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Informativos do TST - Parte 2 · 2021. 3. 21. · surge o dever de indenizar, sendo cabível a reparação por dano moral coletivo (arts. 186 e 927 do CC e 3° e 13 da LACP). Mandado

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Informativos do TST - Parte 2

Atualizado em 21 de Março de 2021

Informativo 232, TST:

Recurso ordinário em mandado de segurança. Ação de naturezaconstitucional. Legislação específica. Ausência de disposições acerca dajustiça gratuita à pessoa natural. Declaração de hipossuficiência. Matériadisciplinada pela legislação processual civil.O silêncio na legislação específica que trata do mandado de segurança, a respeitode parâmetros para concessão da gratuidade da justiça, impõe a adoção supletivada legislação processual comum (CPC, art. 1.046, § 2o), não se cogitando, porconseguinte, de aplicação de disposições da legislação processual do trabalho,notadamente da Lei 13.467/2017, ainda mais quando a matéria discutida no writ foradministrativa. Assim, o deferimento do benefício da justiça gratuita à pessoanatural, em mandado de segurança, demanda apenas que o interessado declare,sob as penas da lei, a impossibilidade de pagar as custas do processo, sem prejuízodo sustento próprio ou de sua família (art. 99, § 3o, do CPC de 2015).

Ação anulatória. Nulidade de cláusula de acordo coletivo de trabalhocelebrado por sindicato ilegítimo. Fixação de piso salarial inferior ao previstoem convenção coletiva de categoria diferenciada. Compensação de diferençassalariais com vantagens estabelecidas em acordo coletivo. Naturezadeclaratória da ação anulatória. Teoria do conglobamento. Impossibilidade.Princípio da unidade sindical.

A SDC, por maioria, em recurso ordinário em ação anulatória, negou à entidadepatronal o direito à compensação de diferenças salariais decorrentes dainobservância de piso salarial de categoria diferenciada, estabelecido em convençãocoletiva, com vantagens decorrentes de acordo coletivo genérico celebrado porsindicato ilegítimo. No caso, o Sindicato dos Tecnólogos, Técnicos e Auxiliares emRadiologia, Diagnóstico por Imagem e Terapia no Estado de São Paulo -SINTARESP propôs ação anulatória em que requereu a declaração de nulidade dacláusula do ACT firmado entre a Sociedade Portuguesa de Beneficência de SantoAndré e o Sindicato dos Auxiliares de Enfermagem, Técnicos de Enfermagem e

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Demais Empregados em Estabelecimentos Privados e Filantrópicos de Saúde e emEmpresas que Prestam Serviços de Saúde – SINDABCDMRPRGS, que fixou o pisosalarial dos técnicos em radiologia em patamar inferior ao estabelecido em CCTcelebrada pelo sindicato autor com o Sindicato das Santas Casas de Misericórdia eHospitais Filantrópicos do Estado de São Paulo – SINDHOSFIL.

Ação rescisória. Pensão. Vinculação ao salário mínimo. Ofensa ao art. 7o, IV,da Constituição Federal. Não ocorrência.

Com base na interpretação do art. 7o, IV, da CF e da Súmula Vinculante no 4 doSTF, esta Corte reconhece a impossibilidade de vinculação do salário mínimo comofator de correção do pensionamento, apenas sendo admitida a fixação do montanteinicial da pensão em múltiplos ou fração do salário mínimo. Ocorre que, consoante oentendimento do STF (a exemplo: RE 140940; RE 603496 AgR; ARE 927235 AgR),a utilização do salário mínimo como base de cálculo e atualização de pensãodeferida a título de indenização por ato ilícito, constatado no feito originário, nãoviola o art. 7o, IV, da CF. Na espécie, conforme decisão rescindenda de primeirograu, foi determinada a utilização do salário mínimo como fator de correção dosvalores devidos a título de pensionamento vitalício, a ser pago em parcela única.

Recurso ordinário em ação rescisória. Responsabilidade civil do empregador.Acidente do trabalho. Não observância das normas de segurança do trabalho.Configuração de culpa. Art. 7o, XXVIII, da CF.

Esta Corte tem entendimento predominante no sentido de que a inobservância dasnormas de segurança do trabalho configura culpa para efeitos de responsabilizaçãocivil subjetiva. No caso, conforme registrado no acórdão rescindendo, restouevidenciada a culpa da empresa por não ter observado as normas de segurança dotrabalho. Destarte, não se trata de hipótese de responsabilização objetiva, mas simsubjetiva. Incólume, portanto, o art. 7°, XXVIII, da Constituição Federal.

Recurso ordinário em agravo regimental em mandado de segurança dalitisconsorte passiva necessária. Suspensão da Carteira Nacional deHabilitação – CNH. Retenção de passaporte. Artigos. 8o e 139, IV, do CPC de2015. Ofensa a direito líquido e certo.

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Trata-se de mandado de segurança impetrado contra ato que determinou asuspensão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e do passaporte doexecutado, pois não foram encontrados meios para a satisfação do créditoexequendo. O artigo 139, IV, do CPC de 2015 tem aplicação subsidiária aoProcesso do Trabalho, nos termos da Instrução Normativa no 39/2016 do TST.Contudo, a sua aplicação exige cautela, porque implica em restrição ao direitofundamental de ir e vir do executado. No caso, a medida é desproporcional e semafinidade com a obrigação do pagamento de créditos trabalhistas, pois não hágarantia de que a restrição dos direitos, determinada pela autoridade coatora,viabilizará de forma eficiente a probabilidade de adimplemento do débito trabalhista.Portanto, não se percebe a relação de causa e efeito entre a aplicação da medidacoercitiva pleiteada pela reclamante e o pagamento da dívida.

Mandado de segurança. Não cabimento. Execução. Decisão que rejeita opedido de remição de dívida apresentado pela executada após a assinatura doauto de arrematação do bem imóvel. Existência de medidas processuaisidôneas para ataque da decisão. Orientação Jurisprudencial no 92 da SBDI-IIdo TST.

Não é cabível o manejo de mandado de segurança para impugnar decisão querejeita o pedido de remição de dívida apresentado pela executada após a assinaturado auto de arrematação do bem imóvel. O direito subjetivo à remição apenas seconvalida se exercido antes da alienação dos bens penhorados (art. 926 do CPC),revelando-se preclusos os requerimentos formulados após a assinatura do auto dearrematação, salvo se vinculados à existência de vício processual para o próprioexercício do direito à remição (art. 903, caput e § 1o, I, do CPC). De outro lado, aalegação de excesso de execução deve ser deduzida nos momentos processuaisadequados, seja no prazo previsto para o contraditório contábil prévio (art. 879, §2o, da CLT), seja naquele indicado para ataque à sentença de liquidação (art. 884, §3o, da CLT). Portanto, havendo no ordenamento jurídico medidas processuaisidôneas para corrigir a suposta ilegalidade cometida pela autoridade apontada comocoatora, revela-se incabível a impetração do mandamus.

Informativo 231, TST:

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Dissídio coletivo de greve. Petrobras. Greve de cunho eminentemente político.Abusividade. Descumprimento da liminar. Aplicação de multa.É possível reconhecer a abusividade da greve quando a motivaçãoexplicitamente revelada é de natureza política, e não trabalhista. No presentecaso, os motivos elencados para o movimento paredista foram a “redução dospreços dos combustíveis e do gás de cozinha”, a “manutenção dos empregos eretomada da produção interna de combustível”, o “fim das importações da gasolinae outros derivados do petróleo” e a “demissão do Sr. Pedro Parente da Presidênciada Empresa”, o que bem denota o caráter eminentemente político do movimentogrevista.

Conflito negativo de competência. Competência territorial. Modificação do fororequerida pelo reclamante, com aquiescência da reclamada. Ausência deoposição de exceção de incompetência. Inadmissibilidade.

É incabível a modificação da competência territorial, ainda que com aaquiescência expressa das partes, ante a não oposição da exceção deincompetência em momento oportuno. Opera-se a preclusão consumativa para oreclamante, com a eleição do foro para o ajuizamento da ação, e a preclusão lógicae temporal para a reclamada, ante o decurso do prazo para oposição de exceção.Trata-se de critério objetivo de perpetuação da jurisdição (art. 43 do CPC), quedecorre do postulado do juiz natural (art. 5o, LIII, da CF), visto não se admite atransação processual prevista no art. 190 do CPC no processo do trabalho (art. 2o,II, da IN/TST 39/2015).

“[...] DISPENSA DE EMPREGADOS QUE NÃO PARTICIPARAM DA GREVE.VALIDADE. No caso concreto, os empregados dispensados não aderiram aomovimento grevista. Não houve dispensa de empregados grevistas e sequer dedirigentes sindicais. Não há no ordenamento jurídico disposição expressa de que oempregador não possa demitir empregados que trabalharam no período de greve,não aderindo ao movimento paredista. A Lei no 7.783/1989 assegura garantia deemprego somente aos grevistas durante a greve, que, nos termos do art. 2o doreferido diploma, caracteriza-se como a “suspensão coletiva, temporária e pacífica,total ou parcial, de prestação pessoal de serviços ao empregador”. Diante daausência de vedação legal ao ato de dispensar empregados que não participaramde greve, bem assim de não ocorrência de atitude antissindical ou discriminatória nocaso concreto, é certo afirmar que as demissões realizadas são válidas e se

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encontram dentro do direito potestativo do empregador de resilir os contratos detrabalho. Precedentes. Recurso de revista conhecido e não provido.”(TST-RR-1002152-11.2016.5.02.0083, 8a Turma, rel. Dora Maria da Costa, julgadoem 9/12/2020.

Informativo 230, TST:

Dano moral coletivo. Atraso reiterado no pagamento de salários e FGTS.Indenização devida.

A sistemática e reiterada ausência de recolhimento de FGTS e o atraso reiterado nopagamento de salários implicam em lesão significativa que ofende (in re ipsa) aordem jurídica, ultrapassando a esfera individual. As empresas que se lançam nomercado, assumindo o ônus financeiro de cumprir a legislação trabalhista, perdemcompetitividade em relação àquelas que reduzem seus custos de produção à custados direitos mínimos assegurados aos empregados. Estas empresas prejudicamseus empregados e tencionam, para pior, as condições de vida de todos ostrabalhadores que atuam naquele ramo da economia, além de compelir o bomempregador a sonegar direitos trabalhistas como condição para a sobrevivência nomercado, cada vez mais marcado pela competição. No caso dos autos, não constaque a inadimplência tenha se dado por crise econômica da empresa, de modo que adeliberada e reiterada desobediência à legislação trabalhista ofende a população ea Carta Magna, que tem por objetivo fundamental construir uma sociedade livre,justa e solidária (art. 3°, I, da CF). Tratando-se de lesão que viola bens jurídicoselementares do contrato de trabalho, indiscutivelmente caros a toda a sociedade,surge o dever de indenizar, sendo cabível a reparação por dano moral coletivo (arts.186 e 927 do CC e 3° e 13 da LACP).

Mandado de segurança. Impetrante como credor em autos de execuçãocoletiva. Penhora no rosto dos autos. Pretensão de apreensão de eventualcrédito da empresa devedora decorrente de depósito recursal efetivado emautos distintos. Possibilidade. Direito líquido e certo.

Havendo pluralidade de credores, os arts. 908, §§ 1o e 2o, e 909 do CPC dispõemque o produto da alienação do bem expropriado do patrimônio do devedor será

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distribuído entre eles, observando-se a ordem de preferência e a anterioridade daspenhoras. Ressalte-se que o critério da anterioridade das penhoras ganha destaqueainda maior quando da existência de créditos de mesma hierarquia. Nesse contexto,registrar penhora em autos de execução coletiva, mas indeferir pretensão de credorde “penhora no rosto dos autos” de reclamação trabalhista em fase deconhecimento, com intuito de indicar eventual crédito do devedor decorrente dedepósito recursal efetivado, configura violação a direito líquido e certo, ainda que oobjeto da penhora seja relativo a direito presente ou futuro do devedor. Não se podenegar a formalização da penhora ao credor diligente que, oportunamente, postula arespectiva apreensão no rosto dos autos, nos termos do art. 860 do CPC.

Agravo de instrumento em recurso ordinário. Irregularidade de representaçãoprocessual. Ausência de procuração do advogado subscritor do recursoordinário interposto eletronicamente. Impossibilidade de concessão de prazopara saneamento.

O Tribunal Regional negou seguimento a recurso ordinário interposto pela agravantepor irregularidade de representação processual. Com efeito, trata-se de pressupostorecursal indispensável, cuja inobservância inviabiliza o conhecimento do recurso.Apesar de o advogado subscritor do recurso estar regularmente habilitado para autilização do sistema eletrônico, esta autorização não substitui o instrumento deprocuração para ingresso do advogado nos autos, assim como também não podeser admitida como mandato tácito. Ademais, a concessão de prazo para a partesanar o vício, conforme previsão contida no art. 76 do CPC de 2015 e na Súmula383 do TST, somente é possível quando constatada irregularidade no instrumentode procuração ou substabelecimento já constante nos autos.

Recurso ordinário em ação rescisória. Art. 966, V, do CPC/15. Município de SãoJoaquim da Barra. Educadora infantil. Diferenças salariais decorrentes dodescumprimento do piso salarial. Inocorrência de reenquadramento funcionalou equiparação salarial. Inexistência de contrariedade às súmulas vinculantesno 37 e 43. Precedentes do STF. Violação do art. 37, II, X, XIII e § 2o, da CF/88afastada.

A SBDI-II, por maioria, concluiu que a decisão que julga procedente a pretensão dediferenças salariais decorrentes da aplicação do piso salarial imposto pela lei domagistério do município de São Joaquim da Barra-SP (Lei Municipal no144/2009),que incluiu o cargo de educadora infantil no Plano de Carreira do Magistério Público

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Municipal, não viola o disposto no art. 37, II, X, XIII e § 2o, da CF/88 nem contraria odisposto nas súmulas vinculantes nos 37 e 43 do STF. Consignou-se não ser o casode transposição de regime jurídico nem de provimento derivado de cargo sempréviaaprovação em concurso público, pois houve somente a alteração do nome docargo de “babá” para “educadora infantil”, pela Lei Municipal no 56/2008,registrando-se que a reclamante foi aprovada em concurso público para o cargo de“babá”, sob o regime celetista, e que já era exigido como requisito para a ocupaçãodo aludido cargo a formação em pedagogia. Além disso, salientou-se que não houveofensa à regra do concurso público, visto que não ocorreu a transformação do cargode educadora infantil (“babá”) em cargo diverso (professora). Destacou-se tambémnão se tratar de hipótese de concessão de aumento ou equiparação salarial combase no princípio da isonomia, mas de pagamento de diferenças salariaisdecorrentes da inobservância do piso salarial. Além disso, consignou-se que o STF,em diversas Reclamações Constitucionais propostas pelo município de SãoJoaquim da Barra, tem afastado a alegação de contrariedade às súmulasvinculantes nos 37 e 43.

Mandado de segurança. Auxílio-doença acidentário. Dispensa por justa causa.Efeitos. Rescisão imediata do contrato de trabalho.

O empregado que comete falta grave pode ser demitido no curso da fruição dobenefício previdenciário, concretizando-se imediatamente os efeitos da dispensa porjusta causa, ainda que o contrato de trabalho esteja suspenso. No caso, impetrou-semandado de segurança contra decisão que, em antecipação de tutela, determinou orestabelecimento de plano de saúde e o pagamento de complemento do benefícioprevidenciário de empregado que foi dispensado por justa causa no gozo deauxílio-doença acidentário.

Informativo 229, TST:

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Mandado de segurança. Concurso público. Pessoa portadora de deficiênciafísica. Deficiência auditiva unilateral total. Vaga reservada para portadores denecessidades especiais. Caracterização. Direito líquido e certo.

O art. 4o, II, do Decreto no 3.298/1999 estabelece que a deficiência auditiva, paraefeito de enquadramento nas disposições da Lei n.o 7.853/89, seja a perda bilateral,parcial ou total, de 41 decibéis ou mais. Contudo, a Convenção Internacional sobreos Direitos das Pessoas com Deficiência, incorporada ao ordenamento jurídico comstatus de emenda constitucional pelo Decreto no 6.949/2009, define as pessoasportadoras de deficiência como sendo “aquelas que têm impedimentos de longoprazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interaçãocom diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva nasociedade em igualdades de condições com as demais pessoas”. No caso, aImpetrante, portadora de anacusia unilateral (deficiência auditiva unilateral),enquadra-se no conceito de deficiência trazido pela convenção, pois é inegável quesua disfunção auditiva constitui elemento de obstrução quanto à sua participaçãoplena e efetiva na sociedade em condições de igualdade com os demais. Nessediapasão, o art. 4o, II, do Decreto no 3.298/1999 estabelece restrição que colidecom a norma de equivalência constitucional, não sendo recepcionada pela ordemconstitucional estabelecida por meio do Decreto no 6.949/2009. Desse modo, aImpetrante possui direito líquido e certo ao empossamento no cargo de AnalistaJudiciário – Área Judiciária, em vaga destinada aos portadores de necessidadesespeciais.

Ação rescisória. Contrato de cessão de direitos com cláusula de permanênciae penal. Garantia de emprego. Natureza trabalhista. Dispensa antes do períodode permanência estipulado no contrato de cessão de direitos.Descumprimento do pactuado. Execução de cláusula penal. Competência daJustiça do Trabalho.

A Justiça do Trabalho é competente para apreciar pretensão de pagamento demulta estipulada em cláusula penal decorrente de descumprimento de cláusula depermanência no emprego, ambas previstas em contrato de cessão de direitos denatureza civil.

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Recurso ordinário em ação rescisória. Defensoria Pública. Justiça doTrabalho. Substituição processual. Defensoria Pública do Estado doAmazonas. Ilegitimidade ativa ad causam.

A Defensoria Pública é composta pela Defensoria Pública da União, DefensoriaPública dos Estados e Defensoria Pública do Distrito Federal e Territórios, cada qualcom seu rol específico de atribuições. Nos termos do art. 14 da Lei Complementarn.o 80, a legitimação para atuar na Justiça do Trabalho, como substituto processual,é da Defensoria Pública da União. Há a possibilidade, autorizada pelo § 1o do citadodispositivo legal, de as Defensorias Públicas dos Estados atuarem em nome daDefensoria Pública da União nos órgãos de primeiro e segundo graus de jurisdição,desde que haja convênios específicos para esta finalidade. Dessa forma, conclui-seque a Defensoria Pública do Estado do Amazonas, ora autora, não possuilegitimação extraordinária para postular, em nome próprio, direitos pertencentes atrabalhadores atingidos pelos efeitos da decisão rescindenda, seja porque suaatuação neste feito não se deu no âmbito da jurisdição estadual, seja porque nãoconsta dos autos registro de convênio celebrado entre a autora e a DefensoriaPública da União, de modo a autorizá-la a atuar na Justiça do Trabalho.

Recurso Ordinário. Agravo Interno. Deserção. Regimento Interno de TribunalRegional que impõe recolhimento de custas processuais. Inexigibilidade.

O Agravo Interno tem por escopo submeter ao colegiado o exame de decisãounipessoal do relator, tratando-se de apelo interposto no âmbito do próprio tribunal,que não gera qualquer custo extra ao Estado de forma a justificar a exigência derecolhimento de custas processuais. Ademais, o Regimento Interno de TribunalRegional do Trabalho, ao estabelecer como pressuposto de admissibilidade recursalo recolhimento das custas processuais, acaba por impor exigência que não encontraamparo legal.

Informativo 228, TST:

Agravo. Embargos. Recolhimento da multa do art. 1.021, §4o, do CPC.Requisito objetivo para admissibilidade do recurso de embargos. Ausência decomprovação tempestiva. Deserção.

O recolhimento da multa do art. 1.021, § 4o, do CPC é requisito objetivo deadmissibilidade do recurso de embargos e a inobservância do prazo para suacomprovação implica deserção. Assim, o recolhimento da multa, com a respectiva

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comprovação, deve-se dar no prazo estipulado para a interposição do recurso. Nocaso, o recolhimento da multa imposta pela Turma julgadora foi realizado dentro doprazo para interposição do recurso de embargos, contudo, sua comprovação deu-seapenas quando da interposição do agravo interno. O princípio da primazia daresolução do mérito e o da instrumentalidade das formas não autorizam que todo equalquer vício sejam sanados, sob pena de se causar insegurança jurídica e de sesubverter a natureza dos atos processuais. Ademais, há de se observar a naturezasancionatória da multa em comento, que tem o intuito de coibir a interposição derecursos protelatórios e a quebra do dever de cooperação e boa-fé processual, nãose admitindo qualquer flexibilização. Aplica-se, por analogia, o disposto no art. 7o daLei no 5.584/70, bem como o entendimento da Súmula no 245 do TST.

Fichas financeiras. Comprovação de pagamento do salário. Idoneidade comomeio de prova.

É válida, como meio probante de pagamento do salário, a apresentação defichas financeiras da empresa. A despeito do que prevê a CLT no caput do art.464, segundo o qual, o pagamento do salário deve ser feito mediante recibo,sabe-se que o empregador, comumente, realiza o pagamento dos salários de seusempregados por meio de depósito bancário, conforme autorizado pelos arts. 464,parágrafo único, e 465 da CLT. Assim, pode o empregador comprovar o pagamentode salários por outros meios de prova, tais como as fichas financeiras da empresa.

Embargos. Recurso de revista. Dano existencial. Jornada excessiva. Ausênciade prova do prejuízo. Impossibilidade de presunção do dano.

A realização de jornada excessiva habitual não enseja, por si só, o pagamentode indenização por dano existencial. Com efeito, o dano existencial não épresumível, de forma que não se pode extrair, automaticamente, da comprovaçãode prestação de horas extraordinárias, que as relações sociais do trabalhador foramrompidas ou que seu projeto de vida foi atingido, sendo imprescindível ademonstração inequívoca do prejuízo sofrido.

Arguição de inconstitucionalidade. Art. 896-A, § 5°, da CLT. Dispositivo quedisciplina a irrecorribilidade da decisão monocrática que denega seguimentoao agravo de instrumento em recurso de revista por ausência detranscendência. Declaração de inconstitucionalidade. Violação dos princípios

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da colegialidade, da segurança jurídica, do devido processo legal, da isonomiae da proteção da confiança. Impedimento de exame da matéria objeto do apelopelo STF. Incongruência dos procedimentos adotados pela lei no julgamentode recursos de revista e agravos de instrumento. Não razoabilidade dainterpretação literal. Possibilidade de interposição de agravo interno, no casoconcreto.

É inconstitucional o § 5o do art. 896-A da CLT, que dispõe ser “irrecorrível a decisãomonocrática do relator que, em agravo de instrumento em recurso de revista,considerar ausente a transcendência da matéria”, admitindo-se, no caso concreto, ainterposição de agravo interno contra a decisão monocrática do relator quedenegou seguimento ao agravo de instrumento em recurso de revista, porausência de transcendência da causa. Na espécie, declarou-se ainconstitucionalidade do referido dispositivo, por considerar que ele viola osprincípios da colegialidade, da segurança jurídica, do devido processo legal, daisonomia e da proteção da confiança. Além disso, destacou-se que a interpretaçãoliteral do art. 896-A, § 5 , da CLT mostra-se desarrazoada, visto que a atribuição deum caráter definitivo e terminativo à decisão unipessoal do relator, além de impediruma análise futura da matéria controvertida pelo Supremo, de ser contrário àjurisprudência do STJ e do STF e de revelar uma incongruência entre osprocedimentos adotados para análise da transcendência em sede de recursos derevistas e de agravos de instrumento – já que em relação à decisão unipessoal dorelator proferida em sede de recurso de revista cabe impugnação via interposição deagravo interno –, acabaria inserindo obstáculos ao exercício da competência legalreservada às Turmas do TST e até dificultaria a fixação de precedentes pela própriaCorte Especializada, ante a ausência de fixação de parâmetros objetivos para oreconhecimento da transcendência e a atribuição de elevado grau de subjetividadepor cada relator. Sob esse entendimento, decidiu o Tribunal Pleno, por maioria,acolher o incidente de arguição de inconstitucionalidade do artigo 896-A, § 5o, daCLT, suscitado pela 7a Turma, admitindo, no caso concreto, a interposição deagravo interno contra a decisão unipessoal do relator, que negou provimento aoagravo de instrumento em recurso de revista, por ausência de transcendência dacausa; e comunicar o teor da decisão à Comissão de Regimento Interno do TST, afim de que adote providências acerca do artigo 248 do Regimento Interno do TST,que reproduz o conteúdo daquela norma.

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Informativo 227, TST:

Ação anulatória. Cláusula de custeio de clínica médica. Contribuição patronalrepassada diretamente para o sindicato representante da categoriaprofissional. Invalidade. Autonomia sindical.

É inválida a cláusula que estabelece, a qualquer título, contribuições a serempagas pelo empregador diretamente ao sindicato profissional. Entende a SCDque essas cláusulas revelam intervenção patronal no sindicato, de forma direta ouindireta, afrontando o princípio da autonomia sindical, previsto no art. 8o, III, daConstituição Federal, e contrariando as disposições constantes do art. 2o daConvenção no 98 da OIT. Desse modo, deve ser mantida a decisão do Regional quedeclarou nula a cláusula que, objetivando subsidiar o custeio da clínica médica,estabelece contribuição a ser paga diretamente pelas empresas ao sindicato dacategoria profissional.

Embargos. Recurso de Revista. Registros de atestados médicos na CTPS.Violação ao direito de personalidade. Dano moral reconhecido. Indenizaçãodevida.

A SBDI-1, por unanimidade, conheceu do recurso de Embargos e, no mérito, pormaioria, vencidos os Ministros Breno Medeiros, Alexandre Luiz Ramos, João BatistaBrito Pereira e Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, deu-lhe provimento pararestabelecer a condenação da reclamada ao pagamento de indenização por danomoral decorrente de registros de atestados médicos na CTPS. Na ocasião,asseverou-se que há expressa disposição legal acerca de todas as anotações quedevem constar da CTPS (arts. 29 a 34 da CLT), sendo expressamente vedado aoempregador efetuar anotações desabonadoras à conduta do empregado em suacarteira de trabalho, nos termos do §4o do art. 29 da CLT. No mesmo sentido, o art.8o da Portaria no 41 de 28 de março de 2007 do Ministério do Trabalho e Empregodispõe ser “vedado ao empregador efetuar anotações que possam causar dano àimagem do trabalhador, especialmente referentes a sexo ou sexualidade, origem,raça, cor, estado civil, situação familiar, idade, condição de autor em reclamaçõestrabalhistas, saúde e desempenho profissional ou comportamento.” Assim,entendeu-se que, além de não haver ordem legal exigindo a anotação na CTPSdos atestados médicos apresentados para justificar licenças e faltas ao

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emprego, a conduta da reclamada ultrapassou o seu poder diretivo, visto queesse tipo de registro gera um impacto negativo à imagem do empregado nascontratações futuras, diante da possibilidade de o trabalhador serconsiderado menos saudável ou assíduo do que os demais candidatos à vagano emprego, violando seu direito de personalidade. TST-E-RR-8-22.2013.5.20.0007, SBDI-I, rel. Min. Augusto César Leite de Carvalho, 15/10/2020.

