagem que lhe permitamexercê-los além dos limites ordinários de regularidade impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelosbons costumes. Com efeito, o Código Civil vigente, ao equiparar o abuso de direito ao ato ilícito, prevê que aquele queexercer direito abusivamente, causando dano a outrem, fica obrigado a indenizá-lo (arts. 187 e 927).7. Adotada a teoria da responsabilidade civil objetiva pelo Código de Defesa do Consumidor (art. 14, caput), caso o atolesivo, o dano suportado e o nexo de causalidade sejam demonstrados, faz-se presente o dever de indenizar, o qualsomente é excluído se o defeito inexiste ou se este decorreu da culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro (art. 14, §3º).8. A avaliação quanto à correta prestação do serviço implica não somente a análise do adimplemento da obrigaçãoprincipal, mas também o exame das expectativas geradas pelo cumprimento idôneo do seu objeto, dentro dos limites daboa-fé objetiva. Desse modo, a contratação do serviço de entidade bancária pressupõe que a sua prestação ocorra emobediência aos padrões de urbanidade, lhaneza e respeito inerentes ao convívio social.9. O propósito de correção da assimetria das partes de uma relação de consumo é colimado mediante a definição de regrasde proteção ao sujeito mais vulnerável, tal como ocorre mediante a inversão do ônus probatório (art. 6º, VIII, da Lei n.8.078/90), ora aplicável, pois a Caixa Econômica Federal detém os meios necessários para provar que foi o autor quemefetuou as compras no cartão de crédito. Em apoio a essa ilação, anoto os seguintes julgados do Tribunal Regional Federalda 2ª Região:APELAÇÃO CÍVEL. RECURSO ADESIVO. CONSUMIDOR. RESPONSABILIDADE CIVIL. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL.SAQUE INDEVIDO EM CONTA POUPANÇA. RELAÇÃO DE CONSUMO. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. CÓDIGO DEDEFESA DO CONSUMIDOR. DANO MATERIAL E MORAL. OCORRÊNCIA. IMPROVIMENTO. 1. Cuida-se de apelaçãocível interposta pela Caixa Econômica Federal - CEF e de recurso adesivo apresentado pela autora contra sentença quejulgou procedente a pretensão autoral, condenando a demandada a indenizar a demandante pelos danos materiais emorais decorrentes de saques indevidos efetuados em sua conta poupança. 2. Os bancos, como prestadores de serviço,submetem-se ao Código de Defesa do Consumidor, ex vi do disposto no § 2.º do artigo 3.º da Lei n.º 8.078/1990 (CDC).Logo, há que se concluir pela inversão do ônus da prova, com fulcro no art. 6.º, III, do CDC, competindo à CEF afastar suaresponsabilidade, eis que, nos termos do art. 14 do mencionado diploma legal, a responsabilidade contratual do banco éobjetiva, cabendo a ele indenizar seus clientes. 3. Considerando a dificuldade de comprovação por parte da autora de quenão teria efetuado os saques contestados, ligada à complexidade da prova negativa, e tendo em conta, ainda, apossibilidade da instituição financeira produzir prova em sentido contrário, mediante apresentação das fitas de gravação do

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circuito interno e câmeras instaladas nos terminais de auto-atendimento e caixas 24 horas, não resta dúvida de que a CEFé que teria condições de identificar quem efetuou os saques indevidos, devendo, assim, ser invertido o ônus da prova, nostermos do artigo 6.º, VIII, do CDC. 4. Comprovado o dano, referente aos valores indevidamente sacados da conta poupançada autora, exsurge o dever da CEF de indenizá-la por tal prejuízo, além de arcar com a indenização por danos morais. 5.Quanto ao valor da reparação, ele deve ser estimado de modo prudente, com base no padrão assentado pela visãodominante dos Tribunais, de modo a evitar subjetivismos e preferências. 6. Na hipótese dos autos, tendo em vista anatureza e extensão do dano causado, constata-se que a fixação do quantum indenizatório observou os princípios darazoabilidade e proporcionalidade, razão pela qual impõe-se a sua manutenção. 7. Apelação e recurso adesivo improvidos.Sentença mantida.(AC 200851010058603, Sexta Turma, Rel. Des. Fed. Guilherme Calmon Nogueira da Gama, DJF2R 22.03.2011, p.205/206).

10. O boletim de ocorrência policial de fl. 10 aponta que o furto ocorreu às 10:15 h do dia 23/08/2008, enquanto que oboletim foi lavrado às 12:14 h. As duas compras efetuadas foram realizadas no mesmo dia, nos valores de R$ 250,00 e R$400,00 (fl. 9), no estabelecimento denominado “Bar Rapozão”. Em 21/07/2009, o autor recebeu comunicado do Serviço deProteção ao Crédito (SPC) com a finalidade de informá-lo de que estava sendo incluído nos arquivos da empresa, em razãoda dívida do cartão de crédito (fl. 12). O mesmo ocorreu em relação ao cadastro do SERASA (fl. 13). Entre as fls. 14/28,encontram-se as faturas do cartão furtado, relativas aos meses de setembro de 2008 a julho de 2009. O autor afirma que, apartir do mês de novembro de 2008, passou a pagar apenas os valores que efetivamente havia gasto no mês anterior erealizava pagamentos parciais, com exclusão das compras contestadas. A fatura do mês de dezembro de 2008, porexemplo, totalizou R$ 843,07 (fl. 16). Em relação a este mês, o pagamento efetuado foi de R$ 193,07 (R$ 843,07 – R$193,07 = R$ 650,00). No mês de janeiro de 2009, o valor da fatura foi de R$ 1.004,40 (fl. 17), o que incluía o valorcontestado não pago e as compras efetuadas pelo recorrente. A partir deste mês, passou a incidir encargos contratuaissobre o valor de R$ 650,00, o que elevou, mês a mês, o débito.11. Consoante as informações constantes nos autos, a parte autora comunicou, no mesmo dia, que o cartão havia sidofurtado, de tal modo que a recorrente teve tempo hábil para requerer os comprovantes das compras efetuadas junto aoestabelecimento comercial, mas quedou-se inerte em fazê-lo. Quando foi intimada, pelo despacho de fl. 78, para apresentaros boletos das compras, a Caixa Econômica Federal apenas informou que estes ficam arquivados junto ao estabelecimentopor apenas 180 dias, prazo que já havia escoado. Reputo, assim, que o autor foi diligente em comunicar o furto ocorrido econtestar os lançamentos após a inclusão destes na fatura, comportamento que não foi repetido pela parte contrária, fatoque levou à inscrição do nome do autor junto aos sistemas de proteção do crédito.12. Comprovada a prática de ato ilícito decorrente da inobservância do dever de zelo pela instituição financeira, o pedidopara condenação ao pagamento de indenização por danos morais deve ser julgado procedente (art. 927, do Código Civil),tal como fundamentado na sentença impugnada.13. Outrossim, cumpre sublinhar que o quantum fixado para indenização pelo dano moral não pode configurar valorexorbitante que caracterize enriquecimento sem causa da vítima, como também não pode consistir em valor irrisório adescaracterizar a indenização almejada (art. 944, do Código de Processo Civil). Assim, atento aos fins pedagógicos epunitivos da indenização, reduzo-a para R$ 5.000,00 (cinco mil reais).14. No que atine ao índice de atualização monetária, entendo correto o posicionamento do ilustre magistrado sentenciante,pois a Caixa Econômica Federal é pessoa jurídica de direito privado, não se submetendo à regra veiculada pelo art. 1º-F daLei n. 9.494/97. Logo, a atualização monetária deve ser feita pelo índice que mais adequadamente recomponha adepreciação econômica do objeto da obrigação, sendo o INPC o índice mais apropriado para mensurar a inflação napresente hipótese. Em análise da impugnação relacionada aos juros de mora, o marco inicial deve coincidir com a data dacitação, visto que a indenização tem por fundamento o inadimplemento contratual da CEF (art. 405, do Código Civil).Portanto, altero a data fixada na sentença para que passe a ser 13/11/2009 (fl. 32). Em apoio a esse entendimento,transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do EDcl no AgRg no RESP1.306.213/RS (Terceira Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJE 10/12/2012):PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL. OMISSÃO. EXISTÊNCIA. AÇÃO DECOMPENSAÇÃO POR DANOS MORAIS. CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. DATA DO ARBITRAMENTO. JUROSMORATÓRIOS. 1% AO MÊS, A PARTIR DA CITAÇÃO.- Acolhem-se os embargos de declaração para sanar omissão do julgado.- O índice de correção monetária a ser adotado é o que reflete a variação de preços ao consumidor, nos termos da iterativajurisprudência desta Corte.- A correção monetária da verba fixada a título de danos morais incide desde a data do seu arbitramento. Enunciado nº 362da Súmula/STJ.- Os juros moratórios incidem no percentual de 1% (um por cento ao mês) na vigência do CC/2002.- Tratando-se, na hipótese, de responsabilidade contratual, os juros moratórios devem ser aplicados a partir da citação.- Embargos de declaração acolhidos, sem efeitos infringentes.

15. Ante o exposto, conheço o recurso da CEF e dou-lhe parcial provimento, a fim de reduzir o valor da indenização pordanos morais para R$ 5.000,00 (cinco mil reais) e fixar o marco inicial dos juros de mora na data da citação. Condeno aparte autora ao pagamento de metade das custas recolhidas pela recorrente. Sem condenação em honorários advocatícios,nos termos do art. 55, da Lei n. 9.099/95, e do enunciado n. 326, da súmula da jurisprudência do STJ.16. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

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Juiz Federal Relator

126 - 0003700-51.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.003700-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: DARIO PEREIRA DE CARVALHO.) x EDUARDO NUNES MARQUES.RECURSO Nº 0003700-51.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.003700-9/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: EDUARDO NUNES MARQUESRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PROCESSO CIVIL. ADMINISTRATIVO. AJUDA DE CUSTO. JUIZ FEDERAL. ALEGADO INTERESSE DE TODA AMAGISTRATURA, COM USURPAÇÃO DA COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. NÃOCONFIGURAÇÃO. COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS. SENTENÇA REFORMADA, DE OFÍCIO,PARA FIXAR OS ÍNDICES DE ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE MORA. RECURSO CONHECIDO EPARCIALMENTE PROVIDO PARA MODIFICAR A DATA DE INÍCIO DO CÔMPUTO DE JUROS DE MORA.

1. O art. 3º, §1º, III, da Lei n. 10.259/01, exclui as ações, nas quais o pedido deduzido vise à desconstituição ou adeclaração de nulidade de ato administrativo, da competência dos Juizados Especiais Federais, ressalvadas as situaçõesem que o ato impugnado seja de natureza previdenciária ou veicule lançamento fiscal. A restrição mencionada deve serinterpretada em conformidade com a previsão contida no art. 98, I, da Constituição da República de 1988, que dispõe que acriação dos Juizados Especiais está voltada à resolução de causas de “menor complexidade”, tendo-se em vista que acompetência para julgamento de disputas que exijam uma dilação probatória mais extensa poderia comprometer apromoção do acesso à justiça por um rito simples e mais célere.2. Esses propósitos se somam à interpretação que venha a ser dada ao art. 3º, §1º, III, da Lei n. 10.259/01, uma vez que aaferição da competência do Juizado deve ter como parâmetro o pedido imediato do autor, a despeito de as suasconsequências implicarem a superação de prévia negativa apresentada pela Administração Pública a requerimento de igualteor.3. A remoção a pedido de Juiz Federal é realizada para a consecução do interesse público, motivo por que é devida acorrespondente ajuda de custo.4. Sentença reformada, parcialmente, para incluir, de ofício, a atualização monetária e a taxa de juros nos termos da Lei n.11.960/09 (citação posterior à alteração da Lei n. 9.494/97 – fl. 49). Juros de mora a partir da citação válida (art. 405, doCódigo Civil, art. 219, do Código de Processo Civil). Sem condenação ao pagamento de custas (art. 4º, I, da Lei n.9.289/96) e honorários advocatícios.

RELATÓRIO

UNIÃO interpõe recurso inominado, às fls. 159/170, contra sentença proferida pela MMa. Juíza do 2º Juizado EspecialFederal da Seção Judiciária do Espírito Santo (fls. 155/156), que julgou procedente o pedido inicial, para condená-la aopagamento de ajuda de custo, correspondente a um subsídio de Juiz Federal Substituto, atualizado monetariamente eacrescido de juros moratórios. Sustenta que os Juizados Especiais Federais são incompetentes para processar e julgar opedido, nos termos do art. 3º, §1º, III, da Lei n. 10.259/01, porque a procedência dele implicaria a declaração de nulidade doato administrativo consubstanciado no julgado de 11/06/2012 do E. Conselho de Administração do Tribunal RegionalFederal da 2ª Região, o qual entendeu pela manutenção do indeferimento do pleito. Ademais, alega que o autor nãopreencheu os requisitos previstos na legislação para auferir o benefício, pois já possuía domicílio próprio em logradourobastante próximo, e não arcou, portanto, com despesas extraordinárias necessárias à sua instalação. Aduz que aconcessão da ajuda de custo sem limitação e observância dos preceitos legais fere, a um só tempo, os princípios da estritalegalidade e da necessidade de previsão orçamentária. Pela eventualidade, requer a aplicação dos juros de mora segundoo disposto no art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, convertida na Lei n. 11.960/2009, bem como que marco inicial dos juros de moraseja a citação válida e não a data do evento danoso.

02. EDUARDO NUNES MARQUES não ofereceu contrarrazões (fl. 173), embora regularmente intimado.

03. Em petição juntada aos autos às fls. 177/182, a União alega que a competência originária para o processamentoe julgamento da presente demanda é do Supremo Tribunal Federal, nos termos no art. 102, I, n da Constituição daRepública de 1988, para onde requer a remessa dos autos.

