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Organizado por matérias INFORMATIVOS STF 2017 TESES E FUNDAMENTOS

INFORMATIVOS STF 2017 - ibet.com.br · Maria Cristina Petcov Secretaria de Documentação Ana Valéria de Oliveira Teixeira Coordenadoria de Jurisprudência Comparada e Divulgação

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  • Organizado por matrias

    INFORMATIVOS

    STF 2017TESES E FUNDAMENTOS

  • INFORMATIVOS

    2017STF TESES E FUNDAMENTOS

    Organizado por matrias

    Braslia, 2018

  • Secretaria-Geral da Presidncia

    Maria Cristina Petcov

    Secretaria de Documentao Ana Valria de Oliveira Teixeira

    Coordenadoria de Jurisprudncia Comparada e Divulgao de Julgados Andreia Fernandes de Siqueira

    Coordenadoria de Divulgao de Jurisprudncia Juliana Viana Cardoso

    Redao: Alessandra Correia Marreta, Andreia Fernandes de Siqueira, Anna Daniela de Arajo Martins dos Santos, Diego Oliveira de Andrade Soares, Fernando Carneiro Rosa Fortes, Gisele Landim de Souza, Janana Nicolau Delgado, Jean Francisco Corra Minuzzi, Joo de Souza Nascimento Neto, Luiz Carlos Gomes de Freitas Junior, Maria Beatriz Moura de S, Ricardo Henriques Pontes, Tays Renata Lemos Nogueira e Tiago Batista Cardoso

    Produo grfica e editorial: Juliana Viana Cardoso, Renan de Moura Sousa e Rochelle Quito

    Reviso: Amlia Lopes Dias de Arajo, Daniela Pires Cardoso, Juliana Silva Pereira de Souza, Lilian de Lima Falco Braga, Mrcia Gutierrez Aben-Athar Bemerguy e Patrcio Coelho Noronha

    Capa: Roberto Hara Watanabe

    Projeto grfico: Eduardo Franco Dias

    Diagramao: Camila Penha Soares

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)Supremo Tribunal Federal Biblioteca Ministro Victor Nunes Leal

    Brasil. Supremo Tribunal Federal (STF).

    Informativos STF 2017 [recurso eletrnico] : teses e fundamentos / Supre-mo Tribunal Federal. -- Braslia : STF, Secretaria de Documentao, 2018.

    485 p.

    Organizado por matrias.

    Modo de acesso: .

    ISBN: 978-85-54223-02-1

    1. Tribunal Supremo, jurisprudncia, Brasil. I Ttulo.

    CDDir-341.4191

  • Ministra Crmen Lcia Antunes Rocha (21-6-2006), Presidente

    Ministro Jos Antonio Dias Toffoli (23-10-2009), Vice-Presidente

    Ministro Jos Celso de Mello Filho (17-8-1989), Decano

    Ministro Marco Aurlio Mendes de Farias Mello (13-6-1990)

    Ministro Gilmar Ferreira Mendes (20-6-2002)

    Ministro Enrique Ricardo Lewandowski (16-3-2006)

    Ministro Luiz Fux (3-3-2011)

    Ministra Rosa Maria Weber Candiota da Rosa (19-12-2011)

    Ministro Lus Roberto Barroso (26-6-2013)

    Ministro Luiz Edson Fachin (16-6-2015)

    Ministro Alexandre de Moraes (22-3-2017)

    SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

  • APRESENTAO

    Tanto nas faculdades de Direito como nos manuais das disciplinas desse ramo do conhecimento, notvel o destaque que vem sendo dado aos posicionamentos ju-diciais. Na mesma esteira, a atuao dos profissionais do Direito cada vez mais lastreada em precedentes dos tribunais superiores e, notadamente, do Supremo Tribunal Federal (STF).

    Nesse contexto, possvel inferir que h crescente interesse por obras que fran-queiem, de forma organizada e de fcil consulta, o acesso jurisprudncia emanada pelo STF.

    Com o intuito de atender tal demanda, o Tribunal vem publicando, desde 1995, o Informativo STF, espcie de jornal jurdico que veicula resumos, originalmente semanais e hoje tambm mensais, das circunstncias fticas e processuais e dos fun-damentos proferidos oralmente nas sesses de julgamento.

    Conforme consta do cabealho de todas as edies do peridico, os boletins so ela-borados a partir de notas tomadas nas sesses de julgamento das Turmas e do Plen-rio, de modo que contm resumos no oficiais de decises proferidas pelo Tribunal. Faz-se tal observao para esclarecer ao leitor que, embora o contedo do Informativo STF no possa ser considerado oficial, baseia-se estritamente em informaes pblicas.

    A obra que ora se apresenta baseia-se exclusivamente nos acrdos publicados ao longo de 2017, tendo por referncia casos que foram noticiados no Informativo STF. O acesso aos argumentos de Suas Excelncias, na exatido precisa do vernculo escrito, permite explorar a riqueza tcnica neles contida e estudar com mais rigor a funda-mentao das decises do Tribunal.

    bom ressaltar que o leitor pode acompanhar mensalmente este trabalho ao aces-sar o Boletim de Acrdos Publicados disponvel no site do Tribunal (Portal do STF/Jurisprudncia/Boletim de Acrdos Publicados).

    Um novo ponto de vista sobre a jurisprudncia

    da essncia do Informativo STF produzir uma sntese de decises proferidas pela Cor-te durante as sesses de julgamento, sem avanar em anlise abstrata da jurisprudn-

  • cia do Tribunal. J o livro Teses e fundamentos percorre caminho diverso e se aprofunda nos julgados do STF para oferecer um produto mais complexo.

    Desse modo, o livro tem por objetivos: I Elaborar teses, redigidas com base no dispositivo1 dos acrdos e abstradas das notcias de julgamento; e II Analisar a fundamentao adotada pelo Tribunal e, na sequncia, esboar um panorama do entendimento da Corte sobre os ramos do Direito.A proposta que as teses apontem como caminhou a jurisprudncia da Suprema

    Corte brasileira ao longo do ano e, ainda, permitam vislumbrar futuros posiciona-mentos do Tribunal, tendo por referncia os processos j julgados. Cumpre destacar que essas teses com os respectivos fundamentos no traduzem necessariamente a pacificao da jurisprudncia num ou noutro sentido. Elas se prestam simplesmente a fornecer mais um instrumento de estudo da jurisprudncia e a complementar a funo desempenhada pelo Informativo STF.

    Tendo isso em vista, os textos que compem o livro estruturam-se em: tese ju-rdica extrada do julgado2 e resumo da fundamentao2. Pretende-se, com esse padro, que o destaque dado aos dispositivos dos acrdos seja complementado por seus respectivos fundamentos.

    A edio de 2017 passou por reformulao do projeto grfico. Os dados do pro-cesso em anlise2 foram movidos para o cabealho de cada resumo e, com o objetivo de garantir acesso rpido ao contedo de teses fixadas, no fim da obra foi includa uma lista de todas as teses contidas no livro, organizadas por ramo do Direito.

    As decises acerca da redao e da estrutura do livro foram guiadas tambm pela busca da otimizao do tempo de seu pblico-alvo. Afinal, a leitura de acrdos, de votos ou mesmo de ementas demandaria esforo interpretativo e tempo dos quais o estudante ou o operador do Direito muitas vezes no dispe. Assim, deu-se pre-ferncia a formato de redao que destacasse o dispositivo do acrdo e seus funda-mentos, ao mesmo tempo que traduzisse de forma sinttica o entendimento do STF.

    Em busca de mais fluidez e conciso, decidiu-se retirar do texto principal as re-ferncias que no fossem essenciais sua redao. Assim, foram transpostos para notas de fim2, entre outras informaes pertinentes: relatrios de situaes fticas e observaes processuais, quando necessrios compreenso do caso; precedentes jurisprudenciais; e transcries de normativos ou de doutrina3.

    A mesma objetividade que orientou a estrutura redacional dos resumos norteou a organizao dos julgados em disciplinas do Direito e em temas. Estes, por sua vez,

  • foram subdivididos em assuntos2 especficos. Tal sistematizao do contedo visa, mais uma vez, facilitar o trabalho dos estudantes e dos operadores do Direito, que compem o pblico-alvo desta obra.

    A esse respeito, sob o ngulo dos ramos do Direito, optou-se pela anlise vertical dos julgados do ano, o que propicia rpida visualizao e comparao de matrias semelhantes decididas pelos rgos do STF. A obra permite, assim, que o leitor veri-fique, de forma fcil e segura, a evoluo jurisprudencial de um dado tema ao longo do tempo.

    A ideia foi, em resumo, aliar a objetividade caracterstica do Informativo STF com a profundidade e a riqueza tcnico-jurdica contida nos acrdos e nos votos dos ministros. Para cumprir tal finalidade, foi necessrio interpretar os acrdos dos jul-gamentos.

    Todavia, se por um lado certo que a redao de resumos demanda algum grau de liberdade interpretativa dos documentos originais, por outro a hermenutica re-conhece ser inerente interpretao jurdica certa dose de subjetividade.

    Nessa perspectiva, embora os analistas responsveis pelo trabalho tenham se es-forado para acima de tudo manter fidelidade aos entendimentos do STF, ao mes-mo tempo que conciliavam conciso e acuidade na remisso aos fundamentos das decises, no se dever perder de vista que os resultados do exame da jurisprudncia aqui expostos so fruto de interpretao desses servidores.

    Espao para participao do leitor

    Os enunciados aqui publicados tanto podem conter trechos do julgado original na hiptese de estes sintetizarem a ideia principal quanto podem ser resultado ex-clusivo da interpretao dos acrdos pelos analistas responsveis pela compilao. Na obra, esto disponveis os links de acesso ntegra dos acrdos, o que facilita a conferncia da acuidade dessa interpretao. O leitor poder encaminhar dvidas, crticas e sugestes para o e-mail: [email protected].

    Ademais, entre as razes que motivaram a edio deste trabalho e a opo por este formato especfico est justamente o propsito de fomentar a discusso e de con-tribuir para a difuso do pensamento do Tribunal e para a construo do conheci-mento jurdico. Com isso, promove-se maior abertura participao da sociedade no exerccio da atividade constitucionalmente atribuda ao STF.

  • 1 Deve-se ter em mente que muitas vezes os dispositivos dos acrdos se limitam a dar (ou ne-gar) provimento ao recurso ou, ainda, conceder (ou no) a ordem. Embora esses comandos jurisdicionais efetivamente componham o dispositivo da sentena, do ponto de vista da anlise das decises judiciais e da jurisprudncia eles significam muito pouco. Por evidente, o objeto deste trabalho o tema decidido pela Corte, seja ele de direito material, seja de direito processual, e no o mero resultado processual de uma demanda especfica. Nesse sentido, talvez seja possvel discer-nir entre o contedo formal da deciso, que seria, exemplificativamente, o resultado do recurso (conhecido/no conhecido, provido/no provido) ou da ao (procedncia/improcedncia), e o contedo material da deciso, que efetivamente analisa a questo de direito (material ou proces-sual) debatida e possui relevncia para a anlise da jurisprudncia. Em outras palavras, o contedo material da deciso corresponderia aos fragmentos do provimento jurisdicional que tm aptido para transcender ao processo em anlise e constituir o repertrio de entendimentos do Tribunal sobre o ordenamento jurdico brasileiro.

