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Informativo 764-STF (04/11/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 1 Márcio André Lopes Cavalcante Processos excluídos deste informativo esquematizado por não terem sido concluídos em virtude de pedidos de vista: MI 833/DF; MI 844/DF; RE 724347/DF; RE 839163; Inq 3552 AgR/RS. Julgados excluídos por terem menor relevância para concursos públicos ou por terem sido decididos com base em peculiaridades do caso concreto: ADI 1931 MC-ED/DF; AP 563/SP. ÍNDICE DIREITO CIVIL DVAT Constitucionalidade das leis que reduziram o valor da indenização e vedaram a cessão de direitos de reembolso por despesas médicas DIREITO PROCESSUAL CIVIL AÇÃO RESCISÓRIA Análise do art. 485, V, do CPC. PRECATÓRIOS A compensação obrigatória trazida pelos §§ 9º e 10 do art. 100 da CF/88, declarada inconstitucional, não pode ser aplicado a RPV. DIREITO TRIBUTÁRIO IMPOSTO DE RENDA Regime de caixa previsto no art. 12 da Lei n. 7.713/88 é inconstitucional. DIREITO CIVIL DPVAT Constitucionalidade das leis que reduziram o valor da indenização e vedaram a cessão de direitos de reembolso por despesas médicas São CONSTITUCIONAIS as Leis 11.482/2007 e 11.945/2009 que alteraram as regras sobre o DPVAT previstas na Lei n. 6.194/74. A Lei n. 11.482/2007 (fruto da MP 340/2006) reduziu o valor da indenização, fixando-a em R$ 13.500,00 para o caso de morte ou invalidez. Antes dessa mudança, a indenização era prevista no valor genérico de 40 salários mínimos. Além disso, essa Lei instituiu uma tabela no art. 3º da Lei n. 6.194/74 prevendo que o valor a ser recebido pela vítima irá variar de acordo com o grau de dano sofrido. A Lei n. 11.945/2009 (oriunda da conversão da MP 451/2008) vedou a cessão de direitos do reembolso por despesas médicas, que antes era admitida na regulamentação do DPVAT.

ÍNDICE - dizerodireitodotnet.files.wordpress.com · Se a sentença foi proferida com base na jurisprudência do STF vigente à época e, posteriormente, esse entendimento foi alterado,

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Márcio André Lopes Cavalcante Processos excluídos deste informativo esquematizado por não terem sido concluídos em virtude de pedidos de vista: MI 833/DF; MI 844/DF; RE 724347/DF; RE 839163; Inq 3552 AgR/RS. Julgados excluídos por terem menor relevância para concursos públicos ou por terem sido decididos com base em peculiaridades do caso concreto: ADI 1931 MC-ED/DF; AP 563/SP.

ÍNDICE DIREITO CIVIL

DVAT Constitucionalidade das leis que reduziram o valor da indenização e vedaram a cessão de direitos de reembolso

por despesas médicas

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

AÇÃO RESCISÓRIA Análise do art. 485, V, do CPC. PRECATÓRIOS A compensação obrigatória trazida pelos §§ 9º e 10 do art. 100 da CF/88, declarada inconstitucional, não pode ser

aplicado a RPV.

DIREITO TRIBUTÁRIO

IMPOSTO DE RENDA

Regime de caixa previsto no art. 12 da Lei n. 7.713/88 é inconstitucional.

DIREITO CIVIL

DPVAT Constitucionalidade das leis que reduziram o valor da indenização e vedaram a cessão de

direitos de reembolso por despesas médicas

São CONSTITUCIONAIS as Leis 11.482/2007 e 11.945/2009 que alteraram as regras sobre o DPVAT previstas na Lei n. 6.194/74.

A Lei n. 11.482/2007 (fruto da MP 340/2006) reduziu o valor da indenização, fixando-a em R$ 13.500,00 para o caso de morte ou invalidez. Antes dessa mudança, a indenização era prevista no valor genérico de 40 salários mínimos. Além disso, essa Lei instituiu uma tabela no art. 3º da Lei n. 6.194/74 prevendo que o valor a ser recebido pela vítima irá variar de acordo com o grau de dano sofrido.

A Lei n. 11.945/2009 (oriunda da conversão da MP 451/2008) vedou a cessão de direitos do reembolso por despesas médicas, que antes era admitida na regulamentação do DPVAT.

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Inicialmente, questionava-se que tais leis seriam formalmente inconstitucionais porque teriam violado o art. 62 da CF/88 já que não haveria relevância e urgência para a edição de MP. O STF, contudo, também não aceitou essa tese. Segundo a Corte, examinar se uma MP tem relevância e urgência consiste, em regra, em um juízo político (escolha política/discricionária) de competência do Presidente da República, controlado pelo Congresso Nacional. Desse modo, salvo em caso de notório abuso, o Poder Judiciário não deve se imiscuir na análise dos requisitos da MP.

Quanto à redução do valor da indenização, o STF entendeu que isso não viola qualquer norma constitucional, sendo baseado em estudos econômicos que apontaram essa necessidade.

O STF entendeu que as regras legais que criaram tabela para o cálculo do montante devido a título de indenização não afrontaram o ordenamento jurídico. Ao contrário, trata-se de preceito que concretiza o princípio da proporcionalidade, a permitir que os valores sejam pagos em razão da gravidade da lesão ao acidentado.

Também não há inconstitucionalidade na regra que proibiu que a pessoa fizesse a cessão de seu direito ao reembolso pelas despesas médicas efetuadas, tendo sido essa mudança feita para evitar fraudes.

STF. Plenário. ADI 4627/DF e ADI 4350/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgados em 23/10/2014 (Info 764).

STF. Plenário. ARE 704520/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 23/10/2014 (repercussão geral) (Info 764).

O que é o DPVAT? O DPVAT (Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestres) é um seguro obrigatório de danos pessoais causados por veículos automotores de via terrestre, ou por sua carga, a pessoas, transportadas ou não. Em outras palavras, qualquer pessoa que sofrer danos pessoais causados por um veículo automotor, ou por sua carga, em vias terrestres, tem direito a receber a indenização do DPVAT. Isso abrange os motoristas, os passageiros, os pedestres ou, em caso de morte, os seus respectivos herdeiros. Ex: dois carros batem e, em decorrência da batida, acertam também um pedestre que passava no local. No carro 1, havia apenas o motorista. No carro 2, havia o motorista e mais um passageiro. Os dois motoristas morreram. O passageiro do carro 2 e o pedestre ficaram inválidos. Os herdeiros dos motoristas receberão indenização de DPVAT no valor correspondente à morte. O passageiro do carro 2 e o pedestre receberão indenização de DPVAT por invalidez. Para receber indenização, não importa quem foi o culpado. Ainda que o carro 2 tenha sido o culpado, os herdeiros dos motoristas, o passageiro e o pedestre sobreviventes receberão a indenização normalmente. O DPVAT não paga indenização por prejuízos decorrentes de danos patrimoniais, somente danos pessoais. Qual é a Lei que regulamenta o DPVAT?

O DPVAT é regido pela Lei n. 6.194/74. Duas leis já alteraram as regras do DPVAT:

Lei n. 11.482/2007 (fruto da MP 340/2006): reduziu o valor da indenização, fixando-a em R$ 13.500,00 para o caso de morte ou invalidez. Antes dessa mudança, a indenização era prevista no

valor genérico de 40 salários mínimos. Além disso, essa Lei instituiu uma tabela no art. 3º da Lei n. 6.194/74 prevendo que o valor a ser recebido pela vítima irá variar de acordo com o grau de dano sofrido.

Lei n. 11.945/2009 (oriunda da conversão da MP 451/2008): vedou a cessão de direitos do reembolso por despesas médicas, que antes era prevista pela regulamentação do DPVAT. Explicando melhor, a Lei estipulou que a vítima de acidentes causados por veículos automotores tem direito ao reembolso, no valor de até R$ 2.700,00, de despesas médico-hospitalares que comprove nos hospitais privados, sendo vedado ceder esses direitos. Ainda segundo a Lei, tais despesas não poderão ser reembolsadas quando o atendimento for realizado pelo SUS.

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ADI

As Leis n. 11.482/2007 e 11.945/2009 foram questionadas no STF por meio de duas ações diretas de inconstitucionalidade ajuizadas pelo PSOL e pela Confederação Nacional de Saúde (CNS). O PSOL questionava principalmente a fixação da indenização em valores fixos, previstos nominalmente. O Partido afirmou que isso foi pior para as vítimas porque diminuiu o valor da indenização, além de fazer com que essa quantia ficasse sem atualização. Logo, sustentou que o critério anterior, com a fixação em 40 salários-mínimos, protegia de forma mais efetiva os lesados.

A CNS, por sua vez, atacava a proibição introduzida pela Lei n. 11.945/2009 de que houvesse a cessão de direitos de reembolso. O que o STF decidiu? Essas alterações são constitucionais?

