47
INFLUÊNCIA DA INFILTRAÇÃO DE RESINA (ICON) ® NAS LESÕES DE MANCHA BRANCA Andreia Alexandra Teixeira Simão Artigo de Revisão Bibliográfica Mestrado Integrado em Medicina Dentária Da Universidade do Porto Porto 2017

INFLUÊNCIA DA INFILTRAÇÃO DE RESINA (ICON) NAS … · comprovaram a melhoria estética da lesão, pois o índice de refração da luz (RI) do esmalte são é semelhante ao RI do

  • Upload
    lamkiet

  • View
    212

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

INFLUÊNCIA DA INFILTRAÇÃO DE RESINA (ICON)® NAS LESÕES DE

MANCHA BRANCA

Andreia Alexandra Teixeira Simão

Artigo de Revisão Bibliográfica

Mestrado Integrado em Medicina Dentária

Da Universidade do Porto

Porto

2017

II

INFLUÊNCIA DA INFILTRAÇÃO DE RESINA (ICON)® NAS LESÕES DE MANCHA BRANCA

Artigo de revisão bibliográfica submetido à Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do

Porto para obtenção do grau de Mestre em Medicina Dentária

Andreia Alexandra Teixeira Simão

ORIENTADOR

Profª. Doutora Maria Teresa Pinheiro de Oliveira Rodrigues de Carvalho

Professora Auxiliar da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto

CO-ORIENTADOR� Prof. Doutor João Ricardo Cardoso Ferreira� Professor Auxiliar Convidado da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto

Afiliação: Aluna do 5º ano do Mestrado Integrado de Medicina Dentária da Faculdade de Medicina Dentária

da Universidade do Porto

Endereço: [email protected]

Porto2017

III

AGRADECIMENTOS

Àminha Orientadora, Profª. DoutoraMaria Teresa de Carvalho, por toda a atenção dispensada,

incentivo,preocupaçãocomotrabalhoeapoioquesempredemonstrou.

Ao meu Co-orientador, Prof. Doutor João Ricardo Ferreira, pelo empenho, colaboração e

disponibilidadeconstantequedemonstrouaolongodaexecuçãodestetrabalho.

Aosmeuspais,CatarinaeJoão,JoséeRita,pelapreocupação,paciência,carinho,incentivoeapoio

incondicionalquesempremanifestaram,nãosóagora,masemtodososmomentosdaminhavida.

Aosmeusqueridosavós,TeresaeHenrique,portodaaajudaeporteremestadosempreaomeulado

aolongodestepercurso.

ÀminhabinómiaAnaBranco,portersidominhagrandecolega,parceiraeamiga,agradeçopor

todososmomentospartilhados.

Atodososmeusamigos,pelosmomentosdedescontraçãoediversãoproporcionadosaolongoda

realizaçãodotrabalho.

AoGonçalo,pelaternura,paciência,incentivoeapoioquesempremeproporcionou.

RESUMO

Introdução:

Aslesõesdemanchabranca(LMB)sãoumproblemarecorrentequeprovocaalteraçõesestruturais

e o comprometimento estético do esmalte dentário. A dentisteria moderna tem desenvolvido

recentemente metodologias de tratamento minimamente invasivo para retardar ou impedir o

processodedesmineralizaçãoepermitirumamelhorremineralizaçãodoesmalte.Assimqueaslesões

demanchasbrancas começama aparecer, aplicam-semedidaspara impedir a progressãoparao

estadiodelesãocavitada,comoobjetivodepreservaraomáximoaestruturadentáriaremanescente

doesmalte,semterquerecorreratratamentosinvasivos.

Objetivos:

Estarevisãobibliográficatemcomopropósitoapresentarabasecientífica,osprincípiosdousoda

técnicadeinfiltraçãoderesinaeassuaspropriedades,bemcomosuaimportâncianapráticaclínica

naabordagemdasLMB.

MateriaiseMétodos:

Foi realizadaumapesquisadeartigosemduasbasesdedados,PubmedeGoogle scholar.Numa

primeirafaseforamselecionadosumtotalde265artigosrelevantesparaotemaemestudo.Foram

excluídostodososartigoscujoconteúdonãoforarelevanteparaoobjetivodotrabalho,tendosido

selecionados54artigos.

Desenvolvimento:

Recentemente,temsidoinvestigadaumanovatécnicamicro-invasivaparaaabordagemdaslesões

de mancha branca que é conhecida como "infiltração de resina” (ICON) para o tratamento da

superfícielisavestibularedalesãodecárieproximalnão-cavitada.Osestudosrealizadosparecem

mostrar resultados promissores a nível mecânico, estrutural e estético. Embora haja alguma

V

controvérsiaderesultadospublicadosporalgunsestudos,estatécnicamostrousercapazdetravara

progressãodalesãodemanchabrancaedecamuflaroproblemaestéticosubjacente.

Conclusão:

Esta revisãobibliográfica revelouquea técnicade infiltraçãode resinaépromissoraparadetera

progressãodelesõesdecárienão-cavitadas,oquesugerequeoICONpodeserumaopçãoeficazno

tratamentodaslesõesdemanchabranca.

Palavras-chave

ICONANDresininfiltration,WhiteSpotLesions,Resininfiltration,Minimallyinvasivedentistry.

VI

ABSTRACT

Introduction:

Whitespotlesions(WSL)areacurrentproblemthatcausesstructuralandestheticproblemsintooth

enamel.Moderndentistryhasrecentlydevelopedminimallyinvasivetreatmentmodalitiestodelay

thedemineralizationprocessandallowbetterenamelremineralization.Assoonasthewhitespot

lesionsbegintoappearandmeasuresareappliedtopreventprogressiontothecavitatedlesionstage,

inordertopreservetheremainingdentalstructureoftheenameltothemaximum,withouthaving

toresorttoinvasivetreatment.

Objectives:

Thisbibliographicreviewaimstopresentthescientificbasisandprinciplesof theuseof theresin

infiltrationtechnique,aswellasitsimportanceinclinicalpracticeintheWSLapproach.

MaterialsandMethods:

Asearchofarticlesintwodatabaseswasperformed,PubmedandGooglescholar.Inafirstphase,a

totalof265articlesrelevanttothetopicunderstudywereselected.Allarticleswhosecontentswere

notrelevantforthepurposeofthestudywereexcludedand54articleswereselected.

Development:

Recently, a new microinvasive technique for the treatment of spot lesions, known as "resin

infiltration"(ICON),hasbeeninvestigatedforthetreatmentofthesmoothbuccalsurfaceandthenon

cavitated proximal carious lesion. Although there is some controversy about results published by

differentstudies,thistechniquehasshowntobeabletohalttheprogressionofwhitespotlesions

andtodisguisetheunderlyingestheticproblem.

VII

Conclusion:

Thisliteraturereviewhasrevealedthattheresininfiltrationtechniquetohalttheprogressionofnon-

cavitated carious lesions is promising. This suggests that ICONmay be an effective option in the

treatmentofwhitespotlesion

Key-words

ICONANDresininfiltration,WhiteSpotLesions,Resininfiltration,Minimallyinvasivedentistry.

VIII

LISTADEABREVIATURAS

LMB–Lesãodemanchabranca

IR–Infiltraçãoderesina

ICON–ProdutodeinfiltraçãoderesinadamarcaDMG,Alemanha

ICDAS–InternationalCariesDetectionandAssessmentSystem

HCL–Ácidoclorídrico

TEGDMA–Dimetacrilatodetrietilenoglicol

BisGMA–Bisfenolglicidilmetacrilato

UDMA–Dimetacrilatodeuretano

HEMA–Hidroxietilmetacrilato

CP–Coeficientedepenetração

mm–Milímetros

µm–Micrómetros

SEM–Microscópioeletrónicodevarredura

CSLM–Confocallaserscanningmicroscopy

TMR–Transversemicro-radiography

OCT–Opticalcoherencetomography

ΔE–Variaçãototaldacor

ΔQ–Perdadefluorescência

VSH–Vickershardnesstest

RI–Índicederefraçãodaluz

CPP-ACP–FosfopeptídeodeCaseína–FosfatodeCálcioAmorfo

IX

ÍNDICEDEILUSTRAÇÕES

Figura1-Lesãodemanchabranca.FotografiagentilmentecedidapeloDr.CarlosAlmeida............18

Figura2-LesãodemanchabrancaaserinfiltradacomoprodutoICON.Fotografiagentilmentecedida

peloDr.CarlosAlmeida.........................................................................................................................25

Figura3-Lesãodemanchabranca.FotografiagentilmentecedidapeloDr.CarlosAlmeida............26

Figura4-Imagemdeumestudorealizadocomrecursoaoespectrofotómetroaolongode6meses.

Adesidrataçãotemporárianosdentesdecontrolenodia1éclaramentevisível(24).Semautorização

doautor.................................................................................................................................................30

Figura5-Imagensrepresentativasdelesãoincipiente.(a)Penetraçãoderesina(vermelho)resultou

numainfiltraçãoprofundanocorpodalesão(verde).(b)Selantedefissuras(vermelho)resultounuma

infiltraçãosuperficialnocorpodalesão(verde)(43).Semautorizaçãodoautor...............................32

Figura6-Imagem1.ImagemSEM-OladodireitorepresentaaLMBeoladoesquerdoesmaltesão.

