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Infeções do Trato Urinário e Outras Infecções do Sistema Urinário Critérios Nacionais de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde Gerência de Vigilância e Monitoramento em Serviços de Saúde - GVIMS Gerência Geral de Tecnologia em Serviços de Saúde- GGTES Setembro de 2016 Agência Nacional de Vigilância Sanitária

Infeções do Trato Urinário e Outras Infecções do Sistema ...©rios-de-ITU_versão-consulta... · Sistema Urinário (ISU) ITU não relacionada a procedimento urológico (cirúrgico

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Infeções do Trato Urinário e

Outras Infecções do Sistema

Urinário

Critérios Nacionais de Infecções

Relacionadas à Assistência à Saúde

Gerência de Vigilância e Monitoramento em Serviços de

Saúde - GVIMS

Gerência Geral de Tecnologia em Serviços de Saúde-

GGTES

Setembro de 2016

Agência Nacional de Vigilância Sanitária

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Diretor Presidente

Jarbas Barbosa da Silva Júnior

Diretores

Fernando Mendes Garcia Neto

José Carlos Magalhães da Silva Moutinho

Jarbas Barbosa da Silva Júnior

Gerência Geral de Tecnologia em Serviços de Saúde - GGTES

Diogo Penha Soares

Gerência de Vigilância e Monitoramento em serviços de Saúde – GVIMS

Magda Machado Miranda Costa

Equipe Técnica

Ana Clara Ribeiro Bello dos Santos

André Anderson Carvalho

Cleide Felicia de Mesquita Ribeiro

Fabiana Cristina de Sousa

Heiko Thereza Santana

Helen Norat Siqueira

Humberto Luiz Couto Amaral de Moura

Lilian de Souza Barros

Luana Teixeira Morelo

Mara Rúbia Gonçalves dos Santos

Maria Dolores Santos da Purificação Nogueira

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA

SANITÁRIA

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Elaboração (manter os autores originais)

Alberto Chebabo7

Beatriz Meurer Moreira7

Denise Vantil Marangoni7

Ianick Martins2

Irna Carla do Rosário Souza Carneiro3

Raimundo Leão10

Rosana Maria Rangel dos Santos4

Rosângela Cipriano de Souza5

Colaboração

Julival Fagundes Ribeiro6

Equipe de Revisão

Adenilde Andrade da Silva1

Eliane Carlosso Krummennauer8

Guilherme Antonio Veloso Coaracy9

Marcos Antonio Cyrillo10

Regia Damous Fontenelle Feijó11

Rosângela Cipriano de Souza5

1Associação Paulista de Estudos e Controle de Infecção Hospitalar – APECIH

2Instituto Nacional do Câncer

3Universidade Federal do Pará

4Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro

5Universidade Federal do Maranhão - UFMA

6Secretaria de Saúde do Governo do Distrito Federal

7Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

8Associação Brasileira de Epidemiologia e Controle de Infecção Hospitalar – ABIH

9 Sociedade Brasileira de Urologia – SBU

10 Sociedade Brasileira de Infectologia – SBI

11 Instituto de Infectologia Emilio Ribas

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Sumário

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 5

2. OBJETIVO ............................................................................................................................. 6

3. EPIDEMIOLOGIA E FATORES DE RISCO.....................................................................6

4. DEFINIÇÃO DAS INFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO RELACIONADA À

ASSISTÊNCIA À SAUDE (ITU-RAS) NO ADULTO.................................................................8

5. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS PARA INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO RELACIONADA

À ASSISTÊNCIA À SAUDE (ITU-RAS) NO ADULTO..........................................................10

6. DEFINIÇÃO DE INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO RELACIONADA À ASSISTÊNCIA

À SAUDE (ITU-RAS) NA CRIANÇA ..................................................................................... ..14

6.1 Crianças abaixo de 1(um) ano..........................................................................................14

7. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA...................................................................................15

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................17

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1- INTRODUÇÃO

O desafio para prevenir danos aos usuários dos serviços de saúde e prejuízos

associados aos cuidados decorrentes de processos ou estruturas da assistência é cada

vez maior e, portanto, faz-se necessário a atualização de protocolos específicos de

critérios diagnósticos e medidas de prevenção para a redução das Infecções Relacionadas

á Assistência à Saúde - IRAS.