SIM. O STF considerou constitucionais as alterações na legislação sobre DPVAT promovidas pelas Leis n. 11.482/2007 e 11.945/2009. Leis oriundas de conversão de MP Inicialmente, o questionamento dos autores das ADIs foi o de que tais leis surgiram a partir de medidas provisórias. Assim, defendiam que teria havido uma inconstitucionalidade formal, considerando que teria sido violado o art. 62 da CF/88, já que não haveria relevância e urgência para a edição de MP. O STF, contudo, também não aceitou essa tese. Segundo a Corte, examinar se uma MP tem relevância e urgência consiste, em regra, em um juízo político (escolha política/discricionária) de competência do Presidente da República, controlado pelo Congresso Nacional. Desse modo, salvo em caso de notório abuso, o Poder Judiciário não deve se imiscuir na análise dos requisitos da MP. Valor da indenização Os Ministros entenderam que a fixação do valor da indenização em moeda corrente e a desvinculação do valor da indenização ao salário mínimo não afrontou qualquer princípio constitucional. O Relator Luiz Fux sustentou que os valores do DPVAT não são imutáveis, podendo ser alterados pelo legislador, sem que isso represente qualquer violação de preceitos constitucionais. Destacou ainda que não há qualquer proibição à fixação dos valores em moeda corrente. Tabela graduando o dano sofrido pela vítima e o valor da indenização a ser recebido O STF entendeu que as regras legais que criaram tabela para o cálculo do montante devido a título de indenização não afrontaram o ordenamento jurídico. Ao contrário, trata-se de preceito que concretiza o princípio da proporcionalidade, a permitir que os valores sejam pagos em razão da gravidade da lesão ao acidentado. Além do mais, não houve, no caso, violação aos princípios da dignidade da pessoa humana e da vedação do retrocesso social. Segundo o Min. Relator, o primeiro princípio não pode ser banalizado como pretendido, sob pena de ter sua efetividade injustamente reduzida. Outrossim, dizer que a ação estatal deve caminhar no sentido da ampliação dos direitos fundamentais e de assegurar-lhes a máxima efetividade possível não significa afirmar que seja terminantemente proibida qualquer forma de alteração restritiva na legislação infraconstitucional. Tais alterações somente serão vedadas se desfigurarem o núcleo essencial do direito tutelado. Proibição da cessão dos direito do reembolso De igual forma, também decidiram que a proibição da cessão de direitos do reembolso por despesas médicas não representa violação ao princípio da isonomia nem dificulta o acesso das vítimas de acidentes aos serviços médicos de urgência. O Relator esclareceu que essa proibição teve como objetivo combater as fraudes já que muitos hospitais recebiam quantias maiores do que seriam devidas. Veja o que disse o Min. Luiz Fux: “A restrição é louvável porquanto evita inúmeras fraudes decorrentes de uma eventual posição simultânea e indesejável do hospital como prestador de serviços à vítima de acidente de trânsito e credor da seguradora”.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

AÇÃO RESCISÓRIA Análise do art. 485, V, do CPC

Se a sentença foi proferida com base na jurisprudência do STF vigente à época e, posteriormente, esse entendimento foi alterado, não se pode dizer que essa decisão impugnada tenha violado literal disposição de lei.

Desse modo, não cabe ação rescisória em face de acórdão que, à época de sua prolação, estava em conformidade com a jurisprudência predominante do STF.

STF. Plenário. RE 590809/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 22/10/2014 (Info 764).

Conceito Ação rescisória é uma ação que tem por objetivo desconstituir uma decisão judicial transitada em julgado. Natureza jurídica A ação rescisória é uma espécie de ação autônoma de impugnação (sucedâneo recursal externo). Atenção: a ação rescisória NÃO é um recurso. O recurso é uma forma de impugnar a decisão na pendência do processo (este ainda não acabou). A ação rescisória, por sua vez, somente pode ser proposta quando há trânsito em julgado, ou seja, quando o processo já se encerrou. Competência A ação rescisória é sempre julgada por um tribunal (nunca por um juiz singular). Quem julga a rescisória é sempre o próprio tribunal que proferiu a decisão rescindenda. Prazo A ação rescisória possui prazo de dois anos, contados do trânsito em julgado da decisão.

CPC/Art. 495. O direito de propor ação rescisória se extingue em 2 (dois) anos, contados do trânsito em julgado da decisão.

Hipóteses O CPC prevê as hipóteses em que a ação rescisória é cabível:

Art. 485. A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando: I - se verificar que foi dada por prevaricação, concussão ou corrupção do juiz; II - proferida por juiz impedido ou absolutamente incompetente; III - resultar de dolo da parte vencedora em detrimento da parte vencida, ou de colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei; IV - ofender a coisa julgada; V - violar literal disposição de lei; VI - se fundar em prova, cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou seja provada na própria ação rescisória; VII - depois da sentença, o autor obtiver documento novo, cuja existência ignorava, ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável; VIII - houver fundamento para invalidar confissão, desistência ou transação, em que se baseou a sentença; IX - fundada em erro de fato, resultante de atos ou de documentos da causa; § 1º Há erro, quando a sentença admitir um fato inexistente, ou quando considerar inexistente um fato efetivamente ocorrido. § 2º É indispensável, num como noutro caso, que não tenha havido controvérsia, nem pronunciamento judicial sobre o fato.

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Análise do inciso V O inciso V do art. 485 prevê que é cabível a ação rescisória quando a sentença de mérito transitada em julgado “violar literal disposição de lei”. Importante ressaltar que, para incidir essa hipótese, a violação deve se mostrar aberrante, cristalina, observada primo ictu oculi (STJ. 1ª Turma. REsp 1458607/SC, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 23/10/2014). Quando o inciso fala em “lei”, abrange também as normas constitucionais? SIM. A palavra “lei”, nesse caso, deverá ser interpretada em sentido amplo, abrangendo lei ordinária, lei complementar, medida provisória, norma constitucional, decreto, resolução e qualquer outro ato normativo. Assim, se a sentença violar literal disposição de lei, de norma constitucional ou de qualquer outra norma jurídica, caberá, em tese, ação rescisória. Se a sentença violar um princípio, caberá ação rescisória? SIM. A jurisprudência do STJ possui precedentes reconhecendo o cabimento de ação rescisória por conta de violação a princípios. Vale lembrar que a doutrina atual considera que o princípio é uma espécie de norma jurídica. Nesse sentido: STJ. 1ª Turma. REsp 1458607/SC, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 23/10/2014. Se a sentença violar literal disposição de súmula (comum ou vinculante), caberá ação rescisória? NÃO. Não cabe ação rescisória contra violação de súmula. O inciso V não abrange a contrariedade à súmula porque não se trata de ato normativo. Conforme prevê o art. 485, V, do CPC, a sentença pode ser rescindida quando violar literal disposição de lei, hipótese que não abrange a contrariedade à súmula. Logo, não há previsão legislativa para o ajuizamento de ação rescisória sob o argumento de violação de súmula (STJ. 3ª Seção. AR 4.112-SC, Min. Rel. Marco Aurélio Bellizze, julgada em 28/11/2012). Súmula 343 do STF Não é raro que uma mesma lei gere interpretações completamente diferentes, inclusive dentro de um único Tribunal.

Imaginemos, por exemplo, que a 1ª Turma do STJ afirme que o art. XX da Lei n. 8.112/90 confere determinado direito ao servidor. A 2ª Turma do STJ, por sua vez, interpreta o dispositivo de forma oposta e entende que a Lei não confere esse direito. O juiz “A” decidiu com base na intepretação dada pela 1ª Turma do STJ e esta sentença transitou em julgado. Ocorre que, um ano depois, a 1ª Turma modificou seu entendimento, curvando-se à posição da 2ª Turma. Nesse caso, seria possível ajuizar ação rescisória contra a sentença proferida pelo juiz “A” alegando que ela

violou literal disposição do art. XX Lei n. 8.112/90? NÃO. A jurisprudência entende que, se na época em que a sentença rescindenda transitou em julgado havia divergência jurisprudencial a respeito da interpretação da lei, não se pode dizer que a decisão proferida tenha tido um vício. Logo, não caberá ação rescisória. Isso está expresso na súmula 343 do STF:

Súmula 343-STF: Não cabe ação rescisória por ofensa a literal dispositivo de lei, quando a decisão rescindenda se tiver baseado em texto legal de interpretação controvertida nos tribunais.

O raciocínio que inspirou essa súmula é o seguinte: se há nos tribunais divergência sobre um mesmo preceito normativo, é porque ele comporta mais de uma interpretação, significando que não se pode qualificar qualquer dessas interpretações, mesmo a que não seja a melhor, como ofensiva ao teor literal da norma interpretada. Trata-se da chamada “doutrina da tolerância da razoável interpretação da norma” (Voto do Ministro Teoria Zavascki no RE 590809/RS).