Aaparênciasemelhanteentreosdoisladospodeserobservada,emboraalgumasáreasirregulares

sãoobservadasnasuperfície(setas).....................................................................................................34

X

ÍNDICEGERAL

INTRODUÇÃO...................................................................................................................................12

MATERIAISEMÉTODOS..................................................................................................................15

DESENVOLVIMENTO........................................................................................................................16

LESÕESDEMANCHABRANCA.........................................................................................................16

DENTISTERIAMINIMAMENTEINVASIVA.........................................................................................19

CONCEITODEINFILTRAÇÃODERESINA..........................................................................................21

OEFEITODAINFILTRAÇÃODERESINANASLESÕESDEMANCHABRANCA..................................25

CAMUFLAGEMDASLMB.................................................................................................................25

PREVENÇÃODAPROGRESSÃODASLMB........................................................................................31

MICRODUREZAERUGOSIDADEDESUPERFÍCIE.............................................................................33

OPÇÕESDETRATAMENTODASLESÕESDEMANCHABRANCA.....................................................36

1- Tratamentonão-invasivo......................................................................................................36

1.1-Medidasdehigiene.................................................................................................................36

1.2-AplicaçãodeFlúor...................................................................................................................36

2- Tratamentomicro-invasivo...................................................................................................37

2.1-Selantesouionómerosdevidro.............................................................................................37

2.2-Infiltraçãoderesina.................................................................................................................37

3- Outrasopçõesdetratamento...............................................................................................38

3.1-Microabrasão..........................................................................................................................38

3.2-Branqueamentodentário........................................................................................................38

3.3-Restauração.............................................................................................................................38

CONCLUSÕES...................................................................................................................................39

REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................................40

ANEXOS............................................................................................................................................45

12

INTRODUÇÃO

Alesãodemanchabranca(LMB)constituiaprimeiramanifestaçãoclínicadadoençacáriee

caracteriza-sepelasuperfícieexternadoesmalteaparentementeintacta,emboraasuasubsuperfície

seapresentedesmineralizada(1-6).

Os fatores determinantes para a manifestação da cárie podem incluir a acumulação de

biofilmebacterianoparticularmenteaolongodamargemcervicaldodente,higieneoraldeficiente,

consumodeumadietaricaemaçúcare/ouaquelasquefrequentementediminuemopHintraorale

a remoçãodasbandasebracketsortodônticos (1,4,6,7).Asbactériaspatogénicaspresentesno

biofilmebacterianoaderidoaodenteinvademasuperfíciedeesmalte,produzindoácidosorgânicos

quepenetramatéàsubsuperfíciedoesmalte(4).Osiõeshidrogéniopresentesnoácidoligam-seaos

iões de cálcio ou fosfato localizados na estrutura dentária, levando a umdesarranjomolecular e

desorganizaçãodaestruturaprismáticadoesmalte(4,6).

Clinicamente,oprocessodedesmineralizaçãocausamicroporosidadesaníveldoesmalte,que

oticamenteprovocamumamudançagradualnoíndicederefraçãodaluz.Oesmaltetorna-semenos

translúcidocomaparênciaesbranquiçada(8,9).

Aprogressãodalesãodemanchabrancaprovocadaporváriasexposiçõesaoácidopodelevar

à formaçãodeumacavidadedecárie (6).Noentanto,estudosrevelaramqueaprogressãodesta

lesão pode ser controlada. Assim sendo, é importante a intervenção precoce na fase de lesão

incipientedecáriecomoobjetivodeimpediraprogressãodamesma,reduzindooriscodecavitação

econsequenteintervençãoinvasiva(2,4,10).

Odesenvolvimentodamedicinadentárianasúltimasdécadaséumarealidadeincontestável.

Comaevoluçãodastécnicasemateriaisusadosnaprofissão,aabordagemdaslesõesdecárietem

sidoalvodeanálise,dandoênfaseàprevenção,manutençãoeintervençãominimamenteinvasiva(4,

7).

Otratamentodaslesõesincipientescomeçadesdeocontrolodosfatoresetiológicosefatores

deriscoqueestãorelacionadoscomoaparecimentodacárie,envolvendoprincipalmentecontrolo

debiofilmebacterianoedadieta(1,4,6).Aintervençãomínimacentra-senasopçõesdetratamento

13

menosinvasivaspossíveisafimdeminimizaraperdadeestruturadentáriaedesconfortodopaciente.

Assim,aremineralizaçãoéaprimeiraopçãoparatratarasLMB,umavezqueestassãodecorrentes

deumdesequilíbriodeiõesnoprocessodesmineralização–remineralização(2,4,6).

O uso de flúor e compostos de fosfopéptidos de caseína - fosfato de cálcio amorfo para

promoveraremineralizaçãotemsidoaestratégianormalmenteadotadanestetipodelesões(2,7,

11). Embora a remineralização de lesões superficiais de mancha branca seja frequentemente

conseguida,estatécnicaapresentaresultadosinsatisfatóriosanívelestético(11,12).

Apesardoconceitodeinfiltraçãoderesina(IR)nãosernovo,atualmentetemvindoaganhar

maiordestaque.Estatécnicafazatransiçãoentreprocedimentopreventivoerestaurador(4,13).É

consideradaminimamenteinvasivaeéaplicadanaslesõesiniciaisdecárie,comonocasodaslesões

demanchabranca(4,14).

Oobjetivodestetratamentoéimpediraprogressãodalesãoincipientedecárieatravésdo

preenchimento,doreforçoedaestabilizaçãodoesmaltedesmineralizado,semsacrifíciodeestrutura

dentáriasã(2,4,15-17).

O método de atuação da IR é conseguido através da penetração da resina nos espaços

intercristalinosdoesmalte,ondeoinfiltranteresinosoéfotopolimerizadoebloqueiaaviadedifusão

de ácidos orgânicos resultantes da ação das bactérias patogénicas presentes no biofilme. Desta

forma,ainfiltraçãoderesinaimpedeaprogressãodalesão(2,4,14,15,17).Adicionalmente,estudos

comprovaramamelhoriaestéticada lesão,poiso índicede refraçãoda luz (RI)doesmaltesãoé

semelhanteaoRIdoinfiltranteresinoso(3,18,19).Assim,ainfiltraçãoderesinaévantajosaanível

estético,namedidaqueaaparênciaesbranquiçadadalesãodesaparecequandoasmicroporosidades

doesmaltesãopreenchidascomaresina(8,18,20).

Nestatécnicatorna-senecessáriopermeabilizaracamadasuperficialdaLMB,pseudo-intacta

enãocavitada,masqueapresentaumelevadoconteúdomineral,oquedificultaa infiltraçãode

resina.Paraisso,usa-seácidoclorídricoa15%,responsávelporcausarumaerosãodasuperfícieentre

30a40μm,removeresmaltedesmineralizadoeportornarasuperfíciedalesãomaispermeável(4,

15, 21, 22). Segue-se a aplicação de etanol a 99%, cuja função é a desidratação da superfície,

auxiliandonasecagemdamesma(4,20).Opassoseguinteéainfiltraçãodeumaresinaultrafluidade

14

baixa viscosidade, com elevado coeficiente de penetração, fotopolimerizável, que por forças de

capilaridadepreencheosespaçosintercristalinos(4,15,23).Aaplicaçãoderesinadeveserfeitaduas

vezes,deformaaaumentaradurezaearesistênciaàdesmineralização,compensaracontraçãode

polimerização da resina e preencher eventuais porosidades remanescentes (24, 25). Este

procedimentoéconfortávelparaopaciente,nãorequerendoautilizaçãodeanestesianemalterando

aformaanatómicadodente(4).

Oobjetivodestarevisãobibliográficaéapresentarabasecientífica,osprincípiosdousoda

técnicadeinfiltraçãocomresinafluídadebaixaviscosidadeeassuaspropriedades,bemcomosua

importâncianapráticaclínicanaabordagemdaslesõesdemanchabranca.

15

MATERIAISEMÉTODOS

Para a realização desta revisão bibliográfica foram efetuadas pesquisas emduas bases de

dados nomeadamente a Pubmed eGoogle schoolar. Foramutilizadas as palavras palavras-chave:

ICONANDresininfiltration,WhiteSpotLesions,Resininfiltration,Minimallyinvasivedentistry.

Atipologiadosartigosselecionadosparaaelaboraçãodestetrabalhocomaspalavras-chave

White Spot Lesions, Minimally invasive dentistry incluiu artigos de revisão bibliográfica e revisão

sistemática.Paraaspalavras-chaveICONANDresininfiltration,Resininfiltrationforamselecionados

artigos tipo revisão bibliográfica, revisão sistemática, “relato de caso clínico”, artigos de ensaios

clínicos simples e ensaios clínicos controlados aleatorizados, nos idiomas português, inglês ou

espanhol.Comocritériodeseleçãoparaarealizaçãodapesquisafoiestipuladoumlimitetemporal

datadoentre2006e2017.

Numaprimeirapesquisaforamencontrados265artigosrelacionadoscomotema.Atravésda

análisedostítuloseabstractforampré-selecionados60artigoscujaimportânciafoiposteriormente

analisada.Comocritériodeexclusãoforamexcluídostodososartigoscujoconteúdonãosemostrara

relevanteparaoobjetivodotrabalho,tendosidoselecionados54artigos.

16

DESENVOLVIMENTO

LESÕESDEMANCHABRANCA

As anomalias de cor branca podem resultar de danos pré ou pós-eruptivos. A fluorose,

hipocalcificaçãotraumáticaehipomineralizaçãomolar-incisivasãocondiçõescausadaspordistúrbios

duranteodesenvolvimentodoesmalte(3).Áreasdeesmalteopacificadaspós-eruptivasresultantes

dacáriesãochamadas lesõesdemanchabranca(2-8,10,15-17,26-29).Odiagnósticodiferencial

destaslesõeséfundamentalnaescolhadoplanodetratamento(2,5,7,16).

Alesãodemanchabranca(LMB)éconsideradaaprimeiramanifestaçãodelesãodecárie(2,

3,5-7,15,16,19,29).Apesardasuperfícieexternadeesmaltemanter-seíntegra,ocorpodalesão

possuiperdamineral,alargamentodosespaçosintercristalinosediminuiçãodamicrodureza(2,4,6,

7,30).AsLMBsãoassimchamadasdevidoàsuaaparênciabrancaeopacaepodemserobservadas

clinicamentequandoatingemumaprofundidadedelesãoacimados300/500micrómetros(µm)a

partirdasuperfíciedoesmalte,segundoMinJ.Hetal.,2015(31).

Aetiologiadacáriedentáriaémultifatorialedependedainteraçãosinergistaouantagonista

detodososfatores,demodoafavorecerouimpedirodesenvolvimentodacárie,respetivamente(7).

AsLMBpodemsurgiremqualquersuperfíciedentárianacavidadeoralondeobiofilmemicrobiano

sedesenvolveepermanecealojadoduranteumperíododetempo(2,6,7).Corrêa-FariaP.etal,2016,

demonstraram através duma análise bivariada a associação da presença do biofilme aderido à

superfíciedentáriacomoaparecimentodenovaslesõesdecárie(32).