Ação rescisória. Depósito prévio. Procedência parcial da reclamaçãotrabalhista. Valor da causa. Observância do montante pecuniáriocorrespondente à parte da decisão submetida ao corte rescisório.

O valor da causa atribuído à ação rescisória em que se pretende rescindir fraçãoespecífica da coisa julgada deve ser fixado de maneira a corresponder ao exatoalcance dos pedidos submetidos ao corte rescisório. Dessa forma, nas situações emque o reclamante sucumbiu em parte no julgamento da reclamação trabalhista, ovalor da causa deve observar o montante pecuniário dos direitos inscritos noscapítulos da decisão que se pretende desconstituir, sob pena de se atribuir à parteônus pecuniário excessivo e desproporcional, decorrente da ampliação indevida dabase de cálculo para a realização do depósito prévio.

Mandado de segurança. Execução. Apreensão de Carteira Nacional deHabilitação - CNH. Medida atípica. Observância de pressupostos paraaplicação. Análise do caso concreto. Ausência de ofensa a direito líquido ecerto.

Trata-se de mandado de segurança impetrado contra decisão de primeiro grau, quedeterminou a suspensão e o recolhimento da Carteira Nacional de Habilitação(CNH) do executado, pois não foram encontrados meios para a satisfação do créditoexequendo. A adoção de medidas coercitivas atípicas (art. 139, IV, do CPC de 2015)é admissível no processo do trabalho, conforme o art. 3o, III, da IN no 39 do TST.Contudo, a sua aplicação deve observar alguns pressupostos, como a ausência depatrimônio do devedor para quitar débitos trabalhistas, aferida após a utilização detodas as medidas típicas sem sucesso; decisão fundamentada, considerando asparticularidades de cada caso, especialmente a conduta das partes; contraditório,proporcionalidade, razoabilidade, legalidade e eficiência.

Na espécie, todas as diligências realizadas a fim de quitar o débito trabalhista foram

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infrutíferas. Ademais, o impetrante não forneceu endereço correto para serlocalizado no processo de execução, mas, atuava por advogado, quandoconveniente. Outrossim, o executado afirmou não possuir carro e não especificousua atividade profissional de modo a necessitar da CNH.

Portanto, no caso concreto, a decisão foi prolatada de maneira fundamentada e adeterminação de apreensão da CNH não é abusiva, tampouco fere direito líquido ecerto. Não há restrição ao direito de ir e vir, estando correta a decisão Regional quedenegou a segurança e manteve a ordem de suspensão e recolhimento da CNH.

Recurso ordinário em ação rescisória. Acórdão recorrido decidido por maioria.Ausência de juntada das razões de voto vencido. Art. 941, § 3o, CPC/2015.Nulidade absoluta. Desnecessidade de demonstração de prejuízo.

A ausência de juntada das razões de voto vencido no acórdão recorrido que julgou opleito rescisório gera a nulidade absoluta do ato de publicação da referida decisão,independentemente da comprovação de prejuízo, diante do disposto no artigo 941,§ 3o, do CPC de 2015.

Informativo 226, TST:

Honorários advocatícios. Assistência judiciária sindical. Dedução dehonorários advocatícios do precatório expedido em favor do substituído.Impossibilidade. Ausência de vínculo contratual entre o substituído e oadvogado.Apesar de a legitimação do sindicato para a defesa de interesses da categoria serampla, a retenção de honorários contratuais incidentes sobre o montante dacondenação só é permitida se o contrato de honorários for celebrado com cada umdos substituídos (art. 22, § 4o, da Lei no 8.906/94). Nesse contexto, não se podededuzir honorários advocatícios do valor do precatório, quando o contrato deprestação de serviços advocatícios foi firmado apenas entre o sindicato e o

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advogado, haja vista a inexistência de vínculo contratual entre o advogado e ossubstituídos.

Recurso ordinário em mandado de segurança. Execução. Penhora de 50% dosproventos de aposentadoria. Ato praticado na vigência do CPC de 2015.Particularidades do caso concreto. Salário mínimo. Impossibilidade depenhora. Princípio da dignidade da pessoa humana. Segurança concedida.

O TST passou a considerar possível a determinação de penhora de vencimentos,realizada na vigência do CPC de 2015, para satisfação de débitos de naturezatrabalhista, desde que limitada a 50% do montante recebível. Na espécie, em sedede 1a instância, determinou-se a penhora de 50% dos proventos de aposentadoria.Impetrado mandado de segurança contra esta decisão, a Corte Regional concedeua segurança, cassando os efeitos do ato apontado como coator. Foi interposto,então, o presente recurso ordinário pelo exequente. Ocorre que, a despeito doentendimento firmado neste Tribunal Superior, o caso concreto apresentaparticularidades que, de fato, impedem a manutenção do referido ato de constriçãojudicial, visto que o impetrante recebe um salário mínimo de aposentadoria e possui75 (setenta e cinco) anos de idade. Assim, em uma ponderação entre o direito dasatisfação do crédito do exequente e a subsistência do executado, há de prevalecereste em detrimento daquele, com base no princípio da dignidade da pessoahumana, fundamento constitucional, não merecendo reforma a decisão regional.

Conflito negativo de competência. Ação anulatória de auto de infraçãoproposta pelo suposto devedor. Ajuizamento posterior pela União darespectiva execução fiscal em outro foro. Competência territorial de naturezarelativa. Conexão. Possibilidade de reunião de casos conexos.

Ajuizada ação anulatória de auto de infração pelo suposto devedor, a posteriorpropositura de correspondente ação de execução fiscal pela União, em outro foro,não tem o condão de deslocar a competência, visto que esta é fixada no momentodo registro ou da distribuição da petição inicial, como preconiza o art. no 43 doCPC/2015. Ademais, a competência territorial para a execução fiscal (antes no art.578 do CPC de 1973 e agora no art. 46, §5o, do CPC de 2015) é de naturezarelativa, o que implica reconhecer a possibilidade de sua alteração ou prorrogação.Dessa forma, no presente caso, cabia à União o ajuizamento da execução fiscal no

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mesmo foro em que já tramitava a ação anulatória, devendo, pois, em razão dapatente conexão, ser reunidas as referidas ações para julgamento em conjunto, afim de se evitar a prolação de decisões conflitantes.

“[...] II - RECURSO DE REVISTA REGIDO PELA LEI 13.467/2017. EXECUÇÃO.LEGITIMIDADE DO SINDICATO. LIQUIDAÇÃO E EXECUÇÃO NOS AUTOS DAAÇÃO COLETIVA. Conforme o art. 8o, III, da Constituição Federal, os sindicatostêm ampla e irrestrita legitimidade ao tutelar direitos coletivos ou individuais dosempregados da categoria, sendo incabível a limitação imposta pela Corte Regionalno sentido de que a execução ser realizada por ações individuais. Recurso derevista conhecido e provido.” (TST-RR-1377-21.2017.5.08.0015, 2a Turma, rel. Min.Delaíde Miranda Arantes, julgado em 30/9/2020.)

Informativo 225, TST:

Mandado de segurança. Determinação de retorno dos autos parauniformização da jurisprudência do TRT. Art. 896, § 4o, da CLT. Revogaçãopela Lei n. 13.467/2017. Recurso de revista sobre matéria pacificada no âmbitodo TST. Ineficácia da determinação. Observância dos princípiosconstitucionais da duração razoável do processo e do devido processo legal.Segurança concedida.

Ofende o direito líquido e certo de processamento e julgamento imediato do recursode revista a determinação de retorno dos autos ao Tribunal Regional parauniformização da sua jurisprudência conflitante, nos termos do art. 896, § 4o, daCLT, quando o tema objeto do recurso de revista já se encontra pacificado no âmbitodo TST, ainda que a aludida determinação tenha sido expedida antes da revogaçãodo mencionado dispositivo legal pela Lei n. 13.467/2017.

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Acidente de trabalho. Motorista de caminhão. Transporte rodoviário. Atividadede risco. Responsabilidade objetiva do empregador. Art. 927, parágrafo único,do Código Civil.

Configura-se objetiva a responsabilidade da empresa por acidenteautomobilístico que vitimou empregado motorista profissional, inexistindo culpaexclusiva da vítima quando o risco do labor exercido pelo obreiro é inerente àatividade realizada pela empresa. No caso, o empregado, motorista profissional,dirigia caminhão de propriedade da reclamada quando sofreu o acidente queresultou em óbito. Ao realizar atividades de transporte rodoviário, a empresaassume o risco de expor a vida e a integridade física dos seus trabalhadores.

Conflito negativo de competência. Exceção de incompetência territorial. Lei no13.467/2017. Rito previsto na nova redação do artigo 800 da CLT. Prazopreclusivo.

O artigo 800 da CLT, em sua redação dada pela Lei no 13.467, trouxe inovaçãoquanto à exceção de incompetência territorial, ao prever a apresentação dessadefesa antes da audiência, no prazo de 5 dias a contar da notificação. Essa defesaprocessual relativa à exceção de incompetência territorial destacou-se da normageral, disposta no artigo 847, caput e §1o, da CLT, para otimizar a defesa dodemandado, de forma a evitar deslocamento possivelmente desnecessário edispendioso. Desse modo, diante da existência de um rito próprio e com finsespecíficos, não parece concebível que a lei permita outro momento processualpara a prática do mesmo ato.

Assim, entende-se que o prazo do art. 800 da CLT tem, efetivamente, naturezapreclusiva, de modo que, não tendo a parte exercido seu direito de opor exceçãode incompetência territorial na forma e no interregno ali previstos, prorroga-se acompetência territorial do juízo em que proposta a ação.

“RECURSO ORDINÁRIO. RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL. NÃO CABIMENTO.ARTS. 988 DO CPC E 210 DO RITST. À luz dos arts. 988 do CPC e 210 do RITST,

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de fato, a presente reclamação constitucional se mostra incabível, tendo em vistaque está amparada na alegação de inobservância de verbete sumulado de TribunalRegional, ou seja, não se amolda às hipóteses previstas no Código de ProcessoCivil, tampouco no Regimento Interno desta Corte Superior Trabalhista, quais sejamgarantia de observância de enunciado de súmula vinculante e de decisão doSupremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade egarantia de observância de acórdão proferido em incidentes de assunção decompetência, de resolução de demandas repetitivas e de julgamento de recursosrepetitivos. Recurso ordinário conhecido e não provido.(TST-RO-587-82.2017.5.08.0000, 8a Turma, rel. Min. Dora Maria da Costa, julgadoem 16/9/2020.)

Informativo 224, TST:

Ente público. Terceirização. Responsabilidade subsidiária. Ônus da prova.Matéria infraconstitucional. Dever ordinário de fiscalização imposto àAdministração Pública. Ratificação de entendimento da SDI-1 Plena.No julgamento do RE no 760.931/DF, com repercussão geral reconhecida (Tema246), o STF firmou a tese de que “o inadimplemento dos encargos trabalhistas dosempregados do contratado não transfere automaticamente ao Poder Públicocontratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em caráter solidário ousubsidiário, nos termos do art. 71, § 1o, da Lei no 8.666/93”. A ratio decidendi dareferida decisão permite concluir que a responsabilização do ente públicoapenas está autorizada quando comprovada a ausência sistemática defiscalização quanto ao cumprimento das obrigações trabalhistas pelaprestadora. Em duas sessões, a Subseção de Dissídios Individuais I do TST, emsua composição plena, firmou entendimento de que o Supremo Tribunal Federal nãoemitiu tese vinculante quanto à distribuição do ônus da prova relativa à fiscalizaçãoe, nessa esteira, concluiu que incumbe à Administração Pública o ônus da prova dafiscalização dos contratos de prestação de serviços, por se tratar de fato impeditivoda responsabilização subsidiária.

Ação rescisória. Pedido de desconstituição de acórdão prolatado em Agravode Instrumento conhecido e não provido. Decisão que não é de mérito.Hipótese não contemplada no art. 966, § 2o, do CPC/2015.Nos termos do caput do art. 966 do CPC, a ação rescisória é cabível contra decisãode mérito transitada em julgado. O CPC de 2015, contudo, inovou ao admitir a

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rescisão da decisão que, embora não seja de mérito, impeça nova propositura dademanda ou admissibilidade do recurso correspondente, nos termos do § 2o do art.966. Na espécie, a Turma do TST conheceu do Agravo de Instrumento e, no mérito,reafirmou a correção da decisão denegatória de seguimento do Recurso de Revista,cujo acórdão não tem efeito substitutivo da decisão proferida pela Corte de origem,esta sim voltada à solução da causa. Revela-se equivocada a compreensão de queo não provimento do Agravo de Instrumento impediu o exame do Recurso deRevista, porquanto, na verdade, atingiu a finalidade para a qual foi disciplinado, ouseja, decidiu sobre o acerto da decisão que trancou o Recurso de Revista. Não é ocaso de configuração da hipótese prevista no art. 966, § 2.o, II, do CPC, uma vezque não houve decisão que impedisse a admissibilidade do recurso correspondente.

Notícia importante do dia 24-09-2020

A Oitava Turma do Tribunal Superior do Trabalho decidiu que um agente de disciplina

prisional da Reviver Administração Prisional Privada Ltda., em Alagoas, deverá optar

pelo recebimento do adicional de periculosidade ou de insalubridade. A decisão segue

a tese jurídica firmada pelo TST sobre a impossibilidade de cumulação dos dois

adicionais.

Informativo 223, TST

Recurso ordinário em habeas corpus. Incompetência funcional da SeçãoEspecializada em Dissídios Coletivos. Arguição de ofício. Preliminar acolhida paradeclarar a competência da Subseção II Especializada em Dissídios Individuais. Arts.77, inciso II, “a”, e 78, inciso III, “c”, item I, do RITST.A Seção Especializada em Dissídios Coletivos não possui competênciafuncional para processar e julgar recurso ordinário em habeas corpus.

Danos morais. Caracterização. Preterição de candidato aprovado em concursopúblico dentro do número de vagas. Contratação de temporários. Dano in reipsa.No caso, restou caracterizado o dano moral in re ipsa quando a empresa contratoutrabalhadores temporários, no prazo de validade do concurso público, em

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detrimento de candidato aprovado dentro do número de vagas previsto no edital.Desse modo, não se faz necessária a prova do abalo moral sofrido, assim como aconduta culposa da empregadora e o nexo causal entre ambos, sendo o ato em sisuficiente para ensejar a reparação civil.

Habeas corpus. Cabimento. Retenção de passaporte do executado. Violaçãoao direito de locomoção.É cabível a impetração de habeas corpus contra decisão que determinou retençãode passaporte, por se tratar de ato que viola diretamente o direito de locomoção. Nocaso, o magistrado de primeiro grau, em fase de execução de reclamaçãotrabalhista, determinou a retenção da CNH e do passaporte dos sócios da empresaexecutada após frustradas outras medidas executórias. Tal ato ensejou aimpetração de habeas corpus, que foi indeferido pela corte de origem, aofundamento de que o remédio processual seria incabível na hipótese.

Mandado de segurança. Decisão contra ato de juiz do trabalho que exorbita desua competência e decide matéria alheia à sua jurisdição. Competência daJustiça Trabalhista.É competente a Justiça do Trabalho para julgar mandado de segurança contra atode juiz do trabalho que exorbita de sua competência e decide matéria alheia à suajurisdição. Na espécie, a decisão do juiz do trabalho sobre a incidência do impostode transmissão de bens imóveis (ITBI) em arrematação judicial exorbitou de suacompetência. A matéria impugnada, portanto, é o desrespeito aos limites dajurisdição especializada, e não o mérito da relação jurídico-tributária em questão.

Informativo 222, TST

Ação civil pública. Município. Implementação de políticas públicas paraprevenção e erradicação do trabalho infantil. Omissão do administradorpúblico. Competência material da Justiça do Trabalho.

A Justiça do Trabalho é competente para apreciar e julgar ação civil públicaobjetivando que o município implemente políticas públicas constitucionalmenteprevistas para prevenir e erradicar o trabalho infantil. Prevaleceu o entendimento deque a competência inscrita no art. 114 da Constituição da República não se limitaaos casos de relação de emprego existente, abrangendo, também, o exame de

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questões relativas ao direito subjetivo das crianças ao não trabalho, tutela orapretendida pelo Ministério Público do Trabalho.

“[...] 1. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. CONTRATO POR PRAZODETERMINADO. GRAVIDEZ NO CURSO DO CONTRATO POR PRAZODETERMINADO. SÚMULA No 244, III, DO TST. TEMA 497 DA REPERCUSSÃOGERAL DO STF. EFEITO VINCULANTE E EFICÁCIA ERGA OMNES.APLICAÇÃO OBRIGATÓRIA DA TESE ATÉ A ESTABILIZAÇÃO DA COISAJULGADA (TEMA 360 DA REPERCUSSÃO GERAL). I) Segundo o entendimentoconsagrado no item III da Súmula n° 244 do TST, “a empregada gestante tem direitoà estabilidade provisória prevista no art. 10, inciso II, alínea "b", do Ato dasDisposições Constitucionais Transitórias, mesmo na hipótese de admissão mediantecontrato por tempo determinado”. Sobre o tema, a jurisprudência desta CorteSuperior é no sentido de que a circunstância de ter sido a empregada admitidamediante contrato de aprendizagem, por prazo determinado, não constituiimpedimento para que se reconheça a estabilidade provisória de que trata o art. 10,II, “b”, do ADCT. II) A discussão quanto ao direito à estabilidade provisória àgestante contratada por prazo determinado, na modalidade de contrato deaprendizagem, encontra-se superada em virtude da tese firmada pelo SupremoTribunal Federal quando do julgamento do RE 629.053/SP, em 10/10/2018, com aseguinte redação: A incidência da estabilidade prevista no art. 10, inc. II, do ADCT,somente exige a anterioridade da gravidez à dispensa sem justa causa. III) Adecisão do Supremo Tribunal Federal no Tema 497 é de clareza ofuscante quantoelege como pressupostos da estabilidade da gestante (1) a anterioridade do fatorbiológico da gravidez à terminação do contrato e (2) dispensa sem justa causa, ouseja, afastando a estabilidade das outras formas de terminação do contrato detrabalho. Resta evidente que o STF optou por proteger a empregada grávida contraa dispensa sem justa causa – como ato de vontade do empregador de rescindir ocontrato sem imputação de justa causa à empregada -, excluindo outras formas determinação do contrato, como pedido de demissão, a dispensa por justa causa, aterminação do contrato por prazo determinado, entre outras. IV) O conceito deestabilidade, tão festejado nos fundamentos do julgamento do Tema 497 darepercussão geral, diz respeito à impossibilidade de terminação do contrato detrabalho por ato imotivado do empregador, não afastando que o contrato termine poroutras causas, nas quais há manifestação de vontade do empregado, como no casodo pedido de demissão (a manifestação de vontade se dá no fim do contrato) ou noscontratos por prazo determinado e no contrato de trabalho temporário (amanifestação de vontade do empregado já ocorreu no início do contrato). Assim, na

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hipótese de admissão mediante contrato por prazo determinado, não há direito àgarantia provisória de emprego prevista no art. 10, inciso II, alínea “b”, do ADCT.Superação do item III da Súmula 244 do TST pelo advento da tese do Tema 497 darepercussão geral do Supremo Tribunal Federal, em julgamento realizado no RE629.053, na Sessão Plenária de 10/10/2018. V) A tese fixada pelo Plenário do STF,em sistemática de repercussão geral, deve ser aplicada pelos demais órgãos doPoder Judiciário até a estabilização da coisa julgada, sob pena de formação decoisa julgada inconstitucional (vício qualificado de inconstitucionalidade), passível deter sua exigibilidade contestada na fase de execução (CPC, art. 525, § 1o, III),conforme Tema 360 da repercussão geral. VI) Recurso de revista de que não seconhece.” (TST-RR-1001175-75.2016.5.02.0032, 4a Turma, rel. Min. Alexandre LuizRamos, julgado em 4/8/2020.)

Informativo 221, TST

Embargos. Recurso de revista interposto sob a égide do CPC/2015. Depósitorecursal. Recolhimento dentro do prazo. Comprovação em momentoprocessual posterior. Vício insanável. Deserção configurada. Lei nº 5.584/70.Súmula nº 245 do TST. Multa por embargos protelatórios. Denegadoseguimento aos Embargos quanto ao tema. Ausência de impugnação por meiode agravo. Exclusão da multa pela Seção Uniformizadora. Mero corolário.Configura-se a deserção quando o recorrente, apesar de ter feito o recolhimento dascustas e do depósito recursal tempestivamente, deixa de comprová-lo dentro doprazo alusivo ao recurso. Na espécie, o reclamado, ao interpor o recurso de revista,juntou a guia referente ao depósito recursal, sem a respectiva autenticação. Acomprovação do preparo, com a juntada da guia devidamente autenticada, ocorreumais de um mês depois do término do prazo recursal. Nesse contexto, não havendocomprovação do pagamento do depósito recursal no prazo para sua interposição, orecurso mostra-se deserto, nos termos do art. 7º da Lei nº 5.584/70 e da Súmula nº245 do TST.

Pretensão de ressarcimento de dano ao erário. Prescrição. Empresa Brasileirade Correios e Telégrafos – ECT. Diferença de quantia de caixa. Interpretaçãodo art. 37, § 5º, da Constituição Federal. Imprescritibilidade restrita a atosdolosos tipificados na Lei nº 8.429/1992 (Lei de Improbidade Administrativa).Resta pacificado o entendimento de que a ECT goza dos mesmos privilégiosconferidos à Fazenda Pública, nos termos do art. 12 do Decreto-lei n.º 509/69, regra

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recepcionada pela Constituição Federal, consoante entendimento firmado pelo STF(RE 220.906). Nesse contexto, aplica-se à ECT a disposição contida no parágrafo5.º do art. 37 da Carta Política. Segundo a jurisprudência do Supremo TribunalFederal acerca do referido dispositivo constitucional, a ideia de imprescritibilidade,que se extrai da leitura de tal preceito, foi devidamente talhada para se aplicar aoscasos de maior gravidade do ilícito praticado contra o Poder Público, entre eles osatos de improbidade administrativa dolosos, tipificados na Lei nº 8.429/92. No caso,a pretensão da ECT consiste em obter o ressarcimento de quantia relativa àdiferença de caixa, não se tratando, portanto, de demanda que tenha por objeto aaplicação da Lei de Improbidade Administrativa, razão por que não há como seentender imprescritível a referida pretensão.

Ação rescisória. Irregularidade no depósito prévio. Saneamento do vício deforma espontânea, logo após o ajuizamento da ação. Extinção do processo,sem resolução do mérito. Impossibilidade. Direito à emenda oucomplementação da petição inicial previsto no CPC de 2015. Princípio daprimazia da resolução do mérito.A decisão que, antes de conceder prazo para regularização do depósito prévio,indefere a petição inicial e extingue a ação rescisória, sem resolução de mérito, estáem desacordo com o princípio da primazia da resolução do mérito e com o quepreceitua o art. 321 do CPC, o qual é aplicável à ação rescisória em virtude doparágrafo único do art. 318 do CPC. Na espécie, a despeito de a autora terregularizado, espontaneamente, o depósito prévio um dia após o ajuizamento daação rescisória, o julgador extinguiu a ação, sem qualquer concessão de prazo paraque o vício fosse sanado. Ocorre que, se a ausência de recolhimento do depósitoprévio reclama a concessão de prazo para saneamento do vício, antes de se cogitardo indeferimento da exordial, a sua realização espontânea pela parte, ainda que emdata diversa do protocolo da petição inicial, demonstra o pleno atendimento dospressupostos processuais para a regular tramitação do feito.

“RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014.ILEGITIMIDADE ATIVA “AD CAUSAM”. “DUMPING” SOCIAL. INDENIZAÇÃO. EstaCorte Superior tem entendimento de que o reclamante não possui legitimidade ativa“ad causam” para, em reclamatória trabalhista individual, requerer indenização pordano social (dumping social), uma vez que esta é direcionada à tutela de interessesdifusos e coletivos, ultrapassando a esfera pessoal do trabalhador. Recurso de

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revista conhecido e provido, no tema.” (TST-RR-1883-42.2014.5.03.0176, 1ª Turma,rel. Min. Walmir Oliveira Costa, julgado em 24/6/2020.)

“RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO NA VIGÊNCIA DALEI Nº 13.015/2014 E ANTERIORMENTE À LEI Nº 13.467/2017. 1. PROVA ILÍCITA."E-MAIL" CORPORATIVO. ACESSO E UTILIZAÇÃO DO CONTEÚDO DASMENSAGENS DOS EMPREGADOS PELO EMPREGADOR. POSSIBILIDADE.NÃO CONHECIMENTO. I. Consoante entendimento consolidado neste Tribunal, oe-mail corporativo ostenta a natureza jurídica de ferramenta de trabalho. Daí porqueé permitido ao empregador monitorar e rastrear a atividade do empregado em e-mailcorporativo, isto é, checar as mensagens, tanto do ponto de vista formal(quantidade, horários de expedição, destinatários etc.) quanto sob o ângulo materialou de conteúdo, não se constituindo em prova ilícita a prova assim obtida. II. Nãoviola os arts. 5º, X e XII, da Constituição Federal, portanto, o acesso e a utilização,pelo empregador, do conteúdo do “e-mail” corporativo. III. Acórdão regionalproferido em consonância ao entendimento desta Corte Superior. IV. Recurso derevista de que não se conhece. [...]” (TST-RR-1347-42.2014.5.12.0059, 4ª Turma,rel. Min. Alexandre Luiz Ramos, julgado em 23/6/2020.)

