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ANDRÉ LUIZ QUEIROGA REIS ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE APLICADO À BACIA DO RIO CUIÁ - JOÃO PESSOA (PB) UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA Programa Regional de Pós Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente PRODEMA João Pessoa – PB 2010

Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

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Dissertação de mestrado no PRODEMA UFPB - defendida em Novembro de 2010

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Page 1: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

ANDRÉ LUIZ QUEIROGA REIS

ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE APLICADO À BACIA DO RIO

CUIÁ - JOÃO PESSOA (PB)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

Programa Regional de Pós Graduação em Desenvolvimento e Meio

Ambiente

PRODEMA

João Pessoa – PB

2010

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Universidade Federal da Paraíba

Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente

ANDRÉ LUIZ QUEIROGA REIS

ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE APLICADO À BACIA DO RIO

CUIÁ - JOÃO PESSOA (PB)

João Pessoa – PB

2010

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R375i Reis, André Luiz Queiroga.

Índice de sustentabilidade aplicado à Bacia do Rio Cuiá-João Pessoa(PB) / André Luiz Queiroga Reis.- - João Pessoa : [s.n.], 2010.

137 f.: il.

Orientador: Roberto Sassi e Maristela Oliveira de Andrade.

Dissertação (Mestrado) – UFPB/CCEN.

1.Meio ambiente. 2.Indicadores ambientais. 3.Bacia hidrográfica - Rio Cuiá/PB. 4.Índices de sustentabilidade. I. Reis, André Luiz Queiroga.

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ANDRÉ LUIZ QUEIROGA REIS

ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE APLICADO À BACIA DO RIO

CUIÁ – JOÃO PESSOA (PB)

Dissertação apresentada ao Programa Regional

de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio

Ambiente – PRODEMA, da Universidade

Federal da Paraíba, em cumprimento às

exigências para obtenção do grau de MESTRE

EM DESENVOLVIMENTO E MEIO

AMBIENTE.

Orientador (es):

Prof. Dr. Roberto Sassi

Profª Dra. Maristela Oliveira de Andrade

João Pessoa – PB

2010

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ANDRÉ LUIZ QUEIROGA REIS

ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE APLICADO À BACIA DO RIO

CUIÁ – JOÃO PESSOA (PB)

Dissertação apresentada ao Programa Regional

de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio

Ambiente – PRODEMA, da Universidade

Federal da Paraíba, em cumprimento às

exigências para obtenção do grau de MESTRE

EM DESENVOLVIMENTO E MEIO

AMBIENTE.

Aprovado em ___/___/___

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BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Roberto Sassi – UFPB

Orientador

Profª. Dra. Maristela Oliveira de Andrade – UFPB

Orientadora

Prof. Dr. Eduardo Rodrigues Viana de Lima– UFPB

Examinador Interno

Profª. Dra. Claudia Coutinho Nóbrega – UFPB

Examinadora Externa

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha família e a meu pai José

Mainart Reis (in memorian) que por causa deles e do que me

ensinaram, me tornei o homem que sou hoje e durante minha

jornada neste trabalho pude aprender cada vez mais com eles,

isso me incentivou e promoveu minha imagem de cientista.

Alcanço esse estágio da vida deixando registrado o orgulho que

tenho em ser filho, esposo e pai dessa família que tanto amo.

Page 8: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

AGRADECIMENTOS

Quero agradecer primeiramente a Deus e a meus pais (Maria Gerúsia de Oliveira e José

Mainart Reis) por me guiarem e me orientarem nas escolhas pessoais e profissionais da

minha vida.

A minha esposa Christianne Maria Moura Reis que sempre me incentivou e me motivou a

atingir meus objetivos e serviu como exemplo de perseverança em estudar e pesquisar e nos

momentos de dúvida foi uma fonte inspiradora para o meu trabalho.

A minha filha Ana Beatriz Moura Reis, que me deu motivos de sobra para realizar um

trabalho que pudesse proporcionar um meio ambiente mais equilibrado e ensinasse a ela o

valor da natureza.

Ao meu orientador Roberto Sassi, que me guiou com sua experiência e tranquilidade no

caminho do conhecimento e ainda derrubou barreiras e paradigmas de um modo de pensar

insustentável.

A minha orientadora Maristela Andrade, que acreditou em mim e na minha ideia em

desenvolver essa dissertação, contribuindo significativamente para o desenvolvimento do

trabalho e me inserindo no contexto social da sustentabilidade.

Aos professores do PRODEMA, que contribuíram para minha formação, em especial os

professores Eduardo Viana, Gustavo Lima, Martin Lindsey e Loreley Garcia, que em

suas disciplinas me fizeram enxergar e a valorizar a diversidade de conhecimentos da área

ambiental.

A secretária do PRODEMA, Amélia Limeira, que me conduziu no cumprimento dos

procedimentos internos do programa, sempre estando disponível as minhas solicitações.

Ao departamento de Engenharia Civil da UFPB, em especial a professora Carmem Gadelha,

que através de seu apoio, foi possível dar mais profundidade a pesquisa.

Aos componentes da banca de avaliação, em especial ao professor Eduardo Viana e a

professora Claudia Coutinho, que aceitaram o convite para participar da avaliação do

trabalho e contribuíram de maneira singular na conclusão desta dissertação.

E por fim e não menos importante, aos meus colegas de curso, que foram fundamentais para

meu aprendizado. Em especial os amigos (em ordem alfabética) Anderson, Catiana,

Claudio, Eugênio, Ligia e Lúcia, que nos momentos difíceis da jornada, dividimos alegrias e

angústias de estar em um mestrado.

Page 9: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

Se vontades fossem sonhos,

os desejos voariam (Ana

Beatriz Moura Reis, 2009).

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x

RESUMO

Na atualidade existe a necessidade do desenvolvimento e aplicação de técnicas de

monitoramento ambiental, que apresentem e forneçam dados confiáveis, práticos e de fácil

obtenção às principais esferas do poder público e a população inserida em um determinado

ecossistema. Uma dessas técnicas é a aplicação de Índices de Sustentabilidade, que aglutinam

aspectos qualitativos e quantitativos das dimensões social, ambiental, econômica e

institucional. Desta forma a qualidade da água e de outros recursos naturais de uma bacia

hidrográfica se tornam os principais indicadores ambientais relacionados à sustentabilidade e

podem ser influenciados por diversos fatores relacionados aos meios biótico, físico e social.

As relações entre os meios biótico e abiótico fazem parte de um sensível equilíbrio, motivo

pelo qual as alterações que interferem nessas relações presentes em uma bacia hidrográfica

podem alterar a sua qualidade. Desenvolver um ou mais índices, que melhor representem a

tendência de sustentabilidade ambiental, fornecendo informações de advertência à sociedade e

ao poder público e, consequentemente, propor ações de conservação na bacia hidrográfica do

rio Cuiá, segundo a Agenda 21 local, compõe a estrutura principal deste trabalho. Foram

utilizados indicadores das quatro dimensões da sustentabilidade (social, ambiental, econômica

e institucional), para compor o índice de sustentabilidade aplicado especificamente na bacia

hidrográfica do rio Cuiá em João Pessoa. A metodologia utilizada para a avaliação da

condição de sustentabilidade da bacia foi baseada no Painel da Sustentabilidade. Esse sistema

ou método é proposto principalmente por 4 estágios: 1 - Levantar informações de referência e

de relevância específicos da área em estudo, agrupando dessa forma os dados primários; 2 -

Analisar cada dado primário e compor os parâmetros de análise; 3 - Avaliar o desempenho de

cada parâmetro para compor o Indicador de Sustentabilidade de cada dimensão; 4 - Agregar o

desempenho dos indicadores para compor o Índice de Tendência de Sustentabilidade da área

estudada. Conclui – se que neste trabalho foi possível contextualizar e discutir os aspectos

teóricos conceituais da sustentabilidade e propor o uso de uma metodologia de

operacionalização destes conceitos a partir do Painel da Sustentabilidade e ainda propor ações

que promovam a melhoria do índice de sustentabilidade. Os resultados obtidos pela pesquisa

revelam a fragilidade de um socioecossistema urbano, a exemplo da bacia hidrográfica do

Cuiá, onde o elevado grau de urbanização sem o devido planejamento deteriora as condições

ambientais, bem como reflete a necessidade do poder público em trabalhar de maneira

integrada na conservação do meio ambiente, equidade social e desenvolvimento econômico.

Palavras-Chave: 1. Sustentabilidade. 2.Indicadores. 3.Bacia hidrográfica 4.Índices

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xi

ABSTRACT

Currently there is a need for the development and application of techniques for

environmental monitoring and provide data showing reliable, practical and easy to obtain the

main spheres of public and population inserted in a given ecosystem. One such technique is

the application of Sustainability Indexes, they combine qualitative and quantitative aspects of

social, environmental, economic and institutional. This way quality of water and other natural

resources in a watershed become the main environmental indicators related to sustainability

and can be influenced by many factors relacioned by the biotic, physics and social

environment. The relations between biotic and abiotic environment make up part of a sensible

balance, which is why change in this relations in the hydrographic basin can alter its quality.

Develop one or more indexes that better represent the trend of environmental sustainability,

providing warning information to society and the government and therefore propose

conservation actions in the Cuiá hydrographic basin, according to the Local Agenda 21, forms

the main structure of this work. Were used as indicators of the four dimensions of

sustainability (social, environmental, economic and institutional) to form the index of

sustainability applied specifically in the hydrographic basin of Cuiá river in João Pessoa. The

methodology for assessing the trend of sustainability of the basin was based on the Dashboard

Sustainability. This system or method is proposed mainly by four stages: 1 - Identify

reference information and specific relevance of the study area, thereby gathering the primary

data, since each 2-Analyze primary and make the analysis parameters, 3 - Evaluate the

performance of each parameter to compose the indicator of each dimension of sustainability,

and 4 - Add performance indicators to compose the Tendency of Sustainability Index Trend in

the study area. The conclusion in this work that was possible context and discuss the

theoretical concepts of sustainability and propose the use of a methodology to operationalize

these concepts from the Dashboard Sustainability and still propose actions that promote

actions to improvement of the sustainability index. The results obtained by the research

revealed the fragility of an urban socioecosystemic, like the Cuiá hydrographic basin, where

the high degree of urbanization without proper planning continuously deteriorating

environmental conditions, and reflects the greater need of government and society work in an

integrated way in environmental conservation, social equity and economic development.

Key-words: 1. Sustainability, 2. Indicators, 3. Hidrographic basin, 4. Index

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xii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

SIGLA SIGNIFICADO

PSR Presure – State – Response

OECD Organization for Economic Cooperation and

Development

PSIR Pressure, State, Impact, Response

DSR Driving force, State, Response

PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

DS Desenvolvimento Sustentável

ONU Organização das Nações Unidas

BBC British Broadcasting Corporation

FAO Food and Agriculture Organization

DLS Desenvolvimento Local Sustentável

IDMC Informações Descritivas de Monitoramento

Contínuo

WWF World Wildlife Fund

PNMA Política Nacional de Meio Ambiente

DSE Diagnóstico Sócio-Econômico

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

PIB Produto Interno Bruto

UTM Universal Transverso de Mercator

SUDENE Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste

PMJP Prefeitura Municipal de João Pessoa

SEMAM Secretária Municipal de Meio Ambiente

DIEP Divisão de Estudos e Projetos

CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente

SUDEMA Superintendência de Meio Ambiente

AESA Agência Estadual de Águas

ETA Estação de Tratamento de Água

DL Desenvolvimento Local

DQO Demanda Química de Oxigênio

BH Bacia Hidrográfica

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xiii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

SIGLA SIGNIFICADO

DETRAN Departamento Estadual de Trânsito

APP Área de Preservação Permanente

OD Oxigênio Dissolvido

DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio

DFC Diagnóstico Físico Conservacionista

AGP Avaliação Global da Paisagem

VMP Valor Máximo Permitido

CAGEPA Companhia de Água e Esgotos da Paraíba

PNRH Política Nacional de Recursos Hídricos

ETE Estação de Tratamento de Esgotos

ONG Organização Não Governamental

DIEESE Departamento Intersindical de Estatística e Estudos

Socioeconômicos

IDSM Índice de Desenvolvimento Sustentável para

Municípios

IPTU Imposto Predial Territorial Urbano

COPAM Conselho de Política Ambiental

ICMS Impostos sobre Circulação de Mercadorias e

Prestação de Serviços

ISS Imposto Sobre Serviços

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xiv

LISTA DE FIGURAS E ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Modelo de interação pressão – estado – resposta em

sistemas ambientais 30

Figura 2 Modelo de Equilíbrio Sustentável 31

Figura 3 Modelo de Interação Eficiente do Estado 32

Figura 4 Esquema de Interação de Influências Dinâmicas entre

Diferentes Escalas Territoriais 33

Figura 5 Diagrama esquemático para Avaliação Global da

Paisagem 37

Figura 6 Esquema para Identificação de Áreas de Estudo – Limite

Territorial 38

Figura 7 Esquema para Identificação de Áreas de Estudo – Raio

de Ação 38

Figura 8 Esquema para Identificação de Áreas de Estudo –

Corredor 38

Figura 9 Esquema para Identificação de Áreas de Estudo –

Unidade Homogênea 39

Figura 10 Fluxograma Simplificado de Planejamento 43

Figura 11 Pirâmide de Dados 51

Figura 12 Apresentação de Dados pelo Painel da Sustentabilidade 52

Figura 13 Localização dos Pontos de Coleta da SUDEMA,

CAGEPA/PMJP e da Pesquisa 61

Figura 14 Localização da Área de Estudo 71

Figura 15 bacia Hidrográfica do rio Cuiá – Apresentação da Malha

Urbana dos Bairros e Sistema de Drenagem 72

Figura 16 Uso e Ocupação do Solo do Cuiá 74

Figura 17 bacia Hidrográfica do rio Cuiá – Apresentação dos

Limites Territoriais dos Bairros e Sistema de Drenagem 80

Figura 18 Foto Mosaico de lançamento de efluentes no rio Cuiá 83

Page 15: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

xv

LISTA DE FIGURAS E ILUSTRAÇÕES

Figura 19 Ponto de Coleta Próximo a Nascente - Bairro Grotão 85

Figura 20 Ponto de Coleta Próximo a Confluência entre os rios Laranjeiras e Cuiá –

Bairros: Mangabeira – Cuiá – José Américo 86

Figura 21 Ponto de Coleta Próximo a Ponte de divisa dos Bairros Valentina e

Mangabeira 87

Figura 22

Ponto de Coleta à Aproximadamente a 50m a jusante do lançamento do

efluente tratado pela ETE de Mangabeira – Bairros: Mangabeira -

Valentina

88

Figura 23 Ponto de Coleta Próximo a confluência entre o riacho Buracão e rio Cuiá –

Bairros: Costa do Sol – Paratibe – Barra de Gramame 89

Figura 24 Ponto de Coleta Próximo a principal desembocadura do rio Cuiá no

Oceano Atlântico 90

Figura 25 Estimativa de Densidade Populacional 91

Figura 26 Avaliação de Desenvolvimento do Comércio 92

Figura 27 Avaliação dos Serviços Essenciais 93

Figura 28 Painel da Sustentabilidade da bacia Hidrográfica do Cuiá 95

Figura 29 Representação ilustrativa de “células” de sustentabilidade nos bairros 99

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Análise Comparativa do Conjunto dos Indicadores de Sustentabilidade 53

Tabela 2 Parâmetros de Monitoramento da Água e seus métodos 60

Tabela 3 Localização dos Pontos de Coleta na bacia do Cuiá da SUDEMA e

CAGEPA 60

Tabela 4 Relação entre Pontuação e Gradiente de Cores 68

Tabela 5 Caracterização dos solos nos Baixos Planaltos Costeiros 76

Tabela 6 Caracterização dos solos na Superfície e encostas dos tabuleiros costeiros 77

Tabela 7 Caracterização dos solos as Planícies Aluviais 78

Tabela 8 Caracterização dos solos as Planícies Aluviais 79

Tabela 9 Média dos Resultados das Análises no Ponto de Coleta Próximo a

Nascente - Bairro Grotão 84

Tabela 10

Média dos Resultados das Análises no Ponto de Coleta Próximo a

Confluência entre os rios Laranjeiras e Cuiá – Bairros: Mangabeira – Cuiá

– José Américo

85

Tabela 11 Média dos Resultados das Análises no Ponto de Coleta Próximo a Ponte

de divisa dos Bairros Valentina e Mangabeira 86

Tabela 12

Média dos Resultados das Análises no Ponto de Coleta à

Aproximadamente a 50m a jusante do lançamento do efluente tratado pela

ETE de Mangabeira – Bairros: Mangabeira - Valentina

87

Tabela 13

Média dos Resultados das Análises no Ponto de Coleta Próximo a

confluência entre o riacho Buracão e rio Cuiá – Bairros: Costa do Sol –

Paratibe – Barra de Gramame

88

Tabela 14 Média dos Resultados das Análises no Ponto de Coleta Próximo a

principal desembocadura do rio Cuiá no Oceano Atlântico 89

Tabela 15 Pontuação dos Indicadores da bacia do Cuiá 94

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xvii

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Comparação entre o Novo Paradigma Ecológico e o Paradigma Social

Predominante, proposta por Naess 23

Quadro 2 Relação de instrumentos da Política Nacional de Meio Ambiente 41

Quadro 3 Relação de instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos 42

Quadro 4 Distribuição de Classes 65

Quadro 5 Indicadores e Parâmetros de Sustentabilidade Aplicados a bacia do rio Cuiá 66

Quadro 6 Indicadores e Parâmetros de Sustentabilidade Aplicados a bacia do rio Cuiá 66

Quadro 7 Caracterização dos Tipos de Vegetação da bacia do Cuiá 73

Quadro 8 Uso e Ocupação do Solo da bacia do Cuiá 74

Quadro 9 Classes Sociais da bacia 93

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 19

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 22

2.1 Considerações sobre a Sustentabilidade 22

2.2 O uso de Bacias Hidrográficas como Unidades de Planejamento

para o Desenvolvimento Local Sustentável 35

2.3 Indicadores e o Índice de Sustentabilidade 44

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 56

4. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO 70

5. RESULTADOS 81

5.1.1 Avaliação dos Parâmetros físico-químicos e microbiológicos da

Água do rio Cuiá 81

5.1.2 Avaliação Socioeconômica da bacia Hidrográfica do rio Cuiá 90

5.1.3 Indicadores de Sustentabilidade Encontrados na bacia do Cuiá 94

5.2. DISCUSSÃO 100

6. CONCLUSÕES 110

6.1 Recomendações 113

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 117

8. APÊNDICES 124

9. ANEXOS 129

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19

1. INTRODUÇÃO

A reflexão sobre o tema desenvolvimento sustentável, juntamente com o aumento da

pressão exercida pela antroposfera sobre a ecosfera, levou ao crescimento da consciência

sobre os problemas ambientais gerados por padrões de vida incompatíveis com o processo de

regeneração do meio ambiente (VAN BELLEN, 2006).

De acordo com Dias (2002), devido a escassez de estudos sistêmicos sobre os

socioecossistemas urbanos, é necessário criar uma Rede de Informações e uma Estabilidade

Ecossistêmica que possibilite identificar ecossistemas estressados por impactos urbanos.

Esses impactos são relacionados por Guerra et al. (2005) e são definidos como processos de

mudanças sociais e ecológicas causados por perturbações no ambiente.

Na atualidade existe a necessidade do desenvolvimento e da aplicação de técnicas de

monitoramento ambiental que apresentem e forneçam dados confiáveis, práticos e de fácil

obtenção nas principais esferas do poder público e com a população, sobre os impactos

sofridos em um determinado ecossistema. Uma dessas técnicas é a aplicação de Índices de

Sustentabilidade, que aglutinam aspectos qualitativos e quantitativos das dimensões social,

ambiental, econômica e institucional.

Alguns sistemas foram desenvolvidos para mensurar tensores antrópicos como o PSR

(Pressure, State, Response), publicado pela OECD (Organization for Economic Cooperation

and Development, 1993) e suas derivações como o PSIR (Pressure, State, Impact, Response)

e o DSR (Driving force, State, Response) que permitem avaliar as pressões das atividades

humanas exercidas sobre o ecossistema, o estado ou a condição da qualidade ambiental e a

intensidade das reações da sociedade em responder as mudanças em prevenir impactos

negativos no meio ambiente e, dessa forma, identificar o grau de desenvolvimento sustentável

do ecossistema.

Dessa forma, a qualidade da água de uma bacia hidrográfica torna - se os principais

indicadores ambientais relacionados à sustentabilidade e podem ser influenciados por diversos

fatores e pressões antrópicas: clima, cobertura vegetal, topografia, geologia e formas de uso e

ocupação do solo. Esses processos fazem parte de um frágil equilíbrio, motivo pelo qual

alterações de ordem física, química ou climática, na bacia hidrográfica, podem alterar a sua

qualidade (DONADIO, 2005).

É possível identificar ao longo do litoral paraibano, sete grandes bacias hidrográficas

(Guajú, Camaratuba, Miriri, Mamanguape, Paraíba, Gramame e Abiaí), além de inúmeras

pequenas bacias que completam a rede de drenagem do litoral paraibano recortando a costa

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20

em direção leste - oeste. A maioria dessas bacias apresenta em suas desembocaduras um

sistema estuarino-lagunar usualmente barrado por um cordão arenoso e margeado por

vegetação típica de mangue.

A área objeto de estudo deste trabalho, compreende uma dessas pequenas bacias,

correspondendo a do rio Cuiá, localizada no litoral Sul de João Pessoa, capital do Estado da

Paraíba, que possui aproximadamente 41km2 de área e se encontra submetida a diferentes

tipos de tensores antrópicos de distintos graus de magnitude e importância, como expansão

imobiliária, lançamento clandestino de esgoto doméstico, acúmulo de resíduos sólidos, etc.

Por estar inserida totalmente em uma área urbana e ter alguns trechos classificados

como área de preservação permanente, a bacia do Cuiá necessita que sejam utilizados

métodos de monitoramento das condições ambientais que possibilitem identificar rapidamente

e com precisão os níveis de degradação, bem como as condições sociais e econômicas das

comunidades existentes na área.

Devido aos fatores de tensão na área em estudo não serem tão significativos e ainda existir

um médio nível de urbanização, há a necessidade de fornecer subsídios técnicos para

identificar e monitorar o nível de sustentabilidade dessa área, com elevado grau de

legitimidade, favorecendo uma resposta adequada para a sociedade a partir da intervenção do

poder público.

A pouca quantidade de estudos que promovam a integração entre as dimensões social,

econômica e ambiental e que foquem os preceitos do desenvolvimento sustentável em bacias

hidrográficas é considerado um problema deveras de repercussão muito mais ampla.

Contudo, na área delimitada por este trabalho (a bacia do rio Cuiá), o problema pode

ser identificado como a necessidade de criar ou incrementar a metodologia de coleta e análise

integrada de dados, que forneça suporte para ações de compensação ou preservação

ambiental, evolução social e desenvolvimento econômico, sempre havendo referência à

manutenção da sustentabilidade local.

A pesquisa tem como objetivo principal, aplicar o índice de sustentabilidade na bacia

hidrográfica do rio Cuiá, com o intuito de gerar informações para a sociedade e para o poder

público e subsídios para a definição de ações de conservação para a bacia, segundo a Agenda

21 local.

Como objetivos secundários, pretende-se:

1. Elaborar um diagnóstico geral e atual sobre as características da área de estudo.

2. Efetuar o levantamento de dados socioeconômicos da bacia hidrográfica através de

entrevistas.

Page 21: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

21

3. Obter dados sobre a qualidade da água do rio Cuiá.

4. Identificar indicadores de desenvolvimento sustentável e sua melhor aplicabilidade.

5. Identificar oportunidades de melhoria e recuperação da bacia hidrográfica do rio Cuiá.

6. Propor ações de melhoria a partir do índice de sustentabilidade utilizado na área de

estudo.

O que este trabalho propõe é a utilização de um sistema de indicadores e índices que

se fundamenta pela representação de características e propriedades quantitativas e

qualitativas de uma dada realidade, mesmo que Van Bellen (2006) considere os

indicadores como instrumentos imperfeitos e não universalmente aplicáveis, mas que

fazem parte do processo de compreensão das relações entre o meio natural e a sociedade,

para que possam ser estipuladas metas financeiramente viáveis, politicamente praticáveis,

social e ambientalmente aceitáveis.

Esta dissertação está dividida basicamente em seis partes.

A primeira é Introdução.

A segunda é a fundamentação teórica que apresenta considerações sobre a evolução

dos conceitos de sustentabilidade, o uso de bacias hidrográficas como unidades de

planejamento para o desenvolvimento local sustentável e discussões acerca do Índice de

Sustentabilidade empregado em socioecossistemas urbanos.

No terceiro capítulo são descritos os aspectos metodológicos utilizados na pesquisa.

O quarto capítulo trata da descrição da área de estudo, abordando as diferentes

características da bacia hidrográfica, quanto aos aspectos gerais de cobertura vegetal,

pedologia, geologia, malha urbana, manejo e uso dos solos e recursos hídricos.

O quinto e o sexto capítulo destacam a apresentação e discussão dos resultados do

trabalho, caracterizado pela avaliação dos parâmetros físico-químicos e microbiológicos

da água do rio Cuiá e o levantamento das características socioeconômicas dos bairros que

compõe a bacia hidrográfica em estudo. Neste ultimo, também são discutidos os

indicadores de sustentabilidade que foram identificados na bacia e a aplicação prática do

sistema de índices e indicadores, as conclusões e descreve de maneira propositiva,

algumas sugestões para a melhoria dos indicadores de sustentabilidade que foram

visualizados na área de estudo e como posterior consequência a melhoria do índice de

sustentabilidade da bacia hidrográfica.

Page 22: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

22

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Considerações Sobre a Sustentabilidade

Em 1968 é criado o Clube de Roma, um grupo que reúne cientistas, economistas,

políticos, chefes de Estado, etc. interessados em promover um crescimento econômico estável

e sustentável da humanidade. Criava-se neste momento os termos Bioeconomia, Ecoeconomia

ou Economia Ecológica de Georgescu-Roegen, que combinava conceitos econômicos e

biológicos tornando imperativo a internalização dos custos ecológicos e sistemas regulatórios

dos mecanismos de mercado.

Esse conceito de Economia Ecológica modela uma filosofia em que os sistemas

ecológicos estão inseridos no sistema econômico e se comportam de maneira semelhante,

sugerindo a possibilidade de reordenar o mercado introduzindo condições ecológicas no

sistema econômico.

De acordo com Buarque (2008), o mercado é um mecanismo de racionalidade

econômica, pois orienta com “eficiência” e “rapidez” a viabilidade de investimentos

financeiros, mas o mercado possui um horizonte de curto prazo e restrito, características que o

torna incapaz de estar integrado ao novo paradigma de desenvolvimento sustentável de longo

prazo.

Contudo, os interesses de utilização e extração dos recursos oferecidos pela natureza

são totalmente dominados pela lógica mecanicista do mercado, considerando a conservação e

preservação do meio ambiente como custo adicional e a sustentabilidade como uma forma de

perpetuação do conflito político gerado entre os interesses ambientais e econômicos,

agravados ainda pela complexidade e diversificação dos agentes, atores, instituições e a

necessidade de uma participação democrática, forçando ações de planejamento do Estado para

tentar conter o mercado.

Em 1972 o Clube de Roma que publicou o documento The Limits of Growth (Limites

do Crescimento), com o mesmo relatório que simulava como seria a evolução da humanidade,

se esta continuasse seu ritmo de exploração dos recursos naturais até o ano de 2100.

Como consequência destes fatores, a conclusão do Clube de Roma basicamente era a

que teria que haver “Crescimento Zero” ou uma “Economia de Estado Estacionária” que

limitasse o desenvolvimento dos países de terceiro mundo.

Essa proposta se configurou ser verdadeiramente utópica, devido a natureza

desestruturadora do paradigma econômico - político vigente e pela radicalização de seus

Page 23: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

23

fundamentos, que não visualizavam a possibilidade de integração proposta por Roegen. Essa

mesma proposta ganhou força quando no ano seguinte (1973) surge a Ecologia Profunda

proposta por Arne Naess.

O Quadro 1 resume comparativamente a dicotomia identificada por Naess, entre as

características da Novo Paradigma Ecológico e o Paradigma Social Predominante. Nessa

comparação são destacados seus representantes, os Cornucopians1, que apoiam a visão de

mundo atual em que o desenvolvimento e uso dos recursos podem ser infinitos e o

Doomsayers2 que defendem a Ecologia Profunda como método para evitar a catástrofe

inevitável da extinção humana.