IRAS: toda infecção associada aos cuidados de saúde adquirida num prazo maior

de 48 horas, que não esteja no seu período de incubação em um serviço de saúde.

A infecção do trato urinário - ITU é uma das causas prevalentes das IRAS de

grande potencial preventivo, visto que a maioria está relacionada à cateterização vesical.

O diagnóstico clínico precoce, associado aos exames complementares (qualitativo e

quantitativo de urina e urocultura), fornece evidência para uma adequada terapêutica,

apesar dos casos de bacteriúria assintomática e candidúria, que podem induzir

tratamentos desnecessários1. Além disso, a terapêutica deverá ser fundamentada nas

taxas de prevalência das infecções urinárias locais e nos protocolos elaborados em

conjunto com a equipe assistencial, Comissão de Controle de Infecção Hospitalar - CCIH,

Comissão de Farmácia e Terapêutica – CFT e Laboratório de Microbiologia, e ajustada aos

resultados de culturas.

A associação de hemoculturas em casos selecionados trará informações adicionais,

especialmente, em pacientes hospitalizados com sepse de foco urinário (20%). Deverá ser

sempre considerada como hipótese diagnóstica em pacientes com febre sem foco

aparente.

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2- OBJETIVO

A principal finalidade desta publicação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária -

Anvisa é sistematizar/fomentar indicadores nos serviços de saúde, além de contribuir

para reduzir a incidência de ITU associadas à cateterização vesical a partir da

disponibilização dos critérios de infecção do trato urinário (ITU) relacionada à assistência

à saúde (ITU-RAS) para fins de vigilância epidemiológica e das principais medidas

preventivas adequadas à realidade brasileira.

3- EPIDEMIOLOGIA E FATORES DE RISCO

As ITU são responsáveis por 35-45% das IRAS em pacientes adultos 1-4, com

densidade de incidência de 3,1-7,4/1000 cateteres/dia5. Aproximadamente 16-25% dos

pacientes de um hospital serão submetidos a cateterismo vesical, de alívio ou de

demora, em algum momento de sua hospitalização, muitas vezes sob indicação clínica

equivocada ou inexistente e até mesmo sem conhecimento médico.

A problemática continua quando muitos pacientes permanecerão com o dispositivo

além do necessário 1,2,5, apesar das complicações infecciosas (locais e sistêmicas) e não

infecciosas (desconforto para o paciente, restrição da mobilidade, traumas uretrais por

tração), inclusive custos hospitalares e prejuízos ao sistema de saúde público e

privado3,6.

Entende-se que o tempo de permanência da cateterização vesical é o fator crucial

para colonização e infecção (bacteriana e fúngica). A infecção poderá ser intraluminal ou

extraluminal (biofilme), sendo esta última a mais comum. O fenômeno essencial para

determinar a virulência bacteriana é a adesão ao epitélio urinário, colonização intestinal,

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perineal e cateter.

O crescimento bacteriano inicia-se após a instalação do cateter, numa proporção de

5-10% ao dia, e estará presente em todos os pacientes ao final de quatro semanas7. O

potencial risco para ITU associado ao cateter intermitente é inferior, sendo de 3,1% e

quando na ausência de cateter vesical de 1,4%.

Os pacientes acometidos pela afecção são de ambos os sexos, agravantes

relativos dependentes de doenças clínicas/cirúrgicas e relacionadas à unidade de

internação3,8,9. Em uma parcela de indivíduos a manifestação de bacteriúria clinicamente

significativa, porém transitória, desaparece após a remoção do cateter, contudo poderá

ocorrer septicemia com alta letalidade em alguns casos específicos relacionados

também ao hospedeiro10-13.

