32
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008 1 INTERNATIONAL PLANT NUTRITION INSTITUTE - BRASIL Rua Alfredo Guedes, 1949 - Edifício Rácz Center, sala 701 - Fone/Fax: (19) 3433-3254 - Website: www.ipni.net - E-mail: [email protected] 13416-901 Piracicaba-SP, Brasil Silvia Regina Stipp e Abdalla 1 Luís Ignácio Prochnow 2 Antonio Luis Fancelli 3 SIMPÓSIO DISCUTE COMO UTILIZAR SIMPÓSIO DISCUTE COMO UTILIZAR SIMPÓSIO DISCUTE COMO UTILIZAR SIMPÓSIO DISCUTE COMO UTILIZAR SIMPÓSIO DISCUTE COMO UTILIZAR INSUMOS E RECURSOS PARA OTIMIZAR A INSUMOS E RECURSOS PARA OTIMIZAR A INSUMOS E RECURSOS PARA OTIMIZAR A INSUMOS E RECURSOS PARA OTIMIZAR A INSUMOS E RECURSOS PARA OTIMIZAR A PRODUTIVIDADE DO MILHO PRODUTIVIDADE DO MILHO PRODUTIVIDADE DO MILHO PRODUTIVIDADE DO MILHO PRODUTIVIDADE DO MILHO Desenvolver e promover informações científicas sobre o manejo responsável dos nutrientes de plantas para o benefício da família humana MISSÃO MISSÃO MISSÃO MISSÃO MISSÃO 1 Engenheira Agrônoma, M.S., IPNI; e-mail: [email protected] 2 Engenheiro Agrônomo, Doutor, diretor do IPNI Brasil; e-mail: [email protected] 3 Engenheiro Agrônomo, Doutor, Docente do Departamento de Produção Vegetal, ESALQ/USP; e-mail: [email protected] INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS N 0 122 JUNHO/2008 Veja também neste número: IPNI em Destaque ............................................... 25 Gesso na agricultura .......................................... 26 Divulgando a Pesquisa ...................................... 28 Painel Agronômico ............................................ 29 Cursos, Simpósios e outros eventos ................. 30 Publicações Recentes ........................................ 31 Ponto de Vista .................................................... 32 Abreviações: ANDA = Associação Nacional para Difusão de Adubos; CTC = capacidade de troca de cátions, CTA = capacidade de troca de ânions, M.O. = matéria orgânica, IBDU = isobutilidene diuréia, SCU = uréia recoberta com enxofre, CDU = crotonilidene diuréia, DCD = dicianodiamida, DMPP = fosfato de 3,4 dimetil pirazole, PPD = fenil-fosforodiamidato, NBPT = tiofosfato de N-n-butiltriamida; MPMFs = melhores práticas de manejo de fertilizantes C omo utilizar os insumos e recursos relacionados à adequada nutrição das plantas para otimizar a produtividade do milho – esta foi a tônica do Sim- pósio sobre Nutrição e Adubação do Milho ocorrido em abril último na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, sob a coorde- nação dos professores Antonio Luis Fancelli e Durval Dourado Neto, do Departamento de Produção Vegetal. O evento teve como objetivos a atualização de informações e a apresentação das principais inovações tecnológicas relacio- nadas à nutrição e adubação da cultura. Palestras, debates e apre- sentação de novos produtos fertilizantes integraram as atividades do programa. Uma visão geral dos dez temas discutidos é apresentada a seguir. DINÂMICA E ABSORÇÃO DE NUTRIENTES E NOVAS DINÂMICA E ABSORÇÃO DE NUTRIENTES E NOVAS DINÂMICA E ABSORÇÃO DE NUTRIENTES E NOVAS DINÂMICA E ABSORÇÃO DE NUTRIENTES E NOVAS DINÂMICA E ABSORÇÃO DE NUTRIENTES E NOVAS TENDÊNCIAS DA NUTRIÇÃO DE PLANTAS TENDÊNCIAS DA NUTRIÇÃO DE PLANTAS TENDÊNCIAS DA NUTRIÇÃO DE PLANTAS TENDÊNCIAS DA NUTRIÇÃO DE PLANTAS TENDÊNCIAS DA NUTRIÇÃO DE PLANTAS Godofredo Cesar Vitti, ESALQ/USP; Pedro Henrique de Cerqueira Luz, FZEA/USP; André Luís do Amaral Alfonsi, ESALQ/USP; email: [email protected] Nos climas tropicais, a produtividade das culturas está dire- tamente relacionada à fertilidade e à água disponível do solo, sendo a fertilidade possível de ser modificada pelo emprego da correção do solo e da adubação e a quantidade de água disponível por inter- médio da irrigação e do sistema de manejo. Entre os fatores de produção de milho, a adubação é res- ponsável por grande parte dos custos totais, e isto é motivo de preocupação quando se considera que o aumento no preço médio dos fertilizantes no último ano praticamente duplicou. Segundo a Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA), o preço médio da tonelada de fertilizante NPK na fábrica passou de cerca de US$ 300,00, em março de 2007, para US$ 520,00, em março de 2008, totalizando aumento médio de 73%.

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008 1

INTERNATIONAL PLANT NUTRITION INSTITUTE - BRASILRua Alfredo Guedes, 1949 - Edifício Rácz Center, sala 701 - Fone/Fax: (19) 3433-3254 - Website: www.ipni.net - E-mail: [email protected]

13416-901 Piracicaba-SP, Brasil

Silvia Regina Stipp e Abdalla1

Luís Ignácio Prochnow2

Antonio Luis Fancelli3

SIMPÓSIO DISCUTE COMO UTILIZARSIMPÓSIO DISCUTE COMO UTILIZARSIMPÓSIO DISCUTE COMO UTILIZARSIMPÓSIO DISCUTE COMO UTILIZARSIMPÓSIO DISCUTE COMO UTILIZARINSUMOS E RECURSOS PARA OTIMIZAR AINSUMOS E RECURSOS PARA OTIMIZAR AINSUMOS E RECURSOS PARA OTIMIZAR AINSUMOS E RECURSOS PARA OTIMIZAR AINSUMOS E RECURSOS PARA OTIMIZAR A

PRODUTIVIDADE DO MILHOPRODUTIVIDADE DO MILHOPRODUTIVIDADE DO MILHOPRODUTIVIDADE DO MILHOPRODUTIVIDADE DO MILHO

Desenvolver e promover informações científicas sobre omanejo responsável dos nutrientes de plantas para obenefício da família humana

MISSÃOMISSÃOMISSÃOMISSÃOMISSÃO

1 Engenheira Agrônoma, M.S., IPNI; e-mail: [email protected] Engenheiro Agrônomo, Doutor, diretor do IPNI Brasil; e-mail: [email protected] Engenheiro Agrônomo, Doutor, Docente do Departamento de Produção Vegetal, ESALQ/USP; e-mail: [email protected]

INFORMAÇÕESAGRONÔMICAS

N0 122 JUNHO/2008

Veja também neste número:

IPNI em Destaque ............................................... 25

Gesso na agricultura .......................................... 26

Divulgando a Pesquisa ...................................... 28

Painel Agronômico ............................................ 29

Cursos, Simpósios e outros eventos ................. 30

Publicações Recentes ........................................ 31

Ponto de Vista .................................................... 32

Abreviações: ANDA = Associação Nacional para Difusão de Adubos; CTC = capacidade de troca de cátions, CTA = capacidade de troca deânions, M.O. = matéria orgânica, IBDU = isobutilidene diuréia, SCU = uréia recoberta com enxofre, CDU = crotonilidene diuréia, DCD = dicianodiamida,DMPP = fosfato de 3,4 dimetil pirazole, PPD = fenil-fosforodiamidato, NBPT = tiofosfato de N-n-butiltriamida; MPMFs = melhores práticas de manejode fertilizantes

Como utilizar os insumos e recursos relacionados àadequada nutrição das plantas para otimizar aprodutividade do milho – esta foi a tônica do Sim-

pósio sobre Nutrição e Adubação do Milho ocorrido em abril últimona Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, sob a coorde-nação dos professores Antonio Luis Fancelli e Durval DouradoNeto, do Departamento de Produção Vegetal.

O evento teve como objetivos a atualização de informaçõese a apresentação das principais inovações tecnológicas relacio-nadas à nutrição e adubação da cultura. Palestras, debates e apre-sentação de novos produtos fertilizantes integraram as atividadesdo programa.

Uma visão geral dos dez temas discutidos é apresentada aseguir.

DINÂMICA E ABSORÇÃO DE NUTRIENTES E NOVASDINÂMICA E ABSORÇÃO DE NUTRIENTES E NOVASDINÂMICA E ABSORÇÃO DE NUTRIENTES E NOVASDINÂMICA E ABSORÇÃO DE NUTRIENTES E NOVASDINÂMICA E ABSORÇÃO DE NUTRIENTES E NOVASTENDÊNCIAS DA NUTRIÇÃO DE PLANTASTENDÊNCIAS DA NUTRIÇÃO DE PLANTASTENDÊNCIAS DA NUTRIÇÃO DE PLANTASTENDÊNCIAS DA NUTRIÇÃO DE PLANTASTENDÊNCIAS DA NUTRIÇÃO DE PLANTAS –Godofredo Cesar Vitti, ESALQ/USP; Pedro Henrique de CerqueiraLuz, FZEA/USP; André Luís do Amaral Alfonsi, ESALQ/USP; email:[email protected]

Nos climas tropicais, a produtividade das culturas está dire-tamente relacionada à fertilidade e à água disponível do solo, sendoa fertilidade possível de ser modificada pelo emprego da correçãodo solo e da adubação e a quantidade de água disponível por inter-médio da irrigação e do sistema de manejo.

Entre os fatores de produção de milho, a adubação é res-ponsável por grande parte dos custos totais, e isto é motivo depreocupação quando se considera que o aumento no preço médiodos fertilizantes no último ano praticamente duplicou. Segundo aAssociação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA), o preçomédio da tonelada de fertilizante NPK na fábrica passou de cerca deUS$ 300,00, em março de 2007, para US$ 520,00, em março de 2008,totalizando aumento médio de 73%.

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2 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008

Este aumento de preços no mercado mundial deve-se basi-camente ao aumento da demanda de fertilizantes para produção dealimentos, principalmente pela China e pela Índia, e para produçãode biocombustíveis, com destaque para a cultura de milho nos Es-tados Unidos.

Aliado ao aumento no consumo de fertilizantes no mundo,outros fatores contribuíram para o aumento nos preços, como:menor oferta do produto no mercado; aumento no preço das maté-rias-primas, como enxofre e petróleo; aumento no custo do frete,tanto de navios quanto rodoviários e ferroviários, e demora paradescarga dos produtos nos portos, gerando grande despesa com ataxa de demurrage.

Diante deste cenário, é fundamental que o manejo da aduba-ção e nutrição de plantas vise a máxima eficiência na utilização defertilizantes para reduzir os custos e tornar o sistema sustentável.Assim, deve-se utilizar fontes corretas de fertilizantes, na dose cer-ta, no local correto e na época adequada. Além disso, é imprescindí-vel o conhecimento da dinâmica dos nutrientes no solo e a adoçãode práticas complementares, como correção do solo, práticasconservacionistas, plantio direto, entre outras.

No diagrama abaixo é apresentado um esquema simplificadodo equilíbrio dos elementos no solo:

b) Capacidade de troca de ânions (CTA): influenciada pornatureza dos colóides do solo, pH do solo, concentração da solu-ção de equilíbrio, valência dos ânions, cátions associados;

c) Adsorção química (fixação): ocorre tanto para ânions(H2PO4

- e H4SiO4) como para cátions (Zn2+, Cu2+, Fe2+, Mn2+ e Ca2+)e é influenciada por pH, textura do solo (teores de argila e matériaorgânica) e ordem de retenção dos elementos (força dos elementosna superfície dos colóides).

d) Reações de precipitação e solubilização;e) Reações de oxi-redução.

As raízes absorvem da solução do solo os elementos queentram em contato direto com as suas superfícies por meio de trêsmecanismos: interceptação radicular, fluxo de massa e difusão. Da-dos obtidos com a cultura do milho em solo fértil indicam que ape-nas as necessidades de Ca poderiam ser completamente supridaspor interceptação radicular, embora parte significativa das necessi-dades da planta em Mg, Mn e Zn possam também ser providas poreste mecanismo. O esquema abaixo apresenta os elementos quesão absorvidos por fluxo de massa e por difusão:

Fluxo de massa

Ânions: Cl- > H3BO3 > NO3- > SO4

2- > MoO42-

Cátions: Na+ > K+ > NH4+ > Mg2+ > Ca2+

Difusão

H2PO4- > Cu2+ > Mn2+ > Zn2+ > Fe2+

Analisando esses dados, juntamente com os dados apre-sentados na Tabela 1, podem ser inferidas informações importantespara o manejo adequado dos fertilizantes, quais sejam:

• Os nutrientes que entram em contato com as raízes porfluxo de massa exigem mais cuidado na adubação pois podemprovocar toxidez (absorção de luxo) ou ser perdidos por lixiviação(contaminação do lençol freático), como Cl- (adicionado atravésdo KCl), NO3

-, H3BO3, SO42- e particularmente K+, em solos areno-

sos, com baixo poder tampão em K. Para esses elementos, parte daadubação pode ser aplicada em cobertura.

• Os nutrientes que entram em contato com as raízes pordifusão apresentam também efeito residual no solo, principalmenteo H2PO4

- e os micronutrientes metálicos (Zn, Cu, Mn e Fe), devendoser aplicados de forma localizada no sulco de semeadura;

• No caso do K, que apresenta alto índice salino, recomen-da-se, em culturas anuais, a aplicação de no máximo 60 kg ha-1 deK2O no sulco de plantio. Para doses superiores a esta, aplicar parteem pré-plantio, quando em solos argilosos (CTC > 6,0 cmolc dm-3),e parte em pós-plantio, em cobertura, quando em solos arenosos.

• Em culturas perenes já instaladas e em culturas anuais queapresentam fases de maior exigência, os micronutrientes metálicosZn, Mn e Cu devem preferencialmente ser aplicados via foliar, devi-do à alta reatividade com o solo. No caso de cana-de-açúcar e man-dioca, estes micronutrientes podem ser aplicados via tolete oumaniva, respectivamente.

• Em leguminosas, Mo e Co podem ser aplicados via se-mente, tendo em vista as baixas doses utilizadas desses elemen-tos (20 g ha-1 de Mo e 2 a 5 g ha-1 de Co).

No sistema convencional de plantio, pode ser baixo o apro-veitamento dos adubos aplicados no solo, variando de 50%-70%

Os elementos estão presentes no solo em sua quase totali-dade na fase sólida, adsorvidos ou fazendo parte do complexocoloidal (matéria orgânica + fração argila). Da fase sólida, uma dimi-nuta proporção é liberada para a solução do solo, originando-se,então, um equilíbrio, geralmente complexo, entre M-sólido e M-solu-ção. Na solução do solo os elementos movimentam-se em direção àsuperfície das raízes (ou vice-versa), onde são transportados parao interior da planta.

Analisando-se o esquema acima observa-se que quandoum fertilizante é aplicado no solo ele pode ter diferentes destinos:

a) Permanecer na solução do solo (fator Intensidade = I),sendo posteriormente absorvido pelas raízes das plantas (M-raiz) edaí transportado para a parte aérea (M-parte áerea);

b) Ser adsorvido pela fração coloidal, constituída pela maté-ria orgânica e argila (M-sólido), caracterizando o fator Quantidade;

c) Ser lixiviado (M-lixiviação).As relações mantidas entre os elementos na fase sólida e na

solução do solo, regidas pelas leis de equilíbrio químico, são afeta-das pelos seguintes fatores do solo:

a) Capacidade de troca de cátions (CTC): influenciada portipos e teores dos materiais coloidais, valência dos cátions, grau dehidratação, efeito de diluição, pH do meio e adsorção específica deânions;

M = nutrienteQ = QuantidadeI = Intensidade

C = CapacidadePoder tampão = Q/I

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008 3

para N, 20%-30% para P2O5 e 60%-70% para K2O, pois os nutrientessão perdidos mais facilmente por erosão, lixiviação, volatilização efixação no sistema solo-planta-atmosfera.

Na prática da adubação eficiente e racional o programa ini-cia-se com a amostragem e a análise de solo, continua com as práti-cas corretivas (principalmente calagem, gessagem e fosfatagem),com a adoção do sistema de plantio direto e da integração lavoura-pecuária, e termina com a utilização de fertilizante mineral.

A prática da calagem é a primeira medida a ser adotada nomanejo químico de solos tropicais ácidos. Deve ser realizada visan-do manter o pH da solução ao redor de 5,5 a 6,5 (em água), no qualhá equilíbrio na disponibilidade dos nutrientes. A calagem de solosácidos aumenta a disponibilidade de N para as plantas devido àmaior mineralização do N orgânico e/ou maior fixação do N do ar porbactérias fixadoras livres ou simbióticas. Além do N, a disponibili-dade de S, e até certo ponto do B, é estreitamente ligada à decompo-sição microbiana da matéria orgânica (M.O.). Em pH baixo, o fósfo-ro da solução do solo precipita com Al, Fe e Mn, porém, quando opH é corrigido, esses elementos se precipitam e o fósforo fica maisdisponível.

Em um dado pH, a adsorção química dos micronutrientesmetálicos é tanto maior quanto maior o teor de óxidos e hidróxidosde Fe e Al, de argilas 1:1 e de M.O. (esta apenas para os cátionsmetálicos) do solo devido ao maior número de sítios de adsorção.Em conseqüência, após a adição de fertilizantes, a concentraçãodos elementos na solução será maior nos solos de textura leve.Contudo, com a absorção pelas plantas, nestes solos há maior de-créscimo na concentração dos elementos na solução (baixo podertampão) do que nos solos de textura mais argilosa e com maior teorde matéria orgânica (alto poder tampão). Assim, solos com altopoder tampão necessitam, em geral, de adubações mais pesadas;porém, estes não se esgotam tão rapidamente quanto os solos debaixo poder tampão. Para um mesmo efeito na nutrição das plantas,os micronutrientes metálicos (Zn, Cu, Fe, Mn e Co), e mesmo oboro, devem ser adicionados em doses maiores em solos potencial-

Tabela 1. Relação entre processo de contato e localização dos fertilizantes.

Processo de contato

Interceptação Fluxo de massa Difusão

- - - - - - - - - - - - - - - - (%) do total) - - - - - - - - - - - - - - - -

N 1 99 0 Distante, em cobertura (parte)

P 2 4 94 Próximo das raízes

K 3 25 72 Próximo das raízes, em cobertura

Ca 27 73 0 A lanço

Mg 13 87 0 A lanço

S 5 95 0 Distante, em cobertura (parte)

B 5 95 0 Distante, em cobertura (parte)

Cu 15 5 80 Próximo das raízes

Fe 40 10 50 Próximo das raízes

Mn 15 5 80 Próximo das raízes

Mo 5 95 0 A lanço

Zn 20 20 60 Próximo das raízes

Fonte: Modificada de MALAVOLTA et al. (1997).

mente mais férteis, como os argilosos, em relação aos solos areno-sos, menos férteis. É importante ressaltar que os micronutrientesmetálicos devem ser aplicados no solo de forma localizada, no sul-co de plantio. Em culturas perenes já instaladas, a aplicação maiseficiente é via foliar.

Os solos de clima temperado, por conterem, de modo geral,maiores teores de M.O. e de argilas 2:1, apresentam maior CTC,maior fertilidade e menor lixiviação de cátions quando compara-dos aos solos tropicais, com menores teores de M.O. e predomi-nância de argilas 1:1 e de óxidos de Fe e Al. Logo, a adoção doplantio direto e/ou cultivo mínimo é fundamental em climas tropi-cais para aumentar o equilíbrio do sistema por meio de: menoresperdas por erosão e lixiviação, maior reciclagem de nutrientes, redu-ção na fixação de H2PO4

-, menor nitrificação do amônio e formaçãode complexos com cátions. Em média, a contribuição da M.O. naCTC do solo tropical é de 74% para os horizontes superficiais.

A produção de matéria seca e sua longevidade no solovariam de acordo com o sistema de produção empregado, as espé-cies anuais exploradas e o clima de cada região.

Na integração lavoura-pecuária, o Sistema Santa Fé tem sidoum dos sistemas preferidos por produzir palhada de alta qualidadepara o plantio direto. A partir do consórcio de culturas anuais –milho, sorgo, milheto, arroz de terras altas – com forrageiras, princi-palmente braquiárias, este sistema proporciona palhada para o sis-tema de plantio direto ou a produção de forragens para a entressafra,podendo abrigar parte representativa do rebanho bovino no perío-do da seca (Figura 1).

Em áreas de primeiro cultivo, ou áreas de baixa fertilidadecom pastagens degradadas, onde a pluviosidade não é favorávelpara o cultivo de safrinha, pode-se cultivar soja ou arroz na abertu-ra, seguida de sorgo ou milheto antes do cultivo do milho +braquiária. Dentre as espécies de braquiária empregadas, aBrachiaria brizantha é a mais aconselhável, pois produz mais ma-téria seca e proporciona maior reciclagem de nutrientes, como mos-tram os dados da Tabela 2.

Elemento Localização dos fertilizantes

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4 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008

REALIDADE E PERSPECTIVAS PARA O USO DEREALIDADE E PERSPECTIVAS PARA O USO DEREALIDADE E PERSPECTIVAS PARA O USO DEREALIDADE E PERSPECTIVAS PARA O USO DEREALIDADE E PERSPECTIVAS PARA O USO DEAZOSPIRILLUMAZOSPIRILLUMAZOSPIRILLUMAZOSPIRILLUMAZOSPIRILLUM NA CULTURA DO MILHO NA CULTURA DO MILHO NA CULTURA DO MILHO NA CULTURA DO MILHO NA CULTURA DO MILHO –Solon C. de Araujo, Sócio-Diretor da SCA, Consultor da Associa-ção Nacional dos Produtores e Importadores de Inoculantes; email:[email protected]

A Revolução Verde, ocorrida nas décadas de 60 e 70,proporcionou grande incremento na produtividade das culturas ena oferta de alimentos, reduzindo significativamente o índice defome nos países em desenvolvimento. Atualmente, as condiçõespara a produção agrícola estão críticas, os custos dos insumosaumentaram sem o correspondente aumento na renda dos pro-dutores e alguns países do mundo encontram-se no limiar da fome.

Tomando-se como base a área cultivada com milho no Brasil,que é da ordem de 14 milhões de hectares (duas safras ao ano), e umconsumo de 50 kg ha-1 de N – média entre lavouras com alto,médio e baixo uso de tecnologia – tem-se um consumo médioanual de 700 mil toneladas de N. Com os preços das commoditiesagrícolas em alta, o que parece ser um fato a ser mantido por alguns

De acordo com a Tabela 2, o cultivo de B. brizantha temgrande importância na reciclagem de N e K, principalmente. Alémdisso, a elevada relação C/N desta gramínea possibilita que a pa-lhada permaneça mais tempo no solo. Em certos casos, recomenda-se a aplicação antecipada do N para evitar a imobilização do mesmopelos microrganismos decompositores da palha.