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Aplica-se a Súmula 343 do STF em caso de violação à norma constitucional? O STF dizia que não. Existem vários precedentes do STF afirmando que não se aplica a Súmula 343 do STF quando o pedido de rescisão invoca ofensa a preceito constitucional. Nesse sentido: 1ª Turma. RE 567765 AgR, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 16/04/2013. Ex: na sentença, o juiz decidiu que o art. XX da CF/88 assegurava uma imunidade tributária. Na época, o tema era controvertido, mas esse era o entendimento majoritário. Houve trânsito em julgado. Um ano depois, o STF pacifica que o art. XX não garante imunidade tributária. O STF possuía julgados dizendo que seria possível sim ação rescisória contra essa sentença considerando que ela viola o atual entendimento do STF sobre a matéria. Logo, essa decisão deveria ser rescindida porque não se poderia admitir que ela permanecesse hígida, já que afrontaria a supremacia da CF/88. Em outras palavras, pelo entendimento que vigorava no STF, não se aplicava a vedação imposta pela súmula 343-STF quando o tema tratado envolvia violação de norma constitucional. O argumento para afastar a súmula e permitir a ação rescisória nesses casos era o de que violar a CF é muito mais grave que ofender uma lei infraconstitucional. Assim, se a sentença transitada em julgado está em confronto com a interpretação atual da CF, ela deve ser rescindida, mesmo que, na época em que prolatada, aquele fosse o entendimento majoritário. Isso porque não se pode admitir interpretações erradas sobre normas constitucional, ainda que razoáveis. O STF ainda mantém o mesmo entendimento em relação ao tema? NÃO. O STF, em recente julgado, decidiu aplicar a Súmula 343 em um caso que envolvia ação rescisória tratando sobre matéria constitucional. O Min. Relator Marco Aurélio afirmou que, mesmo estando em jogo matéria constitucional deve prevalecer, em tese, a regra da súmula 343-STF. O caso concreto foi o seguinte (com adaptações): Em 2007, o TRF4, interpretando determinado o artigo da CF/88, decidiu que o contribuinte tinha direito de se creditar de IPI. Na época, esse tema era controvertido, mas o entendimento do STF era de que existia direito ao creditamento. Assim, o TRF4 adotou a posição do STF. Em 2009, o STF mudou seu próprio entendimento e passou a proibir o creditamento de IPI. Logo, significa que o Supremo disse que esse artigo da CF/88 não dá direito ao creditamento. Assim, o acórdão proferido em 2007 pelo TRF4 está em confronto com a interpretação dada atualmente pelo STF ao artigo da CF/88 que fala sobre o credimento. Cabe ação rescisória nesse caso? Podemos dizer que o acórdão do TRF4 violou literal disposição de lei? NÃO. Mesmo que a sentença transitada em julgado esteja em confronto com o atual entendimento do STF, não caberá ação rescisória se, na época em que foi prolatada, ela estava em conformidade com a jurisprudência predominante do próprio STF. Aplicou-se, no caso, a Súmula 343 do STF: “Não cabe ação rescisória por ofensa a literal dispositivo de lei, quando a decisão rescindenda se tiver baseado em texto legal de interpretação controvertida nos tribunais.” A súmula 343 do STF aplica-se quando a sentença transitada em julgado e que está sendo atacada foi proferida na época com base no entendimento do próprio STF. Nesse caso, não se deve relativizar o alcance do enunciado. O Min. Marco Aurélio afirmou que, em regra, aplica-se a súmula 343-STF mesmo em caso de violação à norma constitucional. No entanto, ele mencionou uma exceção: se a sentença transitada em julgado baseou-se em uma lei e esta foi, posteriormente, declarada inconstitucional pelo STF com eficácia erga omnes e sem modulação de efeitos, nesse caso caberia ação rescisória, afastando-se a súmula 343-STF.

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Aplica-se a súmula 343 do STF em caso de violação à norma constitucional? É vedada ação rescisória se a sentença foi proferida com base em interpretação controvertida sobre matéria constitucional, mas atualmente é contrária ao posicionamento do STF?

Entendimento até então vigente: NÃO

Entendimento atual: SIM (se na época em que a decisão rescindenda foi prolatada, ela seguiu a jurisprudência do STF).

Assim, o que o STF decidiu foi o seguinte: Se a sentença foi proferida com base na jurisprudência do STF vigente à época e, posteriormente, esse entendimento foi alterado, não se pode dizer que essa decisão impugnada tenha violado literal disposição de lei. Desse modo, não cabe ação rescisória em face de acórdão que, à época de sua prolação, estava em conformidade com a jurisprudência predominante do STF.

PRECATÓRIOS A compensação obrigatória trazida pelos §§ 9º e 10 do art. 100 da CF/88, declarada

inconstitucional, não pode ser aplicado à RPV

O STF julgou inconstitucionais os §§ 9º e 10 do art. 100 da CF/88, que impunham que a pessoa que fosse receber precatórios teria que se submeter a um regime de compensação obrigatória, de forma que, se tivesse também débitos com o Fisco, esses já seriam descontados.

Agora, o STF afirmou que a declaração de inconstitucionalidade dos §§ 9º e 10 do art. 100 da CF/88 também se aplica às requisições de pequeno valor. Em outras palavras, é inconstitucional impor ao credor a compensação obrigatória nos casos em que ele irá receber RPV.

Assim, se alguém tiver recursos para receber por meio de RPV, não deverão ser aplicados os §§ 9º e 10 do art. 100 da CF/88, ou seja, esse credor não é obrigado a aceitar a compensação imposta pela Fazenda Pública, mesmo que tenha débitos com o Fisco.

STF. Plenário. RE 614406/RS, rel. orig. Min. Ellen Gracie, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, julgado em 23/10/2014 (Info 764).

Regime de precatórios Se a Fazenda Pública Federal, Estadual, Distrital ou Municipal for condenada, por sentença judicial transitada em julgado, a pagar determinada quantia a alguém, este pagamento será feito sob um regime especial chamado de “precatório” (art. 100 da CF/88). EC 62/2009 A EC 62/2009 alterou o art. 100 da CF/88 e o art. 97 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) da CF/88 prevendo inúmeras mudanças no regime dos precatórios. As modificações impostas pela EC 62/2009 dificultaram o recebimento dos precatórios pelos credores e tornaram ainda mais vantajosa a situação da Fazenda Pública. Por esta razão, a alteração ficou conhecida, jocosamente, como “Emenda do Calote”. ADI Foram propostas quatro ações diretas de inconstitucionalidade contra esta previsão, tendo elas sido julgadas parcialmente procedentes (para maiores detalhes, veja o Info 698 do STF). §§ 9º e 10 do art. 100 da CF/88 Dois dos dispositivos questionados nas ADIs foram os §§ 9º e 10 do art. 100 da CF/88.

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Segundo o § 10 do art. 100, antes de expedir o precatório, o Tribunal solicitará à Fazenda Pública devedora que informe se existem débitos líquidos e certos, inscritos ou não em dívida ativa e constituídos contra o exequente. Em outras palavras, o Tribunal indagará à Fazenda se o beneficiário original do precatório possui débitos com o Poder Público. Ex.: determinada sentença transitou em julgado condenando o Estado do Amazonas a pagar 500 mil reais a João. Antes de expedir o precatório, o Tribunal deveria indagar à Fazenda Pública amazonense se João devia algum valor líquido e certo ao Estado do Amazonas. Veja:

§ 10. Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal solicitará à Fazenda Pública devedora, para resposta em até 30 (trinta) dias, sob pena de perda do direito de abatimento, informação sobre os débitos que preencham as condições estabelecidas no § 9º, para os fins nele previstos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62/09).

Se existissem débitos, estes seriam abatidos do valor a ser pago pela Fazenda Pública, nos termos do § 9º, que previa uma compensação entre o que era devido pela Fazenda e o que era devido pelo exequente. Voltando ao nosso exemplo, João tinha a receber 500 mil reais, mas possuía uma dívida de 100 mil com a Fazenda estadual. Logo, haveria uma compensação e o precatório seria expedido no valor de 400 mil. Veja o que diz o § 9º:

§ 9º No momento da expedição dos precatórios, independentemente de regulamentação, deles deverá ser abatido, a título de compensação, valor correspondente aos débitos líquidos e certos, inscritos ou não em dívida ativa e constituídos contra o credor original pela Fazenda Pública devedora, incluídas parcelas vincendas de parcelamentos, ressalvados aqueles cuja execução esteja suspensa em virtude de contestação administrativa ou judicial. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62/09).

O STF entendeu que os §§ 9º e 10 do art. 100 são INCONSTITUCIONAIS. Para o Supremo, este regime de compensação obrigatória trazido pelos §§ 9º e 10, ao estabelecer uma enorme superioridade processual à Fazenda Pública, viola a garantia do devido processo legal, do contraditório, da ampla defesa, da coisa julgada, da isonomia e afeta o princípio da separação dos Poderes. STF. Plenário. ADI 4357/DF, ADI 4425/DF, ADI 4372/DF, ADI 4400/DF, ADI 4357/DF, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, 13 e 14/3/2013 (Info 698). A pergunta que surge agora é a seguinte: a declaração de inconstitucionalidade dos §§ 9º e 10 do art. 100 da CF/88 também se aplica às requisições de pequeno valor – RPV? Em outras palavras, é inconstitucional impor ao credor a compensação obrigatória nos casos em que ele irá receber RPV? SIM. A declaração de inconstitucionalidade dos §§ 9º e 10 do art. 100 da CF/88 também se aplica à RPV. Assim, se alguém tiver recursos para receber por meio de RPV, não deverão ser aplicados os §§ 9º e 10 do art. 100 da CF/88, ou seja, esse credor não é obrigado a aceitar a compensação imposta pela Fazenda Pública, mesmo que tenha débitos com o Fisco.