Quadro 1: Comparação entre o Novo Paradigma Ecológico e o Paradigma Social

Predominante, proposta por Naess

Paradigma Social Predominante Novo Paradigma Ecológico

Domínio da Natureza Harmonia com a Natureza

Ambiente natural como recurso para os seres humanos

Toda a Natureza tem valor intrínseco

Seres humanos são superiores aos demais seres vivos

Igualdade entre as diferentes espécies

Crescimento econômico e material como base para o crescimento humano

Objetivos materiais a serviço de objetivos maiores de auto realização

Crença em amplas reservas de recursos Planeta tem recursos limitados

Progresso e soluções baseados em alta tecnologia

Tecnologia apropriada e ciência não dominante

Consumismo Fazendo com o necessário e reciclando

Comunidade nacional centralizada Biorregiões e reconhecimento de

tradições das minorias

Fonte: Modificado de Naess, 1996.

Entretanto, recomendações do Clube de Roma, como a Ecoconomia, e as teorias de

Naess (Ecologia Profunda), por serem essencialmente ecocentristas, foram taxadas como

teorias radicais em descompasso com a realidade, que desconsideravam os fatores

econômicos e políticos que governam a sociedade.

Seria necessário reformular os fundamentos dessas propostas, considerando- se as

relações capitalistas dominantes do mercado sobre os recursos naturais.

1 Classe de pensadores que defende a capacidade infinita dos recursos naturais e da sabedoria humana em administrar tais recursos de forma a utilizá-los “ad infinitum”.

2 Corrente filosófica catastrofista, que apoia a mudança do paradigma social dominante por uma visão contundentemente ecocentrista.

Page 24: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

24

Surge então, em junho 1973, em uma reunião do Conselho Administrativo do

Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) em Genebra, o termo

ECODESENVOLVIMENTO, criado por Maurice Strong e reestruturado por Ignacy Sachs,

formulou-se como uma proposta que intermediava o conflito gerado em 1972 durante a

Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente em Estocolmo, onde a crise entre os

países pobres que queriam o crescimento a qualquer custo e os países ricos que defendiam a

idéia do crescimento reduzido para preservar os recursos naturais teve início.

De acordo com Sachs o Ecodesenvolvimento é a forma de desenvolvimento que

engloba além das questões ambientais, agrega fatores sociais, de gestão participativa, ética e

cultura. Sachs ainda elaborou seis aspectos fundamentais que devem nortear o

Ecodesenvolvimento:

1. A satisfação das necessidades básicas.

2. A solidariedade com as gerações futuras.

3. A participação da população envolvida.

4. A preservação dos recursos naturais e do meio ambiente em geral.

5. A elaboração de um sistema social garantindo emprego, segurança social e

respeito a outras culturas.

6. Programas de educação.

A partir dessas propostas, o desenvolvimento começou a ser analisado mediante uma

ótica diferenciada do que estava sendo discutido anteriormente, ou seja, havia sido lançada a

fundamentação política que iria se preocupar não somente com os índices de crescimento

econômico, mas também os impactos sócio-ambientais gerados pelas ações do homem,

mudando o significado da forma de pensar a relação entre o homem e a natureza.

Sachs escreveu em 1986, em seu livro (página 257), Ecodesenvolvimento : crescer

sem destruir:

[...] Promover o ecodesenvolvimento é no essencial, ajudar as

populações envolvidas a organizar-se, a educar-se, para que elas repensem

seus problemas, identifiquem as suas necessidades e os recursos potenciais

para conceber e realizar um futuro digno de ser vivido, conforme os

postulados de Justiça social e prudência ecológica [...]

Desta forma é possível visualizar que a crise não é somente ecológico-ambiental, é

uma crise de percepção dos problemas que envolvem a relação entre os seres humanos e o

meio ambiente, e assim criando a necessidade de fundar novos modos de produção e estilos

Page 25: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

25

de vida, adaptados as potencialidades ecológicas locais e a diversidade cultural das

populações (Sachs, 1986).

Entretanto, para que seja possível alcançar esse estágio de modos de produção

considerados sustentáveis, a civilização precisa passar por uma crise, uma crise que leve a

humanidade aos limites de sua existência, esta por sua vez se manifesta, segundo Leff (2009),

na elevada degradação ambiental, regida pelo predomínio do desenvolvimento tecnológico

sobre a organização da natureza.

De acordo com Leff (2009), os fatores que tornam a crise mais grave, dificultando a

implementação de medidas que tornem factível o equilíbrio entre o desenvolvimento e a

preservação ambiental, são as ações e interpretações tomadas pelos atores sociais no

tratamento das dívidas ambiental, financeira e da razão. Cada uma delas representa os pilares

das principais mudanças que a civilização precisa entender para alcançar o equilíbrio.

A dívida financeira está associada ao modelo econômico vigente, enquanto a

mentalidade capitalista e consumista estiver norteando os valores da sociedade, sempre haverá

um dominante e um dominado, ocorrerão conflitos que sempre serão resolvidos pelo uso do

poder econômico.

Ou seja, sempre que os interesses econômicos estiverem presentes, os demais

interesses (sociais e ambientais) estarão em segundo plano, pois dívida financeira em qualquer

nível pode ser paga, ajustada, refinanciada.

A dívida ambiental pode ser caracterizada pela forma de valoração dos serviços

oferecidos pela natureza3. Essa dívida não pode ser paga, pois não é possível dar valor para

certos aspectos da natureza, mas ela pode ser redistribuída de forma mais equitativa entre os

países, evitando o desequilíbrio entre países que extraem e utilizam todos os seus recursos

para subvencionar países mais industrializados.

3 CONSTANZA, 1980. O método da análise de energia propõe que, uma vez que os seres humanos avaliam os

objetos de acordo com o custo de produção, então os valores ecológicos devem ser definidos de acordo com

custos de energia para ser organizados com relação a seu meio ambiente. Essa quantidade de energia e assumida

como sendo a capacidade de um ecossistema em desempenhar as funções uteis para um sistema socioeconômico.

CONSTANZA, 1997. Os serviços dos ecossistemas e do estoque de capital natural são produzidos

essencialmente para o funcionamento do sistema terrestre de apoio à vida. Eles contribuem para o bem-estar

humano, direta ou indiretamente, portanto, representam parte do valor econômico total do planeta. Foi estimado

o valor econômico atual de 17 serviços do ecossistema para 16 biomas, com base em estudos publicados e alguns

cálculos originais. Para toda a biosfera, o valor é estimado na faixa de US$ 16-54 (1012) por ano, com uma média

de US$ 33 trilhões dólares por ano. Devido à natureza das incertezas, é necessário considerar uma estimativa

mínima global total do produto nacional bruto que é de cerca de US$18 trilhões dólares por ano.

Page 26: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

26

A outra dívida é a da razão, as posições tomadas diante desta, podem fomentar a

manutenção do círculo vicioso da dominação e opressão do sistema econômico, ou, libertar os

mecanismos de submissão utilizados para manter a perpetuação da dívida financeira dos

países em desenvolvimento, quebrando o elo da dependência da ordem mundial.

Avaliando a evolução da preocupação mundial em manter o equilíbrio das relações

entre desenvolvimento econômico, preservação dos recursos naturais e introduzir fatores de

equidade social, um novo termo foi criado para que fosse possível unificar de forma mais

abrangente as diversas e complexas interações dos sistemas ecossocioambientais e político-

econômicos, pois as propostas anteriores tiveram dificuldade em se adaptar as rápidas

mudanças tecnológicas, que por sua vez influenciam diretamente em cada um desses sistemas.

Desta vez o termo proposto foi de DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.

A expressão foi usada oficialmente pela primeira vez na Assembleia Geral das Nações

Unidas em 1979, mas a definição oficial somente foi aceita e adotada pela academia depois de

descrita e elaborada pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento no

Relatório Brundtland, também conhecido como Nosso Futuro Comum (Our Commom

Future), publicado em 1987. O foco principal desse documento traduz a Sustentabilidade

como “o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a

capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”.

Esse conceito foi muito bem aceito por parte da sociedade da década de 80, que

sempre usufruiu dos recursos naturais de forma desmedida e através deste conceito configura-

se uma forma de compensar séculos de extração predatória e agressiva dos recursos, pois a

escassez destes levaria a humanidade a um futuro pouco promissor e de destruição.

A ideologia política deste documento é revolucionária, os documentos e tratados

posteriores, elaborados utilizando como base as informações do relatório Brundtland,

apresentavam a verdadeira dimensão do problema que a humanindade iria enfrentar, caso não

fossem tomadas medidas efetivas para conter o consumismo, a degradação ambiental e a

redução das desigualdades sociais. Ou seja, segundo a Comissão, o desenvolvimento deveria

ser um direito equitativo inter e intrageracional, independente de como ou a que custo isso

ocorreria.

Nessa época, as recomendações do relatório eram revolucionárias, era a saída para a

humanidade desviar - se do abismo para o qual estava se dirigindo. O documento traçava

metas para que a humanidade continuasse a consumir indefinidamente, buscando alternativas

tecnológicas que melhorassem o rendimento da utilização de seus recursos, objetivando

Page 27: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

27

garantir a permanencia do homem na Terra, mas não deixava claro qual o caminho a ser

seguido para se alcançar tais objetivos.

Entretanto, o relatório não descreve nenhum mecanismo global de inclusão das

pessoas (de quaisquer gerações) atual e futuramente excluídas deste sistema de

desenvolvimento para que se reduzam as desigualdades sociais.

Desta forma a sustentabilidade do desenvolvimento seria aplicada globalizadamente

apenas para aqueles que já estão inseridos no sistema econômico vigente. De acordo com

Sachs (2008), é proposto avançar a um grau de pós – desenvolvimento acompanhando a

lógica do mercado, mas sem explicar qualquer conteúdo operacional concreto.

Então, é possivel inferir que o desenvolvimento sustentável (DS) descrito pela

comissão Brundtland indica a direção política que deve ser tomada, mas não exige que

mudanças cruciais sejam feitas para que os preceitos da sustentabilidade mantenham - se em

equilíbrio, fragilizando a ideia de justiça social e fortalecendo o pressuposto de que o DS é

apenas mais uma forma de garantir que recursos naturais estejam disponíveis ao mercado por

muito mais tempo.

Muitos consideram que este conceito de DS tem uma natureza muito ampla,

multifacetada que não exige mudanças realmente importantes, capazes de alcançar o

equilíbrio entre as dimensões ambiental, social e econômica, e ainda que elas sejam

mutuamente excludentes, ou seja, admitem que não é possível compatibilizar crescimento

econômico com a conservação ambiental e equidade social.

O uso da expressão Desenvolvimento Sustentável ou Sustentabilidade tornou - se tão

comum na atual sociedade e nas diversas discussões de nível acadêmico que hoje existe certa

dificuldade em entender seu real conceito. Por esse motivo, grande parte das opiniões, que

circulam nos meios científicos, são antagônicas. Consideram a sustentabilidade como algo

utópico, um engodo, uma forma de conservar os recursos naturais, preservando as relações de

dominação e consumo da sociedade, mantendo o crescimento econômico e lucrativo das

empresas.

Segundo Leonardo Boff (2002):

[...] Atrás da expressão desenvolvimentos sustentável se escondem oportunidades e

também equívocos perigosos. Não podemos falhar com respeito ao tema, pois suas

consequências podem ser desastrosas para o futuro da Terra e da Humanidade [...]

Em suas produções literárias, Leonardo Boff defende veementemente a idéia de que o

desenvolvimento dificilmente será sustentável, pois está representado por uma contradição

conceitual. Ele explica que o termo desenvolvimento provém do sistema econômico

Page 28: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

28

dominante que é capitalista, obedecendo à regra de otimização produtiva e aumento da

eficiência na obtenção de lucros.

Já o termo sustentabilidade é a tradução da tendência dos ecossistemas em manter o

equilíbrio dinâmico cooperativo de todos os seres, do mais forte ao mais fraco. Boff ainda

dicotomiza o termo, identificando o desenvolvimento como uma forma de privilegiar o

indivíduo, a competição, a evolução do mais apto, o outro destaca a coletividade, a

cooperação e a co-evolução. Mas em um de seus artigos ele descreve a sustentabilidade ideal

como (Boff, 2006):

[...] Por fim, o ideal é chegarmos a um modo sustentável de vida,

bom para nós e para toda a cadeia da vida, desde os microorganismos

passando pelos vegetais e animais até os mais complexos que somos nós

mesmos [...]

E diversas autoridades científicas concordam com ele. Pesquisadores como David

Pearce (1993), Philippe Sands (2003) e Wilson Luiz Bonalume (2006), que justificam suas

posições mediante fatos mundiais que corroboram com a versão insustentável do

desenvolvimento.

Bonalume (2006), faz uso da expressão UTILIZAÇÃO PROGRAMADA em

substituição ao termo SUSTENTABILIDADE, em virtude de sua imprecisão e ambiguidade,

tendo em vista o uso incorreto e tendencioso do adjetivo, sustentabilidade.

Muitas empresas (públicas ou privadas) utilizam o termo sustentável de maneira a

confundir a população, transformando qualquer programa de distribuição e plantio de mudas,

racionalização de recursos, redução de resíduos em DS.

Esse tipo de comportamento coloca em cheque a integridade do verdadeiro foco da

sustentabilidade que é o equilíbrio dinâmico entre as dimensões ambiental, social e

econômica. Nesse caso sim, o que essas empresas fazem é a utilização programada, visando

não a sustentabilidade, mas a manutenção coorporativa de acesso aos recursos naturais,

minimizando os custos e maximizando os lucros.

A outra opinião está fundamentada na possibilidade da unificação equilibrada dos

interesses político-econômicos e socioambientais, buscando a integração ativa do fator

humano com a natureza e ainda modificar a percepção que a humanidade tem do meio

ambiente, desta forma é possível constituir uma base para discussão e reorientação das

políticas de desenvolvimento relacionando-as com os fatores ambientais.

É assim que a geóloga Suzi Huff Theodoro (2002) vê o desafio do desenvolvimento

sustentável, ela percebe que são necessárias mudanças estruturais nas diversas áreas de

conhecimento e na prática social, pois a grande amplitude do termo aglutina e converge as

Page 29: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

29

dimensões que antes eram vistas fragmentadamente, repensando “... a conexão entre a

ecologia e a economia, entre o público e o privado, entre a natureza, a comunidade e a

dimensão intersubjetiva.”

Outros pesquisadores compartilham da mesma opinião de Suzi Theodoro, como

Enrique Leff (2009), Ignacy Sachs (1993), Michael Hans van Bellen (2006), Sergio C.

Buarque (2004), pois entendem que o desenvolvimento e a conservação dos recursos naturais

não são excludentes, são na maioria das vezes conflitantes, mas podem ser compatibilizadas.

Esses autores percebem que a sustentabilidade é uma forma dinâmica de equilibrar as

distorções das dimensões econômica, ambiental e social. Entretanto, existe um impasse para

sua consolidação, esse impasse é originado a partir do conflito dessas dimensões e assim

inviabiliza ou dificulta o entendimento do que realmente é o desenvolvimento sustentável.

Então se não é possível conceituar de forma correta o DS, devido à ineficácia em

dirimir os conflitos gerados a partir dos diferentes interesses das esferas ambiental, social e

econômica, dificilmente será possível que sua operacionalização seja a mais adequada. Ou

seja, o conceito de sustentabilidade é simples, o complexo é entender o seu mecanismo

operacional para que os resultados sejam sustentáveis. Qualquer ação que não resulte em um

equilíbrio entre as dimensões não é sustentabilidade.

Buarque (2008, página 58) diz que:

[...] O conceito desenvolvimento sustentável resulta do

amadurecimento das consciências e do conhecimento dos problemas sociais

e ambientais e das disputas diplomáticas, mas também de várias

formulações acadêmicas e técnicas que surgem durante as três últimas

décadas com críticas ao economicismo e defesa do respeito ao meio

ambiente e às culturas [...]

Mas, uma dificuldade de ordem técnica, observada no método de operacionalizar o DS

é o tamanho da escala utilizada.

Quanto maior a área de influência das metas e ações relativas à sustentabilidade, maior

será o número de interações entre as diretrizes sociais, ambientais e econômicas e quanto mais

interações, maior será a necessidade de ajustar e compatibilizar as distorções e interesses das

dimensões da sustentabilidade.

Essas interações podem ser verificadas, por exemplo, na relação entre o plano diretor

de uma cidade, disponibilidade dos recursos ambientais e status social da população e no uso

do modelo pressão – estado – resposta (Figura 1), onde a complexidade das relações

especificam os indicadores de pressão das atividades humanas sobre o meio ambiente. Os

indicadores de estado, fornecem a visão da situação do ambiente e sua evolução temporal e os

Page 30: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

30

indicadores de resposta social mostram o “feedback” ou a resposta da sociedade às alterações

e mudanças ambientais.

Figura 1. Modelo de interação Pressão – Estado – Resposta em sistemas ambientais.

Fonte: Adaptado de Lira (2008).

Em resumo, as metas traçadas no relatório Brundtland envolviam parâmetros de

preservação ambiental, redução das desigualdades sociais e estabilidade econômica, mas não

descreviam a metodologia para sua implementação, contudo reforçam a teoria Malthusiana,

indicando que a escassez dos recursos naturais é a principal causa do desequilibrio da balança

da sustentabilidade.

Mas será que o real problema ou empecilho para se alcançar a sustentabilidade é a

quantidade dos recursos que são extraídos do meio ambiente sem que haja reposição? Na

obsolescência programada? No uso dos recursos para fins fúteis? No cosumismo

desnecessário? Ou será a forma como estes são utilizados e distribuídos? Ou o problema

ocorre no horizonte de mudanças políticas mundiais, que desvirtuou a sustentabilidade para

interesses dos países economicamente dominantes?

Em seu livro Ecologia do Absurdo, Tom Thomas (1994) critica contundentemente a

percepção distorcida dos ecologistas, que apontam as razões para a crise ambiental, como

sendo a escassez de alimentos, o crescimento demográfico elevado, etc.

O autor justifica sua posição, pelo fato comprovado de haver superavit na produção de

alimentos, mas esses alimentos não estão chegando democraticamente a todas as pessoas, pois

o poder econômico domina e dita as diretrizes sócio-políticas do planeta.

É possível acreditar que as políticas governamentais globalizadas almejam alcançar o

DS integralmente, incluindo o interesse na redução das desigualdades sociais e inclusão dos

que vivem à margem do sistema?

Page 31: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

31

Devido ao capitalismo, um sistema que reduza as desigualdades sociais

globalizadamente, não parece ser viável, entretanto a viabilidade da criação de uma sociedade

sustentável4 se configura uma alternativa política e ambientalmente operacional para o

cotidiano das sociedades.

Para a atual sociedade, essa definição de sustentabilidade (descrita no Relatório

Brundtland) necessita de diretrizes políticas concretas e adaptações técnicas que tornem viável

sua implementação, pois o conceito oficial já não atende as expectativas socioambientais da

população, devido às acentuadas distorções de percepção da crise ambiental. Ou seja, já não é

suficiente garantir quali e quantitativamente os recursos na atual e nas futuras gerações. Para

se alcançar a sustentabilidade é necessário, além de preservar o meio ambiente e seus

recursos, promover o equilíbrio econômico e subsidiar populações socialmente equilibradas.

É a partir dessa necessidade de ajustes, que é possível apresentar a sustentabilidade,

não como mecanismo de controle ou regulatório e sim como uma condição de equilíbrio

dinâmico entre as dimensões ambiental, social e econômica.

Independente das pressões sofridas em qualquer uma das esferas, a sustentabilidade é

o foco central e qualquer resultado fora dessa intersecção não pode ser considerado

desenvolvimento sustentável (Figura 2).

Figura 2. Modelo de equilíbrio sustentável.

Fonte: Adaptado de Buarque (2008)

4 "Uma sociedade sustentável é aquela que satisfaz as suas necessidades sem diminuir as possibilidades das gerações futuras de satisfazer as delas". (Fritjof Capra e Ernest Callenbach), 2008.

Baseiam-se principalmente na eficiência, economicidade e aproveitamento dos processos produtivos da sociedade e na utilização de matrizes energéticas de reduzido impacto ambiental.

Sugere a reflexão e a mudança do paradigma comportamental das pessoas de modo a compatibilizar os limites ambientais e as necessidades humanas.

Page 32: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

32

É a percepção interpretativa deste modelo associada ao dimensionamento da escala de

aplicação do DS que é possivel configurar o tamanho do desafio para sua implementação.

Por esse motivo, entender a sustentabilidade como uma condição a ser alcançada,

exige o desenvolvimento de mecanismos de planejamento, gerenciamento e execução de

planos e ações, direcionadas a atingir e manter o dinamismo do equilibrio sustentável,

servindo como forma de monitoramento contínuo e ainda fornecendo, através da aplicação de

sistemas de indicadores, dados confiáveis, práticos e de fácil obtenção junto as principais

esferas do poder público e a população inserida em uma determinada unidade de

planejamento, como por exemplo, um bioma, uma bacia hidrográfica, um município, um

estado, etc.

Em Buarque (2008) e Santos (2004) a proposição de um planejamento multi e

interdisciplinar para alcançar o desenvolvimento sustentável setorizado, localizado e pontual é

muito produtiva e com resultados esperados satisfatórios, pois desta forma é possível

minimizar o efeito das distorções das escalas de trabalho, sem haver isolamento das áreas de

influência direta e indireta da área planejada.

Ainda segundo Buarque (2008), é possível atingir o equilíbrio sustentável através do

Desenvolvimento Local (DL), que em suas palavras, é um processo endógeno de mudança,

que mobiliza e aproveita as potencialidades locais, torna mais competitiva a economia local e

aumenta a expectativa de conservação dos recursos naturais em pequenas unidades

territoriais.

Entretanto, para que esse desenvolvimento local seja consolidado, é preciso uma forte

intervenção do Estado para regular de forma eficiente e equitativa os resultados obtidos com a

sustentabilidade através de políticas públicas e uma gestão eficiente, como no esquema

apresentado na Figura 3.

Figura 3. Modelo de interação eficiente do Estado

Fonte: Adaptado de Buarque (2008).

Page 33: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

33

Contudo, é relevante destacar a necessidade dos aspectos de Governança5 estarem

associados ao planejamento e integração dos processos de desenvolvimento local com as

diretrizes de maior amplitude e maior complexidade (diretrizes regionais ou nacionais). Tendo

em vista sua inserção nas demais escalas, é claramente perceptível às influências positivas e

negativas, onde o DL está suscetível e desta forma aproveitar os fatores de dinamicidade

presentes nas relações entre cada esfera de planejamento, como apresentado de forma

esquemática na Figura 4.

Figura 4. Esquema de interação de influências dinâmicas entre diferentes escalas territoriais.

Fonte: Autor

Portanto, o planejamento ambiental associado à ideia de escala do Desenvolvimento Local

Sustentável configura- se como uma ferramenta útil para alcançar a sustentabilidade, pois ao

se determinar espacialmente a área de abrangência do planejamento e levar em consideração

os fatores externos intrínsecos às áreas de influência direta e indireta, será possível estipular

metas voltadas à sustentabilidade com maior precisão.

Entretanto, ainda nessa fase é necessário um grande número de dados que garantam

subsídios para a tomada de decisões, sobre quais metas e ações são relevantes para o

planejamento, esses dados podem ser caracterizados por Informações Descritivas de

Monitoramento Contínuo (IDMC) que representam a verdadeira situação local e em tempo

real, favorecendo a rapidez nas respostas às situações indesejáveis pelos tomadores de

decisão, representados pelo Estado, sociedade civil organizada e outros atores sociais.

5 A governança está relacionada ao respeito, atendimento de múltiplas expectativas, transparência, compromisso e responsabilidade e assim associa–lá a cidadania e vice- versa.

Page 34: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

34

Contudo, há o questionamento sobre como operacionalizar o monitoramento contínuo

para que seja possível utilizá-lo como ferramenta de ajuste aos objetivos traçados pela

sociedade, que procura uma relação e interação dinâmica e equilibrada com o meio ambiente.

Essa discussão vem ocorrendo desde 1960, formulando-se tratados políticos e

parâmetros de regulação econômica completamente inúteis, pois foram implementadas

parcialmente de acordo, principalmente, com os interesses dos países do primeiro mundo. O

dito desenvolvimento sustentável tem se apresentado tecnicamente possível, mas

politicamente inviável.

É suficiente apenas citar os artigos 5, 9 e 10 da Declaração Universal dos Direitos da

Água (1992) e contrapor com os relatórios da ONU:

Art. 5º - A água não é somente uma herança dos nossos predecessores; ela é, sobretudo, um

empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma necessidade vital, assim como

uma obrigação moral do homem para com as gerações presentes e futuras.

Art. 9º - A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as

necessidades de ordem econômica, sanitária e social.

Art. 10º - O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o

consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.

Relatório da ONU estima que 3 bilhões de pessoas, sofrerão com escassez de água

no planeta em 2025 (George Vidor, 2009)

Mais da metade da população mundial - cerca de três bilhões de pessoas - sofrerá

escassez de água em 2025, revela relatório divulgado pela Unesco, a agência da ONU para

Educação, Ciência e Cultura. Se as atuais tendências continuarem, incluindo as secas, o

aumento populacional, a crescente urbanização, a mudança climática, a proliferação

indiscriminada do lixo e a má administração dos recursos, o mundo se dirigirá para uma

catástrofe.

Com recursos cada vez mais escassos, o gerenciamento correto e o consumo

sustentável se tornam essenciais para que se mantenha o acesso às fontes de água, evitando o

agravamento da fome no planeta - diz diretor-geral da Unesco, Koichiro Matsura.

Crescimento populacional significa também mais pressão na agricultura, setor que

mais consome água no planeta (cerca de 70%). Caso os atuais métodos de irrigação do solo

não sejam aprimorados, a demanda do setor agrícola por água vai aumentar entre 70 e 90%

até 2050.

Fonte: Vidor, 2009.

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35

Nesse panorama, as perspectivas não são promissoras, pois a elevação da demanda de

água e o descuido com o acesso às fontes de água irão apresentar conflitos sociais graves,

como o aumento do número de doenças de transmissão e veiculação hídrica, por exemplo.

Está bem clara a relevância da relação entre os recursos hídricos e a sustentabilidade

no que diz respeito à proteção deste recurso e as necessidades de ordem econômica e social.

Isso reforça a necessidade de gerenciar os recursos nas bacias hidrográficas e que

levem em consideração não somente os aspectos técnicos do meio ambiente, mas também

contemplem as diretrizes sociais e econômicas que também fazem parte do conceito de bacia

ambiental urbana.

2.2 O Uso de bacias Hidrográficas como Unidades de Planejamento para o

Desenvolvimento Local Sustentável

A unidade espacial utilizada neste trabalho é uma bacia hidrográfica, pois

metodologicamente esta área está inserida em um contexto de compreensão, onde se

apresentam de forma unificada as interações e pressões sobre os sistemas naturais ou criados

pelo homem. Mas definir os limites dinâmicos de um ecossistema terrestre era considerado

difícil, até Bormann & Likens proporem a bacia hidrográfica como a unidade básica de

trabalho (Golley, 1993).

De acordo com Santos (2004), conforme já reconhecido por muitos autores, a adoção

da bacia hidrográfica6 (BH) como unidade de planejamento é de aceitação universal. Esse

critério é muito usado porque constitui um sistema natural bem delimitado no espaço,

composto por um conjunto de terras topograficamente drenadas por um curso d´água e seus

afluentes, onde as interações são integradas e melhor interpretadas e caracterizadas.

Mas para Odum (1988), um sistema somente é considerado ecológico quando constitui

uma unidade funcional que “abrange todos os organismos que funcionam em conjunto numa

dada área, interagindo com o ambiente físico de tal forma que um fluxo de energia produza

estruturas bióticas claramente definidas e uma ciclagem de materiais entre as partes vivas e

não vivas.”.

Desta forma é possível considerar os recursos hídricos como um bem natural

renovável, circulando ciclicamente entre a atmosfera e o subsolo, organizadas em bacias

6 Conceito clássico de bacia hidrográfica para identificação de limites territoriais.

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36

hidrográficas (ANEXO 1), entretanto esse ecossistema se fragiliza perante a complexidade

das funções urbanas.

Ao se tornar um território que inserido nas diversas atividades urbanas, a bacia

hidrográfica, tem elevado o grau de complexidade entre as interrelações dos usuários que a

compõem, assim são definidos novos desenhos hidrográficos com novas paisagens

ecossistêmicas. Se a localização das cidades às margens de cursos d’água permitiu, em um

primeiro momento, que o meio natural bacia hidrográfica fosse satisfatório como unidade de

planejamento, a diversidade de variáveis, que conduzem à expansão urbana, obriga a

visualização de novas conformações do meio físico. (Rutkowski & dos Santos, 1998).

Ou seja, conceitualmente, a definição clássica de BH considera apenas os aspectos

hidrológicos e hidrográficos pertinentes a área de estudo e estabelece prioritariamente que

esse é seu limite físico de análise.

Já o conceito de bacia ambiental é caracterizado por um espaço territorial de

propriedades dinâmicas, cujos limites são estabelecidos pelas relações ambientais de

sustentabilidade entre as dimensões envolvidas (econômica, ambiental e social) – (ANEXO

2).