    2 Ver Infogrfico, pgina 8. 3 Informaes entre colchetes no constam do texto original.

  • Direito Constitucional Organizao do Estado

    Unio Bens da Unio

    Comprovada a histrica presena indgena na rea, descabe qualquer indeni-

    zao em favor do Estado.

    Nos termos do art. 20, XI, da Constituio Federal, so bens da Unio as terras tradicionalmente ocupadas pelos ndios.

    Alm disso, desde a Carta de 1934, no se pode caracterizar as terras ocupadas pelos indgenas como devolutas, o mesmo ocorrendo na Constituio de 1988, por meio de expressa disposio contida no art. 26, IV1.

    Nesse sentido, definido pelas provas carreadas aos autos que as terras que passaram a compor parque indgena eram ocupadas historicamente por ndios, no h falar em titularidade do Estado-membro, tampouco em eventual dever de a Unio indeniz-lo por suposta desapropriao indireta.

    1 Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados: (...) IV as terras devolutas no compreendidas entre as da Unio.

    Assunto

    Tese jurdica extrada do julgado

    Resumo da fundamentao

    Dados do processo em anlise

    Nota de fim

    ACO 362DJE de 3-10-2017ACO 366DJE de 1-10-2018rel. min. Marco AurlioPlenrioInformativo STF 873

    INFOGRFICO

    http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=13715241http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=13715241http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo873.htm#Terras tradicionalmente ocupadas por indgenas: titularidade e indenizao

  • SUMRIO

    Siglas e abreviaturas ........................................................................................ 10

    Siglas de classes e incidentes processuais ......................................................... 11

    Direito Administrativo .................................................................................... 12

    Direito Ambiental ........................................................................................... 66

    Direito Civil .................................................................................................... 70

    Direito Constitucional ..................................................................................... 81

    Direito Eleitoral ............................................................................................ 235

    Direito Empresarial ....................................................................................... 243

    Direito Financeiro ......................................................................................... 257

    Direito Internacional ..................................................................................... 260

    Direito Penal ................................................................................................. 269

    Direito Previdencirio ................................................................................... 307

    Direito Processual Civil ................................................................................. 319

    Direito Processual Penal ................................................................................ 351

    Direito Tributrio .......................................................................................... 396

    ndice de teses ............................................................................................... 427

  • SIGLAS E ABREVIATURAS

    ac. acrdo1 T Primeira Turma2 T Segunda TurmaCF Constituio FederalCNJ Conselho Nacional de JustiaCofins Contribuio para o Financiamento da Seguridade SocialCP Cdigo PenalCPC Cdigo de Processo CivilCPP Cdigo de Processo PenalCRFB Constituio da Repblica Federativa do BrasilCTN Cdigo Tributrio NacionalDJ Dirio da JustiaDJE Dirio da Justia EletrnicoEC Emenda ConstitucionalICMS Imposto sobre Circulao de Mercadorias e ServiosINSS Instituto Nacional do Seguro Socialj. julgamento emLC Lei ComplementarLOA Lei Oramentria AnualLoman Lei Orgnica da Magistratura NacionalOAB Ordem dos Advogados do BrasilP PlenrioPASEP Programa de Formao do Patrimnio do Servidor PblicoPIS Programa de Integrao Socialred. p/ o ac. redator para o acrdorel. min. relator o ministroRICD Regimento Interno da Cmara dos DeputadosRTJ Revista Trimestral de JurisprudnciaSTF Supremo Tribunal FederalT TurmaTJ Tribunal de JustiaTCU Tribunal de Contas da UnioTRF Tribunal Regional Federal

  • SIGLAS DE CLASSES E INCIDENTES PROCESSUAIS

    AC Ao CautelarACO Ao Cvel OriginriaADC Ao Declaratria de ConstitucionalidadeADI Ao Direta de InconstitucionalidadeADO Ao Direta de Inconstitucionalidade por OmissoADPF Arguio de Descumprimento de Preceito FundamentalAgR Agravo RegimentalAI Agravo de InstrumentoAO Ao OriginriaAP Ao PenalAR Ao RescisriaARE Recurso Extraordinrio com AgravoCC Conflito de CompetnciaED Embargos de DeclaraoEDv Embargos de DivergnciaEI Embargos infringentesEP Execuo PenalExt ExtradioHC Habeas CorpusIndCom Indulto ou ComutaoInq InquritoMC Medida CautelarMI Mandado de InjunoMS Mandado de SeguranaPet PetioProgReg Progresso de RegimeQO Questo de OrdemRcl ReclamaoRE Recurso ExtraordinrioREF ReferendoRG Repercusso GeralRHC Recurso em Habeas CorpusRMS Recurso em Mandado de SeguranaRp RepresentaoSE Sentena Estrangeira

  • DIR

    EA

    DM

    DIR

    EIT

    O

    AD

    MIN

    IST

    RAT

    IVO

  • ATOS ADMINISTRATIVOSDIREITO ADMINISTRATIVO

  • 14ndice de Teses

    vedado ao Poder Judicirio analisar o mrito de ato administrativo.

    O mrito do ato administrativo trata de matria submetida a critrios de conve-nincia e oportunidade1.

    Aumento de vencimento legalmente concedido, com data predeterminada

    para incio de eficcia, caracteriza aquisio de direito.

    Posta a norma que conferiu aumentos dos valores remuneratrios, no se h cogitar de expectativa, mas de direito que no mais poderia vir a ser reduzido pelo legislador. A diminuio dos valores legalmente estatudos configura reduo de vencimentos, em sistema constitucional no qual a irredutibilidade a regra a ser obedecida2.

    Assim, aumento salarial legalmente concedido e j incorporado ao patrimnio dos servidores, tendo prazo inicial definido para sua eficcia financeira recai no ter-mo prefixo a que se refere o 2 do art. 6 da Lei de Introduo ao Cdigo Civil, que caracteriza a aquisio do direito e a proteo jurdica que lhe concede a Constituio da Repblica.

    1 RMS 23.543, rel. min. Ilmar Galvo, 1 T, DJ de 13-10-2000. 2 RE 298.694, rel. min. Seplveda Pertence, P, DJ de 23-4-2004.

    Direito Administrativo Atos administrativos

    Mrito administrativo Controle do mrito

    ADI 4.013rel. min. Crmen LciaPlenrioDJE de 19-4-2017Informativo STF 819

    http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=12752696http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo819.htm#ADI: aumento de vencimentos e efeitos financeiros - 5

  • CONTRATOS ADMINISTRATIVOSDIREITO ADMINISTRATIVO

  • 16ndice de Teses

    RE 760.931RG Tema 246 red. p/ o ac. min. Luiz FuxPlenrioDJE de 12-9-2017Informativo STF 862

    O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado

    no transfere automaticamente ao poder pblico contratante a responsabili-

    dade pelo seu pagamento, seja em carter solidrio ou subsidirio, nos ter-

    mos do art. 71, 1, da Lei 8.666/19931.

    A responsabilizao do poder pblico no pode ocorrer de maneira genrica ou au-tomtica. A imputao da culpa in vigilando ou in elegendo Administrao Pblica, por suposta deficincia na fiscalizao da fiel observncia das normas trabalhistas pela empresa contratada, somente pode acontecer nos casos em que se tenha a efe-tiva comprovao da ausncia de fiscalizao.

    A alegada ausncia de comprovao em juzo da efetiva fiscalizao do contrato no substitui a necessidade de prova taxativa do nexo de causalidade entre a conduta da Administrao e o dano sofrido. A Administrao Pblica no pode responder pelas dvidas trabalhistas da contratada a partir de mera presuno. S admissvel que isso ocorra caso a condenao esteja inequivocamente lastreada em elementos concretos de prova da falha da fiscalizao do contrato.

    A Lei 9.032/1995, ao reformar o art. 71 da Lei 8.666/1993, criou um 22, dizen-do, no 1, que no h responsabilidade subsidiria da Administrao Pblica pelo inadimplemento das obrigaes trabalhistas. A Administrao Pblica j cumpre, no momento da licitao, a observncia da aptido oramentria e financeira da empresa contratada. A constitucionalidade desse 1, declarada na Ao Declaratria de Cons-titucionalidade 163, veda a transferncia automtica, Administrao Pblica, dos en-cargos trabalhistas resultantes da execuo do contrato de prestao dos servios.

    Com relao responsabilidade fiscal, inserida no 2, h responsabilidade so-lidria da Administrao. Ademais, com o advento da Lei 9.032/1995, o legislador buscou excluir a responsabilidade subsidiria da Administrao, no sentido de evitar o descumprimento do disposto no art. 71 da Lei 8.666/1993.

    Direito Administrativo Contratos administrativos

    Execuo dos contratos Responsabilidade subsidiria da Administrao Repercusso Geral

    http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=13589144http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/listarProcesso.asp?PesquisaEm=tema&PesquisaEm=controversia&PesquisaEm=ambos&situacaoRG=TODAS&situacaoAtual=S&txtTituloTema=&numeroTemaInicial=246&numeroTemaFinal=246&acao=pesquisarProcesso&dataInicialJulgPV=&dataFinalJulgPV=&classeProcesso=&numeroProcesso=&ministro=&txtRamoDireito=&ordenacao=asc&botao=http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo862.htm#Responsabilidade subsidiria da Administrao e encargos trabalhistas no adimplidos - 5

  • 17ndice de Teses

    1 Art. 71. O contratado responsvel pelos encargos trabalhistas, previdencirios, fiscais e comerciais resultantes da execuo do contrato. 1 A inadimplncia do contratado, com referncia aos encar-gos trabalhistas, fiscais e comerciais no transfere Administrao Pblica a responsabilidade por seu pagamento, nem poder onerar o objeto do contrato ou restringir a regularizao e o uso das obras e edificaes, inclusive perante o Registro de Imveis. (Redao dada pela Lei 9.032, de 1995.)

    2 Art. 71. (...) 2 A Administrao responde solidariamente com o contratado pelos encargos previ-dencirios resultantes da execuo do contrato, nos termos do art. 31 da Lei n. 8.212, de 24 de julho de 1991. (Redao dada pela Lei 9.032, de 1995.)