Os agentes etiológicos responsáveis por essas ITU costumam, inicialmente,

pertencer à microbiota do paciente. E, posteriormente, devido ao uso de antimicrobianos,

seleção bacteriana, colonização local, fungos e aos cuidados do cateter, pode ocorrer a

modificação da microbiota1,4,7,8,9,13-15. As bactérias Gram negativas (enterobactérias e

não fermentadores) são as mais frequentes, mas Gram positivos são de importância

epidemiológica, especialmente do gênero Enterococcus.

A sobrecarga financeira relacionada a cada episódio de ITU alcança em média U$

675,00 dólares, até um adicional de U$ 2,800 dólares nos casos que evoluem com

bacteremia2,3,15,16, aumentando o período pós-operatório em média para mais de 2,4 dias

em pacientes cirúrgicos13.

A despeito da estreita relação existente entre cateterismo vesical e ITU, percebe-

se a fragilidade na implantação de estratégias de medidas preventivas simples, tanto no

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Brasil quanto no exterior. É possível que uma percepção universalmente errônea do

caráter menos agressivo quanto à morbidade, mortalidade e impacto econômico das ITU

em relação às outras IRAS seja a explicação para tal atitude9,12,13,16-18

.

4- DEFINIÇÃO DAS INFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO RELACIONADA À ASSISTÊNCIA À SAUDE (ITU-RAS) NO ADULTO

ITU-RAS é definida como qualquer infecção do trato urinário relacionada a procedimento urológico, podendo ser associada ou não ao uso de cateter vesical de demora;

4.1- Infecção

do Trato

Urinário

Relacionada

à

Assistência

à Saúde

Associada a

Cateter

vesical. (ITU-

RAS-AC)

Qualquer infecção sintomática de trato urinário em paciente

em uso de cateter vesical de demora1.

4.2- Infecção

do Trato

Urinário

Relacionada

à

Assistência

Qualquer infecção sintomática de trato urinário em paciente sem

uso de cateter vesical de demora no momento ou há 24 horas.

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à Saúde Não

Associada a

Cateter (ITU-

RAS-NAC)

4.3- Outras

Infecções do

Sistema

Urinário

(ISU)

ITU não relacionada a procedimento urológico (cirúrgico ou não)

diagnosticada após a admissão em serviço de saúde que não

está em seu período de incubação no momento da admissão.

Compreendem as infecções do rim, ureter, bexiga, uretra, e

tecidos adjacentes ao espaço retroperitoneal e espaço

perinefrético. Incluem-se as infecções associadas a

procedimentos urológicos não cirúrgicos( biópsia, inserção de

cateter duplo J).

1Cateter vesical de demora: considera-se aquele que entra pelo orifício da

uretra e permanece. Excluem-se cateter duplo J, cistostomia, punção supra

púbica e cateterização intermitente.

NOTA: neste documento será abordada apenas a infecção do trato urinário

sintomática. Não serão mais consideradas as ITU assintomáticas2 porque não

devem ser foco de vigilância e não são alvo de notificação. Em geral as

bacteriúrias não devem ser tratadas, salvo em situações especiais, nas quais o

médico assistente considere importante instituir tratamento.

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As infecções relacionadas a outros procedimentos urológicos não serão

consideradas porque serão consideradas como outros sítios.

2 ITU assintomáticas: Paciente com ou sem cateter vesical de demora que não

apresente sinais ou sintomas e com identificação de cultura de urina/hemocultura

positiva.

5- CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS PARA INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO RELACIONADA À ASSISTÊNCIA À SAUDE (ITU-RAS) NO ADULTO

Infecção do Trato Urinário Sintomática Relacionada à Assistência de Saúde

(ITU-RAS) sintomática deve atender os seguintes critérios:

Critério

ITU – RAS

Infecção do trato urinário

relacionada à assistência de saúde

Deve preencher um dos seguintes

critérios:

1 - Qualquer infecção do trato urinário

relacionada a procedimento urológico

2- ITU não relacionada a procedimento

urológico, diagnosticada durante ou a partir

de 48 após a admissão em serviço de

saúde e para a qual não são observadas

quaisquer evidências clínicas e não está

em seu período de incubação no momento

da admissão.