É com base nesse conceito que o planejamento voltado para a sustentabilidade local se

concretiza, pois segue o mesmo direcionamento na realização das interconexões dinâmicas

entre as escalas de gestão ambiental.

Mas é relevante destacar que Santos (2004, página 43), propõe o conceito de Bacia

Ambiental7 como área de estudo voltada ao ambiente urbano. Nas palavras da própria autora,

por ser diferente do conceito clássico de bacia hidrográfica, a Bacia Ambiental é caracterizada

pelo:

[...] Somatório de unidades territoriais definidas pelas drenagens naturais de

águas superficiais, drenagens antrópicas (águas estocadas, de interesse dos

principais grupos sociais). É um espaço de conformação dinâmica que

valoriza as modificações feitas pelo homem no desenho natural da paisagem

e as relações ambientais de sustentabilidade de ordens ecológica, econômica

e social. [...]

7 RUTKOWSKI (1998) e SANTOS (2004) O conceito de bacia hidrográfica não considera em seus limites todas

as relações existentes entre as necessidades e anseios dos grupos sociais que atuam diretamente no espaço urbano e a disponibilidade de recursos hídricos. Em muitos casos não respeita limites políticos territoriais definidos pela sociedade, ocasionado interpretações parciais da real situação presente na área, assim, este conceito se apresenta de forma ineficiente na identificação da área real de influência dos objetivos propostos. O conceito de bacia ambiental ao relativizar o espaço físico, flexibiliza seus limites, privilegia as inter-relações nos diversos níveis e permite uma análise dinâmica da situação de uma área urbana.

Page 37: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

37

A mesma autora indica o grave erro de utilizar nos trabalhos de planejamento

ambiental os espaços territoriais de maneira isolada com técnicos de diferentes áreas de

conhecimento, pois esses tendem a considerar como produto final integrado a soma dos dados

espacialmente sobrepostos.

Mas as áreas que são exceções a esta regra são avaliadas considerando apenas a

temática original do inicio do planejamento. Ela afirma que essa técnica em muitos casos

retrata uma equipe desestruturada e com resultados poucos consistentes.

Por isso a proposta do estudo de uma Bacia Ambiental, trata todos os dados de forma

unificada por toda a equipe, sem haver priorização de focos ou objetivos.

O diagrama esquemático apresentado na Figura 5 demonstra o procedimento básico

para a definição da área de estudo dentro do conceito de bacia ambiental, este método

representa a soma das áreas que retratam as ações humanas atuais e do passado, bem como

engloba os efeitos ambientais de suas atividades, descrevendo dessa forma o interesse dos

grupos sociais e os interesses ambientais para constituir a bacia ambiental.

A definição da área de estudo como uma bacia ambiental corrobora e reafirma a

necessidade do uso de uma ferramenta que utilize as mesmas prerrogativas, como nesse caso

em especifico a metodologia do Painel da Sustentabilidade, que será descrita detalhadamente

mais adiante neste trabalho.

Figura 5: Diagrama esquemático para Avaliação Global da Paisagem.

Fonte: Adaptado de SANTOS, 2004.

Contudo é possível fazer uso diferentes estratégias para a definição das áreas de estudo

dentro de uma bacia hidrográfica ou ambiental. Em Santos (2004) são sugeridas quatro

formas de delimitação de áreas de estudo.

Page 38: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

38

A primeira delas é a de Limites Territoriais, muito utilizada por planos diretores, pois

restringem os cenários de atuação do plano aos limites territoriais legais, ou seja, divisão

política dos municípios ou estados (Figura 6).

Figura 6: Esquema para definição de área de estudo – Limite Territorial.

Fonte: Adaptado de SANTOS, 2004.

A segunda estratégia é chamada de Raio de Ação, pois são delimitadas áreas

concêntricas de interferência de diversos graus de magnitude. Esse método pode ser utilizado

no planejamento de atividades humanas de forma concentrada ou dispersa em uma

determinada área (Figura 7).

Figura 7: Esquema para definição de área de estudo – Raio de Ação.

Fonte: Adaptado de SANTOS, 2004.

A terceira estratégia é chamada de Corredor, sendo bastante utilizada no planejamento

que visa a conservação de territórios onde os padrões de paisagem possuem um padrão linear,

como por exemplo, rodovias, linhas de transmissão e assim é possível abranger um corredor

que margeia as atividades ou a paisagem que se planeja estudar (Figura 8).

Figura 8: Esquema para definição de área de estudo – Corredor.

Fonte: Adaptado de SANTOS, 2004.

A quarta e última estratégia é chamada de Unidade Homogênea, onde as regiões

apresentam territórios bem definidos em função de uma dinâmica própria de relação entre os

fatores de uso do solo. Nesse caso, o planejador deve delimitar a própria área, utilizando

características marcantes do local, como os limites um ecossistema ou somar áreas de

Page 39: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

39

diferentes escalas, como unir as áreas de uma bacia, os limites legais, corredores, etc. de

forma que uma complemente a outra (Figura 9).

Este tipo de estratégia favorece ao planejador o uso do método de indicadores, pois é

possível visualizar as potencialidades e fraquezas do território.

Figura 9: Esquema para definição de área de estudo – Unidade Homogênea.

Fonte: Adaptado de SANTOS, 2004.

Independente da estratégia escolhida para a definição da área de estudo, a ação

antrópica, a implantação progressiva de atividades econômicas e o adensamento populacional

de forma desordenada ao longo das bacias hidrográficas são fatores que têm promovido a

degradação da qualidade da água. Esses fatores, associados ao seu mau uso, torna esse recurso

um dos bens naturais de uso mais conflitante, haja vista, principalmente, o interesse mútuo

dos usuários (MESQUITA, 2005).

Dessa forma, a qualidade da água de uma bacia torna-se o principal indicador

ambiental relacionado à sustentabilidade e pode ser influenciado por diversos fatores e

pressões antrópicas: clima, cobertura vegetal, topografia, geologia, formas de uso e ocupação

do solo e crescimento da malha urbana.

Esses processos fazem parte de um frágil equilíbrio, motivo pelo qual alterações de

ordem física, química ou climática, na bacia podem alterar a sua qualidade (DONADIO,

2005).

Segundo Filho et al. (2005) os usos e atividades rurais insustentáveis provocam

alterações no ambiente natural, com reflexos sobre os recursos hídricos. Os desmatamentos,

os movimentos de terra e a poluição resultante do uso de pesticidas e fertilizantes são

exemplos de alterações ambientais que podem ocorrer no meio rural.

Assim, o controle qualitativo e quantitativo dos recursos hídricos depende do

disciplinamento do uso e ocupação do solo na bacia hidrográfica, os quais devem ser feitos de

modo a provocarem alterações compatíveis com os mananciais, em função dos seus usos.

Um dos mais importantes instrumentos para a gestão ambiental e de seus recursos é o

gerenciamento dos recursos hídricos, que pode ser traduzido como sendo uma ferramenta que

orienta o poder público e a sociedade, em longo prazo, na utilização e monitoramento dos

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40

recursos ambientais, econômicos e sócio-culturais, na área de abrangência de uma bacia

hidrográfica, de forma a promover o desenvolvimento sustentável (FARIAS, 2006).

A sustentabilidade está, portanto, intimamente ligada aos recursos hídricos, já que a água

vem se tornando um recurso esgotável (MIRANDA, 1999).

Contudo, o gerenciamento ambiental é composto por diversos mecanismos que subsidiam

os objetivos e ações das atividades do gerenciamento, bem como é formado por parâmetros

reguladores do Estado, que caracterizam o ambiente a ser transformado ou conservado.

Por exemplo, segundo Braga (2009), o uso de ferramentas de ordenamento territorial,

como Plano Diretor de Bacias e Microbacias Hidrográficas8, Plano Diretor Municipal e

Florestal, Zoneamento Ambiental Regional e Municipal e a implementação de áreas

legalmente protegidas, são os principais mecanismos para formulação de diretrizes

institucionais para manejo e conservação de áreas consideradas estratégicas para o Estado.

Assim, o disciplinamento das políticas públicas para conservação de recursos hídricos

(Lei nº 9433/97) prevê que “... a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso

múltiplo das águas (art. Iº, IV) e apresenta como objetivos assegurar à atual e futuras gerações

a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos

usos; a utilização racional integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário,

com vistas ao desenvolvimento sustentável (art. 2º, I e II).”

E para institucionalizar as regras de utilização dos recursos naturais, o Estado cria o

Comitê Gestor de Bacias com o objetivo de criar, implementar e avaliar as políticas públicas

necessárias para a efetiva gestão ambiental tendo como foco a sustentabilidade e desta forma

possibilitar a integração política, econômica e cultural.

Entretanto para que as regras sejam seguidas, o comitê gestor necessita de parâmetros,

valores mensuráveis, que analisados criticamente, fornecem dados aos tomadores de decisão,

e como dito em Yoshida (2007), é a partir desses dados que o comitê poderá iniciar uma

sólida e frutífera discussão visando a elaboração de um plano de bacia factível e significativo.

Então, para que ocorra o planejamento em qualquer unidade ambiental, faz-se necessário

gerar dados relevantes, que monitorem e direcionem as decisões relativas ao uso dos recursos.

Existem várias metodologias de geração e análise de dados, contudo, todas elas devem

obedecer ao marco regulador das leis. As duas principais leis federais são a de número 6.938

8 Previsto na Lei nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos e cria o Sistema Nacional de Recursos Hídricos.

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41

(BRASIL, 1981), que dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA) e a de

número 9.433, que dispõe sobre a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH).

Na primeira lei citada, são identificados doze instrumentos que visam a preservação,

melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia para a vida, assegurando, no país,

condições ao desenvolvimento sócio – econômico, aos interesses da segurança nacional e a

proteção da vida humana (BRAGA, 2009).

Já na segunda lei citada, os objetivos são de assegurar inter e intrageracionalmente,

qualitativamente e quantitativamente o acesso aos recursos hídricos, sua utilização racional e

integrada, com vistas ao desenvolvimento sustentável, a preservação e a defesa contra eventos

hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos

naturais (BRAGA, 2009).

Esses instrumentos identificados nas duas leis Quadros 2 e 3, também são apresentados no

artigo 225 da Constituição Federal de 1988. Essas diretrizes legais são os principais

fundamentos básicos para uma gestão ambiental sólida e constituem os mais importantes

subsídios para as tomadas de decisão na gestão ambiental, desde que plenamente

implementados.

Essas leis utilizam mecanismos diferentes para atingir seus objetivos e para que se

obtenham os efeitos esperados, é necessário aplicá-las de forma integralizada através do

planejamento dos comitês de bacia e de seus planos diretores, elaborados e executados de

acordo com as escalas temáticas e o planejamento do uso e conservação do recurso natural.

Instrumentos PNMA Lei nº 6.938 Estabelecimento de padrões de qualidade ambiental

Zoneamento Ambiental Avaliação de impactos ambientais

Licenciamento de atividades efetivas ou potencialmente poluidoras Incentivo à produção e instalação e produção de equipamentos e à criação de tecnologias voltadas para

a melhoria da qualidade ambiental Estabelecimento de espaços territoriais especialmente protegidos, como UC, federais, estaduais,

municipais e privadas Sistema nacional de informações sobre meio ambiente

Cadastro técnico federal de atividades e instrumentos de defesa ambiental Penalidades disciplinares ao não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção de

degradação ambiental Instituição do relatório de qualidade ambiental

Garantia da prestação de informações relativas ao meio ambiente, obrigando ao Poder Público a produzi-las, quando inexistentes

Cadastro técnico federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais

Quadro 2: Relação de instrumentos da Política Nacional de Meio Ambiente

Fonte: Adaptado de BRAGA, 2009.

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42

Instrumentos PNRH Lei nº 9.433 Planos de recursos hídricos

Enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água Outorga dos direitos de uso de recursos hídricos

Cobrança pelo uso de recursos hídricos Sistema de informações sobre recursos hídricos

Quadro 3: Relação de instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos

Fonte: Adaptado de BRAGA, 2009.

Entretanto, é necessário salientar e destacar que os mecanismos e objetivos descritos pelas

leis são e estão intimamente ligados ao conceito de sustentabilidade criado na década de 60

pelo Clube de Roma, onde é necessário analisar e conservar apenas os parâmetros ambientais

e consequentemente as demais diretrizes da sustentabilidade não são contempladas, nos

planos de gerenciamento de bacias, descartando dessa forma as reais influências antrópicas a

que uma bacia hidrográfica está submetida.

Braga (2009) destaca que os planos diretores de uma bacia de médio e longo prazo devem

conter no mínimo:

• Diagnóstico do status atual dos recursos hídricos.

• Análise dos padrões de ocupação do solo.

• Alternativas de controle demográfico.

• Balanço entre demandas futuras a atuais dos recursos naturais (quantitativo e

qualitativo).

• Identificação potencial de conflitos.

• Metas para o uso racional dos recursos hídricos.

• Plano de melhoria da qualidade dos recursos hídricos disponíveis.

• Ações preventivas e corretivas para implementação das metas traçadas.

• Cobrança financeira para uso ou poluição dos recursos hídricos e criação de áreas com

restrições de uso.

Não somente Braga (2009), mas também Silva (2002) e Santos (2004), consideram o uso

dos parâmetros qualitativos e quantitativos dos recursos naturais como informações

prioritárias para o desenvolvimento sustentável.

Mas para atender às verdadeiras prerrogativas da sustentabilidade, faz-se necessário a

unificação de outras informações de natureza sócio-política e econômico-institucional, no

plano diretor e não somente utilizar parâmetros técnicos de medições ambientais e dessa

forma compor uma Avaliação Global da Paisagem (AGP).

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43

Sendo assim, para que haja um plano diretor ou um planejamento ambiental adequado e

efetivamente as políticas públicas (a exemplo da PNMA) sejam efetivamente implementadas

com vistas a sustentabilidade, é necessário fazer uso de métodos que agreguem informações

das quatro dimensões do desenvolvimento sustentável, criando e analisando, não somente os

indicadores de qualidade ambiental, mas utilizando os indicadores sociais, econômicos e

institucionais em conjunto.

Somente nessas condições, será possível atingir as metas de sustentabilidade, propor um

planejamento executável, sem que haja priorização de exigências antrópicas ou naturais. Ou

seja, o planejamento ambiental que subsidia o plano diretor de uma bacia, precisa ser

formulado ou reformulado utilizando dados confiáveis, de fácil obtenção, financeiramente

viáveis, socialmente relevantes, facilmente absorvidos pela comunidade em geral e seu

resumo apresente o desempenho ou performance da sustentabilidade, segundo as diretrizes

traçadas pelo poder público e as condições específicas de cada local e escala de aplicação, no

caso deste trabalho, uma bacia hidrográfica.

Santos (2004) expõe essa preocupação do planejamento customizado9 para cada área de

trabalho, apresentando diversos fluxogramas para o planejamento ambiental, que se adaptado,

podem ser utilizados como estrutura simplificada para a elaboração de planos diretores. Por

exemplo, o fluxograma mostrado na Figura 10:

Figura 10: Fluxograma simplificado de planejamento

Fonte: Adaptado de SANTOS, 2004.

9 O planejamento customizado é personalizado para ser aplicado em um determinado local, ou seja, adaptado para as condições espaço-temporais da área de aplicação, mas tem garantida a reprodutibilidade em outras situações.

Page 44: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

44

Isso significa dizer que em cada local, de acordo com a escala espaço-temporal, que será

estudado, irá haver ajustes de acordo com a realidade do local, objetivos e metas a serem

traçadas, disponibilidade de recursos e tecnologia, marcos reguladores, áreas de influência,

etc.

É com base na necessidade de garantir a operacionalização de um planejamento em uma

bacia ambiental focado na sustentabilidade, que é possível desenvolver e aplicar subsídios

metodológicos que objetivem de maneira conservacionista manter quali e quantitativamente a

água, o solo, a vegetação e outros recursos naturais renováveis presentes em uma bacia urbana

e ainda associar outros fatores de natureza social e econômica.

2.3 Indicadores e o Índice de Sustentabilidade

Segundo Van Bellen (2006), uma das maneiras que viabiliza a sustentabilidade é o

desenvolvimento e a aplicação de sistemas de indicadores ou ferramentas de avaliação que

procuram mensurar a sustentabilidade.

O desenvolvimento dessa ferramenta faz uso de instrumentos técnico-científicos na

construção de respostas sustentáveis que reduzam o conflito entre sociedade e meio ambiente

possibilitando que se quantifique a sustentabilidade.

Isso somente será possível quando o poder público identificar, esclarecer e apresentar à

sociedade os processos não sustentáveis que podem ser monitorados, avaliados e, em função

dessa avaliação, os processos que podem ser mantidos, revertidos, agravados ou sanados,

dependendo apenas das ações e medidas corretivas e preventivas tomadas pelo gestor público

e pela população em geral, utilizando decisões políticas baseadas em informações reais,

concretas e confiáveis.

Entretanto, a complexidade do conceito de desenvolvimento sustentável e suas dimensões

multifacetadas, têm dificultado a utilização adequada dessa ferramenta, tendo em vista a

variedade de tipos de abordagens utilizadas para avaliar o grau de sustentabilidade, em função

do campo ideológico-ambiental ou da dimensão em que cada membro participante se coloca

dentro das perspectivas econômica, social, ambiental, geográfica e cultural.

De acordo com Veiga et al. (2008), o crescimento econômico sempre se deu em

detrimento da conservação da natureza, uma vez que os indicadores do desenvolvimento

sustentável têm demonstrado que a produção e o consumo das populações que mais

enriqueceram vêm causando um elevada pressão sobre a biosfera.

O Fundo Mundial para a Vida Selvagem (WWF - World Wildlife Fund) desenvolveu

indicadores básicos para mostrar como a saúde dos ecossistemas está se deteriorando

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45

rapidamente. O primeiro deles é o Índice Planeta Vivo (Living Planet Index) que avalia e

monitora a biodiversidade do Planeta e a Pegada Ecológica (Ecological Footprint) que mede a

pressão que a humanidade exerce sobre a biosfera. Esses indicadores demonstram claramente

as idéias de Amartya Sen, Celso Furtado e Ignacy Sachs que distinguem o crescimento

econômico do desenvolvimento (VEIGA et al. 2008).

Reis et al. (2005), descrevem que um modelo de desenvolvimento sustentável deve ser

capaz não só de contribuir para a superação dos atuais problemas, mas também de garantir a

própria vida, por meio da proteção e manutenção dos sistemas naturais.

Para tanto é possível fazer uso de métodos de avaliação e planejamento que

caracterizem o ecossistema possibilitando a criação de uma estratégia integrada na gestão e

conservação destes, culminando na identificação de indicadores e índices de desenvolvimento

sustentável local, de forma dinâmica.

Fornecendo a imagem real da situação de sustentabilidade e possibilitando agregar e

quantificar informações, tornando – as mais significativas, de fácil entendimento e

financeiramente viáveis.

Contudo, para que tais métodos de avaliação sejam eficazmente utilizados faz-se

necessário uma revisão de pressupostos éticos dos atuais modelos de organização econômica

e social. Buarque (2002, página 62) diz:

[...] tanto a natureza quanto a sociedade (incluindo o sistema econômico)

constituem sistemas complexos em equilíbrio dinâmico que combinam uma tendência

a desorganização e uma capacidade de auto-organização e auto-regeneração [...]

É possível dizer que o uso desta ferramenta, torna as quatro dimensões do sistema

analisado como um sistema transparente, como uma casa com paredes de vidro, onde todas as

informações podem ser vistas, avaliadas e planejadas dinamicamente, de acordo com o

resultado dos índices.

Avaliar que o DS tem que manter o equilíbrio entre as quatro dimensões através do

método sistemático de índices e indicadores pode responder a indagação de Bonalume (2006),

que diz: “Como é possível falar de desenvolvimento sustentável na utilização de recursos não

renováveis?” A resposta a essa pergunta pode ser dada descrevendo o que é Sustentabilidade

e o que não é.

Desenvolvimento Sustentável é o equilíbrio dinâmico e integrado entre as diretrizes

econômicas, ambientais, sociais e institucionais, onde essas diretrizes têm pesos iguais para a

sociedade, e garantir esse equilíbrio intrageracional é também garantir as gerações futuras,

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46

desde que este seja includente, ou seja, haja a inclusão pelo trabalho dos menos favorecidos

(SACHS, 2008). Qualquer coisa diferente disso é mera retórica.

Tendo em vista o exposto, é possível fazer os seguintes questionamentos.

1. Como equacionar problemas de múltiplas realidades e apresentando interações que

vão da esfera local a global?

2. Como eliminar as distorções causadas pela corrupção, conflitos e desigualdades

sociais e econômicas, degradação dos recursos naturais, etc.?

3. Como incluir na sustentabilidade as pessoas menos favorecidas que primeiro precisam

sobreviver para viver?

4. Como suprimir a ideia que a sustentabilidade é algo utópico, transformando em uma

realidade praticável?

É notório que existe a relevância das interferências da esfera global nas demais esferas

(nacional, regional e local), bem como ocorrem interferências no sentido inverso. A diferença

ocorre no grau de magnitude e na rapidez das mudanças entre uma esfera e outra.

Partindo da escala global para local, as mudanças são muito mais rápidas e apresentam

um espectro de abrangência mais amplo. Já partindo da escala local para a global, as

mudanças são muito mais lentas e tendem a abranger apenas o espaço de sua aplicação,

entretanto a consolidação dos resultados obtidos em uma escala local são mais eficientes

(Buarque,2008). Pode ter sido a partir daí que foi criada a premissa “Pense global, haja

local!”.

Sendo assim, uma forma utilizada para quantificar a sustentabilidade através de um

acompanhamento simultâneo e dinâmico das características e variáveis de uma determinada

área (bairro, bacia hidrográfica, município, região, Estado, país, etc.) é a criação de um Índice

de Sustentabilidade, que utiliza a avaliação agrupada dos indicadores característicos da área

como fonte de dados primários.

A aplicação desses indicadores é recomendada na Agenda 21 Global, que orienta que

os países devem desenvolver sistemas de monitoramento e avaliação do desenvolvimento

sustentável, adotando indicadores que mensurem as alterações e desequilíbrios nas dimensões

econômica, social e ambiental.

Diversos autores apresentam conceitos similares quanto ao uso de indicadores para

obtenção de características comportamentais, atributos expressivos e perceptíveis do sistema

analisado.

Para a OECD (1993), o indicador deve ser considerado um parâmetro que indique

informações sobre o estado de um fenômeno de significativa relevância.

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47

Para o IBGE (2008), “Os indicadores são ferramentas constituídas por uma ou mais

variáveis que, associadas através de diversas formas, revelam significados mais amplos

sobre os fenômenos a que se referem; também são essenciais para guiar a ação e subsidiar o

acompanhamento e a avaliação do progresso alcançado rumo ao desenvolvimento

sustentado, sendo este, um processo em construção, a formulação de indicadores também é

um trabalho em aberto.”

Para Van Bellen (2006 Página 42), o objetivo principal do indicador é:

“Agregar e quantificar informações de modo que sua

significância seja aparente. Eles simplificam as informações sobre

fenômenos complexos tentando melhorar com isso o processo de

comunicação.”

Essa significância que trata Van Bellen é a política social, bem como a relevância

ambiental e econômica.

Por esse motivo, para entender o conceito de indicadores aplicados a sustentabilidade,

é preciso abordar e conhecer suas principais funções.

TUNSTALL (1992) descreve as principais funções dos indicadores:

• Avaliar as condições e tendências em relação a metas e objetivos.

• Comparar lugares e situações.

• Prover informações de advertência.

• Antecipar futuras condições e tendências.

E Van Bellen (2002) ainda complementa o quadro de função de indicadores de Tunstall,

acrescentando as seguintes funções:

Função Analítica – As medidas ajudam a interpretar os dados, dentro de um sistema

coerente, agrupando - os em índices.

Função de Comunicação, Aviso e Mobilização – Familiarização dos conceitos e métodos

envolvidos na sustentabilidade pelos tomadores de decisão e ainda no estabelecimento de

metas e no mecanismo de avaliação e tornar público o sistema de indicadores, desde sua

concepção até sua implementação.

Função de Coordenação – Criar relatórios integrados entre os dados de diferentes áreas e

coletados por agências de controle distintas. A coordenação também deve funcionar em

termos orçamentais e de recursos humanos. Tudo deve ser aberto à população para que a sua

participação seja realmente efetiva e a mensuração dos indicadores sirva ao seu propósito.

Contudo, uma observação feita por Van Bellen (2002), alerta que “os indicadores são

de fato um modelo da realidade (semelhante a uma realidade ampliada), mas não podem ser

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48

considerados a própria realidade, entretanto devem ser analiticamente legítimos e

construídos dentro de uma metodologia coerente de mensuração.”

Vale ressaltar que a maioria dos sistemas de indicadores foram criados para atender

uma demanda ou necessidade específica e localizada (indicadores ambientais, econômicos, de

saúde, etc.) e por isso não podem ser considerados como indicadores de sustentabilidade, mas,

o agrupamento das informações desses indicadores, se apresentam com uma relativa

importância dentro do contexto do Desenvolvimento Sustentável.

Por isso existe a necessidade imperativa de utilizar sistemas interligados, indicadores

inter-relacionados ou de diferentes estados de agregação para se trabalhar com a complexa

realidade do desenvolvimento sustentável.

Os indicadores e índices tem o objetivo de mensurar o grau de sustentabilidade, de

modo que alerte sobre os efeitos do problema antes que se agrave, atuando proativamente nas

causas geradoras do problema e ainda possuir características imprescindíveis de acordo com

Van Bellen (2006).

As carateristicas ideais para os indicadores são:

a. Serem significativos em relação à sutentabilidade do sistema.

b. Serem politicamente relevantes.

c. Traduzir fiel e sinteticamente as preocupações do sistema planejado.

d. Permitirem a reprodutibilidade temporal das medições.

e. Prever a interação temporal e espacial dos diferentes elementos populacionais.

f. Promover as relações integradas dos indicadores trabalhados.

g. Ter a capacidade de mensurabilidade e viabilidade de tempo e custo para realizar as

medições dos indicadores.

h. Devem ser replicáveis e verificáveis.

i. Apresentar claramente os objetivos a serem alcançados.

j. Ser facilmente interpretado pelos usuários.

k. Possuir uma metodologia de medição clara e objetiva.

Desta forma os indicadores propiciam a transformação da discussão do plano teórico do

desenvolvimento sustentável para a possibilidade de uso operacional praticável.

Segundo Benetti (2006), a sociedade necessita de instrumentos técnicos- científicos e

políticos que descrevam qualquer informação relevante e identifiquem processos

potencialmente insustentáveis de desenvolvimento na relação entre a sociedade e o meio

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49

ambiente, e assim possam mensurar as percepções de sustentabilidade a curto, médio e longo

prazo de alguma forma.

Para criar e manter um sistema de monitoramento de uma realidade tão complexa é

necessário alimentá - lo com informações precisas e em todos os níveis de influência

(individual, comunitário, local, municipal, regional, estadual, nacional e internacional).

Portanto é necessário traçar metas ou objetivos para utilização dos indicadores de acordo com

as escalas ou níveis de influência. Mas de modo geral Van Bellen (2006) descreve como

objetivos de um indicador como:

a) Definir ou monitorar a sustentabilidade de uma realidade.

b) Facilitar o processo de tomada de decisão.

c) Evidenciar em tempo hábil a modificação significativa de um sistema.

d) Caracterizar uma realidade e permitir regular sistemas integrados.

e) Estabelecer restrições em detrimento de padrões determinados.

f) Detectar limites críticos e de segurança de acordo com a capacidade de resiliência de

um sistema.

g) Perceber as tendências e vulnerabilidades de um sistema.

h) Sistematizar as informações e simplificar a interpretação de fenômenos complexos.

i) Identificar ações relevantes e avaliar a evolução para alcançar a sustentabilidade.

j) Prever o desempenho do sistema, para alertar sobre condições de risco.

k) Detectar não conformidades que necessitem de replanejamento.

Esses objetivos favorecem a interação e intregação dos atores envolvidos, permite a

avaliação e o monitoramento contínuo do sistema, fornece informações que orientem a

tomada de decisões e eleva a percepção social sobre a realidade local focada na

sustentabilidade.

Mas devido à abragência desses objetivos é possível selecionar quais e quantos

indicadores são pertinentes ao planejamento da área de aplicação (município, bacia

hidrográfica, etc), desde que atendam aos critérios de confiabilidade, facilidade no

entendimento, mensuração e relevância para a avaliação de políticas de sustentabilidade e

possuam a estrutura de indicadores PSR ou suas derivações (DSR, DPSIR).

Entrentanto os indicadores estão fragmentados por dimensões (Indicadores Ambientais,

Indicadores Sociais, Indicadores Econômicos e Institucionais) e avaliar e monitorar cada

indicador isoladamente não garante as condições adequadas para alcançar o desenvolviemento

sustentável.