04. É o relatório.VOTO

05. Em exame da preliminar de incompetência da justiça federal de primeiro grau para processar e julgar causa,anoto que o art. 102, I, alínea ‘n’, da Constituição da República de 1988, reserva ao Supremo Tribunal Federal acompetência originária para o julgamento de demanda em “que todos os membros da magistratura sejam direta ouindiretamente interessados, e aquela em que mais da metade dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou

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sejam direta ou indiretamente interessados”. Entretanto, o pleito deduzido pela parte autora não abrange situação ou direitocontrovertido nos termos da regra transcrita, especialmente porque os fundamentos jurídicos do pedido não tocaminteresse exclusivo dos integrantes da magistratura. Ademais, o posicionamento anterior do Supremo Tribunal Federal,favorável à sua competência originária para processamento de causas em que fosse discutido o pagamento de ajuda decusto a magistrados, foi superado em recentes decisões, valendo, a propósito, a transcrição da ementa prolatada emjulgamento do ARE 743.103 AgR/CE (Segunda Turma, Rel. Min. Teori Zavascki, DJE 06.05.2014):PROCESSUAL CIVIL E CONSTITUCIONAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO.PRELIMINAR DE REPERCUSSÃO GERAL. FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE. ÔNUS DO RECORRENTE. JUIZFEDERAL. POSSE NO CARGO. CONCESSÃO DE AJUDA DE CUSTO. COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DO SUPREMOTRIBUNAL FEDERAL (ART. 102, I, N, DA CF). INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE INTERESSE GERAL DAMAGISTRATURA. INFRINGÊNCIA AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. ÓBICE DA SÚMULA 636/STF. TEMA ANÁLOGO AODOS AUTOS. AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. RE 742.578 (Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI, TEMA 659.MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL. OFENSA INDIRETA OU REFLEXA À CONSTITUIÇÃO. PRECEDENTES. 1. “Nãofixa competência originária do STF a propositura de ação com peculiaridades que dizem respeito a número restrito demagistrados alegadamente interessados na solução da causa” (Rcl 16.061, Segunda Turma, de minha relatoria, DJe de06/03/2014). Essa orientação se aplica a demanda em que se pleiteia o pagamento de ajuda de custo a juiz federal emrazão de sua posse em domicílio diverso daquele em que residia antes do ingresso na magistratura. 2. Agravo regimental aque se nega provimento.

06. Em análise da competência do Juizado Especial Federal para processar e julgar a demanda, destaco que o art.3º, §1º, III, da Lei n. 10.259/01, exclui de seu âmbito as ações nas quais o pedido deduzido vise à desconstituição ou adeclaração de nulidade de ato administrativo, ressalvadas as situações em que o ato impugnado seja de naturezaprevidenciária ou veicule lançamento fiscal. A restrição mencionada deve ser interpretada em conformidade com a previsãocontida no art. 98, I, da Constituição da República de 1988, que dispôs que a criação dos Juizados Especiais está voltada àresolução de causas de “menor complexidade”, tendo-se em vista que a competência para julgamento de disputas queexijam uma dilação probatória mais extensa poderia comprometer a promoção do acesso à justiça por um rito simples emais célere.

07. Esses propósitos se somam à interpretação que venha a ser dada ao art. 3º, §1º, III, da Lei n. 10.259/01, umavez que a aferição da competência do Juizado deve ter como parâmetro o pedido imediato do autor, a despeito de as suasconsequências implicarem a superação de prévia negativa apresentada pela Administração Pública a requerimento de igualteor. Com efeito, a oposição da parte ré não é por si um fator idôneo para infirmar a competência dos Juizados EspeciaisFederais, eis que a sua presença é elemento configurador da resistência própria ao conceito de lide. O aspecto relevante aser observado é o conteúdo principal do pleito, não devendo o julgador se ater à repercussão reflexa do julgamento deprocedência, que poderá resultar na nulidade do ato administrativo (STJ, AgR no CC 104.332, Terceira Seção, Rel. Min.Felix Fischer, DJE 25.08.2009).

08. No presente recurso, o pedido cinge-se à condenação da União ao pagamento de indenização, por ajuda decusto, no valor correspondente ao subsídio mensal do recorrido, inexistindo pleito para que seja declarada a nulidade do atodo Tribunal Regional Federal da 2ª Região. Logo, não identifico fundamento idôneo para afastar a competência dosJuizados Especiais Federais para julgar a demanda.

09. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo ao exame do seu mérito.

10. O art. 65, I, da Lei Complementar n. 35/79, dispõe que os magistrados fazem jus à vantagem de “ajuda de custo,para despesas de transporte e mudança”. Com suporte na dicção expressa dessa regra, o colendo Tribunal RegionalFederal da 2ª Região aprovou a Resolução n. 22/1999, cujo art. 1º preconiza que “o magistrado que, no interesse doserviço, passar a ter exercício em nova sede, com mudança de domicílio em caráter permanente, em virtude de remoçãoou promoção, fará jus à percepção de ajuda de custo para despesas de instalação, transporte e mudança, nos termos doart. 65, I, da Lei Complementar n. 35/79, c/c Resolução n. 69, de 15.12.92, do Conselho da Justiça Federal”.

11. A parte autora requereu, perante o Tribunal Regional Federal da 2ª Região, o pagamento da ajuda de custo, emdecorrência de sua remoção da 2ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Cachoeiro de Itapemirim para a 1ª Vara FederalCriminal da Seção Judiciária do Espírito Santo (ATO N. T2-ATP-2011/00038, de 06 de outubro de 2011, fl. 17). O pleito,autuado sob o n. 2009.02.01.0124618-0, foi indeferido pelo Conselho Administrativo da Corte, pois o “Requerente jápossuía domicílio próprio em logradouro bastante próximo, não arcando, portanto, com despesas extraordináriasnecessárias à sua instalação” (fl. 44). Para tanto, aduziu-se que, antes da aludida remoção, enquanto o demandante eradomiciliado no município de Cachoeiro de Itapemirim, ela já havia comprado imóvel em Via Velha, o que tornariainsubsistente a causa para pagamento da ajuda de custo.

12. Da leitura das regras que disciplinam o pagamento da verba, constato que o seu recebimento é apenascondicionado à prova de mudança de domicílio em caráter permanente, não sendo exigido que o pagamento seja feito emvalor equivalente à diminuição patrimonial decorrente da alteração do domicílio. A propriedade de imóvel, em municípiocontíguo àquele onde o magistrado passará a exercer sua jurisdição, adquirido em data anterior à remoção, não exclui orecebimento da ajuda de custo, por não se conceber que os deslocamentos inerentes ao exercício da magistratura federalimpeçam o cultivo da estabilidade necessária para que o demandante pudesse planejar sua vida familiar e funcional. Na

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hipótese, a compra de imóvel baseou-se na expectativa legítima de que remoções sucessivas propiciariam o trabalho nasede da Seção Judiciária do Espírito Santo, não sendo infirmada a causa para o pagamento da ajuda de custo se, ao longodo exercício de seu cargo, o magistrado adquiriu a propriedade ou a posse do imóvel onde será domiciliado antes, oudepois, da indigitada remoção, porquanto não é pressuposta a existência de um sinalagma entre as despesas incorridas e omontante a ser pago a título de ajuda de custo.

13. Ademais, as remoções, de ofício ou a pedido, são sempre feitas para a consecução do interesse público,concretizado no exercício do mister próprio à magistratura. A coincidência do interesse do recorrido com a necessidadedos seus serviços também atrai a regra do art. 53, da Lei n. 8.112/90, inexistindo fundamento legítimo para que osmagistrados federais tenham um tratamento mais gravoso do que aquele concedido aos demais servidores públicosfederais em igual situação. Em apoio a esse entendimento, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Superior Tribunalde Justiça em julgamento do AGRESP 1.128.630 (Sexta Turma, Rel. Min. Og Fernandes, DJE 02.08.2010):AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. MAGISTRADO. REMOÇÃO A PEDIDO. AJUDA DE CUSTO. DIREITORECONHECIDO. 1. A jurisprudência desta Casa firmou-se no sentido de que a remoção a pedido do magistrado também éefetuada no interesse da Administração, razão pela qual é devida a correspondente a ajuda de custo. Precedentes. 2.Agravo regimental a que se nega provimento.

14. Acrescento que o pedido formulado não infringe o art. 169, §1º, I e II, da Constituição da República de 1988, umavez que as condenações judiciais pecuniárias impostas à Fazenda Pública sujeitam-se à prévia definição legal emorçamento, de acordo com o sistema de requisições de pagamento previsto pelo art. 100.

15. Em relação aos juros de mora e à correção monetária, verifico que não houve fixação dos índices na sentençaimpugnada. No que se refere à atualização monetária, observo que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), declarou a inconstitucionalidadeparcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12º, daConstituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aosprecatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer créditotributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dadapela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. O referido dispositivo legal tambémfoi declarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetasde poupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade(art. 5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real docrédito a ser pago sob esse regime. Em julgamento de questão de ordem, realizado no dia 25/03/2015, houve manifestaçãoexplícita do STF sobre os precatórios expedidos no âmbito da Administração Pública Federal, os quais devem seratualizados “com base nos arts. 27 das Leis nº 12.919/13 e Lei nº 13.080/15, que fixam o IPCA-E como índice de correçãomonetária”, razão por que entendo que o INPC/IBGE deve ser aplicado para atualização monetária das prestações vencidasem demandas previdenciárias, ao passo que o IPCA/IBGE deve incidir nas ações relacionadas às verbas devidas aosservidores públicos federais. Contudo, a maioria dos integrantes das Turmas Recursais da Seção Judiciária do EspíritoSanto tem posicionamento diverso, favorável à aplicação do art. 1º - F, da Lei n. 9.494/97, conforme alteração promovidapela Lei n. 11.960/09, para atualização monetária e juros moratórios. Para promoção de maior segurança jurídica, acolho –a despeito de convicção pessoal em sentido contrário – tal orientação.

16. No que atine ao termo inicial dos juros de mora, o recurso da União deve ser parcialmente provido, pois a relaçãojurídica estatutária existente entre as partes impede, no que tange aos consectários econômicos do exercício do cargo, quese aplique a orientação veiculada pelo enunciado n. 54, da súmula da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. Logo,em obediência ao art. 405, do Código Civil, e ao art. 219, do Código de Processo Civil, reputo que a incidência dos jurosdeve ocorrer a partir da citação (cf. STJ, AgRg no RESP 1.497.022/SP, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE12/02/2015).

17. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe parcial provimento para que os juros moratórios incidam a partir dacitação. Reformo a sentença, parcialmente, para determinar que a atualização monetária e o cômputo de juros observem odisposto pelo art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09 (citação posterior à alteração da Lei n.9.494/97 – fl. 49). Sem condenação ao pagamento de custas (art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96). Deixo de condenar a União aopagamento de honorários advocatícios, uma vez que não houve constituição de advogado.

18. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

19. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

127 - 0001111-17.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.001111-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA RICARDINAPINICHIO DOS SANTOS (ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY, ES017122 - RODRIGO NUNES LOPES,ES016822 - PAULA GHIDETTI NERY LOPES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:VILMAR LOBO ABDALAH JR..).RECURSO Nº 0001111-17.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.001111-3/01)

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RECORRENTE: MARIA RICARDINA PINICHIO DOS SANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

BENEFÍCIO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. MEMBROS COMPONENTES DO NÚCLEO FAMILIAR. RENDA MÍNIMA MENSALPER CAPITA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.1. O benefício assistencial, previsto no art. 203, V, da Constituição da República de 1988, será pago, no valor de um saláriomínimo, à pessoa portadora de deficiência e ao idoso incapaz de manter a própria subsistência ou tê-la provida por suafamília. A sua disciplina legal segue o disposto pelo art. 20, da Lei n. 8.742/93, com a redação dada pela Lei n. 12.435/11,que define os conceitos de família (§1º) - grupo, que viva em coabitação, formado pelo “requerente, o cônjuge oucompanheiro, os pais e na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e os enteadossolteiros e os menores tutelados” – e de pessoa portadora de deficiência (§2º). O art. 20, da Lei n. 8.742/93, também fixa opatamar etário mínimo para descrição de pessoa idosa (65 anos) e o limite de ¼ do salário-mínimo vigente per capita, comoparâmetro para aferição de miserabilidade da família.2. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 580.963/PR (Pleno, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJE 14.11.2013), emregime de repercussão geral, rejeitou a possibilidade de adotar-se interpretação com resultado extensivo do critério de ½ dosalário-mínimo vigente, definido em programas sociais, para aferição da condição de privação econômica exigida para aconcessão do benefício de prestação continuada ao idoso e ao deficiente. Contudo, a Corte decidiu que o art. 34, parágrafoúnico, da Lei n. 10.741/2003, seria parcialmente inconstitucional por omissão, porquanto não haveria critério legítimo dedistinção para que os benefícios previdenciários recebidos por idosos, de até um salário mínimo, não fossem excluídos docômputo da renda do núcleo familiar.3. O requerimento sucessivo para que o benefício assistencial seja pago entre 26/08/2011 e 04/07/2012, quando a filha daautora teria contraído novo emprego, deve ser parcialmente provido, uma vez que, à fl. 32, consta que a filha dademandante teria recebido salário até setembro de 2011 (fl. 32), existindo indício de situação de miserabilidade entre01/10/2011 e 04/07/2012 (data de realização da perícia social).4. Recurso conhecido e parcialmente provido. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, emrazão do benefício de gratuidade de justiça (art. 12, da Lei n. 1.060/50).

RELATÓRIO

MARIA RICARDINA PINICHO DOS SANTOS interpõe recurso inominado, às fls. 85/86, contra sentença proferida pelo MM.Juiz do Juizado Especial Federal de São Mateus (fls. 80/82), que julgou improcedente seu pedido para concessão debenefício assistencial de prestação continuada, a contar da data de indeferimento do requerimento administrativo, em26.08.2011.

02. Em suas razões, alega que: i) a renda percebida pela filha não modifica o quadro de miserabilidade vivenciadopelo grupo familiar, não impedindo a concessão do benefício assistencial; ii) tendo em vista que os rendimentos da filhaforam auferidos após 04.07.2012 e o requerimento administrativo fora realizado em 26.08.2011, o benefício deve serconcedido nesse interstício temporal.

03. O INSS, embora de intimado à fl. 92, não ofereceu contrarrazões.

04. Despacho, às fls. 95/100, no qual se determina a intimação do INSS para que manifeste eventual interesse empropor acordo.

05. O INSS, à fl. 103, afirma a inexistência de interesse na obtenção de acordo.

06. É o relatório.

VOTO07. Presentes os pressupostos processuais, conheço o recurso e passo ao exame do seu mérito.

08. O benefício assistencial, previsto no art. 203, V, da Constituição da República de 1988, será pago, no valor de umsalário mínimo, à pessoa portadora de deficiência e ao idoso incapaz de manter a própria subsistência ou tê-la provida porsua família. A sua disciplina legal segue o disposto pelo art. 20, da Lei n. 8.742/93, com a redação dada pelas Leis n.12.435/11 e 12.470/11, que define os conceitos de família (§1º) - grupo, que viva em coabitação, formado pelo “requerente,o cônjuge ou companheiro, os pais e na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e osenteados solteiros e os menores tutelados” – e de pessoa portadora de deficiência (§2º). O art. 20, da Lei n. 8.742/93,também fixa o patamar etário mínimo para descrição de pessoa idosa (65 anos) e o limite de ¼ do salário-mínimo vigenteper capita, como parâmetro para aferição de miserabilidade da família.