Considerando o aumento do aproveitamento dos nutrientesno perfil do solo, principalmente pelo aumento no volume do siste-ma radicular das plantas, com a adoção das recomendações e práti-cas citadas, a tendência é de que as doses da adubação de manu-tenção possam ser reduzidas.

anos, a tendência é de aumento não só na área de plantio comotambém no uso de insumos, entre eles o de N.

Diante deste cenário, é urgente a busca de novas tecnologiaspara diminuir o custo de produção de alimentos.

O Brasil se destaca no mundo por utilizar o melhor sistemade inoculação da soja – fixação biológica de nitrogênio – emprograma integrado entre melhoristas e microbiologistas. O uso deRhizobium como insumo agrícola se firmou de tal maneira, comexcelentes trabalhos de pesquisa, que já se pode colher acima de4 t ha-1 de soja usando-se como fonte de N exclusivamente a fixaçãobiológica de nitrogênio.

Já se vislumbra muito claramente a possibilidade do uso dafixação biológica de N para maior aporte deste elemento tambémna cultura de milho, bem como em outas culturas. Caso não sejapossível a substituição da totalidade do N, pode-se diminuirsubstancialmente o uso do elemento e, conseqüentemente, reduziros custos da lavoura e de energia não renovável no país, pois,para que ocorra a reação básica de transformação do N em amônia(N2 + 3H2 = 2NH3), em laboratório ou na indústria de fertilizantesnitrogenados, é necessário um elevado gasto de energia (500oC e200 atm de pressão). No ambiente natural, a reação ocorre àtemperatura ambiente nas bactérias ou nos nódulos devido àpresença da enzima nitrogenase, que cataliza a reação e faz com queo processo ocorra a níveis bem menores de energia. A bactériaconsome energia da planta (açúcares) mas esta é compensada peloaporte de N fornecido ao sistema.

Os organismos envolvidos na fixação de N, definidos de acor-do com seu sistema de relacionamento com as plantas, podem ser:

• Fixadores simbióticos: Rhizobium, Bradyrhizobium,Sinorhizobium. Já estão incorporadas ao sistema produtivo e jáfazem parte da rotina de um grande número de agricultores, prin-cipalmente os produtores de soja.

• Fixadores assimbióticos não associativos: Azotobacter,Derxia, Beijerinckia, Clostridium. Vivem em vida livre no solo,fixam o N e o incorporam ao solo. A quantidade de N trazida porestas bactérias para o sistema solo é muito variável, estimando-seem 10 a 15 kg ha-1, dependendo do solo, da temperatura e de outrosfatores.

• Fixadores assimbióticos associativos: Azospirillum,Azotobacter, Glucanoacetobacter, Herbaspirillum, Burkholderia.Formam um sistema associativo com as plantas, mas sem acomplexidade da formação de nódulos.

O gênero Azospirillum está dividido em seis espécies:Az. lipoferum, Az. brasilense, Az. amazonense, Az. irakense, Az.halopraeferans, Az. largimobile, Az. dobereinerae.

As espécies mais estudadas para uso em inoculantes são aAzospirillum lipoferum e a Azospirillum brasilense. Além da divisãoem espécies, estas são subdivididas em estirpes, selecionadas deacordo com a sua capacidade de fixar N, produzir fitohormônios ecompatibilidade com diferentes espécies vegetais e cultivares.

O Azospirillum é bactéria aeróbica, fixadora de N, gramnegativa, espiralada, móvel, com flagelo polar e cílios laterais, querealiza todas as fases do ciclo do N, exceto a nitrificação, e transfereapenas 20% do N fixado para a planta. Esta última característica éum dos fatores limitantes para o desenvolvimento de produtos,embora não anule a utilidade da tecnologia.

As características benéficas do Azospirillum como inocu-lante são: a bactéria é endofítica, ou seja, penetra na raiz das plantas;apresenta antagonismo a agentes patogênicos; associa-se com

Figura 1. Integração lavoura-pecuária – Sistema Santa Fé.

Tabela 2. Reciclagem de nutrientes por braquiárias com alta produção dematéria seca.

B. brizantha B. decumbens B. ruziziensis17 t ha-1 ano-1 10 t ha-1 ano-1 9 t ha-1 ano-1

Nitrogênio 289 170 153Fósforo 34 20 18Potássio 340 200 180Cálcio 85 50 45Magnésio 51 30 27Enxofre 17 10 9

Nutriente

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008 5

Figura 2. Benefícios do uso de Azospirillum em milho.Fonte: adaptada de Reis Júnior e outros (1998).

nômica como em relação à tecnologia de produção dos inoculantesà base de Azospirillum para milho e trigo.

A Figura 2 ilustra os benefícios do uso de Azospirillum emmilho, em pesquisa realizada pela Embrapa no cerrado. Nota-se quea bactéria promoveu acréscimo substancial na produtividade domilho quando se aplicou a dose recomendada de N, de 100 kg ha-1,resultando um aumento de 20% na produtividade.

Trabalho realizado na Argentina ilustra o aumento signi-ficativo na altura da planta e no crescimento do sistema radicular demilho inoculado com Azospirillum (Figura 3).

Considerando os inúmeros trabalhos existentes com-provando a eficácia da fixação de N pelo Azospirillum, é necessáriovencer os desafios que existem para o desenvolvimento da tecno-logia, relacionados à genética, ao produto, à pesquisa agronômicae ao consumidor, quais sejam:

• Fatores genéticos: seleção de estirpes mais competitivascom as bactérias existentes no solo, com maior poder de fixação deN, menos sensíveis a fatores do solo causadores de estresses ecom baixa taxa de mutação espontânea.

• Fatores relacionados ao produto: concentração e dose deinoculantes, meio de cultura adequado, parâmetros de fermentação,embalagem, tempo de prateleira, condições de armazenamento.

Figura 3. Efeito do Azospirillum braziliense no crescimento de raízes (A) e no desenvolvimento de plantas de milho (B).

várias gramíneas (milho, trigo, sorgo, arroz, e outras) e com não-gramíneas (morango, tabaco, café e outras); produz fitohormônios;não é muito sensível às variações de temperatura e ocorre em todosos tipos de solo e clima.

Um dos fatores que se deve levar em consideração na seleçãode estirpes para inoculação é a sua capacidade de competir comaquelas já existentes no solo, pois, embora seja uma vantagem ofato da bactéria ser pouco exigente em relação às condições de solopara fixar N, isso torna mais difícil a introdução de estirpes de bactériascom maior capacidade de fixação, devido à competição.

Comenta-se muito sobre a inconsistência dos dados atéagora obtidos com inoculantes à base de Azospirillum em milho.Entretanto, este mesmo argumento ocorria há anos, quandos osensaios experimentais com a inoculação da soja ainda apresentavampoucos resultados no cerrado, e atualmente, a soja já pode sercultivada exclusivamente com um bom inoculante para suprir N,sem a necessidade de adubos nitrogenados.

Dados levantados por Okon e Labandera em 20 anos deexperimentação com A. brasiliense e A. lipoferum em diversasculturas no mundo mostraram que em 60% a 70% dos ensaios osresultados foram positivos, com incrementos de 5% a 30% naprodutividade. Em geral, o uso do inoculante proprociona reduçãode 40% a 50% no uso de fertilizantes nitrogenados.

Embora o estudo desta bactéria tenha sido iniciado no Brasil,outros países se adiantaram no seu uso agrícola, como Israel, Áfricado Sul, México e, mais recentemente, Argentina. Na África do Sul abactéria é utilizada em 150.000 ha de milho e 12.000 ha de trigo e noMéxico é usada em 100.000 ha de milho, promovendo um ganho deprodutividade da ordem de 30%.

No Brasil, os trabalhos de pesquisa com a bactéria seconcentraram principalmente na Embrapa Agrobiologia, a partirdos trabalhos iniciais da Dra. Johanna Dobereiner, como tambémna Embrapa Soja e na Embrapa Cerrados. Embora ainda não comer-cializados no Brasil, os produtos desenvolvidos por indústrias,em geral em cooperação com entidades de pesquisa, são em formade pó, com base em turfa, e na forma líquida, com protetores ce-lulares que mantém a viabilidade das bactérias ao longo de váriosmeses.

Atualmente, já existe um volume expressivo de dados quepermitem que se recomende, com grande margem de segurança, odesenvolvimento de pesquisas tanto em relação à eficiência agro-

Inoculado

Nãoinoculado

Inoculado Nãoinoculado

(A) (B)

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6 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008

• Fatores agronômicos: melhoramento do milho levando emconsideração a fixação biológica do nitrogênio; competitividade deestirpes do inoculante em relação às estirpes do solo; uso deinoculante em conjunto com outros produtos utilizados na semen-te; influência de outros nutrientes, em especial Mo e Co no proces-so de fixação; condições de solo que afetam o processo de fixaçãode N; número ideal de bactérias por semente.

• Fatores relacionado ao agricultor: conhecimento e con-fiança na técnica; aplicação correta do produto.

Ainda não existe produto à base de Azospirillum registradono Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento-MAPA e,para tal, são exigidos testes de eficiência agronômica, dentro doprotocolo da Rede de Laboratórios para Recomendação, Padroni-zação e Difusão de Tecnologia de Inoculantes Microbianos de In-teressa Agrícola–RELARE.

Mesmo com estes desafios, ainda vale a pena investigar atecnologia, pois:

• Existem fortes indicadores de sua viabilidade.• O Brasil possui tradição em pesquisa nesta área.• Existem exemplos de sucesso, como no caso da soja.• Há urgência na redução de custos de produção sem com-

prometimento da produtividade.• Há apelo ecológico para o uso de produtos biológicos na

agricultura.• Muitas empresas privadas estão desenvolvendo o pro-

duto, o que assegura que o Azospirillum chegará àsmãos do agricultor.

Portanto, é necessário identificar e resolver os gargalos ain-da existentes na pesquisa para desenvolver esta tecnologia alta-mente inovadora, que trará enormes benefícios financeiros eambientais para a agricultura brasileira e aumentará a competitividadeinternacional do agronegócio brasileiro. No caminho atualmentetrilhado, com as pesquisas isoladas dentro de alguns núcleos depesquisa e de empresas, os resultados certamente serão alcança-dos, mas a longo prazo. O caminho para chegar mais rapidamente àconsolidação da tecnologia seria um programa nacional, engloban-do a pesquisa de milho e a pesquisa com Azospirillum como umtodo, ou seja, não “testar o Azospirillum em milho” mas sim“pesquisar o milho com Azospirillum”.

USO RACIONAL DE MICRONUTRIENTES NAUSO RACIONAL DE MICRONUTRIENTES NAUSO RACIONAL DE MICRONUTRIENTES NAUSO RACIONAL DE MICRONUTRIENTES NAUSO RACIONAL DE MICRONUTRIENTES NACULTURA DE MILHOCULTURA DE MILHOCULTURA DE MILHOCULTURA DE MILHOCULTURA DE MILHO –José Laércio Favarin, Tiago Tezotto, Carlos Francisco Ragassi,ESALQ/USP; email: [email protected]

O uso racional de micronutrientes na cultura de milho de-pende do conhecimento dos teores dos elementos disponíveis nosolo, das condições físico-químicas que afetam a sua solubilidadee do estado nutricional das plantas, avaliado pela análise foliar.

Para a interpretação adequada dos resultados da análisequímica do solo é fundamental o uso de extratores eficientes. NoBrasil, ainda não existe uma padronização oficial para extratores demicronutrientes e nem um consenso sobre os critérios para separa-ção dos resultados em classes, ocorrendo, por isso, variações dosteores dentro de uma mesma classe e extrator (Tabela 3). Depen-dendo da região, têm sido utilizados a água quente, para a determi-nação de boro, e o Mehlich ou duplo ácido e o DTPA, para a extra-ção dos micronutrientes catiônicos.

A análise foliar é uma ferramenta auxiliar no diagnóstico doestado nutricional do milho e serve como orientação para a adubaçãoda cultura no próximo ano agrícola. Porém, há dificuldade em encon-trar boas correlações entre a concentração dos nutrientes no solo eaquela determinada na planta. Para que a amostragem de tecido vege-tal possa ser comparável e confiável, deve-se levar em consideraçãoa época de coleta da folha, o tipo de folha e o número mínimo defolhas por gleba homogênea. Os teores de nutrientes nas folhas rela-cionam-se diretamente com o desenvolvimento da planta. Assim, astabelas para interpretação dos teores adequados de micronutrientesdevem ser utilizadas com muito critério (Tabela 4) devido à impossibi-lidade de se refazer as pesquisas a cada alteração que ocorre nosistema de produção, considerando a interação solo-planta-clima.

As deficiências de micronutrientes são freqüentementecorrigidas pela aplicação de fertilizantes no solo. Porém, a pequenadose utilizada, de 1 a 10 kg ha-1, conforme o nutriente, prejudica auniformidade de distribuição, em se tratando de mistura de grânulos.

As principais fontes de micronutrientes são:• Óxidos: são insolúveis em água, por isso devem ser aplica-

dos na forma de pó, para aumentar a superfície específica de conta-to com o solo.

• Sulfatos, cloretos e nitratos: são solúveis água, por issoindicados quando são necessários efeitos rápidos, na forma de grâ-nulos, aplicados em sulcos ou via foliar.

• Oxissulfatos: têm solubilidade variável, dependendo daquantidade de ácido sulfúrico utilizada na solubilização do óxido.São comercializados sob a forma de pó ou granular, em geral sãofontes mais baratas por unidade de micronutriente, mas nem sempresão eficientes para a aplicação no solo, pois dependem de que pelomenos 30% do teor total seja solúvel em água.

Tabela 3. Interpretação de teores de micronutrientes de acordo com oextrator.

Teores Boro Cobre Ferro Manganês Zinco

- - - - - - - - - - - - - - (mg dm-3) - - - - - - - - - - - - - - - - - -H2O quente - - - - - - - - - - - - DTPA1 - - - - - - - - - - -

Baixo < 0,20 < 0,2 < 4 < 1,2 < 0,5Médio 0,20–0,60 0,3–0,8 5–12 1,3–5,0 0,6–1,2Alto > 0,60 > 0,8 > 12 > 5,0 >1,2

H2O quente - - - - - - - - - - MEHLICH2 - - - - - - - - - -Baixo < 0,5 < 0,3 - < 2,5 < 2,0Médio 0,5–1,0 0,3–0,6 - 2,5–5,0 2,0–4,0Alto > 1,0 > 0,6 - > 5,0 > 4,0

H2O quente - - - - - - - - - - MEHLICH3 - - - - - - - - - -Baixo < 0,20 < 0,4 - < 1,9 < 1,0Médio 0,3 – 0,5 0,5–0,8 - 2,0–5,0 1,1–1,6Alto > 0,5 > 0,8 - > 5,0 > 1,6

H2O quente - - - - - - - - - - MEHLICH4 - - - - - - - - - -Muito baixo < 0,15 < 0,3 < 8 < 2 < 0,4Baixo 0,16–0,35 0,4–0,7 9–18 3–5 0,5–0,9Médio 0,36–0,60 0,8–1,2 19–30 6–8 1,0–1,5Bom 0,61–0,90 1,3–1,8 31–45 9–12 1,6–2,2Alto > 0,90 > 1,8 > 45 > 12 > 2,2

Fonte: 1 Raij et al. (1996); 2 Thung e Oliveira (1998); 3 Lopes (1999); 4 Ribeiroet al. (1999).

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008 7

• Quelatos: são muito solúveis, mas dissociam-se pouco emágua, por isso não são afetados pelo pH da solução do solo ou dacalda e podem ser misturados com fertilizantes fluidos sem risco dereação com os nutrientes presentes. Tais produtos são até cincovezes mais eficientes por unidade de micronutrientes, entretanto,muito mais caros, o que inviabiliza o seu uso.

• “Fritas”– FTE: por serem produtos de muito baixa solubi-lidade em água, são eficientes quando aplicados na forma de pófino, a lanço e, em particular, quando incorporados ao solo.

• Nanopartículas de óxidos: suspensão concentrada (flo-wable) de óxidos que proporciona economia na aplicação de nu-trientes. Devido ao diminuto tamanho das partículas, os elementossão absorvidos pelas folhas e, em função do pH da célula, os cátions(Zn2+, Cu2+ e Mn2+) são liberados.

Os fatores abióticos que influenciam a fisiologia da raiz e,por conseqüência, o crescimento das culturas podem ser classifica-dos, quanto à sua natureza, em físicos e físico-hídricos (oxigenação,temperatura, umidade, textura, densidade e porosidade). Assim, sehouver restrição física ao crescimento das raízes por compactaçãodo solo, por exemplo, a planta esgota rapidamente os nutrientespresentes no espaço limitado à sua disposição, levando à deficiên-cia nutricional. A falta de oxigênio no solo, causada por adensamentoou por excesso de umidade, também afeta o crescimento radicular e,por conseguinte, a absorção de nutrientes.

Impedimentos de ordem química, como pH alto e interaçãoentre íons (Tabela 5), interferem na disponibilidade e na absorçãode micronutrientes.

pela nitrificação ou absorção do íon amônio. Este fato também ex-plicaria a absorção de Zn, cujo teor foliar apresentou tendênciaquadrática, com a máxima concentração na dose de 200 kg ha-1 de N.Do exposto, pode-se afirmar que há uma interação entre adubaçãonitrogenada e necessidade de Cu, Mn e Zn na cultura do milho.

A decomposição da matéria orgânica presente no solo de-sempenha papel crucial no ciclo de micronutrientes do solo, pelavariedade de compostos orgânicos formados, como ácido húmico eácido fúlvico, que complexam os cátions que seriam precipitados,mantendo-os em solução.

As quantidades de micronutrientes requeridas pelas plan-tas de milho são muito pequenas. Entretanto, a deficiência ou ex-cesso podem desorganizar os processos metabólicos, tais comocrescimento, fotossíntese e respiração. Em se tratando de aduba-ção equilibrada e do uso racional de micronutrientes para altas pro-dutividades de milho, é necessário conhecer suas principais fun-ções no metabolismo da planta bem como as características e quan-tidades dos adubos a serem aplicados, as quais são descritas deforma resumida a seguir:

• Zinco: ativador enzimático de diversos processos metabó-licos, como o da produção do aminoácido triptofano, precursor doAIA (ácido indol acético), responsável pelo crescimento de tecidosvegetais. O milho é uma das plantas que mais responde à aplicaçãode Zn no solo, proporcionando ganhos de matéria seca e de grãos. Amaioria das pesquisas apontam para a aplicação de Zn no solo,entretanto, há resposta também para aplicação via foliar e no trata-mento de sementes. Para aplicação no solo, preferir as fontes com, nomínimo, 60% a 70% do teor total de zinco solúvel em água. Observa-se que quanto maior o teor de Zn solúvel no fertilizante, menor seráa dose necessária para obter a produção máxima. A Figura 5 mostraque o aumento de 10% na solubilidade da fonte de zinco em águaelevou em 5% o ganho em matéria seca. De maneira geral, pode-seadotar as seguintes doses: no solo – 4 a 6 kg ha-1; tratamento desementes – 0,8 a 1,0 kg ha-1; aplicação foliar – 600 a 800 g ha-1.

• Boro: participa de vários processos fisiológicos na planta,como metabolismo de carboidratos, síntese de RNA e AIA, metabo-lismo dos compostos fenólicos, síntese da parede celular e integri-dade da membrana celular. É essencial para a germinação do grão depólen e formação do tubo polínico, por isso, espigas de plantasdeficientes em boro são tipicamente encurvadas, uma vez que auniformidade de seu crescimento está ligada à formação dos grãos(Figura 6). Outro sintoma típico de deficiência de boro em milho é ocrescimento anormal da folha-bandeira, que permanece enrolada,conhecido como “pendão sufocado” (Figura 7). Devido à mobilida-

Tabela 4. Faixas de teores adequados de micronutrientes em folhas demilho.

Boro Cobre Ferro Manganês Molibdênio Zinco

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (mg kg-1) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -110–25 6–20 30–250 20–200 0,1–0,2 15–100215–20 6–20 50–250 50–150 0,15–0,2 15–50310–25 6–20 30–250 20–200 0,1–0,2 15–10044–20 6–20 20–250 20–150 0,2 20–70

Fonte: 1 Raij et al. (1996); 2 Malavolta et al. (1997); 3 Oliveira (2002);4 Ribeiro et al. (1999).

Tabela 5. Interações entre macro e micronutrientes1.

Nutriente B Cu Mn Mo Zn

N – –

P – – – + –

Ca +/– – – –

S –

1 – = interação negativa, + = interação positiva.

Sistemas de produção que empregam altas doses de N ne-cessitam de maior cuidado nas aplicações de micronutrientes. Pes-quisa realizada por Ferreira et al. (2001) mostrou que houve maiorabsorção de Cu e Mn, estimada pelo aumento linear na concentra-ção foliar, com o aumento das doses de N (Figura 4). Este compor-tamento pode estar associado ao maior volume radicular propor-cionado pelo N bem como à acidificação da rizosfera, provocada

Figura 4. Teores de cobre e manganês nos grãos de milho em função dedoses de nitrogênio na forma de sulfato de amônio.

Fonte: Ferreira et al. (2001).

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8 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008

de do B no solo, recomenda-se o uso de fontes menos solúveis –2,0 a 3,0 kg ha-1 a lanço – e, em casos extremos, de fontes maissolúveis – 0,5 a 1,0 kg ha-1 B no sulco.

• Cobre: ativador enzimático de vital importância nos proces-sos de fotossíntese, respiração, metabolismo de carboidratos, redu-ção e fixação de N, metabolismo de proteínas e formação da paredecelular. A deficiência severa inibe a reprodução das plantas. Como omilho não é uma planta que produz grande quantidade de proteínasnos grãos, pode-se afirmar que somente em situação desfavorávelde cobre e em lavouras com elevado input de N poderia haverresposta ao seu fornecimento. Neste caso, devido às interaçõesque ocorrem com o Cu no solo, fixação por óxidos de ferro e alumí-nio e formação de complexo estável com a matéria orgânica, o mes-mo deve, preferencialmente, ser aplicado via foliar – 150 a 300 g ha-1.

• Manganês: atua como importante cofator para váriasenzimas-chave na síntese de metabólitos secundários associadosao ciclo do ácido chiquímico, incluindo os aminoácidos aromáticos,como triptofano, fenilalanina e tirosina. Os problemas de toxidez deMn nos solos brasileiros são mais comuns que os de deficiência,por isso, o conhecimento da disponibilidade no solo tem importân-cia fundamental para seu manejo. A tendência da aplicação superfi-cial de calcário, como ocorre em plantio direto, tem provocado adeficiência de Mn sobretudo nas culturas de soja e milho. A deficiên-cia é comum em milho cultivado após soja sem aplicação de Mn. Senecessário, recomenda-se fazer duas aplicações de 600 g ha-1, viafoliar.