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50

Então é necessário separar os indicadores de sustentabilidade por estrutura temática,

avaliar de acordo com critérios descritos anteriormente e novamente unificá-los

qualitativamente através de um ou mais índices, que agregam um grande número de

indicadores, mas é imprescindível que não haja perda de informação vital na interpretação

desses dados.

Como exemplo é possível citar o Produto Interno Bruto (PIB), que agrega diversas

informações da economia, mas não pondera indicadores sociais e ambientais, assim, este

índice não é suficiente para caracterizar a sustentabilidade.

Mas de acordo com Beltrame (1994), é necessário eleger indicadores do meio físico ou

abiótico para fins conservacionistas que indiquem as potencialidades de proteção ou

degradação dos recursos naturais. Esses parâmetros foram escolhidos por refletirem as

características intrínsecas de uma bacia hidrográfica no que diz respeito aos aspectos

ambientais.

Portanto, o mecanismo de operação do uso de indicadores e índices é sequencial.

Inicialmente é identificada a escala e o local de aplicação do planejamento para atingir a

sustentabilidade, os dados primários são coletados, esses dados são analisados e comparados a

uma relação de indicadores relevantes para a área de acordo com as dimensões da

sustentabilidade e o tipo de sistema de monitoramento, o resultado quantitativo dessa

comparação gera indicadores das condições do sistema separadamente.

O agrupamento qualitatitvo desses indicadores produz um índice que agrega informações

relativas às dimensões social, ambiental, econômica e instituicional e assim é possÍvel

identificar a tendência da sustentabilide da área estudada. Esse esquema sequencial é

represantado pela pirâmide de dados (Figura 11).

Onde:

Dados primários são: Informação Bruta coletada junto a órgãos governamentais e a

população.

Dados analisados são: Dados relevantes que são agregados para elaboração dos

indicadores. São obtidos após a análise estatística ou multicriterial dos dados primários.

Indicadores são: Parâmetros ou diretrizes quantitativas formadas a partir da agregação de

dados levantados em campo.

Índice é: Representação média qualitativa elaborada a partir da avaliação do desempenho

quantitativo dos indicadores.

Page 51: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

51

Figura 11: Pirâmide de dados. Fonte:

Adaptado de Van Bellen (2006).

De acordo com Van Bellen, (2006), existem diversas ferramentas que monitoram o

grau ou a tendência de sustentabilidade de um sistema, cada uma com vantagens e

desvantagens e características diferenciadas pelo escopo, tipologia dos dados, esfera de

atuação, nível de agregação, participação, complexidade, apresentação, abertura e potencial

educativo.

As três metodologias reconhecidas internacionalmente são: Pegada ecológica

(Ecological Footprint Method), Painel de Sustentabilidade (Dashboard of Sustainability) e o

Barômetro de Sustentabilidade (Barometer of Sustainability).

O Ecological Footprint Method é considerado um método que possui pouca

influência nos tomadores de decisão por consistir em estabelecer a área de um espaço

ecológico necessária para a sobrevivência de uma determinada população e permite o

fornecimento de energia e recursos naturais capaz de absorver os resíduos ou dejetos do

sistema, considerando apenas a dimensão ecológica no levantamento de seus indicadores

(BRITO, 2007; DIAS, 2002e VAN BELLEN, 2006).

O Barometer of Sustainability utiliza duas dimensões: ecológica e social e possui

menor impacto sobre o público-alvo, pois possibilita através de uma escala de performances, a

comparação de diferentes indicadores representativos do sistema, gerando uma ampla visão

do estado da sociedade e do meio ambiente. Os resultados são apresentados por índices, em

uma escala que varia de uma base 0 (ruim ou péssimo) a 100 pontos (bom ou ótimo). (VAN

BELLEN, 2006).

O Dashboard of Sustainability é um índice que representa a sustentabilidade de um

sistema englobando a média de vários indicadores com pesos iguais, catalogados em quatro

categorias de performance: econômica, social, ambiental e institucional. É apresentado através

Page 52: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

52

de uma escala de cores que varia do vermelho-escuro (resultado crítico), passando pelo

amarelo (médio) até chegar ao verde-escuro (resultado positivo).

A Figura 12 mostra a representação da tendência de sustentabilidade utilizando o

método do Painel da Sustentabilidade.

Figura 12: Apresentação de dados pelo painel de sustentabilidade.

Fonte: Modificado de Van Bellen (2006).

Ao representar o baixo desempenho de indicadores locais (como indicadores sociais

em uma bacia hidrográfica, por exemplo) é possível corrigi-los ou melhorá-los mais rápida e

eficazmente, desde que as ações tomadas atinjam a causa dos problemas. Ao reproduzir em

diversos territórios da esfera local a metodologia de índices pelo Painel da Sustentabilidade,

que apresentam o desempenho dos indicadores e, consequentemente propõe ações de

melhoria, será possível influenciar fatores da esfera regional, a reprodução dos resultados

nesta esfera, proporcionará modificações nas condições da área investigada.

Mas vale salientar que é necessário um profundo compromisso ético do poder público

para subsidiar programas de assistência emergencial, como moradia e acesso a serviços

públicos de qualidade que garantam dignidade a população.

Programas que fomentem e desenvolvam oportunidades de qualificação e oferta de

emprego a população, bem como haja punição de crimes ambientais, proteção de áreas e

recursos naturais estratégicos e recuperação de áreas degradadas.

Page 53: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

53

A característica mais importante desta ferramenta é a de identificar clara e

rapidamente o que precisa ser solucionado, pois se as ações forem direcionadas para resolver

os verdadeiros problemas e suas reais causas, quem possui menor poder aquisitivo não irá

necessitar degradar o meio ambiente, pois será papel do Estado fomentar e complementar as

suas necessidades e ainda será papel do gestor público regular a oferta dos serviços públicos

equitativamente a todas as classes sociais.

Mas cabe ao Poder Público executar ações de efeito em longo prazo e a Sociedade

Civil monitorar e fiscalizar a implementação de tais ações.

O uso da metodologia de índices pelo Painel de Sustentabilidade pode reduzir as

distorções entre as escalas territoriais, pois utiliza a prerrogativa de reunir indicadores de

baixa agregação e considerar as conexões com as demais escalas, transformando a área de

abrangência em que foi aplicada. A metodologia é um exemplo a ser reproduzido em outras

dimensões.

Este trabalho faz uso do Painel da Sustentabilidade por considerar as quatro dimensões

da sustentabilidade e entender que o método de apresentação dos dados é mais simples se

comparado com as duas outras metodologias (BENETTI, 2006; VAN BELLEN, 2006).

Van Bellen (2006) analisou comparativamente os 3 (três) métodos de acordo com a

Tabela 1.

Sistema de Análise

Ecological Footprint Barometer of Sustainability

Dashboard of Sustainability

Escopo Ecológico Ecológico, Social Ecológico, Social,

Econômico e Institucional.

Esfera Global, Continental,

Nacional, Regional, Local, Individual, Organizacional.

Global, Continental, Nacional, Regional,

Local

Continental, Nacional, Regional,

Local, Organizacional

Tipologia dos dados

Quantitativo Quantitativo Quantitativo

Nível de agregação

Alto Alto Muito Alto

Participação Top- down Mista Mista Complexidade Elevada Mediana Mediana Apresentação Simples Simples (visual) Simples (visual)

Abertura Reduzida Mediana Mediana

Potencial Educativo

Forte impacto sobre o público-alvo. Pouco impacto

nos tomadores de decisão. Ênfase na dependência dos

recursos naturais

Forte impacto sobre os tomadores de decisão,

pouco impacto no público-alvo. Representação visual

Maior impacto sobre os tomadores de

decisão e no público-alvo.

Representação visual

Tabela 1: Análise comparativa conjunta dos indicadores de sustentabilidade.

Fonte: Adaptado de Benetti (2006).

Page 54: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

54

É através da criação e evolução das ferramentas que operacionalizam o

desenvolvimento sustentável que o conceito teórico de sustentabilidade pode se tornar real.

É no uso de um sistema de Índices e Indicadores que o verdadeiro ciclo DS ocorre,

pois desta forma é possível visualizar o objetivo final (a sustentabilidade integrada), fazer uso

de informações em escala espacial e temporal adequada (indicadores), monitorar a tendência

de sustentabilidade das dimensões de forma integral (índices) e assim fornecer aos tomadores

de decisão o subsídio técnico - científico que fomente a criação de políticas públicas e ações

corretivas que suprimam as não conformidades no cerne das suas causas e não nos seus

efeitos.

Entretanto alguns cuidados precisam ser levados em consideração na formulação dos

indicadores. Um deles é a agregação de dados na formulação do indicador ou do índice.

Agregar muitos dados em um indicador muitas vezes é necessário para elevar o grau

de conhecimento a respeito dos problemas ou não conformidades das dimensões analisadas,

contudo também devem fazer parte do método de mensuração da sustentabilidade, dados de

indicadores desagregados, para que possibilitem ações específicas, em áreas específicas do

escopo do sistema.

Isso quer dizer que quanto mais agregado ou agrupado o indicador, mais distante ele

estará dos reais problemas do sistema analisado e, consequentemente, ocorrerão maiores

dificuldades na articulação das medidas e estratégias a situações específicas.

A classificação dos indicadores segue o método de Painel da Sustentabilidade,

bastante estudado por VAN BELLEN (2006), que divide a sustentabilidade em indicadores de

4 (quatro) dimensões clássicas, seguindo a orientação da Comissão de Desenvolvimento

Sustentável das Nações Unidas. São elas:

DIMENSÃO SOCIAL – Indicadores formulados a partir de condições de equidade social,

como saúde, condições sanitárias, segurança, educação, moradia, etc.

DIMENSÃO ECONÔMICA – Indicadores caracterizados pelo desempenho financeiro local,

como comércio, consumo de bens, serviços e energia, renda familiar, etc.

DIMENSÃO AMBIENTAL – Indicadores formulados a partir de características ambientais

que promovam o equilíbrio e a preservação ambiental, como cobertura vegetal, qualidade de

recursos naturais (solo, ar, água, etc.), conservação da fauna, etc.

DIMENSÃO INSTITUCIONAL - Indicadores baseados na ação do poder público na

promoção do desenvolvimento sustentável, implementação e monitoramento do

desenvolvimento sustentável, preparo e resposta a desastres naturais, etc.

Page 55: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

55

Entretanto, os pesquisadores que criaram a metodologia do Painel da

Sustentabilidade, generalizaram os indicadores, tornando alguns deles inaplicáveis a

determinados locais ou até mesmo, desconsiderando certas particularidades da escala de

trabalho.

O tipo de abordagem na seleção dos indicadores, também pode funcionar como um

fator limitante em sua formulação. Existem dois tipos de abordagem, a top-down10

e bottom-

up11.

10

Top-down - Pesquisadores definem o sistema e o grupo de indicadores, que serão utilizados pelos tomadores de decisão, no caso o poder público e a sociedade, podendo ainda optar por adaptar as determinações dos pesquisadores às condições locais, mas não tem autonomia para alterar nada. A vantagem desse tipo de abordagem é a proximidade de validação científica e homogênea em termos de indicadores. A desvantagem é a nulidade do contato com as prioridades da comunidade.

11 Bottom-up - As escolhas são realizadas de forma participativa com a comunidade, líderes comunitários e representantes do

poder público, consolidando as decisões finais em consultas aos especialistas. O uso dessa abordagem é comum em escalas regionais e locais, pois envolve a comunidade como fonte primária na identificação de suas prioridades. A desvantagem é a limitação do foco na sustentabilidade, pois existe a possibilidade latente na priorização de aspectos emergenciais ou de curto prazo, levando a omissão de diretrizes cruciais para os demais aspectos da sustentabilidade.

Page 56: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

56

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O trabalho foi desenvolvido na bacia hidrográfica do rio Cuiá no litoral Sul de João

Pessoa (ver figura 14) e esta área foi selecionada por conter limites geográficos bem definidos

e facilmente identificados e ainda por apresentar importância estratégica para diversas

relações sociais e econômicas da cidade de João Pessoa e relevância na conservação de

ecossistemas costeiros.

Foram identificados e em seguida selecionados, de acordo com as possibilidades técnicas

de pesquisa, grupos de indicadores gerais que podem ser subdivididos em indicadores

específicos, de acordo com as características relevantes da bacia hidrográfica estudada.

Os indicadores biofísicos identificados pelo IBGE foram:

I – CLIMA

a. Erosividade pluviométrica.

b. Balanço Hídrico da BH.

c. Regime de chuvas.

II – PEDOLOGIA e GEOLOGIA

a. Características físicas e químicas dos solos (densidade de drenagem, nutrientes,

granulometria, taxa de escoamento e infiltração).

b. Suscetibilidade à erosão associada às características de declividade.

c. Características de relevo.

III - VEGETAÇÃO

a. Grau de semelhança entre a cobertura vegetal atual e cobertura vegetal original ou

nativa da BH.

b. Grau de proteção da cobertura vegetal fornecida ao solo.

IV – BIODIVERSIDADE ANIMAL

a. Variedade de espécies nos ecossistemas presentes na BH.

Cada um desses indicadores ambientais possui extrema relevância em uma bacia

hidrográfica, tendo em vista a inter-relação entre eles.

Como exemplo, o tipo e a qualidade da cobertura vegetal e o tipo de relevo irão ter efeitos

diretos na taxa de erosão, nas características pedológicas (porosidade, permeabilidade,

umidade e fertilidade), no regime de escoamento e infiltração, que por sua vez irá alterar o

balanço hídrico, como uma reação em cadeia dentro da BH.

[...] Quanto mais difícil a infiltração da água, maior o

escoamento superficial, o que consequentemente levará

Page 57: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

57

a maior esculturação dos canais. Isso pode explicar a

relação entre densidade de drenagem e sua influência no

potencial erosivo de uma bacia hidrográfica. [...]

(BELTRAME 1994, página 15).

Contudo, a manutenção ou a preservação das características ambientais, não garante o

atendimento às prerrogativas atuais da sustentabilidade, ou seja, o Diagnóstico Físico

Conservacionista (DFC) ou das características biofísicas, é altamente influenciado por fatores

antrópicos, que precisam ser diagnosticados a avaliados igualitariamente através do

Diagnóstico Socioeconômico (DSE) da bacia hidrográfica.

Sendo assim, foram identificados grupos de indicadores Socioeconômicos relevantes

na bacia hidrográfica descritos pelo IBGE.

São eles:

I – SERVIÇOS ESSENCIAIS

a. Acesso a educação.

b. Serviços de Saúde.

c. Disponibilidade de Transporte.

d. Disposição de resíduos e efluentes.

e. Acesso à água potável e energia elétrica.

f. Estruturas de moradia.

II – IMPACTOS ANTRÓPICOS

a. Densidade Populacional.

b. Usuários e Fontes poluidoras.

c. Uso e manejo dos recursos naturais (solo e água).

III – RECURSOS ESTRUTURAIS

a. Empregabilidade.

b. Desenvolvimento do comércio.

c. Telefonia e acesso a internet.

d. Estruturas de lazer.

e. Associações de bairro.

As mesmas interrelações entre os indicadores do DFC, são semelhantes aos indicadores

do DSE.

Por exemplo, quanto maior a magnitude dos indicadores de Impactos Antrópicos, oriundo

do crescimento dos Recursos Estruturais, maior é a necessidade do desenvolvimento da

qualidade e quantidade dos Recursos Essenciais. Consequentemente, quanto maior a sua

disponibilidade, maior é a necessidade de ajustes no uso dos recursos naturais renováveis ou

Page 58: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

58

não presentes na bacia hidrográfica, modificando a relação existente entre os aspectos

biofísicos e o Desenvolvimento Sócio – Econômico.

Dentre os indicadores descritos pelo IBGE, este trabalho selecionou alguns (que serão

descritos posteriormente), relacionando parâmetros de mensuração aos seus respectivos

indicadores.

A pesquisa foi realizada seguindo as seguintes etapas:

• Levantamento bibliográfico sobre o tema proposto em livros, revistas, periódicos,

internet, junto à Superintendência de Administração de Meio Ambiente

(SUDEMA), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Prefeitura

Municipal de João Pessoa e também por meio do cadastro de empreendimentos

imobiliários e turísticos da área, a fim de conhecer as atividades ali existentes, bem

como as características dos impactos ambientais gerados nessas áreas, e a Agenda

21 local.

• Determinação da escala local, como ponto de partida para a avaliação da

sustentabilidade.

A escolha da escala local para a avaliação da sustentabilidade foi feita de forma a

facilitar a incorporação e aplicação da metodologia do Painel da Sustentabilidade,

proposta por esse trabalho, ou seja, a escala definida para o trabalho foi uma bacia

hidrográfica urbana com limites territoriais definidos dentro da cidade de João

Pessoa, para que a consulta de documentações oficiais ficasse concentrada em

poucos órgãos governamentais.

• A escolha do sistema de análise da sustentabilidade da bacia do Cuiá foi feita

mediante a comparação entre as três principais metodologias reconhecidas

internacionalmente e optando por aquela que incorporasse melhor em seu escopo

as características identificadas na área de estudo.

O painel da sustentabilidade atende a essa expectativa por conter em seu escopo a

prerrogativa sistêmica de considerar as dimensões ambiental, social, econômica e

institucional.

• Identificação e caracterização da área de estudo, que têm por finalidade conhecer

“in loco” as principais características do local (vegetação, uso do solo, qualidade

dos recursos hídricos, ocupação urbana, oferta de serviços públicos, etc), fazendo

uso de questionários e visitas ao local, de modo a fornecer subsídios para a escolha

do método de gestão e planejamento a ser aplicado. A estrutura para a avaliação de

Page 59: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

59

escolha do método de planejamento é baseada na forma de Pressão – Estado –

Resposta, havendo a necessidade da verificação dos Indicadores de Pressão,

Indicadores de Estado e Indicadores de Resposta à que a área está submetida e

dessa forma, atendendo as principais características de confiabilidade, facilidade

de entendimento, mensuração e relevância para posteriores ações políticas.

• Coleta e análise de dados primários. A coleta dos dados primários em campo, na

aplicação de questionários e em gabinete está é a etapa de comparação que

forneceu parâmetros quantitativos e qualitativos das principais características

ambientais, econômicas e sociais e que posteriormente irão compor os indicadores

de sustentabilidade.

Esses dados primários são obtidos após a avaliação dos dados bibliográficos,

passiveis de mensuração e fatores aplicáveis a área de estudo.

A aplicação dos questionários semiestruturados e entrevistas foram realizadas em

todos os bairros que compõem a bacia do Cuiá, ao todo 21 bairros (Apêndice 2) e

aplicados 100 questionários por bairro, totalizando 2100 domicílios visitados no

período de dezembro de 2009 e Janeiro, Fevereiro e Março de 2010. O universo

amostral da pesquisa foi determinado aleatoriamente, devido a impossibilidade na

obtenção de informações junto aos órgãos públicos sobre dados populacionais da

região.

• Realização de monitoramento da qualidade físico – química e microbiológica da

água em seis estações ou pontos de coleta ao longo do rio pelo período de 10

meses, de setembro de 2009 a junho de 2010.

As metodologias utilizadas estão descritas na Tabela 2. Foram escolhidos esses

seis parâmetros de análise de água considerando-se três aspectos.

O primeiro é que existe a exigência de monitoramento desses parâmetros pelos

órgãos fiscalizadores.

Segundo, existe uma relação técnica entre esses parâmetros que reforçam a

interpretação e confiabilidade analítica entre eles e foram escolhidos por

representarem uma íntima relação entre si e as características ambientais.

E terceiro esses foram os parâmetros que a viabilidade e disponibilidade financeira

da pesquisa permitiu realizar durante toda a fase de coleta de dados para o

monitoramento da qualidade da água, pelo período de dez meses.

Page 60: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

60

Parâmetros analisados

Metodologia utilizada Metodologia

Coliformes Fecais Contagem de UFC em placas por membrana filtrante Standard Methods

Oxigênio Dissolvido Medição direta em oxímetro de campo Standard Methods

Condutividade Medição direta em condutivímetro de campo Standard Methods

pH Medição direta em pHmetro de campo Standard Methods

DBO Medição da depleção do OD por oxímetro Standard Methods

DQO Espectrofotometria de UV- VIS Standard Methods

Tabela 2: Parâmetros de monitoramento da água e seus métodos.

Fonte: Autor.

Os pontos foram estrategicamente escolhidos de forma a avaliar as características

do rio desde sua nascente até sua desembocadura, assim é possível acompanhar as

variações da qualidade da água do rio em locais que tenha relevância para

manutenção de sua qualidade. Essa forma de coleta possibilita contrapor os dados

oficiais pelas agências de controle ambiental do Estado e do Município.

A localização dos pontos de monitoramento da SUDEMA e da CAGEPA são:

Tabela 3: Pontos de coleta da SUDEMA e da CAGEPA na bacia do Cuiá.

Fonte: Autor

ÓRGÃOS SUDEMA CAGEPA

Ponto de Coleta

CA 01 - 05 metros à Jusante da Ponte de acesso ao Conjunto Ernesto Geisel

P 01 - 50 metros à montante do lançamento do efluente doméstico

tratado pela ETE

Ponto de Coleta

CA 02 - 05 metros à jusante da ponte que interliga Mangabeira ao Valentina

P 02 - 50 metros à jusante do lançamento do efluente doméstico

tratado pela ETE Ponto de Coleta

CA 03 - 2000 metros à montante da desembocadura no Oc. Atlântico

-

Ponto de Coleta

CA 04 - 50 metros à montante da desembocadura no Oc. Atlântico (Praia

do Arraial) -

Ponto de Coleta

LA 01 – 05 metros à montante da ponte que interliga Mangabeira a BR 230

-

Page 61: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

61

A Figura 13 mostra os pontos de coleta para monitoramento da qualidade da água pela

SUDEMA, os pontos de Coleta da CAGEPA e da PMJP e os pontos de coleta da pesquisa.

LEGENDA:

Figura 13 – Localização dos Pontos de Coleta da SUDEMA, CAGEPA/PMJP e da Pesquisa.

Fonte: Modificado da PMJP/SEMAM/DIEP 2009.

• Identificação e atribuição de Indicadores e do Índice de Sustentabilidade. Nessa

etapa de identificação dos Indicadores, foi feita uma avaliação multicriterial e

multidisciplinar dos dados primários levantados na etapa anterior. Essa avaliação

forneceu especificações mensuráveis, caracterizadas pelos Indicadores de

Sustentabilidade. A escolha dos indicadores foi feita de acordo com a

característica significativa em relação à sustentabilidade local, reprodutibilidade

das medições, mensurabilidade e enfoque integrado.

Dimensão Ambiental da bacia do Cuiá

• Cobertura Vegetal – Este indicador relaciona três parâmetros diretamente

proporcionais e que o resultado de sua avaliação abrange o estado da vegetação

presente na bacia. A relação entre Área Degradada, Área de Preservação e Zona

Urbanizada indica que o crescimento desordenado da Zona Urbanizada ou o aumento

da Área degradada, incidirá na redução da Área de Preservação. Esses parâmetros

foram mensurados mediante a visualização de mapas temáticos da área (SILVA, 2007)

292000

294000

296000

298000

300000

9208000

9206000

9204000

9202000

Pontos de Coleta SUDEMA Pontos de Coleta CAGEPA/PMJP Pontos de Coleta da Pesquisa

Page 62: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

62

(PMJP/SEMAN/DIEP,2009), que quantificaram os percentuais da vegetação de

acordo com o Uso do Solo como área urbanizada, plantio de culturas, áreas loteadas,

etc.

A pontuação deste item foi dada pelo percentual da área preservada em relação à área

total da bacia, fazendo uso dos mapas temáticos de uso e ocupação do solo, então o

percentual encontrado representou a nota dada para este indicador.

• Qualidade da água do rio – Este indicador relacionou os parâmetros de qualidade

físico-química e microbiológica da água selecionando pontos estratégicos do rio é

utilizando os mesmos parâmetros analíticos dos órgãos fiscalizadores do Estado da

Paraíba e do Município de João Pessoa. Os resultados encontrados são confrontados

com as exigências do CONAMA 357, para águas doces da classe três, avaliando desta

forma, o desempenho ou o nível de agressões a que o rio está submetido.

A pontuação deste item foi dada pelo percentual de todos os parâmetros de todos os

pontos analisados que não atendem as especificações da resolução CONAMA 357,

então o percentual encontrado representou a nota dada para este indicador.

Dimensão Institucional da bacia do Cuiá

• Implementação e Monitoramento do Desenvolvimento Sustentável – Este

indicador relaciona o parâmetros de desenvolvimento, divulgação, planejamento e

implementação de programas institucionais e ferramentas públicas de gestão local para

alcançar o Desenvolvimento Sustentável em sua concepção de equilíbrio igualitário

entre todas as dimensões da Sustentabilidade.

A pontuação deste item foi feita através da verificação das evidências de

funcionamento e eficiência dos programas institucionais promovidos pelos órgãos

públicos do Município e do Estado. Ou seja, a pontuação é proveniente pelo

percentual entre os itens exigidos pelo IBGE pelos itens que não foram implementados

na bacia.

• Monitoramento de Áreas de Preservação Permanente – Este indicador verifica o

nível de ações preventivas efetivas para o monitoramento das APP, cabendo ao poder

público monitorar e punir os que descumprem as determinações legais. Foram

verificados os parâmetros de Ações Preventivas Registradas nas Secretárias de Meio

Ambiente do Estado e do Município e o histórico de punições aos infratores.

A pontuação deste item foi feita pelo percentual de programas institucionais

promovidos para o monitoramento ambiental pelos programas exigidos pelo IBGE.

Page 63: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

63

• Preparo e Resposta a Desastres Naturais – Este indicador institucional relaciona a

capacidade do Poder Público em anteceder problemas de riscos ambientais a que a

população está submetida e intervir positivamente junto a população em caso de

desastres naturais. Os parâmetros avaliados para composição deste indicador foram de

encontrar a evidência nas agências governamentais um Programa de Prevenção a

Riscos Ambientais, Ferramenta de Divulgação de Procedimento Emergencial para

Remoção de Pessoas em Locais de Risco Ambiental e Plano Emergencial de

Recuperação de Desastres Naturais.

Ou seja, a pontuação é proveniente da comparação entre percentuais dos itens exigidos

pelo IBGE pelos itens que não foram implementados na bacia.

• Planejamento e Acesso a Informações – Este indicador é caracterizado pelo

planejamento e divulgação de metas e ações a serem concretizadas pelo poder público.

Único parâmetro passível de mensuração, foi a implementação do Orçamento

Democrático, pela PMJP e as ações da ONG Salve o Cuiá. Ou seja, a pontuação é

proveniente da comparação entre os percentuais dos itens exigidos pelo IBGE pelos

itens que não foram implementados na bacia.

Dimensão Social da bacia do Cuiá

• Estimativa de Densidade Populacional – Neste indicador a estimativa populacional

está diretamente relacionada à exigência da oferta e qualidade dos serviços essenciais,

também está relacionado com a melhor distribuição de moradias de acordo com a área

disponível. Foi verificado de acordo com o levantamento da malha urbana feito pela

da PMJP. Este parâmetro é caracterizado pela estimativa de aglomeração populacional

no bairro, este não é um parâmetro de quantificação, apenas estimado, mediante o

levantamento do número de habitações, áreas loteadas e demais características do uso

do solo. Neste trabalho foi classificado como Alta Densidade Populacional, Média

Densidade Populacional e Baixa Densidade Populacional.

A pontuação deste item foi dada considerando o percentual de alta densidade

populacional.

• Qualidade de Serviços Essenciais – Este indicador trata da avaliação que os atores

sociais (os usurários ou moradores da bacia) fazem dos serviços essenciais ofertados

pelo poder público ou por empresas privadas que possuem concessões de oferta. Foi

avaliada a qualidade do transporte coletivo, qualidade no fornecimento da energia

elétrica, qualidade no fornecimento da água potável, qualidade do ensino nas escolas

Page 64: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

64

públicas, sensação de insegurança, qualidade do atendimento médico nos postos de

saúde, saneamento básico e limpeza urbana. Este parâmetro é caracterizado pela

qualidade e quantidade da oferta dos serviços essenciais oferecidos à população, em

geral, englobam a oferta de serviços de empresas públicas ou serviços essenciais com

concessão às empresas privadas. Foram observados fatores de promoção da saúde

(postos de saúde, saneamento básico, fornecimento de água potável, coleta de lixo) e

segurança pública, acesso a educação, malha de transporte coletivo, rede de energia

elétrica e telecomunicações. A qualidade desses serviços foi classificada como

Satisfatória, Moderadamente Satisfatória e Insatisfatória, de acordo com o identificado

em entrevistas de campo (Apêndice 2 – Questionário de Avaliação Socioeconômica).

