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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS
DEPARTAMENTO DE GEOTECNIA
INDÚSTRIA DA PEDRA: DA EXTRAÇÃO À APLICAÇÃO FINAL
ORGANIZADORES:
A. B. PARAGUASSÚ J. E. RODRIGUES R. P. RIBEIRO E. B. FRAZÃO “in memorian”
SÃO CARLOS EESC/USP
2017
ÍNDICE
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 6
2 BREVE HISTÓRICO SOBRE O USO DAS PEDRAS NA CONSTRUÇÃO ................ 8
3 CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DAS PEDRAS .......................................... 10
3.1 MINERAIS E ROCHAS ................................................................................................. 10
3.1.1 Generalidades ....................................................................................................... 10
3.1.2 Classificação das rochas ...................................................................................... 13
3.1.2.1 Rochas ígneas ..................................................................................................... 13
3.1.2.2 Rochas sedimentares ......................................................................................... 15
3.1.2.3 Rochas metamórficas ........................................................................................ 16
3.2 EXTRAÇÃO E EMPREGO DOS MATERIAIS NATURAIS ............................................... 17
3.2.1 Produto de rocha natural ...................................................................................... 18
3.2.1.1 Emprego como material ornamental e como revestimento de pisos e
paredes ............................................................................................................................ 18
3.2.1.2 Emprego como agregado para concretos, pavimentos e barragens......... 25
3.2.2 Produto de rocha preparada ............................................................................... 26
3.2.2.1 Cimento ................................................................................................................ 26
3.2.2.2 Materiais que empregam argila ....................................................................... 26
4 FUNÇÕES REQUERIDAS E EXERCIDAS PELAS PEDRAS DE
REVESTIMENTO................................................................................................................ 27
4.1 PROTEÇÃO DE ESTRUTURAS .................................................................................. 27
4.2 EMBELEZAMENTO DE FACHADAS DE EDIFICAÇÕES ....................................... 27
4.3 ADEQUAÇÃO DE PAVIMENTOS ........................................................................... 28
4.4 OUTROS USOS E FUNÇÕES .................................................................................... 29
5 CARACTERIZAÇÃO TECNOLÓGICA E PROCEDIMENTOS PARA SELEÇÃO
DAS ROCHAS .................................................................................................................. 31
5.1 PROPRIEDADES TECNOLÓGICAS DOS MATERIAIS ROCHOSOS ............................. 32
5.2 TIPOS DE ENSAIOS TECNOLÓGICOS ........................................................................ 33
5.3. NORMALIZAÇÃO DOS ENSAIOS TECNOLÓGICOS ................................................ 33
5.4 DESCRIÇÃO DOS ENSAIOS TECNOLÓGICOS .......................................................... 35
5.4.1 Análises petrográficas ........................................................................................... 35
5.4.2 Índices físicos ......................................................................................................... 36
5.4.2.1 Massa específica e porosidade ........................................................................ 37
5.4.2.2 Absorção ............................................................................................................. 38
5.4.3 Tenacidade ............................................................................................................. 39
5.4.4 Propriedades térmicas .......................................................................................... 40
5.4.4.1 Condutividade térmica ...................................................................................... 41
5.4.4.2 Calor específico .................................................................................................. 42
5.4.4.3 Dilatação térmica ............................................................................................... 42
5.4.5 Desgaste e abrasão .............................................................................................. 43
5.4.6 Resistência à compressão uniaxial ..................................................................... 44
5.4.7 Flexão ...................................................................................................................... 47
5.4.8 Alteração e alterabilidade ................................................................................... 49
5.4.8.1 Índices de alteração e alterabilidade ............................................................. 49
5.4.8.2 Procedimentos para ensaios de alteração ..................................................... 51
5.4.9 Ensaios especiais e não rotineiros ....................................................................... 54
5.4.9.1 Módulo de elasticidade estático ...................................................................... 54
5.4.9.2 Velocidade de propagação de ultrasom ..................................................... 56
5.4.9.3 Dureza Knoop ...................................................................................................... 57
5.4.9.4 Abrasão Profunda ............................................................................................... 58
5.4.9.5 Coeficiente de Atrito Dinâmico ........................................................................ 59
5.5 CRITÉRIOS PARA AVALIAR A QUALIDADE DAS ROCHAS PARA USO EM
REVESTIMENTO .................................................................................................................. 60
6 PROCESSOS DE EXTRAÇÃO ..................................................................................... 62
6.1 MATACÕES ................................................................................................................. 65
6.2 MACIÇO ROCHOSO .................................................................................................. 65
7 PROCESSOS DE BENEFICIAMENTO DAS PEDRAS ........................................................ 71
7.1 DESDOBRAMENTO DE BLOCOS ................................................................................. 71
7.1.1 Tear convencional ................................................................................................. 72
7.1.2 Tear com multifios diamantados .......................................................................... 78
7.2 POLIMENTO DE CHAPAS ............................................................................................ 80
7.2.1 Polimento de Rochas Comuns ............................................................................. 81
7.2.2 Polimento de Rochas Frágeis ............................................................................... 87
8 SISTEMAS ADERENTES DE COLOCAÇÃO DE PEDRAS....................................... 92
8.1 ARGAMASSAS COLANTES ......................................................................................... 92
8.2 RESISTÊNCIA À ADERÊNCIA DE ARGAMASSAS COLANTES .................................... 94
8.3 INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NA ADERÊNCIA DE ARGAMASSAS COLANTE...... 101
9 SISTEMAS NÃO ADERENTES DE COLOCAÇÃO DE PEDRAS ............................ 104
9.1 FACHADAS VENTILADAS............................................................................................ 104
9.1.1 Breve Histórico ........................................................................................................ 105
9.1.2 Sistemas não aderentes de fixação em fachadas ............................................ 109
9.1.3 Sistema pino/furo ................................................................................................... 111
9.2 PISOS ELEVADOS......................................................................................................... 113
9.3 LAJES ESTRUTURAIS ..................................................................................................... 115
9.4 CONSIDERAÇÕES GERAIS.......................................................................................... 119
10 ALTERABILIDADE DE ROCHAS ............................................................................... 120
11 RESÍDUOS DO BENEFICIAMENTO ......................................................................... 123
12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 126
12.1 CITADAS NO TEXTO ................................................................................................ 126
12.2 COMPLEMENTARES ................................................................................................. 127
6
1 INTRODUÇÃO
Desde quando foram intensificados estudos sobre rochas ornamentais e para
revestimentos, notou-se a escassez de pesquisas, tanto na produção de placas
polidas de rochas graníticas, quanto às técnicas de fixação nas obras de
engenharia. No primeiro caso, a produção que ainda se baseia no empirismo, tem
sido agravada pela falta de prática na operação dos novos equipamentos cada
vez mais informatizados e no uso dos abrasivos disponíveis. Quanto à fixação de
placas, além da carência de mão de obra especializada, são poucas as diretrizes
para uma boa aplicação das placas nas edificações.
Uma das maneiras de contribuir para o aprimoramento da produção
científica sobre o assunto sempre foi a interação envolvendo engenheiros e
técnicos da construção civil, empresas beneficiadoras de material pétreo,
instituições de pesquisa e universidades. Neste sentido vêm sendo realizadas
pesquisas na Área de Pós-Graduação em Geotecnia da Escola de Engenharia de
São Carlos (EESC/USP).
Trata-se de Pós-Graduação tradicionalmente bem conceituada pelos órgãos
de pesquisa; oferece, há vários anos, disciplinas sobre as propriedades geotécnicas
das rochas, que são ministradas por geólogos e engenheiros civis. Conta com
laboratórios para ensaios em rochas para revestimento que vêm sendo utilizados
tanto em trabalhos acadêmicos quanto na prestação de serviços à comunidade.
Há mais de cinco décadas, pesquisas sobre o uso de rochas na construção
civil vêm sendo realizadas no Departamento de Geotecnia da EESC/USP. As
pesquisas inicialmente eram mais voltadas à caracterização de agregados pétreos,
mas com o crescente aumento da utilização de rochas para fins ornamentais e
como revestimentos de pisos e paredes, foram complementadas com estudos de
alteração e de alterabilidade desses materiais.
Em 2001 foi criada uma linha de pesquisa específica para estudos de rochas
para revestimentos, levando-se em conta a importância do tema, ocupando
destacada posição na economia de diversos países, incluindo o Brasil.
Este livro é uma reunião das informações existentes no acervo técnico-
acadêmico produzido pelo Grupamento de Tecnologia de Rochas – GTR da Área
7
de Pós-Graduação em Geotecnia, organizado pelos Profs. Drs. Antenor Braga
Paraguassú, José Eduardo Rodrigues, Rogério Pinto Ribeiro e o Dr. Ely Borges Frazão,
contando também com as colaborações da tecnóloga Abiliane de Andrade
Pazeto e do tecnólogo Phillipe Fernandes de Almeida, realizadas durante o
desenvolvimento de seus programas de Pós-Graduação em Geotecnia.
O texto contém os aspectos teóricos essenciais decorrentes das publicações
de mais de setenta trabalhos em periódicos e anais de eventos científicos, várias
palestras e seminários. Também constam os resultados de seis teses de doutorado,
sendo duas em fase de conclusão e dez dissertações de mestrado, que englobam
desde a extração do material rochoso até sua aplicação, em especial, na
construção civil.
Esta coletânea tem como objetivo principal a divulgação dos
conhecimentos para os meios didáticos, acadêmicos, empresariais da “Indústria da
Pedra” e, principalmente, aos profissionais da engenharia civil e da arquitetura.
É chamado de “Indústria da Pedra” o conjunto de operações que
transformam o material (rocha) extraído do maciço rochoso nas pedreiras (pedras)
em materiais acabados como placas polidas, ladrilhos, etc.