• Molibdênio: interfere no crescimento, desenvolvimento eprodução de grãos, visto que é componente da enzima redutase donitrato, responsável pela redução de nitrato a nitrito e posteriormentea amônia (NH3). Sua deficiência é observada em milho desenvolvidoem solos minerais com grande quantidade de óxidos hidratadosde ferro reativos e, portanto, com alta capacidade para adsorveríons molibdato, como ocorre nos trópicos. Em geral, aplica-se 50a 110 g ha-1 de Mo, via foliar, 15 a 30 dias após a emergência.

Inúmeros trabalhos de pesquisa evidenciam que o milhoresponde às aplicações de micronutrientes, principalmente Zn, B,Mn e Mo, embora haja probabilidade de obter resposta ao Cu emáreas de plantio direto. Nestas áreas, com a possibilidade do culti-vo de milho resistente ao glifosato, é imprescindível o uso freqüen-te de micronutrientes, como Mn, Cu, Fe e Zn, devido à forte nature-za metal-quelante do herbicida, a qual diminui a absorção e trans-locação dos micronutrientes na planta. Como a natureza do proble-ma está relacionada com as alterações provocadas no solo, porparte do glifosato, haverá necessidade de aplicações foliares parasuprir a demanda por esses nutrientes.

USO RACIONAL DE FÕSFORO NA AGRICULTURAUSO RACIONAL DE FÕSFORO NA AGRICULTURAUSO RACIONAL DE FÕSFORO NA AGRICULTURAUSO RACIONAL DE FÕSFORO NA AGRICULTURAUSO RACIONAL DE FÕSFORO NA AGRICULTURACOM ÊNFASE NA CULTURA DO MILHOCOM ÊNFASE NA CULTURA DO MILHOCOM ÊNFASE NA CULTURA DO MILHOCOM ÊNFASE NA CULTURA DO MILHOCOM ÊNFASE NA CULTURA DO MILHO

Silvia Regina Stipp e Abdalla; Luís Ignácio Prochnow, IPNI Brasil,email: [email protected]

O fósforo (P) é um macronutriente pouco exigido pelas cul-turas, quando comparado aos outros macronutrientes. Desempe-nha papel importante na transferência de energia da célula, na res-piração e na fotossíntese. É também componente estrutural dosácidos nucléicos de genes e cromossomos, assim como de muitascoenzimas, fosfoproteínas e fosfolipídeos. Promove o crescimentoinicial e o desenvolvimento da raiz, aumenta a resistência da plantaao frio, melhora a qualidade da colheita e ajuda a suprimir doençasdas plantas, geralmente diminuindo seu efeito prejudicial.

Figura 5. Porcentagem de Zn solúvel na produção de matéria seca em trêsdoses do nutriente.

Fonte: Westfall et al. (1999).

Figura 7. À esquerda, planta de milho deficiente em boro, mostrando o cres-cimento anormal e o enrolamento da folha bandeira; à direita, plan-ta normal. No detalhe, folha deficiente (A) e folha normal (B).

Fonte: original de Hasime Tokeshi, Fundação Mokiti Okada.

A

B

Figura 6. Espigas de milho normal (A) e deficientes (B, C) em boro.Fonte: original de Hasime Tokeshi, Fundação Mokiti Okada.

(A)

(B)

(C)

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008 9

Os solos brasileiros são, em sua grande maioria, original-mente deficientes em P e a recuperação do elemento pelas plantasnormalmente é pequena. A quantidade média de P no solo é decerca de 400 kg ha-1 e, embora as quantidades requeridas pelasculturas sejam muito menores, como 45 kg ha-1 de P para o milho, asdoses aplicadas são de cerca de 100 kg ha-1 de P2O5. Em geral, esseparadoxo é explicado quando se analisa os mecanismos que gover-nam as transformações de P no solo, que incluem reações deadsorção e precipitação (Figura 8), dinâmica esta bem distinta daobservada para N e K.

No solo, o P encontra-se associado à matéria orgânica oufazendo parte de composto inorgânicos.

A fração inorgânica do P no solo encontra-se presente emduas fases, sólida e líquida, as quais estão em equilíbrio entre si.Desta forma, o P solúvel adicionado aos solos como fertilizantetende a passar rapidamente para formas menos solúveis, com con-seqüente redução da disponibilidade às plantas, ficando precipita-do ou adsorvido. Para que a absorção pelas plantas seja contínua,o P deve liberar-se da fase sólida e movimentar-se, por difusão, atéa superfície das raízes. E esta movimentação depende não somentedos teores de P em solução (P-solução), como também do podertampão do P-lábil e da umidade do solo.

Outro fator de grande influência sobre os mecanismos defixação de fosfatos é o pH do solo. A elevação do pH promovediminuição na retenção de P devido à liberação de hidroxilas quecompetem com os íons fosfatos pelos sítios de adsorção.

Observa-se também que a presença de cátions como Fe3+,Al3+ e Ca2+ favorece a retenção de P nos solos, pois esses cátiosreagem com os fosfatos, formando compostos de baixa solubilida-de, como fosfatos de ferro, de alumínio e de cálcio, que se precipi-tam na solução.

A intensidade das reações de retenção do P “solúvel” éproporcional ao volume de solo com o qual o fertilizante reage;assim, características dos solos e dos fertilizantes que propiciemmaior contato entre os fosfatos e o solo favorecem a fixação de P.

Solos mais argilosos, com argilas do tipo 1:1, retém mais P, compa-radas às argilas 2:1, o que provavelmente se deve à maior quantida-de de óxidos de Fe e Al associadas a elas. As formas de óxidos deferro e alumínio de baixa cristalinidade apresentam maior área su-perficial específica, o que determina sua maior reatividade químicacom os fosfatos.

É importante lembrar que os produtos das reações dos ferti-lizantes com o solo permanecem por muito tempo na forma lábil,podendo retornar para a solução por dissolução ou dessorção.Porém, com o tempo, parte do P-lábil é convertido em formas maisestáveis de difícil solubilização, tornando o elemento não disponí-vel ou dificilmente disponível.

Como conseqüência destes fatos, observa-se que há gran-de diminuição da concentração de P na solução do solo para asplantas, embora exista muito P no solo, mas em forma indisponível.

Em termos mundiais, mais de 99% dos fertilizantes fosfatadossão produzidos a partir de reservas de rochas fosfáticas e apenasuma quantidade muito pequena é fornecida na forma de escóriasbásicas, um subproduto da indústria de aço. Uma das preocupa-ções em relação aos recursos mundiais de rochas fosfáticas refere-se à possível longevidade de exploração das jazidas para fazer faceà crescente demanda desse recurso natural.

O Brasil participou com 4,0% na produção mundial defosfato em 2006, cerca de 5,8 milhões de toneladas, ocupando a7ª colocação.

As culturas que mais consumiram fertilizantes fosfatadosno Brasil, em 2006, foram: soja, com 7,1 milhões de toneladas (34%);milho, com 3,7 milhões de toneladas (17%) e cana-de-açúcar, com3,1 milhões de toneladas (15%).

A análise química do solo constitui-se no marco inicial deum bom programa de manejo químico do solo, pois ela mostra se oele poderá prover as exigências da planta de forma a se obter produ-tividades economicamente viáveis diante dos investimentos reali-zados e possibilita as definições das doses de calcário, gesso agrí-cola e fertilizantes.

A maior parte dos métodos de análise de solo, inclusive osusados no Brasil, avalia o fator quantidade, mas hádificuldade em isolar o fosfato lábil do fosfato não-lábil, ou mesmo de resíduos de adubos não dissolvi-dos no solo, quando são empregados extratores quetêm ação específica sobre determinadas formas de Pno solo.

No Brasil, há dois métodos utilizados ampla-mente para a diagnose de P no solo: o Mehlich 1, omais antigo, e o da resina trocadora de íons, o maisrecente. Outros métodos são utilizados em menorescala.

Para se chegar a uma recomendação adequadade fósforo para uma determinada região, os resulta-dos da análise de solo são divididos em classes deteores, sendo seus limites determinados em estudosde correlação, de calibração e de curva de resposta àaplicação de P. Assim, existem diversas tabelas parainterpretação dos teores de P no solo para diversasregiões, diversas culturas, algumas considerando oteor de argila, outras o teor de fósforo remanescente.A Tabela 6 apresenta os limites de teores mais comu-mente utilizados nas interpretações dos teores de Pdo solo no estado de São Paulo, com o uso da resinatrocadora de íons.

Figura 8. Formas de fósforo no sistema solo-planta.Fonte: NOVAES e SMYTH (1999).

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10 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008

Embora a análise de solo seja a base sobre a qual a reco-mendação de P é elaborada, fornecendo uma medida de P no re-servatório do solo que normalmente está disponível para o cresci-mento vegetal, ela deve ser coordenada com outras práticas im-portantes de manejo, como a avaliação do estado nutricional uti-lizando a diagnose foliar. As exigências nutricionais mudam com afase de desenvolvimento da planta e com o nível de produção, eesta variação deve ser considerada para a definição da épocacorreta de amostragem da planta. Recomenda-se a amostragem porocasião do aparecimento da inflorescência feminina (embone-camento), de folha abaixo e oposta à espiga (30 folhas por áreauniforme de 1-50 hectares).

A interpretação dos dados da análise foliar deve estar rela-cionada com padrões locais que permitam comparações. Para acultura do milho, essas referências podem ser fornecidas pelonível crítico do nutriente na folha ou pelo Sistema Integrado deDiagnose e Recomendação (DRIS). Embora possam ocorrer varia-ções em função da fertilidade do solo, da cultivar e, principalmen-te, da época de amostragem, a faixa de suficiência para a concen-tração de P nas folhas de milho é de 0,25 a 0,35 dag kg-1 de matériaseca (Figura 9).

em água, em citrato neutro de amônio (CNA) e em ácido cítrico (AC)a 2%, e são divididos em:

a) Fosfatos totalmente acidulados: ácido fosfórico, super-fosfato simples (SSP), superfosfato triplo (TSP), fosfato monoamô-nico (MAP) e fosfato diamônico (DAP). Além desses produtos,denominados tradicionais, outras opções de fosfatos totalmenteacidulados são importantes em regiões e situações específicas,como: ortofosfatos de potássio, polifosfatos de amônio, nitrofos-fatos e polifosfatos de amônio-uréia.

b) Fosfatos naturais: Patos de Minas, Catalão, Abaeté, Al-vorada, Tapira, Gafsa, entre outros.

c) Termofosfatos e fosfatos alternativos.

Normalmente, utiliza-se água para avaliar o P prontamentedisponível, o CNA + água para os fosfatos totalmente acidulados eo AC para os fosfatos naturais e os termosfatos.

A melhor alternativa na escolha da fonte de P deve associarboa eficiência em suprir as necessidades das plantas e menor custodo fertilizante.

A eficiência agronômica de fosfatos pode ser avaliada porintermédio de diversos índices, dentre os quais se destacam a solu-bilidade nos extratores descritos, o índice de eficiência agronômica(IEA) e o equivalente em superfosfato triplo (EqST), cuja eficiênciaagronômica é aferida por meio de índices estabelecidos pela com-paração com um fosfato padrão (Tabela 7).

Tabela 6. Limites de interpretação de teores de fósforo do solo.

P resinaFlorestais Perenes Anuais Hortaliças

(%) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (mg dm-3) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Muito baixo 0-70 0-2 0-5 0-6 0-10Baixo 71-90 3-5 6-12 7-15 11-25Médio 91-100 6-8 13-30 16-40 26-60Alto > 100 9-16 31-60 41-80 61-120Muito alto > 100 > 16 > 60 > 80 > 120

Fonte: RAIJ et al. (1996).

Teor Produção relativa

Figura 9. Relação entre a produção relativa de grãos e a concentração defósforo na folha de milho.

Fonte: Modificada de COELHO (2000).

Nos adubos fosfatados, o P pode estar em diferentes for-mas, ou seja, prontamente disponível, medianamente disponível ouindisponível. Os principais tipos de adubos fosfatados disponíveisno mercado são classificados principalmente quanto à solubilidade

Tabela 7. Índices de eficiência comparativa média, tendo o superfosfatotriplo como fonte de referência (EqST), na cultura do milho, nasdoses de 100 e 200 kg ha-1 de P2O5 (P resina = 5 mg dm-3).

EqST (%)

Primeiro ano Segundo ano

Superfosfato triplo 100 100Termofosfato magnesiano 106 103Fosfato de Gafsa granulado 58 92Fosfato de Patos de Minas 1 6

Fonte: COUTINHO et al. (1991).

Fontes de fósforo

Resultados de inúmeros trabalhos que estudaram a efi-ciência dos fertilizantes fosfatados mostram que, nas condiçõesagrícolas usuais, as formas de P solúveis em água – fosfato mo-nocálcico e fosfatos de amônio – são, em geral, bastante eficien-tes. Algumas formas insolúveis em água podem apresentar tam-bém boa eficiência: fosfato bicálcico e silíco-fosfato de cálcio emagnésio. Com eficiência geralmente baixa encontram-se o fosfato

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008 11

tricálcico e os fosfatos de ferro e alumínio, também insolúveis emágua mas estes últimos, em certas situações particulares, podemse comportar eficientemente. Quanto ao grupo das apatitas, aspresentes nas rochas sedimentares são, normalmente, mais efici-entes do que as encontradas nas rochas metamórficas e ígneas;por isso, os fosfatos naturais de rochas sedimentares são conhe-cidos como reativos.

Os fatores que afetam a eficiência da adubação fosfatadasão muito numerosos e estão relacionados às reação do fósforo nosistema adubo-solo-planta. Assim, a eficiência agronômica incluios processos de absorção do fósforo da solução do solo após aadição do adubo, sua translocação na planta (incorporação) e res-pectiva transformação em biomassa vegetal. Nessa condição, estãoenvolvidos os fatores relacionados a:

• Fertilizante: tipo, composição, solubilidade, granulometria,efeito residual e outros;

• Solo: químicos – salinidade, acidez, disponibilidade e toxidezde nutrientes/elementos, capacidade de fixação de nutrientes,lixiviação e perdas gasosas e outros – e físicos – textura, camadascompactadas, selamento e encrostamento superficiais, condutivi-dade hidráulica, capacidade de retenção de água, alagamento eoutros;

• Modificações na rizosfera – mudanças de pH, concentra-ção de íons, potencial redox, atividade microbiana, presença demicorrizas e densidade e umidade do solo – provocadas pelas pró-prias raízes, que envolvem absorção seletiva de íons e de água eliberação de exudatos;

• Manejo do solo – doses de P e de outros nutrientes, formade aplicação, efeito residual – e manejo de culturas – seqüência/rotação;

• Planta: fisiológicos, morfológicos e bioquímicos;• Ambiente: luminosidade, radiação, temperatura, umidade e

outros.As diferentes estratégias de manejo do solo quanto à nutri-

ção de plantas com P envolvem:a) Aplicações anuais ou de manutenção, com o objetivo de

nutrir as plantas no ano específico, com quantidades da ordem dekg ha-1 de P2O5;

b) Aplicação corretiva, com o objetivo de corrigir e elevar oteor de P no solo, com quantidades da ordem de t ha-1 de P2O5(custo mais elevado).

Figura 10. Algumas das práticas de manejo que aumentam a eficiência daadubação.

Tabela 8. Adubação mineral de plantio para milho de acordo com a análise de solo e a produtividade esperada.

N P resina (mg dm-3) K+ trocável (mmolc dm-3)

0-6 7-15 16-40 > 40 0-0,7 0,8-1,5 1,6-3,0 > 3,0

(t ha-1) (kg ha-1) - - - - - - - - - - - P2O5 (kg ha-1) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - K2O (kg ha-1)(2) - - - - - - - - - - -

2-4 10 60 40 30 20 50 40 30 04-6 20 80 60 40 30 50 50 40 206-8 20 90 70 50 30 50 50 50 308-10 30 (1) 90 60 40 50 50 50 4

10-12 30 (1) 100 70 50 50 50 50 50

(1) É improvável a obtenção de alta produtividade de milho em solos com teores muito baixos de P, independentemente da dose de adubo empregada.(2) Para evitar excesso de sais, no sulco de plantio, a adubação potássica para doses maiores que 50 kg ha-1 de K2O está parcelada, prevendo-se a aplicaçãoem cobertura.Fonte: RAIJ et al. (1996).

Produtividadeesperada

Uma outra alternativa seria a adubação anual (suco de plan-tio) com a correção ao longo dos anos, monitorada através da aná-lise de solo.

Existem várias tabelas para a definição das doses de P a apli-car, tanto para adubação de manutenção quanto para adubação cor-retiva, as quais variam de acordo com a região do país. A Tabela 8apresenta a adubação mineral de plantio para a cultura de milho(grãos e silagem) para o Estado de São Paulo, de acordo com aanálise de solo e a produtividade esperada. Além da adubação NPK,recomenda-se aplicar 20 kg ha-1 de S para metas de produtividadede até 6 t ha-1 de grãos e 40 kg ha-1 de S para produtividades maio-res. Utilizar também 4 kg ha-1 de Zn em solos com teores de Zn(DTPA) inferiores a 0,6 mg dm-3 e 2 kg ha-1 de Zn quando os teoresestiverem entre 0,6 e 1,2 mg dm-3. Os adubos devem ser aplicadosno sulco de plantio, 5 cm ao lado e abaixo das sementes.

Assim, em função do teor de P no solo, da cultura, da produ-tividade almejada, da tabela de adubação e de estudos regionais,chega-se à dose de P2O5 a aplicar. E com a dose e a porcentagem deP2O5 no fertilizante define-se a quantidade de adubo a ser utilizada.

Finalmente, deve-se considerar que, para aumentar a efi-ciência da adubação fosfatada, é necessário adotar um sistema deprodução diversificado, proporcionado pela rotação de culturas epelo plantio direto, os quais resultam em maior reciclagem de nu-trientes, menor incidência de pragas e doenças e maior proteçãoambiental (Figura 10).

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12 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008

No plantio direto, a manutenção dos resíduos e seu acúmulono solo provocam uma redistribuição do fósforo em formas orgâ-nicas mais ou menos estáveis (Po), com relevante papel da biomassamicrobiana na disponibilidade de P à plantas. O não revolvimentodiminui a superfície de contato entre os íons fosfato e as partícu-las do solo, diminuindo a ação dos mecanismos de fixação pelosconstituintes minerais do solo. As alterações na disposição daspartículas e a manutenção da umidade no solo favorecem o meca-nismo de difusão do nutriente até a superfície das raízes. Alémdisso, os ânions orgânicos produzidos durante a oxidação bio-química e microbiológica dos resíduos competem com os íonsfosfato pelos sítios de ligação na superfície dos sesquióxidos deFe e Al, diminuindo a fixação de fósforo. Resultados de experi-mentos demonstram que, dos macronutrientes, o fósforo é o ele-mento que apresenta os maiores acréscimos na camada de 0-5 cm,com relatos da ordem de 4 a 7 vezes o seu conteúdo no plantiodireto em relação ao preparo convencional. Outro fato importantea salientar é o aumento da porcentagem de P-orgânico em relaçãoao P-total na subsuperfície dos solos sob longo período em plan-tio direto, com a redistribuição de formas orgânicas de P após adecomposição do sistema radicular das culturas, onde normal-mente o fósforo inorgânico tem a sua disponibilidade muito re-duzida.

Resumindo, as sugestões gerais para o manejo adequadodo fósforo incluem os seguintes itens:

• Avaliação e monitoramento constante da fertilidade do solo.• Observação cuidadosa do mercado – preço do fertilizante.• Práticas específicas de manejo do fertilizante fosfatado.• Aplicação das melhores práticas de manejo de fertilizantes

(MPMFs), considerando o produto certo, aplicado no local corretoe na dose e época adequadas.

• Diversificação dos sistemas de cultivo.

FONTES ALTERNATIVAS DE NITROGÊNIO PARAFONTES ALTERNATIVAS DE NITROGÊNIO PARAFONTES ALTERNATIVAS DE NITROGÊNIO PARAFONTES ALTERNATIVAS DE NITROGÊNIO PARAFONTES ALTERNATIVAS DE NITROGÊNIO PARAA CULTURA DO MILHOA CULTURA DO MILHOA CULTURA DO MILHOA CULTURA DO MILHOA CULTURA DO MILHO –Heitor Cantarella; Rafael Marcelino; Instituto Agronômico, Cam-pinas, SP; email: [email protected]

O N e o K são os elementos absorvidos em maiores quan-tidades pela cultura do milho. Porém, o manejo da adubaçãonitrogenada exige mais cuidados devido às inúmeras reações e aocomplexo ciclo desse nutriente no solo, aliado ao fato de ser, ge-ralmente, o elemento mais caro no sistema de produção da cultura.

Em solos bem arejados predomina o N na forma nítrica(NO3

-). O N amoniacal, tanto o proveniente da mineralização damatéria orgânica do solo quanto o de fertilizantes amídicos ouamoniacais, é convertido a nitrato por microrganismos do solo.Esse processo, conhecido como nitrificação, é favorecido por con-dições aeróbias, altas temperaturas e pH próximo da neutralidade,entre outros fatores.

Os fertilizantes nitrogenados, quando utilizados em quanti-dades excessivas ou em situações desfavoráveis, podem ser perdi-dos e, eventualmente, converterem-se em poluentes ambientais. Asperdas ocorrem por:

• Lixiviação: A predominância de cargas negativas na cama-da superficial do solo e a baixa interação química do NO3

- com osminerais do solo fazem com que esse ânion esteja sujeito a perdaspor lixiviação, acompanhando o movimento descendente da águaque percola no perfil do solo.

• Desnitrificação: em diferentes etapas das inúmeras rea-ções do N no solo ocorrem perdas gasosas – N2 e N2O – em condi-ções anaeróbias totais (solos inundados) ou parciais (sítios anae-róbios em um solo predominantemente aeróbio).

• Volatilização da amônia (NH3): o íon amônio (NH4+) pre-

domina em condições de pH ácido e a forma gasosa, NH3, emcondições de pH alcalino. Portanto, esse tipo de perda não é impor-tante nos solos ácidos do Brasil, exceto quando se usa uréia. Areação de hidrólise desse fertilizante na superfície dos solos geraNH3 e CO2, independentemente do pH do solo. As perdas, quepodem chegar a 60%, dependem das condições ambientais (umida-de, características do solo) e são maiores em sistemas manejadoscom resíduos na superfície do solo, principalmente em sistema plan-tio direto, pois a atividade da urease é maior em plantas e resíduosvegetais do que em solo.

• Imobilização no solo: o N pode se tornar temporariamenteindisponível para as plantas por meio de reações de imobilizaçãoem formas orgânicas do solo, promovidas por microrganismos, quan-do a relação C/N do meio for elevada, como ocorre em áreas comaporte de grandes quantidades de palha.

Tanto as condições favoráveis à nitrificação quanto àlixiviação de NO3

- estão presentes na maioria dos solos brasilei-ros durante o período de cultivo do milho de primavera-verão.No Brasil, existem relativamente poucos trabalhos em que per-das de NO3

- por lixiviação tenham sido avaliadas em sistemasagrícolas. Para milho, de modo geral, as perdas relatadas sãobaixas, e as explicações mais prováveis são o uso de doses de Nrelativamente baixas, a textura argilosa da maioria dos locais, oparcelamento da adubação nitrogenada, na qual a maior parte doN é aplicada no período de ativa absorção de N pelas plantas, ea imobilização pela microbiota do solo, que também colaborapara reduzir esse tipo de perda. A lixiviação pode ser problemaem áreas de cultivo intensivo, onde se aplicam altas doses de N,em áreas com cultivo de hortaliças, em solos arenosos e em con-dições de chuvas intensas.