    3 ADC 16, rel. min. Cezar Peluso, P, DJE de 24-11-2010.

  • CONTROLE DA ADMINISTRAO PBLICADIREITO ADMINISTRATIVO

  • 19ndice de Teses

    RE 553.710RG Tema 3941 rel. min. Dias ToffoliPlenrioDJE de 31-8-2017Informativo STF 847

    Reconhecido o direito anistia poltica, a falta de cumprimento de requisi-

    o ou determinao de providncias por parte da Unio, por intermdio do

    rgo competente, no prazo previsto nos arts. 12, 4, e 18, caput e pargrafo

    nico, da Lei 10.559/20022, caracteriza ilegalidade e violao de direito lqui-

    do e certo.

    Ao tratar do regime do anistiado poltico, a Lei 10.559/2002, alm de reconhecer a condio de anistiado poltico, tambm reconheceu ao beneficiado o direito a repa-rao econmica de carter indenizatrio, que pode ser paga em prestao nica ou em prestao mensal, permanente e continuada.

    A existncia de dotao legal suficiente para que haja o cumprimento integral da portaria que reconheceu a condio de anistiado poltico, conforme o art. 12, 4, da Lei 10.559/2002.

    Demonstrada, portanto, a existncia de dotao oramentria, decorrente de presumida legtima programao financeira pela Unio, no se visualiza afronta ao princpio da legalidade da despesa pblica ou s regras constitucionais que impem limitaes s despesas de pessoal e concesses de vantagens e benefcios pessoais.

    Dessa forma, o descumprimento da obrigao de pagamento, de valor certo e determinado, caracteriza ato omissivo da Administrao Pblica3.

    Alm disso, ao Poder Judicirio no compete a anlise de forma detalhada da exe-cuo oramentria para concluir pela suficincia ou insuficincia de recursos para o pagamento das indenizaes aos anistiados polticos. Esse exame cabe ao admi-nistrador, em momento anterior publicao da portaria que declara a condio de anistiado poltico e assegura as reparaes econmicas correspondentes.

    Direito Administrativo Controle da Administrao Pblica

    Controle judicial Mandado de segurana Repercusso Geral

    http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=13499625http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/listarProcesso.asp?PesquisaEm=tema&PesquisaEm=controversia&PesquisaEm=ambos&situacaoRG=TODAS&situacaoAtual=S&txtTituloTema=&numeroTemaInicial=394&numeroTemaFinal=394&acao=pesquisarProcesso&dataInicialJulgPV=&dataFinalJulgPV=&classeProcesso=&numeroProcesso=&ministro=&txtRamoDireito=&ordenacao=asc&botao=http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo847.htm#Reparao econmica de anistiado poltico e disponibilidade oramentria

  • 20ndice de Teses

    Havendo rubricas no oramento destinadas ao pagamento das indenizaes

    devidas aos anistiados polticos e no demonstrada a ausncia de disponibi-

    lidade de caixa, a Unio h de promover o pagamento do valor ao anistiado

    no prazo de sessenta dias.

    Havendo ao especfica para pagamento das reparaes econmicas a anistiados polticos civis, bem como destinao da verba em montante expressivo em lei, no se pode acolher a alegao de ausncia de previso oramentria para atendimento da pretenso4.

    Ademais, no h que se aplicar o regime jurdico do art. 100 da Constituio Federal se a Administrao Pblica reconhece, administrativamente, que o anistiado possui direito ao valor decorrente da concesso da anistia. A dvida da Fazenda Pblica no foi reconhecida por meio de deciso do Poder Judicirio. A discusso cinge-se ao mo-mento do pagamento. O direito lquido e certo do impetrante j foi reconhecido pela portaria especfica que declarou sua condio de anistiado, sendo, ento, fixado o valor que lhe era devido, de cunho indenizatrio. O que se tem, na espcie, uma obrigao de fazer por parte da Unio que est sendo descumprida.

    Por fim, no se admite o argumento de que o pagamento dos valores levar a uma situao de exausto oramentria, pois a inexistncia de recursos deve ser real, demonstrada de forma esclarecedora. A exausto j deve estar presente, ou seja, a indisponibilidade de caixa deve ser situao atual e no mera possibilidade futura.

    1 Fixada a seguinte tese de repercusso geral, dividida em trs pontos: 1) Reconhecido o direito anistia poltica, a falta de cumprimento de requisio ou determinao de providncias por parte da Unio, por intermdio do rgo competente, no prazo previsto nos arts. 12, 4, e 18, caput e pargrafo nico, da Lei 10.559/2002, caracteriza ilegalidade e violao de direito lquido e certo; 2) havendo rubricas no oramento destinadas ao pagamento das indenizaes devidas aos anistia-dos polticos e no demonstrada a ausncia de disponibilidade de caixa, a Unio h de promover o pagamento do valor ao anistiado no prazo de 60 dias; 3) na ausncia ou na insuficincia de disponi-bilidade oramentria no exerccio em curso, cumpre Unio promover sua previso no projeto de lei oramentria imediatamente seguinte.

  • 21ndice de Teses

    2 Art. 12. Fica criada, no mbito do Ministrio da Justia, a Comisso de Anistia, com a finalidade de examinar os requerimentos referidos no art. 10 desta Lei e assessorar o respectivo Ministro de Esta-do em suas decises. (...) 4 As requisies e decises proferidas pelo Ministro de Estado da Justia nos processos de anistia poltica sero obrigatoriamente cumpridas no prazo de sessenta dias, por todos os rgos da Administrao Pblica e quaisquer outras entidades a que estejam dirigidas, ressalvada a disponibilidade oramentria. (...) Art. 18. Caber ao Ministrio do Planejamento, Or-amento e Gesto efetuar, com referncia s anistias concedidas a civis, mediante comunicao do Ministrio da Justia, no prazo de sessenta dias a contar dessa comunicao, o pagamento das reparaes econmicas, desde que atendida a ressalva do 4 do art. 12 desta Lei.

    3 RMS 26.899, rel. min. Crmen Lcia, 1 T, DJE de 6-8-2010. 4 RMS 27.094, rel. min. Dias Toffoli, DJE de 2-8-2010.

  • 22ndice de Teses

    RMS 34.054rel. min. Marco Aurlio1 TurmaDJE de 28-8-2017Informativo STF 863

    A instaurao de processo especfico de anulao de anistia caracteriza ato im-

    pugnvel, capaz de, por si s, viabilizar impugnao pela via mandamental.

    O tema relacionado reviso das anistias deferidas a militares afastados por mo-tivos polticos pode ser delimitado em, pelo menos, duas fases: a) publicao de portaria1, por meio da qual se determina a realizao de amplo procedimento de reviso das portarias declaratrias da condio de anistiado poltico2; b) instaura-o de processos individuais de reanlise dos atos de anistia, etapa inaugurada por despacho do ministro da Justia, no sentido da reviso, de ofcio, das concesses de anistia, autorizada a abertura de processo de anulao de portaria declaratria da condio de anistiado poltico.

    A mera instaurao de processo geral de reviso de anistias, estgio inicial do pro-cedimento de autotutela administrativa, no caracteriza ato lesivo a direito capaz de, por si s, viabilizar a impugnao pela via mandamental3. No entanto, as balizas so outras quando, ultrapassada a primeira fase procedimental, estrita a estudos prelimi-nares sobre os atos concessivos de anistia, a Administrao instaura processo tenden-te anulao de portaria de anistia individualizada.

    Nessa hiptese, a atuao estatal mostra-se ameaa real, objetiva e iminente situao jurdica do anistiado. Assim, a clusula constitucional de acesso ao Judici-rio, porquanto assegura ao cidado tutela contra leso ou ameaa de leso a direito, direciona adequao do mandado de segurana, a fim de assegurar direito lquido e certo do impetrante.

    Por fim, em ambas as fases, a tica central sustentada pelos anistiados a con-figurao da decadncia da possibilidade de o poder pblico rever e anular os atos anistiadores. Nesse ponto, caber Administrao demonstrar, junto ao Superior Tribunal de Justia, a no ocorrncia, presente o fato de a norma veiculada na parte final do art. 54 da Lei 9.784/19994 constituir exceo regra que favorece o benefi-cirio do ato administrativo.

    Direito Administrativo Controle da Administrao Pblica

    Controle judicial Mandado de segurana

    http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=13456391http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo863.htm#Mandado de segurana: instaurao de processo de reviso de anistia e direito lquido e certo - 2

  • 23ndice de Teses

    1 Portaria Interministerial 134/2011 do ministro de Estado da Justia e do advogado-geral da Unio. 2 Editadas em decorrncia dos afastamentos motivados pela Portaria 1.104-GM3/1964, da Fora A-

    rea Brasileira.

    3 Precedentes: RMS 30.973, rel. min. Crmen Lcia, 1 T, DJE de 29-3-2012; e RMS 30.993, rel. min. Celso de Mello, deciso monocrtica, DJE de 4-5-2012.

    4 Art. 54. O direito da Administrao de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favo-rveis para os destinatrios decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada m-f.

  • INTERVENO DO ESTADO NA PROPRIEDADEDIREITO ADMINISTRATIVO

  • 25ndice de Teses

    A expropriao prevista no art. 243 da Constituio Federal (CF)1 pode ser

    afastada, desde que o proprietrio comprove que no incorreu em culpa, ain-

    da que in vigilando ou in eligendo.

    O instituto previsto no art. 243 da CF no se traduz em verdadeira espcie de desa-propriao, mas em penalidade ou confisco imposto ao proprietrio que praticou a atividade ilcita de cultivar plantas psicotrpicas sem autorizao prvia do rgo sanitrio do Ministrio da Sade2.

    A nova redao, dada pela Emenda Constitucional 81/2014, alm de incluir a explorao de trabalho escravo como nova hiptese de cabimento do confisco, su-primiu a previso de que a expropriao seria imediata e inseriu a observncia dos direitos fundamentais previstos no art. 5 da CF, no que couber.

    Ademais, a Constituio Federal em nenhum momento menciona a participao do proprietrio no cultivo ilcito para ensejar a sano. Porm, no se pode negar que a medida sancionatria, exigindo-se algum grau de culpa para sua caracterizao.

    A nova redao do art. 243 da CF aclarou a necessidade de observncia de nexo mnimo de imputao da atividade ilcita ao atingido pela sano. A responsabilidade do proprietrio, embora subjetiva, bastante prxima da objetiva.

    Se o proprietrio agiu com culpa, mesmo no tendo participado diretamente, de-ver ser expropriado. A funo social da propriedade gera para o proprietrio o dever de zelar pelo uso lcito do seu imvel, ainda que no esteja na posse direta.

    Porm, esse dever no ilimitado. Somente se pode exigir do proprietrio que evite o ilcito quando isso estiver razoavelmente ao seu alcance. O proprietrio pode, portanto, afastar sua responsabilidade, demonstrando que no incorreu em culpa. Pode provar que foi esbulhado, ou at enganado por possuidor ou detentor.

    Por fim, em caso de condomnio, havendo boa-f de apenas alguns dos proprie-trios, a sano deve ser aplicada. Restar ao proprietrio inocente buscar reparao dos demais.