O livro é dividido em doze capítulos: 1- Introdução; 2- Breve Histórico sobre o
Uso das Pedras na Construção; 3- Classificação e Características das Pedras; 4-
Funções Requeridas e Exercidas pelas Pedras de Revestimento; 5- Caracterização
Tecnológica e Procedimentos para Seleção das Pedras; 6- Processos de Extração
das Pedras; 7- Processos de Beneficiamento das Pedras; 8- Sistemas Aderentes de
Colocação das Pedras; 9- Sistemas Não Aderentes de Colocação das Pedras;
10- Alterabilidade de Rochas; 11- Resíduos do Beneficiamento e 12- Referências
Bibliográficas.
8
2. BREVE HISTÓRICO SOBRE O USO DAS PEDRAS NA CONSTRUÇÃO
Desde o começo da história do homem vemos sua relação com as pedras por
meio da confecção de utensílios domésticos, armas de caça e objetos sacros.
Rochas como arenito calcífero e alguns granitos foram utilizados para perpetuar as
figuras dos faraós e deuses sob a forma de grandes esculturas ou como templos,
pirâmides e túmulos.
O uso do mármore, rocha de fácil trabalhabilidade, se destacou no período
clássico da cultura grega, onde os artistas esculpiram figuras humanas e construíram
memoráveis monumentos em pedra como, por exemplo, o Parthenon.
Foram os romanos os responsáveis pelas construções mais audaciosas da
antiguidade utilizando a pedra como elemento estrutural, estético e com caráter
social, tais como aquedutos, estradas, fóruns e teatros. As estradas eram construídas
com traçado retilíneo e pavimentadas, como por exemplo, a Via Ápia, a primeira e
principal estrada romana construída em 312 a.C. para ligar Roma ao sul da hoje
Itália. Um legado também importante deixado pelos romanos foi o pioneirismo na
técnica de usar a rocha na forma de placas para revestimento de grandes
estruturas de alvenaria.
Depois do declínio do Império Romano, as técnicas construtivas ficaram
perdidas até o último século da Idade Média, quando grandes obras como
catedrais, edifícios públicos e palácios da nobreza medieval foram construídas em
importantes cidades da atual Itália, França, Espanha e Portugal, impulsionando
novamente a utilização da pedra como material nobre na arquitetura.
As civilizações Incas e Astecas, que floresceram nas Américas, também
utilizaram intensamente a pedra em suas construções, como por exemplo, a cidade
de Machu Picchu (Peru) e as pirâmides toltecas (México).
No Brasil, as principais construções usando a pedra tiveram início no período
colonial quando foram utilizados blocos irregulares assentados com argamassa
como, por exemplo, as obras históricas existentes nas cidades de Tiradentes, São
João Del Rei (Minas Gerais), Olinda (Pernambuco) e Rio de Janeiro.
Até o final do século XIX e início do século XX, quando se introduziu a
mecanização na extração e no beneficiamento das rochas, seu emprego na
9
arquitetura era mais estrutural que ornamental. Com o advento da construção
metálica e do concreto armado, o uso da pedra como material estrutural sofreu
grande impacto, passando a ter outros campos de aplicação como, por exemplo,
muros de arrimo, fundação pouco profundas, blocos para pavimentação
descontínua, lastros de ferrovias e principalmente material agregado, componente
do concreto de cimento Portland de uso estrutural ou na mistura asfáltica usada em
pavimentação.
Nos últimos anos, foram desenvolvidas técnicas aprimoradas de extração e de
beneficiamento responsáveis pela intensificação do emprego das rochas, tornando
este material mais acessível para revestimento de pisos e paredes. A
comercialização de vários tipos de rochas, principalmente as “graníticas”, a
abertura de empresas e a demanda do mercado internacional nas três ultimas
décadas posicionaram a indústria das rochas ornamentais e de revestimento como
um importante setor da construção civil.
Toda obra civil está assentada em um tripé, que abrange três áreas básicas:
mecânica, gerenciamento e materiais. Na mecânica, estão envolvidas as noções
de física e matemática; no gerenciamento, estão os processos construtivos e
operacionais, a legislação e a economia; nos materiais, estão envolvidas a estética,
as condições ambientais e as características dos materiais. Para que haja garantia
de sucesso numa obra, deve-se, pois, buscar harmonia entre estas três áreas
básicas.
Com este enfoque o presente livro pretende contribuir para a difusão do
conhecimento das características tecnológicas das rochas, um dos principais
materiais de construção. São tratadas sucintamente as características geológicas e
petrográficas das principais rochas usadas como material de construção,
estendendo-se para uma síntese das funções exercidas pelas rochas nos diversos
tipos de revestimento. Estão incluídas a análise das propriedades das rochas de
interesse para tais fins, as metodologias de ensaios e um resumo dos processos de
produção da pedra, as condicionantes envolvidas e a geração de resíduos.
Finalmente, são tratadas técnicas de colocação e os cuidados inerentes ao
processo e ao produto para garantir durabilidade à obra.
10
3. CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DAS PEDRAS
Nos nossos dias, com o crescente avanço da tecnologia, os materiais naturais
vêm sendo cada vez mais empregados nas obras de engenharia e na indústria de
transformação. A aplicação das diversas matérias primas está condicionada às suas
propriedades mecânicas e químicas, cujo conhecimento é necessário quando
desejamos selecionar materiais para um determinado fim.
Destaca-se o fato de que, entre todas as matérias primas extraídas da crosta
terrestre, as empregadas na construção civil ocupam o primeiro lugar em
tonelagem.
3.1 MINERAIS E ROCHAS
3.1.1 Generalidades
Mineral pode ser definido como um elemento químico ou uma combinação
química, formado mediante um processo inorgânico natural. É um corpo
homogêneo em virtude de ser constituído internamente por uma estrutura
tridimensional ordenada, característica do estado sólido, ou seja, estrutura cristalina.
Um material somente adquire a forma geométrica regular de um cristal quando as
condições em que é formado permitem o desenvolvimento de faces planas e
polidas.
De uma maneira geral, os minerais podem se formar por: resfriamento do
magma (material em estado de fusão encontrado no interior da crosta),
resfriamento de soluções ou gases magmáticos, evaporação de soluções salinas,
reações entre substâncias e intemperismo (ataque do ar e da água sobre minerais
pré-existentes resultando na formação de novos minerais).
Para o reconhecimento exato de um mineral, dispomos de vários processos,
por meio dos quais podemos determinar tanto sua estrutura cristalina quanto sua
composição química. Dentre eles, citamos: cristalografia por difração de Raios X e
microscopia óptica e eletrônica, conjugados com análise química.
Muito embora o número de minerais existentes seja consideravelmente
grande (acima de 4.000 catalogados; sendo mais da metade raros ou
reconhecidos somente por alguns pequenos cristais), os que comumente ocorrem
11
como formadores de rochas são relativamente poucos, em torno de uma dezena.
Assim, podemos citar como mais comuns: quartzo, feldspatos, micas, anfibólio,
piroxênios, olivinas, calcita, dolomita, magnetita, hematita, limonita, pirita, granada,
gipsita e os minerais de argila. Como exemplo, são apresentadas algumas espécies
minerais (Figuras 3.1 e 3.2) que fazem parte do acervo do Departamento de
Geotecnia da EESC/USP.
(A) (B)
(C) (D)
(E) (F)
(G) (H)
Figura 3.1 – Amostras de mão de algumas variedades de quartzo: (A- cristal de rocha; B- incolor; C- róseo), de feldspato (D- ortoclásio; E- microclínio e F- plagioclásio/albita incrustado em cristal de quartzo) e de mica (G- biotita; H- muscovita).
12
(A) (B)
(C)
Figura 3.2 Amostras de mão: (A) calcita; (B) talco e (C) hematita.
Rocha pode ser definida como qualquer massa que constitui parte essencial
da crosta terrestre. Trata-se de definição abrangente, no entanto, para fins de
aplicação de uma rocha como material de construção pode ser definida, com um
enfoque geotécnico, como um material natural formador da crosta terrestre, coeso
e resistente mesmo ao contato prolongado com a água.
De acordo com o número de espécies de minerais que entram em sua
composição, as rochas podem ser uniminerálicas, quando formadas somente por
uma espécie mineral como, por exemplo, o mármore e o anfibolito, ou
pluriminerálicas, que são as mais comuns, quando contêm duas ou mais espécies
minerais como acontece com o granito, o basalto, etc. Algumas podem ser
formadas por material não cristalino (amorfo), como alguns vidros vulcânicos e
pedra pomice.
Em trabalhos rotineiros de determinação petrográfica examina-se as rochas
ao microscópio polarizador em secções delgadas de aproximadamente 0,03mm de
espessura, montadas em lâminas de vidro segundo as técnicas preconizadas para
confecção de lâminas petrográficas.
Devemos levar em consideração que certos fenômenos geológicos influem
nas propriedades principais das rochas. Dessa forma, dobramentos,
13
escorregamentos, fraturas, diáclases, foliações, etc., modificam uma rocha influindo
no seu uso, como acontece quando empregada como material de construção. Na
aplicação de rochas em pisos e paredes além da boa qualidade que a rocha deve
apresentar o valor estético entra como um fator importante na escolha de um
determinado tipo rochoso. Por exemplo, rochas com cristais proeminentes e com
estruturas movimentadas têm alto valor comercial, algumas delas devido à
fragilidade mecânica quando na forma de placas necessitam ser reforçadas com
resinas e fibra de vidro, processo conhecido na Indústria da Pedra como “telagem”
(Item 7.2.2.).
3.1.2 Classificação das rochas
De acordo com sua origem, classificamos as rochas em três grandes grupos:
ígneas, sedimentares e metamórficas.
� Rochas ígneas são aquelas formadas por material em estado de fusão
(magma), que se consolidou por resfriamento. Exemplos: granitos, sienitos,
basaltos, etc.