[...] RECURSO DE REVISTA DA VALE. ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA DALEI Nº 13.015/2014. SISTEMA DE MONOCONDUÇÃO. OBRIGAÇÃO DE FAZER ENÃO FAZER. No tocante à obrigação de fazer, consistente na instalação desanitários em todas as suas composições ferroviárias, não se verifica ofensa ao art.5º, II, da CF/88, pois esta decorre dos postulados básicos de proteção a direitosmínimos dos trabalhadores, à saúde, à dignidade e valorização do trabalho humano,ínsitos nas normas dos arts. 1º, e 7º, XXII, da Constituição Federal, e 157, I, da CLT,uma vez que a ausência de sanitários impossibilita o digno exercício da profissão ede um meio ambiente de trabalho saudável, com condições mínimas de higiene esaúde. De outro lado, não há dispositivo legal ou convencional que obrigue oempregador à contratação de auxiliar de maquinista pela adoção do sistema dedupla condução, pois a definição do sistema de condução a ser adotado estáinserido no âmbito do seu poder diretivo de organizar as atividades econômicas daempresa, conforme estabelece o art. 2º da CLT, pelo que se verifica aexcepcionalíssima hipótese de afronta à norma do art. 5º, II, da CF/88. Recursoconhecido e parcialmente provido.” (TST-RRAg-1776-46.2012.5.03.0021, 5ª Turma,rel. Min. Breno Medeiros, julgado em 17/6/2020.)

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“[...] RECEBIMENTO CUMULATIVO DA INDENIZAÇÃO POR DANO MATERIAL EBENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO (violação dos arts. 7º, XXVIII, e 201, §10, daConstituição Federal, 475-Q, §1º, e 649, IV, do CPC, 373, 402, 940 e 950 do CCB,121 da Lei nº 8.213/91 e divergência jurisprudencial). A interpretação dos artigos950 e 951 do CC/2002 e 1539 do CC/1916 remete ao entendimento de que,ocorrida a incapacidade para o trabalho para que se inabilitou, automaticamente olesionado terá o direito ao pensionamento mensal e vitalício, previsto naquele artigo950 do Código Civil, enquanto durar a sua incapacidade. Desta feita, face àconstatação da incapacidade permanente para o trabalho, resta plenamenteconfigurado o prejuízo financeiro do obreiro, passível de ressarcimento material, nãosendo possível a compensação da pensão paga pelo INSS a título de aposentadoriapor invalidez, mesmo que complementada pela previdência privada, com a pensãoprevista nos artigo 950 do Código Civil, ante a distinção entre a natureza e oobjetivo de tais institutos. Precedentes desta Corte. Recurso de revista conhecido eprovido. [...]” (TST-ARR-8000-27.2008.5.05.0492, 7ª Turma, rel. Min. Renato deLacerda Paiva, julgado em 23/6/2020.)

Dissídio coletivo de greve. Greve em atividade não essencial deflagrada navigência de Instrumento Normativo. Art. 14 da lei nº 7.783/89. Excludente deabusividade em face da exceção relativa ao descumprimento de normaislegais imperativas e cláusulas normativas obrigatórias (“exceção do contratonão cumprido”).

A greve motivada pelo descumprimento patronal de obrigações contratuais e legais permite amitigação da necessidade de cumprimento das formalidades legais para a sua deflagração,com base na excludente de abusividade prevista no art. 14, parágrafo único, da Lei 7.783/89.Nesse sentido, entende a SDC que um descumprimento residual não enseja a aplicação da“exceção do contrato não cumprido”, sendo necessário para a configuração dessa excludenteum descumprimento grave, seja por sua natureza, seja pelo acúmulo de inadimplementos. Nocaso, embora a greve tenha sido realizada durante a vigência do instrumento normativoheterônomo, os fatos que ensejaram a paralisação foram bastante relevantes, pois houveinadimplemento de direitos fundamentais para viabilizar o curso normal da prestação detrabalho – atraso no adimplemento dos salários, não pagamento da terceira parcela do 13ºsalário de 2018 e ausência no cumprimento de outras obrigações contratuais e legaisreferentes a férias, depósitos de FGTS, fornecimento de EPI, vale-transporte –, o que torna

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legítima a paralisação da categoria profissional, com apoio na excludente de abusividade degreve prevista no parágrafo único do art. 14 da Lei 7.783/89.

Ente público. Terceirização. Responsabilidade subsidiária. Culpa in vigilando.Configuração.

Conquanto o mero inadimplemento das obrigações trabalhistas por parte do prestador de serviços não atribuaautomaticamente ao ente público tomador de serviços a responsabilidade subsidiária pelo pagamento dorespectivo débito, subsiste a possibilidade de a Administração Pública ser responsabilizada quando se verificar aconduta culposa do tomador de serviços na fiscalização do correto cumprimento da legislação trabalhista eprevidenciária na vigência do contrato administrativo. Esse foi o entendimento esposado pelo Supremo TribunalFederal no julgamento da ADC nº 16, ao declarar a constitucionalidade do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/1993.No presente caso, ficou demonstrada a culpa in vigilando da tomadora de serviços, porquanto constatado odescumprimento das obrigações regulares do contrato de trabalho durante sua execução.

Mandado de segurança. Execução. Decisão que determinou a suspensão da execução emcumprimento a provimento cautelar do STF em matéria com repercussão geral (RMNR).Existência de recurso idôneo para ataque da decisão. Orientação Jurisprudencial nº 92 daSBDI-II do TST.

Não é cabível o manejo de mandado de segurança para impugnar decisão que suspendeu aexecução de título judicial em que deferidas diferenças de remuneração mínima por nível deregime – RMNR, em obediência a provimento cautelar emanado do Supremo TribunalFederal em questão gravada de repercussão geral. Na presente hipótese, a determinação desuspensão da execução definitiva, exarada no bojo da decisão de extinção, sem resolução domérito, dos embargos à execução, pode ser impugnada por meio da interposição de agravo depetição, não sendo adequada a utilização da via mandamental. Com efeito, havendo noordenamento jurídico instrumento processual idôneo para corrigir a suposta ilegalidadecometida pela autoridade apontada como coatora (no caso, agravo de petição), revela-seincabível a impetração do mandamus. Inteligência da Orientação Jurisprudencial nº 92 daSBDI-II.

Habeas corpus. Não cabimento. Liminar deferida em mandado de segurança interpostopela ex-empregadora. Cláusula de não concorrência. Ausência de restrição ao direito deliberdade de locomoção.

Conforme diversos julgados do STF e do STJ, o objeto de tutela do habeas corpus é a defesado direito físico de ir e vir. Assim, é incabível habeas corpus para discutir interpretação do

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conteúdo de cláusula contratual para se extrair a garantia de exercício profissional. No caso,concedeu-se liminar no âmbito do Regional para que o trabalhador se abstenha de prestarserviços a empresas concorrentes e, portanto, cumpra o disposto em cláusula de nãoconcorrência prevista em aditivo ao contrato de trabalho. Assim, o trabalhador não estácerceado na sua liberdade de locomoção. Ele se impôs, em razão das suas condiçõessubjetivas, um dever de abstenção, sendo compensado por isso. A discussão está em estritaconsonância com o devido processo legal perante as instâncias da Justiça do Trabalho.Portanto, a só delonga no julgamento do agravo interno não representa elemento suficientepara justificar o cabimento do habeas corpus.

“RECURSO DE REVISTA. JORNADA DE TRABALHO DAS 5H30M ÀS 21H COMINTERVALO DAS 11H ÀS 14H. NECESSIDADE DE OUTRO INTERVALO NA “SEGUNDAPEGADA”. O art. 71, caput, da CLT é claro ao estabelecer a necessidade de intervalomínimo de uma hora “em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda a seis horas”.Registrado no acórdão que a jornada de trabalho do reclamante era das 5h30 até às 21h,com intervalo das 11 às 14h, tem-se que foi devidamente concedido o intervalo intrajornadaprevisto no art. 71, caput, da CLT. Mesmo no sistema de dupla pegada, para fins do intervalointrajornada, há uma única jornada a ser considerada, de modo que atenta contra o referidodispositivo legal o entendimento que considera devido mais um período de descanso porquea segunda pegada teria ultrapassado o limite de seis horas contínuas de trabalho. Recursode Revista conhecido e provido.” (TST-RR-144000-10.2008.5.01.0245, 1ª Turma, rel. Min.Luiz José Dezena da Silva, julgado em 10/6/2020.)

“AGRAVO. RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº13.015/2014. CAGEPA. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. PRIVILÉGIOS EISENÇÕES. FORMA DE EXECUÇÃO. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA. A decisãoagravada, aplicando a jurisprudência desta Corte, cristalizada na Súmula nº 170 do TST, foino sentido de que a reclamada, na condição de sociedade de economia mista, não dispõe dasprerrogativas concedidas à Fazenda Pública previstas no Decreto-Lei nº 779/69. No entanto,muito embora não se desconheça a firme jurisprudência desta Corte, fato é que o SupremoTribunal Federal vem se posicionando em sentido diverso, firmando entendimento de que asempresas prestadoras de serviço público essencial em regime de monopólio sem finslucrativos gozam das prerrogativas da fazenda pública. Julgados do STF. Assim, deve serreformada a decisão agravada para restabelecer o v. acórdão regional, no aspecto. Agravoprovido.” (TST-Ag-RR-1572-32.2017.5.13.0026, 5ª Turma, rel. Min. Breno Medeiros,julgado em 3/6/2020.)

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“[...] RECURSO DE REVISTA. EXECUÇÃO. NULIDADE DA CITAÇÃO. A citação é o atoprocessual por meio do qual se faz a comunicação do réu ou interessado para que em juízopossa se defender. Da mesma forma, a intimação das partes é o ato por meio do qual sebusca dar publicidade aos atos processuais, a fim de viabilizar que as partes, querendo, aeles manifestem impugnação, e apresentem os recursos cabíveis, razão pela qual cumpre aojulgador zelar pela sua regularidade, de modo a preservar a condução íntegra do processo ea prevenir eventual alegação de nulidade. No caso dos autos, verifica-se que a reclamada jáestava presa fora do país, anteriormente ao envio e recebimento da citação postal no seuendereço residencial, demonstrando que de fato não poderia tê-la recebido, tanto que foradeclarada revel. Assim, porque cerceado o legítimo direito de defesa da reclamada, estáconfigurada a violação do artigo 5°, LIV, da CF/88. Recurso de revista conhecido eprovido.” (TST-RR-1001366-47.2016.5.02.0024, 8ª Turma , rel. Dora Maria da Costa,julgado em 10/6/2020.)

Informativo 219, TST:

Questão de ordem. Sustentação oral. Juízo de retratação. Possibilidade.

A SBDI-I assegurou amplamente o direito à sustentação oral nos casos de juízo deretratação, seja ele positivo ou negativo. A questão de ordem foi suscitada pelaPresidente, Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, durante o julgamento de umrecurso de embargos que retornou ao TST para eventual exercício de juízo deretratação, na forma da Lei no 11.418/2006, que trata do instituto da RepercussãoGeral. Na ocasião, destacou-se que o Regimento Interno da Corte não prevêrestrição nessa hipótese e que a decisão do Supremo Tribunal Federal é fatosuperveniente não contemplado no julgamento original, sendo, portanto, imperiosogarantir às partes o uso da palavra, sem condicionantes.

Julgamento ultra petita. Limitação da condenação aos valores líquidosconstantes da petição inicial. Aplicação do artigo 492 do CPC de 2015.

Ao formular pedidos com valores líquidos na petição inicial, sem registrar qualquerressalva, o autor limita a condenação a esses parâmetros, a teor do disposto no art.492 do CPC de 2015. Com efeito, nos termos do referido dispositivo legal, “évedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenara parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado”. Nocaso concreto, extrai-se da petição inicial que o reclamante requereu o pagamento

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de horas in itinere no exato valor de R$ 3.803,00, não havendo qualquer menção dese tratar de mera estimativa ou requerimento de apuração em liquidação, comohavia sido feito em outros pedidos.

Viagens para participação em cursos e treinamentos exigidos pela empresa.Tempo de espera para o embarque no aeroporto e tempo efetivo de voo. Horasextras. Devidas. Tempo à disposição do empregador. Art. 4o da CLT.

Na hipótese de viagens para participação em cursos de treinamento e capacitaçãoexigidos pelo empregador e realizados em cidades estranhas ao local da prestaçãode serviços, considera-se tempo à sua disposição o período de trânsito aéreo, bemcomo aquele expendido no aeroporto aguardando o embarque, limitado este últimoa uma hora. Inteligência do art. 4o da CLT.

Conflito negativo de competência. Juízo rescisório. Sentença proferida pelaJustiça Comum anteriormente à promulgação da Emenda Constitucional no 45de 2004. Julgamento do Conflito de Competência 7.204-1/MG pelo STF. SúmulaVinculante 22 do STF. Incompetência material da Justiça do Trabalho.

Após o julgamento do Conflito de Competência 7.204-1/MG, pelo Supremo TribunalFederal, consolidou-se o entendimento de que a Justiça do Trabalho detém acompetência para julgar causas relativas à indenização por danos morais emateriais decorrentes de acidente de trabalho. Na oportunidade, foramestabelecidos parâmetros para os efeitos da decisão no tocante aos processos emtramitação: o marco temporal da competência da Justiça Trabalhista é o advento daEmenda Constitucional no 45/2004 e as ações em curso perante a Justiça Comum,com sentença de mérito anterior à promulgação da referida Emenda Constitucional,devem lá permanecer até o trânsito em julgado e o cumprimento de sentença. Incasu, a ação foi ajuizada em 28/11/2002, em face de um acidente ocorrido em13/7/2000, sendo julgada procedente pelo Juízo Cível, com apelo ao TJSC, que,monocraticamente, já sob à égide da EC no 45/2004, declinou da competência paraa Justiça do Trabalho. O processo foi recebido pelo TRT, que, sem submissão àprimeira instância, extinguiu-o com resolução de mérito, em virtude de prescriçãobienal, decisão esta rescindida, por violação do art. 7o, XXIX, da CF. Nessa esteira,suscitou-se conflito negativo de competência, visto que a sentença de mérito foiprolatada pelo Juízo Cível em 9/4/2004, antes, portanto, da promulgação da EC no45/2004, que entrou em vigor em 31/12/2004. À luz da Súmula Vinculante 22 doSTF e em respeito ao decidido pelo STF no CC 7.204-1/MG, a competência para o

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exame da causa originária é da Justiça Comum, porquanto não compete à Justiçado Trabalho processar e julgar as ações de indenização decorrentes de acidente detrabalho, que, antes da promulgação da EC 45/2004, já se encontravamsentenciadas no Juízo Cível.

Ação rescisória. Depósito prévio. Pessoa jurídica. Ausência de regularização.Extinção do processo, sem resolução do mérito, antes da análise do pedido deconcessão de gratuidade de justiça. Impossibilidade.

A decisão que, antes de analisar o pedido de benefício de gratuidade de justiçapleiteado por pessoa jurídica, indefere a petição inicial e extingue a ação rescisória,sem resolução de mérito, por falta de regularização do depósito prévio, está emdesacordo com o que preceitua o art. 99, § 2o, do CPC de 2015. No caso, diante dodescumprimento de determinação que concedia prazo para a regularização dodepósito prévio, o julgador extinguiu a ação sem que houvesse manifestação daparte a respeito da ausência dos requisitos para a concessão da justiça gratuita esem a oportunidade para o exercício do direito de defesa quanto a esse aspecto.

Informativo 218:

Irregularidade de representação. Recurso interposto eletronicamente.Ausência de procuração outorgada ao advogado subscritor. Concessão deprazo para saneamento do vício. Não cabimento. Súmula nº 383, II, do TST.Não se conhece de recurso interposto com assinatura digital de advogado semprocuração nos autos, revelando-se inexistente o ato praticado por irregularidade derepresentação. A concessão do prazo de 5 (cinco) dias para a parte recorrentesanar o vício, consoante o item II da Súmula nº 383 do TST, só é cabível quandoverificada irregularidade no instrumento de procuração ou substabelecimento que jáconsta nos autos.

Ação rescisória ajuizada sob a égide do CPC de 1973. Incompetência materialda Justiça do Trabalho. Relação jurídica existente entre Município eprofessores públicos municipais. Controvérsia sobre a natureza da relaçãojurídica. Competência da Justiça Comum. Causa de rescindibilidadeconfigurada. Art. 485, II, do CPC de 1973.A Justiça do Trabalho é incompetente para apreciar controvérsia sobre a naturezada relação jurídica existente entre Município e servidores públicos, ainda que se

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vislumbrem elementos capazes de inferir que os servidores não estariamsubmetidos ao regime estatutário. No caso, extrai-se do acórdão rescindendo aexistência de controvérsia acerca da natureza da relação jurídica estabelecida entreo Município de Mascote e seus professores municipais. Conforme entendimentopacificado pelo STF, compete à Justiça Comum analisar, preliminarmente, eventualdesvirtuamento da relação jurídica invocada pelo ente público. Resta, portanto,caracterizada a hipótese de rescindibilidade prevista no inciso II do art. 485 do CPCde 1973.

Informativo 217:

“RECURSO DE REVISTA. REGIDO LEI 13.467/2017. ESTABILIDADEPROVISÓRIA. GESTANTE. CERTIDÃO DE NASCIMENTO DA CRIANÇA.DESNECESSIDADE. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA CARACTERIZADA 1. Deacordo com o artigo 896-A da CLT, o Tribunal Superior do Trabalho, no recurso derevista, deve examinar previamente se a causa oferece transcendência com relaçãoaos reflexos gerais de natureza econômica, política, social ou jurídica. 2. NoPresente caso o Tribunal Regional consignou que a Autora encontrava-se grávidapor ocasião da rescisão contratual, contudo, manteve o indeferimento daestabilidade gestante, ao fundamento de que não houve apresentação da certidãode nascimento da criança. A estabilidade conferida à gestante pela ConstituiçãoFederal objetiva amparar o nascituro, a partir da preservação das condiçõeseconômicas mínimas necessárias à tutela de sua saúde e de seu bem estar. Essaproteção constitui garantia constitucional a todas as trabalhadoras que mantêmvínculo de emprego, sendo certo que os dispositivos que a asseguram - artigos 7º,XVIII, da Constituição Federal e 10, II, b, do ADCT - estabelecem como únicorequisito ao direito à estabilidade que a empregada esteja gestante no momento dadispensa imotivada. Logo, é inexigível a juntada da certidão de nascimento dacriança para fins de concessão da estabilidade da empregada doméstica.Julgados. Nesse cenário, a decisão regional no sentido de condicionar aestabilidade gestante à comprovação do nascimento da criança, mostra-se emdissonância com a atual e notória jurisprudência desta Corte Superior, bem comoevidencia violação ao artigo 10, II, “b”, do ADCT, restando, consequentemente,

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divisada a transcendência política do debate proposto. Recurso de revistaconhecido e provido.” (TST-RR-100896-70.2016.5.01.0282, 5ª Turma, rel. Min.Douglas Alencar Rodrigues, julgado em 1º/4/2020.)

“RECURSO DE REVISTA DO SINDICATO-AUTOR. LEI 13.467/2017.LEGITIMIDADE ATIVA DO SINDICATO DA CATEGORIA PROFISSIONAL.SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL. DIREITOS INDIVIDUAIS. TRANSCENDÊNCIAPOLÍTICA CONSTATADA.O reconhecimento da legitimidade ativa do sindicato da categoria profissional parapleitear direitos individuais homogêneos guarda sintonia com a jurisprudência destaCorte Superior e do Supremo Tribunal Federal. O artigo 8º, inciso III, da ConstituiçãoFederal assegura aos sindicatos a possibilidade de substituição processual ampla eirrestrita para agir no interesse de toda a categoria. A presente demanda é originadade direito de natureza individual homogênea, definido no art. 81, parágrafo único, III,do CDC (Lei nº 8.078/90), pois decorrente de origem comum (Plano de Cargos eSalários do banco reclamado), hipótese em que é autorizada a defesa coletiva emJuízo. A existência de eventual distinção entre as atribuições previstas para asfunções ocupadas pelos substituídos, em relação às quais se questiona oenquadramento no artigo 224, § 2º, da CLT, não é suficiente para afastar alegitimidade do sindicato, considerando a possibilidade de procedência parcial, casose constate a fidúcia especial apenas em 1 ou 2 delas, e não nas demais. Não há,portanto, a necessidade de que haja homogeneidade entre todos ossubstituídos, tampouco se exige que a decisão seja uniforme para todas asfunções. Recurso de revista conhecido e provido.”(TSTRR-1878-59.2014.5.10.0003, 7ª Turma, rel. Min. Cláudio MascarenhasBrandão, julgado em 22/4/2020.)

“[...] II- RECURSO DE REVISTA SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. REQUISITOSDO ART. 896, §1ª-A, DA CLT, ATENDIDOS. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.OBRIGATORIEDADE NA EMISSÃO DA COMUNICAÇÃO DE ACIDENTE DOTRABALHO (CAT) POR PARTE DO EMPREGADOR. A correta interpretação dodisposto no art. 22 da Lei 8.213/91 é no sentido de que, ocorrendo o acidentede trabalho, independentemente de afastamento ou não, é obrigatória aemissão da CAT por parte do empregador, sob pena de aplicação de multa.Inclusive, o próprio art. 169 da CLT é explícito ao dispor que ‘será obrigatória anotificação das doenças profissionais e das produzidas em virtude de condiçõesespeciais de trabalho, comprovadas ou objeto de suspeita, de conformidade com as

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instruções expedidas pelo Ministério do Trabalho’. A emissão da CAT destina-se aocontrole estatístico e epidemiológico junto aos órgãos competentes e tem pordesiderato, principalmente, a garantia de assistência acidentária ao empregadojunto ao INSS. Irrelevante, portanto, a circunstância de não ter havido o afastamentodo obreiro ou se este foi inferior a quinze dias. Assim, ficou incontroverso nos autoso comportamento sistemático da reclamada consistente na ausência de emissão daCAT, sob a justificativa de analisar previamente se os acidentes apresentados pelosempregados constituíam, de fato, acidente de trabalho, nos termos da lei, condutaesta que não encontra qualquer amparo à luz da legislação aplicável à espécie.Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido.” (TST-RR-10645-07.2015.5.03.0081, 6ª Turma, rel. Min. Augusto César Leite de Carvalho, julgado em29/4/2020.)

Informativo 216:

Dissídio Coletivo de Greve. Declaração de abusividade. Formalização deacordo perante o MPT. Fim do movimento paredista. Inexistência de ressalvaquanto ao interesse na análise de abusividade da greve. Perda do objeto.Ausência de interesse processual. Art. 485, VI, do CPC.

A celebração de acordo sem ressalvas, com o fim de encerrar movimento paredista,afasta o interesse processual, em dissídio coletivo, de ver declarada a abusividadeda greve, configurando a hipótese do art. 485, VI, do CPC/2015. Assim, nãohavendo, no acordo entabulado, manifestação expressa quanto ao interesse noexame da legalidade da greve, o processo deve ser extinto sem resolução demérito.

Ação civil pública. Dano imaterial coletivo. Descumprimento da cota deaprendizes. Art. 429 da CLT. Regularização posterior ao ajuizamento da açãopelo MPT. Irrelevância. Lesão à coletividade já caracterizada. Embargosdesprovidos. Quantum indenizatório. Divergência jurisprudencial. Nãoconhecimento.

O descumprimento pela empresa do percentual mínimo de contratação deaprendizes, prevista no art. 429 da CLT, mostra-se suficiente à configuração do

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dano moral coletivo, sendo despiciendo comprovar a repercussão do ato ilícito naconsciência coletiva do grupo social. A regularização desse percentual decontratação pela empresa, após o ajuizamento da ação ou do inquérito propostopelo Ministério Público do Trabalho, não extingue o feito sem julgamento de mérito,tampouco descaracteriza o dano imaterial coletivo decorrente do descumprimentoda cota de aprendizes, visto que já caracterizada a lesão à coletividade.

Intervalo para recuperação térmica. Ambiente artificialmente frio. Exposiçãointermitente. Artigo 253 da CLT. A concessão do intervalo de 20 minutosprevisto no artigo 253 da CLT prescinde do labor contínuo, por 1 hora e 40minutos, no interior de câmara frigorífica, sendo suficiente a exposição dotrabalhador à variação de temperatura decorrente da movimentação de umambiente (quente/normal) para o outro (frio) durante esse período.

A continuidade de que tratam o art. 253 da CLT e a Súmula 438 do TST se refereapenas ao tempo a ser considerado para a concessão do intervalo pararecuperação térmica, não sendo necessário, para esse fim, que o empregadotrabalhe 1 hora e 40 minutos em exposição contínua ao agente frio. Dessa forma,assegura-se aos empregados que trabalham em ambiente artificialmente frio, aindaque de forma intermitente, o direito ao referido intervalo.

Informativo 215:

Movimento conduzido por reduzido grupo de trabalhadores. Inexistência derepercussão significativa do ato. Mero protesto. Não enquadramento comogreve. Movimento conduzido por pequeno grupo de trabalhadores e semrepercussão significativa não caracteriza greve.

No caso vertente, houve uma pequena paralisação das atividades de uma dasconcessionárias de transporte público de Manaus, especificamente nos terminaissituados nos bairros de Vila Marinho e Augusto Montenegro. O Tribunal Regional,após análise das provas, entendeu inexistente a greve, por se tratar de um eventoque ocorreu de maneira espontânea e imprevista, oriundo de reivindicaçõespontuais (falta de pagamento de horas extras e supostas perseguições a obreiros),com participação de pouquíssimos trabalhadores e curta duração (cerca de 30minutos). Concluiu-se, portanto, não estar configurada uma efetiva greve, mas simuma manifestação isolada, com repercussão mínima.

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Honorários de sucumbência fixados em sentença transitada em julgado.Posterior celebração e homologação judicial de acordo. Cláusula que limita opagamento dos honorários advocatícios à modalidade contratual. Acordoassinado pelo advogado reclamante. Aquiescência aos termos do acordo.Honorários sucumbenciais indevidos.

A assinatura do advogado em acordo celebrado e homologado judicialmente entreas partes, no qual se limitou o pagamento dos honorários advocatícios à modalidadecontratual, comprova a sua aquiescência quanto à exclusão dos honoráriossucumbenciais fixados em sentença transitada em julgado, anterior ao aludidoacordo.

Plano de cargos e salários. Modificação dos critérios contidos em anexo danorma regulamentar para a progressão funcional no curso do contrato detrabalho. Alteração contratual lesiva. Não configuração. Súmula nº 51, I, doTST.