    Direito Administrativo Interveno do Estado na propriedade

    Expropriao Demonstrao de culpa Repercusso Geral

    RE 635.336RG Tema 399rel. min. Gilmar MendesPlenrioDJE de 15-9-2017Informativo STF 851

    http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/listarProcesso.asp?PesquisaEm=tema&PesquisaEm=controversia&PesquisaEm=ambos&situacaoRG=TODAS&situacaoAtual=S&txtTituloTema=&numeroTemaInicial=399&numeroTemaFinal=399&acao=pesquisarProcesso&dataInicialJulgPV=&dataFinalJulgPV=&classeProcesso=&numeroProcesso=&ministro=&txtRamoDireito=&ordenacao=asc&botao=http://www.stf.jus.br/portal/informativo/verInformativo.asp?s1=635336&numero=851&pagina=1&base=INFO

  • 26ndice de Teses

    1 Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer regio do Pas onde forem localizadas cul-turas ilegais de plantas psicotrpicas ou a explorao de trabalho escravo na forma da lei sero expropriadas e destinadas reforma agrria e a programas de habitao popular, sem qualquer indenizao ao proprietrio e sem prejuzo de outras sanes previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no art. 5. Pargrafo nico. Todo e qualquer bem de valor econmico apreen-dido em decorrncia do trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins e da explorao de trabalho escravo ser confiscado e reverter a fundo especial com destinao especfica, na forma da lei.

    2 GASPARINI, Digenes. Direito administrativo. 17. ed. So Paulo: Saraiva, 2012. p. 202.

  • ORGANIZAO DA ADMINISTRAO PBLICADIREITO ADMINISTRATIVO

  • 28ndice de Teses

    aplicvel o regime dos precatrios s sociedades de economia mista presta-

    doras de servio pblico prprio do Estado e de natureza no concorrencial1.

    Ao atuar nessas condies, a sociedade de economia mista presta servio pblico primrio e em regime de exclusividade, o qual corresponde prpria atuao do Estado, haja vista no visar obteno de lucro e deter capital social majoritaria-mente estatal2.

    Permitir ordens de bloqueio, penhora e liberao de valores da conta nica do Estado de forma indiscriminada, fundadas em direitos subjetivos individuais, poderia significar retardo ou descontinuidade de polticas pblicas ou, ainda, desvio da forma legalmente prevista para a utilizao de recursos pblicos3.

    Por consequncia, o uso indiscriminado desses procedimentos, alm de desvirtuar a vontade do legislador estadual e violar os princpios constitucionais da atividade financeira estatal, em especial o da legalidade oramentria (CF, art. 167, IV4), consti-tuiria interferncia indevida, em ofensa aos princpios da independncia e da harmo-nia entre os Poderes (CF, art. 25).

    1 Precedentes: RE 225.011, red. p/ o ac. min. Maurcio Corra, P, DJ de 19-12-2002; RE 393.032 AgR, rel. min. Crmen Lcia, 1 T, DJE de 18-12-2009; e RE 852.527 AgR, rel. min. Crmen Lcia, 2 T, DJE de 13-2-2015.

    2 RE 852.302 AgR, rel. min. Dias Toffoli, 2 T, DJE de 26-2-2016. 3 ADPF 114 MC, rel. min. Joaquim Barbosa, deciso monocrtica, DJ de 27-6-2007. 4 Art. 167. So vedados: (...) IV a vinculao de receita de impostos a rgo, fundo ou despesa,

    ressalvadas a repartio do produto da arrecadao dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinao de recursos para as aes e servios pblicos de sade, para manuteno e desenvolvi-mento do ensino e para realizao de atividades da administrao tributria, como determinado, res-

    Direito Administrativo Organizao da Administrao Pblica

    Administrao Indireta Sociedades de economia mista

    ADPF 387rel. min. Gilmar MendesPlenrioDJE de 25-10-2017Informativo STF 858

    http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=13922687http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo858.htm#Precatrios e sociedade de economia mista

  • 29ndice de Teses

    pectivamente, pelos arts. 198, 2, 212 e 37, XXII, e a prestao de garantias s operaes de crdito por antecipao de receita, previstas no art. 165, 8, bem como o disposto no 4 deste artigo;

    5 Art. 2 So Poderes da Unio, independentes e harmnicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judicirio.

  • 30ndice de Teses

    Os pagamentos devidos, em razo de pronunciamento judicial, pelos conse-

    lhos de fiscalizao no se submetem ao regime de precatrios.

    O art. 100 da Constituio Federal (CF)1, que cuida do sistema de precatrios, diz res-peito a pagamentos a serem feitos no pelos conselhos, mas pelas Fazendas Pblicas.

    Os conselhos de fiscalizao profissionais so autarquias especiais, possuem perso-nalidade jurdica de direito pblico e esto submetidos s regras constitucionais, tais como a fiscalizao pelo Tribunal de Contas da Unio e a submisso ao sistema de concurso pblico para arregimentao de pessoal.

    Entretanto, esses conselhos no esto submetidos ao Captulo II do Ttulo VI da CF que versa sobre finanas pblicas (arts. 163 a 169) , no so rgos dotados de oramentos e tampouco recebem aportes do Poder Central, que a Unio.

    Nesse sentido, se no possvel incluir os conselhos no grande todo representado pela Fazenda Pblica, no possvel aplicar a eles o art. 100 da CF. Por conseguinte, o dbito de conselho fiscalizador profissional no executvel como dbito da Fazenda.

    1 Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Pblicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentena judiciria, far-se-o exclusivamente na ordem cronolgica de apresentao dos precatrios e conta dos crditos respectivos, proibida a designao de casos ou de pessoas nas dotaes oramentrias e nos crditos adicionais abertos para este fim.

    Direito Administrativo Organizao da Administrao Pblica

    Administrao Indireta Autarquias Repercusso Geral

    RE 938.837RG Tema 877red. p/ o ac. min. Marco AurlioPlenrioDJE de 25-9-2017Informativo STF 861

    http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=13650650http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/listarProcesso.asp?PesquisaEm=tema&PesquisaEm=controversia&PesquisaEm=ambos&situacaoRG=TODAS&situacaoAtual=S&txtTituloTema=&numeroTemaInicial=+++++877++&numeroTemaFinal=+++++877++&acao=pesquisarProcesso&dataInicialJulgPV=&dataFinalJulgPV=&classeProcesso=&numeroProcesso=&ministro=&txtRamoDireito=&ordenacao=asc&botao=http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo861.htm#Conselhos profissionais e sistema de precat%C3%B3rios

  • PROCESSO ADMINISTRATIVODIREITO ADMINISTRATIVO

  • 32ndice de Teses

    O termo inicial para a formalizao de mandado de segurana pressupe a

    cincia do impetrante, quando o ato impugnado surgir no mbito de proces-

    so administrativo do qual seja parte.

    No tocante aos parmetros do ato de notificao, a Administrao deve seguir o disposto nos arts. 31 e 262 da Lei 9.784/1999. Tais dispositivos asseguram ao inte-ressado tomar cincia da tramitao dos processos administrativos, ter vista dos autos, obter cpias de documentos neles contidos e conhecer as decises proferidas, incumbindo ao rgo competente perante o qual tramita o processo administrativo determinar a intimao do interessado para o conhecimento da deciso ou a efeti-vao de diligncias.

    Ante o quadro normativo, mostra-se despicienda a circunstncia de o ato impugna-do ter sido publicado no Dirio Oficial. Para que haja o curso do prazo de decadncia, indispensvel no apenas o que se poderia tomar como intimao ficta, mas contar-se com a cincia inequvoca do titular do direito substancial em jogo.

    Instrudo o processo com documentos suficientes ao exame da pretenso vei-

    culada na petio inicial, descabe suscitar a inadequao da via mandamental.

    Inexiste bice ao processamento do mandado de segurana quando o exame da pretenso no pressupe produo de provas, a impetrao no utilizada como substitutiva de ao especfica e os documentos trazidos ao processo revelam a exis-tncia de ato impugnvel passvel de anlise.

    1 Art. 3 O administrado tem os seguintes direitos perante a Administrao, sem prejuzo de ou-tros que lhe sejam assegurados: I ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, que devero facilitar o exerccio de seus direitos e o cumprimento de suas obrigaes; II ter cincia da tramitao dos processos administrativos em que tenha a condio de interessado, ter vista dos

    Direito Administrativo Processo administrativo

    Comunicao dos atos Cincia do interessado

    RMS 32.487rel. min. Marco Aurlio1 TurmaDJE de 21-11-2017Informativo STF 884

    http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=14091693http://stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo884.htm#Mandado de segurana e prazo decadencial

  • 33ndice de Teses

    autos, obter cpias de documentos neles contidos e conhecer as decises proferidas; III formular alegaes e apresentar documentos antes da deciso, os quais sero objeto de considerao pelo rgo competente; IV fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo quando obrigatria a representao, por fora de lei.

    2 Art. 26. O rgo competente perante o qual tramita o processo administrativo determinar a inti-mao do interessado para cincia de deciso ou a efetivao de diligncias. 1 A intimao dever conter: I identificao do intimado e nome do rgo ou entidade administrativa; II finalidade da intimao; III data, hora e local em que deve comparecer; IV se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou fazer-se representar; V informao da continuidade do processo independente-mente do seu comparecimento; VI indicao dos fatos e fundamentos legais pertinentes. 2 A intimao observar a antecedncia mnima de trs dias teis quanto data de comparecimento. 3 A intimao pode ser efetuada por cincia no processo, por via postal com aviso de recebimen-to, por telegrama ou outro meio que assegure a certeza da cincia do interessado. 4 No caso de interessados indeterminados, desconhecidos ou com domiclio indefinido, a intimao deve ser efe-tuada por meio de publicao oficial. 5 As intimaes sero nulas quando feitas sem observncia das prescries legais, mas o comparecimento do administrado supre sua falta ou irregularidade.

  • RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADODIREITO ADMINISTRATIVO

  • 35ndice de Teses

    Considerando que dever do Estado, imposto pelo sistema normativo,

    manter em seus presdios os padres mnimos de humanidade previstos no

    ordenamento jurdico, de sua responsabilidade, nos termos do art. 37, 6,

    da Constituio Federal (CF)1, a obrigao de ressarcir os danos, inclusive

    morais, comprovadamente causados aos detentos em decorrncia da falta

    ou insuficincia das condies legais de encarceramento.

    A garantia mnima de segurana pessoal, fsica e psquica dos detentos constitui de-ver estatal que possui amplo lastro no apenas no ordenamento nacional CF2, Lei 7.210/1984 (Lei de Execuo Penal), Lei 9.455/1997 (Lei de Tortura), Lei 12.847/2013 (Sistema Nacional de Preveno e Combate Tortura) , mas tambm em fontes normativas internacionais adotadas pelo Brasil Pacto Internacional de Direitos Civis e Polticos das Naes Unidas; Conveno Americana de Direitos Humanos; Princpios e Boas Prticas para a Proteo de Pessoas Privadas de Liberdade nas Amricas (Resoluo 1/2008 da Comisso Interamericana de Direitos Humanos); Conveno da ONU Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruis, De-sumanos ou Degradantes; e Regras Mnimas para o Tratamento de Prisioneiros.