Portanto,asáreasdeacumulaçãoprolongadadebiofilmepodemoriginarzonasdeesmalte

desmineralizado que, na perspetiva estética, perdem a sua translucidez e ganham um aspeto

esbranquiçadodevidoàpresençadeesmaltesubsuperficialextensamenteporosocausadopelasua

perdamineral,alterandooseuíndicederefraçãodaluz(4).Seoprocessonãoforinterrompidoenão

houver o retrocesso da desmineralização, pode avançar para estadio de lesão não cavitada e,

posteriormente,progredirparalesãocavitada(4,6).

UmacaracterísticafulcralnainiciaçãodoprocessodasLMBéaproduçãodeácidosorgânicos

por bactérias presentes no biofilme bacteriano acidogénico após a ingestão e metabolização de

17

hidratosdecarbonoeaçúcares, taiscomoasacarose, frutoseeglicose(1,4,6).TambémAlmA.,

2008,concluiuqueoconsumofrequentedesnacksduranteainfânciaéumimportanteindicadorde

riscoparaoaparecimentodecárieproximal(1).

Háevidência científicadequeo aparecimentoda LMBdependedoprocessodinâmicode

desmineralização-remineralização do dente (1, 2, 4, 6, 7, 15, 16, 32, 33). Este processo inicia-se

quandoháumdesequilíbrioprovocadoporváriosepisódiosdeexposiçãoprolongadaacondições

acídicas,abaixodophcrítico (5.5), levandoàdissoluçãodehidroxiapatiteapartirdosprismasde

esmalte (4, 6, 7). Sendoassim,odesequilíbriodá-se a favordadesmineralização, faceà falhada

remoçãodobiofilmebacterianodasáreasretentivasdosdenteseatodososfatoresquepropiciama

diminuiçãoabruptadoph(4).Duranteesteprocesso,osiõescálcioefosfatosãolibertadosparao

meio externo, enquantoo ácido é difundido através do esmalte.O resultado será umaperdade

mineralnasubsuperfíciedeesmaltee,consequentemente,aparecimentodalesãodemanchabranca

clinicamentedetetável(4,6).

Segundo Eckstein A. et al, 2014, as LMB também podem surgir como efeito secundário

negativodotratamentoortodônticofixo,devidoàdificuldadedehigienizaçãooral,àexistênciade

LMBpréviasnãotratadaseàdesmineralizaçãoprovocadapelocondicionamentoácidoforadasáreas

desuperfíciecobertaspeloadesivoparaobracket(18,20).Osmesmosinvestigadoresreportamque

entre46%a73%dospacientesqueusaramaparelhofixodesenvolveramlesõesdemanchabranca

apósotratamento(18).Outroestudo indicouquecercademetadedospacientesquereceberam

tratamento ortodôntico desenvolveram pelos menos uma LMB (34). Muitas lesões podem

permanecer5-10anosapósaremoçãodoaparelho(34,35).

Todavia,existemfatoresprotetores,nomeadamenteasalivaeosiõesdeflúorpresentesna

pastadentífrica,quepodemevitaroaparecimentodalesão(1,6,7,20).Osconstituintesdasaliva

podem atuar sob forma de tampão sobre as bactérias por meio de inibição dos seus processos

metabólicoseosmineraisdisponíveisnacavidadeoralremineralizarãoaszonasdesmineralizadas(1,

4,6).

LacerdaA.,2015,defineremineralizaçãocomooprocessopeloqualosiõesdecálcioefosfato

são fornecidospelaprópria salivaouapartir deuma fonteexternaparaodente,promovendoa

18

deposiçãodosiõesnaáreadeesmaltedesmineralizado,demodoaaumentaroconteúdomineralna

lesão(13).

Aremineralizaçãonaturalatravésdasalivaaumentaasaturaçãomineralnacamadasuperficial

das LMB,masoferecepoucamelhorianaestéticaenaspropriedadesestruturaisdas lesõesmais

profundas(4).

Seaslesõesdecárieforemdetetadasnasuafaseprecoce,ouseja,enquantoLMB,asituação

aindaépassíveldeserrevertida(6).

Figura1-Lesãodemanchabranca.FotografiagentilmentecedidapeloDr.CarlosAlmeida.

19

DENTISTERIAMINIMAMENTEINVASIVA

Outrora,otratamentoconvencionalerabastanteinvasivo,denominadotécnicainvasiva,pois

envolviaousodeinstrumentosrotatóriose/ouinstrumentosmetálicosmanuaisparaaremoçãodo

tecidolesionado,paradepoisefetuararestauração(14).Estatécnicanecessitasempredepreparo

cavitáriosacrificandoumaquantidadeconsideráveldetecidodurosaudávelefragilizando,assim,a

estruturadodente (4,14).Alémdisso,estaabordagempodeestarassociadaà sensibilidadepós-

operatóriaouareaçõespulparespatológicas(14).

Por outro lado, dentisteria minimamente invasiva tem vindo a ser desenvolvida e o seu

objetivoéadotartécnicasquepreservemostecidosduroseevitaraformaçãoouprogressãodacárie

dentária(16).

Atualmentesabe-sequeaprogressãodaslesõesdecáriepodeserretardadaouatémesmo

interrompidapormedidasnão-operatórias,queatuamnosfatoresetiológicoscomoaeducaçãoe

motivaçãoparaacorretahigieneoral,controledietéticoefluoraçãolocal(2,4,14).Noentanto,em

estadiosdecárietardiaecompacientesnãocolaborantes,estaabordagemmuitasvezesnãoéeficaz,

e as lesões tendem a progredir. Para a terapia restauradora, especialmente para lesões

interproximais,quantidadessubstanciaisdetecidosãotêmdeserremovidaseaprimeiraintervenção

invasivamuitasvezeslevaodenteaumciclodetratamentoere-tratamento(28).

Tal como Lacerda A., 2015, refere num estudo recente o grande objetivo da dentisteria

modernaétratarlesõesdecárienãocavitadasdemaneiranão-invasiva,numatentativadeimpedira

progressãodadoençaemelhoraraestética,resistênciaefunçãoatravésderemineralização(13).

As técnicas da dentisteria minimamente invasiva proporcionam vantagens em relação à

quantidadedetecidodentáriodestruído,contribuindoparaapreservaçãodaestruturadentáriasã

(4,10,16).

Kielbassa A.M. e Gernhardt C. R., 2009, referem que esta técnica deve incorporar cinco

princípiosgerais:

1)Diagnósticodelesõesincipientesdecárieutilizandodispositivosdediagnósticoadequados;

20

2) Controlo da doença por redução de bactérias cariogénicas/ modificação da flora oral e

educaçãodopaciente;

3)Remineralizaçãodasprimeiraslesões;

4)Intervençãocirúrgicamínimadaslesõescavitadas;

5)Reparaçãoafavordasubstituiçãoderestauraçõesdefeituosas.(4)

Abordagensusadas tantonaestabilizaçãodecálcio, fosfatoe iõesde flúorparaummaior

controlodaremineralizaçãocomono impedimentodaevoluçãodasLMBatravésda infiltraçãode

resinasdebaixaviscosidade,mostramserumapromessaparaotratamentominimamenteinvasivo

decárieincipiente(17,36).

21

CONCEITODEINFILTRAÇÃODERESINA

AliteraturareferequeosmicroporosdocorpodaLMBdoesmaltefornecemviasdedifusão

paraácidos,mineraisdissolvidosecirculaçãobactérias.Comopropósitodesolucionaresteproblema

semterquerecorreràdentisteriainvasiva,noano1970,começou-seafalarnoconceitodeinfiltração

deresinaedesdeentãomateriaisresinosostêmsidousadoscomotentativaderestauraroesmalte

desmineralizado(3).

KielbassaA.M.eGernhardtC.R.,2009,relatamqueapartirdeestudoshistológicosiniciais,

sabe-sequeaslesõesdeesmaltepodemserimpregnadas,devidoaoaumentodasmicroporosidades

das diferentes zonas histopatológicas. Ainda, essas minúsculas aberturas porosas e espaços

intercristalinos aumentados atuamcomo caminhosdedifusãopara ácidos eminerais dissolvidos.

Portanto, pensou-se que era possível infiltrar lesões incipientes com outros líquidos, isto é, com

resinasdebaixaviscosidade.Destemodo,emvezderemoverotecidocariadoporosonumafase

relativamente tardia no processo da doença, foram feitas tentativas para preencher as

microporosidadesdaslesõesnumafasemuitomaisprecocedodesenvolvimentodalesão.Issonão

sóreduziriaasmicroporosidades,mastambémproporcionariaalgumsuportemecânicoaotecido,

transformandoassimalesãonumaunidaderesistenteaosácidos(4).

Em1976,Robinsonetalfizeramasprimeirasinvestigaçõescomainfiltraçãodelesõescariosas

iniciaiscomresinasorgânicasedemonstraramumareduçãonovolumedosporosapósaaplicação

daresinaderesorcinol-formaldeído.Noentanto,estaresinaerainadequadaparautilizaçãoclínica

devidoàsuatoxicidade(37).Apartirdestadatasurgiramnumerososestudossobreainfiltraçãode

lesõesatravésderesinasexperimentais,quepermitiramconcluirqueaselagemsuperficialdaslesões

incipientes parece ser bem sucedida na inibição da progressão da lesão após a exposição a um

ambientecariogénicoequeovolumeporosoreduziasignificativamente(37).