Com tantas reações que dificultam ou impedem a absorçãodo N pelas plantas, a eficiência de uso do N fertilizante pelas cultu-ras varia de 40 a 60%, como mostram os dados de dezenas de expe-rimentos.

A maior parte dos fertilizantes nitrogenados comumente uti-lizados na agricultura brasileira para a cultura do milho é solúvel emágua (uréia, sulfato de amônio, nitrato de amônio) e libera rapida-mente no solo as formas de N prontamente assimiláveis pelas plan-tas – nitrato (NO3

-) e amônio (NH4+) – que também são as formas de

N mais suscetíveis a perdas do sistema agrícola.A estratégia mais comum para minimizar as perdas é adequar

a aplicação do fertilizante nitrogenado às necessidades da cultura,levando em conta as características do produto usado. Em relaçãoà lixiviação, recomenda-se o parcelamento da adubação de formaque o N seja fornecido nos períodos que antecedem a maior deman-da e quando as plantas já tenham um sistema radicular desenvolvi-do o suficiente para absorver o nutriente. Para evitar as perdas porvolatilização de NH3, o meio mais eficiente é incorporar o fertilizanteao solo, a uma profundidade mínima de 3 a 5 cm, por meio mecânicoou irrigação.

Outras alternativas para aumentar a eficiência de uso do Npelas culturas estão relacionadas ao uso de fertilizantes com maioreficiência (enhanced-efficiency fertilizers), que podem ser classifi-cados em fertilizantes de liberação lenta ou controlada e fertilizan-tes estabilizados, que são descritos a seguir:

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008 13

1) Fertilizantes de liberação lenta ou controlada, com baixasolubilidade em relação a uma fonte solúvel de referência. São clas-sificados basicamente em dois grupos:

• Compostos de condensação de uréia e uréia-aldeídos:ureaformaldeído (38% de N), isobutilidene diuréia (IBDU,31% de N), crotonilidene diuréia (CDU, 32% de N), e

• Produtos encapsulados ou recobertos, ou de liberaçãocontrolada: uréia recoberta com enxofre (SCU) e uréia reco-berta com polímeros (Osmocote, Meister, Nutricote e outros).

2) Fertilizantes estabilizados, que contêm aditivos para au-mentar o tempo de disponibilidade no solo:

• Inibidores de nitrificação: nitrapirina [2-cloro-6-(tricloro-metil) piridina] (NP), dicianodiamida (DCD), DMPP (fosfatode 3,4 dimetil pirazole) e outros.

• Inibidores de urease: fenil-fosforodiamidato (PPD) e tiofos-fato de N-n-butiltriamida (NBPT) são os compostos demaior sucesso até o momento, entre milhares de misturas.

De forma geral, os fertilizantes estabilizados possuem maiorimportância no mercado de fertilizantes usados na cultura do milhodo que os de liberação lenta ou controlada, devido ao alto custo deprodução destes últimos (três a dez vezes maior, comparado ao dosfertilizantes convencionais), que restringe seu uso a nichos de mer-cado de alto valor agregado, tais como viveiros de mudas, campose jardinagem. Porém, há grande esforço da indústria mundial defertilizantes para desenvolver produtos desta família com preço com-petitivo.

O efeito positivo da adição de inibidores de nitrificaçãodepende da ocorrência de condições que levem a perdas porlixiviação com o uso de fontes ou métodos convencionais de apli-cação de fertilizantes. Não parecem ser substitutos para bom ma-nejo, mas oferecem flexibilidade para alternativas de manejo (an-tecipação de aplicação, redução de parcelamentos). Os resulta-dos favoráveis observados na Europa não foram reproduzidos noBrasil.

O uso de nitrapirina (NP) tem se restringido aos EstadosUnidos, sendo utilizado primordialmente para fertilizantesnitrogenados amoniacais, tais como amônia anidra, uréia, sulfatode amônio, uran, nitrato de amônio e estercos animais. Sua taxa deaplicação é relativamente baixa, variando de 0,4 a 1,4 kg ha-1 doingrediente ativo e seu efeito inibidor se manifesta geralmente porseis a oito semanas. Uma desvantagem da NP é a sua pressão de

vapor relativamente alta, com tendência à volatilização, o que temlevado o fabricante a recomendar a incorporação do produto aosolo logo após a aplicação.

A DCD apresenta poder de inibição relativamente menorque o da NP, sendo necessária a aplicação de doses maiores para seobter boas taxas de inibição. Tem a vantagem de ser também umfertilizante nitrogenado de liberação lenta, solúvel em água, poucovolátil, podendo ser armazenada indefinidamente em condiçõessecas. Essas características a tornam apta para ser utilizada junto afertilizantes amoniacais sólidos, tais como uréia e sulfato de amônio,e fluidos, como uran.

Vários experimentos conduzidos nos Estados Unidoscomparando o uso de DCD e de NP em relação ao adubo nitroge-nado mostraram que as maiores respostas ao uso de inibidores denitrificação podem ser obtidas em solos arenosos. Geralmente, aeficiência de DCD na inibição da nitrificação foi superior à da NPquando se usou uréia e uran (Tabela 9).

O DMPP é um inibidor de nitrificação desenvolvido recen-temente, compatível fisicamente com fertilizantes granulados, sendobastante eficiente para inibir a nitrificação, mesmo quando aplicadoem doses baixas. Geralmente é recomendado na dose de 1% emrelação à quantidade de N-NH4

+ ou N-amida dos fertilizantes. Alémdisso, ele tem baixa toxidez e é bem tolerado pelas plantas. Na Europa,a adição de DMPP à adubação nitrogenada na cultura de milhoproporcionou incremento de produção de grãos, sem prejuízo àsdemais variáveis analisadas (Tabela 10).

Entre as opções de fertilizantes estabilizados não conven-cionais para culturas extensivas, os contendo inibidores de ureasetêm sido os de maior expressão comercial, inclusive no Brasil. Osinibidores de urease representam uma opção de manejo na culturado milho que pode ser revertida em incrementos de produção,especialmente em áreas onde a cultura é conduzida no sistema deplantio direto e se realizam adubações com uréia em superfície,condições favoráveis para a ocorrência de perdas de N por vola-tilização de amônia.

O PPD mostrou resultados inconsistentes em testes decampo, além de se decompor rapidamente no solo, conduzindo àperda da capacidade inibidora em intervalos relativamente curtos.

Já o NBPT vem mostrando os melhores resultados entre osinibidores de urease, sendo eficiente em baixas concentrações(cerca de 500 a 1.000 mg NBPT por kg de uréia). Além disso, suaaplicação não tem mostrado efeito sobre as propriedades bio-

Tabela 9. Eficiência relativa de dicianodiamida (DCD) e nitrapirina (NP) em estudo com várias aplicações e fontes de nitrogênio na produção de milhoem solos arenosos nos Estados Unidos1.

Número de Número de resposta Porcentagem média doscomparações significativas favoráveis2 incrementos relativos

DCD NP DCD NP DCD NP

Outono Uréia 6 - 3 - 4,9 -Pré-plantio/primavera Uréia 20 20 9 10 27,1 16,1Pré-plantio/primavera Uran 6 6 4 2 28,9 11,4Pré-plantio/primavera Amônia anidra 12 6 8 3 20,6 8,2Cobertura/parcelado Uréia 15 15 4 5 5,1 4,1Cobertura/parcelado Uran 6 6 2 2 1,5 1,0

1 Dados referentes às doses de N ideais ou próximas disso, para cada um dos experimentos nos 13 anos de estudo.2 Significativo ao nível de 90% de probabilidade.Fonte: Adaptada de Malzer et al. (1989).

Época e forma de aplicação Fonte de N

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14 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008

Tabela 11. Perdas de N por volatilização de NH3 medidas em ensaios decampo conduzidos no Brasil.

Volatilização de NH3 (percentagem deredução comparado à uréia)

Uréia Uréia-NBPT

- - - - - - - (% do N aplicado) - - - - - - -Milho em Mococa 45 24 (47)Milho em Ribeirão Preto 37 5 (85)Milho em Mococa 64 22 (65)Milho em Pindorama 48 34 (29)

Pastagem 1 18 6 (69)Pastagem 2 51 22 (56)Pastagem 3 18 3 (83)Pastagem 4 18 2 (89)

Média 37 15 (60)

Local

Tabela 10. Efeito da aplicação de adubo nitrogenado com DMPP nos componentes de produção de milho1. Resultados médios de 14 ensaios, 140 kg ha-1 N.

Fertilizante Dose de N Produção de grãos kg grãos kg-1 N Proteína bruta N removido - Grãos

(kg ha-1) (t ha-1) (kg ha-1) (%) (kg ha-1)Controle - 6,69 a - 8,4 a 76,4 aSNA2 - 9,10 b 17,21 9,6 b 116,8 bSNA + DMPP3 140 9,34 c 18,93 9,4 b 118,0 b

1 Valores na mesma coluna seguidos da mesma letra não diferem estatisticamente (Duncan, 5%).2 SNA: sulfonitrato de amônio (18,5% N-NH4

+ e 7,5% N-NO3-), aplicado no plantio.

3 Dose de DMPP: 1% N-NH4+ do fertilizante.

Fonte: Pasda et al. (2001).

lógicas do solo, o que contribuiu para tornar seu uso viável.Estudos desenvolvidos no Brasil e no exterior mostram que oNBPT não é capaz de controlar completamente as perdas de NH3que acontecem quando a uréia é aplicada na superfície de solos,tendo em vista que sua ação depende de condições ambientais edas características físico-químicas do solo. Sua estabilidade é de3 a 15 dias, dependendo da temperatura e da umidade do solo. Aocorrência de chuvas suficientes para incorporar a uréia ao soloem um intervalo de 3 a 7 dias após a adubação é a condição quemais favorece a eficiência do NBPT em reduzir as perdas porvolatilização de NH3. Porém, mesmo na ausência de chuvas, algumaredução na volatilização tem sido observada.

No Brasil, perdas de N por volatilização de NH3 foramavaliadas nos últimos anos em mais de uma dezena de ensaios decampo, comparando a uréia tradicional com a uréia tratada com1.050 mg ou 530 mg de NBPT por kg de uréia, com os fertilizantesaplicados na superfície sem incorporação e em solo coberto compalha (SPD para milho) ou restos de plantas (pastagens). As perdasde N por volatilização nas parcelas adubadas com uréia variaram de18% a 65% do N aplicado, ao passo que essas perdas foramreduzidas em média em 60% quando a uréia foi tratada com NBPT(Tabela 11), dependendo da temperatura e da umidade inicial dosolo e do período e intensidade das chuvas que aconteceram nosdias subseqüentes à adubação. No ensaio de milho em RibeirãoPreto, chuvas intensas no quarto dia (42 mm) contribuíram parareduzir as perdas de NH3 do tratamento com NBPT, mas, para a uréianão tratada, a volatilização nesse intervalo já havia sido apreciável.

Em Mococa, não houve chuva por 14 dias depois da adubação e,mesmo nas parcelas que receberam uréia com o inibidor, as perdasatingiram 22% do N aplicado.

É pouco provável que a uréia venha a ser substituída poroutro fertilizante a curto prazo, se é que o será no futuro. Assim, oNBPT, embora venha apresentando eficiência apenas relativa parareduzir o principal problema associado ao emprego da uréia, é umaalternativa para quando a incorporação da uréia, por meio mecânicoou com irrigação, não for viável.

MERCADO DE FERTILIZANTES: PRESENTE E FUTUROMERCADO DE FERTILIZANTES: PRESENTE E FUTUROMERCADO DE FERTILIZANTES: PRESENTE E FUTUROMERCADO DE FERTILIZANTES: PRESENTE E FUTUROMERCADO DE FERTILIZANTES: PRESENTE E FUTUROEduardo Daher – ANDA, São Paulo, SP, email: [email protected]

Sob o ponto de vista de mercado, o fertilizante é um produtohomogêneo, complementar, é bem de compra comparada e apresen-ta sazonalidade e riscos, advindos do clima e do crédito rural. Porisso, o produto está sujeito à disputa de preços e à baixa fidelidadedo consumidor à marca comercial e a sua compra passou a ser feitacom antecipação.

O mercado de fertilizantes é livre e competitivo e a vendasofre influência da múltipla segmentação do mercado, ou seja, inde-pendente do aspecto agronômico, a venda é ditada por segmentosrelacionados a cultura, região, grau de tecnologia, área, etnia e outros.

É produto de mercado que exige globalização, sendo oligo-polizado em alguns segmentos (por exemplo, KCl), comoditizadoem algumas situações (por exemplo, DAP) e não apresenta inova-ção tecnológica marcante.

O consumo global de fertilizantes aumentou como resulta-do, principalmente, da expansão da demanda nos países emergentes,como China e Índia. Inicialmente, grande parte do aumento da pro-dução de fertilizantes destinava-se a grãos da dieta básica, comotrigo e arroz. No entanto, recentemente, o crescimento econômicomundial e o conseqüente aumento na renda das famílias, juntamen-te com a produção acelerada de biocombustíveis, como o etanolfeito com milho, impôs uma nova pressão sobre as reservas degrãos. Esses fatores geraram uma demanda crescente por fertilizan-tes e preços mais altos por estes produtos. Nos Estados Unidos, amaior demanda por fertilizantes foi impulsionada pela maior produ-ção de milho em detrimento da soja, e o milho consome duas vezesmais fertilizantes que a soja. Outros fatores de influência foram:reduções da capacidade de produção em países exportadores e aexpressiva alta nos fretes oceânicos.

O movimento de alta de preços dos fertilizantes no Brasilreflete o panorama do mercado internacional, provocando escassezdo produto no país. A demanda crescente por alimentos e biocom-bustíveis estimulou o aumento do plantio em todas as regiões e,

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008 15

Nota: “Produção de fósforo” inclui produção com matérias-primas inter-nacionais.

como conseqüência, fornecedores de fertilizantes do mundo nãoconseguiram acompanhar o ritmo de crescimento da demanda poradubos.

O consumo de fertilizantes no Brasil representa menos de6% do total mundial, ocupando o quarto lugar no ranking do mer-cado internacional, depois da China, Índia e Estados Unidos. Dife-rente do Brasil, na China e na Índia os fertilizantes são subsidiados,a logística é privilegiada e a segurança alimentar é definida comosegurança nacional.

No Brasil, as importações representam 74% do suprimentode fertilizantes (Figura 11), ou seja, o país encontra-se altamentedependente do mercado internacional e, em função disso, a indús-tria nacional adota preços comparáveis ao do mercado internacio-nal (price taker). Assim, caso não haja expansão na capacidade deprodução agrícola, a necessidade por importações tenderá a au-mentar (Figura 12).

Para melhorar este cenário e reduzir os custos dos produtosvendidos aos agricultores é necessária uma política específica pararegular o mercado, ampliar a produção brasileira e diminuir os im-postos nas importações de adubos. Entre os desafios a serem en-frentados, podem ser citados: alta taxa de juros (a maior do mun-do: 11,75% ao ano); aumento da inadimplência e renegociaçõesde dívidas; falta de subsídios; barreiras internacionais; déficitlogístico e de infra-estrutura; desbalanço no consumo de N, P eK; inconsistência no consumo de calcário; dívida de R$ 131 bi-lhões (US$ 73 bilhões) oriundas de diferentes programas de créditorural (bancos, tradings, fornecedores de insumos); ausência deseguro agrícola/climático. Além disso, a capacidade de escoamentodo mercado brasileiro é rudimentar, prejudicando principalmente osprodutores distantes do mercado consumidor ou dos portos, e acapacidade de armazenamento é deficiente, forçando o agricultor avender seu produto em momentos muitas vezes inadequados, pornão ter onde armazená-lo.

Por outro lado, as oportunidades do mercado agrícola sãoimensas e o setor de fertilizantes revela-se estratégico, tendo emvista a vocação do Brasil como potência agrícola em alimentos ebioenergia. Portanto, é preciso buscar, com urgência, maior auto-suficiência nacional neste insumo.

BIORREGULADORES, AMINOÁCIDOS E EXTRATOS DEBIORREGULADORES, AMINOÁCIDOS E EXTRATOS DEBIORREGULADORES, AMINOÁCIDOS E EXTRATOS DEBIORREGULADORES, AMINOÁCIDOS E EXTRATOS DEBIORREGULADORES, AMINOÁCIDOS E EXTRATOS DEALGAS: VERDADES E MITOSALGAS: VERDADES E MITOSALGAS: VERDADES E MITOSALGAS: VERDADES E MITOSALGAS: VERDADES E MITOSJoão Domingos Rodrigues, UNESP, Botucatu, SP, email: [email protected]

O milho ocupa importante papel na alimentação humana e,com o advento do etanol, a demanda por este cereal tem aumentadomuito nos Estados Unidos. No Brasil, a média de produtividade domilho está em torno de 3 t ha-1, muito abaixo daquela alcançada emáreas com adoção de alta tecnologia, como nos Estados Unidos,que é de cerca de 9 t ha-1 de milho, muito aquém ainda do seupotencial genético produtivo, que é de cerca de 38 t ha-1.

Desta forma, torna-se estratégico o emprego de novastecnologias que proporcionem aumentos de produtividade, melho-rem o aproveitamento dos recursos disponíveis, visando susten-tabilidade dos sistema agrícolas, e evitem prejuízos ao ambiente.

Os componentes da produtividade do milho, tais comonúmero de plantas por unidade de área, número de fileiras por espiga,número de grãos por fileira e massa de grãos, são determinados porprocessos fenológicos como germinação, desenvolvimento vege-tativo, florescimento, granação e maturação. Apesar de o milhoapresentar elevado potencial produtivo, fatores bióticos e abióticosinfluenciam sua capacidade de produção. Dentre estes fatores, os

Figura 13. Entregas de produtos e nutrientes ao consumidor final. Dadosde 2008 correspondem ao primeiro trimestre.

Fonte: ANDA, SIACESP.

Figura 11. Consumo brasileiro de nitrogênio, fósforo e potássio e quanti-dades supridas por produção nacional e por importação em2007, em milhões de toneladas (Mt).

Fonte: ANDA, SIACESP.

Notas:• Produção = amônia, rocha fosfática e KCl.• Necessidade de importação: consumo menos importação.• Produção em 2012 considera projetos em implementação.

Figura 12. Demanda e oferta de fertilizantes no Brasil, em milhões detoneladas (Mt).

Fonte: Dados de 2002: ANDA e IFA; 2007 a 2012, dados estimados.

A maior venda de adubos realizada no país no primeiro tri-mestre de 2008 (Figura 13), a despeito do aumento dos preços, éexplicada pelo plantio de milho safrinha. Também está havendoantecipação da safra de verão e compra antecipada de safras.

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16 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008

hormônios vegetais desempenham função importante. Estes sãocompostos orgânicos, não nutrientes, de ocorrência natural, produ-zidos nas plantas em baixas concentrações (10-4 M), que promovem,inibem ou modificam processos fisiológicos e morfológicos dosvegetais, podendo uniformizar a germinação, controlar o desen-volvimento vegetativo, promover florescimento, auxiliar no processode enchimento de grãos e antecipar ou atrasar a maturação (Figu-ra 14). Até recentemente, apenas seis tipos de hormônios eram con-siderados: auxinas, giberelinas, citocininas, retardadores, inibidorese etileno. Contudo, hoje, outras moléculas com efeitos similares têmsido descobertas, tais como, brassinosteróides, ácido jasmônico(jasmonatos), ácido salicílico (salicilatos) e poliaminas.

Nos últimos anos, os biorreguladores, os aminoácidos e osextratos de algas têm estado em evidência e despertado o interessedos produtores pelo potencial em promover aumentos de pro-dutividade.

• BiorreguladoresOs biorreguladores ou reguladores vegetais são compostos

orgânicos, naturais ou sintéticos que, em pequenas quantidades,promovem ações similares aos grupos de hormônios vegetaisconhecidos. Essas substâncias podem ser aplicadas diretamentenas plantas (folhas, frutos, sementes), provocando alterações nosprocessos vitais e estruturais com a finalidade de incrementar aprodução, melhorar a qualidade e facilitar a colheita, mesmo sobcondições ambientais adversas.

O único regulador de crescimento vegetal do grupo químicocitocinina + giberelina + ácido indolbutírico registrado para acultura do milho no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas-tecimento (MAPA) é o Stimulate®, da Stoller do Brasil, contendoem sua formulação 90 mg L-1 de cinetina (citocinina), 50 mg L-1 deácido indolbutírico (auxina) e 50 mg L-1 de ácido giberélico (gibe-relina).

Para que haja resposta, promoção, inibição ou alteraçãometabólica do vegetal a um determinado hormônio, este deve: a) estarem quantidade suficiente nas células adequadas, b) ser reconhe-

cido e capturado por receptores específicos localizados na mem-brana plasmática de células vegetais e c) ter seus efeitos ampli-ficados por mensageiros secundários (geralmente um mineral,normalmente Ca ou P) (Figura 15). Assim, diferentes respostasfisiológicas, como floração, germinação, crescimento, alongamento,acontecem em função das diferentes enzimas formadas por cada umdos reguladores que são aplicados. Por isso, é importante sempremanter na planta, primeiro, o equilíbrio nutricional, e depois ohormonal.

Com os inúmeros benefícios obtidos a partir da aplicação dereguladores vegetais sobre as plantas cultivadas, combinaçõesdesses produtos têm sido estudadas. Além disso, raramente oshormônios vegetais agem sozinhos, mesmo quando uma respostano vegetal é atribuída à aplicação de um único regulador vegetal, otecido que recebeu a aplicação contém hormônios endógenos quecontribuem para as respostas obtidas. As inter-relações no desen-volvimento vegetal resultam da combinação de muitos sinais, daação conjunta de muitas dessas substâncias.

As sementes constituem o principal veículo de multiplicaçãode espécies cultivadas. Além disso, a população de plantas, um doscomponentes da produtividade, em uma determinada área cultivada,é determinada, entre outros fatores, pela germinação de sementes,que começa com a absorção de água e termina com o alongamentodo eixo embrionário. Práticas de manejo que permitam maximizar opotencial fisiológico das sementes após a semeadura são de grandeimportância para a obtenção de elevadas produtividades.

A principal razão para o uso de reguladores vegetais emmilho tem sido promover melhor germinação de sementes, visandoreduzir falhas no estande e melhorar o desenvolvimento do sistemaradicular, pois como os recursos de solos, água e nutrientes estãoirregularmente distribuídos, quanto maior a habilidade das plantasem distribuir seu sistema radicular no solo, melhor sua capacidadeem explorar eficientemente estes recursos. As raízes das plantasterrestres estão envolvidas na aquisição de água e nutrientesdisponíveis no solo, sustentação da planta, síntese de hormôniosvegetais e funções de armazenamento.