09. No presente recurso, o requisito etário restou demonstrado, uma vez que a demandante nasceu em 12.06.1945

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(fl. 5). Entretanto, o pedido para concessão do benefício assistencial de prestação continuada foi julgado improcedente,porque não restou comprovada a miserabilidade do núcleo familiar. Para tanto, o magistrado sentenciante consignou,baseado nas conclusões apresentadas em laudo socioeconômico (fls. 33/41), que, a despeito de a renda familiar serformada exclusivamente pelos proventos recebidos pela filha da autora, ela não viveria em condições de miserabilidade.

10. Cumpre destacar que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 580.963/PR (Pleno, Rel. Min. GilmarMendes, DJE 14.11.2013), em regime de repercussão geral, rejeitou a possibilidade de adotar-se interpretação comresultado extensivo do critério de ½ do salário-mínimo vigente, definido em programas sociais, para aferição da condição deprivação econômica exigida para a concessão do benefício de prestação continuada ao idoso e ao deficiente. Contudo, aCorte decidiu que o art. 34, parágrafo único, da Lei n. 10.741/2003, seria parcialmente inconstitucional por omissão,porquanto não haveria critério legítimo de distinção para que os benefícios previdenciários recebidos por idosos, de até umsalário mínimo, não fossem excluídos do cômputo da renda do núcleo familiar. A propósito, transcrevo a ementa doacórdão referido:Benefício assistencial de prestação continuada ao idoso e ao deficiente. Art. 203, V, da Constituição. A Lei de Organizaçãoda Assistência Social (LOAS), ao regulamentar o art. 203, V, da Constituição da República, estabeleceu os critérios paraque o benefício mensal de um salário mínimo seja concedido aos portadores de deficiência e aos idosos que comprovemnão possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família. 2. Art. 20, § 3º, da Lei 8.742/1993 e adeclaração de constitucionalidade da norma pelo Supremo Tribunal Federal na ADI 1.232. Dispõe o art. 20, § 3º, da Lei8.742/93 que: “considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de deficiência ou idosa a família cujarenda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo”. O requisito financeiro estabelecido pela Lei tevesua constitucionalidade contestada, ao fundamento de que permitiria que situações de patente miserabilidade social fossemconsideradas fora do alcance do benefício assistencial previsto constitucionalmente. Ao apreciar a Ação Direta deInconstitucionalidade 1.232-1/DF, o Supremo Tribunal Federal declarou a constitucionalidade do art. 20, § 3º, da LOAS. 3.Decisões judiciais contrárias aos critérios objetivos preestabelecidos e processo de inconstitucionalização dos critériosdefinidos pela Lei 8.742/1993. A decisão do Supremo Tribunal Federal, entretanto, não pôs termo à controvérsia quanto àaplicação em concreto do critério da renda familiar per capita estabelecido pela LOAS. Como a Lei permaneceu inalterada,elaboraram-se maneiras de contornar o critério objetivo e único estipulado pela LOAS e de avaliar o real estado demiserabilidade social das famílias com entes idosos ou deficientes. Paralelamente, foram editadas leis que estabeleceramcritérios mais elásticos para concessão de outros benefícios assistenciais, tais como: a Lei 10.836/2004, que criou o BolsaFamília; a Lei 10.689/2003, que instituiu o Programa Nacional de Acesso à Alimentação; a Lei 10.219/01, que criou o BolsaEscola; a Lei 9.533/97, que autoriza o Poder Executivo a conceder apoio financeiro a municípios que instituírem programasde garantia de renda mínima associados a ações socioeducativas. O Supremo Tribunal Federal, em decisõesmonocráticas, passou a rever anteriores posicionamentos acerca da intransponibilidade dos critérios objetivos. Verificou-sea ocorrência do processo de inconstitucionalização decorrente de notórias mudanças fáticas (políticas, econômicas esociais) e jurídicas (sucessivas modificações legislativas dos patamares econômicos utilizados como critérios de concessãode outros benefícios assistenciais por parte do Estado brasileiro). 4. A inconstitucionalidade por omissão parcial do art. 34,parágrafo único, da Lei 10.741/2003. O Estatuto do Idoso dispõe, no art. 34, parágrafo único, que o benefício assistencial jáconcedido a qualquer membro da família não será computado para fins do cálculo da renda familiar per capita a que serefere a LOAS. Não exclusão dos benefícios assistenciais recebidos por deficientes e de previdenciários, no valor de até umsalário mínimo, percebido por idosos. Inexistência de justificativa plausível para discriminação dos portadores de deficiênciaem relação aos idosos, bem como dos idosos beneficiários da assistência social em relação aos idosos titulares debenefícios previdenciários no valor de até um salário mínimo. Omissão parcial inconstitucional. 5. Declaração deinconstitucionalidade parcial, sem pronúncia de nulidade, do art. 34, parágrafo único, da Lei 10.741/2003. 6. Recursoextraordinário a que se nega provimento.

11. Passando à análise das provas carreadas aos autos, destaco que o estudo das condições socioeconômicas (fls.33/41) concluiu que a parte autora reside com a filha e dois netos, que não compõem o grupo familiar para fins de cálculoda renda per capita, sendo a renda familiar exclusivamente composta pelos rendimentos auferidos pela filha da autora, novalor de um salário-mínimo. Assim, tem-se que a renda familiar per capita é superior a ¼ do salário-mínimo vigente àépoca. Em análise da composição da renda familiar, sublinho que o art. 20, §1º, da Lei n. 8.742/92, antes da promulgaçãoda Lei n. 12.435/11, remetia às pessoas elencadas no art. 16, da Lei n. 8.213/91, para a identificação dos integrantes dafamília para fins previdenciários, o que não incluía os netos da requerente.

12. Ao proceder à leitura do relatório subscrito pela perita judicial (fls. 33/41), realizado em 04.07.2012, verifico que afamília reside em casa própria de alvenaria, composta por quatro quartos, sala, cozinha, uma pequena área de serviço ebanheiro, com piso frio. Possui mobília simples e de uso comum, energia elétrica e água encanada. A assistente socialconcluiu que a casa apresenta deterioração. Quanto às despesas domésticas, afirmou-se que além das despesas básicascom alimentação, a família tem despesas com energia elétrica, água encanada, gás e medicamentos de uso comum. Deigual modo, registrou-se nos esclarecimentos da perita, às fls. 49/52, que apesar da parte autora relatar estar casada, naprimeira visita domiciliar, na realidade encontrava-se separada de fato de seu marido. Contudo, na segunda visita, o Sr.Lourenço Pinheiro dos Santos estava presente na residência e, segundo relatou a autora, visitando-a, pois estava doente.Registre-se que o douto juiz sentenciante teria considerado que a aposentadoria por invalidez do cônjuge da demandantenão poderia concorrer para a soma dos rendimentos, por força da interpretação com resultado extensivo do art. 34,parágrafo único, da Lei n. 10.741/03.

13. A interpretação adotada pelo magistrado sentenciante está embasada na orientação do Supremo TribunalFederal, segundo a qual a renda percebida pelo aposentado, maior de 65 anos, no valor de um salário-mínimo, deve serexcluída do orçamento familiar para a concessão do benefício assistencial de prestação continuada, em decorrência da

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interpretação conferida ao art. 34, parágrafo único, da Lei n. 10.741/2003.

14. Portanto, o acervo probatório coligido nos autos permite que se infira que a renda mensal do seu núcleo familiarera maior do que ¼ do salário-mínimo na data da realização da perícia, porque a filha – que coabita com a autora - possuíarenda equivalente ao salário mínimo vigente. Contudo, o requerimento sucessivo para que o benefício assistencial sejapago entre 26/08/2011 e 04/07/2012, quando a filha da autora teria contraído novo emprego, deve ser parcialmente provido,uma vez que, à fl. 32, consta que a filha da demandante teria recebido salário até setembro de 2011 (fl. 32), existindoindício de situação de miserabilidade entre 01/10/2011 e 04/07/2012 (data de realização da perícia social).

15. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe parcial provimento para julgar o pedido parcialmente procedente,nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil, para condenar o INSS a conceder o benefício assistencial deprestação continuada entre 26/08/2011 e 04/07/2012. As parcelas vencidas deverão ser atualizadas monetariamente eacrescidas de juros moratórios, nos termos do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09. Osjuros de mora deverão ser computados a partir da citação (enunciado n. 204, da súmula da jurisprudência do STJ). Semcondenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, em razão do benefício de gratuidade de justiça, nostermos do art. 12, da Lei n. 1.060/50 (fl. 25).

16. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

17. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

128 - 0000786-96.2012.4.02.5055/01 (2012.50.55.000786-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x MOACIR FLORENCIO RODRIGUES (ADVOGADO:ES004367 - JOÃO BATISTA DALLAPÍCCOLA SAMPAIO, ES016427 - WAGNER IZOTON ROCHA, ES007583 -EUCLERIO DE AZEVEDO SAMPAIO JUNIOR, ES009624 - JOAQUIM AUGUSTO DE AZEVEDO SAMPAIO, ES008573 -SEDNO ALEXANDRE PELISSARI, ES016969 - ALICE SAMPAIO PELISSARI, ES013950 - ANDERSON RIBEIRO DASILVA, ES015336 - CAROLINE ANASTÁCIA DOS SANTOS NASCIMENTO, ES016533 - ENEIAS DO NASCIMENTOBATISTA, ES015473 - FELIPE GUEDES STREIT, ES018484 - JOUSELI RODRIGUES BARBOSA, ES018526 - RAFAELAUGUSTO DE AZEVEDO SAMPAIO, ES019010 - RAFAELA VIEIRA VIZEU, ES017801 - RAIANE SILVA ROSETTIMACHADO, ES014562 - VICTOR SANTOS CALDEIRA, ES009588 - ANTONIO AUGUSTO DALAPÍCOLA SAMPAIO.).RECURSO Nº 0000786-96.2012.4.02.5055/01 (2012.50.55.000786-4/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MOACIR FLORENCIO RODRIGUESRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSO CIVIL. PARCELAS VENCIDAS. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. ART. 1ºF DA LEI 9.494/97.RECURSO INOMINADO PROVIDO.

1. Trata-se de recurso interposto pelo INSS contra a sentença que o condenou a pagar as parcelas vencidas devidas àparte autora, atualizados monetariamente com base no INPC/IBGE, acrescidos de juros moratórios à razão de 1% ao mês.2. O recorrente afirma que o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, disciplina aatualização monetária e a incidência de juros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública.3. Para análise do recurso, observo que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel.p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, daexpressão “independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluídopela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicadosos mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria ainconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio daisonomia ao incorrer no mesmo vício. O referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine àextensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dosdébitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da Repúblicade 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime. Emjulgamento de questão de ordem, realizado no dia 25/03/2015, houve manifestação explícita do STF sobre os precatóriosexpedidos no âmbito da Administração Pública Federal, os quais devem ser atualizados “com base nos arts. 27 das Leis nº12.919/13 e Lei nº 13.080/15, que fixam o IPCA-E como índice de correção monetária”, razão por que entendo que oINPC/IBGE deve ser aplicado para atualização monetária das prestações vencidas em demandas previdenciárias, ao passoque o IPCA/IBGE deve incidir nas ações relacionadas às verbas devidas aos servidores públicos federais. Contudo, amaioria dos integrantes das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo tem posicionamento diverso, favorávelà aplicação do art. 1º - F, da Lei n. 9.494/97, conforme alteração promovida pela Lei n. 11.960/09, para atualizaçãomonetária e juros moratórios. Para promoção de maior segurança jurídica, acolho – a despeito de convicção pessoal emsentido contrário – tal orientação.4. Os juros de mora deverão incidir a partir da citação, por aplicação analógica do enunciado nº 204 da súmula dajurisprudência do STJ, com a aplicação da nova redação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, uma vez que, no caso dos autos, a

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citação ocorreu após a entrada em vigor da Lei nº 11.960/09.5. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para condenar o INSS a proceder ao pagamento das parcelasvencidas atualizadas monetariamente, acrescidas de juros moratórios, nos termos do artigo 1º - F, da Lei n. 9.494/97, coma redação dada pela Lei n. 11.960/09. Sem condenação em custas processuais (art. 4º, I, da Lei 9.289/1996). Semcondenação ao pagamento de honorários advocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.6. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.7. É como voto.

129 - 0001328-51.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.001328-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.) x ALDENIR LIMA DOS REIS(ADVOGADO: ES010117 - JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.).RECURSO Nº 0001328-51.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.001328-8/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ALDENIR LIMA DOS REISRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSO CIVIL. PARCELAS VENCIDAS. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. JUROS DE MORA. ART.1ºF DA LEI 9.494/97. RECURSO INOMINADO PROVIDO.

1. Trata-se de recurso interposto pelo INSS contra a sentença que o condenou a pagar as parcelas vencidas devidas àparte autora, atualizados monetariamente com base no INPC/IBGE, acrescidos de juros moratórios à razão de 1% ao mês.2. O recorrente afirma que o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, disciplina aatualização monetária e a incidência de juros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública.3. Para análise do recurso, observo que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel.p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, daexpressão “independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluídopela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicadosos mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria ainconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio daisonomia ao incorrer no mesmo vício. O referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine àextensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dosdébitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da Repúblicade 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime. Emjulgamento de questão de ordem, realizado no dia 25/03/2015, houve manifestação explícita do STF sobre os precatóriosexpedidos no âmbito da Administração Pública Federal, os quais devem ser atualizados “com base nos arts. 27 das Leis nº12.919/13 e Lei nº 13.080/15, que fixam o IPCA-E como índice de correção monetária”, razão por que entendo que oINPC/IBGE deve ser aplicado para atualização monetária das prestações vencidas em demandas previdenciárias, ao passoque o IPCA/IBGE deve incidir nas ações relacionadas às verbas devidas aos servidores públicos federais. Contudo, amaioria dos integrantes das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo tem posicionamento diverso, favorávelà aplicação do art. 1º - F, da Lei n. 9.494/97, conforme alteração promovida pela Lei n. 11.960/09, para atualizaçãomonetária e juros moratórios. Para promoção de maior segurança jurídica, acolho – a despeito de convicção pessoal emsentido contrário – tal orientação.4. Os juros de mora deverão incidir a partir da citação, por aplicação analógica do enunciado nº 204 da súmula dajurisprudência do STJ, com a aplicação da nova redação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, uma vez que, no caso dos autos, acitação ocorreu após a entrada em vigor da Lei nº 11.960/09.5. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para condenar o INSS a proceder ao pagamento das parcelasvencidas atualizadas monetariamente, acrescidas de juros moratórios, nos termos do artigo 1º - F, da Lei n. 9.494/97, coma redação dada pela Lei n. 11.960/09. Sem condenação em custas processuais (art. 4º, I, da Lei 9.289/1996). Semcondenação ao pagamento de honorários advocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.6. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.7. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

130 - 0000674-30.2012.4.02.5055/01 (2012.50.55.000674-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x DAVI RIBEIRO SOARES (ADVOGADO: ES017409 -RAFAELLA CHRISTINA BENÍCIO, ES018446 - GERALDO BENICIO.).RECURSO Nº 0000674-30.2012.4.02.5055/01 (2012.50.55.000674-4/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: DAVI RIBEIRO SOARESRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

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PREVIDENCIÁRIO. PROCESSO CIVIL. PARCELAS VENCIDAS. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. JUROS DE MORA. ART.1ºF DA LEI 9.494/97. RECURSO INOMINADO PROVIDO.