Contudo,osadesivospenetravamapenassuperficialmente(aproximadamente25µm).Esta

observaçãopodeserexplicadapelaexistênciadacamadasuperficialmineralizadanaslesõesdecárie

não cavitadas doesmalte, atuando comoumabarreira dedifusão (37). Assim, postulou-seque a

remoçãoouperfuraçãodacamadasuperficialeraessencialparaumainfiltraçãocompletadocorpo

dalesão(37).UmestudocomdentesbovinosdeParisS.etal,2006,mostrouqueocondicionamento

22

comgeldeácidoclorídrico(HCL)a15%durante2min,emcomparaçãocom37%degeldeácido

fosfórico(H3PO4),conduziuaumaerosãomaiseficazdacamadasuperficial(17).Estesresultadossão

apoiadospeloestudode IONTAF.,2014epeloestudodeSchneiderH.,2017,queprovaramqueo

condicionamentopréviodasuperfíciecomgeldeácidoclorídricoa15%durante2minpromovemaior

penetraçãodosmateriaisresinososnointeriordalesãodoesmalte(15,38).Aocontrário,YimH.K.et

al,2014,provouqueousodeácidofosfóricoa37%quandoaplicadocomumaplicadordeescovapor

30segundospodeaumentarovolumedeporosdacamadasuperficialeapercentagemdasáreas

infiltradasnaslesõesartificiaisemdentesbovinos,quandocomparadocomespécimestratadoscom

HCla15%por120segundos.(39)

Mueller�J. et al, 2007, pensaram nesta abordagem não-operatória como uma alternativa

promissoranadentisteriapreventiva.Por isso,em2006 investigarama inibiçãodaprogressãoda

lesãonasLMBartificiaisemesmaltebovinoapóspenetraçãoporcincoadesivos(jácomercializados)

eumselantede fissura.Atravésdaanálisedas imagensadquiridascommicroscopia laser (CSLM)

concluíram que cinco dos seis materiais eram capazes de infiltrar os microporos devido à baixa

viscosidadeeprotegeraslesõesiniciaisdadesmineralizaçãoadicional(37).

Comoobjetivodecompararacapacidadedepenetraçãodeuminfiltranteexperimentalem

lesões naturais com a aplicação de um adesivo in vitro, Meyer-Lueckel H. and Paris S., 2008,

concluíramqueoinfiltrantepenetrousignificativamentemaisprofundoqueoadesivoapós2minde

erosãocomHCl(40).Oquemostraquenãosóoregimedecondicionamentoprévio,mastambémas

propriedadesfísicasdeummaterial influenciamnapenetraçãodeumaresinaemlesõesnaturais.

Esteestudocorroboraosresultadosdainvestigaçãoanteriormentemencionada,emlesõesartificiais

(40).Adicionalmente,osinvestigadoresrelataramqueaerosãocomácidofosfóricoafetouapenasos

25μmmaisexternosdasuperfícieeaprofundidadedepenetraçãocomHCLa15%émaisdodobro

(58μm)daprofundidadedepenetraçãodoácidofosfórico,permitindoapenetraçãonapartemais

profundadalesãoeeliminandoasáreasdescalcificadas(40).

Em2010,estesinvestigadoresefetuaramumestudomuitosemelhanteemdentesdecíduos,

poisdevidoadiferençasestruturaisdaárea superficialmaisexternaentredentespermanentese

decíduos, não estava claro se este regime de condicionamento mostrava um efeito erosivo

semelhantedacamadasuperficialdelesõesdecárienadentiçãodecídua.Assim,oobjetivodoestudo

23

foiavaliaroefeitodocondicionamentodacamadasuperficialdelesõesnaturaisemdentesdecíduos

usandoumgeldeácidofosfóricocomercialmentedisponíveleumgeldeácidoclóricoexperimental

paraváriostemposdeaplicação.Pode-seconcluirqueogeldeácidoclorídricoa15%émaisadequado

doqueogeldeácidofosfóricoa37%paraerosãodacamadasuperficialdelesõesdeesmaltenatural

em dentes decíduos. Por conseguinte, este pré-tratamento pode ser útil também para dentes

decíduos antes da infiltração de resinas de baixa viscosidade para atingir profundidades de

penetraçãoelevadas,talcomofoipropostonosdentespermanentes(22).

Mais tarde,paraaotimizaçãodos infiltrantes,Meyer-LueckelH.andParisS.,2008, como

conhecimento da equação de Washburn que descreve a penetração de líquidos (resinas

fotopolimerizáveis)emsólidosporosos(lesõesdeesmalte)movidosporforçascapilares,avaliarama

influência do coeficiente de penetração (CP), a composição de 66 infiltrantes experimentais

(contendodoisdosmonómerosdeBisGMA,TEGMA,HEMAeUDMAemdiferentesproporções,como

tambémetanol)edo tempodeaplicaçãonaprogressãode lesõesdecárienoesmaltededentes

bovinos num ambiente desmineralizante (41). Concluiu-se que os infiltrantes devem fornecer CP

preferencialmentealtos,ouseja,conferirbaixaviscosidadeàsresinasedevemseraplicadosdurante

umtempoadequadoparaocluirosespaçosintercristaisamplosedepoisdepolimerizadosinibira

progressão da lesão (41). As resinas com elevada quantidade demonómeroHEMA e/ou TEGMA

demonstraramamenorviscosidadeeelevadoCP.Contrariamente,oBisGMAeUDMAaumentaram

aviscosidadeediminuíramoCPdasresinas(41).Ainda,aadiçãodeetanoldiminuiuasviscosidades,

as tensões superficiais e os ângulos de contacto de todas asmisturas levando a coeficientes de

penetraçãoaumentadosparatodasascombinaçõesdemonómeros(41).

AziziZ.,2015,referequeépossívelunirmonómerosderesinahidrofóbicaadentinaeesmalte,

com uma nova técnica chamada "ligação em etanol em meio húmido". A técnica envolve a

substituiçãolentadaáguadentrodamatrizdecolagénioporconcentraçõesascendentesdeetanol,

permitindo que este último penetre na matriz sem provocar o seu colapso, impedindo assim a

separaçãodosmonómerosderesinahidrofóbica(2).

Comosucessodestesestudos,foipossívelalcançaraspropriedadesideaisdeuminfiltrante

paraimpedimentodaprogressãodaLMB.Sendoassim,oCharitéBerlineaUniversidadedeKielforam

osprimeirosaexploraresteconceitodeinfiltraçãoderesinacomoumaabordagemminimamente

24

invasivaparaaabordagemdecárieproximalnãocavitadaeLMBnasuperfícielisavestibular.Noano

de2009,oprodutoécomercializadoenomeadodeICON®(pelaempresaDMGAméricaCompany,

Englewood,NJ),(2,7)emqueoelementoquímicoprincipaléomonómeroTEGDMA(40).

Esta nova tecnologia parece preencher a lacuna entre o tratamento não invasivo e

minimamenteinvasivodaLMB,adiandoomaispossívelanecessidadedeumarestauração(4).

PROCEDIMENTODAINFILTRAÇÃODERESINA

Otratamentocominfiltraçãoconsisteemtrêspassossimples:

1) Aplicaçãodocondicionamentoácidocomácidohidroclorídricoa15%(ICON-Etch)durante2

minutos/120s,paraaeliminaçãodasuperfícieexternamineralizadacercade30a40μm.

2) Desidratação com etanol a 99% (ICON Dry) durante 30 segundos, lavando e secando

novamente30+10segundos,respetivamente.Estaetapaserveparafacilitaroprocessode

secagem,melhorando a eficácia da penetração do infiltrante commonómero hidrofóbico

(TEGDMA)paraobterumacamadabem-definida/homogénea,infiltradapelaresina.

3) Aplicaçãodo ICON-infiltrantedebaixaviscosidadecomumaplicadordeesponja fornecido

pelo sistema de infiltração de resina ICON e deixa-se atuar durante 3minutos, para que

penetreprofundamentenaLMBatravésdofenómenodecapilaridade(Figura2).Oexcesso

deresinaéremovidocomofiodentário.Porfim,éfotopolimerizadadurante60segundosnas

facesvestibulareoclusal,tornandoodenteresistenteaumpossíveldesafiocariogénico,com

propriedadesmecânicas e visuais similares ao esmalte saudável. O passo de infiltração é

repetido mais uma vez com um tempo de penetração de 60 segundos e subsequente

fotopolimerizaçãodurante3minutos,parainfiltrarasporosidadesremanescentes(12).

Finalmente, as faces infiltradas são polidas comdiscos de polimento durante cerca de 20

segundos(12).

25

Figura2-LesãodemanchabrancaaserinfiltradacomoprodutoICON.FotografiagentilmentecedidapeloDr.CarlosAlmeida.

Opolimentodalesãoinfiltradaémuitoimportanteparaamelhoriadaestabilidadedacor,

devidoàdiminuiçãodarugosidadedesuperfícieepossívelremoçãodacamadasuperficialdeinibição

deoxigénio(8,42).

O procedimento para infiltração de resina é, então, bastante simples e aceitável por

operadores e pacientes. O ICON é comercializado em duas formas diferentes: kits de superfícies

vestibulares e superfícies proximais. O princípio de uso em ambos é semelhante, exceto para a

necessidadedeseparaçãododenteadjacentenocasodetratamentodelesãoproximal.(7)

OEFEITODAINFILTRAÇÃODERESINANASLESÕESDEMANCHABRANCA

CAMUFLAGEMDASLMB

Oaumentodaporosidadesuperficialdoesmalteconfereaeste tecidoaaparênciabranca

opaca(3,4,18,34).Nasfasesiniciais,aslesõesativasprecisamdesersecascomjatodearparatorná-

las clinicamente visíveis (8). Este efeitoocorreporqueos espaços intercristalinosdoesmalteque

forampreenchidos com água são substituídos por ar após secagem, causando uma diferença no

índice de refração dos componentes envolvidos (8). O esmalte saudável apresenta um índice de

refraçãodeaproximadamente1,65,enquantoqueodaáguaedoaréde1,33e1,00,respetivamente

(8,9).Portanto,quantomaioradiferençaentreosíndicesderefração,maisopacasevisíveisserão

26

essasáreasdeesmalte.OíndicederefraçãodoICONquandoinfiltradonalesãoémuitosemelhante

aodoesmaltesaudável(1,46-1,48),oquefazcomquemelhoreacordaLMB(8,9,31).Devidoaeste

efeito, vários relatos de casos clínicos e estudos in vitro e in vivo têm provado uma redução da

aparênciadasLMBinfiltradas(20).

Figura3-Lesãodemanchabranca.FotografiagentilmentecedidapeloDr.CarlosAlmeida

Comomencionadoanteriormente,hádoisaspetosnotratamentodelesõesdemanchabranca

quevaleapenaconsiderar:1)detençãodaprogressãodalesão;2)camuflaroaspetoinestéticoda

lesão(20).