DIREITO TRIBUTÁRIO

IMPOSTO DE RENDA

Regime de caixa previsto no art. 12 da Lei n. 7.713/88 é inconstitucional

O art. 12 da Lei n. 7.713/1988 afirma que se a pessoa receber rendimentos acumuladamente, o imposto incidirá, no mês do recebimento ou crédito, sobre o total dos rendimentos. Assim, se o indivíduo recebe, em um só mês, uma indenização trabalhista ou algum benefício

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previdenciário que estava atrasado, acaba sendo punido duas vezes. Isso porque ele deveria ter recebido as parcelas na época própria, mas não aconteceu. Quando finalmente consegue auferi-las, é tributado com uma alíquota superior de imposto de renda em virtude do valor recebido considerado globalmente.

Por essa razão, para ao STF, o art. 12 é INCONSTITUCIONAL.

A alíquota do IR deve ser a correspondente ao rendimento recebido pela pessoa mês a mês (regime de competência), e não aquela que incidiria sobre valor total pago de uma única vez (regime de caixa), e, portanto, mais alta.

STF. Plenário. RE 614406/RS, rel. orig. Min. Ellen Gracie, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, julgado em 23/10/2014 (repercussão geral) (Info 764).

Alíquotas do IRPF As alíquotas do IRPF irão variar de acordo com o rendimento da pessoa. Assim, quanto mais se ganha, maior será a alíquota e, consequentemente, maior o imposto pago. Veja a tabela progressiva para o cálculo mensal do IRPF para o exercício de 2015, ano-calendário de 2014:

Base de cálculo mensal (R$) Alíquota (%)

Até 1.787,77 (isento)

De 1.787,78 até 2.679,29 7,5

De 2.679,30 até 3.572,43 15,0

De 3.572,44 até 4.463,81 22,5

Acima de 4.463,81 27,5

Imagine agora a seguinte situação hipotética: João é aposentado do INSS e recebe 2.000,00 reais por mês. Logo, a alíquota que ele paga é de 7,5%. Esse aposentado ingressou com uma ação pedindo a revisão do seu benefício, o que iria gerar um aumento de 100,00 reais todos os meses em seus proventos (passaria a receber 2.100,00 reais). Depois de 3 anos de tramitação do processo judicial, ocorreu o trânsito em julgado da sentença favorável a João e ele recebeu, de uma só vez, todos os valores atrasados, o que lhe deu cerca de 4.000,00 mil reais. Desse modo, no mês em que recebeu os atrasados, João teve rendimentos de 2.100,00 (aposentadoria) + 4.000,00 (atrasados) = 6.100,00 reais. A Receita Federal cobrou a alíquota e 27,5% porque o valor foi superior a R$ 4.463,81, alegando que essa é

a interpretação do art. 12 da Lei do Imposto de Renda (Lei n. 7.713/88):

Art. 12. No caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o imposto incidirá, no mês do recebimento ou crédito, sobre o total dos rendimentos, diminuídos do valor das despesas com ação judicial necessárias ao seu recebimento, inclusive de advogados, se tiverem sido pagas pelo contribuinte, sem indenização.

Esse procedimento tributário está correto? O art. 12 da Lei n. 7.713/88 é constitucional?

NÃO. O STF decidiu que é inconstitucional o art. 12 da Lei n. 7.713/1988. O Tribunal afirmou que esse art. 12 pune o contribuinte duas vezes. O contribuinte deveria ter recebido as parcelas na época própria. Não recebeu. Por essa razão, teve que ingressar em juízo pleiteando as verbas. Quando finalmente consegue auferi-las, é tributado com uma alíquota superior de imposto de renda em virtude do valor globalmente percebido em decorrência do pagamento judicial. Quando finalmente consegue, é tributado com uma alíquota superior de imposto de renda em virtude da junção do que percebido. O art. 12 viola, portanto, os princípios da isonomia e da capacidade contributiva, de forma a configurar confisco e majoração de alíquota do imposto de renda. Assim, a alíquota do IR deve ser a correspondente ao rendimento recebido pela pessoa mês a mês, e não aquela que incidiria sobre valor total pago de uma única vez, e portanto mais alta.

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Regime de caixa e regime de competência O art. 12, ao fazer incidir a alíquota sobre o total dos rendimentos do contribuinte naquele mês, adotou o chamado “regime de caixa”. O STF afirmou que o contribuinte tinha direito ao recolhimento do IRPF pelo regime de competência (calculado mês a mês) e não pelo de caixa (calculado de uma única vez, na data do recebimento). Entendimento do STJ Essa também já era a posição do STJ:

(...) O Imposto de Renda incidente sobre os benefícios pagos acumuladamente deve ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, observando a renda auferida mês a mês pelo segurado. Não é legítima a cobrança de IR com parâmetro no montante global pago extemporaneamente. (...) (STJ. 1ª Seção. REsp 1118429/SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 24/03/2010. Recurso repetitivo).

JULGADOS NÃO COMENTADOS

ED: Lei 9.656/1998 e eficácia O Plenário acolheu embargos de declaração, conferindo-lhes efeitos modificativos, e prestou esclarecimentos a respeito de alegada contradição em decisão que deferira, em parte, medida cautelar (noticiada nos Informativos 167 e 317) para suspender a eficácia dos seguintes preceitos da Lei 9.656/1998: a) do art. 35-G e da expressão “atuais e”, contida no § 2º do art. 10, na redação dada pela MP 1.908-18/1999; b) do art. 35-E, na redação dada pela MP 2.177-44/2001; e c) da expressão “artigo 35-E”, contida no art. 3º da MP 1.908-18/1999. O Colegiado afirmou que, quanto ao art. 3º da MP 1.908/1999, a suspensão da locução “artigo 35-E” não alcançaria a vigência do respectivo § 2º. Relativamente ao § 2º do art. 35-E da Lei 9.656/1998, com a redação dada pela MP 2.177-44/2001, o afastamento da eficácia deveria restringir-se à expressão “independentemente da data de sua celebração”. O § 2º do art. 35-E submete, à aprovação da Agência Nacional de Saúde - ANS, a modificação das prestações pecuniárias relativas a planos e seguros privados de assistência à saúde independentemente do momento de celebração do contrato, o que alcançaria as avenças formalizadas antes e após o início da vigência. Considerada a premissa a fundamentar a suspensão do dispositivo, tornar-se-ia necessário esclarecer que continuariam a depender de prévia anuência da citada autarquia os reajustes de contratos firmados a partir da entrada em vigor da lei. Ante a motivação consignada, a rigor, a suspensão de eficácia deveria restringir-se à expressão “independentemente da data de sua celebração”. ADI 1931 MC-ED/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 22.10.2014.

Violação de sigilo funcional e fraude processual A 2ª Turma deu parcial provimento a recurso de apelação decorrente de ação penal oferecida contra deputado federal e corréu pela suposta prática dos crimes de violação de sigilo funcional e fraude processual. Na espécie, os recorrentes (delegado federal à época dos fatos e escrivão da polícia federal) teriam informado jornalistas a respeito de suposta reunião a ser realizada entre terceiras pessoas — as quais estariam sendo investigadas em determinada operação policial —, na qual ocorreria “ação policial controlada” e, posteriormente, teriam editado gravação jornalística feita durante esse encontro a fim de utilizá-la em processo criminal. Pelas referidas condutas, os recorrentes foram condenados, em concurso material de crimes, por violação de sigilo funcional (CP, art. 325, “caput”) e fraude processual (CP, art. 347, parágrafo único). O delegado federal também fora condenado por violação de sigilo profissional, na forma qualificada (CP, art. 325, §2º), em razão de ter, em outra ocasião, alertado jornalistas sobre a data de cumprimento de mandados de busca e apreensão. Em questão de ordem, a Turma esclareceu que o presente caso não trataria de ação penal originária, mas sim de apelação em sentença condenatória cuja competência para julgamento fora deslocada em razão da diplomação de um dos acusados no decorrer do

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trâmite processual. Desse modo, deveria ser seguido o regime de julgamento dos recursos, no qual a sustentação oral dos recorrentes se daria antes do pronunciamento do Ministério Público. Em seguida, ao afastar as preliminares suscitadas pela defesa, a Turma salientou que o fato de a sentença ter sido divulgada por diversos meios jornalísticos no dia de sua juntada pelo escrivão ao processo e da lavratura do respectivo termo não afetara a validade do ato judicial, nem importara em prejuízo processual aos apelantes. Em decorrência disso, eventual irregularidade na conduta do magistrado sentenciante ao disponibilizar a sentença para a mídia, a despeito do caráter sigiloso imprimido ao feito, deveria ser apreciada no âmbito administrativo e não em processo judicial perante esta Corte. No mérito, a Turma aduziu que, pelos elementos coletados a partir do rastreamento de ligações telefônicas, judicialmente autorizado, mostrara-se inquestionável a existência de comunicações a jornalistas em ambas as oportunidades descritas na denúncia. Além disso, a edição da filmagem em questão teria efetivamente acontecido, visto que alguns trechos teriam sido cortados. No entanto, esse fato não seria suficiente para caracterizar fraude processual, porque, além de a inovação não ter propriamente alterado o conteúdo da matéria, estaria ausente o elemento normativo “artificiosamente” e, tampouco, haveria a certeza da existência do dolo específico de induzir a erro o juiz ou perito. Assim, os acusados foram absolvidos, nesse ponto, ante a atipicidade da conduta. No tocante ao vazamento de informações a jornalistas, praticada por ambos os réus, a Turma constatou a ocorrência da prescrição da pretensão punitiva. Quanto à violação de sigilo funcional em razão do vazamento de informações sobre o cumprimento dos mandados de busca e apreensão, ponderou que a conduta, detalhadamente premeditada, teria fomentado uma exposição absolutamente desnecessária à finalidade da investigação criminal. Tendo isso em conta, a condenação do ora deputado federal foi mantida. Por fim, conforme orientação fixada pelo Plenário, a Turma determinou a expedição de notificações à Câmara dos Deputados para os fins previstos no § 2º do art. 55 da CF. AP 563/SP, rel. Min. Teori Zavascki, 21.10.2014.