    O dever de ressarcir danos, inclusive morais, efetivamente causados por aes e omisses dos agentes estatais ou pela inadequao dos servios pblicos decorre diretamente do art. 37, 6, da CF. Tal norma autoaplicvel, no sujeita a interme-diao legislativa ou administrativa para assegurar o correspondente direito subje-tivo indenizao.

    Ocorrendo o dano e estabelecido o seu nexo causal com a atuao da Adminis-trao ou dos seus agentes, nasce a responsabilidade civil do Estado. Nesse caso, os recursos financeiros para a satisfao do dever de indenizar, objeto da condenao, sero providos, se for o caso, na forma do art. 100 da CF.

    O Estado responsvel pela guarda e segurana das pessoas submetidas a encarce-ramento, sendo seu dever mant-las em condies carcerrias com mnimos padres

    Direito Administrativo Responsabilidade civil do Estado

    Responsabilidade objetiva Estabelecimentos penitencirios Repercusso Geral

    RE 580.252RG Tema 365red. p/ o ac. min. Gilmar MendesPlenrioDJE de 11-9-2017Informativo STF 854

    http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=13578623http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/listarProcesso.asp?PesquisaEm=tema&PesquisaEm=controversia&PesquisaEm=ambos&situacaoRG=TODAS&situacaoAtual=S&txtTituloTema=&numeroTemaInicial=365+++++++&numeroTemaFinal=365+++++++&acao=pesquisarProcesso&dataInicialJulgPV=&dataFinalJulgPV=&classeProcesso=&numeroProcesso=&ministro=&txtRamoDireito=&ordenacao=asc&botao=http://stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo854.htm#Responsabilidade civil do Estado: superpopulao carcerria e dever de indenizar - 4

  • 36ndice de Teses

    de humanidade estabelecidos em lei, bem como, se for o caso, ressarcir os danos que da decorrerem. A responsabilidade estatal ser objetiva, no que concerne integri-dade fsica e psquica daqueles que esto sob sua custdia3.

    As violaes a direitos fundamentais causadoras de danos pessoais a detentos em estabelecimentos carcerrios no podem ser relevadas ao argumento de que a indeni-zao no tem o alcance para eliminar o grave problema prisional globalmente con-siderado, que depende da definio e da implantao de polticas pblicas especficas, providncias essas de atribuio legislativa e administrativa. Bem como no possvel invocar subterfgios tericos tais como a separao dos Poderes, a reserva do poss-vel e a natureza coletiva dos danos sofridos para se afastar a responsabilidade estatal pelas calamitosas condies de carceragem no Brasil.

    1 Art. 37. (...) 6 As pessoas jurdicas de direito pblico e as de direito privado prestadoras de ser-vios pblicos respondero pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsvel nos casos de dolo ou culpa.

    2 Art. 5 Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza, garantindo-se aos brasi-leiros e aos estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade, igualda-de, segurana e propriedade, nos termos seguintes: (...) XLVII no haver penas: (...) e) cruis; XLVIII a pena ser cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; XLIX assegurado aos presos o respeito integridade fsica e moral;

    3 Precedentes: ARE 662.563 AgR, rel. min. Gilmar Mendes, 2 T, DJE de 2-4-2012; RE 466.322 AgR, rel. min. Eros Grau, 2 T, DJE de 27-4-2007; e RE 272.839, rel. min. Gilmar Mendes, 2 T, DJ de 8-4-2005.

  • SERVIDORES PBLICOSDIREITO ADMINISTRATIVO

  • 38ndice de Teses

    constitucional a reserva de 20% das vagas oferecidas nos concursos p-

    blicos para provimento de cargos efetivos e empregos pblicos no mbito

    da Administrao Pblica Direta e Indireta. legtima a utilizao, alm da

    autodeclarao, de critrios subsidirios de heteroidentificao, desde que

    respeitada a dignidade da pessoa humana e garantidos o contraditrio e a

    ampla defesa.

    Esses critrios, prescritos na Lei 12.990/20141, esto em consonncia com o ordena-mento constitucional, que rejeita todas as formas de preconceito e discriminao e impe ao Estado o dever de atuar positivamente no combate ao racismo e na redu-o das desigualdades sociais (CF, arts. 3, III2, e 5, caput e XLII3).

    A desequiparao promovida por essa poltica de ao afirmativa condiz com o princpio da isonomia e se funda na necessidade de superar o racismo estrutural e institucional ainda existente na sociedade brasileira. Alm disso, a lei visa garantir a igualdade material entre os cidados por meio da distribuio mais equitativa de bens sociais e da promoo do reconhecimento da populao afrodescendente. Dessa forma, a medida favoreceria a obteno de postos de prestgio por um grupo histo-ricamente alijado na distribuio de recursos e poder na sociedade, a superao dos esteretipos raciais, o aumento de autoestima da populao negra, a reduo dos pre-conceitos e da discriminao, a valorizao do pluralismo e a promoo da diversida-de na Administrao Pblica.

    Nesse contexto, inexiste violao ao princpio do concurso pblico e da eficincia. A reserva de vagas para negros no isenta os beneficirios da aprovao no certame para que sejam considerados aptos a exercer, de forma adequada e eficiente, um cargo pblico. Assim, mantm-se a livre concorrncia no acesso ao servio pblico, com igualdade de oportunidades para todos os candidatos, e a impessoalidade no processo seletivo.

    Direito Administrativo Servidores pblicos

    Concurso pblico Regramento jurdico

    ADC 41rel. min. Roberto BarrosoPlenrioDJE de 17-8-2017Informativo STF 868

    http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=13375729http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo868.htm#Cotas raciais: vagas em cargos e empregos p%C3%BAblicos e mecanismo de controle de fraude - 2

  • 39ndice de Teses

    A incorporao da raa como critrio de seleo potencializa o princpio da efi-cincia ao criar um servio pblico representativo, capaz de garantir que as opinies e os interesses de toda a populao sejam considerados nas decises estatais, alm de refletir a realidade da populao brasileira.

    A existncia de uma poltica de cotas para ingresso de negros em universidades pblicas no afeta a reserva de cargos disponveis nos concursos pblicos, tampouco gera vantagem dupla para seus beneficirios. Isso porque nem todos os cargos e em-pregos pblicos exigem curso superior e no necessariamente o beneficirio da ao afirmativa no servio pblico utilizou-se de cotas para acesso educao superior. Ademais, outros fatores impedem os negros de competir igualitariamente nos con-cursos pblicos, como a ausncia de condies financeiras para aquisio de material didtico, para frequentar cursos preparatrios, para dedicar-se exclusivamente ao es-tudo, alm da persistncia de preconceitos.

    A medida observa o princpio da proporcionalidade em sua trplice dimenso: adequada para a promoo do objetivo a que se destina; necessria, pois no h medida alternativa menos gravosa e igualmente idnea promoo dos objetivos da Lei 12.990/2014; e proporcional em sentido estrito, pois o percentual de reserva de 20% das vagas para negros razovel, visto que uma parcela relevante das vagas ainda continuar destinada livre concorrncia, tendo a lei previsto que a reserva somente ser aplicada quando o nmero de vagas em disputa for igual ou superior a trs4. Alm disso, a poltica instituda possui carter transitrio (dez anos), institui modelo de monitoramento anual dos resultados e emprega mtodos de identificao do componente tnico-racial compatveis com o princpio da dignidade humana.

    Nesse cenrio, legtima a utilizao de critrios subsidirios de heteroidentifi-cao como mecanismos de controle de fraudes e de combate a abusos na autode-clarao, desde que respeitada a dignidade da pessoa humana e garantidos o con-traditrio e a ampla defesa. Seriam aplicveis, portanto, a autodeclarao presencial perante a comisso do concurso, a exigncia de fotos e a formao de comisses com composio plural para entrevista dos candidatos.

    Com o objetivo de garantir a efetividade dessa poltica de ao afirmativa, a Admi-nistrao Pblica dever aplicar os percentuais de reserva para todas as fases e vagas oferecidas nos concursos (no apenas para as previstas no edital de abertura). Os car-gos disponveis no podero ser fracionados de acordo com a especializao exigida com o intuito de burlar a ao afirmativa, que s se aplica quando houver mais de duas vagas. Por fim, a ordem classificatria obtida a partir dos critrios de alternncia

  • 40ndice de Teses

    e proporcionalidade na nomeao dos candidatos aprovados dever produzir efeitos durante toda a carreira funcional do beneficirio da reserva de vagas, influenciando promoes e remoes.

    1 Reserva aos negros 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas nos concursos pblicos para pro-vimento de cargos efetivos e empregos pblicos no mbito da administrao pblica federal, das autarquias, das fundaes pblicas, das empresas pblicas e das sociedades de economia mista con-troladas pela Unio.

    2 Art. 3 Constituem objetivos fundamentais da Repblica Federativa do Brasil: (...) III erradicar a pobreza e a marginalizao e reduzir as desigualdades sociais e regionais.

    3 Art. 5 Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza, garantindo-se aos bra-sileiros e aos estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade, igual-dade, segurana e propriedade, nos termos seguintes: (...) XLII a prtica do racismo constitui crime inafianvel e imprescritvel, sujeito pena de recluso, nos termos da lei.

    4 Lei 12.990/2014: Art. 1 (...) 1 A reserva de vagas ser aplicada sempre que o nmero de vagas oferecidas no concurso pblico for igual ou superior a 3 (trs).

  • 41ndice de Teses

    Editais de concurso pblico no podem estabelecer restrio a pessoas com

    tatuagem, salvo situaes excepcionais em razo de contedo que viole va-

    lores constitucionais.

    inconstitucional a restrio elencada em edital de concurso para ocupao de cargo, emprego ou para o desempenho de funo pblica, sem expressa previso legal1, em observncia ao princpio da legalidade e em conformidade com o art. 37, I, da Constituio Federal (CF)2.

    O legislador no pode escudar-se em pretensa discricionariedade para criar barrei-ras legais arbitrrias e desproporcionais para o acesso s funes pblicas, de modo a ensejar a sensvel diminuio do nmero de possveis competidores e a impossibilida-de de escolha, pela Administrao, dos melhores candidatos. Por sua vez, os requisitos e impedimentos previstos em lei para o exerccio de funo pblica devem ser compa-tveis com a natureza e as atribuies das atividades a serem desempenhadas3. Assim, restries ofensivas aos direitos fundamentais, que violem o princpio da proporciona-lidade ou sejam imprprias para o exerccio da funo pblica, so inconstitucionais.

    certo que as tatuagens perderam, h algum tempo, o estigma de carter mar-ginal. Atualmente, so vistas como obra artstica e alcanam os mais diversos e he-terogneos grupos, com as mais variadas idades. Considerando que direito funda-mental do cidado preservar sua imagem como reflexo de sua identidade, o Estado no pode desestimular a insero voluntria de tatuagens no corpo, pois estaria se opondo livre manifestao do pensamento e de expresso, valores amplamente tu-telados pelo ordenamento jurdico brasileiro (CF, art. 5, IV4 e IX5).