Não configura alteração contratual lesiva a mera adequação textual de anexo denorma regulamentar, mormente quando se verifica que o anexo – parte acessória danorma –, está em descompasso com a totalidade do conteúdo da parte principal doregulamento.

Mandado de segurança. Ação civil pública. Indeferimento dos pedidos demediação e de reconsideração. Ausência de direito líquido e certo. OrientaçãoJurisprudencial nº 92 da SBDIII. Não é cabível o manejo de mandado desegurança para impugnar decisões que indeferiram os pedidos de mediação ede reconsideração formulados pelo sindicato impetrante.

Na espécie, o MPT ajuizou ação civil pública em face do Sindicato dosTrabalhadores em Alimentação e Afins do Estado do Espírito Santo, requerendo acondenação em obrigação de não fazer, consistente na abstenção de realizaracordos em nome dos trabalhadores, destituição de toda a diretoria e indenizaçãopor danos materiais e morais coletivos. O Sindicato apresentou pedido de mediaçãopara solucionar a questão relativa à abstenção de cobranças de honoráriosadvocatícios decorrentes da prestação de assistência judiciária, o qual foi indeferido.

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Informativo 214:

Mandado de segurança. Não cabimento. Decisão monocrática do relator quenega seguimento ao agravo de instrumento em recurso de revista porausência de transcendência da causa. Irrecorribilidade. Esgotamento das viasprocessuais existentes. Proposta de instauração de incidente de arguição deinconstitucionalidade do § 5º do art. 896-A da CLT. Rejeição.

Não cabe mandado de segurança contra decisão monocrática que negaprovimento ao agravo de instrumento em recurso de revista por ausência detranscendência da causa, pois, consoante o teor do art. 896-A, § 5º, da CLT,trata-se de decisão irrecorrível. Ademais, aplica-se ao caso a OrientaçãoJurisprudencial nº 99 da SBDI-II, que não admite o cabimento do mandamus apósesgotadas as vias recursais.

Vejamos os artigos e OJ mencionadas no informativo acima:

Orientação Jurisprudencial 99/TST-SDI-II - . Mandado desegurança. Coisa julgada. Esgotamento de todas as viasprocessuais disponíveis. Trânsito em julgado formal.Descabimento do writ. CPC/1973, art. 467. Lei 1.533/1951, art. 1º.

«Esgotadas as vias recursais existentes, não cabe mandado desegurança.»

§ 5o É irrecorrível a decisão monocrática do relator que, em agravode instrumento em recurso de revista, considerar ausente atranscendência da matéria.

§ 5o É irrecorrível a decisão monocrática do relator que, em agravo de instrumentoem recurso de revista, considerar ausente a transcendência da matéria.

Trabalhador portuário avulso. Capatazia. Exclusividade de contratação dostrabalhadores registrados ou cadastrados no OGMO. Interpretação literal,histórica e sistemática do art. 40, § 2º, da Lei nº 12.815/2013.

Após o advento da Lei nº 12.815/2013, a contratação de trabalhadores portuáriosavulsos para os serviços de capatazia com vínculo empregatício por prazo

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indeterminado deve ser realizada apenas dentre aqueles registrados no ÓrgãoGestor de Mão de Obra – OGMO. Se sob a égide do art. 26, parágrafo único, da Leinº 8.360/93 (revogada) a contratação de trabalhadores no serviço de capataziacadastrados no OGMO ocorria apenas de forma prioritária, a interpretação literal,histórica e sistemática do art. 40, § 2º, da Lei nº 12.815/2013 impõe a exclusividadede contratação dos portuários registrados ou cadastrados, de modo que qualqueroutro entendimento violaria o sentido mínimo do texto legal.

Ente público. Terceirização. Responsabilidade subsidiária. Ônus da prova.Matéria infraconstitucional. Dever ordinário de fiscalização imposto àAdministração Pública. GRAU MÁXIMO DE IMPORTÂNCIA PARA ADVOCACIAPÚBLICA. MATÉRIA NECESSÁRIA PARA DEFESA DO ENTE PÚBLICO EMDEMANDAS TRABALHISTAS!

No julgamento do RE nº 760.931/DF, com repercussão geral reconhecida, o STFfirmou a tese de que “o inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregadosdo contratado não transfere automaticamente ao Poder Público contratante aresponsabilidade pelo seu pagamento, seja em caráter solidário ou subsidiário, nostermos do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93”. A ratio decidendi da referida decisãopermite concluir que a responsabilização do ente público apenas está autorizadaquando comprovada a ausência sistemática de fiscalização quanto ao cumprimentodas obrigações trabalhistas pela prestadora. De outra sorte, a Suprema Corte, aorejeitar os embargos de declaração interpostos no referido recurso extraordinário, efixar o alcance da repercussão geral, deixou claro que não adentrou na questão doônus da prova, de modo que cabe ao TST defini-la, diante de sua naturezaeminentemente infraconstitucional. Assim, tendo em vista o dever ordinário defiscalização da execução do contrato e de outras obrigações impostas àAdministração Pública por diversas normas legais, conclui-se que é do poderpúblico o ônus de demonstrar que fiscalizou adequadamente os contratos deprestação de serviços por ele firmados.

Conflito negativo de competência. Reclamação trabalhista ajuizada no foro daprestação de serviços. Exceção de incompetência territorial. Indicação do forode domicílio do autor e do réu. Anuência do reclamante. Modificação dacompetência relativa por convenção das partes. Possibilidade. Negóciojurídico processual atípico.

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O litígio entre as partes a propósito do foro competente para apreciação da causaconstitui pressuposto necessário para que o Juízo declinado suscite o conflito decompetência. No caso, a reclamação trabalhista foi proposta no foro da prestaçãodos serviços (Hortolândia/SP) e o reclamante, no bojo da exceção de incompetênciaterritorial oposta pelo reclamado, concordou com a declinação do foro para uma dasVaras do domicílio de ambos os litigantes (São Paulo/SP), em uma espécie denegócio jurídico processual superveniente e anômalo que encontra respaldo no art.190 do CPC de 2015. O Juízo de Hortolândia, então, acolhendo a exceção decompetência, determinou o envio dos autos a uma das Varas da capital paulistaque, por sua vez, suscitou o conflito de competência. Todavia, havendo ajuste entreas partes, e sendo a competência territorial de natureza relativa e, portanto,prorrogável, não há espaço para a recusa do curso do feito no Juízo para o qualdirecionada a causa, nem necessidade de analisar de ofício o acerto ou não dadecisão declinatória proferida pelo Juízo suscitante, a quem compete instruir e julgara reclamação trabalhista.

Ação rescisória. Justiça gratuita. Indeferimento do pedido e extinção doprocesso sem resolução de mérito após a instrução do feito e do decurso doprazo decadencial. Ausência de prévia ciência da parte e não concessão deprazo para a regulação do preparo. Violação do princípio da proteção dalegítima confiança do jurisdicionado.

A decisão de extinção da ação rescisória sem resolução do mérito por ausência dodepósito prévio, sem anterior ciência da parte a respeito do indeferimento da justiçagratuita e sem a oportunidade para a regularização do pressuposto processual, violao princípio da proteção da legítima confiança do jurisdicionado. No caso, o autorajuizou ação rescisória em 21.5.2013, requerendo, na petição inicial, a dispensa dodepósito previsto no art. 836 da CLT, ao argumento que o benefício da justiçagratuita havia sido deferido no processo originário. Apenas em 25.2.2014, após todaa tramitação e a instrução do feito, bem como depois de transcorrido o prazodecadencial para eventual propositura de nova rescisória, foi indeferido orequerimento de justiça gratuita e extinto o processo sem resolução do mérito emjulgamento colegiado. Todavia, o curso regular do processo, sem pronunciamentoinicial acerca dos pressupostos processuais, criou para o autor a expectativa de queo pleito referente à justiça gratuita seria deferido e de que haveria exame dapretensão rescisória. Assim, a posterior detecção de vício sanável exigiria a

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concessão de prazo para a regularização do preparo e impossibilitaria a extinção doprocesso sem resolução de mérito.

Ação rescisória. Justiça gratuita. Indeferimento do pedido e extinção do processosem resolução de mérito após a instrução do feito e do decurso do prazodecadencial. Ausência de prévia ciência da parte e não concessão de prazo para aregulação do preparo. Violação do princípio da proteção da legítima confiança dojurisdicionado. A decisão de extinção da ação rescisória sem resolução do méritopor ausência do depósito prévio, sem anterior ciência da parte a respeito doindeferimento da justiça gratuita e sem a oportunidade para a regularização dopressuposto processual, viola o princípio da proteção da legítima confiança dojurisdicionado. No caso, o autor ajuizou ação rescisória em 21.5.2013, requerendo,na petição inicial, a dispensa do depósito previsto no art. 836 da CLT, ao argumentoque o benefício da justiça gratuita havia sido deferido no processo originário.Apenas em 25.2.2014, após toda a tramitação e a instrução do feito, bem comodepois de transcorrido o prazo decadencial para eventual propositura de novarescisória, foi indeferido o requerimento de justiça gratuita e extinto o processo semresolução do mérito em julgamento colegiado. Todavia, o curso regular do processo,sem pronunciamento inicial acerca dos pressupostos processuais, criou para o autora expectativa de que o pleito referente à justiça gratuita seria deferido e de quehaveria exame da pretensão rescisória. Assim, a posterior detecção de vício sanávelexigiria a concessão de prazo para a regularização do preparo e impossibilitaria aextinção do processo sem resolução de mérito.

TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA. CONFIGURAÇÃO. PETIÇÃO INICIAL. PEDIDOSILÍQUIDOS. PROCESSO EXTINTO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO.HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CONDENAÇÃO. CABIMENTO. PRINCÍPIO DACAUSALIDADE X PRINCÍPIO DA SUCUMBÊNCIA MITIGADA. 1. Discussãocentrada na possibilidade de condenação em honorários advocatícios, na hipóteseem que o processo foi extinto sem resolução do mérito, por descumprimento daexigência prevista no § 1º do art. 840 da CLT. Decisão regional fundada no inédito"princípio da sucumbência mitigada", desenvolvido pela Corte Regional a partir daconstatação de previsão de honorários exclusivamente sucumbenciais no art. 791-Ae §§ da CLT. 2. Questão de direito ainda não examinada por este Tribunal Superiordo Trabalho, caracterizando transcendência jurídica e autorizando a admissão dorecurso de revista (art. 896-A, § 1º, IV da CLT). 3. No ordenamento jurídico

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brasileiro, a condenação em honorários advocatícios está fundada na ideia centralda causalidade, segundo a qual a parte responsável pela movimentação do PoderJudiciário deve suportar os ônus econômicos decorrentes, nas situações em que forsucumbente ou em que o processo for extinto sem resolução do mérito (art. 85 e §6º do CPC) ou nos casos em que desistir ou renunciar ou em que for reconhecidapelo Réu a procedência do pedido (art. 90 do CPC). Desse modo, o critério dasucumbência, enquanto causa de imposição de honorários, representa apenas umdos desdobramentos da noção ampla de causalidade, estando por ela abarcada, aocontrário do que sugere o inédito princípio da sucumbência mitigada. 4. A ausênciade disciplina específica para situações outras na legislação processual do trabalhonão autoriza a exclusão do direito à verba honorária dos advogados, reputadosessenciais à administração da Justiça (CF, art. 133) e que são instados, como nocaso, a dedicarem tempo para estudo das causas e preparação de peçasprocessuais, além de deslocamentos aos fóruns judiciais. Cenário em que se faznecessário o recurso à disciplina processual comum, por imposição dos artigos 769da CLT e 15 do CPC. Violação dos artigos 791-A da CLT e 22 da Lei 8.906/94configurada. Imposição de condenação ao pagamento de honorários advocatíciosaos patronos da parte reclamada, no importe de 5%, observado o procedimentoprevisto no § 4º do art. 791-A da CLT, por se tratar de trabalhador beneficiário daassistência judiciária gratuita. Recurso de revista conhecido e provido.”(TST-RR-1001945-20.2017.5.02.0263, 5ª Turma, rel. Min. Douglas AlencarRodrigues, julgado em 18.12.2019)

Informativo 213, TST:

Gratificação de função instituída por lei. Percepção por mais de dez anos.Declaração posterior de inconstitucionalidade. Incorporação. Impossibilidade.Súmula nº 372, I, do TST. Não incidência.

A gratificação de função instituída por lei posteriormente declaradainconstitucional não se incorpora à remuneração, ainda que percebida pormais de dez anos. Tal entendimento não viola a estabilidade financeira objetivadana Súmula nº 372, I, do TST, uma vez que observa o princípio da legalidade. Nocaso, a Corte de origem declarou a inconstitucionalidade das normas estaduais queinstituíram a gratificação de função percebida pela autora durante mais dedezesseis anos, inviabilizando, portanto, o pleito de incorporação. No TST, o recursode revista não foi conhecido e os embargos não admitidos tendo em vista a

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aplicação da Súmula nº 296, I, do TST, e a ausência de contrariedade à Súmula nº372 do TST, que não versa sobre os casos em que há declaração deinconstitucionalidade da norma instituidora da gratificação percebida por mais dedez anos.

Representante comercial autônomo. Venda a prazo. Comissões. Base decálculo limitada ao valor à vista da mercadoria. Não inclusão dos acréscimosdecorrentes de financiamento.

As comissões devidas aos representantes comerciais autônomos devem ser calculadas sobre ovalor da venda à vista, salvo estipulação em contrário. Embora a Lei nº 4.886/65, queregulamenta a profissão, disponha que as comissões serão calculadas a partir do valor totaldas mercadorias (art. 32, § 4º), os encargos provenientes das vendas a prazo, como os juros,não compõe esse valor, especialmente no caso dos autos, em que o financiamento erarealizado por instituição financeira sem qualquer vínculo com a empresa representada, a qualrecebia apenas o valor da mercadoria em si. Desse modo, sendo o financiamento um negóciojurídico distinto, sem atuação direta do representante comercial, não é possível incluir na basede cálculo das comissões valores que não foram por ele conquistados, nem recebidos pelaempresa que representa, sob pena de enriquecimento ilícito (art. 884 do CC).

Empresa de telecomunicações. Serviço de call center. Terceirização. Licitude.Precedentes vinculantes do Supremo Tribunal Federal.

Nos termos do entendimento vinculante do STF, a terceirização de atividade-fim ou essencialdas empresas de telecomunicações não pode ser considerada ilícita. No julgamento doprocesso STF-ARE 791932/DF (Tema 739 da repercussão geral), firmou-se a tese de que énula a decisão de órgão fracionário que nega aplicação ao art. 94, I, da Lei nº 9.472/1997, ede que a Súmula nº 331 do TST é parcialmente inconstitucional, devendo a licitude daterceirização de toda atividade ser reconhecida. No referido julgamento, também seestabeleceu que o reconhecimento da ilicitude da terceirização destoa do posicionamentofirmado nos processos STF-ADPF 324 e STF-RE 958252/MG (Tema 725 da repercussãogeral), em que se assentou a licitude da terceirização ou de qualquer outra forma de divisãodo trabalho entre pessoas jurídicas distintas. Ressalte-se, todavia, que embora o STF tenhaprestigiado os princípios da legalidade, da livre iniciativa, da livre concorrência e dasegurança jurídica na terceirização, não houve derrogação das normas de Direito do Trabalho,

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de modo que a verificação, no caso concreto, da existência de vínculo empregatício (art. 3º daCLT) diretamente com a tomadora dos serviços continua sendo possível, especialmentequando comprovada a subordinação jurídica direta do empregado terceirizado à empresatomadora. Na espécie, a decisão turmária reconheceu o vínculo de emprego do reclamante,que exercia a função de atendente de call center, diretamente com a empresa concessionáriade serviços de telecomunicações tomadora dos serviços, sem registrar qualquerparticularidade que distinguisse o caso dos precedentes firmados pela Suprema Corte.

Ação rescisória. Depósito prévio. Justiça gratuita. Requisitos do art. 790, §§ 3º e 4º, daCLT, com a redação da Lei nº 13.467/2017. Não incidência. Matéria regida pelo art. 99, §3º, do CPC de 2015, pelo item I da Súmula nº 463 do TST e pelo art. 6º da InstruçãoNormativa nº 31/2007.

O depósito prévio da ação rescisória ajuizada na Justiça do Trabalho corresponde a 20% dovalor da causa (art. 836 da CLT), percentual bastante superior ao exigido no art. 968, II, doCPC de 2015. Diante da maior onerosidade, as disposições acerca da gratuidade de justiçaprevistas no art. 790, §§ 3º e 4º, da CLT, com a redação da Lei nº 13.467/2017, não seaplicam às ações rescisórias processadas na Justiça do Trabalho, sob pena de excluir daapreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito, especialmente nos casos em que aparte autora seja pessoa física ou micro e pequena empresa. De outra sorte, não há disposiçãoespecífica na Lei nº 13.467/2017 acerca da justiça gratuita pleiteada em ação rescisória, o queatrai a incidência do art. 99, § 3º, do CPC de 2015, da Súmula nº 463, I, do TST e do art. 6ºda Instrução Normativa nº 31/2007.

Ação Rescisória. Prazo decadencial. Termo inicial. Ciência da fraude pelo órgão doMinistério Público legitimado para propor a ação.

O termo inicial do prazo decadencial para ajuizamento da ação rescisória coincide com a datada ciência da fraude pelo órgão legitimado para a propositura da aludida ação. Assim, nãoprospera a alegação de que, tendo em conta os princípios da unidade e da indivisibilidade doMinistério Público (art. 127 da CF), o prazo do art. 495 do CPC de 1973 deveria ser contadoa partir da data da audiência em ação penal em que, na presença do Ministério PúblicoFederal (MPF), foi mencionada a existência de reclamação trabalhista com reconhecimentode vínculo entre as partes. Embora o MPF e o Ministério Público do Trabalho (MPT)integrem o Ministério Público da União (MPU), possuem atribuições e âmbitos de atuaçãodistintos, de modo que o MPF não tem legitimidade para propor ação rescisória perante a

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Justiça do Trabalho. Desse modo, tendo em conta que o Ministério Público do Trabalho teveciência da fraude apenas quando do recebimento do ofício da 1ª Vara Federal Tributária dePorto Alegre/RS, em 16.5.2008, e ajuizou a ação rescisória em 13.5.2010, não há falar emdecadência.

“AGRAVO INTERNO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.CONTRATO TEMPORÁRIO. FRAUDE NA CONTRATAÇÃO. RECONHECIMENTO DEVÍNCULO COM A TOMADORA DE SERVIÇOS. Extrai-se do acórdão Recorrido que aagravante e a empresa de trabalho temporário firmaram contrato cujo objeto era ofornecimento de mão de obra temporária, com base na Lei n.º 6.019/74, para atendimento denecessidades transitórias e extraordinárias de serviços na área de teleatendimento datomadora de serviços. Consignou o Regional que de junho/2001 a outubro/2005,ininterruptamente, a tomadora fez uso da mão de obra temporária (1.213 empregados),evidenciando que o motivo da demanda de trabalho temporário não visava atender aoacréscimo extraordinário de serviços. Com efeito, o contrato temporário somente pode serformalizado para atender à necessidade transitória de pessoal regular e permanente ou aoacréscimo extraordinário de serviços, o que não ocorreu na hipótese dos autos. Assim, oreconhecimento da fraude decorreu da contratação irregular de trabalhadores temporáriosque, na verdade, não preenchia os requisitos da Lei n.º 6.019/74, e, uma vez alterada afinalidade da citada norma, o imperativo é o reconhecimento do vínculo de emprego com overdadeiro beneficiário dos serviços, ou seja, com a agravante. Há, portanto, visíveldistinção entre o caso concreto e o analisado pelo STF (APDF 324/DF e RE 958252/MG),que reconheceu a licitude da terceirização das atividades meio ou fim das empresas detelecomunicações. Não houve reconhecimento de vínculo de emprego diretamente com atomadora dos serviços, em razão do entendimento de que as funções desempenhadas pelosempregados eram inerentes à atividade-fim da concessionária do serviço detelecomunicações. Houve claro desvirtuamento do contrato temporário, regido pela Lei n.º6.019/74, que enseja o reconhecimento de fraude. Assim, não havendo reparos a fazer nadecisão agravada, impõe-se a multa prevista no art. 1.021, § 4.º, do CPC/2015. Agravoconhecido e não provido.” (TST-Ag-AIRR-84040-05.2008.5.18.0002, 1ª Turma, rel. Min.Luiz José Dezena da Silva, julgado em 20.11.2019)

“(...) RECURSO DE REVISTA. NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. AUTUAÇÃO PORAUDITOR FISCAL DO TRABALHO. ATRIBUIÇÕES. Insere-se nas atribuições legalmentedefinidas ao Auditor Fiscal do Trabalho, no exercício do poder de polícia administrativa, a

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apuração da regularidade da relação de emprego, inclusive nas situações de contrataçãoirregular de mão de obra por empresa interposta, sempre resguardada a possibilidade deimpugnação do auto de infração, não só na própria seara administrativa, mas, também, navia judicial, em observância às garantias consagradas no art. 5.º, XXXV e LV, daConstituição da República. Caso não se admitisse a fiscalização trabalhista nesses moldes, oAuditor Fiscal do Trabalho somente estaria apto a inspecionar relações de empregoregulares, efetivamente documentadas, o que implicaria esvaziamento dos atributos típicosdo poder de polícia administrativa e, em última análise, até mesmo da função social einstitucional da Inspeção do Trabalho, uma vez que a fiscalização estaria impedida de atuarcaso se deparasse com um cenário de informalidade, o que relegaria a dignidade e ainclusão social e econômica do trabalhador ao arbítrio dos tomadores de serviço. Assimsendo, comporta reforma o acórdão regional que afasta a competência do Auditor Fiscal doTrabalho para lavrar o auto de infração, quando verificada a fraude na aplicação dalegislação trabalhista. Recurso de Revista conhecido e provido.”(TST-RR-975-20.2015.5.02.0065, 1ª Turma, rel. Min. Luiz José Dezena da Silva, julgado em27.11.2019)

“PRESCRIÇÃO. DOENÇA OCUPACIONAL CAUSADA POR EXPOSIÇÃO AO AMIANTO.MANIFESTAÇÃO PROGRESSIVA. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. O Regionaldeclarou prescrito o direito de ação (artigo 7º, inciso XXIX, da Constituição Federal) em queo reclamante pleiteia indenização por dano moral decorrente de doença ocupacionalcausada pela exposição ao amianto, por considerar que a ciência da doença pelo obreiroocorreu em 11/3/2005 e a reclamação trabalhista foi ajuizada tão somente em setembro de2010. Para se decidir se a pretensão de indenização por danos morais estaria, ou não,atingida pela prescrição, faz-se necessária a análise do marco temporal para a contagem doprazo, o qual se inicia no momento em que o empregado tem ciência inequívoca daconsolidação das lesões, e não simplesmente da data do afastamento para tratamento ou doconhecimento de determinada doença. No caso da pretensão de indenização por danosmorais e materiais decorrentes de acidente de trabalho ou doença equiparada, ajurisprudência trabalhista tem adotado como parâmetro para fixação do marco inicial daprescrição o critério consagrado pela Súmula nº 278 do Superior Tribunal de Justiça quedispõe que "o termo inicial do prazo prescricional, na ação de indenização, é a data em queo segurado teve ciência inequívoca da incapacidade laboral". Extrai-se desse verbetesumular que o direito de pleitear essa indenização, em todos os seus contornos, somentesurge para o empregado na data em que ele tiver ciência inequívoca da sua incapacidadelaboral, em toda sua extensão. A controvérsia dos autos cinge-se à possibilidade de doençadecorrente do contato com o agente etiológico amianto, cujo prazo de latência é extenso,podendo chegar até 30 anos, consoante amplamente divulgado em doutrina médica

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especializada. A legislação estabelece que os trabalhadores devem ser submetidos a examesmédicos, além da avaliação clínica, na admissão, periodicamente e pós-demissionais por até30 anos, em periodicidade determinada pelo tempo de exposição. Ainda, o Ministério doTrabalho obriga os empregadores a manterem os prontuários médicos dos trabalhadores por30 anos. Dessa forma, não se pode considerar que a ciência inequívoca teria ocorrido em11/3/2005, data em que foi elaborado relatório médico, como data da ciência inequívoca dalesão, para fins de fixação do marco prescricional, porque não houve efetiva consolidaçãodas lesões para fins de fixação do marco temporal respectivo, tornando-se inviável declararprescrita a pretensão, sob a ótica do artigo 7º, inciso XXIX, da Constituição Federal.Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido.” (TST-RR-1167-80.2010.5.06.0011, 2ªTurma, rel. Min. José Roberto Freire Pimenta, julgado em 20.11.2019)

“RECURSO DE REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/2014 EANTERIOR À LEI Nº 13.467/2017. NULIDADE DO ACÓRDÃO POR CERCEAMENTO DEDEFESA. INDEFERIMENTO DA OITIVA DE TESTEMUNHA. EXERCÍCIO DA FUNÇÃODE PREPOSTO EM AÇÕES PRETÉRITAS. IMPEDIMENTO NÃO CARACTERIZADO. Afunção de preposto pode ser exercida por qualquer empregado da empresa que detenhaconhecimento dos fatos objeto da demanda judicial, não se pressupondo, ante essacircunstância, a sua suspeição ou impedimento. Por outro lado, consoante exegese do art.75, VIII, do CPC/2015 (art. 12, VI, do CPC/1973), a pessoa jurídica será representadalegalmente "por quem os respectivos atos constitutivos designarem ou, não havendo essadesignação, por seus diretores". Assim, a figura do preposto não se confunde com a dorepresentante legal da pessoa jurídica, não recaindo sobre ele, apenas por essa razão, oimpedimento de que trata o art. 447, § 2º, III, do CPC. O acolhimento de contradita fundadaapenas no fundamento de que o preposto, por ter atuado em ação pretérita da empresademandada, restou impedido de prestar depoimento como testemunha, deflagrou ofensa aocontraditório e à ampla defesa, garantias basilares contidas no art. 5º, LV, da Carta Magna.Julgados. Recurso de revista conhecido e provido. Prejudicado o exame do temaremanescente.” (TST-RR-1000901-65.2017.5.02.0036, 3ª Turma, rel. Min. MauricioGodinho Delgado, julgado em 20.11.2019)

“RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELO SEGUNDO RÉU. LEI Nº 13.015/2014.CPC/1973. DESERÇÃO DO RECURSO ORDINÁRIO. RECOLHIMENTO DE CUSTASPROCESSUAIS E DE DEPÓSITO RECURSAL POR OUTRA RECLAMADA.CONDENAÇÃO SOLIDÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PEDIDO DE EXCLUSÃO DA LIDE.APROVEITAMENTO. Nos termos do artigo 789, § 1º, da CLT, "as custas serão pagas pelovencido, após o trânsito em julgado da decisão. No caso de recurso, as custas serão pagas ecomprovado o recolhimento dentro do prazo recursal." Ora, se a própria lei não exige mais

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de um recolhimento desse encargo, seja pela interposição de sucessivos recursos, seja pelaexistência de múltiplos recorrentes, não cabe ao julgador impor tal obrigação. Essa tambémé a diretriz que se extrai do item III da Súmula nº 128 do TST, ao tratar do depósito recursal,cuja exegese admite aplicação analógica às hipóteses de custas processuais. No caso dosautos, houve condenação solidária das rés quanto aos créditos trabalhistas devidos à autorae não se verifica pedido de exclusão da lide, por quaisquer delas. Por conseguinte, não só orecolhimento do depósito recursal como também o pagamento das custas processuais,comprovadamente efetuados pela Atento Brasil S.A., aproveitam ao segundo réu, a dispensara exigibilidade de novo recolhimento pelo recorrente, Banco Cifra S.A., quando dainterposição do recurso ordinário. Logo, não se há de falar em deserção desse recurso.Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido. (...)”(TST-ARR-503-57.2014.5.03.0184, 7ª Turma, rel. Min. Cláudio Mascarenhas Brandão,julgado em 27.11.2019)

“AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA – CPC/2015 –INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 40 DO TST – ANTERIOR À VIGÊNCIA DA LEI Nº13.467/2017 – DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL – ARESTO ORIUNDO DE TURMADO TST – IMPRESTABILIDADE - PRINCÍPIOS DA DEVOLUTIVIDADE E DADELIMITAÇÃO RECURSAL – NÃO OBSERVAÇÃO. 1. O art. 896 da CLT é claro quanto àadmissibilidade do recurso de revista por divergência jurisprudencial e dispõeexpressamente na alínea "a" que o dissídio deve ser suscitado em relação a outro TribunalRegional do Trabalho, no seu Pleno ou Turma, ou à Seção de Dissídios Individuais doTribunal Superior do Trabalho. 2. Em relação ao TST, portanto, somente é admissíveldissídio jurisprudencial por meio de acórdãos exarados pela Seção de Dissídios Individuais.3. Acrescento que a 7ª Turma, na sua composição atual, fixou entendimento no sentido deque o agravo de instrumento tem por finalidade precípua impugnar os fundamentos dadecisão agravada, por se tratar de recurso vinculado àquele que se pretende destrancar. 4.Nesse diapasão, embora não seja necessário repisar no agravo de instrumento todas asalegadas violações de texto legal apresentadas no recurso de revista, se o agravantemenciona apenas alguns dos dispositivos legais acaba por limitar, no agravo de instrumento,as impugnações apresentadas, de forma mais ampla, no recurso de revista. 5. No casoconcreto, a parte sequer renovou a violação do art. 7º, XXIX, da Constituição Federal nasrazões de agravo de instrumento, razão pela qual não se tem por atendidas a devolutividadee a delimitação recursal. Agravo desprovido.” (TST-AIRR-11218-06.2015.5.15.0083, 7ªTurma, rel. Min. Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, julgado em 27.11.2019)

“(...) COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO – AÇÃO CIVIL PÚBLICA –DISCUSSÃO SOBRE RELAÇÃO DE TRABALHO FUNDADA EM TERMO DE PARCERIA

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ENTRE ESTADO E ASSOCIAÇÃO (OSCIP) A Justiça do Trabalho é competente paraexaminar Ação Civil Pública que tem por objeto a proteção ampla dos direitosconstitucionais pertinentes às relações do trabalho firmadas por instituição privada(OSCIP), ainda que suas atividades se desenvolvam a partir de relaçõesjurídico-administrativas (termo de parceria) estabelecidas entre o ente público e aAssociação-Ré. (...)III - RECURSOS DE REVISTA DAS RECLAMADAS INTERPOSTOS SOBA ÉGIDE DA LEI Nº 13.467/2017 – EXAME CONJUNTO - DANO MORAL COLETIVO –CARACTERIZAÇÃO E VALOR DA INDENIZAÇÃO - TERCEIRIZAÇÃO DEATIVIDADE-FIM – SERVIÇOS DE SAÚDE – PARCERIA ENTRE ORGANIZAÇÃO DASOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PÚBLICO (OSCIP) E ESTADO – VALIDADE 1. Aassistência à saúde é um dever do Estado, podendo ser prestada tanto diretamente quantopor meio de terceiros. Nesse sentido, os arts. 197 e 199, § 1º, do texto constitucional,autorizam a prestação de "ações e serviços de saúde" por pessoas físicas ou pessoasjurídicas de direito privado. 2. Em sintonia com a estrutura institucional adotada pelaConstituição da República, a legislação federal autoriza a prestação de serviços públicos naárea de saúde por meio de Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP).Nesse sentido, o art. 3º da Lei nº 9.790/1999, ao instituir os objetivos sociais exigidos para aqualificação das pessoas jurídicas de direito privado como OSCIP, expressamente incluiu aprestação de serviços gratuitos de saúde. 3. Diante desse cenário normativo, não se podepresumir a ilicitude do termo de parceria firmado entre o Estado e instituição privada jáqualificada como OSCIP para a administração de hospital público. 4. A autorização de quea pessoa jurídica de direito privado contrate empregados pelo regime da CLT para aexecução de atividades finalísticas do Estado não se traduz em fraude à legislação,mormente quando a própria Constituição da República autoriza a prestação complementarde serviços de saúde por instituições privadas sem fins lucrativos, como na hipótese. 5.Reconhecendo-se a validade das relações de trabalho fundadas no termo de parceria ediscutidas nos presentes autos, impõe-se a improcedência dos pedidos deduzidos na AçãoCivil Pública. Recursos de Revista conhecidos e providos.”(TST-ARR-10060-45.2014.5.14.0416, 8ª Turma, rel. Min. Maria Cristina Irigoyen Peduzzi,julgado em 20.11.2019)

Informativo 212, TST:

Incidente de Assunção de Competência. “Tema nº 0002 – Gestante. Trabalhotemporário. Lei nº 6.019/74. Garantia provisória do emprego. Súmula nº 244, III,do TST.” O Tribunal Pleno, por maioria, definiu a seguinte tese jurídica para oTema de Incidente de Assunção de Competência nº 0002 – GESTANTE.

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TRABALHO TEMPORÁRIO. LEI Nº 6.019/74. GARANTIA PROVISÓRIA DOEMPREGO. SÚMULA Nº 244, III, DO TST: é inaplicável ao regime de trabalhotemporário, disciplinado pela Lei n.º 6.019/74, a garantia de estabilidadeprovisória à empregada gestante, prevista no art. 10, II, b, do Ato dasDisposições Constitucionais Transitórias.

Mandado de segurança. Não cabimento. Arquivamento de reclamaçãotrabalhista por ausência do reclamante. Apresentação de atestado médico.Reconsideração com posterior determinação de desarquivamento doprocesso e reinclusão em pauta. Existência de medida processual idônea paracorrigir a suposta ilegalidade. Aplicação da Orientação Jurisprudencial nº 92da SBDI-II.

Não cabe mandado de segurança contra decisão que, ao acolher pedido dereconsideração, desarquiva e reinclui em pauta ação trabalhista arquivada porausência de reclamante na audiência de julgamento. No caso concreto, oreclamante esteve ausente à audiência inaugural, o que resultou no arquivamentoda reclamação, nos termos do art. 844 da CLT. Posteriormente, ele apresentoupedido de reconsideração acompanhado de atestado médico, o qual foi acolhidopelo juízo com a determinação de desarquivamento e de reinclusão do processo empauta. Nesse contexto, incide a Orientação Jurisprudencial nº 92 da SBDI-II, pois oinconformismo da impetrante/reclamada deveria ter sido externado na própriareclamação trabalhista, por meio da arguição de nulidade em contestação, ou comomatéria preliminar em recurso ordinário, caso não acolhida a arguição de nulidadena sentença. Havendo, portanto, medida processual idônea para corrigir a supostailegalidade cometida pela autoridade coatora, afasta-se o cabimento do mandado desegurança na hipótese.

Arguição de inconstitucionalidade. Art. 879, § 7º, da CLT, incluído pela Lei nº13.467/2017. Atualização dos créditos decorrentes de condenação judicial pelaTR. A SBDI-II, por unanimidade, decidiu acolher a arguição deinconstitucionalidade do § 7º do art. 879 da CLT, incluído pela Lei nº13.467/2017, suscitada na sessão de julgamento realizada em 13.3.2018, edeterminar a remessa dos autos ao Tribunal Pleno para apreciação da matéria.

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No caso, registrou-se que o STF, no julgamento das ADIs 4357, 4372, 4400 e 4425declarou a inconstitucionalidade da expressão “índice oficial da remuneração básicada caderneta de poupança” constante do art. 100, § 12, da CF, firmando a tese deque a Taxa Referencial (TR) não é capaz de recompor o poder aquisitivo da moeda.Ademais, embora as mencionadas ações de inconstitucionalidade versassem sobrea TR enquanto índice de correção de débitos fazendários inscritos em precatórios, oreconhecimento explícito de que a adoção da referida taxa afronta ao menos o art.5º, XXII, da CF justifica a necessidade de manifestação sobre a constitucionalidadedo art. 879, § 7º, da CLT pelo Tribunal Pleno. TST-RO-24059-68.2017.5.24.0000,SBDI-II, rel. Min. Delaíde Miranda Arantes, 12.11.2019 Arguição deinconstitucionalidade. Art. 879, § 7º, da CLT, incluído pela Lei nº 13.467/2017.Atualização dos créditos decorrentes de condenação judicial pela TR. A SBDI-II, porunanimidade, decidiu acolher a arguição de inconstitucionalidade do § 7º do art. 879da CLT, incluído pela Lei nº 13.467/2017, suscitada na sessão de julgamentorealizada em 13.3.2018, e determinar a remessa dos autos ao Tribunal Pleno paraapreciação da matéria. No caso, registrou-se que o STF, no julgamento dasADIs 4357, 4372, 4400 e 4425 declarou a inconstitucionalidade da expressão“índice oficial da remuneração básica da caderneta de poupança” constantedo art. 100, § 12, da CF, firmando a tese de que a Taxa Referencial (TR) não écapaz de recompor o poder aquisitivo da moeda. Ademais, embora asmencionadas ações de inconstitucionalidade versassem sobre a TR enquantoíndice de correção de débitos fazendários inscritos em precatórios, oreconhecimento explícito de que a adoção da referida taxa afronta ao menos oart. 5º, XXII, da CF justifica a necessidade de manifestação sobre aconstitucionalidade do art. 879, § 7º, da CLT pelo Tribunal Pleno.TST-RO-24059-68.2017.5.24.0000, SBDI-II, rel. Min. Delaíde Miranda Arantes,12.11.2019

Empresa pública e sociedade de economia mista. Contratação de pessoal paraemprego em comissão regido pela CLT. Expressa autorização de lei.Desnecessidade.

As empresas públicas e as sociedades de economia mista prescindem de expressaautorização de lei para admitir trabalhadores em empregos em comissão (chefia,assessoramento e direção), sob o regime da CLT. Tais entidades submetem-se a umregime jurídico híbrido, caracterizado pela dinamicidade que necessitam para odesenvolvimento de suas atividades (regime próprio das empresas privadas) e pela

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observância das normas de Direito Público naquilo em que a Constituiçãoexpressamente determine.

Assim, a própria Carta Magna, ao dispor sobre a investidura em cargo ou empregopúblico mediante prévia aprovação em concurso, ressalvou as nomeações paracargo em comissão de livre nomeação e exoneração (art. 37, II, da CF), além delimitar a exigência de necessidade de lei para a criação de cargos, funções eempregos públicos à Administração direta e autárquica (art. 61, § 1º, II, “a”, da CF),não alcançando, portanto, os entes empresariais estatais.

Mandado de segurança. Cabimento. Inaplicabilidade da OrientaçãoJurisprudencial nº 92 da SBDI-II. Rejeição da exceção de pré-executividade.Ação autônoma de cumprimento de sentença condenatória proferida em açãocivil pública. Ausência do título executivo judicial e de prévio debate sobre oscálculos de liquidação. Bloqueio de contas bancárias.

Cabe mandado de segurança contra decisão que rejeita exceção depré-executividade proposta em face de ação executiva autônoma, relativa aocumprimento de sentença proferida em ação civil pública, iniciada sem a juntada doprovimento condenatório expedido no processo principal e sem o cumprimento dodisposto no art. 879, § 2º, da CLT, que impõe ao Juízo que preside a execução odever de permitir que as partes impugnem itens e valores na conta de liquidação.Na espécie, concluiu-se não ser aplicável o entendimento consubstanciado naOrientação Jurisprudencial nº 92 da SBDI-II, pois à luz dos princípios do devidoprocesso legal, do contraditório e da ampla defesa, não é razoável que a parte quenega o descumprimento das obrigações contidas no título executivo judicial eimpugna a imposição das sanções nele previstas tenha que primeiro suportar aapreensão de seu patrimônio (bloqueio de contas bancárias) para depois ter apossibilidade de discutir a licitude da execução e o acerto da conta confeccionadapela parte exequente.

“(...) 2. RESPONSABILIDADE DO SÓCIO RETIRANTE. LIMITAÇÃO TEMPORAL.ARTIGO 1.032 DO CC. AJUIZAMENTO DA AÇÃO MAIS DE 2 (DOIS) ANOSAPÓS A RETIRADA DO SÓCIO. DECADÊNCIA. SUSPENSÃO.IMPOSSIBILIDADE. PROVIMENTO.

Inicialmente, registra-se, acerca da alegada impossibilidade de responsabilização do

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sócio retirante por acidente de trabalho ocorrido após a sua retirada da sociedade,que o egrégio Tribunal Regional do Trabalho, mesmo depois de opostos embargosde declaração, não adotou tese explícita sobre o tema. Incide, portanto, o teor daSúmula nº 297. Ademais, deve ser afastada a aplicação do artigo 476 da CLT aopresente caso, ante a ausência de pertinência jurídica. Com efeito, o referidodispositivo garante a manutenção do contrato de trabalho em caso deseguro-doença ou auxílio-enfermidade, ao passo que o caso concreto diz respeitoao prazo decadencial de se pleitear o pagamento de créditos trabalhistas aos sóciosque se retiraram da sociedade da empresa empregadora. Assim, parte-se dasseguintes premissas: 1 - o artigo 476 da CLT suspende o contrato de trabalho, masnão suspende nem interrompe o prazo quinquenal para se pleitear o pagamento dedireitos trabalhistas, salvo quando se comprovar a absoluta impossibilidade deacesso ao Poder Judiciário (Orientação Jurisprudencial nº 375 da SBDI-1); 2 –conforme doutrina e jurisprudência amplamente difundida e pacificada, os prazosprescricionais estão estipulados apenas nos artigos 205 e 206 do Código Civil, aopasso que os prazos decadenciais estão dispostos nos demais artigos do CódigoCivil; 3 - o artigo 1.032 do Código Civil, portanto, estabelece o prazo decadencial dedois anos, após averbada a resolução da sociedade, para se responsabilizar ossócios retirantes da sociedade pelas obrigações sociais; e 4 – salvo normaexpressa, à decadência somente é aplicado o teor dos artigos 195 e 198, I, doCódigo Civil, ou seja, à decadência não incidem as normas que impedem,suspendem ou interrompem a prescrição, nos termos dos artigos 207 e 208 doCódigo Civil. Dessa forma, conclui-se que a suspensão do contrato de trabalhoprevista no artigo 476 da CLT não suspende nem interrompe o prazo decadencialprevisto no artigo 1.032 do Código Civil. Assim sendo, superada a controvérsiasobre da incidência do artigo 476 da CLT, cabe prosseguir no exame da questão.Conforme se extrai do artigo 1.032 do CC, o sócio pode ser responsabilizadosomente pelas obrigações sociais adquiridas antes da sua retirada da sociedade,quando se beneficiou dos serviços prestados pelo empregado. Ou, pelas obrigaçõesposteriores, enquanto não requerer a averbação da sua saída da sociedade. Aindaassim, para que seja condenado ao pagamento dos créditos devidos ao empregadode cuja força de trabalho se beneficiou, deve o sócio retirante ser acionado dentrode dois anos depois de averbada a sua desvinculação do quadro social da empresaperante a Junta Comercial. Precedentes. No presente caso, é fato incontroverso queos ora recorrentes retiraramse da sociedade em 19.04.2000. Uma vez que apresente reclamação trabalhista foi ajuizada somente em 2010, resta expirado oprazo para a responsabilização dos sócios. Recurso de revista de que se conhece e

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a que se dá provimento.” (TST-RR-456-22.2010.5.11.0016, 4ª Turma, rel. Min.Guilherme Augusto Caputo Bastos, julgado em 6.11.2019)

“(...) II. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO EM FACE DE DECISÃOPUBLICADA NA VIGÊNCIA DA LEI 13.015/2014.

1. SERVIDORES ESTATUTÁRIOS. CONTRIBUIÇÕES SINDICAISOBRIGATÓRIAS. Na esteira dos mais recentes precedentes desta Corte Superior, éda Justiça Comum a competência para processar e julgar as ações de cobrança deimposto sindical quando deflagradas entre sindicatos profissionais de servidoresestatutários e o respectivo ente público patronal. Ofensa ao art. 114, I, daConstituição Federal configurada. Recurso de revista conhecido e provido.”(TST-RR-463-71.2015.5.22.0003, 5ª Turma, red. p/ acórdão Min. Emmanoel Pereira,julgado em 30.10.2019)

“(...)RECURSO DE REVISTA. INTERVALO INTERJORNADA. CÔMPUTO DASHORAS IN ITINERE NA JORNADA DE TRABALHO. APELO SOB A ÉGIDE DALEI 13.015/2014 E DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. REQUISITOS DO ART.896, § 1º-A, DA CLT, ATENDIDOS.

O entendimento desta Corte se apresenta no sentido de que as horas in itinerecomputam-se na jornada de trabalho do empregado para fins de aferir oatendimento do art. 66 da CLT, relativo ao intervalo interjornada. Precedentes.Recurso de revista conhecido e provido.(...)” (TST-RR-1619- 87.2017.5.12.0008, 6ªTurma, rel. Min. Augusto César Leite de Carvalho, julgado em 30.10.2019)

“(...)RECURSO DE REVISTA DA RÉ VALE S.A. ACIDENTE DE TRABALHO.VIAGEM PARA ASSUMIR NOVO EMPREGO EM OUTRA CIDADE.FORMALIZAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO. RESPONSABILIDADESUBJETIVA DO EMPREGADOR. CULPA NÃO DEMONSTRADA.

O acidente em face do deslocamento do empregado para o exercício de atividadesprofissionais, inclusive assumir o novo cargo, é acidente de trabalho, a atrair, emregra, a responsabilidade subjetiva do empregador. No caso, o quadro fáticoregistrado na decisão recorrida revela a ocorrência de uma lamentável fatalidade,mas não evidencia a culpa da ré. A afirmação genérica feita pelo Tribunal Regional,no sentido de que a empresa incorreu em negligência, ao deixar de oferecer meio

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de transporte mais seguro para o deslocamento do empregado à cidade em queiniciaria a prestação de serviços, não tem amparo jurídico, seja porque não hánormas que estabeleçam a obrigação de providenciar determinada forma detransporte para essa finalidade, seja porque os fatos não revelam que o de cujusteve de se submeter a riscos além dos assumidos por qualquer pessoa que viaje emrodovias de forma ocasional, mesmo porque a hipótese não envolveresponsabilidade objetiva pelo risco específico da atividade. Afigura-se razoável eordinário, do ponto de vista prático, que o empregado, possuindo veículo, optassepor fazer a viagem nele, considerando que estaria de mudança para a cidade dedestino, como se infere da menção ao fato de que a empresa havia providenciadohotel para os 20 primeiros dias de sua estada lá. Ainda que o empregador sejaresponsável por garantir a segurança e a integridade dos seus empregados - e eleé, não se discute isso –, também é certo que tal exigência deve se restringir aoslimites daquilo que está ao seu alcance, como providências relacionadas ao local detrabalho, equipamentos, normas de repouso e meio ambiente saudável e seguro, deuma forma geral, ainda que este possua conceito dinâmico - e não se circunscrevaao local de trabalho propriamente dito. No aspecto do transporte, significa não impordeslocamentos inseguros, a partir do juízo mediano de aferição. Não é possívelafirmar que a ocorrência de uma fatalidade, como a relatada nos autos, sejasuficiente para se concluir que o empregador falhou no seu dever, sob pena de selhe atribuir a obrigação de garantir a incolumidade como resultado final, e não comoparâmetro orientador de sua conduta. Recurso de revista conhecido e provido. (...)”(TST-RR-521-38.2013.5.03.0047, 7ª Turma, rel. Min. Cláudio MascarenhasBrandão, julgado em 30.10.2019)

“(...) RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR. DANOS MORAISCAUSADOS AO EMPREGADO. CARACTERIZAÇÃO. DESAPARECIMENTO DOTRABALHADOR DO ALOJAMENTO.

A responsabilidade civil do empregador pela reparação decorrente de danos moraiscausados ao empregado pressupõe a existência de três requisitos, quais sejam: aconduta (culposa, em regra), o dano propriamente dito (violação aos atributos dapersonalidade) e o nexo causal entre esses dois elementos. O primeiro é a ação ouomissão de alguém que produz consequências às quais o sistema jurídicoreconhece relevância. É certo que esse agir de modo consciente é aindacaracterizado por ser contrário ao Direito, daí falar-se que, em princípio, aresponsabilidade exige a presença da conduta culposa do agente, o que significa

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ação inicialmente Informativo TST – nº 211 Período: 29 de outubro a 11 denovembro de 2019 8 de forma ilícita e que se distancia dos padrões socialmenteadequados, muito embora possa haver o dever de ressarcimento dos danos,mesmo nos casos de conduta lícita. O segundo elemento é o dano que, naspalavras de Sérgio Cavalieri Filho, consiste na "[...] subtração ou diminuição de umbem jurídico, qualquer que seja a sua natureza, quer se trate de um bempatrimonial, quer se trate de um bem integrante da própria personalidade da vítima,como a sua honra, a imagem, a liberdade etc. Em suma, dano é lesão de um bemjurídico, tanto patrimonial como moral, vindo daí a conhecida divisão do dano empatrimonial e moral". Finalmente, o último elemento é o nexo causal, aconsequência que se afirma existir e a causa que a provocou; é o encadeamentodos acontecimentos derivados da ação humana e os efeitos por ela gerados. Nocaso, o quadro fático registrado pelo Tribunal Regional revela que o trabalhador "eraconsumidor contumaz de bebidas alcoólicas e que aparentava se encontrardesorientado no dia do desaparecimento". Revela, ainda, que "no alojamento haviapessoas responsáveis pela segurança do local, tendo os vigias diligenciadoimediatamente para tentar localizar o trabalhador que saiu correndo em direção àmata, porém sem êxito" e que "o desaparecimento ocorreu quando o trabalhadornão estava laborando e deveria descansar no alojamento". Assim, a Corte Regionalconcluiu que a empregadora tomou todas as providências que estavam ao seualcance para localizar o trabalhador, inexistindo prova de omissão ou negligência, eque a empresa deu toda assistência possível à família dele, assim que se certificoudo desaparecimento. Não evidenciados o dano, a conduta culposa do empregador eo nexo causal entre ambos, deve ser mantida a decisão regional que negouprovimento ao pleito de indenização por dano moral. Agravo de instrumentoconhecido e não provido.” (TST-AIRR-24462-90.2015.5.24.0005, 7ª Turma, rel. Min.Cláudio Mascarenhas Brandão, julgado em 6.11.2019)

Informativo 210, TST:

Representação comercial autônoma. Acordo extrajudicial homologado pelaJustiça comum. Posterior ajuizamento de reclamação trabalhista. Pedido dereconhecimento de vínculo de emprego. Coisa julgada. Não configuração.

Não faz coisa julgada perante a Justiça do Trabalho o acordo extrajudicial homologado pelaJustiça comum em que o reclamante, sua empresa e a empresa ré, em instrumento particularde distrato, confissão e quitação de dívida, deram ampla, geral e irrestrita quitação da relação

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jurídica decorrente do contrato de representação comercial mantido entre as partes. No caso,não se verifica os requisitos configuradores da coisa julgada, pois os pedidos formulados sãodistintos. Enquanto a reclamação trabalhista visa o reconhecimento do vínculo de emprego, asentença homologatória teve por objeto o acordo envolvendo uma relação jurídica comercial.Ademais, compete à Justiça do Trabalho a análise do preenchimento dos requisitosestabelecidos nos arts. 2° e 3° da CLT e a decisão quanto à existência ou não de vínculo deemprego.

Ação civil pública. Ministério Público do Trabalho. Cabimento. Obrigação de não fazer.Não concessão de vale-transporte em dinheiro. Ausência de pedido de nulidade da normacoletiva em que amparado o pagamento.

É cabível ação civil pública em que o Ministério Público do Trabalho requer que a empresa rése abstenha de conceder a seus empregados o vale-transporte em dinheiro, sem, todavia,formular pedido de nulidade da norma coletiva que ensejou a prática adotada pelaempregadora. No caso, a validade e a eficácia da cláusula coletiva foi questionada apenascomo causa de pedir, ensejando provimento incidenter tantum. Ademais, como a pretensãoformulada pelo MPT não é de nulidade expressa e total da cláusula da norma coletiva comeficácia ultra partes, mas de cumprimento de obrigação de não fazer cominada com aplicaçãode penalidade por eventual descumprimento, a ação cabível é a ação civil pública e não açãoanulatória, a qual teria natureza exclusivamente declaratória e competência funcional parajulgamento do TRT ou do TST, e não da Vara do Trabalho.