OUTRAS INFORMAÇÕES

R E P E R C U S S Ã O G E R A L DJe de 20 a 24 de outubro de 2014

REPERCUSSÃO GERAL EM ARE N. 784.854-CE

RELATOR: MINISTRO PRESIDENTE

EMENTA: TRIBUTÁRIO. GRATIFICAÇÃO DE ATIVIDADE DE COMBATE E CONTROLE DE ENDEMIAS – GACEN. NATUREZA JURÍDICA. IMPOSTO DE RENDA. INCIDÊNCIA. MATÉRIA DE ÍNDOLE INFRACONSTITUCIONAL. ATRIBUIÇÃO DOS EFEITOS DA

AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.

Decisões Publicadas: 1

C L I P P I N G D O D JE 20 a 24 de outubro de 2014

ADPF N. 186-DF

RELATOR: MIN. RICARDO LEWANDOWSKI

EMENTA: ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL. ATOS QUE INSTITUÍRAM SISTEMA DE RESERVA DE

VAGAS COM BASE EM CRITÉRIO ÉTNICO-RACIAL (COTAS) NO PROCESSO DE SELEÇÃO PARA INGRESSO EM INSTITUIÇÃO PÚBLICA DE ENSINO SUPERIOR. ALEGADA OFENSA AOS ARTS. 1º, CAPUT, III, 3º, IV, 4º, VIII, 5º, I, II XXXIII, XLI, LIV, 37, CAPUT,

205, 206, CAPUT, I, 207, CAPUT, E 208, V, TODOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. AÇÃO JULGADA IMPROCEDENTE.

I – Não contraria - ao contrário, prestigia – o princípio da igualdade material, previsto no caput do art. 5º da Carta da República, a possibilidade de o Estado lançar mão seja de políticas de cunho universalista, que abrangem um número indeterminados de indivíduos, mediante ações de natureza

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estrutural, seja de ações afirmativas, que atingem grupos sociais determinados, de maneira pontual, atribuindo a estes certas vantagens, por um tempo

limitado, de modo a permitir-lhes a superação de desigualdades decorrentes de situações históricas particulares.

II – O modelo constitucional brasileiro incorporou diversos mecanismos institucionais para corrigir as distorções resultantes de uma aplicação puramente formal do princípio da igualdade.

III – Esta Corte, em diversos precedentes, assentou a constitucionalidade das políticas de ação afirmativa.

IV – Medidas que buscam reverter, no âmbito universitário, o quadro histórico de desigualdade que caracteriza as relações étnico-raciais e sociais em nosso País, não podem ser examinadas apenas sob a ótica de sua compatibilidade com determinados preceitos constitucionais, isoladamente considerados,

ou a partir da eventual vantagem de certos critérios sobre outros, devendo, ao revés, ser analisadas à luz do arcabouço principiológico sobre o qual se

assenta o próprio Estado brasileiro. V - Metodologia de seleção diferenciada pode perfeitamente levar em consideração critérios étnico-raciais ou socioeconômicos, de modo a assegurar

que a comunidade acadêmica e a própria sociedade sejam beneficiadas pelo pluralismo de ideias, de resto, um dos fundamentos do Estado brasileiro,

conforme dispõe o art. 1º, V, da Constituição. VI – Justiça social, hoje, mais do que simplesmente redistribuir riquezas criadas pelo esforço coletivo, significa distinguir, reconhecer e incorporar à

sociedade mais ampla valores culturais diversificados, muitas vezes considerados inferiores àqueles reputados dominantes.

VII – No entanto, as políticas de ação afirmativa fundadas na discriminação reversa apenas são legítimas se a sua manutenção estiver condicionada à persistência, no tempo, do quadro de exclusão social que lhes deu origem. Caso contrário, tais políticas poderiam converter-se benesses permanentes,

instituídas em prol de determinado grupo social, mas em detrimento da coletividade como um todo, situação – é escusado dizer – incompatível com o

espírito de qualquer Constituição que se pretenda democrática, devendo, outrossim, respeitar a proporcionalidade entre os meios empregados e os fins

perseguidos.

VIII – Arguição de descumprimento de preceito fundamental julgada improcedente.

*noticiado no Informativo 663

MS N. 32.375-DF

RELATORA: MIN. CÁRMEN LÚCIA

EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA. CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. RECLAMAÇÃO DISCIPLINAR. SUSTENTAÇÃO ORAL.

PEDIDO DE VISTA. RETOMADA DO JULGAMENTO. COMPOSIÇÃO DO CONSELHO ALTERADA. PRETENSÃO DE RENOVAÇÃO DO JULGAMENTO: ALEGADA VIOLAÇÃO AO DEVIDO PROCESSO LEGAL E SEUS COROLÁRIOS. INOCORRÊNCIA. PRECEDENTES.

MANDADO DE SEGURANÇA DENEGADO.

1. A informatização do processo tem facilitado o acesso dos julgadores a todos os elementos existentes nos autos, conferindo-lhes, assim, o pleno conhecimento das questões jurídicas postas na causa e os argumentos desenvolvidos a favor e contra as teses das partes, autorizando a participação no

julgamento daqueles que não tenham assistido à sustentação oral, ao relatório ou aos debates.

2. Mandado de segurança denegado.

AG. REG. NO RE N. 704.386-RJ

RELATOR: MIN. LUIZ FUX

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSELHO DE FISCALIZAÇÃO PROFISSIONAL.

NATUREZA JURÍDICA DA AUTARQUIA. FISCALIZAÇÃO. ATIVIDADE TÍPICA DE ESTADO. ESTABILIDADE DO SERVIDOR.

APLICABILIDADE DO ARTIGO 19 DO ADCT. REINTEGRAÇÃO NO CARGO. RECURSO CONTRA ACÓRDÃO DO STJ.

CONTROVÉRSIA CONSTITUCIONAL SURGIDA NA INSTÂNCIA ORDINÁRIA. INADMISSIBILIDADE DO RE. 1. O recurso extraordinário contra acórdão do Superior Tribunal de Justiça proferido em recurso especial só é cabível quando a questão constitucional

objeto da controvérsia for diversa da decidida pela instância ordinária. Nesses casos, só é admissível o apelo extremo que a suposta violação

constitucional tiver sido, originariamente, apreciada pela Corte Especial. Precedentes: RE 750.300-ED, Rel. Min. Celso de Mello, DJe de 6/9/2013, ARE 644.906-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Segunda Turma, DJe de 12/4/2012.

2. In casu, o acórdão extraordinariamente recorrido assentou: “ADMINISTRATIVO. CONSELHO DE FISCALIZAÇÃO PROFISSIONAL. REGIME

JURÍDICO. OBSERVÂNCIA DA LEI DE REGÊNCIA EM CADA PERÍODO. RECORRENTE CONTRATADA EM 7.11.1975 E DEMITIDA EM 2.01.2007. VIGÊNCIA DA LEI Nº 9.649/98, ART. 58, PARÁGRAFO 3º. REGIME CELETISTA. DESNECESSIDADE DE PRÉVIO PROCESSO

ADMINISTRATIVO. DECISÃO DO STF NA ADI Nº 2.135-MC COM EFEITOS EX NUNC. RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA

PROVIMENTO.” 3. Agravo regimental DESPROVIDO.

AG. REG. NO RE N. 714.467-SC

RELATOR: MIN. DIAS TOFFOLI

EMENTA: Agravo regimental no recurso extraordinário. Advogado dativo no Estado de Santa Catarina. Honorários fixados com base na Lei Complementar estadual nº 155/97. Inconstitucionalidade. Modulação dos efeitos do acórdão da ADI nº 4.270/SC, Relator o Ministro Joaquim

Barbosa, DJe de 25/9/12 que não alcança a hipótese dos autos. Efeitos da declaração de inconstitucionalidade que não alcançam o presente caso.

Precedentes. Agravo regimental não provido.

EMB. DECL. NO AG. REG. NO ARE N. 764.848-SP

RELATOR: MIN. ROBERTO BARROSO

EMENTA: EMBARGOS DECLARATÓRIOS EM AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO.