1. Trata-se de recurso interposto pelo INSS contra a sentença que o condenou a pagar as parcelas vencidas devidas àparte autora, atualizados monetariamente com base no INPC/IBGE, acrescidos de juros moratórios à razão de 1% ao mês.2. O recorrente afirma que o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, disciplina aatualização monetária e a incidência de juros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública.3. Para análise do recurso, observo que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel.p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, daexpressão “independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluídopela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicadosos mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria ainconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio daisonomia ao incorrer no mesmo vício. O referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine àextensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dosdébitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da Repúblicade 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime. Emjulgamento de questão de ordem, realizado no dia 25/03/2015, houve manifestação explícita do STF sobre os precatóriosexpedidos no âmbito da Administração Pública Federal, os quais devem ser atualizados “com base nos arts. 27 das Leis nº12.919/13 e Lei nº 13.080/15, que fixam o IPCA-E como índice de correção monetária”, razão por que entendo que oINPC/IBGE deve ser aplicado para atualização monetária das prestações vencidas em demandas previdenciárias, ao passoque o IPCA/IBGE deve incidir nas ações relacionadas às verbas devidas aos servidores públicos federais. Contudo, amaioria dos integrantes das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo tem posicionamento diverso, favorávelà aplicação do art. 1º - F, da Lei n. 9.494/97, conforme alteração promovida pela Lei n. 11.960/09, para atualizaçãomonetária e juros moratórios. Para promoção de maior segurança jurídica, acolho – a despeito de convicção pessoal emsentido contrário – tal orientação.4. Os juros de mora deverão incidir a partir da citação, por aplicação analógica do enunciado nº 204 da súmula dajurisprudência do STJ, com a aplicação da nova redação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, uma vez que, no caso dos autos, acitação ocorreu após a entrada em vigor da Lei nº 11.960/09.5. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para condenar o INSS a proceder ao pagamento das parcelasvencidas atualizadas monetariamente, acrescidas de juros moratórios, nos termos do artigo 1º - F, da Lei n. 9.494/97, coma redação dada pela Lei n. 11.960/09. Sem condenação em custas processuais (art. 4º, I, da Lei 9.289/1996). Semcondenação ao pagamento de honorários advocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.6. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.7. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

131 - 0000430-76.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.000430-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JULIANA BARBOSA ANTUNES.) x FABIO DE SOUZA ANASTACIO (ADVOGADO:ES007025 - ADENILSON VIANA NERY, ES017122 - RODRIGO NUNES LOPES, ES016822 - PAULA GHIDETTI NERYLOPES.).RECURSO Nº 0000430-76.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.000430-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: FABIO DE SOUZA ANASTACIORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSO CIVIL. PARCELAS VENCIDAS. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. ART. 1ºF DA LEI 9.494/97.RECURSO INOMINADO PROVIDO.

1. Trata-se de recurso interposto pelo INSS contra a sentença que o condenou a pagar as parcelas vencidas devidas àparte autora, atualizadas monetariamente com base nos índices previstos em tabela do Manual de Cálculos do Conselho daJustiça Federal, a qual prevê a incidência do INPC/IBGE.2. O recorrente afirma que o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, disciplina aatualização monetária e a incidência de juros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública.3. Para análise do recurso, observo que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel.p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, daexpressão “independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluídopela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicadosos mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria ainconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio daisonomia ao incorrer no mesmo vício. O referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine àextensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dos

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débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da Repúblicade 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime. Emjulgamento de questão de ordem, realizado no dia 25/03/2015, houve manifestação explícita do STF sobre os precatóriosexpedidos no âmbito da Administração Pública Federal, os quais devem ser atualizados “com base nos arts. 27 das Leis nº12.919/13 e Lei nº 13.080/15, que fixam o IPCA-E como índice de correção monetária”, razão por que entendo que oINPC/IBGE deve ser aplicado para atualização monetária das prestações vencidas em demandas previdenciárias, ao passoque o IPCA/IBGE deve incidir nas ações relacionadas às verbas devidas aos servidores públicos federais. Contudo, amaioria dos integrantes das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo tem posicionamento diverso, favorávelà aplicação do art. 1º - F, da Lei n. 9.494/97, conforme alteração promovida pela Lei n. 11.960/09, para atualizaçãomonetária e juros moratórios. Para promoção de maior segurança jurídica, acolho – a despeito de convicção pessoal emsentido contrário – tal orientação.4. Os juros de mora deverão incidir com a aplicação da nova redação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, uma vez que, no casodos autos, a citação ocorreu após a entrada em vigor da Lei nº 11.960/09.5. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para condenar o INSS a proceder ao pagamento das parcelasvencidas atualizadas monetariamente, nos termos do artigo 1º - F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n.11.960/09. Sem condenação em custas processuais (art. 4º, I, da Lei 9.289/1996). Sem condenação ao pagamento dehonorários advocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.6. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.7. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

132 - 0003861-58.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.003861-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.) x JOSÉ CARLOS PAULO (ADVOGADO:ES004142 - JOSE IRINEU DE OLIVEIRA, ES016966 - Eliza Thomaz de Oliveira, ES012700 - RODRIGO SEBASTIÃOSOUZA.).RECURSO Nº 0003861-58.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.003861-8/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: JOSÉ CARLOS PAULORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSO CIVIL. PARCELAS VENCIDAS. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. ART. 1ºF DA LEI 9.494/97.RECURSO INOMINADO PROVIDO.

1. Trata-se de recurso interposto pelo INSS contra a sentença que o condenou a pagar as parcelas vencidas devidas àparte autora, atualizadas monetariamente com base nos índices previstos em tabela do Manual de Cálculos do Conselho daJustiça Federal, a qual prevê a incidência do INPC/IBGE.2. O recorrente afirma que o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, disciplina aatualização monetária e a incidência de juros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública.3. Para análise do recurso, observo que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel.p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, daexpressão “independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluídopela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicadosos mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria ainconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio daisonomia ao incorrer no mesmo vício. O referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine àextensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dosdébitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da Repúblicade 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime. Emjulgamento de questão de ordem, realizado no dia 25/03/2015, houve manifestação explícita do STF sobre os precatóriosexpedidos no âmbito da Administração Pública Federal, os quais devem ser atualizados “com base nos arts. 27 das Leis nº12.919/13 e Lei nº 13.080/15, que fixam o IPCA-E como índice de correção monetária”, razão por que entendo que oINPC/IBGE deve ser aplicado para atualização monetária das prestações vencidas em demandas previdenciárias, ao passoque o IPCA/IBGE deve incidir nas ações relacionadas às verbas devidas aos servidores públicos federais. Contudo, amaioria dos integrantes das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo tem posicionamento diverso, favorávelà aplicação do art. 1º - F, da Lei n. 9.494/97, conforme alteração promovida pela Lei n. 11.960/09, para atualizaçãomonetária e juros moratórios. Para promoção de maior segurança jurídica, acolho – a despeito de convicção pessoal emsentido contrário – tal orientação.4. Os juros de mora deverão incidir a partir da citação, por aplicação analógica do enunciado nº 204 da súmula dajurisprudência do STJ, com a aplicação da nova redação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, uma vez que, no caso dos autos, acitação ocorreu após a entrada em vigor da Lei nº 11.960/09.5. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para condenar o INSS a proceder ao pagamento das parcelasvencidas atualizadas monetariamente, nos termos do artigo 1º - F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n.

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11.960/09. Sem condenação em custas processuais (art. 4º, I, da Lei 9.289/1996). Sem condenação ao pagamento dehonorários advocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.6. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.7. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

133 - 0000459-95.2014.4.02.5051/01 (2014.50.51.000459-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JULIANA BARBOSA ANTUNES.) x ANTONIO GERALDO BOLZAN (ADVOGADO:ES016751 - Valber Cruz Cereza, ES017915 - Lauriane Real Cereza.).RECURSO Nº 0000459-95.2014.4.02.5051/01 (2014.50.51.000459-9/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ANTONIO GERALDO BOLZANRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

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PREVIDENCIÁRIO. PROCESSO CIVIL. PARCELAS VENCIDAS. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. ART. 1ºF DA LEI 9.494/97.RECURSO INOMINADO PROVIDO.

1. Trata-se de recurso interposto pelo INSS contra a sentença que o condenou a pagar as parcelas vencidas devidas àparte autora, atualizadas monetariamente com base nos índices previstos em tabela do Manual de Cálculos do Conselho daJustiça Federal, a qual prevê a incidência do INPC/IBGE.2. O recorrente afirma que o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, disciplina aatualização monetária e a incidência de juros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública.3. Para análise do recurso, observo que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel.p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, daexpressão “independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluídopela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicadosos mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria ainconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio daisonomia ao incorrer no mesmo vício. O referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine àextensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dosdébitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da Repúblicade 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime. Emjulgamento de questão de ordem, realizado no dia 25/03/2015, houve manifestação explícita do STF sobre os precatóriosexpedidos no âmbito da Administração Pública Federal, os quais devem ser atualizados “com base nos arts. 27 das Leis nº12.919/13 e Lei nº 13.080/15, que fixam o IPCA-E como índice de correção monetária”, razão por que entendo que oINPC/IBGE deve ser aplicado para atualização monetária das prestações vencidas em demandas previdenciárias, ao passoque o IPCA/IBGE deve incidir nas ações relacionadas às verbas devidas aos servidores públicos federais. Contudo, amaioria dos integrantes das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo tem posicionamento diverso, favorávelà aplicação do art. 1º - F, da Lei n. 9.494/97, conforme alteração promovida pela Lei n. 11.960/09, para atualizaçãomonetária e juros moratórios. Para promoção de maior segurança jurídica, acolho – a despeito de convicção pessoal emsentido contrário – tal orientação.4. Os juros de mora deverão incidir a partir da citação, por aplicação analógica do enunciado nº 204 da súmula dajurisprudência do STJ, com a aplicação da nova redação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, uma vez que, no caso dos autos, acitação ocorreu após a entrada em vigor da Lei nº 11.960/09.5. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para condenar o INSS a proceder ao pagamento das parcelasvencidas atualizadas monetariamente, nos termos do artigo 1º - F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n.11.960/09. Sem condenação em custas processuais (art. 4º, I, da Lei 9.289/1996). Sem condenação ao pagamento dehonorários advocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.6. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.7. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

134 - 0104327-92.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.104327-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x NILZA SCHROEDER CUNHA (ADVOGADO:ES015489 - CLAUDIA IVONE KURTH.).RECURSO Nº 0104327-92.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.104327-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

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RECORRIDO: NILZA SCHROEDER CUNHARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSO CIVIL. PARCELAS VENCIDAS. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. ART. 1ºF DA LEI 9.494/97.RECURSO INOMINADO PROVIDO.

1. Trata-se de recurso interposto pelo INSS contra a sentença que o condenou a pagar as parcelas vencidas devidas àparte autora, atualizadas monetariamente com base nos índices previstos em tabela do Manual de Cálculos do Conselho daJustiça Federal, a qual prevê a incidência do INPC/IBGE.2. O recorrente afirma que o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, disciplina aatualização monetária e a incidência de juros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública.3. Para análise do recurso, observo que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel.p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, daexpressão “independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluídopela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicadosos mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria ainconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio daisonomia ao incorrer no mesmo vício. O referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine àextensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dosdébitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da Repúblicade 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime. Emjulgamento de questão de ordem, realizado no dia 25/03/2015, houve manifestação explícita do STF sobre os precatóriosexpedidos no âmbito da Administração Pública Federal, os quais devem ser atualizados “com base nos arts. 27 das Leis nº12.919/13 e Lei nº 13.080/15, que fixam o IPCA-E como índice de correção monetária”, razão por que entendo que oINPC/IBGE deve ser aplicado para atualização monetária das prestações vencidas em demandas previdenciárias, ao passoque o IPCA/IBGE deve incidir nas ações relacionadas às verbas devidas aos servidores públicos federais. Contudo, amaioria dos integrantes das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo tem posicionamento diverso, favorávelà aplicação do art. 1º - F, da Lei n. 9.494/97, conforme alteração promovida pela Lei n. 11.960/09, para atualizaçãomonetária e juros moratórios. Para promoção de maior segurança jurídica, acolho – a despeito de convicção pessoal emsentido contrário – tal orientação.4. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para condenar o INSS a proceder ao pagamento das parcelasvencidas atualizadas monetariamente, nos termos do artigo 1º - F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n.11.960/09. Sem condenação em custas processuais (art. 4º, I, da Lei 9.289/1996). Sem condenação ao pagamento dehonorários advocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.5. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.6. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

135 - 0114737-15.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.114737-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x ANA MARIA SERAFIM (ADVOGADO: ES003433 -DIMAS PINTO VIEIRA.).RECURSO Nº 0114737-15.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.114737-3/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ANA MARIA SERAFIMRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSO CIVIL. PARCELAS VENCIDAS. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. ART. 1ºF DA LEI 9.494/97.RECURSO INOMINADO PROVIDO.