“(...)INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. REVISTAS FEITAS NO ARMÁRIO DOEMPREGADO SEM O SEU CONHECIMENTO. DANO MORAL CONFIGURADO.Trata-se de pedido de dano moral em razão de revista pessoal e nos armários doreclamante sem o seu consentimento. Não se olvidando do entendimentoconsolidado na jurisprudência desta Corte, de que o poder diretivo e fiscalizador doempregador permite a realização de revista visual em bolsas e pertences dosempregados, desde que procedida de forma impessoal, geral e sem contato físicoou exposição do funcionário a situação humilhante e vexatória. Entretanto, o fato dea revista ser feita, exclusivamente, nos pertences dos empregados não afasta, por sisó, eventual direito à indenização por dano moral, pois a revista também deve serrealizada sem violação à intimidade e à dignidade dos trabalhadores. E, no caso emexame, a situação fática narrada no acórdão regional afasta a aplicação, neste feito,de tal entendimento desta Corte superior. Assim, ainda que não tenha havido

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contato físico, a revista realizada no armário do obreiro sem o seu conhecimentoimplicou exposição indevida da sua intimidade e evidente abuso do poderfiscalizatório do empregador, razão pela qual o reclamante faz jus à indenização pordanos morais. Recurso de revista não conhecido. (...)”(TST-RR-29-09.2010.5.09.0007, 2ª Turma, rel. Min. José Roberto Freire Pimenta,julgado em 23.10.2019)

“(...)AÇÃO CIVIL PÚBLICA. TRABALHO NO SETOR DE SELEÇÃO MANUAL DECASTANHAS EM ESTEIRA. PAUSAS PREVISTAS NA NORMA REGULAMENTAR17 DO MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. NORMA DE SAÚDE ESEGURANÇA DO TRABALHO. Trata-se de pedido da reclamada de exclusão daobrigação que lhe foi imposta de conceder pausas aos seus empregados de dezminutos a cada hora trabalhada. O artigo 7º, inciso XXII, da Constituição Federalinclui, no rol dos direitos fundamentais, a redução dos riscos inerentes ao trabalho,por meio de normas de saúde, higiene e segurança. Com vistas ao cumprimentodessa disposição constitucional, a Norma Regulamentar 17 do Ministério doTrabalho e Emprego assegura a concessão de pausas para as atividades queexijam sobrecarga muscular ou dinâmica do pescoço, ombros, dorso e membrossuperiores e inferiores. Com efeito, o artigo 4º da LICC dispõe que, "quando a lei foromissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e osprincípios gerais de direito". Também o artigo 8º da CLT autoriza a analogia comofonte do direito, ao dispor, em seu caput, que "as autoridades administrativas e aJustiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão,conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por eqüidade e outros princípiose normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordocom os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhuminteresse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público". Desse modo,ainda que a NR-17 não estabeleça a duração dos intervalos para os trabalhadoresque desenvolvem suas atividades nos moldes previstos no item 17.6.3, nãodesobriga o empregador do cumprimento da norma. Do contrário, a garantia dodescanso trazida pela norma revelar-se-ia inócua, simplesmente por falta dedisposição expressa acerca do tempo de duração do intervalo, ficando oempregado, a parte hipossuficiente da relação jurídica, sem a proteção necessária àsua saúde e à segurança no trabalho. Nessas condições, a condenação dareclamada à concessão de dez minutos de intervalo a cada cinquenta minutostrabalhados, pela aplicação da Norma Regulamentadora nº 17 do Ministério do

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Trabalho e Emprego, encontra respaldo legal e constitucional.Agravo de instrumentodesprovido.(...)” (TST-AIRR-260-09.2015.5.21.0013, 2ª Turma, rel. Min. JoséRoberto Freire Pimenta, julgado em 23.10.2019)

“RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/2014 EDO NCPC – AÇÃO CIVIL PÚBLICA – INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DOTRABALHO – CONTRATO DE COGESTÃO DE ADMINISTRAÇÃO PRISIONAL –VALIDADE Cuida-se de Ação Civil Pública proposta com o intuito de imporobrigação de não-fazer consistente na vedação ao Estado de firmar contrato decogestão do sistema prisional estadual com empresa privada. Diante da naturezaadministrativa do contrato, não há como reconhecer a competência desta JustiçaEspecializada para o julgamento da matéria. Recurso de Revista não conhecido.”(TST-RR-969-80.2010.5.20.0002, 8ª Turma, rel. Min. Maria Cristina IrigoyenPeduzzi, julgado em 23.10.2019)

Informativo 209, TST:

Ação rescisória. Falecimento do réu antes do ajuizamento da ação.Desconhecimento pela parte autora. Emenda à petição inicial. Possibilidade.Arts. 139, IX, e 317 do CPC de 2015.Na hipótese em que o autor, no momento do ajuizamento da ação rescisória,desconhecia o falecimento do réu, admite-se a emenda à petição inicial, pois asanabilidade dos defeitos que possam impedir o exame do mérito é a regra adotadapelo CPC de 2015 (arts. 139, IX, e 317), e o vício em questão pode ser facilmentesuprido mediante a retificação do polo passivo.

“(...) DANOS MORAIS. SUPRESSÃO DA GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃODURANTE O GOZO DE FÉRIAS. VIOLAÇÃO DA BOA-FÉ E DA DIGNIDADE DOTRABALHADOR.1. Trata-se de hipótese em que o reclamante teve suprimida a gratificação de funçãoem circunstâncias que violaram os princípios da boa-fé e da dignidade da pessoahumana. 2. Conforme consignou o Regional, o autor foi destituído do cargo degerente quando estava em gozo de férias, sequer tomando ciência, e, após, passoua exercer a função de técnico bancário em um guichê. Além disso, o cargo degerência ocupado pelo autor continuou a existir, ainda que sob outra denominação,

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tanto que veio um funcionário de fora para ocupá-lo. Concluiu as instânciasordinárias, com base na prova produzida, que a destituição do cargo comissionadonão se deu dentro dos limites do poder diretivo do empregador. 3. Assim,evidenciada a conduta ilícita do reclamado ao proceder ao descomissionamento doreclamante, é devida a indenização por danos morais, não havendo falar emviolação dos artigos indicados. Recurso de revista não conhecido.” (TST-RR-1308-20.2013.5.09.0041, 2ª Turma, rel. Min. Maria Helena Mallmann, julgado em15.10.2019)

“RECURSO DE REVISTA REGIDO PELA LEI 13.015/2014. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER. ACÚMULO DE FUNÇÕES. 1. O parágrafo único doart. 456 da CLT dispõe que, à falta de determinação expressa em contrário, oempregado é obrigado a desempenhar na empresa atividade compatível com a suaqualificação. 2. Na hipótese, o fato de os 2 empregados da ré, contratados comovendedores/atendentes, auxiliarem em outras tarefas compatíveis com sua função,como a organização, manutenção, e higienização dos medicamentos, nãocaracteriza efetivamente acúmulo de funções (Precedente). Recurso de revistaconhecido e não provido.” (TST-RR-2062-30.2013.5.03.0137, 2ª Turma, rel. Min.Delaíde Miranda Arantes, julgado em 15.10.19)

“(...) 2. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. DEVEDOR PRINCIPALSUBMETIDO À RECUPERAÇÃO JUDICIAL. REDIRECIONAMENTO DEEXECUÇÃO CONTRA OS SÓCIOS. O redirecionamento da execução contra sócioda empresa submetida à recuperação judicial não extrapola a competênciaconstitucional desta Justiça Especializada. Precedentes. Agravo de instrumentoconhecido e desprovido.” (TST-AIRR-3-47.2017.5.02.0011, 3ª Turma, rel. Min.Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, julgado em 16.10.2019)

Informativo 208, TST :

Lei nº 13.467/2017. Cláusula de norma coletiva que prevê jornada de 7h20min.Validade. Necessidade de concessão do intervalo intrajornada mínimo detrinta minutos para jornadas superiores a seis horas. Art. 611-A, III, da CLT.

É válida, independentemente de indicação expressa de contrapartidasrecíprocas, cláusula de instrumento coletivo firmado após a vigência da Lei nº13.467/2017 que flexibilize normas trabalhistas concernentes à jornada e aointervalo intrajornada, desde que, neste último caso, seja respeitado o limite

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mínimo de trinta minutos para jornadas superiores a seis horas (art. 611-A, III,da CLT). Ao dispor sobre direitos insuscetíveis de supressão ou redução por normacoletiva, o art. 611-B, parágrafo único, da CLT excluiu expressamente as regrassobre duração do trabalho e intervalos, as quais não são consideradas comonormas de saúde, higiene e segurança do trabalho, para os fins do referido artigo.Ademais, à espécie não se aplica a Súmula nº 437 do TST, visto que suasdisposições regem situações anteriores à vigência da Lei nº 13.467/2017.

Acordo homologado em juízo. Acréscimo de benefício à categoriaprofissional, de ofício, pelo Tribunal. Impossibilidade. Desrespeito àautonomia privada coletiva.

O Tribunal, por ocasião da homologação de acordo, não pode, ex officio, incluirbenefício à categoria profissional que não tenha sido avençado pelas partes,ainda que tenha relevância social. Tal conduta desrespeita a autonomia privadacoletiva e macula o princípio da proteção da confiança, enfraquecendo o processonegocial e desequilibrando as relações coletivas.

Ação rescisória. Art. 485, V, do CPC de 1973. Professor. Readaptação emfunção administrativa. Cômputo da jornada de trabalho tendo em conta ahora-relógio e não a hora-aula assegurada à categoria de origem. Violação doart. 7º, VI, da CF. Configuração. Assegurada a irredutibilidade salarial.

Em razão do princípio constitucional da irredutibilidade salarial, o professorreadaptado em função administrativa tem direito à manutenção dos saláriosque percebia quando do exercício de suas atribuições anteriores, incluindo asvantagens pessoais e os reajustes posteriormente concedidos à categoria deorigem.

“(...)DISPENSA DA EMPREGADA GESTANTE DURANTE O PERÍODO DEESTABILIDADE. DANOS MORAIS. NÃO CABIMENTO.

O entendimento desta Corte firmou-se no sentido de que a despedida daempregada gestante, no curso da estabilidade provisória, por si só, nãocaracteriza dano moral passível de indenização. No caso dos autos, o TribunalRegional concluiu que a reclamante não fazia jus à indenização por danos morais

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em razão de não ter ficado demonstrada a ocorrência de qualquer fato concreto,além da despedida, que causou dano ao patrimônio subjetivo da reclamante, razãopela qual se entende indevido o deferimento da indenização. Precedentes. Recursode revista não conhecido. (...)” (TST-RR-1000407-58.2018.5.02.0072, 2ª Turma, rel.Min. José Roberto Freire Pimenta, julgado em 9.10.2019)

“(...) III – RECURSO DE REVISTA. PENSÃO MENSAL VITALÍCIA. PARCELAÚNICA. REDUTOR. PERCENTUAL.

A jurisprudência desta Corte é no sentido de que é possível a aplicação de umredutor no caso de antecipação dos valores devidos a título de pensão mensalem uma única parcela. O princípio da restitutio in integrum orienta o cálculo dasindenizações por danos materiais na ocorrência do ato ilícito. Por meio desteprincípio garante-se o pleno ressarcimento do prejuízo, assegurando-se ao lesado,na medida do possível, o restabelecimento do status quo ante. Extrai-se do acórdãoregional que o cálculo foi realizado considerando a remuneração mensal do autorfixada na sentença, o percentual de redução da capacidade laborativa, a presençade nexo concausal e a limitação etária fixada. No entanto, diante dos parâmetrosjudicialmente estabelecidos, verifica-se que, ao arbitrar o redutor em 40%,afastou-se o Tribunal Regional da razoabilidade e discrepou do entendimento destaTurma, que fixa tal redutor no percentual entre 20 e 30%, considerado caso a caso.Assim, por se afigurar excessivo o redutor aplicado, a decisão regional deixou deretratar o caráter compensatório da reparação, o que se revela em descompassocom o entendimento desta Corte e com o parágrafo único dos artigos 944 e 950 doCódigo Civil. Recurso de revista conhecido por violação do artigo 950, caput eparágrafo único, do Código Civil e provido. (...)” (TST-RR-815-48.2013.5.15.0050, 3ªTurma, rel. Min. Alexandre Agra Belmonte, julgado em 9.10.2019)

“RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DAS LEIS Nos13.015/2014, 13.105/2015 E 13.467/2017. DESERÇÃO DO RECURSOORDINÁRIO. SUBSTITUIÇÃO DO DEPÓSITO RECURSAL PELO SEGUROGARANTIA JUDICIAL. APÓLICE COM PRAZO DETERMINADO. VALIDADE.

Nos termos do art. 899, § 11, da CLT, “o depósito recursal poderá ser substituído porfiança bancária ou seguro garantia judicial”. Não bastasse, a jurisprudência destaCorte segue no sentido de admitir a utilização do “seguro garantia” para finsde garantia do juízo mesmo nas hipóteses em que existe prazo determinadode validade da apólice. Em tal situação, deve ser renovada ou substituída

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antes do vencimento. Precedentes. Diante de tal quadro, não há que se falar emdeserção do recurso ordinário. Recurso de revista conhecido e provido.”(TST-RR-10684-02.2017.5.03.0156, 3ª Turma, rel. Min. Alberto Luiz Bresciani deFontan Pereira, julgado em 9.10.2019)

Informativo 207, TST:

Intervalo intrajornada. Concessão parcial. Minutos gastos pelo empregado nodeslocamento até o refeitório. Tempo à disposição do empregador. Nãoconfiguração.

A SBDI-I, por unanimidade, conheceu dos embargos da empresa ré e, no mérito,deu-lhes provimento para restabelecer o acórdão do Tribunal Regional queindeferira o pagamento do intervalo intrajornada supostamente suprimido em razãodos minutos gastos pelo empregado no deslocamento do local de trabalho até orefeitório. Prevaleceu o entendimento de que o período gasto com odeslocamento não implica redução do intervalo intrajornada, visto que, duranteesse tempo, o empregado não está executando serviços, nem está à disposição doempregador, mas efetivamente usufruindo do intervalo que é destinado não apenasà alimentação, mas também ao descanso físico e mental.

Recurso ordinário. Cabimento. Agravo regimental que confirma decisãomonocrática em ação rescisória. Determinação de intimação da parte paracomplementação do depósito prévio sob pena de indeferimento liminar dainicial. Antecipação da extinção do processo, sem resolução de mérito.Recorribilidade imediata.

Cabe recurso ordinário contra decisão de TRT que, ao analisar agravo regimental,confirma decisão monocrática em ação rescisória determinando a intimação daautora para complementação do depósito prévio, sob pena de indeferimento dapetição inicial. Trata-se de decisão que antecipa a extinção do processo, semresolução de mérito (art. 485, IV, do CPC de 2015), ostentando, portanto, naturezajurídica de decisão terminativa a autorizar o cabimento de recurso ordinário ao TST,em atenção aos princípios da economia, utilidade e celeridade processuais.

“(...)1 - FÉRIAS INTERROMPIDAS. PAGAMENTO EM DOBRO DO PERÍODOINTEGRAL E NÃO APENAS DOS DIAS TRABALHADOS. No caso concreto,

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restou demonstrado que a reclamante foi chamada para trabalhar por três dias nasférias. Todavia, a Corte de origem manteve a condenação da reclamada aopagamento em dobro apenas dos três dias trabalhados. O trabalho durante as fériastorna irregular a sua concessão, porquanto frustra a finalidade do instituto, gerando,assim, o direito de o trabalhador recebê-las integralmente em dobro, e nãoapenas dos dias trabalhados, nos termos do artigo 137 da CLT. Precedente.Recurso de revista conhecido e provido. (...)” (TST-RR-684-94.2012.5.04.0024, 2ªTurma, rel. Min. Delaíde Miranda Arantes, julgado em 2.10.2019)

“(...) INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO – INTEGRAÇÕES DOSREFLEXOS DAS VERBAS TRABALHISTAS NAS CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS ÀENTIDADE DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. 1. Em recentes decisões, o E. STFreformou acórdãos desta Corte e aplicou o entendimento firmado no RE 586.453,quanto à incompetência da Justiça do Trabalho, inclusive em hipóteses de pleitodirigido exclusivamente ao empregador/patrocinador, relativo a diferenças decontribuições ao plano de previdência privada complementar, decorrentes dereflexos das parcelas objeto da Reclamação Trabalhista. 2. A exclusão dacompetência da Justiça do Trabalho em relação aos planos de previdência privadade entidades instituídas e/ou patrocinadas pelo empregador decorreu dainterpretação do art. 202, § 2º, da Constituição, que afasta expressamente docontrato de trabalho inclusive as contribuições do empregador, matéria discutidanestes autos. 3. É inadequada a aplicação analógica do art. 114, VIII, daConstituição da República, que trata exclusivamente das contribuiçõesprevidenciárias oficiais, enquanto o art. 202, § 2º, referindo-se especificamenteao regime de previdência privada, exclui expressamente do contrato detrabalho as contribuições vertidas ao plano de previdência privada. (...)”(TST-RR-1266-68.2017.5.12.0001, 8ª Turma, rel. Min. Maria Cristina IrigoyenPeduzzi, julgado em 2.10.2019)

Informativo 206, TST:

Incidente de Recursos de Revista Repetitivos. “Tema nº 0017 – Cumulação deadicionais de periculosidade e de insalubridade amparados em fatosgeradores distintos e autônomos.”

A SBDI-I, em sua composição plena, por maioria, definiu a seguinte tese jurídicapara o Tema Repetitivo nº 0017 – CUMULAÇÃO DE ADICIONAIS DEPERICULOSIDADE E DE INSALUBRIDADE AMPARADOS EM FATOS

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GERADORES DISTINTOS E AUTÔNOMOS: “o art. 193, § 2º, da CLT foirecepcionado pela Constituição Federal e veda a cumulação dos adicionais deinsalubridade e de periculosidade, ainda que decorrentes de fatos geradoresdistintos e autônomos”. Vencidos os Ministros Luiz Philippe Vieira de Mello Filho,relator, Augusto César Leite de Carvalho, José Roberto Freire Pimenta, Hugo CarlosScheuermann, Cláudio Mascarenhas Brandão e Lelio Bentes Corrêa.TST-IRR-239-55.2011.5.02.0319, SBDI-I, rel. Min. Luiz Philippe Vieira de MelloFilho, red. p/ acórdão Min. Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, 26.9.2019

Ações distintas. Mesma causa de pedir. Doença ocupacional. Pedidosdiversos. Reintegração. Indenização por danos morais. Perícia realizada naprimeira ação que indica a inexistência de nexo causal entre a doença e asatividades do reclamante. Questão prejudicial. Coisa julgada. Nãoconfiguração. Ausentes os requisitos do art. 470 do CPC de 1973. Existênciade perícia posterior atestando o nexo causal.

Não faz coisa julgada material a conclusão extraída de perícia técnica realizada emprocesso anterior, na qual se decidiu pela improcedência de pedido de reintegraçãodo empregado, ante a ausência de nexo de causalidade entre a doença e as tarefaspor ele desempenhadas. No caso concreto, foram ajuizadas duas reclamaçõestrabalhistas distintas, com mesma causa de pedir, mas pedidos diversos. Com baseno acometimento de doença ocupacional decorrente das atividadesdesempenhadas na empresa reclamada, a reclamante postulou a reintegração (naprimeira ação) e indenização por danos morais (na segunda ação). O TRT entendeuprejudicado o exame da segunda reclamatória, tendo em vista a prova técnicaproduzida na primeira reclamação ter concluído pela inexistência de doençaocupacional. Consignou tratar-se de questão prejudicial ao exame da pretensão àindenização por danos morais. Todavia, na hipótese, não restaram preenchidos osrequisitos necessários à configuração da coisa julgada de questão prejudicial a quese refere o art. 470 do CPC de 1973 (aplicável aos processos ajuizados antes davigência do CPC de 2015), nem se levou em conta o laudo pericial favorável àautora produzido em momento posterior à primeira ação. Assim, entendendopossível o exame do pedido de indenização por danos morais, a SBDI-I, porunanimidade, conheceu dos embargos, por divergência jurisprudencial, e, no mérito,por maioria, deu-lhes provimento para, afastada a coisa julgada, determinar oretorno dos autos à Vara do Trabalho de origem para que prossiga no exame da

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matéria como entender de direito. Vencidos os Ministros Renato de Lacerda Paiva,Hugo Carlos Scheuermann, Breno Medeiros e Alexandre Luiz Ramos.TST-E-RR-26900-75.2006.5.15.0031, SBDI-I, rel. Min. Alberto Luiz Bresciani deFontan Pereira, 26.9.2019

Mandado de segurança. Excepcional cabimento. Ato coator que acolheuexceção de incompetência territorial e determinou a remessa dos autos a umadas Varas do local da prestação de serviços. Empresa com atuação na cidadeem que proposta a reclamatória. Ausência de óbice ao exercício da ampladefesa e do contraditório. Empregado impossibilitado de se locomover até olocal da prestação de serviços. Ordem concedida para manter o foro dodomicílio do reclamante.

A decisão de acolhimento de exceção de incompetência territorial, comdeterminação de remessa do feito a Vara do Trabalho integrante da jurisdição domesmo TRT a que vinculado o Juízo excepcionado, detém natureza jurídicainterlocutória e não enseja a interposição de recurso imediato. Todavia, ante aaptidão para gerar danos manifestos, admite-se, de forma excepcional, oajuizamento de mandado de segurança, afastando-se a incidência da OrientaçãoJurisprudencial nº 92 da SBDI-II. De outra sorte, na hipótese em que a empresareclamada atua em local situado na mesma região geográfica da residência doempregado, é possível o ajuizamento da ação no foro do domicílio do reclamante, enão no local da contratação e prestação de serviços, pois não há óbice ao exercícioda ampla defesa e do contraditório. No caso concreto, o reclamante prestouserviços na cidade de Valença/BA, mas ajuizou a reclamatória em Salvador/BA,local de seu domicílio. Tal circunstância não causou qualquer prejuízo à reclamada,pois se trata de empresa baiana, sediada em Salvador/BA, com filiais em outrascidades do Estado e em outras unidades da federação. Ademais, o empregado, pormeio de relatório médico, comprovou sua impossibilidade de deslocamento até omunicípio em que os serviços foram prestados, o que reforça a desnecessidade deretificação do foro eleito, sob pena de ofensa ao art. 5º, XXXV, da CF. Sob essesfundamentos, a SBDI-II, por unanimidade, conheceu do recurso ordinário e, nomérito, deu-lhe provimento para, concedendo a segurança pleiteada, cassar adecisão que acolhera a exceção de incompetência territorial para ordenar a remessados autos a uma das Varas do Trabalho de Valença/BA, e determinar oprosseguimento do feito perante o Juízo da 21ª Vara do Trabalho de Salvador/BA,

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domicílio do reclamante. TST-RO-679-10.2018.5.05.0000, SBDI-II, rel. Min. DouglasAlencar Rodrigues, 24.9.2019

Dispensa discriminatória. Ajuizamento de reclamação trabalhista. Art. 1º da Leinº 9.009/95. Rol exemplificativo.

“(...) RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE. DISPENSA ARBITRÁRIA.DISCRIMINAÇÃO EM RAZÃO DO AJUIZAMENTO DE RECLAMATÓRIATRABALHISTA. ABUSO DE DIREITO. PEDIDO DE REINTEGRAÇÃO. 1. Nahipótese, o Colegiado local consignou que "Não obstante a manifesta retaliação doempregador, não há falar no presente caso em práticas discriminatórias por motivode sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar ou idade, para efeitosadmissionais ou de permanência da relação jurídica de trabalho previsto na lei9.029/95". Neste sentido, rejeitou o pedido de reintegração. Entendeu que a condutatida por discriminatória - dispensa em razão do ajuizamento de reclamaçãotrabalhista - não está elencada no art. 1º da Lei nº 9.029/95, em sua redaçãoanterior ao advento da Lei 13.146/2015 ("É proibida a adoção de qualquer práticadiscriminatória e limitativa para efeito de acesso à relação de trabalho, ou de suamanutenção, por motivo de sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar,deficiência, reabilitação profissional, idade, entre outros, ressalvadas, nesse caso,as hipóteses de proteção à criança e ao adolescente previstas no inciso XXXIII doart. 7º da Constituição Federal"). 2. À luz da jurisprudência desta Corte, o rol contidono art. 1º da Lei nº 9.029/95 NÃO é taxativo, podendo ser aplicadas as disposiçõescontidas na referida lei a outras hipóteses em que ficar comprovada a dispensadiscriminatória. 3. Assim, a dispensa discriminatória do reclamante, em razão doajuizamento da reclamação trabalhista, enseja o direito a sua reintegração. Recursode revista conhecido e provido.” (TST-Ag-RR-21276-77.2013.5.04.0331, 1ª Turma,rel. Min. Hugo Carlos Scheuermann, julgado em 25.9.2019)

Norma coletiva. Gorjeta. Previsão de pagamento em valores distantes dosefetivamente apurados. Prejuízo ao trabalhador.

“(...) IV – RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA. GORJETA. PREVISÃO EMNORMA COLETIVA. VALORES ESTIMADOS DISTANTES DOS EFETIVAMENTERECEBIDOS. INVALIDADE. Na hipótese dos autos, o Regional reputou inválida acláusula do acordo coletivo de trabalho, a qual previa uma estimativa de gorjetas emvalor inferior à metade da quantia média efetivamente recebida pelos atendentes.

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Registrou que a totalidade das gorjetas recebidas pelo reclamante não era integradaà sua remuneração, pelo que constatou grave prejuízo causado ao reclamante. Oartigo 7º, XXVI, da CF/88, como cediço, elevou os instrumentos coletivos aopatamar constitucional, prestigiando e valorizando a negociação coletiva detrabalho. As normas autônomas coletivas construídas para incidirem sobre umacerta comunidade econômico-profissional podem prevalecer sobre o padrão geralheterônomo justrabalhistas, desde que respeitados certos critérios objetivamentefixados. Existem limites objetivos à adequação setorial negociada. Ela nãoprevalece, por exemplo, se concretizada mediante ato estrito de renúncia (e não detransação). Também não prevalece a norma coletiva se concernente a direitosrevestidos de indisponibilidade absoluta, os quais não podem ser transacionadosnem mesmo por negociação sindical coletiva. Esta Corte Superior tem privilegiadoas disposições contidas nas negociações coletivas, desde que não configuremafronta aos direitos trabalhistas previstos em norma cogente. Acertadamente, nãoreferenda negociações coletivas em que o sindicato renuncia a direitosfundamentais indisponíveis, como sói acontecer na presente hipótese, em que acláusula coletiva estipulava determinada quantia de gorjetas em valor inferior àmetade do valor médio efetivamente recebido pelos atendentes, em evidenteprejuízo ao trabalhador. Precedentes. No caso concreto, resultou demonstrado quea totalidade das gorjetas recebidas pelo reclamante não era integrada à suaremuneração, havendo valor considerável sendo pago extrafolha, pelo queconstatado o desvirtuamento da norma cogente trabalhista referente às gorjetas.Dessa forma, não há falar em ofensa aos artigos 7º, XXVI e 8º, III, da CF/88,tampouco aos artigos 611, 612,613 e 457 da CLT, os quais resultam incólumes.Recurso de revista não conhecido.” (TST-ARR-75700-20.2013.5.17.0004, 3ª Turma,rel. Min. Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, julgado em 25.9.2019)

Informativo 205, TST:

Questão controvertida remetida ao Tribunal Pleno. Art. 72 do RITST.Magistério público da educação básica. Carga horária semanal. Distribuição.Tempo em sala de aula e em atividades extraclasse. Limites estabelecidos noart. 2º, § 4º da Lei nº 11.738/2008. Não observância. Adicional de horas extras.Devido.