� Rochas sedimentares são as resultantes da acumulação de materiais
derivados de outras rochas preexistentes. Exemplos: arenitos, argilitos, etc.
� Rochas metamórficas são as rochas que primariamente se originaram das
magmáticas ou sedimentares, e que foram submetidas a pressões e/ou
temperaturas elevadas. Exemplos: gnaisses, mármores, quartzitos, etc.
Dentre esses grupos de rochas, as rochas sedimentares são as menos
processadas na Indústria da Pedra. As ilustrações de rochas que integram a
seqüência do texto fazem parte do acervo de amostras didáticas do Laboratório
de Geologia de Engenharia do Departamento de Geotecnia da EESC/USP.
3.1.2.1 Rochas ígneas
De acordo com a velocidade de resfriamento do magma, podemos
considerar o seguinte: quando o resfriamento é lento, os íons se combinam
formando minerais grandes que se destacam na massa rochosa (Figura 3.3A);
quando é rápido, não se formam minerais grandes em casos intermediários como o
diabásio (Figura 3.3B) havendo até casos extremos em que o magma se consolida
no estado vítreo (amorfo), como ilustrado na Figura 3.3C.
14
(A) (B) (C) Figura 3.3– (A) Granito inequigranular, (B) diabásio e (C) vidro vulcânico.
Dependendo da profundidade de consolidação do magma, na crosta
terrestre, as rochas ígneas resultantes podem ser:
� Intrusivas ou plutônicas – formadas a grandes profundidades. Geralmente
apresentam uma granulação grossa e só aparecem à superfície por
erosão das partes sobrejacentes. Um exemplo é o granito já mostrado na
Figura 3.3A, em cuja constituição mineralógica entra quartzo, feldspato,
mica e/ou hornblenda.
� Extrusivas ou vulcânicas – formadas pela consolidação do magma que
atinge a superfície; apresentam granulação muito fina ou são vítreas.
Basalto é o exemplo mais comum. Devido à consolidação se dar na
superfície, seus minerais são pequenos. O basalto (Figura 3.4) é composto
normalmente por feldspato, piroxênio e magnetita. Algumas vezes pode
apresentar um grande número de vazios (vesículas), geralmente de
formas arredondadas.
(A) (B)
Figura 3.4 – Basalto: (A) maciço e (B) vesicular (exibindo alteração por intemperismo).
15
3.1.2.2 Rochas sedimentares
Por serem rochas formadas pela acumulação de materiais resultantes da
desagregação de outras preexistentes, geralmente revelam as seguintes
características:
� Apresentam-se formadas por fragmentos de tamanhos variáveis (rochas
clásticas; Figuras 3.5 e 3.6A), dependendo do transporte do material ter
sido feito por água, gelo ou vento;
� Exibem ou não estratificação (planos com coloração e/ou granulação
diferentes);
� Mostram-se formadas por partículas arredondadas ou angulares, unidas
ou não por cimento. Tal cimento pode ser constituído comumente por
argila, sílica, carbonato ou óxidos de ferro.
� As rochas sedimentares às vezes contêm restos de plantas ou animais
(rochas de origem orgânica), podendo ser algumas vezes observados em
exame macroscópico;
� Certas rochas formam-se por precipitação química em ambiente aquoso
(rochas sedimentares de origem química), como a gipsita, o calcário
(Figuras 3.6B,C); etc.
Figura 3.5 – Rochas clásticas: (A) conglomerados e (B) arenito cimentado por sílica amorfa. Observar no detalhe em nível microscópico (C) os grãos de quartzo (SiO2 em estado cristalino) e o cimento (SiO2 em estado amorfo).
16
(A) (B)
(C)
Figura 3.6 – Rochas clásticas (A- siltito) e químicas (B- calcário e C- gipsita).
2.3 Rochas metamórficas
Como são rochas formadas a partir de outras que foram submetidas a
pressões e/ou a temperaturas elevadas, podem apresentar algumas das seguintes
feições características (Figura 3.7):
� Foliação resultante do desenvolvimento mais ou menos paralelo de
minerais placóides, prismáticos e alongados, podendo ser contínua
(como nos xistos) ou descontínua (como nos gnaisses e em alguns
quartzitos);
� Fragmentos maiores soldados por partículas finas do mesmo material,
como nas "brechas metamórficas", que são rochas formadas durante os
falhamentos da crosta; não confundir com as brechas sedimentares, pois
estas apresentam partículas maiores soldadas por um cimento qualquer,
desenvolvido em um processo sedimentar;
� No caso de mármores há, entretanto, maior porcentagem de minerais
granulares em relação aos lamelares.
17
(A) (B)
(C) (D)
(E) (F)
(G) (H)
Figura 3.7 – Rochas metamórficas: (A) gnaisse; (B) biotita xisto; (C) clorita xisto; (D) filito; (E) ardósia; (F) quartzito; (G) mármore e (H) milonito.
3.2 EXTRAÇÃO E EMPREGO DOS MATERIAIS NATURAIS
Dentre todas as matérias primas extraídas da crosta terrestre, as empregadas
na construção civil ocupam o primeiro lugar em tonelagem e podem ser
classificadas em dois grupos: produtos de rocha natural e produtos de rocha
preparada.
18
3.2.1 Produtos da rocha natural
Incluem os materiais empregados para fins ornamentais, revestimentos de
pisos e paredes e os utilizados como agregado em concretos, pavimentos e
barragens.
3.2.1.1 Emprego como material ornamental e como revestimento de pisos e paredes
A extração dessas rochas tem que ser feita com cuidados especiais para
obtenção de blocos e lajes com dimensões adequadas, sendo importantes
algumas qualidades como beleza e durabilidade. Granitos, mármores, quartzitos,
gnaisses e arenitos constituem os principais tipos de rochas de construção usadas
para esta finalidade. Algumas rochas, no entanto, que apresentam traços de
substâncias radioativas podem ter seu uso limitado (AMARAL et al., 2015; AZEVEDO
et al. 2015).
No maciço rochoso a ser explorado é necessário fazer um estudo prévio do
sistema de fraturamento e estratificação, porque justamente essas
descontinuidades servirão como planos de desmontes. No caso de rochas foliadas,
estratificadas ou bandadas (quartzitos, arenitos, etc.), essas descontinuidades
servirão como planos de desmonte. A extração se faz por meio de cunhas e
alavancas aplicadas nestes planos, e algumas vezes com explosivos de baixa
potência.
No caso dos granitos, os blocos geralmente são extraídos por meio de uma
série de furos verticais e horizontais alinhados e estreitamente espaçados, e também
com o uso de explosivos de baixa potência. São usados também fios diamantados
e serras especiais para extração de blocos de rocha do maciço para serem
beneficiados na forma de placas (vide capítulos 6 e 7).
Detalhes de ladrilhos (dimensões aproximadas de 40x40cm) de diferentes
tipos de rochas brasileiras utilizadas como revestimentos de edificações são
apresentadas nas Figuras 3.8 a 3.25. Estes materiais pétreos fazem parte de
pesquisas e publicações e do acervo de aproximadamente 150 tipos comerciais
(com suas características tecnológicas para emprego em obras) que compõem a
litoteca montada pelo Grupamento de Tecnologia de Rochas (GTR) da Área de
Pós-graduação em Geotecnia da EESC/USP.
19
Figura 3.8– Vista parcial da litoteca de rochas ornamentais e para revestimento do Depto de Geotecnia da EESC/USP. Como mostrado no detalhe, os ladrilhos são encaixados em canaletas de ferro sendo facilmente retirados para manuseio em salas de aula.
Figura 3.9– Aspecto macroscópico de ladrilho do monzogranito "Cinza Andorinha". Minerais essenciais: quartzo (30%), microclínio (31%), plagioclásio (25%) e biotita (12%); densidade: 2,703kg/m³; porosidade aparente: 1,01%; absorção de água: 0,38%.
20
Figura 3.10– Aspecto macroscópico de ladrilho do granada gnaisse "Amarelo Ornamental". Minerais essenciais: ortoclásio (40%), quartzo (30%), oligoclásio (21%), granada (3,5%) e biotita (2,5%); densidade: 2,660kg/m³; porosidade aparente: 0,96%; absorção de água: 0,40%.
Figura 3.11– Aspecto macroscópico de ladrilho do sienogranito "Vermelho Brasília". Minerais essenciais: quartzo (32%), microclínio (41%), oligoclásio (16%) e biotita (5%); densidade: 2,621kg/m³; porosidade aparente: 0,69%; absorção de água: 0,26%.
Figura 3.12– Aspecto macroscópico de ladrilho do tonalito "Preto São Gabriel". Minerais essenciais: plagioclásio (49,9%), quartzo (20,9%), biotita (12%), microclínio (2,9%), hornblenda (2,1%) e piroxênios (4,8%); densidade: 2,960kg/m³; porosidade aparente: 0,96%; absorção de água: 0,33%.
21
Figura 3.13– Aspecto macroscópico de ladrilho do charnoquito "Verde Labrador". Minerais essenciais: quartzo (14%), microclínio (39%), oligoclásio (16%), biotita (5%), hiperstênio (5%), hornblenda (5%) e granada (5%); densidade: 2,677kg/m³; porosidade aparente: 0,24%; absorção de água:0,09%
Figura 3.14– Aspecto macroscópico de ladrilho do monzogranito gnaissificado "Azul Fantástico". Minerais essenciais: quartzo (29,1%), plagioclásio (28,2%), feldspato alcalino (21,3%) e biotita (19,9%); densidade: 2,699kg/m³; porosidade aparente: 0,98%; absorção de água: 0,25% .