    Incumbe ao Estado estimular o livre intercmbio de opinies em um mercado de ideias, indispensvel para a formao da opinio pblica, e assegurar que minorias possam se manifestar livremente no meio social, o que inclui a no intromisso e o respeito ao direito de escolha. Por sua vez, a Administrao Pblica deve exercer a discricionariedade entrincheirada no apenas pela avaliao unilateral a respeito da

    Direito Administrativo Servidores pblicos

    Concurso pblico Regramento jurdico Repercusso Geral

    RE 898.450RG Tema 838rel. min. Luiz FuxPlenrioDJE de 31-5-2017Informativo STF 835

    http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=12977132http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.asp?incidente=4804268&numeroProcesso=898450&classeProcesso=RE&numeroTema=838http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo835.htm#Concurso pblico e restrio tatuagem

  • 42ndice de Teses

    convenincia e oportunidade de um ato, mas, sobretudo, pelos direitos fundamentais em ambiente de perene dilogo com a sociedade.

    Ademais, com base nos princpios da liberdade e da igualdade, no h justificativa para que a Administrao Pblica e a sociedade visualizem, em pessoas que possuem tatuagens, marcas de marginalidade, inidoneidade ou inaptido fsica ou mental para o exerccio de determinado cargo pblico. Portanto, o Estado no pode considerar aprioristicamente como parmetro discriminatrio para o ingresso em uma carreira pblica o simples fato de uma pessoa possuir tatuagens, visveis ou no. Afinal, isso no macula, por si, a honra pessoal, o profissionalismo e o respeito s instituies, tampouco lhe diminui a competncia.

    No ordenamento jurdico ptrio, vale destacar a existncia de diversas leis sobre o tema no mbito das Foras Armadas, direcionadas especificamente para a Marinha6, a Aeronutica7 e o Exrcito8 e que probem, apenas, tatuagens ofensivas a determi-nados valores institucionais ou que representem ofensa ordem pblica. Quanto lei especfica do Exrcito, Lei 12.705/2012, nota-se a existncia de veto da Presidncia da Repblica ao critrio proposto de restrio ao ingresso de candidatos portadores de tatuagens que, pelas suas dimenses ou natureza, prejudiquem a camuflagem e comprometam as operaes militares (art. 2, VIII, b). A justificativa para o veto amparou-se na hodierna orientao de que o discrmen s se explica quando acompa-nhado de parmetros razoveis ou de critrios consistentes para sua aplicao.

    Nesse contexto, clusula editalcia que prev impedimento participao de can-didato em concurso pblico em anlise meramente esttica, exclusivamente por os-tentar tatuagem visvel, sem qualquer simbologia que justificasse seu afastamento do certame, merc de no possuir fundamento de validade em lei, revela-se preconcei-tuosa, discriminatria e desprovida de razoabilidade. Alm de no encontrar amparo na realidade, essa restrio afronta um dos objetivos fundamentais do Pas consagra-do no art. 3, IV, da CF9, o que impede que as tatuagens sejam inseridas no rol dos critrios para o reconhecimento de uma inaptido.

    Eventual restrio s se justifica excepcionalmente, caso seja necessria finalida-de que ela pretende alcanar e natureza do cargo pblico. Destarte, a tatuagem que viole valores institucionais ou constitucionais, ofenda a dignidade humana (como as de incentivo ao dio), represente obscenidades, expresse ideologias terroristas, ex-tremistas e contrrias s instituies democrticas, incite a violncia, a ameaa e a criminalidade, ou incentive a discriminao ou preconceitos de raa e sexo, ou qual-

  • 43ndice de Teses

    quer outra fora de intolerncia, incompatvel com o exerccio de qualquer cargo pblico.

    1 Precedentes: RE 593.198 AgR, rel. min. Dias Toffoli, 1 T, DJE de 1-10-2013; ARE 715.061 AgR, rel. min. Celso de Mello, 2 T, DJE de 19-6-2013; RE 558.833 AgR, rel. min. Ellen Gracie, 2 T, DJE de 25-9-2009; RE 398.567 AgR, rel. min. Eros Grau, 1 T, DJ de 24-3-2006; e MS 20.973, rel. min. Paulo Brossard, P, DJ de 24-4-1992.

    2 Art. 37. A administrao pblica direta e indireta de qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios obedecer aos princpios de legalidade, impessoalidade, mora-lidade, publicidade e eficincia e, tambm, ao seguinte: I os cargos, empregos e funes pblicas so acessveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei.

    3 Precedente: ARE 678.112 RG, rel. min. Luiz Fux, P, DJE de 17-5-2013. 4 Art. 5 Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza, garantindo-se aos bra-

    sileiros e aos estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade, igual-dade, segurana e propriedade, nos termos seguintes: (...) IV livre a manifestao do pensa-mento, sendo vedado o anonimato.

    5 Art. 5 (...) IX livre a expresso da atividade intelectual, artstica, cientfica e de comunicao, independentemente de censura ou licena.

    6 Lei 11.279/2006: Art. 11-A. (...) XII no apresentar tatuagem que, nos termos de detalhamento constante de normas do Comando da Marinha, faa aluso a ideologia terrorista ou extremista contrria s instituies democrticas, a violncia, a criminalidade, a ideia ou ato libidinoso, a discri-minao ou preconceito de raa, credo, sexo ou origem ou, ainda, a ideia ou ato ofensivo s Foras Armadas.

    7 Lei 12.464/2011: Art. 20. (...) XVII no apresentar tatuagem no corpo com smbolo ou inscrio que afete a honra pessoal, o pundonor militar ou o decoro exigido aos integrantes das Foras Ar-madas que faa aluso a: a) ideologia terrorista ou extremista contrria s instituies democrticas ou que pregue a violncia ou a criminalidade; b) discriminao ou preconceito de raa, credo, sexo ou origem; c) ideia ou ato libidinoso; e d) ideia ou ato ofensivo s Foras Armadas ou sociedade.

    8 Lei 12.705/2012: Art. 2 (...) VIII no apresentar tatuagens que, nos termos de detalhamento constante de normas do Comando do Exrcito: a) faa aluso a ideologia terrorista ou extremista contrria s instituies democrticas, a violncia, a criminalidade, a ideia ou ato libidinoso, a discri-minao ou preconceito de raa, credo, sexo ou origem ou, ainda, a ideia ou ato ofensivo s Foras Armadas;

    9 Art. 3 Constituem objetivos fundamentais da Repblica Federativa do Brasil: (...) IV promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raa, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminao.

  • 44ndice de Teses

    A Administrao Pblica deve proceder ao desconto dos dias de paralisao

    decorrentes do exerccio do direito de greve pelos servidores pblicos, em

    virtude da suspenso do vnculo funcional que dela decorre, permitida a

    compensao em caso de acordo. O desconto ser, contudo, incabvel se ficar

    demonstrado que a greve foi provocada por conduta ilcita do poder pblico.

    No julgamento dos MI 670, 708 e 712, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que, at a edio da lei regulamentadora do direito de greve, previsto no art. 37, VII, da Constituio Federal1, as Leis 7.701/1988 e 7.783/1989 poderiam ser aplicadas provisoriamente para possibilitar o exerccio desse direito pelos servidores pblicos, em especial os arts. 12 ao 93, 144, 155 e 176 da Lei 7.783/1989.

    Entretanto, esse direito no absoluto. Conquanto a paralisao seja possvel, porque um direito constitucional, ela tem consequncias. O STF j assentou o en-tendimento de que o desconto dos dias de paralisao nus inerente greve, assim como a paralisao parcial dos servios pblicos imposta sociedade consequncia natural do movimento.

    A aplicao do art. 7 da Lei 7.783/19897 induz ao entendimento de que, em prin-cpio, a deflagrao de greve corresponde suspenso do contrato de trabalho, na qual no h falar em prestao de servios, tampouco em pagamento de sua contra-prestao.

    Os grevistas assumem os riscos da empreitada, pois, do contrrio, estar-se-ia dian-te de caso de enriquecimento sem causa, a violar, inclusive, o princpio da indisponi-bilidade dos bens e do interesse pblico.

    Cabe esclarecer que a ausncia de regulamentao do direito de greve no trans-forma os dias de paralisao do movimento grevista em faltas injustificadas, razo pela qual esse desconto no tem o efeito disciplinar punitivo.8, 9 e 10

    Por fim, o desconto somente no se realizar se a greve tiver sido provocada por atraso no pagamento aos servidores pblicos civis ou por outras situaes excepcio-

    Direito Administrativo Servidores pblicos

    Direitos e deveres Direito de greve Repercusso Geral

    RE 693.456RG Tema 531rel. min. Dias ToffoliPlenrioDJE de 19-10-2017Informativo STF 845

    http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=13866341http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo845.htm

  • 45ndice de Teses

    nais que justifiquem o afastamento da premissa da suspenso da relao funcional ou de trabalho, tais como aquelas em que o ente da Administrao ou o empregador tenha contribudo, mediante conduta recriminvel, para que a greve ocorresse ou em que haja negociao sobre a compensao dos dias parados ou mesmo o parcelamen-to dos descontos.

    1 Art. 37. A administrao pblica direta e indireta de qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios obedecer aos princpios de legalidade, impessoalidade, mo-ralidade, publicidade e eficincia e, tambm, ao seguinte: (...) VII o direito de greve ser exercido nos termos e nos limites definidos em lei especfica;

    2 Art. 1 assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exerc-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. Pargrafo nico. O direito de greve ser exercido na forma estabelecida nesta Lei.

    3 Art. 9 Durante a greve, o sindicato ou a comisso de negociao, mediante acordo com a entidade patronal ou diretamente com o empregador, manter em atividade equipes de empregados com o propsito de assegurar os servios cuja paralisao resultem em prejuzo irreparvel, pela deterio-rao irreversvel de bens, mquinas e equipamentos, bem como a manuteno daqueles essenciais retomada das atividades da empresa quando da cessao do movimento. Pargrafo nico. No havendo acordo, assegurado ao empregador, enquanto perdurar a greve, o direito de contratar diretamente os servios necessrios a que se refere este artigo.

    4 Art. 14. Constitui abuso do direito de greve a inobservncia das normas contidas na presente Lei, bem como a manuteno da paralisao aps a celebrao de acordo, conveno ou deciso da Justia do Trabalho. Pargrafo nico. Na vigncia de acordo, conveno ou sentena normativa no constitui abuso do exerccio do direito de greve a paralisao que: I tenha por objetivo exigir o cumprimento de clusula ou condio; II seja motivada pela supervenincia de fato novo ou acontecimento imprevisto que modifique substancialmente a relao de trabalho.