INEXISTÊNCIA DOS VÍCIOS RELACIONADOS NO ART. 619 DO CPP. PRETENSÃO DE CARÁTER INFRINGENTE. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA ESTATAL. INOCORRÊNCIA.

Não há ambiguidade, obscuridade, contradição ou omissão no acórdão questionado, o que afasta a presença de qualquer dos pressupostos de

embargabilidade, nos termos do art. 619 do CPP. A via recursal adotada não se mostra adequada para a renovação de julgamento que se efetivou regularmente.

Não é possível falar em extinção da punibilidade pela prescrição, tendo em vista que não transcorreu prazo superior a 4 (quatro) anos entre quaisquer

dos marcos interruptivos previstos nos incisos do art. 117 do Código Penal. Embargos de declaração desprovidos.

ADI N. 2.799-RS

RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO

PODERES – SEPARAÇÃO – PROCESSO LEGISLATIVO. A disciplina da iniciativa de projeto prevista na Constituição Federal é de observância

obrigatória pelos estados-membros ante o princípio sensível da separação de Poderes. Precedentes: Ação Originária nº 284, relator ministro Ilmar Galvão, e Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 243/RJ, de minha relatoria, com acórdãos publicados no Diário da Justiça de 25 de agosto de 1995

e 29 de novembro de 2002, respectivamente.

*noticiado no Informativo 759

AG. REG. NO AI N. 860.862-RS

RELATOR: MIN. LUIZ FUX

Informativo 764-STF (04/11/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 13

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. PENAL E PROCESSUAL PENAL. CRIME DE INTRODUÇÃO

DE MOEDA FALSA EM CIRCULAÇÃO. ARTIGO 289, § 1º, DO CÓDIGO PENAL. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO.

SÚMULAS 282 E 356/STF. 1. O prequestionamento da questão constitucional é requisito indispensável à admissão do recurso extraordinário.

2. As Súmulas 282 e 356 do STF dispõem, respectivamente, verbis: “É inadmissível o recurso extraordinário, quando não ventilada, na decisão

recorrida, a questão federal suscitada” e “o ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram opostos embargos declaratórios, não podem ser objeto de recurso extraordinário, por faltar o requisito do prequestionamento”.3. In casu, o acórdão recorrido assentou: “MOEDA FALSA. ARTIGO 289, §

1º, DO CÓDIGO PENAL. REFERÊNCIA EXPRESSA DAS TESES DE DEFESA. DESNECESSIDADE. MATERIALIDADE E AUTORIA

COMPROVADAS. DOLO CONFIGURADO. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE – INAPLICABILIDADE. PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA. REDUÇÃO.1. É obrigação do magistrado examinar as teses relevantes da defesa, não prejudicadas pelas conclusões que adota. Inexistente

nulidade. 2. Devidamente comprovada a falsidade da cédula, bem como a autoria do delito de moeda falsa, resta caracterizado o crime do § 1º do

artigo 289 o Código Penal.3. O dolo – consubstanciado na vontade livre e consciente de praticar a conduta típica – pode-se aferir da análise das circunstâncias fáticas que envolvem o evento criminoso.4. Não se há falar em aplicação do princípio da proporcionalidade, com a aplicação de pena

abstrata prevista em delito diverso, eis que a situação em concreto indica grande lesividade da conduta.5. Deve ser reduzido o valor da prestação

pecuniária quando, avaliada a situação econômica do réu, aquela revelar-se exacerbada.” 4. Agravo regimental DESPROVIDO.

Rcl N. 4.335-AC

RELATOR: MIN. GILMAR MENDES

Reclamação. 2. Progressão de regime. Crimes hediondos. 3. Decisão reclamada aplicou o art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, declarado inconstitucional pelo Plenário do STF no HC 82.959/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, DJ 1.9.2006. 4. Superveniência da Súmula Vinculante n. 26. 5. Efeito ultra partes

da declaração de inconstitucionalidade em controle difuso. Caráter expansivo da decisão. 6. Reclamação julgada procedente.

*noticiado no Informativo 739

RE N. 583.523-RS e RE N. 755.565-RS

RELATOR: MIN. GILMAR MENDES

Recurso extraordinário. Constitucional. Direito Penal. Contravenção penal. 2. Posse não justificada de instrumento de emprego usual na prática de

furto (artigo 25 do Decreto-Lei n. 3.688/1941). Réu condenado em definitivo por diversos crimes de furto. Alegação de que o tipo não teria sido recepcionado pela Constituição Federal de 1988. Arguição de ofensa aos princípios da isonomia e da presunção de inocência. 3. Aplicação da

sistemática da repercussão geral – tema 113, por maioria de votos em 24.10.2008, rel. Ministro Cezar Peluso. 4. Ocorrência da prescrição

intercorrente da pretensão punitiva antes da redistribuição do processo a esta relatoria. Superação da prescrição para exame da recepção do tipo contravencional pela Constituição Federal antes do reconhecimento da extinção da punibilidade, por ser mais benéfico ao recorrente. 5. Possibilidade

do exercício de fiscalização da constitucionalidade das leis em matéria penal. Infração penal de perigo abstrato à luz do princípio da

proporcionalidade. 6. Reconhecimento de violação aos princípios da dignidade da pessoa humana e da isonomia, previstos nos artigos 1º, inciso III; e 5º, caput e inciso I, da Constituição Federal. Não recepção do artigo 25 do Decreto-Lei 3.688/41 pela Constituição Federal de 1988. 7. Recurso

extraordinário conhecido e provido para absolver o recorrente nos termos do artigo 386, inciso III, do Código de Processo Penal.

*noticiado no Informativo 722

AG. REG. NO HC N. 123.796-SP

RELATOR: MIN. GILMAR MENDES

Agravo regimental em habeas corpus. 2. Impetração contra decisão que indeferiu medida liminar no Superior Tribunal de Justiça. Inadmissibilidade. Súmula 691. 3. Ausência de argumentos capazes de infirmar a decisão agravada. 4. Agravo regimental a que se nega provimento.

AG. REG. NO HC N. 124.150-RJ

RELATOR: MIN. TEORI ZAVASCKI

EMENTA: HABEAS CORPUS. IMPETRAÇÃO CONTRA DECISÃO MONOCRÁTICA DE MINISTRO DO STJ. INVIABILIDADE. CABIMENTO

DE AGRAVO INTERNO. INTERPOSIÇÃO INDISPENSÁVEL PARA ATENDER AO PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL E PARA EXAURIR A

INSTÂNCIA, PRESSUPOSTO PARA INAUGURAR A COMPETÊNCIA DO STF. RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO.1. O habeas

corpus ataca diretamente decisão monocrática de Ministro do STJ. Essa decisão tem o respaldo formal do art. 38 da Lei 8.038/1990 e contra ela é cabível o agravo previsto no art. 39 da mesma lei. Ambos os dispositivos estão reproduzidos, tanto no Regimento Interno do STF (arts. 192 e 317),

quanto no Regimento do STJ (arts. 34, XVIII, e 258). Em casos tais, o exaurimento da jurisdição e o atendimento ao princípio da colegialidade, pelo

tribunal prolator, se dá justamente mediante o recurso de agravo interno, previsto em lei, que não pode simplesmente ser substituído pela ação de habeas corpus, de competência de outro tribunal. 2. A se admitir essa possibilidade estar-se-á atribuindo ao impetrante a faculdade de eleger, segundo

conveniências próprias, qual tribunal irá exercer o juízo de revisão da decisão monocrática: se o STJ, juízo natural indicado pelo art. 39 da Lei

8.038/1990, ou o STF, por via de habeas corpus substitutivo. O recurso interno para o órgão colegiado é medida indispensável não só para dar adequada atenção ao princípio do juiz natural, como para exaurir a instância recorrida, pressuposto para inaugurar a competência do STF (cf. HC

118.189, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma, julgado em 19/11/2013; HC 97009, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO,

Relator(a) p/ Acórdão: Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 25/4/2013; HC 108718-AgR, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira

Turma, julgado em 10/9/2013, DJe de 24/9/2013, entre outros).3. Agravo regimental a que se nega provimento.

AG. REG. NO RHC N. 123.553-MS

RELATOR: MIN. GILMAR MENDES

Agravo regimental em recurso ordinário em habeas corpus. 2. Decisão agravada em consonância com remansosa jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. 3. Porte ilegal de arma e munições. Crime de perigo abstrato. Consumação independente de demonstração da potencialidade lesiva da arma

ou das munições. 4. Atipicidade da conduta em razão da ausência de ofensividade. Inocorrência. Objetividade jurídica da norma é a incolumidade

pública, não só a pessoal. 5. Agravo regimental a que se nega provimento.

EMB. DECL. NO AG. REG. NO ARE N. 745.243-RS

RELATOR: MIN. TEORI ZAVASCKI

EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE QUAISQUER DOS VÍCIOS DO ART. 535 DO CPC.

REDISCUSSÃO DE QUESTÕES JÁ DECIDIDAS. IMPOSSIBILIDADE. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS.