Figura 14. Funções dos hormônios vegetais no crescimento vegetativo (A) e no crescimento reprodutivo e na senescência (B). Legenda: AX = auxina,CK = citocinina, GA = giberelina, BR = brassinosteróide, ABA = ácido abscísico, ET = etileno, JA = ácido jasmônico.

A B

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008 17

Entre os fatores que regulam o processo germinativo, apresença de hormônios e o equilíbrio entre eles, promotores einibidores, exercem papel fundamental (Figura 15). O desenvol-vimento do eixo embrionário é mediado por auxinas e citocininas eo aumento tanto no número como no tamanho das células édecorrente da síntese protéica realizada pelo embrião. De maneirageral, as giberelinas estão envolvidas na transcrição genética,as citocininas na tradução e as auxinas na permeabilidade dasmembranas. O ácido giberélico, por regular a expressão do gene daα-amilase, a qual hidrolisa o amido, tem a função de regulação namobilização de reservas do endosperma durante o desenvolvimentode plântulas.

Quanto à produção de grãos, a relação fonte/dreno tem sidoa principal determinante. Neste caso, sabe-se do papel das cito-cininas na promoção do movimento de nutrientes. Inúmerostrabalhos mostram que os nutrientes são preferencialmente trans-portados e acumulados em tecidos tratados com citocininas,havendo uma provável alteração na relação fonte-dreno.

Experimento com aplicação de Stimulate® em tratamento desementes, na concentração de 10 ml kg-1, mostrou-se eficiente napromoção de melhor desempenho das sementes no processogerminativo, proporcionando maior número de plântulas normais.Também registrou-se melhor resposta dos sistemas radiculares dasplantas originadas de sementes pré-tratadas com o biorregulador,aumentando significativamente o crescimento das raízes (Figura 16).

A fotossíntese também depende dos hormônios, assim comodos nutrientes, os quais, na forma iônica, ativam as enzimas. O principalhormônio que atua na fotossíntese é a citocinina, que age nadiferenciação do cloroplasto, na síntese da enzima rubisco –responsável pela transformação do carbono inorgânico em orgânico –, na síntese de clorofila, na expansão foliar e na inibição da degradaçãoda clorofila (inibe a senescência). A giberelina inibe ou retarda adegradação da clorofila. A auxina regula a abertura das folhas e éresponsável pela partição e movimento de assimilados no floema.

• AminoácidosSão metabólitos primários das plantas, constituintes das

proteínas. Para a síntese de proteínas, aminoácidos individuais sãoacoplados por ligações peptídicas.

Embora as plantas possam conter maisde 300 aminoácidos diferentes, apenas 20 sãonecessários para a síntese de proteína, quaissejam: fenilalanina, tirosina, triptofano, hidro-xiprolina, isoleucina, leucina, lisina, metionina,ornitina, valina, alanina, arginina, aspartato, as-paragina, cisteína, glutamato, glutamina, glicina,prolina e serina.

A importância dos aminoácidos para asplantas está ligada aos metabolismos primário esecundário. Há aminoácidos que são prepon-derantes na composição das proteínas vegetais,como metionina, lisina, glicina e ácido glutâmico.Há, também, funções particulares, em que ami-noácidos específicos estão presentes, como, por

Figura 16. Efeito de Stimulate® na germinação desementes, no número de plântulas normais e no com-primento de raízes de milho.Fonte: VIEIRA e CASTRO (2000).

Figura 15. Mecanismos de ação dos hormônios e reguladores na planta.

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18 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008

exemplo, a glicina está presente na formação da clorofila, o ácidoglutâmico é um aminoácido-chave no crescimento e funcionamentodos meristemas e na frutificação, a prolina e a hidroxiprolina sãoresponsáveis pela fertilidade do grão de pólen e pela consistênciadas paredes celulares, a asparagina e o glutamato promovem a co-nexão entre o ciclo do carbono e o do nitrogênio nas plantas, in-fluenciando a síntese de açúcares e de proteínas, entre outros.

Os aminoácidos são considerados aditivos pelo MAPA etêm seu uso aprovado em fertilizantes, em geral como estabilizantesda formulação.

O uso destes produtos em pulverizações foliares está setornando cada vez mais freqüente, embora haja controvérsias quantoà absorção pelas plantas, pois os resultados apresentados naliteratura científica existente não são consistentes, talvez em funçãodo reduzido número de trabalhos publicados. No entanto, hácitações de que as plantas podem absorver aminoácidos pelas raízese pelas folhas.

Os aminoácidos podem formar complexos com cátios comoZn, Cu, Mn e Fe, protegendo-os e aumentando sua disponibilidadepara as plantas.

• Extratos de algasProdutos comerciais à base de Ascophyllum nodosum, por

exibirem ação semelhante aos hormônios vegetais, tem sido usadospara aplicações foliares ou no solo, inclusive na agricultura orgâ-nica. Esta alga é encontrada exclusivamente em águas temperadasdo hemisfério norte. Por ter se adaptado a condições de sobrevivên-cia bastante adversas – águas com temperaturas extremamentebaixas no inverno, imersão total na água salgada na maré alta eintensa exposição ao solo na maré baixa – acredita-se que desen-volveu estratégias de sobrevivência, como a síntese de compostosanti-estresse.

Assim como os aminoácidos, o extrato de alga é consideradoaditivo pelo MAPA e tem seu uso aprovado em fertilizantes, emgeral como estabilizante da formulação.

Auxinas e citocininas podem ser identificadas e quantifi-cadas em extratos de algas, porém, há controvérsias na pesquisasobre a possibilidade de haver uma relação direta entre os níveis decitocinina de extratos de algas e os níveis deste hormônio no tecidodas plantas que receberam a aplicação do extrato. As respostasparecem depender da espécie de planta e da composição dassubstâncias húmicas e extratos de algas presentes nos produtos.Assim, há necessidade de mais estudos para elucidar o mecanismode ação e os efeitos dessas substâncias bem como a de padronizaçãodo extrato de alga em relação à concentração dos hormônios.

PLANTAS DE COBERTURA E ROTAÇÃO DE CULTURASPLANTAS DE COBERTURA E ROTAÇÃO DE CULTURASPLANTAS DE COBERTURA E ROTAÇÃO DE CULTURASPLANTAS DE COBERTURA E ROTAÇÃO DE CULTURASPLANTAS DE COBERTURA E ROTAÇÃO DE CULTURASNO SISTEMA PLANTIO DIRETONO SISTEMA PLANTIO DIRETONO SISTEMA PLANTIO DIRETONO SISTEMA PLANTIO DIRETONO SISTEMA PLANTIO DIRETOAdemir Calegari, Instituto Agronômico do Paraná-IAPAR,Londrina, PR, email: [email protected]

O declínio dos níveis de fertilidade natural dos solosgeralmente está relacionado com o uso intensivo e inadequado dasáreas exploradas, o que, por sua vez, não permite às plantasmanifestarem todo seu potencial genético. Este manejo inadequadotem contribuído para o processo de degradação da matéria orgânica,causando desequilíbrio nas propriedades físicas, químicas ebiológicas do solo, acelerando a erosão e diminuindo a produtividadedas culturas. Normalmente, as áreas mantidas sem cobertura verdeou morta são as mais predispostas aos efeitos desfavoráveis das

precipitações excessivas e, certamente, às perdas de solo e nutrientespor erosão e lixiviação.

Com as evidências marcantes do efeito estufa, as mudançasclimáticas provocarão alterações nas distribuições e níveis deprecipitação, incorrendo em maiores riscos de perdas de solo enutrientes. Dessa forma, é fundamental que o solo seja mantidocoberto com resíduos vegetais, que o preparo seja mínimo (plantiodireto) e que o perfil do solo apresente condições favoráveis àinfiltração de água, práticas estas que devem ser integradas a outrasde conservação do solo e da água, como uso de terraços, curvas denível, cultivos em faixas, rotação de culturas, canal escoadouro eoutras.

Atualmente, a tendência é o manejo dos agrossistemas deforma a serem produtivos, competitivos e sustentáveis a longo prazo.Assim, são priorizados os sistemas que integram e contribuem paramaior biodiversidade; equilíbrio no uso, reciclagem, e aprovei-tamento de nutrientes e manutenção e/ou recuperação das carac-terísticas químicas, físicas e biológicas do solo, como, por exemplo,o plantio direto, a adubação verde e a rotação de culturas. Com aredução do revolvimento do solo e a adição de matéria orgânica háum balanço positivo de carbono no solo, conduzindo a um sistemasustentável de produção.

No planejamento do cultivo de plantas a serem usadas comocobertura do solo ou adubação verde é de fundamental importânciaconhecer com profundidade a espécie a ser utilizada, o histórico daárea a ser cultivada, as condições edafoclimáticas específicas, osistema de produção em curso, onde será implantada a planta decobertura, bem como as finalidades propostas (suprimento de N,descompactação, aumento de C orgânico do solo, diminuição depragas e doenças, controle de invasora, e outras).

Diversos trabalhos de pesquisa com diferentes espécies deadubos verdes de primavera/verão e outono/inverno no sistema deplantio direto, realizados em diferentes condições agroecológicasdo Paraná, têm mostrado a eficiência destes sistemas no equilíbrioe melhoria das características do solo. Entre as espécies testadas,destacam-se: aveia preta (Avena strigosa), tremoço (Lupinus sp.),ervilhaca peluda e comum (Vicia villosa e V. sativa), nabo forrageiro(Raphanus sativus), ervilha (Pisum sativum), mucuna (Mucunapruriens), crotalária (Crotalaria juncea), guandu (Cajanus cajan),capim Moha-IAPAR (Setaria italica), caupi (Vigna unguiculata),milheto (Penissetum americanum), calopogonio (Calopogoniummucunoides), amendoim forrageiro (Arachis pintoi), entre outras.

As plantas de cobertura poderão ser plantadas em cultivosingular ou em associações. Pode-se fazer uso do consórcio degramíneas e leguminosas (Figura 17) ou, ainda, misturar duas, trêsou mais espécies (Figura 18). Além de apresentarem importante efeitomelhorador das propriedades físicas do solo (agregação, estru-turação), produzem resíduos de relação C/N intermediária quefavorece a mineralização de N e promovem maior equilíbrio e acúmulode C no perfil do solo ao longo dos anos.

No caso de cultivos singulares, a decomposição das legu-minosas resultará em maiores riscos de perdas de N (mineralização,lixiviação), quando comparada à das gramíneas. Quando os resíduosde gramíneas são mesclados com resíduos de leguminosas nor-malmente não há problemas com imobilização de N, e a mineralizaçãopaulatina favorecerá a disponibilidade e a absorção dos nutrientespelas plantas.

Os nutrientes deixados pelas plantas de cobertura às culturasposteriores podem ser aproveitados em quantidades variáveis, deacordo com os seguintes fatores:

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008 19

processo de decomposição dos resíduos no solo. A Figura 19mostra que os maiores rendimentos de milho foram obtidos quandoas leguminosas (tremoço e ervilhaca) e o nabo foram manejados10 dias após a semeadura. Por outro lado, as gramíneas (aveia eazevém), com maior relação C/N, proporcionaram maiores rendi-mentos de milho após 20 dias do manejo.

Figura 19. Rendimento de milho em resposta a três épocas de manejo dediferentes plantas de cobertura de inverno. DAS = dias antesda semeadura do milho.

Fonte: RUEDELL (1995).

• Espécie de planta de cobertura utilizada: plantas maisfibrosas, com maior quantidade de carbono, demoram mais para sedecompor no solo, enquanto plantas com maiores teores de N sedecompõem mais rapidamente. A relação C/N, bem como a quan-tidade de lignina no tecido vegetal, irão governar grande parte do

Tabela 11. Produção de massa verde, matéria seca (M.S.) e montante de nitrogênio, fósforo e potássio (% da M.S.) de algumas espécies.

Espécie Massa verde Matéria seca Nitrogênio Fósforo Potássio

(t ha-1) (t ha-1) - - - - - - - - - - - - - - - - (% na matéria seca) - - - - - - - - - - - - - - - -Aveia preta 15-40 2-11 0,7-1,7 0,14-0,42 1,1-3,1Centeio 30-35 4-8 0,6-0,7 0,16-0,29 0,7-1,4Ervilhaca peluda 20-37 3-5 2,5-4,4 0,25-0,41 2,4-4,3Ervilhaca comum 20-30 3-5 2,7-3,5 0,27-0,38 2,3-2,6Ervilha forrageira 15-40 2,5-7 1,8-3,4 0,14-0,41 0,7-3,3Nabo forrageiro 20-65 3-9 0,9-1,4 0,18-0,33 2,0-2,6Tremoço branco 30-40 3,5-5 1,2-2,0 0,25-0,29 1,0-1,8Tremoço azul 25-40 3-6 0,8-2,1 0,12-0,29 1,4-1,5

Aveia/ervilhaca 15-50 2-10,5 0,9-1,4 0,15-0,16 1,2-1,5

1 As espécies de inverno são todas anuais.Fonte: Adaptada de CALEGARI e PEÑALVA (1994).

Figura 17. Consórcio aveia preta- ervilhaca comum.

Figura 18. Consórcio milheto + nabo + aveia + Brachiaria ruziziensis +Crotalaria juncea.

• Temperatura, umidade e oxigênio no solo: temperaturaselevadas, disponibilidade de água e arejamento facilitam o aumentoda população de microrganismos no solo os quais, conseqüen-temente, aceleram o processo de decomposição dos resíduos nosolo.

• Manejo do solo: o revolvimento do solo por arados, gradese outros implementos promove a mistura dos resíduos na camadasuperficial, acelerando o processo de decomposição.

Com a utilização das diferentes plantas de cobertura épossível quantificar o montante de um determinado nutrientereciclado e/ou fixado biologicamente pelas leguminosas, consi-derando a biomassa produzida e os nutrientes contidos no tecidofoliar. Os valores apresentados na Tabela 11 mostram o grandepotencial que as diferentes plantas de cobertura possuem em deixarno horizonte superficial do solo quantidades variáveis de nutrientesque podem ser absorvidos pelas raízes nos cultivos posteriores.Além dos nutrientes, um dos mais importantes aportes das plantassão os compostos de carbono orgânico, ou seja, a matéria orgânica,

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20 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008

Tabela 13. Rendimento de grãos de milho AG-513 após culturas deinverno. Estação Experimental de Pato Branco. Média detrês repetições.

Plantio direto Plantio convencional

Dose (kg ha-1 N) Dose (kg ha-1 N)

0 90 0 90

- - - - - - - - - - - (kg ha-1) - - - - - - - - - - - -Ervilhaca comum 7.338 7.641 6.094 6.438Ervilhaca peluda 6.883 7.344 5.608 5.775Tremoço azul-IAPAR 24 6.872 6.419 5.916 6.302Serradela 6.763 7.363 5.013 5.861Chícharo 6.425 7.558 4.736 5.341Nabo forrageiro 5.755 6.994 5.566 6.177Espérgula 5.450 6.925 5.658 6.433Trigo 5.000 5.988 4.769 5.330Aveia preta 4.586 6.836 5.436 6.127Pousio 4.441 5.991 4.827 5.938Centeio 4.291 6.669 3.858 5.327Azevém 4.283 6.980 5.719 6.025

Culturas de inverno

que será responsável, direta ou indiretamente, pelas interações ereações químicas, físicas e biológicas do sistema solo-água-planta.

Os processos de mineralização/imobilização de váriosnutrientes essenciais às plantas, como N, P e S, realizados pelosmicrorganismos, destacam-se como os mais importantes para areciclagem de nutrientes, que ocorrem marcadamente nos sistemasprodutivos nos quais são adotados a rotação de culturas e o plantiodireto. A taxa de decomposição dos resíduos varia de acordo com aespécie, seus componentes químicos e com as formas e a época demanejo. A Tabela 12 mostra as diferentes taxas de decomposiçãodos resíduos de aveia preta, trigo e ervilhaca comum aos 45 diasapós o manejo. Nota-se que houve maior permanência da massaseca da aveia preta (gramínea) aos 45 dias após o manejo, enquantoa ervilhaca (leguminosa), por apresentar menor relação C/N emenores teores de lignina, apresentou decomposição mais rápida eo trigo redução intermediária.

socioeconômicas e interesses do produtor e, acima de tudo, alémde tecnicamente factível, que sejam ecologicamente equilibradas eeconomicamente viáveis.

Os consórcios mais recomendados e com melhores resulta-dos para os cultivos de milho, soja, feijão e algodão nas regiões Sul,Sudeste e parte da Centro-Oeste do Brasil, são:

• Aveia preta IAPAR-61 ou IPR-126 (20-25 kg ha-1) + ervilhaforrageira (40-45 kg ha-1)

• Aveia preta IAPAR-61 ou IPR-126 (20-25 kg ha-1) + tremoço(branco e/ou azul) (50- 70 kg ha-1)

• Aveia preta IAPAR-61 ou IPR-126 (20-25 kg ha-1) + ervilhaca(peluda ou comum) (40-45 kg ha-1)

• Aveia preta IAPAR-61 ou IPR-126 (20-25 kg ha-1) + naboforrageiro (10 kg ha-1)

• Aveia preta IAPAR-61 ou IPR-126 (15-20 kg ha-1) + ervilhaforrageira (25-30 kg ha-1) + nabo (5-8 kg ha-1)

• Aveia preta IAPAR-61 ou IPR-126 (15 kg ha-1) + ervilhaforrageira (25 kg ha-1) + nabo (5 kg ha-1) + ervilhaca (20-25 kg ha-1)

• Aveia preta IAPAR-61 ou IPR-126 (15 kg ha-1) + tremoçobranco (25-30 kg ha-1) + nabo (5 kg ha-1) + ervilhaca (20-25 kg ha-1)

• Aveia preta (15 kg ha-1) + centeio (15 kg ha-1) + ervilhaforrageira ou ervilhaca (20-25 kg ha-1)

• Aveia preta (15 kg ha-1) + centeio (15 kg ha-1) + nabo(5-7 kg ha-1) + ervilha forrageira ou ervilhaca (20 kg ha-1).

As quantidades de sementes de aveia preta indicadas sãopara as cultivares do IAPAR, cv. IAPAR-61 e/ou cv. IPR-126, comalta capacidade de perfilhamento. No caso da aveia preta comum,aumentar em 50% a quantidade de sementes recomendada.

Nas regiões frias (Sul do Paraná, Santa Catarina e Rio Grandedo Sul) pode ainda ser empregado o azevém na mistura com aveia,ervilhaca, centeio, etc.

Nas regiões mais quentes, onde o processo de decomposiçãoda matéria orgânica é mais acelerado, para uma maior estabilidadeda cobertura morta no plantio direto recomenda-se, como plantasde cobertura na rotação, maior utilização de gramíneas ou o consórciode gramíneas com leguminosas e/ou outras famílias.

Tabela 12. Produção de matéria seca de culturas de inverno (1985-1987)e redução da massa seca aos 45 dias depois do manejo (DDM).

Matéria seca (t ha-1)

0 DDM 45 DDM

Aveia preta 6,34 4,37 31Trigo 2,19 1,40 36Ervilhaca comum 3,25 1,37 58

Fonte: Ruedell, 1995, citado por Fries e Aita (1999).

EspécieRedução da

massa seca (%)

Estudos realizados em Passo Fundo, RS, comparandodiferentes gramíneas de inverno – aveia preta, aveia branca, centeio,azevém, cevada, triticale e trigo – em sistemas de rotação com sojaem plantio direto, indicaram que os resíduos de centeio na superfícieficaram maior tempo protegendo o solo, quando comparado àsdemais plantas, comprovando que essa é uma importante espécie aser empregada na rotação com outros cultivos comerciais. Alémdos efeitos favoráveis de cobertura protetora do solo e efeitosalelopáticos no controle das plantas daninhas, também as raízes docenteio apresentam crescimento inicial agressivo, podendo alcançarvários metros de profundidade. Os resultados mostraram que apenas27% e 39% da palha do centeio deixada na superfície foi decomposta,respectivamente, aos 120 e 180 dias depois da semeadura da soja,ficando ainda uma elevada quantidade de resíduos sobre o solodepois da colheita da soja.

Resultados obtidos no sudoeste do Paraná mostram osefeitos das espécies de inverno e do sistema plantio direto norendimento do milho (Tabela 13). Seguramente, os efeitos físico-químicos-biológicos ocorridos no solo no sistema plantio direto,incluindo o suprimento de grande parte de N pelas leguminosas,contribuíram para as maiores produtividades de milho, quandocomparado ao cultivo convencional. Pelos resultados pode-severificar que as ervilhacas, o tremoço, a serradela, o chicharo, onabo forrageiro e a espérgula, antecedendo o milho no inverno emrotação com soja (em plantio direto, sem N) foram superiores aorendimento do milho após pousio, tanto em plantio direto como emconvencional, mesmo com a aplicação de 90 kg ha-1 de N. Estesresultados têm sido obtidos por muitos produtores, principalmenteno Sul do Brasil.

É recomendável que as rotações desenvolvidas sejam adap-tadas regionalmente, levando em consideração as condições desolo e clima, a vocação das glebas da propriedade, as condições

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008 21

Em algumas regiões, principalmente nos Cerrados, é possívela semeadura de milheto + nabo forrageiro (10 + 8-10 kg ha-1) ou amistura de aveia + nabo + girassol (20 + 7-8 + 15-20 kg ha-1 ), po-dendo ser rotacionadas com milho, soja, algodão e outras. A Ta-bela 14 mostra a seqüência de rotações de culturas indicada para osCerrados.

No esquema racional de rotação de culturas, alguns aspectosde produção devem ser observados:

• Em áreas da propriedade que apresentam baixas quan-tidades de matéria orgânica a rotação de culturas deverá contribuircom maior adição de compostos que apresentem cadeias carbô-nicas mais complexas, com mais lignina, celulose e hemicelulose.Ao mesmo tempo, plantas que se adaptem às condições específi-cas de fertilidade de cada gleba deverão ser consideradas narotação.

• Talhões ou glebas cujo solo apresente elevados índices dedesagregação das partículas deverão incluir gramíneas na rotação,pois estas apresentam sistema de raízes fasciculadas que promovemmaior agregação e estruturação do solo no perfil.

• Áreas com compactação leve ou média deverão receberplantas com raízes pivotantes e com potencial descompactador,como guandu, Crotalaria mucronata, Tefrosia, nabo forrageiropivotante, tremoços, e outras.

• Áreas com pastagem degradada ou com presença denematóides deverão ser rotacionadas com plantas que melhorem osubsolo e inibam e/ou promovam a diminuição da população denematóides, como o guandu e as brachiárias.

• Solos que pelo excessivo uso em monocultivo e/ou comproblemas de adensamento apresentem problemas de doenças, comofungos de solo, deverão receber espécies de plantas de diferentesfamílias em rotação, como as gramíneas e outras que não prefe-rencialmente as leguminosas.

• Solos infestados por invasoras devem incluir plantas quepossuam efeitos físicos e químicos (alelopáticos) que afetam qualie quantitativamente as distintas infestações, como mucunas, milheto,guandu, ervilhacas, nabo forrageiro e outras.