1. Trata-se de recurso interposto pelo INSS contra a sentença que o condenou a pagar as parcelas vencidas devidas àparte autora, atualizadas monetariamente com base nos índices previstos em tabela do Manual de Cálculos do Conselho daJustiça Federal, a qual prevê a incidência do INPC/IBGE.2. O recorrente afirma que o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, disciplina aatualização monetária e a incidência de juros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública.3. Para análise do recurso, observo que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel.p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, daexpressão “independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluídopela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicadosos mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria ainconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio daisonomia ao incorrer no mesmo vício. O referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine à

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extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dosdébitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da Repúblicade 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime. Emjulgamento de questão de ordem, realizado no dia 25/03/2015, houve manifestação explícita do STF sobre os precatóriosexpedidos no âmbito da Administração Pública Federal, os quais devem ser atualizados “com base nos arts. 27 das Leis nº12.919/13 e Lei nº 13.080/15, que fixam o IPCA-E como índice de correção monetária”, razão por que entendo que oINPC/IBGE deve ser aplicado para atualização monetária das prestações vencidas em demandas previdenciárias, ao passoque o IPCA/IBGE deve incidir nas ações relacionadas às verbas devidas aos servidores públicos federais. Contudo, amaioria dos integrantes das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo tem posicionamento diverso, favorávelà aplicação do art. 1º - F, da Lei n. 9.494/97, conforme alteração promovida pela Lei n. 11.960/09, para atualizaçãomonetária e juros moratórios. Para promoção de maior segurança jurídica, acolho – a despeito de convicção pessoal emsentido contrário – tal orientação.4. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para condenar o INSS a proceder ao pagamento das parcelasvencidas atualizadas monetariamente, nos termos do artigo 1º - F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n.11.960/09. Sem condenação em custas processuais (art. 4º, I, da Lei 9.289/1996). Sem condenação ao pagamento dehonorários advocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.5. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.6. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

136 - 0000832-60.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.000832-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JULIANA BARBOSA ANTUNES.) x IZABEL CARDOSO DOS SANTOS(ADVOGADO: ES008817 - MARIA REGINA COUTO ULIANA.).RECURSO Nº 0000832-60.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.000832-9/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: IZABEL CARDOSO DOS SANTOSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSO CIVIL. PARCELAS VENCIDAS. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. ART. 1ºF DA LEI 9.494/97.RECURSO INOMINADO PROVIDO.

1. Trata-se de recurso interposto pelo INSS contra a sentença que o condenou a pagar as parcelas vencidas devidas àparte autora, atualizadas monetariamente com base nos índices previstos em tabela do Manual de Cálculos do Conselho daJustiça Federal, a qual prevê a incidência do INPC/IBGE.2. O recorrente afirma que o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, disciplina aatualização monetária e a incidência de juros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública.3. Para análise do recurso, observo que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel.p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, daexpressão “independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluídopela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicadosos mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria ainconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio daisonomia ao incorrer no mesmo vício. O referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine àextensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dosdébitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da Repúblicade 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime. Emjulgamento de questão de ordem, realizado no dia 25/03/2015, houve manifestação explícita do STF sobre os precatóriosexpedidos no âmbito da Administração Pública Federal, os quais devem ser atualizados “com base nos arts. 27 das Leis nº12.919/13 e Lei nº 13.080/15, que fixam o IPCA-E como índice de correção monetária”, razão por que entendo que oINPC/IBGE deve ser aplicado para atualização monetária das prestações vencidas em demandas previdenciárias, ao passoque o IPCA/IBGE deve incidir nas ações relacionadas às verbas devidas aos servidores públicos federais. Contudo, amaioria dos integrantes das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo tem posicionamento diverso, favorávelà aplicação do art. 1º - F, da Lei n. 9.494/97, conforme alteração promovida pela Lei n. 11.960/09, para atualizaçãomonetária e juros moratórios. Para promoção de maior segurança jurídica, acolho – a despeito de convicção pessoal emsentido contrário – tal orientação.4. Os juros de mora deverão incidir com a aplicação da nova redação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, uma vez que, no casodos autos, a citação ocorreu após a entrada em vigor da Lei nº 11.960/09.5. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para condenar o INSS a proceder ao pagamento das parcelasvencidas atualizadas monetariamente, nos termos do artigo 1º - F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n.11.960/09. Sem condenação em custas processuais (art. 4º, I, da Lei 9.289/1996). Sem condenação ao pagamento dehonorários advocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.6. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

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7. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

137 - 0108677-76.2014.4.02.5001/01 (2014.50.01.108677-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.) x MARIANGELA BRAGA PEREIRA NIELSEN(ADVOGADO: ES015179 - DANIELLI VALLADÃO FRAGA, ES019632 - THIAGO PERRONI FRAGA, ES016093 - ANDRERICARDO TELES SOUZA.).RECURSO Nº 0108677-76.2014.4.02.5001/01 (2014.50.01.108677-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MARIANGELA BRAGA PEREIRA NIELSENRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.CONTRADIÇÃO. PREQUESTIONAMENTO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.

MARIANGELA BRAGA PEREIRA NIELSEN interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 118/124, contra acórdãoproferido às fls. 112/115, para fins de prequestionamento, ao argumento de existência de contradição entre o entendimentoadotado no acórdão e aquele adotado pelo Superior Tribunal de Justiça e pelo Supremo Tribunal Federal no que tange àmatéria de desaposentação. Sustenta que o propósito dos embargos não é protelatório, mas o de oportunizar oprequestionamento da tese de defesa.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Passando-se ao exame de possíveis vícios, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, consignoque, da leitura do acórdão ora guerreado, não identifico a presença de contradição apta a modificar a decisão colegiada. Oargumento trazido pelo ora embargante ataca o mérito do acórdão e não representa contradição, vício que deve seranalisado internamente, ou seja no âmbito da própria decisão. A contradição que autoriza a interposição de embargosdeclaratórios é aquela na qual reste claro que o julgador proferiu posicionamentos diferentes dentro do julgado e assumiuposição contrária àquela anteriormente apresentada.

04. Acrescento que o reconhecimento de repercussão geral, em recurso extraordinário, implica somente osobrestamento de recursos extraordinários que versem acerca da mesma questão constitucional (art. 543-B, §1º, do Códigode Processo Civil), não havendo impedimento para julgamento do recurso inominado.

05. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados (itens 03 a 09), não sendo admissível, mediante a interposição derecurso de Embargos de Declaração, novo julgamento da lide motivado pela irresignação de uma das partes em face doposicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração não é cabível o empréstimo de efeitos infringentespara rediscutir questão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. JorgeScartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

06. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.

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Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

07. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

08. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

09. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

138 - 0116758-61.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.116758-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALCY FARIA JUNIOR(ADVOGADO: ES015554 - ANDRÉ RICARDO TELES SOUZA, ES019632 - THIAGO PERRONI FRAGA, ES015179 -DANIELLI VALLADÃO FRAGA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GISELA PAGUNGTOMAZINI.).RECURSO Nº 0116758-61.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.116758-0/01)RECORRENTE: ALCY FARIA JUNIORRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.CONTRADIÇÃO. PREQUESTIONAMENTO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.

ALCY FARIA JUNIOR interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 115/121, contra acórdão proferido às fls.109/112, para fins de prequestionamento, ao argumento de existência de contradição entre o entendimento adotado noacórdão e aquele adotado pelo Superior Tribunal de Justiça e pelo Supremo Tribunal Federal no que tange à matéria dedesaposentação. Sustenta que o propósito dos embargos não é protelatório, mas o de oportunizar o prequestionamento datese de defesa.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Passando-se ao exame de possíveis vícios, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, consignoque, da leitura do acórdão ora guerreado, não identifico a presença de contradição apta a modificar a decisão colegiada. Oargumento trazido pelo ora embargante ataca o mérito do acórdão e não representa contradição, vício que deve seranalisado internamente, ou seja no âmbito da própria decisão. A contradição que autoriza a interposição de embargosdeclaratórios é aquela na qual reste claro que o julgador proferiu posicionamentos diferentes dentro do julgado e assumiuposição contrária àquela anteriormente apresentada.

04. Acrescento que o reconhecimento de repercussão geral, em recurso extraordinário, implica somente osobrestamento de recursos extraordinários que versem acerca da mesma questão constitucional (art. 543-B, §1º, do Códigode Processo Civil), não havendo impedimento para julgamento do recurso inominado.

05. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados (itens 03 a 09), não sendo admissível, mediante a interposição derecurso de Embargos de Declaração, novo julgamento da lide motivado pela irresignação de uma das partes em face doposicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração não é cabível o empréstimo de efeitos infringentespara rediscutir questão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. JorgeScartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.

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1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

06. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

07. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

08. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

09. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

139 - 0107871-76.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.107871-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.) x ANTONIO JORGE SOARES DA COSTA(ADVOGADO: ES019221 - AMAURI BRAS CASER.).RECURSO Nº 0107871-76.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.107871-4/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ANTONIO JORGE SOARES DA COSTARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC. RECURSOCONHECIDO E DESPROVIDO.

ANTONIO JORGE SOARES DA COSTA interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 154/161, contra acórdãoprolatado às fls. 148/151, ao argumento de existência de omissão. Para tanto, sustenta que o órgão colegiado não semanifestou a respeito dos fundamentos principiológicos de natureza constitucional apontados nas contrarrazões, tais como:a dignidade humana (art. 1º, III), a irredutibilidade do valor dos benefícios (art. 194, IV), a contributividade e a reciprocidadecontributiva (art. 201, caput, e § 11). Assevera que o acórdão ocupou-se apenas de tratar de matérias de índoleconstitucional. Requer seja conhecido e provido o presente recurso.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Passando-se ao exame de possíveis vícios, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, consignoque, da leitura do acórdão ora guerreado, não identifico a presença de omissão apta a modificar a decisão colegiada.

04. Verifico que houve a análise adequada e escorreita dos fatos e fundamentos jurídicos e dos requerimentosformulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso de Embargos de Declaração, novo julgamento dacausa motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargosde Declaração não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questão analisada pela decisão atacada.

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(STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

05. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

06. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

07. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

08. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

140 - 0113691-88.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.113691-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.) x CLOVES TEIXEIRA (ADVOGADO:ES020702 - MARCELI APARECIDA DE JESUS DA SILVA.).RECURSO Nº 0113691-88.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.113691-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: CLOVES TEIXEIRARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC. RECURSOCONHECIDO E DESPROVIDO.

CLOVES TEIXEIRA interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 140/147, contra acórdão prolatado às fls. 134/137,ao argumento de existência de omissão. Para tanto, sustenta que suas teses não foram apreciadas na decisão colegiada.Aponta que o direito à desaposentação é patrimonial e disponível, podendo ser desfeito unilateralmente. Requer osobrestamento do recurso em virtude da repercussão geral reconhecida no RE 661.256. Por fim, pugna pelo conhecimentoe provimento dos presentes embargos.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Passando-se ao exame de possíveis vícios, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, consignoque, da leitura do acórdão ora guerreado, não identifico a presença de omissão apta a modificar a decisão colegiada.Acrescento que o reconhecimento de repercussão geral, em recurso extraordinário, implica somente o sobrestamento de

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recursos extraordinários que versem acerca da mesma questão constitucional (art. 543-B, §1º, do Código de ProcessoCivil), não havendo impedimento para julgamento do recurso inominado.

04. Verifico que houve a análise adequada e escorreita dos fatos e fundamentos jurídicos e dos requerimentosformulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso de Embargos de Declaração, novo julgamento dacausa motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargosde Declaração não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questão analisada pela decisão atacada.(STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

05. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

06. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

07. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

08. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

141 - 0006782-22.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.006782-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x ADELAIDE SILVA TRANCOSO.RECURSO Nº 0006782-22.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.006782-5/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ADELAIDE SILVA TRANCOSORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.

ADELAIDE SILVA TRANCOSO interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 108/111, contra acórdão proferido àsfls. 100/103, para fins de prequestionamento, ao argumento de existência de omissão quanto à alegada violação aos artigos5º, caput, II e XXXVI, 194, parágrafo único e incisos I, II, III, IV e VI, art. 195 e art. 201, caput e §§ 1º, 3º, 4º, 7º e 11 daConstituição da República de 1988.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço os

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Embargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados (itens 03 a 09), não sendo admissível, mediante a interposição derecurso de Embargos de Declaração, novo julgamento da lide motivado pela irresignação de uma das partes em face doposicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração não é cabível o empréstimo de efeitos infringentespara rediscutir questão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. JorgeScartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

05. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

142 - 0115316-60.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.115316-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOELSON VIEIRA DESOUZA (ADVOGADO: ES020702 - MARCELI APARECIDA DE JESUS DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).RECURSO Nº 0115316-60.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.115316-6/01)RECORRENTE: JOELSON VIEIRA DE SOUZARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC. RECURSOCONHECIDO E DESPROVIDO.

JOELSON VIEIRA DE SOUZA interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 151/157, contra acórdão prolatado àsfls. 145/148, ao argumento de existência de omissão. Para tanto, sustenta que suas teses não foram apreciadas na decisãocolegiada. Aponta que o direito à desaposentação é patrimonial e disponível, podendo ser desfeito unilateralmente. Requero sobrestamento do recurso em virtude da repercussão geral reconhecida no RE 661.256. Por fim, pugna pelo

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conhecimento e provimento dos presentes embargos.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. A existência de repercussão geral reconhecida no Recurso Extraordinário 661.256 não é capaz de afetar ojulgamento do presente recurso. A decisão representativa da controvérsia a ser proferida pelo Supremo Tribunal Federalapenas condiciona o julgamento de outro recurso extraordinário (art. 543-B, §1º, do Código de Processo Civil), motivo peloqual o julgamento destes Embargos não se encontra obstado pela existência de repercussão geral reconhecida para oassunto discutido.

04. Passando-se ao exame de possíveis vícios, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, consignoque, da leitura do acórdão ora guerreado, não identifico a presença de omissão apta a modificar a decisão colegiada.

05. Verifico que houve a análise adequada e escorreita dos fatos e fundamentos jurídicos e dos requerimentosformulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso de Embargos de Declaração, novo julgamento dacausa motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargosde Declaração não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questão analisada pela decisão atacada.(STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

06. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

07. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

08. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

09. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

143 - 0113685-81.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.113685-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.) x ELIANE NEVES (ADVOGADO:ES020702 - MARCELI APARECIDA DE JESUS DA SILVA.).RECURSO Nº 0113685-81.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.113685-5/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ELIANE NEVESRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

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VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC. RECURSOCONHECIDO E DESPROVIDO.