Aos profissionais do magistério público da educação básica é devido opagamento do adicional de 50% para as horas trabalhadas em sala de aula

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além do limite de jornada previsto no art. 2º, § 4º, da Lei nº 11.738/2008,quando não extrapolado o limite semanal de duração da jornada de trabalho.O referido dispositivo fixou o limite máximo de 2/3 (dois terços) da cargahorária para o desempenho das atividades de interação com os educandos,destinando o 1/3 (um terço) restante para as demais atividades extraclasse, eteve sua constitucionalidade reconhecida no julgamento do processo nºSTF-ADI-4167/DF, cujos efeitos foram modulados e restritos ao trabalhoprestado a partir de 27.4.20011. Ademais, não há falar em conflito entre o § 4ºdo art. 2º da Lei nº 11.738/2008 e o art. 320, caput, da CLT, pois este se limita atratar do critério de remuneração dos professores a partir do número de aulassemanais, abrangendo as horas extraclasse, ao passo que o art. 2º, § 4º, da Leinº 11.738/2008 apenas disciplina a distribuição das duas atividades (classe eextraclasse) dentro da jornada de trabalho. Sob esse entendimento, o TribunalPleno, por unanimidade, conheceu do recurso de embargos, por divergênciajurisprudencial, e, no mérito, por maioria, negou-lhes provimento, mantendo,portanto, a condenação ao pagamento do adicional de horas extraordináriasante a não observância da proporcionalidade entre as atividades em sala deaula e o tempo destinado às atividades extraclasse. Vencidos os MinistrosIves Gandra da Silva Martins Filho, Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, Dora Mariada Costa, Guilherme Augusto Caputo Bastos, Márcio Eurico Vitral Amaro,Douglas Alencar Rodrigues, Breno Medeiros e Evandro Valadão.TST-E-RR-10314-74.2015.5.15.0086, Tribunal Pleno, rel. Min. Luiz PhilippeVieira de Mello Filho, 16.9.2019

Reajustes salariais em percentuais diferenciados a determinadosempregados. Ato discriminatório. Não configuração.

“(...) DIFERENÇAS SALARIAIS INDEVIDAS. AUMENTOS SALARIAIS EMPERCENTUAIS DIFERENCIADOS A DETERMINADOS EMPREGADOS. ATODISCRIMINATÓRIO NÃO CONFIGURADO. MATÉRIA FÁTICA. SÚMULA Nº126 DO TST.

O sindicato busca a condenação das reclamadas ao pagamento de diferençassalariais, na medida em que teriam sido concedidos reajustes salariais empercentuais diferenciados para alguns empregados, sem respaldo no plano decargos e salários ou em norma coletiva, o que demonstraria o caráterdiscriminatório do ato do empregador em relação aos demais empregados nãocontemplados pelos aumentos. De acordo com a decisão regional, os reajustes

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de salários previstos no plano de cargos e salários e em normas coletivasforam concedidos a todos os trabalhadores, sem distinção. No entendimentodo Regional, a concessão de reajustes salariais em percentuais diferenciadosa determinados empregados não importou discriminação em face dos demaisempregados que não foram contemplados e teve por finalidade preservar epremiar uma mão de obra qualificada para a empresa. Segundo o TRT, aconcessão dos reajustes salariais discutidos está inserida no poder diretivo daempresa, não caracterizando discriminação ou ofensa ao princípio daisonomia. Desse modo, uma vez respeitada a concessão dos reajustessalariais previstos, seja no plano de cargos e salários, seja em normacoletiva, para todos os trabalhadores, eventual aumento salarial deferidopela reclamada a determinados profissionais, a fim de adequar suasremunerações ao mercado de trabalho, não implica discriminação aosempregados não contemplados ou afronta ao princípio da isonomia.Nessa mesma linha, segue a jurisprudência desta Corte (precedentes). Nessecontexto, para se chegar a conclusão diversa, como pretende o sindicato, serianecessário o revolvimento do conjunto fático-probatório dos autos,procedimento vedado a esta instância recursal de natureza extraordinária, nostermos da Súmula nº 126 do TST. Agravo de instrumento desprovido.”(TST-AIRR-1230-41.2016.5.08.0011, 2ª Turma, rel. Min. José Roberto FreirePimenta, julgado em 11.9.2019)

Execução. Agravo de petição. Pretensa ausência de impugnação dosfundamentos da sentença de liquidação. Efeito devolutivo emprofundidade. Incidência.

“(...) EXECUÇÃO. NÃO CONHECIMENTO DO AGRAVO DE PETIÇÃO.PRETENSA AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO DOS FUNDAMENTOS DASENTENÇA DE LIQUIDAÇÃO. EFEITO DEVOLUTIVO EM PROFUNDIDADE.SÚMULAS Nos 393, ITEM I, E 422, ITEM III, DO TST. O artigo 1.013, § 1º, doCPC de 2015 traz o princípio do efeito devolutivo em profundidade, doqual é dotado o recurso ordinário, por aplicação do artigo 769 da CLT: "§1º Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas asquestões suscitadas e discutidas no processo, ainda que a sentença nãoas tenha julgado por inteiro". Nesse mesmo sentido é o entendimentofirmado no item I da Súmula nº 393 do TST, in verbis: "I - O efeitodevolutivo em profundidade do recurso ordinário, que se extrai do § 1º doart. 1.013 do CPC de 2015 (art. 515, §1º, do CPC de 1973), transfere ao

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Tribunal a apreciação dos fundamentos da inicial ou da defesa, nãoexaminados pela sentença, ainda que não renovados em contrarrazões,desde que relativos ao capítulo impugnado". Considerando que o efeitodevolutivo em profundidade "transfere ao Tribunal a apreciação dosfundamentos da inicial ou da defesa (...) desde que relativos ao capítuloimpugnado", cabia à Corte regional julgar o apelo da reclamada, nostemas objetos dos capítulos por ela impugnado. Ademais, oentendimento desta Corte superior é de que o item I da Súmula nº 422 doTST tem aplicabilidade restrita aos recursos de natureza extraordinária,endereçados à esta Corte superior, podendo apenas ser aplicado, emcaráter de exceção, aos recursos ordinários, somente na hipótese "derecurso cuja motivação é inteiramente dissociada dos fundamentos dasentença", não sendo essa a hipótese destes autos. Neste sentido é aredação do item III da Súmula nº 422 do TST: "III – Inaplicável a exigênciado item I relativamente ao recurso ordinário da competência de TribunalRegional do Trabalho, exceto em caso de recurso cuja motivação éinteiramente dissociada dos fundamentos da sentença". Observa-se,ainda, que, ao contrário do entendimento adotado pela Corte regional,não há falar em restrição de aplicabilidade do entendimento firmado nomencionado verbete sumular aos recursos ordinários da fase cognitiva.Isso porque o agravo de petição, embora seja manejado na faseexecutória da demanda, também deve observar o princípio devolutivo emprofundidade de que trata o artigo 1.013, § 1º, do CPC de 2015, sob penade implicar violação do direito da ampla defesa da parte, assegurado noartigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal. Precedentes. Assim, a Corteregional, ao não conhecer do agravo de petição interposto pelareclamada, proferiu decisão em violação do artigo 5º, inciso LV, daConstituição Federal. Recurso de revista conhecido e provido.”(TST-RR-184400-65.1999.5.01.0024, 2ª Turma, rel. Min. José Roberto FreirePimenta, julgado em 11.9.2019)

Seguro de vida coletivo. Prêmio. Norma coletiva. Exclusão das doençasocupacionais que resultem em incapacidade. Validade.

“I - AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA DA AUTORAINTERPOSTO SOB A ÉGIDE DAS LEIS Nº 13.015/2014 E 13.105/2015.PROCESSO ANTERIOR À LEI Nº 13.467/2017. PRÊMIO DO SEGURO DEVIDA COLETIVO. INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA. CONDIÇÕES PARA O

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DEFERIMENTO DA PARCELA PREVISTAS EM NORMA COLETIVA.OBSERVÂNCIA DOS TERMOS AJUSTADOS. Discute-se, no tópico, avalidade de cláusula normativa pela qual se excluiu o pagamento doseguro de vida aos empregados acometidos por doenças ocupacionaisdas quais resulte incapacidade. A Constituição Federal, em seu art. 7º,XXVI, de fato privilegia a composição dos termos do contrato de trabalhopor meio de instrumento coletivo firmado entre as partes, desde queresguardados os direitos mínimos dos trabalhadores. O art. 54 do Códigode Defesa do Consumidor prevê que "contrato de adesão é aquele cujascláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ouestabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços,sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seuconteúdo". Por outra face, o art. 114 do Código Civil estatui que osnegócios jurídicos benéficos interpretam-se estritamente. Para a hipótesedos autos, o Tribunal Regional evidenciou claramente que a empresacontratou um seguro de vida coletivo para os seus empregados, ou seja,celebrou um contrato de adesão do qual consta que as doençasocupacionais, quaisquer que sejam as suas causas, não estão cobertaspela apólice. Ora, uma vez que não se tratam de direitos mínimos datrabalhadora, mas de um plus, um negócio jurídico benéfico em seucontrato de trabalho, a conclusão lógica a que se chega é que a normacoletiva deve ser interpretada estritamente. Nesse passo, é forçosoreconhecer que tal cláusula não se mostra abusiva, uma vez que aadesão ao seguro é voluntária e a empregada, como registrado pela Cortede origem, não preencheu os requisitos para a percepção da parcela. Háprecedentes. Dessa forma, tem-se que a decisão transcrita se mostrasuperada pela atual, notória e iterativa jurisprudência desta Corte,atraindo o óbice do art. 896, § 7º, da CLT e da Súmula 333 do TST aoprocessamento do apelo. Agravo de instrumento conhecido edesprovido. (...)” (TST-ARR-1114-26.2010.5.05.0012, 3ª Turma, rel. Min.Alexandre Agra Belmonte, julgado em 11.9.2019)

Dano moral. Configuração. Professor. Dispensa imotivada. Início do semestreletivo.

“RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DAS LEIS Nºs

13.015/2014, 13.105/2015 E 13.467/2017. PROFESSOR. DISPENSAIMOTIVADA NO INÍCIO DO SEMESTRE LETIVO. DANO MORAL.

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CONFIGURAÇÃO. Em reverência ao princípio da continuidade da relaçãode emprego, o legislador constituinte erigiu a proteção contra despedidaarbitrária à garantia fundamental dos trabalhadores. Nesse aspecto,ressoa o inciso I do art. 7º da Constituição Federal. Há situações em quenem mesmo as compensações adicionais (arts. 7º, XXI, e 10, "caput" einciso I, do ADCT) se propõem a equacionar a desigualdade socialinaugurada pelo desemprego. É o caso. A jurisprudência deste Tribunalsegue no sentido de reconhecer que a dispensa imotivada do professorno início do semestre letivo impossibilita a sua recolocação no mercadode trabalho, configurando o dano moral. Assim, cabível a reparação pelosdanos a direito de personalidade. Precedentes. Recurso de revistaconhecido e provido.” (TST-RR-1820-34.2015.5.20.0006, 3ª Turma, rel. Min.Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, julgado em 11.9.2019)

Constituição de capital. Art. 475-Q do CPC de 1973. Art. 533 do CPC de 2015.Faculdade do magistrado. Aplicação ao Processo do Trabalho. Súmula nº 313do STJ.

“(...) CONSTITUIÇÃO DE CAPITAL. FACULDADE DO MAGISTRADO À LUZ DOART. 533 DO CPC DE 2015. SOLIDEZ ECONÔMICA DO DEMANDADO.DECISÃO MOLDADA À SÚMULA 313 DO STJ. O Banco se insurge contra adeterminação de constituição de capital para o adimplemento da condenação,invocando a sua solidez econômica e a possibilidade de enriquecimento ilícitoda autora, caso mantida a condenação. Entretanto, quanto à constituição decapital, esta Corte Superior tem entendimento no sentido de que o preceitocontido no artigo 475-Q do CPC de 1973 (art. 533 do NCPC) é uma faculdadedo magistrado, com o fito de assegurar o cumprimento de uma obrigação quepode perdurar por décadas, sendo plenamente aplicável ao processo dotrabalho. Assim, cabe ao julgador, analisando as circunstâncias do casoconcreto, a prerrogativa de escolher a forma de quitação da pensão vitalícia.Precedentes. Somem-se a isso os termos da Súmula 313 do STJ, segundo aqual "em ação de indenização, procedente o pedido, é necessária aconstituição de capital ou caução fidejussória para a garantia de pagamentoda pensão, independentemente da situação financeira do demandado". Nessepasso, há que se reconhecer que, como bem decidiu a Corte de origem, nãose cogita de enriquecimento ilícito da autora em decorrência da constituiçãode capital, à luz do entendimento jurisprudencial pátrio acerca da matéria.

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Recurso de revista não conhecido. (...)” (TST-ARR-1590-47.2014.5.09.0001, 3ªTurma, rel. Min. Alexandre Agra Belmonte, julgado em 18.9.2019)

Homologação de termo de transação extrajudicial. Ausência de discriminaçãodas parcelas com quitação geral e irrestrita. Validade. Transcendência jurídicareconhecida. Presentes os requisitos gerais do negócio jurídico e osespecíficos do art. 855-B da CLT.

“RECURSO DE REVISTA – ACORDO EXTRAJUDICIAL HOMOLOGADO EMJUÍZO – PROCEDIMENTO DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA – ARTS. 855-B A855-E DA CLT – QUITAÇÃO GERAL - TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA. 1.Problema que sempre atormentou o empregador foi o relativo à rescisão docontrato de trabalho e da quitação dos haveres trabalhistas, de modo a nãopermanecer com a espada de Dâmocles sobre sua cabeça. 2. A ineficáciaprática da homologação da rescisão contratual do sindicato, em face do teorda Súmula 330 do TST, dada a não quitação integral do contrato de trabalho,levou a SBDI-2 desta Corte a não reputar simulada a lide visando ahomologação de acordo pela Justiça do Trabalho, pois só assim seconseguiria colocar fim ao conflito laboral e dar segurança jurídica às partesdo distrato (cfr. TST-ROAR-103900-90.2005.5.04.0000, Rel. Min. Ives GandraMartins Filho, DEJT de 12/09/08).3. Para resolver tal problema, a Lei 13.467/17,em vigor desde 11/11/17, instituiu o procedimento de jurisdição voluntária naJustiça do Trabalho atinente à homologação, em juízo, de acordo extrajudicial,nos termos dos arts. 855-B a 855-E da CLT, juntamente com o fito de colocartermo ao contrato de trabalho. 4. Da simples leitura dos novos comandos delei, notadamente do art. 855-C da CLT, extrai-se a vocação prioritária dosacordos extrajudiciais para regular a rescisão contratual e, portanto, o fim darelação contratual de trabalho. Não fosse a possibilidade da quitação docontrato de trabalho com a chancela do Judiciário e o Capítulo III-A não teriasido acrescido ao Título X da CLT, que trata do Processo Judiciário doTrabalho. 5. Curial, ainda, trazer à baila, que a ideia que indelevelmente adereao acordo extrajudicial é a de que, retirada uma das cláusulas que ocompõem, a parte a quem ela favoreceria não faria o acordo. A alternativa quecaberia ao Judiciário, portanto, seria a homologação integral ou a rejeição daproposta, se eivada de vícios. Tal entendimento resta corroborado pelo STFquanto à circunstância de a validade do acordo depender da homologaçãointegral ou de sua rejeição total, não podendo ser balanceado pelo PoderJudiciário (Voto do Min. Teori Zavascki no leading case STF-RE 590.715/SC,

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Rel. Min. Roberto Barroso, DJe de 29/05/15). 6. Nesse sentido, o art. 855-B, §§1º e 2º, da CLT, que trata da apresentação do acordo extrajudicial à Justiça, apar dos requisitos gerais de validade dos negócios jurídicos que se aplicamao direito do trabalho, nos termos do art. 8º, § 1º, da Lei Consolidada e queperfazem o ato jurídico perfeito (CC, art. 104 – agente capaz, objeto lícito eforma prescrita ou não vedada por lei), traçou as balizas para a apresentaçãodo acordo extrajudicial apto à homologação judicial: petição conjunta dosinteressados e advogados distintos, podendo haver assistência sindical parao trabalhador. 7. A petição conjuntamente assinada para a apresentação dorequerimento de homologação ao juiz de piso serve à demonstração daanuência mútua dos interessados em por fim ao contratado, e, os advogadosdistintos, à garantia de que as pretensões estarão sendo individualmenterespeitadas. Assim, a atuação do Judiciário Laboral na tarefa de jurisdiçãovoluntária é binária: homologar, ou não, o acordo. Não lhe é dado substituir-seàs partes e homologar parcialmente o acordo, se este tinha por finalidadequitar integralmente o contrato de trabalho extinto. Em quitação geral, oEmpregador não proporia o acordo, nem se disporia a manter todas asvantagens nele contidas. 8. No caso concreto, o Regional, mantendo asentença, assentou a ausência de discriminação das parcelas às quais osAcordantes conferiam quitação geral e irrestrita, restringindo a quitação adireitos mencionados no acordo e registrando, todavia, o cumprimento dosrequisitos do art. 855-B da CLT e daqueles gerais estatuídos pela lei civil paraa celebração de negócios em geral. 9. Nesse sentido, a conclusão acerca dainvalidade, total ou parcial, do pacto extrajudicial, por ausência de verificaçãode concessões mútuas e discriminação de parcelas diz menos com avalidação extrínseca do negócio jurídico do que com a razoabilidadeintrínseca do acordo, cujo questionamento não cabe ao Judiciário nesseprocedimento, pois lhe esvazia o sentido e estabelece limites e discussõesnão queridos pelos Requerentes ao ajuizar o procedimento. 10. Ora, estandopresentes os requisitos gerais do negócio jurídico e os específicospreconizados pela lei trabalhista (CLT, art. 855-B), não há de se questionar avontade das partes envolvidas e do mérito do acordado, notadamente quandoa lei requer a presença de advogado para o empregado, rechaçando, nestasituação, o uso do jus postulandi do art. 791 da CLT, como se depreende doart. 855-B, § 1º, da CLT. 11. Assim sendo, é válido o termo de transaçãoextrajudicial apresentado pelas Interessadas, com quitação geral e irrestritado contrato havido, nessas condições, que deve ser homologado. Recurso de

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revista provido.” (TST-RR-1000015-96.2018.5.02.0435, 4ª Turma, rel. Min. IvesGandra da Silva Martins Filho, julgado em 11.9.2019)

Dispensa discriminatória. Não configuração. Depressão. Doença que nãocausa preconceito ou estigma.

“(...) DEPRESSÃO. DISPENSA DISCRIMINATÓRIA. NÃO CONFIGURAÇÃO.DOENÇA QUE NÃO GERA PRESUNÇÃO DE ESTIGMA OU PRECONCEITO.INAPLICABILIDADE DA SÚMULA Nº 443. CONHECIMENTO. NÃO PROVIMENTO.Segundo o entendimento consolidado nesta colenda Corte Superior, a dispensaimotivada de um determinado empregado encontra respaldo no poder diretivo doempregador, razão pela qual, por si só, não gera direito ao pagamento decompensação por dano moral nem direito à reintegração ao emprego. Ocorre,todavia, que devem ser consideradas algumas exceções, como aquelas previstasna Súmula nº 443, cujo teor preconiza que a despedida de empregado portador dovírus HIV ou de outra doença grave que suscite estigma ou preconceito acarretariaa presunção de discriminação e, por conseguinte, daria o direito ao empregado dereintegração no emprego. Na hipótese vertente, depreende-se da leitura do v.acórdão recorrido que, embora o reclamante apresentasse um quadro clínicodiagnosticado como depressão, a reclamada o despediu imotivadamente.Conquanto a depressão seja uma doença considerada grave, apta a limitar ascondições físicas, emocionais e psicológicas de uma pessoa, não é possívelenquadrá-la como uma patologia que gera estigma ou preconceito. Logo, se não háelementos probatórios que ratifiquem a conduta discriminatória do empregador, oempregado não tem direito à reintegração ao emprego. Recurso de revista de quese conhece por divergência jurisprudencial e ao qual se nega provimento.”(TST-RR-1535-46.2015.5.02.0037, 4ª Turma, rel. Min. Guilherme Augusto CaputoBastos, julgado em 18.9.2019)

Plágio. Aplicação de advertência ao empregado coautor de obra.Transcendência jurídica reconhecida. Ausência de individualização daresponsabilidade. Impossibilidade de aplicação da sanção disciplinar. Art. 942,parágrafo único do CC. Não incidência.

“(...) AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. REGIDO PELAPEÇA 13.467/2017. SANÇÃO DISCIPLINAR. PLÁGIO. SOLIDARIEDADE.TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA. A definição da responsabilidade de empregadocoautor de obra em que é constatado suposto plágio é nova e deve ser objeto

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de análise por esta instância extraordinária. Configurada a transcendênciajurídica. Deve ser provido o agravo de instrumento para melhor análise daalegada violação do art. 942, parágrafo único do CC. Agravo de instrumentoprovido. (...) RECURSO DE REVISTA REGIDO PELA LEI 13.467/2017. SANÇÃODISCIPLINAR. PLÁGIO. SOLIDARIEDADE. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA. OTRT concluiu pela responsabilidade do reclamante por plágio por entenderque "a paternidade da obra final em exame pertence integralmente e de formaindissociável ao autor e ao coautor", com fundamento no art. 942, parágrafoúnico, do CC. Esse dispositivo legal está topograficamente localizado noTítulo IX, que trata da responsabilidade civil, Capítulo I, do CC, referente àobrigação de indenizar. No entanto, a controvérsia gira em torno daresponsabilidade do empregado por obra elaborada em coautoria, submetidaà reclamada para publicação, e a delimitação da participação do reclamante.Embora o parágrafo único do art. 942 faça menção a autor e coautor, Trabalho,conhecendo da revista, julgará a causa, aplicando o direito à espécie". Aquestão deve ser resolvida à luz dos princípios e normas do Direito doTrabalho. O TRT deixou claro, ao analisar a prova dos autos, que "não haviaidentificação de quais excertos da obra poderiam ser atribuídos a cada umdos autores do projeto, a fim de viabilizar uma individualização daresponsabilidade". A conclusão a que chegou o TRT de que não é possívelidentificar quais partes da obra poderiam ser atribuídas ao reclamante e aocoautor não pode implicar sanção disciplinar pelo empregador de formaaleatória e sem individualização. O reclamante não pode ser responsabilizadoobjetiva e indistintamente pelo conjunto da obra porque não se trata deindenização civil, ante a inaplicabilidade do art. 942, parágrafo único, do CC. Aadvertência configura sanção trabalhista decorrente do poder disciplinar doempregador. A aplicação de pena deve ser restrita a quem praticou o ato e namedida de sua responsabilidade. Por mais branda que seja a sanção, e nocaso traz prejuízos ao reclamante em razão de ser pesquisador, deve serdecorrente de ato específico, individualizado e comprovado a fim de que sepossa aferir a proporcionalidade da sanção de acordo com a participação noato ilícito. A validação da advertência aplicada pela reclamada sem aindividualização da responsabilidade do reclamante infringe o princípio docontraditório previsto no art. 5º, LV, da Constituição Federal e também oprincípio da individualização da pena, previsto no inciso XLV. Recurso derevista conhecido e provido.” (TST-ARR-130-82.2016.5.10.0015, 6ª Turma, rel.Min. Augusto César Leite de Carvalho, julgado em 11.9.2019)

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Horas in itinere. Sistema alternativo de transporte. Regulamentação municipal.Transcendência política reconhecida. Horas de percurso devidas. Nãoequiparação ao transporte público regular.

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. LEI 13.467/2017. HORAS IN ITINERE.SISTEMA ALTERNATIVO DE TRANSPORTE REGULAMENTADO PELOMUNICÍPIO. TRANSCENDÊNCIA. O processamento do recurso de revistana vigência da Lei 13.467/2017 exige que a causa ofereça transcendênciacom relação aos reflexos gerais de natureza econômica, política, socialou jurídica, a qual deve ser analisada de ofício e previamente pelo Relator(artigos 896-A, da CLT, 246 e 247 do RITST). Constatada a transcendênciapolítica da causa e demonstrada a possível contrariedade à Súmula 90, I,do TST, deve ser processado o recurso de revista. Agravo deinstrumento de que se conhece e a que se dá provimento. RECURSO DEREVISTA. LEI 13.467/2017. HORAS IN ITINERE. SISTEMA ALTERNATIVODE TRANSPORTE REGULAMENTADO PELO MUNICÍPIO.TRANSCENDÊNCIA. O eg. Tribunal Regional, ao considerar que o sistemaalternativo de transporte regulamentado pela Secretaria Municipal deTrânsito e Transporte é equiparável ao transporte público regular, mesmosem deter a condição de público e sem admitir o recebimento devales-transporte, contrariou a jurisprudência desta Corte, no sentido deque o transporte alternativo não tem natureza jurídica de transportepúblico regular e não preenche os requisitos exigidos pela normaceletizada para exclusão do cômputo do tempo de percurso despendidopelo obreiro. Demonstrado pelo recorrente, por meio de cotejo analítico,que o eg. TRT incorreu em contrariedade à Súmula 90, I, do TST, orecurso deve ser conhecido e provido para restabelecer a r. sentença quejulgou procedente o pedido de pagamento das horas in itinere ereconhecida sua integração na jornada para efeito de intervalointrajornada de 1(uma) hora, por extrapolação da jornada de 6 (seis)horas. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá provimento.”(TST-RR-706-28.2016.5.05.0011, 6ª Turma, rel. Des. Conv. Cilene FerreiraAmaro Santos, julgado em 11.9.2019)

Recurso de revista. Transcrição do trecho divergente na petição deinterposição do apelo. Não preenchida a exigência do art. 896, § 1º-A, I, da CLT.