A pontuação deste item foi feita de acordo com o percentual de avaliação dos usuários

que responderam ao questionário de Avaliação Socioeconômica considerando a

qualidade do serviço como Insatisfatória.

Dimensão Econômica da bacia do Cuiá

• Desenvolvimento do Comércio – Este indicador avaliou se a diversidade do comércio

local dentro dos bairros atende as necessidades de seus moradores, ou se eles precisam

se deslocar para outros bairros ou regiões da cidade para encontrar o produto que

precisam. Este indicador foi mensurado utilizando como parâmetro a opinião dos

moradores captada nas entrevistas. Este parâmetro é caracterizado pela diversidade e

qualidade do comércio presente nos bairros (farmácias, mercados, lojas de serviços,

lojas de departamentos, serviços de alimentação, etc). O comércio dos bairros foi

classificado neste trabalho como Altamente Desenvolvido, Medianamente

Desenvolvido e Pouco Desenvolvido (Apêndice 2 – Questionário de Avaliação

Socioeconômica).

A pontuação deste item foi feita de acordo com o percentual de avaliação dos usuários

que responderam ao questionário de Avaliação Socioeconômica considerando a

qualidade do serviço como Insatisfatória Pouco Desenvolvido.

• Consumo de Serviços – Este indicador econômico utilizou como parâmetro o acesso

e o uso de serviços não essenciais, mas de relativa importância para a sociedade.

Como o uso de serviços de internet, TV por assinatura e planos de saúde. Este

indicador está intimamente relacionado com o indicador de Classes Sociais.

Neste item a pontuação foi dada pelo percentual de entrevistados que fazem uso desses

serviços em relação ao total de entrevistados.

Page 65: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

65

• Classes Sociais – Distribuição das Classes Sociais presentes em toda a bacia. Neste

indicador é contabilizada qual a representatividade das classes sociais encontradas na

bacia hidrográfica do Cuiá. Consequentemente, quanto maior o número de pessoas

com maior poder aquisitivo, maior será o consumo de recursos, energia, etc. Este

indicador foi obtido, utilizando o parâmetro de renda mensal familiar informado pelos

entrevistados. Esse parâmetro é caracterizado pela variedade das classes sociais

presentes nos bairros que compõem a bacia do Cuiá, decorrente da renda mensal

familiar (Apêndice 2 – Questionário de Avaliação Socioeconômica). Sendo

classificado de acordo com o quadro abaixo:

Classe Renda Mensal Familiar Classe Renda Mensal Familiar

A1 ≥R$ 14.400 C1 ≥ R$ 1.400

A2 ≥ R$ 8.100 C2 ≥ R$ 950

B1 ≥ R$ 4.600 D ≥ R$ 600

B2 ≥ R$ 2.300 E ≤ R$ 400

Quadro 4 – Distribuição de Classes Sociais.

Fonte: Consultoria Target

Neste item a pontuação foi dada pelo percentual médio das pessoas que se encontram

na faixa de renda mensal familiar nas classes C1, C2, D e E, que são as classes que possuem

renda mensal inferior a R$1.987,00, que segundo o DIEESE é o valor ideal de rendimentos

para suprir as necessidades básicas de uma família brasileira de até 3 pessoas.

O apêndice 1 apresenta o resumo das informações de caracterização socioeconômica

por bairro.

Os indicadores de todas as dimensões são compostos por parâmetros específicos

encontrados na bacia hidrográfica do Cuiá. Cada parâmetro é avaliado quanto o seu

desempenho ou impacto em relação à avaliação dos atores sociais envolvidos ou ao

atendimento das diretrizes legais estabelecidas por leis federais, estaduais ou municipais.

De acordo com os resultados obtidos na Avaliação dos Parâmetros físico-químicos e

microbiológicos da água do rio Cuiá, na Avaliação socioeconômica da bacia hidrográfica do

rio Cuiá e nas informações coletadas na Caracterização geral da bacia (características de

cobertura vegetal, uso e ocupação do solo, malha urbana, etc.) é possível determinar quais os

indicadores são aplicáveis à área de estudo e em seguida avaliar o desempenho de cada um

deles, utilizando o sistema de pontuação descrito na metodologia do trabalho.

Page 66: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

66

Neste trabalho, a pesquisa de campo para o levantamento de dados de caracterização

da bacia, possibilitou fazer um recorte dos indicadores aplicáveis e relevantes na mesma,

levantando apenas fatores dentro das quatro dimensões da sustentabilidade encontrados na

área de estudo. Os indicadores da bacia estão descritos nos Quadros 5 e 6.

Quadro 5 – Indicadores e Parâmetros de Sustentabilidade aplicados à bacia do Cuiá.

DIMENSÕES INDICADORES PARÂMETROS

Ambiental Cobertura Vegetal

Área Degradada Área de Preservação

Zona Urbanizada Uso do Solo

Qualidade do rio Qualidade Físico – Química Qualidade Microbiológica

Institucional

Implementação e Monitoramento do Desenvolvimento Sustentável

Programas Públicos de Preservação Ambiental e Planejamento Urbano na área da bacia

Programas de Desenvolvimento Social em Comunidades Subnormais

Monitoramento de Áreas de Preservação Permanente

Histórico de Punições e Ações Preventivas Registradas

Preparo e Resposta a Desastres Naturais

Programa de Prevenção a Riscos Ambientais Divulgação de Procedimento Emergencial para

Remoção de Pessoas em Locais de Risco Ambiental

Plano Emergencial de Recuperação de Desastres Naturais

Planejamento e Acesso a Informações

Orçamento Democrático/ Ações da ONG

Fonte: Autor

Quadro 6 – Indicadores e Parâmetros de Sustentabilidade aplicados à bacia do Cuiá.

DIMENSÕES INDICADORES PARÂMETROS

Social

Estimativa de Densidade Populacional

Densidade da Malha Urbana

Qualidade de Serviços Essenciais

Avaliação dos Cidadãos Quanto a Qualidade Transporte Coletivos

Qualidade no Fornecimento da Água Potável Qualidade do Ensino nas Escolas Públicas

Sensação de Insegurança Qualidade do Atendimento Médico nos Postos de

Saúde Qualidade da Limpeza Urbana

Qualidade Saneamento Básico (rede de esgotos)

Econômica

Desenvolvimento do Comércio Diversidade do Comércio Local

Consumo de Serviços Internet

TV por Assinatura Planos de Saúde

Classes Sociais Renda Mensal Familiar Fonte: Autor

Quanto pior o seu desempenho, menor será sua nota, essa nota será representada por uma

cor, no caso da menor nota a cor é vermelha escura, é justamente esse parâmetro de nota mais

Page 67: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

67

baixa que as ações corretivas precisam ser concentradas para que sejam sanadas as não

conformidades do indicador.

Se o indicador apresentar uma melhor condição, ele será representado por outra

cor e assim sucessivamente. Essa relação de pontuação com a escala de cores está

descrita na metodologia do trabalho.

• A união dos vários indicadores de sustentabilidade ambiental, social e econômica

forneceu o Índice de Sustentabilidade específico da área estudada, sem que ocorra

o isolamento com as demais áreas de abrangência da bacia, respeitando quatro

critérios gerais: relevância para ações políticas, utilidade para usuários,

fundamentação técnica e facilidade de medição.

• Para cada dimensão da sustentabilidade foi atribuído um peso igual12, (tendo em

vista, não haver consenso dos pesquisadores quanto às atribuições de pesos para os

indicadores) de acordo com o número de indicadores identificados na área de

estudo, dessa forma foi possível qualificar a tendência de sustentabilidade do local

de acordo com a pontuação multicriterial, onde 100 é excelente (valor máximo) e 0

é o Estado Crítico (valor mínimo) e sua tendência é dada pela fórmula 100*(X-

pior)/(melhor- pior), onde X é o valor atribuído pelo IBGE ao IDSM13 no Estado

da Paraíba, pior é o menor valor constante e melhor é o maior valor constante;

• Criação do Painel de Sustentabilidade. Após obter os resultados quantitativos da

avaliação de desempenho dos indicadores foi criada uma relação entre esses

valores e um gradiente de cores que vai do verde escuro, que representa a maior

nota, ao vermelho escuro, que representa a menor nota de acordo com a Tabela 4:

12 A atribuição de pesos iguais entre as dimensões da sustentabilidade segue a metodologia do Painel da

Sustentabilidade descrito por Van Bellen, 2006. 13 Índice de Desenvolvimento Sustentável para Municípios, no caso do Estado da Paraíba, o valor atribuído é 19.

Page 68: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

68

Intervalo de Pontuação Gradiente de Cores Intervalo de Pontuação Gradiente de Cores

0 - 10

51 - 60

11 - 20

61 - 70

21 - 30

71 - 80

31 - 40

81 - 90

41 - 50

91 – 100

Tabela 4: Relação entre pontuação e gradiente de cores.

Fonte: Modificado de Van Bellen (2006).

Essa relação entre as cores e o intervalo de pontuação foi processada da seguinte forma:

seguindo a premissa do método para o uso de pesos iguais para as dimensões, foram

estipuladas quatro faixas de cores para a zona crítica, quatro faixas para a zona ótima e duas

faixas para a zona intermediária, dessa forma os intervalos entre cada cor são equipolentes,

obedecendo ao valor de 10 pontos para cada faixa de cor.

• Ao concluir a relação numérica com as cores que caracterizam o desempenho de

cada indicador em suas respectivas dimensões foi confeccionada a primeira parte

do painel da sustentabilidade, onde a apresentação visual do desempenho dos

indicadores é de fácil entendimento.

• Para qualificar o índice que caracteriza a tendência da sustentabilidade local

através do painel da sustentabilidade foi feita uma operação de média aritmética

entre as dimensões da sustentabilidade analisadas, a qual forneceu um valor

numérico, que foi relacionado com a escala de cores. A cor identificada após essa

relação foi identificada como representação da Tendência de Sustentabilidade

Local, confeccionando - se a segunda parte do Painel de Sustentabilidade.

Page 69: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

69

• Desenvolvimento do método de avaliação da Sustentabilidade integrada. Nesta

fase foram consideradas as particularidades e especificidades da área de estudo,

como recursos hídricos, características de conservação da fauna e flora,

urbanização, desmatamento e outros indicadores de sustentabilidade ambiental,

equidade social e desenvolvimento econômico da área, sendo assim, de acordo

com a identificação e caracterização, foi possível representar o método para

atender os objetivos traçados no trabalho.

• Ao determinar-se a tendência de sustentabilidade pela elaboração do Índice de

Sustentabilidade Local, ações mitigadoras de conservação, manejo e uso do solo,

planejamento urbano e melhorias dos serviços públicos oferecidos pelas

instituições poderão ser formulados.

• Formulação de diretrizes. Identificados os Índices de Sustentabilidade da bacia do

rio Cuiá, foi possível formular diretrizes de controle e monitoramento de

sustentabilidade da área e ainda fornecer ao poder público e a comunidade,

subsídios e fundamentação científica para a manutenção do Desenvolvimento

Sustentável, respeitando as quatro dimensões temáticas da Sustentabilidade

(Dimensão Social, Ambiental, Institucional e Econômica) e ainda garantir o

planejamento do desenvolvimento local, observados os aspectos legais e

institucionais do uso e manejo dos recursos naturais presentes na bacia.

Page 70: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

70

4. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

A bacia hidrográfica do rio Cuiá está localizada na Mesorregião do Litoral Paraibano e na

Microrregião de João Pessoa, no Município de João Pessoa, na parte sul do litoral Paraibano,

entre as coordenadas (UTM) de 9.210.000 mN / 302.000 mE e 9200.00 mN / 292.000 mE

(Figura 14).

O clima local é do tipo tropical úmido com pluviosidade média anual de 2.000mm, e

temperatura média apresentando um gradiente entre 26 e 27ºC.

A área esta sob a influência dos ventos de sudoeste e as massas de ar mais características

que podem ser identificadas na bacia são:

Sistema do Norte, representado pela zona de Convergência Intertropical, o sistema do Sul,

representado pelas Frentes Polar Atlântica e Massa Polar Atlântica e o sistema do Leste, que

são a Massa Equatorial Atlântica e Alísios e o sistema do Oeste, representados pelas massas

equatorial continental e pelas linhas de instabilidade Tropical (Memorial Descritivo das

Intervenções Propostas para as Áreas das Comunidades Situadas nos Trechos do Alto e

Médio Curso do Rio, 2009).

A principal nascente do rio Cuiá está localizada no conjunto habitacional do Grotão

desaguando na planície costeira da Praia do Sol.

Um dos principais afluentes do rio Cuiá é o riacho Laranjeiras localizado na sua margem

esquerda e o riacho Buracão localizado na sua margem direita. Além desses riachos há um

grande número de córregos e ressurgências naturais que garantem a sua perenização,

mantendo uma vazão regular durante o ano todo.

Ao longo de seu percurso de aproximadamente 10 km, o mesmo segue o sentido

Oeste/Leste, até desaguar no Oceano Atlântico na Praia do Sol onde se forma um ecossistema

estuarino-lagunar.

A principal nascente do rio está localizada nas encostas dos rebordos dos tabuleiros

sedimentares costeiros no setor sul de João Pessoa, onde existem instalados diversos bairros.

Page 71: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

71

Figura 14 – Localização da Área de Estudo.

Fonte: Carta topográfica N.S. da Penha (escala original, 1:25.00) e imagem Google Earth, disponível em 20/04/09.

Page 72: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

72

Por estar totalmente inserida no meio urbano e permeada por bairros altamente

populosos (Figura 15). A bacia do rio Cuiá, apresenta características ambientais e

paisagísticas profundamente alteradas como fator agravante, a própria expansão dos conjuntos

habitacionais após os anos 70, que se intensificou nos anos 80 e 90 e mais recentemente a

aprovação de inúmeros loteamentos, consolidou as alterações da sua fisionomia.

LEGENDA:

Figura 15 – bacia Hidrográfica do Rio Cuiá apresentando a Malha Urbana e o sistema de

drenagem.

Fonte: PMJP/SEMAM/DIEP 2009.

Uma dessas alterações é a qualidade da água do rio, que desde sua nascente até a sua

desembocadura sofre continuamente os efeitos do desmatamento e do lançamento clandestino

de efluentes domésticos.

A SUDEMA, órgão ambiental responsável pelo monitoramento das características

físico-químicas e microbiológicas dos recursos hídricos do Estado e também os demais

diretrizes ambientais (cobertura vegetal, por exemplo), monitora mensalmente alguns

parâmetros exigidos pelo CONAMA 357, em 6 (seis) estações de coleta ao longo do rio para

Malha Urbana. Rede de Drenagem.

292000

294000

296000

298000

300000

9208000

9206000

9204000

9202000

Page 73: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

73

caracterizar, segundo o monitoramento do órgão fiscalizador, a qualidade da água ao longo de

seu curso, pois existem dados conflitantes quanto aos resultados das análises laboratoriais

entre os órgãos que monitoram a qualidade do rio e a sua realidade encontrada.

Segundo o Conselho de Politica Ambiental do Estado da Paraíba, o rio Cuiá está

classificado como sendo de ÁGUA DOCE, CLASSE 3, ou seja são águas destinadas a:

• Ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional ou avançado.

• A irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras.

• A pesca amadora.

• A recreação de contato secundário.

• A dessedentação de animais.

Juntamente com as alterações de ordem hídrica, ocorreram modificações nas

características qualitativas da vegetação, que foram descritas por Melo (2001), pois foram

introduzidas espécies exóticas, não naturais da mata atlântica na região do litoral, como o

Sábia (Turdus rufiventris), o Ficus (Ficus benjamina), a Aroeira (Schinus terebinthifolius) etc.

Consequentemente houve modificações também na área ocupada pelos diferentes tipos

de vegetação, devido aos tensores antrópicos e como dito anteriormente, a expansão

imobiliária foi um dos fatores que mais contribuiu para a consolidação dessas alterações.

Os principais tipos de vegetação existentes na bacia, são listados no Quadro 7.

Tipo de Vegetação Características da Vegetação

Capoeira de mata Formações vegetais secundárias decorrentes do desmatamento com

árvores menos que 10m.

Formações arbustivas

Revestimento de gramíneas e vegetação de médio a pequeno porte.

Vegetação herbácea

Gramíneas e com arbustos de menos porte, ocorrendo nas áreas alagadiças das planícies de inundação.

Mangues Áreas alagadas de influência marinha, ou seja, regiões alagadiças e

pantanosa, sujeitas ao movimento das marés.

Quadro 7 – Caracterização dos Tipos de Vegetação da bacia do Rio Cuiá.

Fonte: Modificado de MELO, 2001.

O que corrobora com os dados do trabalho de Melo (2001) sobre os tipos de vegetação

e o percentual do uso e ocupação do solo na área é o trabalho de Silva (2007), apresentado no

Quadro 8 e na Figura 16.

Page 74: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

74

Extensão em km2do Uso do

Solo Características do Uso de Solo

3,49 Cobertura de culturas, como culturas irrigadas e de ciclo curto.

6,47 Área destinada à expansão de loteamentos ou solos expostos.

15,73 Áreas ocupadas por conjuntos habitacionais e loteamentos.

7,98 Área coberta por gramíneas ou áreas de pastagem, predominantemente

vegetação natural de porte médio a baixo, árvores dispersas e áreas preparadas para plantações.

4,84 Áreas ocupadas por resquícios de Mata Atlântica matas e capoeiras.

1,36 Vegetação de mangue, que é caracterizado pela presença de área úmida

com influência da maré.

Quadro 8 – Uso e Ocupação do Solo da bacia do Rio Cuiá.

Fonte: Modificado de SILVA, 2007.

LEGENDA:

Figura 16: Uso e Ocupação do Solo do Cuiá

Fonte: Adaptado de SILVA, 2007.

A bacia é limitada ao norte com a bacia do Rio Jacarapé, ao sul com bacia do rio

Gramame, a oeste pelo Conjunto habitacional Ernany Sátiro e a leste pelo Oceano Atlântico.

Mangue. Ocupação Urbana. Expansão Urbana.

Mata e Capoeira. Gramínea Herbácea/ Pastagem. Culturas.

Page 75: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

75

A bacia do rio Cuiá compreende uma área de aproximadamente 40km2, com altitude média de

5 metros.

De acordo com o estudo realizado pela Prefeitura Municipal de João Pessoa (Memorial

Descritivo das Intervenções Propostas para as Áreas das Comunidades Situadas nos Trechos

do Alto e Médio Curso do Rio, 2009) é possível identificar 3 (três) compartimentos

geomorfológicos:

• Os Baixos Planaltos Costeiros - tabuleiros com interflúvios planos revestidos por

fragmentos de vegetação muito descaracterizada pela urbanização. Esses locais

encontram - se tomados pela construção e expansão de inúmeros conjuntos

residenciais, por exemplo, Ernesto Geisel, Funcionários I, II, Grotão, João Paulo II,

Valentina e Mangabeira.

• As Encostas - que abrigam em alguns setores, formações vegetais secundárias

remanescentes de porte arbóreo, o relevo desta área é considerado instável e muito

propenso ao processo de erosão eólica e pelo regime de chuvas.

• Planícies Aluviais - esta unidade é bem demarcada, composta por solos mal drenados,

encharcados com a formação de paús e vegetação muito característica de áreas

alagadas.

A geologia geralmente evidenciada na área é caracterizada pela presença exclusiva das

formações sedimentares meso-cenozóicas, identificadas também pelas formações do Grupo

Paraíba/Formação Gramame, representado pelo Calcário e pela Formação Barreiras,

constituída pelos litotipos como arenitos, argilitos e siltitos. Ocorrem também dispersos na

área os sedimentos Quaternários Holocênicos.

Em cada compartimento é identificado uma variedade de tipos de solo que apresentam

características bem definidas quanto a sua composição e a sua tendência à erodibilidade. De

acordo com as Tabelas 5, 6, 7 e 8 é possível observar suas diferenças.

Page 76: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

76

Unidade

geomorfológica

Tipo de solo

Características

Tendência à

Erosão

Baixos Planaltos

Costeiros Argissolos

Classe bastante heterogênea, que tem em comum um aumento substancial

no teor de argila com a profundidade. Podem ser muito arenosos ou muito

argilosos.

Intermediária

Litoral Argissolos Vermelho

Amarelos distróficos

Classes acinzentadas com fragipan e com horizonte A proeminente

abrúptico com fragipan Baixa

Tabuleiros Latossolos Vermelho

Amarelos Textura mais arenosa Elevada

Tabela 5 – Caracterização dos solos nos Baixos Planaltos Costeiros.

Fonte: Modificado da PMJP/SEMAM/DIEP 2009

Page 77: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

77

Unidade

Geomorfológica

Tipo de solo

Características

Tendência à

Erosão

Superfície e

encostas dos

tabuleiros

costeiros

Associações de

Latossolo Vermelho

Amarelo Distrófico

Textura média fase transição floresta subperenifólia/cerrado relevo plano e fase

cerrado relevo plano. Intermediária

Associações de

Argissolos

Vermelho Amarelos

Textura média fase floresta subperenifólia relevo plano e fase transição floresta

subperenifólia/cerrado relevo plano. Intermediária

Argissolo Vermelho

Amarelo Textura indiscriminada fase cerrado relevo plano. Intermediária

Argissolo Vermelho Textura argilosa fase floresta subcaducufólia relevo plano. Baixa

Argissolo Vermelho

Amarelo

Equivalente

Textura argilosa fase floresta subcaducifólia relevo suave ondulado. Baixa

Neossolos

Quartzarênicos Fase cerrado relevo plano e Aluvial. Intermediária

Tabela 6 – Caracterização dos solos na superfície e encostas dos tabuleiros costeiros.

Fonte: Modificado da PMJP/SEMAM/DIEP 2009.

Page 78: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

78

Unidade

geomorfológica

Tipo de solo

Características

Tendência à

Erosão

Planícies

Aluviais

Organossolos com

horizonte hístico (Solos

Orgânicos distróficos e

eutróficos)

Solos hidromórficos, pouco desenvolvidos, essencialmente orgânicos, muito ácidos,

constituídos de resíduos vegetais fibrosos de coloração preta a cinzenta muito escura,

com elevado teor de matéria orgânica, muito mal drenada, encontrada sob condições de

permanente encharcamento e originada de progressivas acumulações de matéria

orgânica proveniente dos vegetais.

Baixa

Organossolos tiomórficos

Organossolos háplicos

Gleissolos sálicos

(Solonchak)

Solos halomórficos e hidromórficos encontrados na orla marítima e na restinga

estuarina, que se desenvolvem sobre sedimentos recentes do Holoceno, nas

áreas baixas influenciadas pelas águas do mar ou salobra, estuários.

Correm na desembocadura do Rio Cuiá. A diminuição da correnteza favorece a

deposição de sedimentos finos de natureza argilo-siltosa, argilo-arenosa, em

mistura com detritos de matéria orgânica, ocorrendo também material mineral

de natureza arenosa.

Elevada

Gleissolos sálicos sódicos

(Solos salinos de mangue)

Gleissolos Tiomórficos

(Solos Tiomórficos

(mangues e paús)

Tabela 7 – Caracterização dos solos das Planícies Aluviais.

Fonte: Modificado da PMJP/SEMAM/DIEP 2009

Page 79: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

79

Unidade

geomorfológica

Tipo de solo

Características

Tendência à

Erosão

Planícies

Aluviais

Neossolos

Quartzarênicos

São solos com sequência de horizontes A-C, sem contato lítico dentro de 50 cm de

profundidade, apresentando textura arenosa ou arenosa fina nos horizontes. Elevada

Neossolos Flúvicos

(Solos aluviais,

eutróficos e

distróficos).

São solos derivados de sedimentos aluviais com horizonte A assentando sobre horizonte C

constituído por camadas estratificadas, sem relação pedogenética entre si. Elevada

Espodossolos

húmicos

Solos minerais com horizonte B espódico abaixo do horizonte A ou E ou abaixo de

hístico com menos de 40 cm.

Solos com acúmulo predominante de carbono orgânico e alumínio no horizonte B

espódico.

Intermediária

Ferrihumilúvicos

Solos com acúmulo predominante de compostos de ferro em relação ao alumínio.

Presença apenas de horizonte Bs dentro de 200 cm da superfície do solo, ou de 400

cm de profundidade.

Intermediária

Tabela 8 – Caracterização dos solos das Planícies Aluviais.

Fonte: Modificado da PMJP/SEMAM/DIEP 2009.

Page 80: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

80

Estão inseridos nessa bacia os seguintes bairros ou conjuntos habitacionais e ou parte

deles (Figura 17): Mangabeira, Valetina, José Américo, Cuiá, Costa do Sol, Paratibe,

Gramame, Cidade dos Colibris, Jardim Cidade Universitária, Água Fria, Planalto Boa

Esperança, Funcionários I e II, João Paulo II, Barra de Gramame, Grotão, Jardim São Paulo,

Anatólia, Bancários, Monsenhor Magno, Ernesto Geisel.

LEGENDA:

Figura 17 – Bacia Hidrográfica do Rio Cuiá apresentando os limites territoriais dos bairros e o

sistema de drenagem.

Fonte: PMJP/SEMAM/DIEP 2009.

Limites Territoriais dos Bairros. Rede de Drenagem.

Costa do Sol

Barra de Gramame

Mangabeira

Cuiá

Paratibe

Valentina

J. Américo

Monsenhor Magno

Gramame

Geisel

Água Fria Jardim Cidade Universitária

Colibris

Jardim São Paulo/ Bancários/ Anatólia

Funcionários 1 e 2

Grotão

João Paulo II

292000

294000

296000

298000

300000

9208000

9206000

9204000

9202000

Page 81: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

81

5. RESULTADOS

5.1.1 Avaliação dos Parâmetros físico-químicos e microbiológicos da Água do rio Cuiá.

Uma das características do meio físico natural, relevante e de alto grau de importância

para avaliação de uma bacia hidrográfica, além da cobertura vegetal, relevo, hidrografia, uso

do solo, etc. é a qualidade dos recursos hídricos.

Existem órgãos fiscalizadores no Estado e no Município, que monitoram a qualidade

das águas dos rios que cruzam as cidades. A Agência Estadual de Águas (AESA), a

Superintendência de Administração do Meio Ambiente (SUDEMA) e o Comitê Estadual de

Bacias, deveriam monitorar a qualidade de todos os rios considerados estratégicos nas cidades

do Estado da Paraíba, contudo, esses órgãos consideram rios estratégicos, aqueles que

alimentam Estações de Tratamento de Água (ETAS), para fins de abastecimento público de

água potável, ou seja, que funcionam como reservatórios para consumo da água pela

população.

Há pouca preocupação com os rios de bacias urbanas, que possuem outras

características importantes, como por exemplo, servirem de melhoria para a ambiência local,

recebimento de efluentes das Estações de Tratamento de Efluentes e servirem como área de

refúgio para a vida silvestre e até servirem de subsistência de comunidades ribeirinhas.

Mas o que é possível verificar atualmente é que o controle e monitoramento da

qualidade dos recursos hídricos das bacias urbanas, sobretudo da bacia do rio Cuiá, tem ficado

em segundo plano ou até vem sendo realizado, mas sem a confiabilidade adequada para a

preservação das características exigidas por lei.

É possível comprovar estas afirmações tendo em vista o conflito do acompanhamento

das análises físico-químicas e microbiológicas inter – agências de fiscalização. O que acentua

e torna ainda mais confuso esse conflito é se forem comparados os resultados obtidos pelas

agências e os resultados obtidos em visitas de campo.

A Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP) analisa trechos alternados do rio,

quando ocorrem denúncias graves de poluição, mas apenas dois pontos são continuamente

monitorados e estão localizados a montante e a jusante do lançamento do efluente da ETE de

Mangabeira.

Page 82: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

82

Dentre os 3 (três) órgãos mencionados, existem dois pontos de monitoramento que são

muito próximos (a montante e a jusante do lançamento da ETE de Mangabeira) e deveriam

apresentar resultados de DBO, DQO, pH, OD e microbiologia coerentes entre si e a realidade

ambiental, independente do método analítico adotado para fazer medições.

Por isso, foram definidos neste trabalho seis estações de coleta distribuídas no alto,

médio e baixo curso do rio Cuiá, de forma a dirimir os conflitos existentes nos resultados

oficiais, e ainda apresentar resultados analíticos mais compatíveis com o ambiente da bacia.

A SUDEMA e a CAGEPA apresentam resultados analíticos relativamente razoáveis

para um rio que recebe efluente doméstico tratado, com oxigênio dissolvido suficiente para

manter a vida aquática. Já a PMJP têm resultados muito diferentes dos apresentados pelos

outros órgãos, contudo, mais condizentes com as condições ambientais encontradas no local.

É importante ressaltar que a ETE de Mangabeira recebe o esgoto doméstico dos

bairros Valentina, Geisel e Mangabeira e após o tratamento por Lagoas facultativas e

anaeróbias, o efluente tratado é lançado no rio Cuiá.