ELIANA NEVES interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 125/131, contra acórdão prolatado às fls. 119/122, aoargumento de existência de omissão. Para tanto, sustenta que suas teses não foram apreciadas na decisão colegiada.Aponta que o direito à desaposentação é patrimonial e disponível, podendo ser desfeito unilateralmente. Requer osobrestamento do recurso em virtude da repercussão geral reconhecida no RE 661.256. Por fim, pugna pelo conhecimentoe provimento dos presentes embargos.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Passando-se ao exame de possíveis vícios, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, consignoque, da leitura do acórdão ora guerreado, não identifico a presença de omissão apta a modificar a decisão colegiada.Acrescento que o reconhecimento de repercussão geral, em recurso extraordinário, implica somente o sobrestamento derecursos extraordinários que versem acerca da mesma questão constitucional (art. 543-B, §1º, do Código de ProcessoCivil), não havendo impedimento para julgamento do recurso inominado.

04. Verifico que houve a análise adequada e escorreita dos fatos e fundamentos jurídicos e dos requerimentosformulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso de Embargos de Declaração, novo julgamento dacausa motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargosde Declaração não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questão analisada pela decisão atacada.(STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

05. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

06. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

07. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

08. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

144 - 0109349-22.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.109349-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO

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SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LUIZ CLÁUDIO SALDANHA SALES.) x ANTONIO ADEMIR BURGARELLI(ADVOGADO: ES019221 - AMAURI BRAS CASER.).RECURSO Nº 0109349-22.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.109349-1/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ANTONIO ADEMIR BURGARELLIRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC. RECURSOCONHECIDO E DESPROVIDO.

ANTONIO ADEMIR BURGARELLI interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 177/184, contra acórdão prolatadoàs fls. 171/174, ao argumento de existência de omissão. Para tanto, sustenta que o órgão colegiado não se manifestou arespeito dos fundamentos principiológicos de natureza constitucional apontados nas contrarrazões, tais como: a dignidadehumana (art. 1º, III), a irredutibilidade do valor dos benefícios (art. 194, IV), a contributividade e a reciprocidade contributiva(art. 201, caput, e §11). Assevera que o acórdão ocupou-se apenas de tratar de matérias de índole constitucional. Requerseja conhecido e provido o presente recurso.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Passando-se ao exame de possíveis vícios, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, consignoque, da leitura do acórdão ora guerreado, não identifico a presença de omissão apta a modificar a decisão colegiada.

04. Verifico que houve a análise adequada e escorreita dos fatos e fundamentos jurídicos e dos requerimentosformulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso de Embargos de Declaração, novo julgamento dacausa motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargosde Declaração não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questão analisada pela decisão atacada.(STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

05. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

06. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

07. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

08. É como voto.

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(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

145 - 0107174-55.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.107174-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.) x DJALMA NARDI DE MORAES (ADVOGADO:ES019221 - AMAURI BRAS CASER.).RECURSO Nº 0107174-55.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.107174-4/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: DJALMA NARDI DE MORAESRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC. RECURSOCONHECIDO E DESPROVIDO.

DJALMA NARDI DE MORAES interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 157/164, contra acórdão prolatado àsfls. 151/154, ao argumento de existência de omissão. Para tanto, sustenta que o órgão colegiado não se manifestou arespeito dos fundamentos principiológicos de natureza constitucional apontados nas contrarrazões, tais como: a dignidadehumana (art. 1º, III), a irredutibilidade do valor dos benefícios (art. 194, IV), a contributividade e a reciprocidade contributiva(art. 201, caput, e §11). Assevera que o acórdão ocupou-se apenas de tratar de matérias de índole constitucional. Requerseja conhecido e provido o presente recurso.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Passando-se ao exame de possíveis vícios, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, consignoque, da leitura do acórdão ora guerreado, não identifico a presença de omissão apta a modificar a decisão colegiada.

04. Verifico que houve a análise adequada e escorreita dos fatos e fundamentos jurídicos e dos requerimentosformulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso de Embargos de Declaração, novo julgamento dacausa motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargosde Declaração não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questão analisada pela decisão atacada.(STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

05. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

06. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

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07. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

08. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

146 - 0110179-97.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.110179-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ARY RANGEL (ADVOGADO:ES019645 - ALEX SANDRO SALAZAR, ES010321 - OLDER VASCO DALBEM DE OLIVEIRA.) x UNIAO FEDERAL(PROCDOR: MARINA RIBEIRO FLEURY.).RECURSO Nº 0110179-97.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.110179-8/01)RECORRENTE: ARY RANGELRECORRIDO: UNIAO FEDERALRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC. RECURSOSCONHECIDOS E DESPROVIDOS.

ARY RANGEL e UNIÃO interpõem recursos de Embargos de Declaração, às fls. 136/140 e 141/143, respectivamente,contra acórdão proferido às fls. 127/134. O autor argumenta que houve contradição no acórdão quanto à forma depagamento, pois não restou claro se este seria feito por compensação ou por expedição de requisição de pagamento.Pondera que o pagamento da quantia deve ocorrer por expedição de Requisição de Pequeno Valor, visto que o contribuintenão pode ser obrigado a se submeter à esfera administrativa após ter pleiteado a devolução pela via judicial. A União, porsua vez, aponta que não foi apreciada especificidade do caso concreto, no qual a parte autora migrou de plano deprevidência no ano de 1998. Argumenta que o autor não prestou esta informação nos autos, mas que haveria indício de queo autor realizou esta migração. Com isso, pressupõe que o autor tenha recebido montante em dinheiro como forma deincentivo para migração de plano, o que altera o termo inicial do prazo prescricional Pugna a União pelo reconhecimento daprescrição, ao ser considerado que o cancelamento do plano em 1998 inaugurou novo lapso temporal.

02. Verificada a tempestividade dos recursos e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheçoos Embargos de Declaração e passo à análise do mérito.

03. A União aduz que a parte autora migrou de plano de previdência em 1998 e que, naquele momento, auferiu verbacomo incentivo para a transferência. Com isso, sustenta que o prazo prescricional iniciou-se em 1998 e não é possível aaplicação do entendimento da Turma Nacional de Uniformização no tocante à matéria. Entretanto, verifico que orecebimento antecipado de parte da reserva matemática do fundo de previdência privada, como incentivo para a migraçãopara novo plano de benefícios, não seria capaz de alterar o termo inicial do prazo prescricional, consoante a fundamentaçãodeclinada no parágrafo 6 de fl. 128. Contudo, caberia à União, no curso da dilação probatória perante o Juízo a quo, teralegado a necessidade de eventual esclarecimento nesse sentido, não sendo cabível, em sede de embargos de declaração,sustentar que o julgado deva ser suplementado, ao argumento de que “tudo leva a crer que o autor ‘realizou migração deplano em 1998’” (fl. 142). Ademais, fixada a forma de apuração da quantia eventualmente devida pelo acórdão, a apuraçãodo montante da dívida, considerando-se as parcelas posteriores ao marco definido à fl. 128, fica reservada à fase deliquidação.

04. Noutro giro, constato que também não há contradição no acórdão impugnado. A decisão colegiada é clara, emseu parágrafo 15, ao estabelecer que o montante devido deva ser restituído por compensação ou pagamento mediante orequisitório apropriado. Não se trata aqui da existência de contradição. A decisão colegiada, seguindo orientação da TurmaNacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais, facultou ao credor a escolha pela forma de restituição,cabendo a este, na fase executória, optar pela que melhor lhe aprouver.

05. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso deEmbargos de Declaração, novo julgamento da causa motivado pela irresignação das partes em face do posicionamentoesposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutirquestão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado o

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acórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

06. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

07. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

08. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

147 - 0110181-67.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.110181-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE ANTONIO RAZERA(ADVOGADO: ES019645 - ALEX SANDRO SALAZAR, ES010321 - OLDER VASCO DALBEM DE OLIVEIRA.) x UNIAOFEDERAL (PROCDOR: MARINA RIBEIRO FLEURY.).RECURSO Nº 0110181-67.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.110181-6/01)RECORRENTE: UNIÃO E JOSE ANTONIO RAZERARECORRIDO: OS MESMOSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC. RECURSOCONHECIDO E DESPROVIDO.

JOSÉ ANTONIO RAZERA e UNIÃO interpõem recursos de Embargos de Declaração, às fls. 141/145 e 146/148,respectivamente, contra acórdão prolatado às fls. 132/139. O autor argumenta que houve contradição no acórdão quanto àforma de pagamento, pois não restou claro se este seria feito por compensação ou por expedição de requisição depagamento. Pondera que o pagamento da quantia deve ocorrer por expedição de Requisição de Pequeno Valor, visto que ocontribuinte não pode ser obrigado a se submeter à esfera administrativa após ter pleiteado a devolução pela via judicial. AUnião, por sua vez, aponta que não foi apreciada especificidade do caso concreto, no qual a parte autora migrou de planode previdência no ano de 1998. Argumenta que o autor não prestou esta informação nos autos, mas que haveria indício deque o autor realizou esta migração. Com isso, pressupõe que o autor tenha recebido montante em dinheiro como forma deincentivo para migração de plano, o que altera o termo inicial do prazo prescricional Pugna a União pelo reconhecimento daprescrição, ao ser considerado que o cancelamento do plano em 1998 inaugurou novo lapso temporal.

02. Verificada a tempestividade dos recursos e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheçoos Embargos de Declaração e passo à análise do mérito.

03. A União aduz que a parte autora migrou de plano de previdência em 1998 e que, naquele momento, auferiu verbacomo incentivo para a transferência. Com isso, sustenta que o prazo prescricional iniciou-se em 1998 e não é possível aaplicação do entendimento da Turma Nacional de Uniformização no tocante à matéria. Entretanto, verifico que orecebimento antecipado de parte da reserva matemática do fundo de previdência privada, como incentivo para a migraçãopara novo plano de benefícios, não seria capaz de alterar o termo inicial do prazo prescricional, consoante a fundamentaçãodeclinada no parágrafo 6 de fl. 133. Contudo, caberia à União, no curso da dilação probatória perante o Juízo a quo, teralegado a necessidade de eventual esclarecimento nesse sentido, não sendo cabível, em sede de embargos de declaração,sustentar que o julgado deva ser suplementado, ao argumento de que “tudo leva a crer que o autor ‘realizou migração deplano em 1998’” (fl. 147). Ademais, fixada a forma de apuração da quantia eventualmente devida pelo acórdão, a apuraçãodo montante da dívida, considerando-se as parcelas posteriores ao marco definido à fl. 133, fica reservada à fase deliquidação.

04. Noutro giro, constato que também não há contradição no acórdão impugnado. A decisão colegiada é clara, emseu parágrafo 15, ao estabelecer que o montante devido deva ser restituído por compensação ou pagamento mediante orequisitório apropriado. Não se trata aqui da existência de contradição. A decisão colegiada, seguindo orientação da TurmaNacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais, facultou ao credor a escolha pela forma de restituição,cabendo a este, na fase executória, optar pela que melhor lhe aprouver.

05. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso deEmbargos de Declaração, novo julgamento da causa motivado pela irresignação das partes em face do posicionamentoesposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutir

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questão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

06. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

07. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

08. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

148 - 0000143-84.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000143-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x HERONDINAMARIA DE JESUS (ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.).RECURSO Nº 0000143-84.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000143-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: HERONDINA MARIA DE JESUSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA. ÍNDICE PREVISTO NO ART. 1º-F DA LEI N. 9.494/97 COMA REDAÇÃO DADA PELA LEI N. 11.960/09. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL SOB A ÓTICA DA NECESSIDADE EDA SUCUMBÊNCIA. EMBARGOS NÃO CONHECIDOS.

O INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL interpõe recurso de Embargos de Declaração sob a alegação daexistência de omissão e contradição. Alega que a decisão colegiada adotou critérios de atualização monetária emcontrariedade ao resultado final do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal, em julgamento de questão de ordem,nas ADIs 4.357 e 4.425. Assevera que a decisão proferida pelo STF, em controle concentrado de constitucionalidade,possui eficácia para todos e efeito vinculante em relação à Administração e aos demais órgãos do Poder Judiciário. Requera aplicação do art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09.

Em análise aos autos, verifico que não há interesse de agir por parte da autarquia previdenciária em relação à impugnaçãodo índice de correção monetária, porque o relator do acórdão, prolatado às fls. 69/80, teve o capítulo do seu voto, referenteaos critérios de atualização monetária, superado pelo entendimento majoritário favorável à aplicação da regra do art. 1º-F,da Lei n. 9.494/97, de acordo com a alteração promovida pela Lei n. 11.960/09, consoante se extrai da certidão de fl. 81,que assim dispõe: a 2ª Turma Recursal, por unanimidade, negou provimento ao recurso, nos termos do voto/ementa dorelator. No que se refere ao critério de incidência de juros e correção monetária, o relator, que o alterava de ofício, restouvencido; a Turma, por maioria, deliberou manter o critério fixado na sentença. Nesses termos, mantém-se íntegra asentença recorrida (art. 46, da Lei n. 9.099/95), a qual fixou os índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados àcaderneta de poupança (art. 5º da Lei n. 11.960/09) para tal propósito.

03. O provimento jurisdicional pretendido pelo embargante já foi alcançado, o que denota a inutilidade dos embargosde declaração, uma vez que a atualização monetária e a incidência de juros moratórios seguem os critérios ora pleiteados.Dessa forma, por ausência de interesse recursal, não conheço o recurso interposto pelo INSS.

04. Diante da interposição manifestamente inócua dos embargos, em contrariedade ao conteúdo implícito dacertidão de julgamento, aplico multa equivalente a 1% (um por cento) do valor da causa, consoante previsão normativaprevista no parágrafo único do art. 538 do Código de Processo Civil.

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05. Ante o exposto, deixo de conhecer os embargos de declaração, por ausência de interesse recursal.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

149 - 0005195-67.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005195-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.) x LYDIA KLIPPEL (ADVOGADO: ES001528 -CARLOS DORSCH, ES003844 - ANA MARIA DA ROCHA CARVALHO.).RECURSO Nº 0005195-67.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005195-6/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: LYDIA KLIPPELRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA. ÍNDICE PREVISTO NO ART. 1º-F DA LEI N. 9.494/97 COMA REDAÇÃO DADA PELA LEI N. 11.960/09. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL SOB A ÓTICA DA NECESSIDADE EDA SUCUMBÊNCIA. EMBARGOS NÃO CONHECIDOS.

O INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL interpõe recurso de Embargos de Declaração sob a alegação daexistência de omissão e contradição. Alega que a decisão colegiada adotou critérios de atualização monetária emcontrariedade ao resultado final do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal, em julgamento de questão de ordem,nas ADIs 4.357 e 4.425. Assevera que a decisão proferida pelo STF, em controle concentrado de constitucionalidade,possui eficácia para todos e efeito vinculante em relação à Administração e aos demais órgãos do Poder Judiciário. Requera aplicação do art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09.