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“(...) RECURSO DE REVISTA DA PETROBRAS. RESPONSABILIDADESUBSIDIÁRIA. TOMADOR DE SERVIÇOS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.CONDENAÇÃO POR MERO INADIMPLEMENTO. INVERSÃO DO ÔNUS DAPROVA. TRANSCRIÇÃO DO TRECHO DO ACÓRDÃO REGIONAL NA PETIÇÃODE ENCAMINHAMENTO DO RECURSO DE REVISTA. O artigo 896, §1°-A, I, II, IIIe IV, da CLT, aplicável a todos os acórdãos regionais publicados a partir de22/09/2014, prevê os pressupostos intrínsecos do recurso de revista, os quaisdevem ser cumpridos "sob pena de não conhecimento" do recurso. No caso,não foi atendido o artigo 896, §1°-A, I, da CLT. O entendimento prevalecente foide que a transcrição do trecho na petição de interposição do recurso derevista não atende a exigência do art. 896, § 1º-A, I, da CLT. Ressalva deentendimento da Relatora. Recurso de revista de que não se conhece.”(TST-ARR-11596-65.2015.5.01.0013, 6ª Turma, rel. Des. Conv. Cilene FerreiraAmaro Santos, julgado em 11.9.2019)

O que dispõe esse Artigo 896, parágrafo 1º-A, CLT? “Art.896-A - O TribunalSuperior do Trabalho, no recurso de revista, examinará previamente se a causaoferece transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza econômica,política, social ou jurídica. § 1o São indicadores de transcendência, entre outros: I -econômica, o elevado valor da causa”.

Competência da Justiça do Trabalho. Execução de sentença contra empresaem recuperação judicial. Transcendência jurídica reconhecida. Créditostrabalhistas constituídos após o pedido de recuperação judicial. Não sujeiçãoao Juízo Universal.

“RECURSO DE REVISTA. LEI 13.467/2017. RITO SUMARÍSSIMO. EXECUÇÃODE SENTENÇA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. CONTRATO DETRABALHO INICIADO APÓS O DEFERIMENTO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL.TRANSCENDÊNCIA. O processamento do recurso de revista na vigência daLei 13.467/2017 exige que a causa ofereça transcendência com relação aosreflexos gerais de natureza econômica, política, social ou jurídica, a qual deveser analisada de ofício e previamente pelo Relator (artigos 896-A, da CLT, 246 e247 do RITST). Ausente a transcendência o recurso não será processado.Presente a transcendência prossegue-se na análise dos pressupostos deadmissibilidade do recurso. A matéria diz respeito ao reconhecimento dacompetência da Justiça do Trabalho para prática dos atos executórios contraempresa que se encontra em recuperação judicial. A causa apresenta

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transcendência jurídica (art. 896-A, § 1º, IV, da CLT), uma vez que ajurisprudência do c. TST ainda não pacificou entendimento da matéria, o queviabiliza que se reconheça a transcendência jurídica da causa. No caso, oTribunal Regional entendeu que a Justiça do Trabalho é competente paraexecutar os créditos deferidos no título judicial, uma vez que os créditostrabalhistas foram constituídos após o pedido de recuperação judicial, e nãose sujeitam ao Juízo Universal, nos termos do art. 49 da Lei nº 11.101/2005:"Estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data dopedido, ainda que não vencidos". Assim, uma vez que o contrato de trabalhodo autor ocorreu após o deferimento da recuperação judicial, os créditos daídecorrentes, deverão ser executados na Justiça do Trabalho. Transcendênciapolítica reconhecida, recurso de revista de que não se conhece.”(TST-RR-179-15.2014.5.10.0009, 6ª Turma, rel. Des. Cilene Ferreira AmaroSantos, julgado em 18.9.2019)

Ação coletiva ajuizada pelo sindicato. Posterior ação individual de mesmoobjeto. Início do prazo prescricional. Data do trânsito em julgado da primeiraação. Cômputo do período imprescrito. Data do ajuizamento da ação coletiva.

“(...) RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE. PROGRESSÕES FUNCIONAIS– CONTRATO DE TRABALHO NÃO EXTINTO - AÇÃO COLETIVA AJUIZADAANTERIORMENTE PELO SINDICATO – INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO –DEFINIÇÃO DO CÔMPUTO DO PRAZO PRESCRICIONAL EM RELAÇÃO ÀAÇÃO INDIVIDUAL POSTERIOR COM O MESMO OBJETO DAQUELACOLETIVA – OBSERVÂNCIA DA DATA DO TRÂNSITO EM JULGADO DA AÇÃOANTERIOR PARA EFEITO DO INÍCIO DO PRAZO PRESCRICIONAL DO DIREITODE AÇÃO POSTERIOR E DA DATA DO AJUIZAMENTO DA AÇÃO ANTERIORPARA EFEITO DO CÔMPUTO DO PERÍODO IMPRESCRITO. Discute-se nahipótese qual o período prescricional a ser considerado em face de açãocoletiva anterior que interrompeu a prescrição com relação ao mesmo objetoda presente ação individual, que discute o direito às progressões funcionaisnão concedidas pela Reclamada. O eg. TRT limitou o período imprescritoapenas de 2010 a 2015 sob o fundamento de que a ação coletiva anterior, quetransitou em julgado em 2012, interrompeu a prescrição na data em que foraproposta, 2009, de modo que apresentada esta ação em 2015, mais de seisanos da data do ajuizamento da anterior, a prescrição alcança os cinco anosanteriores ao ajuizamento desta ação individual. No entanto, a jurisprudênciadesta c. Corte Superior firmou o entendimento de que a data do ajuizamento

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da ação anterior interrompe os prazos prescricionais bienal e quinquenal,iniciando-se o prazo da prescrição para o ajuizamento da ação seguinte nadata em que a decisão da ação anterior transita em julgado, de modo que,observados todos esses prazos prescricionais, como ocorreu no presentecaso, o período imprescrito retroage ao quinquênio que antecede apropositura da ação anterior, e seu marco inicial é o dia 12/06/2004. Recursode revista de que se conhece e a que se dá provimento.”(TST-ARR-1060-88.2015.5.20.0005, 6ª Turma, rel. Des. Conv. Cilene FerreiraAmaro Santos, julgado em 18.9.2019)

Regime 12x36. Horas extras habituais. Período contratual regido pela Lei nº13.467/2017. Transcendência jurídica reconhecida. Não incidência da regra doart. 59-B, parágrafo único, da CLT à jornada excepcional de 12x36 prevista noart. 59-A da CLT. Invalidade do regime.

“RECURSO DE REVISTA. LEI 13.467/2017. REGIME 12X36. PRESTAÇÃO DEHORAS EXTRAS HABITUAIS. INVALIDADE. CONTRATO DE TRABALHO DE19/05/2017 A 19/06/2018. TRANSCENDÊNCIA. O processamento do recurso derevista na vigência da Lei 13.467/2017 exige que a causa ofereçatranscendência com relação aos reflexos gerais de natureza econômica,política, social ou jurídica, a qual deve ser analisada de ofício e previamentepelo Relator (artigos 896-A, da CLT, 246 e 247 do RITST). Discute-se adeclaração de invalidade do regime de jornada 12x36 previsto em normacoletiva em face da habitual prestação de horas extras relacionado a contratode trabalho que vigeu em período posterior à Lei 13.467/2017, que acrescentouo art. 59-B, parágrafo único, da CLT. Deve ser reconhecida a transcendênciajurídica, nos termos do art. 896-A, § 1º, IV, da CLT, por se tratar de matérianova. Com relação ao período de 19/05/2017 a 10/11/2017, a decisão regionalque reconheceu a invalidade do regime 12X36 em decorrência da prestaçãohabitual de horas extraordinárias está em consonância com o entendimentojurisprudencial desta c. Corte. No que diz respeito ao período de 11/11/2017 a19/06/2018, o art. 59-A, da CLT expressamente registra que "Em exceção aodisposto no art. 59 desta Consolidação, é facultado às partes, (...) estabelecerhorário de trabalho de doze horas seguidas por trinta e seis horasininterruptas de descanso (...)". O art. 59-B, parágrafo único, da CLT, indicadocomo violado pela reclamada, constitui exceção à regra geral do art. 59/CLT enão é possível a cumulação de exceções. Por esse motivo, não se aplica aoregime excepcional do art. 59-A da CLT (12 x 36 horas) a regra exceptiva do

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art. 59-B, parágrafo único, da CLT. Transcendência política reconhecida,recurso de revista de que não se conhece.”(TST-RR-1000761-18.2018.5.02.0708, 6ª Turma, rel. Des. Conv. Cilene FerreiraAmaro Santos, julgado em 18.9.2019)

Horas extras. Registro de ponto mediante login/logout. Desconsideração dosminutos que antecedem e sucedem à jornada. Impossibilidade.

“AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA EM FACE DEDECISÃO PUBLICADA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. HORAS EXTRAS.JORNADA APURADA COM BASE EM REGISTROS DE LOGIN/LOGOUT.ARTIGO 58, § 1º, DA CLT. SÚMULA Nº 366 DO TST. APLICAÇÃO ANALÓGICA.Na hipótese, As horas extraordinárias foram apuradas com base nos registrosde login/logout da reclamante, uma vez que a ré, por não possuir mais de 10empregados, não estava obrigada a adotar o sistema de cartões de ponto. Areclamada, por sua vez, pretende a aplicação analógica, a tais registros, dodisposto no artigo 58, § 1º, da CLT e na Súmula nº 366 do TST. Com efeito, aprevisão de desconsideração dos minutos que antecedem e sucedem ajornada a que se referem o mencionado dispositivo celetista e a aludidaSúmula é restrita à jornada apurada por meio de cartões de ponto. Issoporque, nessa modalidade de controle, a própria marcação da jornada requeralgum tempo para ser realizada, não sendo razoável se exigir que todos osempregados a façam, todos os dias, exatamente nos mesmos horários.Trata-se de solução jurídica – adotada inicialmente pela jurisprudência (antigaOrientação Jurisprudencial nº 23 da SBDI-1 do TST, convertida na atualSúmula nº 366), e depois incorporada pela lei – concebida com a finalidade dese evitar a discussão sobre horas extras em razão de pequenas discrepânciasna marcação do ponto. Nesse contexto, considerando que, no caso, a autoranão gastava tempo registrando sua jornada e que os registros de login/logoutrepresentam o exato momento em que iniciava e terminava a prestação deserviços, não há que se falar na aplicação da desconsideração pretendida,como bem decidiu a Corte de origem. Agravo de instrumento conhecido e nãoprovido. (...)” (TST-ARR-20664-95.2014.5.04.0011, 7ª Turma, rel. Min. CláudioMascarenhas Brandão, julgado em 18.9.2019)

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Informativo 204, TST:

Descumprimento de liminar. Abusividade da greve Astreintes. Destinação damulta. Valor devido ao exequente.Nos termos do art. 537, § 2º, do CPC de 2015, o valor das astreintes é devido aoexequente, de modo que a sua destinação não pode ser fixada de acordo com adiscricionariedade do magistrado. Assim, a decisão judicial que determina que amulta aplicada em razão do descumprimento de liminar seja paga a instituiçõesbeneficentes, ainda que louvável, contraria o disposto no art. 537, § 2º, do CPC de2015, pois não atende ao critério objetivo nele fixado.

Dano moral. Configuração. Atividade externa de limpeza urbana. Ausência desanitários e refeitórios. Não fornecimento de água potável. NR nº 24 do antigoMinistério do Trabalho. Incidência.A Norma Regulamentar nº 24 do antigo Ministério do Trabalho, que garantecondições sanitárias e de alimentação minimamente razoáveis, é aplicável aostrabalhadores que realizam atividade externa de limpeza urbana. Ademais, é doempregador o risco do empreendimento (art. 2º, caput, da CLT), razão pela qualcabe a ele arcar com os custos inerentes à atividade empresarial, incluindo aquelesrelativos ao dever de manter um meio ambiente de trabalho saudável e higiênico,em atenção à dignidade dos seus empregados. Assim, resta configurado o danomoral quando a empresa reclamada deixa de providenciar aos trabalhadoresativados na coleta de lixo acesso a condições laborais mínimas para oatendimento das necessidades fisiológicas e de higiene pessoal. No caso,restou consignado que, antes da empresa adquirir um ônibus para as refeições, ostrabalhadores levavam marmitas as quais eram acondicionadas sobre os pneus docaminhão, esquentadas em lata contendo álcool e consumidas na rua. Asnecessidades fisiológicas eram feitas em árvores e terrenos baldios, as mãospodiam ser lavadas em um galão com água que ficava no caminhão, mas semtoalhas ou sabonetes, e não havia água potável e fresca em quantidade suficientepara a equipe.

Competência da Justiça do Trabalho. Ação civil pública. Contrataçãotemporária por ente público. Termo de Ajustamento de Conduta. Execução.Nos termos do art. 876 da CLT, a Justiça do Trabalho é competente para aexecução de multa, em razão do inadimplemento, por ente público, deobrigação prevista em Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado

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perante o Ministério Público do Trabalho. No caso, o Município deVotuporanga/SP descumpriu o compromisso de contratar por tempo determinadosomente para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público,mediante prévia aprovação em processo seletivo. Segundo a jurisprudência do STF,a execução de TAC não se confunde com o decidido na ADI 3395-MC, que afastoua competência da Justiça do Trabalho para processar e julgar causas instauradasentre o Poder Público e o servidor vinculado a ele por relação jurídico administrativa.

Apex. Serviço social autônomo. Dispensa imotivada. Possibilidade. “AGRAVOINTERNO. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. DECISÃOMONOCRÁTICA. APEX. SERVIÇO SOCIAL AUTÔNOMO. DESPEDIDAIMOTIVADA.A decisão monocrática proferida nestes autos merece ser mantida. No tocante àdespedida imotivada, a reclamada APEX (Agência Brasileira de Promoção deExportações e Investimentos), conforme seu estatuto, é de uma associação civil,sem fins lucrativos, de direito privado, instituída na forma de serviço socialautônomo. Nesses termos, o posicionamento adotado pelo TRT foi no sentido deque a ré se trata de entidade paraestatal, e que, portanto, a dispensa de seusempregados não precisa ser motivada. Conforme a jurisprudência emanada do STF,no âmbito do Recurso Extraordinário (RE) 789874, as entidades que compõem osserviços sociais autônomos, por possuírem natureza jurídica de direito privado e nãointegrarem a administração direta e indireta, não estão sujeitas à regra prevista noartigo 37, II, da Constituição Federal, mesmo que desempenhem atividades deinteresse público em cooperação com o Estado. Precedentes. Agravo interno a quese nega provimento.” (TST-Ag-AIRR-179-66.2015.5.10.0013, 5ª Turma, rel. Min.Emmanoel Pereira, julgado em 4.9.2019)

Informativo 203:

Mandado de segurança. Renúncia. Empresa prestadora de serviços. Decisãomonocrática. Extinção do processo com resolução de mérito. Impugnação viarecurso próprio. Não cabimento.Não cabe mandado de segurança quando o ato apontado como coator for decisãojudicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo, ou seja, passível de reformavia recurso próprio, consoante art. 5º da Lei nº 12.016/2009 e OrientaçãoJurisprudencial nº 92 da SBDI-2 do TST. No caso, a decisão monocrática, apontadacomo ato coator, que extinguiu o processo, com resolução do mérito, com base no

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art. 487, III, c, do CPC de 2015, em face da homologação da renúnciaexclusivamente em relação à empresa prestadora de serviços, não constitui decisãoirrecorrível, sendo suscetível de impugnação por meio do agravo. Trata-se dedecisão de mérito, atraindo a incidência dos citados artigos 203, §1º, do CPC de2015 e 265, caput, do Regimento Interno do TST. A nomenclatura utilizada pelo juizé irrelevante para determinar a natureza jurídica do pronunciamento judicial,importando o seu conteúdo material. A decisão que homologa a renúncia, portratar-se de litisconsórcio passivo meramente facultativo, e transcorrer o prazo parainterposição de agravo, enseja o manejo da via adequada, ação rescisória, previstano art. 966 do CPC de 2015. Assim, merece ser mantida a denegação do mandadode segurança em virtude do seu não cabimento, nos termos do art. 6º, § 5º, da Leinº 12.016/2009.

Dispensa por justa causa. Empresa de grande porte. Integrante daAdministração Pública Indireta. Imediaticidade da punição. Mitigação. Orequisito da imediaticidade para a aplicação da dispensa por justa causa podeser mitigado quando a reclamada for empresa de grande porte e tenha umacomplexa estrutura organizacional. Neste caso, justifica-se o prazo maior para aapuração da conduta faltosa, especialmente se o empregador for ente ou órgão daAdministração Pública Indireta, de quem se exige procedimento administrativoformal para a dispensa de empregados. Na espécie, a conduta improba doempregado do Banco do Brasil S.A. foi detectada em 15/7/2005, o procedimentointerno foi concluído em 3/11/2005 e encaminhado ao Gerente de Divisão emBrasília/DF em 14/11/2005, que aplicou a penalidade da dispensa por justa causaem 14/8/2006. A dilatação razoável do prazo para a aplicação da penalidade nãopode ser tida como perdão tácito, pois este ocorreria apenas se o empregador,ciente do ato faltoso, não demonstrasse interesse em apurá-lo, e não quando,cautelosamente, instaura processo para embasar a formação do convencimentosobre a medida mais correta e justa a ser tomada.

Intempestividade. Recurso interposto após o prazo legal contado a partir dapublicação no DEJT. Posterior intimação via sistema PJE. Impossibilidade dealteração do início do prazo recursal.A intimação mediante o sistema do PJE não invalida, nem substitui a publicaçãoocorrida no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho (DEJT). Nos termos do art. 4º, §2º, da Lei nº 11.419/2006, a publicação eletrônica do diário de justiça substituiqualquer outro meio de publicação oficial, para quaisquer efeitos legais, à exceção

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dos casos que, por lei, exigem intimação ou vista pessoal. Assim, é intempestivo orecurso ordinário interposto em 24/8/2018, pois o acórdão recorrido foi divulgado noDEJT de 2/8/2018, considerado publicado em 3/8/2018, tendo o octídio legal para ainterposição do recurso (contado em dias úteis) expirado em 15/8/2018. O fato de aparte ter tido ciência da decisão no sistema do PJE apenas em 20/8/2018 não tem ocondão de alterar a data inicial para a contagem do prazo recursal, pois não torna apublicação no DEJT sem efeitos.

Ação rescisória. Desconstituição do capítulo atinente às custas processuaisno processo matriz. Ilegitimidade passiva da União. Interesse meramenteeconômico.A União é parte ilegítima para figurar no polo passivo de ação rescisória cujopropósito é desconstituir capítulo atinente às custas processuais do processomatriz do qual não fizera parte. O argumento de que haveria legitimidade do entepúblico em razão de ser o destinatário das custas processuais não prevalece, pois ointeresse, no caso, é meramente econômico. Se assim não fosse, a União teria queintegrar obrigatoriamente todas as ações rescisórias, ainda que não se discutisse ocapítulo referentes às custas, e todas as demais ações, simplesmente pela razão deser a detentora das custas processuais e de elas serem arbitradas, por força de lei,em praticamente todos os processos.

Informativo 202, TST:

Dissídio coletivo de greve. Abusividade do movimento paredista. Servidoresceletistas de autarquia estadual. Incompetência da Justiça do Trabalho.Conforme decidido pelo STF, em sede de repercussão geral, "a Justiça ComumFederal ou Estadual é competente para julgar a abusividade de greve de servidorespúblicos celetistas da administração direta, autarquias e fundações de direitopúblico” (Tema 544 - RE nº 846854/SP). Assim, a Justiça do Trabalho éincompetente para apreciar dissídio coletivo de greve em que se discute aabusividade do movimento paredista deflagrado por servidores celetistas doHospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto daUniversidade de São Paulo, autarquia estadual. No caso, registrou-se que,embora a decisão recorrida seja anterior à publicação do acórdão da repercussãogeral, a tese fixada é aplicável ex tunc porque não houve modulação dos efeitos.

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Ação rescisória. Juntada da certidão de trânsito em julgado. Ausência.Existência de outros elementos nos autos que permitam verificar a ocorrênciade coisa julgada e a tempestividade da ação. Afastamento da primeira parte daOrientação Jurisprudencial nº 84 da SBDI-II. Incidência do item IV da Súmula100 do TST.É aplicável o item IV da Súmula nº 100 do TST às hipóteses de ausência de juntadada certidão de trânsito em julgado em ações rescisórias, não obstante a diretriz daprimeira parte da Orientação Jurisprudencial nº 84 da SBDI-II. Assim, embora aprova do trânsito em julgado da decisão rescindenda seja indispensável (Súmula nº299, I, do TST), ela não está adstrita à juntada da referida certidão, caso haja nosautos outros elementos que permitam ao juízo rescindente formar sua convicçãoquanto à existência da coisa julgada e à tempestividade da pretensãodesconstitutiva.

Juntada de voto vencido. Ausência. Nulidade absoluta do julgado.Configuração.Art. 941, § 3º, do CPC de 2015. O art. 941, § 3º, do CPC de 2015 determina que “ovoto vencido necessariamente será declarado e considerado como parte integrantedo acórdão para todos os fins legais, inclusive para o de préquestionamento”, deforma que o legislador não deixou nenhuma margem interpretativa apta a relativizara aplicação do dispositivo. A juntada do referido voto, portanto, é condiçãoimprescindível para a efetivação do art. 93, IX, da CF, pois compõe a própriafundamentação da decisão colegiada e possibilita o conhecimento pelas partes detodas as razões (acatadas e rechaçadas) que resultaram no provimentojurisdicional. Assim, a ausência do voto vencido não pode ser considerada umamera irregularidade passível de ser sanada pela ampla devolutividade do recursoordinário, porquanto se trata de providência que, quando não observada, acarreta anulidade absoluta do julgado.

“(...) RECURSO DE REVISTA REGIDO PELA LEI 13.015/2014 1 - HORASEXTRAS. TEMPO DE DESLOCAMENTO EM VIAGENS PARA PARTICIPAÇÃO EMCURSOS E TREINAMENTOS. 1.1. É assente no âmbito desta Corte oentendimento de que, via de regra, o tempo destinado à realização de cursos etreinamentos, sobretudo quando exigidos pela empresa, caracteriza tempo àdisposição, nos moldes do art. 4.º da CLT, devendo ser considerado como parteintegrante da jornada de trabalho. Afinal, nesse período, a participação doempregado se dá em razão do contrato de trabalho, no interesse e benefício do

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empregador, e por determinação deste, o que caracteriza sujeição ao seu poderhierárquico e disciplinar. Além disso, não há liberdade do empregado para dispor deseu tempo como lhe aprouver. 1.2. Todavia, conforme salientou a Exma. MinistraDora Maria da Costa nos autos do ARR-330-59.2016.5.23.0005 (DEJT 26/10/2018),não é razoável computar-se o tempo de deslocamento entre a residência e oaeroporto, bem como entre o aeroporto de destino e o hotel, uma vez queconstituem eventos comuns que ocorrem com todo trabalhador que depende detransporte público (ou privado) para o deslocamento da residência para o trabalho evice-versa (aqui incluído o hotel em que se hospeda no local de destino,considerado como seu domicílio durante a viagem). Recurso de revista conhecido eparcialmente provido. (...)” (TST-RR-770-74.2011.5.03.0106, 2ª Turma, rel. Min.Delaíde Miranda Arantes, julgado em 14.8.2019)

Dano moral coletivo. Configuração. Dispensa coletiva. Encerramento das atividades.Ausência de negociação com o sindicato da categoria. “(...) IV - RECURSO DEREVISTA. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL COLETIVO. DISPENSA COLETIVA.ENCERRAMENTO DAS ATIVIDADES. NECESSIDADE DE PRÉVIA NEGOCIAÇÃOCOM O SINDICATO. O Eg. Regional, conforme o quadro fáticoprobatório delineado,entendeu incontroversa a dispensa coletiva de todos os empregados, paraencerramento da atividade empresarial, sem prévia negociação coletiva. Evidenciouque a ré, percebendo a iminência do término das atividades, deveria ter buscadoalternativas, por meio de negociação preliminar, para reduzir o impacto da medida, oque não fez. A jurisprudência da Seção de Dissídios Coletivos desta Corte firmouentendimento de que a negociação coletiva é imprescindível à dispensa em massa,pois tal cenário exige a estipulação de normas e condições para a proteção dostrabalhadores contra o desemprego, além da redução dos impactos sociais eeconômicos causados. Ausente tal procedimento, é devida a indenizaçãocompensatória, pelo caráter coletivo da lesão. Precedentes. As empresas que selançam no mercado, assumindo o ônus financeiro de cumprir a legislaçãotrabalhista, perdem competitividade em relação àquelas que reduzem seus custosde produção à custa dos direitos mínimos assegurados aos empregados.Tratando-se de lesão que viola bens jurídicos indiscutivelmente caros a toda asociedade, surge o dever de indenizar, sendo cabível a reparação por dano moralcoletivo (arts. 186 e 927 do CC e 3° e 13 da LACP). Frise-se que, na linha da teoriado "danum in re ipsa", não se exige que o dano moral seja demonstrado. Eledecorre, inexoravelmente, da gravidade do fato ofensivo que, no caso, restoumaterializado pelo descumprimento de normas que visam à dignidade e à proteção

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dos trabalhadores contra o desemprego involuntário e a dispensa arbitrária,ocasionados pela demissão em massa, sem prévia negociação com o sindicato.Sob tal contexto, não há dúvidas quanto à caracterização do dano moral coletivo.Recurso de revista conhecido por violação do artigo 186 do CCB e provido.”(TST-RR-1575-86.2014.5.05.0002, 3ª Turma, rel. Min. Alexandre Agra Belmonte,julgado em 14.8.2019)

“RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI N° 13.015/2014 –CHAMAMENTO AO PROCESSO - LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO –AUSÊNCIA Esta Eg. Corte firmou o entendimento de que o pedido dereconhecimento de vínculo de emprego diretamente com o tomador dos serviços,por alegada intermediação ilícita de mão de obra, não exige a integração daprestadora de serviços na lide para o desenvolvimento válido e regular doprocesso. Julgados. (...)”. (TST-RR-785- 03.2013.5.04.0023, 8ª Turma, rel. Min.Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, julgado em 14.8.2019)