Figura 3.15– Aspecto macroscópico de ladrilho do migmatito "Preto Indiano". Minerais essenciais: quartzo (4,5-25%), plagioclásio (41-40%), biotita (23-3%), silimanita (5-0%) e muscovita (3-0%); densidade: 2,770kg/m³; porosidade aparente: 0,98%; absorção de água: 0,35%.
22
Figura 3.16– Aspecto macroscópico de ladrilho do migmatito "Jacarandá Rosado". Minerais essenciais: feldspato alcalino (38,5%), quartzo (30,5%), plagioclásio (22%) e biotita (8,6%); densidade: 2,653kg/m³; porosidade aparente: 0,65%; absorção de água: 0,26%.
Figura 3.17– Aspecto macroscópico de ladrilho do hornblenda quartzo sienito "Ocre Itabira”. Minerais essenciais: ortoclásio (58%), oligoclásio (20%), hornblenda (7,5%), quartzo (7%) e biotita (2%); densidade: 2,719kg/m³; porosidade aparente: 0,99%; absorção de água: 0,36%.
Figura 3.18– Aspecto macroscópico de ladrilho do biotita gnaisse monzogranitico "Santa Cecília". Minerais essenciais: microclínio (30%), plagioclásio (15%), quartzo (25%), biotita (10%), granada (5%), silimanita (5%) e cordierita (5%); densidade: 2,653kg/m³; porosidade aparente: 0,78%; absorção de água: 0,29%.
23
Figura 3.19– Aspecto macroscópico de ladrilho do leucognaisse monzogranitico "Branco Desirée”. Minerais essenciais: microclínio (42%), quartzo (30%), oligoclásio (25%) e granada (3%); densidade: 2,630kg/m³; porosidade aparente: 0,67%; absorção de água: 0,26%.
Figura 3.20– Aspecto macroscópico de ladrilho do metaconglomerado polimítico "Verde Marinace". Minerais essenciais: 40% de fragmentos de rochas (granito, gnaisse, rocha básica) e 60% matriz (epidoto, quartzo, tremolita, carbonato e plagioclásio); densidade: 2,757kg/m³; porosidade aparente: 0,1%; absorção de água: 0,04%.
Figura 3.21– Aspecto macroscópico de ladrilho do conglomerado brechóide "Caravaggio”. Minerais essenciais: 45% de seixos (cristais de quartzo, microclínio e plagioclásio), 55% de matriz (feldspato e quartzo); densidade: 2,701kg/m³; porosidade aparente: 0,8%; absorção de água: 0,55%.
24
Figura 3.22– Aspecto macroscópico de ladrilho do sienogranito "Rosa Iracema”. Minerais essenciais: feldspato alcalino (43%), quartzo (30%), plagioclásio (17,5%) e biotita (6%); densidade: 2,619kg/m³; porosidade aparente: 0,87%; absorção de água: 0,33%.
Figura 3.23– Aspecto macroscópico de ladrilho do traquito "Woodstone". Minerais essenciais: feldspato alcalino (76,6%), plagioclásio (12,6%), opacos (7,4%) e quartzo (3,4%); densidade: 2,280kg/m³; porosidade aparente: 5,75%; absorção de água: 2,52%.
Figura 3.24- Aspecto macroscópico de ladrilho do granito tectonizado "Arezzo". Minerais essenciais e secundários: quarto, feldspatos, hornblenda, epidoto, apatita, musovita, opacos, zircão e sericita; densidade: 2.330 kg/m³; porosidade aparente: 2,89 %; absorção de água: 1,29 %.
25
Figura 3.25– Aspecto macroscópico de ladrilho do quartzito "Perla Santana". Minerais essenciais: quartzo (94%)) e mica branca (6%); densidade: 2.616 kg/m³; porosidade aparente: 1,14%; absorção de água: 0,43%.
3.2.1.2 Emprego como agregado para concretos, pavimentos e barragens
De acordo com a norma NBR 9935 (ABNT, 2011), os agregados são materiais
granulares sem forma e volume definidos, com dimensões e propriedades
adequadas para uso em obras de engenharia civil, nas quais podem ter seus
componentes unidos por ligantes como nos concretos hidráulico e asfáltico, ou sem
ligantes, como em lastro de ferrovias, enrocamentos, drenos e filtros. Quanto à
forma de obtenção, os principais tipos são descritos resumidamente a seguir.
Extração do maciço rochoso
Neste grupo estão incluídos as rochas extraídas na forma de blocos que
posteriormente são fragmentados em britadores (geralmente de mandíbula) e o
produto selecionado por meio de peneiras em várias frações granulométricas
(britas).
Extração de depósitos sedimentares
O material granular também pode ser extraído diretamente de materiais
detríticos resultantes da decomposição de rochas que sofreram processo de
intemperismo e que se acumularam em depósitos sedimentares pela ação de
agentes transportadores naturais (água, vento e gelo). As partículas arenosas são
as de dimensões compreendidas entre 0,062mm a 2,000mm e os cascalhos são as
maiores que 2,000mm.
26
3.2.2 Produto da rocha preparada
Nesta classe estão incluídos cimento, cal, gesso, vidro e materiais que
empregam argilas (tijolos, telhas, etc.). O cimento, por exemplo, é o componente
fundamental das argamassas colantes usadas em grande escala com aditivos
superplastificantes e látices poliméricos para a fixação de placas de rochas em
pisos e paredes de edificações, assunto que é abordado mais detalhadamente nos
Capítulos 8 e 9 (Sistemas aderentes e não aderentes de colocação de pedras).
3.2.2.1 Cimento
O cimento utilizado na construção civil é o tipo Portland, cujas composições
variam de acordo com suas aplicações, tratando-se basicamente de uma mistura
adequada de pó calcário e argila. Ele é preparado pelo aquecimento de uma
pasta de calcário e argilas intimamente misturada, até o ínício da fusão (1400°C-
1600°C), resultando nos seguintes compostos anidros: silicato bicálcico e tricálcico,
aluminato tricálcico e ferro aluminato tetracálcico. A este material chamado
"clinker", depois de resfriado e moído é adicionado uma pequena proporção de
gipso a fim de retardar o seu tempo de pega. O endurecimento se dá em presença
de água, devido à hidratação dos compostos anidros que são mais solúveis,
resultando cristais hidratados.
3.2.2.2 Materiais que empregam argilas
Chamamos de argilas os materiais naturais de granulações inferiores a
0,004mm, no estado de dispersão, e formados na superfície da Terra por processo
de Intemperismo. Os depósitos de argilas podem ser do tipo residual, quando ocorre
acumulação no local da rocha alterada "in situ", ou transportado, quando a
acumulação do material se dá noutro local, após um processo de transporte.
A composição química das partículas de argila é muito variada, sendo
constituídas principalmente por silicatos de alumínio hidratados, contendo
magnésio e ferro e, algumas vezes, metais alcalinos e alcalinos terrosos.
27
4. FUNÇÕES REQUERIDAS E EXERCIDAS PELAS PEDRAS DE REVESTIMENTO
As funções de um revestimento podem ser agrupadas em: proteger as
estruturas da degradação por ações climáticas, dar aspecto estético agradável,
dar adequação ao uso em termos de conforto, funcionalidade, higiene etc. Sendo
fundamental que seu emprego seja precedido por estudos tecnológicos para
verificar a adequabilidade de usos. Alguns exemplos de aplicação são mostrados
nas Figuras 4.1 a 4.4, conforme divulgado na Revista Rochas e Qualidade, Edições
246 e 250 (2016) e 252 (2017).
4.1 PROTEÇÃO DE ESTRUTURAS
As estruturas das edificações são normalmente de concreto, mas também
podem ser de aço. Os vãos entre os elementos estruturais recebem vedações, que
podem ser de alvenaria cerâmica ou de outros tipos de materiais. Tanto as
estruturas como as vedações são consideradas suportes e aptas a receberem
diferentes tipos de revestimentos.
O concreto e o aço têm a tendência a se deteriorar com o passar do tempo,
devido às ações das intempéries. As águas pluviais ácidas podem atacar o cimento
do concreto e provocar uma sua progressiva deterioração; assim como podem
atacar também o aço. A utilização de pedras para revesti-los auxilia a sua proteção
contra os agentes ambientais tanto os naturais como os artificiais gerados em
cidades industrializadas, bem como os agentes de limpeza, principalmente em
pisos. Trata-se de tema importante sobre alterabilidade e patologias apresentadas
pelas pedras que será discutido no Capítulo 10.
4.2 EMBELEZAMENTO DE FACHADAS DE EDIFICAÇÕES
Os aspectos estéticos são importantes atributos a serem considerados nos
projetos arquitetônicos. As estruturas e as vedações podem ser deixadas aparentes
para atender ao propósito estético pretendido, ou serem recobertas por outro tipo
de material que venha acrescentar embelezamento adicional ao projeto.
As rochas são consideradas materiais de grande eficácia como revestimento e
de prestar embelezamento e nobreza ao revestimento da edificação.
28
A principal qualidade das rochas é a diversidade de cores e de estrutura e
textura, além de uma maior resistência às intempéries ao longo do tempo, se
comparadas com a maioria dos materiais disponíveis para esse fim. Além disto, as
rochas são consideradas um bom isolante de calor devido à sua baixa
condutividade térmica.
4.3 ADEQUAÇÃO DE PAVIMENTOS
Os pavimentos, tanto de exteriores quanto de interiores são constituídos,
normalmente, de materiais de mesma natureza que aquela das estruturas e das
vedações verticais (concretos ou argamassas) e pode receber diferentes tipos de
materiais rochosos como revestimento.
Dentre os materiais de revestimento de exteriores, as rochas se destacam por
sua adequada resistência mecânica à flexão, ao impacto e ao atrito. Quanto a
este aspecto, as rochas permitem tratamentos que as tornam rugosas para
aumentar o coeficiente de atrito ao tráfego, em exteriores, ou tornarem-se lisas para
o conforto em ambientes de interiores.