Aníveldamelhoriadacor,TorresC.etal,2011,realizaramumestudoquecomparouoefeito

decamuflagemdestatécnicacomopossívelefeitoderemineralizaçãopeloscompostosdeflúorna

cordasLMB,nomeadamentecomsoluçãodeflúora0,05%substituídadiariamenteegeldeflúora

2%aplicadosemanalmente.Asmediçõesdacordosespécimesforamanalisadasantesdotratamento

das LMB (baseline), após 4 semanas do tratamento das LMB, passado 8 semanas e após novo

ambienteácido(12).Apósaanálisedosresultados,concluiuqueainfiltraçãoderesinamostrouser

umtratamentoeficazparamascararlesõesdemanchasbrancas.Alémdisso,apósumnovoambiente

acidico,ogrupocom infiltraçãoderesinadebaixaviscosidadeapresentouasmenoresmédiasna

27

alteraçãodacor(12).

OestudoinvitrodeSilvaR.,2016,tambémprovouqueacamuflagemdasLMBpeloICONé

eficaz e estável entre o primeiro dia de infiltração e quinze dias após, mesmo depois estarem

mergulhadasemsoluçõesconstituídasporcaféoucoca-coladurante15dias(19).

YuanH.etal,2014,tambémcompararamasmelhoriasestéticasdasLMBtratadasportrês

métodos utilizados convencionalmente, fluoreto, CPP-ACP e ICON, após 0 semanas (baseline), 2

semanas,4semanase6semanas.Amelhoriaestéticafoiavaliadapelaalteraçãototaldacor(ΔE)e

pelaperdade fluorescência (ΔQ).Os resultadosdemonstrarammelhoria significativada cor, logo

após a infiltração da LMB no grupo de tratamento com ICON. Apesar de nenhum grupo ter

demonstradoalteraçõesdacorsignificativas2-6semanasapósotratamento,ogrupotratadocom

ICONapresentouamenormédiadeΔE,independentementedotempoapósotratamento.AΔQno

grupoICONfoisignificativamentemelhoradaapósotratamentoenenhumaalteraçãosignificativafoi

encontrada como tempodurante as2-6 semanas após a infiltração (34).Os restantes grupos só

apresentaram melhorias da fluorescência após 4 semanas de tratamento, o que parece estar

relacionadocomoprocessolentoderemineralizaçãoassociadoaestastécnicas(34).

EstáreportadoqueoefeitonacamuflagemdasLMBpareceserinfluenciadopelaextensão,

profundidade e atividade da cárie. Através da infiltração, o ICON não consegue penetrar numa

superfície de lesão remineralizada e, consequentemente, a lesão cariogenicamente inativa não

adquireoefeitodacamuflagem,continuandocomomesmoaspetoesbranquiçadoinicial(3).

As lesões que apresentam maior profundidade que a capacidade de infiltração do ICON

tambémnãoapresentammelhoriaestéticaaceitável.Portanto,émuitoimportanterealizarumbom

diagnósticodalesão.Contudo,osmétodosdediagnósticodasLMB,comoexamesclínicos,exames

fotográficos,métodosóticosnãofluorescentesemétodosdefluorescênciaóticapodemnãomedir

precisamenteaprofundidadedalesão(43).

Para a melhoria estética de uma lesão de mancha branca com profundidade variável, a

infiltração de resina pode ser uma modalidade de tratamento eficaz para discernir uma lesão

relativamenteprofundaouinativa,permitindoaintervençãomínimadodente.(43)

28

Noentanto,sabe-sequeosmateriaisrestauradoresresinosospodemsofreralteraçõesdecor

com o passar do tempo, tanto por pigmentação extrínseca como intrínseca (8, 27). Estes são

especialmente suscetíveis à pigmentação por contacto comagentes corantes presentes na dieta,

sobretudo bebidas como café, chá e vinho tinto ou pela acumulação de placa com consequente

pigmentaçãosuperficial,oquepoderepresentarumadesvantagememtermosdelongevidadedo

tratamento para a infiltração com ICONda LMB cativa no esmalte, particularmente em áreas de

estéticaextensivamentevisíveis(8).

Cohen-CarneiroF.etal,2014,avaliaramaestabilidadedecordelesõesdecárieartificialem

esmaltebovino tratadocom infiltraçãode resinaou remineralização,após imersãoemdiferentes

soluções(saliva,caféevinhotinto).OestudomostrouumresultadomenosfavorávelparaoICONno

queserefereàestabilidadedacoloraçãodasLMB,quandocomparadasàslesõesremineralizadas.

Contudo,osautoresconsideraramofatodeserumestudoinvitrocomlesõesartificiaisproduzidas

emesmaltebovinoe,portanto,osseusresultadosnãopodemserextrapoladosàrealidadeclínica(8).

AintensidadedaΔEdependedopotencialdepigmentaçãodecadaagenteindividualmente.

Alguns estudos provaramque o ICON possui uma grande suscetibilidade à pigmentação, quando

comparadocomoutrasmetodologias (3,27,44).Porexemplo,oestudodeLelandA.etal,2016,

demonstrouqueovinhotintoprovocamaispigmentaçãodoqueocafé(45).Esteestudo,talcomoo

anteriormentemencionado,expôsespécimescomLMBtratadascomICONeespécimescomLMB

nãotratadasa3gruposdebebidas,grupodovinhotinto,grupodocaféegrupodochá,atrêstempos

deanálisediferentes,logodepoisdainfiltração,1semanaapóseapósopolimento.Osresultados

provaramqueasáreasinfiltradascomICONtiverammaiorsuscetibilidadeàpigmentaçãodoqueas

áreas não infiltradas. Contudo, quando é feito o polimento há um efeito forte na reversão da

descoloração.Nogrupodovinhotinto,asáreasinfiltradasapresentaramumareversãode71%daΔE

inicialapósopolimentoenogrupodocaféapresentaramumareversãode69%nasLMBtratadas

comICON(45).

Porém,osresultadosapontamparaanecessidadedeavaliaçãoclínicadaestabilidadedacor

dasLMBinfiltradascomICONalongoprazo.

Por este fato, Rey N. et al, 2014, simularam 5 anos de exposição clínica a agentes de

29

pigmentaçãocomointuitodecompararasuscetibilidadedepigmentaçãodoICONcomadeoutros

4adesivos(ClearfilSEBond,SotchbondUniversaladhesive,HeliobondeOptibondFL).Novamente,o

ICONapresentouamaiordescoloraçãoapósaanálisedaΔEcomoespectrofotómetro.Istopodeser

justificadopelofatodoICONtercomocomponenteprincipalomonómeroTEGMA.Estemonómero

apresentaamaiortaxadeabsorçãodeágua.Portanto,asuscetibilidadeàpigmentaçãopareceestar

relacionadacomamaiortaxadeabsorçãodeágua(3).

Porém, todos os estudos anteriormente mencionados permitiram a avaliação das

propriedadesestéticasdoICONnasLMBapenasin-vitro.

Porisso,KnösenM.etal,2013,realizaramumensaioclínicocontroladoaleatorizadoinvivo,

emqueavaliaramcomumespectrofotómetroaalteraçãodecornoeixovermelho-verde(a)enoeixo

azul-amarelo(b)edeluminosidade(l)entreogrupodetratamento,constituídopordentescomLMB

eesmalteadjacentesãoeogrupodecontrolo,constituídodamesmaforma,durante6meses.Os

grupossãoformadospordentesanteriorescomLMBtratadascomICONemdoisquadrantes(1e3

ou2e4)comosoutrosdoisagindocomocontrolos.Estesforamavaliadosumdiaantesdainfiltração

(baseline),umdiaapósainfiltração,apósumasemana(T1),após4semanas(T2),após3meses(T3)

e6meses.Combasenosseusresultados,asseguintesconclusõespodemserextraídas:1)ainfiltração

deresinamelhoraaaparênciaestéticadosdentesdesmineralizados;2)osresultadosestéticosda

infiltraçãomostramdurabilidadeadequadadurante6meses(Figura4);3)acorealuminosidadedo

esmaltesaudáveladjacentenãosãoalteradas,excetoparaumaalteraçãoclinicamenteinvisívelnos

valores do eixob,masque também foi observadanos dentes de controlo não tratados, ou seja,

considera-seumaalteraçãodecornormal;4)quantomenoralesãoequantomaiscedootratamento

apósadescolagemdosbrackets,maisestéticososresultados(20).

30

Figura4-Imagemdeumestudorealizadocomrecursoaoespectrofotómetroaolongode6meses.Adesidrataçãotemporárianosdentesdecontrolenodia1éclaramentevisível(20).Semautorizaçãodoautor

Ainda, KnösenM. et al, 2013, relatam que a erosão e a infiltração do esmalte adjacente

saudávelnãoalterammuitoasuaestruturaequeocondicionamentoácidopeloICONEtchremove

maisesmaltedas LMBdoqueesmalte são.Comparandocomoutrasmetodologias,ométodode

infiltraçãode resinaé consideradomelhorparapreservarmaisos tecidosdoquea realizaçãode

restauração, produzindo resultados esteticamente mais atraentes, em vez de deixar mudanças

superficiais como acontece na remineralização natural. Além disso, émais abrangente do que a

abordagemestéticapuradobranqueamentodasLMB(20).

PorinsuficiênciadedadosdisponíveisalongoprazosobreaestabilidadedecordoICON in

vivo,osmesmosinvestigadoresvoltaramarealizarumensaioclínicocontroladoaleatorizadocomo

mesmodesenhode estudoe comomesmoobjetivo,mas comum seguimentode 12meses. As

conclusõesdesteestudocorroboramosresultadosdoestudoanteriormentemencionado,ouseja,

houvemelhoriadacordasLMBpelainfiltraçãodalesão;nãoforamobservadasalteraçõesdecorou

luminosidadeadicionaisestatisticamentesignificativasouclinicamenterelevantesentre6e12meses

apósainfiltração,permitindoumaestimativaválidadadurabilidadedosefeitosestéticos(18).