    5 Art. 15. A responsabilidade pelos atos praticados, ilcitos ou crimes cometidos, no curso da greve, ser apurada, conforme o caso, segundo a legislao trabalhista, civil ou penal. Pargrafo nico. Dever o Ministrio Pblico, de ofcio, requisitar a abertura do competente inqurito e oferecer denncia quando houver indcio da prtica de delito.

    6 Art. 17. Fica vedada a paralisao das atividades, por iniciativa do empregador, com o objetivo de frustrar negociao ou dificultar o atendimento de reivindicaes dos respectivos empregados (lockout). Pargrafo nico. A prtica referida no caput assegura aos trabalhadores o direito per-cepo dos salrios durante o perodo de paralisao.

    7 Art. 7 Observadas as condies previstas nesta Lei, a participao em greve suspende o contrato de trabalho, devendo as relaes obrigacionais, durante o perodo, ser regidas pelo acordo, con-veno, laudo arbitral ou deciso da Justia do Trabalho. Pargrafo nico. vedada a resciso de contrato de trabalho durante a greve, bem como a contratao de trabalhadores substitutos, exceto na ocorrncia das hipteses previstas nos arts. 9 e 14.

  • 46ndice de Teses

    8 ADI 3.235, red. p/ o ac. min. Gilmar Mendes, P, DJE de 12-3-2010. 9 RE 226.966, red. p/ o ac. min. Crmen Lcia, 1 T, DJE de 21-8-2009. 10 RE 222.532, rel. min. Seplveda Pertence, 1 T, DJ de 1-9-2000.

  • 47ndice de Teses

    Direito Administrativo Servidores pblicos

    Regime jurdico Jornada de trabalho

    A jornada de trabalho dos ocupantes de cargos pblicos do Poder Judicirio

    federal das reas de medicina e odontologia , respectivamente, de quatro

    (vinte horas semanais) e seis (trinta horas semanais) horas dirias.

    A Lei 11.416/2006 silente a respeito da jornada de trabalho dos servidores do Po-der Judicirio. Porm, existindo legislao especfica que discipline a jornada de mdicos e odontlogos, ocupantes de cargos pblicos, aplica-se a norma de carter especial em detrimento da regra geral inserta no caput do art. 19 da Lei 8.112/19901.

    Nos termos da Lei 12.702/2012 e do Decreto-Lei 2.140/1984, a jornada de traba-lho dos servidores das reas de medicina e odontologia , respectivamente, de vinte horas semanais (no caso dos mdicos) e trinta horas semanais (para os odontlogos).

    As leis acima mencionadas no contemplam servidores analistas judicirios es-pecialidades medicina ou odontologia ocupantes de cargo em comisso e funo comissionada. Neste caso, tero que cumprir a jornada integral de trabalho.

    1 Art. 19. Os servidores cumpriro jornada de trabalho fixada em razo das atribuies pertinentes aos respectivos cargos, respeitada a durao mxima do trabalho semanal de quarenta horas e ob-servados os limites mnimo e mximo de seis horas e oito horas dirias, respectivamente.

    MS 33.853rel. min. Dias Toffoli2 TurmaDJE de 29-9-2017Informativo STF 869

    http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=13701722http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo869.htm#Jornada de trabalho reduzida e legislao especfica

  • 48ndice de Teses

    Direito Administrativo Servidores pblicos

    Regime prprio de previdncia social Aposentadoria compulsria Repercusso Geral

    RE 786.540RG Tema 763rel. min. Dias ToffoliPlenrioDJE de 15-12-2017Informativo STF 851

    Os servidores ocupantes de cargo exclusivamente em comisso no se sub-

    metem regra da aposentadoria compulsria prevista no art. 40, 1, II, da

    Constituio Federal (CF)1, a qual atinge apenas os ocupantes de cargo de pro-

    vimento efetivo, inexistindo, tambm, qualquer idade limite para fins de no-

    meao a cargo em comisso.

    O referido dispositivo apresenta um ntido recorte: o regramento previdencirio nele previsto aplica-se, via de regra, aos servidores efetivos2, os quais, embora to servidores pblicos quanto os comissionados3, com eles no se confundem. Tivesse o dispositivo em questo o intuito de referir-se aos servidores genericamente consi-derados, no traria na letra da norma delimitao expressa.

    A lgica que rege as nomeaes para cargos comissionados distinta daquela que rege as nomeaes para os efetivos. Os ltimos ingressam no servio pblico me-diante concurso. H, ademais, o adicional de possurem estabilidade e tenderem a manter com o Estado um longo e slido vnculo, o que torna admissvel a expulsria como forma de oxigenao e renovao. Os primeiros, por sua vez, adentram a es-trutura estatal para o desempenho de cargos de chefia, direo ou assessoramento, pressupondo-se, como substrato de sua designao, a existncia de uma relao de confiana pessoal e de especialidade incomum. O comissionado adentra o servio pblico, entre outros motivos, para agregar a esse ltimo uma habilidade no facil-mente encontrada, uma formao tcnica especializada. Exerce, ao menos na teoria, atribuies diferenciadas, tanto do ponto de vista da rotina e das responsabilidades no local de trabalho como da prpria atividade intelectual. Sendo esse o fundamento da nomeao, no h razo para submeter o indivduo compulsria quando, alm de persistirem a relao de confiana e a especializao tcnica e intelectual, o servidor exonervel a qualquer momento, independentemente, inclusive, de motivao.

    Por sua vez, o art. 40, 13, da CF4, ao determinar a aplicao do Regime Geral de Previdncia Social (RGPS), evidencia o tratamento dissonante a ser conferido aos

    http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=14213551http://stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.asp?incidente=4501827&numeroProcesso=786540&classeProcesso=RE&numeroTema=763http://stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo851.htm#Direito Administrativo - Servidores P%C3%BAblicos. Cargo em comiss%C3%A3o, fun%C3%A7%C3%A3o comissionada e aposentadoria compuls%C3%B3ria

  • 49ndice de Teses

    ocupantes de cargo em comisso. Dessa previso constitucional decorre que a passa-gem para a inatividade observar o art. 201 da CF5 e a Lei 8.213/1990, que arrolam as seguintes espcies de aposentadoria: por invalidez, por idade, por tempo de servio e especial. Portanto, inexiste, para os indivduos vinculados ao RGPS, qualquer previ-so de compulsoriedade de aposentao, a qual ser sempre facultativa.

    Alm disso, cabe destacar que, se no h idade limite para a inativao e se a legis-lao de regncia no cuidou do tema, tambm no h idade limite para o ingresso em cargo comissionado. Os motivos que justificam a no incidncia da norma do art.40, 1, II, da CF amparam tambm a impossibilidade de se proibir que o maior de 75 anos seja nomeado para o exerccio de cargo de confiana na Administrao P-blica. Enquanto no houver alterao constitucional ou edio de lei estabelecendo idade mxima justificada sempre pela natureza das atribuies do cargo , no h falar em observncia do marco de 75 anos de idade ou de qualquer outro para fins de escolha e designao para a espcie de funo em comento.

    Ressalvados impedimentos de ordem infraconstitucional, inexiste bice

    constitucional a que o servidor efetivo aposentado compulsoriamente per-

    manea no cargo comissionado que j desempenhava ou a que seja nomeado

    para outro cargo de livre nomeao e exonerao, uma vez que no se trata

    de continuidade ou criao de vnculo efetivo com a Administrao.

    Nessas situaes, verifica-se a coexistncia de vnculo funcional efetivo e de cargo em comisso sem vnculo efetivo, para o que no se vislumbra vedao, inclusive sob o ponto de vista previdencirio.

    O servidor efetivo aposentado compulsoriamente, embora mantenha esse vnculo com a Administrao mesmo aps sua passagem para a inatividade, ao tomar posse em funo de provimento em comisso, inaugura, com essa ltima, uma segunda e nova relao, agora relativa ao cargo comissionado. No se trata de forma irregular de continuidade do vnculo efetivo, uma vez que comissionados e efetivos so esp-cies dspares do gnero servidor pblico.

    1 Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, includas suas autarquias e fundaes, assegurado regime de previdncia de carter contributivo e solidrio, mediante contribuio do respectivo ente pblico, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critrios que preservem o equilbrio financeiro e atuarial e o

  • 50ndice de Teses

    disposto neste artigo. 1 Os servidores abrangidos pelo regime de previdncia de que trata este ar-tigo sero aposentados, calculados os seus proventos a partir dos valores fixados na forma dos 3 e 17:(...) II compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo de contribuio, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar;

    2 Os cargos de provimento efetivo so aqueles destinados ao provimento em carter definitivo. A permanncia que identifica a forma de ocupao. o cargo ocupado por algum sem transito-riedade ou adequado a uma ocupao permanente, no preciso dizer de Digenes Gasparini. Eles devem ser exercidos, obrigatoriamente, por funcionrios concursados e de forma permanente, res-salvada a titularidade provisria do funcionrio ainda em perodo probatrio. (OLIVEIRA, Regis Fernandes de. Servidores pblicos. 3. ed. rev. e ampl. So Paulo: Malheiros, 2015. p. 48.)

    3 Os cargos de provimento em comisso, por sua vez, consubstanciam aqueles destinados a livre provimento e exonerao. O sentido literal de comisso pode ser expresso como um encargo ou incumbncia temporria oferecida pelo comitente. Nesse mesmo sentido, o cargo em comisso pode ser cargo isolado ou permanente, criado por lei, de ocupao transitria e livremente preen-chido pelo chefe do Executivo, segundo seu exclusivo critrio de confiana. Transitria, portanto, a permanncia do servidor escolhido, no o cargo, que criado por lei. (OLIVEIRA, Regis Fernan-des de. Servidores pblicos. 3. ed. rev. e ampl. So Paulo: Malheiros, 2015. p. 38.)

    4 Art. 40. (...) 13. Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em comisso declarado em lei de livre nomeao e exonerao bem como de outro cargo temporrio ou de emprego pblico, aplica--se o regime geral de previdncia social.

    5 Art. 201. A previdncia social ser organizada sob a forma de regime geral, de carter contributi-vo e de filiao obrigatria, observados critrios que preservem o equilbrio financeiro e atuarial, e atender, nos termos da lei, a: I cobertura dos eventos de doena, invalidez, morte e idade avanada; II proteo maternidade, especialmente gestante; III proteo ao trabalhador em situao de desemprego involuntrio; IV salrio-famlia e auxlio-recluso para os dependentes dos segurados de baixa renda; V penso por morte do segurado, homem ou mulher, ao cnjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no 2.

  • 51ndice de Teses

    O cmputo do tempo de servio como aluno-aprendiz exige a demonstrao

    da efetiva execuo do ofcio para o qual recebia instruo, mediante enco-

    mendas de terceiros.