É realizado na própria estação o monitoramento físico – químico e microbiológico da

entrada e da saída do efluente, contudo, não existe nenhum método do controle de vazão do

lançamento deste efluente no rio. Sendo assim, se não existe controle da vazão de lançamento,

não é possível garantir que a capacidade de autodepuração do rio não esteja comprometida em

períodos de baixo regime pluviométrico.

Outro ponto de coleta onde o resultado médio de alguns parâmetros analisados é

divergente da realidade é o CA 01, monitorado pela SUDEMA, pois a mais de cinco anos,

segundo informações dos moradores locais, foram feitas ligações clandestinas de esgoto

doméstico nas galerias de esgoto pluvial, levando o esgoto bruto direto para o rio (Figura 18),

mas os resultados divulgados pelo órgão apresentam um rio em condições naturais e normais.

Page 83: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

83

Figura 18: Foto Mosaico de lançamento de efluentes no rio Cuiá, nos bairros do Geisel e

Valentina. Fonte: Autor, 2009.

Infelizmente, neste trabalho, somente será possível apresentar os resultados de análises

físico-químicas e microbiológicas da água feitos pela pesquisa, pois não foi autorizado utilizar

os resultados atuais obtidos pelos órgãos fiscalizadores.

Mesmo os resultados do monitoramento da água serem de domínio público, as

informações que foram disponibilizadas para compor este trabalho estão disponíveis na

página da SUDEMA, contudo os dados são do período de 1998 a 2007. Isto pode indicar duas

situações, ou o monitoramento não é realizado há 3 anos ou os resultados podem

comprometer institucionalmente alguma das agências estaduais de controle da água dos rios.

É importante salientar que os parâmetros analisados neste trabalho são os mesmos que

a SUDEMA monitora e a média dos resultados das análises realizadas nos pontos de

amostragem da pesquisa, foram comparados com o Valor Máximo Permitido determinado

pela Resolução CONAMA 357, que classifica o rio Cuiá como um corpo hídrico da classe 3.

Todos os parâmetros escolhidos possuem uma relação analítica entre si e ainda

apresentam indícios diretos e indiretos sobre as condições ambientais e do corpo hídrico.

Por exemplo, a presença de coliformes termotolerantes, (anteriormente conhecidos

como coliformes fecais), indica que a água entrou em contato recente com fezes, que muito

possivelmente sejam oriundas de esgoto doméstico.

Se a presença desses microrganismos é detectada e estimada em grande quantidade, o

Oxigênio Dissolvido poderá ser reduzido a níveis insuficientes para manter a vida aquática

(animais e plantas), consequentemente a DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio) será

elevada. A presença de esgoto sanitário em corpos hídricos, também pode causar eutrofização

Page 84: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

84

da água, que é caracterizada pelos altos teores de nitrogênio e fósforo, causando o

crescimento de algas e dificultando o desenvolvimento de outras espécies de seres vivos.

Como dito anteriormente, as 06 (seis) estações de coleta deste trabalho, foram

escolhidas estrategicamente em locais de relevante importância para a manutenção da

qualidade da água do rio, ou seja, próximo a sua nascente, na confluência do rio com seus 02

(dois) maiores tributários, a montante e a jusante do lançamento contínuo de efluente

doméstico tratado e próximo a sua desembocadura.

Desta forma foi possível constatar que o rio Cuiá sofre agressões desde a sua nascente

até muito próximo da desembocadura no oceano, devido ao lançamento contínuo de esgoto

bruto e tratado, resíduo de pocilgas e vacarias, resíduos sólidos, uso e ocupação de áreas de

preservação, desmatamento etc. E que o rio sobrevive por causa do volume de água

proveniente das chuvas, de vários pontos de ressurgência e de seus inúmeros tributários, que

ajudam na autodepuração de alguns poluentes.

Contudo, as condições do rio estão totalmente fundamentadas em condições

ambientais extremamente instáveis, agravada pela pressão antrópica, falta de fiscalização

efetiva e ações preventivas e corretivas para a preservação, proporcionando elevado risco de

degradação.

Os parâmetros destacados em vermelho indicam que as médias dos resultados

encontrados não atendem as exigências legais do CONAMA (Tabelas 9, 10, 11, 12, 13 e 14).

Ponto de Amostragem: Próximo a Nascente - Bairro Grotão

Parâmetros Analisados Média de Resultados Encontrados (n = 10)

Desvio Padrão

VMP14 da água para Classe 3/ CONAMA 357

Coliformes termotolerantes 2160,00 943,04 2500 UFC/ 100 mL

Oxigênio Dissolvido 2,18 0,74 ≥ 4,00

Condutividade 168,81 14,20 NA

pH 6,72 0,49 6 a 9

DBO 12,28 3,80 ≤ 10,0

DQO 64,33 10,82 NA

Tabela 9: Média dos Resultados das Análises no Ponto de Coleta Próximo a Nascente - Bairro

Grotão.

Fonte: Autor.

14 VMP – Valor Máximo Permitido, segundo a Resolução CONAMA 357.

Page 85: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

85

A Figura 19 mostra o ponto de coleta próximo a nascente do rio Cuiá.

Figura 19 – Foto do Ponto de Coleta Próximo a Nascente - Bairro Grotão

Fonte: Autor

Ponto de Amostragem: Próximo a Confluência entre os rios Laranjeiras e Cuiá – Bairros:

Mangabeira – Cuiá – José Américo

Parâmetros Analisados Média de Resultados Encontrados (n = 10)

Desvio Padrão

VMP da água para Classe 3/ CONAMA 357

Coliformes termotolerantes 745,00 514,48 2500 UFC/ 100 mL

Oxigênio Dissolvido 4,88 0,34 ≥ 4,00

Condutividade 160,18 15,41 NA

pH 6,99 0,07 6 a 9

DBO 9,47 1,62 ≤ 10,0

DQO 59,38 9,27 NA

Tabela 10: Média dos Resultados das Análises no Ponto de Coleta Próximo a Confluência

entre os rios Laranjeiras e Cuiá – Bairros: Mangabeira – Cuiá – José Américo.

Fonte: Autor

Page 86: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

86

A Figura 20 mostra o ponto de coleta 2 Confluência entre os rios Laranjeiras e Cuiá.

Figura 20 – Foto do Ponto de Coleta Próximo a Confluência entre os rios Laranjeiras e Cuiá –

Bairros: Mangabeira – Cuiá – José Américo.

Fonte: Autor

Ponto de Amostragem: Próximo a Ponte de divisa dos Bairros Valentina e Mangabeira

Parâmetros Analisados Média de Resultados Encontrados (n = 10)

Desvio Padrão

VMP da água para Classe 3/ CONAMA 357

Coliformes termotolerantes 2718,00 666,98 2500 UFC/ 100 mL

Oxigênio Dissolvido 0,22 0,20 ≥ 4,00

Condutividade 266,94 19,07 NA

pH 6,20 0,20 6 a 9

DBO 41,06 11,65 ≤ 10,0

DQO 192,30 35,73 NA

Tabela 11: Média dos Resultados das Análises no Ponto de Coleta Próximo a Ponte de divisa

dos Bairros Valentina e Mangabeira.

Fonte: Autor

Page 87: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

87

A Figura 21 mostra o ponto de coleta Próximo a Ponte de divisa dos Bairros Valentina

e Mangabeira.

Figura 21 – Foto do Ponto de Coleta Próximo a Ponte de divisa dos Bairros Valentina e

Mangabeira.

Fonte: Autor

Ponto de Amostragem: Aproximadamente a 50m a jusante do lançamento do efluente

tratado pela ETE de Mangabeira – Bairros: Mangabeira - Valentina

Parâmetros Analisados Média de Resultados Encontrados (n = 10)

Desvio Padrão

VMP da água para Classe 3/CONAMA 357

Coliformes termotolerantes

272,50 47,26 2500 UFC/ 100 mL

Oxigênio Dissolvido 0,53 0,48 ≥ 4,00

Condutividade 391,08 192,31 NA

pH 5,95 0,57 6 a 9

DBO 66,88 11,05 ≤ 10,0

DQO 247,52 43,24 NA

Tabela 12: Média dos Resultados das Análises no Ponto de Coleta à Aproximadamente a 50m

a jusante do lançamento do efluente tratado pela ETE de Mangabeira – Bairros: Mangabeira –

Valentina.

Fonte: Autor

Page 88: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

88

A Figura 22 mostra o ponto de coleta aproximadamente a 50m a jusante do

lançamento do efluente tratado pela ETE de Mangabeira

Figura 22: Ponto de Coleta à Aproximadamente a 50m a jusante do lançamento do efluente

tratado pela ETE de Mangabeira – Bairros: Mangabeira – Valentina.

Fonte: Autor

Ponto de Amostragem: Próximo a confluência entre o riacho Buracão e rio Cuiá – Bairros:

Costa do Sol – Paratibe – Barra de Gramame

Parâmetros Analisados Média de Resultados Encontrados (n = 10)

Desvio Padrão

VMP da água para Classe 3/ CONAMA 357

Coliformes termotolerantes

35,30 25,83 2500 UFC/ 100 mL

Oxigênio Dissolvido 3,41 0,92 ≥ 4,00

Condutividade 253,73 44,62 NA

pH 6,96 0,21 6 a 9

DBO 17,18 1,31 ≤ 10,0

DQO 68,47 9,08 NA

Tabela 13: Média dos Resultados das Análises no Ponto de Coleta Próximo a confluência

entre o riacho Buracão e rio Cuiá – Bairros: Costa do Sol – Paratibe – Barra de Gramame.

Fonte: Autor

Page 89: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

89

A Figura 23 mostra o Ponto de Coleta Próximo a confluência entre o riacho Buracão e

rio Cuiá.

Figura 23: Ponto de Coleta Próximo a confluência entre o riacho Buracão e rio Cuiá –

Bairros: Costa do Sol – Paratibe – Barra de Gramame

Ponto de Amostragem: Próximo a principal desembocadura do rio Cuiá no Oceano

Atlântico.

Fonte: Autor

Parâmetros Analisados Média de Resultados Encontrados (n = 10)

Desvio Padrão

VMP da água para Classe 3/ CONAMA 357

Coliformes termotolerantes

87,4 31,43 2500 UFC/ 100 mL

Oxigênio Dissolvido 4,07 0,28 ≥ 4,00

Condutividade 10470,5 274,28 NA

pH 5,97 0,31 6 a 9

DBO 22,85 5,13 ≤ 10,0

DQO 95,28 17,88 NA

Tabela 14: Média dos Resultados das Análises no Ponto de Coleta Próximo a principal

desembocadura do rio Cuiá no Oceano Atlântico.

Fonte: Autor

Page 90: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

90

A Figura 24 mostra o principal desembocadura do rio Cuiá no Oceano Atlântico.

Figura 24: Ponto de Coleta Próximo a principal desembocadura do rio Cuiá no Oceano

Atlântico.

Fonte: Autor

Esses dados de qualidade da água, associados às demais características reunidas neste

trabalho (cobertura vegetal, uso do solo, etc.) fornecem subsídios suficientes para criar e

avaliar o desempenho dos indicadores ambientais da bacia do Cuiá.

5.1.2 Avaliação Socioeconômica da bacia Hidrográfica do rio Cuiá.

A diversidade socioeconômica dos bairros que compõem a bacia hidrográfica do Cuiá

é grande. Como dito anteriormente, esta é uma bacia que apresenta um alto índice de

ocupação urbana, com suas feições naturais alteradas por fatores antrópicos, contudo mantém

um estreito corredor classificado como Área de Preservação Ambiental que sofre constantes

pressões do crescimento urbano.

Por meio de entrevistas, visitas de campo e o estudo de documentos oficiais da

Prefeitura Municipal de João Pessoa, que possui um cadastro de informações sobre a

identidade social e econômica dos bairros, foi possivel levantar informações que caracterizem

de maneira geral os aspectos socioeconômicos dos bairros que constituem a bacia hidrográfica

estudada.

Page 91: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

91

Ao observar o Apêndice 1 é possível inferir que dos 21 bairros que constituem a bacia

hidrográfica do Cuiá, em 42,85 %, ou seja, 9 bairros, existe Alto Adensamento Populacional15

e consequentemente as características desse adensamento populacional moldam e reafirmam

de certa forma as características ambientais da bacia hidrográfica em estudo, bem como a

percepção e as características socioeconômicas encontradas em cada bairro e ainda, através

dessas informações foi possível classificar os indicadores relevantes e aplicáveis para atingir

os objetivos deste estudo.

A Figura 25 mostra a Estimativa de Densidade Populacional na bacia do Cuiá.

Figura 25 – Estimativa de densidade populacional.

Fonte: Autor

Os bairros com média16 e baixa17 densidade populacional são caracterizados por serem

mais distantes dos centros comerciais, com pouca oferta de serviços públicos (linhas de

ônibus para transporte coletivo, postos de saúde e escolas, etc.).

Quanto a tendência do comércio localizado na área da BH, está entre o Pouco e o

Medianamente Desenvolvido, ocorrendo devido principalmente as características do

adensamento populacional.

Apenas 3 (Mangabeira, Bancários e Jardim Cidade Universitária) dos 21 bairros

possuem o comércio altamente desenvolvido, pois são considerados com elavada densidade

populacional. São bairros de ligação e transição com outros bairros da cidade e as praias do 15 Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2009, do IBGE, acima de 60 habitantes por quilometro quadrado é considerado alto ou elevado adensamento populacional.

16 Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2009, do IBGE, é considerado como média ou moderada densidade populacional o intervalo entre 20 e 59 habitantes por quilômetro quadrado.

17 Ainda segundo o PNAD 2009, baixo adensamento populacional é considerado quando há cerca de 19 habitantes por quilômetro quadrado.

Page 92: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

92

litoral sul, apresentando variedade de classes sociais, oferta de serviços públicos satisfatória e

abrigando importantes instituições tais como o Departamenteo Estadual de Trânsito

(DETRAN), o Centro Administrativo Municipal, grandes redes de supermercados, mercados

públicos de gêneros alimenticios. Apresentam elevado poder de compra, além de áreas

disponíveis para a construção de edificios comerciais e residenciais.

Os demais bairros apresentam como principal caracterisitca o comércio medianamente

ou pouco desenvolvido. Mesmo muitos deles sendo caracterizados por uma alta taxa de

ocupação e densidade demográfica, como por exemplo os bairros do Valentina, Geisel, etc, o

comércio dessses bairros ainda se encontra em fase de expansão devido ao poder aquisitivo

dos moradores desses bairros, que no período de sua criação eram considerados como bairros

populares de periferia, ou seja, pessoas com menor poder aquisitivo. Entrentanto, com a

evolução do poder de compra de seus moradores, está ocorrendo o desenvolvimento do

comércio nesses bairros.

A Figura 26 mostra a avaliação da população em relação ao desenvolvimento do

comércio local.

Figura 26 – Avaliação de desenvolvimento do comércio.

Fonte: Autor

A avaliação da população dos bairros em relação a qualidade e quantidade da oferta

dos serviços essenciais ofertados é de Moderadamente Satisfatória.

Vale salientar que o percentual das pessoas que consideraram a oferta de serviços

públicos como Satisfatória, estão localizadas nos seis bairros mais populosos e que tem a

presença de classes sociais de maior poder aquisitivo e ainda três deles apresentam o

comércio altamente desenvolvido.

Já o percentual das pessoas que avaliaram a oferta de serviços como moderadamente

satisfatória, apresentam características populacionais intermediárias entre o mais populoso e o

Page 93: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

93

menos populoso, tem comércio medianamente desenvolvido e possui uma variedade média de

classes sociais que vai da A2 a D (segundo a classificação de Classes Sociais – Quadro 4)

Os entrevistados que avaliaram a qualidade dos serviços essenciais como

Insatisfatória, apresentam características de classes sociais de baixo poder aquisitivo, de

bairros pouco populosos, com comércio pouco desenvolvido e principalmente, são visíveis as

deficiências no que diz respeito à quantidade e qualidade do transporte coletivo, postos de

saúde, escolas, segurança, etc. (Figura 27).

Figura 27 – Percentual de avaliação da qualidade dos serviços essenciais.

Fonte: Autor

Existem bairros na área de estudo em que a maioria das pessoas são da classe social

A1, contudo, existe um pequeno percentual de pessoas das classes D e E.

O inverso também é encontrado, em locais que a maioria da população é da classe D e

E, é possivel encontrar pessoas das classes A e B. Sendo assim, a classe social de maior

representatividade na área é da classe B2, com rendimento familiar mensal ≥ R$ 2.300,

contudo, as classes C1, C2, D e E, se somadas, representam mais de 50% das pessoas

presentes nos bairros da bacia hidrogáfica do rio Cuiá (Quadro 9).

Classe Quantidade Famílias por

Classe % da Classe

Classe Quantidade Famílias por

Classe % da Classe

A1 125 5,98 C1 305 14,52

A2 180 8,60 C2 305 14,52

B1 252 11,96 D 305 14,52

B2 323 15,38 E 305 14,52

Quadro 9 – Percentual de classes sociais da bacia hidrográfica do Cuiá.

Fonte: Autor

Page 94: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

94

Após o levantamento das características da bacia hidrográfica do rio Cuiá, é possível

construir o painel de indicadores de sustentabilidade, avaliar seu desempenho e, por

conseguinte gerar o Índice de Sustentabilidade aplicável à bacia em estudo, desta forma

identificar a Tendência da Sustentabilidade Local e propor ações de melhoria.

5.1.3 Indicadores de Sustentabilidade encontrados na bacia do Cuiá

DIMENSÕES INDICADORES NOTA COR

Ambiental

Cobertura Vegetal 15

Qualidade do rio 50

AGRUPAMENTO 33

Institucional

Implementação e Monitoramento do Desenvolvimento Sustentável 9

Monitoramento de Áreas de Preservação Permanente 20

Preparo e Resposta a Desastres Naturais 7

Planejamento e Acesso a Informações 45 AGRUPAMENTO 20

Social

Estimativa de Densidade Populacional 43

Qualidade de Serviços Essenciais 33

AGRUPAMENTO 38

Econômica

Desenvolvimento do Comércio 43

Consumo de Serviços 9

Classes Sociais 15

AGRUPAMENTO 22

AGRUPAMENTO FINAL PARA O ÍNDICE 28

*Valores arredondados

Tabela 15 – Pontuação dos Indicadores aplicados à bacia do Cuiá.

Fonte: Autor.

Utilizando a fórmula descrita na metodologia, a pontuação do agrupamento final para

o Índice de Sustentabilidade encerra o valor de número 28.

A Tabela 15 representa a pontuação do desempenho de cada indicador

Page 95: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

95

E para representar o agrupamento dos indicadores, é utilizado o Painel da

Sustentabilidade, onde é possível visualizar simultaneamente o desempenho dos indicadores e

a tendência da Sustentabilidade do local.

A Figura 28 representa a condição de sustentabilidade da bacia do Cuiá.

Figura 28 – Painel da Sustentabilidade da Bacia Hidrográfica do rio Cuiá.

Fonte: Autor

Os resultados representados pela Figura 28 apresentam quais os indicadores precisam

ser melhorados e mostram a tendência da sustentabilidade na área de estudo. Também é

possível explicar o baixo desempenho de cada indicador apontado e, consequentemente, do

índice. Esse baixo desempenho ocorre devido ao desequilíbrio dos indicadores em cada

dimensão e o agrupamento dos indicadores tende a baixar o desempenho do índice.

Na dimensão Ambiental as avaliações realizadas no Indicador de Cobertura Vegetal e

na Qualidade da Água do rio indicam que não estão sendo respeitadas as diretrizes legais, no

que diz respeito aos Valores Máximos Permitidos para determinadas características físico-

químicas e microbiológicas da água descritas no CONAMA 357, tão pouco estão sendo

respeitados os limites da Área de Preservação Permanente, em relação ao Uso e Ocupação do

Solo, onde é nítida a pressão da expansão imobiliária para o loteamento e construção de

moradias em áreas protegidas por lei e as ações do poder público limitam-se a apenas

demarcar com placas de identificação as APP. A situação não é mais crítica devido a

Page 96: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

96

sazonalidade de fatores climáticos e ao balanço hídrico que interfere nos parâmetros

analisados.

Esses indicadores estão intimamente relacionados ao Monitoramento de Áreas de

Preservação Permanente, Implementação e Monitoramento do Desenvolvimento Sustentável e

Estimativa de Densidade Populacional (indicadores da dimensão institucional e social,

respectivamente), que também apresentam rendimento muito baixo. Destaca-se uma

particularidade da bacia, que é o indicador de Estimativa de Densidade Populacional, que

apresenta desempenho intermediário devido a grande extensão da bacia e a área possuir

localidades pouco urbanizadas.

Na dimensão social a avaliação feita no indicador de Qualidade de Serviços

Essenciais, apresentou um desempenho relativamente baixo, pois está relacionado ao

indicador de Classes Sociais (analisado pela renda mensal familiar – Dimensão Econômica).

Como grande parte da área da bacia é ocupada por famílias de classes sociais de Média e

Baixa Renda, alguns serviços essenciais são oferecidos com certa deficiência.

Isso foi observado principalmente em comunidades ou bairros em que a maioria de

seus moradores não possui elevado poder aquisitivo. Os serviços considerados insatisfatórios

para a maioria da população inserida na bacia foram:

a. Transporte coletivo.

b. Qualidade do Atendimento Médico nos Postos de Saúde.

c. Segurança.

d. Qualidade da Limpeza Urbana.

É válido destacar que os serviços de Fornecimento da Água Potável e Saneamento

Básico (rede de esgotos) atendem as expectativas dos usuários, entretanto, na opinião dos

entrevistados, esses serviços são satisfatórios porque são pagos diretamente à companhia que

administra o serviço.

Na maioria dos bairros que compõem a bacia, o comércio é pouco desenvolvido,

entretanto, nos bairros mais populosos e nos bairros de integração com outras áreas da cidade,

o comércio é bem desenvolvido, desta forma é possível evidenciar que o comércio presente na

área apresenta um nível intermediário de desenvolvimento.

Seguindo este raciocínio, o indicador de Consumo de Serviços apresenta uma das

avaliações mais baixas de todos os indicadores, pois o uso desses serviços é praticamente

restrito a famílias de elevado poder aquisitivo, mas que, pela definição de inclusão do

desenvolvimento sustentável, são serviços que deveriam ser oferecidos gratuitamente pelo

Page 97: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

97

poder público, como tratamento médico-hospitalar, ou a um custo baixo, como o acesso a

internet de boa qualidade.

Na dimensão institucional existem dois indicadores que representam o nível de

integração do poder público local com a comunidade. São eles: Preparo e Resposta a

Desastres Naturais e Planejamento e Acesso a Informações.

O primeiro indicador apresenta a avaliação feita dos Programas de Prevenção a

Desastres Naturais ou Planos Emergenciais de Contingência, que atualmente é de

responsabilidade da Defesa Civil Municipal. O que foi possível evidenciar das ações

registradas pela Defesa Civil está resumido ao monitoramento de algumas áreas de risco na

cidade, inúmeras ações corretivas e algumas medidas preventivas destinadas ao efeito dos

problemas e não as suas reais causas.

São praticamente nulos os resultados deste órgão em relação a prevenção de desastres

naturais, sem que haja uma padronização de procedimentos e o uso de uma ferramenta de

gestão que anteceda os efeitos negativos a serem adotados em caso de alguma ocorrência.

Ainda na dimensão institucional, o indicador Planejamento e Acesso a Informações é

avaliado como regular. O parâmetro analisado foi a criação do Orçamento Democrático (OD).

Esta é uma importante ferramenta do gestor público de como planejar e informar a população

onde são gastos os impostos, de acordo com a vontade popular.

Contudo, a forma de apresentação das informações no OD, precisa de ética, para que a

população tome conhecimento das verdadeiras causas dos problemas da comunidade e não

apresentar problemas e soluções convenientes aos interesses da classe política.

É possível evidenciar a relação integrada entre os indicadores das quatro dimensões da

sustentabilidade, conferindo robustez ao índice que indica a tendência de sustentabilidade

encontrada na bacia do Cuiá, apresentando um valor coerente de acordo com a avaliação e

relação de seus indicadores.

Em tese, se uma dimensão apresenta indicadores com baixo desempenho, os

indicadores de outra dimensão deveriam ser inversamente proporcionais. Por exemplo, se os

indicadores ambientais apresentam um fraco desempenho, isso indica um elevado nível de

poluição e degradação ambiental, um dos motivos poderia ser o alto desempenho das

dimensões econômica e social, que tendem a exercer maior pressão sobre o meio ambiente

natural.

Também é possível encontrar a situação inversa, por exemplo, uma área com altos

índices de conservação, sem contaminações de solo, água ou ar, vegetação nativa bem

Page 98: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

98

desenvolvida, apresentaria baixos índices de urbanização, consumo de energia, baixas taxas

de modificação do ambiente, etc. Seriam inúmeros motivos que poderiam justificar essa

inversão de desempenho.

Contudo, a situação encontrada na bacia urbana do Cuiá foge a essa regra. Pois além

de encontrar o desequilíbrio entre as dimensões avaliadas, o fraco desempenho de uma não é

compensado pelo alto desempenho da outra, pois todos os indicadores de todas as dimensões

obtiveram avaliações similares.

Isso ocorre pelo fato de não poder haver dissociação ou isolamento da bacia

hidrográfica com as demais áreas da cidade, comprovando que o desenvolvimento sustentável

é um conceito dinâmico e de larga abrangência e ainda que a metodologia para sua

implementação precisa ser integrada com as áreas de influência através de outro conceito

espacial de semelhante abrangência, como a Bacia Ambiental.

Outro fator é a complexidade, a diversidade e o elevado grau de particularidades

encontradas nas diversas regiões e zonas inseridas na maior bacia hidrográfica da zona sul do

município de João Pessoa. As várias realidades representadas pelos bairros componentes da

bacia do Cuiá dificultam ainda mais a manutenção do equilíbrio sustentável das dimensões

social, econômica, ambiental e institucional.

Entretanto, é possível agrupar indicadores locais, destinados a uma avaliação mais

restrita da área de estudo, diminuindo a interferência de fatores externos ao local de aplicação

da metodologia, mas ainda ser possível avaliar de maneira globalizada a situação de uma

bacia urbana específica, sem que ocorram falhas na confiabilidade dos dados coletados e

avaliados.

Tendo em vista o exposto, é possível evidenciar que os melhores e mais eficientes

resultados na promoção da sustentabilidade podem ser obtidos em escalas reduzidas, como

“ilhas” ou “células” de sustentabilidade, contidas em unidades territoriais maiores. Ou seja, se

inicialmente algumas ruas do bairro promovem condições sustentáveis (uma “ilha” de

sustentabilidade), isso pode incentivar que outras ruas façam o mesmo, criando outras “ilhas”,

por conseguinte, quando todas as ruas se tornassem “células” sustentáveis, o bairro seria

sustentável.

Se isso acontecesse em outros bairros, a sustentabilidade iria ser refletida na bacia

hidrográfica que contém os respectivos bairros, por sua vez, como uma reação em cadeia, às

condições de sustentabilidade da BH, se refletiriam no município e assim seria possível

Page 99: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

99

chegar a observar consequências ou externalidades em nível global. Esse comportamento

poderia ser comparado a um tipo de progressão celular em organismos vivos.

A Figura 29 mostra uma representação ilustrativa de como seriam distribuídas as

células de sustentabilidade, pela bacia do Cuiá.

Figura 29: Representação ilustrativa de “células” de sustentabilidade nos bairros.

Fonte: Autor

E assim mais uma vez pode-se afirmar a ideia do “agir localmente e pensar

globalmente!”.

Esse método não iria resolver rapidamente todos os problemas, mas seria possível

planejar em longo prazo os indicadores das quatro dimensões da sustentabilidade e reduzir as

distorções entre elas em grande parte da área de implementação da metodologia.

292000

294000

296000

298000

300000

9208000

9206000

9204000

9202000

Page 100: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

100

5.2. DISCUSSÃO

A abordagem atual sobre o Desenvolvimento Sustentável se caracteriza pela missão de

relevar os fatores de insustentabilidade do padrão vigente de desenvolvimento e consumo da

sociedade, levando – se em consideração as particularidades dos aspectos sociais,

econômicos, ambientais e institucionais (políticos), bem como as limitações espaço -

temporais e culturais de uma população, que tem se enraizado na vida cotidiana a cultura do

capitalismo.

O debate sobre a sustentabilidade é caracterizado por diversas formas e perspectivas

de qual é sua correta definição e seu melhor mecanismo de operacionalização, contudo, não

existe consenso entre os estudiosos do assunto assim polarizando a estrutura do

desenvolvimento sustentável em duas correntes antagônicas.

A corrente conservadora defendida por Boff (2002), Bonalume (2006), etc. apoia a

ideia de que o desenvolvimento é a total e completa antítese do sustentável, pois o termo

desenvolvimento remete ao processo destrutivo, consumista, não retornável, finito e o termo

sustentável destaca características duradouras, equilibradas e renováveis.