O manejo das plantas de cobertura deve ser realizado noperíodo de pleno florescimento, quando os nutrientes encontram-se distribuídos em todas as partes da planta. As plantas podemser manejadas com rolo-faca, herbicidas, gradagens, ou outrosmeios, de acordo com as condições locais e a infra-estrutura doprodutor.

Deve-se sempre considerar que muitas das espécies decobertura indicadas apresentam desenvolvimento vegetativobastante rápido (50-70 dias), podendo ocupar pequenos intervalosentre os diferentes cultivos: após a colheita do milho normal(fevereiro) ou após trigo, cevada, coberturas de inverno e milhosafrinha (agosto).

A prática do cultivo de plantas de cobertura adequadamenteconduzida em rotação de culturas no sistema plantio diretoadaptado regionalmente tem permitido melhor distribuição dotrabalho durante todo o ano, resultando em economia de mão-de-obra, uso de máquinas e controle mecânico/químico de invasoras,e facilitado, desta forma, o planejamento das diferentes atividadesda propriedade.

Além disso, a melhoria dos processos de uso do solo,priorizando a qualidade e manutenção da sua capacidade produtiva,é um meio de viabilizar a manutenção da família na atividadeagropecuária de forma sustentável e compatível, tanto com osrecursos naturais, sob o ponto de vista de qualidade ambiental,quanto com os socioeconômicos, melhorando a qualidade de vidados agricultores.

CONSTRUÇÃO DA FERTILIDADE DO SOLO EMCONSTRUÇÃO DA FERTILIDADE DO SOLO EMCONSTRUÇÃO DA FERTILIDADE DO SOLO EMCONSTRUÇÃO DA FERTILIDADE DO SOLO EMCONSTRUÇÃO DA FERTILIDADE DO SOLO EMSOLOS ARENOSOSSOLOS ARENOSOSSOLOS ARENOSOSSOLOS ARENOSOSSOLOS ARENOSOSOrlando Carlos Martins, SNP Consultoria, Viçosa, MG, email:[email protected]

É muito difícil obter altas produtividades de soja em solosargilosos pobres de cerrado sem o uso de fertilizantes. Esta situaçãotorna-se muito mais grave em solos arenosos, principalmente quandoo objetivo é manter a produtividade ao longo dos anos comsustentabilidade.

Tabela 14. Seqüência de rotações de culturas indicada para os Cerrados.

Cultura antecessora Cultura principal Cultura sucessora

Milho, sorgo, milheto, arroz, trigo, aveia, mucuna, Soja Milho, sorgo, milheto, girassol, nabo forrageiro, arroz, milhomilho + guandu milho + ervilhaca, aveia, trigo

Soja, guandu, mucuna, girassol, crotalária juncea, lablab, Milho Aveia, nabo forrageiro, trigo, girassol, milheto, soja, feijão,nabo forrageiro, ervilhaca, aveia, milho + mucuna, sorgo, arrozmilho + guandu

Milho, soja, milheto, trigo, aveia Algodão Aveia, nabo forrageiro, trigo, soja, milho, sorgo, milheto, arroz

Milho, soja, sorgo, arroz, milheto, aveia, trigo Girassol Milho, sorgo, arroz, aveia, milheto, nabo forrageiro, trigo

Milho, sorgo, aroz, milheto, aveia, trigo Feijão Milho, sorgo, arroz, trigo, milheto, aveia

Milho, sorgo, arroz, milheto, aveia, mucuna Sorgo

Nabo forrageiro, ervilhaca, aveia, tremoço branco, Arroz de sequeiro Girassol, feijão, aveia, nabo forrageiro, ervilhaca, guandu, soja,girassol, guandu, soja, milho, crotalária, mucuna, mucuna, lablabfeijão, lablab

Milho, algodão, girassol, mucuna, feijão, soja, guandu, Trigo Mucuna, girassol, feijão, algodão, sorgo, milheto, guandu, soja,crotalária, lablab lablab, crotalaria

Todas podem ser recomendadas Aveia Todas podem ser recomendadas

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22 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008

Recentemente, com o aumento da demanda de soja pelomercado internacional, com a melhoria dos preços agrícolas e com afalta de solos argilosos nas regiões tradicionais de cultivo de soja,muitos agricultores expandiram suas lavouras em solos arenosos,mas tiveram muito prejuízo devido à baixa produtividade alcançada.

Segundo Orlando, a situação mais desafiadora enfrentadano cultivo de soja em solos arenosos foi a produção de grãos parasemente com alta produtividade (60 sacas ha-1) em solos com 4% deargila em grandes áreas na região de Alto Graças, MT.

Estes solos são formados sobre arenito Bauru, com 4% deargila, 4% de silte e 92% de areia, em média, sendo que esta últimafração é composta por 80% de areia fina e 12% de areia grossa, oque é muito importante neste tipo de solo, pois a areia fina retémmuito mais umidade que a areia grossa, sendo isto que possibilita ocultivo nestas áreas. Assim, recomenda-se que sempre que o teorde argila do solo for menor que 10%, deve-se analisar em queproporção se encontra a areia fina. Se a areia grossa for predo-minante, o cultivo da soja fica inviabilizado com a tecnologiaatualmente disponível.

Além dos baixos teores de argila, os solos desta regiãoapresentam teores muito baixos de nutrientes e alta saturaçãopor alumínio nas camadas superficiais e também em profun-didade, o que dificulta o enraizamento da soja em camadas maisprofundas, abaixo de 30 cm, onde o calcário não consegue chegar.Normalmente, não se observa presença de raízes de soja abaixo de35 cm de profundidade, agravando ainda mais os danos por seca,quando estas ocorrem, além da deficiência de nutrientes, como K, Se B, que são lixiviados com maior facilidade no perfil e não ficammais disponíveis para as plantas.

A primeira condição básica para o cultivo de soja nestessolos arenosos é a rotação de culturas com o uso de uma gramíneaque consiga enraizar nesses subsolos ácidos, com o objetivo debuscar parte dos nutrientes que foram lixiviados abaixo dos 30 cmde profundidade e produzir palhada no inverno, com pouca água,para fazer uma boa cobertura no verão e permitir o estabelecimentoda cultura da soja. Esse estabelecimento só é possível com a pro-teção de uma boa palhada, pois sem essa cobertura haverá supera-quecimento da superfície do solo provocando a queima do colo dasplântulas, levando-as à morte e reduzindo drasticamente o estandefinal (Figura 20), além de, posteriormente, causar a morte dos nódulosnas plantas remanescentes.

A planta utilizada para a rotação com o milho é o milheto,gramínea muito resistente à seca, cujo sistema radicular atinge4 metros de profundidade com facilidade, absorve grandes quan-tidades de K da subsuperfície – o qual é liberado lentamente para acultura ao longo do ciclo –, produz boa quantidade de palha(Figura 21), ajuda no controle de nematóides Pratylenchusbrachyurus e de galhas e normalmente apresenta produtividade degrãos suficiente para cobrir o custo de sua implantação. Umacaracterística do milheto que deve ser considerada é a sua alta taxade degeneração1, que é semelhante a de uma planta híbrida, sendonecessário o uso de sementes básicas na implantação da cultura paraque haja produção da massa necessária para o cobrimento do solo.

Figura 21. A soja deve crescer dentro da palhada de milheto, que deve seruniforme, cobrindo todo o ambiente.

Figura 22. Produtividade média de soja em quatro safras após rotação commilheto. Fazenda Morro das Araras, Alto Garças, MT.

Fonte: Departamento Técnico, Sementes Adriana.

1 Degeneração: processo de enfraquecimento irreversível de deteriora-ção celular e conseqüente perturbação funcional, devido a causas diver-sas, podendo, muitas vezes, evoluir no sentido de enfraquecimento racialda espécie.

Figura 20. Queima do colo da plântula de soja por superaquecimento emsolo argiloso.

Resultados médios de produtividade de soja em quatro safrasapós rotação soja/milheto, na região de Alto Garças, MT, mostraramque o milheto exerce influência no aumento da produtividade dasoja ao longo dos anos – 7,3 sacas ha-1 ano-1 – correspondendo aum acréscimo, no total, de 20,1 sacas ha-1 ano-1 (Figura 22).

Para obter boa plantabilidade em solo arenoso, o plantio temsido feito colocando-se a semente na mesma linha do adubo, mascom uma diferença de profundidade de cerca de 7 cm entre eles.Para isso, foram adaptados dois compactadores na semeadora/adubadora, atrás do disco de adubo, para fechar a linha de plantio

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008 23

e evitar sua mistura com a semente (Figura 23). Além disso, o K éaplicado em baixas doses no plantio para evitar a queima da semente.

O potássio (K) tem um papel muito importante na resistênciada planta à seca nos solos arenosos. Lavouras mal nutridas em Ksofrem mais cedo e mais severamente os efeitos da seca, podendolevar as plantas à morte em poucos dias na ausência de chuvas.Como a lixiviação é muito intensa nesses solos, é necessário aplicardoses de K maiores que as quantidades exportadas para repor partedo K lixiviado e não resgatado pelo milheto. O ideal é aplicar umadose pequena na linha de plantio (por exemplo, 30 kg ha de K2O) eo restante parcelar em duas aplicações, sendo a primeira entre 25 e30 DAE e a segunda entre 25 e 40 DAE.

Para o fósforo, são necessárias doses mais altas nos primeirosanos de cultivo, devido à pobreza original desses solos. Como aadsorção de P é baixa, as doses podem ser reduzidas drasticamentecom o tempo, podendo chegar a menos de 50 kg ha-1 de P2O5 a partirdo 5o ou 6o ano de cultivo.

Deficiências de micronutrientes são comuns em solosarenosos, principalmente de Zn, Cu, Mn e B, tendendo a aumentarcom o passar dos anos, caso não sejam adequadamente aplicados.

O ambiente que envolve os solos arenosos é muito frágil e,até o momento, o potencial produtivo da área e a sustentabilidadedo sistema ao longo do tempo tem sido mantidos com a rotaçãocom milheto e com um bom programa de monitoramento e aplicaçãode macro e micronutrientes.

INFLUÊNCIA DA NUTRIÇÃO NA OCORRÊNCIA DEINFLUÊNCIA DA NUTRIÇÃO NA OCORRÊNCIA DEINFLUÊNCIA DA NUTRIÇÃO NA OCORRÊNCIA DEINFLUÊNCIA DA NUTRIÇÃO NA OCORRÊNCIA DEINFLUÊNCIA DA NUTRIÇÃO NA OCORRÊNCIA DEDOENÇAS DE PLANTASDOENÇAS DE PLANTASDOENÇAS DE PLANTASDOENÇAS DE PLANTASDOENÇAS DE PLANTASAntonio Luiz Fancelli, ESALQ/USP, e-mail: [email protected]

Inúmeros são os fatores que interferem na produtividadedas plantas cultivadas; todavia, merecem especial destaque a pre-sença de patógenos e insetos-praga, que são responsáveis peladestruição de grandes quantidades de alimentos e bens de sobrevi-vência, bem como amplificam significativamente os custos finan-ceiros e energéticos da atividade agrícola.

Uma das principais causas para a ocorrência e predisposi-ção das plantas a doenças e pragas é o desequilíbrio nutricional(carência ou excesso) que, quando aliado ao estádio fenológico dohospedeiro, à herança genética e às condições climáticas reinantesno período, pode provocar prejuízos significativos.

Nesse contexto, os nutrientes, direta ou indiretamente, estãoenvolvidos nas estratégias de defesa vegetal como componentes inte-grais, ativadores, inibidores, reguladores de síntese ou de metabolis-mo e, portanto, o seu pleno diagnóstico (deficiência ou excesso), bemcomo a garantia de seu aproveitamento efetivo, tornam-se estritamentenecessários para o estabelecimento de programas de manejoobjetivando a obtenção de produtividades lucrativas e sustentáveis.

Os principais mecanismos relacionados à defesa de plantascontra patógenos e insetos-praga estão relacionados às barreirasfísicas e bioquímicas e ao equilíbrio nutricional, quais sejam:

a) Mecanismo intrínsico, constitutivo ou latenteTais mecanismos são representados pela presença de cutícula

e de membrana plasmática espessa e íntegra, ceras, pêlos, lignina ealgumas outras substâncias disponíveis em diferentes partes daplanta. Ressalta-se que todos esses elementos encontram-se sem-pre presentes na planta e possuem caráter hereditário. As estraté-gias básicas envolvidas são barreira física, barreira bioquímica eequilíbrio nutricional.

b) Mecanismo estimuladoEste mecanismo é desencadeado por reação de estímulo ex-

terno ou interno, normalmente caracterizado por reação de hiper-Figura 24. Sustentabilidade da soja cultivada em solo arenoso – quarto ano

de cultivo. Produtividade: 65,1 sacas ha-1.

Figura 23. Detalhe dos compactadores adaptados à semeadora/adubadorapara evitar a mistura do adubo com a semente.

Para conseguir o desenvolvimento pleno da soja nessessolos arenosos de primeiro ano, visando produzir 60 sacas ha-1, énecessário aplicar uma quantidade de calcário superior àquelanormalmente necessária para elevar a saturação por bases a 70% daCTC permanente. Geralmente, tem-se utilizado de 6 a 7 t ha-1 decalcário com PRNT de 85%, em três aplicações, sendo que 3 a 4 t ha-

1 permanecem sem dissolver no solo, mas que são aproveitadospela soja no estádio de fixação de N. A explicação encontrada paraeste fato é que, devido à CTC do solo ser muito baixa, o cálciotrocável presente na argila é insuficiente para atender a demanda dasoja, que é alta. Além disso, quando se inicia o processo de fixaçãobiológica de N na soja, em torno de 15 a 20 dias após a emergência,ocorre a liberação de H+ na região da rizosfera, o que leva à reduçãodo pH nesta região, normalmente em torno de 2 unidades, sendocomum encontrar valores de 4,0 a 4,5. O calcário que permaneciasem dissolução no solo, próximo à raiz, neutraliza o H+ e libera Ca2+

e Mg2+ para complementar a nutrição da planta, mantendo o solocom pH adequado para o crescimento das raízes. Após 4 a 5 anos,quando a quantidade de calcário residual diminui e a produtividadedecresce, é feita nova calagem para manter a produtividade da culturaem níveis altos (Figura 24).

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24 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008

sensibilidade (HR), relacionada a ações de agressão. Ressalta-seque a hipersensibilidade pode implicar na auto-destruição ou mortedas células ao redor do ponto de invasão, ataque ou anomalia. Oreferido mecanismo poderá ser induzido ou provocado pela identi-ficação de substâncias químicas (agroquímicos ou metabólitos depatógenos ou de insetos-praga), concentrações de nutrientes –Cu, Mn e B – e condição climática especial. Nessa reação são sinte-tizados e transportados para o sítio de ação: fenóis, quinonas, ter-penos alcalóides, isoflavonóides e fitoalexinas, em geral. As estra-tégias básicas envolvidas são barreira bioquímica e equilíbrionutricional.

c) Mecanismo adquirido ou aprendidoO presente mecanismo manifesta-se pela sobrevivência da

planta ao ataque de patógenos após infecção devidamente iden-tificada ou reconhecida. Por essa razão, tal mecanismo de defesarecebe a denominação de Resistência sistêmica adquirida (sigla eminglês – SAR). A SAR é resultante da identificação do invasor,acompanhado da indução da síntese de substâncias específicas,como quitinases e outras enzimas hidrolíticas, devido à ação de umelicitor, o ácido salicílico, que funciona como um sinal endógenopara o desencadeamento da ação de defesa. As estratégias básicasenvolvidas são barreira bioquímica e equilíbrio nutricional.

Na Figura 25 são apresentados, de forma esquemática, osprincipais mecanismos naturais envolvidos na defesa da planta. Aproteção é resultante de: eficiente barreira física proporcionada porcutina espessa e íntegra, lignificação e acúmulo de silício na cama-da de células epidermais; membrana plasmática íntegra evitando aperda de açúcares e aminoácidos para o apoplasto ou espaço inter-celular e síntese e difusão de fitoalexinas e fenóis apresentandopropriedades fungicida e bactericida.

batata e hortaliças em geral, sobretudo em meio a teores inadequa-dos de Mo e Mn.

O P, de modo geral, tem sido importante no decréscimo doataque de fungos em diferentes espécies de plantas, principalmentequando aliado a doses satisfatórias de K. Em raízes com baixo nívelde P foi observado significativo decréscimo de fosfolipídios comcorrespondente aumento na permeabilidade da membrana celular eda exsudação radicular, o que pode exercer acentuada influência naatividade de patógenos de solo e na severidade das doenças.

A concentração inadequada de K na planta promove o acú-mulo de compostos orgânicos de baixo peso molecular (açúcares eaminoácidos), resultando em plantas com crescimento anormal ealta suscetibilidade a doenças e pragas, de forma geral.

Dentre os micronutrientes mais importantes para a preven-ção de doenças e que, normalmente, são negligenciados em siste-mas de produção, destacam-se o Cu, o B e o Mn. Tais elementosdesempenham papel fundamental na síntese de fenóis, quinonas efitoalexinas, bem como na rota do ácido chiquímico – principal rotade defesa vegetal. Em função de sua dinâmica no solo e na planta,o B deverá ser fornecido via solo, em pré-semeadura (ou na semea-dura), mediante o uso de fontes de solubilidade média; ao passoque o Cu e o Mn deverão ser aplicados via foliar, no início da fasede franco crescimento vegetal e no início do florescimento da maio-ria das espécies cultivadas.

Finalmente, cumpre ressaltar que o Zn, apesar de ser omicronutriente mais comumente considerado em programas de adu-bação, quando fornecido em doses elevadas e sem critério técnicodefinido, poderá interferir no aproveitamento e metabolização deoutros nutrientes, bem como favorecer o crescimento e a produçãode metabólitos (micotoxinas) de fungos.

LITERATURA CITADALITERATURA CITADALITERATURA CITADALITERATURA CITADALITERATURA CITADACALEGARI, A.; PEÑALVA, M. Abonos verdes: importáncia agroecológica y especies conpotencial de uso en el Uruguay. Canelones: MGAP (JUNAGRA)-GTZ, 1994. 172 p.COUTINHO, E. L. M.; NATALE, W.; STUPIELLO, J. J.; CARNIER, P. E. Avaliação da eficiênciaagronômica de fertilizantes fosfatados para a cultura do milho. Científica, v. 19, p. 93-104, 1991.FERREIRA, A. C. de B.; ARAÚJO, G. A. de A.; PEREIRA, P. R. G.; CARDOSO, A. A. Caracterís-ticas agronômicas e nutricionais do milho adubado com nitrogênio, molibdênio e zinco. ScientiaAgricola, v. 58, n. 1, p. 131-138, 2001.FRIES, M. R.; AITA, C. Aspectos básicos sobre a importância dos microrganismos em plantiodireto. In: Fertilidade do solo em plantio direto. Curso sobre aspectos básicos de fertilidadee microbiologia do solo sob plantio direto. Cruz Alta: Editora Aldeia Norte, 1999. 92 p.LOPES, A. S. Micronutirentes: filosofias de aplicação e eficiência agronômica. São Paulo:ANDA, 1999. 70 p.MALAVOLTA, E. et al. Avaliação do estado nutricional das plantas. 2 ed. Piracicaba:POTAFOS, 1997.MALZER, G. L.; KELLING, K. A.; SCHMITT, M. A.; HOETFT, R. G.; RANDALL, G. W.Performance of dicyandiamide in the North Central States. Communications in Soil Scienceand Plant Analysis, v. 20, p. 2117-2136, 1989.MARSCHNER, H. Mineral nutrition of higher plants. 2. ed. San Diego: Academic Press,1995. 889 p.NOVAIS, R. F.; SMYTH, T. J. Fósforo em solo e planta em condições tropicais. UniversidadeFederal de Viçosa, 1999. 399 p.PASDA, G.; HÄHNDEL, R.; ZERULLA, W. Effect of fertilizers with the new nitrificationinhibitor DMPP (3,4-Dimethylpyrazole Phosphate) on yield and quality of agricultural andhorticultural crops. Biology and Fertility of Soils, v. 34, n. 2, p. 85-97, 2001.RAIJ, B. van; CANTARELLA, H.; GUAGGIO, J. A.; FURLANI, A. M. C. Recomendação deadubação e calagem para o Estado de São Paulo. Campinas: Instituto Agronômico, 1996. 285 p.RIBEIRO, A. C.; GUIMARÃES, P. T. G.; ALVAREZ, V. H. Recomendação para uso de corre-tivos e fertilizantes em Minas Gerais. 1999. 359 p.RUEDELL, J. Plantio direto na região de Cruz Alta. Cruz Alta: Fundacep Fecotrigo, 1995.THUNG, M. D. T.; OLIVEIRA, I. P. de. Problemas abióticos que afetam a produção do feijoeiroe seus métodos de controle. Santo Antonio de Goiás: EMBRAPA-CNPAF, 1998. 172 p.VIEIRA, E. L.; CASTRO, P. R. C. Ação de Stimulate na germinação de sementes, vigor deplântulas e crescimento radicular de plantas de milho (Zea mays L.). Piracicaba: ESALQ,2000. 15 p. (Relatório Técnico)WESTFALL, D. G.; AMRANI, M.; PETERSON, G. A. Water-solubility of zinc fertilizer: doesit matter? Better Crops, Norcross, v. 83, n. 2, p. 18-21, 1999.

Figura 25. Principais mecanismos de defesa vegetal.Fonte: Adaptada de MARSCHNER (1986).

Assim, em função das razões ecológicas e do papel da nutri-ção na prevenção de doenças e de pragas em sistemas agrícolas deprodução, recomenda-se que o manejo de plantas seja sempre fun-damentado na garantia do equilíbrio nutricional e na visão sistêmicado processo. Para tanto, sugere-se a elaboração de um diagnósticodetalhado da disponibilidade de nutrientes no sistema (incluindosuas interações), das condições climáticas reinantes no período edo potencial genético de resistência inerente ao genótipo utilizado.

Quanto aos efeitos dos nutrientes na defesa de plantas, mere-ce especial destaque o papel do N, do P, do K e dos micronutrientes.

O N aumenta a concentração de aminoácidos e amidas noapoplasto e na superfície foliar que, aparentemente, têm maior in-fluência que os açúcares na germinação de esporos fúngicos e naatividade de insetos. Diante desse fato, recomenda-se evitar a apli-cação foliar indiscriminada de fertilizantes nitrogenados, principal-mente na forma de uréia, nas culturas de feijão, tomate, pimentão,

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008 25

IPNI NO COMBATE À FOME MUNDIALIPNI NO COMBATE À FOME MUNDIALIPNI NO COMBATE À FOME MUNDIALIPNI NO COMBATE À FOME MUNDIALIPNI NO COMBATE À FOME MUNDIAL

A luta contra a fome mundial por meio da utilização adequa-da dos nutrientes de plantas foi um dos principais temas de umarecente reunião do Conselho de Administração do IPNI, realizadaem 17 de maio, em Viena, Áustria.