(A)
(B)
Figura 4.1– (A) Fachada revestida com placas do sodalita sienito nefelina “Azul Bahia”; (B) Ampliação do Aeroporto Tom Jobim (Galeão, RJ): piso revestido com placas polidas do granito ”Branco Fortaleza”. Fonte: Rochas de Qualidade (2016a, 2017a).
29
4.4 OUTROS USOS E FUNÇÕES
Os outros usos podem ser considerados como sendo para fins domésticos, tais
como tampos de mesas e balcões, plataformas de pias de cozinha e de banheiros,
além de estatuária artística, arte funerária etc.
(A) (B)
Figura 4.2– (A) Parede revestida com pedras brutas (naturais) e bancada da pia em granito "Preto São Gabriel"; (B) Tampo de pia em granito "Branco Aqualux". Fonte: Rochas de Qualidade (2017b,c).
Figura 4.3 Bancada em mármore branco. Fonte: Rochas de Qualidade (2017c).
30
(A)
(B)
(C)
Figura 4.4– (A) Bancada da pia em granito "Preto Absoluto" com acabamento escovado; (B) Tampo de mesa em gnaisse "Calaggio"; (C) Piso em granito "Amarelo Icaraí". Fonte: Rochas de Qualidade (2016b,c; 2017c).
31
5. CARACTERIZAÇÃO TECNOLÓGICA E PROCEDIMENTOS PARA SELEÇÃO DAS
ROCHAS
Dr. Ely Borges Frazão
São diversos os critérios para seleção das rochas assim como as utilizações
desejadas. De qualquer maneira eles se baseiam nas seguintes características: fator
estético, funcionalidade, higidez, durabilidade e resistência mecânica apropriada ao
tipo de uso pretendido, dentre outros critérios.
A escolha da pedra deve, porém, se basear na possibilidade da interação das
características do meio com as da pedra. Em outras palavras, poderá haver
solicitações externas ou em serviço que agirão sobre a pedra devendo ela apresentar
propriedades capazes de superar tais solicitações.
Dependendo de fatores relacionados à gênese das rochas, elas podem
apresentar uma gama de propriedades adequadas ou não para um determinado fim
como material de construção.
Essas propriedades dependem, inicialmente, de como os átomos se combinam
e se arranjam para formar os minerais constituintes das rochas e como estes estão
distribuídos, definindo a estrutura da rocha. Já o termo textura da rocha se refere ao
arranjo particular desses minerais e suas dimensões.
A composição mineralógica responde pelas propriedades químicas e, em
conjunto com a estrutura e a textura, definem as características petrográficas, físicas e
mecânicas das rochas. Da interação destas características resulta a alterabilidade
(vide item 5.4.8).
As propriedades físicas mais importantes das pedras de revestimento são:
densidade, porosidade (e a conseqüente a capacidade de absorção de água), a
dureza e a dilatação térmica. As propriedades mecânicas mais importantes são as
resistências à compressão, à flexão, ao desgaste, ao impacto, à flexão e à tração.
32
5.1 PROPRIEDADES TECNOLÓGICAS DOS MATERIAIS ROCHOSOS
A correta utilização das rochas e demais materiais pétreos na construção civil
requer o conhecimento prévio de suas propriedades. Qualificar uma rocha é
reconhecer suas características petrográficas (composição, mineralógica, textura e
estrutura) e propriedades físicas e físico-mecânicas daí decorrentes. A qualidade
tecnológica da rocha, assim chamada, é definida pela interação das suas
características com o meio. Desta forma, a qualidade da rocha poderá ser boa ou
má, conforme suas características indiquem prever um bom ou um mau desempenho
ante as solicitações próprias da função prevista; ou, ainda, por bom ou mau
desempenho já apresentado.
As rochas apresentam grande diversidade de propriedades. Algumas são
relevantes para um dado uso, enquanto outras o serão para outro; umas terão
utilidade direta e outras, indireta.
As propriedades das rochas que interessam à construção civil podem ser
classificadas em geológicas, físicas e físico-mecânicas.
As propriedades geológicas estão estreitamente ligadas à natureza da rocha,
que está refletida na composição mineralógica, textura, estrutura, bem como no grau
(estado) e tipo de alteração mineralógica, além de propriedades daí decorrentes,
como solubilidade, coesão etc.
As propriedades físicas e físico-mecânicas são altamente influenciadas pelas
propriedades geológicas. As físicas podem ser resumidas em: densidade, massa
específica, porosidade, permeabilidade, capacidade de absorção d’água, dureza,
calor específico, condutibilidade térmica, dilatação térmica, etc.
As propriedades físico-mecânicas podem ser resumidas em: resistência à
compressão, à tração (direta ou indireta), ao impacto, à deformabilidade (ou
elasticidade), etc.
Todas estas propriedades podem ser convenientemente determinadas em
laboratório, por técnicas apropriadas e conduzidas por procedimentos padronizados.
Por exemplo: a massa específica de uma rocha pode ser conhecida por meio de uma
33
determinação direta, enquanto que a dureza pode ser conhecida por meio indireto,
pela imposição de uma solicitação de desgaste promovido pela ação de um
abrasivo.
Desta forma, as propriedades das rochas podem ser conhecidas por meio de
processos denominados análises ou determinações ou ensaios.
As análises, as determinações e os ensaios para qualificação dos materiais
rochosos são de tipos diversos e abrangidos pelo termo caracterização tecnológica e
os processos adotados são trivialmente chamados ensaios tecnológicos.
5.2 TIPOS DE ENSAIOS TECNOLÓGICOS
A caracterização tecnológica de rochas para uso como material de
revestimento é feita por meio de técnicas apropriadas que permitem conhecer as
propriedades das rochas isoladamente ou em conjunto e de forma direta ou indireta.
Relacionam-se, a seguir, os principais ensaios tecnológicos rotineiramente
adotados no Brasil para a caracterização tecnológica: a) Análise petrográfica, macro
e microscópica; b) Determinação de índices físicos (massa específica, porosidade e
absorção d’água); c) Determinação de propriedades térmicas (dilatação,
condutividade e outras); d) Ensaios de desgaste abrasivo, por exemplo, do tipo Amsler;
e) Ensaio de impacto de placas, por exemplo, do tipo "de corpo duro"; f) Ensaio de
compressão uniaxial e determinação de módulo de deformabilidade (elasticidade)
estático; g) Ensaio de flexão (tração indireta); h) Ensaios de alterabilidade e i)Ensaios
especiais.
5.3. NORMALIZAÇÃO DOS ENSAIOS TECNOLÓGICOS
A caracterização tecnológica deve ser executada por procedimentos
padronizados.
A padronização de procedimentos é dita normalização e o produto é chamado
de norma. A normalização é, em geral, estabelecida inicialmente pelos especialistas
no assunto tratado, seja nos setores que delas necessitam, seja nos foros instituídos
pelas entidades normalizadoras.
34
A normalização permite tornar mais homogêneo e preciso o tratamento dado a
um determinado assunto, tais como execução de ensaios e de análises, denominação
adequada de materiais e processos, representação iconográfica e matemática das
propriedades, especificação de qualidade requerida para materiais e serviços, dentre
outros quesitos. Permite também, no caso dos ensaios, se compararem com maior
segurança os resultados obtidos em diferentes materiais rochosos e até em diferentes
tipos petrográficos de um mesmo material rochoso. Pode-se, por exemplo, mais bem
avaliar a qualidade de uma rocha, por meio dos valores das propriedades
apresentadas, desde que obtidos pelo mesmo procedimento. Isto permite, portanto,
comparar a qualidade de diferentes tipos de rocha a partir dos valores por elas
apresentados, bem como comparar os valores das propriedades de um mesmo tipo
de rocha obtidos em laboratórios de instituições diferentes.
Além das informações fornecidas pelos ensaios tecnológicos, a qualidade de uma
rocha pode ser avaliada, também, a partir de informações sobre seu desempenho
apresentado em obras e em condições de serviços semelhantes ao pretendido
(FRAZÃO, 2012).
A instituição normalizadora oficial no Brasil é a Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT) ligada ao Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial (CONMETRO). De acordo com a ABNT, as normas podem ser de
diferentes tipos: terminologia (TB); simbologia (SB); classificação (CB); procedimento
(NB); especificação (EB); padronização (PB); e método de ensaio (MB). As normas
desta entidade, após serem homologadas no CONMETRO pelo Instituto Nacional de
Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO), recebem a sigla NBR
(Norma Brasileira Registrada).
Existem diversas instituições normalizadoras que servem de referência para os
ensaios tecnológicos em rochas: American Society for Testing and Materials - ASTM
(EUA), Association Française de Normalisation - AFNOR (França), British Standards
Institution - BSI (Grã-Bretanha), Deutsches Institut für Normung - DIN (Alemanha), CEN –
Comitê Europeu de Normalização, Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT,
dentre outras.
35
5.4 DESCRIÇÃO DOS ENSAIOS TECNOLÓGICOS
Resumem-se, a seguir, as principais técnicas para se conhecer as propriedades
petrográficas, físicas e físico-mecânicas.
5.4.1 Análises petrográficas
A avaliação das características petrográficas e mineralógicas pode ser feita por
meio da NBR 15845 – Parte 1 (ABNT, 2015a). Estas análises visam conhecer as
características petrográficas, por meio de técnicas que permitem identificar a
composição mineralógica (minerais essenciais, acessórios, secundários e suas
quantidades), sua textura (forma e arranjo dos minerais), estado de alteração dos
minerais (sãos ou alterados e, se alterados, tipo de alteração), estrutura (arranjo
macroscópico), bem como o grau e o tipo de microfissuração (intercristalina ou
intracristalina e se abertas ou preenchidas). Atenção é dada à presença de minerais
que possam interagir com os fatores climáticos ou com substâncias presentes no meio
onde a rocha será aplicada (chamados de minerais nocivos, prejudiciais ou deletérios).