A corrente moderada defendida por Buarque (2008), Van Bellen (2006), Sachs (2008)

o principio de que desenvolvimento e sustentabilidade podem sim caminhar juntos, entretanto

é uma dura e árdua tarefa, pois para sua realização é preciso quebrar barreiras e obstáculos

culturais, sociais, econômicos e principalmente políticos e para que isso ocorra é necessária

uma mudança da consciência global sobre o que é preciso fazer. Esse sim é o verdadeiro

Desenvolvimento Sustentável, com fundamentação Sustentada.

Dentro da óptica do verdadeiro Desenvolvimento Sustentável, é necessário considerar

quatro fatores para sua operacionalização e que sua implementação seja realmente efetiva:

1. A humanidade não estacionará ou retrocederá em seu desenvolvimento.

2. A complexidade do conceito de desenvolvimento sustentável, devido a suas inúmeras

interações é agravada pelo marketing político capitalista que prostitui o termo

sustentabilidade, como um adjetivo banalizado.

3. Existe a necessidade de equiparação do meio natural com as ações no horizonte

político em longo prazo.

4. Tipo de abordagem (top –down e bottom up) na implementação do DS.

É levando em consideração esses fatores e associados a uma avaliação dinâmica das 4

(quatro) dimensões da sustentabilidade, que será possível estabelecer uma postura equilibrada

Page 101: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

101

entre os interesses de cada dimensão e como consequência gerenciar seus conflitos e assim

transformar as políticas públicas de gestão em uma ferramenta que promova o

desenvolvimento na direção da sustentabilidade.

Então qual mecanismo pode ser utilizado diante de um cenário multifacetado, com a

interação de inúmeros atores e que sirva como modelo de unificação de informações, avalie o

grau de sustentabilidade ou insustentabilidade e indique o caminho a ser seguido para que as

metas sustentáveis sejam atingidas?

O objetivo principal que justifica o uso desse sistema de indicadores de

sustentabilidade é o de proporcionar a transformação conceitual do desenvolvimento

sustentável em uma realidade factível e operacional. Pois esse sistema promove e auxilia na

democratização do conhecimento, introduzindo os indicadores como ferramentas de gestão de

políticas públicas, conferindo aplicabilidade direcionada à equidade social, crescimento

econômico e qualidade ambiental.

Contudo, essa ferramenta precisa ser utilizada institucionalmente, ou pelo menos,

fazer parte do horizonte político do poder e dos gestores públicos como uma prioridade, para

que os verdadeiros frutos da sustentabilidade possam ser colhidos.

Para auxiliar nessa operacionalização, a escolha do método de abordagem dos

indicadores é outro fator a ser considerado. As duas abordagens dominantes descritas neste

trabalho são a top-down e bottom-up, utilizadas pelo poder público municipal e estadual.

No contexto em que a bacia hidrográfica do Cuiá está inserida, as duas abordagens

aplicadas não apresentam resultados satisfatórios, devido à inversão de prioridades do poder

público e às características sociais, políticas, econômicas e culturais envolvidas.

Um exemplo dessas prioridades trata- se da atuação dos comitês de bacia, que

procuram trabalhar na conservação dos recursos hídricos nas grandes bacias hidrográficas,

consideradas estratégicas a curto e médio prazo para o abastecimento de água da população.

Ficando em segundo plano as pequenas bacias urbanas que são sistemas caracterizados pela

definição de sustentabilidade local.

Podem ser feitos os seguintes questionamentos:

1 – Como abordar o método top – down, se os especialistas que definem os indicadores aos

gestores públicos, estão comprometidos com os interesses dos próprios gestores e não com os

interesses da Sustentabilidade?

Page 102: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

102

2 - Como abordar o método top – down, se os resultados do estudo dos especialistas não

servem como referencial para o planejamento dos gestores públicos? Salvo no caso em que os

resultados favorecem o interesse dos próprios gestores.

3 – Como abordar o método bottom – up, se os atores não são mobilizados, não possuem a

formação adequada ou não são apresentados os esclarecimentos das reais causas dos

problemas que a comunidade enfrenta? Pois a informação que é apresentada aos atores pelas

instituições públicas é feita de maneira fragmentada, induzindo a escolha dos participantes ao

que favorece o interesse dos gestores públicos.

A maneira mais confortável e correta seria aquela em que a comunidade determina as

suas prioridades, através da participação ativa e livre de pressões que estejam em desacordo

com o interesse da comunidade. Por sua vez, essas prioridades são incorporadas a um sistema

customizado desenvolvido por especialistas.

Não é pretensão deste trabalho, esgotar a discussão sobre o desenvolvimento

sustentável e muito menos concluir e encerrar o seu conceito integralmente. Mas faz parte do

objetivo deste trabalho tentar esclarecer o que é Desenvolvimento Sustentável e o que não é.

É através do entendimento do seu verdadeiro conceito, que será possível criar um

mecanismo operacional viável de mensuração da tendência da sustentabilidade do local de

estudo e desta forma criar metas de desempenho econômico, social, ambiental e institucional

aplicadas e customizadas para a bacia do rio Cuiá, na expectativa da reprodutibilidade da

metodologia em outras bacias ambientais.

Considera- se que na atualidade, a melhor ferramenta destinada a alcançar a

sustentabilidade é o Sistema de Indicadores agregados, independente do método de

abordagem, coleta de dados ou apresentação. Entretanto, é extremamente relevante afirmar o

compromisso com a ética, a fidelidade e legitimidade na coleta e apresentação dos dados, bem

como evitar a super - agregação de parâmetros nos indicadores e ainda considerar o índice

como uma espécie de “farol” que guiará o gestor nas ações voltadas com o objetivo

sustentável.

O método utilizado neste trabalho reproduz o utilizado por Benetti (2006), que em sua

tese de doutorado, avaliou o Índice de Desenvolvimento Sustentável do município de

Lages/SC pelo Painel da Sustentabilidade. É importante registrar que este após a pesquisa

bibliográfica, o trabalho de Benetti (2006) foi o único trabalho encontrado no Brasil, entre

teses e dissertações, que verdadeiramente utilizou a metodologia do Painel da

Sustentabilidade, contudo foram encontrados trabalhos que abordaram o tema de maneira

Page 103: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

103

pouco aprofundada, como o de Lira (2008), Braga et.al (2010), Martins (2008), Rabelo (2008)

que falam sobre o método e o descrevem, ou até mesmo utilizam outros métodos para a

avaliação de indicadores.

Na comparação com esses trabalhos é possível evidenciar que independente da escala

territorial utilizada (bacia hidrográfica, município ou país) a aplicação desse método para

mensurar a sustentabilidade é bastante eficaz, pois considera dinamicamente as relações

espaço-temporais do território analisado. E ainda se apresenta como uma excelente ferramenta

para o planejamento ambiental, pois considera e avalia o desempenho de todas as dimensões

simultaneamente, apresentando quais são as prioridades do sistema que precisam ser

corrigidas ou melhoradas.

Podem ser observadas algumas semelhanças entre esse trabalho e o de Benetti (2006),

guardadas as devidas proporções. Na referida tese, a metodologia do Painel de

Sustentabilidade foi aplicada em um município altamente desenvolvido e nesta pesquisa o

mesmo método foi utilizado em uma bacia hidrográfica urbana, composta por cerca de 20

bairros medianamente desenvolvidos.

Ambos os trabalhos destacam as vulnerabilidades e potencialidades das áreas de

estudo, integradas a problemática da conservação ambiental, equidade social e

desenvolvimento econômico, equitativamente em toda a bacia hidrográfica.

Outra similaridade entre os trabalhos é a capacidade de propor políticas públicas

baseadas em uma realidade avaliada por meio do emprego de uma ferramenta de abrangência

internacional e que direciona o sistema avaliado na direção de padrões sustentáveis.

Entretanto, a diferença primordial entre os dois trabalhos está relacionada ao tipo de

levantamento, avaliação e quantidade de indicadores utilizados. Benetti (2006) fez uso de um

programa de computador (software MAPLINK) para calcular a pontuação dos indicadores e

do índice. Ao contrário deste trabalho, que utilizou como método de pontuação o percentual

de atendimento de diretrizes legais e a avaliação dos usuários ou atores sociais envolvidos.

Em ambas as situações o método que foi utilizado para quantificar ou mensurar o grau

de sustentabilidade da área em estudo apresentou resultados satisfatórios em relação aos

objetivos traçados pelas pesquisas, mas a comparação das duas formas de cálculo de

pontuação dos indicadores revela uma distorção pontual na avaliação da Sustentabilidade.

As informações de cada indicador são inseridas no uso do software MAPLINK que

basicamente compila os dados e os transforma em dados qualitativos através de algoritmos de

programação e que são necessários para a construção do Painel.

Page 104: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

104

Contudo, é possível observar uma desvantagem crítica na utilização do programa, que

é justamente a limitação do número de indicadores que podem ser trabalhados. Ou seja, os

indicadores que serão avaliados e pontuados precisam ter parâmetros de mensuração que

façam parte do banco de dados do programa, caso contrário não é possível fazer alterações na

escala de aplicação do método ou inserir parâmetros locais específicos, limitando a

abrangência de avaliação às diretrizes impostas pela escala regional.

Já na forma de pontuação que utiliza o percentual de atendimento de diretrizes legais e

a avaliação dos usuários envolvidos no local de avaliação, podem ser incorporados

indicadores endógenos e específicos da área, havendo a flexibilização na escolha da

quantidade e de quais parâmetros e na avaliação do desempenho dos indicadores.

Faz - se necessário destacar a grande quantidade de trabalhos que tratam do tema da

Sustentabilidade, entretanto, a maioria deles considera a ideia equivocada do

Desenvolvimento Sustentável. Termos como Sustentabilidade Social, Sustentabilidade

Econômica ou Sustentabilidade Ambiental, não podem ser discutidos separadamente, pois a

sustentabilidade somente ocorrerá quando houver o equilíbrio entre as 3 dimensões.

Também é grande a quantidade de trabalhos científicos disciplinares que não agregam

os dados ou informações destas dimensões, assim é possível caracterizar a relevância de

trabalhos que agrupem tais informações com o objetivo de identificar a tendência de

sustentabilidade ou insustentabilidade de um sistema ambiental.

De acordo com Benetti (2006 Página 147),

A parte crucial está em identificar as relações

essenciais num sistema. Isto requer um processo de

agregação e condensação de informação disponível

e a procura dirigida para informação perdida

necessária para uma compreensiva descrição do

sistema.

A vantagem em utilizar essa metodologia se dá pela possibilidade de incorporar

diferentes indicadores de plataformas variadas (IBGE, OECD) para o cálculo do IDS, todos

eles com baixo custo e facilmente obtidos através de análises de campo, compilação de dados

de órgãos públicos, mesmo levando em consideração a enorme dificuldade em ter acesso a

essas informações, talvez por empecilhos burocráticos ou impedimentos “legais”.

Se houvesse uma comparação entre a aplicação da metodologia em uma bacia

hidrográfica e um município, um fator pode ser identificado como constante. É a participação

e a inclusão politica da população no planejamento da localidade.

Page 105: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

105

O sucesso das ações do Estado tende a aumentar quando a população participa de

maneira ativa, integrada e verdadeira.

A situação encontrada na bacia hidrográfica do rio Cuiá com relação à sustentabilidade

é crítica e muito preocupante, pois nenhum dos indicadores chega a alcançar uma pontuação

mediana se comparada à escala do painel de sustentabilidade, no máximo podem ser

considerados com um desempenho regular.

No caso do indicador de qualidade da água do rio o resultado é regular não por haver

um plano para garantir a manutenção de suas características, mas sim por haver condições

naturais que promovam sua “sobrevivência”.

O rio conta com a sazonalidade das condições climáticas, a instabilidade do regime de

chuvas e o grande número de contribuintes para manter uma vazão moderadamente perene e

assim suportar as inúmeras agressões a que está submetido, como lançamento clandestino de

efluentes domésticos brutos, resíduos de pocilga e até efluentes sanitários tratados, mas sem

nenhum controle da vazão de lançamento.

Este resultado também é reflexo do efeito da degradação da vegetação da área da

bacia. O indicador de cobertura vegetal está avaliado como uma condição crítica, pois a

vegetação que possibilita a infiltração e percolação da água da chuva que alimenta o rio, está

resumida a um estreito corredor e em alguns lugares é quase inexistente, quando, em teoria, é

protegida pelo Código Florestal Brasileiro e por leis Estaduais e Municipais que classificam

Área de Preservação Permanente.

Isso ocorre devido a expansão e especulação imobiliária identificada na área,

justificando assim o desempenho crítico e muito crítico de dois indicadores da dimensão

institucional (Monitoramento de APP e Implementação e Monitoramento do

Desenvolvimento Sustentável). Ou seja, a presença do poder público com respeito às leis

ambientais é nula. Pois áreas dentro dos limites protegidos por lei são loteadas,

comercializadas e degradadas com a anuência silenciosa dos gestores públicos.

Outro indicador da dimensão institucional em situação muito crítica é o de Preparo e

Resposta a Desastres Naturais. A entidade responsável para trabalhar com esse indicador é a

Defesa Civil Municipal, entretanto, suas ações estão restritas a apenas monitorar e notificar os

moradores de áreas de risco, mas não foi evidenciado nenhum plano de contingência

preventivo ou corretivo adequado para os problemas de desastres ambientais, como

deslizamentos ou enchentes. Gostaria de destacar ainda neste item a escassez de informações

Page 106: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

106

dos órgãos públicos acessíveis e disponíveis de qualquer forma, caracterizando o despreparo

organizacional da gestão pública.

O único indicador com avaliação regular é o de Planejamento e Acesso a Informações,

mas com certas ressalvas. Existem dois parâmetros que foram avaliados para sua construção.

Foram eles: A utilização do Orçamento Democrático Municipal e os trabalhos de uma

Organização Não Governamental, conhecida como ONG Salve o Cuiá.

As ações provenientes do Orçamento Democrático e pela ONG, promovem a

divulgação de informações sobre as condições do rio e planejam metas participativas de como

cada bairro pode destinar recursos financeiros para a aplicação em melhorias no próprio local.

A idéia é excelente, mas incompleta, pois a população participa apenas da destinação

dos recursos para a resolução de problemas ou melhorias no bairro apresentadas pela

prefeitura (top – down), os atores envolvidos não participam da elaboração e identificação dos

problemas. Ou seja, o gestor público apresenta o problema que ele considera importante e não

o que a comunidade identifica como prioridade. A comunidade somente tem o direito de

participar na indicação do uso dos recursos, mas somente nos itens sinalizados pela equipe

que coordena o programa do Orçamento Democrático.

Isso está bem claro nas informações divulgadas no site da prefeitura municipal, no

trabalho de dissertação de Rodrigues (2001), além do fato que não existe nenhuma campanha

institucional que promova a educação ambiental para a população para fins de conservação do

meio ambiente ou de esclarecimento e mobilização da importância do rio Cuiá para a vida

cotidiana do bairro em que as pessoas residem.

Isso pôde ser evidenciado através das entrevistas realizadas em campo, onde ficou

claro o distanciamento das pessoas em relação ao rio. As únicas pessoas que souberam avaliar

positivamente ou negativamente a sua relação com o rio Cuiá eram aquelas que viviam muito

próximo a ele, quase em suas margens.

Afirmar que o Orçamento Democrático é uma ferramenta para o desenvolvimento

sustentável está correto, mas não seguindo o formato atualmente praticado, onde a abordagem

e a perspectiva dos problemas da comunidade são apresentadas parcialmente e a população

somente consegue enxergar a necessidade da classe política dominante. É esse tipo de atitude

governamental que desestrutura e desmoraliza o conceito de sustentabilidade.

Dos dois indicadores da dimensão econômica, o de Estimativa de Densidade

Populacional apresenta um desempenho regular, pois o aglomerado de pessoas distribuídas

pelas áreas desocupadas ou em ocupação é relativamente baixo, entretanto, em certos locais é

Page 107: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

107

possível evidenciar que o espaço é disputado ou ocupado por um número de pessoas acima do

recomendável. Por exemplo, uma casa com dois cômodos abrigando 10 pessoas.

Isso é verificado, principalmente, nos bairros em que estão presentes famílias de

classes sociais de menor poder aquisitivo ou menor renda familiar mensal (indicador social).

A conexão entre esses dois indicadores reafirma a relação entre densidade demográfica e

distribuição de renda.

Vale salientar que o indicador de Classes Sociais apresenta um desempenho crítico

devido à enorme desigualdade entre as camadas sociais. Mais de 50% da população

entrevistada apresenta renda familiar mensal cerca de cinco a dez vezes menor que quase 6%

dos entrevistados.

Essas informações refletem diretamente nos outros indicadores. Nos bairros onde foi

identificada elevada estimativa populacional, o comércio é bem desenvolvido, contudo o

consumo de serviços, como planos de saúde, é crítico devido ao maior percentual de famílias

de baixa renda que residem na bacia.

Mas o indicador mais intrigante é a avaliação da qualidade dos serviços essenciais que

foram considerados em uma faixa entre o regular e o crítico. Outros serviços foram

considerados bons ou excelentes, como abastecimento de água potável e saneamento básico,

os demais serviços variaram bastante de acordo com a localidade avaliada.

Mas em todos os bairros os serviços que foram considerados péssimos foram o de

transporte coletivo, devido a quantidade insuficiente para atender a demanda da população, e

a segurança pública, devido a alta criminalidade registrada pela própria comunidade.

Vale também destacar que os serviços que foram mais bem avaliados por todos os

entrevistados (abastecimento de água potável e saneamento básico), são serviços pagos

diretamente à companhia de água e esgotos do Estado, mas os serviços que são ofertados pelo

repasse de pagamento de impostos (IPTU, ISS, ICMS), foram considerados insatisfatórios

pela população.

De maneira geral, o desempenho do índice de sustentabilidade da bacia do Cuiá é

muito baixo devido ao baixo desempenho interligado de seus indicadores, que por sua vez,

apresentam performance oscilando entre o regular e o muito crítico.

Isso ocorre principalmente por não haver diretrizes ou políticas públicas direcionadas

para o verdadeiro desenvolvimento sustentável, o respeito às leis já criadas e a ausência do

monitoramento das diretrizes relevantes para uma bacia ambiental urbana.

Page 108: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

108

Um fator que precisa também ser destacado, durante a realização da pesquisa, é a

grande dificuldade em obter dados oficiais das agências governamentais. Somente foi possível

ter acesso, deveras restrito, a certas informações por meio de contatos pessoais com algumas

pessoas conhecidas. Isso caracteriza a falta de transparência e ética no repasse de informações

para a sociedade. E dessa forma é possível apresentar mais uma justificativa na aplicação do

sistema de indicadores para avaliar a sustentabilidade local.

Depois de expor todas essas considerações é possível criar mais alguns

questionamentos:

1. Como um rio perene, com uma vazão de água relativamente grande, que corta 21

bairros da cidade de João Pessoa, classificado pelo COPAM como um rio de Classe 3,

que ainda apresenta resquícios de mata atlântica em suas margens, não está sendo

protegido e preservado pelo poder público para que este escasso recurso (água) seja

aproveitado eficiente e eficazmente de maneira sustentável?

2. Por que esse recurso está sendo desperdiçado e utilizado para fins tão pouco

produtivos?

Resposta: As duas primeiras perguntas podem ser respondidas da seguinte forma: Isso

ocorre principalmente pela ineficácia do poder público em gerenciar e promover ações

integradas de preservação, educação e punição junto aos próprios usuários.

3. É possível promover distribuição de renda e ter eficiência econômica?

Resposta: Sim, o círculo virtuoso do crescimento envolve a distribuição de renda

como um dos pilares para se atingir a eficiência econômica através do consumo. No

caso da bacia do Cuiá, a melhoria da renda nos bairros, induziria ao crescimento

econômico.

4. Como incorporar os atores sociais (cidadãos) democraticamente nos processos de

desenvolvimento da bacia do Cuiá?

Resposta: De alguma forma isto já está sendo feito através do orçamento democrático

da PMJP, contudo a participação popular ainda é muito insipiente, faz-se necessário

instigar a população a participar do processo educativo e de conservação do meio

ambiente. O IPTU VERDE, a coleta seletiva nos bairros é uma forma de promover

essa incorporação.

5. Como tratar no mesmo grau de relevância ambiental, social, institucional e econômica,

a bacia hidrográfica do rio Cuiá?

Page 109: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

109

Resposta: Uma forma de tratar com o mesmo grau de relevância as 4 dimensões do

desenvolvimento sustentável é através do uso de indicadores e índices de

sustentabilidade pelo método do Painel da Sustentabilidade que este trabalho propõe.

Tendo em vista que a possibilidade de utilização sustentável dessa área é grande, basta

apenas que sejam cumpridas as diretrizes legais na conservação e recuperação da vegetação,

uso e ocupação do solo e conscientização ambiental. Os benefícios colhidos seriam inúmeros

em todas as dimensões.

Por exemplo, a recuperação e proteção das nascentes do rio e da vegetação nativa

(respeitando o código florestal brasileiro), o não lançamento clandestino de efluentes brutos

(domésticos, de pocilgas e vacarias), já seriam ações que melhorariam a qualidade da água e,

consequentemente, outros aspectos do meio natural (desenvolvimento da fauna terrestre e

aquática).

Com a água e vegetação de boa qualidade, o vale do Cuiá se tornaria um ambiente de

refúgio de espécies de animais da mata atlântica, o rio poderia ser um reservatório

emergencial de água para consumo humano, exploração do turismo ecológico dentro da área

urbana que consequentemente melhoraria os indicadores sociais e econômicos, pois geraria

empregos, aumento de renda etc.

Entretanto, seria altamente recomendado que as agências públicas de regulação,

controle e monitoramento urbano do Estado e do Município estivessem acessíveis para o

fornecimento de informações e consequentemente a realização de modificações no plano

diretor da cidade, desta forma esta pesquisa poderia ser mais completa em integrar a

diversidade de parâmetros e assim realizar inter-conexões com outros indicadores, como a

relação de poluição atmosférica, a ocorrência de congestionamentos de automóveis e aspectos

mais amplos em se tratando de nível de qualidade de vida da população inserida na bacia

hidrográfica do rio Cuiá.

Page 110: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

110

6. CONCLUSÕES

Partindo do pressuposto definido sobre o desenvolvimento sustentável, foi possível

concluir que com os dados obtidos neste trabalho a partir das leituras que embasaram seu

referencial teórico, a sustentabilidade é uma condição de equilíbrio dinâmico entre as

dimensões envolvidas (ambiental, social, econômica e institucional), e desconsiderando

qualquer forma de desagregação entre elas e qualquer proposição que priorize alguma das

dimensões não pode ser encarado como Desenvolvimento Sustentável.

Também foi possível concluir que em se tratando da sustentabilidade, sua

operacionalidade fica nitidamente visível ao se aplicar como ferramenta do planejamento

ambiental, a metodologia de indicadores pelo Painel da Sustentabilidade, e que

operacionalmente, através dela foi possível avaliar as condições atuais de sustentabilidade da

bacia do Cuiá.

Contatou-se ainda que através desse método é possível visualizar de maneira dinâmica,

todas as dimensões da sustentabilidade, pois este integra diferentes dimensões com pesos

equivalentes e sugere indicadores que são reconhecidos nacional e internacionalmente,

identificando as potencialidades e vulnerabilidades da área em estudo do método, se

mostrando muito adequado para alcançar os objetivos propostos.

Pode- se dizer que este trabalho teve principalmente dois fatores de restrição. As

limitações inerentes ao próprio método de Painel da Sustentabilidade e a limitação

proveniente da pesquisa de maneira geral, devido à carência de dados sistemáticos e registros

de informações nos órgãos públicos municipais, estaduais e federais. Além disso, para os

dados obtidos, observou-se que eles são de momentos diferentes ao de desenvolvimento deste

trabalho.

Considerando-se as limitações do uso do método de indicadores é possível identificar com

uma desvantagem primordial é a perda de informação vital, devido a necessidade de

condensar muitos dados em um único índice.

Uma limitação específica para o Painel de Sustentabilidade é a necessidade contínua e

simultânea de suporte científico confiável, que atualize constantemente os indicadores e ainda

desenvolva sistemas de integração e comunicação capazes de reduzir as distorções temporais

que fundamentam o método, pois a essência deste é fundamentada principalmente na escala

temporal dos acontecimentos capazes de mudar a situação no instante da avaliação.

Page 111: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

111

Para Tunstall (1992), através do sistema de indicadores é possível prever tendências

futuras do sistema, contudo, é necessário ter uma série temporal com uma quantidade

relevante de dados para que possa ser identificada alguma tendência do sistema.

Agora as limitações relativas à pesquisa resumem-se na pouca produção acadêmico-

científica sobre o uso do painel da sustentabilidade como ferramenta de planejamento. No

Brasil o marco teórico sobre o assunto é basicamente creditado a Van Bellen (2006), que

analisou e aplicou exaustivamente diversos métodos para avaliar a sustentabilidade. Outra

limitação já comentada neste trabalho é a dificuldade em ter acesso aos dados oficiais dos

órgãos públicos das três esferas sem uma justificativa. É impreciso afirmar se os órgãos não

possuem tais informações ou qual o motivo da negação em fornecer os dados.

Uma conclusão de ordem técnica, bastante relevante, é sobre o conceito de bacia

hidrográfica e bacia ambiental. Depois de revisar a literatura sobre o tema a definição clássica

de bacia hidrográfica pode e deve ser aplicada para a delimitação da área de estudo,

entretanto, a definição mais adequada para se avaliar as interações entre os diversos processos

de uma bacia urbana é o de bacia ambiental, até mesmo porque o estudo do território, segundo

esta definição, proporciona uma melhor fundamentação e aplicação do Painel da

Sustentabilidade.

Os dois fatores ambientais analisados neste trabalho são compostos pelos parâmetros de

qualidade da água e pela qualidade e extensão da cobertura vegetal relacionada ao

crescimento da malha urbana.

Após a avaliação destes dois parâmetros conclui - se que a redução da vegetação da área

de preservação da bacia influencia diretamente na qualidade da água do rio. Essa dupla

degradação oriunda da expansão imobiliária presente no local é agravada pela ausência de

ações em nível institucional, como por exemplo, o lançamento indiscriminado e descontrolado

de efluentes domésticos tratados ou não no rio sem qualquer punição aos poluidores, o total

desrespeito as leis ambientais já instituídas no âmbito federal, estadual e municipal é nítido e

bastante evidente na bacia do Cuiá.

Assim os efeitos da degradação ambiental na bacia do Cuiá tem como uma das principais

causas a impunidade e a falta de vontade política para o cumprimento de uma agenda de ações

de baixo custo e de fácil implementação. Não se pode esquecer que os interesses econômicos

e sociais são fatores que influenciam diretamente no planejamento da agenda municipal de

desenvolvimento.

Page 112: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

112

As características sociais e econômicas encontradas na bacia do Cuiá seguem a tendência

comum do Município de João Pessoa e do Estado da Paraíba. Ou seja, o crescimento ou

evolução econômica é presente e latente na bacia, entretanto essa “riqueza” é mal distribuída

nos bairros que a compõem.

Existem bairros onde estão concentradas as maiores rendas mensais e é justamente nesses

locais onde a qualidade dos serviços prestados pelo poder público ou por empresas privadas é

melhor oferecido. Já nos bairros em que a maioria dos moradores tem uma renda mensal

familiar intermediária ou inferior às classes A e B, a qualidade dos serviços oferecidos pelo

poder público ou por empresas não atende integralmente às expectativas dos usuários.

Pode - se concluir, que ainda na bacia do Cuiá as características de promoção e equidade

social estão intimamente relacionadas ao poder aquisitivo das famílias que residem nos

bairros. Ou seja, o desenvolvimento social e o crescimento econômico não são uniformes em

toda a bacia, porque existem áreas de concentração de renda e onde ocorre essa concentração

os aspectos sociais são mais evoluídos.

Através das respostas obtidas pela aplicação dos questionários nos 21 bairros, foi possível

concluir que todos os entrevistados consideram insatisfatório ou moderadamente satisfatório a

qualidade dos serviços essenciais prestados gratuitamente, onde o pagamento pelo serviço é

feito indiretamente através de impostos, taxas ou emolumentos. Já o contraponto a essas

opiniões é a avaliação dos usuários que consideram satisfatório os serviços prestados, onde o

pagamento é feito diretamente a empresa que detém a concessão pública para o fornecimento

do serviço, como por exemplo, o fornecimento de água, luz, telefonia e transporte.

Finalmente pode – se concluir que a utilização do sistema de indicadores é uma alternativa

viável para mensurar, avaliar o desenvolvimento sustentável local, mas o êxito de programas

de sustentabilidade efetivamente poderá ser avaliado utilizando pequenas áreas territoriais

para sua aplicação, como “células” modelo de sustentabilidade, inseridas em uma área maior.