ITU -RAS associada a cateter

vesical de demora

O paciente com ITU-RAS e que preencha

critérios 1, 2 e 3:

1 – Uso de cateter vesical por pelo menos

48 horas, presente no momento do

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diagnóstico da ITU-RAS ou que foi retirado

no máximo 24 horas antes

2 – Clínica de infecção: O paciente tem

pelo menos um dos seguintes sinais e

sintomas, sem outras causas

reconhecidas:

• Febre (>38ºC)

• Dor suprapúbica ou lombar

3 – Cultura de urina positiva com ≥ 105

unidades formadoras de colônias por ml de

urina (UFC/mL) de um patógeno, com até

duas espécies microbianas. No caso de

Candida, considerar qualquer crescimento.

Acima de duas espécies microbianas, há

grande possibilidade de ter ocorrido

contaminação da amostra.

ITU – RAS não associada a cateter

vesical de demora

Paciente com ITU-RAS e que preencha os

critérios 1, 2 e 3:

1 – Com relação ao cateter, pelo menos

um dos seguintes:

• Paciente sem cateter vesical

• Paciente em uso de cateter há

menos de 48 horas do diagnóstico de

infecção

• Paciente que retirou o cateter há

pelo menos 24 horas da data do

diagnóstico de infecção.

2 – Clínica de infecção: o paciente tem

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pelo menos um dos seguintes sinais ou

sintomas, sem outras causas

reconhecidas:

• Febre (>38ºC)

• Urgência urinária

• Aumento da frequência urinária

• Disúria

• Dor suprapúbica ou lombar

• Em crianças com mais de um ano,

considerar o aparecimento de

incontinência urinária naquelas que já

tinham controle esfincteriano.

3 - Cultura de urina positiva com ≥ 105

unidades formadoras de colônias por ml de

urina (UFC/ml) de um patógeno, com até

duas espécies microbianas. No caso de

Candida, considerar qualquer crescimento.

Outras Infecções do Sistema

Urinário

Devem preencher pelo menos um dos

seguintes critérios:

1 – Isolamento de microrganismo de

cultura de secreção ou fluido (exceto urina)

ou tecido dos seguintes sítios acometidos:

rim, ureter, bexiga, uretra e tecidos

adjacentes ao espaço retroperitoneal e

espaço perinefrético.

2 – Presença de abscesso ou outra

evidência de infecção vista em exame

direto durante cirurgia ou em exame

histopatológico em um dos sítios listados.

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3 – Clínica. Pelo menos um dos seguintes:

• Febre (>38ºC)

• Dor ou hipersensibilidade localizada

em um dos sítios listados

Associada a pelo menos um dos

seguintes:

• Drenagem purulenta do sítio

acometido

• Presença no sangue de

microrganismo compatível com o sítio de

infecção

Nota 1: Infecções urinárias em pacientes que usam cateter duplo J são consideradas não

associadas a cateter vesical

Nota 2: Incluem-se entre Outras ITU-RAS: Infecções associadas a procedimentos urológicos

não cirúrgicos, como biópsia e inserção do duplo J.

Nota 3: Infecções relacionadas a procedimentos urológicos cirúrgicos são consideradas

infecções de sítio cirúrgico.

Nota 4: Foi retirado o critério de “infecção assintomática” por ser atualmente considerado

bacteriúria assintomática. O achado de bactérias no trato urinário não significa

obrigatoriamente infecção e deve ser descartada essa notificação se não houver clínica de

infecção, a menos que se trate de idoso.

Nota 5: Idosos podem ter sintomas atípicos como alterações cognitivas, letargia, anorexia e

outros sintomas generalizados podem estar associadas a ITU27

Nota 6: Acima de duas espécies microbianas, há grande probabilidade de ser contaminação

da amostra.