A análise petrográfica pode ser executada por via direta, pelas observações
macroscópicas a olho nu e ou pela microscopia óptica em seções delgadas da rocha,
também chamadas de lâminas petrográficas (Figura 5.1). Esta análise pode ser
completada por via indireta, pela análise por difratometria de raios X e pelas análises
térmica diferencial e química, para aqueles minerais cujas características não
permitem identificação por via óptica. Testes de coloração mineral seletiva
complementam, quando necessários, a análise petrográfica quantitativa.
(A) (B)
Figura 5.1 – Exemplos de fotomicrografias de: (A) granito são e (B) granito com minerais alterados. Aumento aproximado de 200X.
36
As principais características petrográficas e mineralógicas dos materiais rochosos
de interesse no uso em revestimento são: a) Estado de alteração, que influi na sua
durabilidade e nas suas propriedades físicas e mecânicas e b) Presença de minerais
deletérios ou nocivos, que podem apresentar alteração por reações com substâncias
presentes na atmosfera e de uso doméstico.
5.4.2 Índices físicos
São denominados índices físicos da rocha as propriedades de massa específica
ou densidade, porosidade e absorção d’água, os quais guardam uma grande
interdependência.
A massa específica, a porosidade e a capacidade de absorção podem ser
determinadas por meio da NBR 15845 – Parte 2 (ABNT, 2015b). A Figura 5.2 apresenta
esquematicamente os principais procedimentos para obtenção destes índices.
(A) (B)
(C) (D)
Figura 5.2 – Procedimentos para determinar os índices físicos: (A) pesagem na condição seca da amostra suspensa por fio na parte inferior da balança; (B e C) preparação e pesagem na condição saturada e (D) peso na condição submersa. Laboratório de Geologia de Engenharia do Departamento de Geotecnia da EESC/USP.
37
5.4.2.1 Massa específica e porosidade
Uma rocha no seu estado natural apresenta-se como um conjunto de minerais
interligados ocupando um determinado tamanho, constituído pelos minerais e pelos
vazios entre estes. A maior ou menor quantidade de vazios gera menor ou maior
compacidade da rocha, que refletirá numa maior ou menor massa específica e, por
conseqüência, maior ou menor porosidade.
Assim sendo, a definição de massa específica aparente (ρa) é mais aplicável às
rochas, pois representará a relação entre a massa das partículas sólidas (M) e o volume
aparente da rocha (Va):
�� ��
��
O volume da rocha, por sua vez, compreende o volume dos minerais e o volume
dos vazios.
Rochas com diferentes graus de compacidade apresentarão diferentes graus de
porosidade. Em decorrência disto, resulta que a porosidade seja definida como sendo
a relação entre o volume dos vazios (Vv) e o volume das partículas (Vr), para
porosidade absoluta ou real (ηr) ou o volume dos vazios e o volume da rocha (Va), para
porosidade aparente (ηa), expressos da seguinte forma, respectivamente:
ηr �Vv
Vr
ηa �Vv
Va
O grau de compacidade (C) de uma rocha pode também ser expresso pela
relação entre a massa específica aparente (ρa) e a massa específica absoluta (ρr) pela
expressão:
� ���
���
���
���
���
��
38
A porosidade absoluta decorrente pode, por sua vez, ser expressa pela seguinte
relação:
ηr � 1 �ρa
ρr� 1 � C
Os valores de massa específica são apresentados em g/cm3 ou kg/m3, e a
porosidade em porcentagem, ou por unidade.
A massa específica aparente é influenciada pela umidade. Por este motivo,
adota-se determinar a massa específica aparente de rocha no estado seco e no
estado saturado.
5.4.2.2 Absorção
A quantidade de água, ou líquido qualquer, capaz de preencher os poros define
também uma propriedade importante das rochas. Esta propriedade representa a
capacidade da rocha em absorver e reter a água nos seus poros.
A absorção (αap) pode ser obtida pela diferença entre o peso da rocha saturada
(M2) e o peso da rocha seca (M1) relacionado ao peso da rocha seca (M1), para se
obter a capacidade de absorção em peso (αap) ou em volume (αav) se os parâmetros
citados representarem volumes.
A capacidade de absorção é expressa, em porcentagem, da seguinte maneira:
� �M2�M1
M1x100
��� ��2 ��1
��100
A relação entre absorção em volume e a absorção em peso é representada
numericamente pela massa específica aparente:
��� ����
��
39
��� ����
��
A absorção será sempre menor que a porosidade aparente, porque a água, ou
outro líquido, não penetrará em todos os poros, pois muitos deles não são acessíveis.
A absorção é sempre determinada para um estado de saturação completa dos
poros pela água e corresponde, portanto, ao máximo teor de umidade que a rocha
pode alcançar. Em outras palavras, corresponde ao grau de saturação dos poros de
100%.
As propriedades das rochas são muito influenciadas pela absorção d’água.
Rochas com alta absorção d’água apresentam aumento na massa específica
aparente saturada e na condutividade térmica, dentre outras, enquanto que a
resistência mecânica diminui. É recomendável, portanto, que situações de uso em
condições de alta umidade, que os ensaios sejam feitos também em amostras no
estado saturado em água.
5.4.3 Tenacidade
Tenacidade é a propriedade que a rocha apresenta de resistir ao impacto, ou
choque mecânico, exercido sobre ela por um corpo sólido.
A tenacidade é uma propriedade importante para qualificação de rochas para
uso em revestimento de edificações, principalmente para placas aplicadas nas partes
baixas dos revestimentos verticais e, também, em pisos elevados e naqueles de grande
severidade de tráfego.
A determinação da resistência ao impacto é executada em corpos-de-prova
com uma forma aproximada daquela em que rocha será utilizada no revestimento.
Assim, um corpo-de-prova de 20cm x 20cm x 3cm é assentado sobre um colchão de
areia com espessura de 10cm e recebe golpes de uma esfera de aço de 1kg em
queda livre, mas de alturas crescentes, até que a placa se frature.
Este ensaio pode ser executado conforme a norma NBR 15845 – Parte 8 (ABNT,
2015c). A Figura 5.3 ilustra esquematicamente o ensaio de impacto de placas.
40
Os resultados são expressos pela altura que provoca a ruptura da placa. Pode-se
também expressar os resultados na forma de energia (em Joule) despendida para
romper o material.
Figura 5.3 – (A) Dispositivo para determinação da resistência ao impacto de corpo duro, mostrando o tubo (t) por onde a esfera de aço (e) se desloca em queda livre para atingir o corpo de prova assentado sobre colchão de areia; (B) Detalhe mostrando a ruptura do corpo de prova. Laboratório de Geologia de Engenharia do Departamento de Geotecnia da EESC/USP.
5.4.4 Propriedades térmicas
As rochas apresentam propriedades térmicas cujo conhecimento é importante
para diversos tipos de utilização: condutividade, calor específico, dilatação,
difusividade, resistividade etc.
A dilatação térmica é a mais importante para rochas que se destinam a revestir
edificações, porque as chapas utilizadas em fachadas e em pavimentos de exteriores
poderão estar sujeitas a variação de temperatura de até 50°C, no clima vigente no
Brasil. O coeficiente de dilatação apresentado pela rocha serve para cálculo do
espaçamento entre placas de revestimento e para dimensionamento dos seus
elementos de fixação.
41
As outras propriedades térmicas são importantes por envolver troca de energia
calorífica entre o ambiente e a rocha e, com isto, influir no conforto térmico do meio.
5.4.4.1 Condutividade térmica
A condutividade térmica é uma propriedade que o material possui de transmitir,
através da sua espessura, um fluxo térmico resultante da diferença de temperatura
entre as faces opostas do material. Trata-se de propriedade importante, também, para
materiais que se destinam a revestir paredes de edificações que tenham funções
calorífugas.
A condutividade pode ser expressa pelo coeficiente de condutividade (λ), assim
representado:
λ �Qxa
S�T1 � T2!Z
onde: λ= coeficiente de condutividade (kcal/m.h.°C); Q = quantidade de calor que atravessa uma parede (kcal); a = espessura da parede (m); S = área da superfície (m2); T1-T2 = diferença de temperatura entre as faces da parede (°C); Z = tempo de migração do calor entre as faces (h);
A condutividade térmica (λ) depende da porosidade do material, das
características dos poros, da natureza do material, da umidade, da massa específica
aparente e da temperatura média de transmissão de calor.
Nos materiais porosos, o fluxo térmico se propaga através da matéria sólida e dos
vazios cheios de ar. O ar se opõe ao caminhamento do calor. O λ será tanto menor
quanto maior for a porosidade, ou quanto mais baixa for a massa específica aparente.
A dimensão dos poros tem influência no λ. Os materiais de poros menores são menos
condutores que os de poros maiores. Os materiais de poros não comunicantes são
menos condutores do que os de poros comunicantes.
A umidade tem grande influência na condutividade, pois os poros cheios de
água conduzem mais facilmente o fluxo térmico do que poros cheios de ar.
O aumento da temperatura na qual se efetua a transmissão de calor influi no
aumento do coeficiente de condutividade.
42
A estrutura do material tem influência também no coeficiente de condutividade
térmica. Se a estrutura é estratificada ou fibrosa, com sentido bem determinado das
fibras, o λ dependerá da direção do fluxo em relação à estrutura, sendo maior quando
paralelo às fibras e menor quando perpendicular.
5.4.4.2 Calor específico
O calor específico ou capacidade calorífica é a propriedade da matéria de
absorver certa quantidade de calor quando é aquecida, que pode ser expresso por
um coeficiente, C, (em kcal/kg°C):
C �Q
M�T1 � T2!