Em análise aos autos, verifico que não há interesse de agir por parte da autarquia previdenciária em relação à impugnaçãodo índice de correção monetária, porque o relator do acórdão, prolatado às fls. 169/174, teve o capítulo do seu voto,referente aos critérios de atualização monetária, superado pelo entendimento majoritário favorável à aplicação da regra doart. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, de acordo com a alteração promovida pela Lei n. 11.960/09, consoante se extrai da certidão defl. 175, que assim dispõe: a 2ª Turma Recursal, por unanimidade, negou provimento ao recurso, nos termos do voto/ementado relator. No que se refere ao critério de incidência de juros e correção monetária, o relator, que o alterava de ofício, restouvencido; a Turma, por maioria, deliberou manter o critério fixado na sentença. Nesses termos, mantém-se íntegra asentença recorrida (art. 46, da Lei n. 9.099/95), a qual fixou os índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados àcaderneta de poupança (art. 5º da Lei n. 11.960/09) para tal propósito.

03. O provimento jurisdicional pretendido pelo embargante já foi alcançado, o que denota a inutilidade dos embargosde declaração, uma vez que a atualização monetária e a incidência de juros moratórios seguem os critérios ora pleiteados.Dessa forma, por ausência de interesse recursal, não conheço o recurso interposto pelo INSS.

04. Diante da interposição manifestamente inócua dos embargos, em contrariedade ao conteúdo implícito dacertidão de julgamento, aplico multa equivalente a 1% (um por cento) do valor da causa, consoante previsão normativaprevista no parágrafo único do art. 538 do Código de Processo Civil.

05. Ante o exposto, deixo de conhecer os embargos de declaração, por ausência de interesse recursal.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

150 - 0000017-96.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000017-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Paulo Henrique Vaz Fidalgo.) x JOSEFINA ROSA MARTINUSSO (ADVOGADO:ES010152 - ANDRE FRANCISCO LUCHI.).RECURSO Nº 0000017-96.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000017-5/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: JOSEFINA ROSA MARTINUSSORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

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VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA. ÍNDICE PREVISTO NO ART. 1º-F DA LEI N. 9.494/97 COMA REDAÇÃO DADA PELA LEI N. 11.960/09. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL SOB A ÓTICA DA NECESSIDADE EDA SUCUMBÊNCIA. EMBARGOS NÃO CONHECIDOS.

O INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL interpõe recurso de Embargos de Declaração sob a alegação daexistência de omissão e contradição. Alega que a decisão colegiada adotou critérios de atualização monetária emcontrariedade ao resultado final do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal, em julgamento de questão de ordem,nas ADIs 4.357 e 4.425. Assevera que a decisão proferida pelo STF, em controle concentrado de constitucionalidade,possui eficácia para todos e efeito vinculante em relação à Administração e aos demais órgãos do Poder Judiciário. Requera aplicação do art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09.

Em análise aos autos, verifico que não há interesse de agir por parte da autarquia previdenciária em relação à impugnaçãodo índice de correção monetária, porque o relator do acórdão, prolatado às fls. 121/126, teve o capítulo do seu voto,referente aos critérios de atualização monetária, superado pelo entendimento majoritário favorável à aplicação da regra doart. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, de acordo com a alteração promovida pela Lei n. 11.960/09, consoante se extrai da certidão defl. 127, que assim dispõe: a 2ª Turma Recursal, por unanimidade, negou provimento ao recurso, nos termos do voto/ementado relator. No que se refere ao critério de incidência de juros e correção monetária, o relator, que o alterava de ofício, restouvencido; a Turma, por maioria, deliberou manter o critério fixado na sentença. Nesses termos, mantém-se íntegra asentença recorrida (art. 46, da Lei n. 9.099/95), a qual fixou os índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados àcaderneta de poupança (art. 5º da Lei n. 11.960/09) para tal propósito.

03. O provimento jurisdicional pretendido pelo embargante já foi alcançado, o que denota a inutilidade dos embargosde declaração, uma vez que a atualização monetária e a incidência de juros moratórios seguem os critérios ora pleiteados.Dessa forma, por ausência de interesse recursal, não conheço o recurso interposto pelo INSS.

04. Diante da interposição manifestamente inócua dos embargos, em contrariedade ao conteúdo implícito dacertidão de julgamento, aplico multa equivalente a 1% (um por cento) do valor da causa, consoante previsão normativaprevista no parágrafo único do art. 538 do Código de Processo Civil.

05. Ante o exposto, deixo de conhecer os embargos de declaração, por ausência de interesse recursal.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

151 - 0000595-94.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000595-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JAILTON AUGUSTO FERNANDES.) x JOANA ROSA DE SOUZA (ADVOGADO:ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.).RECURSO Nº 0000595-94.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000595-2/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: JOANA ROSA DE SOUZARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA. ÍNDICE PREVISTO NO ART. 1º-F DA LEI N. 9.494/97 COMA REDAÇÃO DADA PELA LEI N. 11.960/09. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL SOB A ÓTICA DA NECESSIDADE EDA SUCUMBÊNCIA. EMBARGOS NÃO CONHECIDOS.

O INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL interpõe recurso de Embargos de Declaração sob a alegação daexistência de omissão e contradição. Alega que a decisão colegiada adotou critérios de atualização monetária emcontrariedade ao resultado final do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal, em julgamento de questão de ordem,nas ADIs 4.357 e 4.425. Assevera que a decisão proferida pelo STF, em controle concentrado de constitucionalidade,possui eficácia para todos e efeito vinculante em relação à Administração e aos demais órgãos do Poder Judiciário. Requera aplicação do art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09.

Em análise aos autos, verifico que não há interesse de agir por parte da autarquia previdenciária em relação à impugnaçãodo índice de correção monetária, porque o relator do acórdão, prolatado às fls. 97/108, teve o capítulo do seu voto,referente aos critérios de atualização monetária, superado pelo entendimento majoritário favorável à aplicação da regra doart. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, de acordo com a alteração promovida pela Lei n. 11.960/09, consoante se extrai da certidão defl. 109, que assim dispõe: a 2ª Turma Recursal, por unanimidade, negou provimento ao recurso, nos termos do voto/ementa

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do relator. No que se refere ao critério de incidência de juros e correção monetária, o relator, que o alterava de ofício, restouvencido; a Turma, por maioria, deliberou manter o critério fixado na sentença. Nesses termos, mantém-se íntegra asentença recorrida (art. 46, da Lei n. 9.099/95), a qual fixou os índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados àcaderneta de poupança (art. 5º da Lei n. 11.960/09) para tal propósito.

03. O provimento jurisdicional pretendido pelo embargante já foi alcançado, o que denota a inutilidade dos embargosde declaração, uma vez que a atualização monetária e a incidência de juros moratórios seguem os critérios ora pleiteados.Dessa forma, por ausência de interesse recursal, não conheço o recurso interposto pelo INSS.

04. Diante da interposição manifestamente inócua dos embargos, em contrariedade ao conteúdo implícito dacertidão de julgamento, aplico multa equivalente a 1% (um por cento) do valor da causa, consoante previsão normativaprevista no parágrafo único do art. 538 do Código de Processo Civil.

05. Ante o exposto, deixo de conhecer os embargos de declaração, por ausência de interesse recursal.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

152 - 0002355-18.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.002355-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LUCIENE DA SILVARODRIGUES (ADVOGADO: ES011936 - LUCIANO MOREIRA DOS ANJOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA CAROLINE SOUZA DE ALMEIDA ROCHA.).RECURSO Nº 0002355-18.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.002355-2/01)RECORRENTE: LUCIENE DA SILVA RODRIGUESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA. ÍNDICE PREVISTO NO ART. 1º-F DA LEI N. 9.494/97 COMA REDAÇÃO DADA PELA LEI N. 11.960/09. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL SOB A ÓTICA DA NECESSIDADE EDA SUCUMBÊNCIA. EMBARGOS NÃO CONHECIDOS.

O INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL interpõe recurso de Embargos de Declaração sob a alegação daexistência de omissão e contradição. Alega que a decisão colegiada adotou critérios de atualização monetária emcontrariedade ao resultado final do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal, em julgamento de questão de ordem,nas ADIs 4.357 e 4.425. Assevera que a decisão proferida pelo STF, em controle concentrado de constitucionalidade,possui eficácia para todos e efeito vinculante em relação à Administração e aos demais órgãos do Poder Judiciário. Requera aplicação do art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09.

Em análise aos autos, verifico que não há interesse de agir por parte da autarquia previdenciária em relação à impugnaçãodo índice de correção monetária, porque o relator do acórdão, prolatado às fls. 112/117, teve o capítulo do seu voto,referente aos critérios de atualização monetária, superado pelo entendimento majoritário favorável à aplicação da regra doart. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, de acordo com a alteração promovida pela Lei n. 11.960/09, consoante se extrai da certidão defl. 118, que assim dispõe: a 2ª Turma Recursal, por unanimidade, negou provimento ao recurso, nos termos do voto/ementado relator. No que se refere ao critério de incidência de juros e correção monetária, o relator, que o alterava de ofício, restouvencido; a Turma, por maioria, deliberou manter o critério fixado na sentença. Nesses termos, mantém-se íntegra asentença recorrida (art. 46, da Lei n. 9.099/95), a qual fixou os índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados àcaderneta de poupança (art. 5º da Lei n. 11.960/09) para tal propósito.

03. O provimento jurisdicional pretendido pelo embargante já foi alcançado, o que denota a inutilidade dos embargosde declaração, uma vez que a atualização monetária e a incidência de juros moratórios seguem os critérios ora pleiteados.Dessa forma, por ausência de interesse recursal, não conheço o recurso interposto pelo INSS.

04. Diante da interposição manifestamente inócua dos embargos, em contrariedade ao conteúdo implícito dacertidão de julgamento, aplico multa equivalente a 1% (um por cento) do valor da causa, consoante previsão normativaprevista no parágrafo único do art. 538 do Código de Processo Civil.

05. Ante o exposto, deixo de conhecer os embargos de declaração, por ausência de interesse recursal.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.

Page 200: ÍNDICE DE PESQUISA DA 2ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · Boletim 2015.000066 DIRETOR(a) DE SECRETARIA LILIA COELHO DE CARVALHO MAT. 10061 Expediente do dia 01/07/2015 ... técnico

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

153 - 0105243-54.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.105243-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.) x JEAN SANTANA DE JESUS JUNIOR(ADVOGADO: ES012709 - LEANDRO FREITAS DE SOUZA, ES013596 - ACLIMAR NASCIMENTO TIMBOÍBA.).RECURSO Nº 0105243-54.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.105243-8/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: JEAN SANTANA DE JESUS JUNIORRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA. ÍNDICE PREVISTO NO ART. 1º-F DA LEI N. 9.494/97 COMA REDAÇÃO DADA PELA LEI N. 11.960/09. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL SOB A ÓTICA DA NECESSIDADE EDA SUCUMBÊNCIA. EMBARGOS NÃO CONHECIDOS.

O INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL interpõe recurso de Embargos de Declaração sob a alegação daexistência de omissão e contradição. Alega que a decisão colegiada adotou critérios de atualização monetária emcontrariedade ao resultado final do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal, em julgamento de questão de ordem,nas ADIs 4.357 e 4.425. Assevera que a decisão proferida pelo STF, em controle concentrado de constitucionalidade,possui eficácia para todos e efeito vinculante em relação à Administração e aos demais órgãos do Poder Judiciário. Requera aplicação do art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09.

02. Em análise aos autos, verifico que não há interesse de agir por parte da autarquia previdenciária em relação àimpugnação do índice de correção monetária, porque o relator do acórdão, prolatado às fls. 98/101, teve o capítulo do seuvoto, referente aos critérios de atualização monetária, superado pelo entendimento majoritário favorável à aplicação daregra do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, de acordo com a alteração promovida pela Lei n. 11.960/09, consoante se extrai dacertidão de fl. 102, que assim dispõe: a 2ª Turma Recursal, por unanimidade, negou provimento ao recurso, nos termos dovoto/ementa do relator e; vencido o relator no que tange à correção monetária e juros de mora, adotando-se comofundamento o julgamento do RE 856175/ES para determinar que a incidência da correção monetária e juros de mora se dêpelo critério previsto no art. 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09. Nesses termos, mantém-seíntegra a sentença recorrida (art. 46, da Lei n. 9.099/95), a qual fixou os índices oficiais de remuneração básica e jurosaplicados à caderneta de poupança (art. 5º da Lei n. 11.960/09) para tal propósito.

03. O provimento jurisdicional pretendido pelo embargante já foi alcançado, o que denota a inutilidade dos embargosde declaração, uma vez que a atualização monetária e a incidência de juros moratórios seguem os critérios ora pleiteados.Dessa forma, por ausência de interesse recursal, não conheço o recurso interposto pelo INSS.

04. Diante da interposição manifestamente inócua dos embargos, em contrariedade ao conteúdo implícito dacertidão de julgamento, aplico multa equivalente a 1% (um por cento) do valor da causa, consoante previsão normativaprevista no parágrafo único do art. 538 do Código de Processo Civil.

05. Ante o exposto, deixo de conhecer os embargos de declaração, por ausência de interesse recursal.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

154 - 0000955-29.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000955-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: HENRIQUE BICALHO CIVINELLI DE ALMEIDA.) x ADENIS DE JESUS(ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.).RECURSO Nº 0000955-29.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000955-6/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ADENIS DE JESUSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA. ÍNDICE PREVISTO NO ART. 1º-F DA LEI N. 9.494/97 COMA REDAÇÃO DADA PELA LEI N. 11.960/09. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL SOB A ÓTICA DA NECESSIDADE EDA SUCUMBÊNCIA. EMBARGOS NÃO CONHECIDOS.

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O INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL interpõe recurso de Embargos de Declaração sob a alegação daexistência de omissão e contradição. Alega que a decisão colegiada adotou critérios de atualização monetária emcontrariedade ao resultado final do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal, em julgamento de questão de ordem,nas ADIs 4.357 e 4.425. Assevera que a decisão proferida pelo STF, em controle concentrado de constitucionalidade,possui eficácia para todos e efeito vinculante em relação à Administração e aos demais órgãos do Poder Judiciário. Requera aplicação do art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09.