Nota 7: A bacteriúria assintomática não necessita tratamento, porém pacientes grávidas,

transplantados de rim, crianças com refluxo vesicoureteral, pacientes com cálculos

infectados e pacientes submetidos a cirurgias urológicas, deverão ser avaliados para possível

tratamento.28

Nota 8: A urina é rica em nitratos e a maioria das enterobactérias transformam nitratos em

nitritos, porém nem todas as bactérias realizam esta metabolização. Desta forma o exame de

urina com nitrito negativo não descarta ITU, tendo este exame baixa sensibilidade.29

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Nota 9: Diferentemente do que ocorre com bactérias, a quantificação do numero de colônias

não é útil no diagnostico de ITU por Candida, sendo que somente há indicação de tratamento

para candidúria assintomática em pacientes de risco para desenvolvimento de candidemia,

tais como: neonatos, neutropênicos e pacientes submetidos a procedimentos

neurológicos.30,31,32

Comentários

Cultura de ponta de cateter urinário não é um teste laboratorial aceitável para o

diagnóstico de ITU;

As culturas de urina devem ser obtidas com a utilização de técnica apropriada:

coleta limpa por meio de micção espontânea ou cateterização. A urina coletada em

paciente já cateterizado deve ser aspirada assepticamente do local próprio no

circuito coletor e a cultura processada de forma quantitativa. Não há indicação de

troca do cateter para obter urina para cultura.

6- DEFINIÇÃO DE INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO RELACIONADA À

ASSISTÊNCIA À SAUDE (ITU-RAS) NA CRIANÇA

6.1 Crianças abaixo de 1(um) ano

A definição de ITU-RAS na criança com 1 ano ou menos de idade deve preencher os

seguintes critérios:

ITU – RAS associada ou não a cateter

vesical de demora

Deve preencher os critérios 1, 2 e 3 a

seguir:

1- Paciente com idade ≤ 1 ano em uso

ou não de cateter vesical de demora;

2- Clínica de infecção: o paciente tem

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pelo menos um dos seguintes sinais

ou sintomas, sem outras causas

reconhecidas:

febre (>38°C)

hipotermia (< 36°C)

apneia*

bradicardia*

letargia*

vômitos*

aumento da sensibilidade

suprapúbica.*

*sem causa aparente

3- Cultura de urina positiva com ≥ 105

unidades formadoras de colônias por ml de

urina (UFC/ml) de um patógeno, com até

duas espécies microbianas.

Nota: A febre e a hipotermia são sintomas não específicos da infecção e não podem ser excluídas da determinação ITU

porque são clinicamente consideradas devido a uma outra causa reconhecida.

7- VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

Indicadores de ITU-RAS em adultos e crianças

Os indicadores usados para a vigilância de ITU-RAS são a densidade de incidência (DI) e

densidade de uso de CV, utilizando as fórmulas apresentadas abaixo. A DI estima a taxa

de infecção dentre o total de dias em que os pacientes estiveram sob o risco de adquirir a

infecção. A DU estima a densidade de utilização de CV na população de pacientes

selecionada.

As infecções de Trato urinário não associadas a cateter são utilizadas no somatório global

das infecções para compor a densidade e/ou taxa global do hospital.

Como cerca de 80% das ITU-RAS são atribuíveis à utilização de um CV de demora, estes

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pacientes devem ser a prioridade para vigilância.

Os seguintes itens devem ser considerados em um sistema de vigilância:

Identificar os grupos de pacientes ou unidades nas quais serão conduzidos a

vigilância, tendo como base os fatores de risco potenciais para ITU e a

freqüência de uso de cateter.

Calcular preferencialmente a taxa de DI. Neste cálculo, utilizar como

denominador o número de cateter-dias para todos os grupos de pacientes ou

unidades a serem monitoradas.

Utilizar os critérios padronizados para ITU sintomática. Não efetuar vigilância de bacteriúria assintomática.

Cálculos das taxas de incidência em adultos e crianças

DI de ITU relacionada a CV = No de ITU sintomáticas relacionadas CV x 1.000

No de CV-dias

IA de ITU relacionada a CV = No de ITU sintomáticas relacionadas a CV x 100

No pacientes com CV

DU de CV = No de CV-dias__________ x 1.000

No de paciente-dias

Observações:

- Cálculo do número de CV-dias: contar diariamente o número de pacientes com CV na

unidade sob vigilância;

- Cálculo do número de paciente-dias: contar diariamente o número de pacientes

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internados na unidade sob vigilância.

8- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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