Onde: Q = quantidade de calor (kcal); M = massa do material (kg); T1-T2 = diferença de temperatura (°C);
O calor específico dos materiais é importante em edificações quando se trata de
controlar a estabilidade ao calor de rochas usadas como revestimento de paredes.
5.4.4.3 Dilatação térmica
A dilatação térmica é uma propriedade que depende da composição
mineralógica da rocha, da sua estrutura e da sua porosidade, podendo ser
determinada por meio da norma NBR 15845 - Parte 3 (ABNT, 2015d).
Os minerais que compõem a rocha têm um coeficiente próprio de dilatação.
Aliás, um mesmo mineral pode apresentar dois coeficientes de dilatação, um na
direção paralela ao eixo cristalográfico outro na direção perpendicular a este eixo,
como, por exemplo, o quartzo.
A dilatação térmica é influenciada pela estrutura da rocha, pois, numa rocha de
estrutura bandeada, a dilatação será maior na direção paralela ao bandeamento e
menor na perpendicular.
43
A dilatação térmica é também influenciada pela porosidade da rocha, pois, nas
rochas porosas, os minerais tendem a se expandir na direção dos poros, diminuindo o
valor da dilatação total.
Esta propriedade é importante por ter grande influência da estabilidade das
chapas assentadas com argamassa. Sendo o coeficiente de dilatação das rochas
muito diferente do das argamassas de assentamento, poderá haver descolamento das
placas devido a uma movimentação relativa decorrente da dilatação e contração
ocasionada pela oscilação da temperatura. Em placas fixadas pelo sistema de
dispositivos metálicos em revestimentos de exteriores, este problema é minimizado ao
se estabelecer um determinado espaçamento entre as placas e pelo fato dos
dispositivos permitirem a acomodação da fachada.
Corpos-de-prova de rocha na forma de prismas de comprimento L1, submetidos a
uma variação de temperatura (de -5ºC a 55ºC) , T1 - T2, apresentarão dilatação igual a
L1 - L2 e seu coeficiente de dilatação β [em °C-1 ou mm/(m x °C)], será:
ΔTxL
ΔL
TT
1x
L
LLβ
1121
12 =−
−=
Para efeito de cálculo do espaçamento a ser deixado entre duas placas
contíguas da fachada, adota-se:
∆L � βxL1x∆T
5.4.5 Desgaste e abrasão
As rochas usadas em revestimentos estão sujeitas às solicitações de desgaste e de
abrasão na sua superfície quando são utilizadas em pavimentos de edificações, seja
na forma de placa ou de ladrilho.
Uma rocha será tanto mais desgastável, ou abrasível, quanto menor for a sua
dureza. A dureza de uma rocha, por sua vez, é resultado da dureza dos seus minerais
constituintes e do grau de compacidade, ou de coerência, da rocha. É definida como
a propriedade que uma rocha possui de se opor à penetração de um corpo estranho
mais duro ou de ser riscado por ele.
44
A determinação da dureza de uma rocha de forma direta é uma prática
complexa e os resultados podem não refletir a real propensão da rocha a se
desgastar. Isto ocorre porque os próprios minerais que a constituem apresentam
diferentes graus de dureza entre si. Além disso, a dureza de cada mineral é
influenciada pela sua clivagem, pela direção do eixo cristalográfico. Outro fato é a
influência da textura e da estrutura da rocha e da direção da solicitação de desgaste
em relação a estas feições.
A maneira mais usual de se determinar a dureza da rocha é por via indireta, por
meio da simulação das solicitações de desgaste ou abrasão, às quais a rocha poderá
estar sujeita. Neste caso o desgaste reflete resistência de um corpo-de-prova da rocha
à remoção progressiva de constituintes de sua superfície, mensurável por diminuição
de volume ou de altura ou por perda de massa deste.
Um corpo-de-prova de rocha com área S, altura inicial H1 e final H2, pode ter seu
desgaste DH calculado pela seguinte relação:
D( � H* �H+�mm!
O equipamento mais utilizado no Brasil, para determinação do desgaste ou
abrasão em rochas para revestimento, é a máquina “Amsler”. Nesse processo, dois
corpos-de-prova na forma de placa, de 7,0 x 7,0 x 2,0 cm, são pressionados sobre um
disco metálico de alta dureza sobre o qual é lançada areia quartzosa. O desgaste do
corpo-de-prova ocorre à medida que o disco gira e promove o contato da areia com
os corpos-de-prova. De acordo com as diretrizes da NBR 12042 (ABNT, 2012) os
resultados são calculados, após 500 e 1.000 voltas, por meio da medição da redução
de altura do corpo-de-prova, em mm.
5.4.6 Resistência à compressão uniaxial
As rochas utilizadas como materiais de revestimento e ornamental não são
frequentemente solicitadas à compressão, salvo quando assume concomitantemente
a função estrutural. Neste caso, quando o esforço aplicado é maior do que aquele
que a rocha pode suportar, ela poderá se romper. Embora seja rara a situação em que
isso ocorre com a rocha individualmente como material de revestimento, é comum se
45
determinar qual o esforço seria capaz de provocar a quebra da rocha. Tal esforço é
traduzido por um valor de tensão de ruptura. A ruptura, por sua vez, é sempre
precedida por um aumento de volume e da velocidade de propagação de fissuras,
simultaneamente. A Figura 4.4 apresenta uma curva tensão-deformação de um
granito obtida em um ensaio de compressão uniaxial instrumentado (Figura 5.4).
Figura 5.4 – Curva tensão-deformação obtida em ensaio de compressão uniaxial de um granito (Moreiras, 2014).
A tensão de ruptura, bem como vários outros parâmetros de resistência
mecânica, assume, para a rocha como material de revestimento, a função de
propriedade índice, ou seja, é uma propriedade que permite avaliar a sua qualidade
tecnológica, a partir dos valores apresentados.
O ensaio é feito com corpos-de-prova de rocha com formatos regulares, com
área de topo S (m2), que serão submetidos a uma força F (N), se romperá com uma
tensão máxima σmax (N/m2):
-.�/ �0
1
Os corpos-de-prova, na relação base/altura de 1:2 a 1:2,5, são colocados entre os
pratos perfeitamente planos e lisos de uma prensa tão rígida quanto possível e
carregados a uma taxa lenta e progressiva até a sua ruptura. A Figura 5.5 apresenta o
equipamento (prensa servo-controlada) utilizado para a determinação da resistência
à compressão uniaxial.
46
(A) (B)
Figura 5.5 – (A) Equipamento (prensa servo-controlada) utilizado na determinação da resistência à compressão uniaxial de rochas. Observar corpo de prova posicionado (seta) para o ensaio; (B) Corpo de prova instrumentado para ensaio de compressão simples: “A” e “B” são, respectivamente, os sensores para determinação dos deslocamentos circunferencial e longitudinal (Moreiras, 2014). Laboratório de Mecânica das Rochas do Departamento de Geotecnia da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC/USP).
O teor de umidade influi na resistência à compressão. Uma rocha no estado
saturado apresentará resistências menores que no estado seco. Assim, é aconselhável,
em caso de numa maior exigência na seleção das rochas, se obter valores de tensão
tanto no estado seco (σsec) quanto no estado saturado (σsat) e relacionar os dois valores
de tensão para obter um “coeficiente de enfraquecimento” (R):
2 �-3�4
-356
Vorobiev (1967) sugere dar atenção para rochas com R < 0,75 principalmente se o
valor σsec já estiver próximo do limite mínimo especificado pelo projeto.
A resistência à compressão de rochas é influenciada também pela dimensão dos
seus grãos. Para duas amostras de rochas com a mesma composição mineralógica,
mesmo teor de umidade e mesmo tipo de estrutura, mas com dimensões de grãos
diferentes, aquela que apresentar grãos de dimensões menores apresentará maior
resistência à compressão. Exerce também influência a estrutura da rocha, sendo ela
estratificada ou bandeada apresentará diferentes valores de tensão conforme a
direção de aplicação dos esforços se dê paralela, perpendicular ou inclinada em
relação àquelas.
47
A resistência à compressão uniaxial pode ser determinada conforme as normas
D 7012 (ASTM, 2014) e NBR 15845 - Parte 5 (ABNT, 2015e).
5.4.7 Flexão
As rochas usadas como materiais de revestimento podem, em certas aplicações,
sofrer solicitações de tração do tipo indireto. Essas solicitações são, em geral, em torno
de 1/10 da resistência à compressão uniaxial.
A maneira mais fácil de determinar a resistência à tração indireta é pelo ensaio
de flexão. Assim, um corpo-de-prova de rocha na forma de uma viga, com
comprimento L, largura b e espessura d, que seja submetido a esforços de flexão (P),
pode ser tratado de duas maneiras.
Uma delas é pela aplicação de carga por dois pontos contra um ponto de apoio
centrado a meia distância do comprimento, conforme C 99 (ASTM, 2015a) ou NBR
15845 - Parte 6 (ABNT, 2015f). A Figura 5.6 apresenta corte esquemático da condição
deste ensaio.
Outra forma de executar o ensaio de flexão é, segundo as diretrizes da C880
(ASTM, 2015b) ou NBR 15845 - Parte 7 (ABNT, 2015g), contra dois pontos de apoio
centrados, cada um a 1/4 do comprimento, representado na Figura 5.7.
No primeiro caso, a resistência à tração na flexão é dada por:
-7 ��
8�
3�:�;
2�
48
Figura 5.6 Corpo de prova e dispositivo de ensaio recomendados para determinação do módulo de ruptura em rochas. Fonte: NBR 15845 - Parte 6 (ABNT, 2015f).
(A)
(B)
Figura 5.7 (A) Corpo de prova e dispositivo de ensaio recomendados para determinação da resistência à flexão (4 pontos) em rochas. Fonte: NBR 15845 - Parte 7 (ABNT, 2015g) e (B) Corpo de prova de um granito rompido após o ensaio (Moreiras, 2014).