    A exigncia consta da Lei 3.552/1959 e do Enunciado Sumular 961 do Tribunal de Contas da Unio. O elemento essencial caracterizao do tempo de servio como aluno-aprendiz no seria a percepo de vantagem direta ou indireta, mas a efe-tiva execuo do ofcio para o qual recebia instruo, mediante encomendas de terceiros. Como consequncia, a declarao emitida por instituio de ensino pro-fissionalizante somente serviria a comprovar o perodo de trabalho caso registrasse expressamente a participao do educando nas atividades laborativas desenvolvidas para atender aos pedidos feitos s escolas.

    Da certido lavrada pelo centro de ensino, deve constar a declarao da frequncia em curso tcnico profissionalizante por certo perodo e referncia participao na produo de quaisquer bens ou servios solicitados por terceiros. indispensvel a demonstrao de retribuio pecuniria conta do oramento, salvo casos em que haja situao j consolidada em entendimento anterior2.

    A ausncia de prova do desempenho concreto de atividades como aluno-aprendiz justifica a glosa da aposentadoria pelo Tribunal de Contas3.

    1 Conta-se para todos os efeitos, como tempo de servio pblico, o perodo de trabalho prestado, na qualidade de aluno-aprendiz, em Escola Pblica Profissional, desde que comprovada a retribuio pecuniria conta do Oramento, admitindo-se, como tal, o recebimento de alimentao, farda-mento, material escolar e parcela de renda auferida com a execuo de encomendas para terceiros.

    2 MS 21.185, rel. min. Crmen Lcia, P, DJE de 12-2-2010.

    3 MS 32.859, rel. min. Marco Aurlio, deciso monocrtica, DJE de 23-5-2014.

    Direito Administrativo Servidores pblicos

    Regime prprio de previdncia social Aposentadoria

    MS 31.518rel. min. Marco Aurlio1 TurmaDJE de 6-7-2017Informativo STF 853

    http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=13545389http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo853.htm#Anula%C3%A7%C3%A3o%20de%20registro%20de%20aposentadoria%20e%20comprova%C3%A7%C3%A3o%20de%20tempo%20trabalhado%20na%20condi%C3%A7%C3%A3o%20de%20aluno-aprendiz%20-%203http://www.stf.jus.br//arquivo/informativo/documento/informativo853.htm

  • 52ndice de Teses

    A ocupao de novo cargo da magistratura dentro da estrutura do Poder Ju-

    dicirio, pelo titular do abono de permanncia, no implica a cessao do

    benefcio.

    (...) a jurisdio, enquanto manifestao da unidade do poder soberano do Esta-do, tampouco pode deixar de ser una e indivisvel, doutrina assente que o Poder Judicirio tem carter nacional, no existindo seno por metforas e metonmias, Judicirios estaduais ao lado de um Judicirio federal. A diviso da estrutura ju-diciria brasileira, sob tradicional, mas equivocada denominao, em Justias, s resultado da repartio nacional do trabalho da mesma natureza entre distintos rgos jurisdicionais.1 Essa linha de raciocnio direciona a concesso do abono de permanncia na magistratura, conforme estabelece o art. 40, 19, da Constituio Federal (CF) de 1988 (includo pela Emenda Constitucional 41/2003)2.

    A interpretao do preceito constitucional que rege a concesso do abono no dispensa esse elemento informador, indicativo da ocupao de novo cargo na magis-tratura, tambm contido na estrutura do Poder Judicirio. Assim, o respectivo deslo-camento no pode resultar em prejuzo para o beneficiado, valendo notar a natureza do abono incentivo permanncia em atividade por aqueles que j preencheram as condies para a aposentadoria3 previstas no art. 40, 1, III, da CF4.

    1 ADI 3.367, rel. min. Cezar Peluso, P, DJ de 13-7-2006. 2 Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos

    Municpios, includas suas autarquias e fundaes, assegurado regime de previdncia de carter contributivo e solidrio, mediante contribuio do respectivo ente pblico, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critrios que preservem o equilbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. (...) 19. O servidor de que trata este artigo que tenha completado as exign-cias para aposentadoria voluntria estabelecidas no 1, III, a, e que opte por permanecer em ativi-dade far jus a um abono de permanncia equivalente ao valor da sua contribuio previdenciria at completar as exigncias para aposentadoria compulsria contidas no 1, II.

    Direito Administrativo Servidores pblicos

    Regime prprio de previdncia social Abono de permanncia

    MS 33.424rel. min. Marco Aurlio1 TurmaDJE de 10-4-2017Informativo STF 859

    http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=12718633http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo859.htm%23Abono%2520de%2520perman%25C3%25AAncia%2520e%2520posse%2520no%2520TST

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    3 MS 33.456, rel. min. Marco Aurlio, 1 T, DJE de 17-4-2017. 4 Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos

    Municpios, includas suas autarquias e fundaes, assegurado regime de previdncia de carter contributivo e solidrio, mediante contribuio do respectivo ente pblico, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critrios que preservem o equilbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. 1 Os servidores abrangidos pelo regime de previdncia de que trata este artigo sero aposentados, calculados os seus proventos a partir dos valores fixados na forma dos 3 e 17: (...) III voluntariamente, desde que cumprido tempo mnimo de dez anos de efetivo exerccio no servio pblico e cinco anos no cargo efetivo em que se dar a aposentadoria, observadas as se-guintes condies: a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuio, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade e trinta de contribuio, se mulher; b) sessenta e cinco anos de idade, se ho-mem, e sessenta anos de idade, se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de contribuio.

  • 54ndice de Teses

    Nos casos autorizados constitucionalmente de acumulao de cargos, empre-

    gos e funes, a incidncia do art. 37, XI, da Constituio Federal (CF)1 pressu-

    pe considerao de cada um dos vnculos formalizados, afastada a observn-

    cia do teto remuneratrio quanto ao somatrio dos ganhos do agente pblico.

    A regra do teto constitucional expressa duplo objetivo. De um lado, h ntido intuito tico, de modo a impedir a consolidao de supersalrios, incompatveis com o princpio republicano, indissocivel do regime remuneratrio dos cargos pblicos, no que veda a apropriao ilimitada e individualizada de recursos escassos. De outro, evidente a finalidade protetiva do errio, visando estancar o dispndio indevido de verbas pblicas. Nessa medida, o teto remuneratrio previsto no texto constitu-cional, quando devidamente observado, bem como aliado aos limites globais com despesas de pessoal, assume a relevante funo de obstar gastos inconciliveis com a prudncia no emprego dos recursos da coletividade.

    Entretanto, a percepo somada de remuneraes relativas a cargos acumulveis, ainda que acima, no cmputo global, do patamar mximo, no interfere nos objeti-vos que inspiram o texto constitucional.

    Por um lado, isso ocorre porque as situaes alcanadas pelo art. 37, XI, da Carta Federal so aquelas nas quais o servidor obtm ganhos desproporcionais, observadas as atribuies dos cargos pblicos ocupados. Admitida a incidncia do limitador em cada uma das matrculas, descabe declarar prejuzo dimenso tica da norma, por-quanto mantida a compatibilidade exigida entre trabalho e remunerao.

    Por outro lado, h que se observar uma necessria interao entre os incisos XI e XVI2 do art. 37 do texto constitucional, em observncia ao princpio da unidade da Constituio, a demandar esforo interpretativo que no esvazie o sentido da regra que autoriza a acumulao.

    Outrossim, a incidncia do limitador, tendo em vista o somatrio dos ganhos, mesmo que acumulveis os cargos pblicos ocupados, viabiliza retribuio pecuni-

    Direito Administrativo Servidores pblicos

    Remunerao Acumulao de cargos pblicos Repercusso Geral

    RE 612.975RG Tema 377rel. min. Marco AurlioPlenrioDJE de 8-9-2017Informativo STF 862

    http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=13561815http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/listarProcesso.asp?PesquisaEm=tema&PesquisaEm=controversia&PesquisaEm=ambos&situacaoRG=TODAS&situacaoAtual=S&txtTituloTema=&numeroTemaInicial=377+++++++&numeroTemaFinal=377+++++++&acao=pesquisarProcesso&dataInicialJulgPV=&dataFinalJulgPV=&classeProcesso=&numeroProcesso=&ministro=&txtRamoDireito=&ordenacao=asc&botao=http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo862.htm#Acumulao de cargo pblico e teto remuneratrio

  • 55ndice de Teses

    ria inferior ao que se tem como razovel, consideradas as atribuies especficas dos vnculos e as respectivas remuneraes, a ensejar enriquecimento sem causa do po-der pblico.

    No se deve extrair do texto constitucional concluso a possibilitar tratamento desigual entre servidores pblicos que exeram idnticas funes. O preceito concer-nente acumulao preconiza que ela remunerada, no admitindo a gratuidade, ainda que parcial, dos servios prestados, observado o art. 1 da CF, no que evidencia, como fundamento da Repblica, a proteo dos valores sociais do trabalho.

    1 Art. 37. A administrao pblica direta e indireta de qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios obedecer aos princpios de legalidade, impessoalidade, mo-ralidade, publicidade e eficincia e, tambm, ao seguinte:(...) XI a remunerao e o subsdio dos ocupantes de cargos, funes e empregos pblicos da administrao direta, autrquica e fundacio-nal, dos membros de qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-cpios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes polticos e os proventos, penses ou outra espcie remuneratria, percebidos cumulativamente ou no, includas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, no podero exceder o subsdio mensal, em espcie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municpios, o subsdio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsdio mensal do Governador no mbito do Poder Executivo, o subsdio dos Deputados Estaduais e Distritais no mbito do Poder Legislativo e o subsdio dos Desembargadores do Tribunal de Justia, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centsimos por cento do subsdio mensal, em espcie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no mbito do Poder Judicirio, aplicvel este limite aos membros do Ministrio Pblico, aos Procuradores e aos Defensores Pblicos;

    2 Art. 37. (...) XVI vedada a acumulao remunerada de cargos pblicos, exceto, quando houver compatibilidade de horrios, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI:a) a de dois car-gos de professor;b) a de um cargo de professor com outro tcnico ou cientfico;c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de sade, com profisses regulamentadas;

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    legtima a acumulao de proventos civis e militares quando a reforma se

    deu sob a gide da Constituio Federal (CF) de 1967, e a aposentadoria ocor-

    reu antes da vigncia da Emenda Constitucional 20/1998.

    A Emenda Constitucional 20/1998 assegura aos inativos que tiverem reingressado ao servio pblico antes de sua vigncia a acumulao de vencimentos do novo cargo exercido com os proventos da aposentadoria j recebida.

    O art. 111 da referida emenda, por sua vez, em sua segunda parte, vedou expres-samente a concesso de mais de uma aposentadoria pelo regime de previdncia dos servidores civis previsto no art. 40 da CF2. No entanto, no h qualquer referncia concesso de proventos militares, estes previstos nos arts. 423 e 1424 da CF.

    Segundo o texto constitucional, a percepo de dois proventos pblicos, um civil e