Inq N. 3.752-DF

RELATOR: MIN. GILMAR MENDES

Inquérito. 2. Competência originária. 3. Penal e Processual Penal. 4. Corrupção eleitoral. 5. Inépcia da denúncia. A denúncia deve projetar todos os

elementos – essenciais e acidentais – da figura típica ao caso concreto. No caso concreto, a denúncia não passa por esse teste. Transcrição de interceptações, sem narrativa clara da conduta tida por típica. Falta de explicitação dos limites de responsabilidade de cada réu. Ausência de descrição

do fim especial requerido pelo tipo penal – obter voto. 6. Denúncia rejeitada por inepta.

Informativo 764-STF (04/11/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 14

*noticiado no Informativo 756

ADI N. 2.361-CE

RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – PUBLICIDADE. A transparência decorre do princípio da publicidade. TRIBUNAL DE CONTAS – FISCALIZAÇÃO – DOCUMENTOS. Descabe negar ao Tribunal de Contas o acesso a documentos relativos à

Administração Pública e ações implementadas, não prevalecendo a óptica de tratar-se de matérias relevantes cuja divulgação possa importar em danos

para o Estado. Inconstitucionalidade de preceito da Lei Orgânica do Tribunal de Contas do Estado do Ceará que implica óbice ao acesso. *noticiado no Informativo 760

AG. REG. NA Pet N. 5.184-MG

RELATOR: MIN. LUIZ FUX

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NA PETIÇÃO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO SOBRESTADO. ART. 543-B DO CPC.

CONCESSÃO DE EFEITO SUSPENSIVO. LIMINAR DEFERIDA PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. RECURSO CONTRA DECISÃO DO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA ENDEREÇADO AO STF. INCOMPETÊNCIA DESTA CORTE PARA APRECIAR O RECURSO.

MANUTENÇÃO DA DECISÃO AGRAVADA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA

PROVIMENTO.

Ext N. 1.305-DF

RELATORA: MIN. ROSA WEBER

EMENTA: EXTRADIÇÃO INSTRUTÓRIA. CRIMES DE RAPTO AGRAVADO, DE OFENSA À INTEGRIDADE FÍSICA QUALIFICADA, DE AMEAÇA E DE TRÁFICO DE ESTUPEFACIENTES. CORRESPONDÊNCIA COM OS CRIMES DOS ARTS. 148, § 2º, 129 E 147, DO

CÓDIGO PENAL E DOART. 36 DA LEI 11.343/2006. DUPLA INCRIMINAÇÃO CONFIGURADA. DELITOS DE OFENSA À INTEGRIDADE

FÍSICA E DE AMEAÇA NÃO EXTRADITÁVEIS. ART. 77, IV, DA LEI 6.815/80. CRIMES REMANESCENTES NÃO PRESCRITOS. INEXISTÊNCIA DE ÓBICES LEGAIS. DEFERIMENTO PARCIAL DA EXTRADIÇÃO. ENTREGA CONDICIONADA À ASSUNÇÃO DE

COMPROMISSO QUANTO À DETRAÇÃO DA PENA. 1. Pedido de extradição formulado pelo Governo de Portugal que atende aos requisitos da

Lei 6.815/1980 e da Convenção de Extradição entre os Estados Membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa firmado em 23.11.2005, promulgado pelo Decreto 7.935, de 19.02.2013. 2. Crimes de rapto agravado, de ofensa à integridade física qualificada, de ameaça e de tráfico de

estupefacientes que correspondem aos delitos previstos nos arts. 148, § 2º, 129 e 147, do Código Penal e no art. 36 da Lei 11.343/2006,

respectivamente. Dupla incriminação atendida.4. Os crimes de ofensa à integridade física qualificada e de ameaça, por terem penas não superiores a um ano, não são extraditáveis, conforme art. 77, IV, da Lei 6.815/1980. 5. Irrelevância da ausência do texto legal estrangeiro referente à prescrição,

quando, excepcionalmente, demonstrada sua inocorrência. Precedente. 6. Inocorrência de prescrição ou óbice legais quanto aos delitos

remanescentes.7. O compromisso de detração da pena, considerando o período de prisão decorrente da extradição, deve ser assumido antes da entrega do preso, não obstando a concessão da extradição. O mesmo é válido para os demais compromissos previstos no art. 91 da Lei 6.815/1980.8.

Extradição parcialmente deferida.

RE N. 677.730-RS

RELATOR: MIN. GILMAR MENDES

Recurso extraordinário. Repercussão geral reconhecida. 1. Administrativo. 2. Paridade. Art. 40, § 8º (redação dada pela EC 20/1998). 3. Servidores inativos e

pensionistas do extinto DNER possuem direito aos efeitos financeiros decorrentes do enquadramento de servidores ativos no Plano Especial de Cargos do

DNIT. 4. Recurso extraordinário não provido. *noticiado no Informativo 756

HC N. 111.426-PE

RED. P/ O ACÓRDÃO: MIN. LUIZ FUX

EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. ESTELIONATO E QUADRILHA (ARTIGOS 171 E 288 DO CÓDIGO

PENAL, COM REDAÇÃO ANTERIOR À LEI N. 12.850/2013). ENUNCIADO N. 691 DA SÚMULA DO SUPREMO TRIBUNAL

FEDERAL. SUPERVENIÊNCIA DE DECISÃO DEFINITIVA. PREJUDICIALIDADE. AUSÊNCIA DE TERATOLOGIA. PRISÃO

PREVENTIVA DECRETADA NA SENTENÇA. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. ORDEM EXTINTA. 1. O Supremo Tribunal Federal segue, de forma pacífica, a orientação de que não lhe cabe julgar habeas corpus impetrado em face de decisão de órgão de

outro tribunal que indefere pedido de liminar, no bojo de idêntico remédio apreciado na instância inferior, ex vi do verbete n. 691 da Súmula desta Corte: “Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus impetrado contra decisão do Relator que, em habeas corpus requerido a

tribunal superior, indefere a liminar”.

2. In casu, o exame da impetração revela-se prejudicado com a superveniência da decisão definitiva do Superior Tribunal de Justiça no bojo do habeas corpus n. 220.230, julgando-o prejudicado ante a análise do mérito do writ manejado na Corte estadual. Nessa senda, o conhecimento da

impetração implicaria em indevida supressão de instância.

3. Malgrado o enunciado n. 691 da Súmula do Supremo Tribunal Federal tenha sido superado nos casos de patente ilegalidade, teratologia ou abuso no poder de decidir, esse não é o caso dos autos. O Juízo singular fundamentou a segregação cautelar na necessidade de garantia da ordem pública e

na aplicação da lei penal, porquanto colhe-se dos autos elementos suficientes a aferir que, em liberdade, possa praticar novos delitos.

4. Ordem extinta.

Acórdãos Publicados: 308

TRANSCRIÇÕES

Com a finalidade de proporcionar aos leitores do INFORMATIVO STF uma compreensão mais

aprofundada do pensamento do Tribunal, divulgamos neste espaço trechos de decisões que tenham

despertado ou possam despertar de modo especial o interesse da comunidade jurídica.

Testemunha - Substituição - Processo Penal – Possibilidade (Transcrições)

AP 520/DF*

Informativo 764-STF (04/11/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 15

RELATOR: Ministro Celso de Mello

EMENTA: PROCESSO PENAL. TESTEMUNHA. SUBSTITUIÇÃO. POSSIBILIDADE, NÃO OBSTANTE A SUPERVENIÊNCIA DA

LEI Nº 11.719/2008 QUE DERROGOU AS NORMAS LEGAIS (CPP, art. 397 e 405) QUE FACULTAVAM A SUBSTITUIÇÃO DE

TESTEMUNHAS. APLICAÇÃO ANALÓGICA, AO PROCESSO PENAL, DO ART. 408 DO CPC, POR EFEITO DO ART. 3º DO CPP. DOUTRINA. PRECEDENTE DO STF (PLENO).

DECISÃO: O Ministério Público Federal, em pronunciamento subscrito pelo eminente Procurador-Geral da República, Dr. RODRIGO JANOT

MONTEIRO DE BARROS, assim se manifestou (fls. 1.320/1.323):

“AÇÃO PENAL. INSTRUÇÃO PROCESSUAL. TESTEMUNHAS DE DEFESA. MANIFESTAÇÃO QUANTO À OITIVA.

HIPÓTESE JÁ FACULTADA À DEFESA PARA INDICAR ENDEREÇOS OU EVENTUALMENTE SUBSTITUIR TESTEMUNHA. SILÊNCIO DOLOSO EM RELAÇÃO A DUAS. PRECLUSÃO PARA OITIVA OU SUBSTITUIÇÃO. DEVIDO PROCESSO LEGAL

RESPEITADO. ABERTURA DE PRAZO DE 5 DIAS APENAS EM RELAÇÃO A UMA TESTEMUNHA, NÃO LOCALIZADA.

DERRADEIRA POSSIBILIDADE SÓ QUANTO A ESTA TESTEMUNHA. ULTERIOR ENCERRAMENTO DA INSTRUÇÃO. Não ouvidas testemunhas arroladas pelo réu em sua defesa prévia, seja por falta de endereço ou pela não localização, foi ele

expressamente intimado para corrigir os defeitos.