49
5.4.8 Alteração e alterabilidade
A alterabilidade é definida como a potencialidade, maior ou menor, da rocha a
se alterar, ou seja, de apresentar maior ou menor modificação de suas propriedades
ao longo do tempo. O grau de alteração afeta todas as propriedades de uma rocha,
mas as de maior interesse como material de revestimento são o aumento da
porosidade e da absorção d’água, a mudança dos aspectos estéticos e a diminuição
da resistência mecânica.
Na avaliação da alterabilidade e da influência do grau de alteração nas
propriedades da rocha diversas propriedades podem ser tomadas como parâmetros,
assim como diversos procedimentos podem ser adotados para este fim. Algumas
propriedades são relativamente de fácil determinação, enquanto outras não. Alguns
procedimentos utilizam equipamentos simples, enquanto outros, equipamentos
complexos. A utilidade dos resultados dependerá, entretanto, da escolha do critério
que mais adequadamente forneça as informações que mais se aproximem das
expectativas do comportamento dos materiais rochosos, previstos para as diversas
funções num revestimento (FRAZÃO, 2012).
5.4.8.1 Índices de alteração e alterabilidade
O grau de alteração e a alterabilidade podem ser avaliados por análises
petrográficas e mineralógicas e por ensaios físicos e físico-mecânicos.
Resume-se a seguir os procedimentos sugeridos por diversos pesquisadores para
esse fim, conforme Frazão (1993) e Frazão & Augusto Junior (1994).
a) Relação entre minerais sãos e minerais alterados, estado microfissural e minerais
secundários
A partir de análises petrográficas, pode-se qualificar e quantificar os minerais sãos
e alterados de uma rocha, além de se avaliar o estado microfissural e determinar-se o
teor de minerais secundários. A partir dessas informações pode-se estabelecer um
índice que revele o grau de alteração de uma rocha, denominado índice
micropetrográfico de alteração (Kp), conforme Aires Barros (1969):
50
Kp = ssecundáriominerais%fissurasde%alteradosminerais%
sãosminerais%
++
Quanto menor o valor de Kp, maior será o grau de alteração da rocha.
Este procedimento pode ser adotado tanto para seleção de rochas destinadas a
revestimentos, como para avaliar a intensidade da alteração eventualmente instalada
na rocha após algum tempo de uso.
b) Variação dos valores de índices físicos
A massa específica aparente de uma rocha diminui à medida que a alteração
aumenta, enquanto cresce a porosidade e a capacidade de absorção d’água.
Relacionando os valores dessas propriedades a um dado estado de alteração com o
valor apresentado pela rocha no estado inicial, podem ser estabelecidos índices que
caracterizam o grau de alteração da rocha, conforme Frazão (1993):
Índice de massa específica aparente (Iδ)
Iδ = o
xo
δ
δδ −
onde: δo = massa específica aparente da rocha sã; δx = massa específica da rocha num dado estado de alteração.
Índice de porosidade aparente (Iη)
Iη = x
ox
η
ηη −
onde: ηo = porosidade aparente da rocha sã; ηx = porosidade aparente da rocha a um dado estado de alteração.
Índice de absorção d’água (Iα)
Iα = x
ox
αα−α
onde: αo = absorção d’água da rocha sã; αx = absorção d’água da rocha a um dado estado de alteração.
Estes índices variam de zero (rocha sã) a um (rocha alterada).
51
c) Variação da resistência
Quando uma rocha se altera, ocorre uma diminuição de sua resistência
mecânica. Relacionando os valores de resistência da rocha sã com os valores
apresentados pela rocha num dado estado de alteração (IR), pode-se estabelecer um
índice que caracterize seu grau de alteração, conforme Frazão (1993):
IR = o
xo
R
RR −
onde: Ro = resistência da rocha sã; Rx = resistência da rocha a um dado estado de alteração.
Este índice varia de zero (rocha sã) a um (rocha alterada).
5.4.8.2 Procedimentos para ensaios de alteração
São diversos os ensaios utilizados para avaliar a alterabilidade de rochas. Utilizam-
se ensaios acelerados em laboratório e investigações nas condições quase-naturais.
Estas são as mais recomendadas por representarem condições mais próximas daquelas
à que as rochas serão submetidas. Por serem demorados são, entretanto, pouco
utilizados quando há exigência de se obter informações em pequeno intervalo de
tempo. Se ensaios quase-naturais forem viáveis, é recomendável, entretanto, que as
amostras sejam deixadas sob as condições atmosféricas da região onde a própria
obra está, ou será instalada, e que um criterioso monitoramento seja feito durante o
transcorrer dos ensaios (FRAZÃO, 2012).
Os ensaios acelerados, apesar de mais adequados para obtenção de
informações expeditas, requerem, por outro lado, que os resultados sejam
criteriosamente analisados, devido às conseqüências do exagero das solicitações
imposto às rochas.
Quanto aos procedimentos destes ensaios, se podem adotar qualquer um dentre
os mencionados a seguir (FRAZÃO et al., 2002):
a) Saturação em água, nas condições ambientais do laboratório, e secagem
em estufa, a 60ºC, executado em ciclos de 24/24 horas; o número total de
52
ciclos é estabelecido em função das características das amostras e das
condições de serviço previstas para as mesmas, mas não deve ser inferior a
30 ciclos. Ilustração deste tipo de ensaio é exemplificado para fragmentos
de rocha na Figura 5.8A,B;
b) Lixiviação contínua em extratores Soxhlet (Figura 5.8C), onde as amostras são
submetidas à percolação em água aquecida a cerca de 60-70º C, em
número de ciclos não inferior a 100;
(A) (B)
(C)
Figura 5.8 – Esquema ilustrativo de ensaios de alteração acelerada (saturação em água e secagem em estufa: (A) Recipientes telados com as amostras a serem submetidas à saturação em água e (B) Amostras saturadas a serem colocadas em estufa. Em (C) Extrator “Soxhlet” para ensaios de lixiviação contínua. Laboratório de Geologia de Engenharia do Departamento de Geotecnia da EESC/USP.
53
c) Saturação em solução de sulfato de sódio ou de magnésio e aquecimento
em estufa a 110 ºC; o número de ciclos é variável, mas informações
confiáveis já podem ser obtidas após 5 ciclos. Pode-se usar as diretrizes da
NBR 5564 - Anexo C (ABNT, 2014) ou EN 12370 (BSI, 1999);
d) Saturação em água nas condições ambientais do laboratório e
congelamento a temperatura menor que -15ºC; é recomendado o número
mínimo de 25 ciclos para obtenção de informações confiáveis, conforme
NBR 15845 – Parte 4 (ABNT, 2015h) ou EN 12371 (BSI, 2010).
Qualquer um desses ensaios pode ser acompanhado com medidas da variação
das propriedades físicas ou físico-mecânicas das rochas.
As amostras devem ser sempre preparadas nas características de tamanhos e
quantidades requeridos para os ensaios físicos ou físico-mecânicos escolhidos para
avaliação dos resultados.
Frascá (2004) indica diversos ensaios de alteração a serem executados em
placas, como critério para previsão de desempenho quanto à durabilidade, quais
sejam:
a) Simulação de intemperismo, por meio da exposição de corpos-de-prova de
placas de rocha, destinadas a fachadas, à radiação ultravioleta e à
atmosfera úmida, em câmara climática, para verificar a possibilidade de
ocorrência de mudanças de cor e fotodegradação de resinas. A avaliação
dos efeitos é visual, por meio da comparação entre corpos-de-prova
ensaiados e não ensaiados.
b) Simulação de climas marítimos, por exposição de corpos-de-prova de placas
de rochas, destinadas a fachadas, à névoa salina, por no mínimo 30 dias. A
avaliação dos efeitos é visual, por meio da comparação entre corpos-de-
prova ensaiados e não ensaiados.
c) Simulação de climas urbanos poluídos, por exposição de corpos-de-prova de
placas de rocha em câmara com atmosfera úmida em presença de ácido
sulfúrico, acompanhado de aquecimento por 8h seguido de ventilação por
16h, com no mínimo 30 ciclos de 24/24h. A avaliação dos efeitos é visual, por
meio da comparação entre corpos-de-prova ensaiados e não ensaiados.
54
d) Ensaio de choque térmico, pela sujeição de corpos-de-prova de placas de
rocha ao aquecimento de 105º C e resfriamento brusco em água a 25º C. A
avaliação é feita por meio visual e ou por determinação da resistência
mecânica, conforme EN 14066 (BSI, 2013).
e) Ensaio de cristalização de sais, em corpos de corpos-de-prova submetidos à
imersão parcial em sais para verificação da ocorrência de eflorescências e
sub-eflorescências, após secagem, e sua eventual ação deletéria. A
avaliação dos efeitos é visual, por meio da comparação entre corpos-de-
prova ensaiados e não ensaiados.
f) Ensaio de resistência ao ataque químico direto, em corpos-de-prova de
placa de rocha, cuja superfície polida é sujeita ao contato com reagentes
presentes nos produtos de limpeza. A avaliação dos efeitos é visual, por meio
da comparação entre setores da superfície ensaiados e os não ensaiados. O
procedimento segue a NBR 13818 - Anexo H (ABNT, 1997a).
Na pesquisa de Frascá e Yamamoto (2014) é apresentado alguns ensaios de
alteração acelerada para o estudo da deterioração de rochas graníticas em
edificações e monumentos.
5.4.9 Ensaios especiais e não rotineiros
5.4.9.1 Módulo de elasticidade estático
Elasticidade é a propriedade que a rocha apresenta de restituir sua forma
quando a carga, que atuava sobre ela e a deformava de um dado grau, é retirada. O
retorno à forma original pode ser completo ou parcial. É completo quando a carga
aplic