Atravésdaanálisedosresultadosdetodosestesestudos,percebe-sequeoICONinfiltrado

nasLMBtemtendênciaasofrermudançanasuacoraolongodotempo,principalmente,quandoem

contatocombebidasoucomidascompigmentaçãoforte.Portanto,cabeaomédicodentistainformar

ospacientesdestepotencialriscoparaaestabilidadedacoralongoprazodainfiltraçãoderesinana

31

lesão(19).

PREVENÇÃODAPROGRESSÃODASLMB

OpotencialdeinfiltraçãodoICONéumfatorprimordialparaosucessodatécnica.Aliteratura

disponível mostra que a penetração de 60 μm no esmalte é suficiente para evitar mais

desmineralização(4,23).Assimsendo,váriosestudostêmsidofeitosparacomprovaraeficáciada

penetraçãonaprofundidade total das LMB, recorrendoaousodaoptical coherence tomography

(OCT),confocallaserscanningmicroscopy(CLSM)etransversemicro-radiography(TMR)(9,25,26,

31,46-48).MinJ.H.etal,2015,realizaramumestudoondeseverificou,comoseriadeesperar,que

tantoaprofundidadedaLMB(criadaartificialmenteemdentesbovinos)comoaprofundidadede

infiltração da resina aumentaram com o aumento do tempo de desmineralização. Em relação à

profundidadedeinfiltraçãonocorpodalesão,osresultadosforamosseguintes:1)paraprofundidade

delesão(PL)de295.47µmobteve-seumaprofundidadedeinfiltração(PI)de123µm;2)paraPLde

366.52obteve-seumaPI de135.59µm;3) paraPLde392µmobteve-seumaPI de168.07µm.

Constatou-se que a PI não foi tão profunda como seria de esperar, mas o autor explica que os

resultadospodemtersidoinfluenciadospeloprotocolodedesmineralizaçãousadonacriaçãodeLMB

artificiais,dandoorigemalesõescombaixamicroporosidadee,consequentemente,profundidades

deinfiltraçãomenores(31).

Noâmbitodacomparaçãodedoistratamentosmicro-invasivos,ParisS.etal,2014,avaliaram

apenetraçãodoinfiltrante(ICON)edeumselante,quandoaplicadosconformerecomendado,em

lesõessuperficiaisdemanchabranca(ICDAS1eICDAS2).Osresultadosdotratamentodaslesões

comICONparalesõesICDAS1foramprofundidadedalesão(PL)médiade271µmeprofundidadede

infiltração(PI)médiade51µm;paralesõesICDAS2foramPLmédiade538µmePImédiade186

µm.OsresultadosdotratamentocomoselantedefissurasparalesõesICDAS1foramPLmédiade

348µmePImédiade28µm;paralesõesICDAS2foramPLmédiade396µmePImédiade24µm.

Concluíram,então,quea infiltraçãode resina resultounumapenetraçãoconsideravelmentemais

profundanalesãodoqueoselantedefissuras(Figura5)(47),corroborandoaevidênciaqueoICON

sejacapazdetravaraprogressãodelesõescodificadascomICDAS1eICDAS2.

32

Figura5-Imagensrepresentativasdelesãoincipiente.(a)Penetraçãoderesinadebaixaviscosidade(vermelho)resultounumainfiltraçãoprofundanocorpodalesão(verde).(b)Selantedefissuras(vermelho)resultounumainfiltraçãosuperficialnocorpoda

lesão(verde)(47).Semautorizaçãodoautor

Emrelaçãoaoefeitoda resinadebaixaviscosidadesobreaanti-desmineralizaçãoestudos

mostraramresultadospositivos(25,49).

No estudo efetuado por Takashino N. et al, 2016, empregou-se condições de

desmineralização consideravelmente severas (10000 termo ciclos, ph a 4.5 durante 7 dias), que

raramenteocorreminvivo,paraaavaliaçãodaresistênciacontraambienteácido(25).

A infiltração com ICON demonstrou uma proteção quase perfeita da desmineralização do

esmaltecontraoataqueácidoeareduçãopercentualfoicalculadaem95,4%(25).

Nestemesmoestudo,comaobservaçãoatravésdamicroscopiadealtaresolução(SEM)não

foiverificadonenhumespaçoentrea interface resina-lesão,oqueprovamaisumavezaelevada

eficáciaanti-desmineralizante(25).

No ensaio clínico controlado deMeyer-Lueckel H. et al, 2016, foram avaliados 87 jovens

apresentando apenas cáries proximais não cavitadas do esmalte que se estendem até ao terço

externodadentinaeinfiltradascomICON,durantecercade2anos.Osresultadosdemonstraramque

aeficáciafoiligeiramentemaiorparaospacientescomaltoriscodeprogressãodacárie(43).Noutro

ensaio clínico controlado realizado pelosmesmos autores, avaliaramdurante 3 anos 22 jovens e

compararamaeficáciado tratamentodas lesõesproximais tratadas com ICON (grupo teste) com

lesões proximais tratadas com placebo (grupo controlo). A primeira avaliação após 18meses da

populaçãodopresenteestudorevelouprogressãode7%e37%daslesõesdogrupotesteecontrole,

respetivamente,nãohavendodiferençasatéaoperíodode3anos(50).Estesresultadossustentama

a) b)

33

eficácia do ICONno impedimento da progressão das cáries proximais não cavitadas até ao terço

externodadentina(43,50).

Então,ainfiltraçãoderesinapodeserusadanaslesõesnãocavitadasdasuperfícievestibular

eproximalcomoummétodoeficaznaprevençãodaprogressãodalesão,aumentandoaexpetativa

devidadeumdente.Oinfiltranteéeficientenoencerramentodosmicroporosdocorpodalesão,

mesmosepermanecerembactériasnabasedalesãotemsidoestabelecidoqueacontagemdestasé

mínimaenãoprejudicialemlesõesnãocavitadas,devidoaoselamentodetodaalesão(2).

Adicionalmente,váriasinvestigaçõesestudaramoefeitoqueprovocaapenetraçãoderesina

naadesãodosbracketsaoesmaltedentáriotratadocomoICON,atravésdotestederesistênciaao

cisalhamento.Emtodososestudosanalisados,o ICONnãoafetounegativamentearesistênciada

adesãodobracket,nemmesmoapósosespécimesteremsidosubmetidosacondiçõesdesimulação

deenvelhecimento.Contudo,aadesãoortodônticadeveserfeitaimediatamenteoupoucodepoisda

infiltraçãoresinosa(29,51,52).

MICRODUREZAERUGOSIDADEDESUPERFÍCIE

Éimportanteavaliaramicrodurezaearugosidadesuperficial,umavezqueestesparâmetros

influenciamalongevidadedotratamento(3).

OaumentodosespaçosintercristalinospresentesnoesmaltedasLMBlevaaumadiminuição

na suamicrodureza (30).Oestudo in vitro deTaherN. et al, 2012, comprovoupelos valoresdas

medidasdotesteVicker’sSurfaceHardness(VSH)queoICONaumentaamicrodurezadoesmalte

(246.4),poisestematerialécapazdesubstituiraperdamineralporresinadebaixaviscosidade.Além

disso,oprocedimentousadoparaocondicionamentoácidodasuperfíciecomoIcon-Etchremovea

camadasuperficialdeesmalte,fazendocomqueoinfiltrantepenetrecompletamentenocorpoda

lesão. Logicamente, após a polimerizaçãoda resina proporcionaumaumentodamicrodurezado

esmalte(24).

Em relação à rugosidade de superfície estudos reportam que não há diferenças

estatisticamente significativas entre a rugosidade superficial de dentes tratados com ICON e a

34

rugosidadededentescomesmaltesão(3,30).Portanto,arugosidadedesuperfícieprovocadapelo

ICONnasLMBéclinicamenteaceitável(30).

Mudanças nestes dois parâmetros nas LMB tratadas com ICON deixam a superfície

desprotegida,favorecendoodesenvolvimento/progressãodalesão(3).

Contrariamente ao expectável alguns estudos demonstraram que a infiltração com ICON

revelamenormicrodurezaemaiorrugosidadeemcomparaçãoàspropriedadesdoesmaltesaudável

(30,42).UmdosestudosfoiodeNeresÉY.etal,2017,quedemonstroudiminuiçãodamicrodureza

eaumentodarugosidadedesuperfícieaquandodatécnicadeinfiltraçãocomICONnasLMB,quando

comparadas com esmalte saudável (Figura 6), o que pode estar associado às características do

monómeroTEGMAdevidoaoseuelevadograudeconversãoeausênciadeligaçõesintermoleculares

secundáriasfortes,resultandoempropriedadesmecânicasinferioresaoutrosmonómeros(30).Além

Figura6:Imagem1.ImagemSEM-OladodireitorepresentaaLMBeoladoesquerdoesmaltesão.Aaparênciasemelhantenosdoisladospodeserobservada,emboraalgumasáreasirregularessãoobservadasnasuperfíciedaLMB(setas).

Imagem2.ImagemSEM.OladodireitorepresentaaLMBapósaaplicaçãodoinfiltrantederesina.Oladoesquerdoéesmaltesão.Irregularidadesnasuperfíciedetesteforamobservadasquandocomparadascomoesmaltesão(setas)eáreascominfiltrantede

resinapodemserobservadas(asterisco).Imagem3.ImagemSEM.OladodireitorepresentaaLMBapósaplicaçãoativacommicrobrushdoinfiltrantederesina.Oladoesquerdoéesmaltesão.Grandesáreascominfiltrantederesinapodemserobservadas(asterisco)associadasaáreasdefissuras

(setas).Imagem4.ImagemSEM.OladodireitoapresentaaLMBapósaplicaçãodeinfiltrantederesinaeciclosdepH.Oesmaltesãoé

observadonoladoesquerdo.Umagrandediferençaentreoesmaltedesãoeoladodotesteéobservada.Ilhasdematerialinfiltrantepodemserobservadasnasáreasmaisescuras(asterisco).Asáreasmodificadasdasuperfíciedoesmaltepodemserobservadas,

evidênciadeumambienteagressivo.Imagem5.ImagemSEM.OladodireitoapresentaLMBapósaplicaçãodeinfiltrantederesinaeenvelhecimentoartificial.Olado

esquerdoéesmaltesão.Muitasfissurassãoobservadasnoladodotestecomparadoaoesmaltesão(setas).(30)Semautorizaçãodoautor.