“Fertilizante é um insumo decisivo para a resolução do pro-blema da rápida diminuição dos estoques mundiais de grãos”,

22222OOOOO SEMINÁRIO SOBRE TECNOLOGIA DE SEMINÁRIO SOBRE TECNOLOGIA DE SEMINÁRIO SOBRE TECNOLOGIA DE SEMINÁRIO SOBRE TECNOLOGIA DE SEMINÁRIO SOBRE TECNOLOGIA DEFERTILIZANTES – PETROBRASFERTILIZANTES – PETROBRASFERTILIZANTES – PETROBRASFERTILIZANTES – PETROBRASFERTILIZANTES – PETROBRAS

No período de 16a 18 de abril último, no Riode Janeiro, foi realizado o2º Seminário sobre Tecno-logia de Fertilizantes, pro-movido pela Petrobras,com o objetivo de discu-tir a produção e a utiliza-ção de fertilizantes noBrasil.

A previsão é queo país tenha que importaraté 82% das suas futuras necessidades em fertilizantes, e as estra-tégias para garantir a disponibilidade e a entrega do insumo nocampo devem ser discutidas com urgência; do contrário, o Brasilpoderá enfrentar graves problemas no futuro próximo ou a médioprazo. Uma das principais decisões é a de saber se o país deveriacriar condições para uma nova planta de nitrogênio. O evento foium excelente fórum para discussões.

Dr. Luís Ignácio Prochnow (foto), Diretor do IPNI Brasil,foi convidado a apresentar uma palestra intitulada Tendênciasfuturas na nutrição das plantas no evento. “Foi uma grande opor-tunidade para o IPNI Brasil ser convidado a participar deste im-portante evento”, disse Dr. Prochnow. Entre outros assuntos, elechamou a atenção, durante a palestra, para a situação dos fertili-zantes no mundo, a pesquisa de novos produtos e as tendênciasque devem influenciar a nutrição de plantas e a utilização dosfertilizantes no futuro.

IPNI 2008 – CONCURSO DE FOTOS DEIPNI 2008 – CONCURSO DE FOTOS DEIPNI 2008 – CONCURSO DE FOTOS DEIPNI 2008 – CONCURSO DE FOTOS DEIPNI 2008 – CONCURSO DE FOTOS DEDEFICIÊNCIA EM CULTURASDEFICIÊNCIA EM CULTURASDEFICIÊNCIA EM CULTURASDEFICIÊNCIA EM CULTURASDEFICIÊNCIA EM CULTURAS

O International Plant Nutrition Institute (IPNI) está con-vidando pessoas do mundo todo para participar do concurso defotos digitais – edição 2008. Ao compartilhar suas imagens como mundo, você estará concorrendo a prêmios em dinheiro queserão fornecidos aos três primeiros competidores em quatro ca-tegorias de nutrientes. Todos os participantes serão avaliadoscom base na melhor combinação de qualidade de imagens e de-talhes fornecidos como elementos de prova. A data limite paraenvio das fotos é 15 de dezembro de 2008 e os vencedores serãoanunciados em janeiro de 2009. Mais informações podem ser ob-tidas no site www.ipni.net/photocontest. Para inscrição ou can-celamento, acessar o link e seguir as instruções apropriadas: http://www.ipni.net/newsletters

Confira abaixo uma das fotos vencedoras em 2007.SIMPÓSIO SOBRE MELHORES PRÁTICAS DESIMPÓSIO SOBRE MELHORES PRÁTICAS DESIMPÓSIO SOBRE MELHORES PRÁTICAS DESIMPÓSIO SOBRE MELHORES PRÁTICAS DESIMPÓSIO SOBRE MELHORES PRÁTICAS DEMANEJO DE FERTILIZANTESMANEJO DE FERTILIZANTESMANEJO DE FERTILIZANTESMANEJO DE FERTILIZANTESMANEJO DE FERTILIZANTES

O IPNI Brasil realizará no primeiro semestre de 2009 oSimpósio sobre Melhores Práticas de Manejo de Fertilizantes –MPMFs. Estas são ferramentas que devem ser utilizadas pelos agri-cultores para o manejo efetivo e eficiente de fertilizantes para alcan-çar suas metas de produção e de manejo ambiental. São produtos daciência e da prática – resultado de extensa pesquisa aplicada.

Deficiência de boro em coco, em Tamil Nadu, Índia

EM DESTAQUEEM DESTAQUEEM DESTAQUEEM DESTAQUEEM DESTAQUE

disse Dr. Terry L. Roberts, Presidente do IPNI. “O manejo responsá-vel dos nutrientes deve centrar-se em opções que satisfaçam demaneira ótima as necessidades nutricionais das culturas. Falhas nomanejo conduzem a perda de parte do potencial genético da plantae à utilização ineficaz dos outros recursos naturais necessários paraa produção vegetal. Isto significa que mais pessoas passarão fomeou mais terras deverão ser disponibilizadas para a produção”,acrescentou.

Durante o evento, pesquisadores do IPNI apresentaram re-latórios sobre os progressos globais em seus esforços para atuali-zar as melhores práticas de manejo de fertilizantes (MPMFs) e ex-pandir sua adoção global. O IPNI colabora atualmente com mais de130 projetos de pesquisa em nível mundial, os quais continuam afornecer novas informações científicas aos sistemas de cultivo paramelhor capacitá-los na produção de mais alimentos.

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26 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008

Bernardo van Raij2

1 Este é o título do novo livro do autor, publicado pelo Instituto Agronômico de Campinas. Mais detalhes sobre o livro podem ser obtidos na seçãode Publicações Recentes desta edição.

2 Pesquisador voluntário do Instituto Agronômico de Campinas e consultor; email:[email protected]

Solos ácidos podem apresen-tar uma barreira química nosubsolo, ocasionada pela aci-

dez, que impede ou dificulta a ação das raí-zes. Nesses casos, em diversos tipos de so-los, mas não em todos, o gesso pode esti-mular o enraizamento profundo no subsolo.Essa ação se dá pelo aumento dos teores decálcio, redução da saturação por alumínio e,em alguns casos, pela efetiva redução daacidez do subsolo. Isso porque o gesso,por ser um sal solúvel em água, penetra no subsolo. O aprofun-damento radicular promovido pelo gesso favorece a absorção deágua de camadas mais profundas do solo, conferindo às culturasmaior resistência à seca em veranicos e safrinhas. Espera-se maioratenção para o assunto no sistema de plantio direto, no qual oefeito do calcário aplicado na superfície do solo tem menor influên-cia na acidez do subsolo, comparado ao cultivo convencional, po-dendo o gesso ter importante efeito complementar à calagem aomelhorar o ambiente radicular de camadas mais profundas do solo.

O principal tipo de gesso disponível no Brasil é o fosfogesso,subproduto da fabricação de ácido fosfórico, produzido em SãoPaulo (Cubatão, SP), Minas Gerais (Uberaba, MG) e Goiás (Catalão,GO). Além do fosfogesso, existe o gesso de mineração, a gipsita,produzido em maior escala, principalmente em Pernambuco. Os doisprodutos podem ser usados na melhoria de subsolos ácidos e nacorreção de solos sódicos.

O constituinte que predomina no fosfogesso é o sulfato decálcio, estando o cálcio na forma do cátion Ca2+ e o enxofre na formado ânion SO4

2+, seus principais constituintes. O material não con-tém impurezas químicas quantitativamente importantes do pontode vista ambiental ou alimentar. Pode conter micronutrientes emquantidades importantes do ponto de vista agrícola, principalmen-te nos fosfatos de origem sedimentar importados.

O gesso é excelente fonte de cálcio e enxofre para as plan-tas. O cálcio, acompanhado de sulfato, tem-se revelado uma fontediferenciada por aumentar os teores de cálcio em plantas em pro-porção maior do que as observadas quando são utilizadas quanti-dades equivalentes de carbonato de cálcio. O sulfato de cálcio pro-move o desenvolvimento radicular em solos deficientes em cálcioou com saturação por alumínio elevada, nos quais reduz a atividadedo alumínio, aliviando sua toxidez.

O gesso interage de forma diferenciada com o solo, depen-dendo do teor de matéria orgânica e da natureza da mineralogia dafração argila. A adsorção de sulfato é um dos principais fatoresenvolvidos, sendo a retenção desse ânion pelo solo e, conseqüen-temente, do gesso, reduzida pela matéria orgânica e por minerais deargila, e aumentada pela presença de óxidos de ferro e alumínio. Em

conseqüência, a ação mais acentuada dogesso se dá em profundidade no perfil dosolo e efeitos do gesso estão ligados àscaracterísticas do solo, sendo, de uma for-ma geral, maiores nos solos mais oxídicosou intemperizados do Brasil Central.

A ação do gesso é governada pelaspropriedades eletroquímicas do solo. A maiorparte dos solos brasileiros enquadra-se emsolos de cargas variáveis, nos quais a quan-tidade de cargas negativas aumenta com a

elevação do pH e a de cargas positivas, quando presentes, au-menta a pH mais baixo. Essas relações e suas conseqüências sãoprevisíveis pela teoria da dupla camada elétrica.

O gesso, por ser um sal solúvel, penetra no solo e, em geral, érapidamente removido da camada superficial por lixiviação. Em al-guns solos, a adsorção de sulfato no subsolo, ao reduzir a lixiviaçãodo sal, promove aumento da concentração de sulfato e de cálcio emformas trocáveis também na solução do solo, o que reduz a toxicidadede alumínio para as raízes das plantas. Em alguns casos ocorre aefetiva redução do alumínio no solo. Por outro lado, em solos queretém pouco sulfato, os sais decorrentes da aplicação do gessoserão rapidamente removidos do solo pelas águas de percolação.

O gesso tem efeito floculante no solo, reduzindo a disper-são da argila. Este efeito já é bem conhecido em solos sódicos, mastambém se revela em solos ácidos. Há registro de efeitos favoráveisdo gesso no impedimento do encrostamento superficial ou na re-dução do adensamento de camadas do subsolo. O gesso pode, tam-bém, influir de forma favorável na condutividade hidráulica de solos.

Há dados experimentais que revelam o efeito favorável dogesso em milho, promovendo melhor enraizamento no subsolo econseqüente aumento na absorção de água e de nitrogênio nítrico.Melhores resultados são obtidos com combinações de calcário egesso. Nos Estados Unidos foram constatados efeitos residuais16 anos após a aplicação do gesso, revelando, ainda, após tantosanos, importantes efeitos na produção de milho.

Para cana-de-açúcar, há resultados de experimentos fato-riais com calcário e gesso em seis locais do Estado de São Paulo,sendo que em cinco deles houve resultados favoráveis na produ-ção em um período de quatro anos. O efeito máximo sobre a produ-ção foi obtido com combinações de doses de calcário e gesso.Nesses casos, as atuais recomendações de calcário e gesso sãoinferiores àquelas que seriam necessárias para a produção máximaeconômica, apontando para aplicações de maiores quantidades dosinsumos como um fator para aumentar a produtividade da cultura(Tabela 1).

Para soja, há dados experimentais indicando efeito posi-tivo da gessagem. Quando avaliada em presença da calagem, os

GESSO NA AGRICULTURAGESSO NA AGRICULTURAGESSO NA AGRICULTURAGESSO NA AGRICULTURAGESSO NA AGRICULTURA11111

O aprofundamento radicularpromovido pelo gesso

favorece a absorção de águade camadas mais profundas

do solo, conferindo às culturasmaior resistência à seca em

veranicos e safrinhas

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008 27

resultados mostram que as melhores produtividades são obti-das com combinações de calcário e gesso (Tabela 2). No caso doalgodão, foram obtidos resultados favoráveis com a gessagemmesmo em solo com subsolo não muito ácido. Também nestecaso, o melhor resultado foi obtido com combinação de calcárioe gesso. Respostas a gesso foram, também, verificadas para cafée maçã.

O gesso é o principal insumo para a correção de solos sódicosou alcalinos, atuando na remoção do sódio, elemento que degradaa estrutura do solo, pelo cálcio, elemento que promove a melhoriada estrutura.

Em solos ácidos, o gesso age em profundidade e, por essarazão, o diagnóstico deve ser baseado em amostras de subsolo, emgeral coletadas na faixa de 20 a 40 cm de profundidade. As recomen-dações atuais baseiam-se no teor de cálcio e na saturação por alumí-nio, como critérios de diagnose, e no teor de argila do solo, paraquantificação das aplicações. As quantidades indicadas raramentechegam a 4 t ha-1, o que é uma recomendação segura, porém para

Tabela 1. Necessidades de calagem e gesso de seis áreas, doses adequadas retiradas dos dados experimentais, aumento de produção correspondente ecustos de aquisição, transporte e aplicação dos insumos.

Dose adequada

Calcário GessoPRNT do calcário, Necessidade Necessidade de Aumento de produção Custo dos corretivos

CaCO3 de calcário de gesso em 4 anos aplicados1

(%) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (t ha-1) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (t ha-1 de colmos) - - - - - - - - - - -

LVEa 63 2,5 1,0 4 2 76 12LVA-9 77 5,3 1,4 10 6 72 32LR-2 73 4,1 0 0 0 12 0LVA-11 69 1,6 0 3 4 44 14LVA-9 61 1,6 1,1 1,8 4,8 120 13LVE-3 52 9,8 3,5 10 10 76 40

1 Considerando-se o custo de 1 t de calcário ou 1 t de gesso igual a 2 t de colmos.

Solo

correção de não mais de cerca de 50 cm em solos argilosos. Para amelhoria do perfil a maiores profundidades, o cálculo da necessida-de de gesso necessita de aperfeiçoamento.

Há ampla possibilidade de uso de gesso na agricultura. Asaplicações de gesso, se praticadas de acordo com as recomenda-ções oficiais, são seguras e não devem trazer problemas de perdasde nutrientes por lixiviação. Contudo, há evidências de que maioresaplicações podem ser vantajosas. Para verificar essa hipótese, sãonecessárias amostragens mais profundas de solos, para verificar aocorrência de barreira química no subsolo e, se necessário, empre-gar doses mais elevadas de calcário e gesso, almejando correçõesmais amplas do perfil do solo.

Em resumo, há grande possibilidade de aumento da produ-ção de culturas com o uso de gesso. O efeito em geral não éespetacular, mas persiste por muitos anos, sendo, assim, vantajo-so do ponto de vista econômico. O conhecimento atual permiteinferir na necessidade de maiores aplicações em relação às reco-mendações atuais dos órgãos oficiais.

Tabela 2. Resposta da soja a calcário e gesso em dois cultivos sucessivos, em Mococa, SP.

Gesso (t ha-1)

0 2 4 6

Produção de soja no ano agrícola 1985/1986(t ha-1) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (kg ha-1) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

0 1.041 887 1.012 1.229 1.043 c

3 2.100 1.942 2.179 2.229 2.112 b

6 1.983 2.137 2.358 2.416 2.223 ab

9 2.625 2.487 2.658 2.391 2.540 a

Média 1.937 ab 1.863 b 2.052 a 2.066 a -

Produção de soja no ano agrícola 1986/1987(t ha-1) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (kg ha-1) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

0 1.423 1.427 1.596 1.731 1.544 c3 2.287 2.287 2.283 2.376 2.308 b6 2.585 2.673 2.941 2.556 2.689 ab9 2.876 2.869 2.822 2.848 2.854 a

Média 2.293 a 2.314 a 2.411 a 2.377 a -

Fonte: Quaggio e outros ( Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 28, p. 375-383, 1993).

Calcário Média

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28 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008

DIVULGANDO A PESQUISA

1. IRON SOURCES FOR CITRUS ROOTSTOCK DEVELOP-MENT GROWN ON PINE BARK/VERMICULITE MIXEDSUBSTRATE

FERRAREZI, R. S.; BATAGLIA, O. C.; FURLANI, P. R.; SCHAM-MASS, E. A. Scientia Agricola, v. 64, n. 5, p. 520-531. (http://www.scielo.br/pdf/sa/v64n5/v64n5a10.pdf)

For high technology seedling production systems, nutritionplays an important role, mainly the fertigation with iron chelates toprevent its deficiency. This study had the goal of searching foralternative iron sources with the same nutrient efficiency but lowercost in relation to nutrient solution total cost. An experiment wascarried out in 56 cm3-conic-containers tilled with a pine bark/ vermiculitemixed substrate using Fe-DTPA, Fe-EDDHA, Fe-EDDHMA, Fe-EDTA,Fe-HEDTA, FeCl3, FeSO4, FeSO4+citric acid plus a control, and therootstocks Swingle, Rangpur, Trifoliata and Cleopatra, in a rando-mized complete block design, with four replicates. Seedlings wereevaluated for height, relative chlorophyll index, total and solubleiron leaf concentrations.

Cleopatra was the only rootstock observed without visualiron chlorosis symptoms. There was a low relative chlorophyll indexfor Rangpur, Swingle and Trifoliata rootstocks in the control plots,in agreement with the observed symptoms. High total iron con-centrations were found in the control and Fe-EDTA plots, whereassoluble iron represented only a low percent of the total iron. Theeconomical analysis showed the following cost values of ironsources in relation to the nutrient solution total costs: Fe-HEDTA(37.25%) > FeCl3 (4.61%) > Fe-EDDHMA (4.53%) > Fe-EDDHA(3.35%) > Fe-DTPA (2.91%) > Fe-EDTA (1.08%) > FeSO4 + citricacid (0.78%) > FeSO4 (0.25%). However, only plants from Fe-EDDHAand Fe-EDDHMA treatments did not present any deficiency visualsymptoms. The relative cost of Fe-EDDHA application is low, itsefficiency in maintaining iron available in solution resulted in highplant heights, making it recommendable for citric rootstock pro-duction in nurseries.

ERRATA: No Informações Agronômicas de março/2008, napágina 17, resumo 4, houve um equívoco na informaçãoda autoria do trabalho. Nossas devidas desculpas aosautores e aos leitores. Veja, a seguir, o resumo original.

2. MANEJO DA ADUBAÇÃO NITROGENADA E UTILIZA-ÇÃO DO NITROGÊNIO (15N) PELO MILHO EMLATOSSOLO VERMELHO

DUETE, R. R. C.; MURAOKA, T.; SILVA, E. C. da; TRIVELIN, P.C. O.; AMBROSANO, E. J. Revista Brasileira de Ciência do Solo,v. 32, n. 1, p.161-171, 2008 (http://www.scielo.br/pdf/rbcs/v32n1/16.pdf)

O N é o nutriente absorvido em maior quantidade pelo mi-lho, o que mais influencia a produtividade de grãos e o de manejomais complexo. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito dedoses e parcelamentos de N, na forma de uréia 15N, sobre a produ-tividade de grãos, o aproveitamento do N do fertilizante e a quanti-dade de N nativo do solo absorvida pelo milho em um Latossolo

Vermelho. O delineamento experimental foi o de blocos casualizadoscom nove tratamentos e quatro repetições, compreendido de cincodoses de N: 0, 55, 95, 135 e 175 kg ha-1, aplicando-se 15 kg nasemeadura e o restante em diferentes estratégias de parcelamentos:40 e 80 kg ha-1 no estádio de oito folhas ou ½ no estádio de quatrofolhas + ½ no estádio de oito folhas; 120 kg ha-1 fracionados em½ + ½ ou 1/3 + 1/3 + 1/3 no estádio de quatro, oito ou 12 folhas; e160 kg ha-1 parcelados em ¼ + 3/8 + 3/8 ou ¼ + ¼ + ¼ + ¼ no estádiode quatro, oito, 12 folhas ou de florescimento e polinização.

O aproveitamento do N do fertilizante pelo milho foi, emmédia, de 39% e o solo foi a principal fonte do nutriente para acultura. A aplicação de 135 kg ha-1 de N parcelados em três vezes,até o estádio de oito folhas, proporcionou maior aproveitamento doN do fertilizante (52%) e maior produtividade de grãos.

3. MATÉRIA SECA E ACÚMULO DE NUTRIENTES EMGENÓTIPOS DE MILHO CONTRASTANTES QUANTO AAQUISIÇÃO DE FÓSFORO

BRASIL, E. C.; ALVES, V. M. C.; MARRIEL, I. E.; PITTA, G. V. E.;CARVALHO, J. G. de. Ciência e Agrotecnologia, v. 31, n. 3,p. 704-712, 2007. (http://www.scielo.br/pdf/cagro/v31n3/a16v31n3.pdf)

Com o intuito de avaliar o efeito do estresse de P sobreatributos morfológicos do sistema radicular de genótipos de mi-lho contrastantes quanto à eficiência na aquisição de fósforo,conduziu-se um experimento em casa de vegetação da EmbrapaMilho e Sorgo, Sete Lagoas, MG, onde foram testados oitogenótipos de milho, provenientes do programa de melhoramentoda Empresa. O delineamento experimental utilizado foi o inteira-mente casualizado, em esquema fatorial 8 x 2, com três repetições,correspondendo a oito genótipos (três linhagens: L1 = ineficiente,L2 e L3 = eficientes; e cinco híbridos: H1, H2 e H3 = eficientes, H4 eH5 = ineficientes) e dois níveis de P (baixo e alto). As plantasforam cultivadas em solução nutritiva com duas concentrações deP equivalentes a 2,3 µM e 129 µM. A composição da soluçãonutritiva foi a seguinte: 152 mg L-1 N-NO3; 18,2 mg L-1 N-NH4;141,1 mg L-1 Ca ; 90,1 mg L-1 K; 20,8 mg L-1 Mg; 18,8 mg L-1 S; 4,3 mg L-1

S; 0,5 mg L-1 Mn; 0,27 mg L-1 B; 0,04 mg L-1 Cu; 0,15 mg L-1 Zn;0,08 mg L-1 Mo; 0,04 mg L-1 Na e 20,06 mg L-1 HEDTA.

Aos 18 dias do transplantio, verificou-se que, sob condi-ções de estresse de P em solução nutritiva, os híbridos H5, H1 e H2apresentaram os maiores valores de massa seca total e da parteaérea, em relação aos demais. De modo geral, tanto os híbridoscomo as linhagens, quando cresceram em solução com baixo nívelde P, apresentaram maior relação raiz/parte aérea do que os mate-riais que cresceram em solução com alto nível do nutriente. A con-centração de N na parte aérea das plantas foi significativamentesuperior no tratamento com baixo nível de P na solução nutritiva.Os híbridos H1 e H2 e a linhagens L3 acumularam as maiores quan-tidades de P na parte aérea, independentemente do nível de P nasolução. Esses resultados foram influenciados pelas maiores pro-duções de matéria seca apresentadas pelos referidos materiais. In-dependente do nível de P, houve variação no conteúdo do nutrien-te na parte aérea dos híbridos, não sendo observado o mesmo com-portamento para as linhagens.