A condução do processo não pode ficar segundo os interesses – quando não procrastinatórios – de uma das partes. O silêncio do réu implica concluir que, facultado o exercício à ampla defesa, não há interesse na produção probatória. Incidência do

disposto no art. 565, CPP. Hipótese de preclusão quanto à oitiva de duas testemunhas, descabendo suas oitivas e/ou substituição.

Oportunidade derradeira de indicar ‘exclusivamente’ se quiser o endereço da testemunha **. Ulterior encerramento da instrução.

O Procurador-Geral da República vem expor e requerer o que segue.

Nas fls. 738/741 Vossa Excelência proferiu decisão determinando a) degravação do CD de fl. 682; b) desmembramento do feito e c)

inquirição das testemunhas de acusação. A degravação do interrogatório de ** se encontra nas fls. 756/777, tendo sido realizadas também as oitivas das testemunhas de

acusação, consoante se extrai das fls. 944, 987 e 1060.

Nova decisão determinou a oitiva das testemunhas de defesa, tendo sido inquiridas tão somente ** (fl. 1146), ** (fl. 1167) e ** (fls. 1285).

** e ** não foram localizados (fls. 1172 e 1122, respectivamente) e o réu não forneceu o endereço para intimação de **. Então, pela

decisão de fls. 1210/1211, foi o réu intimado a se manifestar sobre as testemunhas ** e **, tendo ele, porém, se mantido inerte (fls. 1265). Conforme se verifica dos autos, apenas em relação à testemunha ** não houve intimação da defesa para se manifestar.

Quanto às outras duas, o exercício à ampla defesa foi garantido, facultando-se o réu a indicar os corretos endereços das testemunhas

por ele indicadas (‘em relação a uma deles, foram três oportunidades’). Nessa parte, não há se falar em nulidade alguma frente ao disposto no art. 565, CPP.

Quedou-se silente, descabendo a oitiva ou eventual substituição.

Não cabe ao réu ‘direcionar’ e dolosamente atrasar a instrução processual, circunstâncias que plenamente ressaem dos presentes autos.

A hipótese se revela como evidente pretensão em retardar o andamento processual, desbordando do devido processo legal, que, como há muito assentado pelo STF, não pode ser conduzido segundo os interesses de uma das partes, no caso da defesa.

Assim, há se facultar, exclusivamente, a possibilidade de manifestação da defesa quanto à testemunha **, prejudicada a oitiva das

demais. Em não havendo manifestação no prazo de cinco dias unicamente em relação à testemunha **, a solução será o encerramento da

instrução processual, abrindo-se os prazos finais previsto na Lei 8.038. É o que se requer.” (grifei)

2. Acolho, como razão de decidir, os fundamentos que dão suporte a essa promoção do Ministério Público (fls. 1.320/1.323).

3. Cabe assinalar, no ponto, que os arts. 397 e 405 do CPP expressamente autorizavam a substituição de testemunhas nos procedimentos penais.

Não obstante a alteração substancial que a Lei nº 11.719/2008 introduziu no conteúdo de mencionadas regras legais, impende reconhecer

que ainda subsiste a possibilidade jurídico-processual de a parte requerer mencionada substituição, fazendo-o, agora, com apoio em base normativa fundada no art. 408 do CPC, aplicável, por analogia, aos procedimentos penais, “ex vi” do art. 3º do CPP.

Isso significa, portanto, que hoje, a despeito da ausência de norma processual penal específica, a substituição de testemunha, no processo

penal, pode legitimamente ocorrer quando esta (a) falecer, (b) não se achar em condições de depor em razão de enfermidade ou (c) não mais for encontrada pelo Oficial de Justiça em virtude de mudança de endereço.

Esse entendimento tem o inteiro beneplácito da jurisprudência firmada pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal, como resulta claro de

decisão consubstanciada em acórdão assim ementado:

“AÇÃO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL. SUBSTITUIÇÃO DE TESTEMUNHA. NOVA REDAÇÃO DO ART. 397 DO

CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. REFORMA PROCESSUAL PENAL. SILÊNCIO ELOQÜENTE. INOCORRÊNCIA. ANÁLISE

TELEOLÓGICA DO PROCESSO. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. POSSIBILIDADE. ALEGAÇÃO

DE FRAUDE AO MOMENTO PROCESSUAL PARA O ARROLAMENTO DE TESTEMUNHA. IMPROCEDÊNCIA. AGRAVO

REGIMENTAL DESPROVIDO.

1. A recente Reforma Processual Penal alterou capítulos inteiros e inúmeros dispositivos do Código de Processo Penal. No contexto

dessa reforma, a Lei nº 11.719/2008 deu nova redação a inúmeros artigos e revogou diretamente outros. Dentre os dispositivos cujo texto foi alterado, encontra-se o art. 397, que previa a possibilidade de o juiz deferir a substituição de testemunha que não fosse localizada.

2. A ausência de previsão específica do Código de Processo Penal acerca do direito à substituição não pode ser interpretada como

‘silêncio eloqüente’ do legislador. A busca por um provimento jurisdicional final justo e legítimo não pode ser fulminado pelo legislador, sob pena de o processo não alcançar sua finalidade de pacificação da lide.

3. A prova testemunhal é uma das mais relevantes no processo penal. Por esta razão, o juiz pode convocar, de ofício, testemunhas

que considere importantes para a formação do seu convencimento. Daí porque não se pode usurpar o direito da parte de, na eventualidade de não ser localizada uma das testemunhas que arrolou para comprovar suas alegações, substituí-la por outra que considere apta a colaborar

com a instrução.

4. É inadmissível a interpretação de que a ‘vontade do legislador’, na Reforma Processual Penal, seria no sentido de impedir quaisquer substituições de testemunhas no curso da instrução, mesmo quando não localizada a que fora originalmente arrolada. Tal

interpretação inviabilizaria uma prestação jurisdicional efetiva e justa, mais próxima possível da ‘verdade material’.

5. Perfeitamente aplicável, à espécie, o art. 408, III, do Código de Processo Civil, tendo em vista que a testemunha substituída não foi

localizada em razão de mudança de endereço.

Informativo 764-STF (04/11/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 16

6. O fato de a testemunha arrolada em substituição ser conhecida desde a época do oferecimento da denúncia não impede seu

aproveitamento, quando houver oportunidade legal para tanto.

7. No caso, não é possível vislumbrar fraude processual ou preclusão temporal para o arrolamento da testemunha substituta, tendo em vista que a testemunha que não foi encontrada existe e prestou depoimento na fase policial. Sua não localização no curso da instrução abre a

possibilidade legal de sua substituição.

8. Agravo regimental desprovido.” (AP 470-AgR-SEGUNDO/MG, Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA – grifei)

A orientação jurisprudencial mencionada reflete-se, por igual, no magistério da doutrina (ANDREY BORGES DE MENDONÇA, “Nova

Reforma do Código de Processo Penal”, p. 290/291, 2ª ed., 2009, Método; RENATO BRASILEIRO DE LIMA, “Curso de Processo Penal”, p. 680, item n.

5.5.3, 2013, Impetus; MARCELLUS POLASTRI LIMA, “A Prova Penal de acordo com a Reforma Processual Penal”, p. 237, 3ª ed., 2009, Lumen Juris; ADA PELLEGRINI GRINOVER, ANTONIO SCARANCE FERNANDES E ANTONIO MAGALHÃES GOMES FILHO, “As nulidades no processo

penal”, p. 148/150, item n. 2, 12ª ed., 2011, RT, v.g.), cujas lições acentuam a inteira possibilidade jurídico-processual de substituição das testemunhas no

contexto dos procedimentos penais, como expressão de respeito e observância das garantias constitucionais do “due process of law”, do contraditório e da plenitude de defesa.

4. Determino, pois, que o réu ** indique o endereço completo da testemunha **. Caso desconheça a atual localização de referida

testemunha, o réu poderá, querendo, substituí-la por outra, nos termos do art. 408 do CPC, aplicável, analogicamente, ao processo penal, “ex vi” do que dispõe o art. 3º do CPP.

5. Retifique-se a autuação, para que desta conste, como Revisor, o eminente Ministro GILMAR MENDES, em face do que determina a

Emenda Regimental nº 49/2014 (arts. 3º e 4º).

Publique-se. Brasília, 1º de agosto de 2014.

Ministro CELSO DE MELLO

Relator

*acórdão publicado no DJe de 5.8.2014. ** nomes suprimidos pelo Informativo

OUTRAS INFORMAÇÕES 20 a 24 de outubro de 2014

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF)

Depósito judicial – Depósito prévio – Ação rescisória Resolução nº 535/STF, de 15.10.2014 – Altera a Resolução 129/1995, que dispõe sobre o procedimento do

depósito prévio em ação rescisória. Publicada no DJE/STF, n. 205, p. 1, em 20.10.2014.

Secretaria judiciária – Publicação – Acórdão Resolução nº 536/STF, de 16.10.2014 – Dispõe sobre a publicação de acórdãos pela Secretaria Judiciária do

Supremo Tribunal Federal. Publicada no DJE/STF, n. 205, p. 1, em 20.10.2014.

Secretaria de Documentação – SDO

Coordenadoria de Jurisprudência Comparada e Divulgação de Julgados – CJCD

[email protected]