Essa ideia de células modelo pode ajudar a reduzir as distorções do desenvolvimento

sustentável em escalas maiores, apresentando respostas viáveis politicamente e favorecendo a

melhoria do desempenho do índice global, baseado na melhoria dos indicadores locais e

endógenos de cada área.

Page 113: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

113

6.1 Recomendações

Esta parte finaliza o trabalho apresentando algumas ações para melhoria do

desempenho dos indicadores de sustentabilidade identificados na bacia do rio Cuiá.

Essas ações consideram os aspectos espaço - temporais da bacia hidrográfica,

envolvem todas as dimensões da sustentabilidade proposta pelo trabalho e precisariam ser

implementadas a curto, médio e longo prazo por diversos setores da sociedade (sociedade

civil, poder público Municipal e Estadual e empresários). Os resultados somente serão obtidos

se houver o esforço conjunto de todos os atores envolvidos na localidade.

Inicialmente o planejamento para a melhoria dos indicadores está dividido em ações

urgentes e ações importantes e segue uma sequência lógica de relevância objetivando

diminuir as distorções encontradas entre as dimensões analisadas. Mas é preciso ficar atento,

pois certas ações importantes fundamentam ou agem de forma complementar em relação às

ações emergenciais.

Todas as ações propostas aqui poderiam apresentar um melhor critério de refinamento

e aplicabilidade, se as informações colhidas junto aos órgãos públicos apresentassem um grau

de confiabilidade e acessibilidade suficiente para propor tais ações.

Lista de ações emergenciais para melhoria dos indicadores

• Eliminar todos os lançamentos clandestinos de esgotos domésticos ou de pocilgas e

vacarias;

• Realizar a limpeza e remoção de todo o resíduo sólido de grande volume que dificulte

a passagem natural do rio e favoreça a proliferação de vetores de doenças;

• Retirar toda e qualquer construção, habitação, plantação, criação, etc. das margens do

rio e do restante da área protegida pelo Código Florestal Brasileiro;

• Recuperar a vegetação nativa através do plantio de mudas da mata atlântica na área

das nascentes e nos demais trechos ao longo do rio que se apresente altamente

degradado;

• Dragagem de alguns trechos do rio, para o desassoreamento;

• Exigir da CAGEPA o monitoramento adequado da carga poluidora do lançamento do

efluente tratado pela ETE de Mangabeira, considerando a capacidade de

autodepuração do rio;

• Realizar Investimentos na melhoria e aparelhamento dos serviços públicos essenciais

nos bairros com menor densidade populacional e pouco desenvolvidos, como postos

Page 114: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

114

de saúde, postos de polícia, levando em consideração a proporção adequada entre a

quantidade de moradores e a disponibilidade de serviços;

• Aumento da disponibilidade de linhas de transporte coletivo para bairros populosos e

mais distantes, a exemplo de Costa do Sol, Paratibe, Gramame, Planalto Boa

Esperança, Barra de Gramame e Monsenhor Magno (bairros como esses tem 90% de

usuários com apenas uma linha de ônibus e no bairro do Bessa, no outro extremo da

cidade, apenas 10% de usuários com 5 linhas de ônibus);

• Melhoria nas condições de infra estrutura nas escolas e valorização do professor;

• Policiamento ostensivo nos bairros;

• Nos bairros onde o comércio é pouco desenvolvido, incentivar a migração de

comerciantes para atender a demanda local, reduzindo impostos para fixação nos

bairros.

• Fazer cumprir imediatamente as leis de restrição, monitoramento e punição para

poluidores e desmatadores;

• Criar programas de educação e preservação ambiental;

• Criar planos emergenciais e de contingência em caso de desastres naturais;

• Implementar programas e metas preventivas contra desastres naturais;

• Criar e implementar programas de ajuste social em comunidades subnormais;

• Atualizar, segundo as diretrizes sustentáveis, o Planejamento Urbano do local;

• Atualizar o plano diretor da cidade em sintonia com as ações das outras dimensões.

Lista de ações importantes para melhoria dos indicadores

• Implementar, a exemplo do município de Belo Horizonte, o IPTU VERDE, que

resumidamente seria a concessão de descontos nos tributos (Imposto Predial e

Territorial Urbano) a contribuintes que comprovadamente preservem, protejam e

recuperem o meio ambiente. (Projeto de Lei Complementar da Prefeitura Municipal de

Belo Horizonte, ANEXO 3).

• Criar programas de conscientização e mobilização ambiental nos bairros que

compõem a bacia;

• Exigir dos órgãos públicos responsáveis o monitoramento contínuo do desmatamento

e da qualidade das águas e promover ações mitigadoras e corretivas em relação a

esgotamento sanitário e criação e plantio extensivo encontrado no local, bem como a

implementação de uma punição exemplar aos poluidores;

• Fiscalizar e punir exemplarmente a expansão imobiliária clandestina e criminosa.

Page 115: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

115

• Comprometimento do repasse de verbas para as comunidades que mais precisam de

recursos;

• Exigir das empresas privadas que possuem concessão pública para explorar o serviço

de transportes coletivos, uma frota condizente com a realidade do bairro, obedecendo

a horários regulares e em quantidade suficiente de ônibus e ainda respeitando o limite

máximo de passageiros em um ônibus;

• Urbanizar bairros e conjuntos habitacionais fornecendo condições de moradia

adequada (ruas calçadas, telefonia fixa, escolas,etc.)

• No programa para criação de micro e pequenas empresas, preferir a implantação de

empreendimentos comerciais no local onde o comércio for pouco desenvolvido;

• Introduzir atendimento bancário diversificado no bairro;

• Tornar éticas e transparentes todas as etapas do Orçamento Democrático;

• Auxiliar e fomentar as ações da ONG Salve o Cuiá;

• Identificar e monitorar fontes poluidoras do rio Cuiá;

• Promover junto a produtores agrícolas de grande, médio, pequeno porte e da

agricultura familiar, localizados na bacia e com suporte das empresas de apoio técnico

(Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural Da Paraíba – EMATER ou da

Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba S. A. – EMEPA) o uso de

tecnologias menos agressivas ao meio ambiente e que confiram melhor eficiência no

processo produtivo e de redução de poluentes, a exemplo de Digestores Anaeróbios

para o tratamento de fezes de animais, compostagem para resíduos orgânicos, redução

de implementos agrícolas industrializados, etc.

• Incentivar a criação de células modelo de sustentabilidade local, onde a população

participe ativamente da preservação ambiental (cultivo, distribuição e plantio de

mudas de plantas, uso de energias alternativas renováveis, separação, reciclagem e

reutilização de resíduos, conscientização ambiental, etc.), comercialização de itens

produzidos pela própria comunidade e mobilização conjunta dos moradores no sentido

de avaliar e exigir providências do poder público.

Sugestões para aplicação em trabalhos futuros:

• Identificar o Índice de Sustentabilidade da bacia hidrográfica do rio Cuiá, através do

Método do Painel de Sustentabilidade, utilizando indicadores de maior abrangência e

agregação, sugeridos pelo método;

Page 116: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

116

• Calcular o Índice de Sustentabilidade de outras bacias hidrográficas de relevante

importância no município de João Pessoa, através do Método do Painel de

Sustentabilidade, e compará- los com a bacia do rio Cuiá;

• Calcular o Índice de Sustentabilidade do município de João Pessoa e assim comparar

os dados da escala local (bacia hidrográfica) com outra unidade territorial (município);

• Utilizar o Método do Painel de Sustentabilidade como forma de acompanhar e

monitorar o desenvolvimento da bacia do Cuiá, realizando o cálculo do índice em

momentos diferentes.

Page 117: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

117

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Page 124: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

124

APÊNDICE 1

Nº Bairros

Estimativa de

Densidade

Populacional

Desenvolvimento

do Comércio

Qualidade de

Serviços

Essenciais

Classes

Sociais Serviços

1 Mangabeira Alta densidade

populacional

Altamente

desenvolvido Satisfatória

A1, A2,

B1, B2,

C1, C2, D,

E

Moderado

2 Valetina Alta densidade

populacional

Medianamente

Desenvolvido

Moderadamente

Satisfatória

A2, B1,

B2, C1,

C2, D, E

Moderado

3 José

Américo

Alta densidade

populacional

Medianamente

Desenvolvido

Moderadamente

Satisfatória

A2, B1,

B2, C1,

C2, D, E

Moderado

4 Cuiá Média densidade

populacional

Pouco

Desenvolvido

Moderadamente

Satisfatória

A2, B1,

B2, C1,

C2, D, E

Moderado

5 Costa do

Sol

Baixa densidade

populacional

Pouco

Desenvolvido Insatisfatória

B1, B2,

C1, C2, D,

E

Baixo

6 Paratibe Baixa densidade

populacional

Pouco

Desenvolvido Insatisfatória

B2,C1,

C2, D, E Baixo

7 Gramame Baixa densidade

populacional

Pouco

Desenvolvido Insatisfatória

C1, C2, D,

E Baixo

8 Muçumagro Média densidade

populacional

Pouco

Desenvolvido Insatisfatória

C1, C2, D,

E Baixo

9 Água Fria Baixa densidade

populacional

Medianamente

Desenvolvido

Moderadamente

Satisfatória

A1, A2,

B1, B2,

C1, C2, D,

E

Moderado

Page 125: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

125

10 Planalto Boa

Esperança

Média densidade

populacional

Pouco

Desenvolvido

Moderadamente

Satisfatória

B1, B2,

C1, C2,

D, E

Baixo

11 Funcionários I Baixa densidade

populacional

Medianamente

Desenvolvido

Moderadamente

Satisfatória

B2, C1,

C2, D, E Baixo

12 Funcionários II Baixa densidade

populacional

Medianamente

Desenvolvido Insatisfatória

B2, C1,

C2, D, E Baixo

13 João Paulo II Baixa densidade

populacional

Pouco

Desenvolvido Insatisfatória

B2, C1,

C2, D, E Baixo

14 Ernesto Geisel Alta densidade

populacional

Medianamente

Desenvolvido Satisfatória

A1, A2,

B1, B2,

C1, C2,

D, E

Moderado

15 Barra de

Gramame

Baixa densidade

populacional

Pouco

Desenvolvido Insatisfatória

C1, C2,

D, E Baixo

16 Grotão Alta densidade

populacional

Medianamente

Desenvolvido

Moderadamente

Satisfatória

B1, B2,

C1, C2,

D, E

Baixo

17 Jardim São

Paulo

Alta densidade

populacional

Pouco

Desenvolvido

Moderadamente

Satisfatória

B1, B2,

C1, C2,

D, E

Moderado

18 Anatólia Alta densidade

populacional

Medianamente

Desenvolvido Satisfatória

A1, A2,

B1, B2 Alto

19 Bancários Alta densidade

populacional

Altamente

Desenvolvido Satisfatória

A1, A2,

B1, B2 Alto

20 Cidade dos

Colibris

Média densidade

populacional

Medianamente

Desenvolvido Satisfatória

A1, A2,

B1, B2 Alto

21 Jardim cidade

Universitária

Alta densidade

populacional

Altamente

Desenvolvido Satisfatória

A1, A2,

B1, B2 Alto

Page 126: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

126

APÊNDICE 2

Questionário de Avaliação Socioeconômica

1. Em termos de comércio, você encontra tudo o que precisa no bairro em que mora?

( ) SIM ( ) NÃO

Você considera seu bairro com o comércio:

( ) Altamente desenvolvido ( ) Medianamente Desenvolvido

( )Pouco Desenvolvido

Se a resposta for não, que tipo de comércio falta no bairro?

____________________________________________________________________

2. Qual a estimativa de renda familiar?

( ) 1 salário mínimo ( ) 2 salários mínimos( ) 3 salários mínimos

( ) 4 salários mínimos ( ) 5 salários mínimos ( ) 5 salários mínimos

( ) 6 salários mínimos ( ) 7 salários mínimos ( ) 8 salários mínimos

( ) 9 salários mínimos ( ) 10 salários mínimos ( ) >10 salários mínimos

( ) >15 salários mínimos ( ) >28 salários mínimos

3. Como você avalia os serviços oferecidos no bairro?

Segurança Pública ( ) Satis. ( ) Mod. Satis. ( ) Insatis.

Educação ( ) Satis. ( ) Med. Satis. ( ) Insatis.

Postos de Saúde ( ) Satis. ( ) Med. Satis. ( ) Insatis.

Transporte Coletivo ( ) Satis. ( ) Med. Satis. ( ) Insatis.

Limpeza Urbana ( ) Satis. ( ) Med. Satis. ( ) Insatis.

Saneamento Básico ( ) Satis. ( ) Med. Satis. ( ) Insatis.

Fornecimento de Água( ) Satis. ( ) Med. Satis. ( ) Insatis.

Se você considera algum dos serviços medianamente satisfatório ou insatisfatório, o que você

gostaria que fosse modificado?

____________________________________________________________________

4.Você acha que seu bairro precisa de algum tipo de serviço?

____________________________________________________________________

5. Consumo de Serviços.

Plano de Saúde ( ) Internet ( ) TV por Assinatura ( )

6. Qual a importância do rio Cuiá para o seu bairro?

____________________________________________________________________

7. Você acha que deveria ser feito algum tipo de melhoria ou controle em alguma parte do rio?

____________________________________________________________________

MUITO OBRIGADO PELA SUA ATENÇÃO!

Page 127: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

127

APÊNDICE 3 Próximo a Nascente - Bairro Grotão P1 set/09 out/09 nov/09 dez/09 jan/10 fev/10 mar/10 abr/10 mai/10 jun/10 Média VMP CONAMA 357 Classe 3 Desvio P

Coli 2000 3200 2300 1200 500 1700 1900 2200 2900 3700 2160,00 2500 UFC/ 100 mL 943,04

OD 2 1,3 2,1 2 4,1 2,4 2 2 2,2 1,7 2,18 >4,00 0,74

Cond 176,9 170,3 159,6 160,4 149,7 156,3 173,9 159,8 188 193,2 168,81 NA 14,20

pH 6,8 7,1 7 6,9 6,4 7,3 5,9 6,2 6,3 7,3 6,72 6 a 9 0,49

DBO 12 10,1 8,4 13,1 8 9,1 10,3 16,1 17,3 18,4 12,28 <10 3,80

DQO 74,1 65,1 59,4 60 51,3 43,7 69,1 72,3 69,7 78,6 64,33 NA 10,82

Próximo a Confluência entre os rios Laranjeiras e Cuiá

P2 set/09 out/09 nov/09 dez/09 jan/10 fev/10 mar/10 abr/10 mai/10 jun/10 Média VMP CONAMA 357 Classe 3 Desvio P

Coli 300 500 350 1000 500 700 2000 1000 300 800 745,00 2500 UFC/ 100 mL 514,48

OD 5,2 5,1 4,9 5 5,1 4,3 4,3 4,7 5,2 5 4,88 >4,00 0,34

Cond 172,4 174,4 159 142 158 149 169 131 169 178 160,18 NA 15,41

pH 7 7 7 7,1 6,9 6,9 7 7,1 6,9 7 6,99 6 a 9 0,07

DBO 8 11 8,5 10,5 9,3 7,5 8,2 8,3 12,1 11,3 9,47 10 1,62

DQO 71,3 63,4 62 52,4 52,4 49,3 49,3 52,3 69,8 71,6 59,38 NA 9,27

Próximo a Ponte de divisa dos Bairros Valentina e Mangabeira

P3 set/09 out/09 nov/09 dez/09 jan/10 fev/10 mar/10 abr/10 mai/10 jun/10 Média VMP CONAMA 357 Classe 3 Desvio P

Coli 4000 3600 2910 2930 2810 2350 2300 2170 2020 2090 2718,00 2500 UFC/ 100 mL 666,98

OD 0,1 0,5 0 0,1 0,5 0,2 0,2 0 0,5 0,1 0,22 >4,00 0,20

Cond 234 274 279 281 279,4 289 278 261 257 237 266,94 NA 19,07

pH 6,05 6,1 6 6,2 6 6,4 6,2 6 6,5 6,5 6,20 6 a 9 0,20

DBO 23,7 24,5 31,3 42,8 48,5 42 45 51 60,5 41,3 41,06 10 11,65

DQO 184 182 193 189 192 179 163 194 288 159 192,30 NA 35,73

Page 128: Indicedesustentabilidadeaplicadoabaciadocuiá

128

Aproximadamente a 50m a jusante do lançamento do efluente tratado pela ETE de Mangabeira

P4 set/09 out/09 nov/09 dez/09 jan/10 fev/10 mar/10 abr/10 mai/10 jun/10 Média VMP CONAMA 357 Classe 3 Desvio P

Coli 350 319 274 272 255 282 199 314 210 250 272,50 2500 UFC/ 100 mL 47,26

OD 0,5 0 0,8 1 0 0,5 0,5 1,5 0,5 0 0,53 >4,00 0,48

Cond 737,1 753,2 403,3 298 288 302 327,2 281 214 307 391,08 NA 192,31

pH 5,2 5,1 6,5 6,3 5,8 6,3 5,9 6,2 6,8 5,4 5,95 6 a 9 0,57

DBO 68,3 70 53,7 63,7 43,7 68,5 82,9 74,7 71 72,3 66,88 10 11,05

DQO 239,7 227 213 201,7 197,4 218 305,4 291 273 309 247,52 NA 43,24

Próximo a confluência entre o riacho Buracão e rio Cuiá

P5 set/09 out/09 nov/09 dez/09 jan/10 fev/10 mar/10 abr/10 mai/10 jun/10 Média VMP CONAMA 357 Classe 3 Desvio P

Coli 88 54 0 34 25 17 19 26 27 63 35,30 2500 UFC/ 100 mL 25,83

OD 1,3 2,3 4 4,2 3,5 3,8 3,9 4 3,9 3,2 3,41 >4,00 0,92

Cond 307 324 301 279 238 237 213 215 216,3 207 253,73 NA 44,62

pH 6,6 6,6 6,9 7 7,1 7 7,1 7,2 7,1 7 6,96 6 a 9 0,21

DBO 18,4 18 15,3 17,9 16,3 15,5 18,3 17,9 15,7 18,5 17,18 10 1,31

DQO 88,2 72,9 53,1 68,2 74,7 67,3 63,5 65,3 63,8 67,7 68,47 NA 9,08 Próximo a principal desembocadura do rio Cuiá no Oceano Atlântico

P6 set/09 out/09 nov/09 dez/09 jan/10 fev/10 mar/10 abr/10 mai/10 jun/10 Média VMP CONAMA 357 Classe 3 Desvio P

Coli 130 142 95 103 98 72 63 52 55 64 87,4 2500 UFC/ 100 mL 31,43

OD 3,5 4,1 4,3 4,5 4,2 3,8 4 4,1 4 4,2 4,07 >4,00 0,28

Cond 10439 10589 10372 9843 10238 10531 10584 10623 10833 10653 10470,5 NA 274,28

pH 6,2 5,8 5,7 5,5 5,7 5,9 6 6,3 6,5 6,1 5,97 6 a 9 0,31

DBO 22 26 31 20,4 19,7 17,3 18,9 19 22,3 31,9 22,85 10 5,13

DQO 108 123 110 98,3 81,7 75,3 77,3 75,8 88,4 115 95,28 NA 17,88

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ANEXO 1

Fonte: Adaptado de SANTOS, 2004 Legenda: Bacia Hidrográfica

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ANEXO 2

Fonte: Adaptado de SANTOS, 2004 Dinâmica Energética do Ecossistema Hídrico

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131

ANEXO 3

PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DA PREFEITURA MUNICIPAL DE

BELO HORIZONTE

CAPÍTULO I

Disposições Preliminares

Art. 1°. Fica instituído no âmbito do município de Curitiba, o Programa IPTU Verde,

cujo objetivo é fomentar medidas que preservem, protejam e recuperem o meio

ambiente, ofertando em contrapartida benefício tributário ao contribuinte.

CAPÍTULO II

Dos requisitos

Art. 2°. Será concedido benefício tributário, consistente em reduzir o Imposto Predial e

Territorial Urbano (IPTU), aos proprietários de imóveis residenciais e territoriais não

residenciais (terrenos) que adotem medidas que estimulem a proteção, preservação e

recuperação do meio ambiente.

Parágrafo único: As medidas adotadas deverão ser:

I - Imóveis Residencias (incluindo condomínios horizontais e prédios):

a) Sistema de captação da água da chuva;

b) Sistema de reuso de água;

c) Sistema de aquecimento hidráulico solar;

d) Sistema de aquecimento elétrico solar;

e) Construções com material sustentável;

f) Utilização de energia passiva;

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132

g) Sistema de utilização de energia eólica.

II - Imóveis territoriais não residenciais (terrenos):

a) Manutenção do terreno sem a presença de espécies exóticas e cultivação de espécies

arbóreas nativas.

III - Imóveis residenciais (exclusivo para condomínios horizontais ou prédios):

a) Separação de resíduos sólidos.

Art. 3°. Para efeitos desta lei, considera-se:

I - Sistema de captação da água da chuva: sistema que capte água da chuva e armazene

em reservatórios para utilização do próprio imóvel;.

II - Sistema de Reuso de Água: utilização, após o devido tratamento, das águas residuais

proveniente do próprio imóvel, para atividades que não exijam que a mesma seja

potáve;.

III - Sistema de aquecimento hidráulico solar: utilização de sistema de captação de

energia solar térmica para aquecimento de água, com a finalidade de reduzir

parcialmente, o consumo de energia elétrica na residência;

IV - Sistema de aquecimento elétrico solar: utilização de captação de energia solar

térmica para reduzir parcial ou integralmente o consumo de energia elétrica da

residência, integrado com o aquecimento da água.

V - Construções com material sustentável: utilização de materiais que atenuem os

impactos ambientais, desde que esta característica sustentável seja comprovada

mediante apresentação de selo ou certificado;

VI - Utilização de energia passiva: edificações que possuam projeto arquitetônico onde

seja especificado dentro do mesmo, as contribuições efetivas para a economia de

energia elétrica, decorrentes do aproveitamento de recursos naturais como luz solar e

vento, tendo como consequencia a diminuição de aparelhos mecânicos de climatização;

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133

VII - Manutenção do terreno sem a presença de espécies exóticas invasoras e que

cultivem espécies arbóreas nativas: o proprietário de terreno sem edificações, que

proteja seu imóvel de espécies exóticas invasoras, não típicas do local, que passam a

tomar conta do terreno, causando grande impacto ambiental, ecológicos, e perda

considerável da biodiversidade. Ainda, deve destinar pelo menos 20% de seu espaço ao

cultivo de espécies nativas, a fim de aumentar a biodiversidade no período urbano.

Art. 4°. Os padrões técnicos mínimos para cada medida estão previstos no Anexo I, da

presente Lei.

CAPÍTULO III

Do benefício tributário

Art. 5°. A título de incentivo, será concedido o desconto no Imposto Predial e Territorial

Urbano (IPTU), para as medidas previstas no parágrafo único, do artigo 2°, na seguinte

proporção:

I - 3% para as medidas descritas nas alíneas c e f, inciso I e alínea a, inciso III;

II - 5% a 9% para a medida descrita na alínea e, inciso I;

III - 7% para as medidas descritas nas alíneas a e b, inciso I;

IV - 9% para a medida descrita na alínea a, inciso II

V - 11% para as medidas descritas nas alíneas g e d, inciso I e alínea b, inciso II;

VI - 20% para a medida descrita na alínea d e g, inciso I.

Art. 6°. O benefício tributário não poderá exceder a 20% do Imposto Predial e

Territorial Urbano (IPTU) do contribuinte.

CAPITULO IV

Do Procedimento para concessão do benefício

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134

Art. 7°. O interessado em obter o benefício tributário deve protocolar o pedido

devidamente justificado para a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, até data de 30

de setembro do ano anterior em que deseja o desconto tributário, expondo a medida que

aplicou em sua edificação ou terreno, instruindo o mesmo com documentos

comprobatórios.

§1° Para obter o incentivo fiscal, o contribuinte deverá estar em dia com suas

obrigações tributárias.

§2° A Secretaria Municipal do Meio Ambiente designará um responsável para

comparecer até o local e analisar se as ações estão em conformidade com a presente Lei,

podendo solicitar ao interessado documentos e informações complementares para

instruir seu parecer.

§3° Após a análise, o Secretário Municipal do Meio Ambiente elaborará um parecer

conclusivo acerca da concessão ou não do benefício.

§4° Sendo o parecer favorável, após ciência do interessado, o pedido será enviado para

a Secretaria de Finanças para providências.

§5° Entendendo pela não concessão do benefício, a Secretaria arquivará o processo,

após ciência do interessado.

Art. 8°. Aquele que obtiver o desconto referido nesta Lei, receberá o selo de “amigo do

meio ambiente”, para afixar na parede de seu imóvel, sendo que sua regulamentação

será feita através de Resolução.

Art. 9°. Só poderá ser beneficiado pela presente Lei, os imóveis residenciais (incluindo

condomínios horizontais e prédios) ligados à Rede de Esgoto, desde que disponível, ou

que possua sistema ecológico de tratamento de esgoto, como uma fossa ecológica, onde

ocorra o processo de biometanação, envolvendo a conversão anaeróbia de biomassa em

metano.

Art. 10. A Secretaria Municipal do Meio Ambiente realizará a fiscalização a fim de

verificar se as medidas estão sendo aplicadas corretamente.

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135

Art. 11. A renovação do pedido de benefício tributário deverá ser feita anualmente.

CAPÍTULO V

Da extinção do benefício

Art. 12. O Benefício será extinto quando:

I - O proprietário do imóvel inutilizar a medida que levou à concessão do desconto;

II - O IPTU for pago de forma parcelada e o proprietário deixar de pagar uma parcela;

III - O interessado não fornecer as informações solicitadas pela Secretaria Municipal do

Meio Ambiente.

CAPÍTULO VI

Das disposições finais

Art. 13. A presente Lei atende à compensação exigida pelo disposto no artigo 14, da Lei

Complementar 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal).

Art. 14. Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação.

Exigências mínimas técnicas das medidas

PARA IMÓVEIS RESIDENCIAIS (incluindo prédios e condomínios horizontais)

Imóveis Residenciais com sistema de aquecimento

hidráulico solar

Placas de captação de energia solar que sejam

responsáveis pelo aquecimento da água da

residência.

3%

Potencialização da utilização de energia passiva

Edificações que possuam projeto arquitetônico onde

seja especificado dentro do mesmo, as contribuições

3%

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136

efetivas para a economia da energia elétrica,

decorrentes da potencialização do uso de recursos

naturais, como vento e luz solar, consequentemente

reduzindo a utilização de aparelhos mecânicos de

climatização.

Construções com material sustentável Utilização

de materiais que atenuem os impactos ambientais,

desde que comprovado mediante apresentação de

certificado ou selo, em 40% a 60% da área edificada.

5%

Imóveis Residenciais com sistema de captação de

água da chuva

O sistema deverá possuir tubos de condução de água,

a caixa d’agua deverá ter a capacidade mínima de

2.000 litros, ser tampada, e funcionar integrado ao

sistema hidráulico da casa.

7%

Imóveis Residenciais com sistema de reuso da

água

O sistema deverá ser nos moldes do art. 6° e 7° da

Lei Municipal n. 10.785 de 18 de setembro de 2003

e funcionar integrado ao sistema hidráulico da casa.

7%

Construções com material sustentável Utilização

de materiais que atenuem os impactos ambientais,

desde que comprovado mediante apresentação de

certificado ou selo, em 61% a 80% da área edificada.

7%

Construções com material sustentável Utilização

de materiais que atenuem os impactos ambientais,

desde que comprovado mediante apresentação de

certificado ou selo, em 81% a 100% da área

edificada.

9%

Sistema de utilização de energia eólica: Deverá

captar vento, através de moinhos ou cata-ventos,

para produção de pelo menos 20% da energia

elétrica da residência.

11%

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137

Imóveis Residenciais com sistema elétrico solar

Deverá estar integrado ao sistema de energia elétrica

da casa e ser responsável pelo menos a 20% do seu

consumo total da residência.

11%

PARA IMÓVEIS TERRITORIAIS NÃO RESIDENCIAIS (terrenos)

Imóveis territoriais sem a presença de espécies

exóticas e com cultivo às espécies arbóreas

nativas

Terrenos sem a presença de nenhuma das espécies

citadas na lista de espécies exóticas do Paraná,

Portaria expedida pelo IAP, n. 074, de 19 de Abril de

2007 e que cultivem 20% ou mais com espécies

nativas plantadas, desde que plantadas numa

densidade maior que uma árvore por metro

quadrado.

11%

IMÓVEIS RESIDENCIAIS (exclusivo para condomínios horizontais ou prédios)

Imóveis Residenciais com programa de separação de

resíduos sólidos

Condomínios ou prédios com maios de seis unidades

que forneçam a infra-estrutura básica (lixeiras,

galões ou recintos), devidamente identificadas com

nome, diferenciadas por cor, voltados à separação

dos resíduos sólidos produzidos pelos condôminos

em vidro, metal, plástico, papel, e resíduos não

recicláveis.

11%