35

disso,acontraçãodepolimerizaçãodomaterialpodedeixaráreaspor infiltrarcontribuindodessa

formaparaadiminuiçãodamicrodureza(42).

Acapacidadeprotetoradaresinadebaixaviscosidadepareceaumentarsignificativamentea

microdurezaquandoainfiltraçãoéaplicadaemduascamadasemvezdeumaúnicaaplicação,mesmo

apósexposiçãoaumnovoambientecariogénico(30,42).Oinfiltranteatuacomoumabarreiracapaz

deresistiranovoambientecariogénico,especialmentequandousadoemcombinaçãocomgelde

flúor(30).

Apósaanálisedetodasaspropriedadesdestatécnicaparececlaroqueainfiltraçãoderesina

apresentaváriasvantagens,taiscomo:

1)Estabilizaçãomecânicadoesmaltedesmineralizado;

2)Preservaçãodotecidosólidosãodoprópriodenteedodenteadjacente;

3)Oclusãopermanentedemicroporossuperficiaiseprofundos;

4)Impedimentodaprogressãodalesão;

5)Minimizaçãodoriscodecáriesecundária;

6)Atrasodaintervençãorestaurativaporperíodosmaislongoseaumentodalongevidadedo

dente;

7)Semriscodesensibilidadepós-operatóriaeinflamaçãopulpar;

8)Reduçãodoriscodegengivite;

9) Melhoria do resultado estético quando usado como resina para camuflar superfícies

vestibularesdesmineralizadas;

10)Elevadaaceitaçãodopaciente(4).

36

OPÇÕESDETRATAMENTODASLESÕESDEMANCHABRANCA

SegundoZaferA.,2015,otratamentominimamenteinvasivodaLMBpode-sedividirem:

1- Tratamentonão-invasivo

Este tipode tratamentobaseia-senocontrolodobiofilmevia remoçãomecânicadaplaca

bacteriana, tratamentos antibacterianos (por exemplo com clorohexidina) ou tratamentos para

promover a remineralização (2). No entanto, a eficácia dos meios não invasivos depende da

cooperaçãodopaciente,especialmentenoqueserefereàremoçãodaplacabacteriana,sobretudo,

nassuperfíciesproximaisdosdentespormeiodecuidadosdomiciliáriosorais(2,7).

1.1-Medidasdehigiene

Os médicos-dentistas, primeiramente, devem adotar medidas preventivas baseadas em

instruçãoemotivaçãoparaacorretahigieneoral,recomendaçõesdietéticaseváriasaplicaçõesde

flúor,demodoacontrolarosfatoresprecipitantesparaoaparecimentodecárie(7).

1.2-AplicaçãodeFlúor

Nacavidadeoral,apresençade iõesdeflúorrestringeoavançodacáriedentáriaportrês

modos diferentes: inibição da desmineralização do esmalte, aumento da saturação mineral e,

consequentemente,remineralizaçãoeimpedeaproduçãodeácidosapartirdasenzimasbacterianas

(7,11).

Osiõesdeflúorsãolibertadosatravésdeumagenteexterno,comopastasdentífricas,géis,

vernizes ou cimentos que libertam fluoretos, reduzindo a incidência da LMB e impedindo a sua

progressão(7,11).

1.3-FosfopeptídeosdeCaseína–FosfatodeCálcioAmorfo

Os fosfopeptídeos de caseína (CPP) constituemum complexoquepermite queos iões de

cálcioe fosfatodisponíveis livrementepossam incorporar-seaoesmaltee reformaros cristaisde

fosfato de cálcio (7, 10, 53). Este complexo eleva a concentração de iões de cálcio e fosfato,

especialmenteemambienteoralácido,facilitandoaremineralização(53).

37

2- Tratamentomicro-invasivo

Refere-se a técnicas que envolvem o condicionamento das superfícies do dente antes do

tratamentodalesãodecárie.Estecondicionamentocomácidosorgânicosprovocaaperdadealguns

micrómetrosdesubstânciadentáriasuperficialdeesmalte(2).

Existemdoistiposdetratamentosmicro-invasivos:aaplicaçãodeselantesouionómerosdevidro

eainfiltraçãoderesina(2).

2.1-Selantesouionómerosdevidro

Convencionalmente, os selantes são realizados para prevenir a cárie dentária nas

fossase/oufissurasnasuperfícieoclusaldosdentes,demodoabloquearaviadedifusãode

ácidosebactériasparaaslesõesedemineraisparaforadalesão.Assimsendo,previne-sea

formaçãodecáriesatravésdabarreiracontraadifusão(2,7).

Otratamentocomrecursoaosionómerosdevidro(IV)temsidodevidoàcapacidade

delibertaçãodeiõesdeflúor(2,7).

2.2-Infiltraçãoderesina

Aaplicaçãode ICONenvolveapenetraçãoderesinadentrodocorpodaLMB,com

mínima perda de esmalte e promove a melhoria a nível estético. É recomendado,

especialmente,parao tratamentodeLMBemzonaestéticas, comona facevestibulardos

dentesanteriorese,também,paraotratamentodelesõesproximaisquenãoultrapassemo

terçoexternodadentina(2,3).

Amaiorvantagemdestemétodoéqueosresultadospodemseratingidoscomuma

únicaconsulta,relativamenterápidoeindolor(16).

Demodoaevitararemoçãoexcessivadeestruturadentáriaemtenraidade,estetipo

de metodologia é benéfico para pacientes adolescentes ou adultos jovens, uma vez que

constituemamaioriadospacientesquenecessitamdetratamentopara lesõesdemancha

branca(2).

38

3- Outrasopçõesdetratamento

Opçõesdetratamentomaisinvasivaspodemincluir:

3.1-Microabrasão

O objetivo central da microabrasão é a remoção mecânica da mancha branca do

esmalte.Porém,estatécnicaéconsideradainvasiva,porquepodelevararemoçãodeesmalte

são(7).

3.2-Branqueamentodentário

Coadjuvadoounãocoma técnicademicroabrasãopodeconstituiroutraopçãoao

tratamentodas LMB. Contudo, esta técnica apenas camufla as LMB, não fazendo variar o

tamanho e a profundidade destas. Além disso, se o branqueamento é feito em áreas

descalcificadas,amicrodurezadasuperfíciedoesmaltepodeserafetada(2,7).

3.3-Restauração

EstaterapêuticaerautilizadacomotratamentoconvencionalnaabordagemàsLMB,

mas,atualmenteéaplicadasomentequandonenhumadasterapiasanterioresresultou(7).

Apreparaçãodentáriaseguidaderestauraçãocomresinacomposta,facetasoucoroas

requeraconfeçãodeumpreparocavitárioenvolvendoaremoçãodesnecessáriadeesmalte

sãoedesmineralizado,podendoinclusiveestender-seatéàdentina(7).

39

CONCLUSÕES

Ainfiltraçãoderesinadeveserconsideradaumaalternativaàsrestaurações invasivas,mas

envolveadeteçãoprecocedaslesõeseaavaliaçãodoriscoindividualdecárie,demodoaajudarna

conservaçãodaestruturadentáriaeevitarotraumadesnecessárioparaostecidosdentários.

Diantedosresultadosapresentadosnapresenterevisão,a técnicade infiltraçãoderesina,

quando indicada, é uma abordagem micro-invasiva promissora para preservar o esmalte

desmineralizado,tornando-omaisresistentecontraadegradaçãomecânicaequímica,bemcomo

paracamuflarasmanchasbrancas.

Noentanto,onúmerodeensaiosclínicosencontradofoilimitadoeasuaduraçãoeracurtaa

moderada. Por conseguinte, são necessários estudos de longa duração de acompanhamento na

avaliação da eficácia das lesões infiltradas, tanto a nível estrutural como a nível estético, para

encorajarosclínicosausá-lanasuapráticaclínica.

Emgeral,otratamentoébemaceitepelopacienteepelomédicodentista,porsersimples,

rápido,indoloresemnecessidadedeinfiltraçãoanestésica.

Contudo,amotivaçãodopacienteprovavelmentedesempenhasempreumpapelimportante

nosucessodequalquertécnicadetratamentominimamenteinvasiva.

40

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. AlmA.Ondental caries and caries-related factors in children and teenagers. SwedDent J

Suppl.2008(195):7-63,1pprecedingtableofcontents.

2. AziziZ.ManagementofWhiteSpotLesionsUsingResinInfiltrationTechnique:Areview.Open

JournalofDentistryandOralMedicine.2015;3(1):1-6.

3. BorgesAB, Caneppele TM,MastersonD,Maia LC. Is resin infiltration an effective esthetic

treatment for enamel development defects andwhite spot lesions? A systematic review. J Dent.

2017;56:11-8.

4. KielbassaAM,MullerJ,GernhardtCR.Closingthegapbetweenoralhygieneandminimally

invasivedentistry:areviewontheresininfiltrationtechniqueofincipient(proximal)enamellesions.

QuintessenceInt.2009;40(8):663-81.

5. LeeJH,KimDG,ParkCJ,ChoLR.Minimallyinvasivetreatmentforestheticenhancementof

whitespotlesioninadjacenttooth.JAdvProsthodont.2013;5(3):359-63.

6. MeloP.,AzevedoA.,HenriquesM.CárieDentária-adoençaantesdacavidade.ActaPediátrica

Portuguesa.2008;36(6):253-9.

7. Fernandes A. PA, Carrilho E. Terapêuticas dasWhite Spot Lesions [Revisão sistemática].

Coimbra:UniversidadedeCoimbra;2016.

8. Cohen-CarneiroF,PascareliAM,ChristinoMR,ValeHF,PontesDG.Colorstabilityofcarious

incipientlesionslocatedinenamelandtreatedwithresininfiltrationorremineralization.IntJPaediatr

Dent.2014;24(4):277-85.

9. SubramaniamP,GirishBabuKL,LakhotiaD.Evaluationofpenetrationdepthofacommercially

available resin infiltrate into artificially created enamel lesions: An in vitro study. J ConservDent.

2014;17(2):146-9.