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PAINEL AGRONÔMICO

EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA DAEVOLUÇÃO TECNOLÓGICA DAEVOLUÇÃO TECNOLÓGICA DAEVOLUÇÃO TECNOLÓGICA DAEVOLUÇÃO TECNOLÓGICA DAAGROPECUÁRIA BRASILEIRAAGROPECUÁRIA BRASILEIRAAGROPECUÁRIA BRASILEIRAAGROPECUÁRIA BRASILEIRAAGROPECUÁRIA BRASILEIRA É ELOGIADA É ELOGIADA É ELOGIADA É ELOGIADA É ELOGIADA

POR POR POR POR POR PESQUISADORES AMERICANOSPESQUISADORES AMERICANOSPESQUISADORES AMERICANOSPESQUISADORES AMERICANOSPESQUISADORES AMERICANOS

A taxa de crescimento na agropecuária brasileira e as tecno-logias em uso no país nos últimos 30 anos foram elogiadas por umadelegação da Agência Americana para o Desenvolvimento Interna-cional (USAID) e do Departamento de Agricultura dos EstadosUnidos (USDA). Os pesquisadores americanos assistiram a umaapresentação da evolução das pesquisas em melhoramento da sojae o uso de estirpes de Bradyrhizobium para fixação biológica donitrogênio pelos pesquisadores da unidade Cerrados da EmpresaBrasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

De acordo com o pesquisador Auteclínio Lopes de FariasNeto, a produção de soja no Cerrado representa 63,5% do volumenacional. Os rendimentos da produção têm aumentado, em média,1,5% ao ano, graças aos ganhos incorporados pelo melhoramentogenético e às tecnologias desenvolvidas para reduzir custos e facili-tar o manejo das lavouras. Farias Neto, especialista em melhoramentoda soja, salientou que a Embrapa Cerrados e parceiros estão próxi-mos de lançar uma cultivar resistente à ferrugem asiática. “A expecta-tiva é lançar o material ainda neste ano. Os custos com a ferrugemasiática somam perdas de 2,67 milhões de toneladas de grãos quegeraram prejuízo de US$ 2,57 bilhões na safra 2006/07”, acrescentou.Ele esclareceu que a primeira cultivar brasileira de soja resistente àferrugem asiática contribuirá para reduzir também as aplicações defungicidas. “A média atual é de 2,3 aplicações. A cultivar a ser lançadarequer apenas uma aplicação”, enfatizou. (www.revistaagrobrasil.com.br/site/noticiasIntegra.php?idNoticia=450762&idCategoria=13)

DR. EURÍPEDES MALAVOLTA INDICADR. EURÍPEDES MALAVOLTA INDICADR. EURÍPEDES MALAVOLTA INDICADR. EURÍPEDES MALAVOLTA INDICADR. EURÍPEDES MALAVOLTA INDICAMILTON FERREIRA DE MORAES PARA AMILTON FERREIRA DE MORAES PARA AMILTON FERREIRA DE MORAES PARA AMILTON FERREIRA DE MORAES PARA AMILTON FERREIRA DE MORAES PARA AACADEMIA BRASILEIRA DE CIÊNCIASACADEMIA BRASILEIRA DE CIÊNCIASACADEMIA BRASILEIRA DE CIÊNCIASACADEMIA BRASILEIRA DE CIÊNCIASACADEMIA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS

Em 8 de abril último, em cerimônia realizada no auditório doInstituto de Estudos Avançados da USP, Milton Ferreira de Moraes,do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA/USP), foidiplomado como membro afiliado da Academia Brasileira de Ciênciasde São Paulo (ABC), junto a outros quatro pesquisadores.

Milton foi apresentado como candidato, no ano passado,por Dr. Eurípedes Malavolta, Membro Titular da Academia Brasilei-ra de Ciências desde 1964.

A escolha dos novos participantes, critério exclusivo dostitulares eleitos em anos anteriores, faz com que os membros daABC sejam os mais legítimos representantes da Ciência brasileira,chamando a integrar seus quadros aqueles que se destacam napesquisa e na liderança que exercem ao fazer avançar a Ciência.

Após a diplomação dos novos membros, seguida pela apre-sentação individual de suas pesquisas, Milton encerrou o evento comuma palestra intitulada Relação entre nutrição de plantas, qualidadede produtos agrícolas e saúde humana.

Ao Milton, os parabéns do IPNI por esta conquista!

TÉCNICAS TURBINAM A PRODUÇÃOTÉCNICAS TURBINAM A PRODUÇÃOTÉCNICAS TURBINAM A PRODUÇÃOTÉCNICAS TURBINAM A PRODUÇÃOTÉCNICAS TURBINAM A PRODUÇÃO

Com os bons preços dos grãos, produtores do sudoestepaulista investem em tecnologia para obter mais rendimento sem au-mento de área. A padronização das lavouras de milho e soja com ouso das mesmas máquinas para plantio e colheita resultou noadensamento do milho e ganho de 8% na produtividade, além demenor custo. De acordo com Ariovaldo Fellet, proprietário da Fazen-da Lagoa Bonita, em Itaberá, o plantio adensado de milho já é rotinana propriedade, na qual são cultivados 5 mil hectares de grãos porano. “Antes plantávamos o milho com 90 cm entre linhas; hoje, coma redução para 50 cm, usamos a mesma máquina para plantar soja,milho e feijão, com redução no custo operacional. Eram necessáriostrês funcionários, por dois dias ou mais, para fazer a conversão dasoja para o milho em uma plantadeira de 12 linhas; atualmente, bastameia hora para limpar a máquina e abastecê-la com outra semente.”

Outra técnica consiste na aplicação de ar frio nas sementes(cool seed) para aumentar em 120 dias a vida útil e melhorar a germi-nação. Fellet explica que a temperatura mais baixa retarda o amadu-recimento da semente e inibe o desenvolvimento de fungos e mi-crorganismos. No caso da semente de trigo, a refrigeração elimina anecessidade do expurgo contra carunchos. Os agricultores tam-bém investem em agricultura de precisão e no cultivo intensivo,para colher 2,3 safras na mesma área, em um ano.

Como explica o agrônomo Paulo Leandro de Barros, da Se-cretaria de Agricultura do Estado, os produtores da atual geração,muitos com formação acadêmica aliada à prática do campo, buscamtécnicas para produzir mais, com menor custo. Como trabalham comgrãos considerados commodities, como a soja, o milho e o trigo,com preços ditados pelo mercado internacional, os agricultores sen-tiram a necessidade de transformar suas fazendas em empresas. “Acompetição é grande e quem não se atulizar corre o risco de ficarfora do mercado”, diz Barros. (Suplemento Agrícola, O Estado deSão Paulo, 2/4/2008)

CENTRO DE TECNOLOGIA CANAVIEIRA VAICENTRO DE TECNOLOGIA CANAVIEIRA VAICENTRO DE TECNOLOGIA CANAVIEIRA VAICENTRO DE TECNOLOGIA CANAVIEIRA VAICENTRO DE TECNOLOGIA CANAVIEIRA VAILANÇAR INOVAÇÕES EM AÇÚCAR E ÁLCOOLLANÇAR INOVAÇÕES EM AÇÚCAR E ÁLCOOLLANÇAR INOVAÇÕES EM AÇÚCAR E ÁLCOOLLANÇAR INOVAÇÕES EM AÇÚCAR E ÁLCOOLLANÇAR INOVAÇÕES EM AÇÚCAR E ÁLCOOL

Depois de mais de dez anos debruçados em pesquisas, téc-nicos do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), de Piracicaba, SP,vão colocar à disposição, neste ano, importantes inovações tecno-lógicas na área sucroalcooleira. Entre os destaques estão o sistemade produção de açúcar sem enxofre no seu processo industrial, oprocesso de lavagem a seco da cana e os avanços em biotecnologia,com a seleção de variedades de cana adequadas a cada região do país.

Segundo Tadeu Andrade, diretor-executivo do CTC, o enxo-fre é utilizado no processo para clarear o açúcar à base de cana. Ominério não faz parte do processo de produção de açúcar de beter-raba, uma vez que o caldo extraído dessa planta é mais claro que oobtido da cana. “Estamos nos antecipando a possíveis questiona-mentos de países importadores, que poderiam criar barreiras técni-cas para o produto brasileiro”, diz ele.

Com um apelo sustentável e que pode evitar eventuais bar-reiras não-tarifárias ao álcool e ao açúcar, a tecnologia de lavagem aseco (ventilação) da cana também estará disponível para as usinaseste ano. Para cada tonelada de cana, a usina economizará 1.000 litrosde água.

Resultado de pesquisas avançadas em biotecnologia, no-vas variedades de cana, mais produtivas, resistentes a doenças eespecíficas para cada região produtora vão ser colocadas no merca-do no próximo semestre. Somadas às variedades antigas, somamquase 70 espalhadas em todo o país. (Valor on line, 17/04/2008)

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30 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008

CURSOS, SIMPÓSIOS E OUTROS EVENTOS

1. II SIMPÓSIO BRASILEIRO DE1. II SIMPÓSIO BRASILEIRO DE1. II SIMPÓSIO BRASILEIRO DE1. II SIMPÓSIO BRASILEIRO DE1. II SIMPÓSIO BRASILEIRO DEFERTILIZANTES FLUIDOS E FOLIARESFERTILIZANTES FLUIDOS E FOLIARESFERTILIZANTES FLUIDOS E FOLIARESFERTILIZANTES FLUIDOS E FOLIARESFERTILIZANTES FLUIDOS E FOLIARES

Informações gerais:Temas de importância serão apresentados e discutidos neste

simpósio, divididos nos seguintes painéis: (1) Aspectos geraisda adubação fluida, (2) Fontes para utilização via fluida, (3) Tec-nologia de aplicação, (4) Adubação foliar e (5) Manejo de aduba-ção fluida para culturas perenes e semi-perenes.

A palestra inicial estará a cargo do Dr. Paul Fixen, IPNI, queabordará o tema Uso de fertilizantes fluidos na evolução da agri-cultura.Promoção/Organização: FEALQ, GAPE/ESALQ-USP, Honeywell,

IPNI BrasilData: 07 a 09/JULHO/2008Local: Anfiteatro do Pavilhão de Engenharia, ESALQ/USP,

Piracicaba, SPTaxa de inscrição: Profissionais: R$ 350,00

Estudantes: R$ 200,00Informações: GAPE, ESALQ-USP ou FEALQ (Maria Eugênia)

Telefones: (19) 3417-2138 ou (19) 3417-6604email: [email protected]

22222. FERTBIO 2008: . FERTBIO 2008: . FERTBIO 2008: . FERTBIO 2008: . FERTBIO 2008: SIMPÓSIO SIMPÓSIO SIMPÓSIO SIMPÓSIO SIMPÓSIO SOBRE SOBRE SOBRE SOBRE SOBRE USO EUSO EUSO EUSO EUSO EEFICIÊNCIA AGRONÔMICA DE FERTILIZANTESEFICIÊNCIA AGRONÔMICA DE FERTILIZANTESEFICIÊNCIA AGRONÔMICA DE FERTILIZANTESEFICIÊNCIA AGRONÔMICA DE FERTILIZANTESEFICIÊNCIA AGRONÔMICA DE FERTILIZANTES

Informações gerais:O Simpósio sobre Uso e eficiência agronômica de fertilizan-

tes, constante na programação da FERTBIO 2008, contará comapresentações dos pesquisadores: Dr. Norman Chien, ConsultorCientífico Internacional na Área de Fertilizantes; Dr. Luís IgnácioProchnow, IPNI Brasil; e Dr. Heitor Cantarella, IAC, os quais abor-darão o tema geral Desenvolvimentos recentes na produção eutilização de fertilizantes no sentido de aperfeiçoar a eficiênciade nutrientes e minimizar impactos ambientais.Promoção/Organização: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo,

Sociedade Brasileira de Microbiologia/Embrapa Soja, IAPAR, UEL

Data: FERTBIO: 15 a 19/SETEMBRO/2008SIMPÓSIO: 16/SETEMBRO/2008

EVENTOS COM PARTICIPAÇÃO DO IPNIEVENTOS COM PARTICIPAÇÃO DO IPNIEVENTOS COM PARTICIPAÇÃO DO IPNIEVENTOS COM PARTICIPAÇÃO DO IPNIEVENTOS COM PARTICIPAÇÃO DO IPNI ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Local: Centro de Eventos e Exposições de Londrina, PRTaxa de inscrição: vide tabela de preços no link:

http://www.fertbio2008.com.br/inscricoes.phpInformações: Telefone: (43) 3025-5223

email: [email protected]

3. MAXIMIZAÇÃO DA EFICIÊNCIA E MINIMIZAÇÃO3. MAXIMIZAÇÃO DA EFICIÊNCIA E MINIMIZAÇÃO3. MAXIMIZAÇÃO DA EFICIÊNCIA E MINIMIZAÇÃO3. MAXIMIZAÇÃO DA EFICIÊNCIA E MINIMIZAÇÃO3. MAXIMIZAÇÃO DA EFICIÊNCIA E MINIMIZAÇÃODOS IMPACTOS AMBIENTAIS DA ADUBAÇÃODOS IMPACTOS AMBIENTAIS DA ADUBAÇÃODOS IMPACTOS AMBIENTAIS DA ADUBAÇÃODOS IMPACTOS AMBIENTAIS DA ADUBAÇÃODOS IMPACTOS AMBIENTAIS DA ADUBAÇÃONITROGENADANITROGENADANITROGENADANITROGENADANITROGENADA

Informações gerais:O evento de um dia contará com quatro palestras sobre os

temas:(1) Eficiência agronômica e acidificação do solo pela aplica-

ção de fertilizantes nitrogenados, Dr. Norman Chien, Con-sultor Internacional para assuntos relacionados à fertilidadedo solo e fertilizantes;

(2) Pesquisa agronômica no Brasil relacionada a fertilizantesnitrogenados: situação atual, perspectivas e necessidadesfuturas, Dr. Paulo Trivelin, CENA/USP, e Dr. Heitor Can-tarella, IAC;

(3) A influência do manejo dos fertilizantes nitrogenadosno ambiente, Dr. Cliff S. Snyder, Diretor do ProgramaNitrogênio IPNI, Estados Unidos;

(4) Aspectos práticos da adubação nitrogenada na cana-de-açúcar, Dr. Godofredo César Vitti e Dr. Arnaldo Rodella,ESALQ/USP.

Ao final, haverá um debate geral com duração de até uma hora.

Promoção/Organização: FEALQ, GAPE-ESALQ/USP, Honeywell,IPNI Brasil

Data: 23/SETEMBRO/2008Local: ESALQ/USPTaxa de inscrição: Até 22/Agosto/2008 Após 22/Agosto/2008

Profissionais: R$ 75,00 R$ 100,00Estudantes: R$ 50,00 R$ 75,00

Informações: GAPE, ESALQ/USPTelefone: (19) 3417-2138email: [email protected]

Os próximos eventos promovidos pelo IPNI Brasil deverão ocorrer a partir do primeiro semestre de 2009. Alguns dos temas emconsideração:

1. Melhores Práticas de Manejo de Fertilizantes (MPMFs).2. Agricultura de precisão com ênfase em nutrição de plantas.3. Nutrição de plantas e qualidade de produtos agrosilvopastoris.

Os temas e programas dos eventos serão anunciados em edições futuras do Jornal Informações Agronômicas e no nosso website.

EVENTOS DO IPNIEVENTOS DO IPNIEVENTOS DO IPNIEVENTOS DO IPNIEVENTOS DO IPNI ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

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PUBLICAÇÕES RECENTES

2. FERTIRRIGACIÓN: CULTIVOS Y FRUTALESAutor: Iván Vidal; 2007.Conteúdo: Nutrición mineral y diagnóstico del estado nutricional

de las plantas; fertirrigación; programación y manejodel riego; fertilizantes para fertirriego; equipos deinyección de fertilizantes; mantención del sistema;diseño de programas de fertirriego y su control; calidaddel agua de riego; fertirriego con pivote central.

Número de páginas: 118Pedidos: email: [email protected]

1. GESSO NA AGRICULTURAAutor: Bernardo van Raij; 2008.Conteúdo: Barreira química em subsolos ácidos; produção de

gesso; propriedades do gesso; aspectos nutricio-nais; solo e interação com gesso; propriedades ele-troquímicas de solos; gesso e atributos químicos dosolo; gesso e propriedades físicas do solo; gessopara milho e outros cereais; gesso para cana-de-açú-car; gesso para soja e outras culturas; gesso comomelhorador do solo; perspectivas para o uso de ges-so na agricultura.

Número de páginas: 233Preço: R$ 40,00Pedidos: Instituto Agronômico de Campinas - IAC

Webmail: www.iac.sp.gov.br

3. ANÁLISE ECONÔMICA E SOCIAL DE PROJETOS FLO-RESTAISAutor: Antônio D. de Oliveira, José Luiz P. de Rezende; 2008.Conteúdo: Matemática financeira; capitalização periódica; capi-

talização contínua; análise econômica de projetosflorestais; formulação de projetos; critérios de avali-ação; localização de projetos; considerações sobreo método de Faustmann ou valor esperado da terra;análise social de projetos; o papel do governo; análi-se de custo-benefício; bens públicos e externalidades.

Número de páginas: 386Preço: R$ 54,00Pedidos: Editora UFV

Webmail: www.livraria.ufv.br

4. PODA E CONDUÇÃO DO CAFEEIRO ARÁBICA(IAC. Boletim Técnico, 203)Autor: Roberto A. Thomaziello e Sérgio P. Pereira; 2008.Conteúdo: A poda na moderna cafeicultura tornou-se uma práti-

ca rotineira e obrigatória, devido ao novo sistema deplantio em renque (adensamento de pés na linha),que, apesar de propiciar ótimas produtividades porárea, não ocasiona esgotamento vegetativo da planta.Como o crescimento dos ramos produtivos tem umlimite, há necessidade, de tempos em tempos, variá-veis de acordo com as diferentes lavouras, de se re-cuperar a estrutura produtiva da planta. Isto só podeser realizado através de podas. A finalidade desteBoletim é orientar técnicos e produtores sobre a me-lhor maneira de realizar esta poda e como conduzir alavoura podada.

Número de páginas: 39Preço: R$ 10,00Pedidos: Instituto Agronômico de Campinas-IAC

Webmail: www.iac.sp.gov.br

1. VI CURSO DE MANEJO DE NUTRIENTES EM CULTIVOPROTEGIDO

Local: Instituto Agronômico, Campinas, SPData: 18 a 22/AGOSTO/2008Número de vagas: 35Informações: Conplant

Fone: (19) 3249-2067Website: www.iac.sp.gov.br/mncpEmail: [email protected]

2. SucroJab 2008 - II SIMPÓSIO DO SETORSUCROALCOOLEIRO DE JABOTICABAL

Local: Centro de Convenções, UNESP/FCAV, Jaboticabal, SPData: 19 a 21/AGOSTO/2008Informações: FUNEP - Setor de Eventos

Fone: (16) 3209-1300Website: www.funep.com.br/eventosEmail: [email protected]

OUTROS EVENTOSOUTROS EVENTOSOUTROS EVENTOSOUTROS EVENTOSOUTROS EVENTOS ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

5. RECOMENDAÇÕES PARA O USO DE CORRETIVOS EFERTILIZANTES NO ESTADO DE SERGIPEEditores: Sobral, L. F.; Viegas, P. R. A.; Siqueira, O. J. W.; Anjos,

J. L.; Barretto, M. C. V.; Gomes, J. B. V.; 2008.Conteúdo: Tabelas de recomendação de fertilizantes que relacio-

nam os teores no solo e na folha e os requerimentosnutricionais das principais culturas; principais clas-ses de solos do Estado de Sergipe e suas limitaçõespara uso agrícola; diagnóstico da fertilidade dos so-los do Estado de Sergipe com base em amostras deprodutores; elementos essenciais e benéficos às plan-tas, incluindo a identificação de deficiências; fontesda acidez do solo e métodos para recomendação decalagem; fundamentos da análise de solo e de folhapara fins de recomendações de fertilizantes; informa-ções sobre fertilizantes químicos, orgânicos, aduba-ção verde e compostagem.

Número de páginas: 251Preço: R$ 25,00Pedidos: Embrapa Tabuleiros Costeiros

Email: [email protected]

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32 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 122 – JUNHO/2008

• Agrium Inc.• Arab Potash Company• Belarusian Potash Company• Bunge Fertilizantes S.A.• CF Industries Holding, Inc.• Incitec Pivot• Intrepid Mining, LLC.• K+S KALI GmbH• Mosaic Company

• Office Chérifien des Phosphates Group• PotashCorp• Saskferco• Simplot• Sinofert Holdings Limited• SQM• Terra Industries, Inc.• Uralkali

INTERNATIONAL PLANT NUTRITION INSTITUTERua Alfredo Guedes, 1949 - Edifício Rácz Center - sala 701 - Fone/Fax: (19) 3433-3254

Endereço Postal: Caixa Postal 400 - CEP 13400-970 - Piracicaba (SP) - Brasil

LUÍS IGNÁCIO PROCHNOW - Diretor, Engo Agro, Doutor em AgronomiaE-mail: [email protected] Website: www.ipni.net

Ponto de Vista

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ImpressoEspecial

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Aatividade agropecuária tem sido objeto de discusãointensa nas últimas semanas em razão de váriosmotivos, mas muito especialmente devido à escas-

sez e alta dos preços dos alimentos. Influenciado por vários fato-res, como mudança nos hábitos alimentares, melhor condição eco-nômica em alguns países em desenvolvimento e perda relativa desafra em algumas regiões produtoras, entre outros, os estoquesmundiais de grãos encontram-se relativamente baixos. Até poucotempo os preços eram muito influenciados pela oferta de produ-tos. Ciclos de preços de produtos agrícolas se alternavam em fun-ção da oferta e cabia aos empreendedores rurais estarem atentos aestas oscilações, para então definirem o que cultivar com maiorchance de sucesso ao final.

Atualmente, os preços estão sendo formados em funçãode uma grande demanda. Neste novo cenário existe pressão sobreo mercado de alimentos e, como resultado, há elevação dos pre-ços. Outros fatores paralelos existem. Um deles, fundamental, é acrise financeira existente nos Estados Unidos, a qual traz, como

resultado, uma mudança de estratégia de grupos de investimen-tos, mudando divisas de fundos tradicionais para aplicação emcommodities agrícolas. Muito cuidado é necessário com relação aisto, pois não me parece justo expor a condição alimentar humana acertas circunstâncias da ciranda financeira.

São, realmente, novos tempos e nova realidade. Neste con-texto, o agricultor brasileiro deve estar atento. Muitas condiçõesexistem para enfrentar a nova realidade, com saldo positivo para aagricultura nacional. No entanto, é necessário juntar forças paraque este sucesso seja genuinamente do setor agrícola. Dois gruposcumprem papel de destaque nesta luta. O primeiro é o dos quedirigem e legislam sobre os rumos da nossa agricultura. O outro, osetor agrícola, deve se organizar e levar os seus anseios legítimos eresponsáveis aos primeiros. Não devemos perder qualquer oportu-nidade. Somos um país com grande vocação para, no mínimo, ame-nizar o problema alimentar no mundo. Vamos torcer e lutar para quetudo isto venha com real proveito para aqueles que fazem a agricul-tura acontecer de forma séria neste país.

Luís Ignácio Prochnow

MEMBROS AFILIADOS AO IPNI

• Arab Fertilizer Association• Canadian Fertilizer Institute• Foundation for Agronomic Research• International Potash Institute• International Fertilizer Industry

Association• The Fertilizer Institute

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