Em análise aos autos, verifico que não há interesse de agir por parte da autarquia previdenciária em relação à impugnaçãodo índice de correção monetária, porque o relator do acórdão, prolatado às fls. 84/89, teve o capítulo do seu voto, referenteaos critérios de atualização monetária, superado pelo entendimento majoritário favorável à aplicação da regra do art. 1º-F,da Lei n. 9.494/97, de acordo com a alteração promovida pela Lei n. 11.960/09, consoante se extrai da certidão de fl. 90,que assim dispõe: a 2ª Turma Recursal, por unanimidade, deu parcial provimento ao recurso, nos termos do voto/ementado relator. No que se refere ao critério de incidência de juros e correção monetária, o relator, que o alterava de ofício, restouvencido; a Turma, por maioria, deliberou manter o critério fixado na sentença. Nesses termos, mantém-se íntegra asentença recorrida (art. 46, da Lei n. 9.099/95), a qual fixou os índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados àcaderneta de poupança (art. 5º da Lei n. 11.960/09) para tal propósito.

03. O provimento jurisdicional pretendido pelo embargante já foi alcançado, o que denota a inutilidade dos embargosde declaração, uma vez que a atualização monetária e a incidência de juros moratórios seguem os critérios ora pleiteados.Dessa forma, por ausência de interesse recursal, não conheço o recurso interposto pelo INSS.

04. Diante da interposição manifestamente inócua dos embargos, em contrariedade ao conteúdo implícito dacertidão de julgamento, aplico multa equivalente a 1% (um por cento) do valor da causa, consoante previsão normativaprevista no parágrafo único do art. 538 do Código de Processo Civil.

05. Ante o exposto, deixo de conhecer os embargos de declaração, por ausência de interesse recursal.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

155 - 0100351-14.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.100351-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) WAINNER PEREIRA DESOUZA (ADVOGADO: ES012008 - ANA CAROLINA DO NASCIMENTO MACHADO, ES010417 - FLAVIA SCALZI PIVATO,ES012201 - JOCIANI PEREIRA NEVES, ES017151 - KARIME SILVA SIVIERO, ES007019 - VERA LÚCIA FÁVARES,ES008598 - MAURA RUBERTH GOBBI, ES013203 - RENATA MILHOLO CARREIRO AVELLAR, ES014935 - RONILCEALESSANDRA AGUIEIRAS, ES011434 - TATIANA MARQUES FRANÇA, ES016437 - LARA CHAGAS VAN DER PUT.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.).RECURSO Nº 0100351-14.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.100351-6/01)RECORRENTE: WAINNER PEREIRA DE SOUZARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA. ÍNDICE PREVISTO NO ART. 1º-F DA LEI N. 9.494/97 COMA REDAÇÃO DADA PELA LEI N. 11.960/09. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL SOB A ÓTICA DA NECESSIDADE EDA SUCUMBÊNCIA. EMBARGOS NÃO CONHECIDOS.

O INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL interpõe recurso de Embargos de Declaração sob a alegação daexistência de omissão e contradição. Alega que a decisão colegiada adotou critérios de atualização monetária emcontrariedade ao resultado final do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal, em julgamento de questão de ordem,nas ADIs 4.357 e 4.425. Assevera que a decisão proferida pelo STF, em controle concentrado de constitucionalidade,possui eficácia para todos e efeito vinculante em relação à Administração e aos demais órgãos do Poder Judiciário. Requera aplicação do art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09.

Em análise aos autos, verifico que não há interesse de agir por parte da autarquia previdenciária em relação à impugnaçãodo índice de correção monetária, porque o relator do acórdão, prolatado às fls. 90/95, teve o capítulo do seu voto, referenteaos critérios de atualização monetária, superado pelo entendimento majoritário favorável à aplicação da regra do art. 1º-F,da Lei n. 9.494/97, de acordo com a alteração promovida pela Lei n. 11.960/09, consoante se extrai da certidão de fl. 96,que assim dispõe: a 2ª Turma Recursal, por unanimidade, negou provimento ao recurso, nos termos do voto/ementa dorelator. No que se refere ao critério de incidência de juros e correção monetária, o relator, que o alterava de ofício, restouvencido; a Turma, por maioria, deliberou manter o critério fixado na sentença. Nesses termos, mantém-se íntegra asentença recorrida (art. 46, da Lei n. 9.099/95), a qual fixou os índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à

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caderneta de poupança (art. 5º da Lei n. 11.960/09) para tal propósito.

03. O provimento jurisdicional pretendido pelo embargante já foi alcançado, o que denota a inutilidade dos embargosde declaração, uma vez que a atualização monetária e a incidência de juros moratórios seguem os critérios ora pleiteados.Dessa forma, por ausência de interesse recursal, não conheço o recurso interposto pelo INSS.

04. Diante da interposição manifestamente inócua dos embargos, em contrariedade ao conteúdo implícito dacertidão de julgamento, aplico multa equivalente a 1% (um por cento) do valor da causa, consoante previsão normativaprevista no parágrafo único do art. 538 do Código de Processo Civil.

05. Ante o exposto, deixo de conhecer os embargos de declaração, por ausência de interesse recursal.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

156 - 0100229-64.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.100229-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARCUS VINICIUSGUIMARAENS (ADVOGADO: ES006799 - MARCO CESAR G. BORGES, ES014648 - Mer Stella Borges Mendonça.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.).RECURSO Nº 0100229-64.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.100229-2/01)RECORRENTE: MARCUS VINICIUS GUIMARAENSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA. ÍNDICE PREVISTO NO ART. 1º-F DA LEI N. 9.494/97 COMA REDAÇÃO DADA PELA LEI N. 11.960/09. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL SOB A ÓTICA DA NECESSIDADE EDA SUCUMBÊNCIA. EMBARGOS NÃO CONHECIDOS.

O INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL interpõe recurso de Embargos de Declaração sob a alegação daexistência de omissão e contradição. Alega que a decisão colegiada adotou critérios de atualização monetária emcontrariedade ao resultado final do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal, em julgamento de questão de ordem,nas ADIs 4.357 e 4.425. Assevera que a decisão proferida pelo STF, em controle concentrado de constitucionalidade,possui eficácia para todos e efeito vinculante em relação à Administração e aos demais órgãos do Poder Judiciário. Requera aplicação do art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09.

Em análise aos autos, verifico que não há interesse de agir por parte da autarquia previdenciária em relação à impugnaçãodo índice de correção monetária, porque o relator do acórdão, prolatado às fls. 77/83, teve o capítulo do seu voto, referenteaos critérios de atualização monetária, superado pelo entendimento majoritário favorável à aplicação da regra do art. 1º-F,da Lei n. 9.494/97, de acordo com a alteração promovida pela Lei n. 11.960/09, consoante se extrai da certidão de fl. 84,que assim dispõe: a 2ª Turma Recursal, por unanimidade, deu provimento ao recurso, nos termos do voto/ementa do relatore; por maioria, vencido o relator, no que tange à correção monetária e juros de mora, adotando-se como fundamento ojulgamento do RE 856175/ES para determinar que a incidência da correção monetária e juros de mora se dê pelo critérioprevisto no art. 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09. Nesses termos, mantém-se íntegra asentença recorrida (art. 46, da Lei n. 9.099/95), a qual fixou os índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados àcaderneta de poupança (art. 5º da Lei n. 11.960/09) para tal propósito.

03. O provimento jurisdicional pretendido pelo embargante já foi alcançado, o que denota a inutilidade dos embargosde declaração, uma vez que a atualização monetária e a incidência de juros moratórios seguem os critérios ora pleiteados.Dessa forma, por ausência de interesse recursal, não conheço o recurso interposto pelo INSS.

04. Diante da interposição manifestamente inócua dos embargos, em contrariedade ao conteúdo implícito dacertidão de julgamento, aplico multa equivalente a 1% (um por cento) do valor da causa, consoante previsão normativaprevista no parágrafo único do art. 538 do Código de Processo Civil.

05. Ante o exposto, deixo de conhecer os embargos de declaração, por ausência de interesse recursal.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

Page 203: ÍNDICE DE PESQUISA DA 2ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · Boletim 2015.000066 DIRETOR(a) DE SECRETARIA LILIA COELHO DE CARVALHO MAT. 10061 Expediente do dia 01/07/2015 ... técnico

Juiz Federal Relator

157 - 0000844-51.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000844-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.) x ILMA SCHULZ (ADVOGADO: ES013172 -RAMON FERREIRA COUTINHO PETRONETTO.).RECURSO Nº 0000844-51.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000844-3/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ILMA SCHULZRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA. ÍNDICE PREVISTO NO ART. 1º-F DA LEI N. 9.494/97 COMA REDAÇÃO DADA PELA LEI N. 11.960/09. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL SOB A ÓTICA DA NECESSIDADE EDA SUCUMBÊNCIA. EMBARGOS NÃO CONHECIDOS.

O INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL interpõe recurso de Embargos de Declaração sob a alegação daexistência de omissão e contradição. Alega que a decisão colegiada adotou critérios de atualização monetária emcontrariedade ao resultado final do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal, em julgamento de questão de ordem,nas ADIs 4.357 e 4.425. Assevera que a decisão proferida pelo STF, em controle concentrado de constitucionalidade,possui eficácia para todos e efeito vinculante em relação à Administração e aos demais órgãos do Poder Judiciário. Requera aplicação do art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09.

Em análise aos autos, verifico que não há interesse de agir por parte da autarquia previdenciária em relação à impugnaçãodo índice de correção monetária, porque o relator do acórdão, prolatado às fls. 98/103, teve o capítulo do seu voto,referente aos critérios de atualização monetária, superado pelo entendimento majoritário favorável à aplicação da regra doart. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, de acordo com a alteração promovida pela Lei n. 11.960/09, consoante se extrai da certidão defl. 104, que assim dispõe: a 2ª Turma Recursal, por unanimidade, deu provimento ao recurso, nos termos do voto/ementado relator. No que se refere ao critério de incidência de juros e correção monetária, o relator, que o alterava de ofício, restouvencido; a Turma, por maioria, deliberou manter o critério fixado na sentença. Nesses termos, mantém-se íntegra asentença recorrida (art. 46, da Lei n. 9.099/95), a qual fixou os índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados àcaderneta de poupança (art. 5º da Lei n. 11.960/09) para tal propósito.

03. O provimento jurisdicional pretendido pelo embargante já foi alcançado, o que denota a inutilidade dos embargosde declaração, uma vez que a atualização monetária e a incidência de juros moratórios seguem os critérios ora pleiteados.Dessa forma, por ausência de interesse recursal, não conheço o recurso interposto pelo INSS.

04. Diante da interposição manifestamente inócua dos embargos, em contrariedade ao conteúdo implícito dacertidão de julgamento, aplico multa equivalente a 1% (um por cento) do valor da causa, consoante previsão normativaprevista no parágrafo único do art. 538 do Código de Processo Civil.

05. Ante o exposto, deixo de conhecer os embargos de declaração, por ausência de interesse recursal.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

158 - 0003019-18.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003019-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) TEREZINHA MARIA DEJESUS MORAES (ADVOGADO: ES007019 - VERA LÚCIA FÁVARES, ES012008 - ANA CAROLINA DO NASCIMENTOMACHADO, ES010417 - FLAVIA SCALZI PIVATO, ES012201 - JOCIANI PEREIRA NEVES, ES011434 - TATIANAMARQUES FRANÇA, ES016437 - LARA CHAGAS VAN DER PUT, ES008598 - MAURA RUBERTH GOBBI, ES014935 -RONILCE ALESSANDRA AGUIEIRAS, ES017151 - KARIME SILVA SIVIERO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.) x OS MESMOS.RECURSO Nº 0003019-18.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003019-9/01)RECORRENTE: TEREZINHA MARIA DE JESUS MORAES E INSSRECORRIDO: OS MESMOSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA. ÍNDICE PREVISTO NO ART. 1º-F DA LEI N. 9.494/97 COMA REDAÇÃO DADA PELA LEI N. 11.960/09. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL SOB A ÓTICA DA NECESSIDADE EDA SUCUMBÊNCIA. EMBARGOS NÃO CONHECIDOS.

Page 204: ÍNDICE DE PESQUISA DA 2ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · Boletim 2015.000066 DIRETOR(a) DE SECRETARIA LILIA COELHO DE CARVALHO MAT. 10061 Expediente do dia 01/07/2015 ... técnico

O INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL interpõe recurso de Embargos de Declaração sob a alegação daexistência de omissão e contradição. Alega que a decisão colegiada adotou critérios de atualização monetária emcontrariedade ao resultado final do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal, em julgamento de questão de ordem,nas ADIs 4.357 e 4.425. Assevera que a decisão proferida pelo STF, em controle concentrado de constitucionalidade,possui eficácia para todos e efeito vinculante em relação à Administração e aos demais órgãos do Poder Judiciário. Requera aplicação do art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09.

Em análise aos autos, verifico que não há interesse de agir por parte da autarquia previdenciária em relação à impugnaçãodo índice de correção monetária, porque o relator do acórdão, prolatado às fls. 128/134, teve o capítulo do seu voto,referente aos critérios de atualização monetária, superado pelo entendimento majoritário favorável à aplicação da regra doart. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, de acordo com a alteração promovida pela Lei n. 11.960/09, consoante se extrai da certidão defl. 135, que assim dispõe: a 2ª Turma Recursal, por unanimidade, negou provimento aos recursos, nos termos dovoto/ementa do relator. No que se refere ao critério de incidência de juros e correção monetária, o relator, que o alterava deofício, restou vencido; a Turma, por maioria, deliberou manter o critério fixado na sentença. Nesses termos, mantém-seíntegra a sentença recorrida (art. 46, da Lei n. 9.099/95), a qual fixou os índices oficiais de remuneração básica e jurosaplicados à caderneta de poupança (art. 5º da Lei n. 11.960/09) para tal propósito.

03. O provimento jurisdicional pretendido pelo embargante já foi alcançado, o que denota a inutilidade dos embargosde declaração, uma vez que a atualização monetária e a incidência de juros moratórios seguem os critérios ora pleiteados.Dessa forma, por ausência de interesse recursal, não conheço o recurso interposto pelo INSS.

04. Diante da interposição manifestamente inócua dos embargos, em contrariedade ao conteúdo implícito dacertidão de julgamento, aplico multa equivalente a 1% (um por cento) do valor da causa, consoante previsão normativaprevista no parágrafo único do art. 538 do Código de Processo Civil.

05. Ante o exposto, deixo de conhecer os embargos de declaração, por ausência de interesse recursal.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

Dar parcial provimentoTotal 9 : Dar provimentoTotal 28 : Dar provimento ao rec. do autor e negar o do réuTotal 2 : Dar provimento ao rec. do réu e negar o do autorTotal 1 : Não conhecer o recursoTotal 19 : Negar provimentoTotal 88 : Rejeitar os embargosTotal 11 :