10. LapenaiteE,LopatieneK,RagauskaiteA.Preventionandtreatmentofwhitespotlesionsduring

andafterfixedorthodontictreatment:Asystematicliteraturereview.Stomatologija.2016;18(1):3-8.

11. Lenzi TL,MontagnerAF, Soares FZ, deOliveira RochaR. Are topical fluorides effective for

treating incipient carious lesions?: A systematic review and meta-analysis. J Am Dent Assoc.

2016;147(2):84-91e1.

41

12. Rocha Gomes Torres C, Borges AB, Torres LM, Gomes IS, de Oliveira RS. Effect of caries

infiltration technique and fluoride therapy on the colour masking of white spot lesions. J Dent.

2011;39(3):202-7.

13. LacerdaAJF.Avaliaçãodaresistênciadeuniãodaresinacompostaaoesmaltedesmineralizado

submetidoàremineralizaçãoeinfiltraçãoresinosadelesãodecárie.2015.

14. Dorri M, Dunne SM, Walsh T, Schwendicke F. Micro-invasive interventions for managing

proximal dental decay in primary and permanent teeth. Cochrane Database Syst Rev.

2015(11):CD010431.

15. Ionta FQ. Penetração de materiais resinosos em lesões de erosão, com e sem

condicionamentopréviodoesmalte: estudo in vitro [Estudo in vitro].Bauru:UniversidadedeSão

Paulo;2014.

16. LasfarguesJJ,BonteE,GuerrieriA,FezzaniL.Minimal interventiondentistry:part6.Caries

inhibitionbyresininfiltration.BrDentJ.2013;214(2):53-9.

17. ParisS,Meyer-LueckelH,KielbassaAM.Resininfiltrationofnaturalcarieslesions.Journalof

DentalResearch.2007;86(7):662-6.

18. Eckstein A, Helms HJ, Knosel M. Camouflage effects following resin infiltration of

postorthodonticwhite-spotlesionsinvivo:One-yearfollow-up.AngleOrthod.2015;85(3):374-80.

19. SilvaR.AVALIAÇÃODAMELHORIAEESTABILIDADDACORDELESÕESDEMANCHABRANCA

TRATADASCOMINFILTRAÇÃODERESINA-UMESTUDOINVITRO.Porto:UniversidadedoPorto;2016.

20. Knosel M, Eckstein A, Helms HJ. Durability of esthetic improvement following Icon resin

infiltrationofmultibracket-inducedwhitespotlesionscomparedwithnotherapyover6months:A

single-center,split-mouth,randomizedclinicaltrial.AmericanJournalofOrthodonticsandDentofacial

Orthopedics.2013;144(1):86-96.

21. Meyer-LueckelH,ParisS,KielbassaAM.Surface layererosionofnaturalcaries lesionswith

phosphoric and hydrochloric acid gels in preparation for resin infiltration. Caries Research.

2007;41(3):223-30.

22. ParisS,DorferCE,Meyer-LueckelH.Surfaceconditioningofnaturalenamelcarieslesionsin

deciduousteethinpreparationforresininfiltration.JournalofDentistry.2010;38(1):65-71.

42

23. Skucha-Nowak M, Machorowska-Pieniazek A, Tanasiewicz M. Assessing the Penetrating

Abilities of Experimental Preparation with Dental Infiltrant Features Using Optical Microscope:

PreliminaryStudy.AdvancesinClinicalandExperimentalMedicine.2016;25(5):961-9.

24. TaherNM,AlkhamisHA,Dowaidi SM.The influenceof resin infiltration systemonenamel

microhardnessandsurfaceroughness:Aninvitrostudy.SaudiDentJ.2012;24(2):79-84.

25. TakashinoN,NakashimaS,ShimadaY,TagamiJ,SumiY.Effectofthermalcyclicstressonacid

resistance of resin-infiltrated incipient enamel lesions in vitro. Dental Materials Journal.

2016;35(3):425-31.

26. AskarH,LauschJ,DorferCE,Meyer-LueckelH,ParisS.Penetrationofmicro-filled infiltrant

resinsintoartificialcarieslesions.JournalofDentistry.2015;43(7):832-8.

27. BorgesAB,CaneppeleTMF, LuzM,PucciCR, TorresCRG.Color StabilityofResinUsed for

CariesInfiltrationAfterExposuretoDifferentStainingSolutions.OperativeDentistry.2014;39(4):433-

40.

28. Paris S, HopfenmullerW,Meyer-Lueckel H. Resin infiltration of caries lesions: an efficacy

randomizedtrial.JDentRes.2010;89(8):823-6.

29. Vianna JS. A influência dos infiltrantes de baixa viscosidade para tratamento demanchas

brancasnacolagemortodôntica[Dissertaçãodemestrado].RiodeJaneiro:UFRJ;2013.

30. NeresEY,ModaMD,ChibaEK,BrisoA,PessanJP,FagundesTC.MicrohardnessandRoughness

ofInfiltratedWhiteSpotLesionsSubmittedtoDifferentChallenges.OperDent.2017.

31. MinJ.H.ID,KwonH.K.,ChungJ.H.,KimB.I.Evaluationofpenetrationeffectofresininfiltrant

usingopticalcoherencetomography.Journalofdentistry.2015;43:720-5.

32. Correa-FariaP,Paixao-GoncalvesS,PaivaSM,PordeusIA.Incidenceofdentalcariesinprimary

dentitionandriskfactors:alongitudinalstudy.BrazilianOralResearch.2016;30(1).

33. KakanurM,NayakM,PatilSS,ThakurR,PaulST,TewathiaN.Exploringthemultitudeofrisk

factorsassociatedwithearlychildhoodcaries.IndianJDentRes.2017;28(1):27-32.

34. YuanH,LiJY,ChenL,ChengL,CannonRD,MeiL.Estheticcomparisonofwhite-spotlesion

treatmentmodalitiesusingspectrometryandfluorescence.AngleOrthodontist.2014;84(2):343-9.

35. PereiraSAB.Tratamentodelesãodemanchabrancaapóstratamentoortodôntico.Araçatuba:

UniversidadeEstadualPaulistaJúliodeMesquitaFilho;2014.

43

36. MunjalD,GargS,DhindsaA,SidhuGK,SethiHS.AssessmentofWhiteSpotLesionsandIn-Vivo

EvaluationoftheEffectofCPP-ACPonWhiteSpotLesionsinPermanentMolarsofChildren.JClin

DiagnRes.2016;10(5):ZC149-54.

37. Mueller J, Meyer-Lueckel H, Paris S, Hopfenmuller W, Kielbassa AM. Inhibition of lesion

progressionbythepenetrationofresinsinvitro:influenceoftheapplicationprocedure.OperDent.

2006;31(3):338-45.

38. SchneiderH,ParkKJ,RuegerC,ZiebolzD,KrauseF,HaakR.Imagingresininfiltrationintonon-

cavitatedcariouslesionsbyopticalcoherencetomography.JDent.2017;60:94-8.

39. YimHK,MinJH,KwonHK,KimBI.Modificationofsurfacepretreatmentofwhitespotlesions

toimprovethesafetyandefficacyofresininfiltration.KoreanJOrthod.2014;44(4):195-202.

40. Meyer-Lueckel H, Paris S. Improved Resin Infiltration of Natural Caries Lesions. Journal of

DentalResearch.2008;87(12):1112-6.

41. Meyer-LueckelH,ParisS.Progressionofartificialenamelcarieslesionsafterinfiltrationwith

experimentallightcuringresins.CariesRes.2008;42(2):117-24.

42. GurdoganEB,Ozdemir-OzenenD,SandalliN.EvaluationofSurfaceRoughnessCharacteristics

UsingAtomic ForceMicroscopy and InspectionofMicrohardness FollowingResin Infiltrationwith

Icon(R).JEsthetRestorDent.2017.

43. Meyer-LueckelH,BalbachA,SchikowskyC,BitterK,ParisS.PragmaticRCTontheEfficacyof

ProximalCariesInfiltration.JDentRes.2016;95(5):531-6.

44. Rey N, Benbachir N, Bortolotto T, Krejci I. EvaluationOf the staining potential of a caries

infiltrantincomparisontootherproducts.DentalMaterialsJournal.2014;33(1):86-91.

45. LelandA,AkyalcinS,EnglishJD,TufekciE,ParavinaR.Evaluationofstainingandcolorchanges

ofaresininfiltrationsystem.AngleOrthod.2016;86(6):900-4.

46. Lausch J, Askar H, Paris S,Meyer-Lueckel H.Micro-filled resin infiltration of fissure caries

lesionsinvitro.JDent.2017;57:73-6.

47. ParisS, Lausch J, SeljeT,DorferCE,Meyer-LueckelH.Comparisonof sealantand infiltrant

penetrationintopitandfissurecarieslesionsinvitro.JournalofDentistry.2014;42(4):432-8.

48. Skucha-Nowak M. Attempt to assess the infiltration of enamel made with experimental

preparationusingascanningelectronmicroscope.OpenMedicine.2015;10(1):238-48.

44

49. ZhouY,MatinK,ShimadaY,SumiY,TagamiJ.Evaluationofresininfiltrationondemineralized

rootsurface:Aninvitrostudy.DentMaterJ.2017;36(2):195-204.

50. Meyer-Lueckel H, Bitter K, Paris S. Randomized controlled clinical trial on proximal caries

infiltration:three-yearfollow-up.CariesRes.2012;46(6):544-8.

51. Vianna JS, Marquezan M, Lau TC, Sant'Anna EF. Bonding brackets on white spot lesions

pretreatedbymeansoftwomethods.DentalPressJOrthod.2016;21(2):39-44.

52. Costenoble A, Vennat E, Attal JP, Dursun E. Bond strength and interfacial morphology of

orthodonticbracketsbondedtoerodedenameltreatedwithcalciumsilicate-sodiumphosphatesalts

orresininfiltration.AngleOrthod.2016;86(6):909-16.

53. ArslanS,ZorbaYO,AtalayMA,OzcanS,DemirbugaS,PalaK,etal.Effectofresininfiltration

onenamelsurfacepropertiesandStreptococcusmutansadhesiontoartificialenamellesions.Dent

MaterJ.2015;34(1):25-30.

45

ANEXOS

46

47